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O poder para fazer leis e a autoridade para usar a força traduzem-se na acção do
governo e das polícias, bem como nas decisões dos tribunais e de outras instituições
políticas. Assim, mesmo as pessoas adultas e autónomas estão sujeitas às leis dos
políticos, às sentenças dos juízes e à autoridade das forças policiais. Quer queiram quer
não, as pessoas são obrigadas a obedecer e, caso não o façam, podem ser julgadas e
castigadas. Assim, mesmo que sejamos adultos, a nossa vida é largamente condicionada
e controlada por decisões de pessoas que muitas vezes nem sequer conhecemos. Será
isso aceitável? O que justifica que as decisões dos outros interfiram nas nossas vidas, se
é que há justificação para isso? As coisas terão mesmo de ser assim? Porquê?
Uma das respostas mais antigas para este problema foi apresentada por Aristóteles (384-
322 a. C.) num livro intitulado Política. Neste livro, Aristóteles estuda os fundamentos e
a organização da cidade (polis, em grego, que deu origem ao termo «política»). Naquele
tempo, as principais cidades gregas eram estados independentes – tinham os seus
próprios governos e exércitos, além de leis e tribunais próprios. Por isso lhes chamamos
cidades-estado. Assim, ao falar da origem da cidade, Aristóteles está a falar da origem
do estado. Aristóteles defende que a cidade-estado existe por natureza. Os seres
humanos sempre procuraram viver sob um estado porque a vida fora do estado é
simplesmente impensável. Viver numa sociedade governada pelo poder político faz
parte da natureza humana. Quem conseguir viver à margem da cidade-estado não é um
ser humano: «é uma besta ou um deus», diz Aristóteles. Por isso se diz que a sua teoria
da origem e justificação do estado é naturalista.