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2 O tratamento do corpus
A língua é uma entidade caleidoscópica que simula para o falante uma falac
iosa homogeneidade. Nessa simulação, entram dois níveis: o nível lingüístico e o nível disc
ivo.
No nível lingüístico, o falante vê-se iludido na imagem circulante de que a língua que fal
a é igual para todos os outros falantes. Nessa visão, basta que o processo de comuni
cação como proposto por Jakobson (1988, p. 123) se efetive para que haja comunicação: um
emissor emite uma mensagem num código inteligível pelo receptor através de um canal l
impo. Se o caminho estiver perfeito a compreensão acontece. O esquema proposto por
Jakobson, no entanto, desconsidera um aspecto fundamental da linguagem, que é o d
iscurso[3].
No nível discursivo, cada dizer não é dito sem motivação ideológica, revelando processos qu
localizam o sujeito enunciador em um lugar sócio-histórico que dará sentido ao seu di
zer. No entanto, a teoria do discurso afirma que o sujeito esquece essa filiação históri
co-ideológica, sendo esse esquecimento constitutivo da natureza da linguagem (Pêcheu
x e Fuchs, 1975). Esse apagamento de filiação discursiva leva o sujeito à idéia de que a
língua é transparente, ou seja, de que à coisa dita corresponde sempre o significado
pretendido.
Nossa análise passa, assim, pelo exame dessa dupla perspectiva: a da roupagem lingüíst
ica e a do caráter discursivo da linguagem.
Afinal, é bom ou ruim ser caboco? Como nos diz Derrida (1997), todos o
s signos são phármakon. Podem ser bons ou ruins, dependendo da dosagem e do paciente
. Não seria diferente com a imagem de ser caboco. Encontramos nas falas índices de i
dentificação e de contra-identificação (Pêcheux 1988).
Algumas falas de identificação: ... é muito bom falar de coisas nossas, ama
zonenses. A nossa linguagem é única e fantástica , ...ouvir essas palavras de novo me faz
voltar o que de mais feliz eu tive: a minha infância , ... é (sic) muito chibata essas
expressões , gente, como é bom falar e ser entendida. Odeio quando falo as coisas aqui
no Rio e ninguém me entende .
Algumas falas de contra-identificação: ... é muita caboquice falar assim, c
oisa de gente pobre, do bodozal , ... triste esse jeito de falar. Só cabocão fala assim
... , ... é uma pena que muita gente fala esse português errado... .
Aqui voltamos à tese de que não há coincidência entre identidade lingüística e
dentidade discursiva. Por um lado, muitas frases de identificação vêm de falantes que
não utilizam os termos cabocos com freqüência. Algumas frases traduzem o preconceito l
ingüístico (Bagno 1999) da associação biunívoca entre norma padrão e língua portuguesa, sen
todos os outros registros considerados português errado ou de pior qualidade. Por
outro lado, essa mesma associação habita o imaginário das classes mais pobres que poss
uem acesso restrito à língua padrão, quando associam o registro que usam a uma língua in
ferior. Mesmo utilizando o registro, não o aceitam como de valor na economia das t
rocas simbólicas (Bourdieu 1999), mimetizando em sua própria auto-imagem da identida
de social esse não-valor.
Ainda como exemplo de que a transversalidade valorativa perpassa as
várias classes sociais, citamos dois exemplos recentes. A rede de drogarias PagueM
enos chegou a Manaus oferecendo descontos de 60% nos medicamentos por ela vendid
os. Os dois grupos que dominam o mercado farmacêutico em Manaus começaram uma propag
anda maciça fazendo um chamamento à amazonidade, utilizando o slogan Amazonense como
você , utilizando frases como quem não lhe conhece não pode inspirar confiança e coisas d
ero. O Banco HSBC decidiu fazer propagandas regionalizadas e utilizou várias expre
ssões, como Cortar a curica , por exemplo. A repercussão foi extremamente positiva na c
idade e o comercial bastante comentado. Vale ressaltar que a atitude positiva ve
io de um público que é cliente de banco e que tem acesso aos meios de comunicação.
Referências Bibliográficas
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Bourdieu, P. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1999.
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rap . In: Fernandes, F. A. (org). Oralidade e literatura. V. 2. Londrina, 2005.
Derrida, J. A farmácia de Platão. São Paulo: Editora Iluminuras, 1997.
Foucault, M. Microfísica do poder. 15 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
Freire, J. R. B. Rio Babel: a história das línguas na Amazônia. Rio de Janeiro: Atlântic
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Gallo, S. L. Discurso da escrita e ensino. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1
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Jakobson, R. Lingüística e comunicação. 13 ed. São Paulo: Cultrix, 1988.
Labov, W. The study of language in its social context . In: Pride, J. & Holmes, J.
Sociolinguistics. New York: Penguin, 1972.
Marcuschi, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cor
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______________ Oralidade e ensino de língua: uma questão pouco falada . In: O livro didát
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Pêcheux, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Un
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Pecheux, M.; Fuchs, C. "Mises au point et perspectives à propos de l analyse automat
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Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas:
Editora Unicamp, 1990.
Romaine, S. What is a speech community . In: Romaine, S. (ed.). Sociolinguistics va
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Soares, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1997.
[1] Em seu trabalho, Solange Gallo afirma que o Discurso da Oralidade pode ser t
anto falado quanto escrito, não sendo, portanto, o meio de produção um determinante na
caracterização do discurso, mas a relação do enunciador com a institucionalização de seu d
zer.
[2] São elas: Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro-Oeste, Centro-Sul.
[3] O termo discurso é um termo portmanteau que agrega vários entendimentos conceitu
ais. Neste trabalho nos referimos a discurso sempre dentro do campo teórico da Análi
se de Discurso oriunda dos trabalhos de Michel Pêcheux, que entende discurso como
seu objeto teórico (objeto histórico-ideológico), que se produz socialmente através de s
ua materialidade específica (a língua), uma prática social cuja regularidade só pode ser
apreendida a partir da análise dos processos de sua produção, não dos seus produtos.
[4] Utilizamos o termo caboco e não caboclo para diferenciar a identidade do falante u
rbano manauara da identidade do amazônida que faz da subsistência seu meio de vida n
o interior do Estado.
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A
D
DANADO adj. - Endiabrado. "Esse menino não sossega. Égua do menino danado".
DANÇA DE RATO E SAPATEADO DE CATITA enrolar, postergar algo. "Deixa de dança de rato
e sapateado de catita e vai logo tomar banho que é melhor".
DAR BOLO EM CATITA exp.id. Ser esperto. Cuidado com o Jurimar. O cara dá bolo em ca
tita. Fica esperto!
DAR DE ... loc, v. Começar a.... Agora ele deu de sair tarde todo dia .
DAR DE COM FORÇA loc. v. Atacar. Olha lá o Jaime! Tá dando de com força no bolo!
DAR DE MIL exp. Id. Ser muito superior. O meu carro dá de mil no teu .
DAR UM CHAGÃO exp. esquivar-se. "Fui correr atrás do Rato, mas ele me deu um chagão qu
e eu caí de bunda".
DEBOCHAR v. Escarnecer, zombar. Essa aí adora debochar das desgraças dos outros .
DE BODE loc.adj. Menstruada. A associação vem do fato desse caprino, que não gosta de
banho, exalar um mau cheiro muito forte, semelhante ao cheiro do sangue de orig
em uterina que ciclicamente a mulher expele. "Todo mês essa mulher diz que está doen
te, mas está mesmo é de bode!".
DEDADA s.m. - ato de cutucar a bunda de alguém com o dedo. "Tava na fila, o filha
da mãe chegou e me deu uma dedada".
DE LASCAR loc. adv. Indica intensidade. O calor tá de lascar . A prova foi de lascar.
DE LAVADA loc. adv. Com grande vantagem. O São Raimundo ganhou de lavada do Flameng
o ontem: 5 x 0!
DE MUTUCA loc. adv. - Ligado em alguma conversa, de ouvidos bem atentos "É bom fic
ar de mutuca na conversa dessa menina...".
DENGO s.m. Faceirice. Não fala assim manso com ela que ela fica cheia de dengo .
DE PIRUADA exp. - Distribuir alguma coisa jogando para o alto. Quem pegar, pegou
. "Ele jogou os bombons de piruada".
DE PRIMEIRO loc. adv. - Antigamente. "De primeiro ela falava comigo. Agora nem o
lha".
DERRADEIRO o último. "Essa cobrinha tá tão grande que não dá nem para saber quem é o derr
iro".
DE REPENTE loc. adv. Usado como locução adverbial de tempo para indicar um curto esp
aço de tempo. Vou aqui de repente e volto já já .
DE ROCHA loc. adv. com certeza. Eu vou aparecer lá, de rocha, pode acreditar .
DESCABAÇAR v. Desvirginar. Tirar o cabaço de uma mulher virgem.
DESCAIR v. soltar a linha quando se está empinando papagaio. "Discai se não ele vai
ter cortar na mão. Esse teu cerol é do colhe ou do descai?"
DESCANSAR v. Ter neném. A Rudervânia descansou ontem. É uma menina .
DESMENTIR v. Deslocar, luxar, desconjuntar. Acho que desmenti meu dedo jogando bo
la ontem. Preciso puxar o dedo .
DESMILINGÜIDO adj. - Sem graça, desarrumado, desajeitado. "O Cara ficou todo desminl
ingüido quando eu falei que sabia de tudo".
DESPLANAVIADO adj. Desatento, desmotivado. Eu não sei mais o que faço. Todos os meus
alunos andam tão desplanaviados .
DINDIN s.m. É o "sacolé" carioca. Possui variações dentro do Estado. Em alguns municípios
conhecido como Flau (Parintins), Totó (Coari), Vip (Ipixuna), Miau (Itacoatiara)
DISCONFORME adj. Demais, em excesso. A chuva de ontem à noite foi disconforme .
DISQUE Contação de diz-se que. Consta-se, ao que parece. A tua irmã já fez a comida? Dis
ue já .
DISTIORADO adj. Deteriorado, acabado. Tem uma casa lá no banho, mas tá toda distiorad
a...
DJÚCU adj. caboco. "Os dois irmãos que chegaram são djúco, djúco".
DOS VERA loc. adj. - De verdade. "Eu não estou brincando, não. É dos vera".
DRAGA s. 2 gen. Comilão. Meu cunhado come demais, rapaz. O homem é uma draga...
F
FACADA s.f. Pedido de dinheiro. O cara não trabalha e vive de dar facada nos outros .
G
GABULICE s.m. orgulho besta. Só porque ele passou no vestibular agora virou o diabo
das gabulices .
GALA s.m. - Esperma.
GALALAU s.m. - Menino ou rapaz muito alto. "O cara já é um galalau e quer jogar com
a gente".
GAMBITO s.m. - Perna fina. "Aquela mulher é muito feia. Ólha os gambitinhos dela".
GAMBÃO s.m. Soldado, militar, meganha. A briga acabou quando chegou um bando de gam
bão botando moral .
GAMBIARRA s.f. Remendo, gatilho. Como a corda quebrou, ele fez lá uma gambiarra pra
puxar o carro .
GASGUITA adj. Esganiçado. A voz da minha cunhada Andréa é muito gasguita. Irrita qualqu
er um! .
GATIADO adj. Diz-se do olho puxado. Ontem saí com uma morena dos olhos gatiados .
GRAFITE sm. Lapiseira. Me empresta o teu grafite que meu lápis quebrou a ponto .
GUEGUETE s.f,. Mulher, moça, garota. Vou deixar aquela gueguete em casa depois volt
o pro futebol, falou?
GUARAMIRANGA s.m. Demorado. Demou muito! Veio no Guaramiranga?
GUARIBAR v. Dar uma melhorada disfarçando os defeitos de alguma coisa, principalme
nte de carros. "Vou dar uma guaribada no carro antes de vender".
GUGUENTO adj. Pessoa feridenta, nojenta, cheia de marcas na pele. Eu nunca namora
ria com a Waldemarina. Ela é toda guguenta, cheia de espinha .
GUISAR v. destruir, destroçar (um papagaio). "Vou dá uma porrada no merda que guisou
o papagaio do meu irmão".
GURUPEMA s.f. Peneira.
I
NÃO BATER BEM loc. v. - Ser meio LESO, abilolado. "Essa menina não bate bem. Tomar c
afé com feijão?!"
NÃO É PÃO! exp. - Claro que sim! "O barco já chegou?" "Massssh... não é pão!"
NÉ NÃO! exp.id. Não é não. É a Leila ali, é? Né não .
NÃO FAZER NEM AMARRADO PELO CHINELO PRETO exp. - Não fazer de jeito nenhum. Nem que
a vaca tussa.
NEM COM NOJO! exp.id. Expressão equivalente ao Tem mil! . Vai ali e pega água pra mim .
com nojo!
NEM COM O PITIU (DO BODÓ) exp.id. ver NEM COM NOJO!
NHACA PURA! exp.id. Fedorento. Rapá, a mulher chegou e tava nhaca pura. Não dava pra
agüentar .
NO BALDE, NO MUNDO loc. adv.. Ver QUE SÓ
NO CABRESTO loc. adv. - na linha dura, sem folga, preso. "O pai da minha namorad
a é ciumento. A coitada só vive no cabresto."
NÓ CEGO s.m. Uma pessoa que é esperta, finge que faz, mas não faz e sempre se sai bem.
Não cai na do Jorge, não. Esse cara é um maior nó cego .
NO OLHO loc. adv. Expressão utilizada para indicar que alguém recebeu uma resposta c
erteira. Tu já chegaste, Manoel? . Não, Creuza! To lá em casa . Toma, Creuza! No olho!
O QUE ERA MAIS? exp. id. Expressão usada por vendedores no sentido de Mais alguma c
oisa? . O que era mais, mano?
OLHA JÁ (ENTÃO)! interj. Interjeição de indignação correspondente a Mas que abuso! . E a
dá um beijo? Mas, olha já então esse aí...Te manca!
OSGA s.f. Lagartixa branca com os olhos pretos, que anda pelas paredes da casa.
Briba. Quando olhei, tinha uma osga nojenta no teto .
OVADA adj. Grávida, prenhe. A filha do Joca tá ovada .
RALA-RALA s.m. Gelo ralado colocado num copo e acrescido de xarope de vários sabor
es. Quero um rala-rala de groselha .
RALHAR v. Esculhambar, brigar. Fiz merda aí minha mãe ralhou comigo .
RALHO s.m. Esculhambação, sermão ou briga de alguém que tem autoridade. Ontem cheguei ta
de e levei o maior ralho da minha mãe .
RANCHO s.m. Cesta básica, compras do supermercado. Tem que fazer o rancho hoje .
RAPAZ s. 2g. Vocativo, usado para os dois gêneros: Calma, Rapaz! Que mulher afobada
!
RATADA s.f. Mancada, pisada de bola. Eu ia fazer uma festa surpresa, mas o João aca
bou contando antes. Deu a maior ratada! .
REBOLAR NO MATO exp. id. Jogar fora no lixo.
RECREIO s.m. Barco. Que horas sai o recreio para Eirunepé?
REGATÃO s.m. Mercador ambulante que em barco ou canoa percorre o interior parando
de lugar em lugar.
REIMOSO adj. Comida que faz mal. Mãe, já posso comer pirarucu? Tá doido, menino. Pirar
é reimoso.
REINAR v. Ver MALINAR.
RELAR v. - Tocar de leve em outra pessoa, na maioria das vezes com segundas e se
nsuais intenções.
RENDIDO adj. 1. Impossibilitado de fazer algo. Não posso sair hoje que estou rendid
o com uma diarréia . 2. Com hérnia de escroto. meu filho levou uma bolada e fixou rendi
do, doutor .
REPARAR v. Tomar conta. Não posso sair porque tenho que reparar o bebê . Quer que eu re
are o carro, tio?
REQUENGUELO adj. Meio destruído, decadente, mal-vestido, sujo. Ele tinha um carrinh
o vermelho, todo requenguelo . Tu viste aquela mulher, toda requenguela passando pe
la praia!?
RESPEITE! - Expressão de admiração por alguma coisa. "Respeite o carro novo que o meu
amigo aqui comprou!".
RÓDO s.m. Porto. Aportuguesamento de roadway. Meu irmão vai pegar o motor lá no ródo .
ROER UMA PUPUNHA exp. Passar por dificuldades. Depois que ele se separou da mulhe
r, ficou quebrado. Roeu uma pupunha o coitado .
ROLOS (ó) s.m. Muitos. Ela saiu e trouxe rolos de mangas .
RÓSEO(A) adj. Cor de rosa. "De quem é essa camisa rósea aqui?"
ROTA s.m. - Ônibus de transporte de empresa. "Ontem acordei tarde e perdi o rota".
SABACU s.m. O mesmo que BABAU. Punição que um grupo confere a alguém por um malfeito.
Todos batem com as mãos, ao mesmo tempo, na cabeça do coitado. Fez merda. Vai levar s
abacu por isso!
SACOPEMBA pessoa gorda. "Tu viu a mulher do Curica? Tá mesmo que uma sacopemba"
SALIENTE adj - Pessoa enxerida, intrometida, metida a conquistadora. "Minha filh
a não vai sair com esse rapaz porque ele é muito saliente!".
SANDUBA s.m. - sanduíche.
SAPECAR v. Dar, bater. Ela frescou aí eu sapequei a porrada nela!
SARNAMBI s.m. originalmete pequena sobra de borracha que se forma durante o proc
esso de defumação do látex, usado para descrever um bife difícil de cortar. "Esse bife tá
mais duro que sarnambi, nem o cachorro quer".
SE AGARRA loc. v. Namorar, ficar, principalmente quando há contato físico. Ela passou
a noite toda se agarrando .
SE ENXERIR loc. v. Se meter onde não é chamada. Querer aparecer. Ela comprou uma calça
de marca só pra se enxerir .
SE MENTIR loc. v. Aparecer, gabar-se. Ele comprou uma blusa de marca só pra se ment
ir .
SE MANCAR loc. v. Se tocar. Tu achas que eu vou querer namora contigo?! Se manque
!
SECO adj. - Vazio. Claudemir, vai jogar o saco de lixo fora . Não precisa, mô. O saco es
tá seco .
SERRINHA DE UNHA s.f. lixa de unha.
SINCERA s.f. Menina, moça, garota. Será que aquela sincera ali topa dançar?
SONSO adj. - Aquele que sabe o que faz e disfarça. "Foi tu que pegou minha coca-co
la, não foi? Olha essa cara de sonso!"
SOSSEGAR O FACHO exp. id. - Baixar a bola, se aquietar. "Pode sossegar o facho q
ue não vai sair hoje não"
SUA ALMA SUA PALMA SEU CORAÇÃO SUA PINDOBA - Expressão antiga que o autor ouve muito d
a mãe quando alguém teima em fazer alguma coisa que ela reprova. "Então meu filho, sua
alma sua palma seu coração sua pindoba". Significava que o teimoso estava entregue à
sua própria sorte.
SUSTANÇA s.f. Força, energia. Tem que comer farinha desde cedo que é pra pegar sustança
T
TÁ PRA QUANTO? exp. id. Maneira de perguntar o preço de alguma coisa. Tá pra quanto o q
uilo da goiaba, moço?
TABEFE s.m. - Tapa. "Vem que eu te dou uns tabefes que tu vai parar longe!"
TABERNA s.f. - Vendinha. "Menino, vai lá na taberna do seu Nóbrega e traz dois pães".
TACACÁ s.m. Mingau quase líquido de goma de tapioca temperado com tucupi, jambu, cam
arão e pimenta. Vou tomar um tacacá bem grande hoje .
TAPIOCA s.f. Iguaria que se faz de mandioca. Pode ser de manteiga ou de coco. Que
ro duas tapiocas de coco, parente .
TÁ BESTA! exp. id. Deixa de inventar, deixa de leseira. Ei, essa coca e minha. Dá pra
cá. Tá besta!
TÁ, CHEIROSO! exp.id. Não, mesmo! Vou pegar teu carro esse fim-de-semana, tá bom? Tá, ch
oso! Esquece!
TÁ PORRE exp. Estar bêbado. Leva ele que ele tá porre .
TAL DE Expressão de desdém usada antes de nome próprio. Foi embora com uma tal de Marlu
ce .
TALA s.f. Fina varinha da parte externa do tronco das palmeiras. Usada na confecção
de papagaios.
TAREFA s.f. Exercício caseiro da escola. Vou logo fazer a tarefa de matemática .
TECA /ê/ s.f. vulgar Órgão sexual masculino. Aí ele levou uma bolada de cheio na teca de
e .
TE MANCA! interj. Te toca, cai na real, vê como tu estás sendo abestalhado e abusado
. Deixa eu dormir na tua casa hoje? Te manca, menino!
TE MANDA! interj. O mesmo que capina.
TE METE! Exp.id.. Humilhou! Olha o anel de ouro com brilhante dela! Te mete!
TEM MIL! interj. Expressão que significa indignação. O chefe disse pra tu fazeres o rel
atório sozinho . O quê? Sozinho? Tem mil pra eu fazer! . Há a variante TEM CEM! , mais fr
ha.
TER UM PASSAMENTO desmaiar, ter/dar uma bilora
TER/DAR UMA BILORA desmaiar. "A Terezinha saiu de manhã cedo sem tomar café e teve/d
eu uma bilora no colégio".
TERÇADO s.m. - facão grande de cortar mato. "O galeroso matou o cara lá a terçadada".
TICAR v. 1. Cortar o peixe para quebrar as espinhas; 2. Furar alguém com faca.
TIJIBU s.f. Mulher baixinha e gorda. Olha que gata ali do lado daquela tijibu .
TIRAR AS BRONCAS disfarçar, fingir que nada aconteceu. "Depois que peidou no elave
dor, o Wandemberg começou a assoviar pra tirar as brocas".
TODO ERRADO - Situação em que a pessoa está muito envergonhada e sem saber o que fazer
. "Quando provaram que ele pegou o dinheiro, ele ficou todo errado".
TODO MOCINHA! exp. id. Usado pelos homens quando alguém não quer fazer o que é esperad
o dele. Atravessa aí pela lama, rapaz! . Eu não . Ih, ó, todo mocinha .
TOLICE s.f. Relativo a tolo. "O Felipe só faz tolice. Tamanho paid'eguão"
TOLO adj bobo, leso. "O Felipe já tem 8 anos mas é tolo, tolo, tolo".
TOMAR DE CONTA loc. v. Tomar conta. Ele deixou o sítio dele pra eu tomar de conta .
TOMAR TENÊNCIA loc. v. Tomar jeito. Tu já faltaste aula três vezes essa semana! Vê se to
a tenência .
TOPAR v. Encontrar. Quando menos esperava topei com ela na esquina .
TORAR v. 1. Cortar rente à base. Esse cabelo ta muito grande. Acho que vou torar el
e ; 2. Transar com alguém. Sabe quem eu torei ontem? A Sheila .
TRAVESSA s.f. Tiara de cabelo.
TRAVOSO adj. 1. que tem cica, igual caju verde. "Êta caju travoso do cacete". 2. P
essoa difícil. "Aquele professor é travoso que só"
TRISCAR v. - O mesmo que RELAR.
TRONCHO adj. - Pessoa torta do juízo ou fisicamente, mutilado. "O cara anda todo t
roncho depois da surra que levou!".
TU JURA? exp. id. Verdade? Ela vem pra festa hoje . Tu jura?
TURÍTI s.m. Acertar duas bolinhas em uma só jogada no jogo de bolinha de gude.
TUXINA s.f. Verme branco que aparece nas fezes e dá uma coceira danada.
V
VAI TE LASCAR! intej. Expressão de raiva ou de decepção. Vai casar de novo? Ah, vai te
lascar!
VALÊNCIA s.f. O que serve para livrar de um perigo. Ficou cara a cara coma onça. A su
a valência foi que o filho chegou e atirou na bicha .
VARADO (DE FOME) adj. com muita fome. Sacanagem. O almoço não tá pronto e eu tô varado d
fome.
VAZADO adj. 1. Faminto. Vamos comer alguma coisa? Tô vazado... 2. adv. Rapidamente. T
o super atrasado. Vou ter que sair vazado daqui!
VEXADO adj. - apressado, envergonhado. "Fique vexado não. Venha cá conversar comigo"
.
VISAGEM s.f. Alma de outro mundo, assombração, fantasma.
VITAMINADA s.f. vitamina, alimento preparado no liquidificador com leite, açúcar e u
ma(s) fruta(s), normalmente banana. "De quem é essa vitaminada aqui na geladeira?
Se não tiver dono, vou tomar".
VOADEIRA s.f. Canoa motorizada utilizada para transporte rápido. Saindo de Parintin
s, levamos uma hora e meia para chegar a Nhamundá de voadeira .
VOU-TE! exp. id. Expressão de indignação. Ele ficou com todos os brindes. Êta menininha
goísta! Vou-te!
X-CABOQUINHO s.m. Sanduíche de pão com queijo e tucumã, fruta regional de carne alaran
jada.