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DM 04 / 2007
UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2007
II
DM 04 / 2007
UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2007
IV
Dissertação submetida à
Banca Examinadora do
Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica da
UFPA para a obtenção do
Grau de Mestre em
Engenharia Elétrica
UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2007
V
APROVADA EM 27/04/2007
BANCA EXAMINADORA:
VISTO:
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me proporcionou todas as condições para que eu atingisse meus
objetivos.
A minha família em especial minha esposa Cecília e também a minhas filhas Gabriela e
Beatriz.
Ao Prof. Dr. Ghendy Cardoso Jr pela orientação na condução deste trabalho. Aos Profs
Drs Jurandyr Garcez Nascimento e Roberto Célio Limão pela confiança em mim
depositada quando fui aceito no PPGEE.
VIII
SUMÁRIO
IX
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
X
LISTA DE TABELAS
XI
RESUMO
Nos últimos anos o sistema elétrico, seja no Brasil ou no mundo, vem passando por
diversas mudanças. Estas vão desde mudanças de ordem estruturais tais como a
desregulamentação, privatização, mudança de modelo de mercado, entre outros, até
aquelas de ordem técnica impostas pelas novas tecnologias surgidas nos últimos anos do
século vinte. Dentre estas últimas destaca-se o crescimento do uso de cargas não
lineares tais como computadores, inversores de frequência, dispositivos FACTS
(Flexible AC Transmission Systems). Tais cargas têm a característica de distorcer as
ondas de corrente e tensão no sistema elétrico de potência. Os relés que protegem o
sistema de potência e os transformadores de instrumento que lhes fornecem
informações, são projetados para operar com formas de onda fundamentais puras e não
distorcidas. Para proteger o sistema de potência os relés devem responder ao valor RMS
verdadeiro destas formas de onda. Este trabalho tem por objetivo estudar os efeitos
causados por problemas de qualidade de energia em relés e transformadores de
instrumentos e propor soluções para mitigação dos problemas que possam advir desta
influência.
ABSTRACT
The electric power system, in Brasil or in the rest of the world, is experiencing several
changes. These changes vary from structural changes as the processes of deregulation,
privatization and changes in the market model to technical such as those imposed by the
new technologies which emerged in the last years of the twentieth century. An example
of these changes is the growing use of non-linear loads such as computers, adjustable
speed drives, HV dc links and FACTS (Flexible AC Transmission Systems) devices.
Such loads distort the current and voltage waveforms on the power system. The relays
that protect the power system and instrument transformers, which provide information
for the relays, are designed to operate with pure, undistorted fundamental waveforms.
To properly protect the power system they should respond to the true RMS value of the
current and voltage waveforms. This thesis has the objective to study the effects caused
by power quality problems in power systems relays and instrument transformers and
suggests solutions to mitigate the problems that may arise from such influence.
1 INTRODUÇÃO
Por outro lado, ao longo dos últimos anos o uso de dispositivos baseados em
tecnologia de eletrônica de potência vem crescendo vertiginosamente. Este fato causou
o aumento do conteúdo de harmônicos tanto na onda de tensão como na de corrente no
sistema da concessionária (MORENO, 2001). Estes dispositivos são usados em uma
gama de equipamentos que vão desde os conversores de freqüência utilizados para
variar a velocidade de motores elétricos de indução, carregadores de baterias mono e
trifásicos, sistemas de iluminação (reatores eletrônicos e lâmpadas e de descarga) e
2
computadores com suas UPS. Todos os equipamentos citados são comumente achados
em sistemas industriais.
Os relés que fazem a proteção do sistema de potência são projetados para operar com
ondas senoidais puras, na frequência fundamental e sem distorções. Para proteger
adequadamente o sistema de potência eles devem responder ao valor RMS verdadeiro
das ondas de corrente e tensão (FULLER et al.,1998). A presença de harmônicos no
sistema altera o valor RMS, podendo levar os relés de proteção a operarem
indevidamente reduzindo a confiabilidade do sistema.
Disjuntor Transdutor
Relé
Sistema
C.C
Tensão de
Carregador Sistema de
Serviço AC
Proteção
Banco de
Baterias
Disjuntores
Disjuntores a óleo
Disjuntores a sopro de ar
Disjuntores a SF6
As propriedades dielétricas do SF6 foram descobertas por volta de 1920,
mas somente em 1940 os primeiros disjuntores a SF6 começaram a ser
desenvolvidos. Apenas em 1959 eles passaram a ser comercializados (VAN
DER SLUIS, 2001). Estes disjuntores foram produzidos a partir dos disjuntores
a sopro de ar axial. Os contatos foram montados em tanque cheio de SF 6 e
durante a interrupção da corrente o arco era resfriado pelo gás SF 6 que estava
comprimido em um reservatório separado. Este projeto apresentava o seguinte
inconveniente: a liquefação do gás SF6 depende da pressão, mas a
temperatura para que o fenômeno ocorra fica em torno da temperatura
ambiente do disjuntor. Para evitar este problema era usado um elemento de
aquecimento no reservatório de SF6, entretanto este era mais um componente
no disjuntor que poderia falhar ocasionando a não operação do mesmo.
Para solucionar este problema foi desenvolvido o disjuntor a sopro de
SF6. Neste equipamento a descarga de abertura causada pelos contatos
móveis, movimenta um pistão, que comprime o gás na câmara de sopro
ocasionando então um fluxo axial do gás ao longo do canal do arco. O bocal
deve ser capaz de resistir a altas temperaturas, sendo fabricado em teflon.
14
uma grandeza, maior será precisão da medida. Entretanto, os relés devem medir e
decidir pela operação ou não do disjuntor o mais rápido possível a fim de reduzir os
danos aos equipamentos protegidos. Assim, em função desta rapidez de atuação a
maioria dos sistemas de proteção é projetada para ser mais fidedigna a custa de sua
segurança, ou seja, haverá sempre um relé no sistema que atuará para uma falha.
MASON (1956) cita que é essencial para um dispositivo de proteção ser
inerentemente confiável e que sua instalação, aplicação e manutenção sejam tais que
garantam que suas funções sejam realizadas. A confiabilidade inerente é uma questão de
um projeto baseado em longa experiência. Outros pontos também influenciam na
confiabilidade inerente tais como: simplicidade, robustez, pressão dos contatos, mão de
obra, os materiais usados nos contatos e como estes podem ser protegidos para evitar
contaminações.
O fato do sistema de proteção ficar, constantemente, em estado de espera,
podendo alguns relés operar apenas uma vez em muitos anos (MASON, 1956), torna
necessário estabelecer programas de manutenção que garantam que as funções dos relés
sejam cumpridas, de modo a manter a sua confiabilidade.
Proteção primária
Outra observação com relação a Figura 2.5 é que uma zona de proteção separada
é estabelecida em torno de cada elemento. O que significa que a ocorrência de uma
falha dentro de uma zona de proteção causará o trip de todos os disjuntores dentro
daquela zona. Falhas que ocorrem em locais onde duas zonas se sobrepõem
(overlaping), causam a atuação de mais disjuntores do que o necessário para
desconectar o elemento faltoso. A sobreposição de zonas de proteção se faz necessária
17
pois caso contrário haveriam porções do sistema de potência que não seriam protegidas
por zona nenhuma e a ocorrência de faltas nestes locais não causariam a atuação de
disjuntores e os danos causados ao sistema seriam maiores do que o inconveniente pela
a atuação de mais disjuntores que o necessário. Como a extensão da sobreposição de
zonas é pequena, em relação ao sistema de potência como um todo a probabilidade de
ocorrência de falhas nesta região é pequena.
Figura 2.5 – Diagrama unifilar de parte de um sistema de potência que ilustra a proteção
primária.
18
Outro ponto importante na proteção de retaguarda é que ela seja montada de tal
forma que a causa da falha que impediu a ação da proteção primária não afete sua ação.
Este objetivo só poderá ser atingido se os relés da proteção de retaguarda não estiverem
localizados no mesmo ponto da proteção primária, ou seja, não compartilhem o mesmo
circuito de controle ou qualquer outra facilidade utilizada pelos relés primários. Na
Figura 2.6 é demonstrado um exemplo de uma linha de transmissão onde aparece a
proteção primária e a de retaguarda.
A zona de proteção aberta tem o seu limite variável de acordo com a corrente de
falta, assim para este tipo de zona de proteção sempre haverá uma incerteza quanto aos
seus limites.
Velocidade do relé.
a) Instantâneo: Não existe um atraso intencional, o relé atua assim que uma decisão segura é
feita.
b) Temporizado: Um atraso intencional é inserido entre a decisão de operar e o início da ação
de trip.
c) Alta Velocidade: Um relé que opera em um tempo menor que 50 ms.
d) Ultra Alta Velocidade: Este termo não está incluído em padrões de relé, mas considera-se
um relé que opere em 4 ms ou menos.
2.5 CONCLUSÕES
3.1 INTRODUÇÃO
Definição de harmônicos
Pode-se definir uma tensão ou corrente harmônica como sendo um sinal senoidal
cuja freqüência é múltiplo inteiro da freqüência fundamental do sinal de alimentação
(MORENO, 2001). A Figura 3.1 mostra o exemplo de uma forma de onda distorcida.
Representação de harmônicos
Pode-se representar as formas de onda distorcidas de corrente e tensão, sob condições
de regime permanente, através de séries de Fourier conforme descrito na equação 3.1
(BONNER, 1996):
∞
f (t ) = C0 + ∑ Cn ⋅ cos( n ⋅ ω ⋅ t + θ n ) (3.1)
n =1
− Bn
Cn = An2 + Bn2 θ n = tan −1
An (3.2)
24
T T
2 2
An = ∫ f (t ) cos(n ⋅ ω .t )dt
T ∫0
Bn = f (t ) sen(n ⋅ ω .t )dt
T 0 (3.3)
T
1
C0 = ∫ f (t ).dt (3.4)
T0
O valor RMS da função é definido como:
2 (3.5)
C n
∞
RMS = C +∑2
0
1 2
n=
Ordem
A ordem ou número harmônico é a razão entre a frequência da componente
harmônica (fn) e a frequência fundamental (que no Brasil é 60 Hz).
Espectro
O espectro é a distribuição das amplitudes das várias componentes
harmônicas em função da sua ordem. Normalmente é mostrado na forma de
histograma como mostra a Figura 3.2.
25
v ah = 2 ⋅ Vh ⋅ sen ( h ⋅ϖ ⋅ t ) (3.6)
2 ⋅ h ⋅π
vbh = 2 ⋅ Vh ⋅ sen h ⋅ϖ ⋅ t − + θh (3.7)
3
2 ⋅ h ⋅π (3.8)
vch = 2 ⋅ Vh ⋅ sen h ⋅ϖ ⋅ t + + θh
3
ω
π
ω
operação elimina os harmônicos de ordem par (COLOMBET et al., 2001).
Sabe-se que:
f(
⋅)
t+
=
−
f( ⋅
t) (3.9)
ω
I( ⋅
t) =
I1 sen( ⋅
t) +ω
I 2 sen(2 ⋅⋅
t) ω (3.10)
ωπ ω
I( ⋅
t+π
)=
I1 sen( ⋅
t+)+
I 2 sen 2( ⋅
t+) ωπ
ωπ
I( ⋅
t+)=
−
I1 sen( ⋅
t) + ω
I 2 sen 2( ⋅
t+) ωπ (3.11)
Conforme a equação (3.9) o termo I2 na equação (3.11) deve ser zero para que
I(wt+π )=-I(wt). Esta demonstração pode ser estendida a todas as harmônicas de ordem
26
I a3 = ω
I 3 sen(3 ⋅ ⋅
t)
I b3 = (ω
I 3 sen 3 ⋅ ⋅
2⋅
t−)=
πI sen( 3
ω
⋅ 2π
t−)=
I a3
3
3
I c3 = (ω
I 3 sen 3 ⋅ ⋅
4⋅
t+)=
πI sen (3
ω
⋅ 4π
t−)=
I a3
3
3
Ordem Sequência de
Harmônica Fase
1 +
2 -
3 0
4 +
5 -
6 0
27
Conversores estáticos
Os conversores estáticos mais comuns são formados por pontes retificadoras de seis
pulsos (BONNER, 1996). Este tipo de dispositivo é amplamente usado em terminais
HVDC (High Voltage Direct Current), acionamentos C.C e inversores de freqüência.
Para entregar uma corrente contínua perfeita, a ponte retificadora necessita uma corrente
CA pulsante, conforme mostra a Figura 3.3 (COLOMBET et al., 2001).
I1
In = (3.12)
n
Onde:
I1 – amplitude da componente fundamental.
n - número de ordem harmônica.
Ordem harmônica
Figura 3.4 – Retificador monofásico com filtro capacitivo e espectro de frequências.
Iluminação
Sistemas de iluminação constituídos por lâmpadas de descarga ou fluorescentes
são geradores de correntes harmônicas. No caso de lâmpadas fluorescentes modernas a
relação de harmônicos, expressa na equação (3.12), pode exceder 100% (COLOMBET
et al, 2001).
30
Fornos a arco
Os harmônicos produzidos por estes dispositivos são imprevisíveis em função da
variação do arco de ciclo para ciclo, especialmente quando uma nova carga de metal
está sendo derretida. Segundo o IEEE Std 519-1992 a corrente do arco é não periódica e
a sua análise revela um espectro contínuo de frequências harmônicas de ordem inteira e
não inteira, entretanto através de medições pode-se verificar que os harmônicos de
ordem inteira têm predominância sobre os de ordem não inteira principalmente os de
baixa ordem (2ª a 7ª) com a amplitude decaindo conforme o aumento da ordem. À
medida que a quantidade de metal a ser derretida aumenta, o arco torna-se mais estável
o que resultará em correntes com distorções harmônicas menores.
Reatores saturáveis
A impedância de um reator saturável varia à medida que a corrente
flui através dela, resultando em uma distorção considerável da mesma. Este
é o caso, por exemplo, dos transformadores, à vazio quando submetidos a
sobretensões contínuas.
Outro efeito de longo prazo que surge em instalações elétricas sujeita à presença
de harmônicas é o aquecimento devido a perdas adicionais em máquinas e
transformadores. As diferenças de velocidade entre os campos girantes harmônicos e o
rotor, causam perdas adicionais no estator (cobre e ferro) e principalmente no rotor
(enrolamentos de amortecimento e circuitos magnéticos). Nos transformadores, o efeito
pelicular, a histerese e correntes parasitas causadas pelos harmônicos levam a perdas
suplementares.
Além das máquinas outras partes da instalação sofrem efeitos de longo prazo
provocados pelos harmônicos. Os condutores sofrem aquecimento devido às perdas que
surgem quando estes são percorridos por correntes com componentes harmônicas. As
causas destas perdas são:
• Um aumento no valor RMS da corrente para um mesmo valor de potência ativa
consumido;
• Um aumento na resistência aparente do núcleo em função da frequência devido ao
efeito pelicular;
1
Efeito que ocorre em materiais ferrelétricos nos quais a relação entre os vetores E (campo elétrico) e P
(polarização) é não linear (Hayt, 1983).
32
uma tensão, que chamada de tensão transmitida vt(t). Pode-se dividir esta tensão em
duas componentes: uma tensão incidente vi(t) e uma tensão refletida vr(t), de
tal forma a expressar vt(t) de acordo com a equação 3.12.
vt (t ) = vi (t ) + v r (t ) (3.12)
onde:
vi (t ) = 2 ⋅ V1 sen(ω ⋅ t + α 1 )
∞
v r (t ) = ∑ Vn sen(n ⋅ ω ⋅ t + α n )
n =1
it (t ) = ii (t ) + i r (t )
ii (t ) = 2 ⋅ I 1 sen(ω ⋅ t + β1 ) (3.13)
∞
i r (t ) = 2 ⋅ ∑ I n sen( n ⋅ ω ⋅ t + β n )
n =1
34
S t = Vt ⋅ I ∗ t = (V i + Vr ).(I i + I r ) ∗ = S i + S r (3.14)
1
Vt (t ). I t (t ) dt = ∑Vn .I n cos θ n = Pi + Pr
T ∫
Pt =
n =1
θ n = αn − β n
(3.15)
Pi = V1 I 1 cos θ1
Pr = ∑Vn .I n cos θ n
n =1
∞
Qt = ∑Vn .I n sen θ n = Qi + Qr
n =1 n
(3.16)
Qi = V1 I 1 sen θ1
Qr = ∑Vn .I n sen θ n
n =1
indevidamente, pois o relé só deveria operar para um curto-circuito fase terra que
produziria um fluxo de corrente pelo neutro. Isto pode causar certa dúvida no pessoal de
manutenção do prédio, pois estes irão procurar o curto-circuito ou um desbalanço de
fases e não acharão nem um nem outro, pois eles não ocorreram, o que houve foi a
operação do relé por sobrecarga devida a corrente de 3a harmônica.
Em outras situações, harmônicos presentes em correntes de fase podem ser
danosos a equipamentos, Por exemplo: a “saúde” dos bancos de capacitores pode ser
ameaçada por excesso de harmônicos no sistema de potência. Os harmônicos tendem a
ser absorvidos pelos bancos de capacitores e podem causar eventuais falhas devido a
sobrecarga. Se estes bancos forem protegidos por relés de sobrecorrente de fase
insensíveis a harmônicos estarão, os bancos, correndo sério risco de serem danificados.
Contudo mesmo que os relés sejam capazes de detectar a presença de harmônicos
podem superproteger ou subproteger o banco em função da resposta em relação aos
harmônicos (HENVILLE, 2001).
Ainda, segundo HENVILLE (2001), investigações devem ser conduzidas para
avaliar o desempenho dos relés de proteção sob condições de ondas distorcidas, pois seu
comportamento ainda é desconhecido.
3.6 CONCLUSÕES
Neste capítulo verificou-se que os harmônicos não são uma novidade para os
profissionais que lidam com o sistema elétrico de potência, seu conhecimento data do
início do século XX, porém com o aumento do tamanho e complexidade do sistema de
potência e o surgimento das cargas com dispositivos baseados na tecnologia de
eletrônica de potência sua presença passou a ser sentida devido aos efeitos por eles
causados. Dentre estes efeitos pode-se ressaltar a distorção causada nas formas de onda
de tensão e corrente do sistema elétrico.
No Capítulo 2 foi mostrado que os relés de sobrecorrente respondem ao valor
RMS da onda de corrente, uma vez que a distorção causada pelas componentes
harmônicas altera o valor RMS da onda de corrente. Assim, pode-se concluir que a
operação dos relés será influenciada pela presença das distorções harmônicas no sistema
levando-os a fazer uma leitura errada da situação o que causará uma operação indevida
(falso trip) ou a não operação (falha de operação) dependendo do caso.
37
4 TRANSFORMADORES DE CORRENTE
4.1 INTRODUÇÃO
Zp Zs
I1 Zm Zb
I1 Zs I2
I1 Zm Em Eb Zb
E m = Eb + Z s ⋅ I 2
(4.1)
39
Em (4.2)
Im =
Zm
I1 = I 2 + I m (4.3)
I1 − I 2 I m
ε= = (4.4)
I1 I1
Se a impedância do burden Zb for alta, tem-se uma redução no valor da corrente I2,
pois a maior parte da corrente suprida pelo primário do TC (I1) irá fluir pelo ramo de
magnetização do TC, fazendo com que este sature. Analisando a equação 4.4 um
aumento na corrente de magnetização fará com que o erro de corrente aumente. Assim
uma baixa impedância de carga ou burden é fundamental para uma boa precisão do TC.
I1 I2
Im
I1 Ic Rc Lm If Em Zb
Z b = Rb + jϖLb (4.5)
Z b = Rb + sL b (4.6)
s T ω (4.8)
I 1 ( s) = I max cos θ 2 − + I max sen θ 2 2
s + ω 1 + sT s +ω
2
O produto Lm.If resulta nos enlaces de fluxo λ do núcleo do TC. Aplicando a lei
de Kirchoff das correntes ao circuito do TC, tem-se:
I 2 = I1 + ( I f + I c ) (4.10)
41
Rc ⋅ Rb 1 (4.12)
λ ( s) = ⋅ ⋅ I1
Rc + Rb s + 1
τ
e a constante de tempo τ é :
Rc ⋅ Lm + Rb ⋅ Lm (4.13)
τ=
Rc ⋅ Rb
Rc ⋅ Rb −t τ ⋅ T
+ τ ⋅ ( sen ϕ ⋅ cos ϕ ⋅ tan θ − cos 2 ϕ )
λ (t ) = I max ⋅ cosθ ⋅ ⋅ e τ −
Rc + Rb T −τ
(4.14)
T τ ⋅T cos ϕ
+ e −t +τ ⋅ ⋅ cos( ω ⋅ t − θ − ϕ )
τ − T cosθ
Em dλ
Pela lei de Ohm sabe-se que I 2 = e da lei de Lenz E m = , então I2
Rb dt
Rc − t τ T
i(t) = I m a⋅ xc oθ ⋅s ⋅ e − − ( s e ϕ n⋅ c oϕ s⋅ t a θ n− c o2 ϕs)
(4.15)
Rc + Rb T − τ
τ⋅ c oϕ s
− e − ω ⋅ τ ⋅ ⋅ s e ( ωn ⋅ t − θ − ϕ )
−t T
τ − T c oθ s
42
O resultado das equações acima, no tempo, é mostrado nas Figura 4.4. e 4.5.
300
271.567498
200
100
I1( t )
I2( t )
0
100
144.528735 200
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
0 t 0.2
Tempo
Corrente Primária
Fluxo no Núcleo
0.5
λ
( t)
0.0688 0.5
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16 0.18 0.2
0 t 0.2
Tempo (s)
quanto menor for a chance deste operar na região de saturação maior será a
confiabilidade da operação dos relés alimentados por ele.
Uma fonte senoidal alimentando uma carga não linear pode ser representada pelo
conjunto de equações abaixo:
vt (t ) = vi (t ) + v r (t )
vi (t ) = 2 ⋅ V1 sen(ω ⋅ t + α 1 )
∞
v r (t ) = ∑ Vn sen(n ⋅ ω ⋅ t + α n )
n =1
(4.16)
it (t ) = ii (t ) + ir (t )
ii (t ) = 2 ⋅ I 1 sen(ω ⋅ t + β 1 )
∞
i r (t ) = 2 ⋅ ∑ I n sen(n ⋅ ω ⋅ t + β n )
n =1
Zp Zs
Zm Zb
In . . . I2 I1
4.5 CONCLUSÕES
5 RELÉS DE PROTEÇÃO
5.1 INTRODUÇÃO
Onde :
F- Força resultante;
K2 – Força de restrição
Quando o relé está na eminência de operar a força resultante é nula e a equação 5.1
fica:
46
K2 (5.2)
I= = CTE
K1
Esta equação é derivada de uma equação mais geral proposta por MASON (1956):
T = K 1 ⋅ I 2 + K 2 ⋅ V 2 + K 3 ⋅ I ⋅ V ⋅ sen(θ + ϕ ) − τ s (5.3)
Sistema de Potência
Transdutores
Interface
Microprocessador RAM ROM
Analógica
Controle Comunicação
Micro Computador
Fonte de
Alimentação
Relé
Caso o sistema estiver sob condição de curto-circuito o relé enviará o sinal de trip
para os disjuntores via subsistema de saídas digitais. A memória RAM é usada para
armazenar dados temporários e a ROM armazena os valores de ajustes e outras
informações vitais.
48
Os relés digitais oferecem muitas funções que não estão disponíveis nos relés
eletromecânicos e a estado sólido. Algumas destas funções são: grupos de múltiplos
ajustes, lógica programável, lógica adaptativa, auto monitoração, auto teste, registro de
sequência de eventos, oscilografia e habilidade de se comunicar com outros relés e
computadores. O custo por função dos relés digitais é menor se comparado aos
eletromecânicos e a estado sólido. Esta redução de custo se deve ao menor custo dos
componentes e de produção.
Além das vantagens que surgem com o relé existem aquelas advindas do seu uso, tais
como: a redução do burden dos TC e TP, pois além de possuirem uma carga menor eles
ainda podem ser programados para detectar a saturação do TC e TP afim de minimizar
operações incorretas, redução de espaço em painéis em função do alto nível de
integração do hardware e da habilidade de se usar um único dispositivo para executar
diversas funções de proteção, conforme a Figura 5.2.
Os algorítimos usados em proteção geralmente estão de acordo com uma das formas
mostradas na Figura 5.3. A Figura 5.3a baseia-se no fato de que os valores das variáveis
medidas e suas relações múltiplas (amplitudes, freqüência e potências reais e aparentes)
são determinadas numericamente, estes sinais são processados e através de um critério e
uma relação lógica é verificado se os valores das variáveis de entrada atinjam o limite
de pickup. Assim é tomada a decisão de efetuar ou não o trip.
Xa (n)
Determinação dos
Xb (n) Valores das Critério Relação Lógica Decisão
Variáveis de Entrada
(a)
Xa (n)
Critério Relação Lógica Decisão
Xb (n)
(b)
di (t ) (5.4)
v(t ) = R ⋅ i (t ) + L ⋅
dt
t1 t1
t2 t2
(5.6)
∫ v(t ) ⋅ dt = R ⋅ ∫ i(t )dt + L ⋅ [i(t ) − i(t
t1 t1
1 0 )]
∆t (i + ik −1 )( v k −1 + v k −2 ) − (ik −1 + i k −2 )( v k + v k −1 ) (5.7)
L= ⋅ k
2 (ik + ik −1 )(ik −1 − ik −2 ) + (ik −1 + i k −2 )(ik − ik −1 )
(i + i k −1 )( v k −1 + v k −2 ) − (i k −1 + ik −2 )( v k + v k −1 )
R= k (5.8)
(i k + i k −1 )( i k −1 − i k −2 ) + (i k −1 + ik −2 )( i k − ik −1 )
Existe uma outra maneira de se eliminar o termo diferencial da equação (5.4) que é a
aproximação das derivadas usando amostras. Para isso precisa-se representar a equação
(5.4) em sua forma discreta:
(5.9)
v(t k ) = R ⋅ i (t k ) + L ⋅ i ' (t k ) + e(t k )
onde:
tk – tempo de amostragem.
i (t k ) − i (t k −1 ) (5.10)
Aproximação backward
∆t
i (t k +1 ) − i (t k ) (5.11)
Aproximação forward
∆t
i (t k +1 ) − i (t k −1 ) (5.12)
Aproximação middle
∆t
O termo residual e(t) deve ser tratado e para isto existem duas maneiras: resolver
duas equações para R e L assumindo que o termo residual é zero e a outra maneira é
51
usar mais de duas equações para calcular R e L usando, por exemplo, o método do
mínimo erro mínimo quadrático (KEZUNOVIC, 2004).
Algorítimo DFT
Como na transformada de Fourier, a DFT assume que um sinal é composto por uma
componente de freqüência fundamental e por componentes harmônicas desta
freqüência. A diferença entre a transformada de Fourier e a DFT é que a TF é aplicada a
sinais contínuos no domínio do tempo e a DFT se aplica a sinais temporais
representados por seqüências de números. Outra grande diferença é que para a
transformada de Fourier o sinal existe para um período compreendido entre -∞ e ∞, mas
para a DFT o sinal existe para pequenos intervalos de tempo, que são chamados de
janelas. O resultado deste algorítimo é um fasor que pode ser obtido pela equação
(5.14):
2 N −1 2π 2π
I ( n) = ⋅ ∑ I k ⋅ cos( n ⋅ k ) + jI k ⋅ sin (n ⋅ k ) (5.14)
N k =0 N N
Onde:
52
k- amostra
n-componente harmônica
N-número de amostras por ciclo
O módulo da resposta do algorítimo é dada pela equação (5.15)
I = 2
I real + I imag
2
(5.15)
Onde:
O algorítimo DFT é um filtro passa banda em torno da freqüência que está sendo
medida e por isso pode extrair qualquer freqüência de um sinal. No caso de proteção de
sistemas de potência ele pode ser usado para extrair o sinal de freqüência fundamental
da onda de corrente e usa-lo na lógica de decisão de trip. Outra aplicação é extrair sinais
de corrente de 2ª e 5ª harmônicas para restrição de relés diferenciais usados na proteção
de transformadores. A resposta em frequência de um sinal com 16 amostras é mostrada
na Figura 5.4. Da figura pode-ses fazer as seguintes observações: As respostas em
freqüência são nulas para as freqüências de 2ª até 8ª harmônicas; a resposta em
freqüência é maior para o sinal de 60 Hz e atenua para as frequências maiores.
Algorítimo RMS
T
1
I RMS = ⋅ ∫ I 2 dt (5.16)
T 0
Para sistemas digitais a equação (5.16) passa a ser uma equação discreta no tempo:
1 N −1 2
I RMS = ⋅ ∑Ik (5.17)
N k =0
5.5 CONCLUSÕES
6.1 INTRODUÇÃO
6.4 CONCLUSÕES
7 CONCLUSÃO
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS