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Tendo-se em vista este noticiário (que resumimos na seqüência dessas linhas), não
seria o caso de se repensar algumas soluções caríssimas e polêmicas para o
combate da crônica escassez de água do Nordeste brasileiro? Em vez da
transposição das bacias hidrográficas do Tocantins e São Francisco, porque não a
implantação das hoje tão viáveis (veja-se Israel, a seguir) usinas de dessalinização
de água ao longo do litoral nordestino? E porque não ao longo de todo litoral, num
país com uma das mais longas costas litorâneas do planeta? Ambos projetos
custariam US$ 1,8 bilhões (R$ 4,1 bilhões) para captar de 70 a 100 m 3/s por meio de
barragens e elevatórias no rio do Sono (da bacia do Tocantins) e, por canais,
repassar a água para os rios Preto e Grande (da bacia do São Francisco) sem
colocar em risco o rio Tocantins, cuja vazão é 12 vezes superior ao do São
Francisco (FEIS- Unesp, 2001). Um estudo mais aprofundado do problema revelaria
que as abrangências das soluções são diferentes, pois a transposição é geradora do
múltiplo aproveitamento do recurso (abastecimento, energia, navegação, irrigação
etc) enquanto a dessalinização serviria para o abastecimento da população mais
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Lachish, 2001 (vide anexo), demonstra que apenas 0,66 kcal/L são requeridos para
dessalinizar 1 litro de água do mar, independentemente da tecnologia aplicada para
este objetivo (embora os sistemas práticos de osmose reversa usem uma pressão
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Ainda conforme o jornal, a cidade portuária de Ashkelon, está licitando uma usina
dessalinizadora para1,58 m3/s (36 MGD) d’água por dia. Uma das concorrentes da
licitação é a Ionics Incorporation, de Watertown, Massachusetts, que alega ter três
mil unidades dessalinizadoras, muitas delas relativamente pequenas, operando em
todo o mundo. Outro concorrente é um consórcio liderado pela Cadagua, que é parte
do Ferrovial Group, da Espanha, responsável pela instalação de usinas de
dessalinização na Tunísia, em Chipre e na Espanha. Um outro é o IDE Technologies
Ltd., uma companhia de Ra’anana, em Israel, que inaugurou a sua última usina de
dessalinização, em Larnaca, Chipre, apenas 14 meses após ter iniciado as obras.
Em outras regiões do planeta existem mais de 30 grandes usinas de dessalinização
em construção ou em estágio de planejamento. Na costa de Ashdod, está projetada
uma usina de dessalinização para 2,06 m3/s (47 MGD). Essas usinas pretendem se
integrar às usinas costeiras de geração de energia, movidas a gás natural explorado
no alto-mar.
anuais advindos dos projetos devem triplicar, chegando a US$ 100 bilhões (R$ 231
bilhões) nas próximas duas décadas. A maior parte desse crescimento deverá ficar
por conta dos novos sistemas de filtragem que serão exibidos nas usinas
israelenses.
A ANA, Agência Nacional de Águas, criou uma equipe de estudos para desenvolver
um programa nacional de reuso da água, prática vista como uma das soluções para
diminuir a coleta dos mananciais e prolongar a reserva hídrica dos rios. Em outros
países são comuns as lavanderias condominiais, que substituem as máquinas
privativas dos apartamentos por máquinas coletivas, de alto rendimento, instaladas
no térreo ou subsolo dos condomínios residenciais. Outra proposição de
conservação da água é a recirculação do esgoto secundário de pisos e pias para a
descarga de vasos sanitários. O aeroporto de Guarulhos (SP) possui projeto de
reciclagem da água do terceiro terminal, onde toda a água destinada a válvulas de
descarga, lavagens de pista, lavagem de aeronaves e sistemas de resfriamento será
reutilizada após tratamento. A gestão que afastaria a escassez deve ser apoiada na
conservação e no reuso. (Prof. Dr. Ivanildo Hespanhol à Folha de São Paulo).
Desde o ano 2000 as grandes hidrelétricas do país já pagam pelo uso da água
0,75% do valor obtido com a energia gerada nos rios. Dos recursos obtidos, 45%
vão para os municípios, 45% para os Estados e 10% ficam com a União, mas não
há determinação de que o dinheiro seja aplicado na recuperação das bacias.
Referências:
Folha de São Paulo. Agência da Folha em Santos. Situação das bacias de São
Paulo é crítica. Especialista aponta reutilização como solução do problema.
São Paulo. 2001 Jun 24. Cotidiano. páginas C-8,9.
Orme, WAJ. Israel Raises Its Glass to Desalination. The New York Times. 2001 Jun
23. Available from: <URL: http://www.nytimes.com/>. search: Israel
[2001 Jun 24]).
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ANEXO:
Comparação entre o Consumo Energético da Osmose Reversa e da Destilação
(Lachish, 2001)
FIGURA 1
A Figura 1 mostra um cilindro dividido por uma membrana semi-permeável. Na
câmara esquerda existe água do mar, que é empurrada pela partição móvel através
da membrana. A membrana bloqueia o transporte do sal deixando passar apenas a
água pura que fica do lado direito do vaso. A força atuando na partição é igual a
pressão osmótica multiplicada pela área da partição e o trabalho executado pela
partição é igual a força que nela atua vezes a distância que ela percorre. O processo
é reversível porque o sentido do movimento pode ser invertido, acarretando inversão
do sentido do fluxo através da membrana.
π = cRT
muitos sais, mas o cálculo será simplificado assumindo que o sal único seja o cloreto
de sódio NaCl. O peso atômico do sódio sendo 23 gramas e o do cloro, 35,5
gramas, o peso molecular do NaCl resulta igual a 58,5 gramas. O número de moles
de Na Cl na água do mar é, portanto, 33/58,5 = 0,564 mol/L. Quando o sal NaCl é
dissolvido na água ocorre a dissociação dos íons Na+ e Cl-. Existem dois íons por
molécula de sal, de tal forma que a concentração dos íons fica sendo o dobro da
concentração do sal, ou seja, c = 2 (0,564) = 1,128 mol/L. Substituindo este valor
para c na fórmula de van’t Hoff:
Assumindo que a partição seja de 1 cm2 e que se desloque por 10 metros, para que
1 litro de solução passe através da membrana o trabalho realizado será:
Cerca de 70 kcal são necessárias para aquecer 1 litro de água até a fervura e
depois, mais 540 kcal são dispendidos para efetivamente ferver o líquido. Ainda que
uma grande parte do calor dispendido seja recuperado durante a condensação,
parece difícil competir com a eficiência da dessalinização pelo processo da osmose
reversa, o que não significa afirmar que ela seja sempre o meio mais econômico de
realizar a operação, que pode envolver fatores locais a serem considerados.