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Resumo: Direito Processual Civil – por Prof. Clóvis Brasil Pereira

Resumo de Direito Processual Civil

Assunto:

RESUMO DE DIREITO
PROCESSUAL CIVIL

Autor:

PROF. CLOVIS BRASIL PEREIRA


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DIREITO PROCESSUAL CIVIL


Prof. Clovis Brasil Pereira

ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA

1. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

Para a aplicação da justiça, a Constituição Federal, lei máxima vigente no país, fixa
regras de jurisdição e competência, de forma genérica, delimitando o campo de atuação
de cada juízo ou tribunal.

Por outro lado, existe hoje uma tendência de especialização em determinados ramos do
direito, dando a Constituição margem para cada Estado membro, através de lei estadual,
fixar regras e normas para o exercício da jurisdição, que é una e indivisível na sua
essência, pois é derivada do Poder Federativo.

Através de leis estaduais específicas, cada Estado membro, pode partilhar a


competência, fixando regras para apreciação das diversas questões em litígio.

A jurisdição, por sua vez, é aplicada dentro de determinado país, região, estado ou
comarca, levando em conta a matéria em julgamento (ratione materiae), a qualidade das
partes litigantes (ratione personae), e a situação ou localização da coisa ou do bem objeto
do litígio (ratione loci).

Temos assim, que o poder de julgar é o que se chama de JURISDIÇÃO; e a delimitação


da jurisdição, é o que se chama de COMPETÊNCIA.

2. ORGANIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

O atual sistema judiciário nacional, fixado de acordo com a Constituição Federal de 1988,
no seu artigo 92, está assim dividido:

CAPÍTULO III - DO PODER JUDICIÁRIO


Seção I - Disposições Gerais

Art.92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - O Supremo Tribunal Federal;
II - O Superior Tribunal de Justiça;
III - Os Tribunais Regionais Federais e Juizes Federais;
IV - Os Tribunais e Juizes do Trabalho;
V - Os Tribunais e Juizes Eleitorais;
VI - Os Tribunais e Juizes Militares;
VII- Os Tribunais e Juizes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Ao determinar a organização do Poder Judiciário, a Carta Magna definiu as atribuições


gerais de cada órgão, bem como a competência dos órgãos da Justiça Federal, assim
genericamente compreendidas:
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A) SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – S.T.F.: é formado por onze Ministros, escolhidos


dentre cidadãos com mais de trinta e cinco, e menos de sessenta e cinco anos de idade,
de notável saber jurídico e reputação ilibada (art.101, da CF), e são nomeadas pelo
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal.

Tem as suas atribuições definidas no art.102, incisos I, II, III, com suas alíneas e
parágrafos respectivos, destacando-se o julgamento das seguintes questões:

- as ações diretas de inconstitucionalidade;

- as infrações penais comuns do Presidente da República, do Vice-Presidente, dos


membros do Congresso Nacional, dos seus próprios Ministros e do Procurador-Geral da
República;

- as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou


entre uns e outros;

- os conflitos de competência entre o STJ e quaisquer tribunais, entre Tribunais


Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

- mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,


quando a decisão contrariar dispositivo constitucional; declarar a inconstitucionalidade de
tratado ou lei federal; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da
Constituição.

B) SUPERIOR TRIBUNAL DA JUSTIÇA – S.T.J.: é formado de, no mínimo, trinta e


três Ministros, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação
ilibada, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, e são recrutados nos termos
dos incisos I e II, do artigo 104, da CF.

Tem suas atribuições definidas no artigo 105, incisos I, II e III, e suas alíneas e parágrafos
respectivos, destacando-se o julgamento das seguintes questões:

- nos crimes comuns, os Governadores do Estado e do Distrito Federal; nos crimes


comuns e nos de responsabilidade, os Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dentre outros;

- os conflitos de competência entre quaisquer Tribunais, ressalvado o disposto no art.102,


I “o”, bem como entre tribunais e juizes vinculados a tribunais diversos;

- em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos


Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhe
vigência; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; der a
lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
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C) ORGÃOS DA JUSTIÇA FEDERAL

Compreende diversos ramos da Justiça e Tribunais, a saber:

1) JUSTIÇA DO TRABALHO, formada pelo Tribunal Superior do Trabalho -


T.S.T., os Tribunais Regionais do Trabalho - T.R.T. e Varas do Trabalho, sendo
organizada conforme o artigo 11, § 1º e 2º da CF (T.S.T.), artigo 115, parágrafo
único, incisos I, II e III (T.R.Ts.), e artigo 116, (Varas), cuja competência é prevista
no artigo 114, e parágrafos, da mesma Constituição Federal.

2) JUSTIÇA ELEITORAL, formada pelo Tribunal Superior Eleitoral - T.S.E., os


Tribunais Regionais Eleitorais -T.R.E., pelos Juizes Eleitorais e as Juntas
Eleitorais, sendo organizada e com a competência definida conforme os artigos 119
ao 121, incisos, alíneas e parágrafos respectivos da CF.

3) JUSTIÇA MILITAR, formada pelo Superior Tribunal Militar - S.T.M., e os


Tribunais e Juizes Militares instituídos por lei, organizada nos termos dos artigos
123 e 124 da CF, quando da Justiça Federal, e artigo 125, § 3º e 4º, da CF,
quando se tratar da Justiça Estadual.

D) ÓRGÃOS DA JUSTIÇA COMUM, que compreende diversos tribunais e juizes, e


abrange parte da Justiça Federal e da Justiça Estadual, e onde são aplicados no dia a
dia, os dispositivos previstos no direito material e na legislação processual civil, penal,
tributária, previdenciária, etc., através dos respectivos Códigos de Direito Processo Civil e
Penal, ou legislação esparsa, e que basicamente está assim constituída:

1. JUSTIÇA FEDERAL, formada pelos Tribunais Federais Regionais -T.R.F. e os


Juizes Federais, sendo organizada conforme o artigo 107, incisos I e II, da CF, cuja
competência vem disciplinada nos artigos 108 (dos TRFs.) e 109 (dos Juizes
Federais), em seus incisos, alíneas e parágrafos respectivos.

2. JUSTIÇA ESTADUAL, formada pelos Tribunais de Justiça - T.J., existentes em


todos os estados da federação; pelos Tribunais de Alçada, que podem ser Civil e
Criminal, cuja existência não é comum a todos os estados membros, e cuja
organização e funcionamento é disciplinado pelas Constituições Estaduais e por
Leis Especiais, conforme faculta a própria Constituição Federal, em seu artigo 125,
parágrafo primeiro; e Juizes de Direito que exercem a sua jurisdição na primeira
instância.

A Justiça Estadual, na sua primeira instância, é dividida em COMARCAS, que por sua
vez, agrupam várias VARAS, que podem ser divididas em varas cíveis, criminais, ou
outras especializadas, ou ainda, dependendo da ENTRÂNCIA, decidirem
cumulativamente todas as questões.

A título exemplificativo, nas Comarcas de “Entrância Especial”, notadamente na Comarca


de São Paulo (Capital), existem VARAS ESPECIALIZADAS, tais como: de REGISTROS
PÚBLICOS, de ACIDENTES DE TRABALHO, da FAMILIA E SUCESSÕES, da FAZENDA
PÚBLICA (Estadual e Municipal), da CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, dentre outras.
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Existe, por sua vez, o FÓRUM CENTRAL CIVIL (João Mendes Júnior), o FÓRUM
CENTRAL CRIMINAL (Ministro Mário Guimarães, na Barra Funda), o FÓRUM DA
FAZENDA PÚBLICA E ACIDENTES DO TRABALHO, além dos FOROS REGIONAIS
(Santana, São Miguel .Paulista, Lapa, Penha de França,, Tatuapé, Vila Prudente,
Pinheiros, dentre outros).

Essa organização da Justiça, no estado de São Paulo, pode sofrer alteração, através de
legislação especial, que venha criar novas Varas ou Foros Regionais.

PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO CIVIL

1. GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO CIVIL

DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF , art. 5º , LIV) :

 obediência às normas legais insertas na Constituição e Legislação em geral, e


engloba o respeito a outros preceitos constitucionais;

 ninguém pode ser privado de sua liberdade ou de seus bens sem que tenha sido
submetido a um julgamento prolatado com base no instrumento estatal adequado previsto
em lei para a solução daquele conflito específico (exemplo: observância de um
procedimento específico; negativa de seguimento de recurso judicial , etc.)

IMPARCIALIDADE : assentado nos seguintes fundamentos :

 CF, art. 95 , I , II e III – garantias constitucionais dos magistrados – irredutibilidade


de subsídios, inamovibilidade e vitaliciedade);

 CF, art. 5º , XXXVII – garantia do juiz natural (aquele investido regularmente na


jurisdição – investidura – e a vedação expressa aos tribunais de exceção (os julgamentos
devem ser proferidos por tribunais com competência prevista de modo expresso na CF).

CONTRADITÓRIO: (CF, art. 5º , LV):

 consiste na outorga de efetiva oportunidade de participação das partes na


formação do convencimento do juiz que prolatará a sentença;

 pode se desenvolver de forma antecipada (primeiro as partes se manifestam,


depois o juiz profere a decisão); de forma deferida ou postergada no tempo (no caso das
liminares, concedidas antecipadamente pelo juiz , e somente após o réu tem a
oportunidade de se manifestar).
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AMPLA DEFESA (CF , art. 5º , LV) :

 possibilidade de utilização pelas partes de todos os meios e recursos legais


previstos para a defesa de seus interesses e direitos postos em juízo.

FUNDAMENTAÇÃO (CF , art. 93 , IX):

 a CF exige dos órgãos da jurisdição a motivação explícita de todos os seus atos


decisórios , para que assegure às partes o conhecimento das razões do convencimento
do juiz o porquê da conclusão exarada em sua decisão ( a única exceção é para as
decisões do Tribunal do Jurí).

PUBLICIDADE (CF, art. 5º LX):

 todos os atos praticados pelo juízo são dotados de publicidade, como forma de
controle da atividade jurisdicional pelas partes e garantia de lisura do procedimento.

 exceção para os casos de interesse social ou a defesa da intimidade (CPC , art.


155).

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

 toda a decisão ou sentença está sujeito , como regra , ao reexame por instância
superior, através de recurso apropriado garantido ao prejudicado (sucumbente).

 embora haja divergência doutrinária , este princípio não aparece literalmente


expresso na CF, mas está implícito , dentre os demais princípios .

 o STF já se mostrou reticente em reconhecer inconstitucionalidade de legislação


infraconstitucional mediante a interpretação extensiva do que vem a ser o devido
processo legal.

2. PRINCÍPIOS GERAIS INTERNOS DO PROCESSO CIVIL

 são os princípios internos desse ramo da ciência , indicativos de sua diferenciação


em relação aos demais ramos do direito processual .

AÇÃO E DISPONIBILIDADE

 a jurisdição é inerte , devendo ser sempre provocada pelas partes , seja no


processo penal .

 no âmbito do processo civil , destinado à composição de interesses disponíveis e


bens privados , temos que o ajuizamento e prosseguimento da ação passa pelo crivo
discricionário do autor (disponibilidade da ação civil).
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 no processo penal , como regra , a ação é indisponível , e sua titularidade pertence


ao MP , uma vez que é patente o interesse público (da sociedade) na provocação da
jurisdição .

 tal princípio acaba por possibilitar no curso do processo, a autocomposição das


partes (renúncia, reconhecimento jurídico do pedido e transação), a aplicação dos efeitos
da revelia e a admissão da confissão da confissão como elemento de convencimento do
juiz.

VERDADE FORMAL

 O juiz, ao contrário do processo penal, busca a verdade formal, ao invés da real.


Deve aguardar que as partes desenvolvam a comprovação dos fatos por elas alegados.

 Ao autor compete fazer prova dos fatos constitutivos de seu direito , enquanto ao
réu se impõe a prova dos fatos extintos , modificados ou impeditivos do direito do autor.

LEALDADE PROCESSUAL

 princípio pelo qual as partes, mesmo estando em contenda judicial, devem tratar-
se com urbanidade e atuar com boa-fé (CPF , art. 14).

- a pena pela falta de urbanidade vem prevista no artigo 15, CPC.

- a conduta dolosa unilateral enseja a aplicação da pena pela litigância de má-fé


(art.16 a 18 , CPC).

- O conluio bilateral, é previsto no art. 129, CPC.

ORALIDADE

 possibilidade da vinculação da pessoa física do juiz, a concentração dos atos


processuais em uma única audiência e a irrecorribilidade das decisões interlocutórias .
Ex.: rito sumaríssimo do Juizado Especial Cível .

ECONOMIA PROCESSUAL

 os atos processuais devem ser praticados sempre da forma menos onerosa às


partes; estimula o aproveitamento dos atos processuais válidos já realizados em outros
processuais válidos já realizados em outros processos;

 a formação de todo e qualquer procedimento deve chegar á sentença, com o


mínimo possível de atividade processual.
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DO LITISCONSÓRCIO

LITISCONSÓRCIO: é a participação demais de um sujeito num dos polos processuais ou


em ambos, quando permitido em lei, ou assim for determinado.
Pode ser:

a) facultativo: decorre da pluralidade de partes (autores ou réus), por escolha do


autor (art. 46 do CPC);

b) necessário ou obrigatõrio: quando a lei estabelece a obrigatoriedade da presença


das partes, em conjunto, sob pena de nulidade (art. 47, CPC)

Hipóteses de litisconsórcio facultativo:

I - comunhão de direitos ou obrigações: credores ou devedores solidários ou


condôminos da defesa do bem comum;

II - direitos ou obrigações derivados do mesmo fundamento de fato ou de direito:


direito de indenização, decorrente de acidente de veículo, que tenha duas ou mais
vitimas.

III - conexão: quando for comum o objeto (pedido) ou a causa de pedir. Para que se
evitem decisões conflitantes, as ações conexas podem ser propostas em litisconsórcio
(art. 103, CPC).

IV – afinidade de questões por um ponto em comum de fato ou de direito: a


satisfação do direito pode ser alcançada por uma prova única ou levar a uma solução
análoga para casos semelhantes. Ex: Mandado de Segurança sobre cobrança de IPTU.
Justifica-se por economia processual e prevenção do perigo de decisões conflitantes.

Quanto ao estabelecimento do litisconsórcio pode ser:

a) Originário: instaura-se desde a propositura da ação.

b) Ulterior: quando a pluralidade de partes se estabelece posteriormente à propositura da


demanda e a citação do réu. É admissível nos casos expressos em lei, como ocorre no
chamamento ao processo ou da denunciação da lide.

Do ponto de vista da uniformidade da decisão perante os litisconsortes, classifica-se o


litisconsórcio em:

I – unitário: ocorre quando a decisão da causa deve ser uniforme, igual em relação todos
os litisconsortes;

II - simples: se dá quando a decisão embora proferida no mesmo processo pode ser


diferente para cada litisconsorte.
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- Limitação ao litisconsórcio facultativo: O parágrafo único do art. 46 do CPC permite


ao juiz a limitação de litisconsórcio facultativo, quando o número de litigantes
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa (parágrafo único, art. 46,
CPC).

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Caracteriza-se quando alguém, devidamente autorizado em lei, ingressa em


processo alheio, tornando complexa a relação jurídica processual.

Formas:

a)- ESPONTÂNEA: a iniciativa do terceiro para o ingresso no processo é voluntária

1 ) assistência;

2) oposição

3) recurso de terceiro prejudicado.

b)- PROVOCADA: requisição para o processo por uma das partes

1) nomeação;

2) denunciação à lide;

3) chamamento ao processo

DA ASSISTÊNCIA - art. 50: é a modalidade voluntária de intervenção de terceiro


(embora não conste no Capitulo VI do CPC), que possuindo interesse jurídico numa
causa, ingressa nos autos para auxiliar a parte no polo ativo ou passivo.

A assistência pode ser:

a) simples - art. 50 do CPC: ocorre quando o terceiro, que tem interesse jurídico
na decisão da causa, ingressa em processo pendente entre outras partes para auxiliar
uma delas.

b) qualificado ou litisconsorcial - art. 54 do CPC: quando o interveniente é


titular de relação jurídica com o adversário do assistido, relação essa que a sentença
atingirá com força de coisa julgada.

A revelia do assistido ensejará uma forma de substituição processual, segundo o qual o


assistente, em nome próprio movido por interesse decorrente do prejuízo jurídico que a
sentença poderá lhe causar, impulsionará a demanda em favor do assistido, porque a
sentença a este atingirá em seus efeitos diretos.
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Art. 55 do CPC: limita os efeitos da coisa julgada em relação ao assistente. Transitada


em julgado a sentença da causa em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que, pelo estado
em que receba o processo, ou pelas declarações ou atos do assistido, fora impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença, ou ainda, de que o assistido, por dolo,
ou por culpa, delas não se valeu.

Oportunidade de requerer: em qualquer procedimento, e em todos os graus de


jurisdição; O assistente recebe o processo no estado em que se encontra (parágrafo
único, art. 50, CPC).

Procedimento: O terceiro que desejar ingressar com o assistente deverá formular petição
ao juiz. Recebendo, este dará vista às partes para se manifestarem no prazo de 5 dias.
Se as partes não impugnarem o pedido de ingresso e verificada a existência de interesse
jurídico, o assistente terá sua intervenção deferida.

Se qualquer das partes alegar que ao assistente falta interesse jurídico, o juiz
determinará, sem a suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da
impugnação, a fim de serem autuados em apenso. Nesse caso, o juiz poderá autorizar a
produção de provas, decidindo, em seguida, dentro de 5 dias. Da decisão que autoriza,
ou não, o ingresso do assistente, cabe recurso de agravo de instrumento - art. 522 do
CPC.

DA OPOSIÇÃO (art. 56): É uma modalidade de intervenção voluntária e facultativa, na


qual um terceiro ingressa em processo alheio pretendendo, no todo ou em parte, a coisa
ou direito sobre o qual discutem autor e réu.

A oposição coloca os opostos (autor e réu) num litisconsórcio passivo. Frise-se que não
comporta ampliação dos elementos objetivos da lide (causa de pedir e pedido), hipótese
em que o opoente deverá ajuizar ação autônoma. Assim, se as partes estão discutindo a
propriedade de uma gleba, não é possível a oposição para discutir a posse da mesma.

Se não for proposta a oposição, não se perde o direito, porque poderá ser proposta
depois, contra quem ganhar a demanda, ação própria. Existe, no entanto, a figura, em
virtude da economia processual e do interesse de que não existam sentenças
contraditórias.

Oportunidade de requerer: A oposição pode ser apresentada até a sentença, sendo


que após esse momento, deverá propor ação autônoma em separado.

Procedimento: no pedido de Oposição deverão ser observados os requisitos, dos arts.


282 e 283 do CPC. Será distribuído por dependência à ação principal. Os opostos, que
são autor e o réu primitívos, serão citados para que contestem o pedido no prazo comum
de 15 dias. Se o processo primitivo estiver correndo à revelia do réu, este será citado na
forma do artigo 221 e segs. do CPC.

Não é possível julgar-se procedente a oposição e ação - a oposição é prejudicial em


relação a ação; a oposição deve ser decidida primeiramente.
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Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido do opoente, a oposição


continuará contra a outra (art. 58, CPC).

Se, a oposição for oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá ela o procedimento
ordinário e será julgada sem prejuízo da causa principal. O juiz, todavia, poderá sobrestar
o andamento do processo, por prazo nunca superior a 90 dias.

DA NOMEAÇÃO À AUTORIA (art. 62): segundo a doutrina, não é propriamente dito,


uma forma de intervenção de terceiro, mas sim, um meio para a correção do pólo passivo
da relação processual.

Serve para se proceder a regularização do polo passivo da demanda, quando o


demandado é parte ilegítima, nos casos expressos em lei. O descumprimento da
obrigação legal por parte do réu, lhe acarretará a responsabilização por perdas e danos,
conforme a previsão do artigo 69, do CPC.

O exemplo comum é o do caseiro de uma chácara ou sítio. Se este, na qualidade de


detentor da coisa, se for demandado em relação a essa coisa, deverá declarar a sua
condição de mero administrador e indicar o verdadeiro proprietário ou possuidor, para que
contra ele a demanda possa prosseguir.

Não se refere ao possuidor direto (locatário) que detém a coisa em nome próprio porque é
um possuidor, em relação aos direitos do possuidor indireto (locador), que é o
proprietário.

Oportunidade do requerimento: no prazo da defesa. No procedimento ordinário, é de


15 dias.

Procedimento: requerida a nomeação em peça escrita, o juiz deve suspender o


processo, mandando ouvir o autor no prazo de 5 dias para saber se aceita a nomeação.
Se aceita, o autor deverá promover a citação do nomeado. Se o nomeado, citado, negar
a qualidade de proprietário ou possuidor, o processo continuará contra o nomeante.

Nos casos em que o autor recuse o nomeado, ou quando este negar a qualidade que lhe
é atribuída, dar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.

O autor ao concordar com a nomeação à autoria, corre o risco de ser julgado carecedor
da ação, porque está propondo contra a parte ilegítima, isto é, contra a pessoa errada.

DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE (art. 70): é a intervenção de terceiro forçada, obrigatória,


mediante requerimento de uma das partes da relação jurídica principal, com o fim de
trazer ao processo seu garante, terceiro contra o qual tem direito de regresso, caso venha
a ser perdedora na ação principal.
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A modalidade de intervenção tem base no principio da economia processual,


possibilitando a parte, desde logo, acertar a relação jurídica para se ressarcir dos
prejuízos decorrentes de sua eventual condenação.

E admissível a denunciação nos casos de garantia automaticamente decorrente da lei ou


do contrato, ficando proibida a intromissão de fundamento novo, não constante da ação
originária;

O art. 70 do CPC, prevê a denunciação da lide em três circunstâncias:

I - ao alienante , na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à
parte, a fim de que este possa exercer o direito que da evicção lhe resulta. Ex.: o
adquirente de um imóvel que está sendo acionado em ação de reivindicação, correndo o
risco de perder o bem (evicção) em virtude de algum motivo jurídico anterior a sua
aquisição, deverá chamar para acompanhar a demanda a pessoa que lhe vendeu a coisa
para que possa, posteriormente, obter ressarcimento resultante da perda da coisa;

II · ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em


casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu citado em nome
próprio, exerça a posse direta da coisa demandada. Ex.: O locatário que sofre uma ação
de reintegração de posse.

III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo do que perder a demanda. Ex.: contrato de seguro, nas ações de
caráter indenizatório.

Oportunidade da denunciação: no prazo da defesa, cabendo inclusive no procedimento


sumário, por disposição da Lei 10.444/02, em vigor desde 08.08.02, para os casos de
contrato de seguro (nova redação do artigo 280, do CPC).

Procedimento: Petição escrita, salvo no procedimento sumário, que admite a defesa


oral, na audiência. Junto à denunciação, o denunciante deve juntar os respectivos
documentos comprobatórios.

Ordenada a citação, o processo fica suspenso. Não se procedendo a citação, a


ação prosseguirá exclusivamente contra o denunciante, que não terá a oportunidade de
trazer ao processo as pessoas enumeradas no art. 70 do CPC.

Feita a denunciação pelo autor prossegue a ação nos termos do art. 74; se a denunciação
for feita pelo réu, processa-se conforme o art. 75 do CPC.

Da mesma forma que em relação aos litisconsortes, a confissão de um não prejudicará


aos demais.

O objetivo precípuo da denunciação é de se liquidar na mesma sentença o direito que, por


acaso, tenha o denunciante contra o denunciador, de modo que tal sentença possa valer
como título executivo em favor do denunciante contra o denunciado, se perder a
demanda.
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A obrigatoriedade ou não da Denunciação: A doutrina não é uníssona sobre a


matéria. Na hipótese do art. 70, I, sim, ou seja, se o adquirente do imóvel não oferecê-la
contra o alienante, e vier a perder o bem na ação, não poderá reclamar os prejuízos.
Porém, nas outras hipóteses (incisos II e III), não haverá perda do direito de regresso,
mas este direito deverá ser exercido através de ação de conhecimento nova, não
podendo ser utilizada a sentença da primeira ação como título executivo.

A obrigatoriedade da denunciação, nos casos do art. 70, II e III do CPC, limita-se ao


interesse da parte de obter desde logo, o título executivo contra o responsável e evitar o
risco de, na ação posterior, perder o direito de regresso por motivo que poderia ter sido
oposto ao autor primitivo.

DO CHAMAMENTO AO PROCESSO (art. 77): é a modalidade de intervenção de


terceiros exclusiva do réu, forçada e facultativa, na qual este traz para os autos os demais
coobrigados para dívida objeto da demanda, para a obtenção desde logo de condenação
regressiva que lhe possibilite executá-los pelo que for obrigado em sentença a pagar.

Difere da denunciação porque nesta, o denunciado não tem relação jurídica com o
adversário; no chamamento o chamante tem relação jurídica com o adversário (vínculo
de solidariedade).

É admissível o chamamento ao processo:

I – do devedor, na ação em que o fiador for réu;

II – dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;

III – de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de algum


deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

Não é possível o chamamento em processo de execução porque basta que o executado


pague; se não pagar, o avalista pode pagar e tem autorização de regresso.

No caso específico do fiador que seja executado, não se aplica o instituto do chamamento
ao processo, típico do processo de conhecimento, mas a de alegação do beneficio de
ordem, previsto no art. 595 do CPC. (vide artigos 1.491 e 1.492 do Código Civil).

Oportunidade do pedido: no prazo de defesa, através de petição escrita, com


documentos.

Procedimento: ordenada a citação, o processo principal ficará suspenso (art. 72, CPC);
feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá a posição de
litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida a
citação do réu (art. 74, CPC).
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PROCESSO E PROCEDIMENTO

1. PROCESSO: entende-se o conjunto de normas, pelas quais se aplicam o direito ao


caso concreto. Abrange a competência, a forma dos atos judiciais, os prazos, etc.

2. PROCEDIMENTO: significa o rito, a ordem ou a seqüência dos atos praticados em


cada uma das causas.

3. PROCESSOS REGULADOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: o artigo 270, do


CPC, traz a previsão dos seguintes processos:

a) de conhecimento (livro I);

b) de execução (livro II);

c) cautelar (livro III);

d) procedimentos especiais (livro IV).

4. PROCEDIMENTOS REGULADOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: são previstos


no CPC, os seguintes tipos de procedimentos:

a) Comum (art.272), que pode ser o Ordinário (art.282), ou Sumário (art.275),


que substituiu, por força da lei 8.952/94, o então chamado procedimento
Sumaríssimo;
b) Executivo (art.566/795);

c) Cautelar (art.796/889);

d) os Especiais, de jurisdição contenciosa (art.890/1.102-c) ou jurisdição


voluntária (art.1.103 e seguintes, CPC).

Temos ainda, os procedimentos especiais, previstos em leis especiais, dos quais


destacamos:

- Ação Civil Pública: Lei 7.347/85;

- Ação Popular: Lei 4.717/65;

- Arbitragem: Lei 9.307/96;

- Código do Consumidor: Lei 8078/90;

- Condomínio e Incorporações Imobiliárias: Lei 4.591/64;

- Dissolução da Sociedade Conjugal e do Casamento: Lei 6.515/77;

- Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei 8.069/90


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- Execuções Fiscais: Lei 6.830/81;

- Juizado Especial Cível: Lei 9.099/95;

- Locação de Imóveis residenciais e não residenciais: Lei 8.245/91;


- Mandado de Segurança: Lei 1.533/51;

- Registros Públicos: Lei 6.015/73.

Frise-se que as ações embasadas em legislação especial, via de regra, têm


procedimento específico previsto nas respectivas leis, adotando-se supletivamente as
regras processuais do Código de Processo Civil, próprias do procedimento comum
ordinário, no caso de falta de previsão própria.

Assim, a título exemplificativo, se a lei especial não trás previsão específica do número de
testemunhas, ou da forma de citação, adota-se a do Código de Processo Civil, do
procedimento ordinário.

PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

É regulado no artigo 282 e seguintes do CPC, e possibilita maior discussão das questões
constantes no litígio, tanto pelo autor, quanto pelo réu, e pode ser dividido, basicamente
em quatro fases:

a) POSTULATÓRIA: compreende o pedido inicial propriamente dito, e as defesas do


réu através de contestação, reconvenção ou exceções, conforme o caso.

Apresentada ou não a defesa, e não sendo caso de extinção do processo (artigo 329), ou
julgamento antecipado da lide (artigo 330, incisos I e II), e versando a causa sobre direitos
que admitam transação, “o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo
de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo
fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir”
(artigo 331, CPC, com nova redação dada pela Lei 10.444/02);

b) DO SANEADOR: onde cabe ao juiz verificar se os litigantes preencheram os


requisitos legais exigidos na lei, ou determinar a regularização de eventuais
irregularidades, decretar nulidades, ou ainda, saná-las, quando possível, bem como
deferir as provas requeridas pelas partes, e pertinentes ao esclarecimento das teses
constantes nos autos, para possibilitar o prosseguimento do feito até seu julgamento final,
nos termos do que dispõe o art.331, § 2º, do CPC);

c) INSTRUTÓRIA: é quando serão produzidas as provas requeridas pelas partes, e


deferidas pelo juiz por ocasião do despacho saneador, compreendendo, a oitiva das
testemunhas, depoimentos pessoais, perícias, vistorias, arbitramentos, etc.

d) DECISÓRIA: quando os litigantes produzem as suas alegações finais, oralmente ou


através de memorial, e ao final, o juiz profere a Sentença, dando fim ao processo,
conforme disposição do artigo 162, § 1º, do Código de Processo Civil.
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Eis algumas ações que tramitam pelo PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO:

- investigação de paternidade;

- indenização por dano moral ou material;

- cobrança de crédito (exceto as cabíveis em outros procedimentos específicados no


CPC);

- declaração de nulidade de casamento;

- revisão de contratos em geral;

- declaração de reconhecimento de sociedade de fato;

- declaratória de nulidade de ato jurídico em geral (escrituras, registros, etc.)

- ações de despejo para retomada de imóvel residencial ou comercial, dentre outras.

PROCEDIMENTO COMUM SUMÁRIO

O procedimento COMUM SUMÁRIO, substituíu o chamado “procedimento sumaríssimo”,


em decorrência da Lei nº 8.952, de 13/12/94, e foi disciplinado pela lei nº 9.245, de
26/12/95, publicada em 27/12/95, dando nova redação ao capítulo III do C.P.C., alterando
os artigos 275 ao 281.

Não ocorreu apenas uma mudança de nomenclatura, mas sim o próprio procedimento.
Por sua vez, grande parte das causas que antes tramitavam pelo procedimento
sumaríssimo, foram abrangidas pela Lei nº 9.099, de 26/09/95, que introduziu os
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS, em vigor desde 27/11/95.

Assim, o procedimento sumário, conforme artigo 275, abrange:

- Inciso I: as causas, cujo valor não exceder a 60 (sessenta) vezes o maior salário
mínimo (Lei 10.358/02);

- Inciso II: as causas, qualquer que seja o valor, relacionadas no mesmo artigo, a
saber:

a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;

b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;

c) de ressarcimento por danos causados em prédio urbano ou rústico;


d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículos de via terrestre;
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e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo,


ressalvados os casos de processo de execução;

f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em


legislação especial;

g) nos demais casos previstos em lei.

O parágrafo único do mesmo artigo, exclui a aplicação do procedimento nas ações


relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

Após a edição da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1.995, que introduziu no país os


JUIZADOS ESPECIAIS CIVEIS, constatamos uma tendência natural à utilização desse
novo procedimento (sumaríssimo), uma vez que os Juizados Especiais criaram
mecanismos para agilização do procedimento de menor complexidade,
desburocratizando-o, possibilitando inclusive o acesso à Justiça, nas causas até 20
salários mínimos, diretamente pela parte, independentemente da presença de advogado,
deixando a falsa impressão, no nosso entendimento, que os advogados é que são os
responsáveis pela demora na aplicação da Justiça.

O procedimento sumário, que encerra uma concentração de atos, justamente para agilizar
o seu encerramento, encerra as seguintes fases:

a) PEDIDO INICIAL, onde o autor expõe os fatos e os fundamentos jurídicos,


formula o pedido e indica as provas, oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
documentos (art.276, do CPC). Pretendendo a prova pericial, deve indicar o assistente
técnico e formular os quesitos a serem respondidos no laudo pericial;

b) DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO e CITAÇÃO DO RÉU: O Juiz


marca data da audiência de tentativa de conciliação, no prazo de até 30 (trinta) dias
(art.277, do CPC), sendo o réu citado para comparecer à audiência.

A citação deve ocorrer com a antecedência mínima de 10 (dez) dias da data marcada
pelo juiz, e o mandado deve conter a advertência de que, deixando o réu de comparecer
injustificadamente à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo autor
(artigo 319, do C.P.C.), salvo se o contrário resultar da prova dos autos;

c) AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO: Na oportunidade o Juiz tenta conciliar as partes.


Ocorrendo a conciliação, será esta reduzida a termo e homologada por sentença,
servindo de título executivo judicial para futura execução de sentença. As partes devem
comparecer pessoalmente à audiência, podendo ainda, se fazer- representar por
preposto com poderes para transigir.

d. DEFESA DO RÉU: Restando infrutífera a conciliação entre as partes, em


prosseguimento, o réu pode oferece sua defesa, (através de contestação, pedido
contraposto e as exceções legais), que pode ser feita oralmente, ou por escrito,
acompanhada dos documentos e do rol de testemunhas. No caso do réu pretender a
prova pericial, deverá formular desde logo os quesitos, podendo indicar assistente
técnico, se assim o desejar, conforme a previsão de artigo 278, do C.P.C.
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O juiz, a seguir, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa, ou a controvérsia


sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento
sumário em ordinário. O mesmo ocorrerá, se houver necessidade de prova técnica de
maior complexidade, conforme a previsão dos parágrafos 1º, 3º, 4º e 5º, do artigo 277.

O procedimento sumário não admite reconvenção, mas sim PEDIDO CONTRAPOSTO,


sendo lícito ao réu, na própria contestação, formular pedido em seu favor, desde que
fundado nos mesmos fatos referidos na inicial (parágrafo 1º, do art. 278), sendo esta uma
inovação processual, trazida na Lei n.º 7.244/84, que criou os antigos Juizados de
Pequenas Causas, já revogada, e cujo procedimento foi repetido na Lei nº 9.099/95, que
criou os JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS.

e) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO: não ocorrendo as hipóteses


previstas nos artigos 329 (extinção do processo) e 330 (julgamento antecipado da lide), e
havendo necessidade de produção de prova oral, o juiz marcará audiência de instrução e
julgamento, que deve ocorrer, de conformidade com a lei, no prazo de até 30 (trinta) dias,
desde que não tenha havido determinação de perícia. Neste caso, a perícia terá de ser
concluída, para que a audiência possa ser realizada.

Dentre as novidades trazidas pelo procedimento comum sumário, destaca-se a


possibilidade da realização dos atos probatórios em audiência, por meio de taquigrafia,
estenotipia ou outro método hábil de documentação, fazendo-se a respectiva transcrição
se a determinar o juiz.

Nesse caso, se houver recurso de uma, ou de ambas as partes, contra a sentença do juiz,
terão que ser, primeiramente, transcritos os depoimentos colhidos na audiência, de todos
os envolvidos (das partes, testemunhas, perito, assistentes técnicos, etc), bem como as
alegações finais produzidas pelos procuradores, para depois, começar a fluir o prazo para
interposição do recurso de apelação à Superior Instância.

Encerrada a instrução, nos moldes preconizados no artigos 450 ao 452, do Código de


Processo Civil, e produzidos os debates orais, o juiz proferirá a sentença na própria
audiência ou no prazo de 10 (dez) dias, conforme a previsão do artigo 281.

Por fim, cumpre ser destacado o teor do artigo 280, que destaca sobre o procedimento
sumário o que segue:

I. não será admissível ação declaratória incidental, nem a intervenção de


terceiro, salvo assistência, recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em
contrato de seguro (Lei 10.444/02);

II. o perito terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentação do laudo;

III. das decisões sobre a matéria probatória, ou proferidas em audiência, o


agravo será sempre retido.
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Pode-se observar, assim, que o procedimento sumário, é simplificado e cabível em casos


restritos. Na prática, muitas das ações são concluídas logo na primeira audiência de
conciliação, com a transação das partes.

Não ocorrendo a conciliação, as partes terminam percorrendo o longo caminho da


instrução processual e recursal, e tem que aguardar por dois anos ou mais, até o
deslinde do litígio, devido a morosidade, pública e notória do Poder Judiciário.

AS PROVAS NO PROCESSO CIVIL

PROVA JUDICIÁRIA : é o meio utilizado pela parte , para demonstrar ao julgador , da


existência de fatos relevantes que interessam à lide e que foram alegados e discutidos
anteriormente convencendo-o de que são verdadeiros.

Não se busca pela prova a certeza absoluta , quase impossível , mas a certeza relativa
suficiente para a convicção do magistrado .

PROVAR: significa demonstrar de algum modo a certeza de um fato ou a veracidade de


uma afirmação.

“No direito não ganha quem tem razão; ganha quem tem prova”. (Des. Francis
Selwin Davis, do TJSP).

CLASSIFICAÇÃO DAS PROVAS: classificam-se em:

a) diretas: as produzidas com a finalidade de demonstrar o fato principal da demanda,


que, se comprovado, leva àquele que a produz a conseqüência jurídica pretendida.

b) indiretas: são as destinadas à demonstração de fatos secundários que, tendo relação


como fato principal de demanda, autorizam, por indução, concluir-se a existência de outra
ou de outras circunstâncias, sendo também conhecidas como “indícios”.

OBJETO DA PROVA : Se constitui nos fatos alegados , e cuja prova se mostre


relevante e pertinente ao julgamento do processo. Ao juiz cabe indeferir a
produção de prova inútil (art.130).

FATOS QUE PRESCIDEM DE PROVA: conforme artigo 334, incisos I a IV, CPC:

a) os fatos notórios: que são de conhecimentos do público em geral;

b) o fato afirmado por uma das partes e confessado pela outra:

c) os fatos incontroversos, ou seja, foi alegado por uma das partes, e não questionado
pela outra;
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d) os fatos em cujo favor milita presunção de veracidade, e que não admite prova
em contrário.

ÔNUS DA PROVA: nos termos da lei processual (art. 333, do CPC), cabe ao autor, o
ônus da prova do fato constitutivo do seu direto (inciso I), e o réu, do fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor (inciso II).

O Juiz, por seu turno, dentro do modelo processual adotado no país, depende da
provação das partes, para a produção das provas, atribuindo-lhes o valor que merecem,
decidindo, de conformidade com o resultado da prova, e o efeito que as mesmas
produzirem para a sua convicção íntima.

Não poderá o juiz, decidir contra as provas produzidas nos autos, mesmo sabendo por
ouvir falar, ou tendo tomado conhecimento por qualquer meio de comunicação, que o fato
ocorreu desta ou daquela maneira, já que está vinculado ao material probatório existente
nos autos.

ESPÉCIES DE PROVA: o Código de Processo Civil, prevê os seguintes meios de


provas:

a) o depoimento pessoal das partes (Art. 342 ao 347);

b) da confissão (art.348 ao 354);

c) da exibição de documento ou coisa (art. 355 ao 363);

d) da prova documental (art. 364 ao 399);

e) da prova testemunhal (art.400 a 419);

f) da prova pericial (art. 420 ao 439);

g) da inspeção judicial (art.440 ao 443)

Além das provas assinadas acima, outros meios legais, não especificados no Código,
desde que moralmente legítimos, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que
se funda a ação ou a defesa.

PROCESSO DE EXECUÇÃO

A. GENERALIDADES DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO

Cabe o procedimento executivo, sempre que o devedor deixa de cumprir voluntariamente


uma obrigação, derivada de uma sentença judicial, ou de título executivo extrajudicial.
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É através do processo executivo, que o titular do direito não satisfeito, busca a tutela
judicial, com o objetivo de coagir o devedor a dar cumprimento a obrigação, sob pena de
compelí-lo a satisfazê-la compulsoriamente.

B. LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA NA EXECUÇÃO

Tem legitimidade ativa, e podem promover a execução forçada, conforme o artigo 566,
do CPC:

I – o credor a quem a lei confere título executivo;

II – o Ministério Público, nos casos prescritos em lei;

Conforme o artigo 567, podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes
for transmitido o direito resultante do título executivo;
II – o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato
entre vivos;

III – o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional;

Podem figurar no polo passivo na execução, conforme artigo 568, do CPC:

I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;

II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;

III- o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante
do título executivo;

IV – o fiador judicial;

V - o responsável tributário, assim determinado na legislação própria.

C. COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO DE EXECUÇÃO

Tratando-se de título executivo judicial, conforme artigo 575, do CPC, a execução


tramitará perante o tribunal superior (nas causas de sua competência originária); perante
o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição, sendo essa competência
absoluta, e inderrogável, podendo o juiz decretá-la de ofício, independente de arguição
pelo devedor.

No caso de execução fundada em sentença penal condenatória ou sentença arbitral (Lei


10.358/01), deve ser promovida perante o juízo cível competente.
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Na hipótese de título executivo extrajudicial, a execução deve ser promovida perante o


juízo da praça de pagamento; na falta deste, no domicílio do devedor, salvo de ocorrer a
hipótese de foro de eleição, o qual prevalecerá sobre aquele.

Neste caso, a competência é relativa, podendo ser objeto de exceção de incompetência,


pelo devedor, no prazo legal. No silêncio da parte interessada, a competência se
prorrogará, prosseguindo a execução perante o juízo originariamente escolhido pelo
autor.

Tratando-se de execução fiscal (artigo 585, inciso VI, do CPC), a execução será
proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no lugar onde
for encontrado, conforme artigo 578, do CPC.

D. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens
presentes e futuros (artigo 591, CPC), salvo as restrições estabelecidas em lei.

Assim, ficam sujeitos à execução, conforme artigo 592, os bens:

I – do sucessor a título singular, tratando-se de execução de sentença proferida em ação


fundada em direito real;

II – do sócio, nos termos da lei;

III – do devedor, quando em poder de terceiros;

IV – do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação
respondem pela dívida;

V – alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.

Considera-se FRAUDE À EXECUÇÃO (artigo 593, CPC), a alienação ou oneração de


bens, quando sobre eles pender ação fundada em direito real; ou quando, ao tempo da
alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzí-lo à
insolvência.

Assim, se o devedor aliena seus bens, após o ajuizamento de ação de execução,


tornando-se insolvente, essa alienação será tida como ineficaz em relação àquela
execução, podendo a venda ou oneração ser decretada nos próprios autos, pelo Juiz,
prosseguindo-se na execução, sendo irrelevante nesse caso, a boa ou má-fé por parte do
adquirente.

A FRAUDE À CREDORES (artigo 158 a 161 do Código Civil vigente) é bem distinta,
dependendo, para sua declaração, de ação própria, denominada de AÇÃO PAULIANA
ou AÇÃO REVOCATÓRIA, que se processa pelo procedimento comum ordinário.
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Esta atinge os bens e atos alienados ou onerados após a constituição do crédito, mas
antes do ajuizamento de ação de execução. Para seu reconhecimento, o autor tem que
comprovar a intenção de fraudar; o conluiu entre comprador e vendedor, e o estado de
insolvência do devedor, face à alienação ou oneração procedida.

Na prática, a fraude à credores é facilmente comprovada nas doações, ou nas vendas


simuladas entre pessoas do mesmo círculo familiar ou de amizade, sendo muito difícil de
restar caracterizada nas alienações onerosas, à preço justo, envolvendo terceiros de boa-
fé.

E. ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

O Código de Processo Civil prevê várias espécies de execução, dependendo da


condição do obrigado e do objeto da obrigação, a saber:

a) EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA CERTA, cujo processamento está


disciplinado nos artigos 621 ao 628, do CPC (observar alterações introduzidas pela Lei
10.444/02, nos artigos 621, 624 e parágrafos 1º e 2º do 627);

b) EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA INCERTA, processada nos termos


dos artigos 629 ao 631, do CPC;

c) EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER, processada nos termos dos artigos


632 ao 641 e artigos 644 e 645 do CPC (observar alteração introduzidas pela Lei
10.444/02, artigo 644, caput e parágrafos 4º e 5);

d) EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, processada nos termos dos


artigos 642 e 645, do CPC;

e) EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE, com


processamento disciplinado nos artigos 646 ao 729, do CPC, e que é destaque em
nosso estudo, uma vez que se trata do procedimento executivo mais adotado no dia a dia
da advocacia.

f) EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE, processada


nos termos dos artigos 748 ao 790, do CPC.

g) EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA, processada conforme artigos 730 e


731, do CPC;

h) EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA, conforme artigos 732 a 735, do CPC.

F. ESPÉCIES DOS TÍTULOS EXECUTIVOS


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O processo de execução deve estar sempre instruído com o título executivo judicial ou
título executivo extrajudicial, conforme a previsão do artigo 583, do CPC.

Os títulos executivos, conforme o Código de Processo Civil, estão assim classificados:

TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (artigo 584):

I - a sentença condenatória proferida no processo civil;

II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III - a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que verse matéria


não posta em juízo (alterado pela Lei 10.358/01);

IV - a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal;

V - o formal e a certidão de partilha.

VI - a sentença arbitral (introduzido pela Lei 10.358/01).

TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS (artigo 585)

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento


particular assinado pelo devedor e duas testemunhas; o instrumento de transação
referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos
transatores;

III - os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de seguro


de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade;

IV - o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como


encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;

V - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as


custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

VI - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal,


Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

G. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE


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A execução por quantia certa, contra devedor solvente, tem por objeto a expropriação de
bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor, conforme a previsão do artigo
646, do CPC.

A expropriação de bens consiste:

I. na alienação de bens de devedor;

II. na adjudicação em favor do credor;

III. no usufruto de imóvel ou de empresa (art.647 do CPC).

No entanto, vários bens de propriedade do devedor, estão excluídos do processo


executivo, já que são por lei, impenhoráveis ou inalienáveis, conforme a previsão do
artigo 649, do CPC, e também na Lei 8.009, de 29/03/90, que dispõe sobre a
impenhorabilidade do “bem de família”.

É importante também ser ressaltado, que a execução para cobrança de crédito, fundar-
se-á sempre em título líquido, certo e exigível. No caso de título executivo originado de
sentença judicial, que contenha condenação genérica, proceder-se-á primeiro a sua
liquidação, que ocorrerá conforme o disposto nos artigos 603 ao 611 do CPC.

H. PROCEDIMENTO BÁSICO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

O processo de execução contra devedor solvente, segue, genericamente, o seguinte


procedimento:

a. PETIÇÃO INICIAL

O credor, portador de título executivo líquido, certo e exigível, pode requerer a


execução, instruindo o pedido inicial com o respectivo título, na via original (se
extrajudicial) e o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação
(artigo 614 do CPC), requerendo a citação do devedor ou devedores, para o pagamento
do valor devido.

No caso de execução embasada em título executivo judicial, não processada nos


próprios autos do processo de conhecimento, o credor deve instruir o pedido inicial, com
uma certidão da decisão judicial.

A petição inicial na ação de execução contra devedor solvente, difere um pouco das
demais ações, uma vez que o credor faz o pedido com base no título executivo, do qual é
portador, e ele por si só, na execução, já é a prova cabal do seu crédito, não cabendo o
protesto por outras provas, como é comum nos demais procedimentos.

Cabe ao devedor, através de embargos, que tramitam perante o mesmo juízo da


execução, e são autuados em apenso ao processo principal, promover a discussão sobre
a origem do título, a sua validade ou não, o valor cobrado, bem como outras questões.
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Se o devedor embargar a execução, esta ficará suspensa, por determinação judicial, e


nos embargos, o credor produzirá as suas provas para elidir os argumentos traduzidos
pelo devedor/embargante.

b. CITAÇÃO DO DEVEDOR

Distribuída a execução, determinará o juiz a citação do devedor, para que este pague
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, o valor apontado pelo autor/exeqüente, ou
nomeie bens à penhora, no mesmo prazo, para garantia da execução (artigo 652 do
CPC).

A citação do devedor será feita pessoalmente, através de mandado judicial a ser


cumprido por oficial de justiça, uma vez que o artigo 222, letra “d”, do CPC, excetua o
processo de execução, da citação pela via postal, prevista no “caput”do referido artigo.

Se o devedor, citado, efetua o pagamento do valor cobrado na execução, através de


depósito judicial, à disposição do juízo, acrescido dos honorários advocatícios fixados
pelo juiz no despacho citatório e das custas processuais dispendídas pelo exeqüente, a
obrigação estará cumprida e a ação restará extinta.

c) PENHORA OU ARRESTO DE BENS DO DEVEDOR

No caso do devedor ser citado na execução, poderá ele, para discutí-la, através de
embargos à execução, oferecer bens à penhora, no prazo de 24 horas, através de petição
escrita.

O oferecimento de bens à penhora, facultado ao devedor, deve obedecer a ordem


prevista no artigo 655, do CPC, que assim especifica:

I. dinheiro;

II. pedras e metais preciosos;

III. títulos da dívida pública da União e dos Estados;

IV. títulos de crédito, que tenham cotação em bolsa;

V. móveis;

VI. veículos;

VII. semoventes;

VIII. imóveis;

IX. navios e aeronaves;

X. direitos e ações.
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Incumbe ainda ao devedor, ao fazer a indicação de bens à penhora, em


cumprimento ao parágrafo 1º, do artigo 655:

I. quanto aos bens imóveis, indicar-lhes as transcrições aquisitivas, situá-los e


mencionar as divisas e confrontações;
II. quanto aos móveis , particularizar-lhes o estado e o lugar em que se encontram;

III. quanto aos semoventes, especificá-los, indicando o número de cabeças e o imóvel


em que se acham;

IV. quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a origem da


dívida, o título que a representa e a data do vencimento;

V. atribuir valor aos bens nomeados à penhora.

No caso de execução de crédito pignoratício, anticrético ou hipotecário, a penhora,


independentemente de nomeação pelo devedor, recairá sobre a coisa dada em garantia,
conforme a disposição legal contida no parágrafo 2º, do artigo 655, do CPC.

Nesse caso, a penhora poderá ser estendida a outros bens, se restar frustada a garantia
originalmente constituída, ou se essa se mostrar insuficiente para o pagamento total da
dívida.

Não basta o devedor oferecer bens à penhora, para que a mesma venha ser formalizada.
Conforme estabelece o artigo 656 do Código de Processo Civil, a nomeação será tida
como INEFICAZ, salvo convindo ao credor, que será sempre intimado a se manifestar
sobre a indicação, se:

I. não obedecer a ordem legal;

II. se não versar sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o
pagamento;

III. se, havendo bens no foro da execução, outros hajam sido nomeados;

IV. se o devedor, tendo bens livres e desembaraçados, nomear outros que não o sejam;

V. se os bens nomeados forem insuficientes para garantir a execução;

VI. se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações a que se
referem os n.ºs. I a IV, do parágrafo 1º, do artigo anterior (art. 655).

No caso da nomeação ser aceita pelo credor, será ela reduzida “a termo”, o que
equivalerá à lavratura do auto de penhora, sendo no ato, nomeado um depositado
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judicial dos bens, que poderá recair no próprio devedor, que se incubirá de guardá-los
em seu poder, sob pena de ser responsabilizado civil e criminalmente pelo juízo.

Se o devedor for citado para o pagamento, e deixar de fazê-lo, não indicando bens à
penhora no prazo assinalado pelo juiz (24 horas), caberá ao oficial de justiça penhorar-lhe
tantos bens quantos bastem para o pagamento do valor principal, juros e outros
acessórios eventualmente cobrados, custas e honorários advocatícios, lavrando o
competente AUTO DE PENHORA..

A penhora, quando recair sobre bens imóveis, realizar-se-á mediante auto ou termo de
penhora, cabendo ao exeqüente, sem prejuízo da imediata intimação do executado (art.
669), providenciar, para presunção absoluta de conhecimento por terceiros, o respectivo
registro no ofício imobiliário, mediante apresentação de certidão de inteiro teor do ato e
independentemente de mandado judicial (nova redação trazida pela Lei 10.444/02,
artigo 659, § 4º).

Quando se trata de bem imóvel, localizado em Comarca diversa, desde que seja
apresentada a certidão da respectiva matrícula, a penhora será realizada por termo nos
autos, do qual será intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado,
e por este constituído depositário, conforme o parágrafo 5º, do mesmo artigo 659 (Lei
10.444/02).

O auto de penhora conterá os seguintes requisitos (art. 665):

I. a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feito;

II. os nomes do credor e do devedor;

III. a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;

IV. a nomeação do depositário dos bens.

Após a formalização da penhora, o devedor ou devedores serão intimados pessoalmente


da mesma. Após a juntada do mandado regularmente cumprido aos autos, começa a fluir
o prazo de 10 (dez) dias, para a interposição de embargos, se assim o desejarem.

No caso do oficial de justiça não encontrar o devedor, para a citação , ou se pressentir


que o mesmo está se ocultando, fará o ARRESTO de tantos bens quantos bastem para
garantir a execução, lavrando o “auto de arresto” respectivo.

Lavrado o auto de arresto, o oficial de justiça procurará o devedor 3 (três) vezes em


dias distintos, nos 10(dez) dias, subsequentes, para citá-lo. Não encontrando-o,
certificará circunstanciadamente o ocorrido.

Cabe na seqüência, ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que foi
intimado do arresto, requerer a CITAÇÃO POR EDITAL do devedor. Findo o prazo do
edital, assinado pelo juiz (artigo 232, inciso IV) , terá o devedor prazo de 24 (vinte e
quatro) horas para o cumprimento da obrigação, convertendo-se o arresto em penhora
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em caso de não pagamento, tudo de acordo com a previsão dos artigos 652 e 654 e
parágrafos respectivos, do CPC.

AVALIAÇÃO JUDICIAL: com a formalização da penhora, e intimados os devedores,


abre-se o prazo para embargos, que será objeto de estudo no próximo capítulo. Na
eventualidade dos mesmos não serem opostos, ou ainda, do mesmo serem julgados
improcedentes, prosseguirá a execução, sendo procedida a AVALIAÇÃO JUDICIAL,
através de perito nomeado pelo juiz, que estimará o valor dos bens penhorados, através
da elaboração de LAUDO de avaliação, a ser feito no prazo de 10 (dez) dias, e que
conterá , conforme a previsão do artigo 681 do CPC:

I. a descrição dos bens, com os seus característicos, e a indicação do estado em que se


encontram;

II. o valor dos bens.

Pode ser dispensada a avaliação nos seguintes casos:

- se o credor aceitar a estimativa feita pelo devedor, quando da nomeação de bens;

- se tratar de títulos ou de mercadorias, que tenham cotação em bolsa, comprovada por


certidão ou publicação oficial;

- aos bens de pequeno valor .

Concluída a avaliação, poderá mandar o juiz, a requerimento do interessado e ouvida a


parte contrária, em atendimento ao que dispõe o artigo 685 do Código de Processo
Civil:

I. reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferí-la para outros, que bastem à
execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito do
exeqüente e acessórios;

II. ampliar a penhora, ou transferí-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos
penhorados for inferior ao referido crédito.

ALIENAÇÃO JUDICIAL: Resolvidas pelo juízo todas as pendências quanto a avaliação


dos bens penhorados, será procedida a ALIENAÇÃO dos mesmos, através de PRAÇAS,
quando se tratar de bens imóveis, e de LEILÕES, no caso de bens móveis.

Todo o praceamento ou leilão de bens, será precedido da publicação de edital, com a


antecedência mínima de 5 (cinco) dias, pelo menos uma vez, em jornal de ampla
circulação local.

O edital conterá, de acordo com que dispõe o artigo 686, do CPC, o que segue:

I. a descrição do bem penhorado com seus característicos e, tratando-se de imóvel, a


situação, as divisas e a transcrição aquisitiva ou a inscrição;
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II. o valor do bem;

III. o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito e ação, os
autos do processo, em que foram penhorados;

IV. o dia, o lugar e a hora da praça ou do leilão;

V. menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens a serem


arrematados;

VI. a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à importância da


avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo designados entre os 10 (dez)
e os 20 (vinte) seguintes, a sua alienação pelo maior lanço (artigo 692).

Ocorrerá a dispensa da publicação de edital, quando os bens penhorados não


excederem o valor correspondente a 20 (vinte) vezes o maior salário mínimo vigente
no país, não podendo, neste caso, o preço da arrematação ser inferior ao da avaliação
judicial (artigo 686, parágrafo 3º, do CPC)

A arrematação far-se-á com dinheiro à vista, ou a prazo de 3 (três) dias, mediante caução
idônea. O valor exibido pelo licitante, será depositado em conta judicial, à disposição do
juízo da execução, para futuro pagamento ao credor.

No caso de ocorrer a segunda praça, ou o segundo leilão, quando é admitido lanço por
valor abaixo da avaliação, o juiz não aceitará o lanço que represente “preço vil”, ou seja,
aquele que represente parcela insignificante do valor de avaliação e do valor real.

A arrematação restará formalizada com a lavratura de AUTO DE ARREMATAÇÃO, no


prazo de 24 (vinte e quatro) horas após a realização da praça ou do leilão, e deverá
conter a assinatura do juiz, do escrivão, do arrematante e do porteiro ou do leiloeiro,
quando considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, podendo ser desfeita, no entanto,
conforme a previsão do parágrafo único, do artigo 694, do CPC:

I. por vício de nulidade;

II. se não for pago o preço ou se não for prestado a caução;

III. quando o arrematante provar, nos 3 (três) dias seguintes, a existência de ônus real
não mencionado no edital;

IV. nos casos previsto neste Código (arts. 698 e 699).

CARTA DE ARREMATAÇÃO: Efetuado o leilão ou o praceamento dos bens


penhorados, e após a lavratura do AUTO DE ARREMATAÇÃO, após o prazo de
interposição de embargos à arrematação, que é de 10 (dez) dias, será expedida a
respectiva CARTA DE ARREMATAÇÃO, que representa o título aquisitivo do
arrematante, dos bens adquiridos na alienação judicial.

A carta de arrematação contém, conforme dispõe o artigo 703 do CPC:


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I. a descrição do imóvel, constante do título, ou, à sua falta, da avaliação;

II. a prova de quitação dos impostos;

III. o auto de arrematação;

IV. o título executivo.

Encerrando o processo executivo, será feito o pagamento ao credor, das seguintes


formas (artigo 708):

I. pela entrega do dinheiro;

II. pela adjudicação dos bens penhorados;

III. pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.

Recebendo o MANDADO DE LEVANTAMENTO, o credor dará ao devedor, por termo


nos autos, “quitação” da quantia paga. Estando pago o credor, no valor principal, dos
juros, das custas e honorários, a importância que restar, será restituída ao
devedor/executado.

Finalmente, é de ser esclarecido, que finda a praça sem lançador, é lícito ao credor,
oferecendo preço não inferior ao que consta no edital, requerer lhe sejam adjudicados
os bens penhorados. Nesse caso, será expedido em favor do credor, a CARTA DE
ADJUDICAÇÃO, que representa o título aquisitivo do bem objeto da alienação judicial.

Nesse caso, o credor/adjudicante não precisará exibir o dinheiro, mas sim poderá
arrematar o bem utilizando o seu crédito, ou parte dele, e se insuficiente, apenas
complementar o valor.

No caso de arrematação, adjudicação ou remição (artigo 787 e 788, CPC), é lícito ao


devedor oferecer EMBARGOS à ARREMATAÇÃO, à ADJUDICAÇÃO ou à REMIÇÃO,
conforme o caso, e serão fundados em nulidade da execução, pagamento, novação,
transação ou prescrição, desde que supervenientes à penhora, e serão processados
nos termos dos capítulos I e II, do título III, DOS EMBARGOS DO DEVEDOR, referido
a partir do artigo 736 do CPC..

SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO: de conformidade com o artigo 791, do CPC, a


execução suspende-se:

I. no todo ou em parte, quando recebidos os embargos do devedor (art. 739, § 2º);


II. nas hipóteses previstas no art. 265, ns. I a III;
III. quando o devedor não possuir bens penhoráveis.

No caso de suspensão da execução, com base no inciso III, do artigo 791, o credor deve
ficar atento para o prazo prescricional do título executivo, promovendo, após a citação do
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devedor, a interrupção intercorrente da prescrição, com a movimentação do processo


periodicamente, sempre que se aproximar o prazo prescricional.

Segundo a previsão do artigo 792, do Estatuto Processual, convindo as partes, o juiz


declarará suspensa a execução durante o prazo concedido pelo credor, para que o
devedor cumpra voluntariamente a obrigação.

No caso de descumprimento da obrigação, pelo devedor, o processo retomará o seu


curso.

EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO: segundo o artigo 794, do CPC, extingue-se a


execução quando:

I. o devedor satisfaz a obrigação;


II. o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida;
III. o credor renunciar ao crédito.

A extinção só produz efeito quando declarada por sentença, conforme disposição


expressa contida no artigo 795, do CPC..
EMBARGOS À EXECUÇÃO

Na execução contra devedor solvente, após formalizada a penhora, e intimados o devedor


ou devedores, poderão estes, em defesa, no prazo de 10 (dez) dias (artigo 738, do
CPC), contados na juntada aos autos da prova da constrição judicial e das respectivas
intimações, ajuizar os embargos à execução.

Os embargos serão autuados em apenso aos autos de processo principal da execução,


e serão recebidos pelo juiz, somente após seguro o juízo, ou seja, formalizada a
penhora, conforme a previsão do inciso I, do artigo 737 do CPC.

Quando os embargos do devedor forem opostos em execução embasada em título


executivo extrajudicial, o embargante poderá alegar em sua defesa, todas as questões
previstas no artigo 741, do CPC, que delimita a discussão das execuções embasadas em
título executivo judicial, além de qualquer outra que lhe seria lícito deduzir como defesa
no processo de conhecimento (artigo745).

O juiz rejeitará liminarmente os embargos (artigo 739), ou seja, sem ouvir ao menos a
parte contrária, nos seguintes casos:

I. quando apresentados fora do prazo legal;

II. quando não se fundarem em alguns dos fatos mencionados no artigo 741 (que limita a
discussão nos embargos que versarem sobre execução fundada em título judicial);

III. nos casos previstos no artigo 295 (que trata do indeferimento da petição inicial).

A interposição dos embargos, e o recebimento dos mesmos pelo juiz, determina de


plano, a suspensão da execução. De imediato o juiz manda intimar o credor para
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IMPUGNÁ-LOS no prazo de 10 (dez) dias, designando em seguida, a audiência de


instrução e julgamento, se as partes tiverem provas pertinentes a serem produzidas
(artigo 740 do CPC).

A audiência será dispensada, se os embargos versarem sobre matéria de direito ou,


sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente documental. Nesse caso, o juiz
proferirá sentença no prazo de 10 dias, conforme dispõe o parágrafo único, do artigo 740
do CPC.

Da sentença que acolhe ou rejeita os embargos, cabe recurso de APELAÇÃO, a ser


processado nos termos dos artigos 513 ao 521, do CPC.

XI - PROCESSO CAUTELAR

A. GENERALIDADES DO PROCESSO E PROCEDIMENTO

O processo cautelar, que segue procedimento específico, estabelecido nos artigos 796
ao 889 do Código de Processo Civil, se constitui no meio pronto e eficaz para assegurar a
permanência ou a conservação dos estados das pessoas, coisas e provas, enquanto não
for atingido o estágio final da prestação jurisdicional. Tem assim, por objetivo específico,
a prevenção e a preservação de direitos.

As medidas cautelares são cabíveis para conservar, acautelar o interesse das partes
diante do perigo na demora natural do resultado dos processos judiciais. Não têm,
portanto, a finalidade de solucionar o litígio, já que garantem apenas a tutela provisória, e
seu reconhecimento definitivo depende de cognição plena, só realizável nos processos
principais.

Difere portanto da ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, prevista no artigo 273, do Código de


Processo Civil. Neste caso, o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo
prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação, e ainda, haja
fundado receio de dano, dentre outros requisitos elencados nos incisos I e II,
parágrafos 1º ao 7º do Estatuto Processual (observar nova redação dada pela Lei
10.444/02).

A eficácia das medidas cautelares, é essencialmente temporária e provisória, pois só


dura enquanto se aguarda a solução do processo de cognição ou de execução, que é o
principal, o que soluciona realmente a lide.

O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do processo principal,


mas será sempre dependente deste, conforme a previsão do artigo 796 do CPC.

No primeiro caso, é chamada de MEDIDA CAUTELAR PREPARATÓRIA, e o interessado


terá que ajuizar a ação principal, no prazo de 30 (trinta) dias, do cumprimento da liminar
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concedida na medida cautelar, sob pena de caducidade da liminar, e a conseqüente


revogação da ordem acautelatória (artigos 806 e 808, inciso I do CPC).

No segundo caso, é chamada de MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL, e será distribuída


por dependência, ao Juízo do processo principal já que em andamento, sendo autuada
em apenso.

B. PRESSUPOSTOS DA AÇÃO CAUTELAR

As medidas cautelares, para serem deferidas, exigem dois pressupostos básicos e


fundamentais, exigidos no artigo 798, quais sejam:

a) o “periculum in mora”, ou seja, “o perigo da demora”, que se configura na prova


da urgência da medida e de sua indispensabilidade, sob pena do perecimento do direito
ou de perda irreparável ao interessado.

É a probabilidade de dano a uma das partes de uma futura ou atual ação principal,
resultante da demora do ajuizamento ou processamento e julgamento desta ação.

b) o “fumus boni iuris”, ou seja, “a fumaça do bom direito”, através da prova do


direito do autor, e chance de exercitá-lo num processo a ser ajuizado oportunamente, ou
mesmo já em curso.

É a probabilidade ou a possibilidade do direito invocado pelo autor da ação cautelar, e


que justifica a sua pretensão, ainda que em caráter hipotético.

Os dois pressupostos devem ser provados de plano, concomitadamente, através de


documentos ou de prova testemunhal, a ser produzida em audiência de justificação
prévia designada pelo juízo, conforme a previsão do artigo 804 do CPC, quando o juiz
poderá conceder a ordem liminar para efetivação da medida, de plano, sem ouvir a parte
contrária.

Esta somente será citada após o cumprimento da liminar, para apresentar, no prazo de 5
(cinco) dias, a defesa que entender devida (contestação), conforme o artigo 802 do
CPC, após o que, o juiz poderá manter ou revogar a liminar anteriormente concedida.

Outrossim, se o Juíz considerar comprovados os dois pressupostos,


documentalmente, mediante a análise sumária e superficial do caso concreto, e sem
entrar no julgamento do mérito da questão, poderá acatar o pedido, concedendo a
ordem LIMINAR para imediato cumprimento da medida cautelar interposta.

Nesse caso, o juiz exercita o chamado Poder Discricionário, que lhe é concedido para
que pratique atos onde não precisa fundamentar a decisão, mas apenas examinar os
pressupostos de conveniência e oportunidade.

Dentro desse mesmo princípio, o juiz poderá sustar os efeitos da ordem LIMINAR
concedida, desde que surjam fatos e provas novas, que mudem o seu convencimento
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pessoal. De qualquer forma, os efeitos da medida liminar serão sempre provisórios, e esta
somente se tornará definitiva, quando houver o julgamento do mérito nos autos principais.

C. REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial das medidas cautelares, será formalizada através de peça escrita, e deve
preencher os requisitos previstos no artigo 801, do CPC, tais como:
I. a autoridade judiciária, a que for dirigida;
II. o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido;
III. a lide e seu fundamento;
IV. a exposição sumária do direito a menção e o receio da lesão;
V. as provas que serão produzidas.

O requisito do inciso III será exigido, apenas quando a medida for requerida em
procedimento preparatório, conforme a previsão do parágrafo único do artigo 801, acima
referido.

D. MEDIDAS CAUTELARES

a) Cautelares Inominadas: as medidas cautelares inominadas ou atípicas, são


fundadas no poder geral de cautela do juiz, conforme a previsão do artigo 798, do CPC, e
seguem o procedimento comum do processo cautelar. São subsidiárias e preenchem as
omissões resultantes da previsão de procedimento cautelar específico. Assim sendo,
sempre que um interessado tiver um direito a ser resguardado com urgência, e consiga
provar os dois pressupostos já referidos, poderá intentar uma medida cautelar inominada,
e terá possibilidade de ser conhecida e deferida pelo juízo.

b) Cautelares Nominadas: as medidas cautelares nominadas ou típicas, são aquelas


enumeradas entre os artigos 813 ao 889 do CPC, que seguem o procedimento especial
do processo cautelar, conforme segue:

- de arresto (art.813);

- de seqüestro (art.822);

- de caução (art.826);

- de busca e apreensão (art.839);

- de exibição (art.844);

- de produção antecipada de provas (art.846);

- dos alimentos provisionais (art.852);

- do arrolamento de bens (art.855);

- da justificação (art.861);
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- dos protestos, notificações e interpelações (art.867);

- da homologação do penhor legal (art.874);

- da posse em nome do nascituro (art.877);

- do atentado (art.879);

- e do protesto e da apreensão de títulos (art.882).

c. Outras medidas cautelares: além das medidas cautelares previstas no capítulo


específico do procedimento cautelar, podemos encontrar outras, conforme segue:0

1. no processo de inventário, aludidas no livro IV do CPC, na hipótese do Cap. IX


do Livro IV- “Do Inventário e Partilha”, onde o art. 1039 faz referência expressamente às
medidas cautelares.

2. em outros ordenamentos jurídicos, tais como, na Lei de Falência, no Estatuto da


Criança e do Adolescente, na Lei de Registros Públicos, na Consolidação das Leis
do Trabalho, no Código do Consumidor, dentre outros.

E. COMPETÊNCIA PARA CONHECER AS CAUTELARES

As medidas cautelares, quando forem preparatórias, serão distribuídas perante os juízes


que tiverem competência para julgar a demanda principal (art.800 do CPC), e devem ser
distribuídas no prazo de até 30 dias após o cumprimento da ordem liminar deferida.

No caso das medidas cautelares incidentais, serão distribuídas por dependência ao juízo
onde já tramita o processo principal em curso.

Na eventualidade do processo se encontrar no tribunal, por já ter sido proferida sentença


no 1º grau de jurisdição, a medida cautelar incidental será requerida diretamente ao
Tribunal, conforme a disposição do art. 800, parágrafo único, do CPC.

F. A LIMINAR NO PROCESSO CAUTELAR

A concessão de liminar no procedimento cautelar, é de suma importância para o


resguardo imediato do interesse do autor. Em regra, desde que o interessado comprove
os dois pressupostos (“fumus boni iuris” e o “periculum in mora”), poderá o juiz
deferir a ordem liminar.

Esta, no entanto, poderá ser revogada a qualquer momento, desde que surjam fatos
novos, que mudem o convencimento do juiz, ou em Instância Superior, através de
recurso.
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A liminar pode ser conferida ao autor, nas seguintes hipóteses:

a. “In limine litis”, quando o juiz aprecia de plano o pedido cautelar, e concede a liminar,
uma vez que presentes e comprovados documentalmente os dois pressupostos básicos já
mencionados. Neste caso, a liminar será concedida “inaldita altera parte”, ou seja,
sem ouvir a parte contrária.

b. Na audiência de justificação: esta será realizada quando a parte proponente da


medida cautelar não dispõe de prova documental para demonstrar os dois pressupostos,
e necessita de prova testemunhal para comprová-los.
O juiz, recebido o pedido, decidirá se o réu será citado antes da audiência de justificação
ou não (art.804), dependendo do caso.

Havendo possibilidade do réu vir a frustrar o cumprimento da liminar, se a mesma for


concedida após a realização da audiência, o juiz realizará a mesma sem a sua presença e
em “segredo de justiça”

Após a realização da audiência, com ou sem a presença do réu, onde o autor fará a prova
testemunhal de um ou mesmo dos dois pressupostos, com a análise da prova produzida,
o juiz poderá conceder ou não a liminar requerida pelo autor.

G. A CITAÇÃO E A RESPOSTA DO RÉU

O réu será regularmente citado para responder a ação, ou seja constestá-la, se assim o
desejar, no prazo de 5 dias, contados da juntada do mandado regularmente cumprido aos
autos, ou da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após a
justificação prévia (art.802, parágrafo único, incisos I e II, do CPC), podendo inclusive
fazer a indicação das provas que pretenda produzir.

Se na contestação o requerido comprovar que os fatos articulados pelo autor não são
verdadeiros, e se as provas por ele produzidas mudarem o convencimento do juiz, este
poderá revogar os efeitos da liminar concedida, cabendo ser ressalvado, que nas medidas
cautelares, o juiz não julga o mérito da questão, o que somente será apreciado no feito
principal.

Quando as partes alegarem matéria de fato, que exija a produção de prova oral, o juiz
determinará a realização de audiência de instrução e julgamento, que não pode ser
confundida com a “audiência de justificação” já referida, onde somente o autor produzirá
prova para comprovação dos dois pressupostos (“perigo da mora”e da “fumaça do bom
direito”).

H. PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO
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O juiz poderá exigir da parte, a prestação de uma caução, quando do deferimento da


liminar pleiteada, para garantia do ressarcimento de eventual prejuízo que possa advir à
parte contrária.

Essa caução, a critério do juiz, poderá ser real (dinheiro ou bens) ou fidejussória
(fiança), feita pelo próprio autor ou por terceira pessoa por ele indicada.

Poderá ocorrer ainda a prestação de “contracautela”, que vem a ser o depósito feito pelo
requerido para evitar o cumprimento da liminar, até que se discuta amplamente a questão
suscitada no processo principal.

A garantia feita nesse caso pelo réu, também servirá para indenizar o autor de eventual
prejuízo no final.

I. A SENTENÇA E SEUS EFEITOS

Após o prazo de contestação assinalada ao réu, e com ou sem a realização de audiência


de instrução e julgamento, o juiz proferirá ao final uma sentença, onde poderão ocorrer as
seguintes hipóteses:

a. Mantida a LIMINAR, se esta já havia sido concedida;

b. Revogada a LIMINAR, se as provas produzidas pelo réu, mudarem o convencimento


do juiz;

c. Concedida a LIMINAR, se esta havia sido indeferida anteriormente, e se as provas


produzidas pelas partes, notadamente pelo autor, mudarem o convencimento do juiz.

O fato da liminar ser concedida ou mantida na sentença, não significa que a matéria não
venha ser reapreciada no futuro, já que o juiz poderá modificar o entendimento anterior,
quando do exame do mérito da questão, no processo principal, no qual a ação cautelar
será autuada em apenso.

Sendo proferida a Sentença, cabe recurso de apelação ao vencido. Neste caso, o


recurso será recebido apenas no efeito devolutivo, conforme a previsão do
artigo 520, inciso IV, do CPC, o que equivale dizer, que a decisão que
manteve a liminar, revogou a liminar ou concedeu a liminar, valerá até o
julgamento da apelação, na Instância Superior.

RECURSOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


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Resumo: Direito Processual Civil – por Prof. Clóvis Brasil Pereira

RECURSO: define-se como o remédio voluntário e idôneo a ensejar, dentro do mesmo


processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial
que se impugna.

O meio utilizado deve ser idôneo a obter o resultado pretendido. Para isso, é preciso que,
na ordem processual brasileira, existia o tipo de recurso que deve ser adequado à
alteração e revisão da decisão. Ademais, a utilização do meio deve ser adequada no
aspecto formal e quanto ao tipo de decisão que se impugna.

RECURSOS CABÍVEIS

O código de Processo Civil, prevê no seu art. 496, os seguintes recursos:

I- apelação;

II- agravo;

III- embargos infringentes;

IV- embargos de declaração;

V- recurso ordinário;

VI- recurso especial;

VII- recurso extraordinário;

VIII- embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.

ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS

 juízo ou tribunal de que se recorre, chama-se juízo ou tribunal “a quo”, e o


tribunal ao qual se recorre de juízo ou tribunal “ad quem”.

• Em todo o recurso, devem estar presentes os pressupostos de admissibilidade,


para que o mesma seja conhecido ou não.

PRESSUPOSTOS

Os pressupostos dos recursos não são mais do que as condições da ação e os


pressupostos processuais reexaminados em fase recursal.

Os pressupostos objetivos podem ser compreendidos em:

a) cabimento e adequação do recurso;


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b) tempestividade;

c) regularidade procedimental, incluídos nesta o pagamento das custas, e a motivação;

d) a inexistência de fato impeditivo ou extintivo.

Os pressupostos subjetivos compreendem:

a) a legitimidade;

b) o interesse, que decorre da sucumbência.

Se estiverem presentes os pressupostos e condições do recurso, indispensáveis para o


seu conhecimento, poderá o tribunal examinar o pedido nele contido, para dar-lhe ou não
provimento.

EFEITOS DOS RECURSOS

Os recursos podem ser recebidos em dois efeitos, conforme a previsão legal, assim
compreendidos:

a) efeito suspensivo, quando os efeitos da decisão ficam contidos, aguardando a nova


decisão do tribunal recorrido;

b) efeito devolutivo, quando a decisão judicial produz efeitos provisórios, porque pode
ser modificada quando do julgamento do recurso interposto.

Possuem, em regra, efeito devoluitivo e efeito suspensivo: a apelação (salvo os casos


do art. 520, do CPC), os embargos infringentes e os embargos de declaração.

Têm apenas efeito devolutivo: o agravo, salvo a hipótese do inciso III, do art. 527, c.c.
art. 558, do CPC, o recurso especial e o recurso extraordinário.

Embora o recurso não tenha efeito suspensivo, é de se esclarecer que a sua interposição
impede o trânsito em julgado da decisão, e os efeitos que esta venha produzir, serão
provisórios, até que o recurso receba julgamento final.

Em suma, a execução somente será definitiva, quando ocorrer o trânsito em julgado da


decisão, o que não ocorrerá, enquanto pendente de apreciação um recurso, recebido
apenas no efeito devolutivo.

EXTINÇÃO DOS RECURSOS

Ocorrerá a extinção, prematura dos recursos, antes do seu exame pelo tribunal “ad
quem”, quando ocorrerem os seguintes casos:
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a) a deserção, quando não for feito o preparo, que é o pagamento das custas, ou
quando o mesmo for feito intempestivamente. O preparo, quando exigido, deve ser
comprovado concomitantemente com a interposição do recurso, conforme a previsão do
artigo. 511, do CPC.

b) a desistência, quando a parte abandona o recurso já interposto, podendo ser esta,


expressa, quando manifestada por escrito ao juiz, retratando-se da interposição, ou tácita,
quando decorre de algum ato extraprocessual incompatível com o processamento do
recurso, tais como, a transação sobre o objeto litigioso, a renúncia ao direito litigioso, ou o
cumprimento voluntário e incondicionado da sentença.

c) a renúncia, que é a manifestação da vontade de não recorrer, podendo ser expressa


ou tácita, e antes mesmo da interposição do recurso.

PREPARO DOS RECURSOS

Por disposição do artigo 511, do Código de Processo Civil, no ato de interposição dos
recursos, a parte recorrente, quando a legislação assim o exigir, comprovará o respectivo
preparo, inclusive porte de retorno, sob pena de deserção.

Assim sendo, a parte recorrente, no mesmo prazo de interposição do recurso, terá que
proceder o recolhimento das custas correspondentes, para possibilitar o seu regular
processamento.

RECURSO ADESIVO

Pode ser exercitado pela parte que não tenha recorrido da decisão, no prazo legal, e
desde que a sucumbência seja parcial ou recíproca. Assim, a parte recorrida pode aderir
ao recurso da parte contrária, no mesmo prazo que a parte dispõe para responder,
contados da publicação do despacho que admitiu os recursos principal.

Se ambas as partes recorrem em caráter principal e autônomo, não há que se falar em


recurso adesivo, cuja oportunidade surge somente se uma das partes recorreu, e ambas
tenham interesse na reforma da sentença.

O recurso adesivo não se constitui num recurso propriamente dito, mas num modo de se
apelar, interpor embargos infringentes, recurso especial ou extraordinário, já que tem um
procedimento peculiar, viabilizando sua interposição após o prazo ordinário comum às
partes.

Devem estar presentes os seguintes pressupostos:

I- o sucumbimento recíproco, ou seja, as partes contrárias sejam ao mesmo tempo,


vencedoras e vencidas em partes;

II- será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no
prazo que a parte dispõe para responder (art. 500, I, do CPC);
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III- será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso especial e no


recurso extraordinário;

IV- é preciso que tenha sido interposto e recebido o recurso principal, não sendo
admissível se houver desistência ou deserção do recurso principal.

O recurso adesivo é interposto do mesmo modo que o recurso principal, ou seja, por
petição ao juiz, tratando-se de apelação; perante o relator, tratando-se de embargos
infringentes; e perante o presidente do tribunal recorrido, tratando-se de recurso especial
ou extraordinário.

Por fim, é de ser esclarecido, que no recurso adesivo, a parte pode pleitear a reforma a
seu favor da sentença recorrida, ao passo que, na resposta do recurso, lhe é facultado
apenas resistir ao pedido de reforma da sentença ou acórdão, formulada no recurso
principal.

RECURSOS EM ESPÉCIE

1) DE APELAÇÃO: é um recurso ordinário, cabível contra as sentenças proferidas na


primeira instância, que julguem ou não o mérito das questões.

Segundo o artigo 162, parágrafo 1º, do CPC, Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo
ao processo, decidindo ou não o mérito da causa.

Por outro lado, os casos de extinção do processo, sem julgamento do mérito, vem
previstos no artigo 267, incisos I ao XI, e com o julgamento de mérito, no artigo 269,
incisos I ao V, do CPC.

Na apelação, a parte sucumbente pode voltar a discutir todas as questões discutidas na


primeira instância, tanto as de fato quanto as de direito, renovando-se integralmente o
exame da causa, excluindo-se apenas, as questões decididas antes da sentença, em
relação as quais tenha ocorrido a preclusão.

O tribunal, por sua vez fica limitado à vontade do apelante em impugnar a Sentença, não
podendo reformá-la na parte em que o recorrente não manifestou seu desejo de revisá-la.

Na apelação faz se um julgamento, renovando o exame da causa e conferindo-se o


acerto ou erro da sentença, procedendo-se então a correção do que o tribunal entender
desacertado, dentro do que foi objeto do recurso.

A regra geral, é que o recurso de apelação seja recebido nos dois efeitos (devolutivo e
suspensivo). As exceções ficam por conta dos casos previstos no artigo 520, do CPC,
quando a apelação será recebida somente no efeito devolutivo, e que:

I- homologar a divisão ou demarcação;

II- condenar à prestação de alimentos;


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III- julgar a liquidação de sentença;

IV- decidir o processo cautelar;

V- rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes.

VI- julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem;

VII- confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. (acrescido pela Lei 10.352/02).

Será interposta por petição escrita, no prazo de quinze dias, contados da intimação da
decisão, e segue o procedimento preconizado nos artigos 513 ao 521, do CPC, cabendo
à parte contrária, em igual prazo, apresentar as contra-razões ao recurso, quando então a
apelação subirá ao tribunal “ad quem” para julgamento.

O recorrente, por ocasião da interposição do recurso deve fazer o recolhimento e a


comprovação do preparo do recurso, bem como do porte de retorno, sob pena de
deserção (art.511).

Observe-se, que em princípio, depois de proferida a sentença, não pode mais o juiz
de primeira instância, modificá-la, salvo no caso da sentença que indeferir o
processamento do pedido inicial.

Neste caso, segundo o artigo 296, do CPC , “indeferida a petição inicial, o autor poderá
apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão”.

2) RECURSO DE AGRAVO: O recurso de agravo cabe das decisões interlocutórias,


podendo ser na forma retida ou por instrumento.

Por sua vez, decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo,
resolve questão incidente (artigo 162, § 2º, CPC).

Deve ser interposto no prazo de dez dias, contados da intimação da decisão atacada, e
segue o procedimento preconizado nos artigos 522 ao 529, do CPC.

Pelo nova sistemática estabelecida, o agravo será interposto perante o tribunal


competente, através de petição com os seguintes requisitos, conforme a previsão do art.
524:

I- a exposição do fato e do direito;

II- as razões do pedido de reforma da decisão;

III- o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo.

O recurso, por sua vez, será instruído, conforme o artigo 525:


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I- obrigatóriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva


intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado;

II- facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis.

O recorrente deverá protocolar o agravo diretamente no tribunal, ou postá-lo no correio


sob registro com aviso de recebimento, e nos três dias seguintes, deve requerer a
juntada nos autos do processo do juízo recorrido, de cópia da petição do agravo e do
comprovante da sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o
recurso, importando o não cumprimento desta disposição, na inadmissibilidade do agravo,
conforme parágrafo único, do artigo 526, introduzido pela Lei 10.352/02.

Conforme a nova redação dada ao artigo 527, do CPC, pela Lei 10.352/02, distribuído o
recurso de agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinente, o relator:

I- negar-lhe-á seguimento liminarmente, nos casos do art. 557;

II- poderá converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de
provisão jurisdicional de urgência ou houver perigo de lesão grave e de difícil ou incerta
reparação, remetendo os respectivos autos ao juízo da causa, onde serão apensados aos
principais, cabendo agravo dessa decisão ao órgão colegiado competente;

III. poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

IV. poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de 10 (dez)
dias;

V. mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por oficio dirigido ao seu


advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10
(dez) dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender convenientes; nas
comarcas sede de tribunal, e naquelas cujo expediente forense for divulgado no diário
oficial, a intimação far-se-á pelo órgão oficial;

VI- ultimadas as providências referidas nos incisos I a V, mandará ouvir o Ministério


Público, se for o caso, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.

Para a resposta do recurso, o agravado observará o procedimento do parágrafo 2º, do


artigo 525, do CPC.

Após a formação do agravo, caberá ao relator a 30 (trinta) dias, pedir dia para
julgamento, conforme a previsão do artigo 528, do CPC. Na hipótese do juiz recorrido
comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o
agravo (art. 529).

Quanto ao agravo retido, é interposto perante o próprio juízo recorrido, com o


objetivo de evitar a preclusão ao prejudicado. Posteriormente, se a Sentença for
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desfavorável, o sucumbente pode dela oferecer recurso de apelação. Neste caso, em


alegação preliminar, nas razões do recurso de apelação, terá que suscitar a matéria
objeto do agravo retido, requerendo que o Tribunal, dele conheça, antes do julgamento da
apelação (artigo 523, do CPC), sob o risco do recurso restar prejudicado.

Interposto o agravo retido, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz


poderá reformar a sua decisão, conforme previsão da Lei 10.352/02.

Por sua vez, será obrigatoriamente retido o agravo interposto das decisões
proferidas na audiência de instrução e julgamento e das posteriores à sentença, salvo nos
casos de dano de difícil e de incerta reparação, nos de inadmissão da apelação e nos
relativos aos efeitos em que a apelação é recebida (alteração introduzida pela Lei
10.352/02).

3) EMBARGOS INFRINGENTES: Conforme o artigo 530, do CPC, com nova redação


introduzida pela Lei 10.352/02, é o recurso cabível na segunda instância, quando o
acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou
houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos
serão restritos à matéria objeto da divergência.

É indispensável portanto, para que o Acórdão seja embargável, que tenha ocorrido um
voto vencido no julgamento.

O recurso será interposto no prazo de 15 (quinze) dias, abrindo-se vista ao recorrido para
contra-razões; após, o relator do acórdão embargado apreciará a admissibilidade do
recurso, conforme a previsão do artigo 531 do CPC.

No caso do relator indeferir o seu processamento, caberá ao recorrente interpor recurso


de agravo, dirigido ao órgão competente para o julgamento do recurso, conforme o artigo
532.

Admitidos os embargos, serão processados e julgados conforme dispuser o regimento do


tribunal (art. 533, alterado pela Lei 10.352/02). A escolha do relator recairá, quando
possível, em juiz que não tenha participado do julgamento da apelação ou da ação
rescisória.

Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator, esta recairá, se


possível, em juiz que não haja participado do julgamento anterior.

Após a impugnação, serão os autos conclusos ao relator e ao revisor pelo prazo de


quinze dias para cada um, entrando a seguir na pauta para julgamento.;

4) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: É o recurso cabível quando ocorrer obscuridade,


dúvida ou contradição, e também quando for omitido ponto sobre o qual a Sentença ou
Acórdão deveriam pronunciar-se, conforme a previsão do artigo 535, do CPC.
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Ocorrendo o primeiro caso, os embargos tem por finalidade explicativa, ou seja dar o
verdadeiro entendimento da Sentença. Havendo omissão, a finalidade é de completar o
julgamento que foi parcial.

Entende-se por obscuridade, o defeito consistente na difícil compreensão do texto da


Sentença ou Acórdão.

A dúvida é o estado de incerteza que resulta da obscuridade. A Sentença ou Acórdão


devem ser claramente redigidos e não podem gerar dúvidas.

A contradição é a afirmação conflitante, quer na fundamentação, quer entre a


fundamentação e a conclusão.

A correção nestes casos, não leva a uma modificação do conteúdo da decisão atacada,
mas apenas a um esclarecimento do que vem nele contido.

No caso de omissão, a Sentença ou Acórdão são complementados, passando a resolver


questão não decidida, posta pelas partes na discussão do litígio. Neste caso a Sentença
pode ter efeito modificativo.

O prazo para interposição dos embargos de declaração, é de 5 dias, contados da


publicação da Sentença ou Acórdão, cabendo ao juiz ao qual o recurso é dirigido, em
igual prazo decidi-lo.

O recurso não está sujeito a preparo e não é respondido pela parte contrária, pois é
dirigido diretamente ao juízo prolator da decisão.

A interposição dos embargos de declaração interrompe o prazo para a interposição de


outro recurso, conforme a previsão do artigo 538, do CPC, o que significa dizer, que após
a decisão dos embargos, os prazos para os demais recursos recomeçam em sua
integridade.

Se o recurso por tido como meramente protelatório (art. 538, parágrafo único), poderá ser
aplicada ao recorrente a pena de multa de até 1% sobre o valor da causa, e no caso de
reiteração, a multa poderá ser de até 10%, ficando condicionada a possibilidade de
interposição de outro recurso, ao depósito respectivo da multa eventualmente aplicada.

5) RECURSO ORDINÁRIO: A teor do que dispõe o artigo 539, do CPC, serão julgados
em recurso ordinário:

I- pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os


mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando
denegatória a decisão;

II- pelo Superior Tribunal de Justiça:


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a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais


Federais ou pelos Tribunais do Estado e do Distrito Federal e Territórios, quando
denegatória a decisão;

b) as causas que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo


internacional e, e outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Quanto ao procedimento e aos requisitos de admissibilidade, no juízo de origem, pelo


disposto no artigo 540, do Código de Processo Civil, o recurso ordinário segue as
disposições dos Capítulos II (APELAÇÃO) e III (AGRAVO), do Título X (DOS
RECURSOS), e no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal de Justiça, o
disposto nos respectivos regimentos internos.

6) RECURSOS “ESPECIAL” E “EXTRAORDINÁRIO”

Os recursos especial e extraordinário, são admitidos, consoante a previsão expressa na


Constituição Federal outorgada em 1988, nos seguintes casos:

I- o RECURSO ESPECIAL, a ser interposto perante o Superior Tribunal de justiça,


conforme o artigo 105, III, quando a decisão:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b). julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;

c). der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal
(tribunais de Estados diferentes).

II- o RECURSO EXTRAORDINÁRIO, a ser interposto perante o Supremo Federal


Tribunal, conforme o artigo 102, III, quando a decisão:

a) contrariar dispositivo da Constituição Federal;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal.

A diferença básica entre o recurso especial e o extraordinário, é que o primeiro, será


interposto nas matérias tidas como infraconstitucionais, enquanto que o segundo, fica
restrito à matéria constitucional.

O recurso extraordinário e o especial, cabíveis nos casos acima enumerados, serão


interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, no prazo de 15
dias, contados a partir da intimação do Acórdão recorrido, em petições escritas e distintas,
que conterão, em obediência ao artigo 541, do CPC:

I- a exposição do fato e do direito;


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II- a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III- as razões do pedido de reforma da decisão recorrida.

Os dois recursos serão recebidos apenas no efeito devolutivo (art. 542, parágrafo 2º), o
que significa dizer, que a interposição dos mesmos, não obstará a execução da decisão
recorrida.

No caso dos dois recursos serem admitidos, ambos serão encaminhados ao Superior
Tribunal de Justiça. Após concluído o julgamento do recurso especial, de competência do
STJ, os autos serão remetidos ao STJ, que tem competência para apreciar e julgar o
recurso extraordinário, se este não restar prejudicado.

Se os recursos não forem admitidos, caberá ao recorrente interpor recurso de agravo, no


prazo de 10 dias, para o STF ou STJ, conforme o caso, devendo o recurso,
obrigatoriamente, conter os documentos relacionados no parágrafo 1º, do artigo 544, ou
seja: cópias do acórdão recorrido, da certidão da respectiva intimação, da petição de
interposição do recurso denegado, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão
da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado.

As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio
advogado, sob sua responsabilidade pessoal, conforme faculdade contida na Lei
10.352/02.

A petição do agravo será dirigida ao presidente do tribunal de origem, não dependendo do


pagamento de custas e despesas postais. A seguir, o agravado será intimado, para no
prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, bem como juntar os documentos que quiser.
Após, o recurso subirá ao tribunal superior, onde será processado na forma regimental,
conforme o § 2º, do art. 544.

Sendo provido o recurso de agravo, e se o instrumento contiver os elementos necessários


ao julgamento do mérito do recurso especial, o relator determinará sua conversão,
observando-se, daí em diante, o procedimento relativo ao recurso, conforme a previsão
do parágrafo 3º, do art. 544, sendo o mesmo procedimento adotado, no agravo interposto
contra denegação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma causa, houver
recurso especial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar ( parágrafo 4º, do
mesmo artigo.).

Da decisão do relator que não admitir o agravo de instrumento, negar-lhe provimento ou


reformar o acórdão recorrido, caberá agravo no prazo de 5 (cinco) dias, ao órgão
competente para o julgamento do recurso, conforme artigo 545 do CPC.

Por fim, é importante ser observado, que no julgamento dos recursos especial e
extraordinário, somente será admitida a discussão de matéria de direito, desde que
prequestionada em todas as instâncias inferiores sendo vedado o reexame de matéria de
fato e de prova, por essa via recursal.
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Esse fato, justifica a dificuldade de se obter o conhecimento de um recurso especial ou


extraordinário, já que os tribunais tem sido muito rígidos na apreciação dos requisitos de
admissibilidade dos recursos, notadamente, porque as questões suscitadas, muitas vezes
não foram devidamente prequestionadas desde a sentença inicial, na primeira instância,
quando qualquer omissão, deveria desde logo, ter sido suprida através dos componentes
embargos declaratórios, e assim por diante.

7) EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSOS “ESPECIAL” E


“EXTRAORDINÁRIO”

Referido recurso, introduzido na lei processual, em artigo 496, através da Lei 8.950/94,
tem por objeto, uniformizar a jurisprudência do STJ e do STF, evitando assim, que o
mesmo tribunal, ao analisar a mesma questão de direito, decidida de forma diversa.

O prazo para interposição do referido recurso, é de 15 dias, a partir da intimação da


decisão, conforme o artigo 508, do CPC, sendo embargável, pelo que dispõe o artigo 546,
do mesmo estatuto processual, a decisão da turma que:

I- em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do órgão


especial;

II- em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do plenário.

Por fim, conforme a previsão do parágrafo único de aludido artigo 546, observar-se-á, no
recurso de embargos, o procedimento estabelecido no regimento interno dos respectivo
tribunais.

RESPOSTA DO RÉU

O Código de Processo Civil, em seu artigo 297, prevê as seguintes formas de respostas
do réu, que podem ser oferecidas, no prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir da
citação, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa: contestação, exceções e
reconvenção.

CONTESTAÇÃO

Através da CONTESTAÇÃO, o réu pode aduzir a sua defesa, respondendo o pedido


inicial, contrapondo-se à pretensão do autor.

Nessa peça, o contestante deve alegar toda a matéria de defesa, expondo as razões de
fato e de direito, com que impugna o pedido do autor, e especificar as provas que
pretende produzir, conforme a previsão do artigo 300, do CPC.

A contestação deve abranger, antes da discussão do mérito, as questões tidas como


“preliminares”, relacionadas no artigo 301, a saber:

I. inexistência ou nulidade da citação;


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II. incompetência absoluta;

III. inépcia da petição inicial;

IV. perempção;

V. litispendência;

VI. coisa julgada;

VII. conexão;

VIII. incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

IX. convenção de arbitragem;

X. carência de ação;

XI. falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

Se o réu não apresentar a defesa no prazo legal de 15 dias, reputar-se-ão verdadeiros os


fatos afirmados pelo autor (artigo 319, do CPC), salvo se ocorrer uma das ressalvas
contidas no artigo 320, ou seja:

I. se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

II. se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

III. se a petição inicial não estiver acompanhado do instrumento público, que a


lei considere indispensável à prova do ato.

Não ocorrendo os efeitos da revelia, o juiz determinará ao autor que especifique as provas
que pretende produzir na audiência (artigo 324). Ao réu, restará o direito de alegar em sua
defesa, apenas as matérias supervenientes à contestação, uma vez que a perda do prazo
de defesa, tem como efeito, a ocorrência da preclusão do direito do réu.

No procedimento ordinário, a contestação será sempre por escrito. No sumário, a defesa


será oferecida por ocasião da audiência designada pelo juiz, podendo ser escrita ou oral.

Nessa peça de defesa, o réu deve alegar todas as questões preliminares e de mérito em
sua defesa, e juntar as provas disponíveis (artigo 278 do CPC).

RECONVENÇÃO

O réu pode reconvir ao autor o mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja
conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa (artigo 315 do CPC).
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A reconvenção se constitui na modalidade de resposta, que consiste em um contra-


ataque do réu ao autor. Será oferecida no mesmo prazo (simultaneamente) da
contestação, em peça autônoma (art.299 do CPC), cabendo ao juiz, quando da Sentença,
julgar a ação principal e a reconvenção, conforme a previsão do artigo318, do mesmo
codex.

Oferecida a reconvenção pelo réu, através de petição escrita, será intimado o autor
reconvindo, através de seu procurador constituído nos autos, para contestá-la, também no
prazo de 15 (quinze) dias, conforme o artigo 316 do CPC.

Nas ações que tramitam seguindo o procedimento sumário, não é cabível a reconvenção,
mas sim o pedido contraposto, na mesma peça da contestação, e que se constitui em
pedido feito pelo réu, em relação ao autor, desde que verse sobre o mesmo fato do
pedido inicial, conforme § 1º, do artigo 280, do CPC.

EXCEÇÕES

A lei processual civil prevê, como defesa do réu, ao lado da contestação e da


reconvencão, as exceções, que devem ser oferecidas em peça escrita, e processadas em
apenso aos autos principais (artigo 299).

O réu poderá argüir por meio de EXCEÇÃO:

a. a incompetência do Juízo (art.112);

b. o impedimento do Juízo (art.134);

c. a suspeição do Juízo (art.135).

As exceções podem ser oferecidas no prazo de 15 dias, contados da citação, ou da data


do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição, podendo assim,
ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, como prevê o artigo 305 do CPC.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA

A incompetência do Juízo, pode ser relativa ou absoluta. A relativa pode ser suscitada
através de exceção (art. 112, do CPC), enquanto que a absoluta, deve ser declarada de
ofício e poder ser alegada, em qualquer tempo ou grau de jurisdição, independente de
exceção (artigo 113 do CPC).

A exceção de incompetência será formalizada através de petição escrita, fundamentada e


devidamente instruída, onde o excipiente indicará o juízo para o qual declina a
competência.

Recebida a exceção, esta será autuada em apenso ao processo principal, e terá como
principal efeito, a suspensão deste, até que seja definitivamente julgada.
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A seguir, o juiz ouvirá o excepto no prazo de 10 (dez) dias, designando audiência de


instrução, se necessária a produção de prova testemunhal, decidindo nos 10 (dez) dias
seguintes. Se a exceção for julgada procedente, o juiz determinará a remessa dos autos
ao juiz competente.

Remetida a ação para o novo juízo, reconhecido como o competente pelo juiz anterior,
poderá este recusar o recebimento dos autos, suscitando o que se chama de conflito de
competência.

Segundo o estatuto processual civil, em seu artigo 115, há conflito de competência:

I. quando dois ou mais Juízes se declaram competentes;

II. quando dois ou mais Juízes se consideram incompetentes;

III. quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou
separação de processos.

O conflito de competência pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério
Público ou pelo Juiz da causa.

EXCEÇÕES DE IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO

Como matéria de defesa, a parte poderá, através de petição escrita, conforme os artigos
304 e 305 do Código de Processo Civil, e na forma processual disciplinada nos artigos
312 ao 314, oferecer as exceções de impedimento ou de suspeição, especificando o
motivo da recusa, com base nas proibições previstas nos artigos 134 (impedimentos) e
135 (suspeição de parcialidade do juiz).

O excipiente dirigirá a petição ao juiz da causa, podendo instruí-la com os documentos


comprobatórios das alegações e também do rol de testemunhas a serem ouvidas.

Recebendo a petição, o juiz poderá reconhecer de plano o impedimento ou a suspeição,


determinando neste caso, a remessa dos autos ao seu substituto legal. Se ao contrário,
não se der por impedido ou suspeito, no prazo de 10 (dez) dias, exporá as suas razões,
acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, e determinará a
remessa dos autos ao Tribunal, que apreciará e julgará a exceção.

Nesse caso, se o tribunal reconhecer que a exceção não tem fundamento legal,
determinará o seu arquivamento. Caso contrário, condenará o juiz nas custas, e mandará
remeter os autos ao seu substituto legal.

VALOR DA CAUSA

ATRIBUIÇÃO DO VALOR DA CAUSA: a toda causa, em regra, é atribuído um valor


certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato, conforme a previsão do art.258,
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do CPC. Normalmente é com base no valor da causa, que são calculadas as custas
judiciais para distribuição da ação, e fixadas na sentença, as verbas da sucumbência, que
a parte perdedora pagará ao vencedor.

O valor da causa constará da petição inicial e será atribuído de acordo com os artigos 259
e 260, do Código de Processo Civil, ou ainda, de acordo com a previsão dos
procedimentos ou leis especiais.

IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA:

Poderá o réu, no mesmo prazo de contestação, oferecer a impugnação do valor atribuído


à causa pelo autor, podendo pleitear a alteração para mais ou para menos, conforme o
caso, como lhe faculta o artigo 261 do estatuto processual.

A impugnação será feita por petição escrita e será autuado em apenso, o que impede que
a alegação seja formulada, em preliminar, no corpo da contestação.

Não ocorrendo impugnação, presumir-se-á aceito pelo réu, o valor atribuído à causa pelo
autor, na petição inicial (parágrafo único, do art.261, do CPC).

No procedimento sumário, a impugnação ao valor da causa será feito na própria


audiência, por ocasião do oferecimento da contestação, e será igualmente autuado em
apenso, cabendo ao juiz apreciá-la, antes da decisão do feito.

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PREVISTOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

A. PRINCIPAIS AÇÕES DE JURISDIÇÃO CONTENCIOSA - GENERALIDADES

1) AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

É cabível a consignação em pagamento, consoante o artigo 976, e incisos do Código


Civil, quando:

I- o devedor pretende se exonerar da obrigação, se o credor, sem justa causa, recusar


receber o pagamento, ou dar quitação na forma devida;

II- se o credor não for ou não mandar receber a coisa no lugar, tempo e condições
devidas;

III- se o credor for desconhecido, estiver declarado ausente, ou residir em lugar incerto, ou
de acesso perigoso ou difícil;

IV- se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V- se pender litígio sobre o objeto do pagamento; ou


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VI- se houver concurso de preferência aberto contra o credor ou se este for incapaz de
receber e quitar a obrigação.

A consignação poderá ser de dinheiro ou da coisa devida, e será requerida perante o


lugar onde a obrigação deve ser satisfeita, ou seja, no local do pagamento.

A ação de consignação segue p procedimento previsto nos artigos 890 ao 900 do Código
de Processo Civil, devendo ser frisado, que para a consignação de aluguéis, é utilizado o
procedimento específico preconizado na Lei n.º 8.245/91, que regula especificamente as
locações residenciais e não residenciais, que em seu artigo 67, prevê o procedimento
para a consignação dos alugueis e dos acessórios da locação.

2) AÇÃO DE DEPÓSITO

Tem por fim exigir a restituição da coisa depositada, e compete ao credor, que tem
legitimidade ativa, para propor tal ação.

Referida ação é usada com frequência, pelas instituições financeiras ou pelas empresas
administradoras de consórcios, que tem legitimidade para propor as ações de busca e
apreensão, embasadas nos contratos de alienação fiduciária, originados do Decreto-Lei
911/69.

Quando os bens alienados, não são localizados, cabe ao credor a conversão da ação de
busca e apreensão, em ação de depósito.

O procedimento da ação de depósito está previsto nos artigos 901 a 906 do CPC,
cabendo a decretação da prisão do depositário, no caso de não ser encontrada a coisa ou
bem oferecido em depósito.

3) AÇÃO DE ANULAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS AO PORTADOR

Tem legitimidade para propor a ação de anulação e substituição de título ao portador,


aquele que tiver perdido título ao portador ou que tenha sido desapossado injustamente
do mesmo. A ação será requerida para reinvindicar o título da pessoa que o detiver ou
requerer-lhe a anulação e substituição por outro.

O procedimento da ação está previsto no CPC, nos artigos 907 ao 913, e tem aplicação
para os títulos ao portador, que circulam livremente, de mão em mão, sem maiores
formalidades.

Para os títulos nominativos, tais como cheques, letra de câmbio e notas promissórias,
aplica-se o procedimento específico previsto no Decreto n.º 2.044, de 31/12/1908, em seu
artigo 36, e para os títulos da dívida pública (municipal, estadual e federal), o
procedimento delineado na Lei n.º 4.728/65, em seu artigo 71.
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4) AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS

É cabível para quem tem a obrigação de prestar as contas, ou para quem tem o direito de
exigi-las, consoante o art. 914, do CPC.

No caso da prestação de contas ser provocada pelo autor, a ação divide-se em duas
fases processuais distintas. Na primeira, discute-se se a prestação de contas é
efetivamente devida pelo réu. Na segunda fase, se procedente a primeira, discute-se as
contas propriamente ditas.

No final de cada fase, será proferida uma Sentença, onde o recurso cabível é o de
apelação.

A ação de prestação de contas, segue o procedimento previsto nos artigos 914 a 919 do
CPC.

5) AÇÕES POSSESSÓRIAS

No Código de Processo Civil, do artigo 920 ao 932, temos a previsão das seguintes ações
possessórias:

a) reintegração de posse;

b) manutenção de posse;

c) interdito proibitório.

Nas três ações acima, o que a lei visa preservar é chamado direito de posse (jus
possessionis), assim entendido:

a) na reintegração de posse, para recuperar a posse perdida por esbulho;

b) na manutenção de posse, a continuação da posse, no caso de turbação (ambas


conforme art. 926, do CPC);

c) no interdito proibitório, para o possuidor direito ou indireito se proteger da turbação


ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu
determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito (art.932)

Cumpre ser esclarecido, que no caso de direito à posse (jus possidendi), originada do
direito de propriedade, para quem nunca esteve na posse, a ação cabível é a ação
reivindicatória, embasada no título de domínio, e que segue o rito comum ordinário.

Nas ações possessórias, cabe ao autor provar, conforme o artigo 927:

I- a sua posse;

II- a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;


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III- a data da turbação ou do esbulho;

IV- a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse,


na ação de reintegração.

Nas três modalidades de ação possessória, desde que o autor prove os requisitos acima
relacionados, e que o esbulho tenha ocorrido antes de um ano e dia, poderá o juiz deferir
liminarmente a reintegração ou de manutenção na posse, sem ouvir a parte contrária,
expedindo o respectivo mandado.

Não estando os requisitos provados satisfatoriamente, determinará o juiz que o autor


justifique previamente o alegado, e nesse caso, o réu será citado para comparecer a
audiência de justificação a ser designada

Colhida a prova testemunhal, se o juiz julgar procedente a justificação, deferirá desde logo
a ordem liminar de manutenção ou de reintegração. A seguir, deferida ou não a liminar,
caberá ao autor, promover nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu para
contestar a ação prosseguindo a ação, daí por diante, pelo procedimento comum
ordinário.

6) AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA

É a ação cabível, conforme a previsão do artigo 934, do CPC:

I- ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel


vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado;

II- ao condômino, para impedir que o co- proprietário execute alguma obra com prejuízo
ou alteração da coisa comum;

III- ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do


regulamento ou de postura.

O Estatuto Processual possibilita, no seu artigo 935, ao prejudicado, se o caso for


urgente, fazer o embargo da obra, extrajudicialmente, notificando verbalmente, perante
duas testemunhas, o proprietário ou, em sua falta, o construtor, para nào continuar a obra.

A seguir, caberá ao interessado, no prazo de até três dias, proceder a ratificação em


juízo, sob pena de cessar o efeito do embargo, conforme o parágrafo único do
mencionado art. 935.

Caberá ao nunciante, ao elaborar a petição inicial, a observância do art.282, do CPC,


requerendo ainda, conforme a previsão do art. 936:

I- o embargo para que fique suspensa a obra e se mande afinal reconstituir, modificar ou
demolir o que tiver feito em seu detrimento;
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II- a cominação de pena para ocaso de inobservância do preceito;

III- a condenação por perdas e danos.

Recebido o pedido inicial, poderá o juiz, liminarmente, conceder o embargo, e se


insuficiente a prova documental, determinar a justificação prévia, quando reexaminará o
pedido, concedendo-o, ou não.

Desde que deferido o embargo, caberá ao oficial de justiça, lavrar o auto circunstanciado
do estado da obra, intimando de imediato o construtor e os operários a que não
continuem a obra sob pena de desobediência. A seguir citará o proprietário a contestar a
ação no prazo de 5 dias, conforme o artigo 938 do CPC.

Se o réu não contestar o pedido, serão tidos como verdadeiros e aceitos pelo requerido,
os fatos alegados pelo requerente, aplicando-lhe os efeitos da revelia, caso em que o juiz
decidirá no prazo de 5 (cinco) dias. Ocorrendo a contestação, e havendo prova a ser
produzida, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.

O requerido poderá a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, requerer o


prosseguimento da obra, desde que preste caução e demonstre prejuízo resultante da
suspensão dela (art. 940), sendo que a mesma não poderá ter prosseguimento, em
nenhuma hipótese, quando se tratar de obra nova edificada contra determinação de
regulamentos administrativos.

7) USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES

É a ação cabível ao possuidor, para que nos termos da lei, o juiz declare o domínio do
imóvel ou a servidão predial, conforme o procedimento adotado no art. 941 ao 945 do
CPC.

Temos na legislação pátria, a previsão de quatro modalidades de usucapião, sendo os


dois primeiros, tratados no Código Civil, e os dois últimos contemplados na Constituição
Federal, a saber:

a) usucapião extraordinário, previsto no Código Civil, no art. 550, cabível ao


possuidor, que por 20 (vinte) anos ininterruptos, sem oposição, possuir como se dono
fosse, um determinado bem imóvel e através de sentença judicial, adquirir-lhe-á o
domínio, podendo ser transcrito no registro imobiliário competente;

b) usucapião ordinário, previsto no Código Civil, do art. 551, cabível ao possuidor que,
por 10 (dez) anos entre presentes, ou 15 (quinze) anos entre ausentes, o possuir como
seu, de forma contínua e inconteste, com justo título e boa-fé;

c) usucapião constitucional rural, previsto na Constituição Federal, artigo 191,


cabível a quem possuir como seu, um imóvel rural por mais de cinco anos ininterruptos,
sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a 50 (cinqüenta) hectares,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia;
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d) usucapião urbano constitucional, previsto na Constituição Federal, no artigo 183 e


parágrafos, cabível para todo aquele que possuir como sua área urbana de até 250
(duzentos e cinquenta) metros de quadrados, por cinco anos ininterruptos e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, e que não seja proprietário de
outro imóvel rural ou urbano.

O pedido inicial da ação de usucapião, deve preencher os requisitos do artigos 282 e


283, c.c. com os artigos 941 ao 945, todos do Código de Processo Cívil, e a ação
devidamente instruída, será distribuída perante o juizo do local do imóvel objeto do
usucapião, conforme o artigo 95, do Estatuto Processual Civil.

8) DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES

Segundo dispõe o artigo 946, do CPC, cabe:

I- a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o seu confinante a extremar os


respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já
apagados;

II- a ação de divisão, ao condômino para obrigar os demais consortes, a partilhar a coisa
comum.

Assim, através da ação demarcatória, o autor tem por objetivo descrever novos limites,
aviventar ou renovar os já apagados, delimitando a área demarcanda, com os confiantes
e lindeiros.

Através da ação de divisão de terras particulares, os condôminos de uma área comum


poderão extinguir o condomínio, atribuindo a cada um deles um quinhão autônomo.

Para tanto é indispensável que a área objeto do condomínio admita divisão, conforme as
leis municipais, no caso de imóvel urbano, e atinja o módulo rural, no caso de imóvel
localizado na região rural.

No caso da área condominal não admitir divisão, uma vez que a fração ideal não atinge o
mínimo admitido para o desmembramento urbano para o módulo rural, e não persistir
mais interesse na continuidade do condomínio, o procedimento adequado é o da ação de
extinção do condomínio.

O pedido de demarcação segue o procedimento previsto nos artigos 950 ao 966, e a ação
de divisão segue o procedimento previsto nos artigos 967 ao 981, todos do Código de
Processo Civil, devendo o autor, em ambos os procedimentos, no pedido inicial,
preencher os requisitos do artigo 282, do mesmo estatuto processual, distribuindo a ação
perante o juízo da situação do imóvel objeto da demarcação ou da divisão.
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9 ) INVENTÁRIO E PARTILHA

Através do inventário e da partilha, são arrolados os bens do “de cujus”, e partilhados


entre os seus herdeiros ou legatários.

O processo de INVENTÁRIO, segue o procedimento previsto nos artigos 982 ao 1.045, do


Código de Processo Cívil, e pode ser requerido no prazo de 30 (trinta) dias, contados da
data do falecimento, perante o juízo do útimo domicílio do “de cujus”, por quem estiver na
posse e administração do espólio (art. 987).

Na falta deste, tem legitimidade concorrente, conforme a previsão do art. 988, os


seguintes:

I - o cônjuqe supérstite;

II- o herdeiro;

III- o legatário;

IV- o testamenteiro;

V- o cessionário do herdeiro ou do legatário;

VI- o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;

VII- o síndico da falência do herdeiro, do legatário do autor da herança ou do cônjuge


supérstite;

VIII- o Ministério público, havendo herdeiros incapazes;

IX- a Fazendo Pública, quando tiver interesse.

Conforme a previsão do artigo 989, pode o juíz, de ofício, determinar que se inicie o
inventário, se nenhuma das pessoas nomeadas, o requerer no prazo legal.

Temos assim, que no inventário, são relacionados os bens móveis e imóveis, os créditos
e as dividas líquidas e certas do falecido, que formam o acervo hereditário, para ser
partilhado entre os herdeiros, ou ainda adjudicado, no caso de existir um único herdeiro,
quando ao final, será referida partilha ou adjudicação homologada por sentença judicial, e
expedido o competente formal de partilha ou carta de adjudicação, que se constituem no
título aquisitivo da propriedade dos bens partilhados.

O estatuto processual admite a transmissão dos bens do falecimento, através do


chamado arrolamento sumário e do arrolamento comum.

O ARROLAMENTO SUMÁRIO é previsto nos artigos 1.031 ao 1.035, do CPC, e


possibilita a partilha amigável, desde que as partes sejam maiores e capazes, nos termos
do artigo 1.773 do Código Civil, e será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova
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da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, conforme a
previsão do artigo 1.031.

O procedimento a ser seguido, é o previsto nos artigos 1.032 ao 1.035, do Código de


Processo Civil.

O ARROLAMENTO COMUM é cabível mesmo quando existam herdeiros menores e


incapazes, mas desde que o valor dos bens do espólio não ultrapasse o equivalente a
2.000 Obrigações do Tesouro Nacional- OTN-, e será processado conforme os artigos
1.036 ao 1.038 do CPC.

Por fim, é de ser esclarecido que o juiz apreciará no inventário, as questões de direito e
as de fato, devidamente comprovada nos autos. As discussões de “alta indagação” e que
“dependem de outras provas”, que eventualmente sejam postas no curso do inventário, ou
pelos próprios herdeiros, ou por terceiro interessado, não serão decididas pelo juízo do
inventário, mas sim, remetidos aos meios ordinários, conforme a previsão do artigo 984
do Estatuto Processual.

10. EMBARGOS DE TERCEIRO

Os embargos de terceiro são cabíveis a quem não sendo parte no processo, sofre
turbação ou esbulho na posse dos bens constitutivos de seu patrimônio, por ato de
apreensão judicial.

Tais atos estão representados pela penhora de bens, depósito, alienação judicial,
arrecadação, inventário e partilha, arresto de bens, dentre outros e através de
EMBARGOS DE TERCEIRO, poderá o autor ser mantido ou restituídos na posse de tais
bens.

O procedimento dos embargos de terceiro, está previsto nos artigos 1.046 ao 1.054, do
CPC, e poderão ser distribuídos por dependência e perante o mesmo juiz que ordenou a
apreensão dos bens, a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não
transita em julgado a sentença, e, no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da
arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da respectiva
carta.

11. AÇÃO MONITÓRIA

A ação monitória foi introduzida em nosso ordenamento jurídico, através da Lei Federal
n.º 9.079, de 14/07/95, com vigência a partir de 14/09/95, que deu nova redação ao artigo
1.102 do CPC, subdividindo-o em artigos 1.102a, 1.102b e 1.102c, com seus respectivos
parágrafos.

Por força do artigo 1.102a., “a ação monitória compete a quem pretender, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega
de coisa fungível ou de determinado bem móvel”.
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Significa dizer, que o detentor de um documento escrito, comprobatório da existência de


dívida, de entrega da coisa fungível ou de bem móvel, que não se revista de título
executivo judicial ou extrajudicial, conforme a previsão dos artigos 584 e 585, do CPC,
estará habilitado para promover a ação monitória, onde promoverá a execução,
independentemente da instauração do processo de cognição.

Para tanto, o autor instruirá o pedido inicial, que conterá os requisitos básicos do artigo
282 do CPC, com os documentos disponíveis, representados por pedidos de mercadorias,
contratos sem a formalização de rigor, recibos, orçamentos, e outros escritos que
comprovem a existência de obrigação não satisfeita pelo requerido, podendo o juiz, deferir
de plano a expedição do mandado de pagamento ou da entrega da coisa no prazo de 15
(quinze) dias, conforme o teor do artigo 1.102b.

No prazo assinalado no mandado, poderá o requerido oferecer embargos, que


suspenderão a eficácia do mandado inicial. No caso do réu não opor embargos no prazo
de 15 dias, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se o
mandado inicial em mandado executivo, prosseguindo-se na forma do livro II (DO
PROCESSO DE EXECUÇÃO), Tïtulo II (DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO),
Capítulos II (DA EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA) E IV (DA EXECUÇÃO
POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE).

No caso do réu interpor embargos estes serão processados independentemente da


garantia do juízo, e serão processados nos próprios autos, seguindo o procedimento
ordinário, portanto ao contrário do processo de execução (art. 737, incisos I e II), onde os
embargos à execução, são admitidos somente quando seguro o juízo, sendo autuados
em apenso, seguindo o procedimento próprio estabelecido no processo executivo.

Temos assim, que pelo procedimento monitório, se busca a agilização do processo


judicial. Admite a supressão da fase de conhecimento, desde que o requerido não
embargue o mandado de pagamento ou de entrega da coisa, expedido pelo juiz, a
requerimento do autor.

No caso do réu resistir à ordem de pagamento ou de entrega da coisa, a ação monitória


terá que tramitar regularmente, adotando o procedimento ordinário, conforme
pressupõe o artigo 1.102c., em seu parágrafo 2º.

Por fim, se os embargos forem rejeitados, através da sentença judicial proferida, se


constituirá o título executivo judicial, prosseguindo-se a execução conforme a previsão do
parágrafo 3º, do artigo acima citado.

B. PRINCIPAIS AÇÕES DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA - GENERALIDADES

No Estatuto Processual Civil, do artigo 1.103 a 1.210, vêm previstas várias ações pelo
procedimento especial, que terão inicio por provocação do interessado ou do Ministério
Público, conforme a previsão do artigo 1.104.

As regras gerais do procedimento vem previstas nos artigos 1.103 a 1.112, que enumera
os pedidos que seguirão referido procedimento, tais como:
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I- emancipação;

II- sub-rogação;

III- alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de órfões e de


interditos;

IV- alienação, locação e administração da coisa comum;

V- alienação de quinhão em coisa comum;

VI- extinção de usufruto e de fideicomisso.

Além dos pedidos acima referidos, existem outros que seguem o mesmo procedimento,
dos quais destaca-se um, muito utilizado no dia a dia da advocacia, ou seja, o PEDIDO
DE SUPRIMENTO DE IDADE para fins de casamento, necessário para a mulher menor
de 16 anos e para o homem, menor de 18 anos, conforme dispõe o artigo 214 do Código
Civil.

1) ALIENAÇÕES JUDICIAIS

Procedimento adotado para os casos expressos em lei e sempre que os bens


depositados judicialmente forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem
grandes despesas para a sua guarda, e que o juiz, de ofício ou a requerimento do
depositário ou de qualquer das partes interessadas, mandará aliená-los em leilão,
conforme dispõe o artigo 1.113, do CPC.

As alienações judiciais seguirão o procedimento disposto nos artigos 1.113 ao 1.119, e


seus incisos e parágrafos correspondentes.

2) SEPARACÃO CONSENSUAL

É o meio pelo qual os cônjuges casados há mais de dois anos, por convenção mútua e
consensual, dão por finalizada a sociedade conjugal.

O pedido deve ser formulados em conjuntos pelos separandos, que poderão ser
representados nesse caso, por um único advogado, devendo o pedido preencher os
requisitos do artigo 282, além de dispor sobre:

a) a relação de descrição dos bens do casal, e a forma da partilha;

b) a convenção a respeito da guarda dos filhos menores, se existentes, bem como a


regulamentação das visitas, pelo cônjuge que não ficar com a guarda do filho;

c) o valor da pensão alimentícia a ser paga para o sustento dos filhos menores e ao
cônjuge que necessitar recebê-la, sendo esta dispensada, quando os separandos tiverem
meios próprios de sobrevivência.
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A separação consensual segue basicamente o procedimento dos artigos 1.120 ao 1.124


do Código de Processo Civil, sendo que, no Estado de São Paulo, através do Provimento
CLXXXIII, de 26/11/84, o Conselho Superior da Magistratura disciplinou a respeito do
procedimento a ser adotado em nosso estado, para os casos de separação consensual e
do divórcio consensual, cabível para os casais já separados por mais de dois anos
consecutivos, e que não precisam assim, previamente promover a separação, conforme a
previsão do artigo 40, da Lei n.º 6.515/77.

Proferida a Sentença homologatória da separação ou do divórcio consensual, em


cumprimento ao artigo 1.124, será expedido mandado de averbação ao Cartório de
Registro Civil onde foi lavrado o casamento, para as averbações necessárias, nos termos
do que dispõe a Lei n.º 6.015/73.

3) PEDIDO DE INTERDIÇÃO

Através desse procedimento, poderá ser requerida a interdição de determinada pessoa,


em razão de doença ou de alguma anomalia psíquica, caso em que será declarada
incapaz para administrar os seus bens e as própria pessoa , sendo-lhe nomeado um
curador para representá-la.

São passíveis de curatela, conforme o artigo 446, do Código Civil:

I- os loucos de todo o gênero (arts. 448, nº I, 450 e 457 );

II- os surdos-mudos, sem educação que os habilite a enunciar preciosamente a


sua vontade (arts. 451 e 456);

III- os pródigos (arts.459 e 461).

A interdição poderá ser requerida, conforme o artigo 1.177 do CPC, e em conformidade


com o artigo 447, do Código Civil, pelos seguintes:

I- pelo pai, mãe ou tutor;

II- pelo cônjuge ou algum parente próximo;

III- pelo órgão do Ministério Público, e nesse caso, somente nos casos previstos
nos incisos I ao III, do artigo 1.178 (CPC) e 448 (CC).

A curatela dos interditos seguirá o procedimento estabelecido nos artigos 1.177 ao 1.198
do Código de Processo Civil.
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Resumo: Direito Processual Civil – por Prof. Clóvis Brasil Pereira

PROCEDIMENTOS ESPECIAIS PREVISTOS EM LEGISLAÇÃO ESPECIAL

1) JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS- LEI 9.009/95

A. GENERALIDADES
A lei nº 9.099/95, de 26/09/95 introduziu importantes invocações no direito processual
pátrio, com a criação do chamados JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS, em
substituição a Lei 7.244/84, que regulava o Juizado de Pequenas Causas.

A nova legislação ampliou a abrangência do antigo Juizado de pequenas Causas, para as


pendências de natureza cível, passando a considerar agora, causas cíveis de menor
complexidade, ao invés, de simplesmente, pequenas causas, o que no entendimento de
alguns profissionais do direito, se constituía em expressão depreciativa, já que
desqualificava a justiça para os menos favorecidos.

Assim, com a nova nomenclatura, e ampliada a sua abrangência, através dos JUIZADOS
ESPECIAIS CÍVEIS, podem ser apreciadas causas de valor até quarenta salários
mínimos, além das previstas no inciso II do artigo 275, do CPC que trata do procedimento
sumário, de ações de despejo para uso próprio, ações possessórias dentro do limite de
alçada (quarenta salários mínimos), bem como a possibilidade de execução oriunda de
títulos executivos extrajudiciais e dos próprios julgados proferidos nos Juizados Especiais,
respeitando, no caso da execução, também o limite de alçada.

A nova lei, além das invocações traduzidas na esfera cível, também passou a contemplar
as causas de natureza criminal consideradas de menor potencial ofensivo, tais como: as
contravenções penais e os crimes cujas penas privativas de liberdade não sejam
superiores a um ano, possibilitando no campo penal, a simplificação dos procedimentos
arcaicos e ultrapassados de investigação e instrução criminal, que terminavam por
desembocar quase sempre na extinção da punibilidade, e por consequência, no
emperramento da máquina burocrática do estado.

B. DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS

a) DA COMPETÊNCIA: segundo estabelece o artigo 3º, da Lei 9.099/95, o Juizado


Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas
cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I- as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II- as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo civil;
III- a ação de despejo para uso próprio;
IV- as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso
I deste artigo.

Segundo o parágrafo 1º, do mesmo artigo, compete ao Juizado Especial promover a


execução:
I- dos julgados;
II- dos títulos executivos extrajudiciais, na valor de até quarenta vezes o salário mínimo,
observado o disposto no parágrafo 1º, do art. 8º desta Lei.
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Com relação às causas abrangidas pelo procedimento sumário, em seu artigo 275, inciso
II, não haja limitação expressa, na Lei 9.099/95, bem como outras situações, quanto à
limitação do valor em 40 salários mínimos, é certo que o entendimento predominante
entre os juizes, é que a competência nos Juizados Especiais, está limitada a esse valor,
sendo incompetente o Juizado Especial para processamento em valores acima dessa
alçada, a não ser que o autor renuncie expressamente ao direito do crédito excedente.

Pareça-nos entendimento equivocado, a generalização dessa limitação, decorrente de má


interpretação da norma jurídica, já que o legislador não fez tal limitação no termo legal. No
mais, a complexidade de uma causa, deve ser considerada em razão de sua dificuldade,
e não do seu valor.

b. DAS PARTES: poderão figurar no polo ativo das ações propostas perante o Juizado
Cíveis Especiais, somente as pessoas físicas capazes, admitindo-se a presença dos
maiores de18 anos, independente de assistência, inclusive para fins de conciliação,
conforme os parágrafos 1º e 2º, do artigo 8º.

Conforme previsão do artigo 38, da Lei 9.841/99, que trata do estatuto das
microempresas, estas são equiparadas às pessoas físicas, para o fim de proporem ações
no Juizado Especial.

Por outro lado, é vedado o acesso, em qualquer circunstância, ao incapaz, ao preso, as


pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da União, a massa falida e o
insolvente civil.

A lei autoriza, no artigo 9º, que as partes poderão comparecer e requerer pessoalmente,
nas causas de até vinte salários mínimos, podendo ou não serem assistidas por
advogado. Nas de valor acima de vinte salários, a assistência de advogado é obrigatória.

No caso da parte requerida ser pessoa jurídica ou firma individual, ou ainda, sendo
pessoa física, mas comparecendo acompanhada de advogado, é facultado a outra parte,
requerer a assistência judiciária, prestada na forma da lei local, conforme a previsão do
parágrafo 1º, do artigo 9º.

c. DO PROCEDIMENTO: Nas ações ajuizadas perante os Juizados Especiais Cíveis,


será observado o seguinte procedimento, nas várias fases do processo:

1) PEDIDO INICIAL
A petição inicial deverá preencher os seguintes requisitos, conforme o parágrafo 1º, do
artigo 14:
I- o nome, a qualificação e o endereço das partes;
II- os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
III- o objeto e seu valor.

O pedido inicial poderá ser formalizado oralmente perante a Secretaria do Juizado, que
reduzirá a escrito, através de fichas ou de formulários impressos, conforme autoriza o
parágrafo 3º do mesmo artigo.
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Na prática os pedidos formulados diretamente pelas partes, quando desacompanhados


de advogados, o serão na forma oral, e passadas à termo por conciliador ou funcionário
do próprio Juizado. Nada obsta, no entanto, que o próprio reclamante, formule sua
reclamação na forma escrita, protocolando-a no Juizado.

Na inicial, o autor poderá fazer pedidos alternativos ou cumulados, desde que conexos, e
que a soma dos mesmos não ultrapasse o limite de alçada.

2) DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO


Sendo registrado o pedido, a Secretaria do Juizado designará data a sessão de
conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias (art.16). De imediato, será feita a
citação do requerido, que conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para o
comparecimento do citando e a advertência de que, não comparecendo este, considerar-
se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será preferido julgamento, de plano.

A citação poderá ser feita, conforme o artigo 18:


I- por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;
II- tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da
recepção, que será obrigatoriamente identificado;

No Juizado Especial Cível não é admitida a citação por edital, conforme o parágrafo 2º, do
mesmo artigo.

3) DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
A conciliação poderá ser conduzida pelo juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua
orientação, e restando frutífera a composição, será reduzida a escrito e homologada pelo
juiz togado, mediante sentença com eficácia de título executivo. Se o requerido, embora
regularmente citado, não comparecer a à audiência, ser-lhe-à aplicado os efeitos da
revelia, e o juiz togado proferirá sentença.

4) DO JUIZO ARBITRAL
Não sendo obtida a conciliação, a Lei 9.099/95 prevê, em prosseguimento, dois caminhos
possíveis ou seja: as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, que será
escolhido dentre os juizes leigos, e nesse caso, farão a escolha do árbitro de comum
acordo; ou aguardarão a realização da audiência de instrução e julgamento.

Na primeira hipótese, instaurado o juízo arbitral, caberá ao arbitro conduzir o processo


com os mesmos critérios do juiz, podendo decidir por equidade, conforme prevê o artigo
25 da lei 9.099/95, inclusive, ouvir testemunhas eventualmente arroladas pelas partes.

Encerrada a instrução, nos cinco dias subsequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz
togado para homologação por sentença irrecorrível, conforme a previsão do art. 26.

Observe-se que no estado de São Paulo, não foi instituída a figura do Juiz Leigo, restando
prejudicada a instauração do Juízo arbitral. No caso da audiência de conciliação restar
infrutífera, de pronto é designada audiência de instrução e julgamento que será presidida
por Juiz Togado.
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5) DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


A legislação prevê, a realização da audiência de instrução, de imediato ou nos quinze dias
subsequente, do que será dado ciência, às partes e testemunhas eventualmente
presentes.

Embora essa previsão legal, é certo que essas audiências não são realizadas nesse
prazo, sendo comum serem realizadas entre 60 a 180 dias, face às dificuldades e
acumulo de serviço nos Juizados Especiais.

Na audiência serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a


sentença. Como prova, são admitidas todas as moralmente legítimas, ainda que não
especificadas em lei, e que se mostrem hábeis para provar a veracidade dos fatos
alegados pelas partes (art.32).

No caso de prova testemunhal, cada parte poderá arrolar até três testemunhas, que serão
ouvidas na audiência, levadas diretamente pelas partes, ou sendo intimadas, se assim for
requerido com a antecedência mínima de 5 dias. Por outro lado, a prova oral não precisa
ser reduzida a termo, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos
depoimentos.

6) DA RESPOSTA DO RÉU
Ao réu é concedida a oportunidade de resposta, que pode ser feita através da
contestação ou de pedido contraposto. O momento adequado para a resposta, é por
ocasião da audiência de instrução e julgamento, e poderá ser formulada oralmente ou por
escrito. Poderá conter toda a matéria de defesa neste caso, entendendo-se o
reconhecimento da existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor, bem como as questões preliminares relacionadas no artigo 301, do CPC, exceto
arguição de suspeição ou impedimento ao Juiz, que se processará na forma do previsto
nos artigos 304 ao 314 do Código de Processo Civil.

No Juizado Especial Cível não é admitida a reconvenção, como matéria de defesa, mas é
previsto o chamado PEDIDO CONTRAPOSTO, que poderá ser formulado no prazo de
defesa, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem o objeto da controvérsia
(art.31), e respeite o limite de alçada estabelecido na lei, de quarenta salários mínimos.

Oferecido o pedido contraposto, poderá o autor responder o pedido do réu na própria


audiência ou requerer a designação de nova data, que será desde logo fixada, dando-se
ciência a todos os presentes.

7) DA SENTENÇA
Encerrada a instrução, o Juiz prolatará a Sentença, mencionando os elementos de
convicção, com um breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, sendo
dispensado o relatório. No caso de sentença condenatória, esta será sempre líquida ainda
que genérico o pedido, e o valor da condenação terá que respeitar o limite de alçada, sob
pena de ser ineficaz, conforme a previsão do art.39.

No caso da sentença ser proferida por juiz leigo, a decisão será submetida ao juiz togado,
que poderá simplesmente homologá-la, ou proferir outra em substituição, podendo
preliminarmente, determinar a realização de atos probatórios que julgar indispensáveis.
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8) DOS RECURSOS CABÍVEIS


No Juizado Especial Cível, são cabíveis dois recursos, a saber:

I) RECURSO INOMINADO, equiparado ao de apelação, cabível contra as sentenças de


acolhimento, rejeição do pedido ou de extinção do processo, sem julgamento de mérito,
conforme a previsão do art. 41, excetuada a sentença homologatória de conciliação ou
laudo arbitral, que é irrecorrível conforme o art. 26.

O recurso inominado, será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da


sentença, por petição escrita, assinada obrigatoriamente por advogado habilitado,
independente do valor da causa, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente
(art.42), e será julgado por uma turma composta de três juizes togados, em exercício na
1º grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

Interposto o recurso, a parte recorrente terá o prazo de quarenta e oito horas para efetuar
o preparo, sob pena de restar deserto. Desde que efetuado o preparo, a Secretaria
intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo também de dez dias

O recurso terá em regra, efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo para
evitar dano irreparável para a parte.

As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento, e este constará apenas da


ata, com a indicação suficiente do processo fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se
a sentença for confirmada pelos seus próprios fundamentos, a súmula do julgamento
servirá de acórdão.

II. OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, cabíveis quando, na sentença ou acórdão,


houver obscuridade, contradição, omissão ou dúvida, conforme a previsão do art. 48 da
lei especial.

Os embargos de declaração serão interpostos no prazo de cinco dias, por escrito ou


oralmente, ou contadas da ciência da decisão, suspendendo o prazo para o recurso
inominado, quando interposto contra sentença (artigos 49 e 50).

Por fim, cumpre salientar, que no caso de interposição de recurso, as partes


obrigatoriamente estarão representadas por advogados, conforme a previsão expressa no
parágrafo 2º, do artigo 41, independentemente do valor de alçada.

III. RECURSO EXTRAORDINÁRIO, admitido pela Constituição Federal, sempre que


houver violação à norma inserta no texto da Constituição Federal. Embora não seja
comum a interposição de tal recurso, notadamente por falta de prequestionamento, no
momento oportuno, é certo que referido recurso se mostra como o remédio final para
restabelecer direitos decorrentes da carta magna, não respeitados no procedimento
sumaríssimo da Lei 9.099/95.

9) DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA
A execução da sentença será processada no próprio Juizado Especial, aplicando-se, no
que couber, o disposto no CPC, com as seguintes alterações introduzidas pelo artigo 52
da Lei 9.099/95:
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I- as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a conversão em Bônus do


Tesouro Nacional- BTN ou índice equivalente;
II- os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros e de outras parcelas serão
efetuados por servidor judicial;
III- a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria audiência em que
for proferida. Nessa intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão logo
ocorra seu tr6ansito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descumprimento (Inciso
V);
IV- não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e tendo havido
solicitação do interessado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo a execução,
dispensada nova citação;
V- nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, o Juiz na sentença ou
na fase de execução, cominará multa diária, arbitrada de acordo com as condições
econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a obrigação,
o credor poderá requerer a elevação da multa ou transformação da condenação em
perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia
certa, incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do
devedor na execução do julgado ;
VI- na obrigação de fazer, o Juiz determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor que
o devedor deve depositar para as despesas, sob pena de multa diária;
VII- na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o devedor, o credor ou terceira
pessoa idônea a tratar da alienação do bem penhorado, à qual se aperfeiçoará em juízo
até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço interior ao da avaliação, as partes
serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos casos
de alienação de bem imóvel;
VIII- é dispensada a publicação de editais em jornais, quando se tratar de alienação de
pequeno valor;
IX- o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução versando sobre:
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele ocorreu a revelia;
b) manifesto excesso de execução;
c) erro de cálculo;
d) causa impeditiva, modificava a extinta da obrigação, superveniente à sentença.
Temos assim, que a execução dos julgados no Juizado Especial, com as inovações
introduzidas, e com a aplicação subsidiária dos dispositivos do Código do Processo Civil,
tendem ser mais rápida, notadamente porque as sentenças serão sempre líquidas, a
evitar medidas protelatórias tão usuais no processo executivo disciplinado no artigo 566 e
segs. do CPC, na apuração do valor devido.
Note-se no entanto, que por envolver partes geralmente pobres, ou de pouca
disponibilidade patrimonial, a falta de bens penhoráveis acaba, na prática, dificultando o
êxito no recebimento dos valores sob execução.

d. DA EXECUÇÃO DOS TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS


Poderão ser objeto de execução contra devedor solvente, os títulos executivos
extrajudiciais, cujos valores não ultrapassem o montante de quarenta salários mínimos,
podendo a parte optar pelo procedimento da lei especial, no caso de maior valor, desde
que renuncie ao crédito excedente.

Sendo citado o devedor ao pagamento, e este não ocorrendo, será efetuada a penhora de
bens suficientes a solvência da dívida. Nesse caso, o devedor será intimado a
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comparecer à audiência de conciliação, e desde que esta resta frustada, poderá no


mesmo ato, oferecer embargos (art.52 IX), por escrito ou verbalmente, quando deverá
requerer as provas pretendidas, sob pena de preclusão.

De imediato, será dado vista ao credor, para se manifestar sobre os embargos e as


provas que deseja produzir. Havendo necessidade de produção de provas requeridas
pelo autor, será designado dia e hora para o prosseguimento da audiência, saindo todos
intimados da nova data.

Caso o credor não requeira novas provas, a audiência prosseguirá no mesmo dia, e após
concluída a prova, será prolatada decisão pelo Juiz.
No caso do devedor não ser localizado, ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será
imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos do autor, conforme a previsão do
parágrafo 4º, do art. 53, da lei especial.

e. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDOS EXTRAJUDICIAIS


A lei 9.099/95, em seu art. 57, prevê que um acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou
valor, poderá ser homologado, no juízo competente, independentemente de termo,
valendo a sentença como título executivo judicial.

Esse procedimento já era previsto na Lei 7.244/84, e muito utilizado para os acordos
decorrentes da Lei 8.245/91, que trata da locação de imóveis residenciais e não
residenciais. Sempre que as partes acordarem sobre a desocupação do imóvel, ou a
rescisão do contrato existente, antes mesmo de vencido, poderão levar o acordo escrito, à
homologação perante o Juizado Especial Cível, e valerá a decisão judicial como título
executivo judicial, a ser executado nos termos da lei especial.

2) LOCAÇÃO RESIDENCIAL E NÃO RESIDENCIAL URBANA


Referidas locações são reguladas pela LEI N.º 8.245, de 18/10/91, que dispõe sobre a
locação de imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes, e que pela
importância que representa no dia a dia da advocacia, passaremos a analisá-las,
apontando as ações mais comuns e seu procedimento específico:

2.a) AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO


No caso do locatário não efetuar o pagamento do aluguel e dos encargos da locação, no
prazo
estipulado entre as partes, através de contrato escrito ou mesmo verbalmente, poderá o
locador ajuizar a

AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO c.c COBRANÇA DE ALUGUEIS E


ACESSÓRIOS, com fundamento nos artigos 59 e 62, da Lei n.º 8.245/91, em petição
escrita que conterá os requisitos do art. 282, do CPC, e o calculo discriminado do débito,
conforme o inciso I do art. 62, já referido.

O inquilino poderá evitar a rescisão da locação, e consequente despejo, desde que no


prazo da contestação (15 dias), requeira autorização para o pagamento do débito
atualizado, independentemente de cálculo e mediante depósito judicial, conforme o inciso
II, alíneas ä”, “b”, “c”e “d” do mesmo artigo.
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Se o valor do depósito não foi integral, e este for impugnado pelo locador, o locatário
poderá completá-lo, no prazo de 10 dias, contados da ciência desta manifestação.

Ocorrendo a cumulação de pedidos de rescisão da locação e de cobrança de alugueis, a


execução poderá ocorrer nos próprios autos, e antes mesmo da desocupação do imóvel
pelo locatário.

O inquilino, por sua vez, não poderá emendar a mora, se já tiver se utilizado dessa
faculdade por duas vezes, nos doze meses imediatamente anteriores a propositura da
ação, conforme prevê o parágrafo único do artigo 62.

Sendo decretado o despejo, o prazo para desocupação segue a previsão do artigo 63,
que prevê várias hipóteses, dependendo da natureza da locação, do fundamento do
despejo e do prazo do processamento do feito.

2.b) AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE ALUGUEL E ACESSÓRIOS


Nos casos em que o inquilino/locatário pretende quitar a obrigação, no vencimento
próprio, e ocorrer a recusa do locador em receber o aluguel e os encargos da locação,
poderá o inquilino ajuizar a competente ação consignatória, prevista na Lei 8.245/91, no
seu artigo 67, e que excepcionou a consignação dos alugueis, dos casos de cabimento da
consignação previstos no artigo 890 e segs. do CPC.

O pedido inicial, terá que preencher os requisitos do art. 282 do CPC, e especificar os
alugueis e acessórios da locação com indicação dos respectivos valores, cabendo ao
consignante, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, efetuar o depósito judicial do valor
indicado no inicial, sob pena de extinção do feito.

O réu (locador) poderá oferecer contestação no prazo de 15 dias, alegando toda a matéria
de direito pertinente, e ainda que:

a) não houve a recusa;


b) a recusa foi justa;
c) o depósito não foi feito no prazo ou lugar do pagamento;
d) o depósito não é integral.

Não ocorrendo a contestação, ou se o locador receber os alugueis depositados, o juiz


declarará quitadas as obrigações, condenando o réu ao pagamento das custas e
honorários de 20 (vinte) por cento sobre o valor dos depósitos.

O locador poderá ainda, por ocasião da contestação, oferecer reconvenção, requerendo o


despejo e a cobrança dos valores objeto da consignatória, ou da diferença no caso do
depósito não ser integral.

Neste caso, o autor poderá complementar o depósito inicial no prazo de 5 (cinco) dias,
contados da intimação da resposta, arcando com o acréscimo de 10 (dez) por cento sobre
o valor da diferença, caso em que o juiz declarará quitadas as obrigações, elidindo a
rescisão da locação, impondo ao autor da consignatória, o pagamento das custas e
honorários advocatícios de 20 (vinte) por cento sobre o valor dos depósitos.
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2.c) AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL


A Lei n.º 8.245/91 prevê a possibilidade da revisão do valor do aluguel, e pode ser
exercido tanto pelo locador e pelo locatário, desde que comprovado que houve
desequilíbrio entre o valor contratado e o que vigora no mercado, após decorridos três
anos da vigência da locação, conforme a previsão do artigo 19 da referida Lei.

Por disposição do artigo 68, a ação seria processada pelo ‘rito sumaríssimo”, que hoje já
não tem mais aplicação em nosso Estatuto Processual, pelo que entendemos, que agora
a ação deve seguir o PROCEDIMENTO SUMÁRIO, introduzido no CPC através da Lei n.º
8.952/94, e cujo procedimento foi alterado pela Lei 9.245/95, de 26/12/95.

Como consequência, a fixação do aluguel provisório, que o juiz poderia fixar por ocasião
do despacho que designava a audiência de instrução e julgamento, com base nos
elementos e documentos trazidos pelo autor, na inicial, agora, com a nova forma
procedimental, deverá ocorrer por ocasião da audiência de conciliação, marcada para
tentativa de conciliação das partes (artigo 277 do CPC), e somente se esta não ocorrer,
quando prosseguirá a demanda conforme o artigo 278 do mesmo códex.

A ação revisional de aluguel deve preencher os requisitos dos artigos 276 e 282 do CPC,
e no mais, seguirá as regras especiais estabelecidas nos artigos 68 ao 70, em seus
incisos e parágrafos.

2.d) AÇÃO RENOVATÓRIA


A Lei 8.245/91, em seu artigo 51, prevê que nas locações de imóveis destinados ao
comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente:
I- o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II- o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos
escritos seja de cinco anos;
III- o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e
ininterrupto de três anos.

A ação renovatória, quando cabível, será requerida em, petição inscrita, com os requisitos
do artigo 282 do Código de processo Civil, e instruída, conforme o artigo 71, da Lei
Especial, com;
I- prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I,II e III do artigo 51, acima
especificados;
II- prova do exato cumprimento do contrato em curso;
III- prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo
pagamento lhe competia;
IV- indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação;
V- indicação de fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo,
com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no Ministério
da Economia, Fazenda e Planejamento, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a
nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade,
comprovando, em qualquer caso desde logo, a idoneidade financeira;
VI- prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita os
encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for;
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VII- prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título
oponível ao proprietário.
Distribuída a ação, poderá o requerido contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias, seguindo
o feito a partir daí, o procedimento previsto nos artigos 72 ao 75 da aludida lei 8.245/91.

2.e) AÇÃO DE DESPEJO POR DENÚNCIA VAZIA


Diz a Lei n.º 8.245/91, em seu artigo 46, que trata da locação residencial, que “nas
locações ajustadas por escrito e por prazo igual ou superior a trinta meses, a revolução do
contrato ocorrerá findo o prazo estipulado, independentemente de notificação ou aviso.

No caso do locatário continuar na posse do imóvel, após o prazo do contrato, por mais de
trinta dias, o contrato se prorrogará por prazo indeterminado, e nesse caso, se o locador
pretender a desocupação, terá que notificar o locatário, assinando-lhe um prazo de até 30
(trinta) dias para a desocupação.

Nos dois casos, se o locatário não desocupar o imóvel voluntariamente, caberá ao locador
o ajuizamento de ação de despejo para retomada do imóvel, sem precisar justificar o
pedido, já que está amparado legalmente a usar o que se chama de “denúncia vazia”.

As locações formalizadas verbalmente ou com prazo inferior a 30 (trinta) meses, não


poderão ser objeto de ação de despejo com base na denúncia vazia, mas somente, para
os casos motivados e comprovados, previstos nos incisos I ao V, do artigo 47.

Destaca-se aí, a exceção prevista no inciso III, que trata do pedido para uso próprio, de
seu cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descendente que
não disponha, assim como seu cônjuge ou companheiro de imóvel residencial; próprio, e
desde que seja proprietário, promissário comprador ou promissário cessionário, em
caráter irrevogável, com imissão na posse do imóvel e título registrado junto à matrícula
do mesmo, conforme a exigência do parágrafo 2º, do artigo 47.

A ação de despejo para a retomada do imóvel, fundada na denúncia vazia, segue O


procedimento comum ordinário, e o pedido inicial deverá preencher os requisitos do artigo
282 do Código de Processo Civil, e fundamentada ainda no artigo 46, da Lei 8.245/91,
com a prova da locação escrita por mais de trinta meses, e da notificação prévia, quando
a locação se prorrogara por prazo indeterminado.

2.f) AÇÃO DE DESPEJO PARA USO PRÓPRIO


Já vimos acima, instruirá o pedido com os requisitos do artigo 282 do CPC, e a prova do
preenchimento do inciso III, já referido, e poderá requerer a retomada do imóvel perante o
juízo comum, ou ainda, perante o JUIZADO ESPECIAL CIVEL, como lhe faculta o inciso
III, do artigo 3º, da Lei n.º 9.099/95, que ampliou a abrangência dos juizados especiais.

Cumpre ainda a ser destacado, que a competência dos Juizados Cíveis, incorporou a
disposição do artigo 80, da Lei de locação, ao prever que as ações de despejo poderão
ser consideradas como causas cíveis de menor complexidade”, em consonância com o
inciso I do artigo 98 da Constituição Federal.

Além das ações acima relacionadas, a Lei de locações possibilita outros tipos de
procedimentos, dos quais destacamos a seguir:
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2.g) AÇÃO DE DESPEJO POR INFRAÇÃO CONTRATUAL (Art. 9º, inciso II);

2.h) AÇÃO DE DESPEJO para reaver o imóvel, visando a realização de reparos


urgentes determinados pelo Poder Público (Art. 9º, inciso IV);

2.i) AÇÃO DE DESPEJO para demolição e edificação licenciada ou para a realização


de obras aprovadas pelo Poder Público (Art. 47, inciso IV);

2.j) AÇÃO DE DESPEJO para locação que ultrapassar ininterruptamente 5 (cinco) anos
(Art. 47, inciso V);

2.k) AÇÃO PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA, cabível ao locatário


que foi preferido no caso de alienação do imóvel a terceiro, nos termos do que dispõe a
Lei 8.245/91 nos arts. 27 ao 32 e cujo pedido se fundará nos artigos 282 do CPC e 33, da
Lei de Locação.

3) OUTROS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

Além dos procedimentos acima analisados, temos outros regulados em Leis Especiais,
para as quais se aplicam subsidiariamente as normas gerais previstas no próprio Estatuto
Processual, e das quais destacamos:

• LEI N.º 5.478, de 25/07/68, que dispõe sobre a AÇÃO DE ALIMENTOS e dá outras
providências, cabível para quem tem o direito de receber alimentos, contra quem
tem a obrigação de pagá-los. A respeito do assunto, atentar também para a LEI N.º
8.971/94, que regula o direito dos companheiros a alimentos e à sucessão.

• DECRETO-LEI N.º 7.661, de 21/06/45, chamada de LEI DE FALÊNCIAS, que


dispõe sobre a FALÊNCIA do devedor comerciante, a CONCORDATA
PREVENTIVA ou SUSPENSIVA, dos pedidos de RESTITUIÇÃO e HABILITAÇÕES
DE CRÉDITO em ambos os casos (falência e concordata), e o INQUÉRITO
JUDICIAL que apura a prática dos crimes falimentares imputado aos comerciantes.

• LEI N.º 6.690, de 25/09/79, que dispõe sobre o CANCELAMENTO DE


PROTESTOS de títulos cambais e dá outras providências, que sofreu alterações
através da LEI N.º 7.401, de 05/11/85.

• LEI N.º 8.231, DE 24/07/91, que trata das ações de ACIDENTES DE TRABALHO
de responsabilidade do INSS e dá outras providências, regulamentada pelo
Decreto n.º 611, de 21/07/92, e que deve ser analisada em conjunto com a LEI N.º
9.032, DE 28/04/95, que introduziu algumas alterações no procedimento.

• DECRETO-LEI N.º 911, de 01/10/69, que estabelece normas do processo sobre


alienação fiduciária e dá outras providências, e que serve de embasamento das
AÇÕES DE BUSCA E APREENSÃO, nos contratos de alienação fiduciária
firmados com as instituições financeiras.
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• LEI N.º 6.830, de 22/09/80, que dispõe sobre a cobrança judicia da Dívida Ativa da
fazenda Pública e dá outras providências e que serve de embasamento da
EXECUÇÃO FISCAL, de interesse da fazenda municipal, estadual ou federal.

• LEI N.º 6.515, DE 26/12/77, que regula os casos de dissolução da sociedade


conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras
providências, e que serve de embasamento das AÇÕES DE SEPARAÇÃO
LITIGIOSA e de DIVÓRCIO.

• LEI N.º 6.015, de 31/12/73, que dispõe sobre os registros públicos e dá outras
providências, de grande importância no dia a dia das pessoas, já que trata do
REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS e do REGISTRO DE IMÓVEIS,
dentre outros.

• LEI N.º 5.988, de 14/12/73, que dispõe e regula os DIREITOS AUTORAIS e dá


outras providências.

• LEI N.º 8.009, de 29/03/90, que dispõe sobre a IMPENHORABILIDADE DOS BENS
DE FAMÍLIA.

• LEI N.º 8.069,de 13/07/90, que dispõe sobre o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO


ADOLESCENTE, e dá outras providências, que visa a proteção integral à criança e
ao adolescente, e serve de embasamento da AÇÕES DE GUARDA, TUTELA E
ADOÇÃO dos menores em situação irregular.

• LEI N.º 8.078, de 11/09/90, que dispõe sobre o chamado CÓDIGO DO


CONSUMIDOR, e que regula a proteção do consumidor e dá outras providências.

SENTENÇA, COISA JULGADA E AÇÃO RESCISÓRIA

DA SENTENÇA

A sentença, conforme artigo 162, § 1º, do CPC, é o ato do juiz que põe termo ao
processo, decidindo ou não o mérito da causa.

Se a sentença julga o mérito, diz-se que é definitiva, porque define a lide. Nos demais
casos é meramente terminativa.
Os requisitos de uma sentença, expressos no art. 458, são essenciais:

a) relatório: é o resumo do processo, garante que o juiz o examine, descrevendo-o em


seus termos essenciais; sua falta acarreta nulidade da sentença. Se existente o relatório,
ainda que muito sucinto, é válida a sentença.

b) fundamentação: revela a argumentação seguida pelo juiz, servindo de compreensão


do dispositivo e também de instrumento de aferição da persuasão racional e lógica da
decisão; sua falta também gera nulidade. É garantia insculpida no art. 93, inciso IX, da
Constituição Federal.
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O juiz não pode deferir ou indeferir um pedido sem fundamentar. No Brasil, cada prova
não tem um valor pré-determinado pela lei. O juiz é livre para decidir desde que o faça em
consonância com as provas dos autos e fundamente sua decisão, o que é chamado
princípio do livre convencimento motivado ou princípio da persuasão racional.

c) dispositivo: a conclusão, o tópico final em que, aplicando a lei ao caso concreto


segundo a fundamentação, acolhe ou rejeita no todo ou em parte, o pedido formulado
pelo autor; a falta de dispositivo não leva à nulidade, mas a inexistência da sentença. É
esta parte da sentença que transita em julgado. O que contido na fundamentação não
transita em julgado.

Limite objetivo: é o pedido do autor. A sentença não pode ser de natureza diversa do
pedido, nem condenar o réu em quantidade superior ou objeto diverso do que lhe foi
demandado (art. 460 do CPC).

A Sentença que julga além do pedido, isto é, concede algo que não foi pretendido,
denomina-se ultra petita. Ex.: sentença que decreta a anulação de um ato jurídico, e
também condena o réu a uma indenização por dano material ou moral, o que não foi
objeto do pedido do autor.

A que julga fora do pedido, ou seja, julgas procedente o pedido do autor, mas ao invés
de conceder o pretendido por ele, concede objeto diverso do requerido, denomina-se
extra petita. Ex.: ação que julga procedente o pedido de reintegração de posse, mas
apenas concede em favor do autor um arbitramento de aluguel a ser suportado pelo réu.

A Sentença que concede abaixo do pretendido, ou deixa de apreciar pedido


expressamente formulado, ou que deixa de examinar questão de vital importância para
a parte, denomina-se citra petita. Ex.: a sentença que decreta o despejo do inquilino,
mas permite que sua esposa permaneça no imóvel; que declara a rescisão de um
contrato de compra e venda, e deixa de atribuir o pagamento de multa pactuada entre as
partes.

Tais sentenças são tidas como nulas, pela posição majoritária da Doutrina, pois acabam
afetando um dos requisitos essenciais, que é a parte dispositiva. Observe-se, no entanto,
que existem algumas posições divergentes, como a do Prof. Antonio Carlos Marcato, que
defende que a sentença ultra petita é apenas anulável, sendo inválida apenas a parte
excedente.

Com a sentença se esgota a atividade do juiz, o qual não poderá mais modificar a
prestação jurisdicional dada, só podendo alterá-la para corrigir erro material, ou erro de
cálculo.

MOMENTO DA EFICÁCIA DA SENTENÇA


Sentenças declaratórias e condenatórias produzem efeito ex tunc, ou seja, nas
declaratórias, o efeito declaratório retroage à época em que se formou a relação jurídica
ou em que se verificou a situação jurídica declarada;
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Nas sentenças condenatórias o efeito também ex tunc, mas a retroação se faz


apenas até a data em que o devedor foi constituído em mora, via de regra à data da
citação, conforme o artigo 219 do CPC;

Já o efeito das sentenças constitutivas é normalmente ex nunc, ou seja, produz-se


para o futuro, a partir do trânsito em julgado.

Casos especiais de sentenças constitutivas:

a) sentença que anula o ato jurídico por incapacidade relativa do agente, ou vício de erro,
dolo, coação, simulação ou fraude, porque sua eficácia é ex tunc em decorrência do
artigo 182 do atual Código Civil, que determina que as partes devem ser restituídas ao
estado em que se achavam antes do ato anulado;

b) sentença de interdição, porque seus efeitos ex nunc começam a atuar a partir da


sentença, antes mesmo do trânsito em julgado (art. 1.184 do CPC )

DA COISA JULGADA

É a qualidade do comando da sentença (efeito mediato) que a torna imutável e


indiscutível, em virtude do esgotamento de todas as vias recursais ou em virtude da não
interposição de recurso, conforme definição do Prof. Jônatas Luiz Moreira de Paula, em
sua obra Teoria Geral do Processo..

Essa imutabilidade é criada pela impossibilidade da decisão ser atingida por eventual
recurso da parte, ou seja, ela é gerada pelo trânsito em julgado da sentença.

- Coisa julgada formal: É a imutabilidade da decisão dentro do mesmo processo. É o


que ocorre com as sentenças terminativas (não julgam o mérito da causa). Pode haver
nova propositura da ação, para que o fato seja rediscutido, em outro processo.
Para as sentenças de mérito, porém, quando ocorre a coisa julgada formal, (esgotamento
dos recursos), ocorre também (salvo algumas exceções) a coisa julgada material.

- Coisa julgada material: é a imutabilidade dos efeitos que se projetam fora do processo
(toma-se lei entre as partes) e que impede que nova demanda seja proposta sobre a
mesma lide. É o chamado efeito negativo da coisa julgada material, que consiste na
proibição de qualquer outro juiz vir a decidir a mesma ação.

Em face da natureza de certas relações jurídicas discutidas, não fazem também coisa
julgada material:
- as sentenças chamadas determinativas, por exemplo, a sentença relativa a guarda
dos filhos;
- as sentenças proferidas em jurisdição voluntária – art. 1.111, CPC;
- as sentenças proferidas em ação de alimentos;
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- as sentenças em geral, proferidas em casos de relações jurídicas continuativas, quando


sobrevêm modificação no estado de fato ou de direito, caso em que a parte pode pedir
revisão do que foi estatuído na sentença (art. 471, I).

Na ação popular, há tratamento especial da coisa julgada, na qual é possível a repetição


da demanda se a ação foi julgada improcedente por deficiência de provas (Lei n.º
4717/65, art.18) e nas ações coletivas (Lei n.º 8078/90, c.c. Lei n.º 7347/85).

Após o trânsito em julgado da sentença e ocorrendo a coisa julgada material, ainda há


possibilidade de desfazê-la, por meio da ação rescisória - art. 485 do CPC - em casos
de grave defeito formal ou de conteúdo da decisão, no prazo de 02 anos.

Eficácia preclusiva da coisa julgada: a coisa julgada restringe-se ao deduzido pelas


partes em juízo e ao objeto da decisão do mérito.

Contudo, o art. 474 estipula serem presumidas como deduzidas e repelidas todas as
alegações e defesas que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do
pedido.

Na verdade, tal fato liga-se ao princípio da eventualidade e ao fenômeno da preclusão.


Ora, todas as teses de direito possíveis devem ser deduzidas na inicial ou na
contestação. Se não o forem haverá preclusão. Portanto, se as partes poderiam ter
discutido determinadas teses em juízo na ação, mas optaram pela omissão, perdem o
direito de discuti-las em outro processo, tendo em vista eficácia preclusiva da coisa
julgada.

Limites objetivos da coisa julgada: as questões enunciadas no art. 469, não fazem
coisa julgada. Em outra ação poderão ser rediscutidas, e o novo juiz tem total liberdade
de reapreciá-las.

Faz coisa julgada material todavia, a resolução de questão prejudicial se a parte o


requerer, o juiz for competente em razão da matéria e constitui pressuposto da lide (vide
ação declaratória incidental - art. 325 do CPC).

Limites subjetivos da coisa julgada: os efeitos só são imutáveis para as partes, e não
prejudica nem beneficia terceiros estranhos ao processo. É o que se convencionou
denominar limites objetivos da coisa julgada.
Pode entretanto ocorrer, em razão de determinados litígios, tais como:

a) nas ações de estado: conforme art. 472, do CPC, que trata da extensão da coisa
julgada a terceiros, desde que estes tenham sido citados regularmente no processo;

b) em certas relações jurídicas, por dependerem de outra que está sob julgamento,
conforme decisão proferida, em que o terceiro se vê atingido inevitavelmente pelas
consequências da sentença, sofrendo os efeitos civis da sentença e em virtude da
modificação produzida no plano do direito de recompor a situação anterior. Ex.: A é
credor hipotecário de B, tendo a sua garantia sobre imóvel que B vem a perder em ação
reivindicatória movida por C; tal garantia, em face da decisão entre C e B, está
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irremediavelmente perdida porque a nova situação jurídica declarada (B não era o


proprietário) torna impossível a manutenção da hipoteca.

c) outros casos de extensão da coisa julgada, a terceiros, observados na prática,


conforme entendimento do art. 472, primeira parte. Ex.: os sucessores das partes estão
sujeitas à coisa julgada porque receberam os direitos e ações no estado de coisa julgada;
o do substituído no caso de substituição processual, em que o substituto foi a parte, mas
o direito é do substituído, o qual consequentemente, tem sua relação jurídica decidida
com força de coisa julgada; a dos legitimados concorrentes para demandar (como por
exemplo credores solidários), que também mesmo sem ser parte têm a decisão de mérito
contra si imutável.

O efeito negativo e a tríplice identidade:

A tríplice identidade é elemento perfeito de identificação da ação, mas não pode ser
utilizado para limitar o âmbito do chamado efeito negativo da coisa julgada.

Esta atinge as partes e sua imutabilidade refere-se ao dispositivo da sentença; assim é


possível concluir que essas partes, quanto ao que decidido no dispositivo da sentença,
estão proibidos de voltar a discuti-lo, e o juiz, em face delas, está proibido de decidir
diferentemente, qualquer que seja a ação, a nova ou a mesma em que se pretenda
reexaminar a questão.

Assim, o efeito negativo da coisa julgada consiste na proibição de se voltar a


discutir, ou decidir, o que foi decidido no dispositivo da sentença de mérito
irrecorrível em face das mesmas partes, qualquer que seja a ação futura.

AÇÃO RESCISÓRIA

Cabimento da ação rescisória

Uma sentença de mérito, com o trânsito em julgado, apesar de sua imutabilidade, pode
ser rescindida em casos excepcionais, conforme disposição expressa no artigo 485, do
CPC, desde que ajuizada no prazo de 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da
decisão (art. 495, CPC), quando:

I – se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;


II – proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III – resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão
entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV – ofender a coisa julgada;
V – violar literal disposição de lei;
VI – se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja
provada na própria ação rescisória;
VII – depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de
que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
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VIII – houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se


baseou a sentença;
IX – fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
X – a indenização fixada em ação de desapropriação direta ou indireta por flagrantemente
superior ou manifestamente inferior ao preço de mercado objeto da ação judicial.

Legitimidade Ativa
Podem figurar no pólo ativo da ação rescisória, conforme artigo 487 do CPC:
I – quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II – o terceiro juridicamente interessado;
III – o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção (vide arts. 82 e
84, CPC);
b) quando a sentença é o efeito de conclusão das partes a fim de fraudar a lei.

Requisitos do pedido inicial

O pedido inicial da ação rescisória deve atender basicamente os requisitos do artigo 282,
do CPC, devendo o autor, a teor do que dispõe o artigo 488:
I – cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;
II – depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de
multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou
improcedente. Tal dispositivo não se aplica à União, ao Estado, ao Município e ao
Ministério Público.

Procedimento da ação rescisória

A ação rescisória deve ser distribuída perante o Tribunal com competência recursal sobre
a decisão rescindenda, processando-se no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal
Federal de Recursos, na forma dos seus regimentos internos, e nos \estados, conforme
dispuser a norma de Organização Judiciária.

A distribuição da ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda (art.


489), podendo ser indeferido o pedido inicial, conforme artigo 490, nas seguintes
hipóteses:
I – nos casos previstos no art. 295;
II – quando não efetuado o depósito, exigido pelo art. 488, II, equivalente a 5% do valor da
causa.

O réu será citado, por ordem do relator, para oferecer contestação em prazo nunca
inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias. Findo o prazo com ou sem
resposta, observar-se-á no que couber o disposto no Livro I, Título VIII, Capítulos IV e V
(vide artigos 323 a 328 e 329 a 331, do CPC).

Havendo necessidade de provas, o relator delegará a competência ao juiz de direito da


comarca onde deva ser produzida, através da expedição de carta de ordem, fixando
prazo de 45 a 90 dias para a devolução dos autos, conforme artigo 492, do CPC.
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Encerrada a instrução, autor e réu terão vista dos autos, sucessivamente, pelo prazo de
10 (dez) dias para as razões finais, subindo após, os autos ao relator, para proceder-se
ao julgamento (art. 493).

Julgamento da ação e seus efeitos

Se a ação for julgada procedente, o tribunal rescindirá a sentença, e proferirá, se for o


caso, novo julgamento, determinando a restituição do depósito, conforme artigo 494, do
CPC.

Na hipótese de declarar inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito


reverterá a favor do réu, sem prejuízo do disposto no artigo 20, do CPC, que trata faz
fixação de sucumbência (verba honorária).

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