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(20/06/06)
Ainda que no presente ensaio seja defendida uma visão pessoal,
porquanto independente, acerca da questão mente-cérebro e de outros
aspectos relacionados a fenômenos de percepção e consciência, uma leitura
desatenta poderá incorrer à conclusão fácil de que aqui se defende uma
ideologia materialista, uma ontologia reducionista ou, enfim, um “ismo”
cientificista qualquer. Numa época em que tão facilmente se mistura filosofia,
religião, política e ciência, ora de forma ingênua, ora vil, e em tempos de
tamanho relativismo, em que se encoraja a livre e impensada veiculação de
opiniões como nunca se viu, é compreensível – embora intolerável - a eventual
formação de pré-conceitos dessa espécie. Pela mesma razão, contudo, é
imprescindível uma leitura crítica, mas não precipitada.
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Parcimônia
Suponha que você, num ponto A, atira um objeto sólido para frente e
para o alto, que perfaz uma determinada trajetória sob influência, digamos,
exclusivamente da força gravitacional, durante um intervalo de tempo t, e
chega ao ponto B. Essa será uma trajetória parabólica. Imagine agora um outro
percurso possível para que esse objeto saia do ponto A e chegue a B, no
mesmo intervalo de tempo, nas mesmas condições. Claro que isso não seria
possível fisicamente – e veremos o por que – mas uma segunda trajetória pode
ser possível matematicamente. Assim, imaginemos uma outra trajetória - cheia
de zigue-zagues, por exemplo – que esse mesmo objeto percorre, entre A e B,
ao ser atirado por você, sob ação das mesmas forças (nesse exemplo didático,
apenas uma) e durante o mesmo intervalo de tempo. Se você calcular a
diferença entre a energia cinética e a energia potencial em cada instante, e
integrá-la no tempo ao longo do caminho, verá que o resultado no segundo
caso será maior. Em todo percurso imaginado a diferença entre energia
cinética média e energia potencial média será sempre maior que o caso real.
Esse resultado, conhecido como Princípio da Menor Ação, nada mais é do que
uma forma elegante de enunciar as leis de Newton: o caminho que uma
partícula percorre entre dois pontos é tal que a variação instantânea de energia
é sempre a menor possível.
Por exemplo, suponha que você pegue uma caixa de papelão e faça um
recorte bem sinuoso ao longo da parte de cima, e retire o topo da caixa
recortado. Depois, pegue uma membrana de borracha (como uma bexiga
aberta, por exemplo), estique-a e encaixe-a apertadamente sobre o recorte na
caixa (o mesmo pode ser feito com um fazedor de bolhas de sabão ou invés da
membrana). Atribuindo coordenadas x e y no plano do fundo da caixa, e z para
a altura, a cada ponto da superfície obtida, podemos dizer que a função z =
F(x,y) satisfaz a equação de Laplace. Uma bolinha que seja colocada sobre
essa superfície rolará para o chão porque a superfície não apresenta nenhum
vale onde a bola pudesse ser depositada. Assim, as funções que satisfazem à
equação de Laplace - as funções harmônicas - não apresentam pontos de
máximo ou mínimo a não ser nas bordas. No interior desse contorno, a área é
sempre a menor possível, sem picos ou vales, assim como, para o caso
unidimensional, a menor distância entre dois pontos é uma reta.
No caso da eletrostática, a função potencial elétrico satisfaz a equação
de Laplace:
∇2 V = 0
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Em Filosofia da Mente
Ensaio redigido com base em outros textos do próprio autor, que podem ser
visualizados no sítio http://bio.warj.med.br/textos.asp