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CAPÍTULO 7
LEGISLAÇÃO DE
PROTEÇÃO ANIMAL
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
1. Introdução
ÍNDICE
3. A Constituição
6. Organizações internacionais
a) Organização Mundial de Saúde Animal
b) Organização Mundial de Comércio
c) Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico
d) Organizações das Nações Unidas
e) Comissão Internacional sobre a Pesca da Baleia
f) Associação Internacional de Transporte Aéreo
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CAPÍTULO 7
LEGISLAÇÃO DE
PROTEÇÃO ANIMAL
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
7. Instituições européias
ÍNDICE
a) A União Européia
b) O Conselho da Europa
c) Os maiores sucessos da proteção animal
na Europa
9. Recursos adicionais
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1 INTRODUÇÃO
WSPA acredita que toda nação deva ter uma legislação de proteção animal abrangente.
Os animais são seres sencientes e, portanto, com direito a reconhecimento, cuidado e
proteção contra todo sofrimento evitável.
No entanto, a legislação sozinha é insuficiente para produzir uma mudança real nas atitudes
e na proteção prática aos animais. Para ser realmente eficaz, a legislação precisa tanto do
apoio popular de uma sociedade humanitária e cuidadosa quanto de uma aplicação correta.
A educação pode ocasionar melhorias duráveis, mas a legislação fornece uma rede de
segurança para evitar a crueldade e o abuso e deve refletir o consenso atual da sociedade.
A legislação pode ser introduzida para atender uma série de objetivos. Por exemplo:
• Proibir certas atividades que envolvam animais, como, por exemplo, a utilização de
animais em circos.
• Proibir certos métodos de produção, como, por exemplo, baterias de gaiolas ou produção
de pele de animais.
• Proteger os animais domésticos e a vida silvestre, criando, por exemplo, leis contra a caça.
• Promover o bem-estar dos animais, como, por exemplo, ao introduzir os padrões e
requisitos legais mínimos.
• Evitar a crueldade contra os animais ou reduzir o sofrimento animal.
• Proteger a saúde animal e da população humana, proibindo, por exemplo, o uso de
hormônios de crescimento.
• Estimular a responsabilidade entre os proprietários de animais.
Campanhas e lobby político podem ser usados para alcançar uma série de objetivos
legislativos, incluindo:
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Para funcionar de maneira efetiva, as organizações de proteção animal precisam estar
familiarizadas com as leis de proteção animal em seus países, se existirem. As organizações
podem, também, ter um papel muito importante, influenciando a introdução e a melhoria
das leis de proteção, incluindo a área vital de cumprimento da lei.
O sistema legislativo depende da cultura e da história do país. Por exemplo, a lei pode estar
baseada na dos poderes coloniais antigos. Assim, as leis nos países da Comunidade
Britânica, nos ex-países da Comunidade Britânica e nas antigas colônias britânicas são
baseadas nas leis britânicas. Nos países muçulmanos, a lei pode ter como base princípios
religiosos. É importante entender o alicerce legislativo de seu país, a fim de usar de maneira
correta os modelos legislativos e as táticas de lobby político (persuasão). A seguir, um
exemplo de uma estrutura legislativa:
a) Estrutura legislativa
A Legislação Primária explica os princípios gerais e fornece poderes para regulamentação
adicional. Um “Projeto de Lei”(PL) é um rascunho que precisa passar pelo Parlamento ou
pelo Congresso e ser aprovado em nível governamental antes de tornar-se lei. Uma “lei” é a
lei que passou por um órgão legislativo.
Leis municipais e estaduais são leis locais, que são executadas localmente. O nível exato
depende da estrutura governamental regional. Por exemplo, nos EUA há diferentes camadas
de legislação: as leis federais se aplicam em todo o país, as estaduais somente no estado
em questão. E pode haver leis municipais localizadas, de cidades ou distritos. A lei federal
pode ser aprovada somente nas áreas cobertas pela Constituição. Assim, a maioria das leis
de proteção animal está em nível estadual.
Os códigos de prática são princípios gerais escritos especificamente para aqueles que
cumprem a legislação. Eles fornecem orientação prática a respeito das inclusões feitas por
ou sob uma lei. Geralmente, a falha no cumprimento de um código não sujeita a pessoa a
procedimentos legais. No entanto, a prova do não cumprimento de um padrão estabelecido
num código de prática pode ser usada para servir de apoio a uma acusação por um delito
sob determinada lei. Da mesma forma, uma pessoa que é acusada de um delito sob uma lei
pode defender-se, demonstrando que seguiu o padrão estabelecido no código de prática.
b) Estruturas governamentais
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os assuntos relativos ao tema são exercidos.
C) Comitês e Conselhos
Os comitês consultivos do poder público podem desempenhar um papel significativo para
melhorar o feedback do governo e do conselho especializado em assuntos de proteção
animal. Seu papel e seus escopos podem variar grandemente: podem ser desde comitês
para todos os aspectos de proteção animal (todas as matérias e questões práticas e éticas
da execução, como na República Checa) até instituições com maior abrangência, como um
comitê ético dedicado à biotecnologia.
Consulta
Os grupos de proteção animal devem exigir consultas completas e abertas que afetem – ou
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provavelmente afetem – a proteção animal. Em especial:
• Consulta completa dos grupos de proteção animal na mesma base que a indústria.
• Representação em todas as reuniões de consulta.
• Consulta escrita com os resultados publicados para haver transparência.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Dessa forma, as inclusões pouco práticas e as áreas de conflito podem ser resolvidas antes
da introdução da lei. Isso é vital, porque qualquer legislação pode ser inexeqüível, a menos
que seja julgada justa e prática. Análises técnicas e conselhos especializados – por exemplo,
científicos ou veterinários – devem ser obtidos e utilizados sempre que possível. Em áreas
onde a consulta contínua é prevista, um órgão de consultoria permanente pode ser
constituído e isso pode constar na própria legislação.
d) Elaboração da legislação
As organizações de proteção animal são, às vezes, solicitadas a ajudar na elaboração da
legislação nacional e local ou a comentar sobre a legislação já elaborada pelo órgão
governamental relevante. Deve-se procurar conselhos especializados para garantir que
qualquer legislação de proteção animal proposta seja clara, forte e exeqüível. Embora a
legislação de outros países possa ser usada como modelo ou referência, é essencial
construir a lei de acordo com a estrutura legislativa própria de seu país.
Ao elaborar-se a legislação de proteção animal deve-se ter em mente uma série de questões:
As metas e os objetivos da legislação: pode ser útil incluir as razões pelas quais a legislação
está sendo introduzida; razões-chave podem abranger a senciência dos animais, a sua
capacidade de sofrimento e o declínio moral e espiritual causados pela crueldade. O preâmbulo
da lei (a declaração introdutória, que geralmente é encontrada no início) é o lugar correto para
resumir-se a intenção e o propósito daquela determinada peça da legislação de proteção animal.
Termos do tipo “sofrimento desnecessário” devem ser usados? E, se forem, como devem ser
definidos para evitar ambigüidade? O que caracteriza a crueldade? Se estiver prevista uma
inspeção, quem é o inspetor?
É possível deixar as definições abertas para serem ampliadas posteriormente. Por exemplo:
pode-se estender a definição de “animal” para incluir certos invertebrados, se houver uma
prova científica de que são sencientes.
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Dever de cuidar: ao se referirem à crueldade contra os animais, muitas leis de proteção
especificam que um animal tem de realmente estar sofrendo antes que uma infração seja
cometida. Nada pode ser feito até que o sofrimento seja evidente, mesmo que
provavelmente esteja em sofrimento antes que o tratamento veterinário seja procurado ou os
cuidados padrões sejam acionados. Isso dificulta que as autoridades do cumprimento da lei
evitem o sofrimento, especialmente em casos de negligência, em que as condições do
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
animal podem se deteriorar gradualmente por um período de tempo. Isso pode ser resolvido
introduzindo-se um “dever de cuidar” estatutário para todos os que cuidam de animais,
para que cuidem de todos adequadamente e garantam que não venham a sofrer.
O “dever de cuidar” estatutário foi introduzido no novo projeto de lei de bem-estar animal
na Inglaterra e no País de Gales. Isso, com efeito, faz com que a crueldade por negligência
seja considerada uma infração, tanto quanto fazer um animal sofrer deliberadamente. Isso
possibilita às autoridades responsáveis pelo cumprimento atuar logo aos primeiros sinais de
negligência e, se necessário, remover o animal antes que comece a sofrer.
Poderes: as autoridades responsáveis pelo cumprimento da legislação devem, por lei, ter
poderes e eles devem ser claramente delineados. De preferência, elas devem possuir a
autoridade para agir em emergências (fornecendo tratamento veterinário, retirando o animal
de uma situação provável de sofrimento ou, quando necessário, sacrificando um animal).
Toda a série de poderes dada às pessoas responsáveis pelo cumprimento da legislação deve
ser analisada. Por exemplo: elas têm autoridade para deter pessoas e veículos? e, se assim
for, com base em quê? Elas devem ter o poder de entrar em qualquer propriedade ou
instalação com o propósito de averiguar se uma infração foi cometida?
3 A CONSTITUIÇÃO
Nem todos os países têm uma Constituição escrita. Entretanto, onde há uma Constituição,
um dos objetivos úteis da proteção animal é a inclusão do tema na carta magna.
Além da União Européia, poucos países – incluindo Alemanha, Índia, Áustria e Brasil –
estipularam a proteção animal em suas constituições. Isso pode representar uma mudança
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radical que pode ser utilizada em todas as futuras campanhas legislativas e de lobby. Na
falta de proteção animal na Constituição, seus objetivos podem ser anulados por outros
princípios constitucionais, tais como a liberdade da ciência/pesquisa ou a liberdade de
expressão artística.
firmemente que há uma conexão direta entre a maneira como tratamos os animais aos
nossos cuidados e o tipo de sociedade em que vivemos. Como sempre acreditei na
conversão da Comunidade Econômica Européia em uma verdadeira Comunidade Européia,
tenho sido o primeiro a argumentar que o bem-estar animal deve ser reconhecido nos
tratados que governam a União Européia (UE). Orgulho-me que a UE tenha tomado a
liderança nesta área e gostaria de ver os Estados membros e outras nações seguirem essa
liderança, incluindo a proteção animal em suas constituições."
Índia: alguns dos objetivos da proteção animal foram incluídos na Constituição indiana
desde sua adoção, em 1950. Em especial, o artigo 48, que lida com a agricultura, incluiu a
proibição do abate de vacas, bezerros e outros animais que fornecem leite e os de tração.
Em 1974, outras inclusões foram feitas, incluindo o artigo 51A, que declarou ser dever de
cada cidadão da Índia "proteger e melhorar o meio ambiente natural – incluindo florestas,
lagos e vida selvagem – e ter compaixão pelas criaturas vivas".
4 CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO DE
PROTEÇÃO ANIMAL
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• O cumprimento da lei é instrumental para melhorar e manter os padrões.
• O cumprimento da lei pode evitar abuso contra os animais.
• Quando isso falha, o cumprimento da lei possibilita a remoção dos animais da causa
daquele abuso.
• O cumprimento da lei sustenta a regra da lei, demonstrando que o Estado, por meio dos
tribunais, punirá aqueles que a desconsiderarem.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
A escolha dos meios para fazer cumprir a lei é complexa e requer a análise dos seguintes
fatores: perícia, conflito de deveres, responsabilidade, nível de cobertura, controle e
coordenação, o papel das ONGs, se houver, providências práticas e a possibilidade de haver
um comitê de ética animal assessorando o governo.
• A polícia.
• Outros órgãos nacionais e governamentais.
• Autoridades federais.
• Encarregados da proteção animal: funcionários que trabalham no bem-estar animal nos
países mais avançados. Nos piores casos, pessoas que apanham cachorros.
• Organizações de proteção animal.
• Veterinários.
• Pessoas comuns.
A escolha das autoridades e dos canais de cumprimento da lei é difícil, porém vital. As
sociedades de proteção animal devem fazer lobby para garantir que as autoridades
escolhidas sejam solidárias, tenham conhecimento e recursos.
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5 ESTRATÉGIAS DE PROTEÇÃO ANIMAL
O movimento de proteção já usou muitas estratégias para melhorar a proteção legal aos
animais. A seguir, alguns exemplos do que já foi feito e do que pode ser feito.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Recomendamos que leiam os capítulos sobre como fazer campanhas e lobby, que também
estão relacionados a introdução, melhoria e uso da legislação.
a) Introdução da legislação
• Lute por uma forte posição nacional no caso de negociações internacionais.
• Os países membros da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) devem lutar por
posições fortes de proteção animal nas negociações sobre padrões internacionais.
• Lute pela ratificação de acordos internacionais.
• Lute pela inclusão de acordos internacionais na legislação nacional.
• Somente para países europeus: lute pela assinatura/ratificação das convenções sobre
bem-estar animal do Conselho Europeu, se isso já não tiver sido feito.
• Somente para países europeus: lute para que os textos das convenções e das
recomendações do Conselho Europeu sejam incluídos na legislação nacional.
• Para membros da União Europeia ou aqueles que queiram se incorporar à UE: lute pela
implementação total das leis sobre bem-estar animal da União Européia (UE).
• Para membros da UE ou aqueles que queiram se incorporar à UE: lute por medidas
nacionais que sejam mais duras do que as leis de bem-estar animal da EU. Por exemplo,
proibir também gaiolas de bateria enriquecidas além das gaiolas tradicionais.
• Lute por leis nacionais de proteção animal, usando bons modelos.
• Lute para que a proteção animal seja incluída em sua Constituição, se esta existir.
• Lute para que o status dos animais como seres sencientes seja reconhecido.
• Lute pela inclusão de boas leis regionais, estaduais ou locais, usando bons modelos.
• Lute por um departamento independente de proteção animal.
• Lute por sistemas eficientes de cumprimento das leis.
• Lute por uma orientação eficiente para o cumprimento das leis.
• Lute pelo treinamento das pessoas e das autoridades responsáveis pelo cumprimento das
leis e de todos os outros envolvidos no comércio de animais.
• Lute por um comitê eficiente de proteção animal, com forte sentido de proteção animal e
representação solidária.
• Lute por códigos de conduta eficazes, para explicar a legislação em detalhe.
• Lute por consulta e acesso a documentos e registros.
• Faça campanha e insista na proibição de sistemas e práticas cruéis específicos.
b) Aperfeiçoamento da legislação
• Lute por uma forte posição nacional em negociações internacionais.
• Para membros da UE ou aqueles que queiram juntar-se à EU: Lute por medidas
nacionais que sejam mais duras do que as leis de bem-estar animal da EU, como a
proibição de gaiolas de bateria enriquecidas além das gaiolas tradicionais.
• Lute pelo aprimoramento de leis de proteção animal nacionais, usando bons modelos.
• Lute pela inclusão de leis aprimoradas de proteção animal regionais, estaduais ou locais,
usando bons modelos.
• Lute por um departamento de bem-estar animal separado ou pela realocação do
bem-estar animal em um Ministério solidário.
• Lute por um sistema mais eficiente de cumprimento da legislação.
• Lute por uma orientação mais eficiente para o cumprimento da lei.
• Lute por um treinamento aperfeiçoado para as pessoas e autoridades responsáveis pelo
cumprimento das leis e para todos os outros indivíduos envolvidos em comércio animal.
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• Lute por um comitê de proteção animal mais eficiente, com uma forte e solidária
representação da proteção animal.
• Lute por códigos de conduta mais eficazes e com conotação de bem-estar, para explicar
a legislação em detalhes.
• Lute por mudanças no status dos animais – para que nunca mais sejam tratados como
propriedades ou "produtos", mas como seres sencientes.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
As sociedades de proteção animal têm usado com sucesso a legislação não relacionada
diretamente com a proteção animal para ajudar a sua causa. Por exemplo, provocando o
fechamento de zoológicos de padrão inferior ou outras instalações onde os animais são
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mantidos, lançando mão da legislação designada para proteger a saúde do meio ambiente
contra "animais selvagens perigosos". O conhecimento das leis é uma ferramenta poderosa.
6 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Os grupos de proteção animal devem ter em mente que, ao mesmo tempo em que o
envolvimento com estas organizações é benéfico, eles devem estar preparados para
frustrações, devido a uma série de fatores, entre eles o tempo que levam para tomar
decisões, a dificuldade de chegar a uma conclusão e os pontos fracos dos sistemas de
votação, que são inerentes a muitas dessas organizações internacionais.
A OIE agora, também, estabeleceu o bem-estar animal como prioridade e organizou uma
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conferência sobre o tema em fevereiro de 2004. Foi escolhida como órgão capaz de
produzir orientações e padrões com base científica sobre o bem-estar animal, devido a seu
forte suporte veterinário e científico.
consumo e abate por motivos de controle de doenças. Esses padrões foram adotados
pela OIE em maio de 2005. Todos os países membros devem agora implementar
esses critérios, mas, até agora, não há procedimentos para o cumprimento da lei para
garantir que isso seja feito. Portanto, com toda certeza, a implementação será desigual
nos países membros.
Outros tópicos, como animais de pesquisa e vida silvestre, serão abordados em seguida,
à medida que os recursos permitirem. Se a OIE progredir como se espera, parece provável
que ela se tornará o órgão internacional mais importante com competência para o bem-
estar animal.
RECOMENDAÇÕES DO COMITÊ:
• O Grupo de Trabalho deve aconselhar o DG e a Comissão de Saúde Animal sobre
o bem-estar animal.
• Os Grupos de Trabalho para o programa de 2004-2005 deverão formar a base
do trabalho de proteção animal da OIE e os recursos adequados deverão ser
fornecidos para as áreas prioritárias.
• Os serviços veterinários devem estar ativamente envolvidos na preparação,
na revisão e na implementação das regulamentações e da legislação de bem-estar
animal em seus países.
• Todos os países da OIE devem ter um papel ativo em suas regiões a respeito
desta iniciativa.
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b) Organização Mundial do Comércio (OMC)
www.wto.org
A OMC impõe um tratado mundial, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), que
insiste que o comércio livre deve ter precedência sobre todas as outras áreas legítimas de
interesse público, incluindo a necessidade de desenvolvimento sustentável, a preservação do
meio ambiente e a proteção animal.
Não há, hoje em dia, leis que proíbam produtos com base no bem-estar animal, porque os
métodos de produção não são um obstáculo reconhecido. Isso fornece um desestímulo
para a introdução de padrões de bem-estar mais elevados. Só se poderia considerar o bem-
estar animal neste contexto se a OMC fosse reformulada ou se padrões internacionais
legalmente aceitos fossem reformulados.
Esta situação é inaceitável para as organizações de proteção animal, que entendem que a
reformulação da OMC é vital – e continuam a fazer um trabalho de persuasão neste sentido.
Da mesma forma, o movimento mais amplo das ONGs cada vez mais questiona a
predominância do conceito de livre comércio, em detrimento de todos os seus impactos
ambientais e sociais.
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• Segurança química, incluindo experiências com animais.
• Diretoria de Cooperação e Desenvolvimento (DICOD), incluindo desenvolvimento
sustentável, meio ambiente etc.
A Organização das Nações Unidas (ONU) tem um importante papel na arena política
internacional. As cinco organizações de proteção animal seguintes têm status de
consultores da ONU:
A FAO foi fundada em 1945 como uma agência especializada da ONU para liderar os
esforços internacionais para vencer a fome. Serve tanto aos países desenvolvidos quanto aos
em desenvolvimento e atua como um fórum neutro onde todas as nações encontram-se
como iguais para negociar acordos e debater políticas. Ajuda os países em desenvolvimento
e nações em transição a modernizar e melhorar as práticas de agricultura, silvicultura e
pesca e a garantir boa nutrição para todos. As atividades da FAO compreendem quatro
áreas principais:
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Organização Mundial da Saúde (OMS)
www.who.int/en
A OMS é governada por 192 Estados membros por meio da Assembléia Mundial de Saúde,
composta por representantes dos integrantes da OMS. As tarefas principais da Assembléia
são aprovar o programa da OMS e o orçamento para o biênio seguinte e decidir sobre as
políticas mais importantes.
Banco Mundial
www.worldbank.org
O Banco Mundial é administrado por uma cooperativa, sendo seus países membros as
partes acionistas. O número de ações que um país possui é baseado aproximadamente no
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tamanho de sua economia. Os Estados Unidos são o maior acionista único, com 14,41%
dos votos, seguidos de Japão, Alemanha, Reino Unido e França. O resto das ações são
divididas entre os outros países membros.
O PNUMA, estabelecido em 1972, é a voz do meio ambiente dentro do sistema das Nações
Unidas. Age como catalisador, advogado, educador e facilitador para promover o uso
inteligente e o desenvolvimento sustentável do meio ambiente global. Sua missão é fornecer
liderança e estimular a sociedade para o cuidado com o meio ambiente, inspirando,
informando e capacitando as nações e os povos para aprimorar sua qualidade de vida sem
pôr em risco a das futuras gerações.
O PNUMA tem assumido questões de proteção animal ligadas à conservação. Mais radical é
o Projeto de Sobrevivência dos Grandes Primatas (GRASP), projeto no qual o PNUMA faz
campanha junto com ONGs associadas para acabar com a ameaça da iminente extinção
enfrentada pelos grandes primatas.
A maioria dos programas do FIDA envolvendo animais enfocam a repopulação com animais,
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seja como forma de alívio imediato em desastres, como parte do processo de reabilitação,
ou como esforço de desenvolvimento em longo prazo.
7 INSTITUIÇÕES EUROPÉIAS
A UE foi estabelecida pelo Tratado de Roma (Tratado CEE ou TCE), assinado em 1957, com
o objetivo de salvaguardar a paz e promover o progresso econômico e social na Europa. A
UE é essencialmente uma área de atividade econômica e comércio sem fronteiras internas.
Não havia poderes no Tratado de Roma para introduzir a legislação da UE para o propósito
específico de proteger os animais. No entanto, após muitos anos de campanha, foi
combinada a inclusão de um Protocolo especial sujeito à lei sobre bem-estar animal no
novo Tratado da União Européia (Tratado de Amsterdã), que agora está incluído na
Constituição Européia proposta. A essência do Protocolo é que obriga as instituições
européias a levar em conta o bem-estar dos animais quando estiverem analisando a
legislação nas áreas de pesquisa, transporte, agricultura e mercado interno.
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Dentro da UE, os grupos mais importantes de lobistas na proteção animal são:
• A Coalizão Européia para o Fim dos Experimentos com Animais: esta coalizão
pan-européia de sociedades de proteção animal faz campanha e lobby sobre assuntos
relativos a experimentos com animais. É coordenada pela União Britânica pela Abolição
da Vivisecção.
www.eceae.org
• A Sociedade Humanitária Internacional (HSI) tem um lobista europeu, que faz lobby
junto à UE em relação a certos assuntos de proteção animal de interesse para a
Sociedade Humanitária dos Estados Unidos e da HSI.
www.hsus.org/ace/20225
b) O Conselho da Europa
www.coe.int
O Conselho da Europa interessou-se pelo bem-estar dos animais porque entendeu que?
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assuntos relativos à proteção animal. Também oferece recomendações detalhadas sob
algumas das seguintes convenções:
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outros lugares. Resumidas do Euro-grupo para o Bem-Estar Animal, elas incluem o seguinte:
Novos padrões para a rotulagem compulsória de ovos foram adotados. A partir de 2004,
todos os ovos produzidos na União Européia e vendidos intactos têm que ser rotulados de
acordo com seu método de produção (criação livre, granja ou gaiola).
Em junho de 2001, foi adotada uma nova diretriz sobre o bem-estar de suínos, que proibirá
o uso de baias de porcas a partir de 2012 e mais adiante limitará o uso de piso totalmente
ripado nos alojamentos de suínos.
Em junho de 1999, uma nova diretriz sobre o bem-estar de galinhas poedeiras proibiu o
uso de gaiola de bateria convencional a partir de 2012.
Antibióticos: 1999
No início de 1999, quatro antibióticos usados como aditivos na alimentação animal foram
proibidos.
Zoológicos: 1999
Em março de 1999, uma diretriz sobre como manter animais selvagens em zoológicos foi
adotada pelo Conselho de Ministros. Esta obrigava os Estados membros a introduzir um
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sistema de licenciamento e inspeção para zoológicos até 2002 e a garantir que os
zoológicos oferecessem espaço suficiente para o comportamento natural dos animais.
O uso de redes de deriva maiores que 2,5 km foi proibido nas águas da Comunidade em
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
1992. Além disso, todos os barcos da Comunidade foram proibidos de usá-las, em todo o
mundo. Em junho de 1998, os ministros da Pesca da UE concordaram em proibir todas as
redes, independentemente do tamanho, até o final de 2001.
Foi aceito um protocolo sobre o Bem-Estar Animal que reconhecia os animais como seres
sencientes. Ele também obrigava os Estados membros a guardar total respeito pelo
assunto ao formularem e implementarem as políticas da Comunidade sobre agricultura,
pesquisa, transporte e mercado interno. Isso foi incluído posteriormente na Constituição
proposta da UE.
Algumas melhorias foram trazidas para o sistema de criação de bezerros de vitela em 1991.
Em janeiro de 1997, a diretriz foi corrigida e ficou acordado que os engradados individuais
fossem proibidos a partir de 1o de janeiro de 1998 para as novas fazendas e até dezembro
de 2006 para todas as outras fazendas.
Transporte: 1995
Em junho de 1995, novos padrões sobre transporte de animais de produção foram aceitos.
Veículos especiais precisam ser usados para viagens de mais de oito horas. Os períodos
reservados para alimentação, água e descanso dos diferentes animais foram também
introduzidos
Esta diretriz incluiu as regras detalhadas para confinamento, contenção do animal, pré-
atordoamento e abate.
Em 1991, foram proibidas coleiras para matrizes de suínos e introduzidas outras melhorias
menores para o bem-estar desses animais.
Uma diretriz sobre a proteção de animais usados para propósitos de pesquisa, baseada na
Convenção do Conselho da Europa, foi acordada pelo Conselho em 1986.
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Proibição dos produtos derivados da foca: 1983
As sociedades de proteção têm lutado por um acordo internacional sobre padrões de bem-
estar animal por muitos anos. A iniciativa líder foi da WSPA, que acredita que o primeiro
passo é garantir uma Declaração Universal sobre Bem-Estar Animal no Conselho Econômico
e Social das Nações Unidas (ECOSOC).
Para levar a iniciativa adiante, um comitê dirigente formado por cinco nações foi formado.
Os governos que servem neste comitê têm por objetivo garantir a participação
governamental. Uma Declaração Universal aceita pela ONU, baseada no texto de Manilha:
• Estabeleceria uma visão governamental global para o bem-estar animal, com base em
um conjunto de princípios aceitos.
• Demonstraria que o bem-estar animal é reconhecido como uma questão de importância
para o grupo das Nações Unidas e a comunidade internacional.
• Atuaria como catalisadora para a inclusão de melhores leis sobre proteção animal no
mundo todo.
Esta iniciativa não deve ser confundida com a Declaração Universal dos Direitos dos
Animais, que foi proclamada em Paris em 15 de outubro de 1978, na sede da UNESCO.
Há uma percepção errônea de que a Assembléia Geral da ONU ratificou essa Declaração.
Ela foi simplesmente aceita por grupos dos direitos animais, dentro do prédio da ONU. Para
mais informações, visite o site: http://league-animal-rights.org/en-duda.html
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b) Convenção CITES
Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagem
www.cites.org/
A CITES é um tratado internacional entre 167 Estados, que entrou em vigor em julho de
1975. O objetivo global da convenção é garantir que o comércio internacional de espécimes
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Os 167 países que se juntaram à CITES são conhecidos como Partes. Embora a CITES
tenha força legal sobre as Partes, o que significa que elas têm de implementar a Convenção,
a CITES não toma o lugar das leis nacionais, mas sim, fornece uma estrutura a ser
respeitada por cada Parte, que tem que criar sua própria legislação doméstica para garantir
que a CITES seja implementada em nível nacional. É importante lembrar que a Convenção é
restrita à regulamentação internacional de comércio somente e não pode proibir a caça e o
consumo dentro de um país.
• Apêndice II: espécies que podem se tornar ameaçadas se o comércio não for
severamente regulado. O comércio internacional de espécimes do Apêndice II pode ser
autorizado por meio da concessão de uma licença de exportação ou reexportação; a
licença para importação não é necessária. As licenças e os certificados devem ser
somente concedidos se as autoridades competentes estiverem convencidas de que certas
condições foram atendidas – acima de tudo, que o comércio não seja prejudicial à
sobrevivência das espécies na natureza.
• Apêndice III: espécies protegidas pelo Estado que os indica e que esteja requerendo
assistência de outras partes para controlar o comércio. O comércio internacional de
espécimes das espécies listadas neste Apêndice é permitido perante a apresentação das
licenças e dos certificados apropriados.
c) Convenção Ramsar
www.ramsar.org/
Há, atualmente, 146 partes contratantes da Convenção, com 1.458 sítios de zona úmida,
num total de 120,5 milhões de hectares, designados para inclusão na Lista Ramsar de
Zonas Úmidas de Importância Internacional
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A Convenção Referente à Proteção do Patrimônio Cultural e Natural Mundial de 1972 tem
por objetivo proteger as propriedades naturais e culturais de destacado valor universal
contra a ameaça de dano num mundo em rápido desenvolvimento.
e) Convenção de Bonn
www.cms.int/
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
9 RECURSOS ADICIONAIS
Websites
American Humane Association: Legislative Action (Associação Humanitária Americana:
ação legislativa)
www.americanhumane.org/site/PageServer?pagename=ta_action_alerts
Animal Legal & Historical Center (Centro Legal e Histórico dos Animais)
www.animallaw.info/
Doris Day Animal League: legislative update (Liga de Animais Doris Day: modernização
legislativa)
www.ddal.org/legislation/
www.hsus.org/ace/702
Federal legislation – Legislação Federal
www.hsus.org/ace/12543
State legislation (Legislação do Estado)
173
2
www.hsus.org/ace/12543
International policy (Política Internacional)
www.hsus.org/ace/11589
Citizen lobbyist centre (Centro lobista do cidadão)
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Institute for Animal Rights Law – IARL (Instituto para Leis dos Direitos Animais – IARL)
www.instituteforanimalrightslaw.org/
www.instituteforanimalrightslaw.org/download_statutes.htm
Selection of model statutes (Seleção de estatutos modelos)
The International Institute for Animal Law (Instituto Internacional para Lei Animal)
www.animallawintl.org/
Net Vet: Veterinary Government and Law Resources (Net Vet: governo veterinário e
recursos de lei)
http://netvet.wustl.edu/law.htm
Rutgers University: Animal Rights Law Centre (Universidade Rutgers: Centro de Leis dos
Direitos Animais)
www.animal-law.org/index.html
http://worldanimal.net/constitution.htm
Constitution campaign (Campanha constitucional)
Livros
Animals and Their Legal Rights
Emily S. Leavitt
Editora: Animal Welfare Institute
ISBN: 978-0686278122
174
2
Animal Welfare Law in Britain: Regulation and Responsibility
Mike Radford
Editora: Oxford University Press
ISBN: 978-0198262459
Christiane Meyer
Editora: Peter Lang, Frankfurt, Germany
ISBN: 978-3631307335
Endangered Species, Threatened Convention: The Past, Present and Future of CITES, the
Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora
Jon Hutton (Editor), Barnabas Dickson (Editor)
Editora: Earthscan
ISBN: 978-1853836671
Political Animals: Animal Protection Politics in Britain and the United States
R. Garner
Editora: Palgrave Macmillan
ISBN: 978-0333730003
175
2
Rattling the Cage: Breaking the Barriers to Legal Rights for Non-human Animals
Steven Wise
Editora: Perseus Publishing
ISBN: 978-0738200651
Recursos CIWF
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
The WTO rules: a legal analysis of their adverse impact on animal welfare (As regras da
OMC: uma análise legal de seu impacto adverso no bem-estar animal)
Relatório detalhado
WTO – the greatest threat facing animal protection today (OMC – a maior ameaça
enfrentada pela proteção animal nos dias de hoje)
Brochura
Recursos WSPA
Animal Protection Legislation: Guidance Notes and Suggested Provisions (Legislação de
proteção animal: notas de orientação e inclusão de leis sugeridas)
Atualizada 2005
10
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
O objetivo desta parte é dar uma visão geral de como a lei brasileira trata os animais,
destacando os principais problemas que dificultam a efetividade da proteção legal aos
animais e despertando a atenção para a necessidade de se fazerem valer e de se
aperfeiçoarem as normas legais que já existem e de se elaborarem outras que disciplinem
questões ainda em aberto.
A primeira norma legal brasileira a dispor sobre proteção aos animais foi o Decreto nº
16.590, de 1924, que regulamentava as casas de diversão públicas, proibindo corridas de
touros e novilhos e lutas de galos e canários.
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2
alguns estados e municípios, a aprovar leis relativas a animais com vigência no âmbito de
suas respectivas jurisdições. Alguns exemplos:
Constituição brasileira
• 1ª constituição a ter um capítulo sobre o Meio Ambiente.
• Artigo 225, parágrafo 1º, inciso VII – incumbe ao Poder Público:
No direito brasileiro, assim como na maioria dos países cuja legislação deriva do direito romano,
os animais são classificados, no Código Civil, no Direito das Coisas, como semovente (coisas que
se movem por si próprias). Como coisa, são objeto de direito e propriedade do Estado, no caso
de silvestres, e particular, no caso das outras espécies . Isso torna bastante complicada a situação
em que o animal é maltratado por seu proprietário. Mesmo que esse proprietário seja acionado
e condenado pelo crime de maus-tratos, o animal não poderá ser-lhe retirado, a não ser que seja
um animal silvestre nativo porque, neste caso, por disposição legal, o proprietário é a União.
O que pode ocorrer é a apreensão do animal, mediante mandato judicial, que poderá ficar sob a
guarda de um órgão autorizado, o qual assumirá a responsabilidade de fiel depositário.
Para uma mudança efetiva na abordagem legal das questões relativas aos animais seria
necessária importante a mudança desse enfoque passando-se a considerar os animais como
sujeito e, não, como objeto de direito. Nessa hipótese deixariam de ser propriedade de
alguém passando, apenas, a ficar sob a sua guarda.
Poder legislativo
• Constituição.
• Emendas constitucionais.
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2
• Leis complementares.
• Leis ordinárias.
• Leis delegadas.
• Decretos legislativos.
• Medidas provisórias.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Poder executivo
• Decretos.
• Portarias.
• Resoluções.
• Instruções normativas.
• Comunicados
As leis, normas criadoras de direitos e deveres, são elaboradas e votadas pelo Poder
Legislativo. O chefe do Poder Executivo expede decretos que são atos que regulamentam a
lei de forma a facilitar a sua aplicação na prática. Atos normativos menores, elaborados
pelas autoridades administrativas, complementam essa regulamentação.
Para que não se estabeleça o caos, com todos os poderes legislando e baixando normas
sobre todos os assuntos, a própria Constituição Federal, que é a primeira das leis,
estabelece o campo de competência de cada poder e fixa uma hierarquia entre as normas
de tal forma que a lei de hierarquia menor não pode desrespeitar nem modificar o disposto
na lei de hierarquia maior. Assim, a lei ordinária não pode desrespeitar a Constituição e o
decreto não pode desrespeitar a lei.
Ao propor-se uma norma legal, a primeira preocupação deve ser a de saber qual o poder
competente para elaborá-la e verificar da existência de norma de hierarquia superior que já
disponha sobre a matéria .
A Constituição Federal é a única norma que não precisa de ater-se a qualquer outra.
Promulgada por uma Assembléia Constituinte, especialmente formada para este fim, pode
fazer tábula rasa de todo o sistema jurídico anteriormente existente, criando uma estrutura
totalmente nova. Já as emendas constitucionais, que alteram a Constituição, devem ater-se
às normas que a própria Constituição estabelece. Por se incorporarem à Constituição,
modificando-a, para serem votadas exigem quorum qualificado, com parâmetros bem mais
rígidos dos que os necessários à votação de uma lei ordinária.
Também existe uma hierarquia entre as leis do ponto de vista do nível de governo que as
elaborou. Assim, uma Constituição Estadual, que é a primeira lei do estado e dita as normas
a serem seguidas por todas as demais normas legais daquele estado (decretos, portarias,
resoluções, etc) tem de respeitar as regras já estabelecidas na Constituição Federal.
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2
Alteração das normas legais:
• Uma norma legal pode ser modificada no todo (REVOGAÇÃO) ou em parte
(DERROGAÇÃO) por uma norma legal de hierarquia igual ou superior.
• A norma legal mais recente, que disponha sobre o mesmo assunto, revoga a anterior.
• A norma legal mais recente revoga a anterior naquilo em que forem incompatíveis.
• Quando a norma legal mais recente é compatível com a anterior, as duas continuam
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
coexistindo.
O conhecimento das regras de revogação das normas legais é importante para que se possa
saber, diante de várias normas, se todas estão vigorando ou se alguma está revogada ou
derrogada por outra. Esse conhecimento também é importante para quando se pretender
sugerir alguma norma legal para disciplinamento de alguma questão: é preciso saber se o
que se pretende apresentar já está regulado em alguma outra norma, qual a hierarquia
dessa norma, se se estará revogando alguma coisa ou se a norma proposta irá coexistir com
as que já existem.
§ 1º – Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
Após a entrada em vigor dessa lei, os atos de abuso e maus-tratos, assim como os de
provocar ferimentos ou mutilações nos animais passaram a ser definidos como crime (artigo
32). Até então, esses atos eram considerados contravenção penal, nos termos do artigo 64
do Decreto-lei nº 3688, de 3 de outubro de 1941. A contravenção, no entanto, por tratar
de atos ou omissões considerados de pouca relevância, fixa penalidades muito brandas, que
acabam não sendo aplicadas, o que, na prática, leva a que prevaleça a impunidade. Aquele
artigo 64 punia a crueldade contra os animais com pena de prisão simples de 10 dias a um
mês ou multa.
Mesmo agora, quando o delito ficou mais grave, já que passou à categoria de crime, a pena
ainda é pequena, o que permite ao juiz trocar a pena de detenção por penas alternativas,
que vão desde a prestação de serviços comunitários até a prestação pecuniária ou o
recolhimento domiciliar. Ainda há muita dificuldade em fazer-se aplicar a Lei nº 9605/1998
face não só ao seu desconhecimento por parte da população e, até, das próprias
autoridades como, também, porque, culturalmente, ainda se dá pouca importância aos
animais e a seu sofrimento o que leva as pessoas a se acomodarem, evitando envolver-se
num processo por esse motivo.
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2
Após a entrada em vigor da Lei nº 9605/1998, muito se intensificou o trabalho legislativo,
em todos os níveis (federal, estadual e municipal), votando-se leis e apresentando-se
projetos de lei com o objetivo de promover o bem-estar animal em várias situações: posse
responsável de animais, controle humanitário da superpopulação de cães e gatos, uso
didático-científico de animais, uso de animais em circos, abate humanitário, trânsito de
veículos de tração animal etc.
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ANIMAL CAPÍTULO 7
Por outro lado, também nem sempre é fácil obter-se o cumprimento das normas legais já
existentes assim como, não raro, ao tentar-se a sua aplicação na prática, percebem-se erros
e lacunas que precisam ser corrigidos e complementados.
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não for sede da Justiça Federal, os crimes praticados conta animais silvestres, serão
processados e julgados na Justiça Comum.
competência.
• Procurar associações de classe para fazer sugestões na área de atuação da entidade.
Ex: Resoluções do CFMV ou dos CRMV.
• Apresentar, diretamente ao Congresso Nacional, Projeto de Lei subscrito por, no mínimo,
1% do eleitorado nacional, além de outras condições (art. 61, § 2º da CF)
Bibliografia:
• http://www.cfmv.org.br/legislação
• DIAS, Edna Cardozo. “A tutela Jurídica dos Animais”. Ed. Mandamentos, Belo
Horizonte, 2000.
• LEITÃO, Geuza. “A Voz dos Sem Voz: direitos dos animais”. INESP, Fortaleza, 2002.
• LEVAI, Laerte Fernando. “Direito dos Animais”. Editora Mantiqueira, Campos do Jordão –
SP, 1998.
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