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2000-2011
12 de Fevereiro de 2011
Reunião Geral da Sociedade Portuguesa de Estudos Medievais
Francisco Segurado
CIDEHUS-UÉ1
Introdução
1
Licenciado em História, Mestrando em O Sul Ibérico e o Mediterrâneo: História Medieval pela
Universidade de Évora / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Membro colaborador do
CIDEHUS-UÉ (Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora).
1
do período em análise, bem como os trabalhos em História Medieval nele
desenvolvidos.
Num segundo momento, dedicaremos a nossa atenção à produção científica
propriamente dita no âmbito da investigação desenvolvida no CIDEHUS-UÉ, dando
especial atenção aos projectos decorridos ou a decorrer no período em apreço, aos
instrumentos de trabalho desenvolvidos no Centro, ao tratamento e à disponibilização
de fontes documentais imprescindíveis aos estudos medievais, aos encontros científicos
realizados quer no âmbito de projectos, quer no decurso da actividade regular da
instituição; e, por último, às publicações que vão trazendo à estampa parte do resultados
das investigações realizadas.
Composto, actualmente, por vinte e sete docentes, dos quais apenas quatro são
doutorados em História Medieval e leccionam as disciplinas da respectiva área, o
Departamento de História e o respectivo curso e suas variantes completaram à bem
poucos meses (Outubro de 2010) trinta anos de existência, data que esperamos ver em
breve formalmente comemorada como forma de assinalar o trabalho de uns em prol da
formação de outros, com o objectivo último da renovação das gerações daqueles que
estudam e dão a conhecer alguns dados sobre a vida do Homem no passado.
O curso de História, no respectivo período em análise, contou já com três
reformas, sendo que a primeira ocorreu pelo ano de 1993 e esteve em vigor até 2003,
data em que se procedeu a nova reforma dos planos de estudo que duraria até 2007,
época em que se reestruturaram os cursos com a bem conhecida reforma de Bolonha.
Fazendo uma análise às alterações sofridas pelas disciplinas exclusivamente
dedicadas à História Medieval, reparamos que, ao contrário daquilo que se possa pensar,
não ocorreu, em Évora, uma redução significativa no número de cadeiras, mas sim uma
alteração na organização dos programas, deixando de existir disciplinas
compartimentadas para as matérias ligadas ao social, ao económico, ao político, à
cultura e às mentalidades, para passar a existir somente duas grandes disciplinas anuais,
nas quais se acabam por tratar essas temáticas em conjunto como um todo pertencente à
sociedade medieval. Aspecto este que não nos parece de somenos importância, visto que
estamos a tratar de um grau académico de base para a formação das perspectivas com
que se observam as realidades históricas.
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Queremos salientar ainda o aumento do número de disciplinas dedicadas aos
Estudos Árabes, situação essa que se justifica pelo surgimento de uma variante dedicada
especificamente para tratar e aprofundar essas realidades.
Menos positivo, temos talvez a redução de anual para semestral da designada
disciplina de Seminário na qual o aluno, escolhendo o período cronológico de eleição,
elabora um trabalho de investigação no qual deve por em prática os conhecimentos
adquiridos ao longo do curso, bem como a capacidade de utilização dos vários
instrumentos de trabalho disponíveis. Reduzir de um ano para um semestre tal disciplina
significa reduzir a possibilidade do aluno por em prática os conteúdos e os instrumentos
de trabalho adquiridos, bem como a capacidade de realização de um trabalho de
investigação coerentemente organizado.
No que diz respeito aos cursos de 2º ciclo teve o Departamento de História da
Universidade de Évora até 2007 o mestrado em Estudos Históricos Europeus, no qual
existia um percurso em que era possível ao aluno especializar-se em História Medieval.
Próprio da conjuntura em que foi criado, este curso privilegiava e direccionava-se para a
História da Europa e para as mudanças que nela se assistiu ao longo dos séculos. Do
nosso ponto de vista, o objectivo principal não era o de observar a Europa como um
espaço composto por entidades políticas e até mesmo regiões detentoras de
especificidades, mas sim de uma Europa como um todo, assente numa mesma visão.
Por outro lado, o excessivo isolamento de se dava ao continente europeu não facilitava o
enquadramento das suas realidades com outras ocorridas em países que, apesar de não
se localizarem na Europa, tinham as suas raízes basilares nas relações com os países
europeus, principalmente os do Sul.
Com a dedicação exclusiva do referido grau de ensino à História
Contemporânea, surge em 2008, o curso de 2º ciclo, em parceria com a Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa, designado O Sul Ibérico e o Mediterrâneo: Estudos
Árabes e História Medieval.
Comparando com o curso anterior, denotamos uma mudança do campo de
observação que deixa de se centrar, na sua exclusividade, na História Europeia, embora
a não despreze, e passa a privilegiar a especificidade de um espaço transeuropeu
designado por Sul e Mediterrâneo, que nas palavras de um Professor desse mesmo
curso – Prof. Doutor Filipe Themudo Barata – foi construído com base numa ideia bem
compreendida por todos os que conhecem e estudaram a história europeia. O
Mediterrâneo já foi, e pretende-se que volte a ser, um espaço que liga os indivíduos e
3
as comunidades ribeirinhas através um conjunto de relações que se baseavam muitas
vezes nos seus interesses económicos, mas, muitas outras, eram frutos de realidades
culturais e sociais complexas. Se há característica que o Mediterrâneo pode reivindicar
é que esta região é uma produtora infinita de diferenças, resultantes de migrações de
povos, guerras infinitas e também pazes prolongadas2.
Contemporâneo deste mestrado é também o Programa Inter-Universitário de
Doutoramento em História (PIUDH), que apesar de muitos ironicamente apelidarem de
Doutoramento de Portugal, uma vez é o primeiro programa doutoral em História
totalmente assente numa parceria inter-universitária (Universidade de Lisboa, Instituto
Universitário de Lisboa, a Universidade Católica Portuguesa e a Universidade de
Évora), defendemos que foi, sem margem de dúvida, uma excelente aposta em prol de
uma melhor formação dos alunos que se materializa na partilha de recursos docentes
especializados, de instalações, de redes de contactos internacionais, de recursos
bibliográficos, informáticos e outros. Por outro lado, o estabelecimento de acordos com
universidades estrangeiras, garante a presença regular de historiadores de renome,
abrindo-se assim as portas para a mobilidade dos doutorados num contexto
internacional.
2
Lorenza de Maria e Angela Toro (coord.), Atlas Mercator: Rotas de Mercadores e Centros de Comércio
no Mediterrâneo, Sete Caminhos, 2008, p. 7.
4
Rebelo da Silva respectivamente intituladas: Economia Conventual e redes Sociais: as
ordens mendicantes na diocese de Lisboa (sécs. XIII-XIV); Riqueza, Prestigio e Poder.
A Oligarquia Concelhia de Évora no século XV; O Medievalismo português na viragem
do milénio: análise bibliométrica e representação taxonómica; O culto e o inculto:
modelos e estratégias na construção da paisagem. O caso do Algarve nos séculos XIII a
XVI.
No que concerne à aquisição do grau de mestre foi defendida, em 2002, a tese de
Nuno Silva Campos – Redes Sociais: D. Pedro de Meneses e a construção da Casa de
Vila Real (1415-1437) e, em 2007, a de Sandra Paulo Campino com o tema Arraiolos
Medieval: Organização de Espaço e Estruturas Sociais. Em desenvolvimento,
encontramos quatro teses de mestrado: a de Teresa Carvalho Leite sobre A Mouraria de
Évora nos séculos XIV e XV; a de Custódia Araújo designada O Fresco de Monsaraz: o
espelho social, artístico e político entre Tejo e Odiana, em finais do século XV; a de
Francisco Segurado, intitulada A Administração Régia periférica: a comarca de Entre
Tejo e Guadiana (sécs XIV e XV); e a de Maria dos Anjos Catatão denominada
Testamentos, doações e espiritualidade do Convento de São Domingos de Évora, no
período de 1440-1520.
Por último, permitam-nos dar notícia dos trabalhos em História Medieval
elaborados no âmbito da disciplina de Seminário, da Licenciatura em História,
designada, em tempos mais remotos, por Trabalho de Final de Curso. Neste ponto
salientamos que só apresentaremos os trabalhos realizados após 2006, uma vez que não
nos foi possível ter acesso aos produzidos nos anos anteriores.
Assim sendo, em 2007, Duarte Guerreiro desenvolveu um trabalho sobre a
minoria muçulmana de Évora, o qual chamou de Os Muçulmanos e o acesso à
propriedade da terra nos séculos XIV e XV: o caso de Évora. Sendo 2008 um ano
estéril em trabalhos desta área, o de 2009 contou com quatro investigações dedicadas à
História Medieval: o de Ana Santos – Livro de Posturas: mercado, medidas sanitárias e
regulamentação de medidas agro-pastoris; o de Bruno Conceição – A simbólica dos
selos concelhios medievais portugueses; o de Custódia Araújo – O Fresco de
Monsaraz: A justiça política na iconografia renascentista em Portugal; e o de
Francisco Segurado – A Colegiada de Santiago de Évora na primeira metade do século
XIV: Composição, organização social e gestão do património. Em 2010, foi
apresentado por André Coelho um trabalho dedicado à análise do reinado de D. Pedro e
os concelhos de Entre Tejo e Odiana. No presente ano lectivo de 2010/2011 encontram-
5
se em desenvolvimento duas investigações: uma da autoria de Inês Barbeiro que se
encontra a analisar a construção da memória da família Fuseiro através da sua
testamentária; e outra da autoria de Samuel Borrego sobre o Tabelionado em Évora no
século XIV.
6
investigadores, quer na sua inserção em projectos de investigação3; quer no apoio às
investigações pessoais no âmbito da aquisição dos graus de mestre e doutor.
Em nosso entender, tem sido essa a política do Centro Interdisciplinar de
História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora, vulgarmente conhecido por
CIDEHUS-UÉ. No que diz respeito à História Medieval, este centro conta com catorze
membros com distintos graus académicos: seis doutorados, cinco doutorandos, dois
mestres e um mestrando que se têm esforçado, pese embora todas as adversidades, por
seguir um caminho coerente na investigação em História Medieval.
Como já foi referido, são os projectos de Investigação que permitem aos Centros
constituir-se como importantes entidades geradores de conhecimento com capacidade
para absorverem os jovens investigadores que vão saindo dos cursos de 1º e 2º Ciclo.
Assim sendo, entre 1998 e 2011 encontramos cinco desses projectos financiados
por diferentes entidades e com distintos objectivos. Em 1998, vê o CIDEHUS ser
aprovado um dos mais importantes projecto que marcou e continua a marcar 4 o perfil da
sua investigação. Financiado pelo programa PRAXIS XXI, o projecto A formação das
Elites e Redes Clientelares. Uma observação centrada em Évora (sécs XIV-XV),
coordenado por uma vasta equipa5, teve como objectivo o estudo dos mecanismos e das
formas de exercício do poder, do eclesiástico ao concelhio e senhorial, dominantes na
região Sul, bem como contribuir para o conhecimento da composição dos grupos
regionais dominantes.
Tal investigação implicou o recurso a fundos documentais parcial ou totalmente
não inventariados. Fundos esses cuja seriação, classificação e publicação respectiva de
inventários e de documentação mais relevante constituiu um objectivo adicional que
ainda hoje se mantém actualizado, uma vez que o CIDEHUS continua ainda a
desenvolver esforços no sentido de disponibilizar on-line grande parte da documentação
3
Onde têm a possibilidade de aprofundar os seus conhecimentos e de adquirirem uma importante
experiencia de trabalho em equipa.
4
Continuam a ser deselvolvidas teses de mestrado e doutoramento sobre temáticas relacionadas com o
projecto, bem como o tratamento de documentação
5
Filipe Themudo Barata (CIDEHUS-UE), Hermínia Vilar (CIDEHUS-UE), Feranado Branco Correia
(CIDEHUS-UE), Armando Pereira, Manuela Santos Silva (FL-UL), Hermenegildo Fernandes (FL-UL)
7
inventariada neste projecto6, bem como a publicação de inventários de fundos de grande
importância7.
Todavia, investigação requer sempre mais investigação e não tendo sido, de
forma alguma, esgotados todos os objectivos do projecto acima referido, em 2004 é
aprovado e financiado pela FCT um outro projecto com uma cronologia (Sécs. XII-XX)
e objectivos mais alargados e transversais, embora a geografia de análise se continuasse
a manter a mesma – a do Alentejo. Intitulado História do Alentejo, séculos XII-XX.
Aprofundamentos Empíricos, foi coordenado por uma vastíssima equipa8 composta por
membros de várias universidade e centro de investigação9 e tinha como principal
objectivo promover uma reflexão de síntese sobre a região, numa perspectiva de longa
duração.
E porque o Sul de que falamos não se encerra na história do Alentejo, é muito
mais do que isso, iniciou-se em 2005 o projecto Mercator10, financiado pelo programa
INTERREG III – B, em parceria com inúmeras instituições estrangeiras, teve como
propósito principal o aprofundamento do conhecimento, através da história e da
arqueologia do Mediterrâneo, das estruturas e sistemas que fizeram parte do património
cultural da bacia do Mediterrâneo, no que diz respeito à rede de transportes comerciais
marítimos e terrestres. Apesar de transversal na sua cronologia, este projecto trouxe ao
6
Entre 2009 e 2010 foram disponibilizados, na base de dados FUNDIS, as descrições dos documentos
contidos no núcleo de Pergaminhos Avulsos da Biblioteca Pública de Évora (BPE).
7
Em 2010, foi publicado o Inventário dos Fundos Monastico-Conventuais da Biblioteca Pública de
Évora, por João Luís Fontes, Joaquim Bastos Serra e Maria Filomena Andrade.
8
Manuel Baiôa (CIDEHUS), Fernando Gameiro (CIDEHUS), Maria Ana Bernardo (CIDEHUS-UE),
Maria Filomena Barros (CIDEHUS-UE), Maria Conceição Andrade Martins (ICS), José Joaquim Vicente
Serrão (CEHCP-ISCTE), Joaquim Serra (CIDEHUS), Hermínia Vasconcelos Vilar (CIDEHUS-UE), Rui
Santos (ISH-FCSH-UNL), Ana Cardoso de Matos (CIDEHUS-UE), Paulo Guimarães (CIDEHUS-UE),
Filipe Themudo Barata (CIDEHUS-UE), Fernanda Olival (CIDEHUS-UE), Maria Antónia Conde
(CIDEHUS-UE), Luís Filipe Oliveira (U. Algarve/CIDEHUS), Hermenegildo Fernandes (FL-UL),
Fernando Branco Correia (CIDEHUS-UE), Paulo Jorge da Silva Fernandes (CIDEHUS)
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CIDEHUS-UÉ; FSCH-UNL (Instituto de Sociologia Histórica); CEHCP-ISCTE (Centro de Estudos de
História C. Portugueses)
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Equipa do Projecto: Filipe Themudo Barata, Antónia Fialho Conde, Margarida Ribeiro, Clarice
Alves; Instituições parceiras: - Heritage Malta- Ministère du tourisme et de la culture (Vallettqa –
Malta); - Cités et Gouvernements Locaux Unis (Liban, Syrie, Jordanie) (Antélias - Liban); - Consorzio
Pisa Ricerche (Pisa – Itália); - Diputación de Alicante, MARQ - Museo Arqueológico Provincial
(Alicante – Espanha); - Mairie de Mértola (Mértola – Portugal); - Poseidon, NON-PROFIT
ORGANISATION FOR REGIONAL DEVELOPMENT AND GROWTH, (Thessalonika – Grécia); -
Regione Lazio - Area Valorizzazione del Territorio e del Patrimonio Culturale (Roma – Itália); - Regione
Liguria - Dipartimento Turismo Cultura Sport e Spettacolo (Genóva – Itália); - Regione Toscana -
Direzione generale delle politiche formative e dei beni culturali (Florença – Itália); - Universidade de
Évora, (Évora – Portugal); - Université Hassan II – Ministère de la Formation des Cadres et de la
Recherche Scientifique (Marocos).
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conhecimento, para o período medieval, importantes elementos para o enquadramento
do espaço mediterrânico e das sociedades que dele dependiam e só com ele existiam.
Actualmente encontra-se o CIDEHUS-UÉ a desenvolver, desde 2010, o projecto
Arquivo Histórico do Cabido da Sé de Évora: Salvaguarda e difusão de informação,
financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e coordenado pela Prof. Doutora
Hermínia Vasconcelos Vilar. Este projecto pretende contribuir decisivamente para a
reorganização, inventariação e preservação do fundo documental do Cabido da Sé de
Évora. Tendo sido alvo no passado de inventariações parcelares, que não abrangeram a
totalidade dos fundos, considerou-se necessário proceder a uma inventariação global
com o objectivo da sua disponibilização on-line. O arquivo em questão tem uma riqueza
de informação única, especialmente no que respeita à história religiosa, social, política e
económica de toda a região Sul de Portugal.
9
Projecto FUNDIS, que de um modo geral se materializa numa base de dados de
descrição documental de fundos arquivísticos de instituições do Sul de Portugal ou que
apresentem informação relevante para os estudos do Sul.
De entre os seus múltiplos objectivos, destacamos os seguintes: promover a
descrição de núcleos documentais para os quais não há catálogos; disponibilizar à
comunidade académica e aos investigadores, em geral, informação histórica dotada de
uniformidade nos seus critérios de descrição; promover a existência de um repositório
centralizador para descrição documental, com vista à criação de uma rede de
informação que, apesar de ser oriunda de diferentes entidades detentoras e de diversos
fundos documentais, se complemente em termos de conteúdo.
Ao nível cartográfico destacamos o Atlas Histórico Digital do Alentejo, iniciado
em 2005, que tem como objectivo proporcionar aos investigadores os meios para
laborar a cartografia de suporte à sua produção científica tendo em vista a futura
publicação duma História do Alentejo.
Por último, destacamos como iniciativa de 2011, uma parceria entre o
CIDEHUS-UÉ, o Centro Hércules da Universidade de Évora; o Instituto José de
Figueiredo e a Biblioteca Pública de Évora, que pretende desenvolver uma técnica
rápida e eficaz que permita a fixação da imagem em suporte digital e a posterior leitura,
de documentação medieval (séculos XIV e XV), em suporte de pergaminho, que se
encontra total ou parcialmente ilegível.
Tal parceria permitirá a leitura e disponibilização do conteúdo dos documentos
em mau estado de conservação; o estudo das tintas e materiais utilizados na escrita; e o
desenvolvimento de um processo que se especialize na leitura e tratamento deste tipo de
documentação.
Temos vindo a afirmar que uma das preocupações do CIDEHUS se prende com
a disponibilização de fontes documentais. Desta forma, queremos agora salientar os
trabalhos que nesse âmbito que têm vindo a ser cumpridos. Transversais
cronologicamente, mas com dados pertinentes para a época medieval encontram-se
publicadas as Memórias Históricas das vilas de Redondo e de Castelo de Vide, em 2005
e 2008 respectivamente. Para 2011, prevêem-se duas parcerias – uma entre o
CIDEHUS-UÉ e a Câmara Municipal de Portalegre e outra entre o CIDEHUS e a
Câmara Municipal de Avis para a elaboração de edições críticas dos respectivos forais.
Relativamente à transcrição e publicação on-line de fontes documentais para a
história medieval, encontra-se disponível, desde 2003, O Regimento de Évora e de
10
Arraiolos; já transcritos e a aguardar publicação temos o Livro de Leis e Posturas da
Câmara de Évora; o Cartulário do Cabido da Sé de Évora e o Tombo das propriedades
das Albergarias de Évora, vulgarmente conhecido por Livro do Acenheiro. A
transcrever e com publicação prevista para o presente ano, está o Tombo das Capelas da
cidade de Évora e das vilas de Montemor-o-Novo, Alcáçovas, Viana do Alentejo,
Redondo, Cabeção, Mora e Lavre.
Quanto a glossários e índices foram publicados on-line os Índices da Obra de
Gabriel Pereira; um Glossário de comércio medieval; e um índice de documentos
existentes nos arquivos espanhóis e italianos imprescindíveis para o estudo das relações
entre Portugal e o Mediterrâneo.
Uma prática continua dos investigadores do centro é a inventariação e
organização documental. Sobre esta prática destacamos a inventariação do núcleo de
Pergaminhos Avulsos da Biblioteca Pública de Évora, entre 2000 e 2002, e a sua
organização virtual e descrição on-line na base de dados FUNDIS entre 2009 e 2010; a
inventariação dos fundos monástico-conventuais da BPE, entre 2000-2002, e que foi
publicada o ano passado; a inventariação e descrição on-line de tombos de contratos das
igrejas de Santiago e São Pedro de Évora e do núcleo de Pergaminhos da Câmara
Eclesiástica da mesma cidade. Para 2011 encontra-se projectada a disponibilização, na
base de dados FUNDIS, dos fundos dos conventos da BPE e do Arquivo da Sé de
Évora.
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etnico-religiosas das diversas construções políticas peninsulares. Volvidos três anos
(Março de 2009) foi organizado um outro colóquio internacional sobre o tema
Almutâmide e a Poesia do Garb al-Andalus. Perspectivava-se a criação de uma reflexão
e debate sobre a poesia lírica, bem como a sua importância para moldar um reino que ia
emergir em breve, fruto de peculiaridades várias, mas em grande parte consequência de
um legado civilizacional, isto é, dando continuidade à síntese da civilização
mediterrânica, que o Islão depositou na Península Ibérica.
Já para o período cristão, assistimos à realização de dois colóquios
internacionais (Elites e Redes Clientelares na Idade Média: Problemas Metodológicos;
Elites e Redes Clientelares. Problemas e Perspectivas), um em 2000 e outro em 2002
respectivamente, e a um workshop também em 2002 (Elites e “Governança” na Idade
Média) sobre as principais temáticas ligadas ao projecto A formação das elites e redes
clientelares. Uma observação centrada em Évora. O primeiro teve como objectivo
último discutir e aprofundar os problemas metodológicos em torno do estudo das elites
e redes clientelares na época medieval. Definidas as metodologias, o segundo encontro
pretendeu equacionar os resultados das investigações de grupo ou de carácter individual
em torno das elites e redes clientelares, comparando-as com os resultados do próprio
projecto em curso.
Perspectivando-se uma análise na longa duração, em Janeiro de 2009, organiza-
se novo encontro para debater os processos de construção de Centros Periféricos de
poder na Europa do Sul nos séculos XII a XVIII. Aqui havia como ponto central a
comparação dos processos de estruturação e organização de pólos periféricos de poder
na Europa do Sul e no Mediterrâneo na longa duração.
Centrado um pouco mais na história social urbana, organizou-se em Março de
2010 um encontro intitulado Categorias Sociais e Mobilidade Urbana na Península
Ibérica no final da idade Média. Com este seminário procurou-se reflectir sobre a
terminologia de identificação social e a definição dos conteúdos funcionais dos grupos
sociais em contexto urbano.
Por último, encontra-se o CIDEHUS-UÉ a organizar, para Junho de 2011, um
colóquio internacional subordinado ao tema Imagem, Identidade e Memória Urbana na
Idade Média. Partindo do próprio questionar do conceito, procurar-se-á reflectir sobre
os factores que contribuem para a criação de uma identidade urbana.
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A terminar, permitam-nos que faça ainda referência a algumas das publicações
editadas pelo CIDEHUS. Relativamente a actas de colóquios foram três as obras
publicadas no período em apreço: em 2001, as Elites e redes clientelares na Idade
Média: Problemas Metodológicos; em 2004, Os Judeus Sefarditas entre Portugal,
Espanha e Marrocos; no mesmo ano foi publicada a tese de mestrado Nuno Silva
Campos intitulada D. Pedro de Meneses e a construção da Casa de Vila Real (1415-
1437); em 2008, editaram-se as comunicações proferidas no encontro internacional
sobre minorias no Mediterrâneo, em obra intitulada Minorias Étnico-Religiosas na
Península Ibérica; e por último, em 2011, o Inventário dos Fundos Monástico-
Conventuais da Biblioteca Pública de Évora.
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