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HABEAS
CORPUS
Alegação de Nulidade
Bens Penhorados
Cabimento do Habeas Corpus
Casamento da Vítima com Terceiro
Falta de Fundamentação da Decisão
Homicídio - Latrocínio
Ilegitimidade do Ministério Público
Imunidade Parlamentar
Juri - Nulidade
Prescrição - Preclusão
Roubo - Furto - Estupro
Tráfico de Entorpecentes
Vereador
fj
Editora
2 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 3
HABEAS
CORPUS
Teoria, Legislação, Jurisprudência e Prática
Edição 2001
fj
Editora
4 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
Revisão:
fj Livros Ltda
Diagramação e Capa:
Pâmela Bianca
fj Editora Ltda
Avenida Santo Amaro n° 2886 - Brooklin
CEP 04556-200 - São Paulo - SP
HABEAS CORPUS 5
SUMÁRIO
Teoria ..................................................................................9
Conceito ..........................................................................11
O habeas corpus no Brasil ...........................................13
Natureza jurídica do habeas corpus ............................17
Espécies de habeas corpus ..........................................19
Cabimento do habeas corpus .......................................23
Condições da ação ..........................................................27
Interesse de agir .............................................................29
Polo ativo ........................................................................31
Polo passivo ....................................................................33
Pressupostos ...................................................................35
Petição ............................................................................37
Competência ...................................................................39
Procedimento .................................................................41
Liminar ............................................................................43
Julgados selecionados ...................................................45
Legislação .....................................................................393
Prática ...........................................................................445
Índice alfabético ...........................................................475
8 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 9
TEORIA
10 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 11
CONCEITO
CONDIÇÕES DA AÇÃO
INTERESSE DE AGIR
POLO ATIVO
POLO PASSIVO
PRESSUPOSTOS
PETIÇÃO
COMPETÊNCIA
PROCEDIMENTO
LIMINAR
JULGADOS
SELECIONADOS
46 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 47
Não!
A imunidade substancial alcança a conduta do parlamentar
que, ante os órgãos noticiosos, e justo em demonstração de
necessária satisfação do seu desempenho parlamentar ao povo,
evidencia fato constatado em regular procedimento de Audito-
ria, cobrando providências.
É por tal razão que bem se colhe em ementa da lavra do il.
Min. Celso de Mello, verbis:
‘(...)
O exercício do mandato parlamentar recebeu expressiva
tutela jurídica da ordem normativa formalmente consubstanciada
na Constituição Federal de 1988.
Dentre as prerrogativas de caráter político-institucional
que inerem ao Poder Legislativo e nos que o integram, emerge,
com inquestionável relevo jurídico, o instituto da imunidade par-
lamentar, que se projeta em duas dimensões: a primeira, de
ordem material, a consagrar a inviolabilidade dos membros do
Congresso Nacional, por suas opiniões, palavras e votos (imuni-
dade parlamentar material).’ (Inq. 510 - DJ 19.4.91 - pg. 4.581,
2, grifamos)
Por certo, a acanhada visão da imunidade substancial
como posta no julgado, ora acertadamente questionada, em
muito deve a esta correta orientação da Suprema Corte.
Assim assentado este fundamento, aqueloutro, deduzido
na inicial, e propondo o reconhecimento da exclusão da
antijuridicidade pelo exercício regular do direito queda prejudi-
cado, até porque compreendido na expressão maior da imuni-
dade substancial.
Pelo deferimento do pleito quer ante a preliminar enfrenta-
da, quer, se superada esta, pelo reconhecimento, no caso, de
nítida situação de imunidade substancial.” (fls. 305/309).
52 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO FRANCISCO REZEK
(Relator): - O deputado estadual Wilson Nunes Martins, ex-
secretário de saúde do município de Teresina, ofereceu queixa-
crime contra a paciente. Alegou, para tanto, que ela incorreu nos
delitos dos artigos 20, 21 e 22 da Lei 5.250/67. A paciente foi
absolvida em primeira instância. Inconformado, o querelante
apelou. A câmara especializada criminal do Tribunal de Justiça
do Piauí reformou a sentença. O acórdão foi assim resumido:
“CRIME CONTRA A HONRA. 1. A afirmação de mal-
versação de recursos do povo é fato ofensivo à honra de qual-
quer administrador público, de sorte que somente deve ser atri-
buída a alguém quando suficientemente demonstradas a
materialidade e a autoria da conduta criminosa. 2. A imunidade
material conferida constitucionalmente ao Vereador se cinge ao
exercício das funções parlamentares. 3. Recurso provido para
condenar a querelada-recorrida.” (fls. 291).
Este o quadro, parece-me correto o parecer do Ministério
Público Federal. Há aqui, com efeito, dois tópicos que favore-
cem a argumentação do impetrante: o da ofensa ao princípio do
juiz natural e o da imunidade parlamentar material.
A Constituição do Estado do Piauí - à vista do que lhe
concede a Carta da República (artigo 125-§ 1º) - é expressa no
dizer que compete ao tribunal de justiça processar e julgar, origi-
nalmente, nos crimes comuns e de responsabilidade, os verea-
dores (artigo 123-III-d-4 in fine). Sendo certo que em nosso
ordenamento jurídico o juiz natural é aquele cujo poder de julgar
deriva de fonte constitucional, não há dúvida de que a garantia
do juiz competente (artigo 5º-XXXVII da CF/88) foi ofendida.
De outro lado, como ponderou o Subprocurador-Geral, a deci-
são em grau de recurso não tem o condão de redimir o vício.
HABEAS CORPUS 53
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.286-6 - SC - Relator: Min. Sydney Sanches.
Pacte.: Claudinei Hacker. Imptes.: Elias Mattar Assad e outro.
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina.
Decisão: A Turma conheceu, em parte, do pedido de
habeas corpus mas, nessa parte, o indeferiu, cassando a liminar
concedida. Unânime. 1ª Turma, 22.10.96.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti e Ilmar Galvão. Ausente, justificadamente, o Senhor Mi-
nistro Celso de Mello.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 71
mente que recebê-lo de volta, não para que este torne a delin-
qüir, mas para atuar como um partícipe do contrato social, ob-
servados os valores mais elevados que o respaldam.
Por último, há que se considerar que a própria Constitui-
ção Federal contempla as restrições a serem impostas àqueles
que se mostrem incursos em dispositivos da Lei 8.072/90 e
dentre elas não é dado encontrar a relativa à progressividade do
regime de cumprimento da pena. O inciso XLIII do rol das
garantias constitucionais - artigo 5º - afasta, tão-somente, a fian-
ça, a graça e a anistia para, em inciso posterior (XLIII), assegu-
rar de boa forma abrangente, sem excepcionar esta ou aquela
prática delituosa, a individualização da pena. Como, então, en-
tender que o legislador ordinário o possa fazer? Seria a mesma
coisa que estender aos chamados crimes hediondos e assim
enquadrados pela citada lei a imprescritibilidade que o legislador
constitucional somente colou às ações relativas a atos de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático (inciso XLIV). Indaga-se: é dado ao legis-
lador comum fazê-lo? A resposta somente pode ser negativa, a
menos que se coloque em plano secundário a circunstância de a
previsão constitucional estar contida no elenco das garantias
constitucionais, conduzindo, por isso mesmo, à ilação segundo a
qual, a contrário senso, as demais ações ficam sujeitas à regra
geral da prescrição.
Destarte, tenho como inconstitucional o preceito do § 1º
do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, no que dispõe que a pena
imposta pela prática de qualquer dos crimes nela mencionados
será cumprida, integralmente, no regime fechado.
Com isto, concedo parcialmente a ordem, não para
ensejar ao Paciente qualquer dos regimes mais favoráveis, mas
para reconhecer-lhe, porque cidadão e acima de tudo pessoa
humana, os benefícios do instituto geral que é o de progresso do
HABEAS CORPUS 85
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO
(Relator): - Ressalvo a convicção pessoal relativa à competência
para julgar habeas corpus impetrado contra ato de Tribunal de
Alçada Criminal quando o paciente não goza de prerrogativa de
foro. Os integrantes do referido Tribunal, como juízes estaduais,
estão submetidos à jurisdição direta, nos crimes comuns e de
responsabilidade, do Tribunal de Justiça local - inciso III do
artigo 96 - ao qual cabe, assim, julgar o habeas corpus. Todavia,
até aqui não é este o entendimento predominante, razão pela
qual, considerado o julgamento da reclamação nº 314/DF, em
que fiquei vencido, na companhia honrosa dos Ministros Ilmar
Galvão, Carlos Velloso e Celso de Mello, coloco a conclusão
própria em plano secundário e conheço do pedido formulado. O
tema foi melhor desenvolvido quando verificado o debate junto
ao Pleno (acórdão publicado na Revista Brasileira de Ciências
Criminais nº 9, páginas 140 a 146).
O Juízo indeferiu o primeiro pedido de progressão de regi-
me de cumprimento da pena à luz da seguinte fundamentação:
“O pedido não é de ser deferido. Com efeito, o condena-
do não demonstrou suficientemente desenvolvido seu grau de
autocrítica. Não reconhece ter cometido o delito pelo qual foi
condenado. Tomo, pois, como razões de decidir os pareceres
técnicos contidos nos autos.” (folha 390)
Nota-se que se caminhou para o campo da penitência,
exigindo-se a auto-incriminação. O acórdão que implicou o en-
dosso a tal indeferimento consigna que não é suficiente à pro-
gressão a observância do critério objetivo, ao que tudo indica já
atendido em 1990, bem como a boa conduta carcerária. Fez ver
que os exames técnicos, analisados com a necessária acuidade,
108 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
É o meu voto.
Há de resistir-se à tentação de proceder-se como que ao
rejulgamento do Paciente considerados os crimes cometidos. Já
foi ele devidamente apenado pelo Estado-julgador. Os esforços
devem ser direcionados a estimular-se a auto-estima do conde-
nado, ficando com isso aberto o caminho para, tanto quanto
possível, observar-se a gradação no tocante ao regime de cum-
primento: o fechado faz-se necessário de início, mas tudo reco-
menda que, atendido o fator tempo e também pronunciando-se
os peritos pela possibilidade da progressão, sem riscos maiores
para o seio gregário, caminhe-se no sentido do deferimento do
pleito mormente quando em jogo a passagem não para o regime
aberto, mas para o semi-aberto. Pouco importa haver-se mos-
trado o examinando ladrão e assaltante, possuindo pena extensa
a cumprir (um total de cerca de trinta anos). Este argumento
contido no acórdão que se aponta como ato discrepante da lei é
de total irrelevância, porque, caso contrário, não se chegará, em
bom número de casos, à progressão situada, como disse, no
campo da individualização da pena. Também o fato de, a certa
altura do cumprimento de pena imposta, haver o condenado
claudicado, não é idôneo ao indeferimento do pedido. A cir-
cunstância já produzira os efeitos próprios, implicando a
regressão.Quanto aos exames procedidos, há de levar-se em
conta as conclusões dos que dizem respeito ao último pedido
formulado. O Grupo de Valorização Humana, comissão técnica,
manifestou-se favoravelmente:
“a equipe técnica, em vista dos pareceres obtidos, consi-
dera que o reeducando reúne condições para a obtenção do
benefício pleiteado.” (folha 437)
A diretoria do estabelecimento penitenciário também pro-
nunciou-se pelo deferimento do pedido (folha 440), sendo certo
que a certidão de conduta revelou-a como ótima, consignando
HABEAS CORPUS 117
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, na
conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade, indeferir o habeas corpus e cassar a liminar.
Brasília, 18 de fevereiro de 1997.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente e Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA (Relator):
- Cuida-se de ordem de habeas corpus, com pedido de medida
liminar, impetrada pela Dra. Sônia Márcia Hase de Almeida
Baptista, em favor de José Maria Bazilato, visando livrar o pacien-
te da prisão civil, decretada pelo prazo de 3 meses.
Alega a impetrante, em síntese, que o auto de penhora não
descreveu o estado em que se encontravam os bens penhora-
dos, bem assim que a decretação da prisão só se justifica quan-
do os bens penhorados forem desviados pelo depositário. Assi-
nala, ainda, a impetrante “que não houve o desvio de bens e -
sim - a deterioração dos bens penhorados” (fls. 10), o que
tornaria injustificável a prisão do seu constituinte por 90 dias.
Requisitadas as informações, quando ainda em tramitação
o feito no âmbito do STF, onde inicialmente impetrada a ordem,
prestou-as o ilustre Presidente do Primeiro Tribunal de Alçada
Civil do Estado de São Paulo, com o ofício de fls. 212/213,
deste teor:
“Tenho a honra de prestar a Vossa Excelência as informa-
ções solicitadas pelo Ofício nº 661/S5T, protocolizado nesta
Secretaria em 26 de setembro p. passado, para instruir o
“Habeas Corpus” nº 5.030/SP (Regimento nº 96/54052-7), em
que figuram como impetrante SÔNIA MÁRCIA HASE DE
HABEAS CORPUS 139
EXTRATO DE ATA
HC n. 77.275-4 - RS - Relator: Min. Ilmar Galvão. Pacte.:
Osmar Gasparini Terra. Impte.: Fernando Buss. Coator: Tribu-
nal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator. Unânime. 1ª Turma, 02.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 157
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
As informações do il. Desemb. Dimas da Fonseca, do Tribunal
de Justiça de Rondônia, sintetiza o caso e pondera - f. 31:
“CLAUDENILSON ALVES, Policial militar regularmen-
te qualificado, foi denunciado e processado porque, no dia 14
de maio de 1995, por volta das 16:30 horas, após prender em
flagrante a vítima Márcio Rogério Fernandes por briga conjugal,
no caminho da delegacia desferiu socos e golpes de bastão na
vítima, causando-lhe as lesões corporais descritas no laudo em
anexo.
Processada a instrução do feito, com a oitiva das testemu-
nhas, e apresentadas as alegações finais das partes, sobreveio
sentença condenatória, aplicando ao paciente as penas de de-
tenção por 90 dias, e 10 dias-multa, no valor de 1/30 do salário
referência, além da pena acessória de suspensão do exercício do
cargo de Policial Militar por um ano, pela prática do crime pre-
visto no art. 3º, alínea “i”, da Lei n. 4.898/65.
Irresignada, a defesa apelou, cujo recurso foi conhecido e
não provido, à unanimidade, pela Câmara Criminal desta egrégia
Corte, momento em que restou motivado o porquê da não con-
cessão da suspensão condicional do processo, prevista no art.
89 da Lei n. 9.099/95.
Naquela ocasião justificou-se que, além do paciente con-
fessar já ter recebido o benefício da referida lei em outro proces-
so-crime (interrogatório em anexo), a certidão do Cartório Dis-
tribuidor local - em anexo - registra seu envolvimento em vários
delitos, dentre eles, dois homicídios, todos esses fatos ocorridos
posterior ao caso em exame.
Transitado em julgado o acórdão, o feito seguiu para a
execução, a ser processada no juízo de origem, onde, em 21 de
HABEAS CORPUS 159
pode ser anulada por vontade de uma das partes, sob pena de
violar o princípio da igualdade e do devido processo legal. Asse-
vera inexistir interesse recursal quando a sentença acolhe proposta
de transação do Ministério Público, aceita pelo denunciado.
Postula a concessão da ordem para que se declare a nuli-
dade do procedimento penal que teve o seu curso retomado
pela decisão impetrada, posto haver conhecido e provido recur-
so aviado intempestivamente pelo Ministério Público, que inclu-
sive não detinha legítimo interesse para tal.
A liminar postulada foi indeferida pelo despacho de fls. 29/30.
Após as informações, manifestou-se a Procuradoria-Geral
da República, em parecer do Dr. Cláudio Lemos Fonteles, no
sentido do indeferimento.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
A questão foi assim apreciada no parecer da douta Procurado-
ria-Geral da República, verbis (fls. 42/44):
“O presente habeas corpus deve ser conhecido, e no mé-
rito denegada a ordem.
No tocante à intempestividade do recurso ministerial, cum-
pre destacar, que diferentemente do entendimento esposado
pelo TJ/MG de que, por não ter sido a transação penal homolo-
gada por sentença, a decisão do MM. Juiz monocrático que
decretou extinta a punibilidade, desafia o recurso stricto sensu
(art. 581, VIII, do CPP), vê-se, ao contrário, que se cuida tal
decisão de sentença homologatória de uma transação penal,
portanto, cabível o recurso de apelação, em consonância com o
disposto no § 5º, art. 76 da Lei 9.099/95, verbis: “da sentença
prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art.
82 desta lei”.
166 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
do para que fosse tocada uma fita cassete, não tendo sido aten-
dido. Estava armado com uma faca. Voltou a sua residência e,
comunicados os policiais, foram estes até sua casa. Lá chegan-
do, violaram o domicílio da vítima e disseram ambos policiais
que desarmariam a vítima. Então, foram em sua direção, certo
que, após uma ligeira queda, o Sd PM Fernandes golpeou a
vítima com uma paulada na mão, deixando esta que a faca caís-
se, enquanto que - com a vítima já desarmada -, o ora acusado
efetuou dois disparos de arma de fogo, matando-a, atingindo as
regiões cervical esquerda e crural direita.
Data maxima venia, entendemos que a sentença proferida
merece ser reformada, a fim de julgar procedente o pedido
condenatório, afastando a propalada legítima defesa, não cabí-
vel na espécie.
Não há no caso em testilha, situação de agressão iminente
que justificasse a ação desmedida do policial militar ora acusa-
do. E, a ação do policial militar foi empreendida com meios
desnecessários e de forma imoderada.
Vejamos trechos de depoimentos que nos revelam os fatos:
“... que o depoente ouviu dizer, que no momento do fato o
réu estava em um bar com uma faca tentando matar um rapaz
que o depoente desconhece o nome. Daí a pouco o depoente
passava pela casa da vítima e, viu o carro da polícia ali chegar.
Por curiosidade parou seu veículo como a casa não tem cerca e
nem muro, viu a vítima sentada em uma área no fundo da casa.
Dois policiais Fernando e Feitosa saltaram da viatura e
Fernando pegou um pedaço de pau. Ambos entraram pela casa
adentro e saíram em uma área onde estava a vítima, viu quando a
vítima com a faca na mão foi de encontro com soldado
Fernandes e este usando o pau que apanhara a pouco desferiu
um golpe. A vítima tentando alcançar novamente com a faca, o
HABEAS CORPUS 181
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.602-1 - GO - Relator: Min. Sydney Sanches.
Pacte.: Alberto Feitosa da Silva. Impte.: Valdeon Roberto Gló-
ria. Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Decisão: A Turma indefiriu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 10.03.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
196 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 197
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.590-3 - DF - Relator: Min. Moreira Alves.
Pacte.: Raimundo Teixeira da Silva. Imptes.: Eduardo Martins
Robinson e outro. Coator: Tribunal de Justiça do Distrito Fede-
ral e dos Territórios.
Decisão: Por maioria de votos, a Turma indeferiu o pedido
de habeas corpus. Vencidos os Senhores Ministros Sepúlveda
Pertence e Ilmar Galvão que o deferiam. 1ª Turma, 07.04.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 205
III - HC deferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por decisão unânime, deferir o habeas corpus, nos termos do
voto do Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento,
os Senhores Ministros Marco Aurélio e Maurício Corrêa.
Brasília, 26 de maio de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - CARLOS
VELLOSO, Relator.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO: - Trata-se de
habeas corpus impetrado por GILMAR MARTINS NUNES
ou GILMAR MARTINS, em seu próprio benefício, com a ale-
gação de que foi condenado em primeira instância a 6 (seis) anos
e 9 (nove) meses de reclusão, em regime fechado, e multa, pelo
crime previsto no art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal.
Por ser leigo e sem conhecimento jurídico, optou por não
recorrer da decisão condenatória, que transitou em julgado.
Posteriormente, ajuizou, junto ao Tribunal de Alçada Cri-
minal, ação de revisão criminal, objetivando, preliminarmente, o
cancelamento do trânsito em julgado. O Primeiro Grupo de Câ-
maras do Tribunal, por maioria, não conheceu da revisão.
Diz o paciente que está sofrendo constrangimento ilegal,
dado que não tinha condições de avaliar a inconveniência da
renúncia em apelar. Aliás, essa renúncia é ineficaz, afirma, sem a
assistência de um advogado. No caso, houve negligência do
defensor dativo, acarretando sério prejuízo para a sua defesa.
HABEAS CORPUS 213
onde a Súm. 610 divisa latrocínio consumado - lhe tem sido fiel
na identificação de tentativa, quando não se consume nem a
morte do lesado nem a subtração da coisa (v.g., HC 74.155, 2ª
T, 27.8.96, Corrêa, DJ 11.10.96; HC 48.952, 14.12.71, Bilac,
RTJ 61/321).
O ponto decisivo para a solução do problema está assim -
não como supõe o paciente na gravidade da lesão corporal, que
só tem relevo para o tipo da parte inicial do art. 157, § 3º - mas
sim na existência ou não de dolo, de homicídio, essencial à
composição de tentativa de morte. Presente o elemento subjeti-
vo e dada a eficácia objetiva do meio empregado, a identificação
da tentativa, como é elementar, independe de todo da gravidade
da lesão corporal resultante do início de execução do homicídio
ou mesmo de existência dela.
No caso, repita-se, a idoneidade do meio e o dolo do
homicídio ficaram explicitamente reconhecidos na sentença
(apenso, f. 131):
“Dentro desse contexto, posso então afirmar que os dois
primeiros acusados (Luiz Carlos e Carlos Donato) foram co-
autores da imputada figura do latrocínio tentado. Ambos, acom-
panhados de outro elemento não identificado, participaram da
abordagem direta da vítima, anunciando um assalto, e, diante da
reação desta, o primeiro deles, com consciência e vontade, não
hesitou em apertar o gatilho, alvejando-a no peito e a uma curta
distância, circunstância que decerto evidencia, estreme de dúvi-
das, o animus necandi. O resultado mais gravoso só não adveio
porque a vítima ainda conseguiu reagir, logrando balear tais ele-
mentos e procurando socorro a seguir, evitando, assim, a consu-
mação esperada.”
São afirmações extraídas da análise e da valoração da
prova, a cuja revisão também não se presta habeas corpus.
234 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de habeas corpus em que o impetrante-paciente afirma que
está sofrendo coação ilegal por ato da 4ª Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, praticado ao dar
provimento à apelação interposta pelo Ministério Público contra
a sentença absolutória (CPP, art. 386, VI) do Juiz de Direito da
14ª Vara Criminal de São Paulo e condená-lo às penas de 1
(um) ano e 6 (seis) meses de reclusão, em regime fechado, e de
15 diárias, como incurso nas sanções do art. 171, caput, do
Código Penal.
Alega nulidade da citação editalícia (CPP, art. 564, III, e),
falta de defesa (Súmula 523), atipicidade do fato e falta de justa
causa por inexistência de prova da autoria. Pede a anulação da
decisão condenatória (fls. 2/6). Junta documentos (fls. 7/16).
2. A impetração foi equivocadamente dirigida ao Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo, que declarou sua incompe-
tência e encaminhou os autos a este Tribunal (fls. 28/30).
3. Vêm aos autos as informações prestadas pelo 2º Vice-
Presidente do Tribunal coator (fls. 40/41), acompanhadas de
documentos (fls. 40/41).
4. Manifesta-se o Ministério Público Federal pelo
Subprocurador-Geral da República Mardem Costa Pinto, opinan-
do pelo conhecimento parcial do writ, com a denegação da ordem.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - A primeira alegação, relativa à nulidade da citação
editalícia, não está minimamente fundamentada na impetração,
HABEAS CORPUS 237
(...)
§ 2º a pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade.”
- Inciso V acrescentado pela Lei nº 9.426, de 24 de de-
zembro de 1996.
13. Sobre este tema específico há precedente desta Su-
prema Corte, em aresto da 2ª Turma, assim ementado:
“- 1. CÁRCERE PRIVADO - ROUBO DE VEÍCULO -
CERCEIO NA LIBERDADE DE IR E VIR DA VÍTIMA. A
manutenção da vítima, por curto espaço de tempo, no interior do
veículo não consubstancia o delito de que cogita o artigo 148 do
Código Penal. Exsurge como meio violento utilizado na
implementação de roubo, isto visando retardar a comunicação
do fato delituoso as autoridades. No caso falta autonomia indis-
pensável a caracterização do crime, pois a vontade do agente é
direcionada não, em si, a restrição da liberdade, mas a subtração
violenta do veículo sem o risco de uma perseguição quase que
imediata, ou seja, ao êxito do roubo. (...)” (HC nº 68.497 - DF,
2ª Turma, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, RTJ 136-01/216).
14. Tais as circunstâncias, opina o Ministério Público Fe-
deral pelo deferimento parcial do pedido, para excluir da conde-
nação imposta ao paciente, o crime de cárcere privado previsto
no art. 148, caput, do CP.” (fls. 127/32)
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI
(Relator): - Incensurável o parecer do nobre órgão do Ministério
244 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, não conhecer do
habeas corpus.
Brasília, 02 de junho de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de habeas corpus em que o impetrante afirma que o paciente
está sofrendo coação ilegal por ato da 4ª Turma da 2ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, praticado ao
negar provimento a recurso em sentido estrito (fls. 113/127) inter-
posto contra sentença de pronúncia lavrada pelo Juiz de Direito da
2ª Vara do Tribunal do Júri de Goiânia (fls. 87/101).
1.2 O impetrante alega que a decisão negou o pedido de
reprodução simulada dos fatos, que tem fundamento no art. 7º do
C.P.P., ao dizer que “é de ver-se que ainda não houve pronuncia-
mento judicial a respeito, deferindo-o ou não” acrescentando que,
“assim, nenhum prejuízo sofreu o recorrente, que ainda poderá
valer-se dessa prova, caso venha a ser deferida, ou insurgir-se
contra eventual indeferimento, nada impedindo que seja levada a
plenário, a fim de ser apreciada pelo Júri” (fls. 118, in fine).
1.3 Pede “a liberdade provisória e a anulação da ação
penal a partir da sentença de pronúncia, para que possa ser
atendida a diligência requerida” (fls. 2/16), entendendo-se que
pretende responder por homicídio culposo. Junta documentos
(fls. 17/129).
HABEAS CORPUS 255
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI: -
Acusado o paciente da prática de crimes contra os costumes,
foi, em seu favor, requerido habeas corpus ao Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo, contra designação pelo Juiz, de
curador à vítima com a conseqüente ilegitimidade do Ministério
Público para a propositura da ação penal. Eis, então, o inteiro
teor do voto do ilustre Desembargador HELIO DE FREITAS,
em cuja linha veio a ser a ordem denegada:
“O paciente está sendo processado como incurso nos
artigos 213 e 214, combinados com os artigos 224, alínea “a”, e
226, inciso III, combinados com o artigo 69, todos do Código
Penal.
Ele é acusado de ter constrangido, mediante violência e
grave ameaça, a menor Elizete Ribeiro Costa, então com 12
anos de idade, a praticar com ele conjunção carnal e sexo oral.
Em princípio, a ação penal, no caso, seria pública
incondicionada, porque estaria presente, além da violência pre-
sumida, a violência real, uma vez que a vítima teria sido puxada,
pelo paciente, para o interior de seu carro e ameaçada de morte,
inclusive, com a utilização de um canivete (fls. 129 e 159). Da
ação delituosa teriam resultado para a ofendida, não apenas o
defloramento, como também lesões corporais, cuja gravidade
estava na dependência de apuração em exame complementar
(fls. 170).
Assim, teria aplicação à hipótese o artigo 101 do Código
Penal, relativo à ação penal no crime complexo, conforme orien-
tação do Colendo Supremo Tribunal Federal, cristalizada na sua
Súmula nº 608, com o seguinte enunciado: “No crime de estu-
pro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada.”
HABEAS CORPUS 277
É o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.189-7 - RS - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: José Carlos Bilhan. Impte.: Ney Fayet. Coator: Tribunal
de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul.
Decisão: Por unanimidade, a Turma conheceu, em parte,
do habeas corpus e, nesta parte, o indeferiu. 2ª Turma,
12.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Carlos Alberto Cantanhede, Secretário.
HABEAS CORPUS 297
EXTRATO DE ATA
HC n. 75.785-5 - MG - Relator: Min. Moreira Alves.
Pacte.: Antônio Adenilson Rodrigues Veloso. Impte.: Herbert
Carlos Mourão Veloso. Coator: Tribunal de Alçada do Estado
de Minas Gerais.
Decisão: A Turma conheceu, em parte, do pedido de
habeas corpus, mas, nessa parte, o indeferiu. Unânime. Ausente,
ocasionalmente, o Senhor Ministro Octavio Gallotti. 1ª Turma,
19.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 317
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Senhor Presidente, com a vinda das informações que
solicitei ao Juiz Federal ficou esclarecido que os fatos apurados
pelas Justiças Federal e Estadual não são os mesmos nem impli-
cam as mesmas vítimas, como se colhe das afirmações contidas
na inicial.
2. Acolho, assim, como razão de decidir, o parecer do
Ministério Público Federal, in verbis (fls. 285/290):
“1. Os Advogados Leonardo Coelho do Amaral e
Giovanni F. Altimiras em favor de Walkíria Tânia de Jesus ajuí-
zam pedido de Habeas Corpus.
2. Sustentam:
a) incompetência da Justiça Estadual; e
b) inadequação da definição jurídica do evento, como
consumado.
3. O pleito não merece prosperar.
4. A argumentação sobre a incompetência do Juízo esta-
dual faz-se ante a consideração de que tendo acontecido cone-
xão de crimes impunha-se à Justiça Federal o processamento e
julgamento de todos, vale dizer: do que lhe é próprio julgar, e
também daqueles alusivos ao interesse puramente local.
5. Certa é esta tese a contar com uníssono respaldo
jurisprudencial.
6. Todavia, não tem aplicação ao caso dos autos.
7. É que, no que se examina, de primeiro a ora paciente foi
denunciada por furto qualificado pelo abuso de confiança e frau-
340 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
“FURTO
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Pena: reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
...
FURTO QUALIFICADO
§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa, se o crime é cometido:
...
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
ou destreza;
...”
“ESTELIONATO
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, me-
diante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
...”
9.2 Nota-se que, para o caso, enquanto no furto qualifica-
do ocorre subtração mediante abuso de confiança ou fraude, no
estelionato ocorre entrega mediante fraude.
9.3 Como fraude é fraude, tanto num como no outro caso,
e como abuso de confiança é espécie do gênero fraude, a nota
distintiva, no caso, entre furto qualificado e estelionato fica por
conta de ter ocorrido subtração ou entrega, respectivamente.
9.4 No delito perpetrado contra a Caixa Econômica Fe-
deral tudo indica que a vítima entregou o dinheiro, sendo o caso,
354 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
LEGISLAÇÃO
394 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 395
I - os habeas corpus;
Art. 146. O Presidente do Plenário não proferirá voto,
salvo:Parágrafo único. No julgamento do habeas corpus, pelo
Plenário, o Presidente não terá voto, salvo em matéria constitu-
cional, proclamando-se, na hipótese de empate, a decisão mais
favorável ao paciente.
Art. 149. Terão prioridade, no julgamento, observados os arti-
gos 128 a 130 e 138:
I - os habeas corpus;
Art. 150. O Presidente da Turma terá sempre direito a voto.
§ 3º. Nos habeas corpus e recursos em matéria criminal, exceto
o recurso extraordinário, havendo empate, prevalecerá a deci-
são mais favorável ao paciente ou réu.
TÍTULO VII
DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
CAPÍTULO I
DO HABEAS CORPUS
Art. 188. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber-
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Art. 189. O habeas corpus pode ser impetrado:
I - por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem;
II - pelo Ministério Público.
Art. 190. A petição de habeas corpus deverá conter:
I - o nome do impetrante, bem como o do paciente e do coator;
II - os motivos do pedido e, quando possível, a prova documen-
tal dos fatos alegados;
HABEAS CORPUS 407
CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que deter-
mina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para
fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdi-
ção, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos
em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de
habeas corpus:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no art.
101, I, g, da Constituição;
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência
ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores
dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a
seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
HABEAS CORPUS 423
Sujeição a processo
Art. 480. O detentor do preso ou responsável pela sua detenção
ou quem quer que, sem justa causa, embarace ou procrastine a
expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a
causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou
desrespeite salvo-conduto expedido de acordo com o artigo
anterior, ficará sujeito a processo pelo crime de desobediência a
decisão judicial.
Promoção da ação penal
Parágrafo único. Para esse fim, o presidente do Tribunal oficiará
ao procurador-geral para que este promova ou determine a
ação penal, nos termos do art. 28, letra c.
Art. 563. Cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal:
b) das decisões denegatórias de habeas corpus;
CAPÍTULO VIII
DO RECURSO DAS DECISÕES DENEGATÓRIAS DE
“HABEAS CORPUS’’
Recurso em caso de habeas corpus
Art. 568. O recurso da decisão denegatória de habeas corpus é
ordinário e deverá ser interposto nos próprios autos em que
houver sido lançada a decisão recorrida.
Subida ao Supremo Tribunal Federal
Art. 569. Os autos subirão ao Supremo Tribunal Federal logo
depois de lavrado o termo de recurso, com os documentos que
o recorrente juntar à sua petição, dentro do prazo de quinze
dias, contado da intimação do despacho, e com os esclareci-
mentos que ao presidente do Superior Tribunal Militar ou ao
procurador-geral parecerem convenientes.
HABEAS CORPUS 435
SÚMULAS DO STF
SÚMULA Nº 10
Compete ao Tribunal Regional Federal conhecer de habeas
corpus quando o coator for Juiz do Trabalho.
444 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 445
PRÁTICA
446 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 447
MODELO Nº 1
SALVO CONDUTO PARA IMPEDIR PRISÃO
IMINENTE - HABEAS CORPUS
MODELO Nº 2
TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL -
HABEAS CORPUS
MODELO Nº 3
REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA -
HABEAS CORPUS
2 - (Resumir o processo).
3 - Pede-se que o paciente responda o processo
n°..., em liberdade, pois o mesmo é casado, tem filhos,
está empregado na empresa...., conforme documento
anexo, tem residência fixa (doc. ..), não possui
antecedentes criminais, é de boa paz e não constitui
ameaça ã ordem pública, tanto, que facilitou a colheita de
provas feita no inquérito policial, comparecendo todas as
vezes na delegacia, quando intimado e está radicado no
distrito da culpa.
4 - Pede-se e espera-se que essa Corte digne-se
requisitar as informações que entender necessárias,
enviando a cópia que acompanha este pedido devendo
receber, processar e conceder a ordem, cumpridas as
necessárias formalidades legais como medida de inteira
justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 453
MODELO Nº 4
ANULARÇÃO DE PROCESSO POR VÍCIO DE
CITAÇÃO EDITAL - HABEAS CORPUS
MODELO Nº 5
ANULAÇÃO DE PROCESSO POR INÉPCIA
DA DENÚNCIA IMPUTANDO AO PACIENTE O
CRIME DE ESTELIONATO - HABEAS CORPUS
MODELO Nº 6
RELAXAMENTO DE FLAGRANTE - HABEAS
CORPUS
MODELO 7
TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL.
AUTORIDADE COATORA É PROMOTOR DE
JUSTIÇA - HABEAS CORPUS
MODELO 8
APELAÇÃO EM LIBERDADE - HABEAS
CORPUS
MODELO 9
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. CRIME
CONTRA A HONRA - HABEAS CORPUS
MODELO 10
INQUÉRITO POLICIAL - INVESTIGAÇÕES
QUE SE BASEIAM EM MERAS SUSPEITAS -
HABEAS CORPUS
MODELO 11
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. CRIME
TRIBUTÁRIO - HABEAS CORPUS
MODELO 12
HABEAS CORPUS PREVENTIVO
MODELO 13
INDICIAMENTO DO PACIENTE - HABEAS
CORPUS
MODELO 14
LIBERDADE FÍSICA DO PACIENTE.
COAÇÃO EMANADA DE PARTICULAR - HABEAS
CORPUS
ÍNDICE ALFABÉTICO
A
Ação
- pública condicionada. .....................................................275
Alegação
- de falta de fundamentação da decisão...............................297
- de ilegitimidade do Ministério Público, em face do
deferimento................................................................... 265
Alegações
- de nulidade .....................................................................275
- suscitadas em habeas corpus substitutivo de recurso
ordinário ........................................................................289
Apelação
- Ministério Público. ..........................................................163
- ilimitada do Ministério Público.........................................175
- pelo Ministério Público com vistas ao aumento da
pena imposta .................................................................197
Aplicação
- da pena mínima de 5 anos e 4 meses de reclusão, com
imposição do regime prisional inicial fechado sem
qualquer fundamentação. ................................................269
B
Bens
- penhorados.....................................................................137
C
Cabimento
- do habeas corpus .............................................................23
Casamento
- da vítima com terceiro: extinção da punibilidade (art. 107,
inc. VIII, do CP.). ............................................................57
476 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
Colidência
- de defesa - defensor único de co-réus.............................. 305
Colisão
- de interesses capaz de legitimar a designação de curador
especial (art. 33 do Código de Processo Penal).............. 275
Competência
- ato de Tribunal de Alçada Criminal ..................................103
- ato de Tribunal de Justiça. .................................................95
- habeas corpus - ato de tribunal de justiça. ......................219
- da justiça federal - interrogatório: renovação -
cerceamento e deficiência de defesa - provas.................. 205
- do Superior Tribunal de Justiça.........................................289
- originária: Tribunal de Justiça. ............................................47
Condições
- da ação ............................................................................27
Conexão
- probatória: artigos 76, III, e 82 do CPP.......................... 335
Crime
- de furto: tentativa. CP, art. 155, § 2º............................... 377
- de homicídio: pronúncia...................................................253
- de porte de entorpecente para uso próprio reclassificado
para o de tráfico no julgamento de apelo da acusação .......71
- de roubo qualificado tentado, com concessão de sursis,
reclassificado para consumado no julgamento da apelação
interposta pela acusação. ................................................269
- de tráfico de entorpecente: caracterização........................205
- de tráfico de entorpecentes: condenação em
segunda instância........................................................... 145
- militar: homicídio qualificado............................................175
- militar: publicação ou crítica indevida (C. Pen. Militar,
art. 166): não o pode cometer o militar da reserva ou
reformado..................................................................... 321
HABEAS CORPUS 477
Crimes
- de estupro e atentado violento ao pudor praticados
contra menor de doze anos............................................. 275
D
Deficiência
- de defesa.......................................................................... 57
Determinação
- do regime fechado ...........................................................247
Dever
- do depositário quanto à conservação do bem..................137
Direito
- penal e processual penal militar.........................................175
E
Embargos
- de declaração em habeas corpus....................................259
Espécies
- de habeas corpus .............................................................19
Estelionato
- alegações infundadas de nulidade da citação editalícia .....235
Estupro
- vítima menor de 14 anos de idade..................................... 57
Exigência
- de fundamentação e sua nulidade no caso: HC deferido
de ofício........................................................................ 361
F
Falta
- de defesa, atipicidade do fato e de falta de justa causa
por inexistência de prova da autoria. ...............................235
Fixação
- da pena - redução prevista no art. 14, parágrafo único... 377
478 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
Fundamentação
- quanto ao acolhimento das qualificadoras ........................385
Fundamento
- na gravidade do delito em abstrato ..................................247
Furto
- prorrogação da medida de segurança.............................. 297
- qualificado pela fraude e estelionato qualificado, da
competência das justiças estadual e federal,
respectivamente. ............................................................335
H
Habeas corpus
- fundado na absolvição pelo Júri de co-réus do paciente
por negativa de participação no crime .............................317
Homicídio
- duplamente qualificado ................................................... 385
I
Importação
- de armamento de uso privativo das forças armadas, sem
autorização da autoridade competente............................ 125
Impugnação
- do indeferimento do pedido de reprodução simulada
dos fatos ........................................................................253
Imunidade
- parlamentar....................................................................... 47
Inexistência
- de nulidade..................................................................... 289
Interesse
- de agir ..............................................................................29
Intimação
- pauta de julgamento. frustração do direito à sustentação
oral. Lei nº 8.038/90, art. 6º, § 1º. ...................................153
HABEAS CORPUS 479
J
Julgados
- selecionados..................................................................... 45
Latrocínio
- tentado: afirmado o dolo e o início da execução
do homicídio ..................................................................225
Legislação
- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL .................................................................395
- DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969
Código de Processo Penal Militar ..................................429
- DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 03.10.1941
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal. 419
- DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO
DE 1941....................................................................... 421
- DECRETO-LEI Nº 522, DE 25 DE ABRIL DE 1969
Dispõe sobre a concessão de vista ao Ministério
Público nos processos de habeas corpus...................... 439
- LEI COMPLEMENTAR Nº 35, DE 14 DE MARÇO
DE 1979 Dispõe sobre a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional. ............................................... 401
- LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965
Institui o Código Eleitoral ........................................... 399
- LEI Nº 8.038, DE 28 DE MAIO DE 1990
Institui normas procedimentais para os processos que
específica, perante o Superior Tribunal de Justiça
e o Supremo Tribunal Federal. .....................................437
- REGIMENTO INTERNO STF .....................................403
- REGIMENTO INTERNO STJ...................................... 411
- Súmula do TRF 1ª Região ..............................................443
- Súmulas do STF............................................................. 441
Liminar............................................................................. 43
480 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
Limitação
- nas razões: inadmissibilidade. exame integral pelo tribunal
“ad quem”..................................................................... 175
N
Natureza
- jurídica do habeas corpus ................................................17
Nulidade
- júri ................................................................................121
O
O
- habeas corpus no Brasil ...................................................13
Ofensa
- ao princípio do juiz natural................................................. 47
P
Pedido
- de reexame do laudo pericial e das decisões das
instâncias a quo ..............................................................297
- para aguardar em liberdade o julgamento do recurso especial
interposto, com base no art. 2º, § 2º, da lei dos crimes
hediondos (lei nº 8.072/90) e no art. 5º, LVII, da
Constituição.................................................................. 145
Polo
- ativo .................................................................................31
- passivo .............................................................................33
Prática
- Anulação de processo por inépcia da denúncia imputando
ao paciente o crime de estelionato - habeas corpus ........455
- Anulação de processo por vício de citação edital -
habeas corpus ..............................................................453
- Apelação em liberdade - habeas corpus .........................461
- Habeas corpus preventivo............................................. 469
HABEAS CORPUS 481
R
Reconhecimento
- da extinção da punibilidade pela prescrição em relação ao
co-réu, no HC 76.417................................................... 265
Reconstituição
- do crime: reprodução simulada (artigo 7º do Código
de Processo Penal).........................................................121
Recurso
- em sentido estrito.............................................................259
Reexame
- da prova. ........................................................................259
Regularidade
- do flagrante e do reconhecimento do agente.................... 239
Relação
- de causalidade entre o exercício do mandato na
circunscrição do respectivo município e as opiniões e
palavras do vereador.........................................................47
Retratação
- da representação, pelos pais da ofendida, mediante
transação de que lhes resultou proveito financeiro............ 275
Roubo
- qualificado...................................................................... 289
S
Sentença
- condenatória. declaração do réu, sem assistência de
defensor, de que não deseja apelar.................................. 211
- que homologara a transação com base no art. 76 da
Lei nº 9.099/95.............................................................. 163
HABEAS CORPUS 483
T
Transação
- penal (L. 9.099/95): hipótese de conciliação pré-processual,
que fica preclusa com o oferecimento da denúncia .........157
- penal: inaplicabilidade ao processo por crime de abuso
de autoridade .................................................................157
Trânsito
- em julgado do decreto condenatório................................ 219
Vereador
- julgamento........................................................................ 47
Violação
- de domicílio e lesões corporais....................................... 265
484 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 485
BIBLIOGRAFIA
LAWBOOK EDITORA
caiba recurso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.238, de 01.08.1957)
Art. 7º. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1º. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto
aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 3.238, de 01.08.1957)
§ 3º. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4º. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à do primeiro domicílio
conjugal.
§ 5º. O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante
expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto
de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial
de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente
registro. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
§ 6º. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem
brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data da
sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo,
caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. O Supremo
Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a
requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação
de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a
produzir todos os efeitos legais. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977)
§ 7º. Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe de família estende-se ao
outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos
incapazes sob sua guarda.
§ 8º. Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar
de sua residência ou naquele em que se encontre.
Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,
aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos
bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse
se encontre a coisa apenhada
Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituírem.
§ 1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que
LAWBOOK EDITORA
residir o proponente.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens.
§ 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.047, de 18.05.1995)
§ 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para
suceder.
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as
sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem.
§ 1º. Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos
antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando
sujeitas à lei brasileira.
§ 2º. Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer
natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções
públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de
desapropriação.
§ 3º. Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios
necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 1º. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a
imóveis situados no Brasil.
§ 2º. A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e
segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por
autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das
diligências.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca
prova do texto e da vigência.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna
os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a
execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente
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declaratórias do estado das pessoas.
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer
remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de
tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiros
ou brasileiras nascidos no país da sede do consulado. (Redação dada ao artigo
pela a Lei nº 3.238, de 01.08.1957)
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e
celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada
pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-
lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro de 90 (noventa) dias
contados da data da publicação desta lei. (Artigo acrescentado pela Lei nº 3.238,
de 01.08.1957)
Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1942; 121º da Independência e 54º da
República.
GETÚLIO VARGAS.
Alexandre Marcondes Filho.
A. de Souza Costa.
Eurico Gaspar Dutra.
Henrique A. Guilhem.
João de M. Lima.
Oswaldo Aranha.
Apolônio Salles.
Gustavo Capanema.
J. P. Salgado Filho.
PARTE GERAL
Disposição Preliminar
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Art. 1º. Este Código regula os direitos e obrigações de ordem privada
concernente às pessoas, aos bens e às suas relações.
LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DIVISÃO DAS PESSOAS
CAPÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
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o tutor, se o menor tiver dezoito anos cumpridos.
II - Pelo casamento.
III - Pelo exercício de emprego público efetivo.
IV - Pela colação de grau científico em curso de ensino superior.
V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria. (Antigo
parágrafo único renumerado pelo Decreto nº 20.330, de 27.08.1931)
§ 2º. Para efeito do alistamento e do sorteio militar cessará a incapacidade do
menor que houver completado 18 anos de idade. (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto nº 20.330, de 27.08.1931) (Atualmente 17 anos, conforme a Lei nº 4.375,
de 17.08.1964)
Art. 10. A existência de pessoa natural termina com a morte. Presume-se esta,
quanto aos ausentes, nos casos dos artigos 481 e 482.
Art. 11. Se dois ou mais indivíduos faleceram na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-
ão simultaneamente mortos.
Art. 12. Serão inscritos em registro público:
I - Os nascimentos, casamentos, separações judiciais, divórcios e óbitos.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
II - A emancipação por outorga do pai ou mãe, ou por sentença do juiz (artigo 9º,
parágrafo único, nº I).
III - A interdição dos loucos, dos surdos-mudos e dos pródigos.
IV - A sentença declaratória da ausência.
CAPÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13. As pessoas jurídicas são de direito público interno, ou externo, e de
direito privado.
Art. 14. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - A União.
II - Cada um dos seus Estados e o Distrito Federal.
III - Cada um dos Municípios legalmente constituídos.
Art. 15. As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por
atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei,
salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.
Art. 16. São pessoas jurídicas de direito privado:
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III - Os partidos políticos. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.096, 19.09.1995)
§ 1º. As sociedades mencionadas no nº I só se poderão constituir por escrito,
lançado no registro geral (artigo 20, § 2º), e reger-se-ão pelo disposto a seu
respeito neste Código, Parte Especial.
§ 2º. As sociedades mercantis continuarão a reger-se pelo estatuído nas leis
comerciais.
§ 3º. Os partidos políticos reger-se-ão pelo disposto, no que lhes for aplicável,
nos artigos 17 a 22 deste Código e em lei específica. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.096, de 19.09.1995)
Art. 17. As pessoas jurídicas serão representadas ativa e passivamente, nos
atos judiciais e extrajudiciais, por quem os respectivos estatutos designarem, ou
não o designando, pelos seus diretores.
SEÇÃO II
DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Art. 18. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição dos seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos no
seu registro peculiar, regulado por lei especial, ou com a autorização ou
aprovação do Governo, quando precisa.
Parágrafo único. Serão averbadas no registro as alterações que esses atos
sofrerem.
Art. 19. O registro declarará:
I - A denominação, os fins e a sede da associação ou fundação.
II - O modo por que se administra e representa ativa e passiva, judicial e
extrajudicialmente.
III - Se os estatutos, o contrato ou o compromisso são reformáveis no tocante à
administração, e de que modo.
IV - Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações
sociais.
V - As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio
nesse caso.
SEÇÃO III
DAS SOCIEDADES OU ASSOCIAÇÕES CIVIS
Art. 20. As pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros.
§ 1º. Não se poderão constituir, sem prévia autorização, as sociedades, as
agências ou os estabelecimentos de seguros, montepio e caixas econômicas,
salvo as cooperativas e os sindicatos profissionais e agrícolas, legalmente
organizados.
Se tiverem de funcionar no Distrito Federal, ou em mais de um Estado, ou em
territórios não constituídos em Estados, a autorização será do Governo Federal;
se em um só Estado, do Governo deste.
§ 2º. As sociedades enumeradas no artigo 16, que, por falta de autorização ou de
registro, se não reputarem pessoas jurídicas, não poderão acionar a seus
membros, nem a terceiros; mas estes poderão responsabilizá-las por todos os
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seus atos.
Art. 21. Termina a existência da pessoa jurídica:
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Art. 28. Para se poderem alterar os estatutos da fundação é mister:
I - Que a reforma seja deliberada pela maioria absoluta dos competentes para
gerir e representar a fundação.
II - Que não contrarie o fim desta.
III - Que seja aprovada pela autoridade competente.
Art. 29. A minoria vencida na modificação dos estatutos poderá, dentro em um
ano, promover-lhe a nulidade, recorrendo ao juiz competente, salvo o direito de
terceiros.
Art. 30. Verificado ser nociva, ou impossível, a mantença de uma fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o patrimônio, salvo disposição em contrário no
ato constitutivo, ou nos estatutos, será incorporado em outras fundações, que se
proponham a fins iguais ou semelhantes.
Parágrafo único. Esta verificação poderá ser promovida judicialmente pela
minoria de que trata o artigo 29, ou pelo Ministério Público.
TÍTULO II
DO DOMICÍLIO CIVIL
Art. 31. O domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.
Art. 32. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências onde
alternadamente viva, ou vários centros de ocupações habituais, considerar-se-á
domicílio seu qualquer destes ou daquelas.
Art. 33. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual (artigo 32), ou empregue a vida em viagens, sem ponto central de
negócios, o lugar onde for encontrada.
Art. 34. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com intenção manifesta
de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa mudada
às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais
declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a
acompanharem.
Art. 35. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - Da União, o Distrito Federal.
II - Dos Estados, as respectivas capitais.
III - Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal.
IV - Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus
estatutos ou atos constitutivos.
§ 1º. Quando o direito pleiteado se originar de um fato ocorrido, ou de um ato
praticado, ou que deva produzir os seus efeitos, fora do Distrito Federal, a União
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será demandada na seção judicial em que o fato ocorreu, ou onde tiver sua sede a
autoridade de que o ato emanou, ou este tenha de ser executado.
§ 2º. Nos Estados, observar-se-á, quanto às causas de natureza local, oriundas
de fatos ocorridos, ou atos praticados por suas autoridades, ou dados à execução,
fora das capitais, o que dispuser a respectiva legislação.
§ 3º. Tendo a pessoa jurídica de direito privado diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, cada um será considerado domicílio para os atos nele
praticados.
§ 4º. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por
domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma
das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder.
Art. 36. Os incapazes têm por domicílio o dos seus representantes.
Parágrafo único. A mulher casada tem por domicílio o do marido, salvo se estiver
desquitada (artigo 315), ou lhe competir a administração do casal (artigo 251).
Art. 37. Os funcionários públicos reputam-se domiciliados onde exercem as suas
funções, não sendo temporárias, periódicas ou de simples comissão, porque,
nestes casos, elas não operam mudança no domicílio anterior.
Art. 38. O domicílio do militar em serviço ativo é o lugar onde servir.
Parágrafo único. As pessoas com praça na armada têm o seu domicílio na
respectiva estação naval, ou na sede do emprego que estiver exercendo, em terra.
Art. 39. O domicílio dos oficiais e tripulantes da marinha mercante é o lugar onde
estiver matriculado o navio.
Art. 40. O preso, ou o desterrado, tem o domicílio no lugar onde cumpre a
sentença ou o desterro (artigo 80, § 2º, II, da Constituição Federal).
Art. 41. O ministro ou agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro,
alegar exterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá
ser demandado do Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde
o teve.
Art. 42. Nos contratos escritos poderão os contraentes especificar domicílio onde
se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
LIVRO II
DOS BENS
TÍTULO ÚNICO
DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
CAPÍTULO I
DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
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SEÇÃO I
DOS BENS IMÓVEIS
Art. 43. São bens imóveis:
I - O solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais,
compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
II - Tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente
lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem
destruição, modificação, fratura ou dano.
III - Tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado
em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade.
Art. 44. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - Os direitos reais sobre imóveis, inclusive o penhor agrícola, e as ações que os
asseguram.
II - As apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inalienabilidade.
III - O direito à sucessão aberta.
Art. 45. Os bens de que trata o artigo 43, nº III, podem ser, em qualquer tempo,
mobilizados.
Art. 46. Não perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para nele mesmo se reempregarem.
SEÇÃO II
DOS BENS MÓVEIS
Art. 47. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção
por força alheia.
Art. 48. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes.
II - Os direitos de obrigação e as ações respectivas.
III - Os direitos de autor.
Art. 49. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam a sua qualidade de móveis. Readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.
SEÇÃO III
DAS COISAS FUNGÍVEIS E CONSUMÍVEIS
Art. 50. São fungíveis os móveis que podem, e não fungíveis os que não podem
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Art. 51. São consumíveis os bens móveis, cujo uso importa destruição imediata
da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à
alienação.
SEÇÃO IV
DAS COISAS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
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Art. 52. Coisas divisíveis são as que se podem partir em porções reais e
distintas, formando cada qual um todo perfeito.
Art. 53. São indivisíveis:
I - Os bens que se não podem partir sem alteração na sua substância.
II - Os que, embora naturalmente divisíveis, se consideram indivisíveis por lei, ou
vontade das partes.
SEÇÃO V
DAS COISAS SINGULARES E COLETIVAS
Art. 54. As coisas simples ou compostas, materiais ou imateriais, são singulares
ou coletivas:
I - Singulares, quando, embora reunidas, se consideram de per si,
independentemente das demais.
II - Coletivas, ou universais, quando se encaram agregadas em todo.
Art. 55. Nas coisas coletivas, em desaparecendo todos os indivíduos, menos um,
se tem por extinta a coletividade.
Art. 56. Na coletividade, fica sub-rogado ao indivíduo o respectivo valor, e vice-
versa.
Art. 57. O patrimônio e a herança constituem coisas universais, ou
universalidades, e como tais subsistem, embora não constem de objetos
materiais.
CAPÍTULO II
DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
Art. 58. Principal é a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente.
Acessória, aquela cuja existência supõe a da principal.
Art. 59. Salvo disposição especial em contrário, a coisa acessória segue a
principal.
Art. 60. Entram na classe das coisas acessórias os frutos, produtos e
rendimentos.
Art. 61. São acessórios do solo:
I - Os produtos orgânicos da superfície.
II - Os minerais contidos no subsolo. (O inciso IX do artigo 20 da CF, altera
implicitamente a redação deste inciso)
III - As obras de aderência permanente, feitas acima ou abaixo da superfície.
Art. 62. Também se consideram acessórias da coisa todas as benfeitorias,
qualquer que seja o seu valor, exceto:
I - A pintura em relação à tela.
II - A escultura em relação à matéria-prima.
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III - A escritura e outro qualquer trabalho gráfico, em relação à matéria-prima que
os recebe (artigo 614).
Art. 63. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1º. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso
habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso da coisa.
§ 3º. São necessárias as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que se
deteriore.
Art. 64. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos sobrevindos à coisa
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
CAPÍTULO III
DOS BENS PÚBLICOS E PARTICULARES
Art. 65. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes à União, aos
Estados ou aos Municípios. Todos os outros são particulares, seja qual for a
pessoa a que pertencerem.
Art. 66. Os bens públicos são:
I - Os de uso comum do povo, tais como os mares, rios, estradas, ruas e praças.
II - Os de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou
estabelecimento federal, estadual ou municipal.
III - Os dominicais, isto é, os que constituem o patrimônio da União, dos Estados,
ou dos Municípios, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas
entidades.
Art. 67. Os bens de que trata o artigo antecedente só perderão a
inalienabilidade, que lhes é peculiar, nos casos e forma que a lei prescrever.
Art. 68. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme as leis da União, dos Estados ou dos Municípios, a cuja administração
pertencerem.
CAPÍTULO IV
DAS COISAS QUE ESTÃO FORA DO COMÉRCIO
Art. 70. É permitido aos chefes de família destinar um prédio para domicílio
desta, com a cláusula de ficar isento de execução por dívidas, salvo as que
provierem de impostos relativos ao mesmo prédio.
Parágrafo único. Essa isenção durará enquanto viverem os cônjuges e até que
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os filhos completem sua maioridade.
Art. 71. Para o exercício desse direito é necessário que os instituidores no ato da
instituição não tenham dívidas, cujo pagamento possa por ele ser prejudicado.
Parágrafo único. A isenção se refere a dívidas posteriores ao ato, e não às
anteriores, se se verificar que a solução destas se tornou inexeqüível em virtude
do ato da instituição.
Art. 72. O prédio, nas condições acima ditas, não poderá ter outro destino, ou
ser alienado, sem o consentimento dos interessados e dos seus representantes
legais.
Art. 73. A instituição deverá constar de escritura pública transcrita no registro de
imóveis e publicada na imprensa local e, na falta desta, na da Capital do Estado.
LIVRO III
DOS FATOS JURÍDICOS
Disposições Preliminares
Art. 74. Na aquisição dos direitos se observarão estas regras:
I - Adquirem-se os direitos mediante ato do adquirente ou por intermédio de
outrem.
II - Pode uma pessoa adquiri-los para si, ou para terceiros.
III - Dizem-se atuais os direitos completamente adquiridos, e futuros os cuja
aquisição não se acabou de operar.
Parágrafo único. Chama-se deferido o direito futuro, quando sua aquisição pende
somente do arbítrio do sujeito; não deferido, quando se subordina a fatos ou
condições falíveis.
Art. 75. A todo o direito corresponde uma ação, que o assegura.
Art. 76. Para propor, ou contestar uma ação, é necessário ter legítimo interesse
econômico, ou moral.
Parágrafo único. O interesse moral só autoriza a ação quando toque diretamente
ao autor, ou à sua família.
Art. 77. Perece o direito, perecendo o seu objeto.
Art. 78. Entende-se que pereceu o objeto do direito:
I - quando perde as qualidades essenciais, ou o valor econômico.
II - quando se confunde com outro, de modo que se não possa distinguir.
III - quando fica em lugar de onde não pode ser retirado.
Art. 79. Se a coisa perecer por fato alheio à vontade do dono, terá este ação,
pelos prejuízos, contra o culpado.
Art. 80. A mesma ação de perdas e danos terá o dono contra aquele que,
incumbido de conservar a coisa, por negligência a deixe perecer; cabendo a este,
por sua vez, direito regressivo contra o terceiro culpado.
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TÍTULO I
DOS ATOS JURÍDICOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 81. Todo o ato lícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar ou extinguir direitos, se denomina ato jurídico.
Art. 82. A validade do ato jurídico requer agente capaz (artigo 145, nº I), objeto
lícito e forma prescrita ou não defesa em lei (artigos 129, 130 e 145).
Art. 83. A incapacidade de uma das partes não pode ser invocada pela outra em
proveito próprio, salvo se for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Art. 84. As pessoas absolutamente incapazes serão representadas pelos pais,
tutores, ou curadores em todos os atos jurídicos; as relativamente incapazes pelas
pessoas e nos atos que este Código determina.
Art. 85. Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua intenção que ao
sentido literal da linguagem.
CAPÍTULO II
DOS DEFEITOS DOS ATOS JURÍDICOS
SEÇÃO I
DO ERRO OU IGNORÂNCIA
Art. 86. São anuláveis os atos jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial.
Art. 87. Considera-se erro substancial o que interessa à natureza do ato, o
objeto principal da declaração, ou alguma das qualidades a ele essenciais.
Art. 88. Tem-se igualmente por erro substancial o que disser respeito a
qualidades essenciais da pessoa, a quem se refira a declaração de vontade.
Art. 89. A transmissão errônea da vontade por instrumento, ou por interposta
pessoa, pode argüir-se de nulidade nos mesmos casos em que a declaração
direta.
Art. 90. Só vicia o ato a falsa causa, quando expressa como razão determinante
ou sob forma de condição.
Art. 91. O erro na indicação da pessoa, ou coisa, a que se referir a declaração
de vontade, não viciará o ato, quando por seu contexto e pelas circunstâncias, se
puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
SEÇÃO II
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DO DOLO
Art. 92. Os atos jurídicos são anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 93. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos. É acidental
o dolo, quando a seu despeito o ato se teria praticado, embora por outro modo.
Art. 94. Nos atos bilaterais o silêncio intencional de uma das partes a respeito de
fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela se não teria celebrado o contrato.
Art. 95. Pode também ser anulado o ato por dolo de terceiro, se uma das partes
o soube.
Art. 96. O dolo do representante de uma das partes só obriga o representado a
responder civilmente até à importância do proveito que teve.
Art. 97. Se ambas as partes procederam com dolo, nenhuma pode alegá-lo, para
anular o ato, ou reclamar indenização.
SEÇÃO III
DA COAÇÃO
Art. 98. A coação, para viciar a manifestação da vontade, há de ser tal, que
incuta ao paciente fundado temor de dano à sua pessoa, à sua família, ou a seus
bens, iminente e igual, pelo menos, ao receável do ato extorquido.
Art. 99. No apreciar a coação, se terá em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias, que lhe
possam influir na gravidade.
Art. 100. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito,
nem o simples temor reverencial.
Art. 101. A coação vicia o ato, ainda quando exercida por terceiro.
§ 1º. Se a coação exercida por terceiro for previamente conhecida à parte, a
quem aproveite, responderá esta solidariamente com aquele por todas as perdas
e danos.
§ 2º. Se a parte prejudicada com a anulação do ato não soube da coação
exercida por terceiro, só este responderá pelas perdas e danos.
SEÇÃO IV
DA SIMULAÇÃO
Art. 102. Haverá simulação nos atos jurídicos em geral:
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Art. 103. A simulação não se considerará defeito em qualquer dos casos do
artigo antecedente, quando não houver intenção de prejudicar a terceiros, ou de
violar disposição de lei.
Art. 104. Tendo havido intuito de prejudicar a terceiros, ou infringir preceito de
lei, nada poderão alegar, ou requerer os contraentes em juízo quanto à simulação
do ato, em litígio de um contra o outro, ou contra terceiros.
Art. 105. Poderão demandar a nulidade dos atos simulados os terceiros lesados
pela simulação, ou os representantes do poder público, a bem da lei, ou da
fazenda.
SEÇÃO V
DA FRAUDE CONTRA CREDORES
Art. 106. Os atos de transmissão gratuita de bens, ou remissão de dívida,
quando os pratique o devedor já insolvente, ou por eles reduzidos à insolvência,
poderão ser anulados pelos credores quirografários como lesivos dos seus direitos
(artigo 109). (Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Só os credores que já o eram ao tempo desses atos, podem
pleitear-lhes a anulação.
Art. 107. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor
insolvente, quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida
do outro contraente.
Art. 108. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o
preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em
juízo, com citação edital de todos os interessados.
Art. 109. A ação, nos casos dos artigos 106 e 107, poderá ser intentada contra o
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 110. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento
da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 111. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as
garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Art. 112. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem, os negócios ordinários
indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, agrícola, ou industrial
do devedor.
Art. 113. Anulados os atos fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em
proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
(Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Se os atos revogados tinham por único objeto atribuir direitos
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preferenciais, mediante hipoteca, anticrese, ou penhor, sua nulidade importará
somente na anulação da preferência ajustada.
CAPÍTULO III
DAS MODALIDADES DOS ATOS JURÍDICOS
Art. 114. Considera-se condição a cláusula que subordina o efeito do ato jurídico
a evento futuro e incerto.
Art. 115. São lícitas, em geral, todas as condições, que a lei não vedar
expressamente. Entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo
efeito o ato, ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes.
Art. 116. As condições fisicamente impossíveis, bem como as de não fazer coisa
impossível, têm-se por inexistentes. As juridicamente impossíveis invalidam os
atos a elas subordinados.
Art. 117. Não se considera condição a cláusula que não derive exclusivamente
da vontade das partes, mas decorra necessariamente da natureza do direito, a
que acede.
Art. 118. Subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva, enquanto
esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Art. 119. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o
ato jurídico, podendo exercer-se desde o momento deste o direito por ele
estabelecido; mas, verificada a condição, para todos os efeitos, se extingue o
direito a que ela se opõe.
Parágrafo único. A condição resolutiva da obrigação pode ser expressa, ou
tácita; operando, no primeiro caso, de pleno direito, e por interpelação judicial, no
segundo.
Art. 120. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição, cujo
implemento for maliciosamente obstado pela parte, a quem desfavorecer.
Considera-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a
efeito por aquele, a quem aproveita o seu implemento.
Art. 121. Ao titular do direito eventual, no caso de condição suspensiva, é
permitido exercer os atos destinados a conservá-lo.
Art. 122. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e,
pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor,
realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
Art. 123. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Art. 124. Ao termo inicial se aplica o disposto, quanto à condição suspensiva,
nos artigos 121 e 122, e ao termo final, o disposto acerca da condição resolutiva
no artigo 119.
Art. 125. Salvo disposição em contrário, computam-se os prazos, excluindo o dia
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do começo, e incluindo o do vencimento.
§ 1º. Se este cair em dia feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o
seguinte dia útil.
§ 2º. Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º. Considera-se mês o período sucessivo de trinta dias completos.
(Atualmente considera-se mês o período de tempo contado do dia do início ao dia
correspondente do mês seguinte, conforme a Lei nº 810, de 06.09.1949)
§ 4º. Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Art. 126. Nos testamentos, o prazo se presume em favor do herdeiro, e, nos
contratos, em proveito do devedor, salvo quanto a esses, se do teor do
instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do
credor, ou de ambos os contraentes.
Art. 127. Os atos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a
execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Art. 128. O encargo não suspende a aquisição, nem o exercício do direito, salvo
quando expressamente imposto no ato, pelo disponente, como condição
suspensiva.
CAPÍTULO IV
DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E DA SUA PROVA
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valor superior a Cr$ 50.000 (cinqüenta mil cruzeiros), excetuado o penhor agrícola.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.104, de 20.06.1983)
§ 1º. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé
pública, fazendo prova plena, e, além de outros requisitos previstos em lei
especial, deve conter:
a) data e lugar de sua realização;
b) reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam
comparecido ao ato;
c) nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes
e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens
do casamento, nome do cônjuge e filiação;
d) manifestação da vontade das partes e dos intervenientes;
e) declaração de ter sido lida às partes e demais comparecentes, ou de que
todos a leram;
f) assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião,
encerrando o ato. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 2º. Se algum comparecente não puder ou não souber assinar, outra pessoa
capaz assinará por ele, a seu rogo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.952, de
06.11.1981)
§ 3º. A escritura será redigida em língua nacional. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 4º. Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião
não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público
para servir de intérprete ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz,
que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimentos bastantes. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 5º. Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder
identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos 2 (duas)
testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 6º. O valor previsto no inciso II deste artigo será reajustado em janeiro de cada
ano, em função da variação nominal das Obrigações Reajustáveis do Tesouro
Nacional - ORTN. (Lei nº 6.423, de 17 de junho de 1977). (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 7.104, de 20.06.1983)
Art. 135. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por
quem esteja na disposição e administração livre de seus bens, sendo subscrito por
duas testemunhas, prova as obrigações convencionais de qualquer valor. Mas os
seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros
(artigo 1.067), antes de transcrito no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de
caráter legal.
Art. 136. Os atos jurídicos, a que se não impõe forma especial, poderão provar-
se mediante:
I - Confissão.
II - Atos processados em juízo.
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III - Documentos públicos ou particulares.
IV - Testemunhas.
V - Presunção.
VI - Exames e vistorias.
VII - Arbitramento.
Art. 137. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de
qualquer peça judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a
cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele
subscritas, assim como os traslados de autos, quando por outro escrivão
concertados. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 138. Terão também a mesma força probante os traslados e as certidões
extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos lançados em suas
notas.
Art. 139. Os traslados, ainda que não concertados, e as certidões considerar-se-
ão instrumentos públicos, se os originais se houverem produzido em juízo como
prova de algum ato. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 140. Os escritos de obrigação redigidos em língua estrangeira serão, para
ter efeitos legais no país, vertidos em português.
Art. 141. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se
admite nos contratos cujo valor não passe de Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros).
(Redação dada ao caput pela Lei nº 1.768, de 18.12.1952) (Revogado
implicitamente pelo artigo 401 do CPC)
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do contrato, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
Art. 142. Não podem ser admitidos como testemunhas:
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DAS NULIDADES
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Art. 155. O menor, entre 16 e 21 anos, não pode, para se eximir de uma
obrigação, invocar a sua idade, se dolosamente a ocultou, inquirido pela outra
parte, ou se, no ato de se obrigar, espontaneamente se declarou maior. (Redação
dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 156. O menor, entre 16 e 21 anos, equipara-se ao maior quanto às
obrigações resultantes de atos ilícitos, em que for culpado.
Art. 157. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a
um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
Art. 158. Anulado o ato, restituir-se-ão as partes ao estado, em que antes dele
se achavam, e não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o
equivalente.
TÍTULO II
DOS ATOS ILÍCITOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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quem aproveita.
Art. 163. As pessoas jurídicas estão sujeitas aos efeitos da prescrição e podem
invocá-los sempre que lhes aproveitar.
Art. 164. As pessoas que a lei priva de administrar os próprios bens têm ação
regressiva contra os seus representantes legais, quando estes, por dolo, ou
negligência, derem causa à prescrição.
Art. 165. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
herdeiro.
Art. 166. O juiz não pode conhecer da prescrição de direitos patrimoniais, se não
foi invocada pelas partes.
Art. 167. Com o principal prescrevem os direitos acessórios.
CAPÍTULO II
DAS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO
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I - Pela citação pessoal feita ao devedor, ainda que ordenada por juiz
incompetente.
II - Pelo protesto, nas condições do número anterior.
III - Pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em
concurso de credores.
IV - Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor.
V - Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Art. 173. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último do processo para a interromper.
Art. 174. Em cada um dos casos do artigo 172, a interrupção pode ser
promovida:
I - Pelo próprio titular do direito em via de prescrição.
II - Por quem legalmente o represente.
III - Por terceiro que tenha legítimo interesse.
Art. 175. A prescrição não se interrompe com a citação nula por vício de forma,
por circunducta, ou por se achar perempta a instância, ou a ação.
Art. 176. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros.
Semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais co-obrigados.
§ 1º. A interrupção, porém, aberta por um dos credores solidários aproveita aos
outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.
§ 2º. A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações
e direitos indivisíveis.
§ 3º. A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
CAPÍTULO IV
DOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO
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para este contestar a legitimidade do filho de sua mulher (artigos 338 e 344).
§ 4º. Em três meses:
I - A mesma ação do parágrafo anterior, se o marido se achava ausente, ou lhe
ocultaram o nascimento, contado o prazo do dia de sua volta a casa conjugal, no
primeiro caso, e da data do conhecimento do fato, no segundo.
II - A ação do pai, tutor, ou curador para anular o casamento do filho, pupilo, ou
curatelado, contraído sem o consentimento daqueles, nem o seu suprimento pelo
juiz; contado o prazo do dia em que tiverem ciência do casamento (artigos 180, nº
III, 183, nº XI, 209 e 213).
§ 5º. Em seis meses:
I - A ação do cônjuge coato para anular o casamento; contado o prazo do dia em
que cessou a coação (artigos 183, nº IX e 209). (Revogado implicitamente pelo
Decreto nº 4.529, de 30.06.1942)
II - A ação para anular o casamento do incapaz de consentir, promovida por este,
quando se torne capaz, por seus representantes legais, ou pelos herdeiros;
contados o prazo do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso, do
casamento, no segundo, e, no terceiro, da morte do incapaz, quando esta ocorra
durante a incapacidade (artigo 212).
III - A ação para anular o casamento da menor de 16 e do menor de 18 anos;
contado o prazo do dia em que o menor perfez essa idade, se a ação for por ele
movida, e da data do matrimônio, quando o for por seus representantes legais
(artigo 213 a 216) ou pelos parentes designados no artigo 190. (Redação dada ao
inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
IV - A ação para haver o abatimento do preço da coisa imóvel, recebida com
vício redibitório, ou para rescindir o contrato comutativo, e haver o preço pago,
mais perdas e danos, contado o prazo da tradição da coisa. (Redação dada ao
inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
V - A ação dos hospedeiros, estalajadeiros ou fornecedores de víveres
destinados ao consumo no próprio estabelecimento, pelo preço da hospedagem
ou dos alimentos fornecidos; contado o prazo do último pagamento.
§ 6º. Em um ano:
I - A ação do doador para revogar a doação; contado o prazo do dia em que
souber do fato, que o autoriza a revogá-la (artigo 1.181 a 1.187).
II - A ação do segurado contra o segurador e vice-versa, se o fato que o autoriza
se verificar no país; contado o prazo do dia em que o interessado tiver
conhecimento do mesmo fato (artigo 178, § 7º, nº V).
III - A ação do filho, para desobrigar e reivindicar os imóveis de sua propriedade,
alienados ou gravados pelo pai fora dos casos expressamente legais; contado o
prazo do dia em que chegar à maioridade (artigos 386 e 388, nº I).
IV - A ação dos herdeiros do filho, no caso do número anterior, contando-se o
prazo do dia do falecimento, se o filho morreu menor, e bem assim a de seu
representante legal, se o pai decaiu do pátrio poder, correndo o prazo da data em
que houver decaído (artigo 386 e 388, nºs. II e III).
V - A ação de nulidade da partilha; contado o prazo da data em que a sentença
da partilha passou em julgado (artigo 1.805). (Redação dada ao inciso pelo artigo
1.029 do CPC)
VI - A ação dos professores, mestres ou repetidores de ciência, literatura, ou
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arte, pelas lições que derem, pagáveis por períodos não excedentes a um mês;
contados o prazo do termo de cada período vencido.
VII - A ação dos donos de casa de pensão, educação, ou ensino, pelas
prestações dos seus pensionistas, alunos ou aprendizes; contado o prazo do
vencimento de cada uma.
VIII - A ação dos tabeliães e outros oficiais do juízo, porteiros do auditório e
escrivães, pelas custas dos atos que praticarem; contado o prazo da data
daqueles por que elas se deverem.
IX - A ação dos médicos, cirurgiões ou farmacêuticos, por suas visitas,
operações ou medicamentos; contado o prazo da data do último serviço prestado.
X - A ação dos advogados, solicitadores, curadores, peritos e procuradores
judiciais, para o pagamento de seus honorários; contado o prazo do vencimento
do contrato, da decisão final do processo, ou da revogação do mandato.
(Revogado pela nº Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia, artigo 25, que dá prazo de
5 anos para a prescrição)
XI - A ação do proprietário do prédio desfalcado contra o do prédio aumentado
pela avulsão, nos termos do artigo 541; contado do dia, em que ela ocorreu, o
prazo prescribente.
XII - A ação dos herdeiros do filho para prova da legitimidade da filiação; contado
o prazo da data do seu falecimento se houver morrido ainda menor ou incapaz.
(Revogado pela nº Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia, artigo 25, que dá prazo de
5 anos para a prescrição)
XIII - A ação do adotado para se desligar da adoção, realizada quando ele era
menor ou se achava interdito; contado o prazo do dia em que cessar a
menoridade ou a interdição.
§ 7º. Em dois anos:
I - A ação do cônjuge para anular o casamento nos casos do artigo 219, nºs I, II e
III; contado o prazo da data da celebração do casamento; e da data da execução
deste Código para os casamentos anteriormente celebrados.
II - A ação dos credores por dívida inferior a cem mil réis, salvo as contempladas
nos nºs. VI a VIII do parágrafo anterior; contado o prazo do vencimento respectivo,
se estiver prefixado, e, no caso contrário, do dia em que foi contraída.
III - A ação dos professores, mestres e repetidores de ciência, literatura ou arte,
cujos honorários sejam estipulados em prestações correspondentes a períodos
maiores de um mês; contado o prazo do vencimento da última prestação.
IV - A ação dos engenheiros, arquitetos, agrimensores e estereômetras, por seus
honorários; contado o prazo do termo dos seus trabalhos.
V - A ação do segurado contra o segurador e, vice-versa, se o fato que a autoriza
se verificar fora do Brasil; contado o prazo do dia em que desse fato soube o
interessado (artigo 178, § 6º, nº II).
VI - A ação do cônjuge ou seus herdeiros necessários para anular a doação feita
pelo cônjuge adúltero ao seu cúmplice; contado o prazo da dissolução da
sociedade conjugal (artigo 1.177). (Redação dada ao inciso pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
VII - A ação do marido ou dos seus herdeiros, para anular atos da mulher,
praticados sem o seu consentimento, ou sem o suprimento do juiz; contado o
prazo do dia em que se dissolver a sociedade conjugal (artigos 252 e 315).
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(Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 8º. Em três anos:
A ação do vendedor para resgatar o imóvel vendido; contado o prazo da data da
escritura, quando se não fixou no contrato menor (artigo 1.141).
§ 9º. Em quatro anos:
I - Contados da dissolução da sociedade conjugal, a ação da mulher para:
a) desobrigar ou reivindicar os imóveis do casal, quando o marido os gravou, ou
alienou sem outorga uxória, ou suprimento dela pelo juiz (artigo 235 e 237);
b) anular as fianças prestadas e as doações feitas pelo marido fora dos casos
legais (artigos 235, nºs. III e IV, e 236); (Redação dada à alínea pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
c) reaver do marido o dote (artigo 300), ou os outros bens seus, confiados à
administração marital (artigos 233, nº II, 263, nºs. VIII e IX, 269, 289, nº I, 300 e
311, nº III).
II - A ação dos herdeiros da mulher, nos casos das letras a, b e c do número
anterior, quando ela faleceu, sem propor a que ali se lhe assegura; contando o
prazo da data do falecimento (artigos 239, 295, nº II, 300 e 311, nº III).
III - A ação da mulher ou seus herdeiros para desobrigar ou reivindicar os bens
dotais alienados ou gravados pelo marido; contado o prazo da dissolução da
sociedade conjugal (artigo 293 a 296).
IV - A ação do interessado em pleitear a exclusão do herdeiro (artigos 1.595 e
1.596), ou provar a causa da sua deserdação (artigos 1.714 a 1.745), e bem assim
a ação do deserdado para a impugnar; contado o prazo da abertura da sucessão.
V - A ação de anular ou rescindir os contratos, para a qual não se tenha
estabelecido menor prazo; contado este:
a) no caso de coação, do dia em que ela cessar;
b) no de erro, dolo, simulação ou fraude, no dia em que se realizar o ato ou o
contrato;
c) quanto aos atos dos incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
VI - A ação do filho natural para impugnar o reconhecimento; contado o prazo do
dia em que atingir a maioridade ou se emancipar. (Inciso acrescentado pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 10. Em cinco anos:
I - As prestações de pensões alimentícias.
II - As prestações de rendas temporárias ou vitalícias.
III - Os juros, ou quaisquer outras prestações acessórias pagáveis anualmente,
ou em períodos mais curtos.
IV - Os alugueres de prédio rústico ou urbano.
V - A ação dos serviçais, operários e jornaleiros, pelo pagamento dos seus
salários. (Inciso alterado implicitamente pelo inciso XXIX do artigo 7º da CF/88)
VI - As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, e bem assim
toda e qualquer ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal; devendo o
prazo da prescrição correr da data do ato ou fato do qual se originar a mesma
ação. (Revogado implicitamente pelo Decreto-Lei nº 4.597, de 19.08.1942)
VII - A ação civil por ofensa a direitos de autor; contado o prazo da data da
contrafação. (Revogado implicitamente pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998)
VIII - O direito de propor a ação rescisória. (Revogado implicitamente pelo artigo
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495 do CPC)
IX - A ação por ofensa ou dano causados ao direito de propriedade; contado o
prazo da data em que se deu a mesma ofensa ou dano.
Art. 179. Os casos de prescrição não previstos neste Código serão regulados,
quanto ao prazo, pelo artigo 177.
PARTE ESPECIAL
LIVRO I
DO DIREITO DE FAMÍLIA
TÍTULO I
DO CASAMENTO
CAPÍTULO I
DAS FORMALIDADES PRELIMINARES
Art. 180. A habilitação para casamento faz-se perante o oficial do Registro Civil,
apresentando-se os seguintes documentos:
I - Certidão de idade ou prova equivalente.
II - Declaração do estado, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de
seus pais, se forem conhecidos.
III - Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato
judicial que a supra (artigo 183, nº XI, 188 e 196).
IV - Declaração de duas testemunhas maiores, parentes, ou estranhos, que
atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar.
V - Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou
do registro da sentença de divórcio. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977)
Parágrafo único. Se algum dos contraentes houver residido a maior parte do
último ano em outro Estado, apresentará prova de que o deixou sem impedimento
para casar, ou de que cessou o existente.
Art. 181. À vista desses documentos apresentados pelos pretendentes, ou seus
procuradores, o oficial do registro lavrará os proclamas de casamento, mediante
edital, que se afixará durante quinze dias, em lugar ostensivo do edifício, onde se
celebrarem os casamentos, e se publicará pela imprensa, onde a houver (artigo
182, parágrafo único).
§ 1º. Se, decorrido esse prazo, não aparecer quem oponha impedimento, nem
lhe constar algum dos que de ofício lhe cumpre declarar, o oficial do registro
certificará aos pretendentes que estão habilitados para casar dentro dos três
meses imediatos (artigo 192).
§ 2º. Se os nubentes residirem em diversas circunscrições do Registro Civil, em
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uma e em outra se publicarão os editais.
Art. 182. O registro dos editais far-se-á no cartório do oficial, que os houver
publicado, dando-se deles certidão a quem pedir.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar-
lhes a publicação desde que se lhe apresentem os documentos exigidos no artigo
180.
CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS
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tiver exercício, salvo licença especial da autoridade judiciária superior.
Art. 184. A afinidade resultante de filiação espúria poderá provar-se por
confissão espontânea dos ascendentes da pessoa impedida, os quais, se o
quiserem, terão o direito de fazê-la em segredo de justiça.
Parágrafo único. A resultante da filiação natural poderá ser também provada por
confissão espontânea dos ascendentes, se da filiação não existir a prova prescrita
no artigo 357.
Art. 185. Para o casamento dos menores de 21 anos, sendo filhos legítimos, é
mister o consentimento de ambos os pais.
Art. 186. Discordando eles entre si, prevalecerá a vontade paterna, ou, sendo o
casal separado, divorciado ou tiver sido o seu casamento anulado, a vontade do
cônjuge, com quem estiverem os filhos. (Redação dada ao caput pela Lei nº
6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. Sendo, porém, ilegítimos os pais, bastará o consentimento do
que houver reconhecido o menor, ou se este não for reconhecido, o
consentimento materno.
Art. 187. Até a celebração do matrimônio podem os pais, tutores e curadores
retratar o seu consentimento. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 188. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo
juiz, com recurso para a instância superior.
CAPÍTULO III
DA OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS
Art. 189. Os impedimentos do artigo 183, nºs I a XII, podem ser opostos:
I - Pelo oficial do Registro Civil (artigo 227, nº III).
II - Por quem presidir à celebração do casamento.
III - Por qualquer pessoa maior, que, sob sua assinatura, apresente declaração
escrita, instruída com as provas do fato que alegar.
Parágrafo único. Se não puder instruir a oposição com as provas, precisará o
oponente o lugar, onde existam, ou nomeará, pelo menos, duas testemunhas,
residentes no Município, que atestem o impedimento.
Art. 190. Os outros impedimentos só poderão ser opostos:
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CAPÍTULO IV
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
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dos contraentes:
I - Recusar a solene afirmação da sua vontade.
II - Declarar que esta não é livre e espontânea.
III - Manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum destes fatos, der causa à suspensão
do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
Art. 198. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá
celebrá-lo na casa do impedido, e, sendo urgente, ainda à noite, perante quatro
testemunhas, que saibam ler e escrever.
§ 1º. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir ao
casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do
Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2º. O termo avulso, que o oficial ad hoc lavrar, será levado ao registro no mais
breve prazo possível.
Art. 199. O oficial do registro, mediante despacho da autoridade competente, à
vista dos documentos exigidos no artigo 180 e independentemente do edital de
proclamas (artigo 181), dará a certidão ordenada no artigo 181, § 1º.
I - Quando ocorrer motivo urgente que justifique a imediata celebração do
casamento.
II - Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida.
Parágrafo único. Neste caso, não obtendo os contraentes a presença da
autoridade, a quem incumba presidir ao ato, nem a de seu substituto, poderão
celebrá-lo em presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, em segundo grau.
Art. 200. Essas testemunhas comparecerão dentro em cinco dias ante a
autoridade judicial mais próxima, pedindo que se lhes tomem por termo as
seguintes declarações:
I - Que foram convocadas por parte do enfermo.
II - Que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo.
III - Que em sua presença declararam os contraentes livre e espontaneamente
receber-se por marido e mulher.
§ 1º. Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências
necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado para o
casamento, na forma ordinária, ouvidos os interessados, que o requererem, dentro
em quinze dias.
§ 2º. Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a
autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3º. Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar
dos rercursos interpostos, o juiz mandará transcrevê-la no livro do registro dos
casamentos.
§ 4º. O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao
estado dos cônjuges, à data da celebração e, quanto aos filhos comuns, à data do
nascimento.
§ 5º. Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo anterior, se o enfermo
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convalescer e puder ratificar o casamento em presença da autoridade competente
e do oficial do registro.
Art. 201. O casamento pode celebrar-se mediante procuração que outorgue
poderes especiais ao mandatário para receber, em nome do outorgante, o outro
contraente.
Parágrafo único. Pode casar por procuração o preso, ou o condenado, quando
lhe não permita comparecer em pessoa a autoridade, sob cuja guarda estiver.
CAPÍTULO V
DAS PROVAS DO CASAMENTO
Art. 207. É nulo e de nenhum efeito, quanto aos contraentes e aos filhos, o
casamento contraído com infração de qualquer dos nºs I a VIII do artigo 183.
Art. 208. É também nulo o casamento contraído perante autoridade
incompetente (artigos 192, 194, 195 e 198). Mas esta nulidade se considerará
sanada, se não se alegar dentro em dois anos da celebração.
Parágrafo único. Antes de vencido esse prazo, a declaração da nulidade poderá
ser requerida:
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I - Por qualquer interessado.
II - Pelo Ministério Público, salvo se já houver falecido algum dos cônjuges.
Art. 209. É anulável o casamento contraído com infração de qualquer dos nºs IX
a XII do artigo 183.
Art. 210. A anulação do casamento contraído pelo coacto ou pelo incapaz de
consentir, só pode ser promovida:
I - Pelo próprio coacto.
II - Pelo incapaz.
III - Por seus representantes legais.
Art. 211. O que contraiu casamento, enquanto incapaz, pode ratificá-lo, quando
adquirir a necessária capacidade, e esta ratificação retrotrairá os seus efeitos à
data da celebração.
Art. 212. A anulação do casamento contraído com infração do nº XI do artigo 183
só pode ser requerida pelas pessoas que tinham o direito de consentir e não
assistiram ao ato.
Art. 213. A anulação do casamento da menor de dezesseis anos ou do menor de
dezoito anos será requerida:
I - Pelo próprio cônjuge menor.
II - Pelos seus representantes legais.
III - Pelas pessoas designadas no artigo 190, naquela mesma ordem.
Art. 214. Podem, entretanto, casar-se os referidos menores para evitar a
imposição ou o cumprimento da pena criminal.
Parágrafo único. Em tal caso o juiz poderá ordenar a separação de corpos, até
que os cônjuges alcancem a idade legal.
Art. 215. Por defeito de idade não se anulará o casamento, de que resultou
gravidez.
Art. 216. Quando requerida por terceiros a anulação do casamento (artigo 213,
nºs II e III), poderão os cônjuges ratificá-lo, em perfazendo a idade fixada no artigo
183, nº XII, ante o juiz e o oficial do Registro Civil. A ratificação terá efeito
retroativo, subsistindo, entretanto, o regime da separação de bens.
Art. 217. A anulação do casamento não obsta à legitimidade do filho concebido
ou havido antes ou na constância dele.
Art. 218. É também anulável o casamento, se houve por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 219. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - O que diz respeito à identidade do outro cônjuge, sua honra e boa fama,
sendo esse erro tal, que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em
comum ao cônjuge enganado.
II - A ignorância de crime inafiançável, anterior ao casamento e definitivamente
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julgado por sentença condenatória.
III - A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável ou de
moléstia grave e transmissível, por contágio ou herança, capaz de pôr em risco a
saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.
IV - O defloramento da mulher, ignorado pelo marido.
Art. 220. A anulação do casamento, nos casos do artigo antecedente, só a
poderá demandar o cônjuge enganado. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 221. Embora anulável, ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os
efeitos civis até o dia da sentença anulatória. (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Se um só dos cônjuges estava de boa-fé, ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a esse e aos filhos aproveitarão.
Art. 222. A nulidade do casamento processar-se-á por ação ordinária, na qual
será nomeado curador que o defenda.
Art. 223. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, ou a
de desquite, requererá o autor, com documentos que a autorizem, a separação de
corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.
Art. 224. Concedida a separação, a mulher poderá pedir os alimentos
provisionais, que lhe serão arbitrados, na forma do artigo 400.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 225. O viúvo, ou a viúva, com filhos do cônjuge falecido, que se casar antes
de fazer inventário do casal e dar partilha aos herdeiros, perderá o direito ao
usufruto dos bens dos mesmos filhos.
Art. 226. No casamento, com infração do artigo 183, nºs XI a XVI, é obrigatório o
regime da separação de bens, não podendo o cônjuge infrator fazer doações ao
outro.
Parágrafo único. Considera-se culpado o tutor que não puder apresentar em seu
favor a escusa da cláusula final do artigo 183, nº XV.
Art. 227. Incorre na multa de cem a quinhentos mil réis, além da
responsabilidade penal aplicável ao caso, o oficial do Registro:
I - Que publicar o edital do artigo 181, não sendo solicitado por ambos os
contraentes.
II - Que der a certidão do artigo 181, § 1º, antes de apresentados os documentos
do artigo 180, ou pendente a oposição de algum impedimento.
III - Que não declarar os impedimentos, cuja oposição se lhe fizer, ou cuja
existência, sendo aplicável de ofício, lhe constar com certeza (artigo 189, nº I).
Art. 228. Nas mesmas penas incorrerá o juiz:
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I - Que celebrar o casamento antes de levantados os impedimentos opostos
contra algum dos contraentes.
II - Que deixar de recebê-los, quando oportunamente opostos, nos termos dos
artigos 189 a 191.
III - Que se abstiver de opô-los, quando lhe constarem, e forem dos que se
opõem ex officio (artigo 189, nº II).
IV - Que se recusar a presidir ao casamento, sem justa causa.
Parágrafo único. Cabe aos interessados promover a aplicação das penas
cominadas nos artigos 225 e 226. A das deste e do artigo 227 será promovida
pelo Ministério Público, e poderá sê-lo pelos interessados. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
TÍTULO II
DOS EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a
colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos (artigos 240,
247 e 251).Compete-lhe:
I - A representação legal da família.
II - A administração dos bens comuns e dos particulares da mulher que ao
marido incumbir administrar, em virtude do regime matrimonial adotado ou de
pacto antenupcial (artigos 178, § 9º, nº I, c, 274, 289, nº I e 311).
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III - O direito de fixar o domicílio da família, ressalvada a possibilidade de recorrer
a mulher ao juiz, no caso de deliberação que a prejudique.
IV - Prover a manutenção da família, guardadas as disposições dos artigos 275 e
277. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 234. A obrigação de sustentar a mulher cessa, para o marido, quando ela
abandona sem justo motivo a habitação conjugal, e a esta recusa voltar. Neste
caso, o juiz pode, segundo as circunstâncias, ordenar, em proveito do marido e
dos filhos, o seqüestro temporário de parte dos rendimentos particulares da
mulher.
Art. 235. O marido não pode, sem consentimento da mulher, qualquer que seja o
regime de bens:
I - Alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou direitos reais
sobre imóveis alheios (artigos 178, § 9º, nº I, a, 237 , 276 e 293). (Redação dada
ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
II - Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens e direitos.
III - Prestar fiança (artigos 178, § 9º, nº I, b e 263, nº X).
IV - Fazer doação, não sendo remuneratória ou de pequeno valor, com os bens
ou rendimentos comuns (artigo 178, § 9º, I, b).
Art. 236. Valerão, porém, os dotes ou doações nupciais feitas às filhas e as
doações feitas aos filhos por ocasião de se casarem, ou estabelecerem economia
separada (artigo 313).
Art. 237. Cabe ao juiz suprir a outorga da mulher, quando esta a denegue sem
motivo justo, ou lhe seja impossível dá-la (artigos 235, 238 e 239).
Art. 238. O suprimento judicial da outorga autoriza o ato do marido, mas não
obriga os bens próprios da mulher (artigos 255, 269, 274 e 275).
Art. 239. A anulação dos atos do marido praticados sem outorga da mulher, ou
sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada por ela, ou seus herdeiros
(artigos 178, § 9º, nº I, a e nº II).
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E DEVERES DA MULHER
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I - Praticar atos que este não poderia sem consentimento da mulher (artigo 235).
II - Alienar ou gravar de ônus real, os imóveis de seu domínio particular, qualquer
que seja o regime dos bens (artigos 263, nºs II, III e VIII, 269, 275 e 310).
III - Alienar os seus direitos reais sobre imóveis de outrem.
IV - Contrair obrigações que possam importar em alheação de bens do casal.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 243. A autorização do marido pode ser geral ou especial, mas deve constar
de instrumento público ou particular previamente autenticado.
Art. 244. Esta autorização é revogável a todo o tempo, respeitados os direitos de
terceiros e os efeitos necessários dos atos iniciados.
Art. 245. A autorização marital pode suprir-se judicialmente:
I - Nos casos do artigo 242, nºs I a V.
II - Nos casos do artigo 242, nºs VII e VIII, se o marido não ministrar os meios de
subsistência à mulher e aos filhos.
Parágrafo único. O suprimento judicial da autorização valida os atos da mulher,
mas não obriga os bens próprios do marido. (Parágrafo transposto do artigo 247
pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 246. A mulher que exercer profissão lucrativa, distinta da do marido, terá
direito de praticar todos os atos inerentes ao seu exercício e à sua defesa. O
produto do seu trabalho assim auferido, e os bens com ele adquiridos, constituem,
salvo estipulação diversa em pacto antenupcial, bens reservados, dos quais
poderá dispor livremente com observância, porém, do preceituado na parte final
do artigo 240 e nos nºs II e III, do artigo 242. (Redação dada ao caput pela Lei nº
4.121, de 27.08.1962)
Parágrafo único. Não responde, o produto do trabalho da mulher, nem os bens a
que se refere este artigo, pelas dívidas do marido, exceto as contraídas em
benefício da família. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 247. Presume-se a mulher autorizada pelo marido:
I - Para a compra, ainda que a crédito, das coisas necessárias à economia
doméstica.
II - Para obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa
exigir.
III - Para contrair as obrigações concernentes à indústria, ou profissão que
exercer com autorização do marido, ou suprimento do juiz.
Parágrafo único. Considerar-se-á sempre autorizada pelo marido a mulher, que
ocupar cargo público, ou, por mais de seis meses, se entregar à profissão
exercida fora do lar conjugal. (Parágrafo transposto do artigo 243 pelo Dec. Leg.
nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 248. A mulher casada pode livremente:
I - Exercer o direito de lhe competir sobre as pessoas e os bens dos filhos do
leito anterior (artigo 393).
II - Desobrigar ou reivindicar os imóveis do casal que o marido tenha gravado ou
alienado sem sua outorga ou suprimento do juiz (artigo 235, nº 1).
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III - Anular as fianças ou doações feitas pelo marido com infração do disposto
nos nºs III e IV do artigo 235.
IV - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo
marido à concubina (artigo 1.177).
Parágrafo único. Este direito prevalece, esteja ou não a mulher em companhia do
marido, e ainda que a doação se dissimule em venda ou outro contrato. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
V - Dispor dos bens adquiridos na conformidade do número anterior e de
quaisquer outros que possua, livres da administração do marido, não sendo
imóveis. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
VI - Promover os meios assecuratórios e as ações que, em razão do dote ou de
outros bens seus, sujeitos à administração do marido, contra este lhe competirem.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
VII - Praticar quaisquer outros atos não vedados por lei. (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
VIII - Propor a separação judicial e o divórcio. (Inciso acrescentado pela Lei nº
6.515, de 26.12.1977)
Art. 249. As ações fundadas nos nºs II, III, IV e VI do artigo antecedente
competem à mulher e aos seus herdeiros.
Art. 250. Salvo o caso do no IV do artigo 248, fica ao terceiro, prejudicado com a
sentença favorável à mulher, o direito regressivo contra o marido ou seus
herdeiros.
Art. 251. À mulher compete a direção e administração do casal, quando o
marido:
I - Estiver em lugar remoto, ou não sabido.
II - Estiver em cárcere por mais de dois anos.
III - For judicialmente declarado interdito.
Parágrafo único. Nestes casos, cabe à mulher:
I - Administrar os bens comuns.
II - Dispor dos particulares e alienar os móveis comuns e os do marido.
III - Administrar os do marido.
IV - Alienar os imóveis comuns e os do marido mediante autorização especial do
juiz.
Art. 252. A falta, não suprida pelo juiz, de autorização do marido, quando
necessária (artigo 242), invalidará o ato da mulher, podendo esta nulidade ser
alegada pelo outro cônjuge, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal.
Parágrafo único. A ratificação do marido, provada por instrumento público ou
particular autenticado, revalida o ato.
Art. 253. Os atos da mulher autorizados pelo marido obrigam todos os bens do
casal, se o regime matrimonial for o da comunhão, e somente os particulares dela,
se outro for o regime e o marido não assumir conjuntamente a responsabilidade
do ato.
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Art. 254. Qualquer que seja o regime do casamento, os bens de ambos os
cônjuges ficam obrigados igualmente pelos atos que a mulher praticar na
conformidade do artigo 247.
Art. 255. A anulação dos atos de um cônjuge por falta da outorga indispensável
do outro, importa ficar o primeiro obrigado pela importância da vantagem, que do
ato anulado lhe haja advindo, a ele, ao consorte ou ao casal. (Redação dada ao
caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Quando o cônjuge responsável pelo ato anulado não tiver bens
particulares, que bastem, o dano aos terceiros de boa-fé se comporá pelos bens
comuns, na razão do proveito que lucrar o casal.
TÍTULO III
DO REGIME DOS BENS ENTRE OS CÔNJUGES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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para com ela e seus herdeiros responsável:
I - Como usufrutuário, se o rendimento for comum (artigos 262, 265, 271, nº V, e
289, nº II).
II - Como procurador, se tiver mandato, expresso ou tácito, para os administrar
(artigo 311).
III - Como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador (artigos 269, nº
II, 276 e 310).
Art. 261. As convenções antenupciais não terão efeito para com terceiros senão
depois de transcritas, em livro especial, pelo oficial do registro de imóveis do
domicílio dos cônjuges (artigo 256). (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO II
DO REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL
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Art. 265. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo 263 não se lhes
estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Art. 266. Na constância da sociedade conjugal, a propriedade e posse dos bens
é comum.
Parágrafo único. A mulher, porém, só os administrará por autorização do marido,
ou nos casos do artigo 248, nº V, e artigo 251.
Art. 267. Dissolve-se a comunhão:
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Art. 272. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anterior ao casamento.
Art. 273. No regime da comunhão parcial presume-se adquiridos na constância
do casamento os móveis quando não se provar com documento autêntico, que o
foram em data anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 274. A administração dos bens do casal compete ao marido, e as dívidas por
este contraídas obrigam, não só os bens comuns, senão ainda, em falta destes, os
particulares de um e outro cônjuge, na razão do proveito que cada qual houver
lucrado.
Art. 275. É aplicável a disposição do artigo antecedente às dívidas contraídas
pela mulher, nos casos em que os seus atos são autorizados pelo marido, se
presumem sê-los, ou escusam autorização (artigos 242 a 244, 247, 248 e 233, nº
V).
CAPÍTULO IV
DO REGIME DA SEPARAÇÃO
SEÇÃO I
DA CONSTITUIÇÃO DO DOTE
Art. 278. É da essência do regime dotal descreverem-se e estimarem-se cada
um de per si, na escritura antenupcial (artigo 256), os bens que constituem o dote,
com expressa declaração de que a este regime ficam sujeitos.
Art. 279. O dote pode ser constituído pela própria nubente, por qualquer dos
seus ascendentes, ou por outrem.
Parágrafo único. Na celebração do contrato intervirão sempre, em pessoa, ou por
procurador, todos os interessados.
Art. 280. O dote pode compreender, no todo, ou em parte, os bens presentes e
futuros da mulher.
Parágrafo único. Os bens futuros, porém, só se consideram compreendidos no
dote, quando, adquiridos por título gratuito, assim for declarado em cláusula
expressa do pacto antenupcial.
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Art. 281. Não é lícito aos casados aumentar o dote.
Art. 282. O dote constituído por estranhos durante o matrimônio não altera,
quanto aos outros bens, o regime preestabelecido.
Art. 283. É lícito estipular na escritura antenupcial a reversão do dote ao dotador,
dissolvida a sociedade conjugal.
Art. 284. Se o dote for prometido pelos pais conjuntamente, sem declaração da
parte com que um e outro contribuem, entende-se que cada um se obrigou por
metade.
Art. 285. Quando o dote for constituído por qualquer outra pessoa, esta só
responderá pela evicção se houver procedido de má-fé, ou se a responsabilidade
tiver sido estipulada.
Art. 286. Os frutos do dote são devidos desde a celebração do casamento, se
não se estipulou prazo. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 287. É permitido estipular no contrato dotal:
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I - Se de acordo o marido e a mulher quiserem dotar suas filhas comuns.
II - Em caso de extrema necessidade, por faltarem outros recursos para
subsistência da família.
III - No caso da primeira parte do § 2º do artigo 299.
IV - Para reparos indispensáveis à conservação de outro imóvel ou imóveis
dotais.
V - Quando se acharem indivisos com terceiros, e a divisão for impossível, ou
prejudicial.
VI - No caso de desapropriação por utilidade pública.
VII - Quando estiverem situados em lugar distante do domicílio conjugal, e por
isso for manifesta a conveniência de vendê-los.
Parágrafo único. Nos três últimos casos, o preço será aplicado em outros bens,
nos quais ficará sub-rogado.
Art. 294. Ficará subsidiariamente responsável o juiz que conceder a alienação
fora dos casos e sem as formalidades do artigo antecedente, ou não providenciar
na sub-rogação do preço em conformidade com o parágrafo único do mesmo
artigo.
Art. 295. A nulidade da alienação pode ser promovida:
I - Pela mulher.
II - Pelos seus herdeiros.
Parágrafo único. A reivindicação dos móveis, porém, só será permitida, se o
marido não tiver bens com que responda pelo seu valor, ou se a alienação pelo
marido e as subseqüentes entre terceiros tiverem sido feitas por título gratuito ou
de má-fé.
Art. 296. O marido fica obrigado por perdas e danos aos terceiros prejudicados
com a nulidade, se no contrato de alienação (artigos 293 e 294) não se declarar a
natureza dotal dos imóveis.
Art. 297. Se o marido não tiver imóveis, que se possam hipotecar em garantia do
dote, poder-se-á no contrato antenupcial estipular fiança, ou outra caução.
Art. 298. O direito aos imóveis dotais não prescreve durante o matrimônio. Mas
prescreve, sob a responsabilidade do marido, o direito aos móveis dotais.
Art. 299. Quanto às dívidas passivas, observar-se-á o seguinte:
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Art. 300. O dote deve ser restituído pelo marido à mulher ou aos seus herdeiros,
dentro do mês que se seguir à dissolução da sociedade conjugal, se não o puder
imediatamente (artigo 178, § 9º, nº I, c, e nº II).
Art. 301. O preço dos bens fungíveis, ou não fungíveis, quando legalmente
alienados, só pode ser pedido seis meses depois da dissolução da sociedade
conjugal.
Art. 302. Se os móveis dotais se tiverem consumido por uso ordinário, o marido
será obrigado a restituir somente os que restarem, e no estado em que se
acharem ao tempo da dissolução sociedade conjugal.
Art. 303. A mulher pode, em todo o caso, reter os objetos de seu uso, em
conformidade com a disposição do artigo 263, nº IX, deduzindo-se o seu valor do
que o marido houver de restituir.
Art. 304. Se o dote compreender capitais ou rendas, que tenham sofrido
diminuição ou depreciação eventual, sem culpa do marido, este desonerar-se-á da
obrigação de restituí-los, entregando os respectivos títulos.
Parágrafo único. Quando, porém, constituído em usufruto, o marido ou seus
herdeiros serão obrigados somente a restituir o título respectivo e os frutos
percebidos após a dissolução da sociedade conjugal.
Art. 305. Presume-se recebido o dote:
I - Se o casamento se tiver prolongado por cinco anos depois do prazo
estabelecido para sua entrega.
II - Se o devedor for a mulher.
Parágrafo único. Fica, porém, salvo ao marido o direito de provar que o não
recebeu, apesar de o ter exigido.
Art. 306. Dada a dissolução da sociedade conjugal, os frutos dotais, que
correspondam ao ano corrente, serão divididos entre os dois cônjuges, ou entre
um e os herdeiros do outro, proporcionalmente à duração do casamento, no
decurso do mesmo ano.
Os anos do casamento contam-se da data de sua celebração.
Parágrafo único. Tratando-se de colheitas obtidas em períodos superiores, ou
inferiores a um ano, a divisão se efetuará proporcionalmente ao tempo de duração
da sociedade conjugal, dentro no período da colheita.
Art. 307. O marido tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
segundo o seu valor ao tempo da restituição, e responde pelos danos de que tiver
culpa.
Parágrafo único. Este direito e esta obrigação transmitem-se aos seus herdeiros.
SEÇÃO IV
DA SEPARAÇÃO DO DOTE E SUA ADMINISTRAÇÃO PELA MULHER
Art. 308. A mulher pode requerer judicialmente a separação do dote, quando a
desordem nos negócios do marido leve a recear que os bens deste não bastem a
assegurar os dela; salvo o direito, que aos credores assiste, de se oporem à
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separação, quando fraudulenta.
Art. 309. Separado o dote, terá por administradora a mulher, mas continuará
inalienável, provendo o juiz, quando conceder a separação, a que sejam
convertidos em imóveis os valores entregues pelo marido em reposição dos bens
dotais.
Parágrafo único. A sentença da separação será averbada no registro de que
trata o artigo 261, para produzir efeitos em relação a terceiros.
SEÇÃO V
DOS BENS PARAFERNAIS
Art. 310. A mulher conserva a propriedade, a administração, o gozo e a livre
disposição dos bens parafernais; não podendo, porém, alienar os imóveis (artigo
276).
Art. 311. Se o marido, como procurador constituído para administrar os bens
parafernais ou particulares da mulher, for dispensado, por cláusula expressa, de
prestar-lhe contas, será somente obrigado a restituir os frutos existentes:
I - Quando ela lhe pedir contas.
II - Quando ela lhe revogar o mandato.
III - Quando dissolvida a sociedade conjugal.
CAPÍTULO VI
DAS DOAÇÕES ANTENUPCIAIS
Art. 312. Salvo o caso de separação obrigatória de bens (artigo 258, parágrafo
único) é livre aos contraentes estipular, na escritura antenupcial, doações
recíprocas, ou de um ao outro, contanto que não excedam à metade dos bens do
doador (artigos 263, nº VIII, e 232, nº II).
Art. 313. As doações para casamento podem também ser feitas por terceiros, no
contrato antenupcial, ou em escritura pública anterior ao casamento.
Art. 314. As doações estipuladas nos contratos antenupciais, para depois da
morte do doador, aproveitarão aos filhos do donatário, ainda que este faleça antes
daquele.
Parágrafo único. No caso, porém, de sobreviver o doador a todos os filhos do
donatário, caducará a doação.
TÍTULO IV
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DA
PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
CAPÍTULO I
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
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Art. 315. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 316. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 317. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 318. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 319. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 320. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 321. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 322. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 323. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 324. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
CAPÍTULO II
DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS
TÍTULO V
DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 330. São parentes, em linha reta, as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 331. São parentes, em linha colateral, ou transversal, até o sexto grau, as
pessoas que provêm de um só tronco, sem descenderem umas das outras.
Art. 332. (Revogado pela Lei nº 8.560, de 29.12.1992)
Art. 333. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de
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gerações, e na colateral, também pelo número delas, subindo, porém, de um dos
parentes até ao ascendente comum, e descendo, depois, até encontrar o outro
parente.
Art. 334. Cada cônjuge é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
Art. 335. A afinidade, na linha reta, não se extingue com a dissolução do
casamento, que a originou.
Art. 336. A adoção estabelece parentesco meramente civil entre o adotante e o
adotado (artigo 376).
CAPÍTULO II
DA FILIAÇÃO LEGÍTIMA
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herdeiros do marido.
Art. 346. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 347. (Revogado pela Lei nº 8.560, de 29.12.1992)
Art. 348. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade de registro. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 5.860, de 30.09.1943)
Art. 349. Na falta, ou defeito do termo de nascimento poderá provar-se a filiação
legítima, por qualquer modo admissível em direito:
I - Quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta
ou separadamente.
II - Quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
Art. 350. A ação de prova da filiação legítima compete ao filho, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor, ou incapaz.
Art. 351. Se a ação tiver sido iniciada pelo filho, poderão continuá-la os
herdeiros, salvo se o autor desistiu, ou a instância foi perempta.
CAPÍTULO III
DA LEGITIMAÇÃO
Art. 355. O filho ilegítimo pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou
separadamente. (Alterado implicitamente pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
Art. 356. Quando a maternidade constar do termo de nascimento do filho a mãe
só poderá contestar, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele
contidas.
Art. 357. O reconhecimento voluntário do filho ilegítimo pode fazer-se ou no
próprio termo de nascimento, ou mediante escritura pública, ou por testamento
(artigo 184, parágrafo único).
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho, ou
suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. (Revogado implicitamente
pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
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Art. 358. (Revogado pela Lei nº 7.841, de 17.10.1989)
Art. 359. O filho ilegítimo, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir
no lar conjugal sem o consentimento do outro.
Art. 360. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob o poder do progenitor,
que o reconheceu, e, se ambos o reconheceram, sob o do pai.
Art. 361. Não se pode subordinar a condição, ou a termo, o reconhecimento do
filho.
Art. 362. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o
menor pode impugnar o reconhecimento, dentro dos quatro anos que se seguirem
à maioridade, ou emancipação.
Art. 363. Os filhos ilegítimos de pessoas que não caibam no artigo 183, nºs I e
VI, têm ação contra os pais, ou seus herdeiros, para demandar o reconhecimento
da filiação.
I - Se ao tempo da concepção a mãe estava concubinada com o pretendido pai.
II - Se a concepção do filho reclamante coincidiu com o rapto da mãe pelo
suposto pai, ou suas relações sexuais com ela.
III - Se existir escrito daquele a quem se atribui a paternidade, reconhecendo-a
expressamente.
Art. 364. A investigação da maternidade só se não permite quando tenha por fim
atribuir prole ilegítima à mulher casada ou incestuosa à solteira (artigo 358).
(Alterado implicitamente pelo § 6º do artigo 227 da CF/88)
Art. 365. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de
investigação da paternidade, ou maternidade.
Art. 366. A sentença, que julgar procedente a ação de investigação, produzirá os
mesmos efeitos do reconhecimento; podendo, porém, ordenar que o filho se crie e
eduque fora da companhia daquele dos pais, que negou esta qualidade.
Art. 367. A filiação paterna e a materna podem resultar de casamento declarado
nulo, ainda mesmo sem as condições do putativo.
CAPÍTULO V
DA ADOÇÃO
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mulher.
Art. 371. Enquanto não der contas de sua administração, e saldar o seu alcance,
não pode o tutor, ou curador, adotar o pupilo, ou o curatelado.
Art. 372. Não se pode adotar sem o consentimento do adotado ou de seu
representante legal se for incapaz ou nascituro. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 373. O adotado, quando menor, ou interdito, poderá desligar-se da adoção
no ano imediato ao em que cessar a interdição, ou a menoridade.
Art. 374. Também se dissolve o vínculo da adoção:
I - Quando as duas partes convierem.
II - Nos casos em que é admitida a deserdação. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 375. A adoção far-se-á por escritura pública em que se não admite condição,
nem termo.
Art. 376. O parentesco resultante da adoção (artigo 336) limita-se ao adotante e
ao adotado, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais, a cujo respeito se
observará o disposto no artigo 183, nºs III e V.
Art. 377. Quando o adotante tiver filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, a
relação de adoção não envolve a de sucessão hereditária. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 378. Os direitos e deveres que resultam do parentesco natural não se
extinguem pela adoção, exceto o pátrio poder, que será transferido do pai natural
para o adotivo.
CAPÍTULO VI
DO PÁTRIO PODER
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 379. Os filhos legítimos, os legitimados, os legalmente reconhecidos e os
adotivos estão sujeitos ao pátrio poder, enquanto menores.
Art. 380. Durante o casamento compete o pátrio poder aos pais, exercendo-o o
marido com a colaboração da mulher. Na falta ou impedimento de um dos
progenitores passará o outro a exercê-lo com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os progenitores quanto ao exercício do pátrio poder,
prevalecerá a decisão do pai, ressalvado à mãe o direito de recorrer ao juiz para
solução da divergência. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de
27.08.1962)
Art. 381. O desquite não altera as relações entre pais e filhos senão quanto ao
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direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos (artigos
326 e 327).
Art. 382. Dissolvido o casamento pela morte de um dos cônjuges, o pátrio poder
compete ao cônjuge sobrevivente.
Art. 383. O filho ilegítimo não reconhecido pelo pai fica sob o poder materno. Se,
porém, a mãe não for conhecida, ou capaz de exercer o pátrio poder, dar-se-á
tutor ao menor.
SEÇÃO II
DO PÁTRIO PODER QUANTO À PESSOA DOS FILHOS
Art. 384. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:
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Art. 390. Excetuam-se:
I - Os bens deixados ou doados ao filho com a exclusão do usufruto paterno.
II - Os bens deixados ao filho, para fim certo e determinado.
Art. 391. Excluem-se assim do usufruto como da administração dos pais:
I - Os bens adquiridos pelo filho ilegítimo, antes do reconhecimento.
II - Os adquiridos pelo filho em serviço militar, de magistério, ou em qualquer
outra função pública.
III - Os deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem administrados
pelos pais.
IV - Os bens que ao filho couberem na herança (artigo 1.599), quando os pais
forem excluídos da sucessão (artigo 1.602). (Acrescido pelo Dec. Leg. 3.725, de
15.01.1919)
SEÇÃO IV
DA SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PÁTRIO PODER
Art. 392. Extingue-se o pátrio poder:
Art. 396. De acordo com o prescrito neste capítulo podem os parentes exigir uns
dos outros os alimentos, de que necessitem para subsistir.
Art. 397. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns em falta de outros.
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Art. 398. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes,
guardada a ordem da sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos,
como unilaterais.
Art. 399. São devidos os alimentos quando o parente, que os pretende, não tem
bens, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e o de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Parágrafo único. No caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade,
ficaram sem condições de prover o próprio sustento, principalmente quando se
despojaram de bens em favor da prole, cabe, sem perda de tempo e até em
caráter provisional, aos filhos maiores e capazes, o dever de ajudá-los e ampará-
los, com a obrigação irrenunciável de assisti-los e alimentá-los até o final de suas
vidas. (Parágrafo acrescentado pela Lei 8.648, de 20.04.1993)
Art. 400. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Art. 401. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na fortuna de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar do juiz, conforme
as circunstâncias, exoneração, redução, ou agravação do encargo.
Art. 402. A obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros do
devedor. (Revogado implicitamente pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 403. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando,
ou dar-lhe em casa, hospedagem e sustento.
Parágrafo único. Compete, porém, ao juiz, se as circunstâncias exigirem, fixar a
maneira da prestação devida.
Art. 404. Pode-se deixar de exercer, mas não se pode renunciar o direito a
alimentos.
Art. 405. O casamento, embora nulo, e a filiação espúria, provada quer por
sentença irrecorrível, não provocada pelo filho, quer por confissão, ou declaração
escrita do pai, fazem certa a paternidade, somente para o efeito da prestação de
alimentos.
TÍTULO VI
DA TUTELA, DA CURATELA E DA AUSÊNCIA
CAPÍTULO I
DA TUTELA
SEÇÃO I
DOS TUTORES
Art. 406. Os filhos menores são postos em tutela:
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I - Falecendo os pais, ou sendo julgados ausentes.
II - Decaindo os pais do pátrio poder.
Art. 407. O direito de nomear tutor compete ao pai, à mãe, ao avô paterno e ao
materno. Cada uma destas pessoas o exercerá no caso de falta ou incapacidade
das que lhes antecederem na ordem aqui estabelecida.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro
documento autêntico.
Art. 408. Nula é a nomeação de tutor pelo pai, ou pela mãe, que, ao tempo de
sua morte, não tenha o pátrio poder.
Art. 409. Em falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela aos parentes
consangüíneos do menor, por esta ordem:
I - Ao avô paterno, depois ao materno, e, na falta deste, à avó paterna, ou
materna.
II - Aos irmãos, preferindo os bilaterais aos unilaterais, o do sexo masculino ao
do feminino, o mais velho ao mais moço.
III - Aos tios, sendo preferido o do sexo masculino ao do feminino, o mais velho
ao mais moço.
Art. 410. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I - Na falta de tutor testamentário, ou legítimo.
II - Quando estes forem excluídos ou escusados da tutela.
III - Quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.
Art. 411. Aos irmãos órfãos se dará um só tutor. No caso, porém, de ser
nomeado mais de um, por disposição testamentária, entende-se que a tutela foi
cometida ao primeiro, e que os outros lhe hão de suceder pela ordem da
nomeação, dado o caso de morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro
impedimento legal.
Parágrafo único. Quem instituiu um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá
nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o menor se ache
sob o pátrio poder, ou sob tutela.
Art. 412. Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz, ou serão
recolhidos a estabelecimentos públicos para este fim destinados.
Na falta desses estabelecimentos, ficam sob a tutela das pessoas que, voluntária
e gratuitamente, se encarregarem da sua criação.
SEÇÃO II
DOS INCAPAZES DE EXERCER A TUTELA
Art. 413. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - Os que não tiverem a livre administração de seus bens.
II - Os que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos
em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este; e
aqueles cujos pais, filhos, ou cônjuges tiverem demanda com o menor.
III - Os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes
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expressamente excluídos da tutela.
IV - Os condenados por crime de furto, roubo, estelionato ou falsidade, tenham
ou não cumprido a pena.
V - As pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de
abuso em tutorias anteriores.
VI - Os que exercerem função pública incompatível com a boa administração da
tutela.
SEÇÃO III
DA ESCUSA DOS TUTORES
Art. 414. Podem escusar-se da tutela:
I - As mulheres.
II - Os maiores de sessenta anos.
III - Os que tiverem em seu poder mais de cinco filhos.
IV - Os impossibilitados por enfermidade. (Redação do Dec. Leg. 3.725, de
15.01.1919)
V - Os que habitarem longe do lugar, onde se haja de exercer a tutela.
VI - Os que já exercerem tutela, ou curatela.
VII - Os militares, em serviço.
Art. 415. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a
tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de
exercê-la.
Art. 416. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à intimação do
nomeado, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la.
Se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão
do em que ele sobrevier.
Art. 417. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela, enquanto
o recurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e
danos, que o menor venha a sofrer.
SEÇÃO IV
DA GARANTIA DA TUTELA
Art. 418. O tutor, antes de assumir a tutela, é obrigado a especializar, em
hipoteca legal, que será inscrita, os imóveis necessários, para acautelar, sob a sua
administração, os bens do menor.
Art. 419. Se todos os imóveis de sua propriedade não valerem o patrimônio do
menor, reforçará o tutor a hipoteca mediante caução real ou fidejussória; salvo se
para tal não tiver meios, ou for de reconhecida idoneidade.
Art. 420. O juiz responde subsidiariamente pelos prejuízos, que sofra o menor
em razão da insolvência do tutor, de lhe não ter exigido a garantia legal, ou de o
não haver removido, tanto que se tornou suspeito.
Art. 421. A responsabilidade será pessoal e direta, quando o juiz não tiver
nomeado tutor, ou quando a nomeação não houver sido oportuna.
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SEÇÃO V
DO EXERCÍCIO DA TUTELA
Art. 422. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, reger a pessoa do menor,
velar por ele e administrar-lhe os bens.
Art. 423. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo
especificado dos bens e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.
Art. 424. Cabe ao tutor, quanto à pessoa do menor:
I - Representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
lo, após essa idade, nos atos em que for parte, suprindo-lhe o consentimento.
II - Receber as rendas e pensões do menor.
III - Fazer-lhe as despesas de subsistência e educação bem como as da
administração de seus bens (artigo 433, nº I).
IV - Alienar os bens do menor destinados à venda.
Art. 427. Compete-lhe também, com a autorização do juiz:
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menor, sob pena de lho não poder cobrar, enquanto exerça a tutoria, salvo
provando que não conhecia o débito, quando a assumiu.
Art. 431. O tutor responde pelos prejuízos, que, por negligência, culpa, ou dolo,
causar ao pupilo; mas tem direito a ser pago do que legalmente despender no
exercício da tutela, e, salvo no caso do artigo 412, a perceber uma gratificação por
seu trabalho.
Parágrafo único. Não tendo os pais do menor fixado essa gratificação, arbitra-la-
á o juiz, até dez por cento, no máximo, da renda líquida anual dos bens
administrados pelo tutor.
SEÇÃO VI
DOS BENS DE ÓRFÃOS
Art. 432. Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiros de seus
tutelados, além do necessário, para as despesas ordinárias com o seu sustento, a
sua educação e a administração de seus bens.
§ 1º. Os objetos de ouro, prata, pedras preciosas e móveis desnecessários serão
vendidos em hasta pública, e seu produto convertido em títulos de
responsabilidade da União, ou dos Estados, rescolhidos às Caixas Econômicas
Federais ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for determinado pelo juiz.
O mesmo destino terá o dinheiro proveniente de qualquer outra procedência.
§ 2º. Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima ditos,
pagando os juros legais desde o dia em que lhes deveriam dar esse destino, o que
não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação.
Art. 433. Os valores que existirem nas Caixas Econômicas Federais, na forma
do artigo anterior, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e
somente:
I - Para as despesas com o sustento e educação do pupilo ou a administração de
seus bens (artigo 427, nº I).
II - Para se comprarem bens de raiz e títulos da dívida pública da União, ou dos
Estados.
III - Para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver
doado, ou deixado.
IV - Para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou,
mortos eles, aos seus herdeiros.
SEÇÃO VII
DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE TUTELA
Art. 434. Os tutores, embora o contrário dispusessem os pais dos tutelados, são
obrigados a prestar contas da sua administração.
Art. 435. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o
balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 436. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e bem assim
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quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício de tutela ou toda a vez que o
juiz o houver por conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois de
audiência dos interessados; recolhendo o tutor imediatamente em caixas
econômicas os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos da dívida pública.
Art. 437. Finda a tutela pela emancipação, ou maioridade, a quitação do menor
não produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira,
até então, a responsabilidade do tutor.
Art. 438. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão
prestadas por seus herdeiros, ou representantes.
Art. 439. Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e
reconhecidamente proveitosas ao menor.
Art. 440. As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado.
Art. 441. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, vencerão juros
desde o julgamento definitivo das contas.
SEÇÃO VIII
DA CESSAÇÃO DA TUTELA
Art. 442. Cessa a condição de pupilo:
I - Com a maioridade, ou a emancipação do menor.
II - Caindo o menor sob o pátrio poder, no caso de legitimação, reconhecimento,
ou adoção.
Art. 443. Cessam as funções do tutor:
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 446. Estão sujeitos à curatela:
I - Os loucos de todo o gênero (artigos 448, nº I, 450 e 457).
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II - Os surdos-mudos, sem educação que os habilite a enunciar precisamente a
sua vontade (artigos 451 e 456).
III - Os pródigos (artigos 459 e 461).
Art. 447. A interdição deve ser promovida:
I - Pelo pai, mãe, ou tutor.
II - Pelo cônjuge ou algum parente próximo.
III - Pelo Ministério Público.
Art. 448. O Ministério Público só promoverá a interdição:
I - No caso de loucura furiosa.
II - Se não existir, ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas
no artigo antecedente, nºs I e II.
III - Se, existindo, forem menores, ou incapazes.
Art. 449. Nos casos em que a interdição for promovida pelo Ministério Público, o
juiz nomeará defensor ao suposto incapaz. Nos demais casos o Ministério Público
será o defensor.
Art. 450. Antes de se pronunciar acerca da interdição, examinará pessoalmente
o juiz o argüido de incapacidade, ouvindo profissionais.
Art. 451. Pronunciada a interdição do surdo-mudo, o juiz assinará, segundo o
desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela.
Art. 452. A sentença que declara a interdição produz efeito desde logo, embora
sujeita a recurso.
Art. 453. Decretada a interdição, fica o interdito sujeito à curatela, à qual se
aplica o disposto no capítulo antecedente, com a restrição do artigo 451 e as
modificações dos artigos seguintes.
Art. 454. O cônjuge, não separado judicialmente, é, de direito, curador do outro,
quando interdito (artigo 455).
§ 1º. Na falta do cônjuge, é curador legítimo o pai; na falta deste, a mãe; e, na
desta, o descendente maior.
§ 2º. Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos, e
dentre os do mesmo grau, os varões às mulheres.
§ 3º. Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 455. Quando o curador for o cônjuge, não será obrigado a apresentar os
balanços anuais, nem a fazer inventário, se o regime do casamento for o da
comunhão, ou se os bens do incapaz se acharem descritos em instrumento
público, qualquer que seja o regime do casamento.
§ 1º. Se o curador for o marido, observar-se-á o disposto nos artigos 233 a 239.
§ 2º. Se for a mulher a curadora, observar-se-á o disposto no artigo 251,
parágrafo único.
§ 3º. Se for o pai, ou mãe, não terá aplicação o disposto no artigo 435.
Art. 456. Havendo meio de educar o surdo-mudo, o curador promover-lhe-á o
ingresso em estabelecimento apropriado.
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Art. 457. Os loucos, sempre que parecer inconveniente conservá-los em casa,
ou o exigir o seu tratamento, serão também recolhidos em estabelecimento
adequado.
Art. 458. A autoridade do curador estende-se à pessoa e bens dos filhos do
curatelado, nascidos ou nascituros (artigo 462, parágrafo único). (Redação dada
ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
SEÇÃO II
DOS PRÓDIGOS
Art. 459. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar,
transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e praticar,
em geral, atos que não sejam de mera administração.
Art. 460. O pródigo só incorrerá em interdição, havendo cônjuge, ou tendo
ascendentes ou descentes legítimos, que a promovam.
Art. 461. Levantar-se-á interdição, cessando a incapacidade, que a determinou,
ou não existindo mais os parentes designados no artigo anterior.
Parágrafo único. Só o mesmo pródigo e as pessoas designadas no artigo 460
poderão argüir a nulidade dos atos do interdito durante a interdição.
SEÇÃO III
DA CURATELA DO NASCITURO
Art. 462. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer, estando a mulher
grávida, e não tendo o pátrio poder.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será do nascituro
(artigo 458).
CAPÍTULO III
DA AUSÊNCIA
SEÇÃO I
DA CURADORIA DE AUSENTES
Art. 463. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio, sem que dela haja
notícia, se não houver deixado representante, ou procurador, a quem toque
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do
Ministério Público, nomear-lhe-á curador.
Art. 464. Também se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário,
que não queira, ou não possa exercer ou continuar o mandato.
Art. 465. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações
conforme as circunstâncias, observando, no que foi aplicável, o disposto a respeito
dos tutores e curadores.
Art. 466. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente,
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será o seu legítimo curador.
Art. 467. Em falta de cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe ao pai,
à mãe, aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba
de exercer o cargo.
Parágrafo único. Entre os descendentes, os mais vizinhos precedem aos mais
remotos, e, entre os do mesmo grau, os varões precedem às mulheres.
Art. 468. Nos casos de arrecadação de herança ou quinhão de herdeiros
ausentes, observar-se-á, quanto à nomeação do curador, o disposto neste Código,
artigos 1.591 a 1.594.
SEÇÃO II
DA SUCESSÃO PROVISÓRIA
Art. 469. Passando-se dois anos, sem que se saiba do ausente, se não deixou
representante, nem procurador, ou, se os deixou, em passando quatro anos,
poderão os interessados requerer que se lhes abra provisoriamente a sucessão.
(Revogado implicitamente pelo artigo 1.163 do CPC)
Art. 470. Consideram-se, para estes efeitos, interessados:
I - O cônjuge não separado judicialmente.
II - Os herdeiros presumidos legítimos ou os testamentários.
III - Os que tiverem sobre os bens do ausente direito subordinado à condição de
morte.
IV - Os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 471. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só
produzirá efeito seis meses depois de publicado pela imprensa; mas, logo que
passe em julgado, se procederá à abertura do testamento, se existir, e ao
inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1º. Findo o prazo do artigo 469, e não havendo absolutamente interessados na
sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2º. Não comparecendo herdeiro, ou interessado, tanto que passe em julgado a
sentença, que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á judicialmente à
arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos artigos 1.591 a
1.594. (Revogado implicitamente pelo artigo 1.163 do CPC)
Art. 472. Antes da partilha o juiz ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos
à deterioração ou a extravio, em imóveis, ou em títulos da dívida pública da União
ou dos Estados (artigo 477).
Art. 473. Os herdeiros imitidos na posse dos bens do ausente darão garantias da
restituição deles, mediante penhores, ou hipotecas, equivalentes aos quinhões
respectivos.
Parágrafo único. O que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a
garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam
caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e
que preste a dita garantia (artigo 478).
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Art. 474. Na partilha, os imóveis serão confiados em sua integridade aos
sucessores provisórios mais idôneos.
Art. 475. Não sendo por desapropriação, os imóveis do ausente só se poderão
alienar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína, ou quando convenha
convertê-los em títulos da dívida pública.
Art. 476. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão
representando, ativa e passivamente, o ausente, de modo que contra eles
correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele se moverem.
Art. 477. O descendente, ascendente, ou cônjuge, que for sucessor provisório do
ausente fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem.
Os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e
rendimentos, segundo o disposto no artigo 472, de acordo com o representante do
Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Art. 478. O excluído, segundo o artigo 473, parágrafo único, da posse provisória,
poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos
rendimentos do quinhão, que lhe tocaria.
Art. 479. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento
do ausente, considerar-se-á nessa data, aberta a sucessão em favor dos
herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 480. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de
estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores
nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias
precisas, até à entrega dos bens a seu dono.
SEÇÃO III
DA SUCESSÃO DEFINITIVA
Art. 481. Vinte anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a definitiva e o
levantamento das cauções prestadas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437,
de 07.03.1955) (Revogado implicitamente pelo inciso II do artigo 1.167 do CPC)
Art. 482. Também se pode requerer a sucessão definitiva, provando-se que o
ausente conta oitenta anos de nascido, e que de cinco datam as últimas notícias
suas.
Art. 483. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes, ou ascendentes, aquele ou
estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharam, os sub-
rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados
houverem recebido pelos alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos deste artigo, o ausente não regressar, e
nenhum interessado promover a sucessão definitiva, a plena propriedade dos
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bens arrecadados passará ao Estado, ou ao Distrito Federal, se o ausente era
domiciliado nas respectivas circunscrições, ou à União, se o era em território ainda
não constituído em Estado.
SEÇÃO IV
DOS EFEITOS DA AUSÊNCIA QUANTO AOS DIREITOS DE FAMÍLIA
Art. 484. Se o ausente deixar filhos menores, e o outro cônjuge houver falecido,
ou não tiver direito ao exercício do pátrio poder, proceder-se-á com esses filhos,
como se fossem órfãos de pai e mãe.
LIVRO II
DO DIREITO DAS COISAS
TÍTULO I
DA POSSE
CAPÍTULO I
DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO
Art. 485. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade.
Art. 486. Quando, por força de obrigação, ou direito, em casos como o do
usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, se exerce temporariamente a
posse direta, não anula esta às pessoas, de quem eles a houveram, a posse
indireta.
Art. 487. Não é possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência
para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens
ou instruções suas.
Art. 488. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, ou estiverem em
gozo do mesmo direito, poderá cada uma exercer sobre o objeto comum atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
(Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 489. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 490. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que
lhe impede a aquisição da coisa, ou do direito possuído.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé,
salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção.
Art. 491. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.
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Art. 492. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter,
com que foi adquirida.
CAPÍTULO II
DA AQUISIÇÃO DA POSSE
Art. 499. O possuidor tem direito a ser mantido na posse, em caso de turbação,
e restituído, no de esbulho.
Art. 500. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que detiver a coisa, não sendo manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso.
Art. 501. O possuidor, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá
impetrar ao juiz que o segure da violência iminente, cominando pena a quem lhe
transgredir o preceito.
Art. 502. O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se, ou restituir-se
por sua própria força, contanto que o faça logo.
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Parágrafo único. Os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Art. 503. O possuidor manutenido, ou reintegrado, na posse, tem direito à
indenização dos prejuízos sofridos, operando-se a reintegração à custa do
esbulhador, no mesmo lugar do esbulho.
Art. 504. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização,
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era.
Art. 505. Não obsta à manutenção, ou reintegração na posse, a alegação de
domínio, ou de outro direito sobre a coisa. Não se deve, entretanto, julgar a posse
em favor daquele a quem evidentemente não pertencer o domínio.
Art. 506. Quando o possuidor tiver sido esbulhado, será reintegrado na posse,
desde que o requeira, sem ser ouvido o autor do esbulho antes da reintegração.
Art. 507. Na posse de menos de ano e dia, nenhum possuidor será manutenido,
ou reintegrado judicialmente, senão contra os que não tiverem melhor posse.
Parágrafo único. Entende-se melhor a posse que se fundar em justo título; na
falta de título, ou sendo os títulos iguais, a mais antiga; se da mesma data, a
posse atual. Mas, se todas forem duvidosas, será seqüestrada a coisa, enquanto
se não apurar a quem toque.
Art. 508. Se a posse for de mais de ano e dia, o possuidor será mantido
sumariamente, até ser convencido pelos meios ordinários.
Art. 509. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões
contínuas não aparentes, nem às descontínuas, salvo quando os respectivos
títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o
houve.
Art. 510. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.
Art. 511. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio. Devem ser
também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 512. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo
que são separados. Os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 513. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito, porém, às despesas da
produção e custeio.
Art. 514. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da
coisa, a que não der causa.
Art. 515. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa,
ainda que acidentais, salvo se provar que do mesmo modo se teriam dado,
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estando ela na posse do reivindicante.
Art. 516. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se lhe não forem pagas,
ao de levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa. Pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis, poderá exercer o direito de retenção.
Art. 517. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias; mas não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 518. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao
ressarcimento, se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 519. O reivindicante obrigado a indenizar as benfeitorias tem direito de optar
entre o seu valor atual e o seu custo.
CAPÍTULO IV
DA PERDA DA POSSE
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Parágrafo único. O prazo de ano e dia não corre enquanto o possuidor defende a
posse, restabelecendo a situação de fato anterior à turbação, ou ao esbulho.
TÍTULO II
DA PROPRIEDADE
CAPÍTULO I
DA PROPRIEDADE EM GERAL
Art. 524. A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus
bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua.
Parágrafo único. A propriedade literária, científica e artística será regulada
conforme as disposições do Capítulo VI deste Título.
Art. 525. É plena a propriedade, quando todos os seus direitos elementares se
acham reunidos no do proprietário; limitada, quando têm ônus real, ou é resolúvel.
Art. 526. A propriedade do solo abrange a do que lhe está superior e inferior em
toda a altura e em toda a profundidade, úteis ao seu exercício, não podendo,
todavia, o proprietário opor-se a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse algum em impedi-los.
Art. 527. O domínio presume-se exclusivo e ilimitado, até prova ao contrário.
Art. 528. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando
separados, ao seu proprietário, salvo se, por motivo jurídico, especial, houverem
de caber a outrem.
Art. 529. O proprietário, ou o inquilino de um prédio, em que alguém tem direito
de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as precisas
seguranças contra o prejuízo eventual.
CAPÍTULO II
DA PROPRIEDADE IMÓVEL
SEÇÃO I
DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Art. 530. Adquire-se a propriedade imóvel:
I - Pela transcrição do título de transferência no registro do imóvel.
II - Pela acessão.
III - Pelo usucapião.
IV - Pelo direito hereditário.
SEÇÃO II
DA AQUISIÇÃO PELA TRANSCRIÇÃO DO TÍTULO
Art. 531. Estão sujeitos à transcrição, no respectivo registro, os títulos
translativos da propriedade imóvel, por ato entre vivos.
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Art. 532. Serão também transcritos:
I - Os julgados, pelos quais, nas ações divisórias, se puser termo à indivisão.
II - As sentenças, que, nos inventários e partilhas, ajudicarem bens de raiz em
pagamento das dívidas da herança.
III - A arrematação e as adjudicações em hasta pública.
Art. 533. Os atos sujeitos à transcrição (artigos 531 e 532, nºs. II e III) não
transferem o domínio, senão da data em que lhe transcreverem (artigos 856 e
860, parágrafo único). (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 534. A transcrição datar-se-á do dia em que se apresentar o título ao oficial
do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 535. Sobrevindo falência ou insolvência do alienante entre a prenotação do
título e a sua transcrição por atraso do oficial, ou dúvida julgada improcedente, far-
se-á, não obstante, a transcrição exigida, que retroage, nesse caso, à data da
prenotação.
Parágrafo único. Se, porém, ao tempo da transcrição ainda não estiver pago o
imóvel, o adquirente, logo que for notificado da falência, ou tenha conhecimento
da insolvência do alienante, depositará em juízo o preço. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
SEÇÃO III
DA AQUISIÇÃO POR ACESSÃO
Art. 536. A acessão pode dar-se:
DAS ILHAS
Art. 537. As ilhas situadas nos rios não-navegáveis pertencem aos proprietários
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - As que se formarem no meio do rio, consideram-se acréscimos sobrevindos
aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas
testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais.
II - As que se formarem entre essa linha e um das margens consideram-se
acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado.
III - As que formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a
pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
DA ALUVIÃO
Art. 538. Os acréscimos formados por depósitos e aterros naturais, ou pelo
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desvio das águas dos rios, ainda que estes sejam navegáveis, pertencem aos
donos dos terrenos marginais.
Art. 539. Os donos de terrenos que confinem com águas dormentes, como as de
lagos e tanques, não adquirem o solo descoberto pela retração delas, nem
perdem o que elas invadirem.
Art. 540. Quando o terreno aluvial se formar em frente a prédios de proprietários
diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a
antiga margem; respeitadas as disposições concernentes à navegação.
DA AVULSÃO
Art. 541. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de
um prédio e se juntar a outro, poderá o dono do primeiro reclamá-lo do segundo;
cabendo a este a opção entre aquiescer a que se remova a parte acrescida, ou
indenizar ao reclamante (artigo 178, § 6º, nº XI).
Art. 542. Se ninguém reclamar dentro em um ano, considerar-se-á
definitivamente incorporada essa porção de terra ao prédio, onde se acha,
perdendo o antigo dono o direito a reinvidicá-la, ou ser indenizado (artigo 178, §
6º, nº XI).
Art. 543. Quando a avulsão for de coisa não suscetível de aderência natural,
aplicar-se-á o disposto quanto às coisas perdidas.
DO ÁLVEO ABANDONADO
Art. 544. O álveo abandonado do rio público, ou particular, pertence aos
proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham direito a indenização
alguma os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso. Entende-se
que os prédios marginais se estendem até ao meio do álveo.
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sementes, plantas e construções, com encargo, porém de ressarcir o valor das
benfeitorias.
Parágrafo único. Presume-se má-fé proprietário, quando o trabalho de
construção, ou lavoura se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 549. O disposto no artigo antencedente aplica-se também ao caso de não
pertencerem as sementes, plantas, ou materiais a quem de boa-fé os empregou
em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá
cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do
plantador, ou construtor.
SEÇÃO IV
DO USUCAPIÃO
Art. 550. Aquele que, por vinte anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título e boa-
fé que, em tal caso, se presume, podendo requerer ao juiz que assim o declare
por sentença, a qual lhe servirá de título para a transcrição no registro de imóveis.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 551. Adquire também o domínio do imóvel aquele que, por dez anos entre
presentes, ou quinze entre ausentes, o possuir como seu, contínua e
incontestadamente, com justo título e boa-fé.
Parágrafo único. Reputam-se presentes os moradores do mesmo município e
ausentes os que habitam município diverso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
2.437, de 07.03.1955)
Art. 552. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse e a do seu antecessor (artigo 496),
contanto que ambas sejam contínuas e pacíficas.
Art. 553. As causas que obstam, suspendem, ou interrompem a prescrição,
também se aplicam ao usucapião (artigo 619, parágrafo único), assim como ao
possuidor se estende o disposto ao devedor.
SEÇÃO V
DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA
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DAS ÁRVORES LIMÍTROFES
Art. 556. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória presume-se pertencer em
comum aos donos dos prédios confinantes.
Art. 557. Os frutos caídos de árvores do terreno vizinho pertencem ao dono do
solo onde caíram, se este for de propriedade particular.
Art. 558. As raízes e ramos de árvores que ultrapassarem a extrema do prédio,
poderão ser cortados, até ao plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno
invadido.
DA PASSAGEM FORÇADA
Art. 559. O dono do prédio rústico, ou urbano, que se achar encravado em outro,
sem saída pela via pública, fonte ou porto, tem direito a reclamar do vizinho que
lhe deixe passagem, fixando-se a esta judicialmente o rumo, quando necessário.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 560. Os donos dos prédios por onde se estabelece a passagem para o
prédio encravado, têm o direito a indenização cabal.
Art. 561. O proprietário que, por culpa sua, perder o direito de trânsito pelos
prédios contíguos, poderá exigir nova comunicação com a via pública, pagando o
dobro do valor da primeira indenização.
Art. 562. Não constituem servidão as passagens e atravessadouros particulares,
por propriedades também particulares, que não se dirigem a fontes, pontes, ou
lugares públicos, privados de outra serventia.
DAS ÁGUAS
Art. 563. O dono do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior. Se o dono deste fizer obras de arte, para facilitar o
escoamento, procederá de modo que não piore a condição natural e anterior do
outro. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
Art. 564. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, correrem
dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe
indenize o prejuízo, que sofrer. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe
sobre a matéria)
Art. 565. O proprietário de fonte não captada, satisfeitas as necessidades de seu
consumo, não pode impedir o curso natural das águas pelos prédios inferiores. (O
Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
Art. 566. As águas pluviais que correm por lugares públicos, assim como as dos
rios públicos, podem ser utilizadas, por qualquer proprietário dos terrenos por
onde passem, observados os regulamentos administrativos. (O Decreto nº
24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
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Art. 567. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos
proprietários prejudicados, canalizar, em proveito agrícola ou industrial as águas a
que tenha direito, através de prédios rústicos alheios, não sendo chácaras ou
sítios murados, quintais, pátios, hortas, ou jardins.
Parágrafo único. Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste o
direito de indenização pelos danos, que de futuro lhe advenham com a infiltração
ou a irrupção das águas, bem como a deterioração das obras destinadas a
canalizá-las. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
Art. 568. Serão pleiteadas em ação sumária as questões relativas à servidão de
águas e às indenizações correspondentes. (O Decreto nº 24.643/34, Código de
Águas, dispõe sobre a matéria)
DO DIREITO DE CONSTRUIR
Art. 572. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Art. 573. O proprietário pode embargar a construção do prédio que invada a área
do seu, ou sobre este deite goteiras, bem como a daquele, em que, a menos de
metro e meio do seu, se abra janela, ou se faça eirado, terraço ou varanda.
§ 1º. A disposição deste artigo não abrange as frestas, seteiras, ou óculos para
luz, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento.
§ 2º. Os vãos, ou aberturas para luz não prescrevem contra o vizinho, que, a
todo tempo, levantará, querendo, a sua casa, ou contramuro, ainda que lhes vede
a claridade.
Art. 574. As disposições do artigo precedente não são aplicáveis a prédios
separados por estradas, caminho, rua, ou qualquer outra passagem pública.
Art. 575. O proprietário edificará de maneira que o beiral do seu telhado não
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despeje sobre o prédio vizinho, deixando, entre este e o beiral, quando por outro
modo o não possa evitar, um intervalo de dez centímetros, pelo menos. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 576. O proprietário, que anuir em janela, sacada, terraço, ou goteira sobre o
seu prédio, só até o lapso de ano e dia após a conclusão da obra poderá exigir
que se desfaça.
Art. 577. Em prédio rústico, não se poderão, sem licença do vizinho, fazer novas
construções, ou acréscimos às existentes, a menos de metro e meio de limite
comum.
Art. 578. As estrebarias, currais, pocilgas, estrumeiras, e, em geral, as
construções que incomodam ou prejudicam a vizinhanca, guardarão a distância
fixada nas posturas municipais e regulamentos de higiene.
Art. 579. Nas cidades, vilas e povoados, cuja edificação estiver adstrita a
alinhamento, o dono de um terreno vago pode edificá-lo, madeirando na parede
divisória do prédio contíguo, se ela agüentar a nova construção; mas terá de
embolsar ao vizinho meio valor da parede e do chão correspondente.
Art. 580. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória
até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver
meio valor dela, se o vizinho a travejar (artigo 579). Neste caso, o primeiro fixará a
largura do alicerce, assim como a profundidade, se o terreno não for de rocha.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver
capacidade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao
pé, sem prestar caução àquele, pelo risco a que a insuficiência da nova obra
exponha a construção anterior.
Art. 581. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura,
não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando
previamente o outro consorte das obras, que ali tencione fazer. Não pode, porém,
sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras
semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza já feitas do lado
oposto.
Art. 582. O dono de um prédio ameaçado pela construção de chaminés, fogões
ou fornos, não-contíguo, ainda que a parede seja comum, pode embargar a obra e
exigir caução contra os prejuízos possíveis.
Art. 583. Não é lícito encostar à parede-meia, ou à parede do vizinho, sem
permissão sua, fornalhas, fornos de forja ou de fundição, aparelhos higiênicos,
fossos, cano de esgoto, depósito de sal, ou de quaisquer substâncias corrosivas,
ou suscetíveis de produzir infiltrações daninhas.
Parágrafo único. Não se incluem na proibição deste e do artigo antecedente as
chaminés ordinárias, nem os fornos de cozinha.
Art. 584. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar para o uso
ordinário a água do poço ou fonte alheia, a elas preexistente.
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Art. 585. Não é permitido fazer escavações que tirem ao poço ou à fonte de
outrem a água necessária. É, porém, permitido fazê-las, se apenas diminuírem o
suprimento do poço ou da fonte do vizinho, e não forem mais profundas que as
deste, em relação ao nível do lençol d'água.
Art. 586. Todo aquele que violar as disposições dos artigos 580 e seguintes é
obrigado a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.
Art. 587. Todo o proprietário é obrigado a consentir que entre no seu prédio, e
dele temporariamente use, mediante prévio aviso, o vizinho, quando seja
indispensável à reparação ou limpeza, construção e reconstrução de sua casa.
Mas, se daí lhe provier dano, terá direito a ser indenizado.
Parágrafo único. As mesmas disposições aplicam-se aos casos de limpeza ou
reparação dos esgotos, goteiras e aparelhos higiênicos, assim como dos poços e
fontes já existentes.
DO DIREITO DE TAPAGEM
Art. 588. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar, ou tapar de qualquer
modo o seu prédio, urbano ou rural, conformando-se com estas disposições:
§ 1º. Os tapumes divisórios entre propriedades presumem-se comuns, sendo
obrigados a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e
conservação, os proprietários dos imóveis confinantes.
§ 2º. Por "tapumes" entendem-se as sebes vivas, as cercas de arames ou de
madeira, as valas ou banquetas, ou quaisquer outros meios de separação dos
terrenos, observadas as dimensões estabelecidas em posturas municipais, de
acordo com os costumes de cada localidade, contanto que impeçam a passagem
de animais de grande porte, como sejam gado vacum, cavalar e muar.
§ 3º. A obrigação de cercar as propriedades para deter nos seus limites aves
domésticas e animais, tais como cabritos, porcos e carneiros, que exigem
tapumes especiais, cabe exclusivamente aos proprietários e detentores.
§ 4º. Quando for preciso decotar a cerca viva ou reparar o muro divisório, o
proprietário terá o direito de entrar no terreno do vizinho, depois de o prevenir.
Este direito, porém, não exclui a obrigação de indenizar ao vizinho todo o dano
que a obra lhe ocasione.
§ 5º. Serão feitas e conservadas as cercas marginais das vias públicas pela
administração, a quem estas incumbirem, ou pelas pessoas ou empresas, que as
explorarem.
SEÇÃO VI
DA PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Art. 589. Além das causas de extinção consideradas neste Código, também se
perde a propriedade imóvel:
I - Pela alienação;
II - Pela renúncia;
III - Pelo abandono;
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IV - Pelo perecimento do imóvel.
§ 1º. Nos dois primeiros casos deste artigo, os efeitos da perda do domínio serão
subordinados à transcrição do título transmissivo, ou do ato renunciativo, no
registro do lugar do imóvel.
§ 2º. O imóvel abandonado arrecadar-se-á como bem vago e passará ao domínio
do Estado, do Território, ou do Distrito Federal, se se achar nas respectivas
circunscrições:
a) 10 (dez) anos depois, quando se tratar de imóvel localizado em zona urbana;
b) 3 (três) anos depois, quando se tratar de imóvel localizado em zona rural.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.969, de 10.12.1981)
Art. 590. Também se perde a propriedade imóvel mediante desapropriação por
necessidade ou utilidade pública.
§ 1º. Consideram-se casos de necessidade pública:
I - A defesa do território nacional.
II - A segurança pública.
III - Os socorros públicos, nos casos de calamidade.
IV - A salubridade pública.
§ 2º. Consideram-se casos de utilidade pública:
I - A fundação de povoação e de estabelecimentos de assistência, educação ou
instrução pública.
II - A abertura, alargamento ou prolongamento de ruas, praças, canais, estradas
de ferro e, em geral, de quaisquer vias públicas.
III - A construção de obras, ou estabelecimentos destinados ao bem geral de
uma localidade, sua decoração e higiene.
IV - A exploração de minas.
Art. 591. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina (Const.
Fed., artigo 80), poderão as autoridades competentes usar da propriedade
particular até onde o bem público exija, garantindo ao proprietário o direito à
indenização posterior.
Parágrafo único. Nos demais casos o proprietário será previamente indenizado,
e, se recusar a indenização, consignar-se-lhe-á judicialmente o valor.
CAPÍTULO III
DA AQUISIÇÃO E PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL
SEÇÃO I
DA OCUPAÇÃO
Art. 592. Quem se assenhorear de coisa abandonada, ou ainda não apropriada,
para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
Parágrafo único. Volvem a não ter dono as coisas móveis, quando o seu as
abandona, com intenção de renunciá-las.
Art. 593. São coisas sem dono e sujeitas à apropriação:
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hábito de voltar ao lugar onde costumam recolher-se, salvo a hipótese do artigo
596.
III - Os enxames de abelhas, anteriormente apropriados, se o dono da colméia, a
que pertenciam, os não reclamar imediatamente.
IV - As pedras, conchas e outras substâncias minerais, vegetais ou animais
arrojadas às praias pelo mar, se não apresentarem sinal de domínio anterior.
DA CAÇA
Art. 594. Observados os regulamentos administrativos da caça, poderá ela
exercer-se nas terras públicas, ou nas particulares, com licença de seu dono.
Art. 595. Pertence ao caçador o animal por ele apreendido. Se o caçador for no
encalço do animal e o tiver ferido, este lhe pertencerá, embora outrem o tenha
apreendido.
Art. 596. Não se reputam animais de caça os domesticados que fugirem a seus
donos, enquanto estes lhes andarem à procura.
Art. 597. Se a caça ferida se acolher a terreno cercado, murado, valado, ou
cultivado, o dono deste, não querendo permitir a entrada do caçador, terá que a
entregar, ou expelir.
Art. 598. Aquele que penetrar em terreno alheio, sem licença do dono, para
caçar, perderá para este a caça, que apanhe, e responder-lhe-á pelo dano, que
lhe cause.
DA PESCA
Art. 599. Observados os regulamentos administrativos, lícito é pescar em águas
públicas, ou nas particulares, com o consentimento de seu dono.
Art. 600. Pertence ao pescador o peixe, que pescar, e o que arpoado, ou
farpado, perseguir, embora outrem o colha.
Art. 601. Aquele que, sem permissão do proprietário, pescar, em águas alheias,
perderá para ele o peixe que apanhe, e responder-lhe-á pelo dano, que lhe faça.
Art. 602. Nas águas particulares, que atravessem terrenos de muitos donos,
cada um dos ribeirinhos tem direito a pescar de seu lado, até ao meio delas.
DA INVENÇÃO
Art. 603. Quem quer que ache coisa alheia perdida, há de restituí-la ao dono ou
legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o inventor fará por descobri-lo, e, quando se
lhe não depare, entregará o objeto achado à autoridade competente no lugar.
Art. 604. O que restituir a coisa achada, nos termos do artigo precedente, terá
direito a uma recompensa e à indenização pelas despesas que houver feito com a
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conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
Art. 605. O inventor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo.
Art. 606. Decorridos seis meses do aviso à autoridade, não se apresentando
ninguém que mostre domínio sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública,
e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do inventor (artigo 604),
pertencerá o remanescente ao Estado, ou ao Distrito Federal, se nas respectivas
circunscrições se deparou o objeto perdido, ou à União, se foi achado em território
ainda não constituído em Estado. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
DO TESOIRO
Art. 607. O depósito antigo de moeda ou coisas preciosas, enterrado, ou oculto,
de cujo dono não haja memória, se alguém casualmente o achar em prédio alheio,
dividir-se-á por igual entre o proprietário deste e o inventor.
Art. 608. Se o que achar for o senhor do prédio, algum operário seu, mandado
em pesquisa, ou terceiro não autorizado pelo dono do prédio, a esse pertencerá
por inteiro o tesoiro.
Art. 609. Deparando-se em terreno aforado, partir-se-á igualmente entre o
inventor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro, quando ele mesmo seja o inventor.
Art. 610. Deixa de considerar-se tesoiro o depósito achado, se alguém mostrar
que lhe pertence.
SEÇÃO II
DA ESPECIFICAÇÃO
Art. 611. Aquele que, trabalhando em matéria-prima, obtiver espécie nova, desta
será proprietário se a matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder
restituir à forma anterior.
Art. 612. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma
precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1º. Mas, sendo praticável a redução, ou, quando impraticável, se a espécie
nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2º. Em qualquer caso, porém, se o preço da mão-de-obra exceder
consideravelmente o valor da matéria-prima, a espécie nova será do
especificador.
Art. 613. Aos prejudicados nas hipóteses dos dois artigos precedentes, menos a
última do artigo 612, § 1º, concernente à especificação irredutível obtida em má-fé,
se ressarcirá o dano, que sofrerem.
Art. 614. A especificação obtida por alguma das maneiras do artigo 62 atribui a
propriedade ao especificador, mas não o exime à indenização.
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SEÇÃO III
DA CONFUSÃO, COMISTÃO E ADJUNÇÃO
Art. 615. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas, ou
ajuntadas, sem o consentimento deles continuam a pertencer-lhes, sendo possível
separá-las sem deterioração.
§ 1º. Não o sendo, ou exigindo a separação dispêndio excessivo, subsiste
indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da
coisa, com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2º. Se, porém, uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do
todo, indenizando os outros.
Art. 616. Se a confusão, adjunção, ou mistura se operou de má-fé, à outra parte
caberá escolher entre guardar o todo, pagando a porção, que não for sua, ou
renunciar as que lhe pertencerem, mediante indenização completa.
Art. 617. Se da mistura de matérias de natureza diversa se formar nova espécie,
a confusão terá a natureza de especificação para o efeito de atribuir o domínio ao
respectivo autor.
SEÇÃO IV
DO USUCAPIÃO
Art. 618. Adquirirá o domínio da coisa móvel o que a possuir como sua, sem
interrupção, nem oposição, durante três anos.
Parágrafo único. Não gera usucapião a posse, que se não firme em justo título,
bem como a inquinada, original ou supervenientemente de má-fé.
Art. 619. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá
usucapião independentemente de título de boa-fé.
Parágrafo único. As disposições dos artigos 522 e 553 são aplicáveis ao
usucapião das coisas móveis. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de
07.03.1955)
SEÇÃO V
DA TRADIÇÃO
Art. 620. O domínio das coisas não se transfere pelos contratos antes da
tradição. Mas esta se subentende, quando o transmitente continua a possuir pelo
constituto possessório (artigo 675).
Art. 621. Se a coisa alienada estiver na posse de terceiro, obterá o adquirente a
posse indireta pela cessão que lhe fizer o alienante de seu direito à restituição da
coisa.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo e do antecedente, parte final, a
aquisição da posse indireta equivale à tradição.
Art. 622. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não alheia a
propriedade. Mas, se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois o
domínio, considera-se revalidada a transferência e operado o efeito da tradição,
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desde o momento do seu ato.
Parágrafo único. Também não transfere o domínio a tradição, quando tiver por
título um ato nulo.
CAPÍTULO IV
DO CONDOMÍNIO
SEÇÃO I
DOS DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS
Art. 623. Na propriedade em comum, compropriedade, ou condomínio, cada
condômino ou consorte pode:
I - Usar livremente da coisa conforme seu destino, e sobre ela exercer todos os
direitos compatíveis com a indivisão.
II - Reivindicá-la de terceiro.
III - Alhear a respectiva parte indivisa, ou gravá-la (artigo 1.139).
Art. 624. O condômino é obrigado a concorrer, na proporção de sua parte, para
as despesas de conservação ou divisão da coisa e suportar na mesma razão os
ônus, a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Se com isso não se conformar algum dos condôminos, será
dividida a coisa, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas
da divisão.
Art. 625. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da
comunhão, e durante ela, obrigam o contraente; mas asseguram-lhe ação
regressiva contra os demais.
Parágrafo único. Se algum deles não anuir, proceder-se-á conforme o parágrafo
único do artigo anterior.
Art. 626. Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem
se discriminar a parte de cada um na obrigação coletiva, nem se estipular
solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu
quinhão, ou sorte, na coisa comum.
Art. 627. Cada consorte responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa
comum, e pelo dano que lhe causou.
Art. 628. Nenhum dos comproprietários pode alterar a coisa comum, sem o
consenso dos outros.
Art. 629. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum.
Parágrafo único. Podem, porém, os consortes acordar que fique indivisa por
termo não maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
Art. 630. Se a indivisão for condição estabelecida pelo doador, ou testador,
entende-se que o foi somente por cinco anos.
Art. 631. A divisão entre condôminos é simplesmente declaratória e não
atributiva da propriedade. Esta poderá, entretanto, ser julgada preliminarmente no
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mesmo processo. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 632. Quando a coisa for indivisível, ou se tornar, pela divisão, imprópria ao
seu destino, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os
outros, será vendida e repartido o preço, preferindo-se, na venda, em condições
iguais de oferta, o condômino ao estranho, entre os condôminos o que tiver na
coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.
Art. 633. Nenhum condômino pode, sem prévio consenso dos outros, dar posse,
uso, ou gozo da propriedade a estranhos.
Art. 634. O condômino, como qualquer outro possuidor, poderá defender a sua
posse contra outrem.
SEÇÃO II
DA ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO
Art. 635. Quando, por circunstância de fato ou por desacordo, não for possível o
uso e gozo em comum, resolverão os condôminos se a coisa deve ser
administrada, vendida ou alugada.
§ 1º. Se todos concordam que se não venda, à maioria (artigo 637) competirá
deliberar sobre a administração ou locação da coisa comum.
§ 2º. Pronunciando-se a maioria pela administração, escolherá também o
administrador.
Art. 636. Resolvendo-se alugar a coisa comum (artigo 637), preferir-se-á, em
condições iguais, o condômino ao estranho.
Art. 637. A maioria será calculada não pelo número, senão pelo valor dos
quinhões.
§ 1º. As deliberações não obrigarão, não sendo tomadas por maioria absoluta,
isto é, por votos que representem mais de meio do valor total.
§ 2º. Havendo empate, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer condômino,
ouvidos os outros.
Art. 638. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação de
última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.
Art. 639. Nos casos de dúvida, presumem-se iguais os quinhões.
Art. 640. O condômino, que administrar sem oposição dos outros, presume-se
mandatário comum.
Art. 641. Aplicam-se, nos casos omissos, à divisão do condomínio as regras de
partilha da herança (artigos 1.772 e seguintes).
SEÇÃO III
DO CONDOMÍNIO EM PAREDES, CERCAS, MUROS E VALAS
Art. 642. O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas regula-se
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pelo disposto neste Código, artigos 569 a 589 e 623 a 634. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 643. O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes,
cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede,
muro, vala, valado, ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que
atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado (artigo 727).
Art. 644. Não convindo os dois no preço da obra, será este arbitrado por peritos,
a expensas de ambos os confinantes. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 645. Qualquer que seja o preço da meação, enquanto o que pretender a
divisão não o pagar ou depositar, nenhum uso poderá fazer da parede, muro, vala,
cerca, ou qualquer outra obra divisória.
SEÇÃO IV
DO COMPÁSCUO
Art. 646. Se o compáscuo em prédios particulares for estabelecido por servidão,
reger-se-á pelas normas desta. Se não, observar-se-á, no que lhe for aplicável, o
disposto neste capítulo, caso outra coisa não estipule o título de onde resulte a
comunhão de pastos.
Parágrafo único. O compáscuo em terrenos baldios e públicos regular-se-á pelo
disposto na legislação municipal. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO V
DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL
Art. 649. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 650. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
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Art. 651. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 652. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 653. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 654. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 655. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 656. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 657. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 658. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 659. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 660. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 661. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 662. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 663. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 664. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 665. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 666. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 667. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 668. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
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Art. 669. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 670. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 671. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 672. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 673. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
TÍTULO III
DOS DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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DA ENFITEUSE
Art. 678. Dá-se a enfiteuse, aforamento ou emprazamento, quando por ato entre
vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do
imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao
senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e invariável.
Art. 679. O contrato de enfiteuse é perpétuo. A enfiteuse por tempo limitado
considera-se arrendamento, e como tal se rege.
Art. 680. Só podem ser objeto de enfiteuse terras não cultivadas ou terrenos que
se destinem a edificação.
Art. 681. Os bens enfitêuticos transmitem-se por herança na mesma ordem
estabelecida a respeito dos alodiais neste Código, artigos 1.603 a 1.619; mas, não
podem ser divididos em glebas sem consentimento do senhorio.
Art. 682. É obrigado o enfiteuta a satisfazer os impostos e os ônus reais que
gravarem o imóvel.
Art. 683. O enfiteuta, ou foreiro, não pode vender nem dar em pagamento o
domínio útil, sem prévio aviso ao senhorio direto, para que este exerça o direito de
opção; e o senhorio direto tem trinta dias para declarar, por escrito, datado e
assinado, que quer a preferência na alienação, pelo mesmo preço e nas mesmas
condições.
Se dentro no prazo indicado, não responder ou não oferecer o preço da alienação,
poderá o foreiro efetuá-la com quem entender.
Art. 684. Compete igualmente ao foreiro o direito de preferência, no caso de
querer o senhorio vender o domínio direto ou dá-lo em pagamento. Para este
efeito, ficará o dito senhorio sujeito à mesma obrigação imposta, em semelhantes
circunstâncias, ao foreiro.
Art. 685. Se o enfiteuta não cumprir o disposto no artigo 683, poderá o senhorio
direto usar, não obstante, de seu direito de preferência, havendo do adquirente o
prédio pelo preço da aquisição.
Art. 686. Sempre que se realizar a transferência do domínio útil, por venda ou
dação em pagamento, o senhorio direto, que não usar da opção, terá direito de
receber do alienante o laudêmio, que será de dois e meio por cento sobre o preço
da alienação, se outro não se tiver fixado no título de aforamento.
Art. 687. O foreiro não tem direito à remissão do foro, por esterilidade ou
destruição parcial do prédio enfitêutico, nem pela perda total de seus frutos; pode,
em tais casos, porém, abandoná-lo ao senhorio direto, e, independentemente do
seu consenso, fazer inscrever o ato da renúncia (artigo 691).
Art. 688. É lícito ao enfiteuta doar, dar em dote, ou trocar por coisa não fungível
o prédio aforado, avisando o senhorio direto, dentro em sessenta dias, contados
do ato da transmissão, sob pena de continuar responsável pelo pagamento do
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foro.
Art. 689. Fazendo-se penhora, por dívidas do enfiteuta, sobre o prédio
emprazado, será citado o senhorio direto, para assistir à praça, e terá preferência,
quer, no caso de arrematação, sobre os demais lançadores em condições iguais,
quer, em falta deles, no caso de adjudicação.
Art. 690. Quando o prédio emprazado vier a pertencer a várias pessoas, estas,
dentro em seis meses, elegerão um cabecel, sob pena de se devolver ao senhorio
o direito de escolha.
§ 1º. Feita a escolha, todas as ações do senhorio contra os foreiros serão
propostas contra o cabecel, salvo a este o direito regressivo contra os outros pelas
respectivas quotas.
§ 2º. Se, porém, o senhorio direto convier na divisão do prazo, cada uma das
glebas em que for dividido constituirá prazo distinto.
Art. 691. Se o enfiteuta pretender abandonar gratuitamente ao senhorio o prédio
aforado, poderão opor-se os credores prejudicados com o abandono, prestando
caução pelas pensões futuras, até que sejam pagos de suas dívidas.
Art. 692. A enfiteuse extingue-se:
SEÇÃO I
DA CONSTITUIÇÃO DAS SERVIDÕES
Art. 695. Impõe-se a servidão predial a um prédio em favor de outro, pertencente
a diverso dono. Por ela perde o proprietário do prédio serviente o exercício de
alguns de seus direitos dominicais, ou fica obrigado a tolerar que dele se utilize,
para certo fim, o dono do prédio dominante.
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Art. 696. A servidão não se presume. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 697. As servidões não aparentes só podem ser estabelecidas por meio de
transcrição no registro de imóveis.
Art. 698. A posse incontestada e contínua de uma servidão por dez ou quinze
anos, nos termos do artigo 551, autoriza o possuidor a transcrevê-la em seu nome
no registro de imóveis, servindo-lhe de título a sentença que julgar consumado o
usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo do usucapião será de
vinte anos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 699. O dono de uma servidão tem direito a fazer todas as obras necessárias
à sua conservação e uso. Se a servidão pertencer a mais de um prédio serão as
despesas rateadas entre os respectivos donos.
Art. 700. As obras a que se refere o artigo antecedente devem ser feitas pelo
dono do prédio dominante, se o contrário não dispuser o título expressamente.
Art. 701. Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio serviente, este poderá
exonerar-se abandonando a propriedade ao dono do dominante.
Art. 702. O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o
uso legítimo da servidão.
Art. 703. Pode o dono do prédio serviente remover de um local para outro a
servidão, contanto que o faça à sua custa, e não diminua em nada as vantagens
do prédio dominante.
Art. 704. Restringir-se-á o uso da servidão às necessidades do prédio
dominante, evitando, quanto possível, agravar o encargo ao prédio serviente.
Parágrafo único. Constituída para certo fim, a servidão não se pode ampliar a
outro, salvo o disposto no artigo seguinte.
Art. 705. Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, e a menor
exclui a mais onerosa.
Art. 706. Se as necessidades da cultura do prédio dominante impuserem à
servidão maior largueza, o dono do prédio serviente é obrigado a sofrê-la; mas
tem direito a ser indenizado pelo excesso.
Parágrafo único. Se, porém, esse acréscimo de encargo for devido a mudança
na maneira de exercer a servidão, como no caso de se pretender edificar em
terreno até então destinado a cultura, poderá impedi-lo o dono do prédio serviente.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 707. As servidões prediais são indivisíveis. Subsistem, no caso de partilha,
em benefício de cada um dos quinhões do prédio dominante, e continuam a gravar
cada um dos do prédio serviente, salvo se, por natureza ou destino, só se
aplicarem a certa parte de um ou de outro.
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SEÇÃO II
DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
Art. 708. Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez transcrita, só se
extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada.
Art. 709. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao
cancelamento da transcrição, embora o dono do prédio dominante lho impugne:
I - Quando o titular houver renunciado a sua servidão.
II - Quando a servidão for de passagem, que tenha cessado pela abertura de
estrada pública, acessível ao prédio dominante.
III - Quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.
Art. 710. As servidões prediais extinguem-se:
I - Pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa.
II - Pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título
expresso.
III - Pelo não uso, durante dez anos contínuos.
Art. 711. Extinta, por alguma das causas do artigo anterior, a servidão predial
transcrita, fica ao dono do prédio serviente o direito a fazê-la cancelar, mediante a
prova da extinção.
Art. 712. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar
no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do
credor.
CAPÍTULO IV
DO USUFRUTO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 713. Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma
coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade.
Art. 714. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos
e utilidades.
Art. 715. O usufruto de imóveis, quando não resulte do direito de família,
dependerá de transcrição no respectivo registro.
Art. 716. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da
coisa e seus acrescidos.
Art. 717. O usufruto só se pode transferir, por alienação, ao proprietário da coisa;
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.
SEÇÃO II
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DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
Art. 718. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos
frutos.
Art. 719. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito,
não só a cobrar as respectivas dívidas, mas ainda a empregar-lhes a importância
recebida. Essa aplicação, porém, corre por sua conta e risco; e, cessando o
usufruto, o proprietário pode recusar os novos títulos, exigindo em espécie o
dinheiro.
Art. 720. Quando o usufruto recai sobre apólices da dívida pública ou títulos
semelhantes, de cotação variável, a alienação deles só se efetuará mediante
prévio acordo entre o usufrutuário e o dono.
Art. 721. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos
naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas
de produção.
Parágrafo único. Os frutos naturais, porém, pendentes ao tempo em que cessa o
usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas.
Art. 722. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas
bastem, para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.
Art. 723. Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao
proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data em que cessa o usufruto.
Art. 724. O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o
prédio, mas não mudar-lhe o gênero de cultura, sem licença do proprietário ou
autorização expressa no título; salvo se, por algum outro, como os de pai, ou
marido, lhe couber tal direito.
Art. 725. Se o usufruto recai em florestas, ou minas, podem o dono e o
usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira da exploração.
Art. 726. As coisas que se consomem pelo uso, caem para logo no domínio do
usufrutuário, ficando, porém, este obrigado a restituir, findo o usufruto, o
equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu
valor, pelo preço corrente ao tempo da restituição.
Parágrafo único. Se, porém, as referidas coisas foram avaliadas no título
constitutivo do usufruto, salvo cláusula expressa em contrário, o usufrutuário é
obrigado a pagá-las pelo preço da avaliação.
Art. 727. O usufrutuário não tem direito à parte do tesouro achado por outrem,
nem ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em
paredes, cerca, muro, vala ou valado (artigo 643).
Art. 728. Não procede o disposto na segunda parte do artigo anterior, quando o
usufruto recair sobre universalidade ou quota-parte de bens.
SEÇÃO III
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DAS OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO
Art. 729. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa,
os bens que receber, determinando o estado em que se acham e dará caução,
fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e
entregá-los findo o usufruto.
Art. 730. O usufrutuário, que não quiser ou não puder dar caução suficiente,
perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão
administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar
ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas da administração,
entre as quais se incluirá a quantia taxada pelo juiz em remuneração do
administrador.
Art. 731. Não são obrigados à caução:
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indenização paga fica sujeita ao ônus do usufruto.
Se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-
se-á o usufruto.
Art. 738. Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a
indenização paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido
pelo terceiro responsável, no caso de danificação, ou perda.
SEÇÃO IV
DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO
Art. 739. O usufruto extingue-se:
I - Pela morte do usufrutuário.
II - Pelo termo de sua duração.
III - Pela cessação da causa de que se origina.
IV - Pela destruição da coisa, não sendo fungível, guardadas as disposições dos
artigos 735, 737, 2ª parte, e 738.
V - Pela consolidação.
VI - Pela prescrição.
VII - Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os
bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação.
Art. 740. Constituído o usufruto em favor de dois ou mais indivíduos, extinguir-
se-á parte a parte em relação a cada um dos que falecerem, salvo se, por
estipulação expressa, o quinhão desses couber aos sobreviventes.
Art. 741. O usufruto constituído em favor de pessoa jurídica, extingue-se com
esta, ou, se ela perdurar, aos cem anos da data em que se começou a exercer.
CAPÍTULO V
DO USO
Art. 742. O usuário fruirá a utilidade da coisa dada em uso, quanto o exigirem as
necessidades pessoais suas e de sua família.
Art. 743. Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário, conforme a sua
condição social e o lugar onde viver.
Art. 744. As necessidades da família do usuário compreendem:
I - As de seu cônjuge.
II - As dos filhos solteiros, ainda que ilegítimos.
III - As das pessoas de seu serviço doméstico.
Art. 745. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as
disposições relativas ao usufruto.
CAPÍTULO VI
DA HABITAÇÃO
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Art. 746. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia,
o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente
ocupá-la com sua família.
Art. 747. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa,
qualquer delas, que habite, sozinha, a casa, não terá de pagar aluguel à outra, ou
às outras, mas não a pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também
lhes compete, de habitá-la.
Art. 748. São aplicáveis à habitação, no em que lhe não contrariarem a natureza,
as disposições concernentes ao usufruto.
CAPÍTULO VII
DAS RENDAS CONSTITUÍDAS SOBRE IMÓVEIS
Art. 755. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, a coisa dada
em garantia fica sujeita por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
Art. 756. Só aquele que pode alienar, poderá hipotecar, dar em anticrese, ou
empenhar. Só as coisas que se podem alienar poderão ser dadas em penhor,
anticrese, ou hipoteca.
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Parágrafo único. O domínio superveniente revalida, desde a inscrição, as
garantias reais estabelecidas por quem possuía a coisa a título de proprietário.
Art. 757. A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em
garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um
pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver, se for divisível a coisa,
e só a respeito dessa parte vigorará a indivisibilidade da garantia. (Redação dada
ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 758. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa
exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens,
salvo disposição expressa no título, ou na quitação.
Art. 759. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa
hipotecada, ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores,
observada, quanto à hipoteca, a prioridade na inscrição.
Parágrafo único. Excetua-se desta regra a dívida proveniente de salários do
trabalhador agrícola, que será paga, precipuamente a quaisquer outros créditos,
pelo produto da colheita para a qual houver concorrido com o seu trabalho.
(Redação dada pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 760. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder a coisa, enquanto
a dívida não for paga. Extingue-se, porém, esse direito decorridos quinze anos do
dia da transcrição. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 761. Os contratos de penhor, anticrese e hipoteca declararão, sob pena de
não valerem contra terceiros:
I - O total da dívida, ou sua estimação.
II - O prazo fixado para pagamento.
III - A taxa de juros, se houver.
IV - A coisa dada em garantia, com as suas especificações.
Art. 762. A dívida considera-se vencida:
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§ 2º. Nos casos dos nºs IV e V, só se vencerá a hipoteca antes do prazo
estipulado, se o sinistro, ou a desapropriação recair sobre o objeto dado em
garantia, e esta não abranger outros, subsistindo, no caso contrário, a dívida
reduzida, com a respectiva garantia sobre os demais bens, não desapropriados,
danificados, ou destruídos. (Antigo parágrafo único renumerado pelo Dec. Leg. nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 763. O antecipado vencimento da dívida nas hipóteses do artigo anterior,
não importa o dos juros correspondentes ao prazo convencional por decorrer.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 764. Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida
alheia, não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se
perca, deteriore, ou desvalie. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 765. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou
hipotecário, a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento.
Art. 766. Os sucessores do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou
a hipoteca na proporção dos seus quinhões; qualquer deles, porém, pode fazê-lo
no todo.
Parágrafo único. O herdeiro ou sucessor que fizer a remissão fica sub-rogado
nos direitos do credor pelas quotas que houver satisfeito.
Art. 767. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não
bastar para pagamento da dívida e despesas judiciais, continuará o devedor
obrigado pessoalmente pelo restante.
CAPÍTULO IX
DO PENHOR
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 768. Consitui-se o penhor pela tradição efetiva, que, em garantia do débito,
ao credor, ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de um
objeto móvel, suscetível de alienação.
Art. 769. Só se pode constituir o penhor com a posse da coisa móvel pelo
credor, salvo no caso de penhor agrícola ou pecuário, em que os objetos
continuam em poder do devedor, por efeito da cláusula constituti.
Art. 770. O instrumento do penhor convencional determinará precisamente o
valor do débito e o objeto empenhado, em termos que o discriminem dos seus
congêneres.
Quando o objeto do penhor foi coisa fungível, bastará declarar-lhe a qualidade e
quantidade.
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Art. 771. Se o contrato se fizer mediante instrumento particular, será firmado
pelas partes, e lavrado em duplicata, ficando um exemplar com cada um dos
contraentes, qualquer dos quais pode levá-lo à transcrição.
Art. 772. O credor pignoratício não pode, paga a dívida, recusar a entrega da
coisa a quem a empenhou.
Pode retê-la, porém, até que o indenizem das despesas, devidamente justificadas,
que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua.
Art. 773. Pode igualmente o credor exigir do devedor a satisfação do prejuízo
que houver sofrido por vício da coisa empenhada.
Art. 774. O credor pignoratício é obrigado, como depositário:
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e quatro horas, pagar, ou alegar defesa.
SEÇÃO III
DO PENHOR AGRÍCOLA
Art. 781. Podem ser objeto de penhor agrícola:
I - Máquinas e instrumentos aratórios, ou de locomoção;
II - Colheitas pendentes, ou em via de formação no ano do contrato, quer
resultem de prévia cultura, quer de produção espontânea do solo;
III - Frutos armazenados, em ser, ou beneficiados e acondicionados para a
venda;
IV - Lenha cortada ou madeira das matas preparadas para o corte;
V - Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
Art. 782. O penhor agrícola só se pode convencionar pelo prazo de um ano,
ulteriormente prorrogável por seis meses.
Art. 783. Se o prédio estiver hipotecado, não se poderá, pena de nulidade, sobre
ele constituir penhor agrícola, sem anuência do credor hipotecário, por este dada
no próprio instrumento de constituição do penhor.
Art. 784. No penhor de animais, sob pena de nulidade, o instrumento designá-
los-á com a maior precisão particularizando o lugar onde se achem, e o destino
que tiverem.
Art. 785. O devedor não poderá vender o gado empenhado, sem prévio
consentimento escrito do credor.
Art. 786. Quando o devedor pretenda vender o gado empenhado, ou, por
negligente, ameace prejudicar o credor, poderá este requerer se depositem os
animais sob a guarda de terceiros, ou exigir que se lhe pague a dívida incontinenti.
Art. 787. Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os mortos,
ficam sub-rogados no penhor.
Parágrafo único. Esta substituição presume-se, mas não valerá contra terceiros,
se não constar de menção adicional ao respectivo contrato.
Art. 788. O penhor de animais não admite prazo maior de dois anos, mas pode
ser prorrogado por igual período, averbando-se a prorrogação no título respectivo.
Parágrafo único. Vencida a prorrogação, o penhor será excutido, quando não
seja reconstituído.
SEÇÃO IV
DA CAUÇÃO DE TÍTULOS DE CRÉDITO
Art. 789. A caução de títulos nominativos de dívida da União, dos Estados ou
dos Municípios equipara-se ao penhor e vale contra terceiros, desde que for
transcrita, ainda que esses títulos não hajam sido entregues ao credor. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 790. Também se equipara ao penhor, mas com as modificações dos artigos
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seguintes, a caução de títulos de crédito pessoal. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 791. Esta caução principia a ter efeito com a tradição do título ao credor, e
provar-se-á por escrito, nos termos dos artigos 770 e 771.
Art. 792. Ao credor por esta caução compete o direito de:
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Art. 800. O credor, ou o devedor, um na ausência do outro contraente, pode
fazer transcrever o penhor, apresentando o respectivo instrumento na forma do
artigo 135, se for particular.
Art. 801. Poderá o devedor fazer cancelar a transcrição do instrumento
pignoratício, apresentando, com a firma reconhecida, se o documento for
particular, a quitação do credor (artigo 1.093). (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. O mesmo direito compete ao adquirente do penhor por
adjudicação, compra, sucessão ou remissão, exibindo seu título.
SEÇÃO VI
DA EXTINÇÃO DO PENHOR
Art. 802. Resolve-se o penhor:
I - Extinguindo-se a obrigação.
II - Perecendo a coisa.
III - Renunciando o credor.
IV - Resolvendo-se a propriedade da pessoa, que o constituiu.
V - Confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e dono da coisa.
VI - Dando-se a adjudicação judicial, a remissão, ou a venda amigável do
penhor, se a permitir expressamente o contrato, ou for autorizada pelo devedor
(artigo 774, nº III), ou pelo credor (artigo 785).
Art. 803. Presume-se a renúncia do credor, quando consentir na venda particular
do penhor sem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou
quando anuir à sua substituição por outra garantia.
Art. 804. Operando-se a confusão tão-somente quanto à parte da dívida
pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto.
CAPÍTULO X
DA ANTICRESE
Art. 805. Pode o devedor, ou outrem por ele, entregando ao credor um imóvel,
ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e
rendimentos.
§ 1º. É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel, na sua
totalidade, sejam percebidos pelo credor, somente à conta de juros.
§ 2º. O imóvel hipotecado pode ser dado em anticrese pelo devedor ao credor
hipotecário, assim como o imóvel sujeito à anticrese pode ser hipotecado pelo
devedor ao credor anticrético.
Art. 806. O credor anticrético pode fruir diretamente o imóvel ou arrendá-lo a
terceiro, salvo pacto em contrário, mantendo, no último caso, até ser pago, o
direito de retenção do imóvel.
Art. 807. O credor anticrético responde pelas deteriorações, que, por culpa sua,
o imóvel sofrer, e pelos frutos que, por sua negligência, deixar de perceber.
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Art. 808. O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente
do imóvel, os credores quirografários e os hipotecários posteriores à transcrição
da anticrese.
§ 1º. Se, porém, executar o imóvel por não-pagamento da dívida, ou permitir que
outro credor o execute, sem opor o seu direito de retenção ao exeqüente, não terá
preferência sobre o preço.
§ 2º. Também não a terá sobre a indenização do seguro, quando o prédio seja
destruído, nem, se for desapropriado, sobre a da desapropriação.
CAPÍTULO XI
DA HIPOTECA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 809. A lei da hipoteca é a civil, e civil a sua jurisdição, ainda que a dívida
seja comercial, e comerciantes as partes.
Art. 810. Podem ser objeto de hipoteca:
I - Os imóveis.
II - Os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles.
III - O domínio direto.
IV - O domínio útil.
V - As estradas de ferro.
VI - As minas e pedreiras, independentemente do solo onde se acham.
VII - Os navios (artigo 825). (Inciso acrescentado pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 811. A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções
do imóvel.
Subsistem os ônus reais constituídos e transcritos, anteriormente à hipoteca,
sobre o mesmo imóvel.
Art. 812. O dono do imóvel hipotecado pode constituir sobre ele, mediante novo
título, outra hipoteca, em favor do mesmo, ou de outro credor.
Art. 813. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca,
embora vencida, não poderá executar o imóvel antes de vencida a primeira.
Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor, por faltar ao pagamento
das obrigações garantidas por hipotecas posteriores à primeira. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 814. A hipoteca anterior pode ser remida, em se vencendo, pelo credor da
segunda, se o devedor não se oferecer a remi-la.
§ 1º. Para a remissão, neste caso, consignará o segundo credor a importância do
débito e das despesas judiciais, caso se esteja promovendo a execução,
intimando o credor anterior para levantá-la e o devedor para remi-la, se quiser.
§ 2º. O segundo credor, que remir a hipoteca anterior, ficará ipso facto sub-
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rogado nos direitos desta, sem prejuízo dos que lhe competirem contra o devedor
comum.
Art. 815. Ao adquirente do imóvel hipotecado cabe igualmente o direito de remi-
lo.
§ 1º. Se o adquirente quiser forrar-se aos efeitos da execução da hipoteca,
notificará judicialmente, dentro em trinta dias, o seu contrato, aos credores
hipotecários, propondo, para a remissão, no mínimo, o preço por que adquiriu o
imóvel.
A notificação executar-se-á no domicílio inscrito (artigo 846, parágrafo único), ou
por editais, se ali não estiver o credor.
§ 2º. O credor notificado pode, no prazo assinado para a oposição, requerer que
o imóvel seja licitado.
Art. 816. São admitidos a licitar:
I - Os credores hipotecários.
II - Os fiadores.
III - O mesmo adquirente.
§ 1º. Não sendo requerida a licitação, o preço da aquisição, ou aquele que o
adquirente propuser, haver-se-á por definitivamente fixado para a remissão do
imóvel, que, pago ou depositado o dito preço, ficará livre de hipotecas.
§ 2º. Não notificando o adquirente, nos trinta dias do artigo 815, § 1º, aos
credores hipotecários, fica obrigado:
I - Às perdas e danos para com os credores hipotecários.
II - Às custas e despesas judiciais.
III - À diferença entre a avaliação e a adjudicação, caso esta se efetue. (Redação
dada pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 3º. O imóvel será penhorado e vendido por conta do adquirente, ainda que ele
queira pagar, ou depositar o preço da venda, ou da avaliação, exceto se o credor
consentir, se o preço da venda ou da avaliação bastar para solução da hipoteca,
ou se o adquirente a resgatar.
A avaliação não será nunca em preço inferior ao da venda.
§ 4º. Disporá de ação regressiva contra o vendedor o adquirente, que sofrer
expropriação do imóvel mediante licitação, ou penhora, o que pagar a hipoteca, o
que por causa da adjudicação, ou licitação, desembolsar com o pagamento da
hipoteca importância excedente à da compra e o que suportar custas e despesas
judiciais.
§ 5º. A hipoteca legal é remível na forma por que o são as hipotecas especiais,
figurando pelas pessoas, a que pertencer, as competentes segundo a legislação
em vigor.
Art. 817. Mediante simples averbação requerida por ambas as partes, poderá
prorrogar-se a hipoteca, até perfazer trinta anos, da data do contrato. Desde que
perfaça trinta anos, só poderá subsistir o contrato de hipoteca, reconstituindo-se
por nova inscrição; e, neste caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe
competir. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.652, de 11.12.1970)
Art. 818. É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o valor entre si
ajustado dos imóveis hipotecados, o qual será a base para as arrematações,
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adjudicações e remissões, dispensada a avaliação.
As remissões não serão permitidas antes de realizada a primeira praça nem
depois da assinatura do ato de arrematação.
Art. 819. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, mostrando a
insuficiência dos imóveis especializados, exigir que seja reforçada com outros,
posteriormente adquiridos pelo responsável.
Art. 820. A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida
pública federal ou estadual, recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano
corrente.
Art. 821. No caso de falência do devedor hipotecário, o direito de remissão
devolve-se à massa, em prejuízo da qual não poderá o credor impedir o
pagamento do preço por que foi avaliado o imóvel. O restante da dívida
hipotecária entrará em concurso com as quirografárias.
No caso de insolvência, cabe aquele direito aos credores em concurso. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 822. Pode o credor hipotecário, no caso de insolvência ou falência do
devedor, para pagamento de sua dívida, requerer a adjudicação do imóvel
avaliado em quantia inferior a esta, desde que dê quitação pela sua totalidade.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 823. São nulas, em benefício da massa, as hipotecas celebradas, em
garantia de débitos anteriores, nos 40 dias precedentes à declaração da quebra
ou à instauração do concurso de preferência. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 824. Compete ao exeqüente o direito de prosseguir na execução da
sentença contra os adquirentes dos bens do condenado; mas para ser oposto a
terceiros, conforme valer, e sem impor preferência, depende de inscrição e
especialização.
Art. 825. São suscetíveis do contrato de hipoteca os navios, posto que ainda em
construção.
As hipotecas de navios regere-se-ão pelo disposto neste Código e nos
regulamentos especiais, que sobre o assunto se expedirem.
Art. 826. A execução do imóvel hipotecado far-se-á por ação executiva. Não será
válida a venda judicial de imóveis gravados por hipotecas, devidamente inscritas,
sem que tenham sido notificados judicialmente os respectivos credores
hipotecários que não forem de qualquer modo partes na execução.
SEÇÃO II
DA HIPOTECA LEGAL
Art. 827. A lei confere hipoteca:
I - À mulher casada, sobre os imóveis do marido para garantia do dote e dos
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outros bens particulares dela, sujeitos à administração marital.
II - Aos descendentes, sobre os imóveis do ascendente, que lhes administra os
bens.
III - Aos filhos, sobre os imóveis do pai, ou da mãe, que passar a outras núpcias,
antes de fazer o inventário do casal anterior (artigo 183, nº XIII).
IV - Às pessoas que não tenham a administração de seus bens, sobre os imóveis
de seus tutores ou curadores. (Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
V - À Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, sobre os imóveis dos
tesoureiros, coletores, administradores, exatores, prepostos, rendeiros e
contratadores de rendas e fiadores.
VI - Ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para
satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das custas (artigo 842, nº I).
VII - À Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, sobre os imóveis do
delinqüente, para o cumprimento das penas pecuniárias e o pagamento das
custas (artigo 842, nº II).
VIII - Ao co-herdeiro para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o
imóvel adjudicado ao herdeiro reponente.
Art. 828. As hipotecas legais, de qualquer natureza, não valerão em caso algum
contra terceiros, não estando inscritas e especializadas.
Art. 829. Quando os bens do criminoso não bastarem para a solução integral das
obrigações enumeradas no artigo 827, nºs. VI e VII, a satisfação do ofendido e
seus herdeiros preferirá às penas pecuniárias e custas judiciais.
Art. 830. Vale a inscrição da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; mas a
especialização, em completando trinta anos, deve ser renovada. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 5.652, de 11.12.1970)
SEÇÃO III
DA INSCRIÇÃO DA HIPOTECA
Art. 831. Todas as hipotecas serão inscritas no registro do lugar do imóvel, ou no
de cada um deles, se o título se referir a mais de um. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 832. Para a inscrição das hipotecas haverá em cada cartório do registro de
imóveis os livros necessários.
Art. 833. As inscrições e averbações, nos livros de hipotecas, seguirão a ordem,
em que forem requeridas, verificando-se ela pela da sua numeração sucessiva no
protocolo.
Parágrafo único. O número de ordem determina a prioridade, e esta a
preferência entre as hipotecas.
Art. 834. Quando o oficial tiver dúvidas sobre a legalidade da inscrição requerida,
declará-la-á por escrito ao requerente, depois de mencionar, em forma de
prenotação, o pedido no respectivo livro.
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Art. 835. Se a dúvida, dentro em trinta dias, for julgada improcedente, a inscrição
far-se-á com o mesmo número que teria na data da prenotação. No caso contrário,
desprezada esta, receberá a inscrição o número correspondente à data, em que
se tornar a requerer.
Art. 836. Não se inscreverão no mesmo dia duas hipotecas, ou uma hipoteca e
outro direito real, sobre o mesmo imóvel, em favor de pessoas diversas, salvo
determinando-se precisamente a hora, em que se lavrou cada uma das escrituras.
Art. 837. Quando, antes de inscrita a primeira, se apresentar ao oficial do
registro, para inscrever, segunda hipoteca, sobrestará ele na inscrição desta,
depois de prenotar, até trinta dias, aguardando que o interessado inscreva
primeiro a precedente.
Art. 838. Compete aos interessados, exibindo o traslado da escritura, requerer a
inscrição da hipoteca; incumbindo especialmente promover a da legal às pessoas
determinadas nos artigos seguintes.
Art. 839. Incumbe ao marido, ou ao pai, requerer a inscrição e especialização da
hipoteca legal da mulher casada.
§ 1º. O oficial público que lavrar a escritura de dote, ou lançar em nota a relação
dos bens particulares da mulher, comunica-lo-á ex officio ao oficial do registro de
imóveis.
§ 2º. Consideram-se interessados em requerer a inscrição desta hipoteca, no
caso de não fazer o marido ou o pai, o dotador, a própria mulher e qualquer dos
seus parentes sucessíveis.
Art. 840. Incumbe requerer a inscrição e especialização da hipoteca legal dos
incapazes:
I - Ao pai, mãe, tutor, ou curador, antes de assumir a administração dos
respectivos bens, e, em falta daqueles, ao Ministério Público.
II - Ao inventariante, ou ao testamenteiro, antes de entregar o legado, ou a
herança.
Art. 841. O escrivão, em se assinando termo de tutela ou de curatela, remeterá,
de ofício, e com a possível brevidade, uma cópia dele ao oficial do registro de
imóveis. (Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Parágrafo único. Na inscrição desta hipoteca se considerará interessado
qualquer parente sucessível do incapaz.
Art. 842. A inscrição da hipoteca legal do ofendido compete, além deste:
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Público.
Art. 844. A inscrição da hipoteca dos bens dos responsáveis para com a
Fazenda Pública será requerida por eles mesmos, e, em sua falta, pelos
procuradores e representantes fiscais.
Art. 845. As pessoas a quem incumbir a inscrição e a especialização das
hipotecas legais ficarão sujeitas a perdas e danos pela omissão.
Art. 846. A inscrição da hipoteca, legal, ou convencional, declarará:
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Art. 853. Os credores hipotecários não podem embaraçar a exploração da linha,
nem contrariar as modificações, que a administração deliberar, no leito da estrada,
em suas dependências, ou no seu material.
Art. 854. A hipoteca será circunscrita à linha ou linhas especificadas na escritura
e ao respectivo material de exploração, no estado em que ao tempo da execução
estiverem. Não obstante, os credores hipotecários poderão opor-se à venda da
estrada, à de suas linhas, de seus ramais, ou de parte considerável do material de
exploração, bem como à fusão com outra empresa, sempre que a garantia do
débito lhes parecer com isso enfraquecida.
Art. 855. Nas execuções dessas hipotecas não se passará carta ao maior
licitante, nem ao credor adjudicatário, antes de se intimar o representante da
Fazenda Nacional, ou do Estado, a que tocar a preferência, para, dentro em
quinze dias, utilizá-la, se quiser, pagando o preço da arrematação, ou da
adjudicação fixada.
SEÇÃO VI
DO REGISTRO DE IMÓVEIS
Art. 856. O registro de imóveis compreende:
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LIVRO III
DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
TÍTULO I
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
CAPÍTULO I
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
SEÇÃO I
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA
Art. 863. O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda
que mais valiosa.
Art. 864. A obrigação de dar coisa certa abrange-lhe os acessórios, posto não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título, ou das circunstâncias do
caso.
Art. 865. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes.
Se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais
as perdas e danos.
Art. 866. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor
resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido ao seu preço o valor, que perdeu.
Art. 867. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou
aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em
outro caso, indenização das perdas e danos.
Art. 868. Até à tradição, pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. Se o
credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Também os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao
credor os pendentes.
Art. 869. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se
resolverá, salvos, porém, a ele os seus direitos até o dia da perda.
Art. 870. Se a coisa se perder por culpa do devedor, vigorará o disposto no
artigo 865, 2ª parte.
Art. 871. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á,
tal qual se ache, o credor, sem direito a indenização; se por culpa do devedor,
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observar-se-á o disposto no artigo 867.
Art. 872. Se, no caso do artigo 869, a coisa tiver melhoramento ou aumento, sem
despesa, ou trabalho do devedor, lucrará o credor o melhoramento, ou o aumento,
sem pagar indenização.
Art. 873. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho,
ou dispêndio, vigorará o estatuído nos artigos 516 a 519.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á o disposto nos
artigos 510 a 513.
SEÇÃO II
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA
Art. 874. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e quantidade.
Art. 875. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade a escolha
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. Mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Art. 876. Feita a escolha, vigorará o disposto na seção anterior.
Art. 877. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração
da coisa, ainda que por força maior, ou caso fortuito.
CAPÍTULO II
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER
Art. 882. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do fato, que se obrigou a não praticar.
Art. 883. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo
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o culpado perdas e danos. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO IV
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
Art. 884. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa
não se estipulou.
§ 1º. Não pode, porém, o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra.
§ 2º. Quando a obrigação for de prestações anuais, subentender-se-á, para o
devedor, o direito de exercer cada ano a opção.
Art. 885. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação, ou se
tornar inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 886. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das
prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o
valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso
determinar. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 887. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações se tornar
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir ou a prestação
subsistente ou o valor de outra, com perdas e danos.
Se, por culpa do devedor, ambas se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor
reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização pelas perdas e
danos.
Art. 888. Se todas as prestações se tornarem impossíveis, sem culpa do
devedor, extinguir-se-á a obrigação.
CAPÍTULO V
DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
Art. 889. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o
credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por parte, se assim não se
ajustou. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 890. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores, ou devedores. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 891. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível,
cada um será obrigado pela dívida toda. (Redação dada ao caput pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
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Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor
em relação aos outros co-obrigados.
Art. 892. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a
dívida inteira. Mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - A todos conjuntamente.
II - A um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 893. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 894. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente.
Parágrafo único. O mesmo se observará no caso de transação, novação,
compensação ou confusão.
Art. 895. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas
e danos.
§ 1º. Se, para esse efeito, houver culpa de todos os devedores, responderão
todos por partes iguais.
§ 2º. Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só
esse pelas perdas e danos.
CAPÍTULO VI
DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 896. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das
partes.
Parágrafo único. Há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais
de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida
toda.
Art. 897. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores
ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, para o outro.
SEÇÃO II
DA SOLIDARIEDADE ATIVA
Art. 898. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 899. Enquanto algum dos credores solidários não demandar o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 900. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue inteiramente a
dívida.
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Parágrafo único. O mesmo efeito resulta da novação, da compensação e da
remissão.
Art. 901. Se falecer um dos credores solidários, deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Art. 902. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste a
solidariedade, e em proveito de todos os credores correm os juros de mora.
Art. 903. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento,
responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
SEÇÃO III
DA SOLIDARIEDADE PASSIVA
Art. 904. O credor tem direito a exigir e receber de um ou alguns dos devedores,
parcial, ou totalmente, a dívida comum.
No primeiro caso, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto.
Art. 905. Se morrer um dos devedores solidários, deixando herdeiros, cada um
destes não será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
Art. 906. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia
paga, ou relevada.
Art. 907. Qualquer cláusula, condição, ou obrigação adicional, estipulada entre
um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros,
sem consentimento destes.
Art. 908. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas
perdas e danos só responde o culpado.
Art. 909. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.
Art. 910. O credor, propondo ação contra um dos devedores solidários, não fica
inibido de acionar os outros. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 911. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando, porém, as pessoais a outro
co-devedor.
Art. 912. O credor pode renunciar a solidariedade em favor de um, alguns, ou
todos os devedores.
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Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
aos outros só lhe ficará o direito de acionar, abatendo no débito a parte
correspondente aos devedores, cuja obrigação remitiu (artigo 914.).
Art. 913. O devedor que satisfez a dívida por inteiro, tem direito a exigir de cada
um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
insolvente, se o houver. Presumem-se iguais, no débito, as partes de todos os co-
devedores.
Art. 914. No caso de rateio, entre os co-devedores, pela parte que na obrigação
incumbia ao insolvente (artigo 913.), contribuirão também os exonerados da
solidariedade pelo credor (artigo 912).
Art. 915. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,
responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
CAPÍTULO VII
DA CLÁUSULA PENAL
Art. 916. A cláusula penal pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação
ou em ato posterior.
Art. 917. A cláusula penal pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à
de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Art. 918. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total
inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do
credor.
Art. 919. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em
segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de
exigir a satisfação da pena cominada juntamente com o desempenho da
obrigação principal.
Art. 920. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o
da obrigação principal.
Art. 921. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que se
vença o prazo da obrigação, ou, se o não há, desde que se constitua em mora.
Art. 922. A nulidade da obrigação importa a da cláusula penal.
Art. 923. Resolvida a obrigação, não tendo culpa o devedor, resolve-se a
cláusula penal.
Art. 924. Quando se cumprir em parte a obrigação, poderá o juiz reduzir
proporcionalmente a pena estipulada para o caso de mora, ou de inadimplemento.
Art. 925. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores e seus herdeiros,
caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar
integralmente do culpado. Cada um dos outros só responde pela sua quota.
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Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra o que
deu causa à aplicação da pena.
Art. 926. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor, ou o
herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.
Art. 927. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.
O devedor não pode eximir-se de cumprí-la, a pretexto de ser excessiva.
TÍTULO II
DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 928. A obrigação, não sendo personalíssima, opera assim entre as partes,
como entre os seus herdeiros.
Art. 929. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e
danos, quando este o não executar.
CAPÍTULO II
DO PAGAMENTO
SEÇÃO I
DE QUEM DEVE PAGAR
Art. 930. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o
credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em
nome e por conta do devedor.
Art. 931. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao
reembolso no vencimento.
Art. 932. Opondo-se o devedor, com justo motivo, ao pagamento de sua dívida
por outrem, se ele, não obstante, se efetuar, não será o devedor obrigado a
reembolsá-lo, senão até a importância em que lhe aproveite.
Art. 933. Só valerá o pagamento, que importar em transmissão da propriedade;
quando feito por quem possa alienar o objeto, em que ele consistiu.
Parágrafo único. Se, porém, se der em pagamento coisa fungível, não se poderá
mais reclamar do credor, que, de boa-fé, a recebeu, e consumiu, ainda que o
solvente não tivesse o direito de alheá-la.
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SEÇÃO II
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR
Art. 934. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o
represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
reverter em seu proveito.
Art. 935. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda
provando-se depois que não era credor.
Art. 936. Não vale, porém, o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de
quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Art. 937. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da
quitação, exceto se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
Art. 938. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita
sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não
valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-
lhe, entretanto, salvo o regresso contra o credor.
SEÇÃO III
DO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA
Art. 939. O devedor, que paga, tem direito a quitação regular (artigo 940), e pode
reter o pagamento, enquanto lhe não for dada.
Art. 940. A quitação designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do
devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a
assinatura do credor, ou do seu representante.
Art. 941. Recusando o credor a quitação, ou não a dando na devida forma (artigo
940), pode o devedor citá-lo para esse fim, e ficará quitado pela sentença, que
condenar o credor.
Art. 942. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido
este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que
inutilize o título sumido.
Art. 943. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as
anteriores.
Art. 944. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se
pagos.
Art. 945. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
§ 1º. Ficará, porém, sem efeito a quitação assim operada se o credor provar,
dentro em sessenta dias, o não-pagamento.
§ 2º. Não se permite esta prova, quando se der a quitação por escritura pública.
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Art. 946. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e
quitação. Se, porém, o credor mudar de domicílio ou morrer, deixando herdeiros
em lugares diferentes, correrá por conta do credor a despesa acrescida.
Art. 947. O pagamento em dinheiro, sem determinação da espécie, far-se-á em
moeda corrente no lugar do cumprimento da obrigação.
§ 1º. (Revogado pela Medida Provisória nº 1.950-66, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
§ 2º. (Revogado pela Medida Provisória nº 1.950-66, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
§ 3º. Quando o devedor incorrer em mora e o ágio tiver variado entre a data do
vencimento e a do pagamento, o credor pode optar por um deles, não se havendo
estipulado câmbio fixo.
§ 4º. Se a cotação variou no mesmo dia, tomar-se-á por base a média do
mercado nessa data.
Art. 948. Nas indenizações por fato ilícito prevalecerá o valor mais favorável ao
lesado.
Art. 949. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-
á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
SEÇÃO IV
DO LUGAR DO PAGAMENTO
Art. 950. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
convencionarem diversamente, ou se o contrário dispuserem as circunstâncias, a
natureza da obrigação ou a lei.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor entre eles a
escolha. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 951. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações
relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde este se acha.
SEÇÃO V
DO TEMPO DO PAGAMENTO
Art. 952. Salvo disposição especial deste Código, e não tendo sido ajustada
época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente.
Art. 953. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da
condição, incumbida ao credor a prova de que deste houve a ciência o devedor.
Art. 954. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou marcado neste Código.
I - Se, executado o devedor, se abrir concurso creditório.
II - Se os bens, hipotecados, empenhados, ou dados em anticrese, forem
penhorados em execução por outro credor.
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III - Se cessarem, ou se tornarem insuficientes as garantias do débito,
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade
passiva (artigos 904 a 915), não se reputará vencido quanto aos outros devedores
solventes.
SEÇÃO VI
DA MORA
Art. 955. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, e o
credor que o não quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados (artigo
1.058).
Art. 956. Responde o devedor pelos prejuízos a que a sua mora der causa
(artigo 1.058).
Parágrafo único. Se a prestação, por causa da mora, se tornar inútil ao credor,
este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Art. 957. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação,
embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito, ou força maior, se estes
ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano
sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada (artigo
1.058).
Art. 958. A mora do credor subtrai ao devedor isento de dolo à responsabilidade
pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas
em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela sua mais alta estimação, se o seu
valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento.
Art. 959. Purga-se a mora:
I - Por parte do devedor, oferecendo este a prestação, mais a importância dos
prejuízos decorrentes até o dia da oferta.
II - Por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-
se aos efeitos da mora até a mesma data.
III - Por parte de ambos, renunciando aquele que se julgar por ela prejudicado os
direitos que da mesma lhe provierem.
Art. 960. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida no seu tempo
constitui de pleno direito em mora o devedor.
Não havendo prazo assinado, começa ela desde a interpelação, notificação, ou
protesto.
Art. 961. Nas obrigações negativas, o devedor fica constituído em mora, desde o
dia em que executar o ato de que se devia abster.
Art. 962. Nas obrigações provenientes de delito, considera-se o devedor em
mora desde que o perpetrou.
Art. 963. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este
em mora.
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SEÇÃO VII
DO PAGAMENTO INDEVIDO
Art. 964. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a
restituir.
A mesma obrigação incumbe ao que recebe dívida condicional antes de cumprida
a condição.
Art. 965. Ao que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito
por erro.
Art. 966. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa
dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto nos artigos 510 a 519.
Art. 967. Se, aquele, que indevidamente recebeu um imóvel, o tiver alienado,
deve assistir o proprietário na retificação do registro, nos termos do artigo 860.
Art. 968. Se, aquele, que indevidamente recebeu um imóvel, o tiver alienado em
boa-fé, por título oneroso, responde somente pelo preço recebido; mas, se obrou
de má-fé, além do valor do imóvel, responde por perdas e danos.
Parágrafo único. Se o imóvel se alheou por título gratuito, ou se alheando-se por
título oneroso, obrou de má-fé o terceiro adquirente, cabe ao que pagou por erro o
direito de reivindicação.
Art. 969. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o
por conta de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a ação ou
abriu mão das garantias que asseguravam seu direito, mas o que pagou, dispõe
de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Art. 970. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou
cumprir obrigação natural.
Art. 971. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim
ilícito, imoral, ou proibido por lei.
CAPÍTULO III
DO PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO
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pagamento.
V - Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
VI - Se houver concurso de preferência aberto contra o credor, ou se este for
incapaz de receber o pagamento.
Art. 974. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento.
Art. 975. Nos casos do artigo 973, nºs. I, II e III, citar-se-á o credor, para vir, ou
mandar receber, e no do mesmo artigo nº IV, para provar o seu direito.
Art. 976. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que
se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado
improcedente.
Art. 977. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.
Art. 978. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,
embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Art. 979. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito,
aquiescer no levantamento, perderá a preferência e garantia que lhe competiam
com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores
e fiadores, que não anuíram.
Art. 980. Se a coisa devida for corpo certo que deva ser entregue no mesmo
lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada.
Art. 981. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele
citado para este fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a
coisa que o devedor escolher. Feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como
no artigo antecedente.
Art. 982. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão por
conta do credor, e no caso contrário, por conta do devedor.
Art. 983. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação,
mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio,
assumirá o risco do pagamento.
Art. 984. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se
pretendam mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.
CAPÍTULO IV
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
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I - Do credor que paga a dívida do devedor comum ao credor, a quem competia
direito de preferência.
II - Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário.
III - Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.
Art. 986. A sub-rogação é convencional:
I - Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe
transfere todos os seus direitos.
II - Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a
dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do
credor satisfeito.
Art. 987. Na hipótese do artigo antecedente, nº I, vigorará o disposto quanto à
cessão de créditos (artigos 1.065 a 1.078).
Art. 988. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal
e os fiadores.
Art. 989. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as
ações do credor, senão até à soma, que tiver desembolsado para desobrigar o
devedor.
Art. 990. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-
rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem,
para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
CAPÍTULO V
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
Art. 991. A pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.
Sem consentimento do credor, não se fará imputação do pagamento na dívida
ilíquida, ou não vencida. (Redação dada pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 992. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência, ou dolo.
Art. 993. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e, depois, no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor
passar a quitação por conta do capital.
Art. 994. Se o devedor não fizer a indicação do artigo 991, e a quitação for
omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em
primeiro lugar.
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Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-
se-á na mais onerosa.
CAPÍTULO VI
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
Art. 995. O credor pode consentir em receber coisa que não seja dinheiro, em
substituição da prestação que lhe era devida.
Art. 996. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre
as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Art. 997. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência
importará em cessão.
Art. 998. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-
se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada.
CAPÍTULO VII
DA NOVAÇÃO
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Art. 1007. Não se podem validar por novação obrigações nulas ou extintas.
Art. 1008. A obrigação simplesmente anulável pode ser confirmada pela
novação.
CAPÍTULO VIII
DA COMPENSAÇÃO
Art. 1009. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 1010. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
Art. 1011. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade,
quando especificada no contrato.
Art. 1012. Não são compensáveis as prestações de coisas incertas, quando a
escolha pertence aos dois credores ou a um deles como devedor de uma das
obrigações e credor da outra.
Art. 1013. O devedor só pode compensar com o credor o que este lhe dever;
mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 1014. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam
a compensação.
Art. 1015. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - Se uma provier de esbulho, furto ou roubo.
II - Se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos.
III - Se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Art. 1016. Não pode realizar-se a compensação, havendo renúncia prévia de um
dos devedores.
Art. 1017. As dívidas fiscais da União, dos Estados e dos Municípios também
não podem ser objeto de compensação, exceto nos casos de encontro entre a
administração e o devedor, autorizados nas leis e regulamentos da Fazenda.
Art. 1018. Não haverá compensação, quando o credor e devedor por mútuo
acordo a excluírem.
Art. 1019. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa
dívida com a que o credor dele lhe dever.
Art. 1020. O devedor solidário só pode compensar com o credor o que este deve
ao seu coobrigado, até ao equivalente da parte deste na dívida comum.
Art. 1021. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão, que o credor faz a
terceiros, dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que
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antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver
sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes
tinha contra o cedente.
Art. 1022. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se
podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 1023. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis,
serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação
de pagamento (artigos 991 a 994).
Art. 1024. Não se admite a compensação em prejuízo de direitos de terceiro. O
devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste,
não pode opor ao exeqüente a compensação, de quem contra o próprio credor
disporia.
CAPÍTULO IX
DA TRANSAÇÃO
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Art. 1032. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por
ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação: mas
ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo
direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de
exercê-lo.
Art. 1033. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não
perime a ação penal da justiça pública.
Art. 1034. É admissível, na transação, a pena convencional.
Art. 1035. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a
transação.
Art. 1036. É nula a transação a respeito de litígio decidido por sentença passada
em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando, por título
ulteriomente descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto
da transação.
CAPÍTULO X
DO COMPROMISSO
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Art. 1050. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de
parte dela.
Art. 1051. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só
extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na
dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.
Art. 1052. Cessando a confusão para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.
CAPÍTULO XII
DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS
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só responde pelos lucros, que foram ou podiam ser previstos na data da
obrigação.
Art. 1060. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e
danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto
e imediato.
Art. 1061. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro,
consistem nos juros da mora e custas, sem prejuízo da pena convencional.
CAPÍTULO XV
DOS JUROS LEGAIS
Art. 1062. A taxa dos juros moratórios, quando não convencionados (artigo
1.262), será de seis por cento ao ano.
Art. 1063. Serão também de seis por cento ao ano os juros devidos por força da
lei, ou quando as partes os convencionarem sem taxa estipulada.
Art. 1064. Ainda que não se alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros de
mora, que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra
natureza, desde que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial,
arbitramento, ou acordo entre as partes.
TÍTULO III
DA CESSÃO DE CRÉDITO
Art. 1065. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza
da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor.
Art. 1066. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito se abrangem
todos os seus acessórios.
Art. 1067. Não vale, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se se
não celebrar mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das
solenidades do artigo 135 (artigo 1.068). (Redação dada ao caput pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. O cessionário de crédito hipotecário tem, como o sub-rogado, o
direito de fazer inscrever a cessão à margem da inscrição principal.
Art. 1068. A disposição do artigo antecedente, parte primeira, não se aplica à
transferência de créditos, operada por lei ou sentença.
Art. 1069. A cessão de crédito não vale em relação ao devedor, senão quando a
este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita.
Art. 1070. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se
completar com a tradição do título do crédito cedido.
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Art. 1071. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da
cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão
notificada, paga ao cessionário, que lhe apresenta, com o título da cessão, o da
obrigação cedida. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1072. O devedor pode opor tanto ao cessionário como ao cedente as
exceções que lhe competirem no momento em que tiver conhecimento da cessão;
mas, não pode opor ao cessionário de boa-fé a simulação do cedente.
Art. 1073. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que se não
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao
tempo em que lho cedeu. A mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por
título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 1074. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
solvência do devedor.
Art. 1075. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não
responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de
ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a
cobrança.
Art. 1076. Quando a transferência do crédito se opera por força de lei, o credor
originário não responde pela realidade da dívida, nem pela solvência do devedor.
Art. 1077. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo
credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo
notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos
de terceiro.
Art. 1078. As disposições deste título aplicam-se à cessão de outros direitos
para os quais não haja modo especial de transferência.
TÍTULO IV
DOS CONTRATOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1079. A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a
lei não exigir que seja expressa.
Art. 1080. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1081. Deixa de ser obrigatória a proposta:
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I - Se, feita sem prazo a uma pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por meio de telefone.
II - Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
III - Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado.
IV - Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte
a retratação do proponente.
Art. 1082. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob
pena de responder por perdas e danos.
Art. 1083. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta.
Art. 1084. Se o negócio for daqueles, em que se não costuma a aceitação
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato,
não chegando a tempo a recusa.
Art. 1085. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar
ao proponente a retratação do aceitante.
Art. 1086. Os contratos por correspondência epistolar, ou telegráfica, tornam-se
perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - No caso do artigo antecedente.
II - Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta.
III - Se ela não chegar no prazo convencionado.
Art. 1087. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Art. 1088. Quando o instrumento público for exigido como prova do contrato,
qualquer das partes pode arrepender-se, antes de o assinar, ressarcindo à outra
as perdas e danos resultantes do arrepedimento, sem prejuízo do estatuído nos
artigos 1.095 a 1.097.
Art. 1089. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 1090. Os contratos benéficos interpretar-se-ão estritamente.
Art. 1091. A impossibilidade da prestação não invalida o contrato, sendo relativa,
ou cessando antes de realizada a condição.
CAPÍTULO II
DOS CONTRATOS BILATERAIS
Art. 1092. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contraentes, antes de cumprida
a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a
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prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a quem incumbe fazer prestação em
primeiro lugar, recusar-se a esta, até que a outra satisfaça a que lhe compete ou
dê garantia bastante de satisfazê-la.
Parágrafo único. A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão
do contrato com perdas e danos.
Art. 1093. O distrato faz-se pela mesma forma que o contrato. Mas a quitação
vale, qualquer que seja a sua forma.
CAPÍTULO III
DAS ARRAS
Art. 1094. O sinal, ou arras, dado por um dos contraentes, firma a presunção de
acordo final, e torna obrigatório o contrato.
Art. 1095. Podem, porém, as partes estipular o direito de se arrepender, não
obstante as arras dadas. Em caso tal, se o arrependido for o que as deu, perdê-
las-á em proveito do outro; se o que as recebeu, restituí-las-á em dobro.
Art. 1096. Salvo estipulação em contrário, as arras em dinheiro consideram-se
princípio de pagamento. Fora esse caso, devem ser restituídas, quando o contrato
for concluído, ou ficar desfeito.
Art. 1097. Se o que deu arras, der causa a se impossibilitar a prestação, ou a se
rescindir o contrato, perdê-las-á em benefício do outro.
CAPÍTULO IV
DAS ESTIPULAÇÕES EM FAVOR DE TERCEIRO
Art. 1101. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada,
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ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações gravadas de
encargo.
Art. 1102. Salvo cláusula expressa no contrato, a ignorância de tais vícios pelo
alienante não o exime da responsabilidade (artigo 1.103). (Redação dada ao artigo
pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1103. Se o alienante conhecia o vício, ou o defeito, restituirá o que recebeu
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido,
mais as despesas do contrato.
Art. 1104. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em
poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Art. 1105. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (artigo 1.101), pode o
adquirente reclamar abatimento no preço (artigo 178, § 2º e § 5º, nº IV).
Art. 1106. Se a coisa foi vendida em hasta pública, não cabe a ação redibitória,
nem a de pedir abatimento no preço.
CAPÍTULO VI
DA EVICÇÃO
Art. 1107. Nos contratos onerosos, pelos quais se transfere o domínio, posse ou
uso, será obrigado o alienante a resguardar o adquirente dos riscos da evicção,
toda vez que se não tenha excluído expressamente esta responsabilidade.
Parágrafo único. As partes podem reforçar ou diminuir essa garantia.
Art. 1108. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção (artigo
1.107), se esta se der, tem direito o evicto a recobrar o preço, que pagou pela
coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou dele informado, o não assumiu.
Art. 1109. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da
restituição integral do preço, ou das quantias, que pagou:
I - À indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir.
II - À das despesas dos contratos e dos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção.
III - Às custas judiciais.
Art. 1110. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada
esteja deteriorada, exceto dolo do adquirente.
Art. 1111. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não
tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da
quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 1112. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a
evicção, serão pagas pelo alienante.
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Art. 1113. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido
feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 1114. Se a evicção for parcial, mas considerável, poderá o evicto optar entre
a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao
desfalque sofrido.
Art. 1115. A importância do desfalque, na hipótese do artigo antecedente, será
calculada em proporção do valor da coisa ao tempo em que se evenceu.
Art. 1116. Para poder exercitar o direito, que da evicção lhe resulta, o adquirente
notificará do litígio o alienante, quando e como lho determinarem as leis do
processo.
Art. 1117. Não pode o adquirente demandar pela evicção:
I - Se foi privado da coisa, não pelos meios judiciais, mas por caso fortuito, força
maior, roubo, ou furto.
II - Se sabia que a coisa era alheia, ou litigiosa.
CAPÍTULO VII
DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS
Art. 1118. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas futuras, cujo
risco de não virem a existir assume o adquirente, terá direito o alienante a todo o
preço, desde que de sua parte não tenha havido culpa, ainda que delas não venha
a existir absolutamente nada.
Art. 1119. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o
adquirente restituirá o preço recebido.
Art. 1120. Se for aleatório, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço,
posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Art. 1121. A alienação aleatória do artigo antecedente poderá ser anulada como
dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contraente não ignorava a
consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
TÍTULO V
DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO
CAPÍTULO I
DA COMPRA E VENDA
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SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1122. Pelo contrato de compra e venda, um dos contraentes se obriga a
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 1123. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contraentes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a
incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contraentes
designar outra pessoa. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 1124. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa do mercado, ou
da bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Art. 1125. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio
exclusivo de uma das partes a taxação do preço.
Art. 1126. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e
perfeita, desde que as partes acordarem no objetivo e no preço.
Art. 1127. Até ao momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador.
§ 1º. Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar, ou
assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou
assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por
conta deste.
§ 2º. Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se
estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e
pelo modo ajustados.
Art. 1128. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador,
por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-las,
salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.
Art. 1129. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas da escritura a cargo
do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Art. 1130. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a
coisa, antes de receber o preço.
Art. 1131. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da
tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega
da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
Art. 1132. Os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os
outros descendentes expressamente consintam.
Art. 1133. Não podem ser comprados, ainda em hasta pública:
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à sua guarda ou administração.
II - Pelos mandatários, os bens, de cuja administração ou alienação estejam
encarregados.
III - Pelos empregados públicos, os bens da União, dos Estados e dos
Municípios, que estiverem sob sua administração, direta, ou indireta. A mesma
disposição aplica-se aos juízes, arbitradores ou peritos que, de qualquer modo,
possam influir no ato ou no preço da venda.
IV - Pelos juízes, empregados de Fazenda, secretários de tribunais, escrivães, e
outros oficiais de Justiça, os bens, ou direitos, sobre que se litigar em tribunal,
juízo, ou conselho, no lugar onde esses funcionários servirem, ou a que se
estender a sua autoridade.
Art. 1134. Esta proibição compreende a venda ou cessão de crédito, exceto se
for ou entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já
pertencentes a pessoas designadas no artigo anterior, nº IV.
Art. 1135. Se a venda se realizar à vista de amostras, entender-se-á que o
vendedor assegura ter a coisa vendida as qualidades por elas apresentadas.
Art. 1136. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de
extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em
qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o
complemento da área, e não sendo isso possível, o de reclamar a rescisão do
contrato ou abatimento proporcional do preço. Não lhe cabe, porém, esse direito,
se o imóvel foi vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas
enunciativa a referência às suas dimensões.
Parágrafo único. Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente
enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder a 1/20 da extensão total
enunciada.
Art. 1137. Em toda escritura de transferência de imóveis, serão transcritas as
certidões de se acharem eles quites com a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal, de quaisquer impostos a que possam estar sujeitos (Redação dada ao
caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. A certidão negativa exonera o imóvel e isenta o adquirente de
toda responsabilidade.
Art. 1138. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não
autoriza a rejeição de todas.
Art. 1139. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino a quem não
se der conhecimento da venda poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de seis meses.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias
de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se os quinhões
forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem,
depositando previamente o preço.
SEÇÃO II
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DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA
DA RETROVENDA
Art. 1140. O vendedor pode reservar-se o direito de recobrar, em certo prazo, o
imóvel, que vendeu, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador.
Parágrafo único. Além destas, reembolsará também, nesse caso, o vendedor ao
comprador as empregadas em melhoramentos do imóvel, até ao valor por esses
melhoramentos acrescentado à propriedade.
Art. 1141. O prazo para o resgate, ou retrato, não passará de três anos, sob
pena de se reputar não escrito; presumindo-se estipulado o máximo do tempo,
quando as partes o não determinarem.
Parágrafo único. O prazo do retrato, expresso, ou presumido, prevalece ainda
contra o incapaz. Vencido o prazo extingue-se o direito ao retrato, e torna-se
irretratável a venda.
Art. 1142. Na retrovenda, o vendedor conserva a sua ação contra os terceiros
adquirentes da coisa retrovendida, ainda que eles não conhecessem a cláusula de
retrato.
Art. 1143. Se duas ou mais pessoas tiverem direito ao retrato sobre a mesma
coisa, e só uma o exercer, poderá o comprador fazer intimar as outras, para nele
acordarem. (Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
§ 1º. Não havendo acordo entre os interessados, ou não querendo um deles
entrar com a importância integral do retrato, caducará o direito de todos.
§ 2º. Se os diferentes condôminos do prédio alheado o não retrovenderam
conjuntamente e no mesmo ato, poderá cada qual, de per si, exercitar sobre o
respectivo quinhão o seu direito de retrato, sem que o comprador possa
constranger os demais a resgatá-lo por inteiro.
DA VENDA A CONTENTO
Art. 1144. A venda a contento reputar-se-á feita sob condição suspensiva, se no
contrato não se lhe tiver dado expressamente o caráter de condição resolutiva.
Parágrafo único. Nesta espécie de venda, se classifica a dos gêneros, que se
costumam provar, medir, pesar, ou experimentar antes de aceitos.
Art. 1145. As obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva,
a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Art. 1146. Se o comprador não fizer declaração alguma dentro no prazo, reputar-
se-á perfeita a venda, quer seja suspensiva a condição, quer resolutiva; havendo-
se, no primeiro caso, o pagamento do preço como expressão de que aceita a
coisa vendida.
Art. 1147. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o
vendedor terá direito a intimá-lo judicialmente, para que o faça em prazo
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improrrogável, sob pena de considerar-se perfeita a venda.
Art. 1148. O direito resultante da venda a contento é simplesmente pessoal.
DA PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA
Art. 1149. A preempção ou preferência impõe ao comprador a obrigação de
oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para
que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Art. 1150. A União, o Estado, ou o Município, oferecerá ao ex-proprietário o
imóvel desapropriado, pelo preço por que o foi, caso não tenha o destino, para
que se desapropriou.
Art. 1151. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação,
intimando-o ao comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 1152. O direito de preempção não se estende senão às situações indicadas
nos artigos 1.149 e 1.150, nem a outro direito real que não a propriedade.
Art. 1153. O direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se
exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos trinta
subseqüentes àquele, em que o comprador tiver afrontado o vendedor. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1154. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais
indivíduos em comum, só poderá ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se
alguma das pessoas, a quem ele toque, perder, ou não exercer o seu direito,
poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.
Art. 1155. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado
a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 1156. Responderá por perdas e danos o comprador, se ao vendedor não der
ciência do preço e das vantagens que lhe oferecem pela coisa.
Art. 1157. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
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Art. 1162. Se, dentro no prazo fixado, o vendedor não aceitar proposta de maior
vantagem, a venda se reputará definitiva.
DO PACTO COMISSÓRIO
Art. 1163. Ajustado que se desfaça a venda, não se pagando o preço até certo
dia, poderá o vendedor, não pago, desfazer o contrato, ou pedir o preço.
Parágrafo único. Se, em dez dias de vencido o prazo, o vendedor, em tal caso,
não reclamar o preço, ficará de pleno direito desfeita a venda.
CAPÍTULO II
DA TROCA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1165. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outro, que os aceita.
Art. 1166. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou
não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça dentro dele,
a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 1167. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não
perde o caráter de liberalidade, como o não perde a doação remuneratória, ou a
gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados, ou ao encargo
imposto.
Art. 1168. A doação far-se-á por escritura pública, ou instrumento particular
(artigo 134). (Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e
de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Art. 1169. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelos pais.
Art. 1170. Às pessoas que não puderem contratar é facultado, não obstante,
aceitar doações puras.
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Art. 1171. A doação dos pais aos filhos importa adiantamento da legítima.
Art. 1172. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-
se, morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser.
Art. 1173. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e
determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a
ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser
impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se
realizar.
Art. 1174. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Art. 1175. É nula a doação de todos os bens, sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador.
Art. 1176. Nula é também a doação quanto à parte, que exceder a de que o
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 1177. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de
dissolvida a sociedade conjugal (artigos 178, § 7º, nº VI, e 248, nº IV).
Art. 1178. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma
pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá
na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
Art. 1179. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito à
evicção, exceto no caso do artigo 285.
Art. 1180. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem
a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público
poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não o tiver feito.
SEÇÃO II
DA REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
Art. 1181. Além dos casos comuns a todos os contratos, a doação também se
revoga por ingratidão do donatário.
Parágrafo único. A doação onerosa poder-se-á revogar por inexecução do
encargo, desde que o donatário incorrer em mora.
Art. 1182. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a
liberalidade por ingratidão do donatário.
Art. 1183. Só se podem revogar por ingratidão as doações:
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I - Se o donatário atentou contra a vida do doador.
II - Se cometeu contra ele ofensa física.
III - Se o injurou gravemente, ou o caluniou.
IV - Se, podendo ministrar-lhos, recusou ao doador os alimentos, de que este
necessitava.
Art. 1184. A revogação por qualquer desses motivos pleitear-se-á dentro em um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato, que a
autorizar (artigo 178, § 6º, nº I).
Art. 1185. O direito de que trata o artigo precedente não se transmite aos
herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem
prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do
donatário, se este falecer depois de contestada a lide.
Art. 1186. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por
terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos que percebeu antes de
contestada a lide; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa
restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-las pelo meio termo do seu
valor.
Art. 1187. Não se revogam por ingratidão:
I - As doações puramente remuneratórias.
II - As oneradas com encargos.
III - As que se fizerem em cumprimento de obrigação natural.
IV - As feitas para determinado casamento.
CAPÍTULO IV
DA LOCAÇÃO
SEÇÃO I
DA LOCAÇÃO DE COISAS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1188. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
retribuição.
Art. 1189. O locador é obrigado:
I - A entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de
servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato,
salvo cláusula expressa em contrato.
II - A garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa.
Art. 1190. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do
locatário, a esta caberá pedir redução proporcional do aluguer, ou rescindir o
contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava.
Art. 1191. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de
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terceiros, que tenham, ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e
responderá pelos seus vícios, ou defeitos, anteriores à locação.
Art. 1192. O locatário é obrigado:
I - A servir-se da coisa alugada para os usos convencionados, ou presumidos,
conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como a tratá-la com o mesmo
cuidado como se sua fosse.
II - A pagar pontualmente o aluguer nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste,
segundo o costume do lugar.
III - A levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se
pretendam fundadas em direito (artigo 1.191).
IV - A restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as
deteriorações naturais ao uso regular.
Art. 1193. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a
que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador,
além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos.
Parágrafo único. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do
vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao
locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador,
senão pagando o aluguer pelo tempo que faltar.
Art. 1194. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo
estipulado, independentemente de notificação, ou aviso.
Art. 1195. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada,
sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo
aluguer, mas sem prazo determinado.
Art. 1196. Se, notificado, o locatário não restituir a coisa, pagará, enquanto a
tiver em seu poder, o aluguer que o locador arbitrar e responderá pelo dano, que
ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito.
Art. 1197. Se, durante a locação, for alienada a coisa, não ficará o adquirente
obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua
vigência no caso de alienação, e constar de registro público.
Parágrafo único. Nas locações de imóveis, não poderá porém despedir o
locatário, senão observados os prazos do artigo 1.209.
Art. 1198. Morrendo o locador, ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a
locação por tempo determinado.
Art. 1199. Não é lícito ao locatário reter a coisa alugada, exceto no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido
feitas com expresso consentimento do locador.
DA LOCAÇÃO DE PRÉDIOS
Art. 1200. A locação de prédios pode ser estipulada por qualquer prazo.
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Art. 1201. Não havendo estipulação expressa em contrário, o locatário, nas
locações a prazo fixo, poderá sublocar o prédio, no todo, ou em parte, antes ou
depois de havê-lo recebido, e bem assim emprestá-lo, continuando responsável
ao locador pela conservação do imóvel e solução do aluguer.
Parágrafo único. Pode também ceder a locação, consentindo o locador.
Art. 1202. O sublocatário responde, subsidiariamente, ao senhorio pela
importância que dever ao sublocador, quando este for demandado, e ainda pelos
alugueres que se vencerem durante a lide.
§ 1º. Neste caso, notificada a ação, ao sublocatário, se não declarar logo que
adiantou alugueres ao sublocador, presumir-se-ão fraudulentos todos os recibos
de pagamento adiantados, salvo se constarem de escrito com data autenticada e
certa.
§ 2º. Salvo o caso deste artigo, nas disposições anteriores, a sublocação não
estabelece direitos nem obrigações entre o sublocatário e o senhorio.
Art. 1203. Rescindida ou finda a locação, resolvem-se as sublocações, salvo o
direito de indenização que possa competir ao sublocatário contra o sublocador.
Art. 1204. Durante a locação, o senhorio não pode mudar a forma nem o destino
do prédio alugado.
Art. 1205. Se o prédio necessitar de reparações urgentes, o locatário será
obrigado a consenti-las.
§ 1º. Se os reparos durarem mais de quinze dias, poderá pedir abatimento
proporcional no aluguer.
§ 2º. Se durarem mais de um mês, e tolherem o uso regular do prédio, poderá
rescindir o contrato.
Art. 1206. Incumbirão ao locador, salvo cláusula expressa em contrário, todas as
reparações de que o prédio necessitar.
Parágrafo único. O locatário é obrigado a fazer por sua conta no prédio as
pequenas reparações de estragos, que não provenham naturalmente do tempo,
ou do uso.
Art. 1207. O locatário tem direito a exigir do senhorio, quando este lhe entrega o
prédio, relação escrita do seu estado.
Art. 1208. Responderá o locatário pelo incêndio do prédio, se não provar caso
fortuito ou força maior, vício de construção ou propagação de fogo originado em
outro prédio.
Parágrafo único. Se o prédio tiver mais de um inquilino, todos responderão pelo
incêndio, inclusive o locador, se nele habitar, cada um em proporção da parte que
ocupe, exceto provando-se ter começado o incêndio na utilizada por um só
morador, que será então o único responsável.
Art. 1209. O locatário do prédio, notificado para entregá-lo, por não convir ao
locador continuar a locação de tempo indeterminado, tem o prazo de um mês,
para o desocupar, se for urbano, e, se rústico, o de seis meses (artigo 1.197,
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parágrafo único).
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contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante
prévio aviso, pode rescindir o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - Com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um
mês, ou mais;
II - Com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana,
ou quinzena;
III - De véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
Art. 1222. No contrato de locação de serviços agrícolas, não havendo prazo
estipulado, presume-se o de um ano agrário, que termina com a colheita ou safra
da principal cultura pelo locatário explorada.
Art. 1223. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o locador, por
culpa sua, deixou de servir.
Art. 1224. Não sendo o locador contratado para certo e determinado trabalho,
entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas
forças e condições.
Art. 1225. O locador contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não
se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou
concluída a obra (artigo 1.220).
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à atribuição
vencida, mas responderá por perdas e danos.
Art. 1226. São justas causas para dar o locador por findo o contrato:
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pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de então
ao termo legal do contrato.
Art. 1229. São justas causas para dar o locatário por findo o contrato:
I - Força maior que o impossibilite de cumprir suas obrigações;
II - Ofendê-lo o locador na honra de pessoa de sua família;
III - Enfermidade ou qualquer outra causa que torne o locador incapaz dos
serviços contratados;
IV - Vícios ou mau procedimento do locador;
V - Falta do locador à observância do contrato;
VI - Imperícia do locador no serviço contratado.
Art. 1230. Na locação agrícola, o locatário é obrigado a dar ao locador atestado
de que o contrato está findo; e, no caso de recusa, o juiz a quem competir, deverá
expedi-lo, multando o recusante em cem a duzentos mil-réis, a favor do locador.
Esta mesma obrigação subsiste, se o locatário, sem justa causa, dispensar os
serviços do locador, ou se este, por motivo justificado, der por findo o contrato.
Todavia, se, em qualquer destas hipóteses, o locador estiver em débito, esta
circunstância constará do atestado, ficando o novo locatário responsável pelo
devido pagamento.
Art. 1231. O locatário poderá despedir o locador por qualquer das causas
especificadas no artigo 1.229, ainda que o contrário tenha convencionado.
§ 1º. Se o locador for despedido por algumas das causas ali particularizadas sob
os nºs. I, III e V, terá direito à retribuição vencida, sem responsabilidade alguma
para com o locatário.
§ 2º. Se for despedido por algum dos fundamentos ali admitidos sob os nºs II, IV
e VI, terá direito à retribuição vencida, respondendo, porém, por perdas e danos.
Art. 1232. Nem o locatário, ainda que outra coisa tenha contratado, poderá
transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o locador, sem
aprazimento do locatário, dar substituto, que os preste.
Art. 1233. O contrato de locação dos serviços acaba com a morte do locador.
Art. 1234. Embora outra coisa haja estipulado, não poderá o locatário cobrar ao
locador juros sobre as soldadas, que lhe adiantar, nem, pelo tempo do contrato,
sobre dívida alguma, que o locador esteja pagando com serviços.
Art. 1235. Aquele que aliciar pessoas obrigadas a outrem por locação de
serviços agrícolas, haja ou não instrumento deste contrato, pagará em dobro ao
locatário prejudicado a importância, que ao locador, pelo ajuste desfeito, houvesse
de caber durante quatro anos.
Art. 1236. A alienação do prédio agrícola onde a locação dos serviços se opera,
não importa a rescisão do contrato, salvo ao locador opção entre continuá-lo com
o adquirente da propriedade, ou com o locatário anterior.
SEÇÃO III
DA EMPREITADA
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Art. 1237. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela ou só com seu
trabalho, ou com ele e os materiais.
Art. 1238. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os
riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se
este não estiver em mora de receber. Estando, correrão os riscos por igual contra
as duas partes.
Art. 1239. Se o empreiteiro só forneceu a mão-de-obra, todos os riscos, em que
não tiver culpa, correrão por conta do dono.
Art. 1240. Sendo a empreitada unicamente de lavor (artigo 1.239), se a coisa
perecer antes de entregue, sem mora do dono, nem culpa do empreiteiro, este
perderá também o salário, a não provar que a perda resultou de defeitos dos
materiais, e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.
Art. 1241. Se a obra constar de partes distintas, ou for das que se determinam
por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou
segundo as partes em que se dividir.
Parágrafo único. Tudo o que se pagou, presume-se verificado.
Art. 1242. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o
dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, enjeitá-la, se o empreiteiro se
afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em
trabalho de tal natureza.
Art. 1243. No caso do artigo antecedente, segunda parte, pode o que
encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço.
Art. 1244. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por
imperícia os inutilizar.
Art. 1245. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante cinco
anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como
do solo, exceto quanto a este, se, não o achando firme, preveniu em tempo o dono
da obra.
Art. 1246. O arquiteto, ou construtor, que, por empreitada, se incumbir de
executar uma obra segundo plano aceito por quem a encomenda, não terá direito
a exigir acréscimo no preço, ainda que o dos salários, ou o do material, encareça,
nem ainda que se altere ou aumente, em relação à planta, a obra ajustada, salvo
se se aumentou, ou alterou, por instruções escritas do outro contratante e exibidas
pelo empreiteiro.
Art. 1247. O dono da obra que, fora dos casos estabelecidos nos ns. III, IV e V
do artigo 1.229, rescindir o contrato, apesar de começada sua execução,
indenizará o empreiteiro das despesas e do trabalho feito, assim como dos lucros
que este poderia ter, se concluísse a obra.
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CAPÍTULO V
DO EMPRÉSTIMO
SEÇÃO I
DO COMODATO
Art. 1248. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-
se com a tradição do objeto.
Art. 1249. Os tutores, curadores, em geral todos os administradores de bens
alheios não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens
confiados à sua guarda.
Art. 1250. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o
necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade
imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa
emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso
outorgado.
Art. 1251. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a
coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato, ou a
natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos.
Art. 1252. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder,
pagará o aluguer da coisa durante o tempo de atraso em restituí-la.
Art. 1253. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus, abandonando o do comodante,
responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou
força maior.
Art. 1254. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as
despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
Art. 1255. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de
uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.
SEÇÃO II
DO MÚTUO
Art. 1256. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e
quantidade.
Art. 1257. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao
mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Art. 1258. No mútuo em moedas de ouro e prata pode convencionar-se que o
pagamento se efetue nas mesmas espécies e quantidades, qualquer que seja
ulteriormente a oscilação dos seus valores.
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Art. 1259. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob
cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores,
ou abonadores (artigo 1.502).
Art. 1260. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I - Se a pessoa de cuja autorização necessitava o mutuário, para contrair o
empréstimo, o ratificar posteriormente.
II - Se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o
empréstimo para os seus alimentos habituais.
III - Se o menor tiver bens da classe indicada no artigo 391, nº II. Mas, em tal
caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças.
Art. 1261. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do
vencimento o mutuário sofrer notória mudança na fortuna.
Art. 1262. É permitido, mas só por cláusula expressa, fixar juros ao empréstimo
de dinheiro ou de outras coisas fungíveis.
Esses juros podem fixar-se abaixo ou acima da taxa legal (artigo 1.062), com ou
sem capitalização.
Art. 1263. O mutuário, que pagar juros não estipulados, não os poderá reaver,
nem imputar no capital.
Art. 1264. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o
consumo, como para a semeadura.
II - De trinta dias, pelo menos, até prova em contrário, se for de dinheiro.
III - Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.
CAPÍTULO VI
DO DEPÓSITO
SEÇÃO I
DO DEPÓSITO VOLUNTÁRIO
Art. 1265. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para
guardar, até que o depositante o reclame.
Parágrafo único. Este contrato é gratuito, mas as partes podem estipular que o
depositário seja gratificado.
Art. 1266. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa
depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como
a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando lho exija o depositante.
Art. 1267. Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse
mesmo estado se manterá; e, se for devassado, incorrerá o depositário na
presunção de culpa.
Art. 1268. Ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário entregará o
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depósito, logo que se lhe exija, salvo se o objeto foi judicialmente embargado, se
sobre ele pender execução, notificada ao depositário, ou se ele tiver motivo
razoável de suspeitar que a coisa foi furtada ou roubada (artigo 1.273).
Art. 1269. No caso do artigo antecedente, última parte, o depositário, expondo o
fundamento da suspeita, requererá que se recolha o objeto ao depósito público.
Art. 1270. Ao depositário será facultado, outrossim, requerer depósito judicial da
coisa, quando, por motivo plausível, a não possa guardar, e o depositante não lha
queira receber.
Art. 1271. O depositário que por força maior houver perdido a coisa depositada e
recebido outra em seu lugar é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e
ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição
da primeira.
Art. 1272. O herdeiro do depositário, que de boa fé vendeu a coisa depositada, é
obrigado a assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao comprador o
preço recebido.
Art. 1273. Salvo os casos previstos nos artigos 1.268 e 1.269, não poderá o
depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao
depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro depósito se fundar (artigo
1.287).
Art. 1274. Sendo dois ou mais depositantes, e divisível a coisa, a cada um só
entregará o depositário a respectiva parte, salvo se houver entre eles
solidariedade. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1275. Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário,
sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada.
Art. 1276. Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a
administração dos bens, diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada, e,
não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao depósito
público, ou promoverá a nomeação de outro depositário.
Art. 1277. O depositário não responde pelos casos fortuitos nem de força maior,
mas, para que lhe valha a escusa, terá de prová-los.
Art. 1278. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas
com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.
Art. 1279. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague o líquido
valor das despesas, ou dos prejuízos, a que se refere o artigo anterior, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
Parágrafo único. Se essas despesas ou prejuízos não forem provados
suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do
depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o depósito público, até
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que se liquidem.
Art. 1280. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a
restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo
disposto acerca do mútuo (artigos 1.256 a 1.264).
Art. 1281. O depósito voluntário provar-se-á por escrito.
SEÇÃO II
DO DEPÓSITO NECESSÁRIO
Art. 1282. É depósito necessário:
I - O que se faz em desempenho de obrigação legal (artigo 1.283).
II - O que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a
inundação, o naufrágio, ou o saque.
Art. 1283. O depósito de que se trata no artigo antecedente, nº I, reger-se-á pela
disposição da respectiva Lei nº, e, no silêncio, ou deficiência dela, pelas
concernentes ao depósito voluntário (artigo 1.265 a 1.281).
Parágrafo único. Essas disposições aplicam-se, outrossim, aos depósitos
previstos no artigo 1.282, nº II, podendo estes certificar-se por qualquer meio de
prova.
Art. 1284. A esses depósitos é equiparado o das bagagens dos viajantes,
hóspedes ou fregueses, nas hospedarias, estalagens ou casas de pensão, onde
eles estiverem.
Parágrafo único. Os hospedeiros ou estalajadeiros por elas responderão como
depositários, bem como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas
empregadas ou admitidas nas suas casas.
Art. 1285. Cessa, no caso do artigo antecedente, a responsabilidade dos
hospedeiros ou estalajadeiros
I - Se provarem que os fatos prejudiciais aos hóspedes, viajantes ou fregueses
não podiam ter sido evitados.
II - Se ocorrer força maior, como nas hipóteses de escalada, invasão da casa,
roubo a mão armada, ou violências semelhantes.
Art. 1286. O depósito necessário não se presume gratuito.
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 1288. Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrem poderes,
para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses.
A procuração é o instrumento do mandato.
Art. 1289. Todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo dos direitos
civis, são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá
desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º. O instrumento particular deve conter designação do Estado, da cidade ou
da circunscrição civil em que for passado, a data, o nome do outorgante, a
individuação de quem seja o outorgado e bem assim o objetivo da outorga, a
natureza, a designação e a extensão dos poderes conferidos.
§ 2º. Para o ato que não exigir instrumento público, o mandato, ainda quando por
instrumento público seja outorgado, pode substabelecer-se mediante instrumento
particular.
§ 3º. O reconhecimento da firma no instrumento particular é condição essencial à
sua validade, em relação a terceiros. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.167,
de 03.06.1957)
Art. 1290. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
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Art. 1297. O mandatário, que exceder os poderes do mandato, ou proceder
contra eles, reputar-se-á mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não
ratificar os atos.
Art. 1298. O maior de dezesseis e menor de vinte e um anos não emancipado
(artigo 9º, nº I), pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele
senão de conformidade com as regrais gerais, aplicáveis às obrigações contraídas
por menores. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1299. A mulher casada não pode aceitar mandato sem autorização do
marido. (Revogado implicitamente pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
SEÇÃO II
DAS OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
Art. 1300. O mandatário é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual na
execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou
daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer
pessoalmente.
§ 1º. Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na
execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos
sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo
provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido
substabelecimento.
§ 2º. Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os
danos causados pelo substabelecido, se for notoriamente incapaz, ou insolvente.
Art. 1301. O mandatário é obrigado a dar conta de sua gerência ao mandante,
transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que
seja.
Art. 1302. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com
os proveitos, que por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.
Art. 1303. Pelas somas que devia entregar ao mandante, ou recebeu para
despesas, mas empregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o
momento em que abusou.
Art. 1304. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo
instrumento, entender-se-á que são sucessivos, se não forem expressamente
declarados conjuntos, ou solidários, nem especificamente designados para atos
diferentes. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1305. O mandatário é obrigado a apresentar o instrumento do mandato às
pessoas, com que tratar em nome do mandante, sob pena de responder a elas por
qualquer ato, que lhe exceda os poderes.
Art. 1306. O terceiro que depois de conhecer os poderes do mandatário, fizer
com ele contrato exorbitante do mandato, não tem ação nem contra o mandatário,
salvo se este lhe prometeu ratificação do mandante, ou se responsabilizou
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pessoalmente pelo contrato, nem contra o mandante, senão quando este houver
ratificado o excesso do procurador.
Art. 1307. Se o mandatário obrar em seu próprio nome, não terá o mandante
ação contra os que com ele contrataram, nem estes contra o mandante.
Em tal caso, o mandatário ficará diretamente obrigado, como se seu fora o
negócio, para com a pessoa, com quem contratou.
Art. 1308. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do
mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo
na demora.
SEÇÃO III
DAS OBRIGAÇÕES DO MANDANTE
Art. 1309. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas
pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância
das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.
Art. 1310. É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração
ajustada e as despesas de execução do mandato, ainda que o negócio não surta
o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa.
Art. 1311. As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato,
vencem juros, desde a data do desembolso.
Art. 1312. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as
perdas que sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de
culpa sua, ou excesso de poderes.
Art. 1313. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não
exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles,
com quem o seu procurador contratou, mas terá contra este ação pelas perdas e
danos resultantes da inobservância das instruções.
Art. 1314. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para
negócio comum, cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por
todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas
quantias que pagar, contra os outros mandantes. (Redação dada ao artigo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1315. O mandatário tem sobre o objeto do mandato direito de retenção, até
se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu.
SEÇÃO IV
DA EXTINÇÃO DO MANDATO
Art. 1316. Cessa o mandato
I - Pela revogação, ou pela renúncia.
II - Pela morte, ou interdição de uma das partes.
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III - Pela mudança de estado, que inabilite o mandante para conferir os poderes,
ou o mandatário, para os exercer.
IV - Pela terminação do prazo, ou pela conclusão do negócio.
Art. 1317. É irrevogável o mandato:
I - Quando se tiver convencionado que o mandante não possa revogá-lo, ou for
em causa própria a procuração dada.
II - Nos casos em geral, em que for condição de um contrato bilateral, ou meio de
cumprir uma obrigação contratada, como é, nas letras e ordens, o mandato de
pagá-las.
III - Quando conferir ao sócio, como administrador ou liquidante da sociedade,
por disposição do contrato social, salvo se diversamente se dispuser nos
estatutos, ou em texto especial de lei.
Art. 1318. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se
pode opor aos terceiros, que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam
salvas ao constituinte as ações, que no caso lhe possam caber, contra o
procurador.
Art. 1319. Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de outro, para o
mesmo negócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior.
Art. 1320. A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for
prejudicado pela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à
substituição do procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar
que não podia continuar no mandato sem prejuízo considerável.
Art. 1321. São válidos, a respeito dos contraentes de boa-fé, os atos com estes
ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte
daquele, ou a extinção, por qualquer outra causa, do mandato (artigo 1.316).
Art. 1322. Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os
herdeiros, tendo ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a
bem dele, como as circunstâncias exigirem.
Art. 1323. Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem limitar-se às
medidas conservatórias, ou continuar os negócios pendentes, que se não possam
demorar sem perigo, regulando-se os seus serviços, dentro desse limite pelas
mesmas normas, a que os do mandatário estão sujeitos.
SEÇÃO V
DO MANDATO JUDICIAL
Art. 1324. O mandato judicial pode ser conferido por instrumento público ou
particular, devidamente autenticado, a pessoa que possa procurar em juízo.
Art. 1325. Podem ser procuradores em juízo, todos os legalmente habilitados,
que não forem:
I - Menores de vinte e um anos, não emancipados ou não declarados maiores.
II - Juízes em exercício.
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III - Escrivães ou outros funcionários judiciais, correndo o pleito nos juízos onde
servirem, e não procurando eles em causa própria.
IV - Inibidos por sentença de procurar em juízo, ou de exercer ofício público.
V - Ascendentes, descendentes, ou irmãos do juiz da causa.
VI - Ascendentes, ou descendentes da parte adversa, exceto em causa própria.
Art. 1326. A procuração para o foro em geral não confere os poderes para atos,
que os exijam especiais.
Art. 1327. Constituídos, para a mesma causa e pela mesma pessoa, dois ou
mais procuradores, consideram-se nomeados para funcionar na falta um do outro,
e pela ordem da nomeação, se não forem solidários. Mas a nomeação conjunta
pode conter a cláusula de que um nada pratique sem os outros.
Art. 1328. O substabelecimento, sem reserva de poderes, não sendo notificado
ao constituinte, não isenta o procurador de responder pelas obrigações do
mandato.
Art. 1329. Sob pena de responder pelo dano resultante, o advogado, ou
procurador, que aceitar a procuratura, não se poderá escusar sem motivo justo e,
se o tiver, avisará em tempo o constituinte, a fim de que lhe nomeie sucessor.
Art. 1330. As obrigações do advogado e do procurador serão determinadas,
assim pelos termos da procuração, como, e principalmente pelo contrato, escrito,
ou verbal, em que se lhes houverem ajustado os serviços.
CAPÍTULO VIII
DA GESTÃO DE NEGÓCIOS
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negócio, ressarcindo ao dono todo o prejuízo resultante de qualquer culpa na
gestão.
Art. 1337. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do
substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação, que a ele, ou ao
dono do negócio, contra ela possa caber.
Parágrafo único. Havendo mais de um gestor, será solidária a sua
responsabilidade.
Art. 1338. O gestor responde pelo caso fortuito, quando fizer operações
arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preferir interesses
deste por amor dos seus.
Parágrafo único. Não obstante, querendo o dono aproveitar-se da gestão, será
obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que tiver feito, e dos
prejuízos, que, por causa da gestão, houver sofrido. (Redação dada ao parágrafo
pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1339. Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá o dono as
obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas
necessárias ou úteis que houver feito, com os juros legais, desde o desembolso.
§ 1º. A utilidade, ou necessidade, da despesa apreciar-se-á, não pelo resultado
obtido, mas segundo as circunstâncias da ocasião, em que se fizeram.
§ 2º. Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao
dono do negócio, der a outra pessoa as contas da gestão.
Art. 1340. Aplica-se, outrossim, a disposição do artigo antecedente, quando a
gestão se proponha acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono
do negócio, ou da coisa. Mas nunca a indenização ao gestor excederá em
importância às vantagens obtidas com a gestão.
Art. 1341. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por
ele os prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância,
ainda que este não ratifique o ato.
Art. 1342. As despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição
do falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a
obrigação de alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha
deixado bens.
Parágrafo único. Cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se
provando que o gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer.
Art. 1343. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do
começo da gestão, e produz todos os efeitos do mandato.
Art. 1344. Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão, por contrário
aos seus interesses, vigorará o disposto nos artigos 1.332 e 1.333, salvo o
estatuído no artigo 1.340.
Art. 1345. Se os negócios alheios forem conexos ao do gestor, de tal arte que se
não possam gerir separadamente, haver-se-á o gestor por sócio daquele, cujos
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interesses agenciar de envolta com os seus.
Parágrafo único. Neste caso aquele em cujo benefício interveio o gestor, só é
obrigado na razão das vantagens que lograr.
CAPÍTULO IX
DA EDIÇÃO
Art. 1346. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1347. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1348. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1349. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1350. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1351. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1352. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1353. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1354. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1355. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1356. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1357. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1358. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
CAPÍTULO X
DA REPRESENTAÇÃO DRAMÁTICA
Art. 1359. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
LAWBOOK EDITORA
Art. 1360. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1361. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1362. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
CAPÍTULO XI
DA SOCIEDADE
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1363. Celebram contrato de sociedade as pessoas, que mutuamente se
obrigam a combinar seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns.
Art. 1364. Quando as sociedades civis revestirem as formas estabelecidas nas
leis comerciais, entre as quais se inclui e das sociedades anônimas, obedecerão
aos respectivos preceitos, no em que não contrariem as deste Código; mas serão
inscritas no Registro Civil, e será civil o seu foro.
Art. 1365. Não revestindo nenhuma das formas do artigo antecedente, a
sociedade reger-se-á pelo que neste capítulo se prescreve.
Art. 1366. Nas questões entre os sócios, a sociedade só se provará por escrito;
mas os estranhos poderão prová-la de qualquer modo.
Art. 1367. As sociedades são universais, ou particulares.
Art. 1368. É universal a sociedade, quer abranjar todos os bens presentes, ou
todos os futuros, quer uns e outros na sua totalidade, quer somente a dos seus
frutos e rendimentos.
Art. 1369. O simples ajuste de sociedade universal, sem outra declaração,
entende-se restrito a tudo que de futuro ganhar cada um dos associados.
Art. 1370. A sociedade particular só compreende os bens ou serviços
especialmente declarados no contrato.
Art. 1371. Também se considera particular a sociedade constituída
especialmente para executar em comum certa empresa, explorar certa indústria,
ou exercer certa profissão.
Art. 1372. É nula a cláusula, que atribua todos os lucros a um dos sócios, ou
subtraia o quinhão social de algum deles à comparticipação nos prejuízos.
Art. 1373. Se a sociedade for de todos os bens, o domínio e a posse deles
tornar-se-ão comuns independentemente de tradição real, salvo o direito de
terceiros.
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Art. 1374. No silêncio do contrato, o prazo da sociedade será indefinido, salvo a
cada sócio o direito de retirar-se mediante aviso com dois meses de antecedência
ao termo do ano social. Se, porém, o objeto da sociedade for negócio ou empresa,
que deva durar certo lapso de tempo, enquanto esse negócio, ou essa empresa,
não se ultime, terão os sócios de manter a sociedade.
SEÇÃO II
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS DOS SÓCIOS
Art. 1375. As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se
este não fixar outra época, e acabam quando, dissolvida a sociedade, estiverem
satisfeitas e extintas as responsabilidades sociais.
Art. 1376. A entrada imposta a cada sócio pode consistir em bens, no seu uso e
gozo, na cessão de direitos, ou, somente na prestação de serviços. No silêncio do
contrato, presumir-se-ão iguais entre si as entradas.
Art. 1377. Se o sócio entrar para a sociedade com objeto determinado, que
venha a ser evicto, responderá aos consócios como vendedor ao comprador.
Art. 1378. Se a entrada consistir em coisas fungíveis, ficarão, salvo declaração
em contrário, pertencendo em comum aos associados.
Art. 1379. Pertencem ao patrimônio social todos os lucros obtidos pelo sócio, na
indústria que se obrigou a exercer em benefício da sociedade.
Art. 1380. Cada sócio indenizará a sociedade dos prejuízos que esta sofrer por
culpa dele, e não poderá compensá-los com os proveitos que lhe houver
granjeado. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1381. Se o contrato não declarar a parte de cada sócio nos lucros e perdas,
entender-se-á proporcionada, quanto aos sócios de capital, à soma com que
entraram. Em relação aos sócios de indústria, guardar-se-á o disposto no artigo
1.409, parágrafo único. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1382. O sócio preposto à administração pode exigir da sociedade, além do
que por conta dela despender, a importância das obrigações em boa-fé contraídas
na gerência dos negócios sociais e o valor dos prejuízos, que lhe ela causar.
Art. 1383. O sócio investido na administração por texto expresso do contrato
pode praticar, independentemente dos outros, todos os atos, que não excederem
os limites normais dela, uma vez que proceda sem dolo.
§ 1º. Os poderes, que exercer, serão irrevogáveis durante o prazo estabelecido,
salvo causa legítima superveniente.
§ 2º. Se forem conferidos, porém, depois do contrato, serão revogáveis como os
de simples mandato.
§ 3º. Também serão revogáveis, em qualquer tempo, os dos diretores ou
administradores de sociedades de qualquer espécie, ainda que nomeados nos
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respectivos contratos, ou estatutos, se não forem sócios. (Redação dada ao
parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1384. Se a administração se incumbir a dois ou mais sócios, não se lhes
discriminando as funções, nem declarando que só funcionarão conjuntamente,
cada um de per si poderá praticar todo os atos, que na administração couberem.
Art. 1385. Estipulando-se que um dos administradores, nada possa fazer sem os
outros, entende-se, a não haver convenção posterior, obrigatório o concurso de
todos, ainda ausentes, ou impossibilitados, na ocasião, de prestá-lo, salvo nos
casos urgentes, em que a omissão, ou tardança, das medidas pudesse ocasionar
dano irreparável, ou grave.
Art. 1386. Em falta de estipulações explícitas quanto à gerência social:
I - Presume-se que cada sócio tem o direito de administrar, e válido é o que fizer,
ainda em relação aos associados que não consentirem, podendo porém, qualquer
destes opor-se, antes de levado o ato a efeito.
II - Cada sócio pode servir-se das coisas pertencentes à sociedade, contanto que
lhes dê o seu destino, não as utilize contra o interesse social, nem tolha aos outros
aproveitá-las nos limites do seu direito.
III - Cada sócio pode obrigar os outros a contribuir com ele para as despesas
necessárias à conservação dos bens sociais.
IV - Nenhum sócio, ainda que lhe pareça vantajoso, pode, sem consentimento
dos outros, fazer alteração nos imóveis da sociedade.
Art. 1387. O sócio que não tiver a administração da sociedade, não poderá
obrigar os bens sociais.
Art. 1388. Para associar um estranho ao seu quinhão social, não necessita o
sócio do concurso dos outros; mas não pode, sem aquiescência deles, associá-lo
à sociedade.
Art. 1389. O sócio que recebeu por inteiro a sua parte em uma dívida ativa da
sociedade, será obrigado a conferi-la, se, por insolvência do devedor, a sociedade
não puder acabar de cobrá-la.
Art. 1390. Se as coisas, cujo uso e gozo exclusivamente constituírem a entrada
do sócio, não forem fungíveis, consistindo em corpos certos e determinados, o
risco, que correrem, será por conta dos respectivos donos. (Redação dada ao
caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 1º. Se, porém, forem fungíveis, ou se, ainda guardadas, se deteriorarem, se
forem destinadas a circular no comércio, ou se forem transferidas à sociedade por
um valor determinado e constante de inventário ou balanço autênticos, por conta
da sociedade correrão os riscos, a que estiverem expostas.
§ 2º. Perecendo a coisa de importância determinada nos termos do parágrafo
antecedente, última parte, o dono só lhe poderá exigir o valor constante do
inventário, ou balanço.
Art. 1391. Os sócios têm direito à indenização das perdas e danos, que sofrerem
em seus bens por motivo dos negócios sociais.
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Art. 1392. Havendo comunicação de lucros ilícitos, cada um dos sócios terá de
repor o que recebeu do sócio delinqüente, se este for condenado à restituição.
Art. 1393. O sócio que recebeu de outro lucros ilícitos, conhecendo ou devendo
conhecer-lhes a procedência, incorre em cumplicidade, e fica obrigado
solidariamente a restituir.
Art. 1394. Todos os sócios têm direito de votar nas assembléias gerais, onde,
salvo estipulação em contrário, sempre se deliberará por maioria de votos.
SEÇÃO III
DAS OBRIGAÇÕES DA SOCIEDADE E DOS SÓCIOS PARA COM TERCEIROS
Art. 1395. São dívidas da sociedade as obrigações contraídas conjuntamente
por todos os sócios, ou por alguns deles no exercício do mandato social.
Art. 1396. Se o cabedal social não cobrir as dívidas da sociedade, por elas
responderão os associados, na proporção em que houverem de participar nas
perdas sociais.
Parágrafo único. Se um dos sócios for insolvente, sua parte na dívida será na
mesma razão distribuída entre os outros.
Art. 1397. Os devedores da sociedade não se desobrigam pagando a um sócio
não autorizado para receber
Art. 1398. Os sócios não são solidariamente obrigados pelas dívidas sociais,
nem os atos de um, não autorizado, obrigam os outros, salvo redundando em
proveito da sociedade.
SEÇÃO IV
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Art. 1399. Dissolve-se a sociedade:
I - Pelo implemento da condição, a que foi subordinada a sua durabilidade, ou
pelo vencimento do prazo estabelecido no contrato.
II - Pela extinção do capital social, ou seu desfalque em quantidade tamanha que
a impossibilite de continuar. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
III - Pela consecução do fim social, ou pela verificação de sua inexeqüibilidade.
IV - Pela falência, incapacidade, ou morte de um dos sócios.
V - Pela renúncia de qualquer deles, se a sociedade for de prazo indeterminado
(artigo 1.404).
VI - Pelo consenso unânime dos associados.
Parágrafo único. Os nºs. II, IV e V não se aplicam às sociedades de fins não
econômicos.
Art. 1400. A prorrogação do prazo social só se prova por escrito, nas mesmas
condições do contrato que o fixou (artigos 1.364 e 1.366).
Art. 1401. Se a sociedade se prorrogar depois de vencido o prazo do contrato,
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entender-se-á que se constituiu de novo; se dentro no prazo, ter-se-á por
continuação da anterior.
Art. 1402. É lícito estipular que, morto um dos sócios, continue a sociedade com
os herdeiros, ou só com os associados sobrevivos. Neste segundo caso, o
herdeiro do falecido terá direito à partilha do que houver, quando ele faleceu, mas
não participará nos lucros e perdas ulteriores, que não forem conseqüência direta
de atos anteriores ao falecimento.
Art. 1403. Se o contrato estipular que a sociedade continue com o herdeiro do
sócio falecido, cumprir-se-á a estipulação, toda vez que se possa; mas, sendo
menor o herdeiro, será dissolvido, em relação a ele, o vínculo social, caso o juiz o
determine.
Art. 1404. A renúncia de um dos sócios só dissolve a sociedade (artigo 1.399, nº
V), quando feita de boa-fé, em tempo oportuno, e, notificada aos sócios dois
meses antes.
Art. 1405. A renúncia é de má-fé, quando o sócio renunciante pretende
apropriar-se exclusivamente dos benefícios que os sócios tinham em mente colher
em comum; e haver-se-á por inoportuna, se as coisas não estiverem no seu
estado integral, ou se a sociedade puder ser prejudicada com a dissolução nesse
momento.
Art. 1406. No primeiro caso do artigo antecedente, os demais sócios têm o
direito de excluir desde logo o sócio de má-fé, salvas as suas quotas na vantagem
esperada. No segundo, a sociedade pode continuar, apesar da oposição do
renunciante, até à época do primeiro balanço ordinário, ou até a conclusão do
negócio pendente.
Art. 1407. Subsiste, ainda após a dissolução da sociedade, a responsabilidade
social para com terceiros, pelas dívidas que houver contraído.
Não se tendo estipulada a responsabilidade solidária dos sócios para com
terceiros, a dívida será distribuída por aqueles, em partes proporcionais às suas
entradas.
Art. 1408. Quando a sociedade tiver duração prefixa, nenhum sócio lhe poderá
exigir a dissolução, antes de expirar o prazo social, se não provar algum dos
casos do artigo 1.399, nºs. I a IV.
Art. 1409. São aplicáveis à partilha entre os sócios as regras da partilha entre
herdeiros (artigos 1.772 e segs.).
Parágrafo único. O sócio de indústria, porém, só terá direito a participar nos
lucros da sociedade, sem responsabilidade nas suas perdas, salvo se o contrário
se estipulou no contrato. Se este não declarar a parte dos lucros, entender-se-á
que ela é proporcional à menor das entradas. (Redação dada ao parágrafo pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XII
DA PARCERIA RURAL
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SEÇÃO I
DA PARCERIA AGRÍCOLA
Art. 1410. Dá-se a parceria agrícola, quando uma pessoa cede um prédio rústico
a outra, para ser por esta cultivado, repartindo-se os frutos entre as duas, na
proporção que estipularem.
Art. 1411. O parceiro incumbido da cultura não responderá pelos encargos do
prédio, se os não assumir.
Art. 1412. Os riscos de caso fortuito, ou força maior, correrão em comum contra
o proprietário e o parceiro.
Art. 1413. A parceria não passa aos herdeiros dos contraentes, exceto se estes
deixaram adiantados os trabalhos de cultura, caso em que durará, quanto baste,
para se ultimar a colheita.
Art. 1414. Aplicam-se a este contrato as regras da locação de prédios rústicos,
em tudo o que nesta seção não se achar regulado.
Art. 1415. A parceria subsiste, quando o prédio se aliena, ficando o adquirente
sub-rogado nos direitos e obrigações do alienante.
SEÇÃO II
DA PARCERIA PECUÁRIA
Art. 1416. Dá-se a parceria pecuária, quando se entregam animais a alguém
para os pastorear, tratar e criar, mediante uma quota nos lucros produzidos.
Art. 1417. Constituem objeto de partilha as crias dos animais e os seus produtos,
como peles, crinas, lãs e leite.
Art. 1418. O parceiro proprietário substituirá por outros, no caso de evicção, os
animais evictos.
Art. 1419. Salvo convenção em contrário, o parceiro proprietário sofrerá os
prejuízos resultantes do caso fortuito, ou força maior.
Art. 1420. Ao proprietário caberá o proveito, que se obtenha dos animais mortos,
pertencentes ao capital.
Art. 1421. Salvo cláusula em contrário, nenhum parceiro, sem licença do outro,
poderá dispor do gado.
Art. 1422. As despesas com o tratamento e criação dos animais, não havendo
acordo em contrário, correrão por conta do parceiro tratador e criador.
Art. 1423. Aplicam-se a este contrato as regras do de sociedade, no que não
estiver regulado por convenção das partes, e, na falta, pelo disposto nesta seção.
CAPÍTULO XIII
DA CONSTITUIÇÃO DA RENDA
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Art. 1424. Mediante ato entre vivos, ou de última vontade, a título oneroso, ou
gratuito, pode constituir-se, por tempo determinado, em benefício próprio ou
alheio, uma renda ou prestação periódica, entregando-se certo capital, em móveis
ou dinheiro a pessoa que se obrigue a satisfazê-la.
Art. 1425. É nula a constituição de renda em favor de pessoa já falecida, ou que,
dentro nos trinta dias seguintes, vier a falecer de moléstia que já sofria, quando foi
celebrado o contrato.
Art. 1426. Os bens dados em compensação da renda caem, desde a tradição,
no domínio da pessoa que por aquela se obrigou.
Art. 1427. Se o rendeiro, ou censuário, deixar de cumprir a obrigação estipulada,
poderá o credor da renda acioná-lo, assim para que lhe pague as prestações
atrasadas, como para que lhe dê garantias das futuras, sob pena de rescisão do
cotrato.
Art. 1428. O credor adquire o direito à renda dia a dia, se a prestação não
houver de ser paga adiantada, no começo de cada um dos períodos prefixos.
Art. 1429. Quando a renda for constituída em benefício de duas ou mais
pessoas, sem determinação da parte de cada uma, entende-se que os seus
direitos são iguais, e, salvo estipulação diversa, não adquirirão os sobrevivos
direito à parte dos que morrerem.
Art. 1430. A renda constituída por título gratuito pode, por ato do instituidor, ficar
isenta de todas as execuções pendentes e futuras. Essa isenção existe de pleno
direito em favor dos montepios e pensões alimentícias.
Art. 1431. A renda vinculada a um imóvel constitui direito real, de acordo com o
estabelecido nos artigos 749 a 754.
CAPÍTULO XIV
DO CONTRATO DE SEGURO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1432. Considera-se contrato de seguro aquele pelo qual uma das partes se
obriga para com a outra, mediante a paga de um prêmio, a indenizá-la do prejuízo
resultante de riscos futuros, previstos no contrato. (Redação dada ao artigo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1433. Este contrato não obriga antes de reduzido a escrito, e considera-se
perfeito desde que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz nos livros o
lançamento usual da operação.
Art. 1434. A apólice consignará os riscos assumidos, o valor do objeto seguro, o
prêmio devido ou pago pelo segurado e quaisquer outras estipulações, que no
contrato se firmarem.
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Art. 1435. As diferentes espécies de seguro previstas neste Código serão
reguladas pelas cláusulas das respectivas apólices, que não contrariarem
disposições legais.
Art. 1436. Nulo será este contrato, quando o risco, de que se ocupa, se filiar a
atos ilícitos do segurado, do beneficiado pelo seguro, ou dos representantes e
prepostos, quer de um, quer de outro.
Art. 1437. Não se pode segurar uma coisa por mais do que valha, nem pelo seu
todo mais de uma vez. É todavia, lícito ao segurado acautelar, mediante novo
seguro, o risco de falência ou insolvência do segurador (artigo 1.439).
Art. 1438. Se o valor do seguro exceder ao da coisa, o segurador poderá, ainda
depois de entregue a apólice, exigir sua redução ao valor real, restituindo ao
segurado o excesso do prêmio; e, provando que o segurado obrou de má-fé, terá
direito a anular o seguro, sem restituição do prêmio, nem prejuízo da ação penal
que no caso couber.
Art. 1439. Salvo o disposto no artigo 1.437, o segundo seguro da coisa já segura
pelo mesmo risco e no seu valor integral, pode ser anulado por qualquer das
partes. O segundo segurador que ignorava o primeiro contrato, pode, sem restituir
o prêmio recebido, recusar o pagamento do objeto seguro, ou recobrar o que por
ele pagou, na parte excedente ao seu valor real, ainda que não tenha reclamado
contra o contrato antes do sinistro.
Art. 1440. A vida e as faculdades humanas também se podem estimar como
objeto segurável, e segurar, no valor ajustado, contra os riscos possíveis, como o
de morte involutária, inabilitação para trabalhar, ou outros semelhantes.
Parágrafo único. Considera-se morte voluntária a recebida em duelo, bem como
o suicídio premeditado por pessoa em seu juízo.
Art. 1441. No caso de seguro sobre a vida, é livre às partes fixar o valor
respectivo e fazer mais de um seguro, no mesmo ou em diversos valores, sem
prejuízo dos antecedentes.
Art. 1442. É também livre às partes fixar entre si a taxa do prêmio. Todavia, o
seguro feito em sociedade ou companhia, que tenha tabela de prêmios, se
presume de conformidade com ela proposto e aceito.
Art. 1443. O segurado e o segurador são obrigados a guardar no contrato a mais
estrita boa-fé e veracidade, assim a respeito do objeto, como das circunstâncias e
declarações a ele concernentes.
Art. 1444. Se o segurado não fizer declarações verdadeiras e completas,
omitindo circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do
prêmio, perderá o direito ao valor do seguro, e pagará o prêmio vencido.
Art. 1445. Quando o segurado contrata o seguro mediante procurador, também
se este faz responsável ao segurador pelas inexatidões, ou lacunas, que possam
influir no contrato.
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Art. 1446. O segurador, que, ao tempo do contrato, sabe estar passado o risco,
de que o segurado se pretende cobrir, e, não obstante, expede a apólice, pagará
em dobro o prêmio estipulado.
Art. 1447. As apólices podem ser nominativas, à ordem ou ao portador. As de
seguro sobre a vida não podem ser ao portador.
Parágrafo único. As apólices nominativas mencionarão o nome do segurador, o
do segurado e o do seu representante, se o houver, ou o do terceiro, em cujo
nome se faz o seguro. (Redação dada ao parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1448. A apólice declarará também o começo e o fim dos riscos por ano,
mês, dia e hora.
§ 1º. Em falta de estipulação precisa, contar-se-á o prazo de conformidade com o
artigo 125.
§ 2º. A respeito de coisas que se destinem a transporte de um para outro ponto,
os riscos principiarão a correr, desde que sejam recebidas no primeiro lugar, e
terminarão quando entregues ao destinatário, no segundo.
SEÇÃO II
DAS OBRIGAÇÕES DO SEGURADO
Art. 1449. Salvo convenção em contrário, no ato de receber a apólice pagará o
segurado o prêmio, que estipulou.
Art. 1450. O segurado presume-se obrigado a pagar os juros legais do prêmio
atrasado, independentemente de interpelação do segurador, se a apólice ou os
estatutos não estabelecerem maior taxa.
Art. 1451. Se o segurado vier a falir, ou for declarado interdito, estando em
atraso nos prêmios, ou se atrasar após a interdição, ou a falência, ficará o
segurador isento da responsabilidade pelos riscos, se a massa, ou o
representante do interdito, não pagar antes do sinistro os prêmios atrasados.
Art. 1452. O fato de se não ter verificado o risco, em previsão do qual se fez o
seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio, que se estipulou, observadas as
disposições especiais do direito marítimo sobre o estorno. (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1453. Embora se hajam agravado os riscos, além do que era possível
antever no contrato, nem por isso, a não haver nele cláusula expressa, terá direito
o segurador a aumento do prêmio.
Art. 1454. Enquanto vigorar o contrato, o segurado abster-se-á de tudo quanto
possa aumentar os riscos, ou seja contrário aos termos do estipulado, sob pena
de perder o direito ao seguro.
Art. 1455. Sob a mesma pena do artigo antecedente, comunicará o segurado ao
segurador todo incidente, que de qualquer modo possa agravar o risco.
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Art. 1456. No aplicar a pena do artigo 1.454, procederá o juiz com eqüidade,
atentando nas circunstâncias reais, e não em probabilidades infundadas, quando à
agravação dos riscos.
Art. 1457. Verificado o sinistro, o segurado, logo que o saiba, comunica-lo-á ao
segurador.
Parágrafo único. A omissão injustificada exonera o segurador, se este provar
que, oportunamente avisado, lhe teria sido possível evitar, ou atenuar, as
conseqüências do sinistro.
SEÇÃO III
DAS OBRIGAÇÕES DO SEGURADOR
Art. 1458. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do
risco assumido e, conforme as circunstâncias, o valor total da coisa segura.
Art. 1459. Sempre se presumirá não se ter obrigado o segurador a indenizar
prejuízos resultantes de vício intrínseco à coisa segura.
Art. 1460. Quando a apólice limitar ou particularizar os riscos do seguro, não
responderá por outros o segurador.
Art. 1461. Salvo expressa restrição na apólice, o risco do seguro compreenderá
todos os prejuízos resultantes ou conseqüentes, como sejam os estragos
ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa.
Art. 1462. Quando ao objeto do contrato se der valor determinado, e o seguro se
fizer por este valor, ficará o segurador obrigado, no caso de perda total, a pagar
pelo valor ajustado a importância da indenização, sem perder por isso o direito,
que lhe asseguram os artigos 1.438 e 1.439.
Art. 1463. O direito à indenização pode ser transmitido a terceiro como acessório
da propriedade, ou de direito real sobre a coisa segura.
Parágrafo único. Opera-se essa transmissão de pleno direito quanto à coisa
hipotecada, ou penhorada, e, fora desses casos, quando a apólice o não vedar.
Art. 1464. No caso de sinistro, o segurador pode opor ao sucessor ou
representante do segurado todos os meios de defesa, que contra ele lhe
assistiriam.
Art. 1465. Se o segurador falir antes de passado o risco, poderá o segurado
recusar-lhe o pagamento dos prêmios atrasados, e fazer outro seguro pelo valor
integral.
SEÇÃO IV
DO SEGURO MÚTUO
Art. 1466. Pode ajustar-se o seguro, pondo certo número de segurados em
comum entre si o prejuízo, que a qualquer deles advenha, do risco por todos
corrido.
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Em tal caso o conjunto dos segurados constitui a pessoa jurídica, a que pertencem
as funções de segurador.
Art. 1467. Nesta forma de seguro, em lugar do prêmio, os segurados contribuem
com as quotas necessárias para ocorrer às despesas da administração e aos
prejuízos verificados. Sendo omissos os estatutos, presume-se que a taxa das
quotas se determinará segundo as contas do ano.
Art. 1468. Será permitido também obrigar a prêmios fixos os segurados, ficando,
porém, estes adstritos, se a importância daqueles não cobrir a dos riscos
verificados, a quotizarem-se pela diferença.
Se, pelo contrário, a soma dos prêmios exceder à dos riscos verificados, poderão
os associados repartir entre si o excesso em dividendo, se não preferirem criar um
fundo de reserva.
Art. 1469. As entradas suplementares e os dividendos serão proporcionais às
quotas de cada associado.
Art. 1470. As quotas dos sócios serão fixadas conforme o valor dos respectivos
seguros, podendo-se também levar em conta riscos diferentes, e estabelecê-los
de duas ou mais categorias.
SEÇÃO V
DO SEGURO DE VIDA
Art. 1471. O seguro de vida tem por objeto garantir, mediante o prêmio anual
que se ajustar, o pagamento de certa soma a determinada ou determinadas
pessoas, por morte do segurado, podendo estipular-se igualmente o pagamento
dessa soma ao próprio segurado, ou terceiro, se aquele sobreviver ao prazo de
seu contrato. (Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Quando a liquidação só deva operar-se por morte, o prêmio se
pode ajustar por prazo limitado ou por toda a vida do segurado, sendo lícito às
partes contratantes, durante a vigência do contrato, substituírem, de comum
acordo, um plano por outro, feita a indenização de prêmios que a substituição
exigir.
Art. 1472. Pode uma pessoa fazer o seguro sobre a própria vida, ou sobre a de
outrem, justificando, porém, neste último caso, o seu interesse pela preservação
daquela que segura, sob pena de não valer o seguro, em se provando ser falso o
motivo alegado. (Redação dada caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Será dispensada a justificação, se o terceiro, cuja vida se quiser
segurar, for descendente, ascendente, irmão ou cônjuge do proponente.
Art. 1473. Se o seguro não tiver por causa declarada a garantia de alguma
obrigação, é lícito ao segurado, em qualquer tempo, substituir o seu benefíciário,
e, sendo a apólice emitida à ordem, instituir o benefício até por ato de última
vontade. Em falta de declaração, neste caso, o segurado será pago aos herdeiros
do segurado, em embargo de quaisquer disposições em contrário dos estatutos da
companhia ou associação.
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Art. 1474. Não se pode instituir beneficiário pessoa que for legalmente inibida de
receber a doação do segurado.
Art. 1475. A soma estipulada como benefício não está sujeita às obrigações, ou
dívidas do segurado.
Art. 1476. É também lícito fazer o seguro de modo que só tenha direito a ele o
segurado, se chegar a certa idade, ou for vivo a certo tempo.
CAPÍTULO XV
DO JOGO E DA APOSTA
Art. 1477. As dívidas de jogo, ou apostas, não obrigam a pagamento; mas não
se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por
dolo, ou se o perdente é menor, ou interdito.
Parágrafo único. Aplica-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou
envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívidas de jogo; mas a nulidade
resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.
Art. 1478. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo, ou
aposta, no ato de apostar, ou jogar.
Art. 1479. Não equiparados ao jogo, submetendo-se, como tais, ao disposto nos
artigos antecedentes, os contratos sobre título de bolsa, mercadorias ou valores,
em que se estipule a liquidação exclusivamente pela diferença entre o preço
ajustado e a cotação que eles tiverem, no vencimento do ajuste.
Art. 1480. O sorteio, para dirimir questões, ou dividir coisas comuns, considerar-
se-á sistema de partilha, ou processo de transação, conforme o caso.
CAPÍTULO XVI
DA FIANÇA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1481. Dá-se o contrato de fiança, quando uma pessoa se obriga por outra,
para com o seu credor, a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra.
Art. 1482. Se o fiador tiver quem lhe abone a solvência, ao abonador se aplicará
o disposto neste capítulo sobre fiança.
Art. 1483. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Art. 1484. Pode-se estipular a fiança, ainda sem consentimento do devedor.
Art. 1485. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste
caso, não será demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação
do principal devedor.
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Art. 1486. Não sendo limitada a fiança, compreenderá todos os acessórios da
dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 1487. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e
contraída em condições menos onerosas.
Quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa, que ela, não valerá senão
até ao limite da obrigação afiançada.
Art. 1488. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a
nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor.
Parágrafo único. Esta exceção não abrange o caso do artigo 1.259.
Art. 1489. Quando alguém houver de dar fiador, o credor não pode ser obrigado
a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município, onde tenha de
prestar a fiança, e não possua bens suficientes para desempenhar a obrigação.
Art. 1490. Se o fiador se tornar insolvente, ou incapaz, poderá o credor exigir
que seja substituído.
SEÇÃO II
DOS EFEITOS DA FIANÇA
Art. 1491. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até
a contestação da lide, que sejam primeiro excutidos os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador, que alegar o benefício de ordem a que se refere este
artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e
desembargados, quantos bastem para solver a débito (artigo 1.504).
Art. 1492. Não aproveita este benefício ao fiador:
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obrigação principal, e, não havendo taxa convencionada, aos juros legais da mora.
Art. 1498. Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada
contra o devedor, poderá o fiador, ou o abonador (artigo 1.482), promover-lhe o
andamento.
Art. 1499. O fiador, ainda antes de haver pago, pode exigir que o devedor
satisfaça a obrigação, ou o exonere da fiança, desde que a dívida se torne
exigível, ou tenha decorrido o prazo dentro no qual o devedor se obrigou a
desonerá-lo.
Art. 1500. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando, porém, obrigado por todos os
efeitos da fiança, anteriores ao ato amigável, ou à sentença que o exonerar.
Art. 1501. A obrigação do fiador passa-lhe aos herdeiros; mas a
responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e
não pode ultrapassar as forças da herança.
SEÇÃO III
DA EXTINÇÃO DA FIANÇA
Art. 1502. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e
as extintivas da obrigação que compitam ao devedor principal, se não provierem
simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do artigo 1.259.
Art. 1503. O fiador, ainda que solidário com o principal devedor (artigos 1.492 e
1.493), ficará desobrigado:
I - Se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor.
II - Se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e
preferências.
III - Se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor
objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a
perdê-lo por evicção.
Art. 1504. Se, feita a nomeação nas condições do artigo 1.491, parágrafo único,
o devedor, retardando-se a execução, cair em insolvência, ficará exonerado o
fiador, provando que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora,
suficientes para a solução da dívida afiançada.
TÍTULO VI
DAS OBRIGAÇÕES POR DECLARAÇÃO UNILATERAL DA
VONTADE
CAPÍTULO I
DOS TÍTULOS AO PORTADOR
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pode reclamar do respectivo subscritor ou emissor a prestação devida. O
subscritor, ou emissor, porém, exonera-se, pagando a qualquer detentor, esteja ou
não autorizado a dispor do título.
Art. 1506. A obrigação do emissor subsiste, ainda que o título tenha entrado em
circulação contra a sua vontade.
Art. 1507. Ao portador de boa-fé, o subscritor, ou o emissor, não poderá opor
outra defesa, além da que assente em nulidade interna ou externa do título, ou em
direito pessoal ao emissor, ou subscritor, contra o portador.
Art. 1508. O subscritor, ou emissor, não será obrigado a pagar senão à vista do
título, salvo se este for declarado nulo.
Art. 1509. A pessoa, injustamente desapossada de título ao portador, só
mediante intervenção judicial poderá impedir que ao ilegítimo detentor se pague a
importância do capital, ou seu interesse.
Parágrafo único. Se, citado o detentor desses títulos, não forem apresentados
em três anos dessa data, poderá o juiz declará-los caducos, ordenando ao
devedor que lavre outros, em substituição dos reclamados.
Art. 1510. Se o título, com o nome do credor, trouxer a cláusula de poder ser
paga a prestação ao portador, embolsando a este, o devedor exonerar-se-á
validamente; mas poderá exigir dele que justifique o seu direito, ou preste caução.
Aquele cujo nome se acha inscrito no título, presume-se dono, e pode reivindicá-lo
de quem quer que injustamente o detenha. (Redação dada ao artigo pelo Dec.
Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1511. É nulo o título, em que o signatário, ou emissor, se obrigue, sem
autorização de lei federal, a pagar ao portador quantia certa em dinheiro.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às obrigações emitidas pelos
Estados ou pelos Municípios, as quais continuarão a ser regidas por lei especial.
CAPÍTULO II
DA PROMESSA DE RECOMPENSA
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indivíduo, terá direito à recompensa o que primeiro o executou.
§ 1º. Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na
recompensa.
§ 2º. Se essa não for divisível, conferir-se-á por sorteio.
Art. 1516. Nos concursos que se abrirem com promessa pública de recompensa,
é condição essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas também
as disposições dos parágrafos seguintes.
§ 1º. A decisão da pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os
interessados.
§ 2º. Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos, que se
apresentarem, entender-se-á que o promitente se reservou essa função.
§ 3º. Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com o artigo
antecedente.
Art. 1517. As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo anterior, só
ficarão pertencendo ao promitente, se tal cláusula estipular na publicação da
promessa.
TÍTULO VII
DAS OBRIGAÇÕES POR ATOS ILÍCITOS
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V - Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até à
concorrente quantia.
Art. 1522. A responsabilidade estabelecida no artigo antecedente, nº III, abrange
as pessoas jurídicas, que exercerem exploração industrial. (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1523. Excetuadas as do artigo 1.521, nº V, só serão responsáveis as
pessoas enumeradas nesse e no artigo 1.522, provando-se que elas concorreram
para o dano por culpa, ou negligência de sua parte.
Art. 1524. O que ressarcir o dano causado por outrem, se este não for
descendente seu, pode reaver, daquele por quem pagou, o que houver pago.
Art. 1525. A responsabilidade civil é independente da criminal; não se poderá,
porém, questionar mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no crime.
Art. 1526. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se
com a herança, exceto nos casos que este Código excluir.
Art. 1527. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se
não provar:
I - Que o guardava e vigiava com cuidado preciso.
II - Que o animal foi provocado por outro.
III - Que houve imprudência do ofendido.
IV - Que o fato resultou de caso fortuito, ou força maior.
Art. 1528. O dono do edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade
fosse manifesta.
Art. 1529. Aquele que habitar uma casa, ou parte dela, responde pelo dano
proveniente das coisas que dela caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Art. 1530. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos
casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o
vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar
as custas em dobro.
Art. 1531. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas, ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se, por lhe estar prescrito o
direito, decair da ação. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1532. Não se aplicarão as penas dos artigos 1.530 e 1.531, quando o autor
desistir da ação antes de contestada a lide.
TÍTULO VIII
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DA LIQUIDAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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inabilitou, ou da depreciação, que ele sofreu.
Art. 1540. As disposições precedentes aplicam-se ainda ao caso em que a
morte, ou lesão, resulte de ato considerado crime justificável, se não foi
perpetrado pelo ofensor em repulsa de agressão do ofendido.
Art. 1541. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, a indenização consistirá em
se restituir a coisa, mais o valor das suas deteriorações, ou, faltando ela, em se
embolsar o seu equivalente ao prejudicado (artigo 1.543).
Art. 1542. Se a coisa estiver em poder de terceiro, este será obrigado a entregá-
la, correndo a indenização pelos bens do delinqüente.
Art. 1543. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa
(artigo 1.541), estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição,
contanto que este não se avantaje àquele.
Art. 1544. Além dos juros ordinários, contados proporcionalmente ao valor do
dano, e desde o tempo do crime, a satisfação compreende os juros compostos.
Art. 1545. Os médicos, cirurgiões, farmacêuticos, parteiras e dentistas são
obrigados a satisfazer o dano, sempre que da imprudência, negligência, ou
imperícia em atos profissionais, resultar morte, inabilitação de servir, ou ferimento.
Art. 1546. O farmacêutico responde solidariamente pelos erros e enganos do
seu preposto.
Art. 1547. A indenização por injúria ou calúnia consistirá na reparação do dano
que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se este não puder provar prejuízo material, pagar-lhe-á o
ofensor o dobro da multa no grau máximo de pena criminal respectiva (artigo
1.550).
Art. 1548. A mulher agravada em sua honra tem direito a exigir do ofensor, se
este não puder ou não quiser reparar o mal pelo casamento, um dote
correspondente à sua própria condição e estado: (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
I - Se, virgem e menor, for deflorada.
II - Se, mulher honesta, for violentada, ou aterrada por ameaças.
III - Se for seduzida com promessas de casamento.
IV - Se for raptada.
Art. 1549. Nos demais crimes de violência sexual, ou ultraje ao pudor, arbitrar-
se-á judicialmente a indenização.
Art. 1550. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento
das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e no de uma soma calculada
nos termos do parágrafo único do artigo 1.547.
Art. 1551. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal (artigo 1.550):
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I - O cárcere privado.
II - A prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé.
III - A prisão ilegal (artigo 1.552).
Art. 1552. No caso do artigo antecedente, nº III, só a autoridade, que ordenou a
prisão, é obrigada a ressarcir o dano.
Art. 1553. Nos casos não previstos neste capítulo, se fixará por arbitramento a
indenização.
TÍTULO IX
DO CONCURSO DE CREDORES DAS PREFERÊNCIAS E
PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
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Art. 1563. Os privilégios, excetuado o de que trata o parágrafo único do artigo
759 - se referem somente:
I - Aos bens móveis do devedor, não sujeitos a direito real de outrem.
II - Aos imóveis não hipotecados.
III - Ao saldo do preço dos bens sujeitos a penhor ou hipoteca, depois de pagos
os respectivos credores.
IV - Ao valor do seguro e da desapropriação.
Art. 1564. Do preço do imóvel hipotecado, porém, serão deduzidas as custas
judiciais de sua execução, bem como as despesas de conservação com ele feitas
por terceiro, mediante consenso do devedor e do credor, depois de constituída a
hipoteca.
Art. 1565. O privilégio especial só compreende os bens sujeitos, por expressa
disposição de lei, ao pagamento do crédito, que ele favorece, e o geral, todos os
bens não sujeitos a crédito real, nem a privilégio especial.
Art. 1566. Tem privilégio especial:
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I - O crédito por despesas do seu funeral, feito sem pompa, segundo a condição
do finado e o costume do lugar.
II - O crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e
liquidação da massa.
III - O crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do
devedor falecido, se forem moderadas.
IV - O crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no
semestre anterior à sua morte.
V - O crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua
família, no trimestre anterior ao falecimento.
VI - O crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no
anterior. (Revogado implicitamente pelo Código Tributário Nacional, artigo 186)
VII - O crédito pelo salário dos criados e mais pessoas de serviços domésticos
do devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida.
Art. 1570. Na remuneração do artigo 1.569, nº VII, se inclui a dos mestres que,
durante o mesmo período, ensinaram aos descendentes menores do devedor.
Art. 1571. A Fazenda Federal prefere à Estadual, e esta, à Municipal.
LIVRO IV
DO DIREITO DAS SUCESSÕES
TÍTULO I
DA SUCESSÃO EM GERAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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CAPÍTULO II
DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA
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Art. 1585. Falecendo o herdeiro, antes de declarar se aceita a herança, o direito
de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de instituição adstrita a
uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Art. 1586. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do
renunciante.
Nesse caso, e depois de pagas as dívidas do renunciante, o remanescente será
devolvido aos outros herdeiros.
Art. 1587. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se existir inventário, que
a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados.
Art. 1588. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se,
porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma
classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito
próprio, e por cabeça.
Art. 1589. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce às dos outros
herdeiros da mesma classe, e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da
subseqüente.
Art. 1590. É retratável a renúncia, quando proveniente de violência, erro ou dolo,
ouvidos os interessados. A aceitação pode retratar-se, se não resultar prejuízo a
credores, sendo lícito a estes, no caso contrário, reclamar a providência referida
ao artigo 1.586.
CAPÍTULO IV
DA HERANÇA JACENTE
Art. 1591. Não havendo testamento, a herança é jacente, e ficará sob a guarda,
conservação e administração de um curador:
I - Se o falecido não deixar cônjuge, nem herdeiro descendente ou ascendente,
nem colateral sucessível, notoriamente conhecido.
II - Se os herdeiros, descendentes ou ascendentes, renunciarem a herança, e
não houver cônjuge, ou colateral sucessível, notoriamente conhecido.
Art. 1592. Havendo testamento, observar-se-á o disposto no artigo antecedente:
I - Se o falecido não deixar cônjuge, ou herdeiros descendentes ou ascendentes.
II - Se o herdeiro nomeado não existir, ou não aceitar a herança.
III - Se, em qualquer dos casos previstos nos dois números antecedentes, não
houver colateral sucessível, notoriamente conhecido.
IV - Se, verificada alguma das hipóteses dos três números anteriores, não houver
testamenteiro nomeado, o nomeado não existir, ou não aceitar a testamentaria.
Art. 1593. Serão declarados vacantes os bens da herança jacente, se,
praticadas todas as diligências legais, não aparecerem herdeiros.
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Parágrafo único. Esta declaração não se fará senão um ano depois de concluído
o inventário.
Art. 1594. A declaração da vacância da herança não prejudicará os herdeiros
que legalmente se habilitarem; mas, decorridos 5 (cinco) anos da abertura da
sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito
Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao
domínio da União, quando situados em Território Federal. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 8.049, de 20.06.1990)
Parágrafo único. Se não forem notoriamente conhecidos, os colaterais ficarão
excluídos da sucessão legítima após a declaração de vacância. (Redação dada ao
parágrafo pelo Dec.-Lei nº 8.207, de 22.11.1945)
CAPÍTULO V
DOS QUE NÃO PODEM SUCEDER
Art. 1595. São excluídos da sucessão (artigo 1.708, nº IV, e 1.741 a 1.745), os
herdeiros, ou legatários:
I - Que houverem sido autores ou cúmplices em crime de homicídio voluntário,
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar.
II - Que a acusaram caluniosamente em juízo, ou incorreram em crime contra a
sua honra.
III - Que, por violência ou fraude, a inibiram de livremente dispor dos seus bens
em testamento ou codicilo, ou lhe obstaram a execução dos atos de última
vontade.
Art. 1596. A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença em ação ordinária, movida por quem
tenha interesse na sucessão.
Art. 1597. O indivíduo incurso em atos que determinem a exclusão da herança
(artigo 1.595), a ela será, não obstante, admitido, se a pessoa ofendida, cujo
herdeiro ele for, assim o resolveu por ato autêntico, ou testamento.
Art. 1598. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos
que dos bens da herança houver percebido.
Art. 1599. São pessoais os efeitos da exclusão. Os descendentes do herdeiro
excluído sucedem, como se ele morto fosse (artigo 1.602).
Art. 1600. São válidas as alienações de bens hereditários, e os atos de
administração legalmente praticados pelo herdeiro excluído, antes da sentença de
exclusão; mas aos co-herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito a
demandar-lhe perdas e danos. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 1601. O herdeiro excluído terá direito a reclamar indenização por quaisquer
despesas feitas com a conservação dos bens hereditários, e cobrar os créditos
que lhe assistam contra a herança.
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Art. 1602. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto e à administração
dos bens, que a seus filhos couberem na herança (artigo 1.599), ou à sucessão
eventual desses bens.
TÍTULO II
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA
CAPÍTULO I
DA ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
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§ 1º. O cônjuge viúvo, se o regime de bens do casamento não era o da
comunhão universal, terá direito, enquanto durar a viuvez, ao usufruto da quarta
parte dos bens do cônjuge falecido, se houver filhos deste ou do casal e à metade
se não houver filhos embora sobrevivam ascendentes do de cujus. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
§ 2º. Ao cônjuge sobrevivente, casado sob regime de comunhão universal,
enquanto viver e permanecer viúvo, será assegurado, sem prejuízo da
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao
imóvel destinado à residência da família desde que seja o único bem daquela
natureza a inventariar. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de
27.08.1962)
Art. 1612. Se não houver cônjuge sobrevivente, ou ele incorrer na incapacidade
do artigo 1.611, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 9.461, de 15.07.1946)
Art. 1613. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos,
salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
Art. 1614. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Art. 1615. Se com tio ou tios concorrem filhos de irmãos unilateral ou bilateral,
terão eles, por direito de representação, a parte que caberia ao pai ou à mãe, se
vivessem.
Art. 1616. Não concorrendo à herança irmão germano, herdarão, em partes
iguais entre si, os unilaterais.
Art. 1617. Em falta de irmãos, herdarão os filhos destes:
§ 1º. Se só concorrerem à herança filhos de irmãos falecidos, herdarão por
cabeça.
§ 2º. Se concorrerem filhos de irmãos bilaterais, com filhos de irmãos unilaterais,
cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3º. Se todos forem filhos de irmãos germanos, ou todos de irmãos unilaterais,
herdarão todos por igual.
Art. 1618. Não há direito de sucessão entre o adotado e os parentes do
adotante. (Revogado implicitamente pelo § 2º do artigo 41 da Lei nº 8.069, de
13.07.1990)
Art. 1619. Não sobrevivendo cônjuge, nem parente algum sucessível, ou tendo
eles renunciado à herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se
localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em
Território Federal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.049, de 20.06.1990)
CAPÍTULO II
DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
Art. 1620. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes
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do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse.
Art. 1621. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas
nunca na ascendente.
Art. 1622. Na linha transversal, só se dá o direito de representação em favor dos
filhos de irmãos do falecido, quando com irmão deste concorrerem.
Art. 1623. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o
representado, se vivesse.
Art. 1624. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os
representantes.
Art. 1625. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na
sucessão de outra.
TÍTULO III
DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
CAPÍTULO I
DO TESTAMENTO EM GERAL
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1629. Este Código reconhece como testamentos ordinários:
I - O público.
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II - O cerrado.
III - O particular.
Art. 1630. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou
correspectivo.
Art. 1631. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados
neste Código (artigos 1.656 a 1.663).
SEÇÃO II
DO TESTAMENTO PÚBLICO
Art. 1632. São requisitos essenciais do testamento público:
I - Que seja escrito por oficial público em seu livro de notas, de acordo com o
ditado ou as declarações do testador, em presença de cinco testemunhas.
II - Que as testemunhas assistam a todo o ato.
III - Que, depois de escrito, seja lido pelo oficial, na presença do testador e das
testemunhas, ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial.
(Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
IV - Que, em seguida à leitura, seja o ato assinado pelo testador, pelas
testemunhas e pelo oficial.
Parágrafo único. As declarações do testador serão feitas na língua nacional.
Art. 1633. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o oficial assim o
declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e a seu rogo, uma das
testemunhas instrumentárias.
Art. 1634. O oficial público, especificando cada uma dessas formalidades,
portará por fé, no testamento, haverem sido todas observadas.
Parágrafo único. Se faltar, ou não se mencionar alguma delas, será nulo o
testamento, respondendo o oficial público civil e criminalmente.
Art. 1635. Considera-se habilitado a testar publicamente aquele que puder fazer
de viva voz as suas declarações, e verificar, pela sua leitura, haverem sido
fielmente exaradas.
Art. 1636. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e,
se o não souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.
Art. 1637. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em alta
voz , duas vezes, uma pelo oficial, e a outra por uma das testemunhas, designada
pelo testador; fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.
SEÇÃO III
DO TESTAMENTO CERRADO
Art. 1638. São requisitos essenciais do testamento cerrado:
I - Que seja escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo.
II - Que seja assinado pelo testador.
III - Que não sabendo, ou não podendo o testador assinar, seja assinado pela
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pessoa que lho escreveu.
IV - Que o testador o entregue ao oficial em presença, quando menos, de cinco
testemunhas.
V - Que o oficial, perante as testemunhas, pergunte ao testador se aquele é o
seu testamento, e quer que seja aprovado, quando o testador não se tenha
antecipado em declará-lo.
VI - Que para logo, em presença das testemunhas, o oficial exare o auto de
aprovação, declarando nele que o testador lhe entregou o testamento e o tinha por
seu, bom, firme e valioso.
VII - Que imediatamente depois da sua última palavra comece a instrumento de
aprovação. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
VIII - Que, não sendo isto possível, por falta absoluta de espaço na última folha,
escrita, o oficial ponha nele o seu sinal público e assim o declare no instrumento.
(Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
IX - Que o instrumento ou auto de aprovação seja lido pelo oficial, assinando ele,
as testemunhas e o testador, se souber e puder.
X - Que, não sabendo, ou não podendo o testador assinar, assine por ele uma
das testemunhas, declarando, ao pé da assinatura, que o faz a rogo do testador,
por não saber ou não puder assinar.
XI - Que o tabelião o cerre e cosa, depois de concluído o instrumento de
aprovação. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1639. Se o oficial tiver escrito o testamento a rogo do testador, podê-lo-á,
não obstante, aprovar.
Art. 1640. O testamento pode ser escrito, em língua nacional ou estrangeira,
pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo. A assinatura será sempre do
próprio testador, ou de quem lhe escreveu o testamento (artigo 1.638, nº I).
Art. 1641. Não poderá dispor de seus bens em testamento cerrado quem não
saiba, ou não possa ler.
Art. 1642. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contando que o escreva
todo, e o assine de sua mão, e que ao entregá-lo ao oficial público, ante as cinco
testemunhas, escreva, na face externa do papel, ou do envoltório, que aquele é o
seu testamento, cuja aprovação lhe pede.
Art. 1643. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao
testador, e o oficial lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o
testamento foi aprovado e entregue.
Art. 1644. O testamento será aberto pelo juiz, que o fará registrar e arquivar no
cartório a que tocar, ordenando que seja cumprido, se lhe não achar vício externo,
que o torne suspeito de nulidade, ou falsidade.
SEÇÃO IV
DO TESTAMENTO PARTICULAR
Art. 1645. São requisitos essenciais do testamento particular:
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I - Que seja escrito e assinado pelo testador.
II - Que nele intervenham cinco testemunhas, além do testador.
III - Que seja lido perante as testemunhas, e, depois de lido, por elas assinado.
Art. 1646. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação
dos herdeiros legítimos.
Art. 1647. Se as testemunhas forem contestes, sobre o fato da disposição, ou,
ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias
assinaturas, assim como a do testador, será confirmado o testamento.
Art. 1648. Faltando até duas das testemunhas, por morte, ou ausência em lugar
não sabido, o testamento pode ser confirmado, se as três restantes forem
contestes, nos termos do artigo antecedente.
Art. 1649. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira,
contanto que as testemunhas a compreendam.
SEÇÃO V
DAS TESTEMUNHAS TESTAMENTÁRIAS
Art. 1650. Não podem ser testemunhas em testamentos:
I - Os menores de 16 (dezesseis) anos.
II - Os loucos de todo o gênero.
III - Os surdo-mudos e os cegos.
IV - O herdeiro instituído, seus ascendentes e descendentes, irmãos e cônjuge.
V - Os legatários.
CAPÍTULO IV
DOS CODICILOS
Art. 1651. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu,
datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre
esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou,
indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas
ou jóias, não muito valiosas, de seu uso pessoal (artigo 1.797). (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1652. Esses atos, salvo direito de terceiro, valerão como codicilios, deixe, ou
não, testamento o autor.
Art. 1653. Pelo modo estabelecido no artigo 1.651 se poderão nomear ou
substituir testamenteiros.
Art. 1654. Os atos desta espécie revogam-se por atos iguais, e consideram-se
revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não
confirmar, ou modificar.
Art. 1655. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o
testamento cerrado (artigo 1644).
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CAPÍTULO V
DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS
SEÇÃO I
DO TESTAMENTO MARÍTIMO
Art. 1656. O testamento, nos navios nacionais, de guerra, ou mercantes, em
viagem de alto mar, será lavrado pelo comandante, ou pelo escrivão de bordo, que
redigirá as declarações do testador, ou as escreverá, por ele ditadas, ante duas
testemunhas idôneas, de preferência escolhidas entre os passageiros, e presentes
a todo o ato, cujo instrumento assinarão depois do testador.
Parágrafo único. Se o testador não puder escrever, assinará por ele uma das
testemunhas, declarando que o faz a seu rogo.
Art. 1657. O testador, querendo, poderá escrever ele mesmo o seu testamento,
ou fazê-lo escrever por outrem. No primeiro caso, o próprio testador assinará; no
segundo, quem o escreveu, com a declaração de que o subscreve a rogo do
testador.
§ 1º. O testamento assim feito será pelo testador entregue ao comandante ou
escrivão de bordo, perante duas testemunhas, que reconheçam e entendam o
testador, declarando este, no mesmo ato, ser seu testamento o escrito
apresentado.
§ 2º. O comandante, ou o escrivão, recebê-lo-á, e, em seguida, abaixo do escrito,
certificará todo o ocorrido, datando e assinando com o testador e as testemunhas.
Art. 1658. O testamento marítimo caducará, se o testador não morrer na viagem,
nem nos três meses subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa
fazer, na forma ordinária, outro testamento.
Art. 1659. Não valerá o testamento marítimo, bem que feito no curso de uma
viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto, onde o testador
pudesse desembarcar, e testar na forma ordinária.
SEÇÃO II
DO TESTAMENTO MILITAR
Art. 1660. O testamento dos militares e mais pessoas ao serviço do exército em
campanha, dentro ou fora do país, assim como em praça sitiada, ou que esteja de
comunicações cortadas, poderá fazer-se, não havendo oficial público, ante duas
testemunhas, ou três, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em
que assinará por ele a terceira.
§ 1º. Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento
será escrito pelo respectivo comandante, ainda que oficial inferior.
§ 2º. Se o testador estiver em tratamento no hospital, o testamento será escrito
pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.
§ 3º. Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por
aquele que o substituir.
Art. 1661. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu
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punho, contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado,
na presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe
faça as vezes neste mister.
Parágrafo único. O auditor, ou oficial, a quem o testamento se apresente, notará,
em qualquer parte dele, o lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado. Esta
nota será assinada por ele e pelas ditas testemunhas.
Art. 1662. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador
esteja, três meses seguidos em lugar, onde possa testar na forma ordinária, salvo
se esse testamento apresentar as solenidades prescritas no parágrafo único do
artigo antecedente.
Art. 1663. As pessoas designadas no artigo 1.660, estando empenhadas em
combate, ou feridas, podem testar nuncupativamente, confiando a sua última
vontade a duas testemunhas.
Parágrafo único. Não terá, porém, efeito esse testamento, se o testador não
morrer na guerra, e convalescer do ferimento.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS EM GERAL
I - Em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre
duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família,
ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado. (Redação
dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
II - Em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia
de que faleceu, ainda que fique a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, determinar o
valor do legado.
Art. 1669. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos
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particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos
pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos
estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente
beneficiar os de outra localidade.
Parágrafo único. Nestes casos, as instituições particulares preferirão sempre às
públicas. (Redação dada ao parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1670. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa
legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros
documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa, a
que o testador queria referir-se.
Art. 1671. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a
parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do
testador. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1672. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente, e outros
coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os
indivíduos e os grupos designados.
Art. 1673. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem
toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a
ordem da sucessão hereditária.
Art. 1674. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros
herdeiros, quinhoar-se-á distribuidamente, por igual, a estes últimos o que restar,
depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.
Art. 1675. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e
determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.
Art. 1676. A cláusula de inalienabilidade temporária, ou vitalícia, imposta aos
bens pelos testadores ou doadores, não poderá, em caso algum, salvo os de
expropriação por necessidade ou utilidade pública, e de execução por dívidas
provenientes de impostos relativos aos respectivos imóveis, ser invalidada ou
dispensada por atos judiciais de qualquer espécie, sob pena de nulidade.
Art. 1677. Quando, nas hipóteses do artigo antecedente, se der alienação de
bens clausulados, o produto se converterá em outros bens, que ficarão sub-
rogados nas obrigações dos primeiros.
CAPÍTULO VII
DOS LEGADOS
Art. 1678. É nulo o legado de coisa alheia. Mas, se a coisa legada, não
pertencendo ao testador, quando testou, se houver depois tornado sua, por
qualquer título, terá efeito a disposição, como se sua fosse a coisa, ao tempo em
que ele fez o testamento.
Art. 1679. Se o testador ordenar que o herdeiro, ou legatário, entregue coisa de
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sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou a
herança, ou o legado (artigo 1.704).
Art. 1680. Se tão-somente em parte pertencer ao testador, ou, no caso do artigo
antecedente, ao herdeiro, ou ao legatário, a coisa legada, só quanto a essa parte
valerá o legado.
Art. 1681. Se o legado for de coisa móvel, que se determine pelo gênero, ou pela
espécie, será cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados
pelo testador.
Art. 1682. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só valerá o legado,
se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança. Se,
porém, a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade
inferior à do legado, este só valerá quanto à existente.
Art. 1683. O legado de coisa, ou quantidade, que deva tirar-se de certo lugar, só
valerá se nele for achada, e até à quantidade, que ali se achar.
Art. 1684. Nulo será o legado consistente em coisa certa, que, na data do
testamento, já era do legatário, ou depois lhe foi transferida gratuitamente pelo
testador.
Art. 1685. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, valerá tão-somente até
à importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.
§ 1º. Cumpre-se este legado, entregando o herdeiro ao legatário o título
respectivo.
§ 2º. Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.
Art. 1686. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará
compensão da sua dívida o legado, que ele faça ao credor.
Subsistirá do mesmo modo integralmente esse legado, se a dívida lhe foi
posterior, e o testador a solveu antes de morrer.
Art. 1687. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a
casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.
Art. 1688. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao
legatário por toda a sua vida.
Art. 1689. Se aquele que legando alguma propriedade, lhe ajuntar depois novas
aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no imóvel legado,
salvo expressa declaração em contrário do testador.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias
necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado.
CAPÍTULO VIII
DOS EFEITOS DOS LEGADOS E SEU PAGAMENTO
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legatário o direito, transmissível aos seus sucessores, de pedir aos herdeiros
instituídos a coisa legada.
Parágrafo único. Não pode, porém, o legatário entrar, por autoridade própria, na
posse da coisa legada.
Art. 1691. O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre
a validade do testamento, e, nos legados condicionais, ou a prazo, enquanto
penda a condição, ou o prazo se não vença. (Redação dada ao artigo pelo Dec.
Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1692. Desde o dia da morte do testador, pertence ao legatário a coisa
legada, com os frutos que produzir.
Art. 1693. O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em que se constituir
em mora a pessoa obrigada a prestá-lo.
Art. 1694. Se o legado consistir em renda vitalícia, ou pensão periódica, esta, ou
aquela, correrá da morte do testador.
Art. 1695. Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas,
datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada
prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que antes
do termo dele venha a falecer.
Art. 1696. Sendo períodicas as prestações, só no termo de cada período se
poderão exigir.
Parágrafo único. Se, porém, forem deixadas a título de alimentos, pagar-se-ão no
começo de cada período, sempre que o contrário não disponha o testador.
Art. 1697. Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ou pela
espécie, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando, porém, o meio-termo entre as
congêneres da melhor e pior qualidade (artigo 1.699).
Art. 1698. A mesma regra observar-se-á, quando a escolha for deixada ao
arbítrio de terceiro; e, se este a não quiser, ou não puder exercer, ao juiz
competirá fazê-la, guardado o disposto no artigo anterior, última parte.
Art. 1699. Se a opção foi deixada ao legatário, este poderá escolher, do gênero,
ou espécie, determinado, a melhor coisa, que houver na herança; e, se nesta não
existir coisa de tal espécie, dar-lhe-á de outra congênere o herdeiro, observada a
disposição do artigo 1.697, última parte.
Art. 1700. No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.
Art. 1701. Se o herdeiro, ou legatário, a quem couber a opção, falecer antes de
exercê-la, passará este direito aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Uma vez feita, porém, a opção é irrevogável.
Art. 1702. Instituindo o testador mais de um herdeiro, sem designar os que hão
de executar os legados, por estes responderão, proporcionalmente ao que
herdarem, todos os herdeiros instituídos.
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Art. 1703. Se o testador cometer designadamente a certos herdeiros a execução
dos legados, por estes só aqueles responderão. (Redação dada ao artigo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1704. Se algum legado consistir em coisa pertencente a herdeiro ou
legatário (artigo 1.679), só a ele incumbirá cumprí-lo, com regresso contra os co-
herdeiros, pela quota de cada um, salvo se o contrário expressamente dispôs o
testador.
Art. 1705. As despesas e os riscos da entrega do legado correm por conta do
legatário, se não dispuser diversamente o testador.
Art. 1706. A coisa legada entregar-se-á, com seus acessórios, no lugar e estado
em que se achava ao falecer o testador, passando ao legatário com todos os
encargos, que a onerarem.
Art. 1707. Ao legatário, nos legados com encargo, se aplica o disposto no artigo
1.180.
CAPÍTULO IX
DA CADUCIDADE DOS LEGADOS
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testador, quando este designa a cada um dos nomeados a sua quota, ou o objeto,
que lhe deixa.
Art. 1712. Se um dos herdeiros nomeados morrer antes do testador, renunciar à
herança, ou dela for excluído, e bem assim se a condição, sob a qual foi instituído,
não se verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito do substituto à parte dos
co-herdeiros conjuntos (artigo 1.710).
Art. 1713. Quando se não efetua o direito de acrescer, nos termos do artigo
antecedente, transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga do nomeado.
Art. 1714. Os co-herdeiros, a quem acrescer o quinhão do que deixou de herdar,
ficam sujeitos às obrigações e encargos, que o oneravam.
Parágrafo único. Esta disposição aplica-se igualmente ao co-legatário, a quem
aproveita a caducidade total ou parcial do legado.
Art. 1715. Não existindo o direito de acrescer entre os co-legatários, a quota do
que faltar acresce ao herdeiro, ou legatário, incumbido de satisfazer esse legado,
ou a todos os herdeiros, em proporção dos seus quinhões, se o legado se deduziu
da herança.
Art. 1716. Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a
parte do que faltar acresce aos co-legatários. Se, porém, não houve conjunção
entre estes, ou se, apesar de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do usufruto,
as quotas dos que faltarem consolidar-se-ão na propriedade, à medida que eles
forem faltando. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XI
DA CAPACIDADE PARA ADQUIRIR POR TESTAMENTO
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Reputam-se pessoas interpostas o pai, a mãe, os descendentes e o cônjuge do
incapaz.
CAPÍTULO XII
DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS
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Art. 1728. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito à redução, far-
se-á esta, dividindo-o proporcionalmente.
§ 1º. Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de um
quarto do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado,
ficando com o direito de pedir aos herdeiros o valor que couber na metade
disponível. Se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros torna-lo-á
em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio. (Redação dada ao parágrafo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 2º. Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário poderá inteirar sua
legítima no mesmo imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte
subsistente do legado lhe absorverem o valor.
CAPÍTULO XIV
DAS SUBSTITUIÇÕES
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que, ao fiduciário, em qualquer tempo acrescer.
Art. 1737. O fideicomissário responde pelos encargos da herança que ainda
restarem, quando vier à sucessão.
Art. 1738. Caduca o fideicomisso, se o fideicomissário morrer antes do fiduciário,
ou antes de realizar-se a condição resolutória do direito deste último. Neste caso a
propriedade consolida-se no fiduciário nos termos do artigo 1.735.
Art. 1739. São nulos os fideicomissos além do segundo grau.
Art. 1740. A nulidade da substituição ilegal não prejudica a instituição, que valerá
sem o encargo resolutório.
CAPÍTULO XV
DA DESERDAÇÃO
Art. 1746. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma por que
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pode ser feito.
Art. 1747. A revogação do testamento pode ser total ou parcial.
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que o leve a registro.
Art. 1757. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias,
no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu,
subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento.
Art. 1758. Levar-se-ão em conta ao testamenteiro as despesas feitas com o
desempenho de seu cargo e a execução do testamento.
Art. 1759. Sendo glosadas as despesas por ilegais, ou por não conformes ao
testamento, remover-se-á o testamenteiro, perdendo o prêmio deixado pelo
testador (artigo 1.766).
Art. 1760. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e
dos herdeiros instituídos, propugnar a validade do testamento.
Art. 1761. Além das atribuições exaradas nos artigos anteriores, terá o
testamenteiro as que lhe conferir o testador, nos limites da lei.
Art. 1762. Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o
testamento e prestará contas no lapso de um ano, contado da aceitação da
testamentaria.
Parágrafo único. Pode esse prazo prorrogar-se, porém, ocorrendo motivo cabal.
Art. 1763. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução
testamentária compete ao cabeça-do-casal, e, em falta deste, ao herdeiro
nomeado pelo juiz.
Art. 1764. O encargo da testamentaria não se transmite aos herdeiros do
testamenteiro, nem é delegável. Mas o testamenteiro pode fazer-se representar
em juízo e fora dele, mediante procurador com poderes especiais.
Art. 1765. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro, que tenham
aceitado o cargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros. Mas todos
ficam solidariamente obrigados a dar conta dos bens, que lhes forem confiados,
salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções distintas, e a elas se limitar.
Art. 1766. Quando o testamenteiro não for herdeiro, nem legatário, terá direito a
um prêmio, que, se o testador o não houver taxado, será de um a cinco por cento,
arbitrado pelo juiz, sobre toda a herança líquida, conforme a importância dela, e a
maior ou menor dificuldade na execução do testamento (artigos 1.759 e 1.768).
Parágrafo único. Este prêmio deduzir-se-á somente da metade disponível,
quando houver herdeiro necessário. (Revogado implicitamente pelo artigo 1.138
do CPC)
Art. 1767. O testamenteiro que for legatário poderá preferir o prêmio ao legado.
(Revogado implicitamente pelo artigo 1.138 do CPC)
Art. 1768. Reverterá à herança o prêmio, que o testamenteiro perder, por ser
removido, ou não ter cumprido o testamento (artigos 1.759 e 1.766). (Redação
dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
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Art. 1769. Se o testador tiver distribuído toda a herança em legados, o
testamenteiro exercerá as funções de cabeça-de-casal.
TÍTULO IV
DO INVENTÁRIO E PARTILHA
CAPÍTULO I
DO INVENTÁRIO
Art. 1772. O herdeiro pode requerer a partilha, embora lhe seja defeso pelo
testador.
§ 1º. Podem-na requerer também os cessionários e credores do herdeiro
§ 2º. Não obsta à partilha o estar um ou mais herdeiros na posse de certos bens
do espólio, salvo se da morte do proprietário houver decorrido vinte anos.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 1773. Se os herdeiros forem maiores e capazes, poderão fazer partilha
amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito
particular, homologado pelo juiz. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 1774. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim
como se algum deles for menor, ou incapaz.
Art. 1775. No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu valor, natureza e
qualidade, a maior igualdade possível.
Art. 1776. É válida a partilha feita pelo pai, por ato entre vivos ou de última
vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.
Art. 1777. O imóvel que não couber no quinhão de um só herdeiro, ou não
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admitir divisão cômoda, será vendido em hasta pública, dividindo-se-lhe o preço,
exceto se um ou mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado, repondo aos
outros, em dinheiro, o que sobrar. (Redação dada pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1778. Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cabeça-de-casal e o
inventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que, desde a abertura da
sucessão, perceberem, têm direito ao reembolso das despesas necessárias e
úteis, que fizeram, e respondem pelo dano, a que, por dolo, ou culpa, deram
causa.
Art. 1779. Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do
inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa, ou difícil, poderá proceder-se, no
prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais
sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo, ou diverso
inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros.
Também ficam sujeitos a sobrepartilha os sonegados e quaisquer outros bens da
herança que se descobrirem depois da partilha.
CAPÍTULO III
DOS SONEGADOS
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Art. 1785. A colação tem por fim igualar as legítimas dos herdeiros. Os bens
conferidos não aumentam a metade disponível (artigos 1.721 e 1.722).
Art. 1786. Os descendentes, que concorrerem à sucessão do ascendente
comum, são obrigados a conferir as doações e os dotes, que dele em vida
receberam.
Art. 1787. No caso do artigo antecedente, se ao tempo do falecimento do
doador, os donatários já não possuírem os bens doados, trarão à colação o seu
valor. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1788. São dispensados da colação os dotes ou as doações que o doador
determinar que saiam de sua metade, contanto que não a excedam, computado o
seu valor ao tempo da doação.
Art. 1789. A dispensa de colação pode ser outorgada pelo doador, ou dotador,
em testamento, ou no próprio título da liberalidade.
Art. 1790. O que renunciou à herança, ou foi dela excluído, deve, não obstante,
conferir as doações recebidas, para o fim de repor a parte inoficiosa.
Parágrafo único. Considera-se inoficiosa a parte da doação, ou do dote, que
exceder a legítima e mais a metade disponível.
Art. 1791. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós,
serão obrigados a trazer à colação, ainda que o não hajam herdado, o que os pais
teriam de conferir.
Art. 1792. Os bens doados, ou dotados, imóveis, ou móveis, serão conferidos
pelo valor certo, ou pela estimação que deles houver sido feita na data da doação.
§ 1º. Se do ato de doação, ou do dote, não constar valor certo, nem houver
estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo que
então se calcular valessem ao tempo daqueles atos.
§ 2º. Só o valor dos bens doados ou dotados entrará em colação; não assim o
das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo
também por conta deste os danos e perdas, que eles sofrerem.
Art. 1793. Não virão também à colação os gastos ordinários do ascendente com
o descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário,
tratamento nas enfermidades, enxoval e despesas de casamento e livramento em
processo crime, de que tenha sido absolvido.
Art. 1794. As doações remuneratórias de serviços feitos os ascendentes também
não estão sujeitas à colação.
Art. 1795. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no inventário de cada
um se conferirá por metade. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO V
DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
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Art. 1796. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas,
feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que
na herança lhe coube.
§ 1º. Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de
dívidas constantes de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo
prova bastante da obrigação, e houver impugnação, que se não funde na
alegação de pagamento, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar
em poder do inventariante, bens suficientes para solução do débito, sobre os quais
venha a recair oportunamente a execução.
§ 2º. No caso figurado no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar
a ação de cobrança dentro no prazo de 30 dias, sob pena de se tornar de nenhum
efeito a providência indicada.
Art. 1797. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sairão do
monte da herança. Mas as de sufrágios por alma do finado só obrigarão a
herança, quando ordenadas em testamento ou codicilo (artigo 1.651).
Art. 1798. Sempre que houver ação regressiva de uns contra outros herdeiros, a
parte do co-herdeiro insolvente dividir-se-á em proporção entre os demais.
Art. 1799. Os legatários e credores da herança podem exigir que do patrimônio
do falecido se discrimine o do herdeiro, e, em concurso com os credores deste,
ser-lhes-ão preferidos no pagamento.
Art. 1800. Se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada
igualmente entre todos, salvo se a maioria consentir que o débito seja imputado
inteiramente no quinhão do devedor.
CAPÍTULO VI
DA GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS
Art. 1801. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito
aos bens do seu quinhão.
Art. 1802. Os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se, no
caso de evicção, dos bens aquinhoados.
Art. 1803. Cessa essa obrigação mútua, havendo convenção em contrário, e
bem assim dando-se a evicção por culpa do evicto, ou por fato posterior à partilha.
Art. 1804. O evicto será indenizado pelos co-herdeiros na proporção de suas
quotas hereditárias; mas, se algum deles se achar insolvente, responderão os
demais, na mesma proporção, pela parte desse, menos a quota que
corresponderia ao indenizado. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)
CAPÍTULO VII
DA NULIDADE DA PARTILHA
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Art. 1805. A partilha, uma vez feita e julgada, só é anulável pelos vícios e
defeitos que invalidam, em geral, os atos jurídicos (artigo 178, § 6º, nº V).
DISPOSIÇÕES FINAIS
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Código de Processo Civil
LEI Nº 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973
TÍTULO I
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
CAPÍTULO I
DA JURISDIÇÃO
Art. 3º. Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade.
Art. 4º. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:
TÍTULO II
DAS PARTES E DOS PROCURADORES
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CAPÍTULO I
DA CAPACIDADE PROCESSUAL
Art. 7º. Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade
para estar em juízo.
Art. 8º. Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores
ou curadores, na forma da lei civil.
Art. 9º. O juiz dará curador especial:
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os designando, por seus diretores;
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a
administração dos seus bens;
VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador
de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (artigo 88, parágrafo
único);
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.
§ 1º. Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do
falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.
§ 2º. As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não
poderão opor a irregularidade de sua constituição.
§ 3º. O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica
estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de
execução, cautelar e especial.
Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da
representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo
razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do
prazo, se a providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.
CAPÍTULO II
DOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES
SEÇÃO I
DOS DEVERES
Art. 14. Compete às partes e aos seus procuradores:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - proceder com lealdade e boa-fé;
III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas
de fundamento;
IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à
declaração ou defesa do direito.
Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas
nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a
requerimento do ofendido, mandar riscá-las.
Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa
oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de lhe ser cassada a
palavra.
SEÇÃO II
DA RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL
Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor,
réu ou interveniente.
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Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
II - alterar a verdade dos fatos; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.771, de
27.03.1980)
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; (Redação dada
ao inciso pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
VI - provocar incidentes manifestamente infundados; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. (Inciso
acrescentado pela Lei nº 9.668, de 23.06.1998)
Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de
má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a
indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários
advocatícios e todas as despesas que efetuou. (NR) (Redação dada ao caput pela
Lei nº 9.668, de 23.06.1998)
§ 1º. Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada
um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles
que se coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2º. O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não
superior a vinte por cento sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
SEÇÃO III
DAS DESPESAS E DAS MULTAS
Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes
prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-
lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até
a plena satisfação do direito declarado pela sentença.
§ 1º. O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato
processual.
§ 2º. Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o
juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que
antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida,
também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. (Redação
dada ao caput pela Lei nº 6.355, de 08.09.1976)
§ 1º. O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o
vencido. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 2º. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como
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também a indenização de viagem, diária de testemunhas e remuneração do
assistente técnico. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 3º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% (dez por cento) e o
máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendidos:
a) o grau de zelo do profissional;
b) o lugar de prestação do serviço;
c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o
tempo exigido para o seu serviço. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
§ 4º. Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que
não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções
embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa
do juiz, atendidas as normas das alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo anterior.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5º. Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da
condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a
produzir a renda correspondente às prestações vincendas (artigo 602), podendo
estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2º do referido artigo 602,
inclusive em consignação na folha de pagamento do devedor. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.745, de 05.12.1979)
Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e
proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as
despesas.
Parágrafo único. Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro
responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários.
Art. 22. O réu que, por não argüir na sua resposta fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito do autor, dilatar o julgamento da lide, será condenado nas
custas a partir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na
causa, o direito a haver do vencido honorários advocatícios. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 23. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem
pelas despesas e honorários em proporção.
Art. 24. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão
adiantadas pelo requerente, mas rateadas entre os interessados.
Art. 25. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as
despesas proporcionalmente aos seus quinhões.
Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as
despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu.
§ 1º. Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas
despesas e honorários será proporcional à parte de que se desistiu ou que se
reconheceu.
§ 2º. Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas,
estas serão divididas igualmente.
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Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do
Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.
Art. 28. Quando, a requerimento do réu, o juiz declarar extinto o processo sem
julgar o mérito (artigo 267, § 2º), o autor não poderá intentar de novo a ação, sem
pagar ou depositar em cartório as despesas e os honorários, em que foi
condenado.
Art. 29. As despesas dos atos, que forem adiados ou tiverem de repetir-se,
ficarão a cargo da parte, do serventuário, do órgão do Ministério Público ou do juiz
que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.
Art. 30. Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las,
incorrendo em multa equivalente ao dobro de seu valor.
Art. 31. As despesas dos atos manifestamente protelatórios, impertinentes ou
supérfluos serão pagas pela parte que os tiver promovido ou praticado, quando
impugnados pela outra.
Art. 32. Se o assistido ficar vencido, o assistente será condenado nas custas em
proporção à atividade que houver exercido no processo.
Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver
indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo
autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo
pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a
essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo
e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo,
facultada a sua liberação parcial, quando necessária. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 34. Aplicam-se à reconvenção, à oposição, à ação declaratória incidental e
aos procedimentos de jurisdição voluntária, no que couber, as disposições
constantes desta seção. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
Art. 35. As sanções impostas às partes em conseqüência de má-fé serão
contadas como custas e reverterão em benefício da parte contrária; as impostas
aos serventuários pertencerão ao Estado.
CAPÍTULO III
DOS PROCURADORES
Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado.
Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação
legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou
impedimento dos que houver.
§ 1º. (Revogado pela Lei nº 9.649, de 27.05.1998)
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§ 2º. (Revogado pela Lei nº 9.649, de 27.05.1998)
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar
em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar
decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos
reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente
de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias,
prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por
inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos
Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou
particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do
processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência
do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação,
receber, dar quitação e firmar compromisso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)
Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá
intimação;
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no nº I deste artigo, o
juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se
infringir o previsto no nº II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta
registrada, para o endereço constante dos autos.
Art. 40. O advogado tem direito de:
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alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2º. O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo,
assistindo o alienante ou o cedente.
§ 3º. A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao
adquirente ou ao cessionário.
Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo
seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no artigo 265.
Art. 44. A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo
ato constituirá outro que assuma o patrocínio da causa.
Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando
que cientificou o mandante, a fim de que este nomeie substituto. Durante os dez
dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que
necessário para lhe evitar prejuízo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
CAPÍTULO V
DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA
SEÇÃO I
DO LITISCONSÓRCIO
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de
direito;
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao
número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou
dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que
recomeça da intimação da decisão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para
todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de
todos os litisconsortes no processo.
Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os
litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar
extinto o processo.
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em
suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as
omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.
Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e
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todos devem ser intimados dos respectivos atos.
SEÇÃO II
DA ASSISTÊNCIA
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver
interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir
no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento
e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado
em que se encontra.
Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do
assistente será deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao
assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:
I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e
da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;
II - autorizará a produção de provas;
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os
mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu
gestor de negócios.
Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência
do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que,
terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.
Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a
sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de
intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no artigo 51.
Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão,
salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do
assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por
dolo ou culpa, não se valeu.
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
SEÇÃO I
DA OPOSIÇÃO
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que
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controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição
contra ambos.
Art. 57. O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos
para a propositura da ação (artigos 282 e 283). Distribuída a oposição por
dependência, serão os opostos citados, na pessoa dos seus respectivos
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Se o processo principal correr à revelia do réu, este será citado
na forma estabelecida no Título V, Capítulo IV, Seção III, deste Livro.
Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro
prosseguirá o opoente.
Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos
principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela
mesma sentença.
Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o
procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o
juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90
(noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.
Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta
conhecerá em primeiro lugar.
SEÇÃO II
DA NOMEAÇÃO À AUTORIA
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em
nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de
indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa,
toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem,
ou em cumprimento de instruções de terceiro.
Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a
defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor
no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 65. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação;
recusando-o, ficará sem efeito a nomeação.
Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que lhe é atribuída, contra ele
correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.
Art. 67. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade
que lhe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.
Art. 68. Presume-se aceita a nomeação se:
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I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, lhe competia
manifestar-se;
II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:
I - deixando de nomear à autoria, quando lhe competir;
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.
SEÇÃO III
DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi
transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe
resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou
direito, em caso como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu,
citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
Art. 71. A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o
denunciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o denunciante for o réu.
Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.
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denunciante prosseguir na defesa.
Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o
direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título
executivo.
SEÇÃO IV
DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
Art. 77. É admissível o chamamento ao processo:
TÍTULO III
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em
lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela,
interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas
demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou
qualidade da parte. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.415, de 23.12.1996)
Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público:
I - terá vista nos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do
processo;
II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e
requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade.
Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a
parte promover-lhe-á intimação sob pena de nulidade do processo.
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Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no
exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude.
TÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA
JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA
SEÇÃO I
DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR E DA MATÉRIA
Art. 91. Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de
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organização judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código.
Art. 92. Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito processar e julgar:
I - o processo de insolvência;
II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa.
SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA FUNCIONAL
Art. 93. Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição da
República e de organização judiciária. A competência funcional dos juízes de
primeiro grau é disciplinada neste Código.
SEÇÃO III
DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real
sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
§ 1º. Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer
deles.
§ 2º. Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado
onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor.
§ 3º. Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será
proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a
ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º. Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados
no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro
da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de
eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão,
posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para
o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha
ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. É, porém, competente o foro:
I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;
II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio
certo e possuía bens em lugares diferentes.
Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último
domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha
e o cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de
seu representante.
Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente:
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I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente;
II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente.
Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos
remetidos ao juiz competente da Capital do Estado ou Território, tanto que neles
intervenha uma das entidades mencionadas neste artigo.
Excetuam-se:
I - o processo de insolvência;
II - os casos previstos em lei.
Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a
conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento. (Redação dada ao
inciso pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos;
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou
destruídos;
IV - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade,
que carece de personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou
acidente de veículo, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do
fato.
Art. 101. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
SEÇÃO IV
DAS MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA
Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se
pela conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes.
Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o
objeto ou a causa de pedir.
Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais
amplo, abrange o das outras.
Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a
fim de que sejam decididas simultaneamente.
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Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a
mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em
primeiro lugar.
Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca,
determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a
totalidade do imóvel.
Art. 108. A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação
principal.
Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a
ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao
terceiro interveniente.
Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação
da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do
processo até que se pronuncie a justiça criminal.
Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias,
contados da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste,
decidindo o juiz cível a questão prejudicial.
Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por
convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do
valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de
direitos e obrigações.
§ 1º. O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e
aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2º. O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
SEÇÃO V
DA DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser
alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1º. Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira
oportunidade em que lhe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente
pelas custas.
§ 2º. Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão
nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.
Art. 114. Prorroga-se a competência, se o réu não opuser exceção declinatória
do foro e do juízo, no caso e prazo legais.
Art. 115. Há conflito de competência:
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III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou
separação de processos.
Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério
Público ou pelo juiz.
Parágrafo único. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de
competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar.
Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção
de incompetência.
Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que
o não suscitou, ofereça exceção declinatória do foro.
Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tribunal:
I - pelo juiz, por ofício;
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos
necessários à prova do conflito.
Art. 119. Após a distribuição, o relator mandará ouvir ou juízes em conflito, ou
apenas o suscitado, se um deles for suscitante; dentro do prazo assinado pelo
relator, caberá ao juiz ou juízes prestar as informações.
Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes,
determinar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste
caso, bem como no conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em
caráter provisório, as medidas urgentes.
Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão
suscitada, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo
agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o
órgão recursal competente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Art. 121. Decorrido o prazo, com informações ou sem elas, será ouvido, em 5
(cinco) dias, o Ministério Público; em seguida o relator apresentará o conflito em
sessão de julgamento.
Art. 122. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente,
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juiz incompetente.
Parágrafo único. Os autos do processo, em que se manifestou o conflito, serão
remetidos ao juiz declarado competente.
Art. 123. No conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da
Magistratura, juízes de segundo grau e desembargadores, observar-se-á o que
dispuser a respeito o regimento interno do tribunal.
Art. 124. Os regimentos internos dos tribunais regularão o processo e julgamento
do conflito de atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa.
CAPÍTULO IV
DO JUIZ
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SEÇÃO I
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça.
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou
obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais;
não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de
direito. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 127. O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei.
Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso
conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da
parte.
Art. 129. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que o autor e réu
se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por
lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes.
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou
meramente protelatórias.
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e
circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas
deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 132. O Juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo
se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou
aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o Juiz que proferir a sentença, se
entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 8.637, de 31.03.1993)
Art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providências que deva ordenar
de ofício, ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no nº II só
depois que a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a
providência e este não lhe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.
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SEÇÃO II
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou
voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou
como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença
ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou
qualquer parente seu, consangüineo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral
até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüineo ou afim, de alguma das partes, em
linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte
na causa.
Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao
advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos
casos previstos nos ns. I a IV do artigo 135;
II - ao serventuário de justiça;
III - ao perito; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
IV - ao intérprete.
§ 1º. A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em
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petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que
lhe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e
sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando
a prova quando necessária e julgando o pedido.
§ 2º. Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.
CAPÍTULO V
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de
justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
SEÇÃO I
DO SERVENTUÁRIO E DO OFICIAL DE JUSTIÇA
Art. 140. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições
são determinadas pelas normas de organização judiciária.
Art. 141. Incumbe ao escrivão:
I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos
que pertencem ao seu ofício;
II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como
praticando todos os demais atos, que lhe forem atribuídos pelas normas de
organização judiciária;
III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-
lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo;
IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam
de cartório, exceto:
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo;
V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do
processo, observado o disposto no artigo 155.
Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substituto, e, não
o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.
Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências
próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar,
dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de duas
testemunhas;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido;
IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da ordem.
Art. 144. O escrivão e o oficial de justiça são civilmente responsáveis:
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I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir, dentro do prazo, os atos
que lhes impõe a lei, ou os que o juiz, a que estão subordinados, lhes comete;
II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
SEÇÃO II
DO PERITO
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou
científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421.
§ 1º. Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,
devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no
Capítulo VI, seção VII, deste Código. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270,
de 10.12.1984)
§ 2º. Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão
opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
§ 3º. Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham
os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre
escolha do Juiz. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei,
empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando
motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa será apresentada, dentro de cinco dias, contados da
intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o
direito a alegá-la (artigo 423). (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.455, de
24.08.1992)
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas,
responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos,
a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
SEÇÃO III
DO DEPOSITUÁRIO E DO ADMINISTRADOR
Art. 148. A guarda e conservação de bens penhorados, arrestados,
seqüestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador,
não dispondo a lei de outro modo.
Art. 149. O depositário ou administrador perceberá, por seu trabalho,
remuneração que o juiz fixará, atendendo à situação dos bens, ao tempo do
serviço e às dificuldades de sua execução.
Parágrafo único. O juiz poderá nomear, por indicação do depositário ou do
administrador, um ou mais prepostos.
Art. 150. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por
dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada; mas
tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.
SEÇÃO IV
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DO INTÉRPRETE
Art. 151. O juiz nomeará intérprete toda vez que o repute necessário para:
TÍTULO V
DOS ATOS PROCESSUAIS
CAPÍTULO I
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
SEÇÃO I
DOS ATOS EM GERAL
Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada
senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que,
realizados de outro modo, lhe preencheram a finalidade essencial.
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de
justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão
desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos
é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que de-monstrar interesse
jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de
inventário e partilha resultante do desquite.
Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do
vernáculo.
Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua
estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor
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juramentado.
SEÇÃO II
DOS ATOS DA PARTE
Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou
bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a
extinção de direitos processuais.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de
homologada por sentença.
Art. 159. Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as petições
e documentos que instruírem o processo, não constantes de registro público,
serão sempre acompanhados de cópia, datada e assinada por quem os oferecer.
§ 1º. Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe da secretaria irá formando
autos suplementares, dos quais constará a reprodução de todos os atos e termos
do processo original.
§ 2º. Os autos suplementares só sairão de cartório para conclusão ao juiz, na
falta dos autos originais.
Art. 160. Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e
documentos que entregarem em cartório.
Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz
mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade
do salário mínimo vigente na sede do juízo.
SEÇÃO III
DOS ATOS DO JUIZ
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e
despachos.
§ 1º. Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não
o mérito da causa.
§ 2º. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve
questão incidente.
§ 3º. São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de
ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.
§ 4º. Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória,
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
revistos pelo juiz quando necessários. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.952 de 13.12.1994)
Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos
tribunais.
Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão redigidos,
datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o
taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e
assinatura.
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Art. 165. As sentenças e acórdão serão proferidos com observância do disposto
no artigo 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo
conciso.
SEÇÃO IV
DOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA
Art. 166. Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a autuará,
mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das
partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos volumes
que se forem formando.
Art. 167. O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo
da mesma forma quanto aos suplementares.
Parágrafo único. As partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público,
aos peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos
atos em que intervieram.
Art. 168. Os termos da juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão
de notas datadas e rubricadas pelo escrivão.
Art. 169. Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com
tinta escura e indelével, assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando
estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a
ocorrência.
Parágrafo único. É vedado usar abreviaturas.
Art. 170. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia, ou de outro método idôneo,
em qualquer juízo ou tribunal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 171. Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como
entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas
expressamente ressalvadas.
CAPÍTULO II
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
SEÇÃO I
DO TEMPO
Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das seis às vinte
horas.
§ 1º. Serão, todavia, concluídos, depois das vinte horas, os atos iniciados antes,
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.
§ 2º. A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante
autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias
úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observando o disposto no artigo 5,
inciso XI, da Constituição Federal.
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§ 3º. Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de
petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de
expediente, nos termos da lei de organização judiciária local. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais.
Excetuam-se:
I - a produção antecipada de provas (artigo 846);
II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito, e bem assim o arresto, o
seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a
separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a
nunciação de obra nova e outros atos análogos.
Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no
primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias.
Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela
superveniência delas:
I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de
direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;
II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e
curadores, bem como as mencionadas no artigo 275;
III - todas as causas que a lei federal determinar.
Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por
lei.
SEÇÃO II
DO LUGAR
Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordinário na sede do juízo. Podem,
todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de interesse da
justiça, ou de obstáculo argüido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
CAPÍTULO III
DOS PRAZOS
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 177. Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei.
Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a
complexidade da causa.
Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se
interrompendo nos feriados.
Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que lhe
sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.
Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado pela parte
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ou ocorrendo qualquer das hipóteses do artigo 265, I e III; casos em que o prazo
será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação
Art. 181. Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo
dilatório; a convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento
do prazo, se fundar em motivo legítimo.
§ 1º. O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da prorrogação.
§ 2º. As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em favor de quem foi
concedida a prorrogação.
Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou
prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o
transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias.
Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite
previsto neste artigo para a prorrogação de prazos.
Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declaração
judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não
realizou por justa causa.
§ 1º. Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que
a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2º. Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo
que lhe assinar.
Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o
dia do começo e incluindo o do vencimento.
§ 1º. Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair
em feriado ou em dia em que:
I - for determinado o fechamento do fórum;
II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
§ 2º. Os prazos somente começam a correr a partir do primeiro dia útil após a
intimação (artigo 240 e parágrafo único). (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.079, de 13.09.1990)
Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco)
dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
Art. 186. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu
favor.
Art. 187. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz
exceder, por igual tempo, os prazos que este Código lhe assina.
Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para
recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
Art. 189. O juiz proferirá:
I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias;
II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.
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Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24
(vinte e quatro) horas e executar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, contados:
I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto
pela lei;
II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em
que ficou ciente da ordem, referida no nº II.
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão
contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para
falar nos autos.
Art. 192. Quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente obrigarão
a comparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas.
SEÇÃO II
DA VERIFICAÇÃO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES
Art. 193. Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo
legítimo, os prazos que este Código estabelece.
Art. 194. Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento administrativo,
na forma da Lei de Organização Judiciária.
Art. 195. O advogado deve restituir os autos no prazo legal. Não o fazendo,
mandará o juiz, de ofício, riscar o que neles houver escrito e desentranhar
alegações e documentos que apresentar.
Art. 196. É lícito a qualquer interessado cobrar os autos ao advogado que
exceder o prazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte e quatro)
horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa,
correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.
Parágrafo único. Apurada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da
Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e imposição da
multa.
Art. 197. Aplicam-se ao órgão do Ministério Público e ao representante da
Fazenda Pública as disposições constantes dos artigos 195 e 196.
Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá
representar ao presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os
prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao órgão competente,
instaurar-se-á procedimento para apuração da responsabilidade. O relator,
conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de
prazo, designando outro juiz para decidir a causa.
Art. 199. A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais superiores na
forma que dispuser o seu regimento interno.
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CAPÍTULO IV
DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados
por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da
comarca.
Art. 201. Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de
que ela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária
estrangeira; e carta precatória nos demais casos.
SEÇÃO II
DAS CARTAS
Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da
carta rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato
conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual, que lhe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1º. O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer outras peças, bem como
instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documentos devam
ser examinados, na diligência, pelas partes, peritos ou testemunhas.
§ 2º. Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será
remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica.
Art. 203. Em todas as cartas declarará o juiz o prazo dentro do qual deverão ser
cumpridas, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da diligência.
Art. 204. A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de lhe ser ordenado o
cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de
se praticar o ato.
Art. 205. Havendo urgência, transmitir-se-ão a carta de ordem e a carta
precatória por telegrama, radiograma ou telefone.
Art. 206. A carta de ordem e a carta precatória, por telegrama ou radiograma,
conterão, em resumo substancial, os requisitos mencionados no artigo 202, bem
como a declaração, pela agência expedidora, de estar reconhecida a assinatura
do juiz.
Art. 207. O secretário do tribunal ou o escrivão do juízo deprecante transmitirá,
pelo telefone, a carta de ordem, ou a carta precatória ao juízo, em que houver de
cumprir-se o ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, se
houver na comarca mais de um ofício ou de uma vara, observando, quanto aos
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requisitos, o disposto no artigo antecedente.
§ 1º. O escrivão, no mesmo dia ou no dia útil imediato, telefonará ao secretário
do tribunal ou ao escrivão do juízo deprecante, lendo-lhe os termos da carta e
solicitando-lhe que lha confirme.
§ 2º. Sendo confirmada, o escrivão submeterá a carta a despacho.
Art. 208. Executar-se-ão, de ofício, os atos requisitados por telegrama,
radiograma ou telefone. A parte depositará, contudo, na secretaria do tribunal ou
no cartório do juízo deprecante, a importância correspondente às despesas que
serão feitas no juízo em que houver de praticar-se o ato.
Art. 209. O juiz recusará cumprimento à carta precatória, devolvendo-a com
despacho motivado:
I - quando não estiver revestida dos requisitos legais;
II - quando carecer de competência em razão da matéria ou da hierarquia;
III - quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
Art. 210. A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e modo de
seu cumprimento, ao disposto na convenção internacional; à falta desta, será
remetida à autoridade judiciária estrangeira, por via diplomática, depois de
traduzida para a língua do país em que há de praticar-se o ato.
Art. 211. A concessão de exeqüibilidade às cartas rogatórias das justiças
estrangeiras obedecerá ao disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.
Art. 212. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem, no prazo de 10
(dez) dias, independentemente de traslado, pagas as custas pela parte.
SEÇÃO III
DAS CITAÇÕES
Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim
de se defender.
Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 1º. O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação.
§ 2º. Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta
decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for
intimado da decisão.
Art. 215. Far-se-á citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou
ao procurador legalmente autorizado.
§ 1º. Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário,
administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles
praticados.
§ 2º. O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que
deixou a localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para
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receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do
recebimento dos aluguéis.
Art. 216. A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu.
Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que
estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado.
Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do
direito:
I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso;
II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha
reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete)
dias seguintes;
III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas;
IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Redação dada aos incisos pela
Lei nº 8.950, de 13.12.1994, que revogou o nº I e renumerou os demais)
Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente
ou está impossibilitado de recebê-la.
§ 1º. O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a
ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será
apresentado em 5 (cinco) dias.
§ 2º. Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador,
observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A
nomeação é restrita à causa.
§ 3º. A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do
réu.
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz
litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em
mora o devedor e interrompe a prescrição.
§ 1º. A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
§ 2º. Incumbe à parte, promover a citação do réu nos dez dias subseqüentes ao
despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.952 de 13.12.1994)
§ 3º. Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de noventa
dias. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
§ 4º. Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos
antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição.
§ 5º. Não se tratando de direitos patrimoniais, o juiz poderá, de ofício, conhecer
da prescrição e decretá-la de imediato.
§ 6º. Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o
escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos
previstos na lei.
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Art. 221. A citação far-se-á:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - por edital.
Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País,
exceto:
a) nas ações de estado;
b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência;
f) quando o autor a requerer de outra forma. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.710, de 24.09.1993)
Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria
remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz,
expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o
artigo 285, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com
o respectivo endereço.
Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o
carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será
válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 224. Far-se-á a citação por meio de oficial de justiça nos casos ressalvados
no artigo 222, ou quando frustrada a citação pelo correio. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter:
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Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu, onde o encontrar, citá-lo:
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.
Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em
seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de
ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer
vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que
designar.
Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de
novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de
realizar a diligência.
§ 1º. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se
das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha
ocultado em outra comarca.
§ 2º. Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa
da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta,
telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.
Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na
mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou
intimações em qualquer delas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.710, de
24.09.1993)
Art. 231. Far-se-á a citação por edital:
I - quando desconhecido ou incerto o réu;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;
III - nos casos expressos em lei.
§ 1º. Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que
recusar o cumprimento de carta rogatória.
§ 2º. No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de
sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de
radiodifusão.
Art. 232. São requisitos da citação por edital:
I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias
previstas nos nºs. I e II do artigo antecedente;
II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão;
III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no
órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver;
IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60
(sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação;
V - a advertência a que se refere o artigo 285, segunda parte, se o litígio versar
sobre direitos disponíveis. (Inciso acrescentado pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
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§ 1º. Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do
anúncio, de que trata o nº II deste artigo.
§ 2º. A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for
beneficiária da Assistência Judiciária. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.359,
de 10.09.1985)
Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os
requisitos do artigo 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário
mínimo vigente na sede do juízo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
SEÇÃO IV
DAS INTIMAÇÕES
Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos
do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
Art. 235. As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, salvo
disposição em contrário.
Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios,
consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial.
§ 1º. É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação constem os
nomes das partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação.
§ 2º. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita
pessoalmente.
Art. 237. Nas demais comarcas aplicar-se-á o disposto no artigo antecedente, se
houver órgão de publicação dos atos oficiais; não o havendo, competirá ao
escrivão intimar, de todos os atos do processo, os advogados das partes:
I - pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;
II - por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado fora do
juízo.
Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes,
aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em
cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 239. Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça, quando frustrada a
realização pelo correio. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.710, de 23.09.1993)
Parágrafo único. A certidão de intimação deve conter: (Redação dada pela Lei nº
8.710, de 24.09.1993)
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando
possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
II - a declaração de entrega da contrafé; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
8.710, de 24.09.1993)
III - a nota de ciente ou certidão de que o intimado não a apôs no mandado.
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(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a
Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-se-ão da intimação.
Parágrafo único. As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil
seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.079, de 13.09.1990)
Art. 241. Começa a correr o prazo:
I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos
do aviso de recebimento;
II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada
aos autos do mandado cumprido;
III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de
recebimento ou mandado citatório cumprido;
IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou
rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida;
V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 242. O prazo para a interposição de recurso conta-se da data em que os
advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão.
§ 1º. Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a decisão ou
a sentença.
§ 2º. Havendo antecipação da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, mandará intimar pessoalmente os advogados para ciência da nova
designação. (Antigo § 3º renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994, que
revogou o § 2º)
CAPÍTULO V
DAS NULIDADES
Art. 243. Quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a
decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de
nulidade, o juiz considerará válido o ato, se realizado de outro modo, lhe alcançar
a finalidade.
Art. 245. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que
couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte legítimo
impedimento.
Art. 246. É nulo o processo, quando o Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.
Parágrafo único. Se o processo tiver corrido, sem conhecimento do Ministério
Público, o juiz o anulará a partir do momento em que o órgão devia ter sido
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intimado.
Art. 247. As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem
observância das prescrições legais.
Art. 248. Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subseqüentes,
que dele dependam; todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as
outras, que dela sejam independentes.
Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos,
ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou
retificados.
§ 1º. O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a
parte.
§ 2º. Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a
declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou
suprir-lhe a falta.
Art. 250. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos
que não possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários,
a fim de se observarem, quanto possível, as prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não
resulte prejuízo à defesa.
CAPÍTULO VI
DE OUTROS ATOS PROCESSUAIS
SEÇÃO I
DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO
Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos
onde houver mais de um juiz ou mais de um escrivão.
Art. 252. Será alternada a distribuição entre juízes e escrivães, obedecendo a
rigorosa igualdade.
Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência os feitos de qualquer natureza,
quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outro já ajuizado.
Parágrafo único. Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de
ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.
Art. 254. É defeso distribuir a petição não acompanhada do instrumento do
mandato, salvo:
I - se o requerente postular em causa própria;
II - se a procuração estiver junta aos autos principais;
III - no caso previsto no artigo 37.
Art. 255. O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigirá o erro ou a
falta de distribuição, compensando-a.
Art. 256. A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte ou por seu procurador.
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Art. 257. Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for
preparado no cartório em que deu entrada.
SEÇÃO II
DO VALOR DA CAUSA
Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha
conteúdo econômico imediato.
Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:
CAPÍTULO I
DA FORMAÇÃO DO PROCESSO
Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por
impulso oficial.
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Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja
despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma
vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos
mencionados no artigo 219 depois que for validamente citado.
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de
pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as
substituições permitidas por lei.
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma
hipótese será permitida após o saneamento do processo. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO II
DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
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conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo.
§ 4º. No caso do nº III, a exceção, em primeiro grau de jurisdição, será
processada na forma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e,
no tribunal, consoante lhe estabelecer o regimento interno.
§ 5º. Nos casos enumerados nas letras a, b e c do nº IV, o período de suspensão
nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará proseguir no
processo.
Art. 266. Durante a suspensão é defeso praticar qualquer ato processual; poderá
o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano
irreparável.
CAPÍTULO III
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
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honorários de advogado.
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo
pelo fundamento previsto no nº III do artigo anterior, não poderá intentar nova
ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito:
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
III - quando as partes transigirem;
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
TÍTULO VII
DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 270. Este Código regula o processo de conhecimento (Livro I), de execução
(Livro II), cautelar (Livro III) e os procedimentos especiais (Livro IV).
Art. 271. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição
em contrário deste Código ou de lei especial.
Art. 272. O procedimento comum é ordinário ou sumário.
Parágrafo único. O procedimento especial e o procedimento sumário regem-se
pelas disposições que lhe são próprias, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, as
disposições gerais do procedimento ordinário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente,
os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu.
§ 1º. Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso,
as razões do seu convencimento.
§ 2º. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3º. A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o disposto nos
incisos II e III do artigo 588.
§ 4º. A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo,
em decisão fundamentada.
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§ 5º. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final
julgamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
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§ 4º. O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a
controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a
conversão do procedimento sumário em ordinário.
§ 5º. A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica
de maior complexidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995, ret. em 04.01.1996, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência,
resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se
requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente
técnico.
§ 1º. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que
fundado nos mesmos fatos referidos na inicial.
§ 2º. Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qualquer
das hipóteses previstas nos artigos 329 e 330, I e II, será designada audiência de
instrução e julgamento para data próxima, não excedente de trinta dias, salvo se
houver determinação de perícia. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 279. Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser
documentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de
documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar o juiz.
Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a
estenotipia ou outro método de documentação, os depoimentos serão reduzidos a
termo, do qual constará apenas o essencial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.245, de 26.12.1995, ret. em 04.01.1996, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 280. No procedimento sumário:
TÍTULO VIII
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
CAPÍTULO I
DA PETIÇÃO INICIAL
SEÇÃO I
DOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL
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Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e
do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.
Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.219, de 19.09.1984)
Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos nos artigos 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende,
ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.
Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a
citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada
a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados
pelo autor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO II
DO PEDIDO
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular
pedido genérico:
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens
demandados; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do
ato ou do fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva
ser praticado pelo réu.
Art. 287. Se o autor pedir a condenação do réu a abster-se da prática de algum
ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que não possa ser realizado por
terceiro, constará da petição inicial a cominação da pena pecuniária para o caso
de descumprimento da sentença (artigos 644 e 645).
Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o
devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor,
o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo,
ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
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Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que
o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.
Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações períodicas, considerar-se-
ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor;
se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a
sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.
Art. 291. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não
participou do processo receberá a sua parte, deduzidas as despesas na proporção
de seu crédito.
Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de
vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º. São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º. Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento,
admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.
Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se,
entretanto, no principal os juros legais.
Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta
as custas acrescidas em razão dessa iniciativa. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 8.718, de 14.10.1993)
SEÇÃO III
DO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
Art. 295. A petição inicial será indeferida:
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prazo de quarenta e oito horas, reformar sua decisão.
Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente
encaminhados ao tribunal competente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952,
de 13.12.1994)
CAPÍTULO II
DA RESPOSTA DO RÉU
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição
escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder
ser-lhes-á comum, salvo o disposto no artigo 191.
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não
citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a
desistência.
Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em
peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.
SEÇÃO II
DA CONTESTAÇÃO
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir.
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta;
III - inépcia da petição inicial;
IV - perempção; (Inciso acrescentado pela Lei nº 5.925, de 01.101.1973,
renumerando-se os demais)
V - litispendência;
VI - coisa julgada;
VII - conexão;
VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.307, de
23.09.1996)
X - carência de ação;
XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
§ 1º. Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada.
§ 2º. Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925,
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de 01.10.1973)
§ 3º. Há litispendência, quando se repete ação que está em curso; há coisa
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba
recurso.
§ 4º. Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da
matéria enumerada neste artigo.
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos
narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados,
salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei
considerar da substância do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos
fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do
Ministério Público.
Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:
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Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente
improcedente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz
competente.
Subseção II
Do impedimento e da suspeição
Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição,
especificando o motivo da recusa (artigos 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da
causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a
alegação e conterá o rol de testemunhas.
Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a
suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso
contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos
ao tribunal.
Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal
determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas,
mandando remeter os autos ao seu substituto legal.
SEÇÃO IV
DA RECONVENÇÃO
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a
reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor,
quando este demandar em nome de outrem. (Antigo § 1º renumerado pela Lei nº
9.245, de 26.12.1995, que revogou o § 2º)
Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa
do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a
extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.
Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.
CAPÍTULO III
DA REVELIA
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II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a
lei considere indispensável à prova do ato.
Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a
causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova
citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15
(quinze) dias.
Art. 322. Contra o revel correrão os prazos independentemente de intimação.
Poderá ele, entretanto, intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no
estado em que se encontra.
CAPÍTULO IV
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos
autos. O juiz, no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme o caso, as
providências preliminares, que constam das seções deste Capítulo.
SEÇÃO I
DO EFEITO DA REVELIA
Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o
efeito da revelia, mandará que o autor especifique as provas que pretenda
produzir na audiência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO II
DA DECLARAÇÃO INCIDENTE
Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor
poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença
incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender,
no todo ou em parte, o julgamento da lide (artigo 5º).
SEÇÃO III
DOS FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS DO PEDIDO
Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro lhe
opuser, impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz produção de prova documental.
SEÇÃO IV
DAS ALEGAÇÕES DO RÉU
Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no artigo 301, o juiz
mandará ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de
prova documental. Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades
sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior a 30
(trinta) dias.
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Art. 328. Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade
delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o
que dispõe o capítulo seguinte.
CAPÍTULO V
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
SEÇÃO I
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos artigos 267 e 269, II a
V, o juiz declarará extinto o processo.
SEÇÃO II
DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em
que se funda a ação ou a defesa.
Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
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direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da
prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos, no processo, como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de
experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o
exame pericial.
Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser
produzidas em audiência.
Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por
outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas
não de prestar depoimento, o juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora
e lugar para inquiri-la.
Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou
consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.
Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória não suspendem o processo, no
caso de que trata o artigo 265, IV, b, senão quando requeridas antes do despacho
saneador.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas dentro do
prazo ou concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos até o
julgamento final.
Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o
descobrimento da verdade.
Art. 340. Além dos deveres enumerados no artigo 14, compete à parte:
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;
II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária;
III - praticar o ato que lhe for determinado.
Art. 341. Compete ao terceiro, em relação a qualquer pleito:
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causa.
Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte
requerer o depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de
instrução e julgamento.
§ 1º. A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se
presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou,
comparecendo, se recuse a depor.
§ 2º. Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor,
o juiz lhe aplicará a pena de confissão.
Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de
testemunhas.
Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da
outra parte.
Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe
for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias
e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não
podendo servir-se de escritos adrede preparados; o juiz permitirá, todavia, a
consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:
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Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser
revogada:
I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;
II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual
constituir o único fundamento.
Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor ação, nos casos de que
trata este artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.
Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a
represente, tem a mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida
em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.
Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos
em que a lei não exija prova literal.
Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser
invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for
desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir fatos novos,
suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de
reconvenção.
SEÇÃO IV
DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se
ache em seu poder.
Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:
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Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz
mandará citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou
da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem
como o das partes e, se necessário, de testemunhas; em seguida proferirá a
sentença.
Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz
lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar
designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das
despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da
responsabilidade por crime de desobediência.
Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a
coisa:
I - se concernente a negócios da própria vida da família;
II - se a sua apresentação puder violar dever de honra;
III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro,
bem como a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes
representar perigo de ação penal;
IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou
profissão, devam guardar segredo; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do
juiz, justifiquem a recusa da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os nºs. I a V disserem respeito só
a uma parte do conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser
apresentada em juízo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
SEÇÃO V
DA PROVA DOCUMENTAL
Subseção I
Da força probante dos documentos
Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também
dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em
sua presença.
Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais:
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências,
ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância
e por ele subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou
documentos lançados em suas notas;
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III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial
público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais.
Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
Art. 367. O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a
observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma
eficácia probatória do documento particular.
Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado,
ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a
determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato
declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato.
Art. 369. Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reconhecer a
firma do signatário, declarando que foi aposta em sua presença.
Art. 370. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou
impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito. Mas, em
relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:
I - no dia em que foi registrado;
II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do
documento.
Art. 371. Reputa-se autor do documento particular:
I - aquele que o fez e o assinou;
II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado;
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a
experiência comum, não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos
domésticos.
Art. 372. Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular,
alegar, no prazo estabelecido no artigo 390, se lhe admite ou não a autenticidade
da assinatura e a veracidade do contexto; presumindo-se, com o silêncio, que o
tem por verdadeiro.
Parágrafo único. Cessa, todavia, a eficácia da admissão expressa ou tácita, se o
documento houver sido obtido por erro, dolo ou coação.
Art. 373. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo anterior, o
documento particular, de cuja autenticidade se não duvida, prova que o seu autor
fez a declaração, que lhe é atribuída.
Parágrafo único. O documento particular, admitido expressa ou tacitamente, é
indivisível, sendo defeso à parte, que pretende utilizar-se dele, aceitar os fatos que
lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se
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provar que estes se não verificaram.
Art. 374. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de transmissão tem
a mesma força probatória do documento particular, se o original constante da
estação expedidora foi assinado pelo remetente.
Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida pelo tabelião,
declarando-se essa circunstância no original depositado na estação expedidora.
Art. 375. O telegrama ou radiograma presume-se conforme com o original,
provando a data de sua expedição e do recebimento pelo destinatário. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 376. As cartas, bem como os registros domésticos, provam contra quem os
escreveu quando:
I - enunciam o recebimento de um crédito;
II - contêm anotação, que visa a suprir a falta de título em favor de quem é
apontado como credor;
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada
prova.
Art. 377. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento
representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefício do
devedor.
Parágrafo único. Aplica-se esta regra tanto para o documento, que o credor
conservar em seu poder, como para aquele que se achar em poder do devedor.
Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante,
todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 379. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei,
provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.
Art. 380. A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos
lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são
contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade.
Art. 381. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos
livros comerciais e dos documentos do arquivo:
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.
Art. 382. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e
documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como
reproduções autenticadas.
Art. 383. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica,
fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas,
se aquele contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade.
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Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz
ordenará a realização de exame pericial.
Art. 384. As reproduções fotográficas ou obtidas por outros processos de
repetição, dos documentos particulares, valem como certidões, sempre que o
escrivão portar por fé a sua conformidade com o original.
Art. 385. A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o
original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder à conferência e
certificar a conformidade entre a cópia e o original.
§ 1º. Quando se tratar de fotografia, esta terá de ser acompanhada do respectivo
negativo.
§ 2º. Se a prova for uma fotografia publicada em jornal, exigir-se-ão o original e o
negativo.
Art. 386. O juiz apreciará livremente a fé que deva merecer o documento,
quando em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão
ou cancelamento.
Art. 387. Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada
judicialmente a falsidade.
Parágrafo único. A falsidade consiste:
I - em formar documento não verdadeiro;
II - em alterar documento verdadeiro.
Art. 388. Cessa a fé do documento particular quando:
I - lhe for contestada a assinatura e enquanto não se lhe comprovar a
veracidade;
II - assinado em branco, for abusivamente preenchido.
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele, que recebeu documento
assinado, com texto não escrito no todo ou em parte, o formar ou o completar, por
si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário.
Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando:
I - se tratar de falsidade de documento, à parte que a argüir;
II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que produziu o documento.
Subseção II
Da argüição de falsidade
Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de
jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo
na contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação da sua
juntada aos autos.
Art. 391. Quando o documento for oferecido antes de encerrada a instrução, a
parte argüirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, expondo os motivos
em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado.
Art. 392. Intimada a parte, que produziu o documento, a responder no prazo de
10 (dez) dias, o juiz ordenará o exame pericial.
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Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial, se a parte, que produziu o
documento, concordar em retirá-lo e a parte contrária não se opuser ao
desentranhamento.
Art. 393. Depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade correrá em
apenso aos autos principais; no tribunal processar-se-á perante o relator,
observando-se o disposto no artigo antecedente.
Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o
processo principal.
Art. 395. A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou
autenticidade do documento.
Subseção III
Da produção da prova documental
Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (artigo 283), ou a resposta
(artigo 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.
Art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados,
ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos
autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 399. O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo ou grau de
jurisdição:
I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a
União, o Estado, o Município, ou as respectivas entidades da administração
indireta.
Parágrafo único. Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e
improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças
indicadas pelas partes ou de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição
de origem.
SEÇÃO VI
DA PROVA TESTEMUNHAL
Subseção I
Da administração e do valor da prova testemunhal
Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo
diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
I - já provados por documento ou confissão da parte;
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.
Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo
valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em
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que foram celebrados.
Art. 402. Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova
testemunhal, quando:
I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado
da parte contra quem se pretende utilizar o documento como prova;
II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova
escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou
hospedagem em hotel.
Art. 403. As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao
pagamento e à remissão da dívida.
Art. 404. É lícito à parte inocente provar com testemunhas:
I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade
declarada;
II - nos contratos em geral, os vícios do consentimento.
Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as
incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º. São incapazes:
I - o interdito por demência;
II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que
ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não
está habilitado a transmitir as percepções;
III - o menor de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes
faltam.
§ 2º. São impedidos:
I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou
colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou
afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa
ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute
necessária ao julgamento do mérito; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam
ou tenham assistido as partes.
§ 3º. São suspeitos:
I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a
sentença;
II - o que, por seus costumes, não for digno de fé;
III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo;
IV - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º. Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou
suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de
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compromisso (artigo 415) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos:
I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes
consangüíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
Subseção II
Da produção da prova testemunhal
Art. 407. Incumbe à parte, 5 (cinco) dias antes da audiência, depositar em
cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, a profissão e a residência.
Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas;
quando qualquer das partes oferecer mais de três testemunhas para a prova de
cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes.
Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte
só pode substituir a testemunha:
I - que falecer;
II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;
III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça.
Art. 409. Quando for arrolado como testemunha o juiz da causa, este:
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos, que possam influir na
decisão; caso em que será defeso à parte, que o incluiu no rol, desistir de seu
depoimento;
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
Art. 410. As testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o juiz da
causa, exceto:
I - as que prestam depoimento antecipadamente;
II - as que são inquiridas por carta;
III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilitadas de
comparecer em juízo (artigo 336, parágrafo único);
IV - as designadas no artigo seguinte.
Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função:
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Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal;
X - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa
ao agente diplomático do Brasil.
Parágrafo único. O juiz solicitará à autoridade que designe dia, hora e local a fim
de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela
parte, que arrolou como testemunha.
Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do
mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa.
Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida,
respondendo pelas despesas do adiamento.
§ 1º. A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha,
independentemente de intimação; presumindo-se, caso não compareça, que
desistiu de ouvi-la. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 2º. Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o juiz o
requisitará ao chefe de repartição ou ao comando do corpo em que servir.
§ 3º. A intimação poderá ser feita pelo correio, sob registro ou com entrega em
mão própria, quando a testemunha tiver residência certa. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as
do autor e depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o
depoimento das outras.
Art. 414. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por
inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem relações de
parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo.
§ 1º. É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o
impedimento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que lhe são
imputados, a parte poderá provar a contradita com documentos ou com
testemunhas, até três, apresentadas no ato e inquiridas em separado. Sendo
provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a testemunha, ou lhe tomará
o depoimento, observando o disposto no artigo 405, § 4º.
§ 2º. A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os
motivos de que trata o artigo 406; ouvidas as partes, o juiz decidirá de plano.
Art. 415. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer
a verdade do que souber e lhe for perguntado.
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal
quem faz a afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.
Art. 416. O juiz interrogará a testemunha sobre os fatos articulados, cabendo,
primeiro à parte, que a arrolou, e depois à parte contrária, formular perguntas
tendentes a esclarecer ou completar o depoimento.
§ 1º. As partes devem tratar as testemunhas com urbanidade, não lhes fazendo
perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias.
§ 2º. As perguntas que o juiz indeferir serão obrigatoriamente transcritas no
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termo, se a parte o requerer. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.005, de
28.06.1982)
Art. 417. O depoimento, datilografado ou registrado por taquigrafia, estenotipia
ou outro método idôneo de documentação, será assinado pelo juiz, pelo depoente
e pelos procuradores, facultando-se às partes a sua gravação.
Parágrafo único. O depoimento será passado para a versão datilográfica quando
houver recurso da sentença, ou noutros casos, quando o juiz o determinar, de
ofício ou a requerimento da parte. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 418. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da parte:
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Art. 423. O perito pode escusar-se (artigo 146), ou ser recusado por
impedimento ou suspeição (artigo 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar
procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 424. O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei nº 8.455,
de 24.08.1992)
I - carecer de conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinado. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada
tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no
processo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos
suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte
contrária.
Art. 426. Compete ao juiz:
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Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo
comum de dez dias após a apresentação do laudo, independentemente de
intimação. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de
documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de
preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz
autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor
do estabelecimento. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma,
o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em
repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a
quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou
sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.
Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico,
requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando
desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.
Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar
os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias
antes da audiência.
Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.
Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a
realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente
esclarecida.
Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a
primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a
que esta conduziu.
Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a
primeira.
Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz
apreciar livremente o valor de uma e outra.
SEÇÃO VIII
DA INSPEÇÃO JUDICIAL
Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do
processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que
interesse à decisão da causa.
Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais
peritos.
Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que
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deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou
graves dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando
esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.
Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado,
mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia.
CAPÍTULO VII
DA AUDIÊNCIA
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 444. A audiência será pública; nos casos de que trata o artigo 155, realizar-
se-á a portas fechadas.
Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:
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SEÇÃO III
DA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Art. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência,
mandando apregoar as partes e os seus respectivos advogados.
Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos
controvertidos sobre que incidirá a prova.
Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:
I - por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;
II - se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as partes, as
testemunhas ou os advogados.
§ 1º. Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência;
não o fazendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2º. Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas pela parte
cujo advogado não comparecer à audiência.
§ 3º. Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do
réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.
§ 1º. Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da
prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
convencionarem de modo diverso.
§ 2º. No caso previsto no artigo 56, o opoente sustentará as suas razões em
primeiro lugar, seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20 (vinte)
minutos.
§ 3º. Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o
debate oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará
dia e hora para o seu oferecimento.
Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia,
a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para
dia próximo.
Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a
sentença desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 457. O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o
ocorrido na audiência, bem como por extenso, os despachos e a sentença, se esta
for proferida no ato.
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§ 1º. Quando o termo for datilografado, o juiz lhe rubricará as folhas, ordenando
que sejam encadernadas em volume próprio.
§ 2º. Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o órgão do Ministério Público e
o escrivão.
§ 3º. O escrivão trasladará para os autos cópia autêntica do termo de audiência.
CAPÍTULO VIII
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
SEÇÃO I
DOS REQUISITOS E DOS EFEITOS DA SENTENÇA
Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta
do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do
processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe
submeterem.
Art. 459. O juiz proferirá sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte,
o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem
julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma concisa.
Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz
proferir sentença ilíquida.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa
da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto
diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica
condicional. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o
pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.
§ 1º. A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente.
§ 2º. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (artigo
287)
§ 3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada
ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 4º. O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do
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preceito.
§ 5º. Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas e
coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além da
requisição de força policial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo
ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a
sentença. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício
jurisdicional, só podendo alterá-la:
I - para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais,
ou lhe retificar erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
Art. 464. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 465. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação,
consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca
judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de
Registros Públicos.
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:
I - embora a condenação seja genérica;
II - pendente arresto de bens do devedor;
III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença.
SEÇÃO II
DA COISA JULGADA
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.
Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos
limites da lide e das questões decididas.
Art. 469. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte
dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a
parte o requerer (artigos 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e
constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.
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Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à
mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de
pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário,
todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.
Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já
decididas, a cujo respeito se operou a preclusão.
Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao
acolhimento como à rejeição do pedido.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - que anular o casamento;
II - proferida contra a União, o Estado e o Município;
III - que julgar improcedente a execução de dívida ativa da Fazenda Pública
(artigo 585, VI).
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos
autos ao tribunal, haja ou não apelação voluntária da parte vencida; não o
fazendo, poderá o presidente do tribunal avocá-los.
TÍTULO IX
DO PROCESSO NOS TRIBUNAIS
CAPÍTULO I
DA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
Art. 476. Compete a qualquer juiz, ao dar voto na turma, câmara, ou grupo de
câmaras, solicitar o pronunciamento prévio do tribunal acerca da interpretação do
direito quando:
I - verificar que, a seu respeito, ocorre divergência;
II - no julgamento recorrido a interpretação for diversa da que lhe haja dado outra
turma, câmara, grupo de câmaras ou câmaras cíveis reunidas.
Parágrafo único. A parte poderá, ao arrazoar o recurso ou em petição avulsa,
requerer, fundamentadamente, que o julgamento obedeça ao disposto neste
artigo.
Art. 477. Reconhecida a divergência, será lavrado o acórdão, indo os autos ao
presidente do tribunal para designar a sessão de julgamento. A secretaria
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distribuirá a todos os juízes cópia do acórdão.
Art. 478. O tribunal, reconhecendo a divergência, dará a interpretação a ser
observada, cabendo a cada juiz emitir o seu voto em exposição fundamentada.
Parágrafo único. Em qualquer caso, será ouvido o chefe do Ministério Público
que funciona perante o tribunal.
Art. 479. O julgamento, tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros que
integram o tribunal, será objeto de súmula e constituirá precedente na
uniformização da jurisprudência.
Parágrafo único. Os regimentos internos disporão sobre a publicação no órgão
oficial das súmulas de jurisprudência predominante.
CAPÍTULO II
DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
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Art. 483. A sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia no Brasil
senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. A homologação obecederá ao que dispuser o Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal.
Art. 484. A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da
homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença
nacional da mesma natureza.
CAPÍTULO IV
DA AÇÃO RESCISÓRIA
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II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a
título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada
inadmissível, ou improcedente.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao
Município e ao Ministério Público.
Art. 489. A ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda.
Art. 490. Será indeferida a petição inicial:
TÍTULO X
DOS RECURSOS
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: (Redação dada pela Lei nº 8.038,
de 28.05.1990)
I - apelação; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
II - agravo; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
III - embargos infringentes; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de
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28.05.1990)
IV - embargos de declaração; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de
28.05.1990)
V - recurso ordinário; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
VI - recurso especial; (Inciso acrescentado pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
VII - recurso extraordinário; (Inciso acrescentado pela Lei nº 8.038, de
28.05.1990)
VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.
(Inciso acrescentado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução
da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta ao andamento do
processo, ressalvado o disposto no artigo 558 desta Lei. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de
votos e julgamento unânime e forem interpostos simultaneamente embargos
infringentes e recurso extraordinário ou recurso especial, ficarão estes
sobrestados até julgamento daquele. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.038,
de 28.05.1990)
Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo Ministério Público.
§ 1º. Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu
interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial.
§ 2º. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em
que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.
Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e
observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso
interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica
subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes:
I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso
principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso
extraordinário e no recurso especial; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038,
de 28.05.1990)
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele
declarado inadmissível ou deserto.
Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso
independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no
tribunal superior.
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso.
Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra
parte.
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Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão,
não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de
um ato incompatível com a vontade de recorrer.
Art. 504. Dos despachos de mero expediente não cabe recurso.
Art. 505. A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte.
Art. 506. O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os casos o
disposto no artigo 184 e seus parágrafos, contar-se-á da data:
I - da leitura da sentença em audiência;
II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência;
III - da publicação da súmula do acórdão no órgão oficial.
Parágrafo único. No prazo para a interposição do recurso, a petição será
protocolada em cartório ou segundo a norma de organização judiciária, ressalvado
o disposto no artigo 24. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o
falecimento da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que
suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do
herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da
intimação.
Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no
recurso especial, extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para
interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 6.314, de 16.12.1975)
Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um
devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem
comuns.
Art. 510. Transitado em julgado o acórdão, o escrivão, ou secretário,
independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de
origem, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando
exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de
remessa e de retorno, sob pena de deserção. (NR)
§ 1º. São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público,
pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.
§ 2º. A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente,
intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
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Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão
recorrida no que tiver sido objeto de recurso.
CAPÍTULO II
DA APELAÇÃO
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V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Inciso acrescentado
pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no
processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde
logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.
CAPÍTULO III
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias,
retido nos autos ou por instrumento.
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal
dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação.
§ 1º. Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas
razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal.
§ 2º. Interposto o agravo, o juiz poderá reformar sua decisão, após ouvida a parte
contrária, em 5 (cinco) dias.
§ 3º. Das decisões interlocutórias proferidas em audiência admitir-se-á
interposição oral do agravo retido, a constar do respectivo termo, expostas
sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão.
§ 4º. Será sempre retido o agravo das decisões posteriores à sentença, salvo
caso de inadmissão da apelação. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal
competente, através de petição com os seguintes requisitos:
I - a exposição do fato e do direito;
II - as razões do pedido de reforma da decisão;
III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir
de 30.01.1996)
Art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado;
II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis.
§ 1º. Acompanhará a petição o comprovante de pagamento das respectivas
custas e do porte de retorno, quando devidos, coforme tabela que será publicada
pelos tribunais.
§ 2º. No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no
correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra
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forma prevista na lei local. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 526. O agravante, no prazo de três dias, requererá juntada, aos autos do
processo, de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua
interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir
de 30.01.1996)
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti,
se não for caso de indeferimento liminar (artigo 557), o relator:
I - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de
10 (dez) dias;
II - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (artigo 558), comunicando ao juiz
tal decisão;
III - intimará o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu
advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo
de 10 (dez) dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender
convenientes; nas comarcas sede de tribunal, a intimação far-se-á pelo órgão
oficial;
IV - ultimadas as providências dos incisos anteriores, mandará ouvir o Ministério
Público, se for o caso, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Na sua resposta, o agravado observará o disposto no § 2º do
artigo 525. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com
vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 528. Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o
relator pedirá dia para julgamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 529. Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator
considerará prejudicado o agravo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
CAPÍTULO IV
DOS EMBARGOS INFRINGENTES
Art. 530. Cabem embargos infringentes quando não for unânime o julgado
proferido em apelação e em ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os
embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.
Art. 531. Compete ao relator do acórdão embargado apreciar a admissibilidade
do recurso. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 532. Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo, em cinco dias,
para o órgão competente para o julgamento do recurso. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 533. Admitidos os embargos, proceder-se-á ao sorteio de novo relator.
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Parágrafo único. A escolha do relator recairá, quando possível, em juiz que não
haja participado do julgamento da apelação ou da ação rescisória. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 534. Sorteado o relator e independentemente de despacho, a secretaria
abrirá vista ao embargado para a impugnação.
Parágrafo único. Impugnados os embargos, serão os autos conclusos ao relator
e ao revisor pelo prazo de 15 (quinze) dias para cada um, seguindo-se o
julgamento.
CAPÍTULO V
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
SEÇÃO I
DOS RECURSOS ORDINÁRIOS
Art. 539. Serão julgados em recurso ordinário:
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Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão;
b) as causas em forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das
decisões interlocutórias. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de
13.12.1994)
Art. 540. Aos recursos mencionados no artigo anterior aplica-se, quanto aos
requisitos de admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, o disposto
nos Capítulos II e III deste Título, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e
no Superior Tribunal de Justiça, o disposto nos seus Regimentos Internos.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994))
SEÇÃO II
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E DO RECURSO ESPECIAL
Art. 541. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na
Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente
do tribunal recorrido, em petições distintas, que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida;
Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o
recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia autenticada ou
pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado em que tiver
sido publicada a decisão divergente, mencionando as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. (Artigo revogado pela Lei nº
8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal e aí protocolada, será
intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contra-razões.
§ 1º. Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do
recurso, no prazo de quinze dias, em decisão fundamentada.
§ 2º. Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo.
(Artigo revogado pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950,
de 13.12.1994)
§ 3º. O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra
decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à
execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte,
no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-
razões. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU
18.12.1998)
Art. 543. Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior
Tribunal de Justiça.
§ 1º. Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao
Supremo Tribunal Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se este não
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estiver prejudicado.
§ 2º. Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso
extraordinário é prejudicial àquele, em decisão irrecorrível, sobrestará o seu
julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, par o julgamento do
recurso extraordinário.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em
decisão irrecorrível, não considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior
Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial. (Artigo revogado pela
Lei nº 8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá
agravo de instrumento, no prazo de dez dias, para o Supremo Tribunal Federal ou
para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.
§ 1º. O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas
partes, devendo constar, obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópia
do acórdão recorrido, da petição de interposição do recurso denegado, das contra-
razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
§ 2º. Distribuído e processado o agravo na forma regimental, o relator proferirá
decisão.
§ 3º. Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula
ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo
para dar provimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento
contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua
conversão, observando-se, daí por diante, o procedimento relativo ao recurso
especial. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998,
DOU 18.12.1998)
§ 4º. O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao agravo de
instrumento contra denegação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma
causa, houver recurso especial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar.
(Artigo revogado pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950,
de 13.12.1994)
Art. 545. Da decisão do relator que não admitir o agravo de instrumento, negar-
lhe provimento ou reformar o acórdão recorrido, caberá agravo no prazo de cinco
dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, observado o disposto
nos §§ 1º e 2º do artigo 557. (NR) (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Art. 546. É embargável a decisão de turma que:
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DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL
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Art. 555. O julgamento da turma ou câmara será tomado pelo voto de três juízes,
seguindo-se ao do relator o do revisor e o do terceiro juiz.
Parágrafo único. É facultado a qualquer juiz, que tiver assento na turma ou
câmara, pedir vista, por uma sessão, se não estiver habilitado a proferir
imediatamente o seu voto.
Art. 556. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento,
designando para redigir o acórdão o relator, ou, se este for vencido, o autor do
primeiro voto vencedor.
Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,
improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior. (NR)
§ 1º-A. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou
com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso.
§ 1º. Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente
para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o
processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento.
(NR)
§ 2º. Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal
condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do
valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso
condicionada ao depósito do respectivo valor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão
civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea
e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação,
sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o
pronunciamento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139,
de 30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo às hipóteses do artigo 520.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir
de 30.01.1996)
Art. 559. A apelação não será incluída em pauta antes do agravo de instrumento
interposto no mesmo processo.
Parágrafo único. Se ambos os recursos houverem de ser julgados na mesma
sessão, terá precedência o agravo.
Art. 560. Qualquer questão preliminar suscitada no julgamento será decidida
antes do mérito, deste não se conhecendo se incompatível com a decisão
daquela.
Parágrafo único. Versando a preliminar sobre nulidade suprível, o tribunal,
havendo necessidade, converterá o julgamento em diligência, ordenando a
remessa dos autos ao juiz, a fim de ser sanado o vício. (Redação dada ao
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parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 561. Rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a apreciação do
mérito, seguir-se-ão a discussão e julgamento da matéria principal, pronunciando-
se sobre esta os juízes vencidos na preliminar.
Art. 562. Preferirá aos demais o recurso cujo julgamento tenha sido iniciado.
Art. 563. Todo acórdão conterá ementa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.950, de 13.12.1994))
Art. 564. Lavrado o acórdão, serão as suas conclusões publicadas no órgão
oficial dentro de 10 (dez) dias.
Art. 565. Desejando proferir sustentação oral, poderão os advogados requerer
que na sessão imediata seja o feito julgado em primeiro lugar, sem prejuízo das
preferências legais.
Parágrafo único. Se tiverem subscrito o requerimento os advogados de todos os
interessados, a preferência será concedida para a própria sessão.
LIVRO II
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
TÍTULO I
DA EXECUÇÃO EM GERAL
CAPÍTULO I
DAS PARTES
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V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria.
Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas
algumas medidas executivas.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões
processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios;
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Art. 570. O devedor pode requerer ao juiz que mande citar o credor a receber em
juízo o que lhe cabe conforme o título executivo judicial, neste caso, o devedor
assume, no processo, posição idêntica à do exeqüente.
Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este
será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias,
se outro prazo não lhe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.
§ 1º. Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo
marcado.
§ 2º. Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da
execução.
Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita à condição ou termo, o
credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou
que ocorreu o termo.
Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias
execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas
seja competente o juiz e idêntica a forma do processo.
Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a
sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a
obrigação, que deu lugar à execução.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA
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Art. 578. A execução fiscal (artigo 585, VI) será proposta no foro do domicílio do
réu; se não o tiver, no de sua residência ou do lugar onde for encontrado.
Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro
de qualquer um dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de qualquer
dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que
se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais
resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se
originar.
Art. 579. Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego da
força policial, o juiz a requisitará.
CAPÍTULO III
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER
EXECUÇÃO
SEÇÃO I
DO INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR
Art. 580. Verificado o inadimplemento do devedor, cabe ao credor promover a
execução.
Parágrafo único. Considera-se inadimplente o devedor que não satisfaz
espontaneamente o direito reconhecido pela sentença, ou a obrigação, a que a lei
atribuir a eficácia de título executivo.
Art. 581. O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o
devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o recebimento da prestação,
estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à
obrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o
direito de embargá-la.
Art. 582. Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de
cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá à
execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios
considerados idôneos pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo
credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.
Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação,
depositando em juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a
execução, não permitindo que o credor a receba, sem cumprir a contraprestação,
que lhe tocar.
SEÇÃO II
DO TÍTULO EXECUTIVO
Art. 583. Toda execução tem por base título executivo judicial ou extrajudicial.
Art. 584. São títulos executivos judiciais:
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II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
III - a sentença arbitral e a sentença homologatória de transação ou de
conciliação; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
IV - a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal;
V - o formal e a certidão de partilha.
Parágrafo único. Os títulos a que se refere o nº V deste artigo têm força
executiva exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título universal ou singular.
Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
II - a escritura pública ou outro documento público, assinado pelo devedor; o
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública ou pelos advogados dos transatores; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
III - os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de
seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973);
IV - o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem
como encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;
V - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor,
quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão
judicial;
VI - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito
Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da
lei;
VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
§ 1º. A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
§ 2º. Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para
serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país
estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de
formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o
lugar de cumprimento da obrigação.
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título
líquido, certo e exigível.
§ 1º. Quando o título executivo for sentença, que contenha condenação genérica,
proceder-se-á primeiro à sua liquidação.
§ 2º. Quando na sentença há uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito
promover simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta.
Art. 587. A execução é definitiva, quando fundada em sentença transitada em
julgado ou em título extrajudicial; é provisória, quando a sentença for impugnada
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mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo.
Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a
definitiva, observados os seguintes princípios:
I - corre por conta e responsabilidade do credor, que prestará caução, obrigando-
se a reparar os danos causados ao devedor;
II - não abrange os atos que importem alienação do domínio, nem permite, sem
caução idônea, o levantamento de depósito em dinheiro;
III - fica sem efeito, sobrevindo sentença que modifique ou anule a que foi objeto
da execução, restituindo-se as coisas no estado anterior.
Parágrafo único. No caso do nº III, deste artigo, se a sentença provisoriamente
executada for modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará
sem efeito a execução.
Art. 589. A execução definitiva far-se-á nos autos principais; a execução
provisória, nos autos suplementares, onde os houver, ou por carta de sentença,
extraída do processo pelo escrivão e assinada pelo juiz.
Art. 590. São requisitos da carta de sentença:
I - autuação;
II - petição inicial e procuração das partes;
III - contestação;
IV - sentença exeqüenda;
V - despacho do recebimento do recurso.
Parágrafo único. Se houve habilitação, a carta conterá a sentença que a julgou.
CAPÍTULO IV
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
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pertencente ao devedor, não poderá promover a execução sobre outros bens
senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.
Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e
desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à
execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos
autos do mesmo processo.
Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da
sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento
da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.
§ 1º. Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da
sociedade, sitos na mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem
para pagar o débito.
§ 2º. Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no parágrafo único do artigo
anterior.
Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada
herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança lhe coube.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
I - fraude a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
IV - não indica ao juiz onde se encontram os bens sujeitos à execução.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa
fixada pelo juiz, em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do
débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual que
reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais
praticar qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que
responda ao credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários
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advocatícios.
Art. 602. Toda vez que a indenização por ato ilícito incluir prestação de
alimentos, o juiz, quanto a esta parte, condenará o devedor a constituir um capital,
cuja renda assegure o seu cabal cumprimento.
§ 1º. Este capital, representado por imóveis ou por títulos da dívida pública, será
inalienável e impenhorável:
I - durante a vida da vítima;
II - falecendo a vítima em conseqüência de ato ilícito, enquanto durar a obrigação
do devedor.
§ 2º. O juiz poderá substituir a constituição do capital por caução fideijussória,
que será prestada na forma do artigo 829 e segs.
§ 3º. Se, fixada a prestação de alimentos, sobrevier modificação nas condições
econômicas, poderá a parte pedir ao juiz, conforme as circunstâncias, redução ou
aumento do encargo.
§ 4º. Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará, conforme o
caso, cancelar a cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade ou exonerar da
caução o devedor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO VI
DA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA
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condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
Art. 609. Observar-se-á, na liquidação por artigos, o procedimento comum
regulado no Livro I deste código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.898, de
29.06.1994)
Art. 610. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença
que a julgou.
Art. 611. Julgada a liquidação, a parte promoverá a execução, citando
pessoalmente o devedor.
TÍTULO II
DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
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indeferida.
Art. 617. A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição,
mas a citação do devedor deve ser feita com observância do disposto no artigo
219.
Art. 618. É nula a execução:
SEÇÃO I
DA ENTREGA DE COISA CERTA
Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título
executivo, será citado para, dentro de dez dias, satisfazer a obrigação, ou, seguro
o juízo, (artigo 737, II), apresentar embargos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
Art. 622. O devedor poderá depositar a coisa, em vez de entregá-la, quando
quiser opor embargos (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 623. Depositada a coisa, o exeqüente não poderá levantá-la antes do
julgamento dos embargos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)
Art. 624. Se o devedor entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-
á por finda a execução, salvo se esta, de acordo com a sentença, tiver de
prosseguir para o pagamento de frutos e ressarcimento de perdas e danos.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 625. Não sendo a coisa entregue ou depositada, nem admitidos embargos
suspensivos da execução, expedir-se-á, em favor do credor, mandado de imissão
na posse ou de busca e apreensão, conforme se tratar de imóvel ou de móvel.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 626. Alienada a coisa quando já litigiosa, expedir-se-á mandado contra o
terceiro adquirente, que somente será ouvido depois de depositá-la.
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Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da
coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não
for reclamada do poder de terceiro adquirente.
§ 1º. Não constando da sentença o valor da coisa, ou sendo impossível a sua
avaliação, o credor far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial.
§ 2º. O valor da coisa e as perdas e danos serão apurados em liquidação de
sentença.
Art. 628. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por
terceiros, de cujo poder houver sido tirado, a liquidação prévia é obrigatória. Se
houver saldo em favor do devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da
coisa; se houver saldo em favor do credor, este poderá cobrá-lo nos autos do
mesmo processo.
SEÇÃO II
DA ENTREGA DA COISA INCERTA
Art. 629. Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e
quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber
a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial.
Art. 630. Qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a
escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.
Art. 631. Aplicar-se-á à execução para entrega de coisa incerta o estatuído na
seção anterior.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER
SEÇÃO I
DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será
citado para sartisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se outro não estiver
determinado no título executivo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)
Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao
credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa
do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em
indenização.
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação,
seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.
Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiros, é lícito ao juiz, a
requerimento do credor, decidir que aquele o realize à custa do devedor.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
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§ 1º. O juiz nomeará um perito que avaliará o custo da prestação do fato,
mandando em seguida expedir edital de concorrência pública, com o prazo
máximo de 30 (trinta) dias. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
§ 2º. As propostas serão acompanhadas de prova do depósito da importância,
que o juiz estabelecerá a título de caução.
§ 3º. No dia, lugar e hora designada, abertas as propostas, escolherá o juiz a
mais vantajosa.
§ 4º. Se o credor não exercer a preferência a que se refere o artigo 637, o
concorrente, cuja proposta foi aceita, obrigar-se-á, dentro de 5 (cinco) dias, por
termo nos autos, a prestar o fato sob pena de perder a quantia caucionada.
§ 5º. Ao assinar o termo o contratante fará nova caução de 25% (vinte e cinco
por cento) sobre o valor do contrato.
§ 6º. No caso de descumprimento da obrigação assumida pelo concorrente ou
pelo contratante, a caução, referida nos §§ 4º e 5º, reverterá em benefício do
credor.
§ 7º. O credor adiantará ao contratante as quantias estabelecidas na proposta
aceita. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não
havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá
a impugnação.
Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo
incompleto ou defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez)
dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante.
Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará
avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.
Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e
vigilância, as obras e trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência,
em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.
Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco)
dias, contados da escolha da proposta, a que alude o artigo 634, § 3º.
Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a
faça pessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para
cumpri-la.
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do
devedor converter-se-á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no
artigo 633.
Art. 639. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a
obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá
obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado.
Art. 640. Tratando-se de contrato, que tenha por objeto a transferência da
propriedade de coisa determinada, ou de outro direito, a ação não será acolhida
se a parte, que a intentou, não cumprir a sua prestação, nem oferecer, nos casos
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e formas legais, salvo se ainda não exigível.
Art. 641. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma
vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
SEÇÃO II
DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei
ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo.
Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que
mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos.
Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se
em perdas e danos.
SEÇÃO III
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES PRECEDENTES
Art. 644. Na execução em que o credor pedir o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer, determinada em título judicial, o juiz, se omissa a sentença,
fixará multa por dia de atraso e a data a partir da qual ela será devida.
Parágrafo único. O valor da multa poderá ser modificado pelo juiz da execução,
verificado que se tornou insuficiente ou excessivo. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título
extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no
cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá
reduzi-lo, se excessivo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
CAPÍTULO IV
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR
SOLVENTE
SEÇÃO I
DA PENHORA, DA AVALIAÇÃO E DA ARREMATAÇÃO
Subseção I
Das disposições gerais
Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do
devedor, a fim de satisfazer o direito do credor (artigo 591).
Art. 647. A expropriação consiste:
I - na alienação de bens do devedor;
II - na adjudicação em favor do credor;
III - no usufruto de imóvel ou de empresa.
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Art. 648. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera
impenhoráveis ou inalienáveis.
Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - as provisões de alimento e de combustível, necessárias à manutenção do
devedor e de sua família durante 1 (um) mês;
III - o anel nupcial e os retratos da família;
IV - os vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionários
públicos, o soldo e os salários, salvo para pagamento de prestação alimentícia;
V - os equipamentos dos militares;
VI - os livros, as máquinas, os utensílios e os instrumentos, necessários ou úteis
ao exercício de qualquer profissão;
VII - as pensões, as tenças ou os montepios, percebidos dos cofres públicos, ou
de institutos de previdência, bem como os provenientes de liberalidade de terceiro,
quando destinados ao sustento do devedor ou da sua família;
VIII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem
penhoradas;
IX - o seguro de vida;
X - o imóvel rural, até um módulo, desde que este seja o único de que disponha
o devedor, ressalvada a hipoteca para fins de financiamento agropecuário. (Inciso
acrescentado pela Lei nº 7.513, de 09.07.1986)
Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens:
I - os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a
alimentos de incapazes, bem como de mulher viúva, solteira, desquitada, ou de
pessoas idosas;
II - as imagens e os objetos do culto religioso, sendo de grande valor.
Art. 651. Antes de arrematados ou adjudicados os bens, pode o devedor, a todo
tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância da dívida, mais
juros, custas e honorários advocatícios.
Subseção II
Da citação do devedor e da nomeação de bens
Art. 652. O devedor será citado para, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
pagar ou nomear bens à penhora.
§ 1º. O oficial de justiça certificará, no mandado, a hora da citação.
§ 2º. Se não localizar o devedor, o oficial certificará cumpridamente as diligências
realizadas para encontrá-lo.
Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos
bens quantos bastem para garantir a execução.
Parágrafo único. Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de
justiça procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando,
certificará o ocorrido.
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Art. 654. Compete ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que
foi intimado do arresto a que se refere o parágrafo único do artigo anterior,
requerer a citação por edital do devedor. Findo o prazo do edital, terá o devedor o
prazo a que se refere o artigo 652, convertendo-se o arresto em penhora em caso
de não-pagamento.
Art. 655. Incumbe ao devedor, ao fazer a nomeação de bens, observar a
seguinte ordem:
I - dinheiro;
II - pedras e metais preciosos;
III - títulos da dívida pública da União ou dos Estados;
IV - títulos de crédito, que tenham cotação em bolsa;
V - móveis;
VI - veículos;
VII - semoventes;
VIII - imóveis;
IX - navios e aeronaves;
X - direitos e ações.
§ 1º. Incumbe também ao devedor:
I - quanto aos bens imóveis, indicar-lhes as transcrições aquisitivas, situá-los e
mencionar as divisas e confrontações;
II - quanto aos móveis, particularizar-lhes o estado e o lugar em que se
encontram;
III - quanto aos semoventes, especificá-los, indicando o número de cabeças e o
imóvel em que se acham;
IV - quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a
origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento;
V - atribuir valor aos bens nomeados à penhora. (Inciso acrescentado pela Lei nº
8.953, de 13.12.1994)
§ 2º. Na execução do crédito pignoratício, anticrético ou hipotecário, a penhora,
independentemente de nomeação, recairá sobre a coisa dada em garantia.
Art. 656. Ter-se-á por ineficaz a nomeação, salvo convindo o credor:
I - se não obedecer à ordem legal;
II - se não versar sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o
pagamento;
III - se, havendo bens no foro da execução, outros hajam sido nomeados;
IV - se o devedor, tendo bens livres e desembargados, nomear outros que o não
sejam;
V - se os bens nomeados forem insuficientes para garantir a execução;
VI - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações
a que se referem os nºs. I a IV do § 1º do artigo anterior.
Parágrafo único. Aceita a nomeação, cumpre ao devedor, dentro de prazo
razoável assinado pelo juiz, exibir a prova de propriedade dos bens e, quando for
o caso, a certidão negativa de ônus.
Art. 657. Cumprida a exigência do artigo antecedente, a nomeação será
reduzida a termo, havendo-se por penhorados os bens; em caso contrário,
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devolver-se-á ao credor o direito à nomeação.
Parágrafo único. O juiz decidirá de plano as dúvidas suscitadas pela nomeação.
Art. 658. Se o devedor não tiver bens no foro da causa, far-se-á a execução por
carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação
(artigo 747).
Subseção III
Da penhora e do depósito
Art. 659. Se o devedor não pagar, nem fizer nomeação válida, o oficial de justiça
penhorar-lhe-á tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros,
custas e honorários advocatícios.
§ 1º. Efetuar-se-á penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que em
repartição pública; caso em que precederá requisição do juiz ao respectivo chefe.
§ 2º. Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar
quaisquer bens penhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a
residência ou o estabelecimento do devedor.
§ 4º. A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de
penhora, e inscrição no respectivo registro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.953, de 13.12.1994)
Art. 660. Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos
bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de
arrombamento.
Art. 661. Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de
justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde
presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que
será assinado por duas testemunhas, presentes à diligência.
Art. 662. Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar
os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem.
Art. 663. Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto de resistência,
entregando uma via ao escrivão do processo para ser junta aos autos e a outra à
autoridade policial, a quem entregarão o preso.
Parágrafo único. Do auto de resistência constará o rol de testemunhas, com a
sua qualificação.
Art. 664. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos
bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.
Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, lavrar-se-á para cada qual um
auto.
Art. 665. O auto de penhora conterá:
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I - a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;
II - os nomes do credor e do devedor;
III - a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;
IV - a nomeação do depositário dos bens.
Art. 666. Se o credor não concordar em que fique como depositário o devedor,
depositar-se-ão:
I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em um banco, de que o
Estado-membro da União possua mais de metade do capital social integralizado;
ou, em falta de tais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em
qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro,
as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito;
II - em poder do depositário judicial, os móveis e os imóveis urbanos;
III - em mãos de depositário particular, os demais bens, na forma prescrita na
Subseção V deste Capítulo.
Art. 667. Não se procede à segunda penhora, salvo se:
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documento, esteja ou não em poder do devedor.
§ 1º. Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será
havido como depositário da importância.
§ 2º. O terceiro só se exonerará da obrigação, depositando em juízo a
importância da dívida.
§ 3º. Se o terceiro negar o débito em conluio com o devedor, a quitação, que este
lhe der, considerar-se-á em fraude de execução.
§ 4º. A requerimento do credor, o juiz determinará o comparecimento, em
audiência especialmente designada, do devedor e do terceiro, a fim de lhes tomar
os depoimentos.
Art. 673. Feita a penhora em direito e ação do devedor, e não tendo este
oferecido embargos, ou sendo estes rejeitados, o credor fica sub-rogado nos
direitos do devedor até a concorrência do seu crédito.
§ 1º. O credor pode preferir, em vez da sub-rogação, a alienação judicial do
direito penhorado, caso em que declarará a sua vontade no prazo de 10 (dez) dias
contados da realização da penhora.
§ 2º. A sub-rogação não impede ao sub-rogado, se não receber o crédito do
devedor, de prosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens
do devedor.
Art. 674. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, averbar-se-á no
rosto dos autos a penhora, que recair nele e na ação que lhe corresponder, a fim
de se efetivar nos bens, que forem adjudicados ou vierem a caber ao devedor.
Art. 675. Quando a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a
rendas, ou de prestações periódicas, o credor poderá levantar os juros, os
rendimentos ou as prestações à medida que forem sendo depositadas, abatendo-
se do crédito as importâncias recebidas, conforme as regras da imputação em
pagamento.
Art. 676. Recaindo a penhora sobre direito, que tenha por objeto prestação ou
restituição de coisa determinada, o devedor será intimado para, no vencimento,
depositá-la, correndo sobre ela a execução.
Subseção V
Da penhora, do depósito e da administração da empresa de outros
estabelecimentos
Art. 677. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou
agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifício em construção, o juiz
nomeará um depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias a
forma de administração.
§ 1º. Ouvidas as partes, o juiz decidirá.
§ 2º. É lícito, porém, às partes ajustarem a forma de administração, escolhendo o
depositário; caso em que o juiz homologará por despacho a indicação.
Art. 678. A penhora de empresa, que funcione mediante concessão ou
autorização, far-se-á conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre
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determinados bens, ou sobre todo o patrimônio, nomeando o juiz como
depositário, de preferência, um dos seus diretores.
Parágrafo único. Quando a penhora recair sobre a renda, ou sobre determinados
bens, o depositário apresentará a forma de administração e o esquema de
pagamento observando-se, quanto ao mais, o disposto nos artigos 716 a 720;
recaindo, porém, sobre todo o patrimônio, prosseguirá a execução os seus
ulteriores termos, ouvindo-se, antes da arrematação ou da adjudicação, o poder
público, que houver outorgado a concessão.
Art. 679. A penhora sobre navio ou aeronave não obsta a que continue
navegando ou operando até a alienação; mas o juiz, ao conceder a autorização
para navegar ou operar, não permitirá que saia do porto ou aeroporto antes que o
devedor faça o seguro usual contra riscos.
Subseção VI
Da avaliação
Art. 680. Prosseguindo a execução, e não configurada qualquer das hipóteses
do artigo 684, o juiz nomeará um perito para estimar os bens penhorados, se não
houver, na comarca, avaliador oficial, ressalvada a existência de avaliação anterior
(artigo 655, § 1º, V). (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 681. O laudo do avaliador, que será apresentado em 10 (dez) dias, conterá:
I - a descrição dos bens, com os seus característicos, e a indicação do estado
em que se encontram;
II - o valor dos bens;
Parágrafo único. Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o perito,
tendo em conta o crédito reclamado, o avaliará em suas partes, sugerindo os
possíveis desmembramentos.
Art. 682. O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos
títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada
por certidão ou publicação no órgão oficial.
Art. 683. Não se repetirá a avaliação, salvo quando:
I - se provar erro ou dolo do avaliador;
II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve diminuição do valor dos
bens.
III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (artigo 655, § 1º, V).
(Inciso acrescentado pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 684. Não se procederá à avaliação se:
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I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que bastem
à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito
do exeqüente e acessórios;
II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor
dos penhorados for inferior ao referido crédito.
Parágrafo único. Uma vez cumpridas essas providências, o juiz mandará publicar
os editais de praça.
Subseção VII
Da arrematação
Art. 686. A arrematação será precedida de edital, que conterá:
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de recepção, ou por outro meio idôneo, do dia, hora e local da alienação judicial.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 688. Não se realizando, por motivo justo, a praça ou o leilão, o juiz mandará
publicar pela imprensa local e no órgão oficial a transferência.
Parágrafo único. O escrivão, o porteiro ou o leiloeiro, que culposamente der
causa à transferência, responde pelas despesas da nova publicação, podendo o
juiz aplicar-lhe a pena de suspensão por 5 (cinco) a 30 (trinta) dias.
Art. 689. Sobrevindo a noite, prosseguirá a praça ou o leilão no dia útil imediato,
à mesma hora em que teve início, independentemente de novo edital.
Art. 690. A arrematação far-se-á com dinheiro à vista, ou a prazo de 3 (três) dias,
mediante caução idônea.
§ 1º. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus
bens.
Excetuam-se:
I - os tutores, os curadores, os testamenteiros, os administradores, os síndicos,
ou liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e responsabilidade;
II - os mandatários, quanto aos bens, de cuja administração ou alienação
estejam encarregados;
III - o juiz, o escrivão, o depositário, o avaliador e o oficial de justiça.
§ 2º. O credor, que arrematar os bens, não está obrigado a exibir o preço; mas
se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro em 3 (três) dias, a
diferença, sob pena de desfazer-se a arrematação; caso em que os bens serão
levados à praça ou ao leilão à custa do credor.
Art. 691. Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um
lançador, será preferido aquele que se propuser a arrematá-los englobadamente,
oferecendo para os que não tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os
demais o de maior lanço.
Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço
vil.
Parágrafo único. Será suspensa a arrematação, logo que o produto da alienação
dos bens bastar para o pagamento do credor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
Art. 693. A arrematação constará de auto, que será lavrado 24 (vinte e quatro)
horas depois de realizada a praça ou o leilão.
Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo escrivão, pelo arrematante e pelo
porteiro ou pelo leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e
irretratável.
Parágrafo único. Poderá, no entanto, desfazer-se:
I - por vício de nulidade;
II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução;
III - quando o arrematante provar, nos 3 (três) dias seguintes, a existência de
ônus real não mencionado no edital;
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IV - nos casos previstos neste Código (artigos 698 e 699).
Art. 695. Se o arrematante ou o seu fiador não pagar dentro de 3 (três) dias o
preço, o juiz impor-lhe-á, em favor do exeqüente, a multa de 20% (vinte por cento)
calculada sobre o lanço.
§ 1º. Não preferindo o credor que os bens voltem a nova praça ou leilão, poderá
cobrar ao arrematante e ao seu fiador o preço da arrematação e a multa, valendo
a decisão como título executivo.
§ 2º. O credor manifestará a opção, a que se refere o parágrafo antecedente,
dentro em 10 (dez) dias, contados da verificação da mora.
§ 3º. Não serão admitidos a lançar em nova praça ou leilão o arrematante e o
fiador remissos.
Art. 696. O fiador do arrematante, que pagar o valor do lanço e a multa, poderá
requerer que a arrematação lhe seja transferida.
Art. 697. Quando a penhora recair sobre imóvel, far-se-á alienação em praça.
Art. 698. Não se efetuará a praça de imóvel hipotecado ou emprazado, sem que
seja intimado, com 10 (dez) dias pelo menos de antecedência, o credor
hipotecário ou o senhorio direto, que não seja de qualquer modo parte na
execução.
Art. 699. Na execução de hipoteca de vias férreas, não se passará carta ao
maior lançador, nem ao credor adjudicatário, antes de intimar o representante da
Fazenda Nacional, ou do Estado, a que tocar a preferência, para, dentro de 30
(trinta) dias, usá-la se quiser, pagando o preço da arrematação ou da adjudicação.
Art. 700. Poderá o juiz, ouvidas as partes e sem prejuízo da expedição dos
editais, atribuir a corretor de imóveis inscrito na entidade oficial da classe a
intermediação na alienação do imóvel penhorado. Quem estiver interessado em
arrematar o imóvel sem o pagamento imediato da totalidade do preço poderá, até
5 (cinco) dias antes da realização da praça, fazer por escrito o seu lanço, não
inferior à avaliação, propondo pelo menos 40% (quarenta por cento) à vista e o
restante a prazo, garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. (Redação dada ao
"caput" e seus §§ pela Lei nº 6.851/80).
§ 1º. A proposta indicará o prazo, a modalidade e as condições de pagamento do
saldo.
§ 2º. Se as partes concordarem com a proposta, o juiz a homologará, mandando
suspender a praça, e correndo a comissão do mediador, que não poderá exceder
de 5% (cinco por cento) sobre o valor da alienação, por conta do proponente.
§ 3º. Depositada, no prazo que o juiz fixar, a parcela inicial, será expedida a carta
de arrematação (artigo 703), contendo os termos da proposta e a decisão do juiz,
servindo a carta de título para o registro hipotecário. Não depositada a parcela
inicial, o juiz imporá ao proponente, em favor do exeqüente, multa igual a 20%
(vinte por cento) sobre a proposta, valendo a decisão como título executivo.
Art. 701. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80%
(oitenta por cento) do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e
administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a
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1 (um) ano.
§ 1º. Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução
idônea, o preço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em praça.
§ 2º. Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz lhe imporá a multa de
20% (vinte por cento) sobre o valor da avaliação, em benefício do incapaz,
valendo a decisão como título executivo.
§ 3º. Sem prejuízo do disposto nos dois parágrafos antecedentes, o juiz poderá
autorizar a locação do imóvel no prazo do adiamento.
§ 4º. Findo o prazo do adiamento, o imóvel será alienado, na forma prevista no
artigo 686, VI.
Art. 702. Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a requerimento do
devedor, ordenará a alienação judicial de parte dele, desde que suficiente para
pagar o credor.
Parágrafo único. Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em sua
integridade.
Art. 703. A carta de arrematação conterá:
I - a descrição do imóvel, constante do título, ou, à sua falta, da avaliação;
II - a prova de quitação dos impostos;
III - o auto de arrematação;
IV - o título executivo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 704. Ressalvados os casos de atribuição de corretores da Bolsa de Valores
e o previsto no artigo 700, todos os demais bens penhorados serão alienados em
leilão público.
Art. 705. Cumpre ao leiloeiro:
I - publicar o edital, anunciando a alienação;
II - realizar o leilão onde se encontrem os bens, ou no lugar designado pelo juiz;
III - expor aos pretendentes os bens ou as amostras das mercadorias;
IV - receber do arrematante a comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo
juiz;
V - receber e depositar, dentro em 24 (vinte e quatro) horas, à ordem do juiz, o
produto da alienação;
VI - prestar contas nas 48 (quarenta e oito) horas subseqüentes ao depósito.
Art. 706. O leiloeiro público será livremente escolhido pelo credor.
Art. 707. Efetuado o leilão, lavrar-se-á o auto, expedindo-se a carta de
arrematação.
SEÇÃO II
DO PAGAMENTO AO CREDOR
Subseção I
Das disposições gerais
Art. 708. O pagamento ao credor far-se-á:
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I - pela entrega do dinheiro;
II - pela adjudicação dos bens penhorados;
III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.
Subseção II
Da entrega do dinheiro
Art. 709. O juiz autorizará que o credor levante, até a satisfação integral de seu
crédito, o dinheiro depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens
alienados quando:
I - a execução for movida só a benefício do credor singular, a quem, por força da
penhora, cabe o direito de preferência sobre os bens penhorados e alienados;
II - não houver sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou preferência,
instituído anteriormente à penhora.
Parágrafo único. Ao receber o mandado de levantamento, o credor dará ao
devedor, por termo nos autos, quitação da quantia paga.
Art. 710. Estando o credor pago do principal, juros, custas e honorários, a
importância que sobejar será restituída ao devedor.
Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e
entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à
preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução,
cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada
a anterioridade de cada penhora.
Art. 712. Os credores formularão as suas pretensões, requerendo as provas que
irão produzir em audiência; mas a disputa entre eles versará unicamente sobre o
direito de preferência e a anterioridade da penhora.
Art. 713. Findo o debate, o juiz proferirá a sentença.
Subseção III
Da adjudicação de imóvel
Art. 714. Finda a praça sem lançador, é lícito ao credor, oferecendo preço não
inferior ao que consta do edital, requerer lhe sejam adjudicados os bens
penhorados.
§ 1º. Idêntico direito pode ser exercido pelo credor hipotecário e pelos credores
concorrentes, que penhorarem o mesmo imóvel.
§ 2º. Havendo mais de um pretendente pelo mesmo preço, proceder-se-á entre
eles à licitação; se nenhum deles oferecer maior quantia, o credor hipotecário
preferirá ao exeqüente e aos credores concorrentes.
Art. 715. Havendo um só pretendente, a adjudicação reputa-se perfeita e
acabada com a assinatura do auto e independentemente de sentença, expedindo-
se a respectiva carta com observância dos requisitos exigidos pelo artigo 703.
§ 1º. Deferido o pedido de adjudicação, o auto somente será assinado decorrido
o prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 2º. Surgindo licitação, constará da carta a sentença de adjudicação, além das
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peças exigidas pelo artigo 703.
Subseção IV
Do usufruto de imóvel ou de empresa
Art. 716. O juiz da execução pode conceder ao credor o usufruto de imóvel ou de
empresa, quando o reputar menos gravoso ao devedor e eficiente para o
recebimento da dívida.
Art. 717. Decretado o usufruto, perde o devedor o gozo do imóvel ou da
empresa, até que o credor seja pago do principal, juros, custas e honorários
advocatícios.
Art. 718. O usufruto tem eficácia, assim em relação ao devedor como a terceiros,
a partir da publicação da sentença.
Art. 719. Na sentença, o juiz nomeará administrador que será investido de todos
os poderes que concernem ao`usufrutuário.
Parágrafo único. Pode ser administrador:
I - o credor, consentindo o devedor;
II - o devedor, consentido o credor.
Art. 720. Quando o usufruto recair sobre o quinhão do condômino na co-
propriedade, ou do sócio na empresa, o administrador exercerá os direitos que
numa ou noutra cabiam ao devedor.
Art. 721. É lícito ao credor, antes da realização da praça, requerer-lhe seja
atribuído, em pagamento do crédito, o usufruto do imóvel penhorado.
Art. 722. Se o devedor concordar com o pedido, o juiz nomeará perito para:
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Parágrafo único. É lícito ao arrematante, pagando ao credor o saldo a que tem
direito, requerer a extinção do usufruto.
Art. 726. Nos casos previstos nos artigos 677 e 678, o juiz concederá ao credor
usufruto da empresa, desde que este o requeira antes da realização do leilão.
Art. 727. Nomeado o administrador, o devedor far-lhe-á a entrega da empresa.
Art. 728. Cumpre ao administrador:
I - comunicar à Junta Comercial que entrou no exercício das suas funções,
remetendo-lhe certidão do despacho que o nomeou;
II - submeter à aprovação judicial a forma de administração;
III - prestar contas mensalmente, entregando ao credor as quantias recebidas, a
fim de serem imputadas no pagamento da dívida.
Art. 729. A nomeação e a substituição do administrador, bem como os seus
direitos e deveres, regem-se pelo disposto nos artigos 148 a 150.
SEÇÃO III
DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a
devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo
legal, observar-se-ão as seguintes regras:
I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal
competente;
II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do
respectivo crédito.
Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do
tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério
Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito.
CAPÍTULO V
DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA
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§ 3º. Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem
de prisão.
Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de
empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará
descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia.
Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao
empregador por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a
importância da prestação e o tempo de sua duração.
Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado,
pode o credor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento
estabelecido no Capítulo IV deste Título.
TÍTULO III
DOS EMBARGOS DO DEVEDOR
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 736. O devedor poderá opor-se à execução por meio de embargos, que
serão autuados em apenso aos autos do processo principal.
Art. 737. Não são admissíveis embargos do devedor antes de seguro o juízo:
I - pela penhora, na execução por quantia certa;
II - pelo depósito, na execução para entrega de coisa.
Art. 738. O devedor oferecerá os embargos no prazo de dez dias, contados:
(Redação dada pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
I - da juntada aos autos da prova da intimação da penhora; (Redação dada ao
inciso pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
II - do termo de depósito (artigo 622);
III - da juntada aos autos do mandado de imissão na posse, ou de busca e
apreensão, na execução para a entrega de coisa (artigo 625);
IV - da juntada aos autos do mandado de citação, na execução das obrigações
de fazer ou de não fazer.
Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:
I - quando apresentados fora do prazo legal;
II - quando não se fundarem em algum dos fatos mencionados no artigo 741;
III - nos casos previstos no artigo 295.
§ 1º. Os embargos serão sempre recebidos com efeito suspensivo. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
§ 2º. Quando os embargos forem parciais, a execução prosseguirá quanto à
parte não embargada. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.953 de
13.12.1994)
§ 3º. O oferecimento dos embargos por um dos devedores não suspenderá a
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execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser
respeito exclusivamente ao embargante. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
Art. 740. Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar o credor para impugná-
los no prazo de 10 (dez) dias, designando em seguida a audiência de instrução e
julgamento.
Parágrafo único. Não se realizará a audiência, se os embargos versarem sobre
matéria de direito ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente
documental; caso em que o juiz proferirá sentença no prazo de 10 (dez) dias.
CAPÍTULO II
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO FUNDADA EM SENTENÇA
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I - as benfeitorias necessárias, úteis ou voluntárias;
II - o estado anterior e atual da coisa;
III - o custo das benfeitorias e o seu valor atual;
IV - a valorização da coisa, decorrente das benfeitorias.
§ 2º. Na impugnação aos embargos poderá o credor oferecer artigos de
liquidação de frutos ou de danos, a fim de se compensarem com as benfeitorias.
§ 3º. O credor poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa,
prestando caução ou depositando:
I - o preço das benfeitorias;
II - a diferença entre o preço das benfeitorias e o valor dos frutos ou dos danos,
que já tiverem sido liquidados.
CAPÍTULO III
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO
EXTRAJUDICIAL
TÍTULO IV
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR
INSOLVENTE
CAPÍTULO I
DA INSOLVÊNCIA
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Art. 748. Dá-se a insolvência toda vez que as dívidas excederem à importância
dos bens do devedor.
Art. 749. Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a
responsabilidade por dívidas, não possuir bens próprios que bastem ao
pagamento de todos os credores, poderá ser declarada, nos autos do mesmo
processo, a insolvência de ambos.
Art. 750. Presume-se a insolvência quando:
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DA INSOLVÊNCIA REQUERIDA PELO DEVEDOR OU PELO SEU
ESPÓLIO
Art. 763. A massa dos bens do devedor insolvente ficará sob a custódia e
responsabilidade de um administrador, que exercerá as suas atribuições, sob a
direção e superintendência do juiz.
Art. 764. Nomeado o administrador, o escrivão o intimará a assinar, dentro de 24
(vinte e quatro) horas, termo de compromisso de desempenhar bem e fielmente o
cargo.
Art. 765. Ao assinar o termo, o administrador entregará a declaração de crédito,
acompanhada do título executivo. Não o tendo em seu poder, juntá-lo-á no prazo
fixado pelo artigo 761, II.
Art. 766. Cumpre ao administrador:
I - arrecadar todos os bens do devedor, onde quer que estejam, requerendo para
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esse fim as medidas judiciais necessárias;
II - representar a massa, ativa e passivamente, contratando advogado, cujos
honorários serão previamente ajustados e submetidos à aprovação judicial;
III - praticar todos os atos conservatórios de direitos e de ações, bem como
promover a cobrança das dívidas ativas;
IV - alienar em praça ou em leilão, com autorização judicial, os bens da massa.
Art. 767. O administrador terá direito a uma remuneração, que o juiz arbitrará,
atendendo à sua diligência, ao trabalho, à responsabilidade da função e à
importância da massa.
CAPÍTULO VI
DA VERIFICAÇÃO E DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
Art. 768. Findo o prazo, a que se refere o nº II do artigo 761, o escrivão, dentro
de 5 (cinco) dias, ordenará todas as declarações, autuando cada uma com o seu
respectivo título. Em seguida intimará, por edital, todos os credores para, no prazo
de 20 (vinte) dias, que lhes é comum, alegarem as suas preferências, bem como a
nulidade, simulação, fraude, ou falsidade de dívidas e contratos.
Parágrafo único. No prazo, a que se refere este artigo, o devedor poderá
impugnar quaisquer créditos.
Art. 769. Não havendo impugnações, o escrivão remeterá os autos ao contador,
que organizará o quadro geral dos credores, observando, quanto à classificação
dos créditos e dos títulos legais de preferência, o que dispõe a lei civil.
Parágrafo único. Se concorrerem aos bens apenas credores quirográfarios, o
contador organizará o quadro, relacionando-os em ordem alfabética.
Art. 770. Se, quando for organizado o quadro geral dos credores, os bens da
massa já tiverem sido alienados, o contador indicará a percentagem, que caberá a
cada credor no rateio.
Art. 771. Ouvidos todos os interessados, no prazo de 10 (dez) dias, sobre o
quadro geral dos credores, o juiz proferirá a sentença.
Art. 772. Havendo impugnação pelo credor ou pelo devedor, o juiz deferirá,
quando necessário, a produção de provas e em seguida proferirá sentença.
§ 1º. Se for necessário prova oral, o juiz designará a audiência de instrução e
julgamento.
§ 2º. Transitada em julgado a sentença, observar-se-á o que dispõem os três
artigos antecedentes.
Art. 773. Se os bens não foram alienados antes da organização do quadro geral,
o juiz determinará a alienação em praça ou em leilão, destinando-se o produto ao
pagamento dos credores.
CAPÍTULO VII
DO SALDO DEVEDOR
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Art. 774. Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral
a todos os credores, o devedor insolvente continua obrigado pelo saldo.
Art. 775. Pelo pagamento dos saldos respondem os bens penhoráveis que o
devedor adquirir, até que se lhe declare a extinção das obrigações.
Art. 776. Os bens do devedor poderão ser arrecadados nos autos do mesmo
processo, a requerimento de qualquer credor incluído no quadro geral, a que se
refere o artigo 769, procedendo-se à sua alienação e à distribuição do respectivo
produto aos credores, na proporção dos seus saldos.
CAPÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
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alienação dos bens. Ouvidos os credores, o juiz decidirá.
Art. 786. As disposições deste Título aplicam-se às sociedades civis, qualquer
que seja a sua forma.
Art. 786-A. Os editais referidos neste Título também serão publicados, quando
for o caso, nos órgãos oficiais dos Estados em que o devedor tenha filiais ou
representantes. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.462, de 19.06.1997)
TÍTULO V
DA REMIÇÃO
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CAPÍTULO I
DA SUSPENSÃO
LIVRO III
DO PROCESSO CAUTELAR
TÍTULO ÚNICO
DAS MEDIDAS CAUTELARES
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias
que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do
julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.
Art. 799. No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar
ou vedar a prática de determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e
depósito de bens e impor a prestação de caução.
Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando
preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal.
Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida
diretamente ao tribunal. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que
indicará:
I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do
requerido;
III - a lide e seu fundamento;
IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;
V - as provas que serão produzidas.
Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do nº III senão quando a medida
cautelar for requerida em procedimento preparatório.
Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar,
para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que
pretende produzir.
Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:
I - de citação devidamente cumprido;
II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após
justificação prévia.
Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido,
como verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (artigos 285 e 319); caso em
que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará
audiência de instrução e julgamento, havendo prova a ser nela produzida
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a
medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá
torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução
real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento
de qualquer das partes, pela prestação de caução ou outra garantia menos
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gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão
ou repará-la integralmente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da
data da efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em
procedimento preparatório.
Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo
antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo,
ser revogadas ou modificadas.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar
conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.
Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar:
SEÇÃO I
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DO ARRESTO
Art. 813. O arresto tem lugar:
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Art. 821. Aplicam-se ao arresto as disposições referentes à penhora, não
alteradas na presente Seção.
SEÇÃO II
DO SEQÜESTRO
Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:
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Art. 831. O requerido será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitar a
caução (artigo 829), prestá-la (artigo 830), ou contestar o pedido.
Art. 832. O juiz proferirá imediatamente a sentença:
I - se o requerido não contestar;
II - se a caução oferecida ou prestada for aceita;
III - se a matéria for somente de direito ou, sendo de direito e de fato, já não
houver necessidade de outra prova.
Art. 833. Contestado o pedido, o juiz designará audiência de instrução e
julgamento, salvo o disposto no nº III do artigo anterior.
Art. 834. Julgando procedente o pedido, o juiz determinará a caução e assinará
o prazo em que deve ser prestada, cumprindo-se as diligências que forem
determinadas.
Parágrafo único. Se o requerido não cumprir a sentença no prazo estabelecido, o
juiz declarará:
I - no caso do artigo 829, não prestada a caução;
II - no caso do artigo 830, efetivada a sanção que cominou.
Art. 835. O autor, nacional ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou dele se
ausentar na pendência da demanda, prestará, nas ações que intentar, caução
suficiente às custas e honorários de advogado da parte contrária, se não tiver no
Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento.
Art. 836. Não se exigirá, porém, a caução, de que trata o artigo antecedente:
I - na execução fundada em título extrajudicial;
II - na reconvenção.
Art. 837. Verificando-se no curso do processo que se desfalcou a garantia,
poderá o interessado exigir reforço da caução. Na petição inicial, o requerente
justificará o pedido, indicando a depreciação do bem dado em garantia e a
importância do reforço que pretende obter.
Art. 838. Julgando procedente o pedido, o juiz assinará prazo para que o
obrigado reforce a caução. Não sendo cumprida a sentença, cessarão os efeitos
da caução prestada, presumindo-se que o autor tenha desistido da ação ou o
recorrente desistido do recurso.
SEÇÃO IV
DA BUSCA E APREENSÃO
Art. 839. O juiz pode decretar a busca e apreensão de pessoas ou de coisas.
Art. 840. Na petição inicial exporá o requerente as razões justificativas da
medida e da ciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado.
Art. 841. A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for
indispensável. Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que
conterá:
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I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;
II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a lhe dar;
III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.
Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o
lerá ao morador, intimando-o a abrir as portas.
§ 1º. Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, bem
como as internas e quaisquer móveis onde presumam que esteja oculta a pessoa
ou a coisa procurada.
§ 2º. Os oficiais de justiça far-se-ão acompanhar de duas testemunhas.
§ 3º. Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do artista, intérprete ou
executante, produtores de fonogramas e organismos de radiodifusão, o juiz
designará, para acompanharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais
incumbirá confirmar a ocorrência da violação antes de ser efetivada a apreensão.
Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça auto circunstanciado,
assinando-o com as testemunhas.
SEÇÃO V
DA EXIBIÇÃO
Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:
I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha
interesse em conhecer;
II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio,
condômino, credor ou devedor; ou em poder de terceiro que o tenha em sua
guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou administrador de bens
alheios;
III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos
casos expressos em lei.
Art. 845. Observar-se-á, quanto ao procedimento, no que couber, o disposto nos
artigos 355 a 363, e 381 e 382.
SEÇÃO VI
DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS
Art. 846. A produção antecipada de prova pode consistir em interrogatório da
parte, inquirição de testemunhas e exame pericial.
Art. 847. Far-se-á o interrogatório da parte ou a inquirição das testemunhas
antes da propositura da ação, ou na pendência desta, mas antes da audiência de
instrução:
I - se tiver de ausentar-se;
II - se, por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao
tempo da prova já não exista, ou esteja impossibilitada de depor.
Art. 848. O requerente justificará sumariamente a necessidade da antecipação e
mencionará com precisão os fatos sobre que há de recair a prova.
Parágrafo único. Tratando-se de inquirição de testemunhas, serão intimados os
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interessados a comparecer à audiência em que prestará o depoimento.
Art. 849. Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito
difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame
pericial.
Art. 850. A prova pericial realizar-se-á conforme o disposto nos artigos 420 a
439.
Art. 851. Tomado o depoimento ou feito exame pericial, os autos permanecerão
em cartório, sendo lícito aos interessados solicitar as certidões que quiserem.
SEÇÃO VII
DOS ALIMENTOS PROVISIONAIS
Art. 852. É lícito pedir alimentos provisionais:
I - nas ações de desquite e de anulação de casamento, desde que estejam
separados os cônjuges;
II - nas ações de alimentos, desde o despacho da petição inicial;
III - nos demais casos expressos em lei.
Parágrafo único. No caso previsto no nº I deste artigo, a prestação alimentícia
devida ao requerente abrange, além do que necessitar para sustento, habitação e
vestuário, despesas para custear a demanda.
Art. 853. Ainda que a causa principal penda de julgamento no tribunal,
processar-se-á no primeiro grau de jurisdição o pedido de alimentos provisionais.
Art. 854. Na petição inicial, exporá o requerente as suas necessidades e as
possibilidades do alimentante.
Parágrafo único. O requerente poderá pedir que o juiz, ao despachar a petição
inicial e sem audiência do requerido, lhe arbitre desde logo uma mensalidade para
mantença.
SEÇÃO VIII
DO ARROLAMENTO DOS BENS
Art. 855. Procede-se ao arrolamento sempre que há fundado receio de extravio
ou de dissipação de bens.
Art. 856. Pode requerer o arrolamento todo aquele que tem interesse na
conservação dos bens.
§ 1º. O interesse do requerente pode resultar de direito já constituído ou que
deva ser declarado em ação própria.
§ 2º. Aos credores só é permitido requerer arrolamento nos casos em que tenha
lugar a arrecadação de herança.
Art. 857. Na petição inicial exporá o requerente:
I - o seu direito aos bens;
II - os fatos em que funda o receio de extravio ou de dissipação dos bens.
Art. 858. Produzidas as provas em justificação prévia, o juiz, convencendo-se de
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que o interesse do requerente corre sério risco, deferirá a medida, nomeando
depositário dos bens.
Parágrafo único. O possuidor ou detentor dos bens será ouvido se a audiência
não comprometer a finalidade da medida.
Art. 859. O depositário lavrará auto, descrevendo minuciosamente todos os bens
e registrando quaisquer ocorrências que tenham interesse para sua conservação.
Art. 860. Não sendo possível efetuar desde logo o arrolamento ou concluí-lo no
dia em que foi iniciado, apor-se-ão selos nas portas da casa ou nos móveis em
que estejam os bens, continuando-se a diligência no dia que for designado.
SEÇÃO IX
DA JUSTIFICAÇÃO
Art. 861. Quem pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica,
seja para simples documento e sem caráter contencioso, seja para servir de prova
em processo regular, exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
Art. 862. Salvo nos casos expressos em lei, é essencial a citação dos
interessados.
Parágrafo único. Se o interessado não puder ser citado pessoalmente, intervirá
no processo o Ministério Público.
Art. 863. A justificação consistirá na inquirição de testemunhas sobre os fatos
alegados, sendo facultado ao requerente juntar documentos.
Art. 864. Ao interessado é lícito contraditar as testemunhas, reinquiri-las e
manifestar-se sobre os documentos, dos quais terá vista em cartório por 24 (vinte
e quatro) horas.
Art. 865. No processo de justificação não se admite defesa nem recurso.
Art. 866. A justificação será afinal julgada por sentença e os autos serão
entregues ao requerente independentemente de traslado, decorridas 48 (quarenta
e oito) horas da decisão.
Parágrafo único. O juiz não se pronunciará sobre o mérito da prova, limitando-se
a verificar se foram observadas as formalidades legais.
SEÇÃO X
DOS PROTESTOS, NOTIFICAÇÕES E INTERPELAÇÕES
Art. 867. Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a
conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo
formal, poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e
requerer que do mesmo se intime a quem de direito.
Art. 868. Na petição o requerente exporá os fatos e os fundamentos do protesto.
Art. 869. O juiz indeferirá o pedido, quando o requerente não houver
demonstrado legítimo interesse e o protesto, dando causa a dúvidas e incertezas,
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possa impedir a formação de contrato ou a realização de negócio lícito.
Art. 870. Far-se-á a intimação por editais:
I - nulidade do processo;
II - extinção da obrigação;
III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não estarem os
bens sujeitos a penhor legal.
Art. 876. Em seguida, o juiz decidirá; homologando o penhor, serão os autos
entregues ao requerente 48 (quarenta e oito) horas depois, independentemente de
traslado, salvo se, dentro desse prazo, a parte houver pedido certidão; não sendo
homologado, o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de
cobrar a conta por ação ordinária.
SEÇÃO XII
DA POSSE EM NOME DO NASCITURO
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Art. 877. A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser
provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério
Público, mande examiná-la por um médico de sua nomeação.
§ 1º. O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem
o nascituro é sucessor.
§ 2º. Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a
declaração da requerente.
§ 3º. Em caso algum a falta do exame prejudicará os direitos do nascituro.
Art. 878. Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença,
declarará a requerente investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro.
Parágrafo único. Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz
nomeará curador ao nascituro.
SEÇÃO XIII
DO ATENTADO
Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:
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Art. 885. O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado
pelo emitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu
para firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou
por documento, a entrega do título e a recusa da devolução.
Parágrafo único. O juiz mandará processar de plano o pedido, ouvirá
depoimentos se for necessário e, estando provada a alegação, ordenará a prisão.
Art. 886. Cessará a prisão:
TÍTULO I
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO
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CONTENCIOSA
CAPÍTULO I
DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com
efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º. Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar
pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário oficial, onde
houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinando o prazo de
dez dias para a manifestação de recusa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
§ 2º. Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de
recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do
credor a quantia depositada. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
§ 3º. Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário,
o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de trinta dias, a ação de consignação,
instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
§ 4º. Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o
depósito, podendo levantá-lo o depositante. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o
devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada
improcedente.
Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no
lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela
se encontra.
Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira,
pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados
até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.
Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:
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fará a entrega, sob pena de depósito.
Art. 895. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para
provarem o seu direito.
Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: (Redação dada pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu
indicar o montante que entende devido. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
Art. 897. Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz
julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas
custas e honorários advocatícios. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der
quitação.
Art. 898. Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva
legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o
depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz
decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito
e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os
credores; caso em que se observará o procedimento ordinário.
Art. 899. Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é
lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a
prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
§ 1º. Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a
quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor,
prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
§ 2º. A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre
que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo,
facultando ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
Art. 900. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber,
ao resgate do aforamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
CAPÍTULO II
DA AÇÃO DE DEPÓSITO
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Art. 901. Esta ação tem por fim exigir a restituição da coisa depositada.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 902. Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e a
estimativa do valor da coisa, se não constar do contrato, o autor pedirá a citação
do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
I - entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em
dinheiro;
II - contestar a ação.
§ 1º. Do pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena de prisão até 1 (um)
ano, que o juiz decretará na forma do artigo 904, parágrafo único.
§ 2º. O réu poderá alegar, além da nulidade ou falsidade do título e da extinção
das obrigações, as defesas previstas na lei civil.
Art. 903. Se o réu contestar a ação, observar-se-á o procedimento ordinário.
Art. 904. Julgada procedente a ação, ordenará o juiz a expedição de mandado
para a entrega, em 24 (vinte e quatro) horas, da coisa ou do equivalente em
dinheiro.
Parágrafo único. Não sendo cumprido o mandado, o juiz decretará a prisão do
depositário infiel.
Art. 905. Sem prejuízo do depósito ou da prisão do réu, é lícito ao autor
promover a busca e apreensão da coisa. Se esta for encontrada ou entregue
voluntariamente pelo réu, cessará a prisão e será devolvido o equivalente em
dinheiro.
Art. 906. Quando não receber a coisa ou o equivalente em dinheiro, poderá o
autor prosseguir nos próprios autos para haver o que lhe for reconhecido na
sentença, observando-se o procedimento da execução por quantia certa.
CAPÍTULO III
DA AÇÃO DE ANULAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS AO
PORTADOR
Art. 907. Aquele que tiver perdido título ao portador ou dele houver sido
injustamente desapossado poderá:
I - reivindicá-lo da pessoa que o detiver;
II - requerer-lhe a anulação e substituição por outro.
Art. 908. No caso do nº II do artigo antecedente, exporá o autor, na petição
inicial, a quantidade, espécie, valor nominal do título e atributos que o
individualizem, a época e o lugar em que o adquiriu, as circunstâncias em que o
perdeu e quando recebeu os últimos juros e dividendos, requerendo:
I - a citação do detentor e, por edital, de terceiros interessados para contestarem
o pedido;
II - a intimação do devedor, para que deposite em juízo o capital, bem como juros
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ou dividendos vencidos ou vincendos;
III - a intimação da Bolsa de Valores, para conhecimento de seus membros, a fim
de que estes não negociem os títulos.
Art. 909. Justificado quanto baste o alegado, ordenará o juiz a citação do réu e o
cumprimento das providências enumeradas nos nºs. II e III do artigo anterior.
Parágrafo único. A citação abrangerá também terceiros interessados, para
responderem à ação.
Art. 910. Só se admitirá a contestação quando acompanhada do título
reclamado.
Parágrafo único. Recebida a contestação do réu, observar-se-á o procedimento
ordinário.
Art. 911. Julgada procedente a ação, o juiz declarará caduco o título reclamado e
ordenará ao devedor que lavre outro em substituição, dentro do prazo que a
sentença lhe assinar.
Art. 912. Ocorrendo destruição parcial, o portador, exibindo o que restar do título,
pedirá a citação do devedor para em 10 (dez) dias substituí-lo ou contestar a ação.
Parágrafo único. Não havendo contestação, o juiz proferirá desde logo a
sentença; em caso contrário, observar-se-á o procedimento ordinário.
Art. 913. Comprado o título em bolsa ou leilão público, o dono que pretender a
restituição é obrigado a indenizar ao adquirente o preço que este pagou,
ressalvado o direito de reavê-lo do vendedor.
CAPÍTULO IV
DA AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS
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para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.
§ 1º. Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas
oferecidas, serão estas julgadas dentro de 10 (dez) dias.
§ 2º. Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade de
produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.
Art. 917. As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma
mercantil, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o
respectivo saldo; e serão instruídas com os documentos justificativos.
Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em
execução forçada.
Art. 919. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de
outro qualquer administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo
em que tiver sido nomeado. Sendo condenado a pagar o saldo e não o fazendo no
prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, seqüestrar os bens sob sua guarda e glosar o
prêmio ou gratificação a que teria direito.
CAPÍTULO V
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a
que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela,
cujos requisitos estejam provados.
Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.
Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como
ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 6.820, de 16.08.1980)
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as
normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou
do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter
possessório.
Art. 925. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente
mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de
decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5
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(cinco) dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.
SEÇÃO II
DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE
Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e
reintegrado no de esbulho.
Art. 927. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda
da posse, na ação de reintegração.
Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração;
no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado,
citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida
a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.
Art. 929. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.
Art. 930. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, o autor promoverá nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu
para contestar a ação.
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia (artigo 928), o prazo
para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida
liminar.
Art. 931. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.
SEÇÃO III
DO INTERDITO PROIBITÓRIO
Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado
na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente,
mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena
pecuniária, caso transgrida o preceito.
Art. 933. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior.
CAPÍTULO VI
DA AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA
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I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova
em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é
destinado;
II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com
prejuízo ou alteração da coisa comum;
III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da
lei, do regulamento ou de postura.
Art. 935. Ao prejudicado também é lícito, se o caso for urgente, fazer o embargo
extrajudicial, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário
ou, em sua falta, o construtor, para não continuar a obra.
Parágrafo único. Dentro de 3 (três) dias requererá o nunciante a ratificação em
juízo, sob pena de cessar o efeito do embargo.
Art. 936. Na petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do artigo
282, requererá o nunciante:
I - o embargo para que fique suspensa a obra e se mande afinal reconstituir,
modificar ou demolir o que estiver feito em seu detrimento;
II - a cominação de pena para o caso de inobservância do preceito;
III - a condenação em perdas e danos.
Parágrafo único. Tratando-se de demolição, colheita, corte de madeiras, extração
de minérios e obras semelhantes, pode incluir-se o pedido de apreensão e
depósito dos materiais e produtos já retirados.
Art. 941. Compete a ação de usucapião ao possuidor para que se lhe declare,
nos termos da lei, o domínio do imóvel ou a servidão predial.
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Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando
planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o
imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar
incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no
inciso IV do artigo 232. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na
causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
Art. 944. Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério
Público.
Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante
mandado, no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais.
CAPÍTULO VIII
DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS
PARTICULARES
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 946. Cabe:
I - a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o seu confinante a
estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou
aviventando-se os já apagados;
II - a ação de divisão, ao condômino para obrigar os demais consortes, a partilhar
a coisa comum.
Art. 947. É licito a cumulação destas ações; caso em que deverá processar-se
primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os
confinantes e condôminos.
Art. 948. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-
se-ão terceiros quanto ao processo divisório; fica-lhes, porém, ressalvado o direito
de vindicarem os terrenos de que se julguem despojados por invasão das linhas
limítrofes constitutivas do perímetro ou a reclamarem uma indenização pecuniária
correspondente ao seu valor.
Art. 949. Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou
em julgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos
terrenos vindicados, se proposta posteriormente (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
Parágrafo único. Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação,
condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título
executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros condôminos, que
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forem parte na divisão, ou de seus sucessores por título universal, na proporção
que lhes tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido.
SEÇÃO II
DA DEMARCAÇÃO
Art. 950. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-
á o imóvel pela situação e denominação, descrever-se-ão os limites por constituir,
aviventar ou renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.
Art. 951. O autor pode requerer a demarcação com queixa de esbulho ou
turbação, formulando também o pedido de restituição do terreno invadido com os
rendimentos que deu, ou a indenização dos danos pela usurpação verificada.
Art. 952. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do
imóvel comum, citando-se os demais como litisconsortes.
Art. 953. Os réus que residirem na comarca serão citados pessoalmente; os
demais, por edital.
Art. 954. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 20 (vinte) dias para
contestar.
Art. 955. Havendo contestação, observar-se-á o procedimento ordinário; não
havendo, aplica-se o disposto no artigo 330, II.
Art. 956. Em qualquer dos casos do artigo anterior, o juiz, antes de proferir a
sentença definitiva, nomeará dois arbitradores e um agrimensor para levantarem o
traçado da linha demarcanda.
Art. 957. Concluídos os estudos, apresentarão os arbitradores minucioso laudo
sobre o traçado da linha demarcanda, tendo em contas os títulos, marcos, rumos,
a fama da vizinhança, as informações de antigos moradores do lugar e outros
elementos que coligirem.
Parágrafo único. Ao lado, anexará o agrimensor a planta da região e o memorial
das operações de campo, os quais serão juntos aos autos, podendo as partes, no
prazo comum de 10 (dez) dias, alegar o que julgarem conveniente.
Art. 958. A sentença, que julgar procedente a ação, determinará o traçado da
linha demarcanda.
Art. 959. Tanto que passe em julgado a sentença, o agrimensor efetuará a
demarcação, colocando os marcos necessários. Todas as operações serão
consignadas em planta e memorial descritivo com as referências convenientes
para a identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados.
Art. 960. Nos trabalhos de campo observar-se-ão as seguintes regras:
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máximo;
IV - as estações serão marcadas por pequenas estacas, fortemente cravadas,
colocando-se ao lado estacas maiores, numeradas;
V - quando as estações não tiverem afastamento superior a 50 (cinqüenta)
metros, as visadas serão feitas sobre balizas com o diâmetro máximo de 12 (doze)
milímetros;
VI - tomar-se-ão por aneróides ou por cotas obtidas mediante levantamento
taqueométrico as altitudes dos pontos mais acidentados.
Art. 961. A planta será orientada segundo o meridiano do marco primordial,
determinada a declinação magnética e conterá:
I - as altitudes relativas de cada estação do instrumento e a conformação
altimétrica ou orográfica aproximativa dos terrenos;
II - as construções existentes, com indicação dos seus fins, bem como os
marcos, valos, cercas, muros divisórios e outros quaisquer vestígios que possam
servir ou tenham servido de base à demarcação;
III - as águas principais, determinando-se, quando possível, os volumes, de
modo que se lhes possa calcular o valor mecânico;
IV - a indicação, por cores convencionais, das culturas existentes, pastos,
campos, matas, capoeiras e divisas do imóvel.
Parágrafo único. As escalas das plantas podem variar entre os limites de 1 (um)
para 500 (quinhentos) a 1 (um) para 5.000 (cinco mil) conforme a extensão das
propriedades rurais, sendo admissível a de 1 (um) para 10.000 (dez mil) nas
propriedades de mais de 5 (cinco) quilômetros quadrados.
Art. 962. Acompanharão as plantas as cadernetas de operações de campo e o
memorial descritivo, que conterá:
I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos antigos com os
respectivos cálculos;
II - os acidentes encontrados, as cercas, valos, marcos antigos, córregos, rios,
lagoas e outros;
III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, das culturas existentes e
sua produção anual;
IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a quantidade e extensão
dos campos, matas e capoeiras;
V - as vias de comunicação;
VI - as distâncias à estação da estrada de ferro, ao porto de embarque e ao
mercado mais próximo;
VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento da linha ou para
a identificação da linha já levantada.
Art. 963. É obrigatória a colocação de marcos assim na estação inicial - marco
primordial -, como nos vértices dos ângulos, salvo se algum destes últimos pontos
for assinalado por acidentes naturais de difícil remoção ou destruição.
Art. 964. A linha será percorrida pelos arbitradores, que examinarão os marcos e
rumos, consignando em relatório escrito a exatidão do memorial e planta
apresentados pelo agrimensor ou as divergências porventura encontradas.
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Art. 965. Junto aos autos o relatório dos arbitradores, determinará o juiz que as
partes se manifestem sobre ele no prazo comum de 10 (dez) dias. Em seguida,
executadas as correções e retificações que ao juiz pareçam necessárias, lavrar-
se-á o auto de demarcação em que os limites demarcandos serão
minuciosamente descritos de acordo com o memorial e a planta.
Art. 966. Assinado o auto pelo juiz, arbitradores e agrimensor, será proferida a
sentença homologatória da demarcação.
SEÇÃO III
DA DIVISÃO
Art. 967. A petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do artigo
282 e instruída com os títulos de domínio do promovente, conterá:
I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, situação, limites e
característicos do imóvel;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos,
especificando-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas;
III - as benfeitorias comuns.
Art. 968. Feitas as citações como preceitua o artigo 953, prosseguir-se-á na
forma dos artigos 954 e 955.
Art. 969. Prestado o compromisso pelos arbitradores e agrimensor, terão início,
pela medição do imóvel, as operações de divisão.
Art. 970. Todos os condôminos serão intimados a apresentar, dentro em 10
(dez) dias, os seus títulos, se ainda não o tiverem feito; e a formular os seus
pedidos sobre a constituição dos quinhões.
Art. 971. O juiz ouvirá as partes no prazo comum de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Não havendo impugnação, o juiz determinará a divisão
geodésica do imóvel; se houver, proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, decisão
sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos na formação dos quinhões.
Art. 972. A medição será efetuada na forma dos artigos 960 a 963.
Art. 973. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos
confinantes, feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os
terrenos onde estiverem, os quais não se computarão na área dividenda.
Parágrafo único. Consideram-se benfeitorias, para os efeitos deste artigo, as
edificações, muros, cercas, culturas e pastos fechados, não abandonados há mais
de 2 (dois) anos.
Art. 974. É lícito aos confinantes do imóvel dividendo demandar a restituição dos
terrenos que lhes tenham sido usurpados.
§ 1º. Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou em
julgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos terrenos
vindicados, se proposta posteriormente (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
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01.10.1973)
§ 2º. Neste último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que
os obrigar à restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório, ou
de seus sucessores a título universal, a composição pecuniária proporcional ao
desfalque sofrido.
Art. 975. Concluídos os trabalhos de campo, levantará o agrimensor a planta do
imóvel e organizará o memorial descritivo das operações, observado o disposto
nos artigos 961 a 963.
§ 1º. A planta assinalará também:
I - as povoações e vias de comunicação existentes no imóvel;
II - as construções e benfeitorias, com a indicação dos seus fins, proprietários e
ocupantes;
III - as águas principais que banham o imóvel;
IV - a composição geológica, qualidade e vestimenta dos terrenos, bem como o
valor destes e das culturas.
§ 2º. O memorial descritivo indicará mais:
I - a composição geológica, a qualidade e o valor dos terrenos, bem como a
cultura e o destino a que melhor possam adaptar-se;
II - as águas que banham o imóvel, determinando-lhes, tanto quanto possível, o
volume, de modo que se lhes possa calcular o valor mecânico;
III - a qualidade e a extensão aproximada de campos e matas;
IV - as indústrias exploradas e as suscetíveis de exploração;
V - as construções, benfeitorias e culturas existentes, mencionando-se os
respectivos proprietários e ocupantes;
VI - as vias de comunicação estabelecidas e as que devam ser abertas;
VII - a distância aproximada à estação de transporte de mais fácil acesso;
VIII - quaisquer outras informações que possam concorrer para facilitar a partilha.
Art. 976. Durante os trabalhos de campo procederão os arbitradores ao exame,
classificação e avaliação das terras, culturas, edifícios e outras benfeitorias,
entregando o laudo ao agrimensor.
Art. 977. O agrimensor avaliará o imóvel no seu todo, se os arbitradores
reconhecerem que a homogeneidade das terras não determina variedade de
preços; ou o classificará em áreas, se houver diversidade de valores.
Art. 978. Em seguida os arbitradores e o agrimensor proporão, em laudo
fundamentado, a forma da divisão, devendo consultar, quanto possível, a
comodidade das partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a
preferência dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o
retalhamento dos quinhões em glebas separadas.
§ 1º. O cálculo será precedido do histórico das diversas transmissões efetuadas
a partir do ato ou fato gerador da comunhão, atualizando-se os valores primitivos.
§ 2º. Seguir-se-ão, em títulos distintos, as contas de cada condômino,
mencionadas todas as aquisições e alterações em ordem cronológica bem como
as respectivas datas e as folhas dos autos onde se encontrem os documentos
correspondentes.
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§ 3º. O plano de divisão será também consignado em um esquema gráfico.
Art. 979. Ouvidas as partes, no prazo comum de 10 (dez) dias, sobre o cálculo e
o plano da divisão, deliberará o juiz a partilha. Em cumprimento desta decisão,
procederá o agrimensor, assistido pelos arbitradores, à demarcação dos quinhões,
observando, além do disposto nos artigos 963 e 964, as seguintes regras:
I - as benfeitorias comuns, que não comportarem divisão cômoda, serão
adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação;
II - instituir-se-ão as servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns
quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não
se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado
com o prédio serviente;
III - as benfeitorias particulares dos condôminos, que excederem a área a que
têm direito, serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição;
IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e reposições
serão feitas em dinheiro.
Art. 980. Terminados os trabalhos e desenhados na planta os quinhões e as
servidões aparentes, organizará o agrimensor o memorial descritivo. Em seguida,
cumprido o disposto no artigo 965, o escrivão lavrará o auto de divisão, seguido de
uma folha de pagamento para cada condômino. Assinado o auto pelo juiz,
agrimensor e arbitradores, será proferida sentença homologatória da divisão.
§ 1º. O auto conterá:
I - a confinação e a extensão superficial do imóvel;
II - a classificação das terras com o cálculo das áreas de cada consorte e a
respectiva avaliação, ou a avaliação do imóvel na sua integridade, quando a
homogeneidade das terras não determinar diversidade de valores;
III - o valor e a quantidade geométricas que couber a cada condômino,
declarando-se as reduções e compensações resultantes da diversidade de valores
das glebas componentes de cada quinhão.
§ 2º. Cada folha de pagamento conterá:
I - a descrição das linhas divisórias do quinhão, mencionadas as confinantes;
II - a relação das benfeitorias e culturas do próprio quinhoeiro e das que lhe
foram adjudicadas por serem comuns ou mediante compensação;
III - a declaração das servidões instituídas, especificados os lugares, a extensão
e modo de exercício. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 981. Aplica-se às divisões o disposto nos artigos 952 a 955. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO IX
DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 982. Proceder-se-á ao inventário judicial, ainda que todas as partes sejam
capazes.
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Art. 983. O inventário e a partilha devem ser requeridos dentro de 30 (trinta) dias
a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 6 (seis) meses subseqüentes.
Parágrafo único. O juiz poderá, a requerimento do inventariante, dilatar este
último prazo por motivo justo.
Art. 984. O juiz decidirá todas as questões de direito e também as questões de
fato, quando este se achar provado por documento, só remetendo para os meios
ordinários as que demandarem alta indagação ou dependerem de outras provas.
Art. 985. Até que o inventariante preste o compromisso (artigo 990, parágrafo
único), continuará o espólio na posse do administrador provisório.
Art. 986. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é
obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu,
tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde
pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.
SEÇÃO II
DA LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO
Art. 987. A quem estiver na posse e administração do espólio incumbe, no prazo
estabelecido no artigo 983, requerer o inventário e a partilha.
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor
da herança.
Art. 988. Tem, contudo, legitimidade concorrente:
I - o cônjuge supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do
cônjuge supérstite;
VIII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
IX - a Fazenda Pública, quando tiver interesse.
Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma
das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal.
SEÇÃO III
DO INVENTARIANTE E DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
Art. 990. O juiz nomeará inventariante:
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IV - o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou toda a
herança estiver distribuída em legados;
V - o inventariante judicial, se houver;
VI - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5
(cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.
Art. 991. Incumbe ao inventariante:
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declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, cotas e títulos de sociedade,
mencionando-se-lhe o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, títulos, origem da
obrigação, bem como os nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
Parágrafo único. O juiz determinará que se proceda:
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em
nome individual;
II - a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que
não anônima. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 994. Só se pode argüir de sonegação ao inventariante depois de encerrada
a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar.
Art. 995. O inventariante será removido:
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas
ou praticando atos meramente protelatórios;
III - se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem danos
bens do espólio;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar
dívidas ativas ou não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento
de direitos;
V - se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
Art. 996. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos números do
artigo antecedente, será intimado o inventariante para, no prazo de 5 (cinco) dias,
defender-se e produzir provas.
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do
inventário.
Art. 997. Decorrido o prazo com a defesa do inventariante ou sem ela, o juiz
decidirá. Se remover o inventariante, nomeará outro, observada a ordem
estabelecida no artigo 990.
Art. 998. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os
bens do espólio; deixando de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca
e apreensão, ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel.
SEÇÃO IV
DAS CITAÇÕES E DAS IMPUGNAÇÕES
Art. 999. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos
do inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública,
o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se
o finado deixou testamento.
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§ 1º. Citar-se-ão, conforme o disposto nos artigos 224 a 230, somente as
pessoas domiciliadas na comarca por onde corre o inventário ou que aí foram
encontradas; e por edital, com o prazo de 20 (vinte) a 60 (sessenta) dias, todas as
demais, residentes, assim no Brasil como no estrangeiro (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 2º. Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas forem as
partes.
§ 3º. O oficial de justiça, ao proceder à citação, entregará um exemplar a cada
parte.
§ 4º. Incumbe ao escrivão remeter cópias à Fazenda Pública, ao Ministério
Público, ao testamenteiro, se houver, e ao advogado, se a parte já estiver
representada nos autos.
Art. 1000. Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo
prazo comum de 10 (dez) dias, para dizerem sobre as primeiras declarações.
Cabe à parte:
I - argüir erros e omissões;
II - reclamar contra a nomeação do inventariante;
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.
Parágrafo único. Julgando procedente a impugnação referida no nº I, o juiz
mandará retificar as primeiras declarações. Se acolher o pedido, de que trata o nº
II, nomeará outro inventariante, observada a preferência legal. Verificando que a
disputa sobre a qualidade de herdeiro, a que alude o nº III, constitui matéria de
alta indagação, remeterá a parte para os meios ordinários e sobrestará, até o
julgamento da ação, na entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro
admitido.
Art. 1001. Aquele que se julgar preterido poderá demandar a sua admissão no
inventário, requerendo-o antes da partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10 (dez)
dias, o juiz decidirá. Se não acolher o pedido, remeterá o requerente para os
meios ordinários, mandando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do
herdeiro excluído até que se decida o litígio.
Art. 1002. A Fazenda Pública, no prazo de 20 (vinte) dias, após a vista de que
trata o artigo 1.000, informará ao juízo, de acordo com os dados que constam de
seu cadastro imobiliário, o valor dos bens de raiz descritos nas primeiras
declarações (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO V
DA AVALIAÇÃO E DO CÁLCULO DO IMPOSTO
Art. 1003. Findo o prazo do artigo 1.000, sem impugnação ou decidida a que
houver sido oposta, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio, se
não houver na comarca avaliador judicial.
Parágrafo único. No caso previsto no artigo 993, parágrafo único, o juiz nomeará
um contador para levantar o balanço ou apurar os haveres.
Art. 1004. Ao avaliar os bens do espólio, observará o perito, no que for aplicável,
o disposto nos artigos 681 a 683.
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Art. 1005. O herdeiro que requerer, durante a avaliação, a presença do juiz e do
escrivão, pagará as despesas da diligência.
Art. 1006. Não se expedirá carta precatória para a avaliação de bens situados
fora da comarca por onde corre o inventário, se eles forem de pequeno valor ou
perfeitamente conhecidos do perito nomeado.
Art. 1007. Sendo capazes todas as partes, não se procederá à avaliação, se a
Fazenda Pública, intimada na forma do artigo 237, I, concordar expressamente
com o valor atribuído, nas primeiras declarações, aos bens do espólio. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1008. Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens declarados pela
Fazenda Pública, a avaliação cingir-se-á aos demais. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1009. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que sobre ele se
manifestem as partes no prazo de 10 (dez) dias, que correrá em cartório.
§ 1º. Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de
plano, à vista do que constar dos autos.
§ 2º. Julgando procedente a impugnação, determinará o juiz que o perito retifique
a avaliação, observando os fundamentos da decisão.
Art. 1010. O juiz mandará repetir a avaliação:
I - quando viciada por erro ou dolo do perito;
II - quando se verificar, posteriormente à avaliação, que os bens apresentam
defeito que lhes diminui o valor.
Art. 1011. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu
respeito lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o
inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras.
Art. 1012. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de
10 (dez) dias, proceder-se-á ao cálculo do imposto.
Art. 1013. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo
comum de 5 (cinco) dias, que correrá em cartório e, em seguida, a Fazenda
Pública.
§ 1º. Se houver impugnação julgada procedente, ordenará o juiz novamente a
remessa dos autos ao contador, determinando as alterações que devam ser feitas
no cálculo.
§ 2º. Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do imposto.
SEÇÃO VI
DAS COLAÇÕES
Art. 1014. No prazo estabelecido no artigo 1.000, o herdeiro obrigado à colação
conferirá por termo nos autos os bens que recebeu ou, se já os não possuir, trar-
lhes-á o valor.
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Parágrafo único. Os bens que devem ser conferidos na partilha, assim como as
acessões e benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem
ao tempo da abertura da sucessão.
Art. 1015. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se
exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a
parte inoficiosa, as liberalidades que houve do doador.
§ 1º. É lícito ao donatário escolher, dos bens doados, tantos quantos bastem
para perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente
para ser dividido entre os demais herdeiros.
§ 2º. Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel, que não comporte
divisão cômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda entre os herdeiros à
licitação; o donatário poderá concorrer na licitação e, em igualdade de condições,
preferirá aos herdeiros.
Art. 1016. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os
conferir, o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 5 (cinco) dias, decidirá à
vista das alegações e provas produzidas.
§ 1º. Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável
de 5 (cinco) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará seqüestrar-lhe, para
serem inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação, ou imputar ao seu
quinhão hereditário o valor deles, se já os não possuir.
§ 2º. Se a matéria for de alta indagação, o juiz remeterá as partes para os meios
ordinários, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto
pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre
que versar a conferência.
SEÇÃO VII
DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
Art. 1017. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1º. A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por
dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2º. Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor,
mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens
suficientes para o seu pagamento.
§ 3º. Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento
dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los em praça ou leilão,
observadas, no que forem aplicáveis, as regras do Livro II, Título II, Capítulo IV,
Seção I, Subseção VII e Seção II, Subseções I e II.
§ 4º. Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para
o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido,
concordando todas as partes.
Art. 1018. Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de
pagamento feito pelo credor, será ele remetido para os meios ordinários.
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar em poder do inventariante
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bens suficientes para pagar o credor, quando a dívida constar de documento que
comprove suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em
quitação.
Art. 1019. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer
habilitação no inventário. Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao julgar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro
pagamento.
Art. 1020. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do
espólio:
I - quando toda a herança for dividida em legados;
II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados.
Art. 1021. Sem prejuízo do disposto no artigo 674, é lícito aos herdeiros, ao
separarem bens para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os
nomeie à penhora no processo em que o espólio for executado.
SEÇÃO VIII
DA PARTILHA
Art. 1022. Cumprido o disposto no artigo 1.017, § 3º, o juiz facultará às partes
que, no prazo comum de 10 (dez) dias, formulem o pedido de quinhão; em
seguida proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, o despacho de deliberação da
partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam
constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.
Art. 1023. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão,
observando nos pagamentos a seguinte ordem:
I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo co-herdeiro mais velho.
Art. 1024. Feito o esboço, dirão sobre ele as partes no prazo comum de 5 (cinco)
dias. Resolvidas as reclamações, será a partilha lançada nos autos.
Art. 1025. A partilha constará:
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certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz
julgará por sentença a partilha.
Art. 1027. Passada em julgado a sentença mencionada no artigo antecedente,
receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual
constarão as seguintes peças:
I - termo de inventariante e título de herdeiros;
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
V - sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do
pagamento do quinhão hereditário, quando este não exceder 5 (cinco) vezes o
salário mínimo vigente na sede do juízo; caso em que se transcreverá nela a
sentença de partilha transitada em julgado.
Art. 1028. A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença (artigo
1.026), pode ser emendada nos mesmos autos do inventário, convindo todas as
partes, quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens; o juiz, de ofício
ou a requerimento da parte, poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões
materiais.
Art. 1029. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo
nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz;
pode ser anulada, por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz.
Parágrafo único. O direito de propor ação anulatória de partilha amigável
prescreve em 1 (um) ano, contado este prazo:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II - no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1030. É rescindível a partilha julgada por sentença:
I - nos casos mencionados no artigo antecedente;
II - se feita com preterição de formalidades legais;
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.
SEÇÃO IX
DO ARROLAMENTO
Art. 1031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do
artigo 1.773 do Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a
prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas,
com observância dos artigos 1.032 a 1.035 desta lei. (Redação dada ao caput pela
Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
§ 1º. O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação,
quando houver herdeiro único. (Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº
9.280, de 30.05.1996)
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§ 2º. Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou
adjudicação, o respectivo formal, bem como os alvarás referentes aos bens por
ele abrangidos, só serão expedidos e entregues às partes após a comprovação,
verificada pela Fazenda Pública, do pagamento de todos os tributos. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.280, de 30.05.1996)
Art. 1032. Na petição de inventário, que se processará na forma de arrolamento
sumário, independentemente da lavratura de termos de qualquer espécie, os
herdeiros:
I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designarem;
II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, observado o
disposto no artigo 993 desta lei;
III - atribuirão o valor dos bens do espólio, para fins de partilha. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1033. Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único, do artigo 1.035
desta lei, não se procederá à avaliação dos bens do espólio para qualquer
finalidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1034. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões
relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de
tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio.
§ 1º. A taxa judiciária, se devida, será calculada com base no valor atribuído
pelos herdeiros, cabendo ao fisco, se apurar em processo administrativo valor
diverso do estimado, exigir a eventual diferença pelos meios adequados ao
lançamento de créditos tributários em geral.
§ 2º. O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles
Relativos será objeto de lançamento administrativo, conforme dispuser a
legislação tributária, não ficando as autoridades fazendárias adstritas aos valores
dos bens do espólio atribuídos pelos herdeiros. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1035. A existência de credores do espólio não impedirá a homologação da
partilha ou da adjudicação, se forem reservados bens suficientes para o
pagamento da dívida.
Parágrafo único. A reserva de bens será realizada pelo valor estimado pelas
partes, salvo se o credor, regularmente notificado, impugnar a estimativa, caso em
que se promoverá a avaliação dos bens a serem reservados. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1036. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 2.000 (duas
mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, o inventário pro-
cessar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado,
independentemente da assinatura de termo de compromisso, apresentar, com
suas declarações, a atribuição do valor dos bens do espólio e o plano da partilha.
§ 1º. Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz
nomeará um avaliador que oferecerá laudo em 10 (dez) dias.
§ 2º. Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a
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partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas
não impugnadas.
§ 3º. Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz e pelas partes
presentes.
§ 4º. Aplicam-se a esta espécie de arrolamento, no que couberem, as
disposições do artigo 1.034 e seus parágrafos, relativamente ao lançamento, ao
pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da
propriedade dos bens do espólio.
§ 5º. Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas
rendas, o juiz julgará a partilha.
Art. 1037. Independerá de inventário ou arrolamento o pagamento dos valores
previstos na Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1038. Aplicam-se subsidiariamente a esta Seção as disposições das seções
antecedentes, bem como as da seção subseqüente. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
SEÇÃO X
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES PRECEDENTES
Art. 1039. Cessa a eficácia das medidas cautelares previstas nas várias sessões
deste Capítulo:
I - se a ação não for proposta em 30 (trinta) dias, contados da data em que da
decisão foi intimado o impugnante (artigo 1.000, parágrafo único), o herdeiro
excluído (artigo 1.001) ou o credor não admitido (artigo 1.018);
II - se o juiz declarar extinto o processo de inventário com ou sem julgamento do
mérito.
Art. 1040. Ficam sujeitos à sobrepartilha os bens:
I - sonegados;
II - da herança que se descobrirem depois da partilha;
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos nºs. III e IV deste artigo serão
reservados à sobrepartilha sob a guarda e administração do mesmo ou de diverso
inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros.
Art. 1041. Observar-se-á na sobrepartilha dos bens o processo de inventário e
partilha.
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da
herança.
Art. 1042. O juiz dará curador especial:
I - ao ausente, se o não tiver;
II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante.
Art. 1043. Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do
pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas,
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se os herdeiros de ambos forem os mesmos.
§ 1º. Haverá um só inventariante para os dois inventários.
§ 2º. O segundo inventário será distribuído por dependência, processan-do-se
em apenso ao primeiro.
Art. 1044. Ocorrendo a morte de algum herdeiro na pendência do inventário em
que foi admitido e não possuindo outros bens além do seu quinhão da herança,
poderá este ser partilhado juntamente com os bens do monte.
Art. 1045. Nos casos previstos nos dois artigos antecedentes prevalecerão as
primeiras declarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se se alterou o
valor dos bens.
Parágrafo único. No inventário a que se proceder por morte do cônjuge herdeiro
supérstite, é lícito, independentemente de sobrepartilha, descrever e partilhar bens
omitidos no inventário do cônjuge pré-morto.
CAPÍTULO X
DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
Art. 1046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na
posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora,
depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento,
inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou restituídos por
meio de embargos.
§ 1º. Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas
possuidor.
§ 2º. Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens
que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem
ser atingidos pela apreensão judicial.
§ 3º. Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens
dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
Art. 1047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:
I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for
o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da
fixação de rumos;
II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da
hipoteca, penhor ou anticrese.
Art. 1048. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de
execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Art. 1049. Os embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos
distintos perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.
Art. 1050. O embargante, em petição elaborada com observância do disposto no
artigo 282, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro,
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oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º. É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§ 2º. O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.
Art. 1051. Julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá
liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção
ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de
prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam a final
declarados improcedentes
Art. 1052. Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o
juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles,
prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados.
Art. 1053. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 10 (dez) dias,
findo o qual proceder-se-á de acordo com o disposto no artigo 803.
Art. 1054. Contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o
embargado alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
CAPÍTULO XI
DA HABILITAÇÃO
Art. 1055. A habilitação tem lugar quando, por falecimento de qualquer das
partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo.
Art. 1056. A habilitação pode ser requerida:
I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido;
II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte.
Art. 1057. Recebida a petição inicial, ordenará o juiz a citação dos requeridos
para contestar a ação no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador
constituído na causa.
Art. 1058. Findo o prazo da contestação, observar-se-á o disposto nos artigos
802 e 803.
Art. 1059. Achando-se a causa no tribunal, a habilitação processar-se-á perante
o relator e será julgada conforme o disposto no regimento interno.
Art. 1060. Proceder-se-á à habilitação nos autos da causa principal e
independentemente de sentença quando:
I - promovida pelo cônjuge e herdeiros necessários, desde que provem por
documento o óbito do falecido e a sua qualidade;
II - em outra causa, sentença passada em julgado houver atribuído ao habilitando
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a qualidade de herdeiro ou sucessor;
III - o herdeiro for incluído sem qualquer oposição no inventário;
IV - estiver declarada a ausência ou determinada a arrecadação da herança
jacente;
V - oferecidos os artigos de habilitação, a parte reconhecer a procedência do
pedido e não houver oposição de terceiros.
Art. 1061. Falecendo o alienante ou o cedente, poderá o adquirente ou o
cessionário prosseguir na causa, juntando aos autos o respectivo título e provando
a sua identidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1062. Passadas em julgado a sentença de habilitação, ou admitida a
habilitação nos casos em que independer de sentença, a causa principal retomará
o seu curso.
CAPÍTULO XII
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
Art. 1063. Verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes
promover-lhes a restauração.
Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nestes prosseguirá o processo.
Art. 1064. Na petição inicial declarará a parte o estado da causa ao tempo do
desaparecimento dos autos, oferecendo:
I - certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde
haja ocorrido o processo;
II - cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz;
III - quaisquer outros documentos que facilitem a restauração.
Art. 1065. A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5
(cinco) dias, cabendo-lhe exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos
e documentos que estiverem em seu poder.
§ 1º. Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o respectivo auto que,
assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.
§ 2º. Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o
disposto no artigo 803.
Art. 1066. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido depois da produção
das provas em audiência, o juiz mandará repeti-las.
§ 1º. Serão reinquiridas as mesmas testemunhas; mas se estas tiverem falecido
ou se acharem impossibilitadas de depor e não houver meio de comprovar de
outra forma o depoimento, poderão ser substituídas.
§ 2º. Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que
for possível e de preferência pelo mesmo perito.
§ 3º. Não havendo certidão de documentos, estes serão reconstituídos mediante
cópias e, na falta, pelos meios ordinários de prova.
§ 4º. Os serventuários e auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor
como testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido.
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§ 5º. Se o juiz houver proferido sentença da qual possua cópia, esta será junta
aos autos e terá a mesma autoridade da original.
Art. 1067. Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos.
§ 1º. Aparecendo os autos originais, nestes se prosseguirá sendo-lhes
apensados os autos da restauração.
§ 2º. Os autos suplementares serão restituídos ao cartório, deles se extraindo
certidões de todos os atos e termos a fim de completar os autos originais.
Art. 1068. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribunal, a ação será
distribuída, sempre que possível, ao relator do processo.
§ 1º. A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos que neste se
tenham realizado.
§ 2º. Remetidos os autos ao tribunal, aí se completará a restauração e se
procederá ao julgamento.
Art. 1069. Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá
pelas custas da restauração e honorários de advogado, sem prejuízo da
responsabilidade civil ou penal em que incorrer.
CAPÍTULO XIII
DAS VENDAS A CRÉDITO COM RESERVA DE DOMÍNIO
Art. 1070. Nas vendas a crédito com reserva de domínio, quando as prestações
estiverem representadas por título executivo, o credor poderá cobrá-las,
observando-se o disposto no Livro II, Título II, Capítulo IV.
§ 1º. Efetuada a penhora da coisa vendida, é lícito a qualquer das partes, no
curso do processo, requerer-lhe a alienação judicial em leilão.
§ 2º. O produto do leilão será depositado, sub-rogando-se nele a penhora.
Art. 1071. Ocorrendo mora do comprador, provada com o protesto do título, o
vendedor poderá requerer, liminarmente e sem audiência do comprador, a
apreensão e depósito da coisa vendida.
§ 1º. Ao deferir o pedido, nomeará o juiz perito, que procederá à vistoria da coisa
e arbitramento do seu valor, descrevendo-lhe o estado e individuando-a com todos
os característicos.
§ 2º. Feito o depósito, será citado o comprador para, dentro em 5 (cinco) dias,
contestar a ação. Neste prazo poderá o comprador, que houver pago mais de 40%
(quarenta por cento) do preço, requerer ao juiz que lhe conceda 30 (trinta) dias
para reaver a coisa, liquidando as prestações vencidas, juros, honorários e custas.
§ 3º. Se o réu não contestar, deixar de pedir a concessão do prazo ou não
efetuar o pagamento referido no parágrafo anterior, poderá o autor, mediante a
apresentação dos títulos vencidos e vincendos, requerer a reintegração imediata
na posse da coisa depositada; caso em que, descontada do valor arbitrado a
importância da dívida acrescida das despesas judiciais e extrajudiciais, o autor
restituirá ao réu o saldo, depositando-o em pagamento.
§ 4º. Se a ação for contestada, observar-se-á o procedimento ordinário, sem
prejuízo da reintegração liminar.
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CAPÍTULO XIV
DO JUÍZO ARBITRAL
SEÇÃO I
DO COMPROMISSO
Art. 1072. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1073. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1074. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1075. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1076. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1077. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
SEÇÃO II
DOS ÁRBITROS
Art. 1078. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1079. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1080. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1081. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1082. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1083. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1084. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
SEÇÃO III
DO PROCEDIMENTO
Art. 1085. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1086. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1087. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1088. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1089. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1090. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1091. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1092. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1093. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
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Art. 1094. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1095. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1096. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1097. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
SEÇÃO IV
DA HOMOLOGAÇÃO DO LAUDO
Art. 1098. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1099. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1100. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1101. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1102. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
CAPÍTULO XV
DA AÇÃO MONITÓRIA
Art. 1102a. A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega
de coisa fungível ou de determinado bem móvel.
Art. 1102b. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz defirirá de
plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de
quinze dias.
Art. 1102c. No prazo previsto no artigo anterior, poderá o réu oferecer embargos,
que suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem
opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se
o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma prevista no
Livro II, Título II, Capítulos II e IV.
§1º. Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários
advocatícios.
§2º. Os embargos indpendem de prévia segurança do juízo e serão processados
nos próprios autos, pelo procedimento ordinário.
§3º. Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo
judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro II,
Título II, Capítulos II e IV.
TÍTULO II
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO
VOLUNTÁRIA
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CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1103. Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem a
jurisdição voluntária as disposições constantes deste Capítulo.
Art. 1104. O procedimento terá início por provocação do interessado ou do
Ministério Público, cabendo-lhes formular o pedido em requerimento dirigido ao
juiz, devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da
providência judicial.
Art. 1105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem
como o Ministério Público.
Art. 1106. O prazo para responder é de 10 (dez) dias.
Art. 1107. Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar
as suas alegações; mas ao juiz é lícito investigar livremente os fatos e ordenar de
ofício a realização de quaisquer provas.
Art. 1108. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver
interesse.
Art. 1109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém,
obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a
solução que reputar mais conveniente ou oportuna.
Art. 1110. Da sentença caberá apelação.
Art. 1111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já
produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.
Art. 1112. Processar-se-á na forma estabelecida neste Capítulo o pedido de:
I - emancipação;
II - sub-rogação;
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de órfãos
e de interditos;
IV - alienação, locação e administração da coisa comum;
V - alienação de quinhão em coisa comum;
VI - extinção de usufruto e de fideicomisso.
CAPÍTULO II
DAS ALIENAÇÕES JUDICIAIS
Art. 1113. Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados
judicialmente forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes
despesas para a sua guarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou
de qualquer das partes, mandará aliená-los em leilão.
§ 1º. Poderá o juiz autorizar, da mesma forma, a alienação de semoventes e
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outros bens de guarda dispendiosa; mas não o fará se alguma das partes se
obrigar a satisfazer ou garantir as despesas de conservação.
§ 2º. Quando uma das partes requerer a alienação judicial, o juiz ouvirá sempre a
outra antes de decidir.
§ 3º. Far-se-á a alienação independentemente de leilão, se todos os interessados
forem capazes e nisso convierem expressamente.
Art. 1114. Os bens serão avaliados por um perito nomeado pelo juiz quando:
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§ 1º. Se os cônjuges não puderem ou não souberem escrever, é lícito que
outrem assine a petição a rogo deles.
§ 2º. As assinaturas, quando não lançadas na presença do juiz, serão
reconhecidas por tabelião.
Art. 1121. A petição, instruída com a certidão de casamento e o contrato
antenupcial se houver, conterá:
I - a descrição dos bens do casal e a respectiva partilha;
II - o acordo relativo à guarda dos filhos menores;
III - o valor da contribuição para criar e educar os filhos;
IV - a pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não possuir bens
suficientes para se manter.
Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-
se-á esta, depois de homologada a separação consensual, na forma estabelecida
neste Livro, Título I, Capítulo IX.
Art. 1122. Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os
requisitos exigidos nos dois artigos antecedentes, em seguida, ouvirá os cônjuges
sobre os motivos da separação consensual, esclarecendo-lhes as conseqüências
da manifestação de vontade.
§ 1º. Convencendo-se o juiz de que ambos, livremente e sem hesitações,
desejam a separação consensual, mandará reduzir a termo as declarações e,
depois de ouvir o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o homologará; em
caso contrário, marcar-lhes-á dia e hora, com 15 (quinze) a 30 (trinta) dias de
intervalo, para que voltem, a fim de ratificar o pedido de separação consensual.
§ 2º. Se qualquer dos cônjuges não comparecer à audiência designada ou não
ratificar o pedido, o juiz mandará autuar a petição e documentos e arquivar o
processo.
Art. 1123. É lícito às partes, a qualquer tempo, no curso da separação judicial,
lhe requererem a conversão em separação consensual; caso em que será
observado o disposto no artigo 1.121 e primeira parte do § 1º do artigo
antecedente.
Art. 1124. Homologada a separação consensual, averbar-se-á a sentença no
registro civil e, havendo bens imóveis, na circunscrição onde se acham
registrados.
CAPÍTULO IV
DOS TESTAMENTOS E CODICILOS
SEÇÃO I
DA ABERTURA, DO REGISTRO E DO CUMPRIMENTO
Art. 1125. Ao receber testamento cerrado, o juiz, após verificar se está intacto, o
abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou.
Parágrafo único. Lavrar-se-á em seguida o ato de abertura que, rubricado pelo
juiz e assinado pelo apresentante, mencionará:
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I - a data e o lugar em que o testamento foi aberto;
II - o nome do apresentante e como houve ele o testamento;
III - a data e o lugar do falecimento do testador;
IV - qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior
do testamento.
Art. 1126. Conclusos os autos, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público,
mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento, se lhe não achar vício externo,
que o torne suspeito de nulidade ou falsidade.
Parágrafo único. O testamento será registrado e arquivado no cartório a que
tocar dele remetendo o escrivão uma cópia, no prazo de 8 (oito) dias, à repartição
fiscal.
Art. 1127. Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a
assinar, no prazo de 5 (cinco) dias, o termo da testamentaria; se não houver
testamenteiro nomeado, estiver ele ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão
certificará a ocorrência e fará os autos conclusos; caso em que o juiz nomeará
testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal.
Parágrafo único. Assinado o termo de aceitação da testamentaria, o escrivão
extrairá cópia autêntica do testamento para ser juntada aos autos de inventário ou
de arrecadação da herança.
Art. 1128. Quando o testamento for público, qualquer interessado, exibindo-lhe o
traslado ou certidão, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento.
Parágrafo único. O juiz mandará processá-lo conforme o disposto nos artigos
1.125 e 1.126.
Art. 1129. O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, ordenará
ao detentor de testamento que o exiba em juízo para os fins legais, se ele, após a
morte do testador, não se tiver antecipado em fazê-lo.
Parágrafo único. Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à busca e
apreensão do testamento, de conformidade com o disposto nos artigos 839 a 843.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO II
DA CONFIRMAÇÃO DO TESTAMENTO PARTICULAR
Art. 1130. O herdeiro, o legatário ou o testamenteiro poderá requerer, depois da
morte do testador, a publicação em juízo do testamento particular, inquirindo-se as
testemunhas que lhe ouviram a leitura e, depois disso, o assinaram.
Parágrafo único. A petição será instruída com a cédula do testamento particular.
Art. 1131. Serão intimados para a inquirição:
I - aqueles a quem caberia a sucessão legítima;
II - o testamenteiro, os herdeiros e os legatários que não tiverem requerido a
publicação;
III - o Ministério Público.
Parágrafo único. As pessoas, que não forem encontradas na comarca, serão
intimadas por edital.
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Art. 1132. Inquiridas as testemunhas, poderão os interessados, no prazo comum
de 5 (cinco) dias, manifestar-se sobre o testamento.
Art. 1133. Se pelo menos três testemunhas contestes reconhecerem que é
autêntico o testamento, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, o confirmará,
observando-se quanto ao mais o disposto nos artigos 1.126 e 1.127.
SEÇÃO III
DO TESTAMENTO MILITAR, MARÍTIMO, NUNCUPATIVO E DO CODICILO
Art. 1134. As disposições da seção precedente aplicam-se:
I - ao testamento marítimo;
II - ao testamento militar;
III - ao testamento nuncupativo;
IV - ao codicilo.
SEÇÃO IV
DA EXECUÇÃO DOS TESTAMENTOS
Art. 1135. O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias no
prazo legal, se outro não tiver sido assinado pelo testador e prestar contas, no
juízo do inventário, do que recebeu e despendeu.
Parágrafo único. Será ineficaz a disposição testamentária que eximir o
testamenteiro da obrigação de prestar contas.
Art. 1136. Se dentro de 3 (três) meses, contados do registro do testamento, não
estiver inscrita a hipoteca legal da mulher casada, do menor e do interdito
instituídos herdeiros ou legatários, o testamenteiro requerer-lhe-á a inscrição, sem
a qual não se haverão por cumpridas as disposições do testamento.
Art. 1137. Incumbe ao testamenteiro:
I - cumprir as obrigações do testamento;
II - propugnar a validade do testamento;
III - defender a posse dos bens da herança;
IV - requerer ao juiz que lhe conceda os meios necessários para cumprir as
disposições testamentárias.
Art. 1138. O testamenteiro tem direito a um prêmio que, se o testador não o
houver fixado, o juiz arbitrará, levando em conta o valor da herança e o trabalho
de execução do testamento.
§ 1º. O prêmio, que não excederá 5% (cinco por cento), será calculado sobre a
herança líquida e deduzido somente da metade disponível quando houver
herdeiros necessários, e de todo o acervo líquido nos demais casos.
§ 2º. Sendo o testamenteiro casado, sob o regime de comunhão de bens, com
herdeiro ou legatário do testador, não terá direito ao prêmio; ser-lhe-á lícito,
porém, preferir o prêmio à herança ou legado.
Art. 1139. Não se efetuará o pagamento do prêmio mediante adjudicação de
bens do espólio, salvo se o testamenteiro for meeiro.
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Art. 1140. O testamenteiro será removido e perderá o prêmio se:
I - lhe forem glosadas as despesas por ilegais ou em discordância com o
testamento;
II - não cumprir as disposições testamentárias.
Art. 1141. O testamenteiro, que quiser demitir-se do encargo, poderá requerer ao
juiz a escusa, alegando causa legítima. Ouvidos os interessados e o órgão do
Ministério Público, o juiz decidirá.
CAPÍTULO V
DA HERANÇA JACENTE
Art. 1142. Nos casos em que a lei civil considere jacente a herança, o juiz, em
cuja comarca tiver domicílio o falecido, procederá sem perda de tempo à
arrecadação de todos os seus bens.
Art. 1143. A herança jacente ficará sob a guarda, conservação e administração
de um curador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado, ou até
a declaração de vacância; caso em que será incorporada ao domínio da União, do
Estado ou do Distrito Federal.
Art. 1144. Incumbe ao curador:
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Art. 1148. Não podendo comparecer imediatamente por motivo justo ou por
estarem os bens em lugar muito distante, o juiz requisitará à autoridade policial
que proceda à arrecadação e ao arrolamento dos bens.
Parágrafo único. Duas testemunhas assistirão às diligências e, havendo
necessidade de apor selos, estes só poderão ser abertos pelo juiz.
Art. 1149. Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará
expedir carta precatória a fim de serem arrecadados.
Art. 1150. Durante a arrecadação o juiz inquirirá os moradores da casa e da
vizinhança sobre a qualificação do falecido, o paradeiro de seus sucessores e a
existência de outros bens, lavrando-se de tudo um auto de inquirição e
informação.
Art. 1151. Não se fará a arrecadação ou suspender-se-á esta quando iniciada,
se se apresentar para reclamar os bens o cônjuge, herdeiro ou testamenteiro,
notoriamente conhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer
interessado, do órgão do Ministério Público ou do representante da Fazenda
Pública.
Art. 1152. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será
estampado três vezes, com intervalo de 30 (trinta) dias para cada um, no órgão
oficial e na imprensa da comarca, para que venham a habilitar-se os sucessores
do finado no prazo de 6 (seis) meses contados da primeira publicação.
§ 1º. Verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, far-se-
á a sua citação, sem prejuízo do edital.
§ 2º. Quando o finado for estrangeiro, será também comunicado o fato à
autoridade consular.
Art. 1153. Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do
testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á
em inventário.
Art. 1154. Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou
propor a ação de cobrança.
Art. 1155. O juiz poderá autorizar a alienação:
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Art. 1156. Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal,
livros e obras de arte, só serão alienados depois de declarada a vacância da
herança.
Art. 1157. Passados 1 (um) ano da primeira publicação do edital (artigo 1.152) e
não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança
declarada vacante.
Parágrafo único. Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma
sentença que a julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, aguardar-se-
á o julgamento da última.
Art. 1158. Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge,
os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.
CAPÍTULO VI
DOS BENS DOS AUSENTES
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Parágrafo único. A habilitação dos herdeiros obedecerá ao processo do artigo
1.057.
Art. 1165. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só
produzirá efeito 6 (seis) meses depois de publicada pela imprensa; mas, logo que
passe em julgado, se procederá à abertura do testamento, se houver, e ao
inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
Parágrafo único. Se dentro em 30 (trinta) dias não comparecer interessado ou
herdeiro, que requeira o inventário, a herança será considerada jacente.
Art. 1166. Cumpre aos herdeiros, imitidos na posse dos bens do ausente, prestar
caução de os restituir.
Art. 1167. A sucessão provisória cessará pelo comparecimento do ausente e
converter-se-á em definitiva:
I - quando houver certeza de morte do ausente;
II - dez anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão
provisória;
III - quando o ausente contar 80 (oitenta) anos de idade e houverem decorrido 5
(cinco) anos das últimas notícias suas.
Art. 1168. Regressando o ausente nos 10 (dez) anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva ou algum dos seus descendentes ou ascendentes, aquele ou
estes só poderão requerer ao juiz a entrega dos bens existentes no estado em que
se acharem, ou sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros e demais
interessados houverem recebido pelos alienados depois daquele tempo.
Art. 1169. Serão citados para lhe contestarem o pedido os sucessores
provisórios ou definitivos, o órgão do Ministério Público e o representante da
Fazenda Pública.
Parágrafo único. Havendo contestação, seguir-se-á o procedimento ordinário.
CAPÍTULO VII
DAS COISAS VAGAS
Art. 1170. Aquele que achar coisa alheia perdida, não lhe conhecendo o dono ou
legítimo possuidor, a entregará à autoridade judiciária ou policial, que a
arrecadará, mandando lavrar o respectivo auto, dele constando a sua descrição e
as declarações do inventor.
Parágrafo único. A coisa, com o auto, será logo remetida ao juiz competente,
quando a entrega tiver sido feita à autoridade policial ou a outro juiz.
Art. 1171. Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital, por duas vezes, no
órgão oficial, com intervalo de 10 (dez) dias, para que o dono ou legítimo
possuidor a reclame.
§ 1º. O edital conterá a descrição da coisa e as circunstâncias em que foi
encontrada.
§ 2º. Tratando-se de coisa de pequeno valor, o edital será apenas afixado no
átrio do edifício do forum.
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Art. 1172. Comparecendo o dono ou o legítimo possuidor dentro do prazo do
edital e provando o seu direito, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público e o
representante da Fazenda Pública, mandará entregar-lhe a coisa.
Art. 1173. Se não for reclamada, será a coisa avaliada e alienada em hasta
pública e, deduzidas do preço as despesas e a recompensa do inventor, o saldo
pertencerá, na forma da lei, à União, ao Estado ou ao Distrito Federal.
Art. 1174. Se o dono preferir abandonar a coisa, poderá o inventor requerer que
lhe seja adjudicada.
Art. 1175. O procedimento estabelecido neste Capítulo aplica-se aos objetos
deixados nos hotéis, oficinas e outros estabelecimentos, não sendo reclamados
dentro de 1 (um) mês.
Art. 1176. Havendo fundada suspeita de que a coisa foi criminosamente
subtraída, a autoridade policial converterá a arrecadação em inquérito; caso em
que competirá ao juiz criminal mandar entregar a coisa a quem provar que é o
dono ou legítimo possuidor.
CAPÍTULO VIII
DA CURATELA DOS INTERDITOS
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Ministério Público ou, quando for este o requerente, o curador à lide.
§ 2º. Poderá o interditando constituir advogado para defender-se.
§ 3º. Qualquer parente sucessível poderá constituir-lhe advogado com os
poderes judiciais que teria se nomeado pelo interditando, respondendo pelos
honorários.
Art. 1183. Decorrido o prazo a que se refere o artigo antecedente, o juiz
nomeará perito para proceder ao exame do interditando. Apresentado o laudo, o
juiz designará audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Decretando a interdição, o juiz nomeará curador ao interdito.
Art. 1184. A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a
apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela
imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalos de 10 (dez) dias,
constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os
limites da curatela.
Art. 1185. Obedecerá às disposições dos artigos antecedentes, no que for
aplicável, a interdição do pródigo, a do surdo-mudo sem educação que o habilite a
enunciar precisamente a sua vontade e a dos viciados pelo uso de substâncias
entorpecentes quando acometidos de perturbações mentais.
Art. 1186. Levantar-se-á a interdição, cessando a causa que a determinou.
§ 1º. O pedido de levantamento poderá ser feito pelo interditado e será apensado
aos autos da interdição. O juiz nomeará perito para proceder ao exame de
sanidade no interditado e após a apresentação do laudo designará audiência de
instrução e julgamento.
§ 2º. Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e mandará
publicar a sentença, após o trânsito em julgado, pela imprensa local e o órgão
oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no
Registro de Pessoas Naturais.
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS À TUTELA E À CURATELA
SEÇÃO I
DA NOMEAÇÃO DO TUTOR OU CURADOR
Art. 1187. O tutor ou curador será intimado a prestar compromisso no prazo de 5
(cinco) dias contados:
I - da nomeação feita na conformidade da lei civil;
II - da intimação do despacho que mandar cumprir o testamento ou o instrumento
público que o houver instituído.
Art. 1188. Prestado o compromisso por termo em livro próprio rubricado pelo
juiz, o tutor ou curador, antes de entrar em exercício, requererá, dentro em 10
(dez) dias, a especialização em hipoteca legal de imóveis necessários para
acautelar os bens que serão confiados à sua administração.
Parágrafo único. Incumbe ao órgão do Ministério Público promover a
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especialização de hipoteca legal, se o tutor ou curador não a tiver requerido no
prazo assinado neste artigo.
Art. 1189. Enquanto não for julgada a especialização, incumbirá ao órgão do
Ministério Público reger a pessoa do incapaz e administrar-lhe os bens.
Art. 1190. Se o tutor ou curador for de reconhecida idoneidade, poderá o juiz
admitir que entre em exercício, prestando depois a garantia, ou dispensando-a
desde logo.
Art. 1191. Ressalvado o disposto no artigo antecedente, a nomeação ficará sem
efeito se o tutor ou curador não puder garantir a sua gestão.
Art. 1192. O tutor ou curador poderá eximir-se do encargo, apresentando escusa
ao juiz no prazo de 5 (cinco) dias. Contar-se-á o prazo:
I - antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso;
II - depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o motivo da escusa.
Parágrafo único. Não sendo requerida a escusa no prazo estabelecido neste
artigo, reputar-se-á renunciado o direito de alegá-la.
Art. 1193. O juiz decidirá de plano o pedido de escusa. Se não a admitir,
exercerá o nomeado a tutela ou curatela enquanto não for dispensado por
sentença transitada em julgado.
SEÇÃO II
DA REMOÇÃO E DISPENSA DE TUTOR OU CURADOR
Art. 1194. Incumbe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo
interesse, requerer, nos casos previstos na lei civil, a remoção do tutor ou curador.
Art. 1195. O tutor ou curador será citado para contestar a argüição no prazo de 5
(cinco) dias.
Art. 1196. Findo o prazo, observar-se-á o disposto no artigo 803.
Art. 1197. Em caso de extrema gravidade, poderá o juiz suspender do exercício
de suas funções o tutor ou curador, nomeando-lhe interinamente substituto.
Art. 1198. Cessando as funções do tutor ou curador pelo decurso do prazo em
que era obrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo; não o
fazendo dentro de 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á
reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.
CAPÍTULO X
DA ORGANIZAÇÃO E DA FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES
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suficientes ao fim a que ela se destina.
Art. 1201. Autuado o pedido, o órgão do Ministério Público, no prazo de 15
(quinze) dias, aprovará o estatuto, indicará as modificações que entender
necessárias ou lhe denegará a aprovação.
§ 1º. Nos dois últimos casos, pode o interessado, em petição motivada, requerer
ao juiz o suprimento da aprovação.
§ 2º. O juiz, antes de suprir a aprovação, poderá mandar fazer no estatuto
modificações a fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor.
Art. 1202. Incumbirá ao órgão do Ministério Público elaborar o estatuto e
submetê-lo à aprovação do juiz:
I - quando o instituidor não o fizer nem nomear quem o faça;
II - quando a pessoa encarregada não cumprir o encargo no prazo assinado pelo
instituidor ou, não havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses.
Art. 1203. A alteração do estatuto ficará sujeita à aprovação do órgão do
Ministério Público. Sendo-lhe denegada, observar-se-á o disposto no artigo 1.201,
§§ 1º e 2º.
Parágrafo único. Quando a reforma não houver sido deliberada por votação
unânime, os administradores, ao submeterem ao órgão do Ministério Público o
estatuto, pedirão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la no prazo de
10 (dez) dias.
Art. 1204. Qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público promoverá a
extinção da fundação quando:
I - se tornar ilícito o seu objeto;
II - for impossível a sua manutenção;
III - se vencer o prazo de sua existência.
CAPÍTULO XI
DA ESPECIALIZAÇÃO DA HIPOTECA LEGAL
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que será o valor caucionado.
§ 3º. Dispensa-se a avaliação, quando estiverem mencionados na escritura os
bens do marido, que devam garantir o dote.
Art. 1207. Sobre o laudo manifestar-se-ão os interessados no prazo comum de 5
(cinco) dias. Em seguida, o juiz homologará ou corrigirá o arbitramento e
avaliação; e, achando livres e suficientes os bens designados, julgará por
sentença a especialização, mandando que se proceda à inscrição da hipoteca.
Parágrafo único. Da sentença constarão expressamente o valor da hipoteca e os
bens do responsável, com a especificação do nome, situação e característicos.
Art. 1208. Sendo insuficientes os bens oferecidos para a hipoteca legal em favor
do menor, de interdito ou de mulher casada e não havendo reforço mediante
caução real ou fidejussória, ordenará o juiz a avaliação de outros bens; tendo-os,
proceder-se-á como nos artigos antecedentes, não os tendo, será julgada
improcedente a especialização.
Art. 1209. Nos demais casos de especialização, prevalece a hipoteca legal dos
bens oferecidos, ainda que inferiores ao valor da responsabilidade, ficando salvo
os interessados completar a garantia pelos meios regulares.
Art. 1210. Não dependerá de intervenção judicial a especialização de hipoteca
legal sempre que o interessado, capaz de contratar, a convencionar, por escritura
pública, com o responsável.
LIVRO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 1211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao
entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos
pendentes.
Art. 1212. A cobrança da dívida ativa da União incumbe aos seus procuradores
e, quando a ação for proposta em foro diferente do Distrito Federal ou das Capitais
dos Estados ou Territórios, também aos membros do Ministério Público Estadual e
dos Territórios, dentro dos limites territoriais fixados pela organização judiciária
local.
Parágrafo único. As petições, arrazoados ou atos processuais praticados pelos
representantes da União perante as justiças dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, não estão sujeitos a selos, emolumentos, taxas ou contribuições de
qualquer natureza.
Art. 1213. As cartas precatórias, citatórias, probatórias, executórias e cautelares,
expedidas pela Justiça Federal, poderão ser cumpridas nas comarcas do interior
pela Justiça Estadual.
Art. 1214. Adaptar-se-ão às disposições deste Código as resoluções sobre
organização judiciária e os regimentos internos dos tribunais.
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Art. 1215. Os autos poderão ser eliminados por incineração, destruição
mecânica ou por outro meio adequado, findo o prazo de 5 (cinco) anos, contado
da data do arquivamento, publicando-se previamente no órgão oficial e em jornal
local, onde houver, aviso aos interessados, com o prazo de 30 (trinta) dias.
§ 1º. É lícito, porém, às partes e interessados requerer, às suas expensas, o
desentranhamento dos documentos que juntaram aos autos, ou a microfilmagem
total ou parcial do feito.
§ 2º. Se, a juízo da autoridade competente, houver, nos autos, documentos de
valor histórico, serão eles recolhidos ao Arquivo Público. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973, com vigência suspensa pela Lei nº 6.246, de
07.10.1975)
Art. 1216. O órgão oficial da União e os dos Estados publicarão gratuitamente,
no dia seguinte ao da entrega dos originais, os despachos, intimações, atas das
sessões dos tribunais e notas de expediente dos cartórios.
Art. 1217. Ficam mantidos os recursos dos processos regulados em leis
especiais e as disposições que lhes regem o procedimento constantes do Decreto-
Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939, até que seja publicada a lei que os
adaptará ao sistema deste Código.
Art. 1218. Continuam em vigor até serem incorporados nas leis especiais os
procedimentos regulados pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939,
concernentes:
I - ao loteamento e venda de imóveis a prestações (artigos 345 a 349);
II - (Revogado pela Lei nº 6.649, de 16.05.1979)
III - (Revogado pela Lei nº 8.245, de 18.10.1991)
IV - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
V - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
VI - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
VII - à dissolução e liquidação das sociedades (artigos 655 a 674);
VIII - aos protestos formados a bordo (artigos 725 a 729); (Inciso acrescentado
pela Lei nº 6.780/80, renumerando-se os demais)
IX - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
X - ao dinheiro a risco (artigos 754 e 755);
XI - à vistoria de fazendas avariadas (artigo 756);
XII - à apreensão de embarcações (artigos 757 a 761);
XIII - à avaria a cargo do segurador (artigos 762 a 764);
XIV - às avarias (artigos 765 a 768);
XV - (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986);
XVI - às arribadas forçadas (artigos 772 a 775).
Art. 1219. Em todos os casos em que houver recolhimento de importância em
dinheiro, esta será depositada em nome da parte ou do interessado, em conta
especial movimentada por ordem do juiz. (Artigo acrescentado pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
Art. 1220. Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1974, revogadas
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as disposições em contrário. (Artigo renumerado pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Brasília, 11 de janeiro de 1973; 152º da Independência e 85º da República.
EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid
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Lei de Introdução do Código Penal
(DOU 11.12.1941)
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta:
Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Art. 2º. Quem incorrer em falência será punido:
I - se fraudulenta a falência, com a pena de reclusão, por 2 (dois) a 6 (seis) anos;
II - se culposa, com a pena de detenção, por 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
Art. 3º. Os fatos definidos como crimes no Código Florestal, quando não
compreendidos em disposição do Código Penal, passam a constituir
contravenções, punidas com a pena de prisão simples, por 3 (três) meses a 1 (um)
ano, ou de multa, de um conto de réis a dez contos de réis, ou com ambas as
penas, cumulativamente.
Art. 4º. Quem cometer contravenção prevista no Código Florestal será punido
com pena de prisão simples, por 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou de multa, de
duzentos mil-réis a cinco contos de réis, ou com ambas as penas,
cumulativamente.
Art. 5º. Os fatos definidos como crimes no Código de Pesca (Decreto-Lei nº 794,
de 19 de outubro de 1938) passam a constituir contravenções, punidas com a
pena de prisão simples, por 3 (três) meses a 1 (ano) ano, ou de multa, de
quinhentos mil-réis a dez contos de réis, ou com ambas as penas,
cumulativamente.
Art. 6º. Quem, depois de punido administrativamente por infração da legislação
especial sobre a caça, praticar qualquer infração definida na mesma legislação,
ficará sujeito à pena de prisão simples, por 15 (quinze) dias a 3 (três) meses.
Art. 7º. No caso do artigo 71 do Código de Menores (Decreto nº 17.943-A, de 12
de outubro de 1927), o juiz determinará a internação do menor em seção especial
de escola de reforma.
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§ 1º. A internação durará, no mínimo, 3 (três) anos.
§ 2º. Se o menor completar 21 (vinte e um) anos, sem que tenha sido revogada a
medida de internação, será transferido para colônia agrícola ou para instituto de
trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, ou seção especial de outro
estabelecimento, à disposição do juiz criminal.
§ 3º. Aplicar-se-á, quanto à revogação da medida, o disposto no Código Penal
sobre a revogação de medida de segurança.
Art. 8º. As interdições permanentes, previstas na legislação especial como efeito
de sentença condenatória, durarão pelo tempo de 20 (vinte) anos.
Art. 9º. As interdições permanentes, impostas em sentença condenatória
passada em julgado, ou desta decorrentes, de acordo com a Consolidação das
Leis Penais, durarão pelo prazo máximo estabelecido no Código Penal para a
espécie correspondente.
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo às interdições temporárias
com prazo de duração superior ao limite máximo fixado no Código Penal.
Art. 10. O disposto nos artigos 8º e 9º não se aplica às interdições que, segundo
o Código Penal, podem consistir em incapacidades permanentes.
Art. 11. Observar-se-á, quanto ao prazo de duração das interdições, nos casos
dos artigos 8º e 9º, o disposto no artigo 72 do Código Penal, no que for aplicável.
Art. 12. Quando, por fato cometido antes da vigência do Código Penal, se tiver
de pronunciar condenação, de acordo com a lei anterior, atender-se-á ao seguinte:
I - a pena de prisão celular, ou de prisão com trabalho, será substituída pela de
reclusão, ou de detenção, se uma destas for a pena cominada para o mesmo fato
pelo Código Penal;
II - a pena de prisão celular ou de prisão com trabalho será substituída pela de
prisão simples, se o fato estiver definido como contravenção na lei anterior, ou na
Lei das Contravenções Penais.
Art. 13. A pena de prisão celular ou de prisão com trabalho imposta em sentença
irrecorrível, ainda que já iniciada a execução, será convertida em reclusão,
detenção ou prisão simples, de conformidade com as normas prescritas no artigo
anterior.
Art. 14. A pena convertida em prisão simples, em virtude do artigo 409 da
Consolidação das Leis Penais, será convertida em reclusão, detenção ou prisão
simples, segundo o disposto no artigo 13, desde que o condenado possa ser
recolhido a estabelecimento destinado à execução da pena resultante da
conversão.
Parágrafo único. Abstrair-se-á, no caso de conversão, do aumento que tiver sido
aplicado, de acordo com o disposto no artigo 409, in fine da Consolidação das Leis
Penais.
Art. 15. A substituição ou conversão da pena, na forma desta Lei, não impedirá a
suspensão condicional, se a lei anterior não a excluir.
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Art. 16. Se, em virtude da substituição da pena, for imposta a de detenção ou a
de prisão simples, por tempo superior a 1 (um) ano e que não exceda de 2 (dois),
o juiz poderá conceder a suspensão condicional da pena, desde que reunidas as
demais condições exigidas pelo artigo 57 do Código Penal.
Art. 17. Aplicar-se-á o disposto no artigo 81, § 1º, II e III, do Código Penal, aos
indivíduos recolhidos a manicômio judiciário ou a outro estabelecimento em virtude
do disposto no artigo 29, 1ª parte, da Consolidação das Leis Penais.
Art. 18. As condenações anteriores serão levadas em conta para determinação
da reincidência em relação a fato praticado depois de entrar em vigor o Código
Penal.
Art. 19. O juiz aplicará o disposto no artigo 2º, parágrafo único, in fine, do Código
Penal, nos seguintes casos:
I - se o Código ou a Lei das Contravenções Penais cominar para o fato pena de
multa, isoladamente, e na sentença tiver sido imposta pena privativa de liberdade;
II - se o Código ou a Lei das Contravenções cominar para o fato pena privativa
de liberdade por tempo inferior ao da pena cominada na lei aplicada pela
sentença.
Parágrafo único. Em nenhum caso, porém, o juiz reduzirá a pena abaixo do limite
que fixaria se pronunciasse condenação de acordo com o Código Penal.
Art. 20. Não poderá ser promovida ação pública por fato praticado antes da
vigência do Código Penal:
I - quando, pela lei anterior, somente cabia ação privada;
II - quando, ao contrário do que dispunha a lei anterior, o Código Penal só admite
ação privada.
Parágrafo único. O prazo estabelecido no artigo 105 do Código Penal correrá, na
hipótese do nº II:
a) de 1º de janeiro de 1942, se o ofendido sabia, anteriormente, quem era o autor
do fato;
b) no caso contrário, do dia em que vier a saber quem é o autor do fato.
Art. 21. Nos casos em que o Código Penal exige representação, sem esta não
poderá ser intentada ação pública por fato praticado antes de 1º de janeiro de
1942; prosseguindo-se, entretanto, na que tiver sido anteriormente iniciada, haja
ou não representação.
Parágrafo único. Atender-se-á, no que for aplicável, ao disposto no parágrafo
único do artigo anterior.
Art. 22. Onde não houver estabelecimento adequado para a execução de
medida de segurança detentiva estabelecida no artigo 88, § 1º, III, do Código
Penal, aplicar-se-á a de liberdade vigiada, até que seja criado aquele
estabelecimento ou adotada qualquer das providências previstas no artigo 89, e
seu parágrafo, do mesmo Código.
Parágrafo único. Enquanto não existir estabelecimento adequado, as medidas
detentivas estabelecidas no artigo 88, § 1º, I e II, do Código Penal, poderão ser
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executadas em seções especiais de manicômio comum, asilo ou casa de saúde.
Art. 23. Onde não houver estabelecimento adequado ou adaptado à execução
das penas de reclusão, detenção ou prisão, poderão estas ser cumpridas em
prisão comum.
Art. 24. Não se aplicará o disposto no artigo 79, II, do Código Penal a indivíduo
que, antes de 1º de janeiro de 1942, tenha sido absolvido por sentença passada
em julgado.
Art. 25. A medida de segurança aplicável ao condenado que, a 1º de janeiro de
1942, ainda não tenha cumprido a pena, é a liberdade vigiada.
Art. 26. A presente Lei não se aplica aos crimes referidos no artigo 360 do
Código Penal, salvo os de falência.
Art. 27. Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 1942; revogadas as
disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1941; 120º da Independência e 53º da
República.
GETÚLIO VARGAS
Em 9 de maio de 1983
Excelentíssimo Senhor Presidente da República:
1. Datam de mais de vinte anos as tentativas de elaboração do novo Código
Penal. Por incumbência do Governo Federal, já em 1963 o Professor Nélson
Hungria apresentava o anteprojeto de sua autoria, ligando-se, pela segunda vez, à
reforma de nossa legislação penal.
2. Submetido ao ciclo de conferências e debates do Instituto Latino-Americano
de Criminologia, realizado em São Paulo, e a estudos promovidos pela Ordem dos
Advogados do Brasil e Faculdades de Direito, foi objeto de numerosas propostas
de alteração, distinguindo-se o debate pela amplitude das contribuições
oferecidas. Um ano depois, designou o então Ministro Milton Campos a comissão
revisora do anteprojeto, composta dos Professores Nélson Hungria, Aníbal Bruno
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e Heleno Cláudio Fragoso. A comissão incorporou ao texto numerosas sugestões,
reelaborando-o em sua quase inteireza, mas a conclusão não chegou a ser
divulgada. A reforma foi retomada pelo Ministro Luiz Antônio da Gama e Silva, que
em face do longo e eficiente trabalho de elaboração já realizado submeteu o
anteprojeto a revisão final, por comissão composta dos Professores Benjamin
Moraes Filho, Heleno Cláudio Fragoso e Ivo D'Aquino. Nessa última revisão
punha-se em relevo a necessidade de compatibilizar o anteprojeto do Código
Penal com o do Código Penal Militar, também em elaboração. Finalmente, a 21 de
outubro de 1969, o Ministro Luiz Antônio da Gama e Silva encaminhou aos
Ministros Militares, então no exercício da Chefia do Poder Executivo, o texto do
Projeto de Código Penal, convertido em lei pelo Decreto-Lei nº 1.004, da mesma
data. Segundo o artigo 407, entraria o novo Código Penal em vigor no dia 1º de
janeiro de 1970.
3. No Governo do Presidente Emílio Médici, o Ministro Alfredo Buzaid anuiu à
conveniência de entrarem simultaneamente em vigor o Código Penal, o Código de
Processo Penal e a Lei de Execução Penal, como pressuposto de eficácia da
Justiça Criminal. Ao Código Penal, já editado, juntar-se-iam os dois outros
diplomas, cujos anteprojetos se encontravam em elaboração. Era a reforma do
sistema penal brasileiro, pela modernização de suas leis constitutivas, que no
interesse da segurança dos cidadãos e da estabilidade dos direitos então se
intentava. Essa a razão das leis proteladoras da vigência do Código Penal, daí por
diante editadas. A partir da Lei nº 5.573, de 1º de dezembro de 1969, que remeteu
para 1º de agosto de 1970 o início da vigência em apreço, seis diplomas legais,
uns inovadores, outros protelatórios, foram impelindo para diante a entrada em
vigor do Código Penal de 1969.
4. Processara-se, entrementes, salutar renovação das leis penais e processuais
vigentes. Enquanto adiada a entrada em vigor do Código Penal de 1969, o
Governo do Presidente Ernesto Geisel, sendo Ministro da Justiça o Dr. Armando
Falcão, encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 2, de 22 de
fevereiro de 1977, destinado a alterar dispositivos do Código Penal de 1940, do
Código de Processo Penal e da Lei das Contravenções Penais. Coincidiam as
alterações propostas, em parte relevante, com as recomendações da Comissão
Parlamentar de Inquérito instituída em 1975 na Câmara dos Deputados, referentes
à administração da Justiça Criminal e à urgente reavaliação dos critérios de
aplicação e execução da pena privativa da liberdade. Adaptado à positiva e ampla
contribuição do Congresso Nacional, o projeto se transformou na Lei nº 6.416, de
24 de maio de 1977, responsável pelo ajustamento de importantes setores da
execução penal à realidade social contemporânea. Foram tais as soluções por ela
adotadas que pela Mensagem nº 78, de 30 de agosto de 1978, o Presidente
Ernesto Geisel, sendo ainda Ministro da Justiça o Dr. Armando Falcão,
encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei que revogava o Código Penal
de 1969. Apoiava-se a Mensagem, entre razões outras, no fato de que o Código
Penal de 1940, nas passagens reformuladas, se tornara "mais atualizado do que o
vacante". O projeto foi transformado na Lei nº 6.578, de 11 de outubro de 1978,
que revogou o Código Penal e as Leis nºs 6.016, de 31 de dezembro de 1973, e
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6.063, de 27 de junho de 1974, que o haviam parcialmente modificado.
5. Apesar desses inegáveis aperfeiçoamentos, a legislação penal continua
inadequada às exigências da sociedade brasileira. A pressão dos índices de
criminalidade e suas novas espécies, a constância da medida repressiva como
resposta básica ao delito, a rejeição social dos apenados e seus reflexos no
incremento da reincidência, a sofisticação tecnológica, que altera a fisionomia da
criminalidade contemporânea, são fatores que exigem o aprimoramento dos
instrumentos jurídicos de contenção do crime, ainda os mesmos concebidos pelos
juristas na primeira metade do século.
6. Essa, em síntese, a razão pela qual institui, no Ministério da Justiça,
comissões de juristas incumbidas de estudar a legislação penal e de conceber as
reformas necessárias. Do longo e dedicado trabalho dos componentes dessas
comissões resultaram três anteprojetos: o da Parte Geral do Código Penal, o do
Código de Processo Penal e o da Lei de Execução Penal. Foram todos
amplamente divulgados e debatidos em simpósios e congressos. Para analisar as
críticas e sugestões oferecidas por especialistas e instituições, constituí as
comissões revisoras, que reexaminaram os referidos anteprojetos e neles
introduziram as alterações julgadas convenientes. Desse abrangente e patriótico
trabalho participaram, na fase de elaboração, os Professores Francisco de Assis
Toledo, Presidente da Comissão, Francisco de Assis Serrano Neves, Ricardo
Antunes Andreucci, Miguel Reale Júnior, Hélio Fonseca, Rogério Lauria Tucci e
René Ariel Dotti; na segunda fase, destinada à revisão dos textos e incorporação
do material resultante dos debates, os Professores Francisco de Assis Toledo,
Coordenador da Comissão, Dínio de Santis Garcia, Jair Leonardo Lopes e Miguel
Reale Júnior.
7. Deliberamos remeter a fase posterior a reforma da Parte Especial do Código,
quando serão debatidas questões polêmicas, algumas de natureza moral e
religiosa. Muitas das concepções que modelaram o elenco de delitos modificaram-
se ao longo do tempo, alterando os padrões de conduta, o que importará em
possível descriminalização. Por outro lado, o avanço científico e tecnológico impõe
a inserção, na esfera punitiva, de condutas lesivas ao interesse social, como
versões novas da atividade econômica e financeira ou de atividades predatórias
da natureza.
8. A precedência dada à reforma da Parte Geral do Código, à semelhança do
que se tem feito em outros países, antecipa a adoção de nova política criminal e
possibilita a implementação das reformas do sistema sem suscitar questões de
ordem prática.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
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restritivo, no tocante ao crime e à pena.
10. Define o Projeto, nos artigos 4º e 6º, respectivamente, o tempo e lugar do
crime, absorvendo, no caso, contribuição do Código de 1969, consagrada na
doutrina.
11. Na aplicação da lei penal no espaço, o Projeto torna mais precisas as
disposições, de forma a suprir, em função dos casos ocorrentes, as omissões do
Código de 1940.
DO CRIME
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17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sine culpa vai
aflorar com todo o vigor no direito legislado brasileiro. Com efeito, acolhe o
Projeto, nos artigos 20 e 21, as duas formas básicas de erro construídas pela
dogmática alemã: erro sobre elementos do tipo (Tatbestandsirrtum) e erro sobre a
ilicitude do fato (verbotsirrtum). Definiu-se a evitabilidade do erro em função da
consciência potencial da ilicitude (parágrafo único do artigo 21), mantendo-se no
tocante às descriminantes putativas a tradição brasileira, que admite a forma
culposa, em sintonia com a denominada "teoria limitada da culpabilidade"
("Culpabilidade e a problemática do erro jurídico penal", de Francisco de Assis
Toledo, in RT, 517:251).
18. O princípio da culpabilidade estende-se, assim, a todo o Projeto. Aboliu-se a
medida de segurança para o imputável. Diversificou-se o tratamento dos
partícipes, no concurso de pessoas. Admitiu-se a escusabilidade da falta de
consciência da ilicitude. Eliminaram-se os resíduos de responsabilidade objetiva,
principalmente os denominados crimes qualificados pelo resultado.
19. Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas
"descriminantes putativas". Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada da
culpabilidade, que distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma
causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código
vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo 17, § 1).
20. Excetuado o acerto de redação do artigo 22, no qual se substitui a palavra
"crime" por "fato", mantêm-se os preceitos concernentes ao erro determinado por
terceiro, ao erro sobre a pessoa, à coação irresistível a à obediência hierárquica.
21. Permanecem as mesmas, e com o tratamento que lhes deu o Código
vigente, as causas de exclusão da ilicitude. A inovação está contida no artigo 23,
que estende o excesso punível, antes restrito à legítima defesa, a todas as causas
de justificação.
DA IMPUTABILIDADE PENAL
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menor, ser ainda incompleto, é naturalmente anti-social na medida em que não é
socializado ou instruído. O reajustamento do processo de formação do caráter
deve ser cometido à educação, não à pena criminal. De resto, com a legislação de
menores recentemente editada, dispõe o Estado dos instrumentos necessários ao
afastamento do jovem delinqüente, menor de 18 (dezoito) anos, do convívio social,
sem sua necessária submissão ao tratamento do delinqüente adulto, expondo-o à
contaminação carcerária.
24. Permanecem íntegros, tal como redigidos no Código vigente, os preceitos
sobre paixão, emoção e embriaguez. As correções terminológicas introduzidas
não lhes alteram o sentido e o alcance e se destinam a conjugá-los com
disposições outras, do novo texto.
DO CONCURSO DE PESSOAS
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28. Esse questionamento da privação da liberdade tem levado penalistas de
numerosos países e a própria Organização das Nações Unidas a uma "procura
mundial" de soluções alternativas para os infratores que não ponham em risco a
paz e a segurança da sociedade.
29. Com o ambivalente propósito de aperfeiçoar a pena de prisão, quando
necessária, e de substituí-la, quando aconselhável, por formas diversas de sanção
criminal, dotadas de eficiente poder corretivo, adotou o Projeto novo elenco de
penas. Fê-lo, contudo, de maneira cautelosa, como convém a toda experiência
pioneira nesta área. Por esta razão, o Projeto situa as novas penas na faixa ora
reservada ao instituto da suspensão condicional da pena, com significativa
ampliação para os crimes culposos. Aprovada a experiência, fácil será, no futuro,
estendê-la a novas hipóteses, por via de pequenas modificações no texto.
Nenhum prejuízo, porém, advirá da inovação introduzida, já que o instituto da
suspensão condicional da pena, tal como vem sendo aplicado com base no
Código de 1940, é um quase nada jurídico.
30. Estabelecerem-se com precisão os regimes de cumprimento da pena
privativa da liberdade: o fechado, consistente na execução da pena em
estabelecimento de segurança máxima ou média; o semi-aberto, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar; e finalmente o aberto, que consagra
a prisão-albergue, cuja execução deverá processar-se em casa de albergado ou
instituição adequada.
31. Institui-se, no regime fechado, a obrigatoriedade do exame criminológico para
seleção dos condenados conforme o grau de emendabilidade e conseqüente
individualização do tratamento penal.
32. O trabalho, amparado pela Previdência Social, será obrigatório em todos os
regimes e se desenvolverá segundo as aptidões ou ofício anterior do preso, nos
termos das exigências estabelecidas.
33. O cumprimento da pena superior a 8 (oito) anos será obrigatoriamente
iniciado em regime fechado. Abrem-se, contudo, para condenados a penas
situadas aquém desse limite, possibilidade de cumprimento em condições menos
severas, atentas as condições personalíssimas do agente e a natureza do crime
cometido. Assim, o condenado a pena entre 4 (quatro) e 8 (oito) anos poderá
iniciar o seu cumprimento em regime semi-aberto. Ao condenado a pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos, quando primário, poderá ser concedido, ab initio, o
regime aberto, na forma do artigo 33, § 3º, se militarem em seu favor os requisitos
do artigo 59.
34. A opção pelo regime inicial da execução cabe, pois, ao juiz da sentença, que
o estabelecerá no momento da fixação da pena, de acordo com os critérios
estabelecidos no artigo 59, relativos à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social e à personalidade do agente, bem como aos motivos e circunstâncias do
crime.
35. A decisão será, no entanto, provisória, já que poderá ser revista no curso da
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execução. A fim de humanizar a pena privativa da liberdade, adota o Projeto o
sistema progressivo de cumprimento da pena, de nova índole, mediante o qual
poderá dar-se a substituição do regime a que estiver sujeito o condenado,
segundo seu próprio mérito. A partir do regime fechado, fase mais severa do
cumprimento da pena, possibilita o Projeto a outorga progressiva de parcelas da
liberdade suprimida.
36. Mas a regressão do regime inicialmente menos severo para outro de maior
restrição é igualmente contemplada, se a impuser a conduta do condenado.
37. Sob essa ótica, a progressiva conquista da liberdade pelo mérito substitui o
tempo de prisão como condicionante exclusiva da devolução da liberdade.
38. Reorientada a resposta penal nessa nova direção - a da qualidade da pena
em interação com a quantidade - esta será tanto mais justificável quanto mais
apropriadamente ataque as causas de futura delinqüência. Promove-se, assim, a
sentença judicial a ato de prognose, direcionada no sentido de uma presumida
adaptabilidade social.
39. O Projeto limita-se a estabelecer as causas que justificam a regressão do
regime aberto (artigo 36, § 2º), remetendo a regulamentação das demais
hipóteses à Lei de Execução Penal.
40. Adota o Projeto as penas restritivas de direitos, substitutivas da pena de
prisão, consistentes em prestação de serviços à comunidade, interdição
temporária de direitos e limitação de fins de semana, fixando o texto os requisitos
e critérios norteadores da substituição.
41. Para adotar de força coativa o cumprimento da pena restritiva de direitos,
previu-se a conversão dessa modalidade de sanção em privativa da liberdade,
pelo tempo da pena aplicada, se injustificadamente descumprida a restrição
imposta. A conversação, doutra parte, far-se-á se ocorrer condenação por outro
crime à pena privativa da liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
42. Essas penas privativas de direitos, em sua tríplice concepção, aplicam-se
aos delitos dolosos cuja pena, concretamente aplicada, seja inferior a 1 (um) ano e
aos delitos culposos de modo geral, resguardando-sem em ambas as hipóteses, o
prudente arbítrio do juiz. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias do crime, é que
darão a medida de conveniência da substituição.
43. O Projeto revaloriza a pena de multa, cuja força retributiva se tornou ineficaz
no Brasil, dada a desvalorização das quantias estabelecidas na legislação em
vigor, adotando-se, por essa razão, o critério do dia-multa, nos parâmetros
estabelecidos, sujeito a correção monetária no ato da execução.
44. Prevê o Projeto o pagamento em parcelas mensais, bem como o desconto no
vencimento ou salário do condenado, desde que não incida sobre os recursos
necessários ao seu sustento e ao de sua família.
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45. A multa será convertida em detenção quando o condenado, podendo, deixa
de pagá-la ou frustra a execução. A cada dia-multa corresponde um dia de
detenção. A conversão, contudo, não poderá exceder a 1 (um) ano.
46. As condenações inferiores a 6 (seis) meses poderão ser substituídas por
penas de multa, se o condenado não for reincidente e se a substituição constituir
medida eficiente (artigo 60, § 2º).
DA COMINAÇÃO DAS PENAS
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remanescem as divergências suscitadas sobre as etapas da aplicação da pena. O
Projeto opta claramente pelo critério das três faces, predominante na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Fixa-se, inicialmente, a pena-base,
obedecido o disposto no artigo 59; consideram-se, em seguida, as circunstâncias
atenuantes e agravantes; incorporam-se ao cálculo, finalmente, as causas de
diminuição e aumento. Tal critério permite o completo conhecimento da operação
realizada pelo juiz e a exata determinação dos elementos incorporados à
dosimetria. Discriminado, por exemplo, em primeira instância, o quantum da
majoração decorrente de uma agravante, o recurso poderá ferir com precisão essa
parte da sentença, permitindo às instâncias superiores a correção de equívocos
hoje sepultados no processo mental do juiz. Alcança-se, pelo critério, a plenitude
de garantia constitucional da ampla defesa.
52. Duas diferenças alteram o rol das circunstâncias agravantes prescritas na
legislação em vigor: cancelou-se a redundante referência a "asfixia", de caráter
meramente exemplificativo, já que é tida por insidiosa ou cruel esta espécie de
meio, na execução do delito: deu-se melhor redação ao disposto no artigo 44, II, c,
oram assim enunciado no artigo 61, II, e: "em estado de embriaguez
preordenada".
53. O projeto dedicou atenção ao agente que no concurso de pessoas
desenvolve papel saliente. No artigo 62 reproduz-se o texto do Código atual,
acrescentando-se, porém, como agravante, a ação de induzir outrem à execução
material do crime. Estabelece-se, assim, paralelismo com os elementos do tipo do
artigo 122 (induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio).
54. A Lei nº 6.416, de 1977, alterou a disciplina da reincidência, limitando no
tempo os efeitos da condenação anterior, a fim de não estigmatizar para sempre o
condenado. A partir desse diploma legal deixou de prevalecer a condenação
anterior para efeito de reincidência, se decorrido período superior a 5 (cinco) anos
entre a data do cumprimento ou da extinção da pena e a da infração posterior. A
redação do texto conduziu a situações injustas: o réu que tenha indeferida a
suspensão da condicional tem em seu favor a prescrição da reincidência, antes de
outro, beneficiado pela suspensão. A distorção importa em que a pena menos
grave produz, no caso, efeitos mais graves. Daí a redação dada ao artigo 64, I,
mandando computar "o período de prova da suspensão ou do livramento
condicional, senão houver revogação".
55. As circunstâncias atenuantes sofreram alterações. Tornou-se expresso, para
evitar polêmicas, que a atenuante da menoridade será aferida na data do fato; a
da velhice, na data da sentença. Incluiu-se no elenco o "desconhecimento da lei"
em evidente paralelismo com o disposto no artigo 21. A ignorantia legis continua
inescusável no Projeto, mas atenua a pena. Incluiu-se, ainda, na letra c, a
hipótese de quem age em cumprimento de ordem superior. Não se justifica que o
autor de crime cometido sob coação resistível seja beneficiado com atenuante e
não ocorra o mesmo quando a prática do delito ocorre "em cumprimento de ordem
superior". Se a coação irresistível e a obediência hierárquica recebem, como
dirimentes, idêntico tratamento, a mesma equiparação devem ter a coação e a
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obediência, quando descaracterizadas em meras atenuantes. Beneficia-se, como
estímulo à verdade processual, o agente que confessa espontaneamente, perante
a autoridade, a autoria do crime, sem a exigência, em vigor, de ser a autoria
"ignorada ou imputada a outrem". Institui-se, finalmente, no artigo 66,
circunstância atenuante genérica e facultativa, que permitirá ao juiz considerar
circunstância relevante, ocorrida antes, durante ou após o crime, para a fixação da
pena.
56. Foram mantidos os conceitos de concurso material e concurso formal,
ajustados ao novo elenco de penas.
57. A inovação contida no parágrafo único do artigo 70 visa a tornar explícito
que a regra do concurso formal não poderá acarretar punição superior à que, nas
mesmas circunstâncias, seria cabível pela aplicação do cúmulo material. Impede-
se, assim, que numa hipótese de aberratio ictus (homicídio doloso mais lesões
culposas), se aplique ao agente pena mais severa em razão do concurso formal,
do que a aplicável, no mesmo exemplo, pelo concurso material. Quem comete
mais de um crime, com uma única ação, não pode sofrer pena mais grave do que
a imposta ao agente que reiteradamente, com mais de uma ação, comete os
mesmos crimes.
58. Mantém-se a definição atual de crime continuado. Expressiva inovação foi
introduzida, contudo, no parágrafo do artigo 71, in verbis:
"Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras dos artigos 70, parágrafo
único, e 75".
59. O critério da teoria puramente objetiva não revelou na prática maiores
inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria
objetivo-subjetiva. O Projeto optou pelo critério que mais adequadamente se opõe
ao crescimento da criminalidade profissional, organizada e violenta, cujas ações
se repetem contra vítimas diferentes, em condições de tempo, lugar, modos de
execução e circunstâncias outras, marcadas por evidente semelhança. Estender-
lhe o conceito de crime continuado importa em beneficiá-la, pois o delinqüente
profissional tornar-se-ia passível de tratamento penal menos grave que o
dispensado a criminosos ocasionais. De resto, com a extinção, no Projeto, da
medida de segurança para o imputável, urge reforçar o sistema destinando penas
mais longas aos que estariam sujeitos à imposição de medida segurança detentiva
e que serão beneficiados pela abolição da medida. A Política Criminal atua, neste
passo, em sentido inverso, a fim de evitar a libertação prematura de determinadas
categorias de agentes, dotados de acentuada periculosidade.
60. Manteve-se na exata conceituação atual o erro na execução - aberratio ictus
- relativo ao objeto material do delito, sendo único o objeto jurídico, bem como o
tratamento do resultado diverso do pretendido - aberratio delicti.
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61. O Projeto baliza a duração máxima das penas privativas de liberdade, tendo
em vista o disposto no artigo 153, § 11, da Constituição, e veda a prisão perpétua.
As penas devem ser limitadas para alimentarem no condenado a esperança da
liberdade e a aceitação da disciplina, pressupostos essenciais da eficácia do
tratamento penal. Restringiu-se, pois, no artigo 75, a duração das penas privativas
da liberdade a 30 (trinta) anos, criando-se, porém, mecanismo desestimulador do
crime, uma vez alcançado este limite. Caso contrário, o condenado à pena
máxima pode ser induzido a outras infrações, no presídio, pela consciência da
impunidade, como atualmente ocorre. Daí a regra de interpretação contida no
artigo 75, § 2º: "sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, computando-se, para esse fim, o
tempo restante da pena anteriormente estabelecida".
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL
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66. Orientado no sentido de assegurar a individualização da pena, o Projeto
prevê a modalidade de suspensão especial, na qual o condenado não fica sujeito
à prestação de serviço à comunidade ou à limitação de fim de semana. Nesse
caso o condenado, além de não reincidente em crime doloso, há de ter reparado o
dano, se podia fazê-lo; ainda assim, o benefício somente será concedido se as
circunstâncias do artigo 59 lhe forem inteiramente favoráveis, isto é, se mínima a
culpabilidade, irretocáveis os antecedentes e de boa índole a personalidade, bem
como relevantes os motivos e favoráveis as circunstâncias.
67. Em qualquer das espécies de suspensão é reservada ao juiz a faculdade de
especificar outras condições, além das expressamente previstas, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado (artigo 79), com as
cautelas anteriormente mencionadas.
68. A suspensão da execução da pena é condicional. Como na legislação em
vigor, pode ser obrigatória ou facultativamente revogada. É obrigatória a
revogação quando o beneficiário é condenado em sentença definitiva, por crime
doloso, no período da prova ou em qualquer das hipóteses previstas nos incisos II
e III do artigo 81. É facultativa quando descumprida a condição imposta ou
sobrevier condenação por crime culposo.
69. Introduzidas no Projeto as penas de prestação de serviços à comunidade e
de limitação de fim de semana, tornou-se mister referência expressa ao seu
descumprimento como causa de revogação obrigatória (artigo 81, III). Esta se
opera à falta de reparação do dano, sem motivo justificado e em face de
expediente que frustre a execução da pena da multa (artigo 81, II). A revogação é
facultativa se o beneficiário descumpre condição imposta ou é irrecorrivelmente
condenado, seja por contravenção, seja a pena privativa da liberdade ou restritiva
de direito em razão de crime culposo.
70. Adotando melhor técnica, o Projeto reúne sob a rubrica "Prorrogação do
Período de Prova" as normas dos §§ 2º e 3º do artigo 59 do Código vigente,
pertinentes à prorrogação de prazo. O § 2º considera prorrogado o prazo "até o
julgamento definitivo", se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou
por contravenção; o § 3º mantém a regra segundo a qual, "quando facultativa a
revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o
máximo, se este não foi o fixado".
71. Finalmente, expirado o prazo de prova sem que se verifique a revogação,
considera-se extinta a pena privativa da liberdade.
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
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superior a 2 (dois) anos, desde que cumprido mais de um terço da pena, se o
condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes (artigo
83, I); pode ainda concedê-la se o condenado for reincidente em crime doloso,
cumprida mais da metade da pena (artigo 83, II). Ao reduzir, porém, os prazos
mínimos de concessão do benefício, o Projeto exige do condenado, além dos
requisitos já estabelecidos - quantidade da pena aplicada, reincidência,
antecedentes e tempo de pena cumprida - a comprovação de comportamento
satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído e aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto,
bem como a reparação do dano, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo (artigo
83, III e IV).
73. Tratando-se, no entanto, de condenado por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará
subordinada não só às condições dos mencionados incisos I, II, III e IV do artigo
83, mas, ainda, à verificação, em perícia, da superação das condições e
circunstâncias que levaram o condenado a delinqüir (parágrafo único do artigo 83).
74. A norma se destina, obviamente, ao condenado por crime violento, como
homicídio, roubo, extorsão, extorsão mediante seqüestro em todas as suas
formas, estupro, atentado violento ao pudor e outros da mesma índole. Tal
exigência é mais uma conseqüência necessária da extinção da medida de
segurança para o imputável.
75. Permite-se, como no Código em vigor, a unificação das penas para efeito de
livramento (artigo 84). O juiz, ao concedê-lo, especificará na sentença as
condições a cuja observância o condenado ficará sujeito.
76. Como na suspensão da pena, a revogação do livramento condicional será
obrigatória ou facultativa. Quanto à revogação obrigatória (artigo 86), a inovação
consiste em suprimir a condenação "por motivo de contravenção", ficando, pois, a
revogação obrigatória subordinada somente à condenação por crime cometido na
vigência do benefício ou por crime anterior, observada a regra da unificação
(artigo 84). A revogação será facultativa se o condenado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sentença ou for irrecorrivelmente
condenado por crime a pena que não seja privativa de liberdade ou por
contravenção (artigo 87). Uma vez revogado, o livramento não poderá ser
novamente concedido. Se a revogação resultar de condenação por crime
cometido anteriormente à concessão daquele benefício, será descontado na pena
a ser cumprida o tempo em que esteve solto o condenado.
77. Cumpridas as condições do livramento, considera-se extinta a pena privativa
da liberdade (artigo 90).
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
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na incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, e na
inabilitação para dirigir veículo (artigo 92, I, II, III). Contudo, tais efeitos não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença (parágrafo
único do artigo 92). É que ao juiz incumbe, para a declaração da perda do cargo,
função pública ou mandato eletivo, verificar se o crime pelo qual houve a
condenação foi praticado com o abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública e, ainda, se a pena aplicada foi superior a 4 (quatro) anos.
É bem verdade, em tais circunstâncias, a perda do cargo ou da função pública
pode igualmente resultar de processo administrativo instaurado contra o servidor.
Aqui, porém, resguardada a separação das instâncias administrativa e judicial, a
perda do cargo ou função pública independe do processo administrativo. Por outro
lado, entre os efeitos da condenação inclui-se a perda do mandato eletivo.
79. Do mesmo modo, a fim de declarar, como efeito da condenação, a
incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, deverá o juiz
verificar se o crime foi cometido, respectivamente, contra filho, tutelado ou
curatelado e se foi doloso a que se comine pena de reclusão.
80. A inabilitação para dirigir veículo, como efeito da condenação, declara-se
quando o veículo tenha sido utilizado como meio para a prática de crime doloso,
distinguindo-se, pois, a interdição temporária para dirigir (artigo 47, III), que se
aplica aos autores de crimes culposos de trânsito. Estes usam o veículo como
meio para fim licito, qual seja transportar-se de um ponto para outro, sobrevindo
então o crime, que não era o fim do agente. Enquanto aqueles outros, cuja
condenação tem como efeito a inabilitação para dirigir veículo, usam-no
deliberadamente como meio para fim ilícito.
81. Nota-se que todos esses efeitos da condenação serão atingidos pela
reabilitação, vedada, porém, a reintegração do cargo, função pública ou mandato
eletivo, no exercício do qual o crime tenha ocorrido, bem como vedada a volta ao
exercício do pátrio poder, da tutela ou da curatela em relação ao filho, tutelado ou
curatelado contra o qual o crime tenha sido cometido (parágrafo único do artigo
93).
DA REABILITAÇÃO
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da pena, teve bom comportamento e ressarciu o dano causado, ou não o fez
porque não podia fazê-lo. Tal declaração judicial reabilita o condenado,
significando que ele está em plenas condições de voltar ao convívio da sociedade,
sem nenhuma restrição ao exercício de seus direitos.
84. Reduziu-se o prazo de 2 (dois) anos, tempo mais do que razoável para a
aferição da capacidade de adaptação do condenado às regras do convívio social.
Nesse prazo, computa-se o período de prova de suspensão condicional e do
livramento, se não sobrevier revogação.
85. A reabilitação distingue-se da revisão, porque esta, quando deferida, pode
apagar definitivamente a condenação anterior, enquanto aquela não tem esse
efeito. Se o reabilitado vier a cometer novo crime será considerado reincidente,
ressalvado o disposto no artigo 64.
86. A reabilitação será revogada se o reabilitado for condenado, como
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. Portanto, duas
são as condições para a revogação: primeira, que o reabilitado tenha sido
condenado, como reincidente, por decisão definitiva, e para que isso ocorra é
necessário que entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração
posterior não tenha decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos (artigo
64); segunda, que a pena aplicada seja restritiva de direitos ou privativa da
liberdade.
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
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fim de ser submetido à modalidade terapêutica prescrita.
91. Corresponde a inovação às atuais tendências de "desinstitucionalização",
sem o exagero de eliminar a internação. Pelo contrário, o Projeto estabelece
limitações estritas para a hipótese de tratamento ambulatorial, apenas admitido
quando o ato praticado for previsto como crime punível com detenção.
92. A sujeição a tratamento ambulatorial será também determinada pelo prazo
mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, devendo perdurar enquanto não verificada a
cessação da periculosidade.
93. O agente poderá ser transferido em qualquer fase do regime de tratamento
ambulatorial para o detentivo, consistente em internação hospitalar de custódia e
tratamento psiquiátrico, se a conduta revelar a necessidade da providência para
fins curativos.
94. A liberação do tratamento ambulatorial, a desinternação e a reinternação
constituem hipóteses previstas nos casos em que a verificação da cura ou a
persistência da periculosidade as aconselhem.
DA AÇÃO PENAL
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condenatória, a prescrição regula-se pela pena aplicada, verificando-se nos
prazos fixados no artigo 109, os quais são aumentados de um terço, se o
condenado é reincidente. O § 1º dispõe que a prescrição se regula pela pena
aplicada, se transitada em julgado a sentença para a acusação ou improvido o
recurso desta. Ainda que a norma pareça desnecessária, preferiu-se explicitá-la
no texto, para dirimir de vez a dúvida alusiva à prescrição pela pena aplicada, não
obstante o recurso da acusação, se este não foi provido. A ausência de tal norma
tem estimulado a interposição de recursos destinados a evitar tão-somente a
prescrição. manteve-se, por outro lado, a regra segundo a qual, transitada em
julgado a sentença para a acusação, haja ou não recurso da defesa, a prescrição
se regula pela pena concretizada na sentença.
100. Norma apropriada impede que a prescrição pela pena aplicada tenha por
termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia (§ 2º do artigo 110). A
inovação, introduzida no Código Penal pela Lei nº 6.416, de 24 de maio de 1977,
vem suscitando controvérsias doutrinárias. Pesou, todavia, em prol de sua
manutenção, o fato de que, sendo o recebimento da denúncia causa interruptiva
da prescrição (artigo 117, I), uma vez interrompida esta o prazo recomeça a correr
por inteiro (artigo 117, § 2º).
101. Trata-se, além disso, de prescrição pela pena aplicada, o que pressupõe,
obviamente, a existência de processo e de seu termo: a sentença condenatória.
Admitir, em tal caso, a prescrição da ação penal em período anterior ao
recebimento da denúncia importaria em declarar a inexistência tanto no processo
quanto da sentença. Mantém-se, pois, o despacho de recebimento da denúncia
como causa interruptiva, extraindo-se do princípio as conseqüências inelutáveis.
102. O prazo de prescrição no crime continuado, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória, não mais terá como termo inicial a data em que cessou a
continuação (Código Penal, artigo 111, c).
103. Adotou o Projeto, nesse passo, orientação mais liberal, em consonância
com o princípio introduzido em seu artigo 119, segundo o qual, no concurso de
crimes, a extinção da punibilidade incidirá isoladamente sobre a pena de cada um.
Poderá ocorrer a prescrição do primeiro crime antes da prescrição do último a ele
interligado pela continuação. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
orienta-se nesse sentido, tanto que não considera o acréscimo decorrente da
continuação para cálculo do prazo prescricional (Súmula 497).
104. Finalmente, nas Disposições Transitórias, cancelaram-se todos os valores
de multa previstos no Código atual, de modo que os cálculos de pena pecuniária
sejam feitos, doravante, segundo os precisos critérios estabelecidos na Parte
Geral. Foram previstos, ainda, prazos e regras para a implementação paulatina
das novas penas restritivas de direitos.
CONCLUSÃO
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Projeto de reforma penal que tenho a honra de submeter à superior consideração
de Vossa Excelência. Estou certo de que, se adotado e transformado em lei, há de
constituir importante marco na reformulação do nosso Direito Penal, além de
caminho seguro para a modernização da nossa Justiça Criminal e dos nossos
estabelecimentos penais.
Valho-me da oportunidade para renovar a Vossa Excelência a expressão do meu
profundo respeito.
Ibrahim Abi-Ackel
(DOU 31.12.1940)
MINISTRO DA JUSTIÇA
NEGÓCIOS INTERIORES
GABINETE DO MINISTRO
Em 4 de novembro de 1940
Senhor Presidente:
1. Com o atual Código Penal nasceu a tendência de reformá-lo. A datar de sua
entrada em vigor começou a cogitação de emendar-lhe os erros e falhas.
Retardado em relação à ciência penal do seu tempo, sentia-se que era necessário
colocá-lo em dia com as idéias dominantes no campo da criminologia e, ao
mesmo tempo, ampliar-lhe os quadros de maneira a serem contempladas novas
figuras delituosas com que os progressos industriais e técnicos enriqueceram o
elenco dos fatos puníveis.
Já em 1893, o Deputado Vieira de Araújo apresentava à Câmara dos Deputados o
projeto de um novo Código Penal. A este projeto foram apresentados dois
substitutivos, um do próprio autor do projeto e o outro da Comissão Especial da
Câmara. Nenhum dos projetos, porém, conseguiu vingar. Em 1911, o Congresso
delegou ao Poder Executivo a atribuição de formular um novo projeto. O projeto de
autoria de Galdino Siqueira, datado de 1913, não chegou a ser objeto de
consideração legislativa. Finalmente, em 1927, desincumbindo-se de encargo que
lhe havia sido cometido pelo Governo, Sá Pereira organizou o seu projeto, que,
submetido a uma comissão revisora composta do autor do projeto e dos Drs.
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Evaristo de Morais e Bulhões Pedreira, foi apresentado em 1935 à consideração
da Câmara dos Deputados. Aprovado por esta, passou ao Senado e neste se
encontrava em exame na Comissão de Justiça, quando sobreveio o advento da
nova ordem política.
A Conferência de Criminologia, reunida no Rio de Janeiro de 1936, dedicou os
seus trabalhos ao exame e à crítica do projeto revisto, apontando nele deficiência
e lacunas, cuja correção se impunha. Vossa Excelência resolveu, então, que se
confiasse a tarefa de formular novo projeto ao Dr. Alcântara Machado, eminente
professor da Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1938, o Dr. Alcântara
Machado entregava ao Governo o novo projeto, cuja publicação despertou o mais
vivo interesse.
A matéria impunha, entretanto, pela sua delicadeza e por suas notórias
dificuldades, um exame demorado e minucioso. Sem desmerecer o valor do
trabalho que se desincumbira o Professor Alcântara Machado, julguei de bom
aviso submeter o projeto a uma demorada revisão, convocando para isso técnicos,
que se houvessem distinguido não somente na teoria do direito criminal como
também na prática de aplicação da lei penal.
Assim, constituí a Comissão revisora com os ilustres magistrados Vieira Braga,
Nelson Hungria e Narcélio de Queiroz e com um ilustre representante do
Ministério Público, o Dr. Roberto Lira.
Durante mais de um ano a Comissão dedicou-se quotidianamente ao trabalho de
revisão, cujos primeiros resultados comuniquei ao eminente Dr. Alcântara
Machado, que, diante deles, remodelou o seu projeto, dando-lhe uma nova edição.
Não se achava, porém, ainda acabado o trabalho de revisão. Prosseguiram com a
minha assistência e colaboração até que me parecesse o projeto em condições de
ser submetido à apreciação de Vossa Excelência.
Dos trabalhos da Comissão revisora resultou este projeto. Embora da revisão
houvessem advindo modificações à estrutura e ao plano sistemático, não há
dúvida que o projeto Alcântara Machado representou, em relação aos anteriores,
um grande passo no sentido da reforma da nossa legislação penal. Cumpre-me
deixar aqui consignado o nosso louvor à obra do eminente patrício, cujo valioso
subsídio ao atual projeto nem eu, nem os ilustres membros da Comissão revisora
deixamos de reconhecer.
2. Ficou decidido, desde o início do trabalho de revisão, excluir do Código Penal
as contravenções, que seriam objeto de lei à parte. Foi, assim, rejeitado o critério
inicialmente proposto pelo Professor Alcântara Machado, de abolir-se qualquer
distinção entre crimes e contravenções. Quando se misturam coisas de somenos
importância com outras de maior valor, correm estas o risco de se verem
amesquinhadas. Não é que exista diversidade ontológica entre crime e
contravenção; embora sendo apenas de grau ou quantidade a diferença entre as
duas espécies de ilícito penal, pareceu-nos de toda conveniência excluir do
Código Penal a matéria tão miúda, tão vária e tão versátil das contravenções,
dificilmente subordinável a um espírito de sistema e adstrita a critérios
oportunísticos ou meramente convencionais e, assim, permitir que o Código Penal
se furtasse, na medida do possível, pelo menos àquelas contingências do tempo a
que não devem estar sujeitas as obras destinadas a maior duração.
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A lei de coordenação, cujo projeto terei ocasião de submeter proximamente à
apreciação de Vossa Excelência, dará o critério prático para distinguir-se entre
crime e contravenção.
....................
PARTE ESPECIAL
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
37. O título I da "Parte Especial" ocupa-se dos crimes contra a pessoa, dividindo-
se em seis capítulos, com as seguinte rubricas: "Dos crimes contra a vida", "Das
lesões corporais", "Da periclitação da vida e da saúde", "Da rixa", "Dos crimes
contra a honra" e "Dos crimes contra a liberdade individual". Não há razão para
que continuem em setores autônomos os "crimes contra a honra" e os "crimes
contra a liberdade individual" (que a lei atual denomina "crimes contra o livre gozo
e exercício dos direitos individuais"): seu verdadeiro lugar é entre os crimes contra
a pessoa, de que constituem subclasses. A honra e a liberdade são interesses, ou
bens jurídicos inerentes à pessoa, tanto quanto o direito à vida ou à integridade
física.
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
38. O projeto mantém a diferença entre uma forma simples e uma forma
qualificada de "homicídio". As circunstâncias qualificativas estão enumeradas no §
2º do artigo 121. Umas dizem com a intensidade do dolo, outras com o modo de
ação ou com a natureza dos meios empregados; mas todas são especialmente
destacadas pelo seu valor sintomático: são circunstâncias reveladoras de maior
periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente. Em primeiro
lugar, vem o motivo torpe (isto é, o motivo que suscita a aversão ou repugnância
geral, v.g.: a cupidez, a luxúria, o despeito da imoralidade contrariada, o prazer do
mal, etc.) ou fútil (isto é, que, pela sua mínima importância, não é causa suficiente
para o crime). Vem a seguir o "emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou outro meio insidioso (isto é, dissimulado na sua eficiência maléfica) ou cruel
(isto é, que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela uma brutalidade
fora do comum ou em contraste com o mais elementar sentimento de piedade) ou
de que possa resultar perigo comum". Deve notar-se que, para a inclusão do
motivo fútil e emprego de meio cruel entre as agravantes que qualificam o
homicídio, há mesmo uma razão de ordem constitucional, pois o único crime
comum, contra o qual a nossa vigente Carta Política permite que a sanção penal
possa ir até à pena de morte, é o "homicídio cometido por motivo fútil e com
extremos de perversidade" (artigo 122, nº 13, j). São também qualificativas do
homicídio as agravantes que traduzem um modo insidioso da atividade executiva
do crime (não se confundindo, portanto, com o emprego de meio insidioso),
impossibilitando ou dificultando a defesa da vítima (como a traição, a emboscada,
a dissimulação, etc.). Finalmente, qualifica o homicídio a circunstância de ter sido
cometido "para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime". É claro que esta qualificação não diz com os casos em que o
homicídio é elemento de crime complexo (in exemplis: artigos 157, § 3º, in fine, e
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159, § 3º), pois, em tais casos, a pena, quando não mais grave, é, pelo menos,
igual à do homicídio qualificado.
39. Ao lado do homicídio com pena especialmente agravada, cuida o projeto do
homicídio com pena especialmente atenuada, isto é, o homicídio praticado "por
motivo de relevante valor social, ou moral", ou "sob o domínio de emoção violenta,
logo em seguida a injusta provação da vítima". Por "motivo de relevante valor
social ou moral", o projeto entende significar o motivo que, em si mesmo, é
aprovado pela moral prática, como, por exemplo, a compaixão ante o irremediável
sofrimento da vítima (caso do homicídio eutanásico), a indignação contra um
traidor da pátria, etc.
No tratamento do homicídio culposo, o projeto atendeu à urgente necessidade de
punição mais rigorosa do que a constante da lei penal atual, comprovadamente
insuficiente. A pena cominada é a de detenção por 1 (um) a 3 (três) anos, e será
especialmente aumentada se o evento "resulta de inobservância de regra técnica
de profissão, arte, ofício ou atividade", ou quando "o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou
foge para evitar prisão em flagrante". Deve notar-se, além disso, que entre as
penas acessórias (Capítulo V do Título V da Parte Geral), figura a de
"incapacidade temporária para profissão ou atividade cujo exercício depende de
licença, habilitação ou autorização do poder público", quando se trate de crime
cometido com infração de dever inerente à profissão ou atividade. Com estes
dispositivos, o projeto visa, principalmente, a condução de automóveis, que
constitui, na atualidade, devido a um generalizado descaso pelas cautelas
técnicas (notadamente quanto à velocidade), uma causa freqüente de eventos
lesivos contra a pessoa, agravando-se o mal com o procedimento post factum dos
motoristas, que, tão-somente com o fim egoístico de escapar à prisão em flagrante
ou à ação da justiça penal, sistematicamente imprimem maior velocidade ao
veículo, desinteressando-se por completo da vítima, ainda quando um socorro
imediato talvez pudesse evitar-lhe a morte.
40. O infanticídio é considerado um delictum exceptum quando praticado pela
parturiente sob a influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é óbvio, não
quer significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica: é
preciso que fique averiguado ter esta realmente sobrevindo em conseqüência
daquele, de modo a diminuir a capacidade de entendimento ou de auto-inibição da
parturiente. Fora daí, não há por que distinguir entre infanticídio e homicídio. Ainda
quando ocorra a honoris causa (considerada pela lei vigente como razão de
especial abrandamento da pena), a pena aplicável é a de homicídio.
41. Ao configurar o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, o
projeto contém inovações: é punível o fato ainda quando se frustre o suicídio,
desde que resulte lesão corporal grave ao que tentou matar-se; e a pena
cominada será aplicada em dobro se o crime obedece a móvel egoístico ou é
praticado contra menor ou pessoa que, por qualquer outra causa, tenha diminuída
a capacidade de resistência.
Mantém o projeto a incriminação do aborto, mas declara penalmente licito, quando
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praticado por médico habilitado, o aborto necessário, ou em caso de prenhez
resultante de estupro. Militam em favor da exceção razões de ordem social e
individual, a que o legislador penal não pode deixar de atender.
DAS LESÕES CORPORAIS
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(facultativa diminuição da pena, quando o agente "comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob a influência de violenta emoção,
logo em seguida a injusta provocação da vítima"). Tratando-se de lesões leves, se
ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo citado, ou se as lesões são
recíprocas, o juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa (de duzentos
mil-réis a dois contos de réis).
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
43. Sob esta epígrafe, o projeto contempla uma série de crimes de perigo contra
a pessoa, uns já constantes, outros desconhecidos da lei penal vigente. pelo seu
caráter especial, seja quanto ao elemento objetivo, seja quanto ao elemento
subjetivo, tais crimes reclamam um capítulo próprio. Do ponto de vista material,
reputam-se consumados ou perfeitos desde que a ação ou omissão cria uma
situação objetiva de possibilidade de dano à vida ou saúde de alguém. O evento,
aqui (como nos crimes de perigo em geral), é a simples exposição a perigo de
dano. O dano efetivo pode ser uma condição de maior punibilidade, mas não
condiciona o momento consumativo do crime. Por outro lado, o elemento subjetivo
é a vontade consciente referida exclusivamente à produção do perigo. A
ocorrência do dano não se compreende na volição ou dolo do agente, pois, do
contrário, não haveria por que distinguir entre tais crimes e a tentativa de crime de
dano.
44. Entre as novas entidades prefiguradas no capítulo em questão, depara-se,
em primeiro lugar, com o "contágio venéreo". Já há mais de meio século, o médico
francês Després postulava que se incluísse tal fato entre as espécies do ilícito
penal, como já fazia, aliás, desde 1866, a lei dinamarquesa. Tendo o assunto
provocado amplo debate, ninguém mais duvida, atualmente, da legitimidade dessa
incriminação. A doença venérea é uma lesão corporal e de compatibilizar
gravíssimas, notadamente quando se trata da sífilis. O mal da contaminação
(evento lesivo) não fica circunscrito a uma pessoa determinada. O indivíduo que,
sabendo-se portador de moléstia venérea, não se priva do ato sexual, cria
conscientemente a possibilidade de um contágio extensivo. Justifica-se, portanto,
plenamente, não só a incriminação do fato, como o critério de declarar-se
suficiente para a consumação do crime a produção do perigo de contaminação.
Não há dizer-se que, em grande número de casos, será difícil, senão impossível, a
prova da autoria. Quando esta não possa ver averiguada, não haverá ação penal
(como acontece, aliás, em relação a qualquer crime); mas a dificuldade de prova
não é razão para deixar-se de incriminar um fato gravemente atentatório de um
relevante bem jurídico. Nem igualmente se objete que a incriminação legal pode
dar ensejo, na prática, a chantagem ou especulação extorsiva. A tal objeção
responde cabalmente Jimenez de Asúa (O delito de contágio venéreo): "... não
devemos esquecer que a chantagem é possível em muitos outros crimes, que,
nem por isso, deixam de figurar nos códigos. O melhor remédio é punir
severamente os chantagistas, como propõem Le Foyer e Fiaux". Ao conceituar o
crime de contágio venéreo, o projeto rejeitou a fórmula híbrida do Código italiano
(seguida pelo projeto Alcântara), que configura, no caso, um "crime de dano com
dolo de perigo". Foi preferida a fórmula do Código dinamarquês: o crime se
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consuma com o simples fato da exposição a perigo de contágio. O eventus damni
não é elemento constitutivo do crime, nem é tomado em consideração para o
efeito de maior punibilidade. O crime é punido não só a título de dolo de perigo,
como a título de culpa (isto é, não só quando o agente sabia achar-se
infeccionado, como quando devia sabê-lo pelas circunstâncias). Não se faz
enumeração taxativa das moléstias venéreas (segundo a lição científica, são elas
a sífilis, a blenorragia, o ulcus molle e o linfogranuloma inguinal), pois isso é mais
próprio de regulamento sanitário. Segundo dispõe o projeto (que, neste ponto,
diverge do seu modelo), a ação penal, na espécie, depende sempre de
representação (e não apenas no caso em que o ofendido seja cônjuge do agente).
Este critério é justificado pelo raciocínio de que, na repressão do crime de que se
trata, o strepitus judicii, em certos casos, pode ter compatibilizar gravíssimas, em
desfavor da própria vítima e de sua família.
45. É especialmente prefigurado, para o efeito de majoração da pena, o caso em
que o agente tenha procedido com intenção de transmitir a moléstia venérea. É
possível que o rigor técnico exigisse a inclusão de tal hipótese no capítulo das
lesões corporais, desde que seu elemento subjetivo é o dolo de dano, mas como
se trata, ainda nessa modalidade, de um crime para cuja consumação basta o
dano potencial, pareceu à Comissão revisora que não havia despropósito em
classificar o fato entre os crimes de perigo contra a pessoa. No caso de dolo de
dano, a incriminação é extensiva à criação do perigo de contágio de qualquer
moléstia grave.
46. No artigo 132, é igualmente prevista uma entidade criminal estranha à lei
atual: "expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente", não
constituindo o fato crime mais grave. Trata-se de um crime de caráter
eminentemente subsidiário. Não o informa o animus necandi ou o animus
laedendi, mas apenas a consciência e vontade de expor a vítima a grave perigo. O
perigo concreto, que constitui o seu elemento objetivo, é limitado a determinada
pessoa, não se confundindo, portanto, o crime em questão com os de perigo
comum ou contra a incolumidade pública. O exemplo freqüente e típico dessa
espécie criminal é o caso do empreiteiro que, para poupar-se ao dispêndio com
medidas técnicas de prudência, na execução da obra, expõe o operário ao risco
de grave acidente. Vem daí que Zurcher, ao defender, na espécie, quando da
elaboração do Código Penal suíço, um dispositivo incriminador, dizia que este
seria um complemento da legislação trabalhista ("Wir haben geglaubt, dieser
Artikel werde einen Teil der Arbeite rschutzgesetzgebung bilden"). Este
pensamento muito contribuiu para que se formulasse o artigo 132; mas este não
visa somente proteger a indenidade do operário, quando em trabalho, senão
também a de qualquer outra pessoa. Assim, o crime de que ora se trata não pode
deixar de ser reconhecido na ação, no exemplo, de quem dispara uma arma de
fogo contra alguém, não sendo atingido o alvo, nem constituindo o fato tentativa
de homicídio.
Ao definir os crimes de abandono (artigo 133) e omissão de socorro (artigo 135), o
projeto, diversamente da lei atual, não limita a proteção penal aos menores, mas
atendendo ao ubi eadem ratio, ibi eadem dispositio, amplia-a aos incapazes em
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geral, aos enfermos, inválidos e feridos.
47. Não contém o projeto dispositivo especial sobre o duelo. Sobre tratar-se de
um fato inteiramente alheio aos nossos costumes, não há razão convincente para
que se veja no homicídio ou ferimento causado em duelo um crime privilegiado:
com ou sem as regras cavalheirescas, a destruição da vida ou lesão da
integridade física de um homem não pode merecer transigência alguma do direito
penal. Pouco importa o consentimento recíproco dos duelistas, pois, quando estão
em jogo direitos inalienáveis, o mutuus consensus não é causa excludente ou
sequer minorativa da pena. O desafio para o duelo e a aceitação dele são, em si
mesmos, fatos penalmente indiferentes; mas, se não se exaurem como simples
jactância, seguindo-se-lhes efetivamente o duelo, os contendores responderão,
conforme o resultado, por homicídio (consumado ou tentado) ou lesão corporal.
DA RIXA
49. O projeto cuida dos crimes contra a honra somente quando não praticados
pela imprensa, pois os chamados "delitos de imprensa" (isto é, os crimes contra a
honra praticados por meio da imprensa) continuam a ser objeto de legislação
especial.
São definidos como crimes contra a honra a "calúnia", a "injúria" (compreensiva da
injúria "por violência ou vias de fato" ou com emprego de meios aviltantes, que a
lei atual prevê parcialmente no capítulo das "lesões corporais") e a "difamação"
(que, de modalidade da injúria, como na lei vigente, passa a constituir crime
autônomo).
No tratamento do crime de injúria, foi adotado o critério de que a injusta
provocação do ofendido ou a reciprocidade das injúrias, se não exclui a pena,
autoriza, entretanto, o juiz, conforme as circunstâncias, a abster-se de aplicá-la, ou
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no caso de reciprocidade, a aplicá-la somente a um dos injuriadores.
A fides veri ou exceptio veritatis é admitida, para exclusão de crime ou de pena,
tanto no caso de calúnia (salvo as exceções enumeradas no § 3º do artigo 138),
quanto no de difamação, mas, neste último caso, somente quando o ofendido é
agente ou depositário da autoridade pública e a ofensa se refere ao exercício de
suas funções, não se tratando do "Presidente da República, ou chefe de Governo
estrangeiro em visita ao país".
Exceção feita da "injúria por violência ou vias de fato", quando dela resulte lesão
corporal, a ação penal, na espécie, depende de queixa, bastando, porém, simples
representação, quando o ofendido é qualquer das pessoas indicadas nos nºs I e II
do artigo 141.
Os demais dispositivos coincidem, mais ou menos, com os do direito vigente.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
51. O crime de constrangimento ilegal é previsto no artigo 146, com uma fórmula
unitária. Não há indagar, para diverso tratamento penal, se a privação da liberdade
de agir foi obtida mediante violência, física ou moral, ou com o emprego de outro
qualquer meio, como, por exemplo, se o agente, insidiosamente, faz a vítima
ingerir um narcótico. A pena relativa ao constrangimento ilegal, como crime sui
generis, é sempre a mesma. Se há emprego da vis corporalis, com resultado
lesivo à pessoa da vítima, dá-se um concurso material dos crimes.
A pena é especialmente agravada (inovação do projeto), quando, para a execução
do crime, se houverem reunido mais de três pessoas ou tiver havido emprego de
armas. É expressamente declarado que não constituem o crime em questão o
"tratamento médico arbitrário", se justificado por iminente perigo de vida, e a
"coação exercida para impedir suicídio".
Na conceituação do crime de ameaça (artigo 147), o projeto diverge, em mais de
um ponto, da lei atual. Não é preciso que o "mal prometido" constitua crime,
bastando que seja injusto e grave. Não se justifica o critério restritivo do direito
vigente, pois a ameaça de um mal injusto e grave, embora penalmente indiferente,
pode ser, às vezes, mais intimidante que a ameaça de um crime.
Não somente é incriminada a ameaça verbal ou por escrito, mas, também, a
ameaça real (isto é, por gestos, v.g.: apontar uma arma de fogo contra alguém) ou
simbólica (ex.: afixar à porta da casa de alguém o emblema ou sinal usado por
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uma associação de criminosos).
Os crimes de cárcere privado e seqüestro, salvo sensível majoração da pena, são
conceituados como na lei atual.
No artigo 149, é prevista uma entidade criminal ignorada do Código vigente: o fato
de reduzir alguém, por qualquer meio, à condição análoga à de escravo, isto é,
suprimir-lhe, de fato, o status libertatis, sujeitando-o o agente ao seu completo e
discricionário poder. É o crime que os antigos chamavam plagium. Não é
desconhecida a sua prática entre nós, notadamente em certos pontos remotos do
nosso hinterland.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
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confiado por escrito não há diferença substancial, e como a violação do segredo
oral não constitui crime, nem mesmo quando o confidente se tenha obrigado a não
revelá-lo, não se compreende porque a diversidade do meio usado, isto é, o
escrito, deva tornar punível o fato". Ora, é indisfarçável a diferença entre divulgar
ou revelar a confidência que outrem nos faz verbalmente e a que recebemos por
escrito: no primeiro caso, a veracidade da comunicação pode ser posta em dúvida,
dada a ausência de comprovação material; ao passo que, no segundo, há um
corpus, que se impõe à credulidade geral. A traição da confiança, no segundo
caso, é evidentemente mais grave do que no primeiro.
Diversamente da lei atual, é incriminada tanto a publicação do conteúdo secreto
de correspondência epistolar, por parte do destinatário, quanto o de qualquer outro
documento particular, por parte do seu detentor, e não somente, quando daí
advenha efetivo dano a alguém (como na lei vigente), senão também quando haja
simples possibilidade de dano.
55. Definindo o crime de "violação do segredo profissional", o projeto procura
dirimir qualquer incerteza acerca do que sejam confidentes necessários. Incorrerá
na sanção penal todo aquele que revelar segredo, de que tenha ciência em razão
de "função, ministério, ofício ou profissão". Assim, já não poderá ser suscitada,
como perante a lei vigente, a dúvida sobre se constitui ilícito penal a quebra do
"sigilo do confessionário".
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
56. Várias são as inovações introduzidas pelo projeto no setor dos crimes
patrimoniais. Não se distingue, para diverso tratamento penal, entre o maior ou
menor valor da lesão patrimonial; mas, tratando-se de furto, apropriação indébita
ou estelionato, quando a coisa subtraída, desviada ou captada é de pequeno
valor, e desde que o agente é criminoso primário, pode o juiz substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um até dois terços, ou aplicar somente a
de multa (artigos 155, § 2º, 170, 171, § 1º). Para afastar qualquer dúvida, é
expressamente equiparada à coisa móvel e, compatibilizar, reconhecida como
possível objeto de furto a "energia elétrica ou suscetível de incidir no poder de
disposição material e exclusiva de um indivíduo (como, por exemplo, a
eletricidade, a radioatividade, a energia genética dos reprodutores, etc.) pode ser
incluída, mesmo do ponto de vista técnico, entre as coisas móveis, a cuja
regulamentação jurídica, portanto, deve ficar sujeita.
Somente quando há emprego de força, grave ameaça ou outro meio tendente a
suprimir a resistência pessoal da vítima, passa o furto a ser qualificado roubo. No
caso de violência contra a coisa, bem como quando o crime é praticado com
escalada ou emprego de chaves falsas, não perde o furto seu nomen juris, embora
seja especialmente aumentada a pena. Também importa majoração de pena o
furto com emprego de destreza ou de meio fraudulento, com abuso de confiança
ou concurso de duas ou mais pessoas. O furto com abuso de confiança não deve
ser confundido com a apropriação indébita, pois nesta a posse direta e desvigiada
da coisa é precedentemente concedida ao agente pelo próprio dominus.
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É prevista como agravante especial do furto a circunstância de ter sido o crime
praticado "durante o período do sossego noturno".
A violência como elementar do roubo, segundo dispõe o projeto, não é somente a
que se emprega para o efeito da apprehensio da coisa, mas também a exercida
post factum, para assegurar o agente, em seu proveito, ou de terceiro, a detenção
da coisa subtraída ou a impunidade.
São declaradas agravantes especiais do roubo as seguintes circunstâncias: ter
sido a violência ou ameaça exercida com armas, o concurso de mais de duas
pessoas e achar-se a vítima em serviço de transporte de dinheiro, "conhecendo o
agente tal circunstância".
57. A extorsão é definida numa fórmula unitária, suficientemente ampla para
abranger todos os casos possíveis na prática. Seu tratamento penal é idêntico ao
do roubo; mas, se é praticada mediante seqüestro de pessoa, a pena é
sensivelmente aumentada. Se do fato resulta a morte do seqüestrado, é cominada
a mais rigorosa sanção penal do projeto: reclusão por 20 (vinte) a 30 (trinta) anos
e multa de vinte a cinqüenta contos de réis. Esta excepcional severidade da pena
é justificada pelo caráter brutal e alarmante dessa forma de criminalidade nos
tempos atuais.
É prevista no artigo 160, cominando-se-lhe pena de reclusão por 1 (um) a 3 (três)
anos e multa de dois a cinco contos de réis, a extorsão indireta, isto é, o fato de
"exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém,
documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra
terceiro". Destina-se o novo dispositivo a coibir os torpes e opressivos expedientes
a que recorrem, por vezes, os agentes de usura, para garantir-se contra o risco do
dinheiro mutuado. São bem conhecidos esses recursos como, por exemplo, o de
induzir o necessitado cliente a assinar um contrato simulado de depósito ou a
forjar no título de dívida a firma de algum parente abastado, de modo que, não
resgatada a dívida no vencimento, ficará o mutuário sob a pressão da ameaça de
um processo por apropriação indébita ou falsidade.
58. Sob a rubrica "Da usurpação", o projeto incrimina certos fatos que a lei penal
vigente conhece sob diverso nomen juris ou ignora completamente, deixando-os
na órbita dos delitos civis. Em quase todas as suas modalidades, a usurpação é
uma lesão ao interesse jurídico da inviolabilidade da propriedade imóvel.
Assim, a "alteração de limites" (artigo 161), a "usurpação de águas" (artigo 161, §
1º, I) e o "esbulho possessório", quando praticados com violência à pessoa, ou
mediante grave ameaça, ou concurso de mais de duas pessoas (artigo 161, § 1º,
II). O emprego de violência contra a pessoa, na modalidade da invasão
possessória, é condição de punibilidade, mas, se dele resulta outro crime, haverá
um concurso material de crimes, aplicando-se, somadas, as respectivas penas
(artigo 161, § 2º).
Também constitui crime de usurpação o fato de suprimir ou alterar marca ou
qualquer sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho alheio, para dele se
apropriar, no todo ou em parte. Não se confunde esta modalidade de usurpação
com o abigeato, isto é, o furto de animais: o agente limita-se a empregar meio
fraudulento (supressão ou alteração de marca ou sinal) para irrogar-se a
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propriedade dos animais. Se esse meio fraudulento é usado para dissimular o
anterior furto dos animais, já não se tratará de usurpação: o crime continuará com
o seu nomen juris, isto é, furto.
59. Ao cuidar do crime de dano, o projeto adota uma fórmula genérica ("destruir,
inutilizar ou deteriorar coisa alheia") e, a seguir, prevê agravantes e modalidades
especiais do crime. Estas últimas, mais ou menos estranhas à lei vigente, são a
"introdução ou abandono de animais em propriedade alheia", o "dano em coisa de
valor artístico, arqueológico ou histórico" e a "alteração de local especialmente
protegido".
Certos fatos que a lei atual considera variantes de dano não figuram, como tais, no
projeto. Assim, a destruição de documentos públicos ou particulares (artigo 326, e
seu parágrafo único, da Consolidação das Leis Penais) passa a constituir crime de
falsidade (artigo 305 do projeto) ou contra a administração pública (artigos 314 e
356).
60. A apropriação indébita (furtum improprium) é conceituada, em suas
modalidades, da mesma forma que na lei vigente; mas o projeto contém inovações
no capítulo reservado a tal crime. A pena (que passa a ser reclusão por um a
quatro anos e multa de quinhentos mil-réis a dez contos de réis) é aumentada de
um terço, se ocorre infidelidade do agente como depositário necessário ou judicial,
tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante ou testamenteiro, ou no
desempenho de ofício, emprego ou profissão. Diversamente da lei atual, não
figura entre as modalidades da apropriação indébita o abigeato, que é,
indubitavelmente, um caso de furtum proprium e, por isso mesmo, não
especialmente previsto no texto do projeto.
É especialmente equiparado à apropriação indébita o fato do inventor do tesouro
em prédio alheio que retém para si a quota pertencente ao proprietário deste.
61. O estelionato é assim definido: "Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil ou outro meio fraudulento". Como se vê, o dispositivo corrige em três
pontos a fórmula genérica do inciso 5 do artigo 338 do Código atual: contempla a
hipótese da captação de vantagem para terceiro, declara que a vantagem deve
ser ilícita e acentua que a fraude elementar do estelionato não é somente a
empregada para induzir alguém em erro, mas também a que serve para manter
(fazer subsistir, entreter) um erro preexistente.
Com a fórmula do projeto, já não haverá dúvida que o próprio silêncio, quando
malicioso ou intencional, acerca do preexistente erro da vítima, constitui meio
fraudulento característico do estelionato.
Entre tais crimes, são incluídos alguns contemplados na lei em vigor, como,
exempli gratia, a fraude relativa a seguro contra acidentes (artigo 171, § 2º, V) e a
"frustração de pagamento de cheques" (artigo 171, § 2º, VI).
A incriminação deste último fato, de par com a da emissão de cheque sem fundo,
resulta do raciocínio de que não há distinguir entre um e outro caso: tão criminoso
é aquele que emite cheque sem provisão como aquele que, embora dispondo de
fundos em poder do sacado, maliciosamente os retira antes da apresentação do
cheque ou, por outro modo, ilude o pagamento, em prejuízo do portador.
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O "abuso de papel em branco", previsto atualmente como modalidade do
estelionato, passa, no projeto, para o setor dos crimes contra a fé pública (artigo
299).
62. A "duplicata simulada" e o "abuso de incapazes" são previstos em artigos
distintos. Como forma especial de fraude patrimonial, é também previsto o fato de
"abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a
operação é ruinosa".
63. Com a rubrica de "fraude no comércio", são incriminados vários fatos que a
lei atual não prevê especialmente. Entre eles figura o de "vender, como verdadeira
ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada", devendo entender-se que tal
crime constitui "fraude no comércio" quando não importe crime contra a saúde
pública, mais severamente punido.
São destacadas, para o efeito de grande atenuação da pena, certas fraudes de
menor gravidade, como sejam a "usurpação de alimentos" (filouterie d'aliments ou
grivŠlerie, dos franceses; scrocco, dos italianos, ou Zechprellerei, dos alemães), a
pousada em hotel e a utilização de meio de transporte, sabendo o agente ser-lhe
impossível efetuar o pagamento. É expressamente declarado que, em tais casos,
dadas as circunstâncias, pode o juiz abster-se de aplicação da pena, ou substituí-
la por medida de segurança. As "fraudes e abusos na fundação e administração
das sociedades por ações" (não constituindo qualquer dos fatos crime contra a
economia popular definido na legislação especial, que continua em vigor) são
minuciosamente previstos, afeiçoando-se o projeto à recente lei sobre as ditas
sociedades.
O projeto absteve-se de tratar dos crimes de falência, que deverão ser objeto de
legislação especial, já em elaboração.
Na sanção relativa à fraudulenta insolvência civil é adotada a alternativa entre a
pena privativa de liberdade (detenção) e a pecuniária (multa de quinhentos mil-réis
a cinco contos de réis), e a ação penal dependerá de queixa.
64. Em capítulo especial, como crime sui generis contra o patrimônio, e com
pena própria, é prevista a receptação (que o Código vigente, na sua parte geral,
define como forma de cumplicidade post factum, resultando daí, muitas vezes, a
aplicação de penas desproporcionadas). O projeto distingue, entre a receptação
dolosa e a culposa, que a lei atual injustificadamente equipara. É expressamente
declarado que a receptação é punível ainda que não seja conhecido ou passível
de pena o autor do crime de que proveio a coisa receptada. Tratando-se de
criminoso primário, poderá o juiz, em face das circunstâncias, deixar de aplicar a
pena, ou substituí-la por medida de segurança.
Os dispositivos do projeto em relação à circunstância de parentesco entre os
sujeitos ativo e passivo, nos crimes patrimoniais, são mais amplos do que os do
direito atual, ficando, porém, explícito que o efeito de tal circunstância não
aproveita aos co-partícipes do parente, assim como não se estende aos casos de
roubo, extorsão e, em geral, aos crimes patrimoniais praticados mediante violência
contra a pessoa.
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DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
65. Sob esta rubrica é que o projeto alinha os crimes que o direito atual
denomina "crimes contra a propriedade literária, artística, industrial e comercial".
São tratados como uma classe autônoma, que se reparte em quatro subclasses:
"crimes contra a propriedade intelectual", "crimes contra o privilégio de invenção",
"crimes contra as marcas de indústria e comércio" e "crimes de concorrência
desleal". Tirante uma ou outra alteração ou divergência, são reproduzidos os
critérios e fórmulas da legislação vigente.
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
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propriamente, mas à organização do trabalho, inspirada não somente na defesa e
no ajustamento dos direitos e interesses individuais em jogo, mas também, e
principalmente, no sentido superior do bem comum de todos. Atentatória, ou não,
da liberdade individual, toda ação perturbadora da ordem jurídica, no que
concerne ao trabalho, é ilícita e está sujeita a sanções repressivas, sejam de
direito administrativo, sejam de direito penal. Daí, o novo critério adotado pelo
projeto, isto é, a transladação dos crimes contra o trabalho, do setor dos crimes
contra a liberdade individual para uma classe autônoma, sob a já referida rubrica.
Não foram, porém, trazidos para o campo do ilícito penal todos os fatos contrários
à organização do trabalho: são incriminados, de regra, somente aqueles que se
fazem acompanhar da violência ou da fraude. Se falta qualquer desse elementos,
não passará o fato, salvo poucas exceções, de ilícito administrativo. É o ponto de
vista já fixado em recente legislação trabalhista. Assim, incidirão em sanção penal
o cerceamento do trabalho pela força ou intimidação (artigo 197, I), a coação para
o fim de greve ou de lockout (artigo 197, II), a boicotagem violenta (artigo 198), o
atentado violento contra a liberdade de associação profissional (artigo 199), a
greve seguida de violência contra a pessoa ou contra a coisa (artigo 200), a
invasão e arbitrária posse de estabelecimento de trabalho (artigo 202, 1ª parte), a
sabotagem (artigo 202, in fine), a frustração, mediante violência ou fraude, de
direitos assegurados por lei trabalhista ou de nacionalização do trabalho (artigos
203 e 204). Os demais crimes contra o trabalho, previstos no projeto, dispensam o
elemento violência ou fraude (artigos 201, 205, 206, 207), mas explica-se a
exceção: é que eles, ou atentam imediatamente contra o interesse público, ou
imediatamente ocasionam uma grave perturbação da ordem econômica. É de
notar-se que a suspensão ou abandono coletivo de obra pública ou serviço de
interesse coletivo somente constituirá o crime previsto no artigo 201 quando
praticado por "motivos pertinentes às condições do trabalho", pois, de outro modo,
o fato importará o crime definido no artigo 18 da Lei de Segurança, que continua
em pleno vigor.
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O
RESPEITO AOS MORTOS
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fúnebre e supressão de cadáver ou de alguma de suas partes.
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES
69. Sob esta epígrafe, cuida o projeto dos crimes que, de modo geral, podem ser
também denominados sexuais. São os mesmos crimes que a lei vigente conhece
sob a extensa rubrica "Dos crimes contra a segurança da honra e honestidade das
famílias e do ultraje público ao pudor". Figuram eles com cinco subclasses, assim
intitulados: "Dos crimes contra a liberdade sexual", "Da sedução e da corrupção de
menores", "Do rapto", "Do lenocínio e do tráfico de mulheres" e "Do ultraje público
ao pudor".
O crime de adultério, que o Código em vigor contempla entre os crimes sexuais,
passa a figurar no setor dos crimes contra a família.
70. Entre os crimes contra a liberdade sexual, de par com as figuras clássicas do
estupro e do atentado violento ao pudor, são incluídas a "posse sexual mediante
fraude" e o "atentado ao pudor mediante fraude". Estas duas entidades criminais,
na amplitude com que as conceitua o projeto, são estranhas à lei atual. Perante
esta, a fraude é um dos meios morais do crime de defloramento, de que só a
mulher menor de 21 (vinte e um) anos e maior de 16 (dezesseis) pode ser sujeito
passivo. Segundo o projeto, entretanto, existe crime sempre que, sendo a vítima
mulher honesta, haja emprego de meio fraudulento (v.g.: simular casamento,
substituir-se ao marido na escuridão da alcova). Não importa, para a existência do
crime, que a ofendida seja, ou não, maior ou virgo intacta. Se da cópula resulta o
desvirginamento da ofendida, e esta é menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14
(quatorze), a pena é especialmente aumentada.
Na identificação dos crimes contra a liberdade sexual é presumida a violência
(artigo 224) quando a vítima: a) não é maior de 14 (quatorze) anos; b) é alienada
ou débil mental, conhecendo o agente esta circunstância; ou c) acha-se em estado
de inconsciência (provocado, ou não, pelo agente), ou, por doença ou outra causa,
impossibilitada de oferecer resistência. Como se vê, o projeto diverge
substancialmente da lei atual: reduz, para o efeito de presunção de violência, o
limite de idade da vítima e amplia os casos de tal presunção (a lei vigente
presume a violência no caso único de ser a vítima menor de dezesseis anos).
Com a redução do limite de idade, o projeto atende à evidência de um fato social
contemporâneo, qual seja a precocidade no conhecimento dos fatos sexuais. O
fundamento da ficção legal de violência, no caso dos adolescentes, é a innocentia
consilii do sujeito passivo, ou seja, a sua completa insciência em relação aos fatos
sexuais, de modo que não se pode dar valor algum ao seu consentimento. Ora, na
época atual, seria abstrair hipocritamente a realidade o negar-se que uma pessoa
de 14 (quatorze) anos completos já tem uma noção teórica, bastante exata, dos
segredos da vida sexual e do risco que corre se se presta à lascívia de outrem.
Estendendo a presunção de violência aos casos em que o sujeito passivo é
alienado ou débil mental, o projeto obedece ao raciocínio de que, também aqui, há
ausência de consentimento válido, e ubi eadem ratio, ibi eadem dispositio.
Por outro lado, se a incapacidade de consentimento faz presumir a violência, com
maioria de razão deve ter o mesmo efeito o estado de inconsciência da vítima ou
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sua incapacidade de resistência, seja esta resultante de causas mórbidas
(enfermidade, grande debilidade orgânica, paralisia, etc.), ou de especiais
condições físicas (como quando o sujeito passivo é um indefeso aleijado, ou se
encontra acidentalmente tolhido de movimentos).
71. Sedução é o nomen juris que o projeto dá ao crime atualmente denominado
defloramento. Foi repudiado este título, porque faz supor como imprescindível
condição material do crime a ruptura do hímen (flos virgineum), quando, na
realidade, basta que a cópula seja realizada com mulher virgem, ainda que não
resulte essa ruptura, como nos casos de complacência himenal.
O sujeito passivo da sedução é a mulher virgem, maior de 14 (quatorze) e menor
de 18 (dezoito) anos. No sistema do projeto, a menoridade, do ponto de vista da
proteção penal, termina aos 18 (dezoito) anos. Fica, assim, dirimido o ilogismo em
que incide a legislação vigente, que, não obstante reconhecer a maioridade
política e a capacidade penal aos 18 (dezoito) anos completos (Constituição,
artigo 117, e Código Penal, modificado pelo Código de Menores), continua a
pressupor a imaturidade psíquica, em matéria de crimes sexuais, até os 21 (vinte
e um) anos.
Para que se identifique o crime de sedução é necessário que seja praticado "com
abuso da inexperiência ou justificável confiança" da ofendida. O projeto não
protege a moça que se convencionou chamar emancipada, nem tampouco aquela
que, não sendo de todo ingênua, se deixa iludir por promessas evidentemente
insinceras.
Ao ser fixada a fórmula relativa ao crime em questão, partiu-se do pressuposto de
que os fatos relativos à vida sexual não constituem na nossa época matéria que
esteja subtraída, como no passado, ao conhecimento dos adolescentes de 18
(dezoito) anos completos. A vida, no nosso tempo, pelos seus costumes e pelo
seu estilo, permite aos indivíduos surpreender, ainda bem não atingida a
maturidade, o que antes era o grande e insondável mistério, cujo conhecimento se
reservava apenas aos adultos.
Certamente, o direito penal não pode abdicar de sua função ética, para acomodar-
se ao afrouxamento dos costumes; mas, no caso de que ora se trata, muito mais
eficiente que a ameaça da pena aos sedutores, será a retirada da tutela penal à
moça maior de 18 (dezoito) anos, que, assim, se fará mais cautelosa ou menos
acessível.
Em abono do critério do projeto, acresce que, hoje em dia, dados os nossos
costumes e formas de vida, não são raros os casos em que a mulher não é a
única vítima da sedução.
Já foi dito, com acerto, que "nos crimes sexuais, nunca o homem é tão algoz que
não possa ser, também, um pouco vítima, e a mulher nem sempre é a maior e a
única vítima dos seus pretendidos infortúnios sexuais" (Filipo Manci, Delitti
sessuali).
72. Ao configurar o crime de corrupção de menores, o projeto não distingue,
como faz a lei atual, entre corrupção efetiva e corrupção potencial: engloba as
duas espécies e comina a mesma pena. O meio executivo do crime tanto pode ser
a prática do ato libidinoso com a vítima (pessoa maior de quatorze e menor de
dezoito anos), como o induzimento desta a praticar (ainda que com outrem, mas
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para a satisfação da lascívia do agente) ou a presenciar ato dessa natureza.
73. O rapto para fim libidinoso é conservado entre os crimes sexuais, rejeitado o
critério do projeto Sá Pereira, que o transladava para a classe dos crimes contra a
liberdade. Nem sempre o meio executivo do rapto é a violência. Ainda mesmo se
tratando de rapto violento, deve-se atender a que, segundo a melhor técnica, o
que especializa um crime não é o meio, mas o fim. No rapto, seja violento,
fraudulento ou consensual, o fim do agente é a posse da vítima para fim sexual ou
libidinoso. Trata-se de um crime dirigido contra o interesse da organização ético-
social da família - interesse que sobreleva o da liberdade pessoal. Seu justo lugar,
portanto, é entre os crimes contra os costumes.
O projeto não se distancia muito da lei atual, no tocante aos dispositivos sobre o
rapto. Ao rapto violento ou próprio (vi aut minis) é equiparado o rapto per fraudem
(compreensivo do rapto per insidias). No rapto consensual (com ou sem sedução),
menos severamente punido, a paciente só pode ser a mulher entre os 14
(quatorze) e 21 (vinte e um) anos (se a raptada é menor de quatorze anos, o rapto
se presume violento), conservando-se, aqui, o limite da menoridade civil, de vez
que essa modalidade do crime é, principalmente, uma ofensa ao pátrio poder ou
autoridade tutelar (in parentes vel tutores).
A pena, em qualquer caso, é diminuída de um terço, se o crime é praticado para
fim de casamento, e da metade, se se dá a restitutio in integrum da vítima e sua
reposição in loco tuto ac libero.
Se ao rapto se segue outro crime contra a raptada, aplica-se a regra do concurso
material. Fica, assim, modificada a lei vigente, segundo a qual, se o crime
subseqüente é o defloramento ou estupro (omitida referência a qualquer outro
crime sexual), a pena do rapto é aumentada da sexta parte.
74. O projeto reserva um capítulo especial às disposições comuns aos crimes
sexuais até aqui mencionados. A primeira delas se refere às formas qualificadas
de tais crimes, isto é, aos casos em que, tendo havido emprego de violência,
resulta lesão corporal grave ou a morte da vítima: no primeiro caso, a pena será
reclusão por 4 (quatro) a 12 (doze) anos; no segundo, a mesma pena, de 8 (oito) a
20 (vinte) anos.
A seguir, vêm os preceitos sobre a violência ficta, de que acima já se tratou; sobre
a disciplina da ação penal na espécie e sobre agravantes especiais. Cumpre notar
que uma disposição comum aos crimes em questão não figura na "parte especial",
pois se achou que ficaria melhor colocada no título sobre a extinção da
punibilidade, da "parte geral": é o que diz respeito ao subsequens matrimonium
(artigo 108, VIII), que, antes ou depois da condenação, exclui a imposição da
pena.
75. Ao definir as diversas modalidades do lenocínio, o projeto não faz depender o
crime de especial meio executivo, nem da habitualidade, nem do fim de lucro. Se
há emprego de violência, intimidação ou fraude, ou se o agente procede lucri
faciendi causa, a pena é especialmente agravada. Tal como na lei atual, o
lenocínio qualificado ou familiar é mais severamente punido que o lenocínio
simples. Na prestação de local a encontros para fim libidinoso, é taxativamente
declarado que o crime existe independentemente de mediação direta do agente
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para esses encontros ou de fim de lucro.
São especialmente previstos o rufianismo (alphonsisme, dos franceses;
mantenutismo, dos italianos; Zuhalterei, dos alemães) e o tráfico de mulheres.
Na configuração do ultraje público ao pudor, o projeto excede de muito em
previdência à lei atual.
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
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são previstas, no mesmo capítulo, entidades criminais que a lei atual ignora.
Passam a constituir ilícito penal os seguintes fatos, até agora deixados impunes
ou sujeitos a meras sanções civis: contrair casamento, induzindo em erro
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja o
resultante de casamento anterior (pois, neste caso, o crime será o de bigamia);
contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que acarrete sua
nulidade absoluta; fingir de autoridade para celebração do casamento e simular
casamento. Nestas duas últimas hipóteses, trata-se de crimes subsidiários: só
serão punidos por si mesmos quando não constituam participação em crime mais
grave ou elemento de outro crime.
78. Ao definir os crimes contra o estado de filiação, adota o projeto fórmulas
substancialmente idênticas às do Código atual, que os conhece sob a rubrica de
"parto suposto e outros fingimentos".
79. É reservado um capítulo especial aos "crimes contra a assistência familiar",
quase totalmente ignorados da legislação vigente. Seguindo o exemplo dos
códigos e projetos de codificação mais recentes, o projeto faz incidir sob a sanção
penal o abandono de família. O reconhecimento desta nova espécie criminal é,
atualmente, ponto incontroverso. Na "Semana Internacional de Direito", realizada
em Paris, no ano de 1937, Ionesco-Doly, o representante da Romênia, fixou, na
espécie, com acerto e precisão, a ratio da incriminação: "A instituição essencial
que é a família atravessa atualmente uma crise bastante grave. Daí, a firme,
embora recente, tendência no sentido de uma intervenção do legislador, para
substituir as sanções civis, reconhecidamente ineficazes, por sanções penais
contra a violação dos deveres jurídicos de assistência que a consciência jurídica
universal considera como o assento básico do status familiar. Virá isso contribuir
para, em complemento de medidas que se revelaram insuficientes para a proteção
da família, conjurar um dos aspectos dolorosos da crise por que passa essa
instituição. É, de todo em todo, necessário que desapareçam certos fatos
profundamente lamentáveis, e desgraçadamente cada vez mais freqüentes, como
seja o dos maridos que abandonam suas esposas e filhos, deixando-os sem
meios de subsistência, ou o dos filhos que desamparam na miséria seus velhos
pais enfermos ou inválidos".
É certo que a vida social no Brasil não oferece, tão assustadoramente como em
outros países, o fenômeno da desintegração e desprestígio da família; mas a
sanção penal contra o "abandono de família", inscrita no futuro Código, virá
contribuir, entre nós, para atalhar ou prevenir o mal incipiente.
Para a conceituação do novo crime, a legislação comparada oferece dois
modelos: o francês, demasiadamente restrito, e o italiano, excessivamente amplo.
Segundo a lei francesa, o crime de abandono de família é constituído pelo fato de,
durante um certo período (três meses consecutivos), deixar o agente de pagar a
pensão alimentar decretada por uma decisão judicial passada em julgado. É o
chamado abandono pecuniário. Muito mais extensa, entretanto, é a fórmula do
Código Penal italiano, que foi até a incriminação do abandono moral, sem critérios
objetivos na delimitação deste. O projeto preferiu a fórmula transacional do
chamado abandono material. Dois são os métodos adotados na incriminação: um
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direto, isto é, o crime pode ser identificado diretamente pelo juiz penal, que deverá
verificar, ele próprio, se o agente deixou de prestar os recursos necessários; outro
indireto, isto é, o crime existirá automaticamente se, reconhecida pelo juiz do cível
a obrigação de alimentos e fixado seu quantum na sentença, deixar o agente de
cumprí-la durante 3 (três) meses consecutivos. Não foi, porém, deixado
inteiramente à margem o abandono moral. Deste cuida o projeto em casos
especiais, precisamente definidos, como aliás, já faz o atual Código de Menores. É
até mesmo incriminado o abandono intelectual, embora num caso único e
restritíssimo (artigo 246): deixar, sem justa causa, de ministrar ou fazer ministrar
instrução primária a filho em idade escolar.
Segundo o projeto, só é punível o abandono intencional ou doloso, embora não se
indague do motivo determinante: se por egoísmo, cupidez, avareza, ódio, etc. Foi
rejeitado o critério de fazer depender a ação penal de prévia queixa da vítima, pois
isso valeria, na prática, por tornar letra morta o preceito penal. Raro seria o caso
de queixa de um cônjuge contra o outro, de um filho contra o pai ou de um pai
contra o filho. Não se pode deixar de ter em atenção o que Marc Ancel chama
pudor familiar, isto é, o sentimento que inibe o membro de uma família de revelar
as faltas de outro, que, apesar dos pesares, continua a merecer o seu respeito e
talvez o seu afeto. A pena cominada na espécie é alternativa: detenção ou multa.
Além disso, ficará o agente sujeito, na conformidade da regra geral sobre as
"penas acessórias" (Capítulo V do Título V da Parte Geral), à privação definitiva ou
temporária de poderes que, em relação à vítima ou vítimas, lhe sejam atribuídos
pela lei civil, em conseqüência do status familiar.
Cuidando dos crimes contra o pátrio poder, tutela ou curatela, o projeto limita-se a
reivindicar para o futuro Código Penal certos preceitos do atual Código de
Menores, apenas ampliados no sentido de abranger na proteção penal, além dos
menores de 18 (dezoito) anos, os interditos.
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
80. Sob este título, são catalogados, no projeto, os crimes que a lei atual
denomina contra a tranqüilidade pública. Estão eles distribuídos em três
subclasses: crimes de perigo comum (isto é, aqueles que, mais nítida ou
imediatamente que os das outras subclasses, criam uma situação de perigo de
dano a um indefinido número de pessoas), crimes contra a segurança dos meios
de comunicação e transporte e outros serviços públicos e crimes contra a saúde
pública. Além de reproduzir, com ligeiras modificações, a lei vigente, o projeto
supre omissões desta, configurando novas entidades criminais, tais como: "uso
perigoso de gases tóxicos", o "desabamento ou desmoronamento" (isto é, o fato
de causar, em prédio próprio ou alheio, desabamento total ou parcial de alguma
construção, ou qualquer desmoronamento, expondo a perigo a vida, integridade
física ou patrimônio de outrem), "subtração, ocultação ou inutilização de material
de salvamento", "difusão de doença ou praga", "periclitação de qualquer meio de
transporte público" (a lei atual somente cuida da periclitação de transportes
ferroviários ou marítimos, não se referindo, sequer, à do transporte aéreo, que o
projeto equipara àqueles), "atentado contra a segurança de serviços de utilidade
pública", "provocação de epidemia", "violação de medidas preventivas contra
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doenças contagiosas", etc.
Relativamente às formas qualificadas dos crimes em questão, é adotada a
seguinte regra geral (artigo 258): no caso de dolo, se resulta a alguém lesão
corporal de natureza grave, a pena privativa da liberdade é aumentada de metade,
e, se resulta morte, é aplicada em dobro; no caso de culpa, se resulta lesão
corporal (leve ou grave), as penas são aumentadas de metade e, se resulta morte,
é aplicada a de homicídio culposo, aumentada de um terço.
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
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84. Em último lugar, cuida o projeto dos crimes contra a administração pública,
repartidos em três subclasses: "crimes praticados por funcionário público contra a
administração em geral", "crimes praticados por particular contra a administração
em geral" e "crimes contra a administração da justiça". Várias são as inovações
introduzidas, no sentido de suprir omissões ou retificar fórmulas da legislação
vigente. Entre os fatos incriminados como lesivos do interesse da administração
pública, figuram os seguintes, até agora, injustificadamente, deixados à margem
da nossa lei penal: emprego irregular de verbas e rendas públicas; advocacia
administrativa (isto é, "patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado junto à
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário"); violação do sigilo
funcional; violação do sigilo de proposta em concorrência pública; exploração de
prestígio junto à autoridade administrativa ou judiciária (venditio fumi); obstáculo
ou fraude contra concorrência ou hasta pública; inutilização de editais ou sinais
oficiais de identificação de objetos; motim de presos; falsos avisos de crime ou
contravenção; auto-acusação falsa; coação no curso de processo judicial; fraude
processual; exercício arbitrário das próprias razões; favorecimento post factum a
criminosos (o que a lei atual só parcialmente incrimina como forma de
cumplicidade); tergiversação do procurador judicial; reingresso de estrangeiro
expulso.
85. O artigo 327 do projeto fixa, para os efeitos penais, a noção de funcionário
público: "Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública".
Ao funcionário público é equiparado o empregado de entidades paraestatais. Os
conceitos da concussão, da corrupção (que a lei atual chama peita ou suborno),
da resistência e do desacato são ampliados. A concussão não se limita, como na
lei vigente, ao crimen superexactnis (de que o projeto cuida em artigo especial),
pois consiste, segundo o projeto, em "exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, mesmo fora das funções, ou antes de assumí-las, mas em razão
delas, qualquer retribuição indevida".
A corrupção é reconhecível mesmo quando o funcionário não tenha ainda
assumido o cargo. Na resistência, o sujeito passivo não é exclusivamente o
funcionário público, mas também qualquer pessoa que lhe esteja, eventualmente,
prestando assistência.
O desacato se verifica não só quando o funcionário se acha no exercício da
função (seja, ou não, o ultraje infligido propter officium), senão também quando se
acha extra officium, desde que a ofensa seja propter officium.
CONCLUSÃO
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naturalmente, à medida que foi progredindo o trabalho de revisão. Isto em nada
diminui o valor do projeto revisto. Este constituiu uma etapa útil e necessária à
construção do projeto definitivo.
A obra legislativa do Governo de Vossa Excelência é, assim, enriquecida com uma
nova codificação, que nada fica a dever aos grandes monumentos legislativos
promulgados recentemente em outros países. A Nação ficará a dever a Vossa
Excelência, dentre tantos que já lhe deve, mais este inestimável serviço à sua
cultura.
Acredito que, na perspectiva do tempo, a obra de codificação do Governo de
Vossa Excelência há de ser lembrada como um dos mais importantes subsídios
trazidos pelo seu Governo, que tem sido um governo de unificação nacional, à
obra de unidade política e cultural do Brasil.
Não devo encerrar esta exposição sem recomendar especialmente a Vossa
Excelência todos quantos contribuíram para que pudesse realizar-se a nova
codificação penal no Brasil: Dr. Alcântara Machado, Ministro A. J. da Costa e
Silva, Dr. Vieira Braga, Dr. Nelson Hungria, Dr. Roberto Lira, Dr. Narcélio de
Queiroz. Não estaria, porém, completa a lista se não acrescentasse o nome do Dr.
Abgar Renault, que me prestou os mais valiosos serviços na redação final do
projeto.
Aproveito o ensejo, Senhor Presidente, para renovar a Vossa Excelência os
protestos do meu mais profundo respeito.
Francisco Campos
Código Penal
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940
(DOU 31.12.1940)
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta a seguinte
PARTE GERAL
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Anterioridade da lei
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Lei penal no tempo
Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
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Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cassadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Tempo do crime
Art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Territorialidade
Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Lugar do crime
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Extraterritorialidade
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiros;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercante ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
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§ 1º. Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso
das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Eficácia de sentença estrangeira
Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na
espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos
civis;
II - sujeitá-lo à medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de
cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Contagem de prazo
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Frações não computáveis da pena
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Legislação especial
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
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TÍTULO II
DO CRIME
Relação de causalidade
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou.
Relevância da omissão
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 14. Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Arrependimento posterior
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Crime impossível
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 18. Diz-se o crime:
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Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Agravação pelo resultado
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente
que o houver causado ao menos culposamente. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo.
Erro determinado por terceiro
§ 2º. Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Erro sobre a pessoa
§ 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem
a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Exclusão de ilicitude
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
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III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Estado de necessidade
Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
§ 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
§ 2º. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito quando ameaçado, a
pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
Legítima defesa
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbações de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Menores de dezoito anos
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Emoção e paixão
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substâncias de efeitos
análogos.
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§ 1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
§ 2º. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§ 2º. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30. Não se comunica as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
TÍTULO V
DAS PENAS
CAPÍTULO I
DAS ESPÉCIES DE PENA
I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
SEÇÃO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Reclusão e detenção
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto
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ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade
de transferência a regime fechado.
§ 1º. Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança
máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2º. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumprí-la em
regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a oito (oito), poderá, desde o princípio, cumprí-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
anos, poderá desde o início, cumprí-la em regime aberto.
§ 3º. A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no artigo 59 deste Código. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Regras do regime fechado
Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a
exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º. O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento
durante o repouso noturno.
§ 2º. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade
das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com
a execução da pena.
§ 3º. O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras
públicas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Regras do regime semi-aberto
Art. 35. Aplica-se a norma do artigo 34 deste Código, caput, ao condenado que
inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1º. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno,
em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º. O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Regras do regime aberto
Art. 36. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de
responsabilidade do condenado.
§ 1º. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar,
freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido
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durante o período noturno e nos dias de folga.
§ 2º. O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido
como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a
multa cumulativa aplicada. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Regime especial
Art. 37. As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se
os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber,
o disposto neste Capítulo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Direitos do preso
Art. 38. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da
liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e
moral. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Trabalho do preso
Art. 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os
benefícios da Previdência Social. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Legislação especial
Art. 40. A legislação especial regulará a matéria prevista nos artigos 38 e 39
deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os critérios
para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as infrações
disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Superveniência de doença mental
Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento
adequado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Detração
Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no
artigo anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
SEÇÃO II
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - (VETADO na Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
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V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.714, de
25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas
de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não
foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a
pena aplicada, se o crime for culposo.
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
§ 1º. (VETADO na Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
§ 2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por
multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou
por duas restritivas de direitos.
§ 3º. Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e
a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4º. A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena
restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão.
§ 5º. Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz
da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for
possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Conversão das penas restritivas de direitos
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na
forma deste e dos artigos 46, 47 e 48.
§ 1º. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de
importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do
montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
§ 2º. No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a
prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
§ 3º. A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á,
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu
valor terá como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou do
provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime.
§ 4º. (VETADO na Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998) (Redação dada
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ao artigo pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
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§ 1º. O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um
trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior
a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º. O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de
correção monetária. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Pagamento da multa
Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em
julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o
juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º. A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou
salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º. O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento
do condenado e de sua família. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Conversão da multa e revogação
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será
considerada dividida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas
e suspensivas da prescrição. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.268, de
01.04.1996)
Modo de conversão
§ 1º. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
Revogação da conversão
§ 2º. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
Suspensão da execução da multa
Art. 52. É suspensa a execução da pena de multa se sobrevém ao condenado
doença mental. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO II
DA COMINAÇÃO DAS PENAS
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artigo 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 46. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Art. 56. As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do artigo 47 deste
Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão,
atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que
lhes são inerentes. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 57. A pena de interdição, prevista no inciso III do artigo 47 deste Código,
aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Pena de multa
Art. 58. A multa prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fixados no
artigo 49 e seus parágrafos deste Código.
Parágrafo único. A multa prevista no parágrafo único do artigo 44 e no § 2º do
artigo 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na parte
especial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO III
DA APLICAÇÃO DA PENA
Fixação da pena
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário o suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Critérios especiais da pena de multa
Art. 60. Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à
situação econômica do réu.
§ 1º. A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Multa substitutiva
§ 2º. A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode
ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do artigo
44 deste Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Circunstâncias agravantes
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
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II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; (Redação dada à alínea pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum; (Redação dada à alínea pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; (Redação dada à alínea
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
h) contra criança, velho ou enfermo ou mulher grávida; (Redação dada à alínea
pela Lei nº 9.318, de 05.12.1996)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,
ou de desgraça particular do ofendido; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
l) em estado de embriaguez preordenada. (Redação dada à alínea pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Reincidência
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Art. 64. Para efeito de reincidência:
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condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Circunstâncias atenuantes
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
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§ 2º. Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Concurso formal
Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
artigo 69 deste Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Crime continuado
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhanças, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do artigo 70 e do artigo 75 deste Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Multas no concurso de crimes
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e
integralmente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Erro na execução
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do artigo 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do artigo 70 deste
Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Resultado diverso do pretendido
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do artigo 70 deste Código. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Limite das penas
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Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 30 (trinta) anos.
§ 1º. Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma
seja superior a 30 (trinta) anos, devem ser unificadas para atender ao limite
máximo deste artigo.
§ 2º. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena,
far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já
cumprido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Concurso de infrações
Art. 76. No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais
grave. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO IV
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
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11.07.1984)
Art. 79. A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 80. A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à
multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
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V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
(Inciso acrescentado pela Lei nº 8.072, de 25.07.1990)
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará
a delinqüir. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Soma de penas
Art. 84. As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para
efeito do livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Especificação das condições
Art. 85. A sentença especificará as condições a que fica subordinado o
livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Revogação do livramento
Art. 86. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no artigo 84 deste Código. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Revogação facultativa
Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente
condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Efeitos da revogação
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Extinção
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na
vigência do livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 90. Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a
pena privativa de liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
CAPÍTULO VI
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
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I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisa cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 92. São também efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandado eletivo: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um
ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro
anos nos demais casos. (Redação dada à alínea pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática
de crime doloso. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos,
devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO VII
DA REABILITAÇÃO
Reabilitação
Art. 93. A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,
assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e
condenação.
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da
condenação, previstos no artigo 92 desse Código, vedada reintegração na
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 94. A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em
que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-
se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não
sobrevier revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e consoante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta
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impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove
a renúncia da vítima ou novação da dívida.
Parágrafo único. Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo,
desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos
requisitos necessários. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 95. A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a
pena que não seja de multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
TÍTULO VI
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Espécies de medidas de segurança
Art. 96. As medidas de segurança são:
I - internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem
subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Imposição da medida de segurança para inimputável
Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (artigo
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o
juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Prazo
§ 1º. A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Perícia médica
§ 2º. A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá
ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da
execução.
Desinternação ou liberação condicional
§ 3º. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano,
pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
§ 4º. Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a
internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável
Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do artigo 26 deste Código e
necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo
prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e
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respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Direitos do internado
Art. 99. O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características
hospitalares e será submetido a tratamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
TÍTULO VII
DA AÇÃO PENAL
Ação pública e de iniciativa privada
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
§ 1º. A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a
lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º. A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de
quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º. A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se
o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
A ação penal no crime complexo
Art. 101. Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal
fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação
àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa
do Ministério Público. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Irretratabilidade da representação
Art. 102. A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º
do artigo 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento
da denúncia. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa
ou tacitamente.
Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato
incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber
o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
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Perdão do ofendido
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
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não excede a 12 (doze);
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não
excede a 8 (oito);
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não
excede a 4 (quatro);
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo
superior, não excede a 2 (dois);
VI - em 2 (dois) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Prescrição das penas restritivas de direito
Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos
previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória
Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória
regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os
quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
§ 1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada.
§ 2º. A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial
data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a
correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
Art. 112. No caso do artigo 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação,
ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento
condicional
Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prisão é regulada pelo tempo que resta da pena. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Prescrição da multa
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Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente aplicada. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
Redução dos prazos de prescrição
Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso
era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Causas impeditivas da prescrição
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
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7.209, de 11.07.1984)
Perdão judicial
Art. 120. A sentença que concede perdão judicial não será considerada para
efeitos de reincidência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2º. Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Homicídio culposo
§ 3º. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aumento de pena
§ 4º. No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências
do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(catorze) anos. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
§ 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se
as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
LAWBOOK EDITORA
6.416, de 24.05.1977)
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que
o faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão
corporal de natureza grave.
Parágrafo único. A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
Infanticídio
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior
de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Forma qualificada
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas,
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal
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Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º. Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º. Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Diminuição de pena
§ 4º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5º. O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º. Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Aumento de pena
§ 7º. Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do artigo
121, § 4º. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
§ 8º. Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do artigo 121. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
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§ 1º. Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º. Somente se procede mediante representação.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime
mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo
com as normas legais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998,
DOU 30.12.1998)
Abandono de incapaz
Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 1º. Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º. Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Aumento de pena
§ 3º. As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da
vítima.
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria;
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Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Maus-tratos
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2º. Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 3º. Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (catorze) anos. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.069, de
13.07.1990)
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se,
pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
§ 2º. É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º. Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do artigo 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes;
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião ou origem:
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.459, de 13.05.1997)
Disposições comuns
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, de difamação ou da injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
Art. 142. Não constitui injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por
procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos nºs. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou
injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
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Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante a
queixa, salvo quando, no caso do artigo 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso
do nº I do artigo 141, e mediante representação do ofendido, no caso do nº II do
mesmo artigo.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
Constrangimento ilegal
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois
de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º. As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a
execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º. Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º. Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
responsável legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Ameaça
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
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136, caput maus-tratos 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.
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de contrato de trabalho e
boicotagem violenta 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL
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268, caput infração de medida sanitária
preventiva 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.
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312, § 2º peculato culposo 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.
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hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
§ 2º. Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo:
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Sonegação ou destruição de correspondência
§ 1º. Na mesma pena incorre:
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não
fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente
comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
telefônica entre outras pessoas;
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de
disposição legal.
§ 2º. As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
§ 3º. Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal,
telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 4º. Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e
do § 3º.
Correspondência comercial
Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento
comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
Divulgação de segredo
Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular
ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim
definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados
da Administração Pública: (AC)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (AC) (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 1º. Somente se procede mediante representação. (Antigo parágrafo único
renumerado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será
incondicionada. (AC) (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000,
DOU 17.07.2000)
Violação do segredo profissional
Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
dano a outrem:
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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
§ 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é
cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º. A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
Furto de coisa comum
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1º. Somente se procede mediante representação.
§ 2º. Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede
a quota a que tem direito o agente.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
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§ 1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunibilidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º. A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior; (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.426, de
24.12.1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.(Inciso
acrescentado pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a
quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,
sem prejuízo da multa. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.426, de
24.12.1996)
Extorsão
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com o emprego de
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º. Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior.
Extorsão mediante seqüestro
Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º. Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é
menor de 18 (dezoito) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha:
Pena - de 12 (doze) a 20 (vinte) anos.
§ 2º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos.
§ 3º. Se resulta de morte:
Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos.
§ 4º. Se o crime é cometido em concurso, oconcorrente, que o denunciar à
autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um
a dois terços. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.269, de 02.04.1996)
Extorsão indireta
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
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CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência à pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de
mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
possessório.
§ 2º. Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º. Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.
Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca
ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
CAPÍTULO IV
DO DANO
Dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
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Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Alteração de local especialmente protegido
Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local
especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Ação penal
Art. 167. Nos casos do artigo 163, do nº IV do seu parágrafo e do artigo 164,
somente se procede mediante queixa.
CAPÍTULO V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Apropriação indébita
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
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II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (AC) (Artigo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza
Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da
quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à
autoridade competente, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 170. Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no artigo 155,
§ 2º.
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
Estelionato
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode
aplicar a pena conforme o disposto no artigo 155, § 2º.
§ 2º. Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia
como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a
alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo
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ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de
haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
§ 3º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência.
Duplicata simulada
Art. 172. Emitir fatura, duplicada ou nota de venda que não corresponda à
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada ao caput
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar
a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 5.474, de 18.07.1968)
Abuso de incapazes
Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem,
induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em
prejuízo próprio ou de terceiro.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Induzimento à especulação
Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da
simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber
que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Fraude no comércio
Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou
consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1º. Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou
substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de outra
qualidade:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º. É aplicável o disposto no artigo 155, § 2º.
Outras fraudes
Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de
meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
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Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação, e o juiz pode,
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações
Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto
ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a
constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime
contra a economia popular.
§ 1º. Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia
popular:
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto,
relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz
afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa
cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito
próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
assembléia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações
por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor
ou em caução ações da própria sociedade;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou
mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com
acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos nºs. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar
no País, que pratica os atos mencionados nos nºs. I e II, ou dá falsa informação ao
Governo.
§ 2º. Incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, o
acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas
deliberações de assembléia geral.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com
disposição legal:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Fraude à execução
Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando
bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa.
CAPÍTULO VII
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DA RECEPTAÇÃO
Receptação
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
§ 1º. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º. Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
§ 3º. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
§ 4º. A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor
do crime de que proveio a coisa.
§ 5º. Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa
aplica-se o disposto no § 2º do artigo 155.
§ 6º. Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado,
Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de
economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - do tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
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grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
TÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL
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Art. 188. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Usurpação ou indevida exploração de modelo ou desenho privilegiado
Art. 189. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Falsa declaração de depósito em modelo ou desenho
Art. 190. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Art. 191. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO
Concorrência desleal
Art. 196. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Atentado contra a liberdade de trabalho
Art. 197. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou
não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência;
II - abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede
ou paralisação de atividade econômica:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta
Art. 198. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar
contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:
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Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de associação
Art. 199. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar
ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Paralisação do trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem
Art. 200. Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando
violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é
indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
Paralisação de trabalho de interesse coletivo
Art. 201. Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando
a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem
Art. 202. Invadir ou ocupar estabelecimento industrial ou agrícola, com o intuito
de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim
danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista
Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela
legislação do trabalho:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à
violência. (NR) (Pena estabelecida pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU
30.12.1998)
§ 1º. Na mesma pena incorre quem:
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento,
para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante
coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU 30.12.1998)
§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de
dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou
mental. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU
30.12.1998)
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho
Art. 204. Frustrar mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à
nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
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correspondente à violência.
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa
Art. 205. Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Aliciamento para o fim de emigração
Art. 206. Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para
território estrangeiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 8.683, de 15.07.1993)
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional
Art. 207. Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra
localidade do território nacional:
Pena - detenção de um a três anos, e multa. (NR) (Pena estabelecida pela Lei nº
9.777, de 29.12.1998, DOU 30.12.1998)
§ 1º. Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de
execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança
de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu
retorno ao local de origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de
29.12.1998, DOU 30.12.1998)
§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de
dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou
mental. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU
30.12.1998)
TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO
AOS MORTOS
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO
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Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço,
sem prejuízo da correspondente à violência.
Violação de sepultura
Art. 210. Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
Estupro
Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave
ameaça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº 8.072,
de 25.07.1990)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.281, de 04.06.1996)
Atentado violento ao pudor
Art. 214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar
ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº 8.072,
de 25.07.1990)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei 9.281, de 04.06.1996)
Posse sexual mediante fraude
Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude:
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anos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
CAPÍTULO II
DA SEDUÇÃO E DA CORRUPÇÃO DE MENORES
Sedução
Art. 217. Seduzir mulher virgem, menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14
(catorze), e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência ou
justificável confiança:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Corrupção de menores
Art. 218. Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e
menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a
a praticá-lo ou presenciá-lo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
CAPÍTULO III
DO RAPTO
Formas qualificadas
Art. 223. Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº
8.072, de 25.07.1990)
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Parágrafo único: Se do fato resulta a morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 25 (vinte e cinco) anos. (Pena estabelecida pela
Lei nº 8.072, de 25.07.1990)
Presunção de violência
Art. 224. Presume-se a violência, se a vítima:
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§ 1º. Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo anterior:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º. Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar
destinado para fim libidinoso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
proprietário ou gerente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Rufianismo
Art. 230. Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus
lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º. Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo 227:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, além da multa.
§ 2º. Se há emprego de violência ou grave ameaça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, além da multa e sem prejuízo da pena
correspondente à violência.
Tráfico de mulheres
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de mulher que
nele venha exercer a prostituição, ou a saída de mulher que vá exercê-la no
estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 1º. Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo 227:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 2º. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de
reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Art. 232. Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos
artigos 223 e 224.
CAPÍTULO IV
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
Ato obsceno
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Escrito ou objeto obsceno
Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de
comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura,
estampa ou qualquer objeto obsceno:
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Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos
neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou
exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que
tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou
recitação de caráter obsceno.
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
Bigamia
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 1º. Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada,
conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 (um) a
3 (três) anos.
§ 2º. Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo
que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Conhecimento prévio de impedimento
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe
cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Simulação de autoridade para celebração de casamento
Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Simulação de casamento
Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.
Adultério
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Art. 240. Cometer adultério:
Pena - detenção de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.
§ 1º. Incorre na mesma pena o co-réu.
§ 2º. A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro
de 1 (um) mês após o conhecimento do fato.
§ 3º. A ação penal não pode ser intentada:
I - pelo cônjuge desquitado;
II - pelo cônjuge que consentiu no adultério ou o perdoou, expressa ou
tacitamente.
§ 4º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - se havia cessado a vida em comum dos cônjuges;
II - se o querelante havia praticado qualquer dos atos previstos no artigo 317 do
Código Civil.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO
Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do cônjuge, ou de
filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente
inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente,
gravemente enfermo:
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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de uma a dez vezes o
maior salário mínimo vigente no País.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou
ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou
função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.478, de 25.07.1968)
Entrega de filho menor à pessoa inidônea
Art. 245. Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos à pessoa em cuja companhia
saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Redação dada ao caput pela Lei nº
7.251, de 19.11.1984)
§ 1º. A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito
para obter lucro, ou se o menor é enviado pra o exterior. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 7.251, de 19.11.1984)
§ 2º. Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o
perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor
para o exterior, com o fito de obter lucro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
7.251, de 19.11.1984)
Abandono intelectual
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em
idade escolar:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Art. 247. Permitir alguém que menor de 18 (dezoito) anos, sujeito a seu poder ou
confiado à sua guarda ou vigilância:
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de
má vida;
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou
participe de representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva de mendigo para excitar a comiseração pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA
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Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui
elemento de outro crime.
§ 1º. O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o
exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela,
curatela ou guarda.
§ 2º. No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-
tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
TÍTULO VIII
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Incêndio
Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Aumento de pena
§ 1º. As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito
próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada à habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso próprio ou a obra de assistência social
ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Incêndio culposo
§ 2º. Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
Explosão
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou
de substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º. Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:
Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Aumento de pena
§ 2º. As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses
previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade culposa
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§ 3º. No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos
análogos, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais
casos, é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Uso de gás tóxico ou asfixiante
Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás
tóxico, ou asfixiante
Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da
autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Inundação
Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção,
de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, no caso de culpa.
Perigo de inundação
Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou
obra destinada a impedir inundação:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Desabamento ou desmoronamento
Art. 256. Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento
Art. 257. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação,
naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir
ou dificultar serviço de tal natureza:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Formas qualificadas de crime de perigo comum
Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza
grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena
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aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio
culposo, aumentada de um terço.
Difusão de doença ou praga
Art. 259. Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação
ou animais de utilidade econômica:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 6 (seis)
meses, ou multa.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Atentado contra a segurança de outro meio de transporte
Art. 262. Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou
dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º. Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
anos.
§ 2º. No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Forma qualificada
Art. 263. Se de qualquer dos crimes previstos nos artigos 260 a 262, no caso de
desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no artigo
258.
Arremesso de projétil
Art. 264. Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao
transporte público por terra, por água ou pelo ar:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos; se resulta morte, a pena é a do artigo 121, § 3º,
aumentada de um terço.
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública
Art. 265. Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz,
força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de um terço até a metade, se o dano
ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos
serviços. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 5.346, de 03.11.1967)
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico ou telefônico
Art. 266. Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou
telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Aplicam-se as penas em dobro, se o crime é cometido por
ocasião de calamidade pública.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
Epidemia
Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
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resulta morte, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Infração de medida sanitária preventiva
Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução
ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da
saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou
enfermeiro.
Omissão de notificação de doença
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal
Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância
alimentícia ou medicinal destinada a consumo:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072,
de 25.07.1990)
§ 1º. Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito,
para o fim de ser distribuída, água ou a substância envenenada.
Modalidade culposa
§ 2º. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Corrupção ou poluição de água potável
Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular,
tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
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§ 2º. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (NR) (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
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Art. 276. Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer
forma, entregar a consumo produto nas condições dos artigos 274 e 275:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (NR) (Pena estabelecida pela
Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
Substância destinada à falsificação
Art. 277. Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada
à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:(NR)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (NR) (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
Outras substâncias nocivas à saúde pública
Art. 278. Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de
qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda
que não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Substância avariada
Art. 279. (Revogado pela Lei nº 8.137,de 27.12.1990)
Medicamento em desacordo com receita médica
Art. 280. Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, de 21.10.1976)
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica
Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
Charlatanismo
Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Curandeirismo
Art. 284. Exercer o curandeirismo:
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Parágrafo único. Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica
também sujeito à multa.
Forma qualificada
Art. 285. Aplica-se o disposto no artigo 258 aos crimes previstos neste Capítulo,
salvo quanto ao definido no artigo 267.
TÍTULO IX
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Incitação ao crime
Art. 286. Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa.
Apologia de crime ou criminoso
Art. 287. Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:
Moeda falsa
Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda
de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.
§ 2º. Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou
alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 3º. É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, o
funcionário público ou diretor, gerente ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º. Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja
circulação não estava ainda autorizada.
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Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula
ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua
inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já
recolhidos para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. O máximo da reclusão é elevado a 12 (doze) anos e o da multa
a Cr$ 40.000 (quarenta mil cruzeiros), se o crime é cometido por funcionário que
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
ingresso, em razão do cargo.
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente
destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Emissão de título ao portador sem permissão legal
Art. 292. Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte
indicação do nome da pessoa a quem deve ser pago:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos
documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, 15 (quinze) dias a
3 (três) meses, ou multa.
CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS
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los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 3º. Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis
a que se refere o parágrafo anterior.
§ 4º. Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois
de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Petrechos de falsificação
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente
destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
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I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a
fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório; (AC)
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento
que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter sido escrita; (AC)
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter constado. (AC) (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.983, de
14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §
3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços. (AC) (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Falsificação de documento particular
Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar
documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Falsidade ideológica
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e
reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de
registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou
letra que o não seja:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público; e
de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
Certidão ou atestado ideologicamente falso
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Falsidade material de atestado ou certidão
§ 1º. Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de
certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
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§ 2º. Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa
de liberdade, a de multa.
Falsidade de atestado médico
Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para
coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na
face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso
do selo ou peça filatélica.
Uso de documento falso
Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os artigos 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Supressão de documento
Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em
prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia
dispor:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa, se o documento é público, e
reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é particular.
CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES
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Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de
reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para
que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de 4 (quatro) meses a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave.
Fraude de lei sobre estrangeiros
Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional,
nome que não é o seu:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a
entrada em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Parágrafo acrescentado pela Lei
nº 9.426, de 24.12.1996)
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou
valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador
de veículo automotor, de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º. Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão
dela, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º. Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribuiu para o
licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
indevidamente material ou informação oficial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.426, de 24.12.1996)
TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Peculato
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
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qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (AC)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (AC) (Artigo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (AC)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente: (AC)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (AC)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado. (AC) (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU
17.07.2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em
razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em
lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Concussão
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumí-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º. Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou quando, devido, emprega na cobrança meio vexatório ou
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gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º. Se o funcionário desvia em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Corrupção passiva
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumí-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º. A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
§ 2º. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (artigo 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Pena estabelecida pela Lei nº
8.137, de 27.12.1990)
Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Condescendência criminosa
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.
Violência arbitrária
Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
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Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
§ 1º. Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 2º. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências
legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não
constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (AC)
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de
informações ou banco de dados da Administração Pública; (AC)
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (AC) (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
(AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (AC) (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar
a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Funcionário público
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU
17.07.2000)
§ 2º. A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.799, de 23.06.1980)
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CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º. Incorre na mesma pena quem:
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho;
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.729, de 14.07.1965)
§ 2º. Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.729, de
14.07.1965)
§ 3º. A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é
praticado em transporte aéreo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.729, de
14.07.1965)
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta
pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por
entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar,
em razão da vantagem oferecida.
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado
por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar
qualquer objeto:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou
documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
em serviço público:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Sonegação de contribuição previdenciária (AC)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas: (AC)
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I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações
previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços; (AC)
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa
as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
tomador de serviços; (AC)
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas
ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
(AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (AC)
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal. (AC)
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se
o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (AC)
I - (VETADO)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (AC)
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal
não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. (AC)
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas
datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.
(AC) (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
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Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Auto-acusação falsa
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por
outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,
perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em
juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
em processo penal:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º. As penas aumentam-se de um terço, se o crime é praticado mediante
suborno.
§ 3º. O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença, o agente se retrata ou
declara a verdade.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
testemunha, perito, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou
calar a verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpretação, ainda que a
oferta ou promessa não seja aceita:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal, aplica-se a pena em dobro.
Coação no curso do processo
Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse
próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona
ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em
juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.
Art. 346. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em
poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Fraude processual
Art. 347. Inovar artificialmente, na pendência de processo civil ou administrativo,
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o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o
perito:
Pena - detenção de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal,
ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Favorecimento pessoal
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que
é cominada pena de reclusão.
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis)meses, e multa.
§ 1º. Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa.
§ 2º. Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do
criminoso, fica isento de pena.
Favorecimento real
Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria de receptação, auxílio
destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 350. Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as
formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o funcionário que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado
a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
constrangimento não autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida
a medida de segurança detentiva:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º. Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou
mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 2º. Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena
correspondente à violência.
§ 3º. A pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o crime é praticado
por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado.
§ 4º. No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se
a pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a
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medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da pena correspondente à
violência.
Arrebatamento de preso
Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob
custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, além da pena correspondente à
violência.
Motim de presos
Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão:
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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
DISPOSIÇÕES FINAIS
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Lei de Introdução ao Código de Processo Penal
DECRETO-LEI 3.931, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1941
(DOU 13.12.1941)
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d) se, havendo sentença de impronúncia, esta passar em julgado, só poderá ser
instaurado o processo no caso do artigo 409, parágrafo único, do Código de
Processo Penal;
e) se tiver sido interposto recurso da sentença de pronúncia, aguardar-se-á o
julgamento do mesmo, observando-se, afinal, o disposto na letra b ou na letra d.
§ 2º. Aplicar-se-á o disposto no § 1º aos processos da competência do juiz
singular nos quais exista a pronúncia, segundo a lei anterior.
§ 3º. Subsistem os efeitos da pronúncia, inclusive a prisão.
§ 4º. O julgamento caberá ao júri se, na sentença de pronúncia, houver sido ou
for o crime classificado no § 1º ou § 2º do artigo 295 da Consolidação das Leis
Penais.
Art. 7º. O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou tentado, não
poderá reconhecer a existência de causa especial de diminuição da pena.
Art. 8º. As perícias iniciadas antes de 1º de janeiro de 1942 prosseguirão de
acordo com a legislação anterior.
Art. 9º. Os processos de contravenções, em qualquer caso, prosseguirão na
forma da legislação anterior.
Art. 10. No julgamento, pelo júri, de crime praticado antes da vigência do Código
Penal, observar-se-á o disposto no artigo 78 do Decreto-Lei nº 167, de 5 de
janeiro de 1938, devendo os quesitos ser formulados de acordo com a
Consolidação das Leis Penais.
§ 1º. Os quesitos sobre causas de exclusão de crime, ou de isenção de pena,
serão sempre formulados de acordo com a lei mais favorável.
§ 2º. Quando as respostas do júri importarem condenação, o presidente do
tribunal fará o confronto da pena resultante dessas respostas e da que seria
imposta segundo o Código Penal, e aplicará a mais benigna.
§ 3º. Se o confronto das penas concretizadas, segundo uma e outra lei, depender
do reconhecimento de algum fato previsto no Código Penal, e que, pelo Código de
processo Penal, deva constituir objeto de quesito, o juiz o formulará.
Art. 11. Já tendo sido interposto recurso de despacho ou de sentença, as
condições de admissibilidade, a forma e o julgamento serão regulados pela lei
anterior.
Art. 12. No caso do artigo 673 do Código de Processo Penal, se tiver sido
imposta medida de segurança detentiva ao condenado, este será removido para
estabelecimento adequado.
Art. 13. A aplicação da lei nova a fato julgado por sentença condenatória
irrecorrível, nos casos previstos no artigo 2º e seu parágrafo, do Código Penal, far-
se-á mediante despacho do juiz, de ofício, ou a requerimento do condenado ou do
Ministério Público.
§ 1º. Do despacho caberá recurso, em sentido estrito.
§ 2º. O recurso interposto pelo Ministério Público terá efeito suspensivo, no caso
de condenação por crime a que a lei anterior comine, no máximo, pena privativa
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de liberdade, por tempo igual ou superior a 8 (oito) anos.
Art. 14. No caso de infração definida na legislação sobre a caça, verificado que o
agente foi, anteriormente, punido, administrativamente, por qualquer infração
prevista na mesma legislação, deverão ser os autos remetidos à autoridade
judiciária que, mediante portaria, instaurará o processo, na forma do artigo 531 do
Código de Processo Penal.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a forma de processo
estabelecido no Código de Processo Penal, para o caso de prisão em flagrante de
contraventor.
Art. 15. No caso do artigo 145, IV, do Código de Processo Penal, o documento
reconhecido como falso será, antes de desentranhado dos autos, rubricado pelo
juiz e pelo escrivão em cada uma de suas folhas.
Art. 16. Esta Lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942, revogadas as
disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1941; 120º da Independência e 53º da
República.
GETÚLIO VARGAS
GABINETE DO MINISTRO
(DOU 13.10.1941)
Em 8 de setembro de 1941
Senhor Presidente:
Tenho a honra de passar às mãos de Vossa Excelência o projeto do Código de
Processo Penal do Brasil.
Como sabe Vossa Excelência, ficará inicialmente resolvido que a elaboração do
projeto de Código único para o processo penal não aguardasse a reforma, talvez
demorada, do Código Penal de 90.
I - Havia um dispositivo constitucional a atender, e sua execução não devia ser
indefinidamente retardada. Entretanto, logo após a entrega do primitivo projeto,
organizado pela Comissão oficial e afeiçoado à legislação penal substantiva ainda
em vigor, foi apresentado pelo Senhor Alcântara Machado, em desempenho da
missão que lhe confiara o Governo, o seu anteprojeto de novo Código Penal. A
presteza com que o insigne e pranteado professor da Faculdade de Direito de São
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Paulo deu conta de sua árdua tarefa fez com que se alterasse o plano traçado em
relação ao futuro Código de Processo Penal. Desde que já se podia prever para
breve tempo a efetiva remodelação da nossa antiquada lei penal material, deixava
de ser aconselhado que se convertesse em lei o projeto acima aludido, pois
estaria condenado a uma existência efêmera.
Decretado o novo Código Penal, foi então empreendida a elaboração do presente
projeto, que resultou de um cuidadoso trabalho de revisão e adaptação do projeto
anterior.
Se for convertido em lei, não estará apenas regulada a atuação da justiça penal
em correspondência com o referido novo Código e com a Lei de Contravenções
(cujo projeto, nesta data, apresento igualmente à apreciação de Vossa
Excelência): estará, no mesmo passo, finalmente realizada a homogeneidade do
direito judiciário penal no Brasil, segundo reclamava, de há muito, o interesse da
boa administração da justiça, aliado ao próprio interesse da unidade nacional.
A REFORMA DO PROCESSO PENAL VIGENTE
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Tratando-se de crime inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à
prisão, desde que o preso seja imediatamente apresentado ao juiz que fez expedir
o mandado. É revogado o formalismo complexo da extradição interestadual de
criminosos. O prazo da formulação da culpa é ampliado, para evitar o atropelo dos
processos ou a intercorrente e prejudicial solução de continuidade da detenção
provisória dos réus. Não é consagrada a irrestrita proibição do julgamento ultra
petitum. Todo um capítulo é dedicado às medidas preventivas assecuratórias da
reparação do dano ex delicto.
Quando da última reforma do processo penal na Itália, o Ministro Rocco, referindo-
se a algumas dessas medidas e outras análogas, introduzidas no projeto
preliminar, advertia que elas certamente iriam provocar o desagrado daqueles que
estavam acostumados a aproveitar e mesmo abusar das inveteradas deficiências
e fraquezas da processualística penal até então vigente. A mesma previsão é de
ser feita em relação ao presente projeto, mas são também de repetir-se as
palavras de Rocco: "Já se foi o tempo em que a alvoroçada coligação de alguns
poucos interessados podia frustrar as mais acertadas e urgentes reformas
legislativas''.
E se, por um lado, os dispositivos do projeto tendem a fortalecer e prestigiar a
atividade do Estado na sua função repressiva, é certo, por outro lado, que
asseguram, com muito mais eficiência do que a legislação atual, a defesa dos
acusados. Ao invés de uma simples faculdade outorgada a estes e sob a condição
de sua presença em juízo, a defesa passa a ser, em qualquer caso, uma
indeclinável injunção legal, antes, durante e depois da instrução criminal. Nenhum
réu, ainda que ausente do distrito da culpa, foragido ou oculto, poderá ser
processado sem a intervenção e assistência de um defensor. A pena de revelia
não exclui a garantia constitucional da contrariedade do processo. Ao contrário
das leis processuais em vigor, o projeto não pactua, em caso algum, com a insídia
de uma acusação sem o correlativo da defesa.
SUBSÍDIO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE E PROJETOS ANTERIORES
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ação penal, guardadas as suas características atuais. O ponderado exame da
realidade brasileira, que não é apenas a dos centros urbanos, senão também a
dos remotos distritos das comarcas do interior, desaconselha o repúdio do sistema
vigente.
O preconizado juízo de instrução, que importaria limitar a função da autoridade
policial a prender criminosos, averiguar a materialidade dos crimes e indicar
testemunhas, só é praticável sob a condição de que as distâncias dentro do seu
território de jurisdição sejam fácil e rapidamente superáveis. Para atuar
proficuamente em comarcas extensas, e posto que deva ser excluída a hipótese
de criação de juizados de instrução em cada sede do distrito, seria preciso que o
juiz instrutor possuísse o dom da ubiqüidade. De outro modo, não se compreende
como poderia presidir a todos os processos nos pontos diversos da sua zona de
jurisdição, a grande distância uns dos outros e da sede da comarca, demandando,
muitas vezes, com os morosos meios de condução ainda praticados na maior
parte do nosso hinterland, vários dias de viagem. Seria imprescindível, na prática,
a quebra do sistema: nas capitais e nas sedes de comarca em geral, a imediata
intervenção do juiz instrutor, ou a instrução única; nos distritos longínquos, a
continuação do sistema atual. Não cabe, aqui, discutir as proclamadas vantagens
do juízo de instrução.
Preliminarmente, a sua adoção entre nós, na atualidade, seria incompatível com o
critério de unidade da lei processual. Mesmo, porém, abstraída essa
consideração, há em favor do inquérito policial, como instrução provisória
antecedendo à propositura da ação penal, um argumento dificilmente contestável:
é ele uma garantia contra apressados e errôneos juízos, formados quando ainda
persiste a trepidação moral causada pelo crime ou antes que seja possível uma
exata visão de conjunto dos fatos, nas suas circunstâncias objetivas e subjetivas.
Por mais perspicaz e circunspecta, a autoridade que dirige a investigação inicial,
quando ainda perdura o alarma provocado pelo crime, está sujeita a equívocos ou
falsos juízos a priori, ou a sugestões tendenciosas. Não raro, é preciso voltar
atrás, refazer tudo, para que a investigação se oriente no rumo certo, até então
despercebido. Por que, então, abolir-se o inquérito preliminar ou instrução
provisória, expondo-se a justiça criminal aos azares do detetivismo, às marchas e
contramarchas de uma instrução imediata e única? Pode ser mais expedito o
sistema de unidade de instrução, mas o nosso sistema tradicional, com o inquérito
preparatório, assegura uma justiça menos aleatória, mais prudente e serena.
A AÇÃO PENAL
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para o efeito de tal processo, excepcional função judiciária.
É devidamente regulada a formalidade da representação, de que depende em
certos casos, na conformidade do novo Código Penal, a iniciativa do Ministério
Público.
São igualmente disciplinados os institutos da renúncia e do perdão, como causas
de extinção da punibilidade nos crimes de ação privada.
Para dirimir dúvidas que costumam surgir no caso de recusa do promotor da
justiça em oferecer denúncia, adotou o projeto a seguinte norma: "Se o órgão do
Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou
peças de informação ao Procurador-Geral, e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender''.
A REPARAÇÃO DO DANO EX DELICTO
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prejudicial da ação cível a decisão que, no juízo penal: 1) absolver o acusado, sem
reconhecer, categoricamente, a inexistência material do fato; 2) ordenar o
arquivamento do inquérito ou das peças de informação, por insuficiência de prova
quanto à existência do crime ou sua autoria; 3) declarar extinta a punibilidade; ou
4) declarar que o fato imputado não é definido como crime.
O projeto não descurou de evitar que se torne ilusório o direito à reparação do
dano, instituindo ou regulando eficientemente medidas assecuratórias (seqüestro
e hipoteca legal dos bens do indiciado ou do responsável civil), antes mesmo do
início da ação ou do julgamento definitivo, e determinando a intervenção do
Ministério Público, quando o titular do direito à indenização não disponha de
recursos pecuniários para exercê-lo. Ficará, assim, sem fundamento a crítica,
segundo a qual, pelo sistema do direito pátrio, a reparação do dano ex delicto não
passa de uma promessa vã ou platônica da lei.
AS PROVAS
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vão a juízo para declarar que nada sabem.
Outra inovação, em matéria de prova, diz respeito ao interrogatório do acusado.
Embora mantido o princípio de que nemo tenetur se detegere (não estando o
acusado na estrita obrigação de responder o que se lhe pergunta), já não será
esse termo do processo, como atualmente, uma série de perguntas
predeterminadas, sacramentais, a que o acusado dá as respostas de antemão
estudadas, para não comprometer-se, mas uma franca oportunidade de obtenção
de prova. É facultado ao juiz formular ao acusado quaisquer perguntas que julgue
necessárias à pesquisa da verdade, e se é certo que o silêncio do réu não
importará confissão, poderá, entretanto, servir, em face de outros indícios, à
formação do convencimento do juiz.
O projeto ainda inova quando regula especialmente como meio de prova o
"reconhecimento de pessoas e coisas''; quando estabelece a forma de explicação
de divergência entre testemunhas presentes e ausentes do distrito da culpa; e,
finalmente, quando, ao regular a busca, como expediente de consecução de
prova, distingue-se em domiciliar e pessoal, para disciplinar diversamente, como é
justo, as duas espécies.
A PRISÃO EM FLAGRANTE E A PRISÃO PREVENTIVA
VIII - A prisão em flagrante e a prisão preventiva são definidas com mais latitude
do que na legislação em vigor. O clamor público deixa de ser condição necessária
para que se equipare ao estado de flagrância o caso em que o criminoso, após a
prática do crime, está a fugir. Basta que, vindo de cometer o crime, o fugitivo seja
perseguido "pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que faça presumir ser autor da infração'': preso em tais condições, entende-se
preso em flagrante delito. Considera-se, igualmente, em estado de flagrância o
indivíduo que, logo em seguida à perpetração do crime, é encontrado "com o
instrumento, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser autor da infração''.
O interesse da administração da justiça não pode continuar a ser sacrificado por
obsoletos escrúpulos formalísticos, que redundam em assegurar, com prejuízo da
futura ação penal, a afrontosa intangibilidade de criminosos surpreendidos na
atualidade ainda palpitante do crime e em circunstâncias que evidenciam sua
relação com este.
A prisão preventiva, por sua vez, desprende-se dos limites estreitos até agora
traçados à sua admissibilidade. Pressuposta a existência de suficientes indícios
para imputação da autoria do crime, a prisão preventiva poderá ser decretada toda
vez que o reclame o interesse da ordem pública, ou da instrução criminal, ou da
efetiva aplicação da lei penal. Tratando-se de crime a que seja cominada pena de
reclusão por tempo, no máximo, igual ou superior a 10 (dez) anos, a decretação
da prisão preventiva será obrigatória, dispensando outro requisito além da prova
indiciária contra o acusado. A duração da prisão provisória continua a ser
condicionada, até o encerramento da instrução criminal, à efetividade dos atos
processuais dentro dos respectivos prazos; mas estes são razoavelmente
dilatados.
Vários são os dispositivos do projeto que cuidam de prover à maior praticabilidade
da captura de criminosos que já se acham sob decreto de prisão. Assim, a falta de
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exibição do mandado, como já foi, de início, acentuado, não obstará à prisão,
ressalvada a condição de ser o preso conduzido imediatamente à presença da
autoridade que decretou a prisão.
A prisão do réu ausente do distrito da culpa, seja qual for o ponto do território
nacional em que se encontre, será feita mediante simples precatória de uma
autoridade a outra, e até mesmo, nos casos urgentes, mediante entendimento
entre estas por via telegráfica ou telefônica, tomadas as necessárias precauções
para evitar ludíbrios ou ensejo a maliciosas vinditas. Não se compreende ou não
se justifica que os Estados, gravitando dentro da unidade nacional, se oponham
mutuamente obstáculos na pronta repressão da delinqüência.
A autoridade policial que recebe um mandado de prisão para dar-lhe cumprimento
poderá, de sua própria iniciativa, fazer tirar tantas cópias quantas forem
necessárias às diligências.
A LIBERDADE PROVISÓRIA
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acusação, não será computado o tempo de qualquer impedimento.
O sistema de inquirição das testemunhas é o chamado presidencial, isto é, ao juiz
que preside à formação da culpa cabe privativamente fazer perguntas diretas à
testemunha. As perguntas das partes serão feitas por intermédio do juiz, a cuja
censura ficarão sujeitas.
O ACUSADO
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conferida ao juiz a faculdade de alterar a classificação, ainda que para aplicar
pena mais grave; no segundo, se a circunstância apurada não estava contida,
explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa, mas não acarreta a nova
classificação pena mais grave, deverá o juiz conceder ao acusado o prazo de 8
(oito) dias para alegação e provas, e se importa classificação que acarrete pena
mais grave, o juiz baixará o processo, a fim de que o Ministério Público adite a
denúncia ou a queixa e, em seguida, marcará novos prazos sucessivos à defesa,
para alegações e prova.
Vê-se que o projeto, ao dirimir a questão, atendeu à necessidade de assegurar a
defesa e, ao mesmo tempo, impedir que se repudie um processo realizado com
todas as formalidades legais.
É declarado, de modo expresso, que, nos crimes de ação pública, o juiz poderá
proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido
alegada.
Quando o juiz da sentença não for o mesmo que presidiu à instrução criminal, é-
lhe facultado ordenar que esta se realize novamente, em sua presença.
A sentença deve ser motivada. Com o sistema do relativo arbítrio judicial na
aplicação da pena, consagrado pelo novo Código Penal, e o do livre
convencimento do juiz, adotado pelo presente projeto, é a motivação da sentença
que oferece garantia contra os excessos, os erros de apreciação, as falhas de
raciocínio ou de lógica ou os demais vícios de julgamento. No caso de absolvição,
a parte dispositiva da sentença deve conter, de modo preciso, a razão específica
pela qual é o réu absolvido. É minudente o projeto, ao regular a motivação e o
dispositivo da sentença.
AS FORMAS DO PROCESSO
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processo até pronúncia e outro para o julgamento. Ao invés das singularidades de
um processo anfíbio, com instrução no juízo cível e julgamento no juízo criminal, é
estabelecida a competência deste ab initio, restituindo-se-lhe uma função
específica e ensejando-se-lhe mais segura visão de conjunto, necessária ao
acerto da decisão final.
O JÚRI
XIV - Com algumas alterações, impostas pela lição da experiência e pelo sistema
de aplicação da pena adotado pelo novo Código Penal, foi incluído no corpo do
projeto o Decreto-Lei nº 167, de 5 de janeiro de 1938. Como atestam os aplausos
recebidos, de vários pontos do país, pelo Governo da República, e é notório, têm
sido excelentes os resultados desse Decreto-Lei que veio afeiçoar o tribunal
popular à finalidade precípua da defesa social. A aplicação da justiça penal pelo
júri deixou de ser uma abdicação, para ser uma delegação do Estado, controlada
e orientada no sentido do superior interesse da sociedade. Privado de sua antiga
soberania, que redundava, na prática, numa sistemática indulgência para com os
criminosos, o júri está, agora, integrado na consciência de suas graves
responsabilidades e reabilitado na confiança geral.
A relativa individualização da pena, segundo as normas do estatuto penal que
entrará em vigor a 1º de janeiro do ano vindouro, não pode ser confiada ao
conselho de sentença, pois exige, além da apreciação do fato criminoso em si
mesmo, uma indagação em torno de condições e circunstâncias complexas, que
não poderiam ser objeto de quesitos, para respostas de plano. Assim, ao conselho
de sentença, na conformidade do que dispõe o projeto, apenas incumbirá afirmar
ou negar o fato imputado, as circunstâncias elementares ou qualificativas, a
desclassificação do crime acaso pedida pela defesa, as causas de aumento ou
diminuição especial de pena e as causas de isenção de pena ou de crime. No
caso em que as respostas sejam no sentido da condenação, a medida da pena
caberá exclusivamente ao presidente do tribunal, pois, com o meditado estudo que
já tem do processo, estará aparelhado para o ajustamento in concreto da pena
aplicável ao réu. Também ao presidente do tribunal incumbe, privativamente,
pronunciar-se sobre a aplicação de medidas de segurança e penas acessórias.
A decisão do conselho de sentença, prejudicial da sentença proferida pelo juiz-
presidente, é reformável, de meritis, em grau de apelação, nos estritos casos em
que o autoriza a legislação atual; mas do pronunciamento do juiz-presidente cabe
apelação segundo a regra geral.
O RECURSO "EX OFFICIO'' DA CONCESSÃO DE " HABEAS CORPUS''
NA PRIMEIRA INSTÂNCIA
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intervenção deste nos processos de habeas corpus.
A Constituição, em matéria de processo de habeas corpus, limita-se a dispor que
das decisões denegatórias desse remedium juris, proferidas "em última ou única
instância'', há recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal.
A última instância, a que se refere o dispositivo constitucional, é o Tribunal de
Apelação, sendo evidente que, salvo os casos de competência originária deste, a
decisão denegatória de habeas corpus, de que há recurso para o Supremo
Tribunal, pressupõe um anterior recurso, do juiz inferior para o Tribunal de
Apelação. Ora, se admitiu recurso para o Tribunal de Apelação, da sentença do
juiz inferior no caso de denegação do habeas corpus, não seria compreensível
que a Constituição, visceralmente informada no sentido da incontrastável
supremacia do interesse social, se propusesse à abolição do recurso ex officio,
para o mesmo Tribunal de Apelação, da decisão concessiva do habeas corpus,
também emanada do juiz inferior, que passaria a ser, em tal caso, instância única.
É facilmente imaginável o desconchavo que daí poderia resultar. Sabe-se que um
dos casos taxativos de concessão de habeas corpus é o de não constituir infração
penal o fato que motiva o constrangimento à liberdade de ir e vir. E não se poderia
conjurar, na prática, a seguinte situação aberrante: o juiz inferior, errada ou
injustamente, reconhece penalmente lícito o fato imputado ao paciente, e, em
conseqüência, não somente ser este posto em liberdade, como também impedido
o prosseguimento da ação penal, sem o pronunciamento da segunda instância.
Não se pode emprestar à Constituição a intenção de expor a semelhante
desgarantia o interesse da defesa social. O que ela fez foi apenas deixar bem
claro que das decisões sobre habeas corpus, proferidas pelos Tribunais de
Apelação, como última ou única instância, somente caberá recurso para o
Supremo Tribunal quando denegatórias. No caso de decisão denegatória, não se
tratando de habeas corpus originário de tribunal de apelação, haverá,
excepcionalmente, três instâncias; se a decisão, porém, é concessiva da medida,
duas apenas, segundo a regra geral, serão as instâncias.
OS NOVOS INSTITUTOS DA LEI PENAL MATERIAL
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nulidade ocorre se não há prejuízo para a acusação ou a defesa.
Não será declarada a nulidade de nenhum ato processual, quando este não haja
influído concretamente na decisão da causa ou na apuração da verdade
substancial. Somente em casos excepcionais é declarada insanável a nulidade.
Fora desses casos, ninguém pode invocar direito à irredutível subsistência da
nulidade.
Sempre que o juiz deparar com uma causa de nulidade, deve prover
imediatamente à sua eliminação, renovando ou retificando o ato irregular, se
possível; mas, ainda que o não faça, a nulidade considera-se sanada:
a) pelo silêncio das partes;
b) pela efetiva consecução do escopo visado pelo ato não obstante sua
irregularidade;
c) pela aceitação, ainda que tácita, dos efeitos do ato irregular.
Se a parte interessada não argüí a irregularidade ou com esta implicitamente se
conforma, aceitando-lhe os efeitos, nada mais natural que se entenda haver
renunciado ao direito de argüí-la. Se toda formalidade processual visa um
determinado fim, e este fim é alcançado, apesar de sua irregularidade,
evidentemente carece esta de importância. Decidir de outro modo será incidir no
despropósito de considerar-se a formalidade um fim em si mesma.
É igualmente firmado o princípio de que não pode argüir a nulidade quem lhe
tenha dado causa ou não tenha interesse na sua declaração. Não se compreende
que alguém provoque a irregularidade e seja admitido em seguida, a especular
com ela; nem tampouco que, no silêncio da parte prejudicada, se permita à outra
parte investir-se no direito de pleitear a nulidade.
O ESPÍRITO DO CÓDIGO
XVIII - Do que vem de ser ressaltado, e de vários outros critérios adotados pelo
projeto, se evidencia que este se norteou no sentido de obter equilíbrio entre o
interesse social e o da defesa individual, entre o direito do Estado à punição dos
criminosos e o direito do indivíduo às garantias e seguranças de sua liberdade. Se
ele não transige com as sistemáticas restrições ao poder público, não o inspira,
entretanto, o espírito de um incondicional autoritarismo do Estado ou de uma
sistemática prevenção contra os direitos e garantias individuais.
É justo que, ao finalizar esta Exposição de Motivos, deixe aqui consignada a
minha homenagem aos autores do projeto, Drs. Vieira Braga, Nélson Hungria,
Narcélio de Queiróz, Roberto Lyra, Desembargador Florêncio de Abreu e o
saudoso Professor Cândido Mendes de Almeida, que revelaram rara competência
e a mais exata e larga compreensão dos problemas de ordem teórica e de ordem
prática que o Código se propõe resolver.
Na redação final do projeto contei com a valiosa colaboração do Dr. Abgar
Renault.
Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos de meu
mais profundo respeito.
Francisco Campos.
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Código de Processo Penal
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
LIVRO I
DO PROCESSO EM GERAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este
Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros
do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição,
artigos 86, 89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, artigo 122,
nº 17);
V - os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos
nos nºs. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo
diverso.
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
TÍTULO II
DO INQUÉRITO POLICIAL
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais
e da sua autoria. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.043, de 09.05.1995)
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Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º. O requerimento a que se refere o nº II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º. Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de polícia.
§ 3º. Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la
à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
§ 4º. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,
não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5º. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder
a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada ao
inciso pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no
Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por
2 (duas) testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,
familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Art. 7º. Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
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determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada
dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Art. 8º. Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do
Título IX deste Livro.
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo
de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1º. A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os
autos ao juiz competente.
§ 2º. No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a
autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à
prova, acompanharão os autos do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que
servir de base a uma ou outra.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
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remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de
seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante
traslado.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir
condenação anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.900, de 14.04.1981)
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos
autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a
conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (três) dias, será
decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o
disposto no artigo 89, III, do Estatuto da ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº
4.215, de 27 de abril de 1963). (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.010, de
30.05.1966)
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma
circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos
inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra,
independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua
presença, noutra circunscrição.
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a
autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição
congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados
relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
§ 1º. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão. (Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.08.1993)
§ 2º. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou
interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 8.699, de 27.08.1993)
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
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Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em
flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério
Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito,
informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos
de convicção.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará
remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la,
ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la
e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá
intentar a ação privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que
comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
§ 1º. Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do
processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da
família.
§ 2º. Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja
circunscrição residir o ofendido.
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo,
ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses
deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador
especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
competente para o processo penal.
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos,
o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá
preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de
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enumeração constante do artigo 31, podendo, entretanto, qualquer delas
prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas
poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus
diretores ou sócios-gerentes.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do artigo 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos artigos 24, parágrafo
único, e 31.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao
juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1º. A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente
autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida
a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério
Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º. A representação conterá todas as informações que possam servir à
apuração do fato e da autoria.
§ 3º. Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial
procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o
for.
§ 4º. A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo,
será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais
verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público
as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 43. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
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II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa;
III - for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para
o exercício da ação penal.
Parágrafo único. Nos casos do nº III, a rejeição da denúncia ou queixa não
obstará ao exercício da ação penal, desde que promovida por parte legítima ou
satisfeita a condição.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelado e a menção do
fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.
Art. 46. O prazo para o oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de
5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os
autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou
afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
(artigo 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos.
§ 1º. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de
informações ou a representação.
§ 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 (três) dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se
pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,
prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessário maiores esclarecimentos e
documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-
los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam
fornecê-los.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por
seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver
completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a
renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
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Art. 52. Se o querelante for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito)
anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante
legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá
efeito.
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a
aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear.
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 (vinte e um) anos, observar-se-á, quanto
à aceitação do perdão, o disposto no artigo 52.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no artigo 50.
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o
querelado será intimado a dizer, dentro de 3 (três) dias, se o aceita, devendo, ao
mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração
assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes
especiais.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 (trinta) dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no artigo 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a
punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante
ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o
julgar conveniente, concederá o prazo de 5 (cinco) dias para a prova, proferindo a
decisão dentro de 5 (cinco) dias ou reservando-se para apreciar a matéria na
sentença final.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de
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óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.
TÍTULO IV
DA AÇÃO CIVIL
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros.
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento
do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso,
contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o
curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (artigo 32, §§
1º e 2º), a execução da sentença condenatória (artigo 63) ou a ação civil (artigo
64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
TÍTULO V
DA COMPETÊNCIA
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração;
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
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consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.
§ 1º. Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora
dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no
Brasil, o último ato de execução.
§ 2º. Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,
será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha
produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3º. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em
território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º. Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos artigos
121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal,
consumados ou tentados. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 263, de
23.02.1948)
§ 2º. Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para
infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais
graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência
prorrogada.
§ 3º. Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no artigo 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá
proferir a sentença (artigo 492, § 2º).
CAPÍTULO IV
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DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
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foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do artigo 461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória,
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua
na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver
o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao
juízo competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará,
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da
queixa (artigos 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).
CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
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III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de
Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos
governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância
inferior e órgãos do Ministério Público.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da
República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações
nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro
porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar
do País, pela do último em que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço
aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de
aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território
se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
aeronave.
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas
estabelecidas nos artigos 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.893, de 09.12.1965)
TÍTULO VI
DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
CAPÍTULO I
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
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a citação dos interessados.
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de
decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do
juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal
poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito
cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.
§ 1º. O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente
prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o
juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo,
retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da
acusação ou da defesa.
§ 2º. Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3º. Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-
lhe o rápido andamento.
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores,
será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.
CAPÍTULO II
DAS EXCEÇÕES
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testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em 24 (vinte e quatro) horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o
julgamento.
§ 1º. Reconhecida, preliminarmente, a relevância da argüição, o juiz ou tribunal,
com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas,
seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações.
§ 2º. Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará
liminarmente.
Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do processo
principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada,
evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta a multa de duzentos
mil-réis a dois contos de réis.
Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da argüição,
poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o
incidente da suspeição.
Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o juiz que
se julgar suspeito deverá declará-lo nos autos e, se for revisor, passar o feito ao
seu substituto na ordem da precedência, ou, se for relator, apresentar os autos em
mesa para nova distribuição.
§ 1º. Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se por suspeito,
deverá fazê-lo verbalmente, na sessão de julgamento, registrando-se na ata a
declaração.
§ 2º. Se o presidente do tribunal se der por suspeito, competirá ao seu substituto
designar dia para o julgamento e presidí-lo.
§ 3º. Observar-se-á, quanto à argüição de suspeição pela parte, o disposto nos
artigos 98 a 101, no que lhe for aplicável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que
estabelece este artigo.
§ 4º. A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo tribunal pleno,
funcionando como relator o presidente.
§ 5º. Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator será o vice-presidente.
Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz,
depois de ouví-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de
provas no prazo de 3 (três) dias.
Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos os peritos, os
intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano
e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida oralmente, decidindo de
plano o presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado,
não for imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata.
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
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Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente
ou por escrito, no prazo de defesa.
§ 1º. Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será
remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo
prosseguirá.
§ 2º. Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por
termo a declinatória, se formulada verbalmente.
Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne
incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte,
prosseguindo-se na forma do artigo anterior.
Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada,
será observado, no que lhes for aplicável, o disposto sobre a exceção de
incompetência do juízo.
§ 1º. Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo
numa só petição ou articulado.
§ 2º. A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato
principal, que tiver sido objeto da sentença.
Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não
suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.
CAPÍTULO III
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS
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III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte
interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do
conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os
documentos comprobatórios.
§ 1º. Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos
próprios autos do processo.
§ 2º. Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar
imediatamente que se suspenda o andamento do processo.
§ 3º. Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações
às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou
representação.
§ 4º. As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator.
§ 5º. Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-geral, o conflito
será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de
diligência.
§ 6º. Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua
execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o
houverem suscitado.
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a sua
jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores.
CAPÍTULO V
DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS
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§ 5º. Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a
leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as
detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade.
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da
infração, aplica-se o disposto no artigo 133 e seu parágrafo.
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos artigos 120 e 133, decorrido o prazo de
90 (noventa) dias, após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz
decretará, se for caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas (artigo
74, II, a e b do Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Tesouro Nacional o que
não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo de
90 (noventa) dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou não
pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à
disposição do juízo de ausentes.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for decretada,
e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no artigo 100 do Código Penal,
serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver interesse na sua
conservação.
CAPÍTULO VI
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens.
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido,
ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Art. 128. Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de
Imóveis.
Art. 129. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
Art. 130. O seqüestro poderá ainda ser embargado:
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os
proventos da infração;
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso,
sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada a decisão nesses embargos antes
de passar em julgado a sentença condenatória.
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Art. 131. O seqüestro será levantado:
I - se a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da
data em que ficar concluída a diligência;
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que
assegure a aplicação do disposto no artigo 74, II, b, segunda parte, do Código
Penal;
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença
transitada em julgado.
Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as
condições previstas no artigo 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo
XI do Título VII deste Livro.
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a
requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em
leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que
não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida
pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e
indícios suficientes da autoria.
Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte
estimará o valor da responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou
imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz mandará logo
proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à avaliação do imóvel ou
imóveis.
§ 1º. A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se
fundar a estimação da responsabilidade, com a relação dos imóveis que o
responsável possuir, se outros tiver, além dos indicados no requerimento, e com
os documentos comprobatórios do domínio.
§ 2º. O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos imóveis
designados far-se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador
judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos do processo respectivo.
§ 3º. O juiz, ouvidas as partes no prazo de 2 (dois) dias, que correrá em cartório,
poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se lhe parecer
excessivo ou deficiente.
§ 4º. O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis
necessários à garantia da responsabilidade.
§ 5º. O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após a
condenação, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer das partes não
se conformar com o arbitramento anterior à sentença condenatória.
§ 6º. Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida
pública, pelo valor de sua cotação em bolsa, o juiz poderá deixar de mandar
proceder à inscrição da hipoteca legal.
Art. 136. O seqüestro do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se,
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porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição
da hipoteca legal.
Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor
insuficiente, poderão ser seqüestrados bens móveis suscetíveis de penhora, nos
termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis.
§ 1º. Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-
se-á na forma do § 5º do artigo 120.
§ 2º. Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados
pelo juiz, para a manutenção do indiciado e de sua família.
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca legal e do seqüestro
correrão em auto apartado.
Art. 139. O depósito e a administração dos bens seqüestrados ficarão sujeitos ao
regime do processo civil.
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcançarão também as
despesas processuais e as penas pecuniárias, tendo preferência sobre estas a
reparação do dano ao ofendido.
Art. 141. O seqüestro será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença
irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade.
Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos
artigos 134 e 137, se houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for
pobre e o requerer.
Art. 143. Passando em julgado a sentença condenatória, serão os autos de
hipoteca ou seqüestro remetidos ao juiz do cível (artigo 63).
Art. 144. Os interessados ou, nos casos do artigo 142, o Ministério Público
poderão requerer no juízo cível, contra o responsável civil, as medidas previstas
nos artigos 134, 136 e 137.
CAPÍTULO VII
DO INCIDENTE DE FALSIDADE
Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o
juiz observará o seguinte processo:
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte
contrária, que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, oferecerá resposta;
II - assinará o prazo de 3 (três) dias, sucessivamente, a cada uma das partes,
para prova de suas alegações;
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias;
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o
documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério
Público.
Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais.
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Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade.
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de
ulterior processo penal ou civil.
CAPÍTULO VIII
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este
submetido a exame médico-legal.
§ 1º. O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente.
§ 2º. O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que
possam ser prejudicadas pelo adiamento.
Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado que o juiz designar.
§ 1º. O exame não durará mais de 45 (quarenta e cinco) dias, salvo se os peritos
demonstrarem a necessidade de maior prazo.
§ 2º. Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar
sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame.
Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração,
irresponsável nos termos do artigo 22 do Código Penal, o processo prosseguirá,
com a presença do curador.
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2º do artigo
149.
§ 1º. O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio
judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
§ 2º. O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado,
ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem
prestado depoimento sem a sua presença.
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado,
que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena,
observar-se-á o disposto no artigo 682.
TÍTULO VII
DA PROVA
CAPÍTULO I
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DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão
observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no
curso da instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova.
CAPÍTULO II
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL
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quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo
constará do auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
encontrados, bem como, na medida possível, todas as lesões externas e vestígios
deixados no local do crime. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.862, de
28.03.1994)
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando
possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-
á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os
sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1º. No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de
delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2º. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no artigo 129, §
1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta)
dias, contado da data do crime.
§ 3º. A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração,
a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica
dos fatos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente
para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época
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presumem ter sido o fato praticado.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,
deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à
avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de
diligências.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que
houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o
patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
que interessarem à elucidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra,
observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o
ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou
sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos
que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a
diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os
exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se
estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser
feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será
intimada a escrever.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da
infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da
diligência.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.
Art. 178. No caso do artigo 159, o exame será requisitado pela autoridade ao
diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.
Art. 179. No caso do § 1º do artigo 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que
será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do artigo 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser
datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do
exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
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separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir
de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto
no artigo 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.
CAPÍTULO III
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
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VIII - sua vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e,
no caso afirmativo, qual o juízo do processo, qual a pena imposta e se a cumpriu.
Parágrafo único. Se o acusado negar a imputação no todo ou em parte, será
convidado a indicar as provas da verdade de suas declarações.
Art. 189. Se houver co-réus, cada um deles será interrogado separadamente.
Art. 190. Se o réu confessar a autoria, será especialmente perguntado sobre os
motivos e circunstâncias da ação e se outras pessoas concorreram para a infração
e quais sejam.
Art. 191. Consignar-se-ão as perguntas que o réu deixar de responder e as
razões que invocar para não fazê-lo.
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela
forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá
oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as ele por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e por escrito dará
ele as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogado não saiba ler ou escrever, intervirá no ato,
como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Art. 193. Quando o acusado não falar a língua nacional, o interrogatório será
feito por intérprete.
Art. 194. Se o acusado for menor, proceder-se-á ao interrogatório na presença
de curador.
Art. 195. As respostas do acusado serão ditadas pelo juiz e reduzidas a termo,
que, depois de lido e rubricado pelo escrivão em todas as suas folhas, será
assinado pelo juiz e pelo acusado.
Parágrafo único. Se o acusado não souber escrever, não puder ou não quiser
assinar, tal fato será consignado no termo.
Art. 196. A todo tempo, o juiz poderá proceder a novo interrogatório.
CAPÍTULO IV
DA CONFISSÃO
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as
demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade
ou concordância.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz.
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo
nos autos, observado o disposto no artigo 195.
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Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
CAPÍTULO V
DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre
as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas
que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
Parágrafo único. Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.
CAPÍTULO VI
DAS TESTEMUNHAS
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além das indicadas pelas partes.
§ 1º. Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
testemunhas se referirem.
§ 2º. Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que
interesse à decisão da causa.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que
umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-
las das penas cominadas ao falso testemunho.
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma
testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do
depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento,
o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (artigo 538, § 2º), o tribunal (artigo
561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer
apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial.
Art. 212. As perguntas das partes serão requeridas ao juiz, que as formulará à
testemunha. O juiz não poderá recusar as perguntas da parte, salvo se não
tiverem relação com o processo ou importarem repetição de outra já respondida.
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações
pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a
testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de
parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não lhe deferirá
compromisso nos casos previstos nos artigos 207 e 208.
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto
possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as
suas frases.
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela,
pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-
lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos.
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu, pela sua atitude, poderá influir
no ânimo da testemunha, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará
retirá-lo, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Neste caso
deverão constar do termo a ocorrência e os motivos que a determinaram.
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem
motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação
ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio
da força pública.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no artigo
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453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao
pagamento das custas da diligência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416,
de 24.05.1977)
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de
comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e
Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 3.653, de 04.11.1959)
§ 1º. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar
pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas
pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 2º. Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 3º. Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no artigo 218, devendo,
porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo
juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com
prazo razoável, intimadas as partes.
§ 1º. A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2º. Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo
tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado
intérprete para traduzir as perguntas e respostas.
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-á na
conformidade do artigo 192.
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de 1 (um) ano, qualquer
mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-
comparecimento.
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade
ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista,
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
antecipadamente o depoimento.
CAPÍTULO VII
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DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
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DOS DOCUMENTOS
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a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2º. Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que
alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e
letra h do parágrafo anterior.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
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devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se
houver e estiver presente.
§ 5º. Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será
intimado a mostrá-la.
§ 6º. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
§ 7º. Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o
com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de
proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de
habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém
exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da
diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de
jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão,
forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente
autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1º. Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da
pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem
interrupção, embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas
ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em
determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 2º. Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da
legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus
distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as
provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.
TÍTULO VIII
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DO JUIZ
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Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de
direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, e consangüíneo ou afim em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no
feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes
que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado
por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade
cessará pela dissolução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo
descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não
funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem
for parte no processo.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a
parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
CAPÍTULO II
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
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CAPÍTULO III
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente
do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer
das pessoas mencionadas no artigo 31.
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Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença
e receberá a causa no estado em que se achar.
Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do
Ministério Público.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas
às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e
arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos
casos dos artigos 584, § 1º, e 598.
§ 1º. O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas
propostas pelo assistente.
§ 2º. O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do
assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da
instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado.
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do
assistente.
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso,
devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão.
CAPÍTULO V
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,
sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa,
provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a
autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do
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artigo 69 do Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente
sobre o objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos.
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.
TÍTULO IX
DA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 282. À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em
virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e mediante ordem escrita
da autoridade competente.
Art. 283. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso
de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.
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Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado,
se este for o documento exibido.
Art. 289. Quando o réu estiver no território nacional, em lugar estranho ao da
jurisdição, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro
teor do mandado.
Parágrafo único. Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por
telegrama, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como, se afiançável a
infração, o valor da fiança. No original levado à agência telegráfica será
autenticada a firma do juiz, o que se mencionará no telegrama.
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou
comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar,
apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o
caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1º. Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha
perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há
pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu
encalço.
§ 2º. Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da
legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar,
poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o
executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o mandado e o intime a
acompanhá-lo.
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em
flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas
que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para
vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
testemunhas.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou
ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da
ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se
preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for
atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo
que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa
será levado à presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de
direito.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo
anterior, no que for aplicável.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da
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autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do
Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os
vereadores e os chefes de Polícia; (Redação dada pela Lei nº 3.181, de
11.06.1957)
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e
das Assembléias Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito'';
V - os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros;
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo
quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela
função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e
inativos. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.126, de 29.09.1966)
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à
prisão, em estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos
regulamentos.
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a
autoridade policial poderá expedir tantos outros quantos necessários às
diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado original.
Art. 298. Se a autoridade tiver conhecimento de que o réu se acha em território
estranho ao da sua jurisdição, poderá, por via postal ou telegráfica, requisitar a
sua captura, declarando o motivo da prisão e, se afiançável a infração, o valor da
fiança.
Art. 299. Se a infração for inafiançável, a captura poderá ser requisitada, à vista
de mandado judicial, por via telefônica, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a
requisição, as precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta.
Art. 300. Sempre que possível, as pessoas presas provisoriamente ficarão
separadas das que já estiverem definitivamente condenadas.
CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
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II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e
as testemunhas que o acompanharam e interrogará o acusado sobre a imputação
que lhe é feita, lavrando-se auto, que será por todos assinado.
§ 1º. Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a
autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de
prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for
competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2º. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em
flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas
pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§ 3º. Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o
auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham
ouvido a leitura na presença do acusado, do condutor e das testemunhas.
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada
pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.
Art. 306. Dentro em 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será dada ao
preso nota de culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
condutor e os das testemunhas.
Parágrafo único. O preso passará recibo da nota de culpa, o qual será assinado
por duas testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta,
no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de
prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas,
sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido
imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se
não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o
preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de
lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente
praticou o fato, nas condições do artigo 19, I, II e III, do Código Penal, poderá,
depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de
revogação.
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Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo
auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que
autorizam a prisão preventiva (artigos 311 e 312). (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
CAPÍTULO III
DA PRISÃO PREVENTIVA
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prisão, confessando crime de autoria ignorada ou imputada a outrem, não terá
efeito suspensivo a apelação interposta da sentença absolutória, ainda nos casos
em que este Código lhe atribuir tal efeito.
CAPÍTULO V
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA
Art. 321. Ressalvado o disposto no artigo 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto,
independentemente de fiança:
I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente,
cominada pena privativa de liberdade;
II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou
alternativamente cominada, não exceder a 3 (três) meses.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de
infração punida com detenção ou prisão simples.
Parágrafo único. Nos demais casos do artigo 323, a fiança será requerida ao juiz,
que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
6.416, de 24.05.1977)
Art. 323. Não será concedida fiança:
I - nos crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada for
superior a 2 (dois) anos; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
II - nas contravenções tipificadas nos artigos 59 e 60 da Lei das Contravenções
Penais; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
III - nos crimes dolosos punidos com pena privativa da liberdade, se o réu já tiver
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sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
IV - em qualquer caso, se houver no processo prova de ser o réu vadio;
V - nos crimes punidos com reclusão, que provoquem clamor público ou que
tenham sido cometidos com violência contra a pessoa ou grave ameaça.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:
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Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a
natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do
acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a
importância provável das custas do processo, até final julgamento.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante
a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução
criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida
como quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança,
mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou
ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela
autoridade o lugar onde será encontrado.
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá um livro especial,
com termos de abertura e de encerramento, numerado e rubricado em todas as
suas folhas pela autoridade, destinado especialmente aos termos de fiança. O
termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a
fiança, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão notificados
das obrigações e da sanção previstas nos artigos 327 e 328, o que constará dos
autos.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro,
pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou
municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
§ 1º. A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita
imediatamente por perito nomeado pela autoridade.
§ 2º. Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor
será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á
prova de que se acham livres de ônus.
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à repartição
arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao depositário público, juntando-se
aos autos os respectivos conhecimentos.
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se puder fazer de pronto, o
valor será entregue ao escrivão ou pessoa abonada, a critério da autoridade, e
dentro de 3 (três) dias dar-se-á ao valor o destino que lhe assina este artigo, o que
tudo constará do termo de fiança.
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a
fiança a autoridade que presidir ao respectivo auto, e, em caso de prisão por
mandado, o juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou policial a
quem tiver sido requisitada a prisão.
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida independentemente
de audiência do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de requerer o
que julgar conveniente.
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Art. 334. A fiança poderá ser prestada em qualquer termo do processo, enquanto
não transitar em julgado a sentença condenatória.
Art. 335. Recusando ou demorando a autoridade policial a concessão da fiança,
o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o
juiz competente, que decidirá, depois de ouvida aquela autoridade.
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança ficarão sujeitos ao pagamento
das custas, da indenização do dano e da multa, se o réu for condenado.
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição
depois da sentença condenatória (Código Penal, artigo 110 e seu parágrafo).
Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado a sentença
que houver absolvido o réu ou declarado extinta a ação penal, o valor que a
constituir será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo do artigo
anterior.
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em
qualquer fase do processo.
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de
delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito.
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados
ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;
III - quando for inovada a classificação do delito.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão,
quando, na conformidade deste artigo, não for reforçada.
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o réu, legalmente intimado para
ato do processo, deixar de comparecer, sem provar, incontinenti, motivo justo, ou
quando, na vigência da fiança, praticar outra infração penal.
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou quebrada a
fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos.
Art. 343. O quebramento da fiança importará a perda de metade do seu valor e a
obrigação, por parte do réu, de recolher-se à prisão, prosseguindo-se, entretanto,
à sua revelia, no processo e julgamento, enquanto não for preso.
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado,
o réu não se apresentar à prisão.
Art. 345. No caso de perda da fiança, depois de deduzidas as custas e mais
encargos a que o réu estiver obrigado, o saldo será recolhido ao Tesouro
Nacional.
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções previstas no
artigo anterior, o saldo será, até metade do valor da fiança, recolhido ao Tesouro
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Federal.
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do artigo 345, o saldo será entregue a quem
houver prestado a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver
obrigado.
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de hipoteca, a
execução será promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público.
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, o juiz
determinará a venda por leiloeiro ou corretor.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando ser impossível ao
réu prestá-la, por motivo de pobreza, poderá conceder-lhe a liberdade provisória,
sujeitando-o às obrigações constantes dos artigos 327 e 328. Se o réu infringir,
sem motivo justo, qualquer dessas obrigações ou praticar outra infração penal,
será revogado o benefício.
Parágrafo único. O escrivão intimará o réu das obrigações e sanções previstas
neste artigo.
TÍTULO X
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
CAPÍTULO I
DAS CITAÇÕES
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
Art. 352. O mandado de citação indicará:
I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante,
será citado mediante precatória.
Art. 354. A precatória indicará:
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deprecado.
§ 1º. Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência,
desde que haja tempo para fazer-se a citação.
§ 2º. Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a
precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no artigo 362.
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos
enumerados no artigo 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de
reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará.
Art. 357. São requisitos da citação por mandado:
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Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e
será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o Juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
artigo 312.
§ 1º. As provas antecipadas serão produzidas na presença do Ministério Público
e do defensor dativo.
§ 2º. Comparecendo o acusado, ter-se-á por citado pessoalmente, prosseguindo
o processo em seus ulteriores atos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.271, de
17.04.1996)
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou
intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo
endereço ao juízo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.271, de 17.04.1996)
Art. 368. Estando acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu
cumprimento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.271, de 17.04.1996)
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras
serão efetuadas mediante carta rogatória. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.271, de 17.04.1996)
CAPÍTULO II
DAS INTIMAÇÕES
Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável,
o disposto no Capítulo anterior.
§ 1º. A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
§ 2º. Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a
intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
§ 3º. A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude
o § 1º.
§ 4º. A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
(Redação dada ao artigo e parágrafos pela Lei nº 9.271, de 17.04.1996)
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for
requerida, observado o disposto no artigo 357.
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Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde
logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento,
do que se lavrará termo nos autos.
TÍTULO XI
DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE INTERDIÇÕES DE DIREITOS E MEDIDAS DE
SEGURANÇA
Art. 373. A aplicação provisória de interdições de direitos poderá ser
determinada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
querelante, do assistente, do ofendido, ou de seu representante legal, ainda que
este não se tenha constituído como assistente:
I - durante a instrução criminal após a apresentação da defesa ou do prazo
concedido para esse fim;
II - na sentença de pronúncia;
III - na decisão confirmatória da pronúncia ou na que, em grau de recurso,
pronunciar o réu;
IV - na sentença condenatória recorrível.
§ 1º. No caso do nº I, havendo requerimento de aplicação da medida, o réu ou
seu defensor será ouvido no prazo de 2 (dois) dias.
§ 2º. Decretada a medida, serão feitas as comunicações necessárias para a sua
execução, na forma do disposto no Capítulo III do Título II do Livro IV.
Art. 374. Não caberá recurso do despacho ou da parte da sentença que decretar
ou denegar a aplicação provisória de interdições de direitos, mas estas poderão
ser substituídas ou revogadas:
I - se aplicadas no curso da instrução criminal, durante esta ou pelas sentenças a
que se referem os ns. II, III e IV do artigo anterior;
II - se aplicadas na sentença de pronúncia, pela decisão que, em grau de
recurso, a confirmar, total ou parcialmente, ou pela sentença condenatória
recorrível;
III - se aplicadas na decisão a que se refere o nº III do artigo anterior, pela
sentença condenatória recorrível.
Art. 375. O despacho que aplicar, provisoriamente, substituir ou revogar
interdição de direito, será fundamentado.
Art. 376. A decisão que impronunciar ou absolver o réu fará cessar a aplicação
provisória da interdição anteriormente determinada.
Art. 377. Transitando em julgado a sentença condenatória, serão executadas
somente as interdições nela aplicadas ou que derivarem da imposição da pena
principal.
Art. 378. A aplicação provisória de medida de segurança obedecerá ao disposto
nos artigos anteriores, com as modificações seguintes:
I - o juiz poderá aplicar, provisoriamente, a medida de segurança, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público;
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II - a aplicação poderá ser determinada ainda no curso do inquérito, mediante
representação da autoridade policial;
III - a aplicação provisória de medida de segurança, a substituição ou a
revogação da anteriormente aplicada poderão ser determinadas, também, na
sentença absolutória;
IV - decretada a medida, atender-se-á ao disposto no Título V do Livro IV, no que
for aplicável.
Art. 379. Transitando em julgado a sentença, observar-se-á, quanto à execução
das medidas de segurança definitivamente aplicadas, o disposto no Título V do
Livro IV
Art. 380. A aplicação provisória de medida de segurança obstará a concessão de
fiança, e tornará sem efeito a anteriormente concedida.
TÍTULO XII
DA SENTENÇA
Art. 381. A sentença conterá:
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo;
VI - a data e a assinatura do juiz.
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que
declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.
Art. 383. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da
queixa ou da denúncia, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais
grave.
Art. 384. Se o juiz reconhecer a possibilidade de nova definição jurídica do fato,
em conseqüência de prova existente nos autos de circunstância elementar, não
contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou na queixa, baixará o processo,
a fim de que a defesa, no prazo de 8 (oito) dias, fale e, se quiser, produza prova,
podendo ser ouvidas até três testemunhas.
Parágrafo único. Se houver possibilidade de nova definição jurídica que importe
aplicação de pena mais grave, o juiz baixará o processo, a fim de que o Ministério
Público possa aditar a denúncia ou a queixa, se em virtude desta houver sido
instaurado o processo em crime de ação pública, abrindo-se, em seguida, o prazo
de 3 (três) dias à defesa, que poderá oferecer prova, arrolando até três
testemunhas.
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem
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como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
V - existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena (artigos 17,
18, 19, 22 e 24, § 1º, do Código Penal);
VI - não existir prova suficiente para a condenação.
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II - Ordenará a cessação das penas acessórias provisoriamente aplicadas;
III - aplicará medida de segurança, se cabível.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
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Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar
solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração,
expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do nº II, se o réu e o defensor que houver
constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do nº III, se o defensor que o réu houver
constituído, também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
§ 1º. O prazo do edital será de 90 (noventa) dias, se tiver sido imposta pena
privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta)
dias, nos outros casos.
§ 2º. O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se,
no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas
neste artigo.
Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível:
I - ser o réu preso ou conservado na prisão, assim nas infrações inafiançáveis,
como nas afiançáveis enquanto não prestar fiança;
II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados.
LIVRO II
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
TÍTULO I
DO PROCESSO COMUM
CAPÍTULO I
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Art. 394. O juiz, ao receber a queixa ou denúncia, designará dia e hora para o
interrogatório, ordenando a citação do réu e a notificação do Ministério Público e,
se for caso, do querelante ou do assistente.
Art. 395. O réu ou seu defensor poderá, logo após o interrogatório ou no prazo
de 3 (três) dias, oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.
Art. 396. Apresentada ou não a defesa, proceder-se-á à inquirição das
testemunhas, devendo as da acusação ser ouvidas em primeiro lugar.
Parágrafo único. Se o réu não comparecer, sem motivo justificado, no dia e à
hora designados, o prazo para defesa será concedido ao defensor nomeado pelo
juiz.
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Art. 397. Se não for encontrada qualquer das testemunhas, o juiz poderá deferir
o pedido de substituição, se esse pedido não tiver por fim frustrar o disposto nos
artigos 41, in fine, e 395.
Art. 398. Na instrução do processo serão inquiridas no máximo oito testemunhas
de acusação e até oito de defesa.
Parágrafo único. Nesse número não se compreendem as que não prestaram
compromisso e as referidas.
Art. 399. O Ministério Público ou o querelante, ao ser oferecida a denúncia ou a
queixa, e a defesa, no prazo do artigo 395, poderão requerer as diligências que
julgarem convenientes.
Art. 400. As partes poderão oferecer documentos em qualquer fase do processo.
Art. 401. As testemunhas de acusação serão ouvidas dentro do prazo de 20
(vinte) dias, quando o réu estiver preso, e de 40 (quarenta) dias, quando solto.
Parágrafo único. Esses prazos começarão a correr depois de findo o tríduo da
defesa prévia, ou, se tiver havido desistência, da data do interrogatório ou do dia
em que deverá ter sido realizado.
Art. 402. Sempre que o juiz concluir a instrução fora do prazo, consignará nos
autos os motivos da demora.
Art. 403. A demora determinada por doença do réu ou do defensor, ou outro
motivo de força maior, não será computada nos prazos fixados no artigo 401. No
caso de enfermidade do réu, o juiz poderá transportar-se ao local onde ele se
encontrar, aí procedendo à instrução. No caso de enfermidade do defensor, será
ele substituído, definitivamente, ou para o só efeito do ato, na forma do artigo 265,
parágrafo único.
Art. 404. As partes poderão desistir do depoimento de qualquer das testemunhas
arroladas, ou deixar de arrolá-las, se considerarem suficientes as provas que
possam ser ou tenham sido produzidas, ressalvado o disposto no artigo 209.
Art. 405. Se as testemunhas de defesa não forem encontradas e o acusado,
dentro em 3 (três) dias, não indicar outras em substituição, prosseguir-se-á nos
demais termos do processo.
CAPÍTULO II
DO PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JÚRI
SEÇÃO I
DA PRONÚNCIA, DA IMPRONÚNCIA E DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Art. 406. Terminada a inquirição das testemunhas, mandará o juiz dar vista dos
autos, para alegações, ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, e, em
seguida, por igual prazo, e em cartório, ao defensor do réu.
§ 1º. Se houver querelante, terá este vista do processo, antes do Ministério
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Público, por igual prazo, e, havendo assistente, o prazo lhe correrá conjuntamente
com o do Ministério Público.
§ 2º. Nenhum documento se juntará aos autos nesta fase do processo.
Art. 407. Decorridos os prazos de que trata o artigo anterior, os autos serão
enviados, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, ao presidente do Tribunal do Júri,
que poderá ordenar as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou
suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade inclusive inquirição de
testemunhas (artigo 209), e proferirá sentença, na forma dos artigos seguintes.
Art. 408. Se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios de que o
réu seja o seu autor, pronunciá-lo-á, dando os motivos do seu convencimento.
§ 1º. Na sentença de pronúncia o juiz declarará o dispositivo legal em cuja
sanção julgar incurso o réu, recomendá-lo-á na prisão em que se achar, ou
expedirá as ordens necessárias para sua captura. (Redação dada ao § 1º pela Lei
nº 9.033, de 02.05.1995)
§ 2º. Se o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o juiz deixar de
decretar-lhe a prisão ou revogá-la, caso já se encontre preso.
§ 3º. Se o crime for afiançável, será, desde logo, arbitrado o valor da fiança, que
constará do mandado de prisão.
§ 4º. O juiz não ficará adstrito à classificação do crime, feita na queixa ou
denúncia, embora fique o réu sujeito à pena mais grave, atendido, se for o caso, o
disposto no artigo 410 e seu parágrafo.
§ 5º. Se dos autos constarem elementos de culpabilidade de outros indivíduos
não compreendidos na queixa ou na denúncia, o juiz, ao proferir a decisão de
pronúncia ou impronúncia, ordenará que os autos voltem ao Ministério Público,
para aditamento da peça inicial do processo e demais diligências do sumário.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 409. Se não se convencer da existência do crime ou de indício suficiente de
que seja o réu o seu autor, o juiz julgará improcedente a denúncia ou a queixa.
Parágrafo único. Enquanto não extinta a punibilidade, poderá, em qualquer
tempo, ser instaurado processo contra o réu, se houver novas provas.
Art. 410. Quando o juiz se convencer, em discordância com a denúncia ou
queixa, da existência de crime diverso dos referidos no artigo 74, § 1º, e não for o
competente para julgá-lo, remeterá o processo ao juiz que o seja. Em qualquer
caso, será reaberto ao acusado prazo para defesa e indicação de testemunhas,
prosseguindo-se, depois de encerrada a inquirição, de acordo com os artigos 499
e segs. Não se admitirá, entretanto, que sejam arroladas testemunhas já
anteriormente ouvidas.
Parágrafo único. Tendo o processo de ser remetido a outro juízo, à disposição
deste passará o réu, se estiver preso.
Art. 411. O juiz absolverá desde logo o réu, quando se convencer da existência
de circunstância que exclua o crime ou isente de pena o réu (artigos 17, 18, 19,
22, e 24, § 1º, do Código Penal), recorrendo, de ofício, da sua decisão. Este
recurso terá efeito suspensivo e será sempre para o Tribunal de Apelação.
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Art. 412. Nos Estados onde a lei não atribuir a pronúncia ao presidente do júri,
ao juiz competente caberá proceder na forma dos artigos anteriores.
Art. 413. O processo não prosseguirá até que o réu seja intimado da sentença
de pronúncia.
Parágrafo único. Se houver mais de um réu, somente em relação ao que for
intimado prosseguirá o feito.
Art. 414. A intimação da sentença de pronúncia, se o crime for inafiançável, será
sempre feita ao réu pessoalmente.
Art. 415. A intimação da sentença de pronúncia, se o crime for afiançável, será
feita ao réu:
I - pessoalmente, se estiver preso;
II - pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, se tiver prestado fiança
antes ou depois da sentença;
III - ao defensor por ele constituído se, não tendo prestado fiança, expedido o
mandado de prisão, não for encontrado e assim o certificar o oficial de justiça;
IV - mediante edital, no caso do nº II, se o réu e o defensor não forem
encontrados e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, no caso do nº III, se o defensor que o réu houver constituído
também não for encontrado e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital sempre que o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado.
§ 1º. O prazo do edital será de 30 (trinta) dias.
§ 2º. O prazo para recurso correrá após o término do fixado no edital, salvo se
antes for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste
artigo.
Art. 416. Passada em julgado a sentença de pronúncia, que especificará todas
as circunstâncias qualificativas do crime e somente poderá ser alterada pela
verificação superveniente de circunstância que modifique a classificação do delito,
o escrivão imediatamente dará vista dos autos ao órgão do Ministério Público pelo
prazo de 5 (cinco) dias, para oferecer o libelo acusatório.
Art. 417. O libelo, assinado pelo promotor, conterá:
I - o nome do réu;
II - a exposição, deduzida por artigos, do fato criminoso;
III - a indicação das circunstâncias agravantes, expressamente definidas na lei
penal, e de todos os fatos e circunstâncias que devam influir na fixação da pena;
IV - a indicação da medida de segurança aplicável.
§ 1º. Havendo mais de um réu, haverá um libelo para cada um.
§ 2º. Com o libelo poderá o promotor apresentar o rol das testemunhas que
devam depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), juntar documentos e
requerer diligências.
Art. 418. O juiz não receberá o libelo a que faltem os requisitos legais,
devolvendo ao órgão do Ministério Público, para apresentação de outro, no prazo
de 48 (quarenta e oito) horas.
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Art. 419. Se findar o prazo legal, sem que seja oferecido o libelo, o promotor
incorrerá na multa de cinqüenta mil-réis, salvo se justificada a demora por motivo
de força maior, caso em que será concedida prorrogação de 48 (quarenta e oito)
horas. Esgotada a prorrogação, se não tiver sido apresentado o libelo, a multa
será de duzentos mil-réis e o fato será comunicado ao procurador-geral. Neste
caso, será o libelo oferecido pelo substituto legal, ou, se não houver, por um
promotor ad hoc.
Art. 420. No caso de queixa, o acusador será intimado a apresentar o libelo
dentro de 2 (dois) dias; se não o fizer, o juiz o haverá por lançado e mandará os
autos ao Ministério Público.
Art. 421. Recebido o libelo, o escrivão, dentro de 3 (três) dias, entregará ao réu,
mediante recibo de seu punho ou de alguém a seu rogo, a respectiva cópia, com o
rol de testemunhas, notificado o defensor para que, no prazo de 5 (cinco) dias,
ofereça a contrariedade; se o réu estiver afiançado, o escrivão dará cópia ao seu
defensor, exigindo recibo, que se juntará aos autos.
Parágrafo único. Ao oferecer a contrariedade, o defensor poderá apresentar o rol
de testemunhas que devam depor no plenário, até o máximo de 5 (cinco), juntar
documentos e requerer diligências.
Art. 422. Se, ao ser recebido o libelo, não houver advogado constituído nos
autos para a defesa, o juiz dará defensor ao réu, que poderá em qualquer tempo
constituir advogado para substituir o defensor dativo.
Art. 423. As justificações e perícias requeridas pelas partes serão determinadas
somente pelo presidente do tribunal, com intimação dos interessados, ou pelo juiz
a quem couber o preparo do processo até julgamento.
Art. 424. Se o interesse da ordem pública o reclamar, ou houver dúvida sobre a
imparcialidade do júri ou sobre a segurança pessoal do réu, o Tribunal de
Apelação, a requerimento de qualquer das partes ou mediante representação do
juiz, e ouvido sempre o procurador-geral, poderá desaforar o julgamento para
comarca ou termo próximo, onde não subsistam aqueles motivos, após
informação do juiz, se a medida não tiver sido solicitada, de ofício, por ele próprio.
Parágrafo único. O Tribunal de Apelação poderá ainda, a requerimento do réu ou
do Ministério Público, determinar o desaforamento, se o julgamento não se realizar
no período de 1 (um) ano, contado do recebimento do libelo, desde que para a
demora não haja concorrido o réu ou a defesa.
Art. 425. O presidente do Tribunal do Júri, depois de ordenar, de ofício, ou a
requerimento das partes, as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade
ou esclarecer fato que interesse à decisão da causa, marcará dia para o
julgamento, determinando sejam intimadas as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. Quando a lei de organização judiciária local não atribuir ao
presidente do Tribunal do Júri o preparo dos processos para o julgamento, o juiz
competente remeter-lhe-á os processos preparados, até 5 (cinco) dias antes do
sorteio a que se refere o artigo 427. Deverão também ser remetidos, após esse
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prazo, os processos que forem sendo preparados até o encerramento da sessão.
Art. 426. O Tribunal do Júri, no Distrito Federal, reunir-se-á todos os meses,
celebrando em dias úteis sucessivos, salvo justo impedimento, as sessões
necessárias para julgar os processos preparados. Nos Estados e nos Territórios,
observar-se-á, relativamente à época das sessões, o que prescrever a lei local.
Art. 427. A convocação do júri far-se-á mediante edital, depois do sorteio dos 21
(vinte e um) jurados que tiverem de servir na sessão. O sorteio far-se-á, no Distrito
Federal, de 10 (dez) a 15 (quinze) dias antes do primeiro julgamento marcado,
observando-se nos Estados e nos Territórios o que estabelecer a lei local.
Parágrafo único. Em termo que não for sede de comarca, o sorteio poderá
realizar-se sob a presidência do juiz do termo.
Art. 428. O sorteio far-se-á a portas abertas, e um menor de 18 (dezoito) anos
tirará da urna geral as cédulas com os nomes dos jurados, as quais serão
recolhidas a outra urna, ficando a chave respectiva em poder do juiz, o que tudo
será reduzido a termo pelo escrivão, em livro a esse fim destinado, com
especificação dos 21 (vinte e um) sorteados.
Art. 429. Concluído o sorteio, o juiz mandará expedir, desde logo, o edital a que
se refere o artigo 427, dele constando o dia em que o júri se reunirá e o convite
nominal aos jurados sorteados para comparecerem, sob as penas da lei, e
determinará também as diligências necessárias para intimação dos jurados, dos
réus e das testemunhas.
§ 1º. O edital será afixado à porta do edifício do tribunal e publicado pela
imprensa, onde houver.
§ 2º. Entender-se-á feita a intimação quando o oficial de justiça deixar cópia do
mandado na residência do jurado não encontrado, salvo se este se achar fora do
município.
Art. 430. Nenhum desconto será feito nos vencimentos do jurado sorteado que
comparecer às sessões do júri.
Art. 431. Salvo motivo de interesse público que autorize alteração na ordem do
julgamento dos processos, terão preferência:
I - os réus presos;
II - dentre os presos, os mais antigos na prisão;
III - em igualdade de condições, os que tiverem sido pronunciados há mais
tempo.
Art. 432. Antes do dia designado para o primeiro julgamento, será afixada na
porta do edifício do tribunal, na ordem estabelecida no artigo anterior, a lista dos
processos que devam ser julgados.
SEÇÃO II
DA FUNÇÃO DO JURADO
Art. 433. O Tribunal do Júri compõe-se de um juiz de direito, que é o seu
presidente, e de vinte e um jurados que se sortearão dentre os alistados, sete dos
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quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento.
Art. 434. O serviço do júri será obrigatório. O alistamento compreenderá os
cidadãos maiores de 21 (vinte e um) anos, isentos os maiores de 60 (sessenta).
Art. 435. A recusa ao serviço do júri, motivada por convicção religiosa, filosófica
ou política, importará a perda dos direitos políticos (Constituição, artigo 119, b).
Art. 436. Os jurados serão escolhidos dentre cidadãos de notória idoneidade.
Parágrafo único. São isentos do serviço do júri:
I - o Presidente da República e os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do
Distrito Federal e seus respectivos secretários;
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional,
das Assembléias Legislativas dos Estados e das Câmaras Municipais, enquanto
durarem suas reuniões;
IV - os prefeitos municipais;
V - os magistrados e órgãos do Ministério Público;
VI - os serventuários e funcionários da justiça;
VII - o chefe, demais autoridades e funcionários da Polícia e Segurança Pública;
VIII - os militares em serviço ativo;
IX - as mulheres que não exerçam função pública e provem que, em virtude de
ocupações domésticas, o serviço do júri lhes é particularmente difícil;
X - por 1 (um) ano, mediante requerimento, os que tiverem efetivamente exercido
a função de jurado, salvo nos lugares onde tal isenção possa redundar em
prejuízo do serviço normal do júri;
XI - quando requererem e o juiz reconhecer a necessidade da dispensa:
a) os médicos e os ministros de confissão religiosa;
b) os farmacêuticos e as parteiras.
Art. 437. O exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público
relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão
especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo, bem como
preferência, em igualdade de condições, nas concorrências públicas.
Art. 438. Os jurados serão responsáveis criminalmente, nos mesmos termos em
que o são os juízes de ofício, por concussão, corrupção ou prevaricação (Código
Penal, artigos 316, 317, §§ 1º e 2º, e 319).
SEÇÃO III
DA ORGANIZAÇÃO DO JÚRI
Art. 439. Anualmente, serão alistados pelo juiz-presidente do júri, sob sua
responsabilidade e mediante escolha por conhecimento pessoal ou informação
fidedigna, 300 (trezentos) a 500 (quinhentos) jurados no Distrito Federal e nas
comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes, e 80 (oitenta) a 300
(trezentos) nas comarcas ou nos termos de menor população. O juiz poderá
requisitar às autoridades locais, associações de classe, sindicatos profissionais e
repartições públicas a indicação de cidadãos que reúnam as condições legais.
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Parágrafo único. A lista geral, publicada em novembro de cada ano, poderá ser
alterada de ofício, ou em virtude de reclamação de qualquer do povo, até à
publicação definitiva, na segunda quinzena de dezembro, com recurso, dentro de
20 (vinte) dias, para a superior instância, sem efeito suspensivo.
Art. 440. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões,
será publicada pela imprensa, onde houver, ou em editais afixados à porta do
edifício do tribunal, lançando-se os nomes dos alistados, com indicação das
residências, em cartões iguais, que, verificados com a presença do órgão do
Ministério Público, ficarão guardados em urna fechada a chave sob a
responsabilidade do juiz.
Art. 441. Nas comarcas ou nos termos onde for necessário, organizar-se-á lista
de jurados suplentes, depositando-se as cédulas em urna especial.
SEÇÃO IV
DO JULGAMENTO PELO JÚRI
Art. 442. No dia e à hora designados para reunião do júri, presente o órgão do
Ministério Público, o presidente, depois de verificar se a urna contém as cédulas
com os nomes dos vinte e um jurados sorteados, mandará que o escrivão lhes
proceda à chamada, declarando instalada a sessão, se comparecerem pelo
menos quinze deles, ou, no caso contrário, convocando nova sessão para o dia
útil imediato.
Art. 443. O jurado que, sem causa legítima, não comparecer, incorrerá na multa
de cem mil-réis por dia de sessão realizada ou não realizada por falta de número
legal até o término da sessão periódica.
§ 1º. O jurado incorrerá em multa pelo simples fato do não-comparecimento,
independentemente de ato do presidente ou termo especial.
§ 2º. Somente serão aceitas as escusas apresentadas até o momento da
chamada dos jurados e fundadas em motivo relevante, devidamente comprovado.
§ 3º. Incorrerá na multa de trezentos mil-réis o jurado que, tendo comparecido, se
retirar antes de dispensado pelo presidente, observado o disposto no § 1º, parte
final.
§ 4º. Sob pena de responsabilidade, o presidente só relevará as multas em que
incorrerem os jurados faltosos, se estes, dentro de 48 (quarenta e oito) horas,
após o encerramento da sessão periódica, oferecerem prova de justificado
impedimento.
Art. 444. As multas em que incorrerem os jurados serão cobradas pela Fazenda
Pública, a cujo representante o juiz remeterá no prazo de 10 (dez) dias, após o
encerramento da sessão periódica, com a relação dos jurados multados, as
certidões das atas de que constar o fato, as quais, por ele rubricadas, valerão
como título de dívida líquida e certa.
Parágrafo único. Sem prejuízo da cobrança imediata das multas, será remetida
cópia das certidões à autoridade fiscal competente para a inscrição da dívida.
Art. 445. Verificando não estar completo o número de 21 (vinte e um) jurados,
embora haja o mínimo legal para a instalação da sessão, o juiz procederá ao
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sorteio dos suplentes necessários, repetindo-se o sorteio até perfazer-se aquele
número.
§ 1º. Nos Estados e Territórios, serão escolhidos como suplentes, dentre os
sorteados, os jurados residentes na cidade ou vila ou até a distância de 20 (vinte)
quilômetros.
§ 2º. Os nomes dos suplentes serão consignados na ata, seguindo-se a
respectiva notificação para comparecimento.
§ 3º. Os jurados ou suplentes que não comparecerem ou forem dispensados de
servir na sessão periódica serão, desde logo, havidos como sorteados para a
seguinte.
§ 4º. Sorteados os suplentes, os jurados substituídos não mais serão admitidos a
funcionar durante a sessão periódica.
Art. 446. Aos suplentes são aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas,
faltas, escusas e multas.
Art. 447. Aberta a sessão, o presidente do tribunal, depois de resolver sobre as
escusas, na forma dos artigos anteriores, abrirá a urna, dela retirará todas as
cédulas, verificando uma a uma, e, em seguida, colocará na urna as relativas aos
jurados presentes e, fechando-a, anunciará qual o processo que será submetido a
julgamento e ordenará ao porteiro que apregoe as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. A intervenção do assistente no plenário de julgamento será
requerida com antecedência, pelo menos, de 3 (três) dias, salvo se já tiver sido
admitido anteriormente.
Art. 448. Se, por motivo de força maior, não comparecer o órgão do Ministério
Público, o presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, da
mesma sessão periódica. Continuando o órgão do Ministério Público
impossibilitado de comparecer, funcionará o substituto legal, se houver, ou
promotor ad hoc.
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de comparecer sem
escusa legítima, será igualmente adiado o julgamento para o primeiro dia
desimpedido, nomeando-se, porém, desde logo, promotor ad hoc, caso não haja
substituto legal, comunicado o fato ao procurador-geral.
Art. 449. Apregoado o réu, e comparecendo, perguntar-lhe-á o juiz o nome, a
idade e se tem advogado, nomeando-lhe curador, se for menor e não o tiver, e
defensor, se maior. Em tal hipótese, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido.
Parágrafo único. O julgamento será adiado, somente uma vez, devendo o réu ser
julgado, quando chamado pela segunda vez. Neste caso a defesa será feita por
quem o juiz tiver nomeado, ressalvado ao réu o direito de ser defendido por
advogado de sua escolha, desde que se ache presente.
Art. 450. A falta, sem escusa legítima, do defensor do réu ou do curador, se um
ou outro for advogado ou solicitador, será imediatamente comunicada ao
Conselho da Ordem dos Advogados, nomeando o presidente do tribunal, em
substituição, outro defensor, ou curador, observado o disposto no artigo anterior.
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Art. 451. Não comparecendo o réu ou o acusador particular, com justa causa, o
julgamento será adiado para a seguinte sessão periódica, se não puder realizar-se
na que estiver em curso.
§ 1º. Se se tratar de crime afiançável, e o não-comparecimento do réu ocorrer
sem motivo legítimo, far-se-á o julgamento à sua revelia.
§ 2º. O julgamento não será adiado pelo não-comparecimento do advogado do
assistente.
Art. 452. Se o acusador particular deixar de comparecer, sem escusa legítima, a
acusação será devolvida ao Ministério Público, não se adiando por aquele motivo
o julgamento.
Art. 453. A testemunha que, sem justa causa, deixar de comparecer, incorrerá
na multa de cinco a cinqüenta centavos, aplicada pelo presidente, sem prejuízo do
processo penal, por desobediência, e da observância do preceito do artigo 218.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Parágrafo único. Aplica-se às testemunhas, enquanto a serviço do júri, o disposto
no artigo 430.
Art. 454. Antes de constituído o conselho de sentença, as testemunhas,
separadas as de acusação das de defesa, serão recolhidas a lugar de onde não
possam ouvir os debates, nem as respostas umas das outras.
Art. 455. A falta de qualquer testemunha não será motivo para o adiamento,
salvo se uma das partes tiver requerido sua intimação, declarando não prescindir
do depoimento e indicando seu paradeiro com a antecedência necessária para a
intimação. Proceder-se-á, entretanto, ao julgamento, se a testemunha não tiver
sido encontrada no local indicado.
§ 1º. Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz suspenderá os trabalhos
e mandará trazê-la pelo oficial de justiça ou adiará o julgamento para o primeiro
dia útil desimpedido, ordenando a sua condução ou requisitando à autoridade
policial a sua apresentação.
§ 2º. Não conseguida, ainda assim, a presença da testemunha no dia designado,
proceder-se-á ao julgamento.
Art. 456. O porteiro do tribunal, ou na falta deste, o oficial de justiça, certificará
haver apregoado as partes e as testemunhas.
Art. 457. Verificado publicamente pelo juiz que se encontram na urna as cédulas
relativas aos jurados presentes, será feito o sorteio de 7 (sete) para a formação do
conselho de sentença.
Art. 458. Antes do sorteio do conselho de sentença, o juiz advertirá os jurados
dos impedimentos constantes do artigo 462, bem como das incompatibilidades
legais por suspeição, em razão de parentesco com o juiz, com o promotor, com o
advogado, com o réu ou com a vítima, na forma do disposto neste Código sobre
os impedimentos ou a suspeição dos juízes togados.
§ 1º. Na mesma ocasião, o juiz advertirá os jurados de que, uma vez sorteados,
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não poderão comunicar-se com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o
processo, sob pena de exclusão do conselho e multa, de duzentos a quinhentos
mil-réis.
§ 2º. Dos impedidos entre si por parentesco servirá o que houver sido sorteado
em primeiro lugar.
Art. 459. Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados
para a constituição do número legal.
§ 1º. Se, em conseqüência das suspeições ou das recusas, não houver número
para a formação do conselho, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido.
§ 2º. À medida que as cédulas forem tiradas da urna, o juiz as lerá, e a defesa e,
depois dela, a acusação poderão recusar os jurados sorteados, até três cada uma,
sem dar os motivos da recusa.
Art. 460. A suspeição argüida contra o presidente do tribunal, o órgão do
Ministério Público, os jurados ou qualquer funcionário, quando não reconhecida,
não suspenderá o julgamento, devendo, entretanto, constar da ata a argüição.
Art. 461. Se os réus forem dois ou mais, poderão incumbir das recusas um só
defensor; não convindo nisto e se não coincidirem as recusas, dar-se-á a
separação dos julgamentos, prosseguindo-se somente no do réu que houver
aceito o jurado, salvo se este, recusado por um réu e aceito por outro, for também
recusado pela acusação.
Parágrafo único. O réu, que pela recusa do jurado tiver dado causa à separação,
será julgado no primeiro dia desimpedido.
Art. 462. São impedidos de servir no mesmo conselho marido e mulher,
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o
cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Art. 463. O mesmo conselho poderá conhecer de mais de um processo na
mesma sessão de julgamento, se as partes o aceitarem; mas prestará cada vez
novo compromisso.
Art. 464. Formado o conselho, o juiz, levantando-se, e com ele todos os
presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a
examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão, de acordo
com a vossa consciência e os ditames da justiça.
Os jurados, nominalmente chamados pelo juiz, responderão: Assim o prometo.
Art. 465. Em seguida, o presidente interrogará o réu pela forma estabelecida no
Livro I, Título VII, Capítulo III, no que for aplicável.
Art. 466. Feito e assinado o interrogatório, o presidente, sem manifestar sua
opinião sobre o mérito da acusação ou da defesa, fará o relatório do processo e
exporá o fato, as provas e as conclusões das partes.
§ 1º. Depois do relatório, o escrivão lerá, mediante ordem do presidente, as
peças do processo, cuja leitura for requerida pelas partes ou por qualquer jurado.
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§ 2º. Onde for possível, o presidente mandará distribuir aos jurados cópias
datilografadas ou impressas, da pronúncia, do libelo e da contrariedade, além de
outras peças que considerar úteis para o julgamento da causa. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 467. Terminado o relatório, o juiz, o acusador, o assistente e o advogado do
réu e, por fim, os jurados que o quiserem, inquirirão sucessivamente as
testemunhas de acusação.
Art. 468. Ouvidas as testemunhas de acusação, o juiz, o advogado do réu, o
acusador particular, o promotor, o assistente e os jurados que o quiserem,
inquirirão sucessivamente as testemunhas de defesa.
Art. 469. Os depoimentos das testemunhas de acusação e de defesa serão
reduzidos a escrito, em resumo, assinado o termo pela testemunha, pelo juiz e
pelas partes.
Art. 470. Quando duas ou mais testemunhas divergirem sobre pontos essenciais
da causa, proceder-se-á de acordo com o disposto no artigo 229, parágrafo único.
Art. 471. Terminada a inquirição das testemunhas o promotor lerá o libelo e os
dispositivos da lei penal em que o réu se achar incurso, e produzirá a acusação.
§ 1º. O assistente falará depois do promotor.
§ 2º. Sendo o processo promovido pela parte ofendida, o promotor falará depois
do acusador particular, tanto na acusação como na réplica.
Art. 472. Finda a acusação, o defensor terá a palavra para defesa.
Art. 473. O acusador poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a
reinquirição de qualquer das testemunhas já ouvidas em plenário.
Art. 474. O tempo destinado à acusação e à defesa será de 2 (duas) horas para
cada um, e de meia hora a réplica e outro tanto para a tréplica.
§ 1º. Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre
si a distribuição do tempo, que, na falta de entendimento, será marcado pelo juiz,
por forma que não sejam excedidos os prazos fixados neste artigo.
§ 2º. Havendo mais de um réu, o tempo para a acusação e para a defesa será,
em relação a todos, acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e
da tréplica, observado o disposto no parágrafo anterior. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 475. Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de
documento que não tiver sido comunicado à parte contrária, com antecedência,
pelo menos, de 3 (três) dias, compreendida nessa proibição a leitura de jornais ou
qualquer escrito, cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante do
processo.
Art. 476. Aos jurados, quando se recolherem à sala secreta, serão entregues os
autos do processo, bem como, se o pedirem, os instrumentos do crime, devendo o
juiz estar presente para evitar a influência de uns sobre os outros.
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Parágrafo único. Os jurados poderão também, a qualquer momento, e por
intermédio do juiz, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra
a peça por ele lida ou citada.
Art. 477. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida essencial para a decisão
da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz dissolverá o conselho,
formulando com as partes, desde logo, os quesitos para as diligências
necessárias.
Art. 478. Concluídos os debates, o juiz indagará dos jurados se estão habilitados
a julgar ou se precisam de mais esclarecimentos.
Parágrafo único. Se qualquer dos jurados necessitar de novos esclarecimentos
sobre questão de fato, o juiz os dará, ou mandará que o escrivão os dê, à vista
dos autos.
Art. 479. Em seguida, lendo os quesitos, e explicando a significação legal de
cada um, o juiz indagará das partes se têm requerimento ou reclamação que
fazer, devendo constar da ata qualquer requerimento ou reclamação não atendida.
Art. 480. Lidos os quesitos, o juiz anunciará que se vai proceder ao julgamento,
fará retirar o réu e convidará os circunstantes a que deixem a sala.
Art. 481. Fechadas as portas, presentes o escrivão e dois oficiais de justiça, bem
como os acusadores e os defensores, que se conservarão nos seus lugares, sem
intervir nas votações, o conselho, sob a presidência do juiz, passará a votar os
quesitos que lhe forem propostos.
Parágrafo único. Onde for possível, a votação será feita em sala especial.
Art. 482. Antes de dar o seu voto, o jurado poderá consultar os autos, ou
examinar qualquer outro elemento material de prova existente em juízo.
Art. 483. O juiz não permitirá que os acusadores ou os defensores perturbem a
livre manifestação do conselho, e fará retirar da sala aquele que se portar
inconvenientemente, impondo-lhe multa, de duzentos a quinhentos mil-réis.
Art. 484. Os quesitos serão formulados com observância das seguintes regras:
I - o primeiro versará sobre o fato principal, de conformidade com o libelo;
II - se entender que alguma circunstância, exposta no libelo, não tem conexão
essencial com o fato ou é dele separável, de maneira que este possa existir ou
subsistir sem ela, o juiz desdobrará o quesito em tantos quantos forem
necessários;
III - se o réu apresentar, na sua defesa, ou alegar, nos debates, qualquer fato ou
circunstância que por lei isente de pena ou exclua o crime, ou o desclassifique, o
juiz formulará os quesitos correspondentes imediatamente depois dos relativos ao
fato principal, inclusive os relativos ao excesso doloso ou culposo quando
reconhecida qualquer excludente de ilicitude; (Redação dada pela Lei nº 9.113, de
16.10.1995)
IV - se for alegada a existência de causa que determine aumento de pena em
quantidade fixa ou dentro de determinados limites, ou de causa que determine ou
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faculte diminuição de pena, nas mesmas condições, o juiz formulará os quesitos
correspondentes a cada uma das causas alegadas;
V - se forem um ou mais réus, o juiz formulará tantas séries de quesitos quantos
forem eles. Também serão formuladas séries distintas, quando diversos os pontos
de acusação;
VI - quando o juiz tiver que fazer diferentes quesitos, sempre os formulará em
proposições simples e bem distintas, de maneira que cada um deles possa ser
respondido com suficiente clareza.
Parágrafo único. Serão formulados quesitos relativamente às circunstâncias
agravantes e atenuantes, previstas nos artigos 44, 45 e 48 do Código Penal,
observado o seguinte:
I - para cada circunstância agravante, articulada no libelo, o juiz formulará um
quesito;
II - se resultar dos debates o conhecimento da existência de alguma
circunstância agravante, não articulada no libelo, o juiz, a requerimento do
acusador, formulará o quesito a ela relativo;
III - o juiz formulará, sempre, um quesito sobre a existência de circunstâncias
atenuantes, ou alegadas;
IV - se o júri afirmar a existência de circunstâncias atenuantes, o juiz o
questionará a respeito das que lhe parecerem aplicáveis ao caso, fazendo
escrever os quesitos respondidos afirmativamente, com as respectivas respostas.
(Redação dada ao parágrafo único pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 485. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz mandará
distribuir pelos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente
dobráveis, contendo umas a palavra sim e outras a palavra não, a fim de,
secretamente, serem recolhidos os votos.
Art. 486. Distribuídas as cédulas, o juiz lerá o quesito que deva ser respondido e
um oficial de justiça recolherá as cédulas com os votos dos jurados, e outro, as
cédulas não utilizadas. Cada um dos oficiais apresentará, para esse fim, aos
jurados, uma urna ou outro receptáculo que assegure o sigilo da votação.
Art. 487. Após a votação de cada quesito, o presidente, verificados os votos e as
cédulas não utilizadas, mandará que o escrivão escreva o resultado em termo
especial e que sejam declarados o número de votos afirmativos e o de negativos.
Art. 488. As decisões do júri serão tomadas por maioria de votos.
Art. 489. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição com
outra ou outras já proferidas, o juiz, explicando aos jurados em que consiste a
contradição, submeterá novamente à votação os quesitos a que se referirem tais
respostas.
Art. 490. Se, pela resposta dada a qualquer dos quesitos, o juiz verificar que
ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando por finda a votação.
Art. 491. Finda a votação, será o termo a que se refere o artigo 487 assinado
pelo juiz e jurados.
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Art. 492. Em seguida, o juiz lavrará a sentença, com observância do seguinte:
I - no caso de condenação, terá em vista as circunstâncias agravantes ou
atenuantes reconhecidas pelo júri, e atenderá, quanto ao mais, ao disposto nos
ns. II a VI do artigo 387;
II - no caso de absolvição:
a) mandará pôr o réu em liberdade, se afiançável o crime, ou desde que tenha
ocorrido a hipótese prevista no artigo 316, ainda que inafiançável;
b) ordenará a cessação das interdições de direitos que tiverem sido
provisoriamente impostas;
c) aplicará medida de segurança, se cabível. (Redação dada à alínea pela Lei nº
263, de 23.02.1948)
§ 1º. Se, pela resposta a quesito formulados aos jurados, for reconhecida a
existência de causa que faculte diminuição da pena, em quantidade fixa ou dentro
de determinados limites, ao juiz ficará reservado o uso dessa faculdade.
§ 2º. Se for desclassificada a infração para outra atribuída à competência do juiz
singular, ao presidente do tribunal caberá proferir em seguida a sentença.
Art. 493. A sentença será fundamentada, salvo quanto às conclusões que
resultarem das respostas aos quesitos, e lida pelo juiz, de público, antes de
encerrada a sessão do julgamento.
Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo
juiz e pelo órgão do Ministério Público.
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências e mencionará
especialmente :
I - a data e a hora da instalação dos trabalhos;
II - o magistrado que a presidiu e os jurados presentes;
III - os jurados que deixarem de comparecer, com escusa legítima ou sem ela, e
os ofícios e requerimentos a respeito apresentados e arquivados;
IV - os jurados dispensados e as multas impostas;
V - o sorteio dos suplentes;
VI - o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a declaração do motivo;
VII - a abertura da sessão e a presença do órgão do Ministério Público;
VIII - o pregão das partes e das testemunhas, o seu comparecimento, ou não, e
as penas impostas às que faltaram;
IX - as testemunhas dispensadas de depor;
X - o recolhimento das testemunhas a lugar de onde não pudessem ouvir os
debates, nem as respostas umas das outras;
XI - a verificação das cédulas pelo juiz;
XII - a formação do conselho de sentença, com indicação dos nomes dos jurados
sorteados e das recusas feitas pelas partes;
XIII - o compromisso, simplesmente com referência ao termo;
XIV - o interrogatório, também com a simples referência ao termo;
XV - o relatório e os debates orais;
XVI - os incidentes;
XVII - a divisão da causa;
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XVIII - a publicação da sentença, na presença do réu, a portas abertas.
Art. 496. A falta da ata sujeita o responsável a multa, de duzentos a quinhentos
mil-réis, além da responsabilidade criminal em que incorrer.
SEÇÃO V
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI
Art. 497. São atribuições do presidente do Tribunal do Júri, além de outras
expressamente conferidas neste Código:
I - regular a polícia das sessões e mandar prender os desobedientes;
II - requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade;
III - regular os debates;
IV - resolver as questões incidentes, que não dependam da decisão do júri;
V - nomear defensor ao réu, quando o considerar indefeso, podendo, neste caso,
dissolver o conselho, marcado novo dia para o julgamento e nomeado outro
defensor;
VI - mandar retirar da sala o réu que, com injúrias ou ameaças, dificultar o livre
curso do julgamento, prosseguindo-se independentemente de sua presença;
VII - suspender a sessão pelo tempo indispensável à execução de diligências
requeridas ou julgadas necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;
VIII - interromper a sessão por tempo razoável, para repouso ou refeição dos
jurados;
IX - decidir de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a requerimento
de qualquer das partes, a preliminar da extinção da punibilidade;
X - resolver as questões de direito que se apresentarem no decurso do
julgamento;
XI - ordenar de ofício, ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as
diligências destinadas a sanar qualquer nulidade, ou a suprir falta que prejudique o
esclarecimento da verdade.
CAPÍTULO III
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA
DO JUIZ SINGULAR
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I - ao Ministério Público ou ao querelante;
II - ao assistente, se tiver sido constituído;
III - ao defensor do réu.
§ 1º. Se forem dois ou mais os réus, com defensores diferentes, o prazo será
comum.
§ 2º. O Ministério Público, nos processos por crime de ação privada ou nos
processos por crime de ação pública iniciados por queixa, terá vista dos autos
depois do querelante.
Art. 501. Os prazos a que se referem os artigos 499 e 500 correrão em cartório,
independentemente de intimação das partes, salvo em relação ao Ministério
Público.
Art. 502. Findos aqueles prazos, serão os autos imediatamente conclusos, para
sentença, ao juiz, que, dentro em 5 (cinco) dias, poderá ordenar diligências para
sanar qualquer nulidade ou suprir falta que prejudique o esclarecimento da
verdade.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que se proceda, novamente, a
interrogatório do réu ou a inquirição de testemunhas e do ofendido, se não houver
presidido a esses atos na instrução criminal.
TÍTULO II
DOS PROCESSOS ESPECIAIS
CAPÍTULO I
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA
Art. 503. Nos crimes de falência fraudulenta ou culposa, a ação penal poderá ser
intentada por denúncia do Ministério Público ou por queixa do liquidatário ou de
qualquer credor habilitado por sentença passada em julgado.
Art. 504. A ação penal será intentada no juízo criminal, devendo nela funcionar o
órgão do Ministério Público que exercer, no processo da falência, a curadoria da
massa falida.
Art. 505. A denúncia ou a queixa será sempre instruída com cópia do relatório do
síndico e da ata da assembléia de credores, quando esta se tiver realizado.
Art. 506. O liquidatário ou os credores poderão intervir como assistentes em
todos os termos da ação intentada por queixa ou denúncia.
Art. 507. A ação penal não poderá iniciar-se antes de declarada a falência e
extinguir-se-á quando reformada a sentença que a tiver decretado.
Art. 508. O prazo para denúncia começará a correr do dia em que o órgão do
Ministério Público receber os papéis que deve instruí-la. Não se computará,
entretanto, naquele prazo o tempo consumido posteriormente em exames ou
diligências requeridos pelo Ministério Público ou na obtenção de cópias ou
documento necessários para oferecer a denúncia.
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Art. 509. Antes de oferecida a denúncia ou a queixa, competirá ao juiz da
falência, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do síndico, do
liquidatário ou de qualquer dos credores, ordenar inquéritos, exames ou quaisquer
outras diligências destinadas à apuração de fatos ou circunstâncias que possam
servir de fundamento à ação penal.
Art. 510. O arquivamento dos papéis, a requerimento do Ministério Público, só se
efetuará no juízo competente para o processo penal, o que não impedirá seja
intentada ação por queixa do liquidatário ou de qualquer credor.
Art. 511. No processo criminal não se conhecerá de argüição de nulidade da
sentença declaratória da falência.
Art. 512. Recebida a queixa ou a denúncia, prosseguir-se-á no processo, de
acordo com o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.
CAPÍTULO II
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE
RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
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CAPÍTULO III
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA E
INJÚRIA, DE COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR
Art. 519. No processo por crime de calúnia ou injúria, para o qual não haja outra
forma estabelecida em lei especial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III,
Título I, deste Livro, com as modificações constantes dos artigos seguintes.
Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para
se reconciliarem fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente,
sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo.
Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o juiz achar provável a
reconciliação, promoverá entendimentos entre eles, na sua presença.
Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo querelante o termo
da desistência, a queixa será arquivada.
Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato
imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de 2 (dois) dias,
podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas
naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal.
CAPÍTULO IV
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A
PROPRIEDADE IMATERIAL
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Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa
com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 (trinta)
dias, após a homologação do laudo.
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e
apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver
sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo.
Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o
prazo a que se refere o artigo anterior será de 8 (oito) dias.
CAPÍTULO V
DO PROCESSO SUMÁRIO
Art. 531. O processo das contravenções terá forma sumária, iniciando-se pelo
auto de prisão em flagrante ou mediante portaria expedida pela autoridade policial
ou pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Art. 532. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo 304
e, quando for possível, o preceito do artigo 261, sendo ouvidas, no máximo, três
testemunhas. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 4.769, de 01.10.1942)
Art. 533. Na portaria que der início ao processo, a autoridade policial ou o juiz
ordenará a citação do réu para se ver processar até julgamento final, e designará
dia e hora para a inquirição das testemunhas, cujo número não excederá de três.
§ 1º. Se for desconhecido o paradeiro do réu ou este se ocultar para evitar a
citação, esta será feita mediante edital, com o prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º. Se o processo correr perante o juiz, o órgão do Ministério Público será
cientificado do dia e da hora designados para a instrução.
§ 3º. A inquirição de testemunhas será precedida de qualificação do réu, se este
comparecer, e do respectivo termo deverá constar a declaração do domicílio, de
acordo com o disposto no artigo seguinte. Se o réu não comparecer, serão
ouvidas as testemunhas, presente o defensor que lhe for nomeado.
§ 4º. Depois de qualificado o réu, proceder-se-á à intimação a que se refere o
artigo seguinte.
Art. 534. O réu preso em flagrante, quando se livrar solto, independentemente de
fiança, ou for admitido a prestá-la, será, antes de posto em liberdade, intimado a
declarar o domicílio onde será encontrado, no lugar da sede do juízo do processo,
para o efeito de intimação.
Art. 535. Lavrado o auto de prisão em flagrante ou, no caso de processo iniciado
em virtude de portaria expedida pela autoridade policial, inquirida a última
testemunha, serão os autos remetidos ao juiz competente, no prazo de 2 (dois)
dias.
§ 1º. Se, porém, a contravenção deixar vestígios ou for necessária produção de
outras provas, a autoridade procederá desde logo às buscas, apreensões,
exames, acareações ou outras diligências necessárias.
§ 2º. Todas as diligências deverão ficar concluídas até 5 (cinco) dias após a
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inquirição da última testemunha.
Art. 536. Recebidos os autos da autoridade policial, ou prosseguindo no
processo, se tiver sido por ele iniciado, o juiz, depois de ouvido, dentro do prazo
improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas, o órgão do Ministério Público,
procederá ao interrogatório do réu.
Art. 537. Interrogado o réu, ser-lhe-á concedido, se o requerer, o prazo de 3
(três) dias para apresentar defesa, arrolar testemunhas até o máximo de três e
requerer diligências.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu, o prazo será concedido ao defensor
nomeado, se o requerer.
Art. 538. Após o tríduo para a defesa, os autos serão conclusos ao juiz, que,
depois de sanadas as nulidades, mandará proceder às diligências indispensáveis
ao esclarecimento da verdade, quer tenham sido requeridas, quer não, e marcará
para um dos 8 (oito) dias seguintes a audiência de julgamento, cientificados o
Ministério Público, o réu e seu defensor.
§ 1º. Se o réu for revel, ou não for encontrado no domicílio indicado (artigos 533,
§ 3º, e 534), bastará para a realização da audiência a intimação do defensor
nomeado ou por ele constituído.
§ 2º. Na audiência, após a inquirição das testemunhas de defesa, será dada a
palavra, sucessivamente, ao órgão do Ministério Público e ao defensor do réu ou a
este, quando tiver sido admitido a defender-se, pelo tempo de 20 (vinte) minutos
para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz, que em seguida
proferirá a sentença.
§ 3º. Se o juiz não se julgar habilitado a proferir decisão, ordenará que os autos
lhe sejam imediatamente conclusos e, no prazo de 5 (cinco) dias, dará sentença.
§ 4º. Se, inquiridas as testemunhas de defesa, o juiz reconhecer a necessidade
de acareação, reconhecimento ou outra diligência, marcará para um dos 5 (cinco)
dias seguintes a continuação do julgamento, determinando as providências que o
caso exigir.
Art. 539. Nos processos por crime a que não for, ainda que alternativamente,
cominada a pena de reclusão, recebida a queixa ou a denúncia, observado o
disposto no artigo 395, feita a intimação a que se refere o artigo 534, e ouvidas as
testemunhas arroladas pelo querelante ou pelo Ministério Público, até o máximo
de cinco, prosseguir-se-á na forma do disposto nos artigos 538 e segs.
§ 1º. A defesa poderá arrolar até cinco testemunhas.
§ 2º. Ao querelante ou ao assistente será, na audiência do julgamento, dada a
palavra pelo tempo de 20 (vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez), devendo
o primeiro falar antes do órgão do Ministério Público e o último depois.
§ 3º. Se a ação for intentada por queixa, observar-se-á o disposto no artigo 60,
III, salvo quando se tratar de crime de ação pública (artigo 29).
Art. 540. No processo sumário, observar-se-á, no que lhe for aplicável, o
disposto no Capítulo I do Título I deste Livro.
CAPÍTULO VI
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DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU
DESTRUÍDOS
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dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal.
Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos valerão pelos originais.
Art. 549. Se a autoridade policial tiver conhecimento de fato que, embora não
constituindo infração penal, possa determinar a aplicação de medida de segurança
(Código Penal, artigos 14 e 27), deverá proceder a inquérito, a fim de apurá-lo e
averiguar todos os elementos que possam interessar à verificação da
periculosidade do agente.
Art. 550. O processo será promovido pelo Ministério Público, mediante
requerimento que conterá a exposição sucinta do fato, as suas circunstâncias e
todos os elementos em que se fundar o pedido.
Art. 551. O juiz, ao deferir o requerimento, ordenará a intimação do interessado
para comparecer em juízo, a fim de ser interrogado.
Art. 552. Após o interrogatório ou dentro do prazo de 2 (dois) dias, o interessado
ou seu defensor poderá oferecer alegações.
Parágrafo único. O juiz nomeará defensor ao interessado que não o tiver.
Art. 553. O Ministério Público, ao fazer o requerimento inicial e a defesa, no
prazo estabelecido no artigo anterior, poderão requerer exames, diligências e
arrolar até três testemunhas.
Art. 554. Após o prazo de defesa ou a realização dos exames e diligências
ordenados pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes, será marcada
audiência, em que, inquiridas as testemunhas e produzidas alegações orais pelo
órgão do Ministério Público e pelo defensor, dentro de 10 (dez) minutos para cada
um, o juiz proferirá sentença.
Parágrafo único. Se o juiz não se julgar habilitado a proferir a decisão, designará,
desde logo, outra audiência, que se realizará dentro de 5 (cinco) dias, para
publicar a sentença.
Art. 555. Quando, instaurado processo por infração penal, o juiz, absolvendo ou
impronunciando o réu, reconhecer a existência de qualquer dos fatos previstos no
artigo 14 ou no artigo 27 do Código Penal, aplicar-lhe-á, se for o caso, medida de
segurança.
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TÍTULO III
DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E
DOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
CAPÍTULO I
DA INSTRUÇÃO
LIVRO III
DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL
TÍTULO I
DAS NULIDADES
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
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e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando
a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 (quinze) jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e
despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal
para o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das
suas respostas, e contradição entre estas. (Redação dada ao parágrafo único pela
Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse.
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a
todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais.
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos
processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em
flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará
sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se,
embora declare que o faz para o único fim de argüí-la. O juiz ordenará, todavia, a
suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
prejudicar direito da parte.
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas:
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II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e VII do Título II do Livro II, nos
prazos a que se refere o artigo 500;
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o artigo 537, ou, se
verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas
as partes;
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois
de aberta audiência;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o
julgamento e apregoadas as partes (artigo 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o artigo 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso
ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem.
Art. 572. As nulidades previstas no artigo 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e
IV, considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no
artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos
anteriores, serão renovados ou retificados.
§ 1º. A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam conseqüência.
§ 2º. O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
TÍTULO II
DOS RECURSOS EM GERAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver
interesse na reforma ou modificação da decisão.
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado
pelo recorrente ou por seu representante.
§ 1º. Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será assinado
por alguém, a seu rogo, na presença de duas testemunhas.
§ 2º. A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o
dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da
juntada a data da entrega.
§ 3º. Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por 10
(dez) a 30 (trinta) dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último
do prazo.
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela
interposição de um recurso por outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso
interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso
cabível.
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, artigo 25), a decisão
do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de
caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
CAPÍTULO II
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
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XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em
julgado;
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do artigo 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei
admita a revogação;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
Art. 582. Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos
casos dos nºs. V, X e XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do nºs. XIV, será para o presidente do
Tribunal de Apelação.
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
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em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este
oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do
defensor.
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao
juiz, que, dentro de 2 (dois) dias, reformará ou sustentará o seu despacho,
mandando instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por
simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo
mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos
arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei,
poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de
5 (cinco) dias da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio
dentro do mesmo prazo.
Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos
ser devolvidos, dentro de 5 (cinco) dias, ao juiz a quo.
CAPÍTULO III
DA APELAÇÃO
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§ 4º. Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido
estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança,
salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada
deserta a apelação.
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade.
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida de
segurança aplicada provisoriamente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.941,
de 22.11.1973)
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o
disposto no artigo 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de
medidas de segurança (artigos 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de
pena.
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no artigo 31, ainda que não se
tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém,
efeito suspensivo.
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de 15 (quinze)
dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.
Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado,
quer em relação a parte dele.
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado
terão o prazo de 8 (oito) dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos
de contravenção, em que o prazo será de 3 (três) dias.
§ 1º. Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de 3 (três) dias, após o
Ministério Público.
§ 2º. Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá
vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior.
§ 3º. Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão
comuns.
§ 4º. Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que
deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad
quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas
as partes pela publicação oficial. (Redação dada ao § 4º pela Lei nº 4.336, de
01.06.1964)
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância
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superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do
artigo 603, segunda parte, em que o prazo será de 30 (trinta) dias.
§ 1º. Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não
tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos
autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de 30 (trinta) dias,
contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do
prazo para a apresentação das do apelado.
§ 2º. As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o
pedido for de réu pobre ou do Ministério Público.
Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anterior, apresentados ao
tribunal ad quem ou entregues ao Correio, sob registro.
Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito Federal e
nas comarcas que forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado
dos termos essenciais do processo referidos no artigo 564, III.
Art. 604. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
CAPÍTULO IV
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI
Art. 607. O protesto por novo júri é privativo da defesa, e somente se admitirá
quando a sentença condenatória for de reclusão por tempo igual ou superior a 20
(vinte) anos, não podendo em caso algum ser feito mais uma vez.
§ 1º. Não se admitirá protesto por novo júri, quando a pena for imposta em grau
de apelação (artigo 606).
§ 2º. O protesto invalidará qualquer outro recurso interposto e será feito na forma
e nos prazos estabelecidos para interposição da apelação.
§ 3º. No novo julgamento não servirão jurados que tenham tomado parte no
primeiro.
Art. 608. O protesto por novo júri não impedirá a interposição da apelação,
quando, pela mesma sentença, o réu tiver sido condenado por outro crime, em
que não caiba aquele protesto. A apelação, entretanto, ficará suspensa, até a
nova decisão provocada pelo protesto.
CAPÍTULO V
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO
ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
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Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que
poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão,
na forma do artigo 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
matéria objeto de divergência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 1.720-B, de
03.11.1952)
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas corpus, e
nas apelações interpostas das sentenças em processo de contravenção ou de
crime a que a lei comine pena de detenção, os autos irão imediatamente com vista
ao procurador-geral pelo prazo de 5 (cinco) dias, e, em seguida, passarão, por
igual prazo, ao relator, que pedirá designação de dia para o julgamento.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoadas as
partes, com a presença destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito
e, em seguida, o presidente concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra
aos advogados ou às partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o
requerer, por igual prazo.
Art. 611. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 552, de 25.04.1969)
Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator, serão julgados na
primeira sessão.
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em processo por
crime a que a lei comine pena de reclusão, deverão ser processadas e julgadas
pela forma estabelecida no artigo 610, com as seguintes modificações:
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá igual prazo
para o exame do processo e pedirá designação de dia para o julgamento;
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora.
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de qualquer dos prazos
marcados nos artigos 610 e 613, os motivos da demora serão declarados nos
autos.
Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.
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Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento dos recursos e apelações.
CAPÍTULO VI
DOS EMBARGOS
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§ 2º. Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas
câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais
de uma, e, no caso contrário, pelo Tribunal Pleno.
§ 3º. Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais,
poderão ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o
julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento
interno. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 504, de 18.03.1969)
Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo
funcionar como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em
qualquer fase do processo.
§ 1º. O requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julgado
a sentença condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos
argüidos.
§ 2º. O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se daí não
advier dificuldade à execução normal da sentença.
§ 3º. Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao
interesse da justiça que se apensem os autos originais, indeferí-lo-á in limine,
dando recurso para as câmaras reunidas ou para o tribunal, conforme o caso
(artigo 624, parágrafo único).
§ 4º. Interposto o recurso por petição e independentemente de termo, o relator
apresentará o processo em mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar parte
na discussão.
§ 5º. Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos autos ao
procurador-geral, que dará parecer no prazo de 10 (dez) dias. Em seguida,
examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e revisor,
julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente designar.
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação
da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta
pela decisão revista.
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos
em virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de
segurança cabível.
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as
normas complementares para o processo e julgamento das revisões criminais.
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a sentença condenatória, o
juiz mandará juntá-la imediatamente aos autos, para inteiro cumprimento da
decisão.
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a
uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
Ver Doutrina: Da Responsabilidade Civil do Estado pelo Erro Judicial na Esfera Penal, de
Ernesto Lippmann.
§ 1º. Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a
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União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de
Território, ou o estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
§ 2º. A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao
próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver
de ser revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa.
CAPÍTULO VIII
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
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representação do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o
instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do secretário do
tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao presidente do
tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e
imposição da pena.
Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos artigos
588 a 592, no caso de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para
o recurso extraordinário, se deste se tratar.
Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se
desta tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver
suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
Art. 645. O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o
processo do recurso denegado.
Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.
CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na
iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo
nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar
imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual
for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:
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§ 2º. Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente,
dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública,
alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o
pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance
verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao
processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo,
este será renovado.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será
condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder,
tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das
peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu
favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1º. A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação
e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça
de coação, as razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou
não puder escrever, e a designação das respectivas residências.
§ 2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a
autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de
ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e
apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos
mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas
serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se
tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal
ou ao Tribunal de Apelação impor as multas.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário,
estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado
em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão
contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará para
que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua
apresentação, salvo:
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I - grave enfermidade do paciente;
II - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se
este não puder ser apresentado por motivo de doença.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação
ilegal, julgará prejudicado o pedido.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá,
fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º. Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo
se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2º. Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da
coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
§ 3º. Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a
prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele,
remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados
aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
§ 4º. Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de
violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
§ 5º. Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado
a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do
processo.
§ 6º. Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo
ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo
telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no artigo 289,
parágrafo único, in fine, ou por via postal.
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição
de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente
ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida,
ou primeiro tiver de reunir-se.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do artigo 654, § 1º, o presidente, se
necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por
escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará
preenchê-lo, logo que lhe for apresentada a petição.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente
entender que o habeas corpus deve ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a
petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será
julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate,
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se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate;
no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente
do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor,
ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no
artigo 289, parágrafo único, in fine.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de
sua competência originária.
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária
do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última
ou única instância, denegatórias de habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for
aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do
tribunal estabelecer as regras complementares.
LIVRO IV
DA EXECUÇÃO
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz da
sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.
Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de sua
competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe a execução.
Art. 669. Só depois de passar em julgado, será exeqüível a sentença, salvo:
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prisão por tempo igual ao da pena a que foi condenado, o relator do feito mandará
pô-lo imediatamente em liberdade, sem prejuízo do julgamento do recurso, salvo
se, no caso de crime a que a lei comine pena de reclusão, no máximo, por tempo
igual ou superior a 8 (oito) anos, o querelante ou o Ministério Público também
houver apelado da sentença condenatória.
TÍTULO II
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
CAPÍTULO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
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passará recibo da carta de guia para juntar-se aos autos do processo.
Art. 679. As cartas de guia serão registradas em livro especial, segundo a ordem
cronológica do recebimento, fazendo-se no curso da execução as anotações
necessárias.
Art. 680. Computar-se-á no tempo da pena o período em que o condenado, por
sentença irrecorrível, permanecer preso em estabelecimento diverso do destinado
ao cumprimento dela.
Art. 681. Se impostas cumulativamente penas privativas da liberdade, será
executada primeiro a de reclusão, depois a de detenção e por último a de prisão
simples.
Art. 682. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia
médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada a custódia.
§ 1º. Em caso de urgência, o diretor do estabelecimento penal poderá determinar
a remoção do sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao juiz,
que, em face da perícia médica, ratificará ou revogará a medida.
§ 2º. Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não
houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino
aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de
incapazes.
Art. 683. O diretor da prisão a que o réu tiver sido recolhido provisoriamente ou
em cumprimento de pena comunicará imediatamente ao juiz o óbito, a fuga ou a
soltura do detido ou sentenciado para que fique constando dos autos.
Parágrafo único. A certidão de óbito acompanhará a comunicação.
Art. 684. A recaptura do réu evadido não depende de prévia ordem judicial e
poderá ser efetuada por qualquer pessoa.
Art. 685. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto, imediatamente,
em liberdade, mediante alvará do juiz, no qual se ressalvará a hipótese de dever o
condenado continuar na prisão por outro motivo legal.
Parágrafo único. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o
condenado será removido para estabelecimento adequado (artigo 762).
CAPÍTULO II
DAS PENAS PECUNIÁRIAS
Art. 686. A pena de multa será paga dentro em 10 (dez) dias após haver
transitado em julgado a sentença que a impuser.
Parágrafo único. Se interposto recurso da sentença, esse prazo será contado do
dia em que o juiz ordenar o cumprimento da decisão da superior instância.
Art. 687. O juiz poderá, desde que o condenado o requeira:
I - prorrogar o prazo do pagamento da multa até 3 (três) meses, se as
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circunstâncias justificarem essa prorrogação;
II - permitir, nas mesmas circunstâncias, que o pagamento se faça em parcelas
mensais, no prazo que fixar, mediante caução real ou fidejussória, quando
necessário. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 1º. O requerimento, tanto no caso do nº I, como no do nº II, será feito dentro do
decêndio concedido para o pagamento da multa.
§ 2º. A permissão para o pagamento em parcelas será revogada, se o juiz
verificar que o condenado dela se vale para fraudar a execução da pena. Nesse
caso, a caução resolver-se-á em valor monetário, devolvendo-se ao condenado o
que exceder à satisfação da multa e das custas processuais. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 688. Findo o decêndio ou a prorrogação sem que o condenado efetue o
pagamento, ou ocorrendo a hipótese prevista no § 2º do artigo anterior, observar-
se-á o seguinte:
I - possuindo o condenado bens sobre os quais possa recair a execução, será
extraída certidão da sentença condenatória, a fim de que o Ministério Público
proceda à cobrança judicial;
II - sendo o condenado insolvente, far-se-á cobrança:
a) mediante desconto de quarta parte de sua remuneração (artigos 29, § 1º, e 37
do Código Penal), quando cumprir pena privativa da liberdade, cumulativamente
imposta com a de multa;
b) mediante desconto em seu vencimento ou salário, se, cumprida a pena
privativa da liberdade, ou concedido o livramento condicional, a multa não houver
sido resgatada;
c) mediante esse desconto, se a multa for a única pena imposta ou no caso de
suspensão condicional da pena.
§ 1º. O desconto, nos casos das letras b e c, será feito mediante ordem ao
empregador, à repartição competente ou à administração da entidade paraestatal,
e, antes de fixá-lo, o juiz requisitará informações e ordenará diligências, inclusive
arbitramento, quando necessário, para observância do artigo 37, § 3º, do Código
Penal.
§ 2º. Sob pena de desobediência e sem prejuízo da execução a que ficará
sujeito, o empregador será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo
juiz, a importância correspondente ao desconto, em selo penitenciário, que será
inutilizado nos autos pelo juiz.
§ 3º. Se o condenado for funcionário estadual ou municipal ou empregado de
entidade paraestatal, a importância do desconto será, semestralmente, recolhida
ao Tesouro Nacional, delegacia fiscal ou coletoria federal, como receita do selo
penitenciário.
§ 4º. As quantias descontadas em folha de pagamento de funcionário federal
constituirão renda do selo penitenciário.
Art. 689. A multa será convertida, à razão de dez mil-réis por dia, em detenção
ou prisão simples, no caso de crime ou de contravenção:
I - se o condenado solvente frustrar o pagamento da multa;
II - se não forem pagas pelo condenado solvente as parcelas mensais
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autorizadas sem garantia. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
§ 1º. Se o juiz reconhecer desde logo a existência de causa para a conversão, a
ela procederá de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
independentemente de audiência do condenado; caso contrário, depois de ouvir o
condenado, se encontrado no lugar da sede do juízo, poderá admitir a
apresentação de prova pela partes, inclusive testemunhal, no prazo de 3 (três)
dias.
§ 2º. O juiz, desde que transite em julgado a decisão, ordenará a expedição de
mandado de prisão ou aditamento à carta de guia, conforme esteja o condenado
solto ou em cumprimento de pena privativa da liberdade.
§ 3º. Na hipótese do inciso II deste artigo, a conversão será feita pelo valor das
parcelas não pagas. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 690. O juiz tornará sem efeito a conversão, expedindo alvará de soltura ou
cassando a ordem de prisão, se o condenado, em qualquer tempo:
I - pagar a multa;
II - prestar caução real ou fidejussória que lhe assegure o pagamento.
Parágrafo único. No caso do nº II, antes de homologada a caução, será ouvido o
Ministério Público dentro do prazo de 2 (dois) dias.
CAPÍTULO III
DAS PENAS ACESSÓRIAS
TÍTULO III
DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO
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CAPÍTULO I
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Art. 696. O juiz poderá suspender, por tempo não inferior a 2 (dois) nem superior
a 6 (seis) anos, a execução das penas de reclusão e de detenção que não
excedam a 2 (dois) anos, ou, por tempo não inferior a 1 (um) nem superior a 3
(três) anos, a execução da pena de prisão simples, desde que o sentenciado:
(Redação dada ao caput pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
I - não haja sofrido, no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro
crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no parágrafo único do artigo
46 do Código Penal; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
II - os antecedentes e a personalidade do sentenciado, os motivos e as
circunstâncias do crime autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir.
Parágrafo único. Processado o beneficiário por outro crime ou contravenção,
considerar-se-á prorrogado o prazo da suspensão da pena até o julgamento
definitivo.
Art. 697. O juiz ou tribunal, na decisão que aplicar pena privativa da liberdade
não superior a 2 (dois) anos, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a
suspensão condicional, quer a conceda quer a denegue. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 698. Concedida a suspensão, o juiz especificará as condições a que fica
sujeito o condenado, pelo prazo previsto, começando este a correr da audiência
em que se der conhecimento da sentença ao beneficiário e lhe for entregue
documento similar ao descrito no artigo 724.
§ 1º. As condições serão adequadas ao delito e à personalidade do condenado.
§ 2º. Poderão ser impostas, além das estabelecidas no artigo 767, como normas
de conduta e obrigações, as seguintes condições:
I - freqüentar curso de habilitação profissional ou de instrução escolar;
II - prestar serviços em favor da comunidade;
III - atender aos encargos de família;
IV - submeter-se a tratamento de desintoxicação.
§ 3º. O juiz poderá fixar, a qualquer tempo, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, outras condições além das especificadas na sentença e das
referidas no parágrafo anterior, desde que as circunstâncias o aconselhem.
§ 4º. A fiscalização do cumprimento das condições deverá ser regulada, nos
Estados, Territórios e Distrito Federal, por normas supletivas e atribuída a serviço
social penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares,
inspecionadas pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público ou ambos,
devendo o juiz da execução na comarca suprir, por ato, a falta das normas
supletivas.
§ 5º. O beneficiário deverá comparecer periodicamente à entidade fiscalizadora,
para comprovar a observância das condições a que está sujeito, comunicando,
também, a sua ocupação, os salários ou proventos de que vive, as economias que
conseguiu realizar e as dificuldades materiais ou sociais que enfrenta.
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§ 6º. A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao órgão de
inspeção, para os fins legais (artigos 730 e 731), qualquer fato capaz de acarretar
a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das
condições.
§ 7º. Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação ao juiz e
à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos quais deverá apresentar-
se imediatamente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 699. No caso de condenação pelo Tribunal do Júri, a suspensão condicional
da pena competirá ao seu presidente.
Art. 700. A suspensão não compreende a multa, as penas acessórias, os efeitos
da condenação nem as custas.
Art. 701. O juiz, ao conceder a suspensão, fixará, tendo em conta as condições
econômicas ou profissionais do réu, o prazo para o pagamento, integral ou em
prestações, das custas do processo e taxa penitenciária.
Art. 702. Em caso de co-autoria, a suspensão poderá ser concedida a uns e
negada a outros réus.
Art. 703. O juiz que conceder a suspensão lerá ao réu, em audiência, a sentença
respectiva, e o advertirá das conseqüências de nova infração penal e da
transgressão das obrigações impostas.
Art. 704. Quando for concedida a suspensão pela superior instância, a esta
caberá estabelecer-lhe as condições, podendo a audiência ser presidida por
qualquer membro do tribunal ou câmara, pelo juiz do processo ou por outro
designado pelo presidente do tribunal ou câmara.
Art. 705. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o
réu não comparecer à audiência a que se refere o artigo 703, a suspensão ficará
sem efeito e será executada imediatamente a pena, salvo prova de justo
impedimento, caso em que será marcada nova audiência.
Art. 706. A suspensão também ficará sem efeito se, em virtude de recurso, for
aumentada a pena de modo que exclua a concessão do benefício. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 707. A suspensão será revogada se o beneficiário:
I - é condenado, por sentença irrecorrível, a pena privativa da liberdade;
II - frustra, embora solvente, o pagamento da multa, ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a suspensão, se o beneficiário deixa de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, de observar proibições
inerentes à pena acessória, ou é irrecorrivelmente condenado a pena que não seja
privativa da liberdade; se não a revogar, deverá advertir o beneficiário, ou
exarcebar as condições ou, ainda, prorrogar o período da suspensão até o
máximo, se esse limite não foi o fixado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416,
de 24.05.1977)
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Art. 708. Expirado o prazo de suspensão ou a prorrogação, sem que tenha
ocorrido motivo de revogação, a pena privativa de liberdade será declarada
extinta.
Parágrafo único. O juiz, quando julgar necessário, requisitará, antes do
julgamento, nova folha de antecedentes do beneficiário.
Art. 709. A condenação será inscrita, com a nota de suspensão, em livros
especiais do Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere,
averbando-se, mediante comunicação do juiz ou do tribunal, a revogação da
suspensão ou a extinção da pena. Em caso de revogação, será feita a averbação
definitiva no registro geral.
§ 1º. Nos lugares onde não houver Instituto de Identificação e Estatística ou
repartição congênere, o registro e a averbação serão feitos em livro próprio no
juízo ou no tribunal.
§ 2º. O registro será secreto, salvo para efeito de informações requisitadas por
autoridade judiciária, no caso de novo processo.
§ 3º. Não se aplicará o disposto no § 2º, quando houver sido imposta ou resultar
de condenação pena acessória consistente em interdição de direitos.
CAPÍTULO II
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
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parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz.
Art. 714. O diretor do estabelecimento penal remeterá ao Conselho Penitenciário
minucioso relatório sobre:
I - o caráter do sentenciado, revelado pelos seus antecedentes e conduta na
prisão;
II - o procedimento do liberando na prisão, sua aplicação ao trabalho e seu trato
com os companheiros e funcionários do estabelecimento;
III - suas relações, quer com a família, quer com estranhos;
IV - seu grau de instrução e aptidão profissional, com a indicação dos serviços
em que haja sido empregado e da especialização anterior ou adquirida na prisão;
V - sua situação financeira, e seus propósitos quanto ao seu futuro meio de vida,
juntando o diretor, quando dada por pessoa idônea, promessa escrita de
colocação do liberando, com indicação do serviço e do salário.
Parágrafo único. O relatório será, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, remetido
ao Conselho, com o prontuário do sentenciado, e, na falta, o Conselho opinará
livremente, comunicando à autoridade competente a omissão do diretor da prisão.
Art. 715. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o livramento não
poderá ser concedido sem que se verifique, mediante exame das condições do
sentenciado, a cessação da periculosidade.
Parágrafo único. Consistindo a medida de segurança em internação em casa de
custódia e tratamento, proceder-se-á a exame mental do sentenciado.
Art. 716. A petição ou a proposta de livramento será remetida ao juiz ou ao
tribunal por ofício do presidente do Conselho Penitenciário, com a cópia do
respectivo parecer e do relatório do diretor da prisão.
§ 1º. Para emitir parecer, o Conselho poderá determinar diligências e requisitar
os autos do processo.
§ 2º. O juiz ou o tribunal mandará juntar a petição ou a proposta, com o ofício ou
documento que a acompanhar, aos autos do processo, e proferirá sua decisão,
previamente ouvido o Ministério Público.
Art. 717. Na ausência da condição prevista no artigo 710, I, o requerimento será
liminarmente indeferido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 718. Deferido o pedido, o juiz, ao especificar as condições a que ficará
subordinado o livramento, atenderá ao disposto no artigo 698, §§ 1º, 2º e 5º.
§ 1º. Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução,
remeter-se-á cópia da sentença do livramento à autoridade judiciária do lugar para
onde ele se houver transferido, e à entidade de observação cautelar e proteção.
§ 2º. O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente à
autoridade judiciária e à entidade de observação cautelar e proteção. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 719. O livramento ficará também subordinado à obrigação de pagamento
das custas do processo e da taxa penitenciária, salvo caso de insolvência
comprovada.
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Parágrafo único. O juiz poderá fixar o prazo para o pagamento integral ou em
prestações, tendo em consideração as condições econômicas ou profissionais do
liberado.
Art. 720. A forma de pagamento da multa, ainda não paga pelo liberando, será
determinada de acordo com o disposto no artigo 688.
Art. 721. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão ao
juiz da primeira instância, a fim de que determine as condições que devam ser
impostas ao liberando.
Art. 722. Concedido o livramento, será expedida carta de guia, com a cópia
integral da sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor do
estabelecimento penal e outro ao presidente do Conselho Penitenciário.
Art. 723. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente, em
dia marcado pela autoridade que deva presidí-la, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais presos, salvo
motivo relevante, pelo presidente do Conselho Penitenciário, ou pelo seu
representante junto ao estabelecimento penal, ou, na falta, pela autoridade
judiciária local;
II - o diretor do estabelecimento penal chamará a atenção do liberando para as
condições impostas na sentença de livramento;
III - o preso declarará se aceita as condições.
§ 1º. De tudo, em livro próprio, se lavrará termo, subscrito por quem presidir a
cerimônia, e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder
escrever.
§ 2º. Desse termo, se remeterá cópia ao juiz do processo.
Art. 724. Ao sair da prisão o liberado, ser-lhe-á entregue, além do saldo do seu
pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária
ou administrativa sempre que lhe for exigido. Essa caderneta conterá:
I - a reprodução da ficha de identidade, ou o retrato do liberado, sua qualificação
e sinais característicos;
II - o texto impresso dos artigos do presente capítulo;
III - as condições impostas ao liberado;
IV - a pena acessória a que esteja sujeito. (Redação dada ao inciso pela Lei nº
6.416, de 24.05.1977)
§ 1º. Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que
constem as condições do livramento e a pena acessória, podendo substituir-se a
ficha de identidade ou o retrato do liberado pela descrição dos sinais que possam
identificá-lo.(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 2º. Na caderneta e no salvo-conduto deve haver espaço para consignar o
cumprimento das condições referidas no artigo 718. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 725. A observação cautelar e proteção realizadas por serviço social
penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares, terá a
finalidade de:
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I - fazer observar o cumprimento da pena acessória, bem como das condições
especificadas na sentença concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e
auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa.
Parágrafo único. As entidades encarregadas de observação cautelar e proteção
do liberado apresentarão relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da
representação prevista nos artigos 730 e 731. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
6.416, de 24.05.1977)
Art. 726. Revogar-se-á o livramento condicional, se o liberado vier, por crime ou
contravenção, a ser condenado por sentença irrecorrível a pena privativa de
liberdade.
Art. 727. O juiz pode, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, de observar proibições
inerentes à pena acessória ou for irrecorrivelmente condenado, por crime, à pena
que não seja privativa da liberdade.
Parágrafo único. Se o juiz não revogar o livramento, deverá advertir o liberado ou
exacerbar as condições. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 728. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do
livramento, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto o
liberado, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo
das duas penas.
Art. 729. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
mesma pena, novo livramento.
Art. 730. A revogação do livramento será decretada mediante representação do
Conselho Penitenciário, ou a requerimento do Ministério Público, ou de ofício, pelo
juiz, que, antes, ouvirá o liberado, podendo ordenar diligências e permitir a
produção de prova, no prazo de 5 (cinco) dias. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 731. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou mediante
representação do Conselho Penitenciário, poderá modificar as condições ou
normas de conduta especificadas na sentença, devendo a respectiva decisão ser
lida ao liberado por uma das autoridades ou por um dos funcionários indicados no
inciso I do artigo 723, observado o disposto nos incisos II e III, e §§ 1º e 2º do
mesmo artigo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 732. Praticada pelo liberado nova infração, o juiz ou o tribunal poderá
ordenar a sua prisão, ouvido o Conselho Penitenciário, suspendendo o curso do
livramento condicional, cuja revogação ficará, entretanto, dependendo da decisão
final no novo processo.
Art. 733. O juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, do Ministério
Público, ou do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de
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liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação, ou na hipótese do
artigo anterior, for o liberado absolvido por sentença irrecorrível.
TÍTULO IV
DA GRAÇA, DO INDULTO, DA ANISTIA E DA REABILITAÇÃO
CAPÍTULO I
DA GRAÇA, DO INDULTO E DA ANISTIA
Art. 734. A graça poderá ser provocada por petição do condenado, de qualquer
pessoa do povo, do Conselho Penitenciário, ou do Ministério Público, ressalvada,
entretanto, ao Presidente da República, a faculdade de concedê-la
espontaneamente.
Art. 735. A petição de graça, acompanhada dos documentos com que o
impetrante a instruir, será remetida ao Ministro da Justiça por intermédio do
Conselho Penitenciário.
Art. 736. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo, e depois de
ouvir o diretor do estabelecimento penal a que estiver recolhido o condenado, fará,
em relatório, a narração do fato criminoso, examinará as provas, mencionará
qualquer formalidade ou circunstância omitida na petição e exporá os
antecedentes do condenado e seu procedimento depois de preso, opinando sobre
o mérito do pedido.
Art. 737. Processada no Ministério da Justiça, com os documentos e o relatório
do Conselho Penitenciário, a petição subirá a despacho do Presidente da
República, a quem serão presentes os autos do processo ou a certidão de
qualquer de suas peças, se ele o determinar.
Art. 738. Concedida a graça e junta aos autos cópia do decreto, o juiz declarará
extinta a pena ou penas, ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
de redução ou comutação de pena.
Art. 739. O condenado poderá recusar a comutação da pena.
Art. 740. Os autos da petição de graça serão arquivados no Ministério da
Justiça.
Art. 741. Se o réu for beneficiado por indulto, o juiz, de ofício ou a requerimento
do interessado, do Ministério Público ou por iniciativa do Conselho Penitenciário,
providenciará de acordo com o disposto no artigo 738.
Art. 742. Concedida a anistia após transitar em julgado a sentença condenatória,
o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, do Ministério Público ou por
iniciativa do Conselho Penitenciário, declarará extinta a pena.
CAPÍTULO II
DA REABILITAÇÃO
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Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de
4 (quatro) ou 8 (oito) anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou
reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena
principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as
comarcas em que haja residido durante aquele tempo.
Art. 744. O requerimento será instruído com:
I - certidões comprobatórias de não ter o requerente respondido, nem estar
respondendo a processo penal, em qualquer das comarcas em que houver
residido durante o prazo a que se refere o artigo anterior;
II - atestados de autoridades policiais ou outros documentos que comprovem ter
residido nas comarcas indicadas e mantido, efetivamente, bom comportamento;
III - atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas a cujo serviço
tenha estado;
IV - quaisquer outros documentos que sirvam como prova de sua regeneração;
V - prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou persistir a
impossibilidade de fazê-lo.
Art. 745. O juiz poderá ordenar as diligências necessárias para apreciação do
pedido, cercando-as do sigilo possível e, antes da decisão final, ouvirá o Ministério
Público.
Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.
Art. 747. A reabilitação, depois de sentença irrecorrível, será comunicada ao
Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere.
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na
folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo,
salvo quando requisitadas por juiz criminal.
Art. 749. Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar o pedido
senão após o decurso de 2 (dois) anos, salvo se o indeferimento tiver resultado de
falta ou insuficiência de documentos.
Art. 750. A revogação de reabilitação (Código Penal, artigo 120) será decretada
pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
TÍTULO V
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 751. Durante a execução da pena ou durante o tempo em que a ela se furtar
o condenado, poderá ser imposta medida de segurança, se:
I - o juiz ou o tribunal, na sentença:
a) omitir sua decretação, nos casos de periculosidade presumida;
b) deixar de aplicá-la ou de excluí-la expressamente;
c) declarar os elementos constantes do processo insuficientes para a imposição
ou exclusão da medida e ordenar indagações para a verificação da periculosidade
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do condenado;
II - tendo sido, expressamente, excluída na sentença a periculosidade do
condenado, novos fatos demonstrarem ser ele perigoso.
Art. 752. Poderá ser imposta medida de segurança, depois de transitar em
julgado a sentença, ainda quando não iniciada a execução da pena, por motivo
diverso de fuga ou ocultação do condenado:
I - no caso da letra a do nº I do artigo anterior, bem como no da letra b, se tiver
sido alegada a periculosidade;
II - no caso da letra c do nº I do mesmo artigo.
Art. 753. Ainda depois de transitar em julgado a sentença absolutória, poderá ser
imposta a medida de segurança, enquanto não decorrido tempo equivalente ao da
sua duração mínima, a indivíduo que a lei presuma perigoso.
Art. 754. A aplicação da medida de segurança, nos casos previstos nos artigos
751 e 752, competirá ao juiz da execução da pena, e, no caso do artigo 753, ao
juiz da sentença.
Art. 755. A imposição da medida de segurança, nos casos dos artigos 751 a 753,
poderá ser decretada de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Parágrafo único. O diretor do estabelecimento penal, que tiver conhecimento de
fatos indicativos da periculosidade do condenado a quem não tenha sido imposta
medida de segurança, deverá logo comunicá-los ao juiz.
Art. 756. Nos casos do nº I, a e b, do artigo 751, e nº I do artigo 752, poderá ser
dispensada nova audiência do condenado.
Art. 757. Nos casos do nº I, c, e nº II do artigo 751 e nº II do artigo 752, o juiz,
depois de proceder às diligências que julgar convenientes, ouvirá o Ministério
Público e concederá ao condenado o prazo de 3 (três) dias para alegações,
devendo a prova requerida ou reputada necessária pelo juiz ser produzida dentro
em 10 (dez) dias.
§ 1º. O juiz nomeará defensor ao condenado que o requerer.
§ 2º. Se o réu estiver foragido, o juiz procederá às diligências que julgar
convenientes, concedendo o prazo de provas, quando requerido pelo Ministério
Público.
§ 3º. Findo o prazo de provas, o juiz proferirá a sentença dentro de 3 (três) dias.
Art. 758. A execução da medida de segurança incumbirá ao juiz da execução da
sentença.
Art. 759. No caso do artigo 753, o juiz ouvirá o curador já nomeado ou que então
nomear, podendo mandar submeter o condenado a exame mental, internando-o,
desde logo, em estabelecimento adequado.
Art. 760. Para a verificação da periculosidade, no caso do § 3º do artigo 78 do
Código Penal, observar-se-á o disposto no artigo 757, no que for aplicável.
Art. 761. Para a providência determinada no artigo 84, § 2º, do Código Penal, se
as sentenças forem proferidas por juízes diferentes, será competente o juiz que
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tiver sentenciado por último ou a autoridade de jurisdição prevalente no caso do
artigo 82.
Art. 762. A ordem de internação, expedida para executar-se medida de
segurança detentiva, conterá:
I - a qualificação do internando;
II - o teor da decisão que tiver imposto a medida de segurança;
III - a data em que terminará o prazo mínimo da internação.
Art. 763. Se estiver solto o internando, expedir-se-á mandado de captura, que
será cumprido por oficial de justiça ou por autoridade policial.
Art. 764. O trabalho nos estabelecimentos referidos no artigo 88, § 1º, III, do
Código Penal, será educativo e remunerado, de modo que assegure ao internado
meios de subsistência, quando cessar a internação.
§ 1º. O trabalho poderá ser praticado ao ar livre.
§ 2º. Nos outros estabelecimentos, o trabalho dependerá das condições pessoais
do internado.
Art. 765. A quarta parte do salário caberá ao Estado ou, no Distrito Federal e nos
Territórios, à União, e o restante será depositado em nome do internado ou, se
este preferir, entregue à sua família.
Art. 766. A internação das mulheres será feita em estabelecimento próprio ou em
seção especial.
Art. 767. O juiz fixará as normas de conduta que serão observadas durante a
liberdade vigiada.
§ 1º. Serão normas obrigatórias, impostas ao indivíduo sujeito à liberdade
vigiada:
a) tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho;
b) não mudar do território da jurisdição do juiz, sem prévia autorização deste.
§ 2º. Poderão ser impostas ao indivíduo sujeito à liberdade vigiada, entre outras
obrigações, as seguintes:
a) não mudar de habitação sem aviso prévio ao juiz, ou à autoridade incumbida
da vigilância;
b) recolher-se cedo à habitação;
c) não trazer consigo armas ofensivas ou instrumentos capazes de ofender;
d) não freqüentar casas de bebidas ou de tavolagem, nem certas reuniões,
espetáculos ou diversões públicas.
§ 3º. Será entregue ao indivíduo sujeito à liberdade vigiada uma caderneta, de
que constarão as obrigações impostas.
Art. 768. As obrigações estabelecidas na sentença serão comunicadas à
autoridade policial.
Art. 769. A vigilância será exercida discretamente, de modo que não prejudique
o indivíduo a ela sujeito.
Art. 770. Mediante representação da autoridade incumbida da vigilância, a
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requerimento do Ministério Público ou de ofício, poderá o juiz modificar as normas
fixadas ou estabelecer outras.
Art. 771. Para execução do exílio local, o juiz comunicará sua decisão à
autoridade policial do lugar ou dos lugares onde o exilado está proibido de
permanecer ou de residir.
§ 1º. O infrator da medida será conduzido à presença do juiz que poderá mantê-
lo detido até proferir decisão.
§ 2º. Se for reconhecida a transgressão e imposta, conseqüentemente, a
liberdade vigiada, determinará o juiz que a autoridade policial providencie a fim de
que o infrator siga imediatamente para o lugar de residência por ele escolhido, e
oficiará à autoridade policial desse lugar, observando-se o disposto no artigo 768.
Art. 772. A proibição de freqüentar determinados lugares será comunicada pelo
juiz à autoridade policial, que lhe dará conhecimento de qualquer transgressão.
Art. 773. A medida de fechamento de estabelecimento ou de interdição de
associação será comunicada pelo juiz à autoridade policial, para que a execute.
Art. 774. Nos casos do parágrafo único do artigo 83 do Código Penal, ou quando
a transgressão de uma medida de segurança importar a imposição de outra,
observar-se-á o disposto no artigo 757, no que for aplicável.
Art. 775. A cessação ou não da periculosidade se verificará ao fim do prazo
mínimo de duração da medida de segurança pelo exame das condições da
pessoa a que tiver sido imposta, observando-se o seguinte:
I - o diretor do estabelecimento de internação ou a autoridade policial incumbida
da vigilância, até 1 (um) mês antes de expirado o prazo de duração mínima da
medida, se não for inferior a 1 (um) ano, ou até 15 (quinze) dias nos outros casos,
remeterá ao juiz da execução minucioso relatório, que o habilite a resolver sobre a
cessação ou permanência da medida;
II - se o indivíduo estiver internado em manicômio judiciário ou em casa de
custódia e tratamento, o relatório será acompanhado do laudo de exame pericial
feito por 2 (dois) médicos designados pelo diretor do estabelecimento;
III - o diretor do estabelecimento de internação ou a autoridade policial deverá,
no relatório, concluir pela conveniência da revogação, ou não, da medida de
segurança;
IV - se a medida de segurança for o exílio local ou a proibição de freqüentar
determinados lugares, o juiz, até 1 (um) mês ou 15 (quinze) dias antes de expirado
o prazo mínimo de duração, ordenará as diligências necessárias, para verificar se
desapareceram as causas da aplicação da medida;
V - junto aos autos o relatório, ou realizadas as diligências, serão ouvidos
sucessivamente o Ministério Público e o curador ou o defensor, no prazo de 3
(três) dias para cada um;
VI - o juiz nomeará curador ou defensor ao interessado que o não tiver;
VII - o juiz, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, poderá
determinar novas diligências, ainda que já expirado o prazo de duração mínima da
medida de segurança;
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VIII - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o número
anterior o juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 3 (três) dias.
Art. 776. Nos exames sucessivos a que se referem o § 1º, II, e § 2º do artigo 81
do Código Penal, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o disposto no artigo
anterior.
Art. 777. Em qualquer tempo, ainda durante o prazo mínimo de duração da
medida de segurança, poderá o tribunal, câmara ou turma, a requerimento do
Ministério Público ou do interessado, seu defensor ou curador, ordenar o exame,
para a verificação da cessação da periculosidade.
§ 1º. Designado o relator e ouvido o procurador-geral, se a medida não tiver sido
por ele requerida, o pedido será julgado na primeira sessão.
§ 2º. Deferido o pedido, a decisão será imediatamente comunicada ao juiz, que
requisitará, marcando prazo, o relatório e o exame a que se referem os nºs. I e II
do artigo 775 ou ordenará as diligências mencionadas no nº IV do mesmo artigo,
prosseguindo de acordo com o disposto nos outros incisos do citado artigo.
Art. 778. Transitando em julgado a sentença de revogação, o juiz expedirá
ordem para a desinternação, quando se tratar de medida detentiva, ou para que
cesse a vigilância ou a proibição, nos outros casos.
Art. 779. O confisco dos instrumentos e produtos do crime, no caso previsto no
artigo 100 do Código Penal, será decretado no despacho de arquivamento do
inquérito, na sentença de impronúncia ou na sentença absolutória.
LIVRO V
DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE
ESTRANGEIRA
TÍTULO ÚNICO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 783. As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro
da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por via diplomática, às
autoridades estrangeiras competentes.
Art. 784. As cartas rogatórias emanadas de autoridades estrangeiras
competentes não dependem de homologação e serão atendidas se encaminhadas
por via diplomática e desde que o crime, segundo a lei brasileira, não exclua a
extradição.
§ 1º. As rogatórias, acompanhadas de tradução em língua nacional, feita por
tradutor oficial ou juramentado, serão, após exequatur do presidente do Supremo
Tribunal Federal, cumpridas pelo juiz criminal do lugar onde as diligências tenham
de efetuar-se, observadas as formalidades prescritas neste Código.
§ 2º. A carta rogatória será pelo presidente do Supremo Tribunal Federal
remetida ao presidente do Tribunal de Apelação do Estado, do Distrito Federal, ou
do Território, a fim de ser encaminhada ao juiz competente.
§ 3º. Versando sobre crime de ação privada, segundo a lei brasileira, o
andamento, após o exequatur, dependerá do interessado, a quem incumbirá o
pagamento das despesas.
§ 4º. Ficará sempre na secretaria do Supremo Tribunal Federal cópia da carta
rogatória.
Art. 785. Concluídas as diligências, a carta rogatória será devolvida ao
presidente do Supremo Tribunal Federal, por intermédio do presidente do Tribunal
de Apelação, o qual, antes de devolvê-la, mandará completar qualquer diligência
ou sanar qualquer nulidade.
Art. 786. O despacho que conceder o exequatur marcará, para o cumprimento
da diligência, prazo razoável, que poderá ser excedido, havendo justa causa,
ficando esta consignada em ofício dirigido ao presidente do Supremo Tribunal
Federal, juntamente com a carta rogatória.
CAPÍTULO III
DA HOMOLOGAÇÃO DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS
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V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público.
Art. 789. O procurador-geral da República, sempre que tiver conhecimento da
existência de sentença penal estrangeira, emanada de Estado que tenha com o
Brasil tratado de extradição e que haja imposto medida de segurança pessoal ou
pena acessória que deva ser cumprida no Brasil, pedirá ao Ministro da Justiça
providências para a obtenção de elementos que o habilitem a requerer a
homologação da sentença.
§ 1º. A homologação de sentença emanada de autoridade judiciária de Estado,
que não tiver tratado de extradição com o Brasil, dependerá de requisição do
Ministro da Justiça.
§ 2º. Distribuído o requerimento de homologação, o relator mandará citar o
interessado para deduzir embargos, dentro de 10 (dez) dias, se residir no Distrito
Federal, ou 30 (trinta) dias, no caso contrário.
§ 3º. Se nesse prazo o interessado não deduzir os embargos, ser-lhe-á pelo
relator nomeado defensor, o qual dentro de 10 (dez) dias produzirá a defesa.
§ 4º. Os embargos somente poderão fundar-se em dúvida sobre a autenticidade
do documento, sobre a inteligência da sentença, ou sobre a falta de qualquer dos
requisitos enumerados nos artigos 781 e 788.
§ 5º. Contestados os embargos dentro de 10 (dez) dias, pelo procurador-geral,
irá o processo ao relator e ao revisor, observando-se no seu julgamento o
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
§ 6º. Homologada a sentença, a respectiva carta será remetida ao presidente do
Tribunal de Apelação do Distrito Federal, do Estado, ou do Território.
§ 7º. Recebida a carta de sentença, o presidente do Tribunal de Apelação a
remeterá ao juiz do lugar de residência do condenado, para a aplicação da medida
de segurança ou da pena acessória, observadas as disposições do Título II,
Capítulo III, e Título V do Livro IV deste Código.
Art. 790. O interessado na execução de sentença penal estrangeira, para a
reparação do dano, restituição e outros efeitos civis, poderá requerer ao Supremo
Tribunal Federal a sua homologação, observando-se o que a respeito prescreve o
Código de Processo Civil.
LIVRO VI
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 791. Em todos os juízos e tribunais do crime, além das audiências e sessões
ordinárias, haverá as extraordinárias, de acordo com as necessidades do rápido
andamento dos feitos.
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos
e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.
§ 1º. Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder
resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz,
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ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou
do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas,
limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
§ 2º. As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade,
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente
designada.
Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os escrivães e
os espectadores poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão quando se
dirigirem aos juízes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do
processo.
Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, perante os juízes singulares, os
advogados poderão requerer sentados.
Art. 794. A polícia das audiências e das sessões compete aos respectivos juízes
ou ao presidente do tribunal, câmara, ou turma, que poderão determinar o que for
conveniente à manutenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força pública, que
ficará exclusivamente à sua disposição.
Art. 795. Os espectadores das audiências ou das sessões não poderão
manifestar-se.
Parágrafo único. O juiz ou o presidente fará retirar da sala os desobedientes,
que, em caso de resistência, serão presos e autuados.
Art. 796. Os atos de instrução ou julgamento prosseguirão com a assistência do
defensor, se o réu se portar inconvenientemente.
Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para
domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em
período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados
em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou domingo.
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1º. Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.
§ 2º. A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será,
porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a
prova do dia em que começou a correr.
§ 3º. O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato.
§ 4º. Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou
obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
§ 5º. Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver
presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou
despacho.
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Art. 799. O escrivão, sob pena de multa de cinqüenta a quinhentos mil-réis e, na
reincidência, suspensão até 30 (dias), executará dentro do prazo de 2 (dois) dias
os atos determinados em lei ou ordenados pelo juiz.
Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos
prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos:
I - de 10 (dez) dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista;
II - de 5 (cinco) dias, se for interlocutória simples;
III - de 1 (um) dia, se se tratar de despacho de expediente.
§ 1º. Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão.
§ 2º. Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a
interposição do recurso (artigo 798, § 5º).
§ 3º. Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por
igual tempo os prazos a ele fixados neste Código.
§ 4º. O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério
Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de vista estará sujeito à
sanção estabelecida no artigo 799.
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério
Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos
quantos forem os excedidos.
Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a
perda será do dobro dos dias excedidos.
Art. 802. O desconto referido no artigo antecedente far-se-á à vista da certidão
do escrivão do processo ou do secretário do tribunal, que deverão, de ofício, ou a
requerimento de qualquer interessado, remetê-la às repartições encarregadas do
pagamento e da contagem do tempo de serviço, sob pena de incorrerem, de pleno
direito, na multa de quinhentos mil-réis, imposta por autoridade fiscal.
Art. 803. Salvo nos casos expressos em lei, é proibida a retirada de autos do
cartório, ainda que em confiança, sob pena de responsabilidade do escrivão.
Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação, qualquer incidente ou
recurso, condenará nas custas o vencido.
Art. 805. As custas serão contadas e cobradas de acordo com os regulamentos
expedidos pela União e pelos Estados.
Art. 806. Salvo o caso do artigo 32, nas ações intentadas mediante queixa,
nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a
importância das custas.
§ 1º. Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa será realizado,
sem o prévio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre.
§ 2º. A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados
pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso
interposto.
§ 3º. A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de realizar-se em virtude
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do não-pagamento de custas não implicará a nulidade do processo, se a prova de
pobreza do acusado só posteriormente foi feita.
Art. 807. O disposto no artigo anterior não obstará à faculdade atribuída ao juiz
de determinar de ofício inquirição de testemunhas ou outras diligências.
Art. 808. Na falta ou impedimento do escrivão e seu substituto, servirá pessoa
idônea, nomeada pela autoridade, perante quem prestará compromisso, lavrando
o respectivo termo.
Art. 809. A estatística judiciária criminal, a cargo do Instituto de Identificação e
Estatística ou repartições congêneres, terá por base o boletim individual, que é
parte integrante dos processos e versará sobre:
I - os crimes e as contravenções praticados durante o trimestre, com
especificação da natureza de cada um, meios utilizados e circunstâncias de tempo
e lugar;
II - as armas proibidas que tenham sido apreendidas;
III - o número de delinqüentes, mencionadas as infrações que praticaram, sua
nacionalidade, sexo, idade, filiação, estado civil, prole, residência, meios de vida e
condições econômicas, grau de instrução, religião, e condições de saúde física e
psíquica;
IV - o número dos casos de co-delinqüência;
V - a reincidência e os antecedentes judiciários;
VI - as sentenças condenatórias ou absolutórias, bem como as de pronúncia ou
de impronúncia;
VII - a natureza das penas impostas;
VIII - a natureza das medidas de segurança aplicadas;
IX - a suspensão condicional da execução da pena, quando concedida;
X - as concessões ou denegações de habeas corpus.
§ 1º. Os dados acima enumerados constituem o mínimo exigível, podendo ser
acrescidos de outros elementos úteis ao serviço da estatística criminal.
§ 2º. Esses dados serão lançados semestralmente em mapa e remetidos ao
Serviço de Estatística Demográfica Moral e Política do Ministério da Justiça.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.061, de 14.06.1995)
§ 3º. O boletim individual a que se refere este artigo é dividido em três partes
destacáveis, conforme modelo anexo a este Código, e será adotado nos Estados,
no Distrito Federal e nos Territórios. A primeira parte ficará arquivada no cartório
policial; a segunda será remetida ao Instituto de Identificação e Estatística, ou
repartição congênere; e a terceira acompanhará o processo, e, depois de passar
em julgado a sentença definitiva, lançados os dados finais, será enviada ao
referido Instituto ou repartição congênere.
Art. 810. Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.
Art. 811. Revogam-se as disposições em contrário.
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Francisco Campos
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Consolidação das Leis do Trabalho
(DOU 09.05.1943)
Art. 1º. Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais
e coletivas de trabalho, nela previstas.
Art. 2º. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviços.
§ 1º. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.
§ 2º. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.
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Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Art. 4º. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado
esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo
disposição especial expressamente consignada.
Parágrafo único. Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito
de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado
do trabalho, prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.072, de 16.06.1962)
Art. 5º. A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção
de sexo.
Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do
empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja
caracterizada a relação de emprego.
Art. 7º. Os preceitos constantes da presente Consolidação, salvo quando for, em
cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que
prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família no âmbito
residencial destas;
b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções
diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em
atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela
finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais;
c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios, e aos
respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio
de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários
públicos. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,
por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito,
principalmente do direito do trabalho e, ainda, de acordo com os usos e costumes,
o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho,
naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.
Art. 9º. Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação.
Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os
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direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 11. O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho
prescreve: (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.658, de 05.06.1998)
I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato;
II - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural.
§ 1º. O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto
anotações para fins de prova junto à Previdência Social.
§ 2º. (VETADO na Lei nº 9.658, de 05.06.1998)
§ 3º. (VETADO na Lei nº 9.658, de 05.06.1998)
Art. 12. Os preceitos concernentes ao regime de seguro social são objeto de lei
especial.
TÍTULO II
DAS NORMAS GERAIS DE TUTELA DO TRABALHO
CAPÍTULO I
DA IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
SEÇÃO I
DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 13. A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o
exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter
temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional
remunerada. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
§ 1º. O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, a quem:
I - proprietário rural ou não, trabalhe individualmente ou em regime de economia
familiar, assim entendido o trabalho dos membros da mesma família,
indispensável à própria subsistência, exercido em condições de mútua
dependência e colaboração;
II - em regime de economia familiar e sem empregado, explore área não
excedente do módulo rural ou de outro limite que venha a ser fixado, para cada
região, pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
§ 2º. A Carteira de Trabalho e Previdência Social e respectiva Ficha de
Declaração obedecerão aos modelos que o Ministério do Trabalho adotar.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
§ 3º. Nas localidades onde não for emitida a Carteira de Trabalho e Previdência
Social poderá ser admitido, até 30 (trinta) dias, o exercício de emprego ou
atividade remunerada por quem não a possua, ficando a empresa obrigada a
permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo.
(Redação dada pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
§ 4º. Na hipótese do § 3º:
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I - o empregador fornecerá ao empregado, no ato da admissão, documento do
qual constem a data da admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de
seu pagamento;
II - se o empregado ainda não possuir a carteira na data em que for dispensado,
o empregador lhe fornecerá atestado de que conste o histórico da relação
empregatícia. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
SEÇÃO II
DA EMISSÃO DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 14. A Carteira de Trabalho e Previdência Social será emitida pelas
Delegacias Regionais do Trabalho ou, mediante convênio, pelos órgãos federais,
estaduais e municipais da Administração Direta ou Indireta. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Parágrafo único. Inexistindo convênio com os órgãos indicados ou na
inexistência destes, poderá ser admitido convênio com sindicatos para o mesmo
fim. (Redação dada pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 15. Para obtenção da Carteira de Trabalho e Previdência Social o
interessado comparecerá pessoalmente ao órgão emitente, onde será identificado
e prestará as declarações necessárias. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926,
de 10.10.1969)
Art. 16. A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, além do número,
série, data de emissão e folhas destinadas às anotações pertinentes ao contrato
de trabalho e as de interesse da Previdência Social, conterá:
I - fotografia, de frente, modelo 3x4;
II - nome, filiação, data e lugar de nascimento e assinatura;
III - nome, idade e estado civil dos dependentes;
IV - número do documento de naturalização ou data da chegada ao Brasil e
demais elementos constantes da identidade de estrangeiro, quando for o caso.
Parágrafo único. A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS será
fornecida mediante a apresentação de:
a) duas fotografias com as características mencionadas no inciso I;
b) qualquer documento oficial de identificação pessoal do interessado, no qual
possam ser colhidos dados referentes ao nome completo, filiação, data e lugar de
nascimento. (Redação dada ao artigo 16 pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
Art. 17. Na impossibilidade de apresentação, pelo interessado, de documento
idôneo que o qualifique, a Carteira de Trabalho e Previdência Social será
fornecida com base em declarações verbais confirmadas por duas testemunhas,
lavrando-se na primeira folha de anotações gerais da carteira termo assinado
pelas mesmas testemunhas.
§ 1º. Tratando-se de menor de 18 anos, as declarações previstas neste artigo
serão prestadas por seu responsável legal.
§ 2º. Se o interessado não souber ou não puder assinar sua carteira, ela será
fornecida mediante impressão digital ou assinatura a rogo. (Redação dada ao
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caput e parágrafos pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 18. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989 - DOU 25.10.1989)
Art. 19. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989 - DOU 25.10.1989)
Art. 20. As anotações relativas a alteração do estado civil e aos dependentes do
portador da Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e somente em sua falta por qualquer dos
órgãos emitentes. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 21. Em caso de imprestabilidade ou esgotamento do espaço destinado a
registro e anotações, o interessado deverá obter outra carteira, conservando-se o
número e a série da anterior. (Redação dada pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
§ 1º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
§ 2º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
Art. 22. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
Art. 23. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
Art. 24. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
SEÇÃO III
DA ENTREGA DAS CARTEIRAS DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 25. As Carteiras de Trabalho e Previdência Social serão entregues aos
interessados pessoalmente, mediante recibo.
Art. 26. Os sindicatos poderão, mediante solicitação das respectivas diretorias,
incumbir-se da entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social pedidas
por seus associados e pelos demais profissionais da mesma classe.
Parágrafo único. Não poderão os sindicatos, sob pena das sanções previstas
neste Capítulo, cobrar remuneração pela entrega das Carteiras de Trabalho e
Previdência Social, cujo serviço nas respectivas sedes será fiscalizado pelas
Delegacias Regionais do Trabalho ou órgãos autorizados. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
Art. 27. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 28. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
SEÇÃO IV
DAS ANOTAÇÕES
Art. 29. A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente
apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual
terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para nela anotar, especificamente, a
data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo
facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme
instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei
LAWBOOK EDITORA
nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 1º. As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário,
qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades,
bem como a estimativa da gorjeta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 2º. As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas:
a) na data-base;
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;
c) no caso de rescisão contratual; ou
d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 3º. A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará
a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício,
comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o
processo de anotação. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 30. Os acidentes do trabalho serão obrigatoriamente anotados pelo Instituto
Nacional do Seguro Social na Carteira do acidentado. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 31. Aos portadores de Carteiras de Trabalho e Previdência Social fica
assegurado o direito de as apresentar aos órgãos autorizados, para o fim de ser
anotado o que for cabível, não podendo ser recusada a solicitação, nem cobrado
emolumento não previsto em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 32. As anotações relativas a alterações no estado civil dos portadores de
Carteiras de Trabalho e Previdência Social serão feitas mediante prova
documental. As declarações referentes aos dependentes serão registradas nas
fichas respectivas, pelo funcionário encarregado da identificação profissional, a
pedido do próprio declarante que as assinará.
Parágrafo único. As Delegacias Regionais e os órgãos autorizados deverão
comunicar à Secretaria de Emprego e Salário todas as alterações que anotarem
nas Carteiras de Trabalho e Previdência Social. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
Art. 33. As anotações nas fichas de declaração e nas Carteiras de Trabalho e
Previdência Social serão feitas seguidamente sem abreviaturas, ressalvando-se
no fim de cada assentamento, as emendas, entrelinhas e quaisquer circunstâncias
que possam ocasionar dúvidas. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 34. Tratando-se de serviço de profissionais de qualquer atividade, exercido
por empreitada individual ou coletiva, com ou sem fiscalização da outra parte
contratante, a carteira será anotada pelo respectivo sindicato profissional ou pelo
representante legal de sua cooperativa.
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Art. 35. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978)
SEÇÃO V
DAS RECLAMAÇÕES POR FALTA OU RECUSA DE ANOTAÇÕES
Art. 36. Recusando-se a empresa a fazer as anotações a que se refere o artigo
29 ou a devolver a Carteira de Trabalho e Previdência Social recebida, poderá o
empregado comparecer, pessoalmente ou por intermédio de seu sindicato,
perante a Delegacia Regional ou órgão autorizado, para apresentar reclamação.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o
Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 37. No caso do artigo 36, lavrado o termo de reclamação, determinar-se-á a
realização de diligência para instrução do feito, observado, se for o caso, o
disposto no § 2º do artigo 29, notificando-se posteriormente o reclamado por carta
registrada, caso persista a recusa, para que, em dia e hora previamente
designados, venha prestar esclarecimentos ou efetuar as devidas anotações na
Carteira de Trabalho e Previdência Social ou sua entrega.
Parágrafo único. Não comparecendo o reclamado, lavrar-se-á termo de
ausência, sendo considerado revel e confesso sobre os termos da reclamação
feita, devendo as anotações ser efetuadas por despacho da autoridade que tenha
processado a reclamação. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 38. Comparecendo o empregador e recusando-se a fazer as anotações
reclamadas, será lavrado um termo de comparecimento, que deverá conter, entre
outras indicações, o lugar, o dia e hora de sua lavratura, o nome e a residência do
empregador, assegurando-se-lhe o prazo de 48 horas, a contar do termo, para
apresentar defesa.
Parágrafo único. Findo o prazo para a defesa, subirá o processo à autoridade
administrativa de primeira instância, para se ordenarem diligências, que
completem a inscrição do feito, ou para julgamento, se o caso estiver
suficientemente esclarecido.
Art. 39. Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado versam sobre a
não existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa condição
pelos meios administrativos, será o processo encaminhado à Justiça do Trabalho
ficando, nesse caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido
lavrado.
§ 1º. Se não houver acordo, a Junta de Conciliação e Julgamento, em sua
sentença, ordenará que a Secretaria efetue as devidas anotações uma vez
transitada em julgado, e faça a comunicação à autoridade competente para o fim
de aplicar a multa cabível.
§ 2º. Igual procedimento observar-se-á no caso de processo trabalhista de
qualquer natureza, quando for verificada a falta de anotações na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, devendo o Juiz, nesta hipótese, mandar proceder,
desde logo, àquelas sobre as quais não houver controvérsia. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº
LAWBOOK EDITORA
926, de 10.10.1969)
SEÇÃO VI
DO VALOR DAS ANOTAÇÕES
Art. 40. As Carteiras de Trabalho e Previdência Social regularmente emitidas e
anotadas servirão de prova nos atos em que sejam exigidas carteiras de
identidade e especialmente: (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei 926, de 10.10.1969)
I - nos casos de dissídio na Justiça do Trabalho entre a empresa e o empregado
por motivo de salário, férias ou tempo de serviço; (Redação dada ao inciso pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
II - perante o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), para o efeito de
declaração de dependentes; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto 99.350, de 27.06.1990)
III - para cálculo de indenização por acidente do trabalho ou moléstia profissional.
(Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
SEÇÃO VII
DOS LIVROS DE REGISTRO DE EMPREGADOS
Art. 41. Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro
dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
Parágrafo único. Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador,
deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego,
duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que
interessem à proteção do trabalhador. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)
Art. 42. Os documentos de que trata o artigo 41 serão autenticados pelas
Delegacias Regionais do Trabalho, por outros órgãos autorizados ou pelo Fiscal
do Trabalho, vedada a cobrança de qualquer emolumento. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 44. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 45. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 46. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 47. A empresa que mantiver empregado não registrado nos termos do artigo
41 e seu parágrafo único incorrerá na multa de valor igual a 30 (trinta) vezes o
valor-de-referência regional, por empregado não registrado, acrescido de igual
valor em cada reincidência.
Parágrafo único. As demais infrações referentes ao registro de empregados
sujeitarão a empresa à multa de valor igual a 15 vezes o valor-de-referência
regional, dobrada na reincidência. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº
LAWBOOK EDITORA
229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 48. As multas previstas nesta Seção serão aplicadas pelas Delegacias
Regionais do Trabalho.
SEÇÃO VIII
DAS PENALIDADES
Art. 49. Para os efeitos da emissão, substituição ou anotação de Carteiras de
Trabalho e Previdência Social, considerar-se-á crime de falsidade, com as
penalidades previstas no artigo 299 do Código Penal:
I - fazer, no todo ou em parte, qualquer documento falso ou alterar o verdadeiro;
II - afirmar falsamente a sua própria identidade, filiação, lugar de nascimento,
residência, profissão ou estado civil e beneficiários, ou atestar os de outra pessoa;
III - servir-se de documentos, por qualquer forma falsificados;
IV - falsificar, fabricando ou alterando, ou vender, usar ou possuir Carteiras de
Trabalho e Previdência Social assim alteradas;
V - anotar dolosamente em Carteira de Trabalho e Previdência Social ou registro
de empregado, ou confessar ou declarar em juízo ou fora dele, data de admissão
em emprego diversa da verdadeira. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 50. Comprovando-se falsidade, quer nas declarações para emissão de
Carteira de Trabalho e Previdência Social, quer nas respectivas anotações, o fato
será levado ao conhecimento da autoridade que houver emitido a carteira, para
fins de direito.
Art. 51. Incorrerá em multa de valor igual a 90 vezes o valor-de-referência
regional aquele que, comerciante ou não, vender ou expuser à venda qualquer
tipo de carteira igual ou semelhante ao tipo oficialmente adotado. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 52. O extravio ou inutilização da Carteira de Trabalho e Previdência Social
por culpa da empresa sujeitará esta à multa de valor igual a 15 vezes o valor-de-
referência regional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969, e de
acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 53. A empresa que receber Carteira de Trabalho e Previdência Social para
anotar e a retiver por mais de 48 (quarenta e oito) horas ficará sujeita à multa de
valor igual a 15 vezes o valor-de-referência regional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 54. A empresa que, tendo sido intimada, não comparecer para anotar a
Carteira de Trabalho e Previdência Social de seu empregado, ou cujas alegações
para recusa tenham sido julgadas improcedentes, ficará sujeita à multa de valor
igual a 30 (trinta) vezes o valor-de-referência regional. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
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Art. 55. Incorrerá na multa de valor igual a 30 (trinta) vezes o valor-de-referência
regional a empresa que infringir o artigo 13 e seus parágrafos. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 56. O sindicato que cobrar remuneração pela entrega de Carteira de
Trabalho e Previdência Social ficará sujeito à multa de valor igual a 90 (noventa)
vezes o valor-de-referência regional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
CAPÍTULO II
DA DURAÇÃO DO TRABALHO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 57. Os preceitos deste capítulo aplicam-se a todas as atividades, salvo as
expressamente excluídas, constituindo exceções as disposições especiais,
concernentes estritamente a peculiaridades profissionais, constantes do Capítulo I
do Título III.
SEÇÃO II
DA JORNADA DE TRABALHO
Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer
atividade privada, não excederá de oito horas diárias, desde que não seja fixado
expressamente outro limite.
Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja
duração não exceda a vinte e cinco horas semanais.
§ 1º O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será
proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas
mesmas funções, tempo integral.
§ 2º Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita
mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em
instrumento decorrente de negociação coletiva. (NR) (Artigo acrescentado pela
Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 59. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito entre
empregador e empregado, ou mediante convenção coletiva de trabalho.
§ 1º. Do acordo ou convenção coletiva de trabalho deverá constar,
obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será,
pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) superior à da hora normal.
§ 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado
pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no
período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas,
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nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Redação dada ao
parágrafo pela Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
§ 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a
compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior,
fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas,
calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.601, de 21.01.1998)
§ 4º Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas
extras. (NR) (Parágrafo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de
26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 60. Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos
quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho" ou
que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, quaisquer
prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades
competentes em matéria de medicina do trabalho, as quais, para esse efeito,
procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e
processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades
sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento
para tal fim.
Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho
exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força
maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja
inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
§ 1º. O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente
de acordo ou convenção coletiva e deverá ser comunicado dentro de dez dias, à
autoridade competente em matéria de trabalho, ou antes desse prazo, justificado
no momento da fiscalização sem prejuízo dessa comunicação.
§ 2º. Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração
da hora excedente não será inferior à da hora normal. Nos demais casos de
excesso previsto neste artigo, a remuneração será, pelo menos, 25% (vinte e
cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de
doze horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite.
§ 3º. Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas
acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua
realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário
até o máximo de duas horas, durante o número de dias indispensáveis à
recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de dez horas diárias, em
período não superior a quarenta e cinco dias por ano, sujeita essa recuperação à
prévia autorização da autoridade competente.
Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:
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departamento ou filial.
Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados
mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança,
compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do
respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994)
Art. 63. Não haverá distinção entre empregados e interessados, e a participação
em lucros ou comissões, salvo em lucros de caráter social, não exclui o
participante do regime deste Capítulo.
Art. 64. O salário-hora normal, no caso do empregado mensalista, será obtido
dividindo-se o salário mensal correspondente à duração do trabalho, a que se
refere o artigo 58, por 30 vezes o número de horas dessa duração.
Parágrafo único. Sendo o número de dias inferior a 30, adotar-se-á para o
cálculo, em lugar desse número, o de dias de trabalho por mês.
Art. 65. No caso do empregado diarista, o salário-hora normal será obtido
dividindo-se o salário diário correspondente à duração do trabalho, estabelecida
no artigo 58, pelo número de horas de efetivo trabalho.
SEÇÃO III
DOS PERÍODOS DE DESCANSO
Art. 66. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze
horas consecutivas para descanso.
Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de vinte e
quatro horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou
necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em
parte.
Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção
quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento,
mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.
Art. 68. O trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do artigo 67, será
sempre subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de
trabalho.
Parágrafo único. A permissão será concedida a título permanente nas atividades
que, por sua natureza ou pela conveniência pública, devem ser exercidas aos
domingos, cabendo ao Ministro do Trabalho expedir instruções em que sejam
especificadas tais atividades. Nos demais casos, ela será dada sob forma
transitória, com discriminação do período autorizado, o qual, de cada vez, não
excederá de sessenta dias.
Art. 69. Na regulamentação do funcionamento de atividades sujeitas ao regime
deste capítulo, os municípios atenderão aos preceitos nele estabelecidos, e as
regras que venham a fixar não poderão contrariar tais preceitos nem as instruções
que, para seu cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em
matéria de trabalho.
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Art. 70. Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias
feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será,
no mínimo, de uma hora e, salvo acordo escrito ou convenção coletiva em
contrário, não poderá exceder de duas horas.
§ 1º. Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um
intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro horas.
§ 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º. O limite mínimo de 1 (uma) hora para repouso ou refeição poderá ser
reduzido por ato do Ministro do Trabalho quando, ouvida a Secretaria de
Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), se verificar que o estabelecimento
atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e
quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho
prorrogado a horas suplementares. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 4º. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não
for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período
correspondente com um acréscimo de no mínimo cinqüenta por cento sobre o
valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 8.923, de 27.07.1994)
Art. 72. Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou
cálculo), a cada período de noventa minutos de trabalho consecutivo
corresponderá um repouso de dez minutos não deduzidos da duração normal do
trabalho.
SEÇÃO IV
DO TRABALHO NOTURNO
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho
noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua
remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a
hora diurna.
§ 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30
segundos.
§ 2º. Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado
entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
§ 3º. O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em se tratando de
empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno
habitual, será feito tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de
natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da
natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo,
não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.
§ 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e
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noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus
parágrafos.
§ 5º. Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste capítulo.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 9.666, de 28.08.1946)
SEÇÃO V
DO QUADRO DE HORÁRIO
Art. 74. O horário do trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo
expedido pelo Ministro do Trabalho, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro
será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os empregados
de uma mesma seção ou turma.
§ 1º. O horário de trabalho será anotado em registro de empregados com a
indicação de acordos ou convenções coletivas porventura celebrados.
§ 2º. Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a
anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho,
devendo haver pré-assinalação do período de repouso. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 3º. Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos
empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder, sem
prejuízo do que dispõe o § 1º deste artigo.
SEÇÃO VI
DAS PENALIDADES
Art. 75. Os infratores dos dispositivos do presente capítulo incorrerão na multa
de 3 (três) a 300 (trezentos) valores-de-referência regionais, segundo a natureza
da infração, sua extensão e a intenção de quem a praticou, aplicada em dobro no
caso de reincidência e oposição à fiscalização ou desacato à autoridade.
(Redação do caput alterada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. São competentes para impor penalidades as Delegacias
Regionais do Trabalho.
CAPÍTULO III
DO SALÁRIO MÍNIMO
SEÇÃO I
DO CONCEITO
Art. 76. Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente
pelo empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção
de sexo, por dia normal de serviço, e capaz de satisfazer em determinada época e
região do País, às suas necessidades normais de alimentação, habitação,
vestuário, higiene e transporte.
Art. 77. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964. DOU 17.12.1964)
Art. 78. Quando o salário for ajustado por empreitada, ou convencionado por
tarefa ou peça, será garantida ao trabalhador uma remuneração diária nunca
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inferior à do salário mínimo por dia normal.
Parágrafo único. Quando o salário mínimo mensal do empregado a comissão ou
que tenha direito a percentagem for integrado por parte fixa e parte variável, ser-
lhe-á sempre garantido o salário mínimo, vedado qualquer desconto em mês
subseqüente a título de compensação. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967)
Art. 79. (Revogado pelo artigo 4º, § 1º, da Lei nº 4.589, de 11.12.1964, que
extinguiu as Comissões de Salário Mínimo)
Art. 80. Ao menor aprendiz será pago salário nunca inferior a 1/2 (meio) salário
mínimo regional durante a primeira metade da duração máxima prevista para o
aprendizado do respectivo ofício. Na segunda metade passará a perceber, pelo
menos, 2/3 (dois terços) do salário mínimo regional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967, restabelecida pela Lei nº 6.086, de 15.07.1974)
Parágrafo único. Considera-se aprendiz o menor de 12 (doze) a 18 (dezoito) anos,
sujeito à formação metódica do ofício em que exerça o seu trabalho. (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, restabelecida pela Lei nº 6.086, de
15.07.1974)
Art. 81. O salário mínimo será determinado pela fórmula Sm=a+b+c+d+e, em
que a, b, c, d e e representam, respectivamente, o valor das despesas diárias com
alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte necessários à vida de um
trabalhador adulto.
§ 1º. A parcela correspondente à alimentação terá um valor mínimo igual aos
valores da lista de provisões, constantes dos quadros devidamente aprovados e
necessários à alimentação diária do trabalhador adulto.
§ 2º. Poderão ser substituídos pelos equivalentes de cada grupo, também
mencionados nos quadros a que alude o parágrafo anterior, os alimentos, quando
as condições da região, zona ou subzona (atualmente região ou sub-região) o
aconselharem, respeitados os valores nutritivos determinados nos mesmos
quadros.
§ 3º. O Ministério do Trabalho fará, periodicamente, a revisão dos quadros a que
se refere o § 1º deste artigo.
Art. 82. Quando o empregador fornecer, in natura, uma ou mais das parcelas do
salário mínimo, o salário em dinheiro será determinado pela fórmula Sd = Sm - P,
em que Sd representa o salário em dinheiro, Sm o salário mínimo e P a soma dos
valores daquelas parcelas.
Parágrafo único. O salário mínimo pago em dinheiro não será inferior a 30%
(trinta por cento) do salário mínimo.
Art. 83. É devido o salário mínimo ao trabalhador em domicílio, considerado este
como o executado na habitação do empregado ou em oficina de família por conta
de empregador que o remunere.
SEÇÃO II
DAS REGIÕES, ZONAS E SUBZONAS
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Art. 84. (Revogado pelo artigo 1º do Decreto-Lei nº 2.351, de 07.08.1987, que
instituiu o piso nacional de salários)
Art. 85. (Revogado pelo artigo 23 da Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 86. (Revogado pelo artigo 1º do Decreto-Lei nº 2.351, de 07.08.1987, que
instituiu o piso nacional de salários)
SEÇÃO III
DA CONSTITUIÇÃO DAS COMISSÕES
Art. 87.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 88.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 89.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 90.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 91. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 92. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 93. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 94. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 95. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 96. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 97. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 98. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 99. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 100. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
SEÇÃO IV
DAS ATRIBUIÇÕES DAS COMISSÕES
Art. 101. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 102. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 103. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 104. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 105. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 106. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 107. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
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Art. 108. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 109. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 110. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 111. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
SEÇÃO V
DA FIXAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
Art. 112. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 113. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 114. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 115. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 116. (Revogado pelo Decreto-Lei 2.351, de 07.08.1987)
SEÇÃO VI
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 117. Será nulo de pleno direito, sujeitando o empregador às sanções do
artigo 120, qualquer contrato ou convenção que estipule remuneração inferior ao
salário mínimo.
Art. 118. O trabalhador a quem for pago salário inferior ao mínimo terá direito,
não obstante qualquer contrato, ou convenção em contrário, a reclamar do
empregador o complemento de seu salário mínimo.
Art. 119. Prescreve em 2 (dois) anos a ação para reaver a diferença, contados,
para cada pagamento, da data em que o mesmo tenha sido efetuado.
Art. 120. Aquele que infringir qualquer dispositivo concernente ao salário mínimo
será passível de multa de 3 (três) a 120 (cento e vinte) valores-de-referência
regionais, elevada ao dobro na reincidência. (Artigo alterado pela Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 121. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 122. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 123. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 124. A aplicação dos preceitos deste capítulo não poderá, em caso algum,
ser causa determinante da redução do salário.
Art. 125. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 126. O Ministro do Trabalho expedirá as instruções necessárias à
fiscalização do salário mínimo, podendo cometer essa fiscalização a qualquer dos
órgãos componentes do respectivo Ministério, e, bem assim, aos fiscais do
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Instituto Nacional do Seguro Social, na forma da legislação em vigor.
Art. 127. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 128. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
CAPÍTULO IV
DAS FÉRIAS ANUAIS
SEÇÃO I
DO DIREITO A FÉRIAS E DA SUA DURAÇÃO
Art. 129. Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de
férias, sem prejuízo da remuneração.
Art. 130. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de
trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5
(cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14
(quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e
três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta
e duas) faltas.
§ 1º. É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao
serviço.
§ 2º. O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de
serviço.
Art. 130-A. Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada período de
doze meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias,
na seguinte proporção:
I - dezoito dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte e duas horas,
até vinte e cinco horas;
II - dezesseis dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte horas, até
vinte e duas horas;
III - quatorze dias, para a duração do trabalho semanal superior a quinze horas,
até vinte horas;
IV - doze dias, para a duração do trabalho semanal superior a dez horas, até
quinze horas;
V - dez dias, para a duração do trabalho semanal superior a cinco horas, até dez
horas;
VI - oito dias, para a duração do trabalho semanal igual ou inferior a cinco horas.
Parágrafo único. O empregado contratado sob o regime de tempo parcial que tiver
mais de sete faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período
de férias reduzido à metade. (NR) (Artigo acrescentado pela Medida Provisória nº
1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
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Art. 131. Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do artigo
anterior, a ausência do empregado:
I - nos casos referidos no artigo 473;
II - durante o licenciamento compulsório da empregada por motivo de
maternidade ou aborto, observados os requisitos para percepção do salário-
maternidade custeado pela Previdência Social. (Redação dada ao inciso pela Lei
nº 8.921, de 25.07.1994)
III - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, excetuada a hipótese do inciso IV do artigo
133; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.726, de 05.11.1993)
IV - justificada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver
determinado o desconto do correspondente salário;
V - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou
de prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido; e
VI - nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do inciso III do
artigo 133.
Art. 132. O tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para
serviço militar obrigatório será computado no período aquisitivo, desde que ele
compareça ao estabelecimento dentro de 90 (noventa) dias da data em que se
verificar a respectiva baixa.
Art. 133. Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período
aquisitivo:
I - deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 (sessenta) dias
subsequentes à sua saída;
II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30
(trinta) dias;
III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias em
virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e
IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou
de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos.
§ 1º. A interrupção da prestação de serviços deverá ser anotada na Carteira de
Trabalho e Previdência Social.
§ 2º. Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quando o empregado,
após o implemento de qualquer das condições previstas neste artigo, retornar ao
serviço.
§ 3º. Para os fins previstos no inciso III deste artigo, a empresa comunicará ao
órgão local do Ministério do Trabalho, com antecedência mínima de quinze dias,
as datas de início e fim da paralisação total ou parcial dos serviços da empresa e,
em igual prazo, comunicará, nos mesmos termos, ao Sindicato representativo da
categoria profissional, bem como afixará aviso nos respectivos locais de trabalho.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.016, de 30.03.1995)
§ 4º. (VETADO na Lei nº 9.016, de 30.03.1995)
SEÇÃO II
DA CONCESSÃO E DA ÉPOCA DAS FÉRIAS
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Art. 134. As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período,
nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o
direito.
§ 1º. Somente em casos excepcionais serão as férias concedidas em dois
períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corridos.
§ 2º. Aos menores de 18 (dezoito) anos e aos maiores de 50 (cinqüenta) anos de
idade, as férias são sempre concedidas de uma só vez.
Art. 135. A concessão das férias será participada, por escrito, ao empregado,
com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa participação o
interessado dará recibo. (Redação dada pela Lei nº 7.414, de 09.12.1985)
§ 1º. O empregado não poderá entrar no gozo das férias sem que apresente ao
empregador sua CTPS, para que nela seja anotada a respectiva concessão.
§ 2º. A concessão das férias será, igualmente, anotada no livro ou nas fichas de
registro dos empregados.
Art. 136. A época da concessão das férias será a que melhor consulte os
interesses do empregador.
§ 1º. Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento
ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem
e se disto não resultar prejuízo para o serviço.
§ 2º. O empregado estudante menor de 18 (dezoito) anos terá direito a fazer
coincidir suas férias com as férias escolares.
Art. 137. Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o
artigo 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
§ 1º. Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as
férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença,
da época de gozo das mesmas.
§ 2º. A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo,
devida ao empregado até que seja cumprida.
§ 3º. Cópia da decisão judicial transitada em julgado será remetida ao órgão local
do Ministério do Trabalho, para fins de aplicação da multa de caráter
administrativo.
Art. 138. Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro
empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho
regularmente mantido com aquele.
SEÇÃO III
DAS FÉRIAS COLETIVAS
Art. 139. Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de
uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa.
§ 1º. As férias poderão ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum
deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos.
§ 2º. Para os fins previstos neste artigo, o empregador comunicará ao órgão local
do Ministério do Trabalho, com a antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as
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datas de início e fim das férias, precisando quais os estabelecimentos ou setores
abrangidos pela medida.
§ 3º. Em igual prazo o empregador enviará cópia da aludida comunicação aos
sindicatos representativos da respectiva categoria profissional e providenciará a
fixação de aviso nos locais de trabalho.
Art. 140. Os empregados contratados há menos de 12 (doze) meses gozarão, na
oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo.
Art. 141. Quando o número de empregados contemplados com as férias
coletivas for superior a 300 (trezentos), a empresa poderá promover, mediante
carimbo, as anotações de que trata o artigo 135, § 1º.
§ 1º. O carimbo, cujo modelo será aprovado pelo Ministério do Trabalho,
dispensará a referência ao período aquisitivo a que correspondem, para cada
empregado, as férias concedidas.
§ 2º. Adotado o procedimento indicado neste artigo, caberá à empresa fornecer
ao empregado cópia visada do recibo correspondente à quitação mencionada no
parágrafo único do artigo 145.
§ 3º. Quando da cessação do contrato de trabalho, o empregador anotará na
Carteira de Trabalho e Previdência Social as datas dos períodos aquisitivos
correspondentes às férias coletivas gozadas pelo empregado.
SEÇÃO IV
DA REMUNERAÇÃO E DO ABONO DE FÉRIAS
Art. 142. O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for
devida na data da sua concessão.
§ 1º. Quando o salário for pago por hora, com jornadas variáveis, apurar-se-á a
média do período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da concessão
das férias.
§ 2º. Quando o salário for pago por tarefa, tomar-se-á por base a média da
produção no período aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor da
remuneração da tarefa na data da concessão das férias.
§ 3º. Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-
se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem a
concessão das férias.
§ 4º. A parte do salário paga em utilidades será computada de acordo com a
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social.
§ 5º. Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso
serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das
férias.
§ 6º. Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo
adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme,
será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a
atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos
reajustamentos salariais supervenientes.
Art. 143. É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias
a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria
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devida nos dias correspondentes.
§ 1º. O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do
término do período aquisitivo.
§ 2º. Tratando-se de férias coletivas, a conversão a que se refere este artigo
deverá ser objeto de acordo coletivo entre o empregador e o sindicato
representativo da respectiva categoria profissional, independendo de requerimento
individual a concessão do abono.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos empregados sob o regime de
tempo parcial. (NR) (Parágrafo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26,
de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido
em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, da
convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário,
não integrarão a remuneração do empregado para efeitos da legislação do
trabalho. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
Art. 145. O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o abono
referido no artigo 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do
respectivo período.
Parágrafo único. O empregado dará quitação do pagamento, com indicação do
início e do término das férias.
SEÇÃO V
DOS EFEITOS DA CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Art. 146. Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa,
será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso,
correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único. Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de
serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá
direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o
artigo 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração
superior a 14 (quatorze) dias.
Art. 147. O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de
trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze)
meses de serviço, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de
férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior.
Art. 148. A remuneração das férias, ainda quando devida após a cessação do
contrato de trabalho, terá natureza salarial, para os efeitos do artigo 449.
SEÇÃO VI
DO INÍCIO DA PRESCRIÇÃO
Art. 149. A prescrição do direito de reclamar a concessão das férias ou o
pagamento da respectiva remuneração é contada do término do prazo
mencionado no artigo 134, ou, se for o caso, da cessação do contrato de trabalho.
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SEÇÃO VII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 150. O tripulante que, por determinação do armador, for transferido para o
serviço de outro, terá computado, para o efeito de gozo de férias, o tempo de
serviço prestado ao primeiro, ficando obrigado a concedê-las o armador em cujo
serviço ele se encontra na época de gozá-las.
§ 1º. As férias poderão ser concedidas, a pedido dos interessados e com
aquiescência do armador, parceladamente, nos portos de escala de grande
estadia do navio, aos tripulantes ali residentes.
§ 2º. Será considerada grande estadia a permanência no porto por prazo
excedente de seis dias.
§ 3º. Os embarcadiços, para gozarem férias nas condições deste artigo, deverão
pedi-las, por escrito, ao armador, antes do início da viagem, no porto de registro
ou armação.
§ 4º. O tripulante, ao terminar as férias, apresentar-se-á ao armador, que deverá
designá-lo para qualquer de suas embarcações ou o adir a algum dos seus
serviços terrestres, respeitadas a condição pessoal e a remuneração.
§ 5º. Em caso de necessidade, determinada pelo interesse público e comprovada
pela autoridade competente, poderá o armador ordenar a suspensão das férias já
iniciadas ou a iniciar-se, ressalvado ao tripulante o direito ao respectivo gozo
posteriormente.
§ 6º. O Delegado do Trabalho Marítimo poderá autorizar a acumulação de 2
(dois) períodos de férias do marítimo, mediante requerimento justificado:
I - do sindicato, quando se tratar de sindicalizado; e
II - da empresa, quando o empregado não for sindicalizado.
Art. 151. Enquanto não se criar um tipo especial de caderneta profissional para
os marítimos, as férias serão anotadas pela Capitania do Porto na caderneta-
matrícula do tripulante, na página das observações.
Art. 152. A remuneração do tripulante, no gozo de férias, será acrescida da
importância correspondente à etapa que estiver vencendo.
SEÇÃO VIII
DAS PENALIDADES
Art. 153. As infrações ao disposto neste Capítulo serão punidas com multas de
valor igual a 160 BTN por empregado em situação irregular.
Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à
fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a
multa será aplicada em dobro. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
CAPÍTULO V
DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO
SEÇÃO I
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DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 154. A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste
Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que,
com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos
sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos
estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções coletivas de
trabalho.
Art. 155. Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de
segurança e medicina do trabalho:
I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos
preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no artigo 200;
II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais
atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o
território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do
Trabalho;
III - conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício, das
decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de
segurança e medicina do trabalho.
Art. 156. Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos
limites de sua jurisdição:
I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina
do trabalho;
II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste
Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se
façam necessárias;
III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes
deste Capítulo, nos termos do artigo 201.
Art. 157. Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções
a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
Art. 158. Cabe aos empregados:
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delegadas a outros órgãos federais, estaduais ou municipais, atribuições de
fiscalização ou orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições
constantes deste Capítulo.
SEÇÃO II
DA INSPEÇÃO PRÉVIA E DO EMBARGO OU INTERDIÇÃO
Art. 160. Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia
inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional
competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.
§ 1º. Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial nas
instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a comunicar,
prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho.
§ 2º. É facultado às empresas solicitar prévia aprovação, pela Delegacia
Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações.
Art. 161. O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço
competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá
interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou
embargar obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência
exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de
trabalho.
§ 1º. As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às
medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho.
§ 2º. A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço competente
da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho
ou por entidade sindical.
§ 3º. Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados
recorrer, no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente
em matéria de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito
suspensivo ao recurso.
§ 4º. Responderá por desobediência, além das medidas penais cabíveis, quem,
após determinada a interdição ou embargo, ordenar ou permitir o funcionamento
do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou
equipamento, ou o prosseguimento de obra, se, em consequência, resultarem
danos a terceiros.
§ 5º. O Delegado Regional do Trabalho, independente de recurso, e após laudo
técnico do serviço competente, poderá levantar a interdição.
§ 6º. Durante a paralisação dos serviços, em decorrência da interdição ou
embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo
exercício.
SEÇÃO III
DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA E DE MEDICINA DO TRABALHO NAS
EMPRESAS
Art. 162. As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em
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segurança e em medicina do trabalho.
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo estabelecerão:
a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza
do risco de suas atividades;
b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa,
segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior;
c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de
trabalho;
d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em
segurança e em medicina do trabalho, nas empresas.
Art. 163. Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.
Parágrafo único. O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a
composição e o funcionamento das CIPAs.
Art. 164. Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos
empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na
regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior.
§ 1º. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles
designados.
§ 2º. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em
escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical,
exclusivamente os empregados interessados.
§ 3º. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano,
permitida uma reeleição.
§ 4º. O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que,
durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de
reuniões da CIPA.
§ 5º. O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o
Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente.
Art. 165. Os titulares da representação dos empregados nas CIPAs não poderão
sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em
motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Parágrafo único. Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de
reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos
motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o
empregado.
SEÇÃO IV
DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Art. 166. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos
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empregados.
Art. 167. O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado
com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.
SEÇÃO V
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE MEDICINA DO TRABALHO
Art. 168. Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas
condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem
expedidas pelo Ministério do Trabalho:
I - na admissão;
II - na demissão;
III - periodicamente.
§ 1º. O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos casos em que
serão exigíveis exames:
a) por ocasião da demissão;
b) complementares.
§ 2º. Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico,
para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a
função que deva exercer.
§ 3º. O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e
o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos.
§ 4º. O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à
prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade.
§ 5º. O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será
comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 169. Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das
produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto
de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho.
SEÇÃO VI
DAS EDIFICAÇÕES
Art. 170. As edificações deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam
perfeita segurança aos que nelas trabalhem.
Art. 171. Os locais de trabalho deverão ter, no mínimo, 3 (três) metros de pé-
direito, assim considerada a altura livre do piso ao teto
Parágrafo único. Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as
condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do
trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria
de segurança e medicina do trabalho.
Art. 172. Os pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências nem
depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de
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materiais.
Art. 173. As aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que
impeçam a queda de pessoas ou de objetos.
Art. 174. As paredes, escadas, rampas de acesso, passarelas, pisos, corredores,
coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de
segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e
manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza.
SEÇÃO VII
DA ILUMINAÇÃO
Art. 175. Em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada,
natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade.
§ 1º. A iluminação deverá ser uniformemente distribuída, geral e difusa, a fim de
evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
§ 2º. O Ministério do Trabalho estabelecerá os níveis mínimos de iluminação a
serem observados.
SEÇÃO VIII
DO CONFORTO TÉRMICO
Art. 176. Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o
serviço realizado.
Parágrafo único. A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não
preencha as condições de conforto térmico.
Art. 177. Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude
de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta
adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes
duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados
fiquem protegidos contra as radiações térmicas.
Art. 178. As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser
mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho.
SEÇÃO IX
DAS INTALAÇÕES ELÉTRICAS
Art. 179. O Ministério do Trabalho disporá sobre as condições de segurança e as
medidas especiais a serem observadas relativamente a instalações elétricas, em
qualquer das fases de produção, transmissão, distribuição ou consumo de
energia.
Art. 180. Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou
reparar instalações elétricas.
Art. 181. Os que trabalharem em serviços de eletricidade ou instalações elétricas
devem estar familiarizados com os métodos de socorro a acidentados por choque
elétrico.
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SEÇÃO X
DA MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS
Art. 182. O Ministério do Trabalho estabelecerá normas sobre:
I - as precauções de segurança na movimentação de materiais nos locais de
trabalho, os equipamentos a serem obrigatoriamente utilizados e as condições
especiais a que estão sujeitas a operação e a manutenção desses equipamentos,
inclusive exigências de pessoal habilitado;
II - as exigências similares relativas ao manuseio e à armazenagem de materiais,
inclusive quanto às condições de segurança e higiene relativas aos recipientes e
locais de armazenagem e os equipamentos de proteção individual;
III - a obrigatoriedade de indicação de carga máxima permitida nos equipamentos
de transporte, dos avisos de proibição de fumar e de advertência quanto à
natureza perigosa ou nociva à saúde das substâncias em movimentação ou em
depósito, bem como das recomendações de primeiros socorros e de atendimento
médico e símbolo de perigo, segundo padronização internacional, nos rótulos dos
materiais ou substâncias armazenados ou transportados.
Parágrafo único. As disposições relativas ao transporte de materiais aplicam-se,
também, no que couber, ao transporte de pessoas nos locais de trabalho.
Art. 183. As pessoas que trabalharem na movimentação de materiais deverão
estar familiarizadas com os métodos racionais de levantamento de cargas.
SEÇÃO XI
DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Art. 184. As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos
de partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de
acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento acidental.
Parágrafo único. É proibida a fabricação, a importação, a venda, a locação e o
uso de máquinas e equipamentos que não atendam ao disposto neste artigo.
Art. 185. Os reparos, limpeza e ajustes somente poderão ser executados com as
máquinas paradas, salvo se o movimento for indispensável à realização do ajuste.
Art. 186. O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre
proteção e medidas de segurança na operação de máquinas e equipamentos,
especialmente quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de
acesso às máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de
ferramentas, sua adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas
ou elétricas.
SEÇÃO XII
DAS CALDEIRAS, FORNOS E RECIPIENTES SOB PRESSÃO
Art. 187. As caldeiras, equipamentos e recipientes em geral que operam sob
pressão deverão dispor de válvulas e outros dispositivos de segurança, que
evitem seja ultrapassada a pressão interna de trabalho compatível com a sua
resistência.
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Parágrafo único. O Ministério do Trabalho expedirá normas complementares
quanto à segurança das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão,
especialmente quanto ao revestimento interno, à localização, à ventilação dos
locais e outros meios de eliminação de gases ou vapores prejudiciais à saúde, e
demais instalações ou equipamentos necessários à execução segura das tarefas
de cada empregado.
Art. 188. As caldeiras serão periodicamente submetidas a inspeções de
segurança, por engenheiro ou empresa especializada, inscritos no Ministério do
Trabalho, de conformidade com as instruções que, para esse fim, forem
expedidas.
§ 1º. Toda caldeira será acompanhada de "Prontuário", com documentação
original do fabricante, abrangendo, no mínimo: especificação técnica, desenhos,
detalhes, provas e testes realizados durante a fabricação e a montagem,
características funcionais e a pressão máxima de trabalho permitida (PMTP), esta
última indicada em local visível, na própria caldeira.
§ 2º. O proprietário da caldeira deverá organizar, manter atualizado e apresentar,
quando exigido pela autoridade competente, o Registro de Segurança, no qual
serão anotadas, sistematicamente, as indicações das provas efetuadas,
inspeções, reparos e quaisquer outras ocorrências.
§ 3º. Os projetos de instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão
deverão ser submetidos à aprovação prévia do órgão regional competente em
matéria de segurança do trabalho.
SEÇÃO XIII
DAS ATIVIDADES INSALUBRES OU PERIGOSAS
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,
por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Art. 190. O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações
insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade,
os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo
máximo de exposição do empregado a esses agentes.
Parágrafo único. As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção
do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides
tóxicos, irritantes, alergênicos ou incômodos.
Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:
I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
Parágrafo único. Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a
insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou
neutralização, na forma deste artigo.
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Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e
10% (dez por cento) do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo.
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.
§ 1º. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um
adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
§ 2º. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura
lhe seja devido.
Art. 194. O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de
periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade
física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do
Trabalho.
Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,
segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo
de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do
Trabalho.
§ 1º. É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais
interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em
estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou
delimitar as atividades insalubres ou perigosas.
§ 2º. Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja
por Sindicato em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado
na foma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente
do Ministério do Trabalho.
§ 3º. O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do
Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia.
Art. 196. Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de
insalubridade ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da
respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministério do Trabalho,
respeitadas as normas do artigo 11.
Art. 197. Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados
nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no
rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de
perigo correspondente, segundo padronização internacional.
Parágrafo único. Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas
neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidos, avisos ou cartazes, com
advertência quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde.
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SEÇÃO XIV
DA PREVENÇÃO DA FADIGA
Art. 198. É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado
pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao
trabalho do menor e da mulher.
Parágrafo único. Não está compreendida na proibição deste artigo a remoção de
material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou
quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais
casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empregado serviços
superiores às suas forças.
Art. 199. Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura
correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas,
sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado.
Parágrafo único. Quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados
terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço
permitir.
SEÇÃO XV
DAS OUTRAS MEDIDAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO
Art. 200. Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as
peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre:
I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual
em obras de construção, demolição ou reparos;
II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e
explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas;
III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo
quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos,
eliminação de poeiras, gases etc, e facilidades de rápida saída dos empregados;
IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas,
com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de
paredes contra fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil
circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente
sinalização;
V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no
trabalho a céu aberto com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento e
profilaxia de endemias;
VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações
ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais
ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação
ou atenuação desses efeitos, limites máximos quanto ao tempo de exposição, à
intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames
médicos obrigatórios, limites de idade, controle permanente dos locais de trabalho
e das demais exigências que se façam necessárias;
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VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências,
instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e
armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das
refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de
trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais;
VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de
perigo.
Parágrafo único. Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a
que se refere este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito
adotadas pelo órgão técnico.
SEÇÃO XVI
DAS PENALIDADES
Art. 201. As infrações ao disposto neste Capítulo relativas à medicina do
trabalho serão punidas com multa de 30 (trinta) a 300 (trezentas) vezes o valor-de-
referência previsto no artigo 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril de
1975, e as concernentes à segurança do trabalho com multa de 50 (cinqüenta) a
500 (quinhentas) vezes o mesmo valor.
Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à
fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a
multa será aplicada em seu valor máximo.
Art. 202. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 203. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 204. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 205. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 206. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 207. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 208. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 209. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 210. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 211. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 212. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 213. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 214. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 215. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 217. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
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Art. 218. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 219. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 220. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 221. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 222. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 223. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
TÍTULO III
DAS NORMAS ESPECIAIS DE TUTELA DO TRABALHO
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS SOBRE DURAÇÃO E CONDIÇÕES DE
TRABALHO
SEÇÃO I
DOS BANCÁRIOS
Art. 224. A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas
bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas contínuas nos dias
úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de
trabalho por semana. (Redação dada pela Lei nº 7.430, de 17.12.1985)
§ 1º. A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará compreendida
entre sete e vinte e duas horas, assegurando-se ao empregado, no horário diário,
um intervalo de quinze minutos para alimentação. (Redação dada pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de
direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem
outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a
um terço do salário do cargo efetivo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 754, de
11.08.1969)
Art. 225. A duração normal de trabalho dos bancários poderá ser
excepcionalmente prorrogada até oito horas diárias, não excedendo de quarenta
horas semanais, observados os preceitos gerais sobre duração do trabalho.
(Redação dada pela Lei nº 6.637, de 08.05.1979)
Art. 226. O regime especial de 6 (seis) horas de trabalho também se aplica aos
empregados de portaria e de limpeza, tais como porteiros, telefonistas de mesa,
contínuos e serventes, empregados em bancos e casas bancárias.
Parágrafo único. A direção de cada banco organizará a escala de serviço do
estabelecimento de maneira a haver empregados do quadro da portaria em função
meia hora antes e até meia hora após o encerramento dos trabalhos, respeitado o
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limite de 6 (seis) horas diárias. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.488, de
12.12.1958)
SEÇÃO II
DOS EMPREGADOS NOS SERVIÇOS DE TELEFONIA, DE TELEGRAFIA
SUBMARINA E SUBFLUVIAL, DE RADIOTELEGRAFIA E RADIOTELEFONIA
Art. 227. Nas empresas que explorem o serviço de telefonia, telegrafia
submarina ou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, fica estabelecida
para os respectivos operadores a duração máxima de seis horas contínuas de
trabalho por dia ou trinta e seis horas semanais. (Redação dada pelo Decreto-Lei
nº 6.353, de 20.03.1944)
§ 1º. Quando, em caso de indeclinável necessidade, forem os operadores
obrigados a permanecer em serviço além do período normal fixado neste artigo, a
empresa pagar-lhes-á extraordinariamente o tempo excedente com acréscimo de
50% (cinqüenta por cento) sobre o seu salário-hora normal.
§ 2º. O trabalho aos domingos, feriados e dias santos de guarda será
considerado extraordinário e obedecerá, quanto à sua execução e remuneração,
ao que dispuserem empregadores e empregados em acordo, ou os respectivos
sindicatos em convenção coletiva de trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
6.353, de 20.03.1944)
Art. 228. Os operadores não poderão trabalhar, de modo ininterrupto, na
transmissão manual, bem como na recepção visual, auditiva, com escrita manual
ou datilográfica, quando a velocidade for superior a vinte e cinco palavras por
minuto.
Art. 229. Para os empregados sujeitos a horários variáveis, fica estabelecida a
duração máxima de sete horas diárias de trabalho e dezessete horas de folga,
deduzindo-se desse tempo vinte minutos para descanço, de cada um dos
empregados, sempre que se verificar um esforço contínuo de mais de três horas.
§ 1º. São considerados empregados sujeitos a horários variáveis, além dos
operadores, cujas funções exijam classificação distinta, os que pertençam a
seções de técnica, telefones, revisão, expedição, entrega e balcão. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
§ 2º. Quanto à execução e remuneração aos domingos, feriados e dias santos de
guarda e às prorrogações de expediente, o trabalho dos empregados a que se
refere o parágrafo anterior será regido pelo que se contém no § 1º do artigo 227
desta Seção. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 6.353, de
20.03.1944)
Art. 230. A direção das empresas deverá organizar as turmas de empregados,
para a execução dos seus serviços, de maneira que prevaleça sempre o
revezamento entre os que exercem a mesma função, quer em escalas diurnas,
quer em noturnas.
§ 1º. Aos empregados que exerçam a mesma função será permitido, entre si, a
troca de turmas, desde que isso não importe em prejuízo dos serviços, cujo chefe
ou encarregado resolverá sobre a oportunidade ou possibilidade dessa medida,
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dentro das prescrições desta Seção.
§ 2º. As empresas não poderão organizar horários que obriguem os empregados
a fazer a refeição do almoço antes das 10 e depois das 13 horas e a de jantar
antes das 16 e depois das 19:30 horas.
Art. 231. As disposições desta Seção não abrangem o trabalho dos operadores
de radiotelegrafia embarcados em navios ou aeronaves.
SEÇÃO III
DOS MÚSICOS PROFISSIONAIS
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 3.857, de 22.12.1960, que regulamentou a
profissão de músico)
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 3.857, de 22.12.1960, que regulamentou a
profissão de músico)
SEÇÃO IV
DOS OPERADORES CINEMATOGRAFICOS
Art. 234. A duração normal do trabalho dos operadores cinematográficos e seus
ajudantes não excederá de seis horas diárias, assim distribuídas: (Redação dada
ao caput pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
a) cinco horas consecutivas de trabalho em cabina, durante o funcionamento
cinematográfico;
b) um período suplementar até o máximo de uma hora, para limpeza, lubrificação
dos aparelhos de projeção ou revisão de filmes.
Parágrafo único. Mediante remuneração adicional de 25% (vinte e cinco por
cento) sobre o salário da hora normal e observado um intervalo de duas horas
para folga, entre o período a que se refere a alínea "b" deste artigo e o trabalho
em cabina de que trata a alínea "a", poderá o trabalho dos operadores
cinematográficos e seus ajudantes ter a duração prorrogada por duas horas
diárias, para exibições extraordinárias.
Art. 235. Nos estabelecimentos cujo funcionamento normal seja noturno, será
facultado aos operadores cinematográficos e seus ajudantes, mediante acordo ou
contrato coletivo de trabalho e com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) sobre
o salário da hora normal, executar o trabalho em sessões diurnas extraordinárias
e, cumulativamente, nas noturnas, desde que isso se verifique até três vezes por
semana e entre as sessões diurnas e noturnas haja o intervalo de uma hora, no
mínimo, de descanso.
§ 1º. A duração de trabalho cumulativo a que alude o presente artigo não poderá
exceder de dez horas.
§ 2º. Em seguida a cada período de trabalho haverá um intervalo de repouso no
mínimo de doze horas.
SEÇÃO V
DO SERVIÇO FERROVIÁRIO
Art. 236. No serviço ferroviário - considerado este o de transporte em estradas
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de ferro abertas ao tráfego público, compreendendo a administração, construção,
conservação e remoção das vias férreas e seus edifícios, obras de arte, material
rodante, instalações complementares e acessórias, bem como o serviço do
tráfego, de telegrafia, telefonia e funcionamento de todas as instalações
ferroviárias - aplicam-se os preceitos especiais constantes desta Seção.
Art. 237. O pessoal a que se refere o artigo antecedente fica dividido nas
seguintes categorias:
a) funcionários de alta administração, chefes e ajudantes de departamentos e
seções, engenheiros residentes, chefes de depósitos, inspetores e demais
empregados que exercem funções administrativas ou fiscalizadoras;
b) pessoal que trabalhe em lugares ou trechos determinados e cujas tarefas
requeiram atenção constante; pessoal de escritório, turmas de conservação e
construção da via permanente, oficinas e estações principais, inclusive os
respectivos telegrafistas; pessoal de tração, lastro e revistadores;
c) das equipagens de trens em geral;
d) pessoal cujo serviço é de natureza intermitente ou de pouca intensidade,
embora com permanência prolongada nos locais de trabalho; vigias e pessoal das
estações do interior, inclusive os respectivos telegrafistas.
Art. 238. Será computado como de trabalho efetivo todo o tempo em que o
empregado estiver à disposição da Estrada.
§ 1º. Nos serviços efetuados pelo pessoal da categoria "c", não será considerado
como de trabalho efetivo o tempo gasto em viagens do local ou para o local de
terminação e início dos mesmos serviços.
§ 2º. Ao pessoal removido ou comissionado fora da sede será contado como de
trabalho normal e efetivo o tempo gasto em viagens, sem direito à percepção de
horas extraordinárias.
§ 3º. No caso das turmas de conservação da via permanente, o tempo efetivo do
trabalho será contado desde a hora da saída da casa da turma até a hora em que
cessar o serviço em qualquer ponto compreendido dentro dos limites da respectiva
turma. Quando o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma, ser-lhe-á
também computado como de trabalho efetivo o tempo gasto no percurso da volta
a esses limites.
§ 4º. Para o pessoal da equipagem de trens, só será considerado esse trabalho
efetivo, depois de chegado ao destino, o tempo em que o ferroviário estiver
ocupado ou retido à disposição da Estrada. Quando, entre dois períodos de
trabalho, não mediar intervalo superior a uma hora, será esse intervalo computado
como de trabalho efetivo.
§ 5º. O tempo concedido para refeição não se computa como de trabalho efetivo,
senão para o pessoal da categoria "c", quando as refeições forem tomadas em
viagem ou nas estações durante as paradas. Esse tempo não será inferior a uma
hora, exceto para o pessoal da referida categoria em serviço de trens.
§ 6º. No trabalho das turmas encarregadas da conservação de obras de arte,
linhas telegráficas ou telefônicas e edifícios, não será contado como de trabalho
efetivo o tempo de viagem para o local do serviço, sempre que não exceder de
uma hora, seja para ida ou para volta, e a Estrada fornecer os meios de
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locomoção, computando-se sempre o tempo excedente a esse limite. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 3.970, de 13.10.1961, e restabelecida pelo artigo 36 do
Decreto-Lei nº 5, de 04.04.1966)
Art. 239. Para o pessoal da categoria "c" a prorrogação do trabalho independe
de acordo ou convenção coletiva, não podendo, entretanto, exceder de doze
horas, pelo que as empresas organizarão, sempre que possível, os serviços de
equipagens de trens com destacamentos nos trechos das linhas de modo a ser
observada a duração normal de oito horas de trabalho.
§ 1º. Para o pessoal sujeito ao regime do presente artigo, depois de cada jornada
de trabalho, haverá um repouso de dez horas contínuas, no mínimo, observando-
se, outrossim, o descanso semanal.
§ 2º. Para o pessoal da equipagem de trens, a que se refere o presente artigo,
quando a empresa não fornecer alimentação, em viagem, e hospedagem, no
destino, concederá uma ajuda de custo para atender a tais despesas.
§ 3º. As escalas do pessoal abrangido pelo presente artigo serão organizadas de
modo que não caiba a qualquer empregado, quinzenalmente, um total de horas de
serviço noturno superior às de serviço diurno.
§ 4º. Os períodos de trabalho do pessoal a que alude o presente artigo serão
registrados em cadernetas especiais, que ficarão sempre em poder do
empregado, de acordo com o modelo aprovado pelo Ministro do Trabalho.
Art. 240. Nos casos de urgência ou de acidente, capazes de afetar a segurança
ou regularidade do serviço, poderá a duração do trabalho ser excepcionalmente
elevada a qualquer número de horas, incumbindo à Estrada zelar pela
incolumidade dos seus empregados e pela possibilidade de revezamento de
turmas, assegurando ao pessoal um repouso correspondente e comunicando a
ocorrência ao Ministério do Trabalho dentro de dez dias da sua verificação.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, a recusa, sem causa
justificada, por parte de qualquer empregado, à execução de serviço
extraordinário, será considerada falta grave.
Art. 241. As horas excedentes das do horário normal de oito horas serão pagas
como serviço extraordinário na seguinte base: as duas primeiras com o acréscimo
de 50% (cinqüenta por cento) sobre o salário-hora normal; as duas subsequentes
com um adicional de 50% (cinqüenta por cento) e as restantes com um adicional
de 75% (setenta e cinco por cento).
Parágrafo único. Para o pessoal da categoria "c", a primeira hora será majorada
de 50% (cinqüenta por cento), a segunda hora será paga com o acréscimo de
50% (cinqüenta por cento) e as duas subsequentes com o de 60% (sessenta por
cento), salvo caso de negligência comprovada.
Art. 242. As frações de meia hora superiores a dez minutos serão computadas
como meia hora.
Art. 243. Para os empregados de estações do interior, cujo serviço for de
natureza intermitente ou de pouca intensidade, não se aplicam os preceitos gerais
sobre duração do trabalho, sendo-lhes, entretanto, assegurado o repouso contínuo
de dez horas, no mínimo, entre dois períodos de trabalho e descanso semanal.
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Art. 244. As estradas de ferro poderão ter empregados extranumerários, de
sobreaviso e de prontidão, para executarem serviços imprevistos ou para
substituições de outros empregados que faltem à escala organizada.
§ 1º. Considera-se "extranumerário" o empregado não efetivo, candidato à
efetivação, que se apresentar normalmente ao serviço, embora só trabalhe
quando for necessário. O extranumerário só receberá os dias de trabalho efetivo.
§ 2º. Considera-se de "sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em
sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço.
Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas. As horas
de "sobreaviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço)
do salário normal. (Redação de acordo com o Decreto-Lei nº 6.353, de
20.03.1944).
§ 3º. Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da
estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze
horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3
(dois terços) do salário-hora normal.
§ 4º. Quando, no estabelecimento ou dependência em que se achar o
empregado, houver facilidade de alimentação, as doze horas de prontidão, a que
se refere o parágrafo anterior, poderão ser contínuas. Quando não existir essa
facilidade, depois de seis horas de prontidão, haverá sempre um intervalo de uma
hora para cada refeição, que não será, nesse caso, computada como de serviço.
Art. 245. O horário normal de trabalho dos cabineiros nas estações de tráfego
intenso não excederá de oito horas e deverá ser dividido em dois turnos com
intervalo não inferior a uma hora de repouso, não podendo nenhum turno ter
duração superior a cinco horas, com um período de descanso entre duas jornadas
de trabalho de quatorze horas consecutivas.
Art. 246. O horário de trabalho dos operadores telegrafistas nas estações de
tráfego intenso não excederá de 6 (seis) horas diárias.
Art. 247. As estações principais, estações de tráfego intenso e estações do
interior serão classificadas para cada empresa pelo Departamento Nacional de
Estradas de Ferro.
SEÇÃO VI
DAS EQUIPAGENS DAS EMBARCAÇÕES DA MARINHA MERCANTE
NACIONAL, DE NAVEGAÇÃO FLUVIAL E LACUSTRE, DO TRÁFEGO NOS
PORTOS E DA PESCA
Art. 248. Entre as horas 0 e 24 de cada dia civil, o tripulante poderá ser
conservado em seu posto durante oito horas, quer de modo contínuo, quer de
modo intermitente.
§ 1º. A exigência do serviço contínuo ou intermitente ficará a critério do
comandante e, neste último caso, nunca por período menor que uma hora.
§ 2º. Os serviços de quarto nas máquinas, passadiço, vigilância e outros que,
consoante parecer médico, possam prejudicar a saúde do tripulante, serão
executados por períodos não maiores e com intervalos não menores de quatro
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horas.
Art. 249. Todo o tempo de serviço efetivo, excedente de oito horas, ocupado na
forma do artigo anterior, será considerado de trabalho extraordinário, sujeito à
compensação a que se refere o artigo 250, exceto se se tratar de trabalho
executado:
a) em virtude de responsabilidade pessoal do tripulante e no desempenho de
funções de direção, sendo consideradas como tais todas aquelas que a bordo se
achem constituídas em um único indivíduo com responsabilidade exclusiva e
pessoal;
b) na iminência de perigo, para salvaguarda ou defesa da embarcação, dos
passageiros, ou da carga, a juízo exclusivo do comandante ou do responsável
pela segurança a bordo;
c) por motivo de manobras ou fainas gerais que reclamem a presença, em seus
postos, de todo o pessoal de bordo;
d) na navegação lacustre e fluvial, quando se destina ao abastecimento do navio
ou embarcação de combustível e rancho, ou por efeito das contingências da
natureza da navegação, na transposição de passos ou pontos difíceis, inclusive
operações de alívio ou transbordo de carga, para obtenção de calado menor para
essa transposição.
§ 1º. O trabalho executado aos domingos e feriados será considerado
extraordinário, salvo se se destinar:
a) ao serviço de quartos e vigilância, movimentação das máquinas e aparelhos
de bordo, limpeza e higiene da embarcação, preparo de alimentação da
equipagem e dos passageiros, serviço pessoal destes e, bem assim, aos socorros
de urgência ao navio ou ao pessoal;
b) ao fim da navegação ou das manobras para a entrada ou saída de portos,
atracação, desatracação, embarque ou desembarque de carga e passageiros.
§ 2º. Não excederá de 30 (trinta) horas semanais o serviço extraordinário
prestado para o tráfego nos portos.
Art. 250. As horas de trabalho extraordinário serão compensadas, segundo a
conveniência do serviço, por descanso em período equivalente, no dia seguinte ou
no subsequente, dentro das do trabalho normal, ou no fim da viagem, ou pelo
pagamento do salário correspondente.
Parágrafo único. As horas extraordinárias de trabalho são indivisíveis,
computando-se a fração de hora como hora inteira.
Art. 251. Em cada embarcação haverá um livro em que serão anotadas as horas
extraordinárias de trabalho de cada tripulante, e outro, do qual constarão,
devidamente circunstanciadas, as transgressões dos mesmos tripulantes.
Parágrafo único. Os livros de que trata este artigo obedecerão a modelos
organizados pelo Ministério do Trabalho, serão escriturados em dia pelo
comandante da embarcação e ficam sujeitos às formalidades instituídas para os
livros de registro de empregados em geral.
Art. 252. Qualquer tripulante que se julgue prejudicado por ordem emanada de
superior hierárquico poderá interpor recurso, em termos, perante a Delegacia do
Trabalho Marítimo, por intermédio do respectivo comandante, o qual deverá
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encaminhá-lo com a respectiva informação dentro de cinco dias, contados de sua
chegada ao porto.
SEÇÃO VII
DOS SERVIÇOS FRIGORÍFICOS
Art. 253. Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas
e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio
e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo será
assegurado um período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo
como de trabalho efetivo.
Parágrafo único. Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo,
o que for inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial
do Ministério do Trabalho, a 15º (quinze graus), na quarta zona, a 12º (doze
graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º (dez graus).
SEÇÃO VIII
DOS SERVIÇOS DE ESTIVA
Art. 254. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 255. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 256. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 257. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 258. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 259. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 260. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 261. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 262. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 263. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 264. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 265. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 266. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 267. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 268. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 269. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 270. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 271. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
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Art. 272. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 273. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 274. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 275. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 276. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 277. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 278. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 279. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 280. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 282. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 283. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 284. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
SEÇÃO IX
DOS SERVIÇOS DE CAPATAZIAS NOS PORTOS
Art. 285. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 286. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 287. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 288. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 289. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 290. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 291. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 292. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
SEÇÃO X
DO TRABALHO EM MINAS DE SUBSOLO
Art. 293. A duração normal do trabalho efetivo para os empregados em minas do
subsolo não excederá de seis horas diárias ou de trinta e seis semanais.
Art. 294. O tempo despendido pelo empregado da boca da mina ao local do
trabalho e vice-versa será computado para o efeito de pagamento do salário.
Art. 295. A duração normal do trabalho efetivo no subsolo poderá ser elevada
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até oito horas diárias ou quarenta e oito semanais, mediante acordo escrito entre
empregado e empregador ou convenção coletiva de trabalho, sujeita essa
prorrogação à prévia licença da autoridade competente em matéria de medicina
do trabalho.
Parágrafo único. A duração normal do trabalho efetivo no subsolo poderá ser
inferior a seis horas diárias, por determinação da autoridade de que trata este
artigo, tendo em vista condições locais de insalubridade e os métodos e processos
do trabalho adotado.
Art. 296. A remuneração da hora prorrogada será no mínimo 25% superior à da
hora normal e deverá constar do acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Art. 297. Ao empregado no subsolo será fornecida pelas empresas exploradoras
de minas alimentação adequada à natureza do trabalho, de acordo com as
instruções estabelecidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, e
aprovadas pelo Ministro do Trabalho.
Art. 298. Em cada período de três horas consecutivas de trabalho, será
obrigatória uma pausa de quinze minutos para repouso, a qual será computada na
duração normal de trabalho efetivo.
Art. 299. Quando nos trabalhos de subsolo ocorrer acontecimentos que possam
comprometer a vida ou saúde do empregado, deverá a empresa comunicar o fato
imediatamente à autoridade regional do trabalho, do Ministério do Trabalho.
Art. 300. Sempre que, por motivo de saúde, for necessária a transferência do
empregado, a juízo da autoridade competente em matéria de segurança e
medicina do trabalho, dos serviços no subsolo para os de superfície, é a empresa
obrigada a realizar essa transferência, assegurando ao transferido a remuneração
atribuída ao trabalhador de superfície em serviço equivalente, respeitada a
capacidade profissional do interessado. (Redação dada ao caput pela Lei nº
2.924, de 21.10.1956)
Parágrafo único. No caso de recusa do empregado em atender a essa
transferência, será ouvida a autoridade competente em matéria de segurança e
medicina do trabalho, que decidirá a respeito. (Redação dada ao parágrafo pela
Lei nº 2.924, de 21.10.1956)
Art. 301. O trabalho no subsolo somente será permitido a homens, com idade
compreendida entre vinte e um e cinqüenta anos, assegurada a transferência para
a superfície nos termos previstos no artigo anterior.
SEÇÃO XI
DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS
Art. 302. Os dispositivos da presente Seção se aplicam aos que nas empresas
jornalísticas prestem serviços como jornalistas, revisores, fotógrafos, ou na
ilustração, com as exceções nele previstas.
§ 1º. Entende-se como jornalista o trabalhador intelectual cuja função se estende
desde a busca de informações até a redação de notícias e artigos e à
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organização, orientação e direção desse trabalho.
§ 2º. Consideram-se empresas jornalísticas, para os fins desta Seção, aquelas
que têm a seu cargo a edição de jornais, revistas, boletins e periódicos, ou a
distribuição de noticiário, e, ainda, a radiodifusão em suas seções destinadas à
transmissão de notícias e comentários.
Art. 303. A duração normal do trabalho dos empregados compreendidos nesta
Seção não deverá exceder de cinco horas, tanto de dia como à noite.
Art. 304. Poderá a duração normal do trabalho ser elevada a sete horas,
mediante acordo escrito, em que se estipule aumento de ordenado,
correspondente ao excesso do tempo de trabalho, e em que se fixe um intervalo
destinado a repouso ou a refeição.
Parágrafo único. Para atender a motivos de força maior, poderá o empregado
prestar serviços para mais tempo do que aquele permitido nesta Seção. Em tais
casos, porém, o excesso deve ser comunicado às Delegacias Regionais do
Ministério do Trabalho, dentro de cinco dias, com a indicação expressa dos seus
motivos.
Art. 305. As horas de serviço extraordinário, quer as prestadas em virtude de
acordo, quer as que derivam das causas previstas no parágrafo único do artigo
anterior, não poderão ser remuneradas com quantia inferior à que resulta do
quociente da divisão da importância do salário mensal por 150 (cento e
cinqüenta), para os mensalistas, e do salário diário por 5 (cinco) para os diaristas,
acrescido de, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento).
Art. 306. Os dispositivos dos artigos 303, 304 e 305 não se aplicam àqueles que
exercem as funções de redator-chefe, secretário, subsecretário, chefe e subchefe
de revisão, chefe de oficina, de ilustração e chefe de portaria.
Parágrafo único. Não se aplicam, do mesmo modo, os artigos acima referidos
aos que se ocuparem unicamente em serviços externos.
Art. 307. A cada seis dias de trabalho efetivo corresponderá um dia de descanso
obrigatório, que coincidirá com o domingo, salvo acordo escrito em contrário, no
qual será expressamente estipulado o dia em que se deve verificar o descanso.
Art. 308. Em seguida a cada período diário de trabalho haverá um intervalo
mínimo de dez horas, destinado ao repouso.
Art. 309. Será computado como de trabalho efetivo o tempo em que o
empregado estiver à disposição do empregador.
Art. 310. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 311. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 312. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 313. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 314. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
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Art. 315. O Governo Federal, de acordo com os governos estaduais, promoverá
a criação de escolas de preparação ao jornalismo, destinadas à formação dos
profissionais da imprensa.
Art. 316. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 368, de 19.12.1968)
SEÇÃO XII
DOS PROFESSORES
Art. 317. O exercício remunerado do magistério, em estabelecimentos
particulares de ensino, exigirá apenas habilitação legal e registro no Ministério da
Educação. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 318. Num mesmo estabelecimento de ensino não poderá o professor dar,
por dia, mais de quatro aulas consecutivas, nem mais de seis, intercaladas.
Art. 319. Aos professores é vedado, aos domingos, a regência de aulas e o
trabalho em exames.
Art. 320. A remuneração dos professores será fixada pelo número de aulas
semanais, na conformidade dos horários.
§ 1º. O pagamento far-se-á mensalmente, considerando-se para este efeito cada
mês constituído de quatro semanas e meia.
§ 2º. Vencido cada mês será descontada, na remuneração dos professores, a
importância correspondente ao número de aulas a que tiverem faltado.
§ 3º. Não serão descontadas, no decurso de nove dias, as faltas verificadas por
motivo de gala ou de luto em consequência de falecimento do cônjuge, do pai ou
mãe, ou de filho.
Art. 321. Sempre que o estabelecimento de ensino tiver necessidade de
aumentar o número de aulas marcado nos horários, remunerará o professor, findo
cada mês, com uma importância correspondente ao número de aulas excedentes.
Art. 322. No período de exames e no de férias escolares, é assegurada aos
professores o pagamento, na mesma periodicidade contratual, da remuneração
por eles percebida, na conformidade dos horários, durante o período de aulas.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 9.013, de 30.03.1995)
§ 1º. Não se exigirá dos professores, no período de exames, a prestação de mais
de oito horas de trabalho diário, salvo mediante o pagamento complementar de
cada hora excedente pelo preço correspondente ao de uma aula.
§ 2º. No período de férias, não se poderá exigir dos professores outro serviço
senão o relacionado com a realização de exames.
§ 3º. Na hipótese de dispensa sem justa causa, ao término do ano letivo ou no
curso de férias escolares, é assegurado ao professor o pagamento a que se refere
o caput deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.013, de 30.03.1995)
Art. 323. Não será permitido o funcionamento do estabelecimento particular de
ensino que não remunere condignamente os seus professores ou não lhes pague
pontualmente a remuneração de cada mês.
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Parágrafo único. Compete ao Ministério da Educação e Cultura fixar os critérios
para a determinação da condigna remuneração devida aos professores, bem
como assegurar a execução do preceito estabelecido no presente artigo.
Art. 324. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
SEÇÃO XIII
DOS QUÍMICOS
Art. 325. É livre o exercício da profissão de químico em todo o território da
República, observadas as condições de capacidade técnica e outras exigências
previstas na presente Seção:
a) aos possuidores de diploma de químico, químico industrial, químico industrial
agrícola ou engenheiro químico, concedido, no Brasil, por escola oficial ou
oficialmente reconhecida;
b) aos diplomados em química por instituto estrangeiro de ensino superior, que
tenham, de acordo com a lei e a partir de 14 de julho de 1934, revalidado os seus
diplomas;
c) aos que, ao tempo da publicação do Decreto nº 24.693, de 12 de julho de
1934, se achavam no exercício efetivo de função pública ou particular, para a qual
seja exigida a qualidade de químico e que tenham requerido o respectivo registro
até a extinção do prazo fixado pelo Decreto nº 2.298, de 10 de junho de 1940.
§ 1º. Aos profissionais incluídos na alínea "c" deste artigo se dará, para os efeitos
da presente Seção, a denominação de "licenciados".
§ 2º. O livre exercício da profissão de que trata o presente artigo só é permitido a
estrangeiros, quando compreendidos:
a) nas alíneas "a" e "b", independentemente de revalidação do diploma, se
exerciam legitimamente na República, a profissão de químico à data da
promulgação da Constituição de 1934;
b) na alínea "b", se a seu favor militar a existência de reciprocidade internacional,
admitida em lei, para o reconhecimento dos respectivos diplomas;
c) na alínea "c", satisfeitas as condições nela estabelecidas.
§ 3º. O livre exercício da profissão a brasileiros naturalizados está subordinado à
prévia prestação do serviço militar, no Brasil.
§ 4º. Só aos brasileiros é permitida a revalidação dos diplomas de químicos,
expedidos por institutos estrangeiros de ensino superior.
Art. 326. Todo aquele que exercer ou pretender exercer as funções de químico é
obrigado ao uso da Carteira de Trabalho e Previdência Social, devendo os
profissionais que se encontrarem nas condições das alíneas "a" e "b" do artigo
325 registrar os seus diplomas de acordo com a legislação vigente.
§ 1º. A requisição de Carteiras de Trabalho e Previdência Social, para uso dos
químicos, além do disposto no capítulo "Da Identificação Profissional", somente
será processada mediante apresentação dos seguintes documentos que provem:
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
a) ser o requerente brasileiro ou estrangeiro;
b) estar, se for brasileiro, de posse dos direitos civis e políticos;
c) ter diploma de químico, químico industrial, químico industrial agrícola, ou
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engenheiro químico, expedido por escola superior oficial ou oficializada;
d) ter, se diplomado no estrangeiro, o respectivo diploma revalidado nos termos
da lei;
e) haver, o que for brasileiro naturalizado, prestado serviço militar no Brasil;
f) achar-se, o estrangeiro, ao ser promulgada a Constituição de 1934, exercendo
legitimamente, na República, a profissão de químico, ou concorrer a seu favor a
existência de reciprocidade internacional, admitida em lei, para o reconhecimento
dos diplomas dessa especialidade.
§ 2º. A requisição de que trata o parágrafo anterior deve ser acompanhada:
a) do diploma devidamente autenticado, no caso da alínea "b" do artigo
precedente, e com as firmas reconhecidas no país de origem e na Secretaria de
Estado das Relações Exteriores, ou da respectiva certidão, bem como do título de
revalidação, ou certidão respectiva, de acordo com a legislação em vigor;
b) do certificado ou atestado comprobatório de se achar o requerente na hipótese
da alínea "c" do referido artigo, ao tempo da publicação do Decreto nº 24.693, de
12 de julho de 1934, no exercício efetivo de função pública, ou particular, para a
qual seja exigida a qualidade de químico, devendo esses documentos ser
autenticados pelo Delegado Regional do Trabalho, quando se referirem a
requerentes moradores nas capitais dos Estados, ou coletor federal, no caso de
residirem os interessados nos municípios do interior;
c) de três exemplares de fotografia exigida pelo artigo 329 e de uma folha com as
declarações que devem ser lançadas na Carteira de Trabalho e Previdência
Social, de conformidade com o disposto nas alíneas do mesmo artigo e seu
parágrafo único.
§ 3º. (Revogado pelo artigo 15 da Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 327. (Revogado pelo artigo 26 da Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU
25.06.1956)
Art. 328. Só poderão ser admitidos a registro os diplomas, certificados de
diplomas, cartas e outros títulos, bem como atestados e certificados que estiverem
na devida forma e cujas firmas hajam sido regularmente reconhecidas por tabelião
público e, sendo estrangeiros, pela Secretaria de Estado das Relações Exteriores,
acompanhados estes últimos da respectiva tradução, feita por intérprete comercial
brasileiro.
Parágrafo único. (Revogado pelos artigos 8º e 13 da Lei nº 2.800, de 18.06.1956,
DOU 25.06.1956)
Art. 329. A cada inscrito e como documento comprobatório do registro, será
fornecida pelo Conselho Regional de Química uma Carteira de Trabalho e
Previdência Social numerada, que, além da fotografia, medindo 3 x 4 centímetros,
tirada de frente, com a cabeça descoberta, e das impressões do polegar, conterá
as declarações seguintes:
a) nome por extenso;
b) a nacionalidade e, se estrangeiro, a circunstância de ser ou não naturalizado;
c) a data e o lugar do nascimento;
d) a denominação da escola em que houver feito o curso;
e) a data da expedição do diploma e o número do registro no respectivo
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Conselho Regional de Química;
f) a data da revalidação do diploma, se de instituto estrangeiro;
g) a especificação, inclusive data, de outro título ou títulos de habilitação;
h) a assinatura do inscrito.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 330. A Carteira de Trabalho e Previdência Social, expedida nos termos
desta Seção, é obrigatória para o exercício da profissão, substitui em todos os
casos o diploma ou título e servirá de carteira de identidade. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 5.922, de 25.10.1943)
Art. 331. Nenhuma autoridade poderá receber impostos relativos ao exercício
profissional de químico, senão à vista da prova de que o interessado se acha
registrado de acordo com a presente Seção, e essa prova será também exigida
para a realização de concursos periciais e todos os outros atos oficiais que exijam
capacidade técnica de químico.
Art. 332. Quem, mediante anúncios, placas, cartões comerciais ou outros meios
capazes de ser identificados, se propuser ao exercício da química, em qualquer
dos seus ramos, sem que esteja devidamente registrado, fica sujeito às
penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão.
Art. 333. Os profissionais a que se referem os dispositivos anteriores só poderão
exercer legalmente as funções de químicos depois de satisfazerem as obrigações
constantes do artigo 330 desta Seção.
Art. 334. O exercício da profissão de químico compreende:
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químicas dirigidas, tais como: cimento, açúcar e álcool, vidro, curtume, massas
plásticas artificiais, explosivos, derivados de carvão ou de petróleo, refinação de
óleos vegetais ou minerais, sabão, celulose e derivados.
Art. 336. No preenchimento de cargos públicos, para os quais se faz mister a
qualidade de químico, ressalvadas as especializações referidas no § 2º do artigo
334, a partir da data da publicação do Decreto nº 24.693, de 12 de julho de 1934,
requer-se, como condição essencial, que os candidatos previamente hajam
satisfeito as exigências do artigo 333 desta Seção.
Art. 337. Fazem fé pública os certificados de análises químicas, pareceres,
atestados, laudos de perícias e projetos relativos a essa especialidade, assinados
por profissionais que satisfaçam as condições estabelecidas nas alíneas "a" e "b"
do artigo 325.
Art. 338. É facultado aos químicos que satisfizerem as condições contantes do
artigo 325, alíneas "a" e "b", o ensino da especialidade a que se dedicarem, nas
escolas superiores, oficiais ou oficializadas.
Parágrafo único. Na hipótese de concurso para o provimento de cargo ou
emprego público, os químicos a que este artigo se refere terão preferência, em
igualdade de condições.
Art. 339. O nome do químico responsável pela fabricação dos produtos de uma
fábrica, usina ou laboratório deverá figurar nos respectivos rótulos, faturas e
anúncios, compreendida entre estes últimos a legenda impressa em cartas e
sobrecartas.
Art. 340. Somente os químicos habilitados, nos termos do artigo 325, alíneas "a"
e "b", poderão ser nomeados ex-officio para os exames periciais de fábricas,
laboratórios e usinas e de produtos aí fabricados.
Parágrafo único. Não se acham compreendidos no artigo anterior os produtos
farmacêuticos e os laboratórios de produtos farmacêuticos.
Art. 341. Cabe aos químicos habilitados, conforme estabelece o artigo 325,
alíneas "a" e "b", a execução de todos os serviços que, não especificados no
presente regulamento, exijam por sua natureza o conhecimento de química.
Art. 342. (Revogado pela Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 343. São atribuições dos órgãos de fiscalização:
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firmas ou empresas industriais ou comerciais, em cujos serviços tome parte um ou
mais profissionais que desempenhem função para a qual se deva exigir a
qualidade de químico.
Art. 344. (Revogado implicitamente pela Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU
25.06.1956)
Art. 345. Verificando-se, pelo Ministério do Trabalho, serem falsos os diplomas
ou outros títulos dessa natureza, atestados, certificados e quaisquer documentos
exibidos para os fins de que trata esta Seção, incorrerão os seus autores e
cúmplices nas penalidades estabelecidas em lei.
Parágrafo único. A falsificação de diploma ou outros quaisquer títulos, uma vez
verificada, implicará a instauração, pelo respectivo Conselho Regional de Química,
do processo que no caso couber. (Redação conforme a Lei nº 2.800, de
18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 346. Será suspenso do exercício de suas funções, independentemente de
outras penas em que possa incorrer, o químico, inclusive o licenciado, que incidir
em alguma das seguintes faltas:
a) revelar improbidade profissional, dar falso testemunho, quebrar sigilo
profissional e promover falsificações, referentes à prática de atos de que trata esta
Seção;
b) concorrer com seus conhecimentos científicos para a prática de crime ou
atentado contra a pátria, a ordem social ou a saúde pública;
c) deixar, no prazo marcado nesta Seção, de requerer a revalidação e registro do
diploma estrangeiro, ou o seu registro profissional no respectivo Conselho
Regional de Química.
Parágrafo único. O tempo de suspensão a que alude este artigo variará entre um
mês e um ano, a critério do Conselho Regional de Química, após processo
regular, ressalvada a ação da justiça pública. (Redação do artigo conforme a Lei
nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 347. Aqueles que exercerem a profissão de químico sem ter preenchido as
condições do artigo 325 e suas alíneas, nem promovido o seu registro, nos termos
do artigo 326, incorrerão na multa de 4 (quatro) valores de referência a 100 (cem)
valores de referência regionais, que será elevada ao dobro, no caso de
reincidência. (Redação dada pela Lei nº 6.205, de 29.04.1975)
Art. 348. Aos licenciados a que alude o § 1º do artigo 325, poderão, por ato do
respectivo Conselho Regional de Química, sujeito à aprovação do Conselho
Federal de Química, ser cassadas as garantias asseguradas por esta Seção,
desde que interrompam, por motivo de falta prevista no artigo 346, a função
pública ou particular em que se encontravam por ocasião da publicação do
Decreto nº 24.693, de 12 de julho de 1943.
Art. 349. O número de químicos estrangeiros a serviço de particulares, empresas
ou companhias não poderá exceder de 1/3 ao dos profissionais brasileiros
compreendidos nos respectivos quadros.
Art. 350. O químico que assumir a direção técnica ou cargo de químico de
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qualquer usina, fábrica, ou laboratório industrial ou de análise deverá, dentro de 24
horas e por escrito, comunicar essa ocorrência ao órgão fiscalizador, contraindo,
desde essa data, a responsabilidade da parte técnica referente à sua profissão,
assim como a responsabilidade técnica dos produtos manufaturados.
§ 1º. Firmando-se contrato entre o químico e o proprietário da usina, fábrica ou
laboratório, será esse documento apresentado, dentro do prazo de 30 dias, para
registro, ao órgão fiscalizador.
§ 2º. Comunicação idêntica à de que trata a primeira parte deste artigo fará o
químico, quando deixar a direção técnica ou o cargo de químico, em cujo exercício
se encontrava, a fim de ressalvar a sua responsabilidade e fazer-se o
cancelamento do contrato. Em caso de falência do estabelecimento, a
comunicação será feita pela firma proprietária.
SEÇÃO XIV
DAS PENALIDADES
Art. 351. Os infratores dos dispositivos do presente capítulo incorrerão na multa
de 3 (três) a 300 (trezentos) valores-de-referência regionais segundo a natureza
da infração, sua extensão e a intenção de quem a praticou, aplicada em dobro no
caso de reincidência, oposição à fiscalização ou desacato à autoridade. (Redação
dada ao caput pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. São competentes para impor penalidades as autoridades de
primeira instância incumbidas de fiscalização dos preceitos constantes do
presente capítulo.
CAPÍTULO II
DA NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO
SEÇÃO I
DA PROPORCIONALIDADE DE EMPREGADOS BRASILEIROS
Art. 352. As empresas, individuais ou coletivas, que explorem serviços públicos
dados em concessão, ou que exerçam atividades industriais ou comerciais, são
obrigadas a manter, no quadro do seu pessoal, quando composto de três ou mais
empregados, uma proporção de brasileiros não inferior à estabelecida no presente
capítulo.
§ 1º. Sob a denominação geral de atividades industriais e comerciais
compreendem-se, além de outras que venham a ser determinadas em portaria do
Ministro do Trabalho, as exercidas:
a) nos estabelecimentos industriais em geral;
b) nos serviços de comunicações, de transportes terrestres, marítimos, fluviais,
lacustres e aéreos;
c) nas garagens, oficinas de reparos e postos de abastecimento de automóveis e
nas cocheiras;
d) na indústria da pesca;
e) nos estabelecimentos comerciais em geral;
f) nos escritórios comerciais em geral;
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g) nos estabelecimentos bancários, ou de economia coletiva, nas empresas de
seguros e nas de capitalização;
h) nos estabelecimentos jornalísticos, de publicidade e de radiodifusão;
i) nos estabelecimentos de ensino remunerado, excluídos os que neles
trabalhem por força de voto religioso;
j) nas drogarias e farmácias;
k) nos salões de barbeiro ou cabeleireiro e de beleza;
l) nos estabelecimentos de diversões públicas, excluídos os elencos teatrais, e
nos clubes esportivos;
m) nos hotéis, restaurantes, bares e estabelecimentos congêneres;
n) nos estabelecimentos hospitalares e fisioterápicos cujos serviços sejam
remunerados, excluídos os que neles trabalhem por força de voto religioso;
o) nas empresas de mineração.
p) nas autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais
órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, que tenham em seus quadros
de pessoal empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
§ 2º. Não se acham sujeitas às obrigações da proporcionalidade as indústrias
rurais, as que, em zona agrícola, se destinem ao beneficiamento ou transformação
de produtos da região e as atividades industriais de natureza extrativa, salvo a
mineração.
Art. 353. Equiparam-se aos brasileiros, para os fins deste capítulo, ressalvado o
exercício de profissões reservadas aos brasileiros natos ou aos brasileiros em
geral, os estrangeiros que, residindo no país há mais de dez anos, tenham
cônjuge ou filho brasileiro, e os portugueses. (Redação de acordo com a Lei nº
6.651, de 23.05.1979).
Art. 354. A proporcionalidade será de dois terços de empregados brasileiros,
podendo, entretanto, ser fixada proporcionalidade inferior, em atenção às
circunstâncias especiais de cada atividade, mediante ato do Poder Executivo, e
depois de devidamente apurada pela Secretaria de Mão-de-Obra a insuficiência
do número de brasileiros na atividade de que se tratar.
Parágrafo único. A proporcionalidade é obrigatória não só em relação à
totalidade do quadro de empregados, com as exceções desta lei, como ainda em
relação à correspondente folha de salário.
Art. 355. Consideram-se como estabelecimentos autônomos, para os efeitos da
proporcionalidade a ser observada, as sucursais, filiais e agências em que
trabalhem três ou mais empregados.
Art. 356. Sempre que uma empresa ou indivíduo explore atividades sujeitas a
proporcionalidades diferentes, observar-se-á, em relação a cada uma delas, a que
lhe corresponder.
Art. 357. Não se compreendem na proporcionalidade os empregados que
exerçam funções técnicas especializadas, desde que, a juízo do Ministério do
Trabalho, haja falta de trabalhadores nacionais.
Art. 358. Nenhuma empresa, ainda que não sujeita à proporcionalidade, poderá
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pagar a brasileiro que exerça função análoga, a juízo do Ministério do Trabalho, à
que é exercida por estrangeiro a seu serviço, salário inferior ao deste, excetuando-
se os casos seguintes:
a) quando, nos estabelecimentos que não tenham quadros de empregados
organizados em carreira, o brasileiro contar menos de dois anos de serviço, e o
estrangeiro mais de dois anos;
b) quando, mediante aprovação do Ministério do Trabalho, houver quadro
organizado em carteira em que seja garantido o acesso por antigüidade;
c) quando o brasileiro for aprendiz, ajudante ou servente, e não o for o
estrangeiro;
d) quando a remuneração resultar de maior produção, para os que trabalham à
comissão ou por tarefa.
Parágrafo único. Nos casos de falta ou cessação de serviço, a dispensa do
empregado estrangeiro deve preceder à de brasileiro que exerça função análoga.
SEÇÃO II
DAS RELAÇÕES ANUAIS DE EMPREGADOS
Art. 359. Nenhuma empresa poderá admitir a seu serviço empregado estrangeiro
sem que este exiba a carteira de identidade de estrangeiro devidamente anotada.
Parágrafo único. A empresa é obrigada a assentar no registro de empregados os
dados referentes à nacionalidade de qualquer empregado estrangeiro e o número
de respectiva carteira de identidade.
Art. 360. Toda empresa compreendida na enumeração do artigo 352, § 1º, deste
capítulo, qualquer que seja o número de seus empregados, deve apresentar
anualmente às repartições competentes do Ministério do Trabalho, de 2 de maio a
30 de junho, uma relação, em duas vias, de todos os seus empregados, segundo
o modelo que for expedido. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 6.353, de
20.03.1944)
§ 1º. Nas relações será assinalada, em tinta vermelha, a modificação havida com
referência à última relação apresentada. Se se tratar de nova empresa, a relação,
encimada pelos dizeres - Primeira Relação - deverá ser feita dentro de 30 dias de
seu registro no Departamento Nacional da Indústria e Comércio ou repartições
competentes.
§ 2º. A entrega das relações far-se-á diretamente às repartições competentes do
Ministério do Trabalho, ou, onde não as houver, às Coletorias Federais, que as
remeterão desde logo àquelas repartições. A entrega operar-se-á contra recibo
especial, cuja exibição é obrigatória, em caso de fiscalização, enquanto não for
devolvida ao empregador a via autenticada da declaração.
§ 3º. Quando não houver empregado far-se-á declaração negativa.
Art. 361. Apurando-se, das relações apresentadas, qualquer infração, será
concedido ao infrator o prazo de dez dias para defesa, seguindo-se o despacho
pela autoridade competente.
Art. 362. As repartições às quais competir a fiscalização do disposto no presente
capítulo manterão fichário especial de empresas, do qual constem as anotações
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referentes ao respectivo cumprimento, e fornecerão aos interessados as certidões
de quitação que se tornarem necessárias, no prazo de trinta dias, contados da
data do pedido.
§ 1º. As certidões de quitação farão prova até 30 de setembro do ano seguinte
àquele a que se referirem e estarão sujeitas à taxa correspondente a 1/10 (um
décimo) do valor de referência. Sem elas nenhum fornecimento ou contrato
poderá ser feito com o Governo da União, dos Estados ou Municípios, ou com as
instituições paraestatais a eles subordinadas, nem será renovada autorização a
empresa estrangeira para funcionar no país.
§ 2º. A primeira via da relação, depois de considerada pela repartição
fiscalizadora, será remetida anualmente à Secretaria do Emprego e Salário (SES),
como subsídio ao estudo das condições de mercado de trabalho, de um modo
geral, e, em particular, no que se refere à mão-de-obra qualificada.
§ 3º. A segunda via da relação será devolvida à empresa, devidamente
autenticada. (Redação do caput e parágrafos de acordo com o Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967).
SEÇÃO III
DAS PENALIDADES
Art. 363. O processo das infrações do presente capítulo obedecerá ao disposto
no título "Do Processo de Multas Administrativas", no que lhe for aplicável, com
observância dos modelos de auto a serem expedidos.
Art. 364. As infrações do presente capítulo serão punidas com a multa de 6
(seis) a 600 (seiscentos) valores regionais de referência. (Redação dada ao caput
pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. Em se tratando de empresa concessionária de serviço público,
ou de sociedade estrangeira autorizada a funcionar no país, se a infratora, depois
de multada, não atender afinal ao cumprimento do texto infringido, pode ser-lhe
cassada a concessão ou autorização.
SEÇÃO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 365. O presente capítulo não derroga as restrições vigentes quanto às
exigências de nacionalidade brasileira para o exercício de determinadas
profissões, nem as que vigoram para as faixas de fronteiras, na conformidade da
respectiva legislação.
Art. 366. (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.08.1980)
Art. 367. A redução a que se refere o artigo 354, enquanto a Secretaria de Mão-
de-Obra não dispuser dos dados estatísticos necessários à fixação da
proporcionalidade conveniente para cada atividade, poderá ser feita por ato do
Ministro do Trabalho, mediante representação fundamentada da associação
sindical.
Parágrafo único. A Secretaria de Mão-de-Obra deverá promover, e manter em
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dia, estudos necessários aos fins do presente capítulo.
SEÇÃO V
DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DA MARINHA
MERCANTE
Art. 368. O comando de navio mercante nacional só poderá ser exercido por
brasileiro.
Art. 369. A tripulação de navio ou embarcação nacional será constituída, pelo
menos, de dois terços de brasileiros natos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos navios nacionais de
pesca, sujeitos à legislação específica. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.863,
de 21.07.1971)
Art. 370. As empresas de navegação organizarão as relações dos tripulantes
das respectivas embarcações, enviando-as no prazo a que se refere a Seção II
deste capítulo à Delegacia do Trabalho Marítimo onde as mesmas tiverem sede.
Parágrafo único. As relações a que alude o presente artigo obecederão, na
discriminação hierárquica e funcional do pessoal embarcadiço, ao quadro
aprovado pelo regulamento das Capitanias dos Portos.
Art. 371. A presente Seção é também aplicável aos serviços de navegação
fluvial e lacustre e à praticagem nas barras, portos, rios, lagos e canais.
CAPÍTULO III
DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER
SEÇÃO I
DA DURAÇÃO, CONDIÇÕES DO TRABALHO E DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA
A MULHER
Art. 372. Os preceitos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao
trabalho feminino, naquilo em que não colidirem com a proteção especial instituída
por este capítulo.
Parágrafo único. Não é regido pelos dispositivos a que se refere este artigo o
trabalho nas oficinas em que sirvam exclusivamente pessoas da família da mulher
e esteja esta sob a direção do esposo, do pai, da mãe, do tutor ou do filho.
Art. 373. A duração normal do trabalho da mulher será de oito horas diárias,
exceto nos casos para os quais for fixada duração inferior.
Art. 373A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções
que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado:
I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo,
à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a ser
exercida, pública e notoriamente, assim o exigir;
II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de
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sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza
da atividade seja notória e publicamente incompatível;
III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável
determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de
ascensão profissional;
IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de
esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego;
V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de inscrição
ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo, idade,
cor, situação familiar ou estado de gravidez;
VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção de medidas
temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre
homens e mulheres, em particular as que se destinam a corrigir as distorções que
afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as condições gerais de
trabalho da mulher. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU
27.05.1999)
Art. 374. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 375. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 376. Somente em casos excepcionais, por motivo de força maior, poderá a
duração do trabalho diurno elevar-se além do limite legal ou convencionado, até o
máximo de doze horas, e o salário-hora será, pelo menos, 50% (cinqüenta por
cento) superior ao da hora normal. (Redação de acordo com a Constituição
Federal de 1988, artigo 7º, XVI)
Parágrafo único. A prorrogação extraordinária de que trata este artigo deverá ser
comunicada por escrito à autoridade competente, dentro do prazo de quarenta e
oito horas.
Art. 377. A adoção de medidas de proteção ao trabalho das mulheres é
considerada de ordem pública, não justificando, em hipótese alguma, a redução
de salário.
Art. 378. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
SEÇÃO II
DO TRABALHO NOTURNO
Art. 379. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 380. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 381. O trabalho noturno das mulheres terá salário superior ao diurno.
§ 1º. Para os fins deste artigo, os salários serão acrescidos de uma percentagem
adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo.
§ 2º. Cada hora do período noturno de trabalho das mulheres terá cinqüenta e
dois minutos e trinta segundos.
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SEÇÃO III
DOS PERÍODOS DE DESCANSO
Art. 382. Entre duas jornadas de trabalho, haverá um intervalo de onze horas
consecutivas, no mínimo, destinado ao repouso.
Art. 383. Durante a jornada de trabalho, será concedido à empregada um
período para refeição e repouso não inferior a uma hora nem superior a duas
horas, salvo a hipótese prevista no artigo 71, § 3º.
Art. 384. Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um
descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período
extraordinário do trabalho.
Art. 385. O descanso semanal será de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas e
coincidirá no todo ou em parte com o domingo, salvo motivo de conveniência
pública ou necessidade imperiosa de serviço, a juízo da autoridade competente,
na forma das disposições gerais, caso em que recairá em outro dia.
Parágrafo único. Observar-se-ão, igualmente, os preceitos da legislação geral
sobre a proibição de trabalho nos feriados civis e religiosos.
Art. 386. Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de
revezamento quinzenal que favoreça o repouso dominical.
SEÇÃO IV
DOS MÉTODOS LOCAIS DE TRABALHO
Art. 387. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 388. Em virtude de exame e parecer da autoridade competente, o Ministro
do Trabalho poderá estabelecer derrogações totais ou parciais às proibições a que
alude o artigo anterior, quando tiver desaparecido, nos serviços considerados
perigosos ou insalubres, todo e qualquer caráter perigoso ou prejudicial mediante
a aplicação de novos métodos de trabalho ou pelo emprego de medidas de ordem
preventiva.
Art. 389. Toda empresa é obrigada:
I - a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos
métodos e locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação e outros que se
fizerem necessários à segurança e ao conforto das mulheres, a critério da
autoridade competente;
II - a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dispor de cadeiras ou
bancos, em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem grande
esgotamento físico;
III - a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, exceto
os estabelecimentos comerciais, escritórios, bancos e atividades afins, em que
não seja exigida a troca de roupa, e outros, a critério da autoridade competente
em matéria de segurança e medicina do trabalho, admitindo-se como suficientes
as gavetas ou escaninhos, onde possam as empregadas guardar seus pertences;
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IV - a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade competente, os recursos de
proteção individual, tais como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais, para a
defesa dos olhos, do aparelho respiratório e da pele, de acordo com a natureza do
trabalho.
§ 1º. Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres,
com mais de 16 (dezesseis) anos de idade, terão local apropriado onde seja
permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no
período da amamentação.
§ 2º. A exigência do § 1º poderá ser suprida por meio de creches distritais
mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou
privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI,
do SESC, da LBA ou de entidades sindicais. (Redação de acordo com o Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967).
Art. 390. Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande
o emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos, para o trabalho contínuo,
ou 25 (vinte e cinco) quilos, para o trabalho ocasional.
Parágrafo único. Não está compreendida na determinação deste artigo a
remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, de
carros de mão ou quaisquer aparelhos mecânicos.
Art. 390A. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 390B. As vagas dos cursos de formação de mão-de-obra, ministrados por
instituições governamentais, pelos próprios empregadores ou por qualquer órgão
de ensino profissionalizante, serão oferecidas aos empregados de ambos os
sexos. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 390C. As empresas com mais de cem empregados, de ambos os sexos,
deverão manter programas especiais de incentivos e aperfeiçoamento profissional
de mão-de-obra. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU
27.05.1999)
Art. 390D. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 390E. A pessoa jurídica poderá associar-se a entidade de formação
profissional, sociedades civis, sociedades cooperativas, órgãos e entidades
públicas ou entidades sindicais, bem como firmar convênios para o
desenvolvimento de ações conjuntas, visando à execução de projetos relativos ao
incentivo ao trabalho da mulher. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de
26.05.1999, DOU 27.05.1999)
SEÇÃO V
DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE
Art. 391. Não constitui justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da
mulher o fato de haver contraído matrimônio ou de encontrar-se em estado de
gravidez.
Parágrafo único. Não serão permitidos, em regulamentos de qualquer natureza,
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contratos coletivos ou individuais de trabalho, restrições ao direito da mulher ao
seu emprego, por motivo de casamento ou de gravidez.
Art. 392. É proibido o trabalho da mulher grávida no período de 4 (quatro)
semanas antes e 8 (oito) semanas depois do parto.
§ 1º. Para os fins previstos neste artigo, o início do afastamento da empregada
de seu trabalho será determinado por atestado médico nos termos do artigo 375, o
qual deverá ser visado pela empresa.
§ 2º. Em casos excepcionais, os períodos de repouso antes e depois do parto
poderão ser aumentados de mais 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado
médico, na forma do § 1º.
§ 3º. Em caso de parto antecipado, a mulher terá sempre direito às 12 (doze)
semanas previstas neste artigo.
§ 4º É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e
demais direitos:
I - transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem,
assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao
trabalho;
II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de,
no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 393. Durante o período a que se refere o artigo 392, a mulher terá direito ao
salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis)
últimos meses de trabalho, bem como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-
lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente ocupava.
Art. 394. Mediante atestado médico, à mulher grávida é facultado romper o
compromisso resultante de qualquer contrato de trabalho, desde que este seja
prejudicial à gestação.
Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico
oficial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe
assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento.
Art. 396. Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses
de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos
especiais, de meia hora cada um.
Parágrafo único. Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses
poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.
Art. 397. O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas destinadas à
assistência à infância manterão ou subvencionarão, de acordo com suas
possibilidades financeiras, escolas maternais e jardins de infância, distribuídos nas
zonas de maior densidade de trabalhadores, destinados especialmente aos filhos
das mulheres empregadas. (Redação de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967).
Art. 398. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
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Art. 399. O Ministro do Trabalho conferirá diploma de benemerência aos
empregadores que se distinguirem pela organização e manutenção de creches e
de instituições de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais
serviços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das respectivas
instalações.
Art. 400. Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias, durante o
período da amamentação, deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta
de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária.
SEÇÃO VI
DAS PENALIDADES
Art. 401. Pela infração de qualquer dispositivo deste capítulo, será imposta ao
empregador a multa de 6 (seis) a 60 (sessenta) valores-de-referência regionais,
aplicada pelas Delegacias Regionais do Trabalho ou por aquelas que exerçam
funções delegadas. (Redação dada ao caput pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 1º. A penalidade será sempre aplicada no grau máximo:
a) se ficar apurado o emprego de artifício ou simulação para fraudar a aplicação
dos dispositivos deste capítulo;
b) nos casos de reincidência.
§ 2º. O processo na verificação das infrações, bem como na aplicação e
cobrança das multas, será o previsto no título "Do Processo de Multas
Administrativas", observadas as disposições deste artigo.
Art. 401A. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 401B. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
CAPÍTULO IV
DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador
de 12 (doze) a 18 (dezoito) anos.
Parágrafo único. O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente
capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente pessoas
da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado,
entretanto, o disposto nos artigos 404, 405 e na Seção II. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 403. Ao menor de 12 (doze) anos é proibido o trabalho (Redação do caput e
parágrafo de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967).
Parágrafo único. O trabalho dos menores de 12 (doze) anos a 14 (quatorze) anos
fica sujeito às seguintes condições, além das estabelecidas neste Capítulo:
a) garantia de freqüência à aula que assegure sua formação ao menos em nível
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primário;
b) serviços de natureza leve que não sejam nocivos à sua saúde e ao seu
desenvolvimento normal.
Art. 404. Ao menor de 18 anos é vedado o trabalho noturno, considerado este o
que for executado no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) e as 5
(cinco) horas.
Art. 405. Ao menor não será permitido o trabalho:
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moralidade, poderá ela obrigá-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva
empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para
mudar de funções.
Parágrafo único. Quando a empresa não tomar as medidas possíveis e
recomendadas pela autoridade competente para que o menor mude de função,
configurar-se-á a rescisão do contrato de trabalho, na forma do artigo 483.
(Redação do caput e parágrafo de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967).
Art. 408. Ao responsável legal do menor é facultado pleitear a extinção do
contrato de trabalho, desde que o serviço possa acarretar para ele prejuízo de
ordem física ou moral. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 409. Para maior segurança do trabalho e garantia da saúde dos menores, a
autoridade fiscalizadora poderá proibir-lhes o gozo dos períodos de repouso nos
locais de trabalho.
Art. 410. O Ministro do Trabalho poderá derrogar qualquer proibição decorrente
do quadro a que se refere o inciso I do artigo 405 quando se certificar haver
desaparecido, parcial ou totalmente, o caráter perigoso ou insalubre, que
determinou a proibição.
SEÇÃO II
DA DURAÇÃO DO TRABALHO
Art. 411. A duração do trabalho do menor regular-se-á pelas disposições legais
relativas à duração do trabalho em geral, com as restrições estabelecidas neste
capítulo.
Art. 412. Após cada período de trabalho efetivo, quer contínuo, quer dividido em
dois turnos, haverá um intervalo de repouso, não inferior a onze horas.
Art. 413. É vedado prorrogar a duração normal diária do trabalho do menor,
salvo:
I - até mais 2 (duas) horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante
convenção ou acordo coletivo nos termos do Título VI desta Consolidação, desde
que o excesso de horas em um dia seja compensado pela diminuição, em outro,
de modo a ser observado o limite máximo de 44 (quarenta e quatro) horas
semanais ou outro inferior legalmente fixado;
II - excepcionalmente, por motivo de força maior, até o máximo de 12 (doze)
horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) sobre a
hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao
funcionamento do estabelecimento.
Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do trabalho do menor o disposto no
artigo 375, no parágrafo único do artigo 376, no artigo 378 e no artigo 384 desta
Consolidação. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 414. Quando o menor de 18 anos for empregado em mais de um
estabelecimento, as horas de trabalho em cada um serão totalizadas.
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SEÇÃO III
DA ADMISSÃO EM EMPREGO E DA CARTEIRA DE TRABALHO DO MENOR
Art. 415. (Revogado tacitamente pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969, que
instituiu a Carteira de Trabalho e Previdência Social, a qual passou a ser adotada
também pelo menor)
Art. 416. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 417. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 418. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 419. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 420. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 421. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 422. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 423. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
SEÇÃO IV
DOS DEVERES DOS RESPONSÁVEIS LEGAIS DE MENORES E DOS
EMPREGADORES. DA APRENDIZAGEM
Art. 424. É dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores,
afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo,
reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física ou
prejudiquem a sua educação moral.
Art. 425. Os empregadores de menores de 18 anos são obrigados a velar pela
observância, nos seus estabelecimentos ou empresas, dos bons costumes e da
decência pública, bem como das normas de segurança e medicina do trabalho.
Art. 426. É dever do empregador, na hipótese do artigo 407, proporcionar ao
menor todas as facilidades para mudar de serviço.
Art. 427. O empregador, cuja empresa ou estabelecimento ocupar menores, será
obrigado a conceder-lhes o tempo que for necessário para a frequência às aulas.
Parágrafo único. Os estabelecimentos situados em lugar onde a escola estiver a
maior distância que dois quilômetros e que ocuparem, permanentemente, mais de
trinta menores analfabetos, de 14 (quatorze) a 18 (dezoito) anos, serão obrigados
a manter local apropriado em que lhes seja ministrada a instrução primária.
Art. 428. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), diretamente, ou com a
colaboração dos empregadores, considerando condições e recursos locais,
promoverá a criação de colônias climáticas, situadas à beira-mar e na montanha,
financiando a permanência dos menores trabalhadores em grupos conforme a
idade e condições individuais, durante o período de férias ou quando se torne
necessário, oferecendo todas as garantias para o aperfeiçoamento de sua saúde.
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Da mesma forma será incentivada, nas horas de lazer, a frequência regular aos
campos de recreio, estabelecimentos congêneres e obras sociais idôneas, onde
possa o menor desenvolver os hábitos de vida coletiva em ambiente saudável
para o corpo e para o espírito.
Art. 429. Os estabelecimentos industriais de qualquer natureza, inclusive de
transportes, comunicações e pesca, são obrigados a empregar e matricular nos
cursos mantidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI):
a) um número de aprendizes equivalente a cinco por cento no mínimo e quinze
por cento no máximo, dos operários existentes em cada estabelecimento, e cujos
ofícios demandem formação profissional;
b) (Revogada pelo artigo 1º do Decreto-Lei nº 9.576, de 12.08.1946 - DOU
14.08.1946).
Parágrafo único. As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata
o primeiro item do presente artigo, darão lugar à admissão de um aprendiz.
Art. 430. Terão preferência, em igualdade de condições, para admissão aos
lugares de aprendizes de um estabelecimento industrial, em primeiro lugar, os
filhos, inclusive os órfãos e, em segundo lugar, os irmãos dos seus empregados.
Art. 431. Os candidatos à admissão como aprendizes, além de terem a idade
mínima de quatorze anos, deverão satisfazer as seguintes condições:
a) ter concluído o curso primário ou possuir os conhecimentos mínimos
essenciais à preparação profissional;
b) ter aptidão física e mental, verificada por processo de seleção profissional,
para a atividade que pretende exercer;
c) não sofrer de moléstia contagiosa e ser vacinado contra a varíola.
Parágrafo único. Aos candidatos rejeitados pela seleção profissional deverá ser
dada, tanto quanto possível, orientação profissional para ingresso em atividade
mais adequada às qualidades e aptidões que tiverem demonstrado.
Art. 432. Os aprendizes são obrigados à frequência do curso de aprendizagem
em que estejam matriculados.
§ 1º. O aprendiz que faltar aos trabalhos escolares do curso de aprendizagem
em que estiver matriculado, sem justificação aceitável, perderá o salário dos dias
em que se der a falta.
§ 2º. A falta reiterada no cumprimento do dever de que trata este artigo, ou falta
de razoável aproveitamento, será considerada justa causa para dispensa do
aprendiz.
Art. 433. Os empregadores serão obrigados:
a) a enviar anualmente, às repartições competentes do Ministério do Trabalho,
de 1º de novembro a 31 de dezembro, uma relação, em 2 (duas) vias, de todos os
empregados menores, de acordo com o modelo que vier a ser expedido pelo
mesmo Ministério;
b) a afixar em lugar visível, e com caracteres facilmente legíveis, o quadro do
horário e as disposições deste capítulo.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 3.519, de 30.12.1958 - DOU 30.12.1958)
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SEÇÃO V
DAS PENALIDADES
Art. 434. Os infratores das disposições deste capítulo ficam sujeitos à multa de
valor igual a 30 vezes o valor de referência regional, aplicada tantas vezes
quantos forem os menores empregados em desacordo com a lei, não podendo,
todavia, a soma das multas exceder a 150 vezes o valor de referência, salvo no
caso de reincidência, em que este total poderá ser elevado ao dobro. (Redação ao
artigo dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967).
Art. 435. Fica sujeita à multa de valor igual a 30 (trinta) vezes o valor-de-
referência regional e ao pagamento da emissão de nova via a empresa que fizer
na Carteira de Trabalho e Previdência Social do menor anotação não prevista em
lei. (Redação ao artigo dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo
com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 436. O médico que, sem motivo justificado, se recusar a passar os atestados
de que trata o artigo 418, incorrerá na multa de valor igual a 30 (trinta) valores-de-
referência regionais, dobrado na reincidência. (Redação ao artigo dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 437. O responsável legal do menor empregado que infringir dispositivo deste
capítulo, ou deixar de cumprir os deveres que nele lhe são impostos, poderá, além
da multa em que incorrer, ser destituído do pátrio poder ou da tutela.
Parágrafo único. Perderá o pátrio poder ou será destituído da tutela, além da
multa em que incorrer, o pai, mãe ou tutor que concorrer, por ação ou omissão,
para que o menor trabalhe nas atividades previstas no § 1º do artigo 405.
Art. 438. São competentes para impor as penalidades previstas neste capítulo os
Delegados Regionais do Trabalho ou os funcionários por eles designados para tal
fim. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Parágrafo único. O processo, na verificação das infrações, bem como na
aplicação e cobrança das multas, será o previsto no título "Do Processo de Multas
Administrativas", observadas as disposições deste artigo.
SEÇÃO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 439. É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-
se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 anos
dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo
recebimento da indenização que lhe for devida.
Art. 440. Contra os menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição.
Art. 441. O quadro a que se refere o item I do artigo 405 será revisto
bienalmente. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
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TÍTULO IV
DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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§ 1º. Na falência, constituirão crédito privilegiado a totalidade dos salários
devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.449, de 14.10.1977)
§ 2º. Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes tornar sem
efeito a rescisão do contrato de trabalho e consequente indenização, desde que o
empregador pague, no mínimo, a metade dos salários que seriam devidos ao
empregado durante o interregno.
Art. 450. Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em
substituição eventual ou temporária cargo diverso do que exercer na empresa,
serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem como a volta ao
cargo anterior.
Art. 451. O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou
expressamente, for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem
determinação de prazo.
Art. 452. Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder,
dentro de seis meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a
expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da
realização de certos acontecimentos.
Art. 453. No tempo de serviço do empregado, quando readmitido, serão
computados os períodos, ainda que não contínuos, em que tiver trabalhado
anteriormente na empresa, salvo se houver sido despedido por falta grave,
recebido indenização legal ou se aposentado espontaneamente. (Redação dada
pela Lei nº 6.204, de 29.04.1975)
§ 1º. Na aposentadoria espontânea de empregados das empresas públicas e
sociedades de economia mista é permitida sua readmissão, desde que atendidos
aos requisitos constantes do artigo 37, inciso XVI, da Constituição, e condicionada
à prestação de concurso público. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
10.12.1997)
§ 2º. O ato de concessão de benefício de aposentadoria a empregado que não
tiver completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta, se mulher, importa em
extinção do vínculo empregatício. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
10.12.1997)
Art. 454. (Revogado pela Lei nº 5.772, de 21.12.1971 - artigos 40 e seguintes -
Código de Propriedade Industrial)
Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas
obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos
empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo
inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
Parágrafo único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil,
ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este
devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.
Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações
constantes da Carteira de Trabalho e Previdência Social, ou por instrumento
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escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito.
Parágrafo único. À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível
com a sua condição pessoal.
CAPÍTULO II
DA REMUNERAÇÃO
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Art. 459. O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho,
não deve ser estipulado por período superior a um mês, salvo no que concerne a
comissões, percentagens e gratificações.
Parágrafo único. Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá
ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
(Parágrafo com a redação da Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 460. Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a
importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquele
que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente, ou do que for habitualmente
pago para serviço semelhante.
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao
mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem
distinção de sexo, nacionalidade ou idade. (Redação dada ao caput pela Lei nº
1.723, de 08.11.1952)
§ 1º. Trabalho de igual valor, para os fins deste capítulo, será o que for feito com
igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja
diferença de tempo de serviço não for superior a dois anos. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 1.723, de 08.11.1952)
§ 2º. Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver
pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções
deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 1.723, de 08.11.1952)
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas
alternadamente por merecimento e por antigüidade, dentro de cada categoria
profissional. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 1.723, de 08.11.1952)
§ 4º. O trabalhador readaptado em nova função, por motivo de deficiência física
ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social, não servirá de
paradigma para fins de equiparação salarial. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
5.798, de 31.08.1972)
Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou
convenção coletiva. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 1º. Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde
que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do
empregado. (Antigo parágrafo único renumerado pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 2º. É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias
aos empregados ou serviços destinados a proporcionar-lhes prestações in natura
exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se
utilizem do armazém ou dos serviços. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazém ou
serviços não mantidos pela empresa, é lícito à autoridade competente determinar
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a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e
os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em
benefício dos empregados. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 4º. Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por
qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário. (Parágrafo
acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 463. A prestação em espécie do salário será paga em moeda corrente do
país.
Parágrafo único. O pagamento do salário realizado com inobservância deste
artigo considera-se como não feito.
Art. 464. O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado
pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital,
ou, não sendo esta possível, a seu rogo.
Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta
bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o
consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
Art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do
trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento
deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o
disposto no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
Art. 466. O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de
ultimada a transação a que se referem.
§ 1º. Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o
pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito
proporcionalmente à respectiva liquidação.
§ 2º. A cessação das relações de trabalho não prejudica a percepção das
comissões e percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo.
Art. 467. Em caso de rescisão do contrato de trabalho, motivada pelo
empregador ou pelo empregado, e havendo controvérsia sobre parte da
importância dos salários, o primeiro é obrigado a pagar a este, à data do seu
comparecimento ao tribunal do trabalho, a parte incontroversa dos mesmos
salários, sob pena de ser, quanto a essa parte, condenado a pagá-la em dobro.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios, e as suas autarquias e fundações públicas. (NR)
(Parágrafo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.984-20, de 28.07.2000, DOU
30.07.2000 - Ed. Extra)
CAPÍTULO III
DA ALTERAÇÃO
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resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia.
Parágrafo único. Não se considera alteração unilateral a determinação do
empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,
para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a mudança de seu domicílio.
§ 1º. Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados que
exerçam cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição
implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de
serviço. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.203, de 17.04.1975)
§ 2º. É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que
trabalhar o empregado.
§ 3º. Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o
empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as
restrições, do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento
suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento), dos salários que o
empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 6.203, de 17.04.1975)
Art. 470. As despesas resultantes da transferência correrão por conta do
empregador. (Redação dada pela Lei nº 6.203, de 17.04.1975)
CAPÍTULO IV
DA SUSPENSÃO E DA INTERRUPÇÃO
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§ 4º. O afastamento a que se refere o parágrafo anterior será solicitado pela
autoridade competente diretamente ao empregador, em representação
fundamentada, com audiência da Procuradoria Regional do Trabalho, que
providenciará, desde logo, a instalação do competente inquérito administrativo.
§ 5º. Durante os primeiros 90 (noventa) dias desse afastamento, o empregado
continuará percebendo sua remuneração. (Parágrafos 3º, 4º e 5º acrescentados
pelo artigo 10 do Decreto-Lei nº 3, de 27.01.1966)
Art. 473. O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do
salário: (Redação do caput e incisos do Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge,
ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de
Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica; (Inciso
modificado de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;
III - por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana;
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação
voluntária de sangue devidamente comprovada;
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos
termos da lei respectiva.
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar
referidas na letra "c" do artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do
Serviço Militar). (Inciso acrescentado pelo Decreto-Lei nº 757, de 12.08.1969)
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame
vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. (Inciso
acrescentado pela Lei nº 9.471, de 14.07.1997)
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
(Inciso acrescentado pela Lei nº 9.853, de 27.10.1999, DOU 28.10.1999)
Art. 474. A suspensão do empregado por mais de 30 dias consecutivos importa
na rescisão injusta do contrato de trabalho.
Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu
contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de Previdência Social para a
efetivação do benefício.
§ 1º. Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a
aposentadoria cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao
tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo
por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos artigos 477 e 478, salvo na
hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá ser
paga na forma do artigo 497. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.824, de
05.11.1965)
§ 2º. Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá
rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que
tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato.
Art. 476. Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é
considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício.
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Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois
a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à
suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de
trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471
desta Consolidação.
§ 1º Após a autorização concedida por intermédio de convenção ou acordo
coletivo, o empregador deverá notificar o respectivo sindicato, com antecedência
mínima de quinze dias da suspensão contratual.
§ 2º O contrato de trabalho não poderá ser suspenso em conformidade com o
disposto no caput deste artigo mais de uma vez no período de dezesseis meses.
§ 3º O empregador poderá conceder ao empregado ajuda compensatória mensal,
sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do
caput deste artigo, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo.
§ 4º Durante o período de suspensão contratual para participação em curso ou
programa de qualificação profissional, o empregado fará jus aos benefícios
voluntariamente concedidos pelo empregador.
§ 5º Se ocorrer a dispensa do empregado no transcurso do período de suspensão
contratual ou nos três meses subseqüentes ao seu retorno ao trabalho, o
empregador pagará ao empregado, além das parcelas indenizatórias previstas na
legislação em vigor, multa a ser estabelecida em convenção ou acordo coletivo,
sendo de, no mínimo, cem por cento sobre o valor da última remuneração mensal
anterior à suspensão do contrato.
§ 6º Se durante a suspensão do contrato não for ministrado o curso ou programa
de qualificação profissional, ou o empregado permanecer trabalhando para o
empregador, ficará descaracterizada a suspensão, sujeitando o empregador ao
pagamento imediato dos salários e dos encargos sociais referentes ao período, às
penalidades cabíveis previstas na legislação em vigor, bem como às sanções
previstas em convenção ou acordo coletivo.
§ 7º O prazo limite fixado no caput poderá ser prorrogado mediante convenção ou
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, desde que o
empregador arque com o ônus correspondente ao valor da bolsa de qualificação
profissional, no respectivo período. (NR) (Artigo acrescentado pela Medida
Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
CAPÍTULO V
DA RESCISÃO
Art. 477. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a
terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para
cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma
indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma
empresa. (Redação dada ao caput pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 1º. O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de
trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será
válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a
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autoridade do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
5.584, de 26.06.1970)
§ 2º. O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa
ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada
parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação,
apenas, relativamente às mesmas parcelas. (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 3º. Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo,
a assistência será prestada pelo Representante do Ministério Público, ou, onde
houver, pelo Defensor Público e, na falta ou impedimento destes, pelo Juiz de
Paz. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 4º. O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da
homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque
visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto,
quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 5º. Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não
poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 6º. O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo
de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos:
a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou
b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da
ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu
cumprimento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 7º. O ato da assistência na rescisão contratual (parágrafos 1º e 2º) será sem
ônus para o trabalhador e empregador. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)
§ 8º. A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa
de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do
empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo
índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der
causa à mora. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 9º. (VETADO na Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 478. A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo
indeterminado será de um mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou por
ano e fração igual ou superior a seis meses.
§ 1º. O primeiro ano de duração do contrato por prazo indeterminado é
considerado como período de experiência, e, antes que se complete, nenhuma
indenização será devida.
§ 2º. Se o salário for pago em dia, o cálculo da indenização terá por base 30
(trinta) dias.
§ 3º. Se pago por hora, a indenização apurar-se-á na base de 220 (duzentas e
vinte) horas por mês (artigo 7º, XIII, da CF).
§ 4º. Para os empregados que trabalhem à comissão ou que tenham direito a
percentagens, a indenização será calculada pela média das comissões ou
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percentagens percebidas nos últimos 12 (doze) meses de serviço. (Redação dada
ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 5º. Para os empregados que trabalhem por tarefa ou serviço feito, a
indenização será calculada na base média do tempo costumeiramente gasto pelo
interessado para realização de seu serviço, calculando-se o valor do que seria
feito durante trinta dias.
Art. 479. Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem
justa causa, despedir o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de
indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do
contrato.
Parágrafo único. Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da
parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito para o
cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo
indeterminado.
Art. 480. Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do
contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador
dos prejuízos que desse fato lhe resultarem.
§ 1º. A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o
empregado em idênticas condições.
§ 2º. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978 - DOU 26.05.1978)
Art. 481. Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula
assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado,
aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios
que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha
havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer
pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o
empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
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l) prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado,
a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos
atentatórios à segurança nacional. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 3,
de 27.01.1966)
Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a
devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários
aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma
a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º. O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o
contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a
continuação do serviço.
§ 2º. No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é
facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º. Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão
de seu contrato de trabalho e pagamento das respectivas indenizações,
permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 4.825, de 05.11.1965)
Art. 484. Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato
de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em
caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.
Art. 485. Quando cessar a atividade da empresa por morte do empregador, os
empregados terão direito, conforme o caso, à indenização a que se referem os
artigos 477 e 497.
Art. 486. No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada
por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei
ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o
pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável. (Redação
dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
§ 1º. Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente
artigo, o tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público
apontada como responsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de
30 dias, alegue o que entender devido, passando a figurar no processo como
chamada à autoria. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.110, de 16.12.1943)
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§ 2º. Sempre que a parte interessada, firmada em documento hábil, invocar
defesa baseada na disposição deste artigo e indicar qual o juiz competente, será
ouvida a parte contrária, para, dentro de três dias, falar sobre essa alegação.
(Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
§ 3º. Verificada qual a autoridade responsável, a Junta de Conciliação ou Juiz
dar-se-á por incompetente, remetendo os autos ao Juiz da Justiça Federal,
perante o qual correrá o feito nos termos previstos no processo comum. (Redação
dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
CAPÍTULO VI
DO AVISO PRÉVIO
Art. 487. Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato, deverá avisar a outra da sua resolução, com a antecedência
mínima de:
I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior;
(Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de
doze meses de serviço na empresa. (Redação dada pela Lei nº 1.530, de
26.12.1951)
§ 1º. A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito
aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração
desse período no seu tempo de serviço.
§ 2º. A falta de aviso por parte do empregado dá ao empregador o direito de
descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.
§ 3º. Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos
dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos doze
meses de serviço.
§ 4º. É devido o aviso prévio na despedida indireta. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 7.108, de 05.07.1983)
Art. 488. O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso,
e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de duas
horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
Parágrafo único. É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2
(duas) horas diárias prevista neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço,
sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso I, e por 7
(sete) dias corridos, na hipótese do inciso II do artigo 487 desta Consolidação.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.093, de 25.04.1983)
Art. 489. Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o
respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes do seu
termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração.
Parágrafo único. Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação
depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso
prévio não tivesse sido dado.
Art. 490. O empregador que, durante o prazo do aviso prévio dado ao
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empregado, praticar ato que justifique a rescisão imediata do contrato, sujeita-se
ao pagamento da remuneração correspondente ao prazo do referido aviso, sem
prejuízo da indenização que for devida.
Art. 491. O empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer qualquer
das faltas consideradas pela lei como justas para a rescisão, perde o direito ao
restante do respectivo prazo.
CAPÍTULO VII
DA ESTABILIDADE
Art. 492. O empregado que contar mais de dez anos de serviço na mesma
empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou
circunstância de força maior, devidamente comprovadas.
Parágrafo único. Considera-se como de serviço todo o tempo em que o
empregado esteja à disposição do empregador.
Art. 493. Constitui falta grave a prática de qualquer dos fatos a que se refere o
artigo 482, quando por sua repetição ou natureza representem séria violação dos
deveres e obrigações do empregado.
Art. 494. O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas
funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito em que se
verifique a procedência da acusação.
Parágrafo único. A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a decisão final
do processo.
Art. 495. Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado,
fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a
que teria direito no período da suspensão.
Art. 496. Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável,
dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for
o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela
obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte.
Art. 497. Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo de força maior,
ao empregado estável despedido é garantida a indenização por rescisão do
contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.
Art. 498. Em caso de fechamento do estabelecimento, filial ou agência, ou
supressão necessária de atividade, sem ocorrência de motivo de força maior, é
assegurado aos empregados estáveis, que ali exerçam suas funções, o direito à
indenização, na forma do artigo anterior.
Art. 499. Não haverá estabilidade no exercício dos cargos de diretoria, gerência
ou outros de confiança imediata do empregador, ressalvado o cômputo do tempo
de serviço para todos os efeitos legais.
§ 1º. Ao empregado garantido pela estabilidade, que deixar de exercer cargo de
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confiança, é assegurada, salvo no caso de falta grave, a reversão ao cargo efetivo
que haja anteriormente ocupado.
§ 2º. Ao empregado despedido sem justa causa, que só tenha exercido cargo de
confiança e que contar mais de dez anos de serviço na mesma empresa, é
garantida a indenização proporcional ao tempo de serviço nos termos dos artigos
477 e 478.
§ 3º. A despedida que se verificar com o fim de obstar ao empregado a aquisição
de estabilidade, sujeitará o empregador a pagamento em dobro da indenização
prescrita nos artigos 477 e 478.
Art. 500. O pedido de demissão do empregado estável só será válido quando
feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, perante
autoridade local competente do Ministério do Trabalho ou da Justiça do Trabalho.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
CAPÍTULO VIII
DA FORÇA MAIOR
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DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 505. São aplicáveis aos trabalhadores rurais os dispositivos constantes dos
Capítulos I, II, VI do presente Título.
Art. 506. No contrato de trabalho agrícola é lícito o acordo que estabelecer a
remuneração in natura, contanto que seja de produtos obtidos pela exploração do
negócio e não exceda de um terço do salário total do empregado.
Art. 507. As disposições do Capítulo VII do presente Título não serão aplicáveis
aos empregados em consultórios ou escritórios de profissionais liberais.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978 - DOU 26.05.1978)
Art. 508. Considera-se justa causa, para efeito de rescisão de contrato de
trabalho de empregado bancário, a falta contumaz de pagamento de dívidas
legalmente exigíveis.
Art. 509. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978)
Art. 510. Pela infração das proibições constantes deste Título, será imposta à
empresa a multa de valor igual a 30 (trinta) valores-de-referência regionais,
elevada ao dobro no caso de reincidência, sem prejuízo das demais cominações
legais. (Redação dada pela Lei nº 5.562, de 12.12.1968, e de acordo com a Lei nº
7.855, de 24.10.1989)
TÍTULO V
DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL
CAPÍTULO I
DA INSTITUIÇÃO SINDICAL
SEÇÃO I
DA ASSOCIAÇÃO EM SINDICATO
Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos
seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como
empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou
profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão
ou atividades ou profissões similares ou conexas.
§ 1º. A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades
idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina
categoria econômica.
§ 2º. A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em
comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em
atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social
elementar compreendida como categoria profissional.
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§ 3º. Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que
exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional
especial ou em consequência de condições de vida singulares.
§ 4º. Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões
dentro das quais a categoria econômica ou profissional é homogênea e a
associação é natural.
Art. 512. Somente as associações profissionais constituídas para os fins e na
forma do artigo anterior e registradas de acordo com o artigo 558 poderão ser
reconhecidas como sindicatos e investidas nas prerrogativas definidas nesta lei.
(Prejudicado pelo artigo 8º da nova Constituição)
Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses
gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais dos
associados relativos à atividade ou profissão exercida;
b) celebrar convenções coletivas de trabalho; (Redação dada à alínea pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão
liberal;
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e
solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão
liberal; (Alínea acrescentada pela Lei nº 6.200, de 16.04.1975)
e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.
Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa
de fundar e manter agências de colocação.
Art. 514. São deveres dos sindicatos:
a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade
social;
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados;
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho;
d) sempre que possível e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu
quadro de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria,
um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação
operacional na empresa e a integração profissional na classe. (Alínea
acrescentada pela Lei nº 6.200, de 16.04.1975)
Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de:
a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito;
b) fundar e manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais.
SEÇÃO II
DO RECONHECIMENTO E INVESTIDURA SINDICAL
Art. 515. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 516. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 517. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
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Art. 518. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 519. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 520. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 521. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
SEÇÃO III
DA ADMINISTRAÇÃO DO SINDICATO
Art. 522. A administração do sindicato será exercida por uma diretoria
constituída, no máximo, de sete e, no mínimo, de três membros e de um conselho
fiscal composto de três membros, eleitos esses órgãos pela assembléia geral.
§ 1º. A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o presidente do sindicato.
§ 2º. A competência do conselho fiscal é limitada à fiscalização da gestão
financeira do sindicato.
§ 3º. Constituirá atribuição exclusiva da diretoria do sindicato e dos delegados
sindicais, a que se refere o artigo 523, a representação e a defesa dos interesses
da entidade perante os poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com
poderes outorgados por procuração da diretoria ou associado investido em
representação prevista em lei. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 9.502,
de 23.07.1946)
Art. 523. Os delegados sindicais destinados à direção das delegacias ou seções
instituídas na forma estabelecida no § 2º do artigo 517 serão designados pela
diretoria dentre os associados radicados no território da correspondente delegacia.
Art. 524. Serão sempre tomadas por escrutínio secreto, na forma estatutária, as
deliberações da assembléia geral concernentes aos seguintes assuntos: (Redação
dada ao caput pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
a) eleição de associado para representação da respectiva categoria, prevista em
lei; (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
b) tomada e aprovação de contas da diretoria; (Redação dada à alínea pelo
Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
c) aplicação do patrimônio; (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 9.502, de
23.07.1946)
d) julgamento dos atos da diretoria, relativos a penalidades impostas a
associados; (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
e) pronunciamento sobre relações ou dissídios de trabalho. Neste caso, as
deliberações da assembléia geral só serão consideradas válidas quando ela tiver
sido especialmente convocada para esse fim, de acordo com as disposições dos
estatutos da entidade sindical. O quorum para validade da assembléia será de
metade mais um dos associados quites; não obtido esse quorum em primeira
convocação, reunir-se-á a assembléia em segunda convocação, com os
presentes, considerando-se aprovadas as deliberações que obtiverem 2/3 (dois
terços) dos votos. (Redação dada à alínea pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 1º. A eleição para cargos de diretoria e conselho fiscal será realizada por
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escrutínio secreto, durante seis horas contínuas pelo menos, na sede do sindicato,
na de suas delegacias e seções e nos principais locais de trabalho, onde
funcionarão as mesas coletoras designadas pelos Delegados Regionais do
Trabalho. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
§ 2º. Concomitantemente ao término do prazo estipulado para a votação,
instalar-se-á, em assembléia eleitoral pública e permanente, na sede do sindicato,
a mesa apuradora para a qual serão enviadas, imediatamente, pelos presidentes
das mesas coletoras, as urnas receptoras e as atas respectivas. Será facultada a
designação de mesa apuradora supletiva sempre que as peculiaridades ou
conveniências do pleito a exigirem. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº
9.502, de 23.07.1946)
§ 3º. A mesa apuradora será presidida por membro do Ministério Público do
Trabalho, ou pessoa de notória idoneidade, designada pelo Procurador-geral da
Justiça do Trabalho ou procuradores regionais. (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
§ 4º. O pleito só será válido na hipótese de participarem da votação mais de 2/3
(dois terços) dos associados com capacidade para votar. Não obtido esse
coeficiente, será realizada nova eleição dentro de 15 (quinze) dias a qual terá
validade se nela tomarem parte mais de 50% (cinqüenta por cento) dos referidos
associados. Na hipótese de não ter sido alcançado, na segunda votação, o
coeficiente exigido, será realizado o terceiro e último pleito, cuja validade
dependerá de voto de mais 40% (quarenta por cento) dos aludidos associados,
proclamando o presidente da mesa apuradora em qualquer dessas hipóteses os
eleitos, os quais serão empossados automaticamente na data do término do
mandato expirante, não tendo efeito suspensivo os protestos ou recursos
oferecidos na conformidade da lei. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº
9.502, de 23.07.1946, modificado pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 5º. Não sendo atingido o coeficiente legal para a eleição, o Ministério do
Trabalho declarará a vacância da administração, a partir do término do mandato
dos membros em exercício, e designará administrador para o sindicato,
realizando-se novas eleições dentro de seis meses. (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
Art. 525. É vedada a pessoas físicas ou jurídicas, estranhas ao sindicato,
qualquer interferência na sua administração ou nos seus serviços. (Redação dada
ao caput pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
Parágrafo único. Estão excluídos dessa proibição:
a) os delegados do Ministério do Trabalho especialmente designados pelo
ministro ou por quem o represente;
b) os que, como empregados, exerçam cargos no sindicato mediante autorização
da assembléia geral.
Art. 526. Os empregados do sindicato serão nomeados pela diretoria respectiva
ad referendum da assembléia geral, não podendo recair tal nomeação nos que
estiverem nas condições previstas nos itens II, IV, V, VI, VII e VIII do artigo 530 e,
na hipótese de o nomeado haver sido dirigente sindical, também nas do item I do
mesmo artigo.
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Parágrafo único. Aplicam-se aos empregados dos sindicatos os preceitos das
leis de proteção do trabalho e de previdência social, excetuado o direito de
associação em sindicato. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 925, de
10.10.1969)
Art. 527. Na sede de cada sindicato haverá um livro de registro, autenticado pelo
funcionário competente do Ministério do Trabalho, e do qual deverão constar:
a) tratando-se de sindicato de empregadores, a firma, individual ou coletiva, ou a
denominação das empresas e sua sede, nome, idade, estado civil, nacionalidade
e residência dos respectivos sócios, ou, em se tratando de sociedade por ações,
dos diretores, bem como a indicação desses dados quanto ao sócio ou diretor que
representar a empresa no sindicato;
b) tratando-se de sindicato de empregados, ou de agentes ou trabalhadores
autônomos ou de profissionais liberais, além do nome, idade, estado civil,
nacionalidade, profissão ou função e residência de cada associado, o
estabelecimento ou lugar onde exerce a sua profissão ou função, o número e a
série da respectiva Carteira de Trabalho e Previdência Social e o número da
inscrição no Instituto Nacional de Administração Financeira da Previdência Social
(IAPAS).
Art. 528. Ocorrendo dissídio ou circunstâncias que perturbem o funcionamento
de entidade sindical, ou motivos relevantes de segurança nacional, o Ministro do
Trabalho poderá nela intervir, por intermédio de Delegado ou de Junta
Interventora, com atribuições para administrá-la e executar ou propor as medidas
necessárias para normalizar-lhe o funcionamento. (Prejudicado pelo artigo 8º, I, da
Constituição) (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 3, de 27.01.1966)
SEÇÃO IV
DAS ELEIÇÕES SINDICAIS
Art. 529. São condições para o exercício do direito do voto como para a
investidura em cargo de administração ou representação econômica ou
profissional:
a) ter o associado mais de seis meses de inscrição no quadro social e mais de
dois anos de exercício da atividade ou da profissão; (Redação dada à alínea pelo
Decreto-lei nº 8.080, de 11.10.1945)
b) ser maior de 18 anos;
c) estar no gozo dos direitos sindicais.
Parágrafo único. É obrigatório aos associados o voto nas eleições sindicais.
(Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 530. Não podem ser eleitos para cargos administrativos ou de representação
econômica ou profissional, nem permanecer no exercício desses cargos:
(Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
I - os que não tiverem definitivamente aprovadas as suas contas de exercício em
cargos de administração; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
II - os que houverem lesado o patrimônio de qualquer entidade sindical;
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(Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
III - os que não estiverem desde dois (2) anos antes, pelo menos, no exercício
efetivo da atividade ou da profissão dentro da base territorial do sindicato, ou no
desempenho de representação econômica ou profissional; (Redação dada ao
inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
IV - os que tiverem sido condenados por crime doloso enquanto persistirem os
efeitos da pena; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
V - os que não estiverem no gozo de seus direitos políticos; (Redação dada ao
inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
VI - (Revogado pela Lei nº 8.865, de 29.03.1994)
VII - má conduta, devidamente comprovada; (Inciso acrescentado pelo Decreto-
Lei nº 507, de 18.03.1969)
VIII - (Revogado pela Lei nº 8.865, de 29.03.1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
Art. 531. Nas eleições para cargo de diretoria e do conselho fiscal serão
considerados eleitos os candidatos que obtiverem maioria absoluta de votos em
relação ao total dos associados eleitores.
§ 1º. Não concorrendo à primeira convocação maioria absoluta de eleitores, ou
não obtendo nenhum dos candidatos essa maioria, proceder-se-á à nova
convocação para dia posterior, sendo então considerados eleitos os candidatos
que obtiverem maioria dos eleitores presentes.
§ 2º. Havendo somente uma chapa registrada para as eleições, poderá a
assembléia, em última convocação, ser realizada duas horas após a primeira
convocação, desde que do edital respectivo conste essa advertência.
§ 3º. Concorrendo mais de uma chapa, poderá o Ministério do Trabalho designar
o presidente da seção eleitoral, desde que o requeiram os associados que
encabeçarem as respectivas chapas. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-
Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 4º. O Ministro do Trabalho expedirá instruções regulando o processo das
eleições.
Art. 532. As eleições para a renovação da diretoria e do conselho fiscal deverão
ser procedidas dentro do prazo máximo de sessenta dias e mínimo de trinta dias,
antes do término do mandato dos dirigentes em exercício. (Redação dada ao
caput pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 1º. Não havendo protesto na ata da assembléia eleitoral ou recurso interposto
por algum dos candidatos, dentro de quinze dias a contar da data das eleições, a
posse da diretoria eleita independerá da aprovação das eleições pelo Ministério do
Trabalho. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 2º. Competirá à diretoria em exercício, dentro de trinta dias da realização das
eleições e não tendo havido recurso, dar publicidade ao resultado do pleito,
fazendo comunicação ao órgão local do Ministério do Trabalho da relação dos
eleitos, com os dados pessoais de cada um e a designação da função que vai
exercer. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 3º. Havendo protesto na ata da assembléia eleitoral ou recurso interposto
dentro de quinze dias da realização das eleições, competirá à diretoria em
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exercício encaminhar, devidamente instruído, o processo eleitoral ao órgão local
do Ministério do Trabalho, que o encaminhará para decisão do Ministro do Estado.
Nesta hipótese permanecerão na administração, até despacho final do processo, a
diretoria e o conselho fiscal que se encontrem em exercício. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 4º. Não se verificando as hipóteses previstas no parágrafo anterior, a posse da
nova diretoria deverá se verificar dentro de trinta dias subsequentes ao término do
mandato da anterior. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de
11.10.1945)
§ 5º. Ao assumir o cargo, o eleito prestará, por escrito e solenemente, o
compromisso de respeitar, no exercício do mandato, a Constituição, as leis
vigentes e os estatutos da entidade. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967)
SEÇÃO V
DAS ASSOCIAÇÕES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR
Art. 533. Constituem associações sindicais de grau superior as federações e
confederações organizadas nos termos desta lei.
Art. 534. É facultado aos sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco),
desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou de
profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação.
(Redação dada pela Lei nº 3.265, de 22.09.1957)
§ 1º. Se já existir federação no grupo de atividades ou profissões em que deva
ser constituída a nova entidade, a criação desta não poderá reduzir a menos de 5
(cinco) o número de sindicatos que àquela devam continuar filiados. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 3.265, de 22.09.1957)
§ 2º. As federações serão constituídas por Estados, podendo o Ministro do
Trabalho autorizar a constituição de federações interestaduais ou nacionais.
(Antigo parágrafo 1º renumerado pela Lei nº 3.265, de 22.09.1957)
§ 3º. É permitido a qualquer federação, para o fim de lhes coordenar os
interesses, agrupar os sindicatos de determinado município ou região a ela
filiados, mas a união não terá direito de representação das atividades ou
profissões agrupadas. (Antigo parágrafo 2º renumerado pela Lei nº 3.265, de
22.09.1957)
Art. 535. As confederações organizar-se-ão com o mínimo de três federações e
terão sede na Capital da República.
§ 1º. As confederações formadas por federações de sindicatos de empregadores
denominar-se-ão: Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional do
Comércio, Confederação Nacional de Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos,
Confederação Nacional de Transportes Terrestres, Confederação Nacional de
Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional das Empresas de Crédito e
Confederação Nacional de Educação e Cultura.
§ 2º. As confederações formadas por federações de sindicatos de empregados
terão a denominação de: Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria,
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, Confederação Nacional
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dos Trabalhadores em Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres, Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Crédito e Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura.
§ 3º. Denominar-se-á Confederação Nacional das Profissões Liberais a reunião
das respectivas federações.
§ 4º. As associações sindicais de grau superior da Agricultura e Pecuária serão
organizadas na conformidade do que dispuser a lei que regular a sindicalização
dessas atividades ou profissões.
Art. 536. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 537. O pedido de reconhecimento de uma federação será dirigido ao
Ministro do Trabalho acompanhado de um exemplar dos respectivos estatutos e
das cópias autenticadas das atas da assembléia de cada sindicato ou federação
que autoriza a filiação.
§ 1º. A organização das federações e confederações obedecerá às exigências
contidas nas alíneas "b" e "c" do artigo 515.
§ 2º. A carta de reconhecimento das federações será expedida pelo Ministro do
Trabalho, na qual será especificada a coordenação econômica ou profissional
conferida e mencionada a base territorial outorgada.
§ 3º. O reconhecimento das confederações será feito por decreto do Presidente
da República.
Art. 538. A administração das federações e confederações será exercida pelos
seguintes órgãos:
a) Diretoria;
b) Conselho de Representantes;
c) Conselho Fiscal. (Redação dada ao caput pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 1º. A diretoria será constituída, no mínimo, de 3 (três) membros e de 3 (três)
membros se comporá o Conselho Fiscal, os quais serão eleitos pelo Conselho de
Representantes com mandato por 3 (três) anos. (Redação dada ao parágrafo pelo
Decreto-Lei nº 771, de 19.08.1969)
§ 2º. Só poderão ser eleitos os integrantes dos grupos das federações ou dos
planos de confederações, respectivamente. (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 3º. O presidente da federação ou confederação será escolhido dentre os seus
membros, pela diretoria. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.693, de
23.12.1955)
§ 4º. O Conselho de Representantes será formado pelas delegações dos
sindicatos ou das federações filiadas, constituída cada delegação de 2 (dois)
membros com mandato por 3 (três) anos, cabendo um voto a cada delegação.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 771, de 19.08.1969)
§ 5º. A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão
financeira. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
Art. 539. Para a constituição e administração das federações serão observadas,
no que for aplicável, as disposições das Seções II e III do presente Capítulo.
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SEÇÃO VI
DOS DIREITOS DOS EXERCENTES DE ATIVIDADES OU PROFISSÕES E DOS
SINDICALIZADOS
Art. 540. A toda empresa ou indivíduo que exerçam, respectivamente, atividade
ou profissão, desde que satisfaçam às exigências desta lei, assiste o direito de ser
admitido no sindicato da respectiva categoria, salvo o caso de falta de idoneidade,
devidamente comprovada, com recurso para o Ministério do Trabalho.
§ 1º. Perderá os direitos de associado o sindicalizado que por qualquer motivo
deixar o exercício de atividade ou de profissão.
§ 2º. Os associados de sindicatos de empregados, agentes ou trabalhadores
autônomos e de profissões liberais que forem aposentados, estiverem em
desemprego ou falta de trabalho ou tiverem sido convocados para prestação de
serviço militar, não perderão os respectivos direitos sindicais e ficarão isentos de
qualquer contribuição, não podendo, entretanto, exercer cargo de administração
sindical ou de representação econômica ou profissional.
Art. 541. Os que exercerem determinada atividade ou profissão onde não haja
sindicato da respectiva categoria, ou de atividade ou profissão similar ou conexa,
poderão filiar-se a sindicato de profissão idêntica, similar ou conexa, existente na
localidade mais próxima.
Parágrafo único. O disposto neste artigo se aplica aos sindicatos em relação às
respectivas federações, na conformidade do quadro de atividades e profissões a
que se refere o artigo 577.
Art. 542. De todo o ato lesivo de direitos ou contrários a esta lei, emanado da
diretoria, do conselho ou da assembléia geral da entidade sindical, poderá
qualquer exercente de atividade ou profissão recorrer, dentro de 30 dias, para a
autoridade competente do Ministério do Trabalho.
Art. 543. O empregado eleito para o cargo de administração sindical ou
representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não
poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou
mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições
sindicais. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou
voluntariamente aceita. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 2º. Considera-se de licença não remunerada, salvo assentimento da empresa
ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado se ausentar do trabalho no
desempenho das funções a que se refere este artigo. (Redação dada ao parágrafo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir
do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação
de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do
seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta
grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. (Redação dada ao
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parágrafo pela Lei nº 7.543, de 02.10.1986)
§ 4º. Considera-se cargo de direção ou de representação sindical aquele cujo
exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.223, de 02.10.1984)
§ 5º. Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à
empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da
candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse,
fornecendo, outrossim, a este comprovante no mesmo sentido. O Ministério do
Trabalho fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no
final do § 4º. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 6º. A empresa que, por qualquer modo, procurar impedir que o empregado se
associe ao sindicato, organize associação profissional ou sindical ou exerça os
direitos inerentes à condição de sindicalizado, fica sujeita à penalidade prevista na
letra "a" do artigo 553, sem prejuízo da reparação a que tiver direito o empregado.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 544. É livre a associação profissional ou sindical, mas ao empregado
sindicalizado é assegurado, em igualdade de condições, preferência: (Redação
dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
I - para a admissão nos trabalhos de empresa que explore serviços públicos ou
mantenha contrato com os poderes públicos; (Redação dada ao inciso pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
II - para ingresso em funções públicas ou assemelhadas, em caso de cessação
coletiva de trabalho por motivo de fechamento de estabelecimento; (Redação
dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
III - nas concorrências para aquisição de casa própria, pelo Plano Nacional de
Habitação ou por intermédio de quaisquer instituições públicas; (Redação dada ao
inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
IV - nos loteamentos urbanos ou rurais, promovidos pela União, por seus órgãos
de administração direta ou indireta ou sociedade de econmia mista;
V - na locação ou compra de imóveis, de propriedade de pessoa de direito
público ou sociedade de economia mista, quando sob ação de despejo em
tramitação judicial; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
VI - na concessão de empréstimos simples concedidos pelas agências
financeiras do Governo ou a ele vinculadas; (Redação dada ao inciso pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
VII - na aquisição de automóveis, outros veículos e instrumentos relativos ao
exercício da profissão, quando financiados pelas autarquias, sociedade de
economia mista ou agências financeiras do Governo; (Redação dada ao inciso
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
VIII - (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
IX - na concessão de bolsas de estudos para si ou para seus filhos, obedecida a
legislação que regule a matéria. (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar em folha de pagamento
dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as
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contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados, salvo quanto à
contribuição sindical, cujo desconto independe dessas formalidades. (Redação
dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
Parágrafo único. O recolhimento à entidade sindical beneficiária do importe
descontado deverá ser feito até o 10º (décimo) dia subsequente ao do desconto,
sob pena de juros de mora no valor de 10% (dez por cento) sobre o montante
retido, sem prejuízo da multa prevista no artigo 553, e das cominações penais
relativas à apropriação indébita. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 925,
de 10.10.1969)
Art. 546. Às empresas sindicalizadas é assegurada preferência, em igualdade de
condições, nas concorrências para exploração de serviços públicos, bem como
nas concorrências para fornecimento às repartições federais, estaduais e
municipais e às entidades paraestatais.
Art. 547. É exigida a qualidade de sindicalizado para o exercício de qualquer
função representativa de categoria econômica ou profissional, em órgão oficial de
deliberação coletiva, bem como para o gozo de favores ou isenções tributárias,
salvo em se tratando de atividades não econômicas.
Parágrafo único. Antes da posse ou exercício das funções a que alude o artigo
anterior ou de concessão dos favores, será indispensável comprovar a
sindicalização, ou oferecer prova mediante certidão negativa, da autoridade
regional do Ministério do Trabalho, de que não existe sindicato no local onde o
interessado exerce a respectiva atividade ou profissão.
SEÇÃO VII
DA GESTÃO FINANCEIRA DO SINDICATO E SUA FISCALIZAÇÃO
Art. 548. Constituem o patrimônio das associações sindicais:
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maioria absoluta dos associados com direito a voto ou dos Conselhos de
Representantes com a maioria absoluta dos seus membros.
§ 3º. Caso não seja obtido o quorum estabelecido no parágrafo anterior, a
matéria poderá ser decidida em nova assembléia geral, reunida com qualquer
número de associados com direito a voto, após o transcurso de 10 (dez) dias da
primeira convocação.
§ 4º. Nas hipóteses previstas nos §§ 2º e 3º a decisão somente terá validade se
adotada pelo mínimo de 2/3 (dois terços) dos presentes, em escrutínio secreto.
§ 5º. Da deliberação da assembléia geral, concernente à alienação de bens
imóveis, caberá recurso voluntário, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, ao
Ministério do Trabalho, com efeito suspensivo.
§ 6º. A venda do imóvel será efetuada pela diretoria da entidade, após a decisão
da Assembléia Geral ou do Conselho de Representantes, mediante concorrência
pública, com edital publicado no "Diário Oficial" da União e na imprensa diária,
com antecedência mínima de 30 (trinta) dias da data de sua realização.
§ 7º. Os recursos destinados ao pagamento total ou parcelado dos bens imóveis
adquiridos serão consignados, obrigatoriamente, nos orçamentos anuais das
entidades sindicais. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 550. Os orçamentos das entidades sindicais serão aprovados, em escrutínio
secreto, pelas respectivas Assembléias Gerais ou Conselho de Representantes,
até 30 (trinta) dias antes do início do exercício financeiro a que se referem, e
conterão a discriminação da receita e da despesa, na forma das instruções e
modelos expedidos pelo Ministério do Trabalho.
§ 1º. Os orçamentos, após a aprovação prevista no presente artigo, serão
publicados, em resumo, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da
realização da respectiva Assembléia Geral ou da reunião do Conselho de
Representantes, que os aprovou, observada a seguinte sistemática:
a) no "Diário Oficial" da União - Seção I - Parte II, os orçamentos das
confederações, federações e sindicatos de base interestadual ou nacional;
b) no órgão de imprensa oficial do Estado ou Território ou jornal de grande
circulação local, os orçamentos das federações estaduais e sindicatos distritais,
municipais, intermunicipais e estaduais.
§ 2º. As dotações orçamentárias que se apresentarem insuficientes para o
atendimento das despesas, ou não incluídas nos orçamentos correntes, poderão
ser ajustadas no fluxo dos gastos, mediante a abertura de créditos adicionais
solicitados pela Diretoria da entidade às respectivas Assembléias Gerais ou
Conselhos de Representantes, cujos atos concessórios serão publicados até o
último dia do exercício correspondente, obedecida a mesma sistemática prevista
no parágrafo anterior.
§ 3º. Os créditos adicionais classificam-se em:
a) suplementares, os destinados a reforçar dotações alocadas no orçamento; e
b) especiais, os destinados a incluir dotações no orçamento, a fim de fazer face
às despesas para as quais não se tenha consignado crédito específico.
§ 4º. A abertura dos créditos adicionais depende da existência de receita para
sua compensação, considerando-se, para esse efeito, desde que não
comprometidos:
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a) o superavit financeiro apurado em balanço do exercício anterior;
b) o excesso de arrecadação, assim entendido o saldo positivo da diferença
entre a renda prevista e a realizada, tendo-se em conta, ainda, a tendência do
exercício; e
c) a resultante da anulação parcial ou total de dotações alocadas no orçamento
ou de créditos adicionais abertos no exercício.
§ 5º. Para efeito orçamentário e contábil sindical, o exercício financeiro coincidirá
com o ano civil, a ele pertencendo todas as receitas arrecadadas e as despesas
compromissadas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, 09.12.1976)
Art. 551. Todas as operações de ordem financeira e patrimonial serão
evidenciadas pelos registros contábeis das entidades sindicais, executados sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, em conformidade com o
plano de contas e as instruções baixadas pelo Ministério do Trabalho.
§ 1º. A escrituração contábil a que se refere este artigo será baseada em
documentos de receita e despesa, que ficarão arquivados nos serviços de
contabilidade, à disposição dos órgãos responsáveis pelo acompanhamento
administrativo e da fiscalização financeira da própria entidade, ou do controle que
poderá ser exercido pelos órgãos da União, em face da legislação específica.
§ 2º. Os documentos comprobatórios dos atos de receita e despesa, a que se
refere o parágrafo anterior, poderão ser incinerados, após decorridos 5 (cinco)
anos da data de quitação das contas pelo órgão competente.
§ 3º. É obrigatório o uso do livro Diário, encadernado, com folhas seguidas e
tipograficamente numeradas, para a escrituração, pelo método das partidas
dobradas, diretamente ou por reprodução, dos atos ou operações que modifiquem
ou venham a modificar a situação patrimonial da entidade, o qual conterá,
respectivamente, na primeira e na última páginas, os termos de abertura e de
encerramento.
§ 4º. A entidade sindical que se utilizar de sistema mecânico ou eletrônico para
sua escrituração contábil, poderá substituir o Diário e os livros facultativos ou
auxiliares por fichas ou formulários contínuos, cujos lançamentos deverão
satisfazer a todos os requisitos e normas de escrituração exigidos com relação
aos livros mercantis, inclusive no que respeita a termos de abertura e de
encerramento e numeração sequencial e tipográfica.
§ 5º. Na escrituração por processos de fichas ou formulários contínuos, a
entidade adotará livro próprio para inscrição do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado do exercício, o qual conterá os mesmos requisitos
exigidos para os livros de escrituração.
§ 6º. Os livros e fichas ou formulários contínuos serão obrigatoriamente
submetidos a registro e autenticação das Delegacias Regionais do Trabalho
localizadas na base territorial da entidade.
§ 7º. As entidades sindicais manterão registro específico dos bens de qualquer
natureza de sua propriedade, em livros ou fichas próprias, que atenderão às
mesmas formalidades exigidas para o livro Diário, inclusive no que se refere ao
registro e autenticação da Delegacia Regional do Trabalho local.
§ 8º. As contas dos administradores das entidades sindicais serão aprovadas,
em escrutínio secreto, pelas respectivas Assembléias Gerais ou Conselhos de
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Representantes, com prévio parecer do Conselho Fiscal, cabendo ao Ministro do
Trabalho estabelecer prazos e procedimentos para sua elaboração e destinação.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, 09.12.1976)
Art. 552. Os atos que importem em malversação ou dilapidação do patrimônio
das associações ou entidades sindicais ficam equiparados ao crime de peculato,
julgado e punido na conformidade da legislação penal. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
SEÇÃO VIII
DAS PENALIDADES
Art. 553. As infrações ao disposto neste capítulo serão punidas, segundo seu
caráter e a sua gravidade, com as seguintes penalidades: (Redação dada ao
caput nos termos da Lei nº 6.205, 29.04.1975)
a) multa de 6 (seis) valores-de-referência a 300 (trezentos) valores-de-referência
regionais, dobrada na reincidência; (Redação dada à alínea nos termos da Lei nº
6.205, 29.04.1975, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
b) suspensão de diretores por prazo não superior a 30 (trinta) dias;
c) destituição de diretores ou de membros de conselho;
d) fechamento de sindicato, federação ou confederação por prazo nunca superior
a 6 (seis) meses;
e) cassação da carta de reconhecimento;
f) multa de 1/3 (um terço) do salário mínimo regional, aplicável ao associado que
deixar de cumprir, sem causa justificada, o disposto no parágrafo único do artigo
529. (Alínea acrescentada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. A imposição de penalidades aos administradores não exclui a aplicação das
que este artigo prevê para a associação. (Antigo parágrafo único renumerado pelo
Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
§ 2º. Poderá o Ministro do Trabalho determinar o afastamento preventivo de
cargo ou representação sindicais de seus exercentes, com fundamento em
elementos constantes de denúncia formalizada que constituam indício veemente
ou início de prova bastante do fato e da autoria denunciados. (Parágrafo
acrescentado pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
Art. 554. Destituída a administração, na hipótese da alínea "c" do artigo anterior,
o Ministro do Trabalho e Previdência Social nomeará um delegado para dirigir a
associação e proceder, dentro do prazo de 90 (noventa) dias, em assembléia geral
por ele convocada e presidida, à eleição dos novos diretores e membros do
conselho fiscal. (Prejudicado pelo artigo 8º, I, da CF).
Art. 555. A pena de cassação da carta de reconhecimento será imposta à
entidade sindical:
a) que deixar de satisfazer as condições de constituição e funcionamento
estabelecidas nesta lei;
b) que se recusar ao cumprimento de ato do Presidente da República, no uso da
faculdade conferida pelo artigo 536;
c) que criar obstáculos à execução da política econômica adotada pelo Governo.
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(Prejudicado pelo artigo 8º, I, da CF) (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº
8.080, de 11.10.1945)
Art. 556. A cassação da carta de reconhecimento da entidade sindical não
importará no cancelamento de seu registro, nem, consequentemente, na sua
dissolução, que se processará de acordo com as disposições da lei que regula a
dissolução das associações civis.
Parágrafo único. No caso de dissolução, por se achar a associação incursa nas
leis que definem crimes contra a personalidade internacional, a estrutura e a
segurança do Estado e a ordem política e social, os seus bens, pagas as dívidas
decorrentes das suas responsabilidades, serão incorporados ao patrimônio da
União e aplicados em obras de assistência social. (Prejudicado pelo artigo 8º, I, da
CF).
Art. 557. As penalidades de que trata o artigo 553 serão impostas:
a) as das alíneas "a" e "b", pelo Secretário da Secretaria de Relações do
Trabalho, com recurso para o Ministro de Estado;
b) as demais, pelo Ministro de Estado.
§ 1º. Quando se tratar de associações de grau superior, as penalidades serão
impostas pelo Ministro de Estado, salvo se a pena for de cassação da carta de
reconhecimento de confederação, caso em que a pena será imposta pelo
Presidente da República.
§ 2º. Nenhuma pena será imposta sem que seja assegurada defesa ao acusado.
(Prejudicado pelo artigo 8º, I, da CF).
SEÇÃO IX
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 558. São obrigadas ao registro todas as associações profissionais
constituídas por atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, de
acordo com o artigo 511 e na conformidade do quadro de atividades e profissões a
que alude o Capítulo II deste Título. As associações profissionais registradas nos
termos deste artigo poderão representar, perante as autoridades administrativas e
judiciárias, os interesses individuais dos associados relativos à sua atividade ou
profissão, sendo-lhes também extensivas as prerrogativas contidas na alínea "d" e
no parágrafo único do artigo 513.
§ 1º. O registro a que se refere o presente artigo competirá às Delegacias
Regionais do Ministério do Trabalho ou às repartições autorizadas em virtude da
lei. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
§ 2º. O registro das associações far-se-á mediante requerimento, acompanhado
da cópia autêntica dos estatutos e da declaração do número de associados, do
patrimônio e dos serviços sociais organizados.
§ 3º. As alterações dos estatutos das associações profissionais não entrarão em
vigor sem aprovação da autoridade que houver concedido o respectivo registro.
Art. 559. O Presidente da República, excepcionalmente e mediante proposta do
Ministro do Trabalho, fundada em razões de utilidade pública, poderá conceder,
por decreto, às associações civis constituídas para a defesa e coordenação de
interesses econômicos e profissionais e não obrigadas ao registro previsto no
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artigo anterior, a prerrogativa da alínea "d" do artigo 513 deste capítulo.
Art. 560. Não se reputará transmissão de bens, para efeitos fiscais, a
incorporação do patrimônio de uma associação profissional ao da entidade
sindical, ou das entidades aludidas entre si.
Art. 561. A denominação "sindicato" é privativa das associações profissionais de
primeiro grau, reconhecidas na forma desta lei.
Art. 562. As expressões "federação" e "confederação", seguidas da designação
de uma atividade econômica ou profissional, constituem denominação privativa
das entidades sindicais de grau superior.
Art. 563. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969 - DOU 13.10.1969)
Art. 564. Às entidades sindicais, sendo-lhes peculiar e essencial a atribuição
representativa e coordenadora das correspondentes categorias ou profissões, é
vedado, direta ou indiretamente, o exercício de atividade econômica.
Art. 565. (Revogado pelo Decreto-Lei 1.149, de 28.01.1971)
Art. 566. (Prejudicado pela Constituição Federal - artigo 37, VI)
Art. 567. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 568. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 569. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
CAPÍTULO II
DO ENQUADRAMENTO SINDICAL
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Art. 572. Os sindicatos que se constituírem por categorias similares ou conexas,
nos termos do parágrafo único do artigo 570, adotarão denominação em que
fiquem, tanto quanto possível, explicitamente mencionadas as atividades ou
profissões concentradas, de conformidade com o quadro das atividades e
profissões, ou se se tratar de subdivisões, de acordo com o que determinar a
Comissão do Enquadramento Sindical.
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do artigo anterior, o sindicato principal
terá a denominação alterada, eliminando-se-lhe a designação relativa à atividade
ou profissão dissociada.
Art. 573. O agrupamento dos sindicatos em federações obedecerá às mesmas
regras que as estabelecidas neste Capítulo para o agrupamento das atividades e
profissões em sindicatos.
Parágrafo único. As federações de sindicatos de profissões liberais poderão ser
organizadas independentemente do grupo básico da confederação, sempre que
as respectivas profissões se acharem submetidas, por disposições de lei, a um
único regulamento. (Antigo parágrafo primeiro passado a parágrafo único pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, que revogou o parágrafo segundo)
Art. 574. Dentro da mesma base territorial, as empresas industriais do tipo
artesanal poderão constituir entidades sindicais, de primeiro e segundo graus,
distintas das associações das empresas congêneres, de tipo diferente.
Parágrafo único. Compete à Comissão do Enquadramento Sindical definir, de
modo genérico, com a aprovação do Ministro do Trabalho, a dimensão e os
demais característicos das empresas industriais de tipo artesanal. (Artigo e
parágrafo revogados pelo artigo 8º, I, da CF).
Art. 575. O quadro de atividades e profissões será revisto de dois em dois anos,
por proposta da Comissão do Enquadramento Sindical, para o fim de ajustá-lo às
condições da estrutura econômica e profissional do País.
§ 1º. Antes de proceder à revisão do quadro, a Comissão deverá solicitar
sugestões às entidades sindicais e às associações profissionais.
§ 2º. A proposta de revisão será submetida à aprovação do Ministro do Trabalho.
(Artigo e parágrafos revogados pelo artigo 8º, I, da CF).
Art. 576. A Comissão do Enquadramento Sindical será constituída pelo
Secretário da Secretaria de Relações do Trabalho, que a presidirá, e pelos
seguintes membros: (Redação dada ao caput pela Lei nº 5.819, de 06.11.1972)
I - 2 (dois) representantes da Secretaria de Relações do Trabalho;
II - 1 (um) representante da Secretaria de Emprego e Salário;
III - 1 (um) representante do Instituto Nacional de Tecnologia, do Ministério da
Indústria e do Comércio;
IV - 1 (um) representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária, do Ministério da Agricultura;
V - 1 (um) representante do Ministério dos Transportes;
VI - 2 (dois) representantes das categorias econômicas; e
VII - 2 (dois) representantes das categorias profissionais.
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§ 1º. Os membros da CES serão designados pelo Ministro do Trabalho,
mediante:
a) indicação dos titulares das Pastas, quanto aos representantes dos outros
Ministérios;
b) indicação do respectivo Secretário, quanto ao da Secretaria de Formação e
Desenvolvimento Profissional;
c) eleição pelas respectivas Confederações, em conjunto, quanto aos
representantes das categorias econômicas e profissionais, de acordo com as
instruções que forem expedidas pelo Ministro do Trabalho.
§ 2º. Cada membro terá um suplente designado juntamente com o titular.
§ 3º. Será de 3 (três) anos o mandato dos representantes das categorias
econômica e profissional.
§ 4º. Os integrantes da Comissão perceberão a gratificação de presença que for
estabelecida por decreto executivo.
§ 5º. Em suas faltas ou impedimentos, o Dirator-Geral do DNT será substituído
na presidência pelo Diretor substituto do Departamento ou pelo representante
desse na Comissão, nesta ordem.
§ 6º. Além das atribuições fixadas no presente Capítulo e concernentes ao
enquadramento sindical, individual ou coletivo, e à classificação das atividades e
profissões, competirá também à CES resolver, com recurso para o Ministro do
Trabalho, todas as dúvidas e controvérsias concernentes à organização sindical.
(Artigo e parágrafos revogados pelo artigo 8º, I, da CF)
Art. 577. O quadro de atividades e profissões em vigor fixará o plano básico do
enquadramento sindical. (Revogado pela CF)
CAPÍTULO III
DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
SEÇÃO I
DA FIXAÇÃO E DO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos que participem das
categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas
pelas referidas entidades, serão, sob a denominação de "Contribuição Sindical",
pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo.
Art. 579. A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participarem de
uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão
liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou,
inexistindo este, na conformidade do disposto no artigo 591. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 580. A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente, e
consistirá:
I - Na importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, para os
empregados, qualquer que seja a forma da referida remuneração.
II - Para os agentes ou trabalhadores autônomos e para os profissionais liberais,
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numa importância correspondente a 30% (trinta por cento) do valor-de-referência
fixado pelo Poder Executivo, vigente à época em que é devida a contribuição
sindical, arredondada para Cr$ 1,00 (um cruzeiro) a fração porventura existente.
III - Para os empregadores, numa importância proporcional ao capital social da
firma ou empresa, registrado nas respectivas Juntas Comerciais ou órgãos
equivalentes, mediante a aplicação de alíquotas, conforme a seguinte tabela
progressiva:
CLASSE DE CAPITAL ALÍQUOTA
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agências.
§ 1º. Quando a empresa realizar diversas atividades econômicas, sem que
nenhuma delas seja preponderante, cada uma dessas atividades será incorporada
à respectiva categoria econômica, sendo a contribuição sindical devida à entidade
sindical representativa da mesma categoria, procedendo-se, em relação às
correspondentes sucursais, agências ou filiais, na forma do presente artigo.
§ 2º. Entende-se por atividade preponderante a que caracterizar a unidade de
produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades
convirjam, exclusivamente, em regime de conexão funcional. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar, da folha de pagamento
de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano, a contribuição
sindical por estes devida aos respectivos sindicatos.
§ 1º. Considera-se um dia de trabalho, para efeito de determinação da
importância a que alude o item I do artigo 580, o equivalente:
a) a uma jornada normal de trabalho, se o pagamento ao empregado for feito por
unidade de tempo;
b) a 1/30 (um trinta avos) da quantia percebida no mês anterior, se a
remuneração for paga por tarefa, empreitada ou comissão.
§ 2º. Quando o salário for pago em utilidades, ou nos casos em que o
empregado receba, habitualmente, gorjetas, a contribuição sindical corresponderá
a 1/30 (um trinta avos) da importância que tiver servido de base, no mês de
janeiro, para a contribuição do empregado à Previdência Social. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados e
trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada ano, e o relativo aos
agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês
de fevereiro.
§ 1º. O recolhimento obedecerá ao sistema de guias, de acordo com as
instruções expedidas pelo Ministro do Trabalho.
§ 2º. O comprovante de depósito da contribuição sindical será remetido ao
respectivo sindicato; na falta deste, à correspondente entidade sindical de grau
superior e, se for o caso, ao Ministério do Trabalho. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 584. Servirá de base para o pagamento da contribuição sindical, pelos
agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais, a lista de
contribuintes organizada pelos respectivos sindicatos e, na falta destes, pelas
federações ou confederações coordenadoras da categoria. (Redação dada pela
Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 585. Os profissionais liberais poderão optar pelo pagamento da contribuição
sindical unicamente à entidade sindical representativa da respectiva profissão,
desde que a exerçam, efetivamente, na firma ou empresa e como tal sejam nelas
registrados.
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Parágrafo único. Na hipótese referida neste artigo, à vista da manifestação do
contribuinte e da exibição da prova de quitação da contribuição, dada por sindicato
de profissionais liberais, o empregador deixará de efetuar, no salário do
contribuinte, o desconto a que se refere o artigo 582. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 586. A contribuição sindical será recolhida, nos meses fixados no presente
Capítulo, à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil, ou aos
estabelecimentos bancários nacionais integrantes do sistema de arrecadação dos
tributos federais, os quais, de acordo com instruções expedidas pelo Conselho
Monetário Nacional, repassarão à Caixa Econômica Federal as importâncias
arrecadadas.
§ 1º. Integrarão a rede arrecadadora as Caixas Econômicas Estaduais, nas
localidades onde inexistam os estabelecimentos previstos no caput deste artigo.
§ 2º. Tratando-se de empregador, agentes ou trabalhadores autônomos ou
profissionais liberais, o recolhimento será efetuado pelos próprios, diretamente ao
estabelecimento arrecadador.
§ 3º. A contribuição sindical devida pelos empregados e trabalhadores avulsos
será recolhida pelo empregador e pelo sindicato, respectivamente. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 587. O recolhimento da contribuição sindical dos empregadores efetuar-se-á
no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a estabelecer-se após
aquele mês, na ocasião em que requeiram às repartições o registro ou a licença
para o exercício da respectiva atividade. (Redação dada pela Lei nº 6.386, de
09.12.1976)
Art. 588. A Caixa Econômica Federal manterá conta corrente intitulada
"Depósitos da Arrecadação da Contribuição Sindical", em nome de cada uma das
entidades sindicais beneficiadas, cabendo ao Ministério do Trabalho cientificá-la
das ocorrências pertinentes à vida administrativa dessas entidades.
§ 1º. Os saques na conta corrente referida no caput deste artigo far-se-ão
mediante ordem bancária ou cheque com as assinaturas conjuntas do presidente
e do tesoureiro da entidade sindical.
§ 2º. A Caixa Econômica Federal remeterá, mensalmente, a cada entidade
sindical, um extrato da respectiva conta corrente, e, quando solicitado, aos órgãos
do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de
09.12.1976)
Art. 589. Da importância da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os
seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal, na forma das instruções que
forem expedidas pelo Ministro do Trabalho:
I - 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente;
II - 15% (quinze por cento) para a federação;
III - 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo;
IV - 20% (vinte por cento) para a "Conta Especial Emprego e Salário". (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 590. Inexistindo confederação, o percentual previsto no item I do artigo
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anterior caberá à federação representativa do grupo.
§ 1º. Na falta de federação, o percentual a ela destinado caberá à confederação
correspondente à mesma categoria econômica ou profissional.
§ 2º. Na falta de entidades sindicais de grau superior, o percentual que àquelas
caberia será destinado à "Conta Especial Emprego e Salário".
§ 3º. Não havendo sindicato, nem entidade sindical de grau superior, a
contribuição sindical será creditada, integralmente, à "Conta Especial Emprego e
Salário". (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 591. Inexistindo sindicato, o percentual previsto no item III do artigo 589 será
creditado à federação correspondente à mesma categoria econômica ou
profissional.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, caberão à confederação os
percentuais previstos nos itens I e II do artigo 589. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
SEÇÃO II
DA APLICAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Art. 592. A contribuição sindical, além das despesas vinculadas à sua
arrecadação, recolhimento e controle, será aplicada pelos sindicatos, na
conformidade dos respectivos estatutos, visando aos seguintes objetivos:
I - Sindicatos de empregadores e de agentes autônomos:
a) assistência técnica e jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) realização de estudos econômicos e financeiros;
d) agências de colocação;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) medidas de divulgação comercial e industrial no País, e no estrangeiro, bem
como em outras tendentes a incentivar e aperfeiçoar a produção nacional;
j) feiras e exposições;
l) prevenção de acidentes do trabalho;
m) finalidades desportivas.
II - Sindicatos de empregados:
a) assistência jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) assistência à maternidade;
d) agências de colocação;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral;
j) colônias de férias e centros de recreação;
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l) prevenção de acidentes do trabalho;
m) finalidades desportivas e sociais;
n) educação e formação profissional;
o) bolsas de estudo.
III - Sindicatos de profissionais liberais:
a) assistência jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) assistência à maternidade;
d) bolsas de estudo;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral;
j) colônias de férias e centros de recreação;
l) estudos técnicos e científicos;
m) finalidades desportivas e sociais;
n) educação e formação profissional;
o) prêmio por trabalhos técnicos e científicos.
IV - Sindicatos de trabalhadores autônomos:
a) assistência técnica e jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) assistência à maternidade;
d) bolsas de estudo;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral;
j) colônias de férias e centros de recreação;
l) educação e formação profissional;
m) finalidades desportivas e sociais.
§ 1º. A aplicação prevista neste artigo ficará a critério de cada entidade, que,
para tal fim, obedecerá, sempre, às peculiaridades do respectivo grupo ou
categoria, facultado ao Ministro do Trabalho permitir a inclusão de novos
programas, desde que acegurados os serviços assistenciais fundamentais da
entidade.
§ 2º. Os sindicatos poderão destacar, em seus orçamentos anuais, até 20%
(vinte por cento) dos recursos da contribuição sindical para o custeio das suas
atividades administrativas, independentemente de autorização ministerial.
§ 3º. O uso da contribuição sindical prevista no § 2º não poderá exceder do valor
total das mensalidades sociais consignadas nos orçamentos dos sindicatos, salvo
autorização expressa do Ministro do Trabalho. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 593. As percentagens atribuídas às entidades sindicais de grau superior
serão aplicadas de conformidade com o que dispuserem os respectivos conselhos
de representantes.
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Art. 594. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
SEÇÃO III
DA COMISSÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Art. 595. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
Art. 596. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
Art. 597. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
SEÇÃO IV
DAS PENALIDADES
Art. 598. Sem prejuízo da ação criminal e das penalidades previstas no artigo
553, serão aplicadas multas de 3/5 (três quintos) a 600 (seiscentos) valores-de-
referência regionais, pelas infrações deste Capítulo, impostas pelas Delegacias
Regionais do Trabalho. (Redação dada ao caput pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. A gradação da multa atenderá à natureza da infração e às
condições sociais e econômicas do infrator.
Art. 599. Para os profissionais liberais, a penalidade consistirá na suspensão do
exercício profissional, até a necessária quitação, e será aplicada pelos órgãos
públicos ou autárquicos disciplinadores das respectivas profissões mediante
comunicação das autoridades fiscalizadoras.
Art. 600. O recolhimento da contribuição sindical, efetuado fora do prazo referido
neste Capítulo, quando espontâneo, será acrescido da multa de 10% (dez por
cento), nos 30 (trinta) primeiros dias, com o adicional de 2% (dois por cento) por
mês subseqüente de atraso, além de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês
e correção monetária, ficando, nesse caso, o infrator, isento de outra penalidade.
§ 1º. O montante das cominações previstas neste artigo reverterá
sucessivamente:
a) ao sindicato respectivo;
b) à federação respectiva, na ausência de sindicato;
c) à confederação respectiva, inexistindo federação.
§ 2º. Na falta de sindicato ou entidade de grau superior, o montante a que alude
o parágrafo precedente reverterá à conta "Emprego e Salário". (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 6.181, de 11.12.1974, e de acordo com as Leis nºs 6.986, de
13.04.1982, e 7.855, de 24.10.1989)
SEÇÃO V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 601. No ato da admissão de qualquer empregado, dele exigirá o empregador
a apresentação da prova de quitação da contribuição sindical.
Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao
desconto da contribuição sindical, serão descontados no primeiro mês
subsequente ao do reinício do trabalho.
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Parágrafo único. De igual forma se procederá com os empregados que forem
admitidos depois daquela data e que não tenham trabalhado anteriormente nem
apresentado a respectiva quitação.
Art. 603. Os empregadores são obrigados a prestar aos encarregados da
fiscalização os esclarecimentos necessários ao desempenho de sua missão e a
exibir-lhes, quando exigidos, na parte relativa ao pagamento de empregados, os
seus livros, folhas de pagamento e outros documentos comprobatórios desses
pagamentos, sob pena da multa cabível.
Art. 604. Os agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais são
obrigados a prestar aos encarregados da fiscalização os esclarecimentos que lhes
forem solicitados, inclusive exibição de quitação da contribuição sindical.
Art. 605. As entidades sindicais são obrigadas a promover a publicação de
editais concernentes ao recolhimento da contribuição sindical, durante três dias,
nos jornais de maior circulação local e até dez dias da data fixada para depósito
bancário.
Art. 606. Às entidades sindicais cabe, em caso de falta de pagamento da
contribuição sindical, promover a respectiva cobrança judicial, mediante ação
executiva, valendo como título de dívida a certidão expedida pelas autoridades
regionais do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº
925, de 10.10.1969)
§ 1º. O Ministério do Trabalho baixará as instruções regulando a expedição das
certidões a que se refere o presente artigo, das quais deverá constar a
individualização do contribuinte, a indicação do débito e a designação da entidade
a favor da qual é recolhida a importância da contribuição sindical, de acordo com o
respectivo enquadramento sindical.
§ 2º. Para os fins da cobrança judicial da contribuição sindical são extensivos às
entidades sindicais, com exceção do foro especial, os privilégios da Fazenda
Pública, para cobrança da dívida ativa. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 925, de
10.10.1959)
Art. 607. É considerado como documento essencial ao comparecimento às
concorrências públicas ou administrativas e para o fornecimento às repartições
paraestatais ou autárquicas, a prova da quitação da respectiva contribuição
sindical e a de recolhimento da contribuição sindical, descontada dos respectivos
empregados.
Art. 608. As repartições federais, estaduais ou municipais não concederão
registro ou licenças para funcionamento ou renovação de atividades aos
estabelecimentos de empregadores e aos escritórios ou congêneres dos agentes
ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais, nem concederão alvarás de
licença ou localização, sem que sejam exibidas as provas de quitação da
contribuição sindical, na forma do artigo anterior.
Parágrafo único. A não observância do disposto neste artigo acarretará, de pleno
direito, a nulidade dos atos nele referidos, bem como dos mencionados no artigo
607. (Parágrafo único acrescentado pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
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Art. 609. O recolhimento da contribuição sindical e todos os lançamentos e
movimentos nas contas respectivas são isentos de selos e taxas federais,
estaduais ou municipais.
Art. 610. As dúvidas no cumprimento deste Capítulo serão resolvidas pelo
Secretário de Relações do Trabalho, que expedirá as instruções que se tornarem
necessárias à sua execução. (Redação dada pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
TÍTULO VI
DAS CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO
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VI - disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou
parcial de seus dispositivos;
VII - direitos e deveres dos empregados e das empresas;
VIII - penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as
empresas em caso de violação de seus dispositivos.
Parágrafo único. As Convenções e os Acordos serão celebrados por escrito, sem
emendas nem rasuras, em tantas vias quantos forem os Sindicatos convenentes
ou as empresas acordantes, além de uma destinada a registro. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 614. Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão,
conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção
ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no
Departamento Nacional do Salário, em se tratando de instrumento de caráter
nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho, nos
demais casos.
§ 1º. As Convenções e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias após a data de
entrega dos mesmos no órgão referido neste artigo.
§ 2º. Cópias autenticadas das Convenções e dos Acordos deverão ser afixadas
de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas respectivas sedes e
nosestabelecimentos das empresas compreendidas no seu campo de aplicação,
dentro de 5 (cinco) dias da data do depósito previsto neste artigo.
§ 3º. Não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 2
(dois) anos. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 615. O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou
parcial de Convenção ou Acordo ficará subordinado, em qualquer caso, à
aprovação de Assembléia Geral dos Sindicatos convenentes ou partes
acordantes, com observância do disposto no artigo 612.
§ 1º. O instrumento de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação de
Convenção ou Acordo será depositado, para fins de registro e arquivamento, na
repartição em que o mesmo originariamente foi depositado, observado o disposto
no artigo 614.
§ 2º. As modificações introduzidas em Convenção ou Acordo, por força de
revisão ou de revogação parcial de suas cláusulas, passarão a vigorar 3 (três) dias
após a realização do depósito previsto no § 1º. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 616. Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou
profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical,
quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva. (Redação dada
ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. Verificando-se recusa à negociação coletiva, cabe aos Sindicatos ou
empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, à Sercretaria de
Relações de Trabalho ou aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho, para
convocação compulsória dos Sindicatos ou empresas recalcitrantes. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento
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às convocações feitas pela Secretaria de Relações de Trabalho ou órgãos
regionais do Ministério do Trabalho, ou se malograr a negociação entabulada, é
facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a instauração de dissídio
coletivo. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio
coletivo deverá ser instaurado dentro dos sessenta dias anteriores ao respectivo
termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse
termo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 424, de 21.01.1969)
§ 4º. Nenhum processo de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido
sem antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Convenção ou
Acordo correspondente. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
Art. 617. Os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar
Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas empresas darão ciência de sua
resolução, por escrito, ao Sindicato representativo da categoria profissional, que
terá o prazo de 8 (oito) dias para assumir a direção dos entendimentos entre os
interessados, devendo igual procedimento ser observado pelas empresas
interessadas com relação ao Sindicato da respectiva categoria econômica.
§ 1º. Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha se
desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar conhecimento do
fato à Federação a que estiver vinculado o Sindicato e, em falta dessa, à
correspondente Confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a direção dos
entendimentos. Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir
diretamente na negociação coletiva até final.
§ 2º. Para o fim de deliberar sobre o Acordo, a entidade sindical convocará
assembléia geral dos diretamente interessados, sindicalizados ou não, nos termos
do artigo 612. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 618. As empresas e instituições que não estiverem incluídas no
enquadramento sindical a que se refere o artigo 577 desta Consolidação poderão
celebrar Acordos Coletivos de Trabalho com os Sindicatos representativos dos
respectivos empregados, nos termos deste Título. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 619. Nenhuma disposição de contrato individual de trabalho que contrarie
normas de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho poderá prevalecer na
execução do mesmo, sendo considerada nula de pleno direito. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 620. As condições estabelecidas em Convenção, quando mais favoráveis,
prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 621. As Convenções e os Acordos poderão incluir entre suas cláusulas
disposição sobre a constituição e funcionamento de comissões mistas de consulta
e colaboração, no plano da empresa e sobre participação nos lucros. Estas
disposições mencionarão a forma de constituição, o modo de funcionamento e as
atribuições das comissões, assim como o plano de participação, quando for o
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caso. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 622. Os empregados e as empresas que celebrarem contratos individuais de
trabalho, estabelecendo condições contrárias ao que tiver sido ajustado em
Convenção ou Acordo que lhes for aplicável, serão passíveis da multa neles
fixada.
Parágrafo único. A multa a ser imposta ao empregado não poderá exceder da
metade daquela que, nas mesmas condições, seja estipulada para a empresa.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 623. Será nula de pleno direito disposição de Convenção ou Acordo que,
direta ou indiretamente, contrarie proibição ou norma disciplinadora da política
econômico-financeira do Governo ou concernente à política salarial vigente, não
produzindo quaisquer efeitos perante autoridades e repartições públicas, inclusive
para fins de revisão de preços e tarifas de mercadorias e serviços.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a nulidade será declarada, de ofício
ou mediante representação, pelo Ministro do Trabalho, ou pela Justiça do
Trabalho em processo submetido ao seu julgamento. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 624. A vigência de cláusula de aumento ou reajuste salarial, que implique
elevação de tarifas ou de preços sujeitos à fixação por autoridade pública ou
repartição governamental, dependerá de prévia audiência dessa autoridade ou
repartição e sua expressa declaração no tocante à possibilidade de elevação da
tarifa ou do preço e quanto ao valor dessa elevação. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 625. As controvérsias resultantes da aplicação de Convenção ou de Acordo
celebrado nos termos deste Título serão dirimidas pela Justiça do Trabalho.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
TÍTULO VI-A
DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
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I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade
eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da
categoria profissional;
II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes
titulares;
III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida
uma recondução.
§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da
Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do
mandato, salvo se cometeram falta grave, nos termos da lei.
§ 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na
empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar
como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido
nessa atividade. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e
normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à
Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços,
houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da
categoria.
§ 1º A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos
membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro
aos interessados.
§ 2º Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao
empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu
objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser juntada à eventual
reclamação trabalhista.
§ 3º em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento
previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição inicial da
ação intentada perante a Justiça do Trabalho.
§ 4º Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de
empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas para submeter
a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.
(Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor
a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado,
pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se
cópia às partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá
eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
(Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor
a partir de 90 dias da data de publicação)
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Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a
realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do
interessado.
Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no
último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2º do art. 625-D. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da
Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir
da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art.
625-F. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000,
em vigor a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-H. Aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista em
funcionamento ou que vierem a ser criados, no que couber, as disposições
previstas neste Título, desde que observados os princípios da paridade e da
negociação coletiva na sua constituição. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958,
de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 90 dias da data de
publicação)
TÍTULO VII
DO PROCESSO DE MULTAS ADMINISTRATIVAS
CAPÍTULO I
DA FISCALIZAÇÃO, DA AUTUAÇÃO E DA IMPOSIÇÃO DE MULTAS
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de Compromisso, na forma a ser disciplinada no Regulamento da Inspeção do
Trabalho. (NR) (Artigo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de
26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 628. Salvo o disposto nos arts. 627 e 627-A, a toda verificação em que o
Auditor-Fiscal do Trabalho concluir pela existência de violação de preceito legal
deve corresponder, sob pena de responsabilidade administrativa, a lavratura de
auto de infração. (NR) (Redação dada ao caput pela Medida Provisória nº 1.952-
26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
§ 1º. Ficam as empresas obrigadas a possuir o livro intitulado "Inspeção do
Trabalho", cujo modelo será aprovado por portaria ministerial.
§ 2º. Nesse livro, registrará o fiscal do trabalho sua visita ao estabelecimento,
declarando a data e a hora do início e término da mesma, bem como o resultado
da inspeção, nele consignando, se for o caso, todas as irregularidades verificadas
e as exigências feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento e, ainda,
de modo legível, os elementos de sua identificação funcional.
§ 3º. Comprovada má-fé do agente de inspeção do trabalho, quanto à omissão
ou lançamento de qualquer elemento no livro, responderá ele por falta grave no
cumprimento do dever, ficando passível, desde logo, da pena de suspensão até
30 (trinta) dias, instaurando-se, obrigatoriamente, em caso de reincidência,
inquérito administrativo.
§ 4º. A lavratura de autos contra empresas fictícias e de endereços inexistentes,
assim como a apresentação de falsos relatórios, constituem falta grave punível na
forma do § 3º. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 629. O auto de infração será lavrado em duplicata, nos termos dos modelos
e instruções expedidos, sendo uma via entregue ao infrator, contra recibo, ou ao
mesmo enviada, dentro de 10 (dez) dias da lavratura, sob pena de
responsabilidade, em registro postal, com franquia e recibo de volta.
§ 1º. O auto não terá o seu valor probante condicionado à assinatura do infrator
ou de testemunhas e será lavrado no local da inspeção, salvo havendo motivo
justificado que será declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de responsabilidade.
§ 2º. Lavrado o auto de infração, não poderá ele ser inutilizado, nem sustado o
curso do respectivo processo, devendo o agente de inspeção apresentá-lo à
autoridade competente, mesmo se incidir em erro.
§ 3º. O infrator terá, para apresentar defesa, o prazo de 10 (dez) dias contados
do recebimento do auto.
§ 4º. O auto de infração será registrado com a indicação sumária de seus
elementos característicos, em livro próprio que deverá existir em cada órgão
fiscalizador, de modo a assegurar o controle do seu processamento. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 630. Nenhum Agente da Inspeção do Trabalho poderá exercer as
atribuições do seu cargo sem exibir a carteira de identidade fiscal dos Agentes da
Inspeção do Trabalho devidamente autenticada, fornecida pela autoridade
competente.
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§ 1º. É proibida a outorga de identidade fiscal a quem não esteja autorizado, em
razão do cargo ou função, a exercer ou praticar, no âmbito da legislação
trabalhista, atos de fiscalização.
§ 2º. A credencial a que se refere este artigo deverá ser devolvida para
inutilização, sob as penas da lei, em casos de provimento em outro cargo público,
exoneração ou demissão, bem como nos de licenciamento por prazo superior a 60
(sessenta) dias e de suspensão do exercício do cargo.
§ 3º. O Agente da Inspeção do Trabalho terá livre acesso a todas as
dependências dos estabelecimentos sujeitos ao regime da legislação trabalhista,
sendo as empresas, por seus dirigentes ou prepostos, obrigadas a prestar-lhe os
esclarecimentos necessários ao desempenho de suas atribuições legais e a exibir-
lhe, quando exigidos, quaisquer documentos que digam respeito ao fiel
cumprimento das normas de proteção ao trabalho.
§ 4º. Os documentos sujeitos à inspeção deverão permanecer, sob as penas da
lei, nos locais de trabalho, somente se admitindo, por exceção, a critério da
autoridade competente, sejam os mesmos apresentados em dia e hora
previamente fixados pelo Agente da Inspeção.
§ 5º. No território do exercício de sua função, o Agente da Inspeção gozará de
passe livre nas empresas de transportes, públicas ou privadas, mediante a
apresentação da carteira de identidade fiscal.
§ 6º. A inobservância do disposto nos parágrafos 3º, 4º e 5º configurará
resistência ou embaraço à fiscalização e justificará a lavratura do respectivo auto
de infração, cominada a multa de valor igual a 15 (quinze) vezes o valor-de-
referência até 150 (cento e cinqüenta) vezes esse valor, levando-se em conta,
além das circunstâncias atenuantes ou agravantes, a situação econômico-
financeira do infrator e os meios a seu alcance para cumprir a lei.
§ 7º. Para o efeito do disposto no § 5º, a autoridade competente divulgará, em
janeiro e julho de cada ano, a relação dos Agentes da Inspeção do Trabalho
titulares da carteira de identidade fiscal.
§ 8º. As autoridades policiais, quando solicitadas, deverão prestar aos Agentes
da Inspeção do Trabalho a assistência de que necessitem para o fiel cumprimento
de suas atribuições legais. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
Art. 631. Qualquer funcionário público federal, estadual ou municipal, ou
representante legal de associação sindical, poderá comunicar à autoridade
competente do Ministério do Trabalho as infrações que verificar.
Parágrafo único. De posse dessa comunicação, a autoridade competente
procederá desde logo às necessárias diligências, lavrando os autos de que haja
mister.
Art. 632. Poderá o autuado requerer a audiência de testemunhas e as diligências
que lhe parecerem necessárias à elucidação do processo, cabendo, porém, à
autoridade, julgar da necessidade de tais provas.
Art. 633. Os prazos para defesa ou recurso poderão ser prorrogados, de acordo
com despacho expresso da autoridade competente, quando o autuado residir em
localidade diversa daquela onde se achar essa autoridade.
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Art. 634. Na falta de disposição especial, a imposição das multas incumbe às
autoridades regionais competentes em matéria de trabalho, na forma estabelecida
por este Título.
Parágrafo único. A aplicação da multa não eximirá o infrator da responsabilidade
em que incorrer por infração das leis penais.
CAPÍTULO II
DOS RECURSOS
Art. 635. De toda decisão que impuser multa por infração das leis e disposições
reguladoras do trabalho, e não havendo forma especial de processo, caberá
recurso para a Secretaria do Ministério do Trabalho, que for competente na
matéria.
Parágrafo único. As decisões serão sempre fundamentadas. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 636. Os recursos devem ser interpostos no prazo de 10 (dez) dias, contados
do recebimento da notificação, perante a autoridade que houver imposto a multa,
a qual, depois de os informar, encaminhá-los-á à autoridade de instância superior.
§ 1º. O recurso só terá seguimento se o interessado o instruir com a prova do
depósito da multa.
§ 2º. A notificação somente será realizada por meio de edital, publicado no órgão
oficial, quando o infrator estiver em lugar incerto e não sabido.
§ 3º. A notificação de que trata este artigo fixará igualmente o prazo de 10 (dez)
dias para que o infrator recolha o valor da multa, sob pena de cobrança executiva.
§ 4º. As guias de depósito ou recolhimento serão emitidas em 3 (três) vias e o
recolhimento da multa deverá proceder-se dentro de 5 (cinco) dias às repartições
federais competentes, que escrutinarão a receita a crédito do Ministério do
Trabalho.
§ 5º. A segunda via da guia do recolhimento será devolvida pelo infrator à
repartição que a emitiu, até o sexto dia depois de sua expedição, para a
averbação no processo.
§ 6º. A multa será reduzida de 50% (cinqüenta por cento) se o infrator,
renunciando ao recurso, a recolher ao Tesouro Nacional dentro do prazo de 10
(dez) dias contados do recebimento da notificação ou da publicação do edital.
§ 7º. Para a expedição da guia, no caso do § 6º, deverá o infrator juntar a
notificação com a prova da data do seu recebimento, ou a folha do órgão oficial
que publicou o edital. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
Art. 637. De todas as decisões que proferirem em processos de infração das leis
de proteção ao trabalho e que impliquem arquivamento destes, observado o
disposto no parágrafo único do artigo 635, deverão as autoridades prolatoras
recorrer de ofício para a autoridade competente de instância superior. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 638. Ao Ministro do Trabalho é facultado avocar ao seu exame e decisão,
dentro de 90 (noventa) dias do despacho final do assunto, ou no curso do
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processo, as questões referentes à fiscalização dos preceitos estabelecidos nesta
Consolidação.
CAPÍTULO III
DO DEPÓSITO, DA INSCRIÇÃO E DA COBRANÇA
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
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Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho. (NR) (Parágrafo
acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
Art. 644. São órgãos da Justiça do Trabalho:
a) o Tribunal Superior do Trabalho;
b) os Tribunais Regionais do Trabalho;
c) as Juntas de Conciliação e Julgamento ou os Juízos de Direito. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946)
Art. 645. O serviço da Justiça do Trabalho é relevante e obrigatório, ninguém
dele podendo eximir-se, salvo motivo justificado.
Art. 646. Os órgãos da Justiça do Trabalho funcionarão perfeitamente
coordenados, em regime de mútua colaboração, sob a orientação do Presidente
do Tribunal Superior do Trabalho.
CAPÍTULO II
DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO
SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO
Art. 647. Cada Junta de Conciliação e Julgamento terá a seguinte composição:
a) um juiz do trabalho, que será seu presidente;
b) dois juízes classistas, sendo um representante dos empregadores e outro dos
empregados.
Parágrafo único. Haverá um suplente para cada juiz classista. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946, e de acordo com a CF/88, artigo
116 e § único)
Art. 648. São incompatíveis entre si, para os trabalhos da mesma Junta, os
parentes consanguíneos e afins até o terceiro grau civil.
Parágrafo único. A incompatibilidade resolve-se a favor do primeiro juiz classista
designado ou empossado, ou por sorteio, se a designação ou posse for da mesma
data.
Art. 649. As Juntas poderão conciliar, instruir ou julgar com qualquer número,
sendo, porém, indispensável a presença do presidente, cujo voto prevalecerá em
caso de empate.
§ 1º. No julgamento de embargos deverão estar presentes todos os membros da
Junta.
§ 2º. Na execução e na liquidação das decisões funciona apenas o presidente.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO II
DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DAS JUNTAS
Art. 650. A jurisdição de cada Junta de Conciliação e Julgamento abrange todo o
território da Comarca em que tem sede, só podendo ser estendida ou restringida
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por lei federal.
Parágrafo único. As leis locais de Organização Judiciária não influirão sobre a
competência de Juntas de Conciliação e Julgamento já criadas, até que lei federal
assim determine. (Redação dada pelo ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada
pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
§ 1º Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência
será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o
empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização
em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. (NR)
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.851, de 27.10.1999, DOU 28.10.1999)
§ 2º. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste
artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro,
desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional
dispondo em contrário.
§ 3º. Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora
do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos
serviços.
Art. 652. Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:
a) conciliar e julgar:
I - Os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de
empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo
de rescisão do contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro
seja operário ou artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho.
V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o
Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho; (NR)
(Inciso acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;
c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência.
(Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
Parágrafo único. Terão preferência para julgamento os dissídios sobre
pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador,
podendo o presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir processo em
separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos.
Art. 653. Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Julgamento:
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contra aquelas que não atenderem a tais requisições;
b) realizar as diligências e praticar os atos processuais ordenados pelos
Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Redação
desta alínea corrigida pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944).
c) julgar as suspeições argüidas contra os seus membros;
d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas;
f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras
atribuições que decorram da sua jurisdição.
SEÇÃO III
DOS PRESIDENTES DAS JUNTAS
Art. 654. O ingresso na magistratura do trabalho far-se-á para o cargo de juiz do
trabalho substituto. As nomeações subseqüentes por promoção, alternadamente,
por antigüidade e merecimento. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
§ 1º. Nas 7ª e 8ª Regiões da Justiça do Trabalho, nas localidades fora das
respectivas sedes, haverá suplentes de juiz do trabalho presidente de Junta, sem
direito a acesso, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros,
bacharéis em direito, de reconhecida idoneidade moral, especializados em direito
do trabalho, pelo período de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967) (Revogado
tacitamente pela Lei nº 7.221, de 02.10.1984)
§ 2º. Os suplentes e juiz do trabalho receberão, quando em exercício,
vencimentos iguais aos dos juízes que substituírem. (Redação dada ao parágrafo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967) (Revogado tacitamente pela Lei nº 7.221,
de 02.10.1984)
§ 3º. Os Juízes Substitutos serão nomeados após aprovação em concurso
público de provas e títulos realizado perante o Tribunal Regional do Trabalho da
Região, válido por dois anos e prorrogável, a critério do mesmo órgão, por igual
período, uma só vez, e organizado de acordo com as instruções expedidas pelo
Tribunal Superior do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.087, de 16.07.1974)
§ 4º. Os candidatos inscritos só serão admitidos ao concurso após apreciação
prévia, pelo Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região, dos seguintes
requisitos: (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
a) idade maior de 25 (vinte e cinco) anos e menor de 45 (quarenta e cinco) anos;
b) idoneidade para o exercício das funções.
§ 5º. O preenchimento dos cargos de Presidente de Junta, vagos ou criados por
lei, será feito dentro de cada Região: (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967)
a) pela remoção de outro presidente, prevalecendo a antigüidade no cargo, caso
haja mais de um pedido, desde que a remoção tenha sido requerida, dentro de
quinze dias, contados da abertura da vaga, ao Presidente do Tribunal Regional, a
quem caberá expedir o respectivo ato; (Redação dada à alínea pela Lei nº 6.090,
de 16.07.1974)
b) pela promoção de substituto, cuja aceitação será facultativa, obedecido o
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critério alternado de antigüidade e merecimento.
§ 6º. Os juízes do trabalho presidentes de Junta, juízes substitutos e suplentes
de juiz tomarão posse perante o Presidente do Tribunal da respectiva Região. Nos
Estados que, não forem sede de Tribunal Regional do Trabalho, a posse dar-se-á
perante o Presidente do Tribunal de Justiça, que remeterá o termo ao Presidente
do Tribunal da jurisdição do empossado. Nos Territórios, a posse dar-se-á perante
o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 655. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 656. O Juiz do Trabalho Substituto, sempre que não estiver substituindo o
Juiz-Presidente de Junta, poderá ser designado para atuar nas juntas de
Conciliação e Julgamento.
§ 1º. Para o fim mencionado no caput deste artigo, o território da Região poderá
ser dividido em zonas, compreendendo a jurisdição de uma ou mais juntas, a juízo
do Tribunal Regional do Trabalho respectivo.
§ 2º. A designação referida no caput deste artigo será de atribuição do Juiz-
Presidente do Tribunal Regional do Trabalho ou, não havendo disposição
regimental específica, de quem este indicar.
§ 3º. Os Juízes do Trabalho Substitutos, quando designados ou estiverem
substituindo os Juízes Presidentes de Juntas, perceberão os vencimentos destes.
§ 4º. O Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho ou, não havendo
disposição regimental específica, que este indicar, fará a lotação e a
movimentação dos Juízes Substitutos entre as diferentes zonas da Região na
hipótese de terem sido criadas na forma do § 1º deste artigo. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
Art. 657. Os presidentes de Junta e os presidentes substitutos perceberão a
remuneração ou os vencimentos fixados em lei. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 658. São deveres precípuos dos presidentes das Juntas, além dos que
decorram do exercício de sua função: (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei
nº 8.737, de 19.01.1946)
a) manter perfeita conduta pública e privada;
b) abster-se de atender a solicitações ou recomendações relativamente aos
feitos que hajam sido ou tenham de ser submetidos à sua apreciação;
c) residir dentro dos limites de sua jurisdição, não podendo ausentar-se sem
licença do Presidente do Tribunal Regional;
d) despachar e praticar todos os atos decorrentes de suas funções, dentro dos
prazos estabelecidos, sujeitando-se ao desconto correspondente a um dia de
vencimento para cada dia de retardamento.
Art. 659. Competem privativamente aos presidentes das Juntas, além das que
lhe forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes
atribuições:
I - presidir às audiências das juntas;
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II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas cuja
execução lhes for deprecada;
III - dar posse aos juízes classistas nomeados para a Junta, ao chefe de
Secretaria e aos demais funcionários da Secretaria;
IV - convocar os suplentes dos juízes classistas, no impedimento destes;
V - representar ao Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição, no
caso de falta de qualquer juiz classista a três reuniões consecutivas, sem motivo
justificado, para os fins do artigo 727;
VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a decisão
recorrida antes da remessa ao Tribunal Regional, ou submetendo-os à decisão da
Junta, no caso do artigo 894.
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;
VIII - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de cada
ano, o relatório dos trabalhos do ano anterior;
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações
trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos
parágrafos do artigo 469 desta Consolidação. (Inciso acrescentado pela Lei nº
6.203, de 17.04.1975)
X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações
trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso
ou dispensado pela empregador." (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.270, de
17.04.1996)
SEÇÃO IV
DOS JUÍZES CLASSISTAS DAS JUNTAS
Art. 660. Os juízes classistas das Juntas são designados pelo Presidente do
Tribunal Regional da respectiva jurisdição.
Art. 661. Para o exercício da função de juiz classista da Junta ou suplente deste
são exigidos os seguintes requisitos:
a) ser brasileiro; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
b) ter reconhecida idoneidade moral;
c) ser maior de 25 anos e ter menos de 70 (setenta) anos de idade; (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
d) estar no gozo dos direitos civis e políticos;
e) estar quite com o serviço militar;
f) contar mais de dois anos de efetivo exercício na profissão e ser sindicalizado.
Parágrafo único. A prova da qualidade profissional a que se refere a alínea f
deste artigo é feita mediante declaração do respectivo sindicato.
Art. 662. A escolha dos juízes classistas das Juntas e seus suplentes far-se-á
dentre os nomes constantes das listas que, para esse efeito, forem encaminhadas
pelas associações sindicais de primeiro grau ao Presidente do Tribunal Regional.
§ 1º. Para esse fim, cada sindicato de empregadores e de empregados, com
base territorial extensiva à área de jurisdição da Junta, no todo ou em parte,
procederá, na ocasião determinada pelo Presidente do Tribunal Regional, à
escolha de três nomes que comporão a lista, aplicando-se à eleição o disposto no
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artigo 524 e seus §§ 1º a 3º. (Redação dada pela Lei nº 5.657, de 04.06.1971)
§ 2º. Recebidas as listas pelo presidente do Tribunal Regional, designará este,
dentro de cinco dias, os nomes dos juízes classistas e dos respectivos suplentes,
expedindo para cada um deles um título, mediante a apresentação do qual será
empossado.
§ 3º. Dentro de quinze dias, contados da data da posse, pode ser contestada a
investidura do juiz classista ou do suplente, por qualquer interessado, sem efeito
suspensivo, por meio de representação escrita, dirigida ao presidente do Tribunal
Regional.
§ 4º. Recebida a contestação, o presidente do Tribunal designará imediatamente
relator, o qual, se houver necessidade de ouvir testemunhas ou de proceder a
quaisquer diligências, providenciará para que tudo se realize com a maior
brevidade, submetendo, por fim, a contestação ao parecer do Tribunal, na primeira
sessão. (Redação dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 5º. Se o Tribunal julgar procedente a contestação, o presidente providenciará a
designação do novo juiz classista ou suplente. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967)
§ 6º. Em falta de indicação pelos sindicatos, de nomes para representantes das
respectivas categorias profissionais e econômicas nas Juntas de Conciliação e
Julgamento, ou nas localidades onde não existirem sindicatos, serão esses
representantes livremente designados pelo presidente do Tribunal Regional do
Trabalho, observados os requisitos exigidos para o exercício da função.
(Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 663. A investidura dos juízes classistas das Juntas e seus suplentes é de 3
(três) anos, podendo, entretanto, ser dispensado, a pedido, aquele que tiver
servido sem interrupção, durante metade desse período. (Redação dada pela Lei
nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 1º. Na hipótese da dispensa do juiz classista a que alude este artigo, assim
como nos casos de impedimento, morte ou renúncia, sua substituição far-se-á
pelo suplente, mediante convocação do presidente da Junta. (Redação dada pela
Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 2º. Na falta do suplente, por impedimento, morte ou renúncia, serão
designados novo juiz classista e o respectivo suplente, dentre os nomes
constantes das listas a que se refere o artigo 662, servindo os designados até o
fim do período.
Art. 664. Os juízes classistas das Juntas e seus suplentes tomam posse perante
o presidente da Junta em que têm de funcionar.
Art. 665. Enquanto durar sua investidura, gozam os juízes classistas das Juntas
e seus suplentes das prerrogativas asseguradas aos jurados.
Art. 666. Por audiência a que comparecerem, até o máximo de vinte por mês, os
juízes classistas das Juntas e seus suplentes perceberão a gratificação fixada em
lei. (Redação dada pela Lei nº 4.439, de 27.10.1964)
Art. 667. São prerrogativas dos juízes classistas das Juntas, além das referidas
no artigo 665:
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a) tomar parte nas reuniões do tribunal a que pertençam;
b) aconselhar às partes a conciliação;
c) votar no julgamento dos feitos e nas matérias de ordem interna do tribunal,
submetidas às suas deliberações;
d) pedir vista dos processos pelo prazo de vinte e quatro horas;
e) formular, por intermédio do presidente, aos litigantes, testemunhas e peritos,
as perguntas que quiserem fazer, para esclarecimento do caso.
CAPÍTULO III
DOS JUÍZOS DE DIREITO
SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO E DO FUNCIONAMENTO
Art. 670. O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região compor-se-á de 54
(cinqüenta e quatro) Juízes, sendo 36 (trinta e seis) togados, vitalícios, e 18
(dezoito) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 2ª Região compor-se-á
de 64 (sessenta e quatro) Juízes, sendo 42 (quarenta e dois) togados, vitalícios, e
22 (vinte e dois) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 3ª Região compor-
se-á de 36 (trinta e seis) Juízes, sendo 24 (vinte e quatro) togados, vitalícios, e 12
(doze) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 4ª Região compor-seá de
36 (trinta e seis) Juízes, sendo 24 (vinte e quatro) togados, vitalícios, e 12 (doze)
classistas, temporários; o Tribunal Regional da 5ª Região compor-se-á de 29
(vinte e nove) juízes, sendo 19 (dezenove) togados, vitalícios e 10 (dez) classistas,
temporários; o Tribunal Regional dada 6ª Região compor-se-á de 18 (dezoito)
Juízes, sendo 12 (doze) togados, vitalícios, e 6 (seis) classistas, temporários; o
Tribunal Regional da 7ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes, sendo 6 (seis)
togados, vitalícios, e 2 (dois) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 8ª
Região compor-seá de 12 (doze) Juízes, sendo 8 (oito) togados, vitalícios, e 4
(quatro) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 9ª Região compor-se-á de
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28 (vinte e oito) Juízes, sendo 18 (dezoito) togados, vitalícios, e 10 (dez)
classistas; o Tribunal Regional da 10ª Região compor-se-á de 17 (dezessete)
Juízes, sendo 11 (onze) togados, vitalícios, e 6 (seis) classistas, temporários; o
Tribunal Regional da 11ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes, sendo 6 (seis)
togados, vitalícios, e 2 (dois) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 12ª
Região compor-se-á de 18 (dezoito) Juízes, sendo 12 (doze) togados, vitalícios, e
6 (seis) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 13ª Região compor-se-á
de 8 (oito) Juízes, sendo 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 (dois) classistas,
temporários; o Tribunal Regional da 14ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 15ª Região compor-se-á de 36 (trinta e seis)
Juízes, sendo 24 (vinte e quatro) togados, vitalícios, e 12 (doze) classistas,
temporários; o Tribunal Regional da 16ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 17ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 18ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 19ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 20ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 21ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 22ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 23ª Região compor-se-á de 8 (oito) juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; e o Tribunal Regional da 24ª Região compor-se-á de 8 (oito) juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária, todos nomeados pelo Presidente da República. (Texto adaptado às
sucessivas modificações)
§ 1º. (VETADO na Lei nº 5.452, de 24.05.1968)
§ 2º. Nos Tribunais Regionais constituídos de seis ou mais juízes togados, e
menos de onze, um deles será escolhido dentre advogados, um dentre membros
do Ministério Público da União junto à Justiça do Trabalho e os demais dentre
juízes do Trabalho Presidentes de Junta da respectiva Região, na forma prevista
no parágrafo anterior. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
§ 3º. (VETADO na Lei nº 5.452, de 24.05.1968)
§ 4º. Os juízes classistas referidos neste artigo representarão, paritariamente,
empregadores e empregados. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
§ 5º. Haverá um suplente para cada juiz classista. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
§ 6º. Os Tribunais Regionais, no respectivo regimento interno, disporão sobre a
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substituição de seus juízes, observados, na convocação de juízes inferiores, os
critérios de livre escolha e antigüidade, alternadamente. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968) (Parágrafo revogado tacitamento pela
Lei Complementar nº 54)
§ 7º. Dentre os seus juízes togados, os Tribunais Regionais elegerão os
respectivos Presidentes e Vice-Presidente, assim como os Presidentes de
Turmas, onde as houver. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
§ 8º. Os Tribunais Regionais da 1ª e 2ª Regiões dividir-se-ão em Turmas,
facultada essa divisão aos constituídos de, pelo menos, doze juízes. Cada turma
se comporá de três juízes togados e dois classistas, um representante dos
empregados e outro dos empregadores. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
5.442, de 24.05.1968)
Art. 671. Para os trabalhos dos Tribunais Regionais existe a mesma
incompatibilidade prevista no artigo 648, sendo idêntica a forma de sua resolução.
Art. 672. Os Tribunais Regionais, em sua composição plena, deliberarão com a
presença, além do Presidente, da metade e mais um do número de seus juízes,
dos quais, no mínimo, um representante dos empregados e outro dos
empregadores.
§ 1º. As Turmas somente poderão deliberar presentes, pelo menos, três dos
seus juízes, entre ele os dois classistas. Para a integração desse quorum, poderá
o Presidente de uma Turma convocar juízes de outra, da classe a que pertencer o
ausente ou impedido.
§ 2º. Nos Tribunais Regionais, as decisões tomar-se-ão pelo voto da maioria dos
juízes presentes, ressalvada, no Tribunal Pleno, a hipótese de declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público (artigo 116 da Constituição)
§ 3º. O Presidente do Tribunal Regional, excetuada a hipótese de declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato do poder público, somente terá voto de
desempate. Nas sessões administrativas, o Presidente votará como os demais
juízes, cabendo-lhe, ainda, o voto de qualidade.
§ 4º. No julgamento de recursos contra decisão ou despacho do Presidente, do
Vice-Presidente ou de Relator, ocorrendo empate, prevalecerá a decisão ou
despacho recorrido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 673. A ordem das sessões dos Tribunais Regionais será estabelecida no
respectivo regimento interno.
SEÇÃO II
DA JURISDIÇÃO E DA COMPETÊNCIA
Art. 674. Para efeito da jurisdição dos Tribunais Regionais, o território nacional é
dividido nas dezoito regiões seguintes:
1ª Região - Estado do Rio de Janeiro;
2ª Região - Estado de São Paulo (com exceção da Região de Campinas - 15ª)
3ª Região - Estado de Minas Gerais;
4ª Região - Estado do Rio Grande do Sul;
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5ª Região - Estado da Bahia;
6ª Região - Estado de Pernambuco;
7ª Região - Estado do Ceará;
8ª Região - Estados do Pará e Amapá;
9ª Região - Estado do Paraná;
10ª Região - Distrito Federal e Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul;
11ª Região - Estado do Amazonas e Território Federal de Roraima;
12ª Região - Estado de Santa Catarina;
13ª Região - Estado de Paraíba;
14ª Região - Estados de Rondônia e do Acre;
15ª Região - Cidade de Campinas e Região;
16ª Região - Estado do Maranhão;
17ª Região - Estado do Espírito Santo;
18ª Região - Estado de Goiás;
19ª Região - Estado de Alagoas;
20ª Região - Estado de Sergipe;
21ª Região - Estado do Rio Grande do Norte;
22ª Região - Estado do Piauí.
23ª Região - Estado de Mato Grosso.
24ª Região - Estado do Mato Grosso do Sul.
Parágrafo único. Os Tribunais têm sede nas cidades:
Rio de Janeiro (1ª Região);
São Paulo (2ª Região);
Belo Horizonte (3ª Região);
Porto Alegre (4ª Região);
Salvador (5ª Região);
Recife (6ª Região);
Fortaleza (7ª Região);
Belém (8ª Região);
Curitiba (9ª Região);
Brasília (10ª Região);
Manaus (11ª Região);
Florianópolis (12ª Região);
João Pessoa (13ª Região);
Porto Velho (14ª Região);
Campinas (15ª Região);
São Luís (16ª Região);
Vitória (17ª Região);
Goiânia (18ª Região);
Maceió (19ª Região);
Aracaju (20ª Região);
Natal (21ª Região);
Teresina (22ª Região);
Cuiabá (23ª Região) e
Campo Grande (24ª Região).
Art. 675. (Revogado pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
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Art. 676. O número de regiões, a jurisdição e a categoria dos Tribunais
Regionais estabelecidos nos artigos anteriores somente podem ser alterados pelo
Presidente da República.
Art. 677. A competência dos Tribunais Regionais determina-se pela forma
indicada no artigo 651 e seus parágrafos e, nos casos de dissídio coletivo, pelo
local onde este ocorrer.
Art. 678. Aos Tribunais Regionais, quando divididos em Turmas, compete:
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a) determinar às Juntas e aos juízes de direito a realização dos atos processuais
e diligências necessárias ao julgamento dos feitos sob sua apreciação;
b) fiscalizar o cumprimento de suas próprias decisões;
c) declarar a nulidade dos atos praticados com infração de suas decisões;
d) julgar as suspeições argüidas contra seus membros;
e) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
f) requisitar às autoridades competentes as diligências necessárias ao
esclarecimento dos feitos sob apreciação, representando contra aquelas que não
atenderem a tais requisições;
g) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, as demais atribuições
que decorram de sua Jurisdição. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
SEÇÃO III
DOS PRESIDENTES DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
Art. 681. Os presidentes e vice-presidentes dos Tribunais Regionais tomarão
posse perante os respectivos Tribunais. (Redação dada pela Lei nº 6.320, de
05.04.1976)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 6.320, de 05.04.1976)
Art. 682. Competem privativamente aos presidentes dos Tribunais Regionais,
além das que forem conferidas neste e no título e das decorrentes do seu cargo,
as seguintes atribuições:
I - (Revogado pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968);
II - designar os juízes classistas das juntas e seus suplentes;
III - dar posse aos presidentes de Juntas e presidentes substitutos, aos juízes
classistas e suplentes e funcionários do próprio Tribunal e conceder férias e
licenças aos mesmos e aos juízes classistas e suplentes das Juntas;
IV - presidir às sessões do Tribunal;
V - presidir às audiências de conciliação nos dissídios coletivos;
VI - executar suas próprias decisões e as proferidas pelo Tribunal;
VII - convocar suplentes dos juízes do Tribunal, nos impedimentos destes;
VIII - representar ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho contra os
presidentes, juízes classistas e juízes representantes classistas, nos casos
previstos no artigo 727 e seu parágrafo único;
IX - despachar os recursos interpostos pelas partes;
X - requisitar às autoridades competentes, nos casos de dissídio coletivo, a força
necessária, sempre que houver ameaça de perturbação da ordem;
XI - exercer correição, pelo menos uma vez por ano, sobre as Juntas, ou
parcialmente, sempre que se fizer necessário, e solicitá-la, quando julgar
conveniente, ao presidente do Tribunal de Justiça, relativamente aos juízes de
direito investidos na administração da Justiça do Trabalho;
XII - distribuir os feitos, designando os juízes que os devem relatar;
XIII - designar, dentre os funcionários do Tribunal e das Juntas existentes em
uma mesma localidade, o que deve exercer a função de distribuidor;
XIV - assinar as folhas de pagamento dos juízes e servidores do Tribunal.
§ 1º. Na falta ou impedimento do presidente da Junta e do substituto da mesma
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localidade, é facultado ao presidente do Tribunal Regional designar substituto de
outra localidade, observada a ordem de antigüidade entre os substitutos
desimpedidos.
§ 2º. Na falta ou impedimento do juiz classista da Junta e do respectivo suplente,
é facultado ao presidente do Tribunal Regional designar suplente de outra Junta,
respeitada a categoria profissional ou econômica do representante e a ordem de
antigüidade dos suplentes desimpedidos..
§ 3º. Na falta ou impedimento de qualquer juiz representante classista e seu
respectivo suplente, é facultado ao presidente do Tribunal Regional designar um
dos vogais de Junta de Conciliação e Julgamento para funcionar nas sessões do
Tribunal, respeitada a categoria profissional ou econômica do representante.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 3.440, de 27.08.1958)
Art. 683. Na falta ou impedimento dos presidentes dos Tribunais Regionais, e
como auxiliares destes, sempre que necessário, funcionarão seus substitutos.
(Redação do caput e parágrafos dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946,
com as alterações do Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946)
§ 1º. Nos casos de férias, por trinta dias, licença, por morte ou renúncia, a
convocação competirá diretamente ao presidente do Tribunal Superior do
Trabalho.
§ 2º. Nos demais casos, mediante convocação do próprio presidente do Tribunal
ou comunicação do secretário deste, o presidente substituto assumirá
imediatamente o exercício, ciente o presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
SEÇÃO IV
DOS JUÍZES REPRESENTANTES CLASSISTAS DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
Art. 684. Os juízes representantes classistas dos Tribunais Regionais são
designados pelo Presidente da República.
Parágrafo único. Aos juízes representantes classistas dos empregados e dos
empregadores, nos Tribunais Regionais, aplicam-se as disposições do artigo 661.
(Parágrafo renumerado para único em virtude da revogação do parágrafo segundo
pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 685. A escolha dos juízes e suplentes dos Tribunais Regionais,
representantes dos empregadores e empregados, é feita dentre os nomes
constantes das listas para esse fim encaminhadas ao presidente do Tribunal
Superior do Trabalho pelas associações sindicais de grau superior com sede nas
respectivas regiões.
§ 1º. Para o efeito deste artigo, o conselho de representantes de cada
associação sindical de grau superior, na ocasião determinada pelo presidente do
Tribunal Superior do Trabalho, organizará, por maioria de votos, uma lista de três
nomes.
§ 2º. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho submeterá os nomes
constantes das listas ao Presidente da República, por intermédio do Ministro da
Justiça. (Redação dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
Art. 686. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946).
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Art. 687. Os juízes representantes classistas dos Tribunais Regionais tomam
posse perante o respectivo presidente.
Art. 688. Aos juízes representantes classistas dos Tribunais Regionais aplicam-
se as disposições do artigo 663, sendo a nova escolha feita dentre os nomes
constantes das listas a que se refere o artigo 685 ou na forma indicada no artigo
686 e bem assim, as dos artigos 665 e 667.
Parágrafo único. Os juízes representantes classistas que retiverem processos
além dos prazos estabelecidos no regimento interno dos Tribunais Regionais,
sofrerão, automaticamente, na gratificação mensal a que teriam direito, desconto
equivalente a 1/30 por processo retido.
Art. 689. Por sessão a que comparecem, até o máximo de 15 (quinze) por mês,
perceberão os Juízes representantes classistas e suplentes dos Tribunais
Regionais a gratificação fixada em Lei;
Parágrafo único. Os Juízes representantes classistas que retiverem peocessos
além dos prazos estabelecidos no Regimento Interno dos Tribunais Regionais
sofrerão automaticamente, na gratificação mensal a que teriam direito, desconto
equivalente a 1/30 (um trinta avos) por processo retido. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
CAPÍTULO V
DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 690. O Tribunal Superior do Trabalho, com sede na Capital da República e
jurisdição em todo o território nacional, é a instância superior da Justiça do
Trabalho. (Redação dada ao caput pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954, e de acordo
com a Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Parágrafo único. O Tribunal funciona na plenitude de sua composição ou dividido
em turmas, com observância da paridade de representação de empregados e
empregadores. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954, e
de acordo com a Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Art. 691. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946 - DOU
21.01.1946).
Art. 692. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946 - DOU
21.01.1946).
SEÇÃO II
DA COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO
Art. 693. (Prejudicado pelo artigo 111, §§ 1º e 2º, da Constituição, que dispõe):
§ 1º. Dentre os juízes togados do Tribunal Superior do Trabalho, alheios aos
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interesses profissionais, serão eleitos o presidente, o vice-presidente e o
corregedor, além dos presidentes das turmas, na forma estabelecida em seu
regimento interno. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 2º. Para nomeação trienal dos juízes classistas, o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho publicará edital, com antecedência mínima de 15 (quinze)
dias, convocando as associações sindicais de grau superior, para que cada uma,
mediante maioria de votos do respectivo conselho de representantes, organize
uma lista de 3 (três) nomes, que será encaminhada, por intermédio daquele
Tribunal, ao Ministro da Justiça, dentro do prazo que for fixado no edital. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954) (Prejudicado pelo artigo 111,
da Constituição)
§ 3º. Na lista de que trata o parágrafo anterior figurarão somente brasileiros
natos, de reconhecida idoneidade, maiores de 25 anos, quites com o serviço
militar, que estejam no gozo de seus direitos civis e políticos e contem mais de
dois anos de efetivo exercício da profissão ou se encontrem no desempenho de
representação profissional prevista em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
9.797, de 09.09.1956) (Prejudicado pelo artigo 111, da Constituição)
Art. 694. (Prejudicado pelo artigo 111, § 1º, da Constituição)
Art. 695. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 9.997, de 09.09.1946).
Art. 696. Importará em renúncia o não comparecimento do membro do Tribunal,
sem motivo justificado, a mais de três sessões ordinárias consecutivas. (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
§ 1º. Ocorrendo a hipótese prevista neste artigo, o presidente do Tribunal
comunicará imediatamente o fato ao Ministro da Justiça, a fim de que seja feita a
substituição do juiz renunciante, sem prejuízo das sanções cabíveis. (Redação
dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954) (Revogado tacitamente pela Lei
Complementar nº 35, de 14.03.1979)
§ 2º. Para os efeitos do parágrafo anterior, a designação do substituto será feita
dentre os nomes constantes das listas de que trata o § 2º do artigo 693. (Redação
dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
Art. 697. Em caso de licença superior a trinta dias ou de vacância, enquanto não
for preenchido o cargo, os Ministros do Tribunal poderão ser substituídos mediante
convocação de juízes, de igual categoria, de qualquer dos Tribunais Regionais do
Trabalho, na forma que dispuser o Regimento do Tribunal Superior do Trabalho.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.289, de 11.12.1975)
Art. 698. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 699. (Revogado pela Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Art. 700. O Tribunal reunir-se-á em dias previamente fixados pelo presidente, o
qual poderá, sempre que for necessário, convocar sessões extraordinárias.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 701. As sessões do Tribunal serão públicas e começarão às 14 horas,
terminando às 17 horas, mas poderão ser prorrogadas pelo presidente, em caso
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de manifesta necessidade.
§ 1º. As sessões extraordinárias do Tribunal só se realizarão quando forem
comunicadas aos seus membros com 24 horas, no mínimo, de antecedência.
§ 2º. Nas sessões do Tribunal os debates poderão tornar-se secretos, desde
que, por motivo de interesse público, assim resolva a maioria de seus membros.
(Redação dada ao caput e parágrafos pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO III
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PLENO
Art. 702. (Revogado pela Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
SEÇÃO IV
DA COMPETÊNCIA DA CÂMARA DE JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 703. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 704. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 705. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO V
DA COMPETÊNCIA DA CÂMARA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 706. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO VI
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO
Art. 707. Compete ao presidente do Tribunal:
a) presidir às sessões do Tribunal, fixando os dias para a realização das sessões
ordinárias e convocando as extraordinárias;
b) superintender todos os serviços do Tribunal;
c) expedir instruções e adotar as providências necessárias para o bom
funcionamento do Tribunal e dos demais órgãos da Justiça do Trabalho;
d) fazer cumprir as decisões originárias do Tribunal, determinando aos Tribunais
Regionais e aos demais órgãos da Justiça do Trabalho a realização dos atos
processuais e das diligências necessárias;
e) submeter ao Tribunal os processos em que tenha de deliberar e designar, na
forma do regimento interno, os respectivos relatores;
f) despachar os recursos interpostos pelas partes e os demais papéis em que
deva deliberar;
g) determinar as alterações que se fizerem necessárias na lotação de pessoal da
Justiça do Trabalho, fazendo remoções ex-officio de servidores entre os Tribunais
Regionais, Juntas de Conciliação e Julgamento e outros órgãos, bem como
conceder as requeridas que julgar convenientes ao serviço, respeitada a lotação
de cada órgão;
h) conceder licenças e férias aos servidores do Tribunal, bem como impor-lhes
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as penas disciplinares que excederem da alçada das demais autoridades;
i) dar posse e conceder licença aos membros do Tribunal bem como conceder
licenças e férias aos presidentes dos Tribunais Regionais;
j) apresentar ao Ministro da Justiça, até 31 de março de cada ano, o relatório das
atividades do Tribunal e dos demais órgãos da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. O presidente terá um secretário, por ele designado dentre os
funcionários lotados no Tribunal, e será auxiliado por servidores designados nas
mesmas condições. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
SEÇÃO VII
DAS ATRIBUIÇÕES DO VICE-PRESIDENTE
Art. 708. Compete ao vice-presidente do Tribunal:
SEÇÃO I
DA SECRETARIA DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO
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Art. 710. Cada Junta terá uma secretaria, sob a direção do funcionário que o
presidente do Tribunal Regional do Trabalho designar para exercer a função de
diretor da secretaria, e que receberá, além dos vencimentos correspondentes ao
seu padrão, a gratificação de função fixada em lei. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 8.737, de 19.01.1946, modificado pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 711. Compete à secretaria das Juntas:
a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos
processos e outros papéis que lhe forem encaminhados;
b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais
papéis;
c) o registro das decisões;
d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento dos
respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará;
e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria;
f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos;
g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do
arquivamento da secretaria;
h) a realização das penhoras e demais diligências processuais;
i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo presidente
da Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.
Art. 712. Compete especialmente aos diretores de secretaria das Juntas de
Conciliação e Julgamento:
a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço;
b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do presidente e das autoridades
superiores;
c) submeter a despacho e assinatura do presidente o expediente e os papéis que
devam ser por ele despachados e assinados;
d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu presidente, a cuja
deliberação será submetida;
e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais;
f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de
execução e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas
autoridades superiores;
g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respectivas atas;
h) subscrever as certidões e os termos processuais;
i) dar aos litigantes ciência da reclamações e demais atos processuais de que
devam ter conhecimento, assinando as respectivas notificações;
j) executar os demais trabalhos que lhes forem atribuídos pelo presidente da
Junta.
Parágrafo único. Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os
atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em
tantos dias quantos os do excesso. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº
8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO II
DOS DISTRIBUIDORES
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Art. 713. Nas localidades em que existir mais de uma Junta de Conciliação e
Julgamento haverá um distribuidor.
Art. 714. Compete ao distribuidor:
a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada
Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;
b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito
distribuído;
c) a manutenção de dois fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado
pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem
alfabética;
d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão,
de informações sobre os feitos distribuídos;
e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos
presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à
parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão
mencionados em certidões.
Art. 715. Os distribuidores são designados pelo presidente do Tribunal Regional,
dentre os funcionários das Juntas e do Tribunal Regional, existentes na mesma
localidade, e ao mesmo presidente diretamente subordinados.
SEÇÃO III
DO CARTÓRIO DE JUÍZOS DE DIREITO
Art. 716. Os cartórios dos Juízos de Direito, investidos na administração da
Justiça do Trabalho têm, para esse fim, as mesmas atribuições e obrigações
conferidas na Seção I às secretarias das Juntas de Conciliação e Julgamento.
Parágrafo único. Nos Juízos em que houver mais de um cartório, far-se-á entre
eles a distribuição alternada e sucessiva das reclamações.
Art. 717. Aos escrivães dos Juízos de Direito, investidos na administração da
Justiça do Trabalho, competem especialmente as atribuições e obrigações dos
diretores de secretarias das Juntas; e aos demais funcionários dos cartórios, as
que couberem nas respectivas funções, entre as que competem às secretarias
das Juntas enumeradas no artigo 711.
SEÇÃO IV
DAS SECRETARIAS DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
Art. 718. Cada Tribunal Regional tem uma secretaria, sob a direção do
funcionário designado para exercer a função de secretário, com a gratificação de
função fixada em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 719. Competem à secretaria dos Tribunais, além das atribuições
estabelecidas no artigo 711, para a secretaria das Juntas, mais as seguintes:
a) a conclusão dos processos ao presidente e sua remessa, depois de
despachados, aos respectivos relatores;
b) a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do Tribunal,
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para consulta dos interessados.
Parágrafo único. No regimento interno dos Tribunais Regionais serão
estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de
suas secretarias.
Art. 720. Competem aos secretários dos Tribunais Regionais as mesmas
atribuições conferidas no artigo 712 aos diretores de secretaria das Juntas, além
das que lhes forem fixadas no regimento interno dos Tribunais.
SEÇÃO V
DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA E OFICIAIS DE JUSTIÇA AVALIADORES
Art. 721. Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da
Justiça do Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados
das Juntas de Conciliação e Julgamento e dos Tribunais Regionais do Trabalho,
que lhes forem cometidos pelos respectivos presidentes.
§ 1º. Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou
Oficial de Justiça Avaliador funcionará perante uma Junta de Conciliação e
Julgamento, salvo quando da existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de
órgão específico, destinado à distribuição de mandados judiciais.
§ 2º. Nas localidades onde houver mais de uma Junta, respeitado o disposto no
parágrafo anterior, a atribuição para o cumprimento do ato deprecado ao Oficial de
Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro oficial sempre que,
após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifiquem, não tiver sido
cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.
§ 3º. No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avaliador, para cumprimento
do ato, o prazo previsto no artigo 888.
§ 4º. É facultado aos presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a
qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de
execução das decisões desses Tribunais.
§ 5º. Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça
Avaliador, o presidente da Junta poderá atribuir a realização do ato a qualquer
serventuário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1963)
CAPÍTULO VII
DAS PENALIDADES
SEÇÃO I
DO "LOCK-OUT" E DA GREVE
Art. 722. Os empregadores que, individual ou coletivamente, suspenderem os
trabalhos dos seus estabelecimentos, sem prévia autorização do tribunal
competente, ou que violarem, ou se recusarem a cumprir decisão proferida em
dissídio coletivo, incorrerão nas seguintes penalidades:
a) multa de 300 (trezentos) a 3.000 (três mil) valores-de-referência regionais.
b) perda do cargo de representação profissional em cujo desempenho estiverem;
c) suspensão, pelo prazo de dois anos a cinco anos, do direito de serem eleitos
para cargos de representação profissional.
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§ 1º. Se o empregador for pessoa jurídica, as penas previstas nas alíneas b e c
incidirão sobre os administradores responsáveis.
§ 2º. Se o empregador for concessionário de serviço público, as penas serão
aplicadas em dobro. Nesse caso, se o concessionário for pessoa jurídica, o
presidente do Tribunal que houver proferido a decisão poderá, sem prejuízo do
cumprimento desta e da aplicação das penalidades cabíveis, ordenar o
afastamento dos administradores responsáveis, sob pena de ser cassada a
concessão.
§ 3º. Sem prejuízo das sanções cominadas neste artigo, os empregadores
ficarão obrigados a pagar os salários devidos aos seus empregados, durante o
tempo de suspensão do trabalho.
Art. 723. (Revogado pela Lei nº 9.842, de 07.10.1999, DOU 08.10.1999)
Art. 724. (Revogado pela Lei nº 9.842, de 07.10.1999, DOU 08.10.1999)
Art. 725. (Revogado pela Lei nº 9.842, de 07.10.1999, DOU 08.10.1999)
SEÇÃO II
DAS PENALIDADES CONTRA OS MEMBROS DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 726. Aquele que recusar o exercício da função de juiz classista de Junta de
Conciliação e Julgamento ou de juiz representante classista de Tribunal Regional,
sem motivo justificado, incorrerá nas seguintes penas:
a) sendo representante de empregadores, multa de 6 (seis) a 60 (sessenta)
valores-de-referência regionais e suspensão do direito de representação
profissional por dois a cinco anos;
b) sendo representante de empregados, multa de 6 (seis) valores-de-referência
regionais e suspensão do direito de representação profissional por dois a cinco
anos.
Art. 727. Os juízes classistas das Juntas de Conciliação e Julgamento, ou juízes
representantes classistas dos Tribunais Regionais, que faltarem a três reuniões ou
sessões consecutivas, sem motivo justificado, perderão o cargo, além de
incorrerem nas penas do artigo anterior.
Parágrafo único. Prejudicado. Ver artigos 40 a 49 da Lei Complementar nº 35
(Lei Orgânica da Magistratura).
Art. 728. Aos presidentes, membros, juízes, juízes classistas e funcionários
auxiliares da Justiça do Trabalho, aplica-se o disposto no Título XI do Código
Penal.
SEÇÃO III
DE OUTRAS PENALIDADES
Art. 729. O empregador que deixar de cumprir decisão passada em julgado
sobre readmissão ou reintegração de empregado, além do pagamento dos
salários deste, incorrerá na multa de 3/5 (três quintos) a 3 (três) valores-de-
referência regionais por dia, até que seja cumprida a decisão.
§ 1º. O empregador que impedir ou tentar impedir que empregado seu sirva
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como juiz classista em Tribunal de Trabalho, ou perante este preste depoimento,
incorrerá na multa de 30 (trinta) a 300 (trezentos) valores-de-referência regionais.
§ 2º. Na mesma pena do parágrafo anterior incorrerá o empregador que
dispensar seu empregado pelo fato de haver servido como juiz classista ou
prestado depoimento como testemunha, sem prejuízo da indenização que a lei
estabeleça.
Art. 730. Aqueles que se recusarem a depor como testemunhas, sem motivo
justificado, incorrerão na multa de 3 (três) a 30 (trinta) valores-de-referência
regionais. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 731. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não
se apresentar no prazo estabelecido no parágrafo único do artigo 786, à Junta ou
Juízo para fazê-la tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de seis
meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
Art. 732. Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por duas
vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o artigo 844.
Art. 733. As infrações de disposições deste Título, para as quais não haja
penalidades cominadas, serão punidas com multa de 3 (três) a 300 (trezentas)
valores-de-referência regionais, elevada ao dobro na reincidência. (Redação dada
pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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Parágrafo único. Para o exercício de suas funções, o Ministério Público do
Trabalho reger-se-á pelo que estatui esta Consolidação e, na falta de disposição
expressa, pelas normas que regem o Ministério Público Federal.
Art. 737. O Ministério Público do Trabalho compõe-se da Procuradoria da Justiça
do Trabalho, funcionando como órgão de coordenação entre a Justiça do Trabalho
e o Ministério do Trabalho, diretamente subordinada ao Ministro de Estado.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 738. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.024, de 01.10.1945)
Art. 739. Não estão sujeitos a ponto os procuradores gerais e os procuradores.
CAPÍTULO II
DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
SEÇÃO I
DA ORGANIZAÇÃO
Art. 740. A Procuradoria da Justiça do Trabalho compreende:
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Art. 744. A nomeação do procurador geral deverá recair em bacharel em
ciências jurídicas e sociais, que tenha exercido, por cinco ou mais anos, cargo de
magistratura ou de Ministério Público, ou a advocacia.
Art. 745. Para a nomeação dos demais procuradores, atender-se-á aos mesmos
requisitos estabelecidos no artigo anterior, reduzido a dois anos, no mínimo, o
tempo de exercício.
SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA GERAL
Art. 746. Compete à Procuradoria Geral da Justiça do Trabalho: (Redação dada
ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
a) oficiar, por escrito, em todos os processos e questões de trabalho de
competência do Tribunal Superior do Trabalho;
b) funcionar nas sessões do mesmo Tribunal, opinando verbalmente sobre a
matéria em debate e solicitando as requisições e diligências que julgar
convenientes, sendo-lhe assegurado o direito de vista do processo em julgamento
sempre que for suscitada questão nova, não examinada no parecer exarado;
c) requerer prorrogação das sessões do Tribunal, quando essa medida for
necessária para que se ultime o julgamento;
d) exarar, por intermédio do procurador geral, o seu "ciente" nos acórdãos do
Tribunal;
e) proceder às diligências e inquéritos solicitados pelo Tribunal;
f) recorrer das decisões do Tribunal, nos casos previstos em lei;
g) promover, perante o juízo competente, a cobrança executiva das multas
impostas pelas autoridades administrativas e judiciárias do Trabalho;
h) representar às autoridades competentes contra os que não cumprirem as
decisões do Tribunal;
i) prestar às autoridades do Ministério do Trabalho as informações que lhe forem
solicitadas sobre os dissídios submetidos à apreciação do Tribunal e encaminhar
aos órgãos competentes cópia autenticada das decisões que por eles devem ser
atendidas ou cumpridas;
j) requisitar de quaisquer autoridades inquéritos, exames periciais, diligências,
certidões e esclarecimentos que se tornem necessários no desempenho de suas
atribuições;
l) defender a jurisdição dos órgãos da Justiça do Trabalho;
m) suscitar conflitos de jurisdição.
SEÇÃO III
DA COMPETÊNCIA DAS PROCURADORIAS REGIONAIS
Art. 747. Compete às Procuradorias Regionais exercer, dentro da jurisdição do
Tribunal Regional respectivo, as atribuições indicadas na Seção anterior.
SEÇÃO IV
DAS ATRIBUIÇÕES DO PROCURADOR GERAL
Art. 748. Como chefe da Procuradoria Geral da Justiça do Trabalho, incumbe ao
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procurador geral: (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
a) dirigir os serviços da Procuradoria Geral, orientar e fiscalizar as Procuradorias
Regionais, expedindo as necessárias instruções;
b) funcionar nas sessões do Tribunal Superior do Trabalho, pessoalmente ou por
intermédio do procurador que designar;
c) exarar o seu "ciente" nos acórdãos do Tribunal;
d) designar o procurador que o substitua nas faltas e impedimentos e o chefe da
secretaria da Procuradoria;
e) apresentar até 31 de março, ao Ministro do Trabalho, relatórios dos trabalhos
da Procuradoria Geral no ano anterior, com as observações e sugestões que
julgar convenientes;
f) conceder férias aos procuradores e demais funcionários que sirvam na
Procuradoria e impor-lhes penas disciplinares, observada, quanto aos
procuradores, a legislação em vigor para o Ministério Público Federal;
g) funcionar em Juízo, em primeira instância, ou designar os procuradores que o
devam fazer;
h) admitir e dispensar o pessoal extranumerário da secretaria e prorrogar o
expediente remunerado dos funcionários e extranumerários.
SEÇÃO V
DAS ATRIBUIÇÕES DOS PROCURADORES
Art. 749. Incumbe aos procuradores com exercício na Procuradoria Geral:
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andamento e consultá-lo nos casos de dúvida;
f) funcionar, em juízo, na sede do respectivo Tribunal Regional;
g) exarar o seu "ciente" nos acórdãos do Tribunal;
h) designar o procurador que o substitua nas faltas e impedimentos e o
secretário da Procuradoria.
Art. 751. Incumbe aos procuradores adjuntos das Procuradorias Regionais:
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
a) funcionar, por designação do procurador regional, nas sessões do Tribunal
Regional;
b) desempenhar os demais encargos que lhes forem atribuídos pelo procurador
regional.
SEÇÃO VII
DA SECRETARIA
Art. 752. A secretaria da Procuradoria Geral funcionará sob a direção de um
chefe designado pelo procurador geral e terá o pessoal designado pelo Ministro do
Trabalho. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 753. Compete à Secretaria:
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TÍTULO X
DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
SEÇÃO I
DOS ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS
Art. 770. Os atos processuais serão públicos, salvo quando o contrário
determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 às 20 horas.
Parágrafo único. A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado,
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mediante autorização expressa do juiz ou presidente.
Art. 771. Os termos e atos processuais poderão ser escritos a tinta,
datilografados ou a carimbo.
Art. 772. Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão
firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não houver
procurador legalmente constituído.
Art. 773. Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples
notas, datadas e rubricadas pelos chefes de secretaria ou escrivães. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 774. Salvo disposições em contrário, os prazos previstos neste Título
contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou
recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no
que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for
afixado o edital, na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. (Redação dada pela Lei nº
2.244, de 23.06.1954)
Parágrafo único. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser
encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará
obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la no prazo de 48
horas, ao Tribunal de origem. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia
do começo e inclusão do dia de vencimento, e são contínuos e irreleváveis,
podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo
Juiz do Tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.
Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia feriado
terminarão no primeiro dia útil seguinte. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei
nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 776. O vencimento dos prazos será certificado nos processos pelos
escrivães ou chefes de secretaria. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 409, de
25.09.1948)
Art. 777. Os requerimentos e documentos apresentados, os atos e termos
processuais, as petições ou razões de recurso e quaisquer outros papéis
referentes aos feitos formarão os autos dos processos, os quais ficarão sob a
responsabilidade dos escrivães ou chefes de secretaria. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 778. Os autos dos processos da Justiça do Trabalho não poderão sair dos
cartórios ou secretarias, salvo se solicitados por advogado regularmente
constituído por qualquer das partes, ou quando tiverem de ser remetidos aos
órgãos competentes, em caso de recurso ou requisição. (Redação dada pela Lei
nº 6.598, de 01.12.1978)
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Art. 779. As partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla
liberdade, os processos nos cartórios ou secretarias.
Art. 780. Os documentos junto aos autos poderão ser desentranhados somente
depois de findo o processo, ficando traslado.
Art. 781. As partes poderão requerer certidões dos processos em curso ou
arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou chefes de secretaria.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Parágrafo único. As certidões dos processos que correrem em segredo de justiça
dependerão de despacho do juiz ou presidente.
Art. 782. São isentos de selo as reclamações, representações, requerimentos,
atos e processos relativos à Justiça do Trabalho.
SEÇÃO II
DA DISTRIBUIÇÃO
Art. 783. A distribuição das reclamações será feita entre as Juntas de
Conciliação e Julgamento, ou os Juízes de Direito do Cível, nos casos previstos
no artigo 669, § 1º, pela ordem rigorosa de sua apresentação ao distribuidor,
quando o houver.
Art. 784. As reclamações serão registradas em livro próprio, rubricado em todas
as folhas pela autoridade a que estiver subordinado o distribuidor.
Art. 785. O distribuidor fornecerá ao interessado um recibo, do qual constarão,
essencialmente, o nome do reclamante e do reclamado, a data da distribuição, o
objeto da reclamação e a junta ou juízo a que coube a distribuição.
Art. 786. A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.
Parágrafo único. Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo
motivo de força maior, apresentar-se no prazo de cinco dias, ao cartório ou à
secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no artigo 731.
Art. 787. A reclamação escrita deverá ser formulada em duas vias e desde logo
acompanhada dos documentos em que se fundar.
Art. 788. Feita a distribuição, a reclamação será remetida pelo distribuidor à
Junta ou Juízo competente, acompanhada do bilhete de distribuição.
SEÇÃO III
DAS CUSTAS
Art. 789. Nos dissídios individuais ou coletivos do trabalho, até o julgamento, as
custas serão calculadas progressivamente, de acordo com a seguinte tabela:
I - até um valor-de-referência, 10% (dez por cento);
II - acima do limite do item I até duas vezes o valor-de-referência, 8% (oito por
cento);
III - acima de duas e até cinco vezes o valor-de-referência, 6% (seis por cento);
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IV - acima de cinco e até dez vezes o valor-de-referência, 4% (quatro por cento);
V - acima de dez vezes o valor-de-referência, 2% (dois por cento)
§ 1º. Nas Juntas, nos Tribunais Regionais e no Tribunal Superior do Trabalho, o
pagamento das custas será feito na forma das instruções expedidas pelo Tribunal
Superior do Trabalho. Nos Juízos de Direito, a importância das custas será
dividida proporcionalmente entre os funcionários que tiverem funcionando no feito,
excetuados os distribuidores, cujas custas serão pagas no ato, de acordo com o
regimento local.
§ 2º. Na divisão a que se refere o § 1º, as custas de execução e os emolumentos
de traslados e instrumentos serão determinados em tabelas expedidas pelo
Tribunal Superior do Trabalho.
§ 3º. As custas serão calculadas:
a) quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;
b) quando houver desistência ou arquivamento, sobre o valor do pedido;
c) quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz presidente ou o juiz fixar;
d) no caso de inquérito, sobre 6 (seis) vezes o salário mensal do reclamado ou
dos reclamados.
§ 4º. As custas serão pagas pelo vencido, depois de transitada em julgado a
decisão ou, no caso de recurso, dentro de 5 (cinco) dias da data de sua
interposição, sob pena de deserção, salvo quando se tratar de inquérito, caso em
que o pagamento das custas competirá à empresa, antes de seu julgamento pela
Junta ou Juízo de Direito.
§ 5º. Os emolumentos de traslados e instrumentos serão pagos dentro de
quarenta e oito (48) horas após a sua extração, feito, contudo, no ato do
requerimento, o depósito prévio do valor estimado pelo funcionário encarregado,
sujeito à complementação, com ciência da parte, sob pena de deserção.
§ 6º. Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o
pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes.
§ 7º. Tratando-se de empregado sindicalizado que não tenha obtido o benefício
da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no
processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas.
§ 8º. No caso de não pagamento de custas, far-se-á a execução da respectiva
importância, segundo o processo estabelecido no Capítulo V deste Título.
§ 9º. É facultado aos presidentes dos Tribunais do Trabalho conceder, de ofício,
o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles
que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou provarem o
seu estado de miserabilidade. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
Art. 790. Nos casos de dissídios coletivos, as partes vencidas responderão
solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado pelo
presidente do Tribunal. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
SEÇÃO IV
DAS PARTES E DOS PROCURADORES
Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente
perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
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§ 1º. Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se
representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado,
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º. Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por
advogado.
Art. 792. Os maiores de 18 e menores de 21 anos e as mulheres casadas
poderão pleitear perante a Justiça do Trabalho sem a assistência de seus pais,
tutores ou maridos.
Art. 793. Tratando-se de maiores de 14 anos e menores de 18 anos, as
reclamações poderão ser feitas pelos seus representantes legais ou, na falta
destes, por intermédio da Procuradoria da Justiça do Trabalho. Nos lugares onde
não houver Procuradoria, o juiz ou presidente nomeará pessoa habilitada para
desempenhar o cargo de curador à lide.
SEÇÃO V
DAS NULIDADES
Art. 794. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá
nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes
litigantes.
Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das
partes, as quais deverão argüí-las à primeira vez em que tiverem de falar em
audiência ou nos autos.
§ 1º. Deverá, entretanto, ser declarada ex-offício a nulidade fundada em
incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.
§ 2º. O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma
ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade
competente, fundamentando sua decisão.
Art. 796. A nulidade não será pronunciada:
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partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 800. Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao
exceto, por 24 horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira
audiência ou sessão que se seguir.
Art. 801. O juiz, presidente ou juiz classista, é obrigado a dar-se por suspeito, e
pode ser recusado, por alguns dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos
litigantes:
a) inimizade pessoal;
b) amizade íntima;
c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.
Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição,
salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do
processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a
conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se
procurou de propósito o motivo de que ela se originou.
Art. 802. Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará
audiência, dentro de 48 horas, para instrução e julgamento da exceção.
§ 1º. Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada
procedente a exceção de suspeição, será logo convocado, para a mesma
audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual
continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira
quando algum dos membros se declarar suspeito.
§ 2º. Se se tratar de suspeição de juiz de Direito, será este substituído na forma
da organização judiciária local.
SEÇÃO VII
DOS CONFLITOS DE JURISDIÇÃO
Art. 803. Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:
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Art. 806. É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição quando já
houver oposto na causa exceção de incompetência.
Art. 807. No ato de suscitar o conflito deverá a parte interessada produzir a
prova de existência dele.
Art. 808. Os conflitos de jurisdição de que trata o artigo 803 serão resolvidos:
(Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de
Direito, ou entre umas e outros, nas respectivas regiões;
b) pelo Tribunal Superior do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais,
ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais
diferentes;
c) (alínea revogada pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946 (DOU 11.09.1946);
d) pelo Supremo Tribunal Federal, os suscitados entre as autoridade da Justiça
do Trabalho e as da Justiça Ordinária.
Art. 809. Nos conflitos de jurisdição entre as Juntas e os Juízos de Direito
observar-se-á o seguinte:
I - o juiz ou presidente mandará extrair dos autos as provas do conflito e, com a
sua informação, remeterá o processo assim formado, no mais breve prazo
possível, ao presidente do Tribunal Regional competente;
II - no Tribunal Regional, logo que der entrada o processo, o presidente
determinará a distribuição do feito, podendo o relator ordenar imediatamente às
Juntas e aos Juízos, nos casos de conflito positivo, que sobrestejam o andamento
dos respectivos processos e solicitar, ao mesmo tempo, quaisquer informações
que julgue conveniente. Seguidamente, será ouvida a Procuradoria, após o que o
relator submeterá o feito a julgamento, na primeira sessão;
III - proferida a decisão, será a mesma comunicada, imediatamente, às
autoridades em conflito, prosseguindo no foro julgado competente;
Art. 810. Aos conflitos de jurisdição entre os Tribunais Regionais aplicar-se-ão as
normas estabelecidas no artigo anterior.
Art. 811. Nos conflitos suscitados na Justiça do Trabalho entre as autoridades
deste e os órgãos da Justiça Ordinária, o processo do conflito, formado de acordo
com o inciso I do artigo 809, será remetido diretamente ao presidente do Supremo
Tribunal Federal.
Art. 812. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946)
SEÇÃO VIII
DAS AUDIÊNCIAS
Art. 813. As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e
realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados,
entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando
houver matéria urgente.
§ 1º. Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das
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audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 horas.
§ 2º. Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências
extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior.
Art. 814. Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a
necessária antecedência, os escrivães ou diretores de secretaria. (Redação dada
pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 815. À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência,
sendo feita pelo chefe de secretaria ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.
Parágrafo único. Se, até 15 minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente
não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido
constar do livro de registro das audiências. (Redação dada pela Lei nº 409, de
25.09.1948)
Art. 816. O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar
retirar do recinto os assistentes que a perturbarem.
Art. 817. O registro das audiências será feito em livro próprio, constando de cada
registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem como as
ocorrências eventuais.
Parágrafo único. Do registro das audiências poderão ser fornecidas certidões às
pessoas que o requererem.
SEÇÃO IX
DAS PROVAS
Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.
Art. 819. O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a
língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente.
§ 1º. Proceder-se-á da forma indicada neste artigo, quando se tratar de surdo-
mudo, ou de mudo, que não saiba escrever.
§ 2º. Em ambos os casos de que este artigo trata, as despesas correrão por
conta da parte a que interessar o depoimento.
Art. 820. As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente,
podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos juízes classistas,
das partes, seus representantes ou advogados. (Redação dada pela Lei nº 409,
de 25.09.1948)
Art. 821. Cada uma das partes não poderá indicar mais de três testemunhas,
salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado
a seis. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 822. As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas ao
serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente
arroladas ou convocadas.
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Art. 823. Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora
de serviço, será requisitado ao chefe da repartição para comparecer à audiência
marcada.
Art. 824. O juiz ou presidente providenciará para que o depoimento de uma
testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham de depor no processo.
Art. 825. As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de
notificação ou intimação.
Parágrafo único. As que não comparecerem serão intimadas, ex-officio, ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas à condução coercitiva, além das
penalidades do artigo 730, caso sem motivo justificado, não atendam à intimação.
Art. 826. (Revogado tacitamente pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970, que determina
sejam os exames periciais realizados por perito único designado pelo juiz)
Art. 827. O juiz ou presidente poderá argüir os peritos compromissados ou os
técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros tiverem
apresentado.
Art. 828. Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será
qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita,
em caso de falsidade, às leis penais.
Parágrafo único. Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por ocasião
da audiência, pelo chefe de secretaria da Junta ou funcionário para esse fim
designado, devendo a súmula ser assinada pelo presidente do Tribunal e pelos
depoentes. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 829. A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou
inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento
valerá como simples informação.
Art. 830. O documento oferecido para prova só será aceito se estiver no original
ou em certidão autêntica, ou quando conferida a respectiva pública-forma ou cópia
perante o juiz ou tribunal.
SEÇÃO X
DA DECISÃO E SUA EFICÁCIA
Art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de
conciliação.
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como
decisão irrecorrível.
Art. 832. Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e
da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva
conclusão.
§ 1º. Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo
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e as condições para o seu cumprimento.
§ 2º. A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte
vencida.
Art. 833. Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de
datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos,
ex-officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do
Trabalho.
Art. 834. Salvo nos casos previstos nesta Consolidação, a publicação das
decisões e sua notificação aos litigantes, ou seus patronos, consideram-se
realizadas nas próprias audiências em que forem as mesmas proferidas.
Art. 835. O cumprimento do acordo ou da decisão far-se-á no prazo e condições
estabelecidas.
Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já
decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação
rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da
Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, dispensado o
depósito referido nos artigos 488, inciso II, e 494 daquele diploma legal. (Redação
dada pela Lei nº 7.351, de 27.08.1985)
CAPÍTULO III
DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS
SEÇÃO I
DA FORMA DE RECLAMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO
Art. 837. Nas localidades em que houver apenas uma Junta de Conciliação e
Julgamento, ou um escrivão do cível, a reclamação será apresentada diretamente
à secretaria da Junta, ou ao cartório do Juízo.
Art. 838. Nas localidades em que houver mais de uma Junta ou mais de um
Juízo, ou escrivão do cível, a reclamação será, preliminarmente, sujeita a
distribuição na forma do disposto no Capítulo II, Seção II, deste Título.
Art. 839. A reclamação poderá ser apresentada:
a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus
representantes e pelos sindicatos de classe;
b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça do Trabalho.
Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1º. Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do presidente da
Junta, ou do juiz de Direito, a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do
reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a
data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§ 2º. Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e
assinadas pelo escrivão ou chefe de secretaria, observado, no que couber, o
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disposto no parágrafo anterior. (Redação de acordo com a Lei nº 409, de
25.09.1948).
Art. 841. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de
secretaria, dentro de 48 horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo,
ao reclamado, notificando-o, ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de
julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias.
§ 1º. A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado
criar embaraços ao seu recebimento, ou não for encontrado, far-se-á a notificação
por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na
falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º. O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na
forma do parágrafo anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 409, de
25.09.1948)
Art. 842. Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria,
poderão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma
empresa ou estabelecimento.
SEÇÃO II
DA AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO
Art. 843. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o
reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo
nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os
empregados poderão fazer-se representar pelo sindicato de sua categoria.
(Redação dada pela Lei nº 6.667, 03.07.1979)
§ 1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.
§ 2º. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá
fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou
pelo seu sindicato.
Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o
arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão, quanto à matéria de fato.
Parágrafo único. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente
suspender o julgamento, designando nova audiência.
Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados
das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.
Art. 846. Aberta a audiência, o Juiz ou presidente proporá a conciliação.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 9.022, de 05.04.1995)
§ 1º. Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos
litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.022, de 05.04.1995)
LAWBOOK EDITORA
§ 2º. Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser
estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer
integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo
do cumprimento do acordo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.022, de
05.04.1995)
Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua
defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas
as partes. (Redação dada pela Lei n º 9.022, de 05.04.1995)
Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o
presidente, ex-officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os
litigantes. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.022, de 05.04.1995)
§ 1º. Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se,
prosseguindo a instrução com o seu representante.
§ 2º. Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se
houver.
Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por
motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a
sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova
notificação.
Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em
prazo não excedente de dez minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou
presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será
proferida a decisão.
Parágrafo único. O presidente da Junta, após propor a solução do dissídio,
tomará os votos dos juízes classistas e, havendo divergência entre estes, poderá
desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da lei e ao
justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.
Art. 851. Os trâmites de instrução e julgamento da reclamação serão resumidos
em ata, de que constará, na íntegra, a decisão. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
§ 1º. Nos processos de exclusiva alçada das Juntas, será dispensável, a juízo do
presidente, o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a conclusão do
Tribunal quanto à matéria de fato.
§ 2º. A ata será, pelo presidente ou juiz, junta ao processo, devidamente
assinada, no prazo improrrogável de 48 horas, contado da audiência de
julgamento, e assinada pelos juízes classistas presentes à mesma audiência.
Art. 852. Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou por seu
representante na própria audiência. No caso de revelia, a notificação far-se-á pela
forma estabelecida no § 1º do artigo 841.
Seção II-A
Do Procedimento Sumaríssimo
(Seção acrescentada pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em
LAWBOOK EDITORA
vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos
ao procedimento sumaríssimo.
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em
que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:
I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome
e endereço do reclamado;
III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias
do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo
com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste
artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de
custas sobre o valor da causa.
§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço
ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao
local anteriormente indicado, na ausência de comunicação. (Artigo acrescentado
pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da
data de publicação)
Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas
em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser
convocado para atuar simultaneamente com o titular. (Artigo acrescentado pela
Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data
de publicação)
Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a
serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias,
bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum
ou técnica. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as
vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a
solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-F. Na ata da audiência serão registrados resumidamente os atos
essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à
solução da causa trazidas pela prova testemunhal. (Artigo acrescentado pela Lei
nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de
LAWBOOK EDITORA
publicação)
Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que
possam interferir no prosseguimento da audiência e do processo. As demais
questões serão decididas na sentença. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de
12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, ainda que não requeridas previamente.
§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á
imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta
impossibilidade, a critério do juiz.
§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à
audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.
§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada,
deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá
determinar sua imediata condução coercitiva.
§ 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será
deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da
perícia e nomear perito.
§ 5º (VETADO)
§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de
cinco dias.
§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-
se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos
pelo juiz da causa. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
§ 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime,
atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum.
§ 2º (VETADO)
§ 3º As partes serão intimadas da sentença na própria audiência em que
prolatada. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
SEÇÃO III
DO INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE
Art. 853. Para a instauração de inquérito para apuração de falta grave contra
empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação
por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 dias, contados da data da
suspensão do empregado.
Art. 854. O processo do inquérito perante a Junta ou Juízo obedecerá às normas
estabelecidas no presente Capítulo, observadas as disposições desta Seção.
Art. 855. Se tiver havido prévio reconhecimento da estabilidade do empregado, o
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julgamento do inquérito pela Junta ou Juízo não prejudicará a execução para
pagamento dos salários devidos ao empregado, até a data da instauração do
mesmo inquérito.
CAPÍTULO IV
DOS DISSÍDIOS COLETIVOS
SEÇÃO I
DA INSTAURAÇÃO DA INSTÂNCIA
Art. 856. A instância será instaurada mediante representação escrita ao
presidente do Tribunal. Poderá ser também instaurada por iniciativa do presidente,
ou, ainda, a requerimento da Procuradoria da Justiça do Trabalho, sempre que
ocorrer suspensão do trabalho.
Art. 857. A representação para instaurar a instância em dissídio coletivo constitui
prerrogativa das associações sindicais, excluídas as hipóteses aludidas no artigo
856, quando ocorrer suspensão do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
7.321, de 14.02.1945)
Parágrafo único. Quando não houver sindicato representativo da categoria
econômica ou profissional, poderá a representação ser instaurada pelas
federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas,
no âmbito de sua representação. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 2.693, de
23.12.1955)
Art. 858. A representação será apresentada em tantas vias quantos forem os
reclamados e deverá conter:
a) designação e qualificação dos reclamantes e dos reclamados e a natureza do
estabelecimento ou do serviço;
b) os motivos do dissídio e as bases de conciliação.
Art. 859. A representação dos sindicatos para instauração da instância fica
subordinada à aprovação de assembléia, da qual participem os associados
interessados na solução do dissídio coletivo, em primeira convocação, por maioria
de 2/3 (dois terços) dos mesmos, ou, em segunda convocação, por 2/3 (dois
terços) dos presentes. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 7.321, de 14.02.1945)
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.321, de 14.02.1945)
SEÇÃO II
DA CONCILIAÇÃO E DO JULGAMENTO
Art. 860. Recebida e protocolada a representação, e estando na devida forma, o
presidente do Tribunal designará a audiência de conciliação dentro do prazo de
dez, dias determinando a notificação dos dissidentes, com observância do
disposto no artigo 841.
Parágrafo único. Quando a instância for instaurada, ex-officio, a audiência deverá
ser realizada dentro do prazo mais breve possível, após o reconhecimento do
dissídio.
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Art. 861. É facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo
gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e por
cujas declarações será sempre responsável.
Art. 862. Na audiência designada, comparecendo ambas as partes ou seus
representantes, o presidente do Tribunal as convidará para se pronunciarem sobre
as bases da conciliação. Caso não sejam aceitas as bases propostas, o
presidente submeterá aos interessados a solução que lhe pareça capaz de
resolver o dissídio.
Art. 863. Havendo acordo, o presidente o submeterá à homologação do Tribunal
na primeira sessão.
Art. 864. Não havendo acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma
delas, o presidente submeterá o processo a julgamento, depois de realizadas as
diligências que entender necessárias e ouvida a Procuradoria. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 865. Sempre que, no decorrer do dissídio, houver ameaça de perturbação
da ordem, o presidente requisitará à autoridade competente as providências que
se tornarem necessárias.
Art. 866. Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribunal, poderá o
presidente, se julgar conveniente, delegar à autoridade local as atribuições de que
tratam os artigos 860 e 862. Nesse caso, não havendo conciliação, a autoridade
delegada encaminhará o processo ao Tribunal, fazendo exposição circunstanciada
dos fatos e indicando a solução que lhe parecer conveniente.
Art. 867. Da decisão do Tribunal serão notificadas as partes, ou seus
representantes, em registrado postal com franquia, fazendo-se, outrossim, a sua
publicação no jornal oficial, para ciência dos demais interessados.
Parágrafo único. A sentença normativa vigorará: (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto-Lei nº 424, de 21.01.1969)
a) a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do
artigo 616, § 3º, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa
em vigor, na data do ajuizamento;
b) a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou
sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do artigo 616, § 3º.
SEÇÃO III
DA EXTENSÃO DAS DECISÕES
Art. 868. Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo novas condições de
trabalho, e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de uma
empresa, poderá o tribunal competente, na própria decisão, estender tais
condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da
empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes.
Parágrafo único. O Tribunal fixará a data em que a decisão deve entrar em
execução, bem como o prazo de sua vigência, o qual não poderá ser superior a
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quatro anos.
Art. 869. A decisão sobre novas condições de trabalho poderá também ser
estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional compreendida
na jurisdição do Tribunal:
a) por solicitação de um ou mais empregadores, ou de qualquer sindicato destes;
b) por solicitação de um ou mais sindicatos de empregados;
c) ex-officio, pelo Tribunal que houver proferido a decisão;
d) por solicitação da Procuradoria da Justiça do Trabalho.
Art. 870. Para que a decisão possa ser estendida, na forma do artigo anterior,
torna-se preciso que três quartos dos empregadores e três quartos dos
empregados, ou os respectivos sindicatos, concordem com a extensão da
decisão.
§ 1º. O tribunal competente marcará o prazo, não inferior a trinta nem superior a
sessenta dias, a fim de que se manifestem os interessados.
§ 2º. Ouvidos os interessados e a Procuradoria da Justiça do Trabalho, será o
processo submetido ao julgamento do Tribunal.
Art. 871. Sempre que o Tribunal estender a decisão, marcará a data em que a
extensão deva entrar em vigor.
SEÇÃO IV
DO CUMPRIMENTO DAS DECISÕES
Art. 872. Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir-se-á o
seu cumprimento, sob as penas estabelecidas neste Título.
Parágrafo único. Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento
de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou
seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus associados,
juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou Juízo
competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título, sendo
vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na
decisão. (Parágrafo único com a redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.07.1954)
SEÇÃO V
DA REVISÃO
Art. 873. Decorrido mais de um ano de sua vigência, caberá revisão das
decisões que fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as
circunstâncias que as ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado
injustas ou inaplicáveis.
Art. 874. A revisão poderá ser promovida por iniciativa do Tribunal prolator, da
Procuradoria da Justiça do Trabalho, das associações sindicais ou de empregador
ou empregadores no cumprimento da decisão.
Parágrafo único. Quando a revisão for promovida por iniciativa do Tribunal
prolator ou da Procuradoria, as associações sindicais e o empregador ou
empregadores interessados serão ouvidos no prazo de trinta dias. Quando
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promovida por uma das partes interessadas, serão as outras ouvidas também por
igual prazo.
Art. 875. A revisão será julgada pelo tribunal que tiver proferido a decisão,
depois de ouvida a Procuradoria da Justiça do Trabalho.
CAPÍTULO V
DA EXECUÇÃO
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido
recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de
ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos
de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão
executados pela forma estabelecida neste Capítulo. (NR) (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 90 dias da
data de publicação)
Art. 877. É competente para a execução das decisões o juiz ou presidente do
Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.
Art. 877-A. É competente para a execução de título executivo extrajudicial o juiz
que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 878. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex-
officio, pelo próprio juiz ou presidente ou tribunal competente, nos termos do artigo
anterior.
Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a
execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.
Art. 879. Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a
sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 2.244, de 23.05.1954)
§ 1º. Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda,
nem discutir matéria pertinente à causa principal. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
§ 2º. Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo
sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos
itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
SEÇÃO II
DO MANDADO DA PENHORA
Art. 880. O juiz ou presidente do Tribunal, requerida a execução, mandará
expedir mandado de citação ao executado a fim de que cumpra a decisão ou o
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acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas, ou, em se
tratando de pagamento em dinheiro, para que pague em 48 horas, ou garanta a
execução, sob pena de penhora.
§ 1º. O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo de
acordo não cumprido.
§ 2º. A citação será feita pelos oficiais de justiça.
§ 3º. Se o executado, procurado por duas vezes, no espaço de 48 horas, não for
encontrado, far-se-á a citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta
deste, afixado na sede na Junta ou Juízo, durante cinco dias.
Art. 881. No caso de pagamento da importância reclamada, será este feito
perante o escrivão ou chefe de secretaria, lavrando-se termo de quitação, em
duas vias, assinadas pelo exeqüente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou
chefe de secretaria, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-se a
outra ao processo. (Redação dada ao caput pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Parágrafo único. Não estando presente o exequente, será depositada a
importância, mediante guia, em estabelecimento oficial de crédito ou, em falta
deste, em estabelecimento bancário idôneo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 7.305, de 02.04.1985)
Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a
execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas
processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no artigo 655 do Código Processual Civil. (Redação dada pela Lei nº
8.432, de 11.06.1992)
Art. 883. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á
penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da
condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso,
devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial. (Redação dada
pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
SEÇÃO III
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO E DA SUA IMPUGNAÇÃO
Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado cinco
dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para
impugnação.
§ 1º. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão
ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.
§ 2º. Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o juiz ou o
presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar
audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de cinco
dias.
§ 3º. Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a
sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 4º. Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à
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liquidação. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
SEÇÃO IV
DO JULGAMENTO E DOS TRÂMITES FINAIS DA EXECUÇÃO
Art. 885. Não tendo sido arroladas testemunhas na defesa, o juiz, ou presidente,
conclusos os autos, proferirá sua decisão, dentro de cinco dias, julgando
subsistente ou insubsistente a penhora.
Art. 886. Se tiverem sido arroladas testemunhas, finda a sua inquirição em
audiência, o escrivão ou diretor fará, dentro de 48 horas, conclusos os autos ao
juiz ou presidente, que proferirá sua decisão, na forma prevista no artigo anterior.
§ 1º. Proferida a decisão, serão da mesma notificadas as partes interessadas,
em registro postal com franquia.
§ 2º. Julgada subsistente a penhora, o juiz, ou presidente, mandará proceder
logo à avaliação dos bens penhorados.
Art. 887. (Prejudicado pelo artigo 721, na redação dada pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968 - DOU 28.05.1968)
Art. 888. Concluída a avaliação, dentro de dez dias, contados da data da
nomeação do avaliador, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital
afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a
antecedência de 20 (vinte) dias.
§ 1º. A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão
vendidos pelo maior lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.
§ 2º. O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20%
(vinte por cento) do seu valor.
§ 3º. Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a adjudicação dos
bens penhorados, poderão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo
juiz ou presidente.
§ 4º. Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 (vinte e quatro)
horas, o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que
trata o § 2º deste artigo, voltando à praça os bens executados. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
Art. 889. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis,
naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o
processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da
Fazenda Pública Federal.
SEÇÃO V
DA EXECUÇÃO POR PRESTAÇÕES SUCESSIVAS
Art. 890. A execução para pagamento de prestações sucessivas, far-se-á com
observância das normas constantes desta Seção, sem prejuízo das demais
estabelecidas neste Capítulo.
Art. 891. Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução pelo
não pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem.
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Art. 892. Tratando-se de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a
execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do
ingresso na execução.
CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS
a) das decisões definitivas das juntas e juízos, no prazo de 8 (oito) dias; (Prazo
estabelecido pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
b) das decisões definitivas dos Tribunais Regionais, em processo de sua
competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos. (Alínea alterada pelo Decreto-Lei nº 9.168, de
12.04.1946, cujo prazo é estabelecido pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970).
§ 1º Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso
ordinário:
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I - (VETADO)
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o
relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma
colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão
de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a
indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do
voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
(Parágrafo acrescentada pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em
vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para
o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas
demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data
de publicação)
Art. 896. Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe
houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de
Jurisprudência Uniforme dessa Corte;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho,
Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância
obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator
da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e
literal à Constituição Federal. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 1º. O Recurso de Revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será
apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou
denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 2º. Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas
Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos
de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e
literal de norma da Constituição Federal. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 3º. Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à
uniformização de sua jurisprudência, nos termos, do Livro I, Título IX, Capítulo I do
CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do Recurso
de Revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência Uniforme do Tribunal
Superior do Trabalho. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 4º. A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, não se
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considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e
notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. (NR) (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 5º. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da
Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro relator,
indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos ou ao
Agravo de Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de
intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação,
cabendo a interposição de Agravo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.701, de
21.12.1988)
§ 6º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido
recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do
Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em
vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 897. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;
b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.
§ 1º. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar,
justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução
imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de
sentença.
§ 2º. O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber
agravo de petição não suspende a execução da sentença.
§ 3º. Na hipótese da alínea "a" deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio
Tribunal, presidido pela autoridade recorrida, salvo se tratar de decisão do
Presidente da Junta ou do Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma
das Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da
sentença, observado o disposto no artigo 679 desta Consolidação, a quem este
remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos
apartados, ou nos próprios autos, se tiver determinada a extração de carta de
sentença.
§ 4º. Na hipótese da alínea "b" deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal
que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
§ 5º. Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do
instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento
do recurso denegado, instruindo a petição de interposição:
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da
comprovação do depósito recursal e do recolhimento das custas;
II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde
da matéria de mérito controvertida. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 6º. O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso
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principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de
ambos os recursos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998,
DOU 18.12.1998)
§ 7º. Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso
principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a
este recurso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU
18.12.1998)
Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo
de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão
subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de
12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 898. Das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de
serviço público, ou em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão
recorrer, além dos interessados, o presidente do Tribunal e a Procuradoria da
Justiça do Trabalho.
Art. 899. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.
§ 1º. Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor-de-referência
regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o
extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em
julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância
do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.
§ 2º. Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito
corresponderá ao que for arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de
Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regional.
§ 3º. (Revogado pela Lei nº 7.033, de 05.10.1982, DOU 06.10.1982)
§ 4º. O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a
que se refere o artigo 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-
se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao respectivo levantamento, o
disposto no § 1º.
§ 5º. Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos
termos do artigo 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa
procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º.
§ 6º. Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder
o limite de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regional, o depósito para fins de
recursos será limitado a este valor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968, e de acordo com as Leis nºs 7.701, de 21.12.1988, e 8.177, de
01.03.1991)
Art. 900. Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas
razões em prazo igual ao que tiver tido o recorrente.
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Art. 901. Sem prejuízo dos prazos previstos neste Capítulo, terão as partes vista
dos autos em cartório ou na secretaria.
Parágrafo único. Salvo quando estiver correndo prazo comum, aos procuradores
das partes será permitido ter vista dos autos fora do cartório ou secretaria.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.638, de 31.03.1993)
Art. 902. (Revogado pela Lei nº 7.033, de 05.10.1982)
CAPÍTULO VII
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES
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Justiça do Trabalho, e, nos demais Estados, de acordo com o disposto no
Decreto-Lei nº 960, de 17 de dezembro de 1938.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 909. A ordem dos processos no Tribunal Superior do Trabalho será regulada
em seu regimento interno.
Art. 910. Para os efeitos deste Título, equiparam-se aos serviços públicos os de
utilidade pública, bem como os que forem prestados em armazéns de gêneros
alimentícios, açougues, padarias, leiterias, farmácias, hospitais, minas, empresas
de transportes e comunicações, bancos e estabelecimentos que interessem à
segurança nacional.
TÍTULO XI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
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Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
Art. 918. Enquanto não for expedida a Lei Orgânica da Previdência Social,
competirá ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho julgar os recursos
interpostos com apoio no artigo 1º, "c", do Decreto-Lei nº 3.710, de 14 de outubro
de 1941, cabendo recurso de suas decisões, nos termos do disposto no artigo
734, "b", desta Consolidação.
Parágrafo único. Ao diretor do Departamento Nacional de Previdência Social
incumbirá presidir às eleições para a constituição do Conselho Fiscal do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e julgar, com recurso para a intância superior,
os recursos sobre matéria técnico-administrativa dessa instituição. (Artigo
revogado tacitamente pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966)
Art. 919. Ao empregado bancário, admitido até da data da vigência da presente
Lei, fica assegurado o direito à aquisição da estabilidade nos termos do artigo 15
do Decreto nº 24.615, de 9 de julho de 1934.
Art. 920. Enquanto não forem constituídas as confederações, ou na falta destas,
a representação de classes, econômicas ou profissionais, que derivar da indicação
desses órgãos ou dos respectivos presidentes, será suprida por equivalente
designação ou eleição realizada pelas correspondentes federações.
Art. 921. As empresas que não estiverem incluídas no enquadramento sindical
de que trata o artigo 577 poderão firmar contratos coletivos de trabalho com os
sindicatos representativos da respectiva categoria profissional.
Art. 922. O disposto no artigo 301 regerá somente as relações de emprego
iniciadas depois da vigência desta Consolidação. (Acrescentado pelo Decreto-Lei
nº 6.353, de 20.03.1944)
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Código Comercial
LEI Nº 556, DE 25 DE JUNHO DE 1850
PARTE PRIMEIRA
DO COMÉRCIO EM GERAL
TÍTULO I
DOS COMERCIANTES
CAPÍTULO I
DAS QUALIDADES NECESSÁRIAS PARA SER COMERCIANTE
O filho maior de 21 (vinte e um) anos, que for associado ao comércio do pai, e o que
com sua aprovação, provada por escrito, levantar algum estabelecimento comercial,
será reputado emancipado e maior para todos os efeitos legais nas negociações
mercantis;
4 - as mulheres casadas maiores de 18 (dezoito) anos, com autorização de seus
maridos para poderem comerciar em seu próprio nome, provada por escritura
pública. As que se acharem separadas da coabitação dos maridos por sentença de
divórcio perpétuo, não precisam da sua autorização.
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Os menores, os filhos-famílias e as mulheres casadas devem inscrever os títulos da
sua habilitação civil, antes de principiarem a comerciar, no Registro do Comércio do
respectivo distrito;
Art. 2º. São proibidos de comerciar:
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Art. 8º. Toda a alteração, que o comerciante ou sociedade vier a fazer nas
circunstâncias declaradas na sua matrícula será levada, dentro do prazo marcado no
artigo antecedente, ao conhecimento do tribunal respectivo, o qual a mandará
averbar na mesma matrícula e proceder às comunicações e publicações
determinadas no artigo 6º.
Art. 9º. O exercício efetivo de comércio para todos os efeitos legais presume-se
começar desde a data da publicação da matrícula.
CAPÍTULO II
DAS OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS OS COMERCIANTES
No mesmo Diário se lançará também em resumo o balanço geral (artigo 10, nº 4),
devendo aquele conter todas as verbas deste, apresentando cada uma verba a
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soma total das respectivas parcelas; e será assinado na mesma data do balanço
geral.
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Art. 19. Todavia, o juiz ou Tribunal do Comércio, que conhecer de uma causa,
poderá, a requerimento da parte, ou mesmo ex officio, ordenar, na pendência da
lide, que os livros de qualquer ou de ambos os litigantes sejam examinados na
presença do comerciante a quem pertencerem e debaixo de suas vistas, ou na de
pessoa por ele nomeada, para deles se averiguar e extrair o tocante à questão.
Se os livros se acharem em diverso distrito, o exame será feito pelo juiz de direito do
comércio respectivo, na forma sobredita; com declaração, porém, de que em
nenhum caso os referidos livros poderão ser transportados para fora do domicílio do
comerciante a quem pertencerem, ainda que ele nisso convenha.
Art. 20. Se algum comerciante recusar apresentar os seus livros quando
judicialmente lhe for ordenado, nos casos do artigo 18, será compelido à sua
apresentação debaixo de prisão, e nos casos do artigo 19 será deferido juramento
supletório à outra parte.
Art. 21. As procurações bastantes dos comerciantes, ou sejam feitas pela sua
própria mão ou por eles somente assinadas, têm a mesma validade que se fossem
feitas por tabeliães públicos.
Art. 22. Os escritos de obrigações relativas a transações mercantis, para as quais
se não exija por este Código prova de escritura pública, sendo assinados por
comerciantes, terão inteira fé contra quem os houver assinado, seja qual for o seu
valor (artigo 426).
Art. 23. Os dois livros mencionados no artigo 11, que se acharem com as
formalidades prescritas no artigo 13, sem vício nem defeito, escriturados na forma
determinada no artigo 14, e em perfeita harmonia uns com os outros, fazem prova
plena:
1 - contra as pessoas que deles forem proprietários, originariamente ou por
sucessão;
2 - contra comerciantes, com quem os proprietários, por si ou por seus
antecessores, tiverem ou houverem tido transações mercantis, se os assentos
respectivos se referirem a documentos existentes que mostrem a natureza das
mesmas transações, e os proprietários provarem também por documentos, que não
foram omissos em dar em tempo competente os avisos necessários, e que a parte
contrária os recebeu;
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3 - contra pessoas não comerciantes, se os assentos forem comprovados por
algum documento, que só por si não possa fazer prova plena.
Art. 24. Fica entendido que os referidos livros não podem produzir prova alguma
naqueles casos, em que este Código exige que ela só possa fazer-se por
instrumento público ou particular.
Art. 25. Ilide-se a fé dos mesmos livros, nos casos compreendidos no nº 2 do
artigo 23, por documentos sem vício, por onde se mostre que os assentos
contestados são falsos ou menos exatos; e quanto aos casos compreendidos na
disposição no nº 3 do mesmo artigo, por qualquer gênero de prova admitida em
comércio.
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 30. Todos os atos do comércio praticados por estrangeiros residentes no
Brasil serão regulados e decididos pelas disposições do presente Código.
Art. 31. Os prazos marcados nos artigos 10, nºs 2 e 27, começarão a contar-se,
para as pessoas que residirem fora do lugar onde se achar estabelecido o Registro
do Comércio, do dia seguinte ao da chegada do segundo correio, paquete ou navio,
que houver saído do distrito do domicílio das mesmas pessoas depois da data dos
documentos que deverem ser registrados.
TÍTULO II
DAS PRAÇAS DO COMÉRCIO
Art. 32. Praça do comércio é não só o local, mas também a reunião dos
comerciantes, capitães e mestres de navios, corretores e mais pessoas
empregadas no comércio.
TÍTULO III
DOS AGENTES AUXILIARES DO COMÉRCIO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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4 - os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito;
5 - os comissários de transportes.
CAPÍTULO II
DOS CORRETORES
Art. 36. Para ser corretor, requer-se ter mais de 25 (vinte e cinco) anos de idade, e
ser domiciliado no lugar por mais de 1 (um) ano.
Art. 37. Não podem ser corretores:
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Art. 41. A fiança será prestada no cartório do escrivão do juiz do comércio do
domicílio do corretor.
Se no lugar onde deva prestar-se a fiança não houver giro de apólices da Dívida
Pública, poderá efetuar-se o depósito na praça mais próxima onde elas girarem.
Art. 43. A fiança será conservada efetivamente por inteiro, e por ela serão pagas
as multas em que o corretor incorrer, e as indenizações a que for obrigado, se as
não satisfizer imediatamente quem nelas for condenado, ficando suspenso enquanto
a fiança não for preenchida.
Art. 44. No caso de morte, falência ou ausência de algum dos fiadores, ou de se
terem desonerado da fiança por forma legal (artigo 262), cessará o ofício de corretor
enquanto não prestar novos fiadores.
Art. 45. O corretor pode intervir em todas as convenções, transações e operações
mercantis; sendo todavia entendido que é permitido a todos os comerciantes, e
mesmo aos que o não forem, tratar imediatamente por si, seus agentes e caixeiros
as suas negociações, e as de seus comitentes, e até inculcar e promover para
outrem vendedores e compradores, contanto que a intervenção seja gratuita.
Art. 46. Nenhum corretor pode dar certidão senão do que constar do seu protocolo
e com referência a ele (artigo 52); e somente poderá atestar o que viu ou ouviu
relativamente aos negócios do seu ofício por despacho de autoridade competente;
pena de uma multa correspondente a 10% (dez por cento) da fiança prestada.
Art. 47. O corretor é obrigado a fazer assento exato e metódico de todas as
operações em que intervier, tomando nota de cada uma, apenas for concluída, em
um caderno manual paginado.
Art. 48. Os referidos assentos serão numerados seguidamente pela ordem em que
as transações forem celebradas, e deverão designar o nome das pessoas que nelas
intervierem, as qualidades, quantidade e preço dos efeitos que fizerem o objeto da
negociação, os prazos e condições dos pagamentos, e todas e quaisquer
circunstâncias ocorrentes que possam servir para futuros esclarecimentos.
Art. 49. Nos assentos de negociações de letras de câmbio deverá o corretor notar
as datas, termos e vencimentos, as praças onde e sobre que forem sacadas, os
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nomes do sacador, endossadores e pagador, e as estipulações relativas ao câmbio,
se algumas se fizerem (artigo 385).
No caso, porém, de se provar que obrou por dolo ou fraude, além da indenização
das partes, perderá toda a fiança, e ficará sujeito à ação criminal que possa
competir.
Art. 52. Os livros dos corretores que se acharem sem vício nem defeito, e
regularmente escriturados na forma determinada nos artigos 48, 49 e 50, terão fé
pública.
O corretor que passar certidão contra o que constar dos seus livros incorrerá nas
penas do crime de falsidade, perderá a fiança por inteiro, e será destituído.
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Art. 53. Os corretores são obrigados a assistir à entrega das coisas vendidas por
sua intervenção, se alguma das partes o exigir; sob pena de uma multa
correspondente a 5 % (cinco por cento) da fiança, e de responderem por perdas e
danos.
Art. 54. Os corretores são igualmente obrigados em negociação de letras, ou de
outros quaisquer papéis de crédito endossáveis, ou apólices da Dívida Pública, a
havê-los do cedente e a entregá-los ao tomador, bem como a receber e entregar o
preço.
Art. 55. Ainda que em geral os corretores não respondam, nem possam constituir-
se responsáveis pela solvabilidade dos contraentes, serão contudo garantes nas
referidas negociações da entrega material do título ao tomador e do valor ao
cedente, e responsáveis pela veracidade da última firma de todos e quaisquer
papéis de crédito por via deles negociados, e pela identidade das pessoas que
intervierem nos contratos celebrados por sua intervenção.
Art. 56. É dever dos corretores guardar inteiro segredo nas negociações de que se
encarregarem; e se da revelação resultar prejuízo, serão obrigados à sua
indenização, e até condenados à perda do ofício e da metade da fiança prestada,
provando-se dolo ou fraude.
Art. 57. O corretor que no exercício do seu ofício usar de fraude, ou empregar
cavilação ou engano, será punido com as penas do artigo 51.
Art. 58. Os corretores, ultimada a transação de que tenham sido encarregados
serão obrigados a dar a cada uma das partes contraentes cópia fiel do assento da
mesma transação, por eles assinada, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas
úteis o mais tardar; pena de perderem o direito que tiverem adquirido à sua
comissão, e de indenizarem as partes de todo o prejuízo que dessa falta lhes
resultar.
Art. 59. É proibido aos corretores:
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Art. 60. Na disposição do artigo antecedente não se compreende a aquisição de
apólices da Dívida Pública, nem a de ações de sociedades anônimas, das quais,
todavia, não poderão ser diretores, administradores ou gerentes, debaixo de
qualquer título que seja.
Art. 61. Toda a fiança dada por corretor em contrato ou negociação mercantil, feita
por sua intervenção, será nula.
Art. 62. Aos corretores de navios fica permitido traduzir os manifestos e
documentos que os mestres de embarcações estrangeiras tiverem de apresentar
para despacho nas Alfândegas do Império.
Estas traduções, bem como as que forem feitas por intérpretes nomeados pelos
Tribunais do Comércio, terão fé pública; salvo às partes interessadas o direito de
impugnar a sua falta de exatidão.
Art. 63. Aos corretores de navios, que nas traduções de que trata o artigo
antecedente cometerem erro ou falsidade de que resulte dano às partes, são
aplicáveis as disposições do artigo 51.
Art. 64. Os Tribunais do Comércio, dentro dos primeiros 6 (seis) meses da sua
instalação, organizarão uma tabela dos emolumentos que aos corretores e
intérpretes competem pelas certidões que passarem.
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Art. 69. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)
CAPÍTULO IV
DOS FEITORES, GUARDA- LIVROS E CAIXEIROS
Quando, porém, tais atos forem praticados fora das referidas casas, só obrigarão os
preponentes, achando-se os referidos agentes autorizados pela forma determinada
pelo artigo 74.
Art. 76. Sempre que algum comerciante encarregar um feitor, caixeiro ou outro
qualquer preposto do recebimento de fazendas compradas, ou que por qualquer
outro título devam entrar em seu poder, e o feitor, caixeiro ou preposto as receber
sem objeção ou protesto, a entrega será tida por boa, sem ser admitida ao
preponente reclamação alguma; salvo as que podem ter lugar nos casos prevenidos
nos artigos 211, 616 e 618.
Art. 77. Os assentos lançados nos livros de qualquer casa de comércio por guarda-
livros ou caixeiros encarregados da escrituração e contabilidade produzirão os
mesmos efeitos como se fossem escriturados pelos próprios preponentes.
Art. 78. Os agentes de comércio sobreditos são responsáveis aos preponentes
por todo e qualquer dano que lhes causarem por malversação, negligência culpável,
ou falta de exata e fiel execução das suas ordens e instruções, competindo até
contra eles ação criminal no caso de malversação.
Art. 79. Os acidentes imprevistos e inculpados, que impedirem aos prepostos o
exercício de suas funções, não interromperão o vencimento do seu salário, contanto
que a inabilitação não exceda a 3 (três) meses contínuos.
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Art. 80. Se no serviço do preponente acontecer aos prepostos algum dano
extraordinário, o preponente será obrigado a indenizá-lo, a juízo de arbitradores.
Art. 81. Não se achando acordado o prazo do ajuste celebrado entre o preponente
e os seus prepostos, qualquer dos contraentes poderá dá-lo por acabado, avisando
o outro da sua resolução com 1 (um) mês de antecipação.
Enquanto não tiverem preenchido esta formalidade, não terão direito para haver das
partes aluguel algum pelos gêneros que receberem, nem poderão valer-se das
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disposições deste Código, na parte em que são favoráveis aos trapicheiros, e aos
administradores de armazéns de depósito.
Art. 88. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito são
obrigados:
1 - a ter um livro autenticado com as formalidades exigidas no artigo 13, e
escriturado sem espaços em branco, entrelinhas, raspaduras, borraduras ou
emendas;
2 - a lançar no mesmo livro numeradamente, e pela ordem cronológica de dia, mês
e ano, todos os efeitos que aqui receberem; especificando com toda a clareza e
individuação as qualidades e quantidades dos mesmos efeitos, e os nomes das
pessoas que o remeterem, e a quem, com as marcas e números que tiverem,
anotando competentemente a sua saída;
3 - a passar recibos competentes, declarando neles as qualidades, quantidades,
números e marcas, fazendo pesar, medir ou contar no ato do recebimento aqueles
gêneros que forem suscetíveis de serem pesados, medidos ou contados;
4 - a ter em boa guarda os gêneros que receberem, e a vigiar e cuidar que se não
deteriorem, nem se vazem sendo líquidos, fazendo para esse fim, por conta de quem
pertencer, as mesmas diligências e despesas que fariam se seus próprios fossem;
5 - a mostrar aos compradores, por ordem dos donos, as fazendas e gêneros
arrecadados;
6 - a responder por todos os riscos do ato da carga e descarga dos gêneros que
receberem.
Art. 89. Os administradores dos trapiches alfandegados remeterão, até o dia 15
dos meses de janeiro e julho de cada ano, ao Tribunal do Comércio respectivo, um
balanço em resumo de todos os gêneros que no semestre antecedente tiverem
entrado e saído dos seus trapiches ou armazéns, e dos que neles ficarem existindo;
cada vez que forem omissos no cumprimento desta obrigação, serão multados pelo
mesmo tribunal na quantia de cem mil-réis a duzentos mil-réis.
Art. 90. Os Tribunais do Comércio poderão oficialmente mandar inspecionar os
livros dos trapicheiros e os trapiches, para certificar-se da exatidão dos ditos
balanços, sempre que o julgarem conveniente. Se pela inspeção e exame se achar
que os balanços são menos exatos, presumir-se-á que houve extravio de direitos; e
ao trapicheiro cujo balanço for inexato, se imporá a multa do duplo do valor dos
direitos que deverão pagar os gêneros que se presumirem extraviados, aplicando-
se metade do seu produto à Fazenda Nacional, e a outra metade ao cofre do
Tribunal do Comércio.
Art. 91. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito são
responsáveis às partes pela pronta e fiel entrega de todos os efeitos que tiverem
recebido, constantes de seus recibos; pena de serem presos sempre que a não
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efetuarem dentro de 24 (vinte e quatro) horas depois que judicialmente forem
requeridos.
Art. 92. É lícito, tanto ao vendedor como ao comprador de gêneros existentes nos
trapiches ou armazéns de depósito, exigir dos trapicheiros ou administradores que
repesem e contem os mesmos efeitos no ato da saída, sem que sejam obrigados a
pagar quantia alguma a título de despesa de repeso ou contagem.
Todas as despesas que se fizerem a título de safamento serão por conta dos
mesmos trapicheiros ou administradores.
Art. 93. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito respondem
pelos furtos acontecidos dentro dos seus trapiches ou armazéns; salvo sendo
cometidos por força maior, a qual deverá provar-se, com citação dos interessados
ou dos seus consignatários, logo depois do acontecimento.
Art. 94. São igualmente responsáveis as partes pelas malversações e omissões
de seus feitores, caixeiros ou outros quaisquer agentes, e bem assim pelos prejuízos
que lhes resultarem da sua falta de diligência no cumprimento do que dispõe o artigo
88, nº 4.
Art. 95. Em todos os casos em que forem obrigados a pagar às partes falta de
efeitos, ou outros quaisquer prejuízos, a avaliação será feita por arbitradores.
Art. 96. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito têm direito
de exigir o aluguel que for estipulado, ou admitido por uso na falta de estipulação,
podendo não dar saída aos efeitos enquanto não forem pagos; porém, se houver
lugar a alguma reclamação contra eles (artigos 93 e 94), só terão direito a requerer o
depósito do aluguel.
Art. 97. Os mesmos trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito
têm hipoteca tácita nos efeitos existentes nos seus trapiches ou armazéns ao tempo
da quebra do comerciante proprietário dos mesmos efeitos, para serem pagos dos
aluguéis e despesas feitas com a sua conservação (artigo 88, nº 4), com preferência
a outro qualquer credor.
Art. 98. As disposições do Título XIV - Do depósito mercantil - são aplicáveis aos
trapicheiros e aos administradores de armazéns de depósito.
CAPÍTULO VI
DOS CONDUTORES DE GÊNEROS E COMISSÁRIOS DE TRANSPORTES
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gêneros se não deteriorem, fazendo para esse fim, por conta de quem pertencer, as
despesas necessárias; e são responsáveis as partes pelas perdas e danos que, por
malversação ou omissão sua, ou dos seus feitores, caixeiros ou outros quaisquer
agentes resultarem.
Art. 100. Tanto o carregador como o condutor devem exigir-se mutuamente uma
cautela ou recibo, por duas ou mais vias se forem pedidas, o qual deverá conter:
1 - o nome do dono dos gêneros ou carregador, o do condutor ou comissário de
transportes, e o da pessoa a quem a fazenda é dirigida, e o lugar onde deva fazer-se
a entrega;
2 - designação dos efeitos, e sua qualidade genérica, peso ou número dos
volumes, e as marcas ou outros sinais externos destes;
3 - o frete ou aluguel do transporte;
4 - o prazo dentro do qual deva efetuar-se a entrega;
5 - tudo o mais que tiver entrado em ajuste.
Art. 101. A responsabilidade do condutor ou comissário de transportes começa
correr desde o momento em que recebe as fazendas, e só expira depois de
efetuada a entrega.
Art. 102. Durante o transporte, corre por conta do dono o risco que as fazendas
sofrerem, proveniente de vício próprio, força maior ou caso fortuito.
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Art. 106. Quando as avarias produzirem somente diminuição no valor dos gêneros,
o condutor ou comissário de transportes só será obrigado a compor a importância
do prejuízo.
Art. 107. O pagamento dos gêneros que o condutor ou comissário de transportes
deixar de entregar, e a indenização dos prejuízos que causar, serão liquidados por
arbitradores, à vista das cautelas ou recibos (artigo 100).
Art. 108. As bestas, carros, barcos, aparelhos, e todos os mais instrumentos
principais e acessórios dos transportes, são hipoteca tácita em favor do carregador
para pagamento dos efeitos entregues ao condutor ou comissário de transportes.
Art. 109. Não terá lugar reclamação alguma por diminuição ou avaria dos gêneros
transportados, depois de se ter passado recibo da sua entrega sem declaração de
diminuição ou avaria.
Art. 110. Havendo, entre o carregador e o condutor ou comissário de transportes,
ajuste expresso sobre o caminho por onde deva fazer-se o transporte, o condutor ou
comissário não poderá variar dele; pena de responder por todas as perdas e danos,
ainda mesmo que sejam provenientes de algumas das causas mencionadas no
artigo 102; salvo se o caminho ajustado estiver intransitável, ou oferecer riscos
maiores.
Art. 111. Tendo-se estipulado prazo certo para a entrega dos gêneros, se o
condutor ou comissário de transportes o exceder por fato seu, ficará responsável
pela indenização dos danos que daí resultarem na baixa do preço, e pela diminuição
que o gênero vier a sofrer na quantidade se a carga for de líquido, a juízo de
arbitradores.
Art. 112. Não havendo na cautela ou recibo prazo estipulado para a entrega dos
gêneros, o condutor, sendo tropeiro, tem obrigação de os carregar na primeira
viagem que fizer, e sendo comissário de transportes é obrigado a expedi-los pela
ordem do seu recebimento, sem dar preferência aos que forem mais modernos;
pena de responderem por perdas e danos.
Art. 113. Variando o carregador a consignação dos efeitos, o condutor ou
comissário de transportes é obrigado a cumprir a sua ordem, recebendo-a antes de
feita a entrega no lugar do destino.
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admitida oposição alguma; pena de responder por todos os prejuízos e riscos que
resultarem da mora, e de proceder-se contra ele como depositário (artigo 284).
Art. 115. Os condutores e os comissários de transportes são responsáveis pelos
danos que resultarem de omissão sua ou dos seus prepostos no cumprimento das
formalidades das leis ou regulamentos fiscais em todo o curso da viagem, e na
entrada no lugar do destino; ainda que tenham ordem do carregador para obrarem
em contravenção das mesmas leis ou regulamentos.
Art. 116. Os condutores ou comissários de transportes de gêneros por terra ou
água têm direito a ser pagos, no ato da entrega, do frete ou aluguel ajustado;
passadas 24 (vinte e quatro) horas, não sendo pagos, nem havendo reclamação
contra eles (artigo 109), poderão requerer seqüestro e venda judicial dos gêneros
transportados, em quantidade que seja suficiente para cobrir o preço do frete e
despesas, se algumas tiverem suprido para que os gêneros se não deteriorem
(artigo 99).
Art. 117. Os gêneros carregados são hipoteca tácita do frete e despesas; mas
esta deixa de existir logo que os gêneros conduzidos passam do poder do
proprietário ou consignatário, para o domínio de terceiro.
Art. 118. As disposições deste Capítulo são aplicáveis aos donos,
administradores e arrais de barcas, lanchas, saveiros, faluas, canoas, e outros
quaisquer barcos de semelhante natureza empregados no transporte dos gêneros
comerciais.
TÍTULO IV
DOS BANQUEIROS
Art. 119. São considerados banqueiros os comerciantes que têm por profissão
habitual do seu comércio as operações chamadas de Banco.
Art. 120. As operações de Banco serão decididas e julgadas pelas regras gerais
dos contratos estabelecidos neste Código, que forem aplicáveis segundo a natureza
de cada uma das transações que se operarem.
TÍTULO V
DOS CONTRATOS E OBRIGAÇÕES MERCANTIS
Art. 121. As regras e disposições do direito civil para os contratos em geral são
aplicáveis aos contratos comerciais, com as modificações e restrições
estabelecidas neste Código.
Art. 122. Os contratos comerciais podem provar-se.
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1 - por escrituras públicas;
2 - por escritos particulares;
3 - pelas notas dos corretores, e por certidões extraídas dos seus protocolos;
4 - por correspondência epistolar;
5 - pelos livros dos comerciantes;
6 - por testemunhas.
Art. 123. A prova de testemunhas, fora dos casos expressamente declarados neste
Código, só é admissível em juízo comercial nos contratos cujo valor não exceder a
quatrocentos mil-réis.
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3 - que não designarem a causa certa de que deriva a obrigação;
4 - que forem convencidos de fraude, dolo ou simulação (artigo 828);
5 - sendo contraídos por comerciante que vier a falir, dentro de 40 (quarenta) dias
anteriores à declaração da quebra (artigo 827).
Art. 130. As palavras dos contratos e convenções mercantis devem inteiramente
entender-se segundo o costume e uso recebido no comércio, e pelo mesmo modo e
sentido por que os negociantes se costumam explicar, posto que entendidas de
outra sorte possam significar coisa diversa.
Art. 131. Sendo necessário interpretar as cláusulas do contrato, a interpretação,
além das regras sobreditas, será regulada sobre as seguintes bases:
1 - a inteligência simples e adequada, que for mais conforme à boa-fé, e ao
verdadeiro espírito e natureza do contrato, deverá sempre prevalecer à rigorosa e
restrita significação das palavras;
2 - as cláusulas duvidosas serão entendidas pelas que o não forem, e que as
partes tiverem admitido; e as antecedentes e subseqüentes, que estiverem em
harmonia, explicarão as ambíguas;
3 - o fato dos contraentes posterior ao contrato, que tiver relação com o objeto
principal, será a melhor explicação da vontade que as partes tiverem no ato da
celebração do mesmo contrato;
4 - o uso e prática geralmente observada no comércio nos casos da mesma
natureza, e especialmente o costume do lugar onde o contrato deva ter execução,
prevalecerá a qualquer inteligência em contrário que se pretenda dar às palavras;
5 - nos casos duvidosos, que não possam resolver-se segundo as bases
estabelecidas, decidir-se-á em favor do devedor.
Art. 132. Se para designar a moeda, peso ou medida, se usar no contrato de
termos genéricos que convenham a valores ou quantidades diversas, entender-se-á
feita a obrigação na moeda, peso ou medida em uso nos contratos de igual
natureza.
Art. 133. Omitindo-se na redação do contrato cláusulas necessárias à sua
execução, deverá presumir-se que as partes se sujeitaram ao que é de uso e prática
em tais casos entre os comerciantes, no lugar da execução do contrato.
Art. 134. Todo documento de contrato comercial em que houver raspadura ou
emenda substancial não ressalvada pelos contraentes com assinatura da ressalva
não produzirá efeito algum em juízo; salvo mostrando-se que o vício fora de
propósito feito pela parte interessada em que o contrato não valha.
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Art. 135. Em todas as obrigações mercantis com prazo certo, não se conta o dia
da data do contrato, mas o imediato seguinte; conta-se, porém, o dia da expiração
do prazo ou vencimento.
Art. 136. Nas obrigações com prazo certo, não é admissível petição alguma
judicial para a sua execução antes do dia do vencimento; salvo nos casos em que
este Código altera o vencimento da estipulação, ou permite ação de remédios
preventivos.
Art. 137. Toda a obrigação mercantil que não tiver prazo certo estipulado pelas
partes, ou marcado neste Código, será exeqüível 10 (dez) dias depois da sua data.
Art. 138. Os efeitos da mora no cumprimento das obrigações comerciais, não
havendo estipulação no contrato, começam a correr desde o dia em que o credor,
depois do vencimento, exige judicialmente o seu pagamento.
Art. 139. As questões de fato sobre a existência de fraude, dolo, simulação, ou
omissão culpável na formação dos contratos comerciais, ou na sua execução, serão
determinadas por arbitradores.
TÍTULO VI
DO MANDATO MERCANTIL
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aceitou, poderá deixar de exeqüir o mandato, fazendo pronto aviso ao mesmo
comitente.
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disposição dos mesmos fundos; pena de responder por perdas e danos que dessa
falta resultarem.
Art. 154. O comitente é obrigado a pagar ao mandatário todas as despesas e
desembolsos que este fizer na execução do mandato, e os salários ou comissões
que forem devidas por ajuste expresso, ou por uso e prática mercantil do lugar onde
se cumprir o mandato, na falta de ajuste.
Art. 155. O comitente e o mandatário são obrigados a pagar juros um ao outro
reciprocamente; o primeiro pelos dinheiros que o mandatário haja adiantado para
cumprimento das suas ordens, e o segundo pela mora que possa ter na entrega dos
fundos que pertencerem ao comitente.
Art. 156. O mandatário tem direito para reter, do objeto da operação que lhe foi
cometida, quanto baste para pagamento de tudo quanto lhe for devido em
conseqüência do mandato.
Art. 157. O mandato acaba:
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Art. 162. O mandatário responde ao comitente por todas as perdas e danos que no
cumprimento do mandato lhe causar, quer procedam de fraude, dolo ou malícia, quer
ainda mesmo os que possam atribuir-se somente a omissão ou negligência culpável
(artigo 139).
Art. 163. Quando um comerciante sem mandato, ou excedendo os limites deste,
conclui algum negócio para o seu correspondente, é gestor do negócio segundo as
disposições da lei geral; mas se este for ratificado, toma o caráter de mandato
mercantil, e entende-se feito no lugar do gestor.
Art. 164. As disposições do Título VII - Da comissão mercantil - artigos 167, 168,
169, 170, 175, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 187 e 188, são aplicáveis ao mandato
mercantil.
TÍTULO VII
DA COMISSÃO MERCANTIL
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3 - podendo presumir-se, em boa-fé, que o comissário não teve intenção de
exceder os limites da comissão;
4 - nos casos do artigo 163.
Art. 170. O comissário é responsável pela boa guarda e conservação dos efeitos
de seus comitentes, quer lhe tenham sido consignados, quer os tenha ele comprado,
ou os recebesse como em depósito, ou para os remeter para outro lugar; salvo caso
fortuito ou de força maior, ou se a deterioração provier de vício inerente à natureza
da coisa.
Art. 171. O comissário é obrigado a fazer aviso ao comitente, na primeira ocasião
oportuna que se lhe oferecer, de qualquer dano que sofrerem os efeitos deste
existentes em seu poder, e a verificar em forma legal a verdadeira origem donde
proveio o dano.
Art. 172. Iguais diligências deve praticar o comissário todas as vezes que, ao
receber os efeitos consignados, notar avaria, diminuição, ou estado diverso daquele
que constar dos conhecimentos, faturas ou avisos de remessa; se for omisso, o
comitente terá ação para exigir dele que responda pelos efeitos nos termos precisos
em que os conhecimentos, cautelas, faturas, ou cartas de remessa os designarem;
sem que ao comissário possa admitir-se outra defesa que não seja a prova de ter
praticado as diligências sobreditas.
Art. 173. Acontecendo nos efeitos consignados alteração que torne urgente a sua
venda para salvar a parte possível do seu valor, o comissário procederá à venda dos
efeitos danificados, em hasta pública, em benefício e por conta de quem pertencer.
Art. 174. O comissário encarregado de fazer expedir uma carregação de
mercadorias em porto ou lugar diferente, por via de comissário que ele haja de
nomear, não responde pelos atos deste, provando que lhe transmitiu fielmente as
ordens do comitente, e que gozava de crédito entre comerciantes.
Art. 175. O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem
contratar em execução da comissão, se ao tempo do contrato eram reputadas
idôneas; salvo nos casos do artigo 179, ou obrando com culpa ou dolo.
Art. 176. O comissário presume-se autorizado para conceder os prazos que forem
do uso da praça, sempre que não tiver ordem em contrário do comitente.
Art. 177. O comissário que tiver vendido a pagamento deve declarar no aviso e
conta que remeter ao comitente o nome e domicílio dos compradores, e os prazos
estipulados; deixando de fazer esta declaração explícita, presume-se que a venda
foi efetuada a dinheiro de contado, e não será admitida ao comissário prova em
contrário.
Art. 178. Vencidos os pagamentos das mercadorias ou efeitos vendidos a prazo, o
comissário é obrigado a procurar e fazer efetiva a sua cobrança; e se nesta se
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portar com omissão ou negligência culpável, responderá ao comitente por perdas e
danos supervenientes.
Se o del credere não houver sido ajustado por escrito, e todavia o comitente o tiver
aceitado ou consentido, mas impugnar o quantitativo, será este regulado pelo estilo
da praça onde residir o comissário, e na falta de estilo por arbitradores.
Art. 180. O comissário que distrair do destino ordenado os fundos do seu
comitente responderá pelos juros a datar do dia em que recebeu os mesmos fundos,
e pelos prejuízos resultantes do não-cumprimento das ordens; sem prejuízo das
ações criminais a que possa dar lugar o dolo ou fraude.
Art. 181. O comissário é responsável pela perda ou extravio de fundos de terceiro
em dinheiro, metais preciosos, ou brilhantes existentes em seu poder, ainda mesmo
que o dano provenha de caso fortuito ou força maior, se não provar que na sua
guarda empregou a diligência que em casos semelhantes empregam os
comerciantes acautelados.
Art. 182. Os riscos ocorrentes na devolução de fundos do poder do comissário
para a mão do comitente correm por conta deste; salvo se aquele se desviar das
ordens e instruções recebidas, ou dos meios usados no lugar da remessa, se
nenhuma houver recebido.
Art. 183. O comissário que fizer uma negociação a preço e condições mais
onerosas do que as correntes, ao tempo da transação, na praça onde ela se operou,
responderá pelo prejuízo; sem que o releve o haver feito iguais negociações por
conta própria.
Art. 184. O comissário que receber ordem para fazer algum seguro será
responsável pelos prejuízos que resultarem se o não efetuar, tendo na sua mão
fundos suficientes do comitente para satisfazer o prêmio.
Art. 185. O comitente é obrigado a satisfazer à vista, salvo convenção em
contrário, a importância de todas as despesas e desembolsos feitos no
desempenho da comissão, com os juros pelo tempo que mediar entre o desembolso
e o efetivo pagamento, e as comissões que forem devidas.
As contas dadas pelo comissário ao comitente devem concordar com os seus livros
e assentos mercantis; e no caso de não concordarem poderá ter lugar a ação
criminal de furto.
Art. 186. Todo comissário tem direito para exigir do comitente uma comissão pelo
seu trabalho, a qual, quando não tiver sido expressamente convencionada, será
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regulada pelo uso comercial do lugar onde se tiver executado o mandato (artigo
154).
Art. 187. A comissão deve-se por inteiro, tendo-se concluído a operação ou
mandato; no caso de morte ou despedida do comissário, é devida unicamente a
quota correspondente aos atos por este praticados.
Art. 188. Quando, porém, o comitente retirar o mandato antes de concluído, sem
causa justificada procedida de culpa do comissário, nunca poderá pagar-se menos
de meia comissão, ainda que esta não seja a que exatamente corresponda aos
trabalhos praticados.
Art. 189. No caso de falência do comitente, tem o comissário hipoteca e
precedência privilegiada nos efeitos do mesmo comitente, para indenização e
embolso de todas as despesas, adiantamentos que tiver feito, comissões vendidas
e juros respectivos, enquanto os mesmos efeitos se acharem à sua disposição em
seus armazéns, nas estações públicas, ou em qualquer outro lugar, ou mesmo
achando-se em caminho para o poder do falido, se provar a remessa por
conhecimentos ou cautelas competentes de data anterior à declaração da quebra
(artigo 806).
Art. 190. As disposições do Título VI - Do mandato mercantil - são aplicáveis à
comissão mercantil.
TÍTULO VIII
DA COMPRA E VENDA MERCANTIL
Art. 191. O contrato de compra e venda mercantil é perfeito e acabado logo que o
comprador e o vendedor se acordam na coisa, no preço e nas condições; e desde
esse momento nenhuma das partes pode arrepender-se sem consentimento da
outra, ainda que a coisa se não ache entregue nem o preço pago. Fica entendido
que nas vendas condicionais não se reputa o contrato perfeito senão depois de
verificada a condição (artigo 127).
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no dia e lugar da entrega; na falta de acordo por ter havido diversidade de preço no
mesmo dia e lugar, prevalecerá o termo médio.
Art. 194. O preço de venda pode ser incerto, e deixado na estimação de terceiro;
se este não puder ou não quiser fazer a estimação, será o preço determinado por
arbitradores.
Art. 195. Não se tendo estipulado no contrato a qualidade da moeda em que deve
fazer-se o pagamento, entende-se ser a corrente no lugar onde o mesmo pagamento
há de efetuar-se, sem ágio ou desconto.
Art. 196. Não havendo estipulação em contrário, as despesas do instrumento da
venda e as que se fazem para se receber e transportar a coisa vendida são por
conta do comprador.
Art. 197. Logo que a venda é perfeita (artigo 191), o vendedor fica obrigado a
entregar ao comprador a coisa vendida no prazo, e pelo modo estipulado no
contrato; pena de responder pelas perdas e danos que da sua falta resultarem.
Art. 198. Não procede, porém, a obrigação da entrega da coisa vendida antes de
efetuado o pagamento do preço, se, entre o ato da venda e o da entrega, o
comprador mudar notoriamente de estado, e não prestar fiança idônea aos
pagamentos nos prazos convencionados .
Art. 199. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, deve fazer-
se no lugar onde a mesma coisa se achava ao tempo da venda; e pode operar-se
pelo fato da entrega real ou simbólica, ou pelo do título, ou pelo modo que estiver em
uso comercial no lugar onde deva verificar-se.
Art. 200. Reputa-se mercantilmente tradição simbólica, salva a prova em contrário,
no caso de erro, fraude ou dolo:
1 - a entrega das chaves do armazém, loja ou caixa em que se achar a mercadoria
ou objeto vendido;
2 - o fato de pôr o comprador a sua marca nas mercadorias compradas, em
presença do vendedor ou com o seu consentimento;
3 - a remessa e aceitação da fatura, sem oposição imediata do comprador;
4 - a cláusula - por conta - lançada no conhecimento ou cautela de remessa, não
sendo reclamada pelo comprador dentro de 3 (três) dias úteis, achando-se o
vendedor no lugar onde se receber a cautela ou conhecimento, ou pelo segundo
correio ou navio que levar correspondência para o lugar onde ele se achar;
5 - a declaração ou averbação em livros ou despachos das estações públicas a
favor do comprador, com acordo de ambas as partes.
Art. 201. Sendo a venda feita à vista de amostras, ou designando-se no contrato
qualidade de mercadoria conhecida nos usos do comércio, não é lícito ao
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comprador recusar o recebimento, se os gêneros corresponderem perfeitamente às
amostras ou à qualidade designada, oferecendo-se dúvida, será decidida por
arbitradores.
Art. 202. Quando o vendedor deixa de entregar a coisa vendida no tempo
aprazado, o comprador tem opção, ou de rescindir o contrato, ou de demandar o seu
cumprimento com os danos da mora; salvo os casos fortuitos ou de força maior.
Art. 203. O comprador que tiver ajustado por junto uma partida de gêneros sem
declaração de a receber por partes ou lotes, ou em épocas distintas, não é obrigado
a receber parte com promessa de se lhe fazer posteriormente a entrega do resto.
Art. 204. Se o comprador sem justa causa recusar receber a coisa vendida, ou
deixar de a receber no tempo ajustado, terá o vendedor ação para rescindir o
contrato, ou demandar o comprador pelo preço com os juros legais da mora;
devendo, no segundo caso, requerer depósito judicial dos objetos vendidos por
conta e risco de quem pertencer.
Art. 205. Para o vendedor ou comprador poder ser considerado em mora, é
necessário que preceda interpelação judicial da entrega da coisa vendida, ou do
pagamento do preço.
Art. 206. Logo que a venda é de todo perfeita, e o vendedor põe a coisa vendida à
disposição do comprador, são por conta deste todos os riscos dos efeitos vendidos,
e as despesas que se fizerem com a sua conservação, salvo se ocorrerem por
fraude ou negligência culpável do vendedor, ou por vício intrínseco da coisa vendida;
e tanto em um como em outro caso, o vendedor responde ao comprador pela
restituição do preço com os juros legais, e a indenização dos danos.
Art. 207. Correm, porém, a cargo do vendedor os danos que a coisa vendida sofrer
antes da sua entrega:
1 - quando não é objeto determinado por marcas ou sinais distintivos que a
diferenciem entre outras da mesma natureza e espécie, com as quais possa achar-
se confundida;
2 - quando, por condição expressa no contrato, ou por uso praticado em comércio,
o comprador tem direito de a examinar, e declarar se se contenta com ela, antes que
a venda seja tida por perfeita e irrevogável;
3 - sendo os efeitos da natureza daqueles que se devem contar, pesar, medir ou
gostar, enquanto não forem contados, pesados, medidos ou provados; em tais
compras a tradição real supre a falta de contagem, peso, medida ou sabor;
4 - se o vendedor deixar de entregar ao comprador a coisa vendida, estando este
pronto para receber.
Art. 208. Quando os gêneros são vendidos a esmo ou por partida inteira, o risco
corre por conta do comprador, ainda que não tenham sido contados, pesados ou
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medidos, e bem assim nos casos do nº 3 do artigo antecedente, quando a
contagem, peso ou medida deixa de fazer-se por culpa sua.
Art. 209. O vendedor que, depois da venda perfeita, alienar, consumir ou deteriorar
a coisa vendida, será obrigado a dar ao comprador outra igual em espécie,
qualidade e quantidade, ou pagar-lhe, na falta desta, o valor em que por arbitradores
for estimada, com relação ao uso que o comprador dela pretendia fazer, ou ao lucro
que podia provir-lhe, abatendo-se o preço, se o comprador o não tiver ainda pago.
Art. 210. O vendedor, ainda depois da entrega, fica responsável pelos vícios e
defeitos ocultos da coisa vendida, que o comprador não podia descobrir antes de a
receber, sendo tais que a tornem imprópria ao uso a que era destinada, ou que de
tal sorte diminuam o seu valor, que o comprador, se os conhecera, ou a não
comprara, ou teria dado por ela muito menor preço.
Art. 211. Tem principalmente aplicação a disposição do artigo precedente quando
os gêneros se entregam em fardos ou debaixo de coberta que impeçam o seu
exame e reconhecimento, se o comprador, dentro de 10 (dez) dias imediatamente
seguintes ao do recebimento, reclamar do vendedor falta na quantidade, ou defeito
na qualidade; devendo provar-se no primeiro caso que as extremidades das peças
estavam intactas, e no segundo que os vícios ou defeitos não podiam acontecer, por
caso fortuito, em seu poder.
Essa reclamação não tem lugar quando o vendedor exige do comprador que
examine os gêneros antes de os receber, nem depois de pago o preço.
Art. 212. Se o comprador reenvia a coisa comprada ao vendedor, e este a aceita
(artigo 76), ou, sendo-lhe entregue contra sua vontade, a não faz depositar
judicialmente por conta de quem pertencer, com intimação do depósito ao
comprador, presume-se que consentiu na rescisão da venda.
Art. 213. Em todos os casos em que o comprador tem direito de resilir o contrato,
o vendedor é obrigado não só a restituir o preço, mas também a pagar as despesas
que tiver ocasionado, com os juros da lei.
Art. 214. O vendedor é obrigado a fazer boa ao comprador a coisa vendida, ainda
que no contrato se estipule que não fica sujeito a responsabilidade alguma; salvo se
o comprador, conhecendo o perigo ao tempo da compra, declarar expressamente
no instrumento do contrato, que toma sobre si o risco; devendo entender-se que esta
cláusula não compreende o risco da coisa vendida, que, por algum título, possa
pertencer a terceiro.
Art. 215. Se o comprador for inquietado sobre a posse ou domínio da coisa
comprada, o vendedor é obrigado à evicção em juízo, defendendo à sua custa a
validade da venda; e se for vencido, não só restituirá o preço com os juros e custas
do processo, mas poderá ser condenado à composição das perdas e danos
conseqüentes, e até às penas criminais, quais no caso couberem.
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A restituição do preço tem lugar, posto que a coisa vendida se ache depreciada na
quantidade ou na qualidade ao tempo da evicção por culpa do comprador ou força
maior. Se, porém, o comprador auferir proveito da depreciação por ele causada, o
vendedor tem direito para reter a parte do preço que for estimada por arbitradores.
Art. 216. O comprador que tiver feito benfeitorias na coisa vendida, que aumentem
o seu valor ao tempo da evicção, se esta se vencer, tem direito a reter a posse da
mesma coisa até ser pago do valor, das benfeitorias por quem pertencer.
Art. 217. Os vícios e diferenças de qualidade das mercadorias vendidas serão
determinados por arbitradores.
Art. 218. O dinheiro adiantado antes da entrega da coisa vendida entende-se ter
sido por conta do preço principal, e para maior firmeza da compra, e nunca com
condição suspensiva da conclusão do contrato; sem que seja permitido o
arrependimento, nem da parte do comprador, sujeitando-se a perder a quantia
adiantada, nem da parte do vendedor, restituindo-a, ainda mesmo que o que se
arrepender se ofereça a pagar outro tanto do que houver pago ou recebido; salvo se
assim for ajustado entre ambos como pena convencional do que se arrepender
(artigo 128).
Art. 219. Nas vendas em grosso ou por atacado entre comerciantes, o vendedor é
obrigado a apresentar ao comprador por duplicado, no ato da entrega das
mercadorias, a fatura ou conta dos gêneros vendidos, as quais serão por ambos
assinadas, uma para ficar na mão do vendedor, e outra na do comprador. Não se
declarando na fatura o prazo do pagamento, presume-se que a compra foi à vista
(artigo 137). As faturas sobreditas, não sendo reclamadas pelo vendedor ou
comprador, dentro de 10 (dez) dias subseqüentes à entrega e recebimento (artigo
135), presumem-se contas líquidas.
Art. 220. A rescisão por lesão não tem lugar nas compras e vendas celebradas
entre pessoas todas comerciantes; salvo provando-se erro, fraude ou simulação.
TÍTULO IX
DO ESCAMBO OU TROCA MERCANTIL
Art. 221. O contrato de troca ou escambo mercantil opera ao mesmo tempo duas
verdadeiras vendas, servindo as coisas trocadas de preço e compensação
recíproca (artigo 191). Tudo o que pode ser vendido pode ser trocado.
Art. 222. Se um dos permutantes, depois da entrega da coisa trocada, provar que
o outro não é dono dela, não será obrigado a entregar a que prometera, mas
somente a devolver a que recebeu.
Art. 223. O permutante que for vencido na evicção da coisa recebida em troca terá
a opção, ou de pedir o seu valor com os danos, ou de repetir a coisa por ele dada
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(artigo 215); mas se a esse tempo tiver sido alienada só terá lugar o primeiro
arbítrio.
Art. 224. Se uma coisa certa e determinada, prometida em troca, perecer sem
culpa do que a devia dar, deixa de existir o contrato, e a coisa que já tiver sido
entregue será devolvida àquele que a houver dado.
Art. 225. Em tudo o mais as trocas mercantis regulam-se pelas disposições do
Título VIII-Da compra e venda mercantil.
TÍTULO X
DA LOCAÇÃO MERCANTIL
Art. 226. A locação mercantil é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a dar
a outra, por determinado tempo e preço certo, o uso de alguma coisa, ou do seu
trabalho.
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não terá direito a paga alguma; salvo se, depois de pronta, o locatário for negligente
em a receber.
Art. 232. Se o empreiteiro contribuir só com o seu trabalho ou indústria, perecendo
os materiais sem culpa sua, perecem por conta do dono, e o empreiteiro não tem
direito a salário algum; salvo se, estando a obra concluída, o locatário for omisso em
a receber, ou a coisa tiver perecido por vício próprio da sua matéria.
Art. 233. Quando o empreiteiro se encarrega de uma obra por um plano designado
no contrato, pode requerer novo ajuste, se o locatário alterar o plano antes ou depois
de começada a obra.
Art. 234. Concluída a obra na conformidade do ajuste, ou, não o havendo, na forma
do costume geral, o que a encomendou é obrigado a recebê-la; se, porém, a obra
não tiver na forma do contrato, plano dado, ou costume geral, poderá enjeitá-la ou
exigir que se faça abatimento no preço.
Art. 235. O operário que, por imperícia ou erro do seu ofício, inutiliza alguma obra
para que tiver recebido os materiais é obrigado a pagar o valor destes, ficando com
a obra inutilizada.
Art. 236. O que der a fabricar alguma obra de empreitada poderá a seu arbítrio
resilir do contrato, posto que a obra esteja já começada a executar, indenizando o
empreiteiro de todas as despesas e trabalhos, e de tudo o que poderia ganhar na
mesma obra.
Art. 237. Se a obra encomendada tiver sido ajustada por medida ou números, sem
se fixar a quantidade certa de medida ou números, tanto o que fez a encomenda
como o empreiteiro podem dar por acabado o contrato quando lhes convier,
pagando o locatário a obra feita.
Art. 238. O empreiteiro é responsável pelos fatos dos operários que empregar,
com ação regressiva contra os mesmos.
Art. 239. Os operários, no caso de não serem pagos pelo empreiteiro, têm ação
para embargar na mão do dono da obra, se ainda não tiver pago, quantia que baste
para pagamento dos jornais devido.
Art. 240. A morte do empreiteiro dissolve o contrato de locação de obra. O
locatário, quando a matéria tiver sido fornecida pelo empreiteiro, é obrigado a pagar
a seus herdeiros ou sucessores, à proporção do preço estipulado na convenção, o
valor da obra feita, e dos materiais aparelhados.
Art. 241. Os mestres, administradores, ou diretores de fábricas, ou qualquer outro
estabelecimento mercantil, não podem despedir-se antes de findar o tempo do
contrato, salvo nos casos previstos no artigo 83; pena de responderem por dano aos
preponentes; e estes despedindo-os fora dos casos especificados no artigo 84,
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serão obrigados a pagar-lhes o salário ajustado por todo o tempo que faltar para a
duração do contrato.
Art. 242. Os mesmos mestres, administradores, ou diretores, no caso de morte do
preponente, são obrigados a continuar na sua gerência pelo tempo do contrato, e na
falta deste até que os herdeiros ou sucessores do falecido possam providenciar
oportunamente.
Art. 243. Todo o mestre, administrador, ou diretor de qualquer estabelecimento
mercantil é responsável pelos danos que ocasionar ao proprietário por omissão
culpável, imperícia, ou malversação, e pelas faltas e omissões dos empregados que
servirem debaixo das suas ordens, provando-se que foi omisso em as prevenir
(artigo 238).
Art. 244. O comerciante empresário de fábrica, seus administradores, diretores e
mestres, que por si ou por interposta pessoa aliciarem empregados, artífices ou
operários de outras fábricas que se acharem contratados por escrito, serão
multados no valor do jornal dos aliciados, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, a benefício
da outra fábrica.
Art. 245. Todas as questões que resultarem de contratos de locação mercantil
serão decididas em juízo arbitral.
Art. 246. As disposições do Título VI - Do mandato mercantil - têm lugar a respeito
dos mestres, administradores ou diretores de fábricas, na parte em que forem
aplicáveis.
TÍTULO XI
DO MÚTUO E DOS JUROS MERCANTIS
Art. 247. O mútuo é empréstimo mercantil, quando a coisa emprestada pode ser
considerada gênero comercial, ou destinada a uso comercial, e pelo menos o
mutuário é comerciante.
Art. 248. Em comércio podem exigir-se juros desde o tempo do desembolso,
ainda que não sejam estipulados, em todos os casos em que por este Código são
permitidos ou se mandam contar. Fora destes casos, não sendo estipulados, só
podem exigir-se pela mora no pagamento de dívidas líquidas, e nas ilíquidas só
depois da sua liquidação.
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Art. 250. O credor que passa recibos ou dá quitação de juros menores dos
estipulados não pode exigir a diferença relativa ao vencimento passado; todavia, os
juros futuros não se julgam por esse fato reduzidos a menos dos estipulados.
Art. 251. O devedor que paga juros não estipulados não pode repeti-los, salvo
excedendo a taxa da lei; e neste caso só pode repetir o excesso, ou imputá-lo no
capital.
Art. 252. A quitação do capital dada sem reserva de juros faz presumir o
pagamento deles, e opera a descarga total do devedor, ainda que fossem devidos.
Art. 253. É proibido contar juros de juros; esta proibição não compreende a
acumulação de juros vencidos aos saldos liquidados em conta corrente de ano a
ano.
Depois que em juízo se intenta ação contra o devedor, não pode ter lugar
acumulação de capital e juros.
Art. 254. Não serão admissíveis em juízo contas de capital com juros, em que
estes se não acharem reciprocamente lançados sobre as parcelas do débito e
crédito das mesmas contas.
Art. 255. Os descontos de letras de câmbio ou da terra, e de quaisquer títulos de
crédito negociáveis, regulam-se pelas convenções das partes.
TÍTULO XII
DAS FIANÇAS E CARTAS DE CRÉDITO E ABONO
CAPÍTULO I
DAS FIANÇAS
Art. 256. Para que a fiança possa ser reputada mercantil, é indispensável que o
afiançado seja comerciante, e a obrigação afiançada derive de causa comercial,
embora o fiador não seja comerciante.
Art. 257. A fiança só pode provar-se por escrito; abrange sempre todos os
acessórios da obrigação principal, e não admite interpretação extensiva a mais do
que precisamente se compreende na obrigação assinada pelo fiador.
Art. 258. Toda a fiança comercial é solidária; nas que se prestam judicialmente, as
testemunhas de abonação ficam todas solidariamente obrigadas na falta do fiador
principal.
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A obrigação do fiador passa a seus herdeiros; mas a responsabilidade da fiança é
limitada ao tempo decorrido até o dia da morte do fiador, e não pode exceder as
forças da sua herança.
Art. 259. O fiador mercantil pode estipular do afiançado uma retribuição pecuniária
pela responsabilidade da fiança; mas estipulando retribuição não pode reclamar o
benefício da desoneração permitido no artigo 262.
Art. 260. O fiador que paga pelo devedor fica sub-rogado em todos os direitos e
ações do credor (artigo 889). Havendo mais fiadores, o fiador que pagar a dívida
terá ação contra cada um deles pela porção correspondente, em rateio geral; se
algum falir, o rateio do quinhão deste terá lugar por todos os que se acharem
solventes.
Art. 261. Se o fiador for executado com preferência ao devedor originário, poderá
oferecer à penhora os bens deste, se os tiver desembargados, mas, se contra eles
aparecer embargo ou oposição, ou não forem suficientes, a execução ficará
correndo nos próprios bens do fiador, até efetivo e real embolso do exeqüente.
Art. 262. O fiador fica desonerado da fiança, quando o credor, sem o seu
consentimento ou sem lhe ter exigido o pagamento, concede ao devedor alguma
prorrogação de termo, ou faz com ele novação do contrato (artigo 438); e pode
desonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe
convier; ficando, todavia, obrigado por todos os efeitos da fiança anteriores ao ato
amigável, ou sentença por que for desonerado.
Art. 263. Desonerando-se, morrendo ou falindo o fiador, o devedor originário é
obrigado a dar nova fiança, ou pagar imediatamente a dívida.
CAPÍTULO II
DAS CARTAS DE CRÉDITO
TÍTULO XIII
DA HIPOTECA E PENHOR MERCANTIL
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CAPÍTULO I
DA HIPOTECA
Art. 265. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
Art. 266. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
Art. 267. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
Art. 268. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
Art. 269. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
Art. 270. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
CAPÍTULO II
DO PENHOR MERCANTIL
Art. 271. O contrato de penhor, pelo qual o devedor ou um terceiro por ele entrega
ao credor uma coisa móvel em segurança e garantia de obrigação comercial, só
pode provar-se por escrito assinado por quem recebe o penhor.
Art. 272. O escrito deve enunciar com toda a clareza a quantia certa da dívida, a
causa de que procede, e o tempo do pagamento, a qualidade do penhor, e o seu
valor real ou aquele em que for estimado; não se declarando o valor, se estará, no
caso do credor deixar de restituir ou de apresentar o penhor quando for requerido,
pela declaração jurada do devedor.
Art. 273. Podem dar-se em penhor bens móveis, mercadorias e quaisquer outros
efeitos, títulos da Dívida Pública, ações de companhias ou empresas e em geral
quaisquer papéis de crédito negociáveis em comércio.
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Art. 276. O credor que recebe do seu devedor alguma coisa em penhor ou garantia
fica por esse fato considerado verdadeiro depositário da coisa recebida, sujeito a
todas as obrigações e responsabilidade declaradas no Título XIV - Do depósito
mercantil.
Art. 277. Se a coisa empenhada consistir em títulos de crédito, o credor que os
tiver em penhor entende-se sub-rogado pelo devedor para praticar todos os atos que
sejam necessários para conservar a validade dos mesmos títulos, e os direitos do
devedor, ao qual ficará responsável por qualquer omissão que possa ter nesta parte.
O credor pignoratício é igualmente competente para cobrar o principal e créditos do
título ou papel de crédito empenhado na sua mão, sem ser necessário que
apresente poderes gerais ou especiais do devedor (artigo 387).
Art. 278. Oferecendo-se o devedor a remir o penhor, pagando a dívida ou
consignando o preço em juízo, o credor é obrigado à entrega imediata do mesmo
penhor; pena de se proceder contra ele como depositário remisso (artigo 284).
Art. 279. O Credor pignoratício, que por qualquer modo alhear ou negociar a coisa
dada em penhor ou garantia, sem para isso ser autorizado por condição ou
consentimento por escrito do devedor, incorrerá nas penas do crime de estelionato.
TÍTULO XIV
DO DEPÓSITO MERCANTIL
Art. 280. Só terá a natureza de depósito mercantil o que for feito por causa
proveniente de comércio, em poder de comerciante, ou por conta de comerciante.
Art. 281. Este contrato fica perfeito pela tradição real ou simbólica da coisa
depositada (artigo 199); mas só pode provar-se por escrito assinado pelo
depositário.
Art. 282. O depositário pode exigir, pela guarda da coisa depositada, uma
comissão estipulada no contrato, ou determinada pelo uso da praça; e se nenhuma
houver sido estipulada no contrato, nem se achar estabelecida pelo uso da praça,
será regulada por arbitradores.
Art. 283. O depósito voluntário confere-se e aceita-se pela mesma forma que o
mandato ou comissão; e as obrigações recíprocas do depositante e depositário
regulam-se pelas que se acham determinadas para os mesmos contratos entre
comitente e mandatário ou comissário, em tudo quanto forem aplicáveis.
Art. 284. Não entregando o depositário a coisa depositada no prazo de 48
(quarenta e oito) horas da intimação judicial, será preso até que se efetue a entrega
do depósito, ou do seu valor equivalente (artigos 272 e 440).
Art. 285. Os depósitos feitos em bancos ou estações públicas ficam sujeitos às
disposições das leis, estatutos ou regulamentos da sua instituição.
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Art. 286. As disposições do Capítulo II -Do penhor mercantil - são aplicáveis ao
depósito mercantil.
TÍTULO XV
DAS COMPANHIAS E SOCIEDADES COMERCIAIS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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líquida que o sócio comum tiver nas companhias ou sociedades solventes depois de
pagos os credores destas.
CAPÍTULO III
DAS SOCIEDADES COMERCIAIS
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 300. O contrato de qualquer sociedade comercial só pode provar-se por
escritura pública ou particular; salvo nos casos dos artigos 304 e 325.
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Enquanto o instrumento do contrato não for registrado, não terá validade entre os
sócios nem contra terceiros, mas dará ação a estes contra todos os sócios
solidariamente (artigo 304).
Art. 302. A escritura, ou seja pública ou particular, deve conter:
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3 - se um dos associados se confessa sócio, e os outros o não contradizem por
uma forma pública;
4 - se duas ou mais pessoas propõem um administrador ou gerente comum;
5 - a dissolução da associação como sociedade;
6 - o emprego do pronome nós ou nosso nas cartas de correspondência, livros,
faturas, contas e mais papéis comerciais,
7 - o fato de receber ou responder cartas endereçadas ao nome ou firma social;
8 - o uso de marca comum nas fazendas ou volumes;
9 - o uso de nome com a adição - e companhia.
No caso do sócio falecido ter sido o caixa ou gerente da sociedade, ou quando não
fosse, sempre que não houver mais de um sócio sobrevivente, e mesmo fora dos
dois referidos casos se o exigir um número tal de credores que represente metade
de todos os créditos, nomear-se-á um novo caixa ou gerente para a ultimação das
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negociações pendentes; procedendo-se à liquidação e partilha pela forma
determinada na Seção VIII deste Capítulo; com a única diferença de que os credores
terão parte na nomeação da pessoa ou pessoas a quem deva encarregar-se a
liquidação.
A nomeação do novo caixa ou gerente será feita pela maioria dos votos dos sócios
e dos credores, reunidos em assembléia presidida pelo juiz de direito do comércio,
e só poderá recair sobre sócio ou credor que seja comerciante.
Art. 310. As disposições do artigo precedente têm igualmente lugar, sempre que
algum comerciante que não tenha sócios, ou mesmo alguém, ainda que não seja
comerciante, falecer sem testamentos nem herdeiros presentes, e tiver credores
comerciantes; nomeando-se pela forma acima declarada dois administradores e um
fiscal, para arrecadar, administrar e liquidar a herança, e satisfazer todas as
obrigações do falecido.
Não existindo credores presentes, mas constando pelos livros do falecido ou por
outros títulos autênticos que os há ausentes serão os dois administradores e fiscal
nomeados pelo Tribunal do Comércio.
SEÇÃO II
DA SOCIEDADE EM COMANDITA.
Art. 311. Quando duas ou mais pessoas, sendo ao menos uma comerciante, se
associam para fim comercial, obrigando-se uns como sócios solidariamente
responsáveis, e sendo outros simples prestadores de capitais, com a condição de
não serem obrigados além dos fundos que forem declarados no contrato, esta
associação tem a natureza de sociedade em comandita.
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procuradores, nem fazer parte da firma social; pena de ficarem solidariamente
responsáveis como os outros sócios; não se compreende, porém, nesta proibição a
faculdade de tomar parte nas deliberações da sociedade, nem o direito de fiscalizar
as suas operações e estado (artigo 290).
SEÇÃO III
DAS SOCIEDADES EM NOME COLETIVO OU COM FIRMA
Art. 315. Existe sociedade em nome coletivo ou com firma, quando duas ou mais
pessoas, ainda que algumas não sejam comerciantes, se unem para comerciar em
comum, debaixo de uma firma social.
Não podem fazer parte da firma social nomes de pessoas que não sejam sócios
comerciantes.
Art. 316. Nas sociedades em nome coletivo, a firma social assinada por qualquer
dos sócios-gerentes, que no instrumento do contrato for autorizado para usar dela,
obriga todos os sócios solidariamente para com terceiros e a estes para com a
sociedade, ainda mesmo que seja em negócio particular seu ou de terceiro, com
exceção somente dos casos em que a firma social for empregada em transações
estranhas aos negócios designados no contrato.
Contra o sócio que abusar da firma social, dá-se ação de perdas e danos, tanto da
parte dos sócios como de terceiro; e se com o abuso concorrer também fraude ou
dolo, este poderá intentar contra ele a ação criminal que no caso couber.
SEÇÃO IV
DAS SOCIEDADES DE CAPITAL E INDÚSTRIA
Art. 317. Diz-se sociedade de capital e indústria aquela que se contrai entre
pessoas, que entram por uma parte com os fundos necessários para uma
negociação comercial em geral, ou para alguma operação mercantil em particular, e
por outra parte com a sua indústria somente.
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Art. 319. O instrumento do contrato da sociedade de capital e indústria, além das
enunciações indicadas no artigo 302, deve especificar as obrigações do sócio ou
sócios que entrarem na associação com a sua indústria somente, e a quota de
lucros que deve caber-lhes em partilha.
Na falta de declaração no contrato, o sócio de indústria tem direito a uma quota nos
lucros igual à que for estipulada a favor do sócio capitalista de menor entrada.
Art. 320. A obrigação dos sócios capitalistas é solidária, e estende-se além do
capital com que se obrigarem a entrar na sociedade.
Art. 321. O sócio de indústria não responsabiliza o seu patrimônio particular para
com os credores da sociedade. Se, porém, além da indústria, contribuir para o
capital com alguma quota em dinheiro, bens ou efeitos, ou for gerente da firma
social, ficará constituído sócio solidário em toda a responsabilidade.
Art. 322. O sócio de indústria não é obrigado a repor, por motivo de perdas
supervenientes, o que tiver recebido de lucros sociais nos dividendos; salvo
provando-se dolo ou fraude da sua parte (artigo 828).
Art. 323. Os fundos sociais em nenhum caso podem responder, nem ser
executados por dívidas ou obrigações particulares do sócio de indústria sem capital;
mas poderá ser executada a parte dos lucros que lhe couber na partilha.
Art. 324. Competem tanto aos sócios capitalistas como aos credores sociais
contra o sócio de indústria todas as ações que a lei faculta contra o gerente ou
mandatário infiel, ou negligente culpável.
SEÇÃO V
DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
Art. 325. Quando duas ou mais pessoas, sendo ao menos uma comerciante, se
reúnem, sem firma social, para lucro comum, em uma ou mais operações de
comércio determinadas, trabalhando um, alguns ou todos, em seu nome individual
para o fim social, a associação toma o nome de sociedade em conta de
participação, acidental, momentânea ou anônima; esta sociedade não está sujeita
às formalidades prescritas para a formação das outras sociedades, e pode provar-
se por todo o gênero de provas admitidas nos contratos comerciais (artigo 122).
Art. 326. Na sociedade em conta de participação, o sócio ostensivo é o único que
se obriga para com terceiro; os outros sócios ficam unicamente obrigados para com
o mesmo sócio por todos os resultados das transações e obrigações sociais
empreendidas nos termos precisos do contrato.
Art. 327. Na mesma sociedade o sócio-gerente responsabiliza todos os fundos
sociais, ainda mesmo que seja por obrigações pessoais, se o terceiro com quem
tratou ignorava a existência da sociedade; salvo o direito dos sócios prejudicados
contra o sócio-gerente.
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Art. 328. No caso de quebrar ou falir o sócio-gerente, é lícito ao terceiro com quem
houver tratado saldar todas as contas que com ele tiver, posto que abertas sejam
debaixo de distintas designações, com os fundos pertencentes a quaisquer das
mesmas contas; ainda que os outros sócios mostrem que esses fundos lhes
pertencem, uma vez que não provem que o dito terceiro tinha conhecimento, antes
da quebra, da existência da sociedade em conta de participação.
SEÇÃO VI
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS
Art. 329. As obrigações dos sócios começam da data do contrato, ou da época
nele designada; e acabam depois que, dissolvida a sociedade, se acham satisfeitas
e extintas todas as responsabilidades sociais.
Art. 330. Os ganhos e perdas são comuns a todos os sócios na razão proporcional
dos seus respectivos quinhões no fundo social; salvo se outra coisa for
expressamente estipulada no contrato.
Art. 331. A maioria dos sócios não tem faculdade de entrar em operações diversas
das convencionadas no contrato sem o consentimento unânime de todos os sócios.
Nos mais casos todos os negócios sociais serão decididos pelo voto da maioria,
computado pela forma prescrita no artigo 486.
Art. 332. Se o contrato social for da natureza daqueles que só valem sendo feitos
por escritura pública, nenhum sócio pode responsabilizar a firma social validamente
sem autorização especial dos outros sócios, outorgada expressamente por escritura
pública (artigo 307).
Art. 333. O sócio que, sem consentimento por escrito dos outros sócios, aplicar os
fundos ou efeitos da sociedade para negócio ou uso de conta própria, ou de
terceiro, será obrigado a entrar para a massa comum com todos os lucros
resultantes; e se houver perdas ou danos serão estes por sua conta particular; além
do procedimento criminal que possa ter lugar (artigo 316).
Art. 334. A nenhum sócio é lícito ceder a um terceiro, que não seja sócio, a parte
que tiver na sociedade, nem fazer-se substituir no exercício das funções que nela
exercer sem expresso consentimento de todos os outros sócios; pena de nulidade
do contrato; mas poderá associá-lo à sua parte, sem que por esse fato o associado
fique considerado membro da sociedade.
SEÇÃO VII
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Art. 335. As sociedades reputam-se dissolvidas:
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3 - por mútuo consenso de todos os sócios;
4 - pela morte de um dos sócios, salvo convenção em contrário a respeito dos que
sobreviverem;
5 - por vontade de um dos sócios, sendo a sociedade celebrada por tempo
indeterminado.
Em todos os casos deve continuar a sociedade, somente para se ultimarem as
negociações pendentes, procedendo-se à liquidação das ultimadas.
Art. 336. As mesmas sociedades podem ser dissolvidas judicialmente, antes do
período marcado no contrato, a requerimento de qualquer dos sócios:
1 - mostrando-se que é impossível a continuação da sociedade por não poder
preencher o intuito e fim social, como nos casos de perda inteira do capital social, ou
deste não ser suficiente;
2 - por inabilidade de alguns dos sócios, ou incapacidade moral ou civil, julgada
por sentença;
3 - por abuso, prevaricação, violação ou falta de cumprimento das obrigações
sociais, ou fuga de algum dos sócios.
Art. 337. A sociedade formada por escritura pública ou particular deve ser
dissolvida pela mesma forma de instrumento por que foi celebrada, sempre que o
distrato tiver lugar amigavelmente.
Art. 338. distrato da sociedade, ou seja voluntário ou judicial, deve ser inserto no
Registro do Comércio, e publicado nos periódicos do domicílio social, ou no mais
próximo que houver, e na falta deste por anúncios fixados nos lugares públicos; pena
de subsistir a responsabilidade de todos os sócios a respeito de quaisquer
obrigações que algum deles possa contrair com terceiro em nome da sociedade.
Art. 339. O sócio que se despedir antes de dissolvida a sociedade ficará
responsável pelas obrigações contraídas e perdas havidas até o momento da
despedida. No caso de haver lucros a esse tempo existentes, a sociedade tem
direito de reter os fundos e interesses do sócio que se despedir, ou for despedido
com causa justificada, até se liquidarem todas as negociações pendentes que
houverem sido intentadas antes da despedida.
Art. 340. Depois da dissolução da sociedade nenhum sócio pode validamente pôr
a firma social em obrigação alguma, posto que esta fosse contraída antes do
período da dissolução, ou fosse aplicada para pagamento de dívidas sociais.
Art. 341. Uma letra de câmbio ou da terra, sacada ou aceita por um sócio depois
de devidamente publicada a dissolução da sociedade, não pode ser acionada
contra os outros sócios, ainda que o endossado possa provar que tomou a letra em
boa-fé por falta de notícia; nem ainda mesmo que prove que a letra foi aplicada, pelo
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sócio sacador ou aceitante, à liquidação de dívidas sociais, ou que adiantou o
dinheiro para uso da firma durante a sociedade; salvo os direitos que ao sócio
sacador ou aceitante possam competir contra os outros sócios.
Art. 342. Fazendo-se participação aos devedores, depois de dissolvida a
sociedade, de que um sócio designado se acha encarregado de receber as dívidas
ativas da mesma sociedade, o recibo passado posteriormente por um dos outros
sócios não desonera o devedor.
Art. 343. Se ao tempo de dissolver-se a sociedade, um sócio tomar sobre si
receber os créditos e pagar as dívidas passivas, dando aos outros sócios ressalva
contra toda a responsabilidade futura, esta ressalva não prejudica a terceiros, se
estes nisso não convierem expressamente; salvo se fizerem com aquele alguma
novação de contrato (artigo 438). Todavia, se o sócio que passou a ressalva
continuar no giro da negociação que fazia objeto da sociedade extinta, debaixo da
mesma ou de nova firma, os sócios que saírem da sociedade ficarão desonerados
inteiramente, se o credor celebrar, com o sócio que continua a negociar debaixo da
mesma ou de nova firma, transações subseqüentes, indicativas de que confia no seu
crédito.
SEÇÃO VIII
DA LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
Art. 344. Dissolvida uma sociedade mercantil, os sócios autorizados para gerir
durante a sua existência devem operar a sua liquidação debaixo da mesma firma,
aditada com a cláusula - em liquidação; salvo havendo estipulação diversa no
contrato, ou querendo os sócios, a aprazimento comum ou por pluralidade de votos
em caso de discórdia, encarregar a liquidação a algum dos outros sócios não
gerentes, ou a pessoa de fora da sociedade.
Art. 345. Os liquidantes são obrigados:
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Art. 346. Não bastando o estado da caixa da sociedade para pagar as dívidas
exigíveis, é obrigação dos liquidantes pedir aos sócios os fundos necessários, nos
casos em que eles forem obrigados a prestá-los.
Art. 347. Os liquidantes são responsáveis aos sócios pelo dano que à massa
resultar de sua negligência no desempenho de suas funções e por qualquer abuso
dos efeitos da sociedade.
Esta disposição não compreende aqueles sócios que tiverem feito empréstimo à
sociedade os quais devem ser pagos das quantias mutuadas pela mesma forma
que os outros quaisquer credores.
Art. 350. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas
da sociedade, senão depois de executados todos os bens sociais.
Art. 351. Os liquidantes não podem transigir, nem assinar compromisso sobre os
interesses sociais, sem autorização especial dos sócios dada por escrito; pena de
nulidade.
Art. 352. Depois da liquidação e partilha definitiva, os livros de escrituração e os
respectivos documentos sociais serão depositados em casa de um dos sócios, que
à pluralidade de votos se escolher.
Art. 353. Nas liquidações de sociedades comerciais em que houver menores
interessados, procederá à liquidação e partilha com seus tutores, e com um curador
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especial que para este fim lhe será nomeado pelo juiz dos órfãos; e todos os atos
que com os ditos tutor e curador se praticarem serão válidos e irrevogáveis, sem
que contra eles em tempo algum se possa alegar benefício de restituição; ficando
unicamente direito salvo aos menores para haverem de seus tutores e curadores os
danos que de sua negligência culpável, dolo ou fraude lhes resultarem.
TÍTULO XVI
DAS LETRAS, NOTAS PROMISSÓRIAS E CRÉDITOS
MERCANTIS
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Art. 374. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)
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Art. 400. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)
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Art. 426. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)
TÍTULO XVII
DOS MODOS POR QUE SE DISSOLVEM E EXTINGUEM AS
OBRIGAÇÕES COMERCIAIS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 428. As obrigações comerciais dissolvem-se por todos os meios que o direito
civil admite para a extinção e dissolução das obrigações em geral, com as
modificações deste Código.
CAPÍTULO II
DOS PAGAMENTOS MERCANTIS
Art. 429. O pagamento só é válido sendo feito ao próprio credor, ou a pessoa por
ele competentemente autorizada para receber.
Art. 430. Na falta de ajuste de lugar deve o pagamento ser feito no domicílio do
devedor.
Art. 431. O credor não pode ser obrigado a receber o pagamento em lugar
diferente do ajustado, nem antes do tempo do vencimento; nem a receber por
parcelas o que for devido por inteiro, salvo:
1 - sendo ilíquida a quantia restante;
2 - quando se devem somas e prestações distintas, ou provenientes de diversas
causas ou títulos;
3 - se a obrigação é divisível por direito, como nas partilhas de credores, sócios ou
herdeiros;
4 - nas execuções judiciais, quando os bens executados não chegam para o total
pagamento.
Se a dívida for em moeda metálica, na falta desta o pagamento pode ser efetuado
na moeda corrente do país, ao câmbio que correr no lugar e dia do vencimento; e se,
havendo mora, o câmbio descer, ao curso que tiver no dia em que o pagamento se
efetuar; salvo tendo-se estipulado expressamente que este deverá ser feito em certa
e determinada espécie, e a câmbio fixo.
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Art. 432. As verbas creditadas ao devedor em conta corrente assinada pelo
credor, ou nos livros comerciais deste (artigo 23), fazem presumir o pagamento,
ainda que a dívida fosse contraída por escritura pública ou particular.
Art. 433. Quando se deve por diversas causas ou títulos diferentes, e dos recibos
ou livros não consta a dívida a que se fez aplicação da quantia paga, presume-se o
pagamento feito:
1 - por conta de dívida líquida em concorrência com outra ilíquida;
2 - na concorrência de dívidas igualmente líquidas, por conta da que for mais
onerosa;
3 - havendo igualdade na natureza dos débitos, imputar-se-á o pagamento na
dívida mais antiga;
4 - sendo as dívidas da mesma data e de igual natureza, entende-se feito o
pagamento por conta de todas em devida proporção;
5 - quando a dívida vence juros, os pagamentos por conta imputam-se primeiro nos
juros, quanto baste para solução dos vencidos.
Art. 434. O credor, quando o devedor se não satisfaz com a simples entrega do
título, é obrigado a dar-lhe quitação ou recibo, por duas ou três vias se ele requerer
mais de uma.
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A citação por edital não prejudica o direito dos credores desconhecidos que tiverem
hipoteca na coisa vendida por tempo certo designado na lei ou no contrato, enquanto
esse prazo não expirar.
CAPÍTULO III
DA NOVAÇÃO E COMPENSAÇÃO MERCANTIL
1 - quando o devedor contrai com o credor uma nova obrigação que altera a
natureza da primeira;
2 - quando um novo devedor substitui o antigo e este fica desobrigado;
3 - quando por uma nova convenção se substitui um credor a outro, por efeito da
qual o devedor fica desobrigado do primeiro.
A novação desonera todos os obrigados que nela não intervêm (artigo 262).
Art. 439. Se um comerciante é obrigado a outro por certa quantia de dinheiro ou
efeitos, e o credor é obrigado ou devedor a ele em outro tanto mais ou menos,
sendo as dívidas ambas igualmente líquidas e certas, ou os efeitos de igual natureza
e espécie o devedor que for pelo outro demandado tem direito para exigir que se
faça compensação ou encontro de uma dívida com a outra, em tanto quanto ambas
concorrerem.
Art. 440. Todavia, se um comerciante, sendo demandado pela entrega de certa
quantia, ou outro qualquer valor dado em guarda ou depósito alegar que o credor lhe
é devedor de outra igual quantia ou valor, não terá lugar a compensação, e será
obrigado a entregar o depósito; salvo se a sua dívida proceder de título igual.
TÍTULO XVIII
DA PRESCRIÇÃO
Art. 441. Todos os prazos marcados neste Código para dentro deles se intentar
alguma ação ou protesto, ou praticar algum outro ato, são fatais e improrrogáveis,
sem que contra a sua prescrição se possa alegar reclamação ou benefício de
restituição, ainda que seja a favor de menores.
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Art. 443. As ações provenientes de letras prescrevem no fim de 5 (cinco) anos, a
contar da data do protesto e, na falta deste, da data do seu vencimento, nos termos
do artigo 381.
Art. 444. As ações de terceiro contra sócios não liquidantes, suas viúvas, herdeiros
ou sucessores, prescrevem no fim de 5 (cinco) anos, não tendo já prescrito por outro
título, a contar do dia do fim da sociedade, se o distrato houver sido lançado no
Registro do Comércio e se houverem feito os anúncios determinados no artigo 337;
salvo se tais ações forem dependentes de outras propostas em tempo competente.
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4 - Os salários e soldadas da equipagem, a contar do dia em que findar a viagem.
5 - As ações por mantimentos supridos a marinheiros por ordem do capitão, a
contar do dia do recebimento.
6 - As ações por jornais de operários empregados em construção ou conserto de
navio, ou por obra de empreitada para o mesmo navio, a contar do dia em que os
operários foram despedidos ou a obra se entregou.
Em todos os casos prevenidos no nº 3 e seguintes, se a dívida se provar por
obrigação escrita e assinada pelo capitão, armador ou consignatário. a prescrição
seguirá a natureza do título escrito.
Art. 450. Não corre prescrição a favor de depositário, nem de credor pignoratício,
prescreve, porém, a favor daquele, que, por algum título legal, suceder na coisa
depositada ou dada em penhor, no fim de 30 (trinta) anos, a contar do dia da posse
do sucessor, não se provando que é possuidor de má-fé.
Art. 451. O capitão de navio não pode adquirir por título de prescrição a posse da
embarcação em que servir, nem de coisa a ela pertencente.
Art. 452. Contra os que se acharem servindo nas armadas ou Exércitos Imperiais
em tempo de guerra, não correrá prescrição, enquanto a guerra durar, e l (um) ano
depois.
Art. 453. A prescrição interrompe-se por algum dos modos seguintes:
Quem provar que possuía por si, ou por seus antepossuidores, ao tempo do começo
da prescrição, presume-se ter possuído sempre sem interrupção.
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Art. 456. O tempo para a prescrição de obrigações mercantis contraídas, e direitos
adquiridos anteriormente à promulgação do presente Código, será computado e
regulado na conformidade das disposições nele contidas, começando a contar-se o
prazo da data da mesma promulgação.
PARTE SEGUNDA
DO COMÉRCIO MARÍTIMO
TÍTULO I
DAS EMBARCAÇÕES
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1 - a declaração do lugar onde a embarcação foi construída, o nome do construtor,
e a qualidade das madeiras principais;
2 - as dimensões da embarcação em palmos e polegadas, e a sua capacidade em
toneladas, comprovadas por certidão de arqueação com referência ou à sua data;
3 - a armação de que usa, e quantas cobertas tem;
4 - o dia em que foi lançada ao mar;
5 - o nome de cada um dos donos ou compartes, e os seus respectivos domicílios;
6 - menção especificada do quinhão de cada comparte, se for de mais de um
proprietário, e a época da sua respectiva aquisição, com referência à natureza e
data do título, que deverá acompanhar a petição para o registro. O nome da
embarcação registrada e do seu proprietário ostensivo ou armador serão
publicados por anúncios nos periódicos do lugar.
Art. 462. Se a embarcação for de construção estrangeira, além das especificações
sobreditas, deverá declarar-se no registro a nação a que pertencia, o nome que
tinha e o que tomou, e o título por que passou a ser de propriedade brasileira;
podendo omitir-se, quando não conste dos documentos, o nome do construtor.
Art. 463. O proprietário armador prestará juramento por si ou por seu procurador,
nas mãos do presidente do tribunal, de que a sua declaração é verídica, e de que
todos os proprietários da embarcação são verdadeiramente súditos brasileiros,
obrigando-se por termo a não fazer uso ilegal do registro, e a entregá-lo dentro de 1
(um) ano no mesmo tribunal, no caso da embarcação ser vendida, perdida ou
julgada incapaz de navegar; pena de incorrer na multa no mesmo termo declarada,
que o tribunal arbitrará.
Nos lugares onde não houver Tribunal do Comércio, todas as diligências sobreditas
serão praticadas perante o juiz de direito do comércio, que enviará ao tribunal
competente as devidas participações, acompanhadas dos documentos respectivos.
Art. 464. Todas as vezes que qualquer embarcação mudar de proprietário ou de
nome, será o seu registro apresentado no Tribunal do Comércio respectivo para as
competentes anotações.
Art. 465. Sempre que a embarcação mudar de capitão, será esta alteração
anotada no registro, pela autoridade que tiver a seu cargo a matrícula dos navios, no
porto onde a mudança tiver lugar.
Art. 466. Toda a embarcação brasileira em viagem é obrigada a ter a bordo:
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3 - o rol da equipagem ou matrícula;
4 - a guia ou manifesto da Alfândega do porto brasileiro donde houver saído, feito
na conformidade das leis, regulamentos e instruções fiscais;
5 - a carta de fretamento nos casos em que este tiver lugar, e os conhecimentos da
carga existente a bordo, se alguma existir;
6 - os recibos das despesas dos portos donde sair, compreendidas as de
pilotagem, ancoragem e mais direitos ou impostos de navegação;
7 - um exemplar do Código Comercial.
Art. 467. A matrícula deve ser feita no porto do armamento da embarcação, e
conter:
1 - os nomes do navio, capitão, oficiais e gente da tripulação, com declaração de
suas idades, estado, naturalidade e domicílio, e o emprego de cada um a bordo;
2 - o porto da partida e o do destino, e a torna-viagem, se esta for determinada;
3 - as soldadas ajustadas, especificando-se, se são por viagem ou ao mês, por
quantia certa ou a frete, quinhão ou lucro na viagem;
4 - as quantias adiantadas, que se tiverem pago ou prometido pagar por conta das
soldadas;
5 - a assinatura do capitão, e de todos os oficiais do navio e mais indivíduos da
tripulação que souberem escrever (artigos 511 e 512).
Art. 468. As alienações ou hipotecas de embarcações brasileiras destinadas à
navegação do alto-mar, só podem fazer-se por escritura pública, na qual se deverá
inserir o teor do seu registro, com todas as anotações que nele houver (artigos 472 e
474); pena de nulidade.
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2 - todos os direitos de porto e impostos de navegação;
3 - os vencimentos de depositários e despesas necessárias feitas na guarda do
navio, compreendido o aluguel dos armazéns de depósito dos aprestos e aparelhos
do mesmo navio;
4 - todas as despesas do custeio do navio e seus pertences, que houverem sido
feitas para sua guarda e conservação depois da última viagem e durante a sua
estadia no porto da venda;
5 - as soldadas do capitão, oficiais e gente da tripulação, vencidas na última
viagem;
6 - o principal e prêmio das letras de risco tomadas pelo capitão sobre o casco e
aparelho ou sobre os fretes (artigo 651 ) durante a última viagem, sendo o contrato
celebrado e assinado antes do navio partir do porto onde tais obrigações forem
contraídas;
7 - o principal e prêmio de letras de risco, tomadas sobre o casco e aparelhos, ou
fretes, antes de começar a última viagem, no porto da carga (artigo 515);
8 - as quantias emprestadas ao capitão, ou dívidas por ele contraídas para o
conserto e custeio do navio, durante a última viagem, com os respectivos prêmios
de seguro, quando em virtude de tais empréstimos o capitão houver evitado firmar
letras de risco (artigo 515);
9 - faltas na entrega da carga, prêmios de seguro sobre o navio ou fretes, e avarias
ordinárias, e tudo o que respeitar à última viagem somente.
Art. 471. São igualmente privilegiadas, ainda que contraídas fossem anteriormente
à última viagem:
1 - as dívidas provenientes do contrato da construção do navio e juros respectivos,
por tempo de 3 (três) anos, a contar do dia em que a construção ficar acabada;
2 - as despesas do conserto do navio e seus aparelhos, e juros respectivos, por
tempo dos 2 (dois) últimos anos, a contar do dia em que o conserto terminou.
Art. 472. Os créditos provenientes das dívidas especificadas no artigo precedente,
e nos nºs. 4, 6, 7 e 8 do artigo 470, só serão considerados como privilegiados
quando tiverem sido lançados no Registro do Comércio em tempo útil (artigo 10, nº
2) e as suas importâncias se acharem anotadas no registro da embarcação (artigo
468).
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mesmo número e contraídas no mesmo porto, precederão entre si pela ordem em
que ficam classificadas, e entrarão em concurso sendo de idêntica natureza; porém,
se dívidas idênticas se fizerem por necessidade em outros portos, ou no mesmo
porto a que voltar o navio, as posteriores preferirão às anteriores.
Art. 474. Em seguimento dos créditos mencionados nos artigos 470 e 471, são
também privilegiados o preço da compra do navio não pago, e os juros respectivos,
por tempo de 3 (três) anos, a contar da data do instrumento do contrato; contanto,
porém, que tais créditos constem de documentos inscritos lançados no Registro do
Comércio em tempo útil, e a sua importância se ache anotada no registro da
embarcação.
Art. 475. No caso de quebra ou insolvência do armador do navio, todos os créditos
a cargo da embarcação, que se acharem nas precisas circunstâncias dos artigos
470, 471 e 474, preferirão sobre o preço do navio a outros credores da massa.
Art. 476. O vendedor de embarcação é obrigado a dar ao comprador uma nota por
ele assinada de todos os créditos privilegiados a que a mesma embarcação possa
achar-se obrigada (artigos 470, 471 e 474), a qual deverá ser incorporada na
escritura da venda em seguimento do registro da embarcação. A falta de declaração
de algum crédito privilegiado induz presunção de má-fé da parte do vendedor, contra
o qual o comprador poderá intentar a ação criminal que seja competente, se for
obrigado ao pagamento de algum crédito não declarado.
Art. 477. Nas vendas judiciais extingui-se toda a responsabilidade da embarcação
para com todos e quaisquer credores, desde a data do termo da arrematação, e fica
subsistindo somente sobre o preço, enquanto este se não levanta.
Todavia, se do registro do navio constar que este está obrigado por algum crédito
privilegiado, o preço da arrematação será conservado em depósito, em tanto quanto
baste para solução dos créditos privilegiados constantes do registro; e não poderá
levantar-se antes de expirar o prazo da prescrição dos créditos privilegiados, ou se
mostrar que estão todos pagos, ainda mesmo que o exeqüente seja credor
privilegiado, salvo prestando fiança idônea; pena de nulidade do levantamento do
depósito; competindo ao credor prejudicado ação para haver de quem
indevidamente houver recebido, e de perdas e danos solidariamente contra o juiz e
escrivão que tiverem passado e assinado a ordem ou mandado.
Art. 478. Ainda que as embarcações sejam reputadas bens móveis, contudo, nas
vendas judiciais, se guardarão as regras que as leis prescrevem para as
arrematações dos bens de raiz; devendo as ditas vendas, além da afixação dos
editais nos lugares públicos, e particularmente nas praças do comércio, ser
publicadas por três anúncios insertos, com o intervalo de 8 (oito) dias, nos jornais do
lugar, que habitualmente publicarem anúncios, e, não os havendo, nos do lugar mais
vizinho.
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Nas mesmas vendas, as custas judiciais do processo da execução e arrematação
preferem a todos os créditos privilegiados.
Art. 479. Enquanto durar a responsabilidade da embarcação por obrigações
privilegiadas, pode esta ser embargada e detida, a requerimento de credores que
apresentarem títulos legais (artigos 470, 471 e 474), em qualquer porto do Império
onde se achar, estando sem carga ou não tendo recebido a bordo mais da quarta
parte da que corresponder à sua lotação; o embargo, porém, não será admissível
achando-se a embarcação com os despachos necessários para poder ser
declarada desimpedida, qualquer que seja o estado da carga; salvo se a dívida
proceder de fornecimentos feitos no mesmo porto, e para a mesma viagem.
Art. 480. Nenhuma embarcação pode ser embargada ou detida por dívida não
privilegiada; salvo no porto da sua matrícula; e mesmo neste, unicamente nos casos
em que os devedores são por direito obrigados a prestar caução em juízo, achando-
se previamente intentadas as ações competentes.
Art. 481. Nenhuma embarcação, depois de ter recebido mais da quarta parte da
carga correspondente à sua lotação, pode ser embargada ou detida por dívidas
particulares do armador, exceto se estas tiverem sido contraídas para aprontar o
navio para a mesma viagem, e o devedor não tiver outros bens com que possa
pagar; mas, mesmo neste caso, se mandará levantar o embargo, dando os mais
compartes fiança pelo valor de seus respectivos quinhões, assinando o capitão
termo de voltar ao mesmo lugar finda a viagem, e prestando os interessados na
expedição fiança idônea à satisfação da dívida, no caso da embarcação não voltar
por qualquer incidente, ainda que seja de força maior. O capitão que deixar de
cumprir o referido termo responderá pessoalmente pela dívida, salvo o caso de força
maior, e a sua falta será qualificada de barataria.
Art. 482. Os navios estrangeiros surtos nos portos do Brasil não podem ser
embargados nem detidos, ainda mesmo que se achem sem carga, por dívidas que
não forem contraídas no território brasileiro em utilidade dos mesmos navios ou da
sua carga; salvo provindo a dívida de letras de risco ou de câmbio sacadas em país
estrangeiro no caso do artigo 651, e vencidas em algum lugar do Império.
Art. 483. Nenhum navio pode ser detido ou embargado, nem executado na sua
totalidade por dívidas particulares de um comparte; poderá, porém, ter lugar a
execução no valor do quinhão do devedor, sem prejuízo da livre navegação do
mesmo navio, prestando os mais compartes fiança idônea.
TÍTULO II
DOS PROPRIETÁRIOS, COMPARTES E CAIXAS DE NAVIOS
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responsabilidade de um proprietário ou comparte, armador ou caixa, que tenha as
qualidades requeridas para ser comerciante (artigos 1º e 4º).
Art. 485. Quando os compartes de um navio fazem dele uso comum, esta
sociedade ou parceria marítima regula-se pelas disposições das sociedades
comerciais (Parte I, Título XV); salvo as determinações contidas no presente Título.
Art. 486. Nas parcerias ou sociedades de navios, o parecer da maioria no valor
dos interesses prevalece contra o da minoria nos mesmos interesses, ainda que
esta seja representada pelo maior número de sócios e aquela por um só. Os votos
computam-se na proporção dos quinhões; o menor quinhão será contado por um
voto; no caso de empate decidirá a sorte, se os sócios não preferirem cometer a
decisão a um terceiro.
Art. 487. Achando-se um navio necessitado de conserto, e convindo neste a
maioria, os sócios dissidentes, se não quiserem anuir, serão obrigados a vender os
seus quinhões aos outros compartes, estimando-se o preço antes de principiar-se o
conserto; se estes não quiserem comprar, proceder-se-á à venda em hasta pública.
Art. 488. Se o menor número entender que a embarcação necessita de conserto e
a maioria se opuser, a minoria tem direito para requerer que se proceda a vistoria
judicial; decidindo-se que o conserto é necessário, todos os compartes são
obrigados a contribuir para ele.
Art. 489. Se algum comparte na embarcação quiser vender o seu quinhão, será
obrigado a afrontar os outros parceiros; estes têm direito a preferir na compra em
igualdade de condições, contanto que efetuem a entrega do preço à vista, ou o
consignem em juízo no caso de contestação. Resolvendo-se a venda do navio por
deliberação da maioria, a minoria pode exigir que se faça em hasta pública.
Art. 490. Todos os compartes têm direito de preferir no fretamento a qualquer
terceiro, em igualdade de condições; concorrendo na preferência para a mesma
viagem dois ou mais compartes, preferirá o que tiver maior parte de interesses na
embarcação; no caso de igualdade de interesses decidirá a sorte; todavia, esta
preferência não dá direito para exigir que se varie o destino da viagem acordada
pela maioria.
Art. 491. Toda a parceria ou sociedade de navio é administrada por um ou mais
caixas, que representa em juízo e fora dele a todos os interessados, e os
responsabiliza; salvo as restrições contidas no instrumento social, ou nos poderes
do seu mandato, competentemente registrados (artigo 10, nº 2).
Art. 492. O caixa deve ser nomeado dentre os compartes; salvo se todos
convierem na nomeação de pessoa estranha à parceria; em todos os casos é
necessário que o caixa tenha as qualidades exigidas no artigo 484.
Art. 493. Ao caixa, não havendo estipulação em contrário, pertence nomear, ajustar
e despedir o capitão e mais oficiais do navio, dar todas as ordens, e fazer todos os
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contratos relativos à administração, fretamento e viagens da embarcação; obrando
sempre em conformidade do acordo da maioria e do seu mandato, debaixo de sua
responsabilidade pessoal para com os compartes pelo que obrar contra o mesmo
acordo, ou mandato.
Art. 494. Todos os proprietários e compartes são solidariamente responsáveis
pelas dívidas que o capitão contrair para consertar, habilitar e aprovisionar o navio;
sem que esta responsabilidade possa ser ilidida, alegando-se que o capitão
excedeu os limites das suas faculdades, ou instruções, se os credores provarem que
a quantia pedida foi empregada a benefício do navio (artigo 517). Os mesmos
proprietários e compartes são solidariamente responsáveis pelos prejuízos que o
capitão causar a terceiro por falta da diligência que é obrigado a empregar para boa
guarda, acondicionamento e conservação dos efeitos recebidos a bordo (artigo
519). Esta responsabilidade cessa, fazendo aqueles abandono do navio e fretes
vencidos e a vencer na respectiva viagem. Não é permitido o abandono ao
proprietário ou comparte que for ao mesmo tempo capitão do navio.
Art. 495. O caixa é obrigado a dar aos proprietários ou compartes, no fim de cada
viagem, uma conta da sua gestão, tanto relativa ao estado do navio e parceria, como
da viagem finda, acompanhada dos documentos competentes, e a pagar sem
demora o saldo líquido que a cada um couber; os proprietários ou compartes são
obrigados a examinar a conta do caixa logo que lhes for apresentada, e a pagar sem
demora a quota respectiva aos seus quinhões. A aprovação das contas do caixa
dada pela maioria dos compartes do navio não obsta a que a minoria dos sócios
intente contra eles as ações que julgar competentes.
TÍTULO III
DOS CAPITÃES OU MESTRES DE NAVIO
Art. 496. Para ser capitão ou mestre de embarcação brasileira, palavras sinônimas
neste Código para todos os efeitos de direito, requer-se ser cidadão brasileiro,
domiciliado no Império, com capacidade civil para poder contratar validamente.
Art. 497. O capitão é o comandante da embarcação; toda a tripulação lhe está
sujeita, e é obrigada a obedecer e cumprir as suas ordens em tudo quanto for
relativo ao serviço do navio.
Art. 498. O capitão tem a faculdade de impor penas correcionais aos indivíduos da
tripulação que perturbarem a ordem do navio, cometerem faltas de disciplina, ou
deixarem de fazer o serviço que lhes competir; e até mesmo de proceder à prisão
por motivo de insubordinação, ou de qualquer outro crime cometido a bordo, ainda
mesmo que o delinqüente seja passageiro; formando os necessários processos, os
quais é obrigado a entregar com os presos às autoridades competentes no primeiro
porto do Império aonde entrar.
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Art. 499. Pertence ao capitão escolher e ajustar a gente da equipagem, e despedi-
la, nos casos em que a despedida possa ter lugar (artigo 555), obrando de conserto
com o dono ou armador, caixa, ou consignatário do navio, nos lugares onde estes se
acharem presentes. O capitão não pode ser obrigado a receber na equipagem
indivíduo algum contra a sua vontade.
Art. 500. O capitão que seduzir ou desencaminhar marinheiro matriculado em outra
embarcação será punido com a multa de cem mil-réis por cada indivíduo que
desencaminhar, e obrigado a entregar o marinheiro seduzido, existindo a bordo do
seu navio; e se a embarcação por esta falta deixar de fazer-se à vela, será
responsável pelas estadias da demora.
Art. 501. O capitão é obrigado a ter escrituração regular de tudo quanto diz
respeito à administração do navio, e à sua navegação; tendo para este fim três livros
distintos, encadernados e rubricados pela autoridade a cargo de quem estiver a
matrícula dos navios; pena de responder por perdas e danos que resultarem da sua
falta de escrituração regular.
Art. 502. No primeiro, que se denominará - Livro da Carga - assentará diariamente
as entradas e saídas da carga, com declaração específica das marcas e números
dos volumes, nomes dos carregadores e consignatários, portos da carga e
descarga, fretes ajustados, e quaisquer outras circunstâncias ocorrentes que
possam servir para futuros esclarecimentos. No mesmo livro se lançarão também os
nomes dos passageiros, com declaração do lugar do seu destino, preço e
condições da passagem, e a relação da sua bagagem.
Art. 503. O segundo livro será da - Receita e Despesa da Embarcação; e nele,
debaixo de competentes títulos, se lançará, em forma de contas correntes, tudo
quanto o capitão receber e despender respectivamente à embarcação; abrindo-se
assento a cada um dos indivíduos da tripulação, com declaração de seus
vencimentos, e de qualquer ônus a que se achem obrigados, e a cargo do que
receberem por conta de suas soldadas.
Art. 504. No terceiro livro, que será denominado - Diário da Navegação - se
assentarão diariamente, enquanto o navio se achar em algum porto, os trabalhos
que tiverem lugar a bordo, e os consertos ou reparos do navio. No mesmo livro se
assentará também toda a derrota da viagem, notando-se diariamente as
observações que os capitães e os pilotos são obrigados a fazer, todas as
ocorrências interessantes à navegação, acontecimentos extraordinários que possam
ter lugar a bordo, e com especialidade os temporais, e os danos ou avarias que o
navio ou a carga possam sofrer, as deliberações que se tomarem por acordo dos
oficiais da embarcação, e os competentes protestos.
Art. 505. Todos os processos testemunháveis e protestos formados a bordo,
tendentes a comprovar sinistros, avarias, ou quaisquer perdas, devem ser ratificados
com juramento do capitão perante a autoridade competente do primeiro lugar onde
chegar; a qual deverá interrogar o mesmo capitão, oficiais, gente da equipagem
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(artigo 545, nº 7) e passageiros sobre a veracidade dos fatos e suas circunstâncias,
tendo presente o Diário da Navegação, se houver sido salvo.
Art. 506. Na véspera da partida do porto da carga, fará o capitão inventariar, em
presença do piloto e contramestre, as amarras, âncoras, velames e mastreação,
com declaração do estado em que se acharem. Este inventário será assinado pelo
capitão, piloto e contramestre. Todas as alterações que durante a viagem sofrer
qualquer dos sobreditos artigos serão anotadas no Diário da Navegação, e com as
mesmas assinaturas.
Art. 507. O capitão é obrigado a permanecer a bordo desde o momento em que
começa a viagem de mar, até a chegada do navio a surgidouro seguro e bom porto;
e a tomar os pilotos e práticos necessários em todos os lugares em que os
regulamentos, o uso e prudência o exigirem; pena de responder por perdas e danos
que da sua falta resultarem.
Art. 508. É proibido ao capitão abandonar a embarcação, por maior perigo que se
ofereça, fora do caso de naufrágio; e julgando-se indispensável o abandono, é
obrigado a empregar a maior diligência possível para salvar todos os efeitos do
navio e carga, e com preferência os papéis e livros da embarcação, dinheiro e
mercadorias de maior valor. Se apesar de toda a diligência os objetos tirados do
navio, ou os que nele ficarem se perderem ou forem roubados sem culpa sua, o
capitão não será responsável.
Art. 509. Nenhuma desculpa poderá desonerar o capitão que alterar a derrota que
era obrigado a seguir, ou que praticar algum ato extraordinário de que possa provir
dano ao navio ou à carga, sem ter precedido deliberação tomada em junta
composta de todos os oficiais da embarcação, e na presença dos interessados do
navio ou na carga, se algum se achar a bordo. Em tais deliberações, e em todas as
mais que for obrigado a tomar com acordo dos oficiais do navio, o capitão tem voto
de qualidade, e até mesmo poderá obrar contra o vencido, debaixo de sua
responsabilidade pessoal, sempre que o julgar conveniente.
Art. 510. É proibido ao capitão entrar em porto estranho ao do seu destino; e, se
ali for levado por força maior (artigo 740), é obrigado a sair no primeiro tempo
oportuno que se oferecer; pena de responder pelas perdas e danos que da demora
resultarem ao navio ou à carga (artigo 748).
Art. 511. O capitão que entrar em porto estrangeiro é obrigado a apresentar-se ao
cônsul do Império nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas úteis, e a depositar nas
suas mãos a guia ou manifesto da Alfândega, indo de algum porto do Brasil, e a
matrícula; e a declarar, e fazer anotar nesta pelo mesmo cônsul, no ato da
apresentação, toda e qualquer alteração que tenha ocorrido sobre o mar na
tripulação do navio; e antes da saída as que ocorrerem durante a sua estada no
mesmo porto.
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Quando a entrada for em porto do Império, o depósito do manifesto terá lugar na
Alfândega respectiva, havendo-a, e o da matrícula na repartição onde esta se
costuma fazer com as sobreditas declarações.
Art. 512. Na volta da embarcação ao porto donde saiu, ou naquele onde largar o
seu comando, é o capitão obrigado a apresentar a matrícula original na repartição
encarregada da matrícula dos navios, dentro de 24 (vinte e quatro) horas úteis
depois que der fundo, e a fazer as mesmas declarações ordenadas no artigo
precedente.
O capitão que não apresentar todos os indivíduos matriculados, ou não fizer constar
devidamente a razão da falta, será multado, pela autoridade encarregada da
matrícula dos navios, em cem mil-réis por cada pessoa que apresentar de menos,
com recurso para o Tribunal do Comércio competente.
Art. 513. Não se achando presentes os proprietários, seus mandatários ou
consignatários, incumbe ao capitão ajustar fretamentos, segundo as instruções que
tiver recebido (artigo 569).
Art. 514. O capitão, nos portos onde residirem os donos, seus mandatários ou
consignatários, não pode, sem autorização especial destes, fazer despesa alguma
extraordinária com a embarcação.
Art. 515. É permitido ao capitão em falta de fundos, durante a viagem, não se
achando presente algum dos proprietários da embarcação, seus mandatários ou
consignatários, e na falta deles algum interessado na carga, ou mesmo se, achando-
se presentes, não providenciarem, contrair dívidas, tomar dinheiro a risco sobre o
casco e pertences do navio e remanescentes dos fretes depois de pagas as
soldadas, e até mesmo, na falta absoluta de outro recurso, vender mercadorias da
carga, para o reparo ou provisão da embarcação; declarando nos títulos das
obrigações que assinar a causa de que estas procedem (artigo 517).
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2 - que não se ache presente o proprietário da embarcação, ou mandatário seu ou
consignatário, e na sua falta algum dos interessados na carga; ou que, estando
presentes, se dirigiu a eles e não providenciaram;
3 - que a deliberação seja tomada de acordo com os oficiais da embarcação,
lavrando-se no Diário da Navegação termo da necessidade da medida tomada
(artigo 504).
A justificação destes requisitos será feita perante o juiz de direito do comércio do
porto onde se tomar o dinheiro a risco ou se venderem as mercadorias, e por ele
julgada procedente, e nos portos estrangeiros perante os cônsules do Império.
Art. 517. O capitão que, nos títulos ou instrumentos das obrigações procedentes de
despesas por ele feitas para fabrico, habilitação ou abastecimento da embarcação,
deixar de declarar a causa de que procedem, ficará pessoalmente obrigado para
com as pessoas com quem contratar; sem prejuízo da ação que estas possam ter
contra os donos do navio provando que as quantias devidas foram efetivamente
aplicadas a benefício deste (artigo 494).
Art. 518. O capitão que tomar dinheiro sobre o casco do navio e seus pertences,
empenhar ou vender mercadorias, fora dos casos em que por este Código lhe é
permitido, e o que for convencido de fraude em suas contas, além das indenizações
de perdas e danos, ficará sujeito à ação criminal que no caso couber.
Art. 519. O capitão é considerado verdadeiro depositário da carga e de quaisquer
efeitos que receber a bordo, e como tal está obrigado à sua guarda, bom
acondicionamento e conservação, e à sua pronta entrega à vista dos conhecimentos
(artigos 586 e 587).
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agasalhados, mercadorias de sua conta particular, sem consentimento por escrito
do dono do navio ou dos afretadores, pode ser obrigado a pagar frete dobrado.
Art. 524. O capitão que navega em parceria a lucro comum sobre a carga não
pode fazer comércio algum por sua conta particular a não haver convenção em
contrário; pena de correrem por conta dele todos os riscos e perdas, e de
pertencerem aos demais parceiros os lucros que houver.
Art. 525. É proibido ao capitão fazer com os carregadores ajustes públicos ou
secretos que revertam em benefício seu particular, debaixo de qualquer título ou
pretexto que seja; pena de correr por conta dele e dos carregadores todo o risco que
acontecer, e de pertencer ao dono do navio todo o lucro que houver.
Art. 526. É obrigação do capitão resistir por todos os meios que lhe ditar a sua
prudência a toda e qualquer violência que possa intentar-se contra a embarcação,
seus pertences e carga; e se for obrigado a fazer entrega de tudo ou de parte,
deverá munir-se com os competentes protestos e justificações no mesmo porto, ou
no primeiro onde chegar (artigos 504 e 505).
Art. 527. O capitão não pode reter a bordo os efeitos da carga a título de
segurança do frete; mas tem direito de exigir dos donos ou consignatários, no ato da
entrega da carga, que depositem ou afiancem a importância do frete, avarias
grossas e despesas a seu cargo; e na falta de pronto pagamento, depósito, ou
fiança, poderá requerer embargo pelos fretes, avarias e despesas sobre as
mercadorias da carga, enquanto estas se acharem em poder dos donos ou
consignatários, ou estejam fora das estações públicas ou dentro delas; e mesmo
para requerer a sua venda imediata, se forem de fácil deterioração, ou de guarda
arriscada ou dispendiosa.
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Art. 530. Serão pagas pelo capitão todas as multas que forem impostas à
embarcação por falta de exata observância das leis e regulamentos das Alfândegas
e polícia dos portos; e igualmente os prejuízos que resultarem de discórdias entre os
indivíduos da mesma tripulação no serviço desta, se não provar que empregou todos
os meios convenientes para as evitar.
Art. 531. O capitão que, fora do caso de inavegabilidade legalmente provada,
vender o navio sem autorização especial dos donos, ficará responsável por perdas e
danos, além da nulidade da venda, e do procedimento criminal que possa ter lugar.
Art. 532. O capitão que, sendo contratado para uma viagem certa, deixar de a
concluir sem causa justificada, responderá aos proprietários, afretadores e
carregadores pelas perdas e danos que dessa falta resultarem.
Em reciprocidade, o capitão, que sem justa causa for despedido antes de finda a
viagem, será pago da sua soldada por inteiro, posto à custa do proprietário ou
afretador no lugar onde começou a viagem, e indenizado de quaisquer vantagens
que possa ter perdido pela despedida.
Pode, porém, ser despedido antes da viagem começada, sem direito a indenização,
não havendo ajuste em contrário.
Art. 533. Sendo a embarcação fretada para porto determinado, só pode o capitão
negar-se a fazer a viagem, sobrevindo peste, guerra, bloqueio ou impedimento
legítimo da embarcação sem limitação de tempo.
Art. 534. Acontecendo falecer algum passageiro ou indivíduo da tripulação durante
a viagem, o capitão procederá a inventário de todos os bens que o falecido deixar,
com assistência dos oficiais da embarcação e de duas testemunhas, que serão com
preferência passageiros, pondo tudo em boa arrecadação, e logo que chegar ao
porto da saída fará entrega do inventário e bens às autoridades competentes.
Art. 535. Finda a viagem, o capitão é obrigado a dar sem demora contas da sua
gestão ao dono ou caixa do navio, com entrega do dinheiro que em si tiver, livros e
todos os mais papéis. E o dono ou caixa é obrigado a ajustar as contas do capitão
logo que as receber, e a pagar a soma que lhe for devida. Havendo contestação
sobre a conta, o capitão tem direito para ser pago imediatamente das soldadas
vencidas, prestando fiança de as repor, a haver lugar.
Art. 536. Sendo o capitão o único proprietário da embarcação, será
simultaneamente responsável aos afretadores e carregadores por todas as
obrigações impostas aos capitães e aos armadores.
Art. 537. Toda a obrigação pela qual o capitão, sendo comparte do navio, for
responsável à parceria, tem privilégio sobre o quinhão e lucros que o mesmo tiver no
navio e fretes.
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TÍTULO IV
DO PILOTO E CONTRAMESTRE
Art. 538. A habilitação e deveres dos pilotos e contramestres são prescritos nos
regulamentos de Marinha.
Art. 539. O piloto, quando julgar necessário mudar de rumo, comunicará ao capitão
as razões que assim o exigem; e se este se opuser, desprezando as suas
observações, que em tal caso deverá renovar-lhe na presença dos mais oficiais do
navio, lançará o seu protesto no Diário da Navegação (artigo 504), o qual deverá ser
por todos assinado, e obedecerá às ordens do capitão, sobre quem recairá toda a
responsabilidade.
Art. 540. O piloto, que, por imperícia, omissão ou malícia, perder o navio ou lhe
causar dano, será obrigado a ressarcir o prejuízo que sofrer o mesmo navio ou a
carga; além de incorrer nas penas criminais que possam ter lugar; a
responsabilidade do piloto não exclui a do capitão nos casos do artigo 529.
Art. 541. Por morte ou impedimento do capitão recai o comando do navio no piloto,
e na falta ou impedimento deste no contramestre, com todas as prerrogativas,
faculdades, obrigações e responsabilidade inerentes ao lugar de capitão.
Art. 542. O contramestre que, recebendo ou entregando fazendas, não exige e
entrega ao capitão as ordens, recibos, ou outros quaisquer documentos justificativos
do seu ato, responde por perdas e danos daí resultantes.
TÍTULO V
DO AJUSTE E SOLDADAS DOS OFICIAIS E GENTE DA
TRIPULAÇÃO, SEUS DIREITOS E OBRIGAÇÕES
Não constando pela matrícula, nem por outro escrito do contrato, o tempo
determinado do ajuste, entende-se sempre que foi por viagem redonda ou de ida e
volta ao lugar em que teve lugar a matrícula.
Art. 544. Achando-se o Livro da Receita e Despesa do navio conforme à matrícula
(artigo 467), e escriturado com regularidade (artigo 503), fará inteira fé para solução
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de quaisquer dúvidas que possam suscitar-se sobre as condições do contrato das
soldadas; quanto, porém, às quantias entregues por conta, prevalecerão, em caso
de dúvida, os assentos lançados nas notas de que trata o artigo precedente.
Art. 545. São obrigações dos oficiais e gente da tripulação:
1 - ir para bordo prontos para seguir viagem no tempo ajustado; pena de poderem
ser despedidos;
2 - não sair do navio nem passar a noite fora sem licença do capitão; pena de
perdimento de 1 (um) mês de soldada;
3 - não retirar os seus efeitos de bordo sem serem visitados pelo capitão, ou pelo
seu segundo, debaixo da mesma pena;
4 - obedecer sem contradição ao capitão e mais oficiais nas suas respectivas
qualidades, e abster-se de brigas; debaixo das penas declaradas nos artigos 498 e
555;
5 - auxiliar o capitão, em caso de ataque do navio, ou desastre sobrevindo à
embarcação ou à carga, seja qual for a natureza do sinistro; pena de perdimento das
soldadas vencidas;
6 - finda a viagem, fundear e desaparelhar o navio, conduzi-lo a surgidouro seguro,
e amarrá-lo, sempre que o capitão o exigir; pena de perdimento das soldadas
vencidas;
7 - prestar os depoimentos necessários para ratificação dos processos
testemunháveis, e protestos formados a bordo (artigo 505), recebendo pelos dias da
demora uma indenização proporcional às soldadas que venciam; faltando a este
dever não terão ação para demandar as soldadas vencidas.
Art. 546. Os oficiais e quaisquer outros indivíduos da tripulação, que, depois de
matriculados, abandonarem a viagem antes de começada, ou se ausentarem antes
de acabada, podem ser compelidos com prisão ao cumprimento do contrato, a
repor o que se lhes houver pago adiantado, e a servir 1 (um) mês sem receberem
soldada.
Art. 547. Se depois de matriculada a equipagem se romper a viagem no porto da
matrícula por fato do dono, capitão, ou afretador, a todos os indivíduos da tripulação
justos ao mês se abonará a soldada de 1 (um) mês, além da que tiverem vencido;
aos que estiverem contratados por viagem abonar-se-á metade da soldada
ajustada.
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mais próximo; aos contratados por viagem redonda se pagará como se a viagem se
achasse terminada.
Tanto os indivíduos da equipagem justos por viagem, como os justos ao mês, têm
direito a que se lhes pague a despesa da passagem do porto da despedida para
aquele onde ou para onde se ajustarem, que for mais próximo. Cessa esta
obrigação sempre que os indivíduos da equipagem podem encontrar soldada no
porto da despedida.
Art. 548. Rompendo-se a viagem por causa de força maior, a equipagem, se a
embarcação se achar no porto do ajuste, só tem direito a exigir as soldadas
vencidas.
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Art. 552. Se depois da chegada da embarcação ao porto do seu destino, e
ultimada a descarga, o capitão, em lugar de fazer o seu retorno, fretar ou carregar a
embarcação para ir a outro destino, é livre aos indivíduos da tripulação ajustarem-se
de novo ou retirarem-se, não havendo no contrato estipulação em contrário.
Todavia, se o capitão, fora do Império, achar a bem navegar para outro porto livre, e
nele carregar ou descarregar, a tripulação não pode despedir-se, posto que a
viagem se prolongue além do ajuste; recebendo os indivíduos justos por viagem um
aumento de soldada na proporção da prolongação.
Art. 553. Sendo a tripulação justa a partes ou quinhão no frete, não lhe será devida
indenização alguma pelo rompimento, retardação ou prolongação da viagem
causada por força maior; mas se o rompimento, retardação ou prolongação provier
de fato dos carregadores, terá parte nas indenizações que se concederem ao navio;
fazendo-se a divisão entre os donos do navio e a gente da tripulação, na mesma
proporção em que o frete deveria ser dividido.
Quando a viagem for mudada para porto mais vizinho, ou abreviada por outra
qualquer causa, os indivíduos da tripulação justos por viagem serão pagos por
inteiro.
Art. 554. Se alguém da tripulação depois de matriculado for despedido sem justa
causa, terá direito de haver a soldada contratada por inteiro, sendo redonda, e se for
ao mês far-se-á a conta pelo termo médio do tempo que costuma gastar-se nas
viagens para o porto do ajuste. Em tais casos o capitão não tem direito para exigir
do dono do navio as indenizações que for obrigado a pagar; salvo tendo obrado com
sua autorização.
Art. 555. São causas justas para a despedida:
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1 - quando o capitão muda do destino ajustado (artigo 551);
2 - se depois do ajuste o Império é envolvido em guerra marítima, ou há notícias
certas de peste no lugar do destino;
3 - se assoldadados para ir em comboio, este não tem lugar;
4 - morrendo o capitão, ou sendo despedido.
Art. 557. Nenhum indivíduo da tripulação pode intentar litígio contra o navio ou
capitão, antes de terminada a viagem; todavia, achando-se o navio em bom porto,
os indivíduos maltratados, ou a quem o capitão houver faltado com o devido
sustento, poderão demandar a rescisão do contrato.
Art. 558. Sendo a embarcação apresada, ou naufragando, a tripulação não tem
direito às soldadas vencidas na viagem do sinistro, nem o dono do navio a reclamar
as que tiver pago adiantadas.
Art. 559. Se a embarcação aprisionada se recuperar achando-se ainda a
tripulação a bordo, será esta paga de suas soldadas por inteiro.
Se a tripulação estiver justa a partes, será paga somente pelos testes dos salvados,
e em devida proporção de rateio com o capitão.
Art. 560. Não deixará de vencer a soldada ajustada qualquer indivíduo da
tripulação que adoecer durante a viagem em serviço do navio, e o curativo será por
conta deste; se, porém, a doença for adquirida fora do serviço do navio, cessará o
vencimento da soldada enquanto ela durar, e a despesa do curativo será por conta
das soldadas vencidas; e se estas não chegarem, por seus bens ou pelas soldadas
que possam vir a vencer.
Art. 561. Falecendo algum indivíduo da tripulação durante a viagem, a despesa do
seu enterro será paga por conta do navio; e seus herdeiros têm direito à soldada
devida até o dia do falecimento, estando justo ao mês; até o porto do destino se a
morte acontecer em caminho para ele, sendo o ajuste por viagem; e à de ida e volta
acontecendo em torna-viagem, se o ajuste for por viagem redonda.
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Art. 562. Qualquer que tenha sido o ajuste, o indivíduo da tripulação que for morto
em defesa da embarcação será considerado como vivo para todos os vencimentos
e quaisquer interesses que possam vir aos da sua classe, até que a mesma
embarcação chegue ao porto do seu destino.
Entender-se-á por equipagem ou tripulação para o dito efeito, e para todos os mais
dispostos neste Título, o capitão, oficiais, marinheiros e todas as mais pessoas
empregadas no serviço do navio, menos os sobrecargas.
Art. 565. O navio e frete respondem para com os donos da carga pelos danos que
sofrerem por delitos, culpa ou omissão culposa do capitão ou gente da tripulação,
perpetrados em serviço do navio; salvas as ações dos proprietários da embarcação
contra o capitão, e deste contra a gente da tripulação.
TÍTULO VI
DOS FRETAMENTOS
CAPÍTULO I
DA NATUREZA E FORMA DO CONTRATO DE FRETAMENTO E DAS CARTAS-
PARTIDAS
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quaisquer outras pessoas que intervenham no contrato, do qual se dará a cada uma
das partes um exemplar; e no segundo, o instrumento chama-se conhecimento, e
basta ser assinado pelo capitão e o carregador. Entende-se por fretador o que dá, e
por afretador o que toma a embarcação a frete.
Art. 567. A carta-partida deve enunciar:
As cartas de fretamento assinadas pelo capitão valem ainda que este tenha
excedido as faculdades das suas instruções; salvo o direito dos donos do navio por
perdas e danos contra ele pelos abusos que cometer.
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Art. 570. Fretando-se o navio por inteiro, entende-se que fica somente reservada a
câmara do capitão, os agasalhados da equipagem, e as acomodações necessárias
para o material da embarcação.
Art. 571. Dissolve-se o contrato de fretamento, sem que haja lugar a exigência
alguma de parte a parte:
1 - se a saída da embarcação for impedida, antes da partida, por força maior sem
limitação de tempo;
2 - sobrevindo, antes de principiada a viagem, declaração de guerra, ou interdito
de comércio com o país para onde a embarcação é destinada, em conseqüência do
qual o navio e a carga conjuntamente não sejam considerados como propriedade
neutra;
3 - proibição de exportação de todas ou da maior parte das fazendas
compreendidas na carta de fretamento do lugar donde a embarcação deva partir, ou
de importação no de seu destino;
4 - declaração de bloqueio do porto da carga ou do seu destino, antes da partida
do navio.
Em todos os referidos casos as despesas da descarga serão por conta do
afretador ou carregadores.
Art. 572. Se o interdito de comércio com o porto do destino do navio acontece
durante a sua viagem, e se por este motivo o navio é obrigado a voltar com a carga,
deve-se somente o frete pela ida, ainda que o navio tivesse sido fretado por ida e
volta.
Art. 573. Achando-se um navio fretado em lastro para outro porto onde deva
carregar, dissolve-se o contrato, se chegando a esse porto sobrevier algum dos
impedimentos designados nos artigos 571 e 572, sem que possa ter lugar
indenização alguma por nenhuma das partes, quer o impedimento venha só do
navio, quer do navio e carga. Se, porém, o impedimento nascer da carga e não do
navio, o afretador será obrigado a pagar metade do frete ajustado.
Art. 574. Poderá igualmente rescindir-se o contrato de fretamento a requerimento
do afretador, se o capitão lhe tiver ocultado a verdadeira bandeira da embarcação;
ficando este pessoalmente responsável ao mesmo afretador por todas as despesas
da carga e descarga, e por perdas e danos, se o valor do navio não chegar para
satisfazer o prejuízo.
CAPÍTULO II
DOS CONHECIMENTOS
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1 - o nome do capitão, e o do carregador e consignatário (podendo omitir-se o
nome deste se for à ordem), e o nome e porte do navio;
2 - a qualidade e a quantidade dos objetos da carga, suas marcas e números,
anotados à margem;
3 - o lugar da partida e o do destino, com declaração das escalas, havendo-as;
4 - o preço do frete e primagem, se esta for estipulada, e o lugar e forma do
pagamento;
5 - a assinatura do capitão (artigo 577), e a do carregador.
Art. 576. Sendo a carga tomada em virtude de carta de fretamento, o portador do
conhecimento não fica responsável por alguma condição ou obrigação especial
contida na mesma carta, se o conhecimento não tiver a cláusula - segundo a carta de
fretamento.
Art. 577. O capitão é obrigado a assinar todas as vias de um mesmo
conhecimento que o carregador exigir, devendo ser todas do mesmo teor e da
mesma data, e conter o número da via. Uma via ficará em poder do capitão, as
outras pertencem ao carregador.
O capitão que assinar novos conhecimentos sem ter recolhido todas as vias do
primeiro ficará responsável aos portadores legítimos que se apresentarem com
alguma das mesmas vias.
Art. 580. Alegando-se extravio dos primeiros conhecimentos, o capitão não será
obrigado a assinar segundo, sem que o carregador preste fiança à sua satisfação
pelo valor da carga neles declarada.
Art. 581. Falecendo o capitão da embarcação antes de fazer-se à vela, ou
deixando de exercer o seu ofício, os carregadores têm direito para exigir do
sucessor que revalide com a sua assinatura os conhecimentos por aquele
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assinados, conferindo-se a carga com os mesmos conhecimentos; o capitão que os
assinar sem esta conferência responderá pelas faltas; salvo se os carregadores
convierem que ele declare nos conhecimentos que não conferiu a carga.
No caso de morte do capitão ou de ter sido despedido sem justa causa, serão
pagas pelo dono do navio as despesas da conferência; mas se a despedida provier
de fato do capitão, serão por conta deste.
Art. 582. Se as fazendas carregadas não tiverem sido entregues por número, peso
ou medida, ou no caso de haver dúvida na contagem, o capitão pode declarar nos
conhecimentos, que o mesmo número, peso ou medida lhe são desconhecidos; mas
se o carregador não convier nesta declaração deverá proceder-se a nova contagem,
correndo a despesa por conta de quem a tiver ocasionado.
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Art. 589. Nenhuma ação entre o capitão e os carregadores ou seguradores será
admissível em juízo se não for logo acompanhada do conhecimento original. A falta
deste não pode ser suprida pelos recibos provisórios da carga; salvo provando-se
que o carregador fez diligência para obtê-lo e que, fazendo-se o navio à vela sem o
capitão o haver passado, interpôs competente protesto dentro dos primeiros 3 (três)
dias úteis, contados da saída do navio, com intimação do armador, consignatário ou
outro qualquer interessado, e na falta destes por editais; ou sendo a questão de
seguros sobre sinistro acontecido no porto da carga, se provar que o mesmo sinistro
aconteceu antes do conhecimento poder ser assinado.
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO FRETADOR E AFRETADOR
Art. 590. O fretador é obrigado a ter o navio prestes para receber a carga, e o
afretador a efetuá-la no tempo marcado no contrato.
Art. 591. Não se tendo determinado na carta de fretamento o tempo em que deve
começar a carregar-se, entende-se que principia a correr desde o dia em que o
capitão declarar que está pronto para receber a carga; se o tempo que deve durar a
carga e a descarga não estiver fixado, ou quanto se há de pagar de primagem e
estadias e sobreestadias, e o tempo e modo do pagamento, será tudo regulado pelo
uso do porto onde uma ou outra deva efetuar-se.
Art. 592. Vencido o prazo, e o das estadias e sobreestadias que se tiverem
ajustado, e, na falta de ajuste, as do uso no porto da carga, sem que o afretador
tenha carregado efeitos alguns, terá o capitão a escolha, ou de resilir do contrato e
exigir do afretador metade do frete ajustado e primagem com estadias e
sobreestadias, ou de empreender a viagem sem carga, e finda ela exigir dele o frete
por inteiro e primagem, com as avarias que forem devidas, estadias e
sobreestadias.
Art. 593. Quando o afretador carrega só parte da carga no tempo aprazado, o
capitão, vencido o tempo das estadias e sobreestadias, tem direito, ou de proceder
a descarga por conta do mesmo afretador e pedir meio frete, ou de empreender a
viagem com a parte da carga que tiver a bordo para haver o frete por inteiro no porto
do seu destino, com as mais despesas declaradas no artigo antecedente.
Art. 594. Renunciando o afretador ao contrato antes de começarem a correr os
dias suplementares da carga, será obrigado a pagar metade do frete e primagem.
Art. 595. Sendo o navio fretado por inteiro, o afretador pode obrigar o fretador a
que faça sair o navio logo que tiver metido a bordo carga suficiente para pagamento
do frete e primagem, estadias e sobreestadias, ou prestado fiança ao pagamento. O
capitão neste caso não pode tomar carga de terceiro sem consentimento por escrito
do afretador, nem recusar-se à saída; salvo por falta de prontificação do navio, que,
segundo as cláusulas do fretamento, não possa ser imputável ao fretador.
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Art. 596. Tendo o fretador direito de fazer sair o navio sem carga ou só com parte
dela (artigos 592 e 593), poderá, para segurança do frete e de outras indenizações
a que haja lugar, completar a carga por outros carregadores, independente de
consentimento do afretador; mas o benefício do novo frete pertencerá a este.
Art. 597. Se o fretador houver declarado na carta-partida maior capacidade
daquela que o navio na realidade tiver, não excedendo da décima parte, o afretador
terá opção para anular o contrato, ou exigir correspondente abatimento no frete, com
indenização de perdas e danos; salvo se a declaração estiver conforme à lotação do
navio.
Art. 598. O fretador pode fazer descarregar à custa do afretador os efeitos que
este introduzir no navio além da carga ajustada na carta de fretamento; salvo
prestando-se aquele a pagar o frete correspondente, se o navio os puder receber.
Art. 599. Os carregadores ou afretadores respondem pelos danos que resultarem,
se, sem ciência e consentimento do capitão, introduzirem no navio fazendas, cuja
saída ou entrada for proibida, e de qualquer outro fato ilícito que praticarem ao
tempo da carga ou descarga; e, ainda que as fazendas sejam confiscadas, serão
obrigados a pagar o frete e primagem por inteiro, e a avaria grossa.
Art. 600. Provando-se que o capitão consentiu na introdução das fazendas
proibidas, ou que, chegando ao seu conhecimento em tempo, as não fez
descarregar, ou sendo informado depois da viagem começada as não denunciar no
ato da primeira visita da Alfândega que receber a bordo no porto do seu destino,
ficará solidariamente obrigado para com todos os interessados por perdas e danos
que resultarem ao navio ou à carga, e sem ação para haver o frete, nem indenização
alguma do carregador, ainda que esta se tenha estipulado.
Art. 601. Estando o navio a frete de carga geral, não pode o capitão, depois que
tiver recebido alguma parte da carga, recusar-se a receber a mais que se lhe
oferecer por frete igual, não achando outro mais vantajoso; pena de poder ser
compelido pelos carregadores dos efeitos recebidos a que se faça à vela com o
primeiro vento favorável, e de pagar as perdas e danos que da demora resultarem.
Art. 602. Se o capitão, quando tomar frete à colheita ou à prancha, fixar o tempo
durante o qual a embarcação estará à carga, findo o tempo marcado será obrigado
a partir com o primeiro vento favorável; pena de responder pelas perdas e danos
que resultarem do retardamento da viagem; salvo convindo na demora a maioria dos
carregadores em relação ao valor do frete.
Art. 603. Não tendo o capitão fixado o tempo da partida, é obrigado a sair com o
primeiro vento favorável depois que tiver recebido mais de dois terços da carga
correspondente à lotação do navio, se assim o exigir a maioria dos carregadores
em relação ao valor do frete, sem que nenhum dos outros possa retirar as fazendas
que tiver a bordo.
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Art. 604. Se o capitão, no caso do artigo antecedente, não puder obter mais de
dois terços da carga dentro de 1 (um) mês depois que houver posto o navio a frete
geral, poderá sub-rogar outra embarcação para transporte da carga que tiver a
bordo, contanto que seja igualmente apta para fazer a viagem, pagando a despesa
da baldeação da carga, e o aumento de frete e do prêmio do seguro; será, porém,
lícito aos carregadores retirar de bordo as suas fazendas, sem pagar frete, sendo
por conta deles a despesa de desarrumação e descarga, restituindo os recibos
provisórios ou conhecimentos, e dando fiança pelos que tiverem remetido. Se o
capitão não puder achar navio, e os carregadores não quiserem descarregar, será
obrigado a sair 60 (sessenta) dias depois que houver posto o navio à carga, com a
que tiver a bordo.
Art. 605. Não tendo a embarcação capacidade para receber toda a carga
contratada com diversos carregadores ou afretadores, terá preferência a que se
achar a bordo, e depois a que tiver prioridade na data dos contratos; e se estes
forem todos da mesma data haverá lugar a rateio, ficando o capitão responsável
pela indenização dos danos causados.
Art. 606. Fretando-se a embarcação para ir receber carga em outro porto, logo que
lá chegar, deverá o capitão apresentar-se sem demora ao consignatário, exigindo
dele que lhe declare por escrito na carta de fretamento o dia, mês e ano de sua
apresentação; pena de não principiar a correr o tempo do fretamento antes da sua
apresentação.
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contrato, sem haver lugar a indenizações de perdas e danos pelo retardamento. O
carregador neste caso poderá descarregar os seus efeitos durante a demora,
pagando a despesa, e prestando fiança de os tornar a carregar logo que cesse o
impedimento, ou de pagar o frete por inteiro e estadias e sobreestadias, não os
reembarcando.
Art. 610. Se o navio não puder entrar no porto do seu destino por declaração de
guerra, interdito de comércio, ou bloqueio, o capitão é obrigado a seguir
imediatamente para aquele que tenha sido prevenido na sua carta de ordens. Não
se achando prevenido, procurará o porto mais próximo que não estiver impedido; e
daí fará os avisos competentes ao fretador e afretadores, cujas ordens deve esperar
por tanto tempo quanto seja necessário para receber a resposta. Não recebendo
esta, o capitão deve voltar para o porto da saída com a carga.
Art. 611. Sendo arrestado um navio no curso da viagem por ordem de uma
potência, nenhum frete será devido pelo tempo da detenção sendo fretado ao mês,
nem aumento de frete se for por viagem. Quando o navio for fretado para 2 (dois) ou
mais portos e acontecer que em um deles se saiba ter sido declarada guerra contra
a potência a que pertence o navio ou a carga, o capitão, se nem esta nem aquele
forem livres, quando não possa partir em comboio ou por algum outro modo seguro,
deverá ficar no porto da notícia até receber ordens do dono do navio ou do afretador.
Se só o navio não for livre, o fretador pode resilir do contrato, com direito ao frete
vencido, estadias e sobreestadias e avaria grossa, pagando as despesas da
descarga. Se, pelo contrário, só a carga não for livre, o afretador tem direito para
rescindir o contrato, pagando a despesa da descarga, e o capitão procederá na
conformidade dos artigos 592 e 596.
Art. 612. Sendo o navio obrigado a voltar ao porto da saída, ou a arribar a outro
qualquer por perigo de piratas ou de inimigos, podem os carregadores ou
consignatários convir na sua total descarga, pagando as despesas desta e o frete
da ida por inteiro, e prestando a fiança determinada no artigo 609. Se o fretamento
for ao mês, o frete é devido somente pelo tempo que o navio tiver sido empregado.
Art. 613. Se o capitão for obrigado a consertar a embarcação durante a viagem, o
afretador, carregadores, ou consignatários, não querendo esperar pelo conserto,
podem retirar as suas fazendas pagando todo o frete, estadias e sobreestadias e
avaria grossa, havendo-a, as despesas da descarga e desarrumação.
Art. 614. Não admitindo o navio conserto, o capitão é obrigado a fretar por sua
conta, e sem poder exigir aumento algum do frete, uma ou mais embarcações para
transportar a carga ao lugar do destino. Se o capitão não puder fretar outro ou outros
navios dentro de 60 (sessenta) dias depois que o navio for julgado inavegável, e
quando o conserto for impraticável, deverá requerer depósito judicial da carga e
interpor os competentes protestos para sua ressalva; neste caso o contrato ficará
resciso, e somente se deverá o frete vencido. Se, porém, os afretadores ou
carregadores provarem que o navio condenado por incapaz estava inavegável
quando se fez à vela, não serão obrigados a frete algum, e terão ação de perdas e
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danos contra o fretador. Esta prova é admissível não obstante e contra os
certificados da visita da saída.
Art. 615. Ajustando-se os fretes por peso, sem se designar se é líquido ou bruto,
deverá entender-se que é peso bruto; compreendendo-se nele qualquer espécie de
capa, caixa ou vasilha em que as fazendas se acharem acondicionadas.
Art. 616. Quando o frete for justo por número, peso ou medida, e houver condição
de que a carga será entregue no portaló do navio, o capitão tem direito de requerer
que os efeitos sejam contados, medidos ou pesados a bordo do mesmo navio antes
da descarga; e procedendo-se a esta diligência não responderá por faltas que
possam aparecer em terra; se, porém, as fazendas se descarregarem sem se
contarem, medirem ou pesarem, o consignatário terá direito de verificar em terra a
identidade, número, medição ou peso, e o capitão será obrigado a conformar-se
com o resultado desta verificação.
Art. 617. Nos gêneros que por sua natureza são suscetíveis de aumento ou
diminuição, independentemente de má arrumação ou falta de estiva, ou de defeito
no vasilhame, como é, por exemplo, o sal, será por conta do dono qualquer
diminuição ou aumento que os mesmos gêneros tiverem dentro do navio; e em um e
outro caso deve-se frete do que se numerar, medir ou pesar no ato da descarga.
Art. 618. Havendo presunção de que as fazendas foram danificadas, roubadas ou
diminuídas, o capitão é obrigado, e o consignatário e quaisquer outros interessados
têm direito a requerer que sejam judicialmente visitadas e examinadas, e os danos
estimados a bordo antes da descarga, ou dentro em 24 (vinte e quatro) horas
depois; e ainda que este procedimento seja requerido pelo capitão não prejudicará
os seus meios de defesa.
Todavia, não sendo a avaria ou diminuição visível por fora, o exame judicial poderá
validamente fazer-se dentro de 10 (dez) dias depois que as fazendas passarem às
mãos dos consignatários, nos termos do artigo 211.
Art. 619. O capitão ou fretador não pode reter fazendas no navio a pretexto de falta
de pagamento de frete, avaria grossa ou despesas; poderá, porém, precedendo
competente protesto, requerer o depósito de fazendas equivalentes, e pedir a venda
delas, ficando-lhe direito salvo pelo resto contra o carregador, no caso de
insuficiência do depósito.
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Nos dois referidos casos, se a avaria grossa não puder ser regulada imediatamente,
é licito ao capitão exigir o depósito judicial da soma que se arbitrar.
Art. 620. O capitão que entregar fazendas antes de receber o frete, avaria grossa e
despesas, sem pôr em prática os meios do artigo precedente, ou os que lhe
facultarem as leis ou usos do lugar da descarga, não terá ação para exigir o
pagamento do carregador ou afretador, provando este que carregou as fazendas por
conta de terceiro.
Art. 621. Pagam frete por inteiro as fazendas que se deteriorarem por avaria, ou
diminuírem por mau acondicionamento das vasilhas, caixas, capas ou outra qualquer
cobertura em que forem carregadas, provando o capitão que o dano não procedeu
de falta de arrumação ou de estiva (artigo 624).
Pagam igualmente frete por inteiro as fazendas que o capitão é obrigado a vender
nas circunstâncias previstas no artigo 515.
O frete das fazendas alijadas para salvação comum do navio e da carga abona-se
por inteiro como avaria grossa (artigo 764).
Art. 622. Não se deve frete das mercadorias perdidas por naufrágio ou varação,
roubo de piratas ou presa de inimigo, e, tendo-se pago adiantado, repete-se; salvo
convenção em contrário.
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Art. 628. O contrato de fretamento de um navio estrangeiro exeqüível no Brasil, há
de ser determinado e julgado pelas regras estabelecidas neste Código, quer tenha
sido ajustado dentro do Império, quer em país estrangeiro.
CAPÍTULO IV
DOS PASSAGEIROS
Art. 629. O passageiro de um navio deve achar-se a bordo no dia e hora que o
capitão designar, quer no porto da partida, quer em qualquer outro de escala ou
arribada; pena de ser obrigado ao pagamento do preço da sua passagem por
inteiro, se o navio se fizer de vela sem ele.
Art. 630. Nenhum passageiro pode transferir a terceiro, sem consentimento do
capitão, o seu direito de passagem.
O capitão só responde pelo dano sobrevindo aos efeitos que o passageiro tiver a
bordo debaixo da sua imediata guarda, quando o dano provier de fato seu ou da
tripulação.
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TÍTULO VII
DO CONTRATO DE DINHEIRO A RISCO OU CÂMBIO
MARÍTIMO
Art. 633. O contrato de empréstimo a risco ou câmbio marítimo, pelo qual o dador
estipula do tomador um prêmio certo e determinado por preço dos riscos de mar
que toma sobre si, ficando com hipoteca especial no objeto sobre que recai o
empréstimo, e sujeitando-se a perder o capital e prêmio se o dito objeto vier a
perecer por efeito dos riscos tomados no tempo e lugar convencionados, só pode
provar-se por instrumento público ou particular, o qual será registrado no Tribunal do
Comércio dentro de 8 (oito) dias da data da escritura ou letra. Se o contrato tiver
lugar em país estrangeiro por súditos brasileiros, o instrumento deverá ser
autenticado com o - visto - do cônsul do Império, se aí o houver, e em todo o caso
anotado no verso do registro da embarcação, se versar sobre o navio ou fretes.
Faltando no instrumento do contrato alguma das sobreditas formalidades, ficará este
subsistindo entre as próprias partes, mas não estabelecerá direitos contra terceiro.
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Art. 635. A escritura ou letra de risco exarada à ordem tem força de letra de
câmbio contra o tomador e garantes, e é transferível e exeqüível por via de endosso,
com os mesmos direitos e pelas mesmas ações que as letras de câmbio.
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neste caso tem direito para haver o capital com os juros da lei desde o dia da
entrega do dinheiro ao tomador, sem outro algum prêmio, e goza do privilégio de
preferência quanto ao capital somente.
Art. 643. O tomador que não carregar efeitos no valor total da soma tomada a risco
é obrigado a restituir o remanescente ao dador antes da partida do navio, ou todo se
nenhum empregar; e se não restituir, dá-se ação pessoal contra o tomador pela
parte descoberta, ainda que a parte coberta ou empregada venha a perder-se
(artigo 655).
O mesmo terá lugar quando o dinheiro a risco for tomado para habilitar o navio, se o
tomador não chegar a fazer uso dele ou da coisa estimável, em todo ou em parte.
Art. 644. Quando no instrumento de risco sobre fazendas houver a faculdade de -
tocar e fazer escala - ficam obrigados ao contrato, não só o dinheiro carregado em
espécie para ser empregado na viagem, e as fazendas carregadas no lugar da
partida, mas também as que forem carregadas em retorno por conta do tomador,
sendo o contrato feito de ida e volta; e o tomador neste caso tem faculdade de trocá-
las ou vendê-las e comprovar outras em todos os portos de escala.
Art. 645. Se ao tempo do sinistro parte dos efeitos objeto de risco já se achar em
terra, a perda do dador será reduzida ao que tiver ficado dentro do navio; e se os
efeitos salvos forem transportados em outro navio para o porto do destino originário
(artigo 614), neste continuam os riscos do dador.
Art. 646. O dador a risco sobre efeitos carregados em navio nominativamente
designado no contrato não responde pela perda desses efeitos, ainda mesmo que
seja acontecida por perigo de mar, se forem transferidos ou baldeados para outro
navio, salvo provando-se legalmente que a baldeação tivera lugar por força maior
Art. 647. Em caso de sinistro, salvando-se alguns efeitos da carga objeto de risco,
a obrigação do pagamento de dinheiro a risco fica reduzida ao valor dos mesmos
objetos estimado pela forma determinada nos artigos 694 e segs. O dador neste
caso tem direito para ser pago do principal e prêmio por esse mesmo valor até onde
alcançar, deduzidas as despesas de salvados, e as soldadas vencidas nessa
viagem.
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Art. 649. Não precedendo ajuste em contrário, o dador conserva seus direitos
íntegros contra o tomador, ainda mesmo que a perda ou dano da coisa objeto do
risco provenha de alguma das causas enumeradas no artigo 711.
Art. 650. Quando alguns, mas não todos os riscos, ou uma parte somente do navio
ou da carga se acham seguros, pode contrair-se empréstimo a risco pelos riscos ou
parte não segura até à concorrência do seu valor por inteiro (artigo 682).
Art. 651. As letras mercantis provenientes de dinheiro recebido pelo capitão para
despesas indispensáveis do navio ou da carga nos termos dos artigos 515 e 516, e
os prêmios do seguro correspondente, quando a sua importância houver sido
realmente segurada, têm o privilégio de letras de empréstimo a risco, se contiverem
declaração expressa de que o importe foi destinado para as referidas despesas; e
são exeqüíveis, ainda mesmo que tais objetos se percam por qualquer evento
posterior, provando o dador que o dinheiro foi efetivamente empregado em benefício
do navio ou da carga (artigos 515 e 517).
Art. 652. O empréstimo de dinheiro a risco sobre o navio tomado pelo capitão no
lugar do domicílio do dono, sem autorização escrita deste, produz ação e privilégio
somente na parte que o capitão possa ter no navio e frete; e não obriga o dono,
ainda mesmo que se pretenda provar que o dinheiro foi aplicado em benefício da
embarcação.
Art. 653. O empréstimo a risco sobre fazendas, contraído antes da viagem
começada, deve ser mencionado nos conhecimentos e no manifesto da carga, com
designação da pessoa a quem o capitão deve participar a chegada feliz no lugar do
destino. Omitida aquela declaração, o consignatário, tendo aceitado letras de
câmbio, ou feito adiantamento na fé dos conhecimentos, preferirá ao portador da
letra de risco. Na falta de designação a quem deva participar a chegada, o capitão
pode descarregar as fazendas, sem responsabilidade alguma pessoal para com o
portador da letra de risco.
Art. 654. Se entre o dador a risco e o capitão se der algum conluio por cujo meio
os armadores ou carregadores sofram prejuízo, será este indenizado solidariamente
pelo dador e pelo capitão, contra os quais poderá intentar-se a ação criminal que
competente seja.
Art. 655. Incorre no crime de estelionato o tomador que receber dinheiro a risco por
valor maior que o do objeto do risco, ou quando este não tenha sido efetivamente
embarcado (artigo 643); e no mesmo crime incorre também o dador que, não
podendo ignorar esta circunstância, a não declarar à pessoa a quem endossar a
letra de risco. No primeiro caso o tomador, e no segundo o dador respondem
solidariamente pela importância da letra, ainda quando tenha perecido o objeto do
risco.
Art. 656. É nulo o contrato de câmbio marítimo:
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2 - tendo o empréstimo somente por objeto o frete a vencer, ou o lucro esperado de
alguma negociação, ou um e outro simultânea e exclusivamente;
3 - quando o dador não corre algum risco dos objetos sobre os quais se deu o
dinheiro;
4 - quando recai sobre objetos, cujos riscos já têm sido tomados por outrem no seu
inteiro valor (artigo 650);
5 - faltando o registro, ou as formalidades exigidas no artigo 516 para o caso de
qual se trata.
Em todos os referidos casos, ainda que o contrato não surta os seus efeitos legais,
o tomador responde pessoalmente pelo principal mutuado e juros legais, posto que
a coisa objeto do contrato tenha perecido no tempo e no lugar dos riscos.
Art. 657. O privilégio do dador a risco sobre o navio compreende
proporcionalmente, não só os fragmentos náufragos do mesmo navio, mas também
o frete adquirido pelas fazendas salvas, deduzidas as despesas de salvados e as
soldadas devidas por essa viagem, não havendo seguro ou risco especial sobre o
mesmo frete.
Art. 658. Se o contrato a risco compreender navio e carga, as fazendas
conservadas são hipoteca do dador, ainda que o navio pereça; o mesmo é, vice-
versa, quando o navio se salva e as fazendas se perdem.
Art. 659. É livre aos contraentes estipular o prêmio na quantidade, e o modo de
pagamento que bem lhes pareça; mas uma vez concordado, a superveniência de
risco não dá direito a exigência de aumento ou diminuição de prêmio; salvo se outra
coisa for acordada no contrato.
Art. 660. Não estando fixada a época do pagamento, será este reputado vencido
apenas tiverem cessado os riscos. Desse dia em diante correm para o dador os
juros da lei sobre o capital e prêmio no caso de mora; a qual só pode provar-se pelo
protesto.
Art. 661. O portador, na falta de pagamento no termo devido, é obrigado a
protestar e a praticar todos os deveres dos portadores de letras de câmbio para
vencimento dos juros, e conservação do direito regressivo sobre os garantes do
instrumento de risco.
Art. 662. O dador de dinheiro a risco adquire hipoteca no objeto sobre que recai o
empréstimo, mas fica sujeito a perder todo o direito à soma mutuada, perecendo o
objeto hipotecado no tempo e lugar, e pelos riscos convencionados; e só tem direito
ao embolso do principal e prêmio por inteiro no caso de chegada a salvamento.
Art. 663. Incumbe ao tomador provar a perda, e justificar que os feitos, objeto do
empréstimo, existiam na embarcação na ocasião do sinistro.
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Art. 664. Acontecendo presa ou desastre de mar ao navio ou fazendas sobre que
recaiu o empréstimo a risco, o tomador tem obrigação de noticiar o acontecimento
ao dador, apenas tal nova chegar ao seu conhecimento. Achando-se o tomador a
esse tempo no navio, ou próximo aos objetos sobre que recaiu o empréstimo, é
obrigado a empregar na sua reclamação e salvação as diligências próprias de um
administrador exato; pena de responder por perdas e danos que da sua falta
resultarem.
Art. 665. Quando sobre contrato de dinheiro a risco ocorra caso que se não ache
prevenido neste Título, procurar-se-á a sua decisão por analogia, quanto seja
compatível, no Título - Dos seguros marítimos - e vice-versa.
TÍTULO VIII
DOS SEGUROS MARÍTIMOS
CAPÍTULO I
DA NATUREZA E FORMA DO CONTRATO DE SEGURO MARÍTIMO
Art. 666. O contrato de seguro marítimo, pelo qual o segurador, tomando sobre si a
fortuna e riscos do mar, se obriga a indenizar o segurado da perda ou dano que
possa sobrevir ao objeto do seguro, mediante um prêmio ou soma determinadas
equivalente ao risco tomado, só pode provar-se por escrito, a cujo instrumento se
chama apólice; contudo julga-se subsistente para obrigar reciprocamente ao
segurador e ao segurado desde o momento em que as partes se convierem,
assinando ambas a minuta, a qual deve conter todas as declarações, cláusulas e
condições da apólice.
Art. 667. A apólice de seguro deve ser assinada pelos seguradores, e conter:
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6 - o porto donde o navio partiu, devia ou deve partir; e a época da partida, quando
esta houver sido positivamente ajustada;
7 - menção especial de todos os riscos que o segurador toma sobre si;
8 - o tempo e o lugar em que os riscos devem começar e acabar;
9 - o prêmio do seguro, e o lugar, época e forma do pagamento;
10 - o tempo, lugar e forma do pagamento no caso de sinistro;
11 - declaração de que as partes se sujeitam à decisão arbitral, quando haja
contestação, se elas assim o acordarem;
12 - a data do dia em que se concluiu o contrato, com declaração, se antes, se
depois do meio-dia;
13 - e geralmente todas as outras condições em que as partes convenham.
Uma apólice pode conter dois ou mais seguros diferentes.
Art. 668. Sendo diversos os seguradores, cada um deve declarar a quantia por que
se obriga, e esta declaração será datada e assinada. Na falta de declaração, a
assinatura importa em responsabilidade solidária por todo o valor segurado.
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Art. 672. A designação geral - fazendas - não compreende moeda de qualidade
alguma, nem jóias, ouro ou prata, pérolas ou pedras preciosas, nem munições de
guerra; em seguros desta natureza é necessário que se declare a espécie do objeto
sobre que recai o seguro.
Art. 673. Suscitando-se dúvida sobre a inteligência de alguma ou algumas das
condições e cláusulas da apólice, a sua decisão será determinada pelas regras
seguintes:
1 - as cláusulas escritas terão mais força do que as impressas;
2 - as que forem claras, e expuserem a natureza, objeto ou fim do seguro, servirão
de regra para esclarecer as obscuras, e para fixar a intenção das partes na
celebração do contrato;
3 - o costume geral observado em casos idênticos na praça onde se celebrou o
contrato, prevalecerá a qualquer significação diversa que as palavras possam ter em
uso vulgar;
4 - em caso de ambigüidade que exija interpretação, será esta feita segundo as
regras estabelecidas no artigo 131.
Art. 674. A cláusula de fazer escala compreende a faculdade de carregar e
descarregar fazendas no lugar da escala, ainda que esta condição não seja
expressa na apólice (artigo 667, nº 5).
Art. 675. A apólice de seguro é transferível e exeqüível por via de endosso,
substituindo o endossado ao segurado em todas as suas obrigações, direitos e
ações (artigo 363).
Art. 676. Mudando os efeitos segurados de proprietário durante o tempo do
contrato, o seguro passa para o novo dono, independente de transferência da
apólice; salvo condição em contrário.
Art. 677. O contrato de seguro é nulo:
1 - sendo feito por pessoa que não tenha interesse no objeto segurado;
2 - recaindo sobre algum dos objetos proibidos no artigo 686;
3 - sempre que se provar fraude ou falsidade por alguma das partes;
4 - quando o objeto do seguro não chega a pôr-se efetivamente em risco;
5 - provando-se que o navio saiu antes da época designada na apólice, ou que se
demorou além dela, sem ter sido obrigado por força maior;
6 - recaindo o seguro sobre objetos já segurados no seu inteiro valor, e pelos
mesmos riscos. Se, porém, o primeiro seguro não abranger o valor da coisa por
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inteiro, ou houver sido efetuado com exceção de algum ou alguns riscos, o seguro
prevalecerá na parte, e pelos riscos executados;
7 - o seguro de lucro esperado, que não fixar soma determinada sobre o valor do
objeto do seguro;
8 - sendo o seguro de mercadorias que se conduzirem em cima do convés, não se
tendo feito na apólice declaração expressa desta circunstância;
9 - sobre objetos que na data do contrato se achavam já perdidos ou salvos,
havendo presunção fundada de que o segurado ou segurador podia ter notícia do
evento ao tempo em que se efetuou o seguro. Existe esta presunção, provando-se
por alguma forma que a notícia tinha chegado ao lugar em que se fez o seguro, ou
àquele donde se expediu a ordem para ele se efetuar ao tempo da data da apólice
ou da expedição da mesma ordem, e que o segurado ou o segurador a sabia.
Se, porém, a apólice contiver a cláusula - perdido ou não perdido - ou sobre boa
ou má nova - cessa a presunção; salvo provando-se fraude.
Art. 678. O seguro pode também anular-se:
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declaração é necessário mencionar também na apólice a causa da dívida para que
serviu o dinheiro.
Art. 683. Tendo-se efetuado sem fraude diversos seguros sobre o mesmo objeto,
prevalecerá o mais antigo na data da apólice. Os seguradores cujas apólices forem
posteriores são obrigados a restituir o prêmio recebido, retendo por indenização
0,5% (meio por cento) do valor segurado.
Art. 684. Em todos os casos em que o seguro se anular por fato que não resulte
diretamente de força maior, o segurador adquire o prêmio por inteiro, se o objeto do
seguro se tiver posto em risco; e se não se tiver posto em risco, retém 0,5% (meio
por cento) do valor segurado.
Anulando-se, porém, algum seguro por viagem redonda com prêmio ligado, o
segurador adquire metade (tão-somente) do prêmio ajustado.
CAPÍTULO II
DAS COISAS QUE PODEM SER OBJETO DE SEGURO MARÍTIMO
Art. 685. Toda e qualquer coisa, todo e qualquer interesse apreciável a dinheiro,
que tenha sido posto ou deva pôr-se a risco de mar, pode ser objeto de seguro
marítimo, não havendo proibição em contrário.
Art. 686. É proibido o seguro:
1 - sobre coisas, cujo comércio não seja lícito pelas leis do Império, e sobre os
navios nacionais ou estrangeiros que nesse comércio se empregarem;
2 - sobre a vida de alguma pessoa livre;
3 - sobre soldadas a vencer de qualquer indivíduo da tripulação.
Art. 687. O segurador pode ressegurar por outros seguradores os mesmos objetos
que ele tiver segurado, com as mesmas ou diferentes condições, e por igual, maior
ou menor prêmio.
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Art. 690. Declarando-se genericamente na apólice, que se segura o navio sem
outra alguma especificação, entende-se que o seguro compreende o casco e todos
os pertences da embarcação, aprestos, aparelhos, mastreação e velame, lanchas,
escaleres, botes, utensílios e vitualhas ou provisões; mas em nenhum caso os fretes
nem o carregamento, ainda que este seja por conta do capitão, dono, ou armador do
navio.
Art. 691. As apólices de seguro por ida e volta cobrem os riscos seguros que
sobrevierem durante as estadias intermédias, ainda que esta cláusula seja omissa
na apólice.
CAPÍTULO III
DA AVALIAÇÃO DOS OBJETOS SEGUROS
Art. 692. O valor do objeto do seguro deve ser declarado na apólice em quantia
certa, sempre que o segurado tiver dele conhecimento exato.
Nos seguros sobre fazendas, não tendo o segurado conhecimento exato do seu
verdadeiro importe, basta que o valor se declare por estimativa.
Art. 693. O valor declarado na apólice, quer tenha a cláusula - valha mais ou valha
menos -, quer a não tenha, será considerado em juízo como ajustado e admitido
entre as partes para todos os efeitos do seguro. Contudo, se o segurador alegar que
a coisa segura valia ao tempo do contrato um quarto menos, ou daí para cima, do
preço em que o segurado a estimou, será admitido a reclamar a avaliação;
incumbindo-lhe justificar a reclamação pelos meios de prova admissíveis em
comércio. Para este fim, e em ajuda de outras provas, poderá o segurador obrigar o
segurado à exibição dos documentos ou das razões em que se fundara para o
cálculo da avaliação que dera na apólice; e se presumirá ter havido dolo da parte do
segurado se ele se negar a esta exibição.
Art. 694. Não se tendo declarado na apólice o valor certo do seguro sobre fazenda,
será este determinado pelo preço da compra das mesmas fazendas, aumentado
com as despesas que estas tiverem feito até o embarque, e mais o prêmio do
seguro e a comissão de se efetuar, quando esta se tiver pago; por forma que, no
caso de perda total, o segurado seja embolsado de todo o valor posto a risco. Na
apólice de seguro sobre fretes sem valor fixo, será este determinado pela carta de
fretamento, ou pelos conhecimentos, e pelo manifesto, ou livro da carga,
cumulativamente em ambos os casos.
Art. 695. O valor do seguro sobre dinheiro a risco prova-se pelo contrato original, e
o do seguro sobre despesas feitas com o navio ou carga durante a viagem (artigos
515 e 651) com as respectivas contas competentemente legalizadas.
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Art. 696. O valor de mercadorias provenientes de fábricas, lavras ou fazendas do
segurado, que não for determinado na apólice, será avaliado pelo preço que outras
tais mercadorias poderiam obter no lugar do desembarque, sendo aí vendidas,
aumentado na forma do artigo 694.
Art. 697. As fazendas adquiridas por troca estimam-se pelo preço que poderiam
obter no mercado do lugar da descarga aquelas que por elas se trocaram,
aumentado na forma do artigo 694.
Art. 698. A avaliação em seguros feitos sobre moeda estrangeira faz-se,
reduzindo-se esta ao valor da moeda corrente no Império pelo curso que o câmbio
tinha na data da apólice.
Art. 699. O segurador em nenhum caso pode obrigar o segurado a vender os
objetos do seguro para determinar o seu valor.
Art. 700. Sempre que se provar que o segurado procedeu com fraude na
declaração do valor declarado na apólice, ou na que posteriormente se fizer no caso
de se não ter feito no ato do contrato (artigos 692 e 694), o juiz, reduzindo a
estimação do objeto segurado ao seu verdadeiro valor, condenará o segurado a
pagar ao segurador o dobro do prêmio estipulado.
Art. 701. A cláusula inserta na apólice - valha mais ou valha menos - não releva o
segurado da condenação por fraude; nem pode ser valiosa sempre que se provar
que o objeto seguro valia menos de um quarto que o preço fixado na apólice (artigos
692 e 693).
CAPÍTULO IV
DO COMEÇO E FIM DOS RISCOS
Art. 702. Não constando da apólice do seguro o tempo em que os riscos devem
começar e acabar, os riscos de seguro sobre navio principiam a correr por conta do
segurador desde o momento em que a embarcação suspende a sua primeira
âncora para velejar, e terminam depois que tem dado fundo e amarrado dentro do
porto do seu destino, no lugar que aí for designado para descarregar, se levar carga,
ou no lugar em que der fundo e amarrar, indo em lastro.
Art. 703. Segurando-se o navio por ida e volta, ou por mais de uma viagem, os
riscos correm sem interrupção por conta do segurador, desde o começo da primeira
viagem até o fim da última (artigo 691).
Art. 704. No seguro de navios por estadia em algum porto, os riscos começam a
correr desde que o navio dá fundo e se amarra no mesmo porto, e findam desde o
momento em que suspende a sua primeira âncora para seguir viagem.
Art. 705. Sendo o seguro sobre mercadorias, os riscos têm princípio desde o
momento em que elas se começam a embarcar nos cais ou à borda d'água do lugar
da carga, e só terminam depois que são postas a salvo no lugar da descarga; ainda
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mesmo no caso do capitão ser obrigado a descarregá-las em algum porto de
escala, ou de arribada forçada.
Art. 706. Fazendo-se seguro sobre fazendas a transportar alternadamente por mar
e terra, rios ou canais, em navios, barcos, carros ou animais, os riscos começam
logo que os efeitos são entregues no lugar onde devem ser carregados, e só
expiram quando são descarregados a salvamento no lugar do destino.
Art. 707. Os riscos de seguro sobre frete têm o seu começo desde o momento e à
medida que são recebidas a bordo as fazendas que pagam frete; e acabam logo
que saem para fora do portaló do navio, e à proporção que vão saindo; salvo se por
ajuste ou por uso do porto o navio for obrigado a receber a carga à beira d'água, e
pô-la em terra por sua conta.
Art. 710. São a cargo do segurador todas as perdas e danos que sobrevierem ao
objeto seguro por algum dos riscos especificados na apólice.
Art. 711. O segurador não responde por dano ou avaria que aconteça por fato do
segurado, ou por alguma das causas seguintes:
1 - desviação voluntária da derrota ordinária e usual da viagem;
2 - alteração voluntária na ordem das escalas designadas na apólice; salvo a
exceção estabelecida no artigo 680;
3 - prolongação voluntária da viagem, além do último porto atermado na apólice.
Encurtando-se a viagem, o seguro surte pleno efeito, se o porto onde ela findar for
de escala declarada na apólice; sem que o segurado tenha direito para exigir
redução do prêmio estipulado;
4 - separação espontânea de comboio, ou de outro navio armado, tendo-se
estipulado na apólice de ir em conserva dele;
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5 - diminuição e derramamento de líquido (artigo 624);
6 - falta de estiva, ou defeituosa arrumação da carga;
7 - diminuição natural de gêneros, que por sua qualidade são suscetíveis de
dissolução, diminuição ou quebra em peso ou medida entre o seu embarque e o
desembarque; salvo tendo estado encalhado o navio, ou tendo sido descarregadas
essas fazendas por ocasião de força maior; devendo-se, em tais casos, fazer
dedução da diminuição ordinária que costuma haver em gêneros de semelhante
natureza (artigo 617);
8 - quando a mesma diminuição natural acontecer em cereais, açúcar, café,
farinhas, tabaco, arroz, queijos, frutas secas ou verdes, livros ou papel e outros
gêneros de semelhante natureza, se a avaria não exceder a 10% (dez por cento) do
valor seguro; salvo se a embarcação tiver estado encalhada, ou as mesmas
fazendas tiverem sido descarregadas por motivo de força maior, ou o contrário se
houver estipulado na apólice;
9 - danificação de amarras, mastreação, velame ou outro qualquer pertence do
navio, procedida do uso ordinário do seu destino;
10 - vício intrínseco, má qualidade, ou mau acondicionamento do objeto seguro;
11 - avaria simples ou particular, que, incluída a despesa de documentos
justificativos, não exceda de 3% (três por cento) do valor segurado;
12 - rebeldia do capitão ou da equipagem; salvo havendo estipulação em contrário
declarada na apólice. Esta estipulação é nula sendo o seguro feito pelo capitão, por
conta dele ou alheia, ou por terceiro por conta do capitão.
Art. 712. Todo e qualquer ato por sua natureza criminoso praticado pelo capitão no
exercício do seu emprego, ou pela tripulação, ou por um e outra conjuntamente, do
qual aconteça dano grave ao navio ou à carga, em oposição à presumida vontade
legal do dono do navio, é rebeldia.
Art. 713. O segurador que toma o risco de rebeldia responde pela perda ou dano
procedente do ato de rebeldia do capitão ou da equipagem, ou seja por
conseqüência imediata, ou ainda casualmente, uma vez que a perda ou dano tenha
acontecido dentro do tempo dos riscos tomados, e na viagem e portos da apólice.
Art. 714. A cláusula - livre de avaria - desobriga os seguradores das avarias
simples ou particulares; a cláusula - livre de todas as avarias - desonera-os também
das grossas. Nenhuma destas cláusulas, porém, os isenta nos casos em que tiver
lugar o abandono.
Art. 715. Nos seguros feitos com a cláusula - livre de hostilidade - o segurador é
livre, se os efeitos segurados perecem ou se deterioram por efeito de hostilidade. O
seguro, neste caso, cessa desde que foi retardada a viagem, ou mudada a derrota
por causa das hostilidades.
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Art. 716. Contendo o seguro sobre fazendas a cláusula - carregadas em um ou
mais navios -, o seguro surte todos os efeitos, provando-se que as fazendas seguras
foram carregadas por inteiro em um só navio, ou por partes em diversas
embarcações.
Art. 717. Sendo necessário baldear-se a carga, depois de começada a viagem,
para embarcação diferente da que tiver sido designada na apólice, por
inavegabilidade ou força maior, os riscos continuam a correr por conta do segurador
até o navio substituído chegar ao porto do destino, ainda mesmo que tal navio seja
de diversa bandeira, não sendo esta inimiga.
Art. 718. Ainda que o segurador não responda pelos danos que resultam ao navio
por falta de exata observância das leis e regulamentos das Alfândegas e polícia dos
portos (artigo 530), esta falta não o desonera de responder pelos que daí
sobrevierem à carga.
Art. 719. O segurado deve sem demora participar ao segurador, e, havendo mais
de um, somente ao primeiro na ordem da subscrição, todas as notícias que receber
de qualquer sinistro acontecido ao navio ou à carga. A omissão culposa do
segurado a este respeito, pode ser qualificada de presunção de má-fé.
Art. 720. Se passado 1 (um) ano a datar da saída do navio nas viagens para
qualquer porto da América, ou 2 (dois) anos para outro qualquer porto do mundo, e,
tendo expirado o tempo limitado na apólice, não houver notícia alguma do navio,
presume-se este perdido, e o segurado pode fazer abandono ao segurador, e exigir
o pagamento da apólice; o qual, todavia, será obrigado a restituir, se o navio se não
houver perdido e se vier a provar que o sinistro aconteceu depois de ter expirado o
termo dos riscos.
Art. 721. Nos casos de naufrágio ou variação, presa ou arresto de inimigo, o
segurado é obrigado a empregar toda a diligência possível para salvar ou reclamar
os objetos seguros, sem que para tais atos se faça necessária a procuração do
segurador, do qual pode o segurado exigir o adiantamento do dinheiro preciso para
a reclamação intentada ou que se possa intentar, sem que o mau sucesso desta
prejudique ao embolso do segurado pelas despesas ocorridas.
Art. 722. Quando o segurado não pode fazer por si as devidas reclamações, por
deverem ter lugar fora do Império, ou do seu domicílio, deve nomear para esse fim
competente mandatário, avisando desta nomeação ao segurador (artigo 719). Feita
a nomeação e o aviso, cessa toda a sua responsabilidade, nem responde pelos
atos do seu mandatário; ficando unicamente obrigado a fazer cessão ao segurador
das ações que competirem, sempre que este o exigir.
Art. 723. O segurado, no caso de presa ou arresto de inimigo, só está obrigado a
seguir os termos da reclamação até a promulgação da sentença da primeira
instância.
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Art. 724. Nos casos dos três artigos precedentes, o segurado é obrigado a obrar
de acordo com os seguradores. Não havendo tempo para os consultar, obrará como
melhor entender, correndo as despesas por conta dos mesmos seguradores.
TÍTULO IX
DO NAUFRÁGIO E SALVADOS
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Art. 736. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)
TÍTULO X
DAS ARRIBADAS FORÇADAS
Art. 740. Quando um navio entra por necessidade em algum porto ou lugar distinto
dos determinados na viagem a que se propusera, diz-se que fez arribada forçada
(artigo 510).
Art. 741. São causas justas para arribada forçada:
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justificada, um e outro serão responsáveis solidariamente até a concorrência do
valor do navio e frete.
Art. 746. Só pode autorizar-se descarga no porto de arribada, sendo
indispensavelmente necessária para conserto no navio, ou reparo de avaria da
carga (artigo 614). O capitão, neste caso, é responsável pela boa guarda e
conservação dos efeitos descarregados; salvo unicamente os casos de força maior,
ou de tal natureza que não possam ser prevenidos.
A descarga será reputada legal em juízo quando tiver sido autorizada pelo juiz de
direito do comércio. Nos países estrangeiros compete aos cônsules do Império dar
a autorização necessária, e onde os não houver será requerida à autoridade local
competente.
Art. 747. A carga avariada será reparada ou vendida, como parecer mais
conveniente; mas em todo o caso deve preceder autorização competente.
Art. 748. O capitão não pode, debaixo de pretexto algum, diferir a partida do porto
da arribada desde que cessa o motivo dela; pena de responder por perdas e danos
resultantes da dilação voluntária (artigo 510).
TÍTULO XI
DO DANO CAUSADO POR ABALROAÇÃO
Art. 749. Sendo um navio abalroado por outro, o dano inteiro causado ao navio
abalroado e à sua carga será pago por aquele que tiver causado a abalroação, se
esta tiver acontecido por falta de observância do regulamento do porto, imperícia, ou
negligência do capitão ou da tripulação; fazendo-se a estimação por árbitros.
Art. 750. Todos os casos de abalroação serão decididos, na menor dilação
possível, por peritos, que julgarão qual dos navios foi o causador do dano,
conformando-se com as disposições do regulamento do porto, e os usos e prática
do lugar. No caso dos árbitros declararem que não podem julgar com segurança
qual navio foi culpado, sofrerá cada um o dano que tiver recebido.
Art. 751. Se, acontecendo a abalroação no alto-mar, o navio abalroado for
obrigado a procurar porto de arribada para poder consertar, e se perder nessa
derrota, a perda do navio presume-se causada pela abalroação.
Art. 752. Todas as perdas resultantes de abalroação pertencem à classe de
avarias particulares ou simples; excetua-se o único caso em que o navio, para evitar
dano maior de uma abalroação iminente, pica as suas amarras, e abalroa a outro
para sua própria salvação (artigo 764). Os danos que o navio ou a carga neste caso,
sofre, são repartidos pelo navio, frete e carga por avaria grossa.
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TÍTULO XII
DO ABANDONO
Art. 753. É lícito ao segurado fazer abandono dos objetos seguros, e pedir ao
segurador a indenização de perda total nos seguintes casos:
1 - presa ou arresto por ordem de potência estrangeira, 6 (seis) meses depois de
sua intimação, se o arresto durar por mais deste tempo;
2 - naufrágio, varação, ou outro qualquer sinistro de mar compreendido na apólice,
de que resulte não poder o navio navegar, ou cujo conserto importe em três quartos
ou mais do valor por que o navio foi segurado;
3 - perda total do objeto seguro, ou deterioração que importe pelo menos três
quartos do valor da coisa segurada (artigos 759 e 777);
4 - falta de notícia do navio sobre que se fez o seguro, ou em que se embarcaram
os efeitos seguros (artigo 720).
Art. 754. O segurado não é obrigado a fazer abandono; mas se o não fizer nos
casos em que este Código o permite, não poderá exigir do segurador indenização
maior do que teria direito a pedir se houvera acontecido perda total; exceto nos
casos de letra de câmbio passada pelo capitão (artigo 515), de naufrágio,
reclamação de presa, ou arresto de inimigo, e de abalroação.
Art. 755. O abandono só é admissível quando as perdas acontecem depois de
começada a viagem.
Não pode ser parcial, deve compreender todos os objetos contidos na apólice.
Todavia, se na mesma apólice se tiver segurado o navio e a carga, pode ter lugar o
abandono de cada um dos dois objetos separadamente (artigo 689).
Art. 756. Não é admissível o abandono por título de inavegabilidade, se o navio,
sendo consertado, pode ser posto em estado de continuar a viagem até o lugar do
destino; salvo se à vista das avaliações legais, a que se deve proceder, se vier no
conhecimento de que as despesas do conserto excederiam pelo menos a três
quartos do preço estimado na apólice.
Art. 757. No caso de inavegabilidade do navio, se o capitão, carregadores, ou
pessoa que os represente não puderem fretar outro para transportar a carga ao seu
destino dentro de 60 (sessenta) dias depois de julgada a inavegabilidade (artigo
614), o segurado pode fazer abandono.
Art. 758. Quando nos casos de presa constar que o navio foi retomado antes de
intimado o abandono, não é este admissível; salvo se o dano sofrido por causa da
presa, e a despesa com o prêmio da retomada, ou salvagem importa em três
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quartos, pelo menos, do valor segurado, ou se em conseqüência da represa os
efeitos seguros tiverem passado a domínio de terceiro.
Art. 759. O abandono do navio compreende os fretes das mercadorias que se
puderem salvar, os quais serão considerados como pertencentes aos seguradores;
salva a preferência que sobre os mesmos possa competir à equipagem por suas
soldadas vencidas na viagem (artigo 564), e a outros quaisquer credores
privilegiados (artigo 738).
Art. 760. Se os fretes se acharem seguros, os que forem devidos pelas
mercadorias salvas, pertencerão aos seguradores dos mesmos fretes, deduzidas as
despesas dos salvados, e as soldadas devidas à tripulação pela viagem (artigo
559).
TÍTULO XIII
DAS AVARIAS
CAPÍTULO I
DA NATUREZA E CLASSIFICAÇÃO DAS AVARIAS
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6 - os danos feitos deliberadamente ao navio para facilitar a evacuação d'água e
os danos acontecidos por esta ocasião à carga;
7 - o tratamento, curativo, sustento e indenizações da gente da tripulação ferida ou
mutilada defendendo o navio;
8 - a indenização ou resgate da gente da tripulação mandada ao mar ou à terra em
serviço do navio e da carga, e nessa ocasião aprisionada ou retida;
9 - as soldadas e sustento da tripulação durante arribada forçada;
10 - os direitos de pilotagem, e outros de entrada e saída num porto de arribada
forçada;
11 - os aluguéis de armazéns em que se depositem, em porto de arribada forçada,
as fazendas que não puderem continuar a bordo durante o conserto do navio;
12 - as despesas da reclamação do navio e carga feitas conjuntamente pelo
capitão numa só instância, e o sustento e soldadas da gente da tripulação durante a
mesma reclamação, uma vez que o navio e carga sejam relaxados e restituídos;
13 - os gastos de descarga, e salários para aliviar o navio e entrar numa barra ou
porto, quando o navio é obrigado a fazê-lo por borrasca, ou perseguição de inimigo,
e os danos acontecidos às fazendas pela descarga e recarga do navio em perigo;
14 - os danos acontecidos ao corpo e quilha do navio, que premeditadamente se
faz varar para prevenir perda total, ou presa do inimigo;
15 - as despesas feitas para pôr a nado o navio encalhado, e toda a recompensa
por serviços extraordinários feitos para prevenir a sua perda total, ou presa;
16 - as perdas ou danos sobrevindos às fazendas carregadas em barcas ou
lanchas, em conseqüência de perigo;
17 - as soldadas e sustento da tripulação, se o navio depois da viagem começada
é obrigado a suspendê-la por ordem de potência estrangeira, ou por superveniência
de guerra; e isto por todo o tempo que o navio e carga forem impedidos;
18 - o prêmio do empréstimo a risco, tomado para fazer face a despesas que
devam entrar na regra de avaria grossa;
19 - o prêmio do seguro das despesas de avaria grossa, e as perdas sofridas na
venda da parte da carga no porto de arribada forçada para fazer face às mesmas
despesas;
20 - as custas judiciais para regular as avarias, e fazer a repartição das avarias
grossas;
21 - as despesas de uma quarentena extraordinária.
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E, em geral, os danos causados deliberadamente em caso de perigo ou desastre
imprevisto, e sofridos como conseqüência imediata destes eventos, bem como as
despesas feitas em iguais circunstâncias, depois de deliberações motivadas (artigo
509), em bem e salvamento comum do navio e mercadorias, desde a sua carga e
partida até o seu retorno e descarga.
Art. 765. Não serão reputadas avarias grossas, posto que feitas voluntariamente e
por deliberações motivadas para o bem do navio e carga, as despesas causadas
por vício interno do navio, ou por falta ou negligência do capitão ou da gente da
tripulação. Todas estas despesas são a cargo do capitão ou do navio (artigo 565).
Art. 766. São avarias simples e particulares:
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Art. 770. Em seguimento da ata da deliberação que se houver tomado para o
alijamento (artigo 509) se fará declaração bem especificada das fazendas lançadas
ao mar; e se pelo ato do alijamento algum dano tiver resultado ao navio ou à carga
remanescente, se fará também menção deste acidente.
Art. 771. As danificações que sofrerem as fazendas postas a bordo de barcos
para a sua condução ordinária, ou para aligeirar o navio em caso de perigo, serão
reguladas pelas disposições estabelecidas neste Capítulo que lhes forem
aplicáveis, segundo as diversas causas de que o dano resultar.
CAPÍTULO II
DA LIQUIDAÇÃO, REPARTIÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DA AVARIA GROSSA
Art. 772. Para que o dano sofrido pelo navio ou carga possa considerar-se avaria
a cargo do segurador, é necessário que ele seja examinado por dois arbitradores
peritos que declarem:
1 - de que procedeu o dano;
2 - a parte da carga que se acha avariada, e por que causa, indicando as suas
marcas, números ou volumes;
3 - tratando-se do navio ou dos seus pertences, quanto valem os objetos avariados,
e em quanto poderá importar o seu conserto ou reposição.
Todas estas diligências, exames e vistorias serão determinadas pelo juiz de direito
do respectivo distrito, e praticada com citação dos interessados, por si ou seus
procuradores; podendo o juiz, no caso de ausência das partes, nomear de ofício
pessoa inteligente e idônea que as represente (artigo 618).
As diligências, exames e vistorias sobre o casco do navio e seus pertences devem
ser praticadas antes de dar-se princípio ao seu conserto, nos casos em que este
possa ter lugar.
Art. 773. Os efeitos avariados serão sempre vendidos em público leilão a quem
mais der, e pagos no ato da arrematação; e o mesmo se praticará com o navio,
quando ele tenha de ser vendido segundo as disposições deste Código; em tais
casos o juiz, se assim lhe parecer conveniente, ou se algum interessado o requerer,
poderá determinar que o casco e cada um dos seus pertences se venda
separadamente.
Art. 774. A estimação do preço para o cálculo da avaria será feita sobre a
diferença entre e respectivo rendimento bruto das fazendas sãs e o das avariadas,
vendidas a dinheiro no tempo da entrega; e em nenhum caso pelo seu rendimento
líquido, nem por aquele que, demorada a venda ou sendo a prazo, poderiam vir a
obter.
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Art. 775. Se o dono ou consignatário não quiser vender a parte das mercadorias
sãs, não pode ser compelido; e o preço para o cálculo será em tal caso o corrente
que as mesmas fazendas, se vendidas fossem ao tempo da entrega, poderiam obter
no mercado, certificado pelos preços correntes do lugar, ou, na falta destes,
atestado, debaixo de juramento por dois comerciantes acreditados de fazendas do
mesmo gênero.
Art. 776. O segurador não é obrigado a pagar mais de dois terços do custo do
conserto das avarias que tiverem acontecido ao navio segurado por fortuna do mar,
contanto que o navio fosse estimado na apólice por seu verdadeiro valor, e os
consertos não excedam de três quartos desse valor no dizer de arbitradores
expertos. Julgando estes, porém, que pelos consertos o valor real do navio se
aumentaria além do terço da soma que custariam, o segurador pagará as despesas,
abatido o excedente valor do navio.
Art. 777. Excedendo as despesas a três quartos do valor do navio, julga-se este
declarado inavegável a respeito dos seguradores; os quais, neste caso, serão
obrigados, não tendo havido abandono, a pagar a soma segurada, abatendo-se
nesta o valor do navio danificado ou dos seus fragmentos, segundo o dizer de
arbitradores expertos.
Art. 778. Tratando-se de avaria particular das mercadorias, e achando-se estas
estimadas na apólice por valor certo, o cálculo do dano será feito sobre o preço que
as mercadorias avariadas alcançarem no porto da entrega e o da venda das não
avariadas no mesmo lugar e tempo, sendo de igual espécie e qualidade, ou se
todas chegaram avariadas, sobre o preço que outras semelhantes não avariadas
alcançaram ou poderiam alcançar; e a diferença, tomada a proporção entre umas e
outras, será a soma devida ao segurado.
Art. 779. Se o valor das mercadorias se não tiver fixado na apólice, a regra para
achar-se a soma devida será a mesma do artigo precedente, contanto que primeiro
se determine o valor das mercadorias não avariadas; o que se fará acrescentando
às importâncias das faturas originais as despesas subseqüentes (artigo 694). E
tomada a diferença proporcional entre o preço por que se venderam as não
avariadas e as avariadas, se aplicará a proporção relativa à parte das fazendas
avariadas pelo seu primeiro custo e despesas.
Art. 780. Contendo a apólice a cláusula de pagar-se avaria por marcas, volumes,
caixas, sacas ou espécies, cada uma das partes designadas será considerada
como um seguro separado para a forma da liquidação das avarias, ainda que essa
parte se ache englobada no valor total do seguro (artigos 689 e 692).
Art. 781. Qualquer parte da carga, sendo objeto suscetível de avaliação separada,
que se perca totalmente, ou que por algum dos riscos cobertos pela respectiva
apólice fique tão danificada que não valha coisa alguma, será indenizada pelo
segurador com perda total, ainda que relativamente ao todo ou à carga segura seja
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parcial, e o valor da parte perdida ou destruída pelo dano se ache incluído, ainda
que indistintamente, no total do seguro.
Art. 782. Se a apólice contiver a cláusula de pagar avarias como perda de
salvados, a diferença para menos do valor fixado na apólice, que resultar da venda
líquida que os gêneros avariados produzirem no lugar onde se venderam, sem
atenção alguma ao produto bruto que tenham no mercado do porto do seu destino,
será a estimação da avaria.
Art. 783. A regulação, repartição ou rateio das avarias grossas serão feitos por
árbitros, nomeados por ambas as partes, a instâncias do capitão.
Não se querendo as partes louvar, a nomeação de árbitros será feita pelo Tribunal
do Comércio respectivo, ou pelo juiz de direito do comércio a que pertencer, nos
lugares distantes do domicílio do mesmo tribunal.
Se o capitão for omisso em fazer efetuar o rateio das avarias grossas, pode a
diligência ser promovida por outra qualquer pessoa que seja interessada.
Art. 784. O capitão tem direito para exigir, antes de abrir as escotilhas do navio,
que os consignatários da carga prestem fiança idônea ao pagamento da avaria
grossa, a que suas respectivas mercadorias forem obrigadas no rateio da
contribuição comum.
Art. 785. Recusando-se os consignatários a prestar a fiança exigida, pode o
capitão requerer o depósito judicial dos efeitos obrigados à contribuição, até ser
pago, ficando o preço da venda sub-rogado, para se efetuar por ele o pagamento da
avaria grossa, logo que o rateio tiver lugar.
Art. 786. A regulação e repartição das avarias grossas deverá fazer-se no porto da
entrega da carga. Todavia, quando, por dano acontecido depois da saída. o navio
for obrigado a regressar ao porto da carga, as despesas necessárias para reparar
os danos da avaria grossa podem ser neste ajustadas.
Art. 787. Liquidando-se as avarias grossas ou comuns no porto da entrega da
carga, hão de contribuir para a sua composição:
1 - a carga, incluindo o dinheiro, prata, ouro, pedras preciosas, e todos os mais
valores que se acharem a bordo;
2 - o navio e seus pertences, pela sua avaliação no porto da descarga, qualquer
que seja o seu estado;
3 - os fretes, por metade do seu valor também.
Não entram para a contribuição o valor dos víveres que existirem a bordo para
mantimento do navio, a bagagem do capitão, tripulação e passageiros, que for do
seu uso pessoal, nem os objetos tirados do mar por mergulhadores à custa do dono.
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Art. 788. Quando a liquidação se fizer no porto da carga, o valor da mesma será
estimado pelas respectivas faturas, aumentando-se ao preço da compra as
despesas até o embarque; e quanto ao navio e frete se observarão as regras
estabelecidas no artigo antecedente.
Art. 789. Quer a liquidação se faça no porto da carga, quer no da descarga,
contribuirão para as avarias grossas as importâncias que forem ressarcidas por via
da respectiva contribuição.
Art. 790. Os objetos carregados sobre o convés (artigos 521 e 677, nº 8), e os que
tiverem sido embarcados sem conhecimento assinado pelo capitão (artigo 599) e os
que o proprietário ou seu representante, na ocasião do risco de mar, tiver mudado
do lugar em que se achavam arrumados sem licença do capitão contribuem pelos
respectivos valores, chegando a salvamento; mas o dono, no segundo caso, não tem
direito para a indenização recíproca, ainda quando fiquem deteriorados, ou tenham
sido alijados a benefício comum.
Art. 791. Salvando-se qualquer coisa em conseqüência de algum ato deliberado
de que resultou avaria grossa, não pode quem sofreu o prejuízo causado por este
ato exigir indenização alguma por contribuição dos objetos salvados, se estes por
algum acidente não chegarem ao poder do dono ou consignatários, ou se, vindo ao
seu poder, não tiverem valor algum; salvo os casos dos artigos 651 e 764, nºs. 12 e
19.
Art. 792. No caso de alijamento, se o navio se tiver salvado do perigo que o
motivou, mas, continuando a viagem, vier a perder-se depois, as fazendas salvas do
segundo perigo são obrigadas a contribuir por avaria grossa para a perda das que
foram alijadas na ocasião do primeiro.
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neste caso o segurador fica sub-rogado em todos os direitos e ações do segurado,
e faz suas todas as vantagens que puderem resultar dos efeitos salvos.
Art. 796. Se, independente de qualquer liquidação ou exame, o segurador se
ajustar em preço certo de indenização, obrigando-se por escrito na apólice, ou de
outra qualquer forma, a pagar dentro de certo prazo, e depois se recusar ao
pagamento, exigindo que o segurado prove satisfatoriamente o valor real do dano,
não será este obrigado à prova, senão no único caso em que o segurador tenha em
tempo reclamado o ajuste por fraude manifesta da parte do mesmo segurado.
PARTE TERCEIRA
DAS QUEBRAS
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Art. 816. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)
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Art. 842. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)
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Art. 868. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)
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Art. 894. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)
TÍTULO ÚNICO
DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA NOS NEGÓCIOS E
CAUSAS COMERCIAIS
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Art. 4º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)
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Art. 30. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)
Carta de Lei, pela qual V.M.I. manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que
houve por bem sancionar, sobre o Código Comercial do Império do Brasil, na forma
acima declarada.
Para Vossa Majestade Imperial ver. Antônio Álvares de Miranda Varejão a fez.
Eusébio de Queirós Coutinho Matoso Câmara.
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Código de Defesa do Consumidor
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990
(DOU 12.09.1990)
O Presidente da República,
TÍTULO I
DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º. O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos artigos 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da
Constituição Federal e artigo 48 de suas Disposições Transitórias.
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço
como destinatário final.
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO
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Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação ao "caput"
dada pela Lei nº 9.008, de 21.03.1995)
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (artigo 170, da
Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;
Art. 5º. Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o Poder
Público com os seguintes instrumentos, entre outros:
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III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de
infrações penais de consumo;
§ 1º. (Vetado).
§ 2º. (Vetado).
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do Juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
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Art. 7º. Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
CAPÍTULO IV
DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS
SEÇÃO I
DA PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA
Art. 8º. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à
saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar
as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que
sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança.
SEÇÃO II
DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
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Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
§ 1º. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
§ 2º. O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido
colocado no mercado.
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de
regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento
danoso.
§ 1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
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III - a época em que foi fornecido.
§ 4º. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação
de culpa.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.
SEÇÃO III
DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
§ 1º. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
§ 3º. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que,
em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade
ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
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§ 4º. Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I, do § 1º, deste artigo, e não sendo
possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo
do disposto nos incisos II e III, do § 1º, deste artigo.
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios;
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
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§ 1º. A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por
conta e risco do fornecedor.
§ 2º. São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente
deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de
prestabilidade.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer
produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de
reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do
fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste
artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na
forma prevista neste Código.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços não o exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso,
vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções anteriores.
§ 2º. Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são
responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.
SEÇÃO IV
DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
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I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma
inequívoca;
II - (Vetado);
§ 3º. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
Art. 27. Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo
a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
SEÇÃO V
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
§ 1º. (Vetado).
§ 5º. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for,
de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
CAPÍTULO V
DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
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SEÇÃO II
DA OFERTA
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma
ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período
razoável de tempo, na forma da lei.
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do
fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação
comercial.
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.
SEÇÃO III
DA PUBLICIDADE
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente,
a identifique como tal.
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§ 1º. É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2º. É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
§ 3º. Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de
informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
§ 4º. (Vetado).
SEÇÃO IV
DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
(Redação dada ao "caput" pela Lei nº 8.884, de 11.06.1994)
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício
de seus direitos;
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IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a
adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis
especiais; (Inciso acrescentado pela Lei nº 8.884, de 11.06.1994)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; (Inciso acrescentado pela Lei nº
8.884, de 11.06.1994);
XII - deixar de estimular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.008, de 21.03.1995)
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as
condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
§ 1º. Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de 10 (dez) dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2º. Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode
ser alterado mediante livre negociação das partes.
SEÇÃO V
DA COBRANÇA DE DÍVIDAS
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem
será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
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Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
SEÇÃO VI
DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no artigo 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele,
bem como sobre as suas respectivas fontes.
§ 2º. A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser
comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
§ 3º. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros poderá exigir
sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, comunicar a
alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
§ 1º. É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer
interessado.
§ 2º. Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e
as do parágrafo único, do artigo 22, deste Código.
CAPÍTULO VI
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
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Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se
não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance.
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
SEÇÃO II
DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
V - (Vetado);
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VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
§ 2º. A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de
sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 3º. (Vetado).
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I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
§ 3º. (Vetado).
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis me-diante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno
direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto
alienado.
§ 1º. (Vetado).
§ 3º. Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente
nacional.
SEÇÃO III
DOS CONTRATOS DE ADESÃO
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
§ 2º. Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2º do artigo anterior.
§ 3º. Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
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§ 4º. As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
§ 5º. (Vetado).
CAPÍTULO VII
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas
respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção,
industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.
§ 2º. (Vetado).
§ 3º. Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com atribuições para
fiscalizar e controlar o mercado de consumo manterão comissões permanentes para elaboração,
revisão e atualização das normas referidas no § 1º, sendo obrigatória a participação dos
consumidores e fornecedores.
§ 4º. Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos fornecedores para que, sob pena de
desobediência, prestem informações sobre questões de interesse do consumidor, resguardado o
segredo industrial.
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em
normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
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X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa;
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por
medida cautelar antecedente ou incidente de procedimento administrativo.
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem
auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento
administrativo nos termos da lei, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985, sendo a infração ou dano de âmbito nacional, ou para os fundos estaduais de
proteção ao consumidor nos demais casos.
Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões
de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (UFIR), ou índice equivalente que venha a
substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de 06.09.1993)
§ 2º. A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato
desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade.
§ 3º. Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não
haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença.
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§ 2º. (Vetado).
§ 3º. (Vetado).
TÍTULO II
DAS INFRAÇÕES PENAIS
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste Código, sem
prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos
seguintes.
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos,
nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:
§ 1º. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas
ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado,
imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou
perigosos, na forma deste artigo.
Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão
corporal e à morte.
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza,
característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços:
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Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor e se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança:
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificada-mente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem
em cadastros, banco de dados, fichas e registros:
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro,
banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
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Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e
com especificação clara de seu conteúdo:
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste Código incide nas
penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou
gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento,
oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de
serviços nas condições por ele proibidas.
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste Código:
IV - quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente
superior à da vítima;
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao
mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ou crime. Na
individualização desta multa, o Juiz observará o disposto no artigo 60, § 1º, do Código Penal.
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou
alternadamente, observado o disposto nos artigos 44 a 47, do Código Penal:
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este Código, será fixado pelo Juiz, ou pela
autoridade que presidir o inquérito, entre 100 (cem) e 200.000 (duzentas mil) vezes o valor do
Bônus do Tesouro Nacional - BTN, ou índice equivalente que venha substituí-lo.
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Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança
poderá ser:
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste Código, bem como a outros
crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes
do Ministério Público, os legitimados indicados no artigo 82, incisos III e IV, aos quais também é
facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.
TÍTULO III
DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida
em Juízo individualmente, ou a título coletivo.
Art. 82. Para os fins do artigo 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(Redação dada ao "caput" pela Lei nº 9.008, de 21.03.1995)
I - o Ministério Público;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, Direta ou Indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos
por este Código;
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IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre seus
fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código, dispensada a
autorização assemblear.
§ 1º. O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo Juiz, nas ações previstas no
artigo 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
§ 2º. (Vetado).
§ 3º. (Vetado).
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o
Juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º. A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o
autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2º. A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (artigo 287 do Código de
Processo Civil).
§ 5º. Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o Juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este Código não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorário de advogados, custas e despesas processuais.
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Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
Art. 88. Na hipótese do artigo 13, parágrafo único, deste Código, a ação de regresso poderá
ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos
autos, vedada a denunciação da lide.
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste Título as normas do Código de Processo Civil e
da Lei nº 7.347, de 24 de junho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que
não contrariar suas disposições.
CAPÍTULO II
DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS
Art. 91. Os legitimados de que trata o artigo 82 poderão propor, em nome próprio e no
interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos
individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela
Lei nº 9.008, de 21.03.1995)
Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça
local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios
de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o artigo 82.
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Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
artigo 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiverem sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada ao "caput" pela
Lei nº 9.008, de 21.03.1995)
§ 1º. A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual
deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.
Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei nº 7.347,
de 24 de julho de 1985, e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo
evento danoso, estas terão preferência no pagamento.
Parágrafo único. Para feito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao
Fundo criado pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de
decisão de segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o
patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das
dívidas.
Art. 100. Decorrido o prazo de 1 (um) ano sem habilitação de interessados em número
compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do artigo 82 promover a liquidação
e execução da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o Fundo criado pela Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985.
CAPÍTULO III
DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E
SERVIÇOS
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Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste Código poderão propor ação visando compelir
o Poder Público competente a proibir, em todo o Território Nacional, a produção, divulgação,
distribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição, estrutura, fórmula ou
acondicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde
pública e à incolumidade pessoal.
§ 1º. (Vetado).
§ 2º. (Vetado).
CAPÍTULO IV
DA COISA JULGADA
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I, do parágrafo único, do artigo 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no
inciso II, do parágrafo único, do artigo 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e
seus sucessores, na hipótese do inciso III, do parágrafo único, do artigo 81.
§ 1º. Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e
direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
§ 3º. Os efeitos da coisa julgada de que cuida o artigo 16, combinado com o artigo 13 da Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos, propostas indivi-dualmente ou na forma prevista neste Código, mas, se
procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos artigos 96 a 99.
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e Ii, do parágrafo único, do artigo 81, não
induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou
ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das
ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
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TÍTULO IV
DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa ao Consumidor - SNDC os órgãos federais,
estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.
III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias;
VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa que
violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;
X - (Vetado).
XI - (Vetado).
XII - (Vetado).
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TÍTULO V
DA CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
§ 3º. Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data
posterior ao registro do instrumento.
TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV, ao artigo 1º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985:
"IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo."
Art. 111. O inciso II, do artigo 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a
seguinte redação:
"II - inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao
consumidor, ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer
outro interesse difuso ou coletivo."
Art. 112. O § 3º, do artigo 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte
redação:
"§ 3º. Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa."
Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4º, 5º e 6º, ao artigo 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985:"§ 4º. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo Juiz, quando
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.
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§ 5º. Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito
Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.
Art. 114. O artigo 15 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação:
" Art. 15. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória,
sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
facultada igual iniciativa aos demais legitimados."
Art. 115. Suprima-se o caput, do artigo 17, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985,
passando o parágrafo único a constituir o caput, com a seguinte redação:
" Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a danos."
Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao artigo 18 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985:
" Art. 18. Nas ações de que trata esta Lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da
associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas
processuais."
Art. 118. Este Código entrará em vigor dentro de 180 (cento e oitenta) dias a contar de sua
publicação.
Bernardo Cabral.
Ozires Silva.
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Código Eleitoral
LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965
(DOU 19.07.1965)
PARTE PRIMEIRA
Art. 1º. Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de
direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução.
Art. 2º. Todo poder emana do povo e será exercido, em seu nome, por mandatários
escolhidos, direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos políticos nacionais,
ressalvada a eleição indireta nos casos previstos na Constituição e leis específicas.
Art. 3º. Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo eletivo, respeitadas as
condições constitucionais e legais de elegibilidade e incompatibilidade.
Art. 4º. São eleitores os brasileiros maiores de 18 (dezoito) anos que se alistarem na forma da
lei.
I - os analfabetos;
Parágrafo único. Os militares são alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-
marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior
para formação de oficiais.
Art. 6º. O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de um e outro sexo, salvo:
I - quanto ao alistamento:
a) os inválidos;
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c) os que se encontrem fora do País;
II - quanto ao voto:
a) os enfermos;
Art. 7º. O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até trinta dias
após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por cento sobre o salário mínimo da
região, imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista no artigo 367. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 1º. Sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se
justificou devidamente, não poderá o eleitor:
VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.
§ 3º. Realizado o alistamento eleitoral pelo processo eletrônico de dados, será cancelada a
inscrição do eleitor que não votar em 3 (três) eleições consecutivas, não pagar a multa ou não se
justificar no prazo de 6 (seis) meses, a contar da data da última eleição a que deveria ter
comparecido. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.663, de 27.05.1988)
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Art. 8º. O brasileiro nato que não se alistar até os 19 (dezenove) anos ou o naturalizado que
não se alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá na multa de três
a dez por cento sobre o valor do salário mínimo da região, imposta pelo juiz e cobrada no ato da
inscrição eleitoral através de selo federal inutilizado no próprio requerimento. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Parágrafo único. Não se aplicará a pena ao não alistado que requerer sua inscrição eleitoral até
o centésimo primeiro dia anterior à eleição subseqüente à data em que completar dezenove anos.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.041, de 09.05.1995)
Art. 9º. Os responsáveis pela inobservância do disposto nos artigos 7 e 8 incorrerão na multa
de 1 (um) a 3 (três) salários mínimos vigentes na zona eleitoral ou de suspensão disciplinar até 30
(trinta) dias.
Art. 10. O juiz eleitoral fornecerá aos que não votarem por motivo justificado e aos não
alistados nos termos dos artigos 5 e 6, número I, documento que os isente das sanções legais.
Art. 11. O eleitor que não votar e não pagar a multa, se se encontrar fora de sua zona e
necessitar documento de quitação com a Justiça Eleitoral, poderá efetuar o pagamento perante o
Juízo da zona em que estiver.
§ 1º. A multa será cobrada no máximo previsto, salvo se o eleitor quiser aguardar que o Juiz da
zona em que se encontrar solicite informações sobre o arbitramento ao Juízo da inscrição.
§ 2º. Em qualquer das hipóteses, efetuado o pagamento através de selos federais inutilizados no
próprio requerimento, o juiz que recolheu a multa comunicará o fato ao da zona de inscrição e
fornecerá ao requerente comprovante do pagamento.
PARTE SEGUNDA
Dos Órgãos da Justiça Eleitoral
I - o Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o país;
IV - juízes eleitorais.
Art. 13. O número de juízes dos Tribunais Regionais não será reduzido, mas poderá ser
elevado até nove, mediante proposta do Tribunal Superior, e na forma por ele sugerida.
Art. 14. Os juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente
por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
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§ 1º. Os biênios serão contados, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento,
nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial, salvo no caso do § 3º.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. Os juízes afastados por motivo de licença, férias e licença especial, de suas funções na
Justiça comum, ficarão automaticamente afastados da Justiça Eleitoral pelo tempo
correspondente, exceto quando, com períodos de férias coletivas, coincidir a realização de
eleição, apuração ou encerramento de alistamento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)
§ 3º. Da homologação da respectiva convenção partidária, até a apuração final da eleição, não
poderão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge, parente
consangüíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo
registrado na circunscrição. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 15. Os substitutos dos membros efetivos dos Tribunais Eleitorais serão escolhidos, na
mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.
TÍTULO I
Do Tribunal Superior
II - por nomeação do Presidente da República de dois dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
§ 1º. Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si
parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo,
excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último,
§ 2º. A nomeação de que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que ocupe
cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de
empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a
administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.191, de 04.06.1984)
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Art. 17. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá para seu presidente um dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, cabendo ao outro a vice presidência, e para Corregedor Geral da
Justiça Eleitoral um dos seus membros.
§ 1º. As atribuições do Corregedor Geral serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 18. Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, o
Procurador Geral da República, funcionando, em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal.
Parágrafo único. O Procurador Geral poderá designar outros membros do Ministério Público
da União, com exercício no Distrito Federal, e sem prejuízo das respectivas funções, para auxiliá-
lo junto ao Tribunal Superior Eleitoral, onde não poderão ter assento.
Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença
da maioria de seus membros.
Art. 20. Perante o Tribunal Superior, qualquer interessado poderá argüir a suspeição ou
impedimento dos seus membros, do Procurador Geral ou de funcionários de sua secretaria, nos
casos previstos na lei processual civil ou penal e por motivo de parcialidade partidária, mediante o
processo previsto em regimento.
Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição quando o excipiente a provocar ou, depois de
manifestada a causa, praticar ato que importe aceitação do argüido.
Art. 21. Os Tribunais e juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões,
mandados, instruções e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral.
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I - processar e julgar originariamente:
d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios
juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua
contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta
dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte
legitimamente interessada; (Redação dada à alínea pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
i) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias a contar da
conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos. (Alínea acrescentada pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)
j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo de cento
e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu
trânsito em julgado. (Alínea acrescentada pela Lei Complementar nº 86, de 14.05.1996)
II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do artigo
276, inclusive os que versarem matéria administrativa.
Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do artigo
281.
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II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a
criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos,
provendo-os na forma da lei;
III - conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do exercício dos
cargos efetivos;
IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos Tribunais Regionais
Eleitorais;
VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice Presidente da República, senadores e
deputados federais, quando não o tiverem sido por lei;
VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas;
XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos
termos do artigo 25;
XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;
XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa
providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;
XIV - requisitar força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou
das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
XVI - requisitar funcionário da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional
do serviço de sua Secretaria;
XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação
eleitoral.
Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público Eleitoral:
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I - assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões;
II - exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de competência originária
do Tribunal;
VI - representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especialmente quanto à
sua aplicação uniforme em todo o País;
VIII - expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais;
TÍTULO II
Dos Tribunais Regionais
II - do juiz federal e, havendo mais de um, do que for escolhido pelo Tribunal Federal de
Recursos; e
III - por nomeação do Presidente da República de dois dentre seis cidadãos de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.191, de 04.06.1984)
Art. 26. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional serão eleitos por este, dentre
os 3 (três) desembargadores do Tribunal de Justiça; o terceiro desembargador será o Corregedor
Regional da Justiça Eleitoral.
§ 1º. As atribuições do Corregedor Regional serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e,
em caráter supletivo ou complementar, pelo Tribunal Regional Eleitoral perante o qual servir.
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§ 2º. No desempenho de suas atribuições o Corregedor Regional se locomoverá para as zonas
eleitorais nos seguintes casos:
Art. 27. Servirá como Procurador Regional junto a cada Tribunal Regional Eleitoral o
Procurador da República no respectivo Estado e, onde houver mais de um, aquele que for
designado pelo Procurador Geral da República.
§ 1º. No Distrito Federal, serão as funções de Procurador Regional Eleitoral exercidas pelo
Procurador Geral da Justiça do Distrito Federal.
§ 2º. Substituirá o Procurador Regional, em suas faltas ou impedimentos, o seu substituto legal.
§ 3º. Compete aos Procuradores Regionais exercer, perante os Tribunais junto aos quais
servirem, as atribuições do Procurador Geral.
Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a
presença da maioria de seus membros.
§ 1º. No caso de impedimento e não existindo quorum será o membro do Tribunal substituído
por outro da mesma categoria, designado na forma prevista na Constituição.
§ 2º. Perante o Tribunal Regional, e com recurso voluntário para o Tribunal Superior qualquer
interessado poderá argüir a suspeição dos seus membros, do Procurador Regional, ou de
funcionários da sua Secretaria, assim como dos juízes e escrivães eleitorais, nos casos previstos
na lei processual civil e por motivo de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em
regimento.
§ 3º. No caso previsto no parágrafo anterior será observado o disposto no parágrafo único do
artigo 20. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
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b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado;
f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua
contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;
g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juízes eleitorais em trinta dias da
sua conclusão para julgamento, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte
legitimamente interessada, sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. (Redação
dada à alínea pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado
de segurança.
Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do
artigo 276.
III - conceder aos seus membros e aos juízes eleitorais licença e férias, assim como afastamento
do exercício dos cargos efetivos, submetendo, quanto àqueles, a decisão à aprovação do
Tribunal Superior Eleitoral;
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VI - indicar ao Tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos
deva ser feita pela mesa receptora;
VII - apurar, com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das
eleições de Governador e Vice Governador, de membros do Congresso Nacional e expedir os
respectivos diplomas, remetendo, dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao
Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos;
VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político;
IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim como
a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;
X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania eleitoral
durante o biênio;
XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente e, no interior,
aos juízes eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem
os escrivães eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço;
XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos juízes
eleitorais;
XIX - suprimir os mapas parciais de apuração, mandando utilizar apenas os boletins e os mapas
totalizadores, desde que o menor número de candidatos às eleições proporcionais justifique a
supressão, observadas as seguintes normas:
a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao Tribunal Regional que suprima a exigência
dos mapas parciais de apuração;
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c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses antes da data da
eleição;
e) o Tribunal Regional ouvirá os partidos na elaboração dos modelos dos boletins e mapas de
apuração a fim de que estes atendam às peculiaridades locais, encaminhando os modelos que
aprovar, acompanhados das sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do
Tribunal Superior. (Inciso acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 31. Faltando num Território o Tribunal Regional, ficará a respectiva circunscrição eleitoral
sob a jurisdição do Tribunal Regional que o Tribunal Superior designar.
TÍTULO III
Dos Juízes Eleitorais
Art. 32. Cabe a Jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo
exercício e, na falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do artigo 95 da
Constituição.
Parágrafo único. Onde houver mais de uma vara o Tribunal Regional designará aquela ou
aquelas, a que incumbe o serviço eleitoral.
Art. 33. Nas zonas eleitorais onde houver mais de uma serventia de justiça, o juiz indicará ao
Tribunal Regional a que deve ter o anexo da escrivania eleitoral pelo prazo de 2 (dois) anos.
§ 1º. Não poderá servir como escrivão eleitoral, sob pena de demissão, o membro de diretório
de partido político, nem o candidato a cargo eletivo, seu cônjuge e parente consangüíneo ou afim
até o segundo grau.
§ 2º. O escrivão eleitoral, em suas faltas e impedimentos, será substituído na forma prevista pela
lei de organização judiciária local.
Art. 34. Os juízes despacharão todos os dias na sede da sua zona eleitoral.
II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a
competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;
III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa
competência não esteja atribuída privativamente à instância superior;
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V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito,
reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;
VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo
da escrivania eleitoral;
XI - mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa
à mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação;
XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e
comunicá-los ao Tribunal Regional;
XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições, os locais das seções;
XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo
menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;
XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras;
XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições;
XVIII - fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por
dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;
XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte à realização da eleição, ao Tribunal Regional
e aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votaram em cada uma das
seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona.
TÍTULO IV
Das Juntas Eleitorais
Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2
(dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.
dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem
cumpre também designar-lhes a sede.
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§ 2º. Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as
Juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3
(três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações.
§ 3º. Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:
I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge;
Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de juízes de direito
que gozem das garantias do artigo 95 da Constituição, mesmo que não sejam juízes eleitorais.
Parágrafo único. Nas zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou quando
estiver vago o cargo de juiz eleitoral ou estiver este impedido, o presidente do Tribunal Regional,
com a aprovação deste, designará juízes de direito da mesma ou de outras comarcas para
presidirem as juntes eleitorais.
Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade,
escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender à boa marcha dos trabalhos.
§ 1º. É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas a apurar.
§ 3º. Além dos secretários a que se refere o parágrafo anterior, será designado pelo presidente
da Junta um escrutinador para secretário-geral competindo-lhe:
I - lavrar as atas;
Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o presidente da Junta comunicará ao Presidente do
Tribunal Regional as nomeações que houver feito e divulgará a composição do órgão por edital
publicado ou afixado, podendo qualquer partido oferecer impugnação motivada no prazo de 3
(três) dias.
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I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição;
Parágrafo único. Nos municípios onde houver mais de uma junta eleitoral a expedição dos
diplomas será feita pela que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo, à qual as demais enviarão
os documentos da eleição.
Art. 41. Nas zonas eleitorais em que for autorizada a contagem prévia dos votos pelas mesas
receptoras, compete à Junta Eleitoral tomar as providências mencionadas no artigo 195.
PARTE TERCEIRA
Do Alistamento
TÍTULO I
Da Qualificação e Inscrição
Art. 44. O requerimento, acompanhado de 3 (três) retratos, será instruído com um dos
seguintes documentos, que não poderão ser supridos mediante justificação:
I - carteira de identidade expedida pelo órgão competente do Distrito Federal ou dos Estados;
IV - instrumento público do qual se infira, por direito, ter o requerente idade superior a dezoito
anos e do qual conste, também, os demais elementos necessários à sua qualificação;
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Parágrafo único. Será devolvido o requerimento que não contenha os dados constantes do
modelo oficial, na mesma ordem, e em caracteres inequívocos.
§ 1º. O requerimento será submetido ao despacho do juiz nas 48 (quarenta e oito) horas
seguintes.
§ 2º. Poderá o juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro
requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para que o alistando esclareça
ou complete a prova ou, se for necessário, compareça pessoalmente à sua presença.
§ 3º. Se se tratar de qualquer omissão ou irregularidade que possa ser sanada, fixará o juiz para
isso prazo razoável.
§ 4º. Deferido o pedido, no prazo de cinco dias, o título e o documento que instruiu o pedido
serão entregues pelo juiz, escrivão, funcionário ou preparador. A entrega far-se-á ao próprio
eleitor, mediante recibo, ou a quem o eleitor autorizar por escrito o recebimento, cancelando-se o
título cuja assinatura não for idêntica à do requerimento de inscrição e à do recibo.
O recibo será obrigatoriamente anexado ao processo eleitoral, incorrendo o juiz que não o fizer
na multa de um a cinco salários mínimos regionais, na qual incorrerão ainda o escrivão,
funcionário ou preparador, se responsáveis, bem como qualquer deles, se entregarem ao eleitor o
título cuja assinatura não for idêntica à do requerimento de inscrição e do recibo ou o fizerem a
pessoa não autorizada por escrito. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)
§ 5º. A restituição de qualquer documento não poderá ser feita antes de despachado o pedido
de alistamento pelo juiz eleitoral.
§ 6º. Quinzenalmente o juiz eleitoral fará publicar pela imprensa, onde houver, ou por editais, a
lista dos pedidos de inscrição, mencionando os deferidos, os indeferidos e os convertidos em
diligência, contando-se dessa publicação o prazo para os recursos a que se refere o parágrafo
seguinte.
§ 7º. Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição caberá recurso interposto pelo
alistando e do que o deferir poderá recorrer qualquer delegado de partido.
§ 8º. Os recursos referidos no parágrafo anterior serão julgados pelo Tribunal Regional Eleitoral
dentro de 5 (cinco) dias.
§ 9º. Findo esse prazo, sem que o alistando se manifeste, ou logo que seja desprovido o
recurso em instância superior, o juiz inutilizará a folha individual de votação assinada pelo
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requerente, a qual ficará fazendo parte integrante do processo e não poderá, em qualquer tempo,
ser substituída, nem dele retirada, sob pena de incorrer o responsável nas sanções previstas no
artigo 293.
§ 11. O título eleitoral e a folha individual de votação somente serão assinados pelo juiz eleitoral
depois de preenchidos pelo cartório e de deferido o pedido, sob as penas do artigo 293.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 12. É obrigatória a remessa ao Tribunal Regional da ficha do eleitor, após a expedição do seu
título. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 46. As folhas individuais de votação e os títulos serão confeccionados de acordo com o
modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
§ 1º. Da folha individual de votação e do título eleitoral constará a indicação da seção em que o
eleitor tiver sido inscrito a qual será localizada dentro do distrito judiciário ou administrativo de
sua residência e o mais próximo dela, considerados a distância e os meios de transporte.
§ 2º. As folhas individuais de votação serão conservadas em pastas, uma para cada seção
eleitoral; remetidas, por ocasião das eleições, às mesas receptoras, serão por estas encaminhadas
com a urna e os demais documentos da eleição às Juntas Eleitorais, que as devolverão, findos os
trabalhos da apuração, ao respectivo cartório, onde ficarão guardadas.
§ 3º. O eleitor ficará vinculado permanentemente à seção eleitoral indicada no seu título, salvo:
II - se, até 100 (cem) dias antes da eleição, provar, perante o Juiz Eleitoral, que mudou de
residência dentro do mesmo Município, de um distrito para outro ou para lugar muito distante da
seção em que se acha inscrito, caso em que serão feitas na folha de votação e no título eleitoral,
para esse fim exibido, as alterações correspondentes, devidamente autenticadas pela autoridade
judiciária.
§ 4º. O eleitor poderá, a qualquer tempo, requerer ao juiz eleitoral o retificação de seu título
eleitoral ou de sua folha individual de votação, quando neles constar erro evidente, ou indicação
de seção diferente daquela a que devesse corresponder a residência indicada no pedido de
inscrição ou transferência. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 5º. O título eleitoral servirá de prova de que o eleitor está inscrito na seção em que deve votar.
E, uma vez datado e assinado pelo presidente da mesa receptora, servirá também de prova de
haver o eleitor votado. (Antigo parágrafo 4º renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
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Art. 47. As certidões de nascimento ou casamento, quando destinadas ao alistamento eleitoral,
serão fornecidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos apresentados em cartório pelos
alistandos ou delegados de partido.
§ 1º. Os cartórios de Registro Civil farão, ainda, gratuitamente, o registro de nascimento, visando
o fornecimento de certidão aos alistandos, desde que provem carência de recursos, ou aos
Delegados de Partido, para fins eleitorais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.018, de
02.01.1974)
§ 2º. Em cada Cartório de Registro Civil haverá um livro especial, aberto e rubricado pelo Juiz
Eleitoral, onde o cidadão, ou o delegado de partido deixará expresso o pedido de certidão para
fins eleitorais, datando-o. (Antigo parágrafo 1º acrescentado pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966 e renumerado pela Lei nº 6.018, de 02.01.1974)
§ 3º. O escrivão, dentro de quinze dias da data do pedido, concederá a certidão, ou justificará,
perante o Juiz Eleitoral, por que deixa de fazê-lo. (Antigo parágrafo 2º acrescentado pela Lei
nº 4.961, de 04.05.1966 e renumerado pela Lei nº 6.018, de 02.01.1974)
§ 4º. A infração ao disposto neste artigo sujeitará o escrivão às penas do artigo 293. (Antigo
parágrafo 3º acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966 e renumerado pela Lei nº
6.018, de 02.01.1974)
Art. 48. O empregado mediante comunicação com 48 (quarenta e oito) horas de antecedência,
poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário e por tempo não excedente a 2
(dois) dias, para o fim de se alistar eleitor ou requerer transferência.
Art. 49. Os cegos alfabetizados pelo sistema "Braille", que reunirem as demais condições de
alistamento, podem qualificar-se mediante o preenchimento da fórmula impressa e a aposição do
nome com as letras do referido alfabeto.
§ 1º. De forma idêntica serão assinadas a folha individual de votação e as vias do título.
Art. 50. O juiz eleitoral providenciará para que se proceda ao alistamento nas próprias sedes
dos estabelecimentos de proteção aos cegos, marcando, previamente, dia e hora para tal fim,
podendo se inscrever na zona eleitoral correspondente todos os cegos do município.
§ 1º. Os eleitores inscritos em tais condições deverão ser localizados em uma mesma seção da
respectiva zona.
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§ 2º. Se no alistamento realizado pela forma prevista nos artigos anteriores, o número de
eleitores não alcançar o mínimo exigido, este se completará com a inclusão de outros ainda que
não sejam cegos.
CAPÍTULO I
Da Segunda Via
Art. 52. No caso de perda ou extravio de seu título, requererá o eleitor ao juiz do seu domicílio
eleitoral, até 10 (dez) dias antes da eleição, que lhe expeça segunda via.
§ 1º. O pedido de segunda via será apresentado em cartório, pessoalmente, pelo eleitor,
instruído o requerimento, no caso de inutilização ou dilaceração, com a primeira via do título.
§ 2º. No caso de perda ou extravio do título, o juiz, após receber o requerimento de segunda
via, fará publicar, pelo prazo de 5 (cinco) dias, pela imprensa, onde houver, ou por editais, a
notícia do extravio ou perda e do requerimento de segunda via, deferindo o pedido, findo este
prazo, se não houver impugnação.
Art. 53. Se o eleitor estiver fora do seu domicílio eleitoral poderá requerer a segunda via ao juiz
da zona em que se encontrar, esclarecendo se vai recebê-la na sua zona ou na em que requereu.
§ 2º. Antes de processar o pedido, na forma prevista no artigo anterior, o juiz determinará que
se confira a assinatura constante do novo título com a da folha individual de votação ou do
requerimento de inscrição.
§ 3º. Deferido o pedido, o título será enviado ao juiz da Zona que remeteu o requerimento,
caso o eleitor haja solicitado essa providência, ou ficará em cartório aguardando que o
interessado o procure.
§ 4º. O pedido de segunda via formulado nos termos deste artigo só poderá ser recebido até 60
(sessenta) dias antes do pleito.
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Art. 54. O requerimento de segunda via, em qualquer das hipóteses, deverá ser assinado sobre
selos federais, correspondentes a 2% (dois por cento) do salário mínimo da zona eleitoral de
inscrição.
Parágrafo único. Somente será expedida segunda via ao eleitor que estiver quite com a Justiça
Eleitoral, exigindo-se, para o que foi multado e ainda não liquidou dívida, o prévio pagamento,
através de selo federal inutilizado nos autos.
CAPÍTULO II
Da Transferência
Art. 55. Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao juiz do novo domicílio
sua transferência, juntando o título anterior.
I - entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio até 100 (cem) dias antes da
data da eleição;
III - residência mínima de 3 (três) meses no novo domicílio, atestada pela autoridade policial ou
provada por outros meios convincentes.
§ 2º. O disposto nos incisos II e III do parágrafo anterior não se aplica quando se tratar de
transferência de título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua
família, por motivo de remoção ou transferência. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)
Art. 56. No caso de perda ou extravio do título anterior declarado esse fato na petição de
transferência, o juiz do novo domicílio, como ato preliminar, requisitará, por telegrama, a
confirmação do alegado à Zona Eleitoral onde o requerente se achava inscrito.
§ 1º. O Juiz do antigo domicílio, no prazo de 5 (cinco) dias, responderá por ofício ou
telegrama, esclarecendo se o interessado é realmente eleitor, se a inscrição está em vigor, e,
ainda, qual o número e a data da inscrição respectiva.
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§ 1º. Certificado o cumprimento do disposto neste artigo, o pedido deverá ser desde logo
decidido, devendo o despacho do juiz ser publicado pela mesma forma. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. Poderá recorrer para o Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de 3 (três) dias, o eleitor que
pediu a transferência, sendo-lhe a mesma negada, ou qualquer delegado de partido, quando o
pedido for deferido.
§ 3º. Dentro de 5 (cinco) dias, o Tribunal Regional Eleitoral decidirá do recurso interposto nos
termos do parágrafo anterior.
§ 4º. Só será expedido o novo título decorridos os prazos previstos neste artigo e respectivos
parágrafos.
Art. 58. Expedido o novo título o juiz comunicará a transferência ao Tribunal Regional
competente, no prazo de 10 (dez) dias, enviando-lhe o título eleitoral, se houver, ou documento a
que se refere o § 1º do artigo 56.
§ 2º. Na nova folha individual de votação ficará consignado, na coluna destinada a "anotações",
que a inscrição foi obtida por transferência, e, de acordo com os elementos constantes do título
primitivo, qual o último pleito em que o eleitor transferido votou.
III - comunicará o cancelamento ao Tribunal Regional a que estiver subordinado, que fará a
devida anotação na ficha de seus arquivos;
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IV - se o eleitor havia assinado ficha de registro de partido, comunicará ao juiz do novo
domicílio e, ainda, ao Tribunal Regional, se a transferência foi concedida para outro Estado.
Art. 60. O eleitor transferido não poderá votar no novo domicílio eleitoral em eleição
suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência.
Art. 61. Somente será concedida transferência ao eleitor que estiver quite com a Justiça
Eleitoral.
§ 1º. Se o requerente não instruir o pedido de transferência com o título anterior, o juiz do novo
domicílio, ao solicitar informação ao da zona de origem, indagará se a eleitor está quite com a
Justiça Eleitoral, ou não o estando, qual a importância da multa imposta e não paga.
§ 2º. Instruído o pedido com o título, e verificado que o eleitor não votou em eleição anterior, o
juiz do novo domicílio solicitará informações sobre o valor da multa arbitrada na zona de origem,
salvo se o eleitor não quiser aguardar a resposta, hipótese em que pagará o máximo previsto.
§ 3º. O pagamento da multa, em qualquer das hipóteses dos parágrafos anteriores, será
comunicado ao juízo de origem para as necessárias anotações.
CAPÍTULO III
Dos Preparadores
CAPÍTULO IV
Dos Delegados de Partido Perante o Alistamento
§ 1º. Perante o juízo eleitoral, cada partido poderá nomear 3 (três) delegados.
§ 2º. Perante os preparadores, cada partido poderá nomear até 2 (dois) delegados, que
assistam e fiscalizem os seus atos.
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§ 3º. Os delegados a que se refere este artigo serão registrados perante os juízes eleitorais, a
requerimento do presidente do Diretório Municipal.
§ 4º. O delegado credenciado junto ao Tribunal Regional Eleitoral poderá representar o partido
junto a qualquer juízo ou preparador do Estado, assim como o delegado credenciado perante o
Tribunal Superior Eleitoral poderá representar o partido perante qualquer Tribunal Regional, juízo
ou preparador.
Art. 67. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou a transferência será recebido dentro
dos 100 (cem) dias anteriores à data da eleição.
CAPÍTULO V
Do Encerramento do Alistamento
Art. 68. Em audiência pública, que se realizará às 14 (quatorze) horas do 69º (sexagésimo
nono) dia anterior à eleição, o juiz eleitoral declarará encerrada a inscrição de eleitores na
respectiva zona e proclamará o número dos inscritos até às 18 (dezoito) horas do dia anterior, o
que comunicará incontinenti ao Tribunal Regional Eleitoral, por telegrama, e fará público em
edital, imediatamente afixado no lugar próprio do juízo e divulgado pela imprensa, onde houver,
declarando nele o nome do último eleitor inscrito e o número do respectivo título, fornecendo aos
diretórios municipais dos partidos cópia autêntica desse edital.
§ 1º. Na mesma data será encerrada a transferência de eleitores, devendo constar do telegrama
do juiz eleitoral ao Tribunal Regional Eleitoral, do edital e da cópia deste fornecida aos diretórios
municipais dos partidos e da publicação da imprensa, os nomes dos 10 (dez) últimos eleitores,
cujos processos de transferência estejam definitivamente ultimados e o números dos respectivos
títulos eleitorais.
Art. 69. Os títulos eleitorais resultantes dos pedidos de inscrição ou de transferência serão
entregues até 30 (trinta) dias antes da eleição.
Parágrafo único. A segunda via poderá ser entregue ao eleitor até a véspera do pleito.
Art. 70. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo que estejam concluídos os trabalhos de
sua junta eleitoral.
TÍTULO II
Do Cancelamento e da Exclusão
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II - a suspensão ou perda dos direitos políticos;
IV - o falecimento do eleitor;
V - deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas. (Redação dada ao inciso pela Lei nº
7.663, de 27.05.1988)
§ 1º. A ocorrência de qualquer das causas enumeradas neste artigo acarretará a exclusão do
eleitor, que poderá ser promovida ex officio, a requerimento de delegado de partido ou de
qualquer eleitor.
§ 2º. No caso de ser algum cidadão maior de 18 (dezoito) anos privado temporária ou
definitivamente dos direitos políticos, a autoridade que impuser essa pena providenciará para que
o fato seja comunicado ao juiz eleitoral ou ao Tribunal Regional da circunscrição em que residir o
réu.
§ 3º. Os oficiais de Registro Civil, sob as penas do artigo 293, enviarão, até o dia 15 (quinze)
de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadãos
alistáveis, ocorridos no mês anterior, para cancelamento das inscrições.
§ 4º. Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona ou município,
o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correição e, provada a fraude em
proporção comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado, obedecidas as Instruções do
Tribunal Superior e as recomendações que, subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de
ofício das inscrições correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 72. Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente.
Parágrafo único. Tratando-se de inscrições contra as quais hajam sido interpostos recursos das
decisões que as deferiram, desde que tais recursos venham a ser providos pelo Tribunal Regional
ou Tribunal Superior, serão nulos os votos se o seu número for suficiente para alterar qualquer
representação partidária ou classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário.
Art. 73. No caso de exclusão, a defesa pode ser feita pelo interessado, por outro eleitor ou por
delegado de partido.
Art. 74. A exclusão será mandada processar ex officio pelo juiz eleitoral, sempre que tiver
conhecimento de alguma das causas do cancelamento.
Art. 75. O Tribunal Regional, tomando conhecimento através de seu fichário, da inscrição do
mesmo eleitor em mais de uma zona sob sua jurisdição, comunicará o fato ao juiz competente
para o cancelamento, que de preferência deverá recair:
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I - na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral;
III - naquela cujo título não haja sido utilizado para o exercício do voto na última eleição;
IV - na mais antiga.
Art. 76. Qualquer irregularidade determinante de exclusão será comunicada por escrito e por
iniciativa de qualquer interessado ao juiz eleitoral, que observará o processo estabelecido no
artigo seguinte.
II - fará publicar edital com prazo de 10 (dez) dias para ciência dos interessados, que poderão
contestar dentro de 5 (cinco) dias;
I - retirará, da respectiva pasta, a folha de votação, registrará a ocorrência no local próprio para
"Anotações" e junta-la-á ao processo de cancelamento;
Art. 79. No caso de exclusão por falecimento, tratando-se de caso notório, serão dispensadas
as formalidades previstas nos números II e III do artigo 77.
Art. 80. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 (três) dias, para o Tribunal
Regional, interposto pelo excluendo ou por delegado de partido.
Art. 81. Cessada a causa do cancelamento, poderá o interessado requerer novamente a sua
qualificação e inscrição.
PARTE QUARTA
Das Eleições
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TÍTULO I
Do Sistema Eleitoral
Art. 83. Na eleição direta para o Senado Federal, para Prefeito e Vice-Prefeito, adotar-se-á o
princípio majoritário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.534, de 26.05.1978)
Art. 84. A eleição para a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras
Municipais, obedecerá ao princípio da representação proporcional na forma desta Lei.
Art. 85. A eleição para deputados federais, senadores e suplentes, presidente e vice-presidente
da República, governadores, vice-governadores e deputados estaduais far-se-á, simultaneamente,
em todo o País.
Art. 86. Nas eleições presidenciais a circunscrição será o País; nas eleições federais e
estaduais, o Estado; e, nas municipais, o respectivo município.
CAPÍTULO I
Do Registro dos Candidatos
Art. 87. Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados por partidos.
Parágrafo único. Nenhum registro será admitido fora do período de 6 (seis) meses antes da
eleição.
Art. 88. Não é permitido registro de candidato embora para cargos diferentes, por mais de uma
circunscrição ou para mais de um cargo na mesma circunscrição.
Parágrafo único. Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional o candidato deverá ser
filiado ao partido, na circunscrição em que concorrer, pelo tempo que for fixado nos respectivos
estatutos.
III - nos Juízos Eleitorais os candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito e juiz de paz.
Art. 90. Somente poderão inscrever candidatos os partidos que possuam diretório devidamente
registrado na circunscrição em que se realizar a eleição.
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§ 1º. O registro de candidatos a senador far-se-á com o do suplente partidário.
§ 1º. Até o 70º (septuagésimo) dia anterior à data marcada para a eleição, todos os
requerimentos devem estar julgados, inclusive os que tiverem sido impugnados.
§ 2º. As convenções partidárias para a escolha dos candidatos serão realizadas, no máximo, até
10 (dez) dias antes do término do prazo do pedido de registro no Cartório Eleitoral ou na
Secretaria do Tribunal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.978, de 19.01.1982.)
Art. 94. O registro pode ser promovido por delegado de partido, autorizado em documento
autêntico, inclusive telegrama de quem responda pela direção partidária e sempre com assinatura
reconhecida por tabelião.
I - com a cópia autêntica da ata da convenção que houver feito a escolha do candidato, a qual
deverá ser conferida com o original na Secretaria do Tribunal ou no cartório eleitoral;
III - com certidão fornecida pelo cartório eleitoral da zona de inscrição, em que conste que o
registrando é eleitor;
V - com folha corrida fornecida pelos cartórios competentes, para que se verifique se o
candidato está no gozo dos direitos políticos (artigos 132, III e 135 da Constituição Federal);
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. A autorização do candidato pode ser dirigida diretamente ao órgão ou juiz competente
para o registro.
Art. 95. O candidato poderá ser registrado sem o prenome, ou com o nome abreviado, desde
que a supressão não estabeleça dúvida quanto à sua identidade.
Art. 96. Será negado o registro a candidato que, pública ou ostensivamente, faça parte, ou seja
adepto de partido político cujo registro tenha sido cassado com fundamento no artigo 141, § 13,
da Constituição Federal.
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Art. 97. Protocolado o requerimento de registro, o presidente do Tribunal ou o juiz eleitoral, no
caso de eleição municipal ou distrital, fará publicar imediatamente edital para ciência dos
interessados.
§ 1º. O edital será publicado na Imprensa Oficial, nas capitais, e afixado em cartório, no local
de costume, nas demais zonas.
§ 4º. Havendo impugnação, o partido requerente do registro terá vista dos autos, por 2 (dois)
dias, para falar sobre a mesma, feita a respectiva intimação na forma do § 1º.
I - o militar que tiver menos de 5 (cinco) anos de serviço será, ao se candidatar a cargo eletivo,
excluído do serviço ativo;
III - o militar não excluído e que vier a ser eleito, será, no ato da diplomação, transferido para a
reserva ou reformado (Emenda Constitucional número 9, artigo 3).
Parágrafo único. O juízo ou Tribunal que deferir o registro de militar candidato a cargo eletivo,
comunicará imediatamente a decisão à autoridade a que o mesmo estiver subordinado, cabendo
igual obrigação ao Partido, quando lançar a candidatura.
Art. 99. Nas eleições majoritárias poderá qualquer partido registrar na mesma circunscrição
candidato já por outro registrado, desde que o outro partido e o candidato o consintam por
escrito até 10 (dez) dias antes da eleição, observadas as formalidades do artigo 94.
Art. 100. Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional, o Tribunal Superior Eleitoral, até 6
(seis) meses antes do pleito, reservará para cada Partido, por sorteio, em sessão realizada com a
presença dos Delegados de Partido, uma série de números a partir de 100 (cem).
§ 1º. A sessão a que se refere o caput deste artigo será anunciada aos Partidos com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
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§ 2º. As convenções partidárias para escolha dos candidatos sortearão, por sua vez, em cada
Estado e município, os números que devam corresponder a cada candidato.
§ 3º. Nas eleições para Deputado Federal, se o número de Partidos não for superior a 9
(nove), a cada um corresponderá obrigatoriamente uma centena, devendo a numeração dos
candidatos ser sorteada a partir da unidade, para que ao primeiro candidato do primeiro Partido
corresponda o número 101 (cento e um), ao do segundo partido, 201 (duzentos e um), e assim
sucessivamente.
§ 4º. Concorrendo 10 (dez) ou mais Partidos, a cada um corresponderá uma centena a partir
de 1.101 (um mil, cento e um), de maneira que a todos os candidatos sejam atribuídos sempre 4
(quatro) algarismos, suprimindo-se a numeração correspondente à série 2.001 (dois mil e um) a
2.100 (dois mil e cem), para reiniciá-la em 2.101 (dois mil, cento e um), a partir do décimo
Partido.
§ 5º. Na mesma sessão, o Tribunal Superior Eleitoral sorteará as séries correspondentes aos
Deputados Estaduais e Vereadores, observando, no que couber, as normas constantes dos
parágrafos anteriores, e de maneira que a todos os candidatos, sejam atribuídos sempre número
de 4 (quatro) algarismos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.015, de 16.07.1982)
Art. 101. Pode qualquer candidato requerer, em petição com firma reconhecida, o
cancelamento do seu nome do registro, ficando nesse caso reduzidos para 3 (três) dias os prazos
para a convocação da convenção destinada à escolha do substituto.
§ 1º. Desse fato, o presidente do Tribunal ou o juiz, conforme o caso, dará ciência imediata ao
partido que tenha feito a inscrição, ao qual ficará ressalvado o direito de substituir por outro o
nome cancelado, observadas todas as formalidades exigidas para o registro e desde que o novo
pedido seja apresentado até 60 (sessenta) dias antes do pleito.
§ 2º. Nas eleições majoritárias, se o candidato vier a falecer ou renunciar dentro do período de
60 (sessenta) dias mencionados no parágrafo anterior, o partido poderá substituí-lo; se o registro
do novo candidato estiver deferido até 30 (trinta) dias antes do pleito serão confeccionadas novas
cédulas, caso contrário serão utilizadas as já impressas, computando-se para o novo candidato os
votos dados ao anteriormente registrado.
§ 3º. Considerar-se-á nulo o voto dado ao candidato que haja pedido o cancelamento de sua
inscrição, salvo na hipótese prevista no parágrafo anterior, in fine.
§ 4º. Nas eleições proporcionais, ocorrendo a hipótese prevista neste artigo, ao substituto será
atribuído o número anteriormente dado ao candidato cujo registro foi cancelado.
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Art. 102. Os registros efetuados pelo Tribunal Superior serão imediatamente comunicados aos
Tribunais Regionais e por estes aos juízes eleitorais.
CAPÍTULO II
Do Voto Secreto
I - uso de cédulas oficiais em todas as eleições, de acordo com modelo aprovado pelo Tribunal
Superior;
CAPÍTULO III
Da Cédula Oficial
Art. 104. As cédulas oficiais serão confeccionadas e distribuídas exclusivamente pela Justiça
Eleitoral, devendo ser impressas em papel branco, opaco e pouco absorvente. A impressão será
em tinta preta, com tipos uniformes de letra.
§ 1º. Os nomes dos candidatos para as eleições majoritárias devem figurar na ordem
determinada por sorteio.
§ 2º. O sorteio será realizado após o deferimento do último pedido de registro, em audiência
presidida pelo juiz ou presidente do Tribunal, na presença dos candidatos e delegados de partido.
§ 3º. A realização da audiência será anunciada com 3 (três) dias de antecedência, no mesmo dia
em que for deferido o último pedido de registro, devendo os delegados de partido ser intimados
por ofício sob protocolo.
§ 4º. Havendo substituição de candidatos após o sorteio, o nome do novo candidato deverá
figurar na cédula na seguinte ordem:
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IV - se permanecer apenas 1 (um) candidato e forem substituídos 2 (dois) ou mais, aquele
ficará em primeiro lugar, sendo realizado novo sorteio em relação aos demais.
§ 5º. Para as eleições realizadas pelo sistema proporcional a cédula conterá espaço para que o
eleitor escreva o nome ou o número do candidato de sua preferência e indique a sigla do partido.
§ 6º. As cédulas oficiais serão confeccionadas de maneira tal que, dobradas, resguardem o
sigilo do voto, sem que seja necessário o emprego de cola para fechá-las.
CAPÍTULO IV
Da Representação Proporcional
Art. 105. Fica facultado a 2 (dois) ou mais Partidos coligarem-se para o registro de candidatos
comuns a Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador.
§ 1º. A deliberação sobre coligação caberá à Convenção Regional de cada Partido, quando se
tratar de eleição para a Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas, e à Convenção
Municipal, quando se tratar de eleição para a Câmara de Vereadores, e será aprovada mediante
a votação favorável da maioria, presentes 2/3 (dois terços) dos convencionais, estabelecendo-se,
na mesma oportunidade, o número de candidatos que caberá a cada Partido.
§ 2º. Cada Partido indicará em convenção os seus candidatos e o registro será promovido em
conjunto pela Coligação.(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)
Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados
pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou
inferior a meio, equivalente a um, se superior.
Art. 107. Determina-se para cada Partido ou coligação o quociente partidário, dividindo-se
pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação de
legendas, desprezada a fração. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)
Art. 108. Estarão eleitos tantos candidatos registrados por um Partido ou coligação quantos o
respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha
recebido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)
Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão
distribuídos mediante observância das seguintes regras:
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§ 1º. O preenchimento dos lugares com que cada Partido ou coligação for contemplado far-se-
á segundo a ordem de votação recebida pelos seus candidatos.
§ 2º. Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os Partidos e coligações que tiverem
obtido quociente eleitoral. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)
Art. 110. Em caso de empate, haver-se-á por eleito o candidato mais idoso.
I - os mais votados sob a mesma legenda e não eleitos efetivos das listas dos respectivos
partidos;
Art. 113. Na ocorrência de vaga, não havendo suplente para preenchê-la, far-se-á eleição,
salvo se faltarem menos de nove meses para findar o período de mandato.
TÍTULO II
Dos Atos Preparatórios da Votação
Art. 114. Até 70 (setenta) dias antes da data marcada para a eleição, todos os que requererem
inscrição como eleitor, ou transferência, já devem estar devidamente qualificados e os respectivos
títulos prontos para a entrega, se deferidos pelo juiz eleitoral.
Parágrafo único. Será punido nos termos do artigo 293 o juiz eleitoral, o escrivão eleitoral, o
preparador ou o funcionário responsável pela transgressão do preceituado neste artigo ou pela
não-entrega do título pronto ao eleitor que o procurar.
Art. 115. Os juízes eleitorais, sob pena de responsabilidade, comunicarão ao Tribunal Regional,
até 30 (trinta) dias antes de cada eleição, o número de eleitores alistados.
Art. 116. A Justiça Eleitoral fará ampla divulgação, através dos comunicados transmitidos em
obediência ao disposto no artigo 250, § 5º, pelo rádio e televisão, bem assim por meio de
cartazes afixados em lugares públicos, dos nomes dos candidatos registrados, com indicação do
partido a que pertençam, bem como do número sob que foram inscritos, no caso dos candidatos
a deputado e a vereador.
CAPÍTULO I
Das Seções Eleitorais
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Art. 117. As seções eleitorais, organizadas à medida em que forem sendo deferidos os pedidos
de inscrição, não terão mais de 400 (quatrocentos) eleitores nas capitais e de 300 (trezentos) nas
demais localidades, nem menos de 50 (cinqüenta) eleitores.
§ 2º. Se em seção destinada aos cegos, o número de eleitores não alcançar o mínimo exigido,
este se completará com outros, ainda que não sejam cegos.
Art. 118. Os juízes eleitorais organizarão relação de eleitores de cada seção, a qual será
remetida aos presidentes das mesas receptoras para facilitação do processo de votação.
CAPÍTULO II
Das Mesas Receptoras
Art. 119. A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos.
I - os candidatos e seus parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge;
§ 2º. Os mesários serão nomeados, de preferência entre os eleitores da própria seção, e, dentre
estes, os diplomados em escola superior, os professores e os serventuários da Justiça.
§ 3º. O juiz eleitoral mandará publicar no jornal oficial, onde houver, e, não havendo, em
cartório, as nomeações que tiver feito, e intimará os mesários através dessa publicação, para
constituírem as mesas no dia e lugares designados, às 7 h.
§ 4º. Os motivos justos que tiverem os nomeados para recusar a nomeação, e que ficarão à
livre apreciação do juiz eleitoral, somente poderão ser alegados até 5 (cinco) dias a contar da
nomeação, salvo se sobrevindos depois desse prazo.
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§ 5º. Os nomeados que não declararem a existência de qualquer dos impedimentos referidos no
§ 1º incorrem na pena estabelecida pelo artigo 310.
Art. 121. Da nomeação da mesa receptora qualquer partido poderá reclamar ao juiz eleitoral,
no prazo de 2 (dois) dias, a contar da audiência, devendo a decisão ser proferida em igual prazo.
§ 1º. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de
3 (três) dias, devendo, dentro de igual prazo, ser resolvido.
§ 3º. O partido que não houver reclamado contra a composição da mesa não poderá argüir,
sob esse fundamento, a nulidade da seção respectiva.
Art. 122. Os juízes deverão instruir os mesários sobre o processo da eleição, em reuniões para
esse fim convocadas com a necessária antecedência.
Art. 123. Os mesários substituirão o presidente, de modo que haja sempre quem responda
pessoalmente pela ordem e regularidade do processo eleitoral, e assinarão a ata da eleição.
§ 1º. O presidente deve estar presente ao ato de abertura e de encerramento da eleição, salvo
força maior, comunicando o impedimento aos mesários e secretários, pelo menos 24 (vinte e
quatro) horas antes da abertura dos trabalhos, ou imediatamente, se o impedimento se der dentro
desse prazo ou no curso da eleição.
§ 2º. Não comparecendo o presidente até as sete horas e trinta minutos, assumirá a presidência,
o primeiro mesário e, na sua falta ou impedimento, o segundo mesário, um dos secretários ou o
suplente.
§ 3º. Poderá o presidente, ou membro da mesa que assumir a presidência, nomear ad hoc,
dentre os eleitores presentes e obedecidas as prescrições do § 1º, do artigo 120, os que forem
necessários para completar a mesa.
Art. 124. O membro da mesa receptora que não comparecer no local, em dia e hora
determinados para a realização de eleição, sem justa causa apresentada ao juiz eleitoral até 30
(trinta) dias após, incorrerá na multa de 50% (cinqüenta por cento) a 1 (um) salário mínimo
vigente na zona eleitoral, cobrada mediante selo federal inutilizado no requerimento em que for
solicitado o arbitramento ou através de executivo fiscal.
§ 1º. Se o arbitramento e pagamento da multa não for requerido pelo mesário faltoso, a multa
será arbitrada e cobrada na forma prevista no artigo 367.
§ 2º. Se o faltoso for servidor público ou autárquico, a pena será de suspensão até 15 (quinze)
dias.
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§ 3º. As penas previstas neste artigo serão aplicadas em dobro se a mesa receptora deixar de
funcionar por culpa dos faltosos.
§ 4º. Será também aplicada em dobro observado o disposto nos parágrafos 1 e 2, a pena ao
membro da mesa que abandonar os trabalhos no decurso da votação sem justa causa
apresentada ao juiz até 3 (três) dias após a ocorrência.
Art. 125. Não se reunindo, por qualquer motivo, a mesa receptora, poderão os eleitores
pertencentes à respectiva seção votar na seção mais próxima, sob jurisdição do mesmo juiz,
recolhendo-se os seus votos à urna da seção em que deveriam votar, a qual será transportada
para aquela em que tiverem de votar.
§ 1º. As assinaturas dos eleitores serão recolhidas nas folhas de votação da seção a que
pertencerem, as quais, juntamente com as cédulas oficiais e o material restante, acompanharão a
urna.
§ 2º. O transporte da urna e dos documentos da seção será providenciado pelo presidente da
mesa, mesário ou secretário que comparecer, ou pelo próprio juiz, ou pessoa que ele designar
para esse fim acompanhando-a os fiscais que o desejarem.
Art. 126. Se no dia designado para o pleito deixarem de se reunir todas as mesas de um
município, o presidente do Tribunal Regional determinará dia para se realizar o mesmo,
instaurando-se inquérito para a apuração das causas da irregularidade e punição dos
responsáveis.
Parágrafo único. Essa eleição deverá ser marcada dentro de 15 (quinze) dias, pelo menos, para
se realizar no prazo máximo de 30 (trinta) dias.
Art. 127. Compete ao presidente da mesa receptora, e, em sua falta, a quem o substituir;
V - remeter à Junta Eleitoral todos os papéis que tiverem sido utilizados durante a recepção dos
votos;
VI - autenticar, com a sua rubrica, as cédulas oficiais e numerá-las nos termos das Instruções
do Tribunal Superior Eleitoral;
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VIII - fiscalizar a distribuição das senhas e, verificando que não estão sendo distribuídas
segundo a sua ordem numérica, recolher as de numeração intercalada, acaso retidas, as quais não
se poderão mais distribuir;
Art. 129. Nas eleições proporcionais os presidentes das mesas receptoras deverão zelar pela
preservação das listas de candidatos afixadas dentro das cabinas indevassáveis, tomando
imediatas providências para a colocação de nova lista no caso de inutilização total ou parcial.
Parágrafo único. O eleitor que inutilizar ou arrebatar as listas afixadas nas cabinas indevassáveis
ou nos edifícios onde funcionarem mesas receptoras, incorrerá nas penas do artigo 297.
Art. 130. Nos estabelecimentos de internação coletiva de hansenianos os membros das mesas
receptoras serão escolhidos de preferência entre os médicos e funcionários sadios do próprio
estabelecimento.
CAPÍTULO III
Da Fiscalização Perante as Mesas Receptoras
Art. 131. Cada partido poderá nomear 2 (dois) delegados em cada município e 2 (dois) fiscais
junto a cada mesa receptora, funcionando um de cada vez.
§ 1º. Quando o município abranger mais de uma zona eleitoral cada partido poderá nomear 2
(dois) delegados junto a cada uma delas.
§ 2º. A escolha de fiscal e delegado de partido não poderá recair em quem, por nomeação do
juiz eleitoral, já faça parte da mesa receptora.
§ 3º. As credenciais expedidas pelos partidos, para os fiscais, deverão ser visadas pelo juiz
eleitoral.
§ 4º. Para esse fim, o delegado do partido encaminhará as credenciais ao Cartório, juntamente
com os títulos eleitorais dos fiscais credenciados, para que, verificado pelo escrivão que as
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inscrições correspondentes aos títulos estão em vigor e se referem aos nomeados, carimbe as
credenciais e as apresente ao juiz para o visto.
§ 5º. As credenciais que não forem encaminhadas ao Cartório pelos delegados de partido, para
os fins do parágrafo anterior, poderão ser apresentadas pelos próprios fiscais para a obtenção do
visto do juiz eleitoral.
§ 7º. O fiscal de cada partido poderá ser substituído por outro no curso dos trabalhos eleitorais.
Art. 132. Pelas mesas receptoras serão admitidos a fiscalizar a votação, formular protestos e
fazer impugnações, inclusive sobre a identidade do eleitor, os candidatos registrados, os
delegados e os fiscais dos partidos.
TÍTULO III
Do Material para a Votação
Art. 133. Os juízes eleitorais enviarão ao presidente de cada mesa receptora, pelo menos 72
(setenta e duas) horas antes da eleição, o seguinte material:
I - relação dos eleitores da seção que, nas Capitais, poderá ser dispensada pelo respectivo
Tribunal Regional Eleitoral, em decisão fundamentada e aprovada pelo Tribunal Superior
Eleitoral; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.784, de 14.06.1972)
II - relações dos partidos e dos candidatos registrados, as quais deverão ser afixadas no recinto
das seções eleitorais em lugar visível, e dentro das cabinas indevassáveis as relações de
candidatos a eleições proporcionais;
V - uma urna vazia, vedada pelo juiz eleitoral, com tiras de papel ou pano forte;
VI - sobrecartas maiores para os votos impugnados ou sobre os quais haja dúvida; (Antigo
inciso VII renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
VIII - sobrecartas especiais para remessa à Junta Eleitoral, dos documentos relativos à eleição;
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XI - folhas apropriadas para impugnação e folhas para observação de fiscais de partidos;
XVI - outro qualquer material que o Tribunal Regional julgue necessário ao regular
funcionamento da mesa.
§ 1º. O material de que trata este artigo deverá ser remetido por protocolo ou pelo correio,
acompanhado de uma relação ao pé da qual o destinatário declarará o que recebeu e como o
recebeu, e aporá sua assinatura.
§ 2º. Os presidentes da mesa que não tiverem recebido até 48 (quarenta e oito) horas antes do
pleito o referido material, deverão diligenciar para o seu recebimento.
§ 3º. O juiz eleitoral, em dia e hora previamente designados, em presença dos fiscais e
delegados dos partidos, verificará, antes de fechar e lacrar as urnas, se estas estão
completamente vazias; fechadas, enviará uma das chaves, se houver, ao presidente da Junta
Eleitoral, e a da fenda, também se houver, ao presidente da mesa receptora, juntamente com a
urna.
Art. 134. Nos estabelecimentos de internação coletiva para hansenianos serão sempre utilizadas
urnas de lona.
TÍTULO IV
Da Votação
CAPÍTULO I
Dos Lugares da Votação
Art. 135. Funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados pelos juízes eleitorais 60
(sessenta) dias antes da eleição, publicando-se a designação.
§ 1º. A publicação deverá conter a seção com a numeração ordinal e local em que deverá
funcionar com a indicação da rua, número e qualquer outro elemento que facilite a localização
pelo eleitor.
§ 2º. Dar-se-á preferência aos edifícios públicos, recorrendo-se aos particulares se faltarem
aqueles em número e condições adequadas.
§ 3º. A propriedade particular será obrigatória e gratuitamente cedida para esse fim.
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§ 4º. É expressamente vedado o uso de propriedade pertencente a candidato, membro do
diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos
cônjuges e parentes, consangüíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive.
§ 5º. Não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda, sítio ou qualquer propriedade
rural privada, mesmo existindo no local prédio público, incorrendo o juiz nas penas do artigo 312,
em caso de infringência. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 6º. Os Tribunais Regionais, nas capitais, e os juízes eleitorais, nas demais zonas, farão ampla
divulgação da localização das seções.
§ 7º. Da designação dos lugares de votação poderá qualquer partido reclamar ao juiz eleitoral,
dentro de três dias a contar da publicação, devendo a decisão ser proferida dentro de quarenta e
oito horas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 8º. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de
três dias, devendo, no mesmo prazo, ser resolvido. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)
§ 9º. Esgotados os prazos referidos nos parágrafos 7º e 8º deste artigo, não mais poderá ser
alegada, no processo eleitoral, a proibição contida em seu § 5º. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 6.336, de 01.06.1976)
Art. 136. Deverão ser instaladas seções nas vilas e povoados, assim como nos
estabelecimentos de internação coletiva, inclusive para cegos, e nos leprosários, onde haja, pelo
menos, 50 (cinqüenta) eleitores.
Art. 137. Até 10 (dez) dias antes da eleição, pelo menos, comunicarão os juízes eleitorais aos
chefes das repartições públicas e aos proprietários, arrendatários ou administradores das
propriedades particulares a resolução de que serão os respectivos edifícios, ou parte deles,
utilizados para o funcionamento das mesas receptoras.
Art. 138. No local destinado à votação, a mesa ficará em recinto separado do público; ao lado
haverá uma cabina indevassável onde os eleitores, à medida que comparecerem, possam assinalar
a sua preferência na cédula.
Parágrafo único. O juiz eleitoral providenciará para que nos edifícios escolhidos sejam feitas as
necessárias adaptações.
CAPÍTULO II
Da Polícia dos Trabalhos Eleitorais
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Art. 139. Ao presidente da mesa receptora e ao juiz eleitoral cabe a polícia dos trabalhos
eleitorais.
Art. 140. Somente podem permanecer no recinto da mesa receptora os seus membros, os
candidatos, um fiscal, um delegado de cada partido e, durante o tempo necessário à votação, o
eleitor.
§ 1º. O presidente da mesa, que é, durante os trabalhos, a autoridade superior, fará retirar do
recinto ou do edifício quem não guardar a ordem e compostura devidas e estiver praticando
qualquer ato atentatório da liberdade eleitoral.
§ 2º. Nenhuma autoridade estranha à mesa poderá intervir, sob pretexto algum, em seu
funcionamento, salvo o juiz eleitoral.
Art. 141. A força armada conservar-se-á a cem metros da seção eleitoral e não poderá
aproximar-se do lugar da votação, ou nele penetrar, sem ordem do presidente da mesa.
CAPÍTULO III
Do Início da Votação
Art. 142. No dia marcado para a eleição, às 7 (sete) horas, o presidente da mesa receptora, os
mesários e os secretários verificarão se no lugar designado estão em ordem o material remetido
pelo juiz e a urna destinada a recolher os votos, bem como se estão presentes os fiscais de
partido.
§ 1º. Os membros da mesa e os fiscais de partido deverão votar no correr da votação, depois
que tiverem votado os eleitores que já se encontravam presentes no momento da abertura dos
trabalhos, ou no encerramento da votação. (Antigo parágrafo único renumerado para 1º pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. Observada a prioridade assegurada aos candidatos, têm preferência para votar o juiz
eleitoral da zona, seus auxiliares de serviço, os eleitores de idade avançada, os enfermos e as
mulheres grávidas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 144. O recebimento dos votos começará às 8 (oito) e terminará, salvo o disposto no artigo
153, às 17 (dezessete) horas.
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Parágrafo único. Com as cautelas constantes do artigo 147, § 2º, poderão ainda votar fora da
respectiva seção:
I - o juiz eleitoral, em qualquer seção da zona sob sua jurisdição, salvo em eleições municipais,
nas quais poderá votar em qualquer seção do município em que for eleitor;
II - o Presidente da República, o qual poderá votar em qualquer seção eleitoral do País, nas
eleições presidenciais; em qualquer seção do Estado em que for eleitor nas eleições para
governador, vice governador, senador, deputado federal e estadual; em qualquer seção do
município em que estiver inscrito, nas eleições para prefeito, vice prefeito e vereador;
CAPÍTULO IV
Do Ato de Votar
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III - admitido a penetrar no recinto da mesa, segundo a ordem numérica das senhas, o eleitor
apresentará ao presidente seu título, o qual poderá ser examinado por fiscal ou delegado de
partido, entregando, no mesmo ato, a senha;
V - achando-se em ordem o título e a folha individual e não havendo dúvida sobre a identidade
do eleitor, o presidente da mesa o convidará a lançar sua assinatura no verso da folha individual
de votação; em seguida entregar-lhe-á a cédula única rubricada no ato pelo presidente e mesários
e numerada de acordo com as Instruções do Tribunal Superior, instruindo-o sobre a forma de
dobrá-la, fazendo-o passar à cabina indevassável, cuja porta ou cortina será encerrada em
seguida;
VI - o eleitor será admitido a votar, ainda que deixe de exibir no ato da votação o seu título,
desde que seja inscrito na seção e conste da respectiva pasta a sua folha individual de votação;
nesse caso, a prova de ter votado será feita mediante certidão que obterá posteriormente, no
juízo competente;
VII - no caso da omissão da folha individual na respectiva pasta verificada no ato da votação,
será o eleitor, ainda, admitido a votar, desde que exiba o seu título eleitoral e dele conste que o
portador é inscrito na seção, sendo o seu voto, nesta hipótese, tomado em separado e colhida
sua assinatura na folha de votação modelo 2 (dois).
VIII - verificada a ocorrência de que trata o número anterior, a Junta Eleitoral, antes de
encerrar os seus trabalhos, apurará a causa da omissão. Se tiver havido culpa ou dolo, será
aplicada ao responsável, na primeira hipótese, a multa de até 2 (dois) salários mínimos, e, na
segunda, a de suspensão até 30 (trinta) dias;
IX - na cabina indevassável, onde não poderá permanecer mais de um minuto, o eleitor indicará
os candidatos de sua preferência e dobrará a cédula oficial, observadas as seguintes normas:
a) assinalando com uma cruz, ou de modo que torne expressa a sua intenção, o quadrilátero
correspondente ao candidato majoritário de sua preferência;
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XI - ao depositar a cédula na urna, o eleitor deverá fazê-lo de maneira a mostrar a parte
rubricada à mesa e aos fiscais de partido, para que verifiquem, sem nela tocar, se não foi
substituída;
XII - se a cédula oficial não for a mesma, será o eleitor convidado a voltar à cabine
indevassável e a trazer seu voto na cédula que recebeu; se não quiser tornar à cabina, ser-lhe-á
recusado o direito de voto, anotando-se a ocorrência na ata e ficando o eleitor retido pela mesa,
e à sua disposição, até o término da votação ou a devolução da cédula oficial já rubricada e
numerada;
Art. 147. O presidente da mesa dispensará especial atenção à identidade de cada eleitor
admitido a votar. Existindo dúvida a respeito, deverá exigir-lhe a exibição da respectiva carteira,
e, na falta desta, interrogá-lo sobre os dados constantes do título, ou da folha individual de
votação, confrontando a assinatura do mesmo com a feita na sua presença pelo eleitor, e
mencionando na ata a dúvida suscitada.
II - entregará ao eleitor a sobrecarta branca, para que ele, na presença da mesa e dos fiscais,
nela coloque a cédula oficial que assinalou, assim como o seu título, a folha de impugnação e
qualquer outro documento oferecido pelo impugnante;
§ 3º. O voto em separado, por qualquer motivo, será sempre tomado na forma prevista no
parágrafo anterior.
Art. 148. O eleitor somente poderá votar na seção eleitoral em que estiver incluído o seu nome.
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§ 1º. Essa exigência somente poderá ser dispensada nos casos previstos no artigo 145 e seus
parágrafos.
§ 2º. Aos eleitores mencionados no artigo 145 não será permitido votar sem a exibição do
título, e nas folhas de votação modelo 2 (dois), nas quais lançarão suas assinaturas, serão sempre
anotadas na coluna própria as seções mencionadas nos títulos retidos.
Art. 149. Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver havido impugnação perante
a mesa receptora, no ato da votação, contra as nulidades argüidas.
III - usar qualquer elemento mecânico que trouxer consigo, ou lhe for fornecido pela mesa, e
que lhe possibilite exercer o direito de voto.
Art. 152. Poderão ser utilizadas máquinas de votar, a critério e mediante regulamentação do
Tribunal Superior Eleitoral.
CAPÍTULO V
Do Encerramento da Votação
Art. 153. Às 17 (dezessete) horas, o presidente fará entregar as senhas a todos os eleitores
presentes e, em seguida, os convidará, em voz alta, a entregar à mesa seus títulos, para que sejam
admitidos a votar.
Parágrafo único. A votação continuará na ordem numérica das senhas e o título será devolvido
ao eleitor, logo que tenha votado.
Art. 154. Terminada a votação e declarado o seu encerramento pelo presidente, tomará este as
seguintes providências:
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I - vedará a fenda de introdução da cédula na urna, de modo a cobri la inteiramente com tiras de
papel ou pano forte, rubricadas pelo presidente e mesários e, facultativamente, pelos fiscais
presentes; separará todas as folhas de votação correspondentes aos eleitores faltosos e fará
constar, no verso de cada uma delas, na parte destinada à assinatura do eleitor, a falta verificada,
por meio de breve registro, que autenticará com a sua assinatura; (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
II - encerrará, com a sua assinatura, a folha de votação modelo 2 (dois), que poderá ser
também assinada pelos fiscais;
III - mandará lavrar, por um dos secretários, a ata da eleição, preenchendo o modelo fornecido
pela Justiça Eleitoral, para que conste:
c) os nomes dos fiscais que hajam comparecido e dos que se retiraram durante a votação;
e) o número, por extenso, dos eleitores da seção que compareceram e votaram e o número dos
que deixaram de comparecer;
f) o número, por extenso, de eleitores de outras seções que hajam votado e cujos votos hajam
sido recolhidos ao invólucro especial;
h) os protestos e as impugnações apresentados pelos fiscais, assim como as decisões sobre eles
proferidas, tudo em seu inteiro teor;
j) a ressalva das rasuras, emendas e entrelinhas porventura existentes nas folhas de votação e na
ata, ou a declaração de não existirem;
V - assinará a ata com os demais membros da mesa, secretários e fiscais que quiserem;
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VII - comunicará em ofício, ou impresso próprio, ao juiz eleitoral da zona a realização da
eleição, o número de eleitores que votaram e a remessa da urna e dos documentos à Junta
Eleitoral;
VIII - enviará em sobrecarta fechada uma das vias do recibo do Correio à Junta Eleitoral e a
outra ao Tribunal Regional.
§ 1º. Os Tribunais Regionais poderão prescrever outros meios de vedação das urnas.
§ 2º. No Distrito Federal e nas capitais dos Estados poderão os Tribunais Regionais determinar
normas diversas para a entrega de urnas e papéis eleitorais, com as cautelas destinadas a evitar
violação ou extravio.
§ 1º. Os fiscais e delegados de partidos têm direito de vigiar e acompanhar a urna desde o
momento da eleição, durante a permanência nas agências do Correio e até a entrega à Junta
Eleitoral.
§ 2º. A urna ficará permanentemente à vista dos interessados e sob a guarda de pessoa
designada pelo presidente da Junta Eleitoral.
Art. 156. Até as 12 (doze) horas do dia seguinte à realização da eleição, o juiz eleitoral é
obrigado, sob pena de responsabilidade e multa de 1 (um) a 2 (dois) salários mínimos, a
comunicar ao Tribunal Regional, e aos delegados de partido perante ele credenciados, o número
de eleitores que votaram em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total
de votantes da zona.
§ 1º. Se houver retardamento nas medidas referidas no artigo 154, o juiz eleitoral, assim que
receba o ofício constante desse dispositivo, número VII, fará a comunicação constante deste
artigo.
§ 2º. Essa comunicação será feita por via postal, em ofícios registrados de que o juiz eleitoral
guardará cópia no arquivo da zona, acompanhada do recibo do Correio.
§ 3º. Qualquer candidato, delegado ou fiscal de partido poderá obter, por certidão, o teor da
comunicação a que se refere este artigo, sendo defeso ao juiz eleitoral recusá-la ou procrastinar a
sua entrega ao requerente.
TÍTULO V
Da Apuração
CAPÍTULO II
Da Apuração nas Juntas
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SEÇÃO I
Disposições Preliminares
III - ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições para presidente e vice-presidente da República,
pelos resultados parciais remetidos pelos Tribunais Regionais.
Art. 159. A apuração começará no dia seguinte ao das eleições e, salvo motivo justificado,
deverá terminar dentro de 10 (dez) dias.
§ 1º. Iniciada a apuração, os trabalhos não serão interrompidos aos sábados, domingos e dias
feriados, devendo a Junta funcionar das 8 (oito) às 18 (dezoito) horas, pelo menos.
§ 2º. Em caso de impossibilidade de observância do prazo previsto neste artigo, o fato deverá
ser imediatamente justificado perante o Tribunal Regional, mencionando-se as horas ou dias
necessários para o adiamento, que não poderá exceder a cinco dias. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 3º. Esgotado o prazo e a prorrogação estipulada neste artigo, ou não tendo havido em tempo
hábil o pedido de prorrogação, a respectiva Junta Eleitoral perde a competência para prosseguir
na apuração, devendo o seu presidente remeter, imediatamente, ao Tribunal Regional, todo o
material relativo à votação. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 4º. Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior, competirá ao Tribunal Regional fazer
a apuração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 5º. Os membros da Junta Eleitoral responsáveis pela inobservância injustificada dos prazos
fixados neste artigo estarão sujeitos à multa de dois a dez salários mínimos, aplicada pelo Tribunal
Regional. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 160. Havendo conveniência, em razão do número de urnas a apurar, a Junta poderá
subdividir-se em turmas, até o limite de 5 (cinco), todas presididas por algum dos seus
componentes.
Parágrafo único. As dúvidas que forem levantadas em cada turma serão decididas por maioria
de votos dos membros da Junta.
Art. 161. Cada partido poderá credenciar perante as Juntas até 3 (três) fiscais, que se revezem
na fiscalização dos trabalhos.
§ 1º. Em caso de divisão da Junta em turmas, cada partido poderá credenciar até 3 (três) fiscais
para cada turma.
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§ 2º. Não será permitida, na Junta ou turma, a atuação de mais de 1 (um) fiscal de cada partido.
Art. 162. Cada partido poderá credenciar mais de 1 (um) delegado perante a Junta, mas no
decorrer da apuração só funcionará 1 (um) de cada vez.
Art. 163. Iniciada a apuração da urna, não será a mesma interrompida, devendo ser concluída.
Parágrafo único. Em caso de interrupção por motivo de força maior, as cédulas e as folhas de
apuração serão recolhidas à urna e esta fechada e lacrada o que constará da ata.
Art. 164. É vedado às Juntas Eleitorais a divulgação, por qualquer meio, de expressões, frases
ou desenhos estranhos ao pleito, apostos ou contidos nas cédulas.
§ 1º. Aos membros, escrutinadores e auxiliares das Juntas que infringirem o disposto neste
artigo será aplicada a multa de 1 (um) a 2 (dois) salários mínimos vigentes na Zona Eleitoral,
cobrados através de executivo fiscal ou da inutilização de selos federais no processo em que for
arbitrada a multa.
§ 2º. Será considerada dívida líquida e certa, para efeito de cobrança, a que for arbitrada pelo
Tribunal Regional e inscrita em livro próprio na Secretaria desse órgão.
SEÇÃO II
Da Abertura da Urna
IV - se a eleição se realizou no dia, hora e local designados e se a votação não foi encerrada
antes das 17 (dezessete) horas;
VI - se a seção eleitoral foi localizada com infração ao disposto nos parágrafos 4º e 5º do artigo
135;
VII - se foi recusada, sem fundamento legal, a fiscalização de partidos aos atos eleitorais;
VIII - se votou eleitor excluído do alistamento, sem ser o seu voto tomado em separado;
IX - se votou eleitor de outra seção, a não ser nos casos expressamente admitidos;
X - se houve demora na entrega da urna e dos documentos conforme determina o número VI,
do artigo 154;
XI - se consta nas folhas individuais de votação dos eleitores faltosos o devido registro de sua
falta. V (Inciso acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
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§ 1º. Se houver indício de violação da urna, proceder-se-á da seguinte forma:
I - antes da apuração, o presidente da Junta indicará pessoa idônea para servir como perito e
examinar a urna com assistência do representante do Ministério Público;
II - se o perito concluir pela existência de violação e o seu parecer for aceito pela Junta, o
presidente desta comunicará a ocorrência ao Tribunal Regional, para as providências de lei;
IV - se apenas o representante do Ministério Público entender que a urna foi violada, a Junta
decidirá, podendo aquele, se a decisão não for unânime, recorrer imediatamente para o Tribunal
Regional;
V - não poderão servir de peritos os referidos no artigo 36, § 3º, números I a IV.
§ 2º. As impugnações fundadas em violação da urna somente poderão ser apresentadas até a
abertura desta.
§ 3º. Verificado qualquer dos casos dos números II, III, IV e V do artigo, a Junta anulará a
votação, fará a apuração dos votos em separado e recorrerá de ofício para o Tribunal Regional.
§ 4º. Nos casos dos números VI, VII, VIII, IX e X, a Junta decidirá se a votação é válida,
procedendo à apuração definitiva em caso afirmativo, ou na forma do parágrafo anterior, se
resolver pela nulidade da votação.
§ 5º. A Junta deixará de apurar os votos de urna que não estiver acompanhada dos documentos
legais e lavrará termo relativo ao fato, remetendo-a, com cópia da sua decisão, ao Tribunal
Regional.
Art. 166. Aberta a urna, a Junta verificará se o número de cédulas oficiais corresponde ao de
votantes. (Redação dada ao caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. Se a Junta entender que a incoincidência resulta de fraude, anulará a votação, fará a
apuração em separado e recorrerá de ofício para o Tribunal Regional.
I - examinar as sobrecartas brancas contidas na urna, anulando os votos referentes aos eleitores
que não podiam votar; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
II - misturar as cédulas oficiais dos que podiam votar com as demais existentes na urna.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
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III - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 168. As questões relativas à existência de rasuras, emendas e entrelinhas nas folhas de
votação e na ata da eleição, somente poderão ser suscitadas na fase correspondente à abertura
das urnas.
SEÇÃO III
Das Impugnações e dos Recursos
Art. 169. À medida que os votos forem sendo apurados, poderão os fiscais e delegados de
partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que serão decididas de plano pela
Junta.
§ 2º. De suas decisões cabe recurso imediato, interposto verbalmente ou por escrito, que
deverá ser fundamentado no prazo de 48 (quarenta e oito) horas para que tenha seguimento.
§ 4º. Os recursos serão instruídos de ofício, com certidão da decisão recorrida; se interpostos
verbalmente, constará também da certidão o trecho correspondente do boletim. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 171. Não será admitido recurso contra a apuração, se não tiver havido impugnação
perante a Junta, no ato da apuração, contra as nulidades argüidas.
Art. 172. Sempre que houver recurso fundado em contagem errônea de votos, vícios de
cédulas ou de sobrecartas para votos em separado, deverão as cédulas ser conservadas em
invólucro lacrado, que acompanhará o recurso e deverá ser rubricado pelo juiz eleitoral, pelo
recorrente e pelos delegados de partido que o desejarem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)
SEÇÃO IV
Da Contagem dos Votos
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Parágrafo único. Na apuração, poderá ser utilizado sistema eletrônico, a critério do Tribunal
Superior Eleitoral e na forma por ele estabelecida. (Parágrafo único acrescentado pela Lei nº
6.978, de 19.01.1982)
Art. 174. As cédulas oficiais, à medida em que forem sendo abertas, serão examinadas e lidas
em voz alta por um dos componentes da Junta.
§ 1º. Após fazer a declaração do voto em branco e antes de ser anunciado o seguinte, será
aposto na cédula, no lugar correspondente à indicação do voto, um breve sinal indelével, além da
rubrica do presidente da turma. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. Não poderá ser iniciada a apuração dos votos da urna subseqüente, sob as penas do
artigo 348, sem que os votos em branco da anterior estejam todos registrados pela forma referida
no § 1º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 3º. As questões relativas às cédulas somente poderão ser suscitadas nessa oportunidade.
(Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
III - que contiverem expressões, frases ou sinais que possam identificar o voto.
I - quando forem assinalados os nomes de dois ou mais candidatos para o mesmo cargo;
II - quando a assinalação estiver colocada fora do quadrilátero próprio, desde que torne
duvidosa a manifestação da vontade do eleitor.
I - quando o candidato não for indicado, através do nome ou do número, com clareza suficiente
para distingui-lo de outro candidato ao mesmo cargo, mas de outro partido, e o eleitor não
indicar a legenda;
III - se o eleitor, não manifestando preferência por candidato, ou o fazendo de modo que não se
possa identificar o de sua preferência, escrever duas ou mais legendas diferentes no espaço
relativo à mesma eleição; (Antigo parágrafo 3º renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
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§ 3º. Serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados a candidatos inelegíveis ou não
registrados. (Antigo parágrafo 4º renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 176. Contar-se-á o voto apenas para a legenda, nas eleições pelo sistema proporcional:
I - se o eleitor escrever apenas a sigla partidária, não indicando o candidato de sua preferência;
III - se o eleitor, escrevendo apenas os números, indicar mais de 1 (um) candidato do mesmo
Partido;
IV - se o eleitor não indicar o candidato através do nome ou do número com clareza suficiente
para distingui-lo de outro candidato do mesmo Partido; (Redação dada ao Artigo pela Lei nº
8.037, de 25.05.1990)
Art. 177. Na contagem dos votos para as eleições realizadas pelo sistema proporcional
observar-se-ão, ainda, as seguintes normas:
I - a inversão, omissão ou erro de grafia do nome ou prenome não invalidará o voto, desde que
seja possível a identificação do candidato;
V - se o eleitor escrever o nome ou o número de candidatos em espaço da cédula que não seja o
correspondente ao cargo para o qual o candidato foi registrado, será o voto computado para o
candidato e respectiva legenda, conforme o registro. (Redação dada ao Artigo pela Lei nº
8.037, de 25.05.1990)
Art. 178. O voto dado ao candidato a Presidente da República entender-se-á dado também ao
candidato a vice-presidente, assim como o dado aos candidatos a governador, senador,
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deputado federal nos territórios, prefeito e juiz de paz entender-se-á dado ao respectivo vice ou
suplente.
§ 1º. Os mapas, em todas as suas folhas, e os boletins de apuração, serão assinados pelo
presidente e membros da Junta e pelos fiscais de partido que o desejarem.
§ 2º. O boletim a que se refere este artigo obedecerá a modelo aprovado pelo Tribunal
Superior Eleitoral, podendo porém, na sua falta, ser substituído por qualquer outro expedido por
Tribunal Regional ou pela própria Junta Eleitoral.
§ 3º. Um dos exemplares do boletim de apuração será imediatamente afixado na sede da Junta,
em local que possa ser copiado por qualquer pessoa.
§ 4º. Cópia autenticada do boletim de apuração será entregue a cada partido, por intermédio
do delegado ou fiscal presente, mediante recibo.
§ 5º. O boletim de apuração ou sua cópia autenticada com a assinatura do juiz e pelo menos de
um dos membros da Junta, fará nova prova do resultado apurado, podendo ser apresentado ao
Tribunal Regional, nas eleições federais e estaduais, sempre que o número de votos constantes
dos mapas recebidos pela Comissão Apuradora não coincidir com os nele consignados.
§ 7º. Apresentado o boletim, será aberta vista aos demais partidos, pelo prazo de 2 (dois) dias,
os quais somente poderão contestar o erro indicado com a apresentação de boletim da mesma
urna, revestido das mesmas formalidades.
Art. 180. O disposto no artigo anterior e em todos os seus parágrafos aplica-se às eleições
municipais, observadas somente as seguintes alterações:
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I - o boletim de apuração poderá ser apresentado à Junta até 3 (três) dias depois de totalizados
os resultados, devendo os partidos ser cientificados, através de seus delegados, da data em que
começará a correr esse prazo;
Art. 181. Salvo nos casos mencionados nos artigos anteriores, a recontagem de votos só
poderá ser deferida pelos Tribunais Regionais, em recurso interposto imediatamente após a
apuração de cada urna.
Parágrafo único. Em nenhuma outra hipótese poderá a Junta determinar a reabertura de urnas já
apuradas para recontagem de votos.
Art. 182. Os títulos dos eleitores estranhos à seção serão separados, para remessa, depois de
terminados os trabalhos da Junta, ao juiz eleitoral da zona neles mencionada, a fim de que seja
anotado na folha individual de votação o voto dado em outra seção.
Parágrafo único. Se, ao ser feita a anotação, no confronto do título com a folha individual, se
verificar incoincidência ou outro indício de fraude, serão autuados tais documentos e o juiz
determinará as providências necessárias para apuração do fato e conseqüentes medidas legais.
Art. 184. Terminada a apuração, a Junta remeterá ao Tribunal Regional, no prazo de vinte e
quatro horas às eleições estaduais ou federais, acompanhados dos documentos referentes à
apuração, juntamente com a ata geral dos seus trabalhos, na qual serão consignadas as votações
apuradas para cada legenda e candidato e os votos não apurados, com a declaração dos motivos
por que o não foram.
§ 1º. Essa remessa será feita em invólucro fechado, lacrado e rubricado pelos membros da
Junta, delegados e fiscais de Partido, por via postal ou sob protocolo, conforme for mais rápida e
segura a chegada ao destino.
§ 2º. Se a remessa dos papéis eleitorais de que trata este artigo não se verificar no prazo nele
estabelecido, os membros da Junta estarão sujeitos à multa correspondente à metade do salário
mínimo regional por dia de retardamento.
§ 3º. Decorridos quinze dias sem que o Tribunal Regional tenha recebido os papéis referidos
neste artigo ou comunicação de sua expedição, determinará ao Corregedor Regional ou Juiz
Eleitoral mais próximo que os faça apreender e enviar imediatamente, transferindo-se para o
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Tribunal Regional a competência para decidir sobre os mesmos. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 185. Transitada em julgado a diplomação referente a todas as eleições que tiverem sido
realizadas simultaneamente, as cédulas serão retiradas das urnas e imediatamente incineradas, na
presença do juiz eleitoral e em ato público, não sendo permitido a qualquer pessoa, inclusive o
próprio juiz, examiná-las.
Parágrafo único. Poderá ainda a Justiça Eleitoral, tomadas as medidas necessárias à garantia do
sigilo, autorizar a reciclagem industrial das cédulas, em proveito do ensino público de 1º Grau ou
de instituições beneficentes. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.977, de 27.12.1989)
Art. 186. Com relação às eleições municipais e distritais, uma vez terminada a apuração de
todas as urnas, a Junta resolverá as dúvidas não decididas, verificará o total dos votos apurados,
inclusive os votos em branco, determinará o quociente eleitoral e os quocientes partidários e
proclamará os candidatos eleitos.
§ 1º. O presidente da Junta fará lavrar, por um dos secretários, a ata geral concernente às
eleições referidas neste artigo, da qual constará o seguinte:
II - as seções anuladas, os motivos por que foram e o número de votos não apurados;
VII - a votação dos candidatos a vereador, incluídos em cada lista registrada, na ordem da
votação recebida;
VIII - a votação dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e a juiz de paz, na ordem da votação
recebida.
§ 2º. Cópia da ata geral da eleição municipal, devidamente autenticada pelo juiz, será enviada
ao Tribunal Regional e ao Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 187. Verificando a Junta Apuradora que os votos das seções anuladas e daquelas cujos
eleitores foram impedidos de votar, poderão alterar a representação de qualquer partido ou
classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário, nas eleições municipais, fará imediata
comunicação do fato ao Tribunal Regional, que marcará, se for o caso, dia para a renovação da
votação naquelas seções.
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§ 1º. Nas eleições suplementares municipais observar-se-á, no que couber, o disposto no artigo
201.
§ 2º. Essas eleições serão realizadas perante novas mesas receptoras, nomeadas pelo juiz
eleitoral, e apuradas pela própria Junta que, considerando os anteriores e os novos resultados
confirmará ou invalidará os diplomas que houver expedido.
SEÇÃO V
Da Contagem dos Votos pela Mesa Receptora
Art. 188. O Tribunal Superior Eleitoral poderá autorizar a contagem de votos pelas mesas
receptoras, nos Estados em que o Tribunal Regional indicar as zonas ou seções em que esse
sistema deva ser adotado.
Art. 189. Os mesários das seções em que for efetuada a contagem dos votos serão nomeados
escrutinadores da Junta.
Art. 190. Não será efetuada a contagem dos votos pela mesa se esta não se julgar
suficientemente garantida, ou se qualquer eleitor houver votado sob impugnação, devendo a
mesa, em um ou outro caso, proceder na forma determinada para as demais, das zonas em que a
contagem não foi autorizada.
Art. 191. Terminada a votação, o presidente da mesa tomará as providências mencionadas nas
alíneas II, III, IV e V do artigo 154.
Art. 192. Lavrada e assinada a ata, o presidente da mesa, na presença dos demais membros,
fiscais e delegados do partido, abrirá a urna e o invólucro e verificará se o número de cédulas
oficiais coincide com o de votantes.
Art. 193. Havendo coincidência entre o número de cédulas e o de votantes deverá a mesa,
inicialmente, misturar as cédulas contidas nas sobrecartas brancas, da urna e do invólucro, com as
demais.
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§ 1º. Em seguida proceder-se-á à abertura das cédulas e contagem dos votos, observando-se o
disposto nos artigos 169 e seguintes, no que couber.
§ 2º. Terminada a contagem dos votos será lavrada ata resumida, de acordo com modelo
aprovado pelo Tribunal Superior e da qual constarão apenas as impugnações acaso
apresentadas, figurando os resultados no boletim que se incorporará à ata e do qual se dará cópia
aos fiscais dos partidos.
Art. 194. Após a lavratura da ata, que deverá ser assinada pelos membros da mesa e fiscais e
delegados de partido, as cédulas e as sobrecartas serão recolhidas à urna, sendo esta fechada,
lacrada e entregue ao juiz eleitoral pelo presidente da mesa ou por um dos mesários, mediante
recibo.
§ 1º. O juiz eleitoral poderá, havendo possibilidade, designar funcionários para recolher as urnas
e demais documentos nos próprios locais da votação ou instalar postos e locais diversos para o
seu recebimento.
§ 2º. Os fiscais e delegados de partido podem vigiar e acompanhar a urna desde o momento da
eleição, durante a permanência nos postos arrecadadores e até a entrega à Junta.
III - abrir a urna e conferir os votos sempre que a contagem da mesa receptora não permitir o
fechamento dos resultados;
Art. 196. De acordo com as instruções recebidas a Junta Apuradora poderá reunir os membros
das mesas receptoras e demais componentes da Junta em local amplo e adequado no dia seguinte
ao da eleição, em horário previamente fixado, e a proceder à apuração na forma estabelecida nos
artigos 159 e seguintes, de uma só vez ou em duas ou mais etapas.
Parágrafo único. Nesse caso cada partido poderá credenciar um fiscal para acompanhar a
apuração de cada urna, realizando-se esta sob a supervisão do juiz e dos demais membros da
Junta, aos quais caberá decidir, em cada caso, as impugnações e demais incidentes verificados
durante os trabalhos.
CAPÍTULO III
Da Apuração nos Tribunais Regionais
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Art. 197. Na apuração, compete ao Tribunal Regional:
III - determinar os quocientes, eleitoral e partidário, bem como a distribuição das sobras;
Art. 198. A apuração pelo Tribunal Regional começará no dia seguinte ao em que receber os
primeiros resultados parciais das Juntas e prosseguirá sem interrupção, inclusive nos sábados,
domingos e feriados, de acordo com o horário previamente publicado, devendo terminar 30
(trinta) dias depois da eleição.
§ 2º. Se o Tribunal Regional não terminar a apuração no prazo legal, seus membros estarão
sujeitos à multa correspondente à metade do salário mínimo regional por dia de retardamento.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 199. Antes de iniciar a apuração o Tribunal Regional constituirá, com 3 (três) de seus
membros, presidida por um destes, uma Comissão Apuradora.
§ 3º. A Comissão Apuradora fará publicar no órgão oficial, diariamente, um boletim com a
indicação dos trabalhos realizados e do número de votos atribuídos a cada candidato.
§ 4º. Os trabalhos da Comissão Apuradora poderão ser acompanhados por delegados dos
partidos interessados, sem que, entretanto, neles intervenham com protestos, impugnações ou
recursos.
§ 5º. Ao final dos trabalhos, a Comissão Apuradora apresentará ao Tribunal Regional os mapas
gerais da apuração e um relatório, que mencione:
I - o número de votos válidos e anulados em cada Junta Eleitoral, relativos a cada eleição;
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III - as seções anuladas, os motivos por que o foram e o número de votos anulados ou não
apurados;
V - as impugnações apresentadas às Juntas e como foram resolvidas por elas, assim como os
recursos que tenham sido interpostos;
IX - os quocientes partidários;
Art. 200. O relatório a que se refere o artigo anterior ficará na Secretaria do Tribunal, pelo
prazo de 3 (três) dias, para exame dos partidos e candidatos interessados, que poderão examinar
também os documentos em que ele se baseou.
§ 1º. Terminado o prazo supra, os partidos poderão apresentar as suas reclamações, dentro de
2 (dois) dias, sendo estas submetidas a parecer da Comissão Apuradora que, no prazo de 3
(três) dias, apresentará aditamento ao relatório com a proposta das modificações que julgar
procedentes, ou com a justificação da improcedência das argüições. (Antigo parágrafo único
renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. O Tribunal Regional, antes de aprovar o relatório da Comissão Apuradora e, em três dias
improrrogáveis, julgará as impugnações e as reclamações não providas pela Comissão
Apuradora, e, se as deferir, voltará o relatório à Comissão para que sejam feitas as alterações
resultantes da decisão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 201. De posse do relatório referido no artigo anterior, reunir se-á o Tribunal, no dia
seguinte, para o conhecimento do total dos votos apurados, e, em seguida, se verificar que os
votos das seções anuladas e daquelas cujos eleitores foram impedidos de votar, poderão alterar a
representação de qualquer partido ou classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário,
ordenará a realização de novas eleições.
II - somente serão admitidos a votar os eleitores da seção, que hajam comparecido à eleição
anulada, e os de outras seções que ali houverem votado;
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III - nos casos de coação que haja impedido o comparecimento dos eleitores às urnas, no de
encerramento da votação antes da hora legal, e quando a votação tiver sido realizada em dia,
hora e lugar diferentes dos designados, poderão votar todos os eleitores da seção e somente
estes;
IV - nas zonas onde apenas uma seção for anulada, o juiz eleitoral respectivo presidirá a mesa
receptora; se houver mais uma seção anulada, o presidente do Tribunal Regional designará os
juízes presidentes das respectivas mesas receptoras;
Art. 202. Da reunião do Tribunal Regional será lavrada ata geral, assinada pelos seus membros
e da qual constarão:
II - as seções anuladas, as razões por que o foram e o número de votos não apurados;
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§ 4º. Um traslado da ata da sessão, autenticado com a assinatura de todos os membros do
Tribunal que assinaram a ata original, será remetido ao Presidente do Tribunal Superior.
§ 5º. O Tribunal Regional comunicará o resultado da eleição ao Senado Federal, Câmara dos
Deputados e Assembléia Legislativa.
Art. 203. Sempre que forem realizadas eleições de âmbito estadual juntamente com eleições
para presidente e vice-presidente da República, o Tribunal Regional desdobrará os seus trabalhos
de apuração, fazendo tanto para aquelas como para esta, uma ata geral.
§ 1º. A Comissão Apuradora deverá, também, apresentar relatórios distintos, um dos quais
referente apenas às eleições presidenciais.
Art. 204. O Tribunal Regional julgando conveniente, poderá determinar que a totalização dos
resultados de cada urna seja realizada pela própria Comissão Apuradora.
I - a decisão do Tribunal será comunicada, até 30 (trinta) dias antes da eleição aos juízes
eleitorais, aos diretórios dos partidos e ao Tribunal Superior;
III - os mapas serão acompanhados de ofício sucinto, que esclareça apenas a que seções
correspondem e quantas ainda faltam para completar o apuração da zona;
IV - havendo sido interposto recurso em relação a urna correspondente aos mapas enviados, o
juiz fará constar do ofício, em seguida à indicação da seção, entre parênteses, apenas esse
esclarecimento - "houve recurso";
V - a ata final da Junta não mencionará, no seu texto, a votação obtida pelos partidos e
candidatos, a qual ficará constando dos boletins de apuração do Juízo, que dela ficarão fazendo
parte integrante;
VI - cópia autenticada da ata, assinada por todos os que assinaram o original, será enviada ao
Tribunal Regional na forma prevista no artigo 184;
VII - a Comissão Apuradora, à medida em que for recebendo os mapas, passará a totalizar os
votos, aguardando, porém, a chegada da cópia autêntica da ata para encerrar a totalização
referente a cada zona;
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CAPÍTULO IV
Da Apuração no Tribunal Superior
Art. 205. O Tribunal Superior fará a apuração geral das eleições para presidente e vice-
presidente da República pelos resultados verificados pelos Tribunais Regionais em cada Estado.
Art. 206. Antes da realização da eleição o Presidente do Tribunal sorteará, dentre os juízes, o
relator de cada grupo de Estados, ao qual serão distribuídos todos os recursos e documentos da
eleição referentes ao respectivo grupo.
Art. 207. Recebidos os resultados de cada Estado, e julgados os recursos interpostos das
decisões dos Tribunais Regionais, o relator terá o prazo de 5 (cinco) dias para apresentar seu
relatório, com as conclusões seguintes:
III - os votos anulados pelo Tribunal Regional que devem ser computados como válidos;
V - o resumo das decisões do Tribunal Regional sobre as dúvidas e impugnações, bem como
dos recursos que hajam sido interpostos para o Tribunal Superior, com as respectivas decisões e
indicação das implicações sobre os resultados.
Art. 208. O relatório referente a cada Estado ficará na Secretaria do Tribunal, pelo prazo de
dois dias, para exame dos partidos e candidatos interessados, que poderão examinar também os
documentos em que ele se baseou e apresentar alegações ou documentos sobre o relatório, no
prazo de 2 (dois) dias.
Parágrafo único. Findo esse prazo serão os autos conclusos ao relator, que, dentro em 2 (dois)
dias, os apresentará a julgamento, que será previamente anunciado.
Art. 209. Na sessão designada será o feito chamado a julgamento de preferência a qualquer
outro processo.
§ 3º. A esse mapa admitir-se-á, dentro em 48 (quarenta e oito) horas de sua publicação,
impugnação fundada em erro de conta ou de cálculo, decorrente da própria sentença.
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Art. 210. Os mapas gerais de todas as circunscrições com as impugnações, se houver, e a folha
de apuração final levantada pela Secretaria, serão autuados e distribuídos a um relator geral,
designado pelo Presidente.
Parágrafo único. Recebidos os autos, após a audiência do Procurador Geral, o relator, dentro
de 48 (quarenta e oito) horas, resolverá as impugnações relativas aos erros de conta ou de
cálculo, mandando fazer as correções, se for o caso, e apresentará, a seguir, o relatório final com
os nomes dos candidatos que deverão ser proclamados eleitos e os dos demais candidatos, na
ordem decrescente das votações.
Art. 211. Aprovada em sessão especial a apuração geral, o Presidente anunciará a votação dos
candidatos proclamando a seguir eleito presidente da República o candidato mais votado que
tiver obtido maioria absoluta de votos, excluídos, para a apuração desta, os em branco e os
nulos.
§ 2º. Na mesma sessão o Presidente do Tribunal Superior designará a data para a expedição
solene dos diplomas em sessão pública.
Art. 212. Verificando que os votos das seções anuladas e daquelas cujos eleitores foram
impedidos de votar, em todo o País, poderão alterar a classificação de candidato, ordenará o
Tribunal Superior a realização de novas eleições.
§ 1º. Essas eleições serão marcadas desde logo pelo Presidente do Tribunal Superior e terão
lugar no primeiro domingo ou feriado que ocorrer após o 15º (décimo quinto) dia a contar da
data do despacho, devendo ser observado o disposto nos números II a VI do parágrafo único
do artigo 201.
Art. 213. Não se verificando a maioria absoluta, o Congresso Nacional, dentro de quinze dias
após haver recebido a respectiva comunicação do Presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
reunir-se-á em sessão pública para se manifestar sobre o candidato mais votado, que será
considerado eleito se, em escrutínio secreto, obtiver metade mais um dos votos dos seus
membros.
§ 1º. Se não ocorrer a maioria absoluta referida no caput deste artigo, renovar-se-á, até 30
(trinta) dias depois, a eleição em todo o País, à qual concorrerão os dois candidatos mais
votados, cujos registros estarão automaticamente revalidados.
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Art. 214. O presidente e o vice-presidente da República tomarão posse a 15 (quinze) de
março, em sessão do Congresso Nacional.
CAPÍTULO V
Dos Diplomas
Art. 215. Os candidatos eleitos, assim como os suplentes, receberão diploma assinado pelo
Presidente do Tribunal Superior, do Tribunal Regional ou da Junta Eleitoral, conforme o caso.
Parágrafo único. Do diploma deverá constar o nome do candidato, a indicação da legenda sob
a qual concorreu, o cargo para o qual foi eleito ou a sua classificação como suplente, e,
facultativamente, outros dados a critério do juiz ou do Tribunal.
Art. 216. Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a expedição do
diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua plenitude.
Art. 217. Apuradas as eleições suplementares o juiz ou o Tribunal reverá a apuração anterior,
confirmando ou invalidando os diplomas que houver expedido.
Art. 218. O presidente de Junta ou de Tribunal que diplomar militar candidato a cargo eletivo,
comunicará imediatamente a diplomação à autoridade a que o mesmo estiver subordinado, para
os fins do artigo 98.
CAPÍTULO VI
Das Nulidades da Votação
Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se
dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.
Parágrafo único. A declaração de nulidade não poderá ser requerida pela parte que lhe deu
causa nem a ela aproveitar.
I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra
da lei;
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III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17
horas;
V - quando a seção eleitoral tiver sido localizada com infração do disposto nos parágrafos 4º e 5º
do artigo 135. (Inciso acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Parágrafo único. A nulidade será pronunciada quando o órgão apurador conhecer do ato ou
dos seus efeitos e a encontrar provada, não lhe sendo lícito supri-la, ainda que haja consenso das
partes.
II - quando for negado ou sofrer restrição o direito de fiscalizar, e o fato constar da ata ou de
protesto interposto, por escrito, no momento; (Antigo inciso III renumerado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)
III - quando votar, sem as cautelas do artigo 147, § 2º: (Antigo inciso IV renumerado pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
a) eleitor excluído por sentença não cumprida por ocasião da remessa das folhas individuais de
votação à mesa, desde que haja oportuna reclamação de partido;
Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de
meios de que trata o artigo 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei.
Art. 223. A nulidade de qualquer ato, não decretada de ofício pela junta, só poderá ser argüida
quando de sua prática, não mais podendo ser alegada, salvo se a argüição se basear em motivo
superveniente ou de ordem constitucional.
§ 1º. Se a nulidade ocorrer em fase na qual não possa ser alegada no ato, poderá ser argüida na
primeira oportunidade que para tanto se apresente.
§ 2º. Se se basear em motivo superveniente deverá ser alegada imediatamente, assim que se
tornar conhecida, podendo as razões do recurso ser aditadas no prazo de 2 (dois) dias.
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§ 3º. A nulidade de qualquer ato, baseada em motivo de ordem constitucional, não poderá ser
conhecida em recurso interposto fora de prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra
que se apresentar poderá ser argüida. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)
Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do País nas eleições presidenciais,
do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão
prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de
20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.
§ 1º. se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto neste
artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador Geral, que
providenciará junto ao Tribunal Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição.
§ 2º. ocorrendo qualquer dos casos previstos neste capítulo, o Ministério Público promoverá,
imediatamente, a punição dos culpados.
CAPÍTULO VII
Do Voto no Exterior
Art. 225. Nas eleições para presidente e vice-presidente da República poderá votar o eleitor
que se encontrar no exterior.
§ 1º. Para esse fim serão organizadas seções eleitorais, nas sedes das Embaixadas e
Consulados Gerais.
§ 2º. sendo necessário instalar duas ou mais seções poderá ser utilizado local em que funcione
serviço do governo brasileiro.
Art. 226. Para que se organize uma seção eleitoral no exterior é necessário que na
circunscrição sob a jurisdição da Missão Diplomática ou do Consulado Geral haja um mínimo de
30 (trinta) eleitores inscritos.
Parágrafo único. Quando o número de eleitores não atingir o mínimo previsto no parágrafo
anterior, os eleitores poderão votar na mesa receptora mais próxima, desde que localizada no
mesmo país, de acordo com a comunicação que lhes for feita.
Art. 227. As mesas receptoras serão organizadas pelo Tribunal Regional do Distrito Federal
mediante proposta dos chefes de Missão e cônsules gerais, que ficarão investidos, no que for
aplicável, das funções administrativas de juiz eleitoral.
Art. 228. Até 30 (trinta) dias antes da realização da eleição todos os brasileiros eleitores,
residentes no estrangeiro, comunicarão à sede da Missão Diplomática, ou ao consulado geral, em
carta, telegrama ou qualquer outra via, a sua condição de eleitor e sua residência.
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§ 1º. Com a relação dessas comunicações e com os dados do registro consular, serão
organizadas as folhas de votação, e notificados os eleitores da hora e local da votação.
§ 2º. No dia da eleição só serão admitidos a votar os que constem da folha de votação e os
passageiros e tripulantes de navios e aviões de guerra e mercantes que, no dia, estejam na sede
das sessões eleitorais.
Art. 229. Encerrada a votação, as urnas serão enviadas pelos cônsules gerais às sedes das
Missões Diplomáticas. Estas as remeterão, pela mala diplomática, ao Ministério das Relações
Exteriores, que delas fará entrega ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, a quem
competirá a apuração dos votos e julgamento das dúvidas e recursos que hajam sido interpostos.
Parágrafo único. Todo o serviço de transporte do material eleitoral será feito por via aérea.
Art. 230. Todos os eleitores que votarem no exterior terão os seus títulos apreendidos pela
mesa receptora.
Parágrafo único. A todo eleitor que votar no exterior será concedido comprovante para a
comunicação legal ao juiz eleitoral de sua zona.
Art. 231. Todo aquele que, estando obrigado a votar, não o fizer, fica sujeito, além das
penalidades previstas para o eleitor que não vota no território nacional, à proibição de requerer
qualquer documento perante a repartição diplomática a que estiver subordinado, enquanto não se
justificar.
Art. 232. Todo o processo eleitoral realizado no estrangeiro fica diretamente subordinado ao
Tribunal Regional do Distrito Federal.
Art. 233. O Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério das Relações Exteriores baixarão as
instruções necessárias e adotarão as medidas adequadas para o voto no exterior.
PARTE QUINTA
Disposições Várias
TÍTULO I
Das Garantias Eleitorais
Art. 235. O juiz eleitoral, ou o presidente da mesa receptora, pode expedir salvo-conduto com
a cominação de prisão por desobediência até 5 (cinco) dias, em favor do eleitor que sofrer
violência, moral ou física, na sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado.
Parágrafo único. A medida será válida para o período compreendido entre 72 (setenta e duas)
horas antes até 48 (quarenta e oito) horas depois do pleito.
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Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito)
horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante
delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por
desrespeito a salvo-conduto.
§ 1º. Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas
funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia
gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.
§ 2º. Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do juiz
competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade
do coator.
§ 2º. Qualquer eleitor ou partido político poderá se dirigir ao Corregedor Geral ou Regional,
relatando fatos e indicando provas, e pedir abertura de investigação para apurar ato indevido do
poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, em benefício de candidato ou de
partido político.
Art. 238. É proibida, durante o ato eleitoral, a presença de força pública no edifício em que
funcionar mesa receptora, ou nas imediações, observado o disposto no artigo 141.
Art. 239. Aos partidos políticos é assegurada a prioridade postal durante os 60 (sessenta) dias
anteriores à realização das eleições, para remessa de material de propaganda de seus candidatos
registrados.
TÍTULO II
Da Propaganda Partidária
Art. 240. A propaganda de candidatos a cargos eletivos somente é permitida após a respectiva
escolha pela convenção.
Parágrafo único. É vedada, desde quarenta e oito horas antes até vinte e quatro horas depois
da eleição, qualquer propaganda política mediante radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões
públicas.
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Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por
eles paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e
adeptos.
Art. 242. A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará sempre a
legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios
publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou
passionais. (Redação dada ao caput pela Lei nº 7.476, de 15.05.1986)
Parágrafo único. Sem prejuízo do processo e das penas cominadas, a Justiça Eleitoral adotará
medidas para fazer impedir ou cessar imediatamente a propaganda realizada com infração do
disposto neste artigo.
II - que provoque animosidade entre as forças armadas ou contra elas ou delas contra as
classes e instituições civis;
VII - por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir
com moeda;
IX - que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou entidades que
exerçam autoridade pública.
§ 1º. O ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem prejuízo e independentemente da ação
penal competente, poderá demandar, no Juízo Cível, a reparação do dano moral respondendo
por este o ofensor e, solidariamente, o partido político deste, quando responsável por ação ou
omissão, e quem quer que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para ele.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. No que couber, aplicar-se-ão na reparação do dano moral, referido no parágrafo anterior,
os artigos 81 a 88 da Lei 4117, de 27 de agosto de 1962. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)
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§ 3º. É assegurado o direito de resposta a quem for injuriado, difamado ou caluniado através da
imprensa, rádio, televisão, ou alto falante, aplicando-se, no que couber, os artigos 90 e 96 da Lei
4117, de 27 de agosto de 1962. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 244. É assegurado aos partidos políticos registrados o direito de, independentemente de
licença da autoridade pública e do pagamento de qualquer contribuição:
I - fazer inscrever, na fachada de suas sedes e dependências, o nome que os designe, pela
forma que melhor lhes parecer;
II - instalar e fazer funcionar, normalmente, das quatorze às vinte e duas horas, nos três meses
que antecederem as eleições, alto falantes, ou amplificadores de voz, nos locais referidos, assim
como em veículos seus, ou à sua disposição, em território nacional, com observância da
legislação comum.
Parágrafo único. Os meios de propaganda a que se refere o número II deste artigo não serão
permitidos, a menos de 500 metros:
Art. 245. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto,
não depende de licença da polícia.
§ 1º. Quando o ato de propaganda tiver de realizar-se em lugar designado para a celebração de
comício, no forma do disposto no artigo 3 da Lei 1207, de 25 de outubro de 1950, deverá ser
feita comunicação à autoridade policial, pelo menos 24 (vinte e quatro) horas antes de sua
realização.
§ 2º. Não havendo local anteriormente fixado para a celebração de comício, ou sendo
impossível ou difícil nele realizar-se o ato de propaganda eleitoral, ou havendo pedido para
designação de outro local, a comunicação a que se refere o parágrafo anterior será feita, no
mínimo, com antecedência, de 72 (setenta e duas) horas, devendo a autoridade policial, em
qualquer desses casos, nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, designar local amplo e de fácil
acesso, de modo que não impossibilite ou frustre a reunião.
§ 3º. Aos órgãos da Justiça Eleitoral compete julgar das reclamações sobre a localização dos
comícios e providências sobre a distribuição eqüitativa dos locais aos partidos.
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Art. 246. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)
Art. 248. Ninguém poderá impedir a propaganda eleitoral, nem inutilizar, alterar ou perturbar os
meios lícitos nela empregados.
Art. 249. O direito de propaganda não importa restrição ao poder de polícia quando este deva
ser exercido em benefício da ordem pública.
Art. 251. No período destinado à propaganda eleitoral gratuita não prevalecerão quaisquer
contratos ou ajustes firmados pelas empresas que possam burlar ou tornar inexeqüível qualquer
dispositivo deste Código ou das instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 255. Nos 15 (quinze) dias anteriores ao pleito é proibida a divulgação, por qualquer forma,
de resultados de prévias ou testes pré-eleitorais.
TÍTULO III
Dos Recursos
CAPÍTULO I
Disposições Preliminares
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Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de
comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tribunal,
através de cópia do acórdão.
Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três
dias da publicação do ato, resolução ou despacho.
Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se
discutir matéria constitucional.
Parágrafo único. O recurso em que se discutir matéria constitucional não poderá ser interposto
fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra que se apresentar poderá ser
interposto.
Art. 260. A distribuição do primeiro recurso que chegar ao Tribunal Regional ou Tribunal
Superior, prevenirá a competência do relator para todos os demais casos do mesmo município ou
Estado.
Art. 261. Os recursos parciais, entre os quais não se incluem os que versarem matéria referente
ao registro de candidatos, interpostos para os Tribunais Regionais no caso de eleições municipais
e para o Tribunal Superior no caso de eleições estaduais ou federais, serão julgados à medida
que derem entrada nas respectivas Secretarias.
§ 1º. Havendo dois ou mais recursos parciais de um mesmo município ou Estado, ou se todos,
inclusive os de diplomação já estiverem no Tribunal Regional ou no Tribunal Superior, serão eles
julgados seguidamente, em uma ou mais sessões.
§ 4º. Em todos os recursos, no despacho que determinar a remessa dos autos à instância
superior, o juízo a quo esclarecerá quais os ainda em fase de processamento e, no último, quais
os anteriormente remetidos.
Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:
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I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato;
III - erro de direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do quociente eleitoral ou
partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação sob
determinada legenda;
Art. 263. No julgamento de um mesmo pleito eleitoral, as decisões anteriores sobre questões
de direito constituem prejulgados para os demais casos, salvo se contra a tese votarem dois
terços dos membros do Tribunal.
Art. 264. Para os Tribunais Regionais e para o Tribunal Superior caberá, dentro de 3 (três)
dias, recurso dos atos, resoluções ou despachos dos respectivos presidentes.
CAPÍTULO II
Dos Recursos Perante as Juntas e Juízos Eleitorais
Art. 265. Dos atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas eleitorais caberá recurso para
o Tribunal Regional.
Parágrafo único. Os recursos das decisões das Juntas serão processados na forma estabelecida
pelos artigos 169 e seguintes.
Art. 266. O recurso independerá de termo e será interposto por petição devidamente
fundamentada, dirigida ao juiz eleitoral e acompanhada, se o entender o recorrente, de novos
documentos.
Parágrafo único. Se o recorrente se reportar a coação, fraude, uso de meios de que trata o
artigo 237 ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedada por lei,
dependentes de prova a ser determinada pelo Tribunal, bastar-lhe-á indicar os meios a elas
conducentes. (Parágrafo único acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 267. Recebida a petição, mandará o juiz intimar o recorrido para ciência do recurso,
abrindo-se-lhe vista dos autos a fim de, em prazo igual ao estabelecido para a sua interposição,
oferecer razões, acompanhadas ou não de novos documentos.
§ 1º. A intimação se fará pela publicação da notícia da vista no jornal que publicar o expediente
da Justiça Eleitoral, onde houver, e nos demais lugares, pessoalmente pelo escrivão, independente
de iniciativa do recorrente.
§ 2º. Onde houver jornal oficial, se a publicação não ocorrer no prazo de 3 (três) dias, a
intimação se fará pessoalmente ou na forma prevista no parágrafo seguinte.
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§ 3º. Nas zonas em que se fizer intimação pessoal, se não for encontrado e recorrido dentro de
48 (quarenta e oito) horas, a intimação se fará por edital afixados no fórum, no local de costume.
§ 4º. Todas as citações e intimações serão feitas na forma estabelecida neste artigo.
§ 5º. Se o recorrido juntar novos documentos, terá o recorrente vista dos autos por 48
(quarenta e oito) horas para falar sobre os mesmos, contado o prazo na forma deste artigo.
§ 6º. Findos os prazos a que se referem os parágrafos anteriores, o juiz eleitoral fará, dentro de
quarenta e oito horas, subir os autos ao Tribunal Regional com a sua resposta e os documentos
em que se fundar, sujeito à multa de dez por cento do salário mínimo regional por dia de
retardamento, salvo se entender de reformar a sua decisão. (Redação dada ao parágrafo pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 7º. Se o juiz reformar a decisão recorrida, poderá o recorrido, dentro de 3 (três) dias,
requerer suba o recurso como se por ele interposto.
CAPÍTULO III
Dos Recursos nos Tribunais Regionais
Art. 268. No Tribunal Regional nenhuma alegação escrita ou nenhum documento poderá ser
oferecido por qualquer das partes, salvo o disposto no artigo 270. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 269. Os recursos serão distribuídos a um relator em 24 (vinte e quatro) horas e na ordem
rigorosa da antiguidade dos respectivos membros, esta última exigência sob pena de nulidade de
qualquer ato ou decisão do relator ou do tribunal.
§ 1º. Feita a distribuição, a Secretaria do Tribunal abrirá vista dos autos à Procuradoria
Regional, que deverá emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º. Se a Procuradoria não emitir parecer no prazo fixado, poderá a parte interessada requerer
a inclusão do processo na pauta, devendo o Procurador, nesse caso, proferir parecer oral na
assentada do julgamento.
Art. 270. Se o recurso versar sobre coação, fraude, uso de meios de que trata o artigo 237, ou
emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei dependente de
prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao impugná-lo, o relator no Tribunal Regional deferi
la-á em vinte e quatro horas da conclusão, realizando-se ela no prazo improrrogável de cinco
dias.
§ 1º. Admitir-se-ão como meios de prova para apreciação pelo Tribunal as justificações e as
perícias processadas perante o juiz eleitoral da zona, com citação dos partidos que concorreram
ao pleito e do representante de Ministério Público.
§ 2º. Indeferindo o relator a prova, serão os autos, a requerimento do interessado, nas vinte e
quatro horas seguintes, presentes à primeira sessão do Tribunal, que deliberará a respeito.
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§ 3º. Protocoladas as diligências probatórias, ou com a juntada das justificações ou diligências,
a Secretaria do Tribunal abrirá, sem demora, vista dos autos, por vinte e quatro horas,
seguidamente, ao recorrente e ao recorrido para dizerem a respeito.
§ 4º. Findo o prazo acima, serão os autos conclusos ao relator. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 271. O relator devolverá os autos à Secretaria no prazo improrrogável de 8 (oito) dias
para, nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, ser o caso incluído na pauta de julgamento do
Tribunal.
§ 1º. Tratando-se de recurso contra a expedição de diploma, os autos, uma vez devolvidos pelo
relator, serão conclusos ao juiz imediato em antiguidade como revisor, o qual deverá devolvê-los
em 4 (quatro) dias.
§ 2º. As pautas serão organizadas com um número de processos que possam ser realmente
julgados, obedecendo-se rigorosamente a ordem da devolução dos mesmos à Secretaria pelo
relator, ou revisor, nos recursos contra a expedição de diploma, ressalvadas as preferências
determinadas pelo regimento do Tribunal.
Art. 272. Na sessão do julgamento, uma vez feito o relatório pelo relator, cada uma das partes
poderá, no prazo improrrogável de dez minutos, sustentar oralmente as suas conclusões.
Art. 273. Realizado o julgamento, o relator, se vitorioso, ou o relator designado para redigir o
acórdão, apresentará a redação deste, o mais tardar, dentro em 5 (cinco) dias.
Art. 274. O acórdão, devidamente assinado, será publicado, valendo como tal a inserção da
sua conclusão no órgão oficial.
§ 1º. Se o órgão oficial não publicar o acórdão no prazo de 3 (três) dias, as partes serão
intimadas pessoalmente e, se não forem encontradas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a
intimação se fará por edital afixado no Tribunal, no local de costume.
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§ 1º. Os embargos serão opostos dentro em 3 (três) dias da data da publicação do acórdão,
em petição dirigida ao relator, na qual será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou
omisso.
§ 2º. O relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira sessão seguinte
proferindo o seu voto.
Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas, salvo os casos seguintes em
que cabe recurso para o Tribunal Superior:
I - especial:
b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
II - ordinário:
§ 2º. Sempre que o Tribunal Regional determinar a realização de novas eleições, o prazo para a
interposição dos recursos, no caso do número II, a, contar-se-á da sessão em que, feita a
apuração das sessões renovadas, for proclamado o resultado das eleições suplementares.
Art. 277. Interposto recurso ordinário contra decisão do Tribunal Regional, o presidente
poderá, na própria petição, mandar abrir vista ao recorrido para que, no mesmo prazo, ofereça
as suas razões.
Art. 278. Interposto recurso especial contra decisão do Tribunal Regional, a petição será
juntada nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes e os autos conclusos ao presidente dentro de 24
(vinte e quatro) horas.
§ 1º. O presidente, dentro em 48 (quarenta e oito) horas do recebimento dos autos conclusos,
proferirá despacho fundamentado, admitindo ou não o recurso.
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§ 2º. Admitido o recurso, será aberta vista dos autos ao recorrido para que, no mesmo prazo,
apresente as suas razões.
§ 3º. Em seguida serão os autos conclusos ao presidente, que mandará remetê-los ao Tribunal
Superior.
Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poderá interpor, dentro em 3 (três) dias,
agravo de instrumento.
§ 3º. Deferida a formação do agravo, será intimado o recorrido para, no prazo de 3 (três) dias,
apresentar as suas razões e indicar as peças dos autos que serão também trasladadas.
§ 5º. O presidente do Tribunal não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que interposto
fora do prazo legal.
§ 6º. Se o agravo de instrumento não for conhecido, porque interposto fora do prazo legal, o
Tribunal Superior imporá ao recorrente multa correspondente ao valor do maior salário mínimo
vigente no País, multa essa que será inscrita e cobrada na forma prevista no artigo 367.
CAPÍTULO IV
Dos Recursos no Tribunal Superior
Art. 280. Aplicam-se ao Tribunal Superior as disposições dos artigos 268, 269, 270, 271,
caput, 272, 273, 274 e 275.
Art. 281. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior, salvo as que declararem a
invalidade de lei ou ato contrário à Constituição Federal e as denegatórias de habeas corpus ou
mandado de segurança, das quais caberá recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal,
interposto no prazo de 3 (três) dias.
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§ 1º. Juntada a petição nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes, os autos serão conclusos ao
presidente do Tribunal, que, no mesmo prazo, proferirá despacho fundamentado, admitindo ou
não o recurso.
§ 2º. Admitido o recurso será aberta vista dos autos ao recorrido para que, dentro de 3 (três)
dias, apresente as suas razões.
§ 3º. Findo esse prazo os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal.
Art. 282. Denegado o recurso, o recorrente poderá interpor, dentro de 3 (três) dias, agravo de
instrumento, observado o disposto no artigo 279 e seus parágrafos, aplicada a multa a que se
refere o § 6º pelo Supremo Tribunal Federal.
TÍTULO IV
Disposições Penais
CAPÍTULO I
Disposições Preliminares
Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral:
I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam presidindo Juntas
Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por designação de Tribunal Eleitoral;
III - os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras ou Juntas Apuradoras;
§ 1º. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indicados no presente
artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.
§ 2º. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal ou em sociedade de economia mista.
Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de 15
(quinze) dias para a pena de detenção e de 1 (um) ano para a de reclusão.
Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o
quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada
ao crime.
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento, ao Tesouro Nacional, de uma soma de
dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no máximo,
300 (trezentos) dias-multa.
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§ 1º. O montante do dia-multa é fixado segundo o prudente arbítrio do juiz, devendo este ter
em conta as condições pessoais e econômicas do condenado, mas não pode ser inferior ao
salário mínimo diário da região, nem superior ao valor de um salário mínimo mensal.
§ 2º. A multa pode ser aumentada até o triplo, embora não possa exceder o máximo genérico
caput, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do condenado, é ineficaz a
cominada, ainda que no máximo, ao crime de que se trate.
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta Lei as regras gerais do Código Penal.
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio ou da televisão,
aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões a outra lei nele contempladas.
CAPÍTULO II
Dos Crimes Eleitorais
Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste
Código.
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição
requerida:
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Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro da mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou
candidato, com violação do disposto no artigo 236:
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:
Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não
votar em determinado candidato ou partido:
Art. 301. Usar da violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em
determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício
do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de
alimento e transporte coletivo:
Pena - reclusão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 1.064, de 24.10.1969)
Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais
como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria
eleitoral:
Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu
funcionamento sob qualquer pretexto:
Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar:
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Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa.
Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada:
Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da
mesma ao eleitor:
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:
Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da mesa receptora que seja praticada qualquer
irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do artigo 311:
Art. 311. Votar em secção eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente
previstos, e permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja admitido:
Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente
após a apuração de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda
que dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:
Parágrafo único. Nas secções eleitorais em que a contagem for procedida pela mesa receptora
incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não expedirem imediatamente o
respectivo boletim.
Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva
urna, fechá-la, e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada secção e antes de passar à
subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providência pelos fiscais, delegados
ou candidatos presentes:
Parágrafo único. Nas secções eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela mesa
receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não fecharem e lacrarem a
urna após a contagem.
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Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer
candidato ou lançar nesses documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas:
Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos
devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior:
Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor
houver votado sob impugnação (artigo 190):
Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos:
Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido:
Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos, e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:
Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º. A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;
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II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.
§ 2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio
empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas
correspondentes à violência prevista no Código Penal.
Art. 327. As penas cominadas nos artigos 324, 325 e 326 aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.
Art. 330. Nos casos dos artigos 328 e 329, se o agente repara o dano antes da sentença final,
o juiz pode reduzir a pena.
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Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato.
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa na apreensão e
perda do material utilizado na propaganda.
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos artigos 322, 323,
324, 325, 326, 328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo com o seu
livre convencimento, se o diretório local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu
para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável pena de suspensão de sua
atividade eleitoral, por prazo de 6 (seis) a 12 (doze) meses, agravada até o dobro nas
reincidências.
Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus direitos
políticos, de atividades partidárias, inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados
ou abertos:
Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou televisão
que autorizar transmissões de que participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor
de jornal que lhes divulgar os pronunciamentos.
Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no artigo 239:
Art. 339. Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição:
Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou
guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:
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Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário de
órgão oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça
Eleitoral:
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de
promover a execução de sentença condenatória:
Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Justiça
Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita
a outra penalidade:
Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)
Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e pagamento de 10 (dez) a 20 (vinte) dias-
multa.
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro, para fins eleitorais:
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§ 2º. Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal inclusive Fundação do Estado.
Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular, ou alterar documento particular
verdadeiro, para fins eleitorais:
Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:
Art. 351. Equipara-se a documento (348, 349 e 350), para os efeitos penais, a fotografia, o
filme cinematográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore declaração ou
imagem destinada a prova de fato juridicamente relevante.
Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função pública, firma ou letra que o
não seja, para fins eleitorais:
Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados, a que se referem os
artigos 348 a 352:
Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou particular, material ou
ideologicamente falso para fins eleitorais:
CAPÍTULO III
Do Processo das Infrações
Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.
Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal deste Código deverá
comunicá-la ao juiz eleitoral da zona onde a mesma se verificou.
§ 1º. Quando a comunicação for verbal, mandará a autoridade judicial reduzi-la a termo,
assinado pelo apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao órgão do Ministério Público
local, que procederá na forma deste Código.
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§ 2º. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou outros elementos de convicção, deverá requisitá-los diretamente de quaisquer
autoridades ou funcionários que possam fornecê-los.
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do
prazo de 10 (dez) dias.
§ 2º. A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
§ 3º. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará
contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.
§ 5º. Qualquer eleitor poderá provocar a representação contra o órgão do Ministério Público
se o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, não agir de ofício.
III - for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da
ação penal.
Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição da denúncia não obstará ao exercício da
ação penal, desde que promovida por parte legítima ou satisfeita a condição.
Art. 359. Recebida a denúncia e citado o infrator, terá este o prazo de 10 (dez) dias para
contestá-la, podendo juntar documentos que ilidam a acusação e arrolar as testemunhas que tiver.
Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao juiz dentro de quarenta e oito horas,
terá o mesmo 10 (dez) dias para proferir a sentença.
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Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o Tribunal
Regional, a ser interposto no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória, baixarão imediatamente os autos
à instância inferior para a execução da sentença, que será feita no prazo de 5 (cinco) dias,
contados da data da vista ao Ministério Público.
Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem
conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei
subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.
TÍTULO V
Disposições Gerais e Transitórias
Art. 365. O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é obrigatório e não interrompe o
interstício de promoção dos funcionários para ele requisitados.
Art. 366. Os funcionários de qualquer órgão da Justiça Eleitoral não poderão pertencer a
diretório de partido político ou exercer qualquer atividade partidária, sob pena de demissão.
Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer multa, salvo no caso das condenações
criminais, obedecerão as seguintes normas:
III - se o eleitor não satisfizer o pagamento no prazo de 30 (trinta) dias, será considerada dívida
líquida e certa, para efeito de cobrança mediante executivo fiscal, a que for inscrita em livro
próprio no Cartório Eleitoral;
IV - a cobrança judicial da dívida será feita por ação executiva, na forma prevista para a
cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, correndo a ação perante os juízos eleitorais;
V - nas Capitais e nas comarcas onde houver mais de um Promotor de Justiça, a cobrança da
dívida far-se-á por intermédio do que for designado pelo Procurador Regional Eleitoral;
VI - os recursos cabíveis, nos processos para cobrança da dívida decorrente de multa, serão
interpostos para a instância superior da Justiça Eleitoral;
VIII - as custas, nos Estados, Distrito Federal e Territórios serão cobradas nos termos dos
respectivos Regimentos de Custas;
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IX - os juízes eleitorais comunicarão aos Tribunais Regionais, trimestralmente, a importância
total das multas impostas nesse período e quanto foi arrecadado através de pagamentos feitos na
forma dos números II e III;
§ 1º. As multas aplicadas pelos Tribunais Eleitorais serão consideradas líquidas e certas, para
efeito de cobrança mediante executivo fiscal desde que inscritas em livro próprio na Secretaria do
Tribunal competente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 2º. A multa pode ser aumentada até dez vezes, se o juiz, ou Tribunal considerar que, em virtude
da situação econômica do infrator, é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 3º. O alistando, ou o eleitor, que comprovar devidamente o seu estado de pobreza, ficará
isento do pagamento de multa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
§ 4º. Fica autorizado o Tesouro Nacional a emitir selos, sob a designação "Selo Eleitoral"
destinados ao pagamento de emolumentos, custas, despesas e multas, tanto as administrativas
como as penais, devidas à Justiça Eleitoral. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)
§ 5º. Os pagamentos de multas poderão ser feitos através de guias de recolhimento, se a Justiça
Eleitoral não dispuser de selo eleitoral em quantidade suficiente para atender aos interessados.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 368. Os atos requeridos ou propostos em tempo oportuno, mesmo que não sejam
apreciados no prazo legal, não prejudicarão aos interessados.
Art. 369. O Governo da União fornecerá, para ser distribuído por intermédio dos Tribunais
Regionais, todo o material destinado ao alistamento eleitoral e às eleições.
Art. 371. As repartições públicas são obrigadas, no prazo máximo de 10 (dez) dias, a fornecer
às autoridades, aos representantes de partidos ou a qualquer alistando as informações e certidões
que solicitarem relativas à matéria eleitoral, desde que os interessados manifestem especificamente
as razões e os fins do pedido.
Art. 372. Os tabeliães não poderão deixar de reconhecer nos documentos necessários à
instrução dos requerimentos e recursos eleitorais, as firmas de pessoas do seu conhecimento, ou
das que se apresentarem com 2 (dois) abonadores conhecidos.
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Art. 373. São isentos de selo os requerimentos e todos os papéis destinados a fins eleitorais e é
gratuito o reconhecimento de firma pelos tabeliães, para os mesmos fins.
Parágrafo único. Nos processos-crimes e nos executivos fiscais referentes à cobrança de multas
serão pagas custas nos termos do Regimento de Custas de cada Estado, sendo as devidas à
União pagas através de selos federais inutilizados nos autos.
Art. 374. Os membros dos tribunais eleitorais, os juízes eleitorais e os servidores públicos
requisitados para os órgãos da Justiça Eleitoral que, em virtude de suas funções nos mencionados
órgãos, não tiverem as férias que lhes couberem, poderão gozá-las no ano seguinte, acumuladas
ou não. (Redação dada ao caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)
Art. 375. Nas áreas contestadas, enquanto não forem fixados definitivamente os limites
interestaduais, far-se-ão as eleições sob a jurisdição do Tribunal Regional da circunscrição
eleitoral em que, do ponto de vista da administração judiciária estadual, estejam elas incluídas.
Art. 376. A proposta orçamentária da Justiça Eleitoral será anualmente elaborada pelo Tribunal
Superior, de acordo com as propostas parciais que lhe forem remetidas pelos Tribunais
Regionais, e dentro das normas legais vigentes.
Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia, fundação do
Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo poder público,
ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências não poderá
ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político.
Parágrafo único. O disposto neste artigo será tornado efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão
competente da Justiça Eleitoral, conforme o âmbito nacional, regional ou municipal do órgão
infrator, mediante representação fundamentada de autoridade pública, representante partidário,
ou de qualquer eleitor.
Art. 378. O Tribunal Superior organizará, mediante proposta do Corregedor Geral, os serviços
da Corregedoria, designando para desempenhá-los funcionários efetivos do seu quadro e
transformando o cargo de um deles, diplomado em direito e de conduta moral irrepreensível, no
de Escrivão da Corregedoria, símbolo PJ-l, a cuja nomeação serão inerentes, assim na Secretaria
como nas diligências, as atribuições de titular de ofício de Justiça.
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§ 1º. Tratando-se de servidor público, em caso de promoção, a prova de haver prestado tais
serviços será levada em consideração para efeito de desempate, depois de observados os
critérios já previstos em leis ou regulamentos.
§ 2º. Persistindo o empate de que trata o parágrafo anterior, terá preferência, para a promoção,
o funcionário que tenha servido maior número de vezes.
§ 3º. O disposto neste artigo não se aplica aos membros ou servidores da Justiça Eleitoral.
Art. 380. Será feriado nacional o dia em que se realizarem eleições de data fixada pela
Constituição Federal; nos demais casos, serão as eleições marcadas para um domingo ou dia já
considerado feriado por lei anterior.
Art. 381. Esta Lei não altera a situação das candidaturas a Presidente ou Vice-Presidente da
República e a Governador ou Vice-Governador de Estado, desde que resultantes de convenções
partidárias regulares e já registradas ou em processo de registro, salvo a ocorrência de outros
motivos de ordem legal ou constitucional que as prejudiquem.
Art. 382. Este Código entrará em vigor 30 dias após a sua publicação.
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Código Tributário Nacional
LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966
Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas gerais de direito tributário
aplicáveis à União, Estados e Municípios.
O Presidente da República,
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 1º. Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional nº 18, de 1º de
dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º,
XV, b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação
complementar, supletiva ou regulamentar.
LIVRO PRIMEIRO
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2º. O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional nº
18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal
e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e em leis
estaduais, e em leis municipais.
Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
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Art. 5º. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.
TÍTULO II
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 9º. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração,
o disposto nos artigos 21, 26 e 65;
II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial
do exercício financeiro a que corresponda;
III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias,
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por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais;
IV - cobrar imposto sobre:
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) o patrimônio, a renda ou serviços de partidos políticos e de instituições de educação ou
de assistência social, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros.
§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da
condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da
prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias
por terceiros.
§ 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos serviços próprios
das pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus
objetivos.
Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional, ou que importe distinção ou preferência em favor de determinado Estado ou
Município.
Art. 11. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou do seu destino.
SEÇÃO II
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 12. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º, observado o disposto nos seus §
§ 1º e 2º, é extensivo às autarquias criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal,
ou pelos Municípios, tão-somente no que se refere ao patrimônio, à renda ou aos serviços
vinculados às suas finalidades essenciais, ou delas decorrentes.
Art. 13. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º não se aplica aos serviços
públicos concedidos, cujo tratamento tributário é estabelecido pelo poder concedente, no
que se refere aos tributos de sua competência, ressalvado o que dispõe o parágrafo único.
Parágrafo único. Mediante lei especial e tendo em vista o interesse comum, a União pode
instituir isenção de tributos federais, estaduais e municipais para os serviços públicos que
conceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º.
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos
seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro
ou participação no seu resultado;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos
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institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a
autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente os
diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este
artigo, previsto nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos
compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de
seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
TÍTULO III
IMPOSTOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte
Art. 17. Os impostos componentes do sistema tributário nacional são exclusivamente os
que constam deste Título, com as competências e limitações nele previstas.
Art. 18. Compete:
I - à União instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se
aqueles não forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes;
II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios instituir,
cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios.
CAPÍTULO II
IMPOSTOS SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR
SEÇÃO I
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IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO
Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos
estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.
Art. 20. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência,
para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da
arrematação.
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política
cambial e do comércio exterior.
Art. 22. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
SEÇÃO II
IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO
Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de
produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território
nacional.
Art. 24. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no
porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a
operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado
internacional, o custo do financiamento.
Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos
no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos
limites por ela estabelecidos.
Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política
cambial e do comercio exterior.
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Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.
Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na
forma da lei.
CAPÍTULO III
IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÔNIO E A RENDA
SEÇÃO I
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL
Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem
como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como
definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.
Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.
Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.
SEÇÃO II
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e
territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona
urbana do Município.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal, observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em
pelo menos dois dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão
urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à
habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos
termos do parágrafo anterior.
Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.
Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens
móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua
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utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.
Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.
SEÇÃO III
IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS E DE DIREITOS A ELES
RELATIVOS
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e
de direitos a eles relativos tem como fato gerador:
I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis,
por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil;
II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos
reais de garantia;
III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II.
Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos
quantos sejam os herdeiros ou legatários.
Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a
transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior:
I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento
de capital nela subscrito;
II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou
com outra.
Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos
bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua
desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.
Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente
tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a
cessão de direitos relativos à sua aquisição.
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando
mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos
2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações
mencionadas neste artigo.
§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de
2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior,
levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.
§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos
termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data.
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§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando
realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante.
Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.
Art. 39. A alíquota do imposto não excederá os limites fixados em resolução do Senado
Federal, que distinguirá, para efeito de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões
que atendam à política nacional de habitação.
Art. 40. O montante do imposto é dedutível do devido à União, a título do imposto de que
trata o artigo 43, sobre o provento decorrente da mesma transmissão.
Art. 41. O imposto compete ao Estado da situação do imóvel transmitido, ou sobre que
versarem os direitos cedidos, mesmo que a mutação patrimonial decorra de sucessão aberta
no estrangeiro.
Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada. como
dispuser a lei.
SEÇÃO IV
IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer
natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não
compreendidos no inciso anterior.
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da
renda ou dos proventos tributáveis.
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43,
sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens
produtores de renda ou dos proventos tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos
tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe
caibam.
CAPÍTULO IV
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO
SEÇÃO I
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como
fato gerador:
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I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou
o aperfeiçoe para o consumo.
Art. 47. A base de cálculo do imposto é:
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do
artigo 20, acrescido do montante:
a) do Imposto sobre a Importação;
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;
II - no caso do inciso II do artigo anterior:
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou
sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;
III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.
Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos.
Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido
resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos
produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.
Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte,
transfere-se para o período ou períodos seguintes.
Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos de um para outro Estado, ou
do ou para o Distrito Federal, serão acompanhados de nota fiscal de modelo especial,
emitida em séries próprias e contendo, além dos elementos necessários ao controle fiscal,
os dados indispensáveis à elaboração da estatística do comércio por cabotagem e demais
vias internas.
Art. 51. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes
definidos no inciso anterior;
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IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo
qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.
SEÇÃO II
IMPOSTO ESTADUAL SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS
Art. 52. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 53. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 54. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 55. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 56. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 57. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 58. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
SEÇÃO III
IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS
Art. 59. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Art. 60. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Art. 61. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Art. 62. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
SEÇÃO IV
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, E SOBRE
OPERAÇÕES RELATIVAS A TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do
montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do
interessado;
II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou
estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do
interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à
disposição por este;
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do
documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;
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IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão,
pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.
Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e
reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma
mesma operação de crédito.
Art. 64. A base de cálculo do imposto é:
I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e
os juros;
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido,
entregue ou posto à disposição;
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal ou o valor da cotação em Bolsa, como
determinar a lei;
c) no pagamento ou resgate, o preço.
Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política
monetária.
Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como
dispuser a lei.
Art. 67. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na
forma da lei.
SEÇÃO V
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
Art. 68. O imposto, de competência da União, sobre serviços de transportes e
comunicações tem como fato gerador:
I - a prestação do serviço de transporte, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias
ou valores, salvo quando o trajeto se contenha inteiramente no território de um mesmo
Município;
II - a prestação do serviço de comunicações, assim se entendendo a transmissão e o
recebimento, por qualquer processo, de mensagens escritas, faladas ou visuais, salvo
quando os pontos de transmissão e de recebimento se situem no território de um mesmo
Município e a mensagem em curso não possa ser captada fora desse território.
Art. 69. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.
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Art. 70. Contribuinte do imposto é o prestador do serviço.
SEÇÃO VI
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA
Art. 71. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 72. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 73. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
CAPÍTULO V
IMPOSTOS ESPECIAIS
SEÇÃO I
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS A COMBUSTÍVEIS,
LUBRIFICANTES, ENERGIA ELÉTRICA E MINERAIS DO PAÍS
Art. 74. O imposto, de competência da União, sobre operações relativas a combustíveis,
lubrificantes, energia elétrica e minerais do País tem como fato gerador:
I - a produção, como definida no artigo 46 e seu parágrafo único;
II - a importação, como definida no artigo 19;
III - a circulação, como definida no artigo 52;
IV - a distribuição, assim entendida a colocação do produto no estabelecimento
consumidor ou em local de venda ao público;
V - o consumo, assim entendida a venda do produto ao público.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, a energia elétrica considera-se produto industrializado.
§ 2º O imposto incide, uma só vez, sobre uma das operações previstas em cada inciso
deste artigo, como dispuser a lei, e exclui quaisquer outros tributos, sejam quais forem sua
natureza ou competência, incidentes sobre aquelas operações.
Art. 75. A lei observará o disposto neste Título relativamente:
I - ao Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a incidência seja sobre a produção
ou sobre o consumo;
II - ao Imposto sobre a Importação, quando a incidência seja sobre essa operação;
III - ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias, quando a
incidência seja sobre a distribuição.
SEÇÃO II
IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS
Art. 76. Na iminência ou no caso de guerra externa, a União pode instituir,
temporariamente, impostos extraordinários compreendidos ou não entre os referidos nesta
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Lei, suprimidos, gradativamente, no prazo máximo de 5 (cinco) anos, contados da
celebração da paz.
TÍTULO IV
TAXAS
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou
desvio de poder.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de
utilidade ou de necessidade públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos
usuários.
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no
âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis
Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível,
competem a cada uma dessas pessoas de direito público.
TÍTULO V
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
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Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos
mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para
cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30(trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de
qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação
a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do
custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona
beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do
montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que
integraram o respectivo cálculo.
TÍTULO VI
DISTRIBUIÇÕES DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 83. Sem prejuízo das demais disposições deste Título, os Estados e Municípios que
celebrem com a União convênios destinados a assegurar ampla e eficiente coordenação dos
respectivos programas de investimentos e serviços públicos, especialmente no campo da
política tributária, poderão participar de até 10% (dez por cento) da arrecadação efetuada,
nos respectivos territórios, proveniente do imposto referido no artigo 43, incidente sobre o
rendimento das pessoas físicas, e no artigo 46, excluído o incidente sobre o fumo e bebidas
alcoólicas.
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Parágrafo único. O processo das distribuições previstas neste artigo será regulado nos
convênios nele referidos.
Art. 84. A lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o
encargo de arrecadar os impostos de competência da União, cujo produto lhes seja
distribuído no todo ou em parte.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à arrecadação dos impostos de
competência dos Estados, cujo produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos
respectivos Municípios.
CAPÍTULO II
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL E SOBRE A
RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA
SEÇÃO I
CONSTITUIÇÃO DOS FUNDOS
Art. 86. Do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os artigos 43 e 46,
80% (oitenta por cento) constituem a receita da União e o restante será distribuído à razão
de 10% (dez por cento) ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e 10%
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(dez por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios.
Parágrafo único. Para cálculo da percentagem destinada aos Fundos de Participação,
exclui-se do produto da arrecadação do imposto a que se refere o artigo 43 a parcela
distribuída nos termos do inciso II do artigo anterior.
Art. 87. O Banco do Brasil S.A., à medida em que for recebendo as comunicações do
recolhimento dos impostos a que se refere o artigo anterior, para escrituração na conta
"Receita da União", efetuará automaticamente o destaque de 20% (vinte por cento), que
creditará, em partes iguais, ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e ao
Fundo de Participação dos Municípios.
Parágrafo único. Os totais relativos a cada imposto, creditados mensalmente a cada um
dos Fundos, serão comunicados pelo Banco do Brasil S.A. ao Tribunal de Contas da União
até o último dia útil do mês subseqüente.
SEÇÃO II
CRITÉRIO DE DISTRIBUIÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS
Art. 88. O Fundo de Participação dos Estados do Distrito Federal, a que se refere o artigo
86, será distribuído da seguinte forma:
I - 5% (cinco por cento), proporcionalmente à superfície de cada entidade participante;
II - 95% (noventa e cinco por cento), proporcionalmente ao coeficiente individual de
participação, resultante do produto do fator representativo da população pelo fator
representativo do inverso da renda per capita, de cada entidade participante, como
definidos nos artigos seguintes.
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-se:
I - a superfície territorial apurada e a população estimada, quanto a cada entidade
participante, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
II - a renda per capita, relativa a cada entidade participante, no último ano para o qual
existam estimativas efetuadas pela Fundação "Getúlio Vargas".
Art. 89. O fator representativo da população, a que se refere o inciso II do artigo anterior,
será estabelecido da seguinte forma:
Fator
I - até 2% 2,0
II - acima de 2% até 5%:
a) pelos primeiros 2% 2,0
b) para cada 0,3% ou fração excedente, mais 0,3
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III - acima de 5% até 10%:
a) pelos primeiros 5% 5,0
b) para cada 0,5% ou fração excedente, mais 0,5
IV - acima de 10% 10,0
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se como população total do País a
soma das populações estimadas a que se refere o inciso I do parágrafo único do artigo
anterior.
Art. 90. O fator representativo do inverso da renda per capita, a que se refere o inciso II
do artigo 88, será estabelecido da seguinte forma:
Fator
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Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, determina-se o índice relativo à renda per
capita de cada entidade participante, tomando-se como 100 (cem) a renda per capita média
do País.
SEÇÃO III
CRITÉRIO DE DISTRIBUIÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS
MUNICÍPIOS
Art. 91. Do Fundo de Participação dos Municípios a que se refere o artigo 86, serão
atribuídos:
I - 10% (dez por cento) aos Municípios das capitais dos Estados;
II - 90% (noventa por cento) aos demais Municípios do País.
§ 1º A parcela de que trata o inciso I será distribuída proporcionalmente a um coeficiente
individual de participação, resultante do produto dos seguintes fatores:
a) fator representativo da população, assim estabelecido:
Percentual da População de cada Município em relação à do Conjunto das Capitais:
Fator
Até 2% 0,2
Mais de 2% até 5%:
Pelos primeiros 2% 0,2
Cada 0,5% ou fração excedente, mais 0,5
Mais de 5% 0,5
b) fator representativo do inverso da renda per capita do respectivo Estado, de
conformidade com o dispositivo no artigo 90.
§ 2º A distribuição da parcela a que se refere o item II deste artigo, deduzido o percentual
referido no artigo 3º do Decreto-Lei que estabelece a redação deste parágrafo, far-se-á
atribuindo-se a cada Município um coeficiente individual de participação determinado na
forma seguinte:
Categoria do Município, segundo seu número de habitantes
Coeficiente
a) Até 16.980
Pelos primeiros 10.188 0,6
Para cada 3.396 ou fração excedente, mais 0,2
b) Acima de 16.980 até 50.940
Pelos primeiros 16.980 0,1
Para cada 6.792 ou fração excedente, mais 0,2
c) Acima de 50.940 até 101.880
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Pelos primeiros 50.940 2,0
Para cada 10.188 ou fração excedente, mais 0,2
d) Acima de 101.880 até 156.216
Pelos primeiros 101.880 3,0
Para cada 13.584 ou fração excedente, mais 0,2
e) Acima de 156.216 4,0
§ 3º. Para os efeitos deste artigo, consideram-se os Municípios regularmente instalados,
fazendo-se a revisão das quotas anualmente, a partir de 1989, com base em dados oficiais
de população produzidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-
IBGE.
§ 4º. (Revogado pela Lei Complementar nº 91, de 22.12.1997)
§ 5º. (Revogado pela Lei Complementar nº 91, de 22.12.1997)
SEÇÃO IV
CÁLCULO E PAGAMENTO DAS QUOTAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS
Art. 92. Até o último dia útil de cada exercício, o Tribunal de Contas da União
comunicará ao Banco do Brasil S.A. os coeficientes individuais de participação de cada
Estado e do Distrito Federal, calculados na forma do disposto no artigo 88, e de cada
Município, calculados na forma do disposto no artigo 91, que prevalecerão para todo o
exercício subseqüente.
Art. 93. Até o último dia útil de cada mês, o Banco do Brasil S.A. creditará a cada Estado,
ao Distrito Federal e a cada Município as quotas a eles devidas, em parcelas distintas para
cada um dos impostos a que se refere o artigo 86, calculadas com base nos totais creditados
ao Fundo correspondente, no mês anterior.
§ 1º Os créditos determinados por este artigo serão efetuados em contas especiais, abertas
automaticamente pelo Banco do Brasil S.A., em sua agência na Capital de cada Estado, no
Distrito Federal e na sede de cada Município, ou, em sua falta, na agência mais próxima.
§ 2º O cumprimento do disposto neste artigo será comunicado pelo Banco do Brasil S.A.
ao Tribunal de Contas da União, discriminadamente, até o último dia útil do mês
subseqüente.
SEÇÃO V
COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DAS QUOTAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS
Art. 94. Do total recebido nos termos deste Capítulo, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios destinarão obrigatoriamente 50% (cinqüenta por cento), pelo menos, ao seu
orçamento de despesas de capital como definidas em lei de normas gerais de direito
financeiro.
§ 1º Para comprovação do cumprimento do disposto neste artigo, as pessoas jurídicas de
direito público, nele referidas, remeterão ao Tribunal de Contas da União:
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I - cópia autêntica da parte pertinente das contas do Poder Executivo, relativas ao
exercício anterior;
II - cópia autêntica do ato de aprovação, pelo Poder Legislativo, das contas a que se refere
o inciso anterior;
III - prova da observância dos requisitos aplicáveis, previstos em lei de normas gerais de
direito financeiro, relativamente ao orçamento e aos balanços do exercício anterior.
§ 2º O Tribunal de Contas da União poderá suspender o pagamento das distribuições
previstas no artigo 86, nos casos:
I - de ausência ou vício da comprovação a que se refere o parágrafo anterior;
II - de falta de cumprimento ou cumprimento incorreto do disposto neste artigo, apurados
diretamente ou por diligência determinada às suas Delegações nos Estados, mesmo que
tenha sido apresentada a comprovação a que se refere o parágrafo anterior.
§ 3º A sanção prevista no parágrafo anterior subsistirá até comprovação, a juízo do
tribunal, de ter sido sanada a falta que determinou sua imposição, e não produzirá efeitos
quanto à responsabilidade civil, penal ou administrativa do governador ou prefeito.
CAPÍTULO IV
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS A COMBUSTÍVEIS,
LUBRIFICANTES, ENERGIA ELÉTRICA E MINERAIS DO PAÍS
LIVRO SEGUNDO
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
TÍTULO I
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo
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ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes
SEÇÃO II
LEIS, TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS E DECRETOS
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21. 26, 39,
57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no
inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos
artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos,
ou para outras infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa
ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação de sua base de cálculo, que importe
em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação
estabelecidas nesta Lei.
SEÇÃO III
NORMAS COMPLEMENTARES
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei
atribua eficácia normativa;
III - as práticas, reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.
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Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de
cálculo do tributo.
CAPÍTULO II
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
completa nos termos do artigo 116.
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
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b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão,
desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de
tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da
sua prática.
CAPÍTULO IV
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo.
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a
legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a eqüidade.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em
lei.
§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo
devido.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos
respectivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da
maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus
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efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
TÍTULO II
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação
principal.
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e
existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são
próprios;
II - tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente
constituída, nos termos de direito aplicável.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em
contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
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II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do
negócio.
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis,
ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.• Código Civil; nulidades: artigos 145 e
segs.; forma dos atos jurídicos: artigos 129 a 136.
CAPÍTULO III
SUJEITO ATIVO
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se
constituir pelo desmembramento territorial de outra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja
legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.
CAPÍTULO IV
SUJEITO PASSIVO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra
de disposição expressa de lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que
constituam o seu objeto.
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública,
para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.
SEÇÃO II
SOLIDARIEDADE
Art. 124. São solidariamente obrigadas:
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I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da
solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo
saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou
prejudica aos demais.
SEÇÃO III
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do
exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de
seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma
unidade econômica ou profissional.
SEÇÃO IV
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na
forma da legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou
desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua
sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada
estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no
território da entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste
artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da
situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.
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§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou
dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo
anterior.
CAPÍTULO V
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da
respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este
em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
SEÇÃO II
RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários
definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, aos
constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias
surgidas até a referida data.
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o
respectivo preço.
Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus
até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do
quinhão, do legado ou da meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até data da abertura da sucessão.
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato
pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada
por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob
firma individual.
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por
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qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional,
e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou
nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido,
devidos até a data do ato:
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro
de 6 (seis) meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro
ramo de comércio, indústria ou profissão
SEÇÃO III
RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação
principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre
os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de
caráter moratório.
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
SEÇÃO IV
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES
Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da
legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade,
natureza e extensão dos efeitos do ato.
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Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando
praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou
no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;
III-quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou
empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra
estas.
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,
acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de
qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a
infração.
TÍTULO III
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza
desta.
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus
efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade
não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue,
ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais
não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua
efetivação ou as respectivas garantias.
CAPÍTULO II
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SEÇÃO I
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LANÇAMENTO
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e sendo caso,
propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso
em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio
do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato
gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de
fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o
efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de
tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se
considera ocorrido.
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado
em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão
administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no
exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito
passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução
SEÇÃO II
MODALIDADES DE LANÇAMENTO
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de
terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade
administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir
ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e
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antes de notificado o lançamento.
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de
ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor
ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante
processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não
mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos
pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada. em caso de
contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos
seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da
legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos
do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido
de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o
preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido
na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada,
no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente
obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu
com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do
lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional
da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade
essencial.
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
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§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito,
sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,
praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do
crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração
do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
CAPÍTULO III
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
conseqüentes.
SEÇÃO II
MORATÓRIA
Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:
I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se
refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal
e às obrigações de direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que
autorizada por lei nas condições do inciso anterior.
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Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua
aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a
expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em
caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos:
I - o prazo de duração do favor;
II - as condições da concessão do favor em caráter individual;
III - sendo caso:
a) os tributos a que se aplica;
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I,
podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de
concessão em caráter individual;
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em
caráter individual.
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos
definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo
lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito
passivo.
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do
sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele.
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e
será revogada de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de
satisfazer as condições ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão
do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado,
ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da
moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança
do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito
o referido direito.
CAPÍTULO IV
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SEÇÃO I
MODALIDADES DE EXTINÇÃO
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Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - a remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no
artigo 150 e seus § § 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito
sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos
artigos 144 e 149.
SEÇÃO II
PAGAMENTO
Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário.
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.
Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado
na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.
Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento
do crédito ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o sujeito passivo
notificado do lançamento.
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do
pagamento, nas condições que estabeleça.
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora,
seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades
cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei
tributária.
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§ 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1%
(um por cento) ao mês.
§ 2º. O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo
devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.
Art. 162. O pagamento é efetuado:
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo
mecânico.
§ 1º. A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por
cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento
em moeda corrente.
§ 2º. O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo
sacado.
§ 3º. O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular
daquela, ressalvado o disposto no artigo 150.
§ 4º. A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade
não dão direito à restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação
tributária, ou naqueles em que o erro seja imputável à autoridade administrativa.
§ 5º. O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento
em estampilha.
Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito
passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a
diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade
administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação,
obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos
decorrentes de responsabilidade tributária;
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV - na ordem decrescente dos montantes.
Art. 164. A importância do crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo
sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;
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III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância
consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em
parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
SEÇÃO III
PAGAMENTO INDEVIDO
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à
restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face
da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador
efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no
cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido referido
encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado
a recebê-la.
Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma
proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações
de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.
Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em
julgado da decisão definitiva que a determinar.
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5
(cinco) anos, contados:
I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado,
revogado ou rescindido a decisão condenatória.
Art. 169. Prescreve em 2 (dois) anos a ação anulatória da decisão administrativa que
denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial,
recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao
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representante judicial da Fazenda Pública interessada.
SEÇÃO IV
DEMAIS MODALIDADES DE EXTINÇÃO
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação
em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda Pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da
obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em
determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em
cada caso.
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III-à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais
do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o
decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.
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Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos,
contados da data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I - pela citação pessoal feita ao devedor;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.
CAPÍTULO V
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 175. Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das
obrigações acessórias, dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou
dela conseqüente.
SEÇÃO II
ISENÇÃO
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que
especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se
aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares.
Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:
I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas
condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o
disposto no inciso III do artigo 104.
Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça
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prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou
contrato para sua concessão.
§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste
artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus
efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a
continuidade do reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando
cabível, o disposto no artigo 155.
SEÇÃO III
ANISTIA
Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à
vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa
qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por
terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais
pessoas naturais ou jurídicas.
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante,
conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja
fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.
Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça
prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei
para sua concessão.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
CAPÍTULO VI
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
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SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não
exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das
características do tributo a que se refiram.
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a
natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam
previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida,
inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade
seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens
e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu
começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados pelo devedor bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida em fase de
execução.
SEÇÃO II
PREFERÊNCIAS
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo
da constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho.
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, concordata, inventário ou arrolamento.
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de
direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pro rata;
III - Municípios, conjuntamente e pro rata.
Art. 188. São encargos da massa falida, pagáveis preferencialmente a quaisquer outros e
às dívidas da massa, os créditos tributários vencidos e vincendos, exigíveis no decurso do
processo de falência.
§ 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente,
mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa
não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor
dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada.
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§ 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata.
Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou
arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos,
a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou
arrolamento.
Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se-á na forma do disposto no §
1º do artigo anterior.
Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos
ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou
voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.
Art. 191. Não será concedida concordata nem declarada a extinção das obrigações do
falido, sem que o requerente faça prova da quitação de todos os tributos relativos à sua
atividade mercantil.
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem
prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas.
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou sua
autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que
contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda
Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre.
TÍTULO IV
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
CAPÍTULO I
FISCALIZAÇÃO
Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter
geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência
e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação.
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou
jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de
isenção de caráter pessoal.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições
legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos comerciantes, industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os
comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a
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prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de
fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento,
na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas.
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que
possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se
entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere
este artigo.
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa
todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de
terceiros:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
III - as empresas de administração de bens;
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
V - os inventariantes;
VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo,
ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de
informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a
observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, para
qualquer fim, por parte da Fazenda Pública ou de seus funcionários, de qualquer
informação, obtida em razão do ofício, sobre a situação econômica ou financeira dos
sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios ou
atividades.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo, unicamente, os casos previstos no
artigo seguinte e os de requisição regular da autoridade judiciária no interesse da justiça.
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos
respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou
específico, por lei ou convênio.
Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força
pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou
desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de medida
prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como
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crime ou contravenção.
CAPÍTULO II
DÍVIDA ATIVA
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo
fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.
Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a
liquidez do crédito.
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente,
indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que
possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e a natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em
que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro
e da folha da inscrição.
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior ou o erro a
eles relativo são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente,
mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição
da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado, o prazo para defesa,
que somente poderá versar sobre a parte modificada.
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o
efeito de prova pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por
prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
CAPÍTULO III
CERTIDÕES NEGATIVAS
Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando
exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado,
que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio
fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido
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requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na
repartição.
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de
quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável
para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo
tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a
infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator.
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a
Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito
tributário e juros de mora acrescidos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e
funcional que no caso couber
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 209. A expressão "Fazenda Pública", quando empregada nesta Lei sem qualificação,
abrange a Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 210. Os prazos fixados nesta Lei ou na legislação tributária serão contínuos,
excluindo-se na sua contagem o dia de início e incluindo-se o de vencimento.
Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal na
repartição em que corra o processo ou deva ser praticado o ato.
Art. 211. Incumbe ao Conselho Técnico de Economia e Finanças, do Ministério da
Fazenda, prestar assistência técnica aos governos estaduais e municipais, com o objetivo de
assegurar a uniforme aplicação da presente Lei.
Art. 212. Os Poderes Executivos federal, estaduais e municipais expedirão, por decreto,
dentro de 90 (noventa) dias da entrada em vigor desta Lei, a consolidação, em texto único,
da legislação vigente, relativa a cada um dos tributos, repetindo-se esta providência até o
dia 31 de janeiro de cada ano.
Art. 213. Os Estados pertencentes a uma mesma região geoeconômica celebrarão entre si
convênios para o estabelecimento de alíquota uniforme para o imposto a que se refere o
artigo 52.
Parágrafo único. Os Municípios de um mesmo Estado procederão igualmente, no que se
refere à fixação da alíquota de que trata o artigo 60.
Art. 214. O Poder Executivo promoverá a realização de convênios com os Estados, para
excluir ou limitar a incidência do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias, no caso de exportação para o Exterior.
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Art. 215. A lei estadual pode autorizar o Poder Executivo a reajustar, no exercício de
1967, a alíquota de imposto a que se refere o artigo 52, dentro de limites e segundo critérios
por ela estabelecidos.
Art. 216. O Poder Executivo proporá as medidas legislativas adequadas a possibilitar,
sem compressão dos investimentos previstos na proposta orçamentária de 1967, o
cumprimento do disposto no artigo 21 da Emenda Constitucional nº 18, de 1965.
Art. 217. As disposições desta Lei, notadamente as dos artigos 17, 74, § 2º, e 77,
parágrafo único, bem como a do artigo 54 da Lei nº 5.025, de 10 de junho de 1966, não
excluem a incidência e a exigibilidade:
I - da "contribuição sindical", denominação que passa a ter o Imposto Sindical de que
tratam os artigos 578 e segs. da Consolidação das Leis do Trabalho, sem prejuízo do
disposto no artigo 16 da Lei nº 4.589, de 11 de dezembro de 1964;
II - das denominadas "quotas de previdência" a que aludem os artigos 71 e 74 da Lei nº
3.807, de 26 de agosto de 1960, com as alterações determinadas pelo artigo 34 da Lei nº
4.863, de 29 de novembro de 1965, que integram a contribuição da União para a
Previdência Social, de que trata o artigo 157, item XVI, da Constituição Federal;
III - da contribuição destinada a constituir "Fundo de Assistência" e "Previdência do
Trabalhador Rural", de que trata o artigo 158 da Lei nº 4.214, de 2 de março de 1963;
IV - da contribuição destinada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, criada pelo
artigo 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
V - das contribuições enumeradas no § 2º do artigo 34 da Lei nº 4.863, de 29 de novembro
de 1965, com as alterações decorrentes do disposto nos artigos 22 e 23 da Lei nº 5.107, de
13 de setembro de 1966, e outras de fins sociais criadas por lei.
Art. 218. Esta Lei entrará em vigor, em todo o território nacional, no dia 1º de janeiro de
1967, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 854, de 10 de outubro
de 1949.
H. CASTELLO BRANCO
Octávio Bulhões
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
Referência Legislativa
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Título I
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela
se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e
coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento.
Título II
Disposições Gerais
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio
da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas
dependentes de substâncias entorpecentes.
Art. 21. O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela
mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente
para a solução da divergência.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação
da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a
qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio.
Da Família Natural
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes.
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos
pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por
testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
origem da filiação.
Da Família Substituta
Subseção I
Disposições Gerais
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por
qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça
ambiente familiar adequado.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Subseção III
Da Tutela
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até vinte e um
anos incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da
perda ou suspensão do pátrio poder e implica necessariamente o dever de
guarda.
Subseção IV
Da Adoção
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do
pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos
e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o
adotando e fundar-se em motivos legítimos.
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance,
não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita
no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome
de seus ascendentes.
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos pais naturais.
Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.
Da Prevenção
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial
outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
Da Prevenção Especial
Seção I
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no invólucro,
informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.
II - bebidas alcoólicas;
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside,
desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
Título I
Da Política de Atendimento
Capítulo I
Disposições Gerais
I - municipalização do atendimento;
Seção I
Disposições Gerais
VI - semi-liberdade;
VII - internação.
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na
decisão de internação;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas
crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses,
dando ciência dos resultados à autoridade competente;
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
II - às entidades não-governamentais:
a) advertência;
d) cassação do registro.
Disposições Gerais
Capítulo II
Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
Capítulo I
Disposições Gerais
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante
de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela
sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo
máximo de quarenta e cinco dias.
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido
processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:
Disposições Gerais
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá
aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112
pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da
infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da
materialidade e indícios suficientes da autoria.
Seção II
Da Advertência
Da Liberdade Assistida
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida
mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
Seção VI
Do Regime de Semi-liberdade
Da Internação
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser
superior a três meses.
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o
deseje;
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos,
cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Capítulo V
Da Remissão
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista
judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou
de seu representante legal, ou do Ministério Público.
Título IV
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do
Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela
autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
Capítulo III
Da Competência
Dos Impedimentos
Do Acesso à Justiça
Capítulo I
Disposições Gerais
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem,
através de defensor público ou advogado nomeado.
Seção I
Disposições Gerais
Do Juiz
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
b) certames de beleza.
b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe
forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante
laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a
imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação
do ponto de vista técnico.
Capítulo III
Dos Procedimentos
Seção I
Disposições Gerais
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as
normas gerais previstas na legislação processual pertinente.
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta
escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol
de testemunhas e documentos.
Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios para a citação pessoal.
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos
autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente,
decidindo em igual prazo.
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao
Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente,
designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.
Art. 163. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do pátrio poder será
averbada à margem do registro de nascimento da criança ou adolescente.
Seção III
Da Destituição da Tutela
Parágrafo único. Na hipótese de concordância dos pais, eles serão ouvidos pela
autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando-se por
termo as declarações.
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que
possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério
Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo,
encaminhado à autoridade judiciária.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá
ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial,
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não
promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à
autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que
reconheça na sentença:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer
resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa,
contado da data da intimação, que será feita:
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do
requerido;
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido
ou seu representante legal;
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do
requerido ou de seu representante legal.
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária
dará vista dos autos do Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual
prazo.
Dos Recursos
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de
apelação.
Capítulo V
Do Ministério Público
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas
nos termos da respectiva lei orgânica.
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às
crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais
cabíveis;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos,
hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o
desempenho de suas atribuições.
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá
o representante do Ministério Público:
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará
obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que
cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo
juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.
Do Advogado
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local
onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência
absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal
e a competência originária dos tribunais superiores.
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são
admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano
irreparável à parte.
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito
civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou particular,
certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
poderá ser inferior a dez dias úteis.
Capítulo I
Dos Crimes
Seção I
Disposições Gerais
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o
adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação
penal.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do
Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo
Penal.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada
Seção II
Dos Crimes em Espécie
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem
observância das formalidades legais.
§ 3º Se resultar morte:
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua
guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar
substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou
recompensa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, nas condições referidas neste
artigo, contracena com criança ou adolescente.
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer
meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional:
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão
competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
espetáculo:
Texto original: As deduções a que se refere este artigo não estão sujeitas
a outros limites estabelecidos na legislação do imposto de renda, nem
excluem ou reduzem outros benefícios ou abatimentos e deduções em
vigor, de maneira especial as doações a entidades de utilidade pública.
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido
do seguinte item:
«Art. 102 ....................................................................
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. »
Legenda:
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário.
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I - independência nacional;
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus";
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
b) perda de bens;
c) multa;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;
b) a certidão de óbito;
(*) Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de
14/02/2000:
"Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição."
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho;
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
salvo negociação coletiva;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade
em creches e pré-escolas;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
(*) XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
de:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de
25/05/2000:
"XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho;"
a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato; Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000
b) até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural; Revogado
pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000
(*) XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;"
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos
órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
(*) c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente, ou venham a residir na República Federativa do
Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
de 07/06/94:
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países
de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição.
V - da carreira diplomática;
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;
de 07/06/94:
"II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
I - a nacionalidade brasileira;
V - a filiação partidária;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito
e juiz de paz;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção
ou fraude.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII;
(*) Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua
promulgação.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 14/09/93:
"Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano
da data de sua vigência."
CAPÍTULO V
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
§ 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e
disciplina partidárias.
§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e
à televisão, na forma da lei.
TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
DA UNIÃO
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II;
VI - o mar territorial;
§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.
§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional,
e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
(*) XI - explorar, diretamente ou mediante concessão a empresas sob controle acionário estatal,
os serviços telefônicos, telegráficos, de transmissão de dados e demais serviços públicos de
telecomunicações, assegurada a prestação de serviços de informações por entidades de direito
privado através da rede pública de telecomunicações explorada pela União.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:
"XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;"
(*) XIV - organizar e manter a polícia federal, a polícia rodoviária e a ferroviária federais, bem
como a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal e dos
Territórios;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
por meio de fundo próprio;"
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;
II - desapropriação;
V - serviço postal;
XI - trânsito e transporte;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização
nacional;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar
em âmbito nacional.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
II - orçamento;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.
CAPÍTULO III
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.
(*) § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, a empresa estatal,
com exclusividade de distribuição, os serviços locais de gás canalizado.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 15/08/95:
"§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação."
§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
(*) § 2º - A remuneração dos Deputados Estaduais será fixada em cada legislatura, para a
subseqüente, pela Assembléia Legislativa, observado o que dispõem os arts. arts. 150, II, 153, III
e 153, § 2.º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 1, de
31/03/1992:
"§ 2º A remuneração dos Deputados Estaduais será fixada em cada
legislatura, para a subseqüente, pela Assembléia Legislativa,
observado o que dispõem os arts. arts. 150, II, 153, III e 153, § 2.º, I ,
na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquela
estabelecida, em espécie, para os Deputados Federais."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de
iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta
e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, §
7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. "
(*) Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro
anos, realizar-se-á noventa dias antes do término do mandato de seus antecessores, e a posse
ocorrerá no dia 1º de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art.
77.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado,
para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do
ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77."
(*) Parágrafo único. Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na
administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e
observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
(*) Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98:
"§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou
função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse
em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV
e V."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de
Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I."
CAPÍTULO IV
Dos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos,
mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
(*) II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito até noventa dias antes do término do mandato dos
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de municípios com mais de duzentos
mil eleitores;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que
devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios
com mais de duzentos mil eleitores;"
c) mínimo de quarenta e dois e máximo de cinqüenta e cinco nos Municípios de mais de cinco
milhões de habitantes;
(*) VI - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do
mandato e na circunscrição do Município;
(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:
"VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;"
(*) XII - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.
I - oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes;
II - sete por cento para Municípios com população entre cem mil e um e trezentos
mil habitantes;
III - seis por cento para Municípios com população entre trezentos mil e um e
quinhentos mil habitantes;
IV - cinco por cento para Municípios com população acima de quinhentos mil
habitantes.
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita
com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei.
§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.
§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da
Câmara Municipal.
Seção I
DO DISTRITO FEDERAL
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º - Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e
militar e do corpo de bombeiros militar.
Seção II
DOS TERRITÓRIOS
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 3º - Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado
na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros
do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a
Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo
de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;
c) autonomia municipal;
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em
Território Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
(*) III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"III não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;"
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou
impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o
Poder Judiciário;
§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso
Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
(*) Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:"
(*) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei;"
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por
igual período;
(*) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar;
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
(*) X - a revisão geral da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre
servidores públicos civis e militares, far-se-á sempre na mesma data;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata
o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
índices;"
(*) XI - a lei fixará o limite máximo e a relação de valores entre a maior e a menor remuneração
dos servidores públicos, observados, como limites máximos e no âmbito dos respectivos
poderes, os valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, por membros
do Congresso Nacional, Ministros de Estado e Ministros do Supremo Tribunal Federal e seus
correspondentes nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, e, nos Municípios, os valores
percebidos como remuneração, em espécie, pelo Prefeito;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
(*) XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados, para fins de concessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
fundamento;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não
serão computados nem acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores;"
(*) XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI.
empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações mantidas pelo Poder Público;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público;'
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
(*) XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresa pública , sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação pública;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIX somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;"
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.
§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição
da autoridade responsável, nos termos da lei.
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
(*) Art. 38. Ao servidor público em exercício de mandato eletivo aplicam- se as seguintes
disposições:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e
fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
disposições:"
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,
emprego ou função;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
(*) Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão conselho de política de administração e remuneração de
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes."
(*) § 1º - A lei assegurará, aos servidores da administração direta, isonomia de vencimentos para
cargos de atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à
natureza ou ao local de trabalho.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
componentes do sistema remuneratório observará:
(*) § 2º - Aplica-se a esses servidores o disposto no art. 7º, IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de
governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
convênios ou contratos entre os entes federados."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV,
VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
exigir."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
III voluntariamente:
a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se mulher, com proventos integrais;
b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se professor, e vinte e cinco, se
professora, com proventos integrais;
c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher, com proventos
proporcionais a esse tempo;
d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessenta, se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de serviço.
§ 1º - Lei complementar poderá estabelecer exceções ao disposto no inciso III, "a" e "c", no caso
de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas.
sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos
aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em
atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função
em que se deu a aposentadoria, na forma da lei.
§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade
com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição,
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração, e de cargo eletivo.
(*) Art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores nomeados em
virtude de concurso público.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público."
(*) § 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada
em julgado ou mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
(*) § 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e
o eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável,
será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço."
(*) Art. 42. São servidores militares federais os integrantes das Forças Armadas e servidores
militares dos Estados, Territórios e Distrito Federal os integrantes de suas polícias militares e de
seus corpos de bombeiros militares.
§ 2º - As patentes dos oficiais das Forças Armadas são conferidas pelo Presidente da República,
e as dos oficiais das polícias militares e corpos de bombeiros militares dos Estados, Territórios e
Distrito Federal, pelos respectivos Governadores.
§ 3º - O militar em atividade que aceitar cargo público civil permanente será transferido para a
reserva.
§ 4º - O militar da ativa que aceitar cargo, emprego ou função pública temporária, não eletiva,
ainda que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo
de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois
anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a inatividade.
§ 6º - O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a partidos políticos.
§ 7º - O oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em
tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.
(*) § 10 - Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo, e a seus pensionistas, o disposto
no art. 40, §§ 4º e 5º.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 10 Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo, e a seus
pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4º, 5º e 6º."
§ 11 - Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo o disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII,
XVIII e XIX.
(*) Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 18, de
05/02/98:
Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo
geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades
regionais.
II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais,
integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente
com estes.
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas
físicas ou jurídicas;
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água
represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e
cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas
glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.
TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
Seção I
DO CONGRESSO NACIONAL
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito
Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se
aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Seção II
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente,
ressalvados os casos previstos em lei complementar;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;
(*) VII - fixar idêntica remuneração para os Deputados Federais e os Senadores, em cada
legislatura, para a subseqüente, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I; "
(*) VIII - fixar para cada exercício financeiro a remuneração do Presidente e do Vice-Presidente
da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153,
§ 2º, I;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"VIII fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;"
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
dois mil e quinhentos hectares.
(*) Art. 50. A Câmara dos Deputados ou o Senado Federal, bem como qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem
justificação adequada.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2,
de 07/06/94:
"Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer
de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência
da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada."
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o
Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
(*) IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"IV dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;"
DO SENADO FEDERAL
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
c) Governador de Território;
e) Procurador-Geral da República;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos
chefes de missão diplomática de caráter permanente;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
(*) XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;"
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois
terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Seção V
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o
contrato obedecer a cláusulas uniformes;
II - desde a posse:
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I,
"a";
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias
da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno,
o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de
vantagens indevidas.
§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação
da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa.
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 07/06/94:
"§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à
perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as
deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º."
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
sessão legislativa.
§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste
artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.
§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la de faltarem
mais de quinze meses para o término do mandato.
DAS REUNIÕES
§ 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil
subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.
§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.
§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:
DAS COMISSÕES
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas
atribuições;
§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por
suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no
regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da
representação partidária.
Seção VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO
Subseção I
Disposição Geral
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Da Emenda à Constituição
II - do Presidente da República;
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Subseção III
Das Leis
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
II - disponham sobre:
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais
para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios;
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, que,
estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias.
Parágrafo único. As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem
convertidas em lei no prazo de trinta dias, a partir de sua publicação, devendo o Congresso
Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes.
II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
§ 2º - Se, no caso do parágrafo anterior, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
manifestarem, cada qual, sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobre a proposição,
será esta incluída na ordem do dia, sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos,
para que se ultime a votação.
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no
prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de
discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou
arquivado, se o rejeitar.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
República, que, aquiescendo, o sancionará.
§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu
recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e
Senadores, em escrutínio secreto.
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da
República.
§ 6º - Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do
dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final, ressalvadas
as matérias de que trata o art. 62, parágrafo único.
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República,
nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual
prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo
projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
(*) Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária."
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de
despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art. 96. .
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os
conhecimentos mencionados no inciso anterior.
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois
alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados
em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado.
§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver
a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição
em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal
de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o
Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado
vago.
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para
missões especiais.
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos
os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.
(*) Art. 82. O mandato do Presidente da República é de cinco anos, vedada a reeleição para o
período subseqüente, e terá início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 5,
de 07/06/94:
"Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos,
vedada a reeleição para o período subseqüente, e terá início em 1º de
janeiro do ano seguinte ao da sua eleição."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e
terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição."
Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos
para sua fiel execução;
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
Nacional;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
lei;
(*) XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, promover seus oficiais-generais e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover
seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos;"
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o
presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República
ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Seção III
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra
a Constituição Federal e, especialmente, contra:
I - a existência da União;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações
penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará
o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e
no exercício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:
da República;
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo
Presidente da República.
Art. 88. A lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos Ministérios.
Seção V
Subseção I
Do Conselho da República
VI - o Ministro da Justiça;
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.
Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos
assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele
participam como membros natos:
I - o Vice-Presidente da República;
IV - o Ministro da Justiça;
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta
Constituição;
DO PODER JUDICIÁRIO
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
Federal e jurisdição em todo o território nacional.
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas
em lista de merecimento;
d) na apuração da antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto de
dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-se a votação até
fixar-se a indicação;
III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento,
alternadamente, apurados na última entrância ou, onde houver, no Tribunal de Alçada, quando
se tratar de promoção para o Tribunal de Justiça, de acordo com o inciso II e a classe de origem;
(*) V - os vencimentos dos magistrados serão fixados com diferença não superior a dez por
cento de uma para outra das categorias da carreira, não podendo, a título nenhum, exceder os
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá
a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária
nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a
dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e
cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI,
e 39, § 4º;"
(*) VI - a aposentadoria com proventos integrais é compulsória por invalidez ou aos setenta anos
de idade, e facultativa aos trinta anos de serviço, após cinco anos de exercício efetivo na
judicatura;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus
dependentes observarão o disposto no art. 40;"
fundar-se-á em decisão por voto de dois terços do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa;
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal pleno.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e
do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de
dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes.
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver
vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
I - aos tribunais:
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das
normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o
funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art.
169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança
assim definidos em lei;
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que
lhes forem imediatamente vinculados;
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
(*) b) a criação e a extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes,
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízos que lhes
forem vinculados;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como
a fixação do subsídio de seus membros e dos juizes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver, ressalvado o disposto no art. 48,
XV;"
III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral.
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos,
nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
primeiro grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e
secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos,
verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 22, de 18/03/99:
"Parágrafo único. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
âmbito da Justiça Federal."
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de
Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
Art. 100. à exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda
Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na
ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim.
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico
e reputação ilibada.
Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
(*) c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado,
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade,
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes
de missão diplomática de caráter permanente;"
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
I - o Presidente da República;
V - o Governador de Estado;
VI - o Procurador-Geral da República;
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente
da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal,
sendo:
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores
dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que
oficiem perante tribunais;
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o",
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos;
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:
b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Parágrafo único. Funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça o Conselho da Justiça Federal,
cabendo-lhe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça
Federal de primeiro e segundo graus.
Seção IV
II - os Juízes Federais.
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;
II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por
antigüidade e merecimento, alternadamente.
Parágrafo único. A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais
Federais e determinará sua jurisdição e sede.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais
no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por
sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes
federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.
Seção V
Art. 112. Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito
Federal, e a lei instituirá as Juntas de Conciliação e Julgamento, podendo, nas comarcas onde
não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:
"Art. 112. Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em
cada Estado e no Distrito Federal, e a lei instituirá as Varas do
Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir
sua jurisdição aos juízes de direito."
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e
condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho, assegurada a paridade de
representação de trabalhadores e empregadores.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:
"Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição,
competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da
Justiça do Trabalho."
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos
entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da
União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os
litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de juízes nomeados pelo
Presidente da República, sendo dois terços de juízes togados vitalícios e um terço de juízes
classistas temporários, observada, entre os juízes togados, a proporcionalidade estabelecida no
art. 111, § 1º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99.
"Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de
juízes nomeados pelo Presidente da República, observada a
proporcionalidade estabelecida no § 2º do art. 111."
III - classistas indicados em listas tríplices pelas diretorias das federações e dos
sindicatos com base territorial na região. Revogado pela Emenda Constitucional
nº 24, de 9/12/99
(*) Art. 116. A Junta de Conciliação e Julgamento será composta de um juiz do trabalho, que a
Seção VI
IV - as Juntas Eleitorais.
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre
os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do
Superior Tribunal de Justiça.
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes
de direito e das juntas eleitorais.
§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no
mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na
mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três
dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco
dentre civis.
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre
brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:
I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de
II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Militar.
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.
§ 3º - A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo da polícia
militar seja superior a vinte mil integrantes.
Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância
especial, com competência exclusiva para questões agrárias.
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á
presente no local do litígio.
CAPÍTULO IV
Seção I
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros:
I - as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença
judicial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla
defesa;
II - as seguintes vedações:
b) exercer a advocacia;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de
magistério;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada
no artigo anterior;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a
de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
§ 2º - As funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que
deverão residir na comarca da respectiva lotação.
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as
disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.
Seção II
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á
mediante concurso público de provas e títulos.
(*) Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas, organizados em carreira na
qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, observado o disposto no art.
135.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas
unidades federadas.
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.
(*) Art. 135. Às carreiras disciplinadas neste título aplicam-se o princípio do art. 37, XII, e o art.
39, § 1º.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas
Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39,
§ 4º."
TÍTULO V
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
CAPÍTULO I
Seção I
DO ESTADO DE DEFESA
b) sigilo de correspondência;
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este
comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao
preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando
autorizada pelo Poder Judiciário;
DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.
§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias,
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o
tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de
parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
Seção III
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão
composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas
referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem
prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas
em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos
atingidos e indicação das restrições aplicadas.
CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.
III - O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou
função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta,
ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer
nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo de serviço
apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois
anos de afastamento, contínuos ou não transferido para a reserva, nos termos da
lei;
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e
XXV e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV;
(*) IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art. 40, §§ 4º,5º
e 6º;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art.
40, §§ 7º e 8º;"
§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
atividades de caráter essencialmente militar.
DA SEGURANÇA PÚBLICA
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
IV - polícias civis;
(*) § 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira,
destina-se a:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
TÍTULO VI
Da Tributação e do Orçamento
CAPÍTULO I
Seção I
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:
I - impostos;
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos
da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados
nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não
for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem
os impostos municipais.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
§ 1º - A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos previstos nos arts. 153, I, II, IV e V,
e 154, II.
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em
níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Seção III
IV - produtos industrializados;
"II - não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos
provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a
sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de
rendimentos do trabalho." Revogado pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores;
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na
operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do
montante da arrecadação nos seguintes termos:
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
I - impostos sobre:
II adicional de até cinco por cento do que for pago à União por pessoas físicas ou jurídicas
domiciliadas nos respectivos territórios, a título do imposto previsto no art. 153, III, incidente
sobre lucros, ganhos e rendimentos de capital.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:
III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:
b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado
no exterior;
a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações
seguintes;
III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;
b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva
interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois
terços de seus membros;
VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no
inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas
prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações
interestaduais;
VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final
localizado em outro Estado, adotar-se-á:
VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário
o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual;
IX - incidirá também:
X - não incidirá:
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das
operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos
além dos mencionados no inciso X, "a";
g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções,
incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
(*) § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso I, b, do "caput" deste artigo e o art. 153, I
e II, nenhum outro tributo incidirá sobre operações relativas a energia elétrica, combustíveis
líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais do País.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II, do "caput"
deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir
sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do
País."
Seção V
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos a sua aquisição;
(*) III vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel;
(*) § 1º - O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo, nos termos de lei municipal, de
forma a assegurar o cumprimento da função social da propriedade.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o
imposto previsto no inciso I poderá:"
Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"I ser progressivo em razão do valor do imóvel; e" (AC)*
(*) § 3º O imposto previsto no inciso III, não exclui a incidência do imposto estadual previsto no
art. 155, I, b, sobre a mesma operação.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III, cabe à lei
complementar:
I - fixar as alíquotas máximas dos impostos previstos nos incisos III e IV; Revogado
pela Emenda Constitucional nº 3, de 18/03/93
Seção VI
II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da
competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I.
III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade
de veículos automotores licenciados em seus territórios;
IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV,
serão creditadas conforme os seguintes critérios:
II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei
federal.
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios;
c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de
acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do
Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos
Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de
produtos industrializados.
§ 1º - Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I,
excluir-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de qualquer natureza
pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto nos arts.
157, I, e 158, I.
§ 2º - A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento do
montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os
demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido.
§ 3º - Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos
que receberem nos termos do inciso II, observados os critérios estabelecidos no art. 158,
parágrafo único, I e II.
Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos
atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos
adicionais e acréscimos relativos a impostos.
(*) Parágrafo único. Essa vedação não impede a União de condicionar a entrega de recursos ao
pagamento de seus créditos.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a
União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos ao
pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União
I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;
II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente
sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o
equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios;
III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da liberação
das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159.
Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas referentes aos
fundos de participação a que alude o inciso II.
Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do
mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os
recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão
numérica dos critérios de rateio.
Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por
Município; os dos Estados, por Município.
CAPÍTULO II
Seção I
NORMAS GERAIS
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo Poder Público;
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo Banco
Central.
§ 2º - O Banco Central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o
objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
DOS ORÇAMENTOS
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
Poder Público.
populacional.
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares
e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
b) serviço da dívida;
serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta
seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.
III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos,
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão
e funções de confiança;
TÍTULO VII
Da Ordem Econômica e Financeira
CAPÍTULO I
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
(*) IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
I - empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no País; Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital
estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
(*) § 1º - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem
atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre:
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para
o setor público e indicativo para o setor privado.
concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas
onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia
hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da
lavra.
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores;
petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto,
seus derivados e gás natural de qualquer origem;
(*) § 1º O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades
nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em
espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto
no art. 20, § 1º.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 09/11/95:
"§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a
realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo
observadas as condições estabelecidas em lei."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 09/11/95:
"§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:
II - as condições de contratação;
DA POLÍTICA URBANA
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
CAPÍTULO III
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,
autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para
o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação
efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos
setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta,
especialmente:
V - o seguro agrícola;
VI - o cooperativismo;
Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola
e com o plano nacional de reforma agrária.
§ 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois
mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa,
dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.
Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos
de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.
Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa
física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do
Congresso Nacional.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.
III - as condições para a participação do capital estrangeiro nas instituições a que se referem os
incisos anteriores, tendo em vista, especialmente:
a) os interesses nacionais;
b) os acordos internacionais;
VII - os critérios restritivos da transferência de poupança de regiões com renda inferior à média
nacional para outras de maior desenvolvimento;
VIII - o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições
de operacionalidade e estruturação próprias das instituições financeiras.
§ 3º - As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta
ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento
ao ano; a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas
as suas modalidades, nos termos que a lei determinar.
TÍTULO VIII
Da Ordem Social
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a
justiça sociais.
CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,
com base nos seguintes objetivos:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;"
de seus recursos.
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei,
não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
DA SAÚDE
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público
dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;
(*) § 1º Parágrafo único. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com
recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, além de outras fontes. (*) Parágrafo único modificado para § 1º pela Emenda
Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"I no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;" (AC)
"II no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II,
deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;" (AC)
"III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que
se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º."
(AC)
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:" (AC)
"II os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios,
objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;" (AC)
"III as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal;" (AC)
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos
e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
(*) Art. 201. Os planos de previdência social, mediante contribuição, atenderão, nos termos da
lei, a:
§ 6º - A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos
do mês de dezembro de cada ano.
(*) Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre a
média dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos monetariamente mês a mês, e
comprovada a regularidade dos reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus
valores reais e obedecidas as seguintes condições:
I - aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, para a mulher, reduzido
em cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal;
II - após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou em tempo
inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, definidas em lei;
III - após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por efetivo exercício de
função de magistério.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar
e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar."
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos
do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas
com base nas seguintes diretrizes:
Seção I
DA EDUCAÇÃO
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
(*) V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para
o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas
pela União;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas
e títulos;"
extensão.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 30/04/96:
"§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas
estrangeiros, na forma da lei."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 30/04/96:
"§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e
tecnológica."
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
(*) I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso
na idade própria;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 13/09/96:
"I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive,
sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;"
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
(*) § 5º - O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição
social do salário-educação, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela poderão deduzir
a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 13/09/96:
"§ 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a
escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o
ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de
recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na
expansão de sua rede na localidade.
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à
articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do
Poder Público que conduzam à:
I - erradicação do analfabetismo;
DA CULTURA
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
DO DESPORTO
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de
cada um, observados:
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
§ 5º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária
a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar
o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia
tecnológica do País, nos termos de lei federal.
CAPÍTULO V
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art.
5º, IV, V, X, XIII e XIV.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios:
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua
divulgação;
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização
para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da
complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu
órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da
lei.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.
CAPÍTULO VII
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais
e seus descendentes.
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois
anos.
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e
de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência.
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos
termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou
abandonado;
§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
legislação especial.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida.
§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos
urbanos.
CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis.
§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do
Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou
no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em
qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.
§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a
ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das
riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse
público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias
derivadas da ocupação de boa fé.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em
juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo.
TÍTULO IX
Das Disposições Constitucionais Gerais
Art. 233. Para efeito do art. 7º, XXIX, o empregador rural comprovará, de cinco em
cinco anos, perante a Justiça do Trabalho, o cumprimento das suas obrigações
trabalhistas para com o empregado rural, na presença deste e de seu
representante sindical. Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de
25/05/2000
Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão observadas as seguintes normas
básicas:
III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, pelo Governador eleito, dentre
brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber;
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área
do novo Estado ou do Estado originário;
VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro Promotor de Justiça e o primeiro
Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e
títulos;
a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte por cento dos encargos financeiros para
fazer face ao pagamento dos servidores públicos, ficando ainda o restante sob a
responsabilidade da União;
b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acrescidos de trinta por cento e, no oitavo, dos
restantes cinqüenta por cento;
XI - as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar cinqüenta por cento da
receita do Estado.
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do
Poder Público.
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos
oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder
Judiciário.
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos
praticados pelos serviços notariais e de registro.
Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses
fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda.
Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e
outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis, respeitados os princípios desta
Constituição.
Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social,
criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de
1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei
dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo.
§ 1º - Dos recursos mencionados no "caput" deste artigo, pelo menos quarenta por cento serão
destinados a financiar programas de desenvolvimento econômico, através do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de remuneração que lhes preservem o valor.
Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos
empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de
formação profissional vinculadas ao sistema sindical.
(*) Art. 241. Aos delegados de polícia de carreira aplica-se o princípio do art. 39, § 1º,
correspondente às carreiras disciplinadas no art. 135 desta Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de
cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada
de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos."
Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por
lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam
total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos.
§ 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento
de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e
pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio
de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas
substâncias.
Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos
veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às
pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.
Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência
aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da
responsabilidade civil do autor do ilícito.
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95 e pela Emenda
Constitucional nº 7, de 16/08/95:
"Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da
Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada a
partir de 1995."
Artigo incluído pela Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art. 169
estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor
TÍTULO X
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
Art. 1º. O Presidente da República, o Presidente do Supremo Tribunal Federal e os membros do
Congresso Nacional prestarão o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, no
ato e na data de sua promulgação.
Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma
(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) que devem vigorar no País.
§ 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas formas e sistemas, através dos
meios de comunicação de massa cessionários de serviço público.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral.
Art. 5º. Não se aplicam às eleições previstas para 15 de novembro de 1988 o disposto no art. 16
e as regras do art. 77 da Constituição.
§ 4º - O número de vereadores por município será fixado, para a representação a ser eleita em
1988, pelo respectivo Tribunal Regional Eleitoral, respeitados os limites estipulados no art. 29, IV,
da Constituição.
§ 1º - O registro provisório, que será concedido de plano pelo Tribunal Superior Eleitoral, nos
termos deste artigo, defere ao novo partido todos os direitos, deveres e prerrogativas dos atuais,
entre eles o de participar, sob legenda própria, das eleições que vierem a ser realizadas nos
doze meses seguintes a sua formação.
§ 2º - O novo partido perderá automaticamente seu registro provisório se, no prazo de vinte e
quatro meses, contados de sua formação, não obtiver registro definitivo no Tribunal Superior
Eleitoral, na forma que a lei dispuser.
Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos.
Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da
promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente
política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que foram abrangidos pelo
Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864,
de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo, emprego,
posto ou graduação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedecidos os prazos
de permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as
características e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e
observados os respectivos regimes jurídicos.
§ 3º - Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional
específica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica nº S-50-GM5,
de 19 de junho de 1964, e nº S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na
forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze
meses a contar da promulgação da Constituição.
§ 4º - Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercido gratuitamente mandato eletivo
de vereador serão computados, para efeito de aposentadoria no serviço público e previdência
social, os respectivos períodos.
§ 5º - A anistia concedida nos termos deste artigo aplica-se aos servidores públicos civis e aos
empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações, empresas públicas ou
empresas mistas sob controle estatal, exceto nos Ministérios militares, que tenham sido punidos
ou demitidos por atividades profissionais interrompidas em virtude de decisão de seus
trabalhadores, bem como em decorrência do Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto de 1978, ou
por motivos exclusivamente políticos, assegurada a readmissão dos que foram atingidos a partir
de 1979, observado o disposto no § 1º.
Art. 9º. Os que, por motivos exclusivamente políticos, foram cassados ou tiveram seus direitos
políticos suspensos no período de 15 de julho a 31 de dezembro de 1969, por ato do então
Presidente da República, poderão requerer ao Supremo Tribunal Federal o reconhecimento dos
direitos e vantagens interrompidos pelos atos punitivos, desde que comprovem terem sido estes
eivados de vício grave.
Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal proferirá a decisão no prazo de cento e vinte dias,
a contar do pedido do interessado.
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista
no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
§ 1º - Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo da
licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.
§ 2º - Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições para o custeio das atividades
dos sindicatos rurais será feita juntamente com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão
arrecadador.
todo o período.
Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os
princípios desta.
Art. 12. Será criada, dentro de noventa dias da promulgação da Constituição, Comissão de
Estudos Territoriais, com dez membros indicados pelo Congresso Nacional e cinco pelo Poder
Executivo, com a finalidade de apresentar estudos sobre o território nacional e anteprojetos
relativos a novas unidades territoriais, notadamente na Amazônia Legal e em áreas pendentes
de solução.
Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste artigo,
dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no § 3º, mas não
antes de 1º de janeiro de 1989.
§ 1º - O Estado do Tocantins integra a Região Norte e limita-se com o Estado de Goiás pelas
divisas norte dos Municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu,
Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Campos Belos, conservando a leste, norte e oeste as
divisas atuais de Goiás com os Estados da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Mato Grosso.
§ 2º - O Poder Executivo designará uma das cidades do Estado para sua Capital provisória até a
aprovação da sede definitiva do governo pela Assembléia Constituinte.
I - o prazo de filiação partidária dos candidatos será encerrado setenta e cinco dias antes da data
das eleições;
III - são inelegíveis os ocupantes de cargos estaduais ou municipais que não se tenham deles
afastado, em caráter definitivo, setenta e cinco dias antes da data das eleições previstas neste
parágrafo;
IV - ficam mantidos os atuais diretórios regionais dos partidos políticos do Estado de Goiás,
cabendo às comissões executivas nacionais designar comissões provisórias no Estado do
Tocantins, nos termos e para os fins previstos na lei.
§ 1º - A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos governadores eleitos em 1990.
Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área reincorporada
ao Estado de Pernambuco.
Art. 16. Até que se efetive o disposto no art. 32, § 2º, da Constituição, caberá ao Presidente da
República, com a aprovação do Senado Federal, indicar o Governador e o Vice-Governador do
Distrito Federal.
§ 1º - A competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, até que se instale, será exercida
pelo Senado Federal.
§ 3º - Incluem-se entre os bens do Distrito Federal aqueles que lhe vierem a ser atribuídos pela
União na forma da lei.
Art. 18. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer ato legislativo ou administrativo, lavrado a
partir da instalação da Assembléia Nacional Constituinte, que tenha por objeto a concessão de
estabilidade a servidor admitido sem concurso público, da administração direta ou indireta,
inclusive das fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da
promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido
admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço
público.
§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando
se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de
confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço
não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto se tratar de servidor.
§ 3º - O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.
Art. 20. Dentro de cento e oitenta dias, proceder-se-á à revisão dos direitos dos servidores
públicos inativos e pensionistas e à atualização dos proventos e pensões a eles devidos, a fim de
ajustá-los ao disposto na Constituição.
Art. 21. Os juízes togados de investidura limitada no tempo, admitidos mediante concurso público
de provas e títulos e que estejam em exercício na data da promulgação da Constituição,
adquirem estabilidade, observado o estágio probatório, e passam a compor quadro em extinção,
mantidas as competências, prerrogativas e restrições da legislação a que se achavam
submetidos, salvo as inerentes à transitoriedade da investidura.
Parágrafo único. A aposentadoria dos juízes de que trata este artigo regular-se-á pelas normas
fixadas para os demais juízes estaduais.
Art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data de instalação da
Assembléia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com a observância das
garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição.
Art. 23. Até que se edite a regulamentação do art. 21, XVI, da Constituição, os atuais ocupantes
do cargo de censor federal continuarão exercendo funções com este compatíveis, no
Parágrafo único. A lei referida disporá sobre o aproveitamento dos Censores Federais, nos
termos deste artigo.
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios editarão leis que estabeleçam
critérios para a compatibilização de seus quadros de pessoal ao disposto no art. 39 da
Constituição e à reforma administrativa dela decorrente, no prazo de dezoito meses, contados da
sua promulgação.
Art. 25. Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito
este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão
do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional,
especialmente no que tange a:
I - ação normativa;
II - decorrido o prazo definido no inciso anterior, e não havendo apreciação, os decretos-lei alí
mencionados serão considerados rejeitados;
III - nas hipóteses definidas nos incisos I e II, terão plena validade os atos praticados na vigência
dos respectivos decretos-lei, podendo o Congresso Nacional, se necessário, legislar sobre os
efeitos deles remanescentes.
Art. 27. O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Presidência do Supremo Tribunal
Federal.
§ 1º - Até que se instale o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal exercerá as
atribuições e competências definidas na ordem constitucional precedente.
II - pela nomeação dos Ministros que sejam necessários para completar o número estabelecido
na Constituição.
§ 5º - Os Ministros a que se refere o § 2º, II, serão indicados em lista tríplice pelo Tribunal
Federal de Recursos, observado o disposto no art. 104, parágrafo único, da Constituição.
§ 6º - Ficam criados cinco Tribunais Regionais Federais, a serem instalados y no prazo de seis
meses a contar da promulgação da Constituição, com a jurisdição e sede que lhes fixar o
Tribunal Federal de Recursos, tendo em conta o número de processos e sua localização
geográfica.
§ 9º - Quando não houver juiz federal que conte o tempo mínimo previsto no art. 101, II, da
Constituição, a promoção poderá contemplar juiz com menos de cinco anos no exercício do
cargo.
§ 10 - Compete à Justiça Federal julgar as ações nela propostas até a data da promulgação da
Constituição, e aos Tribunais Regionais Federais bem como ao Superior Tribunal de Justiça
julgar as ações rescisórias das decisões até então proferidas pela Justiça Federal, inclusive
daquelas cuja matéria tenha passado à competência de outro ramo do Judiciário.
Art. 28. Os juízes federais de que trata o art. 123, § 2º, da Constituição de 1967, com a redação
dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 1977, ficam investidos na titularidade de varas na
Seção Judiciária para a qual tenham sido nomeados ou designados; na inexistência de vagas,
proceder-se-á ao desdobramento das varas existentes.
Parágrafo único. Para efeito de promoção por antigüidade, o tempo de serviço desses juízes será
computado a partir do dia de sua posse.
Art. 29. Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério Público e à
Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e Departamentos Jurídicos
de autarquias federais com representação própria e os membros das Procuradorias das
Universidades fundacionais públicas continuarão a exercer suas atividades na área das
respectivas atribuições.
§ 2º - Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será facultada a
opção, de forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da
Advocacia-Geral da União.
§ 3º - Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do
Art. 30. A legislação que criar a justiça de paz manterá os atuais juízes de paz até a posse dos
novos titulares, assegurando-lhes os direitos e atribuições conferidos a estes, e designará o dia
para a eleição prevista no art. 98, II, da Constituição.
Art. 31. Serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os
direitos dos atuais titulares.
Art. 32. O disposto no art. 236 não se aplica aos serviços notariais e de registro que já tenham
sido oficializados pelo Poder Público, respeitando-se o direito de seus servidores.
Art. 33. Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o valor dos precatórios judiciais
pendentes de pagamento na data da promulgação da Constituição, incluído o remanescente de
juros e correção monetária, poderá ser pago em moeda corrente, com atualização, em
prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de oito anos, a partir de 1º de julho de
1989, por decisão editada pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da
Constituição.
Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para o cumprimento do disposto neste artigo,
emitir, em cada ano, no exato montante do dispêndio, títulos de dívida pública não computáveis
para efeito do limite global de endividamento.
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês
seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com
a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
§ 1º - Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156,
III, e 159, I, "c", revogadas as disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas
que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.
III - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos Municípios, a partir de 1989, inclusive,
será elevado à razão de meio ponto percentual por exercício financeiro, até atingir o estabelecido
no art. 159, I, "b".
§ 4º - As leis editadas nos termos do parágrafo anterior produzirão efeitos a partir da entrada em
vigor do sistema tributário nacional previsto na Constituição.
§ 6º - Até 31 de dezembro de 1989, o disposto no art. 150, III, "b", não se aplica aos impostos de
que tratam os arts. 155, I, "a" e "b", e 156, II e III, que podem ser cobrados trinta dias após a
publicação da lei que os tenha instituído ou aumentado.
§ 7º - Até que sejam fixadas em lei complementar, as alíquotas máximas do imposto municipal
sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos não excederão a três por cento.
§ 8º - Se, no prazo de sessenta dias contados da promulgação da Constituição, não for editada a
lei complementar necessária à instituição do imposto de que trata o art. 155, I, "b", os Estados e
o Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar nº 24, de 7 de
janeiro de 1975, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria.
§ 9º - Até que lei complementar disponha sobre a matéria, as empresas distribuidoras de energia
elétrica, na condição de contribuintes ou de substitutos tributários, serão as responsáveis, por
ocasião da saída do produto de seus estabelecimentos, ainda que destinado a outra unidade da
Federação, pelo pagamento do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias
incidente sobre energia elétrica, desde a produção ou importação até a última operação,
calculado o imposto sobre o preço então praticado na operação final e assegurado seu
recolhimento ao Estado ou ao Distrito Federal, conforme o local onde deva ocorrer essa
operação.
§ 10 - Enquanto não entrar em vigor a lei prevista no art. 159, I, "c", cuja promulgação se fará até
31 de dezembro de 1989, é assegurada a aplicação dos recursos previstos naquele dispositivo
da seguinte maneira:
I - seis décimos por cento na Região Norte, através do Banco da Amazônia S.A.;
II - um inteiro e oito décimos por cento na Região Nordeste, através do Banco do Nordeste do
Brasil S.A.;
III - seis décimos por cento na Região Centro-Oeste, através do Banco do Brasil S.A.
§ 11 - Fica criado, nos termos da lei, o Banco de Desenvolvimento do Centro-Oeste, para dar
cumprimento, na referida região, ao que determinam os arts. 159, I, "c", e 192, § 2º, da
Constituição.
§ 12 - A urgência prevista no art. 148, II, não prejudica a cobrança do empréstimo compulsório
instituído, em benefício das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás), pela Lei nº 4.156, de
28 de novembro de 1962, com as alterações posteriores.
Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez
anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à
população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87.
§ 1º - Para aplicação dos critérios de que trata este artigo, excluem-se das despesas totais as
relativas:
§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão
obedecidas as seguintes normas:
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento
do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa.
Art. 37. A adaptação ao que estabelece o art. 167, III, deverá processar-se no prazo de cinco
anos, reduzindo-se o excesso à base de, pelo menos, um quinto por ano.
Art. 38. Até a promulgação da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com pessoal mais do que sessenta e
cinco por cento do valor das respectivas receitas correntes.
Art. 39. Para efeito do cumprimento das disposições constitucionais que impliquem variações de
despesas e receitas da União, após a promulgação da Constituição, o Poder Executivo deverá
elaborar e o Poder Legislativo apreciar projeto de revisão da lei orçamentária referente ao
exercício financeiro de 1989.
Parágrafo único. O Congresso Nacional deverá votar no prazo de doze meses a lei
complementar prevista no art. 161, II.
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de
comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a
partir da promulgação da Constituição.
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou
venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus.
Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
reavaliarão todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes
Legislativos respectivos as medidas cabíveis.
§ 2º - A revogação não prejudicará os direitos que já tiverem sido adquiridos, àquela data, em
relação a incentivos concedidos sob condição e com prazo certo.
§ 3º - Os incentivos concedidos por convênio entre Estados, celebrados nos termos do art. 23, §
6º, da Constituição de 1967, com a redação da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de
1969, também deverão ser reavaliados e reconfirmados nos prazos deste artigo.
Art. 42. Durante quinze anos, a União aplicará, dos recursos destinados à irrigação:
Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a pesquisa e a lavra de recursos e jazidas
minerais, ou no prazo de um ano, a contar da promulgação da Constituição, tornar-se-ão sem
efeito as autorizações, concessões e demais títulos atributivos de direitos minerários, caso os
trabalhos de pesquisa ou de lavra não hajam sido comprovadamente iniciados nos prazos legais
ou estejam inativos.
Art. 44. As atuais empresas brasileiras titulares de autorização de pesquisa, concessão de lavra
de recursos minerais e de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica em vigor terão
quatro anos, a partir da promulgação da Constituição, para cumprir os requisitos do art. 176, § 1º.
Art. 45. Ficam excluídas do monopólio estabelecido pelo art. 177, II, da Constituição as refinarias
em funcionamento no País amparadas pelo art. 43 e nas condições do art. 45 da Lei nº 2.004, de
3 de outubro de 1953.
Parágrafo único. Ficam ressalvados da vedação do art. 177, § 1º, os contratos de risco feitos
com a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás), para pesquisa de petróleo, que estejam em vigor na
data da promulgação da Constituição.
Art. 46. São sujeitos à correção monetária desde o vencimento, até seu efetivo pagamento, sem
interrupção ou suspensão, os créditos junto a entidades submetidas aos regimes de intervenção
ou liquidação extrajudicial, mesmo quando esses regimes sejam convertidos em falência.
Art. 47. Na liquidação dos débitos, inclusive suas renegociações e composições posteriores,
ainda que ajuizados, decorrentes de quaisquer empréstimos concedidos por bancos e por
instituições financeiras, não existirá correção monetária desde que o empréstimo tenha sido
concedido:
§ 3º - A isenção da correção monetária a que se refere este artigo só será concedida nos
seguintes casos:
I - se a liquidação do débito inicial, acrescido de juros legais e taxas judiciais, vier a ser efetivada
no prazo de noventa dias, a contar da data da promulgação da Constituição;
II - se a aplicação dos recursos não contrariar a finalidade do financiamento, cabendo o ônus da
prova à instituição credora;
III - se não for demonstrado pela instituição credora que o mutuário dispõe de meios para o
pagamento de seu débito, excluído desta demonstração seu estabelecimento, a casa de moradia
e os instrumentos de trabalho e produção;
§ 4º - Os benefícios de que trata este artigo não se estendem aos débitos já quitados e aos
devedores que sejam constituintes.
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição,
elaborará código de defesa do consumidor.
Art. 49. A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos, sendo facultada aos
foreiros, no caso de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio
direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos contratos.
§ 1º - Quando não existir cláusula contratual, serão adotados os critérios e bases hoje vigentes
na legislação especial dos imóveis da União.
§ 2º - Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam assegurados pela aplicação de outra
modalidade de contrato.
§ 3º - A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados
na faixa de segurança, a partir da orla marítima.
§ 4º - Remido o foro, o antigo titular do domínio direto deverá, no prazo de noventa dias, sob
pena de responsabilidade, confiar à guarda do registro de imóveis competente toda a
documentação a ele relativa.
Art. 50. Lei agrícola a ser promulgada no prazo de um ano disporá, nos termos da Constituição,
sobre os objetivos e instrumentos de política agrícola, prioridades, planejamento de safras,
comercialização, abastecimento interno, mercado externo e instituição de crédito fundiário.
Art. 51. Serão revistos pelo Congresso Nacional, através de Comissão mista, nos três anos a
contar da data da promulgação da Constituição, todas as doações, vendas e concessões de
terras públicas com área superior a três mil hectares, realizadas no período de 1º de janeiro de
1962 a 31 de dezembro de 1987.
Art. 52. Até que sejam fixadas as condições a que se refere o art. 192, III, são vedados:
Parágrafo único. A vedação a que se refere este artigo não se aplica às autorizações resultantes
de acordos internacionais, de reciprocidade, ou de interesse do Governo brasileiro.
Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a
Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão
assegurados os seguintes direitos:
II - pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas, que
poderá ser requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com quaisquer rendimentos
recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de
opção;
V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, em qualquer
regime jurídico;
VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas viúvas ou
companheiras.
Parágrafo único. A concessão da pensão especial do inciso II substitui, para todos os efeitos
legais, qualquer outra pensão já concedida ao ex-combatente.
§ 3º - A concessão do benefício far-se-á conforme lei a ser proposta pelo Poder Executivo dentro
de cento e cinqüenta dias da promulgação da Constituição.
Art. 55. Até que seja aprovada a lei de diretrizes orçamentárias, trinta por cento, no mínimo, do
orçamento da seguridade social, excluído o seguro-desemprego, serão destinados ao setor de
saúde.
Art. 56. Até que a lei disponha sobre o art. 195, I, a arrecadação decorrente de, no mínimo, cinco
dos seis décimos percentuais correspondentes à alíquota da contribuição de que trata o
Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, alterada pelo Decreto-Lei nº 2.049, de 1º de agosto
de 1983, pelo Decreto nº 91.236, de 8 de maio de 1985, e pela Lei nº 7.611, de 8 de julho de
1987, passa a integrar a receita da seguridade social, ressalvados, exclusivamente no exercício
de 1988, os compromissos assumidos com programas e projetos em andamento.
Art. 57. Os débitos dos Estados e dos Municípios relativos às contribuições previdenciárias até
30 de junho de 1988 serão liquidados, com correção monetária, em cento e vinte parcelas
mensais, dispensados os juros e multas sobre eles incidentes, desde que os devedores
requeiram o parcelamento e iniciem seu pagamento no prazo de cento e oitenta dias a contar da
promulgação da Constituição.
§ 1º - O montante a ser pago em cada um dos dois primeiros anos não será inferior a cinco por
cento do total do débito consolidado e atualizado, sendo o restante dividido em parcelas mensais
de igual valor.
hipótese, parcela dos recursos correspondentes aos Fundos de Participação, destinada aos
Estados e Municípios devedores, será bloqueada e repassada à previdência social para
pagamento de seus débitos.
Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela previdência social na data da
promulgação da Constituição, terão seus valores revistos, a fim de que seja restabelecido o
poder aquisitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinham na data de sua
concessão, obedecendo-se a esse critério de atualização até a implantação do plano de custeio
e benefícios referidos no artigo seguinte.
Parágrafo único. As prestações mensais dos benefícios atualizadas de acordo com este artigo
serão devidas e pagas a partir do sétimo mês a contar da promulgação da Constituição.
Art. 59. Os projetos de lei relativos à organização da seguridade social e aos planos de custeio e
de benefício serão apresentados no prazo máximo de seis meses da promulgação da
Constituição ao Congresso Nacional, que terá seis meses para apreciá-los.
(*) Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição, o Poder Público
desenvolverá esforços, com a mobilização de todos os setores organizados da sociedade e com
a aplicação de, pelo menos, cinqüenta por cento dos recursos a que se refere o art. 212 da
Constituição, para eliminar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental.
Art. 61. As entidades educacionais a que se refere o art. 213, bem como as fundações de ensino
e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei, que preencham os requisitos dos incisos I e
II do referido artigo e que, nos últimos três anos, tenham recebido recursos públicos, poderão
continuar a recebê-los, salvo disposição legal em contrário.
Art. 62. A lei criará o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) nos moldes da
legislação relativa ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e ao Serviço
Nacional de Aprendizagem do Comércio (SENAC), sem prejuízo das atribuições dos órgãos
públicos que atuam na área.
Art. 63. É criada uma Comissão composta de nove membros, sendo três do Poder Legislativo,
três do Poder Judiciário e três do Poder Executivo, para promover as comemorações do
centenário da proclamação da República e da promulgação da primeira Constituição republicana
do País, podendo, a seu critério, desdobrar-se em tantas subcomissões quantas forem
necessárias.
Art. 64. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, promoverão edição popular do texto integral da Constituição, que será posta à
disposição das escolas e dos cartórios, dos sindicatos, dos quartéis, das igrejas e de outras
instituições representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que cada cidadão brasileiro
possa receber do Estado um exemplar da Constituição do Brasil.
Art. 65. O Poder Legislativo regulamentará, no prazo de doze meses, o art. 220, § 4º.
Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da
promulgação da Constituição.
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras
é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas
Art. 70. Fica mantida atual competência dos tribunais estaduais até a mesma seja definida na
Constituição do Estado, nos termos do art. 125, § 1º, da Constituição.
Artigo incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 01/03/94:
(*) "Art. 71. Fica instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim
no período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997, o Fundo Social de
Emergência, com o objetivo de saneamento financeiro da Fazenda Pública Federal
e de estabilização econômica, cujos recursos serão aplicados prioritariamente no
custeio das ações dos sistemas de saúde e educação, benefícios previdenciários e
auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de passivo
previdenciário, e despesas orçamentárias associadas a programas de relevante
interesse econômico e social."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"Art. 71. Fica instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995,
bem assim no período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de
1997, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de saneamento
financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização econômica,
cujos recursos serão aplicados prioritariamente no custeio das ações
dos sistemas de saúde e educação, benefícios previdenciários e
auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de
passivo previdenciário, e despesas orçamentárias associadas a
programas de relevante interesse econômico e social."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 17, de 22/11/97:
"Art. 71. É instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem
assim nos períodos de 01/01/1996 a 30/06/97 e 01/07/97 a
31/12/1999, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de
saneamento financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização
econômica, cujos recursos serão aplicados prioritariamente no custeio
das ações dos sistemas de saúde e educação, incluindo a
complementação de recursos de que trata o § 3º do art. 60 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, benefícios previdenciários e
auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de
passivo previdenciário, e despesas orçamentárias associadas a
programas de relevante interesse econômico e social."
(*) "Parágrafo único. Ao Fundo criado por este artigo não se aplica no exercício
financeiro de 1994, o disposto na parte final do inciso II do § 9º. do Art. 165 da
Constituição."
(*) Parágrafo único transformado em § 1º pela Emenda
Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 1º Ao Fundo criado por este artigo não se aplica o disposto na
parte final do inciso II do § 9º do art. 165 da Constituição."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 2º O Fundo criado por este artigo passa a ser denominado Fundo de
Estabilização Fiscal a partir do início do exercício financeiro de 1996."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 3º O Poder Executivo publicará demonstrativo da execução orçamentária, de
periodicidade bimestral, no qual se discriminarão as fontes e usos do Fundo criado
por este artigo."
§ 1º A alíquota da contribuição de que trata este artigo não excederá a vinte e cinco
centésimos por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou restabelecê-la,
total ou parcialmente, nas condições e limites fixados em lei.
§ 2º A contribuição de que trata este artigo não se aplica o disposto nos arts. 153, §
5º, e 154, I, da Constituição.
"§ 1o O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de cálculo das
transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios na forma dos arts. 153, § 5o;
157, I; l58, I e II; e 159, I, "a" e "b", e II, da Constituição, bem como a base de
cálculo das aplicações em programas de financiamento ao setor produtivo das
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste a que se refere o art. 159, I, "c", da
Constituição.
"b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano anterior, corrigido pela
variação nominal do Produto Interno Bruto PIB;" (AC)
"II no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento do produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam
os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
transferidas aos respectivos Municípios; e" (AC)
"III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por cento do produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam
os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º." (AC)
"§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste artigo, quinze por cento,
no mínimo, serão aplicados nos Municípios, segundo o critério populacional, em
ações e serviços básicos de saúde, na forma da lei." (AC)
"§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, § 3º, a partir do
exercício financeiro de 2005, aplicar-se-á à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios o disposto neste artigo." (AC)
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:
"Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de
natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições
"§ 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não
liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento
de tributos da entidade devedora." (AC)
"§ 3º O prazo referido no caput deste artigo fica reduzido para dois anos, nos casos
de precatórios judiciais originários de desapropriação de imóvel residencial do
credor, desde que comprovadamente único à época da imissão na posse." (AC)
III o produto da arrecadação do imposto de que trata o art. 153, inciso VII,
da Constituição;
IV dotações orçamentárias;
§ 1º Aos recursos integrantes do Fundo de que trata este artigo não se aplica
o disposto nos arts. 159 e 167, inciso IV, da Constituição, assim como qualquer
desvinculação de recursos orçamentários.
TÍTULO I
DA ÉTICA DO ADVOGADO
CAPÍTULO I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS
Art. 8º. O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto
a eventuais riscos da sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da
demanda.
Art. 9º. A conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção do
mandato, obriga o advogado à devolução de bens, valores e documentos
recebidos no exercício do mandato, e à pormenorizada prestação de contas, não
excluindo outras prestações solicitadas, pelo cliente, a qualquer momento.
Art. 10. Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o
cumprimento e a cessação do mandato.
Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono
constituído, sem prévio conhecimento do mesmo, salvo por motivo justo ou para
adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis.
Art. 12. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os feitos,
sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.
Art. 13. A renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e continuidade da
responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o
prazo estabelecido em lei; não exclui, todavia, a responsabilidade pelos danos
causados dolosa ou culposamente aos clientes ou a terceiros.
Art. 14. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga
do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o direito
do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de
sucumbência, calculada proporcionalmente, em face do serviço efetivamente
prestado.
Art. 15. O mandato judicial ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente
aos advogados que integram sociedade de que façam parte, e será exercido no
interesse do cliente, respeitada a liberdade de defesa.
Art. 16. O mandato judicial ou extrajudicial não extingue pelo decurso de tempo,
desde que permaneça a confiança recíproca entre o outorgante e o seu patrono
no interesse da causa.
Art. 17. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou
reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem
representar em juízo clientes com interesses opostos.
Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando
acordes os interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o
advogado por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo
profissional.
Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-
empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional
e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.
Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à
moral ou à validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou
conhecido em consulta; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ético
quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado
segredos ou obtido seu parecer.
Art. 21. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar
sua própria opinião sobre a culpa do acusado.
Art. 22. O advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente que
pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem aceitar a indicação de outro
profissional para com ele trabalhar no processo.
Art. 23. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente,
como patrono e preposto do empregador ou cliente.
Art. 24. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato
pessoal do advogado da causa.
§ 1º. O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e
inequívoco conhecimento do cliente.
§ 2º. O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente
seus honorários com o substabelecente.
CAPÍTULO III
DO SIGILO PROFISSIONAL
TÍTULO II
DO PROCESSO DISCIPLINAR
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA
Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 9º, par. 2º, do
Ato Institucional nº 4, de 07/12/1966, e
CÓDIGO DE MINERAÇÃO
CAPÍTULO I
III - a fiscalização pelo Governo Federal, da pesquisa, da lavra e de outros aspectos da indústria
mineral.
Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando
à superficie ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a jazida em
lavra, ainda que suspensa.
Classe VII - jazidas de minerais industriais, não incluídas nas classes precedentes;
e) provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período de 120 (cento e vinte) dias.
14.11.1996)
Art. 12 O direito de participação de que trata o artigo anterior não poderá ser objeto de
transferência ou caução separadamente do imóvel a que corresponder, mas o proprietário deste
poderá:
II - renunciar ao direito.
Parágrafo único Os atos enumerados neste artigo somente valerão contra terceiros a partir da
sua inscrição no Registro de Imóveis.
Da Pesquisa Mineral
Art. 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da
jazida, sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico.
Art. 15. A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa
natural, firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante
requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
III - designação das substâncias a pesquisar; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)
§ 2° Esgotado o prazo de que trata o parágrafo anterior, sem que haja o requerente
cumprido a exigência, o requerimento será indeferido pelo Diretor-Geral do DNPM.
(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
II - tratando-se de taxa:
Texto original: A autorização de pesquisa será outorgada por Alvará do Ministro das
Minas e Energia, no qual serão indicadas as propriedades compreendidas na área
da pesquisa e definida esta pela sua localização, limitação e extensão superficial
em nectares.
Parágrafo único. O título será uma via autêntica do Alvará de Pesquisa, publicado
no Diário Oficial da União, e transcrito no livro próprio do D.N.P.M.
Art. 22. A autorização de pesquisa será conferida nas seguintes condições, além
das demais constantes deste Código: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.199)
III - o prazo de validade da autorização não será inferior a um ano, nem superior a
três anos, a critério do DNPM, consideradas as características especiais da
situação da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida a sua prorrogação, sob
as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
pesquisa;
Art. 23. Os estudos referidos no inciso V do art. 22 concluirão pela: (Redação dada
pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
Texto original: É vedada a autorização de novas pesquisas até que o titular faltoso
satisfaça a exigência deste artigo.
Parágrafo único. Na hipótese de que trata a parte final do caput deste artigo, será
expedido alvará retificador, contando-se o prazo de validade da autorização a partir
da data da publicação, no Diário Oficial da União, do novo título. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
Art. 25. As autorizações de pesquisa ficam adstritas às áreas máximas que forem
fixadas em portaria do Diretor-Geral do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314,
de 14.11.1996)
Art. 26. A área desonerada por publicação de despacho no Diário Oficial da União
ficará disponível pelo prazo de sessenta dias, para fins de pesquisa ou lavra,
conforme dispuser portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
§ 3° Decorrido o prazo fixado neste artigo, sem que tenha havido pretendentes, a
área estará livre para fins de aplicação do direito de prioridade de que trata a alínea
a do art. 11. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.886, de 20.11.1989 e
alterado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
Art. 27. O titular de autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos respectivos, e também
as obras e serviços auxiliares necessários, em terrenos de domínio público ou particular,
abrangidos pelas áreas a pesquisar, desde que pague aos respectivos proprietários ou posseiros
uma renda pela ocupação dos terrenos e uma indenização pelos danos e prejuízos que possam
ser causados pelos trabalhos de pesquisa, observadas as seguintes regras:
II - A indenização por danos causados não poderá exceder o valor venal da propriedade na
extensão da área efetivamente ocupada pelos trabalhos de pesquisa, salvo no caso previsto no
inciso seguinte;
III - Quando os danos forem de molde a inutilizar para fins agrícolas e pastoris toda a
propriedade em que estiver encravada a área necessária aos trabalhos de pesquisa, a
indenização correspondente a tais danos poderá atingir o valor venal máximo de toda a
propriedade;
IV - Os valores venais a que se referem os incisos II e III serão obtidos por comparação com
valores venais de propriedade da mesma espécie, na mesma região;
VII - Dentro de 15 (quinze) dias, a partir da data do recebimento dessa comunicação, o Juiz
mandará proceder à avaliação da renda e dos danos e prejuízos a que se refere este artigo, na
forma prescrita no Código de Processo Civil;
VIII - O Promotor de Justiça da Comarca será citado para os termos da ação, como
representante da União;
IX - A avaliação será julgada pelo Juiz no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da data do
despacho a que se refere o inciso VII, não tendo efeito suspensivo os recursos que forem
apresentados;
X - As despesas judiciais com o processo de avaliação serão pagas pelo titular da autorização de
pesquisa;
XI - Julgada a avaliação, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará o titular a depositar quantia
correspondente ao valor da renda de 2 (dois) anos e a caução para pagamento da indenização;
XII - Feitos esses depósitos, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará os proprietários ou posseiros
do solo a permitirem os trabalhos de pesquisa, e comunicará seu despacho ao Diretor-Geral do
D. N. P. M. e, mediante requerimento do titular da pesquisa, às autoridades policiais locais, para
garantirem a execução dos trabalhos;
XIV - Dentro de 8 (oito) dias do recebimento da comunicação a que se refere o inciso anterior, o
Juiz intimará o titular da pesquisa a depositar nova quantia correspondente ao valor da renda
relativa ao prazo de prorrogação
XV - Feito esse depósito, o Juiz intimará os proprietários ou posseiros do solo, dentro de 8 (oito)
dias, a permitirem a continuação dos trabalhos de pesquisa no prazo da prorrogação, e
comunicará seu despacho ao Diretor-Geral do D. N. P. M. e às autoridades locais;
Art. 28. Antes de encerrada a ação prevista no artigo anterior, as partes que se julgarem lesadas
poderão requerer ao Juiz que se lhes faça justiça.
Parágrafo único. O início ou reinício, bem como as interrupções de trabalho, deverão ser
prontamente comunicados ao D. N. P. M., bem como a ocorrência de outra substância mineral
útl, não constante do Alvará de Autorização.
Art. 31. O titular, uma vez aprovado o Relatório, terá 1 (hum) ano para requerer a concessão de
lavra, e, dentro deste prazo, poderá negociar seu direito a essa concessão, na forma deste
Código.
Parágrafo único. O DNPM poderá prorrogar o prazo referido no caput, por igual
período, mediante solicitação justificada do titular, manifestada antes de findar-se o
prazo inicial ou a prorrogação em curso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)
Art. 32. Findo o prazo do artigo anterior, sem que o titular, ou seu sucessor, haja
requerido concessão de lavra, caducará seu direito, caendo ao Diretor-Geral do
Departamento Nacional da Produção Mineral - D. N. P. M. - mediante Edital
publicado no Diário Oficial da União, declarar a disponibilidade da jazida
pesquisada, para fins de requerimento da concessão de lavra. (Redação dada pela
Art. 34 Sempre que o Governo cooperar com o titular da autorização nos trabalhos de pesquisa,
será reembolsado das despesas, de acordo com as condições estipuladas no ajuste de
cooperação técnica celebrado entre o D. N. P. M. e o titular.
CAPÍTULO III
Da Lavra
Art. 38. O requerimento de autorização de lavra será dirigido ao Ministro das Minas e Energia,
pelo titular da autorização de pesquisa, ou seu sucessor, e deverá ser instruído com os seguintes
elementos de informação e prova:
Parágrafo único. Quando tiver por objeto área situada na faixa de fronteira, a
concessão de lavra fica ainda sujeita aos critérios e condições estabelecidas em lei.
(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
Art. 39. O plano de aproveitamento econômico da jazida será apresentado em duas vias e
constará de:
I - Memorial explicativo;
§ 3° Poderá esse prazo ser prorrogado, até igual período, a juízo do Diretor-Geral
do D.N.P.M., desde que requerido dentro do prazo concedido para cumprimento
das exigências. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
Art. 42. A autorização será recusada, se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou
comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo.
Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo a indenização das despesas
feitas com os trabalhos de pesquisa, uma vez que haja sido aprovado o Relatório.
Art. 43. A concessão de lavra terá por título uma portaria assinada pelo Ministro de
Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
I - serão intimados, por meio de ofício ou telegrama, os concessionários das minas limítrofes se
as houver. Com 8 (oito) dias de antecedência, para que, por si ou seus representantes possam
presenciar o ato, e, em especial, assistir à demarcação; e,
II - no dia e hora determinados, serão fixados, definitivamente, os marcos dos limites da jazida
que o concessionário terá para esse fim preparado, colocados precisamente nos pontos
indicados no Decreto de Concessão, dando-se, em seguida, ao concessionário, a Posse da
jazida.
§ 1º Do qe ocorrer, o representantedo D.N.P.M lavrará termo, que assinará com o titular da lavra,
testemunhas e concessionários das minas limítrofes, presentes ao ato.
§ 2º Os marcos deverão ser conservados bem visíveis e só poderão ser mudados com
autorização expressa do D.N.P.M.
Art. 46 Caberá recurso ao Ministro das Minas e Energia contra a Imissão de Posse, dentro d 15
(quinze) dias, contados da data do ato de imissão.
Art. 47. Ficará obrigado otitular da concessão, além das condições gerais que constam deste
Código, ainda, às seguintes, sob pena de sanções previstas no Capítulo V:
I - iniciar os trabalhos previstos no plano de lavra, dentro do prazo de 6 (seis) meses, contados
da data da publicação do Decreto de Concessão no Diário Oficial da União, salvo motivo de força
maior, a juízo do D.N.P.M.;
II - Lavrar a jazida de acordo com o plano de lavra aprovado pelo D.N.P.M., e cuja segunda via,
devidamente autenticada, deverá ser mantida no local da mina;
VII - Não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento ulterior da jazida;
VIII - Responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem, direta ou indiretamente, da
lavra;
X - Evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e prejuízos aos
vizinhos;
XI - Evitar poluição do Art., ou da água, que possa resultar dos trabalhos de mineração;
XII - Proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas segundo os preceitos técnicos
quando se tratar de lavra de jazida da Classe VIII;
XV - Mnater a mina em bom estado, no caso de suspensão tamporária dos trabalhos de lavra, de
modo a permitir a retomada das operações;
Art. 50 O Relatório Anual das atividades realizadas no ano anterior deverá conter, entre outros,
dados sobre os seguintes tópicos:
III - Quadro mensal, em que figurem, pelo menos, os elementos de: produção, estoque, preço
médio de venda, destino do produto bruto e do beneficiado, recolhimento do Imposto Único e o
pagamento do Dízimo do proprietário;
Art. 51. Quando o melhor conhecimento da jazida obtido durante os trabalhos de lavra justificar
mudanças no plano de aproveitamento econômico, ou as condições do mercado exigirem
modificações na escala de produção, deverá o concessionário propor as necessárias alterações
ao D.N.P.M., para exame e eventual aprovação do novo plano.
Art. 52. A lavra, praticada em desacordo com o plano aprovado pelo D.N.P.M., sujeita o
concessionário a sanções que podem ir gradativamente da advertência à caducidade.
Art. 53. A critério do D.N.P.M., várias concessões de lavra de um mesmo titular e da mesma
substância mineral, em áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão ser
reunidas em uma só unidade de mineração, sob a denominação de Grupamento Mineiro.
Art. 54. Em zona que tenha sido declarada Reserva Nacional de determinada substância mineral,
o Governo poderá autorizar a pesquisa ou lavra de outra substância mineral, sempre que os
trabalhos relativos à autorização solicitada forem compatíveis e independentes dos referentes à
substância da Reserva e mediante condições especiais, de conformidade com os interesses da
União e da economia nacional.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se também a áreas específicas que
estiverem sendo objeto de pesquisa ou de lavra sob regime de monopólio.
Art. 55. Subsistirá a Concessão, quanto aos direitos, obrigações, limitações e efeitos dela
decorrentes, quando o concessionário a alienar ou gravar, na forma da lei.
§ 4º Os credores não têm ação alguma contra o novo titular da concessão extinta,
salvo se esta, por qualquer motivo, voltar ao domínio do primitivo concessionário
devedor. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.085, de 21.12.1982)
Art. 57. No curso de qualquer medida judicial não poderá haver embargo ou seqüestro que
resulte em interrupção dos trabalhos de lavra.
§ 2º Somente após verificação "in loco" por um de seus técnicos, emitirá o D.N.P.M. parecer
conclusivo para decisão do Ministro das Minas e Energia.
CAPÍTULO IV
Das Servidões
Texto original: A lavra de jazida somente poderá ser organizada e conduzida por
sociedade de economia mista, controlada por pessoa jurídica de direito público,
para suplementar a iniciativa privada.
Art. 59. Ficam sujeitas a servidões de solo e subsolo, para os fins de pesquisa ou lavra, não só a
propriedade onde se localiza a jazida, como as limítrofes.
Art. 60 Instituem-se as Servidões mediante indenização prévia do valor do terreno ocupado e dos
prejuízos resultantes dessa ocupação.
§ 1º Não havendo acordo entre as partes, o pagemento será feito mediante depósito judicial da
importância fixada para indenização, através de vistoria ou perícia com arbitramento, inclusive da
renda pela ocupação, seguindo-se o competente mandado de imissão de posse na área, se
necessário.
Art. 61. Se, por qualquer motivo independente da vontade do indenizado, a indenização tardar
em lhe ser entregue, sofrerá,a mesma, a necessária correção monetária, cabendo ao titular da
autorização de pesquisa ou concessão de lavra, a obrigação de completar a quantia arbitrada.
Art. 62. Não poderão ser iniciados os trabalhos de pesquisa ou lavra, antes de paga a
importância à indenização e de fixada arenda pela ocupação do terreno.
CAPÍTULO V
Art. 64. A multa inicial variará de 100 (cem) a 1.000 (um mil) UFIR, segundo a
gravidade das infrações. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
§ 3º O valor das multas será recolhido ao Banco do Brasil S/A, em guia própria, à conta do
"Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível".
b) não cumprimento dos prazos de início ou reinício dos trabalhos de pesquisa ou lavra, apesar
de advertência e multa;
Art. 66. São anuláveis os Alvarás de Pesquisa ou Decreto de Lavra quando outorgados com
infrigência de dispositivos deste Código.
§ 2º Nos demais casos, e sempre que possível, o D.N.P.M. procurará sanar a deficiência por via
de atos de retificação.
§ 3º A nulidade poderá ser pleiteada judicialmente em ação proposta por qualquer interessado,
no prazo de 1 (hum) ano, a contar da publicação do Decreto de Lavra no Diário Oficial da União.
§ 2º Findo o prazo, com a juntada da defesa ou informação sobre a sua não apresentação pelo
notificado, o processo será submetido à decisão do Ministro das Minas e Energia.
b) recurso voluntário ao Presidente da República, no prazo de 30 (trinta) dias, desde que o titular
da autorização não tenha solicitado reconsideração do despacho, no prazo previsto na alínea
anterior.
§ 5º O titular de autorização declarada Nula ou Caduca, que se valer da faculdade conferida pela
alínea a do § 3º, deste artigo, não poderá interpor recurso ao Presidente da República enquanto
aguarda solução Ministerial para o seu pedido de reconsideração.
Art. 69. O processo administrativo para aplicação das sanções de anulação ou caducidade da
concessão de lavra, obedecerá ao disposto no § 1º do artigo anterior.
CAPÍTULO VI
Art. 70 Considera-se:
III - cata, o trabalho individual de quem faça, por processos equiparáveis aos de garimpagem e
faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos filões e veeiros, a extração de substâncias
minerais úteis, sem o emprego de explosivos, e as apure por processos rudimentares.
Art. 71. Ao trabalhodor que extrai substâncias minerais úteis, por processo rudimentar e
individual de mineração, garimpagem, faiscação ou cata, denomina-se genericamente,
garimpeiro.
Art. 73. Dependem de permissão do Governo Federal, a garimpagem, a faiscação ou a cata, não
cabendo outro ônus ao garimpeiro, senão o pagamento da menor taxa remuneratória cobrada
pelas Coletorias Federais a todo aquele que pretender executar esses trabalhos. (Extinto o
regime de matrícula pela Lei nº 7.805, de 18.7.1989)
Parágrafo único. A contribuição do garimpeiro ajustada com o proprietário do solo para fazer
garimpagem, faiscação, ou cata não poderá exceder adízimo do valor do imposto único que for
arrecadado pela Coletoria Federal da Jurisdição local, referente à substância encontrada.
Art. 76. Atendendo aos interesses do setor minerário, poderão, a qualquer tempo,
ser delimitadas determinadas áreas nas quais o aproveitamento de substâncias
minerais farse-á exclusivamente por trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata,
consoante for estabelecido em Portaria do Ministro das Minas e Energia, mediante
proposta do Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produçào Mineral.
(Redação dada pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)
CAPÍTULO VII
Da Empresa de Mineração
Suprimido pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996
IIII - No caso de sociedade anônima, folha do Diário Oficial onde consta a usa
constituição.
CAPÍTULO VII
Art. 81. As empresas que pleitearem autorização para pesquisa ou lavra, ou que
forem titulares de direitos minerários de pesquisa ou lavra, ficam obrigadas a
arquivar no DNPM, mediante protocolo, os estatutos ou contratos sociais e acordos
de acionistas em vigor, bem como as futuras alterações contratuais ou estatutárias,
dispondo neste caso do prazo máximo de trinta dias após registro no Departamento
Nacional de Registro de Comércio. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)
Texto original: As empresas que realizarem alterações no seu registro sem o prévio
conhecimento do D.N.P.M. sujeitam-se a sanções, inclusive perda de todos os
direitos que lhes houverem sido outorgados.
Art. 83. Aplica-se à propriedade mineral o direito comum, salvo as restrições impostas neste
Código.
Art. 84. A jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, não abrangendo a propriedade
deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui.
Art. 85. O limite subterrâneo da jazida ou mina é o plano vertical coincidente com o
perímetro definidor da área titulada, admitida, em caráter excepcional, a fixação de
limites em profundidade por superfície horizontal. (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)
Art. 86. Os titulares de concessões de minas próximas ou vizinhas, abertas ou situadas sobre o
mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão obter permisão para formação deum Consórcio
de Mineraçào, mediante Decreto do Governo ou a sua capacidade.
I - Memorial justificativo dos benefícios resultantes da formação do Consórcio, com indicaçao dos
recursos econômicos e financeiros de que disporá a nova entidade;
Art. 87. Não se impedirá por ação judicial de quem quer que seja o prosseguiento da pesquisa ou
lavra.
Parágrafo único. Após a decretação do litígio, será procedida a necessária vistoria "ad perpetuam
rei memoriam"afim de evitar-se solução de continuidade dos trabalhos.
Art. 88. Ficam sujeita s à fiscalização direta do D.N.P.M., todas as atividades concernentes à
mineração, ao comércio e à industrializaçào de matérias-primas minerais, nos limites
estabelecidos em Lei.
Parágrafo único. Exercer-se-à fiscalização para o cumprimento integral das disposições legais,
regulamentares ou contratuais.
Texto original: Fica sujeito ao registro especial, conforme regulamento que será
baixado pelo Governo Federal, quer se trate de mercado interno ou externo, o
comercio de pedras preciosas, de metais nobres e de outros minerais que venham
a ser considerados objeto desse cuidado.
Art. 91. A Empresa de mineraçào que, comprovadamente, dispuser do recurso dos métodos de
prospecção aérea poderá pleitear permisão para realizar Reconheciento Geológico por estes
métodos, visando obter informações preliminares regioais necessárias à formulação de
requerimento de autorização de pesquisa, na forma do que dispuser o Regulamento deste
Código.
§ 2ºA permissão será dada por autorização expressa do Diretor-Geraldo D.N.P.M.,com prévio
assentimento do Conselho de Segurança Nacional.
Art. 92. O DNPM manterá registros próprios dos títulos minerários. (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)
Art. 94. Será sempre ouvido o D.N.P.M. quando o Governo Federal tratar de qualquer assunto
referente à matéria-prima mineral ou ao seu produto.
Art. 98. Esta Lei entrará em vigor no dia 15 de março de 1967, revogadas as
disposições em contrário. (Art. 97 renumerado pelo Decreto-Lei nº 318, de
14.3.1967)
H. CASTELLO BRANCO
Octavio Bulhões
Mauro Thibau
Edmar de Souza
(DOU 21.10.1969)
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando
das atribuições que lhes confere o artigo 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de
outubro de 1969, combinado com o § 1º do artigo 2º, do Ato Institucional nº 5, de 13
de dezembro de 1968, decretam:
PARTE GERAL
LIVRO ÚNICO
TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR
Princípio de legalidade
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.
Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória
irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
§ 1º. A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória
irrecorrível.
Apuração da maior benignidade
§ 2º. Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao
fato.
Medidas de segurança
Art. 3º. As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença,
prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
Tempo do crime
Lugar do crime
Territorialidade. Extraterritorialidade
Art. 7º. Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte, no território
nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou
tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
§ 1º. Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território
nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob
comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de
autoridade competente, ainda que de propriedade privada.
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros.
§ 2º. É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de
aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração
militar, e o crime atente contra as instituições militares.
Conceito de navio.
§ 3º. Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação
sob comando militar.
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei
penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição
especial;
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição
na lei penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma
situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou
civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar,
contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;(Redação dada pela Lei nº 9.299, de
07.08.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva,
ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a
administração, ou a ordem administrativa militar;
Militares estrangeiros
Defeito de incorporação
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar,
salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime.
Tempo de guerra
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar,
começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o
decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e
termina quando ordenada a cessação das hostilidades.
Contagem de prazo
Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.
Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
penal militar especial, se esta não dispõe de modo diverso. Para os efeitos penais,
salário mínimo é o maior mensal vigente no país, ao tempo da sentença.
Infrações disciplinares
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.
Crimes praticados em tempo de guerra
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial,
aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço.
Assemelhado
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer
pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas,
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.
Equiparação a comandante
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar,
toda autoridade com função de direção.
Conceito de superior
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual
posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal
militar.
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em
zona de efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.
Estrangeiros
TÍTULO II
DO CRIME
Relação de causalidade
Crime consumado
Crime impossível
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é
aplicável.
Art. 33. Diz-se o crime:
Culpabilidade.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Erro de direito
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o
agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito
o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.
Erro de fato
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente
escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de
situação de fato que tornaria a ação legítima.
Erro culposo
§ 1º. Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato é punível
como crime culposo.
Erro provocado
§ 2º. Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de
dolo ou culpa, conforme o caso.
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de
execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-
se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para
configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da
pena.
§ 1º. Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do
visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo.
Duplicidade do resultado
§ 2º. Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do
parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do artigo
79.
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:
Coação irresistível
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria
vontade;
Obediência hierárquica
Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar
coação irresistível senão quando física ou material.
Atenuação de pena
Art. 41. Nos casos do artigo 38, letras "a" e "b", se era possível resistir à coação,
ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do artigo 39, se era
razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as
condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.
Exclusão de crime
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio,
aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele
os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para
salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a
revolta ou o saque.
Legítima defesa
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Excesso culposo
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede
culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a
título de culpa.
Excesso escusável
Excesso doloso
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso
doloso.
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental
incompleto ou retardado.
Embriaguez
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por
embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Menores
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado
dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter
ilícito do fato e determinar-se de acordo com este entendimento. Neste caso, a pena
aplicável é diminuída de um terço até a metade.
Equiparação a maiores
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham
atingido essa idade:
a) os militares;
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados
temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de
licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e
disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos.
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e
maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas
ou disciplinares determinadas em legislação especial.
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE AGENTES
Co-autoria
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas.
Casos de impunibilidade
TÍTULO V
DAS PENAS
CAPÍTULO I
DAS PENAS PRINCIPAIS
Penas principais
a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.
Pena de morte
Comunicação
Art. 59. A pena de reclusão ou de detenção até dois anos, aplicada a militar, é
convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão
condicional: (Redação dada ao caput pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos
que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo
superior a dois anos.
Separação de praças especiais e graduadas
Pena do assemelhado
Art. 60. O assemelhado cumpre a pena conforme o posto ou graduação que lhe é
correspondente.
Art. 61. A pena privativa da liberdade por mais de dois anos, aplicada a militar, é
cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional
civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal
comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada
pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
Art. 62. O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento
prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de
cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar.
Parágrafo único. Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil
ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte, em penitenciária militar, se, em
benefício da segurança nacional, assim o determinar a sentença. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
Pena de impedimento
Pena de reforma
Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a
manicômio judiciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe
seja assegurada custódia e tratamento.
Tempo computável
Transferência de condenados
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma região, distrito ou zona pode
cumprir pena em estabelecimento de outra região, distrito ou zona.
CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do
crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do
dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os
meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as
circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de
insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime.
Determinação da pena
§ 1º. Se não cominadas penas alternativas, o juiz deve determinar qual delas é
aplicável.
Limites legais da pena
§ 2º. Salvo o disposto no artigo 76, é fixada dentro dos limites legais a quantidade
da pena aplicável.
Circunstâncias agravantes
Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes
ou qualificativas do crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano
ou força maior;
d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou mediante outro recurso insidioso
que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima;
e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro
meio dissimulado ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
h) contra criança, velho ou enfermo;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) estando de serviço;
m) com emprego de arma, material ou instrumento de serviço, para esse fim
procurado;
n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua administração;
o) em país estrangeiro.
Parágrafo único. As circunstâncias das letras "c", salvo no caso de embriaguez
preordenada, "l", "m" e "o", só agravam o crime quando praticado por militar.
Reincidência
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior.
Temporariedade da reincidência
Circunstâncias atenuantes
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, ao juiz
é facultado atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo.
Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar
o quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da
pena cominada ao crime.
Art. 74. Quando ocorre mais de uma agravante ou mais de uma atenuante, o juiz
poderá limitar-se a uma só agravação ou a uma só atenuação.
Majorantes e minorantes
Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais de aumento ou diminuição da pena,
não fica o juiz adstrito aos limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos da
espécie de pena aplicável.
Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se a um
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais
aumente ou diminua.
Pena-base
Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada ou diminuída, de quantidade fixa ou
dentro de determinados limites, é a que o juiz aplicaria, se não existisse a
circunstância ou causa que importa o aumento ou diminuição.
§ 1º. A duração da pena indeterminada não poderá exceder a dez anos, após o
cumprimento da pena imposta.
Habitualidade presumida
§ 3º. Considera-se criminoso por tendência aquele que comete homicídio, tentativa
de homicídio ou lesão corporal grave, e, pelos motivos determinantes e meios ou
modo de execução, revela extraordinária torpeza, perversão ou malvadez.
Ressalva do artigo 113
Concurso de crimes
Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade
devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma
de todas; se, de espécies diferentes, a pena única é a mais grave, mas com
aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o
disposto no artigo 58.
Crime continuado
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de
uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser considerados como continuação do primeiro.
Parágrafo único. Não há crime continuado quando se trata de fatos ofensivos de
bens jurídicos inerentes à pessoa, salvo se as ações ou omissões sucessivas são
dirigidas contra a mesma vítima.
Art. 81. A pena unificada não pode ultrapassar de trinta anos, se é de reclusão, ou
de quinze anos, se é de detenção.
§ 2º. Quando cominada a pena de morte como grau máximo e a de reclusão como
grau mínimo, aquela corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão por
trinta anos.
Cálculo da pena aplicável à tentativa
§ 3º. Nos crimes punidos com a pena de morte, esta corresponde à de reclusão
por trinta anos, para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial.
Art. 82. Quando se apresenta o caso do artigo 78, § 2º, letra "b", fica sem
aplicação o disposto quanto ao concurso de crimes idênticos ou ao crime
continuado.
Condições
Extinção da pena
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada a suspensão, fica extinta a
pena privativa de liberdade.
Requisitos
Preliminares da concessão
Art. 92. O liberado fica sob observação cautelar e proteção realizadas por patrono
oficial ou particular, dirigido aquele e inspecionado este pelo Conselho
Penitenciário. Na falta de patronato, o liberado fica sob observação cautelar
realizada por serviço social penitenciário ou órgão similar.
Revogação obrigatória
Efeitos da revogação
Art. 94. Revogado o livramento, não pode ser novamente concedido e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por infração penal anterior ao benefício,
não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
Extinção da pena
Art. 95. Se, até o seu termo, o livramento não é revogado, considera-se extinta a
pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Enquanto não passa em julgado a sentença em processo, a que
responde o liberado por infração penal cometida na vigência do livramento, deve o
juiz abster-se de declarar a extinção da pena.
Art. 96. O livramento condicional não se aplica ao condenado por crime cometido
em tempo de guerra.
Art. 97. Em tempo de paz, o livramento condicional por crime contra a segurança
externa do país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento, violência contra
superior ou militar de serviço, só será concedido após o cumprimento de dois terços
da pena, observado ainda o disposto no artigo 89, preâmbulo, seus números II e III e
§§ 1º e 2º.
CAPÍTULO V
DAS PENAS ACESSÓRIAS
Penas acessórias
Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior
a dois anos, importa sua exclusão das forças armadas.
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de
dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de
crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à
função pública.
Termo inicial
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja
qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou
curatela, enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segurança imposta
em substituição (artigo 113).
Suspensão provisória
Art. 107. Salvo os casos dos artigos 99, 103, nº II, e 106, a imposição da pena
acessória deve constar expressamente da sentença.
Tempo computável
TÍTULO VI
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
I - aos civis;
II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena privativa de liberdade por
tempo superior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdido função, posto
e patente, ou hajam sido excluídos das forças armadas;
III - aos militares ou assemelhados, no caso do artigo 48;
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do artigo 115, com aplicação dos
seus §§ 1º, 2º e 3º.
Manicômio judiciário
Art. 112. Quando o agente é inimputável (artigo 48), mas suas condições pessoais
e o fato praticado revelam que ele oferece perigo à incolumidade alheia, o juiz
determina sua internação em manicômio judiciário.
Prazo de internação
§ 1º. A internação, cujo mínimo deve ser fixado de entre um a três anos, é por
tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação da periculosidade do internado.
Perícia médica
Superveniência de cura
§ 3º. À idêntica internação para fim curativo, sob as mesmas normas, ficam
sujeitos os condenados reconhecidos como ébrios habituais ou toxicômanos.
Regime de internação
Art. 114. A internação, em qualquer dos casos previstos nos artigos precedentes,
deve visar não apenas ao tratamento curativo do internado, senão também ao seu
aperfeiçoamento a um regime educativo ou de trabalho, lucrativo ou não, segundo o
permitirem suas condições pessoais.
Cassação de licença para dirigir veículos motorizados
Exílio local
Art. 116. O exílio local, aplicável quando o juiz o considera necessário como
medida preventiva, a bem da ordem pública ou do próprio condenado, consiste na
proibição de que este resida ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na
localidade, município ou comarca em que o crime foi praticado.
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa
condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.
Confisco
Art. 119. O juiz, embora não apurada a autoria, ou ainda quando o agente é
inimputável, ou não punível, deve ordenar o confisco dos instrumentos e produtos do
crime, desde que consistam em coisas:
I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitui fato ilícito;
II - que, pertencendo às forças armadas ou sendo de uso exclusivo de militares,
estejam em poder ou em uso do agente, ou de pessoa não devidamente autorizada;
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
Parágrafo único. É ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa fé, nos
casos dos ns. I e III.
TÍTULO VII
DA AÇÃO PENAL
Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério
Público da Justiça Militar.
Dependência de requisição
Art. 122. Nos crimes previstos nos artigos 136 a 141, a ação penal, quando o
agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que
aquele estiver subordinado; no caso do artigo 141, quando o agente for civil e não
houver co-autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.
TÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Causas extintivas
Espécies de prescrição
Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em trinta anos, se a pena é de morte;
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a
doze;
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito;
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a quatro;
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.
Superveniência de sentença condenatória de que somente o réu recorre
Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos crimes cuja pena cominada,
no máximo, é de reforma ou de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo
ou função.
Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o caso do § 3º, segunda parte, do artigo
126, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
Redução
Declaração de ofício
Art. 133. A prescrição, embora não alegada, deve ser declarada de ofício.
Reabilitação
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva.
§ 1º. A reabilitação poderá ser requerida decorridos cinco anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena principal ou terminar a execução desta ou da
medida de segurança aplicada em substituição (artigo 113), ou do dia em que
terminar o prazo da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional,
desde que o condenado:
a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima referido;
b) tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre absoluta
impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.
§ 2º. A reabilitação não pode ser concedida:
a) em favor dos que foram reconhecidos perigosos, salvo prova cabal em contrário;
b) em relação aos atingidos pelas penas acessórias do artigo 98, inciso VII, se o
crime for de natureza sexual em detrimento de filho, tutelado ou curatelado.
Prazo para renovação do pedido.
§ 3º. Negada a reabilitação, não pode ser novamente requerida senão após o
decurso de dois anos.
§ 4º. Os prazos para o pedido de reabilitação serão contados em dobro no caso
de criminoso habitual ou por tendência.
Revogação
PARTE ESPECIAL
LIVRO I
DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA EXTERNA DO PAÍS
Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o
Brasil a perigo de guerra:
Art. 139. Violar o militar território estrangeiro, com o fim de praticar ato de
jurisdição em nome do Brasil:
Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em entendimento com país estrangeiro,
para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do artigo; ou até quatro anos,
no caso do § 1º, nº I.
Art. 144. Revelar notícia, informação ou documento, cujo sigilo seja de interesse da
segurança externa do Brasil:
Modalidade culposa
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do artigo; ou até quatro anos,
nos casos dos §§ 1º e 2º.
Art. 145. Suprimir, subtrair, deturpar, alterar, desviar, ainda que temporariamente,
objeto ou documento concernente à segurança externa do Brasil:
Modalidade culposa
Art. 147. Fazer desenho ou levantar plano ou planta de fortificação, quartel, fábrica,
arsenal, hangar ou aeródromo, ou de navio, aeronave ou engenho de guerra
motomecanizado, utilizados ou em construção sob administração ou fiscalização
militar, ou fotografá-los ou filmá-los:
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA
MILITAR
CAPÍTULO I
DO MOTIM E DA REVOLTA
Motim
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.
Revolta
Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças.
Conspiração
Isenção de pena
Cumulação de penas
Art. 153. As penas dos artigos 149 e 150 são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
CAPÍTULO II
DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO
Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes
previstos no capítulo anterior:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
Incitamento
Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do
mesmo, em lugar sujeito à administração militar:
Formas qualificadas
Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra
sentinela, vigia ou plantão:
Formas qualificadas
Desrespeito a superior
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Despojamento desprezível
Recusa de obediência
Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Reunião ilícita
Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de
ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis
meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial,
ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar,
ou a qualquer resolução do Governo:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VI
DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO OU- ABUSO DE AUTORIDADE
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 169. Determinar o comandante, sem ordem superior e fora dos casos em que
essa se dispensa, movimento de tropa ou ação militar:
Forma qualificada
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que não
tenha direito:
Rigor excessivo
Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não
permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:
Pena - suspensão do exercício do posto, por dois a seis meses, se o fato não
constitui crime mais grave.
Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio
empregado, se considere aviltante:
Forma qualificada
Cumulação de penas
§ 2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência, ou ao fato que constitua crime mais grave.
CAPÍTULO VIII
DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO E- AMOTINAMENTO DE PRESOS
Formas qualificadas
Modalidade culposa
Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa legalmente presa, confiada à sua guarda
ou condução:
Cumulação de penas
Amotinamento
Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças; aos demais, detenção de um a dois
anos.
TÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO- MILITAR E O DEVER
MILITAR
CAPÍTULO I
DA INSUBMISSÃO
Insubmissão
Caso assimilado
Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado para o
serviço militar:
Substituição de convocado
Art. 185. Substituir-se o convocado por outrem na apresentação ou na inspeção de
saúde:
Favorecimento a convocado
Isenção de pena
Deserção
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar
em que deve permanecer, por mais de oito dias:
Casos assimilados
Atenuante especial
Deserção especial
§ 2º. Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias: (NR) (Redação dada
pela Lei nº 9.764, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.764, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Aumento de pena
Modalidade complexa
II - Se consumada a deserção:
Favorecimento a desertor
Isenção de pena
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão
do criminoso, fica isento de pena.
Omissão de oficial
Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, sabendo, ou devendo saber
encontrar-se entre os seus comandados:
Abandono de posto
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe
tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Descumprimento de missão
Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
§ 1º. Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º. Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade.
Modalidade culposa
Retenção indevida
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de
eficiência:
Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os meios ao seu alcance para
evitar perda, destruição ou inutilização de instalações militares, navio, aeronave ou
engenho de guerra motomecanizado em perigo:
Modalidade culposa
Modalidade culposa
Omissão de socorro
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou
mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam
pedido socorro:
Embriaguez em serviço
Dormir em serviço
Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda,
ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia,
plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza
semelhante:
TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DO HOMICÍDIO
Homicídio simples
§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
Homicídio culposo
Agravação de pena
Genocídio
Casos assimilados
Parágrafo único. Será punido com reclusão, de quatro a quinze anos, quem, com o
mesmo fim:
I - inflige lesões graves a membros do grupo;
II - submete o grupo a condições de existência, físicas ou morais, capazes de
ocasionar a eliminação de todos os seus membros ou parte deles;
III - força o grupo à sua dispersão;
IV - impõe medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
V - efetua coativamente a transferência de crianças do grupo para outro grupo.
CAPÍTULO III
DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA
Lesão leve
Lesão grave
§ 4º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou
social ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um terço.
§ 5º. No caso de lesões leves, se estas são recíprocas, não se sabendo qual dos
contendores atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
anterior, o juiz pode diminuir a pena de um a dois terços.
Lesão levíssima
Lesão culposa
Art. 210. Se a lesão é culposa:
Participação em rixa
Abandono de pessoa
Art. 212. Abandonar o militar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância
ou autoridade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:
Maus-tratos
Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde, em lugar sujeito à administração militar
ou no exercício de função militar, de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou custódia, quer privando-
a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalhos
excessivos ou inadequados, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Calúnia
Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
§ 2º. A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do artigo 218;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Injúria
Injúria real
Art. 217. Se a injúria consiste em violência, ou outro ato que atinja a pessoa, e, por
sua natureza ou pelo meio empregado, se considera aviltante:
Disposições comuns
Art. 218. As penas cominadas nos antecedentes artigos deste capítulo aumentam-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
II - contra superior;
III - contra militar, ou funcionário público civil, em razão das suas funções;
IV - na presença de duas ou mais pessoas, ou de inferior do ofendido, ou por meio
que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou
abalar o crédito das forças armadas ou a confiança que estas merecem do público:
Exclusão de pena
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo quando inequívoca a intenção de
injuriar, difamar ou caluniar:
I - a irrogada em juízo, na discussão da causa, por uma das partes ou seu
procurador contra a outra parte ou seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica;
III - a apreciação crítica às instituições militares, salvo quando inequívoca a
intenção de ofender;
IV - o conceito desfavorável em apreciação ou informação prestada no
cumprimento do dever de ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos nºs. I e IV, responde pela ofensa quem lhe dá
publicidade.
Equivocidade da ofensa
SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Constrangimento ilegal
Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Aumento de pena
Ameaça
Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de lhe causar mal injusto e grave:
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por fato referente a serviço de natureza
militar, a pena é aumentada de um terço.
Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou aceitar-lhe o desafio, embora o duelo
não se realize:
Pena - detenção, até três meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 225. Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:
Aumento de pena
Violação de domicílio
Forma qualificada
Agravação de pena
Violação de correspondência
§ 4º. Salvo o disposto no parágrafo anterior, qualquer dos crimes previstos neste
artigo só é considerado militar no caso do artigo 9º, nº II, letra "a".
SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS DE
CARÁTER PARTICULAR
Divulgação de segredo
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteúdo de documento particular sigiloso ou
de correspondência confidencial, de que é detentor ou destinatário, desde que da
divulgação possa resultar dano a outrem:
Violação de recato
Art. 229. Violar, mediante processo técnico o direito ao recato pessoal ou o direito
ao resguardo das palavras que não forem pronunciadas publicamente:
Art. 230. Revelar, sem justa causa, segredo de que tem ciência, em razão de
função ou profissão, exercida em local sob administração militar, desde que da
revelação possa resultar dano a outrem:
Art. 231. Os crimes previstos nos artigos 228 e 229 somente são considerados
militares no caso do artigo 9º, nº II, letra "a".
CAPÍTULO VII
DOS CRIMES SEXUAIS
Estupro
Corrupção de menores
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso,
homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar:
Presunção de violência
Aumento de pena
Art. 237. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se o fato é
praticado:
I - com o concurso de duas ou mais pessoas;
II - por oficial, ou por militar em serviço.
CAPÍTULO VIII
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
Ato obsceno
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar sujeito à administração militar:
Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à venda, exibir, adquirir ou ter em
depósito para o fim de venda, distribuição ou exibição, livros, jornais, revistas,
escritos, pinturas, gravuras, estampas, imagens, desenhos ou qualquer outro objeto
de caráter obsceno, em lugar sujeito à administração militar, ou durante o período de
exercício ou manobras:
TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto simples
Furto atenuado
Furto de uso
Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de uso momentâneo e, a seguir, vem a
ser imediatamente restituída ou reposta no lugar onde se achava:
Roubo simples
Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante emprego ou
ameaça de emprego de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
modo, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, em seguida à subtração da coisa, emprega ou
ameaça empregar violência contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou detenção da coisa para si ou para outrem.
Roubo qualificado
Extorsão simples
Formas qualificadas
Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para si ou para outrem, mediante seqüestro
de pessoa, indevida vantagem econômica:
Formas qualificadas
Chantagem
Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém, para si ou para outrem, indevida
vantagem econômica, mediante ameaça de revelar fato, cuja divulgação pode lesar
a sua reputação ou de pessoa que lhe seja particularmente cara:
Extorsão indireta
Art. 246. Obter de alguém, como garantia de dívida, abusando de sua premente
necessidade, documento que pode dar causa a procedimento penal contra o
devedor ou contra terceiro:
Aumento de pena
Art. 247. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se a violência é
contra superior, ou militar de serviço.
CAPÍTULO III
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou detenção:
Agravação de pena
Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem acha coisa alheia perdida e dela
se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor, ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze
dias.
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º
do artigo 240.
CAPÍTULO IV
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
Estelionato
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
Abuso de pessoa
Receptação
Receptação culposa
Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
presumir-se obtida por meio criminoso:
Punibilidade da receptação
Art. 256. A receptação é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor
do crime de que proveio a coisa.
CAPÍTULO VI
DA USURPAÇÃO
Alteração de limites
Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de
linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel sob
administração militar:
Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, sob
guarda ou administração militar, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Dano simples
Dano atenuado
Dano qualificado
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Modalidades culposas
Art. 266. Se o crime dos artigos 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de
detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do
exercício do posto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte,
aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo
ainda, se o agente é oficial, ser imposta pena de reforma.
CAPÍTULO VIII
DA USURA
Usura pecuniária
Casos assimilados
TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A- INCOLUMIDADE PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Incêndio
Agravação de pena
Explosão
Forma qualificada
Modalidade culposa
Modalidade culposa
Abuso de radiação
Art. 271. Expor a perigo a vida ou integridade física de outrem, em lugar sujeito à
administração militar, pelo abuso de radiação ionizante ou de substância radioativa:
Modalidade culposa
Modalidade culposa
Perigo de inundação
Desabamento ou desmoronamento
Modalidade culposa
Art. 276. Praticar qualquer dos fatos previstos nos artigos anteriores deste capítulo,
expondo a perigo, embora em lugar não sujeito à administração militar, navio,
aeronave, material ou engenho de guerra motomecanizado ou não, ainda que em
construção ou fabricação, destinados às forças armadas, ou instalações
especialmente a serviço delas;
Modalidade culposa
Art. 277. Se do crime doloso de perigo comum resulta, além da vontade do agente,
lesão grave, a pena é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro.
No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade;
se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de
um terço.
Art. 278. Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação,
pastagem ou animais de utilidade econômica ou militar, em lugar sob administração
militar:
Modalidade culposa
Embriaguez ao volante
Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob administração militar, na via pública,
encontrando-se em estado de embriaguez, por bebida alcoólica, ou qualquer outro
inebriante:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, sem prejuízo das cominadas nos artigos
206 e 210.
Desastre efetivo
Modalidade culposa
§ 4º. Para os efeitos deste artigo, entende-se por "estrada de ferro'' qualquer via de
comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio
de cabo aéreo.
Art. 283. Expor a perigo aeronave, ou navio próprio ou alheio, sob guarda,
proteção ou requisição militar emanada de ordem legal, ou em lugar sujeito à
administração militar, bem como praticar qualquer ato tendente a impedir ou
dificultar navegação aérea, marítima, fluvial ou lacustre sob administração, guarda ou
proteção militar;
Superveniência de sinistro
Modalidade culposa
Desastre efetivo
Art. 285. Se de qualquer dos crimes previstos nos artigos 282 a 284, no caso de
desastre ou sinistro, resulta morte de alguém, aplica-se o disposto no artigo 277.
Arremesso de projétil
Aumento de pena
Art. 289. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena será agravada, se forem
cometidos em ocasião de calamidade pública.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE
Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar,
ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que
determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à administração militar,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Casos assimilados
§ 1º. Na mesma pena incorre, ainda que o fato incriminado ocorra em lugar não
sujeito à administração militar:
I - o militar que fornece, de qualquer forma, substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica a outro militar;
II - o militar que, em serviço ou em missão de natureza militar, no país ou no
estrangeiro, pratica qualquer dos fatos especificados no artigo;
III - quem fornece, ministra ou entrega, de qualquer forma, substância entorpecente
ou que determine dependência física ou psíquica a militar em serviço, ou em
manobras ou exercício.
Forma qualificada
Receita ilegal
Casos assimilados
Epidemia
Forma qualificada
§ 1º. Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
Modalidade culposa
Caso assimilado
§ 1º. Está sujeito à mesma pena quem em lugar sujeito à administração militar,
entrega a consumo, ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, água ou
substância envenenada.
Forma qualificada
Modalidade culposa
§ 3º. Se o crime é culposo, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; ou,
se resulta morte, de dois a quatro anos.
Art. 294. Corromper ou poluir água potável de uso de quartel, fortaleza, unidade,
navio, aeronave ou estabelecimento militar, ou de tropa em manobras ou exercício,
tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:
Modalidade culposa
Modalidade culposa
Modalidade culposa
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A- ADMINISTRAÇÃO MILITAR
CAPÍTULO I
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA
Desacato a superior
Agravação de pena
Desacato a militar
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.
Desobediência
Ingresso clandestino
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
CAPÍTULO II
DO PECULATO
Peculato
Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou
desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de três a quinze anos.
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de
valor superior a vinte vezes o salário mínimo.
Peculato-furto
§ 2º. Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a posse ou detenção do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de
militar ou de funcionário.
Peculato culposo
Concussão
Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Excesso de exação
Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou, quando
devido, empregar na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Desvio
Corrupção passiva
Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem:
Aumento de pena
§ 2º. Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com infração
de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Corrupção ativa
Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a prática,
omissão ou retardamento de ato funcional:
Aumento de pena
Falsificação de documento
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; sendo documento
particular, reclusão, até cinco anos.
Agravação da pena
Falsidade ideológica
Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a administração ou o
serviço militar:
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; reclusão, até três anos,
se o documento é particular.
Art. 313. Emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, se
a emissão é feita de militar em favor de militar, ou se o fato atenta contra a
administração militar:
Circunstância irrelevante
§ 1º. Salvo o caso do artigo 245, é irrelevante ter sido o cheque emitido para servir
como título ou garantia de dívida.
Atenuação de pena
Agravação de pena
Art. 315. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados por
outrem, a que se referem os artigos anteriores:
Supressão de documento
Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em
prejuízo alheio, documento verdadeiro, de que não podia dispor, desde que o fato
atente contra a administração ou o serviço militar:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o documento é público; reclusão, até cinco
anos, se o documento é particular.
Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.
Falsa identidade
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL
Prevaricação
Art. 320. Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela
administração militar, seu dever funcional para obter especulativamente vantagem
pessoal, para si ou para outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Condescendência criminosa
Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção até seis meses; se por
negligência, detenção até três meses.
Art. 323. Deixar, no exercício de função, de incluir, por negligência, qualquer nome
em relação ou lista para o efeito de alistamento ou de convocação militar:
Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; se por
negligência, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, de três
meses a um ano.
Pena - detenção, de dois a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, ainda que não seja funcionário,
mas desde que o fato atente contra a administração militar:
I - indevidamente se se apossa de correspondência, embora não fechada, e no
todo ou em parte a sonega ou destrói;
II - indevidamente divulga, transmite a outrem, ou abusivamente utiliza comunicação
de interesse militar;
III - impede a comunicação referida no número anterior.
Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo ou função e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da administração
militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Pena - detenção, até quatro meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Abandono de cargo
Formas qualificadas
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Forma qualificada
Violência arbitrária
Patrocínio indébito
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração militar, valendo-se da qualidade de funcionário ou de militar:
Usurpação de função
Tráfico de influência
Aumento de pena
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma inutilizar ou conspurcar edital afixado por
ordem da autoridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou ordem de autoridade militar, para identificar ou cerrar
qualquer objeto:
TÍTULO VIII
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
MILITAR
Art. 340. Recusar o militar ou assemelhado exercer, sem motivo legal, função que
lhe seja atribuída na administração da Justiça Militar:
Desacato
Coação
Art. 342. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse
próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona,
ou é chamada a intervir em inquérito policial, processo administrativo ou judicial
militar:
Denunciação caluniosa
Art. 343. Dar causa à instauração de inquérito policial ou processo judicial militar
contra alguém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição militar, de que o sabe
inocente:
Agravação de pena
Auto-acusação falsa
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,
perito, tradutor ou intérprete, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial
militar:
Aumento de pena
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado mediante suborno.
Retratação
§ 2º. O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença o agente se retrata ou
declara a verdade.
Publicidade opressiva
Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão da Justiça Militar, ou retardar
ou fraudar o seu cumprimento:
Favorecimento pessoal
Art. 350. Auxiliar a subtrair-se à ação da autoridade autor de crime militar, a que é
cominada pena de morte ou reclusão:
Isenção de pena
Favorecimento real
Pena - detenção, de seis meses a três anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Modalidade culposa
Exploração de prestígio
Aumento de pena
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente alega ou insinua
que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas no
artigo.
Art. 354. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi
suspenso ou privado por decisão da Justiça Militar:
LIVRO II
DOS CRIMES MILITARES EM- TEMPO DE GUERRA
TÍTULO I
DO FAVORECIMENTO AO INIMIGO
CAPÍTULO I
DA TRAIÇÃO
Traição
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar
serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Favor ao inimigo
Coação a comandante
Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo informação ou auxílio que lhe possa facilitar
a ação militar:
Aliciação de militar
Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a passar-se para o inimigo ou prestar-lhe
auxílio para esse fim:
Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes previstos nos artigos 356, ns. I, primeira
parte, II, III e IV, 357 a 361:
Cobardia
Cobardia qualificada
Espionagem
Art. 366. Praticar qualquer dos crimes previstos nos artigos 143 e seu § 1º, 144 e
seus §§ 1º e 2º, e 146, em favor do inimigo ou comprometendo a preparação, a
eficiência ou as operações militares:
Caso de concurso
Parágrafo único. No caso de concurso por culpa, para execução do crime previsto
no artigo 143, § 2º, ou de revelação culposa (artigo 144, § 3º):
Penetração de estrangeiro
Pena - reclusão, de dez a vinte anos, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO V
DO MOTIM E DA REVOLTA
Art. 368. Praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos 149 e seu parágrafo
único, e 152:
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.
Aos co-autores, reclusão, de dez a trinta anos.
Forma qualificada
Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. Aos
co-autores, morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.
Incitamento
Art. 370. Incitar militar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:
Art. 371. Praticar qualquer dos crimes previstos no artigo 370 e seu parágrafo, em
presença do inimigo:
Rendição ou capitulação
Omissão de vigilância
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de cinco a vinte anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 375. Dar causa, por falta de cumprimento de ordem, à ação militar do inimigo.
Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono ou à entrega ao inimigo de posição,
navio, aeronave, engenho de guerra, provisões, ou qualquer outro elemento de ação
militar:
Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício ou captura de força sob o seu
comando:
Separação reprovável
Abandono de comboio
Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta lhe tenha sido confiada:
Modalidade culposa
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Caso assimilado
§ 3º. Nas mesmas penas incorre quem, de igual forma, abandona material de
guerra, cuja guarda lhe tenha sido confiada.
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Tolerância culposa
Art. 382. Entrar o militar, sem autorização, em entendimento com outro militar ou
emissário de país inimigo, ou servir, para esse fim, de intermediário:
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VIII
DO DANO
Dano especial
Art. 383. Praticar ou tentar praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos 262,
263, §§ 1º e 2º, e 264, em benefício do inimigo, ou comprometendo ou podendo
comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
Modalidade culposa
Art. 384. Danificar serviço de abastecimento de água, luz ou força, estrada, meio
de transporte, instalação telegráfica ou outro meio de comunicação, depósito de
combustível, inflamáveis, matérias-primas necessárias à produção, depósito de
víveres ou forragens, mina, fábrica, usina ou qualquer estabelecimento de produção
de artigo necessário à defesa nacional ou ao bem-estar da população e, bem assim,
rebanho, lavoura ou plantação, se o fato compromete ou pode comprometer a
preparação, a eficiência ou as operações militares, ou de qualquer forma atenta
contra a segurança externa do país:
Modalidade culposa
Art. 386. Praticar crime de perigo comum definido nos artigos 268 a 276 e 278 na
modalidade dolosa:
I - se o fato compromete ou pode comprometer a preparação, a eficiência ou as
operações militares;
II - se o fato é praticado em zona de efetivas operações militares e dele resulta
morte:
Art. 387. Praticar, em presença do inimigo, qualquer dos crimes definidos nos
artigos 163 e 164:
Art. 388. Exercer coação contra oficial general ou comandante da unidade, mesmo
que não seja superior, com o fim de impedir-lhe o cumprimento do dever militar:
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 389. Praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos 157 e 158, a que
esteja cominada, no máximo, reclusão, de trinta anos:
Abandono de posto
Deserção
Art. 391. Praticar crime de deserção definido no Capítulo II, do Título III, do Livro I,
da Parte Especial:
Falta de apresentação
Libertação de prisioneiro
Evasão de prisioneiro
Art. 395. Evadir-se prisioneiro de guerra e voltar a tomar armas contra o Brasil ou
Estado aliado:
Amotinamento de prisioneiros
Favorecimento culposo
Art. 397. Contribuir culposamente para que alguém pratique crime que favoreça o
inimigo:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.
TÍTULO II
DA HOSTILIDADE E DA ORDEM ARBITRÁRIA
Prolongamento de hostilidades
Ordem arbitrária
CAPÍTULO I
DO HOMICÍDIO
Homicídio simples
Genocídio
Art. 401. Praticar, em zona militarmente ocupada, o crime previsto no artigo 208:
Casos assimilados
Art. 402. Praticar, com o mesmo fim e na zona referida no artigo anterior, qualquer
dos atos previstos nos nºs, I, II, III, IV ou V, do parágrafo único, do artigo 208:
Lesão leve
Art. 403. Praticar, em presença do inimigo, o crime definido no artigo 209:
Lesão grave
Pena - reclusão, de oito a vinte anos no caso de lesão grave; - reclusão, de dez a
vinte e quatro anos, no caso de morte.
TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Furto
Art. 404. Praticar crime de furto definido nos artigos 240 e 241 e seus parágrafos,
em zona de operações militares ou em território militarmente ocupado:
Roubo ou extorsão
Art. 405. Praticar crime de roubo, ou de extorsão definidos nos artigos 242, 243 e
244, em zona de operações militares ou em território militarmente ocupado:
Pena - morte, grau máximo, se cominada pena de reclusão de trinta anos; reclusão
pelo dobro da pena para o tempo de paz, nos outros casos.
Saque
TÍTULO V
DO RAPTO E DA VIOLÊNCIA CARNAL
Rapto
Art. 407. Raptar mulher honesta, mediante violência ou grave ameaça para fim
libidinoso, em lugar de efetivas operações militares:
Cumulação de pena
§ 3º. Se o autor, ao efetuar o rapto, ou em seguida a este, pratica outro crime contra
a raptada, aplicam-se, cumulativamente, a pena correspondente ao rapto e a
cominada ao outro crime.
Violência carnal
Art. 408. Praticar qualquer dos crimes de violência carnal definidos nos artigos 232
e 233, em lugar de efetivas operações militares:
DISPOSIÇÕES FINAIS
LIVRO I
TÍTULO I
CAPÍTULO ÚNICO
DA LEI DE PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO
Art. 1º. O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código,
assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que
lhe for estritamente aplicável.
Divergência de normas
Interpretação literal
Art. 2º. A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de
suas expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção
especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.
Interpretação extensiva ou restritiva
I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando
se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional,
ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da
força militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no
cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde
quer que se encontrem, ainda que de propriedde privada, desde que estejam sob
comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade
militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à
administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a
segurança nacional;
Tempo de guerra
II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira,
ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à
segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.
Aplicação intertemporal
Art. 5º. As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive
nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no artigo 711, e sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Art. 6º. Obedecerão s normas processuais previstas neste Código, no que forem
aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de
sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei
Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de
Bombeiros, Militares.
TÍTULO II
CAPÍTULO ÚNICO
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à
jurisdição militar, e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério
Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem
como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da
insanidade mental do indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda
e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames
necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de
apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil
competente, desde que legal e fundamentado o pedido.
TÍTULO III
CAPÍTULO ÚNICO
DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
Finalidade do inquérito
Art. 9º. O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos
legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução
provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à
propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames,
perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos
idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código.
Modos por que pode ser iniciado
§ 4º. Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o fato ao ministro e
ao chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os trâmites regulamentares.
Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no curso do
inquérito
§ 5º. Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios
contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências
necessárias para que as suas funções sejam delegadas a outro oficial, nos termos
do § 2º, do artigo 7º.
Escrivão do inquérito
Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável
na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do artigo 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a
situação das coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no artigo 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias.
Fomação do inquérito
Assistência de procurador
Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto não
inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra
a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em
cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado.
Sigilo do inquérito
Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome
conhecimento o advogado do indiciado.
Detenção de indiciado
§ 2º. A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas,
sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar
declarações além daquele termo. O depoimento que não ficar concluído às dezoito
horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo
encarregado do inquérito.
§ 3º. Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro
dia que o for, salvo caso de urgência.
Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver
preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou
no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da
data em que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de prazo
§ 1º. Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade
militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados,
ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de
prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da
terminação do prazo.
Diligências não concluídas até o inquérito
§ 2º. Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade
insuperável, a juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou
exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos
depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo.
Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se
possível, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas,
por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos
§ 3º. São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo
previsto no § 5º do artigo 10.
Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num
só processado e datilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e
rubricadas, pelo escrivão.
Juntada de documento
Relatório
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados
obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em
conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-
se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva
do indiciado, nos termos legais.
Solução
§ 1º. No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu
encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe
homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada
infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.
Advocação
Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito,
embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.
Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial
militar, a não ser:
I - mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II - por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de
formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue
necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de
vinte dias, para a restituição dos autos.
Dispensa de inquérito
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada
pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras
provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo
autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos artigos 341 e 349 do Código Penal Militar.
TÍTULO IV
CAPÍTULO ÚNICO
DA AÇÃO PENAL MILITAR E DO SEU EXERCÍCIO
Art. 29. A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia do
Ministério Público Militar.
Obrigatoriedade
Art. 31. Nos crimes previstos nos artigos 136 a 141 do Código Penal Militar, a
ação penal, quando o agente for militar ou assemelhado, depende de requisição,
que será feita ao procurador-geral da Justiça Militar, pelo Ministério a que o agente
estiver subordinado; no caso do artigo 141 do mesmo Código, quando o agente for
civil e não houver co-autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.
Comunicação ao Procurador-Geral da República
Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da ação
penal.
TÍTULO V
DO PROCESSO PENAL MILITAR EM GERAL
CAPÍTULO ÚNICO
DO PROCESSO
Art. 34. O direito de ação é exercido pelo Ministério Público, como representante
da lei e fiscal da sua execução, e o de defesa pelo acusado, cabendo ao juiz exercer
o poder de jurisdição, em nome do Estado.
TÍTULO VI
DO JUIZ, AUXILIARES E PARTES DO PROCESSO
CAPÍTULO I
DO JUIZ E SEUS AUXILIARES
SEÇÃO I
DO JUIZ
Função do juiz
§ 2º. No exercício das suas atribuições, o juiz não deverá obediência senão, nos
termos legais, à autoridade judiciária que lhe é superior.
Art. 38. O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
a) se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas;
b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de um ou de outro, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia;
c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim até o segundo grau
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por
qualquer das partes;
d) se ele, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea anterior, sustentar demanda
contra qualquer das partes ou tiver sido procurador de qualquer delas;
e) se tiver dado parte oficial do crime;
f) se tiver aconselhado qualquer das partes;
g) se ele ou seu cônjuge for herdeiro presuntivo, donatário ou usufrutuário de bens
ou empregador de qualquer das partes;
h) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade interessada no
processo;
i) se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes.
Art. 39. A suspeição entre adotante e adotado será considerada nos mesmos
termos da resultante entre ascendente e descendente, mas não se estenderá aos
respectivos parentes e cessará no caso de se dissolver o vínculo da adoção.
Suspeição provocada
Art. 41. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte
injuriar o juiz, ou de propósito der motivo para criá-la.
SEÇÃO II
DOS AUXILIARES DO JUIZ
Escrivão
Art. 43. O escrivão providenciará para que estejam em ordem e em dia as peças e
termos dos processos.
Oficial de Justiça
Art. 44. O oficial de justiça realizará as diligências que lhe atribuir a lei de
organização judiciária militar e as que lhe forem ordenadas por despacho do juiz,
certificando o ocorrido, no respectivo instrumento, com designação de lugar, dia e
hora.
Diligências
§ 1º. As diligências serão feitas durante o dia, em período que medeie entre as
seis e as dezoito horas e, sempre que possível, na presença de duas testemunhas.
Mandados
Nomeação de peritos
Art. 47. Os peritos e intérpretes serão de nomeação do juiz, sem intervenção das
partes.
Preferência
Encargo obrigatório
Art. 49. O encargo de perito ou intérprete não pode ser recusado, salvo motivo
relevante que o nomeado justificará, para apreciação do juiz.
Art. 50. No caso de recusa irrelevante, o juiz poderá aplicar multa correspondente
até três dias de vencimentos, se o nomeado os tiver fixos por exercício de função;
ou, se isto não acontecer, arbitrá-lo em quantia que irá de um décimo à metade do
maior salário mínimo do país.
Casos extensivos
Parágrafo único. Incorrerá na mesma pena o perito ou o intérprete que, sem justa
causa:
a) deixar de acudir ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não apresentar o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos
prazos estabelecidos.
Não-comparecimento do perito
Art. 51. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, o juiz poderá
determinar sua apresentação, oficiando, para esse fim, à autoridade militar ou civil
competente, quando se tratar de oficial ou de funcionário público.
Art. 53. É extensivo aos peritos e intérpretes, no que lhes for aplicável, o disposto
sobre suspeição de juízes.
CAPÍTULO II
DAS PARTES
SEÇÃO I
DO ACUSADOR
Ministério Público
Art. 55. Cabe ao Ministério Público fiscalizar o cumprimento da lei penal militar,
tendo em atenção especial o resguardo das normas de hierarquia e disciplina, como
base da organização das Forças Armadas.
Independência do Ministério Público
Impedimentos
Suspeição
Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seu sucessor podem habilitar-se a
intervir no processo como assistentes do Ministério Público.
Representante e sucessor do ofendido
Art. 61. Cabe ao juiz do processo, ouvido o Ministério Público, conceder ou negar
a admissão de assistente de acusação.
Oportunidade da admissão
Art. 62. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e
receberá a causa no estado em que se achar.
Art. 63. Pode ser assistente o advogado da Justiça Militar, desde que não funcione
no processo naquela qualidade ou como procurador de qualquer acusado.
Art. 64. O ofendido que for também acusado no mesmo processo não poderá
intervir como assistente, salvo se absolvido por sentença passada em julgado, e daí
em diante.
§ 1º. Não poderá arrolar testemunhas, exceto requerer o depoimento das que
forem referidas, nem requerer a expedição de precatória ou rogatória, ou diligência
que retarde o curso do processo, salvo, a critério do juiz e com audiência do
Ministério Público, em se tratando de apuração de fato do qual dependa o
esclarecimento do crime. Não poderá, igualmente, impetrar recursos, salvo de
despacho que indeferir o pedido de assistência.
Efeito do recurso
§ 2º. O recurso do despacho que indeferir a assistência não terá efeito suspensivo,
processando-se em autos apartados. Se provido, o assistente será admitido ao
processo no estado em que este se encontrar.
Assistente em processo perante o Superior Tribunal Militar
Notificação do assistente
Cassação de assistência
Art. 67. O juiz poderá cassar a admissão do assistente, desde que este tumultue o
processo ou infrinja a disciplina judiciária.
Não-decorrência de impedimento
Art. 68. Da assistência não poderá decorrer impedimento do juiz, do membro do
Ministério Público ou do escrivão, ainda que supervenientes na causa. Neste caso, o
juiz cassará a admissão do assistente, sem prejuízo da nomeação de outro, que não
tenha impedimento, nos termos do artigo 60.
SEÇÃO III
DO ACUSADO, SEUS DEFENSORES E CURADORES
Personalidade do acusado
Identificação do acusado
Art. 71. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor.
Constituição de defensor
§ 2º. O juiz nomeará defensor ao acusado que o não tiver, ficando a este
ressalvado o direito de, a todo o tempo, constituir outro, de sua confiança.
Defesa própria do acusado
§ 6º. O defensor não poderá abandonar o processo, senão por motivo imperioso, a
critério do juiz.
Sanções no caso de abandono do processo
§ 7º. No caso de abandono sem justificativa, ou de não ser esta aceita, o juiz, em
se tratando de advogado, comunicará o fato à Seção da Ordem dos Advogados do
Brasil onde estiver inscrito, para que a mesma aplique as medidas disciplinares que
julgar cabíveis. Em se tratando de advogado de ofício, o juiz comunicará o fato ao
presidente do Superior Tribunal Militar, que aplicará ao infrator a punição que no
caso couber.
Nomeação de curador
Art. 73. O acusado que for oficial ou graduado não perderá, embora sujeito à
disciplina judiciária, as prerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou compelido
a apresentar-se em juízo, por ordem da autoridade judiciária, será acompanhado por
militar de hierarquia superior a sua.
Parágrafo único. Em se tratando de praça que não tiver graduação, será escoltada
por graduado ou por praça mais antiga.
Não-comparecimento de defensor
Art. 75. No exercício da sua função no processo, o advogado terá os direitos que
lhe são assegurados e os deveres que lhe são impostos pelo Estatuto da Ordem
dos Advogados do Brasil, salvo disposição em contrário, expressamente prevista
neste Código.
Impedimentos do defensor
Art. 76. Não poderá funcionar como defensor o cônjuge ou o parente consangüíneo
ou afim, até o terceiro grau inclusive, do juiz, do membro do Ministério Público ou do
escrivão. Mas, se em idênticas condições, qualquer destes for superveniente no
processo, tocar-lhe-á o impedimento, e não ao defensor, salvo se dativo, caso em
que será substituído por outro.
TÍTULO VII
CAPÍTULO ÚNICO
DA DENÚNCIA
Requisitos da denúncia
Rejeição da denúncia
Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro do
prazo de cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para aquele fim; e,
dentro do prazo de quinze dias, se o acusado estiver solto. O auditor deverá
manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze dias.
Prorrogação de prazo
§ 1º. O prazo para o oferecimento da denúncia poderá, por despacho do juiz, ser
prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver
preso.
§ 2º. Se o Ministério Público não oferecer a denúncia dentro deste último prazo,
ficará sujeito à pena disciplinar que no caso couber, sem prejuízo da
responsabilidade penal em que incorrer, competindo ao juiz providenciar no sentido
de ser a denúncia oferecida pelo substituto legal, dirigindo-se, para este fim, ao
procurador-geral, que, na falta ou impedimento do substituto, designará outro
procurador.
Complementação de esclarecimentos
TÍTULO VIII
CAPÍTULO ÚNICO
DO FORO MILITAR
Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida
praticados contra civil, a ele estão sujeitos em tempo de paz: (Redação dada ao
"caput" pela Lei nº 9.299, de 07.08.1996)
Pessoas sujeitas ao foro militar
§ 1º. O foro militar se estenderá aos militares da reserva, aos reformados e aos
civis, nos crimes contra a segurança nacional ou contra as instituições militares,
como tais definidos em lei.
§ 2º. Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.299, de 07.08.1996, renumerando-se o parágrafo único
para § 1º)
Art. 83. O foro militar, em tempo de guerra, poderá por lei especial, abranger
outros casos, além dos previstos no artigo anterior e seu parágrafo.
Assemelhado
TÍTULO IX
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA EM GERAL
Determinação da competência
I - de modo geral:
a) pelo lugar da infração;
b) pela residência ou domicílio do acusado;
c) pela prevenção;
II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço.
Na Circunscrição Judiciária
Lugar da infração
A bordo de navio
A bordo de aeronave
Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra,
processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no
artigo seguinte.
Art. 93. Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela
residência ou domicílio do acusado, salvo o disposto no artigo 96.
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Prevenção. Regra
Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do proceso ou de medida a este
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.
a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou
mais jurisdições;
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições;
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território
de duas ou mais jurisdições;
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem
vários os acusados e com diferentes residências.
CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA PELA SEDE DO LUGAR DE SERVIÇO
Lugar de serviço
Auditorias Especializadas
Distribuição
Art. 98. Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a
mesma competência, esta se fixará pela distribuição.
Juízo prevento pela distribuição
Casos de conexão
a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o
tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer
delas;
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.
Casos de continência
Unidade do processo
Casos especiais
Prorrogação de competência
Reunião de processos
Separação de julgamento
a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado à revelia;
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição de
juiz de Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do
julgamento.
Separação de processos
Avocação de processo
Caso de desaforamento
§ 2º. Em qualquer dos casos, o pedido deverá ser justificado e sobre ele ouvido o
procurador-geral, se não provier de representação deste.
Audiência a autoridades
§ 3º. Nos casos das alíneas c e d, o Superior Tribunal Militar, antes da audiência
ao procurador-geral ou a pedido deste, poderá ouvir as autoridades a que se refere
a alínea b.
Auditoria onde correrá o processo
Renovação do pedido
TÍTULO X
CAPÍTULO ÚNICO
DOS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA
Conflito de competência
Art. 112. Haverá conflito:
I - em razão da competência:
Positivo
Suscitantes do conflito
a) pelo acusado;
b) pelo órgão do Ministério Público;
c) pela autoridade judiciária.
Órgão suscitado
Art. 114. O conflito será suscitado perante o Superior Tribunal Militar pelos
auditores ou os Conselhos de Justiça, sob a forma de representação, e pelas partes
interessadas, sob a de requerimento, fundamentados e acompanhados dos
documentos comprobatórios. Quando negativo o conflito, poderá ser suscitado nos
próprios autos do processo.
Parágrafo único. O conflito suscitado pelo Superior Tribunal Militar será regulado
no seu Regimento Interno.
Art. 115. Tratando-se de conflito positivo, o relator do feito poderá ordenar, desde
logo, que se suspenda o andamento do processo, até a decisão final.
Art. 117. Ouvido o procurador-geral, que dará parecer no prazo de cinco dias,
contados da data da vista, o Tribunal decidirá o conflito na primeira sessão, salvo se
a instrução do feito depender de diligência.
Art. 118. Proferida a decisão, serão remetidas cópias do acórdão, para execução,
às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem
suscitado.
Inexistência do recurso
Avocatória do Tribunal
TÍTULO XI
CAPÍTULO ÚNICO
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS
Decisão prejudicial
Art. 123. Se a questão prejudicial versar sobre estado civil de pessoa envolvida no
processo, o juiz:
a) decidirá se a argüição é séria e se está fundada em lei;
Alegação irrelevante
Art. 124. O juiz poderá suspender o processo e aguardar a solução, pelo juízo cível,
de questão prejudicial que se não relacione com o estado civil das pessoas, desde
que:
a) tenha sido proposta ação civil para dirimi-la;
b) seja ela de difícil solução;
c) não envolva direito ou fato cuja prova a lei civil limite.
Prazo da suspensão
Autoridades competentes
Providências de ofício
Art. 127. Ainda que sem argüição de qualquer das partes, o julgador poderá, de
ofício, tomar as providências referidas nos artigos anteriores.
TÍTULO XII
DOS INCIDENTES
CAPÍTULO I
DAS EXCEÇÕES EM GERAL
Exceções admitidas
a) suspeição ou impedimento;
b) incompetência de juízo;
c) litispendência;
d) coisa julgada.
SEÇÃO I
DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO
Motivação do despacho
Recusa do juiz
Art. 131. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, fá-lo-á em petição
assinada por ela própria ou seu representante legal, ou por procurador com poderes
especiais, aduzindo as razões, acompanhadas de prova documental ou do rol de
testemunhas, que não poderão exceder a duas.
Art. 135. No Superior Tribunal Militar, o ministro que se julgar suspeito ou impedido
declará-lo-á em sessão. Se relator ou revisor, a declaração será feita nos autos,
para nova distribuição.
Argüição de suspeição de ministro ou do procurador-geral. Processo
Parágrafo único. Argüida a suspeição ou o impedimento de ministro ou do
procurador-geral, o processo, se a alegação for aceita, obedecerá às normas
previstas no Regimento do Tribunal.
Art. 141. A suspeição ou impedimento poderá ser declarada pelo juiz ou Tribunal,
se evidente nos autos.
Art. 144. Alegada a incompetência do juízo, será dada vista dos autos à parte
contrária, para que diga sobre a argüição, no prazo de quarenta e oito horas.
Art. 148. Cada feito somente pode ser objeto de um processo. Se o auditor ou o
Conselho de Justiça reconhecer que o litígio proposto a seu julgamento já pende de
decisão em outro processo, na mesma Auditoria, mandará juntar os novos autos aos
anteriores. Se o primeiro processo correr em outra Auditoria, para ela serão
remetidos os novos autos, tendo-se, porém, em vista, a especialização da Auditoria
e a categoria do Conselho de Justiça.
Argüição de litispendência
Art. 149. Qualquer das partes poderá argüir, por escrito, a existência de anterior
processo sobre o mesmo feito.
Instrução do pedido
Art. 150. A argüição de litispendência será instruída com certidão passada pelo
cartório do juízo ou pela Secretaria do Superior Tribunal Militar, perante o qual esteja
em curso o outro processo.
Art. 151. Se o argüente não puder apresentar a prova da alegação, o juiz poderá
conceder-lhe prazo para que o faça, ficando-lhe, nesse caso, à discrição, suspender
ou não o curso do processo.
Art. 152. O juiz ouvirá a parte contrária a respeito da argüição, e decidirá de plano,
irrecorrivelmente.
SEÇÃO IV
DA EXCEÇÃO DE COISA JULGADA
Art. 153. Se o juiz reconhecer que o feito sob seu julgamento já foi, quanto ao fato
principal, definitivamente julgado por sentença irrecorrível, mandará arquivar a nova
denúncia, declarando a razão por que o faz.
Art. 154. Qualquer das partes poderá argüir, por escrito, a existência de anterior
sentença passada em julgado, juntando-lhe certidão.
Argüição do acusado. Decisão de plano. Recurso de ofício
Art. 155. A coisa julgada opera somente em relação às partes, não alcançando
quem não foi parte no processo.
CAPÍTULO II
DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO
§ 2º. A perícia poderá ser também ordenada na fase do inquérito policial militar,
por iniciativa do seu encarregado ou em atenção a requerimento de qualquer das
pessoas referidas no parágrafo anterior.
Art. 157. Para efeito da perícia, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver; ou, se estiver solto e o requererem os peritos, em
estabelecimento adequado, que o juiz designará.
Apresentação do laudo
§ 1º. O laudo pericial deverá ser apresentado dentro do prazo de quarenta e cinco
dias, que o juiz poderá prorrogar, se os peritos demonstrarem a necessidade de
maior lapso de tempo.
Entrega dos autos a perito
§ 2º. Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar a
entrega dos autos aos peritos, para lhes facilitar a tarefa. A mesma autorização
poderá ser dada pelo encarregado do inquérito, no curso deste.
Art. 158. A determinação da perícia, quer na fase policial militar quer na fase
judicial, não sustará a prática de diligências que possam ficar prejudicadas com o
adiamento, mas sustará o processo quanto à produção de prova em que seja
indispensável a presença do acusado submetido ao exame pericial.
Quesitos pertinentes
Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes forem oferecidos, e
dos esclarecimentos que julgarem necessários, os peritos deverão responder aos
seguintes:
Quesitos obrigatórios
§ 2º. Da mesma forma se procederá no curso do inquérito, mas este poderá ser
encerrado sem a apresentação do laudo, que será remetido pelo encarregado do
inquérito ao juiz, nos termos do § 2º do artigo 20.
CAPÍTULO III
DO INCIDENTE DE FALSIDADE DE DOCUMENTO
Argüição de falsidade
b) abrirá dilação probatória num tríduo, dentro do qual as partes aduzirão a prova
de suas alegações;
Diligências
Argüição oral
Art. 164. Quando a argüição de falsidade se fizer oralmente, o juiz mandará tomá-
la por termo, que será autuado em processo incidente.
Por procurador
Art. 165. A argüição de falsidade, feita por procurador, exigirá poderes especiais.
Verificação de ofício
Art. 167. Se o documento reputado falso for oriundo de repartição ou órgão com
sede em lugar sob jurisdição de outro juízo, nele se procederá à verificação da
falsidade, salvo se esta for evidente, ou puder ser apurada por perícia no juízo do
feito criminal.
Providências do juiz do feito
Parágrafo único. Caso a verificação deva ser feita em outro juízo, o juiz do feito
criminal dará, para aquele fim, as providências necessárias.
Sustação do feito
Art. 168. O juiz poderá sustar o feito até a apuração da falsidade, se imprescindível
para a condenação ou absolvição do acusado, sem prejuízo, entretanto, de outras
diligências que não dependam daquela apuração.
Limite da decisão
Art. 169. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de
ulterior processo penal.
TÍTULO XIII
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS
CAPÍTULO I
DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE COISAS OU PESSOAS
SEÇÃO I
DA BUSCA
Espécies de busca
Busca domiciliar
Art. 171. A busca domiciliar consistirá na procura material portas adentro da casa.
Finalidade
Não-compreensão
Art. 175. A busca domiciliar será executada de dia, salvo para acudir vítimas de
crime ou desastre.
Parágrafo único. Se houver consentimento expresso do morador, poderá ser
realizada à noite.
Ordem da busca
Art. 176. A busca domiciliar poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento das partes, ou determinada pela autoridade policial militar.
Parágrafo único. O representante do Ministério Público, quando assessor no
inquérito, ou deste tomar conhecimento, poderá solicitar do seu encarregado a
realização da busca.
Precedência de mandado
Art. 177. Deverá ser precedida de mandado a busca domiciliar que não for
realizada pela própria autoridade judiciária ou pela autoridade que presidir o
inquérito.
Conteúdo do mandado
Procedimento
Presença do morador
§ 2º. Os livros, documentos, papéis e objetos que não tenham sido apreendidos
devem ser repostos nos seus lugares.
§ 3º. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável ao bom êxito da diligência.
Busca pessoal
Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes, pastas,
malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário,
no próprio corpo.
Revista pessoal
Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo:
a) instrumento ou produto do crime;
b) elementos de prova.
Busca em mulher
Art. 183. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
Busca no curso do processo ou do inquérito
Art. 184. A busca domiciliar ou pessoal por mandado será, no curso do processo,
executada por oficial de justiça; e, no curso do inquérito, por oficial, designado pelo
encarregado do inquérito, atendida a hierarquia do posto ou graduação de quem a
sofrer, se militar.
Requisição a autoridade civil
Requisitos do auto
Restituição de coisas
Ordem de restituição
Art. 191. A restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial militar ou pelo
juiz, mediante termo nos autos, desde que:
a) a coisa apreendida não seja irrestituível, na conformidade do artigo anterior;
b) não interesse mais ao processo;
c) não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.
Direito duvidoso
Art. 193. Se a coisa houver sido apreendida em poder de terceiro de boa fé,
proceder-se-á da seguinte maneira:
a) se a restituição for pedida pelo próprio terceiro, o juiz do processo poderá
ordená-la, se estiverem preenchidos os requisitos do artigo 191;
b) se pedida pelo acusado ou pelo lesado e, também, pelo terceiro, o incidente
autuar-se-á em apartado e os reclamantes terão, em conjunto, o prazo de cinco dias
para apresentar provas e o de três dias para arrazoar, findos os quais o juiz decidirá,
cabendo da decisão recurso para o Superior Tribunal Militar.
Persistência de dúvida
Coisa deteriorável
Sentença condenatória
Art. 196. Decorrido o prazo de noventa dias, após trânsito em julgado de sentença
condenatória, proceder-se-á da seguinte maneira em relação aos bens
apreendidos:
Destino das coisas
Venda em leilão
Art. 198. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se, dentro do prazo de
noventa dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados por
quem de direito, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à disposição do
juiz de ausentes.
CAPÍTULO II
DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE COISAS
SEÇÃO I
DO SEQÜESTRO
§ 2º. Não poderão ser seqüestrados bens, a respeito dos quais haja decreto de
desapropriação da União, do Estado ou do Município, se anterior à data em que foi
praticada a infração penal.
Providências a respeito
Autuação em embargos
Art. 203. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos, assim do
indiciado ou acusado como de terceiro, sob os fundamentos de:
I - se forem do indiciado de:
a) não ter ele adquirido a coisa com os proventos da infração penal;
b) não ter havido lesão a patrimônio sob administração militar.
II - se de terceiro:
a) haver adquirido a coisa em data anterior à da infração penal praticada pelo
indiciado ou acusado;
b) havê-la, em qualquer tempo, adquirido de boa fé.
Prova. Decisão. Recurso
Levantamento do seqüestro
Art. 206. Estão sujeitos a hipoteca legal os bens imóveis do acusado, para
satisfação do dano causado pela infração penal ao patrimônio sob administração
militar.
Arbitramento
Recurso
§ 1º. Da decisão que a determinar, caberá recurso para o Superior Tribunal Militar.
§ 2º. Se o caso comportar questão de alta indagação, o processo será remetido
ao juízo cível, para a decisão.
Art. 211. A hipoteca legal não poderá recair em imóvel com cláusula de
inalienabilidade.
Art. 212. No caso de hipoteca anterior ao fato delituoso, não ficará prejudicado o
direito do patrimônio sob administração militar à constituição da hipoteca legal, que
se considerará segunda hipoteca, nos termos da lei civil.
Art. 213. Das rendas dos bens sob hipoteca legal, poderão ser fornecidos
recursos, arbitrados pela autoridade judiciária militar, para a manutenção do
acusado e sua família.
Cancelamento da inscrição
Art. 215. O arresto de bens do acusado poderá ser decretado pela autoridade
judiciária militar, para satisfação do dano causado pela infração penal ao patrimônio
sob a administração militar:
a) se imóveis, para evitar artifício fraudulento que os transfira ou grave, antes da
inscrição e especialização da hipoteca legal;
b) se móveis e representarem valor apreciável, tentar ocultá-los ou deles tentar
realizar tradição que burle a possibilidade da satisfação do dano, referida no
preâmbulo deste artigo.
Revogação do arresto
§ 1º. Em se tratando de imóvel, o arresto será revogado, se, dentro em quinze dias,
contados da sua decretação, não for requerida a inscrição e especialização da
hipoteca legal.
Na fase do inquérito
Preferência
Art. 217. Não é permitido arrestar bens que, de acordo com a lei civil, sejam
insuscetíveis de penhora, ou, de qualquer modo, signifiquem conforto indispensável
ao acusado e à sua família.
Coisas deterioráveis
SEÇÃO I
DA PRISÃO PROVISÓRIA
DISPOSIÇÕES GERAIS
Definição
Legalidade da prisão
Art. 221. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita de
autoridade competente.
Comunicação ao juiz
Prisão de militar
Art. 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de posto ou
graduação superior; ou se igual, mais antigo.
Relaxamento da prisão
Parágrafo único. Uma das vias ficará em poder do preso, que assinará a outra; e,
se não quiser ou não puder fazê-lo, certificá-lo-á o executor do mandado, na própria
via deste.
Art. 226. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as garantias relativas à inviolabilidade do domicílio.
Desdobramento do mandado
Art. 228. Se o capturando estiver em lugar estranho à jurisdição do juiz que ordenar
a prisão, mas em território nacional, a captura será pedida por precatória, da qual
constará o mesmo que se contém nos mandados de prisão; no curso do inquérito
policial militar a providência será solicitada pelo seu encarregado, com os mesmos
requisitos, mas por meio de ofício, ao comandante da Região Militar, Distrito Naval
ou Zona Aérea, respectivamente.
Via telegráfica ou radiográfica
Parágrafo único. Havendo urgência, a captura poderá ser requisitada por via
telegráfica ou radiográfica, autenticada a firma da autoridade requisitante, o que se
mencionará no despacho.
Captura no estrangeiro
Caso de flagrante
Captura em domicílio
Art. 232. Se não for atendido, o executor convocará duas testemunhas e procederá
da seguinte forma:
a) sendo dia, entrará à força na casa, arrombando-lhe a porta, se necessário;
b) sendo noite, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e,
logo que amanheça, arrombar-lhe-á a porta e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar à entrega do capturando será levado à
presença da autoridade, para que contra ele se proceda, como de direito, se sua
ação configurar infração penal.
Emprego de força
§ 1º. O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga
ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a
que se refere o artigo 242.
Uso de armas
Cumprimento de precatória
Art. 237. Ninguém será recolhido à prisão sem que ao responsável pela custódia
seja entregue cópia do respectivo mandado, assinada pelo executor, ou
apresentada guia expedida pela autoridade competente, devendo ser passado
recibo da entrega do preso, com declaração do dia, hora e lugar da prisão.
Recibo
Transferência de prisão
Art. 238. Nenhum preso será transferido de prisão sem que o responsável pela
transferência faça a devida comunicação à autoridade judiciária que ordenou a
prisão, nos termos do artigo 18.
Recolhimento a nova prisão
Parágrafo único. O preso transferido deverá ser recolhido à nova prisão com as
mesmas formalidades previstas no artigo 237 e seu parágrafo único.
Separação de prisão
Art. 239. As pessoas sujeitas a prisão provisória deverão ficar separadas das que
estiverem definitivamente condenadas.
Local da prisão
Art. 240. A prisão deve ser em local limpo e arejado, onde o detento possa
repousar durante a noite, sendo proibido o seu recolhimento a masmorra, solitária ou
cela onde não penetre a luz do dia.
Prisão especial
Art. 242. Serão recolhidos a quartel ou a prisão especial, à disposição da
autoridade competente, quando sujeitos a prisão, antes de condenação irrecorrível:
a) os ministros de Estado;
b) os governadores ou interventores de Estado, ou Territórios, o prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia;
c) os membros do Congresso Nacional, dos Conselhos da União e das
Assembléias Legislativas dos Estados;
d) os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das ordens militares ou civis
reconhecidas em lei;
e) os magistrados;
f) os oficiais das Forças Armadas, das Polícias e dos Corpos de Bombeiros,
Militares, inclusive os da reserva, remunerada ou não, e os reformados;
g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional;
h) os diplomados por faculdade ou instituto superior de ensino nacional;
i) os ministros do Tribunal de Contas;
j) os ministros de confissão religiosa.
Prisão de praças
Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for
insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito.
Lavratura do auto
§ 2º. A falta de testemunhas não impedirá o auto de prisão em flagrante, que será
assinado por duas pessoas, pelo menos, que hajam testemunhado a apresentação
do preso.
Recusa ou impossibilidade de assinatura do auto
§ 3º. Quando a pessoa conduzida se recusar a assinar, não souber ou não puder
fazê-lo, o auto será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham ouvido a leitura
na presença do indiciado, do condutor e das testemunhas do fato delituoso.
Designação de escrivão
§ 4º. Sendo o auto presidido por autoridade militar, designará esta, para exercer
as funções de escrivão, um capitão-tenente, primeiro ou segundo-tenente, se o
indiciado for oficial. Nos demais casos, poderá designar um subtenente, suboficial
ou sargento.
Falta ou impedimento de escrivão
Nota de culpa
Art. 247. Dentro em vinte e quatro horas após a prisão será dada ao preso nota de
culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os
das testemunhas.
Recibo da nota de culpa
§ 1º. Da nota de culpa o preso passará recibo que será assinado por duas
testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar.
Relaxamento da prisão
Art. 248. Em qualquer hipótese, de tudo quanto ocorrer será lavrado auto ou termo,
para remessa à autoridade judiciária competente, a fim de que esta confirme ou
infirme os atos praticados.
Art. 249. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no
exercício de suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o
infrator, mencionando a circunstância.
Art. 250. Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não sujeito à
administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela
autoridade militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão.
Art. 251. O auto de prisão em flagrante deve ser remetido imediatamente ao juiz
competente, se não tiver sido lavrado por autoridade judiciária, e, no máximo, dentro
em cinco dias, se depender de diligência prevista no artigo 246.
Passagem do preso à disposição do juiz
Parágrafo único. Lavrado o auto de flagrante delito, o preso passará
imediatamente à disposição da autoridade judiciária competente para conhecer do
processo.
Devolução do auto
Art. 252. O auto poderá ser mandado ou devolvido à autoridade militar, pelo juiz ou
a requerimento do Ministério Público, se novas diligências forem julgadas
necessárias ao esclarecimento do fato.
Art. 253. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente
praticou o fato nas condições dos artigos 35, 38, observado o disposto no artigo 40,
e dos artigos 39 e 42, do Código Penal Militar, poderá conceder ao indiciado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do
processo, sob pena de revogar a concessão.
SEÇÃO II
DA PRISÃO PREVENTIVA
Art. 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de
Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação
da autoridade encarregada do inquérito policial-militar, em qualquer fase deste ou
do processo, concorrendo os requisitos seguintes:
a) prova do fato delituoso;
b) indícios suficientes de autoria.
No Superior Tribunal Militar
Casos de decretação
Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-
se em um dos seguintes casos:
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado;
d) segurança da aplicação da lei penal militar;
e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina
militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou
acusado.
Fundamentação do despacho
Art. 256. O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre
fundamentado; e, da mesma forma, o seu pedido ou requisição, que deverá
preencher as condições previstas nas letras a e b, do artigo 254.
Desnecessidade da prisão
Art. 257. O juiz deixará de decretar a prisão preventiva, quando, por qualquer
circunstância evidente dos autos, ou pela profissão, condições de vida ou interesse
do indiciado ou acusado, presumir que este não fuja, nem exerça influência em
testemunha ou perito, nem impeça ou perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.
Modificação de condições
Parágrafo único. Essa decisão poderá ser revogada a todo o tempo, desde que se
modifique qualquer das condições previstas neste artigo.
Proibição
Art. 258. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar,
pelas provas constantes dos autos, ter o agente praticado o fato nas condições dos
artigos 35, 38, observado o disposto no artigo 40, e dos artigos 39 e 42, do Código
Penal Militar.
Art. 259. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo,
verificar a falta de motivos para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. A prorrogação da prisão preventiva dependerá de prévia
audiência do Ministério Público.
Tomada de declarações
Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da
pena privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção
a natureza do crime e os antecedentes do acusado.
Lugar da menagem
Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia quando
ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o estiver apurando, ou, atendido o seu
posto ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em estabelecimento ou
sede de órgão militar. A menagem a civil será no lugar da sede do juízo, ou em lugar
sujeito à administração militar, se assim o entender necessário a autoridade que a
conceder.
Audiência do Ministério Público
Cassação da menagem
Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual foi
ela concedida, ou faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha
sido intimado ou a que deva comparecer independentemente de intimação especial.
Menagem do insubmisso
Cessação da menagem
Art. 267. A menagem cessa com a sentença condenatória, ainda que não tenha
passado em julgado.
Parágrafo único. Salvo o caso do artigo anterior, o juiz poderá ordenar a cessação
da menagem, em qualquer tempo, com a liberação das obrigações dela
decorrentes, desde que não a julgue mais necessária ao interesse da Justiça.
Reincidência
CAPÍTULO VI
DA LIBERDADE PROVISÓRIA
Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de infração a que não for
cominada pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Poderá livrar-se solto:
a) no caso de infração culposa, salvo se compreendida entre as previstas no Livro
I, Título I, da Parte Especial, do Código Penal Militar;
b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a dois anos,
salvo as previstas nos artigos 157, 160, 161, 162, 163, 164, 166, 173, 176, 177,
178, 187, 192, 235, 299 e 302, do Código Penal Militar.
Suspensão
Art. 271. A superveniência de qualquer dos motivos referidos no artigo 255 poderá
determinar a suspensão da liberdade provisória, por despacho da autoridade que a
concedeu, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
CAPÍTULO VII
DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE MEDIDAS DE SEGURANÇA
Casos de aplicação
§ 1º. O juiz poderá, da mesma forma, decretar a interdição, por tempo não superior
a cinco dias, de estabelecimento industrial ou comercial, bem como de sociedade
ou associação, que esteja no caso do artigo 118, do Código Penal Militar, a fim de
ser nela realizada busca ou apreensão ou qualquer outra diligência permitida neste
Código, para elucidação de fato delituoso.
Fundamentação
§ 2º. Será fundamentado o despacho que aplicar qualquer das medidas previstas
neste artigo.
Irrecorribilidade de despacho
Art. 273. Não caberá recurso do despacho que decretar ou denegar a aplicação
provisória da medida de segurança, mas esta poderá ser revogada, substituída ou
modificada, a critério do juiz, mediante requerimento do Ministério Público, do
indiciado ou acusado, ou de representante legal de qualquer destes, nos casos das
letras a e c do artigo anterior.
Normas supletivas
TÍTULO XIV
CAPÍTULO ÚNICO
DA CITAÇÃO, DA INTIMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO
Formas de citação
Requisitos do mandado
Citação a militar
Art. 280. A citação a militar em situação de atividade ou a assemelhado far-se-á
mediante requisição à autoridade sob cujo comando ou chefia estiver, a fim de que o
citando se apresente para ouvir a leitura do mandado e receber a contrafé.
Citação a funcionário
Art. 281. A citação a funcionário que servir em repartição militar deverá, para se
realizar dentro desta, ser precedida de licença do seu diretor ou chefe, a quem se
dirigirá o oficial de justiça, antes de cumprir o mandado, na forma do artigo 279.
Citação a preso
Art. 282. A citação de acusado preso por ordem de outro juízo ou por motivo de
outro processo, far-se-á nos termos do artigo 279, requisitando-se, por ofício, a
apresentação do citando ao oficial de justiça, no recinto da prisão, para o
cumprimento do mandado.
Requisitos da precatória
Cumprimento da precatória
Art. 285. Estando o acusado no estrangeiro, mas em lugar sabido, a citação far-se-
á por meio de carta citatória, cuja remessa a autoridade judiciária solicitará ao
Ministério das Relações Exteriores, para ser entregue ao citando, por intermédio de
representante diplomático ou consular do Brasil, ou preposto de qualquer deles, com
jurisdição no lugar onde aquele estiver. A carta citatória conterá o nome do juiz que a
expedir e as indicações a que se referem as alíneas b, c e d, do artigo 283.
Caso especial de militar
Requisitos do edital
Art. 286. O edital de citação conterá, além dos requisitos referidos no artigo 278, a
declaração do prazo, que será, contado do dia da respectiva publicação na
imprensa, ou da sua afixação.
§ 1º. Além da publicação por três vezes em jornal oficial do lugar ou, na falta deste,
em jornal que tenha ali circulação diária, será o edital afixado em lugar ostensivo, na
portaria do edifício onde funciona o juízo. A afixação será certificada pelo oficial de
justiça que a houver feito e a publicação provada com a página do jornal de que
conste a respectiva data.
Edital resumido
§ 2º. Sendo por demais longa a denúncia, dispensar-se-á a sua transcrição,
resumindo-se o edital às indicações previstas nas alíneas a, b, d, e e, do artigo 278
e à declaração do prazo a que se refere o preâmbulo deste artigo. Da mesma forma
se procederá, quando o número de acusados exceder a cinco.
Prazo do edital
§ 1º. A intimação ou notificação a pessoa que residir fora da sede do juízo poderá
ser feita por carta ou telegrama, com assinatura da autoridade judiciária.
Intimação ou notificação a advogado ou curador
Art. 289. Estando solto, o oficial sob processo será agregado em unidade, força ou
órgão, cuja distância da sede do juízo lhe permita comparecimento imediato aos
atos processuais. A sua transferência, em cada caso, deverá ser comunicada à
autoridade judiciária processante.
Art. 290. O acusado civil, solto, não poderá mudar de residência ou dela ausentar-
se por mais de oito dias, sem comunicar à autoridade judiciária processante o lugar
onde pode ser encontrado.
Antecedência da citação
Art. 291. As citações, intimações ou notificações serão sempre feitas de dia e com
a antecedência de vinte e quatro horas, pelo menos, do ato a que se referirem.
Revelia do acusado
TÍTULO XV
DOS ATOS PROBATÓRIOS
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Irrestrição da prova
Art. 294. A prova no juízo penal militar, salvo quando ao estado das pessoas, não
está sujeita às restrições estabelecidas na lei civil.
Art. 295. É admissível, nos termos deste Código, qualquer espécie de prova,
desde que não atente contra a moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva,
ou contra a hierarquia ou a disciplina militares.
Art. 296. O ônus da prova compete a quem alegar o fato, mas o juiz poderá, no
curso da instrução criminal ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício,
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Realizada a diligência, sobre
ela serão ouvidas as partes, para dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito
horas, contadas da intimação por despacho do juiz.
Inversão do ônus da prova
§ 1º. Inverte-se o ônus de provar se a lei presume o fato até prova em contrário.
Isenção
§ 2º. Ninguém está obrigado a produzir prova que o incrimine, ou ao seu cônjuge,
descendente, ascendente ou irmão.
Avaliação de prova
Art. 297. O juiz formará convicção pela livre apreciação do conjunto das provas
colhidas em juízo. Na consideração de cada prova, o juiz deverá confrontá-la com as
demais, verificando se entre elas há compatibilidade e concordância.
Intérprete
§ 1º. Será ouvido por meio de intérprete o acusado, a testemunha ou quem quer
que tenha de prestar esclarecimento oral no processo, desde que não saiba falar a
língua nacional ou nela não consiga, com exatidão, enunciar o que pretende ou
compreender o que lhe é perguntado.
Tradutor
§ 1º. As perguntas e respostas serão orais, podendo estas entretanto, ser dadas
por escrito, se o declarante, embora não seja mudo, estiver impedido de enunciá-
las. Obedecida esta condição, o mesmo poderá ser admitido a respeito da
exposição referida neste artigo, desde que escrita no ato da inquirição e sem
intervenção de outra pessoa.
§ 2º. Nos processos de primeira instância compete ao auditor e nos originários do
Superior Tribunal Militar ao relator fazer as perguntas ao declarante e ditar as
respostas ao escrivão. Qualquer dos membros do Conselho de Justiça poderá,
todavia, fazer as perguntas que julgar necessárias e que serão consignadas com as
respectivas respostas.
§ 3º. As declarações do ofendido, do acusado e das testemunhas, bem como os
demais incidentes que lhes tenham relação, serão reduzidos a termo pelo escrivão,
assinado pelo juiz, pelo declarante e pelo defensor do acusado, se o quiser. Se o
declarante não souber escrever ou se recusar a assiná-lo, o escrivão o declarará à
fé do seu cargo, encerrando o termo.
Observância no inquérito
Art. 301. Serão observadas no inquérito as disposições referentes às testemunhas
e sua acareação, ao reconhecimento de pessoas e coisas, aos atos periciais e a
documentos, previstas neste Título, bem como quaisquer outras que tenham
pertinência com a apuração do fato delituoso e sua autoria.
CAPÍTULO II
DA QUALIFICAÇÃO E DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
Art. 302. O acusado será qualificado e interrogado num só ato, no lugar, dia e hora
designado pelo juiz, após o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução
criminal ou preso, antes de ouvidas as testemunhas.
Comparecimento no curso do processo
Art. 303. O interrogatório será feito, obrigatoriamente, pelo juiz, não sendo nele
permitida a intervenção de qualquer outra pessoa.
Questões de ordem
Interrogatório em separado
Observações ao acusado
Art. 305. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observará ao acusado que, embora
não esteja obrigado a responder às perguntas que lhe forem formuladas, o seu
silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa.
Perguntas não respondidas
§ 1º. Se o acusado declarar que não tem defensor, o juiz dar-lhe-á um, para assistir
o interrogatório. Se menor de vinte e um anos, nomear-lhe-á curador, que poderá ser
o próprio defensor.
Caso de confissão
Silêncio do acusado
Art. 308. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz.
Retratabilidade e divisibilidade
Art. 310. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo
nos autos, observado o disposto no artigo 304.
CAPÍTULO IV
DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO
Art. 311. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser seu autor, as provas que
possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
Falta de comparecimento
Parágrafo único. Se, notificado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, poderá ser conduzido à presença da autoridade, sem ficar sujeito, entretanto, a
qualquer sanção.
Presença do acusado
Isenção de resposta
Art. 313. O ofendido não está obrigado a responder pergunta que possa incriminá-
lo, ou seja estranha ao processo.
CAPÍTULO V
DAS PERÍCIAS E EXAMES
Objeto da perícia
Art. 314. A perícia pode ter por objeto os vestígios materiais deixados pelo crime
ou as pessoas e coisas, que, por sua ligação com o crime, possam servir-lhe de
prova.
Determinação
Art. 315. A perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar ou pela
judiciária, ou requerida por qualquer das partes.
Negação
Parágrafo único. Salvo no caso de exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a
perícia, se a reputar desnecessária ao esclarecimento da verdade.
Formulação de quesitos
Art. 316. A autoridade que determinar a perícia formulará os quesitos que entender
necessários. Poderão, igualmente, fazê-lo: no inquérito, o indiciado; e, durante a
instrução criminal, o Ministério Público e o acusado, em prazo que lhes for marcado
para aquele fim, pelo auditor.
Requisitos
Art. 317. Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido inequívoco, não
podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta.
Exigência de especificação e esclarecimento
§ 1º. O juiz, de ofício ou a pedido de qualquer dos peritos, poderá mandar que as
partes especifiquem os quesitos genéricos, dividam os complexos ou esclareçam os
duvidosos, devendo indeferir os que não sejam pertinentes ao objeto da perícia,
bem como os que sejam sugestivos ou contenham implícita a resposta.
Esclarecimento de ordem técnica
§ 2º. Ainda que o quesito não permita resposta decisiva do perito, poderá ser
formulado, desde que tenha por fim esclarecimento indispensável de ordem técnica,
a respeito de fato que é objeto da perícia.
Art. 318. As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos,
especializados no assunto ou com habilitação técnica, observado o disposto no
artigo 48.
Art. 321. A autoridade policial militar e a judiciária poderão requisitar dos institutos
médico-legais, dos laboratórios oficiais e de quaisquer repartições técnicas,
militares ou civis, as perícias e exames que se tornem necessários ao processo,
bem como, para o mesmo fim, homologar os que neles tenham sido regularmente
realizados.
Suprimento do laudo
Parágrafo único. Do laudo será dada vista às partes, pelo prazo de três dias, para
requererem quaisquer esclarecimentos dos peritos ou apresentarem quesitos
suplementares para esse fim, que o juiz poderá admitir, desde que pertinentes e não
infrinjam o artigo 317 e seu § 1º.
Liberdade de apreciação
Art. 326. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo
ou em parte.
Art. 327. As perícias, exames ou outras diligências que, para fins probatórios,
tenham que ser feitos em quartéis, navios, aeronaves, estabelecimentos ou
repartições, militares ou civis, devem ser precedidos de comunicações aos
respectivos comandantes, diretores ou chefes, pela autoridade competente.
Art. 328. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Corpo de delito indireto
Parágrafo único. Não sendo possível o exame de corpo de delito direto, por
haverem desaparecido os vestígios da infração, supri-lo-á a prova testemunhal.
Oportunidade do exame
Art. 329. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.
Art. 330. Os exames que tiverem por fim comprovar a existência de crime contra a
pessoa abrangerão:
a) exames de lesões corporais;
b) exames de sanidade física;
c) exames de sanidade mental;
d) exames cadavéricos, precedidos ou não de exumação;
e) exames de identidade de pessoa;
f) exames de laboratório;
g) exames de instrumentos que tenham servido à prática do crime.
Art. 331. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar, por determinação da autoridade
policial militar ou judiciária, de ofício ou a requerimento do indiciado, do Ministério
Público, do ofendido ou do acusado.
Suprimento de deficiência
§ 3º. A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Realização pelos mesmos peritos
§ 4º. O exame complementar pode ser feito pelos mesmos peritos que procederam
ao de corpo de delito.
Art. 332. Os exames de sanidade mental obedecerão, em cada caso, no que for
aplicável, às normas prescritas no Capítulo II, do Título XII.
Autópsia
Ocasião da autópsia
Art. 334. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais da morte, julgarem que possa ser feita antes
daquele prazo, o que declararão no auto.
Impedimento de médico
Parágrafo único. A autópsia não poderá ser feita por médico que haja tratado o
morto em sua última doença.
Art. 335. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame
interno, para a verificação de alguma circunstância relevante.
Fotografia de cadáver
Identidade do cadáver
Exumação
Art. 338. Haverá exumação, sempre que esta for necessária ao esclarecimento do
processo.
Designação de dia e hora
Art. 339. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticado o crime, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas, até a chegada dos peritos.
Perícias de laboratório
Art. 340. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para
a eventualidade de nova perícia.
Danificação da coisa
Art. 341. Nos crimes em que haja destruição, danificação ou violação da coisa, ou
rompimento de obstáculo ou escalada para fim criminoso, os peritos, além de
descrever os vertígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que
época presumem ter sido o fato praticado.
Avaliação direta
Caso de incêndio
Reconhecimento de escritos
e) se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá
ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras a que a pessoa será
intimada a responder.
Exame de instrumentos do crime
Precatória
Art. 346. Se a perícia ou exame tiver de ser feito em outra jurisdição, policial militar
ou judiciária, expedir-se-á precatória, que obedecerá, no que lhe for aplicável, às
prescrições dos artigos 283, 359, 360 e 361.
Parágrafo único. Os quesitos da autoridade deprecante e os das partes serão
transcritos na precatória.
CAPÍTULO VI
DAS TESTEMUNHAS
Notificação de testemunhas
Oferecimento de testemunhas
Art. 348. A defesa poderá indicar testemunhas, que deverão ser apresentadas
independentemente de intimação, no dia e hora designados pelo juiz para inquirição,
ressalvado o disposto no artigo 349.
Dispensa de comparecimento
Declaração da testemunha
Art. 352. A testemunha deve declarar seu nome, idade, estado civil, residência,
profissão e lugar onde exerce atividade, se é parente, e em que grau, do acusado e
do ofendido, quais as suas relações com qualquer deles, e relatar o que sabe ou tem
razão de saber, a respeito do fato delituoso narrado na denúncia e circunstâncias
que com o mesmo tenham pertinência, não podendo limitar o seu depoimento à
simples declaração de que confirma o que prestou no inquérito. Sendo numérária ou
referida, prestará o compromisso de dizer a verdade sobre o que souber e lhe for
perguntado.
Dúvida sobre a identidade da testemunha
Inquirição separada
Art. 353. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que uma
não possa ouvir o depoimento da outra.
Proibição de depor
Art. 355. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Testemunhas suplementares
Art. 356. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além
das indicadas pelas partes.
Testemunhas referidas
§ 1º. Se ao juiz parecer conveniente, ainda que não haja requerimento das partes,
serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
Testemunha não computada
§ 2º. Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que
interesse à decisão da causa.
Manifestação de opinião pessoal
Art. 357. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações
pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.
Art. 358. Se o juiz verificar que a presença do acusado, pela sua atitude, poderá
influir no ânimo de testemunha, de modo que prejudique a verdade do depoimento,
fará retirá-lo, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Neste
caso, deverá constar da ata da sessão a ocorrência e os motivos que a
determinaram.
Expedição da precatória
Art. 359. A testemunha que residir fora da jurisdição do juízo poderá ser inquirida
pelo auditor do lugar da sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
precatória, nos termos do artigo 283, com prazo razoável, intimadas as partes, que
formularão quesitos, a fim de serem respondidos pela testemunha.
Sem efeito suspensivo
Art. 360. Caso não seja possível, por motivo relevante, o comparecimento da
testemunha perante auditor, a carta precatória poderá ser expedida a juiz criminal de
comarca onde resida a testemunha ou a esta seja acessível, observado o disposto
no artigo anterior.
Art. 361. No curso do inquérito policial militar, o seu encarregado poderá expedir
carta precatória à autoridade militar superior do local onde a testemunha estiver
servindo ou residindo, a fim de notificá-la e inquiri-la, ou designar oficial que a
inquira, tendo em atenção as normas de hierarquia, se a testemunha for militar. Com
a precatória, enviará cópias da parte que deu origem ao inquérito e da portaria que
lhe determinou a abertura, e os quesitos formulados, para serem respondidos pela
testemunha, além de outros dados que julgar necessários ao esclarecimento do fato.
Inquirição deprecada do ofendido
Antecipação de depoimento
Admissão da acareação
Pontos de divergência
Art. 366. A autoridade que realizar a acareação explicará aos acusados quais os
pontos em que divergem e, em seguida, os reinquirirá, a cada um de per si e em
presença do outro.
§ 1º. Da acareação será lavrado termo, com as perguntas e respostas, obediência
às formalidades prescritas no § 3º do artigo 300 e menção na ata da audiência ou
sessão.
§ 2º. As partes poderão, por intermédio do juiz, reperguntar as testemunhas ou os
ofendidos acareados.
Art. 367. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outras
que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
consignando-se no respectivo termo o que explicar.
CAPÍTULO VIII
DO RECONHECIMENTO DE PESSOA E DE COISA
Formas do procedimento
Reconhecimento de coisa
Natureza
Presunção de veracidade
Art. 372. O documento público tem a presunção de veracidade, quer quanto à sua
formação quer quanto aos fatos que o serventuário, com fé pública, declare que
ocorreram na sua presença.
Identidade de prova
Art. 376. A correspondência de qualquer natureza poderá ser exibida em juízo pelo
respectivo destinatário, para defesa do seu direito, ainda que não haja
consentimento do signatário ou remetente.
Art. 377. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame
pericial, quando contestada a sua autenticidade.
Apresentação de documentos
Art. 379. Sempre que, no curso do processo, um documento for apresentado por
uma das partes, será ouvida, a respeito dele, a outra parte. Se junto por ordem do
juiz, serão ouvidas ambas as partes, inclusive o assistente de acusação e o curador
do acusado, se o requererem.
Conferência da pública-forma
Art. 380. O juiz, de ofício ou a requerimento das partes, poderá ordenar diligência
para a conferência de pública-forma de documento que não puder ser exibido no
original ou em certidão ou cópia autêntica revestida dos requisitos necessários à
presunção de sua veracidade. A conferência será feita pelo escrivão do processo,
em dia, hora e lugar previamente designados, com ciênciia das partes.
Devolução de documentos
Art. 381. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista
motivo relevante que justifique a sua conservação, nos autos, poderão, mediante
requerimento, e depois de ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os
produziu, ficando traslado nos autos; ou recibo, se se tratar de traslado ou certidão
de escritura pública. Neste caso, do recibo deverão constar a natureza da escritura,
a sua data, os nomes das pessoas que a assinaram e a indicação do livro e
respectiva folha do cartório em que foi celebrada.
CAPÍTULO X
DOS INDÍCIOS
Definição
Requisitos
LIVRO II
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE
TÍTULO I
DO PROCESSO ORDINÁRIO
CAPÍTULO ÚNICO
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
SEÇÃO I
DA PRIORIDADE DE INSTRUÇÃO. DA POLÍCIA E ORDEM DAS SESSÕES.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Conduta da assistência
§ 1º. Não será computada naqueles prazos a demora determinada por doença do
acusado ou defensor, por questão prejudicial ou por outro motivo de força maior
justificado pelo auditor, inclusive a inquirição de testemunhas por precatória ou a
realização de exames periciais ou outras diligências necessárias à instrução
criminal, dentro dos respectivos prazos.
Doença do acusado
Art. 392. O acusado ficará à disposição exclusiva da Justiça Militar, não podendo
ser transferido ou removido para fora da sede da Auditoria, até a sentença final,
salvo motivo relevante que será apreciado pelo auditor, após comunicação da
autoridade militar, ou a requerimento do acusado, se civil.
Art. 393. O oficial processado, ou sujeito a inquérito policial militar, não poderá ser
transferido para a reserva, salvo se atingir a idade-limite de permanência no serviço
ativo.
Lavratura de ata
Art. 395. De cada sessão será, pelo escrivão, lavrada ata, da qual se juntará cópia
autêntica aos autos, dela constando os requerimentos, decisões e incidentes
ocorridos na sessão.
Retificação de ata
Art. 397. Se o procurador, sem prejuízo da diligência a que se refere o artigo 26, nº
I, entender que os autos do inquérito ou as peças de informação não ministram os
elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia, requererá ao auditor que os
mande arquivar. Se este concordar com o pedido, determinará o arquivamento; se
dele discordar, remeterá os autos ao procurador-geral.
Designação de outro procurador
§ 2º. A mesma designação poderá fazer, avocando o processo, sempre que tiver
conhecimento de que, existindo em determinado caso elementos para a ação penal,
esta não foi promovida.
Providências do auditor
Sorteio ou Conselho
Compromisso legal
Art. 400. Tendo à sua direita o auditor, à sua esquerda o oficial de posto mais
elevado ou mais antigo e, nos outros lugares, alternadamente, os demais juízes,
conforme os seus postos ou antigüidade, ficando o escrivão em mesa próxima ao
auditor e o procurador em mesa que lhe é reservada - o presidente, na primeira
reunião do Conselho de Justiça, prestará em voz alta, de pé, descoberto, o seguinte
compromisso: "Prometo apreciar com imparcial atenção os fatos que me forem
submetidos e julgá-los de acordo com a lei e a prova dos autos''. Esse compromisso
será também prestado pelos demais juízes, sob a fórmula: "Assim o prometo''.
Parágrafo único. Desse ato, o escrivão lavrará certidão nos autos.
Art. 401. Para o advogado será destinada mesa especial, no recinto, e, se houver
mais de um, serão, ao lado da mesa, colocadas cadeiras para que todos possam
assentar-se.
Designação para a qualificação e interrogatório
Presença do acusado
§ 2º. Serão dispensadas as perguntas enumeradas no artigo 306 que não tenham
relação com o crime.
Interrogatórios em separado
Postura do acusado
Art. 406. Durante o interrogatório o acusado ficará de pé, salvo se o seu estado de
saúde não o permitir.
Art. 408. O procurador, no mesmo prazo previsto no artigo anterior, poderá opor as
mesmas exceções em relação ao juiz ou ao escrivão.
Presunção da menoridade
Comparecimento do ofendido
Art. 413. O revel que comparecer após o início do processo acompanhá-lo-á nos
termos em que este estiver, não tendo direito à repetição de qualquer ato.
Art. 414. O curador do acusado revel se incumbirá da sua defesa até o julgamento,
podendo interpor os recursos legais, excetuada a apelação de sentença
condenatória.
SEÇÃO VI
DA INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS, DO RECONHECIMENTO DE PESSOA
OU COISA E DAS DILIGÊNCIAS EM GERAL
Normas de inquirição
Leitura da denúncia
Precedência na inquirição
Art. 418. As testemunhas serão inquiridas pelo auditor e, por intermédio deste,
pelos juízes militares, procurador, assistente e advogados. <182>s testemunhas
arroladas pelo procurador, o advogado formulará perguntas por último. Da mesma
forma o procurador, às indicadas pela defesa.
Recusa de perguntas
Art. 419. Não poderão ser recusadas as perguntas das partes, salvo se ofensivas
ou impertinentes ou sem relação com o fato descrito na denúncia, ou importarem
repetição de outra pergunta já respondida.
Consignação em ata
Art. 420. Se não for encontrada, por estar em lugar incerto, qualquer das
testemunhas, o auditor poderá deferir o pedido de substituição. Se averiguar que a
testemunha se esconde para não depor, determinará a sua prisão para esse fim.
Notificação prévia
Art. 421. Nenhuma testemunha será inquirida sem que, com três dias de
antecedência pelo menos, sejam notificados o representante do Ministério Público,
o advogado e o acusado, se estiver preso.
Art. 422. O depoimento será reduzido a termo pelo escrivão e lido à testemunha
que, se não tiver objeção, assiná-lo-á após o presidente do Conselho e o auditor.
Assinarão, em seguida, conforme se trate de testemunha de acusação ou de defesa,
o representante do Ministério Público e o assistente ou o advogado e o curador. Se
a testemunha declarar que não sabe ler ou escrever, certificá-lo-á o escrivão e
encerrará o termo, sem necessidade de assinatura a rogo da testemunha.
Pedido de retificação
Termo de assinatura
Período da inquirição
Art. 424. As testemunhas serão ouvidas durante o dia, das sete às dezoito horas,
salvo prorrogação autorizada pelo Conselho de Justiça, por motivo relevante, que
constará da ata da sessão.
Determinação de acareação
Art. 425. A acareação entre testemunhas poderá ser determinada pelo Conselho
de Justiça, pelo auditor ou requerida por qualquer das partes, obedecendo ao
disposto nos artigos 365, 366 e 367.
Parágrafo único. Ao auditor, que poderá determinar de ofício as medidas que julgar
convenientes ao processo, caberá fixar os prazos necessários à respectiva
execução, se, a esse respeito, não existir disposição especial.
Art. 428. Findo o prazo aludido no artigo 427 e se não tiver havido requerimento ou
despacho para os fins nele previstos, o auditor determinará ao escrivão abertura de
vista dos autos para alegações escritas, sucessivamente, por oito dias, ao
representante do Ministério Público e ao advogado do acusado. Se houver
assistente, constituído até o encerramento da instrução criminal, ser-lhe-á dada vista
dos autos, se o requerer, por cinco dias, imediatamente após as alegações
apresentadas pelo representante do Ministério Público.
Dilatação do prazo
Art. 430. Findo o prazo concedido para as alegações escritas, o escrivão fará os
autos conclusos ao auditor, que poderá ordenar diligência para sanar qualquer
nulidade ou suprir falta prejudicial ao esclarecimento da verdade. Se achar o
processo devidamente preparado, designará dia e hora para o julgamento, cientes
os demais juízes do Conselho de Justiça e as partes, e requisição do acusado preso
à autoridade que o detenha, a fim de ser apresentado com as formalidades
previstas neste Código.
SEÇÃO VII
DA SESSÃO DO JULGAMENTO E DA SENTENÇA
Abertura da sessão
§ 1º. Se o acusado revel comparecer nessa ocasião sem ter sido ainda qualificado
e interrogado, proceder-se-á a estes atos, na conformidade dos artigos 404, 405 e
406, perguntando-lhe antes o auditor se tem advogado. Se declarar que não o tem, o
auditor nomear-lhe-á um, cessando a função do curador, que poderá, entretanto, ser
nomeado advogado.
Revel de menor idade
§ 2º. Se o acusado revel for menor, e a sua menoridade só vier a ficar comprovada
na fase de julgamento, o presidente do Conselho de Justiça nomer-lhe-á curador,
que poderá ser o mesmo já nomeado pelo motivo da revelia.
Falta de apresentação de acusado preso
§ 4º. O julgamento poderá ser adiado por uma só vez, no caso de falta de
comparecimento de acusado solto. Na segunda falta, o julgamento será feito à
revelia, com curador nomeado pelo presidente do Conselho.
Falta de comparecimento de advogado
§ 5º. Ausente o advogado, será adiado o julgamento uma vez. Na segunda
ausência, salvo motivo de força maior devidamente comprovado, será o advogado
substituído por outro.
Falta de comparecimento de assistente ou curador
§ 1º. O tempo, assim para a acusação como para a defesa, será de três horas
para cada uma, no máximo.
Réplica e tréplica
§ 2º. O procurador e o defensor poderão, respectivamente, replicar e treplicar por
tempo não excedente a uma hora, para cada um.
Prazo para o assistente
§ 4º. O advogado que tiver a seu cargo a defesa de mais de um acusado terá
direito a mais uma hora, além do tempo previsto no § 1º, se fizer a defesa de todos
em conjutno, com alteração, neste caso, da ordem prevista no preâmbulo do artigo.
Acusados excedentes a dez
§ 5º. Se os acusados excederem a dez, cada advogado terá direito a uma hora
para a defesa de cada um dos seus constituintes, pela ordem da respectiva
autuação, se não usar da faculdade prevista no parágrafo anterior. Não poderá,
entretanto, exceder a seis horas o tempo total, que o presidente do Conselho de
Justiça marcará, e o advogado distribuirá como entender, para a defesa de todos os
seus constituintes.
Uso da Tribuna
§ 8º. Durante os debates poderão ser dados apartes, desde que permitidos por
quem esteja na tribuna, e não tumultuem a sessão.
Diversidade de votos
Parágrafo único. Quando, pela diversidade de votos, não se puder constituir maioria
para a aplicação da pena, entender-se-á que o juiz que tiver votado por pena maior,
ou mais grave, terá virtualmente votado por pena imediatamente menor ou menos
grave.
a) dar ao fato definição jurídica diversa da que constar na denúncia, ainda que, em
conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave, desde que aquela definição haja
sido formulada pelo Ministério Público em alegações escritas e a outra parte tenha
tido a oportunidade de respondê-la;
Condenação e reconhecimento de agravante não argüida
Conteúdo da sentença
§ 1º. Se qualquer dos juízes deixar de assinar a sentença, será declarado, pelo
auditor, o seu voto, como vencedor ou vencido.
Redação da sentença
§ 2º. A sentença será redigida pelo auditor, ainda que discorde dos seus
fundamentos ou da sua conclusão, podendo, entretanto, justificar o seu voto, se
vencido, no todo ou em parte, após a assinatura. O mesmo poderá fazer cada um
dos juízes militares.
Sentença datilografada e rubricada
Art. 442. Se, em processo submetido a seu exame, o Conselho de Justiça, por
ocasião do julgamento, verificar a existência de indícios de outro crime, determinará
a remessa das respectivas peças, por cópia autêntica, ao órgão do Ministério
Público competente, para os fins de direito.
Art. 443. Se a sentença ou decisão não for lida na sessão em que se proclamar o
resultado do julgamento, sê-lo-á pelo auditor em pública audiência, dentro do prazo
de oito dias, e dela ficarão, desde logo, intimados o representante do Ministério
Público, o réu e seu defensor, se presentes.
Art. 444. Salvo o disposto no artigo anterior, o escrivão, dentro do prazo de três
dias, após a leitura da sentença ou decisão, dará ciência dela ao representante do
Ministério Público, para os efeitos legais.
Art. 445. A intimação da sentença condenatória será feita, se não o tiver sido nos
termos do artigo 443:
a) ao defensor de ofício ou dativo;
b) ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
c) ao defensor constituído pelo réu.
Art. 446. A intimação da sentença condenatória a réu solto ou revel far-se-á após a
prisão, e bem assim ao seu defensor ou advogado que nomear por ocasião da
intimação, e ao representante do Ministério Público.
Requisitos da certidão de intimação
Lavratura de ata
Parágrafo único. Da ata será anexada aos autos cópia autêntica datilografada e
rubricada pelo escrivão.
Aplicação de artigos
Art. 450. Aplicam-se à sessão de julgamento, no que couber, os artigos 385, 386 e
seu parágrafo único, 389, 411, 412 e 413.
TÍTULO II
DOS PROCESSOS ESPECIAIS
CAPÍTULO I
DA DESERÇÃO EM GERAL
Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos previstos na lei penal militar,
o comandante da unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade
superior, fará lavrar o respectivo termo, imediatamente, que poderá ser impresso ou
datilografado, sendo por ele assinado e por duas testemunhas idôneas, além do
militar incumbido da lavratura.
§ 1º. A contagem dos dias de ausência, para efeito da lavratura do termo de
deserção, iniciar-se-á à zero hora do dia seguinte àquele em que for verificada a
falta injustificada do militar.
§ 2º. No caso de deserção especial, prevista no artigo 190 do Código Penal
Militar, a lavratura do termo será, também, imediata. (Redação dada ao caput e §§
pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)
Retardamento do processo
Art. 453. O desertor que não for julgado dentro de sessenta dias, a contar do dia
de sua apresentação voluntária ou captura, será posto em liberdade, salvo se tiver
dado causa ao retardamento do processo. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de
20.09.1991)
CAPÍTULO II
DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE OFICIAL
Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência
de uma praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente,
encaminhará parte de ausência ao comandante ou chefe da respectiva organização,
que mandará inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou
extraviado pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas idôneas.
§ 1º. Quando a ausência se verificar em subunidade isolada ou em destacamento,
o respectivo comandante, oficial ou não, providenciará o inventário, assinando-o
com duas testemunhas idôneas.
Parte de deserção
§ 1º. O desertor sem estabilidade que se apresentar ou for capturado deverá ser
submetido a inspeção de saúde e, quando julgado apto para o serviço militar, será
reincluído.
Incapacidade para serviço ativo
§ 2º. A ata de inspeção de saúde será remetida, com urgência, à Auditoria a que
tiverem sido distribuídos os autos, para que, em caso de incapacidade definitiva,
seja o desertor sem estabilidade isento da reinclusão e do processo, sendo os autos
arquivados, após o pronunciamento do representante do Ministério Público Militar.
Notícia de reinclusão ou reversão. Denúncia
CAPÍTULO IV
DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE PRAÇA, COM OU SEM GRADUAÇÃO, E
DE PRAÇA ESPECIAL, NA MARINHA E NA AERONÁUTICA
CAPÍTULO V
DO PROCESSO DE CRIME DE INSUBMISSÃO
Art. 464. O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel
por menagem e será submetido a inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do
processo e da inclusão.
Incapacidade para o serviço militar
§ 1º. A ata de inspeção de saúde será, pelo comandante da unidade, ou
autoridade competente, remetida, com urgência, à Auditoria a que tiverem sido
distribuídos os autos, para que, em caso de incapacidade para o serviço militar,
sejam arquivados, após pronunciar-se o Ministério Público Militar.
Inclusão de insubmisso
§ 3º. O insubmisso que não for julgado no prazo de sessenta dias, a contar do dia
de sua apresentação voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa,
será posto em liberdade. (Redação dada ao caput e §§ pela Lei nº 8.236, de
20.09.1991)
Cabimento da medida
Art. 466. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Exceção
Art. 468. Poderá ser concedido habeas corpus, não obstante já ter havido
sentença condenatória:
a) quando o fato imputado, tal como estiver narrado na denúncia, não constituir
infração penal;
b) quando a ação ou condenação já estiver prescrita;
c) quando o processo for manifestamente nulo;
d) quando for incompetente o juiz que proferiu a condenação.
Art. 470. O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa em seu favor
ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. O Superior Tribunal Militar pode
concedê-lo de ofício, se, no curso do processo submetido à sua apreciação, verificar
a existência de qualquer dos motivos previstos no artigo 467.
Rejeição do pedido
Petição. Requisitos
Parágrafo único. O pedido de habeas corpus pode ser feito por telegrama, com as
indicações enumeradas neste artigo e a transcrição literal do reconhecimento da
firma do impetrante, por tabelião.
Pedido de informações
Julgamento do pedido
Determinação de diligências
Prosseguimento do processo
Art. 476. A concessão de habeas corpus não obstará o processo nem lhe porá
termo, desde que não conflite com os fundamentos da concessão.
Renovação do processo
Art. 477. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo,
será este renovado, salvo se do seu exame se tornar evidente a inexistência de
crime.
Forma da decisão
Art. 478. As decisões do Tribunal sobre habeas corpus serão lançadas em forma
de sentença nos autos. As ordens necessárias ao seu cumprimento serão, pelo
secretário do Tribunal, expedidas em nome do seu presidente.
Salvo-conduto
Art. 479. Se a ordem de habeas corpus for concedida para frustrar ameaça de
violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto, assinado pelo
presidente do Tribunal.
Sujeição a processo
Art. 480. O detentor do preso ou responsável pela sua detenção ou quem quer que,
sem justa causa, embarace ou procrastine a expedição de ordem de habeas
corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do
paciente, ou desrespeite salvo-conduto expedido de acordo com o artigo anterior,
ficará sujeito a processo pelo crime de desobediência a decisão judicial.
Promoção da ação penal
Obrigatoriedade da restauração
§ 1º. Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do processo, será uma ou
outra considerada como original.
Falta de cópia autêntica ou certidão
c) sejam citadas as partes pessoalmente ou, se não forem encontradas, por edital,
com o prazo de dez dias, para o processo de restauração.
Restauração em primeira instância. Execução
Instrução
Conclusão
Art. 484. Realizadas as diligências que, salvo motivo de força maior, deverão
terminar dentro em quarenta dias, serão os autos conclusos para julgamento.
Parágrafo único. No curso do processo e depois de subirem os autos conclusos
para sentença, o juiz poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autoridades ou
repartições todos os esclarecimentos necessários à restauração.
Eficácia probatória
Prosseguimento da execução
Art. 486. Até a decisão que julgue restaurados os autos, a sentença condenatória
em execução continuará a produzir efeito, desde que conste da respectiva guia
arquivada na prisão onde o réu estiver cumprindo pena, ou de registro que torne
inequívoca a sua existência.
Responsabilidade criminal
Denúncia. Oferecimento
Juiz instrutor
Art. 490. O relator será um ministro togado, escolhido por sorteio, cabendo-lhe as
atribuições de juiz instrutor do processo.
a) rejeitar a denúncia;
b) decretar a prisão preventiva;
c) julgar extinta a ação penal;
d) concluir pela incompetência do foro militar;
e) conceder ou negar menagem.
Recebimento da denúncia
Art. 494. A instrução criminal seguirá o rito estabelecido para o processo dos
crimes da competência do Conselho de Justiça, desempenhando o ministro instrutor
as atribuições conferidas a esse Conselho.
Despacho saneador
Art. 495. Findo o prazo para as alegações escritas, o escrivão fará os autos
conclusos ao relator, o qual, se encontrar irregularidades sanáveis ou falta de
diligências que julgar necessárias, mandará saná-las ou preenchê-las.
SEÇÃO II
DO JULGAMENTO
Julgamento
e) o prazo tanto para a acusação como para a defesa será de duas horas, no
máximo;
Réplica e tréplica
Art. 497. Das decisões definitivas ou com força de definitivas, unânimes ou não,
proferidas pelo Tribunal, cabem embargos, que deverão ser oferecidos dentro em
cinco dias, contados da intimação do acórdão. O réu revel não pode embargar, sem
se apresentar à prisão.
CAPÍTULO IX
DA CORREIÇÃO PARCIAL
LIVRO III
DAS NULIDADES E RECURSOS EM GERAL
TÍTULO I
CAPÍTULO ÚNICO
DAS NULIDADES
Art. 499. Nenhum ato judicial será declarado nulo se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa.
Casos de nulidade
Art. 502. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído
na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
Art. 505. O silêncio das partes sana os atos nulos, se se tratar de formalidade de
seu exclusivo interesse.
Renovação e retificação
Art. 506. Os atos, cuja nulidade não houver sido sanada, serão renovados ou
retificados.
Nulidade de um ato e sua conseqüencia
§ 1º. A nulidade de um ato, uma vez declarada, envolverá a dos atos subseqüentes.
Especificação
§ 2º. A decisão que declarar a nulidade indicará os atos a que ela se estende.
Revalidação de atos
Art. 509. A sentença proferida pelo Conselho de Justiça com juiz irregularmente
investido, impedido ou suspeito, não anula o processo, salvo se a maioria se
constituir com o seu voto.
TÍTULO II
DOS RECURSOS
CAPÍTULO I
REGRAS GERAIS
Art. 511. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo réu, seu
procurador, ou defensor.
Inadmissibilidade por falta de interesse
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver
interesse na reforma ou modificação da decisão.
Proibição da desistência
Art. 512. O Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto.
Interposição e prazo
Art. 513. O recurso será interposto por petição e esta, com o despacho do auditor,
será, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará, no
termo da juntada, a data da entrega; e, na mesma data, fará os autos conclusos ao
auditor, sob pena de sanção disciplinar.
Erro na interposição
Art. 514. Salvo a hipótese de má fé, não será a parte prejudicada pela interposição
de um recurso por outro.
Propriedade do recurso
Efeito extensivo
Cabimento
Parágrafo único. Esses recursos não terão efeito suspensivo, salvo os interpostos
das decisões sobre matéria de competência, das que julgarem extinta a ação penal,
ou decidirem pela concessão do livramento condicional.
Art. 517. Subirão, sempre, nos próprios autos, os recursos a que se referem as
letras, a, b, d, e, i, j, m, n e p do artigo anterior.
Prazo de interposição
Art. 518. Os recursos em sentido estrito serão interpostos no prazo de três dias,
contados da data da intimação da decisão, ou da sua publicação ou leitura em
pública audiência, na presença das partes ou seus procuradores, por meio de
requerimento em que se especificarão, se for o caso, as peças dos autos de que se
pretenda traslado para instruir o recurso.
Prazo para extração de traslado
Art. 519. Dentro em cinco dias, contados da vista dos autos, ou do dia em que,
extraído o traslado, dele tiver vista o recorrente, oferecerá este as razões do recurso,
sendo, em seguida, aberta vista ao recorrido, em igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado na pessoa de seu
defensor.
Reforma ou sustentação
Prorrogação de prazo
Art. 521. Não sendo possível ao escrivão extrair o traslado no prazo legal, poderá o
auditor prorrogá-lo até o dobro.
Art. 522. O recurso será remetido ao Tribunal dentro em cinco dias, contados da
sustentação da decisão.
Julgamento na instância
Art. 523. Distribuído o recurso, irão os autos com vista ao procurador-geral, pelo
prazo de oito dias, sendo, a seguir, conclusos ao relator que, no intervalo de duas
sessões, o colocará em pauta para o julgamento.
Decisão
Art. 524. Anunciado o julgamento, será feito o relatório, sendo facultado às partes
usar da palavra pelo prazo de dez minutos. Discutida a matéria, proferirá o Tribunal a
decisão final.
Admissibilidade da apelação
Art. 526. Cabe apelação:
Recolhimento à prisão
Art. 527. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se primário e de
bons antecedentes, reconhecidas tais circunstâncias na sentença condenatória.
(Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
Recurso sobrestado
Art. 528. Será sobrestado o recurso se, depois de haver apelado, fugir o réu da
prisão.
Interposição e prazo
Art. 529. A apelação será interposta por petição escrita, dentro do prazo de cinco
dias, contados da data da intimação da sentença ou da sua leitura em pública
audiência, na presença das partes ou seus procuradores.
Revelia e intimação
Razões. Prazo
Art. 531. Recebida a apelação, será aberta vista dos autos, sucessivamente, ao
apelante e ao apelado pelo prazo de dez dias, a cada um, para oferecimento de
razões.
§ 1º. Se houver assistente, poderá este arrazoar, no prazo de três dias, após o
Ministério Público.
§ 2º. Quando forem dois ou mais os apelantes, ou apelados, os prazos serão
comuns.
Art. 532. A apelação da sentença absolutória não obstará que o réu seja
imediatamente posto em liberdade, salvo se a acusação versar sobre crime a que a
lei comina pena de reclusão, no máximo, por tempo igual ou superior a vinte anos, e
não tiver sido unânime a sentença absolutória.
Art. 534. Findos os prazos para as razões, com ou sem elas, serão os autos
remetidos ao Superior Tribunal Militar, no prazo de cinco dias, ainda que haja mais
de um réu e não tenham sido, todos, julgados.
Distribuição da apelação
§ 1º. O recurso será posto em pauta pelo relator, depois de restituídos os autos
pelo revisor.
§ 2º. Anunciado o julgamento pelo presidente, fará o relator a exposição do feito e,
depois de ouvido o revisor, concederá o presidente, pelo prazo de vinte minutos, a
palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem, e ao procurador-geral.
§ 3º. Discutida a matéria pelo Tribunal, se não for ordenada alguma diligência,
proferirá ele sua decisão.
§ 4º. A decisão será tomada por maioria de votos; no caso de empate, prevalecerá
a decisão mais favorável ao réu.
§ 5º. Se o Tribunal anular o processo, mandará submeter o réu a novo julgamento,
reformados os termos invalidados.
Julgamento secreto
§ 6º. Será secreto o julgamento da apelação, quando o réu estiver solto.
Comunicação de condenação
Intimação
Cabimento e modalidade
Inadmissibilidade
Prazo
Art. 540. Os embargos serão oferecidos por petição dirigida ao presidente, dentro
do prazo de cinco dias, contados da data da intimação do acórdão.
§ 1º. Para os embargos será designado novo relator.
Dispensa de intimação
Infringentes e de nulidade
De declaração
Art. 542. Nos embargos de declaração indicará a parte os pontos em que entende
ser o acórdão ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
Parágrafo único. O requerimento será apresentado ao Tribunal pelo relator e
julgado na sessão seguinte à do seu recebimento.
Art. 545. Do despacho do relator que não receber os embargos terá ciência a
parte, que, dentro em três dias, poderá requerer serem os autos postos em mesa,
para confirmação ou reforma do despacho. Não terá voto o relator.
Art. 546. Recebidos os embargos, serão juntos, por termo, aos autos, e conclusos
ao relator.
Prazo para impugnação ou sustentação
Marcha do julgamento
Recolhimento à prisão
Art. 549. O réu condenado a pena privativa da liberdade não poderá opor
embargos infringentes ou de nulidade, sem se recolher à prisão, salvo se atendidos
os pressupostos do artigo 527. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
CAPÍTULO V
DA REVISÃO
Cabimento
Art. 550. Caberá revisão dos processos findos em que tenha havido erro quanto
aos fatos, sua apreciação, avaliação e enquadramento.
Casos de revisão
Não-exigência de prazo
Competência
Art. 554. A revisão será processada e julgada pelo Superior Tribunal Militar, nos
processos findos na Justiça Militar.
Processo de revisão
Vista ao procurador-geral
Julgamento
Efeitos do julgamento
Art. 558. Julgando procedente a revisão, poderá o Tribunal absolver o réu, alterar a
classificação do crime, modificar a pena ou anular o processo.
Proibição de agravamento da pena
Parágrafo único. Em hipótese alguma poderá ser agravada a pena imposta pela
sentença revista.
Efeitos da absolvição
Art. 560. À vista da certidão do acórdão que cassar ou modificar a decisão revista,
o auditor providenciará o seu inteiro cumprimento.
Art. 561. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa cuja condenação tiver de
ser revista, o presidente nomeará curador para a defesa.
Recurso. Inadmissibilidade
Art. 562. Não haverá recurso contra a decisão proferida em grau de revisão.
CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Cabimento do recurso
a) das sentenças proferidas pelo Superior Tribunal Militar, nos crimes contra a
segurança nacional ou as instituições militares, praticados por civil ou governador de
Estado e seus secretários;
Recurso ordinário
Art. 565. O recurso será interposto por petição dirigida ao relator, no prazo de três
dias, contados da intimação ou publicação do acórdão, em pública audiência, na
presença das partes.
Parágrafo único. Findo esse prazo, subirão os autos ao Supremo Tribunal Federal.
Normas complementares
Art. 569. Os autos subirão ao Supremo Tribunal Federal logo depois de lavrado o
termo de recurso, com os documentos que o recorrente juntar à sua petição, dentro
do prazo de quinze dias, contado da intimação do despacho, e com os
esclarecimentos que ao presidente do Superior Tribunal Militar ou ao procurador-
geral parecerem convenientes.
CAPÍTULO IX
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Competência
Art. 570. Caberá recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal das
decisões proferidas em última ou única instância pelo Superior Tribunal Militar, nos
casos previstos na Constituição.
Interposição
Art. 571. O recurso extraordinário será interposto dentro em dez dias, contados da
intimação da decisão recorrida ou da publicação das suas conclusões no órgão
oficial.
Art. 574. Findo o prazo estabelecido no artigo anterior, os autos serão conclusos
ao presidente do Tribunal, tenha ou não havido impugnação, para que decida, no
prazo de cinco dias, do cabimento do recurso.
Motivação
Parágrafo único. A decisão que admitir, ou não, o recurso, será sempre motivada.
Deserção
Subida do recurso
Efeito
Art. 579. Se o recurso extraordinário não for admitido, cabe agravo de instrumento
da decisão denegatória.
Normas complementares
Admissão da reclamação
Avocamento do processo
Sustentação do pedido
Art. 586. A reclamação, em qualquer dos casos previstos no artigo anterior, deverá
ser instruída com prova documental dos requisitos para a sua admissão.
Distribuição
§ 4º. Salvo quando por ele requerida, o procurador-geral será ouvido, no prazo de
três dias, sobre a reclamação.
Inclusão em pauta
Art. 587. A reclamação será incluída na pauta da primeira sessão do Tribunal que
se realizar após a devolução dos autos, pelo relator, à Secretaria.
Cumprimento imediato
LIVRO IV
DA EXECUÇÃO
TÍTULO I
DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Competência
Art. 588. A execução da sentença compete ao auditor da Auditoria por onde correu
o processo, ou, nos casos de competência originária do Superior Tribunal Militar, ao
seu presidente.
Tempo de prisão
Incidentes da execução
Art. 590. Todos os incidentes da execução serão decididos pelo auditor, ou pelo
presidente do Superior Tribunal Militar, se for o caso.
Comunicação
Carta de guia
Formalidades
Art. 595. A carta de guia, extraída pelo escrivão e assinada pelo auditor, que
rubricará todas as folhas, será remetida para a execução da sentença:
a) ao comandante ou autoridade correspondente da unidade ou estabelecimento
militar em que tenha de ser cumprida a pena, se esta não ultrapassar de dois anos,
imposta a militar ou assemelhado;
b) ao diretor da penitenciária em que tenha de ser cumprida a pena, quando
superior a dois anos, imposta a militar ou assemelhado ou a civil.
Conteúdo
Início do cumprimento
Art. 597. Expedida a carta de guia para o cumprimento da pena, se o réu estiver
cumprindo outra, só depois de terminada a execução desta será aquela executada.
Retificar-se-á a carta de guia sempre que sobrevenha modificação quanto ao início
ou ao tempo de duração da pena.
Conselho Penitenciário
Art. 600. O condenado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia
médica, será internado em manicômio judiciário ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado, onde lhe sejam assegurados tratamento e custódia.
Parágrafo único. No caso de urgência, o comandante ou autoridade
correspondente, ou o diretor do presídio, poderá determinar a remoção do
sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao auditor, que, tendo em
vista o laudo médico, ratificará ou revogará a medida.
Recaptura
Cumprimento da pena
Comunicação
Comunicação complementar
CAPÍTULO I
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
Pronunciamento
Co-autoria
Leitura da sentença
Art. 610. O auditor, em audiência previamente marcada, lerá ao réu a sentença que
concedeu a suspensão da pena, advertindo-o das conseqüências de nova infração
penal e da transgressão das obrigações impostas.
Art. 612. Se, intimado pessoalmente ou por edital, com o prazo de dez dias, não
comparecer o réu à audiência, a suspensão ficará sem efeito e será executada
imediatamente a pena, salvo prova de justo impedimento, caso em que será
marcada nova audiência.
Art. 613. A suspensão também ficará sem efeito se, em virtude de recurso
interposto pelo Ministério Público, for aumentada a pena, de modo que exclua a
concessão do benefício.
Revogação obrigatória
Extinção da pena
Averbação
Art. 616. A condenação será inscrita, com a nota de suspensão, em livro especial
do Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere, civil ou militar,
averbando-se, mediante comunicação do auditor ou do Tribunal, a revogação da
suspensão ou a extinção da pena. Em caso de revogação, será feita averbação
definitiva no Registro Geral.
§ 1º. O registro será secreto, salvo para efeito de informações requisitadas por
autoridade judiciária, em caso de novo processo.
§ 2º. Não se aplicará o disposto no § 1º quando houver sido imposta, ou resultar de
condenação, pena acessória consistente em interdição de direitos.
I - em tempo de guerra;
II - em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência
contra superior, oficial de serviço, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a
superior e desacato, de insubordinação, insubmissão ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos artigos 160, 161, 162, 235, 291 e parágrafo único,
nºs. I a IV, do Código Penal Militar.
CAPÍTULO II
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
Parágrafo único. O relatório será remetido, dentro em vinte dias, com o prontuário
do sentenciado. Na falta deste, o Conselho opinará livremente, comunicando à
autoridade competente a omissão do diretor da prisão.
Art. 622. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, não poderá ser
concedido o livramento, sem que se verifique, mediante exame das condições do
sentenciado, a cessação da periculosidade.
Exame mental no caso de medida de segurança detentiva
Indeferimento in limine
Art. 624. Na ausência de qualquer das condições previstas no artigo 618, será
liminarmente indeferido o pedido.
Art. 627. Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução,
será remetida cópia da sentença à autoridade judiciária do local para onde se
houver transferido, ou ao patronato oficial, ou órgão equivalente.
Vigilância da autoridade policial
Carta de guia
Art. 629. Concedido o livramento, será expedida carta de guia com a cópia de
sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor da prisão e a outra ao
Conselho Penitenciário, ou órgão equivalente.
Finalidade da vigilância
Art. 630. A vigilância dos órgãos dela incumbidos, exercer-se-á para o fim de:
Art. 631. Se por crime ou contravenção penal vier o liberado a ser condenado a
pena privativa da liberdade, por sentença irrecorrível, será revogado o livramento
condicional.
Art. 633. Se o livramento for revogado por motivo de infração penal anterior à sua
vigência, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto, sendo
permitida, para a concessão do novo livramento, a soma do tempo das duas penas.
Art. 634. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
mesma pena, novo livramento.
Extinção da pena
Cerimônia do livramento
Conteúdo da caderneta
Art. 642. Não se aplica o livramento condicional ao condenado por crime cometido
em tempo de guerra.
Casos especiais
TÍTULO III
DO INDULTO, DA COMUTAÇÃO DA PENA, DA ANISTIA E DA
REABILITAÇÃO
CAPÍTULO I
DO INDULTO, DA COMUTAÇÃO DA PENA E DA ANISTIA
Requerimento
Art. 643. O indulto e a comutação da pena são concedidos pelo presidente da
República e poderão ser requeridos pelo condenado ou, se não souber escrever,
por procurador ou pessoa a seu rogo.
Art. 648. Concedido o indulto ou comutada a pena, o juiz de ofício, ou por iniciativa
do interessado ou do Ministério Público, mandará juntar aos autos a cópia do
decreto, a cujos termos ajustará a execução da pena, para modificá-la, ou declarar a
extinção da punibilidade.
Recusa
Requerimentos e requisitos
Art. 651. A reabilitação poderá ser requerida ao Auditor da Auditoria por onde
correu o processo, após cinco anos contados do dia em que for extinta, de qualquer
modo, a pena principal ou terminar sua execução, ou do dia em que findar o prazo
de suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, desde que o
condenado tenha tido, durante aquele prazo, domicílio no País.
Parágrafo único. Os prazos para o pedido serão contados em dobro no caso de
criminoso habitual ou por tendência.
Instrução do requerimento
Ordenação de diligências
Art. 653.O auditor poderá ordenar as diligências necessárias para a apreciação
do pedido, cercando-as do sigilo possível e ouvindo, antes da decisão, o Ministério
Público.
Recurso de ofício
Revogação da reabilitação
TÍTULO IV
CAPÍTULO ÚNICO
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 659. Durante a execução da pena ou durante o tempo em que a ela se furtar o
condenado, poderá ser imposta medida de segurança, se não a houver decretado a
sentença, e fatos anteriores, não apreciados no julgamento, ou fatos subseqüentes,
demonstrarem a sua periculosidade.
Imposição da medida ao agente isento de pena, ou perigoso
Art. 660. Ainda depois de transitar em julgado a sentença absolutória, poderá ser
imposta medida de segurança, enquanto não decorrer tempo equivalente ao de sua
duração mínima, ao agente absolvido no caso do artigo 48 do Código Penal Militar,
ou a que a lei, por outro modo, presuma perigoso.
Art. 661. A aplicação da medida de segurança, nos casos previstos neste capítulo,
incumbirá ao juiz da execução e poderá ser decretada de ofício ou a requerimento
do Ministério Público.
Fatos indicativos de periculosidade
Diligências
Art. 662. Depois de proceder às diligências que julgar necessárias, o juiz ouvirá o
Ministério Público e o condenado, concedendo a cada um o prazo de três dias para
alegações.
§ 1º. Será dado defensor ao condenado que o requerer.
§ 2º. Se o condenado estiver foragido, o juiz ordenará as diligências que julgar
convenientes, ouvido o Ministério Público, que poderá apresentar provas dentro do
prazo que lhe for concedido.
§ 3º. Findos os prazos concedidos ao condenado e ao Ministério Público, o juiz
proferirá a sua decisão.
Tempo da internação
Art. 663. A internação, no caso previsto no artigo 112 do Código Penal Militar, é
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante
perícia médica, a cessação da periculosidade do internado.
Perícia médica
Art. 665. O juiz, no caso do artigo 661, ouvirá o curador já nomeado ou que venha a
nomear, podendo mandar submeter o paciente a novo exame mental, internando-o,
desde logo, em estabelecimento adequado.
Art. 666. O trabalho nos estabelecimentos referidos no artigo 113 do Código Penal
Militar será educativo e remunerado, de modo a assegurar ao internado meios de
subsistência, quando cessar a internação.
Exílio local
Parágrafo único. Para a execução dessa medida, o juiz comunicará sua decisão à
autoridade policial do lugar ou dos lugares onde o exilado está proibido de
permanecer ou residir.
Art. 672. A interdição prevista no artigo 115 do Código Penal Militar poderá ser
revogada antes de expirado o prazo estabelecido, se for averiguada a cessação do
perigo condicionante da sua aplicação; se, porém, o perigo persiste ao término do
prazo, será este prorrogado enquanto não cessar aquele.
Confisco
Art. 674. Aos militares ou assemelhados, que não hajam perdido essa qualidade,
somente são aplicáveis as medidas de segurança previstas nos casos dos artigos
112 e 115 do Código Penal Militar.
LIVRO V
TÍTULO ÚNICO
DA JUSTIÇA MILITAR EM TEMPO DE GUERRA
CAPÍTULO I
DO PROCESSO
Julgamento à revelia
Art. 678. O réu preso será requisitado, devendo ser processado e julgado à revelia,
independentemente de citação, se se ausentar sem permissão.
Instrução criminal
Art. 679. Na audiência de instrução criminal, que será iniciada vinte e quatro horas
após a citação, qualificação e interrogatório do acusado, proceder-se-á à inquirição
das testemunhas de acusação, pela forma prescrita neste Código.
§ 1º. Em seguida, serão ouvidas até duas testemunhas de defesa, se
apresentadas no ato.
§ 2º. As testemunhas de defesa que forem militares poderão ser requisitadas, se o
acusado o requerer, e for possível o seu comparecimento em juízo.
§ 3º. Será na presença do escrivão a vista dos autos às partes, para alegações
escritas.
Dispensa de comparecimento do réu
Questões preliminares
Rejeição da denúncia
Art. 682. Se o procurador não oferecer denúncia, ou se esta for rejeitada, os autos
serão remetidos ao Conselho Superior de Justiça Militar, que decidirá de forma
definitiva a respeito do oferecimento.
Julgamento de oficiais
Parágrafo único. Prestado o compromisso pelos juízes nomeados, serão lidas pelo
escrivão as peças essenciais do processo e, após os debates orais, que não
excederão o prazo fixado pelo artigo anterior, passará o Conselho a deliberar em
sessão secreta, devendo a sentença ser lavrada dentro do prazo de vinte e quatro
horas.
Art. 685. A nomeação dos juízes do Conselho constará dos autos do processo, por
certidão.
Parágrafo único. O procurador e o acusado, ou seu defensor, serão intimados da
sentença no mesmo dia em que esta for assinada.
Suprimento do extrato da fé de ofício ou dos assentamentos
Classificação do crime
Crimes de responsabilidade
Art. 691. Das decisões proferidas pelo Conselho Superior de Justiça, nos
processos de sua competência originária, somente caberá o recurso de embargos.
Art. 694. Das sentenças de primeira instância caberá recurso de apelação para o
Conselho Superior de Justiça Militar.
Parágrafo único. Não caberá recurso de decisões sobre questões incidentes, que
poderão, entretanto, ser renovadas na apelação.
Art. 695. A apelação será interposta dentro em vinte e quatro horas, a contar da
intimação da sentença ao procurador e ao defensor do réu, revel ou não.
Recurso de ofício
Razões do recurso
Art. 697. As razões do recurso serão apresentadas, com a petição, em cartório.
Conclusos os autos ao auditor, este os remeterá, incontinenti, à instância superior.
Art. 698. Os autos serão logo conclusos ao relator, que mandará abrir vista ao
representante do Ministério Público, a fim de apresentar parecer, dentro em vinte e
quatro horas.
Art. 700. Anunciado o julgamento pelo presidente, o relator fará a exposição dos
fatos.
Alegações orais
Não-cabimento de embargos
Efeitos da apelação
Casos de embargos
CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS RELATIVAS À JUSTIÇA MILITAR EM TEMPO DE
GUERRA
Art. 707. O militar que tiver de ser fuzilado sairá da prisão com uniforme comum e
sem insígnias, e terá os olhos vendados, salvo se o recusar, no momento em que
tiver de receber as descargas. As vozes de fogo serão substituídas por sinais.
§ 1º. O civil ou assemelhado será executado nas mesmas condições, devendo
deixar a prisão decentemente vestido.
Socorro espiritual
Lavratura de ata
Obs.: Esta lei está revogada parcialmente, salvo quanto a matéria penal não tratada na Lei nº
9.472, de 16/07/97 e quanto aos preceitos relativos à radiodifusão.
Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
CAPÍTULO I
Introdução
Art. 2º Os atos internacionais de natureza normativa, qualquer que seja a denominação adotada,
serão considerados tratados ou convenções e só entrarão em vigor a partir de sua aprovação
pelo Congresso Nacional.
Parágrafo único. O Poder Executivo enviará ao Congresso Nacional no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias, a contar da data da assinatura, os atos normativos sôbre telecomunicações,
anexando-lhes os respectivos regulamentos, devidamente traduzidos.
CAPÍTULO II
Das Definições
§ 1º Os têrmos não definidos nesta lei têm o significado estabelecido nos atos internacionais
a) serviço interior, estabelecido entre estações brasileiras, fixas ou móveis, dentro dos limites da
jurisdição territorial da União;
b) serviço público restrito, facultado ao uso dos passageiros dos navios, aeronaves, veículos em
movimento ou ao uso do público em localidades ainda não atendidas por serviço público de
telecomunicação;
c) serviço limitado, executado por estações não abertas à correspondência pública e destinado
ao uso de pessoas físicas ou jurídicas nacionais. Constituem serviço limitado entre outros:
d) serviço de radiodifusão, destinado a ser recebido direta e livremente pelo público em geral,
compreendendo radiodifusão sonora e televisão;
§ 1º O Sistema Nacional de Telecomunicações será integrado por troncos e rêdes a êles ligados.
§ 1º Circuitos portadores comuns são aquêles que realizam o transporte integrado de diversas
modalidades de telecomunicações.
§ 3º Entendem-se por urbanas as rêdes telefônicas situadas dentro dos limites de um município
ou do Distrito Federal, e por interurbanas as intermunicipais dentro dos limites de um Estado ou
Território.
§ 1º Na discriminação a que se refere este artigo serão incluídas, na medida das possibilidades e
conveniências entre os centros principais de telecomunicação, a Capital da República e as
Capitais de todos os Estados e Territórios.
CAPÍTULO III
Da competência da União
Art. 12. As concessões feitas na faixa de 150 (cento e cinqüenta) quilômetros estabelecida na Lei
n. 2.597, de 12 de setembro de 1955 obedecerão às normas fixadas na referida lei,
observando-se iguais restrições relativamente aos serviços explorados pela União.
Art. 13. Dentro dos seus limites respectivos, os Estados e Municípios poderão organizar, regular
e executar serviços de telefones, diretamente ou mediante concessão, obedecidas as normas
gerais fixadas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações.
CAPÍTULO IV
c) de 1 (um) membro indicado pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas;
f) do diretor da emprêsa pública que terá a seu cargo a exploração dos troncos do Sistema
Nacional de Telecomunicações e serviços correlatos, o qual pode ser representado por pessoa
escolhida entre os membros de seu Gabinete ou Diretores da emprêsa;
§ 1º Se os três partidos a que se refere a alínea "e" estiveram todos apoiando o Govêrno, o
partido de menor representação será substituído pelo maior partido de oposição, com
representação na Câmara dos Deputados.
§ 2º Os representantes dos partidos políticos de que trata este artigo serão indicados até 30
(trinta) dias após o início de cada legislatura.
Art. 16. O mandato dos membros do Conselho mencionado nas alíneas b, c, d, e e terá a
duração de 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Será de dois anos apenas o primeiro mandato dos membros indicados nas
alíneas b e ... observado o disposto no § 2º do artigo anterior.
Art. 17. Em caso de vaga, o membro que fôr nomeado em substituição, exercerá o mandato até o
fim do período que caberia ao substituído.
Art. 18. O membro do Conselho que faltar, sem motivo justo, a 3 (três) reuniões consecutivas,
perderá automàticamente o cargo.
§ 2º Serão nulas as deliberações de que participar, com voto decisivo, membro que tenha
incorrido nas sanções dêste artigo, incidindo o presidente, que houver admitido êsse voto, em
perda imediata de seu cargo.
Art. 19. O presidente será substituído, em seus impedimentos, pelo vice-presidente eleito pelo
Conselho dentre seus membros.
Art. 23. Nenhum membro do Conselho ou servidor, que, no mesmo tenha exercício, poderá fazer
parte de qualquer emprêsa, companhia, sociedade ou firma, que tenha por objetivo comercial a
telecomunicação como diretor, técnico, consultor, advogado, perito, acionista, cotista,
debenturista, sócio ou assalariado, nem tão pouco ter qualquer interêsse direto ou indireto na
manufatura ou venda de matéria aplicável a telecomunicação.
§ 2º Caberá ao Conselho tomar conhecimento das denúncias feitas nesse sentido e, quando por
dois têrços de seus votos, entender comprovadas as acusações, encaminhar ao Presidente da
República o pedido de nomeação do substitutivo.
I - Divisão de Engenharia
II - Divisão Jurídica
IV - Divisão de Estatística
V - Divisão de Fiscalização
VI - Delegacias Regionais.
Art. 26. O território nacional fica dividido em oito Distritos, a cada um dos quais corresponderá
uma Delegacia Regional, com sede, respectivamente em
Brasília (DF)
Belém (PA)
Recife (PE)
Salvador (BA)
Art. 27. São criados, no Conselho, os cargos de provimento em comissão constantes da tabela
anexa.
Art. 28. Os membros do Conselho, o seu presidente, o diretor geral os diretores de divisão e os
delegados regionais serão cidadãos brasileiros de reputação ilibada e notórios conhecimentos de
assuntos ligados aos diversos ramos das telecomunicações.
c) elaborar o plano nacional de telecomunicações e proceder à sua revisão, pelo menos, de cinco
em cinco anos, para a devida aprovação pelo Congresso Nacional;
l) estudar os temas a serem debatidos pelas delegações brasileiras, nas conferências e reuniões
internacionais de telecomunicações, sugerindo e propondo diretrizes;
o) estabelecer normas técnicas dentro das leis e regulamentos em vigor, visando à eficiência e
integração dos serviços no sistema nacional de telecomunicações;
p) propor ao Presidente da República o valor das taxas a serem pagas pela execução dos
serviços concedidos, autorizados ou permitidos, e destinadas ao custeio do serviço de
fiscalização;
u) fiscalizar a execução dos convênios firmados pelo Govêrno brasileiro com outros países;
z) estabelecer normas, fixar critérios e taxas para redistribuição de tarifa nos casos de tráfego
mútuo entre as emprêsas de telecomunicações de todo o País;
ad) aplicar as penas de multa e suspensão à estação de radiodifusão que transmitir ou utilizar,
total ou parcialmente, as emissões de estações congêneres sem prévia autorização;
af) fiscalizar o cumprimento, por parte das emissôras de radiodifusão, das finalidades e
obrigações de programação, definidas no art. 38;
ai) opinar sôbre a aplicação da pena de cassação ou de suspensão, quando fundada em motivos
de ordem técnica;
al) opinar sôbre os atos internacionais de natureza administrativa, antes de sua aprovação pelo
Presidente da República (artigo 3º);
CAPÍTULO V
Art. 33. Os serviços de telecomunicações, não executados diretamente pela União, poderão ser
explorados por concessão, autorização ou permissão, observadas as disposições da presente
lei.
§ 2º Terão preferência para a concessão as pessoas jurídicas de direito público interno, inclusive
universidades.
Art. 35. As concessões e autorizações não têm caráter de exclusividade, e se restringem, quando
envolvem a utilização de radiofreqüência, ao respectivo uso sem limitação do direito, que assiste
à União, de executar, diretamente, serviço idêntico.
Art. 36. O funcionamento das estações de telecomunicações fica subordinado a prévia licença,
de que constarão as respectivas características, e que só será expedida depois de verificada a
observância de tôdas as exigências legais.
§ 1º A vistoria, para as estações de radiodifusão, após o atendimento das condições legais a que
se refere êste artigo e do registro do contrato de concessão pelo Tribunal de Contas, deverá ser
procedida dentro de 30 (trinta) dias após a data da entrada do pedido de vistoria, e, aprovada
esta, o fornecimento da licença para funcionamento não poderá ser retardado por mais de 30
(trinta) dias.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica às rêdes por fio do Departamento dos Correios e
Telégrafos e das estradas de ferro, cumprindo-lhes, todavia, comunicar ao Conselho Nacional de
Telecomunicações a data da inauguração e as características da estação, para inscrição no
cadastro e ulterior verificação.
Art. 38. Nas concessões e autorizações para a execução de serviços de radiodifusão serão
observados, além de outros requisitos, os seguintes preceitos e cláusulas:
f) as emprêsas, não só através da seleção de seu pessoal, mas também das normas de trabalho
observadas nas estações emissôras devem criar as condições mais eficazes para que se evite a
prática de qualquer das infrações previstas na presente lei;
Parágrafo único. Não poderá exercer a função de diretor ou gerente de emprêsa concessionária
de rádio ou televisão quem esteja no gôzo de imunidade parlamentar ou de fôro especial.
Art. 39. As estações de radiodifusão, nos 90 (noventa) dias anteriores às eleições gerais do País
ou da circunscrição eleitoral, onde tiverem sede, reservarão diàriamente 2 (duas) horas à
propaganda partidária gratuita, sendo uma delas durante o dia e outra entre 20 (vinte) e 23 (vinte
e três) horas e destinadas, sob critério de rigorosa rotatividade, aos diferentes partidos e com
proporcionalidade no tempo de acôrdo com as respectivas legendas no Congresso Nacional e
Assembléias Legislativas.
§ 1º Para efeito dêste artigo a distribuição dos horários a serem utilizados pelos diversos partidos
será fixada pela Justiça Eleitoral, ouvidos os representantes das direções partidárias.
§ 3º O horário não utilizado por qualquer partido será redistribuído pelos demais, não sendo
permitida cessão ou transferência.
Art. 41. As estações de rádio e de televisão não poderão cobrar, na publicidade política, preços
superiores aos em vigor, nos 6 (seis) meses anteriores, para a publicidade comum.
Art. 42. É o Poder Executivo autorizado a constituir uma entidade autônoma, sob a forma de
emprêsa pública, de cujo capital participem exclusivamente pessoas jurídicas de direito público
interno, bancos e emprêsas governamentais, com o fim de explorar industrialmente serviços de
telecomunicações postos, nos têrmos da presente lei, sob o regime de exploração direta da
União.
§ 1º A entidade a que se refere êste artigo ampliará progressivamente seus encargos, de acôrdo
com as diretrizes elaboradas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações, mediante:
§ 2º O Presidente da República nomeará uma comissão para organizar a nova entidade e a ela
incorporar os bens móveis e imóveis pertencentes à União, atualmente sob a administração do
b) dos recursos do Fundo Nacional de Telecomunicações criado no art. 51 desta lei, cuja
aplicação obedecerá ao Plano Nacional de Telecomunicações elaborado pelo Conselho Nacional
de Telecomunicações e aprovado por decreto do Presidente da República;
§ 6º A arrecadação das taxas de outras fontes de receita será efetuada diretamente pela
entidade ou mediante convênios e acôrdos com órgãos do Poder Público.
Art. 43. As tarifas devidas pela utilização dos serviços de telecomunicações prestados pela
entidade serão fixadas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações de forma a remunerar
sempre os custos totais dos serviços, as amortizações do capital investido e a formação dos
fundos necessários à conservação, reposição, modernização dos equipamentos e ampliações
dos serviços.
Art. 44. É vedada a concessão ou autorização do serviço de radiodifusão a sociedades por ações
ao portador, ou a emprêsas que não sejam constituídas exclusivamente dos brasileiros a que se
referem as alíneas I e II do art. 129 da Constituição Federal.
Art. 46. Os Estados e Territórios Federais poderão obter permissão para o serviço telegráfico
interior limitado, sob sua direta administração e responsabilidade, dentro dos respectivos limites
e destinado exclusivamente a comunicações oficiais.
Art. 47. Nenhuma estação de radiodifusão, de propriedade da União, dos Estados, Territórios ou
Municípios ou nas quais possuam essas pessoas de direito público maioria de cotas ou ações,
poderá ser utilizada para fazer propaganda política ou difundir opiniões favoráveis ou contrárias a
qualquer partido político, seus órgãos, representantes ou candidatos, ressalvado o disposto na
legislação eleitoral.
Art. 48. Nenhuma estação de radiodifusão poderá transmitir ou utilizar, total ou parcialmente, as
emissões de estações congêneres, nacionais ou estrangeiras, sem estar por estas prèviamente
autorizada. Durante a irradiação, a estação dará a conhecer que se trata de retransmissão ou
aproveitamento de transmissão alheia, declarando, além do próprio indicativo e localização, os
da estação de origem.
Art. 49. A qualquer particular pode ser dada, pelo Conselho Nacional de Telecomunicações
permissão para executar serviço limitado, para uso privado, entre duas localidades ou em uma
Parágrafo único. Só será permitido o telex internacional desde que os serviços para o Brasil
sejam executados através da Rêde Nacional de Telecomunicações e assegurado o recolhimento,
pelo permissionário, das taxas terminais brasileiras e das de execução do trabalho pela União.
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
Art. 52. A liberdade de radiodifusão não exclui a punição dos que praticarem abusos no seu
exercício.
j) veicular notícias falsas, com perigo para a ordem pública, econômica e social;
Parágrafo único. Se a divulgação das notícias falsas houver resultado de êrro de informação e
fôr objeto de desmentido imediato, a nenhuma penalidade ficará sujeita a concessionária ou
permissionária.
Art. 54. São livres as críticas e os conceitos desfavoráreis, ainda que veementes, bem como a
narrativa de fatos verdadeiros, guardadas as restrições estabelecidas em lei, inclusive de atos
de qualquer dos podêres do Estado.
Art. 56. Pratica crime de violação de telecomunicação quem, transgredindo lei ou regulamento,
exiba autógrafo ou qualquer documento do arquivo, divulgue ou comunique, informe ou capte,
transmita a outrem ou utilize o conteúdo, resumo, significado, interpretação, indicação ou efeito
de qualquer comunicação dirigida a terceiro.
Parágrafo único. Não estão compreendidas nas proibições contidas nesta lei as
radiocomunicações destinadas a ser livremente recebidas, as de amadores, as relativas a navios
e aeronaves em perigo, ou as transmitidas nos casos de calamidade pública.
Art. 58. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 58. Nos crimes de violação da telecomunicação, a que se referem esta Lei e o
artigo 151 do Código Penal, caberão, ainda as seguintes penas:
II - Para as pessoas:
Art. 59. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
c) cassação;
d) detenção;
Art. 60. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 61. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 61. A pena será imposta de acordo com a infração cometida, considerados os
seguintes fatores:
a) gravidade da falta;
c) reincidência específica.
a) multa;
b) suspensão;
c) cassação;
d) detenção.
Art. 62. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 62. A pena de multa poderá ser aplicada por infração de qualquer dispositivo
legal ou quando a concessionária ou permissionária não houver cumprido, dentro
do prazo estipulado, exigência que tenha sido feita pelo CONTEL.
Art. 63. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 63. A pena de suspensão poderá ser aplicada nos seguintes casos:
Parágrafo único. No caso das letras d, e e f deste artigo poderá ser determinada a
interrupção do serviço pelo agente fiscalizador, "ad-referedum" do CONTEL.
Art. 64. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 64. A pena de cassação poderá ser imposta nos seguintes casos:
Art. 65. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Texto original: A pena de multa poderá ser aplicada isolada ou conjuntamente com
outras sanções especiais estatuídas nesta lei.
Art. 66. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
c) Ministros de Estado;
II - Nos Estados:
b) Prefeito Municipal.
Art. 67. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Texto original: O infrator multado poderá dentro de 5 (cinco) dias e com efeito
suspensivo, recorrer ao Presidente da República, que lhe dará ou negará
provimento podendo, ainda, reduzir o valor da multa.
Art. 68. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
c) Ministro de Estado;
II - Nos Estados:
b) Prefeito Municipal.
Art. 69. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Texto original: Assim que receber representação das autoridades referidas no art.
68, inciso I, letras a e b, incontinenti o Ministro da Justiça notificará a
concessionária ou permissionária, para que:
a) não reincida na transmissão objeto da representação, até que esta seja decidida
pelo Ministro da Justiça;
Parágrafo único. Quando a representação fôr das autoridades referidas no art. 68,
inciso I, letras c, d, e e f, inciso II, letras a, b, c, d, e e, inciso III letras a e b o
Ministro da Justiça verificará in limine, sua procedência, a fim de notificar ou não a
concessionária ou permissionária.
Art. 70. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 70. Constitui crime punível com a pena de detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos,
aumentada da metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização de
telecomunicações, sem observância do disposto nesta Lei e nos regulamentos.
Art. 71. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Art. 71. Toda irradiação será gravada e mantida em arquivo durante as 24 horas
subsequentes ao encerramento dos trabalhos diários de emissora.
transmitidos.
Art. 72. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:
Parágrafo único. No caso da letra e dêste artigo, a suspensão poderá ser aplicada
pelo agente fiscalizador, ad referendum do Conselho Nacional de
Telecomunicações.
Texto original: Da suspensão aplicada nos têrmos do artigo anterior cabe recurso
no prazo de 3 (três) dias, ao Presidente da República, com efeito suspensivo salvo
o caso da alínea "c".
Texto original: A perda de cassação será imposta pelo Ministro da Justiça dentro de
30 (trinta) dias e mediante representação do Conselho Nacional de
Telecomunicações, nos seguintes casos:
Texto original: Constitui crime púnível com a pena de detenção de 1 ( um) a 2 (dois)
anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização
de telecomunicações, sem observância do disposto nesta lei e nos regulamentos.
§ 2º Sob pena de decadência a ação deve ser proposta dentro de 30 (trinta) dias, a
contar da data da transmissão caluniosa, difamatória ou injuriosa.
Texto original: A prescrição da ação penal nas infrações definidas nesta lei e na Lei
n. 2.083, de 12 de novembro de 1953, ocorrerá 2 (dois) anos após a data da
transmissão ou publicação incriminadas, e a da condenação no dôbro do prazo em
que fôr fixada.
e quatro) horas depois que o ofendido lhe provar o ingresso em juízo do pedido de
resposta.
Texto original: O direito de resposta poderá ser exercido pelo próprio ofendido, seu
bastante procurador ou representante legal.
Parágrafo único. Nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, o juiz proferirá sua
decisão, tenha o responsável atendido, ou não, à intimação para que se
defendesse, dela devendo também constar:
Texto original: Da decisão proferida pelo juiz, caberá apelação no efeito devolutivo,
com ação executiva para reaver o preço pago pela transmissão da resposta.
CAPÍTULO VIII
Art. 101. Os critérios para determinação da tarifa dos serviços de telecomunicações, excluídas as
referentes à Radiodifusão, serão fixados pelo Conselho Nacional de Telecomunicações de modo
a permitirem:
§ 1º As tarifas dos serviços internacionais obedecerão aos mesmos princípios dêste artigo,
observando-se o que estiver ou vier a ser estabelecido em acordos e convenções a que o Brasil
esteja obrigado.
§ 2º Nenhuma tarifa entrará em vigor sem prévia aprovação pelo Conselho Nacional de
Telecomunicações.
Art. 102. A parte da tarifa que se destinar a melhoramentos e expansão dos serviços de
telecomunicações, de que trata o art. 101, letra c, será escriturada em rubrica especial na
contabilidade da emprêsa.
Art. 103. Não poderão ser incluídos na composição do custo do serviço, para efeito da revisão ou
fixação tarifária:
b) assistência técnica devida a emprêsas que pertençam a holding, de que faça parte também a
concessionária ou permissionária;
d) despesa com peritos da parte, sempre que no quadro da emprêsa figurem pessoas habilitadas
para a perícia em questão;
f) despesas não cobradas com serviços de qualquer natureza que a lei não haja tornado
gratuitos, ou que não tenham sido dispensados de pagamento em resolução do Conselho
Nacional de Telecomunicações, publicada no Diário Oficial.
Art. 104. Será adotada tarifa especial para os programas educativos dos Estados, Municípios e
Distrito Federal, assim como para as instituições privadas de ensino e de cultura.
Art. 105. Na ocorrência de novas modalidades do serviço, poderá o Govêrno até que a lei
disponha a respeito, adotar taxas e tarifas provisórias, calculadas na base das que são cobradas
em serviço análogo ou fixadas para a espécie em regulamento internacional.
Art. 106. A tarifa do serviço telegráfico público interior será constituída de uma taxa fixa por grupo
de palavras ou fração, e de taxa de percurso por palavra. A tarifa dos serviços telefônicos, de
foto-telegramas, de telex e outros congêneres, terá por base a ocupação do circuito e a distância
entre as estações.
Art. 107. No serviço telegráfico público internacional a União terá direito às taxas de terminal e de
trânsito brasileiras.
Art. 108. Em relação à que for cobrada pela União em serviço interior idêntico, a tarifa dos
concessionários e permissionários, deverá ser:
Art. 109. No serviço público telegráfico interior em tráfego mútuo entre rêdes da União e de
estradas de ferro, a prórateação das taxas obedecerá ao que fôr estipulado pelo Conselho
Nacional de Telecomunicações.
Art. 110. Nos serviços de telegramas e radiocomunicações de múltiplos destinos será cobrada a
tarifa que vigorar para a imprensa.
Art. 111. A tarifa dos radiotelegramas internacionais será estabelecida segundo os respectivos
regulamentos, considerando-se, porém, serviço público interior para êsse efeito os
radiotelegramas diretamente permutados entre as estações brasileiras fixas ou móveis e as
estações brasileiras móveis que se acharem fora da jurisdição territorial do Brasil.
Art. 112. As disposições sôbre tarifas sòmente têm aplicação nos casos de serviços
remunerados.
Parágrafo único. O orçamento consignará anualmente dotação suficiente para cobertura das
despesas correspondentes às taxas postais-telegráficas resultantes dos serviços dos órgãos dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Art. 113. Os concessionários e permissionários não poderão cobrar tarifas diferentes das que
para os mesmos destinos no exterior e pela mesma via, estejam em vigor nas estações do
Departamento de Correios e Telégrafos.
Art. 115. São anistiadas as dívidas pelo não pagamento de taxa de registro de aparelhos
receptores de radiodifusão, devendo o Poder Executivo providenciar o imediato cancelamento
dessas dívidas, inclusive as já inscritas e ajuizadas.
Art. 119. Até que seja aprovado o seu Quadro de Pessoal os serviços a cargo do Conselho
Nacional de Telecomunicações serão executados por servidores públicos civis e militares,
requisitados na forma da legislação em vigor.
Art. 120. Após a sua instalação, o Conselho Nacional de Telecomunicações proporá, dentro de
90 (noventa) dias, a organização dos quadros de seus serviços e órgãos.
Art. 121. O Conselho Nacional de Telecomunicações procederá à revisão dos contratos das
emprêsas de telecomunicações que funcionam no país, observando:
Art. 122. É o Departamento dos Correios e Telégrafos dispensado de no último dia do ano,
recolher a conta de "restos a pagar", as importâncias empenhadas na aquisição de material ou
na contratação ou ajuste de serviços de terceiros, não entregues ou não concluídos antes
daquela data.
§ 3º 30 (trinta) dias após a data limite e não tendo o Departamento dos Correios e Telégrafos
liberado a conta, o Banco do Brasil recolherá o depósito à conta de "restos a pagar" da União.
Art. 126. Enquanto não houver serviços telefônicos entre Brasília e as demais regiões do país,
em condições de atender aos membros do Congresso Nacional em assuntos relacionados com o
exercício de seus mandatos, o Conselho Nacional de Telecomunicações deverá reservar
freqüências para serem utilizadas por estações transmissoras e receptoras particulares, com
aquêle objetivo, observados os preceitos legais e regulamentares que disciplinam a matéria.
Art. 127. É o Poder Executivo autorizado a abrir, no Ministério da Fazenda, o crédito especial de
Cr$30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros) destinado a atender, no corrente exercício, às
despesas de qualquer natureza com a instalação e funcionamento do Conselho Nacional de
Telecomunicações.
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 128. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação e deverá ser regulamentada, por ato
do Poder Executivo, dentro de 90 (noventa) dias.
JOÃO GOULART
Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos
Referência Legislativa
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em
faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989)
3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200
(duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos)
a 600 (seiscentos) metros de largura; (Número acrescentado pela Lei nº 7.511,
de 7.7.1986 e alterado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior
a 600 (seiscentos) metros; (Número acrescentado pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986
e alterado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de
largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha
de maior declive;
Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do
Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:
b) a fixar as dunas;
b) as medidas com o fim de prevenir ou erradicar pragas e doenças que afetem a vegetação
florestal;
Texto original: O proprietário da floresta não preservada, nos termos desta Lei,
poderá gravá-la com perpetuidade, desde que verificada a existência de interesse
público pela autoridade florestal. O vínculo constará de termo assinado perante a
autoridade florestal e será averbado à margem da inscrição no Registro Público.
Art. 7° Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante ato do Poder Público, por
motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes.
Art. 9º As florestas de propriedade particular, enquanto indivisas com outras, sujeitas a regime
especial, ficam subordinadas às disposições que vigorarem para estas.
Art. 10. Não é permitida a derrubada de florestas, situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45
graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização racional, que
vise a rendimentos permanentes.
Art. 11. O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivo,
que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios, nas florestas e demais formas
de vegetação marginal.
Art. 12. Nas florestas plantadas, não consideradas de preservação permanente, é livre a
extração de lenha e demais produtos florestais ou a fabricação de carvão. Nas demais florestas
dependerá de norma estabelecida em ato do Poder Federal ou Estadual, em obediência a
Art. 13. O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de licença da autoridade
competente.
Art. 14. Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas, o Poder Público
Federal ou Estadual poderá:
b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais consideradas em via de extinção, delimitando
as áreas compreendidas no ato, fazendo depender, nessas áreas, de licença prévia o corte de
outras espécies;
Art. 15. Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas primitivas da bacia
amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a planos técnicos de condução e
manejo a serem estabelecidos por ato do Poder Público, a ser baixado dentro do prazo de um
ano.
Art. 16. As florestas de domínio privado, não sujeitas ao regime de utilização limitada e
ressalvadas as de preservação permanente, previstas nos artigos 2° e 3° desta lei, são
suscetíveis de exploração, obedecidas as seguintes restrições:
a) nas regiões Leste Meridional, Sul e Centro-Oeste, esta na parte sul, as derrubadas de
florestas nativas, primitivas ou regeneradas, só serão permitidas, desde que seja, em qualquer
caso, respeitado o limite mínimo de 20% da área de cada propriedade com cobertura arbórea
localizada, a critério da autoridade competente;
b) nas regiões citadas na letra anterior, nas áreas já desbravadas e previamente delimitadas pela
autoridade competente, ficam proibidas as derrubadas de florestas primitivas, quando feitas para
ocupação do solo com cultura e pastagens, permitindo-se, nesses casos, apenas a extração de
árvores para produção de madeira. Nas áreas ainda incultas, sujeitas a formas de
desbravamento, as derrubadas de florestas primitivas, nos trabalhos de instalação de novas
propriedades agrícolas, só serão toleradas até o máximo de 30% da área da propriedade;
c) na região Sul as áreas atualmente revestidas de formações florestais em que ocorre o pinheiro
brasileiro, "Araucaria angustifolia" (Bert - O. Ktze), não poderão ser desflorestadas de forma a
provocar a eliminação permanente das florestas, tolerando-se, somente a exploração racional
destas, observadas as prescrições ditadas pela técnica, com a garantia de permanência dos
maciços em boas condições de desenvolvimento e produção;
d) nas regiões Nordeste e Leste Setentrional, inclusive nos Estados do Maranhão e Piauí, o corte
de árvores e a exploração de florestas só será permitida com observância de normas técnicas a
serem estabelecidas por ato do Poder Público, na forma do art. 15.
§ 2º A reserva legal, assim entendida a área de , no mínimo, 20% (vinte por cento)
de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à
margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente,
sendo vedada, a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a
§ 3º Aplica-se às áreas de cerrado a reserva legal de 20% (vinte por cento) para
todos os efeitos legais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)
Art. 17. Nos loteamentos de propriedades rurais, a área destinada a completar o limite percentual
fixado na letra a do artigo antecedente, poderá ser agrupada numa só porção em condomínio
entre os adquirentes.
Art. 18. Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou o
reflorestamento de preservação permanente, o Poder Público Federal poderá fazê-lo sem
desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.
§ 1° Se tais áreas estiverem sendo utilizadas com culturas, de seu valor deverá ser indenizado o
proprietário.
§ 2º As áreas assim utilizadas pelo Poder Público Federal ficam isentas de tributação.
Art. 20. As empresas industriais que, por sua natureza, consumirem grande quantidades de
matéria prima florestal serão obrigadas a manter, dentro de um raio em que a exploração e o
transporte sejam julgados econômicos, um serviço organizado, que assegure o plantio de novas
áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, cuja produção sob exploração racional,
seja equivalente ao consumido para o seu abastecimento.
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas
neste Código, obriga os infratores ao pagamento de uma multa equivalente a 10% (dez por
cento) do valor comercial da matéria-prima florestal nativa consumida além da produção da qual
participe.
Art. 21. As empresas siderúrgicas, de transporte e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou
outra matéria prima florestal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração racional
ou a formar, diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais participem, florestas
destinadas ao seu suprimento.
Parágrafo único. A autoridade competente fixará para cada empresa o prazo que lhe é facultado
para atender ao disposto neste artigo, dentro dos limites de 5 a 10 anos.
Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único do art. 2º
desta Lei, a fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União
supletivamente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)
Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestas pelos serviços especializados não excluem a ação
da autoridade policial por iniciativa própria.
Art. 24. Os funcionários florestais, no exercício de suas funções, são equiparados aos agentes de
segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.
Art. 25. Em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos ordinários,
compete não só ao funcionário florestal, como a qualquer outra autoridade pública, requisitar os
meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio.
Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples
ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou ambas
as penas cumulativamente:
d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas
Biológicas;
e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as
precauções adequadas;
f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação;
h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a
exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente e sem munir-se da via
que deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento;
j) deixar de restituir à autoridade, licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao
consumidor dos produtos procedentes de florestas;
l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça
a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas;
m) soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade
não penetre em florestas sujeitas a regime especial;
p) (Vetado).
Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.
Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos
sobre contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades
neles cominadas.
a) diretos;
Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas neste Código as regras gerais do Código Penal e
da Lei de Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso.
Art. 31. São circunstâncias que agravam a pena, além das previstas no Código Penal e na Lei de
Contravenções Penais:
Art. 32. A ação penal independe de queixa, mesmo em se tratando de lesão em propriedade
privada, quando os bens atingidos são florestas e demais formas de vegetação, instrumentos de
trabalho, documentos e atos relacionados com a proteção florestal disciplinada nesta Lei.
Art. 33. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,
lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou
contravenções, previstos nesta Lei, ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e demais
formas de vegetação, instrumentos de trabalho, documentos e produtos procedentes das
mesmas:
Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades, o Juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmou a competência.
Art. 34. As autoridades referidas no item b do artigo anterior, ratificada a denúncia pelo Ministério
Público, terão ainda competência igual à deste, na qualidade de assistente, perante a Justiça
comum, nos feitos de que trata esta Lei.
puderem acompanhar o inquérito, por seu volume e natureza, serão entregues ao depositário
público local, se houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo Juiz, para ulterior devolução ao
prejudicado. Se pertencerem ao agente ativo da infração, serão vendidos em hasta pública.
Art. 36. O processo das contravenções obedecerá ao rito sumário da Lei n. 1.508 de l9 de
dezembro de 1951, no que couber.
Art. 37. Não serão transcritos ou averbados no Registro Geral de Imóveis os atos de transmissão
"inter-vivos" ou "causa mortis", bem como a constituição de ônus reais, sôbre imóveis da zona
rural, sem a apresentação de certidão negativa de dívidas referentes a multas previstas nesta Lei
ou nas leis estaduais supletivas, por decisão transitada em julgado.
Texto original: Ficam isentas do imposto territorial rural as áreas com florestas sob
regime de preservação permanente e as áreas com florestas plantadas para fins de
exploração madeireira.
Parágrafo único. Ao Conselho Monetário Nacional, dentro de suas atribuições legais, como órgão
disciplinador do crédito e das operações creditícias em todas suas modalidades e formas, cabe
estabelecer as normas para os financiamentos florestais, com juros e prazos compatíveis,
relacionados com os planos de florestamento e reflorestamento aprovados pelo Conselho
Florestal Federal.
Art. 42. Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a
adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos de educação florestal,
previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o órgão florestal
competente.
Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas para as diversas regiões do País, do
Decreto Federal. Será a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e estabelecimentos
públicos ou subvencionados, através de programas objetivos em que se ressalte o valor das
florestas, face aos seus produtos e utilidades, bem como sobre a forma correta de conduzí-las e
perpetuá-las.
Parágrafo único. Para a Semana Florestal serão programadas reuniões, conferências, jornadas
de reflorestamento e outras solenidades e festividades com o objetivo de identificar as florestas
como recurso natural renovável, de elevado valor social e econômico.
Art. 44. Na região Norte e na parte Norte da região Centro-Oeste enquanto não for estabelecido
o decreto de que trata o artigo 15, a exploração a corte razo só é permissível desde que
permaneça com cobertura arbórea, pelo menos 50% da área de cada propriedade.
Parágrafo único. A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento), de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso,
deverá ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de
imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)
Art. 45. Ficam obrigados ao registo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA os estabelecimentos comerciais
responsáveis pela comercialização de moto-serras, bem como aqueles que
adquirirem este equipamento. (Artigo acrescentado pela Lei nº 7.803, de
18.7.1989)
Art. 47. O Poder Executivo promoverá, no prazo de 180 dias, a revisão de todos os
contratos, convênios, acordos e concessões relacionados com a exploração
florestal em geral, a fim de ajustá-las às normas adotadas por esta Lei. (Art. 45
renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)
Art. 48. Fica mantido o Conselho Florestal Federal, com sede em Brasília, como
Art. 49. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no que for julgado
necessário à sua execução. (Art. 47 renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)
Art. 50. Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias após a data de sua
publicação, revogados o Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934 (Código
Florestal) e demais disposições em contrário. (Art. 48 renumerado pela Lei nº
7.803, de 18.7.1989)
H. CASTELLO BRANCO
Hugo Leme
Octaavio Gouveia de Bulhões
Flávio Lacerda
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PARTE I
Disposições Gerais
Art. 1º Todos os assuntos relacionados com a saúde pública na área do Distrito Federal serão
regidos pelas disposições contidas neste Código Sanitário e na regulamentação complementar a
ser posteriormente baixada pela Prefeitura do Distrito Federal, obedecida, em qualquer caso, a
legislação federal vigente.
Art. 2º Constitui dever da Prefeitura do Distrito Federal zelar pelas condições sanitárias em todo o
seu território, em perfeita concordância com as normas nacionais.
Art. 3º A Prefeitura do Distrito Federal, de acôrdo com a orientação de seus órgãos técnicos,
estimulará qualquer iniciativa pública ou privada que vier a colaborar com a melhoria das
condições de saúde da população do Distrito Federal.
PARTE II
Divisão do Território
Art. 5º Para efeito de aplicação desta Lei o território do Distrito Federal será dividido nas
seguintes áreas:
- área metropolitana;
- área rural.
Parágrafo único. As áreas a que se refere o artigo 5° poderão ser subdivididas, mediante Decreto
do Prefeito do Distrito Federal.
§ 1° Para a aprovação dos projetos de loteamento de terrenos que tenham por fim estender ou
formar núcleos urbanos ou rurais, será ouvida sempre a autoridade sanitária, que expedirá
autorização, se satisfeitas as exigências regulamentares em vigor.
§ 3º A falta da autorização de que trata êste artigo impedirá o andamento dos respectivos
processos ou requerimentos.
PARTE III
Proteção da Saúde
Art. 8º Para efeito desta Lei, as atividades necessárias à proteção da saúde da comunidade
compreenderão bàsicamente:
a) contrôle da água;
c) contrôle do lixo;
h) higiene do trabalho.
Art. 9º O órgão competente, com base nesta Lei e em sua regulamentação, elaborará Normas
Técnicas Especiais dispondo sôbre a proteção da saúde da comunidade.
TÍTULO I
Saneamento
Art. 10. A promoção de medidas visando ao saneamento constitui dever do Poder Público, da
família e do indivíduo.
Art. 12. É obrigatória a ligação de tôda construção, considerada habitável, à rêde pública de
abastecimento de água e aos coletores públicos de esgôto, sempre que existentes.
Art. 13. A Prefeitura do Distrito Federal promoverá a execução das obras de abastecimento de
água, de construção de sistemas adequados para a remoção racional de dejetos e de lixo.
Art. 14. A autoridade de saúde pública, respeitada a competência do órgão federal congênere,
determinará as medidas necessárias para proteger a população contra os insetos, roedores e
outros animais que possam ser considerados agentes diretos ou indiretos da propagação de
enfermidade ou interferir no bem-estar da comunidade.
Art. 15. Nenhuma construção, permanente ou temporária, poderá ser utilizada ou habitada no
Distrito Federal sem que esteja de acôrdo com as normas estabelecidas pelo órgão de saúde
pública.
Art. 16. A regulamentação desta Lei determinará as medidas necessárias para evitar a poluição
atmosférica e outros fatôres que possam afetar a saúde ou o bem-estar da população.
CAPÍTULO I
Água
Art. 17. Compete ao órgão de administração do abastecimento de água o exame periódico das
suas rêdes e demais instalações, com o objetivo de constatar a possível existência de condições
que possam prejudicar a saúde da comunidade.
Art. 18. Sempre que a autoridade sanitária verificar a existência de anormalidade ou falha no
sistema de abastecimento de água, capaz de oferecer perigo à saúde, comunicará o fato aos
responsáveis, para imediatas medidas corretivas.
Art. 19. O órgão de saúde pública fixará normas para construção e manutenção, em bases de
segurança, de obras de abastecimento de água em comunidades ou propriedades rurais.
Art. 20. O contrôle sanitário das piscinas e de outros locais de banho ou natação far-se-á de
acôrdo com a regulamentação desta Lei.
Art. 21. Para a construção, reparação ou modificação de qualquer obra pública ou privada,
destinada ao aproveitamento ou tratamento de água de uma comunidade, deverá ser solicitada e
obtida prèviamente da autoridade sanitária a permissão correspondente.
Art. 22. A autoridade sanitária, para controlar todo o abastecimento de água potável, terá acesso
a qualquer local, no momento em que se fizer necessário.
CAPÍTULO II
Dejetos
Art. 23. Compete ao órgão de administração das rêdes de esgôto e de águas pluviais o exame
periódico das suas instalações, com o objetivo de constatar a possível existência de condições
que possam prejudicar a saúde da comunidade.
Art. 24. O órgão responsável pelo funcionamento e manutenção das rêdes de esgotos e de
águas pluviais facilitará o trabalho da autoridade sanitária, no que lhe competir.
Art. 25. Compete ao órgão de saúde pública verificar as condições de lançamento de esgotos e
resíduos industriais, tratados ou não, nas bacias hidrográficas do Distrito Federal,
comunicando-se com os órgãos competentes para as providências cabíveis, necessárias à
preservação da salubridade dos receptores.
CAPÍTULO III
Lixo
Art. 26. Compete à autoridade sanitária estabelecer normas e fiscalizar seu cumprimento, quanto
à coleta, transporte e destino final do lixo.
Art. 27. O órgão responsável pela execução das atividades previstas no artigo anterior, seguirá
as normas sanitárias em vigor, bem como facilitará o trabalho das autoridades de saúde pública,
no que lhe competir.
Art. 28. O pessoal encarregado da coleta, transporte e destino final do lixo, usará equipamento
aprovado pelas autoridades sanitárias, com o objetivo de prevenir contaminação ou acidente.
Art. 29. Sempre que necessário, o órgão de saúde pública poderá realizar exames sanitários dos
produtos industrializados provenientes do lixo, e estabelecer condições para a sua utilização.
Art. 31. A Prefeitura do Distrito Federal promoverá também na zona rural, de acôrdo com os
meios disponíveis e as técnicas recomendáveis, os cuidados adequados com o lixo.
TÍTULO II
Habitação
Art. 32. A habitação e construções em geral devem ser mantidas em perfeitas condições de
higiene, de acôrdo com as normas baixadas pelas autoridades sanitárias.
Art. 33. A autoridade sanitária será obrigatòriamente ouvida na fixação dos locais onde será
permitida a criação de animais para fins comerciais ou industriais.
Art. 34. O morador é responsável, perante o órgão de saúde pública, pela manutenção da
Art. 36. A Prefeitura do Distrito Federal, através do órgão competente, fixará as condições e
exigências necessárias à manutenção das condições de higiene na habitação e construções de
qualquer espécie.
Art. 37. A autoridade sanitária determinará o número de pessoas que poderão habitar hotéis,
pensões, internatos e outros estabelecimentos semelhantes, destinados a habitação coletiva.
Art. 38. A autoridade de saúde pública é competente para declarar insalubre tôda construção ou
habitação que não reúna condições de higiene indispensáveis, inclusive ordenar interdição,
remoção ou demolição.
TÍTULO III
Higiene do Trabalho
Art. 39. A autoridade sanitária colaborará com o órgão federal específico no contrôle das
condições de higiene e segurança do trabalho, podendo atuar supletivamente.
Art. 40. Respeitada a orientação normativa federal, a regulamentação desta Lei determinará as
condições e requisitos para funcionamento dos locais de trabalho, fixando medidas gerais e
especiais de proteção ao trabalhador.
TÍTULO IV
Higiene da Alimentação
Art. 41. O órgão de saúde pública estabelecerá normas e padrões referentes à alimentação,
respeitada a competência dos órgãos federais específicos.
CAPÍTULO I
Instalações e equipamentos
Art. 42. As instalações, equipamentos e utensílios dos estabelecimentos que operam com
gêneros alimentícios deverão ser prèviamente aprovados pelo órgão de saúde pública.
Art. 43. Tôdas as máquinas, aparelhos e demais instalações de tais estabelecimentos deverão
ser mantidos em perfeitas condições de higiene.
CAPÍTULO II
Alimentos
Art. 45. Sòmente será permitido produzir, transportar, manipular ou expor à venda alimentos que
não apresentem sinais de alteração, contaminação ou fraude.
Art. 46. É proibido armazenar, transportar ou expor à venda, no Distrito Federal, alimentos
sujeitos a fórmula, que não tenham sido analisados e aprovados por órgão oficial de saúde
pública.
Art. 47. A inspeção veterinária dos produtos de origem animal obedecerá aos dispositivos da
legislação federal, no que fôr cabível.
Art. 48. Os produtores rurais deverão requisitar a inspeção veterinária do órgão competente,
quando houver intenção de encaminhar os animais abatidos ao consumo público.
Art. 49. Os produtos considerados impróprios para consumo humano poderão ser destinados à
alimentação animal, mediante laudo de inspeção veterinária, ou à industrialização para outros
fins que não de consumo.
Art. 50. O destino final de qualquer produto considerado impróprio para consumo humano será
obrigatòriamente fiscalizado pela autoridade sanitária.
Art. 51. Não é permitido armazenar, transportar ou expor à venda, sem proteção, qualquer
alimento perecível.
Parágrafo único. O órgão de saúde pública expedirá normas técnicas a respeito do disposto
neste artigo.
Art. 52. Os manipuladores de gêneros alimentícios sòmente poderão exercer as suas atividades
se licenciados pela autoridade sanitária.
Art. 53. A regulamentação desta Lei determinará as condições e exigências a serem cumpridas
para licenciamento dos manipuladores de gêneros alimentícios.
TÍTULO V
Notificação Compulsória
Art. 54. Para efeito desta Lei, entende-se por notificação compulsória a comunicação à
autoridade sanitária de casos confirmados ou suspeitos das doenças que, por sua gravidade,
incidência ou possibilidade de disseminação, exijam medidas especiais de contrôle.
Art. 55. São objeto de notificação compulsória, no Distrito Federal, as doenças previstas na
legislação federal vigente.
Parágrafo único. Sempre que necessário, o órgão de saúde pública poderá tornar obrigatória a
notificação de qualquer outra doença não prevista nas normas federais.
Art. 57. A regulamentação desta Lei poderá distribuir as doenças de notificação compulsória em
grupos, de acôrdo com a urgência com que deve ser feita a denúncia de sua ocorrência e os
benefícios práticos que da mesma possam advir.
Art. 58. A regulamentação desta Lei estabelecerá os responsáveis pela notificação compulsória
das doenças passíveis dessa medida.
Art. 61. Todos os laboratórios de análises, hospitais, clínicas, ambulatórios e similares, públicos
ou privados, sem prejuízo da notificação imediata, quando fôr o caso, enviarão, periòdicamente,
ao órgão de saúde pública a relação dos casos confirmados ou ainda suspeitos de doenças de
notificação compulsória.
TÍTULO VI
Doenças transmissíveis
Art. 62. As autoridades sanitárias executarão ou coordenarão medidas visando à prevenção das
doenças transmissíveis e ao impedimento de sua disseminação.
Art. 63. Recebida denúncia de caso suspeito ou confirmado de doença transmissível, compete à
autoridade determinar as medidas de profilaxia a serem observadas em relação ao doente e aos
comunicantes, determinando, inclusive, se necessário, o isolamento.
Art. 64. Ocorrendo óbito suspeito de ter sido causado por doença transmissível, a autoridade
sanitária promoverá, se necessário, o exame cadavérico, podendo realizar a visceratomia, a
necrópsia, e tomar outras medidas que objetivem a elucidação do diagnóstico.
Art. 66. A autoridade sanitária poderá exigir e executar provas imunológicas, sempre que se fizer
necessário, no interêsse da saúde pública.
Art. 67. É vedado às pessoas que não apresentem comprovante das imunizações exigidas:
Art. 68. Em casos de zoonoses, a autoridade de saúde pública colaborará com o órgão
competente, com a finalidade de isolar os animais atingidos e tomar as demais medidas
adequadas.
Art. 69. Sempre que necessário, a autoridade sanitária poderá exigir certificado de sanidade
emitido por autoridade federal, estadual ou municipal, do local de procedência dos animais, de
qualquer espécie, que se introduzirem no Distrito Federal.
Art. 70. São obrigatórias a matrícula e vacinação anti-rábica de todos os cães existentes no
Distrito Federal.
Art. 71. Os cães encontrados em vias e logradouros públicos, quando não vacinados e não
matriculados, serão apreendidos e conservados em custódia, pelo prazo que a regulamentação
determinar.
PARTE IV
Promoção da Saúde
Art. 72. Para efeito desta Lei, as atividades relacionadas ou necessárias à promoção da saúde
compreenderão, bàsicamente:
b) higiene dentária;
c) nutrição;
d) higiene mental;
e) educação sanitária.
Art. 73. A autoridade sanitária elaborará Normas Técnicas Especiais referentes às ações de
promoção da saúde.
TÍTULO I
Art. 74. A Prefeitura do Distrito Federal promoverá de modo sistemático e permanente, através
do órgão competente, a assistência médico-sanitária, de acôrdo com os recursos disponíveis e
as técnicas indicadas, nos têrmos da regulamentação desta Lei.
Art. 75. Ao órgão de saúde pública competente estimular o desenvolvimento das atividades
necessárias ao cumprimento do artigo anterior, fixando, quando necessário, as prioridades
indicadas.
TÍTULO II
Higiene dentária
Art. 76. É obrigatória a fluoração das águas destinadas aos sistemas de abastecimento da
população em todo o Distrito Federal.
Art. 77. O órgão de saúde pública promoverá assistência dentária à população, de acôrdo com
os recursos disponíveis e prioridade que forem fixadas.
Art. 78. A assistência dentária terá caráter eminentemente preventivo e constituirá atividade
obrigatória dos hospitais e demais unidades sanitárias da Prefeitura do Distrito Federal.
TÍTULO III
Educação Sanitária
Art. 80. A Prefeitura do Distrito Federal, através de seus órgãos especializados, desenvolverá
programas de educação sanitária, de modo a criar ou modificar os hábitos e o comportamento do
indivíduo em relação à saúde.
Art. 81. Os programas para desenvolvimento das atividades de educação sanitária serão
elaborados e supervisionados pelo órgão de saúde pública da Prefeitura do Distrito Federal.
TÍTULO IV
Higiene Mental
Art. 82. A política da Prefeitura do Distrito Federal, com referência à higiene mental, será
orientada pelo órgão de saúde pública, em perfeita concordância com as normas federais.
Art. 83. É vedada, quer nos estabelecimentos destinados à assistência a psicopatas, quer fora
dêles, a prática de quaisquer atos de religião, culto ou seita com finalidade terapêutica, ainda que
a título filantrópico e exercida gratuitamente.
PARTE V
Recuperação da Saúde
TÍTULO I
Assistência médico-hospitalar
Art. 84. A Prefeitura do Distrito Federal, de acôrdo com os meios de que dispuser, através do
órgão competente, prestará gratuitamente assistência médica, hospitalar, farmacêutica e
dentária, de acôrdo com os recursos disponíveis, a todos quantos comprovarem insuficiência de
recursos.
Art. 85. Os hospitais ou estabelecimentos similares, que recebam subvenção ou auxílio material
de qualquer espécie da Prefeitura do Distrito Federal, ficam obrigados a manter
permanentemente, à disposição do órgão de saúde pública, um número mínimo de leitos,
proporcional ao valor do auxílio recebido.
PARTE VI
Ações complementares
TÍTULO I
Art. 87. Ao órgão de saúde pública compete, respeitada a ação de outros órgãos ou entidades
oficiais especializados, a coleta, classificação, tabulação, interpretação, análise e publicação de
dados bioestatísticos sôbre população, natalidade, morbidade, mortalidade e de tôda informação
que possa orientar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.
TÍTULO II
Art. 89. A Prefeitura do Distrito Federal, sob a orientação técnica da autoridade sanitária, é
competente para preparar pessoal de saúde pública necessário ao desenvolvimento de suas
atividades.
Art. 90. A Prefeitura do Distrito Federal poderá exigir a apresentação de diploma ou certificado de
conclusão de curso de post-graduação para os ocupantes de cargos ou funções dos serviços de
saúde, para cujo exercício sejam necessários conhecimentos técnicos especializados.
PARTE VII
Art. 91. O órgão de saúde pública executará diretamente ou promoverá, de acôrdo com outras
autoridades, programa de contrôle dos acidentes pessoais.
Art. 92. O órgão de saúde pública promoverá estudos e pesquisas para esclarecimento dos
problemas de interêsse sanitário no Distrito Federal e estimulará a iniciativa pública ou privada
nesse sentido.
Art. 93. O órgão competente da Prefeitura do Distrito Federal incentivará a criação de instituições
de combate ao alcoolismo e a outras toxicomanias e que tenham por finalidade a sua prevenção,
a recuperação da saúde ou a reintegração do indivíduo na sociedade.
Art. 94. A Prefeitura do Distrito Federal, através dos órgãos competentes e respeitadas as
normas federais, estabelecerá a orientação básica para assistência médico-social a cegos,
surdos, mudos, paralíticos e mutilados, cooperando, técnica e materialmente, com as instituições
e centros de adaptação profissional, que tenham essa finalidade.
Art. 95. A Prefeitura do Distrito Federal, sempre que julgar conveniente, estabelecerá o regime de
tempo integral para os técnicos de saúde pública em concordância com o que dispuser a
legislação federal.
Art. 96. A regulamentação desta Lei estabelecerá as normas a que deverão obedecer as
imposições de sanções administrativas e penais, relativas às infrações dos seus dispositivos.
Art. 97. As taxas que a regulamentação desta Lei estabelecer serão fixadas com base no
salário-mínimo vigente no Distrito Federal.
Art. 98. Sòmente serviços com supervisão médica permanente poderão manter bancos de
sangue ou plasma, sob licença do órgão de saúde pública.
Parágrafo único. A regulamentação desta Lei determinará os requisitos e condições detalhadas a
que deverão estar subordinados os estabelecimentos a que se refere êste artigo.
Art. 99. A autoridade sanitária é competente para reconhecer e solucionar tôdas as questões
relativas à saúde pública no Distrito Federal, ainda que não previstas nesta Lei, respeitada a
competência dos órgãos federais específicos.
Art. 100. A Prefeitura do Distrito Federal regulamentará a presente Lei dentro de 120 (cento e
vinte) dias de sua publicação.
Art. 101. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.
Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art. 1º. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização,
perseguição, destruição, caça ou apanha.
Art. 3º. É proibido o comércio de espécimes da fauna silvestre e de produtos e objetos que
impliquem na sua caça, perseguição, destruição ou apanha.
Art. 4º Nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, sem parecer técnico oficial favorável e
licença expedida na forma da Lei.
Art. 8º O Órgão público federal competente, no prazo de 120 dias, publicará e atualizará
anualmente:
Parágrafo único. Poderão ser igualmente, objeto de utilização, caça, perseguição ou apanha os
animais domésticos que, por abandono, se tornem selvagens ou ferais.
Art. 10. A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre
são proibidas.
b) com armas a bala, a menos de três quilômetros de qualquer via térrea ou rodovia
pública;
climáticas;
g) na faixa de quinhentos metros de cada lado do eixo das vias férreas e rodovias
públicas;
Art. 11. Os clubes ou Sociedades Amadoristas de Caça e de tiro ao vôo, poderão ser
organizados distintamente ou em conjunto com os de pesca, e só funcionarão válidamente após
a obtenção da personalidade jurídica, na forma da Lei civil e o registro no órgão público federal
competente.
Art. 12. As entidades a que se refere o artigo anterior deverão requerer licença especial para
seus associados transitarem com arma de caça e de esporte, para uso em suas sedes durante o
período defeso e dentro do perímetro determinado.
Art. 13. Para exercício da caça, é obrigatória a licença anual, de caráter específico e de âmbito
regional, expedida pela autoridade competente.
Parágrafo único. A licença para caçar com armas de fogo deverá ser acompanhada do porte de
arma emitido pela Polícia Civil.
Art. 14. Poderá ser concedida a cientistas, pertencentes a instituições científicas, oficiais ou
oficializadas, ou por estas indicadas, licença especial para a coleta de material destinado a fins
científicos, em qualquer época.
§ 2º As instituições a que se refere este artigo, para efeito da renovação anual da licença, darão
ciência ao órgão público federal competente das atividades dos cientistas licenciados no ano
anterior.
§ 3º As licenças referidas neste artigo não poderão ser utilizadas para fins comerciais ou
esportivos.
§ 4º Aos cientistas das instituições nacionais que tenham por Lei, a atribuição de coletar material
zoológico, para fins científicos, serão concedidas licenças permanentes.
Art. 15. O Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil ouvirá o
órgão público federal competente toda vez que, nos processos em julgamento, houver matéria
referente á fauna.
Art. 16. Fica instituído o registro das pessoas físicas ou jurídicas que negociem com animais
silvestres e seus produtos.
Art. 17. As pessoas físicas ou jurídicas, de que trata o artigo anterior, são obrigadas à
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas
nesta lei obriga o cancelamento do registro.
Art. 18. É proibida a exportação para o Exterior, de peles e couros de anfíbios e répteis, em
bruto.
Art. 19. O transporte interestadual e para o Exterior, de animas silvestres, lepidópteros, e outros
insetos e seus produtos depende de guia de trânsito, fornecida pela autoridade competente.
Parágrafo único. Fica isento dessa exigência o material consignado a Instituições Científicas
Oficiais.
Art. 20. As licenças de caçadores serão concedidas mediante pagamento de uma taxa anual
equivalente a um décimo do salário-mínimo mensal.
Art. 21. O registro de pessoas físicas ou jurídicas, a que se refere o art. 16, será feito mediante o
pagamento de uma taxa equivalente a meio salário-mínimo mensal.
Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídicas de que trata este artigo pagarão a título de
licença, uma taxa anual para as diferentes formas de comércio até o limite de um salário-mínimo
mensal.
Art. 22. O registro de clubes ou sociedades amadoristas, de que trata o art. 11, será concedido
mediante pagamento de uma taxa equivalente a meio salário-mínimo mensal.
Parágrafo único. As licenças de trânsito com arma de caça e de esporte, referidas no art. 12,
estarão sujeitas ao pagamento de uma taxa anual equivalente a um vigésimo do salário-mínimo
mensal.
Art. 23. Far-se-á, com a cobrança da taxa equivalente a dois décimos do salário-mínimo mensal,
o registro dos criadouros.
Art. 24. O pagamento das licenças, registros e taxas previstos nesta Lei, será recolhido ao Banco
do Brasil S. A em conta especial, a crédito do Fundo Federal Agropecuário, sob o título
"Recursos da Fauna".
Art. 25. A União fiscalizará diretamente pelo órgão executivo específico, do Ministério da
Agricultura, ou em convênio com os Estados e Municípios, a aplicação das normas desta Lei,
podendo, para tanto, criar os serviços indispensáveis.
Parágrafo único. A fiscalização da caça pelos órgãos especializados não exclui a ação da
autoridade policial ou das Forças Armadas por iniciativa própria.
Art. 26. Todos os funcionários, no exercício da fiscalização da caça, são equiparados aos
agentes de segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.
Art. 27. Constitui crime punível com pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a
violação do disposto nos arts. 2º, 3º, 17 e 18 desta lei. (Redação dada pela Lei nº
7.653, de 12.2.1988)
§ 2º Incorre na pena prevista no caput deste artigo quem provocar, pelo uso direto
ou indireto de agrotóxicos ou de qualquer outra substância química, o perecimento
de espécimes da fauna ictiológica existente em rios, lagos, açudes, lagoas, baías
ou mar territorial brasileiro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.653, de
12.2.1988)
Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos
sobre contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades
neles contidas.
Art. 29. São circunstâncias que agravam a pena afor, aquelas constantes do Código Penal e da
Lei das Contravenções Penais, as seguintes:
a) direto;
Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades. O juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmar a competência.
Art. 31. A ação penal independe de queixa mesmo em se tratando de lesão em propriedade
privada, quando os bens atingidos, são animais silvestres e seus produtos, instrumentos de
trabalho, documentos e atos relacionados com a proteção da fauna disciplinada nesta Lei.
Art. 32. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,
lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou de
contravenções previstas nesta Lei ou em outras leis que tenham por objeto os animais silvestres
seus produtos instrumentos e documentos relacionados com os mesmos as indicadas no Código
de Processo Penal.
Art. 33. A autoridade apreenderá os produtos da caça e/ou da pesca bem como os
instrumentos utilizados na infração, e se estes, por sua natureza ou volume, não
puderem acompanhar o inquérito, serão entregues ao depositário público local, se
houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº
7.653, de 12.2.198)
Art. 34. Os crimes previstos nesta lei são inafiançáveis e serão apurados mediante
processo sumário, aplicando-se no que couber, as normas do Título II, Capítulo V,
do Código de Processo Penal. (Redação dada pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988)
Art. 35. Dentro de dois anos a partir da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá
permitir a adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos sobre a proteção da
fauna, aprovados pelo Conselho Federal de Educação.
§ 1º Os Programas de ensino de nível primário e médio deverão contar pelo menos com duas
aulas anuais sobre a matéria a que se refere o presente artigo.
Art. 36. Fica instituído o Conselho Nacional de Proteção à fauna, com sede em Brasília, como
órgão consultivo e normativo da política de proteção à fauna do Pais.
Art. 37. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no que for Julgado necessário à sua
execução.
Art. 38. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogados o Decreto-Lei nº 5.894, de
20 de outubro de 1943, e demais disposições em contrário.
H. CASTELLO BRANCO
Severo Fagundes Gomes
Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos
TÍTULO I
Introdução
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
§ 2° Este Código se aplica a nacionais e estrangeiros, em todo o Território Nacional, assim como,
no exterior, até onde for admitida a sua extraterritorialidade.
§ 3° A legislação complementar é formada pela regulamentação prevista neste Código, pelas leis
especiais, decretos e normas sobre matéria aeronáutica (artigo 12).
CAPÍTULO II
I - as aeronaves militares, bem como as civis de propriedade ou a serviço do Estado, por este
diretamente utilizadas (artigo 107, §§ 1° e 3°);
II - as aeronaves de outra espécie, quando em alto mar ou região que não pertença a qualquer
Estado.
Parágrafo único. Salvo na hipótese de estar a serviço do Estado, na forma indicada no item I
deste artigo, não prevalece a extraterritorialidade em relação à aeronave privada, que se
considera sujeita à lei do Estado onde se encontre.
Art. 4° Os atos que, originados de aeronave, produzirem efeito no Brasil, regem-se por suas leis,
ainda que iniciados no território estrangeiro.
Art. 5° Os atos que, provenientes da aeronave, tiverem início no Território Nacional, regem-se
pelas leis brasileiras, respeitadas as leis do Estado em que produzirem efeito.
Art. 6° Os direitos reais e os privilégios de ordem privada sobre aeronaves regem-se pela lei de
sua nacionalidade.
Art. 7° As medidas assecuratórias de direito regulam-se pela lei do país onde se encontrar a
aeronave.
Art. 8° As avarias regulam-se pela lei brasileira quando a carga se destinar ao Brasil ou for
transportada sob o regime de trânsito aduaneiro (artigo 244, § 6°).
Parágrafo único. Quando pelo menos uma das aeronaves envolvidas for brasileira, aplica-se a lei
do Brasil à assistência, salvamento e abalroamento ocorridos em região não submetida a
qualquer Estado.
Art. 10. Não terão eficácia no Brasil, em matéria de transporte aéreo, quaisquer disposições de
direito estrangeiro, cláusulas constantes de contrato, bilhete de passagem, conhecimento e
outros documentos que:
III - estabeleçam limites de responsabilidade inferiores aos estabelecidos neste Código (artigos
246, 257, 260, 262, 269 e 277).
TÍTULO II
CAPÍTULO I
Art. 11. O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu
território e mar territorial.
Art. 12. Ressalvadas as atribuições específicas, fixadas em lei, submetem-se às normas (artigo
1º, § 3º), orientação, coordenação, controle e fiscalização do Ministério da Aeronáutica:
I - a navegação aérea;
II - o tráfego aéreo;
IV - a aeronave;
V - a tripulação;
Art. 13. Poderá a autoridade aeronáutica deter a aeronave em vôo no espaço aéreo (artigo 18)
ou em pouso no território brasileiro (artigos 303 a 311), quando, em caso de flagrante
desrespeito às normas de direito aeronáutico (artigos 1° e 12), de tráfego aéreo (artigos 14, 16, §
3°, 17), ou às condições estabelecidas nas respectivas autorizações (artigos 14, §§ 1°, 3° e 4°,
15, §§ 1° e 2°, 19, parágrafo único, 21, 22), coloque em risco a segurança da navegação aérea
ou de tráfego aéreo, a ordem pública, a paz interna ou externa.
CAPÍTULO II
Do Tráfego Aéreo
§ 1° Nenhuma aeronave militar ou civil a serviço de Estado estrangeiro e por este diretamente
utilizada (artigo 3°, I) poderá, sem autorização, voar no espaço aéreo brasileiro ou aterrissar no
território subjacente.
§ 2° É livre o tráfego de aeronave dedicada a serviços aéreos privados (artigos 177 a 179),
mediante informações prévias sobre o vôo planejado (artigo 14, § 4°).
§ 4° A utilização do espaço aéreo brasileiro, por qualquer aeronave, fica sujeita às normas e
condições estabelecidas, assim como às tarifas de uso das comunicações e dos auxílios à
navegação aérea em rota (artigo 23).
§ 5° Estão isentas das tarifas previstas no parágrafo anterior as aeronaves pertencentes aos
aeroclubes.
§ 1° A prática de esportes aéreos tais como balonismo, volovelismo, asas voadoras e similares,
assim como os vôos de treinamento, far-se-ão em áreas delimitadas pela autoridade aeronáutica.
§ 2° A utilização de veículos aéreos desportivos para fins econômicos, tais como a publicidade,
submete-se às normas dos serviços aéreos públicos especializados (artigo 201).
dano.
§ 2° A falta de garantia autoriza o seqüestro da aeronave e a sua retenção até que aquela se
efetive.
Art. 17. É proibido efetuar, com qualquer aeronave, vôos de acrobacia ou evolução que possam
constituir perigo para os ocupantes do aparelho, para o tráfego aéreo, para instalações ou
pessoas na superfície.
Art. 18. O Comandante de aeronave que receber de órgão controlador de vôo ordem para pousar
deverá dirigir-se, imediatamente, para o aeródromo que lhe for indicado e nele efetuar o pouso.
Art. 19. Salvo motivo de força maior, as aeronaves só poderão decolar ou pousar em aeródromo
cujas características comportarem suas operações.
Art. 20. Salvo permissão especial, nenhuma aeronave poderá voar no espaço aéreo brasileiro,
aterrissar no território subjacente ou dele decolar, a não ser que tenha:
III - tripulação habilitada, licenciada e portadora dos respectivos certificados, do Diário de Bordo
(artigo 84, parágrafo único) da lista de passageiros, manifesto de carga ou relação de mala
postal que, eventualmente, transportar.
Art. 21. Salvo com autorização especial de órgão competente, nenhuma aeronave poderá
transportar explosivos, munições, arma de fogo, material bélico, equipamento destinado a
levantamento aerofotogramétrico ou de prospecção, ou ainda quaisquer outros objetos ou
substâncias consideradas perigosas para a segurança pública, da própria aeronave ou de seus
ocupantes.
CAPÍTULO III
Art. 22. Toda aeronave proveniente do exterior fará, respectivamente, o primeiro pouso ou a
última decolagem em aeroporto internacional.
Parágrafo único. A lista de aeroportos internacionais será publicada pela autoridade aeronáutica,
e suas denominações somente poderão ser modificadas mediante lei federal, quando houver
necessidade técnica dessa alteração.
Art. 23. A entrada no espaço aéreo brasileiro ou o pouso, no território subjacente, de aeronave
militar ou civil a serviço de Estado estrangeiro sujeitar-se-á às condições estabelecidas (artigo
14, § 1°).
Art. 24. Os aeroportos situados na linha fronteiriça do território brasileiro poderão ser autorizados
a atender ao tráfego regional, entre os países limítrofes, com serviços de infra-estrutura
aeronáutica, comuns ou compartilhados por eles.
Parágrafo único. As aeronaves brasileiras poderão ser autorizadas a utilizar aeroportos situados
em países vizinhos, na linha fronteiriça ao Território Nacional, com serviços de infra-estrutura
aeronáutica comuns ou compartilhados.
TÍTULO III
Da Infra-Estrutura Aeronáutica
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
§ 2º Para os efeitos deste artigo, sistema é o conjunto de órgãos e elementos relacionados entre
si por finalidade específica, ou por interesse de coordenação, orientação técnica e normativa,
não implicando em subordinação hierárquica.
CAPÍTULO II
Do Sistema Aeroportuário
SEÇÃO I
Dos Aeródromos
Art. 26. O sistema aeroportuário é constituído pelo conjunto de aeródromos brasileiros, com
todas as pistas de pouso, pistas de táxi, pátio de estacionamento de aeronave, terminal de carga
aérea, terminal de passageiros e as respectivas facilidades.
Parágrafo único. São facilidades: o balisamento diurno e noturno; a iluminação do pátio; serviço
contra-incêndio especializado e o serviço de remoção de emergência médica; área de
pré-embarque, climatização, ônibus, ponte de embarque, sistema de esteiras para despacho de
bagagem, carrinhos para passageiros, pontes de desembarque, sistema de ascenso-descenso
de passageiros por escadas rolantes, orientação por circuito fechado de televisão, sistema
semi-automático anunciador de mensagem, sistema de som, sistema informativo de vôo,
climatização geral, locais destinados a serviços públicos, locais destinados a apoio comercial,
serviço médico, serviço de salvamento aquático especializado e outras, cuja implantação seja
autorizada ou determinada pela autoridade aeronáutica.
Art. 27. Aeródromo é toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de aeronaves.
Art. 30. Nenhum aeródromo civil poderá ser utilizado sem estar devidamente cadastrado.
Art. 32. Os aeroportos e heliportos serão classificados por ato administrativo que fixará as
características de cada classe.
Art. 33. Nos aeródromos públicos que forem sede de Unidade Aérea Militar, as esferas de
competência das autoridades civis e militares, quanto à respectiva administração, serão definidas
em regulamentação especial.
SEÇÃO II
Art. 34. Nenhum aeródromo poderá ser construído sem prévia autorização da autoridade
aeronáutica.
Art. 35. Os aeródromos privados serão construídos, mantidos e operados por seus proprietários,
obedecidas as instruções, normas e planos da autoridade aeronáutica (artigo 30).
delimitadas nos atos administrativos que lhes atribuírem bens, rendas, instalações e serviços.
Art. 37. Os aeródromos públicos poderão ser usados por quaisquer aeronaves, sem distinção de
propriedade ou nacionalidade, mediante o ônus da utilização, salvo se, por motivo operacional ou
de segurança, houver restrição de uso por determinados tipos de aeronaves ou serviços aéreos.
Parágrafo único. Os preços de utilização serão fixados em tabelas aprovadas pela autoridade
aeronáutica, tendo em vista as facilidades colocadas à disposição das aeronaves, dos
passageiros ou da carga, e o custo operacional do aeroporto.
SEÇÃO III
Do Patrimônio Aeroportuário
§ 2º Quando a União vier a desativar o aeroporto por se tornar desnecessário, o uso dos bens
referidos no parágrafo anterior será restituído ao proprietário, com as respectivas acessões.
SEÇÃO IV
VI - aos órgãos públicos que, por disposição legal, devam funcionar nos aeroportos
internacionais;
§ 1° O termo de utilização será lavrado e assinado pelas partes em livro próprio, que poderá ser
escriturado, mecanicamente, em folhas soltas.
§ 2° O termo de utilização para a construção de benfeitorias permanentes deverá ter prazo que
permita a amortização do capital empregado.
Parágrafo único. A utilização das áreas aeroportuárias no caso deste artigo sujeita-se à licitação
prévia, na forma de regulamentação baixada pelo Poder Executivo.
Art. 42. À utilização de áreas aeroportuárias não se aplica a legislação sobre locações urbanas.
SEÇÃO V
Art. 43. As propriedades vizinhas dos aeródromos e das instalações de auxílio à navegação
aérea estão sujeitas a restrições especiais.
Parágrafo único. As restrições a que se refere este artigo são relativas ao uso das propriedades
quanto a edificações, instalações, culturas agrícolas e objetos de natureza permanente ou
temporária, e tudo mais que possa embaraçar as operações de aeronaves ou causar
interferência nos sinais dos auxílios à radionavegação ou dificultar a visibilidade de auxílios
visuais.
Art. 44. As restrições de que trata o artigo anterior são as especificadas pela autoridade
aeronáutica, mediante aprovação dos seguintes planos, válidos, respectivamente, para cada tipo
de auxílio à navegação aérea:
Art. 45. A autoridade aeronáutica poderá embargar a obra ou construção de qualquer natureza
que contrarie os Planos Básicos ou os Específicos de cada aeroporto, ou exigir a eliminação dos
obstáculos levantados em desacordo com os referidos planos, posteriormente à sua publicação,
por conta e risco do infrator, que não poderá reclamar qualquer indenização.
CAPÍTULO III
Art. 47. O Sistema de Proteção ao Vôo visa à regularidade, segurança e eficiência do fluxo de
tráfego no espaço aéreo, abrangendo as seguintes atividades:
V - de busca e salvamento;
VI - de inspeção em vôo;
I - fixo aeronáutico;
II - móvel aeronáutico;
IV - de radiodifusão aeronáutica;
SEÇÃO II
Art. 51. Todo Comandante de navio, no mar, e qualquer pessoa, em terra, são obrigados, desde
que o possam fazer sem risco para si ou outras pessoas, a prestar assistência a quem estiver em
perigo de vida, em conseqüência de queda ou avaria de aeronave.
Art. 52. A assistência poderá consistir em simples informação.
Art. 53. A obrigação de prestar socorro, sempre que possível, recai sobre aeronave em vôo ou
pronta para partir.
Art. 55. Cessa a obrigação de assistência desde que o obrigado tenha conhecimento de que foi
prestada por outrem ou quando dispensado pelo órgão competente do Ministério da Aeronáutica
a que se refere o artigo anterior.
Art. 56. A não prestação de assistência por parte do Comandante exonera de responsabilidade o
proprietário ou explorador da aeronave, salvo se tenham determinado a não prestação do
socorro.
Art. 57. Toda assistência ou salvamento prestado com resultado útil dará direito à remuneração
correspondente ao trabalho e à eficiência do ato, nas seguintes bases:
b) o perigo passado pela aeronave socorrida, seus passageiros, sua tripulação e sua carga;
Art. 58. Todo aquele que, por imprudência, negligência ou transgressão, provocar a
movimentação desnecessária de recursos de busca e salvamento ficará obrigado a indenizar a
União pelas despesas decorrentes dessa movimentação, mesmo que não tenha havido perigo de
vida ou solicitação de socorro.
Art. 59. Prestada assistência voluntária, aquele que a prestou somente terá direito à
remuneração se obtiver resultado útil, salvando pessoas ou concorrendo para salvá-las.
Art. 60. Cabe ao proprietário ou explorador indenizar a quem prestar assistência a passageiro ou
tripulante de sua aeronave.
Art. 61. Se o socorro for prestado por diversas aeronaves, embarcações, veículos ou pessoas
envolvendo vários interessados, a remuneração será fixada em conjunto pelo Juiz, e distribuída
segundo os critérios estabelecidos neste artigo.
§ 1° Os interessados devem fazer valer seus direitos à remuneração no prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia do socorro.
§ 3° Os interessados que deixarem fluir o prazo estabelecido no § 1° sem fazer valer seus
direitos ou notificar os obrigados, só poderão exercitá-los sobre as importâncias que não tiverem
sido distribuídas.
Art. 62. A remuneração não excederá o valor que os bens recuperados tiverem no final das
operações de salvamento.
Art. 63. O pagamento da remuneração será obrigatório para quem usar aeronave sem o
consentimento do seu proprietário ou explorador.
Art. 65. O proprietário ou explorador da aeronave que prestou socorro pode reter a carga até ser
paga a cota que lhe corresponde da remuneração da assistência ou salvamento, mediante
entendimento com o proprietário da mesma ou com a seguradora.
CAPÍTULO IV
SEÇÃO I
Art. 66. Compete à autoridade aeronáutica promover a segurança de vôo, devendo estabelecer
os padrões mínimos de segurança:
Art. 67. Somente poderão ser usadas aeronaves, motores, hélices e demais componentes
aeronáuticos que observem os padrões e requisitos previstos nos Regulamentos de que trata o
artigo anterior, ressalvada a operação de aeronave experimental.
SEÇÃO II
§ 1° Qualquer pessoa interessada pode requerer o certificado de que trata este artigo,
observados os procedimentos regulamentares.
§ 4° A manutenção, no limite de até 100 (cem) horas, das aeronaves pertencentes aos
aeroclubes que não disponham de oficina homologada, bem como das aeronaves mencionadas
no § 4°, do artigo 107, poderá ser executada por mecânico licenciado pelo Ministério da
Aeronáutica.
Art. 71. Os certificados de homologação, previstos nesta Seção, poderão ser emendados,
modificados, suspensos ou cassados sempre que a segurança de vôo ou o interesse público o
exigir.
Parágrafo único. Salvo caso de emergência, o interessado será notificado para, no prazo que lhe
for assinado, sanar qualquer irregularidade verificada.
CAPÍTULO V
SEÇÃO I
Do Registro Aeronáutico Brasileiro
Art. 72. O Registro Aeronáutico Brasileiro será público, único e centralizado, destinando-se a ter,
em relação à aeronave, as funções de:
II - reconhecer a aquisição do domínio na transferência por ato entre vivos e dos direitos reais de
gozo e garantia, quando se tratar de matéria regulada por este Código;
III - atos autênticos de países estrangeiros, feitos de acordo com as leis locais, legalizados e
traduzidos, na forma da lei, assim como sentenças proferidas por tribunais estrangeiros após
homologação pelo Supremo Tribunal Federal;
I - a matrícula de aeronave, em livro próprio, por ocasião de primeiro registro no País, mediante
os elementos constantes do título apresentado e da matrícula anterior, se houver;
II - a inscrição:
III - a averbação na matrícula e respectivo certificado das alterações que vierem a ser inscritas,
assim como dos contratos de exploração, utilização ou garantia;
V - a anotação de usos e práticas aeronáuticas que não contrariem a lei, a ordem pública e os
bons costumes.
Art. 75. Poderá ser cancelado o registro, mediante pedido escrito do proprietário, sempre que
não esteja a aeronave ou os motores gravados, e com o consentimento por escrito do respectivo
credor fiduciário, hipotecário ou daquele em favor de quem constar ônus real.
Parágrafo único. Nenhuma aeronave brasileira poderá ser transferida para o exterior se for objeto
de garantia, a não ser com a expressa concordância do credor.
Art. 76. Os emolumentos, relativos ao registro, serão pagos pelo interessado, de conformidade
com normas aprovadas pelo Ministério da Aeronáutica.
SEÇÃO II
Art. 77. Todos os títulos levados a registro receberão no Protocolo o número que lhes competir,
observada a ordem de entrada.
Art. 78. O número de ordem determinará a prioridade do título, e esta a preferência dos direitos
dependentes do registro.
Art. 79. O título de natureza particular apresentado em via única será arquivado no Registro
Aeronáutico Brasileiro, que fornecerá certidão do mesmo, ao interessado.
Art. 80. Protocolizado o título, proceder-se-á aos registros, prevalecendo, para efeito de
prioridade, os títulos prenotados no Protocolo sob número de ordem mais baixo.
Art. 81. No Protocolo será anotada, à margem da prenotação, a exigência feita pela autoridade
aeronáutica.
Parágrafo único. Opondo-se o interessado, o processo será solucionado pelo órgão competente
Art. 82. Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do
seu lançamento no Protocolo, não tiver o título sido registrado por omissão do interessado em
atender às exigências legais.
Art. 83. Em caso de permuta, serão feitas as inscrições nas matrículas correspondentes, sob um
único número de ordem no Protocolo.
Art. 84. O Diário de Bordo será apresentado ao Registro Aeronáutico Brasileiro para autenticação
dos termos de abertura, encerramento e número de páginas.
Parágrafo único. O Diário de Bordo deverá ser encadernado e suas folhas numeradas, contendo
na primeira e na última, respectivamente, o termo de abertura e encerramento com o número de
suas páginas, devidamente autenticados pelo Registro Aeronáutico Brasileiro.
Art. 85. O Registro Aeronáutico Brasileiro assentará em livro próprio ex officio ou a pedido da
associação de classe interessada os costumes e práticas aeronáuticas que não contrariem a lei
ou os bons costumes, após a manifestação dos órgãos jurídicos do Ministério da Aeronáutica.
CAPÍTULO VI
§ 1° (Vetado).
§ 3° (Vetado).
§ 4° (Vetado).
§ 5° (Vetado).
§ 6° (Vetado).
Art. 88. Toda pessoa que tiver conhecimento de qualquer acidente de aviação ou da existência
de restos ou despojos de aeronave tem o dever de comunicá-lo à autoridade pública mais
próxima e pelo meio mais rápido.
Parágrafo único. A autoridade pública que tiver conhecimento do fato ou nele intervier,
comunica-lo-á imediatamente, sob pena de responsabilidade por negligência, à autoridade
aeronáutica mais próxima do acidente.
Art. 89. Exceto para efeito de salvar vidas, nenhuma aeronave acidentada, seus restos ou coisas
que por ela eram transportadas, podem ser vasculhados ou removidos, a não ser em presença
ou com autorização da autoridade aeronáutica.
Art. 90. Sempre que forem acionados os serviços de emergência de aeroporto para a prestação
de socorro, o custo das despesas decorrentes será indenizado pelo explorador da aeronave
socorrida.
Parágrafo único. Caso o explorador não disponha de recursos técnicos ou não providencie
tempestivamente a remoção da aeronave ou de seus restos, a administração do aeroporto
encarregar-se-á dessa providência.
Art. 92. Em caso de acidentes aéreos ocorridos por atos delituosos, far-se-á a comunicação à
autoridade policial para o respectivo processo.
Parágrafo único. Para o disposto no caput deste artigo, a autoridade policial, juntamente com as
autoridades aeronáuticas, deverão considerar as infrações às Regulamentações Profissionais
dos aeroviários e dos aeronautas, que possam ter concorrido para o evento.
Art. 93. A correspondência transportada por aeronave acidentada deverá ser entregue, o mais
rápido possível, à entidade responsável pelo serviço postal, que fará a devida comunicação à
autoridade aduaneira mais próxima, no caso de remessas postais internacionais.
CAPÍTULO VII
SEÇÃO I
Art. 94. O sistema de facilitação do transporte aéreo, vinculado ao Ministério da Aeronáutica, tem
por objetivo estudar as normas e recomendações pertinentes da Organização de Aviação Civil
Internacional - OACI e propor aos órgãos interessados as medidas adequadas a implementá-las
no País, avaliando os resultados e sugerindo as alterações necessárias ao aperfeiçoamento dos
serviços aéreos.
SEÇÃO II
Art. 95. O Poder Executivo deverá instituir e regular a Comissão Nacional de Segurança da
Aviação Civil.
b) a administração aeroportuária;
c) o policiamento;
SEÇÃO III
CAPÍTULO VIII
SEÇÃO I
Dos Aeroclubes
Art. 97. Aeroclube é toda sociedade civil com patrimônio e administração próprios, com serviços
locais e regionais, cujos objetivos principais são o ensino e a prática da aviação civil, de turismo
e desportiva em todas as suas modalidades, podendo cumprir missões de emergência ou de
notório interesse da coletividade.
SEÇÃO II
Art. 98. Os aeroclubes, escolas ou cursos de aviação ou de atividade a ela vinculada (artigo 15,
§§ 1° e 2°) somente poderão funcionar com autorização prévia de autoridade aeronáutica.
§ 1º As entidades de que trata este artigo, após serem autorizadas a funcionar, são consideradas
de utilidade pública.
Art. 99. As entidades referidas no artigo anterior só poderão funcionar com a prévia autorização
do Ministério da Aeronáutica.
SEÇÃO III
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
§ 1° (Vetado).
§ 2° Serão permitidos convênios entre empresas nacionais e estrangeiras, para que cada uma
opere em seu respectivo país, observando-se suas legislações específicas.
Art. 103. Os serviços de controle aduaneiro nos aeroportos internacionais serão executados de
conformidade com lei específica.
CAPÍTULO XI
Art. 105. Poderá ser instalado órgão ou Comissão com o objetivo de:
III - estudar e propor as medidas adequadas ao funcionamento harmônico dos diversos sistemas
ou subsistemas;
TÍTULO IV
Das Aeronaves
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e
circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou
coisas.
Parágrafo único. A aeronave é bem móvel registrável para o efeito de nacionalidade, matrícula,
aeronavegabilidade (artigos 72, I, 109 e 114), transferência por ato entre vivos (artigos 72, II e
115, IV), constituição de hipoteca (artigos 72, II e 138), publicidade (artigos 72, III e 117) e
cadastramento geral (artigo 72, V).
CAPÍTULO II
SEÇÃO I
Da Nacionalidade e Matrícula
Art. 109. O Registro Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição, após a vistoria técnica, atribuirá
as marcas de nacionalidade e matrícula, identificadoras da aeronave.
aeronavegabilidade.
Art. 110. A matrícula de aeronave já matriculada em outro Estado pode ser efetuada pelo novo
adquirente, mediante a comprovação da transferência da propriedade; ou pelo explorador,
mediante o expresso consentimento do titular do domínio.
Parágrafo único. O consentimento do proprietário pode ser manifestado, por meio de mandato
especial, em cláusula do respectivo contrato de utilização de aeronave, ou em documento
separado.
II - o vendedor reserva, para si a propriedade da aeronave até o pagamento total do preço ou até
o cumprimento de determinada condição, mas consente, expressamente, que o comprador faça
a matrícula.
§ 2° O contrato de compra e venda, a prazo, desde que o vendedor não reserve para si a
propriedade, enseja a matrícula definitiva.
I - a pedido do proprietário ou explorador quando deva inscrevê-la em outro Estado, desde que
não exista proibição legal (artigo 75 e Parágrafo único);
Do Certificado de Aeronavegabilidade
Art. 114. Nenhuma aeronave poderá ser autorizada para o vôo sem a prévia expedição do
correspondente certificado de aeronavegabilidade que só será válido durante o prazo estipulado
e enquanto observadas as condições obrigatórias nele mencionadas (artigos 20 e 68, § 2°).
CAPÍTULO III
SEÇÃO I
Da Propriedade da Aeronave
I - por construção;
II - por usucapião;
§ 2º Os títulos translativos da propriedade de aeronave, por ato entre vivos, não transferem o seu
domínio, senão da data em que se inscreverem no Registro Aeronáutico Brasileiro.
Art. 116. Considera-se proprietário da aeronave a pessoa natural ou jurídica que a tiver:
III - adquirido por usucapião, por possuí-la como sua, baseada em justo título e boa-fé, sem
interrupção nem oposição durante 5 (cinco) anos;
§ 2º Caso a inscrição e a matrícula sejam efetuadas por possuidor que não seja titular da
propriedade da aeronave, deverá delas constar o nome do proprietário e a averbação do seu
expresso mandato ou consentimento.
Art. 117. Para fins de publicidade e continuidade, serão também inscritos no Registro
Aeronáutico Brasileiro:
Art. 118. Os projetos de construção, quando por conta do próprio fabricante, ou os contratos de
construção quando por conta de quem a tenha contratado serão inscritos no Registro
Aeronáutico Brasileiro.
Art. 120. Perde-se a propriedade da aeronave pela alienação, renúncia, abandono, perecimento,
desapropriação e pelas causas de extinção previstas em lei.
§ 1° Ocorre o abandono da aeronave ou de parte dela quando não for possível determinar sua
legítima origem ou quando manifestar-se o proprietário, de modo expresso, no sentido de
abandoná-la.
Parágrafo único. No caso de contrato realizado no exterior aplica-se o disposto no artigo 73, item
III.
SEÇÃO II
Art. 122. Dá-se a exploração da aeronave quando uma pessoa física ou jurídica, proprietária ou
não, a utiliza, legitimamente, por conta própria, com ou sem fins lucrativos.
I - a pessoa jurídica que tem a concessão dos serviços de transporte público regular ou a
autorização dos serviços de transporte público não regular, de serviços especializados ou de
táxi-aéreo;
III - o fretador que reservou a condução técnica da aeronave, a direção e a autoridade sobre a
tripulação;
Art. 124. Quando o nome do explorador estiver inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro,
mediante qualquer contrato de utilização, exclui-se o proprietário da aeronave da
responsabilidade inerente à exploração da mesma.
§ 2° Provando-se, no caso do parágrafo anterior, que havia explorador, embora sem ter o seu
nome inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro, haverá solidariedade do explorador e do
proprietário por qualquer infração ou dano resultante da exploração da aeronave.
CAPÍTULO IV
SEÇÃO I
Art. 125. O contrato de construção de aeronave deverá ser inscrito no Registro Aeronáutico
Brasileiro.
Parágrafo único. O contrato referido no caput deste artigo deverá ser submetido à fiscalização do
Ministério da Aeronáutica, que estabelecerá as normas e condições de construção.
Art. 126. O contratante que encomendou a construção da aeronave, uma vez inscrito o seu
contrato no Registro Aeronáutico Brasileiro, adquire, originariamente, a propriedade da aeronave,
podendo dela dispor e reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua.
SEÇÃO II
Do Arrendamento
Art. 127. Dá-se o arrendamento quando uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado, o uso e gozo de aeronave ou de seus motores, mediante certa retribuição.
Art. 128. O contrato deverá ser feito por instrumento público ou particular, com a assinatura de
duas testemunhas, e inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro.
I - a fazer uso da coisa arrendada para o destino convencionado e dela cuidar como se sua
fosse;
Art. 131. A cessão do arrendamento e o subarrendamento só poderão ser realizados por contrato
escrito, com o consentimento expresso do arrendador e a inscrição no Registro Aeronáutico
Brasileiro.
SEÇÃO III
Do Fretamento
Art. 133. Dá-se o fretamento quando uma das partes, chamada fretador, obriga-se para com a
outra, chamada afretador, mediante o pagamento por este, do frete, a realizar uma ou mais
viagens preestabelecidas ou durante certo período de tempo, reservando-se ao fretador o
controle sobre a tripulação e a condução técnica da aeronave.
Art. 134. O contrato será por instrumento público ou particular, sendo facultada a sua inscrição
no Registro Aeronáutico Brasileiro (artigos 123 e 124).
I - a limitar o emprego da aeronave ao uso para o qual foi contratada e segundo as condições do
contrato;
SEÇÃO IV
Art. 137. O arrendamento mercantil deve ser inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro,
mediante instrumento público ou particular com os seguintes elementos:
II - prazo do contrato, valor de cada prestação periódica, ou o critério para a sua determinação,
data e local dos pagamentos;
IV - indicação do local, onde a aeronave deverá estar matriculada durante o prazo do contrato.
§ 2° Poderão ser aceitas, nos respectivos contratos, as cláusulas e condições usuais nas
operações de leasing internacional, desde que não contenha qualquer cláusula contrária à
Constituição Brasileira ou às disposições deste Código.
CAPÍTULO V
SEÇÃO I
Da Hipoteca Convencional
Art. 138. Poderão ser objeto de hipoteca as aeronaves, motores, partes e acessórios de
aeronaves, inclusive aquelas em construção.
§ 1° Não pode ser objeto de hipoteca, enquanto não se proceder à matrícula definitiva, a
aeronave inscrita e matriculada provisoriamente, salvo se for para garantir o contrato, com base
no qual se fez a matrícula provisória.
§ 3° No caso de incidir sobre motores, deverão eles ser inscritos e individuados no Registro
Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição da hipoteca, produzindo esta os seus efeitos ainda
que estejam equipando aeronave hipotecada a distinto credor, exceto no caso de haver nos
respectivos contratos cláusula permitindo a rotatividade dos motores.
§ 5° Durante o contrato, o credor poderá inspecionar o estado dos bens, objeto da hipoteca.
Art. 139. Só aquele que pode alienar a aeronave poderá hipotecá-la e só a aeronave que pode
ser alienada poderá ser dada em hipoteca.
Art. 140. A aeronave comum a 2 (dois) ou mais proprietários só poderá ser dada em hipoteca
com o consentimento expresso de todos os condôminos.
Art. 141. A hipoteca constituir-se-á pela inscrição do contrato no Registro Aeronáutico Brasileiro e
com a averbação no respectivo certificado de matrícula.
Art. 143. O crédito hipotecário aéreo prefere a qualquer outro, com exceção dos resultantes de:
II - despesas por socorro prestado; gastos efetuados pelo comandante da aeronave, no exercício
de suas funções, quando indispensáveis à continuação da viagem; e despesas efetuadas com a
conservação da aeronave.
SEÇÃO II
Da Hipoteca Legal
Art. 144. Será dada em favor da União a hipoteca legal das aeronaves, peças e equipamentos
adquiridos no exterior com aval, fiança ou qualquer outra garantia do Tesouro Nacional ou de
seus agentes financeiros.
Art. 145. Os bens mencionados no artigo anterior serão adjudicados à União, se esta o requerer
no Juízo Federal, comprovando:
Art. 146. O débito que tenha de ser pago pela União ou seus agentes financeiros, vencido ou
vincendo, será cobrado do adquirente ou da massa falida pelos valores despendidos por ocasião
do pagamento.
§ 1° A conversão da moeda estrangeira, se for o caso, será feita pelo câmbio do dia, observada a
legislação complementar pertinente.
§ 3° Do valor do crédito previsto neste artigo será deduzido o valor das aeronaves adjudicadas à
União, cobrando-se o saldo.
§ 6° Se no primeiro leilão não alcançar lance superior ou igual à avaliação, far-se-á, no mesmo
dia, novo leilão condicional pelo maior preço.
§ 7° Se o preço alcançado no leilão não for superior ao crédito da União, poderá esta optar pela
I - da hipoteca legal;
Parágrafo único. Os atos jurídicos, de que cuida o artigo, produzirão efeitos ainda que não
levados a registro no tempo próprio.
SEÇÃO III
Da Alienação Fiduciária
Art. 148. A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse
indireta da aeronave ou de seus equipamentos, independentemente da respectiva tradição,
tornando-se o devedor o possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e
encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal.
Art. 149. A alienação fiduciária em garantia de aeronave ou de seus motores deve ser feita por
instrumento público ou particular, que conterá:
I - o valor da dívida, a taxa de juros, as comissões, cuja cobrança seja permitida, a cláusula penal
e a estipulação da correção monetária, se houver, com a indicação exata dos índices aplicáveis;
Art. 150. A alienação fiduciária só tem validade e eficácia após a inscrição no Registro
Aeronáutico Brasileiro.
Art. 151. No caso de inadimplemento da obrigação garantida, o credor fiduciário poderá alienar o
objeto da garantia a terceiros e aplicar o respectivo preço no pagamento do seu crédito e das
despesas decorrentes da cobrança, entregando ao devedor o saldo, se houver.
§ 1° Se o preço não bastar para pagar o crédito e despesas, o devedor continuará obrigado pelo
pagamento do saldo.
CAPÍTULO VI
SEÇÃO I
Do Seqüestro da Aeronave
Art. 153. Nenhuma aeronave empregada em serviços aéreos públicos (artigo 175) poderá ser
objeto de seqüestro.
Parágrafo único. A proibição é extensiva à aeronave que opera serviço de transporte não regular,
quando estiver pronta para partir e no curso de viagem da espécie.
II - em caso de dano à propriedade privada provocado pela aeronave que nela fizer pouso
forçado.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, não será admitido o seqüestro se houver prestação de
caução suficiente a cobrir o prejuízo causado.
SEÇÃO II
Art. 155. Toda vez que, sobre aeronave ou seus motores, recair penhora ou apreensão, esta
deverá ser averbada no Registro Aeronáutico Brasileiro.
§ 1° Em caso de penhora ou apreensão judicial ou administrativa de aeronaves, ou seus
motores, destinados ao serviço público de transporte aéreo regular, a autoridade judicial ou
administrativa determinará a medida, sem que se interrompa o serviço.
TÍTULO V
Da Tripulação
CAPÍTULO I
Da Composição da Tripulação
Art. 156. São tripulantes as pessoas devidamente habilitadas que exercem função a bordo de
aeronaves.
§ 2° A função não remunerada, a bordo de aeronave de serviço aéreo privado (artigo 177) pode
ser exercida por tripulantes habilitados, independente de sua nacionalidade.
Art. 157. Desde que assegurada a admissão de tripulantes brasileiros em serviços aéreos
públicos de determinado país, deve-se promover acordo bilateral de reciprocidade.
Art. 158. A juízo da autoridade aeronáutica poderão ser admitidos como tripulantes, em caráter
provisório, instrutores estrangeiros, na falta de tripulantes brasileiros.
Parágrafo único. O prazo do contrato de instrutores estrangeiros, de que trata este artigo, não
poderá exceder de 6 (seis) meses.
CAPÍTULO II
Parágrafo único. A licença terá caráter permanente e os certificados vigorarão pelo período neles
estabelecido, podendo ser revalidados.
Art. 161. Será regulada pela legislação brasileira a validade da licença e o certificado de
habilitação técnica de estrangeiros, quando inexistir convenção ou ato internacional vigente no
Brasil e no Estado que os houver expedido.
Parágrafo único. O disposto no caput do presente artigo aplica-se a brasileiro titular de licença ou
certificado obtido em outro país.
Art. 163. Sempre que o titular de licença apresentar indício comprometedor de sua aptidão
técnica ou das condições físicas estabelecidas na regulamentação específica, poderá ser
submetido a novos exames técnicos ou de capacidade física, ainda que válidos estejam os
respectivos certificados.
Parágrafo único. Do resultado dos exames acima especificados caberá recurso dos interessados
à Comissão técnica especializada ou à junta médica.
Art. 164. Qualquer dos certificados de que tratam os artigos anteriores poderá ser cassado pela
autoridade aeronáutica se comprovado, em processo administrativo ou em exame de saúde, que
o respectivo titular não possui idoneidade profissional ou não está capacitado para o exercício
das funções especificadas em sua licença.
Parágrafo único. No caso do presente artigo, aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo
163.
CAPÍTULO III
Do Comandante de Aeronave
Art. 165. Toda aeronave terá a bordo um Comandante, membro da tripulação, designado pelo
proprietário ou explorador e que será seu preposto durante a viagem.
Parágrafo único. O nome do Comandante e dos demais tripulantes constarão do Diário de Bordo.
II - limites de vôo;
Art. 167. O Comandante exerce autoridade inerente à função desde o momento em que se
apresenta para o vôo até o momento em que entrega a aeronave, concluída a viagem.
Parágrafo único. No caso de pouso forçado, a autoridade do Comandante persiste até que as
autoridades competentes assumam a responsabilidade pela aeronave, pessoas e coisas
transportadas.
Art. 168 Durante o período de tempo previsto no artigo 167, o Comandante exerce autoridade
sobre as pessoas e coisas que se encontrem a bordo da aeronave e poderá:
I - desembarcar qualquer delas, desde que comprometa a boa ordem, a disciplina, ponha em
risco a segurança da aeronave ou das pessoas e bens a bordo;
III - alijar a carga ou parte dela, quando indispensável à segurança de vôo (artigo 16, § 3º).
Art. 169. Poderá o Comandante, sob sua responsabilidade, adiar ou suspender a partida da
aeronave, quando julgar indispensável à segurança do vôo.
Art. 170. O Comandante poderá delegar a outro membro da tripulação as atribuições que lhe
competem, menos as que se relacionem com a segurança do vôo.
Art. 171. As decisões tomadas pelo Comandante na forma dos artigos 167, 168, 169 e 215,
parágrafo único, inclusive em caso de alijamento (artigo 16, § 3°), serão registradas no Diário de
Bordo e, concluída a viagem, imediatamente comunicadas à autoridade aeronáutica.
Parágrafo único. No caso de estar a carga sujeita a controle aduaneiro, será o alijamento
comunicado à autoridade fazendária mais próxima.
Parágrafo único. O Diário de Bordo referido no caput deste artigo deverá estar assinado pelo
Art. 173. O Comandante procederá ao assento, no Diário de Bordo, dos nascimentos e óbitos
que ocorrerem durante a viagem, e dele extrairá cópia para os fins de direito.
TÍTULO VI
CAPÍTULO I
Introdução
Art. 174. Os serviços aéreos compreendem os serviços aéreos privados (artigos 177 a 179) e os
serviços aéreos públicos (artigos 180 a 221).
Art. 175. Os serviços aéreos públicos abrangem os serviços aéreos especializados públicos e os
serviços de transporte aéreo público de passageiro, carga ou mala postal, regular ou não regular,
doméstico ou internacional.
§ 1° A relação jurídica entre a União e o empresário que explora os serviços aéreos públicos
pauta-se pelas normas estabelecidas neste Código e legislação complementar e pelas condições
da respectiva concessão ou autorização.
Art. 176. O transporte aéreo de mala postal poderá ser feito, com igualdade de tratamento, por
todas as empresas de transporte aéreo regular, em suas linhas, atendendo às conveniências de
horário, ou mediante fretamento especial.
§ 1° No transporte de remessas postais o transportador só é responsável perante a
Administração Postal na conformidade das disposições aplicáveis às relações entre eles.
CAPÍTULO II
Art. 177. Os serviços aéreos privados são os realizados, sem remuneração, em benefício do
próprio operador (artigo 123, II) compreendendo as atividades aéreas:
I - de recreio ou desportivas;
§ 2° As aeronaves de que trata este artigo não poderão efetuar serviços aéreos de transporte
público (artigo 267, § 2°).
Art. 179. As pessoas físicas ou jurídicas que, em seu único e exclusivo benefício, se dediquem à
formação ou adestramento de seu pessoal técnico, poderão fazê-lo mediante a anuência da
autoridade aeronáutica.
CAPÍTULO III
SEÇÃO I
Art. 180. A exploração de serviços aéreos públicos dependerá sempre da prévia concessão,
quando se tratar de transporte aéreo regular, ou de autorização no caso de transporte aéreo não
regular ou de serviços especializados.
Art. 181. A concessão somente será dada à pessoa jurídica brasileira que tiver:
I - sede no Brasil;
II - pelo menos 4/5 (quatro quintos) do capital com direito a voto, pertencente a brasileiros,
prevalecendo essa limitação nos eventuais aumentos do capital social;
§ 1° As ações com direito a voto deverão ser nominativas se se tratar de empresa constituída
sob a forma de sociedade anônima, cujos estatutos deverão conter expressa proibição de
conversão das ações preferenciais sem direito a voto em ações com direito a voto.
§ 2° Pode ser admitida a emissão de ações preferenciais até o limite de 2/3 (dois terços) do total
das ações emitidas, não prevalecendo as restrições não previstas neste Código.
§ 3° A transferência a estrangeiro das ações com direito a voto, que estejam incluídas na
margem de 1/5 (um quinto) do capital a que se refere o item II deste artigo, depende de
aprovação da autoridade aeronáutica.
§ 4° Desde que a soma final de ações em poder de estrangeiros não ultrapasse o limite de 1/5
(um quinto) do capital, poderão as pessoas estrangeiras, naturais ou jurídicas, adquirir ações do
aumento de capital.
direção de brasileiros.
Art. 183. As concessões ou autorizações serão regulamentadas pelo Poder Executivo e somente
poderão ser cedidas ou transferidas mediante anuência da autoridade competente.
SEÇÃO II
Art. 184. Os atos constitutivos das sociedades de que tratam os artigos 181 e 182 deste Código,
bem como suas modificações, dependerão de prévia aprovação da autoridade aeronáutica, para
serem apresentados ao Registro do Comércio.
Parágrafo único. A aprovação de que trata este artigo não assegura à sociedade qualquer direito
em relação à concessão ou autorização para a execução de serviços aéreos.
I - dos seus acionistas, com a exata indicação de sua qualificação, endereço e participação
social;
II - que levem o adquirente a possuir mais de 10% (dez por cento) do capital social;
IV - durante o período fixado pela autoridade aeronáutica, em face da análise das informações
semestrais a que se refere o § 1°, item II, deste artigo;
Art. 186. As empresas de que tratam os artigos 181 e 182, tendo em vista a melhoria dos
serviços e maior rendimento econômico ou técnico, a diminuição de custos, o bem público ou o
melhor atendimento dos usuários, poderão fundir-se ou incorporar-se.
§ 2° Embora pertencendo ao mesmo grupo societário, uma empresa não poderá, fora dos casos
previstos no caput deste artigo, explorar linhas aéreas cuja concessão tenha sido deferida a
outra.
SEÇÃO III
Art. 187. Não podem impetrar concordata as empresas que, por seus atos constitutivos, tenham
por objeto a exploração de serviços aéreos de qualquer natureza ou de infra-estrutura
aeronáutica.
Art. 188. O Poder Executivo poderá intervir nas empresas concessionárias ou autorizadas, cuja
situação operacional, financeira ou econômica ameace a continuidade dos serviços, a eficiência
ou a segurança do transporte aéreo.
I - será determinada a liquidação extrajudicial, quando, com a realização do ativo puder ser
atendida pelo menos a metade dos créditos;
II - será requerida a falência, quando o ativo não for suficiente para atender pelo menos à metade
dos créditos, ou quando houver fundados indícios de crimes falenciais.
Art. 189. Além dos previstos em lei, constituem créditos privilegiados da União nos processos de
liquidação ou falência de empresa de transporte aéreo:
II - a quantia por que a União se haja obrigado, ainda que parceladamente, para pagamento de
aeronaves e produtos aeronáuticos, importados pela empresa de transporte aéreo.
I - com a contribuição financeira da União, aval, fiança ou qualquer outra garantia desta ou de
seus agentes financeiros;
II - pagos no todo ou em parte pela União ou por cujo pagamento ela venha a ser
responsabilizada após o início do processo.
§ 1° A adjudicação de que trata este artigo será determinada pelo Juízo Federal, mediante a
comprovação, pela União, da ocorrência das hipóteses previstas nos itens I e II deste artigo.
§ 2° A quantia correspondente ao valor dos bens referidos neste artigo será deduzida do
montante do crédito da União, no processo de cobrança executiva, proposto pela União contra a
devedora, ou administrativamente, se não houver processo judicial.
Art. 191. Na expiração normal ou antecipada das atividades da empresa, a União terá o direito de
adquirir, diretamente, em sua totalidade ou em partes, as aeronaves, peças e equipamentos,
oficinas e instalações aeronáuticas, pelo valor de mercado.
SEÇÃO IV
Art. 192. Os acordos entre exploradores de serviços aéreos de transporte regular, que impliquem
em consórcio, pool, conexão, consolidação ou fusão de serviços ou interesses, dependerão de
prévia aprovação da autoridade aeronáutica.
Art. 193. Os serviços aéreos de transporte regular ficarão sujeitos às normas que o Governo
estabelecer para impedir a competição ruinosa e assegurar o seu melhor rendimento econômico
podendo, para esse fim, a autoridade aeronáutica, a qualquer tempo, modificar freqüências,
rotas, horários e tarifas de serviços e outras quaisquer condições da concessão ou autorização.
Art. 194. As normas e condições para a exploração de serviços aéreos não regulares (artigos
217 a 221) serão fixadas pela autoridade aeronáutica, visando a evitar a competição desses
serviços com os de transporte regular, e poderão ser alteradas quando necessário para
assegurar, em conjunto, melhor rendimento econômico dos serviços aéreos.
Parágrafo único. Poderá a autoridade aeronáutica exigir a prévia aprovação dos contratos ou
acordos firmados pelos empresários de serviços especializados (artigo 201), de serviço de
transporte aéreo regular ou não regular, e operadores de serviços privados ou desportivos
(artigos 15, § 2° e 178, § 2°), entre si, ou com terceiros.
Art. 195. Os serviços auxiliares serão regulados de conformidade com o disposto nos artigos 102
a 104.
Art. 196. Toda pessoa, natural ou jurídica, que explorar serviços aéreos, deverá dispor de
adequadas estruturas técnicas de manutenção e de operação, próprias ou contratadas,
devidamente homologadas pela autoridade aeronáutica.
Art. 197. A fiscalização será exercida pelo pessoal que a autoridade aeronáutica credenciar.
Art. 198. Além da escrituração exigida pela legislação em vigor, todas as empresas que
explorarem serviços aéreos deverão manter escrituração específica, que obedecerá a um plano
uniforme de contas, estabelecido pela autoridade aeronáutica.
Parágrafo único. A receita e a despesa de atividades afins ou subsidiárias não poderão ser
escrituradas na contabilidade dos serviços aéreos.
Art. 199. A autoridade aeronáutica poderá, quando julgar necessário, mandar proceder a exame
da contabilidade das empresas que explorarem serviços aéreos e dos respectivos livros,
registros e documentos.
Art. 200. Toda empresa nacional ou estrangeira de serviço de transporte aéreo público regular
obedecerá às tarifas aprovadas pela autoridade aeronáutica.
Parágrafo único. No transporte internacional não regular, a autoridade aeronáutica poderá exigir
que o preço do transporte seja submetido a sua aprovação prévia.
CAPÍTULO IV
Art. 202. Obedecerão a regulamento especial os serviços aéreos que tenham por fim proteger ou
fomentar o desenvolvimento da agricultura em qualquer dos seus aspectos, mediante o uso de
fertilizantes, semeadura, combate a pragas, aplicação de inseticidas, herbicidas, desfolhadores,
povoamento de águas, combate a incêndios em campos e florestas e quaisquer outras
aplicações técnicas e científicas aprovadas.
CAPÍTULO V
SEÇÃO I
Art. 203. Os serviços de transporte aéreo público internacional podem ser realizados por
empresas nacionais ou estrangeiras.
Art. 204. O Governo Brasileiro designará as empresas para os serviços de transporte aéreo
internacional.
§ 2° A designação de que trata este artigo far-se-á com o objetivo de assegurar o melhor
rendimento econômico no mercado internacional, estimular o turismo receptivo, contribuir para o
maior intercâmbio político, econômico e cultural.
Art. 205. Para operar no Brasil, a empresa estrangeira de transporte aéreo deverá:
III - obter autorização para operar os serviços aéreos (artigos 212 e 213).
Parágrafo único. A designação é ato de Governo a Governo, pela via diplomática, enquanto os
pedidos de autorização, a que se referem os itens II e III deste artigo são atos da própria
empresa designada.
Art. 206. O pedido de autorização para funcionamento no País será instruído com os seguintes
documentos:
III - relação de acionistas ou detentores de seu capital, com a indicação, quando houver, do
nome, profissão e domicílio de cada um e número de ações ou quotas de participação, conforme
a natureza da sociedade;
Art. 207. As condições que o Governo Federal achar conveniente estabelecer em defesa dos
interesses nacionais constarão de termo de aceitação assinado pela empresa requerente e
integrarão o decreto de autorização.
Parágrafo único. Um exemplar do órgão oficial que tiver feito a publicação do decreto e de todos
os documentos que o instruem será arquivado no Registro de Comércio da localidade onde vier a
ser situado o estabelecimento principal da empresa, juntamente com a prova do depósito, em
dinheiro, da parte do capital destinado às operações no Brasil.
Art. 208. As empresas estrangeiras autorizadas a funcionar no País são obrigadas a ter
permanentemente representante no Brasil, com plenos poderes para tratar de quaisquer
assuntos e resolvê-los definitivamente, inclusive para o efeito de ser demandado e receber
citações iniciais pela empresa.
Art. 209. Qualquer alteração que a empresa estrangeira fizer em seu estatuto ou atos
constitutivos dependerá de aprovação do Governo Federal para produzir efeitos no Brasil.
Art. 210. A autorização à empresa estrangeira para funcionar no Brasil, de que trata o artigo 206,
poderá ser cassada:
I - em caso de falência;
II - se os serviços forem suspensos, pela própria empresa, por período excedente a 6 (seis)
meses;
Art. 211. A substituição da empresa estrangeira que deixar de funcionar no Brasil ficará na
dependência de comprovação, perante a autoridade aeronáutica, do cumprimento das
obrigações a que estava sujeita no País, salvo se forem assumidas pela nova empresa
designada.
Art. 212. A empresa estrangeira, designada pelo governo de seu país e autorizada a funcionar no
Brasil, deverá obter a autorização para iniciar, em caráter definitivo, os serviços aéreos
internacionais, apresentando à autoridade aeronáutica:
b) as tarifas que pretende aplicar entre pontos de escala no Brasil e as demais escalas de seu
serviço no exterior;
Art. 213. Toda modificação que envolva equipamento, horário, freqüência e escalas no Território
Nacional, bem assim a suspensão provisória ou definitiva dos serviços e o restabelecimento de
escalas autorizadas, dependerá de autorização da autoridade aeronáutica, se não for
estabelecido de modo diferente em Acordo Bilateral.
Parágrafo único. As modificações a que se refere este artigo serão submetidas à autoridade
aeronáutica com a necessária antecedência.
Art. 214. As empresas estrangeiras de transporte aéreo que não operem no Brasil não poderão
funcionar no Território Nacional ou nele manter agência, sucursal, filial, gerência, representação
ou escritório, salvo se possuírem autorização para a venda de bilhete de passagem ou de carga,
concedida por autoridade competente.
§ 1° A autorização de que trata este artigo estará sujeita às normas e condições que forem
estabelecidas pelo Ministério da Aeronáutica.
§ 2° Não será outorgada autorização a empresa cujo país de origem não assegure reciprocidade
de tratamento às congêneres brasileiras.
SEÇÃO II
Do Transporte Doméstico
Art. 215. Considera-se doméstico e é regido por este Código, todo transporte em que os pontos
de partida, intermediários e de destino estejam situados em Território Nacional.
Parágrafo único. O transporte não perderá esse caráter se, por motivo de força maior, a
aeronave fizer escala em território estrangeiro, estando, porém, em território brasileiro os seus
Art. 216. Os serviços aéreos de transporte público doméstico são reservados às pessoas
jurídicas brasileiras.
CAPÍTULO VI
Art. 217. Para a prestação de serviços aéreos não regulares de transporte de passageiro, carga
ou mala postal, é necessária autorização de funcionamento do Poder Executivo, a qual será
intransferível, podendo estender-se por período de 5 (cinco) anos, renovável por igual prazo.
III - que dispõe de aeronaves adequadas, pessoal técnico habilitado e estruturas técnicas de
manutenção, próprias ou contratadas;
Art. 219. Além da autorização de funcionamento, de que tratam os artigos 217 e 218, os serviços
de transporte aéreo não regular entre pontos situados no País, ou entre ponto no Território
Nacional e outro em país estrangeiro, sujeitam-se à permissão correspondente.
Art. 220. Os serviços de táxi-aéreo constituem modalidade de transporte público aéreo não
regular de passageiro ou carga, mediante remuneração convencionada entre o usuário e o
transportador, sob a fiscalização do Ministério da Aeronáutica, e visando a proporcionar
atendimento imediato, independente de horário, percurso ou escala.
Art. 221. As pessoas físicas ou jurídicas, autorizadas a exercer atividade de fomento da aviação
civil ou desportiva, assim como de adestramento de tripulantes, não poderão realizar serviço
público de transporte aéreo, com ou sem remuneração (artigos 267, § 2°; 178, § 2° e 179).
TÍTULO VII
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 222. Pelo contrato de transporte aéreo, obriga-se o empresário a transportar passageiro,
bagagem, carga, encomenda ou mala postal, por meio de aeronave, mediante pagamento.
Parágrafo único. O empresário, como transportador, pode ser pessoa física ou jurídica,
proprietário ou explorador da aeronave.
Art. 223. Considera-se que existe um só contrato de transporte, quando ajustado num único ato
jurídico, por meio de um ou mais bilhetes de passagem, ainda que executado, sucessivamente,
por mais de um transportador.
Art. 224. Em caso de transporte combinado, aplica-se às aeronaves o disposto neste Código.
Art. 225. Considera-se transportador de fato o que realiza todo o transporte ou parte dele,
presumidamente autorizado pelo transportador contratual e sem se confundir com ele ou com o
transportador sucessivo.
CAPÍTULO II
SEÇÃO I
Do Bilhete de Passagem
Art. 228. O bilhete de passagem terá a validade de 1 (um) ano, a partir da data de sua emissão.
Art. 229. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete se o transportador
vier a cancelar a viagem.
Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o transportador
providenciará o embarque do passageiro, em vôo que ofereça serviço equivalente para o mesmo
destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de
passagem.
Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período
superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso
do bilhete de passagem ou pela imediata devolução do preço.
Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da viagem, inclusive
transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem, correrão por conta do transportador
contratual, sem prejuízo da responsabilidade civil.
Art. 232. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas legais constantes do bilhete ou
afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de ato que cause incômodo ou prejuízo aos
passageiros, danifique a aeronave, impeça ou dificulte a execução normal do serviço.
SEÇÃO II
Da Nota de Bagagem
§ 2° Poderá o transportador verificar o conteúdo dos volumes sempre que haja valor declarado
pelo passageiro.
CAPÍTULO III
Art. 235. No contrato de transporte aéreo de carga, será emitido o respectivo conhecimento, com
as seguintes indicações:
VI - a natureza da carga;
XIII - o prazo de transporte, dentro do qual deverá o transportador entregar a carga no lugar do
destino, e o destinatário ou expedidor retirá-la.
Art. 236. O conhecimento aéreo será feito em 3 (três) vias originais e entregue pelo expedidor
com a carga.
§ 2º A 2ª via, com a indicação "do destinatário", será assinada pelo expedidor e pelo
transportador e acompanhará a carga.
§ 3° A 3ª via será assinada pelo transportador e por ele entregue ao expedidor, após aceita a
carga.
Art. 238. Quando houver mais de um volume, o transportador poderá exigir do expedidor
conhecimentos aéreos distintos.
Art. 239. Sem prejuízo da responsabilidade penal, o expedidor responde pela exatidão das
indicações e declarações constantes do conhecimento aéreo e pelo dano que, em conseqüência
de suas declarações ou indicações irregulares, inexatas ou incompletas, vier a sofrer o
transportador ou qualquer outra pessoa.
Art. 240. O conhecimento faz presumir, até prova em contrário, a conclusão do contrato, o
recebimento da carga e as condições do transporte.
Art. 242. O transportador recusará a carga desacompanhada dos documentos exigidos ou cujo
transporte e comercialização não sejam permitidos.
Art. 243. Ao chegar a carga ao lugar do destino, deverá o transportador avisar ao destinatário
para que a retire no prazo de 15 (quinze) dias a contar do aviso, salvo se estabelecido outro
prazo no conhecimento.
§ 1° Se o destinatário não for encontrado ou não retirar a carga no prazo constante do aviso, o
transportador avisará ao expedidor para retirá-la no prazo de 15 (quinze) dias, a partir do aviso,
sob pena de ser considerada abandonada.
§ 2° Transcorrido o prazo estipulado no último aviso, sem que a carga tenha sido retirada, o
transportador a entregará ao depósito público por conta e risco do expedidor, ou, a seu critério,
ao leiloeiro, para proceder à venda em leilão público e depositar o produto líquido no Banco do
Brasil S/A., à disposição do proprietário, deduzidas as despesas de frete, seguro e encargos da
venda.
§ 2° O protesto por avaria será feito dentro do prazo de 7 (sete) dias a contar do recebimento.
§ 3° O protesto por atraso será feito dentro do prazo de 15 (quinze) dias a contar da data em que
a carga haja sido posta à disposição do destinatário.
Art. 245. A execução do contrato de transporte aéreo de carga inicia-se com o recebimento e
persiste durante o período em que se encontra sob a responsabilidade do transportador, seja em
aeródromo, a bordo da aeronave ou em qualquer lugar, no caso de aterrissagem forçada, até a
entrega final.
TÍTULO VIII
Da Responsabilidade Civil
CAPÍTULO I
Da Responsabilidade Contratual
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Art. 246. A responsabilidade do transportador (artigos 123, 124 e 222, Parágrafo único), por
danos ocorridos durante a execução do contrato de transporte (artigos 233, 234, § 1°, 245), está
sujeita aos limites estabelecidos neste Título (artigos 257, 260, 262, 269 e 277).
Art. 248. Os limites de indenização, previstos neste Capítulo, não se aplicam se for provado que
o dano resultou de dolo ou culpa grave do transportador ou de seus prepostos.
§ 1° Para os efeitos deste artigo, ocorre o dolo ou culpa grave quando o transportador ou seus
prepostos quiseram o resultado ou assumiram o risco de produzi-lo.
§ 2° O demandante deverá provar, no caso de dolo ou culpa grave dos prepostos, que estes
atuavam no exercício de suas funções.
§ 3° A sentença, no Juízo Criminal, com trânsito em julgado, que haja decidido sobre a existência
do ato doloso ou culposo e sua autoria, será prova suficiente.
Art. 249. Não serão computados nos limites estabelecidos neste Capítulo, honorários e despesas
judiciais.
Art. 250. O responsável que pagar a indenização desonera-se em relação a quem a receber
(artigos 253 e 281, parágrafo único).
Parágrafo único. Fica ressalvada a discussão entre aquele que pagou e os demais responsáveis
pelo pagamento.
SEÇÃO II
Do Procedimento Extrajudicial
Art. 252. No prazo de 30 (trinta) dias, a partir das datas previstas no artigo 317, I, II, III e IV, deste
Código, o interessado deverá habilitar-se ao recebimento da respectiva indenização.
Art. 253. Nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo previsto no artigo anterior, o
responsável deverá efetuar aos habilitados os respectivos pagamentos com recursos próprios ou
com os provenientes do seguro (artigo 250).
Art. 254. Para os que não se habilitarem tempestivamente ou cujo processo esteja na
dependência de cumprimento, pelo interessado, de exigências legais, o pagamento a que se
refere o artigo anterior deve ocorrer nos 30 (trinta) dias seguintes à satisfação daquelas.
Art. 255. Esgotado o prazo a que se referem os artigos 253 e 254, se não houver o responsável
ou a seguradora efetuado o pagamento, poderá o interessado promover, judicialmente, pelo
procedimento sumaríssimo (artigo 275, II, letra e, do CPC), a reparação do dano.
SEÇÃO III
§ 1° Poderá ser fixado limite maior mediante pacto acessório entre o transportador e o
passageiro.
§ 2° Na indenização que for fixada em forma de renda, o capital par a sua constituição não
poderá exceder o maior valor previsto neste artigo.
Art. 258. No caso de transportes sucessivos, o passageiro ou seu sucessor só terá ação contra o
transportador que haja efetuado o transporte no curso do qual ocorrer o acidente ou o atraso.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo se, por estipulação expressa, o primeiro
Art. 259. Quando o transporte aéreo for contratado com um transportador e executado por outro,
o passageiro ou sucessores poderão demandar tanto o transportador contratual como o
transportador de fato, respondendo ambos solidariamente.
SEÇÃO IV
Art. 261. Aplica-se, no que couber, o que está disposto na seção relativa à responsabilidade por
danos à carga aérea (artigos 262 a 266).
SEÇÃO V
Art. 262. No caso de atraso, perda, destruição ou avaria de carga, ocorrida durante a execução
do contrato do transporte aéreo, a responsabilidade do transportador limita-se ao valor
correspondente a 3 (três) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN por quilo, salvo declaração
especial de valor feita pelo expedidor e mediante o pagamento de taxa suplementar, se for o
caso (artigos 239, 241 e 244).
Art. 263. Quando para a execução do contrato de transporte aéreo for usado outro meio de
transporte, e houver dúvida sobre onde ocorreu o dano, a responsabilidade do transportador será
regida por este Código (artigo 245 e Parágrafo único).
I - que o atraso na entrega da carga foi causado por determinação expressa de autoridade
aeronáutica do vôo, ou por fato necessário, cujos efeitos não era possível prever, evitar ou
impedir;
Art. 265. A não ser que o dano atinja o valor de todos os volumes, compreendidos pelo
conhecimento de transporte aéreo, somente será considerado, para efeito de indenização, o
peso dos volumes perdidos, destruídos, avariados ou entregues com atraso.
Art. 266. Poderá o expedidor propor ação contra o primeiro transportador e contra aquele que
haja efetuado o transporte, durante o qual ocorreu o dano, e o destinatário contra este e contra o
último transportador.
CAPÍTULO II
Art. 267. Quando não houver contrato de transporte (artigos 222 a 245), a responsabilidade civil
por danos ocorridos durante a execução dos serviços aéreos obedecerá ao seguinte:
I - no serviço aéreo privado (artigos 177 a 179), o proprietário da aeronave responde por danos
ao pessoal técnico a bordo e às pessoas e bens na superfície, nos limites previstos,
respectivamente, nos artigos 257 e 269 deste Código, devendo contratar seguro correspondente
(artigo 178, §§ 1° e 2°);
III - no transporte gratuito realizado pelo Correio Aéreo Nacional, não haverá indenização por
danos à pessoa ou bagagem a bordo, salvo se houver comprovação de culpa ou dolo dos
operadores da aeronave.
CAPÍTULO III
Art. 268. O explorador responde pelos danos a terceiros na superfície, causados, diretamente,
por aeronave em vôo, ou manobra, assim como por pessoa ou coisa dela caída ou projetada.
III - a aeronave era operada por terceiro, não preposto nem dependente, que iludiu a razoável
vigilância exercida sobre o aparelho;
§ 3° Considera-se a aeronave em vôo desde o momento em que a força motriz é aplicada para
decolar até o momento em que termina a operação de pouso.
§ 4° Tratando-se de aeronave mais leve que o ar, planador ou asa voadora, considera-se em vôo
desde o momento em que se desprende da superfície até aquele em que a ela novamente
retorne.
II - para aeronaves com peso superior a 1.000kg (mil quilogramas), à quantia correspondente a
3.500 (três mil e quinhentas) OTN - Obrigações do Tesouro Nacional, acrescida de 1/10 (um
décimo) do valor de cada OTN - Obrigação do Tesouro Nacional por quilograma que exceder a
1.000 (mil).
Parágrafo único. Entende-se por peso da aeronave o autorizado para decolagem pelo certificado
de aeronavegabilidade ou documento equivalente.
Art. 270. O explorador da aeronave pagará aos prejudicados habilitados 30% (trinta por cento) da
quantia máxima, a que estará obrigado, nos termos do artigo anterior, dentro de 60 (sessenta)
dias a partir da ocorrência do fato (artigos 252 e 253).
§ 1° Exime-se do dever de efetuar o pagamento o explorador que houver proposto ação para
isentar-se de responsabilidade sob a alegação de culpa predominante ou exclusiva do
prejudicado.
§ 2° O saldo de 70% (setenta por cento) será rateado entre todos os prejudicados habilitados,
quando após o decurso de 90 (noventa) dias do fato, não pender qualquer processo de
habilitação ou ação de reparação do dano (artigos 254 e 255).
Art. 271. Quando a importância total das indenizações fixadas exceder ao limite de
responsabilidade estabelecido neste Capítulo, serão aplicadas as regras seguintes:
I - havendo apenas danos pessoais ou apenas danos materiais, as indenizações serão reduzidas
proporcionalmente aos respectivos montantes;
Art. 272. Nenhum efeito terão os dispositivos deste Capítulo sobre o limite de responsabilidade
quando:
II - seja o dano causado pela aeronave no solo e com seus motores parados;
III - o dano seja causado a terceiros na superfície, por quem esteja operando ilegal ou
ilegitimamente a aeronave.
CAPÍTULO IV
Art. 274. A responsabilidade pela reparação dos danos resultantes do abalroamento cabe ao
explorador ou proprietário da aeronave causadora, quer a utilize pessoalmente, quer por
preposto.
Art. 275. No abalroamento em que haja culpa concorrente, a responsabilidade dos exploradores
Art. 277. A indenização pelos danos causados em conseqüência do abalroamento não excederá:
I - aos limites fixados nos artigos 257, 260 e 262, relativos a pessoas e coisas a bordo, elevados
ao dobro;
II - aos limites fixados no artigo 269, referentes a terceiros na superfície, elevados ao dobro;
Art. 279. O explorador de cada aeronave será responsável, nas condições e limites previstos
neste Código, pelos danos causados:
Parágrafo único. A pessoa que sofrer danos, ou os seus beneficiários, terão direito a ser
indenizados, até a soma dos limites correspondentes a cada uma das aeronaves, mas nenhum
explorador será responsável por soma que exceda os limites aplicáveis às suas aeronaves, salvo
se sua responsabilidade for ilimitada, por ter sido provado que o dano foi causado por dolo ou
culpa grave (§ 1° do artigo 248).
CAPÍTULO V
Art. 280. Aplicam-se, conforme o caso, os limites estabelecidos nos artigos 257, 260, 262, 269 e
277, à eventual responsabilidade:
CAPÍTULO VI
Da Garantia de Responsabilidade
Art. 281. Todo explorador é obrigado a contratar o seguro para garantir eventual indenização de
riscos futuros em relação:
I - aos danos previstos neste Título, com os limites de responsabilidade civil nele estabelecidos
(artigos 257, 260, 262, 269 e 277) ou contratados (§ 1° do artigo 257 e parágrafo único do artigo
262);
II - aos tripulantes e viajantes gratuitos equiparados, para este efeito, aos passageiros (artigo
256, § 2°);
III - ao pessoal técnico a bordo e às pessoas e bens na superfície, nos serviços aéreos privados
(artigo 178, § 2°, e artigo 267, I);
IV - ao valor da aeronave.
Art. 282. Exigir-se-á do explorador de aeronave estrangeira, para a eventual reparação de danos
a pessoas ou bens no espaço aéreo ou no território brasileiro:
Art. 284. Os seguros obrigatórios, cuja expiração ocorrer após o inicio do vôo, consideram-se
prorrogados até o seu término.
Art. 285. Sob pena de nulidade da cláusula, nas apólices de seguro de vida ou de seguro de
acidente, não poderá haver exclusão de riscos resultantes do transporte aéreo.
Art. 286. Aquele que tiver direito à reparação do dano poderá exercer, nos limites da indenização
que lhe couber, direito próprio sobre a garantia prestada pelo responsável (artigos 250 e 281,
Parágrafo único).
CAPÍTULO VII
Art. 287. Para efeito de limite de responsabilidade civil no transporte aéreo internacional, as
quantias estabelecidas nas Convenções Internacionais de que o Brasil faça parte serão
convertidas em moeda nacional, na forma de regulamento expedido pelo Poder Executivo.
TÍTULO IX
CAPÍTULO I
Art. 288. O Poder Executivo criará órgão com a finalidade de apuração e julgamento das
infrações previstas neste Código e na legislação complementar, especialmente as relativas a
tarifas e condições de transporte, bem como de conhecimento dos respectivos recursos.
(Vetado).
CAPÍTULO II
Art. 289. Na infração aos preceitos deste Código ou da legislação complementar, a autoridade
aeronáutica poderá tomar as seguintes providências administrativas:
I - multa;
Art. 290. A autoridade aeronáutica poderá requisitar o auxílio da força policial para obter a
detenção dos presumidos infratores ou da aeronave que ponha em perigo a segurança pública,
pessoas ou coisas, nos limites do que dispõe este Código.
Art. 291. Toda vez que se verifique a ocorrência de infração prevista neste Código ou na
legislação complementar, a autoridade aeronáutica lavrará o respectivo auto, remetendo-o à
autoridade ou ao órgão competente para a apuração, julgamento ou providência administrativa
cabível.
§ 2° Tratando-se de crime, em que se deva deter membros de tripulação de aeronave que realize
serviço público de transporte aéreo, a autoridade aeronáutica, concomitantemente à providência
prevista no parágrafo anterior, deverá tomar as medidas que possibilitem a continuação do vôo.
Art. 292. É assegurado o direito à ampla defesa e a recurso a quem responder a procedimentos
instaurados para a apuração e julgamento das infrações às normas previstas neste Código e em
normas regulamentares.
Art. 293. A aplicação das providências ou penalidades administrativas, previstas neste Título, não
prejudicará nem impedirá a imposição, por outras autoridades, de penalidades cabíveis.
Art. 294. Será solidária a responsabilidade de quem cumprir ordem exorbitante ou indevida do
proprietário ou explorador de aeronave, que resulte em infração deste Código.
Art. 295. A multa será imposta de acordo com a gravidade da infração, podendo ser acrescida da
suspensão de qualquer dos certificados ou da autorização ou permissão.
Art. 296. A suspensão será aplicada para período não superior a 180 (cento e oitenta) dias,
podendo ser prorrogada uma vez por igual período.
Art. 297. A pessoa jurídica empregadora responderá solidariamente com seus prepostos,
agentes, empregados ou intermediários, pelas infrações por eles cometidas no exercício das
respectivas funções.
Art. 298. A empresa estrangeira de transporte aéreo que opere no País será sujeita à multa e, na
hipótese de reincidência, à suspensão ou cassação da autorização de funcionamento no caso de
não atender:
I - aos requisitos prescritos pelas leis e regulamentos normalmente aplicados, no que se refere
ao funcionamento de empresas de transporte aéreo;
d) tripulação ou carga;
e) despacho;
f) imigração;
g) alfândega;
h) higiene;
i) saúde.
CAPÍTULO III
Das Infrações
Art. 299. Será aplicada multa de (vetado) ate 1.000 (mil) valores de referência, ou de suspensão
ou cassação de quaisquer certificados de matrícula, habilitação, concessão, autorização,
permissão ou homologação expedidos segundo as regras deste Código, nos seguintes casos:
VIII - atraso no pagamento de tarifas aeroportuárias além do prazo estabelecido pela autoridade
aeronáutica;
Art. 300. A cassação dependerá de inquérito administrativo no curso do qual será assegurada
defesa ao infrator.
Art. 301. A suspensão poderá ser por prazo até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis por igual
período.
Art. 302. A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações:
d) utilizar ou empregar aeronave sem os documentos exigidos ou sem que estes estejam em
vigor;
f) utilizar ou empregar aeronave na execução de atividade diferente daquela para a qual se achar
licenciado;
g) utilizar ou empregar aeronave com inobservância das normas de tráfego aéreo, emanadas da
autoridade aeronáutica;
i) manter aeronave estrangeira em Território Nacional sem autorização ou sem que esta haja
sido revalidada;
l) lançar objetos ou substâncias sem licença da autoridade aeronáutica, salvo caso de alijamento;
o) realizar vôo com peso de decolagem ou número de passageiros acima dos máximos
estabelecidos;
s) realizar vôo por instrumentos com aeronave não homologada para esse tipo de operação;
u) realizar vôo solo para treinamento de navegação sendo aluno ainda não habilitado para tal;
v) operar aeronave com plano de vôo visual, quando as condições meteorológicas estiverem
abaixo dos mínimos previstos para esse tipo de operação;
f) utilizar aeronave com tripulante estrangeiro ou permitir a este o exercício de qualquer função a
bordo, em desacordo com este Código ou com suas regulamentações;
o) permitir, por ação ou omissão, o embarque de mercadorias sem despacho, de materiais sem
licença, ou efetuar o despacho em desacordo com a licença, quando necessária;
p) exceder, fora dos casos previstos em lei, os limites de horas de trabalho ou de vôo;
b) permitir a composição de tripulação por aeronauta sem habilitação ou que, habilitado, não
esteja com a documentação regular;
f) explorar qualquer modalidade de serviço aéreo para a qual não esteja devidamente autorizada;
g) deixar de comprovar, quando exigida pela autoridade competente, a contratação dos seguros
destinados a garantir sua responsabilidade pelos eventuais danos a passageiros, tripulantes,
bagagens e cargas, bem assim, no solo a terceiros;
i) ceder ou transferir ações ou partes de seu capital social, com direito a voto, sem consentimento
expresso da autoridade aeronáutica, quando necessário (artigo 180);
l) recusar a exibição de livro, documento, ficha ou informação sobre seus serviços, quando
solicitados pelos agentes da fiscalização aeronáutica;
p) deixar de transportar passageiro com bilhete marcado ou com reserva confirmada ou, de
qualquer forma, descumprir o contrato de transporte;
r) simular como feita, total ou parcialmente, no exterior, a compra de passagem vendida no País,
a fim de burlar a aplicação da tarifa aprovada em moeda nacional;
s) promover qualquer forma de publicidade que ofereça vantagem indevida ao usuário ou que lhe
forneça indicação falsa ou inexata acerca dos serviços, induzindo-o em erro quanto ao valor real
da tarifa aprovada pela autoridade aeronáutica;
t) efetuar troca de transporte por serviços ou utilidades, fora dos casos permitidos;
u) infringir as Condições Gerais de Transporte, bem como as demais normas que dispõem sobre
os serviços aéreos;
w) deixar de apresentar nos prazos previstos o Resumo Geral dos resultados econômicos e
estatísticos, o Balanço e a Demonstração de lucros e perdas;
x) deixar de requerer dentro do prazo previsto a inscrição de atos exigidos pelo Registro
Aeronáutico Brasileiro;
c) alterar projeto de tipo aprovado, da aeronave ou de outro produto aeronáutico, sem que a
modificação tenha sido homologada pela autoridade aeronáutica;
e) descumprir ou deixar de adotar, após a notificação a que se refere o número anterior e dentro
do prazo estabelecido pelo órgão competente, as medidas de natureza corretiva ou sanadora de
defeitos e mau funcionamento.
f) construir campo de pouso sem licença, utilizar campo de pouso sem condições regulamentares
de uso, ou deixar de promover o registro de campo de pouso;
CAPÍTULO IV
Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia
Federal, nos seguintes casos:
I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos internacionais, ou
das autorizações para tal fim;
IV - para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 21) ou de porte proibido de
equipamento (parágrafo único do artigo 21);
§ 1° A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para compelir a
aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado.
Art. 304. Quando, no caso do item IV, do artigo anterior, for constatada a existência de material
proibido, explosivo ou apetrechos de guerra, sem autorização, ou contrariando os termos da que
foi outorgada, pondo em risco a segurança pública ou a paz entre as Nações, a autoridade
aeronáutica poderá reter o material de que trata este artigo e liberar a aeronave se, por força de
lei, não houver necessidade de apreendê-la.
§ 1° Se a aeronave for estrangeira e a carga não puser em risco a segurança pública ou a paz
entre as Nações, poderá a autoridade aeronáutica fazer a aeronave retornar ao país de origem
pela rota e prazo determinados, sem a retenção da carga.
I - nos casos do artigo 302, I, alíneas a até n; II, alíneas c, d, g e j; III, alíneas a, e, f e g; e V,
alíneas a a e;
§ 1° Efetuada a interdição, será lavrado o respectivo auto, assinado pela autoridade que a
realizou e pelo responsável pela aeronave.
§ 2° Será entregue ao responsável pela aeronave cópia do auto a que se refere o parágrafo
anterior.
Art. 306. A aeronave interditada não será impedida de funcionar, para efeito de manutenção.
Art. 307. A autoridade aeronáutica poderá interditar a aeronave, por prazo não superior a 15
(quinze) dias, mediante requisição da autoridade aduaneira, de Polícia ou de saúde.
Parágrafo único. A requisição deverá ser motivada, de modo a demonstrar justo receio de que
haja lesão grave e de difícil reparação a direitos do Poder Público ou de terceiros; ou que haja
perigo à ordem pública, à saúde ou às instituições.
Art. 308. A apreensão da aeronave dar-se-á para preservar a eficácia da detenção ou interdição,
e consistirá em mantê-la estacionada, com ou sem remoção para hangar, área de
estacionamento, oficina ou lugar seguro (artigos 155 e 309).
Art. 310. Satisfeitas as exigências legais, a aeronave detida, interditada ou apreendida será
imediatamente liberada.
Art. 311. Em qualquer dos casos previstos neste Capítulo, o proprietário ou explorador da
aeronave não terá direito à indenização.
CAPÍTULO V
III - a arrecadação em falência, qualquer que seja a autoridade administrativa ou judiciária que a
determine;
§ 3° No caso do parágrafo anterior, caberá ação regressiva contra o Poder Público cuja
autoridade houver agido com excesso de poder ou com espírito emulatório.
§ 1° Se, no prazo estabelecido neste artigo não for autorizada a entrega da aeronave, a
autoridade aeronáutica poderá efetuar a venda pública pelo valor correspondente, para ocorrer
às despesas com o depósito.
§ 2° Não havendo licitante ou na hipótese de ser o valor apurado com a venda inferior ao da
dívida, a aeronave será adjudicada ao Ministério da Aeronáutica, procedendo-se ao respectivo
assentamento no Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB.
Art. 315. Será obrigatório o seguro da aeronave entregue ao depósito, a cargo do explorador ou
proprietário.
TÍTULO X
Art. 316. Prescreve em 6 (seis) meses, contados da tradição da aeronave, a ação para haver
abatimento do preço da aeronave adquirida com vício oculto, ou para rescindir o contrato e
reaver o preço pago, acrescido de perdas e danos.
I - por danos causados a passageiros, bagagem ou carga transportada, a contar da data em que
se verificou o dano, da data da chegada ou do dia em que devia chegar a aeronave ao ponto de
destino, ou da interrupção do transporte;
III - por danos emergentes no caso de abalroamento a partir da data da ocorrência do fato;
V - para cobrar créditos, resultantes de contratos sobre utilização de aeronave, se não houver
prazo diverso neste Código, a partir da data em que se tornem exigíveis;
VI - de regresso, entre transportadores, pelas quantias pagas por motivo de danos provenientes
de abalroamento, ou entre exploradores, pelas somas que um deles haja sido obrigado a pagar,
nos casos de solidariedade ou ocorrência de culpa, a partir da data do efetivo pagamento;
VII - para cobrar créditos de um empresário de serviços aéreos contra outro, decorrentes de
VIII - por danos causados por culpa da administração do aeroporto ou da Administração Pública
(artigo 280), a partir do dia da ocorrência do fato;
IX - do segurado contra o segurador, contado o prazo do dia em que ocorreu o fato, cujo risco
estava garantido pelo seguro (artigo 281);
Art. 318. Se o interessado provar que não teve conhecimento do dano ou da identidade do
responsável, o prazo começará a correr da data em que tiver conhecimento, mas não poderá
ultrapassar de 3 (três) anos a partir do evento.
Art. 319. As providências administrativas previstas neste Código prescrevem em 2 (dois) anos, a
partir da data da ocorrência do ato ou fato que as autorizar, e seus efeitos, ainda no caso de
suspensão, não poderão exceder esse prazo.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica aos prazos definidos no Código
Tributário Nacional.
Art. 320. A intervenção e liquidação extrajudicial deverão encerrar-se no prazo de 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Ao término do prazo de 2 (dois) anos, a partir do primeiro ato, qualquer
interessado ou membro do Ministério Público, poderá requerer a imediata venda dos bens em
leilão público e o rateio do produto entre os credores, observadas as preferências e privilégios
especiais.
Art. 321. O explorador de serviços aéreos públicos é obrigado a conservar, pelo prazo de 5
(cinco) anos, os documentos de transporte aéreo ou de outros serviços aéreos.
TÍTULO XI
Art. 322. Fica autorizado o Ministério da Aeronáutica a instalar uma Junta de Julgamento da
Aeronáutica com a competência de julgar, administrativamente, as infrações e demais questões
dispostas neste Código, e mencionadas no seu artigo 1°, (vetado).
§ 1° (vetado).
§ 2° (vetado).
§ 3° (vetado).
JOSÉ SARNEY
Octávio Júlio Moeira Lima
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:
II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas
domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.
Art. 4º As disposições dos tratados em vigor no Brasil são aplicáveis, em igualdade de condições,
às pessoas físicas e jurídicas nacionais ou domiciliadas no País.
Art. 5º Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial.
TÍTULO I
DAS PATENTES
CAPÍTULO I
DA TITULARIDADE
Art. 6º Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente
que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.
§ 2º A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor,
Art. 7º Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção ou modelo de utilidade, de
forma independente, o direito de obter patente será assegurado àquele que provar o depósito
mais antigo, independentemente das datas de invenção ou criação.
Parágrafo único. A retirada de depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade
ao depósito imediatamente posterior.
CAPÍTULO II
DA PATENTEABILIDADE
Seção I
Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial.
Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível
de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que
resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:
VI - apresentação de informações;
Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos
no estado da técnica.
§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data
de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio,
no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.
Art. 12. Não será considerada como estado da técnica a divulgação de invenção ou modelo de
utilidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data de depósito ou a
da prioridade do pedido de patente, se promovida:
I - pelo inventor;
III - por terceiros, com base em informações obtidas direta ou indiretamente do inventor ou em
decorrência de atos por este realizados.
Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não
decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.
Art. 14. O modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico no
assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica.
Art. 15. A invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial
quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria.
Seção II
Da Prioridade
Art. 16. Ao pedido de patente depositado em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em
organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, será assegurado direito de
prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem
prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.
§ 3º Se não efetuada por ocasião do depósito, a comprovação deverá ocorrer em até 180 (cento
e oitenta) dias contados do depósito.
§ 1º A prioridade será admitida apenas para a matéria revelada no pedido anterior, não se
estendendo a matéria nova introduzida.
§ 3º O pedido de patente originário de divisão de pedido anterior não poderá servir de base a
reivindicação de prioridade.
Seção III
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos
três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial -
previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o
todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em
sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em
condições naturais.
CAPÍTULO III
DO PEDIDO DE PATENTE
Seção I
Do Depósito do Pedido
Art. 19. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:
I - requerimento;
II - relatório descritivo;
III - reivindicações;
V - resumo; e
Art. 20. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente
instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação.
Art. 21. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 19, mas que contiver dados
relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado,
ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob
pena de devolução ou arquivamento da documentação.
Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data
do recibo.
Seção II
Art. 22. O pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um grupo
de invenções inter-relacionadas de maneira a compreenderem um único conceito inventivo.
Art. 23. O pedido de patente de modelo de utilidade terá de se referir a um único modelo
principal, que poderá incluir uma pluralidade de elementos distintos, adicionais ou variantes
construtivas ou configurativas, desde que mantida a unidade técnico-funcional e corporal do
objeto.
Art. 24. O relatório deverá descrever clara e suficientemente o objeto, de modo a possibilitar sua
realização por técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução.
Art. 26. O pedido de patente poderá ser dividido em dois ou mais, de ofício ou a requerimento do
depositante, até o final do exame, desde que o pedido dividido:
Parágrafo único. O requerimento de divisão em desacordo com o disposto neste artigo será
arquivado.
Art. 27. Os pedidos divididos terão a data de depósito do pedido original e o benefício de
prioridade deste, se for o caso.
Art. 28. Cada pedido dividido estará sujeito a pagamento das retribuições correspondentes.
Seção III
Art. 30. O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados da data
de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado, à exceção
do caso previsto no art. 75.
§ 3º No caso previsto no parágrafo único do art. 24, o material biológico tornar-se-á acessível ao
público com a publicação de que trata este artigo.
Art. 31. Publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação,
pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame.
Parágrafo único. O exame não será iniciado antes de decorridos 60 (sessenta) dias da
publicação do pedido.
Art. 32. Para melhor esclarecer ou definir o pedido de patente, o depositante poderá efetuar
alterações até o requerimento do exame, desde que estas se limitem à matéria inicialmente
revelada no pedido.
Art. 33. O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer
interessado, no prazo de 36 (trinta e seis) meses contados da data do depósito, sob pena do
arquivamento do pedido.
Art. 34. Requerido o exame, deverão ser apresentados, no prazo de 60 (sessenta) dias, sempre
que solicitado, sob pena de arquivamento do pedido:
III - tradução simples do documento hábil referido no § 2º do art. 16, caso esta tenha sido
substituída pela declaração prevista no § 5º do mesmo artigo.
Art. 35. Por ocasião do exame técnico, será elaborado o relatório de busca e parecer relativo a:
I - patenteabilidade do pedido;
IV - exigências técnicas.
Art. 36. Quando o parecer for pela não patenteabilidade ou pelo não enquadramento do pedido
na natureza reivindicada ou formular qualquer exigência, o depositante será intimado para
manifestar-se no prazo de 90 (noventa) dias.
§ 2º Respondida a exigência, ainda que não cumprida, ou contestada sua formulação, e havendo
ou não manifestação sobre a patenteabilidade ou o enquadramento, dar-se-á prosseguimento ao
exame.
Art. 37. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de patente.
CAPÍTULO IV
Seção I
Da Concessão da Patente
Art. 38. A patente será concedida depois de deferido o pedido, e comprovado o pagamento da
retribuição correspondente, expedindo-se a respectiva carta-patente.
§ 2º A retribuição prevista neste artigo poderá ainda ser paga e comprovada dentro de 30 (trinta)
dias após o prazo previsto no parágrafo anterior, independentemente de notificação, mediante
pagamento de retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo do pedido.
Art. 39. Da carta-patente deverão constar o número, o título e a natureza respectivos, o nome do
inventor, observado o disposto no § 4º do art. 6º, a qualificação e o domicílio do titular, o prazo de
vigência, o relatório descritivo, as reivindicações e os desenhos, bem como os dados relativos à
prioridade.
Seção II
Da Vigência da Patente
Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade
pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito.
Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de
invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de
concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do
pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior.
CAPÍTULO V
Seção I
Dos Direitos
Art. 41. A extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das
reivindicações, interpretado com base no relatório descritivo e nos desenhos.
Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu consentimento,
de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos:
§ 1º Ao titular da patente é assegurado ainda o direito de impedir que terceiros contribuam para
que outros pratiquem os atos referidos neste artigo.
§ 2º Ocorrerá violação de direito da patente de processo, a que se refere o inciso II, quando o
possuidor ou proprietário não comprovar, mediante determinação judicial específica, que o seu
produto foi obtido por processo de fabricação diverso daquele protegido pela patente.
I - aos atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade
comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular da patente;
II - aos atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental, relacionados
a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas;
III - à preparação de medicamento de acordo com prescrição médica para casos individuais,
executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;
IV - a produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido
colocado no mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento;
V - a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade
econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação para obter outros
produtos; e
VI - a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, ponham em
circulação ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido licitamente no
comércio pelo detentor da patente ou por detentor de licença, desde que o produto patenteado
não seja utilizado para multiplicação ou propagação comercial da matéria viva em causa.
Art. 44. Ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela exploração
indevida de seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do
pedido e a da concessão da patente.
§ 3º O direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao período
anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto, na forma do art. 41.
Seção II
Do Usuário Anterior
Art. 45. À pessoa de boa fé que, antes da data de depósito ou de prioridade de pedido de
patente, explorava seu objeto no País, será assegurado o direito de continuar a exploração, sem
ônus, na forma e condição anteriores.
§ 1º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou
empresa, ou parte desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente, por
alienação ou arrendamento.
§ 2º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto da patente através de divulgação na forma do art. 12, desde que o
pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulgação.
CAPÍTULO VI
DA NULIDADE DA PATENTE
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 47. A nulidade poderá não incidir sobre todas as reivindicações, sendo condição para a
nulidade parcial o fato de as reivindicações subsistentes constituírem matéria patenteável por si
mesmas.
Art. 48. A nulidade da patente produzirá efeitos a partir da data do depósito do pedido.
Art. 49. No caso de inobservância do disposto no art. 6º, o inventor poderá, alternativamente,
reivindicar, em ação judicial, a adjudicação da patente.
Seção II
Art. 51. O processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou mediante requerimento de
qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 6 (seis) meses contados da concessão da
patente.
Art. 52. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.
Art. 53. Havendo ou não manifestação, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI emitirá
parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum de 60
(sessenta) dias.
Art. 54. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentadas as
manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância
administrativa.
Art. 55. Aplicam-se, no que couber, aos certificados de adição, as disposições desta Seção.
Seção III
Da Ação de Nulidade
Art. 56. A ação de nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo da vigência da patente, pelo
INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse.
§ 1º A nulidade da patente poderá ser argüida, a qualquer tempo, como matéria de defesa.
Art. 57. A ação de nulidade de patente será ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando
não for autor, intervirá no feito.
CAPÍTULO VII
Art. 58. O pedido de patente ou a patente, ambos de conteúdo indivisível, poderão ser cedidos,
total ou parcialmente.
Art. 60. As anotações produzirão efeito em relação a terceiros a partir da data de sua publicação.
CAPÍTULO VIII
DAS LICENÇAS
Seção I
Da Licença Voluntária
Art. 61. O titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para
exploração.
Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes para agir em
defesa da patente.
Art. 62. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza efeitos em relação
a terceiros.
§ 2º Para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não precisará estar averbado
no INPI.
Art. 63. O aperfeiçoamento introduzido em patente licenciada pertence a quem o fizer, sendo
assegurado à outra parte contratante o direito de preferência para seu licenciamento.
Seção II
Da Oferta de Licença
Art. 64. O titular da patente poderá solicitar ao INPI que a coloque em oferta para fins de
exploração.
§ 2º Nenhum contrato de licença voluntária de caráter exclusivo será averbado no INPI sem que
o titular tenha desistido da oferta.
§ 3º A patente sob licença voluntária, com caráter de exclusividade, não poderá ser objeto de
oferta.
§ 4º O titular poderá, a qualquer momento, antes da expressa aceitação de seus termos pelo
interessado, desistir da oferta, não se aplicando o disposto no art. 66.
Art. 65. Na falta de acordo entre o titular e o licenciado, as partes poderão requerer ao INPI o
arbitramento da remuneração.
Art. 66. A patente em oferta terá sua anuidade reduzida à metade no período compreendido
entre o oferecimento e a concessão da primeira licença, a qualquer título.
Art. 67. O titular da patente poderá requerer o cancelamento da licença se o licenciado não der
início à exploração efetiva dentro de 1 (um) ano da concessão, interromper a exploração por
prazo superior a 1 (um) ano, ou, ainda, se não forem obedecidas as condições para a
exploração.
Seção III
Da Licença Compulsória
Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos
dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico,
comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial.
§ 2º A licença só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que tenha
capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente, que
deverá destinar-se, predominantemente, ao mercado interno, extinguindo-se nesse caso a
excepcionalidade prevista no inciso I do parágrafo anterior.
§ 5º A licença compulsória de que trata o § 1º somente será requerida após decorridos 3 (três)
anos da concessão da patente.
Art. 69. A licença compulsória não será concedida se, à data do requerimento, o titular:
Art. 70. A licença compulsória será ainda concedida quando, cumulativamente, se verificarem as
seguintes hipóteses:
III - o titular não realizar acordo com o titular da patente dependente para exploração da patente
anterior.
§ 1º Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja exploração depende
obrigatoriamente da utilização do objeto de patente anterior.
§ 2º Para efeito deste artigo, uma patente de processo poderá ser considerada dependente de
patente do produto respectivo, bem como uma patente de produto poderá ser dependente de
patente de processo.
§ 3º O titular da patente licenciada na forma deste artigo terá direito a licença compulsória
cruzada da patente dependente.
Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder
Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa
necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva,
para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.
Art. 72. As licenças compulsórias serão sempre concedidas sem exclusividade, não se admitindo
o sublicenciamento.
Art. 73. O pedido de licença compulsória deverá ser formulado mediante indicação das condições
§ 4º Havendo contestação, o INPI poderá realizar as necessárias diligências, bem como designar
comissão, que poderá incluir especialistas não integrantes dos quadros da autarquia, visando
arbitrar a remuneração que será paga ao titular.
§ 8º O recurso da decisão que conceder a licença compulsória não terá efeito suspensivo.
Art. 74. Salvo razões legítimas, o licenciado deverá iniciar a exploração do objeto da patente no
prazo de 1 (um) ano da concessão da licença, admitida a interrupção por igual prazo.
§ 1º O titular poderá requerer a cassação da licença quando não cumprido o disposto neste
artigo.
§ 3º Após a concessão da licença compulsória, somente será admitida a sua cessão quando
realizada conjuntamente com a cessão, alienação ou arrendamento da parte do empreendimento
que a explore.
CAPÍTULO IX
Art. 75. O pedido de patente originário do Brasil cujo objeto interesse à defesa nacional será
processado em caráter sigiloso e não estará sujeito às publicações previstas nesta Lei.
§ 2º É vedado o depósito no exterior de pedido de patente cujo objeto tenha sido considerado de
interesse da defesa nacional, bem como qualquer divulgação do mesmo, salvo expressa
autorização do órgão competente.
CAPÍTULO X
Art. 76. O depositante do pedido ou titular de patente de invenção poderá requerer, mediante
pagamento de retribuição específica, certificado de adição para proteger aperfeiçoamento ou
desenvolvimento introduzido no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventiva,
desde que a matéria se inclua no mesmo conceito inventivo.
§ 3º O pedido de certificado de adição será indeferido se o seu objeto não apresentar o mesmo
conceito inventivo.
Art. 77. O certificado de adição é acessório da patente, tem a data final de vigência desta e
acompanha-a para todos os efeitos legais.
Parágrafo único. No processo de nulidade, o titular poderá requerer que a matéria contida no
certificado de adição seja analisada para se verificar a possibilidade de sua subsistência, sem
prejuízo do prazo de vigência da patente.
CAPÍTULO XI
DA EXTINÇÃO DA PATENTE
IV - pela falta de pagamento da retribuição anual, nos prazos previstos no § 2º do art. 84 e no art.
87; e
Art. 80. Caducará a patente, de ofício ou a requerimento de qualquer pessoa com legítimo
interesse, se, decorridos 2 (dois) anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo
não tiver sido suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis.
Art. 81. O titular será intimado mediante publicação para se manifestar, no prazo de 60
(sessenta) dias, cabendo-lhe o ônus da prova quanto à exploração.
Art. 82. A decisão será proferida dentro de 60 (sessenta) dias, contados do término do prazo
mencionado no artigo anterior.
CAPÍTULO XII
DA RETRIBUIÇÃO ANUAL
Art. 84. O depositante do pedido e o titular da patente estão sujeitos ao pagamento de retribuição
anual, a partir do início do terceiro ano da data do depósito.
§ 1º O pagamento antecipado da retribuição anual será regulado pelo INPI.
§ 2º O pagamento deverá ser efetuado dentro dos primeiros 3 (três) meses de cada período
anual, podendo, ainda, ser feito, independente de notificação, dentro dos 6 (seis) meses
subseqüentes, mediante pagamento de retribuição adicional.
Art. 85. O disposto no artigo anterior aplica-se aos pedidos internacionais depositados em virtude
de tratado em vigor no Brasil, devendo o pagamento das retribuições anuais vencidas antes da
data da entrada no processamento nacional ser efetuado no prazo de 3 (três) meses dessa data.
Art. 86. A falta de pagamento da retribuição anual, nos termos dos arts. 84 e 85, acarretará o
arquivamento do pedido ou a extinção da patente.
Capítulo XIII
DA RESTAURAÇÃO
Art. 87. O pedido de patente e a patente poderão ser restaurados, se o depositante ou o titular
assim o requerer, dentro de 3 (três) meses, contados da notificação do arquivamento do pedido
ou da extinção da patente, mediante pagamento de retribuição específica.
CAPÍTULO XIV
Art. 89. O empregador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor de invento ou
aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente,
mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da empresa.
Parágrafo único. A participação referida neste artigo não se incorpora, a qualquer título, ao
salário do empregado.
Art. 90. Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele
desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de
recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador.
Art. 91. A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será comum, em partes iguais,
quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais,
instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposição contratual em
contrário.
§ 1º Sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será dividida igualmente entre
todos, salvo ajuste em contrário.
§ 3º A exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá ser iniciada pelo empregador
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua concessão, sob pena de passar à
exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas as hipóteses de falta
de exploração por razões legítimas.
Art. 92. O disposto nos artigos anteriores aplica-se, no que couber, às relações entre o
trabalhador autônomo ou o estagiário e a empresa contratante e entre empresas contratantes e
contratadas.
Art. 93. Aplica-se o disposto neste Capítulo, no que couber, às entidades da Administração
Pública, direta, indireta e fundacional, federal, estadual ou municipal.
Parágrafo único. Na hipótese do art. 88, será assegurada ao inventor, na forma e condições
previstas no estatuto ou regimento interno da entidade a que se refere este artigo, premiação de
parcela no valor das vantagens auferidas com o pedido ou com a patente, a título de incentivo.
TÍTULO II
CAPÍTULO I
DA TITULARIDADE
Art. 94. Ao autor será assegurado o direito de obter registro de desenho industrial que lhe confira
a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. Aplicam-se ao registro de desenho industrial, no que couber, as disposições dos
arts. 6º e 7º.
CAPÍTULO II
DA REGISTRABILIDADE
Seção I
Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado
visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial.
Art. 96. O desenho industrial é considerado novo quando não compreendido no estado da
técnica.
§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data
de depósito do pedido, no Brasil ou no exterior, por uso ou qualquer outro meio, ressalvado o
disposto no § 3º deste artigo e no art. 99.
§ 3º Não será considerado como incluído no estado da técnica o desenho industrial cuja
divulgação tenha ocorrido durante os 180 (cento e oitenta) dias que precederem a data do
depósito ou a da prioridade reivindicada, se promovida nas situações previstas nos incisos I a III
do art. 12.
Art. 97. O desenho industrial é considerado original quando dele resulte uma configuração visual
distintiva, em relação a outros objetos anteriores.
Parágrafo único. O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos
conhecidos.
Art. 98. Não se considera desenho industrial qualquer obra de caráter puramente artístico.
Seção II
Da Prioridade
Art. 99. Aplicam-se ao pedido de registro, no que couber, as disposições do art. 16, exceto o
prazo previsto no seu § 3º, que será de 90 (noventa) dias.
Seção III
I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de
pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimentos
dignos de respeito e veneração;
II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente
por considerações técnicas ou funcionais.
CAPÍTULO III
DO PEDIDO DE REGISTRO
Seção I
Do Depósito do Pedido
Art. 101. O pedido de registro, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:
I - requerimento;
IV - desenhos ou fotografias;
Parágrafo único. Os documentos que integram o pedido de registro deverão ser apresentados
em língua portuguesa.
Art. 102. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente
instruído, será protocolizado, considerada a data do depósito a da sua apresentação.
Art. 103. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 101, mas que contiver dados
suficientes relativos ao depositante, ao desenho industrial e ao autor, poderá ser entregue,
mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, em 5
(cinco) dias, sob pena de ser considerado inexistente.
Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data
da apresentação do pedido.
Seção II
Art. 104. O pedido de registro de desenho industrial terá que se referir a um único objeto,
permitida uma pluralidade de variações, desde que se destinem ao mesmo propósito e guardem
entre si a mesma característica distintiva preponderante, limitado cada pedido ao máximo de 20
(vinte) variações.
Art. 105. Se solicitado o sigilo na forma do § 1º do art. 106, poderá o pedido ser retirado em até
90 (noventa) dias contados da data do depósito.
Parágrafo único. A retirada de um depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará
prioridade ao depósito imediatamente posterior.
Seção III
Art. 106. Depositado o pedido de registro de desenho industrial e observado o disposto nos arts.
100, 101 e 104, será automaticamente publicado e simultaneamente concedido o registro,
expedindo-se o respectivo certificado.
§ 3º Não atendido o disposto nos arts. 101 e 104, será formulada exigência, que deverá ser
respondida em 60 (sessenta) dias, sob pena de arquivamento definitivo.
CAPÍTULO IV
Art. 107. Do certificado deverão constar o número e o título, nome do autor - observado o
disposto no § 4º do art. 6º, o nome, a nacionalidade e o domicílio do titular, o prazo de vigência,
os desenhos, os dados relativos à prioridade estrangeira, e, quando houver, relatório descritivo e
reivindicações.
Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito,
prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.
§ 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro,
instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição.
§ 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido formulado até o termo final da vigência do
registro, o titular poderá fazê-lo nos 180 (cento e oitenta) dias subseqüentes, mediante o
pagamento de retribuição adicional.
CAPÍTULO V
Art. 109. A propriedade do desenho industrial adquire-se pelo registro validamente concedido.
Art. 110. À pessoa que, de boa fé, antes da data do depósito ou da prioridade do pedido de
registro explorava seu objeto no País, será assegurado o direito de continuar a exploração, sem
ônus, na forma e condição anteriores.
§ 1º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou
empresa, ou parte deste, que tenha direta relação com a exploração do objeto do registro, por
alienação ou arrendamento.
§ 2º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto do registro através de divulgação nos termos do § 3º do art. 96, desde
que o pedido tenha sido depositado no prazo de 6 (seis) meses contados da divulgação.
CAPÍTULO VI
DO EXAME DE MÉRITO
Art. 111. O titular do desenho industrial poderá requerer o exame do objeto do registro, a
qualquer tempo da vigência, quanto aos aspectos de novidade e de originalidade.
Parágrafo único. O INPI emitirá parecer de mérito, que, se concluir pela ausência de pelo menos
um dos requisitos definidos nos arts. 95 a 98, servirá de fundamento para instauração de ofício
de processo de nulidade do registro.
CAPÍTULO VII
DA NULIDADE DO REGISTRO
Seção I
Art. 112. É nulo o registro concedido em desacordo com as disposições desta Lei.
Seção II
Art. 113. A nulidade do registro será declarada administrativamente quando tiver sido concedido
com infringência dos arts. 94 a 98.
Art. 114. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias contados da
data da publicação.
Art. 115. Havendo ou não manifestação, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI
emitirá parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum de 60
(sessenta) dias.
Art. 116. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentadas as
manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância
administrativa.
Seção III
Da Ação de Nulidade
Art. 118. Aplicam-se à ação de nulidade de registro de desenho industrial, no que couber, as
disposições dos arts. 56 e 57.
CAPÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DO REGISTRO
III - pela falta de pagamento da retribuição prevista nos arts. 108 e 120; ou
CAPÍTULO IX
DA RETRIBUIÇÃO QÜINQÜENAL
Art. 120. O titular do registro está sujeito ao pagamento de retribuição qüinqüenal, a partir do
segundo qüinqüênio da data do depósito.
§ 2º O pagamento dos demais qüinqüênios será apresentado junto com o pedido de prorrogação
a que se refere o art. 108.
§ 3º O pagamento dos qüinqüênios poderá ainda ser efetuado dentro dos 6 (seis) meses
subseqüentes ao prazo estabelecido no parágrafo anterior, mediante pagamento de retribuição
adicional.
CAPÍTULO X
Art. 121. As disposições dos arts. 58 a 63 aplicam-se, no que couber, à matéria de que trata o
presente Título, disciplinando-se o direito do empregado ou prestador de serviços pelas
disposições dos arts. 88 a 93.
TÍTULO III
DAS MARCAS
CAPÍTULO I
DA REGISTRABILIDADE
Seção I
Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis,
não compreendidos nas proibições legais.
I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro
idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de
uma determinada entidade.
Seção II
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou
que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença,
culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração;
IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela
própria entidade ou órgão público;
IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa
falsamente induzir indicação geográfica;
X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou
utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;
XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de
certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico
ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar
confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do
evento;
XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo
com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo
com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo
direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento
do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto
ou serviço a distinguir;
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia
registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente
não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em
território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure
reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico,
semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.
Seção III
Art. 125. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada proteção
especial, em todos os ramos de atividade.
Seção IV
Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6º bis (I),
da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção
especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil.
§ 2º O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza ou imite, no
todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.
CAPÍTULO II
PRIORIDADE
Art. 127. Ao pedido de registro de marca depositado em país que mantenha acordo com o Brasil
ou em organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, será assegurado
direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem
prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.
§ 3º Se não efetuada por ocasião do depósito, a comprovação deverá ocorrer em até 4 (quatro)
meses, contados do depósito, sob pena de perda da prioridade.
CAPÍTULO III
Art. 128. Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou
de direito privado.
§ 1º As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que
exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta ou
indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei.
§ 2º O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica representativa de
coletividade, a qual poderá exercer atividade distinta da de seus membros.
§ 3º O registro da marca de certificação só poderá ser requerido por pessoa sem interesse
comercial ou industrial direto no produto ou serviço atestado.
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS SOBRE A MARCA
Seção I
Aquisição
Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as
disposições desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território
nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148.
§ 1º Toda pessoa que, de boa fé, na data da prioridade ou depósito, usava no País, há pelo
menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para distinguir ou certificar produto ou
serviço idêntico, semelhante ou afim, terá direito de precedência ao registro.
§ 2º O direito de precedência somente poderá ser cedido juntamente com o negócio da empresa,
ou parte deste, que tenha direta relação com o uso da marca, por alienação ou arrendamento.
Seção II
Art. 131. A proteção de que trata esta Lei abrange o uso da marca em papéis, impressos,
propaganda e documentos relativos à atividade do titular.
I - impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhes são próprios,
juntamente com a marca do produto, na sua promoção e comercialização;
II - impedir que fabricantes de acessórios utilizem a marca para indicar a destinação do produto,
desde que obedecidas as práticas leais de concorrência;
III - impedir a livre circulação de produto colocado no mercado interno, por si ou por outrem com
seu consentimento, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 68; e
Capítulo V
Seção I
Da Vigência
Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da
concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.
§ 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro,
instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição.
§ 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro,
o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subseqüentes, mediante o pagamento de retribuição
adicional.
Seção II
Da Cessão
Art. 134. O pedido de registro e o registro poderão ser cedidos, desde que o cessionário atenda
aos requisitos legais para requerer tal registro.
Art. 135. A cessão deverá compreender todos os registros ou pedidos, em nome do cedente, de
marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, sob
pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos pedidos não cedidos.
Seção III
Das Anotações
Art. 137. As anotações produzirão efeitos em relação a terceiros a partir da data de sua
publicação.
Seção IV
Da Licença de Uso
Art. 139. O titular de registro ou o depositante de pedido de registro poderá celebrar contrato de
licença para uso da marca, sem prejuízo de seu direito de exercer controle efetivo sobre as
especificações, natureza e qualidade dos respectivos produtos ou serviços.
Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes para agir em
defesa da marca, sem prejuízo dos seus próprios direitos.
Art. 140. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza efeitos em relação
a terceiros.
§ 2º Para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não precisará estar averbado
no INPI.
Art. 141. Da decisão que indeferir a averbação do contrato de licença cabe recurso.
CAPÍTULO VI
II - pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou serviços
assinalados pela marca;
Art. 143 - Caducará o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse se,
decorridos 5 (cinco) anos da sua concessão, na data do requerimento:
II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos, ou se, no
mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de seu caráter
distintivo original, tal como constante do certificado de registro.
§ 1º Não ocorrerá caducidade se o titular justificar o desuso da marca por razões legítimas.
Art. 144. O uso da marca deverá compreender produtos ou serviços constantes do certificado,
sob pena de caducar parcialmente o registro em relação aos não semelhantes ou afins daqueles
para os quais a marca foi comprovadamente usada.
Art. 145. Não se conhecerá do requerimento de caducidade se o uso da marca tiver sido
comprovado ou justificado seu desuso em processo anterior, requerido há menos de 5 (cinco)
anos.
CAPÍTULO VII
Art. 147. O pedido de registro de marca coletiva conterá regulamento de utilização, dispondo
sobre condições e proibições de uso da marca.
Parágrafo único. O regulamento de utilização, quando não acompanhar o pedido, deverá ser
protocolizado no prazo de 60 (sessenta) dias do depósito, sob pena de arquivamento definitivo
do pedido.
Parágrafo único. A documentação prevista nos incisos I e II deste artigo, quando não
acompanhar o pedido, deverá ser protocolizada no prazo de 60 (sessenta) dias, sob pena de
arquivamento definitivo do pedido.
Art. 149. Qualquer alteração no regulamento de utilização deverá ser comunicada ao INPI,
mediante petição protocolizada, contendo todas as condições alteradas, sob pena de não ser
considerada.
Art. 150. O uso da marca independe de licença, bastando sua autorização no regulamento de
utilização.
Art. 151. Além das causas de extinção estabelecidas no art. 142, o registro da marca coletiva e
de certificação extingue-se quando:
II - a marca for utilizada em condições outras que não aquelas previstas no regulamento de
utilização.
Art. 152. Só será admitida a renúncia ao registro de marca coletiva quando requerida nos termos
do contrato social ou estatuto da própria entidade, ou, ainda, conforme o regulamento de
utilização.
Art. 153. A caducidade do registro será declarada se a marca coletiva não for usada por mais de
uma pessoa autorizada, observado o disposto nos arts. 143 a 146.
Art. 154. A marca coletiva e a de certificação que já tenham sido usadas e cujos registros tenham
sido extintos não poderão ser registradas em nome de terceiro, antes de expirado o prazo de 5
(cinco) anos, contados da extinção do registro.
CAPÍTULO VIII
DO DEPÓSITO
Art. 155. O pedido deverá referir-se a um único sinal distintivo e, nas condições estabelecidas
pelo INPI, conterá:
I - requerimento;
Art. 156. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente
instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação.
Art. 157. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 155, mas que contiver dados
suficientes relativos ao depositante, sinal marcário e classe, poderá ser entregue, mediante
recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas pelo depositante, em
5 (cinco) dias, sob pena de ser considerado inexistente.
Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data
da apresentação do pedido.
CAPÍTULO IX
DO EXAME
Art. 158. Protocolizado, o pedido será publicado para apresentação de oposição no prazo de 60
(sessenta) dias.
Art. 159. Decorrido o prazo de oposição ou, se interposta esta, findo o prazo de manifestação,
será feito o exame, durante o qual poderão ser formuladas exigências, que deverão ser
respondidas no prazo de 60 (sessenta) dias.
§ 2º Respondida a exigência, ainda que não cumprida, ou contestada a sua formulação, dar-se-á
prosseguimento ao exame.
Art. 160. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de
registro.
CAPÍTULO X
Art. 161. O certificado de registro será concedido depois de deferido o pedido e comprovado o
pagamento das retribuições correspondentes.
Art. 162. O pagamento das retribuições, e sua comprovação, relativas à expedição do certificado
de registro e ao primeiro decênio de sua vigência, deverão ser efetuados no prazo de 60
(sessenta) dias contados do deferimento.
Parágrafo único. A retribuição poderá ainda ser paga e comprovada dentro de 30 (trinta) dias
após o prazo previsto neste artigo, independentemente de notificação, mediante o pagamento de
retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo do pedido.
Art. 163. Reputa-se concedido o certificado de registro na data da publicação do respectivo ato.
Art. 164. Do certificado deverão constar a marca, o número e data do registro, nome,
nacionalidade e domicílio do titular, os produtos ou serviços, as características do registro e a
prioridade estrangeira.
CAPÍTULO XI
DA NULIDADE DO REGISTRO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 165. É nulo o registro que for concedido em desacordo com as disposições desta Lei.
Parágrafo único. A nulidade do registro poderá ser total ou parcial, sendo condição para a
nulidade parcial o fato de a parte subsistente poder ser considerada registrável.
Art. 166. O titular de uma marca registrada em país signatário da Convenção da União de Paris
para Proteção da Propriedade Industrial poderá, alternativamente, reivindicar, através de ação
judicial, a adjudicação do registro, nos termos previstos no art. 6º septies (1) daquela Convenção.
Art. 167. A declaração de nulidade produzirá efeito a partir da data do depósito do pedido.
Seção II
Art. 168. A nulidade do registro será declarada administrativamente quando tiver sido concedida
com infringência do disposto nesta Lei.
Art. 169. O processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou mediante requerimento de
qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data
da expedição do certificado de registro.
Art. 170. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.
Art. 171. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentada a
manifestação, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância
administrativa.
Seção III
Da Ação de Nulidade
Art. 173. A ação de nulidade poderá ser proposta pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo
interesse.
Parágrafo único. O juiz poderá, nos autos da ação de nulidade, determinar liminarmente a
suspensão dos efeitos do registro e do uso da marca, atendidos os requisitos processuais
próprios.
Art. 174. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação para declarar a nulidade do registro, contados da
data da sua concessão.
Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça federal e o INPI, quando
não for autor, intervirá no feito.
TÍTULO IV
Art. 177. Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção
ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
Art. 178. Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características
se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.
Art. 180. Quando o nome geográfico se houver tornado de uso comum, designando produto ou
serviço, não será considerado indicação geográfica.
Art. 181. O nome geográfico que não constitua indicação de procedência ou denominação de
origem poderá servir de elemento característico de marca para produto ou serviço, desde que
não induza falsa procedência.
Art. 182. O uso da indicação geográfica é restrito aos produtores e prestadores de serviço
estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em relação às denominações de origem, o
atendimento de requisitos de qualidade.
TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL
CAPÍTULO I
Art. 183. Comete crime contra patente de invenção ou de modelo de utilidade quem:
I - fabrica produto que seja objeto de patente de invenção ou de modelo de utilidade, sem
autorização do titular; ou
II - usa meio ou processo que seja objeto de patente de invenção, sem autorização do titular.
Art. 184. Comete crime contra patente de invenção ou de modelo de utilidade quem:
I - exporta, vende, expõe ou oferece à venda, tem em estoque, oculta ou recebe, para utilização
com fins econômicos, produto fabricado com violação de patente de invenção ou de modelo de
utilidade, ou obtido por meio ou processo patenteado; ou
II - importa produto que seja objeto de patente de invenção ou de modelo de utilidade ou obtido
por meio ou processo patenteado no País, para os fins previstos no inciso anterior, e que não
tenha sido colocado no mercado externo diretamente pelo titular da patente ou com seu
consentimento.
Art. 186. Os crimes deste Capítulo caracterizam-se ainda que a violação não atinja todas as
reivindicações da patente ou se restrinja à utilização de meios equivalentes ao objeto da patente.
CAPÍTULO II