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Antonio Zetti Assunção

HABEAS
CORPUS
Alegação de Nulidade
Bens Penhorados
Cabimento do Habeas Corpus
Casamento da Vítima com Terceiro
Falta de Fundamentação da Decisão
Homicídio - Latrocínio
Ilegitimidade do Ministério Público
Imunidade Parlamentar
Juri - Nulidade
Prescrição - Preclusão
Roubo - Furto - Estupro
Tráfico de Entorpecentes
Vereador

fj
Editora
2 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 3

Antonio Zetti Assunção

HABEAS
CORPUS
Teoria, Legislação, Jurisprudência e Prática

Edição 2001

fj
Editora
4 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

© Copyright by Antonio Zetti Assunção


© Copyright by fj Editora Ltda

Revisão:
fj Livros Ltda

Diagramação e Capa:
Pâmela Bianca

1ª Edição 2000 2ª Edição 2001

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem permissão


expressa do editor. ( Lei n° 9.610, de 14.02.98)

Todos os direitos reservados à

fj Editora Ltda
Avenida Santo Amaro n° 2886 - Brooklin
CEP 04556-200 - São Paulo - SP
HABEAS CORPUS 5

Esta obra é dedicada à Jorge Nasser


e
Jarbas J. Venturoli.
6 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 7

SUMÁRIO

Teoria ..................................................................................9
Conceito ..........................................................................11
O habeas corpus no Brasil ...........................................13
Natureza jurídica do habeas corpus ............................17
Espécies de habeas corpus ..........................................19
Cabimento do habeas corpus .......................................23
Condições da ação ..........................................................27
Interesse de agir .............................................................29
Polo ativo ........................................................................31
Polo passivo ....................................................................33
Pressupostos ...................................................................35
Petição ............................................................................37
Competência ...................................................................39
Procedimento .................................................................41
Liminar ............................................................................43
Julgados selecionados ...................................................45
Legislação .....................................................................393
Prática ...........................................................................445
Índice alfabético ...........................................................475
8 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 9

TEORIA
10 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 11

CONCEITO

Habeas corpus é remédio jurídico para garantia de


liberdade ambulatória do cidadão, cujo objetivo é fazer
cessar violência ou coação da liberdade, decorrente de
abuso de poder e de ilegalidade.
Procedente do latim, Habeas Corpus significa em
sentido literal “tome o corpo”, que tem por objeto
fundamental a tutela da liberdade física e locomotiva do
indivíduo. É remédio judicial que faz cessar violência ou
coação à liberdade decorrente de ilegalidade ou abuso de
poder.
Com este remédio heróico, impugna-se atos
administrativos ou judiciários, coisa julgada e de
particulares.
Denomina-se liberatório ou repressivo, quando o
habeas corpus objetiva o afastamento de
constrangimento ilegal à liberdade de locomoção.
Tem-se a denominação de habeas corpus
preventivo, quando houver ameaça à liberdade de
locomoção, expedindo-se por autoridade competente,
um salvo-conduto.
12 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 13

O HABEAS CORPUS NO BRASIL

O primeiro habeas corpus, acontecido no Brasil,


foi em maio de 1.821, feito por um documento assinado
por D. Pedro, o qual tinha o objetivo de assegurar o direi-
to de liberdade que constava nos dispositivos da Consti-
tuição de Monarquia portuguesa e das Ordenações do
Reino, bem como ordenar o arbítrio e a prisão ilegal e
injusta.
Com a Carta Imperial que aconteceu em 1.824, sur-
ge as garantias do direito de liberdade, mesmo sem a
previsão de habeas corpus.
PONTES DE MIRANDA ressalta que: “não se diga
que o direito brasileiro, ou o português, desconhecia o
instituto. O que não se usava era o nome. Pense- se aliás,
no interdictium de liberis exhibendis”.
O habeas corpus se introduziu no Brasil pelo Códi-
go Criminal em 1.830.
Neste Código, o art. 340 tem o seguinte teor:
“Todo cidadão que ele entender ou outrem sofre
uma prisão ou constrangimento, em sua liberdade, tem
direito de pedir uma ordem habeas corpus a seu favor”.
14 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Os outros artigos tratam dos requisitos da petição,


nos procedimentos do juiz ao receber uma petição de
habeas corpus.
Em 1.871 surge o habeas corpus preventivo, e se
acontece quando o paciente não tenha chegado a sofrer a
constrangimento ilegal, e, foi o maior avanço apresenta-
do pelo diploma.
Ruy Barbosa foi o primeiro jurista a interpretar o
texto constitucional, quando, em 1.891, o instituto
habeas corpus passa a integrar o texto constitucional.
Houve uma revisão a Constituição, com uma mu-
dança no art. 72, § 22. Antes nos mostrava que:
“Dar-se o habeas corpus sempre que o indivíduo
sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violên-
cia, ou coação, por ilegalidade ou abuso de poder”.
Atualmente, na Constituição Federal de 05 de outu-
bro de 1988, em seu Art. 5°, LXVIII, o texto é o seguinte:
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coa-
ção em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder”.
A finalidade do habeas corpus é proteger a liberda-
de ambulatória. O prof. Tourinho leciona que: “alguns
juristas da época passaram a entender, com a chancela do
STF, que pelo habeas corpus se protegia, também qual-
quer direito que tivesse como pressuposto de exercício a
liberdade de locomoção”.
HABEAS CORPUS 15

De acordo com esse entendimento, antigamente, se


um funcionário público fosse demitido ilegalmente,
como não existia mandado de segurança, pois não existia
ainda naquela época, eles usavam o habeas corpus, pois
entendiam que esse funcionário estava tolhido na sua li-
berdade de ir à repartição e freqüentar seu local de
trabalho.Essa aplicação foi logo abolida pelo Supremo
Tribunal Federal, pois houve uma reforma na Constitui-
ção de 1.926, e em 1.934, foi introduzida o mandado de
segurança.
O habeas corpus foi usado até a criação do institu-
to do Mandado de Segurança.
MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO,
ensina que “o habeas corpus é uma ação especial, para
reclamar o restabelecimento de um direito fundamental
violado; um remédio para o mal da prepotência que se
manifesta eventualmente contra a liberdade física”.
“Habeas”- “habere”: Ter, trazer, tomar, exibir.
“Corpus”- “coporis”: corpo.
O instituto do Habeas Corpus, possui expressões
próprias, a saber:
___ paciente: quem sofre o constrangimento ile-
gal, é o beneficiário;
___ coator: que exerce o constrangimento, a vio-
lência ou a coação sem fundamento legal;
___ impetrante: quem pede, impetra a ordem em
favor do paciente;
16 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

___ impetrada: a autoridade a quem o pedido é


endereçado;
___ detentor: quem detém o paciente.
HABEAS CORPUS 17

NATUREZA JURÍDICA DO HABEAS CORPUS

O habeas corpus é tratado na parte que se destina


ao recurso, dentro do Código de Processo Penal, causan-
do uma grande dúvida, o habeas corpus é uma ação ou
recurso?
Quase toda a doutrina o vê como uma verdadeira
ação, pelas seguintes razões:
a) Só pode haver recurso contra decisões não
transita, ao passo que o remédio heróico pode ser
impetrado contra decisões transitadas ou não;
b) Pode ser pedido contra atos de autoridades,
desde que não sejam judiciárias, alcançando até atos de
particulares, enquanto o recurso só é cabível contra deci-
sões judiciárias.
Esta ação pode ser impetrada por qualquer pessoa,
nacional, estrangeira, o menor e o Ministério Público. Se
se tratar de pessoa analfabeta, basta que alguém assine
por ele.
Se o advogado estiver peticionando em nome de cli-
ente, é preciso de um mandato, do contrário, o advogado
18 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

não precisa nem de procuração, porque esta ação qual-


quer pessoa pode impetrá-lo.
A função jurisdicional neste caso, impede o juiz de
postular, a não ser que ele seja o paciente.
HABEAS CORPUS 19

ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS

Toda pessoa tem sua liberdade de locomoção, quan-


do essa liberdade de locomoção é cortada por alguém,
isto é, quando alguém se encontra ilegalmente preso, é
impetrado um habeas corpus, que é destinado para afas-
tar um constrangimento ilegal, e é denominado
liberatória ou repressivo.
Se a ordem de habeas corpus for deferida, será
expedida um Alvará de Soltura pelo julgador, para que o
paciente seja posto em liberdade. Neste mandado que é o
Alvará de Soltura, contará que o beneficiário deverá ser
posto em liberdade se por outro não estiver preso.
O habeas corpus preventivo é destinado a impedir
um constrangimento ilegal futuro, quando a sua liberdade
de locomoção vem sendo de forma ilegal. Sendo com-
provado um perigo iminente à liberdade de locomoção
do paciente, a ordem de habeas corpus será deferida,
isto é, aceita, sendo assim, a autoridade competente, irá
expedir um salvo conduto ordenando que o beneficiário
não seja preso pelo motivo apresentado no habeas
corpus.
20 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O habeas corpus preventivo foi introduzido pela


Lei n° 2.033 de 1.871, e é uma criação nacional.
Para que haja a concessão de habeas corpus, é pre-
ciso que haja uma ameaça de violência ou coação ilegal
na liberdade de locomoção.
O pof. José Barcelos de Souza entende que:
“Além do habeas corpus constitucional, há tam-
bém o habeas corpus processual, que é um remédio
processual contra constrangimento sem justa causa no
processo penal, para que possa aí ser utilizado, mesmo se
o réu não estiver preso e nem ameaçado concretamente
de prisão”.
Sendo assim, quando o juiz receber a denúncia ou a
queixa crime, cabe habeas corpus, quando o fato descri-
to constituir crime em tese.
E se na denúncia ou queixa-crime não tiver nenhum
elemento idôneo gerando uma convicção quanto à exis-
tência de um crime ou sua autoria, cabe então o habeas
corpus para trancar a ação penal.
Um outro caso em que cabe o habeas corpus é
quando o juiz decretar a prisão preventiva sem fundamen-
tos, cabendo então o habeas corpus, por não tido uma
justa causa.
Mas, se o caso for de cometimento de um crime
culposo, e a autoridade judiciária decretar a prisão pre-
ventiva, também é possível a impetração de habeas
corpus, pois o juiz praticou uma coação ilegal, decretan-
do a prisão preventiva, vendo que de acordo com o art.
HABEAS CORPUS 21

313 do Código de Processo Penal, onde a prisão preven-


tiva só pode ser decretada se o crime for doloso. Neste
caso, o habeas corpus serve para expedição de um
contramandado de prisão e para requerer a revogação da
prisão preventiva.
22 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 23

CABIMENTO DO HABEAS CORPUS

Para que aconteça o habeas corpus, consoante ao


texto constitucional, mister se faz algumas condições:
a) que exista um ato lesivo ou sua ameaça à liberda-
de de locomoção;
b) que a ameaça ou a lesão decorra de violência ou
coação e que estas, tenha origem na ilegalidade ou abuso
do poder.
Juridicamente, o constrangimento tem seu conceito
pelo qual uma pessoa obriga a outra a fazer o que não
quer, ou o contrário.
O constrangimento é ilegal, quando não possuir
qualquer direito ou autoridade para obrigar que alguém
faça ou deixe de fazer certa coisa, e se esse constrangi-
mento revelar uma violência ou ato de força.
TOURINHO FILHO leciona que:
“se a intenção do legislador foi a de permitir o uso
do habeas corpus desde que alguém sofra ou esteja na
iminência de sofrer um constrangimento na sua liberdade
de ir e vir, bastaria dizer quando é que a coação é ilegal.
24 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Se a coação e a violência são formas de constrangi-


mento, e sendo a coação um minus em relação à violên-
cia, entender-se-á que, naqueles mesmos casos
elencados no art. 648, subentende-se a violência. Mas se
o legislador dissesse: a violência, considerar-se-á ilegal,
estaria excluída a coação.”
De acordo com o art. 648 do Código de Processo
Penal, o constrangimento será ilegal quando:
I - Quando não houver justa causa;
II - Quando alguém estiver preso por mais tem-
po do que determina a lei;
Neste caso, significa que, mesmo já tendo cumprido
a pena, ou seja, vencido o prazo, o condenado continuar
preso; ex: se o réu é condenado a 1 (um) ano e ficar 1 (um)
ano e 2 (dois) dias preso, patente o constrangimento.
Há alguns casos em que a alegação de constrangi-
mento por excesso de prazo fica superada, pois a ilegali-
dade da coação deixa de existir. Isto ocorre quando a
instrução probatória estiver sido encerrada, o excesso de
prazo for justificado, ou ainda quando o mesmo for pro-
vocado pela defesa.
III - Quando quem ordenar a coação não tiver
competência para fazê-lo;
Toda e qualquer prisão só poderá ser determinada
pela autoridade judiciária competente mediante despa-
cho fundamentado.
HABEAS CORPUS 25

Há um aspecto em que a competência tem que ser


observada; que é o: ratione materie, ratione personae e
ratione loci.
IV- Quando o processo for manifestamente
nulo;
Se estiver ausente algum pressuposto de existência
da relação processual, ou de processo válido, ou faltar
condução de procedibilidade, será necessário que a nuli-
dade se manifeste de modo evidente, que não exija alta
indagação referindo-se à validade do ato, sendo assim, o
processo será manifestamente nulo.
V- Quando extinta a punibilidade;
De acordo com o art. 107 do Código Penal temos que:
“Extingue-se a punibilidade:
I - Pela morte do agente;
II - Pela anistia, graça ou indulto;
III - Pela retroatividade de lei que não mais conside-
ra o fato como criminoso;
IV - Pela prescrição, decadência ou perempção;
V - P renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
aceito, nos crimes de ação privada;
VI - Pela retratação do agente, nos casos em que a
lei a admite;
VII - Pelo casamento do agente com a vítima, nos
crimes contra os costumes;
26 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

VIII - Pelo casamento da vítima com terceiros, nos


crimes referidos acima, se cometidos sem violência real
ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o
prosseguimento do inquérito policial, ou da ação penal
no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração;
IX - Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
HABEAS CORPUS 27

CONDIÇÕES DA AÇÃO

O habeas corpus é uma ação, portanto, é preciso


observar a presença de certas condições, para que o di-
reito de pedir ao Estado a prestação de sua atividade
jurisdicional, é preciso saber:
Possibilidade Jurídica do Pedido: o pedido de
habeas corpus para ser juridicamente possível, sua pre-
tensão deverá ser prevista legalmente.
Moacyr Amaral Santos entende que possibilidade
jurídica do pedido “é condições que diz respeito à pre-
tensão. Há possibilidade jurídica do pedido quando a pre-
tensão, em abstrato, se inclui entre aquelas que são regu-
ladas pelo direito objetivo”.
Para observar estas condições, deve-se analisar em
qual hipótese a Constituição Federal, visa a possibilidade
da impetração do habeas corpus.
O art. 142 do texto constitucional parágrafo 2º dis-
põe que:
“Não caberá habeas corpus em relação a punições
disciplinares militares”.
28 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Essa hipótese é justificada pelos princípios de hie-


rarquia e disciplina inerentes às organizações militares,
assim sendo, é inadmissível a impetração do pedido de
habeas corpus.
Mas, no art. 5º inciso XXXV da Constituição Fede-
ral nos mostra que:
“a lei não excluirá de apreciação do Poder Judiciá-
rio lesão ou ameaça a direito”.
O ato punitivo disciplinar como ato administrativo,
será válido quando forem observados os seguintes requi-
sitos:
- competência;
- motivo;
- forma;
- objeto, e
- finalidade.
Ausentes tais requisitos, o pedido de habeas
corpus deverá ser admitido se estiver clara a lesão ou a
ameaça ao direito.
Também, havendo excesso de prazo para a duração
da medida restritiva de liberdade, o habeas corpus deve
ser admitido.
HABEAS CORPUS 29

INTERESSE DE AGIR

Consoante ensinamento do Prof. MOACYR


AMARAL SANTOS, é “um interesse secundário, instru-
mental, subsidiário, de natureza processual, consistente
no interesse ou necessidade de obter uma providência
jurisdicional quanto ao interesse substancial contido na
pretensão”.
Os co-réus absolvidos em 1º e 2º graus, não tem
interesse de agir, mesmo aquele que pretende o reconhe-
cimento de que houve falta de justa causa para o inquérito
policial. Através do habeas corpus, a tutela invocada tem
de ser adequada, isto é, a situação de ilegalidade, o qual
se quer afastar, deve-se ter uma relação com o pedido.
Sendo assim, não haverá interesse de agir, por ser o
pedido inadequado, isso se a pretensão não for em dire-
ção à garantia da liberdade de locomoção.
JÚLIO FABRINI MIRABETE leciona que:
“Não cabe o pedido de habeas corpus quando o
direito pretendido envolve apreciação valorativa dos fa-
30 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

tos e subjetivas, que não podem ser aferidas na via estrei-


ta do mandamus”.
O habeas corpus não é um meio idôneo para apre-
ciar provas, pois isso não comporta o exame de mérito.
Finalmente há que haver legitimidade. Ela con-
siste na qualidade para agir, isto é, possui legitimidade
para agir, ativa e passiva, os titulares dos interesses em
conflitos.
HABEAS CORPUS 31

POLO ATIVO

Qualquer pessoa tem legitimação para se impetrar


uma ordem de habeas corpus, essa pessoa pode ser, mai-
or ou menor, nacional ou estrangeiro, uma vez que a
propositura exige do autor a qualidade de cidadão.
O Código de Processo Penal em seu art. 654 traz que:
“O habeas corpus poderá ser impetrado por qual-
quer pessoa em seu favor ou de outrem, bem como pelo
Ministério Público”.
No art. 192, o Regimento Interno do S.T.F estabele-
ce que impetrado o habeas corpus por estranho, dele
não se conhecerá se desautorizado pelo paciente.
O habeas corpus, pode ser impetrado por pessoa
jurídica em favor da pessoa física que foi vítima de cons-
trangimento ilegal na liberdade de locomoção. Mas, ao
contrário, o habeas corpus, por faltar o objeto da tutela,
que é a liberdade ambulatória, não pode ser impetrado em
favor de uma pessoa jurídica.
O Ministério Público, cujo representante é o Pro-
motor Público, pode impetrar habeas corpus, mandado
32 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

de segurança e ainda requerer correição parcial, inclusi-


ve perante os Tribunais.
Deverá o Promotor de Justiça, ao impetrar o
habeas corpus, demonstrar seu interesse de agir em fa-
vor do paciente, sobre sua liberdade de locomoção.
Também o juiz competente, que pode expedir de
ofício, poderá impetrar o habeas corpus, quando obser-
var que alguém está sofrendo ou irá sofrer uma coação de
violência.
O escrevente judicial, ou funcionário público, po-
derá impetrar o habeas corpus se for impedido de postu-
lar em juízo, no desempenho de suas funções.
HABEAS CORPUS 33

POLO PASSIVO

Na ação de habeas corpus, o polo passivo é o


coator, que é todo aquele que de qualquer modo, exerce
ou ameaça exercer o constrangimento ilegal, sendo
omissivo ou comissivo.
O habeas corpus será concedido sempre que al-
guém sofrer ou achar que está sendo ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
abuso de poder ou ilegalidade” como dispõe na Consti-
tuição Federal.
Pode também figurar no polo passivo, um particular,
porém, geralmente o coator é autoridade judiciária ou
policial.
O fato do sujeito passivo ser um particular, é de que
o constrangimento exercido do particular constitui cri-
mes no Código Penal, como vemos no:
Art. 146- constrangimento ilegal;
Art. 147- ameaça
Art. 148- seqüestro ou cárcere privado.
34 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Mas há juristas que entendem que se o constrangi-


mento ilegal for praticado por um particular, ele deverá ir
para a justiça criminal.
MAURO CUNHA e GERALDO COELHO lecio-
nam que:
“Entre o coator e o que sofre ou está na iminência
de sofrer este constrangimento há quase sempre um vín-
culo de dependência ou subordinação, quer porque o su-
jeito passivo da ação de habeas corpus está investido na
autoridade de agente público, garantidor da ordem jurídi-
ca e da segurança da comunidade, quer porque tem ascen-
dência natural e conseqüente poder que passa a usar
abusivamente”.
HABEAS CORPUS 35

PRESSUPOSTOS

Na ação de habeas corpus, alguns pressupostos


processuais merecem esclarecimentos, que são a capaci-
dade postulatória e a regularidade formal do pedido, pois
esses requisitos são necessários para que haja existência
de uma relação processual
Para o pedido da ordem de habeas corpus, é preci-
so que haja uma regularidade formal, não é recomendado
para o pedido. Um formalismo excessivo na sua aprecia-
ção, pois contraria a finalidade e a natureza da ação.
36 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 37

PETIÇÃO

O pedido de habeas corpus, é feito por meio de


uma petição, que deverá conter, como nos mostra o art.
654, § 1º:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de
sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violên-
cia, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou
em caso de simples ameaça de coação, as razões em que
funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu
rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a desig-
nação das respectivas residências.
Também na petição deverá conter o órgão a que vai
ser dirigida, isto é, para o juiz ou Presidente do Tribunal,
podendo ser manuscrito.
Sendo o caso de simples ameaça de coação, deverá
ser indicado a ilegalidade do ato sob pena de haver im-
possibilidade jurídica do pedido.
38 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O impetrante, se acaso não souber identificar o


nome do paciente, ele poderá então descrevê-lo por da-
dos característicos físicos, profissão residência, etc.
A jurisprudência admite que o requerimento seja
feito por telex, telegrama fax ou radiograma, mas, desde
que a assinatura do impetrante esteja autenticada no ori-
ginal levado à agência, e ser mencionado no texto.
HABEAS CORPUS 39

COMPETÊNCIA

Para que a competência na impetração do pedido de


habeas corpus seja determinada deve-se observar funda-
mentalmente a territorialidade e a hierarquia.
A impetração do habeas corpus é feita perante a
autoridade judiciária de primeiro grau, observando a
competência territorial.
O juiz de direito será coator, quando ele, ao tomar
conhecimento da prisão, passa ele ser o autorizador e se
a mesma for ilegal.
Será o delegado de polícia coator, quando se tratar
de coação ilegal no caso de prisão em flagrante, mas, ele
será coator até a comunicação à autoridade judiciária.
A competência para julgar será do Tribunal compe-
tente, se a autoridade coatora for juiz de direito.
40 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 41

PROCEDIMENTO

A ação de habeas corpus, exige um procedimento


célere, por ser um instrumento adequado à tutela do di-
reito à liberdade de locomoção, visto ser um direito de
cada indivíduo.
A petição de ordem de habeas corpus, pode ser
apresentada de dia ou à noite, sem hora marcada, isto é, a
qualquer hora.
Sendo fora do expediente, deverá ser entregue ao
juiz de plantão, ou da comarca.
Sendo dentro do expediente, deverá ser ajuizado no
protocolo ou ofício criminal.
Se não houver um juiz de plantão e se a comarca
tiver um só juiz, ele poderá entregar na casa do magistra-
do ou onde ele for encontrado.
Quando o juiz receber a petição, ele irá despachar e
determinar que, a coatora preste informações no prazo
estipulado pelo juiz. Mas esse pedido de informação, po-
derá ser dispensado pelo juiz, se for demonstrado a ilega-
lidade do constrangimento, dando resultado na conces-
são da ordem de plano.
42 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O juiz se achar necessário, poderá marcar um dia e


hora para que o paciente seja apresentado pela coatora,
para ser ouvido, e pode o juiz também, ir ao local onde se
encontra o paciente.
Após a coatora dar suas informações, o juiz pode
conceder ou negar a ordem. O Ministério Público pode
ser ouvido pelo juiz como fiscal da lei, mas esta interven-
ção só pode ser feita nos tribunais de Segundo grau de
jurisdição.
HABEAS CORPUS 43

LIMINAR

A liminar em pedido de habeas corpus, que se ori-


ginou na Justiça Militar, visa a expedição do salvo condu-
to ou da ordem liberatória provisória, antes do
processamento do pedido, em caso de urgência, visto que
não agindo assim, o dano pode tornar-se irreparável.
A concessão de liminar em pedido de habeas
corpus é mister estarem patentes aos pressuposto
cautelares, isto é, que seja pela ameaça ou efetivação do
constrangimento ilegal.
As decisões de habeas corpus, ocorrem em uma
sentença ou acórdão.
O pedido será:
- julgado prejudicado: quando houver cessado a
violência ou coação legal
- denegado: não havendo a alegada coação ou ameaça;
- concedido: quando ficar comprovada a coação ou
ameaça.
Será incompetente o Juízo ou Tribunal, quando:
44 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

- a coação ou ameaça emanar de autoridade sujeita à


outra jurisdição, ou
- quando outra autoridade ou órgão já preveniu sua
competência.
HABEAS CORPUS 45

JULGADOS
SELECIONADOS
46 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 47

“HABEAS CORPUS” Nº 74.125-8 - PI - (JSTF - Volu-


me 229 - Página 249)
Segunda Turma (DJ, 11.04.1997)
Relator: O Sr. Ministro Francisco Rezek
Paciente: Francisca das Chagas Trindade
Advogados: Gustavo Cortes de Lima e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Piauí
EMENTA: - HABEAS CORPUS. VEREADOR. JUL-
GAMENTO. OFENSA AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATU-
RAL. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA: TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. IMUNIDADE PARLAMENTAR. RELAÇÃO DE
CAUSALIDADE ENTRE O EXERCÍCIO DO MANDATO
NA CIRCUNSCRIÇÃO DO RESPECTIVO MUNICÍPIO E
AS OPINIÕES E PALAVRAS DO VEREADOR. PRECE-
DENTES DO STF. ORDEM CONCEDIDA.
I - A Constituição do Estado do Piauí - à vista do que lhe
concede a Carta da República (art. 125 - § 1º) - é expressa no
dizer que compete ao tribunal de justiça processar e julgar, origi-
nalmente, nos crimes comuns e de responsabilidade, os verea-
dores (art. 123 - III - d - 4). Julgamento em primeira instância
ofende a garantia do juiz competente (art. 5º - LIII). A decisão
em grau de recurso não redime o vício.
II - A prerrogativa constitucional da imunidade parlamentar
em sentido material protege o congressista em todas as manifesta-
ções que tenham relação com o exercício do mandato, ainda que
produzidas fora do recinto da casa legislativa. Precedentes do
48 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

STF. Presente o necessário nexo entre o exercício do mandato e a


manifestação do vereador, há de preponderar a inviolabilidade
constitucionalmente assegurada (art. 29 - VIII da CF/88).
Habeas corpus concedido para trancar a ação penal a que
responde o paciente.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, na
conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, à
unanimidade de votos, em deferir o habeas corpus para determi-
nar o trancamento da ação penal. Falou pela paciente o Dr.
Gustavo Cortes de Lima.
Brasília, 3 de setembro de 1996.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - FRANCISCO
REZEK, Relator.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO FRANCISCO REZEK: - O
Subprocurador-Geral da República Cláudio Lemos Fonteles
narra a controvérsia e sobre ela opina nos seguintes termos:
“Em favor de Francisca das Chagas Trindade o advogado
Joaquim Barbosa de Almeida Neto ajuíza pedido de habeas
corpus.
Sustenta:
a) imunidade constitucional não reconhecida a gerar o ato
do ilícito constrangimento;
b) exclusão da ilicitude porque a ré condenada agira no
estrito cumprimento do dever legal;
c) violação do princípio do juiz natural.
HABEAS CORPUS 49

Assim disposta a fundamentação, importa que se analise,


por coerência sistêmica, primeiramente, o argumento alusivo à
desobediência ao princípio do Juiz Natural.
Não resta dúvida que a paciente foi processada e julgada,
tendo sido absolvida, em instância de 1º grau ordinária. Em sede
recursal - julgamento de apelação criminal promovida pelo que-
relante - é que, provido o recurso, parcialmente, resta condena-
da a 6 meses de detenção (fls. 24/27).
Todavia, está inquestionavelmente demonstrado pelo doc.
a fls. 243, 2º vol., que é a Constituição Estadual, que ao Tribunal
de Justiça reserva a competência originária ao julgamento dos
vereadores, nos crimes comuns (artigo 123, III, “d”, 4 na pág.
51, do doc. a fls. 243).
Violado está, claramente, o princípio do Juiz Natural.
Nem se diga que o Tribunal apreciara o tema, emitindo
juízo condenatório.
Não é assim, data venia.
O Tribunal, por certo, emitiu juízo condenatório, mas o fez
como instância recursal, divorciado da produção probatória.
Ora, corolário da garantia do Juiz Natural é a prova ser
produzida, apresentada, ante o Juízo, assim de conhecimento, e
então comprometido com o ‘princípio da busca da verdade real’.
Por isso é que a conclusão recursal não pode suprir o que
deve ser processado, e criado, originariamente.
Somos, pois, em necessário exame preliminar pela anula-
ção de todo o processado, a partir do ajuizamento da queixa-
crime inclusive, por clara violação ao princípio do Juiz Natural.
Que assim não se entenda, e também não pode prosperar
a conclusão colegiada que afastou o reconhecimento da imuni-
50 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

dade substancial. A tanto, colhe-se, todavia, singelamente no


acórdão que, verbis:
‘A querelada-recorrida, parlamentar atuante e defensora
dos direitos humanos, é sabedora de que a honra é um bem
tutelado juridicamente, e que em nome de uma pretensa defesa do
patrimônio público não é lícito agredir a honorabilidade alheia.
A afirmação de malversação de recursos do povo é fato
ofensivo à honra de qualquer administrador público, de sorte
que somente deve ser atribuída a alguém quando suficientemente
demonstradas a materialidade e autoria da conduta criminosa. A
honra é um bem de muita valia para ser exposta a execração
popular. O princípio constitucional da presunção de inocência
deve ser observado por todos e para todos os cidadãos.
A imunidade material conferida constitucionalmente ao Ve-
reador por suas opiniões e palavras se cinge ao exercício das
funções parlamentares. Ninguém, pelo ato de ser detentor de
mandato eletivo, pode assacar contra a dignidade alheia. Ao
atribuir ao querelante-recorrente, publicamente, a prática de
malversação de recursos públicos, a querelada-recorrida incor-
reu nas penas cominadas no art. 20 da Lei de Imprensa. Quanto
aos crimes de difamação e injúria, também imputados à apelada,
não há nos autos elementos para configurá-los.
Não existe no bojo do processo nada que possa
desabonar a sua vida pregressa da querelada-recorrida, trata-se
de pessoa com atividade e domicílio conhecidos’. (vide fls. 26,
grifamos)
Certo é que ‘a imunidade material conferida constitucio-
nalmente ao Vereador por suas opiniões e palavras se cinge ao
exercício das funções parlamentares’, como dito no julgado a fls.
26 (ainda: transcrição no item retro). Contudo, o exercício não
se reduz ao recinto parlamentar.
HABEAS CORPUS 51

Não!
A imunidade substancial alcança a conduta do parlamentar
que, ante os órgãos noticiosos, e justo em demonstração de
necessária satisfação do seu desempenho parlamentar ao povo,
evidencia fato constatado em regular procedimento de Audito-
ria, cobrando providências.
É por tal razão que bem se colhe em ementa da lavra do il.
Min. Celso de Mello, verbis:
‘(...)
O exercício do mandato parlamentar recebeu expressiva
tutela jurídica da ordem normativa formalmente consubstanciada
na Constituição Federal de 1988.
Dentre as prerrogativas de caráter político-institucional
que inerem ao Poder Legislativo e nos que o integram, emerge,
com inquestionável relevo jurídico, o instituto da imunidade par-
lamentar, que se projeta em duas dimensões: a primeira, de
ordem material, a consagrar a inviolabilidade dos membros do
Congresso Nacional, por suas opiniões, palavras e votos (imuni-
dade parlamentar material).’ (Inq. 510 - DJ 19.4.91 - pg. 4.581,
2, grifamos)
Por certo, a acanhada visão da imunidade substancial
como posta no julgado, ora acertadamente questionada, em
muito deve a esta correta orientação da Suprema Corte.
Assim assentado este fundamento, aqueloutro, deduzido
na inicial, e propondo o reconhecimento da exclusão da
antijuridicidade pelo exercício regular do direito queda prejudi-
cado, até porque compreendido na expressão maior da imuni-
dade substancial.
Pelo deferimento do pleito quer ante a preliminar enfrenta-
da, quer, se superada esta, pelo reconhecimento, no caso, de
nítida situação de imunidade substancial.” (fls. 305/309).
52 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO FRANCISCO REZEK
(Relator): - O deputado estadual Wilson Nunes Martins, ex-
secretário de saúde do município de Teresina, ofereceu queixa-
crime contra a paciente. Alegou, para tanto, que ela incorreu nos
delitos dos artigos 20, 21 e 22 da Lei 5.250/67. A paciente foi
absolvida em primeira instância. Inconformado, o querelante
apelou. A câmara especializada criminal do Tribunal de Justiça
do Piauí reformou a sentença. O acórdão foi assim resumido:
“CRIME CONTRA A HONRA. 1. A afirmação de mal-
versação de recursos do povo é fato ofensivo à honra de qual-
quer administrador público, de sorte que somente deve ser atri-
buída a alguém quando suficientemente demonstradas a
materialidade e a autoria da conduta criminosa. 2. A imunidade
material conferida constitucionalmente ao Vereador se cinge ao
exercício das funções parlamentares. 3. Recurso provido para
condenar a querelada-recorrida.” (fls. 291).
Este o quadro, parece-me correto o parecer do Ministério
Público Federal. Há aqui, com efeito, dois tópicos que favore-
cem a argumentação do impetrante: o da ofensa ao princípio do
juiz natural e o da imunidade parlamentar material.
A Constituição do Estado do Piauí - à vista do que lhe
concede a Carta da República (artigo 125-§ 1º) - é expressa no
dizer que compete ao tribunal de justiça processar e julgar, origi-
nalmente, nos crimes comuns e de responsabilidade, os verea-
dores (artigo 123-III-d-4 in fine). Sendo certo que em nosso
ordenamento jurídico o juiz natural é aquele cujo poder de julgar
deriva de fonte constitucional, não há dúvida de que a garantia
do juiz competente (artigo 5º-XXXVII da CF/88) foi ofendida.
De outro lado, como ponderou o Subprocurador-Geral, a deci-
são em grau de recurso não tem o condão de redimir o vício.
HABEAS CORPUS 53

A reclamar maior análise está o tema da imunidade parlamen-


tar material. Sobre isso, leio trecho da decisão de primeiro grau:
“Trata-se, conforme a Queixa-crime inicial, de delitos ca-
pitulados nos arts. 20, 21 e 22 da Lei 5.250/67.
A notícia tida como incriminada diz textualmente na primei-
ra página do jornal “O Estado” de 04.01.95:
VEREADORA QUER A DEVOLUÇÃO DO
PATRIMÔNIO.
‘A líder do PT na Câmara, Vereadora Francisca Trindade, vai
entrar com uma ação na Justiça pedindo a devolução dos bens
desviados da Fundação Municipal de Saúde, na gestão do ex-
secretário municipal de Saúde deputado estadual eleito Wilson
Martins. Trindade afirmou que a ação se baseia na auditoria realiza-
da pelo Inamps que confirmou o desvio de medicamentos e a má
aplicação dos recursos do Sistema Unificado de Saúde, liberados
pelo governo Federal. A vereadora petista explica que os bens
desviados são patrimônios públicos e têm que ser devolvidos.’
(...)
A notícia pautou-se em Auditoria realizada pelo então
INAMPS, e de todas as substanciosas alegações apresentadas
pelo Querelante, em um ponto, de natureza essencial, não foi
contestada a defesa prévia apresentada pela Querelada, qual
seja, a notícia de que sobre o fato já se pronunciara a imprensa
local, pelo menos em dois jornais: “Diário do Povo” de
24.11.94, em manchete: “AUDITORIA CONSTATA DESVIO
DE REMÉDIOS DA FUNDAÇÃO DE SAÚDE” - “O princi-
pal acusado é o Deputado eleito Wilson Martins”, seguindo-se
detalhes da notícia (fls. 82), e no mesmo jornal “O Estado” de
24.1.94: “INAMPS COMPROVA DESVIO DE REMÉDI-
OS” - “Os Auditores do INAMPS constataram que houve des-
vio de medicamentos na gestão do ex-secretário municipal de
54 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

saúde Wilson Martins. Grande parte dos remédios foi parar na


clínica do vereador Valdinar Pereira”. Segue-se a matéria (fls. 83
- grifamos) ...
Observa-se de pronto que ditas notícias foram veiculadas
em data 24.11.94, inclusive com fotos do Querelante e rechea-
das de detalhes sobre o desvio de medicamentos e desvio de
verbas, e o mais importante, foram publicadas antes da notícia
ora incriminada, datada de 04.01.95, atribuída à Querelada.
(grifamos)
(...)
Em verdade o Querelante, não rechaçando as notícias vei-
culadas nos aludidos jornais em 24.11.95, não opondo qualquer
reclamação ou resposta nos ditos jornais, oportunamente, quan-
to ao conteúdo, ensejou a presunção de veracidade e notorieda-
de da notícia, com a manifestação de propor ação na Justiça.
O fato de haver uma ação de nulidade de ato jurídico,
contra a referida Auditoria, não descaracteriza a sua eficácia,
porquanto não restou provado contra ela, sentença anulatória
com trânsito em julgado. Até porque o Exmo. Juiz Federal jul-
gou-se incompetente para julgar o feito, suscitando conflito ne-
gativo de competência, estando suspenso o feito até decisão
superior (fls. 281/284), portanto, o conteúdo da referida Audi-
toria permanece incólume até decisão anulatória.
Assim, extraindo-se da leitura atenta do texto focalizado
que a Qurelada não se desviou para o plano do “animus
caluniandi vel injuriandi vel diffamandi”, acolho as razões da
Defesa e do Ministério Público para julgar improcedente a Quei-
xa-crime de fls. 02/06, para absolver Francisca das Chagas
Trindade da imputação que lhe foi atribuída pelo Querelante”.
Parece-me, a toda evidência, que está presente no caso
em mesa o necessário nexo entre o exercício da função parla-
HABEAS CORPUS 55

mentar e a manifestação da querelada. O Supremo Tribunal


Federal tem copiosa jurisprudência a dizer que a prerrogativa
constitucional da imunidade parlamentar em sentido material
protege o congressista em todas as manifestações que tenham
relação com o exercício do mandato (INQ 510, RTJ 135/509;
INQ 579, RTJ 141/406, entre outros). Tal entendimento atinge
também as manifestações produzidas fora do recinto da casa
legislativa (INQ 396, RTJ 131/1.039).
No caso em análise, não tenho dificuldade em concluir que
a paciente agiu no exercício de suas atribuições funcionais - ou
seja, no exercício da função de fiscalização e de crítica próprias
do titular de mandato eleitoral, no desempenho deste. Suas ale-
gações, portanto, não se prestam à censura por parte do Poder
Judiciário. Presente a relação de causalidade entre as opiniões e
palavras da vereadora e o exercício do mandato na circunscri-
ção do respectivo Município, há de preponderar a
inviolabilidade constitucionalmente assegurada (artigo 29-VIII
da CF/88).
Destaco, por fim, quanto à eventual alegação de
inidoneidade do writ para examinar a inexistência do animus
diffamandi, que no caso concreto cuida-se, tão-só, de qualificar
juridicamente fato certo.
Tais as circunstâncias, concedo a ordem para trancar a
ação penal a que responde a paciente.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Senhor
Presidente, também tenderia a concluir pelo vício de procedi-
mento se a Corte de Justiça, com as conseqüências pertinentes,
não tivesse reconhecido o que seria a competência originária
para julgar a ação; competência que encerra, inclusive, a instru-
ção da própria ação penal, que ocorreu no primeiro grau.
56 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O Ministro-Relator colocou, e o fez com percuciência, a


problemática alusiva à imunidade material, que é muito cara num
Estado Democrático de Direito, no que viabiliza a atuação es-
pontânea, eqüidistante dos parlamentares, dos detentores de
mandatos políticos.
Com base nela, acompanho S. Exa., concedendo a ordem
para trancar a ação penal.
É o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.125-8 - PI - Relator: Min. Francisco Rezek.
Pacte.: Francisca das Chagas Trindade. Advs.: Gustavo Cortes
de Lima e outro. Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Decisão: Por unanimidade, a Turma deferiu o habeas
corpus para determinar o trancamento da ação penal. Falou pela
paciente o Dr. Gustavo Cortes de Lima. 2ª Turma, 03.09.96.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Francisco Rezek e Maurício Corrêa.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
HABEAS CORPUS 57

“HABEAS CORPUS” Nº 74.286-6 - SC - (JSTF - Vo-


lume 229 - Página 256)
Primeira Turma (DJ, 04.04.1997)
Relator: O Sr. Ministro Sydney Sanches
Paciente: Claudinei Hacker
Impetrantes: Elias Mattar Assad e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.
ESTUPRO. VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS DE IDA-
DE. PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA (ARTIGOS 213 E 224,
“A” DO CÓDIGO PENAL). CASAMENTO DA VÍTIMA
COM TERCEIRO: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (ART.
107, INC. VIII, DO C.P.). DEFICIÊNCIA DE DEFESA.
“HABEAS CORPUS”.
1. O pedido de “Habeas Corpus” não pode ser conhecido
no ponto em que sustenta a extinção da punibilidade, pelo casa-
mento da ofendida, ocorrido posteriormente à sentença
condenatória e antes do acórdão que a confirmou.
2. É que tal fato não constou dos autos em que proferida a
condenação e só foi ventilado com a presente impetração, como
expressamente admitido na inicial.
3. Sendo assim, quanto a esse ponto, não pode, o Tribunal
prolator do acórdão impugnado, ser apontado como autoridade
coatora, pois nada constava dos autos a respeito do casamento
58 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

da ofendida com terceiro. Não se tratava, assim, de questão que


estivesse devolvida à sua consideração, mesmo de ofício.
4. Essa questão, portanto, pode ser suscitada, pela via
própria, perante o Tribunal competente.
5. O consentimento da ofendida, menor de 14 anos, para a
conjunção carnal, e mesmo sua experiência anterior não elidem a
presunção de violência, para a caracterização do estupro (arti-
gos 213 e 224, “a”, do C. Penal). Precedente.
6. No caso, ademais, não se alega experiência anterior da
vítima, nem a ocorrência de erro quanto a sua idade, mas, ape-
nas e tão-somente, que consentiu na prática das relações sexu-
ais, o que não bata para afastar a presunção de violência, pois a
norma em questão (artigo 224, “a”, do C. Penal), visa, exata-
mente, a proteger a menor de 14 anos, considerando-a incapaz
de consentir.
7. Havendo o Defensor dativo praticado todos os atos que
se lhe poderiam exigir e tendo, inclusive, alcançado êxito parcial
com sua apelação, de que resultou considerável redução da
pena, e não se evidenciando, nos presentes autos, a alegada
deficiência de defesa, é de se repelir tal alegação.
8. “H.C.” conhecido em parte, e, nessa parte, indeferido,
cassada a liminar.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em conhecer, em parte, do pedido de
“habeas corpus” mas, nessa parte, o indeferir, cassando a liminar
concedida.
Brasília, 22 de outubro de 1996.
HABEAS CORPUS 59

MOREIRA ALVES, Presidente - SYDNEY SANCHES,


Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - O ilustre Subprocurador-Geral da República Dr.
WAGNER NATAL BATISTA, no parecer de fls. 241/250, re-
sumiu a hipótese e, em seguida, opinou, nos termos seguintes:
“HABEAS CORPUS.
ESTUPRO DE MENOR DE 13 ANOS DE IDADE.
ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE TIPICIDADE
FACE A ANUÊNCIA DA MENOR ÀS RELAÇÕES SEXUAIS.
CASAMENTO DA VÍTIMA COM TERCEIRO, APÓS
A SENTENÇA CONDENATÓRIA.
CITAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE POR FAL-
TA DE PROCURA DO RÉU EM CURITIBA.
Trata-se de Habeas Corpus impetrado por advogados, em
favor do paciente CLAUDINEI HACKER, pretendendo a anu-
lação do processo penal no qual foi ele condenado à pena de 9
anos e 4 meses e 15 dias de reclusão pela prática de crime
previsto no art. 213, c/c o art. 224, “a” do Código Penal, pelo
Juiz de Direito da Comarca de Porto União, SC, condenação
esta reduzida pela Primeira Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina para 6 anos e 3 meses de reclusão.
Foi alegado:
a. inexistência da tipicidade do crime de estupro, eis que
teria havido, no máximo sedução da pretensa vítima, que teria
aceito manter relações sexuais sob promessa de futuro casa-
mento, não caracterizada a violência;
60 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

b. ocorrência da extinção de punibilidade por posterior


casamento da pretensa vítima com terceiro, sem sua manifesta-
ção acerca da continuidade do processo;
c. nulidade do processo por ausência de citação válida do
acusado, que apesar de constar como residente em Curitiba, lá
não foi procurado.
Com a inicial foram apresentadas cópias do processo ori-
ginal.
Prestou a autoridade apontada como coatora suas infor-
mações (págs. 237/239).
Foi concedida pelo Presidente do STF medida liminar,
face a alegação de extinção de punibilidade alegada.
É o breve relatório.
PRELIMINARMENTE
Foi objeto de exame, quer na primeira como na segunda
instâncias, das matérias ora trazidas a consideração do STF, a
primeira e a terceira alegação. Não se suscitou no impetrado a
ocorrência da extinção de punibilidade decorrente do casamen-
to da ofendida com terceiro. Entretanto, como dispõe o art. 61
do CPP que em qualquer fase do processo, o juiz, ao reconhe-
cer extinta a punibilidade deverá decretá-la de ofício, poderia o
impetrado tê-lo feito e por não fazê-lo, passou a ser o coator, no
caso. Este é o entendimento desta Turma, como se pode ver da
seguinte ementa:
“EMENTA: HABEAS CORPUS - MENORIDADE DE
UM DOS PACIENTES - FATO COMPROVADO - CON-
TAGEM DO LAPSO PRESCRICIONAL PELA METADE
(CP, ART. 115) - INJUSTO CONSTRANGIMENTO CA-
RACTERIZADO - RECONHECIMENTO DA EXTINÇÃO
DA PUNIBILIDADE - ORDEM CONCEDIDA.
HABEAS CORPUS 61

- Se o Tribunal estadual, quando do julgamento do recurso


interposto pelo paciente, deixa de reconhecer e de proclamar,
para efeito de extinção da punibilidade, a existência de prescri-
ção penal já consumada, torna-se, ele próprio, órgão coator,
justificando, assim, o conhecimento do habeas corpus pelo Su-
premo Tribunal Federal.
- Desde que demonstrada a menoridade do paciente, me-
diante prova documental idônea (certidão de nascimento), e fi-
cando assim comprovado que tinha ele, à data do crime, idade
inferior a vinte e um anos, impõe-se reconhecer, em seu favor,
para efeito de declaração da extinção de sua punibilidade, o
benefício legal da contagem, pela metade, do lapso prescricional
(CP, art. 115). (HC nº 68.256-DF, RELATOR MINISTRO
CELSO DE MELLO, PRIMEIRA TURMA, DJU de
17.05.91, pág. 406.343).
A circunstância de já ter a Segunda Turma apreciado ma-
téria semelhante, distanciando do anterior entendimento da Cor-
te, até então unânime, como se vê do douto voto do Ministro
Néri da Silveira, em anexo, sugere a conveniência de se afetar o
julgamento do presente pedido ao Plenário da Corte.
NO MÉRITO
DA TIPICIDADE DO CRIME DE ESTUPRO
Respaldando-se em acórdão da Egrégia Segunda Turma
deste Tribunal, de lavra do Ministro MARCO AURÉLIO, repe-
lem os impetrantes a presunção de violência nos crimes contra
os costumes, quando a vítima for menor de 14 anos, prevista no
art. 224, “a”, do Código Penal. Citam o recente aresto
prolatado no HC nº 73.662-9, que teve a seguinte ementa:
COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS - ATO DE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Na dicção da ilustrada maioria
(seis votos a favor e cinco contra), em relação à qual guardo
62 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

reservas, compete ao Supremo Tribunal Federal julgar todo e


qualquer habeas corpus impetrado contra ato de tribunal, tenha
esse, ou não, qualificação de superior.
ESTUPRO - PROVA - DEPOIMENTO DA VÍTIMA.
Nos crimes contra os costumes, o depoimento da vítima reves-
te-se de valia maior, considerando o fato de serem praticados
sem a presença de terceiros.
ESTUPRO - CONFIGURAÇÃO - VIOLÊNCIA PRE-
SUMIDA - IDADE DA VÍTIMA - NATUREZA. O estupro
pressupõe o constrangimento de mulher à conjunção carnal,
mediante violência ou grave ameaça - artigo 213 do Código
Penal. A presunção desta última, por ser a vítima menor de 14
anos, é relativa.
Confessada ou demonstrada a aquiescência da mulher e
exsurgindo da prova dos autos a aparência, física e mental, de
tratar-se de pessoa com idade superior aos 14 anos, impõe-se a
conclusão sobre a ausência de configuração do tipo penal. Al-
cance dos artigos 213 e 224, alínea “a”, do Código Penal.”
(DJU de 20-09-96, pág. 34.535).
Dos precisos termos da norma legal infere-se ser a presun-
ção de violência “jure et de jure”, ou seja: absoluta. O dispositi-
vo não permite interpretação outra.
Além da hipótese de erro, somente poderia ser afastada a
aplicação da regra se fosse a mesma inconstitucional. O ilustre
Ministro Luiz Vicente Cernicchiaro, do Colendo Superior Tribu-
nal de Justiça em voto condutor do REsp nº 46.424-2-RO,
entendeu que:
A responsabilidade penal, consoante princípios constituci-
onais, é subjetiva. Não transige com a responsabilidade objetiva
e, muito menos, a responsabilidade por fato de terceiro.
HABEAS CORPUS 63

Além do mais, conseqüência lógica, impõe-se a culpabili-


dade (no sentido moderno do termo), ou seja, reprovabilidade
ao agente da conduta delituosa.
Em conseqüência, não há, pois, como sustentar-se, em
Direito Penal, presunção de fato. Este é o fenômeno que ocorre
no âmbito da experiência. Existe, ou não existe. Em conseqüên-
cia, não se pode punir alguém por delito, ao fundamento de que
se presume que o cometeu. Tal como o fato (porque fato) o
crime existe, ou não existe. Assim, evidente a
inconstitucionalidade do art. 224, do Código Penal. Que se au-
mente a pena, ocorrendo as hipóteses ali inseridas, tudo bem.
Presumir violência é punir por crime não cometido!
Em “Direito Penal na Constituição”, São Paulo, RT 1990,
pág. 77, escrevi:
“Se a infração penal é indissolúvel da conduta, se a con-
duta reflete a vontade, não há como pensar no crime sem o
elemento subjetivo.
O princípio da legalidade fornece a forma e o princípio da
personalidade, a substância da conduta delituosa.
Pune-se alguém porque praticou a ação descrita na lei
penal. Ação, vale repisar, no sentido material.
Conseqüência incontornável: é inconstitucional qualquer lei
penal que despreze a responsabilidade subjetiva.
O Código Penal, com a redação vigente da Parte Especial,
adotou a linha moderna. Depois de reeditar que o crime é doloso
ou culposo (art. 18), registra no art. 19: pelo resultado que
agrava especialmente a pena, só responde o agente que houver
causado ao menos culposamente.”
Cremos que se dá à norma questionada conteúdo
inexistente. Ela simplesmente afasta a possibilidade de se atribuir
64 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

à menor de 14 anos a possibilidade de consentimento válido,


determinando em conseqüência que igualaria à violência real tal
“consentimento”.
Sendo o direito sistema, as normas legais devem ser exa-
minadas em conjunto. Sendo absolutamente incapaz a menor de
14 anos não se pode dar relevância jurídica a sua vontade.
Inexistindo ato de vontade haveria constrangimento que recebe
a denominação de violência ficta.
A falta de consentimento válido é a essencial circunstância
que confere ao artigo 224, a presunção “jure et jure”, buscada
para ter-se como real, a violência presumida. Não há conceber
que menores de 14 anos, a quem não se permite validade de atos
jurídicos tenha consciência plena para validar com seu consenti-
mento o ato em comento. É justamente a impossibilidade do me-
nor compreender em toda sua extensão o ato praticado, que
afasta o consentimento válido. Falta ao menor a maturidade, quer
mental, quer física, para ter alcance e avaliar com precisão o ato
violador dos costumes. Não pode falar-se, portanto, em consenti-
mento pleno e livre, a conseqüência é a violência presumida.
Como já entendeu o STF:
“EMENTA: - ESTUPRO. PRESUNÇÃO DE VIO-
LÊNCIA, POR SER A VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS DE
IDADE (ARTIGOS 213 E 224, `A’ DO C. PENAL).
O CONSENTIMENTO DA OFENDIDA, MENOR DE
14 ANOS, PARA A CONJUNÇÃO CARNAL, E SUA EX-
PERIÊNCIA ANTERIOR NÃO ELIDEM A PRESUNÇÃO
DE VIOLÊNCIA, PARA A CARACTERIZAÇÃO DO ES-
TUPRO (ARTIGOS 213 E 224, ‘A’, DO C. PENAL).
R.E. CONHECIDO E PROVIDO, EM PARTE, PARA
QUE, AFASTADA A TESE EM CONTRÁRIO DO
ACÓRDÃO RECORRIDO, PROSSIGA O TRIBUNAL NA
HABEAS CORPUS 65

APRECIAÇÃO DAS DEMAIS QUESTÕES DA APELA-


ÇÃO. INCLUÍDA AQUELA RELATIVA AO ERRO QUAN-
TO À IDADE DA VÍTIMA”. (RECR nº 108.267-PR,
RELATOR MINISTRO SYDNEY SANCHES, PRIMEIRA
TURMA, DJU de 05.05.89, pág. 7.162).
Como já foi dito, anteriormente, somente o erro é que
poderia afastar, na forma dos arts. 20 e 21 do Código Penal, a
aplicação da regra. Aqui não se alega erro acerca da idade da
vítima e nem se indica relação concubinatária que afastaria o
entendimento da proibição.
DA CITAÇÃO
Alegam os impetrantes que o oficial de justiça ao tentar
citar o paciente, para a ação penal foi informado de seus novos
endereços em outra cidade, sem que tal fosse observado para a
sua citação pessoal, sendo que foi citado por edital.
A citação por edital impõe-se ao oficial de justiça, compa-
recer ao local indicado pelo próprio réu. No caso, tal se deu,
sendo, entretanto, informado que o mesmo teria se mudado para
outra cidade, ignorando-se o endereço preciso. Os familiares do
réu indicaram apenas que o mesmo havia se mudado para
Curitiba, onde trabalhava como soldador na Petrobrás, sem dar
o seu novo endereço (fls. 97, verso). Não encontrado o réu no
endereço constante dos autos, e assim certificado pelo OFicial
de Justiça, justifica-se o decreto de sua revelia. Válida, sem
sombra de dúvidas, a citação por edital, se o réu não é encontra-
do no local por ele mesmo indicado como seu endereço e assim
certificado pelo Oficial de Justiça. No caso houve a tentativa de
citação em outra cidade, onde também não foi o réu encontrado.
Não há prova pré-constituida, como contrato de trabalho, con-
trato de aluguel, contas telefônicas, de água, ou luz que evidenci-
em ter o paciente residido na época, na cidade de Curitiba, que
por ser uma metrópole com mais de um milhão de habitantes
66 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

impossibilitou a procura, sem endereço, do paradeiro de qual-


quer pessoa.
DA EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE PELO CASA-
MENTO DA OFENDIDA COM TERCEIRO
Informa o impetrante que a ação penal foi julgada por
sentença publicada em 18 de janeiro de 1993 (fls. 127) e que
tomou ciência que em 23 de abril de 1993 a ofendida teria se
casado com terceiro (fls. 52).
Tendo em vista que não teria a vítima se manifestado acer-
ca da continuidade da ação penal, no prazo de lei, teria ocorrido
a extinção de punibilidade, da forma prevista no art. 107, VIII,
do Código Penal.
Lembre-se que aqui a ação penal foi pública condicionada,
ou seja: seu titular é o Ministério Público e como tal a disponibi-
lidade da ofendida cessou quando do oferecimento da denúncia
(art. 25, do CPP).
Emprega a lei penal a expressão ação penal para indicar o
processo até a sentença definitiva, passando a falar em recurso
ou execução penal para as demais fases. Tal levou os doutos a
entenderem:
“A extinção de punibilidade pelo casamento com terceiro
só extingue a punibilidade se ocorrer durante a ação penal, pois
é preciso que a ofendida requeira o seu prosseguimento. Ne-
nhum efeito produzirá o casamento com terceiro depois da sen-
tença definitiva.” (Heleno Cláudio Fragoso, “in” LIÇÕES DE
DIREITO PENAL - A NOVA PARTE GERAL, 10ª Edição,
Forense, Rio de Janeiro, pág. 436).
“A extinção ora em foco deverá ocorrer durante a
tramitação do processo criminal, pois é necessário que a ofendi-
da abstenha-se de requerer o seu prosseguimento. O
HABEAS CORPUS 67

subsequens matrimonium, da ofendida com terceiro, após a


prolação da sentença definitiva, não gera nenhum efeito.” (Paulo
José da Costa Jr. “in” COMENTÁRIOS AO CÓDIGO PE-
NAL, VOL. 1, 1986, Editora Saraiva, pág. 501).
Como o casamento somente ocorreu após a provação da
sentença definitiva, não gerou nenhum direito ao acusado.
CONCLUSÃO
Não teriam ocorrido, desta forma, as alegadas nulidades,
sendo o caso de denegar-se a ordem.”
É o Relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - 1. O pedido de “Habeas Corpus” não pode ser
conhecido, no ponto em que sustenta a extinção da punibilidade,
pelo casamento da ofendida, ocorrido posteriormente à senten-
ça condenatória e antes do acórdão que a confirmou, exceto
quanto ao montante da pena.
É que tal fato não constou dos autos em que proferida a
condenação e só foi suscitado com a presente impetração, como
expressamente admitido na inicial (fls. 22, item 49).
Sendo assim, quanto a esse ponto, não pode, o Tribunal
prolator do acórdão impugnado, ser apontado como autoridade
coatora, pois nada constava dos autos a respeito do casamento
da ofendida com terceiro. Não se tratava, pois, de questão que
estivesse devolvida à sua consideração, mesmo de ofício.
2. Essa questão, portanto, pode ser suscitada, pela via
própria, perante o Tribunal competente.
3. Quanto ao mais, porém, acolho o parecer do Ministério
Público federal.
68 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

4. Com efeito, como lembrado nessa manifestação, esta Tur-


ma, em acórdão unânime, de que fui Relator, no RECR nº 108.627-
PR, DJU 05.05.89, pág. 7.162, decidiu (R.T.J. 130/802):
“EMENTA: - ESTUPRO. PRESUNÇÃO DE VIO-
LÊNCIA, POR SER A VÍTIMA MENOR DE 14 ANOS DE
IDADE (ARTIGOS 213 E 224, “A” DO C. PENAL).
O consentimento da ofendida, menor de 14 anos, para a
conjunção carnal, e sua experiência anterior não elidem a pre-
sunção de violência, para a caracterização de estupro (artigos
213 e 224, “a”, do C. Penal).
R.E. conhecido e provido, em parte, para que, afastada a
tese em contrário do acórdão recorrido, prossiga o Tribunal na
apreciação das demais questões da apelação, incluída aquela
relativa “ao erro quanto à idade da vítima”.”
5. Lembro que, no caso, não se alega experiência anterior
da vítima, nem a ocorrência de erro quanto a sua idade, mas,
apenas e tão-somente, que consentiu na prática das relações
sexuais, o que não basta para afastar a presunção de violência,
pois a norma em questão visa, exatamente, a proteger a menor
de 14 anos, considerando-a incapaz de consentir.
6. No que concerne à alegação de vício no procedimento
de citação-edital, a questão foi bem enfrentada no parecer do
Ministério Público.
A esse propósito, ponderou, ainda, o ilustre
Desembargador NAPOLEÃO AMARANTE, Presidente do E.
Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, ao prestar as
informações de fls. 238:
“Conforme consta do acórdão exarado na apelação cri-
minal transitada em julgado, Claudinei Hacker foi procurado no
endereço que ele mesmo declinou no caderno indiciário (fls. 14).
HABEAS CORPUS 69

Não tendo sido encontrado (certidões de fls. 36v.), o Oficial de


Justiça, na sua diligência, recebeu informações de seus familiares
acerca do endereço profissional, incompleto, em Curitiba/PR,
junto à Petrobrás. Com expedição de carta-citação via correio
(fls. 40/44) e, apesar de dirigida ao Departamento Pessoal da-
quela empresa, não foi possível implementá-la. Em decorrência
desse insucesso, adveio a citação editalícia (art. 361, do CPP).
Somente quando do cumprimento do mandato de intimação
para que o apenado ficasse ciente da sentença proferida, o Oficial
de Justiça certificou que o Sr. Roberto, padrasto do intimando, lhe
informou que o mesmo poderia ser encontrado à Rua José A.
Cordeiro, nº 74, Bairro Pinheirinho, Curitiba/PR, fone 346-1326
(docto. de fls. 95v.). Antes, como se pode verificar nos autos, cuja
cópia de todo o processo seguiu junto ao habeas corpus
impetrado nesse Egrégio Pretório, foram tomadas todas as provi-
dências para a citação pessoal, o que não foi possível. Ademais,
em nenhum momento ficou o paciente desamparado de qualquer
defesa, pois foi lhe nomeado defensor dativo.”
7. Aliás, silenciou o parecer do Ministério Público federal,
quanto à alegação de que insatisfatória a defesa apresentada
pelo Defensor dativo.
Mas esta igualmente improcede.
Com efeito, o Defensor dativo praticou todos os atos que
se lhe poderiam exigir. E ainda teve êxito parcial na apelação,
cujo provimento, em parte, ensejou a redução da pena de nove
anos, quatro meses e quinze dias de reclusão, para seis anos e
três meses (fls. 237).
De qualquer maneira, os autos não evidenciam a ocorrên-
cia de prejuízo para o paciente.
8. Por todas essas razões, conhecendo em parte do pedi-
do, nessa parte o indefiro, cassada a liminar.
70 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

EXTRATO DE ATA
HC n. 74.286-6 - SC - Relator: Min. Sydney Sanches.
Pacte.: Claudinei Hacker. Imptes.: Elias Mattar Assad e outro.
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina.
Decisão: A Turma conheceu, em parte, do pedido de
habeas corpus mas, nessa parte, o indeferiu, cassando a liminar
concedida. Unânime. 1ª Turma, 22.10.96.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti e Ilmar Galvão. Ausente, justificadamente, o Senhor Mi-
nistro Celso de Mello.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 71

“HABEAS CORPUS” Nº 74.440-1 - RS - (JSTF - Volu-


me 229 - Página 267)
Segunda Turma (DJ, 13.06.1997)
Relator: O Sr. Ministro Marco Aurélio
Relator para o Acórdão: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: José Meireles da Rocha
Impetrante: Marino de Castro Outeiro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
EMENTA: - HABEAS CORPUS. CRIME DE PORTE
DE ENTORPECENTE PARA USO PRÓPRIO
RECLASSIFICADO PARA O DE TRÁFICO NO JULGA-
MENTO DE APELO DA ACUSAÇÃO (arts. 12 e 16 da Lei
nº 6.368/76).
ALEGAÇÕES DE: 1º) AGRAVAMENTO DA CON-
DENAÇÃO COM BASE EM INDÍCIOS E SUPOSIÇÕES;
E 2º) INOBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS LEGAIS PARA
SUBSTITUIÇÃO DE DESEMBARGADORES DA CÂMA-
RA CRIMINAL QUE JULGOU A APELAÇÃO.
I - O acórdão impugnado fundamenta-se em fatos e pro-
vas constantes dos autos, sendo improcedente a alegação de
que se baseou em indícios e suposições.
II - Substituição de desembargadores no Tribunal de Justi-
ça do Estado do Rio Grande do Sul (Lei nº 9.194/91).
72 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

1. Com a nova redação do caput do art. 118 da Lei Orgâ-


nica da Magistratura (L.C. nº 35/79), dada pela L.C. nº 54/86, a
convocação para substituição de desembargadores passou a ser
feita por decisão da maioria qualificada do Tribunal, ou do seu
Órgão Especial, restando derrogado o § 1º do mesmo artigo,
que previa sorteio público.
2. A escolha de substituto de desembargador de tribunal
de justiça deve ser feita entre juízes de tribunal de alçada, quan-
do existente; isto porque o art. 118, § 1º, III, da LOMAN
atende ao princípio contido no art. 93, III, da Constituição,
tendo sido por ela recepcionado. Precedentes.
3. Como a LOMAN nada diz sobre o processo para a
convocação de juízes pelo Tribunal ou pelo Órgão Especial, é
lícito à lei estadual regular a matéria (Lei nº 9.194/91), de forma
que tanto pode ser feita por ato do Presidente submetido ao
Tribunal, como por ato próprio deste: o importante é que haja
manifestação do colegiado. Precedentes.
4. Habeas corpus conhecido, mas indeferido, e cassada a
medida liminar.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por maioria de votos, indeferir o habeas corpus.
Em decorrência dessa decisão, fica cassada a liminar concedida.
Brasília, 26 de novembro de 1996.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator para o Acórdão.
RELATÓRIO
HABEAS CORPUS 73

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Ao


apreciar o pedido de concessão de medida acauteladora e defe-
ri-la, determinando fosse expedido o alvará de soltura, assim
relatei a espécie:
1. Revelam estes autos que o Paciente foi denunciado
como incurso no artigo 12 da Lei nº 6.368/76, observadas as
modificações introduzidas pela Lei nº 8.072/90 (folhas 36 e 37).
O Juízo concluiu pela desclassificação do delito de tráfico de
entorpecente para o de uso, enquadrando a hipótese no artigo
16 da Lei nº 6.368/76. Assim, impôs ao Paciente a pena de um
ano de detenção e trinta e cinco dias-multa, aludindo ao concur-
so, no caso vertente, da primariedade e dos bons antecedentes.
Outorgou, também, o benefício da suspensão condicional da
pena (folhas 43 a 51). Antes, tendo em vista o contexto com o
qual se defrontou, afastou a custódia preventiva e que decorrera
da prisão em flagrante.
Interpostos recursos pela defesa e pelo Ministério Público, o
Colegiado revisor, vencido o Presidente e Relator, houve por bem
prover o do Ministério Público, condenando o Paciente, como
incurso das sanções do artigo 12 da Lei nº 6.368/76, à pena de
três anos de reclusão, a ser cumprida em regime fechado, e multa
de setenta dias, a cem reais o dia-multa (folhas 53 a 62).
Nas razões desta impetração restaram argüidas:
a) a insubsistência daquele acórdão, já que não ficara
comprovado o tráfico;
b) a nulidade do mesmo aresto, ante a circunstância de
haver sido prolatado por órgão composto ao arrepio de normas
constitucionais e legais. É que teriam integrado o Colegiado dois
juízes convocados que acabaram formando na corrente majori-
tária, quedando vencido um único desembargador, por sinal
Relator das apelações e Presidente do Órgão;
74 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

c) erronia na aplicação da pena, porquanto não teriam sido


considerados a primariedade e os bons antecedentes do Pacien-
te, isso quanto ao regime de cumprimento.
Discorre-se sobre a personalidade do Paciente, ressaltan-
do-se o fato de a reforma da sentença haver resultado de simples
suposições. É pleiteada a concessão de liminar de modo sucessi-
vo: em primeiro lugar, para restabelecer-se a sentença; em segun-
do, a fim de declarar-se a nulidade do acórdão pelos vícios evoca-
dos, colocando-se o Paciente em liberdade; em terceiro, visando-
se à substituição do regime fechado pelo aberto.
Com a inicial, vieram aos autos os documentos de folhas
35 a 213. Este habeas corpus foi-me distribuído por prevenção
em face da relatoria do agravo nº 153.788.4 (folha 215). Rece-
bi-o em 29 do corrente mês (folha 216).
Solicitadas informações ao Tribunal de Justiça do Estado
do Rio Grande do Sul, veio aos autos a peça de folhas 225 e
226. Em síntese, apontou-se que contra o acórdão proferido
pela Quarta Câmara Criminal, por maioria de votos, mediante o
qual proveu-se o recurso do Ministério Público, foram
protocolados embargos infringentes, desacolhidos a uma só voz.
Também revela que os juízes convocados mostraram-se inte-
grantes do Tribunal de Alçada, não se podendo cogitar de nuli-
dade. Sob esse ângulo, ressaltou-se que não acompanhara a
inicial o pedido de informações e que o Procurador Marino de
Castro Outeiro obtivera certidão noticiando tal fato.
Remetidos estes autos à Procuradoria-Geral da Repúbli-
ca, pronunciou-se esta pela denegação da ordem, consignando:
“Improcedente a alegação de nulidade no julgamento rea-
lizado pela Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul. A substituição dos desembargadores inte-
grantes daquele órgão julgador está em consonância com a Lei
HABEAS CORPUS 75

Orgânica da Magistratura Nacional. Precedente do STF. A des-


classificação do delito de tráfico para o de uso é inviável nos
limites do writ. O regime para cumprimento de pena é exclusiva-
mente fechado, nos termos da Lei nº 8.072/90. Pela denegação
do writ.” (folhas 282 a 287)
Estes autos vieram-me conclusos em 7 último, sendo que
os liberei no dia imediato, indicando como data de julgamento a
de hoje, ou seja, 29 de outubro de 1996, isso objetivando a
ciência do Impetrante. Assim procedi porquanto convencido de
que a ausência de inclusão do processo em pauta longe fica de
implicar surpresa ao Impetrante a quem assiste o direito de asso-
mar à tribuna para fazer a sustentação oral. Objetiva-se, apenas,
a celeridade processual, cabendo, portanto, cientificá-lo da for-
ma mais rápida possível.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO
(Relator): - Inicialmente, ressalvo entendimento pessoal sobre a
competência para julgar este habeas corpus, cuja definição,
continuo convencido, ocorre consideradas as pessoas envolvi-
das na hipótese sob exame. O Paciente não goza de prerrogativa
de foro. Assim, cabe perquirir a situação daqueles que integram
o Órgão apontado como coator - o Tribunal de Justiça do Esta-
do do Rio Grande do Sul. Os desembargadores estão submeti-
dos à jurisdição direta, nos crimes comuns e de responsabilida-
de, do Superior Tribunal de Justiça - alínea “a” do inciso I do
artigo 105 da Constituição Federal, o que atrai a pertinência do
disposto na alínea “c” do referido inciso, segundo a qual compe-
te àquela Corte julgar os habeas corpus quando o coator ou o
paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou
quando o coator for Ministro de Estado, ressalvada a compe-
76 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

tência da Justiça Eleitoral. Todavia, até aqui este não é o entendi-


mento prevalente. O Plenário, ao concluir o julgamento da recla-
mação nº 314/DF, em que funcionou como Relator o Ministro
Moreira Alves, assentou que compete ao Supremo Tribunal Fe-
deral julgar todo e qualquer habeas corpus, desde que não seja
substitutivo de recurso ordinário, interposto contra ato de tribu-
nal, ainda que não guarde a qualificação de superior. Na oportu-
nidade, fiquei vencido na companhia honrosa dos Ministros
Ilmar Galvão, Carlos Velloso e Celso de Mello, tendo findado o
julgamento em 30 de novembro de 1993. Conheço do pedido
ora formulado.
DA COMPOSIÇÃO DA CÂMARA CRIMINAL
Ao apreciar o pedido de concessão de liminar, ressaltei que:
2. Sob o ângulo da concessão da liminar, e sopesando o
princípio da economia e celeridade processuais, ou seja, o máxi-
mo de eficácia da lei com o mínimo de atividade judicante, ob-
servo a causa de pedir que exsurge, ao primeiro exame, com
maior relevância. Refiro-me à composição do Órgão julgador.
Da leitura do acórdão, depreende-se que atuaram o
Desembargador-Presidente, na qualidade também de Relator, e
dois outros magistrados, ao que tudo indica juízes de primeiro
grau convocados, tanto assim que, no tocante ao Relator, utili-
zou-se a designação de desembargador, e aos outros dois, a de
vogais, inclusive ao incumbido de redigir o acórdão houve a
referência, tão-somente, ao título de doutor.
Ora, a legislação aplicável à espécie, disciplinadora do que
se entende como juiz natural, cuida de composição específica, se
não estiverem presentes os titulares, como ocorreu na espécie
dos autos. A Lei Orgânica da Magistratura Nacional em vigên-
cia, conforme reiterados pronunciamentos desta Corte, é de
clareza solar, no que consigna, em primeiro lugar, a substituição
HABEAS CORPUS 77

por outro magistrado da mesma Câmara ou Turma, na ordem de


antigüidade, ou, se impossível, de outra, de preferência da mes-
ma sessão especializada, remetendo o preceito do artigo 117 ao
Regimento Interno. Alude-se, mais, na hipótese de ausência de
critério objetivo, à convocação dos substitutos mediante sorteio
público realizado pelo Presidente da Câmara, Turma ou Sessão
Especializada. No artigo 118 tem-se a repetição da regra do
sorteio público, sendo que, tratando-se, no caso, de Estado em
que existente Tribunal de Alçada, e não havendo como convo-
car-se integrante do Tribunal de Justiça, a clientela é aquela
representada pelos respectivos componentes (artigo 118, inciso
III, da Lei Complementar nº 35/79). A par dessa disciplina, cons-
tata-se que no Regimento Interno do próprio Tribunal de Justiça
do Rio Grande do Sul homenageiam-se tais regras (artigo 94).
Inicialmente, registro que o Impetrante não sustentou ha-
verem sido os Substitutos convocados na primeira instância. Em
segundo lugar, saliento que realmente foram convocados inte-
grantes do Tribunal de Alçada. Ocorre que tal procedimento
deu-se ao arrepio do que se contém no artigo 118 da Lei Orgâ-
nica da Magistratura. Tal preceito dispõe, de forma muito clara,
que a convocação há de ser feita mediante decisão da maioria
do Tribunal e não por ato do Presidente da Corte, muito embora
referendado, após, pelo Colegiado. Assim, porque entendo es-
sencial à valia do ato a convocação pelo voto da maioria, tenho
como procedente a impetração. Tratando-se de matéria regida
pela Lei Orgânica da Magistratura, não há campo para disciplina
via Regimento Interno.
Diante de tal contexto, concedo a ordem para fulminar o
acórdão proferido por força da apelação interposta por defesa e
Ministério Público, determinando que outro seja prolatado, ob-
servando-se, se necessária, a convocação de juízes do Tribunal
de Alçada, o texto da Lei Orgânica da Magistratura.
78 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Na hipótese de ser suplantada esta preliminar, assinalo


que, na transmudação do uso de drogas em consumo, o voto
condutor do julgamento implicou combinação dos diversos ele-
mentos contidos nos autos. Eis o teor respectivo:
“Com respeito ao mérito, entretanto, ouso divergir. E mi-
nha divergência repousa nos seguintes fatos: o réu, na fase de
inquérito, reconhece a posse tanto da maconha como de resídu-
os de cocaína; em Juízo (folha 43) ele reconhece que tinha con-
sigo a maconha, mas que a trazia há um ano. Porém, diz que há
seis meses não fumava, para contribuir, com isso, para um trata-
mento de gravidez que a esposa dele estava fazendo.
Ora, os policiais que fizeram a diligência apreenderam com
o réu diversas porções de maconha. Parte destas porções de
maconha - cinco “trouxinhas” - estavam nas vestes do réu, que
atendia no balcão, ou de um bar, ou de uma lancheira. Ora, se
esse réu fazia seis meses que não fazia uso da maconha, a dedu-
ção evidente é que as cinco “trouxinhas” que ele trazia no bolso
das calças não eram para consumir, mas sim para vender.
E mais, ninguém compra resíduo de cocaína. Se resíduo de
cocaína havia, é porque aquele resíduo era parte de um todo de
cocaína. Se o réu há seis meses não fazia uso de tóxico, que fim
levou a cocaína cujo resíduo foi encontrado?
Os policiais ouvidos, tanto na fase do inquérito quanto em
juízo, dizem que o réu confessou que possuía a maconha e que
tirava parte dessa maconha para vender para custear o vício.
Isso eles disseram na fase policial e em juízo, e lamentavelmente,
a sentença, ao abordar a análise do tráfico, o faz em seis linhas.
Portanto, tenho que, tranqüilamente, o réu tinha maconha no
bolso porque era para vender.
A dedução também vem amparada na circunstância de
que um simples vendedor de churrasquinho - a prova diz isso
HABEAS CORPUS 79

nos autos - tinha dois automóveis e duas motocicletas além de


terreno na praia.” (folha 60)
Constata-se que a conclusão sobre a prática do crime não
decorreu, em si, de simples suposições. Combinou-se o que dito
pelo próprio Paciente com o quadro fático e aí deduziu-se que
era ele traficante. Não tenho como configurado, na espécie, ato
de constrangimento suficiente a assentar-se a ilicitude do decreto
condenatório.
DO REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA
No particular, reporto-me ao voto proferido quando esta
Corte assentou a constitucionalidade da Lei nº 8.072/90, no que
impõe, do início ao fim, o regime fechado. Ressalvo o entendi-
mento pessoal, visando a evitar a divergência que resulta em
descrédito, em escala maior, para o Judiciário, ou seja, a intesti-
na. Atuando em órgão fracionado, deixo para rediscutir o tema
quando vier à balha no âmbito do Plenário.
DA INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO AR-
TIGO 2º DA LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
Esta matéria conduziu-me a afetar, na forma prevista no
artigo 22 do Regimento Interno, o presente caso a este Plenário.
É que tenho como relevante a argüição de conflito do § 1º do
artigo 2º da Lei nº 8.072/90 com a Constituição Federal, consi-
derado quer o princípio isonômico em sua latitude maior, quer o
da individualização da pena previsto no inciso XLVI do artigo 5º
da Carta, quer, até mesmo, o princípio implícito segundo o qual
o legislador ordinário deve atuar tendo como escopo maior o
bem comum, sendo indissociável da noção deste último a obser-
vância da dignidade da pessoa humana, que é solapada pelo
afastamento, por completo, de contexto revelador da esperan-
ça, ainda que mínima, de passar-se ao cumprimento da pena em
regime menos rigoroso.
80 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Preceitua o parágrafo em exame que nos crimes hediondos


definidos no artigo 1º da citada Lei, ou seja, nos de latrocínio,
extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante seqüestro e,
na forma qualificada, estupro, atentado violento ao pudor, epi-
demia com resultado morte, envenenamento de água potável ou
de substância alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte,
genocídio, tortura, tráfico ilícito de entorpecente e drogas afins e,
ainda, terrorismo, a pena será cumprida integralmente em regime
fechado.
No particular, contrariando-se consagrada sistemática alu-
siva à execução da pena, assentou-se a impertinência das regras
gerais do Código Penal e da Lei de Execuções Penais, distin-
guindo-se entre cidadãos não a partir das condições sócio-psi-
cológicas que lhe são próprias, mas de episódio criminoso no
qual, por isto ou por aquilo, acabou por se envolver. Em penada
legislativa cuja formalização não exigiu mais do que uma linha,
teve-se o condenado a um dos citados crimes como senhor de
periculosidade ímpar, a merecer, ele, o afastamento da
humanização da pena que o regime de progressão viabiliza, e a
sociedade, o retorno abrupto daquele que segregara, já então
com as cicatrizes inerentes ao abandono de suas características
pessoais e à vida continuada em ambiente criado para atender a
situação das mais anormais e que, por isso mesmo, não oferece
quadro harmônico com a almejada ressocialização.
Senhor Presidente, tenho o regime de cumprimento da
pena como algo que, no campo da execução, racionaliza-a,
evitando a famigerada idéia do “mal pelo mal causado” e que
sabidamente é contrária aos objetivos do próprio contrato soci-
al. A progressividade do regime está umbilicalmente ligada à
própria pena, no que acenado ao condenado com dias melho-
res, incentiva-o à correção de rumo e, portanto, a empreender
um comportamento penitenciário voltado à ordem, ao mérito, e
HABEAS CORPUS 81

a uma futura inserção no meio social. O que se pode esperar de


alguém que, antecipadamente, sabe da irrelevância dos próprios
atos e reações durante o período no qual ficará longe do meio
social e familiar e da vida normal que tem direito um ser humano
que ingressa em uma penitenciária com a tarja da
despersonalização?
Sob este enfoque, digo que a razão de ser maior da
progressividade no cumprimento da pena não é em si a
minimização desta, ou o benefício indevido, porque contrário ao
que inicialmente sentenciado, daquele que acabou perdendo o
bem maior que é a liberdade. Está, isto sim, no interesse da
preservação do ambiente social, da sociedade, que, dia-menos-
dia receberá de volta aquele que inobservou a norma penal e,
com isto, deu margem à movimentação do aparelho punitivo do
Estado. A ela não interessa receber de volta um cidadão, que
enclausurou, embrutecido, muito embora o tenha mandado para
detrás das grades com o fito, dentre outros, de recuperá-lo,
objetivando uma vida comum em seu próprio meio, o que o
tempo vem demonstrando, a mais não poder, ser uma quase
utopia. Por sinal, a Lei nº 8.072/90 ganha, no particular, contor-
nos contraditórios. A um só tempo dispõe sobre o cumprimento
da pena no regime fechado, afastando a progressividade, e
viabiliza o livramento condicional, ou seja, o retorno do conde-
nado à vida gregária antes mesmo do integral cumprimento da
pena e sem que tenha progredido no regime. É que, pelo artigo
5º da Lei nº 8.072/90, foi introduzido no artigo 83 do Código
Penal preceito assegurando aos condenados por crimes hedion-
dos, pela prática de tortura ou terrorismo e pelo tráfico ilícito de
entorpecentes, a possibilidade de alcançarem a liberdade condi-
cional, desde que não sejam reincidentes específicos em crimes
de tal natureza - inciso V. Pois bem, a Lei em comento impede a
evolução no cumprimento da pena e prevê, em flagrante
descompasso, benefício maior, que é o livramento condicional.
82 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Descabe a passagem do regime fechado para o semi-aberto,


continuando o incurso nas sanções legais a cumprir a pena no
primeiro. No entanto, assiste-lhe o direito de ver examinada a
possibilidade de voltar à sociedade, tão logo transcorrido quan-
titativo superior a dois terços da pena.
Conforme salientado pela melhor doutrina, a Lei nº 8.072/
90 contém preceitos que fazem pressupor não a observância de
uma coerente política criminal, mas a edição sob o clima da
emoção, como se no aumento da pena e no rigor do regime
estivessem os únicos meios de afastar-se o elevado índice de
criminalidade.
Por ela, os enquadráveis nos tipos aludidos são merecedo-
res de tratamento diferenciado daquele disciplinado no Código
Penal e na Lei de Execuções Penais, ficando sujeitos não às
regras relativas aos cidadãos em geral, mas a especiais, despon-
tando a que, fulminando o regime de progressão da pena, ames-
quinha a garantia constitucional da individualização.
Diz-se que a pena é individualizada porque o Estado-Juiz,
ao fixá-la, está compelido, por norma cogente, a observar as
circunstâncias judiciais, ou seja, os fatos objetivos e subjetivos
que se fizeram presentes à época do procedimento criminalmen-
te condenável. Ela o é não em relação ao crime considerado
abstratamente, ou seja, ao tipo definido em lei, mas por força
das circunstâncias reinantes à época da prática. Daí cogitar o
artigo 59 do Código Penal que o juiz, atendendo à culpabilidade,
aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
não só as penas aplicáveis dentre as cominadas, (inciso I), como
também o quantitativo (inciso II), o regime inicial de cumprimen-
to da pena privativa de liberdade - inicial e, portanto, provisório,
HABEAS CORPUS 83

já que passível de modificação até mesmo para adotar-se regime


mais rigoroso - (inciso III) e a substituição da pena privativa da
liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Dizer-se que o regime de cumprimento da pena não está
compreendido no grande todo que é a individualização preconi-
zada e garantida constitucionalmente é olvidar o instituto, rele-
gando a plano secundário a justificativa socialmente aceitável
que o recomendou quer ao legislador de 1940, quer ao de 1984.
É fechar os olhos ao preceito que o junge a condições pessoais
do próprio réu, dentre as quais exsurgem o grau de culpabilida-
de, os antecedentes, a conduta social, a personalidade, alfim, os
próprios fatores subjetivos que desaguaram na prática delituosa.
Em duas passagens, o Código Penal vincula a fixação do regime
às circunstâncias judiciais previstas no artigo 59, fazendo-o no
preceito do § 3º do artigo 33 e no inciso III do próprio artigo 59.
Contudo, ao que tudo indica, teve-se presente, quando da edi-
ção da Lei nº 8.072/90, que faltaria aos integrantes do aparelho
judiciário, aos juízes, aos tribunais, o zelo indispensável à defini-
ção do regime e sua progressividade e, aí, alijou-se do crivo
mais abalizado que pode haver a definição respectiva.
Assentar-se, a esta altura, que a definição do regime e
modificações posteriores não estão compreendidas na
individualização da pena é passo demasiadamente largo, impli-
cando restringir garantia constitucional em detrimento de todo
um sistema e, o que é pior, a transgressão a princípios tão caros
em um Estado Democrático como são os da igualdade de todos
perante a lei, o da dignidade da pessoa humana e o da atuação
do Estado sempre voltada ao bem comum. A permanência do
condenado em regime fechado durante todo o cumprimento da
pena não interessa a quem quer que seja, muito menos à socie-
dade que um dia, mediante o livramento condicional ou, o mais
provável, o esgotamento dos anos de clausura, terá necessaria-
84 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

mente que recebê-lo de volta, não para que este torne a delin-
qüir, mas para atuar como um partícipe do contrato social, ob-
servados os valores mais elevados que o respaldam.
Por último, há que se considerar que a própria Constitui-
ção Federal contempla as restrições a serem impostas àqueles
que se mostrem incursos em dispositivos da Lei 8.072/90 e
dentre elas não é dado encontrar a relativa à progressividade do
regime de cumprimento da pena. O inciso XLIII do rol das
garantias constitucionais - artigo 5º - afasta, tão-somente, a fian-
ça, a graça e a anistia para, em inciso posterior (XLIII), assegu-
rar de boa forma abrangente, sem excepcionar esta ou aquela
prática delituosa, a individualização da pena. Como, então, en-
tender que o legislador ordinário o possa fazer? Seria a mesma
coisa que estender aos chamados crimes hediondos e assim
enquadrados pela citada lei a imprescritibilidade que o legislador
constitucional somente colou às ações relativas a atos de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático (inciso XLIV). Indaga-se: é dado ao legis-
lador comum fazê-lo? A resposta somente pode ser negativa, a
menos que se coloque em plano secundário a circunstância de a
previsão constitucional estar contida no elenco das garantias
constitucionais, conduzindo, por isso mesmo, à ilação segundo a
qual, a contrário senso, as demais ações ficam sujeitas à regra
geral da prescrição.
Destarte, tenho como inconstitucional o preceito do § 1º
do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, no que dispõe que a pena
imposta pela prática de qualquer dos crimes nela mencionados
será cumprida, integralmente, no regime fechado.
Com isto, concedo parcialmente a ordem, não para
ensejar ao Paciente qualquer dos regimes mais favoráveis, mas
para reconhecer-lhe, porque cidadão e acima de tudo pessoa
humana, os benefícios do instituto geral que é o de progresso do
HABEAS CORPUS 85

regime de cumprimento da pena, providenciando o Estado os


exames cabíveis.
É o meu voto.
VOTO
EXPLICAÇÃO
O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA (Presi-
dente): - Eminente Ministro-Relator, em São Paulo há um qua-
dro de juízes substitutos e, não obstante o dispositivo da Lei
Orgânica referido por V. Exa., quanto ao sorteio, os juízes que
integram esse “quadro de substitutos” de segundo grau são con-
vocados de acordo com as necessidades dos Tribunais de Alça-
da e do Tribunal de Justiça. Recordo que a Corte já tem exami-
nado essa matéria e afirmado sua legitimidade.
No Rio Grande do Sul, onde inicialmente a convocação se
fazia dentre os juízes da Capital, para a substituição, este Tribu-
nal afirmou que tal prática não estava de acordo com a Lei
Orgânica. Desde então, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul passou a fazer as convocações, dentre membros do Tribunal
de Alçada, que é também órgão de segundo grau.
Indago: no caso concreto, V. Exa., nas informações, não
teve esclarecimento a respeito do sistema adotado no Judiciário
gaúcho? Talvez haja norma no Código de Organização Judiciá-
ria do Estado, porque se tem admitido que esse sistema, quanto
ao funcionamento das convocações, possa se disciplinar, tam-
bém, complementarmente, por lei estadual. Só assim se teve
como legítima a existência, em São Paulo, organizada por lei
estadual, de “quadro de substitutos” que são convocados para
oficiar tanto no Tribunal de Justiça quanto nos Tribunais de Alça-
da, de acordo com as necessidades de substituição, porque
também em São Paulo foi considerado inconveniente, tendo em
conta o quadro de desembargadores e o de juízes de Alçada,
86 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

que essa convocação se fizesse desde os Tribunais de Alçada,


eis que são três Tribunais de Alçada. Portanto, como se faria a
convocação de Juízes para funcionarem no Tribunal de Justiça
gaúcho, em casos de impedimento e em casos de férias, licenças
etc.? Entendeu-se que podia a lei local dispor sobre essa maté-
ria, em certos limites.
V. Exa. não teve nos autos informação sobre como o as-
sunto está regulado no Rio Grande do Sul?
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO
(Relator): - Sim, Senhor Presidente, se não houvesse essas in-
formações nos autos, eu as pediria ao Tribunal de origem, baixa-
ria o processo em diligência. Todavia, o Regimento Interno do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul encontra-se nos autos.
Inicialmente, devo registrar que, de lege ferenda, concordo
com a óptica de V. Exa. Creio que não podemos legislar a
respeito, porque não somos legisladores, mas devemos pensar
em uma forma que obstaculize venha a se instalar a babel no
Judiciário mediante convocações. De nada adianta tirar-se um
juiz que está em exercício em uma Vara, no Tribunal de Alçada,
para guindá-lo a órgão mais elevado e, posteriormente, aconte-
cer de esse juiz, ao retornar, encontrar o cartório desorganizado,
com o serviço acumulado em razão da ausência do titular. Ago-
ra, de lege lata, o que temos é a regência da Lei Orgânica da
Magistratura, que, para mim, é óbice maior à regulamentação da
matéria de maneira diversa pelos Estados federados. A lei da
magistratura tem regência em todo o território nacional. Não
vejo como entendê-la supletiva, aplicável apenas naquelas hipó-
teses em que o Estado não tenha o diploma pertinente. O Regi-
mento Interno dispõe sobre a convocação e o faz outorgando
esse ato ao próprio Presidente. Então, segundo o Regimento
Interno, temos que a convocação será feita pelo Presidente do
Tribunal de Justiça, por solicitação do Presidente do Órgão
HABEAS CORPUS 87

onde ela será exercida. Logo, temos a Lei Orgânica da Magis-


tratura Nacional, mediante o preceito do artigo 118, com a reda-
ção imprimida pela Lei Complementar nº 54, prevendo que a
convocação se faz pelo voto da maioria dos integrantes do Tri-
bunal, enquanto o Regimento do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, de modo diverso, revela que a convocação se
faz no campo monocrático, por ato do Presidente.
Não vejo como dar primazia ao Regimento Interno em
detrimento da Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.440-1 - RS - Relator: Min. Marco Aurélio.
Relator p/ o Acórdão: Min. Maurício Corrêa. Pacte.: José
Meireles da Rocha. Impte.: Marino de Castro Outeiro. Coator:
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Decisão: Após o voto do Senhor Ministro Relator, que
deferia o habeas corpus, considerando ilegal a composição da
Câmara julgadora da apelação, o julgamento foi adiado em vir-
tude do pedido de vista formulado pelo Ministro Maurício
Corrêa. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Francisco
Rezek. Falou pelo paciente o Dr. Marino de Castro Outeiro. 2ª
Turma, 5.11.96.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio
e Maurício Corrêa. Ausente, justificadamente, o Senhor Minis-
tro Francisco Rezek.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa Pinto.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
VOTO VISTA
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Se-
nhor Presidente, o paciente foi condenado pelo Juiz de Direito
88 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

da 3ª Vara Criminal de Pelotas às penas de um ano de detenção


e de trinta e cinco dias-multa, como incurso nas sanções do art.
16 da Lei de Tóxicos (Lei nº 6.368/76), com o benefício do
sursis (fls. 43/51).
A 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio Grande do Sul, dando provimento, por maioria, à apelação do
Ministério Público, reclassificou o crime para o tipo previsto no
art. 12 da mesma Lei, agravou as penas para três anos de reclu-
são, a ser cumprida em regime fechado, e setenta dias-multa e
considerou prejudicada a apelação do paciente (fls. 52/62).
2. O impetrante pediu, em 29.08.96, medida liminar para
restabelecer a sentença de primeiro grau, ou, sucessivamente,
para anular o acórdão com determinação de que outro fosse
lavrado, ou, ainda, para desagravar o regime prisional, de fecha-
do (Lei nº 8.072/90, art. 2º, § 1º) para aberto (CP, art. 33, § 2º).
2.1 No mérito, aponta duas nulidades: 1ª) condenação
agravada em segunda instância com base em indícios e suposi-
ções de que o paciente seria traficante, e não simples usuário de
droga; 2ª) julgamento pela 4ª Câmara Criminal sem observância
dos critérios legais para substituição dos Desembargadores (fls.
2/34; documentos às fls. 35/213).
3. O Ministro Relator MARCO AURÉLIO concedeu a
liminar formulada por entender, da leitura do acórdão, que foram
convocados indevidamente dois juízes de primeiro grau para a
substituição dos Desembargadores (fls. 217/219).
4. O 1º Vice-Presidente do Tribunal coator noticia que
recebeu a requisição das informações acompanhada, apenas, de
cópia da decisão que concedeu a liminar, sem a cópia da inicial,
e esclarece, mesmo sem saber o nome do impetrante, que “o
bacharel Marino de Castro Outeiro, em 28.08.96, na condição
de procurador de José Meireles da Rocha (paciente), solicitou
HABEAS CORPUS 89

ao Presidente do Tribunal de Justiça gaúcho certidão sobre a


situação dos magistrados José Domingues G. Ribeiro e Marcelo
Bandeira Pereira, que lhe foi concedida, sendo, portanto, sabe-
dor de que eram Juízes de Alçada, o que parece haver omitido
quando da impetração presente; encaminha, entre outros docu-
mentos, a documentação de convocação dos Juízes de Alçada
(fls. 225/226; documentos às fls. 227/280).
5. O Ministério Público Federal, pelo Subprocurador-Ge-
ral da República Mardem Costa Pinto, opina pelo conhecimento
e denegação do writ (fls. 282/287).
6. O Ministro Relator MARCO AURÉLIO não acolhe o
primeiro fundamento da impetração, de que o paciente teria sido
condenado por tráfico com base em indícios e suposições. Tam-
bém eu não acolho este fundamento em face da simples leitura
do voto vencedor, do Juiz José Domingues G. Ribeiro (fls. 59/
61), transcrito no voto de S. Exa.
6.1 Entretanto, concede a ordem pelo segundo fundamento,
por entender que a convocação dos Juízes do Tribunal de Alçada
está em desacordo com o art. 118 da Lei Orgânica da Magistratu-
ra, porque feita por ato do Presidente do Tribunal de Justiça, e não
pela maioria do Tribunal, embora depois referendada.
7. Senhor Presidente, começo examinando este segundo
fundamento da impetração voltando-me para o precedente in-
vocado pelo impetrante, HC nº 69.556-ES, Rel. Min. ILMAR
GALVÃO, in RTJ 145/237. A citação deste precedente e a
argumentação contida na inicial realmente induzem ao entendi-
mento de que teria havido substituição de Desembargador por
Juiz de Direito de 1ª instância; diz a ementa que, in verbis:
“Causa de nulidade do acórdão, que se reconhece, de
ofício, é o fato de, no julgamento do recurso, ter integrado a
Câmara um juiz de Direito da Capital, que foi convocado em
90 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

substituição a Desembargador, após afirmação do impedimento


deste.
A convocação temporária de juiz só se dá em caso de
vaga ou afastamento, por prazo superior a trinta dias, de mem-
bro do Tribunal. Na hipótese de impedimento eventual, faz-se a
substituição por membro de outra Câmara (LOMAN, arts. 117
e 118)”
A questão ficou superada com a vinda das informações,
noticiando que não se tratava de ausência ou impedimento even-
tual de Desembargadores (LOMAN, art. 117), os quais foram
substituídos por Juízes do Tribunal de Alçada, e não de 1ª ins-
tância, “nos termos da Lei nº 9.194, de 10.01.91, e respectivo
regulamento (Assento Regimental nº 01/91)”.
7.1 Dispõe o art. 118 da LOMAN, com a redação do
caput dada pela Lei Complementar nº 54, de 22.12.86, in
verbis:
“Art. 118. Em caso de vaga ou afastamento, por prazo
superior a 30 (trinta) dias, de membro - dos Tribunais de Justiça
e dos Tribunais de Alçada, poderão ser convocados juízes, em
substituição, escolhidos por decisão da maioria absoluta do Tri-
bunal respectivo, ou, se houver, de seu Órgão Especial.
§ 1º A convocação far-se-á mediante sorteio público dentre:
...
III - os juízes da Comarca da Capital, para os Tribunais de
Justiça dos Estados onde não houver Tribunal de Alçada e, onde
houver, entre os membros deste, para os Tribunais de Justiça, e
dentre os juízes da comarca da sede do Tribunal de Alçada, para
o mesmo;
...”
HABEAS CORPUS 91

7.2 Como se vê, com a nova redação do caput, a convo-


cação para substituição de desembargador passou a ser feita
por decisão da maioria qualificada do Tribunal, ou dos seu Ór-
gão Especial, restando derrogada a exigência de sorteio público,
prevista no § 1º. De resto, a escolha de substituto de
desembargador de tribunal de justiça deve ser feita entre juízes
do Tribunal de Alçada, quando existente este na unidade
federada respectiva; isto porque o art. 118, § 1º, III, da
LOMAN atende ao princípio contido no art. 93, III, da Consti-
tuição, tendo sido por ela recepcionado. Precedentes: HC nº
68.210-RS, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal
Pleno, j. entre 12.09.90 e 18.12.91, maioria, in RTJ 142/832;
HC nº 69.272-PR, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, 1ª
Turma, j. em 07.04.92, unânime, in RTJ 141/930.
7.3 Como a Lei Complementar federal nada diz sobre o
processo pelo qual se opera a convocação de Juízes pelo Tribu-
nal ou pelo seu Órgão Especial, é lícito à lei estadual regular a
matéria, de forma que pode ser feita tanto por ato do Presidente,
submetido à aprovação do Órgão Especial, como por ato pró-
prio deste Órgão: o importante é que haja a manifestação do
colegiado. E como no caso houve esta convocação, ficou cum-
prida a exigência da lei federal.
7.4 Acrescento, como assinalado no parecer do Ministério
Público, que esta Corte tem reconhecido a legitimidade de tais
substituições no Estado do Rio Grande do Sul; em situação
semelhante à presente, no HC nº 69.078-RS, Rel. Min.
OCTAVIO GALLOTTI, 1ª Turma, j. em 17.12.91, unânime, in
RTJ 140/584, ficou entendido que, in verbis:
“Não é irregular a substituição de Desembargador por
Juiz do Tribunal de Alçada, mesmo que não tenha este lotação
em Câmara determinada da Corte de que provém (Lei nº 9.194,
de 1991, do Rio Grande do Sul).”
92 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

7.5 No mesmo sentido e dizendo que “o regime de substi-


tuição da Lei nº 9.194/91, do Rio Grande do Sul, já recebeu o
beneplácito do Supremo Tribunal”, o HC nº 69.091-RS, Rel.
Min. OCTAVIO GALLOTTI, unânime, in RTJ 141/207; veja-
se, ainda, HC nº 69.601-SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO,
unânime, in RTJ 143/962; HC nº 71.381-RS, Rel. Min.
MOREIRA ALVES, unânime, in DJU de 01.03.96; HC nº
73.114-SP, Rel. Min. ILMAR GALVÃO, unânime, in DJU de
09.02.96, pág. 2.076, etc.
8. Isto posto e com a vênia do Min. Relator MARCO
AURÉLIO, acolho a manifestação do Ministério Público Fede-
ral para, nos termos da jurisprudência desta Corte, indeferir a
ordem impetrada, também quanto ao segundo fundamento; em
conseqüência, casso a liminar concedida.
VOTO
O SENHOR MINISTRO CARLOS VELLOSO: - Sr.
Presidente, peço vênia ao eminente Ministro Marco Aurélio
para acompanhar o voto do Sr. Ministro Maurício Corrêa, dado
que a convocação se fez em juiz do Tribunal de Alçada.
O fato de ter sido feita a convocação pelo Presidente não
macula o ato, dado que, posteriormente, o Tribunal foi chamado
a decidir e a confirmou.
Com essas breves considerações, denego a ordem
impetrada.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.440-1 - RS - Relator: Min. Marco Aurélio.
Relator para o Acórdão: Min. Maurício Corrêa. Pacte.: José
Meireles da Rocha. Impte.: Marino de Castro Outeiro. Coator:
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
HABEAS CORPUS 93

Decisão: Por maioria, a Turma indeferiu o habeas corpus,


vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio (Relator) que conce-
dia a ordem. Em decorrência dessa decisão, fica cassada a
liminar concedida. Relator para o acórdão o Ministro Maurício
Corrêa. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor
Ministro Francisco Rezek. 2ª Turma, 26.11.96.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Francisco Rezek e Maurício Corrêa.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
94 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 95

“HABEAS CORPUS” Nº 74.672-1 - MG - (JSTF - Vo-


lume 229 - Página 282)
Segunda Turma (DJ, 11.04.1997)
Relator: O Sr. Ministro Marco Aurélio
Pacientes: Reinaldo Gonzaga, Deodato Soares de Freitas,
José Maria Mendes Franco e Marden Domingos Duarte
Impetrantes: Ariosvaldo de Campos Pires e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
EMENTA: - COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS -
ATO DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Na dicção da ilustrada
maioria (seis votos a favor e cinco contra), em relação à qual
guardo reservas, compete ao Supremo Tribunal Federal julgar
todo e qualquer habeas corpus impetrado contra ato de tribunal,
tenha este, ou não, qualificação de superior.
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RA-
ZÕES - PARTILHA - SIMULAÇÃO DE DÍVIDA. A simula-
ção de dívida objetivando alcançar de imediato a meação de
certo bem configura não o crime de falsidade ideológica, mas o
do exercício arbitrário das próprias razões. A simulação, a frau-
de, ou outro qualquer artifício utilizado corresponde a meio de
execução, ficando absorvido pelo tipo do artigo 345 do Código
Penal no que tem como elemento subjetivo o dolo específico, ou
seja, o objetivo de satisfazer pretensão, legítima ou ilegítima.
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RA-
ZÕES - PROCEDIMENTO PENAL - SIMULAÇÃO E
96 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

FRAUDE. Deixando a prática delituosa de envolver violência,


indispensável é a formalização de queixa.
DECADÊNCIA - QUEIXA. Uma vez transcorrido o pra-
zo de seis meses previsto no artigo 103 do Código Penal, incide
a decadência.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade, em deferir o habeas corpus para, declarando a
ilegitimidade ativa do Ministério Público, afirmar, desde logo,
extinta a punibilidade pela decadência do direito de queixa.
Brasília, 18 de fevereiro de 1997.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MARCO AURÉLIO,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - De
acordo com a inicial, o Paciente Marden Domingos Duarte,
visando a alcançar meação de bem, consideradas separação e
partilha decorrentes de casamento e a resistência da mulher no
que pretendia ter o imóvel como bem reservado, engendrou com
os demais Pacientes simulação de dívida e respectiva execução.
Daí a denúncia formalizada pelo Ministério Público qualificando
o procedimento como enquadrado no artigo 299 do Código
Penal (falsidade ideológica). Consoante o sustentado pelos
Impetrantes, a condenação fez-se imposta sem que o Juízo emi-
tisse entendimento sobre a argüida nulidade absoluta, tendo em
conta o fato de o Ministério Público não possuir legitimação para
propositura da ação em face à inexistência do crime de falsidade
ideológica. Ressalta-se que, na espécie, restara configurado o
HABEAS CORPUS 97

exercício arbitrário das próprias razões, pouco importando o


meio utilizado. No âmbito individual, ter-se-ia concluído pelo
direito à meação, refutando-se, assim, a tese da mulher do Paci-
ente Marden Domingos Duarte.
Os Impetrantes afirmam também que o Tribunal de Justiça
reconhecera a deficiência da sentença, deixando, no entanto, de
pronunciar a nulidade. Remetem a lição doutrinária sobre a con-
figuração do crime do artigo 345 do Código Penal (exercício
arbitrário das próprias razões) e pleiteiam seja declarada a nuli-
dade do processo, por ilegitimidade do Ministério Público, com
a conseqüente extinção da punibilidade pela decadência do di-
reito de queixa nos termos do artigo 107, inciso IV, combinado
com os artigos 103 do Código Penal e 38 do Código de Proces-
so Penal. É formulado ainda pedido sucessivo no sentido de
assentar-se a nulidade da sentença e/ou do acórdão da Corte de
origem por não haverem sido apreciadas, por inteiro, as nulida-
des absolutas argüidas pela defesa. Com a inicial, vieram os
documentos de folhas 16 a 96.
Solicitadas informações, prestou-as o Presidente do Tri-
bunal de Justiça de Minas Gerais, na forma do ofício de folha
103, procedendo ao encaminhamento do acórdão proferido
quando da apreciação da apelação criminal nº 53.357, mediante
a qual foram rejeitadas preliminares e mantida a sentença no
tocante ao Paciente, reformada em parte em relação aos demais
acusados.
A Procuradoria-Geral da República emitiu o parecer de
folhas 121 e 122, no sentido da denegação da ordem. Segundo
tal peça, da lavra do Subprocurador-Geral da República, Dr.
Edinaldo de Holanda Borges, a partir do momento em que se
refutou a desclassificação, tendo em vista o tipo do artigo 345
do Código Penal (exercício arbitrário das próprias razões), re-
jeitou-se, também, a preliminar de ilegitimidade. Quanto à des-
98 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

classificação, aponta-se a impossibilidade de chegar-se a ela na


via estreita do habeas corpus.
Estes autos vieram-me conclusos para exame em 17 de
dezembro de 1996, tendo sido elaborados relatório e voto no
dia 28 imediato, quando indiquei como data para julgamento,
consideradas férias coletivas de janeiro e os feriados alusivos ao
carnaval, o dia de hoje, 18 de fevereiro, isso objetivando dar-se
ciência aos Impetrantes.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO
(Relator): - Inicialmente, ressalvo entendimento pessoal sobre a
competência para julgar este habeas corpus, cuja definição,
continuo convencido, ocorre consideradas as pessoas envolvi-
das na hipótese sob exame. O Paciente não goza de prerrogativa
de foro. Assim, cabe perquirir a situação daqueles que integram
o Órgão apontado como coator - o Tribunal de Justiça do Esta-
do de São Paulo. Os desembargadores estão submetidos à ju-
risdição direta, nos crimes comuns e de responsabilidade, do
Superior Tribunal de Justiça - alínea “a” do inciso I do artigo 105
da Constituição Federal, o que atrai a pertinência do disposto na
alínea “c” do referido inciso, segundo a qual compete àquela
Corte julgar os habeas corpus quando o coator ou o paciente for
qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou quando o
coator for Ministro de Estado, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral. Todavia, até aqui este não é o entendimento
prevalente. O Plenário, ao concluir o julgamento da reclamação
nº 314/DF, em que funcionou como Relator o Ministro Moreira
Alves, assentou que compete ao Supremo Tribunal Federal jul-
gar todo e qualquer habeas corpus, desde que não seja
substitutivo de recurso ordinário, interposto contra ato de tribu-
nal, ainda que não guarde a qualificação do superior. Na oportu-
nidade, fiquei vencido na companhia honrosa dos Ministros
HABEAS CORPUS 99

Ilmar Galvão, Carlos Velloso e Celso de Mello, tendo findado o


julgamento em 30 de novembro de 1993.
Os ora Pacientes foram tidos como incursos no artigo 299
do Código Penal, vez que, em co-autoria, teriam praticado o
crime de falsidade ideológica. O Juízo lhes impôs a pena de um
ano de reclusão, sendo que a de Reinaldo Gonzaga alcançou
mais dois meses, seguindo-se o benefício do sursis.
É fato incontroverso que tudo se passou a fim de que o
Paciente Marden Domingos Duarte alcançasse, de forma mais
célere, meação em bem imóvel, isso diante do processo de
separação com a esposa, Maria Aparecida da Costa. Conforme
consta do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça em grau de
apelação, simulou-se uma dívida, procurando-se, assim, obter
algo que somente seria possível mediante partilha à qual se opu-
nha a mulher, no que sustentada a tese de que o bem fora adqui-
rido com recursos próprios, sendo, portanto, passível de classi-
ficação como reservado.
De início, exsurge que a emissão das notas promissórias
que, na verdade, visavam à execução simulada, mostrou-se pro-
cedimento relacionado com o exercício arbitrário das próprias
razões. O artigo 345 do Código Penal define o seguinte tipo:
“Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer preten-
são, embora legítima, salvo quando a lei o permite.”
Evidentemente, tratando-se de partilha de bens em face de
separação, não há norma legal que autorize seja feita pelas própri-
as mãos. No caso, o Código Penal não limita a configuração do
tipo à utilização de certos meios. Daí concluir-se que qualquer
deles pode ser adotado no intuito de alcançar-se o que normal-
mente somente se obteria, como acabou ocorrendo na espécie
dos autos, segundo reconhecido pelo próprio Tribunal de Justiça,
por meio do processo pertinente. Pouco importa, para efeito de
100 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

caracterização do tipo, que se lance mão de violência, ameaça,


fraude ou subtração. O que cumpre perquirir é a configuração, em
si, do tipo subjetivo, ou seja, a existência de dolo com a finalidade
específica de satisfazer pretensão. O objeto jurídico protegido é a
administração da Justiça, exsurgindo como sujeitos passivos o
Estado e a pessoa prejudicada.
Na espécie vertente, quanto a esta última, sequer é dado
falar, vez que, recorrendo aos meios próprios, o Paciente
Marden logrou conseguir o que objetivara com a simulação da
dívida.
As premissas do acórdão atacado são conducentes, a
mais não poder, não à conclusão sobre o crime, em si, de falsi-
dade ideológica, mas do alusivo ao exercício arbitrário das pró-
prias razões. Eis os trechos mais significativos:
“No mérito, absolvição dos Réus é pretensão de todo
inacolhível.
Ora, pelo que se verifica dos autos, com objetivo de alie-
nar imóvel sem a necessária partilha, fizeram eles inserir em
documento particular - NOTAS PROMISSÓRIAS - obrigação
que não existia, alterando com isso verdade sobre fato juridica-
mente relevante, o que caracteriza o delito em tela.
Com efeito, simularam a dívida, já que pelo que se apurou
nos autos não é crível que a mesma já existisse, bem como o
credor, para que um dos réus (MARDEN DOMINGOS
DUARTE) conseguisse de imediato a meação da casa onde
residia sua ex-mulher e que ainda não havia sido objeto de
partilha, em razão desta pretender, o que o fez através de ação
própria, que este bem fosse declarado reservado. Propuseram
ação de execução” (folhas 26 e 27).
Mais adiante, fez-se ver que o fato de a pretensão haver
acabado por ser alcançada na via própria não desfiguraria o
HABEAS CORPUS 101

crime: “o fato de ter sido acolhida tal pretensão pouco importa


para o desate da questão”. O parágrafo foi lançado após aludir-
se que tudo decorreu da resistência da ex-mulher de Marden
relativamente à partilha, no que pretendia ver o imóvel declarado
como bem reservado.
Não se cuida, na espécie, de revolver os elementos
probatórios coligidos na fase de instrução da ação penal, mas
de, a partir da moldura fática constante do acórdão que confir-
mou a sentença condenatória, dizer, considerados os meios de
execução, da tipicidade prevista no artigo 345 do Código Penal.
A persistência do quadro até aqui delineado acabaria por afastar
do campo de aplicação do artigo 345 toda e qualquer situação
jurídica em que, visando ao citado exercício, fosse utilizada a
fraude, a simulação. Assentado que, na espécie dos autos, res-
tou configurado não o crime do artigo 299 do Código Penal,
mas o do artigo 345 do mesmo Diploma, forçoso é concluir, em
face do texto do parágrafo único do último artigo, pela ilegitimi-
dade do Ministério Público, no que se procedeu sem a indispen-
sável queixa. O caso não revela, em si, violência, quando dis-
pensável seria a formalidade legal, mas fraude, simulação.
Por tais razões, frente aos pedidos sucessivos contidos na
peça inicial deste habeas corpus, concluo pela ilegitimidade ativa
do Ministério Público. Diante da passagem do tempo e do dis-
posto nos artigos 107, IV, combinado com o 103, ambos do
Código Penal e 38 do Código de Processo Penal, concluo pela
extinção da punibilidade. Ocorreu, a esta altura, a decadência
do direito de queixa.
É como voto na espécie dos autos.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.672-1 - MG - Relator: Min. Marco Aurélio.
Pactes.: Reinaldo Gonzaga, Deodato Soares de Freitas, José
102 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Maria Mendes Franco e Marden Domingos Duarte. Imptes.:


Ariosvaldo de Campos Pires e outro. Coator: Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais.Decisão: Por unanimidade, a Turma
deferiu o habeas corpus para, declarando a ilegitimidade ativa
do Ministério Público, afirmar, desde logo, extinta a punibilidade
pela decadência do direito de queixa. 2ª Turma, 18.02.97.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio
e Maurício Corrêa.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
HABEAS CORPUS 103

“HABEAS CORPUS” Nº 74.689-6 - SP - (JSTF - Volu-


me 229 - Página 287)
Segunda Turma (DJ, 27.06.1997)
Relator: O Sr. Ministro Marco Aurélio
Paciente: José Carlos Pires de Toledo
Impetrantes: Sílvio Barbosa Lino e Luciano Gomes de
Queiroz Coutinho - C. A. XI de Agosto e outro
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo
EMENTA: - COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS -
ATO DE TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL. Na dicção
da ilustrada maioria, em relação à qual guardo reservas, compe-
te ao Supremo Tribunal Federal julgar todo e qualquer habeas
corpus dirigido contra ato de tribunal ainda que não possua a
qualificação de superior. Convicção pessoal colocada em se-
gundo plano, em face de atuação em Órgão fracionário.
PENA - CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - OBJE-
TIVO - PRESSUPOSTOS - ATENDIMENTO. O instituto da
progressão no regime de cumprimento da pena harmoniza-se
com os interesses do condenado, do Estado e, alfim, da própria
sociedade. Atendidos os pressupostos objetivos e subjetivos
impostos pela ordem jurídica, descabe potencializar os crimes
cometidos para indeferi-lo. Óptica contrária importa em bis in
idem, de todo incompatível com o Direito Penal. Com a conde-
nação trânsita em julgado, exaure-se a pretensão punitiva do
Estado, compreendida nesta a forma de cumprimento da pena.
104 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Progressão deferida na via do habeas corpus, porque remédio


idôneo à correção, independentemente da conseqüência de
quadro revelador de constrangimento.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade, em conceder o habeas corpus para deferir a
progressão do Paciente do regime fechado para o semi-aberto.
Brasília, 11 de março de 1997.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MARCO AURÉLIO,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Tomo
de empréstimo o que tive oportunidade de consignar ao proce-
der ao exame do pedido de concessão de medida acauteladora:
1. Este habeas corpus objetiva afastar ato do Tribunal de
Alçada Criminal de São Paulo mediante o qual, confirmando-se
decisão do Juízo das Execuções Criminais da Comarca de São
Paulo, foi negado o pedido de progressão do regime fechado de
cumprimento da pena para o semi-aberto. Articula-se com a
insubsistência de tal indeferimento, porquanto teriam sido aten-
didos, na espécie, os requisitos objetivo e subjetivo. Sustenta-se
que a exigência de fundamentação dos provimentos judiciais só
se mostra coerente se considerada a prova produzida, o que não
estaria configurado na hipótese dos autos. Em passo seguinte,
alega-se haver predominado a opinião pessoal do Juízo em con-
trariedade ao que levantado pelos demais profissionais envolvi-
dos (Assistente Social, Psicólogo, Diretor do Presídio, Promo-
tor e Procurador de Justiça). Discorre-se a respeito, afirmando-
HABEAS CORPUS 105

se a impossibilidade de levar-se em conta exame anterior, reali-


zado há mais de cinco anos, bem como o fato de o Paciente
haver claudicado, no que alcançara o regime aberto. O devido
processo legal, presentes o contraditório e a ampla defesa, não
teria sido objeto de observação. Afirma-se que, com a decisão
proferida surgira aspecto (o mencionado exame) sobre o qual a
defesa não tivera oportunidade de pronunciar-se. É pleiteada a
concessão de liminar que viabilize a passagem imediata para o
regime semi-aberto, confirmando-se, alfim, esse direito. Vieram
aos autos os documentos de folhas 17 a 107 (folha 111).
Informo que, após ressalvar entendimento pessoal quanto
à competência para julgar este habeas corpus, indeferi a liminar,
ao fundamento de que:
3. Não pairam dúvidas quanto ao fato de estar em questão
a liberdade do Paciente, levando-se em conta o regime de cum-
primento da pena. A circunstância de, passando ao semi-aberto,
continuar sob a custódia do Estado não obstaculiza a impetração
do habeas. O alegado ato de constrangimento diz respeito à
liberdade, à forma mediante a qual é ela afastada e, portanto, a
gradação em que ocorrido o ato de constrição.
No mais, verifico que o pleito liminar confunde-se com o
próprio objeto da impetração. Tudo recomenda que, no caso,
aguarde-se a tramitação do habeas, sempre célere, e portanto, o
julgamento procedido pelo Colegiado. Com as informações do
Tribunal tido como coator, ter-se-á, também em se contando
com parecer da Procuradoria-Geral da República, base maior
para decidir-se a respeito. Em síntese, em se tratando de medida
acauteladora que vise à passagem do regime fechado para o
semi-aberto, relativamente ao cumprimento da pena, afastada
fica, em geral, a possibilidade de concessão. No caso dos autos,
até aqui, o Paciente tem contra si duas decisões, ou seja, a do
Juízo das Execuções Criminais e a do Tribunal de Alçada Crimi-
nal do Estado de São Paulo (folhas 111 e 112).
106 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Vieram aos autos informações acompanhadas de peças


exemplarmente organizadas, nas quais reportou-se o Presidente
do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo ao que
decidido na espécie pela 7ª Câmara Criminal, sendo certo ainda
que, em 9 de agosto de 1990, o Paciente almejou alcançar a
passagem ao regime semi-aberto, tendo sido tal pleito indeferi-
do, assim como negou-se provimento ao recurso a seguir inter-
posto. A reiteração do pedido ocorreu em 28 de junho de 1994,
vindo, mais uma vez, a ser indeferido. Em maio de 1995, forma-
lizou-se nova pretensão, resultando infrutífera a tentativa do Pa-
ciente. Por último, o agravo por derradeiro protocolado restou
desprovido (folhas 119 e 120). Remetidos os autos à Procura-
doria-Geral da República, pronunciou-se o Órgão mediante
peça da lavra cuidadosa do Subprocurador-Geral da República,
Doutor Marden Costa Pinto, pela concessão parcial da ordem
para anular o acórdão prolatado, a fim de que outra decisão
exsurja com motivação harmônica com a ordem jurídica em
vigor. Eis a síntese da peça:
“Progressão de regime. A dúvida quanto ao preenchimen-
to dos requisitos de natureza subjetiva, pode ser invocada em
favor do réu, não pro societate, como fez o acórdão censurado,
eis que a progressão é um benefício instituído em favor do con-
denado”.
Restou glosada a óptica segundo a qual, havendo dúvidas
quanto ao atendimento dos requisitos de natureza subjetiva para
a evolução no tocante ao regime de cumprimento da pena, deci-
de-se pro societate.
Estes autos vieram-me conclusos em 28 de fevereiro de
1997, sendo que, no dia imediato, declarei-me habilitado a pro-
ceder ao relato e a votar na espécie. Designei como data de
julgamento a de hoje, ou seja, 11 de março de 1997, visando a
dar ciência aos Impetrantes, no que se lhes assiste o direito de
assomar a tribuna, e, portanto, de saberem a referida data.
HABEAS CORPUS 107

É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO
(Relator): - Ressalvo a convicção pessoal relativa à competência
para julgar habeas corpus impetrado contra ato de Tribunal de
Alçada Criminal quando o paciente não goza de prerrogativa de
foro. Os integrantes do referido Tribunal, como juízes estaduais,
estão submetidos à jurisdição direta, nos crimes comuns e de
responsabilidade, do Tribunal de Justiça local - inciso III do
artigo 96 - ao qual cabe, assim, julgar o habeas corpus. Todavia,
até aqui não é este o entendimento predominante, razão pela
qual, considerado o julgamento da reclamação nº 314/DF, em
que fiquei vencido, na companhia honrosa dos Ministros Ilmar
Galvão, Carlos Velloso e Celso de Mello, coloco a conclusão
própria em plano secundário e conheço do pedido formulado. O
tema foi melhor desenvolvido quando verificado o debate junto
ao Pleno (acórdão publicado na Revista Brasileira de Ciências
Criminais nº 9, páginas 140 a 146).
O Juízo indeferiu o primeiro pedido de progressão de regi-
me de cumprimento da pena à luz da seguinte fundamentação:
“O pedido não é de ser deferido. Com efeito, o condena-
do não demonstrou suficientemente desenvolvido seu grau de
autocrítica. Não reconhece ter cometido o delito pelo qual foi
condenado. Tomo, pois, como razões de decidir os pareceres
técnicos contidos nos autos.” (folha 390)
Nota-se que se caminhou para o campo da penitência,
exigindo-se a auto-incriminação. O acórdão que implicou o en-
dosso a tal indeferimento consigna que não é suficiente à pro-
gressão a observância do critério objetivo, ao que tudo indica já
atendido em 1990, bem como a boa conduta carcerária. Fez ver
que os exames técnicos, analisados com a necessária acuidade,
108 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

mostraram-se desfavoráveis, tratando-se de “assaltante e


furtador”. Salientou que, a certa altura, o Paciente teve a prisão-
albergue revogada (folhas 406 a 411). O segundo pedido tam-
bém foi rechaçado remetendo-se ao caráter negativo da análise
subjetiva (folhas 429 e 430). Dessa decisão não houve recurso.
Surgiu, já em 1995, ou seja, cinco anos após, novo pedido de
progressão e é em torno do que decidido, por força dessa solici-
tação, que gira a controvérsia. O Juízo disse das “conclusões
favoráveis do exame criminológico”, assentando porém, que a
progressão deveria ser adiada. Para tanto, considerou as anota-
ções constantes do laudo, formalizadas sob os ângulos psicoló-
gico e psiquiátrico, a indicarem a necessidade de o ora Paciente
ser mantido em observação, devendo submeter-se oportuna-
mente a nova análise. O juízo crítico do Paciente ter-se-ia mos-
trado prejudicado, bem como a afetividade revelando-se su-
perficial, pelo que não seria capaz de analisar criticamente o
delito, ao tempo em que procurara justificativas na dependência
afetiva e vulnerabilidade às exigências do grupo aderido. Reme-
teu-se, também, à natureza dos crimes praticados, o que estaria
a repercutir no pleito de passagem ao regime semi-aberto, em
que as restrições corporais são bem mais amenas do que aque-
las encontradas no fechado. Na sentença que exarou, a Juíza
Iara Maria Gaspar admite, em primeiro lugar, o caráter favorável
do exame criminológico; em segundo, desce à análise de quadro
de absoluta ambigüidade, reportando-se mesmo, o que não ca-
beria fazer, à natureza dos crimes praticados. Quanto a estes, é
de notar-se que o Paciente foi devidamente apenado (folhas 453
e 454). Interposto o agravo, tal entendimento foi mantido, pro-
nunciando-se o Procurador de Justiça pelo provimento, ocasião
em que ressaltou aspectos levantados quando do exame
criminológico, a saber, e que devem ser considerados:
“a) o reeducando é crítico, sensato. Tem consciência críti-
ca a respeito de sua situação delituosa e sua vida carcerária;
HABEAS CORPUS 109

b) possui recursos internos que mantêm o controle de sua


impulsividade e agressividade;
c) através da experiência carcerária vem reestruturando
seu sistema de valores sociais, procurando resgatar seus recur-
sos para a adaptação social e, por último, restou ressaltada a
ótima conduta carcerária e a boa aplicação laborterápica. (fo-
lhas 524 e 525)
Destarte, ao lado do atendimento, com boa margem, do
aspecto objetivo, o laudo criminológico foi favorável ao Pacien-
te, sensibilizando o Fiscal da Lei que atuou no julgamento do
agravo em execução. Entrementes, isso não foi suficiente.
Quando discutida a questão concernente ao regime de
cumprimento da pena sob o ângulo da Lei nº 8.072/90, tive
oportunidade de consignar:
Em um primeiro plano, ressalvo o entendimento pessoal
quanto à competência para apreciar este habeas corpus. Muito
embora esteja em sede própria a discussão, faço-o porque esta
já se trava em reclamação cujo julgamento iniciou-se em uma
das últimas assentadas e na qual votei no sentido da competência
do Superior Tribunal de Justiça, de vez que os integrantes do
Tribunal de origem estão sob a jurisdição direta deste último -
artigo 105, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal.
Com relação à matéria de fundo, improcede o cerceio de
defesa alegado. A par dos aspectos evocados pela Procurado-
ria-Geral da República, há de se ter presente que a intimação do
defensor ocorreu mediante telex e, também, por contato telefô-
nico direto realizado pela Escrivã do Cartório que tudo certificou
nos autos. Soma-se a isto a circunstância de que houve nova
tentativa de proceder-se à intimação via carta precatória, sendo
que novamente a Escrivã certificou não só que fizera contato
telefônico com o Impetrante, como também com o próprio Juízo
110 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

deprecado. No meio tempo, antes da devolução da carta, plei-


teou o Paciente o relaxamento da prisão, pedido que foi indefe-
rido pelo Juízo. Em 19 de dezembro de 1991, conforme consta
do item 9 das informações, o Juízo deprecado comunicou por
telex que o defensor do Paciente havia sido formalmente intima-
do. Destarte, não se pode, no caso, concluir pela nulidade, mes-
mo porque, conforme consta do parecer da Procuradoria-Geral
da República, os depoimentos colhidos não tiveram influência na
prolação do decreto condenatório. Resta a alegada
inconstitucionalidade do § 1º do artigo 2º da Lei nº 8.072, de 25
de julho de 1990.
DA INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO AR-
TIGO 2º DA LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
Esta matéria conduziu-me a afetar, na forma prevista no
artigo 22 do Regimento Interno, o presente caso a este Plenário.
É que tenho como relevante a argüição de conflito do § 1º do
artigo 2º da Lei nº 8.072/90 com a Constituição Federal, consi-
derado quer o princípio isonômico em sua latitude maior, quer o
da individualização da pena previsto no inciso XLVI do artigo 5º
da Carta, quer, até mesmo, o princípio implícito segundo o qual
o legislador ordinário deve atuar tendo como escopo maior o
bem comum, sendo indissociável da noção deste último a obser-
vância da dignidade da pessoa humana, que é solapada pelo
afastamento, por completo, de contexto revelador da esperan-
ça, ainda que mínima, de passar-se ao cumprimento da pena em
regime menos rigoroso.
Preceitua o parágrafo em exame que nos crimes hediondos
definidos no artigo 1º da citada Lei, ou seja, nos de latrocínio,
extorsão qualificada pela morte, extorsão mediante seqüestro e
na forma qualificada, estupro, atentado violento ao pudor, epi-
demia com resultado morte, envenenamento de água potável ou
de substância alimentícia ou medicinal, qualificado pela morte,
HABEAS CORPUS 111

genocídio, tortura, tráfico ilícito de entorpecente e drogas afins e,


ainda, terrorismo, a pena será cumprida integralmente em regime
fechado.
No particular, contrariando-se consagrada sistemática alu-
siva à execução da pena, assentou-se a impertinência das regras
gerais do Código Penal e da Lei de Execuções Penais, distin-
guindo-se entre cidadãos não a partir das condições sócio-psi-
cológicas que lhes são próprias, mas de episódio criminoso no
qual, por isto ou por aquilo, acabaram por se envolver. Em
atividade legislativa cuja formalização não exigiu mais do que
uma linha, teve-se o condenado a um dos citados crimes como
senhor de periculosidade ímpar, a merecer, ele, o afastamento da
humanização da pena que o regime de progressão viabiliza, e a
sociedade, o retorno abrupto daquele que segregara, já então
com as cicatrizes inerentes ao abandono de suas características
pessoais e à vida continuada em ambiente criado para atender a
situação das mais anormais e que, por isso mesmo, não oferece
quadro harmônico com a almejada ressocialização.
Senhor Presidente, tenho o regime de cumprimento da
pena como algo que, no campo da execução, racionaliza-a,
evitando a famigerada idéia do “mal pelo mal causado” e que
sabidamente é contrária aos objetivos do próprio contrato soci-
al. A progressividade do regime está umbilicalmente ligada à
própria pena, no que acenando ao condenado com dias melho-
res, incentiva-o à correção de rumo e, portanto, a empreender
um comportamento penitenciário voltado à ordem, ao mérito e a
uma futura inserção no meio social. O que se pode esperar de
alguém que, antecipadamente, sabe da irrelevância dos próprios
atos e reações durante o período no qual ficará longe do meio
social e familiar e da vida normal que tem direito um ser humano;
que ingressa em uma penitenciária com a tarja da
despersonalização?
112 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Sob este enfoque, digo que a principal razão de ser da


progressividade no cumprimento da pena não é em si a
minimização desta, ou o benefício indevido, porque contrário ao
que inicialmente sentenciado, daquele que acabou perdendo o
bem maior que é a liberdade. Está, isto sim, no interesse da
preservação do ambiente social, da sociedade, que, dia-menos-
dia receberá de volta aquele que inobservou a norma penal e,
com isto, deu margem à movimentação do aparelho punitivo do
Estado. A ela não interessa o retorno de um cidadão, que
enclausurou, embrutecido, muito embora o tenha mandado para
detrás das grades com o fito, dentre outros, de recuperá-lo,
objetivando uma vida comum em seu próprio meio, o que o
tempo vem demonstrando, a mais não poder, ser uma quase
utopia. Por sinal, a Lei nº 8.072/90 ganha, no particular, contor-
nos contraditórios. A um só tempo dispõe sobre o cumprimento
da pena no regime fechado, afastando a progressividade, e
viabiliza o livramento condicional, ou seja, o retorno do conde-
nado à vida gregária antes mesmo do integral cumprimento da
pena e sem que tenha progredido no regime. É que, pelo artigo
5º da Lei nº 8.072/90, foi introduzido no artigo 83 do Código
Penal preceito assegurando aos condenados por crimes hedion-
dos, pela prática de tortura ou terrorismo e pelo tráfico ilícito de
entorpecentes, a possibilidade de alcançarem a liberdade condi-
cional, desde que não sejam reincidentes em crimes de tal natu-
reza - inciso V. Pois bem, a Lei em comento impede a evolução
no cumprimento da pena e prevê, em flagrante descompasso,
benefício maior, que é o livramento condicional. Descabe a pas-
sagem do regime fechado para o semi-aberto, continuando o
incurso nas sanções legais a cumprir a pena no mesmo regime.
No entanto, assiste-lhe o direito de ver examinada a possibilida-
de de voltar à sociedade, tão logo transcorrido quantitativo su-
perior a dois terços da pena.
Conforme salientado na melhor doutrina, a Lei nº 8.072/90
HABEAS CORPUS 113

contém preceitos que fazem pressupor não a observância de


uma coerente política criminal, mas que foi editada sob o clima
da emoção como se no aumento da pena e no rigor do regime
estivessem os únicos meios de afastar-se o elevado índice de
criminalidade.
Por ela, os enquadráveis nos tipos aludidos são merecedo-
res de tratamento diferenciado daquele disciplinado no Código
Penal e na Lei de Execuções Penais, ficando sujeitos não às
regras relativas aos cidadãos em geral mas a especiais, despon-
tando a que, fulminando o regime de progressão da pena, ames-
quinha a garantia constitucional da individualização.
Diz-se que a pena é individualizada porque o Estado-Juiz,
ao fixá-la, está compelido, por norma cogente, a observar as
circunstâncias judiciais, ou seja, os fatos objetivos e subjetivos
que se fizeram presentes à época do procedimento criminalmen-
te condenável. Ela o é não em relação ao crime considerado
abstratamente, ou seja, ao tipo definido em lei, mas por força
das circunstâncias reinantes à época da prática. Daí cogitar o
artigo 59 do Código Penal que o juiz, atendendo à culpabilidade,
aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime,
não só as penas aplicáveis dentre as cominadas (inciso I), como
também o quantitativo (inciso II), o regime inicial de cumprimen-
to da pena privativa de liberdade - e, portanto, provisório, já que
passível de modificação até mesmo para adotar-se regime mais
rigoroso (inciso III) - e a substituição da pena privativa da liber-
dade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Dizer-se que o regime de progressão no cumprimento da
pena não está compreendido no grande todo que é a
individualização preconizada e garantida constitucionalmente é
114 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

olvidar o instituto, relegando a plano secundário a justificativa


socialmente aceitável que o recomendou ao legislador de 1984.
É fechar os olhos ao preceito que o junge a condições pessoais
do próprio réu, dentre as quais exsurgem o grau de culpabilida-
de, os antecedentes, a conduta social, a personalidade, alfim, os
próprios fatores subjetivos que desaguaram na prática delituosa.
Em duas passagens, o Código Penal vincula a fixação do regime
às circunstâncias judiciais previstas no artigo 59, fazendo-o no §
3º do artigo 33 e no inciso III do próprio artigo 59. Todavia, ao
que tudo indica, receou-se, quando da edição da Lei nº 8.072/
90, que poderia faltar aos integrantes do aparelho judiciário, aos
juízes, aos tribunais, o zelo indispensável à definição do regime e
sua progressividade e, aí, alijou-se do crivo mais abalizado que
pode haver tal procedimento.
Assentar-se, a esta altura, que a definição do regime e
modificações posteriores não estão compreendidas na
individualização da pena é passo demasiadamente largo, impli-
cando restringir garantia constitucional em detrimento de todo
um sistema e, o que é pior, a transgressão a princípios tão caros
em um Estado Democrático como são os da igualdade de todos
perante a lei, o da dignidade da pessoa humana e o da atuação
do Estado sempre voltada ao bem comum. A permanência do
condenado em regime fechado durante todo o cumprimento da
pena não interessa a quem quer que seja, muito menos à socie-
dade que um dia, mediante o livramento condicional ou, o mais
provável, o esgotamento dos anos de clausura, terá necessaria-
mente que recebê-lo de volta, não para que este torne a delin-
qüir, mas para atuar como um partícipe do contrato social, ob-
servados os valores mais elevados que o respaldam.
Por último, há de se considerar que a própria Constituição
Federal contempla as restrições a serem impostas àqueles que
se mostrem incursos em dispositivos da Lei 8.072/90 e dentre
HABEAS CORPUS 115

elas não é dado encontrar a relativa à progressividade do regime


de cumprimento da pena. O inciso XLIII do rol das garantias
constitucionais - artigo 5º - afasta, tão-somente, a fiança, a graça
e a anistia para, em inciso posterior (XLVI), assegurar de forma
abrangente, sem excepcionar esta ou aquela prática delituosa, a
individualização da pena. Como, então, entender que o legisla-
dor ordinário o possa fazer? Seria a mesma coisa que estender
aos chamados crimes hediondos e assim enquadrados pela cita-
da Lei, a imprescritibilidade que o legislador constitucional so-
mente colou às ações relativas a atos de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrá-
tico (inciso XLIV). Indaga-se: é possível ao legislador comum
fazê-lo? A resposta somente pode ser negativa, a menos que se
coloque em plano secundário a circunstância de que a previsão
constitucional está contida no elenco das garantias constitucio-
nais, conduzindo, por isso mesmo, à ilação no sentido de que, a
contrario sensu, as demais ações ficam sujeitas à regra geral da
prescrição. O mesmo raciocínio tem pertinência no que
concerne à extensão, pela Lei em comento, do dispositivo
atinente à clemência ao indulto, quando a Carta, em norma de
exceção, apenas rechaçou a anistia e a graça - inciso XLIII do
artigo 5º.
Destarte, tenho como inconstitucional o preceito do § 1º
do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, no que dispõe que a pena
imposta pela prática de qualquer dos crimes nela mencionados
será cumprida, integralmente, no regime fechado.
Com isto, concedo parcialmente a ordem, não para
ensejar ao Paciente qualquer dos regimes mais favoráveis, mas
para reconhecer-lhe, porque cidadão e acima de tudo pessoa
humana, os benefícios do instituto geral que é o da progressão
do regime de cumprimento da pena, providenciando o Estado os
exames cabíveis.
116 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

É o meu voto.
Há de resistir-se à tentação de proceder-se como que ao
rejulgamento do Paciente considerados os crimes cometidos. Já
foi ele devidamente apenado pelo Estado-julgador. Os esforços
devem ser direcionados a estimular-se a auto-estima do conde-
nado, ficando com isso aberto o caminho para, tanto quanto
possível, observar-se a gradação no tocante ao regime de cum-
primento: o fechado faz-se necessário de início, mas tudo reco-
menda que, atendido o fator tempo e também pronunciando-se
os peritos pela possibilidade da progressão, sem riscos maiores
para o seio gregário, caminhe-se no sentido do deferimento do
pleito mormente quando em jogo a passagem não para o regime
aberto, mas para o semi-aberto. Pouco importa haver-se mos-
trado o examinando ladrão e assaltante, possuindo pena extensa
a cumprir (um total de cerca de trinta anos). Este argumento
contido no acórdão que se aponta como ato discrepante da lei é
de total irrelevância, porque, caso contrário, não se chegará, em
bom número de casos, à progressão situada, como disse, no
campo da individualização da pena. Também o fato de, a certa
altura do cumprimento de pena imposta, haver o condenado
claudicado, não é idôneo ao indeferimento do pedido. A cir-
cunstância já produzira os efeitos próprios, implicando a
regressão.Quanto aos exames procedidos, há de levar-se em
conta as conclusões dos que dizem respeito ao último pedido
formulado. O Grupo de Valorização Humana, comissão técnica,
manifestou-se favoravelmente:
“a equipe técnica, em vista dos pareceres obtidos, consi-
dera que o reeducando reúne condições para a obtenção do
benefício pleiteado.” (folha 437)
A diretoria do estabelecimento penitenciário também pro-
nunciou-se pelo deferimento do pedido (folha 440), sendo certo
que a certidão de conduta revelou-a como ótima, consignando
HABEAS CORPUS 117

que a ficha disciplinar da casa não registra qualquer conduta


desabonadora. Chegou-se ao registro dos méritos carcerários:
“O detento em apreço trata com urbanidade tanto os ser-
vidores como os seus companheiros de reclusão, vem se portan-
do de forma equilibrada sem problemas de ordem disciplinar”.
Ora, diante deste contexto, tenho que cumpria à Corte de
origem conceder a progressão, valendo notar a luta do Paciente
no que já tem formalizado um novo pedido, ou seja, o quarto
desta série.
Pois tais razões, concedo a ordem para assegurar ao Paci-
ente a passagem ao regime semi-aberto.
VOTO
O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Sr. Presi-
dente, tenho sido comedido na concessão de habeas corpus
acerca de mudança de regime, sobretudo quando se postula a
progressão.
Mas, no caso, a hipótese exige uma maior reflexão.
No presente caso que ora julgamos todos os laudos são
inteiramente favoráveis ao paciente, não havendo discrepância
entre eles no que tange à recuperação do paciente, recuperação
essa que é a essência finalística da progressão. Pode se ponde-
rar, por outro lado, que essa é uma questão do exame subjetivo
do juiz! Certo.
Entretanto há que se convir que a progressão é um direito
que o condenado tem e penso que a pena elevada, o tipo repug-
nante do crime praticado, as suas circunstâncias, se preenchido
o direito a um regime mais brando, não impedem o exame do
merecimento do pedido, notadamente quando se sabe que esse
benefício, de ordem pública que o Estado reconhece, tem o
mérito de permitir a reinserção do condenado ao meio social.
118 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

A pena tem o escopo fundamental de reeducar o detento.


Essa possibilidade de recuperação não pode ser afastada, pura
e simplesmente, pouco importando a natureza do crime pratica-
do, se cumprido o iter para o deferimento da progressão.
O recluso deve ter a oportunidade de provar a sua recupe-
ração para o convívio social, a sua reintegração enfim à socieda-
de. E o mecanismo para esse desiderato é a progressão.
Do contrário, de nada valeria esse instituto; seria um bene-
fício inútil.
Tenho verificado que as penas elevadas impostas a certos
condenados e a gravidade dos delitos perpetrados têm inibido
os juízes em direção à concessão dos favores da progressão.
Quando para essas hipóteses é que esse instituto mais se justifi-
ca, face à natureza pedagógica da pena e o verdadeiro sentido
da progressão.
Contudo, com todos os elementos preenchidos, inclusive
havendo consenso dos laudos quanto à plena recuperação do
paciente, maior revolta lhe causaria se lhe negasse o direito,
como o fez a decisão impugnada. A tão longe não vou para, em
casos como o presente, reconhecer o direito do paciente.
Pondo-me de acordo com as razões do voto do eminente
Relator, também eu defiro o writ para assegurar a progressão
postulada, nos termos do pedido.
VOTO
O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA (Presi-
dente): - Tenho tido sempre preocupação, em habeas corpus, de
não reexaminar questões de fato. Os casos de progressão no
regime de cumprimento da pena estão intimamente ligados a maté-
ria de fato, sob seus diversificados aspectos. No caso, como se
trata de progressão do regime fechado para o semi-aberto, acom-
HABEAS CORPUS 119

panharei o eminente Ministro-Relator, deferindo a progressão,


diante das circunstâncias anotadas no voto de S. Exa.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.689-6 - SP - Relator: Min. Marco Aurélio.
Pacte.: José Carlos Pires de Toledo. Imptes.: Sílvio Barbosa
Lino e Luciano Gomes de Queiroz Coutinho - C. A. XI de
Agosto e outro. Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado
de São Paulo.
Decisão: Por unanimidade, a Turma concedeu o habeas
corpus para deferir a progressão do paciente do regime fechado
para o semi-aberto. 2ª Turma, 11.3.97.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio
e Maurício Corrêa.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
120 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 121

“HABEAS CORPUS” Nº 74.770-1 - RJ - (JSTF - Volu-


me 229 - Página 299)
Primeira Turma (DJ, 11.04.1997)
Relator: O Sr. Ministro Sydney Sanches
Pacientes: Almir Fraccho Guanabarino e Antenor
Henrique da Silva
Impetrantes: Jair Leite Pereira e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
EMENTA: - DIREITO PROCESSUAL PENAL.
RECONSTITUIÇÃO DO CRIME: REPRODUÇÃO
SIMULADA (ARTIGO 7º DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL). INTIMAÇÃO DAS PARTES. NULIDADE. JÚRI.
“HABEAS CORPUS”.
1. Deferindo “Habeas Corpus” a um dos ora pacientes, o
TJRJ anulou o auto de reconstituição de crime, que havia sido
realizada sem a presença dos réus. Em conseqüência, determi-
nou que a outra se procedesse, “intimando-se as partes, advo-
gados de defesa e o Promotor de Justiça”. E estendeu o benefí-
cio ao co-réu.
2. Realizou-se nova reconstituição, que foi discutida em
Plenário do Tribunal do Júri.
3. E não havendo, nos autos deste “H.C.”, prova alguma
de que a primeira reconstituição, mesmo anulada, tenha sido
utilizada pela Acusação, nessa mesma discussão, sendo certo,
ademais, que nenhum registro se fez a esse respeito, nem mesmo
de qualquer protesto da defesa, não é de se reconhecer o alega-
do cerceamento.
122 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

4. É, ademais, o que se extrai de passagem do acórdão ora


impugnado, não tendo vindo para os autos a cópia da Ata do Júri.
5. “H.C.” indeferido. Decisão unânime.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em indeferir o pedido de “habeas
corpus”.
Brasília, 25 de fevereiro de 1997.
SYDNEY SANCHES, Presidente e Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - O ilustre Subprocurador-Geral da República Dr.
CLÁUDIO LEMOS FONTELES, no parecer de fls. 64/66,
resumiu a hipótese e, em seguida, opinou, nos termos seguintes:
“Ementa:
1. Não há ato a evidenciar ilícito constrangimento.
2. Indeferimento do pedido.
1. Os advogados Jair Leite Pereira e Alfredo Nobre de
Lima em favor de Almir Guanabarino e Antenor da Silva ajuízam
pedido de “habeas corpus”.
2. Sustentam nulidade insanável porque a Promotoria de
Justiça teria na sessão plenária do Júri feito veicular ante os
jurados auto de reconstituição, que fora anulado em decisão de
“habeas corpus”.
3. A impetração demonstra que, em pleito de “habeas
corpus”, efetivamente anulou-se reconstituição de crime proce-
dido sem a defesa (fls. 13/14).
HABEAS CORPUS 123

4. Mas o cerne de seu fundamento a impetração não de-


monstra.
5. Com efeito, imperioso era que a postulação demons-
trasse que durante a sessão protestara contra a alegada atitude
da Promotoria de Justiça, e que fizera constar tal protesto na Ata
da Sessão de Julgamento.
6. Isto, que é fundamental, por constituir-se em ônus de
provar o que alegado é, para que se possa dar guarida ao asse-
verado, não existe nos autos em exame.
7. Por isso, incensurável o correto trecho do acórdão
colegiado que tal ponto repeliu, verbis:
“... e o fato da mera alegação de que o Ministério Público
teria se referido a ela em Plenário, não enseja qualquer nulidade
e nem patenteia o alegado cerceamento de defesa, a uma porque
contra a sua permanência nos autos a defesa não se insurgiu, não
oferecendo qualquer protesto e, a duas, porque patente a ausên-
cia de prejuízo que deve presidir a alegada nulidade, até porque
observados os princípios do contraditório legal e da lealdade
processual. (vide: fls. 26).
8. Pelo indeferimento do pleito.”
É o Relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - 1. Acolho o parecer do Ministério Público federal.
2. Com efeito, ao deferir o HC nº 238/90, impetrado em
favor de um dos ora pacientes, ALMIR FRACCHO
GUANABARINO, a E. 2ª Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro anulou o auto de
reconstituição de crime, que havia sido realizada sem a presença
124 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

dos réus. Em conseqüência determinou que a outra se procedes-


se, “intimando-se as partes, advogados de defesa e o Promotor
de Justiça”. E estendeu o benefício ao co-réu ANTENOR
HENRIQUE DA SILVA (fls. 14).
3. Realizou-se nova reconstituição, que foi discutida em
Plenário do Tribunal do Júri (fls. 26).
E não há, nestes autos, prova alguma de que a primeira
reconstituição, mesmo anulada, tenha sido utilizada pela Acusa-
ção, nessa mesma discussão, sendo certo, ademais, que nenhum
registro se fez a esse respeito, nem mesmo de qualquer protesto
da defesa.
É o que se extrai de passagem do acórdão ora impugnado
(fls. 26), não tendo vindo para os autos a cópia da Ata do Júri.
4. Isto posto, indemonstrado prejuízo para a defesa, IN-
DEFIRO o pedido de “Habeas Corpus”.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.770-1 - RJ - Relator: Min. Sydney Sanches.
Pactes.: Almir Fraccho Guanabarino e Antenor Henrique da
Silva. Imptes.: Jair Leite Pereira e outro. Coator: Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 25.02.97.
Presidência do Senhor Ministro Sydney Sanches. Presen-
tes à Sessão os Senhores Ministros Octavio Gallotti, Celso de
Mello e Ilmar Galvão. Ausente, justificadamente, o Senhor Mi-
nistro Moreira Alves.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 125

“HABEAS CORPUS” Nº 74.782-5 - RJ - (JSTF - Volu-


me 229 - Página 302)
Primeira Turma (DJ, 27.06.1997)
Relator: O Sr. Ministro Ilmar Galvão
Paciente: Delson Fernando Di Susa
Impetrantes: Sérgio do Rêgo Macedo e Eduardo de
Vilhena Toledo
Coatora: Juíza Federal da 13ª Vara - Seção Judiciária do
Estado do Rio de Janeiro
EMENTA: - HABEAS CORPUS. PACIENTE RES-
PONSÁVEL PELA IMPORTAÇÃO DE ARMAMENTO DE
USO PRIVATIVO DAS FORÇAS ARMADAS, SEM AU-
TORIZAÇÃO DA AUTORIDADE COMPETENTE.
Configuração do ilícito do art. 12 da Lei nº 7.170/83 (que
define os crimes contra a segurança nacional).
Tipo penal que, contrariamente ao sustentado pelo
impetrante, não se confunde com o do art. 334, caput, do Códi-
go Penal.
Competência do Juiz Federal para julgamento da ação, em
primeiro grau, com recurso ordinário para o Supremo Tribunal
Federal. Art. 109, IV, c/c o 102, I, i, e II, b, da Constituição
Federal.
Prisão preventiva acertadamente decretada como garantia
da ordem pública (art. 312, primeira parte, do CPP).
126 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Habeas corpus conhecido e indeferido.


ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em conhecer do pedido de habeas
corpus, mas indeferi-lo.
Brasília, 13 de maio de 1997.
MOREIRA ALVES, Presidente - ILMAR GALVÃO,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
Trata-se de habeas corpus impetrado pelo advogado Sérgio do
Rego Macedo em favor de Delson Fernando Di Susa, sob a
alegação de que sofre ele constrangimento ilegal, consistente em
haver sido sua prisão preventiva decretada pelo MM. Juízo da
13ª Vara Federal do Rio de Janeiro, em processo criminal que,
não obstante instaurado para apuração de ato configurador do
crime do art. 334, I, do Código Penal - que admite fiança - foi
capitulado como crime do art. 12 da Lei de Segurança Nacional
(Lei nº 7.170/83), com o propósito abusivo de impedir o gozo
do mencionado benefício.
Sustenta o impetrante que a denúncia não desenha quadro
fático que induza haver o paciente agido por motivo político ou
com o fim de atingir os bens jurídicos relacionados no artigo
primeiro da referida lei, não se podendo falar, portanto, em
crime de segurança nacional.
Invoca precedentes da eg. Segunda Turma, relatados pelo
eminente Min. Maurício Corrêa, onde se assentou o entendi-
mento da inexistência de crime punido pela referida lei se o fato
HABEAS CORPUS 127

não revela um mínimo de aptidão objetiva para pôr em risco a


segurança nacional.
Alega, ainda, falta de fundamentação da custódia preventi-
va, não havendo sido demonstrada a necessidade da drástica
providência.
Com requerimento de medida liminar - indeferida - pediu
seja decretado o trancamento da ação penal e autorizada a
soltura do paciente.
Em suas informações (fl. 111) resume a autoridade
impetrada os principais fatos processuais e encaminha cópia de
informações prestadas em outros habeas corpus anteriormente
impetrados perante o TRF do Rio de Janeiro.
A douta Procuradoria-Geral da República, que se havia
manifestado no sentido da incompetência do Supremo Tribunal
Federal para o feito, instada a novamente pronunciar-se, em
face do art. 109, IV, c/c o art. 102, II, b, da CF, por meio de
parecer do Dr. Mardem Costa Pinto, opinou no sentido do
indeferimento do habeas corpus.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
Preliminarmente, é de reconhecer-se que, de acordo com a re-
gra do art. 102, II, b, da Constituição, o Supremo Tribunal
Federal é competente para julgar, em recurso ordinário, o crime
político, o qual, de outra parte, em primeiro grau, é julgado por
Juiz Federal.
Trata-se, de exceção à regra do art. 108, II, da Carta,
incidindo no caso, conseqüentemente, o art. 102, I, i, que prevê
a competência desta Corte para o julgamento do habeas corpus,
quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funci-
128 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

onário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do


Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância”.
Nesse sentido decidiu a eg. Segunda Turma, nos HHCC
73.451 e 73.452, que versaram questão análoga.
No presente caso, a denúncia assim descreveu e capitulou
os fatos ilícitos atribuídos ao paciente (fls. 93/95):
“O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL denuncia LA-
TINO DA SILVA FONTES e DELSON FERNANDO DI
SUSA, vulgo “Baiano”, qualificados às fls. 47 e 48, pelo fato de
terem, no mês de junho de 1995, introduzido em nosso territó-
rio, clandestinamente, 30.000 (trinta mil) cartuchos de munição
de procedência estrangeira, de importação proibida, próprios
para fuzis dos tipos AR-15 e AK-47, privativos das Forças
Armadas, que seriam vendidos pelos acusados aos traficantes
de tóxicos desta cidade (laudo pericial de fls. 32 a 37).
No dia 26 de junho de 1995, policias federais, no desdo-
bramento das investigações que visavam apurar o fornecimento
de armas e munições para o crime organizado, lograram apreen-
der a referida munição na sede da empresa SCAN EXPRESS,
rua Gruçaí, nº 379, Penha, nesta cidade, no momento em que o
acusado LATINO e seu comparsa RUBERNIL TOMAZ DA
SILVA acabavam de acondicioná-las em seus automóveis (auto
de prisão e apreensão às fls. 11 a 19 verso).
Nessa ocasião, Rubernil Tomaz da Silva sacou de uma
pistola e atirou contra os agentes que, defendendo-se, dispara-
ram contra o mesmo, matando-o (auto de resistência e apreen-
são às fls. 03).
No interior do automóvel de Rubernil, também conhecido
como Rubens, foi apreendida uma mensagem (auto de apreen-
são às fls. 18) acostada às fls. 36, destinada ao mesmo, repassa-
HABEAS CORPUS 129

da de Miami em 24 de junho de 1995, através do fax


305.654.2964, pela empresa MAXIMA INTC BUSINESS,
de propriedade do segundo acusado, Delson, conforme esclare-
ce o cartão juntado às fls. 26.
Tal mensagem, assinada por “Baiano”, vulgo do segundo
acusado, faz menção a uma carga de “bijouterias” que, além da
“coincidência” de ser transportada pela empresa SCAN, rua
Gruçaí, nº 379, Penha, local da apreensão, discrimina exatamen-
te como as munições estavam acondicionadas nas caixas, como
muito bem alertou a autoridade policial em seu relatório de fls.
50, 3º parágrafo.
Na organização criminosa o acusado Delson Fernandes Di
Susa foi quem, de Miami e através da sua empresa acima referi-
da, adquiriu a munição e a remeteu clandestinamente ao Brasil,
cuidando ainda dos detalhes do transporte interno da mesma até
o Rio de Janeiro.
Já ao primeiro denunciado, incumbiu-se, juntamente com
Rubernil, a tarefa de receber a munição no depósito da transpor-
tadora e depois, por certo, distribuí-la entre as quadrilhas de
traficantes de nossa cidade.
O envolvimento dos acusados com o narcotráfico é tão
fervoroso que, conforme apurou a Polícia e foi amplamente noti-
ciado nos jornais, no dia 27 de junho de 1995, quando da
inumação de Rubernil Tomaz da Silva, cúmplice dos mesmos,
abatido no local da apreensão, os traficantes do Morro da Pro-
vidência homenagearam-no impondo luto aos comerciantes da-
quele lugar, que tiveram de cerrar suas portas (relatório de fls. 50
e manchetes de fls. 28).
Que a munição destinava-se aos traficantes de tóxicos
desta cidade, é dedução lógica. O mais simplório habitante do
Rio de Janeiro sabe que os fuzis AR-15 e AK-47, próprios para
130 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

as munições apreendidas, são largamente utilizados por aqueles.


O bandido da esquina não usa tais armamentos.
Com um poder de fogo superior ao das forças policias, o
narcotráfico “manda e desmanda” nas favelas.
Ali, a polícia só entra com grande contingente; qualquer
evento, só com “autorização” do dono da “boca-de-fumo”.
Naqueles feudos, o traficante dita as regras e pune quem
as transgride, num arremedo de legislador, promotor e juiz. Um
pequeno furto cometido nas circunvizinhanças é reprimido com
um tiro numa das mãos.
As escolas e o comércio das redondezas têm seus horários
de funcionamento condicionados à aquiescência do
narcotráfico. Bata morrer um de seus “heróis”, para se impor o
“toque de cerrar portas”.
Em caso de operação policial, os traficantes escondem-se
nas casas dos humildes moradores da favela que, amordaçados
pela “lei do silêncio”, temerosos da represália, sufocando no
peito um grito angustiado, não têm outro remédio senão o de
acoitá-los.
Os traficantes de tóxicos, graças ao seu bem dotado arse-
nal, aliado à ineficiência do Poder Público, criaram nas favelas
um verdadeiro “Estado paralelo”. O nosso ordenamento jurídico
não vale para seus “súditos”.
A situação é tão caótica que se precisou lançar mão das
Forças Armadas, sem sucesso.
O quadro patético acima descrito é do conhecimento pú-
blico e, por sua notoriedade, independe de provas, nos termos
do art. 334, inc. I, CPC c/c o art. 3º, CPP.
A grande quantidade de munição apreendida, de altíssimo
poder destrutivo, era destinada a bandidos, cujo poderio bélico
HABEAS CORPUS 131

já superou, nefastamente, o das forças regulares de Segurança


Pública, colocando em risco os mais elementares e fundamentais
direitos do cidadão. Tais fatos evidenciam indiscutível lesão à
Soberania Nacional, com afronta ao Estado Democrático de
Direito.
Assim agindo, encontram-se os denunciados incursos nas
penas do art. 12, caput, da Lei 7.170, de 14 de dezembro de
1983.”
Alega o impetrante tratar-se, na espécie, de delito comum,
previsto no art. 334, I, do Código Penal, e que a prisão preven-
tiva fora decretada sem fundamentação razoável.
Quanto à primeira questão, é de reconhecer-se que a Lei
nº 7.170, após definir, no art. 1º os bens jurídicos por ela prote-
gidos (a integridade territorial e a soberania nacional; o regime
representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direi-
to; e a pessoa dos chefes dos Poderes da União), estabeleceu,
no art. 2º, a seguinte regra a ser aplicada, em hipótese de apa-
rente conflito de normas:
“Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como
crime no Código Penal, no Código Penal Militar ou em leis
especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta lei:
I - a motivação e os objetivos do agente;
II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos menciona-
dos no artigo anterior”.
Resta ver se tal ocorre relativamente ao crime do art. 12,
que está assim tipificado:
“Art. 12. Importar ou introduzir, no território nacional,
por qualquer forma, sem autorização da autoridade federal
competente, armamento ou material militar privativo das For-
ças Armadas.”
132 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

De sua vez, assim o crime de contrabando ou descaminho


o art. 334 do Código Penal:
“Art. 334 - Importar ou exportar mercadoria proibida ou
iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto
devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”.
Desnecessário muito esforço interpretativo para concluir
que se está diante de figuras delituosas diversas.
Para tanto, basta notar que no art. 334, dois são os delitos
punidos: o de importar ou exportar mercadoria proibida e o de
iludir o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada,
pela saída ou pelo consumo de mercadoria. No primeiro caso,
tem-se o contrabando propriamente dito, e, no segundo, o cha-
mado descaminho.
Nesse sentido, a lição de Magalhães Noronha e Heleno
Cláudio Fragoso, transcrita por Albano Silva Franco e outros,
em seu “Código Penal e sua interpretação jurisprudencial”, 5ª
ed., p. 3.181, os quais, de sua vez, após enumerar algumas
mercadorias que podem ser objeto de contrabando, por serem
de importação proibida (objeto obsceno, o impresso ou obra
contrafeita, a pólvora, à qual se pode acrescentar, entre outros,
o cigarro e o lança-perfume), sustentam o mesmo entendimento,
afirmando que “há descaminho na entrada de mercadoria não
proibida, sem pagamento dos impostos devidos...”, o que é
coisa absolutamente diversa.
Ora, o fato atribuído ao paciente não configura nem um
crime, nem outro. Não se subsume ao tipo - contrabando -
porque não se está diante de importação de mercadoria proi-
bida; nem de descaminho, posto que, de outra parte, não se
trata de mercadoria de livre importação que, eventualmente,
houvesse sido introduzida no País com burla do pagamento de
impostos.
HABEAS CORPUS 133

O que houve foi a importação de armamento militar sem


autorização da autoridade federal competente, fato específico
de que cuida o art. 12 da Lei nº 7.170/83, acima transcrito.
Assim sendo, não se pode falar, aqui, em concurso de nor-
mas, posto que diversos os fatos descritos nos dois dispositivos.
Ainda, entretanto, que o reverso se entendesse, e que a
importação de armamento militar privativo das Forças Armadas,
sem autorização da autoridade federal competente, pudesse
subsumir-se a ambos os dispositivos penais transcritos (art. 334
do Código Penal e art. 12 da Lei nº 7.170/83), não se poderia
perder de vista que o aparente conflito, antes de tudo, haveria de
ser resolvido pelo princípio segundo o qual “lex specialis derogat
legi generali”, seja em favor da última norma mencionada.
Em qualquer hipótese, não teria aplicação ao caso, a nor-
ma do art. 2º, da Lei nº 7.170/83, que tem por pressuposto,
conforme dessai de seu próprio texto, que o fato descrito como
delito no referido diploma legal esteja também criminalmente
tipificado no Código Penal, hipótese não configurada no caso
sob exame, em que, não havendo coincidência nas definições
abstratas contidas nos dispositivos confrontados, como já de-
monstrado, não resta espaço para incidência de norma destina-
da a afastar o bis in idem, como a de que se trata.
Não é por outro motivo que, segundo Celso Delmanto
(Código Penal Comentado, 3ª edição, p. 511),
“Quando a importação de certas coisas é especialmente
tipificada como crime autônomo (ex. tóxicos), o enquadramento
é na norma específica e não no crime de contrabando - Também
a importação de filmes pornográficos enquadra-se no art. 234
do CP e não neste art. 334...”
Na verdade, não se poderia ter por razoável um tratamen-
to jurídico-penal único para quem importa lança-perfume e para
134 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

quem introduz no território nacional armamento bélico em consi-


derável quantidade (cerca de 30.000 cartuchos), sem licença da
autoridade competente.
Ante tais considerações, não há dizer que a denúncia não
descreve crime, punido pela lei de segurança nacional.
Resta ver se a prisão preventiva foi decretada de modo
acertado.
A respectiva decisão foi proferida nestes termos (fls. 98):
“A sociedade vem há muito exigindo que as instituições
cumpram com seu dever e ofereçam aos cidadãos de bem,
condições de viver em segurança.
A Polícia Federal, ao apresentar as solicitações de diligên-
cia, vem de encontro aos anseios dessa mesma sociedade.
Avalizados pelo MPF, só cabe a este Juízo deferi-las a fim de
que o ciclo infernal de impunidade dos traficantes de armas
possa pelo menos conhecer uma interrupção.
Em conseqüência, em nome da ordem pública, ameaçada
pelo livre comércio de armas e munições decreto a prisão pre-
ventiva de DELSON FERNANDO DI SUSA”.
Diz o art. 312 do CPP, verbis:
“Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada
como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplica-
ção da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria”.
Trata-se de medida que é posta em prática em prol da
garantia da ordem pública quando objetiva evitar que o delin-
qüente prossiga em sua senda criminosa, seja, como ensina Júlio
Mirabete (Cód. de Proc. Penal Interpretado, S. Paulo, 94, p.
HABEAS CORPUS 135

377), “quer porque seja acentuadamente propenso à prática


delituosa, quer porque, em liberdade encontrará os mesmos es-
tímulos relacionados com a infração cometida”.
A decisão transcrita, conquanto não se possa ter por
modelar, em sua fundamentação, não deixa dúvida de que a
custódia preventiva, no caso, teve por suporte o referido fun-
damento, vale dizer, a garantia da ordem pública. Com efeito,
assentou-se ela, conforme se depreende de seu texto, na ne-
cessidade de “que o ciclo infernal de impunidade (rectius, de
crimes) dos traficantes de armas possa pelo menos conhecer
uma interrupção”.
Não merece, portanto, nenhuma censura.
Ante tais considerações, meu voto, com o parecer, é no
sentido de conhecer do habeas corpus, para o fim de indeferi-lo.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.782-5 - RJ - Relator: Min. Ilmar Galvão. Pacte.:
Delson Fernando Di Susa. Imptes.: Sergio do Rego Macedo e
Eduardo de Vilhena Toledo. Coatora: Juíza Federal da 13ª Vara
- Seção Judiciária do Estado do Rio de Janeiro.
Decisão: A Turma conheceu do pedido de habeas corpus
mas o indeferiu. Unânime. Ausente, ocasionalmente, o Senhor
Ministro Celso de Mello. Falou pelo paciente o Dr. Eduardo de
Vilhena Toledo e pelo Ministério Público Federal e
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal Batista.
1ª Turma, 13.05.97.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Celso de Mello e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
136 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 137

“HABEAS CORPUS” Nº 74.792-2 - SP - (JSTF - Vo-


lume 229 - Página 310)
Segunda Turma (DJ, 27.06.1997)
Relator: O Sr. Ministro Néri da Silveira
Paciente: José Maria Bazilato
Impetrante: Sônia Márcia Hase de Almeida Baptista
Coator: Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de
São Paulo
EMENTA: - Habeas Corpus. Prisão civil. 2. Bens pe-
nhorados. Dever do depositário quanto à sua conservação. 3.
Depósito de tratores e máquinas, que o perito, ao vistoriá-los,
os identificou como “tipo sucata para ferro velho”, encontran-
do-se expostas as peças restantes “ao sol e à chuva”. 4. Códi-
go Civil, art. 1.287. 5. Depositário tido como infiel no juízo
cível; é a este que cabe, em face das provas constantes dos
autos da ação própria, decidir se houve, ou não, depósito, e se
o depositário foi, ou não, infiel. Decisão insuscetível de
reapreciação em habeas corpus, porque pendente de exame
de fatos e provas. Precedente do STF, no HC 61.004-DF. 6.
Na hipótese em exame, no juízo cível competente, foi reconhe-
cida a efetiva situação de depositário do paciente, ut art. 1.287
do CCB, tendo-se, em face das provas, como demonstrado
que não restituiu os bens recebidos em depósito, descurando,
inclusive, de sua guarda regular. 7. Prisão civil decretada. 8.
Habeas Corpus indeferido.
138 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, na
conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade, indeferir o habeas corpus e cassar a liminar.
Brasília, 18 de fevereiro de 1997.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente e Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA (Relator):
- Cuida-se de ordem de habeas corpus, com pedido de medida
liminar, impetrada pela Dra. Sônia Márcia Hase de Almeida
Baptista, em favor de José Maria Bazilato, visando livrar o pacien-
te da prisão civil, decretada pelo prazo de 3 meses.
Alega a impetrante, em síntese, que o auto de penhora não
descreveu o estado em que se encontravam os bens penhora-
dos, bem assim que a decretação da prisão só se justifica quan-
do os bens penhorados forem desviados pelo depositário. Assi-
nala, ainda, a impetrante “que não houve o desvio de bens e -
sim - a deterioração dos bens penhorados” (fls. 10), o que
tornaria injustificável a prisão do seu constituinte por 90 dias.
Requisitadas as informações, quando ainda em tramitação
o feito no âmbito do STF, onde inicialmente impetrada a ordem,
prestou-as o ilustre Presidente do Primeiro Tribunal de Alçada
Civil do Estado de São Paulo, com o ofício de fls. 212/213,
deste teor:
“Tenho a honra de prestar a Vossa Excelência as informa-
ções solicitadas pelo Ofício nº 661/S5T, protocolizado nesta
Secretaria em 26 de setembro p. passado, para instruir o
“Habeas Corpus” nº 5.030/SP (Regimento nº 96/54052-7), em
que figuram como impetrante SÔNIA MÁRCIA HASE DE
HABEAS CORPUS 139

ALMEIDA BAPTISTA e como paciente JOSÉ MARIA


BAZILATO.
Em execução de título extrajudicial ajuizada por BANCO
DO BRASIL S/A contra TRANSPORTADORA FLORESTA
DE JUQUIÁ LTDA. e OUTROS, houve penhora de máquinas
e equipamentos oferecidos em penhor cedular, figurando como
depositário o ora paciente.
Promovida a avaliação dos bens, sobreveio estimativa de
valores de sucata para ferro velho, ante o seu estado de conser-
vação.
Instado o depositário a prestar informações, esclareceu
que, além de os bens já se encontrarem em mau estado, quando
da constrição, permaneceram depositados em imóvel de tercei-
ros, em ambiente aberto, acarretando a deterioração testificada
pelo Sr. Perito.
O MM. Juiz “a quo” entendendo insuficientes as informa-
ções prestadas para elidir a responsabilidade do depositário,
acolheu pedido do exeqüente e decretou a sua prisão civil, pelo
prazo de 3 (três) meses.
Impetrado “Habeas Corpus” perante este Tribunal, pro-
cessou-se com liminar. A final, denegada a ordem por acórdão
unânime da Egrégia Quarta Câmara, com trânsito em julgado.
Interpôs-se, também, agravo de instrumento com provimento
negado, pelos motivos expostos no “Habeas Corpus” acima
referido.
Publicada a decisão do v. acórdão em 21 de agosto passa-
do, houve recurso especial que se encontra aguardando exame
de admissibilidade.
Para melhor instruir o presente, encaminho a Vossa Exce-
lência cópia reprográfica dos vv. Acórdãos proferidos no
140 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

“Habeas Corpus” e no agravo de instrumento,


supramencionados.
Na expectativa de haver prestado satisfatoriamente as in-
formações solicitadas, renovo a Vossa Excelência os protestos
da minha alta estima e mais distinta consideração.”
Em despacho exarado às fls. 233, deferi a liminar pleiteada
“tão-só para que não se execute a ordem de prisão civil do
paciente, até o julgamento final deste habeas corpus”, “tendo em
conta os termos da inicial (fls. 4/5 e 14/15)”.
Com a remessa dos autos à Procuradoria-Geral da Repú-
blica, veio a estes o parecer de fls. 243/247 no sentido do
indeferimento do pedido.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO NÉRI DA SILVEIRA
(Relator): - Sustenta o paciente que os bens penhorados, de que
ficou depositário, “não foram desviados e se encontram deposi-
tados em oficina mecânica, foram avaliados e não cabe culpa
alguma se estes bens, estando com mais de vinte anos de uso,
transformaram-se em sucata e assim considerados, vieram a ser
avaliados” (fls. 9). Noutro passo, a inicial acrescenta (fls. 11): “O
que resta até então incontroverso é que o impetrante é depositá-
rio e não fraudou o Instituto, não prejudicou a garantia do juízo,
agindo corretamente e estritamente do que exige a Lei Processu-
al Civil, já que este não prevê a condição de ter ele que melhorar
o estado de conservação do bem, por isso que submetido à
regra do art. 1.287 do Código Civil, que estabelece:
“Art. 1.287 - Seja voluntário ou necessário o depósito, o
depositário que o não restituir, quando exigido, será compelido a
fazê-lo, mediante prisão não excedente a um ano, e ressarcir dos
prejuízos (art. 1.273)”
HABEAS CORPUS 141

O acórdão da Corte indigitada coatora está assim


ementado (fls. 194):
“Penhora. Dever do depositário quanto à conservação
dos bens constritos. Descuido certificado pelo perito. Decreto
de prisão. Admissibilidade.”
O aresto em foco assim fundamentou o improvimento do
agravo de instrumento, utilizando motivação da mesma Turma,
em Habeas Corpus, às fls. 195/197, verbis:
“Pelos mesmos motivos adotados nos autos do processo
de Habeas Corpus, que seguem transcritos, entende a turma
julgadora de improver o agravo.
“Conforme Auto de Penhora, por cópia às f. 55, assim se
descreviam os bens depositados judicialmente: 1) um trator de
rodas, marca Ford, mod. 6600, ano 1981, motor
70A217M23A; 2) um trator marca Massey Ferguson, mod.
85X, ano 1976, motor 248BA3658; 3) um trator marca Massey
Ferguson, mod. 85X, ano 1976, motor 02260406864, com
rodas pneumáticas; 4) um trator marca Massey Ferguson, mod.
95X, ano 1975, motor 357B24938, com rodas pneumáticas; 5)
um trator marca Massey Ferguson, mod. 95X, ano 1975, motor
702B10015; 6) um trator marca Massey Ferguson, mod. 95X,
ano 1976, motor 189B21711, com rodas pneumáticas; 7) um
trator de esteiras marca Fiat/Allis, mod. AD14C, chassi
AD140011313, motor 3002358.
Sete máquinas, portanto, perfeitamente identificadas e in-
dividualizadas.
Ao periciá-las, encontrou o vistor vestígios de seis tratores
tracionados a pneus e a esteira, totalmente desmontados e, não
conseguindo identificar as peças pelo estado em que se encon-
travam (expostas ao sol e à chuva), qualificou o acervo como
“tipo sucata para ferro velho, no valor de R$ 10.000,00” (f. 78).
142 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Não se nega que a sucata encontrada possa ser a dos


tratores penhorados.
Mas é inegável o desaparecimento da coisa depositada,
aparecendo em seu lugar nada senão meras peças de ferro ve-
lho, sem qualquer identificação com os bens depositados.
Em outras palavras, o depositário não colocou à disposi-
ção da Justiça os mesmos bens que lhe foram confiados. Em
lugar dos tratores ofereceu sucata, significando dizer que ou
apresentou coisas diversas ou os restos das máquinas constritas.
Nesta segunda hipótese, descurou dos deveres de fidelidade,
deixou de conservar os bens que lhe foram confiados. E isso ele
mesmo confessa, pois atribuiu os danos e a deterioração à ação
do tempo e de terceiro, a quem transferiu a guarda das coisas.
Não lhe aproveita argumentar, na esteira de julgado que
transcreve às f. 08, que a responsabilidade do depositário, nes-
tes casos, se circunscreve à composição dos prejuízos. Outro é
o comando da lei:
Seja voluntário ou necessário o depósito, o depositário,
que não o restituir, quando exigido, será compelido a fazê-lo
mediante prisão não excedente a um ano, e a ressarcir os preju-
ízos (CC., art. 1.287).
Como se vê, a prisão e o ressarcimento são concorrentes.
Outro, aliás, não foi o entendimento desta Câmara no
Agravo de Instrumento nº 648.315-2, da qual participaram este
relator e os Juízes Octaviano Lobo e Térsio Negrato:
Penhora - Dever do depositário quanto à conservação dos
bens constritos - Descuido certificado - Decreto de prisão -
Admissibilidade.” Anota, à sua vez, a Procuradoria-Geral da
República, às fls. 246:
HABEAS CORPUS 143

“10. O ora paciente, sabedor de que os bens estavam a


garantir processo de execução, deixou de conservá-los como
lhe incumbia. Se o paciente não estava suportando o encargo
deveria ter comunicado o magistrado para que fossem adotadas
as medidas cabíveis.
11. Sua omissão propiciou o perecimento dos bens, sendo
a prisão civil corretamente decretada.”
Já em 1983, no HC 61.004-DF, esta Turma, relator o
ilustre Ministro Moreira Alves, por unanimidade, decidiu em
aresto, com a seguinte ementa (RTJ 109/82):
“Habeas Corpus. Prisão Civil. Depositário tido como infi-
el no juízo cível.
- É ao juízo cível que cabe, em face das provas constantes
dos autos da ação própria, decidir se houve, ou não, depósito, e
se o depositário foi, ou não, infiel. Tais decisões, evidentemente,
não podem ser reexaminadas em habeas corpus.
- Ora, no caso, admitida, no juízo competente, a qualidade
de depositário infiel, não há ilegalidade na decretação de prisão
civil, que a qualquer instante, pode ser ilidida pela devolução da
coisa depositada ou do equivalente em dinheiro.
- Habeas corpus indeferido.”
Como é bem de ver, no caso, não se cuida de hipótese que
tem ensejado discussão na Corte acerca do depositário infiel,
em alienação fiduciária em garantia, ut Decreto-Lei nº 911/1969,
que altera o art. 66 da Lei nº 4.728/1965. Também é diversa a
situação da que constituiu objeto de julgamento, nesta Turma, na
assentada de 22.10.1996, no HC 74.383-9-MG, quando o
impetrante sustentou que “a relação concretizada entre o estabe-
lecimento bancário e os pacientes não caracteriza depósito pró-
prio, regular, seja porque tratava de coisas fungíveis, como se
144 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

referia a coisas futuras (frutos pendentes)”, acrescentando que


“esses bens eram pura expectativa, não restando configurado,
no entender do impetrante, contrato de depósito enquadrável na
hipótese prevista no item LXVII, do art. 5º, da Lei Maior”.
No caso concreto, no juízo cível competente, foi reconhe-
cida a efetiva situação de depositário do paciente, ut art. 1.287
do CCB, tendo-se, em face das provas, como demonstrado que
não restituiu os bens recebidos em depósito, descurando-se o
paciente, inclusive, de sua guarda regular. Essa matéria não cabe
ser reapreciada, em habeas corpus.
Do exposto, indefiro o habeas corpus e casso a liminar.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.792-2 - SP - Relator: Min. Néri da Silveira.
Pacte.: José Maria Bazilato. Impte.: Sônia Márcia Hase de
Almeida Baptista. Coator: Primeiro Tribunal de Alçada Civil do
Estado de São Paulo.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus e cassou a liminar. 2ª Turma, 18.02.97.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio
e Maurício Corrêa.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
HABEAS CORPUS 145

“HABEAS CORPUS” Nº 74.828-7 - MG - (JSTF -


Volume 229 - Página 315)
Segunda Turma (DJ, 25.04.1997)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Marcelo Alves Dias
Impetrante: Ângela Risi Rocha dos Santos
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
EMENTA: - HABEAS CORPUS. CRIME DE TRÁFI-
CO DE ENTORPECENTES: CONDENAÇÃO EM SE-
GUNDA INSTÂNCIA. PEDIDO PARA AGUARDAR EM
LIBERDADE O JULGAMENTO DO RECURSO ESPECI-
AL INTERPOSTO, COM BASE NO ART. 2º, § 2º, DA LEI
DOS CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/90) E NO ART.
5º, LVII, DA CONSTITUIÇÃO.
1. A previsão contida no § 2º do art. 2º da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90), segundo a qual “em caso de sen-
tença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
poderá apelar em liberdade” aplica-se, apenas, às instâncias
ordinárias, pois cuida da sentença e da apelação, não incluindo
os recursos de índole extraordinária (especial e extraordinário).
2. A contradição entre o caput do art. 35 da Lei nº 6.368/
76 - Lei de Tóxicos -, que proíbe ao réu incurso nos arts. 12 e
13 apelar em liberdade, e o § 2º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 -
Lei dos Crimes Hediondos, a qual inclui entre eles o crime de
tráfico de entorpecentes -, que prevê a possibilidade do réu
146 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

apelar em liberdade, está contida no mesmo texto legal, porque


o art. 10 da Lei nº 8.072/90 manteve expressamente o caput do
art. 35 da Lei nº 6.368/76.
Assim sendo, não se pode falar em derrogação. Desta
forma, a interpretação que se pode dar para compatibilizar as
duas normas em conflito, no mesmo texto legal, é a de que para
os crimes previstos nos arts. 12 e 13 da Lei de Tóxicos continua
vigorando a regra geral proibindo que tais réus apelem em liber-
dade, mas agora não mais em caráter absoluto como era antes
do advento da Lei nº 8.072/90, podendo doravante o juiz, ex-
cepcionalmente e em decisão fundamentada, permitir que tais
réus apelem em liberdade, a qual por sua vez, é a regra geral
para os demais crimes considerados hediondos.
Desta forma e com maior razão não se pode conceder ao
paciente o especial privilégio de recorrer extraordinariamente
em liberdade: não existe previsão legal para tanto.
3. É da reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-
deral que os recursos de índole extraordinária, como o especial
e o extraordinário, só podem ser recebidos no efeito devolutivo,
e não no suspensivo (art. 27, § 2º, da Lei nº 8.038/90), razão
pela qual é legítima a execução provisória do julgado
condenatório, não havendo incompatibilidade com o que dispõe
o art. 5º, LVII, da Constituição.
3. Habeas corpus conhecido, mas indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, indeferir o habeas
corpus.
HABEAS CORPUS 147

Brasília, 25 de fevereiro de 1997.


NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de habeas corpus impetrado pela advogada Ângela Risi
Rocha dos Santos em favor de Marcelo Alves Dias, onde afirma
que o paciente está sofrendo coação ilegal por ato da Primeira
Câmara do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
praticado ao reformar, no julgamento de apelação interposta
pelo Ministério Público, a sentença absolutória da Juíza de Direi-
to de Itabirito e condená-lo às penas de três anos de reclusão
(mínimo legal) e de cinqüenta diárias, como incurso nas sanções
do art. 12 da Lei de Tóxicos (Lei nº 6.368/76) e, ao mesmo
tempo, mandar expedir mandado de prisão em seu desfavor.
Invocando art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90 e o art. 5º, LVII, da
Constituição, pede que o paciente aguarde em liberdade o julga-
mento do recurso especial interposto (fls. 2/4), o qual está sub-
metido ao juízo de admissibilidade desde 11.12.96 (fls. 53).
Junta documentos (fls. 5/22).
2. A impetração foi originariamente dirigida ao Tribunal de
Justiça mineiro, que instruiu o processo (fls. 23/42), declarou sua
incompetência e encaminhou os autos a esta Corte (fls. 43/45).
3. Vêm aos autos as informações prestadas pelo
Desembargador-Relator no Tribunal coator (fls. 53/54), acom-
panhadas de documentos (fls. 55/74).
4. Manifesta-se o Ministério Público Federal, em parecer
do Subprocurador-Geral da República em exercício Edson Oli-
veira de Almeida, que, entendendo que se trata de pedido de
atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial interposto,
opina pelo não conhecimento do pedido e pela remessa dos
148 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

autos ao Superior Tribunal de Justiça (fls. 76/78), mas ressalva


no final que, in verbis:
“4. De qualquer forma, o recurso especial e o recurso
extraordinário não têm efeito suspensivo quanto à prisão (art.
27, § 2º, da Lei nº 8.038/90), constrição que, in casu, independe
de demonstração do periculum libertatis, presumido ex lege.
Aliás, o Supremo Tribunal Federal, em vários precedentes, já
afastou a alegação de incompatibilidade deste dispositivo, com a
presunção de não-culpabilidade inscrita no art. 5º, LVII, da
Constituição Federal.”
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Senhor Presidente, não há, na inicial, pedido de
efeito suspensivo ao recurso especial interposto e submetido ao
juízo de admissibilidade. O que nela diviso é o pedido para que o
paciente aguarde em liberdade o processamento do recurso es-
pecial, com base em dois fundamentos: art. 2º, § 2º, da Lei nº
8.072/90 e art. 5º, LVII, da Constituição.
2. O primeiro argumento invocado, contido na Lei dos
Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), diz respeito à norma se-
gundo a qual “em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade” (art.
2º, § 2º).
Com relação a esta disposição legal, faço duas observa-
ções.
2.1 A primeira no sentido de que esta disposição legal só
tem aplicação às instâncias ordinárias, pois trata da sentença e
da apelação, não incluindo os recursos de índole extraordinária:
extraordinário e especial; desta forma, não há como albergar
HABEAS CORPUS 149

aqui a pretensão da impetrante que pretende vê-la aplicada ao


recurso especial.
2.2 A segunda é relativa ao que dispõe o caput do art. 35
da Lei de Tóxicos (Lei nº 6.368/76), ao não permitir que, para
os crimes previstos nos arts. 12 e 13 da mesma Lei, o réu apele
em liberdade.
Examino a contradição existente entre estas duas disposi-
ções legais para compatibilizá-las no sistema jurídico. Dizia o art.
35 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), na redação original, in
verbis:
“Art. 35. O réu condenado por infração dos artigos 12 e
13 desta Lei não poderá apelar sem recolher-se à prisão.”
Posteriormente, com o advento da Lei dos Crimes Hedi-
ondos (Lei nº 8.072/90), a qual incluiu entre eles o crime de
tráfico de entorpecentes, surgiu o § 2º do art. 2º, que assim
dispõe, in verbis:
“Art. 2º ...
...
§ 2º - Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
...”
Ocorre que esta mesma Lei, no seu art. 10, manteve ex-
pressamente o caput do art. 35 da Lei de Tóxicos, ao introduzir-
lhe um parágrafo único nos seguintes termos, in verbis:
“Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de
1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a
seguinte redação:
“Art. 35. ..............................
150 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capítulo


serão contados em dobro quando se tratar dos crimes previstos
nos arts. 12, 13 e 14.”
Desta forma, passaram a conviver no sistema jurídico duas
normas quanto à situação prisional do réu para apelar quando
incurso nos arts. 12 e 13 da Lei de Tóxicos: uma determinando
seu obrigatório recolhimento à prisão e outra determinando ao
Juiz decidir sobre a questão fundamentadamente. Como ambas
integram o mesmo texto legal, não se pode falar que houve
revogação, derrogação, ab-rogação ou qualquer outro fenôme-
no equivalente.
A interpretação que se pode dar para compatibilizar estas
normas em conflito, é a de que para os crimes previstos nos arts.
12 e 13 da Lei de Tóxicos continua vigorando a regra geral
proibindo que tais réus apelem em liberdade, mas agora não
mais em caráter absoluto como era antes do advento da Lei nº
8.072/90, podendo doravante o juiz, excepcionalmente e em
decisão fundamentada, permitir que tais réus apelem em liberda-
de, a qual, por sua vez, é a regra geral para os demais crimes
considerados hediondos.
Destas considerações resulta que o paciente, incurso no
art. 12 da Lei de Tóxicos, além de não ter direito público subje-
tivo para apelar em liberdade, também não o tem para recorrer
extraordinariamente em liberdade, neste caso por falta de previ-
são legal.3. O segundo argumento do impetrante, com respaldo
no art. 5º, LVII, da Constituição, tem sido reiteradamente afas-
tado por esta Corte; lembro, a propósito, a recente decisão
desta Turma tomada no HC nº 73.990-3-RS, da minha relatoria,
in DJU de 25.10.96, assim ementado, in verbis:
“EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE TRÁFI-
CO DE ENTORPECENTES. EFEITO APENAS
HABEAS CORPUS 151

DEVOLUTIVO DE RECURSOS DE ÍNDOLE EXTRAOR-


DINÁRIA: POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO PROVISÓ-
RIA DA DECISÃO CONDENATÓRIA.
1. É da reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-
deral que os recursos de índole extraordinária, como o especial
e o extraordinário, só podem ser recebidos no efeito devolutivo,
e não no suspensivo, razão pela qual é legítima a execução
provisória do julgado condenatório.
2. Ademais, se não é permitido que os condenados como
incursos nos arts. 12 e 13 da Lei de Tóxicos apelem em liberda-
de (art. 35 da Lei nº 6.368/76), com maior razão não se lhes
pode conceder o especial privilégio de recorrerem extraordina-
riamente sem recolherem-se à prisão.
3. Habeas corpus conhecido, mas indeferido.”
Isto posto e acolhendo a parte final do parecer do Ministé-
rio Público Federal, conheço do pedido, mas indefiro a ordem
impetrada.
EXTRATO DE ATA
HC n. 74.828-7 - MG - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Marcelo Alves Dias. Impte.: Ângela Risi Rocha dos San-
tos. Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus. 2ª Turma, 25.02.97.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio
e Maurício Corrêa.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Wagner Amorim Madoz, Secretário.
152 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 153

(JSTF - Volume 240 - Página 346)


“HABEAS CORPUS” Nº 77.275-4 - RS
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Ilmar Galvão
Paciente: Osmar Gasparini Terra
Impetrante: Fernando Buss
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
EMENTA: - HABEAS CORPUS. INTIMAÇÃO. PAU-
TA DE JULGAMENTO. FRUSTRAÇÃO DO DIREITO À
SUSTENTAÇÃO ORAL. LEI Nº 8.038/90, ART. 6º, § 1º.
O defensor do réu deve ser intimado de todos os atos do
processo em ambas as instâncias.
Implica nulidade da intimação e, conseqüentemente, do jul-
gamento da queixa-crime, se o nome do defensor não constou da
publicação, na imprensa oficial, da pauta, bem como do acórdão,
frustrando o direito à sustentação oral e de recorrer do acórdão
lavrado em face da decisão que recebeu a queixa-crime.
Habeas corpus deferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em deferir o pedido de habeas
corpus, nos termos do voto do Relator.
154 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Brasília, 02 de junho de 1998.


MOREIRA ALVES, Presidente - ILMAR GALVÃO,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
Trata-se de habeas corpus impetrado em benefício de Osmar
Gasparini Terra, visando desconstituir acórdão do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que recebeu queixa-
crime movida por José Junges, por haver, quando no desempe-
nho de mandato de Prefeito do Município de Santa Rosa - RS,
feito declarações injuriosas à honra da vítima, em entrevista
radiofônica.
O constrangimento ilegal, segundo o impetrante, residiria
no fato de o julgamento haver-se realizado, bem como a publi-
cação do respectivo acórdão, sem a intimação do defensor que
assiste o paciente, frustrando o direito de promover sustentação
oral na sessão de julgamento e de oferecer o competente recur-
so contra a decisão de recebimento da queixa.
O writ foi impetrado originariamente perante o Superior
Tribunal de Justiça, que remeteu os autos a esta Corte, após
indeferida a liminar.
Estando os autos instruídos com as peças necessárias, dis-
pensei as informações, remetendo-os para o Ministério Público
Federal, que se manifestou, em parecer do ilustre
Subprocurador, em exercício, Edson Oliveira de Almeida, pelo
deferimento do pedido.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
A impetração aponta nulidade de duas intimações efetuadas
HABEAS CORPUS 155

pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: a da


pauta de julgamento e a do acórdão que recebeu a queixa-
crime. Sustenta que as intimações deveriam ter sido feitas em
nome do ora impetrante, defensor que assiste o paciente e que
ofereceu a resposta escrita de fls. 160/200, para possibilitar a
oportunidade de promover sustentação oral, a teor do que dis-
põe a Lei nº 8.038/90, em seu art. 6º, § 1º, bem como recorrer
da decisão.
A meu ver, tem razão o impetrante.
Com efeito, conforme comprovam os documentos de fls.
284 e 318, o nome do advogado do paciente não constou da
publicação da pauta de julgamento nem, tampouco, do acórdão
lavrado em face da decisão que recebeu a queixa-crime.
Ora, a intimação do defensor que funcionou no processo
perante aquela Corte se impunha tanto em relação à inclusão em
pauta da Queixa-Crime nº 696.803.626 como para ciência da
decisão recorrível. A falta de intimação a que alude a lei enseja a
nulidade do julgamento.
Aliás, como ponderou o parecer da Procuradoria-Geral
da República, “está evidenciada a frustração do direito da parte
à sustentação oral (HC 69.142-SP, Rel. Min. Sepúlveda Perten-
ce, DJU 10.04.92), o que é causa de nulidade, pois, como
resumiu o eminente Ministro Celso de Mello, na ementa do HC
71.551-MA, o “desrespeito estatal ao direito do réu à sustenta-
ção oral atua como causa geradora da própria invalidação for-
mal dos julgamentos realizados pelos Tribunais” (DJU
06.12.96).”
Em face disso, defiro o habeas corpus para anular o julga-
mento da queixa-crime e determinar que outro seja realizado,
com a regular intimação da defesa do paciente.
É como voto.
156 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

EXTRATO DE ATA
HC n. 77.275-4 - RS - Relator: Min. Ilmar Galvão. Pacte.:
Osmar Gasparini Terra. Impte.: Fernando Buss. Coator: Tribu-
nal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator. Unânime. 1ª Turma, 02.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 157

“HABEAS CORPUS” Nº 77.216-8 - RO - (JSTF -


Volume 240 - Página 342)
Primeira Turma (DJ, 21.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence
Paciente: Claudenilson Alves
Impetrante: Ruben Cândido e Silva
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia
EMENTA: - I. Transação penal (L. 9.099/95): hipótese de
conciliação pré-processual, que fica preclusa com o oferecimen-
to da denúncia ou, pelo menos, com o seu recebimento sem
protesto, se se admite, na hipótese, a provocação do Juiz ao
Ministério Público, de ofício ou a instâncias da defesa.
II. Transação penal: inaplicabilidade ao processo por cri-
me de abuso de autoridade, que se sujeita a procedimento espe-
cial (L. 4.898/65).
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 23 de junho de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SEPÚLVEDA PER-
TENCE, Relator.
158 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
As informações do il. Desemb. Dimas da Fonseca, do Tribunal
de Justiça de Rondônia, sintetiza o caso e pondera - f. 31:
“CLAUDENILSON ALVES, Policial militar regularmen-
te qualificado, foi denunciado e processado porque, no dia 14
de maio de 1995, por volta das 16:30 horas, após prender em
flagrante a vítima Márcio Rogério Fernandes por briga conjugal,
no caminho da delegacia desferiu socos e golpes de bastão na
vítima, causando-lhe as lesões corporais descritas no laudo em
anexo.
Processada a instrução do feito, com a oitiva das testemu-
nhas, e apresentadas as alegações finais das partes, sobreveio
sentença condenatória, aplicando ao paciente as penas de de-
tenção por 90 dias, e 10 dias-multa, no valor de 1/30 do salário
referência, além da pena acessória de suspensão do exercício do
cargo de Policial Militar por um ano, pela prática do crime pre-
visto no art. 3º, alínea “i”, da Lei n. 4.898/65.
Irresignada, a defesa apelou, cujo recurso foi conhecido e
não provido, à unanimidade, pela Câmara Criminal desta egrégia
Corte, momento em que restou motivado o porquê da não con-
cessão da suspensão condicional do processo, prevista no art.
89 da Lei n. 9.099/95.
Naquela ocasião justificou-se que, além do paciente con-
fessar já ter recebido o benefício da referida lei em outro proces-
so-crime (interrogatório em anexo), a certidão do Cartório Dis-
tribuidor local - em anexo - registra seu envolvimento em vários
delitos, dentre eles, dois homicídios, todos esses fatos ocorridos
posterior ao caso em exame.
Transitado em julgado o acórdão, o feito seguiu para a
execução, a ser processada no juízo de origem, onde, em 21 de
HABEAS CORPUS 159

maio do corrente, o paciente formulou pedido de conversão da


pena privativa de liberdade em restritiva de direito, com lastro no
art. 44 do CP, sendo que a deliberação a respeito aguarda tão-
só a manifestação do Ministério Público.
No presente mandamus, o impetrante pretende a conver-
são da pena privativa de liberdade para a restritiva de direito,
consistente em prestação de serviço à comunidade, asseverando
que o crime praticado pelo paciente admite a transação prevista
na Lei nº 9.099/95.
Permissa venia Excelência, a pretensão do impetrante
improcede, porquanto o crime pelo qual se viu processado e
condenado foi o de abuso de autoridade, cuja Lei nº 4.898/65
prevê rito especial, o que refoge do âmbito de aplicação da Lei
9.099/95, consoante dispõe seu artigo 61.”
De sua vez, a Procuradoria-Geral, pelo il. Subprocurador-
Geral, Wagner Batista, emitiu o seguinte parecer - f. 56:
“Ilustre advogado impetra pedido originário de habeas
corpus em favor de CLAUDENILSON ALVES alegando estar
ele a sofrer manifesto constrangimento ilegal vez ter-lhe sido
negado pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia
aplicação do benefício previsto no artigo 76 da Lei nº 9.099/95,
ou seja: transação, eis que foi condenado pelo MM. Juiz de
Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Vilhena, RO, por
crime previsto no art. 3º, letra “i”, da lei nº 4.998/65, a pena
privativa de liberdade de 90 dias de detenção.
Vê-se dos autos que a apelação interposta foi total, eis que
não restringiu o então apelante sua extensão. Nas razões somen-
te argumentou acerca do mérito da condenação nada alegando
quanto a eventual aplicação da lei nº 9.099/95 (fls. 11/12).
Como preliminar, o impetrado examinou a aplicação ou
não instituto da lei nº 9.099/95, a suspensão do processo, pre-
160 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

visto no art. 89, para afastá-lo, face a existência comprovada de


submissão do réu a outras ações penais.
A matéria, ora debatida, não foi objeto de pedido ou de
exame. Entretanto, como a apelação devolveu integralmente o
conhecimento de mérito ao impetrado poderia ele ter examinado
de ofício a questão. Assim, mesmo não o fazendo seria a autori-
dade coatora o que possibilita o conhecimento do presente pe-
dido.
No mérito, temos que sem razão o impetrante.
Ao delito de abuso de autoridade previsto na lei 4.898/65,
no art. 3º, “i”, aplica-se o procedimento previsto na mesma lei,
em seus artigos 12/27, que é especial.
Como a transação aplica-se, somente, às infrações penais
de menor potencial ofensivo, excetuados os casos em que a lei
preveja procedimento especial (art. 61 da lei nº 9.099/95), não
há que se falar em direito a transação prevista no art. 76 da
mesma lei.Pelo exposto, não vislumbrando mácula a ser repara-
da na via eleita, opina o Ministério Público Federal pelo
indeferimento da ordem.”
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
(Relator): - Embora negue os antecedentes criminais aventados
no acórdão local para negar-lhe a suspensão condicional do
processo, nela não insiste a defesa do paciente, nesta
impetração.
O que se pretende é a transação penal, cogitada no art. 76
da Lei dos Juizados Especiais. Mas sua inadmissibilidade no
caso, mormente após o trânsito em julgado da condenação, é
patente.
HABEAS CORPUS 161

Certo, a circunstância de ser o fato, de 14.5.95, anterior à


L. 9.099, de 26.9.95, opõe a impetração a garantia constitucio-
nal da retroatividade in melius da lei penal, em tese, pertinente.
Mas, a transação penal de que cogita o art. 76 da Lei é
hipótese de conciliação pré-processual, cuja oportunidade fica
preclusa com o oferecimento da denúncia ou, pelo menos, com
o seu recebimento sem protesto, se se admite, na hipótese, a
provocação do Juiz ao Ministério Público, de ofício, ou a instân-
cias da defesa.
De qualquer sorte, procederia a objeção aventada nas
informações do Tribunal coator, endossadas pelo parecer do
Ministério Público.
Ao contrário do que sucede, por exemplo, com a suspen-
são condicional do processo, que - malgrado instituída na Lei
dos Juizados Especiais - é de aplicação ampla a quaisquer deli-
tos compreendidos no seu art. 89, a transação penal de qua é
restrita às infrações penais de menor potencial ofensivo, confia-
dos à sua competência na conformidade das diretrizes do art. 98
da Constituição: ora, de seu âmbito, o art. 61 da lei subtraiu -
independentemente da pena reduzida - os casos para os quais se
preveja outro procedimento especial.
Por isso, v.g., a Turma já reputou inadmissível a transação
da L. 9.099 aos processos por crimes contra a honra (HC
75.386, 3.6.97, Moreira Alves, Informativo 74).
De tudo, indefiro o habeas corpus: é o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 77.216-8 - RO - Relator: Min. Sepúlveda Pertence.
Pacte.: Claudenilson Alves. Impte.: Ruben Cândido e Silva.
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 23.06.98.
162 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 163

“HABEAS CORPUS” Nº 77.041-3 - MG - (JSTF -


Volume 240 - Página 338)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Ilmar Galvão
Paciente: Alanclay Nunes Pereira
Impetrante: Reginaldo Márcio Pereira
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
EMENTA: - HABEAS CORPUS. APELAÇÃO. MI-
NISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. SENTENÇA QUE
HOMOLOGARA A TRANSAÇÃO COM BASE NO ART.
76 DA LEI Nº 9.099/95.
A sentença homologatória da transação penal é apelável (§
5º do art. 76 e art. 82 da Lei nº 9.099/95).
Não há que se falar em intempestividade do recurso, já
que aviado no prazo legal, ou em ilegitimidade do Ministério
Público, tendo em vista que, como custos legis, tem legitimidade
para recorrer, e, em face do princípio da independência funcio-
nal, “mantém independência e autonomia no exercício de suas
funções, orientando sua própria conduta nos processos onde
tenha de intervir, podendo haver discordância entre eles, inclusi-
ve no mesmo processo.” (Júlio Fabbrini Mirabete, Código de
Processo Penal Interpretado, 3ª Edição, pág. 302).
Habeas corpus indeferido.
ACÓRDÃO
164 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-


nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 26 de maio de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - ILMAR GALVÃO,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
A Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais, por intermé-
dio do Defensor Reginaldo Márcio Pereira, impetra habeas
corpus, em benefício de Alanclay Nunes Pereira, apontando
como órgão coator o Tribunal de Justiça local.
Informa que o paciente foi denunciado pelo crime previsto
no art. 299 do Código Penal, e após o recebimento da peça
acusatória, por ocasião do seu interrogatório, o Ministério Públi-
co Estadual, com base no art. 76 da Lei nº 9.099/95, propôs a
transação penal para a aplicação imediata da pena de multa, que
foi aceita pelo paciente e homologada pelo juiz por sentença, na
qual declarou-se extinta a punibilidade (fls. 14/verso).
Alega que, “inusitadamente”, o representante do parquet
aviou recurso em sentido estrito (fls. 16/17), com base no
art.581, III, do CPP, sustentando não ser admissível a transação
penal na espécie, porque a pena cominada ao delito não a auto-
rizava, a teor do art. 61 da Lei nº 9.099/95. O Tribunal de
Justiça mineiro, recebendo o recurso como apelação, deu-lhe
provimento para anular a transação e determinar, em conseqü-
ência, o prosseguimento do processo (fls. 22/25).
Sustenta que a transação, sendo consensual, uma vez ho-
mologada pelo juiz, constitui ato jurídico perfeito e acabado e não
HABEAS CORPUS 165

pode ser anulada por vontade de uma das partes, sob pena de
violar o princípio da igualdade e do devido processo legal. Asse-
vera inexistir interesse recursal quando a sentença acolhe proposta
de transação do Ministério Público, aceita pelo denunciado.
Postula a concessão da ordem para que se declare a nuli-
dade do procedimento penal que teve o seu curso retomado
pela decisão impetrada, posto haver conhecido e provido recur-
so aviado intempestivamente pelo Ministério Público, que inclu-
sive não detinha legítimo interesse para tal.
A liminar postulada foi indeferida pelo despacho de fls. 29/30.
Após as informações, manifestou-se a Procuradoria-Geral
da República, em parecer do Dr. Cláudio Lemos Fonteles, no
sentido do indeferimento.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
A questão foi assim apreciada no parecer da douta Procurado-
ria-Geral da República, verbis (fls. 42/44):
“O presente habeas corpus deve ser conhecido, e no mé-
rito denegada a ordem.
No tocante à intempestividade do recurso ministerial, cum-
pre destacar, que diferentemente do entendimento esposado
pelo TJ/MG de que, por não ter sido a transação penal homolo-
gada por sentença, a decisão do MM. Juiz monocrático que
decretou extinta a punibilidade, desafia o recurso stricto sensu
(art. 581, VIII, do CPP), vê-se, ao contrário, que se cuida tal
decisão de sentença homologatória de uma transação penal,
portanto, cabível o recurso de apelação, em consonância com o
disposto no § 5º, art. 76 da Lei 9.099/95, verbis: “da sentença
prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art.
82 desta lei”.
166 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Além disso, é de se notar que a certidão de fls. 15, atesta a


publicação da respectiva sentença no órgão oficial. De se ler:
“Certifico que a sentença retro foi registrada no livro número
028 às folhas 018, sendo publicada no Órgão Oficial do Estado
nesta data. Dou fé. Belo Horizonte, 15 de outubro de 1996. O
escrivão.”
Desta forma, conclui-se que o recurso cabível, no caso con-
creto, é o da apelação, nos termos do art. 82 da Lei 9.099/95,
que deverá ser interposta no prazo de 10 dias, contados da ciên-
cia da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor.
Segundo extrai-se dos autos às fls. 15, o representante do
Ministério Público foi intimado pessoalmente do inteiro teor da
sentença retro em 14 de outubro de 1996, sendo que, no dia 15
de outubro daquele mesmo ano, interpôs o recurso de fls. 16/17.
Inviável, assim, a pretensão da defensoria no que toca à
tempestividade do recurso ministerial.
Quanto à falta de legitimidade do Ministério Público para
recorrer, o argumento não procede. Certo, houve equívoco do Dr.
Promotor de Justiça em oferecer transação criminal. Mas, a bom
tempo, como visto, percebeu-se do equívoco e, como custos
legis, é seu imperativo dever zelar pela fiel observância dos precei-
tos normativos. É o que os autos em exame estampam.
Com efeito, no caso examinado, a pena máxima cominada
ao delito praticado de falsidade ideológica (art. 299 do CP) é de
5 anos, logo, devido a pena máxima cominada ser superior a um
ano, a lei expressamente exclui referida infração da competência
do Juizado Especial Criminal.
Diante do exposto, opina o Ministério Público pelo
indeferimento do pedido.”
Posta a questão nestes termos, não há que se vislumbrar
constrangimento ilegal na decisão impetrada, sendo incabível a
pretensão de trancamento da persecução penal.
HABEAS CORPUS 167

Primeiro, à vista de que a sentença homologatória da tran-


sação penal é apelável (§ 5º do art. 76 e art. 82 da Lei nº 9.099/
95). Como observa Ada Pellegrini Grinover (Juizados Especiais
Criminais, Ed. Revista dos Tribunais, 2ª ed., pág. 148):
“O legislador foi prudente, pois é possível que a transação
penal tenha sido inquinada por vício da vontade, ou que não
tenham sido observados os requisitos legais, de modo que a
correção poderá vir por força de apelação.”
Segundo, porque, como se extrai dos autos e bem anotou
o parecer da Procuradoria-Geral da República, não há que se
falar em intempestividade do recurso, já que aviado no prazo
legal, ou em ilegitimidade do Ministério Público, tendo em vista
que, como custos legis, tem legitimidade para recorrer, e, em
face do princípio da independência funcional, “mantém indepen-
dência e autonomia no exercício de suas funções, orientando sua
própria conduta nos processos onde tenha de intervir, podendo
haver discordância entre eles, inclusive no mesmo processo.”
(Júlio Fabbrini Mirabete, Código de Processo Penal Interpreta-
do, 3ª Edição, pág. 302).
Em tais circunstâncias, meu voto indefere a ordem de
habeas corpus.
EXTRATO DE ATA
HC n. 77.041-3 - MG - Relator: Min. Ilmar Galvão.
Pacte.: Alanclay Nunes Pereira. Impte.: Reginaldo Márcio Pe-
reira. Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. Ausente, ocasionalmente, o Senhor Ministro Octavio
Gallotti. 1ª Turma, 26.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
168 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino


Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 169

“HABEAS CORPUS” Nº 76.618-5 - SP - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 334)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Moreira Alves
Paciente: Marcelo Jesus Santos Rosa
Impetrante: Antônio Roberto Barbosa
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo
EMENTA: - “Habeas corpus”. Prescrição retroativa da
pretensão punitiva do Estado.
- Tendo sido condenado o ora paciente à pena privativa de
liberdade de 1 (hum) ano de detenção, o prazo de prescrição
pela pena imposta com trânsito em julgado é de 2 (dois) anos em
virtude de ele ser menor quando da prática do crime, e esse
prazo, no caso, se conta da data da publicação da sentença
condenatória em cartório (16.11.92), e que transitara em julga-
do para a acusação, até o trânsito em julgado do acórdão que a
manteve, no tocante à pena imposta, em apelação do réu
(06.01.95), e não até a data da sessão em que esta foi julgada
(24.10.94). Assim sendo, ao transitar em julgado o acórdão
prolatado em apelação, já havia decorrido mais de dois anos
entre essa data (06.01.95) e da publicação da sentença
condenatória (16.11.91).
“Habeas corpus” deferido, para declarar-se ocorrente a
prescrição retroativa da pretensão punitiva do Estado, e, em
170 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

conseqüência, para decretar-se a extinção da punibilidade do


ora paciente.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em deferir o pedido de habeas corpus,
nos termos do voto do Relator.
Brasília, 05 de maio de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente e Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
- São estas as informações prestadas pelo Exmo. Sr. Presidente
do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo:
“Tenho a honra de acusar o recebimento do Ofício nº 121/
R, através do qual são solicitadas informações para a instrução
do “Habeas Corpus” nº 76.618, em que é impetrante o Bel.
ANTÔNIO ROBERTO BARBOSA, e paciente MARCELO
JESUS SANTOS ROSA.
Alega o impetrante, em síntese, estar o paciente sofrendo
constrangimento ilegal, eis que não reconhecida a extinção de
sua punibilidade pela ocorrência da prescrição da pretensão
punitiva estatal (Ação Penal nº 296/89, da E. Terceira Vara
Criminal da Comarca de Diadema).
Cabe-me, a propósito e em atenção ao ofício de Vossa
Excelência, transmitir os esclarecimentos que seguem.
Por fatos ocorridos em 30 de setembro de 1989, foi o
paciente denunciado, perante o MM. Juízo da E. Terceira Vara
Criminal da Comarca de Diadema, como incurso no art. 121, §
3º, do Código Penal (doc. nº 1).
HABEAS CORPUS 171

Recebida a denúncia em 3 de maio de 1991 (doc. nº 2),


procedeu-se à citação e interrogatório do acusado (doc. nº 3).
Realizadas as audiências de instrução e debates (doc. nº 4)
sobreveio, em 3 de novembro de 1992, sentença condenatória,
que apenou o paciente, por infringência ao art. 121, § 3º, do
Código Penal, a 1 ano de detenção, em regime aberto, concedi-
do o “sursis” por dois anos, com a limitação de fim de semana e
a obrigação de comparecimento mensal em juízo para informar e
justificar suas atividades. O r. “decisum” foi publicado em 16 de
novembro do mesmo ano (doc. nº 5).
Inconformado, apelou o réu (doc. nº 6), e a E. Décima
Primeira Câmara desta Corte, em 24 de outubro de 1994, sem
discrepância de votos, rejeitada a preliminar, acolheu parcial-
mente o recurso para afastar as condições do “sursis” especial e
estabelecer a prestação de serviços à comunidade no primeiro
ano (doc. nº 7). O ven. aresto transitou em julgado em 6 de
janeiro de 1995 (doc. nº 8).” (fls. 36/37).
A fls. 98/99, assim se manifesta a Procuradoria-Geral da
República, em parecer do Dr. Cláudio Lemos Fonteles:
“1. O advogado Antônio Roberto Barbosa em favor de
Marcelo Jesus Santos Rosa ajuíza pedido de habeas corpus.
2. Almeja o reconhecimento da prescrição, pelo que asse-
vera a tanto, verbis:
“Com efeito. Da data da publicação (documento de núme-
ro onze) da sentença (16.11.1992), à data do trânsito em julga-
do (06.01.1995) (documento de número dezoito), decorreu
lapso temporal superior a 02 (dois) anos, mais que suficiente
para fulminar, inexoravelmente, a ação penal.” (fls. 4: grifos nos-
sos e do original)
3. Há equívoco nesta argumentação, data venia.
172 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

4. É que o termo ad quem à fixação do lapso prescricional


não está na data do trânsito em julgado, mas na data da sessão
em que se decidiu o pleito recursal.
5. Tal aconteceu aos 24 de outubro de 1994, como
cristalinamente informa-se a fls. 37.
6. Ora, lavrada a sentença aos 3 de novembro de 1992
(ainda: informações a fls. 36, in fine), o biênio não se perfez.
7. No caso, só faz sentido tomar-se a data do trânsito em
julgado como dies a quo à marcação da pretensão executória da
pena, porque não pugna o paciente.
8. Pelo indeferimento do pleito.”
É o relatório
VOTO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator): -
1. Equivoca-se o parecer da Procuradoria-Geral da República.
Com efeito, tendo sido condenado o ora paciente à pena
privativa de liberdade de 1 (hum) ano de detenção, o prazo de
prescrição pela pena imposta com trânsito em julgado é de 2
(dois) anos em virtude de ele ser menor quando da prática do
crime, e esse prazo, no caso, se conta da data da publicação da
sentença condenatória em cartório (16.11.92), e que transitara
em julgado para a acusação, até o trânsito em julgado do
acórdão que a manteve, no tocante à pena imposta, em apelação
do réu (06.01.95), e não até a data da sessão em que esta foi
julgada (24.10.94). Assim sendo, ao transitar em julgado o
acórdão prolatado em apelação, já havia decorrido mais de dois
anos entre essa data (06.01.95) e da publicação da sentença
condenatória (16.11.91).
2. Em face do exposto, defiro o presente “habeas corpus”,
para declarar ocorrente a prescrição retroativa da pretensão
HABEAS CORPUS 173

punitiva do Estado, e, em conseqüência, decretar a extinção da


punibilidade do ora paciente.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.618-5 - SP - Relator: Min. Moreira Alves. Pacte.:
Marcelo Jesus Santos Rosa. Impte.: Antônio Roberto Barbosa.
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator. Unânime. 1ª Turma, 05.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti e Ilmar Galvão. Ausente, justificadamente, o Senhor Mi-
nistro Sepúlveda Pertence.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
174 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 175

“HABEAS CORPUS” Nº 76.602-1 - GO - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 319)
Primeira Turma (DJ, 08.05.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sydney Sanches
Paciente: Alberto Feitosa da Silva
Impetrante: Valdeon Roberto Glória
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL PE-
NAL MILITAR.
CRIME MILITAR: HOMICÍDIO QUALIFICADO.
APELAÇÃO ILIMITADA DO MINISTÉRIO PÚBLI-
CO. LIMITAÇÃO NAS RAZÕES: INADMISSIBILIDADE.
EXAME INTEGRAL PELO TRIBUNAL “AD QUEM”.
“HABEAS CORPUS”.
1. A denúncia imputou ao paciente a prática de homicídio
qualificado pela circunstância de se haver prevalecido da situa-
ção de serviço, nos termos do art. 205, § 2º, inc. VI, do Código
Penal Militar.
2. A sentença absolveu-o, reconhecendo a excludente da
legítima defesa de terceiro.
3. O Ministério Público estadual apelou, pleiteando a re-
forma da sentença e a condenação do réu. Sem haver estabele-
176 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

cido qualquer limitação, é de se inferir que haja pretendido a


condenação nos termos da denúncia.
4. Aliás, no caso, mesmo nas razões de apelação, embora
concluindo pela condenação do réu como incurso nas penas do
art. 205, “caput”, do C. P. Militar, não deixou o apelante de
admitir que o agente se encontrava em situação de serviço, pre-
valecendo-se de tal situação.
5. Por isso mesmo, nada impedia que o aresto ora impug-
nado, ao julgar a apelação, concluísse, como concluiu, pela con-
denação do réu por crime de homicídio qualificado, nos exatos
termos do art. 205, § 2º, inc. VI, do C.P.M.
6. É que, sendo ampla a apelação, não pode ser, em segui-
da, limitada pela apresentação das razões.
7. “H. C.” indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em indeferir o pedido de “habeas
corpus”.
Brasília, 10 de março de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SYDNEY SANCHES,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - 1. O ilustre Desembargador LAFAIETE
SILVEIRA, Presidente do E. Tribunal de Justiça do Estado de
Goiás, ao prestar as informações de fls. 72/73, esclareceu:
“A Auditoria da Justiça Militar ofereceu denúncia em
desfavor de Alberto Feitosa da Silva e Corbiniano Fernandes, por
HABEAS CORPUS 177

fato ocorrido no dia 29.05.85, na cidade de São Miguel do


Araguaia, incursando-os nas sanções do artigo 205, § 2º, inciso
VI, em harmonia com o artigo 53, ambos do Código Penal Militar.
Citados, os acusados foram qualificados e interrogados.
Desmembrado o processo, o paciente Alberto Feitosa da
Silva foi julgado pelo Conselho Permanente da Justiça Militar e
absolvido por legítima defesa de terceiro.
O Ministério Público, inconformado com a decisão, mani-
festou recurso apelatório para este Tribunal, fundamentando que
a excludente da criminalidade não restou comprovada.
Colhida a manifestação da Procuradoria-Geral de Justiça,
esta posicionou-se pelo conhecimento e provimento do apelo.
A Primeira Turma Julgadora da Segunda Câmara Criminal,
em sessão do dia 19 de novembro de 1996, à unanimidade de
votos, conheceu do recurso, para cassar a decisão do Conselho
Permanente de Justiça e a sentença que a materializou, e conde-
nou o apelado, em acórdão da lavra do Desembargador João
Canêdo Machado.
O acórdão foi publicado e circulado em 02.12.96, tendo
transitado em julgado em 18.12.96.
Em 10.01.97 os autos foram devolvidos ao juízo de origem.
Em anexo, encaminho cópia do acórdão e relatório da
Apelação Criminal nº 16.524-5/213 (9600627991), visando a
complementação destas informações”.
2. No parecer de fls. 86/88 o douto Subprocurador-Geral da
República CLAUDIO LEMOS FONTELES resumiu a
impetração do “Habeas Corpus”, nestes termos (fls. 86, itens 1 e 2):
“1. O advogado Valdeon Roberto Glória em favor de
Alberto da Silva ajuíza pedido de habeas corpus.
178 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

2. Argumento único de base à impetração diz com julga-


mento ultra petita, em apelação apreciada pelo Colegiado esta-
dual. Exorbitando dos limites do apelo, como posto, o
Colegiado reconhecera circunstância qualificadora não pedida
ao juízo de reforma.”
3. Em seguida, opinou o nobre representante do Ministério
Público federal pelo indeferimento do pedido, ficando sua mani-
festação sintetizada na ementa de fls. 86,”in verbis”:
“Ementa”:
1. Não é conferido juridicamente ao Ministério Público,
uma vez firmada sua irresignação recursal, restringir, em razões
supervenientes, o âmbito do conhecimento do apelo.
2. Indeferimento do pedido.”
É o Relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - 1. A denúncia imputou ao paciente a prática de
homicídio qualificado pela circunstância de se haver prevalecido
da situação de serviço, nos termos do art. 205, § 2º, inc. VI, do
Código Penal Militar.
2. A sentença absolveu-o, reconhecendo a excludente da
legítima defesa de terceiro (fls. 13/17).
3. O Ministério Público estadual apelou, pleiteando a re-
forma da sentença e a condenação do réu (fls. 18/19).
Sem haver estabelecido qualquer limitação, é de se inferir
que haja pretendido a condenação nos termos da denúncia.
4. Aliás, mesmo na razões de apelação, embora concluin-
do pela condenação do réu como incurso nas penas do art. 205,
“caput”, do Código Penal Militar (fls. 27, “in fine”), não deixou
HABEAS CORPUS 179

de admitir que o agente se encontrava em situação de serviço,


prevalecendo-se de tal situação.
5. Com efeito, tais razões estão reproduzidas a fls. 22/27,
“in verbis”:
“RAZÕES DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal:
Colenda Câmara: Eminentes Senhores Julgadores:
Douto Procurador de Justiça:
ALBERTO FEITOSA DA SILVA foi absolvido pelo E.
Conselho Permanente de Justiça em r. sentença de fls. 178/183,
acatando a tese defensiva de legítima defesa de terceiro, afastan-
do-se antijuridicidade da conduta do acusado e absolvendo-o
da imputação da prática de ilícito penal previsto no artigo 205,
caput, do Código Penal Militar (homicídio simples).
Apenas a título de esclarecimento, a ação penal original-
mente foi desencadeada em face do ora acusado ALBERTO
FEITOSA DA SILVA e também de CORBINIANO
FERNANDES, sendo que este foi primeiramente julgado, pro-
vocando o desmembramento do feito.
Em síntese, o fato imputado ao acusado e narrado na de-
núncia ocorreu em 29 de maio de 1985, por volta das 11:00
horas, na Av. Trindade, nº 1.247, Setor Bosque da Saúde, no
Município de São Miguel do Araguaia/GO, onde ALBERTO
FEITOSA DA SILVA, agindo com animus necandi e utilizando-
se de um revólver pertencente a PMGO e um pedaço de pau,
matou Aroilton Pereira da Cunha, mediante golpes e disparos
com a arma de fogo que acabaram por alvejar a vítima, ferindo-
a e produzindo sua morte.
A vítima Aroilton Pereira da Cunha estava em um estabe-
lecimento comercial denominado “Bar Serra Pelada” e fez pedi-
180 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

do para que fosse tocada uma fita cassete, não tendo sido aten-
dido. Estava armado com uma faca. Voltou a sua residência e,
comunicados os policiais, foram estes até sua casa. Lá chegan-
do, violaram o domicílio da vítima e disseram ambos policiais
que desarmariam a vítima. Então, foram em sua direção, certo
que, após uma ligeira queda, o Sd PM Fernandes golpeou a
vítima com uma paulada na mão, deixando esta que a faca caís-
se, enquanto que - com a vítima já desarmada -, o ora acusado
efetuou dois disparos de arma de fogo, matando-a, atingindo as
regiões cervical esquerda e crural direita.
Data maxima venia, entendemos que a sentença proferida
merece ser reformada, a fim de julgar procedente o pedido
condenatório, afastando a propalada legítima defesa, não cabí-
vel na espécie.
Não há no caso em testilha, situação de agressão iminente
que justificasse a ação desmedida do policial militar ora acusa-
do. E, a ação do policial militar foi empreendida com meios
desnecessários e de forma imoderada.
Vejamos trechos de depoimentos que nos revelam os fatos:
“... que o depoente ouviu dizer, que no momento do fato o
réu estava em um bar com uma faca tentando matar um rapaz
que o depoente desconhece o nome. Daí a pouco o depoente
passava pela casa da vítima e, viu o carro da polícia ali chegar.
Por curiosidade parou seu veículo como a casa não tem cerca e
nem muro, viu a vítima sentada em uma área no fundo da casa.
Dois policiais Fernando e Feitosa saltaram da viatura e
Fernando pegou um pedaço de pau. Ambos entraram pela casa
adentro e saíram em uma área onde estava a vítima, viu quando a
vítima com a faca na mão foi de encontro com soldado
Fernandes e este usando o pau que apanhara a pouco desferiu
um golpe. A vítima tentando alcançar novamente com a faca, o
HABEAS CORPUS 181

soldado Feitosa sacou do revólver e deu dois tiros contra a


vítima que caiu na hora” (David Viana de Amorinho, fl. 82).
“... detalhes nenhum, apenas que os dois policiais
Fernandes e Feitosa chegaram na casa da vítima, e mataram-no
na área de sua própria casa. A vítima era pessoa aparentemente
normal, e esse acontecimento causou revolta generalizada nesta
cidade. Principalmente quando bebia ficava mais desorientado”
(Joaquim da Silva Noleto, fl. 107).
“... que a depoente na época do fato não estava nesta
cidade, e apenas soube do mesmo por comentários. Sabe que a
vítima morreu em sua própria casa, e a cidade toda ficou revolta-
da, porque `foi nos pés de sua mãe’...” (Claudionete Cirqueira
Amurim, fl. 108).
O mais significativo deles, da Sra. Luiza Pereira da Cunha
(fl. 83), que inclusive interveio nos fatos e foi tida na decisão do
primeiro réu como prova chave para sua absolvição, como sen-
do manifestação da versão verdadeira (‘... de posse desta ver-
são, afigurada verdadeira, mesmo porque oriunda da mãe da
vítima, o órgão colegiado abraçou-a, por exercitado o seu poder
de livre convencimento, não havendo lugar para se admitir que a
decisão tenha contrariado, de forma manifesta, a prova dos au-
tos’ - v. Acórdão do E. Tribunal de Justiça de Goiás - fl. 186):
“... o policial Fernandes apanhou um pedaço de pau e
dirigiu para a vítima, a qual estava com uma faca da cozinha na
mão. Disse-lhe `joga a faca no chão’, e a vítima disse `não jogo’.
A vítima levantou-se mas não caminhou para o lado do policial e,
nesta hora, o policial Fernandes acertou-lhe uma paulada no
braço que segurava a faca, esta caiu. Fernandes apanhou a faca
e afastou um pouco tendo a depoente se agarrado com o policial
Feitosa que estava com o revólver na mão. O policial deu alguns
safanões na depoente e ali mesmo segurando-a pelo braço es-
182 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

querdo atirou por duas vezes na vítima numa distância mais ou


menos de três metros a vítima dava muito trabalho para a depo-
ente e muitas vezes já foi presa e, muito judiada na cadeia pelos
policiais... que em momento algum a vítima tentou atacar os
policiais com a faca. Quando o soldado Feitosa levou o revólver
na depoente, o soldado Fernandes pediu-lhe que não atirasse.”
Diga-se mais, que a própria Defesa tem este depoimento
como relevante e real, já que segundo seus próprios dizeres, “foi
a única que presenciou” os fatos, conforme se verifica em fl. 132.
Ora, dos dados testemunhais colhidos, ressalta-se que
houve inicialmente uma ação justificada por parte do réu já ab-
solvido. Mas, na seqüência do desdobramento fático, o ora
acusado agiu de maneira antijurídica. Não havia a situação de
agressão iminente - a mãe da vítima inclusive lhe pedia para não
atirar - e, apesar da existência de um pedaço de madeira para
defesa, sacou de um revólver, utilizando-se de meio desnecessá-
rio e desfechou dois tiros, causando a morte da vítima, portanto,
em verdadeiro uso imoderado, também.
Destarte, totalmente incabível a legítima defesa nesta hipótese.
Registre-se que no momento dos disparos, sequer a vítima
encontrava-se armada, já que a conduta do policial militar já
absolvido foi eficaz, retirando dela a faca que portava.
Outrossim, os policiais militares foram até a residência da
vítima, em verdadeira violação de domicílio como crime-meio,
perseguindo-na e lá dentro, defronte a sua própria genitora,
passaram a agredi-la e finalmente matá-la.
Tanto esta argumentação é verdadeira que, o outro acusa-
do, primeiramente julgado foi absolvido porque agiu de forma
limitada, cingindo-se a, mesmo armado, utilizar-se somente de
um pedaço de pau, o suficiente para de forma eficaz desarmar a
vítima. Enquanto isso, o ora acusado, brutalmente, sacou de seu
HABEAS CORPUS 183

revólver apesar de pedidos veementes da genitora da vítima


para que não o fizesse, e desfechou dois tiros contra Aroilton,
imolando-lhe a vida.
Tecidas estas considerações quanto à autoria e não exis-
tência de causa justificadora, vemos que a materialidade da in-
fração penal também está devidamente comprovada.
Encartado em fls. 22/25, há o laudo de exame cadavérico,
provando a morte da vítima causada pelos ferimentos produzi-
dos pelos projéteis de arma de fogo disparado pelo acusado.
Naquela oportunidade, narraram os peritos que um dos
ferimentos foi produzido na região crural direita com orifício de
saída único na região médio-glútea direita. E, o mais letal, reve-
lando toda a intensidade do animus necandi do agente, um outro
ferimento atingindo a região cervical, tendo o projétil penetrado
na região antero-lateral esquerda e saído em dois orifícios na
região cervical, ao nível da 3ª e 4ª vértebras. Daí a violência
ilimitada utilizada pelo acusado, ceifando uma vida humana.
Em face da exposto, é o presente para reformar a r. sen-
tença proferida, a fim de julgar procedente o pedido
condenatório, dando o acusado ALBERTO FEITOSA DA
SILVA como incurso no artigo 205, caput, do Código Penal
Militar, requerendo o Ministério Público o conhecimento e pro-
vimento da apelação.
Goiânia, 26.março.1996.
as.) Glauber José da Silva
Promotor de Justiça
Substituto.”
6. Por isso mesmo, nada impedia que o aresto ora impug-
nado, ao julgar a apelação, concluísse, como concluiu, pela con-
denação do réu por crime de homicídio qualificado, nos exatos
termos do art. 205, § 2º, inc. VI, do Código Penal Militar.
184 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

7. O Relatório da Apelação foi exarado pelo ilustre


Desembargador JOÃO CANEDO MACHADO (fls. 38/40):
“APELAÇÃO CRIMINAL Nº 16.524-5/213 -
GOIÂNIA
APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO
APELADO: ALBERTO FEITOSA DA SILVA
RELATÓRIO
Alberto Feitosa da Silva e Corbiniano Fernandes, Solda-
dos da Polícia Militar, viram-se denunciados perante a Auditoria
da Justiça Militar porque incursos nas sanções do artigo 205, §
2º, inciso VI, em harmonia com o artigo 53, todos do Código
Penal Militar, por fato ocorrido no dia 20 de maio de 1985, por
volta de onze horas, na cidade de São Miguel do Araguaia,
figurando Aroilton Pereira da Cunha como vítima.
Denúncia recebida no dia 15 de outubro de 1985, confor-
me despacho de f. 46.
Regularmente requisitados e citados, os acusados foram
qualificados e interrogados no dia 13.12.85 (fs. 50 a 52).
Inquiridas no curso da instrução criminal sete testemunhas,
sendo quatro pelo Ministério Público (ilegível) e três pela defesa
(fs. 106/109).
O acusado Corbiniano Fernandes, à unanimidade de vo-
tos, logrou sua absolvição perante o Conselho Permanente de
Justiça, por acolhida a tese de inexistência de prova de haver
concorrido para a infração penal (artigo 439, letra “c”, do Códi-
go de Processo Penal Militar).
Dessa decisão, manifestou recurso apelatório o Ministério
Público que resultou improvido (fs. 136 e 174).
HABEAS CORPUS 185

Desmembrado o processo, o acusado Alberto Feitosa da


Silva foi submetido a julgamento pelo Conselho Permanente da
Justiça Militar, no dia 12 de dezembro de 1995, e, igualmente à
unanimidade, viu ao absolvido por abraçada a tese de legítima
defesa de terceiro (fs. 176 a 183).
O Ministério Público, por inconformado com a decisão
colegiada, com base no artigo 509, letra “b”, do Código de Pro-
cesso Penal Militar, dela manifesta recurso apelatório para este
Tribunal, a fundamento de que a excludente da criminalidade não
restou devidamente comprovada (fs. 188/193).
Processualizado o recurso, subiram os autos (f. 200).
A Procuradoria-Geral de Justiça, por sua delegada, manifes-
ta-se pelo conhecimento e provimento do apelo (fs. 204 a 208).
É o relatório. À douta Revisão.
Goiânia, 01 de outubro de 1996.
as.) João Canedo Machado
DESEMBARGADOR-RELATOR.”
8. O voto do Relator e condutor do acórdão unânime
assim se exarou (fls. 44/50):
“VOTO
O recurso é apropriado e tempestivamente exercitado.
Satisfeitos os demais pressupostos, dele conheço.
Consta da denúncia que a vítima, no dia do fato, portando
uma “peixeira” na cintura, na cidade de São Miguel do Araguaia,
adentrou o bar “Serra Pelada” e pediu um litro de vinho “Chapi-
nha” e, em seguida, exibindo uma fita cassete, pediu que a tocas-
se; ante a negativa aos pedidos, Aroilton ali demorou um pouco
e depois seguiu para a sua residência.
186 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Ainda é da denúncia que um circunstante acionou a polícia


e ali compareceram, em uma viatura caracterizada, os Soldados
Alberto e Corbiniano; informações de que Aroilton havia segui-
do para a casa dos seus pais, a dupla policial saiu em persegui-
ção à vítima, encontrando-a em sua própria residência, numa
área de fundo, o Soldado Corbiniano foi o primeiro a interpelá-
la, pedindo-lhe que lhe entregasse a faca; a vítima recusou-se a
entregá-la, tendo ele retrucado que iria tomá-la e, ao dirigir-se à
vítima, acabou escorregando-se, indo ao solo para, em seguida,
apoderar-se de um pedaço de pau que se achava nas imedia-
ções e, com ele, desferiu um golpe contra a mão da vítima, o que
fez com que a faca fosse ao chão, recolhida por Corbiniano; a
vítima permaneceu na aludida área e, em seguida, recebe dois
disparos efetuados pelo Soldado Feitosa, ora apelado.
Levada para o hospital pelos próprios policiais-militares, a
vítima não resistiu e por volta das 23:30 horas, foi a óbito.
Em síntese, é o que relata a denúncia.
Cumpre ressaltado que da absolvição do acusado
Corbiniano Fernandes, pelo Conselho Permanente de Justiça, à
unanimidade de votos, por inexistência de prova de haver con-
corrido para o crime, ensejou recurso do Ministério Público que,
também à unanimidade desta Câmara, resultou improvido.
A conduta da vítima, que se achava alcoolizada, embora
armada de uma faca de cozinha, no referido bar, não se revestia de
gravidade, limitando-se apenas a impropérios e ameaças de me-
nor gravidade; quando a polícia, representada pelos Soldados
Corbiniano e Feitosa, integrantes do destacamento local, ali che-
gou, a vítima já havia deixado o bar, dirigindo-se à sua residência;
sem necessidade aparente, os aludidos Soldados rumaram-se em
diligência à procura da vítima, objetivada a sua detenção.
Aroilton, que sofria das faculdades mentais, foi encontrado
pelos policiais no fundo de sua casa, numa área, com a faca à
HABEAS CORPUS 187

mão; recusou-se à ordem do Soldado Corbiniano para que lhe


entregasse a faca, momento em que Corbiniano procurava apo-
derar-se de um pedaço de pau que se achava nas imediações,
acabou escorregando e caiu ao solo; recomposto, apanhou-o e,
com ele, golpeou a mão da vítima, fazendo com que a faca fosse
ao chão, recolhida por ele próprio, o Soldado Corbiniano.
O Soldado Feitosa, que se achava de revólver em punho,
sem nada dizer, com a vítima já desarmada, mesmo diante do
apelo de seu colega para que não atirasse, de forma injustificada
e desnecessariamente, desferiu dois tiros contra a vítima.
Luíza Pereira da Cunha, mãe da vítima presente ao fato,
disse:
“O policial deu alguns safanões na depoente e ali mesmo,
segurando-a pelo braço esquerdo atirou por duas vezes na víti-
ma numa distância de mais ou menos três metros; ... em momen-
to algum a vítima tentou atacar os policiais com a faca; ... quando
o soldado Feitosa levou o revólver na depoente, o soldado
Fernandes pediu-lhe que não atirasse” (f. 83).
A legítima defesa é uma causa excludente de ilicitude e
objetiva a proteção dos bens juridicamente tutelados, de modo
especial a vida, bem maior do ser humano.
Assim, quem reage a uma atitude ilícita defendendo a si e a
terceiro, dentro dos limites legais admitidos e estabelecidos, age
de conformidade com o direito, pois está protegendo aquilo
sobre o qual recai a tutela do Estado.
Dentre os requisitos da legítima defesa, em qualquer de
suas modalidades, é indispensável que a atualidade ou a
iminência da agressão reste configurada; a agressão pretérita, já
serenada, por exemplo, não pode ser reconhecida como motivo
para a legítima defesa.
188 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Na hipótese vertente, a vítima estava armada apenas de


faca, enquanto os dois Soldados portavam revólveres e, no mo-
mento dos disparos, comprovadamente, a faca, por já apreendi-
da por um dos agentes, não mais se encontrava em poder da
vítima; portanto, ao receber os dois projéteis, a vítima, além de
desarmada, não esboçava nenhum gesto de eventual agressão
aos Soldados, até porque a desproporção entre ela e eles era
flagrante.
Nesta ordem, a legítima defesa não se caracteriza, na for-
ma da conceituação do artigo 44 do Código Penal Militar, se o
agente, como na espécie, desfere dois tiros contra a vítima,
presumindo uma possível ameaça de agressão física a seu colega
de farda, que sequer desenhou e, muito menos, se consolidou.
A legítima defesa, para sua configuração, exige que a
agressão repelida seja injusta, atual ou iminente, além de mode-
rados os meios empregados na repulsa.
No caso vertente, embora discutível a necessidade do em-
preendimento da diligência na casa da vítima, onde, aparentemen-
te, nenhum crime ou contravenção estivesse a praticar, há que se
considerar a sua conduta anterior, no bar e, em função de seus
antecedentes, posto que dada a arruaças, os acusados resolveram
desarmá-la e levá-la detida; contudo, exorbitaram em suas atribui-
ções; este dever que lhes era imposto sujeita-se a determinados
limites, regras ou normas que devem ser observados.
Nesta ordem de raciocínio, analisados detidamente os
presentes autos, concluo que os argumentos expedidos pelo
recorrente são procedentes, pois há nos autos de prova suficien-
te para sustentar a condenação do recorrido.
Assim, tendo o acusado Alberto Feitosa da Silva como
incurso nas sanções do artigo 205, § 2º, inciso VI, do Código
Penal Militar, observadas as circunstâncias judiciais elencadas
HABEAS CORPUS 189

no artigo 69 do referido diploma legal, passo à dosagem e apli-


cação da pena.O crime resultou de intensa gravidade. Persona-
lidade normal, não registrando o acusado tendências
criminógenas, ante prova em contrário. Agira mediante dolo di-
reto e específico, com a intenção de subtrair a vida da vítima.
Utilizou-se do meio e modo de que dispunha no momento para a
perpetração do homicídio. Motivos injustificáveis sob todos os
aspectos, pois a vítima já se achava desarmada e não esboçara
qualquer atitude agressiva contra os agentes
policiais.Demonstrou desequilíbrio para o exercício da função
que exerce. Observadas as circunstâncias que antecederam os
fatos em si, quando a vítima, em um bar, armada de faca, teria
provocado arruaça e ameaça, contribuindo, de algum modo,
para a ocorrência do crime; considerando que o acusado, após
balear a vítima, com a ajuda de seu colega, removeu-a para o
hospital, onde mais tarde veio a falecer, fixo a pena-base em 12
(doze) anos de reclusão, tornada definitiva e concreta ante à
inexistência de circunstâncias outras capazes de alterá-la, a ser
cumprida inicialmente em regime fechado, nas dependências do
CEPAIGO.
Ocorrido o trânsito em julgado desta decisão, após esgo-
tados todos os recursos lance-se o nome no rol dos culpados,
expeça-se o mandado de prisão que, cumprido, ensejará a ex-
pedição da guia para a execução da pena.
Ao teor destas considerações, acolhido o parecer da
douta Procuradoria-Geral de Justiça, dou provimento ao recur-
so apelatório para reformar a decisão do Conselho Permanente
da Justiça e a sentença que a materializou e condenar o acusado
Alberto Feitosa da Silva no cumprimento da pena de 12 (doze)
anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, no
CEPAIGO, por ofensa ao disposto no artigo 205, § 2º, inciso
VI, do Código Penal Militar.
190 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Deixo de condenar o acusado no pagamento das custas


processuais em virtude de haver sido defendido pela Advocacia
de Ofício da Justiça Militar e sua condição econômico-financeira
não suportá-las.
É como voto.
as.) João Canedo Machado
DESEMBARGADOR-RELATOR.”
9. Ao indeferir a medida liminar pleiteada nos presentes
autos, durante as férias de Janeiro de 1998, o eminente Minis-
tro-Presidente, CELSO DE MELLO, já havia salientado que o
recurso do Ministério Público não fora limitado e que a limitação
não poderia ter sido suscitada apenas nas razões de apelação,
de sorte que esta podia ter sido julgada, com toda a amplitude,
como foi.
Vê-se a fls. 64/66:
“DESPACHO: Alega-se, na presente impetração, que o
E. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ao dar provimento a
recurso interposto pelo Ministério Público local, teria agido ultra
petita, causando, desse modo, injusto constrangimento ao status
libertatis do ora paciente, a quem sentenciou pela prática do
delito militar de homicídio qualificado (CPM, art. 205, § 2º, VI).
Sustenta-se que o Ministério Público do Estado de Goiás,
ao interpor o recurso de apelação, teria postulado a condenação
do ora paciente unicamente pela prática do crime militar de
homicídio simples (CPM, art. 205, caput), e não de homicídio
qualificado, daí resultando a situação de constrangimento ilegal
denunciada pelo impetrante.
Passo a apreciar o pedido de medida cautelar.
É certo que a extensão temática do efeito devolutivo dos
recursos interpostos pelo Ministério Público deriva da maior ou
HABEAS CORPUS 191

menor amplitude dos limites por ele próprio estabelecidos em


sua petição recursal, que poderá restringi-los a tópicos determi-
nados da sentença, ou estendê-los a todas as questões que
foram - ou poderiam ter sido - examinadas pelo ato decisório
recorrido.
A limitação material do âmbito do recurso constitui, pois,
decorrência do ato formal de sua interposição.
O princípio tantum devolutum quantum appellatum - con-
soante adverte a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
(RTJ 134/240, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 71.822-
DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) - condiciona a atividade
processual dos Tribunais em sede recursal. Sendo assim, não é
lícito ao Tribunal, quando do julgamento de recurso interposto
pelo Ministério Público, ultrapassar os limites temáticos fixados
na petição recursal subscrita pelo órgão da acusação penal.
A reforma da sentença, portanto, em ponto que não havia
sido impugnado pelo Ministério Público, e da qual resulte o
agravamento do status poenalis do condenado, por constituir
pronunciamento ultra petita não admitido pelo sistema processu-
al, configura, em tese, situação tipificadora de injusto constrangi-
mento ao status libertatis do paciente (HC 71.822-DF, Rel. Min.
CELSO DE MELLO).
O exame da petição recursal apresentada pelo Ministério
Público evidencia, no caso ora em análise, que o Promotor de
Justiça Militar não fixou, nesse ato de formal interposição da
apelação, qualquer limitação de ordem temática que pudesse
implicar restrição material quanto à extensão da devolutividade
desse recurso criminal (fls. 18/19).
E, como se sabe, a limitação material do âmbito do recurso
constitui decorrência do ato formal de sua interposição. Não
deriva, assim das razões ulteriormente produzidas pelo Parquet
192 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

no procedimento recursal (RTJ 117/1.098). Entendimento con-


trário, que considerasse possível ao Ministério Público restringir,
mediante razões recursais supervenientes, a plena
devolutividade da apelação por ele manifestada, frustraria a nor-
ma consubstanciada no art. 512 do Código de Processo Penal
Militar, que impede a desistência de recurso interposto pelo
órgão da acusação pública.
Daí o magistério de DAMÁSIO E. DE JESUS (“Código
de Processo Penal Anotado”, p. 367, 10ª ed., 1993, Saraiva),
para quem a extensão do recurso da Justiça Pública afere-se
pelo conteúdo da petição que formaliza a sua interposição, sen-
do, em conseqüência, irrelevante o teor, mais ou menos
abrangente, das razões de apelação que se lhe seguem.
Esse mesmo entendimento é também perfilhado por JOSÉ
FREDERICO MARQUES (“Elementos de Direito Processual
Penal”, vol. IV/207, item nº 1.052, 1965, Forense), que adverte:
“Em caso algum pode o Ministério Público desistir do re-
curso interposto (...). Lícito lhe não é, em conseqüência, restringir
o âmbito do recurso. Se apelou, por exemplo, contra as sentença
de primeiro grau, sem estabelecer limitações, vedado lhe está
diminuir ulteriormente o âmbito do procedimento recursal.”
Por isso mesmo, a orientação jurisprudencial dos Tribunais
- do Supremo Tribunal Federal, inclusive (RTJ 134/240) - tem
sido no sentido de que, interposto recurso amplo pelo Ministério
Público - o que se evidencia pelo teor e conteúdo de sua própria
petição recursal -, não pode ele, ao depois, limitar-lhe a exten-
são nas razões de apelação (RTJ 51/414 - RTJ 93/971 - RTJ
102/584 - RTJ 104/543 - RT 178/595 - RT 235/95 - RT 423/
474 - RT 521/414 - RT 615/262).
É facilmente perceptível, no caso presente - considerado o
teor da petição cursal oferecida pelo Ministério Público do Esta-
HABEAS CORPUS 193

do de Goiás - que este, ao apelar da sentença penal absolutória,


não limitou o âmbito do recurso criminal interposto e nem lhe
restringiu a extensão temática (fls. 18/19).
Com esse comportamento processual, o Ministério Públi-
co permitiu - não obstante a superveniência de razões recursais
restritivas (fls. 22/27) - a integral devolução do conhecimento da
causa penal ao Tribunal ad quem, o qual, ao apreciá-la em todos
os seus contornos e aspectos, de modo algum extrapolou os
lindes das questões submetidas a seu julgamento.
Tantum devolutum quantum appellatum: este princípio -
ressalvado melhor exame da questão, em momento oportuno,
quando do julgamento final deste processo -, parece ter sido
observado pelo Tribunal ora apontado como coator, que se
adstringiu, na apreciação do apelo criminal deduzido, ao exame
de todo o julgado recorrido, pois a tanto se encontrava legitima-
do pela amplitude de objeto viabilizada pela petição recursal
genérica do Ministério Público (fls. 18/19).
Sendo assim, tendo presentes as razões expostas, indefiro
o pedido de medida liminar.
Requisitem-se informações ao E. Tribunal de Justiça do Es-
tado de Goiás, encaminhando-se-lhe cópia da presente decisão.
Publique-se.
Brasília, 27 de janeiro de 1998.
as.) Ministro CELSO DE MELLO
Presidente.”
10. Na mesma linha foi o parecer do Ministério Público
federal, a partir de fls. 87, item 3, a fls. 88, item 9, inclusive:
“3. O pleito não deve prosperar.
194 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

4. É certo que ao encerrar seu arrazoado recursal o órgão


acusatório solicitou o reconhecimento do homicídio simples (fls. 27),
provendo o Colegiado o recurso pelo homicídio qualificado (fls. 49).
5. Todavia, na petição de interposição do recurso - ato
processual este que estabelece os lindes temáticos de conheci-
mento - o Ministério Público não estabeleceu limites à reforma
do decisum (fls. 18).
6. Muito a propósito disse o il. Min. Celso de Mello ao
indeferir o pleito liminar, verbis:
“O exame da petição recursal apresentada pelo Ministério
Público evidencia, no caso ora em análise, que o Promotor de
Justiça Militar não fixou, nesse ato de formal interposição da
apelação, qualquer limitação de ordem temática que pudesse
implicar restrição material quanto à extensão da devolutividade
desse recurso criminal (fls. 18/19). (vide: fls. 65)
7. E, por outra vez, S. Excia. fez-se ainda mais explícito,
verbis:
“É facilmente perceptivel, no caso presente - considerado
o teor da petição recursal oferecida pelo Ministério Público do
Estado de Goiás - que este, ao apelar da sentença penal
absolutória, não limitou o âmbito do recurso criminal interposto e
nem lhe restringiu extensão temática (fls. 18/19). (vide: fls. 66,
grifamos)
8. Com efeito não é dado ao órgão acusatório uma vez
firmada sua irresignação recursal, restringir, em razões
supervenientes, o âmbito do conhecimento de apelo.
9. Pelo indeferimento do pedido.”
11. Adotando integralmente as razões pelas quais foi inde-
ferida a medida liminar, bem como as do parecer do Ministério
Público federal, indefiro o pedido.
HABEAS CORPUS 195

EXTRATO DE ATA
HC n. 76.602-1 - GO - Relator: Min. Sydney Sanches.
Pacte.: Alberto Feitosa da Silva. Impte.: Valdeon Roberto Gló-
ria. Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Decisão: A Turma indefiriu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 10.03.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
196 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 197

“HABEAS CORPUS” Nº 76.590-3 - DF - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 313)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Moreira Alves
Paciente: Raimundo Teixeira da Silva
Impetrantes: Eduardo Martins Robinson e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Terri-
tórios
EMENTA: - “Habeas corpus”.
- Tendo sido interposta apelação pelo Ministério Público
com vistas ao aumento da pena imposta, pode o Tribunal, ao
aumentá-la, impor outro regime inicial para o cumprimento dessa
pena, ainda que não requerido pelo apelante e desde que devida-
mente fundamentada a imposição, porquanto a fixação desse regi-
me é conseqüência lógica e obrigatória da aplicação da pena.
“Habeas corpus” indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
maioria de votos, em indeferir o pedido de habeas corpus. Ven-
cidos os Senhores Ministros Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão
que o deferiam.
Brasília, 07 de abril de 1998.
198 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

MOREIRA ALVES, Presidente e Relator.


RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
- São estas as informações prestadas pelo Exmo. Sr. Presidente
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:
“Acusando o recebimento do ofício nº 42/P, referente ao
Habeas Corpus n. 76.590, impetrado em favor de
RAIMUNDO TEIXEIRA DA SILVA, venho a prestar-lhe as
informações pertinentes.
O paciente, denunciado pelo Ministério Público, como
incurso nas penas do art. 121, § 2º, II c/c artigo 14, ambos do
Código Penal, após regular instrução viu-se pronunciado, senten-
ça de fls. 261/266, pela prática de homicídio simples, na forma
tentada, nestes termos veio oferecido o libelo, fls. 272/273.
Submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri veio a
ser condenado, fixada sua pena em definitivo em três anos e seis
meses de reclusão, iniciando-se seu cumprimento no regime
semi-aberto, fls. 310/311.
Inconformado, apelou o sentenciado, fl. 317, bem como o
Ministério Público, por entender insuficiente a reprimenda ao
mesmo aplicada, fls. 318/319, e razões, fls. 321/330.
Provido o recurso ministerial parcialmente, ementa de fls.
362, o Eminente Relator, por entender excessiva a redução da
pena decorrente da tentativa, majorou-a para quatro anos e oito
meses de reclusão, indicando, em seguida, o regime fechado
para iniciar o condenado seu cumprimento, sendo acompanhado
pelo revisor e vogal, fls. 366/368.
Desta decisão interpôs o paciente recursos constitucionais,
fls. 372/380, e fls. 415/423, ora em tramitação para posterior
despacho desta Presidência, sustentando o Ministério Público
HABEAS CORPUS 199

“a alteração do regime inicial do cumprimento da pena foi


conseqüência lógica do aumento da reprimenda,...”
Estes os elementos que considero relevantes e que enca-
minho a V. Exa. acompanhados de cópia das respectivas peças.
À oportunidade, renovo-lhe protestos de distinguido apre-
ço.” (fls. 34/35).
À fls. 78/80, assim se manifesta a Procuradoria-Geral da
República, em parecer do Dr. Mardem Costa Pinto:
“Cuida-se de pedido de Habeas Corpus impetrado por
Eduardo Martins Robinson e outro, em benefício de Raimundo
Teixeira da Silva, alegando e requerendo o seguinte:
a) o paciente foi condenado pelo Tribunal do Júri de
Brasília - DF em três anos e seis meses de reclusão, pela prática
do crime de tentativa de homicídio, em regime inicial aberto (fls.
38/39);
b) inconformadas, acusação e defesa apelaram para o
egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que acolheu ape-
nas o apelo da primeira aumentando a pena para quatro anos e
oito meses de reclusão, em regime inicial fechado (fls. 53/56);
c) daí o presente writ, impetrado com o objetivo de cassar
o aresto na parte em que fixou o regime inicial fechado por ter
extrapolado, na visão da defesa, os limites do apelo do Ministé-
rio Público que pediu somente aumento de pena, sem buscar
mudança no regime de cumprimento da mesma.
2. Sem razão os impetrantes.
3. É que sendo o regime inicial de cumprimento da pena
uma conseqüência natural da aplicação desta, da qual o Juiz não
pode se eximir sob pena de nulidade, parece claro que havendo
sido pedido o aumento da pena, que é o mais, a possibilidade da
200 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

mudança de regime, que é o menos, está implícita, até porque o


regime é importante etapa, aliás obrigatória, como já visto, da
aplicação da pena.
4. Portanto se o Tribunal é pedido ao aumento da pena e
este é concedido em nível que autoriza a mudança de regime,
pode e deve o órgão ad quem adequar o mesmo à nova realida-
de, ainda que não tenha sido expressamente pedido no recurso
da acusação, por se tratar de conseqüência lógica do agrava-
mento da pena privativa de liberdade.
5. Na hipótese a pena foi fixada pelo Tribunal em quatro
anos e oito meses de reclusão, sendo em tese cabível o regime
semi-aberto.
6. Ocorre que apesar de o limite da pena e a não reinci-
dência permitirem, em tese, o regime semi-aberto, entendeu o
Tribunal apontado coator de impor o regime inicial fechado.
7. A decisão está correta, data venia, porque o disposto
no art. 33, § 2º, letra b, no Código Penal, traduz mera faculdade,
podendo e devendo o Juiz impor regime mais severo do que o
indicado pelos dados objetivos do processo (montante da pena
e não reincidência), se as circunstâncias judiciais previstas no
caput do art. 59 do Código Penal contra-indicaram o regime
mais brando, devendo o Juiz explicitar os motivos que levaram
ao regime mais gravoso.
8. Foi exatamente o que aconteceu na hipótese, vez que o
acórdão censurado, explicitando as circunstâncias judiciais desfa-
voráveis ao paciente, entendeu de fixar o regime inicial fechado e o
fez justificadamente, como já afirmado, entendendo que o réu ora
paciente tem personalidade agressiva e violenta, bastando trans-
crever o ponto específico do referido provimento judicial, verbis:
“A pena-base fixada a meu sentir atendeu às circunstânci-
as judiciais do art. 59, do CPB, não merecendo assim qualquer
HABEAS CORPUS 201

majoração, mas constato que a redução de 1/2 estabelecido


pelo MM. Juiz foi excessiva, daí porque reduzo a pena-base
estabelecida de 7 (sete) anos do mínimo de 1/3 conforme possi-
bilita o art. 14, II do CPB, para estabelecê-la definitivamente em
4 (quatro) anos e 8 (oito) meses de reclusão, a ser inicialmente
cumprida em regime fechado face à análise das circunstâncias
judiciais do art. 59, do CPB, já que o acusado apresenta anota-
ções que revelam sua personalidade agressiva e violenta, embo-
ra seja tecnicamente primário.” (fls. 55/56)
9. Se o regime mais gravoso está suficientemente justifica-
do, não cabe rever e discutir em Habeas Corpus os critérios
adotados pela instância a quo para agravar a forma inicial de
cumprimento da pena.
10. Registre-se, por fim, que a conclusão do acórdão
quanto às circunstâncias judiciais desfavoráveis ao paciente, está
em perfeita sintonia com o que foi dito pela sentença no particu-
lar, como se vê a seguir, verbis:
“Inobstante a primariedade, não se pode dizer que o réu
tem bons antecedentes criminais (fls. 193). Embora tenha sido
absolvido ou beneficiado com a extinção da punibilidade em
algumas das ocorrências registradas, o certo é que há ainda uma
pendente de julgamento (fls. 176). A folha penal revela, ainda,
no réu uma personalidade agressiva, o que, de certa forma, é
prejudicial ao convívio em sociedade.” (fls. 39)
10. Pelo exposto, somos pelo conhecimento e denegação
da ordem.
É o parecer.”
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
202 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

- 1. Correto o parecer da Procuradoria-Geral da República, que


bem demonstra que, tendo sido interposta apelação pelo Minis-
tério Público com vistas ao aumento da pena imposta, pode o
Tribunal, ao aumentá-la, impor outro regime inicial para o cum-
primento dessa pena, ainda que não requerido pelo apelante e
desde que devidamente fundamentada a imposição, porquanto a
fixação desse regime é conseqüência lógica e obrigatória da
aplicação da pena.
Ademais, é de observar-se que, no, caso, o ora paciente,
condenado por tentativa de homicídio, teve sua pena-base dimi-
nuída de metade (artigo 14, II), ficando fixada a pena definitiva
em três anos e seis meses de reclusão, e fixado o regime inicial
de cumprimento dela no aberto. Com o aumento da pena para
quatro anos e oito meses, já se impunha objetivamente a altera-
ção do regime inicial para o semi-aberto, nada impedindo - e se
assim não fosse nem a alteração objetiva do regime inicial pode-
ria dar-se - que o Tribunal pudesse agravá-lo pelas circunstânci-
as judiciais previstas no “caput” do art. 59 do Código Penal,
tão-somente porque o Juiz de primeiro grau não as levara em
consideração para esse fim.
2. Em face do exposto, indefiro o presente “habeas
corpus”.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
Sr. Presidente, data venia, subsisto no precedente lembrado por
V. Exa., o Habeas Corpus 69.612.
Na hipótese, ao que entendi, o Juiz presidente do júri fixou
a pena em menos de quatro anos de reclusão, permissível, por-
tanto, o regime aberto, que deferiu. O Ministério Público apelou,
com base no art. 593, II, c, do Código de Processo, por erro ou
injustiça no tocante à aplicação da pena. O Tribunal, então,
HABEAS CORPUS 203

provendo a apelação, situou a pena numa faixa que já não per-


mitiria o regime aberto, mas apenas o semi-aberto. Até aí, cui-
dando-se de uma conseqüência objetiva da nova pena fixada, a
mim me parece que se pode alterar a conseqüência, que era o
regime fixado; não porém, o Tribunal assumir uma devolução
plena que a interposição do recurso não lhe dera, para, além de
aumentar a pena e, em conseqüência, já não poder manter o
regime aberto, ir adiante, e impor o regime fechado, mais
gravoso do que o objetivamente determinado pela quantidade
da pena.
Peço vênia a V. Exa. para deferir o habeas corpus, a fim de
conceder o regime semi-aberto.
VOTO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI: - Sr.
Presidente, de acordo com o art. 33, § 3º, do Código Penal, o
qual remete ao art. 59 do mesmo Código, os critérios para a
determinação do regime inicial da pena são os mesmos que
inspiram a sua fixação.
Posta em reexame, pela apelação do Ministério Público, a
quantidade da pena, entendo que se estende o recurso,
logicamente, às conseqüências decorrentes desse aumento de
pena, porque, como disse, os critérios legais de fixação do regi-
me inicial e de fixação de pena são os mesmos (art. 59).
Peço vênia, por isso, ao eminente Ministro Sepúlveda Per-
tence, para acompanhar o voto de V. Exa., indeferindo o pedido.
VOTO
O SR. MINISTRO SYDNEY SANCHES: - Sr. Presi-
dente, peço vênia aos Ministros Sepúlveda Pertence e Ilmar
Galvão para acompanhar o voto de V. Exa., Ministro Moreira
Alves.
204 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

EXTRATO DE ATA
HC n. 76.590-3 - DF - Relator: Min. Moreira Alves.
Pacte.: Raimundo Teixeira da Silva. Imptes.: Eduardo Martins
Robinson e outro. Coator: Tribunal de Justiça do Distrito Fede-
ral e dos Territórios.
Decisão: Por maioria de votos, a Turma indeferiu o pedido
de habeas corpus. Vencidos os Senhores Ministros Sepúlveda
Pertence e Ilmar Galvão que o deferiam. 1ª Turma, 07.04.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 205

“HABEAS CORPUS” Nº 76.583-7 - PE - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 309)
Primeira Turma (DJ, 08.05.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sydney Sanches
Paciente: Adjaikoemar Ramcharan
Impetrante: Maria Lúcia de Souza Brandão
Coator: Tribunal Regional Federal da 5ª Região
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL.
CRIME DE TRÁFICO DE ENTORPECENTE: CA-
RACTERIZAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDE-
RAL. INTERROGATÓRIO: RENOVAÇÃO. CERCEA-
MENTO E DEFICIÊNCIA DE DEFESA. PROVAS.
“HABEAS CORPUS”.
1. No acórdão que indeferiu a Revisão Criminal, ora im-
pugnado, em face das provas consideradas no acórdão
revidendo e das que foram trazidas, com o pedido revisional,
concluiu o julgado tratar-se, mesmo, de tráfico internacional de
entorpecentes, para cujo julgamento é competente a Justiça Fe-
deral.
Ora, não é o “Habeas Corpus” instrumento processual
adequado para viabilizar o reexame de tais provas.
2. No que concerne à alegação de cerceamento de defesa,
na verdade, o paciente foi interrogado uma vez, pelo Juiz, e não
tinha direito processual subjetivo de ser ouvido novamente,
206 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

embora o magistrado pudesse proceder a novo interrogatório,


no interesse da instrução, se assim lhe parecesse conveniente.
Se não o fez, é de se presumir que não tinha sentido necessi-
dade dessa diligência, em face dos elementos constantes dos autos.
3. Quanto ao fato de a defesa não se haver insurgido
contra a não realização de novo interrogatório, não implica, ne-
cessariamente, a conclusão de que tenha sido deficiente, não
havendo nos autos demonstração de que tal diligência era mes-
mo imprescindível ao esclarecimento da verdade.
4. “H. C.” indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em indeferir o pedido de “habeas
corpus”.
Brasília, 17 de março de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SYDNEY SANCHES,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - 1. Trata-se de “Habeas Corpus” impetrado pela
Advogada MARIA LÚCIA DE SOUZA BRANDÃO, em fa-
vor de ADJAIKOEMAR RAMCHARAN, contra acórdão do
E. Tribunal Regional Federal da 5ª Região, que indeferiu seu
pedido de Revisão Criminal (fls. 7/58 e 129/189).
2. Na inicial, sustenta, em síntese, a impetrante:
a) não se haver caracterizado crime de tráfico internacio-
nal, razão pela qual incompetente a Justiça Federal para o pro-
cesso e julgamento, donde a nulidade da condenação;
HABEAS CORPUS 207

b) cerceamento de defesa porque o Juiz de 1º grau, duran-


te a instrução, de que resultou a condenação, ouviu outros acu-
sados mais de uma vez, não o fazendo com relação ao paciente;
c) deficiência da defesa, que não recorreu contra essa
decisão.
3. O Ministério Público federal, em parecer do ilustre
Subprocurador-Geral da República Dr. EDINALDO DE
HOLANDA BORGES, opinou pelo indeferimento do pedido,
pelas razões expostas às fls. 207.
É o Relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SYDNEY SANCHES
(Relator): - 1. Antes da prolação do acórdão ora impugnado,
proferido em Revisão Criminal, a impetrante havia apresentado
pedido de “Habeas Corpus”, perante esta Corte, contra o
aresto que, em grau de Apelação, havia mantido a condenação
do paciente, embora com redução da pena.
Tal pedido foi indeferido por esta Turma, ao julgar o HC nº
75.028, de que fui Relator, em data de 18.03.1997, ficando o
julgado sintetizado na ementa reproduzida a fls. 104, “in verbis”:
“EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, PENAL
E PROCESSUAL PENAL.
“HABEAS CORPUS”. TRÁFICO INTERNACIONAL
DE ENTORPECENTE: COMPETÊNCIA. PRISÃO EM
FLAGRANTE. CONDENAÇÃO. PROVAS.
“HABEAS CORPUS”.
1. Tratando-se de tráfico internacional de entorpecente, é
competente para o processo e julgamento da ação penal a Justi-
ça Federal (art. 109, V, da C.F. e art. 27 da Lei nº 6.368, de
21.10.1976).
208 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

2. Após a condenação por sentença, confirmada por


acórdão em grau de apelação, este último é que pode ser impug-
nado mediante “Habeas Corpus”. Não, mais, a prisão em fla-
grante, episódio processual já superado com o veredito
condenatório, que é o novo título da prisão.
3. É inadmissível, no âmbito estreito do “habeas corpus”, a
reinterpretação das provas em que se basearam a sentença e o
acórdão.
4. “H. C.” indeferido.”
2. No acórdão que indeferiu a Revisão Criminal, ora im-
pugnado, em face das provas consideradas no acórdão
revidendo e das que foram trazidas, com o pedido revisional,
concluiu o julgado tratar-se, mesmo, de tráfico internacional de
entorpecentes (v. fls. 136/140).
Ora, não é o “Habeas Corpus” instrumento processual
adequado para viabilizar o reexame de tais provas.
3. No que concerne à alegação de cerceamento de defesa
porque o Juiz de 1º grau, durante a instrução, deixou de ouvir,
pela segunda vez, o acusado, objetou o parecer do Ministério
Público federal, a fls. 207:
“A segunda invocação, de cerceio de defesa também não
pode ser avaliada pela via, vez que o fato condizente com a
alegação, a não audição, pela segunda vez, do réu, é fato que
emana do poder discricionário do Juiz, ante a conveniência da
instrução. Não há direito processual de o réu ser ouvido tantas
quantas sejam as vezes que requeira, impedindo com isso o
trânsito regular do processo”.
Na verdade, o paciente foi interrogado uma vez, pelo
Juiz, e não tinha direito processual subjetivo de ser ouvido
novamente, embora o magistrado pudesse proceder a novo
HABEAS CORPUS 209

interrogatório, no interesse da instrução, se assim lhe pareces-


se conveniente.
Se não o fez, é de se presumir que não tenha sentido
necessidade dessa diligência, em face dos elementos constantes
dos autos.
4. Quanto ao fato de a defesa não se haver insurgido
contra a não realização de novo interrogatório, não implica, ne-
cessariamente, a conclusão de que tenha sido deficiente, não
havendo nos autos demonstração de que tal diligência era mes-
mo imprescindível ao esclarecimento da verdade.
5. Por todas essas razões, acolhendo o parecer do Minis-
tério Público federal, indefiro o pedido.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.583-7 - PE - Relator: Min. Sydney Sanches.
Pacte.: Adjaikoemar Ramcharan. Impte.: Maria Lúcia de Souza
Brandão. Coator: Tribunal Regional Federal da 5ª Região.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 17.03.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
210 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 211

“HABEAS CORPUS” Nº 76.559-9 - SP - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 305)
Segunda Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Carlos Velloso
Paciente: Gilmar Martins Nunes ou Gilmar Martins
Impetrante: Gilmar Martins Nunes
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS
CORPUS. SENTENÇA CONDENATÓRIA. DECLARA-
ÇÃO DO RÉU, SEM ASSISTÊNCIA DE DEFENSOR, DE
QUE NÃO DESEJA APELAR.
I - Não deve produzir efeitos definitivos e declaração do
réu, sem que esteja assistido pelo seu defensor, de que não
pretende apelar da sentença condenatória
II - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federl firmou-
se no sentido de que o defensor pode apelar da sentença
condenatória, inobstante declaração do réu em sentido contrá-
rio. Precedentes do STF: RECr 107.726-SP, Rel. Min. Carlos
Madeira, RTJ 12/326; HC 55.401-MG (Plenário), Rel. Min.
Cunha Peixoto, RTJ 90/31; RHC 54.961-GO, Rel. Min. Bilac
Pinto, RTJ 80/497; RECr 188.703-SC, Rel. Min. Francisco
Rezek, RTJ 156/1.074; HC 65.572-DF, Rel. Min. Célio Borja,
RTJ 126/610 e HC 76.524-RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
Plenário, 13/04/98.
212 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

III - HC deferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por decisão unânime, deferir o habeas corpus, nos termos do
voto do Relator. Ausentes, justificadamente, neste julgamento,
os Senhores Ministros Marco Aurélio e Maurício Corrêa.
Brasília, 26 de maio de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - CARLOS
VELLOSO, Relator.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO: - Trata-se de
habeas corpus impetrado por GILMAR MARTINS NUNES
ou GILMAR MARTINS, em seu próprio benefício, com a ale-
gação de que foi condenado em primeira instância a 6 (seis) anos
e 9 (nove) meses de reclusão, em regime fechado, e multa, pelo
crime previsto no art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal.
Por ser leigo e sem conhecimento jurídico, optou por não
recorrer da decisão condenatória, que transitou em julgado.
Posteriormente, ajuizou, junto ao Tribunal de Alçada Cri-
minal, ação de revisão criminal, objetivando, preliminarmente, o
cancelamento do trânsito em julgado. O Primeiro Grupo de Câ-
maras do Tribunal, por maioria, não conheceu da revisão.
Diz o paciente que está sofrendo constrangimento ilegal,
dado que não tinha condições de avaliar a inconveniência da
renúncia em apelar. Aliás, essa renúncia é ineficaz, afirma, sem a
assistência de um advogado. No caso, houve negligência do
defensor dativo, acarretando sério prejuízo para a sua defesa.
HABEAS CORPUS 213

Requer a concessão da ordem para cancelar o trânsito em


julgado da sentença, com a determinação para que as razões da
ação de revisão sejam recebidas como razões de apelação.
Vieram aos autos as informações prestadas pelo eminente
Presidente do Egrégio Tribunal de Alçada Criminal do Estado de
São Paulo, com os seguintes esclarecimentos:
“Alega o paciente, em síntese, estar sofrendo constrangi-
mento ilegal, eis que o defensor que lhe fora nomeado quedou-
se inerte após a projeção da sentença, a qual transitou em julga-
do (Ação Penal nº 494/92, da E. Décima Quinta Vara Criminal
da Comarca de São Paulo).
Cabe-me, a propósito e em atenção ao ofício de Vossa
Excelência, transmitir os esclarecimentos que seguem.
Por fatos ocorridos em 29 de maio de 1992, foram o
paciente e outro co-réu denunciados, perante o MM. Juízo da E.
Décima Quinta Vara Criminal da Comarca de São Paulo, como
incursos no art. 157, § 2º, I e II, c.c. o art. 29, ambos do
Códigos Penal (doc. nº 1).
Recebida a denúncia (doc. nº 2), foi o acusado citado e
interrogado (doc. nº 3), sendo-lhe nomeadas como defensoras
as Procuradoras do Estado em exercício no Juízo (doc. nº 4).
Realizada a instrução (doc. nº 5) e oferecidas as alegações
finais (doc. nº 6), sobreveio sentença condenatória, que apenou
o paciente, por infringência ao art. 157, § 2º, I e II, do Código
Penal, a 6 anos e 9 meses de reclusão, em regime fechado, e 18
dias-multa (doc. nº 7).
Estando a defesa ciente do r. decisum (doc. nº 7), intimou-
se o réu do édito condenatório, renunciando ele ao direito de
recorrer (doc. nº 8). Expedida carta precatória para ratificar ou
retificar a renúncia, novamente optou Gilmar Martins Nunes por
214 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

não recorrer, restando homologada sua decisão pela autoridade


judicial (doc. nº 9), certificando-se, então, o trânsito em julgado
(doc. nº 10).
Informo, por derradeiro, que o paciente formulou, nesta
Corte, a Revisão Criminal nº 305.280/1, e o E. Primeiro Grupo
de Câmaras, por maioria de votos, rejeitada a preliminar, não
conheceu do pedido (doc. nº 11).” (fls. 27/28)
Oficiando às fls. 113/115, parecer do ilustre
Subprocurador-Geral Edinaldo de Holanda Borges, o Ministé-
rio Público Federal opina no sentido do indeferimento da ordem,
ao entendimento de que, de acordo com decisões desta Corte,
“a declaração do réu, feita sem a assistência do defensor, no
sentido de que não deseja recorrer da sentença condenatória,
não deve, por si só produzir efeitos”.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO (Relator): - A
tese posta em exame é a de saber se deve ser considerada válida
a decisão do réu, sem a assistência de defensor, de não recorrer
da sentença condenatória.
O Supremo Tribunal Federal tem decidido que não deve
produzir efeitos definitivos a declaração do réu, sem que esteja
assistido por defensor, de que não deseja apelar da decisão
condenatória.
Foi como decidiu, por unanimidade, a Egrégia Segunda
Turma no HC 70.444-RJ, Rel. Min. Néri da Silveira, portando o
acórdão a seguinte ementa:
“Habeas corpus. Apelação interposta por Defensor Pú-
blico, que não foi conhecida, por falta de legitimidade para o
recurso, tendo em conta que o réu, ao tomar ciência da senten-
HABEAS CORPUS 215

ça, sem assistência do Defensor Público, afirmou que dela não


recorreria. Intimação do Defensor Público, realizada posterior-
mente, vindo a interpor o recurso, por considerá-lo aconselhável
aos interesses do acusado. Réu paraplégico, já condenado a 14
anos de reclusão em outro processo. A declaração do réu feita
sem a assistência do defensor, no sentido de que não deseja
recorrer da sentença condenatória, não deve, por si só, produzir
efeitos definitivos. O Defensor Público não só pode como deve
esgotar, a favor do réu, todos os recursos legais que garantam a
ampla defesa. Sem assistência do defensor, nem sempre o réu
está plenamente capacitado a avaliar as possibilidades de sua
defesa. Habeas corpus deferido para que, afastada a preliminar
de ilegitimidade do Defensor Público, julgue o Tribunal
indigitado coator a apelação do réu como entender de direito.”
(RTJ 154/540).
Esta Corte tem decidido, inclusive, que o defensor público
não só pode, como deve, apelar da sentença condenatória,
inobstante tenha o réu declarado sua pretensão de não recorrer.
Nesse sentido foi a decisão proferida, inter plures, nos seguintes
processos: RECr 107.726-SP, Rel. Min. Carlos Madeira, RTJ
122/326; HC 55.401-MG (Plenário), Rel. Min. Cunha Peixoto,
RTJ 90/31; RHC 54.961-GO, Rel. Min. Bilac Pinto, RTJ 80/
497; RECr 188.703-SC, Rel. Min. Francisco Rezek, RTJ 156/
1.074 e HC 65.572-DF, Rel. Min. Célio Borja, RTJ 126/610.
O Plenário desta Corte decidiu, recentemente, no HC
76.524-RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, decisão publicada
em 13/04/98, que o defensor tem legitimidade para interpor
recurso da sentença condenatória, ainda que o réu tenha dele
renunciado.
O acórdão foi assim ementado:
“EMENTA: Recurso: legitimidade do defensor para
interpô-lo, não prejudicada pela renúncia do réu.
216 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

1. No processo penal, o papel do defensor, constituído ou


dativo, não se reduz ao de simples representante ad judicia do
acusado, investido mediante mandato, ou não, incumbindo-lhe
velar pelos interesses da defesa: por isso, a renúncia do réu à
apelação não inibe o defensor de interpô-la.
2. A pretendida eficácia preclusiva da declaração de re-
núncia ao recurso pelo acusado reduziria a exigência legal de
subseqüente intimação do defensor técnico - com a qual jamais
se transigiu - a despropositada superfetação processual.
3. Dado que a jurisprudência do STJ já não reclama o
trânsito em julgado da condenação nem para a concessão do
indulto, nem para a progressão de regime de execução, nem
para o livramento condicional, o eventual interesse do réu na
obtenção de tais benefícios não se pode opor ao conhecimento
do recurso interposto por seu defensor.” (julgado em 01/04/98).
Disse eu, na ocasião, que, “porque a defesa é técnica -
deve ser técnica -, a vontade do réu em dispor do recurso
somente se realiza integrada com a vontade do defensor”.
Do exposto, defiro a ordem para que o pedido de Revisão
nº 305.280 (Ação Penal nº 494/92) seja recebido como apela-
ção, cancelado o trânsito em julgado da sentença condenatória,
baixando os autos para contra-razões.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.559-9 - SP - Relator: Min. Carlos Velloso.
Pacte.: Gilmar Martins Nunes ou Gilmar Martins. Impte.: Gilmar
Martins Nunes. Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado
de São Paulo.
Decisão: Por unanimidade, a Turma deferiu o habeas
corpus, nos termos do voto do Relator. Ausentes,
justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Mar-
co Aurélio e Maurício Corrêa. 2ª Turma, 26.05.98.
HABEAS CORPUS 217

Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
218 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 219

“HABEAS CORPUS” Nº 76.544-1 - RJ - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 301)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Marco Aurélio
Paciente: Jorge José Ferreira Ribeiro
Impetrantes: Eduardo Martins Robinson e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
EMENTA: - COMPETÊNCIA - HABEAS CORPUS -
ATO DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Na dicção da ilustrada
maioria (seis votos a favor e cinco contra), entendimento em
relação ao qual guardo reservas, compete ao Supremo Tribunal
Federal julgar todo e qualquer habeas corpus impetrado contra
ato de tribunal, tenha este, ou não, qualificação de superior.
FIANÇA - OPORTUNIDADE - TRÂNSITO EM JUL-
GADO DO DECRETO CONDENATÓRIO. Uma vez transi-
tado em julgado o provimento condenatório, tem-se a impropri-
edade do pedido de fiança - artigo 334 do Código de Processo
Penal. Precedente: Habeas Corpus nº 72.169/RJ, Primeira Tur-
ma, Relator Ministro Sepúlveda Pertence, Diário da Justiça de 9
de junho de 1995.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em indeferir o habeas corpus.
220 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Brasília, 12 de maio de 1998.


NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MARCO AURÉLIO,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Na ini-
cial deste habeas corpus, argúi-se a existência do direito à fian-
ça. O Paciente foi denunciado perante o Juiz de Direito da 2ª
Vara Criminal do Foro Regional de Jacarepaguá como incurso
no artigo 317, § 1º, do Código Penal, vindo a ser condenado à
pena de dois anos de reclusão, em regime aberto, tendo sido
determinada pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro a expedição de mandado de prisão. O acórdão
então proferido não transitou em julgado, isso considerada a
interposição de recurso especial. Segundo o sustentado, tendo
em vista a fixação da pena mínima alusiva ao tipo, concorre o
direito à fiança, considerado o disposto nos artigos 323 e 331
do Código de Processo Penal. Alude-se a precedente desta
Corte relativo ao Recurso em Habeas Corpus nº 63.648.5-MG,
relatado pelo Ministro Francisco Rezek, cujo acórdão foi publi-
cado no Diário de 2 de maio de 1986. A inicial veiculou o
pedido de concessão de medida acauteladora, vindo acompa-
nhada dos documentos de folhas 7 a 92. O Ministro Carlos
Velloso, no exercício da Presidência, despachou em 7 de janeiro
de 1998, determinando fossem requisitadas as informações, di-
ante das quais apreciaria o pedido de liminar (folha 95). Às
folhas 99 e 100 estão as informações subscritas pelo
Desembargador Tiago Ribas Filho e que remetem à tramitação
da ação penal.
Conforme decisão de folhas 102 a 105, foi indeferida a
liminar, consignando-se a ausência, nos autos, de prova
concernente ao fato de que não transitou em julgado o decreto
HABEAS CORPUS 221

condenatório, prova esta indispensável à conclusão sobre o di-


reito, ou não, à fiança.
A Procuradoria-Geral da República emitiu o parecer de
folhas 108 e 109, assim sintetizado:
IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA CONTRA DECISÃO
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO QUE, EM GRAU DE RECURSO, EXPE-
DIU MANDADO DE PRISÃO CONTRA O PACIENTE.
Calcou-se o Procurador oficiante no fato de não se haver
provado a inexistência de preclusão maior relativamente ao
acórdão proferido pela Câmara julgadora da apelação. Aos
autos vieram os acórdãos prolatados nos Habeas nºs 73.222-4
e 75.094-0, ambos originários do Rio de Janeiro, e que visaram
a beneficiar o Impetrante. Neles tratou-se de temas distintos
desta impetração, a saber:
- Habeas Corpus nº 73.222-4/RJ, relacionado ao cumpri-
mento de mandado de prisão quando pendente embargos
declaratórios;
- Habeas Corpus nº 75.094-0/RJ, ligado à desclassifica-
ção do crime, absolvição do Paciente e defesa apresentada.
Neste último habeas, a Turma concluiu por vício de proce-
dimento na apreciação dos embargos declaratórios, anulando o
acórdão respectivo e determinando que outro fosse confeccio-
nado, emitindo o órgão julgador entendimento explícito sobre os
temas versados no citado recurso (folhas 117 a 123). À folha
126, oficiei instando o Tribunal de Justiça a esclarecer se houve,
ou não, o trânsito em julgado do acórdão em tela.
Aos autos veio o ofício de folhas 130 e 131, noticiando a
interposição de recurso extraordinário contra o acórdão proferi-
do pelo co-réu Gilvan Fernandes Rodrigues, estando os autos
222 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

na Procuradoria-Geral de Justiça. À folha 134, voltei a despa-


char, determinando a solicitação de esclarecimentos sobre a si-
tuação, em si, do Paciente, considerado o teor do ofício remeti-
do. Daí a peça de folha 138, revelando que somente em relação
ao Co-réu Gilvan Fernandes Rodrigues não houve o trânsito em
julgado do acórdão proferido nos autos da Apelação Criminal nº
1.321/94.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO
(Relator): - Inicialmente, ressalvo entendimento pessoal sobre a
competência para julgar este habeas corpus, cuja definição,
continuo convencido, ocorre consideradas as pessoas envolvi-
das na hipótese sob exame. O Paciente não goza de prerrogativa
de foro. Assim, cabe perquirir a situação daqueles que integram
o Órgão apontado como coator - o Tribunal de Justiça do Esta-
do do Rio de Janeiro. Os desembargadores estão submetidos à
jurisdição direta, nos crimes comuns e de responsabilidade, do
Superior Tribunal de Justiça - alínea “a” do inciso I do artigo 105
da Constituição Federal, o que atrai a pertinência do disposto na
alínea “c” do referido inciso, segundo a qual compete àquela
Corte julgar os habeas corpus quando o coator ou o paciente for
qualquer das pessoas mencionadas na alínea “a”, ou quando o
coator for Ministro de Estado, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral. Todavia, até aqui este não é o entendimento
prevalescente. O Plenário, ao concluir o julgamento da Recla-
mação nº 314/DF, em que funcionou como Relator o Ministro
Moreira Alves, assentou que compete ao Supremo Tribunal Fe-
deral julgar todo e qualquer habeas corpus, desde que não seja
substitutivo de recurso ordinário, interposto contra ato de tribu-
nal, ainda que não guarde a qualificação de superior. Na oportu-
nidade, fiquei vencido na companhia honrosa dos Ministros
HABEAS CORPUS 223

Ilmar Galvão, Carlos Velloso e Celso de Mello, tendo findado o


julgamento em 30 de novembro de 1993. O tema foi melhor
desenvolvido quando verificado o debate junto ao Pleno
(acórdão publicado na Revista Brasileira de Ciências Criminais
nº 9, página 140 a 146). Conheço do pedido ora formulado.
No mérito, ficou devidamente esclarecido que o decreto
condenatório transitou em julgado quanto à condenação do Pa-
ciente. Se assim é, incide, na espécie, o preceito do artigo 334
do Código de Processo Penal:
Art. 334. A fiança poderá ser prestada em qualquer termo
do processo, enquanto não transitar em julgado a sentença
condenatória.
Por tal razão, indefiro a ordem.
É como voto, na espécie dos autos.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.544-1 - RJ - Relator: Min. Marco Aurélio.
Pacte.: Jorge José Ferreira Ribeiro. Imptes.: Eduardo Martins
Robinson e outro. Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus. 2ª Turma, 12.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Carlos Alberto Cantanhede, Secretário.
224 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 225

“HABEAS CORPUS” Nº 76.542-9 -RJ - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 295)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence
Paciente: Luis Carlos Cabral Rosa
Impetrante: Luis Carlos Cabral Rosa
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de
Janeiro
EMENTA: - Latrocínio tentado: afirmado o dolo e o início
da execução do homicídio, afinal não consumado e igualmente
não aperfeiçoado o roubo, tem-se latrocínio tentado, indepen-
dentemente de gravidade ou não das lesões corporais sofridas
pela vítima.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 02 de junho de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SEPÚLVEDA PER-
TENCE, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
O paciente e um dos dois co-réus foram condenados por tenta-
226 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

tiva de roubo qualificado pelo resultado da morte (latrocínio),


por sentença, confirmada em segundo grau, que acolheu a se-
guinte denúncia - apenso, f. 2/3:
“O PROMOTOR DE JUSTIÇA titular desta Comarca,
usando das atribuições que lhe são outorgadas por lei, vem
perante V. Exa., articular DENÚNCIA em face de
LUIZ CARLOS GABRIEL ROSA
CARLOS JORGE DONATO
RUBEM DA CONCEIÇÃO RAMOS
qualificados às fls. 09, do instrumento flagrancial, pelo
comportamento delitivo que passa a aduzir:
No dia dezenove de fevereiro de mil novecentos e noventa
e seis, cerca das dez horas e cinqüenta minutos, na Avenida Júlia
Kubitschek, localizada no centro desta cidade, os denunciados,
mediante ajuste prévio, em ação conjunta e solidária, auxiliando-
se física e psicologicamente, com vontades livres e conscientes,
direcionadas à prática do injusto penal, com o objetivo de rou-
bar os pertences de Luiz Antonio de França, anunciaram tratar-
se de um assalto, e em face da sua imediata reação, fizeram
disparo de arma de fogo contra a vítima, causando-lhe os
ferimentos descritos no laudo de lesões corporais que será jun-
tado oportunamente, cuja peça técnica evidencia a materialidade
do tipo penal.
Inquestionavelmente, os denunciados, em ação conjunta
e solidária e auxiliando-se física e psicologicamente, pratica-
ram homicídio tentado e subtração patrimonial tentada, sabido
que ambos os tipos penais não se consumaram por circunstân-
cias alheias à vontade dos denunciados, em face da reação da
vítima, que mesmo alvejada com um tiro no peito, conseguiu
disparar a sua arma, ferindo dois dos acusados e um outro
HABEAS CORPUS 227

evadiu-se, tendo a referida vítima deixado o local à procura de


socorros médicos.
A conduta criminosa dos denunciados caracteriza, incon-
testavelmente, o tipo penal hediondo de tentativa de latrocínio,
conforme a doutrina unânime, e, principalmente o entendimento
do saudoso Hungria.”
O paciente impetra habeas corpus, visando à nulidade da
sentença e do acórdão condenatório.
A petição - manuscrito, mas inteligível e concatenada -
repele com veemência a imputação de roubo: o paciente e seu
companheiro é que, agredidos pela vítima - que é um policial -
teriam reagido em legítima defesa; ademais, ainda que aceita a
versão da vítima, não haveria latrocínio tentado, pois a vítima
não sofreu sequer lesões corporais graves.
No entanto, tais teses de defesa não teriam sido examina-
das por nenhuma das decisões condenatórias. Donde, o vício de
fundamentação que lhes atribui de carência de motivação intrín-
seca e extrínseca, na conhecida lição de Belavista, que a
impetração invoca.
Prestadas as informações (f. 21), opinou o il.
Subprocurador-Geral Edinaldo Borges pelo indeferimento da
ordem, aduzindo - f. 25:
“Condenado pelo artigo 157, § 3º, combinado com o art.
14, inciso II do Código Penal, argúi o paciente-impetrante legíti-
ma defesa própria, tese que não teria sido enfrentada pelo juízo
de condenação.
O Egrégio Tribunal de origem, atesta, ao contrário, a
observância da devida fundamentação, inclusive no que pertine
à alegação atual, transcrevendo o seguinte entretrecho da sen-
tença:
228 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

“Nessa perspectiva, não há como agasalhar as teses de-


fensivas, em especial aquelas que discorrem sobre a existência
de legítima defesa e acerca da não concretização do latrocínio
tentado, por força da incomprovação de serem, as lesões sofri-
das pela vítima, classificadas como de natureza grave” (fl. 22).
A reavaliação do quadro em sua totalidade para a dedu-
ção pretendida de exclusão da criminalidade não tem possibili-
dade através da via de articulação unilateral. A pretensão encon-
tra obstáculo na necessidade de reexame da matéria de fato e da
prova que a sedimenta. Ante o exposto, o alvitre é no sentido do
indeferimento do pedido.”
Acolhendo manifestação da Procuradoria-Geral nos autos
do HC 76.866, requerido pelo paciente em termos idênticos ao
do relatado, apensei aos presentes.
Ad cautelam, requisitei os autos do processo principal.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
(Relator): - As informações do il. Desemb. Thiago Ribas Filho,
Presidente do Tribunal coator, bastam a derruir a alegação de
que a rejeição das teses da defesa não teriam sido objeto de
motivação nas decisões condenatórias.
Lê-se nas informações - f. 21/23:
O paciente, juntamente com dois outros acusados, sendo
que um deles veio a ser absolvido, foi denunciado e condenado
por infringência ao artigo 157, § 3º, c/c artigo 14, inciso II, do
Código Penal.
Na defesa prévia ressaltou, apenas, que “No decorrer da
presente instrução, restará provada a inocência do acusado”,
HABEAS CORPUS 229

sendo que, nas alegações finais, sustentou as seguintes teses: 1ª)


legítima defesa própria; 2ª) desclassificação para o crime de
roubo, qualificado pelo concurso de pessoas e emprego de
arma, na forma tentada, pois não há “prova inquestionável de ter
a vítima sofrido, ao menos, lesão corporal grave, nos exatos
moldes do que determina o parágrafo primeiro do art. 129, do
C.P.”; 3ª) reconhecimento de uma tentativa de roubo simples em
concurso com lesão corporal, tendo em vista a não comprova-
ção do ânimo homicida.
A sentença condenatória, após ressaltar trechos dos de-
poimentos das vítimas e dos policiais que participaram da ocor-
rência, salientou, na parte da fundamentação, o seguinte: “Den-
tro desse contexto, posso então afirmar que os dois primeiros
acusados, (Luiz Carlos e Carlos Donato) foram co-autores da
imputada figura do latrocínio tentado. Ambos acompanhados de
outro elemento não identificado participaram da abordagem di-
reta da vítima, anunciando um assalto, e, diante da reação desta,
o primeiro deles, com consciência e vontade, não hesitou em
apertar o gatilho alvejando-a no peito e a uma curta distância,
circunstância que decerto evidencia, extreme de dúvidas, o
animus necandi. O resultado mais gravoso só não adveio porque
a vítima ainda conseguiu reagir, logrando balear tais elementos e
procurando socorro a seguir, evitando, assim, a consumação
esperada - Nessa perspectiva, não há como agasalhar as teses
defensivas, em especial aquelas que discorrem sobre a existên-
cia de legítima defesa e acerca da não concretização do latrocí-
nio tentado, por força da incomprovação de serem, as lesões
sofridas pela vítima, classificadas como de natureza grave. É
que, no primeiro caso, o invocado tipo permissivo não encontra
qualquer respaldo, não só porque ausentes os seus requisitos e
isolada no contexto dos autos, mas também porque inverossímel
e colidente com os demais elementos produzidos. E na segunda
hipótese, porque o articulado defensivo e os julgados que
230 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

colaciona referem-se exclusivamente à situação regrada pela


primeira parte do par. do art. 157, não se lhe aplicando, em
absoluto, a segunda parte deste referido dispositivo, mesmo
porque a exemplo do homicídio, pode haver tentativa branca de
latrocínio, na qual se evidencia o animus necandi, mas o agente
não chega a alvejar a integridade física da vítima.”
Nas razões recursais, voltou o paciente a sustentar as mes-
mas teses, requerendo, ainda, a diminuição da pena imposta,
havendo a Terceira Câmara Criminal acolhido o apelo tão-so-
mente no tocante a este último ponto.
Na ementa do acórdão consta que: “Teses defensivas da
excludente de criminalidade e desclassificatória para roubo qua-
lificado tentado não podem prosperar, evidenciado o propósito
homicida no mesmo momento do anúncio do assalto, tem-se que
a adequação correta do fato é a de latrocínio tentado e não
roubo qualificado tentado, como quer a defesa ... Desinfluente
indagar-se sobre a gravidade da lesão, uma vez que a imputação
diz respeito à tentativa de latrocínio e não com a causa especial
prevista na primeira parte do parágrafo 3º, artigo 157, do Códi-
go Penal, posto que ficou demonstrada a intenção dos apelantes
em eliminar a vítima ante a reação desta que impediu o êxito do
crime patrimonial objetivado por eles.”
Deve ser ressaltado, outrossim, os seguintes trechos do
voto vencedor: “As versões apresentadas pelos apelantes para
desfigurar a tentativa de latrocínio não merecem a mínima
credibilidade, ante aos firmes depoimentos prestados pela víti-
ma, nas duas fases processuais ... As teses defensivas da
excludente de criminalidade e desclassificatória para roubo qua-
lificado tentado não podem prosperar, mesmo porque as justifi-
cativas dos interrogatórios restaram isoladas nos autos sem
qualquer comprovação mesmo indiciária. Neste particular a sen-
tença mostra-se incensurável e porque evidenciado o propósito
HABEAS CORPUS 231

homicida no mesmo momento do anúncio do assalto, tem-se que


a adequação correta do fato é a de latrocínio tentado e não
roubo qualificado tentado, como quer a defesa, respondendo
ambos pelo resultado na vítima ... Desinfluente indagar-se sobre
a gravidade da lesão, uma vez que a imputação diz respeito à
tentativa de latrocínio e não com a causa especial prevista na
primeira parte do parágrafo 3º, art. 157, do Código Penal, posto
que ficou demonstrada a intenção dos apelantes em eliminar a
vítima, ante a reação desta que impediu o êxito do crime
patrimonial.”
A leitura integral da sentença e do acórdão corroboram
que as afirmações de fato estão alicerçadas na referência especí-
fica à prova, em particular, às declarações do lesado e ao teste-
munho dos policiais que o atenderam e partiram à busca dos
acusados.
Saber se a prova acusatória merecia ou não a credibilidade
que lhe emprestaram as instâncias ordinárias e se procede o
juízo de inverossimilhança com que se desprezou a versão dos
acusados é empreitada que efetivamente não se comporta nos
limites da cognição do habeas corpus, como, de resto, é o pró-
prio paciente que reconhece, ao notar que só a “título de ilustra-
ção” insistira na afirmação da própria inocência e na crítica ao
acertamento dos fatos nas decisões que impugna.
Resta o problema da classificação do delito, mas aí alinha-
se à doutrina assente, praticamente unânime, o reconhecimento
do latrocínio tentado, quando, presente o animus necandi - afir-
mado, no caso, à base da prova - afinal, nem se consuma o
homicídio, nem se aperfeiçoa o roubo.
Comentando os problemas da tentativa nos crimes qualifi-
cados pelo resultado, o notável Costa e Silva (Código Penal,
1943, p. 85), com a precisão de sempre, já sintetizara o critério
232 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

básico ao reconhecimento de tentativa - a vontade ou não do


resultado - e, a título de exemplo, formulava hipótese adequada
ao caso presente:
“Agitada é a questão referente aos delitos agravados ou
qualificados pelo resultado. Se este é querido, deve-se admitir a
tentativa. Ex: A lança no rosto de B certa quantidade de vitríolo.
Seu intuito é evidentemente produzir uma lesão deformante (art.
129, § 2º, IV), B cobre o rosto, e não é atingido. Deve-se
reconhecer, na hipótese figurada, uma tentativa de lesão corpo-
ral agravada. Se o resultado, que constitui circunstância agra-
vante especial ou qualificativa, não é querido, mas somente
culposo ou acidental, não poderá haver tentativa de crime agra-
vado ou qualificado”.
A autoridade de Hungria (Comentários, 4ª ed., 1980, VII/
62 ss, n. 24) endossa a solução. “Nos crimes complexos” -
ensinou o mestre - “salvo expressa disposição legal em contrá-
rio, se um dos crimes-membros deixa de consumar-se, fica pre-
judicada a consumação do todo unitário, e também não se pode
ter simples tentativa deste quando um dos crimes-membros se
consumou. Certo que no caso de tentativa de crime-membro
que serve de meio ao outro, não tendo sido iniciado ou tendo
ficado igualmente em grau de tentativa, há tentativa de crime
complexo; mas quando o crime-meio é apenas tentado e o cri-
me-fim se consuma ou vice-versa, já não pode falar em tentativa
de crime complexo. O latrocínio, tendo-se em vista a sua unida-
de jurídica de crime complexo, só se pode dizer consumado ou
tentado, quando, respectivamente, o homicídio e a subtração
patrimonial se consumam ou ficam ambas em fase de tentativa”.
O douto Heleno Fragoso subscreve a resposta de Hungria
(Lições de Direito Penal, 1962, I/267, § 246).
Vale notar que o Tribunal, se não partilhou a doutrina de
Hungria na hipótese do homicídio consumado e roubo tentado -
HABEAS CORPUS 233

onde a Súm. 610 divisa latrocínio consumado - lhe tem sido fiel
na identificação de tentativa, quando não se consume nem a
morte do lesado nem a subtração da coisa (v.g., HC 74.155, 2ª
T, 27.8.96, Corrêa, DJ 11.10.96; HC 48.952, 14.12.71, Bilac,
RTJ 61/321).
O ponto decisivo para a solução do problema está assim -
não como supõe o paciente na gravidade da lesão corporal, que
só tem relevo para o tipo da parte inicial do art. 157, § 3º - mas
sim na existência ou não de dolo, de homicídio, essencial à
composição de tentativa de morte. Presente o elemento subjeti-
vo e dada a eficácia objetiva do meio empregado, a identificação
da tentativa, como é elementar, independe de todo da gravidade
da lesão corporal resultante do início de execução do homicídio
ou mesmo de existência dela.
No caso, repita-se, a idoneidade do meio e o dolo do
homicídio ficaram explicitamente reconhecidos na sentença
(apenso, f. 131):
“Dentro desse contexto, posso então afirmar que os dois
primeiros acusados (Luiz Carlos e Carlos Donato) foram co-
autores da imputada figura do latrocínio tentado. Ambos, acom-
panhados de outro elemento não identificado, participaram da
abordagem direta da vítima, anunciando um assalto, e, diante da
reação desta, o primeiro deles, com consciência e vontade, não
hesitou em apertar o gatilho, alvejando-a no peito e a uma curta
distância, circunstância que decerto evidencia, estreme de dúvi-
das, o animus necandi. O resultado mais gravoso só não adveio
porque a vítima ainda conseguiu reagir, logrando balear tais ele-
mentos e procurando socorro a seguir, evitando, assim, a consu-
mação esperada.”
São afirmações extraídas da análise e da valoração da
prova, a cuja revisão também não se presta habeas corpus.
234 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Tal a equação do caso, indefiro a ordem e julgo prejudica-


do o HC 76.866, em apenso: é o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.542-9 - RJ - Relator: Min. Sepúlveda Pertence.
Pacte.: Luis Carlos Cabral Rosa. Impte.: Luis Carlos Cabral
Rosa. Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de
Janeiro.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. Ausente, ocasionalmente, o Ministro Ilmar Galvão. 1ª
Turma, 02.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 235

“HABEAS CORPUS” Nº 76.495-1 - SP - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 291)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Orivaldo de Oliveira Negrini
Impetrante: Orivaldo de Oliveira Negrini
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
EMENTA: - HABEAS CORPUS. ESTELIONATO.
ALEGAÇÕES INFUNDADAS DE NULIDADE DA CITA-
ÇÃO EDITALÍCIA, FALTA DE DEFESA, ATIPICIDADE
DO FATO E DE FALTA DE JUSTA CAUSA POR
INEXISTÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA.
1. O habeas corpus, tendo em vista o seu rito especial e
sumário, não se compadece com o reexame e revaloração das
provas do processo-crime.
2. Habeas corpus conhecido, mas indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Minis-
tros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal,
na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, indeferir, o habeas corpus.
Brasília, 16 de junho de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
236 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de habeas corpus em que o impetrante-paciente afirma que
está sofrendo coação ilegal por ato da 4ª Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, praticado ao dar
provimento à apelação interposta pelo Ministério Público contra
a sentença absolutória (CPP, art. 386, VI) do Juiz de Direito da
14ª Vara Criminal de São Paulo e condená-lo às penas de 1
(um) ano e 6 (seis) meses de reclusão, em regime fechado, e de
15 diárias, como incurso nas sanções do art. 171, caput, do
Código Penal.
Alega nulidade da citação editalícia (CPP, art. 564, III, e),
falta de defesa (Súmula 523), atipicidade do fato e falta de justa
causa por inexistência de prova da autoria. Pede a anulação da
decisão condenatória (fls. 2/6). Junta documentos (fls. 7/16).
2. A impetração foi equivocadamente dirigida ao Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo, que declarou sua incompe-
tência e encaminhou os autos a este Tribunal (fls. 28/30).
3. Vêm aos autos as informações prestadas pelo 2º Vice-
Presidente do Tribunal coator (fls. 40/41), acompanhadas de
documentos (fls. 40/41).
4. Manifesta-se o Ministério Público Federal pelo
Subprocurador-Geral da República Mardem Costa Pinto, opinan-
do pelo conhecimento parcial do writ, com a denegação da ordem.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - A primeira alegação, relativa à nulidade da citação
editalícia, não está minimamente fundamentada na impetração,
HABEAS CORPUS 237

além da matéria não ter sido submetida nem apreciada pelo


Tribunal apontado como coator.
Entretanto, verifico nos documentos que vieram aos autos
com as informações que foram feitas diversas tentativas para
citação pessoal do paciente (fls. 45 a 52), o qual foi citado por
edital publicado na imprensa oficial (fls. 47 e 48).
2. O mesmo ocorre com a alegação de falta de defesa,
pois consta dos mesmos documentos a nomeação de Procura-
dor do Estado em exercício na 14ª Vara Criminal de São Paulo
(fls. 52), que compareceu aos autos processuais (fls. 53, 54vº,
55vº, 56), apresentou defesa prévia (fls. 67 e vº) e as alegações
finais (fls. 63/66), tendo obtido a absolvição do paciente na
primeira instância (fls. 68/70) e contra-arrazoado o apelo do
Ministério Público (fls. 75/77).
Não há, pois, nada nos autos, nem alegação nem docu-
mentos, que indicie a violação da Súmula 523.
3. As alegações de atipicidade do fato e de falta de justa causa
por inexistência de prova da autoria se esvaem ante o seguinte
excerto extraído do acórdão impugnado, in verbis (fls. 82/83):
“A vítima, por sua vez, disse que o réu a procurou em seu
escritório, oferecendo-lhe aquela linha telefônica e exibindo-lhe
toda a documentação necessária para a transferência. Certa de
que a documentação era autêntica, pois as firmas estavam até
reconhecidas, a vítima pagou ao réu o preço solicitado pela linha.
Inegável, portanto, a prática de estelionato, já que a vítima
foi induzida em erro mediante artifício utilizado pelo réu, que
obteve, assim, vantagem ilícita.
No tocante à autoria, deve ser observado que a vítima
reconheceu o réu, com absoluta segurança, através das fotos de
fls. 10 e 79, e sua identificação somente foi possível porque ela,
vítima, anotou o número da carteira de identidade do réu.
238 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Se outra pessoa tivesse utilizado o documento do réu no


momento em que recebeu o cheque da vítima, conforme se
alega, esta não o teria reconhecido através das nítidas fotografias
existentes nos autos.
Enfim, a prova permitia a condenação do réu pelo
estelionato, e unicamente por esse delito, que era o fim visado,
sendo que a falsificação dos documentos nada mais foi do que o
meio para a consecução do crime patrimonial.”
Vê-se que condenação está fundada em provas da autoria
e que o fato é típico, restando assinalar que o rito especial e
sumário do habeas corpus não se compadece com o reexame e
revaloração das provas.
4. Ante o exposto, indefiro a ordem impetrada.
5. Tratando-se de paciente preso e sem advogado consti-
tuído nos autos determino à Secretaria que se lhe envie cópia
desta decisão.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.495-1 - SP - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Orivaldo de Oliveira Negrini. Impte.: Orivaldo de Olivei-
ra Nigrini. Coator: Tribunal de Justiça do Estado São Paulo.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus, devendo a Secretaria adotar a providência indicada na
parte final do voto do Senhor Ministro-Relator. 2ª Turma,
16.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
HABEAS CORPUS 239

“HABEAS CORPUS” Nº 76.490-9 - SP - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 285)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Octavio Gallotti
Paciente: José Francisco dos Santos
Impetrante: José Francisco dos Santos
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
EMENTA: - Habeas Corpus. Regularidade do flagrante e
do reconhecimento do agente.
Consumação autônoma do crime de seqüestro, após ga-
rantida a posse da coisa subtraída, sem que possa ser considera-
da a privação da liberdade da vítima, simples meio de execução
do crime de roubo ou de garantia da posse de seu produto.
Pedido indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 31 de março de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - OCTAVIO
GALLOTTI, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI: -
Acha-se a questão bem resumida, pelo ilustre Professor CLAU-
240 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

DIO LEMOS FONTELES, no parecer de fls. 127/32, que


servirá, pois, de relatório:
“1. JOSÉ FRANCISCO DOS SANTOS, proprio
nomine, impetra ordem de habeas corpus, requerendo a anula-
ção ab initio do processo-crime nº 130/95, da 23ª Vara Criminal
de São Paulo-SP, em que restou condenado a 8 anos, 7 meses e
13 dias de reclusão.
2. Alega, em síntese, o impetrante-paciente:
a) irregularidade na sua prisão em flagrante, pois foi preso
em sua residência e não em perseguição policial como descrito
no auto;
b) falta de reconhecimento pessoal em época oportuna, ou
seja, na data da prisão e, posteriormente, fora reconhecido pela
vítima em juízo, sem as formalidades exigidas pelo art. 226 do
CPP;
c) que não poderia ter sido condenado pelo crime de se-
qüestro em concurso material com o de roubo.
3. A il. autoridade indigitada coatora prestou as seguintes
informações, verbis:
“Por fatos ocorridos nos dias 31 de dezembro de 1993 e
1º de janeiro de 1994, foi o paciente denunciado perante o juízo
da 22ª Vara Criminal da Capital, como incurso no art. 157,
parág. 2º, incisos I e II e art. 148, ambos do Código Penal e art.
19, da Lei das Contravenções Penais. Recebida a denúncia,
procedeu-se a regular instrução e, após o oferecimento das ale-
gações finais, sobreveio sentença que condenou o paciente por
infração aos arts. 157, parág. 2º, incisos I e II, 148, parág. 2º,
ambos do Código Penal e art. 19, da Lei das Contravenções
Penais, à pena de 8 anos, 7 meses e 13 dias de reclusão, 25 dias
de prisão simples e 16 dias-multa em regime fechado.
HABEAS CORPUS 241

Desta decisão apelou a defesa, tendo a Col. Terceira Câ-


mara Criminal de Férias “Janeiro/97” do Tribunal de Justiça, por
votação unânime, negado provimento ao recurso. Com a baixa
dos autos à Vara de origem foi expedida guia de recolhimento.”
(grifei - fls. 41.)
4. Registre-se, por oportuno, que o Tribunal, de ofício,
corrigiu o erro material da sentença que na sua parte dispositiva
inseriu o § 2º na figura do art. 148 do CP, quando em realidade
o magistrado sentenciante no corpo da sentença o excluiu ex-
pressamente.
5. O pleito merece ser parcialmente deferido.
6. Não merece prosperar sob o primeiro argumento, pois,
em relação à prisão em flagrante, esclarecedora a passagem das
contra-razões à apelação feita pelo Ministério Público, verbis:
“O apelado foi preso no dia seguinte aos fatos, de posse
do produto do crime e de uma arma de fogo, após ter sido
perseguido e preso por policiais que, antes, o haviam abordado
para verificação de rotina.
Apesar de se dizer inocente, é certo que fugiu da Polícia e,
durante a fuga, colidiu com o veículo contra a residência que
aparece na foto de fls. 61.” Fls. 95.
7. Não subsiste, assim, qualquer irregularidade na aludida
prisão.
8. Quanto ao reconhecimento, ficou consignado nos autos
que inicialmente, ou seja, na fase inquisitorial, o paciente foi
identificado por meio de fotografia, e posteriormente, em juízo,
realizou-se de forma pessoal, o que supre qualquer eventual
irregularidade anterior. O fato da vítima ter prestado o depoi-
mento sem a presença do réu, nos termos do art. 217 do CPP, e
em seguida, através do vidro da sala de audiências, ter reconhe-
242 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

cido o acusado, fls. 57, não tem o condão de desconstituir o


elemento valorativo da prova, que ademais, foi analisado em
conjunto com as demais.
9. Todavia, acertada a impetração quanto ao último funda-
mento.
10. Conforme relatado no acórdão que manteve a conde-
nação do paciente, a vítima do roubo foi privada de sua liberda-
de por aproximadamente 12 minutos:
“A figura do seqüestro foi bem reconhecida, eis que a vítima
foi mantida privada de sua liberdade por cerca de 12 minutos,
experimentando sensação de pânico, ao ouvir de um dos saltea-
dores a frase: “Vão deixar esta merda viva?” “. fls. 107.
11. O curto espaço de tempo (12 minutos) em que a vítima foi
mantida no interior do veículo integra o próprio crime de roubo, art.
157 do CP e não, como sustentado na sentença e no acórdão,
crime autônomo de cárcere privado ou seqüestro - art. 148 do CP.
12. É que tão diminuto espaçamento temporal insere-se no
ato violento de subjugar a vítima, circunstância que dá o toque
característico do roubo: subtração com violência.
13. A que se autonomizasse o cárcere privado, o que por
certo traria a necessidade de positivação de dolo destacado,
impor-se-ia a demonstração de situações a tanto compatíveis, o
que não se pode extrair de tão curto lapso de tempo, sem dúvida
inerente, insistimos, ao quadro de furtar com violência.
14. A violência, deste modo, integra o próprio tipo de
roubo. Tanto é assim que, recentemente, o legislador incluiu a
hipótese versada nos autos, como forma qualificada do crime
previsto no art. 157 do CP, ao dispor:
“Art. 157 (...)
HABEAS CORPUS 243

(...)
§ 2º a pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo
sua liberdade.”
- Inciso V acrescentado pela Lei nº 9.426, de 24 de de-
zembro de 1996.
13. Sobre este tema específico há precedente desta Su-
prema Corte, em aresto da 2ª Turma, assim ementado:
“- 1. CÁRCERE PRIVADO - ROUBO DE VEÍCULO -
CERCEIO NA LIBERDADE DE IR E VIR DA VÍTIMA. A
manutenção da vítima, por curto espaço de tempo, no interior do
veículo não consubstancia o delito de que cogita o artigo 148 do
Código Penal. Exsurge como meio violento utilizado na
implementação de roubo, isto visando retardar a comunicação
do fato delituoso as autoridades. No caso falta autonomia indis-
pensável a caracterização do crime, pois a vontade do agente é
direcionada não, em si, a restrição da liberdade, mas a subtração
violenta do veículo sem o risco de uma perseguição quase que
imediata, ou seja, ao êxito do roubo. (...)” (HC nº 68.497 - DF,
2ª Turma, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, RTJ 136-01/216).
14. Tais as circunstâncias, opina o Ministério Público Fe-
deral pelo deferimento parcial do pedido, para excluir da conde-
nação imposta ao paciente, o crime de cárcere privado previsto
no art. 148, caput, do CP.” (fls. 127/32)
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI
(Relator): - Incensurável o parecer do nobre órgão do Ministério
244 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Público Federal, quanto às pretensões relativas à regularidade


do flagrante e ao reconhecimento do agente.
No tocante à almejada absorção, pelo de roubo, do crime
de seqüestro, permito-me transcrever, em maior extensão, o
tópico do acórdão a que se refere o parecer:
“3 - A figura do seqüestro foi bem reconhecida eis que a
vítima foi mantida privada de sua liberdade por cerca de 12
minutos, experimentando sensação de pânico, ao ouvir de um
dos salteadores a frase: “Vão deixar esta merda viva?”
Dizer-se que tal privação de liberdade foi mero desdobra-
mento físico do assalto é incentivar-se a repetição de práticas
congêneres e que no caso eram totalmente dispensáveis, dado
que os ratoneiros já estavam na posse desvigiada do Monza.”
(fls. 107)
Dentro desse quadro, considero caracterizada a consuma-
ção do crime de seqüestro, cuja autônoma configuração que só
ficaria, a meu ver, prejudicada caso verificado que não passou
ele de instrumento ou meio de execução do roubo, destinado a
facilitar a subtração ou garantir a posse da coisa.
No caso, como se viu, já estava garantida a posse
desvigiada do automóvel, o que impede, pelo menos em rito de
habeas corpus, o reconhecimento da absorção, pois como já
advertiu o eminente Ministro CELSO DE MELLO, na qualida-
de de relator do Habeas Corpus nº 69.340, perante esta Turma:
“A discussão sobre a subsistência, ou não, no caso em
exame, do crime de seqüestro como entidade delituosa autôno-
ma, bem assim sobre a sua absorção pelo delito de roubo - de
que teria constituído simples instrumento ou meio de execução -
não se comporta na via estreita do remédio jurídico-constitucio-
nal do habeas corpus.
HABEAS CORPUS 245

A postulação do impetrante - reconhecimento da ilegalida-


de de sua condenação penal, por haver esta considerado como
autônomo, e não meramente subsidiário, o crime de seqüestro -
será plenamente admissível em ação de revisão criminal, que se
reveste, por sua própria natureza, de espectro mais amplo, per-
mitindo, por isso mesmo, todas as providências de caráter
instrutório que visem a assegurar o conhecimento pleno da ver-
dade real (...), consoante afirma a doutrina (Damásio E. de Je-
sus, “Código de Processo Penal Anotado”, pág. 400, 7ª ed.,
1989, Saraiva; Fernando da Costa Tourinho Filho, “Processo
Penal”, vol. 4/487, item 18, 10ª ed., 1987, Saraiva; Eduardo
Espínola Filho, “Código de Processo Penal Brasileiro Anotado”,
vol. 6/420-421, item 1.296, 6ª ed., 1965, Borsoi) e acentua a
jurisprudência dos Tribunais (RT 400/317 - 400/326 - 402/283
- 448/408).” (RTJ 145/861)
Assinalo, a final, a diversidade de circunstâncias entre a
hipótese presente e a versada no julgamento do Habeas Corpus
nº 68.497 (RTJ 136/216), onde a detenção da vítima não passa-
ra do tempo necessário a que o veículo houvesse percorrido
alguns metros, como acentuado pelo eminente Relator, Ministro
MARCO AURÉLIO.
Indefiro, portanto, o pedido.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
Sr. Presidente, creio que, nos termos descritos no acórdão, o
fato pode caracterizar o concurso material entre roubo e seqües-
tro. O decisivo, para mim, não é o tempo da duração da priva-
ção da liberdade, mas a sua relação com a comissão do roubo.
A meu ver, antes da lei nova que converteu a hipótese em
causa especial do aumento da pena do roubo (art. 157, § 2º, V,
246 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

CP, conforme a L. 9.426/97), a questão já se resolvia no § 1º do


art. 157 do Código, que equipara ao roubo, o fato de “quem,
logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pes-
soa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”. De duas, uma:
ou há a violência antes, que consome a violência posterior, ou só
existe essa violência posterior, que também caracteriza o roubo.
De qualquer modo, quando se puder caracterizar que a violência
restritiva da liberdade foi essencial à fuga ou à detenção da
coisa, a meu ver, não há concurso material.
Mas, no caso o acórdão de mérito entendeu que assim não
ocorria, porque o paciente já tinha a posse tranqüila do veículo.
Aí, em tese, é cabível o concurso material com o seqüestro.
Estou de acordo com o eminente Relator.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.490-9 - SP - Relator: Min. Octavio Gallotti.
Pacte.: José Francisco dos Santos. Impte.: José Francisco dos
Santos. Coator: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 31.03.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 247

“HABEAS CORPUS” Nº 76.475-0 - SP - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 282)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Moreira Alves
Pacientes: José Luciano da Silva e Peterson Sposito
Impetrante: PGE-SP - Fábio Henrique Prado de Toledo
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo
EMENTA: - “Habeas corpus”.
- Correto o parecer da Procuradoria-Geral da República.
Com efeito, no caso, a determinação do regime fechado se
fez exclusivamente com fundamento na gravidade do delito em
abstrato, o que segundo a jurisprudência desta Corte, não justi-
fica, salvo se legalmente qualificado como crime hediondo, a
imposição do regimental inicial fechado, se a pena em concreto
não excede a oito anos.
“Habeas corpus” deferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em deferir o pedido de habeas corpus,
nos termos do voto do Relator.
Brasília, 23 de junho de 1998.
248 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

MOREIRA ALVES, Presidente e Relator.


RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
- Assim expõe e aprecia o presente “habeas corpus” o parecer
da Procuradoria-Geral da República, de autoria do Dr. Edson
Oliveira de Almeida:
“1. São estas as informações prestadas pelo ilustre Juiz
Pedro Luiz Ricardo Gagliardi, Presidente do eg. Tribunal de
Alçada Criminal do Estado de São Paulo (fls. 193/194):
‘Alega o impetrante, em síntese, estarem os pacientes so-
frendo constrangimento ilegal, eis que esta Corte, no julgamento
da Apelação nº 1.069.429/8, reformou a decisão de Primeira
Instância, impondo-lhes, sem fundamentação legal, o regime fe-
chado para início do cumprimento das penas (Ação Penal nº
1.440/94, da E. Segunda Vara Criminal da Comarca de Ribei-
rão Preto).
Cabe-me, a propósito e em atenção ao ofício de Vossa
Excelência, transmitir os esclarecimentos que seguem.
Por fatos ocorridos em 11 de setembro de 1994 foram os
pacientes denunciados, perante o MM. Juízo da E. Segunda
Vara Criminal da Comarca de Ribeirão Preto, como incursos no
art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal (doc. nº 1).
Recebida a denúncia (doc. nº 2), foram os pacientes cita-
dos e interrogados (doc. nº 3), vindo aos autos as suas certidões
criminais e folha de antecedentes (doc. nº 4).
Realizada a instrução (doc. nº 5) e oferecidas as alegações
finais (doc. nº 6), sobreveio sentença condenatória, que apenou
os pacientes, por infringência ao art. 157, § 2º, II, do Código
Penal, a 5 anos e 4 meses de reclusão, em regime semi-aberto, e
13 dias-multa (doc. nº 7).
HABEAS CORPUS 249

Irresignadas, recorreram as partes (doc. nº 8), tendo a E.


Oitava Câmara deste Tribunal, por votação unânime, desprovi-
do os apelos dos réus, acolhendo o ministerial, a fim de impor
aos pacientes o regime prisional fechado, expedindo-se manda-
dos de prisão (doc. nº 9).’
2. Lê-se no acórdão da Apelação 1.069.429/8, na parte
que interessa ao deslinde da controvérsia (fls. 296/297):
‘Procede, por derradeiro, o apelo do doutor Promotor de
Justiça.
Os acusados cometeram delito de natureza extremamente
grave (assalto à mão armada), revelando periculosidade. Neste
sentido, esta Corte tem decidido que ‘Em se tratando de roubo,
é possível a fixação do regime inicial fechado para o cumprimen-
to da pena privativa de liberdade, ainda que primário o agente,
pois de acordo com o art. 59 do CP, também devem ser consi-
deradas a culpabilidade, as circunstâncias e conseqüências do
crime, não sendo possível utilizar-se de uma circunstância judici-
al que favoreça o condenado a relevar todos os outros fatores
que estão a lhe desservir’ (RJDTACrim 33/316 - Rel. Penteado
Navarro).
Ainda: ‘Em se tratando de crime e roubo qualificado, é
incabível o regime prisional aberto, devendo ser adotada moda-
lidade mais severa, a par da intrínseca gravidade do delito, sen-
do irrelevante o fato do agente ser primário e menor’
(RJDTACrim 27/167 - Rel. Walter Guilherme). E mais: ‘Em se
tratando de crime de roubo qualificado, é correta a fixação do
regime inicial fechado para o cumprimento da pena, mesmo se
os réus forem primários e não houver prova da existência de
maus antecedentes, pois deve-se levar em conta as circunstânci-
as do delito que, no caso, vêm causando grande comoção soci-
al’ (RJTACrim 25/115 - Rel. Mesquita de Paula). No mesmo
250 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

diapasão: RJDTACrim - 33/249, 32/313, 30/254, 29/235, 29/


229, 29/159, 28/197, 27/197, 27/189, 27/165, 26/164, 26/62,
25/352, 23/337, 23/316, 22/363, 22/361, 21/383, 21/285, 20/
157, 20/147, 19/162, 19/156, 17/165, 16/145, 16/143, 16/
141, 10/119, 10/115, 7/153; RT - 697/313, 692/295; Julgados
do TACrim-SP - 94/334, 77/220, etc. ...
Ante o exposto, desprovido o apelo dos réus, acolhe-se o
inconformismo ministerial, a fim de a eles ser imposto o regime
prisional fechado.’
3. Penso que assiste razão à impetração. Como
explicitado pela sentença, inobstante a gravidade do delito, há
condições favoráveis aos pacientes, notadamente a menoridade
e os bons antecedentes, que justificam o início do cumprimento
da pena privativa da liberdade no regime semi-aberto. Sendo
assim, afigura-se inadequado o regime fechado, mesmo porque,
conforme a orientação do Supremo Tribunal Federal, “o funda-
mento da gravidade do delito em abstrato não é idôneo - salvo
se legalmente qualificado como hediondo -, para motivar a im-
posição do regime inicial fechado, se a pena concreta não exce-
de a oito anos”. Nesse sentido: HC 70.784-RJ, rel. Min.
Sepúlveda Pertence (DJU 16.09.94); HC 72.937-SP, rel. Min.
Ilmar Galvão (DJU 01.12.95, p. 41.685); HC 75.800-SP, rel.
Min. Marco Aurélio (DJU 30.04.98).
4. Isso posto, opino pelo deferimento da ordem para res-
taurar a sentença de primeiro grau que, motivadamente, determi-
nou o início da execução da pena privativa de liberdade no
regime semi-aberto.” (fls. 306/309).
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
- 1. Correto o parecer da Procuradoria-Geral da República.
HABEAS CORPUS 251

Com efeito, no caso, a determinação do regime fechado se


fez exclusivamente com fundamento na gravidade do delito em
abstrato, o que, segundo a jurisprudência desta Corte, não justi-
fica, salvo se legalmente qualificado como crime hediondo, a
imposição do regimental inicial fechado, se a pena em concreto
não excede a oito anos.
2. Em face do exposto, defiro o presente “habeas corpus”
para restabelecer a sentença de primeiro grau que,
motivadamente, fixou o regime semi-aberto para o cumprimento
inicial da pena privativa de liberdade.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.475-0 - SP - Relator: Min. Moreira Alves.
Pactes.: José Luciano da Silva e Peterson Sposito. Impte.: PGE-
SP - Fábio Henrique Prado de Toledo. Coator: Tribunal de
Alçada Criminal do Estado de São Paulo.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator. Unânime. Ausente, ocasionalmente,
o Senhor Ministro Sepúlveda Pertence. 1ª Turma, 23.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
252 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 253

“HABEAS CORPUS” Nº 76.450-7 - GO - (JSTF -


Volume 240 - Página 279)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Levi Fonseca Moreira
Impetrante: José Jeová Gonçalves dos Santos
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
EMENTA: - HABEAS CORPUS. CRIME DE HOMI-
CÍDIO: PRONÚNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRI-
TO. IMPUGNAÇÃO DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO
DE REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS.
1. Sentença de pronúncia que não se refere, em momento
algum, ao deferimento ou indeferimento do pedido de reprodu-
ção simulada dos fatos (CPP, art. 7º).
O Tribunal apontado como coator, ao julgar recurso em
sentido estrito interposto contra a sentença de pronúncia, tam-
bém não indeferiu a produção de qualquer prova, como afirma o
impetrante; ao contrário, lembrou que poderia ser requerida no
momento oportuno.
2. Pretensão que poderá ser deduzida na fase dos arts.
421 a 425 do CPP.
3. Habeas corpus não conhecido por impugnar ato não
praticado e, assim, inexistente.
254 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, não conhecer do
habeas corpus.
Brasília, 02 de junho de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de habeas corpus em que o impetrante afirma que o paciente
está sofrendo coação ilegal por ato da 4ª Turma da 2ª Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, praticado ao
negar provimento a recurso em sentido estrito (fls. 113/127) inter-
posto contra sentença de pronúncia lavrada pelo Juiz de Direito da
2ª Vara do Tribunal do Júri de Goiânia (fls. 87/101).
1.2 O impetrante alega que a decisão negou o pedido de
reprodução simulada dos fatos, que tem fundamento no art. 7º do
C.P.P., ao dizer que “é de ver-se que ainda não houve pronuncia-
mento judicial a respeito, deferindo-o ou não” acrescentando que,
“assim, nenhum prejuízo sofreu o recorrente, que ainda poderá
valer-se dessa prova, caso venha a ser deferida, ou insurgir-se
contra eventual indeferimento, nada impedindo que seja levada a
plenário, a fim de ser apreciada pelo Júri” (fls. 118, in fine).
1.3 Pede “a liberdade provisória e a anulação da ação
penal a partir da sentença de pronúncia, para que possa ser
atendida a diligência requerida” (fls. 2/16), entendendo-se que
pretende responder por homicídio culposo. Junta documentos
(fls. 17/129).
HABEAS CORPUS 255

2. A impetração foi erroneamente dirigida ao Superior Tri-


bunal de Justiça, que declarou sua incompetência e encaminhou
os autos a este Tribunal (fls. 135).
3. Indeferi o pedido de medida liminar (fls. 104/141) por-
que a questão que fundamenta este writ não foi, sequer, aprecia-
da pelo Juiz, não se podendo falar que houve indeferimento de
pedido de produção de prova na sentença de pronúncia (fls. 87/
101). O Tribunal a quo também não a negou; ao contrário,
entendeu-a possível (fls. 116 e 118).
4. Vêm aos autos as informações prestadas pelo Presiden-
te do Tribunal coator (fls. 146/147), acompanhadas de docu-
mentos (fls. 148/192).
5. Manifesta-se o Ministério Público Federal pelo
Subprocurador-Geral da República Mardem Costa Pinto, opi-
nando pelo indeferimento da ordem, seja pela desnecessidade da
pretensão deduzida pelo paciente seja por falta de prova de preju-
ízo; o parecer tem a seguinte ementa, in verbis (fls. 194/198):
“Habeas Corpus. Júri. Pretensão de ver realizada a
reconstituição dos fatos. Improcedência do pedido, por não
demonstrada a sua necessidade, incidindo na hipótese o que
dispõe o art. 563 do CPP, por falta de prova de prejuízo.”
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Senhor Presidente, a sentença de pronúncia não se
refere em momento algum ao pedido de reprodução simulada
dos fatos, (fls. 87/101 ou 154/169), embora o impetrante tenha
afirmado nas razões do recurso em sentido estrito que fez tal
pedido no prazo do art. 499 e nas alegações finais, para provar
que houve culpa, no máximo, e não dolo (fls. 108).
256 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O Tribunal apontado como coator não indeferiu a produ-


ção de qualquer prova, como afirma o impetrante, nem mesmo o
pedido de reprodução simulada dos fatos (CPP, art. 7º), tendo
assim respondido ao recurso estrito interposto, in verbis (fls.
118, in fine):
“Quanto ao interesse de Levi na reconstituição do fato
delituoso (fls. 371/373), é de ver-se que ainda não houve pro-
nunciamento judicial a respeito, deferindo-o ou não. Assim, ne-
nhum prejuízo sofreu o recorrente, que ainda poderá valer-se
dessa prova, caso venha a ser deferida, ou insurgir-se contra
eventual indeferimento, nada impedindo que seja levada a plená-
rio, a fim de ser apreciada pelo Júri.”
Isto é o suficiente para verificar que o Tribunal de Justiça
impetrado não pode ser apontado tecnicamente como coator.
Resta, pois, ao paciente peticionar na fase dos arts. 421 ao
425 do Código de Processo Penal, para a qual o Tribunal o
remeteu.
2. Tratando-se, como se trata, de impetração contra ato
que não foi praticado, nem pelo Juiz nem pelo Tribunal apontado
como coator, mas que poderá ser requerido no momento opor-
tuno, previsto em lei, não conheço do pedido e determino o
arquivamento dos autos.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.450-7 - GO - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Levi Fonseca Moreira. Impte.: José Jeová Gonçalves
dos Santos. Coator: Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Decisão: Por unanimidade, a Turma não conheceu do
habeas corpus. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o
Senhor Ministro Marco Aurélio. 2ª Turma, 02.06.98.
HABEAS CORPUS 257

Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
258 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 259

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM “HABEAS


CORPUS” Nº 76.389-6 - SP - (JSTF - Volume 240 - Página 275)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Embargante: Jair Urbano da Silva
Advogados: Pedro Acioly Filho e outra
Embargado: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de
São Paulo
EMENTA: - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM
HABEAS CORPUS. REEXAME DA PROVA.
1. Nada há a ser sanado no acórdão embargado se o
embargante não traz à colação nenhum argumento
consubstanciado em matéria de direito capaz de desconstituir a
decisão condenatória.
2. Embargos rejeitados.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de
declaração.
Brasília, 02 de junho de 1998.
260 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO


CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de embargos de declaração, com pedido de efeito
modificativo, tempestivamente opostos ao acórdão proferido
por esta Turma que, à unanimidade, indeferiu o habeas corpus
em acórdão assim ementado:
“EMENTA: “HABEAS CORPUS”. HOMICÍDIO
CULPOSO. INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE
PROFISSÃO: IMPERÍCIA MÉDICA. REEXAME DA PROVA.
1. Constitui matéria de prova questionar-se sobre se a
vítima veio a falecer em decorrência de inobservância de regra
técnica de profissão ou se por outra causa que afastaria a capitu-
lação penal por imperícia médica.
2. Não configura constrangimento ilegal a decisão
condenatória fundamentada na prova que somente pode ser
contrariada e desfeita em sede de revisão criminal.
3. O habeas corpus não é o instrumento processual ade-
quado ao aprofundado exame de provas, conforme iterativa
jurisprudência desta Corte.
4. Habeas corpus, indeferido.”
2. O embargante alega omissão no que tange à análise da
decisão proferida pelo Tribunal “a quo”, posto que a verificação
do desacerto daquele decisum não depende de aprofundado
exame de prova e que o mesmo desconsiderou irregularmente
documento idôneo apresentado pela parte apelada.
3. Registre-se que a questão suscitada no writ envolve a
imputação da responsabilidade penal pela morte de uma criança
HABEAS CORPUS 261

de apenas um ano e oito meses de idade, vítima de acidente


doméstico, cujo óbito decorreu de inobservância de regra técni-
ca quando atendida pelo embargante, neurocirurgião, e não de
meningite bacteriana como sustentou a defesa.
4. O Ministério Público Federal, oficiando às fls. 667,
opina pelo não conhecimento dos embargos, tendo em vista que
as razões aduzidas no recurso insistem no reexame de prova,
inviável pela via sumária.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - No voto condutor que proferi na decisão
embargada, após relatar os fatos noticiados nos autos, assim
concluí a motivação para o indeferimento do writ:
“2.7 O cadáver do menor foi exumado em 25 de abril de
1990, expedindo-se laudo necroscópico concluindo que “a víti-
ma faleceu em razão de fraturas de crânio produzidas por agente
contundente.”
3. Essa a versão dos fatos que, no entender da Primeira
Câmara do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Pau-
lo, levou-a a decidir pela reforma da sentença absolutória para
condenar o paciente a 1 (um) ano e 4 (quatro) meses de deten-
ção, em regime aberto, concedido “sursis” por dois anos, como
incurso no art. 121, §§ 3º e 4º do Código Penal.
4. Na hipótese vertente, não configura constrangimento ile-
gal a decisão condenatória fundamentada na prova que somente
pode ser contrariada e desfeita em sede de revisão criminal.
5. A impetração não suscita nenhuma tese
consubstanciada em matéria de direito, limitando-se a sustentar
que a vítima veio a falecer em decorrência de meningite
262 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

bacteriana, causa que afastaria a capitulação penal por imperícia


médica.
6. Vê-se que os argumentos aduzidos pelo impetrante en-
volvem aprofundado exame de provas, inadequado pela via es-
treita do habeas corpus.”
2. Sustenta o embargante, em síntese, que a impetração
não quis revolver a prova, mas sim procurou demonstrar o cer-
ceamento de defesa a que foi submetido pelo acórdão do Tribu-
nal estadual. Isto porque o referido decisum “utilizou, de forma
distorcida (sic), os elementos coligidos ao processo”;
“desconsiderou por completo as provas produzidas contra o
réu, ainda que não conclusivas, potencializando, por outro lado,
tudo o que foi lançado em seu desfavor”; “toda a argumentação
desenvolvida pelo Juiz-relator se baseia em Laudo Oficial pro-
duzido a partir da exumação do corpo da vítima menor”, mas o
mesmo Relator da apelação, no discorrer do voto, asseverou
que “em conversa com diversos profissionais do ramo”, obteve
a informação de que “se a causa mortis houvesse sido meningite
bacteriana obviamente teria ela se alastrado de tal forma a com-
prometer toda a dura mater, que é a membrana que cobre o
cérebro e o canal raquemedular”. Essa prova, aduzem os em-
bargos, foi obtida de forma irregular, sem as cautelas do devido
processo legal.
3. O último argumento exposto pelo embargante é o de que
a decisão da Corte estadual desconsiderou irregularmente docu-
mento apresentado pela defesa nos autos da ação penal. Refere-
se a fotocópia de exame do líquor que teria sido procedido no
menor, antes da sua morte, cujo documento foi desconsiderado
por não constituir prova idônea para desacreditar o laudo oficial,
porquanto, além de não autenticado e apresentado serodiamente,
havia informação de que se extraviaram os resultados desses exa-
mes, bem como os registros hospitalares.
HABEAS CORPUS 263

4. Como se vê mais uma vez, o embargante não traz à


colação nenhum argumento consubstanciado em matéria de di-
reito capaz de desconstituir a decisão condenatória, nada haven-
do a ser sanado no acórdão embargado.
5. Diante do exposto, rejeito os embargos.
EXTRATO DE ATA
HC (EDcl) n. 76.389-6 - SP - Relator: Min. Maurício
Corrêa. Embte.: Jair Urbano da Silva. Advs.: Pedro Acioly e
outra. Embdo.: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo.
Decisão: Por unanimidade, a Turma rejeitou os embargos
de declaração. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, os
Senhores Ministros Marco Aurélio e Nelson Jobim. 2ª Turma,
02.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
264 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 265

“HABEAS CORPUS” Nº 76.379-1 - MA - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 273)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Nelson Jobim
Paciente: Antônio de Pádua Costa Braúna
Impetrante: Serra de Aquino
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão
EMENTA: - HABEAS CORPUS. DANO. VIOLAÇÃO
DE DOMICÍLIO E LESÕES CORPORAIS. RECONHECI-
MENTO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA
PRESCRIÇÃO EM RELAÇÃO AO CO-RÉU, NO HC
76.417. EXTENSÃO DAQUELA DECISÃO AO PACIEN-
TE. ARTIGO 580, DO CPP. PREJUDICADO O PLEITO DA
APLICAÇÃO DO ARTIGO 91, DA LEI Nº 9.099/95 E A
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚ-
BLICO, EM FACE DO DEFERIMENTO.
HABEAS CORPUS DEFERIDO.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, na
conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, à
unanimidade de votos, em deferir o habeas corpus, para julgar
extinta a punibilidade relativamente aos crimes de lesões corpo-
rais, violação de domicílio e dano.
266 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Brasília, 25 de maio de 1998.


NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - NELSON JOBIM,
Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM (Relator): -
Os pacientes e outros foram denunciados (fls. 51) por crimes de
lesões corporais (art. 129, CP), violação de domicílio (art. 150,
§ 1º) e de dano (art. 163).
O Tribunal deu provimento ao recurso do Ministério Públi-
co para condenar o paciente às penas mínimas dos artigos res-
pectivos.
Alega:
(a) ilegitimidade do Ministério Público: o Tribunal, ao des-
classificar o crime do art. 163, I, para o tipo fundamental, so-
mente se procederia mediante queixa (art. 167, do CP) (fls. 7 e
segts).
(b) prescrição: as penas cominadas foram inferiores a 1
ano (fls. 15).
A denúncia foi recebida em 28.10.93 e o acórdão foi
proferido em 23.4.96, fluindo lapso temporal superior a 2 anos
(fls. 20).
(c) o Tribunal deveria ter atentado para a aplicação do art.
91, da Lei nº 9.099/95 (fls. 23 e seguintes).
Requer a anulação do acórdão e a extinção da
punibilidade, tendo em vista a ocorrência da prescrição (fls. 45).
A PGR opina pelo deferimento (art. 580, do CPP), “...
para estender ao paciente os efeitos das decisões proferidas no
Recurso Especial 140.614-MA, julgado pelo ... STJ, e no HC
HABEAS CORPUS 267

76.417-MA, julgado pela ... Primeira Turma do STF - para, em


conseqüência, ser reconhecida a prescrição da pretensão puniti-
va em relação aos delitos de dano, violação de domicílio e lesões
corporais. (fls. 119)
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO NELSON JOBIM (Relator): -
As teses cogitadas foram apreciadas no julgamento do Habeas
Corpus nº 76.417 (Iª Turma, Rel. GALVÃO), de 3/2/98, ajuiza-
do pelo co-réu Airton Braga Braúna Jº (fls. 99).
A Turma deferiu a ordem para reconhecer a prescrição
quanto ao crime e lesões corporais, em substituição a embargos
de declaração do acórdão proferido no Resp.
Assim, defiro o habeas corpus para declarar a extinção da
punibilidade pela prescrição, dos crimes de dano, violação de
domicílio e lesões corporais.
Nos exatos termos do acórdão proferido no HC nº
76.417, 1ª Turma (fls. 459/465 dos Autos do processo-crime 3º
vol.) e no Recurso Especial (fls. 440).
Em face do deferimento, restam prejudicados os demais
pleitos da inicial, como a aplicação do art. 91 da Lei 9.099/95 e
a ilegitimidade do Ministério Público.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.379-1 - MA - Relator: Min. Nelson Jobim.
Pacte.: Antônio de Pádua Costa Braúna. Impte.: Serra do
Aquino. Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão.
Decisão: Por unanimidade, a Turma deferiu o habeas
corpus, para julgar extinta a punibilidade relativamente aos cri-
mes de lesões corporais, violação de domicílio e dano. Ausente,
268 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Maurício


Corrêa. 2ª Turma, 25.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
HABEAS CORPUS 269

“HABEAS CORPUS” Nº 76.360-8 - RJ - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 269)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Marcos José Correia
Impetrante: Joel Alves de Brito
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de
Janeiro
EMENTA: - HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO
QUALIFICADO TENTADO, COM CONCESSÃO DE
SURSIS, RECLASSIFICADO PARA CONSUMADO NO
JULGAMENTO DA APELAÇÃO INTERPOSTA PELA
ACUSAÇÃO. INICIAL DESCONEXA E INEPTA.
APLICAÇÃO DA PENA MÍNIMA DE 5 ANOS E 4
MESES DE RECLUSÃO, COM IMPOSIÇÃO DO REGIME
PRISIONAL INICIAL FECHADO SEM QUALQUER
FUNDAMENTAÇÃO.
I - Inicial desconexa e inepta, mas que permite entender,
ao menos, que o impetrante pretende que o paciente fique em
liberdade.
2. Habeas corpus indeferido.
II - Ao reclassificar o crime de tentado para consumado e
agravar a pena, no julgamento da apelação interposta pela acu-
270 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

sação, o Tribunal coator também agravou o regime inicial de


cumprimento da pena, do semi-aberto para o fechado, sem
qualquer fundamentação (CP, art. 33, § 2º, b e § 3º).
2. Habeas corpus concedido ex officio para anular a par-
te do acórdão que fixou o regime prisional inicial fechado, sem
qualquer fundamentação, e determinar que outro seja
prolatado nesta parte, devidamente fundamentado, e, ainda,
para que se faça a execução no regime inicial semi-aberto,
provisoriamente, enquanto se aguarda a prolação do novo
acórdão pelo Tribunal a quo.
3. Extensão da decisão ao co-réu (CPP, art. 580 e HC nº
57.701-RJ, in RTJ 101/127).
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, indeferir o habeas
corpus, nos termos em que requerido. Também, por unanimida-
de de votos, entretanto, conceder, de ofício, habeas corpus,
para cassar parcialmente o acórdão na parte em que dispôs
sobre o regime de cumprimento da pena, devendo, neste ponto,
outra decisão ser proferida, devidamente fundamentada. Tam-
bém por unanimidade de votos, estabelecer que, até a prolação
da nova decisão sobre o regime prisional, seja o paciente manti-
do em regime semi-aberto. Também por unanimidade de votos,
estender a ordem ao co-réu André dos Santos Silva.
Brasília, 02 de junho de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
HABEAS CORPUS 271

O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - O


advogado Joel Alves de Brito impetra ordem de habeas corpus
em que afirma que o paciente, Marcos José Correia, ou Corrêa,
está sofrendo coação ilegal por ato da 1ª Câmara Criminal do
Tribunal de Alçada do Estado do Rio de Janeiro, praticado ao dar
parcial provimento à apelação interposta pelo Ministério contra a
sentença do Juiz de Direito da 36ª Vara Criminal da Capital, que o
condenou à pena de 2 (dois) anos de reclusão, concedendo sursis
pelo prazo de (2) dois anos, e de 6 (seis) diárias como incurso nas
sanções do art. 157, § 2º, I e II, combinado com o art. 14, II, do
Código Penal, ou seja, roubo qualificado tentado. Na mesma
sentença foi condenado às mesmas penas e pelo mesmo crime o
co-réu André dos Santos Silva.
O Tribunal coator, atendendo apelo do Ministério Público,
reclassificou o crime de tentado para consumado (CP, art. 14, I)
e agravou a pena de ambos para 5 (cinco) anos e 4 (quatro)
meses de reclusão, a ser iniciada em regime fechado, e para 13
(treze) diárias, mandando expedir mandado de prisão.
1.3 Em petição datada de 28.10.97 e dirigida ao Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (fls. 4/7) o impetrante
alega que se impõe o relaxamento da prisão, em face da anterior
concessão do sursis e da mudança do regime prisional, devendo
o paciente ficar em liberdade porque é primário, tem bons ante-
cedentes, emprego e residência fixa. Pede a expedição de alvará
de soltura.
1.4 Em outra petição datada de 14.11.97 e dirigida ao
Tribunal Federal de Justiça (sic: fls. 2/3), mas protocolizada em
21.11.97 na Secretaria deste Tribunal simultaneamente com a
inicial, requer seja recebida a inicial como recurso (sic) e reitera
o pedido de expedição de alvará de soltura.
1.5 Anexa documentos às fls. 8/14, entre os quais não
consta cópia, ou documento equivalente, do teor da decisão
impugnada.
272 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

2. Vêm aos autos as informações prestadas pelo Presiden-


te do Tribunal coator (fls. 24/26), acompanhadas de documen-
tos (fls. 27/61).
3. Manifesta-se o Ministério Público Federal pelo
Subprocurador-Geral da República Edson Oliveira de Almeida,
opinando pelo parcial deferimento da ordem para que, anulado
o acórdão, outro seja lavrado com indicação fundamentada do
regime da execução (fls. 63/65).
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - A inicial é inepta, mas permite entender, ao menos,
que o impetrante pretende que o paciente fique em liberdade.
2. Verifico na cópia do acórdão que veio aos autos com as
informações que ao reclassificar o crime de tentado para consu-
mado, o Tribunal a quo aplicou a pena prevista para o crime de
roubo qualificado no mínimo legal, de 5 (cinco) anos e 4 (quatro)
meses de reclusão, assim dispondo sobre o regime inicial fecha-
do imposto ao paciente e ao co-réu, in verbis (fls. 54):
“... ficam sujeitos ao regime inicial de cumprimento da
pena corporal fechado, por infringência do art. 157, parágrafo
2º, inciso II, do Código Penal.”
2.1 O teor do acórdão deixa evidente que não houve a
mínima fundamentação para agravar o regime inicial de semi-
aberto para o fechado, como previsto no art. 33, § 2º, b, e § 3º.
3. Ante o exposto, indefiro a ordem de habeas corpus
impetrada, até mesmo por ser a inicial desconexa, mas, com
fundamento no art. 193, II, do Regimento Interno e no art. 654,
§ 2º, do Código de Processo Penal, concedo-a ex officio, para
anular o acórdão do Tribunal coator na parte em que fixou o
HABEAS CORPUS 273

regime prisional inicial fechado, sem qualquer fundamentação, e


determinar que outro seja prolatado nesta parte, devidamente
fundamentado, e, ainda, para que se faça a execução no regime
prisional inicial semi-aberto, provisoriamente, enquanto se
aguarda a prolação do novo acórdão pelo Tribunal a quo.
4. Estendo os efeitos desta decisão ao co-réu, com base no
art. 580 do Código de Processo Penal e no precedente do HC nº
57.701-RJ, Rel. Min. CUNHA PEIXOTO, in RTJ 101/127.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.360-8 - RJ - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Marcos José Correia. Impte.: Joel Alves de Brito. Coator:
Tribunal de Alçada Criminal do Estado do Rio de Janeiro.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus, nos termos em que requerido. Também, por unanimida-
de, a Turma, entretanto, concedeu, de ofício, habeas corpus,
para cassar parcialmente o acórdão na parte em que dispôs
sobre o regime de cumprimento da pena, devendo, neste ponto,
outra decisão ser proferida, devidamente fundamentada. Tam-
bém por unanimidade, a Turma estabeleceu que, até a prolação
de nova decisão sobre o regime prisional, seja o paciente manti-
do em regime semi-aberto. Também por unanimidade, a Turma
estendeu a ordem ao co-réu André dos Santos Silva. Ausentes,
justificadamente, neste julgamento, os Senhores Ministros Mar-
co Aurélio e Nelson Jobim. 2ª Turma, 02.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
274 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 275

“HABEAS CORPUS” Nº 76.311-7 - SP - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 260)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Octavio Gallotti
Paciente: Bernardo Cataldo Neto
Impetrantes: Eduardo de Vilhena Toledo e outro
Coator: Superior Tribunal de Justiça - EMENTA: - Crimes
de estupro e atentado violento ao pudor praticados contra me-
nor de doze anos. Ação pública condicionada.
Retratação da representação, pelos pais da ofendida, me-
diante transação de que lhes resultou proveito financeiro.
Colisão de interesses capaz de legitimar a designação de
curador especial (art. 33 do Código de Processo Penal).
Habeas corpus indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 28 de abril de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - OCTAVIO
GALLOTTI, Relator.
276 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI: -
Acusado o paciente da prática de crimes contra os costumes,
foi, em seu favor, requerido habeas corpus ao Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo, contra designação pelo Juiz, de
curador à vítima com a conseqüente ilegitimidade do Ministério
Público para a propositura da ação penal. Eis, então, o inteiro
teor do voto do ilustre Desembargador HELIO DE FREITAS,
em cuja linha veio a ser a ordem denegada:
“O paciente está sendo processado como incurso nos
artigos 213 e 214, combinados com os artigos 224, alínea “a”, e
226, inciso III, combinados com o artigo 69, todos do Código
Penal.
Ele é acusado de ter constrangido, mediante violência e
grave ameaça, a menor Elizete Ribeiro Costa, então com 12
anos de idade, a praticar com ele conjunção carnal e sexo oral.
Em princípio, a ação penal, no caso, seria pública
incondicionada, porque estaria presente, além da violência pre-
sumida, a violência real, uma vez que a vítima teria sido puxada,
pelo paciente, para o interior de seu carro e ameaçada de morte,
inclusive, com a utilização de um canivete (fls. 129 e 159). Da
ação delituosa teriam resultado para a ofendida, não apenas o
defloramento, como também lesões corporais, cuja gravidade
estava na dependência de apuração em exame complementar
(fls. 170).
Assim, teria aplicação à hipótese o artigo 101 do Código
Penal, relativo à ação penal no crime complexo, conforme orien-
tação do Colendo Supremo Tribunal Federal, cristalizada na sua
Súmula nº 608, com o seguinte enunciado: “No crime de estu-
pro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada.”
HABEAS CORPUS 277

Mas, admitindo-se que não seja aplicável aqui o referido


artigo 101, porque a questão seria polêmica e não haveria a
correta descrição da violência real na denúncia, tem-se que hou-
ve regular representação do curador especial, nomeado pelo
Juiz para a menor, a requerimento do Ministério Público, em
consonância com o artigo 33 do Código de Processo Penal, a
legitimar o Ministério Público para a instauração da ação penal.
Verifica-se que, ao ser ouvida no auto de prisão em fla-
grante, a mãe da vítima, Telma Ribeiro Costa, na qualidade de
representante legal da menor, ofereceu representação para a
persecução penal (fls. 129). Posteriormente, os pais da ofendida
receberam, a título de indenização pela prática do crime, a im-
portância de R$ 42.000,00 (fls. 144) e, em declarações presta-
das perante a autoridade policial, eles se retrataram da represen-
tação (fls. 136 e 138). Contudo, a vítima assinou, na presença
dos pais e de testemunhas, no Gabinete da DD. Promotora de
Justiça, Dra. Tatiana Viggiani Bicudo, termo de Declarações em
que, contrariando os pais, manifestava o desejo de prossegui-
mento da ação penal (fls. 142).
Vislumbrando colidência de vontades e de interesses entre
a ofendida e seus representantes legais, aquela Representante do
Ministério Público requereu ao Magistrado do feito a nomeação
de curador especial para a menor, pedido que foi deferido, no-
meando-se, para o “munus”, o Procurador do Estado, Dr.
Carlos Miyakawa, que, agindo em defesa dos interesses da
curatelada, ofereceu nova representação, para os fins do § 2º,
do artigo 225, do Código Penal (fls. 140/141, 145 e 147).
Instalou-se, efetivamente, na espécie, um conflito, não, sim-
plesmente, de vontades, mas, sobretudo, de interesses: a vítima,
embora menor inimputável, querendo a instauração da ação penal
e os seus representantes legais, satisfeitos com a indenização rece-
bida, não desejando qualquer procedimento criminal contra o pa-
278 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

ciente, inclusive, se retratando da representação anteriormente


ofertada. Note-se que, quando inquirida em Juízo, a mãe confir-
mou que o desejo da filha era que o réu continuasse preso, o que
reforçaria a convicção de que a ofendida, realmente, demonstrava
interesse na punição do paciente (fls. 163). Constata-se que, na
realidade, os pais da ofendida foram os maiores favorecidos com
a indenização, visto que ficaram com todo o dinheiro recebido e o
gastaram em favor deles, com a aquisição dos direitos sobre uma
casa e um bar. A vítima, que foi quem sofreu a ação delituosa, não
está suficientemente reparada pelo grave sofrimento moral e psi-
cológico, além da dor física, que suportou, apenas se benefician-
do, indiretamente, da melhor situação de conforto trazida pelo
dinheiro para toda a sua família.
Recebendo o dinheiro, os representantes legais da vítima
perderam o interesse na punição do ofensor da honra da filha, ou
seja, ficaram com o direito de representação da menor, inerente
ao pátrio poder, comprometido. Seduzidos pela compensação
financeira, os pais estariam colocando o interesse econômico
deles acima dos interesses morais da filha. A menor, portanto,
teria ficado desamparada, sem alguém que, com isenção, a re-
presentasse e avaliasse o que melhor atendesse aos seus interes-
ses. Justificava-se, portanto, a nomeação de curador especial,
pessoa isenta, para que, sem qualquer comprometimento, repre-
sentasse a ofendida, naquela situação, já que esta, sem
discernimento, não podia, por si, manifestar sua vontade e avali-
ar o que fosse mais conveniente aos seus interesses.
O curador especial não tinha obrigação de representar e
acusar o paciente; se representou, é porque entendeu oportuno
agir. Com isso, legitimou o Dr. Promotor de Justiça a instaurar a
ação penal.
Ao contrário do que sustentaram os doutos impetrantes,
mostra-se, perfeitamente, adequado à hipótese o exemplo cita-
HABEAS CORPUS 279

do por FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, em


sua obra PROCESSO PENAL (Volume 1, Editora Saraiva, 7ª
edição, págs. 307/308), de teor seguinte: “a menor B foi
seduzida por C. B levou o fato ao conhecimento do pai. Este,
todavia, se recusa a fazer a representação, em virtude de haver
recebido certa soma do sedutor, ou do pai deste, a título de -
indenização. Nessa hipótese, haverá colidência de interesses e,
levando a menor o fato ao conhecimento do Juiz, poderá ser
nomeado um curador especial.”
Consigne-se também que, consoante ainda preleciona o re-
ferido autor, reportando-se a ensinamentos de autores estrangei-
ros, “a expressão contida no artigo 33 - “colidência de interesses”
- não tem o sentido apenas de contraste de natureza patrimonial”,
pode ser também contraste moral (ob. cit., pág. 308).
Nessas condições, diante da colidência de interesses e da
nova representação formulada pelo curador especial, não surte
qualquer efeito a retratação da representação anterior, efetivada
pelos pais da ofendida. De qualquer modo, em último caso, poder-
se-ia tomar a nova representação do curador especial como retrata-
ção da retratação, perfeitamente admissível, desde que operada
dentro do prazo decadencial. De fato, como ensina DAMÁSIO E.
DE JESUS, em sua obra CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
ANOTADO (Editora Saraiva, 8ª edição, pág. 22): “É admissível
retratação da retratação dentro do prazo decadencial. A hipótese é
a seguinte: o ofendido exerce o direito de representação e se retrata.
É possível a renovação da representação depois disso? A resposta
é afirmativa: dentro do prazo de seis meses, contados do conheci-
mento da autoria do crime, é admissível a renovação do exercício da
representação. O STF já se manifestou nesse sentido (RTJ 72/50).
Vide RT 371/136 (TJSP)”.
No caso, a renovação da representação pelo curador es-
pecial ocorreu em 14 de fevereiro de 1997, dentro do prazo de
280 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

decadência, considerado que o crime ocorreu em 22 de janeiro


de 1997.
Ante o exposto, denega-se a ordem.” (fls. 41/4).
Recorrendo os impetrantes ao Superior Tribunal de Justi-
ça, foi o acórdão mantido em sessão de 4 de novembro do ano
próximo passado, quando, após transcrever trecho do voto aci-
ma reproduzido, aduziu o relator, eminente Ministro WILLIAM
PATTERSON:
“Estou de inteiro acordo com as lúcidas considerações
postas em destaque. Na verdade, a hipótese subsume-se à
normatividade do art. 33, do Código de Processo Penal, por-
quanto manifesta a colidência de interesses, sendo certo, ainda,
que a providência da nomeação de curador especial atendeu as
cautelas recomendadas.
Também avalizo o entendimento de que o conflito a que
alude a disposição processual não fica restrito ao âmbito da
colidência de interesses econômicos. Muito pelo contrário, em
certos casos, como na espécie sob exame, o bem moral tem
repercussão mais incidente.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso.” (fls. 86).
Após vista dos autos, acompanhou-o o eminente Ministro
LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, que, em seguida a douta
introdução acerca das relações entre o direito e a moral, esta a
ganhar coercibilidade com o advento do art. 37 da Constituição,
assim desceu ao exame do caso em apreciação:
“O Direito Civil, pela mesma razão, registra as coisas que
estão fora do comércio (art. 69). Bevilaqua escreve compreen-
der bens que o homem, por motivo de ordem moral, não poder
ser autorizado a dispor, e acrescenta: “destes direitos, uns são
fundamentais, como o direito à vida, à liberdade, à honra, à
HABEAS CORPUS 281

integridade física e outros, são desdobramentos, aplicações,


modalidades dos primeiros”.
O Código Penal - prossigo - menciona exceções à regra
de a ação penal ser pública. Tecnicamente, toda ação é pública,
contemplando hipóteses de ação penal de iniciativa privada, ou
seja, dependente de o ofendido propor a ação penal.
Em se tratando de crimes contra os costumes, a ação será
desenvolvida pelo Ministério Público se a vítima ou seus pais não
podem prover as despesas do processo (225, § 1º). Nesse
caso, é exigida a representação, manifestação de vontade de tais
pessoas para ser deduzida a denúncia. Explica-se a orientação:
“os mencionados delitos tocam a honra das pessoas à reserva da
vida privada. A lei, por isso, deixa a critério da vítima escolher
entre o silêncio, ou como se repete, levar o fato ao conhecimento
de terceiro ao strepitus in judicii.
Esse direito do ofendido assim é disponível; o seu exercí-
cio resta à deliberação do titular. Não se confunde, entretanto,
com alienação, não pode ser convertido em dinheiro, está fora
do comércio. A disponibilidade é restrita aos casos em que a
ação vise a resguardar a reserva da vida privada, ou a honra
como mais genericamente se diz. Desse modo, nula a transação
pela qual o ofensor, a fim de obter o silêncio do ofendido, em
contraprestação efetua o pagamento em dinheiro.
O tema, além da imoralidade, afronta a cidadania; também
as classes sociais menos favorecidas economicamente merecem
ser resguardadas pelo Direito. O crime pode gerar obrigação de
indenização civil; que se faça pagamento a esse título, tudo bem.
Vencer, entretanto, a resistência do necessitado, além da imora-
lidade no âmbito penal e processual penal, a transação não pro-
duz efeito, é ato nulo. Se o fato se deu após representação,
continua íntegra, não foi afetada.
282 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Em razão dessas considerações, acompanho o voto do


Eminente Relator.” (fls. 89/90).
Negado, por decisão unânime, provimento ao recurso ordi-
nário, ingressam os impetrantes com novo habeas corpus originá-
rio, agora perante este Supremo Tribunal, alegando, em síntese:
a) que o pleito transcende à importância do caso concreto,
pois alcança o estabelecimento dos limites ao pátrio poder no
campo do direito penal;
b) que a Lei nº 9.099, ao passar a exigir representação
para o processo pelo delito de lesão corporal leve, abrandou o
enunciado da Súmula 608 desta Corte;
c) que o tratamento excepcional, dado aos crimes sexuais,
é erigido em benefício da honorabilidade, não só de vítima, mas
também de sua família;
d) que não há, na espécie, interesse próprio algum do
representante legal, a conflitar com o da menor;
e) que não pode a vontade do incapaz prevalecer sobre a
de seu representante legal, senão após vir aquele completar de-
zoito anos (Súmula 594 do Supremo Tribunal);
f) que predominou, na hipótese, a apreciação de peculiar
interesse familiar, pelos representantes legais da ofendida;
g) que a Lei nº 9.099-95 iniciou uma transformação, em
nosso direito penal, “ao instituir, nos crimes de menor gravidade,
a composição, a transação e até mesmo, em delitos de menor
gravidade, a suspensão condicional do processo, impondo em
todas essas hipóteses, como uma de suas condições, reparação
do dano” (fls. 10);
h) que o produto da indenização proveniente de acordo
lisa e ostensivamente celebrado, reverteu em benefício da vítima
HABEAS CORPUS 283

que, em Juízo, reconheceu, ela própria, a melhoria das suas


condições de habitação, em nova casa, distante da lembrança
das dolorosas circunstâncias do fato, tudo para concluir a douta
petição inicial:
“35. As instâncias a quo muito tem criticado a atitude dos
representantes legais da vítima por se retratarem da representa-
ção formulada no dia dos fatos, entendendo de que, no caso, o
processo contra o ora paciente constituiria em obrigação jurídica
e moral.
36. Data venia, equivocaram-se. Os representantes legais
da vítima sopesando todos os fatores que envolvem uma decisão
dessa magnitude, optaram por não processar o paciente. Estu-
dos criminológicos apontam que é muito grande o índice de
pessoas, inclusive integrantes das classes mais privilegiadas, que
adotam a mesma postura, preferindo o silêncio ao strepitus
judicii.
37. Porém, o que causa mais espécie é que ninguém exa-
minou o modo como atuou o curador nomeado. Ele, no depoi-
mento prestado em juízo, afirmou que jamais manteve qualquer
contato com a menor, nem sequer a conhecera, baseando sua
convicção de representar exclusivamente na leitura de peças do
processo (doc. 12).
Assim, o curador longe de defender os interesses da vítima
menor, agiu visando exclusivamente o interesse do Ministério
Público, ou seja, o interesse da acusação na punição do crime,
haja o que houver com a menor, sua honra e a dignidade da
família.
Confunde-se aqui FUROR ACUSATÓRIO com INTE-
RESSE DA MENOR.
V - CONCLUSÃO
284 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

38. Ante o exposto, demonstrado que houve violação


frontal ao art. 33 do Código de Processo Penal, nula é a nome-
ação do curador especial e, conseqüentemente, nulo é o proces-
so por ilegitimidade ativa do Ministério Público, razão pela qual
deve a presente ordem ser concedida, expedindo-se o compe-
tente alvará de soltura.” (fls. 12/13).
Depois de descrever a controvérsia, opina, às fls. 69/71, o
ilustre Subprocurador-Geral da República MARDEM COSTA
PINTO:
“7. Resta verificar se o conflito de vontades ocorrido entre
a vítima do delito em tela e seus representantes legais pode ser
visto como colidência de interesses prevista na primeira hipótese
acima alinhada, a ensejar a nomeação de curador especial.
8. Tourinho Filho, na obra Processo Penal, 1º volume,
Editora Saraiva, 1990, em hipótese exatamente semelhante à
presente, ilustra situação em que é admissível a nomeação de
curador especial, vejamos:
“Outro caso: a menor B foi seduzida por C. B levou o fato ao
conhecimento do pai. Este, todavia, se recusa a fazer a representa-
ção, em virtude de haver recebido certa soma do sedutor, ou do pai
deste, a título de - indenização. Nessa hipótese, haverá colidência
de interesses e, levando a menor o fato ao conhecimento do Juiz,
poderá ser nomeado um curador especial.” (página 310)
9. Portanto, a colidência de interesses está evidenciada
pelo fato de querer a vítima o prosseguimento da ação penal
com a conseqüente condenação de seu ofensor, enquanto seus
representantes legais, por propósitos diversos, não têm o mes-
mo interesse.
10. Hélio Tornaghi em Comentários ao Código de Proces-
so Penal, Editora Revista Forense, volume I, página 67, assim
HABEAS CORPUS 285

define colisão de interesses para os fins do artigo 33 do Código


de Processo Penal:
“Também no caso de ter ofendido representante legal, a lei
impõe a nomeação de curador ad hoc se entre aqueles há confli-
tos de interesses, ou melhor, se a propositura da ação interessa a
um e não interessa ao outro, como, v.g., se o representante legal
é o autor do crime.” (grifamos)
11. No mesmo sentido é a lição de Júlio Fabbrini
Mirabete, que em sua obra “Código de Processo Penal Inter-
pretado”, 4ª Edição, Editora Atlas S/A, 1996, página 78, verbis:
“O mesmo ocorre quando os interesses do incapaz colidi-
rem com os do representante legal. Há colisão de interesses
quando o representante legal praticou o crime ou concorreu para
o fato; quando tenha estreitos laços de parentesco, amizade ou
subordinação com o autor do crime; quando se comprovar que
tem interesses econômicos ou outros na impunidade do agente
do crime etc.”
12. No caso em exame, mostra-se inequívoca a colidência
de interesses entre a menor vítima e seus representantes legais
que, conformados com a “indenização” paga pelo ofensor, de-
sistiram de prosseguir na instauração de processo-crime, não
obstante a manifestação da ofendida perante testemunhas e
membro do Ministério Público no sentido de insistir na apuração
dos fatos no âmbito criminal, contando com a possibilidade de
condenação do réu pelos crimes em que restou enquadrado.
13. É certo, ademais, que o art. 33 do CPP é de se aplicar,
por analogia, ao direito de representação, como aliás ensina
Mirabete na obra acima citada.
14. Diante da regular nomeação de curador especial à
vítima, nos moldes do artigo 33 do CPP, e tendo este represen-
286 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

tado contra o ora paciente (fls. 35), improcede o argumento


lançado pela defesa de ser o Ministério Público parte ilegítima
para promover a competente ação penal.
15. Diante do exposto, somos pelo conhecimento e
denegação da ordem.
É o parecer.” (fls. 69/71)
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO OCTAVIO GALLOTTI
(Relator): - Precisamente por envolver complexo relacionamen-
to interfamiliar, como ressaltado na bem lançada petição inicial, é
que o exercício da representação para o processo por crimes
contra os costumes (art. 225, § 2º, do Código Penal) enseja o
surgimento da colisão de interesses prevista e regulada no art. 33
do Código de Processo Penal, que reputo, no caso, bem confi-
gurado, menos pela simples manifestação de vontade da vítima
perante o órgão do Ministério Público, do que pela interferência
da sedução do proveito econômico como fator de rompimento
do equilíbrio entre os valores morais a serem sopesados no
desempenho do delicado mister da opção, conferido, por lei,
aos pais da menor. Constitui mesmo, a hipótese dos autos, um
exemplo clássico, tanto que figurado pelo saudoso mestre CÂ-
MARA LEAL, do conflito de interesses capaz de recomendar a
nomeação de curador especial:
“A colisão de interesses a que se refere o art. 33, entre o
incapaz e seu representante legal, poderá verificar-se em cir-
cunstâncias diversas que o legislador não enumerou, deixando
sua apreciação ao prudente critério do juiz.
Indicaremos, contudo, as seguintes hipóteses:
............................................................
HABEAS CORPUS 287

e) há evidentes indícios de que o representante legal do


ofendido recebeu promessas de recompensa do autor do crime
para abster-se de intentar a ação penal contra ele.
Em qualquer dessas hipóteses é manifesto o interesse do
representante legal do ofendido em colisão ou oposição ao inte-
resse deste na repressão do autor da infração penal. Justifica-se,
pois, a nomeação de curador especial ao incapaz para exercer
por este, e em substituição ao seu representante legal, o direito
de queixa. (“Comentários ao Código de Processo Penal Brasi-
leiro”, ed. F. Bastos, 1942, vol. I, págs. 166/7)
Argumentam os ilustres impetrantes com os novos rumos
pragmáticos do direito penal brasileiro, assinalados pela Lei nº
9.099, de 1995, mas a medida despenalizante consistente na
transação por ela instituída limita-se aos crimes cujo potencial
ofensivo é medido pela pena máxima não superior a um ano de
prisão (art. 61), ao passo que estão sujeitos os delitos de que
ora se trata (estupro e atentado violento ao pudor) à pena de
reclusão de até dez anos cada um.
É cabível e mesmo desejável, em qualquer caso, a repara-
ção do dano, não, porém, com o efeito extintivo da punibilidade
que lhe atribuem os impetrantes.
Acolhendo o parecer, indefiro o pedido.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.311-7 - SP - Relator: Min. Octavio Gallotti.
Pacte.: Bernardo Cataldo Neto. Imptes.: Eduardo de Vilhena
Toledo e outro. Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 28.04.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
288 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal


Batista.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 289

“HABEAS CORPUS” Nº 76.189-7 - RS - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 255)
Segunda Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: José Carlos Bilhan
Impetrante: Ney Fayet
Coator: Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul
EMENTA: - “HABEAS CORPUS”. ROUBO QUALI-
FICADO. ALEGAÇÕES SUSCITADAS EM HABEAS
CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO:
COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTI-
ÇA. ALEGAÇÕES DE NULIDADE SUSCITADAS EM
SEDE REVISIONAL JULGADA IMPROCEDENTE: CITA-
ÇÃO EDITALÍCIA E AUMENTO DA PENA NO GRAU
MÁXIMO DIANTE DA FORMA QUALIFICADA:
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE.
1. Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e
julgar o habeas corpus substitutivo de recurso ordinário em que
são suscitadas matérias não alegadas nem apreciadas em pro-
cesso de revisão criminal.
2. Inexiste vício de nulidade a ser sanado se a citação
editalícia decorreu de constar dos autos do processo que o réu
não tem residência fixa, encontrar-se em local incerto e não
sabido, segundo certidão exarada pelo oficial de Justiça, e haver
290 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

foragido, conforme informação da Superintendência dos Servi-


ços Penitenciários.
3. Encontra amparo na jurisprudência do Supremo Tribu-
nal Federal e critério de aumento de pena até a metade, estando
presentes duas causas qualificadoras previstas para o delito de
roubo (incisos I e II, § 2º, art. 157 do CP).
4. Habeas Corpus indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, conhecer, em parte, do
habeas corpus e, nesta parte, o indeferir.
Brasília, 12 de maio de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Cui-
da-se de habeas corpus impetrado em favor de José Carlos
Bilhan, pretendendo anular a sentença prolatada pelo Juiz da 1ª
Vara Criminal Regional do Partenon/Porto Alegre/RS, que o
condenou a 12 (doze) anos de reclusão e multa como incurso no
art. 157, § 2º, I e II, do Código Penal.
2. As alegações da inicial, reeditando as já refutadas pelo
Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul em sede de
habeas corpus, consubstanciam-se nas seguintes teses: a) vício
na citação pessoal e conseqüente invalidade da decretação da
revelia; b) nulidade por ausência de defesa; c) inexistência de
prova para embasar a condenação; d) falta de motivação para
HABEAS CORPUS 291

aplicar, no grau máximo, o acréscimo decorrente das causas


especiais de aumento da pena.
3. A sentença transitou em julgado sem interposição de
apelação. Posteriormente o ora paciente ajuizou a Revisão Cri-
minal nº 296.009.426, julgada improcedente em 24/06/96 (fls.
183/186). Também perante o Tribunal de Alçada foi impetrado
em seu favor o Habeas Corpus nº 297.024.390, julgado em 10/
09/97, tendo sido concedido a ordem para desconstituir a sen-
tença apenas no tocante ao valor diário da pena pecuniária,
mantendo-a quanto aos demais aspectos decorrentes da conde-
nação (fls. 109/116).
4. Solicitadas as informações, prestou-as o Juiz de Alçada
no exercício da Presidência da Corte apontada como coatora
(fls. 194, usque 238).
5. Oficiando às fls. 188/192, o Ministério Público Federal,
em parecer do ilustre Subprocurador-Geral da República, Dr.
Edson Oliveira de Almeida, opina pelo conhecimento parcial da
ordem para, nessa parte, ser indeferida.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Na petição de revisão criminal, o ora paciente ale-
gou: a) nulidade da citação editalícia; b) ausência de intimação
do defensor dativo quanto à sentença condenatória; c) nulidade
do edital de intimação da sentença; d) imprestabilidade do reco-
nhecimento fotográfico do acusado; e) condenação em contrari-
edade à evidência dos autos; f) erro na dosimetria da pena no
referente às circunstâncias judiciais.
2. A mencionada revisão criminal foi julgada improcedente.
3. No presente writ o impetrante sustenta as mesmas ale-
gações já refutadas pelo Tribunal de Alçada, em sede de habeas
292 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

corpus, a saber: a) vício na citação pessoal e conseqüente


invalidade da decretação da revelia; b) nulidade por ausência
total da defesa; c) ausência de prova judicial para embasar a
condenação, visto que a existente nos autos foi produzida exclu-
sivamente na fase policial; d) falta de motivação para aplicação
no grau máximo do acréscimo decorrente das causas especiais
de aumento da pena.
4. Vê-se, portanto, que das quatro alegações aduzidas no
presente writ, somente é possível reconhecer a competência
originária em relação às questões da nulidade da citação
editalícia e do erro na dosimetria da pena quando da aplicação
do aumento decorrente das causas especiais, porquanto suscita-
das em sede revisional que indeferiu a pretensão. As outras duas
alegações, nulidade por ausência total de defesa e ausência de
prova judicial para embasar a condenação, foram examinadas
apenas na decisão denegatória do habeas corpus impetrado pe-
rante o Tribunal de Alçada, inferindo-se, quanto a elas, que o
pedido é substitutivo de recurso ordinário, da competência do
Superior Tribunal de Justiça.
5. A propósito, como bem salientado no parecer da Pro-
curadoria-Geral da República, cito o enunciado na ementa do
HC nº 69.631-SP, da lavra do em. Ministro SEPÚLVEDA
PERTENCE: “ao contrário do que sucede na apelação, a revi-
são criminal não devolve ao Tribunal competente o conhecimen-
to integral do processo: por isso, não se considera autoridade
coatora o Tribunal que, no julgamento da revisão, não se ocupou
de nulidade não alegada pelo requerente: conseqüente compe-
tência do Supremo Tribunal Federal para conhecer originaria-
mente do habeas corpus fundado na nulidade não alegada nem
examinada de ofício no processo de revisão” (DJU 30/10/92,
pág. 19.516).
HABEAS CORPUS 293

6. Por isso, passo a examinar o primeiro fundamento do writ


em que o impetrante sustenta a nulidade do processo a partir do
despacho que decretou a revelia, visto que, no seu entender, ocor-
reu manifesto vício de citação caracterizado pelos termos do ante-
rior despacho proferido pelo Juiz processante, verbis:
“Face à informação da SUSEPE, designo o dia 09 de
agosto de 1989, às 9h 45min, para o interrogatório dos réus.
Requisite-se o réu Jesus à SUSEPE. Expeça-se mandado de
citação para os demais co-réus, colocando-se a observação nos
mandados que o Oficial deve dá-los em lugar incerto e não
sabido tendo em vista não terem residência fixa. Dil. Legais.
Data supra (28.03.89). J. Dir. (assinatura ilegível).”
6.1 O Oficial de Justiça assim certificou:
“Certifico e dou fé que, conforme o endereço indicado no
mandado, o réu não tem residência fixa, o que impossibilita
quaisquer diligências. Face ao exposto constato que o réu José
Carlos Bilhan está em lugar incerto e não sabido até a presente
data. P. Alegre, 26.6.98. R. Castro. Of. Justiça.”
6.2 Acrescenta o impetrante que essa certidão de que o
paciente se encontrava em lugar incerto e não sabido, em que o
Oficial de Justiça tomasse qualquer iniciativa para o cumprimen-
to do manado, é ideologicamente falsa. Entende que o meirinho
deveria empreender diligências no sentido de localizar o réu,
inclusive buscando informações junto ao Cartório Eleitoral, as-
sociação de moradores, empresas de fornecimento de água e luz
ou até mesmo à Superintendência do Serviços Penitenciários.
Essa, a questão posta na impetração.
7. Não assiste razão ao impetrante. Consta da denúncia
que o réu, ora paciente, não tinha residência fixa; as informações
constantes do processo dão conta de que o mesmo se encontra-
va recolhido ao Presídio Central de Porto Alegre; o magistrado
294 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

oficiou à Superintendência dos Serviços Penitenciários, sendo


informado de que José Carlos Bilhan, também conhecido pela
antonomásia de “Catarina Bilhan”, encontrava-se foragido des-
de 07/08/87; evidencia-se, pois, que o paciente estava em lugar
incerto e não sabido, a ensejar a citação editalícia que, não
atendida, acarretou a decretação da revelia.
8. Por igual, não procede o argumento de que a certidão é
ideologicamente falsa pelo fato de o Juiz haver orientado o Ofici-
al de Justiça a certificar que o réu encontrava-se em lugar incerto
e não sabido. Não há dúvida que o ora paciente, portador de
alentada folha de antecedentes criminais, já condenado a cum-
prir penas até o ano 2.012, encontrava-se foragido desde 07/
08/87, vindo a participar, dois meses após a fuga (30/10/87), do
delito de que trata a presente impetração: assalto a banco, com
emprego de arma e em concurso de pessoas.
9. Por outro lado, como ensina Júlio Fabbrini Mirabete (in
“Processo Penal”, 6ª ed., São Paulo, Atlas, 1996, pág. 428),
“não há qualquer exigência na lei que obrigue o meirinho a outras
diligências, como a consulta a repartições públicas ou particula-
res (Tribunal Regional Eleitoral, Ministério do Trabalho etc.)”.
10. Quanto à questão suscitada pelo impetrante acerca do
alegado erro na dosimetria da pena, nada há a ser corrigido pelo
presente writ. A sentença explicitou:
“José Carlos Bilhan conta com diversas condenações, de-
vendo cumprir pena até pelo menos o ano 2.012 (fl. 74). Perso-
nalidade própria do delinqüente, apresenta alta periculosidade
social. Motivos, circunstâncias e conseqüências próprias do tipo
penal; como acréscimo, o registro da violência empregada, não
respeitando a presença de inúmeras pessoas no local; antes,
aproveitando-se desta circunstância. O furto da arma do policial
fica subsumido no roubo à agência. Comprovada a forma quali-
HABEAS CORPUS 295

ficada descrita na denúncia. Aplico a pena de oito anos de reclu-


são e multa. Considerada a forma qualificada, aumento-a da
metade.”
11. Tenho como suficientemente motivado o aumento da
pena-base até a metade, em razão das duas causas especiais
(incisos I e II, § 2º, art. 157). Tal critério encontra amparo na
jurisprudência de ambas as Turmas desta Corte:
“PENA. Critério legal de fixação. Crime de extorsão qua-
lificado. Coexistência de causas de aumento de pena: concurso
de pessoas e uso de arma (art. 158, § 1º, CP). Elevação da pena
pelo aumento máximo previsto. Possibilidade. Se o legislador,
em face de duas causas qualificadoras previstas para o tipo,
estabeleceu o aumento da pena entre um mínimo e um máximo
(de um terço até metade), pode o juiz, concomitantemente, levá-
las em consideração impondo na fixação da pena o aumento
máximo, tendo em vista o maior grau de reprovabilidade que a
conduta do agente encerra.” (HC 70.117-RJ, 2ª Turma, rel.
Min. Paulo Brossard, DJU 04.02.94)
“No que diz respeito ao concurso de causas de aumento
de pena, variando a fixação deste de 1/3 à metade, e havendo
duas causas concorrentes, há, sem dúvida, maior grau e
reprovabilidade da conduta do agente, razão por que é mais
correta a corrente doutrinária que sustenta que, nesse caso,
ambas devem ser consideradas para a fixação do aumento além
do limite mínimo.” (HC 70.900-SP, 1ª Turma, rel. Min. Moreira
Alves, DJU 06.05.94)
“Estando presentes duas qualificadoras (incisos I e II, § 2º,
art. 157 o CP), justifica-se o aumento da pena em metade.” (HC
71.176-SP, rel. Min. Moreira Alves, RTJ 156(1):108, abril 1996).
12. Diante do exposto, conheço do pedido, em parte, para
nessa parte indeferir o habeas corpus.
296 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

É o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.189-7 - RS - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: José Carlos Bilhan. Impte.: Ney Fayet. Coator: Tribunal
de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul.
Decisão: Por unanimidade, a Turma conheceu, em parte,
do habeas corpus e, nesta parte, o indeferiu. 2ª Turma,
12.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Carlos Alberto Cantanhede, Secretário.
HABEAS CORPUS 297

“HABEAS CORPUS” Nº 76.082-8 - SP - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 250)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Fátima Braulindo ou Maria de Fátima Pinheiro
Impetrante: Geraldo Sanches Carvalho
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo
EMENTA: - HABEAS CORPUS. FURTO. PRORRO-
GAÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA. ALEGAÇÃO DE
FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO. PEDIDO
DE REEXAME DO LAUDO PERICIAL E DAS DECISÕES
DAS INSTÂNCIAS A QUO PORQUE, SEGUNDO O
IMPETRANTE, UMA ANÁLISE MAIS ACURADA DA
PROVA PERMITE CHEGAR A CONCLUSÃO FAVORÁ-
VEL À PACIENTE.
1. A decisão monocrática que deferiu o pedido de pror-
rogação da medida de segurança e o acórdão dos embargos à
execução que a confirmou não devem, nem podem, ser toma-
dos como modelo; entretanto, permitem entrever que, com
base na prova técnica, deferiram o pedido e, em conseqüência,
ficaram afastadas as alegações em prol da paciente, ainda que
implicitamente.
A necessária fundamentação da decisão da Juíza, integra-
da pelo acórdão, se mostra suficiente.
298 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

2. À evidência, o instituto constitucional do habeas corpus


não tem o alcance que o impetrante pretende lhe dar, pois é
sabido e consabido e que o seu rito especial e sumário não se
compadece como reexame e revaloração das provas e nem é ele
sucedâneo de uma terceira instância ordinária, ainda que previs-
ta em lei.
Neste sentido é a antiga, unânime, uniforme e reiterada
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Precedentes.
3. Habeas corpus conhecido, mas indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por unanimidade de votos, indeferir o habeas
corpus.
Brasília, 16 de junho de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Tra-
ta-se de habeas corpus impetrado em 06.10.97 pelo Dr. Geral-
do Sanches Carvalho, Procurador do Estado em exercício na
Procuradoria de Assistência Judiciária, em que afirma que a
paciente, Fátima Braulindo ou Maria de Fátima Pinheiro ou Ma-
ria Isabel Ferreira ou Fátima Pinheiro, está sofrendo coação
ilegal por ato da 15ª Câmara do Tribunal de Alçada Criminal do
Estado de São Paulo, praticado ao negar provimento ao agravo
em execução interposto contra decisão da Juíza de Direito da
Vara das Execuções Penais, que prorrogou pela segunda vez,
por mais um ano, a medida de segurança que lhe foi imposta em
HABEAS CORPUS 299

quatro processos na Comarca de Americana, em face de um


furto consumado e sete tentados, dos quais foi absolvida por ser
inimputável; esclarece que a paciente se encontra internada no
Manicômio Judiciário de Franco da Rocha.
Alega, em síntese e no que é pertinente, que a decisão que
prorrogou a medida de segurança é nula, seja porque não apre-
ciou as alegações da defesa, seja porque não está fundamenta-
da; acrescenta que os laudos de avaliação, se corretamente exa-
minados, permitem entrever que a paciente não é louca nem
perigosa, autorizando a desinternação condicional, apesar das
equivocadas conclusões técnicas em sentido contrário; aduz que
a paciente é portadora de encefalopatia leve e de síndrome pré-
menstrual, moléstias que podem ser tratadas na rede hospitalar
pública sem risco para a sociedade.
Pede a desinternação condicional da paciente, invocando
o art. 97, § 3º, do Código Penal (fls. 2/14). Junta documentos
(fls. 15/69).
2. Vêm aos autos as informações prestadas pelo Presiden-
te do Tribunal coator (fls. 80/81), acompanhadas de documen-
tos (fls. 82/272).
3. Encaminhados os autos ao Ministério Público Federal
em 29.12.97, manifesta-se em 29.05.98 pelo Subprocurador-
Geral da República Mardem Costa Pinto, opinando pelo conhe-
cimento e denegação da ordem, em parecer assim ementado, in
verbis (fls. 274/279):
“EMENTA: Habeas Corpus. Medida de segurança pror-
rogada. Pretensão em obter a desinternação ao fundamento de
que existem elementos para tanto, bastando uma análise mais
cuidadosa da prova, o que não vendo (sic) sendo feita pelas
instâncias a quo, que em decisões desfundamentadas vêm inde-
ferindo de forma sistemática a pretensão da paciente.
300 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Denegação da ordem vez que o âmbito especial do writ não


comporta reavaliação de provas complexas.”
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - A decisão monocrática impugnada tem o seguinte
teor, in verbis (fls. 38 e 204):
“Trata-se de pedido de prorrogação de medida de segu-
rança imposta ao sentenciado Fátima Braulindo, formulado pelo
Ministério Público. A Defesa requereu seja feita justiça.
É o relatório.
Decido.
Acolho o conteúdo e conclusão do exame psiquiátrico, no
sentido de que o sentenciado permanece com periculosidade
acentuada e continua a necessitar de tratamento especializado
em regime de internação.
Pelo exposto, prorrogo, por mais 1 (um) ano, a medida de
segurança, computando o prazo a partir da presente decisão.”
1.2 A fundamentação do acórdão impugnado, contida no
voto do Relator, tem o seguinte teor, in verbis (fls. 52/53 e 237/238):
“A r. sentença que prorrogou por mais um ano a medida
de segurança imposta à recorrente Fátima Braulindo encontra-
se fundamentada.
Com efeito, o Juízo de Direito sentenciante deu enfoque ao
“quadro psicopatológico, com a conduta delitiva, o que reco-
menda sua permanência em tratamento” (fls. 2), evidenciando
que a conclusão relativa à prorrogação da medida de segurança
deveu-se a exame da prova técnica existente nos autos sobre o
caso sub judice.
HABEAS CORPUS 301

Fica, pois, repelida a preliminar.


Quanto à subsistência do caso, observe-se que a
periculosidade da recorrente Fátima Braulindo persiste.
O laudo de fls. 03/12 sugere a permanência da reclamante
Fátima Braulindo naquele nosocômio por ainda apresentar
periculosidade, estando, assim, a prorrogação decretada por
mais um ano de medida de segurança correta, eis que embasada
em prova especializada.
Portanto, fica repelida a r. decisão hostilizada pelos seus
próprios fundamentos, repelida a preliminar.”
1.3 Senhor Presidente, eu não adotaria nem a sentença nem
o acórdão como modelos, mas ambos permitem entender que,
com base na prova técnica, foi deferido o pedido de prorrogação
da medida de segurança e, em conseqüência, afastadas as alega-
ções deduzidas em prol da paciente; a necessária fundamentação
da sentença, integrada pelo acórdão, se mostra suficiente.
2. A segunda alegação do impetrante implica no reexame
do “Parecer Multiprofissional Forense”, subscrito por um médi-
co psiquiatra, uma psicóloga e uma assistente social (fls. 27/33 e
179/185) e do “Relatório Referente à Internada”, do Diretor de
Serviço Pericial (fls. 26 e 178); todos concluem que, in verbis:
“Diante das avaliações realizadas, a paciente ainda apre-
senta periculosidade que vincula sua permanência neste Hospital
de Custódia.
Deverá prosseguir tratamento, tendo em vista o recente
ajuste terapêutico. Sendo assim, sugerimos sua permanência por
um período de mais 6 meses.”
2.2 À evidência, o instituto constitucional do habeas
corpus não tem o alcance que o impetrante pretende lhe dar,
pois é sabido e consabido que o rito especial e sumário do
302 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

habeas corpus não se compadece com o reexame e revaloração


das provas e nem é ele sucedâneo de uma terceira instância
ordinária ainda não prevista em lei. Neste sentido tem se orienta-
do a antiga, uniforme, unânime e reiterada jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, como se vê em centenas de julgados,
entre os quais registro os seguintes precedentes da relatoria do
Min MARCO AURÉLIO, in verbis:
“O habeas corpus não é o meio hábil ao revolvimento da
prova com o objetivo de declará-la suficiente à condenação”
(HC nº 71.803-RJ, in DJU de 17.02.95).
“O habeas corpus não é o meio hábil à consideração da
prova e outros elementos referidos pelo impetrante visando à
conclusão diametralmente oposta ao resultado da ação penal”
(HC nº 73.237-SP, in DJU de 25.10.96).
“O habeas corpus não é o meio hábil a, mediante exame
dos elementos coligidos na fase de instrução penal, substituir-se,
em face de tese diversa, a condenação por absolvição” (HC nº
75.892-RJ).
3. Apenas para registro, informo à Turma que, com as infor-
mações, veio aos autos cópia de outro “Parecer Multiprofissional
Forense”, elaborado em 17.10.97, após a impetração, portanto,
concluindo que diante da “sua evolução somos de parecer que
Maria de Fátima Pinheiro não apresenta periculosidade que vincu-
le sua permanência neste Hospital de Custódia, devendo prosse-
guir em tratamento ambulatorial” (fls. 265/272), mas a questão
escapa ao âmbito temporal desta impetração.
Ante o exposto e acolhendo o parecer do Ministério Públi-
co Federal, conheço do pedido, mas indefiro a ordem
impetrada.
EXTRATO DE ATA
HABEAS CORPUS 303

HC n. 76.082-8 - SP - Relator: Min. Maurício Corrêa.


Pacte.: Fátima Braulindo ou Maria de Fátima Pinheiro. Impte.:
Geraldo Sanches Carvalho. Coator: Tribunal de Alçada Criminal
do Estado de São Paulo.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus. 2ª Turma, 16.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
304 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 305

“HABEAS CORPUS” Nº 75.873-1 - MG - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 245)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Ilmar Galvão
Paciente: Jamiro José Souto Filho
Impetrante: Elver Lages de Melo
Coator: Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais
EMENTA: - HABEAS CORPUS. COLIDÊNCIA DE
DEFESA. DEFENSOR ÚNICO DE CO-RÉUS. NULIDADE.
Havendo a co-ré, no inquérito policial, afirmado a partici-
pação do paciente no evento criminoso e negado a sua, o inte-
resse dos dois passou a ser conflitante. Assim, não poderia a
defesa de ambos ter ficado a cargo do mesmo defensor público,
sob pena de colidência.
Habeas corpus deferido. Extensão da ordem à co-ré.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, por sua Primeira Turma,
na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em deferir o pedido de habeas
corpus, estendendo a ordem à co-ré Regina de Fátima Silva, nos
termos do voto do Relator.
Brasília, 26 de maio de 1998.
306 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

MOREIRA ALVES, Presidente - ILMAR GALVÃO,


Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO (Relator): -
O Defensor Público do Estado de Minas Gerais, Dr. Elver Lages
de Melo, impetra habeas corpus em benefício de Jamiro José
Souto Filho, condenado a cinco anos e quatro meses de reclu-
são por infração ao art. 157, § 2º, e II, do Código Penal.
Alega estar sofrendo o paciente constrangimento ilegal por
parte do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, que
confirmou a sentença condenatória, sem nenhuma alusão à nuli-
dade absoluta, porquanto patrocinada a sua defesa pelo mesmo
defensor público que também atuou em nome da co-ré, embora
em posições conflitantes.
Argumenta que a co-ré, no depoimento que prestara, acu-
sara o ora paciente, enquanto este, de sua parte, negara a autoria
do delito, de modo que a defesa de ambos não podia ter sido
realizada pelo mesmo defensor.
A impetração visa à anulação do processo.
As informações do ilustre Presidente da Tribunal de Justiça
limitaram-se a remeter cópias de peças do processo.
A Procuradoria-Geral da República, preliminarmente, em
parecer da lavra do Dr. Mardem Costa Pinto, opinou pelo não-
conhecimento da ordem, por se tratar de matéria não apreciada
pelo Tribunal apontado como coator. Determinei a devolução
dos autos ao referido órgão, à vista de precedentes que reco-
nhecem, em situação como a dos autos, a competência desta
Corte.
Veio, em seguida, a manifestação de fls. 82/83 opinando
pela denegação da ordem, verbis:
HABEAS CORPUS 307

“É que, em verdade, não houve, de forma expressa, acu-


sações recíprocas, sendo certo que apenas a co-ré Regina de
Fátima Silva e em depoimento policial não confirmado em Juízo,
já que citada por edital (fls. 22) foi processada à revelia (fls. 31),
admite, negando participação no fato, que o rapaz claro (Jamiro)
estava com uma arma de fogo (fls. 19/verso). Já o co-réu
Jamiro, ora paciente, ouvido na Polícia (fls. 14) e em Juízo (fls.
20) não faz qualquer acusação a Regina de Fátima Silva.
Ademais, é certo que os co-réus acabaram por apresentar
tese harmônica centrada na negativa da autoria, como registra a
sentença às fls. 32. E se assim é, ainda que se entenda que tenha
havido colidência de teses, está claro que do fato não resultou
prejuízo para a defesa, descartando-se a pretendida declaração
de nulidade a teor do que dispõe o art. 563 do Código de
Processo Penal.”
É o relatório.
VOTOO SENHOR MINISTRO ILMAR GALVÃO
(Relator): - A acusada Regina de Fátima Silva, ao ser ouvida, na
fase policial, declarou (fls. 14):
“Que, interrogada acerca dos fatos, respondeu: Que, no
dia 07.02.94, chegou em um bar situado no bairro Gameleira, e
lá ficou conhecendo algumas pessoas, esclarecendo que encon-
trava-se embriagada; Que, os dois rapazes que estavam na roda
conversando, chamaram a declarante e uma mulher clara que lá
se encontrava para uma transa no motel; Que, dirigiram-se até
um motel a pé e lá utilizaram dois quartos, sendo que a declaran-
te dormiu o tempo todo e entrou com um rapaz claro, o qual não
sabe dizer o nome e que veio a saber chamar-se JAMIRO
JOSÉ SOUTO FILHO; Que, após o horário de duas horas, o
rapaz lhe chamou e saíram do quarto e encontraram-se com o
outro casal do lado de fora, e dirigiram-se até a portaria do
motel, tendo este rapaz com quem estava, pago as duas contas e
308 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

que em determinado momento, os dois rapazes encostaram nas


funcionárias e disseram que era um assalto e a declarante e a
outra mulher correram para o lado da garagem da GONTIJO,
situada na Av. Deputado José Marcus Cherém, em direção a sua
casa; Que, não ficou sabendo o que havia acontecido; Que não
conhece nenhuma das pessoas que foram até o motel, sendo que
se encontraram em um bar no bairro Gameleira e de lá se dirigi-
ram para o Motel, sem contudo ter ficado sabendo nomes das
pessoas; Que, salienta que não participou do assalto;”
Já o paciente declarou (fls. 13):
“Que, no dia 07 de fevereiro, do corrente ano, dirigiu-se
até um bar situado no bairro Gameleira - Nesta, e começou a
tomar cerveja, e que uma mulher de cor clara, cabelos loiros
pediu um copo de cerveja tendo entregue para a referida mulher
e em seguida um homem moreno alto chegou e puxou conversa e
também a colega desta mulher loira, uma mulata e passaram a
beber juntos; Que, ingeriu cerca de 08 (oito) cervejas e estava
ainda de fogo quando tomou algumas doses de “pinga” e o
homem chamou para ir a um motel o declarante e as mulheres,
tendo assim o feito; Que, pegaram um quarto e o homem more-
no pegou outro juntamente com a mulher mulata; Que, não sabe
dizer o nome de ninguém, sendo que passou as horas no motel
com a loira e o outro indivíduo disse que quando saísse era para
lhe chamar porque assim iriam embora juntos, tendo assim o
feito e que ao saírem o homem moreno disse que iria roubar o
motel e inclusive mostrou uma arma de fogo para o declarante
que disse para não fazer aquilo e que o mesmo disse para as
mulheres que era um assalto e neste momento as mulheres, que
estavam junto no motel, correram e o declarante saiu correndo
também, não tendo ficado sabendo o que aconteceu...”
A denúncia assim deduz a imputação contra os dois acusa-
dos (fls. 8):
HABEAS CORPUS 309

“Constam dos autos que, no dia 07 de fevereiro de 1994,


por volta das 04:00 horas da madrugada, no Motel Rio Grande,
sito na Av. Marcus Cherém, 1.550, nesta cidade, os denuncia-
dos JAMIRO JOSÉ SOUTO FILHO e REGINA FÁTIMA
SILVA, acolitados por outro casal não identificado, mediante
ameaça de um revólver, constrangeram a funcionária do aludido
lupanar, Maria de Fátima Oliveira Ferreira, a lhes entregar a féria
no valor de Cr$ 50.000,00. Em seguida, os referidos denuncia-
dos, sempre acolitados pelo casal não identificado, ainda sob a
mira de revólver, subtraíram do motel Rio Grande um
vídeocassete JVC 651, uma calculadora e uma caixa de preser-
vativos, avaliados por Cr$ 220.500,00, conf. Laudo de fls. 17,
de propriedade da vítima Arlete Rosa de Paiva.”
Na fase judicial, o ora paciente foi ouvido e confirmou
depoimento policial, afirmando serem verdadeiros os fatos arti-
culados na denúncia (fls. 19). A co-ré foi revel.
A sentença que condenou os dois acusados acentuou (fls.
32/33):
“A autoria é certa, data venia. O réu interrogado confessa
a prática infracional, da qual tomou parte com a segunda denun-
ciada e a confissão está respaldada no contexto probatório. As
testemunhas ouvidas apontam o réu como o agente mencionado
na peça inicial acusatória e não há nada de contra-prova que
venha esmaecer a imputação quanto à autoria.
No que se refere à materialidade, restou demonstrada o
bastante, no que se refere ao videocassete e uma fita deste
aparelho, pelo auto de apreensão de fls. Não é questionada.
A prova confirma o bastante a prática criminal de roubo
qualificado pelo concurso de agentes, como confessa o réu e
demonstra a prova judicial, bem como o uso de arma. Aliás,
restou claro na prova que o réu portava uma faca quando da
ação delituosa enfocada.”
310 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O acórdão que confirmou a decisão condenatória, de sua


parte, aludiu (fls. 55/56):
“O apelante, ainda que com evasivas, admite o seu
envolvimento nos fatos. Disse ele que se juntou a três pessoas
desconhecidas, sendo um homem moreno alto e duas mulheres,
uma loira outra morena, e, juntos, foram ao motel Rio Grande,
onde ocuparam dois quartos e, na saída, o assalto foi praticado.
Em juízo, fls. 35-TA, disse o apelante:
“... não sabe por que se envolveu no fato, mas estava
muito tonto e deu bobeira.”
Ângela Maria, camareira do Motel, ouvida às folhas 44-
TA, disse:
“Que são verdadeiros os fatos articulados na denúncia
que lhe foi lida e que se deram ao tempo, modo e local mencio-
nados; que os agentes usavam um revólver e uma faca; que o
acusado presente tinha consigo a faca ...”
No mesmo sentido são as declarações da outra camareira
de serviço, Maria de Fátima, ouvida a fls. 08 e 46-TA, esclare-
cendo que foi exatamente o apelante que saiu do motel levando
o videocassete, enquanto os demais levavam o dinheiro.
Arlete Rosa, proprietária do estabelecimento comercial,
ouvida às fls. 45-TA, informa que parte da res foi apreendida
com o próprio apelante. E este, por sua vez, quando ouvido às
fls. 11-TA, realmente informa que conduzira seu cúmplice em
sua bicicleta para a chácara de Gilda, onde o videocassete foi
deixado e, mais tarde, apreendido pela polícia, fato esse devida-
mente confirmado pelo gerente da chácara, João Batista de Oli-
veira (fls. 22-TA), o que põe por terra a ensaiada participação
de menor importância a que se refere a testemunha Maria de
Fátima (fls. 46-TA) já que o apelante não foi forçado a fazer o
que fez.
HABEAS CORPUS 311

Além do mais, foi ele devidamente reconhecido pelas fun-


cionárias da casa comercial citada.”
Posta a questão nestes termos, examino se ocorreu
colidência de defesas. Tenho que sim.
Do narrado na impetração se pode, evidentemente, extrair
a conseqüência pretendida pelo impetrante.
Com efeito, havendo a co-ré afirmado a participação do
paciente no evento criminoso e negado a sua, evidentemente que
o interesse dos dois passou a ser conflitante. Assim, não poderia
a defesa de ambos ter sido promovida pelo mesmo defensor
público, como ocorreu.
Nesse contexto, patente a colidência de defesas, defiro a
ordem para anular o processo desde a defesa prévia, inclusive,
estendendo-se a concessão à co-ré Regina de Fátima Silva.
EXTRATO DE ATA
HC n. 75.873-1 - MG - Relator: Min. Ilmar Galvão.
Pacte.: Jamiro José Souto Filho. Impte.: Elver Lages de Melo.
Coator: Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus,
estendendo a ordem à co-ré Regina de Fátima Silva, nos termos
do voto do Relator. Unânime. Ausente, ocasionalmente, o Se-
nhor Ministro Octavio Gallotti. 1ª Turma, 26.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
312 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 313

“HABEAS CORPUS” Nº 75.785-5 - MG - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 242)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Moreira Alves
Paciente: Antônio Adenilson Rodrigues Veloso
Impetrante: Herbert Carlos Mourão Veloso
Coator: Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais
EMENTA: - “Habeas corpus”.
- A prescrição, segundo o disposto no artigo 117, V, do
Código Penal, se interrompe na data da publicação da sentença
condenatória recorrível, razão por que esse efeito interruptivo se
dá a partir daí, e não da decisão que rejeitou os embargos
declaratórios que lhe foram opostos e que, como a apelação
superveniente, são um recurso contra ela.
Por outro lado, o pedido de anulação do processo por
inobservância da Lei 9.099/95, quanto à transação e à suspen-
são condicional do processo, é mera reiteração de pretensão já
indeferida por esta Corte, ao julgar os HC 75.615 e 75.386, não
devendo, pois, ser conhecido este “habeas corpus” nessa parte.
“Habeas corpus” conhecido em parte, e nela indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
314 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

unanimidade de votos, conhecer, em parte, do pedido de habeas


corpus mas, nessa parte, o indeferir.
Brasília, 19 de maio de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente e Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
- Assim expõe e aprecia o presente “habeas corpus” o parecer
da Procuradoria-Geral da República, de autoria do Dr. Edson
Oliveira de Almeida:
“1. Por sentença do MM. Juízo de Direito da 1ª Vara da
Comarca de Bocaiúva/MG, datada de 04.12.95, o paciente foi
condenado a quatro meses de detenção, com direito ao sursis,
por infração ao art. 140 do Código Penal (P. 482/94). Como
resultado do julgamento da Apelação 216.318-8, foi provido
parcialmente o recurso da acusação, sendo cassado o sursis e
determinado o cumprimento da pena no regime aberto.
2. O impetrante pede a declaração da prescrição
intercorrente, considerando o lapso transcorrido entre o recebimen-
to da denúncia e a decisão proferida nos embargos de declaração
opostos à sentença de primeiro grau. Requer, ainda, a anulação da
condenação por inobservância do art. 76 da Lei 9.099/95.
3. O impetrante, desconhecendo o efeito interruptivo de-
corrente da sentença condenatória recorrível, pretende que o
prazo de prescrição seja contado do recebimento da denúncia
(data que sequer está comprovada documentalmente neste writ)
até a decisão proferida nos embargos de declaração opostos à
sentença. Não há como atender ao pedido pois, segundo o art.
117-V do Código Penal, a prescrição fica interrompida na data
da publicação da sentença condenatória recorrível, razão por
que esse efeito interruptivo não sofre qualquer perturbação pela
HABEAS CORPUS 315

oposição de embargos de declaração ou pela manifestação de


apelo, mero resultado da própria recorribilidade da sentença.
4. Por outro lado, o pedido de anulação do processo por
inobservância do art. 76 da Lei 9.099/95 configura reiteração de
pretensão já apreciada e recusada pela colenda Primeira Turma
que, ao julgar o HC 75.615-MG (DJU 19.12.97) e o HC
75.386-MG (DJU 17.10.97), também impetrados em favor do
paciente, entendeu não estarem presentes os pressupostos sub-
jetivos para a transação e para a suspensão condicional do pro-
cesso, diante da avaliação negativa dos antecedentes, da condu-
ta social e da personalidade do paciente.
5. Isso posto, opino pelo conhecimento parcial da ordem
para, nessa parte, ser indeferida.” (fls. 83/84)
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MOREIRA ALVES (Relator):
- 1. Correto o parecer da Procuradoria-Geral da República.
Com efeito, a prescrição, segundo o disposto no artigo
117, V, do Código Penal, se interrompe na data da publicação
da sentença condenatória recorrível, razão por que esse efeito
interruptivo se dá a partir daí, e não da decisão que rejeitou os
embargos declaratórios que lhe foram opostos e que, como a
apelação superveniente, são um recurso contra ela.
Por outro lado, o pedido de anulação do processo por
inobservância da Lei 9.099/95, quanto à transação e à suspen-
são condicional do processo, é mera reiteração de pretensão já
indeferida por esta Corte, ao julgar os HC 75.615 e 75.386, não
devendo, pois, ser conhecido este “habeas corpus” nessa parte.
2. Em face do exposto, conheço em parte do presente
“writ”, e nela o indefiro.
316 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

EXTRATO DE ATA
HC n. 75.785-5 - MG - Relator: Min. Moreira Alves.
Pacte.: Antônio Adenilson Rodrigues Veloso. Impte.: Herbert
Carlos Mourão Veloso. Coator: Tribunal de Alçada do Estado
de Minas Gerais.
Decisão: A Turma conheceu, em parte, do pedido de
habeas corpus, mas, nessa parte, o indeferiu. Unânime. Ausente,
ocasionalmente, o Senhor Ministro Octavio Gallotti. 1ª Turma,
19.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Coordenador.
HABEAS CORPUS 317

“HABEAS CORPUS” Nº 75.784-7 - SP - (JSTF - Vo-


lume 240 - Página 241)
Primeira Turma (DJ, 08.05.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence
Paciente: Renato da Conceição Alves
Impetrante: Ary Bicudo de Paula Júnior
Coator: Tribunal de Justiça de São Paulo
EMENTA: - Habeas corpus fundado na absolvição pelo
Júri de co-réus do paciente por negativa de participação no
crime: irrelevância, mormente quando, ao negar provimento à
apelação, o Tribunal dá relevo a prova testemunhal de autoria
atinente apenas ao paciente.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em indeferir o pedido de habeas corpus.
Brasília, 10 de março de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SEPÚLVEDA PER-
TENCE, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
Sr. Presidente, leio a ementa do parecer do Dr. Mardem Costa
Pinto:
318 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

“Habeas corpus. Réu condenado pelo Tribunal do Júri em


decisão mantida em grau de recurso. Pretensão em anular o
julgamento, para que outro seja realizado, sustentando que a
decisão dos jurados foi manifestamente contrária à prova dos
autos, lembrando que os co-réus no mesmo processo foram
absolvidos. Reexame de prova. Expediente incompatível com o
objetivo e o rito do writ. Conhecimento e denegação da ordem.”
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
(Relator): - Realmente, como relata o parecer, depois do simples
protesto de inexistência total de provas, a ênfase da petição é em
que os dois co-réus foram absolvidos.
Diz a propósito o parecer:
“Nada significa, por fim, a circunstância de dois dos co-
réus terem sido absolvidos, seja porque a denúncia mostra que
tudo começou em razão de desentendimento anterior do pacien-
te com a vítima, detalhe que em tese revela maior envolvimento
do mesmo no crime, seja porque o júri é soberano e tem lógica
própria, até porque julga por livre convencimento.”
Acrescento ainda que o acórdão impugnado, para manter
o veredicto do júri, faz expressa referência a uma testemunha de
vista que conhecia o apelado e não os co-réus.
Acolho o parecer e denego a ordem: é o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 75.784-7 - SP - Relator: Min. Sepúlveda Pertence.
Pacte.: Renato da Conceição Alves. Impte.: Ary Bicudo de
Paula Júnior. Coator: Tribunal de Justiça de São Paulo.
Decisão: A Turma indeferiu o pedido de habeas corpus.
Unânime. 1ª Turma, 10.03.98.
HABEAS CORPUS 319

Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
320 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 321

“HABEAS CORPUS” Nº 75.676-0 - RJ - (JSTF - Volu-


me 240 - Página 230)
Primeira Turma (DJ, 07.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence
Paciente: Ivan de Souza Bastos
Impetrante: Zilá Rocha de Almeida
Coator: Superior Tribunal de Justiça
EMENTA: - Crime militar: publicação ou crítica indevida
(C. Pen. Militar, art. 166): não o pode cometer o militar da
reserva ou reformado.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em deferir o pedido de habeas corpus,
nos termos do voto do Relator.
Brasília, 12 de maio de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SEPÚLVEDA PER-
TENCE, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE: -
HC, por falta de justa causa para o processo contra o paciente,
Presidente do Clube de Oficiais do Corpo de Bombeiros do
Estado do Rio de Janeiro, denunciado à Auditoria Militar, nos
322 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

termos seguintes - apenso, f. 2:


“O denunciado, no dia 19 de Julho de 1996, na cidade do
Rio de Janeiro, concedeu entrevista à emissora de rádio CBN,
na qual (conforme transcrição feita pelo ICCE acostada às fls.
39/42), consciente e voluntariamente, criticou publicamente atos
do Sr. Comandante-Geral da PMERJ, qual seja, a formação
profissional ministrada aos policiais militares e a avaliação profis-
sional e emocional destes mesmos policiais que, afirma o denun-
ciado, não é feita. Assim, se manifestou o ora denunciado:
“- esses policiais que estão indo pro confronto estão com-
pletamente despreparados, eles não fazem treinamento de tiros
há anos. Eles não são avaliados nas suas condições profissio-
nais, nas suas condições emocionais”.
Na aludida entrevista, o denunciado criticou publicamente
também a política de Segurança Pública adotada pelo atual Go-
verno do Estado do Rio de Janeiro, manifestando-se, contra
expressa disposição de lei, nestes termos:
“E como a Secretaria de Segurança não faz o que deve
ser feito, o Governo não faz aquilo que tem obrigação de fazer,
lança mão dessas soluções mágicas, entende?
...........................................................
Porque, na verdade, no Rio de Janeiro se reestalaram o
DOI-CODI, mas só para favelado e morador de bairro pobre”.
Ciente da aludida entrevista, o Sr. Comandante-Geral da
PMERJ, Cel. PM Dorasil Corval, incumbiu o Sr. Chefe do Esta-
do-Maior da PMERJ (Cel. PM Sérgio da Cruz) de expedir a
Portaria nº 083/2.551-96, onde foi determinado que o ora de-
nunciado informasse, em 48 horas, se, efetivamente, fizera as
declarações constantes da entrevista à rádio CBN, no dia 19 de
Julho de 1996.
HABEAS CORPUS 323

Ignorando seus deveres de militar, o denunciado, consci-


ente e voluntariamente, desobedeceu à ordem legal de respon-
der a Portaria emanada do Sr. Cel. PM Comandante-Geral, em
razão do que fora expedida outra Portaria (nº 085/2.551-96),
com a determinação de que o ora denunciado informasse, em 48
horas, porque desobedecera à ordem contida na Portaria anteri-
or (nº 083/2.551-96).
Esta segunda Portaria, contendo ordem legal do Sr. Co-
mandante-Geral da PMERJ, dirigida ao denunciado, dele mere-
ceu a seguinte resposta (fls. 13):
“... o signatário reitera a V. Sa. que não está disposto a
discutir o assunto na esfera administrativa, reservando-se ao
exercício do seu direito constitucional de só prestar declarações
em Juízo”.
Está, assim, incurso nas penas do art. 166 (2ª parte) e art.
301, na forma do art. 79 todos do CÓDIGO PENAL MILITAR”.
Os tipos nos quais capitulada a imputação são os de deso-
bediência (C. Pen. Militar, art. 301) e crítica indevida (C. Pen.
Militar, art. 166): da primeira acusação foi o paciente liberado
por habeas corpus parcialmente deferido pelo Tribunal de Justi-
ça do Rio de Janeiro, com a seguinte ementa, apenso, f. 123:
“HABEAS CORPUS - AUDITORIA MILITAR.
Ação penal pelos crimes de crítica indevida e desobediência.
A divergência quanto à figuração do primeiro delito não
pode ser apreciada na estreita via mandamental.
Flagrante a não tipificação do crime de desobediência di-
ante da manifestação do paciente e considerando que o silêncio
do indiciado, reservando-se para se manifestar no momento
processual mais adequado, está implícito na amplitude do direito
da defesa.
324 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Parecer pela concessão da ordem de Habeas Corpus para


exclusão do crime do artigo 301 do C.P.M.”.
Da parte relativa ao delito do art. 166 da C. Pen. Militar,
em que denegada a ordem, recorreu a impetrante ao STJ, que
negou provimento ao recurso (RHC 6.291, 10.6.97, Fisher),
com acórdão resumido nesta ementa - f. 58:
“O writ não é instrumento idôneo para o reconhecimento
antecipado da atipicidade se indispensável, para tanto, o
aprofundado exame do material de conhecimento.”
Donde, o presente habeas corpus requerido do STF, em
petição esmerada, na qual se colhe - f. 7/15:
“A pretensão punitiva em comento esboroa-se, desde
logo na manifesta ilegitimidade ad causam passiva, posto que a
paciente não pode figurar no pólo passivo da ação incriminada.
Isto porque, é cristalino, que sujeitos ativos de insubordi-
nação, na modalidade irrogada, só podem ser os militares da
ativa (ou em situação de atividade), e tão-somente estes.
Daí, sendo o paciente Oficial Reformado da Polícia Militar
e não estando convocado ou sujeito à reprimenda disciplinar
pelos ditos ofendidos (Súmula 56 do Supremo Tribunal Federal,
“O militar reformado não está sujeito à pena disciplinar”), não há
nenhuma hipótese em que se posse admitir a prática de um ato
ou ação de insubordinação por parte daquele.
É o que se extrai do sistema contemplado pelo Código
Penal Militar, em sentido amplo, ao enunciar os crimes propria-
mente militares, e se constata, de modo particular, no molde
típico em comento, pela simples expressão literal do preceito
primário, sem maiores esforços exegéticos.
Art. 166. - Publicação ou crítica indevida.
HABEAS CORPUS 325

Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou


documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior
ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução
do Governo:
Pena-detenção, de dois meses a um ano, se o fato não
constitui crime mais grave.
É curial que, ao mencionar o Codex Castrense a qualidade
de militar do agente, neste mode típico, refere-se, tão-somente,
repita-se, aos militares da ativa, ou aos que, de qualquer forma,
excepcionalmente, hajam retomado à situação de atividade, por
convocação e/ou mobilização.
Tal entendimento não encontra qualquer discrepância na
melhor doutrina ou na jurisprudência dos Tribunais, especial-
mente no Superior Tribunal Militar e no Pretório Excelso.
Veja-se, a respeito, Célio Lobão Ferreira, in Direito Penal
Militar, 1975, pág. 8:
“7. AGENTE MILITAR - O Código Penal Militar consi-
dera militar `qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guer-
ra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em
posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar (art. 22 do
CPM).
O militar da reserva remunerada e o reformado, para fins
de conceituação de crime militar, equiparam-se ao civil, nos
termos do art. 9º, inciso III, ressalvada a hipótese de convoca-
ção ou mobilização do militar da reserva (art. 3º, § 1º, b, I, da
Lei nº 5.774, de 23.12.71 - Estatuto dos Militares)” (grifos
nossos).
Com idêntica definição da legislação pretérita, a Lei 6.880/
80 e a Lei 443/81, Estatuto dos Militares e Estatuto dos Policiais
Militares, respectivamente.
326 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

No mesmo sentido, Jorge Alberto Romeiro, in Curso de


Direito Penal Militar (Parte Geral), ed. Saraiva - 1994 - págs.
28, 29, 78, itens 18, 19 e 49.
Atribuindo a Constituição Federal à lei ordinária a defini-
ção de crime militar, art. 124; crime militar é o que a lei define
como tal.
Nesse âmbito de considerações, as hipóteses em que
pode o militar reformado praticar crime militar, estão exaustiva-
mente enumeradas no art. 9º, III, do CPM; norma de extensão
que aditada aos moldes típicos da parte especial precipita a
incidência das normas incriminadoras quando a elas combinadas
e, em sendo assim, é suficiente constatar que nenhuma das letras
do número III do art. 9º, admite a adequação de qualquer com-
portamento delituoso ao paciente.
O tipo penal imputado - art. 166 do CPM - é dos que
inserem-se entre os do art. 9º, I, do CPM, e não admite
subsunção às hipóteses das alíneas “a” a “d” do inciso III!
Não há nenhuma hipótese, afinal, em que o militar reforma-
do, enquanto tal, possa insubordinar-se, pelo singelo fato de não
poder investir contra os bens jurídicos tutelados pelo comando
normativo, a autoridade ou a disciplina militares, na forma de
ruptura da relação de sujeição entre militares característica das
modalidades de insubordinação.
Aliás, impende salientar, nunca foi de outra maneira, como
se vê nos ensinamentos de Esmeraldino O. T. Bandeira, in Direi-
to, Justiça e Processo Militar, Livraria Francisco Alves. 2º vol.,
2ª edição, 1919, pág. 10:
“A Insubordinação - segundo principios geraes de doutri-
na e de accôrdo com os preceitos do nosso Cod. mil., - é a
recusa ou a omissão de obediência por parte de um militar às
ordens legitimas de seu superior; bem como, a quebra de respei-
HABEAS CORPUS 327

to à pessoa d’este por meio de aggressão material ou moral.


O sujeito activo do delito deve ser um militar em actividade
do serviço. O sujeito passivo deve ser um superior em grão ou
em comando. E o elemento material consiste na recusa ou falta
do cumprimento do dever.”
Acrescenta, em outro ponto, quanto à relação funcional de
sujeição, pág. 26, vol. 1., ob. cit.:
A primeira espécie d’aquellas infrações - a dos delitos pro-
priamente militares - é a que dizia particularmente respeito à vida
militar, considerada no conjunto da qualidade funccional do agen-
te, da materialidade especial da infracção e da natureza peculiar
do objecto damnificado, que devia ser - o serviço, a disciplina, a
administração ou a economia militar. A esses crimes é que se pode
applicar a velha definição de Jousse e Muyart de Vauglans: ‘ceux
qui sont commis par des gens de guerre dans les camps et armées
et à 1’occasion des fonctions militaires”’. (grifamos)
Não há vínculo de subordinação funcional qualquer entre o
paciente e as pessoas ditas ofendidas, cuja ruptura pudesse vir a
configurar insubordinação, em qualquer de suas modalidades.
É relevante intercalar que não basta estar o militar em
posto ou graduação inferior aos ditos ofendidos, é absolutamen-
te imprescindível a existência do liame de subordinação, de su-
jeição funcional, o que na questão em foco não se vislumbra.
Por outro lado, admitir-se possa o paciente ser considera-
do assemelhado, como fez o juízo monocrático ao informar ao
Tribunal a quo as razões de convicção para o recebimento da
denúncia, é incorrer, data maxima venia, em equívoco
interpretativo crasso.
Fl. 43. “Necessário se faz esclarecer que o paciente foi
denunciado pela prática do delito descrito pelo art. 166 (2ª
328 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

parte) haja vista a sua condição de assemelhado, por exercer


função de PRESIDENTE DO CLUBE DE OFICIAIS DA
POLÍCIA MILITAR E DO CORPO DE BOMBEIROS DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO,” (nosso grifo)
A investidura de Presidente de Clube de Oficiais (de qual-
quer instituição militar) não é - e não foi em tempo algum -
circunstância caracterizadora da condição de assemelhado.
O texto legal é claríssimo, nesse sentido:
Art. 21: Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou
não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáuti-
ca, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou
regulamento.
O art. 84 do CPPM estatui de idêntica forma, trocando
apenas o vocábulo servidor por funcionário:
Art. 84. Considera-se assemelhado o funcionário efetivo,
ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aero-
náutica, submetidos a preceito de disciplina militar, em virtude de
lei ou regulamento.
O advento do Regime Único dos Servidores Públicos Ci-
vis da União, Lei 8.112, de 11 dez. 90, estabeleceu o estatuto
próprio para aqueles, onde estão previstas as penalidades de
que são passíveis os servidores públicos civis. Não há que se
falar mais, desde então, em servidores civis submetidos a regula-
mento disciplinar militar em qualquer dos ministérios militares,
em tempo de paz.
Relevante notar, ainda, e sobretudo, que aqui se fala de
Ministérios Militares, implicando considerar a submissão de civis
à Justiça Militar Federal, o que é, e sempre foi, inadmissível no
âmbito das Justiças Militares Estaduais, cuja competência alcan-
ça tão-somente os Policiais e Bombeiros Militares.
HABEAS CORPUS 329

Uma só hipótese é admitida, no campo doutrinário, para a


submissão de civis a preceitos regulamentares militares:
Jorge Alberto Romeiro, in Curso de Direito Penal Militar,
Saraiva/RJ, 1994, pág. 30. “Só os servidores do Ministério da
Aeronáutica estão submetidos às penalidades do regulamento
disciplinar da Aeronáutica (Dec. nº 76.322, de 1975, arts. 1º
§§, e 16. n. 6.), em correspondência com os oficiais e praças,
tomando-se por base a equivalência das respectivas remunera-
ções, mas exclusivamente, nos casos de guerra, emergência,
prontidão e manobra. Nos demais casos, não há como cogitar-
se também ali de assemelhado.” (grifamos)
De ressalte considerar, além, a peculiaridade desse Minis-
tério que, conquanto militar, tem um braço militar e um braço
civil, relativos à defesa aérea do território nacional, a cargo de
Força Aérea Brasileira e ao controle de espaço aéreo, a cargo
do DAC, Departamento de Aviação Civil, dos quais participam
simultaneamente civis e militares, com funções muita vez idênti-
cas ou complementares, o que justifica, em certa medida, apenas
para argumentar, a aplicação do Regulamento Militar a civis, em
face da necessidade de controle rígido e disciplinado destes
relevantíssimos serviços, imprescindíveis à segurança dos vôos,
nada obstante, tão-somente, em condições excepcionalíssimas
de guerra, e nos estados de emergência.
E conclui o festejado autor, Ministro Aposentado do Su-
perior Tribunal Militar:
“A Constituição Federal nem mais se refere a assemelha-
do, ao tratar da Justiça Militar, como faziam as Constituições
anteriores, a partir da de 1934.”
Cita, então, a jurisprudência do extinto TJGB, em abono à
assertiva - Rcrim. nº 3.371, DJGB, de 07 dez. 51.
A jurisprudência nesse sentido é tranqüila em nossos tribu-
nais, inclusive no Pretório Excelso:
330 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

EMENTA. HABEAS CORPUS - COMPETÊNCIA -


POLICIAL MILITAR - CRIME QUE NÃO SE ENQUADRA
NAS HIPÓTESES PREVISTAS NO ART. 9º DO CPM. A
SIMPLES QUALIDADE DE MEMBRO REFORMADO DE
POLÍCIA MILITAR DO AGENTE NÃO DESLOCA A
COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO
DO CRIME, DESDE QUE NÃO SE TRATA, NO CASO, DE
DELITO QUE SE ENQUADRE NAS HIPÓTESES DO ART.
9º DO CPM. (STF, RHC Nº 59.051/SE, DJ 11 set. 91, pg.
8.789).
EMENTA: JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL. COMPE-
TÊNCIA. ASSEMELHADO. - A COMPETÊNCIA DA JUS-
TIÇA MILITAR É A DE PROCESSAR E JULGAR OS IN-
TEGRANTES DA POLÍCIA MILITAR (ART. 144, PAR. 1º,
d, DA CF), SEM EXTENSÃO AOS ASSEMELHADOS,
CUJO CONCEITO (ART. 21 DO CPM) NÃO TEM PERTI-
NÁCIA A ESPÉCIE. (STF, RHC Nº 62.365/RGS, DJ 01 abr.
85, pg. 14.281)
EMENTA: CONFLITO DE JURISDIÇÃO. COMPE-
TÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. O ASSEMELHADO,
SENDO CIVIL, SOMENTE COMETE CRIME DE NATU-
REZA MILITAR POR UMA RAZÃO DE ORDEM ADMI-
NISTRATIVA OU DE SERVIÇO, QUE O SUBMETE A
DISCIPLINA MILITAR. (STF, CJ Nº 2.172, DJ 05 ABR. 56,
PG. 3.564)
EMENTA: RECURSO ’STRICTO SENSU’ JURISDI-
ÇÃO E COMPETÊNCIA. ASSEMELHADO. TENDO EM
VISTA A RELEVÂNCIA DA MATÉRIA, O LEGISLADOR
PERMITIU AO JUIZ DECLINAR ‘EX-OFFICIO’, DE SUA
COMPETÊNCIA EM QUALQUER FASE DO PROCEDI-
MENTO. CRIME CONTRA A LIBERDADE SEXUAL. DE-
NUNCIADO CIVIL, AUXILIAR OPERACIONAL DE
HABEAS CORPUS 331

SERVIÇOS MÉDICOS DO HOSPITAL CENTRAL DO


EXÉRCITO, QUE PRATICA ATOS LIBIDINOSOS COM
PACIENTE TAMBÉM CIVIL RESPONDE PERANTE A
JUSTIÇA ORDINÁRIA. ATUALMENTE INEXISTE o ‘AS-
SEMELHADO’ NOS QUADROS DA ADMINISTRAÇÃO
FEDERAL. CONFIRMADA A DECISÃO RECORRIDA.
DECISÃO UNIFORME. (STM, Rcrim. nº 5.665-9/RJ. Rel.
Min. Julio de Sá Bierrembach, DJ 05 set. 85)
Não é ocioso intercalar que o tratamento aos ditos asseme-
lhados, quando existiam, foi sempre o mesmo; é o que preleciona
Oscar Macedo Soares, in Código Penal Militar da República dos
Estados Unidos do Brasil, Livraria Garnier, 1930, pág. 5:
“Assemelhados são todos aquelles que, não sendo com-
batentes, fazem parte do exército e da armada, sujeitos às leis
militares, gozando dos direitos, vantagens e prerogativas dos
militares, tais são os que fazem parte das classes annexas, médi-
cos, pharmaceuticos, capellães (hoje extinctos), auditores,
officiaes de fazenda da armada, empregados da contadoria de
guerra, invalidos, e asylados, os reformados e os officiaes
honorarios, quando em serviço militar.” (nosso grifo)
Como antes expendido, não há como admitir-se a legitimi-
dade passiva ad causam do paciente, pois não há nenhuma hipó-
tese em que possa figurar no pólo passivo da relação processual
penal militar instaurada.
O militar reformado ostenta o mesmo status do civil, para
efeito de responsabilidade penal militar, por força do contido no
art. 9º, III, do CPM, (Habeas Corpus nº 72.022-PR, Rel. p/
Acórdão Min. Marco Aurélio. (RTJ 160/595).
Não estando o militar reformado no desempenho de cargo
ou função militar, não há falar-se em crime militar (TJPR, CC nº
47.844, pub. 21 mai. 93).
332 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Sargento Reformado da PM, em função de Delegado Civil


Municipal, mesmo usando arma da Corporação, não pratica
crime militar, porque não se encontrava em situação de atividade
ou de assemelhado, nem desempenhava função de natureza mi-
litar (STJ, RHC nº 3.539/94-MA, DJ, 25 abr. 94).
Em face do preliminarmente exposto, é de considerar-se o
autor como carecedor de ação, pelo não suprimento de um dos
requisitos da denúncia, art. 77, “b” do CPPM, condição para a
regular propositura da ação penal pública.”
Passa em seguida a impetração a sustentar a atipicidade da
conduta do paciente.
Complementando as informações, veio aos autos o teor do
acórdão do STJ, que desproveu o recurso ordinário, com a se-
guinte ementa, a lavra do il. Ministro Felix Fisher - RHC 6.291:
“O writ não é instrumento idôneo para o reconhecimento
antecipado da atipicidade, se indispensável, para tanto, o
aprofundado exame do material de conhecimento.
A Procuradoria-Geral da República pelo parecer do il. Dr.
Edson de Almeida - antecipando parecer favorável à
impetração, como formulada - requereu ad cautelam diligência a
apurar ser efetivamente, o paciente, oficial reformado da Polícia
Militar; deferida a diligência, colheu-se resposta afirmativa do
Comandante-Geral da corporação (f. 94).
Finalmente, opinou o il. Subprocurador-Geral pelo deferi-
mento da ordem.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
(Relator): - Depois de transcrever o acórdão impugnado, aduziu
HABEAS CORPUS 333

o parecer do Dr. Edson de Almeida, pela Procuradoria-Geral,


para ratificar, à vista da informação, o pronunciamento anterior
pela concessão do habeas corpus:
“3. Para fins de definição da existência de crime militar e
de fixação da competência da Justiça Militar estadual o policial
militar da reserva ou reformado está equiparado ao civil pois,
conforme o art. 9º, III, do Código Penal Militar, só poderá
incorrer em crime militar quando a conduta que lhe for atribuída
atingir as instituições militares.
Ora, ao contrário do que ocorre com as Forças Armadas,
que são instituições militares pela sua própria natureza, as Políci-
as Militares, cuja função de policiamento ostensivo e de preser-
vação da ordem pública é eminentemente civil, são apenas
corporações militarizadas mas, nem por isso, assumem, contra a
natureza das coisas, status de instituições militares.
Portanto, não se cuidando de crime contra instituição mili-
tar, não há como reconhecer a existência de crime militar. Nem
cabe argumentar que, segundo o art. 13 do Código Penal Mili-
tar, os militares e policiais-militares inativos, quando sujeitos ati-
vos e passivos de crimes militares, estariam equiparados ao pes-
soal da ativa. Não é assim, pois essa equiparação só se opera
quando existe um crime militar, como demonstrado no voto do
eminente Ministro Sepúlveda Pertence no HC 72.022-PR (p.
598). Seja como for, o policial militar inativo, mormente o refor-
mado, já está desligado de suas obrigações com a disciplina
militar, sendo remoto o reflexo de sua conduta na vida militar,
não podendo destarte ser equiparado, de forma absoluta, àquele
em atividade pois, se existisse, tal lei seria jus singulare contra
tenorem rationis.
Cito, a propósito, a lição clássica e sempre atual de Carlos
Maximiliano:
334 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

“O oficial reformado não goza de todas as vantagens e


regalias asseguradas ao que se acha em atividade; portanto não
pode sofrer os mesmos ônus, nem iguais responsabilidades. É
mais paisano do que soldado; deve ser julgado no pretório co-
mum, sobretudo numa época em que muitos pretendem abolir os
conselhos de guerra em tempo de paz, e todos desejam restringir
a competência e a alçada dos tribunais militares.” (Comentários
à Constituição Brasileira. 5ª ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos,
1954, v. 2, p. 396, nº 462).”
Em verdade, submeter o policial militar da reserva ou re-
formado às proibições do art. 166 do Código Penal Militar,
sequer se cogitando de manifestações ofensivas, representa cla-
ra limitação à livre manifestação do pensamento e estabeleci-
mento de uma forma de censura (CF art. 5º, IV e IX).”
Nada tendo a acrescentar aos argumentos da impetração e
do parecer - salvo o espanto por que se preste membro do MP
do Rio de Janeiro a denúncia tão despropositada - defiro a
ordem para trancar o processo: é o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 75.676-0 - RJ - Relator: Min. Sepúlveda Pertence.
Pacte.: Ivan de Souza Bastos. Impte.: Zilá Rocha de Almeida.
Coator: Superior Tribunal de Justiça.
Decisão: A Turma deferiu o pedido de habeas corpus, nos
termos do voto do Relator. Unânime. 1ª Turma, 12.05.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Natal
Batista.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 335

“HABEAS CORPUS” Nº 76.276-7 - MG - (JSTF -


Volume 239 - Página 380)
Segunda Turma (DJ, 05.06.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Walkíria Tânia de Jesus ou Walkyria Tânia de
Jesus Ferreira
Impetrantes: Leonardo Coelho do Amaral e outro
Coator: Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais
EMENTA: - HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFI-
CADO PELA FRAUDE E ESTELIONATO QUALIFICA-
DO, DA COMPETÊNCIA DAS JUSTIÇAS ESTADUAL E
FEDERAL, RESPECTIVAMENTE. CONEXÃO
PROBATÓRIA: ARTIGOS 76, III, E 82 DO CÓDIGO DE
PROCESSO PENAL.
1. Furto qualificado pela fraude (CP, art. 155, § 4º, II)
cometido por gerente do Banco do Estado de Minas Gerais
contra cinco clientes, com sentença já prolatada, e estelionato
qualificado (CP, art. 171, § 3º) cometido pelo mesmo gerente
contra a Caixa Econômica Federal por saque na conta de um
dos clientes vítima do furto, com processo em andamento.
2. Crimes autônomos que levam à conexão probatória.
Entretanto, existindo sentença condenatória pelo crime de furto
qualificado, perante a instância estadual, a conexão com o pro-
cesso de estelionato em curso perante a Justiça Federal dar-se-
336 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

á ulteriormente para efeito de soma ou unificação das penas


(CPP, art. 82, pág. único).
3. Distinção, no caso, entre furto qualificado pela fraude e
estelionato.
4. Habeas corpus conhecido, mas indeferido, cassada a
liminar concedida.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, por maioria de votos, indeferir o habeas corpus e
cassar a liminar deferida.
Brasília, 07 de abril de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - O
advogado Leonardo Coelho do Amaral impetra ordem de
habeas corpus em favor de Walkyria Tânia de Jesus Ferreira, ou
Walkíria Tânia de Jesus, contra acórdão proferido pela 2ª Câ-
mara do Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais, que a
condenou a 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em
regime aberto, e determinou a sua prisão como incursa nas san-
ções do artigo 155, § 4º, II do Código Penal (fls. 345), atenden-
do a recurso de apelação manifestado pelo Ministério Público
Estadual.
Sustenta que, embora tenha demonstrado à exaustão a
existência de conexão entre os crimes de competência da Justiça
Comum e da Justiça Federal - não obstante o princípio do juiz
HABEAS CORPUS 337

natural que assegura o julgamento de seus atos pela Justiça Fe-


deral -, acabou sendo prejudicada pela divisão do processo, o
que a levou à condenação pela Justiça Comum Estadual.
Denunciada pelo órgão ministerial do Estado pela prática
de crime de furto qualificado (art. 155, § 4º do CP), por haver se
apropriado de importâncias de correntistas, entre elas, as do
Padre Américo Campos Taitson, quando exercia o cargo de
Gerente de Negócios do Banco do Estado de Minas Gerais, na
praça de Belo Horizonte, paralelamente e pelos mesmos fatos
respondia às investigações realizadas pela Caixa Econômica Fe-
deral - onde referido Padre igualmente mantinha conta corrente -
, pela Polícia Federal e Justiça Federal.
Por outro lado, cuida a impetração de acrescentar que a
decisão impugnada não motivou devidamente a condenação,
não se referindo à questão suscitada da Tribuna acerca da in-
competência da Justiça do Estado de Minas Gerais para proces-
sar e julgar a paciente, dado que a Justiça Federal no Estado já
estava processando-a pelos mesmos fatos.
Com a afirmação de que, nos termos do artigo 109, IV da
Constituição Federal, a competência para processar e julgar os
crimes praticados em detrimento de bens ou interesses da União
ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas é da
Justiça Federal, requer o impetrante a concessão da ordem para
anular o processo perante a Justiça Estadual, remetendo-se os
autos à Justiça Federal a fim de que prossiga o julgamento com o
que lá se encontra (fls. 2/16). Junta documentos (fls. 17/247).
2. Concedi a liminar para sustar a execução do mandado
de prisão até o julgamento deste writ (fls. 251/252).
3. Vieram aos autos as informações que solicitei à Justiça
Federal e ao Tribunal de Justiça, apontado como coator, para
melhor esclarecer os fatos alegados na impetração.
338 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

3.1 O Juiz Federal da 9ª Vara de Minas Gerais esclarece


que a paciente foi denunciada em 13.06.96 pelo crime de
estelionato qualificado (CP, art. 171, § 3º), porque efetuou saques
fraudulentos em contas de poupança mantidas pelo Padre
Américo Campos Taitson na Agência Barro Preto da Caixa Eco-
nômica Federal, no período de 24.03.92 a 08.01.93, e que o
processo encontra-se na fase do art. 499 do Código de Processo
Penal (fls. 264/265 ou 292/293). Documentos às fls. 294/301).
3.2 O Presidente do Tribunal de Alçada encaminha cópia
do acórdão impugnado (fls. 269/283), o qual noticia que a paci-
ente foi denunciada perante a 10ª Vara Criminal de Belo Hori-
zonte como incursa nas sanções do art. 155, § 4º, II do Código
Penal (furto qualificado pelo abuso de confiança e fraude), por-
que entre os anos de 1991 e 1993, quando exercia as funções
de Gerente de Negócios do Banco do Estado de Minas Gerais -
BEMGE, na Agência localizada no Barro Preto, subtraiu para si
importâncias dos seguintes correntistas: Nelson Pinto Monteiro,
Belchior dos Reis Nogueira, Padre Américo Campos Taitson,
Paróquia de São Sebastião do Barro Preto e Manoel Diegues
Ballesteros (fls. 277/278).
4. Manifesta-se o Ministério Público Federal pelo
Subprocurador-Geral da República Cláudio Lemos Fonteles,
opinando pelo indeferimento do pedido, em parecer assim
ementado, verbis (fls. 285/290):
“EMENTA:
1. Situação de conexão probatória que não se consolida.
Ademais, incidência do art. 82, do C.P.P., ao debatido.
2. Definição do evento que se faz, adequadamente, em
furto qualificado pela fraude.
3. Indeferimento do pedido.”
HABEAS CORPUS 339

É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Senhor Presidente, com a vinda das informações que
solicitei ao Juiz Federal ficou esclarecido que os fatos apurados
pelas Justiças Federal e Estadual não são os mesmos nem impli-
cam as mesmas vítimas, como se colhe das afirmações contidas
na inicial.
2. Acolho, assim, como razão de decidir, o parecer do
Ministério Público Federal, in verbis (fls. 285/290):
“1. Os Advogados Leonardo Coelho do Amaral e
Giovanni F. Altimiras em favor de Walkíria Tânia de Jesus ajuí-
zam pedido de Habeas Corpus.
2. Sustentam:
a) incompetência da Justiça Estadual; e
b) inadequação da definição jurídica do evento, como
consumado.
3. O pleito não merece prosperar.
4. A argumentação sobre a incompetência do Juízo esta-
dual faz-se ante a consideração de que tendo acontecido cone-
xão de crimes impunha-se à Justiça Federal o processamento e
julgamento de todos, vale dizer: do que lhe é próprio julgar, e
também daqueles alusivos ao interesse puramente local.
5. Certa é esta tese a contar com uníssono respaldo
jurisprudencial.
6. Todavia, não tem aplicação ao caso dos autos.
7. É que, no que se examina, de primeiro a ora paciente foi
denunciada por furto qualificado pelo abuso de confiança e frau-
340 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

de, porque lesionara patrimonialmente cinco (5) correntistas,


devidamente nominados, do Bemge (Banco do Estado de Minas
Gerais), consoante “opinio delicti” de fls. 18/20. Isto se passou
entre os anos de 1991 e 1993.
8. Estes fatos percorreram as instâncias ordinárias, restan-
do condenada Walkíria a 2 anos e 4 meses de reclusão pelo
delito de furto, qualificado unicamente pela fraude, por forma
continuada (fls. 283). Fez-se a publicação do acórdão em 25 de
outubro, passado (fls. 270).
9. Situação diversa deu-se na Justiça Federal.
10. Nessa jurisdição, cuidou-se unicamente da conduta de
Walkíria, lesionando patrimonialmente a agência Barro Preto de
Caixa Econômica Federal, porque esta empresa federal viu-se
compelida a indenizar o cliente Américo Campos Taitson, ludi-
briado que fora pela acusada na atribuição, que lhe confiara, de
movimentar a conta de poupança em dita agência (vide: informa-
ção do MM. Juízo Federal 9ª Vara - MG - fls. 204/5).
11. Os fatos não se misturam, portanto.
12. Não há qualquer realidade de bis in idem.
13. Certo, poder-se-ia cogitar de possível conexão
probatória. Todavia, sê-lo-ia da forma muito tênue. Difícil reco-
nhecer-se, in casu, que “a prova de uma infração, ou de qualquer
de suas circunstâncias elementares venha a influir na prova de
outra infração” (artigo 76, III). No caso, todo o acervo
probatório de um fato - lesão dos correntistas do Bemge - pode
e aliás concluiu-se, perfeitamente, por forma autônoma, inclusive
no plano testemunhal, do acervo instrutório alusivo ao fato em
que restou economicamente prejudicada a C.E.F.
14. Mesmo que, por argumentar, admitíssemos a conexão
probatória - única hipótese pensável, no caso - todavia tendo se
HABEAS CORPUS 341

definido na instância estadual, como se definiu (item 8, deste


parecer), os eventos ali cogitados, ao tema incide o disposto no
artigo 82, do C.P.P., verbis:
Artigo 82: ‘Se, não obstante a conexão ou continência,
foram instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdi-
ção prevalente deverá anular os processos que corram perante
os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva.
Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente,
para o efeito de soma ou de unificação das penas.’ (grifamos)
15. Quanto à crítica à definição jurídica do evento - o julga-
do concluíra pelo furto qualificado, mediante fraude, e pretende-se
o estelionato -, também a argumentação não deve vicejar.
16. A propósito, principia por estabelecer o julgado que, verbis:
‘O modus operandi está descrito nos seguintes termos, verbis:
‘É que a denunciada, aproveitando-se do cargo de confian-
ça de Gerente de Negócios do BEMGE, utilizou-se de guias de
retiradas: cheques avulsos e personalizados; transferências de va-
lores e emissão de falsos comprovantes de aplicação financeira,
com o intuito de desfalcar as contas das nominadas vítimas,
correntistas da agência Barro Preto daquela instituição bancária.’
Esclareça-se que a denunciada sequer teve a anterior pos-
se ou detenção; ou mesmo o mero contato físico momentâneo
com as importâncias subtraídas dos clientes da referida agência,
cuidando-se, pois, os ilícitos por ela perpetrados, de furtos qua-
lificados pelo abuso de confiança, inerente ao próprio cargo por
ela ocupado no Banco, e pela manifesta fraude empregada nas
operações realizadas.
Que a denunciada, após preencher os citados documen-
tos, falsificava as assinaturas dos correntistas, chegando, inclusi-
ve, a visá-los, antes de remetê-los aos incautos funcionários da
342 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

agência, subordinados seus, para que efetuassem sem o saber,


as operações e aplicações fraudulentas.
Releva notar que, submetidos alguns cheques e documen-
tos à devida perícia grafotécnica, constatou-se que as falsifica-
ções partiam do próprio punho subscritor da denunciada (laudo
de exame pericial documentoscópico de fls. 165/170).
Quanto às subtrações levadas a efeito pela denunciada,
nas contas dos referenciados clientes e vítimas da agência em
que trabalhava, foram as mesmas devidamente constatadas pela
Auditoria Especial do Banco (fls. 08 “usque” 16), realizada em
maio de 1993.’ (fls. 278/279, grifamos)
17. E depois coerentemente assenta que, verbis:
18. Então, em um primeiro momento a acusada depositava
o exato numerário que de clientes recebera para depositar. De-
pois, por falsificação de assinaturas dos clientes e aí jogando o
peso de seu cargo para fazer prescindir exame de assinatura nas
operações seguintes, pelos caixas, agora sponte sua subtraia
para si partes dos valores antes normalmente depositados em
nome dos clientes, que de nada sabiam e eram, assim, furtados.”
3. Ante o exposto e acolhendo integralmente o parecer do
Ministério Público Federal, conheço do pedido, mas indefiro a
ordem impetrada, cassando a liminar.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.276-7 - MG - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Walkíria Tânia de Jesus ou Walkyria Tânia de Jesus
Ferreira. Imptes.: Leonardo Coelho do Amaral e outro. Coator:
Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais.
Decisão: Depois do voto dos Senhores Ministros Maurício
Corrêa, Relator, e Nelson Jobim, indeferindo o habeas corpus, o
julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista do Senhor
HABEAS CORPUS 343

Ministro Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Senhor


Ministro Carlos Velloso. 2ª Turma, 09.12.97.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Maurício
Corrêa e Nelson Jobim. Ausente, justificadamente, o Senhor
Ministro Carlos Velloso.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Luiz Tomimatsu, Secretário.
VOTO VISTA
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Na as-
sentada em que teve início o julgamento, endossou o nobre
Ministro Relator o parecer da Procuradoria-Geral da República
no sentido do indeferimento da ordem. Afastou a possibilidade
de reunião dos processos ante a circunstância de um deles, ou
seja, o que tramitou na Justiça comum, já haver sido sentencia-
do. Pedi vista dos autos para melhor reflexão sobre a hipótese.
Quanto à competência da Justiça Federal, não se pode,
considerado o disposto no artigo 76 do Código de Processo
Penal, concluir pela conexão. Depreende-se das denúncias
ofertadas na Justiça comum e na Justiça Federal a ocorrência de
práticas criminosas diversas, muito embora utilizado praticamen-
te o mesmo mecanismo. Perante a Justiça comum, a Paciente foi
denunciada porquanto, exercendo as funções de Gerente de
Negócios do Banco do Estado de Minas Gerais (BEMGE),
entre os anos de 1991 e 1993, veio a utilizar-se de guias de
retiradas, cheques avulsos e personalizados, transferências de
valores e emissão de falsos comprovantes de aplicação financei-
ra com o intuito de desfalcar certas contas existentes na agência
bancária onde trabalhava (folhas 18 a 20).
344 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Já na Justiça Federal, na denúncia aludiu-se à circunstância


de a ora Paciente, após a conquista da confiança de um certo
cliente, também havê-lo ludibriado na própria agência em que
trabalhava, conseguindo, mediante fraude junto a Caixa Econô-
mica Federal, movimentar certa conta bancária (folhas 196 a
198). Verifica-se, portanto, que inexiste a possibilidade de
enquadramento da espécie em qualquer dos incisos do artigo 76
do Código de Processo Penal, a versarem sobre:
a) ocorrência de duas ou mais infrações, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso
embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas
contra as outras;
b) prática do crime para facilitar ou ocultar outro crime ou
para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer
deles; e
c) a hipótese de a prova de uma infração ou de qualquer de
suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
No caso dos autos apenas se teve a igualdade relativamen-
te ao correntista, que era do banco em que trabalhava a Paciente
e também da agência da Caixa que funcionava anexa. De todo
modo, como ressaltado no parecer da Procuradoria-Geral da
República, tem-se a pertinência do artigo 82 do Código de
Processo Penal:
Se, não obstante a conexão ou continência, forem instau-
rados processos diferentes, a autoridade de jurisdição
prevalente deverá avocar os processos que corram perante os
outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Nes-
te caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para
o efeito de soma ou de unificação das penas.
No tocante à alegada ausência de fundamentação de preli-
minar suscitada da tribuna, verifica-se que o acórdão de folhas
HABEAS CORPUS 345

238 a 246 encontra-se suficientemente fundamentado. Embora


o Relator tenha consignado a rejeição “por falta de amparo
legal”, a Juíza Revisora, Myriam Saboya, deixou assentado:
Ouvi com atenção a brilhante argumentação do ilustre ad-
vogado e, não só com vistas ao memorial que nos foi endereça-
do, entendo sem base legal a preliminar argüida, visto que, até
esse julgamento, tal situação de conexão de crimes não nos foi
apresentada.
Não vislumbro no caso as assertivas da defesa com rela-
ção ao delito praticado pela apelada junto à Caixa Econômica
Federal, que não foi objeto em nenhum momento desses autos.
Em princípio, rejeito a preliminar argüida (folha 239).
Teve-se o tema, portanto, até mesmo como precluso, por-
quanto não versado na fase de alegações finais.
Resta a matéria que não chegou a ser enfrentada pela
Procuradoria-Geral da República e que diz respeito à classifica-
ção jurídica dos fatos narrados na denúncia do Ministério Públi-
co formalizada perante a Justiça Comum. Caminhou-se para o
enquadramento da hipótese como reveladora de furto. Todavia,
não há razão para assim concluir-se. Consta da peça:
É que a denunciada, aproveitando-se do cargo de confian-
ça de Gerente de Negócios do BEMGE, utilizou-se de guias de
retirada; cheques avulsos e personalizados; transferência de va-
lores e emissão de falsos comprovantes de aplicação financeira,
com o intuito de desfalcar as contas das nominadas vítimas,
correntistas da agência Barro Preto daquela instituição bancária.
Esclareça-se que a denunciada sequer teve a anterior pos-
se ou detenção; ou mesmo o mero contato físico momentâneo
com as importâncias subtraídas dos clientes da referida agência,
cuidando-se, pois, os ilícitos por ela perpetrados, de furtos qua-
346 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

lificados pelo abuso de confiança, inerente ao próprio cargo por


ela ocupado no Banco, e pela manifesta fraude empregada nas
operações realizadas.
Que a denunciada, após preencher os citados documen-
tos, falsificava as assinaturas dos correntistas, chegando, inclusi-
ve, a visá-los, antes de remetê-los aos incautos funcionários da
agência, subordinados seus, para que efetuassem, sem o saber,
as operações e aplicações fraudulentas.
Releva notar que, submetidos alguns cheques e documen-
tos à devida perícia grafotécnica, constatou-se que as falsifica-
ções partiam do próprio punho subscritor da denunciada (laudo
de exame pericial documentoscópico de fls. 165/170).
Quanto às subtrações levadas a efeito pela denunciada,
nas contas dos referenciados clientes e vítimas da agência em
que trabalhava, foram as mesmas devidamente constatadas pela
Auditoria Especial do Banco (fls. 08 “usque” 16), realizada em
maio de 1993 (folhas 19 e 20).
Pois bem, a Paciente veio a ser condenada pelo Juízo
entendendo este configurado não o crime de furto qualificado a
que fez menção o Ministério Público, mas o de apropriação
indébita - artigo 168 do Código Penal. Em face de recurso da
acusação, o Órgão revisor veio a dar novo enquadramento jurí-
dico aos fatos narrados na denúncia e comprovados na instrução
da ação penal, assentando haver ficado configurado o crime de
furto qualificado tal como previsto no artigo 154, § 4º, inciso II,
do Código Penal, que fora referido sob o ângulo da classificação
na denúncia. Ora, conforme exsurge dos autos, considerado o
procedimento em que lesada a Caixa Econômica, em tudo se-
melhante ao retratado na ação penal que correu perante a Justiça
comum, a Paciente veio a ser denunciada por estelionato.
Salta aos olhos a erronia quanto ao enquadramento de
fatos contidos na inicial. De forma correta procedeu a Procura-
HABEAS CORPUS 347

doria-Geral da República ao ajuizar a ação penal tendo como


lesada a Caixa Econômica. O procedimento versado na denún-
cia do Ministério Público configura não o crime de furto qualifi-
cado e nem o de apropriação indébita, mas o de estelionato, no
que definido no artigo 171 como sendo a prática que vise a
“obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Voltemos à denúncia
ofertada, em que a Acusada se defende do que nela se contém.
Apontou-se de forma clara e precisa que a Paciente, aproveitan-
do-se do cargo de confiança de Gerente de Negócios do
BEMGE movimentou, falsificando assinaturas, certas contas
bancárias e isso, iniludivelmente, configura o estelionato.
Por tais razões, concedo a ordem para, anulando o pro-
cesso a partir da sentença prolatada, determinar que se faça o
julgamento à luz do disposto no artigo 171 do Código Penal,
observado, com isso, a emendatio libelli prevista no artigo 383
do Código de Processo Penal.
É como voto na espécie.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.276-7 - MG - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Walkíria Tânia de Jesus ou Walkyria Tânia de Jesus
Ferreira. Imptes.: Leonardo Coelho do Amaral e outro. Coator:
Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais.
Decisão: Após os votos dos Senhores Ministros Maurício
Corrêa e Nelson Jobim indeferindo o habeas corpus e, após o
voto do Senhor Ministro Marco Aurélio, que deferiu, em parte,
o writ para cassar a decisão condenatória, e determinar que
nova sentença se prolate, tendo em conta a classificação no art.
171 do Código Penal, o julgamento foi adiado por indicação do
Senhor Ministro-Relator. 2ª Turma, 03.02.98.
348 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes


à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edinaldo de
Holanda Borges.
Carlos Alberto Cantanhede, Secretário.
CONFIRMAÇÃO DE VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Senhor Presidente, na Sessão do dia 3 de fevereiro
indiquei o adiamento deste julgamento para melhor examinar as
observações e as conclusões contidas no voto-vista do Min.
MARCO AURÉLIO.
Para recordar o tema sob debate peço vênia para reler o
Relatório que trouxe na Sessão de 9 de dezembro: lê.
2. S. Exa. concorda que não ocorre, no caso, a competên-
cia por conexão da Justiça Federal porque as denúncias refe-
rem-se a práticas criminosas diversas (CPP, art. 76) e também
ressalva que, ainda que fosse o caso de conexão, agora não
seria mais possível unir os processos porque o que teve curso
perante a Justiça Estadual já está com sentença definitiva (CPP,
art. 82).
S. Exa. também está de acordo com a rejeição da prelimi-
nar de conexão, porque está suficientemente fundamentada no
acórdão impugnado.
3. Entretanto, vê omissão no parecer do Ministério Público
Federal quanto à correta tipificação do delito praticado pela
paciente, tudo indicando que estaria se referindo a eventual
omissão contida no meu voto, que adotou o referido parecer
como razão de decidir, e o conclui vendo ocorrido o delito de
estelionato, tal como a paciente foi denunciada perante a Justiça
HABEAS CORPUS 349

Federal, configurado pela movimentação de contas bancárias


mediante falsificação de assinaturas, e não o de furto qualificado
pelo abuso de confiança, no qual a paciente restou condenada.
3.2 Não houve a referida omissão no parecer da Procura-
doria-Geral da República, no qual a questão está tratada nos
itens 15 a 18, transcritos no item 2 do meu voto, que ora releio,
in verbis:
“2. Acolho, assim, como razão de decidir, o parecer do
Ministério Público Federal, in verbis (fls. 285/290):
“15. Quanto à crítica à definição jurídica do evento - o
julgado concluíra pelo furto qualificado, mediante fraude, e preten-
de-se o estelionato -, também a argumentação não deve vicejar.
16. A propósito, principia por estabelecer o julgado que,
verbis:
‘O modus operandi está descrito nos seguintes termos,
verbis:
‘É que a denunciada, aproveitando-se do cargo de con-
fiança de Gerente de Negócios do BEMGE, utilizou-se de
guias de retiradas: cheques avulsos e personalizados; transfe-
rências de valores e emissão de falsos comprovantes de apli-
cação financeira, com o intuito de desfalcar as contas das
nominadas vítimas, correntistas da agência Barro Preto daque-
la instituição bancária.’
‘Esclareça-se que a denunciada sequer teve a anterior
posse ou detenção; ou mesmo o mero contato físico momentâ-
neo com as importâncias subtraídas dos clientes da referida
agência, cuidando-se, pois, os ilícitos por ela perpetrados, de
furtos qualificados pelo abuso de confiança, inerente ao próprio
cargo por ela ocupado no Banco, e pela manifesta fraude em-
pregada nas operações realizadas.
350 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Que a denunciada, após preencher os citados documen-


tos, falsificava as assinaturas dos correntistas, chegando, inclusi-
ve, a visá-los, antes de remetê-los aos incautos funcionários da
agência, subordinados seus, para que efetuassem, sem o saber,
as operações e aplicações fraudulentas.
Releva notar que, submetidos alguns cheques e documen-
tos à devida perícia grafotécnica, constatou-se que as falsifica-
ções partiam do próprio punho subscritor da denunciada (laudo
de exame pericial documentoscópico de fls. 165/170).
Quanto às subtrações levadas a efeito pela denunciada,
nas contas dos referenciados clientes e vítimas da agência em
que trabalhava, foram as mesmas devidamente constatadas pela
Auditoria Especial do Banco (fls. 08 “usque” 16), realizada em
maio de 1993.’ (fls. 278/279, grifamos)
17. E depois coerentemente assenta que, verbis: (original
omisso quanto a este excerto).
18. Então, em um primeiro momento a acusada depositava
o exato numerário que de clientes recebera para depositar. De-
pois, por falsificação de assinaturas dos clientes e aí jogando o
peso de seu cargo para fazer prescindir exame de assinatura nas
operações seguintes, pelos caixas, agora sponte sua subtraia
para si partes dos valores antes normalmente depositados em
nome dos clientes, que de nada sabiam e eram, assim, furtados.”
3.3 Posto que não houve omissão no parecer do Ministé-
rio Público Federal e, conseqüentemente, no meu voto que o
adotou, passo a examinar a conclusão do voto-vista do Min.
MARCO AURÉLIO, a qual anula o acórdão e determina que
outro seja lavrado, pressupondo a ocorrência de estelionato,
assim como consta da denúncia feita perante a Justiça Federal,
em que é vítima a Caixa Econômica Federal.
4. A meu ver o Tribunal a quo agiu corretamente quando
afastou o crime de apropriação indébita, assim mencionado na
HABEAS CORPUS 351

notitia criminis dada pelo Banco à polícia (fls. 23/24) e no funda-


mento da condenação em primeira instância (fls. 158/159), por-
que a paciente sequer teve a anterior posse ou detenção lícita, ou
mesmo o mero contato físico, com as importâncias subtraídas;
num passo seguinte, o Tribunal coator entendeu ocorrido o crime
de furto qualificado pelo abuso de confiança (fls. 238/246), tal
como constou, em parte, da denúncia e da apelação do Ministé-
rio Público, que indicam furto qualificado pelo abuso de confian-
ça e pela fraude (fls. 20).
Neste sentido, o acórdão impugnado seguiu a doutrina de
Júlio Fabbrini Mirabete, dentre outros, segundo a qual “o abuso
de confiança existe quando, aproveitando-se da menor proteção
dispensada pelo sujeito passivo à coisa, diante da confiança que
deposita no agente, pratica este a subtração”, acrescentando que,
“entretanto, a simples relação de emprego não basta à qualificação
do furto, sendo indispensável ao seu reconhecimento a existência
de específica fidúcia decorrente de situação pessoal” (in Manual
de Direito Penal 2, págs. 205/206, 6ª ed., Atlas).
5. Primeiramente, cumpre deixar claro que a vítima, no
caso, não foi qualquer dos clientes do BEMGE, mas o próprio
BEMGE, tal como se colhe deste excerto da sentença, in verbis
(fls. 158):
“Trabalhando como gerente do Banco do Estado de Mi-
nas Gerais, Agência Barro Preto, a ré se aproveitou de sua
função, locupletando-se de importâncias de clientes, causando
grande prejuízo ao próprio Banco, que se viu na obrigação de
ressarcir as vítimas.”
6. Vê-se que o Tribunal a quo afastou a tipificação da
conduta no art. 168 do Código Penal (apropriação indébita),
fazendo-a incidir no art. 155, § 4º, do mesmo Código (furto
qualificado pelo abuso de confiança).
352 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

7. Senhor Presidente, tudo indica que o crime denunciado


perante a Justiça Federal, em que é vítima a Caixa Econômica
Federal e que não é objeto deste habeas corpus, deve ser mes-
mo o de estelionato (CP, art. 171, § 3º), pois a vantagem ilícita
foi obtida por meio da entrega do numerário pelos caixas execu-
tivos da instituição financeira diante das guias de retirada das
contas de poupança lá mantidas, com prévia falsificação da assi-
natura do titular, padre Américo Campos Taitson (fls. 294/296).
8. Entretanto, esta convicção de que se trata de estelionato
não pode ser sumariamente estendida ao crime denunciado pe-
rante a Justiça Estadual, em que é vítima o BEMGE e que é o
objeto deste habeas corpus. Aqui os fatos se passaram de forma
diferente, como bem afirma o Min. MARCO AURÉLIO no
início do seu voto-vista, ao verificar que as denúncias referem-se
a práticas criminosas diversas, muito embora utilizando pratica-
mente o mesmo mecanismo.
Com efeito, a paciente, na condição de Gerente do
BEMGE, exercia cargo de confiança na Agência Barro Preto,
em que se deu o desfalque e, assim, tinha tanto ascendência
hierárquica sobre os funcionários, os quais limitavam-se a cum-
prir ordens, como também tinha sob sua responsabilidade docu-
mentos e impressos privativos do Banco, de forma que os fatos
delitivos foram perpetrados de forma diversa daqueles pratica-
dos perante a Caixa Econômica Federal, ainda que o resultado
tenha sido o mesmo.
9. Daí, para o desate da questão suscitada pelo Min.
MARCO AURÉLIO - que afasta o furto qualificado pelo abuso
de confiança e determina que o Juiz lavre nova sentença supon-
do ocorrido o crime de estelionato -, torna-se necessário o
acurado reexame dos fatos, tal como narrados, das provas pro-
duzidas e da sua interpretação e, ainda, dos tipos respectivos, in
verbis:
HABEAS CORPUS 353

“FURTO
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Pena: reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
...
FURTO QUALIFICADO
§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
multa, se o crime é cometido:
...
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
ou destreza;
...”
“ESTELIONATO
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, me-
diante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
...”
9.2 Nota-se que, para o caso, enquanto no furto qualifica-
do ocorre subtração mediante abuso de confiança ou fraude, no
estelionato ocorre entrega mediante fraude.
9.3 Como fraude é fraude, tanto num como no outro caso,
e como abuso de confiança é espécie do gênero fraude, a nota
distintiva, no caso, entre furto qualificado e estelionato fica por
conta de ter ocorrido subtração ou entrega, respectivamente.
9.4 No delito perpetrado contra a Caixa Econômica Fe-
deral tudo indica que a vítima entregou o dinheiro, sendo o caso,
354 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

pois, de estelionato; entretanto, no praticado contra o BEMGE,


a conduta da paciente foi diversa, tendo em vista a sua particular
situação dentro da instituição financeira desfalcada, em que
exercia cargo de confiança, com poderes para dar ordens e de
ter sob sua guarda informações sigilosas sobre a situação finan-
ceira de clientes, além de impressos destinados ao uso do Banco
e dos clientes, tendo, inequivocamente, abuso desta confiança
inerente ao cargo exercido.
Em suma, resta saber se o dinheiro que estava sob a vigi-
lância do BEMGE foi subtraído, mediante abuso de confiança
da paciente (furto qualificado), ou se o Banco, iludido por fraude
perpetrada pela paciente, apenas lhe entregou o dinheiro
(estelionato).
9.5 Esta questão situa-se em região fronteiriça, sem limites
claramente definidos, entre as condutas típicas de furto qualificado
pelo abuso de confiança ou mediante fraude e de estelionato, de
forma que só o aprofundado reexame dos fatos e de todas as
provas produzidas nos autos do processo-crime, bem como e prin-
cipalmente a interpretação das provas, poderá esclarecer a questão.
Ocorre que os autos deste habeas corpus não contêm ele-
mentos capazes de dirimir o impasse e, ainda que aqui estivessem,
tais fatos e provas não poderiam ser examinados nesta sede.
9.6 Em casos como o presente, a prudente jurisprudência
deste Tribunal tem se orientado no sentido remeter a questão
para a sua sede própria, que é a revisão criminal, como prevista
nos incisos I e III do art. 621 do Código de Processo Penal, na
qual é admitida, inclusive, a produção de novas provas quando
descobertas após a sentença. Precedentes:
“Nega-se habeas corpus em que se alega ter havido
estelionato e não furto qualificado por destreza, segundo a sen-
tença, porque a apreciação da tese do impetrante exige estudo
HABEAS CORPUS 355

aprofundado dos fatos e provas”, HC nº 51.551-SP, Rel. Min.


ALIOMAR BALEEIRO, in DJU de 28.06.74;
“ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE NO TOCANTE A
DELITO DE FURTO.
No caso, para a verificação da alegada tipicidade, é mister
o reexame da interpretação da prova no tocante à perda da
posse -, não sendo o habeas corpus meio apto a isso”, RHC nº
61.698-SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES, in DJU de 11.10.84,
pág. 16.825;
“I - O habeas corpus não se presta para o exame
aprofundado de provas. Impossibilidade, assim, do exame de
inocorrência de justa causa para a condenação, ao argumento
de que assentou-se em prova insuficiente, o que ocorre, tam-
bém, com a alegação de absorção do crime de uso de documen-
to falso pelo crime de furto simples, tendo em vista que o
acórdão atacado, com base na prova, afirma a ocorrência de
furto qualificado”, HC nº 68.556-SP, Rel. Min. CARLOS
VELLOSO, in RTJ 139/878.
10. Ante o exposto, confirmando o meu voto, conheço do
pedido, mas indefiro a ordem impetrada, cassando a liminar
concedida.
11. Por fim, como não poderia deixar de acolher o que
consta do voto-vista do Ministro MARCO AURÉLIO, ressalvo
ao impetrante o caminho da revisão criminal, sede própria para
ser examinado, no caso, o pleito relativo à tipificação da condu-
ta, se de furto qualificado pelo abuso de confiança ou de
estelionato.
CONFIRMAÇÃO DE VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Senhor
Presidente, apenas para elucidar determinado aspecto. A Paci-
356 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

ente era gerente de negócios do Banco do Estado de Minas


Gerais e teve dois procedimentos condenáveis: um, em detri-
mento de bem da autarquia Caixa Econômica - e aí houve de-
núncia no foro próprio - e o outro em prejuízo de bens de um
correntista da própria agência onde era gerente.
Na espécie, o Procurador-Geral da República, quanto ao
crime praticado em desfavor do bem da autarquia federal, apre-
sentou denúncia, a meu ver corretíssima, considerado o tipo
estelionato e, a partir de fatos muito próximos, o Ministério
Público, junto à Justiça comum, apresentou denúncia tendo em
conta o crime de furto qualificado. O Juízo, então, concluiu pela
apropriação indébita e o Colegiado revisor pelo furto qualifica-
do, em virtude do uso da confiança.
Por que entendi que teria havido erronia na classificação
jurídica dos fatos? Requisitei os autos da ação penal? Não!
Sopesei fatos inexistentes nestes autos? Não! Levei em conta os
próprios fatos, em relação aos quais defendeu-se a Paciente,
narrados na denúncia onde enquadrado o procedimento como
revelador de furto qualificado, quando esses fatos conduzem,
sem sombra de dúvidas, ao crime de estelionato.
Leio a parte da denúncia que serviu de base à condenação,
ao contraditório:
É que a denunciada, aproveitando-se do cargo de confian-
ça de Gerente de Negócios do BEMGE, utilizou-se de guias de
retirada; cheques avulsos e personalizados; transferências de
valores e emissão de falsos comprovantes de aplicação financei-
ra, com o intuito de desfalcar as contas das nominadas vítimas,
correntistas da agência Barro Preto daquela instituição bancária.
Esclareça-se que a denunciada sequer teve a anterior pos-
se ou detenção; ou mesmo o mero contato físico momentâneo
com as importâncias subtraídas dos clientes da referida agência,
HABEAS CORPUS 357

cuidando-se, pois, os ilícitos por ela perpetrados, de furtos qua-


lificados pelo abuso de confiança, inerente ao próprio cargo por
ela ocupado no Banco, e pela manifesta fraude empregada nas
operações realizadas.
E aí vem a parte que revela ter ocorrido mesmo o
estelionato:
Que a denunciada, após preencher os citados documen-
tos, falsificava as assinaturas dos correntistas, chegando, inclusi-
ve, a visá-los, antes de remetê-los aos incautos funcionários da
agência, subordinados seus, para que efetuassem, sem o saber,
as operações e aplicações fraudulentas.
Revela notar que, submetidos alguns cheques e documen-
tos à devida perícia grafotécnica, constatou-se que as falsifica-
ções partiam do próprio punho subscritor da denunciada (laudo
de exame pericial documentoscópico de fls. 165/170).
Quanto às subtrações levadas a efeito pela denunciada,
nas contas dos referenciados clientes e vítimas da agência em
que trabalhava, foram as mesmas devidamente constatadas pela
Auditoria Especial do Banco (...)
O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA (Relator): -
V. Exa. me permite? Acho que houve um equívoco, porque a
denúncia, neste caso, foi fulcrada no art. 155, § 4º do Código
Penal (furto qualificado).
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Não estou
dizendo o contrário!
O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA (Relator): -
V. Exa. referiu-se, anteriormente, que o juízo desclassificou o
crime para delito de apropriação indébita.
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Por esse mo-
tivo acredito que esta ação penal revela o que nós, cariocas,
358 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

chamamos de “samba do crioulo doido”.


O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA (Relator): -
V. Exa. está entendendo que houve estelionato, porque realmen-
te o advogado na impetração, pede. Mas houve a denúncia
baseada no art. 155, § 4º do C.P., houve a sentença acatando a
apropriação indébita, o recurso e, depois, o provimento para o
enquadramento no art. 155, § 4º, restaurando, portanto, a de-
núncia inicial.
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Os fatos con-
tidos na denúncia do Ministério Público, muito semelhantes
àqueles que ensejaram a denúncia, no outro processo, formali-
zada pela Procuradoria-Geral da República, conduzem, a mais
não poder, à conclusão sobre o estelionato. Ela, como gerente,
falsificava as assinaturas e passava os documentos aos caixas
para os pagamentos e transferências.
O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA (Relator): -
Valia-se de gente da sua confiança.
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Eu sei, mas o
estelionato é isso: ludibriar a partir da boa-fé do terceiro. O
Ministério Público narra estelionato e pede, como já ressaltado
por V. Exa., a condenação por furto qualificado. Narra o
estelionato quando diz que “a denunciada, após preencher os
citados documentos, falsificava” ...
O SR. MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA (Relator): -
Mas enquadra no art. 155 do Código Penal.
O SR. MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Eu sei, mas o
enquadramento do Ministério Público não obriga o órgão
julgador. O acusado defende-se não da classificação jurídica:
defende-se, como proclamado em inúmeros precedentes desta
Corte, dos fatos narrados na denúncia. Então, vejam o que
ocorreu: a gerente falsificava e, com isso, conseguia levantar
HABEAS CORPUS 359

valores das contas das vítimas. Mesmo assim, pediu o Ministério


Público que concluísse o Juízo pelo furto qualificado. Veio a
sentença, assentando a apropriação indébita. Houve recurso do
Ministério Público para o Colegiado e este, ao menos sob a
minha óptica, ao invés de corrigir o quadro dizendo do
estelionato, confirmou o furto qualificado referido na denúncia.
Se os fatos narrados consubstanciam o furto qualificado, já não
sei mais como definir os tipos do Código Penal!
Por isso, mantenho o voto e revelo o paradoxo: pelos mes-
mos fatos, considerada vítima diferente, é certo, a Paciente foi
denunciada na Justiça Federal tendo em conta o tipo do artigo 171
do Código Penal (estelionato) e, na Justiça comum, o furto qualifi-
cado, concluindo o Juízo pela apropriação indébita, endossando,
o Colegiado revisor, a classificação contida na denúncia.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.276-7 - MG - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Walkíria Tânia de Jesus ou Walkyria Tânia de Jesus
Ferreira. Imptes.: Leonardo Coelho do Amaral e outro. Coator:
Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais.
Decisão: Por maioria, a Turma indeferiu o habeas corpus e
cassou a liminar deferida, vencido o Senhor Ministro Marco
Aurélio que deferia, em parte, o writ, para cassar a decisão
condenatória, e determinar, que nova sentença se prolate, tendo
em conta a classificação no art. 171 do Código Penal. 2ª Turma,
07.04.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Cláudio Lemos
Fonteles.
Carlos Alberto Cantanhede, Secretário.
360 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 361

“HABEAS CORPUS” Nº 76.258-9 - SP - (JSTF - Vo-


lume 239 - Página 368)
Primeira Turma (DJ, 24.04.1998)
Relator: O Sr. Ministro Sepúlveda Pertence
Pacientes: Domingos Alcalde e Herval Rosa Seabra
Impetrantes: José Roberto Batochio e outros
Coator: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
EMENTA: - Processo penal de competência originária
dos Tribunais (LL. 8.038/90 e 8.658/93): exigência de funda-
mentação e sua nulidade no caso: HC deferido de ofício.
1. Transferida do relator para o colegiado a competência
para receber ou rejeitar a denúncia ou, se for o caso, para
absolver liminarmente o denunciado (L. 8.038/90, art. 6º c/c L.
8.658/93, art. 1º), a motivação do acórdão tomado a respeito,
seja qual for o seu sentido, é indeclinável, ainda que, na hipótese
de recebimento da denúncia, haja de conter-se nos limites da
discrição imposta pelo juízo de delibação em que se funda.
2. Dizer o acórdão que recebe a denúncia, após elabora-
das respostas da defesa, porque “inocorrente a hipótese do art.
559 do Código de Processo Penal” é não dizer rigorosamente
nada: a melhor prova da ausência de motivação de um julgado é
que a frase enunciada, a pretexto de fundamentá-lo, sirva, por
sua vaguidão, para a decisão de qualquer outro caso.
ACÓRDÃO
362 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-


nistros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, na con-
formidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, em conceder, de ofício, a ordem, ficando
prejudicado o pedido de habeas corpus.
Brasília, 17 de março de 1998.
MOREIRA ALVES, Presidente - SEPÚLVEDA PER-
TENCE, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
(Relator): - Habeas corpus impetrado contra decisão do Tribu-
nal de Justiça de São Paulo que recebeu denúncia contra os dois
pacientes - o primeiro, ex-Prefeito, e o segundo, Vice-Prefeito
do Município de Marília - pelos delitos de estelionato (C. Pen.,
art. 171) e, em concurso com um terceiro, particular, de início de
loteamento ilegal (L. 6.766/79, art. 50, I).
Na denúncia do Procurador-Geral de Justiça, assim ficou
deduzida a imputação do estelionato (f. 145):
“O denunciado DOMINGOS ALCALDE, no exercício
do cargo de Prefeito Municipal de Marília, através do Decreto
nº 5.643, de 24 de janeiro de 1989 (fls. 26), declarou de utilida-
de pública, a fim de ser desapropriada pela Empresa de Desen-
volvimento Urbano e Habitacional de Marília-EMDURB, uma
área de terras contendo 69.396,00 metros quadrados, situada
no perímetro urbano daquela cidade, correspondente a parte de
área maior transcrita (...) em nome do Doutor Felipe Scarpelli
(certidão de fls. 108), àquela época já falecido, gleba essa que,
nos termos do referido decreto, seria “destinada a construção de
núcleo residencial pela EMDURB”.
Ocorre que, na verdade, a edição do Decreto nº 5.643,
como se verá, nada mais representou que não o ato pelo qual,
HABEAS CORPUS 363

agindo em concurso e mediante conluio prévio, o prefeito DO-


MINGOS ALCALDE e o vice-prefeito e Presidente da
EMDURB, HERVAL ROSA SEABRA, iniciaram expediente
fraudulento para induzirem e manterem em erro FRANCISCA
LAURA DE CAMPOS SCARPELLI, MARIA
MAGDALENA DE CAMPOS SCARPELLI e GISLENE DE
CAMPOS SCARPELLI, a primeira viúva e inventariante e as
demais herdeiras, do Espólio de Felipe Scarpelli, a fim de obte-
rem vantagem ilícita em prejuízo do espólio e proveito de ambos,
de modo a adquirirem, por intermédio de interposto terceiro,
aquela valiosa gleba de terras por preço muito abaixo ao seu real
valor de mercado.
Assim é que, meses antes, mais precisamente em outubro
de 1988, as vítimas colocaram a gleba de Terras à venda, na
imobiliária “Toca Imóveis”, pelo preço de Cz$ 670.000,00
(seiscentos e setenta mil cruzados), contudo não lograram
vendê-la.
Em março de 1989, através de telefonema, foram
cientificadas por um tal “Vicente”, funcionário da EMDURB, de
que a Prefeitura Municipal, por decreto do mês de janeiro da-
quele ano, declarara aquele imóvel de utilidade pública para fins
de desapropriação, a fim de que naquele local viesse a ser
construído um núcleo habitacional.
Preocupadas, as ofendidas compareceram à EMDURB e,
atendidas pelo denunciado HERVAL, este sugeriu-lhes a possi-
bilidade de um bom acordo para elas, insistindo destacar-lhes os
percalços decorrentes caso houvesse a desapropriação judicial
(tempo da demanda, baixo valor que seria oferecido etc-), per-
calços esses que as mesmas bem conheciam de outra
desapropriatória. Depois de várias reuniões, receosas das difi-
culdades que teriam caso não aceitassem um acordo com a
EMDURB, combinaram com HERVAL que este, através da
364 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

citada empresa, adquiriria a gleba pelo preço de NCz$


320.000,00 (trezentos e vinte mil cruzados), a ser pago em duas
parcelas.
Para viabilizarem a compra do imóvel - que “ab initio”
pretendiam incorporar aos seus respectivos patrimônios pesso-
ais e não ao da EMDURB - o incriminado DOMINGOS
ALCALDE, valendo-se de seu cargo de Prefeito Municipal,
logrou convencer ROBERTO CIMINO, sócio majoritário da
Construtora Cora Ltda. - este totalmente insciente da fraude que
cercava a aquisição - para que sua empresa servisse de “presta
nomes” ou “testa-de-ferro” naquela transação com o Espólio de
Felipe Scarpelli, para tanto acenando-lhe que, concretizada a
compra, a empresa cuidaria da construção das casas populares
que ali seriam edificadas.
Em 19 de julho de 1989, através do contrato particular de
venda e compra acostado às fls. 178/180, DOMINGOS e
HERVAL lograram consumar o “golpe” engendrado contra o
espólio.
Com efeito, de um lado pressionadas pela acenada desa-
propriação judicial e, de outro, induzidas a crerem que a área de
terras estaria sendo adquirida pela EMDURB para a construção
do núcleo residencial mencionado no Decreto nº 5.643,
FRANCISCA e GISLENE concordaram em firmar o referido
contrato vendendo a gleba para a Construtora Cora Ltda. por
preço muito abaixo ao seu valor real, inclusive daquele pretendi-
do pelas ofendidas, muitos meses antes, quando colocaram-na à
venda na “Toca Imóveis”.
Na realidade, contudo, a gleba foi compromissada à ven-
da, de fato, para os denunciados DOMINGOS e HERVAL, os
quais, por razões óbvias, valeram-se da “Construtora Cora
Ltda.” como mera “testa-de-ferro”, mas, ainda assim, o próprio
HERVAL se fez presente ao ato - até mesmo para que as vítimas
HABEAS CORPUS 365

fossem mantidas em erro - embora dele tenha constado apenas


como a 1ª testemunha. Ademais, as parcelas relativas ao preço,
mencionadas nos recibos de fls. 26 e 27, foram pagas direta-
mente por HERVAL, mediante valores que transferiu de sua
conta corrente no Banco Bandeirantes S/A diretamente para a
conta nº 001/027540-4 do mesmo estabelecimento bancário,
que as ofendidas FRANCISCA e MARIA MAGDALENA ali
abriram em conjunto.
Assim consumado o “golpe”, em 04 de janeiro de 1990,
DOMINGOS ALCALDE, na condição de Prefeito Municipal,
editou o Decreto nº 5.856 (fls. 25) revogando, em seu inteiro
teor, o Decreto nº 5.645/89 que declarara aquela área de utilida-
de pública, para fins de desapropriação, liberando-a, pois, de tal
afetação, eis que, “de fato”, já pertencente ao seu próprio
patrimônio pessoal e ao do comparsa HERVAL.
Posteriormente, ao descobrirem que haviam sido ludibria-
das, eis que a área fora na verdade adquirida em proveito do
prefeito e do vice-prefeito, bem como revogado o Decreto que
a declarara de utilidade pública, as vítimas FRANCISCA e
MARIA MAGDALENA, em 30 de janeiro de 1991 compare-
ceram ao gabinete da Promotoria de Marília e denunciaram o
fato, oportunidade em que prestaram as declarações de fls. 9, as
quais ensejaram o início da “investigatio”.
Sustenta a impetração a atipicidade do fato.
Depois de recordarem que o estelionato é crime que não
se realiza sem o prejuízo do lesado e a correspondente obtenção
de vantagem indevida de parte do agente, o que, na espécie, não
houve:
“De fato, mostram os autos que a promessa de venda da
área em causa se deu livremente, com o desimpedido consenti-
mento dos promitentes-vendedores, que, ao largo de qualquer
366 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

embaraço, assinaram o compromisso e, simultaneamente, rece-


beram da promitente-compradora (Construtora Cora Ltda.) o
preço de mercado (recibos anexos).
As supostas vítimas, é bom que se frise, receberam inte-
gralmente o numerário pretendido como valor da transação, cir-
cunstância que evidencia a ausência do elemento dano (e o
estelionato é crime de dano)”.
Sucedeu, prosseguem adiante:
“Sem mergulhar fundo na prova (que sabidamente não
tem lugar nesta via heróica), registre-se apenas que as pretensas
vítimas, em nenhum momento, chegaram a ver diminuído seu
patrimônio (no caso, da gleba de terras).
Com efeito, o terreno em apreço foi adquirido pelo marido
e genitor das supostas vítimas (Felipe Scarpelli) no longínquo
ano de 1952, consoante demonstra a inclusa documentação. É
do teor desse contrato que:
A área de terras que faz objeto da presente e retro descrito
e confrontado, se destinam (sic) única e exclusivamente, à constru-
ção de um hospital e suas dependências”. (textual da doc. anexa)
Estava, pois, a gleba de terras afetada por um gravame,
qual seja destinava-se única e exclusivamente à construção de
um hospital municipal (gravame este que, curiosamente, sequer
foi ventilado pela peça inaugural).
A promitente-compradora (Construtora Cora Ltda.), ci-
ente de tal circunstância, exigiu, quando da assinatura do termo
de compromisso (19 de julho de 1989), a inclusão de uma
cláusula expressa que condicionasse a transferência do terreno à
desafetação da área, que ficou assim redigida:
As partes ficarão desobrigadas do presente compromisso
se negado o pedido judicial de cancelamento da cláusula condi-
HABEAS CORPUS 367

cional contida na escritura de venda e compra originária. (textual


da doc. Anexa).
Em razão disso e para final consecução do negócio, ajui-
zou o Espólio de Felipe Scarpelli, representado pela
inventariante (aqui uma das supostas vítimas), a competente
Ação de Cancelamento de Cláusula Condicional, com a finalida-
de de desafetar a área em litígio.
O douto juízo sentenciante, após a manifestação contrária
do representante do Ministério Público, houve por bem indeferir
a pretensão, determinando, como conseqüência lógica, o arqui-
vamento do pleito (doc. anexa).
Nenhuma outra medida judicial foi promovida pela
inventariante (que, aliás, prometia ao representante legal da
Construtora CORA Ltda. acionar as providências legais a que
se obrigara), fato que proporcionou o imediato cancelamento da
transação celebrada.
No entanto, consoante demonstram os recibos anexos, as
supostas vítimas (que nunca foram lesadas), receberam integral-
mente o preço pretendido (em duas parcelas sucessivas) e,
como a cláusula condicional não foi revogada pelo Poder Judici-
ário, o contrato em questão se desfez (também porque há deci-
são judicial que decretou a nulidade desse instrumento particular
- do anexo) sem que a gleba de terras fosse transferida para o
domínio da promitente-compradora (Construtora Cora Ltda.).
Como se infere da superficial narrativa dos fatos, as
pretensas ofendidas deram total quitação pela transferência da
área objeto da ação penal, mas não a alhearam efetivamente de
seu patrimônio”.
De sua vez, é a seguinte acusação - esta, dirigida aos três
denunciados - da prática de crimes previstos no art. 50 da Lei de
Loteamentos - f. 148 ss:
368 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

“Consta, também, que no início do ano de 1990, sobre a


referida área, seus proprietários “de fato” - os denunciados
DOMINGOS ALCALDE e HERVAL ROSA SEABRA - de-
ram início a loteamento e desmembramento do solo para fins
urbanos, sem autorização do órgão público competente (Prefei-
tura Municipal) e em completo desacordo com as disposições
da Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, eis que, mediante
a abertura de vias (arruamento) dotadas de guias, sarjetas e rede
de iluminação pública, dividiram-na em várias quadras.
Assim é que, inicialmente, promoveram a divisão física da
gleba em várias áreas, a saber:
3.1 - áreas 1, 2, 3, 4, 5 e 6, com frente para a Av. João
Ramalho e fundos com áreas remanescentes (área 7), cada qual
medindo 47,33 metros de frente por 60,00 metros da frente aos
fundos e encerrando área de 2.840,00 metros quadrados;
3.2 - área 7, remanescente da divisão anterior e contendo
área de 52.596,00 metros quadrados.
Tais divisões podem ser visualizadas no mapa de fls. 281, à
esquerda de quem para ele olha.
Com a abertura física de vias de circulação (arruamento),
subdividiram ainda a área 7 em quadras, como segue:
3.3 - áreas “a” e “c”, medindo cada qual 142,00 por 60,00
metros e área unitária de 8.520,00 metros quadrados;
3.4 - áreas “b” e “d”, cada uma medindo 138,00 por
60,00 metros e área unitária de 8.280,00 metros quadrados;
3.5 - área “E”, medindo 142,00 metros por 18,00 metros
e área de 2.556,00 metros quadrados e,
3.6 - área “F”, contendo o total de 16.440,00 metros
quadrados, correspondente justamente às vias de circulação que
abriram na gleba, em prolongamento ao arruamento público já
existente no bairro.
HABEAS CORPUS 369

Essas subdivisões também acham-se perfeitamente


delineadas à direita do mesmo mapa.
Os denunciados ainda subdividiram a área 6 referida no
subitem 3.1, em três lotes, denominados lotes “a”, “b” e “c”,
conforme se vê no mapa de fls. 296.
4. Consta mais, que embora de há muito já houvessem
executado as obras físicas do parcelamento da área para fins
urbanos, inclusive com a venda de lotes a pelo menos duas
pessoas - como se verá mais abaixo -, DOMINGOS
ALCALDES e HERVAL ROSA SEABRA, com o fim de em-
prestar aparência de legalidade a tal conduta criminosa e, ainda,
objetivando continuarem a fraudar as disposições contidas na
Lei n. 6.766/79, procederam a ilegal desdobro da gleba perante
a Prefeitura Municipal de Marília e sobre parte dela projetaram a
implantação de loteamento que denominaram JARDIM
BRASÍLIA, para o que, dolosamente, concorreu o denunciado
ROBERTO CIMINO.
Com efeito, em 30 de maio de 1990, agora já conhecedor
de que a gleba fora criminosamente parcelada para fins urbanos,
aderiu à conduta dos parceladores e, em 30 de maio de 1990,
em seu nome próprio - não da “Construtora Cora Ltda.” -
formulou ao “Prefeito Municipal de Marília” requerimentos de
desdobros da gleba em áreas menores, na conformidade com o
descrito no item 3 desta denúncia (subitens 1 a 6).
Tais requerimentos, protocolados na Prefeitura sob nº
3.095 e 3.094, foram aprovados pelo Prefeito Municipal, ou
seja, o denunciado DOMINGOS ALCALDE, por despacho
datado de 09 de agosto de 1990 (fls. 275 “usque” 281), o qual
exarou com o flagrante propósito de burlar a Lei nº 6.766/79,
posto que, conforme ressaltado no relatório do doutor Diretor
do Núcleo Operacional de Controle da Regularidade de
370 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Loteamentos, Desmembramentos e Uso do Solo (fls. 326), a


gleba, tal como foi fracionada, não caracterizou um simples
“desdobro” e sim o chamado desmembramento previsto como
meio de parcelamento do solo urbano (artigos 2º e 10º da men-
cionada lei) e, portanto, sujeito às exigências desta.
Com a aprovação do ilegal “desdobro”, os denunciados
buscaram burlar, entre outros, o disposto no artigo 4º, inciso IV,
§ 1º, da Lei nº 6.766/79, eis que propiciou-lhes sonegarem no
projetado loteamento Jardim Brasília as áreas 1, 2, 3, 4, 5 e 6
anteriormente desdobradas da área maior e assim destinarem no
loteamento, para áreas públicas, o percentual de 35% calculado
apenas sobre a área 7 remanescente, ao invés de fazê-lo consi-
derando a totalidade da gleba bruta primitiva.
Por outro lado, visando a “posteriori”, dar aparência de
legalidade ao parcelamento do solo executado ao arrepio da lei,
ROBERTO CIMINO, conluiado com os reais parceladores da
gleba, em 20 de fevereiro de 1991 requereu e obteve, junto à
CETESB-Marília, a expedição da competente Licença de Insta-
lação de Loteamento (fls. 283/302).
Comprova também a implantação física do parcelamento
da gleba para fins urbanos, de maneira inequívoca, a vistoria
realizada no local por engenheiro do Núcleo especializado do
Ministério Público (fls. 259/267).
Consta, ainda, que os denunciados DOMINGOS
ALCALDE e HERVAL ROSA SEABRA, efetuaram o mencio-
nado parcelamento do solo para fins urbanos
(desmembramentos e loteamento), sem possuírem o indispensá-
vel título legítimo de propriedade da gleba parcelada (certidão
imobiliária às fls. 14/18 e 269). E, para isso, concorreu o denun-
ciado ROBERTO CIMINO que, como “testa-de-ferro” dos
verdadeiros parceladores, requereu na Prefeitura Municipal os
desdobros da gleba em áreas menores, bem como, na Cetesb, a
Licença de Instalação de Loteamento sobre área que sabia não
HABEAS CORPUS 371

estar registrada no Cartório de Imóveis, no seu nome ou em


nome dos loteadores “de fato”.
Consta, finalmente, que DOMINGOS ALCALDE e
HERVAL ROSA SEABRA, sem que houvessem registrado o
parcelamento do solo no Cartório do Registro de Imóveis,
compromissaram à venda alguns lotes”.
Segue-se a identificação dessas transações.
Também aqui, contestam os impetrantes a tipicidade penal
do fato, não enquadrável no art. 50, I, da L. 6.766, no que
incrimina “dar início” a loteamento, sem órgão competente ou
em desacordo com as prescrições daquela lei ou das normas
legais pertinentes.Aduz a inicial - f. 23:
“Como se vê, o núcleo desse arquétipo penal
consubstancia-se com o início ou com a realização de
parcelamento do solo, para fins de loteamento, em desacordo
com as disposições da aludida lei. O parágrafo único, de seu
turno, descreve as modalidades qualificadas desse tipo penal,
em nada alterando o núcleo do delito: dar início.
No caso sub studio, conforme já minuciosamente narrado,
o termo de compromisso de compra e venda foi celebrado entre
as supostas vítimas e a Construtora CORA Ltda., de proprieda-
de de Roberto Cimino (co-denunciado).
No entanto, em face do indeferimento do pleito de revoga-
ção de cláusula restritiva, o negócio foi desfeito, sem que a
promitente-compradora incorporasse ao seu patrimônio a aludi-
da gleba de terras.
Tudo não passou, pois, do campo das tratativas, da pro-
messa de venda, da mera possibilidade de alienação. ...
Portanto, a área objeto da ação penal não se transferiu ao
domínio da Construtora CORA Ltda., nem, muito menos, foi
372 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

adquirida pelos pacientes que, como se vê, nenhuma vinculação


apresentam com os fatos reputados ilícitos.
Assim, se o parcelamento da área existiu e, seguramente,
não foi promovido pelos pacientes, que estavam - como sempre
estiveram - inteiramente alheios aos fatos articulados na inaugural.
Reprise-se, ainda uma vez e até à exaustão, que o núcleo
do tipo penal em causa (artigo 50 e seus incisos da Lei nº 6.766/
79), é dar início, de modo que não se pode perseguir, em termos
de responsabilidade penal, quem não deu causa ao evento”.
Quando atípica não fosse a imputação, pelo menos, finali-
zam os requerentes, haveria “flagrante inépcia da inaugural”, que
só fez afirmar “genericamente que os pacientes deram início ao
loteamento, mas “não descreveu individuada e
pormenorizadamente a conduta de cada um deles”.
Despachei assim o pedido liminar - f. 134:
“Nem a complexidade do caso permite aferir de imediato
da plausibilidade dos fundamentos da impetração, nem se logra
demonstrar onde se situaria o risco de dano irreparável que da
seqüência do curso do processo possa advir, até o julgamento
deste pedido de habeas corpus.
Indefiro a liminar”.
Prestadas as informações, no parecer da Procuradoria-
Geral, da lavra do Dr. Edinaldo Borges, “o alvitre é no sentido
do indeferimento da ordem”.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO SEPÚLVEDA PERTENCE
(Relator): - Posto que não suscitada na impetração, há questão
que, a meu ver, sendo prejudicial das alegações nela deduzidas,
deve ser aventada de ofício.
HABEAS CORPUS 373

A denúncia foi protocolada em 13.11.91 (f. 144).


Notificados, em março de 1993, os pacientes (f. 155) e o
co-réu (f. 164) ofereceram pormenorizadas respostas prelimina-
res, esforçando-se, ambas as peças, por demonstrar a
atipicidade das acusações ou a patente improcedência delas,
bastantes a induzir à rejeição da inicial.
Replicou o Procurador-Geral da Justiça, enfrentando as
alegações (f. 172).
Em 24.3.93, assim despachou o relator, o il. Desemb.
Sinésio de Souza, no que interessa - f. 178:
“Inocorrendo a hipótese do artigo 559 do Código de
Processo Penal, recebo a denúncia de fls. 2/12 do 1º volume
destes autos, oferecida contra DOMINGOS ALCALDE e
HERVAL ROSA SEABRA, por infração do artigo 171 “caput”
do Código Penal e do artigo 50, inciso I, combinado com seu §
único, nºs I e II da Lei Federal 6.766, de 19 de dezembro de
1979 e ainda com o artigo 69 do Código Penal e também contra
ROBERTO CIMINO, este, apontado como infrator do dispos-
to no artigo 50, inciso I, combinado com seu § único, nº II, da lei
acima referida, com aplicação, ao último, da norma de extensão
contida no artigo 51 da mesma lei”.
A decisão, por certo, há de ter tido retardada a sua publi-
cação.
O certo é que só em 22.9.93, o co-réu Roberto Cimino
interpôs agravo regimental, a invocar a superveniência da L.
8.658, de 26.5.93, estendera aos processos penais da compe-
tência originária dos Tribunais de Justiça o procedimento da L.
8.038/90 (originariamente restrito àqueles da competência do
STF e do STJ) e, conseqüentemente, transferira ao Tribunal o
recebimento da denúncia, que o C. Pr. Pen. confiava ao relator.
374 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Dão conta as informações de que “em face da interposição


de agravo regimental, reconsiderou S. Excelência o despacho
para submeter a decisão de instauração da ação penal à Turma
Julgadora”.
E a Câmara competente recebeu a denúncia por acórdão,
no que interessa, do seguinte teor - f. 181:
“Recebida a denúncia pelo despacho de fls. 592, manifes-
tou Roberto Cimino agravo regimental, sustentando que a de-
núncia não poderia ser recebida sem manifestação da E. Câma-
ra, na forma da Lei nº 8.658, de 26 de maio de 1993.
Com este relatório, e submetido o caso à deliberação da
E. Câmara, em vista do despacho de fls. 599, recebem a denún-
cia, pelo mesmo fundamento do despacho impugnado e, em
conseqüência, declaram instaurada a ação penal...”.
Tenho que é manifesta a nulidade do acórdão por carência
de fundamentação.
Transferida do relator para o colegiado a competência
para receber ou rejeitar a denúncia ou, se for o caso, para
absolver liminarmente o denunciado (L. 8.038/90, art. 6º c/c L.
8.658/93, art. 1º), a motivação do acórdão tomado a respeito,
seja qual for o seu sentido, é indeclinável, ainda que, na hipótese
de recebimento da denúncia, haja de conter-se nos limites da
discrição imposta pelo juízo de delibação em que se funda.
Dizer o acórdão que recebe a denúncia, após elaboradas
respostas da defesa, porque “inocorrente a hipótese do art. 559
do Código de Processo Penal” é não dizer rigorosamente nada:
a melhor prova da ausência de motivação de um julgado é que a
frase enunciada, a pretexto de fundamentá-lo, sirva, por sua
vaguidão, para a decisão de qualquer outro caso.
Na vigência da disciplina do Código para as ações penais
originárias - embora sem indagar da compatibilidade do entendi-
HABEAS CORPUS 375

mento com o art. 93, IX, da Constituição - entendia-se dispen-


sar fundamentação quer o recebimento inicial da denúncia pelo
relator (art. 558), quer a sua decisão, após a resposta prévia, de
não propor ao Tribunal o arquivamento do processo (art. 559).
Nesse sentido, irretocável o acórdão da Segunda Turma,
em 25.11.97, no HC 75.846, relator o em. Ministro Maurício
Corrêa, assim ementado - DJ 20.2.98:
“No processo penal comum, o juiz de primeira instância
pode receber a denúncia por decisão sintética: não há contradi-
tório desde a instauração do inquérito até o recebimento da
denúncia, inclusive. Precedente.
Na ação penal de competência originária dos Tribunais, o
rito especial para o recebimento da denúncia é o estabelecido
pelos arts. 1º ao 6º da Lei nº 8.038/90 (e Lei nº 8.658/90): há
contraditório antes da deliberação sobre a denúncia, cujas ale-
gações devem ser obrigatoriamente examinadas pela decisão
que sobre ela delibere.
O exame das questões suscitadas neste contraditório, que
precede a deliberação do Tribunal sobre a denúncia, assume
relevância porque o art. 6º da Lei nº 8.038/90 inovou ao prever,
além do seu recebimento ou rejeição, a possibilidade de ser
declarada a improcedência da acusação, se a decisão não de-
pender de outras provas.
A decisão colegiada que delibera sobre a denúncia deve
ser fundamentada porque todos os julgamentos dos órgãos do
Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as deci-
sões, sob pena de nulidade (CF, art. 93, § 1º).
Impossibilidade de exame do pedido principal, para
trancamento da ação penal, sob pena de restar suprimido um
grau de jurisdição.
376 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Habeas corpus conhecido e deferido para, acolhendo o


pedido formulado em ordem sucessiva, anular a decisão que
recebeu a denúncia e determinar que outra seja proferida, devi-
damente fundamentada, na forma da lei”.
Também a mim me parece ser de limitar este julgamento à
nulidade do acórdão de recebimento da denúncia, ainda que não
alegada pelos impetrantes.
Impressiona-me nesse sentido não só o argumento da su-
pressão da instância, como o de que, na verdade, a cognição
das alegações da defesa, na instância do recebimento da denún-
cia, embora também limitada, ser evidentemente mais ampla que
a do habeas corpus.Por tudo, defiro habeas corpus de ofício
para cassar o acórdão que recebeu a denúncia, a fim de que
outro se profira motivadamente, à vista das respostas escritas
oferecidas; em conseqüência, julgo prejudicada a impetração: é
o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.258-9 - SP - Relator: Min. Sepúlveda Pertence.
Pactes.: Domingos Alcalde e Herval Rosa Seabra. Imptes.: José
Roberto Batochio e outros. Coator: Tribunal de Justiça do Esta-
do de São Paulo.
Decisão: A Turma concedeu, de ofício, a ordem, ficando
prejudicado o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do
Relator. Unânime. 1ª Turma, 17.03.98.
Presidência do Senhor Ministro Moreira Alves. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Sydney Sanches, Octavio
Gallotti, Sepúlveda Pertence e Ilmar Galvão.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Miguel Frauzino
Pereira.
Ricardo Dias Duarte, Secretário.
HABEAS CORPUS 377

“HABEAS CORPUS” Nº 76.155-5 - SP - (JSTF - Vo-


lume 239 - Página 363)
Segunda Turma (DJ, 14.08.1998)
Relator: O Sr. Ministro Carlos Velloso
Paciente: Reginaldo Pereira de Souza
Impetrante: Waldir Francisco Honorato Júnior
Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo
EMENTA: - PENAL. PROCESSUAL PENAL.
HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO: TENTATIVA. CP,
ART. 155, § 2º. ACÓRDÃO. FIXAÇÃO DA PENA. REDU-
ÇÃO PREVISTA NO ART. 14, PARÁGRAFO ÚNICO.
I - Nulidade do acórdão que, acolhendo recurso do Minis-
tério Público para agravar a pena, deixou de considerar a redu-
ção obrigatória prevista no parágrafo único do art. 14 do Códi-
go Penal, parte que não foi impugnada pelo recurso ministerial.
II - HC deferido, em parte.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Mi-
nistros do Supremo Tribunal Federal, em Segunda Turma, na
conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas,
deferir, em parte, o habeas corpus, para anular o acórdão na
parte em que fixou a pena, determinando que nova decisão seja
378 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

proferida, neste ponto, observado o disposto no artigo 14, pará-


grafo único, do Código Penal, vencido, em parte, o Sr. Ministro
Marco Aurélio, que deferia o habeas corpus, em maior exten-
são, para anular integralmente o acórdão.
Brasília, 09 de junho de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - CARLOS
VELLOSO, Relator.
RELATÓRIO
O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO: - Trata-se de
habeas corpus impetrado por Procurador do Estado de São
Paulo, em favor de REGINALDO PEREIRA DE SOUZA, que
foi condenado em primeiro grau a 3 (três) dias-multa, por
infringência ao art. 155, § 2º, c/c o art. 14, II, ambos do Código
Penal, e tendo o Ministério Público recorrido da sentença, a
Décima Sexta Câmara do TACRIM/SP deu provimento ao re-
curso, por maioria de votos, para “afastar o privilégio e fixar a
pena em 01 (um) ano de reclusão e 10 (dez) dias-multa, no
mínimo legal, concedendo-se o sursis pelo prazo de 02 (dois)
anos, mediante as condições do art. 78, § 2º, do Código Penal,
estabelecido o regime inicial aberto no caso de sua revogação...”
Alega o impetrante que houve omissão do acórdão da
Décima Sexta Câmara do TACRIM/SP, que deixou de aplicar a
redução obrigatória prevista no art. 14, parágrafo único, do
Código Penal.
Diz que foi tentada a interposição de embargos de declara-
ção, mas a petição não foi protocolizada no prazo legal.
O paciente está sofrendo constrangimento ilegal, pois, no
caso, a pena deverá ser de 4 (quatro) a 8 (oito) meses de
reclusão, levando-se conta que o art. 155, caput, prevê o míni-
mo de 1 (um) ano e a diminuição deverá ser de um a dois terços
(CP, art. 14, parágrafo único).
HABEAS CORPUS 379

Diz mais o impetrante que o art. 109 do Cód. Penal esta-


belece que, para pena inferior a 1 (um) ano, o prazo
prescricional é de dois anos, prazo que deve ser reduzido para
um ano, em face da menoridade de vinte e um anos do paciente
à época dos fatos. Como a sentença condenatória foi publicada
em 2/4/96 e o acórdão impugnado transitou em julgado em 4/4/
97 (fls. 132-v), ocorreu o prazo prescricional.
Requer o impetrante, com a medida liminar, a concessão
da ordem para decretar a nulidade do acórdão da Décima Sexta
Câmara do TACRIM/SP.
A medida liminar foi indeferida (fl. 84).
Requisitadas informações, prestou-as o eminente Presi-
dente do Egrégio Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo, com os seguintes esclarecimentos:
“Por fatos ocorridos em 4 de junho de 1995, foi o pacien-
te denunciado, perante o MM. Juízo da E. Quinta Vara Criminal
da Comarca de Ribeirão Preto, como incurso no art. 155, caput,
c.c. o art. 14, II, ambos do Código Penal (doc. nº 1).
Recebida a denúncia em 20 de junho de 1995 (doc. nº 2) e
juntadas as certidões criminais e a folha de antecedentes do
acusado (doc. nº 3), procedeu-se à sua citação interrogatória
(doc. nº 4).
Realizada a instrução (doc. nº 5) e oferecidas as alegações
finais (doc. nº 6), deixou o membro do Parquet de propor a
suspensão condicional do processo em virtude de outra conde-
nação do paciente (doc. nº 7), sobrevindo, então, em 2 de abril
de 1996, sentença condenatória, que apenou o réu, por
infringência ao art. 155, § 2º, c.c. o art. 14, II, ambos do Código
Penal, ao pagamento de 3 dias-multa. O decisum tornou-se
público na mesma data de sua prolação (doc. nº 8).
380 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Inconformado, apelou o Ministério Público (doc. nº 9), e a


E. Décima Sexta Câmara deste Tribunal, em 7 de novembro de
1996, por maioria de votos, afastou o privilégio e fixou a pena
em 1 ano de reclusão e 10 dias-multa, com sursis por dois anos,
mediante as condições do art. 78, § 2º, do Código Penal, esta-
belecido o regime aberto no caso de sua revogação (doc. nº 10).
Ciente do r. decisum por carta de ordem, o Procurador da
Assistência Judiciária comunicou a interposição de embargos
infringentes e de declaração (doc. nº 11), retornando os autos a
esta Corte para a apreciação dos reclamos (doc. nº 12).
Certificada a não apresentação dos recursos (doc. nº 13),
esta Presidência determinou, novamente, a baixa do feito ao
Juízo de Primeiro Grau, para que fosse comprovado o
ajuizamento das insurgências (doc. nº 14).
Juntados os esclarecimentos da defesa de que as petições
não foram protocolizadas, certificou-se o trânsito em julgado do
ven. acórdão (doc. nº 15), sendo designada audiência de adver-
tência (doc. nº 16).
Visando suspender a execução da pena, o causídico plei-
teou, ainda, a nulidade do processo, em decorrência da falta de
curador por ocasião do interrogatório do paciente, bem como
por não ter a E. Câmara Julgadora observado a ocorrência da
prescrição da pretensão punitiva (doc. nº 17).
Indeferida a pretensão (doc. nº 18), a defesa postulou
nesta Corte, a declaração da extinção da punibilidade pela ocor-
rência da prescrição da pretensão punitiva estatal (doc. nº 19).
Encaminhado o pedido ao Juízo de origem, não foi ele acolhido
(doc. nº 20).” (fls. 93/94).
Oficiando às fls. 209/211, o Ministério Público, parecer do
ilustre Subprocurador-Geral Mardem Costa Pinto, opina no
sentido do “conhecimento e concessão da ordem para anular o
HABEAS CORPUS 381

acórdão, na parte relativa à fixação da pena, para que outra seja


prolatada com observância do art. 14, parágrafo único, do Có-
digo Penal”.
Argumenta o parecer que a nulidade do acórdão decorre
do fato de “ter deixado de considerar a tentativa, na fixação da
pena, apesar de reconhecida na sentença que nesta parte não foi
impugnada pela acusação”.
É o relatório.
VOTO
O SR. MINISTRO CARLOS VELLOSO (Relator): -
Condenado em primeiro grau a 3 (três) dias-multa, como
incurso nas sanções do art. 155, § 2º, c/c o art. 14, II, ambos do
Código Penal, o paciente teve a pena agravada para 1 (um) ano
de reclusão e 10 (dez) dias-multa pela Décima Sexta Câmara do
TACRIM/SP, ao dar provimento à apelação do Ministério Pú-
blico.
Sustenta-se que houve omissão do acórdão do Tribunal a
quo que, na aplicação da pena, deixou de considerar a redução
obrigatória referente à tentativa (CPP, art. 14, parágrafo único).
A ordem é de ser concedida.
É que a sentença, na fixação da pena, levou em conta o
disposto no art. 14, II, do Código Penal, como se vê do trecho
abaixo transcrito:
“Ainda assim, ação penal procede apenas em parte por-
que há que se considerar que o pequeno valor da res furtiva, e
ainda a ausência de prejuízo à vítima recomendam a imposição,
tão-somente, da pena pecuniária, com esteio no artigo 155,
parágrafo 2º, do Código Penal, para tanto observando-se que o
réu é menor e primário, embora ostente antecedente
desabonador.
382 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Pena-base no mínimo legal, pois concorrem o antecedente


desabonador com a menoridade e com a confissão do réu.
Por todo o exposto, julgo parcialmente procedente a pre-
sente ação para condenar Reginaldo Pereira de Souza, qualificado
nos autos, como incurso no artigo 155, parágrafo 2º combinado
com o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, ao pagamento
de 03 (três) dias-multa, no valor do salário mínimo.” (fl. 130).
Ao recorrer da sentença, o Ministério Público impugnou
apenas o privilégio do § 2º do art. 155 do Código Penal. Assim
conclui o Ministério Público o seu recurso.
“III. Colenda Câmara. Douto Procurador de Justiça. Pe-
las razões ora expostas, pelo mais que consta dos autos e invo-
cando os sábios suprimentos de Vossas Excelências, esta Pro-
motoria de Justiça espera seja provido o presente recurso, para
o fim de ser cassado o privilégio do art. 155, § 2º, do Código
Penal, equivocadamente concedido ao apelado Reginaldo Pe-
reira de Souza, com a conseqüente adequação das penas im-
postas, mantendo-se, no mais, a respeitável sentença apelada.”
(fls. 138).
O Tribunal a quo deu provimento ao recurso do Ministério
Público, para afastar o privilégio do § 2º do art. 155 do Código
Penal, mas deixou de considerar a figura da tentativa. Está no
voto condutor do acórdão:
“Assim, afasto o privilégio e fixo a pena em 01 (um) ano de
reclusão e 10 (dez) dias-multa, no mínimo legal. Presentes os
requisitos do art. 77 do Código Penal, concede-se o sursis pelo
prazo de 02 (dois) anos, mediante as condições do art. 78, § 2º
do Código Penal, estabelecido o regime inicial aberto no caso de
sua revogação.” (fl. 150).
Do exposto, defiro, em parte, o writ para, mantida a con-
denação, anular o acórdão na parte relativa à fixação da pena,
HABEAS CORPUS 383

para que outro seja prolatado, observando-se o disposto no art.


14, parágrafo único, do Código Penal.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO: - Senhor
Presidente, entendo que o vício contamina toda a decisão. Por
isso, peço vênia ao nobre Ministro-Relator para anular o provi-
mento judicial como um todo.
Concedo a ordem em maior extensão.
É o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.155-5 - SP - Relator: Min. Carlos Velloso.
Pacte.: Reginaldo Pereira de Souza. Impte.: Waldir Francisco
Honorato Júnior. Coator: Tribunal de Alçada Criminal do Estado
de São Paulo.
Decisão: A Turma deferiu, em parte, o habeas corpus,
para anular o acórdão na parte em que fixou a pena, determinan-
do que nova decisão seja proferida, neste ponto, observado o
disposto no artigo 14, parágrafo único, do Código Penal, venci-
do, em parte, o Senhor Ministro Marco Aurélio, que deferia o
habeas corpus, em maior extensão, para anular integralmente o
acórdão. 2ª Turma, 09.06.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Mardem Costa
Pinto.
Carlos Alberto Cantanhede, Coordenador.
384 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 385

“HABEAS CORPUS” Nº 76.103-5 - RJ - (JSTF - Volu-


me 239 - Página 358)
Segunda Turma (DJ, 05.06.1998)
Relator: O Sr. Ministro Maurício Corrêa
Paciente: Vera Lúcia Reis Tanini
Impetrantes: Paulo Roberto Alves Ramalho e outro
Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
EMENTA: - “HABEAS CORPUS”. HOMICÍDIO DU-
PLAMENTE QUALIFICADO. PRONÚNCIA. FUNDA-
MENTAÇÃO QUANTO AO ACOLHIMENTO DAS
QUALIFICADORAS. PRECLUSÃO.
1. Se em sede de Habeas Corpus julgado pelo Supremo
Tribunal Federal a ordem foi parcialmente concedida “para que
se considere como fundamentação da pronúncia a que consta da
sentença proferida pelo juiz singular”, tornou-se inquestionável a
validade integral da mesma sentença, inclusive quanto à
admissibilidade das qualificadoras articuladas na denúncia.
2. Tendo o juiz afirmado haver indícios suficientes quanto
ao relacionamento amoroso entre a paciente e o co-réu, bem
como do ajuste para eliminação da vítima, é o que basta para
justificar a inclusão da qualificadora do motivo torpe. Também
não merece reparo o acolhimento da qualificadora do emprego
de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, em relação à
qual igualmente se entendeu existirem indícios suficientes para
autorizar a admissibilidade da acusação.
386 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

3. Matéria preclusa porquanto a tese trazida à colação não


foi suscitada em nenhum recurso interposto pela defesa.
4. Habeas corpus indeferido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Minis-
tros componentes da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal,
na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por
unanimidade de votos, indeferir o habeas corpus.
Brasília, 14 de abril de 1998.
NÉRI DA SILVEIRA, Presidente - MAURÍCIO
CORRÊA, Relator.
RELATÓRIO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA: - Cui-
da-se de habeas corpus, com pedido de medida liminar,
impetrado em favor de Vera Lúcia Reis Tanini, objetivando
desconstituir o acórdão proferido pela Primeira Câmara Crimi-
nal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro que, em
sede de recurso estrito interposto pela defesa, houve por bem
negar-lhe provimento para manter a sentença de pronúncia
prolatada pelo Juiz da Primeira Vara Criminal do Primeiro Tribu-
nal do Júri da Comarca da Capital daquele Estado. (fls. 24/26)
2. Sustentam os impetrantes que a paciente está sofrendo
constrangimento ilegal por parte daquela Corte porquanto o
decisum impugnado deixou de apreciar matéria de ordem públi-
ca atinente a vícios insanáveis da pronúncia, consistentes na falta
de fundamentação quanto ao acolhimento de duas
qualificadoras.
3. Os autos revelam que, pelo mesmo fato, a paciente veio
a ser condenada pelo mencionado Tribunal do Júri a 15 (quinze)
HABEAS CORPUS 387

anos de reclusão, como incursa nas penas do art. 121, § 2º, I e


IV, na forma do art. 29, c/c o art. 61, II, “e”, 4ª figura, todos do
Código Penal, cuja sentença resultou confirmada em sede de
apelação criminal interposta pela defesa, expedindo-se manda-
do de prisão (fls. 20/23)
4. Por isso, o pedido de concessão de liminar é no sentido
de serem sustados os efeitos do mandado de prisão expedido
contra a paciente, pretendendo o writ, finalmente, a anulação do
processo a partir da decisão de pronúncia.
5. Constata-se que em favor da mesma paciente foi
impetrado nesta Corte o Habeas Corpus nº 72.113, postulando
a nulidade do mesmo acórdão atacado no presente processo.
Embora sejam outros os argumentos ora trazidos à colação, fato
é que no julgamento do referido Habeas Corpus a ordem foi
parcialmente concedida “para que se considere como funda-
mentação da pronúncia a que consta da sentença proferida pelo
juiz singular”. (fls. 33/43)
6. Diante dessa decisão, não tendo como presente o
“fumus boni iuris”, indeferi o pedido de concessão de liminar.
(fls. 45/46)
7. Solicitadas as informações, prestou-as, às fls. 50/52, o
Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro.
8. Oficiando às fls. 54/56, o Ministério Público Federal,
em parecer da lavra do ilustre Subprocurador-Geral da Repúbli-
ca em exercício, Dr. Edson Oliveira de Almeida, opina pelo
indeferimento da ordem.
É o relatório.
VOTO
O SENHOR MINISTRO MAURÍCIO CORRÊA
(Relator): - Segundo as informações prestadas às fls. 50/52, nas
388 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

razões do Recurso em Sentido Estrito interposto pela ora paci-


ente não há qualquer menção a eventual nulidade da pronúncia,
tendo sido argüido, apenas, a insuficiência da prova para
embasar a respectiva decisão.
2. A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade, negou provimento
ao Recurso.
3. Alegando que tal decisum extrapolou os limites do
comedimento na fundamentação ao afirmar a certeza da versão
acusatória de modo a poder influenciar os membros do Júri, em
favor da ora paciente foi impetrado nesta Corte o Habeas
Corpus nº 72.113, relator o em. Ministro FRANCISCO
REZEK, postulando a nulidade do mesmo acórdão atacado no
presente writ.
4. Embora sejam outros os argumentos ora trazidos à
colação, fato é que no julgamento do referido Habeas Corpus a
ordem foi parcialmente concedida “para que se considere como
fundamentação da pronúncia a que consta da sentença proferida
pelo juiz singular”, conforme decisão unânime, com ementa do
seguinte teor:
“EMENTA: HABEAS CORPUS. SENTENÇA DE
PRONÚNCIA CONFIRMADA PELO TRIBUNAL A QUO.
COMEDIMENTO NECESSÁRIO NA LINGUAGEM. EX-
CESSO CONFIGURADO.
A sentença de pronúncia, lavrada com observância dos
limites de sobriedade impostos tanto pela doutrina quanto pela
jurisprudência, foi confirmada pelo tribunal de origem que, no
entanto, transformou num juízo de certeza o que deveria ser um
juízo fundado de suspeita. Precedente do STF sobre a hipótese
de excesso.
Ordem parcialmente concedida para que se considere como
fundamentação da pronúncia a que consta da sentença proferida
pelo juiz singular.” (Julgado em 30/05/95 - DJ 06/10/95).
HABEAS CORPUS 389

5. Entendo que a partir dessa decisão tornou-se


inquestionável a validade integral da fundamentação da sentença
de pronúncia.
6. Ainda que tal juízo não prevalecesse, sobreleva consi-
derar que, submetida a julgamento pelo Tribunal Popular, em 22/
10/96, ao lado de dois co-réus, a paciente foi condenada a 15
anos de reclusão, inexistindo na ata da respectiva sessão qual-
quer argüição de nulidade, em especial quanto à falta de funda-
mentação da pronúncia.
7. Acrescente-se que ao prolatar a sentença condenatória,
o Juiz Presidente do Tribunal do Júri, referindo-se à ora pacien-
te, fez constar que
“No terceiro quesito o Conselho de Sentença, por maioria
de quatro votos, reconheceu a participação da acusada.
Os Jurados no quarto e quinto quesitos, por maioria de
quatro votos, reconheceram as duas qualificadoras articuladas
contra a ré.
Por maioria de seis votos o Conselho de Sentença afirmou
que a acusada era casada com a vítima” (fls. 18).
8. Ora, é certo que o imperativo constitucional preconizan-
do que todas as decisões serão fundamentadas, sob pena de
nulidade, não excepciona a pronúncia. Esta, contudo, por tratar-
se de sentença meramente processual, portanto, sem fazer coisa
julgada, em que o juiz submete o réu a julgamento perante o
Tribunal do Júri, deve ser motivada no convencimento da exis-
tência do crime e de indícios de que o réu seja o seu autor (art.
408 do CPP). Daí exigir-se que sua linguagem, também sob
pena de nulidade por invadir o mérito, seja comedida, sem que o
juiz manifeste sua opinião a respeito do crime imputado ao réu.
9. Essa é a lição colhida da doutrina processual penal
arrimada na construção pretoriana que, atenta para a condição
390 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

de ato judicial proferido ainda na fase do judicium accusationis,


busca previamente preservar a soberania da decisão de Júri,
sem que seus membros sofram qualquer influência de adrede
juízo de certeza ou até de induzimento por parte do magistrado.
10. Isto é válido não só quanto à definição jurídica do
delito como inclusive para as suas qualificadoras, a respeito das
quais o inerente recato do magistrado deve ser observado com
cautelas mais rigorosas.
11. Pois foi exatamente com observância a tais apanágios
que a sentença atacada se comportou: o Juiz expôs o fato
antijurídico, acolheu a prova bastante a demonstrar a autoria e a
materialidade do delito, convenceu-se da existência de indícios
suficientes da participação da ré, externou os motivos do seu
convencimento e declarou os dispositivos penais em que a mes-
ma se achava incursa. (fls. 28/29). Ir além do que foi poderia
incorrer no mesmo vício em que incorreu o acórdão censurado
pelo julgamento do HC 72.113 porque deixou de observar os
limites de sobriedade na fundamentação.
12. Fundamentar uma decisão não significa tecer maior
elastério o juízo de convencimento, sobretudo em sede de pro-
núncia, dado que esta não pode comprometer a livre convicção
dos jurados.
13. Quanto à questão da admissibilidade das
qualificadoras, não há por que dizê-la destituída de fundamenta-
ção. O Juiz afirma haver nos autos indícios suficientes a demons-
trar o relacionamento amoroso entre a paciente e o co-réu, bem
como o ajuste entre ambos para o cometimento do homicídio,
acolhendo, sob essa justificativa, a inclusão da qualificadora do
motivo torpe. Relata também a presença de indícios de que o
crime ocorreu mediante recurso que impossibilitou a defesa da
vítima, pois esta, por volta de 0:30 minutos da madrugada, teria
HABEAS CORPUS 391

sido “surpreendida em sua própria casa e levada para local em


que foi executada”, motivo pelo qual igualmente acolheu a
qualificadora descrita no art. 121, § 2º, inciso IV, in fine, do
Código Penal.
14. Cito, a propósito, a ementa do acórdão proferido por
esta Corte quando do julgamento do HC 74.337, relator o em.
Ministro MARCO AURÉLIO:
“PRONÚNCIA - FUNDAMENTAÇÃO. A sentença
de pronúncia tem contornos que a distinguem do decreto
condenatório. Para tal juízo, suficiente, a teor do disposto no
artigo 408 do Código de Processo Penal, é a conclusão sobre a
existência do crime e de simples indícios de que o réu seja o
autor. Cumpre ao Tribunal do Júri concluir sobre o
envolvimento, ou não, do pronunciado.
SENTENÇA - FUNDAMENTAÇÃO -
QUALIFICADORA. A referência a incisos do § 2º do artigo
121 do Código Penal (homicídio qualificado) mostra-se valiosa
caso constem da sentença de pronúncia as circunstâncias que
foram levadas em consideração. É o que ocorre quando a hipó-
tese versa sobre motivo fútil, tendo sido revelado que o crime
decorreu de desavença, sem justificativa maior, no interior de
boate, sendo que os disparos foram feitos de forma surpreen-
dente para a vítima.” (DJU de 28/02/97).
15. Na hipótese do presente writ, vale repetir: as duas
qualificadoras já passaram pelo crivo do Júri Popular que, na sua
soberania, as reconheceu; ambas integram a sentença de pro-
núncia que já foi convalidada por decisão desta Corte que con-
cedeu a ordem “para que se considere como fundamentação da
pronúncia a que consta da sentença proferida pelo juiz singular”.
16. Ademais, ressalte-se que a matéria está preclusa, visto
que a tese trazida à colação não foi suscitada em nenhum recurso
392 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

interposto pela defesa, nem mesmo no julgado em sede de Re-


curso em Sentido Estrito.
17. Diante do exposto, indefiro a ordem de habeas corpus.
É o meu voto.
EXTRATO DE ATA
HC n. 76.103-5 - RJ - Relator: Min. Maurício Corrêa.
Pacte.: Vera Lúcia Reis Tanini. Imptes.: Paulo Roberto Alves
Ramalho e outro. Coator: Tribunal de Justiça do Estado do Rio
de Janeiro.
Decisão: Por unanimidade, a Turma indeferiu o habeas
corpus. Falou, pela paciente, o Dr. Paulo Ramalho. 2ª Turma,
14.04.98.
Presidência do Senhor Ministro Néri da Silveira. Presentes
à Sessão os Senhores Ministros Carlos Velloso, Marco Aurélio,
Maurício Corrêa e Nelson Jobim.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Cláudio Lemos
Fonteles.
Carlos Alberto Cantanhede, Secretário.
HABEAS CORPUS 393

LEGISLAÇÃO
394 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 395

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO


BRASIL
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que alguém so-
frer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou
habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-corpus e habeas-
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
cidadania.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
d) o habeas-corpus, sendo paciente qualquer das pessoas refe-
ridas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o
habeas-data contra atos do Presidente da República, das Mesas
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da República e do pró-
prio Supremo Tribunal Federal;
396 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

i) o habeas-corpus, quando o coator ou o paciente for tribunal,


autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamen-
te à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime
sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas-corpus, o mandado de segurança, o habeas-data e
o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tri-
bunais Superiores, se denegatória a decisão;
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
c) os habeas-corpus, quando o coator ou o paciente for qual-
quer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o coator
for Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas-corpus decididos em única ou última instância pe-
los Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória;
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os habeas-corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VII - os habeas-corpus, em matéria criminal de sua competência
ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos
não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e com-
petência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
HABEAS CORPUS 397

§ 3º. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral,


salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de
habeas-corpus ou mandado de segurança.
§ 4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente
caberá recurso quando:
V - denegarem habeas-corpus, mandado de segurança, habeas-
data ou mandado de injunção.
CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais perma-
nentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da Repúbli-
ca, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.
§ 2º. Não caberá habeas-corpus em relação a punições discipli-
nares militares.
398 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 399

LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965


Institui o Código Eleitoral
Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:
I - processar e julgar originariamente:
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria elei-
toral, relativos a atos do Presidente da República, dos Ministros
de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas
corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes
que o juiz competente possa prover sobre a impetração;
Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:
I - processar e julgar originariamente:
e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria elei-
toral, contra ato de autoridade que respondam perante os Tribu-
nais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de
recurso, os denegados ou concedidos pelos juízes eleitorais; ou,
ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a
violência antes que o juiz competente possa prover sobre a
impetração;
II - julgar os recursos interpostos:
a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas
eleitorais;
b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou
denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.
400 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Art. 35. Compete aos juízes:


III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria
eleitoral, desde que essa competência não esteja atribuída priva-
tivamente à instância superior;
Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas,
salvo os casos seguintes em que cabe recurso para o Tribunal
Superior:
II - ordinário:
a) quando versarem sobre expedição de diplomas nas eleições
federais e estaduais;
b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.
Art. 281. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior,
salvo as que declararem a invalidade de lei ou ato contrário à
Constituição Federal e as denegatórias de habeas corpus ou
mandado de segurança, das quais caberá recurso ordinário para
o Supremo Tribunal Federal, interposto no prazo de 3 (três)
dias.
HABEAS CORPUS 401

LEI COMPLEMENTAR Nº 35, DE 14 DE MARÇO DE


1979
Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
Art. 108. Poderão ser criados nos Estados, mediante proposta
dos respectivos Tribunais de Justiça, tribunais inferiores de se-
gunda instância, denominados Tribunais de Alçada, observados
os seguintes requisitos:
IV - limitar-se a competência do Tribunal de Alçada, em matéria
penal, a habeas corpus e recursos:
Art. 116. Quando o afastamento for por período igual ou superi-
or a 3 (três) dias, serão redistribuídos, mediante oportuna com-
pensação, os habeas corpus, os mandados de segurança e os
feitos que, consoante fundada alegação do interessado, recla-
mem solução urgente. Em caso de vagas, ressalvados esses
processos, os demais serão atribuídos ao nomeado para
preenchê-la.
402 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 403

REGIMENTO INTERNO STF


Art. 6º. Também compete ao Plenário:
I - processar e julgar originariamente:
a) o habeas corpus, quando for coator ou paciente o Presidente
da República, a Câmara, o Senado, o próprio Tribunal ou qual-
quer de seus Ministros, o Conselho Nacional da Magistratura, o
Procurador-Geral da República, ou quando a coação provier do
Tribunal Superior Eleitoral, ou, nos casos do art. 129, 2, da
Constituição, do Superior Tribunal Militar, bem assim quando se
relacionar com extradição requisitada por Estado estrangeiro;
c) os habeas corpus remetidos ao seu julgamento pelo relator;
d) o agravo regimental contra ato do Presidente e contra despa-
cho do Relator nos processos de sua competência;
III - julgar em recurso ordinário:
a) os habeas corpus denegados pelo Tribunal Superior Eleitoral
ou, nos casos do art. 129, § 2, da Constituição, pelo Superior
Tribunal Militar;
b) os habeas corpus denegados pelo Tribunal Federal de Recur-
sos, quando for coator Ministro de Estado;
Art. 9º. Além do disposto no art. 8, compete às Turmas:
I - processar e julgar originariamente:
a) o habeas corpus, quando o coator ou paciente for Tribunal,
funcionário ou autoridade, cujos atos estejam diretamente su-
404 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

bordinados à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se


tratar de crime sujeito à mesma jurisdição em única instância,
ressalvada a competência do Plenário;
II - julgar em recurso ordinário:
a) os habeas corpus denegados em única ou última instância
pelos tribunais locais ou federais, ressalvada a competência do
Plenário;
Art. 21. São atribuições do Relator:
XI - remeter habeas corpus ou recurso de habeas corpus ao
julgamento do Plenário;
Art. 52. O Procurador-Geral terá vista dos autos:
VIII - nos habeas corpus originários e nos recursos de habeas
corpus;
Art. 55. O registro far-se-á em numeração contínua e seriada em
cada uma das classes seguintes:
XIII - Habeas Corpus;
Art. 56. O Presidente resolverá, mediante instrução normativa,
as dúvidas que se suscitarem na classificação dos feitos, obser-
vando-se as seguintes normas:
I - na classe habeas corpus serão incluídos os pedidos originári-
os e os recursos, inclusive os da Justiça Eleitoral;
Art. 61. Cabe às partes prover o pagamento antecipado das
despesas dos atos que realizem ou requeiram no processo, fi-
cando o vencido, afinal, responsável pelas custas e despesas
pagas pelo vencedor.
§ 1º. Haverá isenção do preparo:
I - nos conflitos de jurisdição, nos habeas corpus e nos demais
processos criminais, salvo a ação penal privada;
HABEAS CORPUS 405

Art. 68. Em habeas corpus, mandado de segurança, reclama-


ção, extradição, conflitos de jurisdição e de atribuições, proce-
der-se-á à redistribuição, se o requerer o interessado, quando o
Relator estiver licenciado por mais de trinta dias.
§ 1º. Em caráter excepcional poderá o Presidente do Tribunal,
nos demais feitos, fazer uso da faculdade prevista neste artigo.
§ 2º. Em habeas corpus, a redistribuição poderá ser feita qual-
quer que seja o tempo da licença do Ministro.
§ 3º. Far-se-á compensação, salvo dispensa do Tribunal, quan-
do cessar a licença ou impedimento.
Art. 69. O conhecimento do mandado de segurança, do habeas
corpus e do recurso civil ou criminal torna preventa a competên-
cia do Relator, para todos os recursos posteriores, tanto na ação
quanto na execução, referentes ao mesmo processo.
Art. 77. Na distribuição de ação rescisória e de revisão criminal,
será observado o critério estabelecido no artigo anterior.
Parágrafo único. Tratando-se de recurso extraordinário eleitoral,
de habeas corpus contra ato do Tribunal Superior Eleitoral, ou de
recurso de habeas corpus denegado pelo mesmo Tribunal, serão
excluídos da distribuição, se possível, os Ministros que ali tenham
funcionado no mesmo processo, ou no processo originário.
Art. 83. A publicação da pauta de julgamento antecederá qua-
renta e oito horas, pelo menos, à sessão em que os processos
possam ser chamados.
III - o julgamento de habeas corpus, de conflitos de jurisdição
ou competência e de atribuições, de embargos declaratórios, de
agravo regimental e de agravo de instrumento.
Art. 145. Terão prioridade, no julgamento do Plenário, observa-
dos os artigos 128 a 130 e 138:
406 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

I - os habeas corpus;
Art. 146. O Presidente do Plenário não proferirá voto,
salvo:Parágrafo único. No julgamento do habeas corpus, pelo
Plenário, o Presidente não terá voto, salvo em matéria constitu-
cional, proclamando-se, na hipótese de empate, a decisão mais
favorável ao paciente.
Art. 149. Terão prioridade, no julgamento, observados os arti-
gos 128 a 130 e 138:
I - os habeas corpus;
Art. 150. O Presidente da Turma terá sempre direito a voto.
§ 3º. Nos habeas corpus e recursos em matéria criminal, exceto
o recurso extraordinário, havendo empate, prevalecerá a deci-
são mais favorável ao paciente ou réu.
TÍTULO VII
DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
CAPÍTULO I
DO HABEAS CORPUS
Art. 188. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber-
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Art. 189. O habeas corpus pode ser impetrado:
I - por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem;
II - pelo Ministério Público.
Art. 190. A petição de habeas corpus deverá conter:
I - o nome do impetrante, bem como o do paciente e do coator;
II - os motivos do pedido e, quando possível, a prova documen-
tal dos fatos alegados;
HABEAS CORPUS 407

III - a assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo, se não


souber ou não puder escrever.
Art. 191. O Relator requisitará informações do apontado coator
e, sem prejuízo do disposto no art. 21, IV e V, poderá:
I - sendo relevante a matéria, nomear advogado para acompa-
nhar e defender oralmente o pedido, se o impetrante não for
diplomado em direito;
II - ordenar diligências necessárias à instrução do pedido, no
prazo que estabelecer, se a deficiência deste não for imputável
ao impetrante;
III - determinar a apresentação do paciente à sessão do julga-
mento, se entender conveniente;
IV - no habeas corpus preventivo, expedir salvo-conduto em
favor do paciente, até decisão do feito, se houver grave risco de
consumar-se a violência.
Art. 192. Instruído o processo e ouvido o Procurador-Geral, em
dois dias, o Relator o colocará em mesa para julgamento na pri-
meira sessão da Turma ou do Plenário, observando-se, quanto à
votação, o disposto nos artigos 146, parágrafo único, e 150, 3.
Parágrafo único. Não se conhecerá do pedido se desautorizado
pelo paciente.
Art. 193. O Tribunal poderá, de ofício:
I - usar da faculdade prevista no art. 191, III;
II - expedir ordem de habeas corpus quando, no curso de qual-
quer processo, verificar que alguém sofre ou se acha ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder.
Art. 194. A decisão concessiva de habeas corpus será imedia-
tamente comunicada às autoridades a quem couber cumpri-la,
sem prejuízo da remessa de cópia autenticada do acórdão.
408 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Parágrafo único. A comunicação mediante ofício, telegrama ou


radiograma, bem como o salvo-conduto, em caso de ameaça de
violência ou coação, serão firmados pelo Presidente do Tribunal
ou da Turma.
Art. 195. Ordenada a soltura do paciente, em virtude de habeas
corpus, a autoridade que, por má fé ou evidente abuso de poder,
tiver determinado a coação será condenada nas custas, reme-
tendo-se ao Ministério Público traslado das peças necessárias à
apuração de sua responsabilidade penal.
Art. 196. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o
oficial de justiça ou a autoridade judiciária, policial ou militar que
embaraçarem ou procrastinarem o encaminhamento do pedido
de habeas corpus, as informações sobre a causa da violência,
coação ou ameaça, ou a condução e apresentação do paciente,
serão multados na forma da legislação processual vigente, sem
prejuízo de outras sanções penais e administrativas.
Art. 197. Havendo desobediência ou retardamento abusivo no
cumprimento da ordem de habeas corpus, por parte do detentor
ou carcereiro, o Presidente do Tribunal expedirá mandado de
prisão contra o desobediente e oficiará ao Ministério Público, a
fim de que promova a ação penal.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o Tribunal ou o seu
Presidente tomarão as providências necessárias ao cumprimento
da decisão, com emprego dos meios legais cabíveis, e determi-
narão, se necessário, a apresentação do paciente ao Relator ou
a magistrado local por ele designado.
Art. 198. As fianças que se tiverem de prestar perante o Tribunal,
em virtude de habeas corpus, serão processadas pelo Relator, a
menos que este delegue essa atribuição a outro magistrado.
Art. 199. Se, pendente o processo de habeas corpus, cessar a
violência ou coação, julgar-se-á prejudicado o pedido, poden-
HABEAS CORPUS 409

do, porém, o Tribunal declarar a ilegalidade do ato e tomar as


providências cabíveis para punição do responsável.
Art. 200. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo não amparado por habeas corpus, quando
a autoridade responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
estiver sob a jurisdição do Tribunal.
SEÇÃO II
DO RECURSO DE HABEAS CORPUS
Art. 310. O recurso ordinário para o Tribunal, das decisões
denegatórias de habeas corpus, será interposto no prazo de
cinco dias, nos próprios autos em que se houver proferido a
decisão recorrida, com as razões do pedido de reforma.
Art. 311. Distribuído o recurso, a Secretaria, imediatamente,
fará os autos com vista ao Procurador-Geral, pelo prazo de dois
dias. Conclusos ao Relator, este submeterá o feito a julgamento
do Plenário ou da Turma, conforme o caso.
Art. 312. Aplicar-se-á, no que couber, ao processamento do
recurso o disposto com relação ao pedido originário de habeas
corpus.
410 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 411

REGIMENTO INTERNO STJ


Art. 11. Compete à Corte Especial processar e julgar:
II - os habeas corpus, quando for paciente qualquer das pessoas
mencionadas no inciso anterior;
SEÇÃO IV
DA COMPETÊNCIA DAS SEÇÕES
Art. 12. Compete às Seções processar e julgar:
I - os mandados de segurança, os habeas corpus e os habeas
data contra ato de Ministro de Estado;
II - as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados
e das Turmas que compõem a respectiva área de especialização;
III - as reclamações para a preservação de suas competências e
garantia da autoridade de suas decisões e das Turmas;
IV - os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, res-
salvada a competência do Supremo Tribunal Federal (Constitui-
ção, artigo 102, I, “o”), bem assim entre Tribunal e Juízes a ele
não vinculados e Juízes vinculados a Tribunais diversos;
V - os conflitos de competência entre relatores e Turmas inte-
grantes da Seção;
VI - os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas
e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um
Estado e administrativas de outro, ou do Distrito Federal, ou
entre as deste e da União;
412 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

VII - as questões incidentes em processos da competência das


Turmas da respectiva área de especialização, as quais lhes te-
nham sido submetidas por essas;
VIII - as suspeições e os impedimentos levantados contra os
Ministros, salvo em se tratando de processo da competência da
Corte Especial;
IX - os incidentes de uniformização de jurisprudência, quando
ocorrer divergência na interpretação do direito entre as Turmas
que as integram, fazendo editar a respectiva súmula.
Parágrafo único. Compete, ainda, às Seções:
I - julgar embargos infringentes e de divergência (artigos 260 e
266, 1ª parte);
II - julgar feitos de competência de Turma, e por esta remetidos
(art. 14);
III - sumular a jurisprudência uniforme das Turmas da respectiva
área de especialização e deliberar sobre a alteração e o cancela-
mento de súmulas.
Art. 13. Compete às Turmas:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os habeas corpus, quando for coator Governador de Estado e
do Distrito Federal, Desembargador dos Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal, membro dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, dos Tribunais Regio-
nais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do
Ministério Público da União que oficie perante Tribunais;
b) os habeas corpus, quando o coator for Tribunal cujos atos
estejam diretamente subordinados à jurisdição do Superior Tri-
bunal de Justiça.
HABEAS CORPUS 413

II - julgar em recurso ordinário:


a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão.
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão.
III - julgar as apelações e os agravos nas causas em que forem
partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado,
e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
IV - julgar, em recurso especial, as causas decididas em única ou
última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tri-
bunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de
lei federal;
c) der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro Tribunal.
Art. 14. As Turmas remeterão os feitos de sua competência à
Seção de que são integrantes:
I - quando algum dos Ministros propuser revisão da jurisprudên-
cia assentada em Súmula pela Seção;
II - quando convier pronunciamento da Seção, em razão da
relevância da questão, e para prevenir divergência entre as Tur-
mas da mesma Seção;
III - nos incidentes de uniformização de jurisprudência (art.
118).
414 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Parágrafo único. A remessa do feito à Seção far-se-á indepen-


dentemente de acórdão, salvo no caso do item III (art. 118, § 1º).
Art. 54. Quando o afastamento for por período superior a três
dias, serão redistribuídos, mediante oportuna compensação:
a) os habeas corpus;
Art. 64. O Ministério Público terá vista dos autos:
I - nas argüições de inconstitucionalidade;
II - nos incidentes de uniformização de jurisprudência;
III - nos mandados de segurança, mandados de injunção,
habeas corpus e habeas data, originários ou em grau de recurso;
Art. 67. O registro far-se-á em numeração contínua e seriada em
cada uma das classes seguintes:
XI - Habeas Corpus (HC);
XXVI - Recurso em Habeas Corpus (RHC);
II - na classe Recurso Especial (REsp), incluem-se os recursos
especiais de modo geral: cíveis, criminais, em mandado de segu-
rança e em habeas corpus;
IV - as classes Recurso em Habeas Corpus (RHC) e Recurso
em Mandado de Segurança (RMS) compreendem os recursos
ordinários interpostos na forma do disposto no art. 105, II, “a” e
“b”, da Constituição;
Art. 71. A distribuição do mandado de segurança, do habeas
corpus e do recurso torna preventa a competência do relator
para todos os recursos posteriores, tanto na ação quanto na
execução referentes ao mesmo processo; e a distribuição do
inquérito e da notícia-crime, bem como a realizada para efeito da
concessão de fiança ou de decretação de prisão preventiva ou
de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa, prevenirá a
da ação penal.
HABEAS CORPUS 415

Art. 83. Suspendem-se as atividades judicantes do Tribunal nos


feriados, nas férias coletivas e nos dias em que o Tribunal o
determinar.
§ 1º. Nas hipóteses previstas neste artigo, poderá o Presidente
ou seu substituto legal decidir pedidos de liminar em mandado de
segurança e habeas corpus, determinar liberdade provisória ou
sustação de ordem de prisão, e demais medidas que reclamem
urgência.
Art. 91. Independem de pauta:
I - o julgamento de habeas corpus e recursos de habeas corpus,
conflitos de competência e de atribuições, embargos
declaratórios, agravo regimental e exceção de suspeição e impe-
dimento;
Art. 177. Terão prioridade no julgamento da Seção:
I - as causas criminais, havendo réu preso;
II - os habeas corpus;
III - o mandado de segurança e o habeas data;
IV - os conflitos de competência e de atribuições.
Art. 180. Terão prioridade no julgamento das Turmas:
I - as causas criminais, havendo réu preso;
II - os habeas corpus.
Art. 181. A decisão da Turma será tomada pelo voto da maioria
absoluta dos seus membros.
§ 4º. No habeas corpus e no recurso em habeas corpus, haven-
do empate, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 201. O relator requisitará informações do apontado coator,
no prazo que fixar, podendo, ainda:
416 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

I - nomear advogado para acompanhar e defender oralmente o


pedido, se o impetrante não for bacharel em Direito;
II - ordenar diligências necessárias à instrução do pedido;
III - se convier ouvir o paciente, determinar sua apresentação à
sessão de julgamento;
IV - no habeas corpus preventivo, expedir salvo-conduto em
favor do paciente, até decisão do feito, se houver grave risco de
consumar-se a violência.
Art. 202. Instruído o processo e ouvido o Ministério Público, em
dois dias, o relator o colocará em mesa para julgamento, na
primeira sessão da Turma, da Seção ou da Corte Especial.
§ 1º. Opondo-se o paciente, não se conhecerá do pedido.
§ 2º. Às comunicações de prisão aplicam-se o procedimento
previsto neste artigo e, no que couber, as disposições do presen-
te capítulo.
Art. 203. O Tribunal poderá, de ofício:
I - se convier ouvir o paciente, determinar sua apresentação à
sessão de julgamento;
II - expedir ordem de habeas corpus, quando, no curso de
qualquer processo, verificar que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal.
Art. 204. A decisão concessiva de habeas corpus será imediata-
mente comunicada às autoridades a quem couber cumpri-la,
sem prejuízo da remessa de cópia do acórdão.
§ 1º. A comunicação, mediante ofício ou telegrama, bem como o
salvo-conduto, em caso de ameaça de violência ou coação,
serão firmados pelo Presidente do órgão julgador que tiver con-
cedido a ordem.
HABEAS CORPUS 417

§ 2º. Na hipótese de anulação do processo, poderá o Tribunal


ou o Juiz aguardar o recebimento da cópia do acórdão para
efeito de renovação dos atos processuais.
Art. 205. Ordenada a soltura do paciente, em virtude de habeas
corpus, a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de po-
der, tiver determinado a coação, será condenada nas custas,
remetendo-se ao Ministério Público traslado das peças necessá-
rias à propositura da ação penal.
Art. 206. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o
oficial de justiça ou a autoridade judiciária, policial ou militar, que
embaraçarem ou procrastinarem o encaminhamento do pedido
de habeas corpus, ou as informações sobre a causa da violência,
coação ou ameaça, serão multados na forma da legislação pro-
cessual vigente, sem prejuízo de outras sanções penais ou admi-
nistrativas.
Art. 207. Havendo desobediência ou retardamento abusivo no
cumprimento da ordem de habeas corpus, de parte do detentor
ou carcereiro, o Presidente do Tribunal, Seção ou da Turma
expedirá mandado contra o desobediente e oficiará ao Ministé-
rio Público, a fim de que promova a ação penal.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a Seção, a Turma ou
respectivo Presidente tomará as providências necessárias ao
cumprimento da decisão, com emprego dos meios legais cabí-
veis, e determinará, se necessário, a apresentação do paciente
ao relator ou ao Juiz por ele designado.
Art. 208. As fianças que tiverem de ser prestadas perante o
Tribunal serão processadas e julgadas pelo relator, a menos que
este delegue essa atribuição a outro magistrado.
Art. 209. Se, pendente o processo de habeas corpus, cessar a
violência ou coação, julgar-se-á prejudicado o pedido, poden-
418 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

do, porém, o Tribunal declarar a ilegalidade do ato e tomar as


providências cabíveis para punição do responsável.
Art. 210. Quando o pedido for manifestamente incabível, ou for
manifesta a incompetência do Tribunal para dele tomar conheci-
mento originariamente, ou for reiteração de outro com os mes-
mos fundamentos, o relator o indeferirá liminarmente.
Art. 215. Os processos de mandado de segurança terão priori-
dade sobre todos os feitos, salvo habeas corpus.
SEÇÃO I
DO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS
Art. 244. O recurso ordinário em habeas corpus será interposto
na forma e no prazo estabelecidos na legislação processual vi-
gente.
Art. 245. Distribuído o recurso, a Secretaria fará os autos com
vista ao Ministério Público pelo prazo de dois dias.
Parágrafo único. Conclusos os autos ao relator, este submeterá
o feito a julgamento na primeira sessão que se seguir à data da
conclusão.
Art. 246. Será aplicado, no que couber, ao processo e julga-
mento do recurso, o disposto com relação ao pedido originário
de habeas corpus (artigos 201 e seguintes).
HABEAS CORPUS 419

Exposição de Motivos do Código de Processo Penal


DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 03.10.1941
O RECURSO “EX OFFICIO’’ DA CONCESSÃO DE
“HABEAS CORPUS’’ NA PRIMEIRA INSTÂNCIA
XV - O projeto determina o recurso ex officio da sentença
proferida pelos juízes inferiores concedendo habeas corpus.
Não é exato que a Constituição vigente tenha suprimido, implici-
tamente, essa providência de elementar cautela de administração
da justiça penal. A opinião contrária levaria a admitir que tais
sentenças são atualmente irrecorríveis, pois delas, pela mesma
lógica, não caberia recurso do Ministério Público, ainda que se
tornasse obrigatória a intervenção deste nos processos de
habeas corpus.
A Constituição, em matéria de processo de habeas corpus, limi-
ta-se a dispor que das decisões denegatórias desse remedium
juris, proferidas “em última ou única instância’’, há recurso ordi-
nário para o Supremo Tribunal Federal.
A última instância, a que se refere o dispositivo constitucional, é
o Tribunal de Apelação, sendo evidente que, salvo os casos de
competência originária deste, a decisão denegatória de habeas
corpus, de que há recurso para o Supremo Tribunal, pressupõe
um anterior recurso, do juiz inferior para o Tribunal de Apelação.
Ora, se admitiu recurso para o Tribunal de Apelação, da senten-
ça do juiz inferior no caso de denegação do habeas corpus, não
seria compreensível que a Constituição, visceralmente informada
no sentido da incontrastável supremacia do interesse social, se
propusesse à abolição do recurso ex officio, para o mesmo
420 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Tribunal de Apelação, da decisão concessiva do habeas corpus,


também emanada do juiz inferior, que passaria a ser, em tal caso,
instância única. É facilmente imaginável o desconchavo que daí
poderia resultar. Sabe-se que um dos casos taxativos de con-
cessão de habeas corpus é o de não constituir infração penal o
fato que motiva o constrangimento à liberdade de ir e vir. E não
se poderia conjurar, na prática, a seguinte situação aberrante: o
juiz inferior, errada ou injustamente, reconhece penalmente lícito
o fato imputado ao paciente, e, em conseqüência, não somente
ser este posto em liberdade, como também impedido o prosse-
guimento da ação penal, sem o pronunciamento da segunda
instância.
Não se pode emprestar à Constituição a intenção de expor a
semelhante desgarantia o interesse da defesa social. O que ela
fez foi apenas deixar bem claro que das decisões sobre habeas
corpus, proferidas pelos Tribunais de Apelação, como última ou
única instância, somente caberá recurso para o Supremo Tribu-
nal quando denegatórias. No caso de decisão denegatória, não
se tratando de habeas corpus originário de tribunal de apelação,
haverá, excepcionalmente, três instâncias; se a decisão, porém,
é concessiva da medida, duas apenas, segundo a regra geral,
serão as instâncias.
HABEAS CORPUS 421

Código de Processo Penal


DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941
Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os se-
guintes casos, em que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na exis-
tência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de
pena, nos termos do art. 411.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despa-
cho ou sentença:
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de
habeas corpus, e nas apelações interpostas das sentenças em
processo de contravenção ou de crime a que a lei comine pena
de detenção, os autos irão imediatamente com vista ao procura-
dor-geral pelo prazo de 5 (cinco) dias, e, em seguida, passarão,
por igual prazo, ao relator, que pedirá designação de dia para o
julgamento.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e
apregoadas as partes, com a presença destas ou à sua revelia, o
relator fará a exposição do feito e, em seguida, o presidente
concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos advo-
gados ou às partes que a solicitarem e ao procurador-geral,
quando o requerer, por igual prazo.
Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator,
serão julgados na primeira sessão.
422 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua
liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que deter-
mina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para
fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos
em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdi-
ção, fará passar imediatamente a ordem impetrada, nos casos
em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de
habeas corpus:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no art.
101, I, g, da Constituição;
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência
ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores
dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a
seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
HABEAS CORPUS 423

§ 1º. A competência do juiz cessará sempre que a violência ou


coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior
jurisdição.
§ 2º. Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa,
atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor perten-
cente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu
recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompa-
nhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verifica-
do, ou se a prisão exceder o prazo legal.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá
termo ao processo, desde que este não esteja em conflito com
os fundamentos daquela.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de
nulidade do processo, este será renovado.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas
corpus, será condenada nas custas a autoridade que, por má-fé
ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Públi-
co cópia das peças necessárias para ser promovida a responsa-
bilidade da autoridade.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer
pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público.
§ 1º. A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer
violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou
ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de
simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor;
424 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando


não souber ou não puder escrever, e a designação das respecti-
vas residências.
§ 2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de
ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo
verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coa-
ção ilegal.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o
oficial de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que emba-
raçar ou procrastinar a expedição de ordem de habeas corpus,
as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresen-
tação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de
duzentos mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em
que incorrer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal que
julgar o habeas corpus, salvo quando se tratar de autoridade
judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou
ao Tribunal de Apelação impor as multas.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar
necessário, estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja
imediatamente apresentado em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido
mandado de prisão contra o detentor, que será processado na
forma da lei, e o juiz providenciará para que o paciente seja
tirado da prisão e apresentado em juízo.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a
sua apresentação, salvo:
I - grave enfermidade do paciente;
II - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a
detenção;
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz
ou pelo tribunal.
HABEAS CORPUS 425

Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se


encontrar, se este não puder ser apresentado por motivo de
doença.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente
estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violên-
cia ou coação ilegal, julgará prejudicado o pedido.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz
decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º. Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em
liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2º. Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a
ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse
imediatamente o constrangimento.
§ 3º. Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente
admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que
poderá ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, à auto-
ridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inqué-
rito policial ou aos do processo judicial.
§ 4º. Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar
ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente sal-
vo-conduto assinado pelo juiz.
§ 5º. Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade
que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição,
a fim de juntar-se aos autos do processo.
§ 6º. Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o
da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará
de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas
as formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo único, in
fine, ou por via postal.
426 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de


Apelação, a petição de habeas corpus será apresentada ao se-
cretário, que a enviará imediatamente ao presidente do tribunal,
ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou
primeiro tiver de reunir-se.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o
presidente, se necessário, requisitará da autoridade indicada
como coatora informações por escrito. Faltando, porém, qual-
quer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo,
logo que lhe for apresentada a petição.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas,
se o presidente entender que o habeas corpus deve ser indeferi-
do in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou
turma, para que delibere a respeito.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas
corpus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto,
adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos.
Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na
votação, proferirá voto de desempate; no caso contrário, preva-
lecerá a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada
pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por
ofício ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade
que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá
ao disposto no art. 289, parágrafo único, in fine.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelece-
rão as normas complementares para o processo e julgamento do
pedido de habeas corpus de sua competência originária.
HABEAS CORPUS 427

Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de com-


petência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como nos
de recurso das decisões de última ou única instância,
denegatórias de habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for
aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimen-
to interno do tribunal estabelecer as regras complementares.
Art. 809. A estatística judiciária criminal, a cargo do Instituto de
Identificação e Estatística ou repartições congêneres, terá por
base o boletim individual, que é parte integrante dos processos e
versará sobre:
X - as concessões ou denegações de habeas corpus.
428 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 429

Código de Processo Penal Militar


DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969
CAPÍTULO VI
DO HABEAS CORPUS
Cabimento da medida
Art. 466. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liber-
dade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Exceção
Parágrafo único. Excetuam-se, todavia, os casos em que a ame-
aça ou a coação resultar:
a) de punição aplicada de acordo com os Regulamentos Disci-
plinares das Forças Armadas;
b) de punição aplicada aos oficiais e praças das Polícias e dos
Corpos de Bombeiros, Militares, de acordo com os respectivos
Regulamentos Disciplinares;
c) da prisão administrativa, nos termos da legislação em vigor, de
funcionário civil responsável para com a Fazenda Nacional, pe-
rante a administração militar;
d) da aplicação de medidas que a Constituição do Brasil autoriza
durante o estado de sítio;
e) nos casos especiais previstos em disposição de caráter cons-
titucional.
430 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Abuso de poder e ilegalidade. Existência


Art. 467. Haverá ilegalidade ou abuso de poder:
a) quando o cerceamento da liberdade for ordenado por quem
não tinha competência para tal;
b) quando ordenado ou efetuado sem as formalidades legais;
c) quando não houver justa causa para a coação ou constrangi-
mento;
d) quando a liberdade de ir e vir for cerceada fora dos casos
previstos em lei;
e) quando cessado o motivo que autorizava o cerceamento;
f) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determi-
na a lei;
g) quando alguém estiver processado por fato que não constitua
crime em tese;
h) quando estiver extinta a punibilidade;
i) quando o processo estiver evidentemente nulo.
Concessão após sentença condenatória
Art. 468. Poderá ser concedido habeas corpus, não obstante já
ter havido sentença condenatória:
a) quando o fato imputado, tal como estiver narrado na denún-
cia, não constituir infração penal;
b) quando a ação ou condenação já estiver prescrita;
c) quando o processo for manifestamente nulo;
d) quando for incompetente o juiz que proferiu a condenação.
Competência para a concessão
Art. 469. Compete ao Superior Tribunal Militar o conhecimento
do pedido de habeas corpus.
HABEAS CORPUS 431

Pedido. Concessão de ofício


Art. 470. O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer
pessoa em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério
Público. O Superior Tribunal Militar pode concedê-lo de ofício,
se, no curso do processo submetido à sua apreciação, verificar a
existência de qualquer dos motivos previstos no art. 467.
Rejeição do pedido
§ 1º. O pedido será rejeitado se o paciente a ele se opuser.
Competência ad referendum do Superior Tribunal Militar
§ 2º. (Revogado pela Lei nº 8.457, de 4.9.1992.)
Petição. Requisitos
Art. 471. A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer
violência ou coação e o de quem é responsável pelo exercício da
violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de
ameaça de coação, as razões em que o impetrante funda o seu
temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando
não souber ou não puder escrever, e a designação das respecti-
vas residências.
Forma do pedido
Parágrafo único. O pedido de habeas corpus pode ser feito por
telegrama, com as indicações enumeradas neste artigo e a trans-
crição literal do reconhecimento da firma do impetrante, por
tabelião.
Pedido de informações
432 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Art. 472. Despachada a petição e distribuída, serão, pelo


relator, requisitadas imediatamente informações ao detentor ou a
quem fizer a ameaça, que deverá prestá-las dentro do prazo de
cinco dias, contados da data do recebimento da requisição.
Prisão por ordem de autoridade superior
§ 1º. Se o detentor informar que o paciente está preso por
determinação de autoridde superior, deverá indicá-la, para que a
esta sejam requisitadas as informações, a fim de prestá-las na
forma mencionada no preâmbulo deste artigo.
Soltura ou remoção do preso
§ 2º. Se informar que não é mais detentor do paciente, deverá
esclarecer se este já foi solto ou removido para outra prisão. No
primeiro caso, dirá em que dia e hora; no segundo, qual o local
da nova prisão.
Vista ao procurador-geral
§ 3º. Imediatamente após as informações, o relator, se as julgar
satisfatórias, dará vista do processo, por quarenta e oito horas,
ao procurador-geral.
Julgamento do pedido
Art. 473. Recebido de volta o processo, o relator apresentá-lo-
á em mesa, sem demora, para o julgamento, que obedecerá ao
disposto no Regimento Interno do Tribunal.
Determinação de diligências
Art. 474. O relator ou o Tribunal poderá determinar as diligênci-
as que enteder necessárias, inclusive a requisção do processo e
apresentação do paciente, em dia e hora que designar.
Apresentação obrigatória do preso
Art. 475. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará o
detentor de apresentá-lo, salvo:
HABEAS CORPUS 433

a) enfermidade que lhe impeça a locomoção ou a não aconselhe,


por perigo de agravamento do seu estado mórbido;
b) não estar sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção.
Diligência no local da prisão
Parágrafo único. Se o paciente não puder ser apresentado por
motivo de enfermidade, o relator poderá ir ao local em que ele se
encontrar; ou, por proposta sua, o Tribunal, mediante ordem
escrita, poderá determinar que ali compareça o seu secretário
ou, fora da Circunscrição Judiciária de sua sede, o auditor que
designar, os quais prestarão as informações necessárias, que
constarão do processo.
Prosseguimento do processo
Art. 476. A concessão de habeas corpus não obstará o proces-
so nem lhe porá termo, desde que não conflite com os funda-
mentos da concessão.
Renovação do processo
Art. 477. Se o habeas corpus for concedido em virtude de
nulidade do processo, será este renovado, salvo se do seu exa-
me se tornar evidente a inexistência de crime.
Forma da decisão
Art. 478. As decisões do Tribunal sobre habeas corpus serão
lançadas em forma de sentença nos autos. As ordens necessári-
as ao seu cumprimento serão, pelo secretário do Tribunal,
expedidas em nome do seu presidente.
Salvo-conduto
Art. 479. Se a ordem de habeas corpus for concedida para
frustrar ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paci-
ente salvo-conduto, assinado pelo presidente do Tribunal.
434 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Sujeição a processo
Art. 480. O detentor do preso ou responsável pela sua detenção
ou quem quer que, sem justa causa, embarace ou procrastine a
expedição de ordem de habeas corpus, as informações sobre a
causa da prisão, a condução e apresentação do paciente, ou
desrespeite salvo-conduto expedido de acordo com o artigo
anterior, ficará sujeito a processo pelo crime de desobediência a
decisão judicial.
Promoção da ação penal
Parágrafo único. Para esse fim, o presidente do Tribunal oficiará
ao procurador-geral para que este promova ou determine a
ação penal, nos termos do art. 28, letra c.
Art. 563. Cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal:
b) das decisões denegatórias de habeas corpus;
CAPÍTULO VIII
DO RECURSO DAS DECISÕES DENEGATÓRIAS DE
“HABEAS CORPUS’’
Recurso em caso de habeas corpus
Art. 568. O recurso da decisão denegatória de habeas corpus é
ordinário e deverá ser interposto nos próprios autos em que
houver sido lançada a decisão recorrida.
Subida ao Supremo Tribunal Federal
Art. 569. Os autos subirão ao Supremo Tribunal Federal logo
depois de lavrado o termo de recurso, com os documentos que
o recorrente juntar à sua petição, dentro do prazo de quinze
dias, contado da intimação do despacho, e com os esclareci-
mentos que ao presidente do Superior Tribunal Militar ou ao
procurador-geral parecerem convenientes.
HABEAS CORPUS 435

Art. 705. O recurso de embargos, nos processos originários,


seguirá as normas estabelecidas para a apelação.
Não-cabimento de habeas corpus ou revisão
Art. 706. Não haverá habeas corpus, nem revisão.
436 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 437

LEI Nº 8.038, DE 28 DE MAIO DE 1990


Institui normas procedimentais para os processos que espe-
cífica, perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo
Tribunal Federal.
CAPÍTULO IV
HABEAS CORPUS
Art. 23. Aplicam-se aos habeas corpus perante o Superior Tri-
bunal de Justiça as normas do Livro III, Título II, Capítulo X do
Código de Processo Penal.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS
Art. 30. O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça,
das decisões denegatórias de habeas corpus proferidas pelos
tribunais regionais federais ou pelos Tribunais dos Estados e do
Distrito Federal, será interposto no prazo de cinco dias, com as
razões do pedido de reforma.
Art. 31. Distribuído o recurso, a Secretaria, imediatamente, fará
os autos com vista ao Ministério Público, pelo prazo de dois
dias.
Parágrafo único. Conclusos os autos ao relator, este submeterá
o feito a julgamento independentemente de pauta.
Art. 32. Será aplicado, no que couber, ao processo e julgamento
do recurso, o disposto com relação ao pedido originário de
habeas corpus.
438 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 439

Habeas Corpus - Vista ao MP


DECRETO-LEI Nº 522, DE 25 DE ABRIL DE 1969
Dispõe sobre a concessão de vista ao Ministério Público nos
processos de habeas corpus.
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe con-
fere o § 1º. do art. 2º. do Ato Institucional nº 5, de 13 de
dezembro de 1968, decreta:
Art. 1º. Ao Ministério Público será sempre concedida, nos tribu-
nais federais ou estaduais, vista dos autos relativos a processos
de habeas corpus, originários ou em grau de recurso pelo prazo
de 2 (dois) dias.
§ 1º. Findo esse prazo, os autos, com ou sem parecer, serão
conclusos ao relator para julgamento, independentemente de
pauta.
§ 2º. A vista ao Ministério Público será concedida após a pres-
tação das informações pela autoridade coatora, salvo se o
relator entender desnecessário solicitá-las, ou se, solicitadas,
não tiverem sido prestadas.
§ 3º. No julgamento dos processos a que se refere este artigo
será assegurada a intervenção oral do representante do Ministé-
rio Público.
Art. 2º. Este Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publi-
cação, revogados o art. 611 do Código de Processo Penal e
demais disposições em contrário.
440 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Brasília, 25 de abril de 1969; 148º da Independência e 81º da


República.
A. COSTA E SILVA
HABEAS CORPUS 441

SÚMULAS DO STF

208 - O assistente do Ministério Público não pode recorrer,


extraordinariamente, de decisão concessiva de habeas-corpus
(D. Proc. Pen.) (V. Súmula nº 210.)
299 - O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mes-
mo processo de mandado de segurança, ou de habeas-corpus,
serão julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno. (STF.)
319 - O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal
Federal, em habeas-corpus ou mandado de segurança, é de
cinco dias. (D. Proc. Civ.; D. Proc. Pen.; STF.)
344 - Sentença de primeira instância concessiva de habeas-
corpus, em caso de crime praticado em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União, está sujeita a recurso ex-officio.
(D.C.; D. Proc. Pen.)
395 - Não se conhece do recurso de habeas-corpus cujo objeto
seja resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em
causa a liberdade de locomoção. (D.C.; D. Proc. Pen.)
431 - É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda ins-
tância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta. salvo em
habeas-corpus. (D. Proc. Pen.; STF.)
606 - Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno
de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas
corpus ou no respectivo recurso. (D.C.; D. Proc. Pen.; STF)
442 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 443

SÚMULAS DO TRF 1ª REGIÃO

SÚMULA Nº 10
Compete ao Tribunal Regional Federal conhecer de habeas
corpus quando o coator for Juiz do Trabalho.
444 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 445

PRÁTICA
446 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 447

MODELO Nº 1
SALVO CONDUTO PARA IMPEDIR PRISÃO
IMINENTE - HABEAS CORPUS

EXMº SR. JUIZ DE DIREITO DA ......VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE .............

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° ........


, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVI e LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 654,
§ 1º “b” e 660 § 4º, vem, mui respeitosamente, impetrar
esta ordem de “habeas corpus” em favor do paciente
................... brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............
residente e domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua
.............. n° ....., figurando no polo passivo, como
autoridade coatora o Delegado Titular do ..... Distrito
Policial desta Cidade, pelos fatos e razões a seguir
expostos.
1 - Este “WRIT” objetiva a obtenção de salvo
conduto em benefício do paciente, que se encontra na
iminência de ser preso, temporariamente, com base na
Lei n° 7960/89.
2 - O paciente foi acusado de ter praticado crime
contra o sistema financeiro, conforme está noticiando a
imprensa sensacionalista, à falta de matéria mais idônea,
448 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

não se levando em conta a Constituição Federal, art. 5°


LVII, onde “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Por conta das notícias jornalísticas, o titular do ...
Distrito Policial, vem alardeando que existe necessidade
da prisão temporária do ora paciente, caracterizando-se
assim grave ameaça de que o mesmo venha sofrer
limitação em seu direito de ir, vir e ficar.
3 - O paciente é casado, tem filhos, trabalho e
residência fixa, portador do RG n° .... e do CPF .....
4 - Pede e espera a expedição da ordem de salvo
conduto, preservando-se o direito fundamental da
liberdade física do paciente, que se faça as
comunicações necessárias à ilustre autoridade coatora e
à a autoridade judiciária de plantão.
Termos em que,
Pede e espera conhecimento, processamento e
acolhimento como medida de inteira justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 449

MODELO Nº 2
TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL -
HABEAS CORPUS

EXMº SR. JUIZ DE DIREITO DA ...... VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE .........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° .......,


CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647, ss, vem,
mui respeitosamente, impetrar esta ordem de “habeas
corpus” em favor do paciente ................... brasileiro,
casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e domiciliado
nesta Cidade de ............ na Rua .............. n° ...., figurando
no polo passivo, como autoridade coatora o Delegado
Titular do ..... Distrito Policial desta Cidade, que está
presidindo o inquérito policial sob n° ...., ao qual não está
presente o requisito de justa causa.
1 - Objetiva-se com este, obter ordem judiciária
determinando à ilustre autoridade policial titular do ....
Distrito Policial desta Cidade que pare as investigações
tendo por objeto o inquérito policial sob n° .... onde
figura como indiciado o ora paciente.
2 - A causa de pedir, baseia-se na falta de provas do
que se alega, sem o menor resquício de prova indiciária,
conseqüente apenas do arbítrio ou abuso de poder da
450 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

autoridade policial, talvez envolvida, inconscientemente,


pelo interesse político e pessoal dos que atuam na
Administração Pública e pela imprensa sencionalista ...
3 - Pede-se espera-se que esta ordem seja
concedida, requisitadas as informações da autoridade
coatora, seguindo-se o trancamento do inquérito policial
sob n.º ..... que tramita perante a ...... Delegacia de Polícia
desta Cidade, cumpridas as necessárias formalidades
legais.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 451

MODELO Nº 3
REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA -
HABEAS CORPUS

EXMº SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO ESTADO DE ...............

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° ........


, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647 e ss,
vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua .............. n.
56, figurando no polo passivo, como autoridade coatora
o M.M. Juiz de Direito Titular da ..... Vara Criminal desta
Comarca, por onde tramita o processo criminal nº .........,
porque está o paciente está ameaçado de ser preso,
sofrendo manifesta coação em sua liberdade de ir, vir e
ficar, em razão de r. despacho onde se decreta sua prisão
preventiva.
1 - Este “WRIT” tem por objeto a obtenção de
ordem judiciária, para se revogar o decreto de prisão
preventiva para que o paciente possa responder em
liberdade ao processo crime n° ......
452 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

2 - (Resumir o processo).
3 - Pede-se que o paciente responda o processo
n°..., em liberdade, pois o mesmo é casado, tem filhos,
está empregado na empresa...., conforme documento
anexo, tem residência fixa (doc. ..), não possui
antecedentes criminais, é de boa paz e não constitui
ameaça ã ordem pública, tanto, que facilitou a colheita de
provas feita no inquérito policial, comparecendo todas as
vezes na delegacia, quando intimado e está radicado no
distrito da culpa.
4 - Pede-se e espera-se que essa Corte digne-se
requisitar as informações que entender necessárias,
enviando a cópia que acompanha este pedido devendo
receber, processar e conceder a ordem, cumpridas as
necessárias formalidades legais como medida de inteira
justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 453

MODELO Nº 4
ANULARÇÃO DE PROCESSO POR VÍCIO DE
CITAÇÃO EDITAL - HABEAS CORPUS

EXMº SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO ESTADO DE .........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° ........,


CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647 e ss, vem,
mui respeitosamente, impetrar esta ordem de “habeas
corpus” em favor do paciente ................... brasileiro,
casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e domiciliado
nesta Cidade de ............ na Rua .............. n. 56, figurando no
polo passivo, como autoridade coatora o M.M. Juiz de
Direito Titular da .... Vara Criminal desta Comarca, por
onde tramita o processo criminal nº ........, iniciado por
denúncia imputando ao paciente crime definido no art. ......
do Código Penal (doc. 2), porque padece de manifesta
nulidade.
1 - Este “WRIT” visa obter ordem judiciária
determinando à ilustre autoridade coatora a anulação do
processo criminal n° ....., a partir da citação edital (doc. 2).
2 - Foi imputado ao paciente o crime definido no
Código Penal, art. .... , sendo a inicial acusatória recebida
e condenou-se o paciente e pena de três anos de reclusão.
454 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Tem-se que o paciente foi citado por edital,


publicado no Diário Oficial em 01/02/97, sendo
designada a data de .../.../..., para o comparecimento do
paciente para interrogatório.
3 - Publicado o edital aos 01/02/97, o dia para a
audiência de interrogatório só poderia ser designado
após o transcurso dos 15 (quinze) dias; no entanto, a data
fixada para comparecimento foi o dia 10/02/97 (doc.
edital). Há que se observar o prazo de 15 dias entre sua
fixação no local próprio do fórum e a data designada para
interrogatório do réu.
4 - Pede-se e espera-se que digne-se esta Corte
requisite as informações necessárias, enviando-se cópia
que acompanha este pedido, devendo se receber,
processar-se e conceder-se a ordem, anulando-se o
processo a partir da citação edital, cumpridas as
necessárias formalidades legais como medida de inteira
justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 455

MODELO Nº 5
ANULAÇÃO DE PROCESSO POR INÉPCIA
DA DENÚNCIA IMPUTANDO AO PACIENTE O
CRIME DE ESTELIONATO - HABEAS CORPUS

EXMº SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO ESTADO DE ........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647 e ss,
vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade ade ............ na Rua .............. n.
56, figurando como autoridade coatora o M.M. Juiz de
Direito Titular da .... Vara Criminal desta Comarca.
1- O objeto “WRIT”, é a obtenção de ordem
judiciária determinando à ilustre autoridade coatora a
anulação do processo n°....., a partir do oferecimento da
denúncia, como abaixo se expõe.
2 - Foi imputado ao paciente o crime definido no
Código Penal, art. 171,. IV, c/c art. 14, sendo certo que a
inicial acusatória foi recebida;
456 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

3 - Acontece, que o cheque n° ..... havia sido sustado


o seu pagamento, junto ao banco .... e que a intenção do
ora para paciente foi frustrada, desde o início.
4 - Pede-se e espera-se que essa Corte requisite as
informações que entender necessárias, enviando a cópia
que acompanha este pedido, devendo receber, processar
e conceder a ordem, ordenando o trancamento da ação
penal condenatória, a partir da vestibular, cumpridas as
necessárias formalidades legais como medida de inteira
justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 457

MODELO Nº 6
RELAXAMENTO DE FLAGRANTE - HABEAS
CORPUS

EXMº SR. JUIZ DE DIREITO DA VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE .......

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 654, e ss,
vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua .............. n.
56, figurando no polo passivo, como autoridade coatora
o Delegado Titular do ..... Distrito Policial desta Cidade,
pelos fatos e razões a seguir expostos.
1 - Este “WRIT” objeta obter obter ordem judiciária
determinando o relaxamento do auto de prisão em
flagrante lavrado contra o paciente (doc.) porque
manifestamente ilegal.
2 - Atribuiu-se ao paciente crime praticado na data
de .../.../..., por volta das .... hs., em frente ao
estabelecimento comercial denominado ......., situado na
Rua ..... , n° ...., nesta cidade de .....
458 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

O paciente nada deve, pois ficou em seu domicílio e


em seu trabalho, situado nesta cidade, onde exerce a
função de .... .
3 - Os jornais noticiaram o acontecimento, e
passados seis dias, até a data de ontem, o paciente foi
levado ao Distrito Policial desta cidade, onde lavrou-se
prisão em flagrante, que constitui este pedido.
Assim sendo, nada justifica sua prisão, pois o
paciente não foi perseguido e inexiste acusação formal
de vítima contra ele ou mesmo prova testemunhal,
portanto, o paciente veementemente nega o fato que lhe é
imputado.
4 - Pede-se e espera-se que digne-se essa Corte,
requisitar as informações necessárias, enviando-se cópia
que acompanha este pedido, devendo receber, processar
e conceder a ordem, ordenando-se o relaxamento do auto
de prisão em flagrante expedindo-se o compenetre alvará
de soltura.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 459

MODELO 7
TRANCAMENTO DE INQUÉRITO POLICIAL.
AUTORIDADE COATORA É PROMOTOR DE
JUSTIÇA - HABEAS CORPUS

EXMº SR. DESEMBARGADOR DA COLENDA


...... CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DE .........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647 e segs,
vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua .............. n.
56, figurando no polo passivo, como autoridade o ilustre
Promotor de Justiça da Habitação e Urbanismo desta
Comarca, que requisitou a instauração de inquérito
policial contra o paciente, que tramita sob n°..... (doc. 2),
ao qual falta o requisito de justa causa.
1 - O objeto deste “WRIT” é obter ordem judiciária
determinando à ilustre autoridade policial titular do ....
Distrito Policial desta Comarca que pare as
460 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

investigações tendo por objeto o inquérito policial sob


n° ...... em que figura como indiciado o ora paciente.
2 - (Especificar as razões e acontecimentos
minuciosamente)
3 - Pede-se espera-se que esta ordem seja
concedida, requisitadas as informações da autoridade
coatora, seguindo-se o trancamento do inquérito policial
sob n° .... que tramita perante a ..... Delegacia de Polícia
desta Cidade, cumpridas as necessárias formalidades
legais.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 461

MODELO 8
APELAÇÃO EM LIBERDADE - HABEAS
CORPUS

EXMº SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO EG. TRIBUNAL DE JUSTIÇA e/ou EGRÉGIO
TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL.

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVI e LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647 e
ss, vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua .............. n.
56, figurando no polo passivo, como autoridade coatora
o MM Juiz de Direito Titular da ....... Vara Criminal desta
Comarca, processo crime que tramitou sob n° ...... (doc. 2).

1 - O objeto deste “WRIT” é obter ordem judiciária


concedendo ao Réu o direito de apelar em liberdade, que
lhe foi negado pela r. sentença condenatória proferida
pelo Juízo da ..... Vara Criminal desta Cidade, no
processo crime sob n° ..... ( doc ).
462 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

2 - (Explicar minuciosamente o processo que é


movido contra o paciente)
3 - Pede-se espera-se que esta ordem seja
concedida, requisitadas as informações da autoridade
coatora, expedindo-se em favor do paciente o
competente alvará de soltura.
Nestes termos,
P. deferimento
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 463

MODELO 9
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. CRIME
CONTRA A HONRA - HABEAS CORPUS

EXMº SR. JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE ALÇADA CRIMINAL DO ESTADO DE
...........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° ........


, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, arts. 5º, inciso
LXVIII c/c cpp, arts. 647, e ss, vem, mui
respeitosamente, impetrar esta ordem de “habeas
corpus” em favor do paciente ................... brasileiro,
casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e domiciliado
nesta Cidade de ............ na Rua .............. n. 56, figurando
no polo passivo, como autoridade coatora o M. M. Juiz
de Direito da ....... Vara Criminal da Cidade de .......no
processo crime que tramita sob n° ...... (doc. 2).
1 - O objeto deste “WRIT” é a obtenção de ordem
judiciária determinando o trancamento da ação penal
movida contra o paciente, por crime contra a honra, que
tramita perante a ..... Vara Criminal da Cidade de ....,
processo n° ......, porque o fato não constitui delito.
2 - Ocorre que o paciente foi denunciado perante a
Justiça Estadual, na .... Vara Criminal da Cidade de .....,
464 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

porque teria praticado crime contra a honra, tipificado no


Código Penal, art. ...... .
Animado pelo animus defendendi, o autor produziu
razões consideradas ofensivas, mas não possui evidência
manifesta de infração penal.
3 - Pede-se espera-se que esta ordem seja
concedida, liminarmente, determinando o trancamento
da ação penal que tramita perante a ...... Vara Criminal
desta Cidade, proc. N° ....... , requisitadas as informações
da autoridade coatora, cumpridas as necessárias
formalidades legais.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 465

MODELO 10
INQUÉRITO POLICIAL - INVESTIGAÇÕES
QUE SE BASEIAM EM MERAS SUSPEITAS -
HABEAS CORPUS

EXMº SR. JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, LXVIII c/c
Código de Processo Penal, arts. 647 e ss, vem, mui
respeitosamente, impetrar esta ordem de “habeas
corpus” em favor do paciente ................... brasileiro,
casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e domiciliado
nesta Cidade de ............ na Rua .............. n° ......, figurando
no polo passivo, como autoridade coatora o MM Juiz de
Direito Titular da ....... Vara Criminal desta Comarca, no
inquérito policial e na ação de busca e apreensão que
tramitam sob n. (doc. 2)
1 - Objetiva-se com este “WRIT” trancamento do
inquérito policial instaurado por requisição do
Ministério Público Federal, oficiante junto à ...... Vara
Criminal.
2 - O paciente está sendo investigado, porém, não
existe fato típico a ser provado no âmbito do inquérito
policial.
466 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

3 - Pede-se espera-se que esta ordem seja


concedida, liminarmente, determinando-se o
trancamento do inquérito policial e da ação cautelar, e,
após, requisitadas as informações da autoridade coatora,
cumpridas as necessárias formalidades legais.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 467

MODELO 11
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. CRIME
TRIBUTÁRIO - HABEAS CORPUS

EXMº SR. PRESIDENTE DO EG. TRIBUNAL DE


JUSTIÇA e/ou EG. TRIBUNAL DE ALÇADA DO
ESTADO DE ......

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° ........


, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647, vem,
mui respeitosamente, impetrar esta ordem de “habeas
corpus” em favor do paciente ................... brasileiro,
casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e domiciliado
nesta Cidade de ............ na Rua .............. n. 56, figurando
no polo passivo, como autoridade coatora o M. M. Juiz
de Direito da ..... Vara Criminal desta Comarca porque
recebeu denúncia ofertada pelo ilustre representante do
Ministério Público na ação penal sob n° ...... (doc.),
pelos fatos e razões a seguir expostos.
1 - O objeto deste “WRIT” é obter ordem judiciária
determinando o trancamento da ação penal supra
mencionada, (doc.), por falta de amparo legal.
2 - Foi imputado ao paciente, fato capitulado na Lei
tributária n°....., art. ..., sendo certo que ainda não existe o
468 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

crédito tributário vez que pendem recursos


administrativos interpostos pelo paciente (doc.).
3 - Pede-se espera-se que esta ordem seja
concedida, liminarmente, ordenado o trancamento da
ação penal supra mencionada, requisitadas as
informações da autoridade coatora, cumpridas as
necessárias formalidades legais.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 469

MODELO 12
HABEAS CORPUS PREVENTIVO

EXMº SR. JUIZ DE DIREITO DA ......VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE .........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n° ........


, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 654, § 1º “b”
e 660 § 4º, vem, mui respeitosamente, impetrar esta
ordem de “habeas corpus” em favor do paciente
................... brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............
residente e domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua
.............. n. 56, figurando no polo passivo, como
autoridade coatora o Delegado Titular do ..... Distrito
Policial desta Cidade, pelos fatos e razões a seguir
expostos.
1 - O objeto deste “WRIT” é obter salvo conduto em
benefício do paciente que está na iminência de ser preso,
por arbitrariedade da autoridade coatora.

2 - Por apresentar “notitia criminis” de que portava


arma de fogo, pelo patrão do ora paciente, foi este
ameaçado de prisão, fato que não é verdade. O paciente
470 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

necessitando retirar seus pertences para ir para o outro


lugar, para ficar longe de ameaças.
3 - Pede-se e espera-se que seja expedida a ordem
de salvo conduto, preservando o direito fundamental da
liberdade física do paciente, feitas as comunicações
necessárias à ilustre autoridade coatora e à a autoridade
judiciária de plantão.
Nestes termos,
P. deferimento
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 471

MODELO 13
INDICIAMENTO DO PACIENTE - HABEAS
CORPUS

EXMº SR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE ..........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647, e ss,
vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua .............. n.
56, figurando no polo passivo, como autoridade coatora
o Delegado Titular do ..... Distrito Policial desta Cidade,
pelos fatos e razões a seguir expostos.
1 - O objeto deste “WRIT” é obter ordem judiciária
determinando à ilustre autoridade coatora que não
indicie o paciente no inquérito policial n° .......
2 - Imputou-se ao paciente o crime definido no
Código Penal, art. 171, por razão de que teria a empresa
....., emitido os cheques n° ...., ...., e ....., sem fundos, do
Banco ....., Agência de ......, na cidade de ....., sendo certo
472 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

de que o paciente teria co-autoria em tal. Por não ter nada


com tal empresa, não sendo co-partícipe, não pode ser
indiciado por estelionato.
3 - Pede-se e espera-se que este pedido seja
colhido, concedida a ordem, liminarmente, e, após,
requisitar as informações que entender necessárias,
enviando a cópia que acompanha este pedido, devendo
receber, processar e conceder a ordem, cumpridas as
necessárias formalidades legais como medida de inteira
justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 473

MODELO 14
LIBERDADE FÍSICA DO PACIENTE.
COAÇÃO EMANADA DE PARTICULAR - HABEAS
CORPUS

EXMº SR. JUIZ DE DIREITO DA ... VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE ...........

O advogado ..........., brasileiro, casado, OAB n°


........, CPF ..........., no pleno uso e gozo da cidadania, com
fundamento na Constituição Federal, art. 5º, inciso
LXVIII c/c Código de Processo Penal, arts. 647, e ss.,
vem, mui respeitosamente, impetrar esta ordem de
“habeas corpus” em favor do paciente ...................
brasileiro, casado, RG ....., CPF. N° ............ residente e
domiciliado nesta Cidade de ............ na Rua .............. n.
56, Apto. ......, figurando no polo passivo, como
autoridade coatora o o síndico do referido Edifício, Sr.
........, brasileiro, casado, do comércio, RG ............., CPF
.............., residente e domiciliado no mesmo Edifício, ....
andar, apt. .......
1 - O objeto deste “WRIT” é a obtenção de ordem
judiciária determinando ao síndico que não impeça o
ingresso do paciente no referido Edifício.
2 - É o paciente morador do Edifício .... , Apto ...., e
a pretexto de que o paciente é inadimplente, não pagando
474 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

as despesas condominiais, o síndico, aqui apontado


como coator, proibiu o ingresso do paciente em sua
residência, o que significa ato manifestamente ilegal.
3 - Pede-se e espera-se que este pedido seja
colhido, concedida a ordem, liminarmente, e, após,
requisitar as informações que entender necessárias,
enviando a cópia que acompanha este pedido, devendo
receber, processar e conceder a ordem, cumpridas as
necessárias formalidades legais como medida de inteira
justiça.
Local, data e assinatura.
HABEAS CORPUS 475

ÍNDICE ALFABÉTICO

A
Ação
- pública condicionada. .....................................................275
Alegação
- de falta de fundamentação da decisão...............................297
- de ilegitimidade do Ministério Público, em face do
deferimento................................................................... 265
Alegações
- de nulidade .....................................................................275
- suscitadas em habeas corpus substitutivo de recurso
ordinário ........................................................................289
Apelação
- Ministério Público. ..........................................................163
- ilimitada do Ministério Público.........................................175
- pelo Ministério Público com vistas ao aumento da
pena imposta .................................................................197
Aplicação
- da pena mínima de 5 anos e 4 meses de reclusão, com
imposição do regime prisional inicial fechado sem
qualquer fundamentação. ................................................269

B
Bens
- penhorados.....................................................................137

C
Cabimento
- do habeas corpus .............................................................23
Casamento
- da vítima com terceiro: extinção da punibilidade (art. 107,
inc. VIII, do CP.). ............................................................57
476 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Colidência
- de defesa - defensor único de co-réus.............................. 305
Colisão
- de interesses capaz de legitimar a designação de curador
especial (art. 33 do Código de Processo Penal).............. 275
Competência
- ato de Tribunal de Alçada Criminal ..................................103
- ato de Tribunal de Justiça. .................................................95
- habeas corpus - ato de tribunal de justiça. ......................219
- da justiça federal - interrogatório: renovação -
cerceamento e deficiência de defesa - provas.................. 205
- do Superior Tribunal de Justiça.........................................289
- originária: Tribunal de Justiça. ............................................47
Condições
- da ação ............................................................................27
Conexão
- probatória: artigos 76, III, e 82 do CPP.......................... 335
Crime
- de furto: tentativa. CP, art. 155, § 2º............................... 377
- de homicídio: pronúncia...................................................253
- de porte de entorpecente para uso próprio reclassificado
para o de tráfico no julgamento de apelo da acusação .......71
- de roubo qualificado tentado, com concessão de sursis,
reclassificado para consumado no julgamento da apelação
interposta pela acusação. ................................................269
- de tráfico de entorpecente: caracterização........................205
- de tráfico de entorpecentes: condenação em
segunda instância........................................................... 145
- militar: homicídio qualificado............................................175
- militar: publicação ou crítica indevida (C. Pen. Militar,
art. 166): não o pode cometer o militar da reserva ou
reformado..................................................................... 321
HABEAS CORPUS 477

Crimes
- de estupro e atentado violento ao pudor praticados
contra menor de doze anos............................................. 275

D
Deficiência
- de defesa.......................................................................... 57
Determinação
- do regime fechado ...........................................................247
Dever
- do depositário quanto à conservação do bem..................137
Direito
- penal e processual penal militar.........................................175

E
Embargos
- de declaração em habeas corpus....................................259
Espécies
- de habeas corpus .............................................................19
Estelionato
- alegações infundadas de nulidade da citação editalícia .....235
Estupro
- vítima menor de 14 anos de idade..................................... 57
Exigência
- de fundamentação e sua nulidade no caso: HC deferido
de ofício........................................................................ 361

F
Falta
- de defesa, atipicidade do fato e de falta de justa causa
por inexistência de prova da autoria. ...............................235
Fixação
- da pena - redução prevista no art. 14, parágrafo único... 377
478 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Fundamentação
- quanto ao acolhimento das qualificadoras ........................385
Fundamento
- na gravidade do delito em abstrato ..................................247
Furto
- prorrogação da medida de segurança.............................. 297
- qualificado pela fraude e estelionato qualificado, da
competência das justiças estadual e federal,
respectivamente. ............................................................335

H
Habeas corpus
- fundado na absolvição pelo Júri de co-réus do paciente
por negativa de participação no crime .............................317
Homicídio
- duplamente qualificado ................................................... 385

I
Importação
- de armamento de uso privativo das forças armadas, sem
autorização da autoridade competente............................ 125
Impugnação
- do indeferimento do pedido de reprodução simulada
dos fatos ........................................................................253
Imunidade
- parlamentar....................................................................... 47
Inexistência
- de nulidade..................................................................... 289
Interesse
- de agir ..............................................................................29
Intimação
- pauta de julgamento. frustração do direito à sustentação
oral. Lei nº 8.038/90, art. 6º, § 1º. ...................................153
HABEAS CORPUS 479

J
Julgados
- selecionados..................................................................... 45
Latrocínio
- tentado: afirmado o dolo e o início da execução
do homicídio ..................................................................225
Legislação
- CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL .................................................................395
- DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969
Código de Processo Penal Militar ..................................429
- DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 03.10.1941
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal. 419
- DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO
DE 1941....................................................................... 421
- DECRETO-LEI Nº 522, DE 25 DE ABRIL DE 1969
Dispõe sobre a concessão de vista ao Ministério
Público nos processos de habeas corpus...................... 439
- LEI COMPLEMENTAR Nº 35, DE 14 DE MARÇO
DE 1979 Dispõe sobre a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional. ............................................... 401
- LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965
Institui o Código Eleitoral ........................................... 399
- LEI Nº 8.038, DE 28 DE MAIO DE 1990
Institui normas procedimentais para os processos que
específica, perante o Superior Tribunal de Justiça
e o Supremo Tribunal Federal. .....................................437
- REGIMENTO INTERNO STF .....................................403
- REGIMENTO INTERNO STJ...................................... 411
- Súmula do TRF 1ª Região ..............................................443
- Súmulas do STF............................................................. 441
Liminar............................................................................. 43
480 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

Limitação
- nas razões: inadmissibilidade. exame integral pelo tribunal
“ad quem”..................................................................... 175

N
Natureza
- jurídica do habeas corpus ................................................17
Nulidade
- júri ................................................................................121
O
O
- habeas corpus no Brasil ...................................................13
Ofensa
- ao princípio do juiz natural................................................. 47

P
Pedido
- de reexame do laudo pericial e das decisões das
instâncias a quo ..............................................................297
- para aguardar em liberdade o julgamento do recurso especial
interposto, com base no art. 2º, § 2º, da lei dos crimes
hediondos (lei nº 8.072/90) e no art. 5º, LVII, da
Constituição.................................................................. 145
Polo
- ativo .................................................................................31
- passivo .............................................................................33
Prática
- Anulação de processo por inépcia da denúncia imputando
ao paciente o crime de estelionato - habeas corpus ........455
- Anulação de processo por vício de citação edital -
habeas corpus ..............................................................453
- Apelação em liberdade - habeas corpus .........................461
- Habeas corpus preventivo............................................. 469
HABEAS CORPUS 481

- Indiciamento do paciente - habeas corpus ......................471


- Inquérito policial - investigações que se baseiam em
meras suspeitas - habeas corpus ...................................465
- Liberdade física do paciente. coação emanada de
particular - habeas corpus .............................................473
- Relaxamento de flagrante - habeas corpus ......................457
- Revogação de prisão preventiva - habeas corpus ............451
- Salvo conduto para impedir prisão iminente -
habeas corpus ..............................................................447
- Trancamento de ação penal. crime tributário -
habeas corpus ..............................................................467
- Trancamento de inquérito policial. autoridade coatora
é promotor de justiça - habeas corpus ...........................459
- Trancamento de ação penal. crime contra a honra -
habeas corpus ..............................................................463
- Trancamento de inquérito policial - habeas corpus ..........449
Precedentes
- do STF ............................................................................47
Preclusão. .......................................................................385
Prescrição
- retroativa da pretensão punitiva do Estado. .....................169
- segundo o disposto no artigo 117, V, do Código Penal .....313
Presunção
- de violência (artigos 213 e 224, “a” do código penal)..........57
Prisão
- civil. ...............................................................................137
Processo
- penal de competência originária dos Tribunais
(LL. 8.038/90 e 8.658/93) ............................................ 361
Prova
- testemunhal de autoria atinente apenas ao paciente........... 317
482 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO

R
Reconhecimento
- da extinção da punibilidade pela prescrição em relação ao
co-réu, no HC 76.417................................................... 265
Reconstituição
- do crime: reprodução simulada (artigo 7º do Código
de Processo Penal).........................................................121
Recurso
- em sentido estrito.............................................................259
Reexame
- da prova. ........................................................................259
Regularidade
- do flagrante e do reconhecimento do agente.................... 239
Relação
- de causalidade entre o exercício do mandato na
circunscrição do respectivo município e as opiniões e
palavras do vereador.........................................................47
Retratação
- da representação, pelos pais da ofendida, mediante
transação de que lhes resultou proveito financeiro............ 275
Roubo
- qualificado...................................................................... 289

S
Sentença
- condenatória. declaração do réu, sem assistência de
defensor, de que não deseja apelar.................................. 211
- que homologara a transação com base no art. 76 da
Lei nº 9.099/95.............................................................. 163
HABEAS CORPUS 483

T
Transação
- penal (L. 9.099/95): hipótese de conciliação pré-processual,
que fica preclusa com o oferecimento da denúncia .........157
- penal: inaplicabilidade ao processo por crime de abuso
de autoridade .................................................................157
Trânsito
- em julgado do decreto condenatório................................ 219
Vereador
- julgamento........................................................................ 47
Violação
- de domicílio e lesões corporais....................................... 265
484 ANTONIO ZETTI ASSUNÇÃO
HABEAS CORPUS 485

BIBLIOGRAFIA

ASSAN, Ozíres Eilel. Carteira Forense. Julex 1998.

BRANCO, Tales Castelo. Da Prisão em Flagrante - 1980

BRUNO, Aníbal. Direito Penal, 1980.

FERRACINI, Luiz Alberto. Habeas Corpus - Led, 1996

JESUS, Damásio Evangelista de. Código de Processo Penal


Anotado

MIRABETE, Júlio fabrini. Manual de Direito Penal. Atlas, 1990

SANTOS e FERREIRA JR. Ozéias J. e Mário. Vademecum


Jurídico. Ed. Xavante, 1997.

SIDOU, J. M. Othon. Habeas Corpus, Mandado de Seguran-


ça, Ação Popular. Forense, 1983.
Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro
DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 04 DE SETEMBRO DE 1942

Com as alterações introduzidas pela Lei nº 3.238, de 1º de agosto de 1957

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da


Constituição, decreta:
Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º. A vigência das leis, que os Governos Estaduais elaborem por autorização
do Governo Federal, depende da aprovação deste e começará no prazo que a
legislação estadual fixar.
§ 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a
correr da nova publicação.
§ 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava
a lei anterior.
§ 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.
Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
às exigências do bem comum.
Art. 6º. A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º. Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou.
§ 2º. Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por
ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo,
ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º. Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não

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caiba recurso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.238, de 01.08.1957)
Art. 7º. A lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre
o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1º. Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto
aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2º. O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 3.238, de 01.08.1957)
§ 3º. Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4º. O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, à do primeiro domicílio
conjugal.
§ 5º. O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante
expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto
de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial
de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente
registro. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
§ 6º. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem
brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data da
sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo,
caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições
estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. O Supremo
Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a
requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação
de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a
produzir todos os efeitos legais. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977)
§ 7º. Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe de família estende-se ao
outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos
incapazes sob sua guarda.
§ 8º. Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar
de sua residência ou naquele em que se encontre.
Art. 8º. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,
aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 1º. Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos
bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
§ 2º. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse
se encontre a coisa apenhada
Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituírem.
§ 1º. Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de
forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei
estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º. A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que

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residir o proponente.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que era
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens.
§ 1º. A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.047, de 18.05.1995)
§ 2º. A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para
suceder.
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as
sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem.
§ 1º. Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos
antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando
sujeitas à lei brasileira.
§ 2º. Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer
natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções
públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de
desapropriação.
§ 3º. Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios
necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 1º. Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a
imóveis situados no Brasil.
§ 2º. A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e
segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por
autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das
diligências.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais
brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca
prova do texto e da vigência.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna
os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a
execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentenças meramente

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declaratórias do estado das pessoas.
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer
remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a
soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de
tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiros
ou brasileiras nascidos no país da sede do consulado. (Redação dada ao artigo
pela a Lei nº 3.238, de 01.08.1957)
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e
celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada
pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-
lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro de 90 (noventa) dias
contados da data da publicação desta lei. (Artigo acrescentado pela Lei nº 3.238,
de 01.08.1957)
Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1942; 121º da Independência e 54º da
República.
GETÚLIO VARGAS.
Alexandre Marcondes Filho.
A. de Souza Costa.
Eurico Gaspar Dutra.
Henrique A. Guilhem.
João de M. Lima.
Oswaldo Aranha.
Apolônio Salles.
Gustavo Capanema.
J. P. Salgado Filho.

Código Civil Brasileiro


LEI Nº 3.071, DE 1º DE JANEIRO DE 1916

Corrigida pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15 de janeiro de 1919

PARTE GERAL
Disposição Preliminar

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Art. 1º. Este Código regula os direitos e obrigações de ordem privada
concernente às pessoas, aos bens e às suas relações.

LIVRO I
DAS PESSOAS

TÍTULO I
DIVISÃO DAS PESSOAS

CAPÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS

Art. 2º. Todo homem é capaz de direitos e obrigações na ordem civil.


Art. 3º. A lei não distingue entre nacionais e estrangeiros quanto à aquisição e ao
gozo dos direitos civis.
Art. 4º. A personalidade civil do homem começa do nascimento com vida; mas a
lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro.
Art. 5º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida
civil:
I - Os menores de 16 anos.
II - Os loucos de todo o gênero.
III - Os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade.
IV - Os ausentes, declarados tais por ato do juiz.
Art. 6º. São incapazes, relativamente a certos atos (artigo 147, nº I), ou à
maneira de os exercer:
I - Os maiores de 16 e menores de 21 anos (artigos 154 a 156).
II - Os pródigos.
III - Os silvícolas.
Parágrafo único. Os silvícolas ficarão sujeitos ao regime tutelar, estabelecido em
leis e regulamentos especiais, o qual cessará à medida que se forem adaptando à
civilização do país. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 7º. Supre-se a incapacidade, absoluta ou relativa, pelo modo instituído neste
Código, Parte Especial.
Art. 8º. Na proteção que o Código Civil confere aos incapazes não se
compreende o benefício de restituição.
Art. 9º. Aos vinte e um anos completos acaba a menoridade, ficando habilitado o
indivíduo para todos os atos da vida civil.
§ 1º. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - Por concessão do pai, ou, se for morto, da mãe, e por sentença do juiz, ouvido

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o tutor, se o menor tiver dezoito anos cumpridos.
II - Pelo casamento.
III - Pelo exercício de emprego público efetivo.
IV - Pela colação de grau científico em curso de ensino superior.
V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, com economia própria. (Antigo
parágrafo único renumerado pelo Decreto nº 20.330, de 27.08.1931)
§ 2º. Para efeito do alistamento e do sorteio militar cessará a incapacidade do
menor que houver completado 18 anos de idade. (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto nº 20.330, de 27.08.1931) (Atualmente 17 anos, conforme a Lei nº 4.375,
de 17.08.1964)
Art. 10. A existência de pessoa natural termina com a morte. Presume-se esta,
quanto aos ausentes, nos casos dos artigos 481 e 482.
Art. 11. Se dois ou mais indivíduos faleceram na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-
ão simultaneamente mortos.
Art. 12. Serão inscritos em registro público:
I - Os nascimentos, casamentos, separações judiciais, divórcios e óbitos.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
II - A emancipação por outorga do pai ou mãe, ou por sentença do juiz (artigo 9º,
parágrafo único, nº I).
III - A interdição dos loucos, dos surdos-mudos e dos pródigos.
IV - A sentença declaratória da ausência.
CAPÍTULO II
DAS PESSOAS JURÍDICAS

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13. As pessoas jurídicas são de direito público interno, ou externo, e de
direito privado.
Art. 14. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - A União.
II - Cada um dos seus Estados e o Distrito Federal.
III - Cada um dos Municípios legalmente constituídos.
Art. 15. As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por
atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei,
salvo o direito regressivo contra os causadores do dano.
Art. 16. São pessoas jurídicas de direito privado:

I - As sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, as


associações de utilidade pública e as fundações.
II - As sociedades mercantis.

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III - Os partidos políticos. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.096, 19.09.1995)
§ 1º. As sociedades mencionadas no nº I só se poderão constituir por escrito,
lançado no registro geral (artigo 20, § 2º), e reger-se-ão pelo disposto a seu
respeito neste Código, Parte Especial.
§ 2º. As sociedades mercantis continuarão a reger-se pelo estatuído nas leis
comerciais.
§ 3º. Os partidos políticos reger-se-ão pelo disposto, no que lhes for aplicável,
nos artigos 17 a 22 deste Código e em lei específica. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.096, de 19.09.1995)
Art. 17. As pessoas jurídicas serão representadas ativa e passivamente, nos
atos judiciais e extrajudiciais, por quem os respectivos estatutos designarem, ou
não o designando, pelos seus diretores.
SEÇÃO II
DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS
Art. 18. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição dos seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos no
seu registro peculiar, regulado por lei especial, ou com a autorização ou
aprovação do Governo, quando precisa.
Parágrafo único. Serão averbadas no registro as alterações que esses atos
sofrerem.
Art. 19. O registro declarará:
I - A denominação, os fins e a sede da associação ou fundação.
II - O modo por que se administra e representa ativa e passiva, judicial e
extrajudicialmente.
III - Se os estatutos, o contrato ou o compromisso são reformáveis no tocante à
administração, e de que modo.
IV - Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente pelas obrigações
sociais.
V - As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio
nesse caso.
SEÇÃO III
DAS SOCIEDADES OU ASSOCIAÇÕES CIVIS
Art. 20. As pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros.
§ 1º. Não se poderão constituir, sem prévia autorização, as sociedades, as
agências ou os estabelecimentos de seguros, montepio e caixas econômicas,
salvo as cooperativas e os sindicatos profissionais e agrícolas, legalmente
organizados.
Se tiverem de funcionar no Distrito Federal, ou em mais de um Estado, ou em
territórios não constituídos em Estados, a autorização será do Governo Federal;
se em um só Estado, do Governo deste.
§ 2º. As sociedades enumeradas no artigo 16, que, por falta de autorização ou de
registro, se não reputarem pessoas jurídicas, não poderão acionar a seus
membros, nem a terceiros; mas estes poderão responsabilizá-las por todos os

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seus atos.
Art. 21. Termina a existência da pessoa jurídica:

I - Pela sua dissolução, deliberada entre os seus membros, salvo o direito da


minoria e de terceiros.
II - Pela sua dissolução, quando a lei determine.
III - Pela sua dissolução em virtude de ato do Governo, que lhe casse a
autorização para funcionar, quando a pessoa jurídica incorra em atos opostos aos
seus fins ou nocivos ao bem público. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 22. Extinguindo-se uma associação de intuitos não econômicos, cujos
estatutos não disponham quanto ao destino ulterior dos seus bens, e não tendo os
sócios adotado a tal respeito deliberação eficaz, devolver-se-á o patrimônio social
a um estabelecimento municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.
Parágrafo único. Não havendo no Município ou no Estado, no Distrito Federal ou
no território ainda não constituído em Estado, em que a associação teve a sua
sede, estabelecimento nas condições indicadas, o patrimônio se devolverá à
Fazenda do Estado, à do Distrito Federal, ou à da União. (Redação dada ao
parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 23. Extinguindo-se uma sociedade de fins econômicos, o remanescente do
patrimônio social compartir-se-á entre sócios ou seus herdeiros.
SEÇÃO IV
DAS FUNDAÇÕES
Art. 24. Para criar uma fundação, far-lhe-á o seu instituidor, por escritura pública
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que a
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Art. 25. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens doados serão
convertidos em títulos da dívida pública, se outra coisa não dispuser o instituidor,
até que, aumentados com os rendimentos ou novas dotações, perfaçam capital
bastante.
Art. 26. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado, onde situadas.
§ 1º. Se estenderem a atividade a mais de um Estado, caberá em cada um deles
ao Ministério Público esse encargo.
§ 2º. Aplica-se ao Distrito Federal e aos territórios não constituídos em Estados o
aqui disposto quanto a estes.
Art. 27. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em
tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (artigo
24), os estatutos da fundação projetada, submetendo-os, em seguida, à
aprovação da autoridade competente.
Parágrafo único. Se esta lha denegar, supri-la-á o juiz competente no Estado, no
Distrito Federal ou nos territórios, com os recursos da lei.

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Art. 28. Para se poderem alterar os estatutos da fundação é mister:
I - Que a reforma seja deliberada pela maioria absoluta dos competentes para
gerir e representar a fundação.
II - Que não contrarie o fim desta.
III - Que seja aprovada pela autoridade competente.
Art. 29. A minoria vencida na modificação dos estatutos poderá, dentro em um
ano, promover-lhe a nulidade, recorrendo ao juiz competente, salvo o direito de
terceiros.
Art. 30. Verificado ser nociva, ou impossível, a mantença de uma fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o patrimônio, salvo disposição em contrário no
ato constitutivo, ou nos estatutos, será incorporado em outras fundações, que se
proponham a fins iguais ou semelhantes.
Parágrafo único. Esta verificação poderá ser promovida judicialmente pela
minoria de que trata o artigo 29, ou pelo Ministério Público.
TÍTULO II
DO DOMICÍLIO CIVIL

Art. 31. O domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.
Art. 32. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências onde
alternadamente viva, ou vários centros de ocupações habituais, considerar-se-á
domicílio seu qualquer destes ou daquelas.
Art. 33. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência
habitual (artigo 32), ou empregue a vida em viagens, sem ponto central de
negócios, o lugar onde for encontrada.
Art. 34. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com intenção manifesta
de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa mudada
às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais
declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a
acompanharem.
Art. 35. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - Da União, o Distrito Federal.
II - Dos Estados, as respectivas capitais.
III - Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal.
IV - Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus
estatutos ou atos constitutivos.
§ 1º. Quando o direito pleiteado se originar de um fato ocorrido, ou de um ato
praticado, ou que deva produzir os seus efeitos, fora do Distrito Federal, a União

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será demandada na seção judicial em que o fato ocorreu, ou onde tiver sua sede a
autoridade de que o ato emanou, ou este tenha de ser executado.
§ 2º. Nos Estados, observar-se-á, quanto às causas de natureza local, oriundas
de fatos ocorridos, ou atos praticados por suas autoridades, ou dados à execução,
fora das capitais, o que dispuser a respectiva legislação.
§ 3º. Tendo a pessoa jurídica de direito privado diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, cada um será considerado domicílio para os atos nele
praticados.
§ 4º. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por
domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma
das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder.
Art. 36. Os incapazes têm por domicílio o dos seus representantes.
Parágrafo único. A mulher casada tem por domicílio o do marido, salvo se estiver
desquitada (artigo 315), ou lhe competir a administração do casal (artigo 251).
Art. 37. Os funcionários públicos reputam-se domiciliados onde exercem as suas
funções, não sendo temporárias, periódicas ou de simples comissão, porque,
nestes casos, elas não operam mudança no domicílio anterior.
Art. 38. O domicílio do militar em serviço ativo é o lugar onde servir.
Parágrafo único. As pessoas com praça na armada têm o seu domicílio na
respectiva estação naval, ou na sede do emprego que estiver exercendo, em terra.
Art. 39. O domicílio dos oficiais e tripulantes da marinha mercante é o lugar onde
estiver matriculado o navio.
Art. 40. O preso, ou o desterrado, tem o domicílio no lugar onde cumpre a
sentença ou o desterro (artigo 80, § 2º, II, da Constituição Federal).
Art. 41. O ministro ou agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro,
alegar exterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá
ser demandado do Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde
o teve.
Art. 42. Nos contratos escritos poderão os contraentes especificar domicílio onde
se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.

LIVRO II
DOS BENS

TÍTULO ÚNICO
DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS

CAPÍTULO I
DOS BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS

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SEÇÃO I
DOS BENS IMÓVEIS
Art. 43. São bens imóveis:
I - O solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais,
compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo.
II - Tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente
lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem
destruição, modificação, fratura ou dano.
III - Tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado
em sua exploração industrial, aformoseamento ou comodidade.
Art. 44. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - Os direitos reais sobre imóveis, inclusive o penhor agrícola, e as ações que os
asseguram.
II - As apólices da dívida pública oneradas com a cláusula de inalienabilidade.
III - O direito à sucessão aberta.
Art. 45. Os bens de que trata o artigo 43, nº III, podem ser, em qualquer tempo,
mobilizados.
Art. 46. Não perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para nele mesmo se reempregarem.
SEÇÃO II
DOS BENS MÓVEIS
Art. 47. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção
por força alheia.
Art. 48. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes.
II - Os direitos de obrigação e as ações respectivas.
III - Os direitos de autor.
Art. 49. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam a sua qualidade de móveis. Readquirem essa qualidade
os provenientes da demolição de algum prédio.
SEÇÃO III
DAS COISAS FUNGÍVEIS E CONSUMÍVEIS
Art. 50. São fungíveis os móveis que podem, e não fungíveis os que não podem
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Art. 51. São consumíveis os bens móveis, cujo uso importa destruição imediata
da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à
alienação.
SEÇÃO IV
DAS COISAS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

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Art. 52. Coisas divisíveis são as que se podem partir em porções reais e
distintas, formando cada qual um todo perfeito.
Art. 53. São indivisíveis:
I - Os bens que se não podem partir sem alteração na sua substância.
II - Os que, embora naturalmente divisíveis, se consideram indivisíveis por lei, ou
vontade das partes.
SEÇÃO V
DAS COISAS SINGULARES E COLETIVAS
Art. 54. As coisas simples ou compostas, materiais ou imateriais, são singulares
ou coletivas:
I - Singulares, quando, embora reunidas, se consideram de per si,
independentemente das demais.
II - Coletivas, ou universais, quando se encaram agregadas em todo.
Art. 55. Nas coisas coletivas, em desaparecendo todos os indivíduos, menos um,
se tem por extinta a coletividade.
Art. 56. Na coletividade, fica sub-rogado ao indivíduo o respectivo valor, e vice-
versa.
Art. 57. O patrimônio e a herança constituem coisas universais, ou
universalidades, e como tais subsistem, embora não constem de objetos
materiais.
CAPÍTULO II
DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

Art. 58. Principal é a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente.
Acessória, aquela cuja existência supõe a da principal.
Art. 59. Salvo disposição especial em contrário, a coisa acessória segue a
principal.
Art. 60. Entram na classe das coisas acessórias os frutos, produtos e
rendimentos.
Art. 61. São acessórios do solo:
I - Os produtos orgânicos da superfície.
II - Os minerais contidos no subsolo. (O inciso IX do artigo 20 da CF, altera
implicitamente a redação deste inciso)
III - As obras de aderência permanente, feitas acima ou abaixo da superfície.
Art. 62. Também se consideram acessórias da coisa todas as benfeitorias,
qualquer que seja o seu valor, exceto:
I - A pintura em relação à tela.
II - A escultura em relação à matéria-prima.

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III - A escritura e outro qualquer trabalho gráfico, em relação à matéria-prima que
os recebe (artigo 614).
Art. 63. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1º. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso
habitual da coisa, ainda que a tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º. São úteis as que aumentam ou facilitam o uso da coisa.
§ 3º. São necessárias as que têm por fim conservar a coisa ou evitar que se
deteriore.
Art. 64. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos sobrevindos à coisa
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
CAPÍTULO III
DOS BENS PÚBLICOS E PARTICULARES

Art. 65. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes à União, aos
Estados ou aos Municípios. Todos os outros são particulares, seja qual for a
pessoa a que pertencerem.
Art. 66. Os bens públicos são:
I - Os de uso comum do povo, tais como os mares, rios, estradas, ruas e praças.
II - Os de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou
estabelecimento federal, estadual ou municipal.
III - Os dominicais, isto é, os que constituem o patrimônio da União, dos Estados,
ou dos Municípios, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas
entidades.
Art. 67. Os bens de que trata o artigo antecedente só perderão a
inalienabilidade, que lhes é peculiar, nos casos e forma que a lei prescrever.
Art. 68. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme as leis da União, dos Estados ou dos Municípios, a cuja administração
pertencerem.
CAPÍTULO IV
DAS COISAS QUE ESTÃO FORA DO COMÉRCIO

Art. 69. São coisas fora do comércio as insuscetíveis de apropriação e as


legalmente inalienáveis.
CAPÍTULO V
DO BEM DA FAMÍLIA

Art. 70. É permitido aos chefes de família destinar um prédio para domicílio
desta, com a cláusula de ficar isento de execução por dívidas, salvo as que
provierem de impostos relativos ao mesmo prédio.
Parágrafo único. Essa isenção durará enquanto viverem os cônjuges e até que

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os filhos completem sua maioridade.
Art. 71. Para o exercício desse direito é necessário que os instituidores no ato da
instituição não tenham dívidas, cujo pagamento possa por ele ser prejudicado.
Parágrafo único. A isenção se refere a dívidas posteriores ao ato, e não às
anteriores, se se verificar que a solução destas se tornou inexeqüível em virtude
do ato da instituição.
Art. 72. O prédio, nas condições acima ditas, não poderá ter outro destino, ou
ser alienado, sem o consentimento dos interessados e dos seus representantes
legais.
Art. 73. A instituição deverá constar de escritura pública transcrita no registro de
imóveis e publicada na imprensa local e, na falta desta, na da Capital do Estado.

LIVRO III
DOS FATOS JURÍDICOS

Disposições Preliminares
Art. 74. Na aquisição dos direitos se observarão estas regras:
I - Adquirem-se os direitos mediante ato do adquirente ou por intermédio de
outrem.
II - Pode uma pessoa adquiri-los para si, ou para terceiros.
III - Dizem-se atuais os direitos completamente adquiridos, e futuros os cuja
aquisição não se acabou de operar.
Parágrafo único. Chama-se deferido o direito futuro, quando sua aquisição pende
somente do arbítrio do sujeito; não deferido, quando se subordina a fatos ou
condições falíveis.
Art. 75. A todo o direito corresponde uma ação, que o assegura.
Art. 76. Para propor, ou contestar uma ação, é necessário ter legítimo interesse
econômico, ou moral.
Parágrafo único. O interesse moral só autoriza a ação quando toque diretamente
ao autor, ou à sua família.
Art. 77. Perece o direito, perecendo o seu objeto.
Art. 78. Entende-se que pereceu o objeto do direito:
I - quando perde as qualidades essenciais, ou o valor econômico.
II - quando se confunde com outro, de modo que se não possa distinguir.
III - quando fica em lugar de onde não pode ser retirado.
Art. 79. Se a coisa perecer por fato alheio à vontade do dono, terá este ação,
pelos prejuízos, contra o culpado.
Art. 80. A mesma ação de perdas e danos terá o dono contra aquele que,
incumbido de conservar a coisa, por negligência a deixe perecer; cabendo a este,
por sua vez, direito regressivo contra o terceiro culpado.

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TÍTULO I
DOS ATOS JURÍDICOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 81. Todo o ato lícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar ou extinguir direitos, se denomina ato jurídico.
Art. 82. A validade do ato jurídico requer agente capaz (artigo 145, nº I), objeto
lícito e forma prescrita ou não defesa em lei (artigos 129, 130 e 145).
Art. 83. A incapacidade de uma das partes não pode ser invocada pela outra em
proveito próprio, salvo se for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
Art. 84. As pessoas absolutamente incapazes serão representadas pelos pais,
tutores, ou curadores em todos os atos jurídicos; as relativamente incapazes pelas
pessoas e nos atos que este Código determina.
Art. 85. Nas declarações de vontade se atenderá mais à sua intenção que ao
sentido literal da linguagem.
CAPÍTULO II
DOS DEFEITOS DOS ATOS JURÍDICOS

SEÇÃO I
DO ERRO OU IGNORÂNCIA
Art. 86. São anuláveis os atos jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial.
Art. 87. Considera-se erro substancial o que interessa à natureza do ato, o
objeto principal da declaração, ou alguma das qualidades a ele essenciais.
Art. 88. Tem-se igualmente por erro substancial o que disser respeito a
qualidades essenciais da pessoa, a quem se refira a declaração de vontade.
Art. 89. A transmissão errônea da vontade por instrumento, ou por interposta
pessoa, pode argüir-se de nulidade nos mesmos casos em que a declaração
direta.
Art. 90. Só vicia o ato a falsa causa, quando expressa como razão determinante
ou sob forma de condição.
Art. 91. O erro na indicação da pessoa, ou coisa, a que se referir a declaração
de vontade, não viciará o ato, quando por seu contexto e pelas circunstâncias, se
puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
SEÇÃO II

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DO DOLO
Art. 92. Os atos jurídicos são anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 93. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos. É acidental
o dolo, quando a seu despeito o ato se teria praticado, embora por outro modo.
Art. 94. Nos atos bilaterais o silêncio intencional de uma das partes a respeito de
fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa,
provando-se que sem ela se não teria celebrado o contrato.
Art. 95. Pode também ser anulado o ato por dolo de terceiro, se uma das partes
o soube.
Art. 96. O dolo do representante de uma das partes só obriga o representado a
responder civilmente até à importância do proveito que teve.
Art. 97. Se ambas as partes procederam com dolo, nenhuma pode alegá-lo, para
anular o ato, ou reclamar indenização.
SEÇÃO III
DA COAÇÃO
Art. 98. A coação, para viciar a manifestação da vontade, há de ser tal, que
incuta ao paciente fundado temor de dano à sua pessoa, à sua família, ou a seus
bens, iminente e igual, pelo menos, ao receável do ato extorquido.
Art. 99. No apreciar a coação, se terá em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias, que lhe
possam influir na gravidade.
Art. 100. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito,
nem o simples temor reverencial.
Art. 101. A coação vicia o ato, ainda quando exercida por terceiro.
§ 1º. Se a coação exercida por terceiro for previamente conhecida à parte, a
quem aproveite, responderá esta solidariamente com aquele por todas as perdas
e danos.
§ 2º. Se a parte prejudicada com a anulação do ato não soube da coação
exercida por terceiro, só este responderá pelas perdas e danos.
SEÇÃO IV
DA SIMULAÇÃO
Art. 102. Haverá simulação nos atos jurídicos em geral:

I - quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a


quem realmente se conferem, ou transmitem.
II - quando contiverem declaração, confissão, condição, ou cláusula não
verdadeira.
III - quando os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

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Art. 103. A simulação não se considerará defeito em qualquer dos casos do
artigo antecedente, quando não houver intenção de prejudicar a terceiros, ou de
violar disposição de lei.
Art. 104. Tendo havido intuito de prejudicar a terceiros, ou infringir preceito de
lei, nada poderão alegar, ou requerer os contraentes em juízo quanto à simulação
do ato, em litígio de um contra o outro, ou contra terceiros.
Art. 105. Poderão demandar a nulidade dos atos simulados os terceiros lesados
pela simulação, ou os representantes do poder público, a bem da lei, ou da
fazenda.
SEÇÃO V
DA FRAUDE CONTRA CREDORES
Art. 106. Os atos de transmissão gratuita de bens, ou remissão de dívida,
quando os pratique o devedor já insolvente, ou por eles reduzidos à insolvência,
poderão ser anulados pelos credores quirografários como lesivos dos seus direitos
(artigo 109). (Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Só os credores que já o eram ao tempo desses atos, podem
pleitear-lhes a anulação.
Art. 107. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor
insolvente, quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida
do outro contraente.
Art. 108. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o
preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em
juízo, com citação edital de todos os interessados.
Art. 109. A ação, nos casos dos artigos 106 e 107, poderá ser intentada contra o
devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada
fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 110. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento
da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 111. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as
garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Art. 112. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem, os negócios ordinários
indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, agrícola, ou industrial
do devedor.
Art. 113. Anulados os atos fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em
proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
(Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Se os atos revogados tinham por único objeto atribuir direitos

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preferenciais, mediante hipoteca, anticrese, ou penhor, sua nulidade importará
somente na anulação da preferência ajustada.
CAPÍTULO III
DAS MODALIDADES DOS ATOS JURÍDICOS

Art. 114. Considera-se condição a cláusula que subordina o efeito do ato jurídico
a evento futuro e incerto.
Art. 115. São lícitas, em geral, todas as condições, que a lei não vedar
expressamente. Entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo
efeito o ato, ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes.
Art. 116. As condições fisicamente impossíveis, bem como as de não fazer coisa
impossível, têm-se por inexistentes. As juridicamente impossíveis invalidam os
atos a elas subordinados.
Art. 117. Não se considera condição a cláusula que não derive exclusivamente
da vontade das partes, mas decorra necessariamente da natureza do direito, a
que acede.
Art. 118. Subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva, enquanto
esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Art. 119. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o
ato jurídico, podendo exercer-se desde o momento deste o direito por ele
estabelecido; mas, verificada a condição, para todos os efeitos, se extingue o
direito a que ela se opõe.
Parágrafo único. A condição resolutiva da obrigação pode ser expressa, ou
tácita; operando, no primeiro caso, de pleno direito, e por interpelação judicial, no
segundo.
Art. 120. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição, cujo
implemento for maliciosamente obstado pela parte, a quem desfavorecer.
Considera-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a
efeito por aquele, a quem aproveita o seu implemento.
Art. 121. Ao titular do direito eventual, no caso de condição suspensiva, é
permitido exercer os atos destinados a conservá-lo.
Art. 122. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e,
pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor,
realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.
Art. 123. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Art. 124. Ao termo inicial se aplica o disposto, quanto à condição suspensiva,
nos artigos 121 e 122, e ao termo final, o disposto acerca da condição resolutiva
no artigo 119.
Art. 125. Salvo disposição em contrário, computam-se os prazos, excluindo o dia

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do começo, e incluindo o do vencimento.
§ 1º. Se este cair em dia feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o
seguinte dia útil.
§ 2º. Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º. Considera-se mês o período sucessivo de trinta dias completos.
(Atualmente considera-se mês o período de tempo contado do dia do início ao dia
correspondente do mês seguinte, conforme a Lei nº 810, de 06.09.1949)
§ 4º. Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Art. 126. Nos testamentos, o prazo se presume em favor do herdeiro, e, nos
contratos, em proveito do devedor, salvo quanto a esses, se do teor do
instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do
credor, ou de ambos os contraentes.
Art. 127. Os atos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a
execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Art. 128. O encargo não suspende a aquisição, nem o exercício do direito, salvo
quando expressamente imposto no ato, pelo disponente, como condição
suspensiva.
CAPÍTULO IV
DA FORMA DOS ATOS JURÍDICOS E DA SUA PROVA

Art. 129. A validade das declarações de vontade não dependerá de forma


especial, senão quando a lei expressamente a exigir (artigo 82).
Art. 130. Não vale o ato que deixar de revestir a forma especial, determinada em
lei (artigo 82), salvo quando esta comine sanção diferente contra a preterição da
forma exigida.
Art. 131. As declarações constantes de documentos assinados presumem-se
verdadeiras em relação aos signatários.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais,
ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os
interessados em sua veracidade do ônus de prová-las. (Redação dada ao
parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 132. A anuência, ou a autorização de outrem, necessária à validade de um
ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que ser possa, do
próprio instrumento.
Art. 133. No contrato celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento
público, este é da substância do ato.
Art. 134. É, outrossim, da substância do ato a escritura pública:
I - nos pactos antenupciais e nas adoções. (Redação dada ao inciso pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
II - nos contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre imóveis de

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valor superior a Cr$ 50.000 (cinqüenta mil cruzeiros), excetuado o penhor agrícola.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.104, de 20.06.1983)
§ 1º. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé
pública, fazendo prova plena, e, além de outros requisitos previstos em lei
especial, deve conter:
a) data e lugar de sua realização;
b) reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam
comparecido ao ato;
c) nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes
e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens
do casamento, nome do cônjuge e filiação;
d) manifestação da vontade das partes e dos intervenientes;
e) declaração de ter sido lida às partes e demais comparecentes, ou de que
todos a leram;
f) assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião,
encerrando o ato. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 2º. Se algum comparecente não puder ou não souber assinar, outra pessoa
capaz assinará por ele, a seu rogo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.952, de
06.11.1981)
§ 3º. A escritura será redigida em língua nacional. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 4º. Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião
não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público
para servir de intérprete ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz,
que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimentos bastantes. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 5º. Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder
identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos 2 (duas)
testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 6.952, de 06.11.1981)
§ 6º. O valor previsto no inciso II deste artigo será reajustado em janeiro de cada
ano, em função da variação nominal das Obrigações Reajustáveis do Tesouro
Nacional - ORTN. (Lei nº 6.423, de 17 de junho de 1977). (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 7.104, de 20.06.1983)
Art. 135. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por
quem esteja na disposição e administração livre de seus bens, sendo subscrito por
duas testemunhas, prova as obrigações convencionais de qualquer valor. Mas os
seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros
(artigo 1.067), antes de transcrito no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de
caráter legal.
Art. 136. Os atos jurídicos, a que se não impõe forma especial, poderão provar-
se mediante:
I - Confissão.
II - Atos processados em juízo.

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III - Documentos públicos ou particulares.
IV - Testemunhas.
V - Presunção.
VI - Exames e vistorias.
VII - Arbitramento.
Art. 137. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de
qualquer peça judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a
cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele
subscritas, assim como os traslados de autos, quando por outro escrivão
concertados. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 138. Terão também a mesma força probante os traslados e as certidões
extraídas por oficial público, de instrumentos ou documentos lançados em suas
notas.
Art. 139. Os traslados, ainda que não concertados, e as certidões considerar-se-
ão instrumentos públicos, se os originais se houverem produzido em juízo como
prova de algum ato. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 140. Os escritos de obrigação redigidos em língua estrangeira serão, para
ter efeitos legais no país, vertidos em português.
Art. 141. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se
admite nos contratos cujo valor não passe de Cr$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros).
(Redação dada ao caput pela Lei nº 1.768, de 18.12.1952) (Revogado
implicitamente pelo artigo 401 do CPC)
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do contrato, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
Art. 142. Não podem ser admitidos como testemunhas:

I - Os loucos de todo o gênero.


II - Os cegos e surdos, quando a ciência do fato, que se quer provar, dependa
dos sentidos, que lhes faltam.
III - Os menores de dezesseis anos.
IV - O interessado no objeto do litígio, bem como o ascendente e o descendente,
ou o colateral, até o terceiro grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou
afinidade.
V - Os cônjuges.
Art. 143. Os ascendentes por consangüinidade, ou afinidade, podem ser
admitidos como testemunhas em questões em que se trate de verificar o
nascimento, ou o óbito dos filhos.
Art. 144. Ninguém pode ser obrigado a depor de fatos, a cujo respeito, por
estado ou profissão, deva guardar segredo.
CAPÍTULO V

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DAS NULIDADES

Art. 145. É nulo o ato jurídico:


I - quando praticado por pessoa absolutamente incapaz (artigo 5º).
II - quando for ilícito, ou impossível, o seu objeto.
III - quando não revestir a forma prescrita em lei (artigo 82 e 130).
IV - quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a
sua validade.
V - quando a lei taxativamente o declarar nulo ou lhe negar efeito.
Art. 146. As nulidades do artigo antecedente podem ser alegadas por qualquer
interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. Devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do ato ou
dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda
a requerimento das partes.
Art. 147. É anulável o ato jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente (artigo 6º).
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, ou fraude (artigos 86 a
113).
Art. 148. O ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro.

A ratificação retroage à data do ato.


Art. 149. O ato de ratificação deve conter a substância da obrigação ratificada e
a vontade expressa de ratificá-la.
Art. 150. É escusada a ratificação expressa, quando a obrigação já foi cumprida
em parte pelo devedor, ciente do vício que a inquinava.
Art. 151. A ratificação expressa, ou a execução voluntária da obrigação anulável,
nos termos dos artigos 148 a 150, importa renúncia a todas as ações, ou
exceções, de que dispusesse contra o ato o devedor.
Art. 152. As nulidades do artigo 147 não têm efeito antes de julgadas por
sentença, nem se pronunciam de ofício.
Só os interessados as podem alegar, e aproveitam exclusivamente aos que as
alegarem, salvo o caso de solidariedade, ou indivisibilidade.
Parágrafo único. A nulidade do instrumento não induz a do ato, sempre que este
puder provar-se por outro meio.
Art. 153. A nulidade parcial de um ato não o prejudicará na parte válida, se esta
for separável. A nulidade da obrigação principal implica a das obrigações
acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Art. 154. As obrigações contraídas por menores entre 16 e 21 anos, são
anuláveis (artigos 6º e 84), quando resultem de atos por eles praticados:
I - Sem autorização de seus legítimos representantes (artigo 84).
II - Sem assistência do curador, que neles houvesse de intervir.

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Art. 155. O menor, entre 16 e 21 anos, não pode, para se eximir de uma
obrigação, invocar a sua idade, se dolosamente a ocultou, inquirido pela outra
parte, ou se, no ato de se obrigar, espontaneamente se declarou maior. (Redação
dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 156. O menor, entre 16 e 21 anos, equipara-se ao maior quanto às
obrigações resultantes de atos ilícitos, em que for culpado.
Art. 157. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a
um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
Art. 158. Anulado o ato, restituir-se-ão as partes ao estado, em que antes dele
se achavam, e não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o
equivalente.

TÍTULO II
DOS ATOS ILÍCITOS

Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou


imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o
dano.
A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo disposto
neste Código, artigos 1.518 a 1.532 e 1.537 a 1.553. (Redação do disposto nesta
parte dada pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 160. Não constituem atos ilícitos:
I - Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido.
II - A deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim de remover perigo
iminente (artigos 1.519 a 1.520).
Parágrafo único. Neste último caso, o ato será legítimo, somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo.
TÍTULO III
DA PRESCRIÇÃO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 161. A renúncia da prescrição pode ser expressa, ou tácita, e só valerá,


sendo feita sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.
Tácita é a renúncia, quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis
com a prescrição.
Art. 162. A prescrição pode ser alegada, em qualquer instância, pela parte a

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quem aproveita.
Art. 163. As pessoas jurídicas estão sujeitas aos efeitos da prescrição e podem
invocá-los sempre que lhes aproveitar.
Art. 164. As pessoas que a lei priva de administrar os próprios bens têm ação
regressiva contra os seus representantes legais, quando estes, por dolo, ou
negligência, derem causa à prescrição.
Art. 165. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu
herdeiro.
Art. 166. O juiz não pode conhecer da prescrição de direitos patrimoniais, se não
foi invocada pelas partes.
Art. 167. Com o principal prescrevem os direitos acessórios.
CAPÍTULO II
DAS CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO

Art. 168. Não corre a prescrição:

I - Entre cônjuges, na constância do matrimônio.


II - Entre ascendentes e descendentes, durante o pátrio poder.
III - Entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela
ou curatela.
IV - Em favor do credor pignoratício, do mandatário, e, em geral, das pessoas
que lhes são equiparadas, contra o depositante, o devedor, o mandante e as
pessoas representadas, os seus herdeiros, quanto ao direito e obrigações
relativas aos bens confiados à sua guarda.
Art. 169. Também não corre a prescrição:
I - Contra os incapazes de que trata o artigo 5º.
II - Contra os ausentes do Brasil em serviço público da União, dos Estados, ou
dos Municípios.
III - Contra os que se acharem servindo na armada e no exército nacionais, em
tempo de guerra.
Art. 170. Não corre igualmente:
I - Pendendo condição suspensiva.
II - Não estando vencido o prazo.
III - Pendendo ação de evicção.
Art. 171. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só
aproveitam os outros, se o objeto da obrigação for indivisível.
CAPÍTULO III
DAS CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO

Art. 172. A prescrição interrompe-se:

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I - Pela citação pessoal feita ao devedor, ainda que ordenada por juiz
incompetente.
II - Pelo protesto, nas condições do número anterior.
III - Pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário, ou em
concurso de credores.
IV - Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor.
V - Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Art. 173. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último do processo para a interromper.
Art. 174. Em cada um dos casos do artigo 172, a interrupção pode ser
promovida:
I - Pelo próprio titular do direito em via de prescrição.
II - Por quem legalmente o represente.
III - Por terceiro que tenha legítimo interesse.
Art. 175. A prescrição não se interrompe com a citação nula por vício de forma,
por circunducta, ou por se achar perempta a instância, ou a ação.
Art. 176. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros.
Semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro,
não prejudica aos demais co-obrigados.
§ 1º. A interrupção, porém, aberta por um dos credores solidários aproveita aos
outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.
§ 2º. A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações
e direitos indivisíveis.
§ 3º. A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
CAPÍTULO IV
DOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO

Art. 177. As ações pessoais prescrevem, ordinariamente, em vinte anos, as reais


em dez, entre presentes e, entre ausentes em quinze, contados da data em que
poderiam ter sido propostas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de
07.03.1955)
Art. 178. Prescreve:
§ 1º. Em dez dias, contados do casamento, a ação do marido para anular o
matrimônio contraído com a mulher já deflorada (artigos 218, 219, nº IV e 220).
§ 2º. Em quinze dias, contados da tradição da coisa, a ação para haver
abatimento do preço da coisa móvel, recebida com vício redibitório, ou para
rescindir o contrato e reaver o preço pago, mais perdas e danos. (Redação dada
pelo Dec. Leg. 3.725, de 15.01.1919)
§ 3º. Em dois meses, contados do nascimento, se era presente o marido, a ação

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para este contestar a legitimidade do filho de sua mulher (artigos 338 e 344).
§ 4º. Em três meses:
I - A mesma ação do parágrafo anterior, se o marido se achava ausente, ou lhe
ocultaram o nascimento, contado o prazo do dia de sua volta a casa conjugal, no
primeiro caso, e da data do conhecimento do fato, no segundo.
II - A ação do pai, tutor, ou curador para anular o casamento do filho, pupilo, ou
curatelado, contraído sem o consentimento daqueles, nem o seu suprimento pelo
juiz; contado o prazo do dia em que tiverem ciência do casamento (artigos 180, nº
III, 183, nº XI, 209 e 213).
§ 5º. Em seis meses:
I - A ação do cônjuge coato para anular o casamento; contado o prazo do dia em
que cessou a coação (artigos 183, nº IX e 209). (Revogado implicitamente pelo
Decreto nº 4.529, de 30.06.1942)
II - A ação para anular o casamento do incapaz de consentir, promovida por este,
quando se torne capaz, por seus representantes legais, ou pelos herdeiros;
contados o prazo do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso, do
casamento, no segundo, e, no terceiro, da morte do incapaz, quando esta ocorra
durante a incapacidade (artigo 212).
III - A ação para anular o casamento da menor de 16 e do menor de 18 anos;
contado o prazo do dia em que o menor perfez essa idade, se a ação for por ele
movida, e da data do matrimônio, quando o for por seus representantes legais
(artigo 213 a 216) ou pelos parentes designados no artigo 190. (Redação dada ao
inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
IV - A ação para haver o abatimento do preço da coisa imóvel, recebida com
vício redibitório, ou para rescindir o contrato comutativo, e haver o preço pago,
mais perdas e danos, contado o prazo da tradição da coisa. (Redação dada ao
inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
V - A ação dos hospedeiros, estalajadeiros ou fornecedores de víveres
destinados ao consumo no próprio estabelecimento, pelo preço da hospedagem
ou dos alimentos fornecidos; contado o prazo do último pagamento.
§ 6º. Em um ano:
I - A ação do doador para revogar a doação; contado o prazo do dia em que
souber do fato, que o autoriza a revogá-la (artigo 1.181 a 1.187).
II - A ação do segurado contra o segurador e vice-versa, se o fato que o autoriza
se verificar no país; contado o prazo do dia em que o interessado tiver
conhecimento do mesmo fato (artigo 178, § 7º, nº V).
III - A ação do filho, para desobrigar e reivindicar os imóveis de sua propriedade,
alienados ou gravados pelo pai fora dos casos expressamente legais; contado o
prazo do dia em que chegar à maioridade (artigos 386 e 388, nº I).
IV - A ação dos herdeiros do filho, no caso do número anterior, contando-se o
prazo do dia do falecimento, se o filho morreu menor, e bem assim a de seu
representante legal, se o pai decaiu do pátrio poder, correndo o prazo da data em
que houver decaído (artigo 386 e 388, nºs. II e III).
V - A ação de nulidade da partilha; contado o prazo da data em que a sentença
da partilha passou em julgado (artigo 1.805). (Redação dada ao inciso pelo artigo
1.029 do CPC)
VI - A ação dos professores, mestres ou repetidores de ciência, literatura, ou

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arte, pelas lições que derem, pagáveis por períodos não excedentes a um mês;
contados o prazo do termo de cada período vencido.
VII - A ação dos donos de casa de pensão, educação, ou ensino, pelas
prestações dos seus pensionistas, alunos ou aprendizes; contado o prazo do
vencimento de cada uma.
VIII - A ação dos tabeliães e outros oficiais do juízo, porteiros do auditório e
escrivães, pelas custas dos atos que praticarem; contado o prazo da data
daqueles por que elas se deverem.
IX - A ação dos médicos, cirurgiões ou farmacêuticos, por suas visitas,
operações ou medicamentos; contado o prazo da data do último serviço prestado.
X - A ação dos advogados, solicitadores, curadores, peritos e procuradores
judiciais, para o pagamento de seus honorários; contado o prazo do vencimento
do contrato, da decisão final do processo, ou da revogação do mandato.
(Revogado pela nº Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia, artigo 25, que dá prazo de
5 anos para a prescrição)
XI - A ação do proprietário do prédio desfalcado contra o do prédio aumentado
pela avulsão, nos termos do artigo 541; contado do dia, em que ela ocorreu, o
prazo prescribente.
XII - A ação dos herdeiros do filho para prova da legitimidade da filiação; contado
o prazo da data do seu falecimento se houver morrido ainda menor ou incapaz.
(Revogado pela nº Lei 8.906/94, Estatuto da Advocacia, artigo 25, que dá prazo de
5 anos para a prescrição)
XIII - A ação do adotado para se desligar da adoção, realizada quando ele era
menor ou se achava interdito; contado o prazo do dia em que cessar a
menoridade ou a interdição.
§ 7º. Em dois anos:
I - A ação do cônjuge para anular o casamento nos casos do artigo 219, nºs I, II e
III; contado o prazo da data da celebração do casamento; e da data da execução
deste Código para os casamentos anteriormente celebrados.
II - A ação dos credores por dívida inferior a cem mil réis, salvo as contempladas
nos nºs. VI a VIII do parágrafo anterior; contado o prazo do vencimento respectivo,
se estiver prefixado, e, no caso contrário, do dia em que foi contraída.
III - A ação dos professores, mestres e repetidores de ciência, literatura ou arte,
cujos honorários sejam estipulados em prestações correspondentes a períodos
maiores de um mês; contado o prazo do vencimento da última prestação.
IV - A ação dos engenheiros, arquitetos, agrimensores e estereômetras, por seus
honorários; contado o prazo do termo dos seus trabalhos.
V - A ação do segurado contra o segurador e, vice-versa, se o fato que a autoriza
se verificar fora do Brasil; contado o prazo do dia em que desse fato soube o
interessado (artigo 178, § 6º, nº II).
VI - A ação do cônjuge ou seus herdeiros necessários para anular a doação feita
pelo cônjuge adúltero ao seu cúmplice; contado o prazo da dissolução da
sociedade conjugal (artigo 1.177). (Redação dada ao inciso pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
VII - A ação do marido ou dos seus herdeiros, para anular atos da mulher,
praticados sem o seu consentimento, ou sem o suprimento do juiz; contado o
prazo do dia em que se dissolver a sociedade conjugal (artigos 252 e 315).

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(Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 8º. Em três anos:
A ação do vendedor para resgatar o imóvel vendido; contado o prazo da data da
escritura, quando se não fixou no contrato menor (artigo 1.141).
§ 9º. Em quatro anos:
I - Contados da dissolução da sociedade conjugal, a ação da mulher para:
a) desobrigar ou reivindicar os imóveis do casal, quando o marido os gravou, ou
alienou sem outorga uxória, ou suprimento dela pelo juiz (artigo 235 e 237);
b) anular as fianças prestadas e as doações feitas pelo marido fora dos casos
legais (artigos 235, nºs. III e IV, e 236); (Redação dada à alínea pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
c) reaver do marido o dote (artigo 300), ou os outros bens seus, confiados à
administração marital (artigos 233, nº II, 263, nºs. VIII e IX, 269, 289, nº I, 300 e
311, nº III).
II - A ação dos herdeiros da mulher, nos casos das letras a, b e c do número
anterior, quando ela faleceu, sem propor a que ali se lhe assegura; contando o
prazo da data do falecimento (artigos 239, 295, nº II, 300 e 311, nº III).
III - A ação da mulher ou seus herdeiros para desobrigar ou reivindicar os bens
dotais alienados ou gravados pelo marido; contado o prazo da dissolução da
sociedade conjugal (artigo 293 a 296).
IV - A ação do interessado em pleitear a exclusão do herdeiro (artigos 1.595 e
1.596), ou provar a causa da sua deserdação (artigos 1.714 a 1.745), e bem assim
a ação do deserdado para a impugnar; contado o prazo da abertura da sucessão.
V - A ação de anular ou rescindir os contratos, para a qual não se tenha
estabelecido menor prazo; contado este:
a) no caso de coação, do dia em que ela cessar;
b) no de erro, dolo, simulação ou fraude, no dia em que se realizar o ato ou o
contrato;
c) quanto aos atos dos incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
VI - A ação do filho natural para impugnar o reconhecimento; contado o prazo do
dia em que atingir a maioridade ou se emancipar. (Inciso acrescentado pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 10. Em cinco anos:
I - As prestações de pensões alimentícias.
II - As prestações de rendas temporárias ou vitalícias.
III - Os juros, ou quaisquer outras prestações acessórias pagáveis anualmente,
ou em períodos mais curtos.
IV - Os alugueres de prédio rústico ou urbano.
V - A ação dos serviçais, operários e jornaleiros, pelo pagamento dos seus
salários. (Inciso alterado implicitamente pelo inciso XXIX do artigo 7º da CF/88)
VI - As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, e bem assim
toda e qualquer ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal; devendo o
prazo da prescrição correr da data do ato ou fato do qual se originar a mesma
ação. (Revogado implicitamente pelo Decreto-Lei nº 4.597, de 19.08.1942)
VII - A ação civil por ofensa a direitos de autor; contado o prazo da data da
contrafação. (Revogado implicitamente pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998)
VIII - O direito de propor a ação rescisória. (Revogado implicitamente pelo artigo

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495 do CPC)
IX - A ação por ofensa ou dano causados ao direito de propriedade; contado o
prazo da data em que se deu a mesma ofensa ou dano.
Art. 179. Os casos de prescrição não previstos neste Código serão regulados,
quanto ao prazo, pelo artigo 177.

PARTE ESPECIAL

LIVRO I
DO DIREITO DE FAMÍLIA

TÍTULO I
DO CASAMENTO

CAPÍTULO I
DAS FORMALIDADES PRELIMINARES

Art. 180. A habilitação para casamento faz-se perante o oficial do Registro Civil,
apresentando-se os seguintes documentos:
I - Certidão de idade ou prova equivalente.
II - Declaração do estado, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de
seus pais, se forem conhecidos.
III - Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato
judicial que a supra (artigo 183, nº XI, 188 e 196).
IV - Declaração de duas testemunhas maiores, parentes, ou estranhos, que
atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento, que os iniba de casar.
V - Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou
do registro da sentença de divórcio. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977)
Parágrafo único. Se algum dos contraentes houver residido a maior parte do
último ano em outro Estado, apresentará prova de que o deixou sem impedimento
para casar, ou de que cessou o existente.
Art. 181. À vista desses documentos apresentados pelos pretendentes, ou seus
procuradores, o oficial do registro lavrará os proclamas de casamento, mediante
edital, que se afixará durante quinze dias, em lugar ostensivo do edifício, onde se
celebrarem os casamentos, e se publicará pela imprensa, onde a houver (artigo
182, parágrafo único).
§ 1º. Se, decorrido esse prazo, não aparecer quem oponha impedimento, nem
lhe constar algum dos que de ofício lhe cumpre declarar, o oficial do registro
certificará aos pretendentes que estão habilitados para casar dentro dos três
meses imediatos (artigo 192).
§ 2º. Se os nubentes residirem em diversas circunscrições do Registro Civil, em

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uma e em outra se publicarão os editais.
Art. 182. O registro dos editais far-se-á no cartório do oficial, que os houver
publicado, dando-se deles certidão a quem pedir.
Parágrafo único. A autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar-
lhes a publicação desde que se lhe apresentem os documentos exigidos no artigo
180.
CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS

Art. 183. Não podem casar (artigos 207 e 209):

I - Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco legítimo ou


ilegítimo, natural ou civil.
II - Os afins em linha reta, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo.
III - O adotante com o cônjuge do adotado e o adotado com o cônjuge do
adotante (artigo 376).
IV - Os irmãos, legítimos ou ilegítimos, germanos ou não e os colaterais,
legítimos ou ilegítimos, até o terceiro grau inclusive.
V - O adotado com o filho superveniente ao pai ou à mãe adotiva (artigo 376).
VI - As pessoas casadas (artigo 203).
VII - O cônjuge adúltero com o seu co-réu, por tal condenado.
VIII - O cônjuge sobrevivente com o condenado como delinqüente no homicídio,
ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
IX - As pessoas por qualquer motivo coactas e as incapazes de consentir, ou
manifestar, de modo inequívoco, o consentimento. (Redação dada ao inciso pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
X - O raptor com a raptada, enquanto esta não se ache fora de seu poder e em
lugar seguro.
XI - Os sujeitos ao pátrio poder, tutela, ou curatela, enquanto não obtiverem, ou
lhes não for suprido o consentimento do pai, tutor, ou curador (artigo 212).
(Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
XII - As mulheres menores de 16 anos e os homens menores de 18.
XIII - O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal (artigo 225) e der partilha aos herdeiros. (Redação
dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
XIV - A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal, salvo se antes de findo esse prazo der à luz algum filho.
(Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
XV - O tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados, ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas, salvo
permissão paterna ou materna manifestada em escrito autêntico ou em
testamento.
XVI - O juiz, ou escrivão e seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados
ou sobrinhos, com órfão ou viúva, da circunscrição territorial onde um ou outro

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tiver exercício, salvo licença especial da autoridade judiciária superior.
Art. 184. A afinidade resultante de filiação espúria poderá provar-se por
confissão espontânea dos ascendentes da pessoa impedida, os quais, se o
quiserem, terão o direito de fazê-la em segredo de justiça.
Parágrafo único. A resultante da filiação natural poderá ser também provada por
confissão espontânea dos ascendentes, se da filiação não existir a prova prescrita
no artigo 357.
Art. 185. Para o casamento dos menores de 21 anos, sendo filhos legítimos, é
mister o consentimento de ambos os pais.
Art. 186. Discordando eles entre si, prevalecerá a vontade paterna, ou, sendo o
casal separado, divorciado ou tiver sido o seu casamento anulado, a vontade do
cônjuge, com quem estiverem os filhos. (Redação dada ao caput pela Lei nº
6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. Sendo, porém, ilegítimos os pais, bastará o consentimento do
que houver reconhecido o menor, ou se este não for reconhecido, o
consentimento materno.
Art. 187. Até a celebração do matrimônio podem os pais, tutores e curadores
retratar o seu consentimento. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 188. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo
juiz, com recurso para a instância superior.
CAPÍTULO III
DA OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS

Art. 189. Os impedimentos do artigo 183, nºs I a XII, podem ser opostos:
I - Pelo oficial do Registro Civil (artigo 227, nº III).
II - Por quem presidir à celebração do casamento.
III - Por qualquer pessoa maior, que, sob sua assinatura, apresente declaração
escrita, instruída com as provas do fato que alegar.
Parágrafo único. Se não puder instruir a oposição com as provas, precisará o
oponente o lugar, onde existam, ou nomeará, pelo menos, duas testemunhas,
residentes no Município, que atestem o impedimento.
Art. 190. Os outros impedimentos só poderão ser opostos:

I - Pelos parentes, em linha reta, de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou


afins.
II - Pelos colaterais, em segundo grau, sejam consangüíneos ou afins.
Art. 191. O oficial do Registro Civil dará aos nubentes, ou seus representantes,
nota do impedimento oposto, indicando os fundamentos, as provas, e, se o
impedimento não se opôs ex officio, o nome do oponente.
Parágrafo único. Fica salvo aos nubentes fazer a prova contrária ao impedimento
e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.

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CAPÍTULO IV
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO

Art. 192. Celebrar-se-á o casamento no dia, hora e lugar previamente


designados pela autoridade que houver de presidir ao ato, mediante petição dos
contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do artigo 181, § 1º.
Art. 193. A solenidade celebrar-se-á na casa das audiências, com toda a
publicidade, a portas abertas, presentes, pelo menos, duas testemunhas, parentes
ou não dos contraentes, ou, em caso de força maior, querendo as partes, e
consentindo o juiz, noutro edifício, público ou particular.
Parágrafo único. Quando o casamento for em casa particular, ficará esta de
portas abertas durante o ato, e, se algum dos contraentes não souber escrever,
serão quatro as testemunhas.
Art. 194. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial,
juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida
aos nubentes a afirmação de que persistem no propósito de casar por livre e
espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:
"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos
receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Art. 195. Do matrimônio, logo depois de celebrado, se lavrará o assento no livro
de registro (artigo 202).
No assento, assinado pelo presidente do ato, os cônjuges, as testemunhas e o
oficial do registro, serão exarados:
I - Os nomes, prenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência
atual dos cônjuges. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
II - Os nomes, prenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e
residência atual dos pais. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.015, de
31.12.1973)
III - Os nomes e prenomes do cônjuge precedente e a data da dissolução do
casamento anterior. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
IV - A data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
V - A relação dos documentos apresentados ao oficial do registro (artigo 180).
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
VI - Os nomes, prenomes, profissão, domicílio e residência atual das
testemunhas. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
VII - O regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas
notas foi passada a escritura antenupcial, quando o regime não for o de comunhão
parcial, ou o legal estabelecido ao Título III deste Livro, para outros casamentos.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 196. O instrumento da autorização para casar transcrever-se-á
integralmente na escritura antenupcial.
Art. 197. A celebração do casamento será imediatamente suspensa, se algum

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dos contraentes:
I - Recusar a solene afirmação da sua vontade.
II - Declarar que esta não é livre e espontânea.
III - Manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum destes fatos, der causa à suspensão
do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
Art. 198. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá
celebrá-lo na casa do impedido, e, sendo urgente, ainda à noite, perante quatro
testemunhas, que saibam ler e escrever.
§ 1º. A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir ao
casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do
Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.
§ 2º. O termo avulso, que o oficial ad hoc lavrar, será levado ao registro no mais
breve prazo possível.
Art. 199. O oficial do registro, mediante despacho da autoridade competente, à
vista dos documentos exigidos no artigo 180 e independentemente do edital de
proclamas (artigo 181), dará a certidão ordenada no artigo 181, § 1º.
I - Quando ocorrer motivo urgente que justifique a imediata celebração do
casamento.
II - Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida.
Parágrafo único. Neste caso, não obtendo os contraentes a presença da
autoridade, a quem incumba presidir ao ato, nem a de seu substituto, poderão
celebrá-lo em presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham
parentesco em linha reta, ou, na colateral, em segundo grau.
Art. 200. Essas testemunhas comparecerão dentro em cinco dias ante a
autoridade judicial mais próxima, pedindo que se lhes tomem por termo as
seguintes declarações:
I - Que foram convocadas por parte do enfermo.
II - Que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo.
III - Que em sua presença declararam os contraentes livre e espontaneamente
receber-se por marido e mulher.
§ 1º. Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências
necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado para o
casamento, na forma ordinária, ouvidos os interessados, que o requererem, dentro
em quinze dias.
§ 2º. Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a
autoridade competente, com recurso voluntário às partes.
§ 3º. Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar
dos rercursos interpostos, o juiz mandará transcrevê-la no livro do registro dos
casamentos.
§ 4º. O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao
estado dos cônjuges, à data da celebração e, quanto aos filhos comuns, à data do
nascimento.
§ 5º. Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo anterior, se o enfermo

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convalescer e puder ratificar o casamento em presença da autoridade competente
e do oficial do registro.
Art. 201. O casamento pode celebrar-se mediante procuração que outorgue
poderes especiais ao mandatário para receber, em nome do outorgante, o outro
contraente.
Parágrafo único. Pode casar por procuração o preso, ou o condenado, quando
lhe não permita comparecer em pessoa a autoridade, sob cuja guarda estiver.
CAPÍTULO V
DAS PROVAS DO CASAMENTO

Art. 202. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro,


feito ao tempo de sua celebração (artigo 195.).
Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível
qualquer outra espécie de prova.
Art. 203. O casamento de pessoas que faleceram na posse do estado de
casadas não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante
certidão do registro civil, que prove que já era casada alguma delas, quando
contraiu o matrimônio impugnado (artigo 183, nº VI).
Art. 204. O casamento celebrado fora do Brasil prova-se de acordo com a lei do
país onde se celebrou.
Parágrafo único. Se, porém, se contraiu perante agente consular, provar-se-á por
certidão do assento no registro do consulado.
Art. 205. Quando a prova da celebração legal do casamento resultar de
processo judicial, a inscrição da sentença no livro de registro civil produzirá, assim
no que toca aos cônjuges, como no que respeita aos filhos, todos os efeitos civis
desde a data do casamento. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 206. Na dúvida entre as provas pró e contra, julgar-se-á pelo casamento, se
os cônjuges, cujo matrimônio se impugna, viverem ou tiverem vivido na posse do
estado de casados.
CAPÍTULO VI
DO CASAMENTO NULO E ANULÁVEL

Art. 207. É nulo e de nenhum efeito, quanto aos contraentes e aos filhos, o
casamento contraído com infração de qualquer dos nºs I a VIII do artigo 183.
Art. 208. É também nulo o casamento contraído perante autoridade
incompetente (artigos 192, 194, 195 e 198). Mas esta nulidade se considerará
sanada, se não se alegar dentro em dois anos da celebração.
Parágrafo único. Antes de vencido esse prazo, a declaração da nulidade poderá
ser requerida:

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I - Por qualquer interessado.
II - Pelo Ministério Público, salvo se já houver falecido algum dos cônjuges.
Art. 209. É anulável o casamento contraído com infração de qualquer dos nºs IX
a XII do artigo 183.
Art. 210. A anulação do casamento contraído pelo coacto ou pelo incapaz de
consentir, só pode ser promovida:
I - Pelo próprio coacto.
II - Pelo incapaz.
III - Por seus representantes legais.
Art. 211. O que contraiu casamento, enquanto incapaz, pode ratificá-lo, quando
adquirir a necessária capacidade, e esta ratificação retrotrairá os seus efeitos à
data da celebração.
Art. 212. A anulação do casamento contraído com infração do nº XI do artigo 183
só pode ser requerida pelas pessoas que tinham o direito de consentir e não
assistiram ao ato.
Art. 213. A anulação do casamento da menor de dezesseis anos ou do menor de
dezoito anos será requerida:
I - Pelo próprio cônjuge menor.
II - Pelos seus representantes legais.
III - Pelas pessoas designadas no artigo 190, naquela mesma ordem.
Art. 214. Podem, entretanto, casar-se os referidos menores para evitar a
imposição ou o cumprimento da pena criminal.
Parágrafo único. Em tal caso o juiz poderá ordenar a separação de corpos, até
que os cônjuges alcancem a idade legal.
Art. 215. Por defeito de idade não se anulará o casamento, de que resultou
gravidez.
Art. 216. Quando requerida por terceiros a anulação do casamento (artigo 213,
nºs II e III), poderão os cônjuges ratificá-lo, em perfazendo a idade fixada no artigo
183, nº XII, ante o juiz e o oficial do Registro Civil. A ratificação terá efeito
retroativo, subsistindo, entretanto, o regime da separação de bens.
Art. 217. A anulação do casamento não obsta à legitimidade do filho concebido
ou havido antes ou na constância dele.
Art. 218. É também anulável o casamento, se houve por parte de um dos
nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro.
Art. 219. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I - O que diz respeito à identidade do outro cônjuge, sua honra e boa fama,
sendo esse erro tal, que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em
comum ao cônjuge enganado.
II - A ignorância de crime inafiançável, anterior ao casamento e definitivamente

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julgado por sentença condenatória.
III - A ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável ou de
moléstia grave e transmissível, por contágio ou herança, capaz de pôr em risco a
saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.
IV - O defloramento da mulher, ignorado pelo marido.
Art. 220. A anulação do casamento, nos casos do artigo antecedente, só a
poderá demandar o cônjuge enganado. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 221. Embora anulável, ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os
cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os
efeitos civis até o dia da sentença anulatória. (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Se um só dos cônjuges estava de boa-fé, ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a esse e aos filhos aproveitarão.
Art. 222. A nulidade do casamento processar-se-á por ação ordinária, na qual
será nomeado curador que o defenda.
Art. 223. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, ou a
de desquite, requererá o autor, com documentos que a autorizem, a separação de
corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.
Art. 224. Concedida a separação, a mulher poderá pedir os alimentos
provisionais, que lhe serão arbitrados, na forma do artigo 400.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 225. O viúvo, ou a viúva, com filhos do cônjuge falecido, que se casar antes
de fazer inventário do casal e dar partilha aos herdeiros, perderá o direito ao
usufruto dos bens dos mesmos filhos.
Art. 226. No casamento, com infração do artigo 183, nºs XI a XVI, é obrigatório o
regime da separação de bens, não podendo o cônjuge infrator fazer doações ao
outro.
Parágrafo único. Considera-se culpado o tutor que não puder apresentar em seu
favor a escusa da cláusula final do artigo 183, nº XV.
Art. 227. Incorre na multa de cem a quinhentos mil réis, além da
responsabilidade penal aplicável ao caso, o oficial do Registro:
I - Que publicar o edital do artigo 181, não sendo solicitado por ambos os
contraentes.
II - Que der a certidão do artigo 181, § 1º, antes de apresentados os documentos
do artigo 180, ou pendente a oposição de algum impedimento.
III - Que não declarar os impedimentos, cuja oposição se lhe fizer, ou cuja
existência, sendo aplicável de ofício, lhe constar com certeza (artigo 189, nº I).
Art. 228. Nas mesmas penas incorrerá o juiz:

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I - Que celebrar o casamento antes de levantados os impedimentos opostos
contra algum dos contraentes.
II - Que deixar de recebê-los, quando oportunamente opostos, nos termos dos
artigos 189 a 191.
III - Que se abstiver de opô-los, quando lhe constarem, e forem dos que se
opõem ex officio (artigo 189, nº II).
IV - Que se recusar a presidir ao casamento, sem justa causa.
Parágrafo único. Cabe aos interessados promover a aplicação das penas
cominadas nos artigos 225 e 226. A das deste e do artigo 227 será promovida
pelo Ministério Público, e poderá sê-lo pelos interessados. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
TÍTULO II
DOS EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 229. Criando a família legítima, o casamento legitima os filhos comuns,


antes dele nascidos ou concebidos (artigos 352 a 354).
Art. 230. O regime dos bens entre cônjuges começa a vigorar desde a data do
casamento, e é irrevogável.
Art. 231. São deveres de ambos os cônjuges:
I - Fidelidade recíproca.
II - Vida em comum, no domicílio conjugal (artigos 233, VI e 234).
III - Mútua assistência.
IV - Sustento, guarda e educação dos filhos.
Art. 232. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este
incorrerá:
I - Na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente.
II - Na obrigação de cumprir as promessas, que lhe fez, no contrato antenupcial
(artigos 256 e 312).
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS E DEVERES DO MARIDO

Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a
colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos (artigos 240,
247 e 251).Compete-lhe:
I - A representação legal da família.
II - A administração dos bens comuns e dos particulares da mulher que ao
marido incumbir administrar, em virtude do regime matrimonial adotado ou de
pacto antenupcial (artigos 178, § 9º, nº I, c, 274, 289, nº I e 311).

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III - O direito de fixar o domicílio da família, ressalvada a possibilidade de recorrer
a mulher ao juiz, no caso de deliberação que a prejudique.
IV - Prover a manutenção da família, guardadas as disposições dos artigos 275 e
277. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 234. A obrigação de sustentar a mulher cessa, para o marido, quando ela
abandona sem justo motivo a habitação conjugal, e a esta recusa voltar. Neste
caso, o juiz pode, segundo as circunstâncias, ordenar, em proveito do marido e
dos filhos, o seqüestro temporário de parte dos rendimentos particulares da
mulher.
Art. 235. O marido não pode, sem consentimento da mulher, qualquer que seja o
regime de bens:
I - Alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou direitos reais
sobre imóveis alheios (artigos 178, § 9º, nº I, a, 237 , 276 e 293). (Redação dada
ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
II - Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens e direitos.
III - Prestar fiança (artigos 178, § 9º, nº I, b e 263, nº X).
IV - Fazer doação, não sendo remuneratória ou de pequeno valor, com os bens
ou rendimentos comuns (artigo 178, § 9º, I, b).
Art. 236. Valerão, porém, os dotes ou doações nupciais feitas às filhas e as
doações feitas aos filhos por ocasião de se casarem, ou estabelecerem economia
separada (artigo 313).
Art. 237. Cabe ao juiz suprir a outorga da mulher, quando esta a denegue sem
motivo justo, ou lhe seja impossível dá-la (artigos 235, 238 e 239).
Art. 238. O suprimento judicial da outorga autoriza o ato do marido, mas não
obriga os bens próprios da mulher (artigos 255, 269, 274 e 275).
Art. 239. A anulação dos atos do marido praticados sem outorga da mulher, ou
sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada por ela, ou seus herdeiros
(artigos 178, § 9º, nº I, a e nº II).
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E DEVERES DA MULHER

Art. 240. A mulher, com o casamento, assume a condição de companheira,


consorte e colaboradora do marido nos encargos da família, cumprindo-lhe velar
pela direção material e moral desta.
Parágrafo único. A mulher poderá acrescer aos seus os apelidos do marido.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 241. Se o regime de bens não for o de comunhão universal, o marido
recobrará da mulher as despesas, que com a defesa dos bens e direitos
particulares desta houver feito.
Art. 242. A mulher não pode, sem autorização do marido (artigo 251):

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I - Praticar atos que este não poderia sem consentimento da mulher (artigo 235).
II - Alienar ou gravar de ônus real, os imóveis de seu domínio particular, qualquer
que seja o regime dos bens (artigos 263, nºs II, III e VIII, 269, 275 e 310).
III - Alienar os seus direitos reais sobre imóveis de outrem.
IV - Contrair obrigações que possam importar em alheação de bens do casal.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 243. A autorização do marido pode ser geral ou especial, mas deve constar
de instrumento público ou particular previamente autenticado.
Art. 244. Esta autorização é revogável a todo o tempo, respeitados os direitos de
terceiros e os efeitos necessários dos atos iniciados.
Art. 245. A autorização marital pode suprir-se judicialmente:
I - Nos casos do artigo 242, nºs I a V.
II - Nos casos do artigo 242, nºs VII e VIII, se o marido não ministrar os meios de
subsistência à mulher e aos filhos.
Parágrafo único. O suprimento judicial da autorização valida os atos da mulher,
mas não obriga os bens próprios do marido. (Parágrafo transposto do artigo 247
pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 246. A mulher que exercer profissão lucrativa, distinta da do marido, terá
direito de praticar todos os atos inerentes ao seu exercício e à sua defesa. O
produto do seu trabalho assim auferido, e os bens com ele adquiridos, constituem,
salvo estipulação diversa em pacto antenupcial, bens reservados, dos quais
poderá dispor livremente com observância, porém, do preceituado na parte final
do artigo 240 e nos nºs II e III, do artigo 242. (Redação dada ao caput pela Lei nº
4.121, de 27.08.1962)
Parágrafo único. Não responde, o produto do trabalho da mulher, nem os bens a
que se refere este artigo, pelas dívidas do marido, exceto as contraídas em
benefício da família. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 247. Presume-se a mulher autorizada pelo marido:
I - Para a compra, ainda que a crédito, das coisas necessárias à economia
doméstica.
II - Para obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa
exigir.
III - Para contrair as obrigações concernentes à indústria, ou profissão que
exercer com autorização do marido, ou suprimento do juiz.
Parágrafo único. Considerar-se-á sempre autorizada pelo marido a mulher, que
ocupar cargo público, ou, por mais de seis meses, se entregar à profissão
exercida fora do lar conjugal. (Parágrafo transposto do artigo 243 pelo Dec. Leg.
nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 248. A mulher casada pode livremente:
I - Exercer o direito de lhe competir sobre as pessoas e os bens dos filhos do
leito anterior (artigo 393).
II - Desobrigar ou reivindicar os imóveis do casal que o marido tenha gravado ou
alienado sem sua outorga ou suprimento do juiz (artigo 235, nº 1).

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III - Anular as fianças ou doações feitas pelo marido com infração do disposto
nos nºs III e IV do artigo 235.
IV - Reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo
marido à concubina (artigo 1.177).
Parágrafo único. Este direito prevalece, esteja ou não a mulher em companhia do
marido, e ainda que a doação se dissimule em venda ou outro contrato. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
V - Dispor dos bens adquiridos na conformidade do número anterior e de
quaisquer outros que possua, livres da administração do marido, não sendo
imóveis. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
VI - Promover os meios assecuratórios e as ações que, em razão do dote ou de
outros bens seus, sujeitos à administração do marido, contra este lhe competirem.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
VII - Praticar quaisquer outros atos não vedados por lei. (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
VIII - Propor a separação judicial e o divórcio. (Inciso acrescentado pela Lei nº
6.515, de 26.12.1977)
Art. 249. As ações fundadas nos nºs II, III, IV e VI do artigo antecedente
competem à mulher e aos seus herdeiros.
Art. 250. Salvo o caso do no IV do artigo 248, fica ao terceiro, prejudicado com a
sentença favorável à mulher, o direito regressivo contra o marido ou seus
herdeiros.
Art. 251. À mulher compete a direção e administração do casal, quando o
marido:
I - Estiver em lugar remoto, ou não sabido.
II - Estiver em cárcere por mais de dois anos.
III - For judicialmente declarado interdito.
Parágrafo único. Nestes casos, cabe à mulher:
I - Administrar os bens comuns.
II - Dispor dos particulares e alienar os móveis comuns e os do marido.
III - Administrar os do marido.
IV - Alienar os imóveis comuns e os do marido mediante autorização especial do
juiz.
Art. 252. A falta, não suprida pelo juiz, de autorização do marido, quando
necessária (artigo 242), invalidará o ato da mulher, podendo esta nulidade ser
alegada pelo outro cônjuge, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal.
Parágrafo único. A ratificação do marido, provada por instrumento público ou
particular autenticado, revalida o ato.
Art. 253. Os atos da mulher autorizados pelo marido obrigam todos os bens do
casal, se o regime matrimonial for o da comunhão, e somente os particulares dela,
se outro for o regime e o marido não assumir conjuntamente a responsabilidade
do ato.

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Art. 254. Qualquer que seja o regime do casamento, os bens de ambos os
cônjuges ficam obrigados igualmente pelos atos que a mulher praticar na
conformidade do artigo 247.
Art. 255. A anulação dos atos de um cônjuge por falta da outorga indispensável
do outro, importa ficar o primeiro obrigado pela importância da vantagem, que do
ato anulado lhe haja advindo, a ele, ao consorte ou ao casal. (Redação dada ao
caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Quando o cônjuge responsável pelo ato anulado não tiver bens
particulares, que bastem, o dano aos terceiros de boa-fé se comporá pelos bens
comuns, na razão do proveito que lucrar o casal.
TÍTULO III
DO REGIME DOS BENS ENTRE OS CÔNJUGES

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 256. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular


quanto aos seus bens, o que lhes aprouver (artigos 261, 273, 283, 287 e 312).
Parágrafo único. Serão nulas tais convenções:
I - Não se fazendo por escritura pública.
II - Não se lhes seguindo o casamento.
Art. 257. Ter-se-á por não escrita a convenção, ou a cláusula:
I - Que prejudique os direitos conjugais, ou os paternos.
II - Que contravenha disposição absoluta da lei.
Art. 258. Não havendo convenção, ou sendo nula, vigorará, quanto aos bens,
entre os cônjuges, o regime de comunhão parcial. (Redação dada ao caput pela
Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. É, porém, obrigatório o da separação de bens no casamento.
I - das pessoas que o celebrarem com infração do estatuído no artigo 183, nºs XI
a XVI (artigo 216).
II - Do maior de sessenta e da maior de cinqüenta anos.
III - Do órfão de pai e mãe, ou do menor, nos termos dos artigos 394 e 395,
embora case, nos termos do artigo 183, nº XI, com o consentimento do tutor.
(Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
IV - De todos os que dependerem, para casar, de autorização judicial (artigos
183, nº XI, 384, nº III, 426, nº I, e 453). (Redação dada ao inciso pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 259. Embora o regime não seja o da comunhão de bens, prevalecerão, no
silêncio do contrato, os princípios dela, quanto à comunicação dos adquiridos na
constância do casamento.
Art. 260. O marido, que estiver na posse de bens particulares da mulher, será

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para com ela e seus herdeiros responsável:
I - Como usufrutuário, se o rendimento for comum (artigos 262, 265, 271, nº V, e
289, nº II).
II - Como procurador, se tiver mandato, expresso ou tácito, para os administrar
(artigo 311).
III - Como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador (artigos 269, nº
II, 276 e 310).
Art. 261. As convenções antenupciais não terão efeito para com terceiros senão
depois de transcritas, em livro especial, pelo oficial do registro de imóveis do
domicílio dos cônjuges (artigo 256). (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO II
DO REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL

Art. 262. O regime da comunhão universal importa a comunicação de todos os


bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções
dos artigos seguintes.
Art. 263. São excluídos da comunhão:

I - As pensões, meios soldos, montepios, tenças, e outras rendas semelhantes.


II - Os bens doados ou legados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar.
III - Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizar a condição suspensiva.
IV - O dote prometido ou constituído a filhos de outro leito.
V - O dote prometido ou constituído expressamente por um só dos cônjuges a
filho comum.
VI - As obrigações provenientes de atos ilícitos (artigos 1.518 a 1.532).
VII - As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito comum.
VIII - As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a
cláusula de incomunicabilidade (artigo 312).
IX - As roupas de uso pessoal, as jóias esponsalícias dadas antes do casamento
pelo esposo, os livros e instrumentos de profissão e os retratos da família.
X - A fiança prestada pelo marido sem outorga da mulher (artigos 178, § 9º, nº I,
b, e 235, nº III).
XI - Os bens de herança necessária a que se impuser a cláusula de
incomunicabilidade (artigo 1.723).
XII - Os bens reservados (artigo 246, parágrafo único).
XIII - Os frutos civis do trabalho ou indústria de cada cônjuge ou de ambos.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 264. As dívidas não compreendidas nas duas exceções do nº VII, do artigo
antecedente, só se poderão pagar durante o casamento, pelos bens que o
cônjuge devedor trouxer para o casal.

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Art. 265. A incomunicabilidade dos bens enumerados no artigo 263 não se lhes
estende aos frutos, quando se percebam ou vençam durante o casamento.
Art. 266. Na constância da sociedade conjugal, a propriedade e posse dos bens
é comum.
Parágrafo único. A mulher, porém, só os administrará por autorização do marido,
ou nos casos do artigo 248, nº V, e artigo 251.
Art. 267. Dissolve-se a comunhão:

I - Pela morte de um dos cônjuges (artigo 315, nº I).


II - Pela sentença que anula o casamento (artigo 222).
III - Pela separação judicial. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.515, de
26.12.1977)
IV - Pelo divórcio. (Inciso acrescentado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 268. Extinta a comunhão, e efetuada a divisão do ativo e passivo, cessará a
responsabilidade de cada um dos cônjuges para com os credores do outro por
dívida que este houver contraído.
CAPÍTULO III
DO REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL

Art. 269. No regime de comunhão limitada ou parcial, excluem-se da comunhão:


I - Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na
constância do matrimônio por doação ou por sucessão.
II - Os adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges,
em sub-rogação dos bens particulares.
III - Os rendimentos de bens de filhos anteriores ao matrimônio, a que tenha
direito qualquer dos cônjuges em conseqüência do pátrio poder.
IV - Os demais bens que se consideram também excluídos da comunhão
universal. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 270. Igualmente não se comunicam:

I - As obrigações anteriores ao casamento.


II - As provenientes de atos ilícitos.
Art. 271. Entram na comunhão:

I - Os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que


só em nome de um dos cônjuges.
II - Os adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou
despesa anterior.
III - Os adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os
cônjuges (artigo 269, nº I).
IV - As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge.
V - Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos
na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão dos
adquiridos.
VI - Os frutos civis do trabalho, ou indústria de cada cônjuge, ou de ambos.

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Art. 272. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa
anterior ao casamento.
Art. 273. No regime da comunhão parcial presume-se adquiridos na constância
do casamento os móveis quando não se provar com documento autêntico, que o
foram em data anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 274. A administração dos bens do casal compete ao marido, e as dívidas por
este contraídas obrigam, não só os bens comuns, senão ainda, em falta destes, os
particulares de um e outro cônjuge, na razão do proveito que cada qual houver
lucrado.
Art. 275. É aplicável a disposição do artigo antecedente às dívidas contraídas
pela mulher, nos casos em que os seus atos são autorizados pelo marido, se
presumem sê-los, ou escusam autorização (artigos 242 a 244, 247, 248 e 233, nº
V).
CAPÍTULO IV
DO REGIME DA SEPARAÇÃO

Art. 276. Quando os contraentes casarem, estipulando separação de bens,


permanecerão os de cada cônjuge sob a administração exclusiva dele, que os
poderá livremente alienar, se forem móveis (artigos 235, nº I, 242, nº II e 310).
Art. 277. A mulher é obrigada a contribuir para as despesas do casal com os
rendimentos de seus bens, na proporção de seu valor, relativamente ao dos do
marido, salvo estipulação em contrário no contrato antenupcial (artigos 256 e 312).
CAPÍTULO V
DO REGIME DOTAL

SEÇÃO I
DA CONSTITUIÇÃO DO DOTE
Art. 278. É da essência do regime dotal descreverem-se e estimarem-se cada
um de per si, na escritura antenupcial (artigo 256), os bens que constituem o dote,
com expressa declaração de que a este regime ficam sujeitos.
Art. 279. O dote pode ser constituído pela própria nubente, por qualquer dos
seus ascendentes, ou por outrem.
Parágrafo único. Na celebração do contrato intervirão sempre, em pessoa, ou por
procurador, todos os interessados.
Art. 280. O dote pode compreender, no todo, ou em parte, os bens presentes e
futuros da mulher.
Parágrafo único. Os bens futuros, porém, só se consideram compreendidos no
dote, quando, adquiridos por título gratuito, assim for declarado em cláusula
expressa do pacto antenupcial.

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Art. 281. Não é lícito aos casados aumentar o dote.
Art. 282. O dote constituído por estranhos durante o matrimônio não altera,
quanto aos outros bens, o regime preestabelecido.
Art. 283. É lícito estipular na escritura antenupcial a reversão do dote ao dotador,
dissolvida a sociedade conjugal.
Art. 284. Se o dote for prometido pelos pais conjuntamente, sem declaração da
parte com que um e outro contribuem, entende-se que cada um se obrigou por
metade.
Art. 285. Quando o dote for constituído por qualquer outra pessoa, esta só
responderá pela evicção se houver procedido de má-fé, ou se a responsabilidade
tiver sido estipulada.
Art. 286. Os frutos do dote são devidos desde a celebração do casamento, se
não se estipulou prazo. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 287. É permitido estipular no contrato dotal:

I - Que a mulher receba, diretamente, para suas despesas particulares, uma


determinada parte dos rendimentos dos bens dotais.
II - Que, a par dos bens dotais, haja outros, submetidos a regimes diversos.
Art. 288. Aplica-se, no regime dotal, aos adquiridos o disposto neste título,
Capítulo III (artigos 269 a 275).
SEÇÃO II
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO MARIDO EM RELAÇÃO AOS BENS
DOTAIS
Art. 289. Na vigência da sociedade conjugal é direito do marido:
I - Adminstrar os bens dotais.
II - Perceber seus frutos.
III - Usar das ações judiciais a que derem lugar.
Art. 290. Salvo cláusula expressa em contrário, presumir-se-á transferido ao
marido o domínio dos bens, sobre que recair o dote, se forem móveis, e não
transferidos, se forem imóveis.
Art. 291. O imóvel adquirido com a importância do dote, quando este consistir
em dinheiro, será considerado dotal.
Art. 292. Quando o dote importar alheação, o marido considerar-se-á
proprietário, e poderá dispor dos bens dotais, correndo por conta sua os riscos e
vantagens que lhes sobrevierem.
Art. 293. Os imóveis dotais não podem, sob pena de nulidade, ser onerados,
nem alienados, salvo em hasta pública, e por autorização do juiz competente, nos
casos seguintes:

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I - Se de acordo o marido e a mulher quiserem dotar suas filhas comuns.
II - Em caso de extrema necessidade, por faltarem outros recursos para
subsistência da família.
III - No caso da primeira parte do § 2º do artigo 299.
IV - Para reparos indispensáveis à conservação de outro imóvel ou imóveis
dotais.
V - Quando se acharem indivisos com terceiros, e a divisão for impossível, ou
prejudicial.
VI - No caso de desapropriação por utilidade pública.
VII - Quando estiverem situados em lugar distante do domicílio conjugal, e por
isso for manifesta a conveniência de vendê-los.
Parágrafo único. Nos três últimos casos, o preço será aplicado em outros bens,
nos quais ficará sub-rogado.
Art. 294. Ficará subsidiariamente responsável o juiz que conceder a alienação
fora dos casos e sem as formalidades do artigo antecedente, ou não providenciar
na sub-rogação do preço em conformidade com o parágrafo único do mesmo
artigo.
Art. 295. A nulidade da alienação pode ser promovida:
I - Pela mulher.
II - Pelos seus herdeiros.
Parágrafo único. A reivindicação dos móveis, porém, só será permitida, se o
marido não tiver bens com que responda pelo seu valor, ou se a alienação pelo
marido e as subseqüentes entre terceiros tiverem sido feitas por título gratuito ou
de má-fé.
Art. 296. O marido fica obrigado por perdas e danos aos terceiros prejudicados
com a nulidade, se no contrato de alienação (artigos 293 e 294) não se declarar a
natureza dotal dos imóveis.
Art. 297. Se o marido não tiver imóveis, que se possam hipotecar em garantia do
dote, poder-se-á no contrato antenupcial estipular fiança, ou outra caução.
Art. 298. O direito aos imóveis dotais não prescreve durante o matrimônio. Mas
prescreve, sob a responsabilidade do marido, o direito aos móveis dotais.
Art. 299. Quanto às dívidas passivas, observar-se-á o seguinte:

§ 1º. As do marido, contraídas antes ou depois do casamento, não serão pagas


senão por seus bens particulares.
§ 2º. As da mulher, anteriores ao casamento, serão pagas pelos seus bens
extradotais, ou, em falta destes, pelos frutos dos bens dotais, pelos móveis dotais,
e, em último caso, pelos imóveis dotais. As contraídas depois do casamento só
poderão ser pagas pelos bens extradotais.
§ 3º. As contraídas pelo marido e pela mulher conjuntamente poderão ser pagas,
ou pelos bens comuns, ou pelos particulares do marido, ou pelos extradotais.
SEÇÃO III
DA RESTITUIÇÃO DO DOTE

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Art. 300. O dote deve ser restituído pelo marido à mulher ou aos seus herdeiros,
dentro do mês que se seguir à dissolução da sociedade conjugal, se não o puder
imediatamente (artigo 178, § 9º, nº I, c, e nº II).
Art. 301. O preço dos bens fungíveis, ou não fungíveis, quando legalmente
alienados, só pode ser pedido seis meses depois da dissolução da sociedade
conjugal.
Art. 302. Se os móveis dotais se tiverem consumido por uso ordinário, o marido
será obrigado a restituir somente os que restarem, e no estado em que se
acharem ao tempo da dissolução sociedade conjugal.
Art. 303. A mulher pode, em todo o caso, reter os objetos de seu uso, em
conformidade com a disposição do artigo 263, nº IX, deduzindo-se o seu valor do
que o marido houver de restituir.
Art. 304. Se o dote compreender capitais ou rendas, que tenham sofrido
diminuição ou depreciação eventual, sem culpa do marido, este desonerar-se-á da
obrigação de restituí-los, entregando os respectivos títulos.
Parágrafo único. Quando, porém, constituído em usufruto, o marido ou seus
herdeiros serão obrigados somente a restituir o título respectivo e os frutos
percebidos após a dissolução da sociedade conjugal.
Art. 305. Presume-se recebido o dote:
I - Se o casamento se tiver prolongado por cinco anos depois do prazo
estabelecido para sua entrega.
II - Se o devedor for a mulher.
Parágrafo único. Fica, porém, salvo ao marido o direito de provar que o não
recebeu, apesar de o ter exigido.
Art. 306. Dada a dissolução da sociedade conjugal, os frutos dotais, que
correspondam ao ano corrente, serão divididos entre os dois cônjuges, ou entre
um e os herdeiros do outro, proporcionalmente à duração do casamento, no
decurso do mesmo ano.
Os anos do casamento contam-se da data de sua celebração.
Parágrafo único. Tratando-se de colheitas obtidas em períodos superiores, ou
inferiores a um ano, a divisão se efetuará proporcionalmente ao tempo de duração
da sociedade conjugal, dentro no período da colheita.
Art. 307. O marido tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
segundo o seu valor ao tempo da restituição, e responde pelos danos de que tiver
culpa.
Parágrafo único. Este direito e esta obrigação transmitem-se aos seus herdeiros.
SEÇÃO IV
DA SEPARAÇÃO DO DOTE E SUA ADMINISTRAÇÃO PELA MULHER
Art. 308. A mulher pode requerer judicialmente a separação do dote, quando a
desordem nos negócios do marido leve a recear que os bens deste não bastem a
assegurar os dela; salvo o direito, que aos credores assiste, de se oporem à

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separação, quando fraudulenta.
Art. 309. Separado o dote, terá por administradora a mulher, mas continuará
inalienável, provendo o juiz, quando conceder a separação, a que sejam
convertidos em imóveis os valores entregues pelo marido em reposição dos bens
dotais.
Parágrafo único. A sentença da separação será averbada no registro de que
trata o artigo 261, para produzir efeitos em relação a terceiros.
SEÇÃO V
DOS BENS PARAFERNAIS
Art. 310. A mulher conserva a propriedade, a administração, o gozo e a livre
disposição dos bens parafernais; não podendo, porém, alienar os imóveis (artigo
276).
Art. 311. Se o marido, como procurador constituído para administrar os bens
parafernais ou particulares da mulher, for dispensado, por cláusula expressa, de
prestar-lhe contas, será somente obrigado a restituir os frutos existentes:
I - Quando ela lhe pedir contas.
II - Quando ela lhe revogar o mandato.
III - Quando dissolvida a sociedade conjugal.
CAPÍTULO VI
DAS DOAÇÕES ANTENUPCIAIS

Art. 312. Salvo o caso de separação obrigatória de bens (artigo 258, parágrafo
único) é livre aos contraentes estipular, na escritura antenupcial, doações
recíprocas, ou de um ao outro, contanto que não excedam à metade dos bens do
doador (artigos 263, nº VIII, e 232, nº II).
Art. 313. As doações para casamento podem também ser feitas por terceiros, no
contrato antenupcial, ou em escritura pública anterior ao casamento.
Art. 314. As doações estipuladas nos contratos antenupciais, para depois da
morte do doador, aproveitarão aos filhos do donatário, ainda que este faleça antes
daquele.
Parágrafo único. No caso, porém, de sobreviver o doador a todos os filhos do
donatário, caducará a doação.
TÍTULO IV
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL E DA
PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS

CAPÍTULO I
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL

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Art. 315. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 316. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 317. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 318. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 319. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 320. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 321. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 322. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 323. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 324. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
CAPÍTULO II
DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS

Art. 325. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)


Art. 326. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 327. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 328. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 329. A mãe, que contrai novas núpcias, não perde o direito a ter consigo os
filhos, que só lhe poderão ser retirados, mandando o juiz, provado que ela, ou o
padrasto, não os tratam convenientemente (artigos 248, nº I, e 393). (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)

TÍTULO V
DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 330. São parentes, em linha reta, as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 331. São parentes, em linha colateral, ou transversal, até o sexto grau, as
pessoas que provêm de um só tronco, sem descenderem umas das outras.
Art. 332. (Revogado pela Lei nº 8.560, de 29.12.1992)
Art. 333. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de

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gerações, e na colateral, também pelo número delas, subindo, porém, de um dos
parentes até ao ascendente comum, e descendo, depois, até encontrar o outro
parente.
Art. 334. Cada cônjuge é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
Art. 335. A afinidade, na linha reta, não se extingue com a dissolução do
casamento, que a originou.
Art. 336. A adoção estabelece parentesco meramente civil entre o adotante e o
adotado (artigo 376).
CAPÍTULO II
DA FILIAÇÃO LEGÍTIMA

Art. 337. (Revogado pela Lei nº 8.560, de 29.12.1992)


Art. 338. Presumem-se concebidos na constância do casamento:

I - Os filhos nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a


convivência conjugal (artigo 339).
II - Os nascidos dentro nos trezentos dias subseqüentes à dissolução da
sociedade conjugal por morte, desquite, ou anulação.
Art. 339. A legitimidade do filho nascido antes de decorridos os cento e oitenta
dias de que trata o nº I do artigo antecedente, não pode, entretanto, ser
contestada:
I - Se o marido, antes de casar, tinha ciência da gravidez da mulher.
II - Se assistiu, pessoalmente, ou por procurador, a lavrar-se o termo de
nascimento do filho, sem contestar a paternidade.
Art. 340. A legitimidade do filho concebido na constância do casamento, ou
presumido tal (artigos 337 e 338), só pode contestar provando-se:
I - Que o marido se achava fisicamente impossibilitado de coabitar com a mulher
nos primeiros cento e vinte e um dias, ou mais, dos trezentos que houverem
precedido ao nascimento do filho.
II - Que a esse tempo estavam os cônjuges legalmente separados.
Art. 341. Não valerá o motivo do artigo antecedente, nº II, se os cônjuges
houverem convivido algum dia sob o teto conjugal.
Art. 342. Só em sendo absoluta a impotência, vale a sua alegação contra a
legitimidade do filho.
Art. 343. Não basta o adultério da mulher, com quem o marido vivia sob o
mesmo teto, para ilidir a presunção legal de legitimidade da prole.
Art. 344. Cabe privativamente ao marido o direito de contestar a legitimidade dos
filhos nascidos de sua mulher (artigo 178, § 3º).
Art. 345. A ação de que trata o artigo antecedente, uma vez iniciada, passa aos

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herdeiros do marido.
Art. 346. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 347. (Revogado pela Lei nº 8.560, de 29.12.1992)
Art. 348. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade de registro. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 5.860, de 30.09.1943)
Art. 349. Na falta, ou defeito do termo de nascimento poderá provar-se a filiação
legítima, por qualquer modo admissível em direito:
I - Quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta
ou separadamente.
II - Quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
Art. 350. A ação de prova da filiação legítima compete ao filho, enquanto viver,
passando aos herdeiros, se ele morrer menor, ou incapaz.
Art. 351. Se a ação tiver sido iniciada pelo filho, poderão continuá-la os
herdeiros, salvo se o autor desistiu, ou a instância foi perempta.
CAPÍTULO III
DA LEGITIMAÇÃO

Art. 352. Os filhos legitimados são, em tudo, equiparados aos legítimos.


Art. 353. A legitimação resulta do casamento dos pais, estando concebido, ou
depois de havido o filho (artigo 229).
Art. 354. A legitimação dos filhos falecidos aproveita aos seus descendentes.
CAPÍTULO IV
DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS ILEGÍTIMOS

Art. 355. O filho ilegítimo pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou
separadamente. (Alterado implicitamente pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
Art. 356. Quando a maternidade constar do termo de nascimento do filho a mãe
só poderá contestar, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele
contidas.
Art. 357. O reconhecimento voluntário do filho ilegítimo pode fazer-se ou no
próprio termo de nascimento, ou mediante escritura pública, ou por testamento
(artigo 184, parágrafo único).
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho, ou
suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. (Revogado implicitamente
pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)

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Art. 358. (Revogado pela Lei nº 7.841, de 17.10.1989)
Art. 359. O filho ilegítimo, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir
no lar conjugal sem o consentimento do outro.
Art. 360. O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob o poder do progenitor,
que o reconheceu, e, se ambos o reconheceram, sob o do pai.
Art. 361. Não se pode subordinar a condição, ou a termo, o reconhecimento do
filho.
Art. 362. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o
menor pode impugnar o reconhecimento, dentro dos quatro anos que se seguirem
à maioridade, ou emancipação.
Art. 363. Os filhos ilegítimos de pessoas que não caibam no artigo 183, nºs I e
VI, têm ação contra os pais, ou seus herdeiros, para demandar o reconhecimento
da filiação.
I - Se ao tempo da concepção a mãe estava concubinada com o pretendido pai.
II - Se a concepção do filho reclamante coincidiu com o rapto da mãe pelo
suposto pai, ou suas relações sexuais com ela.
III - Se existir escrito daquele a quem se atribui a paternidade, reconhecendo-a
expressamente.
Art. 364. A investigação da maternidade só se não permite quando tenha por fim
atribuir prole ilegítima à mulher casada ou incestuosa à solteira (artigo 358).
(Alterado implicitamente pelo § 6º do artigo 227 da CF/88)
Art. 365. Qualquer pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a ação de
investigação da paternidade, ou maternidade.
Art. 366. A sentença, que julgar procedente a ação de investigação, produzirá os
mesmos efeitos do reconhecimento; podendo, porém, ordenar que o filho se crie e
eduque fora da companhia daquele dos pais, que negou esta qualidade.
Art. 367. A filiação paterna e a materna podem resultar de casamento declarado
nulo, ainda mesmo sem as condições do putativo.
CAPÍTULO V
DA ADOÇÃO

Art. 368. Só os maiores de 30 (trinta) anos podem adotar.


Parágrafo único. Ninguém pode adotar, sendo casado, senão decorridos 5
(cinco) anos após o casamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.133, de
08.05.1957)
Art. 369. O adotante há de ser, pelo menos, 16 (dezesseis) anos mais velho que
o adotado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 370. Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e

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mulher.
Art. 371. Enquanto não der contas de sua administração, e saldar o seu alcance,
não pode o tutor, ou curador, adotar o pupilo, ou o curatelado.
Art. 372. Não se pode adotar sem o consentimento do adotado ou de seu
representante legal se for incapaz ou nascituro. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 373. O adotado, quando menor, ou interdito, poderá desligar-se da adoção
no ano imediato ao em que cessar a interdição, ou a menoridade.
Art. 374. Também se dissolve o vínculo da adoção:
I - Quando as duas partes convierem.
II - Nos casos em que é admitida a deserdação. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 375. A adoção far-se-á por escritura pública em que se não admite condição,
nem termo.
Art. 376. O parentesco resultante da adoção (artigo 336) limita-se ao adotante e
ao adotado, salvo quanto aos impedimentos matrimoniais, a cujo respeito se
observará o disposto no artigo 183, nºs III e V.
Art. 377. Quando o adotante tiver filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, a
relação de adoção não envolve a de sucessão hereditária. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 3.133, de 08.05.1957)
Art. 378. Os direitos e deveres que resultam do parentesco natural não se
extinguem pela adoção, exceto o pátrio poder, que será transferido do pai natural
para o adotivo.
CAPÍTULO VI
DO PÁTRIO PODER

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 379. Os filhos legítimos, os legitimados, os legalmente reconhecidos e os
adotivos estão sujeitos ao pátrio poder, enquanto menores.
Art. 380. Durante o casamento compete o pátrio poder aos pais, exercendo-o o
marido com a colaboração da mulher. Na falta ou impedimento de um dos
progenitores passará o outro a exercê-lo com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os progenitores quanto ao exercício do pátrio poder,
prevalecerá a decisão do pai, ressalvado à mãe o direito de recorrer ao juiz para
solução da divergência. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de
27.08.1962)
Art. 381. O desquite não altera as relações entre pais e filhos senão quanto ao

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direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos (artigos
326 e 327).
Art. 382. Dissolvido o casamento pela morte de um dos cônjuges, o pátrio poder
compete ao cônjuge sobrevivente.
Art. 383. O filho ilegítimo não reconhecido pelo pai fica sob o poder materno. Se,
porém, a mãe não for conhecida, ou capaz de exercer o pátrio poder, dar-se-á
tutor ao menor.
SEÇÃO II
DO PÁTRIO PODER QUANTO À PESSOA DOS FILHOS
Art. 384. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:

I - Dirigir-lhes a criação e educação.


II - Tê-los em sua companhia e guarda.
III - Conceder-lhes, ou negar-lhes consentimento para casarem.
IV - Nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o outro dos
pais lhe não sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercitar o pátrio poder.
V - Representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los,
após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento.
VI - Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha.
VII - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua
idade e condição.
SEÇÃO III
DO PÁTRIO PODER QUANTO AOS BENS DOS FILHOS
Art. 385. O pai e, na sua falta, a mãe são os administradores legais dos bens
dos filhos que se achem sob o seu poder, salvo o disposto no artigo 225.
Art. 386. Não podem, porém, alienar, hipotecar, ou gravar de ônus reais, os
imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os
limites da simples administração, exceto por necessidade, ou evidente utilidade da
prole, mediante prévia autorização do juiz (artigo 178, § 6º, nº III).
Art. 387. Sempre que no exercício do pátrio poder colidirem os interesses dos
pais com os do filho, a requerimento deste ou do Ministério Público, o juiz lhe dará
curador especial.
Art. 388. Só têm o direito de opor a nulidade aos atos praticados com infração
dos artigos antecedentes:
I - O filho (artigo 178, § 6º, nº III).
II - Os herdeiros (artigo 178, § 6º, nº IV).
III - O representante legal do filho, se durante a menoridade cessar o pátrio poder
(artigos 178, § 6º, nº IV, e 392).
Art. 389. O usufruto dos bens dos filhos é inerente ao exercício do pátrio poder,
salvo a disposição do artigo 225.

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Art. 390. Excetuam-se:
I - Os bens deixados ou doados ao filho com a exclusão do usufruto paterno.
II - Os bens deixados ao filho, para fim certo e determinado.
Art. 391. Excluem-se assim do usufruto como da administração dos pais:
I - Os bens adquiridos pelo filho ilegítimo, antes do reconhecimento.
II - Os adquiridos pelo filho em serviço militar, de magistério, ou em qualquer
outra função pública.
III - Os deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem administrados
pelos pais.
IV - Os bens que ao filho couberem na herança (artigo 1.599), quando os pais
forem excluídos da sucessão (artigo 1.602). (Acrescido pelo Dec. Leg. 3.725, de
15.01.1919)
SEÇÃO IV
DA SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PÁTRIO PODER
Art. 392. Extingue-se o pátrio poder:

I - Pela morte dos pais ou do filho.


II - Pela emancipação, nos termos do parágrafo único do artigo 9º, Parte Geral.
III - Pela maioridade.
IV - Pela adoção.
Art. 393. A mãe que contrai novas núpcias não perde, quanto aos filhos de leito
anterior, os direitos ao pátrio poder, exercendo-os sem qualquer interferência do
marido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 394. Se o pai, ou mãe, abusar do seu poder, faltando aos deveres paternos,
ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
Ministério Público, adotar a medida, que lhe pareça reclamada pela segurança do
menor e seus haveres, suspendendo até, quando convenha, o pátrio poder.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do pátrio poder, ao pai ou
mãe condenados por sentença irrecorrível, em crime cuja pena exceda de dois
anos de prisão.
Art. 395. Perderá por ato judicial o pátrio poder o pai, ou mãe:

I - Que castigar imoderadamente o filho.


II - Que o deixar em abandono.
III - Que praticar atos contrários à moral e aos bons costumes.
CAPÍTULO VII
DOS ALIMENTOS

Art. 396. De acordo com o prescrito neste capítulo podem os parentes exigir uns
dos outros os alimentos, de que necessitem para subsistir.
Art. 397. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em
grau, uns em falta de outros.

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Art. 398. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes,
guardada a ordem da sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos,
como unilaterais.
Art. 399. São devidos os alimentos quando o parente, que os pretende, não tem
bens, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e o de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Parágrafo único. No caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade,
ficaram sem condições de prover o próprio sustento, principalmente quando se
despojaram de bens em favor da prole, cabe, sem perda de tempo e até em
caráter provisional, aos filhos maiores e capazes, o dever de ajudá-los e ampará-
los, com a obrigação irrenunciável de assisti-los e alimentá-los até o final de suas
vidas. (Parágrafo acrescentado pela Lei 8.648, de 20.04.1993)
Art. 400. Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Art. 401. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na fortuna de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar do juiz, conforme
as circunstâncias, exoneração, redução, ou agravação do encargo.
Art. 402. A obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros do
devedor. (Revogado implicitamente pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Art. 403. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando,
ou dar-lhe em casa, hospedagem e sustento.
Parágrafo único. Compete, porém, ao juiz, se as circunstâncias exigirem, fixar a
maneira da prestação devida.
Art. 404. Pode-se deixar de exercer, mas não se pode renunciar o direito a
alimentos.
Art. 405. O casamento, embora nulo, e a filiação espúria, provada quer por
sentença irrecorrível, não provocada pelo filho, quer por confissão, ou declaração
escrita do pai, fazem certa a paternidade, somente para o efeito da prestação de
alimentos.

TÍTULO VI
DA TUTELA, DA CURATELA E DA AUSÊNCIA

CAPÍTULO I
DA TUTELA

SEÇÃO I
DOS TUTORES
Art. 406. Os filhos menores são postos em tutela:

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I - Falecendo os pais, ou sendo julgados ausentes.
II - Decaindo os pais do pátrio poder.
Art. 407. O direito de nomear tutor compete ao pai, à mãe, ao avô paterno e ao
materno. Cada uma destas pessoas o exercerá no caso de falta ou incapacidade
das que lhes antecederem na ordem aqui estabelecida.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro
documento autêntico.
Art. 408. Nula é a nomeação de tutor pelo pai, ou pela mãe, que, ao tempo de
sua morte, não tenha o pátrio poder.
Art. 409. Em falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a tutela aos parentes
consangüíneos do menor, por esta ordem:
I - Ao avô paterno, depois ao materno, e, na falta deste, à avó paterna, ou
materna.
II - Aos irmãos, preferindo os bilaterais aos unilaterais, o do sexo masculino ao
do feminino, o mais velho ao mais moço.
III - Aos tios, sendo preferido o do sexo masculino ao do feminino, o mais velho
ao mais moço.
Art. 410. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no domicílio do menor:
I - Na falta de tutor testamentário, ou legítimo.
II - Quando estes forem excluídos ou escusados da tutela.
III - Quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.
Art. 411. Aos irmãos órfãos se dará um só tutor. No caso, porém, de ser
nomeado mais de um, por disposição testamentária, entende-se que a tutela foi
cometida ao primeiro, e que os outros lhe hão de suceder pela ordem da
nomeação, dado o caso de morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro
impedimento legal.
Parágrafo único. Quem instituiu um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá
nomear-lhe curador especial para os bens deixados, ainda que o menor se ache
sob o pátrio poder, ou sob tutela.
Art. 412. Os menores abandonados terão tutores nomeados pelo juiz, ou serão
recolhidos a estabelecimentos públicos para este fim destinados.
Na falta desses estabelecimentos, ficam sob a tutela das pessoas que, voluntária
e gratuitamente, se encarregarem da sua criação.
SEÇÃO II
DOS INCAPAZES DE EXERCER A TUTELA
Art. 413. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:
I - Os que não tiverem a livre administração de seus bens.
II - Os que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos
em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este; e
aqueles cujos pais, filhos, ou cônjuges tiverem demanda com o menor.
III - Os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes

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expressamente excluídos da tutela.
IV - Os condenados por crime de furto, roubo, estelionato ou falsidade, tenham
ou não cumprido a pena.
V - As pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de
abuso em tutorias anteriores.
VI - Os que exercerem função pública incompatível com a boa administração da
tutela.
SEÇÃO III
DA ESCUSA DOS TUTORES
Art. 414. Podem escusar-se da tutela:

I - As mulheres.
II - Os maiores de sessenta anos.
III - Os que tiverem em seu poder mais de cinco filhos.
IV - Os impossibilitados por enfermidade. (Redação do Dec. Leg. 3.725, de
15.01.1919)
V - Os que habitarem longe do lugar, onde se haja de exercer a tutela.
VI - Os que já exercerem tutela, ou curatela.
VII - Os militares, em serviço.
Art. 415. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a
tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em condições de
exercê-la.
Art. 416. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à intimação do
nomeado, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la.
Se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão
do em que ele sobrevier.
Art. 417. Se o juiz não admitir a escusa, exercerá o nomeado a tutela, enquanto
o recurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e
danos, que o menor venha a sofrer.
SEÇÃO IV
DA GARANTIA DA TUTELA
Art. 418. O tutor, antes de assumir a tutela, é obrigado a especializar, em
hipoteca legal, que será inscrita, os imóveis necessários, para acautelar, sob a sua
administração, os bens do menor.
Art. 419. Se todos os imóveis de sua propriedade não valerem o patrimônio do
menor, reforçará o tutor a hipoteca mediante caução real ou fidejussória; salvo se
para tal não tiver meios, ou for de reconhecida idoneidade.
Art. 420. O juiz responde subsidiariamente pelos prejuízos, que sofra o menor
em razão da insolvência do tutor, de lhe não ter exigido a garantia legal, ou de o
não haver removido, tanto que se tornou suspeito.
Art. 421. A responsabilidade será pessoal e direta, quando o juiz não tiver
nomeado tutor, ou quando a nomeação não houver sido oportuna.

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SEÇÃO V
DO EXERCÍCIO DA TUTELA
Art. 422. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, reger a pessoa do menor,
velar por ele e administrar-lhe os bens.
Art. 423. Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo
especificado dos bens e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado.
Art. 424. Cabe ao tutor, quanto à pessoa do menor:

I - Dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus


haveres e condição.
II - Reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor
haja mister correção.
Art. 425. Se o menor possuir bens, será sustentado e educado a expensas suas,
arbitrando o juiz, para tal fim, as quantias, que lhe pareçam necessárias, atento o
rendimento da fortuna do pupilo, quando o pai, ou a mãe, não as houver taxado.
Art. 426. Compete mais ao tutor:

I - Representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-
lo, após essa idade, nos atos em que for parte, suprindo-lhe o consentimento.
II - Receber as rendas e pensões do menor.
III - Fazer-lhe as despesas de subsistência e educação bem como as da
administração de seus bens (artigo 433, nº I).
IV - Alienar os bens do menor destinados à venda.
Art. 427. Compete-lhe também, com a autorização do juiz:

I - Fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos


bens.
II - Receber as quantias devidas ao órfão, e pagar-lhe as dívidas.
III - Aceitar por ele heranças, legados, ou doações, com ou sem encargos.
IV - Transigir.
V - Promover-lhe, mediante praça pública, o arrendamento dos bens de raiz.
VI - Vender-lhe em praça os móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis,
nos casos em que for permitido (artigo 429).
VII - Propor em juízo as ações e promover todas as diligências a bem do menor,
assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos, segundo o disposto no
artigo 84.
Art. 428. Ainda com autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade:
I - Adquirir por si, ou por interposta pessoa, por contrato particular, ou em hasta
pública, bens móveis, ou de raiz, pertencentes ao menor.
II - Dispor dos bens do menor a título gratuito.
III - Constituir-se cessionário de crédito, ou direito, contra o menor.
Art. 429. Os imóveis pertencentes aos menores só podem ser vendidos, quando
houver manifesta vantagem, e sempre em hasta pública.
Art. 430. Antes de assumir a tutela, o tutor declarará tudo o que lhe deva o

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menor, sob pena de lho não poder cobrar, enquanto exerça a tutoria, salvo
provando que não conhecia o débito, quando a assumiu.
Art. 431. O tutor responde pelos prejuízos, que, por negligência, culpa, ou dolo,
causar ao pupilo; mas tem direito a ser pago do que legalmente despender no
exercício da tutela, e, salvo no caso do artigo 412, a perceber uma gratificação por
seu trabalho.
Parágrafo único. Não tendo os pais do menor fixado essa gratificação, arbitra-la-
á o juiz, até dez por cento, no máximo, da renda líquida anual dos bens
administrados pelo tutor.
SEÇÃO VI
DOS BENS DE ÓRFÃOS
Art. 432. Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiros de seus
tutelados, além do necessário, para as despesas ordinárias com o seu sustento, a
sua educação e a administração de seus bens.
§ 1º. Os objetos de ouro, prata, pedras preciosas e móveis desnecessários serão
vendidos em hasta pública, e seu produto convertido em títulos de
responsabilidade da União, ou dos Estados, rescolhidos às Caixas Econômicas
Federais ou aplicado na aquisição de imóveis, conforme for determinado pelo juiz.
O mesmo destino terá o dinheiro proveniente de qualquer outra procedência.
§ 2º. Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores acima ditos,
pagando os juros legais desde o dia em que lhes deveriam dar esse destino, o que
não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da referida aplicação.
Art. 433. Os valores que existirem nas Caixas Econômicas Federais, na forma
do artigo anterior, não se poderão retirar, senão mediante ordem do juiz, e
somente:
I - Para as despesas com o sustento e educação do pupilo ou a administração de
seus bens (artigo 427, nº I).
II - Para se comprarem bens de raiz e títulos da dívida pública da União, ou dos
Estados.
III - Para se empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver
doado, ou deixado.
IV - Para se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou,
mortos eles, aos seus herdeiros.
SEÇÃO VII
DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE TUTELA
Art. 434. Os tutores, embora o contrário dispusessem os pais dos tutelados, são
obrigados a prestar contas da sua administração.
Art. 435. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o
balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 436. Os tutores prestarão contas de dois em dois anos, e bem assim

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quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício de tutela ou toda a vez que o
juiz o houver por conveniente.
Parágrafo único. As contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois de
audiência dos interessados; recolhendo o tutor imediatamente em caixas
econômicas os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos da dívida pública.
Art. 437. Finda a tutela pela emancipação, ou maioridade, a quitação do menor
não produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira,
até então, a responsabilidade do tutor.
Art. 438. Nos casos de morte, ausência, ou interdição do tutor, as contas serão
prestadas por seus herdeiros, ou representantes.
Art. 439. Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e
reconhecidamente proveitosas ao menor.
Art. 440. As despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado.
Art. 441. O alcance do tutor, bem como o saldo contra o tutelado, vencerão juros
desde o julgamento definitivo das contas.
SEÇÃO VIII
DA CESSAÇÃO DA TUTELA
Art. 442. Cessa a condição de pupilo:
I - Com a maioridade, ou a emancipação do menor.
II - Caindo o menor sob o pátrio poder, no caso de legitimação, reconhecimento,
ou adoção.
Art. 443. Cessam as funções do tutor:

I - Expirando o termo, em que era obrigado a servir (artigo 444).


II - Sobrevindo escusa legítima (artigos 414 a 416).
III - Sendo removido (artigos 413 e 445).
Art. 444. Os tutores são obrigados a servir por espaço de dois anos.
Parágrafo único. Podem, porém, continuar além desse prazo, no exercício da
tutela, se o quiserem, e o juiz tiver por conveniente ao menor. (Alterado
implicitamente pelo artigo 1.198 do CPC)
Art. 445. Serão destituído o tutor, quando negligente, prevaricador ou incurso em
incapacidade.
CAPÍTULO II
DA CURATELA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 446. Estão sujeitos à curatela:
I - Os loucos de todo o gênero (artigos 448, nº I, 450 e 457).

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II - Os surdos-mudos, sem educação que os habilite a enunciar precisamente a
sua vontade (artigos 451 e 456).
III - Os pródigos (artigos 459 e 461).
Art. 447. A interdição deve ser promovida:
I - Pelo pai, mãe, ou tutor.
II - Pelo cônjuge ou algum parente próximo.
III - Pelo Ministério Público.
Art. 448. O Ministério Público só promoverá a interdição:
I - No caso de loucura furiosa.
II - Se não existir, ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas
no artigo antecedente, nºs I e II.
III - Se, existindo, forem menores, ou incapazes.
Art. 449. Nos casos em que a interdição for promovida pelo Ministério Público, o
juiz nomeará defensor ao suposto incapaz. Nos demais casos o Ministério Público
será o defensor.
Art. 450. Antes de se pronunciar acerca da interdição, examinará pessoalmente
o juiz o argüido de incapacidade, ouvindo profissionais.
Art. 451. Pronunciada a interdição do surdo-mudo, o juiz assinará, segundo o
desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela.
Art. 452. A sentença que declara a interdição produz efeito desde logo, embora
sujeita a recurso.
Art. 453. Decretada a interdição, fica o interdito sujeito à curatela, à qual se
aplica o disposto no capítulo antecedente, com a restrição do artigo 451 e as
modificações dos artigos seguintes.
Art. 454. O cônjuge, não separado judicialmente, é, de direito, curador do outro,
quando interdito (artigo 455).
§ 1º. Na falta do cônjuge, é curador legítimo o pai; na falta deste, a mãe; e, na
desta, o descendente maior.
§ 2º. Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos, e
dentre os do mesmo grau, os varões às mulheres.
§ 3º. Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 455. Quando o curador for o cônjuge, não será obrigado a apresentar os
balanços anuais, nem a fazer inventário, se o regime do casamento for o da
comunhão, ou se os bens do incapaz se acharem descritos em instrumento
público, qualquer que seja o regime do casamento.
§ 1º. Se o curador for o marido, observar-se-á o disposto nos artigos 233 a 239.
§ 2º. Se for a mulher a curadora, observar-se-á o disposto no artigo 251,
parágrafo único.
§ 3º. Se for o pai, ou mãe, não terá aplicação o disposto no artigo 435.
Art. 456. Havendo meio de educar o surdo-mudo, o curador promover-lhe-á o
ingresso em estabelecimento apropriado.

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Art. 457. Os loucos, sempre que parecer inconveniente conservá-los em casa,
ou o exigir o seu tratamento, serão também recolhidos em estabelecimento
adequado.
Art. 458. A autoridade do curador estende-se à pessoa e bens dos filhos do
curatelado, nascidos ou nascituros (artigo 462, parágrafo único). (Redação dada
ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
SEÇÃO II
DOS PRÓDIGOS
Art. 459. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar,
transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e praticar,
em geral, atos que não sejam de mera administração.
Art. 460. O pródigo só incorrerá em interdição, havendo cônjuge, ou tendo
ascendentes ou descentes legítimos, que a promovam.
Art. 461. Levantar-se-á interdição, cessando a incapacidade, que a determinou,
ou não existindo mais os parentes designados no artigo anterior.
Parágrafo único. Só o mesmo pródigo e as pessoas designadas no artigo 460
poderão argüir a nulidade dos atos do interdito durante a interdição.
SEÇÃO III
DA CURATELA DO NASCITURO
Art. 462. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer, estando a mulher
grávida, e não tendo o pátrio poder.
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será do nascituro
(artigo 458).
CAPÍTULO III
DA AUSÊNCIA

SEÇÃO I
DA CURADORIA DE AUSENTES
Art. 463. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio, sem que dela haja
notícia, se não houver deixado representante, ou procurador, a quem toque
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, ou do
Ministério Público, nomear-lhe-á curador.
Art. 464. Também se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário,
que não queira, ou não possa exercer ou continuar o mandato.
Art. 465. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações
conforme as circunstâncias, observando, no que foi aplicável, o disposto a respeito
dos tutores e curadores.
Art. 466. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente,

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será o seu legítimo curador.
Art. 467. Em falta de cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe ao pai,
à mãe, aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba
de exercer o cargo.
Parágrafo único. Entre os descendentes, os mais vizinhos precedem aos mais
remotos, e, entre os do mesmo grau, os varões precedem às mulheres.
Art. 468. Nos casos de arrecadação de herança ou quinhão de herdeiros
ausentes, observar-se-á, quanto à nomeação do curador, o disposto neste Código,
artigos 1.591 a 1.594.
SEÇÃO II
DA SUCESSÃO PROVISÓRIA
Art. 469. Passando-se dois anos, sem que se saiba do ausente, se não deixou
representante, nem procurador, ou, se os deixou, em passando quatro anos,
poderão os interessados requerer que se lhes abra provisoriamente a sucessão.
(Revogado implicitamente pelo artigo 1.163 do CPC)
Art. 470. Consideram-se, para estes efeitos, interessados:
I - O cônjuge não separado judicialmente.
II - Os herdeiros presumidos legítimos ou os testamentários.
III - Os que tiverem sobre os bens do ausente direito subordinado à condição de
morte.
IV - Os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 471. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só
produzirá efeito seis meses depois de publicado pela imprensa; mas, logo que
passe em julgado, se procederá à abertura do testamento, se existir, e ao
inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1º. Findo o prazo do artigo 469, e não havendo absolutamente interessados na
sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2º. Não comparecendo herdeiro, ou interessado, tanto que passe em julgado a
sentença, que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á judicialmente à
arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos artigos 1.591 a
1.594. (Revogado implicitamente pelo artigo 1.163 do CPC)
Art. 472. Antes da partilha o juiz ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos
à deterioração ou a extravio, em imóveis, ou em títulos da dívida pública da União
ou dos Estados (artigo 477).
Art. 473. Os herdeiros imitidos na posse dos bens do ausente darão garantias da
restituição deles, mediante penhores, ou hipotecas, equivalentes aos quinhões
respectivos.
Parágrafo único. O que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a
garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam
caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e
que preste a dita garantia (artigo 478).

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Art. 474. Na partilha, os imóveis serão confiados em sua integridade aos
sucessores provisórios mais idôneos.
Art. 475. Não sendo por desapropriação, os imóveis do ausente só se poderão
alienar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína, ou quando convenha
convertê-los em títulos da dívida pública.
Art. 476. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão
representando, ativa e passivamente, o ausente, de modo que contra eles
correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele se moverem.
Art. 477. O descendente, ascendente, ou cônjuge, que for sucessor provisório do
ausente fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem.
Os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e
rendimentos, segundo o disposto no artigo 472, de acordo com o representante do
Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Art. 478. O excluído, segundo o artigo 473, parágrafo único, da posse provisória,
poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos
rendimentos do quinhão, que lhe tocaria.
Art. 479. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento
do ausente, considerar-se-á nessa data, aberta a sucessão em favor dos
herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 480. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de
estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores
nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias
precisas, até à entrega dos bens a seu dono.
SEÇÃO III
DA SUCESSÃO DEFINITIVA
Art. 481. Vinte anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a definitiva e o
levantamento das cauções prestadas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437,
de 07.03.1955) (Revogado implicitamente pelo inciso II do artigo 1.167 do CPC)
Art. 482. Também se pode requerer a sucessão definitiva, provando-se que o
ausente conta oitenta anos de nascido, e que de cinco datam as últimas notícias
suas.
Art. 483. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes, ou ascendentes, aquele ou
estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharam, os sub-
rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados
houverem recebido pelos alienados depois daquele tempo.
Parágrafo único. Se, nos dez anos deste artigo, o ausente não regressar, e
nenhum interessado promover a sucessão definitiva, a plena propriedade dos

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bens arrecadados passará ao Estado, ou ao Distrito Federal, se o ausente era
domiciliado nas respectivas circunscrições, ou à União, se o era em território ainda
não constituído em Estado.
SEÇÃO IV
DOS EFEITOS DA AUSÊNCIA QUANTO AOS DIREITOS DE FAMÍLIA
Art. 484. Se o ausente deixar filhos menores, e o outro cônjuge houver falecido,
ou não tiver direito ao exercício do pátrio poder, proceder-se-á com esses filhos,
como se fossem órfãos de pai e mãe.

LIVRO II
DO DIREITO DAS COISAS

TÍTULO I
DA POSSE

CAPÍTULO I
DA POSSE E SUA CLASSIFICAÇÃO

Art. 485. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno
ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade.
Art. 486. Quando, por força de obrigação, ou direito, em casos como o do
usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, se exerce temporariamente a
posse direta, não anula esta às pessoas, de quem eles a houveram, a posse
indireta.
Art. 487. Não é possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência
para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens
ou instruções suas.
Art. 488. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, ou estiverem em
gozo do mesmo direito, poderá cada uma exercer sobre o objeto comum atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
(Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 489. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 490. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que
lhe impede a aquisição da coisa, ou do direito possuído.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé,
salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta
presunção.
Art. 491. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui
indevidamente.

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Art. 492. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter,
com que foi adquirida.
CAPÍTULO II
DA AQUISIÇÃO DA POSSE

Art. 493. Adquire-se a posse:


I - Pela apreensão da coisa, ou pelo exercício do direito.
II - Pelo fato de se dispor da coisa, ou do direito.
III - Por qualquer dos modos de aquisição em geral.
Parágrafo único. É aplicável à aquisição da posse o disposto neste Código,
artigos 81 a 85.
Art. 494. A posse pode ser adquirida:
I - Pela própria pessoa que a pretende.
II - Por seu representante, ou procurador.
III - Por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
IV - Pelo constituto possessório.
Art. 495. A posse transmite-se com os mesmos caracteres aos herdeiros e
legatários do possuidor.
Art. 496. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e
ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos
legais.
Art. 497. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância, assim
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão
depois de cessar a violência, ou a clandestinidade.
Art. 498. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a dos móveis e
objetos que nele estiverem.
CAPÍTULO III
DOS EFEITOS DA POSSE

Art. 499. O possuidor tem direito a ser mantido na posse, em caso de turbação,
e restituído, no de esbulho.
Art. 500. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á
provisoriamente a que detiver a coisa, não sendo manifesto que a obteve de
alguma das outras por modo vicioso.
Art. 501. O possuidor, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá
impetrar ao juiz que o segure da violência iminente, cominando pena a quem lhe
transgredir o preceito.
Art. 502. O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se, ou restituir-se
por sua própria força, contanto que o faça logo.

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Parágrafo único. Os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
Art. 503. O possuidor manutenido, ou reintegrado, na posse, tem direito à
indenização dos prejuízos sofridos, operando-se a reintegração à custa do
esbulhador, no mesmo lugar do esbulho.
Art. 504. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização,
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada, sabendo que o era.
Art. 505. Não obsta à manutenção, ou reintegração na posse, a alegação de
domínio, ou de outro direito sobre a coisa. Não se deve, entretanto, julgar a posse
em favor daquele a quem evidentemente não pertencer o domínio.
Art. 506. Quando o possuidor tiver sido esbulhado, será reintegrado na posse,
desde que o requeira, sem ser ouvido o autor do esbulho antes da reintegração.
Art. 507. Na posse de menos de ano e dia, nenhum possuidor será manutenido,
ou reintegrado judicialmente, senão contra os que não tiverem melhor posse.
Parágrafo único. Entende-se melhor a posse que se fundar em justo título; na
falta de título, ou sendo os títulos iguais, a mais antiga; se da mesma data, a
posse atual. Mas, se todas forem duvidosas, será seqüestrada a coisa, enquanto
se não apurar a quem toque.
Art. 508. Se a posse for de mais de ano e dia, o possuidor será mantido
sumariamente, até ser convencido pelos meios ordinários.
Art. 509. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões
contínuas não aparentes, nem às descontínuas, salvo quando os respectivos
títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o
houve.
Art. 510. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.
Art. 511. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio. Devem ser
também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Art. 512. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo
que são separados. Os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 513. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito, porém, às despesas da
produção e custeio.
Art. 514. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da
coisa, a que não der causa.
Art. 515. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa,
ainda que acidentais, salvo se provar que do mesmo modo se teriam dado,

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estando ela na posse do reivindicante.
Art. 516. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se lhe não forem pagas,
ao de levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa. Pelo valor das
benfeitorias necessárias e úteis, poderá exercer o direito de retenção.
Art. 517. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias; mas não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 518. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao
ressarcimento, se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 519. O reivindicante obrigado a indenizar as benfeitorias tem direito de optar
entre o seu valor atual e o seu custo.
CAPÍTULO IV
DA PERDA DA POSSE

Art. 520. Perde-se a posse das coisas:


I - Pelo abandono.
II - Pela tradição.
III - Pela perda, ou destruição delas, ou por serem postas fora do comércio.
(Redação dada ao inciso Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
IV - Pela posse de outrem, ainda contra a vontade do possuidor, se este não foi
manutenido, ou reintegrado em tempo competente.
V - Pelo constituto possessório.
Parágrafo único. Perde-se a posse dos direitos, em se tornando impossível
exercê-los, ou não se exercendo por tempo que baste para prescreverem.
Art. 521. Aquele que tiver perdido, ou a quem houverem sido furtados, coisa
móvel ou título ao portador, pode reavê-los da pessoa que o detiver, salvo a esta o
direito regressivo contra quem lhos transferiu.
Parágrafo único. Sendo o objeto comprado em leilão público, feira ou mercado, o
dono, que pretender a restituição, é obrigado a pagar ao possuidor o preço por
que o comprou.
Art. 522. Só se considera perdida a posse para o ausente, quando, tendo notícia
da ocupação, se abstém de retomar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.
CAPÍTULO V
DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA

Art. 523. As ações de manutenção e as de esbulho serão sumárias, quando


intentadas dentro em um ano e dia da turbação ou esbulho; e passado esse prazo,
ordinárias, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

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Parágrafo único. O prazo de ano e dia não corre enquanto o possuidor defende a
posse, restabelecendo a situação de fato anterior à turbação, ou ao esbulho.
TÍTULO II
DA PROPRIEDADE

CAPÍTULO I
DA PROPRIEDADE EM GERAL

Art. 524. A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus
bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua.
Parágrafo único. A propriedade literária, científica e artística será regulada
conforme as disposições do Capítulo VI deste Título.
Art. 525. É plena a propriedade, quando todos os seus direitos elementares se
acham reunidos no do proprietário; limitada, quando têm ônus real, ou é resolúvel.
Art. 526. A propriedade do solo abrange a do que lhe está superior e inferior em
toda a altura e em toda a profundidade, úteis ao seu exercício, não podendo,
todavia, o proprietário opor-se a trabalhos que sejam empreendidos a uma altura
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse algum em impedi-los.
Art. 527. O domínio presume-se exclusivo e ilimitado, até prova ao contrário.
Art. 528. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando
separados, ao seu proprietário, salvo se, por motivo jurídico, especial, houverem
de caber a outrem.
Art. 529. O proprietário, ou o inquilino de um prédio, em que alguém tem direito
de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as precisas
seguranças contra o prejuízo eventual.
CAPÍTULO II
DA PROPRIEDADE IMÓVEL

SEÇÃO I
DA AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Art. 530. Adquire-se a propriedade imóvel:
I - Pela transcrição do título de transferência no registro do imóvel.
II - Pela acessão.
III - Pelo usucapião.
IV - Pelo direito hereditário.
SEÇÃO II
DA AQUISIÇÃO PELA TRANSCRIÇÃO DO TÍTULO
Art. 531. Estão sujeitos à transcrição, no respectivo registro, os títulos
translativos da propriedade imóvel, por ato entre vivos.

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Art. 532. Serão também transcritos:
I - Os julgados, pelos quais, nas ações divisórias, se puser termo à indivisão.
II - As sentenças, que, nos inventários e partilhas, ajudicarem bens de raiz em
pagamento das dívidas da herança.
III - A arrematação e as adjudicações em hasta pública.
Art. 533. Os atos sujeitos à transcrição (artigos 531 e 532, nºs. II e III) não
transferem o domínio, senão da data em que lhe transcreverem (artigos 856 e
860, parágrafo único). (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 534. A transcrição datar-se-á do dia em que se apresentar o título ao oficial
do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 535. Sobrevindo falência ou insolvência do alienante entre a prenotação do
título e a sua transcrição por atraso do oficial, ou dúvida julgada improcedente, far-
se-á, não obstante, a transcrição exigida, que retroage, nesse caso, à data da
prenotação.
Parágrafo único. Se, porém, ao tempo da transcrição ainda não estiver pago o
imóvel, o adquirente, logo que for notificado da falência, ou tenha conhecimento
da insolvência do alienante, depositará em juízo o preço. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
SEÇÃO III
DA AQUISIÇÃO POR ACESSÃO
Art. 536. A acessão pode dar-se:

I - Pela formação de ilhas.


II - Por aluvião.
III - Por avulsão.
IV - Por abandono de álveo.
V - Pela construção de obras ou plantações.

DAS ILHAS
Art. 537. As ilhas situadas nos rios não-navegáveis pertencem aos proprietários
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - As que se formarem no meio do rio, consideram-se acréscimos sobrevindos
aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas
testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais.
II - As que se formarem entre essa linha e um das margens consideram-se
acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado.
III - As que formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a
pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

DA ALUVIÃO
Art. 538. Os acréscimos formados por depósitos e aterros naturais, ou pelo

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desvio das águas dos rios, ainda que estes sejam navegáveis, pertencem aos
donos dos terrenos marginais.
Art. 539. Os donos de terrenos que confinem com águas dormentes, como as de
lagos e tanques, não adquirem o solo descoberto pela retração delas, nem
perdem o que elas invadirem.
Art. 540. Quando o terreno aluvial se formar em frente a prédios de proprietários
diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a
antiga margem; respeitadas as disposições concernentes à navegação.

DA AVULSÃO
Art. 541. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de
um prédio e se juntar a outro, poderá o dono do primeiro reclamá-lo do segundo;
cabendo a este a opção entre aquiescer a que se remova a parte acrescida, ou
indenizar ao reclamante (artigo 178, § 6º, nº XI).
Art. 542. Se ninguém reclamar dentro em um ano, considerar-se-á
definitivamente incorporada essa porção de terra ao prédio, onde se acha,
perdendo o antigo dono o direito a reinvidicá-la, ou ser indenizado (artigo 178, §
6º, nº XI).
Art. 543. Quando a avulsão for de coisa não suscetível de aderência natural,
aplicar-se-á o disposto quanto às coisas perdidas.

DO ÁLVEO ABANDONADO
Art. 544. O álveo abandonado do rio público, ou particular, pertence aos
proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham direito a indenização
alguma os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso. Entende-se
que os prédios marginais se estendem até ao meio do álveo.

DAS CONSTRUÇÕES E PLANTAÇÕES


Art. 545. Toda construção ou plantação, existente em um terreno, se presume
feita pelo proprietário e à sua custa, até que o contrário se prove.
Art. 546. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio, com
sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se obrou de
má-fé.
Art. 547. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções, mas tem direito à
indenização. Não o terá, porém, se procedeu de má-fé, caso em que poderá ser
constrangido a repor as coisas no estado anterior e a pagar os prejuízos.
Art. 548. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as

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sementes, plantas e construções, com encargo, porém de ressarcir o valor das
benfeitorias.
Parágrafo único. Presume-se má-fé proprietário, quando o trabalho de
construção, ou lavoura se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 549. O disposto no artigo antencedente aplica-se também ao caso de não
pertencerem as sementes, plantas, ou materiais a quem de boa-fé os empregou
em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá
cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do
plantador, ou construtor.
SEÇÃO IV
DO USUCAPIÃO
Art. 550. Aquele que, por vinte anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de título e boa-
fé que, em tal caso, se presume, podendo requerer ao juiz que assim o declare
por sentença, a qual lhe servirá de título para a transcrição no registro de imóveis.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 551. Adquire também o domínio do imóvel aquele que, por dez anos entre
presentes, ou quinze entre ausentes, o possuir como seu, contínua e
incontestadamente, com justo título e boa-fé.
Parágrafo único. Reputam-se presentes os moradores do mesmo município e
ausentes os que habitam município diverso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
2.437, de 07.03.1955)
Art. 552. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse e a do seu antecessor (artigo 496),
contanto que ambas sejam contínuas e pacíficas.
Art. 553. As causas que obstam, suspendem, ou interrompem a prescrição,
também se aplicam ao usucapião (artigo 619, parágrafo único), assim como ao
possuidor se estende o disposto ao devedor.
SEÇÃO V
DOS DIREITOS DE VIZINHANÇA

DO USO NOCIVO DA PROPRIEDADE


Art. 554. O proprietário, ou inquilino de um prédio tem o direito de impedir que o
mau uso da propriedade vizinha possa prejudicar a segurança, o sossego e a
saúde dos que o habitam.
Art. 555. O proprietário tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a
demolição, ou reparação necessária, quando este ameace ruína, bem como que
preste caução pelo dano iminente.

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DAS ÁRVORES LIMÍTROFES
Art. 556. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória presume-se pertencer em
comum aos donos dos prédios confinantes.
Art. 557. Os frutos caídos de árvores do terreno vizinho pertencem ao dono do
solo onde caíram, se este for de propriedade particular.
Art. 558. As raízes e ramos de árvores que ultrapassarem a extrema do prédio,
poderão ser cortados, até ao plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno
invadido.

DA PASSAGEM FORÇADA
Art. 559. O dono do prédio rústico, ou urbano, que se achar encravado em outro,
sem saída pela via pública, fonte ou porto, tem direito a reclamar do vizinho que
lhe deixe passagem, fixando-se a esta judicialmente o rumo, quando necessário.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 560. Os donos dos prédios por onde se estabelece a passagem para o
prédio encravado, têm o direito a indenização cabal.
Art. 561. O proprietário que, por culpa sua, perder o direito de trânsito pelos
prédios contíguos, poderá exigir nova comunicação com a via pública, pagando o
dobro do valor da primeira indenização.
Art. 562. Não constituem servidão as passagens e atravessadouros particulares,
por propriedades também particulares, que não se dirigem a fontes, pontes, ou
lugares públicos, privados de outra serventia.

DAS ÁGUAS
Art. 563. O dono do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior. Se o dono deste fizer obras de arte, para facilitar o
escoamento, procederá de modo que não piore a condição natural e anterior do
outro. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
Art. 564. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, correrem
dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe
indenize o prejuízo, que sofrer. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe
sobre a matéria)
Art. 565. O proprietário de fonte não captada, satisfeitas as necessidades de seu
consumo, não pode impedir o curso natural das águas pelos prédios inferiores. (O
Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
Art. 566. As águas pluviais que correm por lugares públicos, assim como as dos
rios públicos, podem ser utilizadas, por qualquer proprietário dos terrenos por
onde passem, observados os regulamentos administrativos. (O Decreto nº
24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)

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Art. 567. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos
proprietários prejudicados, canalizar, em proveito agrícola ou industrial as águas a
que tenha direito, através de prédios rústicos alheios, não sendo chácaras ou
sítios murados, quintais, pátios, hortas, ou jardins.
Parágrafo único. Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste o
direito de indenização pelos danos, que de futuro lhe advenham com a infiltração
ou a irrupção das águas, bem como a deterioração das obras destinadas a
canalizá-las. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre a matéria)
Art. 568. Serão pleiteadas em ação sumária as questões relativas à servidão de
águas e às indenizações correspondentes. (O Decreto nº 24.643/34, Código de
Águas, dispõe sobre a matéria)

DOS LIMITES ENTRE PRÉDIOS


Art. 569. Todo proprietário pode obrigar o seu confinante a proceder com ele à
demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar
marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os
interessados as respectivas despesas.
Art. 570. No caso de confusão, os limites, em falta de outro meio, se
determinarão de conformidade com a posse; e, não se achando ela provada, o
terreno contestado se repartirá proporcionalmente entre os prédios, ou não sendo
possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao
proprietário prejudicado. (O Decreto nº 24.643/34, Código de Águas, dispõe sobre
a matéria)
Art. 571. Do intervalo, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória entre
dois prédios, têm direito a usar em comum os proprietários confinantes,
presumindo-se, até prova em contrário, pertencer a ambos.

DO DIREITO DE CONSTRUIR
Art. 572. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Art. 573. O proprietário pode embargar a construção do prédio que invada a área
do seu, ou sobre este deite goteiras, bem como a daquele, em que, a menos de
metro e meio do seu, se abra janela, ou se faça eirado, terraço ou varanda.
§ 1º. A disposição deste artigo não abrange as frestas, seteiras, ou óculos para
luz, não maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento.
§ 2º. Os vãos, ou aberturas para luz não prescrevem contra o vizinho, que, a
todo tempo, levantará, querendo, a sua casa, ou contramuro, ainda que lhes vede
a claridade.
Art. 574. As disposições do artigo precedente não são aplicáveis a prédios
separados por estradas, caminho, rua, ou qualquer outra passagem pública.
Art. 575. O proprietário edificará de maneira que o beiral do seu telhado não

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despeje sobre o prédio vizinho, deixando, entre este e o beiral, quando por outro
modo o não possa evitar, um intervalo de dez centímetros, pelo menos. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 576. O proprietário, que anuir em janela, sacada, terraço, ou goteira sobre o
seu prédio, só até o lapso de ano e dia após a conclusão da obra poderá exigir
que se desfaça.
Art. 577. Em prédio rústico, não se poderão, sem licença do vizinho, fazer novas
construções, ou acréscimos às existentes, a menos de metro e meio de limite
comum.
Art. 578. As estrebarias, currais, pocilgas, estrumeiras, e, em geral, as
construções que incomodam ou prejudicam a vizinhanca, guardarão a distância
fixada nas posturas municipais e regulamentos de higiene.
Art. 579. Nas cidades, vilas e povoados, cuja edificação estiver adstrita a
alinhamento, o dono de um terreno vago pode edificá-lo, madeirando na parede
divisória do prédio contíguo, se ela agüentar a nova construção; mas terá de
embolsar ao vizinho meio valor da parede e do chão correspondente.
Art. 580. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória
até meia espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver
meio valor dela, se o vizinho a travejar (artigo 579). Neste caso, o primeiro fixará a
largura do alicerce, assim como a profundidade, se o terreno não for de rocha.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver
capacidade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao
pé, sem prestar caução àquele, pelo risco a que a insuficiência da nova obra
exponha a construção anterior.
Art. 581. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura,
não pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando
previamente o outro consorte das obras, que ali tencione fazer. Não pode, porém,
sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras
semelhantes, correspondendo a outras, da mesma natureza já feitas do lado
oposto.
Art. 582. O dono de um prédio ameaçado pela construção de chaminés, fogões
ou fornos, não-contíguo, ainda que a parede seja comum, pode embargar a obra e
exigir caução contra os prejuízos possíveis.
Art. 583. Não é lícito encostar à parede-meia, ou à parede do vizinho, sem
permissão sua, fornalhas, fornos de forja ou de fundição, aparelhos higiênicos,
fossos, cano de esgoto, depósito de sal, ou de quaisquer substâncias corrosivas,
ou suscetíveis de produzir infiltrações daninhas.
Parágrafo único. Não se incluem na proibição deste e do artigo antecedente as
chaminés ordinárias, nem os fornos de cozinha.
Art. 584. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar para o uso
ordinário a água do poço ou fonte alheia, a elas preexistente.

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Art. 585. Não é permitido fazer escavações que tirem ao poço ou à fonte de
outrem a água necessária. É, porém, permitido fazê-las, se apenas diminuírem o
suprimento do poço ou da fonte do vizinho, e não forem mais profundas que as
deste, em relação ao nível do lençol d'água.
Art. 586. Todo aquele que violar as disposições dos artigos 580 e seguintes é
obrigado a demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.
Art. 587. Todo o proprietário é obrigado a consentir que entre no seu prédio, e
dele temporariamente use, mediante prévio aviso, o vizinho, quando seja
indispensável à reparação ou limpeza, construção e reconstrução de sua casa.
Mas, se daí lhe provier dano, terá direito a ser indenizado.
Parágrafo único. As mesmas disposições aplicam-se aos casos de limpeza ou
reparação dos esgotos, goteiras e aparelhos higiênicos, assim como dos poços e
fontes já existentes.

DO DIREITO DE TAPAGEM
Art. 588. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar, ou tapar de qualquer
modo o seu prédio, urbano ou rural, conformando-se com estas disposições:
§ 1º. Os tapumes divisórios entre propriedades presumem-se comuns, sendo
obrigados a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e
conservação, os proprietários dos imóveis confinantes.
§ 2º. Por "tapumes" entendem-se as sebes vivas, as cercas de arames ou de
madeira, as valas ou banquetas, ou quaisquer outros meios de separação dos
terrenos, observadas as dimensões estabelecidas em posturas municipais, de
acordo com os costumes de cada localidade, contanto que impeçam a passagem
de animais de grande porte, como sejam gado vacum, cavalar e muar.
§ 3º. A obrigação de cercar as propriedades para deter nos seus limites aves
domésticas e animais, tais como cabritos, porcos e carneiros, que exigem
tapumes especiais, cabe exclusivamente aos proprietários e detentores.
§ 4º. Quando for preciso decotar a cerca viva ou reparar o muro divisório, o
proprietário terá o direito de entrar no terreno do vizinho, depois de o prevenir.
Este direito, porém, não exclui a obrigação de indenizar ao vizinho todo o dano
que a obra lhe ocasione.
§ 5º. Serão feitas e conservadas as cercas marginais das vias públicas pela
administração, a quem estas incumbirem, ou pelas pessoas ou empresas, que as
explorarem.
SEÇÃO VI
DA PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL
Art. 589. Além das causas de extinção consideradas neste Código, também se
perde a propriedade imóvel:
I - Pela alienação;
II - Pela renúncia;
III - Pelo abandono;

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IV - Pelo perecimento do imóvel.
§ 1º. Nos dois primeiros casos deste artigo, os efeitos da perda do domínio serão
subordinados à transcrição do título transmissivo, ou do ato renunciativo, no
registro do lugar do imóvel.
§ 2º. O imóvel abandonado arrecadar-se-á como bem vago e passará ao domínio
do Estado, do Território, ou do Distrito Federal, se se achar nas respectivas
circunscrições:
a) 10 (dez) anos depois, quando se tratar de imóvel localizado em zona urbana;
b) 3 (três) anos depois, quando se tratar de imóvel localizado em zona rural.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.969, de 10.12.1981)
Art. 590. Também se perde a propriedade imóvel mediante desapropriação por
necessidade ou utilidade pública.
§ 1º. Consideram-se casos de necessidade pública:
I - A defesa do território nacional.
II - A segurança pública.
III - Os socorros públicos, nos casos de calamidade.
IV - A salubridade pública.
§ 2º. Consideram-se casos de utilidade pública:
I - A fundação de povoação e de estabelecimentos de assistência, educação ou
instrução pública.
II - A abertura, alargamento ou prolongamento de ruas, praças, canais, estradas
de ferro e, em geral, de quaisquer vias públicas.
III - A construção de obras, ou estabelecimentos destinados ao bem geral de
uma localidade, sua decoração e higiene.
IV - A exploração de minas.
Art. 591. Em caso de perigo iminente, como guerra ou comoção intestina (Const.
Fed., artigo 80), poderão as autoridades competentes usar da propriedade
particular até onde o bem público exija, garantindo ao proprietário o direito à
indenização posterior.
Parágrafo único. Nos demais casos o proprietário será previamente indenizado,
e, se recusar a indenização, consignar-se-lhe-á judicialmente o valor.
CAPÍTULO III
DA AQUISIÇÃO E PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL

SEÇÃO I
DA OCUPAÇÃO
Art. 592. Quem se assenhorear de coisa abandonada, ou ainda não apropriada,
para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.
Parágrafo único. Volvem a não ter dono as coisas móveis, quando o seu as
abandona, com intenção de renunciá-las.
Art. 593. São coisas sem dono e sujeitas à apropriação:

I - Os animais bravios, enquanto entregues à sua natural liberdade.


II - Os mansos e domesticados que não forem assinalados, se tiverem perdido o

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hábito de voltar ao lugar onde costumam recolher-se, salvo a hipótese do artigo
596.
III - Os enxames de abelhas, anteriormente apropriados, se o dono da colméia, a
que pertenciam, os não reclamar imediatamente.
IV - As pedras, conchas e outras substâncias minerais, vegetais ou animais
arrojadas às praias pelo mar, se não apresentarem sinal de domínio anterior.

DA CAÇA
Art. 594. Observados os regulamentos administrativos da caça, poderá ela
exercer-se nas terras públicas, ou nas particulares, com licença de seu dono.
Art. 595. Pertence ao caçador o animal por ele apreendido. Se o caçador for no
encalço do animal e o tiver ferido, este lhe pertencerá, embora outrem o tenha
apreendido.
Art. 596. Não se reputam animais de caça os domesticados que fugirem a seus
donos, enquanto estes lhes andarem à procura.
Art. 597. Se a caça ferida se acolher a terreno cercado, murado, valado, ou
cultivado, o dono deste, não querendo permitir a entrada do caçador, terá que a
entregar, ou expelir.
Art. 598. Aquele que penetrar em terreno alheio, sem licença do dono, para
caçar, perderá para este a caça, que apanhe, e responder-lhe-á pelo dano, que
lhe cause.

DA PESCA
Art. 599. Observados os regulamentos administrativos, lícito é pescar em águas
públicas, ou nas particulares, com o consentimento de seu dono.
Art. 600. Pertence ao pescador o peixe, que pescar, e o que arpoado, ou
farpado, perseguir, embora outrem o colha.
Art. 601. Aquele que, sem permissão do proprietário, pescar, em águas alheias,
perderá para ele o peixe que apanhe, e responder-lhe-á pelo dano, que lhe faça.
Art. 602. Nas águas particulares, que atravessem terrenos de muitos donos,
cada um dos ribeirinhos tem direito a pescar de seu lado, até ao meio delas.

DA INVENÇÃO
Art. 603. Quem quer que ache coisa alheia perdida, há de restituí-la ao dono ou
legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o inventor fará por descobri-lo, e, quando se
lhe não depare, entregará o objeto achado à autoridade competente no lugar.
Art. 604. O que restituir a coisa achada, nos termos do artigo precedente, terá
direito a uma recompensa e à indenização pelas despesas que houver feito com a

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conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
Art. 605. O inventor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo.
Art. 606. Decorridos seis meses do aviso à autoridade, não se apresentando
ninguém que mostre domínio sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública,
e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do inventor (artigo 604),
pertencerá o remanescente ao Estado, ou ao Distrito Federal, se nas respectivas
circunscrições se deparou o objeto perdido, ou à União, se foi achado em território
ainda não constituído em Estado. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)

DO TESOIRO
Art. 607. O depósito antigo de moeda ou coisas preciosas, enterrado, ou oculto,
de cujo dono não haja memória, se alguém casualmente o achar em prédio alheio,
dividir-se-á por igual entre o proprietário deste e o inventor.
Art. 608. Se o que achar for o senhor do prédio, algum operário seu, mandado
em pesquisa, ou terceiro não autorizado pelo dono do prédio, a esse pertencerá
por inteiro o tesoiro.
Art. 609. Deparando-se em terreno aforado, partir-se-á igualmente entre o
inventor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro, quando ele mesmo seja o inventor.
Art. 610. Deixa de considerar-se tesoiro o depósito achado, se alguém mostrar
que lhe pertence.
SEÇÃO II
DA ESPECIFICAÇÃO
Art. 611. Aquele que, trabalhando em matéria-prima, obtiver espécie nova, desta
será proprietário se a matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder
restituir à forma anterior.
Art. 612. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma
precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1º. Mas, sendo praticável a redução, ou, quando impraticável, se a espécie
nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2º. Em qualquer caso, porém, se o preço da mão-de-obra exceder
consideravelmente o valor da matéria-prima, a espécie nova será do
especificador.
Art. 613. Aos prejudicados nas hipóteses dos dois artigos precedentes, menos a
última do artigo 612, § 1º, concernente à especificação irredutível obtida em má-fé,
se ressarcirá o dano, que sofrerem.
Art. 614. A especificação obtida por alguma das maneiras do artigo 62 atribui a
propriedade ao especificador, mas não o exime à indenização.

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SEÇÃO III
DA CONFUSÃO, COMISTÃO E ADJUNÇÃO
Art. 615. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas, ou
ajuntadas, sem o consentimento deles continuam a pertencer-lhes, sendo possível
separá-las sem deterioração.
§ 1º. Não o sendo, ou exigindo a separação dispêndio excessivo, subsiste
indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da
coisa, com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2º. Se, porém, uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do
todo, indenizando os outros.
Art. 616. Se a confusão, adjunção, ou mistura se operou de má-fé, à outra parte
caberá escolher entre guardar o todo, pagando a porção, que não for sua, ou
renunciar as que lhe pertencerem, mediante indenização completa.
Art. 617. Se da mistura de matérias de natureza diversa se formar nova espécie,
a confusão terá a natureza de especificação para o efeito de atribuir o domínio ao
respectivo autor.
SEÇÃO IV
DO USUCAPIÃO
Art. 618. Adquirirá o domínio da coisa móvel o que a possuir como sua, sem
interrupção, nem oposição, durante três anos.
Parágrafo único. Não gera usucapião a posse, que se não firme em justo título,
bem como a inquinada, original ou supervenientemente de má-fé.
Art. 619. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá
usucapião independentemente de título de boa-fé.
Parágrafo único. As disposições dos artigos 522 e 553 são aplicáveis ao
usucapião das coisas móveis. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de
07.03.1955)
SEÇÃO V
DA TRADIÇÃO
Art. 620. O domínio das coisas não se transfere pelos contratos antes da
tradição. Mas esta se subentende, quando o transmitente continua a possuir pelo
constituto possessório (artigo 675).
Art. 621. Se a coisa alienada estiver na posse de terceiro, obterá o adquirente a
posse indireta pela cessão que lhe fizer o alienante de seu direito à restituição da
coisa.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo e do antecedente, parte final, a
aquisição da posse indireta equivale à tradição.
Art. 622. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não alheia a
propriedade. Mas, se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois o
domínio, considera-se revalidada a transferência e operado o efeito da tradição,

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desde o momento do seu ato.
Parágrafo único. Também não transfere o domínio a tradição, quando tiver por
título um ato nulo.
CAPÍTULO IV
DO CONDOMÍNIO

SEÇÃO I
DOS DIREITOS E DEVERES DOS CONDÔMINOS
Art. 623. Na propriedade em comum, compropriedade, ou condomínio, cada
condômino ou consorte pode:
I - Usar livremente da coisa conforme seu destino, e sobre ela exercer todos os
direitos compatíveis com a indivisão.
II - Reivindicá-la de terceiro.
III - Alhear a respectiva parte indivisa, ou gravá-la (artigo 1.139).
Art. 624. O condômino é obrigado a concorrer, na proporção de sua parte, para
as despesas de conservação ou divisão da coisa e suportar na mesma razão os
ônus, a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Se com isso não se conformar algum dos condôminos, será
dividida a coisa, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas
da divisão.
Art. 625. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da
comunhão, e durante ela, obrigam o contraente; mas asseguram-lhe ação
regressiva contra os demais.
Parágrafo único. Se algum deles não anuir, proceder-se-á conforme o parágrafo
único do artigo anterior.
Art. 626. Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem
se discriminar a parte de cada um na obrigação coletiva, nem se estipular
solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou proporcionalmente ao seu
quinhão, ou sorte, na coisa comum.
Art. 627. Cada consorte responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa
comum, e pelo dano que lhe causou.
Art. 628. Nenhum dos comproprietários pode alterar a coisa comum, sem o
consenso dos outros.
Art. 629. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum.
Parágrafo único. Podem, porém, os consortes acordar que fique indivisa por
termo não maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior.
Art. 630. Se a indivisão for condição estabelecida pelo doador, ou testador,
entende-se que o foi somente por cinco anos.
Art. 631. A divisão entre condôminos é simplesmente declaratória e não
atributiva da propriedade. Esta poderá, entretanto, ser julgada preliminarmente no

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mesmo processo. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 632. Quando a coisa for indivisível, ou se tornar, pela divisão, imprópria ao
seu destino, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os
outros, será vendida e repartido o preço, preferindo-se, na venda, em condições
iguais de oferta, o condômino ao estranho, entre os condôminos o que tiver na
coisa benfeitorias mais valiosas, e, não as havendo, o de quinhão maior.
Art. 633. Nenhum condômino pode, sem prévio consenso dos outros, dar posse,
uso, ou gozo da propriedade a estranhos.
Art. 634. O condômino, como qualquer outro possuidor, poderá defender a sua
posse contra outrem.
SEÇÃO II
DA ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO
Art. 635. Quando, por circunstância de fato ou por desacordo, não for possível o
uso e gozo em comum, resolverão os condôminos se a coisa deve ser
administrada, vendida ou alugada.
§ 1º. Se todos concordam que se não venda, à maioria (artigo 637) competirá
deliberar sobre a administração ou locação da coisa comum.
§ 2º. Pronunciando-se a maioria pela administração, escolherá também o
administrador.
Art. 636. Resolvendo-se alugar a coisa comum (artigo 637), preferir-se-á, em
condições iguais, o condômino ao estranho.
Art. 637. A maioria será calculada não pelo número, senão pelo valor dos
quinhões.
§ 1º. As deliberações não obrigarão, não sendo tomadas por maioria absoluta,
isto é, por votos que representem mais de meio do valor total.
§ 2º. Havendo empate, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer condômino,
ouvidos os outros.
Art. 638. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação de
última vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.
Art. 639. Nos casos de dúvida, presumem-se iguais os quinhões.
Art. 640. O condômino, que administrar sem oposição dos outros, presume-se
mandatário comum.
Art. 641. Aplicam-se, nos casos omissos, à divisão do condomínio as regras de
partilha da herança (artigos 1.772 e seguintes).
SEÇÃO III
DO CONDOMÍNIO EM PAREDES, CERCAS, MUROS E VALAS
Art. 642. O condomínio por meação de paredes, cercas, muros e valas regula-se

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pelo disposto neste Código, artigos 569 a 589 e 623 a 634. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 643. O proprietário que tiver direito a estremar um imóvel com paredes,
cercas, muros, valas ou valados, tê-lo-á igualmente a adquirir meação na parede,
muro, vala, valado, ou cerca do vizinho, embolsando-lhe metade do que
atualmente valer a obra e o terreno por ela ocupado (artigo 727).
Art. 644. Não convindo os dois no preço da obra, será este arbitrado por peritos,
a expensas de ambos os confinantes. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 645. Qualquer que seja o preço da meação, enquanto o que pretender a
divisão não o pagar ou depositar, nenhum uso poderá fazer da parede, muro, vala,
cerca, ou qualquer outra obra divisória.
SEÇÃO IV
DO COMPÁSCUO
Art. 646. Se o compáscuo em prédios particulares for estabelecido por servidão,
reger-se-á pelas normas desta. Se não, observar-se-á, no que lhe for aplicável, o
disposto neste capítulo, caso outra coisa não estipule o título de onde resulte a
comunhão de pastos.
Parágrafo único. O compáscuo em terrenos baldios e públicos regular-se-á pelo
disposto na legislação municipal. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO V
DA PROPRIEDADE RESOLÚVEL

Art. 647. Resolvido o domínio pelo implemento da condição ou pelo advento do


termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua
pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a
coisa do poder de quem a detenha.
Art. 648. Se, porém, o domínio se resolver por outra causa superveniente, o
possuidor, que o tiver adquirido por título anterior à resolução, será considerado
proprietário perfeito, restando à pessoa em cujo benefício houve a resolução, a
ação contra aquele cujo domínio se resolveu haver para a própria coisa, ou seu
valor.
CAPÍTULO VI
DA PROPRIEDADE LITERÁRIA, CIENTÍFICA E ARTÍSTICA

Art. 649. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 650. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)

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Art. 651. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 652. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 653. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 654. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 655. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 656. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 657. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 658. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 659. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 660. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 661. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 662. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 663. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 664. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 665. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 666. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 667. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 668. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
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Art. 669. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
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Art. 670. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 671. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 672. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
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Art. 673. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)

TÍTULO III
DOS DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 674. São direitos reais, além da propriedade:


I - A enfiteuse.
II - As servidões.
III - O usufruto.
IV - O uso.
V - A habitação.
VI - As rendas expressamente constituídas sobre imóveis.
VII - O penhor.
VIII - A anticrese.
IX - A hipoteca.
Art. 675. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem como a tradição (artigo 620).
Art. 676. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos
entre vivos, só se adquirem depois da transcrição, ou da inscrição, no registro de
imóveis, dos referidos títulos (artigos 530, nº I, e 856), salvo os casos expressos
neste Código.
Art. 677. Os direitos reais passam com o imóvel para o domínio do adquirente.
Parágrafo único. O ônus dos impostos sobre prédios transmite-se aos
adquirentes, salvo constando da escritura as certidões do recebimento, pelo fisco,
dos impostos devidos, e, em caso de venda em praça, até o equivalente do preço
da arrematação. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
CAPÍTULO II

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DA ENFITEUSE

Art. 678. Dá-se a enfiteuse, aforamento ou emprazamento, quando por ato entre
vivos, ou de última vontade, o proprietário atribui a outrem o domínio útil do
imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e assim se constitui enfiteuta, ao
senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e invariável.
Art. 679. O contrato de enfiteuse é perpétuo. A enfiteuse por tempo limitado
considera-se arrendamento, e como tal se rege.
Art. 680. Só podem ser objeto de enfiteuse terras não cultivadas ou terrenos que
se destinem a edificação.
Art. 681. Os bens enfitêuticos transmitem-se por herança na mesma ordem
estabelecida a respeito dos alodiais neste Código, artigos 1.603 a 1.619; mas, não
podem ser divididos em glebas sem consentimento do senhorio.
Art. 682. É obrigado o enfiteuta a satisfazer os impostos e os ônus reais que
gravarem o imóvel.
Art. 683. O enfiteuta, ou foreiro, não pode vender nem dar em pagamento o
domínio útil, sem prévio aviso ao senhorio direto, para que este exerça o direito de
opção; e o senhorio direto tem trinta dias para declarar, por escrito, datado e
assinado, que quer a preferência na alienação, pelo mesmo preço e nas mesmas
condições.
Se dentro no prazo indicado, não responder ou não oferecer o preço da alienação,
poderá o foreiro efetuá-la com quem entender.
Art. 684. Compete igualmente ao foreiro o direito de preferência, no caso de
querer o senhorio vender o domínio direto ou dá-lo em pagamento. Para este
efeito, ficará o dito senhorio sujeito à mesma obrigação imposta, em semelhantes
circunstâncias, ao foreiro.
Art. 685. Se o enfiteuta não cumprir o disposto no artigo 683, poderá o senhorio
direto usar, não obstante, de seu direito de preferência, havendo do adquirente o
prédio pelo preço da aquisição.
Art. 686. Sempre que se realizar a transferência do domínio útil, por venda ou
dação em pagamento, o senhorio direto, que não usar da opção, terá direito de
receber do alienante o laudêmio, que será de dois e meio por cento sobre o preço
da alienação, se outro não se tiver fixado no título de aforamento.
Art. 687. O foreiro não tem direito à remissão do foro, por esterilidade ou
destruição parcial do prédio enfitêutico, nem pela perda total de seus frutos; pode,
em tais casos, porém, abandoná-lo ao senhorio direto, e, independentemente do
seu consenso, fazer inscrever o ato da renúncia (artigo 691).
Art. 688. É lícito ao enfiteuta doar, dar em dote, ou trocar por coisa não fungível
o prédio aforado, avisando o senhorio direto, dentro em sessenta dias, contados
do ato da transmissão, sob pena de continuar responsável pelo pagamento do

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foro.
Art. 689. Fazendo-se penhora, por dívidas do enfiteuta, sobre o prédio
emprazado, será citado o senhorio direto, para assistir à praça, e terá preferência,
quer, no caso de arrematação, sobre os demais lançadores em condições iguais,
quer, em falta deles, no caso de adjudicação.
Art. 690. Quando o prédio emprazado vier a pertencer a várias pessoas, estas,
dentro em seis meses, elegerão um cabecel, sob pena de se devolver ao senhorio
o direito de escolha.
§ 1º. Feita a escolha, todas as ações do senhorio contra os foreiros serão
propostas contra o cabecel, salvo a este o direito regressivo contra os outros pelas
respectivas quotas.
§ 2º. Se, porém, o senhorio direto convier na divisão do prazo, cada uma das
glebas em que for dividido constituirá prazo distinto.
Art. 691. Se o enfiteuta pretender abandonar gratuitamente ao senhorio o prédio
aforado, poderão opor-se os credores prejudicados com o abandono, prestando
caução pelas pensões futuras, até que sejam pagos de suas dívidas.
Art. 692. A enfiteuse extingue-se:

I - Pela natural deterioração do prédio aforado, quando chegue a não valer o


capital correspondente ao foro e mais um quinto deste.
II - Pelo comisso, deixando o foreiro de pagar as pensões devidas, por três anos
consecutivos, caso em que o senhorio o indenizará das benfeitorias necessárias.
III - Falecendo o enfiteuta, sem herdeiros, salvo o direito dos credores.
Art. 693. Todos os aforamentos, inclusive os constituídos anteriormente a este
Código, salvo acordo entre as partes, são resgatáveis dez anos depois de
constituídos, mediante pagamento de um laudêmio, que será de dois e meio por
cento sobre o valor atual da propriedade plena, e de dez pensões anuais pelo
foreiro, que não poderá no seu contrato renunciar ao direito de resgate, nem
contrariar as disposições imperativas deste capítulo. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 5.827, de 23.11.1972)
Art. 694. A subenfiteuse está sujeita às mesmas disposições que a enfiteuse. A
dos terrenos de marinha e acrescidos será regulada em lei especial.
CAPÍTULO III
DAS SERVIDÕES PREDIAIS

SEÇÃO I
DA CONSTITUIÇÃO DAS SERVIDÕES
Art. 695. Impõe-se a servidão predial a um prédio em favor de outro, pertencente
a diverso dono. Por ela perde o proprietário do prédio serviente o exercício de
alguns de seus direitos dominicais, ou fica obrigado a tolerar que dele se utilize,
para certo fim, o dono do prédio dominante.

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Art. 696. A servidão não se presume. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 697. As servidões não aparentes só podem ser estabelecidas por meio de
transcrição no registro de imóveis.
Art. 698. A posse incontestada e contínua de uma servidão por dez ou quinze
anos, nos termos do artigo 551, autoriza o possuidor a transcrevê-la em seu nome
no registro de imóveis, servindo-lhe de título a sentença que julgar consumado o
usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo do usucapião será de
vinte anos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 699. O dono de uma servidão tem direito a fazer todas as obras necessárias
à sua conservação e uso. Se a servidão pertencer a mais de um prédio serão as
despesas rateadas entre os respectivos donos.
Art. 700. As obras a que se refere o artigo antecedente devem ser feitas pelo
dono do prédio dominante, se o contrário não dispuser o título expressamente.
Art. 701. Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio serviente, este poderá
exonerar-se abandonando a propriedade ao dono do dominante.
Art. 702. O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o
uso legítimo da servidão.
Art. 703. Pode o dono do prédio serviente remover de um local para outro a
servidão, contanto que o faça à sua custa, e não diminua em nada as vantagens
do prédio dominante.
Art. 704. Restringir-se-á o uso da servidão às necessidades do prédio
dominante, evitando, quanto possível, agravar o encargo ao prédio serviente.
Parágrafo único. Constituída para certo fim, a servidão não se pode ampliar a
outro, salvo o disposto no artigo seguinte.
Art. 705. Nas servidões de trânsito, a de maior inclui a de menor ônus, e a menor
exclui a mais onerosa.
Art. 706. Se as necessidades da cultura do prédio dominante impuserem à
servidão maior largueza, o dono do prédio serviente é obrigado a sofrê-la; mas
tem direito a ser indenizado pelo excesso.
Parágrafo único. Se, porém, esse acréscimo de encargo for devido a mudança
na maneira de exercer a servidão, como no caso de se pretender edificar em
terreno até então destinado a cultura, poderá impedi-lo o dono do prédio serviente.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 707. As servidões prediais são indivisíveis. Subsistem, no caso de partilha,
em benefício de cada um dos quinhões do prédio dominante, e continuam a gravar
cada um dos do prédio serviente, salvo se, por natureza ou destino, só se
aplicarem a certa parte de um ou de outro.

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SEÇÃO II
DA EXTINÇÃO DAS SERVIDÕES
Art. 708. Salvo nas desapropriações, a servidão, uma vez transcrita, só se
extingue, com respeito a terceiros, quando cancelada.
Art. 709. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao
cancelamento da transcrição, embora o dono do prédio dominante lho impugne:
I - Quando o titular houver renunciado a sua servidão.
II - Quando a servidão for de passagem, que tenha cessado pela abertura de
estrada pública, acessível ao prédio dominante.
III - Quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão.
Art. 710. As servidões prediais extinguem-se:
I - Pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa.
II - Pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título
expresso.
III - Pelo não uso, durante dez anos contínuos.
Art. 711. Extinta, por alguma das causas do artigo anterior, a servidão predial
transcrita, fica ao dono do prédio serviente o direito a fazê-la cancelar, mediante a
prova da extinção.
Art. 712. Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar
no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do
credor.
CAPÍTULO IV
DO USUFRUTO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 713. Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma
coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade.
Art. 714. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um
patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos
e utilidades.
Art. 715. O usufruto de imóveis, quando não resulte do direito de família,
dependerá de transcrição no respectivo registro.
Art. 716. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da
coisa e seus acrescidos.
Art. 717. O usufruto só se pode transferir, por alienação, ao proprietário da coisa;
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.
SEÇÃO II

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DOS DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
Art. 718. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos
frutos.
Art. 719. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito,
não só a cobrar as respectivas dívidas, mas ainda a empregar-lhes a importância
recebida. Essa aplicação, porém, corre por sua conta e risco; e, cessando o
usufruto, o proprietário pode recusar os novos títulos, exigindo em espécie o
dinheiro.
Art. 720. Quando o usufruto recai sobre apólices da dívida pública ou títulos
semelhantes, de cotação variável, a alienação deles só se efetuará mediante
prévio acordo entre o usufrutuário e o dono.
Art. 721. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos
naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas
de produção.
Parágrafo único. Os frutos naturais, porém, pendentes ao tempo em que cessa o
usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas.
Art. 722. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas
bastem, para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.
Art. 723. Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao
proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data em que cessa o usufruto.
Art. 724. O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o
prédio, mas não mudar-lhe o gênero de cultura, sem licença do proprietário ou
autorização expressa no título; salvo se, por algum outro, como os de pai, ou
marido, lhe couber tal direito.
Art. 725. Se o usufruto recai em florestas, ou minas, podem o dono e o
usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira da exploração.
Art. 726. As coisas que se consomem pelo uso, caem para logo no domínio do
usufrutuário, ficando, porém, este obrigado a restituir, findo o usufruto, o
equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu
valor, pelo preço corrente ao tempo da restituição.
Parágrafo único. Se, porém, as referidas coisas foram avaliadas no título
constitutivo do usufruto, salvo cláusula expressa em contrário, o usufrutuário é
obrigado a pagá-las pelo preço da avaliação.
Art. 727. O usufrutuário não tem direito à parte do tesouro achado por outrem,
nem ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em
paredes, cerca, muro, vala ou valado (artigo 643).
Art. 728. Não procede o disposto na segunda parte do artigo anterior, quando o
usufruto recair sobre universalidade ou quota-parte de bens.
SEÇÃO III

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DAS OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO
Art. 729. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa,
os bens que receber, determinando o estado em que se acham e dará caução,
fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e
entregá-los findo o usufruto.
Art. 730. O usufrutuário, que não quiser ou não puder dar caução suficiente,
perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão
administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar
ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas da administração,
entre as quais se incluirá a quantia taxada pelo juiz em remuneração do
administrador.
Art. 731. Não são obrigados à caução:

I - O doador, que se reservar o usufruto da coisa doada.


II - Os pais, usufrutuários dos bens dos filhos menores.
Art. 732. O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do
exercício regular do usufruto.
Art. 733. Incumbem ao usufrutuário:

I - As despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os


recebeu.
II - Os foros, as pensões e os impostos reais devidos pela posse, ou rendimento
da coisa usufruída.
Art. 734. Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem
de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido
com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da
coisa usufruída.
Parágrafo único. Não se consideram módicas as despesas superiores a dois
terços do líquido rendimento em um ano.
Art. 735. Se a coisa estiver segura, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o
usufruto, as contribuições do seguro.
§ 1º. Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele
resultante contra o segurador.
§ 2º. Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da
indenização do seguro.
Art. 736. Se o usufruto recair em coisa singular, ou parte dela, só responderá o
usufrutuário pelo juro da dívida, que ela garantir, quando esse ônus for expresso
no título respectivo.
Se recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros
da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele, sobre que recaia o usufruto.
Art. 737. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário,
não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o
proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas, se ele estava seguro, a

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indenização paga fica sujeita ao ônus do usufruto.
Se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-
se-á o usufruto.
Art. 738. Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a
indenização paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido
pelo terceiro responsável, no caso de danificação, ou perda.
SEÇÃO IV
DA EXTINÇÃO DO USUFRUTO
Art. 739. O usufruto extingue-se:
I - Pela morte do usufrutuário.
II - Pelo termo de sua duração.
III - Pela cessação da causa de que se origina.
IV - Pela destruição da coisa, não sendo fungível, guardadas as disposições dos
artigos 735, 737, 2ª parte, e 738.
V - Pela consolidação.
VI - Pela prescrição.
VII - Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os
bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação.
Art. 740. Constituído o usufruto em favor de dois ou mais indivíduos, extinguir-
se-á parte a parte em relação a cada um dos que falecerem, salvo se, por
estipulação expressa, o quinhão desses couber aos sobreviventes.
Art. 741. O usufruto constituído em favor de pessoa jurídica, extingue-se com
esta, ou, se ela perdurar, aos cem anos da data em que se começou a exercer.
CAPÍTULO V
DO USO

Art. 742. O usuário fruirá a utilidade da coisa dada em uso, quanto o exigirem as
necessidades pessoais suas e de sua família.
Art. 743. Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário, conforme a sua
condição social e o lugar onde viver.
Art. 744. As necessidades da família do usuário compreendem:

I - As de seu cônjuge.
II - As dos filhos solteiros, ainda que ilegítimos.
III - As das pessoas de seu serviço doméstico.
Art. 745. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as
disposições relativas ao usufruto.
CAPÍTULO VI
DA HABITAÇÃO

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Art. 746. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia,
o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente
ocupá-la com sua família.
Art. 747. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa,
qualquer delas, que habite, sozinha, a casa, não terá de pagar aluguel à outra, ou
às outras, mas não a pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também
lhes compete, de habitá-la.
Art. 748. São aplicáveis à habitação, no em que lhe não contrariarem a natureza,
as disposições concernentes ao usufruto.
CAPÍTULO VII
DAS RENDAS CONSTITUÍDAS SOBRE IMÓVEIS

Art. 749. No caso de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública, de


prédio sujeito à constituição de renda (artigos 1.424 a 1.431), aplicar-se-á em
constituir outra o preço do imóvel obrigado. O mesmo destino terá, em caso
análogo, a indenização do seguro.
Art. 750. O pagamento da renda constituída sobre um imóvel incumbe, de pleno
direito, ao adquirente do prédio gravado. Esta obrigação estende-se às rendas
vencidas antes da alienação, salvo o direito regressivo do adquirente contra o
alienante.
Art. 751. O imóvel sujeito a prestações de renda pode ser resgatado, pagando o
devedor um capital em espécie, cujo rendimento, calculado pela taxa legal dos
juros, assegure ao credor renda equivalente.
Art. 752. No caso de falência, insolvência ou execução do prédio gravado, o
credor da renda tem preferência aos outros credores para haver o capital indicado
no artigo antecedente.
Art. 753. A renda constituída por disposição de última vontade começa a ter
efeito desde a morte do constituinte, mas não valerá contra terceiros adquirentes,
enquanto não transcrita no competente registro.
Art. 754. No caso de transmissão do prédio gravado a muitos sucessores, o
ônus real da renda continua a gravá-lo em todas as suas partes.
CAPÍTULO VIII
DOS DIREITOS REAIS DE GARANTIA

Art. 755. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, a coisa dada
em garantia fica sujeita por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
Art. 756. Só aquele que pode alienar, poderá hipotecar, dar em anticrese, ou
empenhar. Só as coisas que se podem alienar poderão ser dadas em penhor,
anticrese, ou hipoteca.

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Parágrafo único. O domínio superveniente revalida, desde a inscrição, as
garantias reais estabelecidas por quem possuía a coisa a título de proprietário.
Art. 757. A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em
garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um
pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver, se for divisível a coisa,
e só a respeito dessa parte vigorará a indivisibilidade da garantia. (Redação dada
ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 758. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa
exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens,
salvo disposição expressa no título, ou na quitação.
Art. 759. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa
hipotecada, ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores,
observada, quanto à hipoteca, a prioridade na inscrição.
Parágrafo único. Excetua-se desta regra a dívida proveniente de salários do
trabalhador agrícola, que será paga, precipuamente a quaisquer outros créditos,
pelo produto da colheita para a qual houver concorrido com o seu trabalho.
(Redação dada pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 760. O credor anticrético tem direito a reter em seu poder a coisa, enquanto
a dívida não for paga. Extingue-se, porém, esse direito decorridos quinze anos do
dia da transcrição. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 761. Os contratos de penhor, anticrese e hipoteca declararão, sob pena de
não valerem contra terceiros:
I - O total da dívida, ou sua estimação.
II - O prazo fixado para pagamento.
III - A taxa de juros, se houver.
IV - A coisa dada em garantia, com as suas especificações.
Art. 762. A dívida considera-se vencida:

I - Se, deteriorando-se, ou depreciando-se a coisa dada em segurança, desfalcar


a garantia, e o devedor, intimado, a não reforçar. (Redação dada ao inciso pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
II - Se o devedor cair em insolvência, ou falir.
III - Se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo
se achar estipulado o pagamento.
Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do
credor ao seu direito de execução imediata.
IV - Se perecer o objeto dado em garantia.
V - Se se desapropriar a coisa dada em garantia, depositando-se a parte do
preço, que for necessária para o pagamento integral do credor.
§ 1º. Nos casos de perecimento ou deterioração do objeto dado em garantia, a
indenização, estando ele seguro ou havendo alguém responsável pelo dano, se
sub-rogará na coisa destruída ou deteriorada, em benefício do credor, a quem
assistirá sobre ela preferência até ao seu completo reembolso. (Parágrafo
acrescentado pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)

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§ 2º. Nos casos dos nºs IV e V, só se vencerá a hipoteca antes do prazo
estipulado, se o sinistro, ou a desapropriação recair sobre o objeto dado em
garantia, e esta não abranger outros, subsistindo, no caso contrário, a dívida
reduzida, com a respectiva garantia sobre os demais bens, não desapropriados,
danificados, ou destruídos. (Antigo parágrafo único renumerado pelo Dec. Leg. nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 763. O antecipado vencimento da dívida nas hipóteses do artigo anterior,
não importa o dos juros correspondentes ao prazo convencional por decorrer.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 764. Salvo cláusula expressa, o terceiro que presta garantia real por dívida
alheia, não fica obrigado a substituí-la, ou reforçá-la, quando, sem culpa sua, se
perca, deteriore, ou desvalie. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 765. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou
hipotecário, a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no
vencimento.
Art. 766. Os sucessores do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou
a hipoteca na proporção dos seus quinhões; qualquer deles, porém, pode fazê-lo
no todo.
Parágrafo único. O herdeiro ou sucessor que fizer a remissão fica sub-rogado
nos direitos do credor pelas quotas que houver satisfeito.
Art. 767. Quando, excutido o penhor, ou executada a hipoteca, o produto não
bastar para pagamento da dívida e despesas judiciais, continuará o devedor
obrigado pessoalmente pelo restante.
CAPÍTULO IX
DO PENHOR

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 768. Consitui-se o penhor pela tradição efetiva, que, em garantia do débito,
ao credor, ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de um
objeto móvel, suscetível de alienação.
Art. 769. Só se pode constituir o penhor com a posse da coisa móvel pelo
credor, salvo no caso de penhor agrícola ou pecuário, em que os objetos
continuam em poder do devedor, por efeito da cláusula constituti.
Art. 770. O instrumento do penhor convencional determinará precisamente o
valor do débito e o objeto empenhado, em termos que o discriminem dos seus
congêneres.
Quando o objeto do penhor foi coisa fungível, bastará declarar-lhe a qualidade e
quantidade.

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Art. 771. Se o contrato se fizer mediante instrumento particular, será firmado
pelas partes, e lavrado em duplicata, ficando um exemplar com cada um dos
contraentes, qualquer dos quais pode levá-lo à transcrição.
Art. 772. O credor pignoratício não pode, paga a dívida, recusar a entrega da
coisa a quem a empenhou.
Pode retê-la, porém, até que o indenizem das despesas, devidamente justificadas,
que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua.
Art. 773. Pode igualmente o credor exigir do devedor a satisfação do prejuízo
que houver sofrido por vício da coisa empenhada.
Art. 774. O credor pignoratício é obrigado, como depositário:

I - A empregar na guarda do penhor a diligência exigida pela natureza da coisa.


II - A entregá-lo com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida,
observadas as disposições dos artigos antecedentes.
III - A entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, seja por
excussão judicial, ou por venda amigável, se lha permitir expressamente o
contrato, ou lha autorizar o devedor mediante procuração especial.
IV - A ressarcir ao dono a perda ou deterioração, de que for culpado.
Art. 775. No caso do artigo antecedente, nº IV, pode compensar-se na dívida, até
à concorrente quantia, a importância da responsabilidade do credor.
SEÇÃO II
DO PENHOR LEGAL
Art. 776. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:

I - os hospedeiros, estalajadeiros ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre


as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro, que os seus consumidores ou fregueses
tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou
consumo que aí tiverem feito.
II - O dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou
inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos alugueres ou rendas.
Art. 777. A conta das dívidas enumeradas no artigo antecedente, nº I, será
extraída conforme a tabela impressa, prévia e ostensivamente exposta na casa,
dos preços da hospedagem, da pensão ou dos gêneros fornecidos, sob pena de
nulidade do penhor.
Art. 778. Em cada um dos casos do artigo 776, o credor poderá tomar em
garantia um ou mais objetos até o valor da dívida.
Art. 779. Os credores compreendidos no referido artigo podem fazer efetivo o
penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na
demora.
Art. 780. Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a homologação,
apresentando, com a conta por menor das despesas do devedor, a tabela dos
preços, junta à relação dos objetos retidos, e pedindo a citação dele para, em vinte

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e quatro horas, pagar, ou alegar defesa.
SEÇÃO III
DO PENHOR AGRÍCOLA
Art. 781. Podem ser objeto de penhor agrícola:
I - Máquinas e instrumentos aratórios, ou de locomoção;
II - Colheitas pendentes, ou em via de formação no ano do contrato, quer
resultem de prévia cultura, quer de produção espontânea do solo;
III - Frutos armazenados, em ser, ou beneficiados e acondicionados para a
venda;
IV - Lenha cortada ou madeira das matas preparadas para o corte;
V - Animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
Art. 782. O penhor agrícola só se pode convencionar pelo prazo de um ano,
ulteriormente prorrogável por seis meses.
Art. 783. Se o prédio estiver hipotecado, não se poderá, pena de nulidade, sobre
ele constituir penhor agrícola, sem anuência do credor hipotecário, por este dada
no próprio instrumento de constituição do penhor.
Art. 784. No penhor de animais, sob pena de nulidade, o instrumento designá-
los-á com a maior precisão particularizando o lugar onde se achem, e o destino
que tiverem.
Art. 785. O devedor não poderá vender o gado empenhado, sem prévio
consentimento escrito do credor.
Art. 786. Quando o devedor pretenda vender o gado empenhado, ou, por
negligente, ameace prejudicar o credor, poderá este requerer se depositem os
animais sob a guarda de terceiros, ou exigir que se lhe pague a dívida incontinenti.
Art. 787. Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os mortos,
ficam sub-rogados no penhor.
Parágrafo único. Esta substituição presume-se, mas não valerá contra terceiros,
se não constar de menção adicional ao respectivo contrato.
Art. 788. O penhor de animais não admite prazo maior de dois anos, mas pode
ser prorrogado por igual período, averbando-se a prorrogação no título respectivo.
Parágrafo único. Vencida a prorrogação, o penhor será excutido, quando não
seja reconstituído.
SEÇÃO IV
DA CAUÇÃO DE TÍTULOS DE CRÉDITO
Art. 789. A caução de títulos nominativos de dívida da União, dos Estados ou
dos Municípios equipara-se ao penhor e vale contra terceiros, desde que for
transcrita, ainda que esses títulos não hajam sido entregues ao credor. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 790. Também se equipara ao penhor, mas com as modificações dos artigos

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seguintes, a caução de títulos de crédito pessoal. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 791. Esta caução principia a ter efeito com a tradição do título ao credor, e
provar-se-á por escrito, nos termos dos artigos 770 e 771.
Art. 792. Ao credor por esta caução compete o direito de:

I - Conservar e recuperar a posse dos títulos caucionados, por todos os meios


civis ou criminais, contra qualquer detentor, inclusive o próprio dono.
II - Fazer intimar ao devedor dos títulos caucionados, que não pague ao seu
credor, enquanto durar a caução (artigo 794).
III - Usar das ações, recursos e exceções convenientes, para assegurar os seus
direitos, bem como os do credor cancionante, como se deste fora procurador
especial.
IV - Receber a importância dos títulos caucionados, e restituí-los ao devedor,
quando este solver a obrigação por eles garantida.
Art. 793. No caso do artigo antecedente, nº IV, o credor caucionado ficará, como
depositário, responsável ao credor caucionário, pelo que receber além do que este
lhe devia.
Art. 794. O devedor do título caucionado, tanto que receba a intimação do artigo
792, nº II, ou se dê por ciente da caução, não poderá receber quitação do seu
credor.
Art. 795. Aquele que, sendo credor num título de crédito, depois de o ter
caucionado, quitar o devedor, ficará, por esse fato, obrigado a saldar
imediatamente a dívida, em cuja garantia prestou a caução; e o devedor que,
ciente de estar caucionado o seu título de débito, aceitar quitação do credor
caucionante, responderá solidariamente, com este, por perdas e danos ao
caucionado.
SEÇÃO V
DA TRANSCRIÇÃO DO PENHOR
Art. 796. O penhor agrícola será transcrito no Registro de Imóveis.
Parágrafo único. Enquanto não cancelada, continua a transcrição a valer contra
terceiros.
Art. 797. O penhor de títulos de bolsa averbar-se-á nas repartições competentes,
ou na sede da associação emissora.
Art. 798. O credor, que aceitar em caução títulos ainda não integrados, poderá,
sobrevindo qualquer das chamadas ulteriores, executar logo o devedor, que não
realize a entrada, ou efetuá-la sob protesto.
Art. 799. Se, nos termos do artigo antecedente, se efetuar, sob protesto, entrada,
ao débito se adicionará o valor desta, ressalÇado ao credor o seu direito de
executar incontinenti o devedor.

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Art. 800. O credor, ou o devedor, um na ausência do outro contraente, pode
fazer transcrever o penhor, apresentando o respectivo instrumento na forma do
artigo 135, se for particular.
Art. 801. Poderá o devedor fazer cancelar a transcrição do instrumento
pignoratício, apresentando, com a firma reconhecida, se o documento for
particular, a quitação do credor (artigo 1.093). (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. O mesmo direito compete ao adquirente do penhor por
adjudicação, compra, sucessão ou remissão, exibindo seu título.
SEÇÃO VI
DA EXTINÇÃO DO PENHOR
Art. 802. Resolve-se o penhor:

I - Extinguindo-se a obrigação.
II - Perecendo a coisa.
III - Renunciando o credor.
IV - Resolvendo-se a propriedade da pessoa, que o constituiu.
V - Confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e dono da coisa.
VI - Dando-se a adjudicação judicial, a remissão, ou a venda amigável do
penhor, se a permitir expressamente o contrato, ou for autorizada pelo devedor
(artigo 774, nº III), ou pelo credor (artigo 785).
Art. 803. Presume-se a renúncia do credor, quando consentir na venda particular
do penhor sem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou
quando anuir à sua substituição por outra garantia.
Art. 804. Operando-se a confusão tão-somente quanto à parte da dívida
pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto.
CAPÍTULO X
DA ANTICRESE

Art. 805. Pode o devedor, ou outrem por ele, entregando ao credor um imóvel,
ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e
rendimentos.
§ 1º. É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel, na sua
totalidade, sejam percebidos pelo credor, somente à conta de juros.
§ 2º. O imóvel hipotecado pode ser dado em anticrese pelo devedor ao credor
hipotecário, assim como o imóvel sujeito à anticrese pode ser hipotecado pelo
devedor ao credor anticrético.
Art. 806. O credor anticrético pode fruir diretamente o imóvel ou arrendá-lo a
terceiro, salvo pacto em contrário, mantendo, no último caso, até ser pago, o
direito de retenção do imóvel.
Art. 807. O credor anticrético responde pelas deteriorações, que, por culpa sua,
o imóvel sofrer, e pelos frutos que, por sua negligência, deixar de perceber.

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Art. 808. O credor anticrético pode vindicar os seus direitos contra o adquirente
do imóvel, os credores quirografários e os hipotecários posteriores à transcrição
da anticrese.
§ 1º. Se, porém, executar o imóvel por não-pagamento da dívida, ou permitir que
outro credor o execute, sem opor o seu direito de retenção ao exeqüente, não terá
preferência sobre o preço.
§ 2º. Também não a terá sobre a indenização do seguro, quando o prédio seja
destruído, nem, se for desapropriado, sobre a da desapropriação.
CAPÍTULO XI
DA HIPOTECA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 809. A lei da hipoteca é a civil, e civil a sua jurisdição, ainda que a dívida
seja comercial, e comerciantes as partes.
Art. 810. Podem ser objeto de hipoteca:
I - Os imóveis.
II - Os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles.
III - O domínio direto.
IV - O domínio útil.
V - As estradas de ferro.
VI - As minas e pedreiras, independentemente do solo onde se acham.
VII - Os navios (artigo 825). (Inciso acrescentado pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 811. A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções
do imóvel.
Subsistem os ônus reais constituídos e transcritos, anteriormente à hipoteca,
sobre o mesmo imóvel.
Art. 812. O dono do imóvel hipotecado pode constituir sobre ele, mediante novo
título, outra hipoteca, em favor do mesmo, ou de outro credor.
Art. 813. Salvo o caso de insolvência do devedor, o credor da segunda hipoteca,
embora vencida, não poderá executar o imóvel antes de vencida a primeira.
Parágrafo único. Não se considera insolvente o devedor, por faltar ao pagamento
das obrigações garantidas por hipotecas posteriores à primeira. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 814. A hipoteca anterior pode ser remida, em se vencendo, pelo credor da
segunda, se o devedor não se oferecer a remi-la.
§ 1º. Para a remissão, neste caso, consignará o segundo credor a importância do
débito e das despesas judiciais, caso se esteja promovendo a execução,
intimando o credor anterior para levantá-la e o devedor para remi-la, se quiser.
§ 2º. O segundo credor, que remir a hipoteca anterior, ficará ipso facto sub-

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rogado nos direitos desta, sem prejuízo dos que lhe competirem contra o devedor
comum.
Art. 815. Ao adquirente do imóvel hipotecado cabe igualmente o direito de remi-
lo.
§ 1º. Se o adquirente quiser forrar-se aos efeitos da execução da hipoteca,
notificará judicialmente, dentro em trinta dias, o seu contrato, aos credores
hipotecários, propondo, para a remissão, no mínimo, o preço por que adquiriu o
imóvel.
A notificação executar-se-á no domicílio inscrito (artigo 846, parágrafo único), ou
por editais, se ali não estiver o credor.
§ 2º. O credor notificado pode, no prazo assinado para a oposição, requerer que
o imóvel seja licitado.
Art. 816. São admitidos a licitar:
I - Os credores hipotecários.
II - Os fiadores.
III - O mesmo adquirente.
§ 1º. Não sendo requerida a licitação, o preço da aquisição, ou aquele que o
adquirente propuser, haver-se-á por definitivamente fixado para a remissão do
imóvel, que, pago ou depositado o dito preço, ficará livre de hipotecas.
§ 2º. Não notificando o adquirente, nos trinta dias do artigo 815, § 1º, aos
credores hipotecários, fica obrigado:
I - Às perdas e danos para com os credores hipotecários.
II - Às custas e despesas judiciais.
III - À diferença entre a avaliação e a adjudicação, caso esta se efetue. (Redação
dada pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 3º. O imóvel será penhorado e vendido por conta do adquirente, ainda que ele
queira pagar, ou depositar o preço da venda, ou da avaliação, exceto se o credor
consentir, se o preço da venda ou da avaliação bastar para solução da hipoteca,
ou se o adquirente a resgatar.
A avaliação não será nunca em preço inferior ao da venda.
§ 4º. Disporá de ação regressiva contra o vendedor o adquirente, que sofrer
expropriação do imóvel mediante licitação, ou penhora, o que pagar a hipoteca, o
que por causa da adjudicação, ou licitação, desembolsar com o pagamento da
hipoteca importância excedente à da compra e o que suportar custas e despesas
judiciais.
§ 5º. A hipoteca legal é remível na forma por que o são as hipotecas especiais,
figurando pelas pessoas, a que pertencer, as competentes segundo a legislação
em vigor.
Art. 817. Mediante simples averbação requerida por ambas as partes, poderá
prorrogar-se a hipoteca, até perfazer trinta anos, da data do contrato. Desde que
perfaça trinta anos, só poderá subsistir o contrato de hipoteca, reconstituindo-se
por nova inscrição; e, neste caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe
competir. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.652, de 11.12.1970)
Art. 818. É lícito aos interessados fazer constar das escrituras o valor entre si
ajustado dos imóveis hipotecados, o qual será a base para as arrematações,

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adjudicações e remissões, dispensada a avaliação.
As remissões não serão permitidas antes de realizada a primeira praça nem
depois da assinatura do ato de arrematação.
Art. 819. O credor da hipoteca legal, ou quem o represente, poderá, mostrando a
insuficiência dos imóveis especializados, exigir que seja reforçada com outros,
posteriormente adquiridos pelo responsável.
Art. 820. A hipoteca legal pode ser substituída por caução de títulos da dívida
pública federal ou estadual, recebidos pelo valor de sua cotação mínima no ano
corrente.
Art. 821. No caso de falência do devedor hipotecário, o direito de remissão
devolve-se à massa, em prejuízo da qual não poderá o credor impedir o
pagamento do preço por que foi avaliado o imóvel. O restante da dívida
hipotecária entrará em concurso com as quirografárias.
No caso de insolvência, cabe aquele direito aos credores em concurso. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 822. Pode o credor hipotecário, no caso de insolvência ou falência do
devedor, para pagamento de sua dívida, requerer a adjudicação do imóvel
avaliado em quantia inferior a esta, desde que dê quitação pela sua totalidade.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 823. São nulas, em benefício da massa, as hipotecas celebradas, em
garantia de débitos anteriores, nos 40 dias precedentes à declaração da quebra
ou à instauração do concurso de preferência. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 824. Compete ao exeqüente o direito de prosseguir na execução da
sentença contra os adquirentes dos bens do condenado; mas para ser oposto a
terceiros, conforme valer, e sem impor preferência, depende de inscrição e
especialização.
Art. 825. São suscetíveis do contrato de hipoteca os navios, posto que ainda em
construção.
As hipotecas de navios regere-se-ão pelo disposto neste Código e nos
regulamentos especiais, que sobre o assunto se expedirem.
Art. 826. A execução do imóvel hipotecado far-se-á por ação executiva. Não será
válida a venda judicial de imóveis gravados por hipotecas, devidamente inscritas,
sem que tenham sido notificados judicialmente os respectivos credores
hipotecários que não forem de qualquer modo partes na execução.
SEÇÃO II
DA HIPOTECA LEGAL
Art. 827. A lei confere hipoteca:
I - À mulher casada, sobre os imóveis do marido para garantia do dote e dos

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outros bens particulares dela, sujeitos à administração marital.
II - Aos descendentes, sobre os imóveis do ascendente, que lhes administra os
bens.
III - Aos filhos, sobre os imóveis do pai, ou da mãe, que passar a outras núpcias,
antes de fazer o inventário do casal anterior (artigo 183, nº XIII).
IV - Às pessoas que não tenham a administração de seus bens, sobre os imóveis
de seus tutores ou curadores. (Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
V - À Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, sobre os imóveis dos
tesoureiros, coletores, administradores, exatores, prepostos, rendeiros e
contratadores de rendas e fiadores.
VI - Ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para
satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das custas (artigo 842, nº I).
VII - À Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, sobre os imóveis do
delinqüente, para o cumprimento das penas pecuniárias e o pagamento das
custas (artigo 842, nº II).
VIII - Ao co-herdeiro para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o
imóvel adjudicado ao herdeiro reponente.
Art. 828. As hipotecas legais, de qualquer natureza, não valerão em caso algum
contra terceiros, não estando inscritas e especializadas.
Art. 829. Quando os bens do criminoso não bastarem para a solução integral das
obrigações enumeradas no artigo 827, nºs. VI e VII, a satisfação do ofendido e
seus herdeiros preferirá às penas pecuniárias e custas judiciais.
Art. 830. Vale a inscrição da hipoteca, enquanto a obrigação perdurar; mas a
especialização, em completando trinta anos, deve ser renovada. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 5.652, de 11.12.1970)
SEÇÃO III
DA INSCRIÇÃO DA HIPOTECA
Art. 831. Todas as hipotecas serão inscritas no registro do lugar do imóvel, ou no
de cada um deles, se o título se referir a mais de um. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 832. Para a inscrição das hipotecas haverá em cada cartório do registro de
imóveis os livros necessários.
Art. 833. As inscrições e averbações, nos livros de hipotecas, seguirão a ordem,
em que forem requeridas, verificando-se ela pela da sua numeração sucessiva no
protocolo.
Parágrafo único. O número de ordem determina a prioridade, e esta a
preferência entre as hipotecas.
Art. 834. Quando o oficial tiver dúvidas sobre a legalidade da inscrição requerida,
declará-la-á por escrito ao requerente, depois de mencionar, em forma de
prenotação, o pedido no respectivo livro.

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Art. 835. Se a dúvida, dentro em trinta dias, for julgada improcedente, a inscrição
far-se-á com o mesmo número que teria na data da prenotação. No caso contrário,
desprezada esta, receberá a inscrição o número correspondente à data, em que
se tornar a requerer.
Art. 836. Não se inscreverão no mesmo dia duas hipotecas, ou uma hipoteca e
outro direito real, sobre o mesmo imóvel, em favor de pessoas diversas, salvo
determinando-se precisamente a hora, em que se lavrou cada uma das escrituras.
Art. 837. Quando, antes de inscrita a primeira, se apresentar ao oficial do
registro, para inscrever, segunda hipoteca, sobrestará ele na inscrição desta,
depois de prenotar, até trinta dias, aguardando que o interessado inscreva
primeiro a precedente.
Art. 838. Compete aos interessados, exibindo o traslado da escritura, requerer a
inscrição da hipoteca; incumbindo especialmente promover a da legal às pessoas
determinadas nos artigos seguintes.
Art. 839. Incumbe ao marido, ou ao pai, requerer a inscrição e especialização da
hipoteca legal da mulher casada.
§ 1º. O oficial público que lavrar a escritura de dote, ou lançar em nota a relação
dos bens particulares da mulher, comunica-lo-á ex officio ao oficial do registro de
imóveis.
§ 2º. Consideram-se interessados em requerer a inscrição desta hipoteca, no
caso de não fazer o marido ou o pai, o dotador, a própria mulher e qualquer dos
seus parentes sucessíveis.
Art. 840. Incumbe requerer a inscrição e especialização da hipoteca legal dos
incapazes:
I - Ao pai, mãe, tutor, ou curador, antes de assumir a administração dos
respectivos bens, e, em falta daqueles, ao Ministério Público.
II - Ao inventariante, ou ao testamenteiro, antes de entregar o legado, ou a
herança.
Art. 841. O escrivão, em se assinando termo de tutela ou de curatela, remeterá,
de ofício, e com a possível brevidade, uma cópia dele ao oficial do registro de
imóveis. (Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Parágrafo único. Na inscrição desta hipoteca se considerará interessado
qualquer parente sucessível do incapaz.
Art. 842. A inscrição da hipoteca legal do ofendido compete, além deste:

I - Se ele for incapaz, ao seu representante legal, para satisfação do estatuído no


artigo 827, nº VI. (Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
II - Ao Ministério Público, para o disposto no artigo 827, nº VII.
Art. 843. Os interessados na inscrição das referidas hipotecas podem
pessoalmente promovê-la, ou solicitar a sua promoção oficial ao Ministério

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Público.
Art. 844. A inscrição da hipoteca dos bens dos responsáveis para com a
Fazenda Pública será requerida por eles mesmos, e, em sua falta, pelos
procuradores e representantes fiscais.
Art. 845. As pessoas a quem incumbir a inscrição e a especialização das
hipotecas legais ficarão sujeitas a perdas e danos pela omissão.
Art. 846. A inscrição da hipoteca, legal, ou convencional, declarará:

I - O nome, o domicílio e a profissão do credor e do devedor.


II - A data, a natureza do título, o valor do crédito e o da coisa ou sua estimação,
fixada por acordo entre as partes, o prazo e os juros estipulados.
III - A situação, a denominação e os característicos da coisa hipotecada. (Caput
revogado implicitamente pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
Parágrafo único. O credor, além do seu domicílio real, poderá designar outro,
onde possa também ser citado.
Art. 847. Os credores quirografários e os por hipoteca não inscrita em primeiro
lugar e sem concorrência, só por via de ação ordinária de nulidade ou rescisão,
poderão invalidar os efeitos da primeira hipoteca, a que compete a prioridade pelo
respectivo registro.
Art. 848. As hipotecas somente valem contra terceiros desde a data da inscrição.
Enquanto não inscritas, as hipotecas só subsistem entre os contraentes.
SEÇÃO IV
DA EXTINÇÃO DA HIPOTECA
Art. 849. A hipoteca extingue-se:
I - Pelo desaparecimento da obrigação principal.
II - Pela destruição da coisa ou resolução do domínio.
III - Pela renúncia do credor.
IV - Pela remissão.
V - Pela sentença passada em julgado.
VI - Pela prescrição.
VII - Pela arrematação ou adjudicação.
Art. 850. A extinção da hipoteca só começa a ter efeito contra terceiros depois
de averbada no respectivo registro.
Art. 851. A inscrição cancelar-se-á, em cada um dos casos de extinção da
hipoteca, à vista da respectiva prova ou, independente desta, a requerimento de
ambas as partes, se forem capazes, e conhecidas do oficial do registro.
SEÇÃO V
DA HIPOTECA DE VIAS FÉRREAS
Art. 852. As hipotecas sobre as estradas de ferro serão inscritas no município da
estação inicial da respectiva linha.

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Art. 853. Os credores hipotecários não podem embaraçar a exploração da linha,
nem contrariar as modificações, que a administração deliberar, no leito da estrada,
em suas dependências, ou no seu material.
Art. 854. A hipoteca será circunscrita à linha ou linhas especificadas na escritura
e ao respectivo material de exploração, no estado em que ao tempo da execução
estiverem. Não obstante, os credores hipotecários poderão opor-se à venda da
estrada, à de suas linhas, de seus ramais, ou de parte considerável do material de
exploração, bem como à fusão com outra empresa, sempre que a garantia do
débito lhes parecer com isso enfraquecida.
Art. 855. Nas execuções dessas hipotecas não se passará carta ao maior
licitante, nem ao credor adjudicatário, antes de se intimar o representante da
Fazenda Nacional, ou do Estado, a que tocar a preferência, para, dentro em
quinze dias, utilizá-la, se quiser, pagando o preço da arrematação, ou da
adjudicação fixada.
SEÇÃO VI
DO REGISTRO DE IMÓVEIS
Art. 856. O registro de imóveis compreende:

I - A transcrição dos títulos de transmissão da propriedade.


II - A transcrição dos títulos enumerados no artigo 532.
III - A transcrição dos títulos constitutivos de ônus reais sobre coisas alheias.
IV - A inscrição das hipotecas.
Art. 857. Se o título de transmissão for gratuito, poderá ser promovida a
transcrição:
I - Pelo próprio adquirente.
II - Por quem de direito o represente.
III - Pelo próprio transferente, com prova da aceitação do beneficiado.
Art. 858. A transcrição do título de transmissão do domínio direto aproveita ao
titular do domínio útil, e vice-versa.
Art. 859. Presume-se pertencer o direito real à pessoa, em cujo nome se
inscreveu, ou transcreveu.
Art. 860. Se o teor do registro de imóveis não exprimir a verdade, poderá o
prejudicado reclamar que se retifique.
Parágrafo único. Enquanto se não transcrever o título de transmissão, o
alienante continua a ser havido como dono do imóvel, e responde pelos seus
encargos.
Art. 861. Serão feitas as inscrições, ou transcrições no registro correspondente
ao lugar, onde estiver o imóvel.
Art. 862. Salvo convenção em contrário, incumbem ao adquirente as despesas
da transcrição dos títulos de transmissão da propriedade e ao devedor as da
inscrição, dos ônus reais.

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LIVRO III
DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

TÍTULO I
DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO I
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR

SEÇÃO I
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA
Art. 863. O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda
que mais valiosa.
Art. 864. A obrigação de dar coisa certa abrange-lhe os acessórios, posto não
mencionados, salvo se o contrário resultar do título, ou das circunstâncias do
caso.
Art. 865. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes.
Se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais
as perdas e danos.
Art. 866. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor
resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido ao seu preço o valor, que perdeu.
Art. 867. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou
aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em
outro caso, indenização das perdas e danos.
Art. 868. Até à tradição, pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço. Se o
credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Também os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao
credor os pendentes.
Art. 869. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se
resolverá, salvos, porém, a ele os seus direitos até o dia da perda.
Art. 870. Se a coisa se perder por culpa do devedor, vigorará o disposto no
artigo 865, 2ª parte.
Art. 871. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á,
tal qual se ache, o credor, sem direito a indenização; se por culpa do devedor,

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observar-se-á o disposto no artigo 867.
Art. 872. Se, no caso do artigo 869, a coisa tiver melhoramento ou aumento, sem
despesa, ou trabalho do devedor, lucrará o credor o melhoramento, ou o aumento,
sem pagar indenização.
Art. 873. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho,
ou dispêndio, vigorará o estatuído nos artigos 516 a 519.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á o disposto nos
artigos 510 a 513.
SEÇÃO II
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA
Art. 874. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e quantidade.
Art. 875. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade a escolha
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. Mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
Art. 876. Feita a escolha, vigorará o disposto na seção anterior.
Art. 877. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração
da coisa, ainda que por força maior, ou caso fortuito.
CAPÍTULO II
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER

Art. 878. Na obrigação de fazer, o credor não é obrigado a aceitar de terceiro a


prestação, quando for convencionado que o devedor a faça pessoalmente.
Art. 879. Se a prestação do fato se impossibilitar sem culpa do devedor,
resolver-se-á a obrigação; se por culpa do devedor, responderá este pelas perdas
e danos.
Art. 880. Incorre também na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor
que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.
Art. 881. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-
lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, ou pedir
indenização por perdas e danos.
CAPÍTULO III
DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER

Art. 882. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do fato, que se obrigou a não praticar.
Art. 883. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo

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o culpado perdas e danos. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO IV
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

Art. 884. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa
não se estipulou.
§ 1º. Não pode, porém, o devedor obrigar o credor a receber parte em uma
prestação e parte em outra.
§ 2º. Quando a obrigação for de prestações anuais, subentender-se-á, para o
devedor, o direito de exercer cada ano a opção.
Art. 885. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação, ou se
tornar inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 886. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das
prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o
valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso
determinar. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 887. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações se tornar
impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir ou a prestação
subsistente ou o valor de outra, com perdas e danos.
Se, por culpa do devedor, ambas se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor
reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização pelas perdas e
danos.
Art. 888. Se todas as prestações se tornarem impossíveis, sem culpa do
devedor, extinguir-se-á a obrigação.
CAPÍTULO V
DAS OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

Art. 889. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o
credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por parte, se assim não se
ajustou. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 890. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas,
quantos os credores, ou devedores. (Redação dada ao artigo pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 891. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível,
cada um será obrigado pela dívida toda. (Redação dada ao caput pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)

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Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor
em relação aos outros co-obrigados.
Art. 892. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a
dívida inteira. Mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - A todos conjuntamente.
II - A um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 893. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 894. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente.
Parágrafo único. O mesmo se observará no caso de transação, novação,
compensação ou confusão.
Art. 895. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas
e danos.
§ 1º. Se, para esse efeito, houver culpa de todos os devedores, responderão
todos por partes iguais.
§ 2º. Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só
esse pelas perdas e danos.
CAPÍTULO VI
DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 896. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das
partes.
Parágrafo único. Há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais
de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado à dívida
toda.
Art. 897. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores
ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, para o outro.
SEÇÃO II
DA SOLIDARIEDADE ATIVA
Art. 898. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o
cumprimento da prestação por inteiro.
Art. 899. Enquanto algum dos credores solidários não demandar o devedor
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 900. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue inteiramente a
dívida.

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Parágrafo único. O mesmo efeito resulta da novação, da compensação e da
remissão.
Art. 901. Se falecer um dos credores solidários, deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao
seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Art. 902. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste a
solidariedade, e em proveito de todos os credores correm os juros de mora.
Art. 903. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento,
responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
SEÇÃO III
DA SOLIDARIEDADE PASSIVA
Art. 904. O credor tem direito a exigir e receber de um ou alguns dos devedores,
parcial, ou totalmente, a dívida comum.
No primeiro caso, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente
pelo resto.
Art. 905. Se morrer um dos devedores solidários, deixando herdeiros, cada um
destes não será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
Art. 906. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia
paga, ou relevada.
Art. 907. Qualquer cláusula, condição, ou obrigação adicional, estipulada entre
um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros,
sem consentimento destes.
Art. 908. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores
solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas
perdas e danos só responde o culpado.
Art. 909. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação
tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela
obrigação acrescida.
Art. 910. O credor, propondo ação contra um dos devedores solidários, não fica
inibido de acionar os outros. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 911. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem
pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando, porém, as pessoais a outro
co-devedor.
Art. 912. O credor pode renunciar a solidariedade em favor de um, alguns, ou
todos os devedores.

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Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores,
aos outros só lhe ficará o direito de acionar, abatendo no débito a parte
correspondente aos devedores, cuja obrigação remitiu (artigo 914.).
Art. 913. O devedor que satisfez a dívida por inteiro, tem direito a exigir de cada
um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do
insolvente, se o houver. Presumem-se iguais, no débito, as partes de todos os co-
devedores.
Art. 914. No caso de rateio, entre os co-devedores, pela parte que na obrigação
incumbia ao insolvente (artigo 913.), contribuirão também os exonerados da
solidariedade pelo credor (artigo 912).
Art. 915. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores,
responderá este por toda ela para com aquele que pagar.
CAPÍTULO VII
DA CLÁUSULA PENAL

Art. 916. A cláusula penal pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação
ou em ato posterior.
Art. 917. A cláusula penal pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à
de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Art. 918. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total
inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do
credor.
Art. 919. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em
segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de
exigir a satisfação da pena cominada juntamente com o desempenho da
obrigação principal.
Art. 920. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o
da obrigação principal.
Art. 921. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que se
vença o prazo da obrigação, ou, se o não há, desde que se constitua em mora.
Art. 922. A nulidade da obrigação importa a da cláusula penal.
Art. 923. Resolvida a obrigação, não tendo culpa o devedor, resolve-se a
cláusula penal.
Art. 924. Quando se cumprir em parte a obrigação, poderá o juiz reduzir
proporcionalmente a pena estipulada para o caso de mora, ou de inadimplemento.
Art. 925. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores e seus herdeiros,
caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar
integralmente do culpado. Cada um dos outros só responde pela sua quota.

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Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra o que
deu causa à aplicação da pena.
Art. 926. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor, ou o
herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.
Art. 927. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo.
O devedor não pode eximir-se de cumprí-la, a pretexto de ser excessiva.
TÍTULO II
DOS EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 928. A obrigação, não sendo personalíssima, opera assim entre as partes,
como entre os seus herdeiros.
Art. 929. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e
danos, quando este o não executar.
CAPÍTULO II
DO PAGAMENTO

SEÇÃO I
DE QUEM DEVE PAGAR
Art. 930. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o
credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em
nome e por conta do devedor.
Art. 931. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome,
tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
credor.
Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao
reembolso no vencimento.
Art. 932. Opondo-se o devedor, com justo motivo, ao pagamento de sua dívida
por outrem, se ele, não obstante, se efetuar, não será o devedor obrigado a
reembolsá-lo, senão até a importância em que lhe aproveite.
Art. 933. Só valerá o pagamento, que importar em transmissão da propriedade;
quando feito por quem possa alienar o objeto, em que ele consistiu.
Parágrafo único. Se, porém, se der em pagamento coisa fungível, não se poderá
mais reclamar do credor, que, de boa-fé, a recebeu, e consumiu, ainda que o
solvente não tivesse o direito de alheá-la.

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SEÇÃO II
DAQUELES A QUEM SE DEVE PAGAR
Art. 934. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o
represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto
reverter em seu proveito.
Art. 935. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda
provando-se depois que não era credor.
Art. 936. Não vale, porém, o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de
quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Art. 937. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da
quitação, exceto se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
Art. 938. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita
sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não
valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-
lhe, entretanto, salvo o regresso contra o credor.
SEÇÃO III
DO OBJETO DO PAGAMENTO E SUA PROVA
Art. 939. O devedor, que paga, tem direito a quitação regular (artigo 940), e pode
reter o pagamento, enquanto lhe não for dada.
Art. 940. A quitação designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do
devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a
assinatura do credor, ou do seu representante.
Art. 941. Recusando o credor a quitação, ou não a dando na devida forma (artigo
940), pode o devedor citá-lo para esse fim, e ficará quitado pela sentença, que
condenar o credor.
Art. 942. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido
este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que
inutilize o título sumido.
Art. 943. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última
estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as
anteriores.
Art. 944. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se
pagos.
Art. 945. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
§ 1º. Ficará, porém, sem efeito a quitação assim operada se o credor provar,
dentro em sessenta dias, o não-pagamento.
§ 2º. Não se permite esta prova, quando se der a quitação por escritura pública.

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Art. 946. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e
quitação. Se, porém, o credor mudar de domicílio ou morrer, deixando herdeiros
em lugares diferentes, correrá por conta do credor a despesa acrescida.
Art. 947. O pagamento em dinheiro, sem determinação da espécie, far-se-á em
moeda corrente no lugar do cumprimento da obrigação.
§ 1º. (Revogado pela Medida Provisória nº 1.950-66, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
§ 2º. (Revogado pela Medida Provisória nº 1.950-66, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
§ 3º. Quando o devedor incorrer em mora e o ágio tiver variado entre a data do
vencimento e a do pagamento, o credor pode optar por um deles, não se havendo
estipulado câmbio fixo.
§ 4º. Se a cotação variou no mesmo dia, tomar-se-á por base a média do
mercado nessa data.
Art. 948. Nas indenizações por fato ilícito prevalecerá o valor mais favorável ao
lesado.
Art. 949. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-
á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução.
SEÇÃO IV
DO LUGAR DO PAGAMENTO
Art. 950. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
convencionarem diversamente, ou se o contrário dispuserem as circunstâncias, a
natureza da obrigação ou a lei.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor entre eles a
escolha. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 951. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações
relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde este se acha.
SEÇÃO V
DO TEMPO DO PAGAMENTO
Art. 952. Salvo disposição especial deste Código, e não tendo sido ajustada
época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente.
Art. 953. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da
condição, incumbida ao credor a prova de que deste houve a ciência o devedor.
Art. 954. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
estipulado no contrato ou marcado neste Código.
I - Se, executado o devedor, se abrir concurso creditório.
II - Se os bens, hipotecados, empenhados, ou dados em anticrese, forem
penhorados em execução por outro credor.

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III - Se cessarem, ou se tornarem insuficientes as garantias do débito,
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade
passiva (artigos 904 a 915), não se reputará vencido quanto aos outros devedores
solventes.
SEÇÃO VI
DA MORA
Art. 955. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento, e o
credor que o não quiser receber no tempo, lugar e forma convencionados (artigo
1.058).
Art. 956. Responde o devedor pelos prejuízos a que a sua mora der causa
(artigo 1.058).
Parágrafo único. Se a prestação, por causa da mora, se tornar inútil ao credor,
este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Art. 957. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação,
embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito, ou força maior, se estes
ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano
sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada (artigo
1.058).
Art. 958. A mora do credor subtrai ao devedor isento de dolo à responsabilidade
pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas
em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela sua mais alta estimação, se o seu
valor oscilar entre o tempo do contrato e o do pagamento.
Art. 959. Purga-se a mora:
I - Por parte do devedor, oferecendo este a prestação, mais a importância dos
prejuízos decorrentes até o dia da oferta.
II - Por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-
se aos efeitos da mora até a mesma data.
III - Por parte de ambos, renunciando aquele que se julgar por ela prejudicado os
direitos que da mesma lhe provierem.
Art. 960. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida no seu tempo
constitui de pleno direito em mora o devedor.
Não havendo prazo assinado, começa ela desde a interpelação, notificação, ou
protesto.
Art. 961. Nas obrigações negativas, o devedor fica constituído em mora, desde o
dia em que executar o ato de que se devia abster.
Art. 962. Nas obrigações provenientes de delito, considera-se o devedor em
mora desde que o perpetrou.
Art. 963. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este
em mora.

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SEÇÃO VII
DO PAGAMENTO INDEVIDO
Art. 964. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a
restituir.
A mesma obrigação incumbe ao que recebe dívida condicional antes de cumprida
a condição.
Art. 965. Ao que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito
por erro.
Art. 966. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa
dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto nos artigos 510 a 519.
Art. 967. Se, aquele, que indevidamente recebeu um imóvel, o tiver alienado,
deve assistir o proprietário na retificação do registro, nos termos do artigo 860.
Art. 968. Se, aquele, que indevidamente recebeu um imóvel, o tiver alienado em
boa-fé, por título oneroso, responde somente pelo preço recebido; mas, se obrou
de má-fé, além do valor do imóvel, responde por perdas e danos.
Parágrafo único. Se o imóvel se alheou por título gratuito, ou se alheando-se por
título oneroso, obrou de má-fé o terceiro adquirente, cabe ao que pagou por erro o
direito de reivindicação.
Art. 969. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o
por conta de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a ação ou
abriu mão das garantias que asseguravam seu direito, mas o que pagou, dispõe
de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
Art. 970. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou
cumprir obrigação natural.
Art. 971. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim
ilícito, imoral, ou proibido por lei.
CAPÍTULO III
DO PAGAMENTO POR CONSIGNAÇÃO

Art. 972. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial da


coisa devida, nos casos e formas legais.
Art. 973. A consignação tem lugar:
I - Se o credor, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação
na devida forma.
II - Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condições
devidas.
III - Se o credor for desconhecido, estiver declarado ausente, ou residir em lugar
incerto, ou de acesso perigoso ou difícil.
IV - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do

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pagamento.
V - Se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
VI - Se houver concurso de preferência aberto contra o credor, ou se este for
incapaz de receber o pagamento.
Art. 974. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister
concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos
sem os quais não é válido o pagamento.
Art. 975. Nos casos do artigo 973, nºs. I, II e III, citar-se-á o credor, para vir, ou
mandar receber, e no do mesmo artigo nº IV, para provar o seu direito.
Art. 976. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que
se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado
improcedente.
Art. 977. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.
Art. 978. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo,
embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Art. 979. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito,
aquiescer no levantamento, perderá a preferência e garantia que lhe competiam
com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores
e fiadores, que não anuíram.
Art. 980. Se a coisa devida for corpo certo que deva ser entregue no mesmo
lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob
pena de ser depositada.
Art. 981. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele
citado para este fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a
coisa que o devedor escolher. Feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como
no artigo antecedente.
Art. 982. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão por
conta do credor, e no caso contrário, por conta do devedor.
Art. 983. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação,
mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio,
assumirá o risco do pagamento.
Art. 984. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se
pretendam mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação.
CAPÍTULO IV
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

Art. 985. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

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I - Do credor que paga a dívida do devedor comum ao credor, a quem competia
direito de preferência.
II - Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário.
III - Do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser
obrigado, no todo ou em parte.
Art. 986. A sub-rogação é convencional:
I - Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe
transfere todos os seus direitos.
II - Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a
dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do
credor satisfeito.
Art. 987. Na hipótese do artigo antecedente, nº I, vigorará o disposto quanto à
cessão de créditos (artigos 1.065 a 1.078).
Art. 988. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações,
privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal
e os fiadores.
Art. 989. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as
ações do credor, senão até à soma, que tiver desembolsado para desobrigar o
devedor.
Art. 990. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-
rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem,
para saldar inteiramente o que a um e outro dever.
CAPÍTULO V
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

Art. 991. A pessoa obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.
Sem consentimento do credor, não se fará imputação do pagamento na dívida
ilíquida, ou não vencida. (Redação dada pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 992. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência, ou dolo.
Art. 993. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e, depois, no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor
passar a quitação por conta do capital.
Art. 994. Se o devedor não fizer a indicação do artigo 991, e a quitação for
omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em
primeiro lugar.

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Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-
se-á na mais onerosa.
CAPÍTULO VI
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO

Art. 995. O credor pode consentir em receber coisa que não seja dinheiro, em
substituição da prestação que lhe era devida.
Art. 996. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre
as partes regular-se-ão pelas normas do contrato de compra e venda.
Art. 997. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência
importará em cessão.
Art. 998. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-
se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada.
CAPÍTULO VII
DA NOVAÇÃO

Art. 999. Dá-se a novação.


I - Quando o devedor contrai com o credor nova dívida, para extinguir e substituir
a anterior.
II - Quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor.
III - Quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo,
ficando o devedor quite com este.
Art. 1000. Não havendo ânimo de novar, a segunda obrigação confirma
simplesmente a primeira.
Art. 1001. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada
independente de consentimento deste.
Art. 1002. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou,
ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição.
Art. 1003. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que
não houver estipulação em contrário.
Art. 1004. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar a hipoteca, anticrese ou
penhor, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro, que não foi parte
na novação.
Art. 1005. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários,
somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as
preferências e garantias do crédito novado.
Parágrafo único. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados.
Art. 1006. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com
o devedor principal.

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Art. 1007. Não se podem validar por novação obrigações nulas ou extintas.
Art. 1008. A obrigação simplesmente anulável pode ser confirmada pela
novação.
CAPÍTULO VIII
DA COMPENSAÇÃO

Art. 1009. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da
outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 1010. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
Art. 1011. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade,
quando especificada no contrato.
Art. 1012. Não são compensáveis as prestações de coisas incertas, quando a
escolha pertence aos dois credores ou a um deles como devedor de uma das
obrigações e credor da outra.
Art. 1013. O devedor só pode compensar com o credor o que este lhe dever;
mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 1014. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam
a compensação.
Art. 1015. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
I - Se uma provier de esbulho, furto ou roubo.
II - Se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos.
III - Se uma for de coisa não suscetível de penhora.
Art. 1016. Não pode realizar-se a compensação, havendo renúncia prévia de um
dos devedores.
Art. 1017. As dívidas fiscais da União, dos Estados e dos Municípios também
não podem ser objeto de compensação, exceto nos casos de encontro entre a
administração e o devedor, autorizados nas leis e regulamentos da Fazenda.
Art. 1018. Não haverá compensação, quando o credor e devedor por mútuo
acordo a excluírem.
Art. 1019. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa
dívida com a que o credor dele lhe dever.
Art. 1020. O devedor solidário só pode compensar com o credor o que este deve
ao seu coobrigado, até ao equivalente da parte deste na dívida comum.
Art. 1021. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão, que o credor faz a
terceiros, dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que

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antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver
sido notificada, poderá opor ao cessionário compensação do crédito que antes
tinha contra o cedente.
Art. 1022. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se
podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 1023. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis,
serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação
de pagamento (artigos 991 a 994).
Art. 1024. Não se admite a compensação em prejuízo de direitos de terceiro. O
devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste,
não pode opor ao exeqüente a compensação, de quem contra o próprio credor
disporia.
CAPÍTULO IX
DA TRANSAÇÃO

Art. 1025. É lícito aos interessados prevenirem, ou terminarem o litígio mediante


concessões mútuas.
Art. 1026. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.

Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados


e não prevalecer em relação a um fica, não obstante, válida relativamente aos
outros.
Art. 1027. A transação interpreta-se restritivamente. Por ela não se transmitem,
apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Art. 1028. Se a transação recair sobre direitos contestados em juízo, far-se-á:
I - Por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
II - Por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou particular, nas
em que ela o admite.
Art. 1029. Não havendo ainda litígio, a transação realizar-se-á por aquele dos
modos indicados no artigo antecedente, nº II, que no caso couber.
Art. 1030. A transação produz entre as partes o efeito de coisa julgada, e só se
rescinde por dolo, violência, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa
controversa.
Art. 1031. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela
intervieram, ainda que diga respeito a coisa indivisível.
§ 1º. Se for concluída entre o credor e o devedor principal, desobrigará o fiador.
§ 2º. Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação
deste para com os outros credores.
§ 3º. Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em
relação aos co-devedores.

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Art. 1032. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por
ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação: mas
ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo
direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de
exercê-lo.
Art. 1033. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não
perime a ação penal da justiça pública.
Art. 1034. É admissível, na transação, a pena convencional.
Art. 1035. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a
transação.
Art. 1036. É nula a transação a respeito de litígio decidido por sentença passada
em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando, por título
ulteriomente descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto
da transação.
CAPÍTULO X
DO COMPROMISSO

Art. 1037. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)


Art. 1038. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1039. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1040. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1041. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1042. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1043. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1044. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1045. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1046. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1047. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1048. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
CAPÍTULO XI
DA CONFUSÃO

Art. 1049. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam


as qualidades de credor e devedor.

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Art. 1050. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de
parte dela.
Art. 1051. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só
extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na
dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade.
Art. 1052. Cessando a confusão para logo se restabelece, com todos os seus
acessórios, a obrigação anterior.
CAPÍTULO XII
DA REMISSÃO DAS DÍVIDAS

Art. 1053. A entrega voluntária do título da obrigação, quando por escrito


particular, prova a desoneração do devedor e seus coobrigados, se o credor for
capaz de alienar, e o devedor, capaz de adquirir.
Art. 1054. A entrega do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia
real, mas não a extinção da dívida.
Art. 1055. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na
parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor e
solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da
parte remitida.
CAPÍTULO XIII
DAS CONSEQUÊNCIAS DA INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Art. 1056. Não cumprindo a obrigação, ou deixando de cumpri-la pelo modo e no


tempo devidos, responde o devedor por perdas e danos.
Art. 1057. Nos contratos unilaterais, responde por simples culpa o contraente, a
quem o contrato aproveite, e só por dolo, aquele a quem não favoreça.
Nos contratos bilaterais, responde cada uma das partes por culpa.
Art. 1058. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito,
ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado,
exceto nos casos dos artigos 955, 956 e 957.
Parágrafo único. O caso fortuito, ou de força maior, verifica-se no fato
necessário, cujos efeitos não era possível evitar, ou impedir.
CAPÍTULO XIV
DAS PERDAS E DANOS

Art. 1059. Salvo as exceções previstas neste Código, de modo expresso, as


perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar.
Parágrafo único. O devedor, porém, que não pagou no tempo e forma devidos,

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só responde pelos lucros, que foram ou podiam ser previstos na data da
obrigação.
Art. 1060. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e
danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto
e imediato.
Art. 1061. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro,
consistem nos juros da mora e custas, sem prejuízo da pena convencional.
CAPÍTULO XV
DOS JUROS LEGAIS

Art. 1062. A taxa dos juros moratórios, quando não convencionados (artigo
1.262), será de seis por cento ao ano.
Art. 1063. Serão também de seis por cento ao ano os juros devidos por força da
lei, ou quando as partes os convencionarem sem taxa estipulada.
Art. 1064. Ainda que não se alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros de
mora, que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra
natureza, desde que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial,
arbitramento, ou acordo entre as partes.

TÍTULO III
DA CESSÃO DE CRÉDITO

Art. 1065. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza
da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor.
Art. 1066. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito se abrangem
todos os seus acessórios.
Art. 1067. Não vale, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se se
não celebrar mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das
solenidades do artigo 135 (artigo 1.068). (Redação dada ao caput pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. O cessionário de crédito hipotecário tem, como o sub-rogado, o
direito de fazer inscrever a cessão à margem da inscrição principal.
Art. 1068. A disposição do artigo antecedente, parte primeira, não se aplica à
transferência de créditos, operada por lei ou sentença.
Art. 1069. A cessão de crédito não vale em relação ao devedor, senão quando a
este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou
particular, se declarou ciente da cessão feita.
Art. 1070. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se
completar com a tradição do título do crédito cedido.

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Art. 1071. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da
cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão
notificada, paga ao cessionário, que lhe apresenta, com o título da cessão, o da
obrigação cedida. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1072. O devedor pode opor tanto ao cessionário como ao cedente as
exceções que lhe competirem no momento em que tiver conhecimento da cessão;
mas, não pode opor ao cessionário de boa-fé a simulação do cedente.
Art. 1073. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que se não
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao
tempo em que lho cedeu. A mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por
título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 1074. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
solvência do devedor.
Art. 1075. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não
responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de
ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a
cobrança.
Art. 1076. Quando a transferência do crédito se opera por força de lei, o credor
originário não responde pela realidade da dívida, nem pela solvência do devedor.
Art. 1077. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo
credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo
notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos
de terceiro.
Art. 1078. As disposições deste título aplicam-se à cessão de outros direitos
para os quais não haja modo especial de transferência.

TÍTULO IV
DOS CONTRATOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1079. A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a
lei não exigir que seja expressa.
Art. 1080. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1081. Deixa de ser obrigatória a proposta:

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I - Se, feita sem prazo a uma pessoa presente, não foi imediatamente aceita.
Considera-se também presente a pessoa que contrata por meio de telefone.
II - Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
III - Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do
prazo dado.
IV - Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte
a retratação do proponente.
Art. 1082. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao
conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob
pena de responder por perdas e danos.
Art. 1083. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações,
importará nova proposta.
Art. 1084. Se o negócio for daqueles, em que se não costuma a aceitação
expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato,
não chegando a tempo a recusa.
Art. 1085. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar
ao proponente a retratação do aceitante.
Art. 1086. Os contratos por correspondência epistolar, ou telegráfica, tornam-se
perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I - No caso do artigo antecedente.
II - Se o proponente se houver comprometido a esperar resposta.
III - Se ela não chegar no prazo convencionado.
Art. 1087. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
Art. 1088. Quando o instrumento público for exigido como prova do contrato,
qualquer das partes pode arrepender-se, antes de o assinar, ressarcindo à outra
as perdas e danos resultantes do arrepedimento, sem prejuízo do estatuído nos
artigos 1.095 a 1.097.
Art. 1089. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Art. 1090. Os contratos benéficos interpretar-se-ão estritamente.
Art. 1091. A impossibilidade da prestação não invalida o contrato, sendo relativa,
ou cessando antes de realizada a condição.
CAPÍTULO II
DOS CONTRATOS BILATERAIS

Art. 1092. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contraentes, antes de cumprida
a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes
diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a

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prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a quem incumbe fazer prestação em
primeiro lugar, recusar-se a esta, até que a outra satisfaça a que lhe compete ou
dê garantia bastante de satisfazê-la.
Parágrafo único. A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a rescisão
do contrato com perdas e danos.
Art. 1093. O distrato faz-se pela mesma forma que o contrato. Mas a quitação
vale, qualquer que seja a sua forma.
CAPÍTULO III
DAS ARRAS

Art. 1094. O sinal, ou arras, dado por um dos contraentes, firma a presunção de
acordo final, e torna obrigatório o contrato.
Art. 1095. Podem, porém, as partes estipular o direito de se arrepender, não
obstante as arras dadas. Em caso tal, se o arrependido for o que as deu, perdê-
las-á em proveito do outro; se o que as recebeu, restituí-las-á em dobro.
Art. 1096. Salvo estipulação em contrário, as arras em dinheiro consideram-se
princípio de pagamento. Fora esse caso, devem ser restituídas, quando o contrato
for concluído, ou ficar desfeito.
Art. 1097. Se o que deu arras, der causa a se impossibilitar a prestação, ou a se
rescindir o contrato, perdê-las-á em benefício do outro.
CAPÍTULO IV
DAS ESTIPULAÇÕES EM FAVOR DE TERCEIRO

Art. 1098. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da


obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação,
também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do
contrato, se a ele anuir, e o estipulante o não inovar nos termos do artigo 1.100.
Art. 1099. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito
de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Art. 1100. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro
contraente (artigo 1.098, parágrafo único).
Parágrafo único. Tal substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por
disposição de última vontade.
CAPÍTULO V
DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS

Art. 1101. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada,

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ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações gravadas de
encargo.
Art. 1102. Salvo cláusula expressa no contrato, a ignorância de tais vícios pelo
alienante não o exime da responsabilidade (artigo 1.103). (Redação dada ao artigo
pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1103. Se o alienante conhecia o vício, ou o defeito, restituirá o que recebeu
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido,
mais as despesas do contrato.
Art. 1104. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em
poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Art. 1105. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (artigo 1.101), pode o
adquirente reclamar abatimento no preço (artigo 178, § 2º e § 5º, nº IV).
Art. 1106. Se a coisa foi vendida em hasta pública, não cabe a ação redibitória,
nem a de pedir abatimento no preço.
CAPÍTULO VI
DA EVICÇÃO

Art. 1107. Nos contratos onerosos, pelos quais se transfere o domínio, posse ou
uso, será obrigado o alienante a resguardar o adquirente dos riscos da evicção,
toda vez que se não tenha excluído expressamente esta responsabilidade.
Parágrafo único. As partes podem reforçar ou diminuir essa garantia.
Art. 1108. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção (artigo
1.107), se esta se der, tem direito o evicto a recobrar o preço, que pagou pela
coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou dele informado, o não assumiu.
Art. 1109. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da
restituição integral do preço, ou das quantias, que pagou:
I - À indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir.
II - À das despesas dos contratos e dos prejuízos que diretamente resultarem da
evicção.
III - Às custas judiciais.
Art. 1110. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada
esteja deteriorada, exceto dolo do adquirente.
Art. 1111. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não
tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da
quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art. 1112. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a
evicção, serão pagas pelo alienante.

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Art. 1113. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido
feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Art. 1114. Se a evicção for parcial, mas considerável, poderá o evicto optar entre
a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao
desfalque sofrido.
Art. 1115. A importância do desfalque, na hipótese do artigo antecedente, será
calculada em proporção do valor da coisa ao tempo em que se evenceu.
Art. 1116. Para poder exercitar o direito, que da evicção lhe resulta, o adquirente
notificará do litígio o alienante, quando e como lho determinarem as leis do
processo.
Art. 1117. Não pode o adquirente demandar pela evicção:
I - Se foi privado da coisa, não pelos meios judiciais, mas por caso fortuito, força
maior, roubo, ou furto.
II - Se sabia que a coisa era alheia, ou litigiosa.
CAPÍTULO VII
DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS

Art. 1118. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas futuras, cujo
risco de não virem a existir assume o adquirente, terá direito o alienante a todo o
preço, desde que de sua parte não tenha havido culpa, ainda que delas não venha
a existir absolutamente nada.
Art. 1119. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o
adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido
culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o
adquirente restituirá o preço recebido.
Art. 1120. Se for aleatório, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço,
posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Art. 1121. A alienação aleatória do artigo antecedente poderá ser anulada como
dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contraente não ignorava a
consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.

TÍTULO V
DAS VÁRIAS ESPÉCIES DE CONTRATO

CAPÍTULO I
DA COMPRA E VENDA

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SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1122. Pelo contrato de compra e venda, um dos contraentes se obriga a
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Art. 1123. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os
contraentes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a
incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contraentes
designar outra pessoa. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 1124. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa do mercado, ou
da bolsa, em certo e determinado dia e lugar.
Art. 1125. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio
exclusivo de uma das partes a taxação do preço.
Art. 1126. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e
perfeita, desde que as partes acordarem no objetivo e no preço.
Art. 1127. Até ao momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do
vendedor, e os do preço por conta do comprador.
§ 1º. Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar, ou
assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou
assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por
conta deste.
§ 2º. Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se
estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e
pelo modo ajustados.
Art. 1128. Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador,
por sua conta correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-las,
salvo se das instruções dele se afastar o vendedor.
Art. 1129. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas da escritura a cargo
do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.
Art. 1130. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a
coisa, antes de receber o preço.
Art. 1131. Não obstante o prazo ajustado para o pagamento, se antes da
tradição o comprador cair em insolvência, poderá o vendedor sobrestar na entrega
da coisa, até que o comprador lhe dê caução de pagar no tempo ajustado.
Art. 1132. Os ascendentes não podem vender aos descendentes, sem que os
outros descendentes expressamente consintam.
Art. 1133. Não podem ser comprados, ainda em hasta pública:

I - Pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados

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à sua guarda ou administração.
II - Pelos mandatários, os bens, de cuja administração ou alienação estejam
encarregados.
III - Pelos empregados públicos, os bens da União, dos Estados e dos
Municípios, que estiverem sob sua administração, direta, ou indireta. A mesma
disposição aplica-se aos juízes, arbitradores ou peritos que, de qualquer modo,
possam influir no ato ou no preço da venda.
IV - Pelos juízes, empregados de Fazenda, secretários de tribunais, escrivães, e
outros oficiais de Justiça, os bens, ou direitos, sobre que se litigar em tribunal,
juízo, ou conselho, no lugar onde esses funcionários servirem, ou a que se
estender a sua autoridade.
Art. 1134. Esta proibição compreende a venda ou cessão de crédito, exceto se
for ou entre co-herdeiros, ou em pagamento de dívida, ou para garantia de bens já
pertencentes a pessoas designadas no artigo anterior, nº IV.
Art. 1135. Se a venda se realizar à vista de amostras, entender-se-á que o
vendedor assegura ter a coisa vendida as qualidades por elas apresentadas.
Art. 1136. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de
extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em
qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o
complemento da área, e não sendo isso possível, o de reclamar a rescisão do
contrato ou abatimento proporcional do preço. Não lhe cabe, porém, esse direito,
se o imóvel foi vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas
enunciativa a referência às suas dimensões.
Parágrafo único. Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente
enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder a 1/20 da extensão total
enunciada.
Art. 1137. Em toda escritura de transferência de imóveis, serão transcritas as
certidões de se acharem eles quites com a Fazenda Federal, Estadual e
Municipal, de quaisquer impostos a que possam estar sujeitos (Redação dada ao
caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. A certidão negativa exonera o imóvel e isenta o adquirente de
toda responsabilidade.
Art. 1138. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não
autoriza a rejeição de todas.
Art. 1139. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a
estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino a quem não
se der conhecimento da venda poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de seis meses.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias
de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se os quinhões
forem iguais, haverão a parte vendida os comproprietários, que a quiserem,
depositando previamente o preço.
SEÇÃO II

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DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA

DA RETROVENDA
Art. 1140. O vendedor pode reservar-se o direito de recobrar, em certo prazo, o
imóvel, que vendeu, restituindo o preço, mais as despesas feitas pelo comprador.
Parágrafo único. Além destas, reembolsará também, nesse caso, o vendedor ao
comprador as empregadas em melhoramentos do imóvel, até ao valor por esses
melhoramentos acrescentado à propriedade.
Art. 1141. O prazo para o resgate, ou retrato, não passará de três anos, sob
pena de se reputar não escrito; presumindo-se estipulado o máximo do tempo,
quando as partes o não determinarem.
Parágrafo único. O prazo do retrato, expresso, ou presumido, prevalece ainda
contra o incapaz. Vencido o prazo extingue-se o direito ao retrato, e torna-se
irretratável a venda.
Art. 1142. Na retrovenda, o vendedor conserva a sua ação contra os terceiros
adquirentes da coisa retrovendida, ainda que eles não conhecessem a cláusula de
retrato.
Art. 1143. Se duas ou mais pessoas tiverem direito ao retrato sobre a mesma
coisa, e só uma o exercer, poderá o comprador fazer intimar as outras, para nele
acordarem. (Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
§ 1º. Não havendo acordo entre os interessados, ou não querendo um deles
entrar com a importância integral do retrato, caducará o direito de todos.
§ 2º. Se os diferentes condôminos do prédio alheado o não retrovenderam
conjuntamente e no mesmo ato, poderá cada qual, de per si, exercitar sobre o
respectivo quinhão o seu direito de retrato, sem que o comprador possa
constranger os demais a resgatá-lo por inteiro.

DA VENDA A CONTENTO
Art. 1144. A venda a contento reputar-se-á feita sob condição suspensiva, se no
contrato não se lhe tiver dado expressamente o caráter de condição resolutiva.
Parágrafo único. Nesta espécie de venda, se classifica a dos gêneros, que se
costumam provar, medir, pesar, ou experimentar antes de aceitos.
Art. 1145. As obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva,
a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.
Art. 1146. Se o comprador não fizer declaração alguma dentro no prazo, reputar-
se-á perfeita a venda, quer seja suspensiva a condição, quer resolutiva; havendo-
se, no primeiro caso, o pagamento do preço como expressão de que aceita a
coisa vendida.
Art. 1147. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o
vendedor terá direito a intimá-lo judicialmente, para que o faça em prazo

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improrrogável, sob pena de considerar-se perfeita a venda.
Art. 1148. O direito resultante da venda a contento é simplesmente pessoal.

DA PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA
Art. 1149. A preempção ou preferência impõe ao comprador a obrigação de
oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para
que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto.
Art. 1150. A União, o Estado, ou o Município, oferecerá ao ex-proprietário o
imóvel desapropriado, pelo preço por que o foi, caso não tenha o destino, para
que se desapropriou.
Art. 1151. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação,
intimando-o ao comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa.
Art. 1152. O direito de preempção não se estende senão às situações indicadas
nos artigos 1.149 e 1.150, nem a outro direito real que não a propriedade.
Art. 1153. O direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se
exercendo nos três dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos trinta
subseqüentes àquele, em que o comprador tiver afrontado o vendedor. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1154. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais
indivíduos em comum, só poderá ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se
alguma das pessoas, a quem ele toque, perder, ou não exercer o seu direito,
poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.
Art. 1155. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado
a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.
Art. 1156. Responderá por perdas e danos o comprador, se ao vendedor não der
ciência do preço e das vantagens que lhe oferecem pela coisa.
Art. 1157. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.

DO PACTO DE MELHOR COMPRADOR


Art. 1158. O contrato de compra e venda pode ser feito com a cláusula de se
desfazer, se, dentro em certo prazo, aparecer quem ofereça maior vantagem.
Parágrafo único. Não excederá de um ano esse prazo, nem essa cláusula
vigorará senão entre os contratantes.
Art. 1159. O pacto de melhor comprador vale por condição resolutiva, salvo
convenção em contrário.
Art. 1160. Esse pacto não pode existir nas vendas de móveis.
Art. 1161. O comprador prefere a quem oferecer iguais vantagens.

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Art. 1162. Se, dentro no prazo fixado, o vendedor não aceitar proposta de maior
vantagem, a venda se reputará definitiva.

DO PACTO COMISSÓRIO
Art. 1163. Ajustado que se desfaça a venda, não se pagando o preço até certo
dia, poderá o vendedor, não pago, desfazer o contrato, ou pedir o preço.
Parágrafo único. Se, em dez dias de vencido o prazo, o vendedor, em tal caso,
não reclamar o preço, ficará de pleno direito desfeita a venda.
CAPÍTULO II
DA TROCA

Art. 1164. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com


as seguintes modificações:
I - Salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade
as despesas com o instrumento da troca.
II - É nula a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem
consentimento expresso dos outros descendentes. (Redação dada pelo Decreto
Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO III
DA DOAÇÃO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1165. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade,
transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outro, que os aceita.
Art. 1166. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou
não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça dentro dele,
a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 1167. A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não
perde o caráter de liberalidade, como o não perde a doação remuneratória, ou a
gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados, ou ao encargo
imposto.
Art. 1168. A doação far-se-á por escritura pública, ou instrumento particular
(artigo 134). (Redação dada ao caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e
de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Art. 1169. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelos pais.
Art. 1170. Às pessoas que não puderem contratar é facultado, não obstante,
aceitar doações puras.

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Art. 1171. A doação dos pais aos filhos importa adiantamento da legítima.
Art. 1172. A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-
se, morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser.
Art. 1173. A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e
determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a
ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser
impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se
realizar.
Art. 1174. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu
patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Art. 1175. É nula a doação de todos os bens, sem reserva de parte, ou renda
suficiente para a subsistência do doador.
Art. 1176. Nula é também a doação quanto à parte, que exceder a de que o
doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 1177. A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo
outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de
dissolvida a sociedade conjugal (artigos 178, § 7º, nº VI, e 248, nº IV).
Art. 1178. Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma
pessoa entende-se distribuída entre elas por igual. (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá
na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
Art. 1179. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito à
evicção, exceto no caso do artigo 285.
Art. 1180. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem
a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público
poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não o tiver feito.
SEÇÃO II
DA REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO
Art. 1181. Além dos casos comuns a todos os contratos, a doação também se
revoga por ingratidão do donatário.
Parágrafo único. A doação onerosa poder-se-á revogar por inexecução do
encargo, desde que o donatário incorrer em mora.
Art. 1182. Não se pode renunciar antecipadamente o direito de revogar a
liberalidade por ingratidão do donatário.
Art. 1183. Só se podem revogar por ingratidão as doações:

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I - Se o donatário atentou contra a vida do doador.
II - Se cometeu contra ele ofensa física.
III - Se o injurou gravemente, ou o caluniou.
IV - Se, podendo ministrar-lhos, recusou ao doador os alimentos, de que este
necessitava.
Art. 1184. A revogação por qualquer desses motivos pleitear-se-á dentro em um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato, que a
autorizar (artigo 178, § 6º, nº I).
Art. 1185. O direito de que trata o artigo precedente não se transmite aos
herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem
prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do
donatário, se este falecer depois de contestada a lide.
Art. 1186. A revogação por ingratidão não prejudica os direitos adquiridos por
terceiros, nem obriga o donatário a restituir os frutos que percebeu antes de
contestada a lide; mas sujeita-o a pagar os posteriores, e, quando não possa
restituir em espécie as coisas doadas, a indenizá-las pelo meio termo do seu
valor.
Art. 1187. Não se revogam por ingratidão:
I - As doações puramente remuneratórias.
II - As oneradas com encargos.
III - As que se fizerem em cumprimento de obrigação natural.
IV - As feitas para determinado casamento.
CAPÍTULO IV
DA LOCAÇÃO

SEÇÃO I
DA LOCAÇÃO DE COISAS

DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1188. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa
retribuição.
Art. 1189. O locador é obrigado:
I - A entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de
servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato,
salvo cláusula expressa em contrato.
II - A garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa.
Art. 1190. Se, durante a locação, se deteriorar a coisa alugada, sem culpa do
locatário, a esta caberá pedir redução proporcional do aluguer, ou rescindir o
contrato, caso já não sirva a coisa para o fim a que se destinava.
Art. 1191. O locador resguardará o locatário dos embaraços e turbações de

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terceiros, que tenham, ou pretendam ter direitos sobre a coisa alugada, e
responderá pelos seus vícios, ou defeitos, anteriores à locação.
Art. 1192. O locatário é obrigado:
I - A servir-se da coisa alugada para os usos convencionados, ou presumidos,
conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como a tratá-la com o mesmo
cuidado como se sua fosse.
II - A pagar pontualmente o aluguer nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste,
segundo o costume do lugar.
III - A levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se
pretendam fundadas em direito (artigo 1.191).
IV - A restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as
deteriorações naturais ao uso regular.
Art. 1193. Se o locatário empregar a coisa em uso diverso do ajustado, ou do a
que se destina, ou se ela se danificar por abuso do locatário, poderá o locador,
além de rescindir o contrato, exigir perdas e danos.
Parágrafo único. Havendo prazo estipulado à duração do contrato, antes do
vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada, senão ressarcindo ao
locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário devolvê-la ao locador,
senão pagando o aluguer pelo tempo que faltar.
Art. 1194. A locação por tempo determinado cessa de pleno direito findo o prazo
estipulado, independentemente de notificação, ou aviso.
Art. 1195. Se, findo o prazo, o locatário continuar na posse da coisa alugada,
sem oposição do locador, presumir-se-á prorrogada a locação pelo mesmo
aluguer, mas sem prazo determinado.
Art. 1196. Se, notificado, o locatário não restituir a coisa, pagará, enquanto a
tiver em seu poder, o aluguer que o locador arbitrar e responderá pelo dano, que
ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito.
Art. 1197. Se, durante a locação, for alienada a coisa, não ficará o adquirente
obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua
vigência no caso de alienação, e constar de registro público.
Parágrafo único. Nas locações de imóveis, não poderá porém despedir o
locatário, senão observados os prazos do artigo 1.209.
Art. 1198. Morrendo o locador, ou o locatário, transfere-se aos seus herdeiros a
locação por tempo determinado.
Art. 1199. Não é lícito ao locatário reter a coisa alugada, exceto no caso de
benfeitorias necessárias, ou no de benfeitorias úteis, se estas houverem sido
feitas com expresso consentimento do locador.

DA LOCAÇÃO DE PRÉDIOS
Art. 1200. A locação de prédios pode ser estipulada por qualquer prazo.

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Art. 1201. Não havendo estipulação expressa em contrário, o locatário, nas
locações a prazo fixo, poderá sublocar o prédio, no todo, ou em parte, antes ou
depois de havê-lo recebido, e bem assim emprestá-lo, continuando responsável
ao locador pela conservação do imóvel e solução do aluguer.
Parágrafo único. Pode também ceder a locação, consentindo o locador.
Art. 1202. O sublocatário responde, subsidiariamente, ao senhorio pela
importância que dever ao sublocador, quando este for demandado, e ainda pelos
alugueres que se vencerem durante a lide.
§ 1º. Neste caso, notificada a ação, ao sublocatário, se não declarar logo que
adiantou alugueres ao sublocador, presumir-se-ão fraudulentos todos os recibos
de pagamento adiantados, salvo se constarem de escrito com data autenticada e
certa.
§ 2º. Salvo o caso deste artigo, nas disposições anteriores, a sublocação não
estabelece direitos nem obrigações entre o sublocatário e o senhorio.
Art. 1203. Rescindida ou finda a locação, resolvem-se as sublocações, salvo o
direito de indenização que possa competir ao sublocatário contra o sublocador.
Art. 1204. Durante a locação, o senhorio não pode mudar a forma nem o destino
do prédio alugado.
Art. 1205. Se o prédio necessitar de reparações urgentes, o locatário será
obrigado a consenti-las.
§ 1º. Se os reparos durarem mais de quinze dias, poderá pedir abatimento
proporcional no aluguer.
§ 2º. Se durarem mais de um mês, e tolherem o uso regular do prédio, poderá
rescindir o contrato.
Art. 1206. Incumbirão ao locador, salvo cláusula expressa em contrário, todas as
reparações de que o prédio necessitar.
Parágrafo único. O locatário é obrigado a fazer por sua conta no prédio as
pequenas reparações de estragos, que não provenham naturalmente do tempo,
ou do uso.
Art. 1207. O locatário tem direito a exigir do senhorio, quando este lhe entrega o
prédio, relação escrita do seu estado.
Art. 1208. Responderá o locatário pelo incêndio do prédio, se não provar caso
fortuito ou força maior, vício de construção ou propagação de fogo originado em
outro prédio.
Parágrafo único. Se o prédio tiver mais de um inquilino, todos responderão pelo
incêndio, inclusive o locador, se nele habitar, cada um em proporção da parte que
ocupe, exceto provando-se ter começado o incêndio na utilizada por um só
morador, que será então o único responsável.
Art. 1209. O locatário do prédio, notificado para entregá-lo, por não convir ao
locador continuar a locação de tempo indeterminado, tem o prazo de um mês,
para o desocupar, se for urbano, e, se rústico, o de seis meses (artigo 1.197,

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parágrafo único).

DISPOSIÇÃO ESPECIAL AOS PRÉDIOS URBANOS


Art. 1210. Não havendo estipulação em contrário, o tempo da locação de prédio
urbano regular-se-á pelos usos locais.

DISPOSIÇÕES ESPECIAIS AOS PRÉDIOS RÚSTICOS


Art. 1211. O locatário de prédio rústico utilizá-lo-á no mister a que se destina, de
modo que o não danifique, sob pena de rescisão do contrato e satisfação de
perdas e danos.
Art. 1212. A locação de prazo indefinido presume-se contratada pelo tempo
indispensável ao locatário para uma colheita. (Revogado implicitamente pela Lei
nº 4.504, de 30.11.1964)
Art. 1213. Na locação por tempo indeterminado, não querendo o locatário
continuá-la, avisará o senhorio seis meses antes de a deixar.
Art. 1214. Salvo ajuste em contrário, nem a esterilidade, nem o malogro da
colheita por caso fortuito, autorizam o locatário a exigir abate no aluguer.
Art. 1215. O locatário que sai, franqueará ao que entra o uso das acomodações
necessárias a este para começar o trabalho; e, reciprocamente, o locatário que
entra, facilitará ao que sai o uso do que lhe for mister para a colheita, segundo o
costume do lugar.
SEÇÃO II
DA LOCAÇÃO DE SERVIÇOS
Art. 1216. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial,
pode ser contratada mediante retribuição.
Art. 1217. No contrato de locação de serviços, quando qualquer das partes não
souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser escrito e assinado a rogo,
subscrevendo-o, neste caso, quatro testemunhas.
Art. 1218. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á
por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e
sua qualidade.
Art. 1219. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por
convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
Art. 1220. A locação de serviços não se poderá convencionar por mais de quatro
anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida do locador, ou se
destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro
anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra (artigo 1.225).
Art. 1221. Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do

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contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante
prévio aviso, pode rescindir o contrato.
Parágrafo único. Dar-se-á o aviso:
I - Com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um
mês, ou mais;
II - Com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana,
ou quinzena;
III - De véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
Art. 1222. No contrato de locação de serviços agrícolas, não havendo prazo
estipulado, presume-se o de um ano agrário, que termina com a colheita ou safra
da principal cultura pelo locatário explorada.
Art. 1223. Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o locador, por
culpa sua, deixou de servir.
Art. 1224. Não sendo o locador contratado para certo e determinado trabalho,
entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas
forças e condições.
Art. 1225. O locador contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não
se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou
concluída a obra (artigo 1.220).
Parágrafo único. Se se despedir sem justa causa, terá direito à atribuição
vencida, mas responderá por perdas e danos.
Art. 1226. São justas causas para dar o locador por findo o contrato:

I - Ter de exercer funções públicas, ou desempenhar obrigações legais,


incompatíveis estas ou aquelas com a continuação do serviço;
II - Achar-se inabilitado, por força maior, para cumprir o contrato;
III - Exigir dele o locatário serviços superiores às suas forças, defesos por lei,
contrários aos bons constumes, ou alheios ao contrato;
IV - Tratá-lo o locatário com rigor excessivo, ou não lhe dar a alimentação
conveniente;
V - Correr perigo manifesto de dano ou mal considerável;
VI - Não cumprir o locatário as obrigações do contrato;
VII - Ofendê-lo o locatário ou tentar ofendê-lo na honra de pessoa de sua família;
VIII - Morrer o locatário.
Art. 1227. O locador poderá dar por findo o contrato em qualquer dos casos do
artigo antecedente, embora o contrário tenha convencionado.
§ 1º. Despedindo-se por qualquer dos motivos especificados no artigo
antecedente, nºs I, II, V e VIII, terá direito o locador à remuneração vencida, sem
responsabilidade alguma para com o locatário.
§ 2º. Despedindo-se por algum dos motivos designados nesse artigo, nºs. III, IV,
VI e VII, ou por falta do locatário no caso do nº V, assistir-lhes-á direito à
retribuição vencida e ao mais do artigo subseqüente.
Art. 1228. O locatário que, sem justa causa, despedir o locador, será obrigado a

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pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de então
ao termo legal do contrato.
Art. 1229. São justas causas para dar o locatário por findo o contrato:
I - Força maior que o impossibilite de cumprir suas obrigações;
II - Ofendê-lo o locador na honra de pessoa de sua família;
III - Enfermidade ou qualquer outra causa que torne o locador incapaz dos
serviços contratados;
IV - Vícios ou mau procedimento do locador;
V - Falta do locador à observância do contrato;
VI - Imperícia do locador no serviço contratado.
Art. 1230. Na locação agrícola, o locatário é obrigado a dar ao locador atestado
de que o contrato está findo; e, no caso de recusa, o juiz a quem competir, deverá
expedi-lo, multando o recusante em cem a duzentos mil-réis, a favor do locador.
Esta mesma obrigação subsiste, se o locatário, sem justa causa, dispensar os
serviços do locador, ou se este, por motivo justificado, der por findo o contrato.
Todavia, se, em qualquer destas hipóteses, o locador estiver em débito, esta
circunstância constará do atestado, ficando o novo locatário responsável pelo
devido pagamento.
Art. 1231. O locatário poderá despedir o locador por qualquer das causas
especificadas no artigo 1.229, ainda que o contrário tenha convencionado.
§ 1º. Se o locador for despedido por algumas das causas ali particularizadas sob
os nºs. I, III e V, terá direito à retribuição vencida, sem responsabilidade alguma
para com o locatário.
§ 2º. Se for despedido por algum dos fundamentos ali admitidos sob os nºs II, IV
e VI, terá direito à retribuição vencida, respondendo, porém, por perdas e danos.
Art. 1232. Nem o locatário, ainda que outra coisa tenha contratado, poderá
transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o locador, sem
aprazimento do locatário, dar substituto, que os preste.
Art. 1233. O contrato de locação dos serviços acaba com a morte do locador.
Art. 1234. Embora outra coisa haja estipulado, não poderá o locatário cobrar ao
locador juros sobre as soldadas, que lhe adiantar, nem, pelo tempo do contrato,
sobre dívida alguma, que o locador esteja pagando com serviços.
Art. 1235. Aquele que aliciar pessoas obrigadas a outrem por locação de
serviços agrícolas, haja ou não instrumento deste contrato, pagará em dobro ao
locatário prejudicado a importância, que ao locador, pelo ajuste desfeito, houvesse
de caber durante quatro anos.
Art. 1236. A alienação do prédio agrícola onde a locação dos serviços se opera,
não importa a rescisão do contrato, salvo ao locador opção entre continuá-lo com
o adquirente da propriedade, ou com o locatário anterior.
SEÇÃO III
DA EMPREITADA

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Art. 1237. O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela ou só com seu
trabalho, ou com ele e os materiais.
Art. 1238. Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os
riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se
este não estiver em mora de receber. Estando, correrão os riscos por igual contra
as duas partes.
Art. 1239. Se o empreiteiro só forneceu a mão-de-obra, todos os riscos, em que
não tiver culpa, correrão por conta do dono.
Art. 1240. Sendo a empreitada unicamente de lavor (artigo 1.239), se a coisa
perecer antes de entregue, sem mora do dono, nem culpa do empreiteiro, este
perderá também o salário, a não provar que a perda resultou de defeitos dos
materiais, e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade.
Art. 1241. Se a obra constar de partes distintas, ou for das que se determinam
por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou
segundo as partes em que se dividir.
Parágrafo único. Tudo o que se pagou, presume-se verificado.
Art. 1242. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o
dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, enjeitá-la, se o empreiteiro se
afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em
trabalho de tal natureza.
Art. 1243. No caso do artigo antecedente, segunda parte, pode o que
encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço.
Art. 1244. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por
imperícia os inutilizar.
Art. 1245. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções
consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante cinco
anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como
do solo, exceto quanto a este, se, não o achando firme, preveniu em tempo o dono
da obra.
Art. 1246. O arquiteto, ou construtor, que, por empreitada, se incumbir de
executar uma obra segundo plano aceito por quem a encomenda, não terá direito
a exigir acréscimo no preço, ainda que o dos salários, ou o do material, encareça,
nem ainda que se altere ou aumente, em relação à planta, a obra ajustada, salvo
se se aumentou, ou alterou, por instruções escritas do outro contratante e exibidas
pelo empreiteiro.
Art. 1247. O dono da obra que, fora dos casos estabelecidos nos ns. III, IV e V
do artigo 1.229, rescindir o contrato, apesar de começada sua execução,
indenizará o empreiteiro das despesas e do trabalho feito, assim como dos lucros
que este poderia ter, se concluísse a obra.

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CAPÍTULO V
DO EMPRÉSTIMO

SEÇÃO I
DO COMODATO
Art. 1248. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-
se com a tradição do objeto.
Art. 1249. Os tutores, curadores, em geral todos os administradores de bens
alheios não poderão dar em comodato, sem autorização especial, os bens
confiados à sua guarda.
Art. 1250. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-lhe-á o
necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade
imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa
emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso
outorgado.
Art. 1251. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria fora, a
coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o contrato, ou a
natureza dela, sob pena de responder por perdas e danos.
Art. 1252. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder,
pagará o aluguer da coisa durante o tempo de atraso em restituí-la.
Art. 1253. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do
comodatário, antepuser este a salvação dos seus, abandonando o do comodante,
responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou
força maior.
Art. 1254. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as
despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.
Art. 1255. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente comodatárias de
uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para com o comodante.
SEÇÃO II
DO MÚTUO
Art. 1256. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e
quantidade.
Art. 1257. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao
mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
Art. 1258. No mútuo em moedas de ouro e prata pode convencionar-se que o
pagamento se efetue nas mesmas espécies e quantidades, qualquer que seja
ulteriormente a oscilação dos seus valores.

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Art. 1259. O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob
cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores,
ou abonadores (artigo 1.502).
Art. 1260. Cessa a disposição do artigo antecedente:
I - Se a pessoa de cuja autorização necessitava o mutuário, para contrair o
empréstimo, o ratificar posteriormente.
II - Se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o
empréstimo para os seus alimentos habituais.
III - Se o menor tiver bens da classe indicada no artigo 391, nº II. Mas, em tal
caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças.
Art. 1261. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do
vencimento o mutuário sofrer notória mudança na fortuna.
Art. 1262. É permitido, mas só por cláusula expressa, fixar juros ao empréstimo
de dinheiro ou de outras coisas fungíveis.
Esses juros podem fixar-se abaixo ou acima da taxa legal (artigo 1.062), com ou
sem capitalização.
Art. 1263. O mutuário, que pagar juros não estipulados, não os poderá reaver,
nem imputar no capital.
Art. 1264. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o
consumo, como para a semeadura.
II - De trinta dias, pelo menos, até prova em contrário, se for de dinheiro.
III - Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa
fungível.
CAPÍTULO VI
DO DEPÓSITO

SEÇÃO I
DO DEPÓSITO VOLUNTÁRIO
Art. 1265. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para
guardar, até que o depositante o reclame.
Parágrafo único. Este contrato é gratuito, mas as partes podem estipular que o
depositário seja gratificado.
Art. 1266. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da coisa
depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem como
a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando lho exija o depositante.
Art. 1267. Se o depósito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse
mesmo estado se manterá; e, se for devassado, incorrerá o depositário na
presunção de culpa.
Art. 1268. Ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário entregará o

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depósito, logo que se lhe exija, salvo se o objeto foi judicialmente embargado, se
sobre ele pender execução, notificada ao depositário, ou se ele tiver motivo
razoável de suspeitar que a coisa foi furtada ou roubada (artigo 1.273).
Art. 1269. No caso do artigo antecedente, última parte, o depositário, expondo o
fundamento da suspeita, requererá que se recolha o objeto ao depósito público.
Art. 1270. Ao depositário será facultado, outrossim, requerer depósito judicial da
coisa, quando, por motivo plausível, a não possa guardar, e o depositante não lha
queira receber.
Art. 1271. O depositário que por força maior houver perdido a coisa depositada e
recebido outra em seu lugar é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e
ceder-lhe as ações que no caso tiver contra o terceiro responsável pela restituição
da primeira.
Art. 1272. O herdeiro do depositário, que de boa fé vendeu a coisa depositada, é
obrigado a assistir o depositante na reivindicação, e a restituir ao comprador o
preço recebido.
Art. 1273. Salvo os casos previstos nos artigos 1.268 e 1.269, não poderá o
depositário furtar-se à restituição do depósito, alegando não pertencer a coisa ao
depositante, ou opondo compensação, exceto se noutro depósito se fundar (artigo
1.287).
Art. 1274. Sendo dois ou mais depositantes, e divisível a coisa, a cada um só
entregará o depositário a respectiva parte, salvo se houver entre eles
solidariedade. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1275. Sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário,
sem licença expressa do depositante, servir-se da coisa depositada.
Art. 1276. Se o depositário se tornar incapaz, a pessoa que lhe assumir a
administração dos bens, diligenciará imediatamente restituir a coisa depositada, e,
não querendo ou não podendo o depositante recebê-la, recolhê-la-á ao depósito
público, ou promoverá a nomeação de outro depositário.
Art. 1277. O depositário não responde pelos casos fortuitos nem de força maior,
mas, para que lhe valha a escusa, terá de prová-los.
Art. 1278. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas
com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.
Art. 1279. O depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague o líquido
valor das despesas, ou dos prejuízos, a que se refere o artigo anterior, provando
imediatamente esses prejuízos ou essas despesas.
Parágrafo único. Se essas despesas ou prejuízos não forem provados
suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução idônea do
depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o depósito público, até

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que se liquidem.
Art. 1280. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a
restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo
disposto acerca do mútuo (artigos 1.256 a 1.264).
Art. 1281. O depósito voluntário provar-se-á por escrito.

SEÇÃO II
DO DEPÓSITO NECESSÁRIO
Art. 1282. É depósito necessário:
I - O que se faz em desempenho de obrigação legal (artigo 1.283).
II - O que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a
inundação, o naufrágio, ou o saque.
Art. 1283. O depósito de que se trata no artigo antecedente, nº I, reger-se-á pela
disposição da respectiva Lei nº, e, no silêncio, ou deficiência dela, pelas
concernentes ao depósito voluntário (artigo 1.265 a 1.281).
Parágrafo único. Essas disposições aplicam-se, outrossim, aos depósitos
previstos no artigo 1.282, nº II, podendo estes certificar-se por qualquer meio de
prova.
Art. 1284. A esses depósitos é equiparado o das bagagens dos viajantes,
hóspedes ou fregueses, nas hospedarias, estalagens ou casas de pensão, onde
eles estiverem.
Parágrafo único. Os hospedeiros ou estalajadeiros por elas responderão como
depositários, bem como pelos furtos e roubos que perpetrarem as pessoas
empregadas ou admitidas nas suas casas.
Art. 1285. Cessa, no caso do artigo antecedente, a responsabilidade dos
hospedeiros ou estalajadeiros
I - Se provarem que os fatos prejudiciais aos hóspedes, viajantes ou fregueses
não podiam ter sido evitados.
II - Se ocorrer força maior, como nas hipóteses de escalada, invasão da casa,
roubo a mão armada, ou violências semelhantes.
Art. 1286. O depósito necessário não se presume gratuito.

Na hipótese do artigo 1.284, a remuneração pelo depósito está incluída no preço


da hospedagem.
Art. 1287. Seja voluntário ou necessário o depósito, o depositário, que o não
restituir, quando exigido, será compelido a fazê-lo mediante prisão não excedente
a um ano, e a ressarcir os prejuízos (artigo 1.273).
CAPÍTULO VII
DO MANDATO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 1288. Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrem poderes,
para, em seu nome, praticar atos, ou administrar interesses.
A procuração é o instrumento do mandato.
Art. 1289. Todas as pessoas maiores ou emancipadas, no gozo dos direitos
civis, são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá
desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º. O instrumento particular deve conter designação do Estado, da cidade ou
da circunscrição civil em que for passado, a data, o nome do outorgante, a
individuação de quem seja o outorgado e bem assim o objetivo da outorga, a
natureza, a designação e a extensão dos poderes conferidos.
§ 2º. Para o ato que não exigir instrumento público, o mandato, ainda quando por
instrumento público seja outorgado, pode substabelecer-se mediante instrumento
particular.
§ 3º. O reconhecimento da firma no instrumento particular é condição essencial à
sua validade, em relação a terceiros. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.167,
de 03.06.1957)
Art. 1290. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.

Parágrafo único. Presume-se gratuito, quando se não estipulou retribuição,


exceto se o objeto do mandato for daqueles que o mandatário trata por ofício ou
profissão lucrativa.
Art. 1291. Para os atos que exigem instrumento público ou particular, não se
admite mandato verbal.
Art. 1292. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de
execução.
Art. 1293. O mandato presume-se aceito entre ausentes, quando o negócio para
que foi dado é da profissão do mandatário, diz respeito à sua qualidade oficial, ou
foi oferecido mediante publicidade, e o mandatário não fez constar imediatamente
a sua recusa.
Art. 1294. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios
determinadamente, ou geral a todos os do mandante.
Art. 1295. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 1º. Para alienar, hipotecar, transigir ou praticar outros quaisquer atos, que
exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais
e expressos.
§ 2º. O poder de transigir (artigos 1.025 a 1.036) não importa o de firmar
compromisso (artigos 1.037 a 1.048).
Art. 1296. Pode o mandante ratificar ou impugnar os atos praticados em seu
nome sem poderes suficientes.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco,
e retroagirá à data do ato. (Redação dada ao parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)

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Art. 1297. O mandatário, que exceder os poderes do mandato, ou proceder
contra eles, reputar-se-á mero gestor de negócios, enquanto o mandante lhe não
ratificar os atos.
Art. 1298. O maior de dezesseis e menor de vinte e um anos não emancipado
(artigo 9º, nº I), pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele
senão de conformidade com as regrais gerais, aplicáveis às obrigações contraídas
por menores. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1299. A mulher casada não pode aceitar mandato sem autorização do
marido. (Revogado implicitamente pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
SEÇÃO II
DAS OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO
Art. 1300. O mandatário é obrigado a aplicar toda a sua diligência habitual na
execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou
daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer
pessoalmente.
§ 1º. Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na
execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos
sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo
provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido
substabelecimento.
§ 2º. Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os
danos causados pelo substabelecido, se for notoriamente incapaz, ou insolvente.
Art. 1301. O mandatário é obrigado a dar conta de sua gerência ao mandante,
transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que
seja.
Art. 1302. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com
os proveitos, que por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.
Art. 1303. Pelas somas que devia entregar ao mandante, ou recebeu para
despesas, mas empregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o
momento em que abusou.
Art. 1304. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo
instrumento, entender-se-á que são sucessivos, se não forem expressamente
declarados conjuntos, ou solidários, nem especificamente designados para atos
diferentes. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1305. O mandatário é obrigado a apresentar o instrumento do mandato às
pessoas, com que tratar em nome do mandante, sob pena de responder a elas por
qualquer ato, que lhe exceda os poderes.
Art. 1306. O terceiro que depois de conhecer os poderes do mandatário, fizer
com ele contrato exorbitante do mandato, não tem ação nem contra o mandatário,
salvo se este lhe prometeu ratificação do mandante, ou se responsabilizou

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pessoalmente pelo contrato, nem contra o mandante, senão quando este houver
ratificado o excesso do procurador.
Art. 1307. Se o mandatário obrar em seu próprio nome, não terá o mandante
ação contra os que com ele contrataram, nem estes contra o mandante.
Em tal caso, o mandatário ficará diretamente obrigado, como se seu fora o
negócio, para com a pessoa, com quem contratou.
Art. 1308. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do
mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo
na demora.
SEÇÃO III
DAS OBRIGAÇÕES DO MANDANTE
Art. 1309. O mandante é obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas
pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância
das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.
Art. 1310. É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração
ajustada e as despesas de execução do mandato, ainda que o negócio não surta
o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa.
Art. 1311. As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato,
vencem juros, desde a data do desembolso.
Art. 1312. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as
perdas que sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de
culpa sua, ou excesso de poderes.
Art. 1313. Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não
exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles,
com quem o seu procurador contratou, mas terá contra este ação pelas perdas e
danos resultantes da inobservância das instruções.
Art. 1314. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para
negócio comum, cada uma ficará solidariamente responsável ao mandatário por
todos os compromissos e efeitos do mandato, salvo direito regressivo, pelas
quantias que pagar, contra os outros mandantes. (Redação dada ao artigo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1315. O mandatário tem sobre o objeto do mandato direito de retenção, até
se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu.
SEÇÃO IV
DA EXTINÇÃO DO MANDATO
Art. 1316. Cessa o mandato
I - Pela revogação, ou pela renúncia.
II - Pela morte, ou interdição de uma das partes.

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III - Pela mudança de estado, que inabilite o mandante para conferir os poderes,
ou o mandatário, para os exercer.
IV - Pela terminação do prazo, ou pela conclusão do negócio.
Art. 1317. É irrevogável o mandato:
I - Quando se tiver convencionado que o mandante não possa revogá-lo, ou for
em causa própria a procuração dada.
II - Nos casos em geral, em que for condição de um contrato bilateral, ou meio de
cumprir uma obrigação contratada, como é, nas letras e ordens, o mandato de
pagá-las.
III - Quando conferir ao sócio, como administrador ou liquidante da sociedade,
por disposição do contrato social, salvo se diversamente se dispuser nos
estatutos, ou em texto especial de lei.
Art. 1318. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se
pode opor aos terceiros, que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam
salvas ao constituinte as ações, que no caso lhe possam caber, contra o
procurador.
Art. 1319. Tanto que for comunicada ao mandatário a nomeação de outro, para o
mesmo negócio, considerar-se-á revogado o mandato anterior.
Art. 1320. A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for
prejudicado pela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à
substituição do procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar
que não podia continuar no mandato sem prejuízo considerável.
Art. 1321. São válidos, a respeito dos contraentes de boa-fé, os atos com estes
ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte
daquele, ou a extinção, por qualquer outra causa, do mandato (artigo 1.316).
Art. 1322. Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os
herdeiros, tendo ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a
bem dele, como as circunstâncias exigirem.
Art. 1323. Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem limitar-se às
medidas conservatórias, ou continuar os negócios pendentes, que se não possam
demorar sem perigo, regulando-se os seus serviços, dentro desse limite pelas
mesmas normas, a que os do mandatário estão sujeitos.
SEÇÃO V
DO MANDATO JUDICIAL
Art. 1324. O mandato judicial pode ser conferido por instrumento público ou
particular, devidamente autenticado, a pessoa que possa procurar em juízo.
Art. 1325. Podem ser procuradores em juízo, todos os legalmente habilitados,
que não forem:
I - Menores de vinte e um anos, não emancipados ou não declarados maiores.
II - Juízes em exercício.

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III - Escrivães ou outros funcionários judiciais, correndo o pleito nos juízos onde
servirem, e não procurando eles em causa própria.
IV - Inibidos por sentença de procurar em juízo, ou de exercer ofício público.
V - Ascendentes, descendentes, ou irmãos do juiz da causa.
VI - Ascendentes, ou descendentes da parte adversa, exceto em causa própria.
Art. 1326. A procuração para o foro em geral não confere os poderes para atos,
que os exijam especiais.
Art. 1327. Constituídos, para a mesma causa e pela mesma pessoa, dois ou
mais procuradores, consideram-se nomeados para funcionar na falta um do outro,
e pela ordem da nomeação, se não forem solidários. Mas a nomeação conjunta
pode conter a cláusula de que um nada pratique sem os outros.
Art. 1328. O substabelecimento, sem reserva de poderes, não sendo notificado
ao constituinte, não isenta o procurador de responder pelas obrigações do
mandato.
Art. 1329. Sob pena de responder pelo dano resultante, o advogado, ou
procurador, que aceitar a procuratura, não se poderá escusar sem motivo justo e,
se o tiver, avisará em tempo o constituinte, a fim de que lhe nomeie sucessor.
Art. 1330. As obrigações do advogado e do procurador serão determinadas,
assim pelos termos da procuração, como, e principalmente pelo contrato, escrito,
ou verbal, em que se lhes houverem ajustado os serviços.
CAPÍTULO VIII
DA GESTÃO DE NEGÓCIOS

Art. 1331. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de


negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu
dono, ficando responsável a este e às pessoas com quem tratar.
Art. 1332. Se a gestão for iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do
interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que
teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abstido.
Art. 1333. No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem
o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao
estado anterior, ou o indenize da diferença. (Redação dada pelo Dec. Leg. nº
3.725, de 15.01.1919)
Art. 1334. Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a
gestão, que assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar
perigo.
Art. 1335. Enquanto o dono não providenciar, valerá o gestor pelo negócio, até o
levar a cabo, esperando, se aquele falecer, durante a gestão, as instruções dos
herdeiros, sem se descuidar, entretanto, das medidas que o caso reclame.
Art. 1336. O gestor envidará toda a sua diligência habitual na administração do

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negócio, ressarcindo ao dono todo o prejuízo resultante de qualquer culpa na
gestão.
Art. 1337. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do
substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação, que a ele, ou ao
dono do negócio, contra ela possa caber.
Parágrafo único. Havendo mais de um gestor, será solidária a sua
responsabilidade.
Art. 1338. O gestor responde pelo caso fortuito, quando fizer operações
arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preferir interesses
deste por amor dos seus.
Parágrafo único. Não obstante, querendo o dono aproveitar-se da gestão, será
obrigado a indenizar o gestor das despesas necessárias, que tiver feito, e dos
prejuízos, que, por causa da gestão, houver sofrido. (Redação dada ao parágrafo
pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1339. Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá o dono as
obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas
necessárias ou úteis que houver feito, com os juros legais, desde o desembolso.
§ 1º. A utilidade, ou necessidade, da despesa apreciar-se-á, não pelo resultado
obtido, mas segundo as circunstâncias da ocasião, em que se fizeram.
§ 2º. Vigora o disposto neste artigo, ainda quando o gestor, em erro quanto ao
dono do negócio, der a outra pessoa as contas da gestão.
Art. 1340. Aplica-se, outrossim, a disposição do artigo antecedente, quando a
gestão se proponha acudir a prejuízos iminentes, ou redunde em proveito do dono
do negócio, ou da coisa. Mas nunca a indenização ao gestor excederá em
importância às vantagens obtidas com a gestão.
Art. 1341. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por
ele os prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância,
ainda que este não ratifique o ato.
Art. 1342. As despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição
do falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a
obrigação de alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha
deixado bens.
Parágrafo único. Cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se
provando que o gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer.
Art. 1343. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do
começo da gestão, e produz todos os efeitos do mandato.
Art. 1344. Se o dono do negócio, ou da coisa, desaprovar a gestão, por contrário
aos seus interesses, vigorará o disposto nos artigos 1.332 e 1.333, salvo o
estatuído no artigo 1.340.
Art. 1345. Se os negócios alheios forem conexos ao do gestor, de tal arte que se
não possam gerir separadamente, haver-se-á o gestor por sócio daquele, cujos

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interesses agenciar de envolta com os seus.
Parágrafo único. Neste caso aquele em cujo benefício interveio o gestor, só é
obrigado na razão das vantagens que lograr.
CAPÍTULO IX
DA EDIÇÃO

Art. 1346. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1347. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1348. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1349. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1350. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1351. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1352. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1353. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1354. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1355. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1356. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1357. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1358. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
CAPÍTULO X
DA REPRESENTAÇÃO DRAMÁTICA

Art. 1359. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)

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Art. 1360. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1361. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
Art. 1362. (Revogado pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com vigência a partir de
19.06.1998)
CAPÍTULO XI
DA SOCIEDADE

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1363. Celebram contrato de sociedade as pessoas, que mutuamente se
obrigam a combinar seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns.
Art. 1364. Quando as sociedades civis revestirem as formas estabelecidas nas
leis comerciais, entre as quais se inclui e das sociedades anônimas, obedecerão
aos respectivos preceitos, no em que não contrariem as deste Código; mas serão
inscritas no Registro Civil, e será civil o seu foro.
Art. 1365. Não revestindo nenhuma das formas do artigo antecedente, a
sociedade reger-se-á pelo que neste capítulo se prescreve.
Art. 1366. Nas questões entre os sócios, a sociedade só se provará por escrito;
mas os estranhos poderão prová-la de qualquer modo.
Art. 1367. As sociedades são universais, ou particulares.
Art. 1368. É universal a sociedade, quer abranjar todos os bens presentes, ou
todos os futuros, quer uns e outros na sua totalidade, quer somente a dos seus
frutos e rendimentos.
Art. 1369. O simples ajuste de sociedade universal, sem outra declaração,
entende-se restrito a tudo que de futuro ganhar cada um dos associados.
Art. 1370. A sociedade particular só compreende os bens ou serviços
especialmente declarados no contrato.
Art. 1371. Também se considera particular a sociedade constituída
especialmente para executar em comum certa empresa, explorar certa indústria,
ou exercer certa profissão.
Art. 1372. É nula a cláusula, que atribua todos os lucros a um dos sócios, ou
subtraia o quinhão social de algum deles à comparticipação nos prejuízos.
Art. 1373. Se a sociedade for de todos os bens, o domínio e a posse deles
tornar-se-ão comuns independentemente de tradição real, salvo o direito de
terceiros.

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Art. 1374. No silêncio do contrato, o prazo da sociedade será indefinido, salvo a
cada sócio o direito de retirar-se mediante aviso com dois meses de antecedência
ao termo do ano social. Se, porém, o objeto da sociedade for negócio ou empresa,
que deva durar certo lapso de tempo, enquanto esse negócio, ou essa empresa,
não se ultime, terão os sócios de manter a sociedade.
SEÇÃO II
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS DOS SÓCIOS
Art. 1375. As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se
este não fixar outra época, e acabam quando, dissolvida a sociedade, estiverem
satisfeitas e extintas as responsabilidades sociais.
Art. 1376. A entrada imposta a cada sócio pode consistir em bens, no seu uso e
gozo, na cessão de direitos, ou, somente na prestação de serviços. No silêncio do
contrato, presumir-se-ão iguais entre si as entradas.
Art. 1377. Se o sócio entrar para a sociedade com objeto determinado, que
venha a ser evicto, responderá aos consócios como vendedor ao comprador.
Art. 1378. Se a entrada consistir em coisas fungíveis, ficarão, salvo declaração
em contrário, pertencendo em comum aos associados.
Art. 1379. Pertencem ao patrimônio social todos os lucros obtidos pelo sócio, na
indústria que se obrigou a exercer em benefício da sociedade.
Art. 1380. Cada sócio indenizará a sociedade dos prejuízos que esta sofrer por
culpa dele, e não poderá compensá-los com os proveitos que lhe houver
granjeado. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1381. Se o contrato não declarar a parte de cada sócio nos lucros e perdas,
entender-se-á proporcionada, quanto aos sócios de capital, à soma com que
entraram. Em relação aos sócios de indústria, guardar-se-á o disposto no artigo
1.409, parágrafo único. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1382. O sócio preposto à administração pode exigir da sociedade, além do
que por conta dela despender, a importância das obrigações em boa-fé contraídas
na gerência dos negócios sociais e o valor dos prejuízos, que lhe ela causar.
Art. 1383. O sócio investido na administração por texto expresso do contrato
pode praticar, independentemente dos outros, todos os atos, que não excederem
os limites normais dela, uma vez que proceda sem dolo.
§ 1º. Os poderes, que exercer, serão irrevogáveis durante o prazo estabelecido,
salvo causa legítima superveniente.
§ 2º. Se forem conferidos, porém, depois do contrato, serão revogáveis como os
de simples mandato.
§ 3º. Também serão revogáveis, em qualquer tempo, os dos diretores ou
administradores de sociedades de qualquer espécie, ainda que nomeados nos

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respectivos contratos, ou estatutos, se não forem sócios. (Redação dada ao
parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1384. Se a administração se incumbir a dois ou mais sócios, não se lhes
discriminando as funções, nem declarando que só funcionarão conjuntamente,
cada um de per si poderá praticar todo os atos, que na administração couberem.
Art. 1385. Estipulando-se que um dos administradores, nada possa fazer sem os
outros, entende-se, a não haver convenção posterior, obrigatório o concurso de
todos, ainda ausentes, ou impossibilitados, na ocasião, de prestá-lo, salvo nos
casos urgentes, em que a omissão, ou tardança, das medidas pudesse ocasionar
dano irreparável, ou grave.
Art. 1386. Em falta de estipulações explícitas quanto à gerência social:
I - Presume-se que cada sócio tem o direito de administrar, e válido é o que fizer,
ainda em relação aos associados que não consentirem, podendo porém, qualquer
destes opor-se, antes de levado o ato a efeito.
II - Cada sócio pode servir-se das coisas pertencentes à sociedade, contanto que
lhes dê o seu destino, não as utilize contra o interesse social, nem tolha aos outros
aproveitá-las nos limites do seu direito.
III - Cada sócio pode obrigar os outros a contribuir com ele para as despesas
necessárias à conservação dos bens sociais.
IV - Nenhum sócio, ainda que lhe pareça vantajoso, pode, sem consentimento
dos outros, fazer alteração nos imóveis da sociedade.
Art. 1387. O sócio que não tiver a administração da sociedade, não poderá
obrigar os bens sociais.
Art. 1388. Para associar um estranho ao seu quinhão social, não necessita o
sócio do concurso dos outros; mas não pode, sem aquiescência deles, associá-lo
à sociedade.
Art. 1389. O sócio que recebeu por inteiro a sua parte em uma dívida ativa da
sociedade, será obrigado a conferi-la, se, por insolvência do devedor, a sociedade
não puder acabar de cobrá-la.
Art. 1390. Se as coisas, cujo uso e gozo exclusivamente constituírem a entrada
do sócio, não forem fungíveis, consistindo em corpos certos e determinados, o
risco, que correrem, será por conta dos respectivos donos. (Redação dada ao
caput pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 1º. Se, porém, forem fungíveis, ou se, ainda guardadas, se deteriorarem, se
forem destinadas a circular no comércio, ou se forem transferidas à sociedade por
um valor determinado e constante de inventário ou balanço autênticos, por conta
da sociedade correrão os riscos, a que estiverem expostas.
§ 2º. Perecendo a coisa de importância determinada nos termos do parágrafo
antecedente, última parte, o dono só lhe poderá exigir o valor constante do
inventário, ou balanço.
Art. 1391. Os sócios têm direito à indenização das perdas e danos, que sofrerem
em seus bens por motivo dos negócios sociais.

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Art. 1392. Havendo comunicação de lucros ilícitos, cada um dos sócios terá de
repor o que recebeu do sócio delinqüente, se este for condenado à restituição.
Art. 1393. O sócio que recebeu de outro lucros ilícitos, conhecendo ou devendo
conhecer-lhes a procedência, incorre em cumplicidade, e fica obrigado
solidariamente a restituir.
Art. 1394. Todos os sócios têm direito de votar nas assembléias gerais, onde,
salvo estipulação em contrário, sempre se deliberará por maioria de votos.
SEÇÃO III
DAS OBRIGAÇÕES DA SOCIEDADE E DOS SÓCIOS PARA COM TERCEIROS
Art. 1395. São dívidas da sociedade as obrigações contraídas conjuntamente
por todos os sócios, ou por alguns deles no exercício do mandato social.
Art. 1396. Se o cabedal social não cobrir as dívidas da sociedade, por elas
responderão os associados, na proporção em que houverem de participar nas
perdas sociais.
Parágrafo único. Se um dos sócios for insolvente, sua parte na dívida será na
mesma razão distribuída entre os outros.
Art. 1397. Os devedores da sociedade não se desobrigam pagando a um sócio
não autorizado para receber
Art. 1398. Os sócios não são solidariamente obrigados pelas dívidas sociais,
nem os atos de um, não autorizado, obrigam os outros, salvo redundando em
proveito da sociedade.
SEÇÃO IV
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Art. 1399. Dissolve-se a sociedade:
I - Pelo implemento da condição, a que foi subordinada a sua durabilidade, ou
pelo vencimento do prazo estabelecido no contrato.
II - Pela extinção do capital social, ou seu desfalque em quantidade tamanha que
a impossibilite de continuar. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
III - Pela consecução do fim social, ou pela verificação de sua inexeqüibilidade.
IV - Pela falência, incapacidade, ou morte de um dos sócios.
V - Pela renúncia de qualquer deles, se a sociedade for de prazo indeterminado
(artigo 1.404).
VI - Pelo consenso unânime dos associados.
Parágrafo único. Os nºs. II, IV e V não se aplicam às sociedades de fins não
econômicos.
Art. 1400. A prorrogação do prazo social só se prova por escrito, nas mesmas
condições do contrato que o fixou (artigos 1.364 e 1.366).
Art. 1401. Se a sociedade se prorrogar depois de vencido o prazo do contrato,

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entender-se-á que se constituiu de novo; se dentro no prazo, ter-se-á por
continuação da anterior.
Art. 1402. É lícito estipular que, morto um dos sócios, continue a sociedade com
os herdeiros, ou só com os associados sobrevivos. Neste segundo caso, o
herdeiro do falecido terá direito à partilha do que houver, quando ele faleceu, mas
não participará nos lucros e perdas ulteriores, que não forem conseqüência direta
de atos anteriores ao falecimento.
Art. 1403. Se o contrato estipular que a sociedade continue com o herdeiro do
sócio falecido, cumprir-se-á a estipulação, toda vez que se possa; mas, sendo
menor o herdeiro, será dissolvido, em relação a ele, o vínculo social, caso o juiz o
determine.
Art. 1404. A renúncia de um dos sócios só dissolve a sociedade (artigo 1.399, nº
V), quando feita de boa-fé, em tempo oportuno, e, notificada aos sócios dois
meses antes.
Art. 1405. A renúncia é de má-fé, quando o sócio renunciante pretende
apropriar-se exclusivamente dos benefícios que os sócios tinham em mente colher
em comum; e haver-se-á por inoportuna, se as coisas não estiverem no seu
estado integral, ou se a sociedade puder ser prejudicada com a dissolução nesse
momento.
Art. 1406. No primeiro caso do artigo antecedente, os demais sócios têm o
direito de excluir desde logo o sócio de má-fé, salvas as suas quotas na vantagem
esperada. No segundo, a sociedade pode continuar, apesar da oposição do
renunciante, até à época do primeiro balanço ordinário, ou até a conclusão do
negócio pendente.
Art. 1407. Subsiste, ainda após a dissolução da sociedade, a responsabilidade
social para com terceiros, pelas dívidas que houver contraído.
Não se tendo estipulada a responsabilidade solidária dos sócios para com
terceiros, a dívida será distribuída por aqueles, em partes proporcionais às suas
entradas.
Art. 1408. Quando a sociedade tiver duração prefixa, nenhum sócio lhe poderá
exigir a dissolução, antes de expirar o prazo social, se não provar algum dos
casos do artigo 1.399, nºs. I a IV.
Art. 1409. São aplicáveis à partilha entre os sócios as regras da partilha entre
herdeiros (artigos 1.772 e segs.).
Parágrafo único. O sócio de indústria, porém, só terá direito a participar nos
lucros da sociedade, sem responsabilidade nas suas perdas, salvo se o contrário
se estipulou no contrato. Se este não declarar a parte dos lucros, entender-se-á
que ela é proporcional à menor das entradas. (Redação dada ao parágrafo pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XII
DA PARCERIA RURAL

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SEÇÃO I
DA PARCERIA AGRÍCOLA
Art. 1410. Dá-se a parceria agrícola, quando uma pessoa cede um prédio rústico
a outra, para ser por esta cultivado, repartindo-se os frutos entre as duas, na
proporção que estipularem.
Art. 1411. O parceiro incumbido da cultura não responderá pelos encargos do
prédio, se os não assumir.
Art. 1412. Os riscos de caso fortuito, ou força maior, correrão em comum contra
o proprietário e o parceiro.
Art. 1413. A parceria não passa aos herdeiros dos contraentes, exceto se estes
deixaram adiantados os trabalhos de cultura, caso em que durará, quanto baste,
para se ultimar a colheita.
Art. 1414. Aplicam-se a este contrato as regras da locação de prédios rústicos,
em tudo o que nesta seção não se achar regulado.
Art. 1415. A parceria subsiste, quando o prédio se aliena, ficando o adquirente
sub-rogado nos direitos e obrigações do alienante.
SEÇÃO II
DA PARCERIA PECUÁRIA
Art. 1416. Dá-se a parceria pecuária, quando se entregam animais a alguém
para os pastorear, tratar e criar, mediante uma quota nos lucros produzidos.
Art. 1417. Constituem objeto de partilha as crias dos animais e os seus produtos,
como peles, crinas, lãs e leite.
Art. 1418. O parceiro proprietário substituirá por outros, no caso de evicção, os
animais evictos.
Art. 1419. Salvo convenção em contrário, o parceiro proprietário sofrerá os
prejuízos resultantes do caso fortuito, ou força maior.
Art. 1420. Ao proprietário caberá o proveito, que se obtenha dos animais mortos,
pertencentes ao capital.
Art. 1421. Salvo cláusula em contrário, nenhum parceiro, sem licença do outro,
poderá dispor do gado.
Art. 1422. As despesas com o tratamento e criação dos animais, não havendo
acordo em contrário, correrão por conta do parceiro tratador e criador.
Art. 1423. Aplicam-se a este contrato as regras do de sociedade, no que não
estiver regulado por convenção das partes, e, na falta, pelo disposto nesta seção.
CAPÍTULO XIII
DA CONSTITUIÇÃO DA RENDA

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Art. 1424. Mediante ato entre vivos, ou de última vontade, a título oneroso, ou
gratuito, pode constituir-se, por tempo determinado, em benefício próprio ou
alheio, uma renda ou prestação periódica, entregando-se certo capital, em móveis
ou dinheiro a pessoa que se obrigue a satisfazê-la.
Art. 1425. É nula a constituição de renda em favor de pessoa já falecida, ou que,
dentro nos trinta dias seguintes, vier a falecer de moléstia que já sofria, quando foi
celebrado o contrato.
Art. 1426. Os bens dados em compensação da renda caem, desde a tradição,
no domínio da pessoa que por aquela se obrigou.
Art. 1427. Se o rendeiro, ou censuário, deixar de cumprir a obrigação estipulada,
poderá o credor da renda acioná-lo, assim para que lhe pague as prestações
atrasadas, como para que lhe dê garantias das futuras, sob pena de rescisão do
cotrato.
Art. 1428. O credor adquire o direito à renda dia a dia, se a prestação não
houver de ser paga adiantada, no começo de cada um dos períodos prefixos.
Art. 1429. Quando a renda for constituída em benefício de duas ou mais
pessoas, sem determinação da parte de cada uma, entende-se que os seus
direitos são iguais, e, salvo estipulação diversa, não adquirirão os sobrevivos
direito à parte dos que morrerem.
Art. 1430. A renda constituída por título gratuito pode, por ato do instituidor, ficar
isenta de todas as execuções pendentes e futuras. Essa isenção existe de pleno
direito em favor dos montepios e pensões alimentícias.
Art. 1431. A renda vinculada a um imóvel constitui direito real, de acordo com o
estabelecido nos artigos 749 a 754.
CAPÍTULO XIV
DO CONTRATO DE SEGURO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1432. Considera-se contrato de seguro aquele pelo qual uma das partes se
obriga para com a outra, mediante a paga de um prêmio, a indenizá-la do prejuízo
resultante de riscos futuros, previstos no contrato. (Redação dada ao artigo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1433. Este contrato não obriga antes de reduzido a escrito, e considera-se
perfeito desde que o segurador remete a apólice ao segurado, ou faz nos livros o
lançamento usual da operação.
Art. 1434. A apólice consignará os riscos assumidos, o valor do objeto seguro, o
prêmio devido ou pago pelo segurado e quaisquer outras estipulações, que no
contrato se firmarem.

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Art. 1435. As diferentes espécies de seguro previstas neste Código serão
reguladas pelas cláusulas das respectivas apólices, que não contrariarem
disposições legais.
Art. 1436. Nulo será este contrato, quando o risco, de que se ocupa, se filiar a
atos ilícitos do segurado, do beneficiado pelo seguro, ou dos representantes e
prepostos, quer de um, quer de outro.
Art. 1437. Não se pode segurar uma coisa por mais do que valha, nem pelo seu
todo mais de uma vez. É todavia, lícito ao segurado acautelar, mediante novo
seguro, o risco de falência ou insolvência do segurador (artigo 1.439).
Art. 1438. Se o valor do seguro exceder ao da coisa, o segurador poderá, ainda
depois de entregue a apólice, exigir sua redução ao valor real, restituindo ao
segurado o excesso do prêmio; e, provando que o segurado obrou de má-fé, terá
direito a anular o seguro, sem restituição do prêmio, nem prejuízo da ação penal
que no caso couber.
Art. 1439. Salvo o disposto no artigo 1.437, o segundo seguro da coisa já segura
pelo mesmo risco e no seu valor integral, pode ser anulado por qualquer das
partes. O segundo segurador que ignorava o primeiro contrato, pode, sem restituir
o prêmio recebido, recusar o pagamento do objeto seguro, ou recobrar o que por
ele pagou, na parte excedente ao seu valor real, ainda que não tenha reclamado
contra o contrato antes do sinistro.
Art. 1440. A vida e as faculdades humanas também se podem estimar como
objeto segurável, e segurar, no valor ajustado, contra os riscos possíveis, como o
de morte involutária, inabilitação para trabalhar, ou outros semelhantes.
Parágrafo único. Considera-se morte voluntária a recebida em duelo, bem como
o suicídio premeditado por pessoa em seu juízo.
Art. 1441. No caso de seguro sobre a vida, é livre às partes fixar o valor
respectivo e fazer mais de um seguro, no mesmo ou em diversos valores, sem
prejuízo dos antecedentes.
Art. 1442. É também livre às partes fixar entre si a taxa do prêmio. Todavia, o
seguro feito em sociedade ou companhia, que tenha tabela de prêmios, se
presume de conformidade com ela proposto e aceito.
Art. 1443. O segurado e o segurador são obrigados a guardar no contrato a mais
estrita boa-fé e veracidade, assim a respeito do objeto, como das circunstâncias e
declarações a ele concernentes.
Art. 1444. Se o segurado não fizer declarações verdadeiras e completas,
omitindo circunstâncias que possam influir na aceitação da proposta ou na taxa do
prêmio, perderá o direito ao valor do seguro, e pagará o prêmio vencido.
Art. 1445. Quando o segurado contrata o seguro mediante procurador, também
se este faz responsável ao segurador pelas inexatidões, ou lacunas, que possam
influir no contrato.

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Art. 1446. O segurador, que, ao tempo do contrato, sabe estar passado o risco,
de que o segurado se pretende cobrir, e, não obstante, expede a apólice, pagará
em dobro o prêmio estipulado.
Art. 1447. As apólices podem ser nominativas, à ordem ou ao portador. As de
seguro sobre a vida não podem ser ao portador.
Parágrafo único. As apólices nominativas mencionarão o nome do segurador, o
do segurado e o do seu representante, se o houver, ou o do terceiro, em cujo
nome se faz o seguro. (Redação dada ao parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1448. A apólice declarará também o começo e o fim dos riscos por ano,
mês, dia e hora.
§ 1º. Em falta de estipulação precisa, contar-se-á o prazo de conformidade com o
artigo 125.
§ 2º. A respeito de coisas que se destinem a transporte de um para outro ponto,
os riscos principiarão a correr, desde que sejam recebidas no primeiro lugar, e
terminarão quando entregues ao destinatário, no segundo.
SEÇÃO II
DAS OBRIGAÇÕES DO SEGURADO
Art. 1449. Salvo convenção em contrário, no ato de receber a apólice pagará o
segurado o prêmio, que estipulou.
Art. 1450. O segurado presume-se obrigado a pagar os juros legais do prêmio
atrasado, independentemente de interpelação do segurador, se a apólice ou os
estatutos não estabelecerem maior taxa.
Art. 1451. Se o segurado vier a falir, ou for declarado interdito, estando em
atraso nos prêmios, ou se atrasar após a interdição, ou a falência, ficará o
segurador isento da responsabilidade pelos riscos, se a massa, ou o
representante do interdito, não pagar antes do sinistro os prêmios atrasados.
Art. 1452. O fato de se não ter verificado o risco, em previsão do qual se fez o
seguro, não exime o segurado de pagar o prêmio, que se estipulou, observadas as
disposições especiais do direito marítimo sobre o estorno. (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1453. Embora se hajam agravado os riscos, além do que era possível
antever no contrato, nem por isso, a não haver nele cláusula expressa, terá direito
o segurador a aumento do prêmio.
Art. 1454. Enquanto vigorar o contrato, o segurado abster-se-á de tudo quanto
possa aumentar os riscos, ou seja contrário aos termos do estipulado, sob pena
de perder o direito ao seguro.
Art. 1455. Sob a mesma pena do artigo antecedente, comunicará o segurado ao
segurador todo incidente, que de qualquer modo possa agravar o risco.

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Art. 1456. No aplicar a pena do artigo 1.454, procederá o juiz com eqüidade,
atentando nas circunstâncias reais, e não em probabilidades infundadas, quando à
agravação dos riscos.
Art. 1457. Verificado o sinistro, o segurado, logo que o saiba, comunica-lo-á ao
segurador.
Parágrafo único. A omissão injustificada exonera o segurador, se este provar
que, oportunamente avisado, lhe teria sido possível evitar, ou atenuar, as
conseqüências do sinistro.
SEÇÃO III
DAS OBRIGAÇÕES DO SEGURADOR
Art. 1458. O segurador é obrigado a pagar em dinheiro o prejuízo resultante do
risco assumido e, conforme as circunstâncias, o valor total da coisa segura.
Art. 1459. Sempre se presumirá não se ter obrigado o segurador a indenizar
prejuízos resultantes de vício intrínseco à coisa segura.
Art. 1460. Quando a apólice limitar ou particularizar os riscos do seguro, não
responderá por outros o segurador.
Art. 1461. Salvo expressa restrição na apólice, o risco do seguro compreenderá
todos os prejuízos resultantes ou conseqüentes, como sejam os estragos
ocasionados para evitar o sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa.
Art. 1462. Quando ao objeto do contrato se der valor determinado, e o seguro se
fizer por este valor, ficará o segurador obrigado, no caso de perda total, a pagar
pelo valor ajustado a importância da indenização, sem perder por isso o direito,
que lhe asseguram os artigos 1.438 e 1.439.
Art. 1463. O direito à indenização pode ser transmitido a terceiro como acessório
da propriedade, ou de direito real sobre a coisa segura.
Parágrafo único. Opera-se essa transmissão de pleno direito quanto à coisa
hipotecada, ou penhorada, e, fora desses casos, quando a apólice o não vedar.
Art. 1464. No caso de sinistro, o segurador pode opor ao sucessor ou
representante do segurado todos os meios de defesa, que contra ele lhe
assistiriam.
Art. 1465. Se o segurador falir antes de passado o risco, poderá o segurado
recusar-lhe o pagamento dos prêmios atrasados, e fazer outro seguro pelo valor
integral.
SEÇÃO IV
DO SEGURO MÚTUO
Art. 1466. Pode ajustar-se o seguro, pondo certo número de segurados em
comum entre si o prejuízo, que a qualquer deles advenha, do risco por todos
corrido.

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Em tal caso o conjunto dos segurados constitui a pessoa jurídica, a que pertencem
as funções de segurador.
Art. 1467. Nesta forma de seguro, em lugar do prêmio, os segurados contribuem
com as quotas necessárias para ocorrer às despesas da administração e aos
prejuízos verificados. Sendo omissos os estatutos, presume-se que a taxa das
quotas se determinará segundo as contas do ano.
Art. 1468. Será permitido também obrigar a prêmios fixos os segurados, ficando,
porém, estes adstritos, se a importância daqueles não cobrir a dos riscos
verificados, a quotizarem-se pela diferença.
Se, pelo contrário, a soma dos prêmios exceder à dos riscos verificados, poderão
os associados repartir entre si o excesso em dividendo, se não preferirem criar um
fundo de reserva.
Art. 1469. As entradas suplementares e os dividendos serão proporcionais às
quotas de cada associado.
Art. 1470. As quotas dos sócios serão fixadas conforme o valor dos respectivos
seguros, podendo-se também levar em conta riscos diferentes, e estabelecê-los
de duas ou mais categorias.
SEÇÃO V
DO SEGURO DE VIDA
Art. 1471. O seguro de vida tem por objeto garantir, mediante o prêmio anual
que se ajustar, o pagamento de certa soma a determinada ou determinadas
pessoas, por morte do segurado, podendo estipular-se igualmente o pagamento
dessa soma ao próprio segurado, ou terceiro, se aquele sobreviver ao prazo de
seu contrato. (Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Quando a liquidação só deva operar-se por morte, o prêmio se
pode ajustar por prazo limitado ou por toda a vida do segurado, sendo lícito às
partes contratantes, durante a vigência do contrato, substituírem, de comum
acordo, um plano por outro, feita a indenização de prêmios que a substituição
exigir.
Art. 1472. Pode uma pessoa fazer o seguro sobre a própria vida, ou sobre a de
outrem, justificando, porém, neste último caso, o seu interesse pela preservação
daquela que segura, sob pena de não valer o seguro, em se provando ser falso o
motivo alegado. (Redação dada caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Será dispensada a justificação, se o terceiro, cuja vida se quiser
segurar, for descendente, ascendente, irmão ou cônjuge do proponente.
Art. 1473. Se o seguro não tiver por causa declarada a garantia de alguma
obrigação, é lícito ao segurado, em qualquer tempo, substituir o seu benefíciário,
e, sendo a apólice emitida à ordem, instituir o benefício até por ato de última
vontade. Em falta de declaração, neste caso, o segurado será pago aos herdeiros
do segurado, em embargo de quaisquer disposições em contrário dos estatutos da
companhia ou associação.

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Art. 1474. Não se pode instituir beneficiário pessoa que for legalmente inibida de
receber a doação do segurado.
Art. 1475. A soma estipulada como benefício não está sujeita às obrigações, ou
dívidas do segurado.
Art. 1476. É também lícito fazer o seguro de modo que só tenha direito a ele o
segurado, se chegar a certa idade, ou for vivo a certo tempo.
CAPÍTULO XV
DO JOGO E DA APOSTA

Art. 1477. As dívidas de jogo, ou apostas, não obrigam a pagamento; mas não
se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por
dolo, ou se o perdente é menor, ou interdito.
Parágrafo único. Aplica-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou
envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívidas de jogo; mas a nulidade
resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.
Art. 1478. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo, ou
aposta, no ato de apostar, ou jogar.
Art. 1479. Não equiparados ao jogo, submetendo-se, como tais, ao disposto nos
artigos antecedentes, os contratos sobre título de bolsa, mercadorias ou valores,
em que se estipule a liquidação exclusivamente pela diferença entre o preço
ajustado e a cotação que eles tiverem, no vencimento do ajuste.
Art. 1480. O sorteio, para dirimir questões, ou dividir coisas comuns, considerar-
se-á sistema de partilha, ou processo de transação, conforme o caso.
CAPÍTULO XVI
DA FIANÇA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1481. Dá-se o contrato de fiança, quando uma pessoa se obriga por outra,
para com o seu credor, a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra.
Art. 1482. Se o fiador tiver quem lhe abone a solvência, ao abonador se aplicará
o disposto neste capítulo sobre fiança.
Art. 1483. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Art. 1484. Pode-se estipular a fiança, ainda sem consentimento do devedor.
Art. 1485. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o fiador, neste
caso, não será demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação
do principal devedor.

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Art. 1486. Não sendo limitada a fiança, compreenderá todos os acessórios da
dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador.
Art. 1487. A fiança pode ser de valor inferior ao da obrigação principal e
contraída em condições menos onerosas.
Quando exceder o valor da dívida, ou for mais onerosa, que ela, não valerá senão
até ao limite da obrigação afiançada.
Art. 1488. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a
nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor.
Parágrafo único. Esta exceção não abrange o caso do artigo 1.259.
Art. 1489. Quando alguém houver de dar fiador, o credor não pode ser obrigado
a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município, onde tenha de
prestar a fiança, e não possua bens suficientes para desempenhar a obrigação.
Art. 1490. Se o fiador se tornar insolvente, ou incapaz, poderá o credor exigir
que seja substituído.
SEÇÃO II
DOS EFEITOS DA FIANÇA
Art. 1491. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até
a contestação da lide, que sejam primeiro excutidos os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador, que alegar o benefício de ordem a que se refere este
artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e
desembargados, quantos bastem para solver a débito (artigo 1.504).
Art. 1492. Não aproveita este benefício ao fiador:

I - Se ele o renunciou expressamente.


II - Se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário.
III - Se o devedor for insolvente, ou falido.
Art. 1493. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma
pessoa, importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente
não se reservaram o benefício da divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente
pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
Art. 1494. Pode também cada fiador taxar, no contrato, a parte da dívida que
toma sob sua responsabilidade, e, neste caso, não será obrigado a mais.
Art. 1495. O fiador, que pagar integralmente a dívida, fica sub-rogado nos
direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela
respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.
Art. 1496. O devedor responde também ao fiador por todas as perdas e danos
que este pagar, e pelos que sofrer em razão da fiança.
Art. 1497. O fiador tem direito aos juros do desembolso pela taxa estipulada na

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obrigação principal, e, não havendo taxa convencionada, aos juros legais da mora.
Art. 1498. Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada
contra o devedor, poderá o fiador, ou o abonador (artigo 1.482), promover-lhe o
andamento.
Art. 1499. O fiador, ainda antes de haver pago, pode exigir que o devedor
satisfaça a obrigação, ou o exonere da fiança, desde que a dívida se torne
exigível, ou tenha decorrido o prazo dentro no qual o devedor se obrigou a
desonerá-lo.
Art. 1500. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem
limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando, porém, obrigado por todos os
efeitos da fiança, anteriores ao ato amigável, ou à sentença que o exonerar.
Art. 1501. A obrigação do fiador passa-lhe aos herdeiros; mas a
responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e
não pode ultrapassar as forças da herança.
SEÇÃO III
DA EXTINÇÃO DA FIANÇA
Art. 1502. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e
as extintivas da obrigação que compitam ao devedor principal, se não provierem
simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do artigo 1.259.
Art. 1503. O fiador, ainda que solidário com o principal devedor (artigos 1.492 e
1.493), ficará desobrigado:
I - Se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor.
II - Se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e
preferências.
III - Se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor
objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a
perdê-lo por evicção.
Art. 1504. Se, feita a nomeação nas condições do artigo 1.491, parágrafo único,
o devedor, retardando-se a execução, cair em insolvência, ficará exonerado o
fiador, provando que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora,
suficientes para a solução da dívida afiançada.

TÍTULO VI
DAS OBRIGAÇÕES POR DECLARAÇÃO UNILATERAL DA
VONTADE

CAPÍTULO I
DOS TÍTULOS AO PORTADOR

Art. 1505. O detentor de um título ao portador, quando dele autorizado a dispor,

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pode reclamar do respectivo subscritor ou emissor a prestação devida. O
subscritor, ou emissor, porém, exonera-se, pagando a qualquer detentor, esteja ou
não autorizado a dispor do título.
Art. 1506. A obrigação do emissor subsiste, ainda que o título tenha entrado em
circulação contra a sua vontade.
Art. 1507. Ao portador de boa-fé, o subscritor, ou o emissor, não poderá opor
outra defesa, além da que assente em nulidade interna ou externa do título, ou em
direito pessoal ao emissor, ou subscritor, contra o portador.
Art. 1508. O subscritor, ou emissor, não será obrigado a pagar senão à vista do
título, salvo se este for declarado nulo.
Art. 1509. A pessoa, injustamente desapossada de título ao portador, só
mediante intervenção judicial poderá impedir que ao ilegítimo detentor se pague a
importância do capital, ou seu interesse.
Parágrafo único. Se, citado o detentor desses títulos, não forem apresentados
em três anos dessa data, poderá o juiz declará-los caducos, ordenando ao
devedor que lavre outros, em substituição dos reclamados.
Art. 1510. Se o título, com o nome do credor, trouxer a cláusula de poder ser
paga a prestação ao portador, embolsando a este, o devedor exonerar-se-á
validamente; mas poderá exigir dele que justifique o seu direito, ou preste caução.
Aquele cujo nome se acha inscrito no título, presume-se dono, e pode reivindicá-lo
de quem quer que injustamente o detenha. (Redação dada ao artigo pelo Dec.
Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1511. É nulo o título, em que o signatário, ou emissor, se obrigue, sem
autorização de lei federal, a pagar ao portador quantia certa em dinheiro.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às obrigações emitidas pelos
Estados ou pelos Municípios, as quais continuarão a ser regidas por lei especial.
CAPÍTULO II
DA PROMESSA DE RECOMPENSA

Art. 1512. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar,


ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço,
contrai obrigação de fazer o prometido.
Art. 1513. Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer o dito serviço,
ou satisfizer a dita condição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá
exigir a recompensa estipulada.
Art. 1514. Antes de prestado o serviço, ou preenchida a condição, pode o
promitente revogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade.
Se, porém, houver assinado prazo à execução da tarefa, entender-se-á que
renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
Art. 1515. Se o ato contemplado na promessa for praticado por mais de um

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indivíduo, terá direito à recompensa o que primeiro o executou.
§ 1º. Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na
recompensa.
§ 2º. Se essa não for divisível, conferir-se-á por sorteio.
Art. 1516. Nos concursos que se abrirem com promessa pública de recompensa,
é condição essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas também
as disposições dos parágrafos seguintes.
§ 1º. A decisão da pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os
interessados.
§ 2º. Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos, que se
apresentarem, entender-se-á que o promitente se reservou essa função.
§ 3º. Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com o artigo
antecedente.
Art. 1517. As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo anterior, só
ficarão pertencendo ao promitente, se tal cláusula estipular na publicação da
promessa.

TÍTULO VII
DAS OBRIGAÇÕES POR ATOS ILÍCITOS

Art. 1518. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem


ficam sujeitos à reparação do dano causado, e, se tiver mais de um autor a
ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores, os cúmplices
e as pessoas designadas no artigo 1.521.
Art. 1519. Se o dono da coisa, no caso do artigo 160, nº II, não for culpado do
perigo, assistir-lhe-á direito à indenização do prejuízo, que sofreu.
Art. 1520. Se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este ficará com a
ação regressiva, no caso do artigo 160, nº II, o autor do dano, para haver a
importância, que tiver ressarcido ao dono da coisa.
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se
danificou a coisa (artigo 160, nº I).
Art. 1521. São também responsáveis pela reparação civil:
I - Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob seu poder e em sua
companhia.
II - O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições.
III - O patrão, amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele (artigo 1.522).
IV - Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos, onde se
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos.

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V - Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até à
concorrente quantia.
Art. 1522. A responsabilidade estabelecida no artigo antecedente, nº III, abrange
as pessoas jurídicas, que exercerem exploração industrial. (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1523. Excetuadas as do artigo 1.521, nº V, só serão responsáveis as
pessoas enumeradas nesse e no artigo 1.522, provando-se que elas concorreram
para o dano por culpa, ou negligência de sua parte.
Art. 1524. O que ressarcir o dano causado por outrem, se este não for
descendente seu, pode reaver, daquele por quem pagou, o que houver pago.
Art. 1525. A responsabilidade civil é independente da criminal; não se poderá,
porém, questionar mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu autor,
quando estas questões se acharem decididas no crime.
Art. 1526. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se
com a herança, exceto nos casos que este Código excluir.
Art. 1527. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se
não provar:
I - Que o guardava e vigiava com cuidado preciso.
II - Que o animal foi provocado por outro.
III - Que houve imprudência do ofendido.
IV - Que o fato resultou de caso fortuito, ou força maior.
Art. 1528. O dono do edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade
fosse manifesta.
Art. 1529. Aquele que habitar uma casa, ou parte dela, responde pelo dano
proveniente das coisas que dela caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Art. 1530. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos
casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o
vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar
as custas em dobro.
Art. 1531. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem
ressalvar as quantias recebidas, ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a
pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se, por lhe estar prescrito o
direito, decair da ação. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1532. Não se aplicarão as penas dos artigos 1.530 e 1.531, quando o autor
desistir da ação antes de contestada a lide.

TÍTULO VIII

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DA LIQUIDAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1533. Considera-se líquida a obrigação certa, quanto à sua existência, e


determinada, quanto ao seu objeto.
Art. 1534. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada,
substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente, no lugar onde se execute a
obrigação.
Art. 1535. À execução judicial das obrigações de fazer, ou não fazer, e, em
geral, à indenização de perdas e danos precederá a liquidação do valor
respectivo, toda vez que o não fixe a lei, ou a convenção das partes.
Art. 1536. Para liquidar a importância de uma prestação não cumprida, que
tenha valor oficial no lugar da execução, tomar-se-á o meio-termo do preço, ou da
taxa, entre a data do vencimento e a do pagamento, adicionando-lhe os juros da
mora.
§ 1º. Nos demais casos far-se-á a liquidação por arbitramento.
§ 2º. Contam-se os juros da mora, nas obrigações ilíquidas, desde a citação
inicial.
CAPÍTULO II
DA LIQUIDAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES RESULTANTES DE ATOS
ILÍCITOS

Art. 1537. A indenização, no caso de homicídio, consiste:

I - No pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto


da família.
II - Na prestação de alimentos às pessoas a quem o defunto os devia.
Art. 1538. No caso de ferimento ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o
ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da
convalescença, além de lhe pagar a importância da multa no grau médio da pena
criminal correspondente. (Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
§ 1º. Esta soma será duplicada, se do ferimento resultar aleijão ou deformidade.
§ 2º. Se o ofendido, aleijado ou deformado, for mulher solteira ou viúva, ainda
capaz de casar, a indenização consistirá em dotá-la, segundo as posses do
ofensor, as circunstâncias do ofendido e a gravidade do defeito.
Art. 1539. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua o valor do trabalho, a indenização, além
das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença,
incluirá uma pensão correspondente à importância do trabalho, para que se

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inabilitou, ou da depreciação, que ele sofreu.
Art. 1540. As disposições precedentes aplicam-se ainda ao caso em que a
morte, ou lesão, resulte de ato considerado crime justificável, se não foi
perpetrado pelo ofensor em repulsa de agressão do ofendido.
Art. 1541. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, a indenização consistirá em
se restituir a coisa, mais o valor das suas deteriorações, ou, faltando ela, em se
embolsar o seu equivalente ao prejudicado (artigo 1.543).
Art. 1542. Se a coisa estiver em poder de terceiro, este será obrigado a entregá-
la, correndo a indenização pelos bens do delinqüente.
Art. 1543. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa
(artigo 1.541), estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição,
contanto que este não se avantaje àquele.
Art. 1544. Além dos juros ordinários, contados proporcionalmente ao valor do
dano, e desde o tempo do crime, a satisfação compreende os juros compostos.
Art. 1545. Os médicos, cirurgiões, farmacêuticos, parteiras e dentistas são
obrigados a satisfazer o dano, sempre que da imprudência, negligência, ou
imperícia em atos profissionais, resultar morte, inabilitação de servir, ou ferimento.
Art. 1546. O farmacêutico responde solidariamente pelos erros e enganos do
seu preposto.
Art. 1547. A indenização por injúria ou calúnia consistirá na reparação do dano
que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se este não puder provar prejuízo material, pagar-lhe-á o
ofensor o dobro da multa no grau máximo de pena criminal respectiva (artigo
1.550).
Art. 1548. A mulher agravada em sua honra tem direito a exigir do ofensor, se
este não puder ou não quiser reparar o mal pelo casamento, um dote
correspondente à sua própria condição e estado: (Redação dada ao caput pelo
Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
I - Se, virgem e menor, for deflorada.
II - Se, mulher honesta, for violentada, ou aterrada por ameaças.
III - Se for seduzida com promessas de casamento.
IV - Se for raptada.
Art. 1549. Nos demais crimes de violência sexual, ou ultraje ao pudor, arbitrar-
se-á judicialmente a indenização.
Art. 1550. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento
das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e no de uma soma calculada
nos termos do parágrafo único do artigo 1.547.
Art. 1551. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal (artigo 1.550):

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I - O cárcere privado.
II - A prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé.
III - A prisão ilegal (artigo 1.552).
Art. 1552. No caso do artigo antecedente, nº III, só a autoridade, que ordenou a
prisão, é obrigada a ressarcir o dano.
Art. 1553. Nos casos não previstos neste capítulo, se fixará por arbitramento a
indenização.

TÍTULO IX
DO CONCURSO DE CREDORES DAS PREFERÊNCIAS E
PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS

Art. 1554. Procede-se ao concurso de credores, toda vez que as dívidas


excedam à importância dos bens do devedor.
Art. 1555. A discussão entre os credores pode versar, quer sobre a preferência
entre eles disoutada, quer sobre a nulidade, simulação, fraude ou falsidade das
dívidas e contratos.
Art. 1556. Não havendo título legal à preferência terão os credores igual direito
sobre os bens do devedor comum.
Art. 1557. Os títulos legais de preferência são os privilégios e os direitos reais.
Art. 1558. Conservam seus respectivos direitos os credores, hipotecários ou
privilegiados:
I - Sobre o preço do seguro da coisa gravada com hipoteca ou privilégio, ou
sobre a indenização devida, havendo responsável pela perda ou danificação da
coisa.
II - Sobre o valor da indenização, se a coisa obrigada a hipoteca ou privilégio for
desapropriada, ou submetida a servidão legal.
Art. 1559. Nesses casos, o devedor do preço do seguro, ou da indenização, se
exonera pagando sem oposição dos credores hipotecários ou privilegiados.
Art. 1560. O crédito real prefere ao pessoal de qualquer espécie, salvo a
exceção estabelecida no parágrafo único do artigo 759, o crédito pessoal
privilegiado ao simples, e o privilégio especial, ao geral.
Art. 1561. A preferência resultante de hipoteca, penhor e mais direitos reais
(artigo 674), determinar-se-á de conformidade com o disposto no livro
antecedente.
Art. 1562. Quando concorrerem aos mesmos bens, e por título igual, dois ou
mais credores da mesma classe, especialmente privilegiados, haverá entre eles
rateio, proporcional ao valor dos respectivos créditos, se o produto não bastar para
o pagamento integral de todos. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo
nº 3.725, de 15.01.1919)

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Art. 1563. Os privilégios, excetuado o de que trata o parágrafo único do artigo
759 - se referem somente:
I - Aos bens móveis do devedor, não sujeitos a direito real de outrem.
II - Aos imóveis não hipotecados.
III - Ao saldo do preço dos bens sujeitos a penhor ou hipoteca, depois de pagos
os respectivos credores.
IV - Ao valor do seguro e da desapropriação.
Art. 1564. Do preço do imóvel hipotecado, porém, serão deduzidas as custas
judiciais de sua execução, bem como as despesas de conservação com ele feitas
por terceiro, mediante consenso do devedor e do credor, depois de constituída a
hipoteca.
Art. 1565. O privilégio especial só compreende os bens sujeitos, por expressa
disposição de lei, ao pagamento do crédito, que ele favorece, e o geral, todos os
bens não sujeitos a crédito real, nem a privilégio especial.
Art. 1566. Tem privilégio especial:

I - Sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas judiciais


feitas com a arrecadação e liquidação.
II - Sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento.
III - Sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou úteis.
IV - Sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou quaisquer outras
construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para a sua edificação,
reconstrução ou melhoramento.
V - Sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e serviços à
cultura, ou à colheita. (Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725,
de 15.01.1919)
VI - Sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos ou
urbanos, o credor de alugueres, quanto às prestações do ano corrente e do
anterior. (Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de
15.01.1919)
VII - Sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor dela, os
seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no contrato de
edição.
VIII - Sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o seu
trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, o trabalhador agrícola,
quanto à dívida dos seus salários (artigo 759, parágrafo único). (Inciso
acrescentado pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1567. Cessa o privilégio estabelecido no artigo antecedente, nº V, desde que
os frutos são reduzidos a outra espécie, ou vendidos depois de recolhidos.
Art. 1568. Havendo, a um tempo, credores com direito ao privilégio do artigo
1.566, nº III, e ao desse artigo, nº IV, aplicar-se-lhes-á o disposto no artigo 1.562.
Art. 1569. Gozam de privilégio geral, na ordem seguinte, sobre os bens do
devedor:

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I - O crédito por despesas do seu funeral, feito sem pompa, segundo a condição
do finado e o costume do lugar.
II - O crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e
liquidação da massa.
III - O crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos do
devedor falecido, se forem moderadas.
IV - O crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no
semestre anterior à sua morte.
V - O crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido e sua
família, no trimestre anterior ao falecimento.
VI - O crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente e no
anterior. (Revogado implicitamente pelo Código Tributário Nacional, artigo 186)
VII - O crédito pelo salário dos criados e mais pessoas de serviços domésticos
do devedor, nos seus derradeiros seis meses de vida.
Art. 1570. Na remuneração do artigo 1.569, nº VII, se inclui a dos mestres que,
durante o mesmo período, ensinaram aos descendentes menores do devedor.
Art. 1571. A Fazenda Federal prefere à Estadual, e esta, à Municipal.

LIVRO IV
DO DIREITO DAS SUCESSÕES

TÍTULO I
DA SUCESSÃO EM GERAL

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1572. Aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se,


desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Art. 1573. A sucessão dá-se por disposição de última vontade, ou em virtude da
lei.
Art. 1574. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite-se a herança a seus
herdeiros legítimos. Ocorrerá outro tanto quanto aos bens que não forem
compreendidos no testamento.
Art. 1575. Também subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for
julgado nulo.
Art. 1576. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da
metade da herança.
Art. 1577. A capacidade para suceder é a do tempo da abertura da sucessão,
que se regulará conforme a lei então em vigor.

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CAPÍTULO II
DA TRANSMISSÃO DA HERANÇA

Art. 1578. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.


Art. 1579. Ao cônjuge sobrevivente, no casamento celebrado sob o regime da
comunhão de bens, cabe continuar, até a partilha, na posse da herança com o
cargo de cabeça do casal.
§ 1º. Se porém o cônjuge sobrevivo for a mulher, será mister, para isso que
estivesse vivendo com o marido ao tempo de sua morte, salvo prova de que essa
convivência se tornou impossível sem culpa dela.
§ 2º. Na falta de cônjuge sobrevivente, a nomeação de inventariante recairá no
co-herdeiro, que se achar na posse corporal e na administração dos bens. Entre
co-herdeiros a preferência se graduará pela idoneidade.
§ 3º. Na falta de cônjuge ou de herdeiro, será inventariante o testamenteiro.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
Art. 1580. Sendo chamadas simultaneamente, a uma herança, duas ou mais
pessoas, será indivisível o seu direito, quanto à posse e ao domínio, até se ultimar
a partilha. (Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Parágrafo único. Qualquer dos co-herdeiros pode reclamar a universalidade da
herança ao terceiro, que indevidamente a possua, não podendo este opor-lhe, em
exceção, o caráter parcial do seu direito nos bens da sucessão.
CAPÍTULO III
DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA

Art. 1581. A aceitação da herança pode ser expressa ou tácita, a renúncia,


porém, deverá constar, expressamente, de escritura pública, ou termo judicial.
(Redação dada ao caput pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 1º. É expressa a aceitação, quando se faz por declaração escrita, tácita,
quando resulta de atos compatíveis somente com o caráter de herdeiros.
(Redação dada ao parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 2º. Não exprimem aceitação da herança os atos oficiosos, como o funeral do
finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda interina.
Art. 1582. Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples,
da herança, aos demais co-herdeiros.
Art. 1583. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição,
ou a termo; mas o herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los,
renunciando a herança, ou, aceitando-a, repudiá-los.
Art. 1584. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança,
poderá, vinte dias depois de aberta a sucessã requerer ao juiz prazo razoável, não
maior de trinta dias, para, dentro nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se
haver a herança por aceita.

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Art. 1585. Falecendo o herdeiro, antes de declarar se aceita a herança, o direito
de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de instituição adstrita a
uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Art. 1586. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à
herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do
renunciante.
Nesse caso, e depois de pagas as dívidas do renunciante, o remanescente será
devolvido aos outros herdeiros.
Art. 1587. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da
herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se existir inventário, que
a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados.
Art. 1588. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se,
porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma
classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito
próprio, e por cabeça.
Art. 1589. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce às dos outros
herdeiros da mesma classe, e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da
subseqüente.
Art. 1590. É retratável a renúncia, quando proveniente de violência, erro ou dolo,
ouvidos os interessados. A aceitação pode retratar-se, se não resultar prejuízo a
credores, sendo lícito a estes, no caso contrário, reclamar a providência referida
ao artigo 1.586.
CAPÍTULO IV
DA HERANÇA JACENTE

Art. 1591. Não havendo testamento, a herança é jacente, e ficará sob a guarda,
conservação e administração de um curador:
I - Se o falecido não deixar cônjuge, nem herdeiro descendente ou ascendente,
nem colateral sucessível, notoriamente conhecido.
II - Se os herdeiros, descendentes ou ascendentes, renunciarem a herança, e
não houver cônjuge, ou colateral sucessível, notoriamente conhecido.
Art. 1592. Havendo testamento, observar-se-á o disposto no artigo antecedente:
I - Se o falecido não deixar cônjuge, ou herdeiros descendentes ou ascendentes.
II - Se o herdeiro nomeado não existir, ou não aceitar a herança.
III - Se, em qualquer dos casos previstos nos dois números antecedentes, não
houver colateral sucessível, notoriamente conhecido.
IV - Se, verificada alguma das hipóteses dos três números anteriores, não houver
testamenteiro nomeado, o nomeado não existir, ou não aceitar a testamentaria.
Art. 1593. Serão declarados vacantes os bens da herança jacente, se,
praticadas todas as diligências legais, não aparecerem herdeiros.

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Parágrafo único. Esta declaração não se fará senão um ano depois de concluído
o inventário.
Art. 1594. A declaração da vacância da herança não prejudicará os herdeiros
que legalmente se habilitarem; mas, decorridos 5 (cinco) anos da abertura da
sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito
Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao
domínio da União, quando situados em Território Federal. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 8.049, de 20.06.1990)
Parágrafo único. Se não forem notoriamente conhecidos, os colaterais ficarão
excluídos da sucessão legítima após a declaração de vacância. (Redação dada ao
parágrafo pelo Dec.-Lei nº 8.207, de 22.11.1945)
CAPÍTULO V
DOS QUE NÃO PODEM SUCEDER

Art. 1595. São excluídos da sucessão (artigo 1.708, nº IV, e 1.741 a 1.745), os
herdeiros, ou legatários:
I - Que houverem sido autores ou cúmplices em crime de homicídio voluntário,
ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar.
II - Que a acusaram caluniosamente em juízo, ou incorreram em crime contra a
sua honra.
III - Que, por violência ou fraude, a inibiram de livremente dispor dos seus bens
em testamento ou codicilo, ou lhe obstaram a execução dos atos de última
vontade.
Art. 1596. A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos de
indignidade, será declarada por sentença em ação ordinária, movida por quem
tenha interesse na sucessão.
Art. 1597. O indivíduo incurso em atos que determinem a exclusão da herança
(artigo 1.595), a ela será, não obstante, admitido, se a pessoa ofendida, cujo
herdeiro ele for, assim o resolveu por ato autêntico, ou testamento.
Art. 1598. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos
que dos bens da herança houver percebido.
Art. 1599. São pessoais os efeitos da exclusão. Os descendentes do herdeiro
excluído sucedem, como se ele morto fosse (artigo 1.602).
Art. 1600. São válidas as alienações de bens hereditários, e os atos de
administração legalmente praticados pelo herdeiro excluído, antes da sentença de
exclusão; mas aos co-herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito a
demandar-lhe perdas e danos. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 1601. O herdeiro excluído terá direito a reclamar indenização por quaisquer
despesas feitas com a conservação dos bens hereditários, e cobrar os créditos
que lhe assistam contra a herança.

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Art. 1602. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto e à administração
dos bens, que a seus filhos couberem na herança (artigo 1.599), ou à sucessão
eventual desses bens.

TÍTULO II
DA SUCESSÃO LEGÍTIMA

CAPÍTULO I
DA ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

Art. 1603. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:


I - Aos descendentes.
II - Aos ascendentes.
III - Ao cônjuge sobrevivente.
IV - Aos colaterais.
V - Aos Municípios, ao Distrito Federal ou à União. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 8.049, de 20.06.1990)
Art. 1604. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros
descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem, ou não, no mesmo
grau.
Art. 1605. Para os efeitos da sucessão, aos filhos legítimos se equiparam os
legitimados, os naturais reconhecidos e os adotivos.
§ 1º. (Revogado pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
§ 2º. Ao filho adotivo, se concorrer com legítimos, supervenientes à adoção
(artigo 368), tocará somente metade da herança cabível a cada um destes.
Art. 1606. Não havendo herdeiros da classe dos descendentes, são chamados à
sucessão os ascendentes.
Art. 1607. Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais
remoto, sem distinção de linhas.
Art. 1608. Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, a herança partir-
se-á entre as duas linhas meio pelo meio.
Art. 1609. Falecendo sem descendência o filho adotivo, se lhe sobreviverem os
pais e o adotante, àqueles tocará por inteiro a herança.
Parágrafo único. Em falta dos pais, embora haja outros ascendentes, devolve-se
a herança ao adotante.
Art. 1610. Quando o descendente ilegítimo tiver direito à sucessão do
ascendente, haverá direito o ascendente ilegítimo à sucessão do descendente.
Art. 1611. À falta de descendentes ou ascendentes será deferida a sucessão ao
cônjuge sobrevivente, se, ao tempo da morte do outro, não estava dissolvida a
sociedade conjugal. (Redação dada ao pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)

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§ 1º. O cônjuge viúvo, se o regime de bens do casamento não era o da
comunhão universal, terá direito, enquanto durar a viuvez, ao usufruto da quarta
parte dos bens do cônjuge falecido, se houver filhos deste ou do casal e à metade
se não houver filhos embora sobrevivam ascendentes do de cujus. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de 27.08.1962)
§ 2º. Ao cônjuge sobrevivente, casado sob regime de comunhão universal,
enquanto viver e permanecer viúvo, será assegurado, sem prejuízo da
participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao
imóvel destinado à residência da família desde que seja o único bem daquela
natureza a inventariar. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.121, de
27.08.1962)
Art. 1612. Se não houver cônjuge sobrevivente, ou ele incorrer na incapacidade
do artigo 1.611, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 9.461, de 15.07.1946)
Art. 1613. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos,
salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
Art. 1614. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Art. 1615. Se com tio ou tios concorrem filhos de irmãos unilateral ou bilateral,
terão eles, por direito de representação, a parte que caberia ao pai ou à mãe, se
vivessem.
Art. 1616. Não concorrendo à herança irmão germano, herdarão, em partes
iguais entre si, os unilaterais.
Art. 1617. Em falta de irmãos, herdarão os filhos destes:
§ 1º. Se só concorrerem à herança filhos de irmãos falecidos, herdarão por
cabeça.
§ 2º. Se concorrerem filhos de irmãos bilaterais, com filhos de irmãos unilaterais,
cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3º. Se todos forem filhos de irmãos germanos, ou todos de irmãos unilaterais,
herdarão todos por igual.
Art. 1618. Não há direito de sucessão entre o adotado e os parentes do
adotante. (Revogado implicitamente pelo § 2º do artigo 41 da Lei nº 8.069, de
13.07.1990)
Art. 1619. Não sobrevivendo cônjuge, nem parente algum sucessível, ou tendo
eles renunciado à herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se
localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em
Território Federal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.049, de 20.06.1990)
CAPÍTULO II
DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO

Art. 1620. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes

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do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivesse.
Art. 1621. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas
nunca na ascendente.
Art. 1622. Na linha transversal, só se dá o direito de representação em favor dos
filhos de irmãos do falecido, quando com irmão deste concorrerem.
Art. 1623. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o
representado, se vivesse.
Art. 1624. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os
representantes.
Art. 1625. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na
sucessão de outra.

TÍTULO III
DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

CAPÍTULO I
DO TESTAMENTO EM GERAL

Art. 1626. Considera-se testamento o ato revogável pelo qual alguém, de


conformidade com a lei dispõe, no todo ou em parte, do seu patrimônio, para
depois da sua morte.
CAPÍTULO II
DA CAPACIDADE PARA FAZER TESTAMENTO

Art. 1627. São incapazes de testar:


I - Os menores de dezesseis anos.
II - Os loucos de todo o gênero.
III - Os que, ao testar, não estejam em seu perfeito juízo.
IV - Os surdos-mudos, que não puderem manifestar a sua vontade.
Art. 1628. A incapacidade superveniente não invalida o testamento eficaz, nem o
testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.
CAPÍTULO III
DAS FORMAS ORDINÁRIAS DO TESTAMENTO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1629. Este Código reconhece como testamentos ordinários:
I - O público.

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II - O cerrado.
III - O particular.
Art. 1630. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou
correspectivo.
Art. 1631. Não se admitem outros testamentos especiais além dos contemplados
neste Código (artigos 1.656 a 1.663).
SEÇÃO II
DO TESTAMENTO PÚBLICO
Art. 1632. São requisitos essenciais do testamento público:
I - Que seja escrito por oficial público em seu livro de notas, de acordo com o
ditado ou as declarações do testador, em presença de cinco testemunhas.
II - Que as testemunhas assistam a todo o ato.
III - Que, depois de escrito, seja lido pelo oficial, na presença do testador e das
testemunhas, ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial.
(Redação dada ao inciso pelo Decreto Legislativo nº 3.725, de 15.01.1919)
IV - Que, em seguida à leitura, seja o ato assinado pelo testador, pelas
testemunhas e pelo oficial.
Parágrafo único. As declarações do testador serão feitas na língua nacional.
Art. 1633. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o oficial assim o
declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e a seu rogo, uma das
testemunhas instrumentárias.
Art. 1634. O oficial público, especificando cada uma dessas formalidades,
portará por fé, no testamento, haverem sido todas observadas.
Parágrafo único. Se faltar, ou não se mencionar alguma delas, será nulo o
testamento, respondendo o oficial público civil e criminalmente.
Art. 1635. Considera-se habilitado a testar publicamente aquele que puder fazer
de viva voz as suas declarações, e verificar, pela sua leitura, haverem sido
fielmente exaradas.
Art. 1636. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e,
se o não souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.
Art. 1637. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em alta
voz , duas vezes, uma pelo oficial, e a outra por uma das testemunhas, designada
pelo testador; fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.
SEÇÃO III
DO TESTAMENTO CERRADO
Art. 1638. São requisitos essenciais do testamento cerrado:
I - Que seja escrito pelo testador, ou por outra pessoa, a seu rogo.
II - Que seja assinado pelo testador.
III - Que não sabendo, ou não podendo o testador assinar, seja assinado pela

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pessoa que lho escreveu.
IV - Que o testador o entregue ao oficial em presença, quando menos, de cinco
testemunhas.
V - Que o oficial, perante as testemunhas, pergunte ao testador se aquele é o
seu testamento, e quer que seja aprovado, quando o testador não se tenha
antecipado em declará-lo.
VI - Que para logo, em presença das testemunhas, o oficial exare o auto de
aprovação, declarando nele que o testador lhe entregou o testamento e o tinha por
seu, bom, firme e valioso.
VII - Que imediatamente depois da sua última palavra comece a instrumento de
aprovação. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
VIII - Que, não sendo isto possível, por falta absoluta de espaço na última folha,
escrita, o oficial ponha nele o seu sinal público e assim o declare no instrumento.
(Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
IX - Que o instrumento ou auto de aprovação seja lido pelo oficial, assinando ele,
as testemunhas e o testador, se souber e puder.
X - Que, não sabendo, ou não podendo o testador assinar, assine por ele uma
das testemunhas, declarando, ao pé da assinatura, que o faz a rogo do testador,
por não saber ou não puder assinar.
XI - Que o tabelião o cerre e cosa, depois de concluído o instrumento de
aprovação. (Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1639. Se o oficial tiver escrito o testamento a rogo do testador, podê-lo-á,
não obstante, aprovar.
Art. 1640. O testamento pode ser escrito, em língua nacional ou estrangeira,
pelo próprio testador, ou por outrem, a seu rogo. A assinatura será sempre do
próprio testador, ou de quem lhe escreveu o testamento (artigo 1.638, nº I).
Art. 1641. Não poderá dispor de seus bens em testamento cerrado quem não
saiba, ou não possa ler.
Art. 1642. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contando que o escreva
todo, e o assine de sua mão, e que ao entregá-lo ao oficial público, ante as cinco
testemunhas, escreva, na face externa do papel, ou do envoltório, que aquele é o
seu testamento, cuja aprovação lhe pede.
Art. 1643. Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao
testador, e o oficial lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o
testamento foi aprovado e entregue.
Art. 1644. O testamento será aberto pelo juiz, que o fará registrar e arquivar no
cartório a que tocar, ordenando que seja cumprido, se lhe não achar vício externo,
que o torne suspeito de nulidade, ou falsidade.
SEÇÃO IV
DO TESTAMENTO PARTICULAR
Art. 1645. São requisitos essenciais do testamento particular:

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I - Que seja escrito e assinado pelo testador.
II - Que nele intervenham cinco testemunhas, além do testador.
III - Que seja lido perante as testemunhas, e, depois de lido, por elas assinado.
Art. 1646. Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento, com citação
dos herdeiros legítimos.
Art. 1647. Se as testemunhas forem contestes, sobre o fato da disposição, ou,
ao menos, sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias
assinaturas, assim como a do testador, será confirmado o testamento.
Art. 1648. Faltando até duas das testemunhas, por morte, ou ausência em lugar
não sabido, o testamento pode ser confirmado, se as três restantes forem
contestes, nos termos do artigo antecedente.
Art. 1649. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira,
contanto que as testemunhas a compreendam.
SEÇÃO V
DAS TESTEMUNHAS TESTAMENTÁRIAS
Art. 1650. Não podem ser testemunhas em testamentos:
I - Os menores de 16 (dezesseis) anos.
II - Os loucos de todo o gênero.
III - Os surdo-mudos e os cegos.
IV - O herdeiro instituído, seus ascendentes e descendentes, irmãos e cônjuge.
V - Os legatários.
CAPÍTULO IV
DOS CODICILOS

Art. 1651. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu,
datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre
esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou,
indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas
ou jóias, não muito valiosas, de seu uso pessoal (artigo 1.797). (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1652. Esses atos, salvo direito de terceiro, valerão como codicilios, deixe, ou
não, testamento o autor.
Art. 1653. Pelo modo estabelecido no artigo 1.651 se poderão nomear ou
substituir testamenteiros.
Art. 1654. Os atos desta espécie revogam-se por atos iguais, e consideram-se
revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não
confirmar, ou modificar.
Art. 1655. Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo que o
testamento cerrado (artigo 1644).

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CAPÍTULO V
DOS TESTAMENTOS ESPECIAIS

SEÇÃO I
DO TESTAMENTO MARÍTIMO
Art. 1656. O testamento, nos navios nacionais, de guerra, ou mercantes, em
viagem de alto mar, será lavrado pelo comandante, ou pelo escrivão de bordo, que
redigirá as declarações do testador, ou as escreverá, por ele ditadas, ante duas
testemunhas idôneas, de preferência escolhidas entre os passageiros, e presentes
a todo o ato, cujo instrumento assinarão depois do testador.
Parágrafo único. Se o testador não puder escrever, assinará por ele uma das
testemunhas, declarando que o faz a seu rogo.
Art. 1657. O testador, querendo, poderá escrever ele mesmo o seu testamento,
ou fazê-lo escrever por outrem. No primeiro caso, o próprio testador assinará; no
segundo, quem o escreveu, com a declaração de que o subscreve a rogo do
testador.
§ 1º. O testamento assim feito será pelo testador entregue ao comandante ou
escrivão de bordo, perante duas testemunhas, que reconheçam e entendam o
testador, declarando este, no mesmo ato, ser seu testamento o escrito
apresentado.
§ 2º. O comandante, ou o escrivão, recebê-lo-á, e, em seguida, abaixo do escrito,
certificará todo o ocorrido, datando e assinando com o testador e as testemunhas.
Art. 1658. O testamento marítimo caducará, se o testador não morrer na viagem,
nem nos três meses subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde possa
fazer, na forma ordinária, outro testamento.
Art. 1659. Não valerá o testamento marítimo, bem que feito no curso de uma
viagem, se, ao tempo em que se fez, o navio estava em porto, onde o testador
pudesse desembarcar, e testar na forma ordinária.
SEÇÃO II
DO TESTAMENTO MILITAR
Art. 1660. O testamento dos militares e mais pessoas ao serviço do exército em
campanha, dentro ou fora do país, assim como em praça sitiada, ou que esteja de
comunicações cortadas, poderá fazer-se, não havendo oficial público, ante duas
testemunhas, ou três, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em
que assinará por ele a terceira.
§ 1º. Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento
será escrito pelo respectivo comandante, ainda que oficial inferior.
§ 2º. Se o testador estiver em tratamento no hospital, o testamento será escrito
pelo respectivo oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.
§ 3º. Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por
aquele que o substituir.
Art. 1661. Se o testador souber escrever, poderá fazer o testamento de seu

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punho, contanto que o date e assine por extenso, e o apresente aberto ou cerrado,
na presença de duas testemunhas ao auditor, ou ao oficial de patente, que lhe
faça as vezes neste mister.
Parágrafo único. O auditor, ou oficial, a quem o testamento se apresente, notará,
em qualquer parte dele, o lugar, dia, mês e ano, em que lhe for apresentado. Esta
nota será assinada por ele e pelas ditas testemunhas.
Art. 1662. Caduca o testamento militar, desde que, depois dele, o testador
esteja, três meses seguidos em lugar, onde possa testar na forma ordinária, salvo
se esse testamento apresentar as solenidades prescritas no parágrafo único do
artigo antecedente.
Art. 1663. As pessoas designadas no artigo 1.660, estando empenhadas em
combate, ou feridas, podem testar nuncupativamente, confiando a sua última
vontade a duas testemunhas.
Parágrafo único. Não terá, porém, efeito esse testamento, se o testador não
morrer na guerra, e convalescer do ferimento.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS EM GERAL

Art. 1664. A nomeação de herdeiro ou legatário, pode fazer-se pura e


simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certa causa.
Art. 1665. A designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do
herdeiro, salvo nas disposições fideicomissárias, ter-se-á por não escrito.
Art. 1666. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações
diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do
testador.
Art. 1667. É nula a disposição:

I - Que institua herdeiro, ou legatário, sob a condição captatória de que este


disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiro.
II - Que se refira a pessoa incerta, cuja identidade se não possa averiguar.
III - Que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua identidade
a terceiro.
IV - Que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor ao legado.
Art. 1668. Valerá, porém, a disposição:

I - Em favor de pessoa incerta que deva ser determinada por terceiro, dentre
duas ou mais pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes a uma família,
ou a um corpo coletivo, ou a um estabelecimento por ele designado. (Redação
dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
II - Em remuneração de serviços prestados ao testador, por ocasião da moléstia
de que faleceu, ainda que fique a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, determinar o
valor do legado.
Art. 1669. A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos

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particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos
pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos
estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em mente
beneficiar os de outra localidade.
Parágrafo único. Nestes casos, as instituições particulares preferirão sempre às
públicas. (Redação dada ao parágrafo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1670. O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa
legada anula a disposição, salvo se, pelo contexto do testamento, por outros
documentos, ou por fatos inequívocos, se puder identificar a pessoa ou coisa, a
que o testador queria referir-se.
Art. 1671. Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a
parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do
testador. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1672. Se o testador nomear certos herdeiros individualmente, e outros
coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os
indivíduos e os grupos designados.
Art. 1673. Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem
toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a
ordem da sucessão hereditária.
Art. 1674. Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros
herdeiros, quinhoar-se-á distribuidamente, por igual, a estes últimos o que restar,
depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.
Art. 1675. Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e
determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos.
Art. 1676. A cláusula de inalienabilidade temporária, ou vitalícia, imposta aos
bens pelos testadores ou doadores, não poderá, em caso algum, salvo os de
expropriação por necessidade ou utilidade pública, e de execução por dívidas
provenientes de impostos relativos aos respectivos imóveis, ser invalidada ou
dispensada por atos judiciais de qualquer espécie, sob pena de nulidade.
Art. 1677. Quando, nas hipóteses do artigo antecedente, se der alienação de
bens clausulados, o produto se converterá em outros bens, que ficarão sub-
rogados nas obrigações dos primeiros.
CAPÍTULO VII
DOS LEGADOS

Art. 1678. É nulo o legado de coisa alheia. Mas, se a coisa legada, não
pertencendo ao testador, quando testou, se houver depois tornado sua, por
qualquer título, terá efeito a disposição, como se sua fosse a coisa, ao tempo em
que ele fez o testamento.
Art. 1679. Se o testador ordenar que o herdeiro, ou legatário, entregue coisa de

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sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou a
herança, ou o legado (artigo 1.704).
Art. 1680. Se tão-somente em parte pertencer ao testador, ou, no caso do artigo
antecedente, ao herdeiro, ou ao legatário, a coisa legada, só quanto a essa parte
valerá o legado.
Art. 1681. Se o legado for de coisa móvel, que se determine pelo gênero, ou pela
espécie, será cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados
pelo testador.
Art. 1682. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só valerá o legado,
se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança. Se,
porém, a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade
inferior à do legado, este só valerá quanto à existente.
Art. 1683. O legado de coisa, ou quantidade, que deva tirar-se de certo lugar, só
valerá se nele for achada, e até à quantidade, que ali se achar.
Art. 1684. Nulo será o legado consistente em coisa certa, que, na data do
testamento, já era do legatário, ou depois lhe foi transferida gratuitamente pelo
testador.
Art. 1685. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, valerá tão-somente até
à importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.
§ 1º. Cumpre-se este legado, entregando o herdeiro ao legatário o título
respectivo.
§ 2º. Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.
Art. 1686. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará
compensão da sua dívida o legado, que ele faça ao credor.
Subsistirá do mesmo modo integralmente esse legado, se a dívida lhe foi
posterior, e o testador a solveu antes de morrer.
Art. 1687. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a
casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.
Art. 1688. O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao
legatário por toda a sua vida.
Art. 1689. Se aquele que legando alguma propriedade, lhe ajuntar depois novas
aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no imóvel legado,
salvo expressa declaração em contrário do testador.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo às benfeitorias
necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio legado.
CAPÍTULO VIII
DOS EFEITOS DOS LEGADOS E SEU PAGAMENTO

Art. 1690. O legado puro e simples confere, desde a morte do testador, ao

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legatário o direito, transmissível aos seus sucessores, de pedir aos herdeiros
instituídos a coisa legada.
Parágrafo único. Não pode, porém, o legatário entrar, por autoridade própria, na
posse da coisa legada.
Art. 1691. O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre
a validade do testamento, e, nos legados condicionais, ou a prazo, enquanto
penda a condição, ou o prazo se não vença. (Redação dada ao artigo pelo Dec.
Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1692. Desde o dia da morte do testador, pertence ao legatário a coisa
legada, com os frutos que produzir.
Art. 1693. O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em que se constituir
em mora a pessoa obrigada a prestá-lo.
Art. 1694. Se o legado consistir em renda vitalícia, ou pensão periódica, esta, ou
aquela, correrá da morte do testador.
Art. 1695. Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas,
datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada
prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que antes
do termo dele venha a falecer.
Art. 1696. Sendo períodicas as prestações, só no termo de cada período se
poderão exigir.
Parágrafo único. Se, porém, forem deixadas a título de alimentos, pagar-se-ão no
começo de cada período, sempre que o contrário não disponha o testador.
Art. 1697. Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ou pela
espécie, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando, porém, o meio-termo entre as
congêneres da melhor e pior qualidade (artigo 1.699).
Art. 1698. A mesma regra observar-se-á, quando a escolha for deixada ao
arbítrio de terceiro; e, se este a não quiser, ou não puder exercer, ao juiz
competirá fazê-la, guardado o disposto no artigo anterior, última parte.
Art. 1699. Se a opção foi deixada ao legatário, este poderá escolher, do gênero,
ou espécie, determinado, a melhor coisa, que houver na herança; e, se nesta não
existir coisa de tal espécie, dar-lhe-á de outra congênere o herdeiro, observada a
disposição do artigo 1.697, última parte.
Art. 1700. No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.
Art. 1701. Se o herdeiro, ou legatário, a quem couber a opção, falecer antes de
exercê-la, passará este direito aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Uma vez feita, porém, a opção é irrevogável.
Art. 1702. Instituindo o testador mais de um herdeiro, sem designar os que hão
de executar os legados, por estes responderão, proporcionalmente ao que
herdarem, todos os herdeiros instituídos.

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Art. 1703. Se o testador cometer designadamente a certos herdeiros a execução
dos legados, por estes só aqueles responderão. (Redação dada ao artigo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1704. Se algum legado consistir em coisa pertencente a herdeiro ou
legatário (artigo 1.679), só a ele incumbirá cumprí-lo, com regresso contra os co-
herdeiros, pela quota de cada um, salvo se o contrário expressamente dispôs o
testador.
Art. 1705. As despesas e os riscos da entrega do legado correm por conta do
legatário, se não dispuser diversamente o testador.
Art. 1706. A coisa legada entregar-se-á, com seus acessórios, no lugar e estado
em que se achava ao falecer o testador, passando ao legatário com todos os
encargos, que a onerarem.
Art. 1707. Ao legatário, nos legados com encargo, se aplica o disposto no artigo
1.180.
CAPÍTULO IX
DA CADUCIDADE DOS LEGADOS

Art. 1708. Caducará o legado:

I - Se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já


não ter a forma, nem lhe caber a denominação, que tinha.
II - Se o testador alienar, por qualquer título, no todo, ou em parte, a coisa
legada. Em tal caso, caducará o legado, até onde ela deixou de pertencer ao
testador.
III - Se a coisa perecer, ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do
herdeiro.
IV - Se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do artigo 1.595.
V - Se o legatário falecer antes do testador.
Art. 1709. Se o legado for de duas ou mais coisas alternativamente, e algumas
delas perecerem, subsistirá, quanto às restantes. Perecendo parte de uma, valerá,
quanto ao seu remanescente, o legado.
CAPÍTULO X
DO DIREITO DE ACRESCER ENTRE HERDEIROS E LEGATÁRIOS

Art. 1710. Verifica-se o direito de acrescer entre co-herdeiros, quando estes,


pela mesma disposição de um testamento, são conjuntamente chamados à
herança em quinhões não determinados (artigo 1.712).
Parágrafo único. Aos co-legatários competirá também este direito, quando
nomeados conjuntamente a respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou
quando não se possa dividir o objeto legado, sem risco de se deteriorar.
Art. 1711. Considera-se feita a distribuição das partes, ou quinhões, pelo

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testador, quando este designa a cada um dos nomeados a sua quota, ou o objeto,
que lhe deixa.
Art. 1712. Se um dos herdeiros nomeados morrer antes do testador, renunciar à
herança, ou dela for excluído, e bem assim se a condição, sob a qual foi instituído,
não se verificar, acrescerá o seu quinhão, salvo o direito do substituto à parte dos
co-herdeiros conjuntos (artigo 1.710).
Art. 1713. Quando se não efetua o direito de acrescer, nos termos do artigo
antecedente, transmite-se aos herdeiros legítimos a quota vaga do nomeado.
Art. 1714. Os co-herdeiros, a quem acrescer o quinhão do que deixou de herdar,
ficam sujeitos às obrigações e encargos, que o oneravam.
Parágrafo único. Esta disposição aplica-se igualmente ao co-legatário, a quem
aproveita a caducidade total ou parcial do legado.
Art. 1715. Não existindo o direito de acrescer entre os co-legatários, a quota do
que faltar acresce ao herdeiro, ou legatário, incumbido de satisfazer esse legado,
ou a todos os herdeiros, em proporção dos seus quinhões, se o legado se deduziu
da herança.
Art. 1716. Legado um só usufruto conjuntamente a duas ou mais pessoas, a
parte do que faltar acresce aos co-legatários. Se, porém, não houve conjunção
entre estes, ou se, apesar de conjuntos, só lhes foi legada certa parte do usufruto,
as quotas dos que faltarem consolidar-se-ão na propriedade, à medida que eles
forem faltando. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XI
DA CAPACIDADE PARA ADQUIRIR POR TESTAMENTO

Art. 1717. Podem adquirir por testamento as pessoas existentes ao tempo da


morte do testador, que não forem por este Código declaradas incapazes.
Art. 1718. São absolutamente incapazes de adquirir por testamento os
indivíduos não concebidos até a morte do testador, salvo se a disposição deste se
referir à prole eventual de pessoas por ele designadas e existentes ao abrir-se a
sucessão.
Art. 1719. Não podem também ser nomeados herdeiros, nem legatários:

I - A pessoa que, a rogo, escreveu o testamento (artigos 1.638, nº I, 1.656 e


1.657), nem o seu cônjuge, ou os seus ascendentes, descendentes, e irmãos.
II - As testemunhas do testamento.
III - A concubina do testador casado.
IV - O oficial público, civil ou militar, nem o comandante, ou escrivão, perante
quem se fizer, assim como o que fizer, ou aprovar o testamento.
Art. 1720. São nulas as disposições em favor de incapazes (artigos 1.718 e
1.719), ainda quando simulem a forma de contrato oneroso, ou os beneficiem por
interposta pessoa.

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Reputam-se pessoas interpostas o pai, a mãe, os descendentes e o cônjuge do
incapaz.
CAPÍTULO XII
DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS

Art. 1721. O testador que tiver descendente ou ascendente sucessível, não


poderá dispor de mais da metade de seus bens; a outra pertencerá de pleno
direito ao descendente e, em sua falta, ao ascendente, dos quais constitui a
legítima, segundo o disposto neste Código (artigos 1.603 a 1.619 e 1.723).
Art. 1722. Calcula-se a metade disponível (artigo 1.721) sobre o total dos bens
existentes ao falecer o testador, abatidas as dívidas e as despesas do funeral.
Parágrafo único. Calculam-se as legítimas sobre a soma, que resultar,
adicionando-se à metade dos bens que então possuía o testador, a importância
das doações por ele feitas aos seus descendentes (artigo 1.785).
Art. 1723. Não obstante o direito reconhecido aos descendentes e ascendentes
no artigo 1.721, pode o testador determinar a conversão dos bens da legítima em
outras espécies, prescrever-lhes a incomunicabilidade, confiá-los à livre
administração da mulher herdeira, e estabelecer-lhes condições de
inalienabilidade temporária ou vitalícia. A cláusula de inalienabilidade, entretanto,
não obstará à livre disposição dos bens por testamento e, em falta deste, à sua
transmissão, desembaraçados de qualquer ônus, aos herdeiros legítimos.
(Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1724. O herdeiro necessário, a quem o testador deixa a sua metade
disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima.
Art. 1725. Para excluir da sucessão o cônjuge ou os parentes colaterais, basta
que o testador disponha do seu patrimônio, sem os contemplar. (Redação dada ao
artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XIII
DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Art. 1726. Quando o testador só em parte dispuser da sua metade disponível,


entender-se-á que instituiu os herdeiros legítimos no remanescente.
Art. 1727. As disposições, que excederem a metade disponível, reduzir-se-ão
aos limites dela, em conformidade com o disposto nos parágrafos seguintes.
§ 1º. Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção
disponível, serão proporcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros
instituídos, até onde baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do
seu valor.
§ 2º. Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência,
certos herdeiros e legatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados,
observando-se, a seu respeito, a ordem estabelecida no parágrafo anterior.

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Art. 1728. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito à redução, far-
se-á esta, dividindo-o proporcionalmente.
§ 1º. Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de um
quarto do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado,
ficando com o direito de pedir aos herdeiros o valor que couber na metade
disponível. Se o excesso não for de mais de um quarto, aos herdeiros torna-lo-á
em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio. (Redação dada ao parágrafo pelo
Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
§ 2º. Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário poderá inteirar sua
legítima no mesmo imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte
subsistente do legado lhe absorverem o valor.
CAPÍTULO XIV
DAS SUBSTITUIÇÕES

Art. 1729. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro, ou legatário,


nomeando para o caso de um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança,
ou o legado. Presume-se que a substituição foi determinada para as duas
alternativas, ainda que o testador só a uma se refira.
Art. 1730. Também lhe é lícito substituir muitas pessoas a uma só, ou vice-versa,
e ainda substituir com reciprocidade ou sem ela.
Art. 1731. O substituto fica sujeito ao encargo ou condição impostos ao
substituído, quando não for diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não
resultar outra coisa da natureza da condição, ou do encargo.
Art. 1732. Se, entre muitos co-herdeiros ou legatários de partes desiguais, for
estabelecida substituição recíproca, a proporção dos quinhões, fixada na primeira
disposição, entender-se-á mantida na segunda.
Se, porém, com as outras anteriormente nomeadas, for incluída mais alguma
pessoa na substituição, o quinhão vago pertencerá em partes iguais aos
substitutos.
Art. 1733. Pode também o testador instituir herdeiros ou legatários por meio de
fideicomisso, impondo a um deles, o gravado ou fiduciário, a obrigação de, por sua
morte, a certo tempo, ou sob certa condição, transmitir a outro, que se qualifica de
fideicomissário, a herança ou o legado.
Art. 1734. O fiduciário tem a propriedade da herança ou legado, mas restrita e
resolúvel.
Parágrafo único. É obrigado, porém, a proceder ao inventário dos bens gravados,
e, se lho exigir o fideicomissário, a prestar caução de restituí-los.
Art. 1735. O fideicomissário pode renunciar à herança, ou legado, e, neste caso,
o fideicomisso caduca, ficando os bens propriedade pura do fiduciário, se não
houver disposição contrária do testador.
Art. 1736. Se o fideicomissário aceitar a herança, ou legado, terá direito à parte

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que, ao fiduciário, em qualquer tempo acrescer.
Art. 1737. O fideicomissário responde pelos encargos da herança que ainda
restarem, quando vier à sucessão.
Art. 1738. Caduca o fideicomisso, se o fideicomissário morrer antes do fiduciário,
ou antes de realizar-se a condição resolutória do direito deste último. Neste caso a
propriedade consolida-se no fiduciário nos termos do artigo 1.735.
Art. 1739. São nulos os fideicomissos além do segundo grau.
Art. 1740. A nulidade da substituição ilegal não prejudica a instituição, que valerá
sem o encargo resolutório.
CAPÍTULO XV
DA DESERDAÇÃO

Art. 1741. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou


deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão.
Art. 1742. A deserdação só pode ser ordenada em testamento, com expressa
declaração de causa.
Art. 1743. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação,
incumbe provar a veracidade da causa alegada pelo testador (artigo 1.742).
Parágrafo único. Não se provando a causa invocada para a deserdação, é nula a
instituição, e nulas as disposições, que prejudiquem a legítima do deserdado.
Art. 1744. Além das causas mencionadas no artigo 1.595, autorizam a
deserdação dos descendentes por seus ascendentes:
I - Ofensas físicas.
II - Injúria grave.
III - Desonestidade da filha que vive na casa paterna.
IV - Relações ilícitas com a madrasta, ou o padrasto.
V - Desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1745. Semelhantemente, além das causas enumeradas no artigo 1.595,
autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes:
I - Ofensas físicas.
II - Injúria grave.
III - Relações ilícitas com a mulher do filho ou neto, ou com o marido da filha ou
neta.
IV - Desamparo do filho ou neto em alienação mental ou grave enfermidade.
(Redação dada ao inciso pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XVI
DA REVOGAÇÃO DOS TESTAMENTOS

Art. 1746. O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma por que

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pode ser feito.
Art. 1747. A revogação do testamento pode ser total ou parcial.

Parágrafo único. Se a revogação for parcial, ou se o testamento posterior não


contiver cláusula revogatória expressa, o anterior subsiste em tudo que não for
contrário ao posterior.
Art. 1748. A revogação produzirá seus efeitos, ainda quando o testamento, que a
encerra, caduque por exclusão, incapacidade, ou renúncia do herdeiro nele
nomeado; mas não valerá, se o testamento revogatório for anulado por omissão
ou infração de solenidades essenciais, ou por vícios intrínsecos. (Redação dada
ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1749. O testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto
ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado.
Art. 1750. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que o não tinha, ou
não o conhecia, quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas
disposições, se esse descendente sobreviver ao testador.
Art. 1751. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem
outros herdeiros necessários.
Art. 1752. Não se rompe, porém, o testamento, em que o testador dispuser da
sua metade, não contemplando os herdeiros necessários, de cuja existência
saiba, ou deserdando-os, nessa parte, sem menção de causa legal (artigos 1.741
e 1.742). (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO XVII
DO TESTAMENTEIRO

Art. 1753. O testador pode nomear um ou mais testamenteiros, conjuntos ou


separados, para lhe darem cumprimento às disposições de última vontade.
Art. 1754. O testador pode também conceder ao testamenteiro a posse e
administração da herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros
necessários.
Parágrafo único. Qualquer herdeiro pode, entretanto, requerer partilha imediata,
ou devolução da herança, habilitando o testamenteiro com os meios necessários
para o cumprimento dos legados, ou dando caução de prestá-los.
Art. 1755. Tendo o testamenteiro a posse e administração dos bens, incumbe-
lhe requerer o inventário e cumprir o testamento.
Parágrafo único. Se lhe não competir a posse e a administração, assistir-lhe-á
direito a exigir dos herdeiros os meios de cumprir as disposições testamentárias;
e, se os legatários o demandarem, poderá nomear à execução os bens da
herança.
Art. 1756. O testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interessada, pode
requerer, assim como o juiz pode ordenar, de ofício, ao detentor do testamento

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que o leve a registro.
Art. 1757. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias,
no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu,
subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento.
Art. 1758. Levar-se-ão em conta ao testamenteiro as despesas feitas com o
desempenho de seu cargo e a execução do testamento.
Art. 1759. Sendo glosadas as despesas por ilegais, ou por não conformes ao
testamento, remover-se-á o testamenteiro, perdendo o prêmio deixado pelo
testador (artigo 1.766).
Art. 1760. Compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso do inventariante e
dos herdeiros instituídos, propugnar a validade do testamento.
Art. 1761. Além das atribuições exaradas nos artigos anteriores, terá o
testamenteiro as que lhe conferir o testador, nos limites da lei.
Art. 1762. Não concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o
testamento e prestará contas no lapso de um ano, contado da aceitação da
testamentaria.
Parágrafo único. Pode esse prazo prorrogar-se, porém, ocorrendo motivo cabal.
Art. 1763. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução
testamentária compete ao cabeça-do-casal, e, em falta deste, ao herdeiro
nomeado pelo juiz.
Art. 1764. O encargo da testamentaria não se transmite aos herdeiros do
testamenteiro, nem é delegável. Mas o testamenteiro pode fazer-se representar
em juízo e fora dele, mediante procurador com poderes especiais.
Art. 1765. Havendo simultaneamente mais de um testamenteiro, que tenham
aceitado o cargo, poderá cada qual exercê-lo, em falta dos outros. Mas todos
ficam solidariamente obrigados a dar conta dos bens, que lhes forem confiados,
salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções distintas, e a elas se limitar.
Art. 1766. Quando o testamenteiro não for herdeiro, nem legatário, terá direito a
um prêmio, que, se o testador o não houver taxado, será de um a cinco por cento,
arbitrado pelo juiz, sobre toda a herança líquida, conforme a importância dela, e a
maior ou menor dificuldade na execução do testamento (artigos 1.759 e 1.768).
Parágrafo único. Este prêmio deduzir-se-á somente da metade disponível,
quando houver herdeiro necessário. (Revogado implicitamente pelo artigo 1.138
do CPC)
Art. 1767. O testamenteiro que for legatário poderá preferir o prêmio ao legado.
(Revogado implicitamente pelo artigo 1.138 do CPC)
Art. 1768. Reverterá à herança o prêmio, que o testamenteiro perder, por ser
removido, ou não ter cumprido o testamento (artigos 1.759 e 1.766). (Redação
dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)

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Art. 1769. Se o testador tiver distribuído toda a herança em legados, o
testamenteiro exercerá as funções de cabeça-de-casal.

TÍTULO IV
DO INVENTÁRIO E PARTILHA

CAPÍTULO I
DO INVENTÁRIO

Art. 1770. Proceder-se-á ao inventário e partilha judiciais na forma das leis em


vigor no domicílio do falecido, observado o que se dispõe no artigo 1.603,
começando-se dentro de um mês, a contar da abertura da sucessão, e ultimando-
se nos três meses subseqüentes, prazo este que o juiz poderá dilatar, a
requerimento do inventariante, por motivo justo.
Parágrafo único. Quando se exceder o último prazo deste artigo, e por culpa do
inventariante não se achar finda a partilha, poderá o juiz removê-lo, se algum
herdeiro o requerer, e, se for testamenteiro, o privará do prêmio, a que tenha
direito (artigo 1.766).
Art. 1771. No inventário, serão descritos com individuação e clareza todos os
bens da herança, assim como os alheios nela encontrados.
CAPÍTULO II
DA PARTILHA

Art. 1772. O herdeiro pode requerer a partilha, embora lhe seja defeso pelo
testador.
§ 1º. Podem-na requerer também os cessionários e credores do herdeiro
§ 2º. Não obsta à partilha o estar um ou mais herdeiros na posse de certos bens
do espólio, salvo se da morte do proprietário houver decorrido vinte anos.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.437, de 07.03.1955)
Art. 1773. Se os herdeiros forem maiores e capazes, poderão fazer partilha
amigável, por escritura pública, termo nos autos do inventário, ou escrito
particular, homologado pelo juiz. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)
Art. 1774. Será sempre judicial a partilha, se os herdeiros divergirem, assim
como se algum deles for menor, ou incapaz.
Art. 1775. No partilhar os bens, observar-se-á, quanto ao seu valor, natureza e
qualidade, a maior igualdade possível.
Art. 1776. É válida a partilha feita pelo pai, por ato entre vivos ou de última
vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.
Art. 1777. O imóvel que não couber no quinhão de um só herdeiro, ou não

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admitir divisão cômoda, será vendido em hasta pública, dividindo-se-lhe o preço,
exceto se um ou mais herdeiros requererem lhes seja adjudicado, repondo aos
outros, em dinheiro, o que sobrar. (Redação dada pelo Dec. Leg. nº 3.725, de
15.01.1919)
Art. 1778. Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cabeça-de-casal e o
inventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que, desde a abertura da
sucessão, perceberem, têm direito ao reembolso das despesas necessárias e
úteis, que fizeram, e respondem pelo dano, a que, por dolo, ou culpa, deram
causa.
Art. 1779. Quando parte da herança consistir em bens remotos do lugar do
inventário, litigiosos, ou de liquidação morosa, ou difícil, poderá proceder-se, no
prazo legal, à partilha dos outros, reservando-se aqueles para uma ou mais
sobrepartilhas, sob a guarda e a administração do mesmo, ou diverso
inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros.
Também ficam sujeitos a sobrepartilha os sonegados e quaisquer outros bens da
herança que se descobrirem depois da partilha.
CAPÍTULO III
DOS SONEGADOS

Art. 1780. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no


inventário, quando estejam em seu poder, ou, com ciência sua, no de outrem, ou
que os omitir na colação, a que os deva levar, ou o que deixar de restituí-los,
perderá o direito, que sobre eles lhes cabia. (Redação dada ao artigo pelo Dec.
Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1781. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o
próprio inventariante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele
a existência dos bens, quando indicados.
Art. 1782. A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação ordinária,
movida pelos herdeiros, ou pelos credores da herança.
Parágrafo único. A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por
qualquer dos herdeiros, ou credores, aproveita aos demais interessados.
Art. 1783. Se não se restituírem os bens sonegados, por já os não ter o
sonegador em seu poder, pagará ele a importância dos valores, que ocultou, mais
as perdas e danos.
Art. 1784. Só se pode argüir de sonegação o inventariante depois de encerrada
a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar e partir, e o herdeiro, depois de declarar no inventário que os não
possui.
CAPÍTULO IV
DAS COLAÇÕES

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Art. 1785. A colação tem por fim igualar as legítimas dos herdeiros. Os bens
conferidos não aumentam a metade disponível (artigos 1.721 e 1.722).
Art. 1786. Os descendentes, que concorrerem à sucessão do ascendente
comum, são obrigados a conferir as doações e os dotes, que dele em vida
receberam.
Art. 1787. No caso do artigo antecedente, se ao tempo do falecimento do
doador, os donatários já não possuírem os bens doados, trarão à colação o seu
valor. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725, de 15.01.1919)
Art. 1788. São dispensados da colação os dotes ou as doações que o doador
determinar que saiam de sua metade, contanto que não a excedam, computado o
seu valor ao tempo da doação.
Art. 1789. A dispensa de colação pode ser outorgada pelo doador, ou dotador,
em testamento, ou no próprio título da liberalidade.
Art. 1790. O que renunciou à herança, ou foi dela excluído, deve, não obstante,
conferir as doações recebidas, para o fim de repor a parte inoficiosa.
Parágrafo único. Considera-se inoficiosa a parte da doação, ou do dote, que
exceder a legítima e mais a metade disponível.
Art. 1791. Quando os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós,
serão obrigados a trazer à colação, ainda que o não hajam herdado, o que os pais
teriam de conferir.
Art. 1792. Os bens doados, ou dotados, imóveis, ou móveis, serão conferidos
pelo valor certo, ou pela estimação que deles houver sido feita na data da doação.
§ 1º. Se do ato de doação, ou do dote, não constar valor certo, nem houver
estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo que
então se calcular valessem ao tempo daqueles atos.
§ 2º. Só o valor dos bens doados ou dotados entrará em colação; não assim o
das benfeitorias acrescidas, as quais pertencerão ao herdeiro donatário, correndo
também por conta deste os danos e perdas, que eles sofrerem.
Art. 1793. Não virão também à colação os gastos ordinários do ascendente com
o descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário,
tratamento nas enfermidades, enxoval e despesas de casamento e livramento em
processo crime, de que tenha sido absolvido.
Art. 1794. As doações remuneratórias de serviços feitos os ascendentes também
não estão sujeitas à colação.
Art. 1795. Sendo feita a doação por ambos os cônjuges, no inventário de cada
um se conferirá por metade. (Redação dada ao artigo pelo Decreto Legislativo nº
3.725, de 15.01.1919)
CAPÍTULO V
DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS

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Art. 1796. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas,
feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que
na herança lhe coube.
§ 1º. Quando, antes da partilha, for requerido no inventário o pagamento de
dívidas constantes de documentos, revestidos de formalidades legais, constituindo
prova bastante da obrigação, e houver impugnação, que se não funde na
alegação de pagamento, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar
em poder do inventariante, bens suficientes para solução do débito, sobre os quais
venha a recair oportunamente a execução.
§ 2º. No caso figurado no parágrafo antecedente, o credor será obrigado a iniciar
a ação de cobrança dentro no prazo de 30 dias, sob pena de se tornar de nenhum
efeito a providência indicada.
Art. 1797. As despesas funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sairão do
monte da herança. Mas as de sufrágios por alma do finado só obrigarão a
herança, quando ordenadas em testamento ou codicilo (artigo 1.651).
Art. 1798. Sempre que houver ação regressiva de uns contra outros herdeiros, a
parte do co-herdeiro insolvente dividir-se-á em proporção entre os demais.
Art. 1799. Os legatários e credores da herança podem exigir que do patrimônio
do falecido se discrimine o do herdeiro, e, em concurso com os credores deste,
ser-lhes-ão preferidos no pagamento.
Art. 1800. Se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada
igualmente entre todos, salvo se a maioria consentir que o débito seja imputado
inteiramente no quinhão do devedor.
CAPÍTULO VI
DA GARANTIA DOS QUINHÕES HEREDITÁRIOS

Art. 1801. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito
aos bens do seu quinhão.
Art. 1802. Os co-herdeiros são reciprocamente obrigados a indenizar-se, no
caso de evicção, dos bens aquinhoados.
Art. 1803. Cessa essa obrigação mútua, havendo convenção em contrário, e
bem assim dando-se a evicção por culpa do evicto, ou por fato posterior à partilha.
Art. 1804. O evicto será indenizado pelos co-herdeiros na proporção de suas
quotas hereditárias; mas, se algum deles se achar insolvente, responderão os
demais, na mesma proporção, pela parte desse, menos a quota que
corresponderia ao indenizado. (Redação dada ao artigo pelo Dec. Leg. nº 3.725,
de 15.01.1919)
CAPÍTULO VII
DA NULIDADE DA PARTILHA

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Art. 1805. A partilha, uma vez feita e julgada, só é anulável pelos vícios e
defeitos que invalidam, em geral, os atos jurídicos (artigo 178, § 6º, nº V).
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 1806. O Código Civil entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1917.


Art. 1807. Ficam revogadas as Ordenações, Alvarás, Leis, Decretos,
Resoluções, Usos e Costumes concernentes às matérias de direito civil reguladas
neste Código.
Rio de janeiro, 1º de janeiro de 1916, 95º da Independência e 28º da República.
Wenceslau Braz P. Gomes
Carlos Maximiliano Pereira dos Santos

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Código de Processo Civil
LEI Nº 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973

Institui o Código de Processo Civil


O Presidente da República:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
LIVRO I
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO

TÍTULO I
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO

CAPÍTULO I
DA JURISDIÇÃO

Art. 1º. A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em


todo o território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.
Art. 2º. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e forma legais.
CAPÍTULO II
DA AÇÃO

Art. 3º. Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade.
Art. 4º. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;


II - da autenticidade ou falsidade de documento.
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito.
Art. 5º. Se, no curso do processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja
existência ou inexistência depender o julgamento da lide, qualquer das partes
poderá requerer que o juiz a declare por sentença. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 6º. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando
autorizado por lei.

TÍTULO II
DAS PARTES E DOS PROCURADORES

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CAPÍTULO I
DA CAPACIDADE PROCESSUAL

Art. 7º. Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade
para estar em juízo.
Art. 8º. Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores
ou curadores, na forma da lei civil.
Art. 9º. O juiz dará curador especial:

I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste


colidirem com os daquele;
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes
ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial.
Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor
ações que versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada ao caput pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1º. Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações:
(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada ao inciso pela Lei
nº 8.952, de 13.12.1994)
II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos
praticados por eles;
III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja
execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens
reservados;
IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de
ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges.
§ 2º. Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu
somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticado.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se
judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja
impossível dá-la.
Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga,
quando necessária, invalida o processo.
Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;


II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;
III - a massa falida, pelo síndico;
IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
V - o espólio, pelo inventariante;
VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não

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os designando, por seus diretores;
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a
administração dos seus bens;
VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador
de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (artigo 88, parágrafo
único);
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.
§ 1º. Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do
falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.
§ 2º. As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não
poderão opor a irregularidade de sua constituição.
§ 3º. O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica
estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de
execução, cautelar e especial.
Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da
representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo
razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do
prazo, se a providência couber:
I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo;
II - ao réu, reputar-se-á revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.
CAPÍTULO II
DOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES

SEÇÃO I
DOS DEVERES
Art. 14. Compete às partes e aos seus procuradores:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - proceder com lealdade e boa-fé;
III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas
de fundamento;
IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à
declaração ou defesa do direito.
Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar expressões injuriosas
nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a
requerimento do ofendido, mandar riscá-las.
Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa
oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de lhe ser cassada a
palavra.
SEÇÃO II
DA RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL
Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor,
réu ou interveniente.

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Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato
incontroverso; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
II - alterar a verdade dos fatos; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.771, de
27.03.1980)
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; (Redação dada
ao inciso pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
VI - provocar incidentes manifestamente infundados; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 6.771, de 27.03.1980)
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. (Inciso
acrescentado pela Lei nº 9.668, de 23.06.1998)
Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de
má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a
indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários
advocatícios e todas as despesas que efetuou. (NR) (Redação dada ao caput pela
Lei nº 9.668, de 23.06.1998)
§ 1º. Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada
um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles
que se coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2º. O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não
superior a vinte por cento sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
SEÇÃO III
DAS DESPESAS E DAS MULTAS
Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes
prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-
lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até
a plena satisfação do direito declarado pela sentença.
§ 1º. O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato
processual.
§ 2º. Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o
juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que
antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida,
também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. (Redação
dada ao caput pela Lei nº 6.355, de 08.09.1976)
§ 1º. O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o
vencido. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 2º. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como

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também a indenização de viagem, diária de testemunhas e remuneração do
assistente técnico. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 3º. Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10% (dez por cento) e o
máximo de 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendidos:
a) o grau de zelo do profissional;
b) o lugar de prestação do serviço;
c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o
tempo exigido para o seu serviço. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
§ 4º. Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que
não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções
embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa
do juiz, atendidas as normas das alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo anterior.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5º. Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da
condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a
produzir a renda correspondente às prestações vincendas (artigo 602), podendo
estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2º do referido artigo 602,
inclusive em consignação na folha de pagamento do devedor. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.745, de 05.12.1979)
Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e
proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as
despesas.
Parágrafo único. Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro
responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários.
Art. 22. O réu que, por não argüir na sua resposta fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito do autor, dilatar o julgamento da lide, será condenado nas
custas a partir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na
causa, o direito a haver do vencido honorários advocatícios. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 23. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem
pelas despesas e honorários em proporção.
Art. 24. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão
adiantadas pelo requerente, mas rateadas entre os interessados.
Art. 25. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as
despesas proporcionalmente aos seus quinhões.
Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as
despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu.
§ 1º. Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas
despesas e honorários será proporcional à parte de que se desistiu ou que se
reconheceu.
§ 2º. Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas,
estas serão divididas igualmente.

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Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do
Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.
Art. 28. Quando, a requerimento do réu, o juiz declarar extinto o processo sem
julgar o mérito (artigo 267, § 2º), o autor não poderá intentar de novo a ação, sem
pagar ou depositar em cartório as despesas e os honorários, em que foi
condenado.
Art. 29. As despesas dos atos, que forem adiados ou tiverem de repetir-se,
ficarão a cargo da parte, do serventuário, do órgão do Ministério Público ou do juiz
que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.
Art. 30. Quem receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las,
incorrendo em multa equivalente ao dobro de seu valor.
Art. 31. As despesas dos atos manifestamente protelatórios, impertinentes ou
supérfluos serão pagas pela parte que os tiver promovido ou praticado, quando
impugnados pela outra.
Art. 32. Se o assistido ficar vencido, o assistente será condenado nas custas em
proporção à atividade que houver exercido no processo.
Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que houver
indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo
autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo
pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a
essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo
e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo,
facultada a sua liberação parcial, quando necessária. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 34. Aplicam-se à reconvenção, à oposição, à ação declaratória incidental e
aos procedimentos de jurisdição voluntária, no que couber, as disposições
constantes desta seção. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
Art. 35. As sanções impostas às partes em conseqüência de má-fé serão
contadas como custas e reverterão em benefício da parte contrária; as impostas
aos serventuários pertencerão ao Estado.
CAPÍTULO III
DOS PROCURADORES

Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado.
Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação
legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou
impedimento dos que houver.
§ 1º. (Revogado pela Lei nº 9.649, de 27.05.1998)

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§ 2º. (Revogado pela Lei nº 9.649, de 27.05.1998)
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar
em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar
decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos
reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente
de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias,
prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por
inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos
Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou
particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do
processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência
do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação,
receber, dar quitação e firmar compromisso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)
Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá
intimação;
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no nº I deste artigo, o
juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se
infringir o previsto no nº II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta
registrada, para o endereço constante dos autos.
Art. 40. O advogado tem direito de:

I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer


processo, salvo o disposto no artigo 155;
II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo
de 5 (cinco) dias;
III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que lhe
competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.
§ 1º. Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente.
§ 2º. Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste
por petição nos autos poderão os seus procuradores retirar os autos.
CAPÍTULO IV
DA SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES

Art. 41. Só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das


partes nos casos expressos em lei.
Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato
entre vivos, não altera a legitimidade das partes.
§ 1º. O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o

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alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2º. O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo,
assistindo o alienante ou o cedente.
§ 3º. A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao
adquirente ou ao cessionário.
Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo
seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no artigo 265.
Art. 44. A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo
ato constituirá outro que assuma o patrocínio da causa.
Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando
que cientificou o mandante, a fim de que este nomeie substituto. Durante os dez
dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que
necessário para lhe evitar prejuízo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
CAPÍTULO V
DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA

SEÇÃO I
DO LITISCONSÓRCIO
Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto,
ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de
direito;
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir;
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao
número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou
dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que
recomeça da intimação da decisão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para
todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de
todos os litisconsortes no processo.
Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os
litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar
extinto o processo.
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em
suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as
omissões de um não prejudicarão nem beneficiarão os outros.
Art. 49. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e

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todos devem ser intimados dos respectivos atos.
SEÇÃO II
DA ASSISTÊNCIA
Art. 50. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver
interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir
no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento
e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado
em que se encontra.
Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do
assistente será deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao
assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz:
I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e
da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso;
II - autorizará a produção de provas;
III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os
mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel o assistido, o assistente será considerado seu
gestor de negócios.
Art. 53. A assistência não obsta a que a parte principal reconheça a procedência
do pedido, desista da ação ou transija sobre direitos controvertidos; casos em que,
terminando o processo, cessa a intervenção do assistente.
Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a
sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de
intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no artigo 51.
Art. 55. Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão,
salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do
assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por
dolo ou culpa, não se valeu.
CAPÍTULO VI
DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

SEÇÃO I
DA OPOSIÇÃO
Art. 56. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que

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controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição
contra ambos.
Art. 57. O opoente deduzirá o seu pedido, observando os requisitos exigidos
para a propositura da ação (artigos 282 e 283). Distribuída a oposição por
dependência, serão os opostos citados, na pessoa dos seus respectivos
advogados, para contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Se o processo principal correr à revelia do réu, este será citado
na forma estabelecida no Título V, Capítulo IV, Seção III, deste Livro.
Art. 58. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido, contra o outro
prosseguirá o opoente.
Art. 59. A oposição, oferecida antes da audiência, será apensada aos autos
principais e correrá simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela
mesma sentença.
Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o
procedimento ordinário, sendo julgada sem prejuízo da causa principal. Poderá o
juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a 90
(noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.
Art. 61. Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação e a oposição, desta
conhecerá em primeiro lugar.
SEÇÃO II
DA NOMEAÇÃO À AUTORIA
Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em
nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art. 63. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de
indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa,
toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem,
ou em cumprimento de instruções de terceiro.
Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a
defesa; o juiz, ao deferir o pedido, suspenderá o processo e mandará ouvir o autor
no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 65. Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação;
recusando-o, ficará sem efeito a nomeação.
Art. 66. Se o nomeado reconhecer a qualidade que lhe é atribuída, contra ele
correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.
Art. 67. Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade
que lhe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.
Art. 68. Presume-se aceita a nomeação se:

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I - o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, lhe competia
manifestar-se;
II - o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
Art. 69. Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação:
I - deixando de nomear à autoria, quando lhe competir;
II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.
SEÇÃO III
DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Art. 70. A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi
transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção lhe
resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou
direito, em caso como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu,
citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
Art. 71. A citação do denunciado será requerida, juntamente com a do réu, se o
denunciante for o autor; e, no prazo para contestar, se o denunciante for o réu.
Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.

§ 1º. A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do


responsável pela indenização far-se-á:
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias;
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta)
dias.
§ 2º. Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá
unicamente em relação ao denunciante.
Art. 73. Para os fins do disposto no artigo 70, o denunciado, por sua vez,
intimará do litígio o alienante, o proprietário, o possuidor indireto ou o responsável
pela indenização e, assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos prazos, o
disposto no artigo antecedente.
Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado, comparecendo, assumirá
a posição de litisconsorte do denunciante e poderá aditar a petição inicial,
procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:

I - se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o processo prosseguirá entre


o autor, de um lado, e de outro, como litisconsortes, o denunciante e o
denunciado;
II - se o denunciado for revel, ou comparecer apenas para negar a qualidade que
lhe foi atribuída, cumprirá ao denunciante prosseguir na defesa até final;
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor, poderá o

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denunciante prosseguir na defesa.
Art. 76. A sentença, que julgar procedente a ação, declarará, conforme o caso, o
direito do evicto, ou a responsabilidade por perdas e danos, valendo como título
executivo.
SEÇÃO IV
DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
Art. 77. É admissível o chamamento ao processo:

I - do devedor, na ação em que o fiador for réu;


II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns
deles, parcial ou totalmente, a dívida comum. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
5.925, de 01.10.1973)
Art. 78. Para que o juiz declare, na mesma sentença, as responsabilidades dos
obrigados, a que se refere o artigo antecedente, o réu requererá, no prazo para
contestar, a citação do chamado.
Art. 79. O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e
aos prazos, o disposto nos artigos 72 e 74.
Art. 80. A sentença, que julgar procedente a ação, condenando os devedores,
valerá como título executivo, em favor do que satisfizer a dívida, para exigi-la, por
inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos co-devedores a sua quota, na
proporção que lhes tocar.

TÍTULO III
DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em
lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes.
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela,
interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas
demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou
qualidade da parte. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.415, de 23.12.1996)
Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público:
I - terá vista nos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do
processo;
II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e
requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade.
Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a
parte promover-lhe-á intimação sob pena de nulidade do processo.

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Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no
exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude.

TÍTULO IV
DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA
JUSTIÇA

CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA

Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente


decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de sua competência,
ressalvadas às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta.
São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL

Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:

I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;


II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no nº I, reputa-se domiciliada no Brasil a
pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer
outra:
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor
da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência,
nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das
que lhe são conexas.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA INTERNA

SEÇÃO I
DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR E DA MATÉRIA
Art. 91. Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de

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organização judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código.
Art. 92. Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direito processar e julgar:

I - o processo de insolvência;
II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pessoa.
SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA FUNCIONAL
Art. 93. Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição da
República e de organização judiciária. A competência funcional dos juízes de
primeiro grau é disciplinada neste Código.
SEÇÃO III
DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real
sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
§ 1º. Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer
deles.
§ 2º. Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado
onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor.
§ 3º. Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será
proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a
ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º. Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados
no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro
da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de
eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão,
posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para
o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha
ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. É, porém, competente o foro:
I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;
II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio
certo e possuía bens em lugares diferentes.
Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último
domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha
e o cumprimento de disposições testamentárias.
Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de
seu representante.
Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente:

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I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente;
II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente.
Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos
remetidos ao juiz competente da Capital do Estado ou Território, tanto que neles
intervenha uma das entidades mencionadas neste artigo.
Excetuam-se:
I - o processo de insolvência;
II - os casos previstos em lei.
Art. 100. É competente o foro:
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a
conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento. (Redação dada ao
inciso pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem
alimentos;
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou
destruídos;
IV - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica;
b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que ela contraiu;
c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade,
que carece de personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o
cumprimento;
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios.
Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou
acidente de veículo, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do
fato.
Art. 101. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)

SEÇÃO IV
DAS MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA
Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se
pela conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes.
Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o
objeto ou a causa de pedir.
Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há
identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais
amplo, abrange o das outras.
Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a
fim de que sejam decididas simultaneamente.

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Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a
mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em
primeiro lugar.
Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca,
determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a
totalidade do imóvel.
Art. 108. A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação
principal.
Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a
ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao
terceiro interveniente.
Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação
da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do
processo até que se pronuncie a justiça criminal.
Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias,
contados da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste,
decidindo o juiz cível a questão prejudicial.
Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por
convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do
valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de
direitos e obrigações.
§ 1º. O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e
aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2º. O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
SEÇÃO V
DA DECLARAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.
Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser
alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de exceção.
§ 1º. Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira
oportunidade em que lhe couber falar nos autos, a parte responderá integralmente
pelas custas.
§ 2º. Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão
nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente.
Art. 114. Prorroga-se a competência, se o réu não opuser exceção declinatória
do foro e do juízo, no caso e prazo legais.
Art. 115. Há conflito de competência:

I - quando dois ou mais juízes se declararem competentes;


II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes;

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III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou
separação de processos.
Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério
Público ou pelo juiz.
Parágrafo único. O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de
competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar.
Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção
de incompetência.
Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que
o não suscitou, ofereça exceção declinatória do foro.
Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tribunal:
I - pelo juiz, por ofício;
II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição.
Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos
necessários à prova do conflito.
Art. 119. Após a distribuição, o relator mandará ouvir ou juízes em conflito, ou
apenas o suscitado, se um deles for suscitante; dentro do prazo assinado pelo
relator, caberá ao juiz ou juízes prestar as informações.
Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes,
determinar, quando o conflito for positivo, seja sobrestado o processo, mas, neste
caso, bem como no conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em
caráter provisório, as medidas urgentes.
Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão
suscitada, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo
agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o
órgão recursal competente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Art. 121. Decorrido o prazo, com informações ou sem elas, será ouvido, em 5
(cinco) dias, o Ministério Público; em seguida o relator apresentará o conflito em
sessão de julgamento.
Art. 122. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente,
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juiz incompetente.
Parágrafo único. Os autos do processo, em que se manifestou o conflito, serão
remetidos ao juiz declarado competente.
Art. 123. No conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da
Magistratura, juízes de segundo grau e desembargadores, observar-se-á o que
dispuser a respeito o regimento interno do tribunal.
Art. 124. Os regimentos internos dos tribunais regularão o processo e julgamento
do conflito de atribuições entre autoridade judiciária e autoridade administrativa.
CAPÍTULO IV
DO JUIZ

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SEÇÃO I
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça.
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou
obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais;
não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de
direito. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 127. O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei.
Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso
conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da
parte.
Art. 129. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que o autor e réu
se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por
lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes.
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as
provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou
meramente protelatórias.
Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e
circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas
deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 132. O Juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo
se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou
aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o Juiz que proferir a sentença, se
entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 8.637, de 31.03.1993)
Art. 133. Responderá por perdas e danos o juiz, quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providências que deva ordenar
de ofício, ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no nº II só
depois que a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a
providência e este não lhe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias.

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SEÇÃO II
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou
voluntário:
I - de que for parte;
II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou
como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento como testemunha;
III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença
ou decisão;
IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou
qualquer parente seu, consangüineo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral
até o segundo grau;
V - quando cônjuge, parente, consangüineo ou afim, de alguma das partes, em
linha reta ou, na colateral, até o terceiro grau;
VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte
na causa.
Parágrafo único. No caso do nº IV, o impedimento só se verifica quando o
advogado já estava exercendo o patrocínio da causa; é, porém, vedado ao
advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;


II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de
parentes deste, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma
das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atneder às
despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Art. 136. Quando dois ou mais juízes forem parentes, consangüineos ou afins,
em linha reta e no segundo grau na linha colateral, o primeiro, que conhecer da
causa no tribunal, impede que o outro participe do julgamento; caso em que o
segundo se escusará, remetendo o processo ao seu substituto legal.
Art. 137. Aplicam-se os motivos de impedimento e suspeição aos juízes de todos
os tribunais. O juiz que violar o dever de abstenção, ou não se declarar suspeito,
poderá ser recusado por qualquer das partes (artigo 304).
Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição:

I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos
casos previstos nos ns. I a IV do artigo 135;
II - ao serventuário de justiça;
III - ao perito; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
IV - ao intérprete.
§ 1º. A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em

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petição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que
lhe couber falar nos autos; o juiz mandará processar o incidente em separado e
sem suspensão da causa, ouvindo o argüido no prazo de 5 (cinco) dias, facultando
a prova quando necessária e julgando o pedido.
§ 2º. Nos tribunais caberá ao relator processar e julgar o incidente.
CAPÍTULO V
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de
justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete.
SEÇÃO I
DO SERVENTUÁRIO E DO OFICIAL DE JUSTIÇA
Art. 140. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições
são determinadas pelas normas de organização judiciária.
Art. 141. Incumbe ao escrivão:
I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos
que pertencem ao seu ofício;
II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como
praticando todos os demais atos, que lhe forem atribuídos pelas normas de
organização judiciária;
III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-
lo escrevente juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo;
IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam
de cartório, exceto:
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo;
V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do
processo, observado o disposto no artigo 155.
Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substituto, e, não
o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.
Art. 143. Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências
próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar,
dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de duas
testemunhas;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar, em cartório, o mandado, logo depois de cumprido;
IV - estar presente às audiências e coadjuvar o juiz na manutenção da ordem.
Art. 144. O escrivão e o oficial de justiça são civilmente responsáveis:

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I - quando, sem justo motivo, se recusarem a cumprir, dentro do prazo, os atos
que lhes impõe a lei, ou os que o juiz, a que estão subordinados, lhes comete;
II - quando praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
SEÇÃO II
DO PERITO
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou
científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no artigo 421.
§ 1º. Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,
devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no
Capítulo VI, seção VII, deste Código. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270,
de 10.12.1984)
§ 2º. Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão
opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
§ 3º. Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham
os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre
escolha do Juiz. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.270, de 10.12.1984)
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei,
empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando
motivo legítimo.
Parágrafo único. A escusa será apresentada, dentro de cinco dias, contados da
intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o
direito a alegá-la (artigo 423). (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.455, de
24.08.1992)
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas,
responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos,
a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.
SEÇÃO III
DO DEPOSITUÁRIO E DO ADMINISTRADOR
Art. 148. A guarda e conservação de bens penhorados, arrestados,
seqüestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador,
não dispondo a lei de outro modo.
Art. 149. O depositário ou administrador perceberá, por seu trabalho,
remuneração que o juiz fixará, atendendo à situação dos bens, ao tempo do
serviço e às dificuldades de sua execução.
Parágrafo único. O juiz poderá nomear, por indicação do depositário ou do
administrador, um ou mais prepostos.
Art. 150. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por
dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada; mas
tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo.
SEÇÃO IV

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DO INTÉRPRETE
Art. 151. O juiz nomeará intérprete toda vez que o repute necessário para:

I - analisar documento de entendimento duvidoso, redigido em língua


estrangeira;
II - verter em português as declarações das partes e das testemunhas que não
conhecerem o idioma nacional;
III - traduzir a linguagem mímica dos surdos-mudos, que não puderem transmitir
a sua vontade por escrito.
Art. 152. Não pode ser intérprete quem:
I - não tiver a livre administração dos seus bens;
II - for arrolado como testemunha ou serve como perito no processo;
III - estiver inabilitado ao exercício da profissão por sentença penal condenatória,
enquanto durar o seu efeito.
Art. 153. O intérprete, oficial ou não, é obrigado a prestar o seu ofício, aplicando-
se-lhe o disposto nos artigos 146 e 147.

TÍTULO V
DOS ATOS PROCESSUAIS

CAPÍTULO I
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS

SEÇÃO I
DOS ATOS EM GERAL
Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada
senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que,
realizados de outro modo, lhe preencheram a finalidade essencial.
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de
justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão
desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos
é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que de-monstrar interesse
jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de
inventário e partilha resultante do desquite.
Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do
vernáculo.
Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua
estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor

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juramentado.
SEÇÃO II
DOS ATOS DA PARTE
Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou
bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a
extinção de direitos processuais.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de
homologada por sentença.
Art. 159. Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as petições
e documentos que instruírem o processo, não constantes de registro público,
serão sempre acompanhados de cópia, datada e assinada por quem os oferecer.
§ 1º. Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe da secretaria irá formando
autos suplementares, dos quais constará a reprodução de todos os atos e termos
do processo original.
§ 2º. Os autos suplementares só sairão de cartório para conclusão ao juiz, na
falta dos autos originais.
Art. 160. Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e
documentos que entregarem em cartório.
Art. 161. É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz
mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade
do salário mínimo vigente na sede do juízo.
SEÇÃO III
DOS ATOS DO JUIZ
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e
despachos.
§ 1º. Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não
o mérito da causa.
§ 2º. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve
questão incidente.
§ 3º. São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de
ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.
§ 4º. Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória,
independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e
revistos pelo juiz quando necessários. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.952 de 13.12.1994)
Art. 163. Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos
tribunais.
Art. 164. Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão redigidos,
datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o
taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e
assinatura.

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Art. 165. As sentenças e acórdão serão proferidos com observância do disposto
no artigo 458; as demais decisões serão fundamentadas, ainda que de modo
conciso.
SEÇÃO IV
DOS ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA
Art. 166. Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a autuará,
mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das
partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto aos volumes
que se forem formando.
Art. 167. O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo
da mesma forma quanto aos suplementares.
Parágrafo único. As partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público,
aos peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos
atos em que intervieram.
Art. 168. Os termos da juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão
de notas datadas e rubricadas pelo escrivão.
Art. 169. Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com
tinta escura e indelével, assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando
estas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão certificará, nos autos, a
ocorrência.
Parágrafo único. É vedado usar abreviaturas.
Art. 170. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia, ou de outro método idôneo,
em qualquer juízo ou tribunal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 171. Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como
entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas
expressamente ressalvadas.
CAPÍTULO II
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

SEÇÃO I
DO TEMPO
Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das seis às vinte
horas.
§ 1º. Serão, todavia, concluídos, depois das vinte horas, os atos iniciados antes,
quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.
§ 2º. A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante
autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias
úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observando o disposto no artigo 5,
inciso XI, da Constituição Federal.

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§ 3º. Quando o ato tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio de
petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, dentro do horário de
expediente, nos termos da lei de organização judiciária local. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais.
Excetuam-se:
I - a produção antecipada de provas (artigo 846);
II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito, e bem assim o arresto, o
seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a
separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a
nunciação de obra nova e outros atos análogos.
Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só começará a correr no
primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias.
Art. 174. Processam-se durante as férias e não se suspendem pela
superveniência delas:
I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de
direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;
II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e
curadores, bem como as mencionadas no artigo 275;
III - todas as causas que a lei federal determinar.
Art. 175. São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por
lei.
SEÇÃO II
DO LUGAR
Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordinário na sede do juízo. Podem,
todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de interesse da
justiça, ou de obstáculo argüido pelo interessado e acolhido pelo juiz.
CAPÍTULO III
DOS PRAZOS

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 177. Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos prescritos em lei.
Quando esta for omissa, o juiz determinará os prazos, tendo em conta a
complexidade da causa.
Art. 178. O prazo, estabelecido pela lei ou pelo juiz, é contínuo, não se
interrompendo nos feriados.
Art. 179. A superveniência de férias suspenderá o curso do prazo; o que lhe
sobejar recomeçará a correr do primeiro dia útil seguinte ao termo das férias.
Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado pela parte

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ou ocorrendo qualquer das hipóteses do artigo 265, I e III; casos em que o prazo
será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação
Art. 181. Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo
dilatório; a convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento
do prazo, se fundar em motivo legítimo.
§ 1º. O juiz fixará o dia do vencimento do prazo da prorrogação.
§ 2º. As custas acrescidas ficarão a cargo da parte em favor de quem foi
concedida a prorrogação.
Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou
prorrogar os prazos peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for difícil o
transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 (sessenta) dias.
Parágrafo único. Em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite
previsto neste artigo para a prorrogação de prazos.
Art. 183. Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de declaração
judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não
realizou por justa causa.
§ 1º. Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que
a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
§ 2º. Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo
que lhe assinar.
Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o
dia do começo e incluindo o do vencimento.
§ 1º. Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair
em feriado ou em dia em que:
I - for determinado o fechamento do fórum;
II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
§ 2º. Os prazos somente começam a correr a partir do primeiro dia útil após a
intimação (artigo 240 e parágrafo único). (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.079, de 13.09.1990)
Art. 185. Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco)
dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.
Art. 186. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu
favor.
Art. 187. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz
exceder, por igual tempo, os prazos que este Código lhe assina.
Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para
recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.
Art. 189. O juiz proferirá:
I - os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias;
II - as decisões, no prazo de 10 (dez) dias.

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Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24
(vinte e quatro) horas e executar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, contados:
I - da data em que houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto
pela lei;
II - da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em
que ficou ciente da ordem, referida no nº II.
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão
contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para
falar nos autos.
Art. 192. Quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente obrigarão
a comparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas.
SEÇÃO II
DA VERIFICAÇÃO DOS PRAZOS E DAS PENALIDADES
Art. 193. Compete ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo
legítimo, os prazos que este Código estabelece.
Art. 194. Apurada a falta, o juiz mandará instaurar procedimento administrativo,
na forma da Lei de Organização Judiciária.
Art. 195. O advogado deve restituir os autos no prazo legal. Não o fazendo,
mandará o juiz, de ofício, riscar o que neles houver escrito e desentranhar
alegações e documentos que apresentar.
Art. 196. É lícito a qualquer interessado cobrar os autos ao advogado que
exceder o prazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte e quatro)
horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa,
correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo.
Parágrafo único. Apurada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da
Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e imposição da
multa.
Art. 197. Aplicam-se ao órgão do Ministério Público e ao representante da
Fazenda Pública as disposições constantes dos artigos 195 e 196.
Art. 198. Qualquer das partes ou o órgão do Ministério Público poderá
representar ao presidente do Tribunal de Justiça contra o juiz que excedeu os
prazos previstos em lei. Distribuída a representação ao órgão competente,
instaurar-se-á procedimento para apuração da responsabilidade. O relator,
conforme as circunstâncias, poderá avocar os autos em que ocorreu excesso de
prazo, designando outro juiz para decidir a causa.
Art. 199. A disposição do artigo anterior aplicar-se-á aos tribunais superiores na
forma que dispuser o seu regimento interno.

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CAPÍTULO IV
DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 200. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados
por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da
comarca.
Art. 201. Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de
que ela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária
estrangeira; e carta precatória nos demais casos.
SEÇÃO II
DAS CARTAS
Art. 202. São requisitos essenciais da carta de ordem, da carta precatória e da
carta rogatória:
I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato;
II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato
conferido ao advogado;
III - a menção do ato processual, que lhe constitui o objeto;
IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
§ 1º. O juiz mandará trasladar, na carta, quaisquer outras peças, bem como
instruí-la com mapa, desenho ou gráfico, sempre que estes documentos devam
ser examinados, na diligência, pelas partes, peritos ou testemunhas.
§ 2º. Quando o objeto da carta for exame pericial sobre documento, este será
remetido em original, ficando nos autos reprodução fotográfica.
Art. 203. Em todas as cartas declarará o juiz o prazo dentro do qual deverão ser
cumpridas, atendendo à facilidade das comunicações e à natureza da diligência.
Art. 204. A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de lhe ser ordenado o
cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de
se praticar o ato.
Art. 205. Havendo urgência, transmitir-se-ão a carta de ordem e a carta
precatória por telegrama, radiograma ou telefone.
Art. 206. A carta de ordem e a carta precatória, por telegrama ou radiograma,
conterão, em resumo substancial, os requisitos mencionados no artigo 202, bem
como a declaração, pela agência expedidora, de estar reconhecida a assinatura
do juiz.
Art. 207. O secretário do tribunal ou o escrivão do juízo deprecante transmitirá,
pelo telefone, a carta de ordem, ou a carta precatória ao juízo, em que houver de
cumprir-se o ato, por intermédio do escrivão do primeiro ofício da primeira vara, se
houver na comarca mais de um ofício ou de uma vara, observando, quanto aos

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requisitos, o disposto no artigo antecedente.
§ 1º. O escrivão, no mesmo dia ou no dia útil imediato, telefonará ao secretário
do tribunal ou ao escrivão do juízo deprecante, lendo-lhe os termos da carta e
solicitando-lhe que lha confirme.
§ 2º. Sendo confirmada, o escrivão submeterá a carta a despacho.
Art. 208. Executar-se-ão, de ofício, os atos requisitados por telegrama,
radiograma ou telefone. A parte depositará, contudo, na secretaria do tribunal ou
no cartório do juízo deprecante, a importância correspondente às despesas que
serão feitas no juízo em que houver de praticar-se o ato.
Art. 209. O juiz recusará cumprimento à carta precatória, devolvendo-a com
despacho motivado:
I - quando não estiver revestida dos requisitos legais;
II - quando carecer de competência em razão da matéria ou da hierarquia;
III - quando tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
Art. 210. A carta rogatória obedecerá, quanto à sua admissibilidade e modo de
seu cumprimento, ao disposto na convenção internacional; à falta desta, será
remetida à autoridade judiciária estrangeira, por via diplomática, depois de
traduzida para a língua do país em que há de praticar-se o ato.
Art. 211. A concessão de exeqüibilidade às cartas rogatórias das justiças
estrangeiras obedecerá ao disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.
Art. 212. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem, no prazo de 10
(dez) dias, independentemente de traslado, pagas as custas pela parte.
SEÇÃO III
DAS CITAÇÕES
Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim
de se defender.
Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 1º. O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação.
§ 2º. Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta
decretada, considerar-se-á feita a citação na data em que ele ou seu advogado for
intimado da decisão.
Art. 215. Far-se-á citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou
ao procurador legalmente autorizado.
§ 1º. Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário,
administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles
praticados.
§ 2º. O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que
deixou a localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para

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receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do
recebimento dos aluguéis.
Art. 216. A citação efetuar-se-á em qualquer lugar em que se encontre o réu.
Parágrafo único. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que
estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado.
Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do
direito:
I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso;
II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha
reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete)
dias seguintes;
III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas;
IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. (Redação dada aos incisos pela
Lei nº 8.950, de 13.12.1994, que revogou o nº I e renumerou os demais)
Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente
ou está impossibilitado de recebê-la.
§ 1º. O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a
ocorrência. O juiz nomeará um médico, a fim de examinar o citando. O laudo será
apresentado em 5 (cinco) dias.
§ 2º. Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador,
observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida na lei civil. A
nomeação é restrita à causa.
§ 3º. A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do
réu.
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz
litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em
mora o devedor e interrompe a prescrição.
§ 1º. A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
§ 2º. Incumbe à parte, promover a citação do réu nos dez dias subseqüentes ao
despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.952 de 13.12.1994)
§ 3º. Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de noventa
dias. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
§ 4º. Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos
antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição.
§ 5º. Não se tratando de direitos patrimoniais, o juiz poderá, de ofício, conhecer
da prescrição e decretá-la de imediato.
§ 6º. Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o
escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos
previstos na lei.

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Art. 221. A citação far-se-á:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - por edital.
Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País,
exceto:
a) nas ações de estado;
b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência;
f) quando o autor a requerer de outra forma. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.710, de 24.09.1993)
Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria
remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz,
expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o
artigo 285, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com
o respectivo endereço.
Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o
carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será
válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 224. Far-se-á a citação por meio de oficial de justiça nos casos ressalvados
no artigo 222, ou quando frustrada a citação pelo correio. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter:

I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou


residências;
II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial,
bem como a advertência a que se refere o artigo 285, segunda parte, se o litígio
versar sobre direitos disponíveis; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
III - a cominação, se houver;
IV - o dia, hora e lugar do comparecimento;
V - a cópia do despacho;
VI - o prazo para defesa;
VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do
juiz.
Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor
entregar em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os
réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão parte
integrante do mandado.

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Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu, onde o encontrar, citá-lo:
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.
Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em
seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de
ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer
vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que
designar.
Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de
novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de
realizar a diligência.
§ 1º. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se
das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha
ocultado em outra comarca.
§ 2º. Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa
da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta,
telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.
Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na
mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar citações ou
intimações em qualquer delas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.710, de
24.09.1993)
Art. 231. Far-se-á a citação por edital:
I - quando desconhecido ou incerto o réu;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;
III - nos casos expressos em lei.
§ 1º. Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que
recusar o cumprimento de carta rogatória.
§ 2º. No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de
sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de
radiodifusão.
Art. 232. São requisitos da citação por edital:
I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias
previstas nos nºs. I e II do artigo antecedente;
II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão;
III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no
órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver;
IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60
(sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação;
V - a advertência a que se refere o artigo 285, segunda parte, se o litígio versar
sobre direitos disponíveis. (Inciso acrescentado pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)

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§ 1º. Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do
anúncio, de que trata o nº II deste artigo.
§ 2º. A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for
beneficiária da Assistência Judiciária. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.359,
de 10.09.1985)
Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os
requisitos do artigo 231, I e II, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário
mínimo vigente na sede do juízo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
SEÇÃO IV
DAS INTIMAÇÕES
Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos
do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa.
Art. 235. As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, salvo
disposição em contrário.
Art. 236. No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios,
consideram-se feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial.
§ 1º. É indispensável, sob pena de nulidade, que da publicação constem os
nomes das partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação.
§ 2º. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita
pessoalmente.
Art. 237. Nas demais comarcas aplicar-se-á o disposto no artigo antecedente, se
houver órgão de publicação dos atos oficiais; não o havendo, competirá ao
escrivão intimar, de todos os atos do processo, os advogados das partes:
I - pessoalmente, tendo domicílio na sede do juízo;
II - por carta registrada, com aviso de recebimento quando domiciliado fora do
juízo.
Art. 238. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes,
aos seus representantes legais e aos advogados pelo correio ou, se presentes em
cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 239. Far-se-á a intimação por meio de oficial de justiça, quando frustrada a
realização pelo correio. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.710, de 23.09.1993)
Parágrafo único. A certidão de intimação deve conter: (Redação dada pela Lei nº
8.710, de 24.09.1993)
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando
possível, o número de sua carteira de identidade e o órgão que a expediu;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
II - a declaração de entrega da contrafé; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
8.710, de 24.09.1993)
III - a nota de ciente ou certidão de que o intimado não a apôs no mandado.

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(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a
Fazenda Pública e para o Ministério Público contar-se-ão da intimação.
Parágrafo único. As intimações consideram-se realizadas no primeiro dia útil
seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.079, de 13.09.1990)
Art. 241. Começa a correr o prazo:

I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos
do aviso de recebimento;
II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada
aos autos do mandado cumprido;
III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de
recebimento ou mandado citatório cumprido;
IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou
rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida;
V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 242. O prazo para a interposição de recurso conta-se da data em que os
advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão.
§ 1º. Reputam-se intimados na audiência, quando nesta é publicada a decisão ou
a sentença.
§ 2º. Havendo antecipação da audiência, o juiz, de ofício ou a requerimento da
parte, mandará intimar pessoalmente os advogados para ciência da nova
designação. (Antigo § 3º renumerado pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994, que
revogou o § 2º)
CAPÍTULO V
DAS NULIDADES

Art. 243. Quando a lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a
decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
Art. 244. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de
nulidade, o juiz considerará válido o ato, se realizado de outro modo, lhe alcançar
a finalidade.
Art. 245. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que
couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica esta disposição às nulidades que o juiz deva
decretar de ofício, nem prevalece a preclusão, provando a parte legítimo
impedimento.
Art. 246. É nulo o processo, quando o Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.
Parágrafo único. Se o processo tiver corrido, sem conhecimento do Ministério
Público, o juiz o anulará a partir do momento em que o órgão devia ter sido

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intimado.
Art. 247. As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem
observância das prescrições legais.
Art. 248. Anulado o ato, reputam-se de nenhum efeito todos os subseqüentes,
que dele dependam; todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as
outras, que dela sejam independentes.
Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos,
ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou
retificados.
§ 1º. O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a
parte.
§ 2º. Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a
declaração da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou
suprir-lhe a falta.
Art. 250. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos
que não possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários,
a fim de se observarem, quanto possível, as prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não
resulte prejuízo à defesa.
CAPÍTULO VI
DE OUTROS ATOS PROCESSUAIS

SEÇÃO I
DA DISTRIBUIÇÃO E DO REGISTRO
Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos
onde houver mais de um juiz ou mais de um escrivão.
Art. 252. Será alternada a distribuição entre juízes e escrivães, obedecendo a
rigorosa igualdade.
Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência os feitos de qualquer natureza,
quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outro já ajuizado.
Parágrafo único. Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de
ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.
Art. 254. É defeso distribuir a petição não acompanhada do instrumento do
mandato, salvo:
I - se o requerente postular em causa própria;
II - se a procuração estiver junta aos autos principais;
III - no caso previsto no artigo 37.
Art. 255. O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, corrigirá o erro ou a
falta de distribuição, compensando-a.
Art. 256. A distribuição poderá ser fiscalizada pela parte ou por seu procurador.

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Art. 257. Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for
preparado no cartório em que deu entrada.
SEÇÃO II
DO VALOR DA CAUSA
Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha
conteúdo econômico imediato.
Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros


vencidos até a propositura da ação;
II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos
valores de todos eles;
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento,
modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas
pelo autor;
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial
para lançamento do imposto.
Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em
consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será
igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por
tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.
Art. 261. O réu poderá impugnar, no prazo da contestação, o valor atribuído à
causa pelo autor. A impugnação será autuada em apenso, ouvindo-se o autor no
prazo de 5 (cinco) dias. Em seguida o juiz, sem suspender o processo, servindo-
se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará, no prazo de 10 (dez)
dias, o valor da causa.
Parágrafo único. Não havendo impugnação, presume-se aceito o valor atribuído
à causa na petição inicial.
TÍTULO VI
DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO
PROCESSO

CAPÍTULO I
DA FORMAÇÃO DO PROCESSO

Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por
impulso oficial.

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Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja
despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma
vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos
mencionados no artigo 219 depois que for validamente citado.
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de
pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as
substituições permitidas por lei.
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma
hipótese será permitida após o saneamento do processo. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO II
DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

Art. 265. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do
tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz;
IV - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou
inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo
pendente;
b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de
produzida certa prova, requisitada a outro juízo;
c) tiver pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como
declaração incidente;
V - por motivo de força maior;
VI - nos demais casos, que este Código regula.
§ 1º. No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das
partes, ou de seu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o
juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e
julgamento; caso em que:
a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;
b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do
acórdão.
§ 2º. No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada
a audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte
constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o
processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou
mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado
deste.
§ 3º. A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o nº II,
nunca poderá exceder 6 (seis) meses; findo o prazo, o escrivão fará os autos

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conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo.
§ 4º. No caso do nº III, a exceção, em primeiro grau de jurisdição, será
processada na forma do disposto neste Livro, Título VIII, Capítulo II, Seção III; e,
no tribunal, consoante lhe estabelecer o regimento interno.
§ 5º. Nos casos enumerados nas letras a, b e c do nº IV, o período de suspensão
nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz mandará proseguir no
processo.
Art. 266. Durante a suspensão é defeso praticar qualquer ato processual; poderá
o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano
irreparável.
CAPÍTULO III
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

Art. 267. Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito:


I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
II - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de preempção, litispendência ou de coisa
julgada;
VI - quando não ocorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade
jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
VII - pela convenção de arbitragem; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.307,
de 23.09.1996)
VIII - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º. O juiz ordenará, nos casos dos nºs II e III, o arquivamento dos autos,
declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir
a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2º. No caso do parágrafo anterior, quanto ao nº II, as partes pagarão
proporcionalmente as custas e, quanto ao nº III, o autor será condenado ao
pagamento das despesas e honorários de advogado (artigo 28).
§ 3º. O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição,
enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos nºs IV, V e
VI; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba
falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.
§ 4º. Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o
consentimento do réu, desistir da ação.
Art. 268. Salvo o disposto no artigo 267, V, a extinção do processo não obsta a
que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será
despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos

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honorários de advogado.
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo
pelo fundamento previsto no nº III do artigo anterior, não poderá intentar nova
ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito:
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
III - quando as partes transigirem;
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
TÍTULO VII
DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 270. Este Código regula o processo de conhecimento (Livro I), de execução
(Livro II), cautelar (Livro III) e os procedimentos especiais (Livro IV).
Art. 271. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição
em contrário deste Código ou de lei especial.
Art. 272. O procedimento comum é ordinário ou sumário.
Parágrafo único. O procedimento especial e o procedimento sumário regem-se
pelas disposições que lhe são próprias, aplicando-se-lhes, subsidiariamente, as
disposições gerais do procedimento ordinário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.952, de 13.12.1994)
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente,
os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu.
§ 1º. Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso,
as razões do seu convencimento.
§ 2º. Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3º. A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o disposto nos
incisos II e III do artigo 588.
§ 4º. A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo,
em decisão fundamentada.

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§ 5º. Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final
julgamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
CAPÍTULO II
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

Art. 274. O procedimento ordinário reger-se-á segundo as disposições dos Livros


I e II deste Código.
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada ao caput pela


Lei nº 9.245, de 26.12.1995, com vigência a partir de 26.02.1996)
I - nas causas, cujo valor não exceder 20 (vinte) vezes o maior salário mínimo
vigente no País;
II - nas causas, qualquer que seja o valor:
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de
veículo, ressalvados os casos de processo de execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em
legislação especial;
g) nos demais casos previstos em lei. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.245,
de 26.12.1995, com vigência a partir de 26.02.1996)
Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao
estado e à capacidade das pessoas. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
9.245, de 26.12.1995, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 276. Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se
requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente técnico. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995, com vigência a partir de
26.02.1996)
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de
trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob a
advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das
partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.
§ 1º. A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o
juiz ser auxiliado por conciliador.
§ 2º. Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-
ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial (artigo 319), salvo se o
contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a sentença.
§ 3º. As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se
representar por preposto com poderes para transigir.

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§ 4º. O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a
controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o caso, a
conversão do procedimento sumário em ordinário.
§ 5º. A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica
de maior complexidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995, ret. em 04.01.1996, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência,
resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de testemunhas e, se
requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente
técnico.
§ 1º. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que
fundado nos mesmos fatos referidos na inicial.
§ 2º. Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qualquer
das hipóteses previstas nos artigos 329 e 330, I e II, será designada audiência de
instrução e julgamento para data próxima, não excedente de trinta dias, salvo se
houver determinação de perícia. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.245, de
26.12.1995, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 279. Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser
documentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de
documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar o juiz.
Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a
estenotipia ou outro método de documentação, os depoimentos serão reduzidos a
termo, do qual constará apenas o essencial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.245, de 26.12.1995, ret. em 04.01.1996, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 280. No procedimento sumário:

I - não será admissível ação declaratória incidental, nem a intervenção de


terceiro, salvo assistência e recurso de terceiro prejudicado;
II - o perito terá o prazo de quinze dias para apresentação do laudo;
III - das decisões sobre matéria probatória, ou proferidas em audiência, o agravo
será sempre retido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.245, de 26.12.1995, ret.
em 04.01.1996, com vigência a partir de 26.02.1996)
Art. 281. Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá sentença na
própria audiência ou no prazo de dez dias. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.245, de 26.12.1995, ret. em 04.01.1996, com vigência a partir de 26.02.1996)

TÍTULO VIII
DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

CAPÍTULO I
DA PETIÇÃO INICIAL

SEÇÃO I
DOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

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Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e
do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos
alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.
Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.219, de 19.09.1984)
Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos nos artigos 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades
capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende,
ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição
inicial.
Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a
citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada
a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados
pelo autor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO II
DO PEDIDO
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular
pedido genérico:
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens
demandados; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do
ato ou do fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva
ser praticado pelo réu.
Art. 287. Se o autor pedir a condenação do réu a abster-se da prática de algum
ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que não possa ser realizado por
terceiro, constará da petição inicial a cominação da pena pecuniária para o caso
de descumprimento da sentença (artigos 644 e 645).
Art. 288. O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o
devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor,
o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo,
ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.

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Art. 289. É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que
o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.
Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações períodicas, considerar-se-
ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor;
se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a
sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.
Art. 291. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não
participou do processo receberá a sua parte, deduzidas as despesas na proporção
de seu crédito.
Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de
vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º. São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º. Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento,
admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.
Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se,
entretanto, no principal os juros legais.
Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta
as custas acrescidas em razão dessa iniciativa. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 8.718, de 14.10.1993)
SEÇÃO III
DO INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
Art. 295. A petição inicial será indeferida:

I - quando for inepta;


II - quando a parte for manifestamente ilegítima;
III - quando o autor carecer de interesse processual;
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou prescrição (artigo 219, §
5º); (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à
natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se
puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;
VI - quando não atendidas as prescrições dos artigos 39, parágrafo único,
primeira parte, e 284.
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no

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prazo de quarenta e oito horas, reformar sua decisão.
Parágrafo único. Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente
encaminhados ao tribunal competente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952,
de 13.12.1994)
CAPÍTULO II
DA RESPOSTA DO RÉU

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição
escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder
ser-lhes-á comum, salvo o disposto no artigo 191.
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não
citado, o prazo para a resposta correrá da intimação do despacho que deferir a
desistência.
Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em
peças autônomas; a exceção será processada em apenso aos autos principais.
SEÇÃO II
DA CONTESTAÇÃO
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e
especificando as provas que pretende produzir.
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta;
III - inépcia da petição inicial;
IV - perempção; (Inciso acrescentado pela Lei nº 5.925, de 01.101.1973,
renumerando-se os demais)
V - litispendência;
VI - coisa julgada;
VII - conexão;
VIII - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX - convenção de arbitragem; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.307, de
23.09.1996)
X - carência de ação;
XI - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
§ 1º. Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada.
§ 2º. Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925,

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de 01.10.1973)
§ 3º. Há litispendência, quando se repete ação que está em curso; há coisa
julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba
recurso.
§ 4º. Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da
matéria enumerada neste artigo.
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos
narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados,
salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei
considerar da substância do ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos
fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do
Ministério Público.
Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:

I - relativas a direito superveniente;


II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo
e juízo.
SEÇÃO III
DAS EXCEÇÕES
Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a
incompetência (artigo 112), o impedimento (artigo 134) ou a suspeição (artigo
135).
Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de
jurisdição, cabendo à parte oferecer exceção, no prazo de 15 (quinze) dias,
contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a suspeição.
Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (artigo 265, III), até
que seja definitivamente julgada.
Subseção I
Da incompetência
Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e
devidamente instruída, indicando o juízo para o qual declina.
Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o
excepto dentro em 10 (dez) dias e decidindo em igual prazo.
Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência
de instrução, decidindo dentro de 10 (dez) dias. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 5.925, de 01.10.1973)

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Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente
improcedente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz
competente.
Subseção II
Do impedimento e da suspeição
Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição,
especificando o motivo da recusa (artigos 134 e 135). A petição, dirigida ao juiz da
causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a
alegação e conterá o rol de testemunhas.
Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a
suspeição, ordenará a remessa dos autos ao seu substituto legal; em caso
contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos
ao tribunal.
Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal
determinará o seu arquivamento; no caso contrário condenará o juiz nas custas,
mandando remeter os autos ao seu substituto legal.
SEÇÃO IV
DA RECONVENÇÃO
Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a
reconvenção seja conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor,
quando este demandar em nome de outrem. (Antigo § 1º renumerado pela Lei nº
9.245, de 26.12.1995, que revogou o § 2º)
Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa
do seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a
extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção.
Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.
CAPÍTULO III
DA REVELIA

Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos


afirmados pelo autor.
Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo
antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

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II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a
lei considere indispensável à prova do ato.
Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a
causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova
citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15
(quinze) dias.
Art. 322. Contra o revel correrão os prazos independentemente de intimação.
Poderá ele, entretanto, intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no
estado em que se encontra.
CAPÍTULO IV
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos
autos. O juiz, no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme o caso, as
providências preliminares, que constam das seções deste Capítulo.
SEÇÃO I
DO EFEITO DA REVELIA
Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o
efeito da revelia, mandará que o autor especifique as provas que pretenda
produzir na audiência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO II
DA DECLARAÇÃO INCIDENTE
Art. 325. Contestando o réu o direito que constitui fundamento do pedido, o autor
poderá requerer, no prazo de 10 (dez) dias, que sobre ele o juiz profira sentença
incidente, se da declaração da existência ou da inexistência do direito depender,
no todo ou em parte, o julgamento da lide (artigo 5º).
SEÇÃO III
DOS FATOS IMPEDITIVOS, MODIFICATIVOS OU EXTINTIVOS DO PEDIDO
Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro lhe
opuser, impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido
no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz produção de prova documental.
SEÇÃO IV
DAS ALEGAÇÕES DO RÉU
Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no artigo 301, o juiz
mandará ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de
prova documental. Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades
sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior a 30
(trinta) dias.

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Art. 328. Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade
delas, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o
que dispõe o capítulo seguinte.
CAPÍTULO V
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

SEÇÃO I
DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos artigos 267 e 269, II a
V, o juiz declarará extinto o processo.
SEÇÃO II
DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:

I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e


de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência;
II - quando ocorrer a revelia (artigo 319). (Redação dada ao inciso pela Lei nº
5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO III
DO SANEAMENTO DO PROCESSO
Art. 331. Se não se verificar qualquer das hipóteses previstas nas seções
precedentes e a causa versar sobre direitos disponíveis, o juiz designará
audiência de conciliação, a realizar-se no prazo máximo de 30 dias, à qual
deverão comparecer as partes ou seus procuradores, habilitados a transigir.
§ 1º. Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 2º. Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos
controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as
provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se
necessário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952 de 13.12.1994)
CAPÍTULO VI
DAS PROVAS

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em
que se funda a ação ou a defesa.
Art. 333. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do

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direito do autor.
Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da
prova quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - admitidos, no processo, como incontroversos;
IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de
experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente
acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o
exame pericial.
Art. 336. Salvo disposição especial em contrário, as provas devem ser
produzidas em audiência.
Parágrafo único. Quando a parte, ou a testemunha, por enfermidade, ou por
outro motivo relevante, estiver impossibilitada de comparecer à audiência, mas
não de prestar depoimento, o juiz designará, conforme as circunstâncias, dia, hora
e lugar para inquiri-la.
Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou
consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.
Art. 338. A carta precatória e a carta rogatória não suspendem o processo, no
caso de que trata o artigo 265, IV, b, senão quando requeridas antes do despacho
saneador.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória, não devolvidas dentro do
prazo ou concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser juntas aos autos até o
julgamento final.
Art. 339. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o
descobrimento da verdade.
Art. 340. Além dos deveres enumerados no artigo 14, compete à parte:
I - comparecer em juízo, respondendo ao que lhe for interrogado;
II - submeter-se à inspeção judicial, que for julgada necessária;
III - praticar o ato que lhe for determinado.
Art. 341. Compete ao terceiro, em relação a qualquer pleito:

I - informar ao juiz os fatos e as circunstâncias, de que tenha conhecimento;


II - exibir coisa ou documento, que esteja em seu poder.
SEÇÃO II
DO DEPOIMENTO PESSOAL
Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o
comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da

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causa.
Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte
requerer o depoimento pessoal da outra, a fim de interrogá-la na audiência de
instrução e julgamento.
§ 1º. A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se
presumirão confessados os fatos contra ela alegados, caso não compareça ou,
comparecendo, se recuse a depor.
§ 2º. Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor,
o juiz lhe aplicará a pena de confissão.
Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de
testemunhas.
Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da
outra parte.
Art. 345. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe
for perguntado, ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias
e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
Art. 346. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não
podendo servir-se de escritos adrede preparados; o juiz permitirá, todavia, a
consulta a notas breves, desde que objetivem completar esclarecimentos.
Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:

I - criminosos ou torpes, que lhe forem imputados;


II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
Parágrafo único. Esta disposição não se aplica às ações de filiação, de desquite
e de anulação de casamento.
SEÇÃO III
DA CONFISSÃO
Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao
seu interesse e favorável ao adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.
Art. 349. A confissão judicial pode ser espontânea ou provocada. Da confissão
espontânea, tanto que requerida pela parte, se lavrará o respectivo termo nos
autos; a confissão provocada constará do depoimento pessoal prestado pela
parte.
Parágrafo único. A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte, ou por
mandatário com poderes especiais.
Art. 350. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando,
todavia, os litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre
imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.
Art. 351. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a
direitos indisponíveis.

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Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser
revogada:
I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;
II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual
constituir o único fundamento.
Parágrafo único. Cabe ao confitente o direito de propor ação, nos casos de que
trata este artigo; mas, uma vez iniciada, passa aos seus herdeiros.
Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a
represente, tem a mesma eficácia probatória da judicial; feita a terceiro, ou contida
em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.
Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos
em que a lei não exija prova literal.
Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a quiser
invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for
desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente lhe aduzir fatos novos,
suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de
reconvenção.
SEÇÃO IV
DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se
ache em seu poder.
Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou coisa;


II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento
ou a coisa;
III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o
documento ou a coisa existe e se acha em poder da parte contrária.
Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subseqüentes à sua
intimação. Se afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que
o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à
verdade.
Art. 358. O juiz não admitirá a recusa:

I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;


II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de
constituir prova;
III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes;
Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por
meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar:
I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo
do artigo 357;
II - se a recusa for havida por ilegítima.

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Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz
mandará citá-lo para responder no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou
da coisa, o juiz designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem
como o das partes e, se necessário, de testemunhas; em seguida proferirá a
sentença.
Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz
lhe ordenará que proceda ao respectivo depósito em cartório ou noutro lugar
designado, no prazo de 5 (cinco) dias, impondo ao requerente que o embolse das
despesas que tiver; se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de
apreensão, requisitando, se necessário, força policial, tudo sem prejuízo da
responsabilidade por crime de desobediência.
Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a
coisa:
I - se concernente a negócios da própria vida da família;
II - se a sua apresentação puder violar dever de honra;
III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro,
bem como a seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes
representar perigo de ação penal;
IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou
profissão, devam guardar segredo; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do
juiz, justifiquem a recusa da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os nºs. I a V disserem respeito só
a uma parte do conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser
apresentada em juízo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
SEÇÃO V
DA PROVA DOCUMENTAL
Subseção I
Da força probante dos documentos
Art. 364. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também
dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em
sua presença.
Art. 365. Fazem a mesma prova que os originais:
I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências,
ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou sob sua vigilância
e por ele subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de instrumentos ou
documentos lançados em suas notas;

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III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial
público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais.
Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
Art. 367. O documento, feito por oficial público incompetente, ou sem a
observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma
eficácia probatória do documento particular.
Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado,
ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a
determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato
declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato.
Art. 369. Reputa-se autêntico o documento, quando o tabelião reconhecer a
firma do signatário, declarando que foi aposta em sua presença.
Art. 370. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou
impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito. Mas, em
relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:
I - no dia em que foi registrado;
II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física, que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - do ato ou fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do
documento.
Art. 371. Reputa-se autor do documento particular:
I - aquele que o fez e o assinou;
II - aquele, por conta de quem foi feito, estando assinado;
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou, porque, conforme a
experiência comum, não se costuma assinar, como livros comerciais e assentos
domésticos.
Art. 372. Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular,
alegar, no prazo estabelecido no artigo 390, se lhe admite ou não a autenticidade
da assinatura e a veracidade do contexto; presumindo-se, com o silêncio, que o
tem por verdadeiro.
Parágrafo único. Cessa, todavia, a eficácia da admissão expressa ou tácita, se o
documento houver sido obtido por erro, dolo ou coação.
Art. 373. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo anterior, o
documento particular, de cuja autenticidade se não duvida, prova que o seu autor
fez a declaração, que lhe é atribuída.
Parágrafo único. O documento particular, admitido expressa ou tacitamente, é
indivisível, sendo defeso à parte, que pretende utilizar-se dele, aceitar os fatos que
lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se

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provar que estes se não verificaram.
Art. 374. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de transmissão tem
a mesma força probatória do documento particular, se o original constante da
estação expedidora foi assinado pelo remetente.
Parágrafo único. A firma do remetente poderá ser reconhecida pelo tabelião,
declarando-se essa circunstância no original depositado na estação expedidora.
Art. 375. O telegrama ou radiograma presume-se conforme com o original,
provando a data de sua expedição e do recebimento pelo destinatário. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 376. As cartas, bem como os registros domésticos, provam contra quem os
escreveu quando:
I - enunciam o recebimento de um crédito;
II - contêm anotação, que visa a suprir a falta de título em favor de quem é
apontado como credor;
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada
prova.
Art. 377. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento
representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefício do
devedor.
Parágrafo único. Aplica-se esta regra tanto para o documento, que o credor
conservar em seu poder, como para aquele que se achar em poder do devedor.
Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante,
todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os
lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 379. Os livros comerciais, que preencham os requisitos exigidos por lei,
provam também a favor do seu autor no litígio entre comerciantes.
Art. 380. A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos
lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são
contrários, ambos serão considerados em conjunto como unidade.
Art. 381. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos
livros comerciais e dos documentos do arquivo:
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.
Art. 382. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e
documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como
reproduções autenticadas.
Art. 383. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica,
fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas,
se aquele contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade.

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Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz
ordenará a realização de exame pericial.
Art. 384. As reproduções fotográficas ou obtidas por outros processos de
repetição, dos documentos particulares, valem como certidões, sempre que o
escrivão portar por fé a sua conformidade com o original.
Art. 385. A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o
original, cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder à conferência e
certificar a conformidade entre a cópia e o original.
§ 1º. Quando se tratar de fotografia, esta terá de ser acompanhada do respectivo
negativo.
§ 2º. Se a prova for uma fotografia publicada em jornal, exigir-se-ão o original e o
negativo.
Art. 386. O juiz apreciará livremente a fé que deva merecer o documento,
quando em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão
ou cancelamento.
Art. 387. Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada
judicialmente a falsidade.
Parágrafo único. A falsidade consiste:
I - em formar documento não verdadeiro;
II - em alterar documento verdadeiro.
Art. 388. Cessa a fé do documento particular quando:
I - lhe for contestada a assinatura e enquanto não se lhe comprovar a
veracidade;
II - assinado em branco, for abusivamente preenchido.
Parágrafo único. Dar-se-á abuso quando aquele, que recebeu documento
assinado, com texto não escrito no todo ou em parte, o formar ou o completar, por
si ou por meio de outrem, violando o pacto feito com o signatário.
Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando:
I - se tratar de falsidade de documento, à parte que a argüir;
II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que produziu o documento.
Subseção II
Da argüição de falsidade
Art. 390. O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo e grau de
jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo
na contestação ou no prazo de 10 (dez) dias, contados da intimação da sua
juntada aos autos.
Art. 391. Quando o documento for oferecido antes de encerrada a instrução, a
parte argüirá de falso, em petição dirigida ao juiz da causa, expondo os motivos
em que funda a sua pretensão e os meios com que provará o alegado.
Art. 392. Intimada a parte, que produziu o documento, a responder no prazo de
10 (dez) dias, o juiz ordenará o exame pericial.

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Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial, se a parte, que produziu o
documento, concordar em retirá-lo e a parte contrária não se opuser ao
desentranhamento.
Art. 393. Depois de encerrada a instrução, o incidente de falsidade correrá em
apenso aos autos principais; no tribunal processar-se-á perante o relator,
observando-se o disposto no artigo antecedente.
Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o
processo principal.
Art. 395. A sentença, que resolver o incidente, declarará a falsidade ou
autenticidade do documento.
Subseção III
Da produção da prova documental
Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (artigo 283), ou a resposta
(artigo 297), com os documentos destinados a provar-lhe as alegações.
Art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos
novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados,
ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Art. 398. Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos
autos, o juiz ouvirá, a seu respeito, a outra, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 399. O juiz requisitará às repartições públicas em qualquer tempo ou grau de
jurisdição:
I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a
União, o Estado, o Município, ou as respectivas entidades da administração
indireta.
Parágrafo único. Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e
improrrogável de 30 (trinta) dias, certidões ou reproduções fotográficas das peças
indicadas pelas partes ou de ofício; findo o prazo, devolverá os autos à repartição
de origem.
SEÇÃO VI
DA PROVA TESTEMUNHAL
Subseção I
Da administração e do valor da prova testemunhal
Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo
diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos:
I - já provados por documento ou confissão da parte;
II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.
Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo
valor não exceda o décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em

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que foram celebrados.
Art. 402. Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova
testemunhal, quando:
I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado
da parte contra quem se pretende utilizar o documento como prova;
II - o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova
escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, depósito necessário ou
hospedagem em hotel.
Art. 403. As normas estabelecidas nos dois artigos antecedentes aplicam-se ao
pagamento e à remissão da dívida.
Art. 404. É lícito à parte inocente provar com testemunhas:
I - nos contratos simulados, a divergência entre a vontade real e a vontade
declarada;
II - nos contratos em geral, os vícios do consentimento.
Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as
incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 1º. São incapazes:
I - o interdito por demência;
II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que
ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não
está habilitado a transmitir as percepções;
III - o menor de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes
faltam.
§ 2º. São impedidos:
I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou
colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou
afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa
ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute
necessária ao julgamento do mérito; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
II - o que é parte na causa;
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o
representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam
ou tenham assistido as partes.
§ 3º. São suspeitos:
I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a
sentença;
II - o que, por seus costumes, não for digno de fé;
III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo;
IV - o que tiver interesse no litígio.
§ 4º. Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou
suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de

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compromisso (artigo 415) e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos:

I - que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes
consangüíneos ou afins, em linha reta, ou na colateral em segundo grau;
II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
Subseção II
Da produção da prova testemunhal
Art. 407. Incumbe à parte, 5 (cinco) dias antes da audiência, depositar em
cartório o rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, a profissão e a residência.
Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas;
quando qualquer das partes oferecer mais de três testemunhas para a prova de
cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes.
Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte
só pode substituir a testemunha:
I - que falecer;
II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;
III - que, tendo mudado de residência, não for encontrada pelo oficial de justiça.
Art. 409. Quando for arrolado como testemunha o juiz da causa, este:
I - declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos, que possam influir na
decisão; caso em que será defeso à parte, que o incluiu no rol, desistir de seu
depoimento;
II - se nada souber, mandará excluir o seu nome.
Art. 410. As testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o juiz da
causa, exceto:
I - as que prestam depoimento antecipadamente;
II - as que são inquiridas por carta;
III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilitadas de
comparecer em juízo (artigo 336, parágrafo único);
IV - as designadas no artigo seguinte.
Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função:

I - o Presidente e o Vice-Presidente da República;


II - o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados;
III - os ministros de Estado;
IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Federal de Recursos,
do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do
Trabalho e do Tribunal de Contas da União;
V - o procurador-geral da República;
VI - os senadores e deputados federais;
VII - os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal;
VIII - os deputados estaduais;
IX - os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais de
Alçada, os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais

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Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito
Federal;
X - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa
ao agente diplomático do Brasil.
Parágrafo único. O juiz solicitará à autoridade que designe dia, hora e local a fim
de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa oferecida pela
parte, que arrolou como testemunha.
Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do
mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa.
Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida,
respondendo pelas despesas do adiamento.
§ 1º. A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha,
independentemente de intimação; presumindo-se, caso não compareça, que
desistiu de ouvi-la. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 2º. Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o juiz o
requisitará ao chefe de repartição ou ao comando do corpo em que servir.
§ 3º. A intimação poderá ser feita pelo correio, sob registro ou com entrega em
mão própria, quando a testemunha tiver residência certa. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.710, de 24.09.1993)
Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as
do autor e depois as do réu, providenciando de modo que uma não ouça o
depoimento das outras.
Art. 414. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por
inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, bem como se tem relações de
parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo.
§ 1º. É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o
impedimento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que lhe são
imputados, a parte poderá provar a contradita com documentos ou com
testemunhas, até três, apresentadas no ato e inquiridas em separado. Sendo
provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a testemunha, ou lhe tomará
o depoimento, observando o disposto no artigo 405, § 4º.
§ 2º. A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os
motivos de que trata o artigo 406; ouvidas as partes, o juiz decidirá de plano.
Art. 415. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer
a verdade do que souber e lhe for perguntado.
Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal
quem faz a afirmação falsa, cala ou oculta a verdade.
Art. 416. O juiz interrogará a testemunha sobre os fatos articulados, cabendo,
primeiro à parte, que a arrolou, e depois à parte contrária, formular perguntas
tendentes a esclarecer ou completar o depoimento.
§ 1º. As partes devem tratar as testemunhas com urbanidade, não lhes fazendo
perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias.
§ 2º. As perguntas que o juiz indeferir serão obrigatoriamente transcritas no

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termo, se a parte o requerer. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.005, de
28.06.1982)
Art. 417. O depoimento, datilografado ou registrado por taquigrafia, estenotipia
ou outro método idôneo de documentação, será assinado pelo juiz, pelo depoente
e pelos procuradores, facultando-se às partes a sua gravação.
Parágrafo único. O depoimento será passado para a versão datilográfica quando
houver recurso da sentença, ou noutros casos, quando o juiz o determinar, de
ofício ou a requerimento da parte. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 418. O juiz pode ordenar, de ofício ou a requerimento da parte:

I - a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da parte ou das


testemunhas;
II - a acareação de duas ou mais testemunhas ou de algumas delas com a parte,
quando, sobre fato determinado, que possa influir na decisão da causa, divergirem
as suas declarações.
Art. 419. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa que
efetuou para comparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo que
arbitrada, ou depositá-la em cartório dentro de 3 (três) dias.
Parágrafo único. O depoimento prestado em juízo é considerado serviço público.
A testemunha, quando sujeita ao regime de legislação trabalhista, não sofre, por
comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço.
SEÇÃO VII
DA PROVA PERICIAL
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.
Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato, o prazo para a entrega do
laudo. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
§ 1º. Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do
despacho de nomeação do perito:
I - indicar o assistente técnico;
II - apresentar quesitos.
§ 2º. Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na
inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de
instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente
examinado ou avaliado. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.455, de
24.08.1992)
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de
confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)

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Art. 423. O perito pode escusar-se (artigo 146), ou ser recusado por
impedimento ou suspeição (artigo 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar
procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 424. O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei nº 8.455,
de 24.08.1992)
I - carecer de conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinado. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada
tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no
processo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos
suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte
contrária.
Art. 426. Compete ao juiz:

I - indeferir quesitos impertinentes;


II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou
documentos elucidativos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº
8.455/92)
Art. 428. Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à
nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se
requisitar a perícia.
Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes
técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte ou em
repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias
e outras quaisquer peças.
Art. 430. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 431. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro
do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu
prudente arbítrio.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo
menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento.

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Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo
comum de dez dias após a apresentação do laudo, independentemente de
intimação. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.455, de 24.08.1992)
Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de
documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de
preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz
autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor
do estabelecimento. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma,
o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em
repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a
quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou
sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.
Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico,
requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando
desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.
Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar
os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias
antes da audiência.
Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.
Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a
realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente
esclarecida.
Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a
primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a
que esta conduziu.
Art. 439. A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a
primeira.
Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz
apreciar livremente o valor de uma e outra.
SEÇÃO VIII
DA INSPEÇÃO JUDICIAL
Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do
processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que
interesse à decisão da causa.
Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais
peritos.
Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:
I - julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que

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deva observar;
II - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou
graves dificuldades;
III - determinar a reconstituição dos fatos.
Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando
esclarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa.
Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado,
mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da causa. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia.
CAPÍTULO VII
DA AUDIÊNCIA

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 444. A audiência será pública; nos casos de que trata o artigo 155, realizar-
se-á a portas fechadas.
Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:

I - manter a ordem e o decoro na audiência;


II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem
inconvenientemente;
III - requisitar, quando necessário, a força policial.
Art. 446. Compete ao juiz em especial:

I - dirigir os trabalhos da audiência;


II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;
III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa
com elevação e urbanidade.
Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os assistentes
técnicos e as testemunhas, os advogados não podem intervir ou apartar, sem
licença do juiz.
SEÇÃO II
DA CONCILIAÇÃO
Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o
juiz, de ofício, determinará o comparecimento das partes ao início da audiência de
instrução e julgamento.
Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a
conciliação, nos casos e para os fins em que a lei consente a transação.
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando
a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz,
terá valor de sentença.

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SEÇÃO III
DA INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Art. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência,
mandando apregoar as partes e os seus respectivos advogados.
Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos
controvertidos sobre que incidirá a prova.
Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:

I - o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de


esclarecimento, requeridos no prazo e na forma do artigo 435;
II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;
III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.
Art. 453. A audiência poderá ser adiada:

I - por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;
II - se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as partes, as
testemunhas ou os advogados.
§ 1º. Incumbe ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência;
não o fazendo, o juiz procederá à instrução.
§ 2º. Pode ser dispensada pelo juiz a produção das provas requeridas pela parte
cujo advogado não comparecer à audiência.
§ 3º. Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
Art. 454. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do
réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz.
§ 1º. Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo, que formará com o da
prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
convencionarem de modo diverso.
§ 2º. No caso previsto no artigo 56, o opoente sustentará as suas razões em
primeiro lugar, seguindo-se-lhe os opostos, cada qual pelo prazo de 20 (vinte)
minutos.
§ 3º. Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o
debate oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará
dia e hora para o seu oferecimento.
Art. 455. A audiência é una e contínua. Não sendo possível concluir, num só dia,
a instrução, o debate e o julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para
dia próximo.
Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a
sentença desde logo ou no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 457. O escrivão lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o
ocorrido na audiência, bem como por extenso, os despachos e a sentença, se esta
for proferida no ato.

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§ 1º. Quando o termo for datilografado, o juiz lhe rubricará as folhas, ordenando
que sejam encadernadas em volume próprio.
§ 2º. Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o órgão do Ministério Público e
o escrivão.
§ 3º. O escrivão trasladará para os autos cópia autêntica do termo de audiência.
CAPÍTULO VIII
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA

SEÇÃO I
DOS REQUISITOS E DOS EFEITOS DA SENTENÇA
Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta
do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do
processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe
submeterem.
Art. 459. O juiz proferirá sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte,
o pedido formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem
julgamento do mérito, o juiz decidirá em forma concisa.
Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz
proferir sentença ilíquida.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa
da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto
diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica
condicional. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o
pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.
§ 1º. A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o
requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente.
§ 2º. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (artigo
287)
§ 3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada
ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 4º. O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor
multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do

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preceito.
§ 5º. Para a efetivação da tutela específica ou para a obtenção do resultado
prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a busca e apreensão, remoção de pessoas e
coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, além da
requisição de força policial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo
ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a
sentença. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício
jurisdicional, só podendo alterá-la:
I - para lhe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais,
ou lhe retificar erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.
Art. 464. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 465. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação,
consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca
judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de
Registros Públicos.
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária:
I - embora a condenação seja genérica;
II - pendente arresto de bens do devedor;
III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença.
SEÇÃO II
DA COISA JULGADA
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.
Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos
limites da lide e das questões decididas.
Art. 469. Não fazem coisa julgada:
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte
dispositiva da sentença;
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a
parte o requerer (artigos 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e
constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

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Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à
mesma lide, salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no
estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi
estatuído na sentença;
II - nos demais casos prescritos em lei.
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de
pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário,
todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.
Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já
decididas, a cujo respeito se operou a preclusão.
Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao
acolhimento como à rejeição do pedido.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - que anular o casamento;
II - proferida contra a União, o Estado e o Município;
III - que julgar improcedente a execução de dívida ativa da Fazenda Pública
(artigo 585, VI).
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos
autos ao tribunal, haja ou não apelação voluntária da parte vencida; não o
fazendo, poderá o presidente do tribunal avocá-los.
TÍTULO IX
DO PROCESSO NOS TRIBUNAIS

CAPÍTULO I
DA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA

Art. 476. Compete a qualquer juiz, ao dar voto na turma, câmara, ou grupo de
câmaras, solicitar o pronunciamento prévio do tribunal acerca da interpretação do
direito quando:
I - verificar que, a seu respeito, ocorre divergência;
II - no julgamento recorrido a interpretação for diversa da que lhe haja dado outra
turma, câmara, grupo de câmaras ou câmaras cíveis reunidas.
Parágrafo único. A parte poderá, ao arrazoar o recurso ou em petição avulsa,
requerer, fundamentadamente, que o julgamento obedeça ao disposto neste
artigo.
Art. 477. Reconhecida a divergência, será lavrado o acórdão, indo os autos ao
presidente do tribunal para designar a sessão de julgamento. A secretaria

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distribuirá a todos os juízes cópia do acórdão.
Art. 478. O tribunal, reconhecendo a divergência, dará a interpretação a ser
observada, cabendo a cada juiz emitir o seu voto em exposição fundamentada.
Parágrafo único. Em qualquer caso, será ouvido o chefe do Ministério Público
que funciona perante o tribunal.
Art. 479. O julgamento, tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros que
integram o tribunal, será objeto de súmula e constituirá precedente na
uniformização da jurisprudência.
Parágrafo único. Os regimentos internos disporão sobre a publicação no órgão
oficial das súmulas de jurisprudência predominante.
CAPÍTULO II
DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Art. 480. Argüida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder


público, o relator, ouvido o Ministério Público, submeterá a questão à turma ou
câmara, a que tocar o conhecimento do processo.
Art. 481. Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida,
será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário,
ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver
pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a
questão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU
18.12.1998)
Art. 482. Remetida a cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal
designará a sessão de julgamento.
§ 1º O Ministério Público e as pessoas jurídicas de direito público responsáveis
pela edição do ato questionado, se assim o requererem, poderão manifestar-se no
incidente de inconstitucionalidade, observados os prazos e condições fixados no
Regimento Interno do Tribunal. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.868, de
10.11.1999, DOU 11.11.1999)
§ 2º Os titulares do direito de propositura referidos no artigo 103 da Constituição
poderão manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de
apreciação pelo órgão especial ou pelo Pleno do Tribunal, no prazo fixado em
Regimento, sendo-lhes assegurado o direito de apresentar memoriais ou de pedir
a juntada de documentos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.868, de
10.11.1999, DOU 11.11.1999)
§ 3º O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos
postulantes, poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros
órgãos ou entidades. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.868, de 10.11.1999,
DOU 11.11.1999)
CAPÍTULO III
DA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

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Art. 483. A sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia no Brasil
senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único. A homologação obecederá ao que dispuser o Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal.
Art. 484. A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da
homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da sentença
nacional da mesma natureza.
CAPÍTULO IV
DA AÇÃO RESCISÓRIA

Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida


quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de
colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar literal disposição de lei;
VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal
ou seja provada na própria ação rescisória;
VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência
ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar
pronunciamento favorável;
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em
que se baseou a sentença;
IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;
§ 1º. Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando
considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido.
§ 2º. É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia,
nem pronunciamento judicial sobre o fato.
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for
meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em
geral, nos termos da lei civil.
Art. 487. Tem legitimidade para propor ação:
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.
Art. 488. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos
essenciais do artigo 282, devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa;

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II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a
título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada
inadmissível, ou improcedente.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao
Município e ao Ministério Público.
Art. 489. A ação rescisória não suspende a execução da sentença rescindenda.
Art. 490. Será indeferida a petição inicial:

I - nos casos previstos no artigo 295;


II - quando não efetuado o depósito, exigido pelo artigo 488, II.
Art. 491. O relator mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15
(quinze) dias nem superior a 30 (trinta) para responder aos termos da ação. Findo
o prazo com ou sem resposta, observar-se-á no que couber o disposto no Livro I,
Título VIII, Capítulo IV e V.
Art. 492. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator
delegará a competência ao juiz de direito da comarca onde deva ser produzida,
fixando prazo de 45 (quarenta e cinco) a 90 (noventa) dias para a devolução dos
autos.
Art. 493. Concluída a instrução, será aberta vista, sucessivamente, ao autor e ao
réu, pelo prazo de 10 (dez) dias, para razões finais. Em seguida, os autos subirão
ao relator, procedendo-se ao julgamento:
I - no Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos, na forma
dos seus Regimentos Internos;
II - nos Estados, conforme dispuser a norma de Organização Judiciária.
Art. 494. Julgando procedente a ação, o tribunal rescindirá a sentença, proferirá,
se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito; declarando
inadmissível ou improcedente a ação, a importância do depósito reverterá a favor
do réu, sem prejuízo do disposto no artigo 20.
Art. 495. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 (dois) anos,
contados do trânsito em julgamento da decisão.

TÍTULO X
DOS RECURSOS

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: (Redação dada pela Lei nº 8.038,
de 28.05.1990)
I - apelação; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
II - agravo; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
III - embargos infringentes; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de

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28.05.1990)
IV - embargos de declaração; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de
28.05.1990)
V - recurso ordinário; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
VI - recurso especial; (Inciso acrescentado pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
VII - recurso extraordinário; (Inciso acrescentado pela Lei nº 8.038, de
28.05.1990)
VIII - embargos de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário.
(Inciso acrescentado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 497. O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a execução
da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta ao andamento do
processo, ressalvado o disposto no artigo 558 desta Lei. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990)
Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de
votos e julgamento unânime e forem interpostos simultaneamente embargos
infringentes e recurso extraordinário ou recurso especial, ficarão estes
sobrestados até julgamento daquele. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.038,
de 28.05.1990)
Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro
prejudicado e pelo Ministério Público.
§ 1º. Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu
interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial.
§ 2º. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em
que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.
Art. 500. Cada parte interporá o recurso, independentemente, no prazo e
observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso
interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica
subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes:
I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso
principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso
extraordinário e no recurso especial; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.038,
de 28.05.1990)
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele
declarado inadmissível ou deserto.
Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso
independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no
tribunal superior.
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou
dos litisconsortes, desistir do recurso.
Art. 502. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra
parte.

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Art. 503. A parte, que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão,
não poderá recorrer.
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem reserva alguma, de
um ato incompatível com a vontade de recorrer.
Art. 504. Dos despachos de mero expediente não cabe recurso.
Art. 505. A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte.
Art. 506. O prazo para a interposição do recurso, aplicável em todos os casos o
disposto no artigo 184 e seus parágrafos, contar-se-á da data:
I - da leitura da sentença em audiência;
II - da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência;
III - da publicação da súmula do acórdão no órgão oficial.
Parágrafo único. No prazo para a interposição do recurso, a petição será
protocolada em cartório ou segundo a norma de organização judiciária, ressalvado
o disposto no artigo 24. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 507. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o
falecimento da parte ou de seu advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que
suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do
herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da
intimação.
Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no
recurso especial, extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para
interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 6.314, de 16.12.1975)
Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo
se distintos ou opostos os seus interesses.
Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um
devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem
comuns.
Art. 510. Transitado em julgado o acórdão, o escrivão, ou secretário,
independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de
origem, no prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando
exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de
remessa e de retorno, sob pena de deserção. (NR)
§ 1º. São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público,
pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que
gozam de isenção legal.
§ 2º. A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente,
intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)

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Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão
recorrida no que tiver sido objeto de recurso.
CAPÍTULO II
DA APELAÇÃO

Art. 513. Da sentença caberá apelação (artigos 267 e 269).


Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - os fundamentos de fato e de direito;
III - o pedido de nova decisão.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.
§ 1º. Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha
julgado por inteiro.
§ 2º. Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher
apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à
sentença, ainda não decididas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de
13.12.1994)
Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser
suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de
força maior.
Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe,
mandará dar vista ao apelado para responder.
Parágrafo único. Apresentada a resposta, é facultado ao juiz o reexame dos
pressupostos de admissibilidade do recurso. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.950, de 13.12.1994)
Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de
deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o preparo.
Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao
tribunal apreciar-lhe a legitimidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de
13.12.1994)
Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será,
no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:
I - homologar a divisão ou a demarcação;
II - condenar à prestação de alimentos;
III - julgar a liquidação de sentença;
IV - decidir o processo cautelar;

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V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Inciso acrescentado
pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no
processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde
logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta.
CAPÍTULO III
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias,
retido nos autos ou por instrumento.
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal
dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação.
§ 1º. Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas
razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal.
§ 2º. Interposto o agravo, o juiz poderá reformar sua decisão, após ouvida a parte
contrária, em 5 (cinco) dias.
§ 3º. Das decisões interlocutórias proferidas em audiência admitir-se-á
interposição oral do agravo retido, a constar do respectivo termo, expostas
sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão.
§ 4º. Será sempre retido o agravo das decisões posteriores à sentença, salvo
caso de inadmissão da apelação. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal
competente, através de petição com os seguintes requisitos:
I - a exposição do fato e do direito;
II - as razões do pedido de reforma da decisão;
III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir
de 30.01.1996)
Art. 525. A petição de agravo de instrumento será instruída:
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado;
II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis.
§ 1º. Acompanhará a petição o comprovante de pagamento das respectivas
custas e do porte de retorno, quando devidos, coforme tabela que será publicada
pelos tribunais.
§ 2º. No prazo do recurso, a petição será protocolada no tribunal, ou postada no
correio sob registro com aviso de recebimento, ou, ainda, interposta por outra

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forma prevista na lei local. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 526. O agravante, no prazo de três dias, requererá juntada, aos autos do
processo, de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua
interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir
de 30.01.1996)
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti,
se não for caso de indeferimento liminar (artigo 557), o relator:
I - poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de
10 (dez) dias;
II - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (artigo 558), comunicando ao juiz
tal decisão;
III - intimará o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu
advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo
de 10 (dez) dias, facultando-lhe juntar cópias das peças que entender
convenientes; nas comarcas sede de tribunal, a intimação far-se-á pelo órgão
oficial;
IV - ultimadas as providências dos incisos anteriores, mandará ouvir o Ministério
Público, se for o caso, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Na sua resposta, o agravado observará o disposto no § 2º do
artigo 525. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com
vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 528. Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o
relator pedirá dia para julgamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Art. 529. Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator
considerará prejudicado o agravo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
CAPÍTULO IV
DOS EMBARGOS INFRINGENTES

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando não for unânime o julgado
proferido em apelação e em ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os
embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.
Art. 531. Compete ao relator do acórdão embargado apreciar a admissibilidade
do recurso. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 532. Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo, em cinco dias,
para o órgão competente para o julgamento do recurso. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 533. Admitidos os embargos, proceder-se-á ao sorteio de novo relator.

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Parágrafo único. A escolha do relator recairá, quando possível, em juiz que não
haja participado do julgamento da apelação ou da ação rescisória. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 534. Sorteado o relator e independentemente de despacho, a secretaria
abrirá vista ao embargado para a impugnação.
Parágrafo único. Impugnados os embargos, serão os autos conclusos ao relator
e ao revisor pelo prazo de 15 (quinze) dias para cada um, seguindo-se o
julgamento.
CAPÍTULO V
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 535. Cabem embargos de declaração quando:


I - houver na sentença ou no acórdão obscuridade ou contradição;
II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 536. Os embargos serão opostos, no prazo de cinco dias, em petição
dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou
omisso, não estando sujeitos a preparo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.950, de 13.12.1994)
Art. 537. O juiz julgará os embargos em cinco dias; nos tribunais, o relator
apresentará os embargos em mesa na sessão subseqüente, proferindo voto.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição
de outros recursos, por qualquer das partes.
Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o
tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado
multa não excedente de um por cento sobre o valor da causa. Na reiteração de
embargos protelatórios, a multa é elevada a até dez por cento, ficando
condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor
respectivo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E STJ

SEÇÃO I
DOS RECURSOS ORDINÁRIOS
Art. 539. Serão julgados em recurso ordinário:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e


os mandados de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores, quando denegatória a decisão;
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais

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Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão;
b) as causas em forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.
Parágrafo único. Nas causas referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das
decisões interlocutórias. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de
13.12.1994)
Art. 540. Aos recursos mencionados no artigo anterior aplica-se, quanto aos
requisitos de admissibilidade e ao procedimento no juízo de origem, o disposto
nos Capítulos II e III deste Título, observando-se, no Supremo Tribunal Federal e
no Superior Tribunal de Justiça, o disposto nos seus Regimentos Internos.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994))
SEÇÃO II
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO E DO RECURSO ESPECIAL
Art. 541. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na
Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente
do tribunal recorrido, em petições distintas, que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida;
Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o
recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia autenticada ou
pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado em que tiver
sido publicada a decisão divergente, mencionando as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. (Artigo revogado pela Lei nº
8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal e aí protocolada, será
intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista para apresentar contra-razões.
§ 1º. Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do
recurso, no prazo de quinze dias, em decisão fundamentada.
§ 2º. Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo.
(Artigo revogado pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950,
de 13.12.1994)
§ 3º. O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra
decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à
execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte,
no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-
razões. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU
18.12.1998)
Art. 543. Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior
Tribunal de Justiça.
§ 1º. Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao
Supremo Tribunal Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se este não

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estiver prejudicado.
§ 2º. Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso
extraordinário é prejudicial àquele, em decisão irrecorrível, sobrestará o seu
julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, par o julgamento do
recurso extraordinário.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em
decisão irrecorrível, não considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior
Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial. (Artigo revogado pela
Lei nº 8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá
agravo de instrumento, no prazo de dez dias, para o Supremo Tribunal Federal ou
para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.
§ 1º. O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas
partes, devendo constar, obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópia
do acórdão recorrido, da petição de interposição do recurso denegado, das contra-
razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das
procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
§ 2º. Distribuído e processado o agravo na forma regimental, o relator proferirá
decisão.
§ 3º. Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula
ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo
para dar provimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento
contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua
conversão, observando-se, daí por diante, o procedimento relativo ao recurso
especial. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998,
DOU 18.12.1998)
§ 4º. O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao agravo de
instrumento contra denegação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma
causa, houver recurso especial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar.
(Artigo revogado pela Lei nº 8.038, de 28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950,
de 13.12.1994)
Art. 545. Da decisão do relator que não admitir o agravo de instrumento, negar-
lhe provimento ou reformar o acórdão recorrido, caberá agravo no prazo de cinco
dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, observado o disposto
nos §§ 1º e 2º do artigo 557. (NR) (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Art. 546. É embargável a decisão de turma que:

I - em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou do


órgão especial;
II - em recurso extraordinário, divergir do julgamento da outra turma ou do
plenário.
Parágrafo único. Observar-se-á, no recurso de embargos, o procedimento
estabelecido no regimento interno. (Artigo revogado pela Lei nº 8.038, de
28.05.1990 e revigorado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
CAPÍTULO VII

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DA ORDEM DOS PROCESSOS NO TRIBUNAL

Art. 547. Os autos remetidos ao tribunal serão registrados no protocolo no dia de


sua entrada, cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e ordená-
los para distribuição.
Art. 548. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal,
observando-se os princípios da publicidade, da alternatividade e do sorteio.
Art. 549. Distribuídos, os autos subirão, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, à
conclusão do relator, que, depois de estudá-los, os restituirá à secretaria com o
seu "visto".
Parágrafo único. O relator fará nos autos uma exposição dos pontos
controvertidos sobre que versar o recurso.
Art. 550. Os recursos interpostos nas causas de procedimento sumário deverão
ser julgados no tribunal, dentro de 40 (quarenta) dias. (Redação adequada aos
termos da Lei nº 9.245, de 26.12.1995)
Art. 551. Tratando-se de apelação, de embargos infringentes e de ação
rescisória, os autos serão conclusos ao revisor.
§ 1º. Será revisor o juiz que se seguir ao relator na ordem descendente de
antigüidade.
§ 2º. O revisor aporá nos autos o seu "visto", cabendo-lhe pedir dia para
julgamento.
§ 3º. Nos recursos interpostos nas causas de procedimento sumários, de despejo
e nos casos de indeferimento liminar da petição inicial, não haverá revisor.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.950 de 13.12.1994)
Art. 552. Os autos serão, em seguida, apresentados ao presidente, que
designará dia para julgamento, mandando publicar a pauta no órgão oficial.
§ 1º. Entre a data da publicação da pauta e a sessão de julgamento medirá, pelo
menos, o espaço de 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2º. Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a sessão de
julgamento.
§ 3º. Salvo caso de força maior, participará do julgamento do recurso o juiz que
houver lançado o "visto" nos autos.
Art. 553. Nos embargos infringentes e na ação rescisória, devolvidos os autos
pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias autenticadas do relatório e as
distribuirá entre os juízes que compuserem o tribunal competente para o
julgamento.
Art. 554. Na sessão de julgamento, depois de feita a exposição da causa pelo
relator, o presidente, se o recurso não for de embargos declaratórios ou de agravo
de instrumento, dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente e ao recorrido, pelo
prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem
as razões do recurso.

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Art. 555. O julgamento da turma ou câmara será tomado pelo voto de três juízes,
seguindo-se ao do relator o do revisor e o do terceiro juiz.
Parágrafo único. É facultado a qualquer juiz, que tiver assento na turma ou
câmara, pedir vista, por uma sessão, se não estiver habilitado a proferir
imediatamente o seu voto.
Art. 556. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento,
designando para redigir o acórdão o relator, ou, se este for vencido, o autor do
primeiro voto vencedor.
Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,
improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência
dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior. (NR)
§ 1º-A. Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou
com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso.
§ 1º. Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente
para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o
processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento.
(NR)
§ 2º. Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal
condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do
valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso
condicionada ao depósito do respectivo valor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão
civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea
e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação,
sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o
pronunciamento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139,
de 30.11.1995, com vigência a partir de 30.01.1996)
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo às hipóteses do artigo 520.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995, com vigência a partir
de 30.01.1996)
Art. 559. A apelação não será incluída em pauta antes do agravo de instrumento
interposto no mesmo processo.
Parágrafo único. Se ambos os recursos houverem de ser julgados na mesma
sessão, terá precedência o agravo.
Art. 560. Qualquer questão preliminar suscitada no julgamento será decidida
antes do mérito, deste não se conhecendo se incompatível com a decisão
daquela.
Parágrafo único. Versando a preliminar sobre nulidade suprível, o tribunal,
havendo necessidade, converterá o julgamento em diligência, ordenando a
remessa dos autos ao juiz, a fim de ser sanado o vício. (Redação dada ao

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parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 561. Rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a apreciação do
mérito, seguir-se-ão a discussão e julgamento da matéria principal, pronunciando-
se sobre esta os juízes vencidos na preliminar.
Art. 562. Preferirá aos demais o recurso cujo julgamento tenha sido iniciado.
Art. 563. Todo acórdão conterá ementa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.950, de 13.12.1994))
Art. 564. Lavrado o acórdão, serão as suas conclusões publicadas no órgão
oficial dentro de 10 (dez) dias.
Art. 565. Desejando proferir sustentação oral, poderão os advogados requerer
que na sessão imediata seja o feito julgado em primeiro lugar, sem prejuízo das
preferências legais.
Parágrafo único. Se tiverem subscrito o requerimento os advogados de todos os
interessados, a preferência será concedida para a própria sessão.
LIVRO II
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

TÍTULO I
DA EXECUÇÃO EM GERAL

CAPÍTULO I
DAS PARTES

Art. 566. Podem promover a execução forçada:

I - o credor a quem a lei confere título executivo;


II - o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.
Art. 567. Podem também promover a execução, ou nela prosseguir:

I - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte


deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
II - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido
por ato entre vivos;
III - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
Art. 568. São sujeitos passivos na execução: (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação
resultante do título executivo;
IV - o fiador judicial;

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V - o responsável tributário, assim definido na legislação própria.
Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas
algumas medidas executivas.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões
processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios;
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Art. 570. O devedor pode requerer ao juiz que mande citar o credor a receber em
juízo o que lhe cabe conforme o título executivo judicial, neste caso, o devedor
assume, no processo, posição idêntica à do exeqüente.
Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este
será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias,
se outro prazo não lhe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença.
§ 1º. Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo
marcado.
§ 2º. Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da
execução.
Art. 572. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita à condição ou termo, o
credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a condição ou
que ocorreu o termo.
Art. 573. É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, cumular várias
execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, desde que para todas elas
seja competente o juiz e idêntica a forma do processo.
Art. 574. O credor ressarcirá ao devedor os danos que este sofreu, quando a
sentença, passada em julgado, declarar inexistente, no todo ou em parte, a
obrigação, que deu lugar à execução.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA

Art. 575. A execução, fundada em título judicial, processar-se-á perante:

I - os tribunais superiores, nas causas de sua competência originária;


II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo que homologou a sentença arbitral;
IV - o juízo cível competente, quando o título executivo for a sentença penal
condenatória.
Art. 576. A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o
juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e
III.
Art. 577. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos
executivos e os oficiais de justiça os cumprirão.

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Art. 578. A execução fiscal (artigo 585, VI) será proposta no foro do domicílio do
réu; se não o tiver, no de sua residência ou do lugar onde for encontrado.
Parágrafo único. Na execução fiscal, a Fazenda Pública poderá escolher o foro
de qualquer um dos devedores, quando houver mais de um, ou o foro de qualquer
dos domicílios do réu; a ação poderá ainda ser proposta no foro do lugar em que
se praticou o ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, embora nele não mais
resida o réu, ou, ainda, no foro da situação dos bens, quando a dívida deles se
originar.
Art. 579. Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego da
força policial, o juiz a requisitará.
CAPÍTULO III
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR QUALQUER
EXECUÇÃO

SEÇÃO I
DO INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR
Art. 580. Verificado o inadimplemento do devedor, cabe ao credor promover a
execução.
Parágrafo único. Considera-se inadimplente o devedor que não satisfaz
espontaneamente o direito reconhecido pela sentença, ou a obrigação, a que a lei
atribuir a eficácia de título executivo.
Art. 581. O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir, se o
devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o recebimento da prestação,
estabelecida no título executivo, se ela não corresponder ao direito ou à
obrigação; caso em que requererá ao juiz a execução, ressalvado ao devedor o
direito de embargá-la.
Art. 582. Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes de
cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não se procederá à
execução, se o devedor se propõe satisfazer a prestação, com meios
considerados idôneos pelo juiz, mediante a execução da contraprestação pelo
credor, e este, sem justo motivo, recusar a oferta.
Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da obrigação,
depositando em juízo a prestação ou a coisa; caso em que o juiz suspenderá a
execução, não permitindo que o credor a receba, sem cumprir a contraprestação,
que lhe tocar.
SEÇÃO II
DO TÍTULO EXECUTIVO
Art. 583. Toda execução tem por base título executivo judicial ou extrajudicial.
Art. 584. São títulos executivos judiciais:

I - a sentença condenatória proferida no processo civil;

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II - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
III - a sentença arbitral e a sentença homologatória de transação ou de
conciliação; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
IV - a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal;
V - o formal e a certidão de partilha.
Parágrafo único. Os títulos a que se refere o nº V deste artigo têm força
executiva exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título universal ou singular.
Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
II - a escritura pública ou outro documento público, assinado pelo devedor; o
documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o
instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública ou pelos advogados dos transatores; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
III - os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como de
seguro de vida e de acidentes pessoais de que resulte morte ou incapacidade
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973);
IV - o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem
como encargo de condomínio desde que comprovado por contrato escrito;
V - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor,
quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão
judicial;
VI - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito
Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da
lei;
VII - todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
§ 1º. A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
§ 2º. Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para
serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país
estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de
formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o
lugar de cumprimento da obrigação.
Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título
líquido, certo e exigível.
§ 1º. Quando o título executivo for sentença, que contenha condenação genérica,
proceder-se-á primeiro à sua liquidação.
§ 2º. Quando na sentença há uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito
promover simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta.
Art. 587. A execução é definitiva, quando fundada em sentença transitada em
julgado ou em título extrajudicial; é provisória, quando a sentença for impugnada

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mediante recurso, recebido só no efeito devolutivo.
Art. 588. A execução provisória da sentença far-se-á do mesmo modo que a
definitiva, observados os seguintes princípios:
I - corre por conta e responsabilidade do credor, que prestará caução, obrigando-
se a reparar os danos causados ao devedor;
II - não abrange os atos que importem alienação do domínio, nem permite, sem
caução idônea, o levantamento de depósito em dinheiro;
III - fica sem efeito, sobrevindo sentença que modifique ou anule a que foi objeto
da execução, restituindo-se as coisas no estado anterior.
Parágrafo único. No caso do nº III, deste artigo, se a sentença provisoriamente
executada for modificada ou anulada apenas em parte, somente nessa parte ficará
sem efeito a execução.
Art. 589. A execução definitiva far-se-á nos autos principais; a execução
provisória, nos autos suplementares, onde os houver, ou por carta de sentença,
extraída do processo pelo escrivão e assinada pelo juiz.
Art. 590. São requisitos da carta de sentença:
I - autuação;
II - petição inicial e procuração das partes;
III - contestação;
IV - sentença exeqüenda;
V - despacho do recebimento do recurso.
Parágrafo único. Se houve habilitação, a carta conterá a sentença que a julgou.
CAPÍTULO IV
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com


todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:

I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução de sentença proferida


em ação fundada em direito real;
II - do sócio, nos termos da lei;
III - do devedor, quando em poder de terceiros;
IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua
meação respondem pela dívida;
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.
Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de
bens:
I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor
demanda capaz de reduzi-lo à insolvência;
III - nos demais casos expressos em lei.
Art. 594. O credor, que estiver, por direito de retenção, na posse de coisa

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pertencente ao devedor, não poderá promover a execução sobre outros bens
senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder.
Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e
desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à
execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.
Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos
autos do mesmo processo.
Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da
sociedade senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento
da dívida, tem direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.
§ 1º. Cumpre ao sócio, que alegar o benefício deste artigo, nomear bens da
sociedade, sitos na mesma comarca, livres e desembargados, quantos bastem
para pagar o débito.
§ 2º. Aplica-se aos casos deste artigo o disposto no parágrafo único do artigo
anterior.
Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada
herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança lhe coube.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 598. Aplicam-se subsidiariamente à execução as disposições que regem o


processo de conhecimento.
Art. 599. O juiz pode, em qualquer momento do processo: (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
I - ordenar o comparecimento das partes;
II - advertir ao devedor que o seu procedimento constitui ato atentatório à
dignidade da justiça. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da justiça o ato do devedor que:

I - fraude a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
IV - não indica ao juiz onde se encontram os bens sujeitos à execução.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 601. Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa
fixada pelo juiz, em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do
débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual que
reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Parágrafo único. O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais
praticar qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que
responda ao credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários

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advocatícios.
Art. 602. Toda vez que a indenização por ato ilícito incluir prestação de
alimentos, o juiz, quanto a esta parte, condenará o devedor a constituir um capital,
cuja renda assegure o seu cabal cumprimento.
§ 1º. Este capital, representado por imóveis ou por títulos da dívida pública, será
inalienável e impenhorável:
I - durante a vida da vítima;
II - falecendo a vítima em conseqüência de ato ilícito, enquanto durar a obrigação
do devedor.
§ 2º. O juiz poderá substituir a constituição do capital por caução fideijussória,
que será prestada na forma do artigo 829 e segs.
§ 3º. Se, fixada a prestação de alimentos, sobrevier modificação nas condições
econômicas, poderá a parte pedir ao juiz, conforme as circunstâncias, redução ou
aumento do encargo.
§ 4º. Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará, conforme o
caso, cancelar a cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade ou exonerar da
caução o devedor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO VI
DA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

Art. 603. Procede-se à liquidação, quando a sentença não determinar o valor ou


não individuar o objeto da condenação.
Parágrafo único. A citação do réu, na liquidação por arbitramento e na liquidação
por artigos, far-se-á na pessoa de seu advogado, constituído nos autos.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.898, de 29.06.1994)
Art. 604. Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de
cálculo aritmético, o credor procederá à sua execução na forma do artigo 652 e
seguintes, instruindo o pedido com a memória discriminada e atualizada do
cálculo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.898, de 29.06.1994)
Art. 605. Para os fins do artigo 570, poderá o devedor proceder ao cálculo na
forma do artigo anterior, depositando, de imediato, o valor apurado. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 8.898, de 29.06.1994)
Parágrafo único. Do mandado executivo constará, além do cálculo, a sentença"
Art. 606. Far-se-á a liquidação por arbitramento quando:
I - determinado pela sentença ou convencionado pelas partes;
II - o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Art. 607. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e
fixará o prazo para a entrega do laudo.
Parágrafo único. Apresentado o laudo, sobre o qual poderão as partes
manifestar-se no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença ou designará
audiência de instrução e julgamento, se necessário.
Art. 608. Far-se-á liquidação por artigos, quando, para determinar o valor da

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condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo.
Art. 609. Observar-se-á, na liquidação por artigos, o procedimento comum
regulado no Livro I deste código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.898, de
29.06.1994)
Art. 610. É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença
que a julgou.
Art. 611. Julgada a liquidação, a parte promoverá a execução, citando
pessoalmente o devedor.

TÍTULO II
DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o


concurso universal (artigo 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor,
que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.
Art. 613. Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor
conservará o seu título de preferência.
Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor
e instruir a petição inicial:
I - com o título executivo, salvo se ela se fundar em sentença (artigo 584);
II - com o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da ação,
quando se tratar de execução por quantia certa. (Inciso acrescentado pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
III - com a prova de que se verificou a condição, ou ocorreu o termo (artigo 572).
(Antigo inciso II renumerado pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 615. Cumpre ainda ao credor:
I - indicar a espécie de execução que prefere, quando por mais de um modo
pode ser efetuada;
II - requerer a intimação do credor pignoráticio, hipotecário, ou anticrético, ou
usufrutuário, quando a penhora recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca,
anticrese ou usufruto;
III - pleitear medidas acautelatórias urgentes;
IV - provar que adimpliu a contraprestação, que lhe corresponde, ou que lhe
assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua
prestação senão mediante a contraprestação do credor.
Art. 616. Verificando o juiz que a petição inicial está incompleta, ou não se acha
acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução,
determinará que o credor a corrija, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de ser

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indeferida.
Art. 617. A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição,
mas a citação do devedor deve ser feita com observância do disposto no artigo
219.
Art. 618. É nula a execução:

I - se o título executivo não for líquido, certo e exigível (artigo 586);


II - se o devedor não for regularmente citado;
III - se instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrido o termo, nos
casos do artigo 572.
Art. 619. A alienação de bem aforado ou gravado por penhor, hipoteca, anticrese
ou usufruto será ineficaz em relação ao senhorio direto, ou ao credor pignorático,
hipotecário, anticrético, ou usufrutuário, que não houver sido intimado.
Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.
CAPÍTULO II
DA EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA

SEÇÃO I
DA ENTREGA DE COISA CERTA
Art. 621. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título
executivo, será citado para, dentro de dez dias, satisfazer a obrigação, ou, seguro
o juízo, (artigo 737, II), apresentar embargos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
Art. 622. O devedor poderá depositar a coisa, em vez de entregá-la, quando
quiser opor embargos (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 623. Depositada a coisa, o exeqüente não poderá levantá-la antes do
julgamento dos embargos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)
Art. 624. Se o devedor entregar a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-
á por finda a execução, salvo se esta, de acordo com a sentença, tiver de
prosseguir para o pagamento de frutos e ressarcimento de perdas e danos.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 625. Não sendo a coisa entregue ou depositada, nem admitidos embargos
suspensivos da execução, expedir-se-á, em favor do credor, mandado de imissão
na posse ou de busca e apreensão, conforme se tratar de imóvel ou de móvel.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 626. Alienada a coisa quando já litigiosa, expedir-se-á mandado contra o
terceiro adquirente, que somente será ouvido depois de depositá-la.

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Art. 627. O credor tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da
coisa, quando esta não lhe for entregue, se deteriorou, não for encontrada ou não
for reclamada do poder de terceiro adquirente.
§ 1º. Não constando da sentença o valor da coisa, ou sendo impossível a sua
avaliação, o credor far-lhe-á a estimativa, sujeitando-se ao arbitramento judicial.
§ 2º. O valor da coisa e as perdas e danos serão apurados em liquidação de
sentença.
Art. 628. Havendo benfeitorias indenizáveis feitas na coisa pelo devedor ou por
terceiros, de cujo poder houver sido tirado, a liquidação prévia é obrigatória. Se
houver saldo em favor do devedor, o credor o depositará ao requerer a entrega da
coisa; se houver saldo em favor do credor, este poderá cobrá-lo nos autos do
mesmo processo.
SEÇÃO II
DA ENTREGA DA COISA INCERTA
Art. 629. Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e
quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se lhe couber
a escolha; mas se essa couber ao credor, este a indicará na petição inicial.
Art. 630. Qualquer das partes poderá, em 48 (quarenta e oito) horas, impugnar a
escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.
Art. 631. Aplicar-se-á à execução para entrega de coisa incerta o estatuído na
seção anterior.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER

SEÇÃO I
DA OBRIGAÇÃO DE FAZER
Art. 632. Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será
citado para sartisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se outro não estiver
determinado no título executivo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)
Art. 633. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a obrigação, é lícito ao
credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela seja executada à custa
do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela se converte em
indenização.
Parágrafo único. O valor das perdas e danos será apurado em liquidação,
seguindo-se a execução para cobrança de quantia certa.
Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiros, é lícito ao juiz, a
requerimento do credor, decidir que aquele o realize à custa do devedor.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)

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§ 1º. O juiz nomeará um perito que avaliará o custo da prestação do fato,
mandando em seguida expedir edital de concorrência pública, com o prazo
máximo de 30 (trinta) dias. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
§ 2º. As propostas serão acompanhadas de prova do depósito da importância,
que o juiz estabelecerá a título de caução.
§ 3º. No dia, lugar e hora designada, abertas as propostas, escolherá o juiz a
mais vantajosa.
§ 4º. Se o credor não exercer a preferência a que se refere o artigo 637, o
concorrente, cuja proposta foi aceita, obrigar-se-á, dentro de 5 (cinco) dias, por
termo nos autos, a prestar o fato sob pena de perder a quantia caucionada.
§ 5º. Ao assinar o termo o contratante fará nova caução de 25% (vinte e cinco
por cento) sobre o valor do contrato.
§ 6º. No caso de descumprimento da obrigação assumida pelo concorrente ou
pelo contratante, a caução, referida nos §§ 4º e 5º, reverterá em benefício do
credor.
§ 7º. O credor adiantará ao contratante as quantias estabelecidas na proposta
aceita. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 635. Prestado o fato, o juiz ouvirá as partes no prazo de 10 (dez) dias; não
havendo impugnação, dará por cumprida a obrigação; em caso contrário, decidirá
a impugnação.
Art. 636. Se o contratante não prestar o fato no prazo, ou se o praticar de modo
incompleto ou defeituoso, poderá o credor requerer ao juiz, no prazo de 10 (dez)
dias, que o autorize a concluí-lo, ou a repará-lo, por conta do contratante.
Parágrafo único. Ouvido o contratante no prazo de 5 (cinco) dias, o juiz mandará
avaliar o custo das despesas necessárias e condenará o contratante a pagá-lo.
Art. 637. Se o credor quiser executar, ou mandar executar, sob sua direção e
vigilância, as obras e trabalhos necessários à prestação do fato, terá preferência,
em igualdade de condições de oferta, ao terceiro.
Parágrafo único. O direito de preferência será exercido no prazo de 5 (cinco)
dias, contados da escolha da proposta, a que alude o artigo 634, § 3º.
Art. 638. Nas obrigações de fazer, quando for convencionado que o devedor a
faça pessoalmente, o credor poderá requerer ao juiz que lhe assine prazo para
cumpri-la.
Parágrafo único. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do
devedor converter-se-á em perdas e danos, aplicando-se outrossim o disposto no
artigo 633.
Art. 639. Se aquele que se comprometeu a concluir um contrato não cumprir a
obrigação, a outra parte, sendo isso possível e não excluído pelo título, poderá
obter uma sentença que produza o mesmo efeito do contrato a ser firmado.
Art. 640. Tratando-se de contrato, que tenha por objeto a transferência da
propriedade de coisa determinada, ou de outro direito, a ação não será acolhida
se a parte, que a intentou, não cumprir a sua prestação, nem oferecer, nos casos

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e formas legais, salvo se ainda não exigível.
Art. 641. Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma
vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida.
SEÇÃO II
DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
Art. 642. Se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei
ou pelo contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo.
Art. 643. Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que
mande desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos.
Parágrafo único. Não sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se
em perdas e danos.
SEÇÃO III
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES PRECEDENTES
Art. 644. Na execução em que o credor pedir o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer, determinada em título judicial, o juiz, se omissa a sentença,
fixará multa por dia de atraso e a data a partir da qual ela será devida.
Parágrafo único. O valor da multa poderá ser modificado pelo juiz da execução,
verificado que se tornou insuficiente ou excessivo. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
Art. 645. Na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título
extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no
cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.
Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título, o juiz poderá
reduzi-lo, se excessivo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.953, de 13.12.1994)
CAPÍTULO IV
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR
SOLVENTE

SEÇÃO I
DA PENHORA, DA AVALIAÇÃO E DA ARREMATAÇÃO
Subseção I
Das disposições gerais
Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do
devedor, a fim de satisfazer o direito do credor (artigo 591).
Art. 647. A expropriação consiste:
I - na alienação de bens do devedor;
II - na adjudicação em favor do credor;
III - no usufruto de imóvel ou de empresa.

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Art. 648. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera
impenhoráveis ou inalienáveis.
Art. 649. São absolutamente impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;
II - as provisões de alimento e de combustível, necessárias à manutenção do
devedor e de sua família durante 1 (um) mês;
III - o anel nupcial e os retratos da família;
IV - os vencimentos dos magistrados, dos professores e dos funcionários
públicos, o soldo e os salários, salvo para pagamento de prestação alimentícia;
V - os equipamentos dos militares;
VI - os livros, as máquinas, os utensílios e os instrumentos, necessários ou úteis
ao exercício de qualquer profissão;
VII - as pensões, as tenças ou os montepios, percebidos dos cofres públicos, ou
de institutos de previdência, bem como os provenientes de liberalidade de terceiro,
quando destinados ao sustento do devedor ou da sua família;
VIII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem
penhoradas;
IX - o seguro de vida;
X - o imóvel rural, até um módulo, desde que este seja o único de que disponha
o devedor, ressalvada a hipoteca para fins de financiamento agropecuário. (Inciso
acrescentado pela Lei nº 7.513, de 09.07.1986)
Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens:
I - os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a
alimentos de incapazes, bem como de mulher viúva, solteira, desquitada, ou de
pessoas idosas;
II - as imagens e os objetos do culto religioso, sendo de grande valor.
Art. 651. Antes de arrematados ou adjudicados os bens, pode o devedor, a todo
tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância da dívida, mais
juros, custas e honorários advocatícios.
Subseção II
Da citação do devedor e da nomeação de bens
Art. 652. O devedor será citado para, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
pagar ou nomear bens à penhora.
§ 1º. O oficial de justiça certificará, no mandado, a hora da citação.
§ 2º. Se não localizar o devedor, o oficial certificará cumpridamente as diligências
realizadas para encontrá-lo.
Art. 653. O oficial de justiça, não encontrando o devedor, arrestar-lhe-á tantos
bens quantos bastem para garantir a execução.
Parágrafo único. Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de
justiça procurará o devedor três vezes em dias distintos; não o encontrando,
certificará o ocorrido.

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Art. 654. Compete ao credor, dentro de 10 (dez) dias, contados da data em que
foi intimado do arresto a que se refere o parágrafo único do artigo anterior,
requerer a citação por edital do devedor. Findo o prazo do edital, terá o devedor o
prazo a que se refere o artigo 652, convertendo-se o arresto em penhora em caso
de não-pagamento.
Art. 655. Incumbe ao devedor, ao fazer a nomeação de bens, observar a
seguinte ordem:
I - dinheiro;
II - pedras e metais preciosos;
III - títulos da dívida pública da União ou dos Estados;
IV - títulos de crédito, que tenham cotação em bolsa;
V - móveis;
VI - veículos;
VII - semoventes;
VIII - imóveis;
IX - navios e aeronaves;
X - direitos e ações.
§ 1º. Incumbe também ao devedor:
I - quanto aos bens imóveis, indicar-lhes as transcrições aquisitivas, situá-los e
mencionar as divisas e confrontações;
II - quanto aos móveis, particularizar-lhes o estado e o lugar em que se
encontram;
III - quanto aos semoventes, especificá-los, indicando o número de cabeças e o
imóvel em que se acham;
IV - quanto aos créditos, identificar o devedor e qualificá-lo, descrevendo a
origem da dívida, o título que a representa e a data do vencimento;
V - atribuir valor aos bens nomeados à penhora. (Inciso acrescentado pela Lei nº
8.953, de 13.12.1994)
§ 2º. Na execução do crédito pignoratício, anticrético ou hipotecário, a penhora,
independentemente de nomeação, recairá sobre a coisa dada em garantia.
Art. 656. Ter-se-á por ineficaz a nomeação, salvo convindo o credor:
I - se não obedecer à ordem legal;
II - se não versar sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o
pagamento;
III - se, havendo bens no foro da execução, outros hajam sido nomeados;
IV - se o devedor, tendo bens livres e desembargados, nomear outros que o não
sejam;
V - se os bens nomeados forem insuficientes para garantir a execução;
VI - se o devedor não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações
a que se referem os nºs. I a IV do § 1º do artigo anterior.
Parágrafo único. Aceita a nomeação, cumpre ao devedor, dentro de prazo
razoável assinado pelo juiz, exibir a prova de propriedade dos bens e, quando for
o caso, a certidão negativa de ônus.
Art. 657. Cumprida a exigência do artigo antecedente, a nomeação será
reduzida a termo, havendo-se por penhorados os bens; em caso contrário,

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devolver-se-á ao credor o direito à nomeação.
Parágrafo único. O juiz decidirá de plano as dúvidas suscitadas pela nomeação.
Art. 658. Se o devedor não tiver bens no foro da causa, far-se-á a execução por
carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situação
(artigo 747).
Subseção III
Da penhora e do depósito
Art. 659. Se o devedor não pagar, nem fizer nomeação válida, o oficial de justiça
penhorar-lhe-á tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros,
custas e honorários advocatícios.
§ 1º. Efetuar-se-á penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que em
repartição pública; caso em que precederá requisição do juiz ao respectivo chefe.
§ 2º. Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da
execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior e bem assim quando não encontrar
quaisquer bens penhoráveis, o oficial descreverá na certidão os que guarnecem a
residência ou o estabelecimento do devedor.
§ 4º. A penhora de bens imóveis realizar-se-á mediante auto ou termo de
penhora, e inscrição no respectivo registro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.953, de 13.12.1994)
Art. 660. Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos
bens, o oficial de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de
arrombamento.
Art. 661. Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de
justiça cumprirão o mandado, arrombando portas, móveis e gavetas, onde
presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que
será assinado por duas testemunhas, presentes à diligência.
Art. 662. Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar
os oficiais de justiça na penhora dos bens e na prisão de quem resistir à ordem.
Art. 663. Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto de resistência,
entregando uma via ao escrivão do processo para ser junta aos autos e a outra à
autoridade policial, a quem entregarão o preso.
Parágrafo único. Do auto de resistência constará o rol de testemunhas, com a
sua qualificação.
Art. 664. Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos
bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.
Parágrafo único. Havendo mais de uma penhora, lavrar-se-á para cada qual um
auto.
Art. 665. O auto de penhora conterá:

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I - a indicação do dia, mês, ano e lugar em que foi feita;
II - os nomes do credor e do devedor;
III - a descrição dos bens penhorados, com os seus característicos;
IV - a nomeação do depositário dos bens.
Art. 666. Se o credor não concordar em que fique como depositário o devedor,
depositar-se-ão:
I - no Banco do Brasil, na Caixa Econômica Federal, ou em um banco, de que o
Estado-membro da União possua mais de metade do capital social integralizado;
ou, em falta de tais estabelecimentos de crédito, ou agências suas no lugar, em
qualquer estabelecimento de crédito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro,
as pedras e os metais preciosos, bem como os papéis de crédito;
II - em poder do depositário judicial, os móveis e os imóveis urbanos;
III - em mãos de depositário particular, os demais bens, na forma prescrita na
Subseção V deste Capítulo.
Art. 667. Não se procede à segunda penhora, salvo se:

I - a primeira for anulada;


II - executados os bens, o produto da alienação não bastar para o pagamento do
credor;
III - o credor desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por
estarem penhorados, arrestados ou onerados.
Art. 668. O devedor, ou responsável, pode, a todo tempo, antes da arrematação
ou da adjudicação, requerer a substituição do bem penhorado por dinheiro; caso
em que a execução correrá sobre a quantia depositada.
Art. 669. Feita a penhora, intimar-se-á o devedor para embargar a execução no
prazo de dez dias.
Parágrafo único. Recaindo a penhora em bens imóveis, será intimado também o
cônjuge do devedor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 670. O juiz autorizará a alienação antecipada dos bens penhorados quando:
I - sujeitos à deterioração ou depreciação;
II - houver manifesta vantagem.
Parágrafo único. Quando uma das partes requerer a alienação antecipada dos
bens penhorados, o juiz ouvirá sempre a outra antes de decidir.
Subseção IV
Da penhora de crédito e de outros direitos patrimoniais
Art. 671. Quando a penhora recair em crédito do devedor, o oficial de justiça o
penhorará. Enquanto não ocorrer a hipótese prevista no artigo seguinte,
considerar-se-á feita a penhora pela intimação:
I - ao terceiro devedor para que não pague ao seu credor;
II - ao credor do terceiro para que não pratique ato de disposição do crédito.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 672. A penhora de crédito, representada por letra de câmbio, nota
promissória, duplicata, cheque ou outros títulos, far-se-á pela apreensão do

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documento, esteja ou não em poder do devedor.
§ 1º. Se o título não for apreendido, mas o terceiro confessar a dívida, será
havido como depositário da importância.
§ 2º. O terceiro só se exonerará da obrigação, depositando em juízo a
importância da dívida.
§ 3º. Se o terceiro negar o débito em conluio com o devedor, a quitação, que este
lhe der, considerar-se-á em fraude de execução.
§ 4º. A requerimento do credor, o juiz determinará o comparecimento, em
audiência especialmente designada, do devedor e do terceiro, a fim de lhes tomar
os depoimentos.
Art. 673. Feita a penhora em direito e ação do devedor, e não tendo este
oferecido embargos, ou sendo estes rejeitados, o credor fica sub-rogado nos
direitos do devedor até a concorrência do seu crédito.
§ 1º. O credor pode preferir, em vez da sub-rogação, a alienação judicial do
direito penhorado, caso em que declarará a sua vontade no prazo de 10 (dez) dias
contados da realização da penhora.
§ 2º. A sub-rogação não impede ao sub-rogado, se não receber o crédito do
devedor, de prosseguir na execução, nos mesmos autos, penhorando outros bens
do devedor.
Art. 674. Quando o direito estiver sendo pleiteado em juízo, averbar-se-á no
rosto dos autos a penhora, que recair nele e na ação que lhe corresponder, a fim
de se efetivar nos bens, que forem adjudicados ou vierem a caber ao devedor.
Art. 675. Quando a penhora recair sobre dívidas de dinheiro a juros, de direito a
rendas, ou de prestações periódicas, o credor poderá levantar os juros, os
rendimentos ou as prestações à medida que forem sendo depositadas, abatendo-
se do crédito as importâncias recebidas, conforme as regras da imputação em
pagamento.
Art. 676. Recaindo a penhora sobre direito, que tenha por objeto prestação ou
restituição de coisa determinada, o devedor será intimado para, no vencimento,
depositá-la, correndo sobre ela a execução.
Subseção V
Da penhora, do depósito e da administração da empresa de outros
estabelecimentos
Art. 677. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou
agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifício em construção, o juiz
nomeará um depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias a
forma de administração.
§ 1º. Ouvidas as partes, o juiz decidirá.
§ 2º. É lícito, porém, às partes ajustarem a forma de administração, escolhendo o
depositário; caso em que o juiz homologará por despacho a indicação.
Art. 678. A penhora de empresa, que funcione mediante concessão ou
autorização, far-se-á conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre

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determinados bens, ou sobre todo o patrimônio, nomeando o juiz como
depositário, de preferência, um dos seus diretores.
Parágrafo único. Quando a penhora recair sobre a renda, ou sobre determinados
bens, o depositário apresentará a forma de administração e o esquema de
pagamento observando-se, quanto ao mais, o disposto nos artigos 716 a 720;
recaindo, porém, sobre todo o patrimônio, prosseguirá a execução os seus
ulteriores termos, ouvindo-se, antes da arrematação ou da adjudicação, o poder
público, que houver outorgado a concessão.
Art. 679. A penhora sobre navio ou aeronave não obsta a que continue
navegando ou operando até a alienação; mas o juiz, ao conceder a autorização
para navegar ou operar, não permitirá que saia do porto ou aeroporto antes que o
devedor faça o seguro usual contra riscos.
Subseção VI
Da avaliação
Art. 680. Prosseguindo a execução, e não configurada qualquer das hipóteses
do artigo 684, o juiz nomeará um perito para estimar os bens penhorados, se não
houver, na comarca, avaliador oficial, ressalvada a existência de avaliação anterior
(artigo 655, § 1º, V). (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 681. O laudo do avaliador, que será apresentado em 10 (dez) dias, conterá:
I - a descrição dos bens, com os seus característicos, e a indicação do estado
em que se encontram;
II - o valor dos bens;
Parágrafo único. Quando o imóvel for suscetível de cômoda divisão, o perito,
tendo em conta o crédito reclamado, o avaliará em suas partes, sugerindo os
possíveis desmembramentos.
Art. 682. O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos
títulos de crédito negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada
por certidão ou publicação no órgão oficial.
Art. 683. Não se repetirá a avaliação, salvo quando:
I - se provar erro ou dolo do avaliador;
II - se verificar, posteriormente à avaliação, que houve diminuição do valor dos
bens.
III - houver fundada dúvida sobre o valor atribuído ao bem (artigo 655, § 1º, V).
(Inciso acrescentado pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 684. Não se procederá à avaliação se:

I - o credor aceitar a estimativa feita na nomeação de bens;


II - se tratar de títulos ou de mercadorias, que tenham cotação em bolsa,
comprovada por certidão ou publicação oficial.
III - os bens forem de pequeno valor.
Art. 685. Após a avaliação, poderá mandar o juiz, a requerimento do interessado
e ouvida a parte contrária:

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I - reduzir a penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para outros, que bastem
à execução, se o valor dos penhorados for consideravelmente superior ao crédito
do exeqüente e acessórios;
II - ampliar a penhora, ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor
dos penhorados for inferior ao referido crédito.
Parágrafo único. Uma vez cumpridas essas providências, o juiz mandará publicar
os editais de praça.
Subseção VII
Da arrematação
Art. 686. A arrematação será precedida de edital, que conterá:

I - a descrição do bem penhorado com os seus característicos e, tratando-se de


imóvel, a situação, as divisas e a transcrição aquisitiva ou a inscrição;
II - o valor do bem;
III - o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito e
ação, os autos do processo, em que foram penhorados (Acrescentado pela Lei nº
7.363/85);
IV - o dia, o lugar e a hora da praça ou do leilão;
V - a menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens a
serem arrematados; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
VI - a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à importância
da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo designados entre
os dez e os vinte dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço (artigo 692).
(Redação dada ao inciso pela Lei 8.953 de 13.12.1994)
§ 1º. No caso do artigo 684, II, constará do edital o valor da última cotação
anterior à expedição deste.
§ 2º. A praça realizar-se-á no átrio do edifício do fórum; o leilão, onde estiverem
os bens, ou no lugar designado pelo juiz.
§ 3º. Quando os bens penhorados não excederem o valor correspondente a 20
(vinte) vezes o maior salário mínimo, conforme o artigo 275 desta lei, será
dispensada a publicação de editais, não podendo, neste caso, o preço da
arrematação ser inferior ao da avaliação.
Art. 687. O edital será fixado no local do costume e publicado, em resumo, com
antecedência mínima de cinco dias, pelo menos uma vez em jornal de ampla
circulação local.
§ 1º. A publicação do edital será feita no órgão oficial, quando o beneficiário da
justiça gratuita.
§ 2º. Atendendo ao valor dos bens e às condições da comarca, o juiz poderá
alterar a forma e a freqüência da publicidade na imprensa, mandar divulgar avisos
em emissora local e adotar outras providências tendentes à mais ampla
publicidade da alienação.
§ 3º. Os editais de praça serão divulgados pela imprensa preferencialmente na
seção ou local reservado à publicidade de negócios imobiliários.
§ 4º. O juiz poderá determinar a reunião de publicações em listas referentes a
mais de uma execução.
§ 5º. O devedor será intimado pessoalmente, por mandado, ou carta com aviso

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de recepção, ou por outro meio idôneo, do dia, hora e local da alienação judicial.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 688. Não se realizando, por motivo justo, a praça ou o leilão, o juiz mandará
publicar pela imprensa local e no órgão oficial a transferência.
Parágrafo único. O escrivão, o porteiro ou o leiloeiro, que culposamente der
causa à transferência, responde pelas despesas da nova publicação, podendo o
juiz aplicar-lhe a pena de suspensão por 5 (cinco) a 30 (trinta) dias.
Art. 689. Sobrevindo a noite, prosseguirá a praça ou o leilão no dia útil imediato,
à mesma hora em que teve início, independentemente de novo edital.
Art. 690. A arrematação far-se-á com dinheiro à vista, ou a prazo de 3 (três) dias,
mediante caução idônea.
§ 1º. É admitido a lançar todo aquele que estiver na livre administração de seus
bens.
Excetuam-se:
I - os tutores, os curadores, os testamenteiros, os administradores, os síndicos,
ou liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e responsabilidade;
II - os mandatários, quanto aos bens, de cuja administração ou alienação
estejam encarregados;
III - o juiz, o escrivão, o depositário, o avaliador e o oficial de justiça.
§ 2º. O credor, que arrematar os bens, não está obrigado a exibir o preço; mas
se o valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro em 3 (três) dias, a
diferença, sob pena de desfazer-se a arrematação; caso em que os bens serão
levados à praça ou ao leilão à custa do credor.
Art. 691. Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um
lançador, será preferido aquele que se propuser a arrematá-los englobadamente,
oferecendo para os que não tiverem licitante preço igual ao da avaliação e para os
demais o de maior lanço.
Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço
vil.
Parágrafo único. Será suspensa a arrematação, logo que o produto da alienação
dos bens bastar para o pagamento do credor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
Art. 693. A arrematação constará de auto, que será lavrado 24 (vinte e quatro)
horas depois de realizada a praça ou o leilão.
Art. 694. Assinado o auto pelo juiz, pelo escrivão, pelo arrematante e pelo
porteiro ou pelo leiloeiro, a arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e
irretratável.
Parágrafo único. Poderá, no entanto, desfazer-se:
I - por vício de nulidade;
II - se não for pago o preço ou se não for prestada a caução;
III - quando o arrematante provar, nos 3 (três) dias seguintes, a existência de
ônus real não mencionado no edital;

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IV - nos casos previstos neste Código (artigos 698 e 699).
Art. 695. Se o arrematante ou o seu fiador não pagar dentro de 3 (três) dias o
preço, o juiz impor-lhe-á, em favor do exeqüente, a multa de 20% (vinte por cento)
calculada sobre o lanço.
§ 1º. Não preferindo o credor que os bens voltem a nova praça ou leilão, poderá
cobrar ao arrematante e ao seu fiador o preço da arrematação e a multa, valendo
a decisão como título executivo.
§ 2º. O credor manifestará a opção, a que se refere o parágrafo antecedente,
dentro em 10 (dez) dias, contados da verificação da mora.
§ 3º. Não serão admitidos a lançar em nova praça ou leilão o arrematante e o
fiador remissos.
Art. 696. O fiador do arrematante, que pagar o valor do lanço e a multa, poderá
requerer que a arrematação lhe seja transferida.
Art. 697. Quando a penhora recair sobre imóvel, far-se-á alienação em praça.
Art. 698. Não se efetuará a praça de imóvel hipotecado ou emprazado, sem que
seja intimado, com 10 (dez) dias pelo menos de antecedência, o credor
hipotecário ou o senhorio direto, que não seja de qualquer modo parte na
execução.
Art. 699. Na execução de hipoteca de vias férreas, não se passará carta ao
maior lançador, nem ao credor adjudicatário, antes de intimar o representante da
Fazenda Nacional, ou do Estado, a que tocar a preferência, para, dentro de 30
(trinta) dias, usá-la se quiser, pagando o preço da arrematação ou da adjudicação.
Art. 700. Poderá o juiz, ouvidas as partes e sem prejuízo da expedição dos
editais, atribuir a corretor de imóveis inscrito na entidade oficial da classe a
intermediação na alienação do imóvel penhorado. Quem estiver interessado em
arrematar o imóvel sem o pagamento imediato da totalidade do preço poderá, até
5 (cinco) dias antes da realização da praça, fazer por escrito o seu lanço, não
inferior à avaliação, propondo pelo menos 40% (quarenta por cento) à vista e o
restante a prazo, garantido por hipoteca sobre o próprio imóvel. (Redação dada ao
"caput" e seus §§ pela Lei nº 6.851/80).
§ 1º. A proposta indicará o prazo, a modalidade e as condições de pagamento do
saldo.
§ 2º. Se as partes concordarem com a proposta, o juiz a homologará, mandando
suspender a praça, e correndo a comissão do mediador, que não poderá exceder
de 5% (cinco por cento) sobre o valor da alienação, por conta do proponente.
§ 3º. Depositada, no prazo que o juiz fixar, a parcela inicial, será expedida a carta
de arrematação (artigo 703), contendo os termos da proposta e a decisão do juiz,
servindo a carta de título para o registro hipotecário. Não depositada a parcela
inicial, o juiz imporá ao proponente, em favor do exeqüente, multa igual a 20%
(vinte por cento) sobre a proposta, valendo a decisão como título executivo.
Art. 701. Quando o imóvel de incapaz não alcançar em praça pelo menos 80%
(oitenta por cento) do valor da avaliação, o juiz o confiará à guarda e
administração de depositário idôneo, adiando a alienação por prazo não superior a

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1 (um) ano.
§ 1º. Se, durante o adiamento, algum pretendente assegurar, mediante caução
idônea, o preço da avaliação, o juiz ordenará a alienação em praça.
§ 2º. Se o pretendente à arrematação se arrepender, o juiz lhe imporá a multa de
20% (vinte por cento) sobre o valor da avaliação, em benefício do incapaz,
valendo a decisão como título executivo.
§ 3º. Sem prejuízo do disposto nos dois parágrafos antecedentes, o juiz poderá
autorizar a locação do imóvel no prazo do adiamento.
§ 4º. Findo o prazo do adiamento, o imóvel será alienado, na forma prevista no
artigo 686, VI.
Art. 702. Quando o imóvel admitir cômoda divisão, o juiz, a requerimento do
devedor, ordenará a alienação judicial de parte dele, desde que suficiente para
pagar o credor.
Parágrafo único. Não havendo lançador, far-se-á a alienação do imóvel em sua
integridade.
Art. 703. A carta de arrematação conterá:
I - a descrição do imóvel, constante do título, ou, à sua falta, da avaliação;
II - a prova de quitação dos impostos;
III - o auto de arrematação;
IV - o título executivo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 704. Ressalvados os casos de atribuição de corretores da Bolsa de Valores
e o previsto no artigo 700, todos os demais bens penhorados serão alienados em
leilão público.
Art. 705. Cumpre ao leiloeiro:
I - publicar o edital, anunciando a alienação;
II - realizar o leilão onde se encontrem os bens, ou no lugar designado pelo juiz;
III - expor aos pretendentes os bens ou as amostras das mercadorias;
IV - receber do arrematante a comissão estabelecida em lei ou arbitrada pelo
juiz;
V - receber e depositar, dentro em 24 (vinte e quatro) horas, à ordem do juiz, o
produto da alienação;
VI - prestar contas nas 48 (quarenta e oito) horas subseqüentes ao depósito.
Art. 706. O leiloeiro público será livremente escolhido pelo credor.
Art. 707. Efetuado o leilão, lavrar-se-á o auto, expedindo-se a carta de
arrematação.
SEÇÃO II
DO PAGAMENTO AO CREDOR
Subseção I
Das disposições gerais
Art. 708. O pagamento ao credor far-se-á:

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I - pela entrega do dinheiro;
II - pela adjudicação dos bens penhorados;
III - pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa.
Subseção II
Da entrega do dinheiro
Art. 709. O juiz autorizará que o credor levante, até a satisfação integral de seu
crédito, o dinheiro depositado para segurar o juízo ou o produto dos bens
alienados quando:
I - a execução for movida só a benefício do credor singular, a quem, por força da
penhora, cabe o direito de preferência sobre os bens penhorados e alienados;
II - não houver sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou preferência,
instituído anteriormente à penhora.
Parágrafo único. Ao receber o mandado de levantamento, o credor dará ao
devedor, por termo nos autos, quitação da quantia paga.
Art. 710. Estando o credor pago do principal, juros, custas e honorários, a
importância que sobejar será restituída ao devedor.
Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e
entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à
preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução,
cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada
a anterioridade de cada penhora.
Art. 712. Os credores formularão as suas pretensões, requerendo as provas que
irão produzir em audiência; mas a disputa entre eles versará unicamente sobre o
direito de preferência e a anterioridade da penhora.
Art. 713. Findo o debate, o juiz proferirá a sentença.

Subseção III
Da adjudicação de imóvel
Art. 714. Finda a praça sem lançador, é lícito ao credor, oferecendo preço não
inferior ao que consta do edital, requerer lhe sejam adjudicados os bens
penhorados.
§ 1º. Idêntico direito pode ser exercido pelo credor hipotecário e pelos credores
concorrentes, que penhorarem o mesmo imóvel.
§ 2º. Havendo mais de um pretendente pelo mesmo preço, proceder-se-á entre
eles à licitação; se nenhum deles oferecer maior quantia, o credor hipotecário
preferirá ao exeqüente e aos credores concorrentes.
Art. 715. Havendo um só pretendente, a adjudicação reputa-se perfeita e
acabada com a assinatura do auto e independentemente de sentença, expedindo-
se a respectiva carta com observância dos requisitos exigidos pelo artigo 703.
§ 1º. Deferido o pedido de adjudicação, o auto somente será assinado decorrido
o prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 2º. Surgindo licitação, constará da carta a sentença de adjudicação, além das

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peças exigidas pelo artigo 703.
Subseção IV
Do usufruto de imóvel ou de empresa
Art. 716. O juiz da execução pode conceder ao credor o usufruto de imóvel ou de
empresa, quando o reputar menos gravoso ao devedor e eficiente para o
recebimento da dívida.
Art. 717. Decretado o usufruto, perde o devedor o gozo do imóvel ou da
empresa, até que o credor seja pago do principal, juros, custas e honorários
advocatícios.
Art. 718. O usufruto tem eficácia, assim em relação ao devedor como a terceiros,
a partir da publicação da sentença.
Art. 719. Na sentença, o juiz nomeará administrador que será investido de todos
os poderes que concernem ao`usufrutuário.
Parágrafo único. Pode ser administrador:
I - o credor, consentindo o devedor;
II - o devedor, consentido o credor.
Art. 720. Quando o usufruto recair sobre o quinhão do condômino na co-
propriedade, ou do sócio na empresa, o administrador exercerá os direitos que
numa ou noutra cabiam ao devedor.
Art. 721. É lícito ao credor, antes da realização da praça, requerer-lhe seja
atribuído, em pagamento do crédito, o usufruto do imóvel penhorado.
Art. 722. Se o devedor concordar com o pedido, o juiz nomeará perito para:

I - avaliar os frutos e rendimentos do imóvel;


II - calcular o tempo necessário para a liquidação da dívida.
§ 1º. Ouvidas as partes sobre o laudo, proferirá o juiz a sentença, ordenando a
expedição de carta de constituição de usufruto.
§ 2º. Constarão da carta, além das peças indicadas no artigo 703, a sentença e o
cálculo dos frutos e rendimentos.
§ 3º. A carta de usufruto do imóvel será inscrita no respectivo registro.
Art. 723. Se o imóvel estiver arrendado, o inquilino pagará o aluguel diretamente
ao usufrutuário, salvo se houver administrador.
Art. 724. O usufrutuário poderá celebrar nova locação, aceitando proposta de
contrato, desde que o devedor concorde com todas as suas cláusulas. Havendo
discordância entre o credor e o devedor, o juiz decidirá, podendo aprovar a
proposta, se a julgar conveniente, ou determinar, mediante hasta pública, a
locação.
Art. 725. A constituição do usufruto não impedirá a alienação judicial do imóvel;
fica, porém, ressalvado ao credor o direito a continuar na posse do imóvel durante
o prazo do usufruto.

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Parágrafo único. É lícito ao arrematante, pagando ao credor o saldo a que tem
direito, requerer a extinção do usufruto.
Art. 726. Nos casos previstos nos artigos 677 e 678, o juiz concederá ao credor
usufruto da empresa, desde que este o requeira antes da realização do leilão.
Art. 727. Nomeado o administrador, o devedor far-lhe-á a entrega da empresa.
Art. 728. Cumpre ao administrador:
I - comunicar à Junta Comercial que entrou no exercício das suas funções,
remetendo-lhe certidão do despacho que o nomeou;
II - submeter à aprovação judicial a forma de administração;
III - prestar contas mensalmente, entregando ao credor as quantias recebidas, a
fim de serem imputadas no pagamento da dívida.
Art. 729. A nomeação e a substituição do administrador, bem como os seus
direitos e deveres, regem-se pelo disposto nos artigos 148 a 150.
SEÇÃO III
DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA
Art. 730. Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a
devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo
legal, observar-se-ão as seguintes regras:
I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal
competente;
II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do
respectivo crédito.
Art. 731. Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o presidente do
tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de ouvido o chefe do Ministério
Público, ordenar o seqüestro da quantia necessária para satisfazer o débito.
CAPÍTULO V
DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA

Art. 732. A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação


alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV deste Título.
Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de embargos
não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a importância da prestação.
Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos
provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o
pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§ 1º. Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 2º. O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das
prestações vencidas e vincendas. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.515,
de 26.12.1977)

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§ 3º. Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem
de prisão.
Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de
empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará
descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimentícia.
Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao
empregador por ofício, de que constarão os nomes do credor, do devedor, a
importância da prestação e o tempo de sua duração.
Art. 735. Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi condenado,
pode o credor promover a execução da sentença, observando-se o procedimento
estabelecido no Capítulo IV deste Título.

TÍTULO III
DOS EMBARGOS DO DEVEDOR

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 736. O devedor poderá opor-se à execução por meio de embargos, que
serão autuados em apenso aos autos do processo principal.
Art. 737. Não são admissíveis embargos do devedor antes de seguro o juízo:
I - pela penhora, na execução por quantia certa;
II - pelo depósito, na execução para entrega de coisa.
Art. 738. O devedor oferecerá os embargos no prazo de dez dias, contados:
(Redação dada pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
I - da juntada aos autos da prova da intimação da penhora; (Redação dada ao
inciso pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
II - do termo de depósito (artigo 622);
III - da juntada aos autos do mandado de imissão na posse, ou de busca e
apreensão, na execução para a entrega de coisa (artigo 625);
IV - da juntada aos autos do mandado de citação, na execução das obrigações
de fazer ou de não fazer.
Art. 739. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:
I - quando apresentados fora do prazo legal;
II - quando não se fundarem em algum dos fatos mencionados no artigo 741;
III - nos casos previstos no artigo 295.
§ 1º. Os embargos serão sempre recebidos com efeito suspensivo. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
§ 2º. Quando os embargos forem parciais, a execução prosseguirá quanto à
parte não embargada. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.953 de
13.12.1994)
§ 3º. O oferecimento dos embargos por um dos devedores não suspenderá a

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execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser
respeito exclusivamente ao embargante. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.953 de 13.12.1994)
Art. 740. Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar o credor para impugná-
los no prazo de 10 (dez) dias, designando em seguida a audiência de instrução e
julgamento.
Parágrafo único. Não se realizará a audiência, se os embargos versarem sobre
matéria de direito ou, sendo de direito e de fato, a prova for exclusivamente
documental; caso em que o juiz proferirá sentença no prazo de 10 (dez) dias.
CAPÍTULO II
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO FUNDADA EM SENTENÇA

Art. 741. Na execução fundada em título judicial, os embargos só poderão versar


sobre: (Redação dada pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
I - falta ou nulidade de citação no processo de conhecimento, se a ação lhe
correu à revelia;
II - inexigibilidade do título;
III - ilegitimidade das partes;
IV - cumulação indevida de execuções;
V - excesso da execução, ou nulidade desta até a penhora;
VI - qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação com execução aparelhada, transação ou
prescrição, desde que superveniente à sentença;
VII - incompetência do juízo da execução, bem como suspeição ou impedimento
do juiz.
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II deste artigo, considera-se
também inexigível o título judicial fundado em lei, ou ato normativo declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação
tidas por incompatíveis com a Constituição Federal. (NR) (Parágrafo acrescentado
pela Medida Provisória nº 1.984-20, de 28.07.2000, DOU 30.07.2000 - Ed. Extra)
Art. 742. Será oferecida, juntamente com os embargos, a exceção de
incompetência do juízo, bem como a de suspeição ou de impedimento do juiz.
Art. 743. Há excesso de execução:

I - quando o credor pleiteia quantia superior à do título;


II - quando recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III - quando se processa de modo diferente do que foi determinado na sentença;
IV - quando o credor, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o
adimplemento da do devedor (artigo 582);
V - se o credor não provar que a condição se realizou.
Art. 744. Na execução de sentença, proferida em ação fundada em direito real,
ou em direito pessoal sobre a coisa, é lícito ao devedor deduzir também embargos
de retenção por benfeitorias.
§ 1º. Nos embargos especificará o devedor, sob pena de não serem recebidos:

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I - as benfeitorias necessárias, úteis ou voluntárias;
II - o estado anterior e atual da coisa;
III - o custo das benfeitorias e o seu valor atual;
IV - a valorização da coisa, decorrente das benfeitorias.
§ 2º. Na impugnação aos embargos poderá o credor oferecer artigos de
liquidação de frutos ou de danos, a fim de se compensarem com as benfeitorias.
§ 3º. O credor poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa,
prestando caução ou depositando:
I - o preço das benfeitorias;
II - a diferença entre o preço das benfeitorias e o valor dos frutos ou dos danos,
que já tiverem sido liquidados.
CAPÍTULO III
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO FUNDADA EM TÍTULO
EXTRAJUDICIAL

Art. 745. Quando a execução se fundar em título extrajudicial, o devedor poderá


alegar, em embargos, além das matérias previstas no artigo 741, qualquer outra
que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento.
CAPÍTULO IV
DOS EMBARGOS À ARREMATAÇÃO E À ADJUDICAÇÃO

Art. 746. É lícito ao devedor oferecer embargos à arrematação ou à adjudicação,


fundados em nulidade da execução, pagamento, novação, transação ou
prescrição, desde que supervenientes à penhora.
Parágrafo único. Aos embargos opostos na forma deste artigo, aplica-se o
disposto nos Capítulos I e II deste Título.
CAPÍTULO V
DOS EMBARGOS NA EXECUÇÃO POR CARTA

Art. 747. Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo


deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo
deprecante, salvo se versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora,
avaliação ou alienação dos bens. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.953, de
13.12.1994)

TÍTULO IV
DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR
INSOLVENTE

CAPÍTULO I
DA INSOLVÊNCIA

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Art. 748. Dá-se a insolvência toda vez que as dívidas excederem à importância
dos bens do devedor.
Art. 749. Se o devedor for casado e o outro cônjuge, assumindo a
responsabilidade por dívidas, não possuir bens próprios que bastem ao
pagamento de todos os credores, poderá ser declarada, nos autos do mesmo
processo, a insolvência de ambos.
Art. 750. Presume-se a insolvência quando:

I - o devedor não possuir outros bens livres e desembaraçados para nomear à


penhora;
II - forem arrestados bens do devedor, com fundamento no artigo 813, I, II e III.
Art. 751. A declaração de insolvência do devedor produz:
I - o vencimento antecipado das suas dívidas;
II - a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer os atuais,
quer os adquiridos no curso do processo;
III - a execução por concurso universal dos seus credores.
Art. 752. Declarada a insolvência, o devedor perde o direito de administrar os
seus bens e de dispor deles, até a liquidação total da massa.
Art. 753. A declaração de insolvência pode ser requerida:
I - por qualquer credor quirografário;
II - pelo devedor;
III - pelo inventariante do espólio do devedor.
CAPÍTULO II
DA INSOLVÊNCIA REQUERIDA PELO CREDOR

Art. 754. O credor requererá a declaração de insolvência do devedor, instruindo


o pedido com título executivo judicial ou extrajudicial (artigo 586).
Art. 755. O devedor será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, opor embargos;
se os não oferecer, o juiz proferirá, em 10 (dez) dias, a sentença.
Art. 756. Nos embargos pode o devedor alegar:
I - que não paga por ocorrer alguma das causas enumeradas nos artigos 741,
742 e 745, conforme o pedido de insolvência se funde em título judicial ou
extrajudicial;
II - que o seu ativo é superior ao passivo.
Art. 757. O devedor ilidirá o pedido de insolvência se, no prazo para opor
embargos, depositar a importância do crédito, para lhe discutir a legitimidade ou o
valor.
Art. 758. Não havendo provas a produzir, o juiz dará a sentença em 10 (dez)
dias; havendo-as, designará audiência de instrução e julgamento.
CAPÍTULO III

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DA INSOLVÊNCIA REQUERIDA PELO DEVEDOR OU PELO SEU
ESPÓLIO

Art. 759. É lícito ao devedor ou ao seu espólio, a todo tempo, requerer a


declaração de insolvência.
Art. 760. A petição, dirigida ao juiz da comarca em que o devedor tem o seu
domicílio, conterá:
I - a relação nominal de todos os credores, com a indicação do domicílio de cada
um, bem como da importância e da natureza dos respectivos créditos;
II - a individuação de todos os bens, com a estimativa do valor de cada um;
III - o relatório do estado patrimonial, com a exposição das causas que
determinaram a insolvência.
CAPÍTULO IV
DA DECLARAÇÃO JUDICIAL DE INSOLVÊNCIA

Art. 761. Na sentença, que declarar a insolvência, o juiz:

I - nomeará, dentre os maiores credores, um administrador da massa;


II - mandará expedir edital, convocando os credores para que apresentem, no
prazo de 20 (vinte) dias, a declaração do crédito, acompanhada do respectivo
título.
Art. 762. Ao juízo da insolvência concorrerão todos os credores do devedor
comum.
§ 1º. As execuções movidas por credores individuais serão remetidas ao juízo da
insolvência.
§ 2º. Havendo, em alguma execução, dia designado para a praça ou o leilão, far-
se-á a arrematação, entrando para a massa o produto dos bens.
CAPÍTULO V
DAS ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR

Art. 763. A massa dos bens do devedor insolvente ficará sob a custódia e
responsabilidade de um administrador, que exercerá as suas atribuições, sob a
direção e superintendência do juiz.
Art. 764. Nomeado o administrador, o escrivão o intimará a assinar, dentro de 24
(vinte e quatro) horas, termo de compromisso de desempenhar bem e fielmente o
cargo.
Art. 765. Ao assinar o termo, o administrador entregará a declaração de crédito,
acompanhada do título executivo. Não o tendo em seu poder, juntá-lo-á no prazo
fixado pelo artigo 761, II.
Art. 766. Cumpre ao administrador:
I - arrecadar todos os bens do devedor, onde quer que estejam, requerendo para

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esse fim as medidas judiciais necessárias;
II - representar a massa, ativa e passivamente, contratando advogado, cujos
honorários serão previamente ajustados e submetidos à aprovação judicial;
III - praticar todos os atos conservatórios de direitos e de ações, bem como
promover a cobrança das dívidas ativas;
IV - alienar em praça ou em leilão, com autorização judicial, os bens da massa.
Art. 767. O administrador terá direito a uma remuneração, que o juiz arbitrará,
atendendo à sua diligência, ao trabalho, à responsabilidade da função e à
importância da massa.
CAPÍTULO VI
DA VERIFICAÇÃO E DA CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS

Art. 768. Findo o prazo, a que se refere o nº II do artigo 761, o escrivão, dentro
de 5 (cinco) dias, ordenará todas as declarações, autuando cada uma com o seu
respectivo título. Em seguida intimará, por edital, todos os credores para, no prazo
de 20 (vinte) dias, que lhes é comum, alegarem as suas preferências, bem como a
nulidade, simulação, fraude, ou falsidade de dívidas e contratos.
Parágrafo único. No prazo, a que se refere este artigo, o devedor poderá
impugnar quaisquer créditos.
Art. 769. Não havendo impugnações, o escrivão remeterá os autos ao contador,
que organizará o quadro geral dos credores, observando, quanto à classificação
dos créditos e dos títulos legais de preferência, o que dispõe a lei civil.
Parágrafo único. Se concorrerem aos bens apenas credores quirográfarios, o
contador organizará o quadro, relacionando-os em ordem alfabética.
Art. 770. Se, quando for organizado o quadro geral dos credores, os bens da
massa já tiverem sido alienados, o contador indicará a percentagem, que caberá a
cada credor no rateio.
Art. 771. Ouvidos todos os interessados, no prazo de 10 (dez) dias, sobre o
quadro geral dos credores, o juiz proferirá a sentença.
Art. 772. Havendo impugnação pelo credor ou pelo devedor, o juiz deferirá,
quando necessário, a produção de provas e em seguida proferirá sentença.
§ 1º. Se for necessário prova oral, o juiz designará a audiência de instrução e
julgamento.
§ 2º. Transitada em julgado a sentença, observar-se-á o que dispõem os três
artigos antecedentes.
Art. 773. Se os bens não foram alienados antes da organização do quadro geral,
o juiz determinará a alienação em praça ou em leilão, destinando-se o produto ao
pagamento dos credores.
CAPÍTULO VII
DO SALDO DEVEDOR

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Art. 774. Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral
a todos os credores, o devedor insolvente continua obrigado pelo saldo.
Art. 775. Pelo pagamento dos saldos respondem os bens penhoráveis que o
devedor adquirir, até que se lhe declare a extinção das obrigações.
Art. 776. Os bens do devedor poderão ser arrecadados nos autos do mesmo
processo, a requerimento de qualquer credor incluído no quadro geral, a que se
refere o artigo 769, procedendo-se à sua alienação e à distribuição do respectivo
produto aos credores, na proporção dos seus saldos.
CAPÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Art. 777. A prescrição das obrigações, interrompidas com a instauração do


concurso universal de credores, recomeça a correr no dia em que passar em
julgado a sentença que encerrar o processo de insolvência.
Art. 778. Consideram-se extintas todas as obrigações do devedor, decorrido o
prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do encerramento do processo de
insolvência.
Art. 779. É lícito ao devedor requerer ao juízo da insolvência a extinção das
obrigações; o juiz mandará publicar edital, com o prazo de 30 (trinta) dias, no
órgão oficial e em outro jornal de grande circulação.
Art. 780. No prazo estabelecido no artigo antecedente, qualquer credor poderá
opor-se ao pedido, alegando que:
I - não transcorreram 5 (cinco) anos da data do encerramento da insolvência;
II - o devedor adquiriu bens, sujeitos à arrecadação (artigo 776).
Art. 781. Ouvido o devedor no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá sentença;
havendo provas a produzir, o juiz designará a audiência de instrução e julgamento.
Art. 782. A sentença, que declarar extintas as obrigações, será publicada por
edital, ficando o devedor habilitado a praticar todos os atos da vida civil.
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 783. O devedor insolvente poderá, depois da aprovação do quadro a que se


refere o artigo 769, acordar com os seus credores, propondo-lhes a forma de
pagamento. Ouvidos os credores, se não houver oposição, o juiz aprovará a
proposta por sentença.
Art. 784. Ao credor retardatário é assegurado o direito de disputar, por ação
direta, antes do rateio final, a prelação ou a cota proporcional ao seu crédito.
Art. 785. O devedor, que caiu em estado de insolvência sem culpa sua, pode
requerer ao juiz, se a massa o comportar, que lhe arbitre uma pensão, até a

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alienação dos bens. Ouvidos os credores, o juiz decidirá.
Art. 786. As disposições deste Título aplicam-se às sociedades civis, qualquer
que seja a sua forma.
Art. 786-A. Os editais referidos neste Título também serão publicados, quando
for o caso, nos órgãos oficiais dos Estados em que o devedor tenha filiais ou
representantes. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.462, de 19.06.1997)

TÍTULO V
DA REMIÇÃO

Art. 787. É lícito ao cônjuge, ao descendente, ou ao ascendente do devedor


remir todos ou quaisquer bens penhorados, ou arrecadados no processo de
insolvência, depositando o preço por que foram alienados ou adjudicados.
Parágrafo único. A remição não pode ser parcial, quando há licitante para todos
os bens.
Art. 788. O direito a remir será exercido no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
que mediar:
I - entre a arrematação dos bens em praça ou leilão e a assinatura do auto
(artigo 693);
II - entre o pedido de adjudicação e a assinatura do auto, havendo um só
pretendente (artigo 715, § 1º); ou entre o pedido de adjudicação e a publicação da
sentença, havendo vários pretendentes (artigo 715, § 2º).
Art. 789. Concorrendo à remição vários pretendentes, preferirá o que oferecer
maior preço; em condições iguais de oferta, deferir-se-á na seguinte ordem:
I - ao cônjuge;
II - aos descendentes;
III - aos ascendentes.
Parágrafo único. Entre descendentes, bem como entre ascendentes, os de grau
mais próximo preferem aos de grau mais remoto; em igualdade de grau, licitarão
entre si os concorrentes, preferindo o que oferecer maior preço.
Art. 790. Deferindo o pedido, o juiz mandará passar carta de remição, que
conterá, além da sentença, as seguintes peças:
I - a autuação;
II - o título executivo;
III - o auto de penhora;
IV - a avaliação
V - a quitação de impostos.
TÍTULO VI
DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO DE
EXECUÇÃO

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CAPÍTULO I
DA SUSPENSÃO

Art. 791. Suspende-se a execução:


I - no todo ou em parte quando recebidos os embargos do devedor (artigo 739, §
2º); (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
II - nas hipóteses previstas no artigo 265, I a III;
III - quando o devedor não possuir bens penhoráveis.
Art. 792. Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o
prazo concedido pelo credor, para que o devedor cumpra voluntariamente a
obrigação.
Parágrafo único. Findo o prazo sem cumprimento da obrigação, o processo
retomará o seu curso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.953 de 13.12.1994)
Art. 793. Suspensa a execução, é defeso praticar quaisquer atos processuais. O
juiz poderá, entretanto, ordenar providências cautelares urgentes (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO II
DA EXTINÇÃO

Art. 794. Extingue-se a execução quando:


I - o devedor satisfaz a obrigação;
II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total
da dívida;
III - o credor renunciar ao crédito.
Art. 795. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

LIVRO III
DO PROCESSO CAUTELAR

TÍTULO ÚNICO
DAS MEDIDAS CAUTELARES

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 796. O procedimento cautelar pode ser instaurado antes ou no curso do


processo principal e deste é sempre dependente.
Art. 797. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei,
determinará o juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.

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Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código
regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz determinar as medidas provisórias
que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do
julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.
Art. 799. No caso do artigo anterior, poderá o juiz, para evitar o dano, autorizar
ou vedar a prática de determinados atos, ordenar a guarda judicial de pessoas e
depósito de bens e impor a prestação de caução.
Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando
preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal.
Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida
diretamente ao tribunal. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 801. O requerente pleiteará a medida cautelar em petição escrita, que
indicará:
I - a autoridade judiciária, a que for dirigida;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do
requerido;
III - a lide e seu fundamento;
IV - a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;
V - as provas que serão produzidas.
Parágrafo único. Não se exigirá o requisito do nº III senão quando a medida
cautelar for requerida em procedimento preparatório.
Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar,
para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que
pretende produzir.
Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:
I - de citação devidamente cumprido;
II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após
justificação prévia.
Art. 803. Não sendo contestado o pedido, presumir-se-ão aceitos pelo requerido,
como verdadeiros, os fatos alegados pelo requerente (artigos 285 e 319); caso em
que o juiz decidirá dentro em 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Se o requerido contestar no prazo legal, o juiz designará
audiência de instrução e julgamento, havendo prova a ser nela produzida
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a
medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá
torná-la ineficaz; caso em que poderá determinar que o requerente preste caução
real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer.
(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 805. A medida cautelar poderá ser substituída, de ofício ou a requerimento
de qualquer das partes, pela prestação de caução ou outra garantia menos

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gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão
ou repará-la integralmente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)
Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da
data da efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em
procedimento preparatório.
Art. 807. As medidas cautelares conservam a sua eficácia no prazo do artigo
antecedente e na pendência do processo principal; mas podem, a qualquer tempo,
ser revogadas ou modificadas.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a medida cautelar
conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.
Art. 808. Cessa a eficácia da medida cautelar:

I - se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no artigo 806;


II - se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;
III - se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do
mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte
repetir o pedido, salvo por novo fundamento.
Art. 809. Os autos do procedimento cautelar serão apensados aos do processo
principal.
Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem
influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a
alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor.
Art. 811. Sem prejuízo do disposto no artigo 16, o requerente do procedimento
cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que lhe causar a execução da
medida:
I - se a sentença no processo principal lhe for desfavorável;
II - se, obtida liminarmente a medida no caso do artigo 804 deste Código, não
promover a citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias;
III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos
previstos no artigo 808, deste Código;
IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de
prescrição do direito do autor (artigo 810).
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento
cautelar.
Art. 812. Aos procedimentos cautelares específicos, regulados no Capítulo
seguinte, aplicam-se as disposições gerais deste Capítulo.
CAPÍTULO II
DOS PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECÍFICOS

SEÇÃO I

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DO ARRESTO
Art. 813. O arresto tem lugar:

I - quando o devedor sem domicílio certo intenta ausentar-se ou alienar os bens


que possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;
II - quando o devedor, que tem domicílio:
a) se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente;
b) caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; contrai ou
tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens em nome de
terceiros; ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de frustrar a
execução ou lesar credores;
III - quando o devedor, que possui bens de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los
ou dá-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres ou desembargados,
equivalentes às dívidas;
IV - nos demais casos expressos em lei.
Art. 814. Para a concessão do arresto é essencial:

I - prova literal da dívida líquida e certa;


II - prova documental ou justificação de algum dos casos mencionados no artigo
antecedente.
Parágrafo único. Equipara-se à prova literal da dívida líquida e certa, para efeito
de concessão de arresto, a sentença líquida ou ilíquida, pendente de recurso ou o
laudo arbitral pendente de homologação, condenando o devedor no pagamento de
dinheiro ou de prestação que em dinheiro possa converter-se. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 815. A justificação prévia, quando ao juiz parecer indispensável, far-se-á em
segredo e de plano, reduzindo-se a termo o depoimento das testemunhas.
Art. 816. O juiz concederá o arresto independentemente de justificação prévia:
I - quando for requerido pela União, Estado ou Município, nos casos previstos em
lei;
II - se o credor prestar caução (artigo 804).
Art. 817. Ressalvado o disposto no artigo 810, a sentença proferida no arresto
não faz coisa julgada na ação principal.
Art. 818. Julgada procedente a ação principal, o arresto se resolve em penhora.
Art. 819. Ficará suspensa a execução do arresto se o devedor:
I - tanto que intimado, pagar ou depositar em juízo a importância da dívida, mais
os honorários de advogado que o juiz arbitrar, e custas;
II - der fiador idôneo, ou prestar caução para garantir a dívida, honorários do
advogado do requerente e custas.
Art. 820. Cessa o arresto:
I - pelo pagamento;
II - pela novação;
III - pela transação.

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Art. 821. Aplicam-se ao arresto as disposições referentes à penhora, não
alteradas na presente Seção.
SEÇÃO II
DO SEQÜESTRO
Art. 822. O juiz, a requerimento da parte, pode decretar o seqüestro:

I - de bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a


propriedade ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;
II - dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando, se o réu, depois de
condenado por sentença ainda sujeita a recurso, os dissipar;
III - dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de anulação de
casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando;
IV - nos demais casos expressos em lei.
Art. 823. Aplica-se ao seqüestro, no que couber, o que este Código estatui
acerca do arresto.
Art. 824. Incumbe ao juiz nomear o depositário dos bens seqüestrados. A
escolha poderá, todavia, recair:
I - em pessoa indicada, de comum acordo, pelas partes;
II - em uma das partes, desde que ofereça maiores garantias e preste caução
idônea.
Art. 825. A entrega dos bens ao depositário far-se-á logo depois que este assinar
o compromisso.
Parágrafo único. Se houver resistência, o depositário solicitará ao juiz a
requisição de força policial.
SEÇÃO III
DA CAUÇÃO
Art. 826. A caução pode ser real ou fidejussória.
Art. 827. Quando a lei não determinar a espécie de caução, esta poderá ser
prestada mediante depósito em dinheiro, papéis de crédito, títulos da União ou dos
Estados, pedras e metais preciosos, hipoteca, penhor e fiança.
Art. 828. A caução pode ser prestada pelo interessado ou por terceiro.
Art. 829. Aquele que for obrigado a dar caução requererá a citação da pessoa a
favor de quem tiver de ser prestada, indicando na petição inicial:
I - o valor a caucionar;
II - o modo pelo qual a caução vai ser prestada;
III - a estimativa dos bens;
IV - a prova da suficiência da caução ou da idoneidade do fiador.
Art. 830. Aquele em cujo favor há de ser dada a caução requererá a citação do
obrigado para que a preste, sob pena de incorrer na sanção que a lei ou o contrato
cominar para a falta.

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Art. 831. O requerido será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitar a
caução (artigo 829), prestá-la (artigo 830), ou contestar o pedido.
Art. 832. O juiz proferirá imediatamente a sentença:
I - se o requerido não contestar;
II - se a caução oferecida ou prestada for aceita;
III - se a matéria for somente de direito ou, sendo de direito e de fato, já não
houver necessidade de outra prova.
Art. 833. Contestado o pedido, o juiz designará audiência de instrução e
julgamento, salvo o disposto no nº III do artigo anterior.
Art. 834. Julgando procedente o pedido, o juiz determinará a caução e assinará
o prazo em que deve ser prestada, cumprindo-se as diligências que forem
determinadas.
Parágrafo único. Se o requerido não cumprir a sentença no prazo estabelecido, o
juiz declarará:
I - no caso do artigo 829, não prestada a caução;
II - no caso do artigo 830, efetivada a sanção que cominou.
Art. 835. O autor, nacional ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou dele se
ausentar na pendência da demanda, prestará, nas ações que intentar, caução
suficiente às custas e honorários de advogado da parte contrária, se não tiver no
Brasil bens imóveis que lhes assegurem o pagamento.
Art. 836. Não se exigirá, porém, a caução, de que trata o artigo antecedente:
I - na execução fundada em título extrajudicial;
II - na reconvenção.
Art. 837. Verificando-se no curso do processo que se desfalcou a garantia,
poderá o interessado exigir reforço da caução. Na petição inicial, o requerente
justificará o pedido, indicando a depreciação do bem dado em garantia e a
importância do reforço que pretende obter.
Art. 838. Julgando procedente o pedido, o juiz assinará prazo para que o
obrigado reforce a caução. Não sendo cumprida a sentença, cessarão os efeitos
da caução prestada, presumindo-se que o autor tenha desistido da ação ou o
recorrente desistido do recurso.
SEÇÃO IV
DA BUSCA E APREENSÃO
Art. 839. O juiz pode decretar a busca e apreensão de pessoas ou de coisas.
Art. 840. Na petição inicial exporá o requerente as razões justificativas da
medida e da ciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado.
Art. 841. A justificação prévia far-se-á em segredo de justiça, se for
indispensável. Provado quanto baste o alegado, expedir-se-á o mandado que
conterá:

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I - a indicação da casa ou do lugar em que deve efetuar-se a diligência;
II - a descrição da pessoa ou da coisa procurada e o destino a lhe dar;
III - a assinatura do juiz, de quem emanar a ordem.
Art. 842. O mandado será cumprido por dois oficiais de justiça, um dos quais o
lerá ao morador, intimando-o a abrir as portas.
§ 1º. Não atendidos, os oficiais de justiça arrombarão as portas externas, bem
como as internas e quaisquer móveis onde presumam que esteja oculta a pessoa
ou a coisa procurada.
§ 2º. Os oficiais de justiça far-se-ão acompanhar de duas testemunhas.
§ 3º. Tratando-se de direito autoral ou direito conexo do artista, intérprete ou
executante, produtores de fonogramas e organismos de radiodifusão, o juiz
designará, para acompanharem os oficiais de justiça, dois peritos aos quais
incumbirá confirmar a ocorrência da violação antes de ser efetivada a apreensão.
Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os oficiais de justiça auto circunstanciado,
assinando-o com as testemunhas.
SEÇÃO V
DA EXIBIÇÃO
Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:
I - de coisa móvel em poder de outrem e que o requerente repute sua ou tenha
interesse em conhecer;
II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio,
condômino, credor ou devedor; ou em poder de terceiro que o tenha em sua
guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou administrador de bens
alheios;
III - da escrituração comercial por inteiro, balanços e documentos de arquivo, nos
casos expressos em lei.
Art. 845. Observar-se-á, quanto ao procedimento, no que couber, o disposto nos
artigos 355 a 363, e 381 e 382.
SEÇÃO VI
DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS
Art. 846. A produção antecipada de prova pode consistir em interrogatório da
parte, inquirição de testemunhas e exame pericial.
Art. 847. Far-se-á o interrogatório da parte ou a inquirição das testemunhas
antes da propositura da ação, ou na pendência desta, mas antes da audiência de
instrução:
I - se tiver de ausentar-se;
II - se, por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao
tempo da prova já não exista, ou esteja impossibilitada de depor.
Art. 848. O requerente justificará sumariamente a necessidade da antecipação e
mencionará com precisão os fatos sobre que há de recair a prova.
Parágrafo único. Tratando-se de inquirição de testemunhas, serão intimados os

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interessados a comparecer à audiência em que prestará o depoimento.
Art. 849. Havendo fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito
difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação, é admissível o exame
pericial.
Art. 850. A prova pericial realizar-se-á conforme o disposto nos artigos 420 a
439.
Art. 851. Tomado o depoimento ou feito exame pericial, os autos permanecerão
em cartório, sendo lícito aos interessados solicitar as certidões que quiserem.
SEÇÃO VII
DOS ALIMENTOS PROVISIONAIS
Art. 852. É lícito pedir alimentos provisionais:
I - nas ações de desquite e de anulação de casamento, desde que estejam
separados os cônjuges;
II - nas ações de alimentos, desde o despacho da petição inicial;
III - nos demais casos expressos em lei.
Parágrafo único. No caso previsto no nº I deste artigo, a prestação alimentícia
devida ao requerente abrange, além do que necessitar para sustento, habitação e
vestuário, despesas para custear a demanda.
Art. 853. Ainda que a causa principal penda de julgamento no tribunal,
processar-se-á no primeiro grau de jurisdição o pedido de alimentos provisionais.
Art. 854. Na petição inicial, exporá o requerente as suas necessidades e as
possibilidades do alimentante.
Parágrafo único. O requerente poderá pedir que o juiz, ao despachar a petição
inicial e sem audiência do requerido, lhe arbitre desde logo uma mensalidade para
mantença.
SEÇÃO VIII
DO ARROLAMENTO DOS BENS
Art. 855. Procede-se ao arrolamento sempre que há fundado receio de extravio
ou de dissipação de bens.
Art. 856. Pode requerer o arrolamento todo aquele que tem interesse na
conservação dos bens.
§ 1º. O interesse do requerente pode resultar de direito já constituído ou que
deva ser declarado em ação própria.
§ 2º. Aos credores só é permitido requerer arrolamento nos casos em que tenha
lugar a arrecadação de herança.
Art. 857. Na petição inicial exporá o requerente:
I - o seu direito aos bens;
II - os fatos em que funda o receio de extravio ou de dissipação dos bens.
Art. 858. Produzidas as provas em justificação prévia, o juiz, convencendo-se de

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que o interesse do requerente corre sério risco, deferirá a medida, nomeando
depositário dos bens.
Parágrafo único. O possuidor ou detentor dos bens será ouvido se a audiência
não comprometer a finalidade da medida.
Art. 859. O depositário lavrará auto, descrevendo minuciosamente todos os bens
e registrando quaisquer ocorrências que tenham interesse para sua conservação.
Art. 860. Não sendo possível efetuar desde logo o arrolamento ou concluí-lo no
dia em que foi iniciado, apor-se-ão selos nas portas da casa ou nos móveis em
que estejam os bens, continuando-se a diligência no dia que for designado.
SEÇÃO IX
DA JUSTIFICAÇÃO
Art. 861. Quem pretender justificar a existência de algum fato ou relação jurídica,
seja para simples documento e sem caráter contencioso, seja para servir de prova
em processo regular, exporá, em petição circunstanciada, a sua intenção.
Art. 862. Salvo nos casos expressos em lei, é essencial a citação dos
interessados.
Parágrafo único. Se o interessado não puder ser citado pessoalmente, intervirá
no processo o Ministério Público.
Art. 863. A justificação consistirá na inquirição de testemunhas sobre os fatos
alegados, sendo facultado ao requerente juntar documentos.
Art. 864. Ao interessado é lícito contraditar as testemunhas, reinquiri-las e
manifestar-se sobre os documentos, dos quais terá vista em cartório por 24 (vinte
e quatro) horas.
Art. 865. No processo de justificação não se admite defesa nem recurso.
Art. 866. A justificação será afinal julgada por sentença e os autos serão
entregues ao requerente independentemente de traslado, decorridas 48 (quarenta
e oito) horas da decisão.
Parágrafo único. O juiz não se pronunciará sobre o mérito da prova, limitando-se
a verificar se foram observadas as formalidades legais.
SEÇÃO X
DOS PROTESTOS, NOTIFICAÇÕES E INTERPELAÇÕES
Art. 867. Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a
conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo
formal, poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e
requerer que do mesmo se intime a quem de direito.
Art. 868. Na petição o requerente exporá os fatos e os fundamentos do protesto.
Art. 869. O juiz indeferirá o pedido, quando o requerente não houver
demonstrado legítimo interesse e o protesto, dando causa a dúvidas e incertezas,

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possa impedir a formação de contrato ou a realização de negócio lícito.
Art. 870. Far-se-á a intimação por editais:

I - se o protesto for para conhecimento do público em geral, nos casos previstos


em lei, ou quando a publicidade seja essencial para que o protesto, notificação ou
interpelação atinja seus fins;
II - se o citando for desconhecido, incerto ou estiver em lugar ignorado ou de
difícil acesso;
III - se a demora da intimação pessoal puder prejudicar os efeitos da interpelação
ou do protesto.
Parágrafo único. Quando se tratar de protesto contra a alienação de bens, pode
o juiz ouvir, em 3 (três) dias, aquele contra quem foi dirigido, desde que lhe pareça
haver no pedido ato emulativo, tentativa de extorsão, ou qualquer outro fim ilícito,
decidindo em seguida sobre o pedido de publicação de editais.
Art. 871. O protesto ou interpelação não admite defesa nem contraprotesto nos
autos; mas o requerido pode contraprotestar em processo distinto.
Art. 872. Feita a intimação, ordenará o juiz que, pagas as custas, e decorridas 48
(quarenta e oito) horas, sejam os autos entregues à parte independentemente de
traslado.
Art. 873. Nos casos previstos em lei processar-se-á a notificação ou interpelação
na conformidade dos artigos antecedentes.
SEÇÃO XI
DA HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL
Art. 874. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o credor,
ato contínuo, a homologação. Na petição inicial, instruída com a conta
pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a relação dos objetos retidos,
pedirá a citação do devedor para, em 24 (vinte e quatro) horas, pagar ou alegar
defesa.
Parágrafo único. Estando suficientemente provado o pedido nos termos deste
artigo, o juiz poderá homologar de plano o penhor legal.
Art. 875. A defesa só pode consistir em:

I - nulidade do processo;
II - extinção da obrigação;
III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não estarem os
bens sujeitos a penhor legal.
Art. 876. Em seguida, o juiz decidirá; homologando o penhor, serão os autos
entregues ao requerente 48 (quarenta e oito) horas depois, independentemente de
traslado, salvo se, dentro desse prazo, a parte houver pedido certidão; não sendo
homologado, o objeto será entregue ao réu, ressalvado ao autor o direito de
cobrar a conta por ação ordinária.
SEÇÃO XII
DA POSSE EM NOME DO NASCITURO

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Art. 877. A mulher que, para garantia dos direitos do filho nascituro, quiser
provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do Ministério
Público, mande examiná-la por um médico de sua nomeação.
§ 1º. O requerimento será instruído com a certidão de óbito da pessoa, de quem
o nascituro é sucessor.
§ 2º. Será dispensado o exame se os herdeiros do falecido aceitarem a
declaração da requerente.
§ 3º. Em caso algum a falta do exame prejudicará os direitos do nascituro.
Art. 878. Apresentado o laudo que reconheça a gravidez, o juiz, por sentença,
declarará a requerente investida na posse dos direitos que assistam ao nascituro.
Parágrafo único. Se à requerente não couber o exercício do pátrio poder, o juiz
nomeará curador ao nascituro.
SEÇÃO XIII
DO ATENTADO
Art. 879. Comete atentado a parte que no curso do processo:

I - viola penhora, arresto, seqüestro ou imissão na posse;


II - prossegue em obra embargada;
III - pratica outra qualquer inovação ilegal no estado de fato.
Art. 880. A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao
procedimento, o disposto nos artigos 802 e 803.
Parágrafo único. A ação de atentado será processada e julgada pelo juiz que
conheceu originariamente da causa principal, ainda que esta se encontre no
tribunal.
Art. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento
do estado anterior, a suspensão da causa principal e a proibição de o réu falar nos
autos até a purgação do atentado.
Parágrafo único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as
perdas e danos que sofreu em conseqüência do atentado.
SEÇÃO XIV
DO PROTESTO E DA APREENSÃO DE TÍTULOS
Art. 882. O protesto de títulos e contas judicialmente verificadas far-se-á nos
casos e com observância da lei especial.
Art. 883. O oficial intimará do protesto o devedor, por carta registrada ou
entregando-lhe em mãos o aviso.
Parágrafo único. Far-se-á, todavia, por edital, a intimação:
I - se o devedor não for encontrado na comarca;
II - quando se tratar de pessoa desconhecida ou incerta.
Art. 884. Se o oficial opuser dúvidas ou dificuldades à tomada do protesto ou à
entrega do respectivo instrumento, poderá a parte reclamar ao juiz. Ouvido o
oficial, o juiz proferirá sentença, que será transcrita no instrumento.

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Art. 885. O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado
pelo emitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu
para firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou
por documento, a entrega do título e a recusa da devolução.
Parágrafo único. O juiz mandará processar de plano o pedido, ouvirá
depoimentos se for necessário e, estando provada a alegação, ordenará a prisão.
Art. 886. Cessará a prisão:

I - se o devedor restituir o título, ou pagar o seu valor e as despesas feitas, ou o


exibir para ser levado a depósito;
II - quando o requerente desistir;
III - não sendo iniciada a ação penal dentro do prazo da lei;
IV - não sendo proferido o julgado dentro de 90 (noventa) dias da data da
execução do mandado.
Art. 887. Havendo contestação do crédito, o depósito das importâncias referido
no artigo precedente não será levantado antes de passada em julgado a sentença.
SEÇÃO XV
DE OUTRAS MEDIDAS PROVISIONAIS
Art. 888. O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou
antes de sua propositura:
I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmente apreendida;
II - a entrega dos bens de uso pessoal do cônjuge e dos filhos;
III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação judicial ou anulação de
casamento;
IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade
dos pais;
V - o depósito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus
pais, tutores ou curadores, ou por eles induzidos à prática de atos contrários à lei
ou à moral;
VI - o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal;
VII - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita;
VIII - a interdição ou a demolição de prédio para resguardar a saúde, a
segurança ou outro interesse público.
Art. 889. Na aplicação das medidas enumeradas no artigo antecedente
observar-se-á o procedimento estabelecido nos artigos 801 a 803.
Parágrafo único. Em caso de urgência, o juiz poderá autorizar ou ordenar as
medidas, sem audiência do requerido.
LIVRO IV
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

TÍTULO I
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO

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CONTENCIOSA

CAPÍTULO I
DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com
efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º. Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar
pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário oficial, onde
houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária,
cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinando o prazo de
dez dias para a manifestação de recusa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
§ 2º. Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de
recusa, reputar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do
credor a quantia depositada. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
§ 3º. Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário,
o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de trinta dias, a ação de consignação,
instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
§ 4º. Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o
depósito, podendo levantá-lo o depositante. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o
devedor, tanto que se efetue o depósito, os juros e os riscos, salvo se for julgada
improcedente.
Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no
lugar em que está, poderá o devedor requerer a consignação no foro em que ela
se encontra.
Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira,
pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados
até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento.
Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:

I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de cinco


dias contado do deferimento, ressalvada a hipótese do § 3º do artigo 890;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao
credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro
prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça,
devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se

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fará a entrega, sob pena de depósito.
Art. 895. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para
provarem o seu direito.
Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: (Redação dada pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu
indicar o montante que entende devido. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
Art. 897. Não oferecida a contestação, e ocorrentes os efeitos da revelia, o juiz
julgará procedente o pedido, declarará extinta a obrigação e condenará o réu nas
custas e honorários advocatícios. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.951, de
13.12.1994)
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der
quitação.
Art. 898. Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva
legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se-á o
depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz
decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito
e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os
credores; caso em que se observará o procedimento ordinário.
Art. 899. Quando na contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é
lícito ao autor completá-lo, dentro em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a
prestação, cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
§ 1º. Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a
quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor,
prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
§ 2º. A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre
que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo,
facultando ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
Art. 900. Aplica-se o procedimento estabelecido neste Capítulo, no que couber,
ao resgate do aforamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
CAPÍTULO II
DA AÇÃO DE DEPÓSITO

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Art. 901. Esta ação tem por fim exigir a restituição da coisa depositada.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 902. Na petição inicial instruída com a prova literal do depósito e a
estimativa do valor da coisa, se não constar do contrato, o autor pedirá a citação
do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
01.10.1973)
I - entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em
dinheiro;
II - contestar a ação.
§ 1º. Do pedido poderá constar, ainda, a cominação da pena de prisão até 1 (um)
ano, que o juiz decretará na forma do artigo 904, parágrafo único.
§ 2º. O réu poderá alegar, além da nulidade ou falsidade do título e da extinção
das obrigações, as defesas previstas na lei civil.
Art. 903. Se o réu contestar a ação, observar-se-á o procedimento ordinário.
Art. 904. Julgada procedente a ação, ordenará o juiz a expedição de mandado
para a entrega, em 24 (vinte e quatro) horas, da coisa ou do equivalente em
dinheiro.
Parágrafo único. Não sendo cumprido o mandado, o juiz decretará a prisão do
depositário infiel.
Art. 905. Sem prejuízo do depósito ou da prisão do réu, é lícito ao autor
promover a busca e apreensão da coisa. Se esta for encontrada ou entregue
voluntariamente pelo réu, cessará a prisão e será devolvido o equivalente em
dinheiro.
Art. 906. Quando não receber a coisa ou o equivalente em dinheiro, poderá o
autor prosseguir nos próprios autos para haver o que lhe for reconhecido na
sentença, observando-se o procedimento da execução por quantia certa.
CAPÍTULO III
DA AÇÃO DE ANULAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE TÍTULOS AO
PORTADOR

Art. 907. Aquele que tiver perdido título ao portador ou dele houver sido
injustamente desapossado poderá:
I - reivindicá-lo da pessoa que o detiver;
II - requerer-lhe a anulação e substituição por outro.
Art. 908. No caso do nº II do artigo antecedente, exporá o autor, na petição
inicial, a quantidade, espécie, valor nominal do título e atributos que o
individualizem, a época e o lugar em que o adquiriu, as circunstâncias em que o
perdeu e quando recebeu os últimos juros e dividendos, requerendo:
I - a citação do detentor e, por edital, de terceiros interessados para contestarem
o pedido;
II - a intimação do devedor, para que deposite em juízo o capital, bem como juros

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ou dividendos vencidos ou vincendos;
III - a intimação da Bolsa de Valores, para conhecimento de seus membros, a fim
de que estes não negociem os títulos.
Art. 909. Justificado quanto baste o alegado, ordenará o juiz a citação do réu e o
cumprimento das providências enumeradas nos nºs. II e III do artigo anterior.
Parágrafo único. A citação abrangerá também terceiros interessados, para
responderem à ação.
Art. 910. Só se admitirá a contestação quando acompanhada do título
reclamado.
Parágrafo único. Recebida a contestação do réu, observar-se-á o procedimento
ordinário.
Art. 911. Julgada procedente a ação, o juiz declarará caduco o título reclamado e
ordenará ao devedor que lavre outro em substituição, dentro do prazo que a
sentença lhe assinar.
Art. 912. Ocorrendo destruição parcial, o portador, exibindo o que restar do título,
pedirá a citação do devedor para em 10 (dez) dias substituí-lo ou contestar a ação.
Parágrafo único. Não havendo contestação, o juiz proferirá desde logo a
sentença; em caso contrário, observar-se-á o procedimento ordinário.
Art. 913. Comprado o título em bolsa ou leilão público, o dono que pretender a
restituição é obrigado a indenizar ao adquirente o preço que este pagou,
ressalvado o direito de reavê-lo do vendedor.
CAPÍTULO IV
DA AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS

Art. 914. A ação de prestação de contas competirá a quem tiver:


I - o direito de exigi-las;
II - a obrigação de prestá-las.
Art. 915. Aquele que pretender exigir a prestação de contas requererá a citação
do réu para, no prazo de 5 (cinco) dias, as apresentar ou contestar a ação.
§ 1º. Prestadas as contas, terá o autor 5 (cinco) dias para dizer sobre elas;
havendo necessidade de produzir provas, o juiz designará audiência de instrução
e julgamento; em caso contrário, proferirá desde logo a sentença.
§ 2º. Se o réu não contestar a ação ou não negar a obrigação de prestar contas,
observar-se-á o disposto no artigo 330; a sentença, que julgar procedente a ação,
condenará o réu a prestar as contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob
pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
§ 3º. Se o réu apresentar as contas dentro do prazo estabelecido no parágrafo
anterior, seguir-se-á o procedimento do § 1º deste artigo; em caso contrário,
apresentá-las-á o autor dentro em 10 (dez) dias, sendo as contas julgadas
segundo o prudente arbítrio do juiz, que poderá determinar, se necessário, a
realização do exame pericial contábil.
Art. 916. Aquele que estiver obrigado a prestar contas requererá a citação do réu

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para, no prazo de 5 (cinco) dias, aceitá-las ou contestar a ação.
§ 1º. Se o réu não contestar a ação ou se declarar que aceita as contas
oferecidas, serão estas julgadas dentro de 10 (dez) dias.
§ 2º. Se o réu contestar a ação ou impugnar as contas e houver necessidade de
produzir provas, o juiz designará audiência de instrução e julgamento.
Art. 917. As contas, assim do autor como do réu, serão apresentadas em forma
mercantil, especificando-se as receitas e a aplicação das despesas, bem como o
respectivo saldo; e serão instruídas com os documentos justificativos.
Art. 918. O saldo credor declarado na sentença poderá ser cobrado em
execução forçada.
Art. 919. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de
outro qualquer administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo
em que tiver sido nomeado. Sendo condenado a pagar o saldo e não o fazendo no
prazo legal, o juiz poderá destituí-lo, seqüestrar os bens sob sua guarda e glosar o
prêmio ou gratificação a que teria direito.
CAPÍTULO V
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a
que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela,
cujos requisitos estejam provados.
Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho;
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.
Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua
posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como
ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 6.820, de 16.08.1980)
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as
normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou
do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter
possessório.
Art. 925. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente
mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de
decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5

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(cinco) dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.
SEÇÃO II
DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE
Art. 926. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e
reintegrado no de esbulho.
Art. 927. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda
da posse, na ação de reintegração.
Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração;
no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado,
citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida
a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais.
Art. 929. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.
Art. 930. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, o autor promoverá nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu
para contestar a ação.
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia (artigo 928), o prazo
para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida
liminar.
Art. 931. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário.

SEÇÃO III
DO INTERDITO PROIBITÓRIO
Art. 932. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado
na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente,
mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena
pecuniária, caso transgrida o preceito.
Art. 933. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior.
CAPÍTULO VI
DA AÇÃO DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA

Art. 934. Compete esta ação:

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I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova
em imóvel vizinho lhe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é
destinado;
II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com
prejuízo ou alteração da coisa comum;
III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da
lei, do regulamento ou de postura.
Art. 935. Ao prejudicado também é lícito, se o caso for urgente, fazer o embargo
extrajudicial, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário
ou, em sua falta, o construtor, para não continuar a obra.
Parágrafo único. Dentro de 3 (três) dias requererá o nunciante a ratificação em
juízo, sob pena de cessar o efeito do embargo.
Art. 936. Na petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do artigo
282, requererá o nunciante:
I - o embargo para que fique suspensa a obra e se mande afinal reconstituir,
modificar ou demolir o que estiver feito em seu detrimento;
II - a cominação de pena para o caso de inobservância do preceito;
III - a condenação em perdas e danos.
Parágrafo único. Tratando-se de demolição, colheita, corte de madeiras, extração
de minérios e obras semelhantes, pode incluir-se o pedido de apreensão e
depósito dos materiais e produtos já retirados.

Art. 937. É lícito ao juiz conceder o embargo liminarmente ou após justificação


prévia.
Art. 938. Deferido o embargo, o oficial de justiça, encarregado de seu
cumprimento, lavrará auto circunstanciado, descrevendo o estado em que se
encontra a obra; e, ato contínuo, intimará o construtor e os operários a que não
continuem a obra sob pena de desobediência e citará o proprietário a contestar
em 5 (cinco) dias a ação.
Art. 939. Aplica-se a esta ação o disposto no artigo 803.
Art. 940. O nunciado poderá, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição,
requerer o prosseguimento da obra, desde que preste caução e demonstre
prejuízo resultante da suspensão dela.
§ 1º. A caução será prestada no juízo de origem, embora a causa se encontre no
tribunal.
§ 2º. Em nenhuma hipótese terá lugar o prosseguimento, tratando-se de obra
nova levantada contra determinação de regulamentos administrativos.
CAPÍTULO VII
DA AÇÃO DE USUCAPIÃO DE TERRAS PARTICULARES

Art. 941. Compete a ação de usucapião ao possuidor para que se lhe declare,
nos termos da lei, o domínio do imóvel ou a servidão predial.

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Art. 942. O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando
planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o
imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar
incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no
inciso IV do artigo 232. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.951, de 13.12.1994)
Art. 943. Serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na
causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
8.951, de 13.12.1994)
Art. 944. Intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministério
Público.
Art. 945. A sentença, que julgar procedente a ação, será transcrita, mediante
mandado, no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais.
CAPÍTULO VIII
DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS
PARTICULARES

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 946. Cabe:
I - a ação de demarcação ao proprietário para obrigar o seu confinante a
estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou
aviventando-se os já apagados;
II - a ação de divisão, ao condômino para obrigar os demais consortes, a partilhar
a coisa comum.
Art. 947. É licito a cumulação destas ações; caso em que deverá processar-se
primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os
confinantes e condôminos.
Art. 948. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-
se-ão terceiros quanto ao processo divisório; fica-lhes, porém, ressalvado o direito
de vindicarem os terrenos de que se julguem despojados por invasão das linhas
limítrofes constitutivas do perímetro ou a reclamarem uma indenização pecuniária
correspondente ao seu valor.
Art. 949. Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou
em julgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos
terrenos vindicados, se proposta posteriormente (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
Parágrafo único. Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação,
condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá como título
executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros condôminos, que

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forem parte na divisão, ou de seus sucessores por título universal, na proporção
que lhes tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido.
SEÇÃO II
DA DEMARCAÇÃO
Art. 950. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-
á o imóvel pela situação e denominação, descrever-se-ão os limites por constituir,
aviventar ou renovar e nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.
Art. 951. O autor pode requerer a demarcação com queixa de esbulho ou
turbação, formulando também o pedido de restituição do terreno invadido com os
rendimentos que deu, ou a indenização dos danos pela usurpação verificada.
Art. 952. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do
imóvel comum, citando-se os demais como litisconsortes.
Art. 953. Os réus que residirem na comarca serão citados pessoalmente; os
demais, por edital.
Art. 954. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 20 (vinte) dias para
contestar.
Art. 955. Havendo contestação, observar-se-á o procedimento ordinário; não
havendo, aplica-se o disposto no artigo 330, II.
Art. 956. Em qualquer dos casos do artigo anterior, o juiz, antes de proferir a
sentença definitiva, nomeará dois arbitradores e um agrimensor para levantarem o
traçado da linha demarcanda.
Art. 957. Concluídos os estudos, apresentarão os arbitradores minucioso laudo
sobre o traçado da linha demarcanda, tendo em contas os títulos, marcos, rumos,
a fama da vizinhança, as informações de antigos moradores do lugar e outros
elementos que coligirem.
Parágrafo único. Ao lado, anexará o agrimensor a planta da região e o memorial
das operações de campo, os quais serão juntos aos autos, podendo as partes, no
prazo comum de 10 (dez) dias, alegar o que julgarem conveniente.
Art. 958. A sentença, que julgar procedente a ação, determinará o traçado da
linha demarcanda.
Art. 959. Tanto que passe em julgado a sentença, o agrimensor efetuará a
demarcação, colocando os marcos necessários. Todas as operações serão
consignadas em planta e memorial descritivo com as referências convenientes
para a identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados.
Art. 960. Nos trabalhos de campo observar-se-ão as seguintes regras:

I - a declinação magnética da agulha será determinada na estação ini-cial;


II - empregar-se-ão os instrumentos aconselhados pela técnica;
III - quando se utilizarem fitas metálicas ou correntes, as medidas serão tomadas
horizontalmente, em lances determinados pelo declive, de 20 (vinte) metros no

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máximo;
IV - as estações serão marcadas por pequenas estacas, fortemente cravadas,
colocando-se ao lado estacas maiores, numeradas;
V - quando as estações não tiverem afastamento superior a 50 (cinqüenta)
metros, as visadas serão feitas sobre balizas com o diâmetro máximo de 12 (doze)
milímetros;
VI - tomar-se-ão por aneróides ou por cotas obtidas mediante levantamento
taqueométrico as altitudes dos pontos mais acidentados.
Art. 961. A planta será orientada segundo o meridiano do marco primordial,
determinada a declinação magnética e conterá:
I - as altitudes relativas de cada estação do instrumento e a conformação
altimétrica ou orográfica aproximativa dos terrenos;
II - as construções existentes, com indicação dos seus fins, bem como os
marcos, valos, cercas, muros divisórios e outros quaisquer vestígios que possam
servir ou tenham servido de base à demarcação;
III - as águas principais, determinando-se, quando possível, os volumes, de
modo que se lhes possa calcular o valor mecânico;
IV - a indicação, por cores convencionais, das culturas existentes, pastos,
campos, matas, capoeiras e divisas do imóvel.
Parágrafo único. As escalas das plantas podem variar entre os limites de 1 (um)
para 500 (quinhentos) a 1 (um) para 5.000 (cinco mil) conforme a extensão das
propriedades rurais, sendo admissível a de 1 (um) para 10.000 (dez mil) nas
propriedades de mais de 5 (cinco) quilômetros quadrados.
Art. 962. Acompanharão as plantas as cadernetas de operações de campo e o
memorial descritivo, que conterá:
I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos antigos com os
respectivos cálculos;
II - os acidentes encontrados, as cercas, valos, marcos antigos, córregos, rios,
lagoas e outros;
III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, das culturas existentes e
sua produção anual;
IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a quantidade e extensão
dos campos, matas e capoeiras;
V - as vias de comunicação;
VI - as distâncias à estação da estrada de ferro, ao porto de embarque e ao
mercado mais próximo;
VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento da linha ou para
a identificação da linha já levantada.
Art. 963. É obrigatória a colocação de marcos assim na estação inicial - marco
primordial -, como nos vértices dos ângulos, salvo se algum destes últimos pontos
for assinalado por acidentes naturais de difícil remoção ou destruição.
Art. 964. A linha será percorrida pelos arbitradores, que examinarão os marcos e
rumos, consignando em relatório escrito a exatidão do memorial e planta
apresentados pelo agrimensor ou as divergências porventura encontradas.

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Art. 965. Junto aos autos o relatório dos arbitradores, determinará o juiz que as
partes se manifestem sobre ele no prazo comum de 10 (dez) dias. Em seguida,
executadas as correções e retificações que ao juiz pareçam necessárias, lavrar-
se-á o auto de demarcação em que os limites demarcandos serão
minuciosamente descritos de acordo com o memorial e a planta.
Art. 966. Assinado o auto pelo juiz, arbitradores e agrimensor, será proferida a
sentença homologatória da demarcação.
SEÇÃO III
DA DIVISÃO
Art. 967. A petição inicial, elaborada com observância dos requisitos do artigo
282 e instruída com os títulos de domínio do promovente, conterá:
I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, situação, limites e
característicos do imóvel;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os condôminos,
especificando-se os estabelecidos no imóvel com benfeitorias e culturas;
III - as benfeitorias comuns.
Art. 968. Feitas as citações como preceitua o artigo 953, prosseguir-se-á na
forma dos artigos 954 e 955.
Art. 969. Prestado o compromisso pelos arbitradores e agrimensor, terão início,
pela medição do imóvel, as operações de divisão.
Art. 970. Todos os condôminos serão intimados a apresentar, dentro em 10
(dez) dias, os seus títulos, se ainda não o tiverem feito; e a formular os seus
pedidos sobre a constituição dos quinhões.
Art. 971. O juiz ouvirá as partes no prazo comum de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Não havendo impugnação, o juiz determinará a divisão
geodésica do imóvel; se houver, proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, decisão
sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos na formação dos quinhões.
Art. 972. A medição será efetuada na forma dos artigos 960 a 963.
Art. 973. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos
confinantes, feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os
terrenos onde estiverem, os quais não se computarão na área dividenda.
Parágrafo único. Consideram-se benfeitorias, para os efeitos deste artigo, as
edificações, muros, cercas, culturas e pastos fechados, não abandonados há mais
de 2 (dois) anos.
Art. 974. É lícito aos confinantes do imóvel dividendo demandar a restituição dos
terrenos que lhes tenham sido usurpados.
§ 1º. Serão citados para a ação todos os condôminos, se ainda não transitou em
julgado a sentença homologatória da divisão; e todos os quinhoeiros dos terrenos
vindicados, se proposta posteriormente (Redação dada pela Lei nº 5.925, de

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01.10.1973)
§ 2º. Neste último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que
os obrigar à restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório, ou
de seus sucessores a título universal, a composição pecuniária proporcional ao
desfalque sofrido.
Art. 975. Concluídos os trabalhos de campo, levantará o agrimensor a planta do
imóvel e organizará o memorial descritivo das operações, observado o disposto
nos artigos 961 a 963.
§ 1º. A planta assinalará também:
I - as povoações e vias de comunicação existentes no imóvel;
II - as construções e benfeitorias, com a indicação dos seus fins, proprietários e
ocupantes;
III - as águas principais que banham o imóvel;
IV - a composição geológica, qualidade e vestimenta dos terrenos, bem como o
valor destes e das culturas.
§ 2º. O memorial descritivo indicará mais:
I - a composição geológica, a qualidade e o valor dos terrenos, bem como a
cultura e o destino a que melhor possam adaptar-se;
II - as águas que banham o imóvel, determinando-lhes, tanto quanto possível, o
volume, de modo que se lhes possa calcular o valor mecânico;
III - a qualidade e a extensão aproximada de campos e matas;
IV - as indústrias exploradas e as suscetíveis de exploração;
V - as construções, benfeitorias e culturas existentes, mencionando-se os
respectivos proprietários e ocupantes;
VI - as vias de comunicação estabelecidas e as que devam ser abertas;
VII - a distância aproximada à estação de transporte de mais fácil acesso;
VIII - quaisquer outras informações que possam concorrer para facilitar a partilha.
Art. 976. Durante os trabalhos de campo procederão os arbitradores ao exame,
classificação e avaliação das terras, culturas, edifícios e outras benfeitorias,
entregando o laudo ao agrimensor.
Art. 977. O agrimensor avaliará o imóvel no seu todo, se os arbitradores
reconhecerem que a homogeneidade das terras não determina variedade de
preços; ou o classificará em áreas, se houver diversidade de valores.
Art. 978. Em seguida os arbitradores e o agrimensor proporão, em laudo
fundamentado, a forma da divisão, devendo consultar, quanto possível, a
comodidade das partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a
preferência dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o
retalhamento dos quinhões em glebas separadas.
§ 1º. O cálculo será precedido do histórico das diversas transmissões efetuadas
a partir do ato ou fato gerador da comunhão, atualizando-se os valores primitivos.
§ 2º. Seguir-se-ão, em títulos distintos, as contas de cada condômino,
mencionadas todas as aquisições e alterações em ordem cronológica bem como
as respectivas datas e as folhas dos autos onde se encontrem os documentos
correspondentes.

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§ 3º. O plano de divisão será também consignado em um esquema gráfico.
Art. 979. Ouvidas as partes, no prazo comum de 10 (dez) dias, sobre o cálculo e
o plano da divisão, deliberará o juiz a partilha. Em cumprimento desta decisão,
procederá o agrimensor, assistido pelos arbitradores, à demarcação dos quinhões,
observando, além do disposto nos artigos 963 e 964, as seguintes regras:
I - as benfeitorias comuns, que não comportarem divisão cômoda, serão
adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação;
II - instituir-se-ão as servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns
quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não
se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado
com o prédio serviente;
III - as benfeitorias particulares dos condôminos, que excederem a área a que
têm direito, serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição;
IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e reposições
serão feitas em dinheiro.
Art. 980. Terminados os trabalhos e desenhados na planta os quinhões e as
servidões aparentes, organizará o agrimensor o memorial descritivo. Em seguida,
cumprido o disposto no artigo 965, o escrivão lavrará o auto de divisão, seguido de
uma folha de pagamento para cada condômino. Assinado o auto pelo juiz,
agrimensor e arbitradores, será proferida sentença homologatória da divisão.
§ 1º. O auto conterá:
I - a confinação e a extensão superficial do imóvel;
II - a classificação das terras com o cálculo das áreas de cada consorte e a
respectiva avaliação, ou a avaliação do imóvel na sua integridade, quando a
homogeneidade das terras não determinar diversidade de valores;
III - o valor e a quantidade geométricas que couber a cada condômino,
declarando-se as reduções e compensações resultantes da diversidade de valores
das glebas componentes de cada quinhão.
§ 2º. Cada folha de pagamento conterá:
I - a descrição das linhas divisórias do quinhão, mencionadas as confinantes;
II - a relação das benfeitorias e culturas do próprio quinhoeiro e das que lhe
foram adjudicadas por serem comuns ou mediante compensação;
III - a declaração das servidões instituídas, especificados os lugares, a extensão
e modo de exercício. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 981. Aplica-se às divisões o disposto nos artigos 952 a 955. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
CAPÍTULO IX
DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 982. Proceder-se-á ao inventário judicial, ainda que todas as partes sejam
capazes.

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Art. 983. O inventário e a partilha devem ser requeridos dentro de 30 (trinta) dias
a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 6 (seis) meses subseqüentes.
Parágrafo único. O juiz poderá, a requerimento do inventariante, dilatar este
último prazo por motivo justo.
Art. 984. O juiz decidirá todas as questões de direito e também as questões de
fato, quando este se achar provado por documento, só remetendo para os meios
ordinários as que demandarem alta indagação ou dependerem de outras provas.
Art. 985. Até que o inventariante preste o compromisso (artigo 990, parágrafo
único), continuará o espólio na posse do administrador provisório.
Art. 986. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é
obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu,
tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde
pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.
SEÇÃO II
DA LEGITIMIDADE PARA REQUERER O INVENTÁRIO
Art. 987. A quem estiver na posse e administração do espólio incumbe, no prazo
estabelecido no artigo 983, requerer o inventário e a partilha.
Parágrafo único. O requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor
da herança.
Art. 988. Tem, contudo, legitimidade concorrente:

I - o cônjuge supérstite;
II - o herdeiro;
III - o legatário;
IV - o testamenteiro;
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII - o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do
cônjuge supérstite;
VIII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
IX - a Fazenda Pública, quando tiver interesse.
Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma
das pessoas mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal.
SEÇÃO III
DO INVENTARIANTE E DAS PRIMEIRAS DECLARAÇÕES
Art. 990. O juiz nomeará inventariante:

I - o cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão, desde que


estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não houver
cônjuge supérstite ou este não puder ser nomeado;
III - qualquer herdeiro, nenhum estando na posse a administração do espólio;

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IV - o testamenteiro, se lhe foi confiada a administração do espólio ou toda a
herança estiver distribuída em legados;
V - o inventariante judicial, se houver;
VI - pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.
Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5
(cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.
Art. 991. Incumbe ao inventariante:

I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele,


observando-se, quanto ao dativo, o disposto no artigo 12, § 1º;
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se
seus fossem;
III - prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador
com poderes especiais;
IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos
relativos ao espólio;
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;
VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou
excluído;
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe
determinar;
VIII - requerer a declaração de insolvência (artigo 748).
Art. 992. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com
autorização do juiz:
I - alienar bens de qualquer espécie;
II - transigir em juízo ou fora dele;
III - pagar dívidas do espólio;
IV - fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos
bens do espólio.
Art. 993. Dentro de 20 (vinte) dias, contados da data em que prestou o
compromisso, fará o inventariante as primeiras declarações, das quais se lavrará
termo circunstanciado. No termo, assinado pelo juiz, escrivão e inventariante,
serão exarados:
I - o nome, estado, idade e domicílio do autor da herança, dia e lugar em que
faleceu e bem ainda se deixou testamento;
II - o nome, estado, idade e residência dos herdeiros e, havendo cônjuge
supérstite, o regime de bens do casamento;
III - a qualidade dos herdeiros e o grau de seu parentesco com o inventariado;
IV - a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos alheios
que nele forem encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se
encontram, extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos
títulos, número das transcrições aquisitivas e ônus que os gravam;
b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, espécies, marcas e sinais distintivos;
d) o dinheiro, as jóias, os objetos de ouro e prata, e as pedras preciosas,

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declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, cotas e títulos de sociedade,
mencionando-se-lhe o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, títulos, origem da
obrigação, bem como os nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
Parágrafo único. O juiz determinará que se proceda:
I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em
nome individual;
II - a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que
não anônima. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 994. Só se pode argüir de sonegação ao inventariante depois de encerrada
a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por
inventariar.
Art. 995. O inventariante será removido:
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas
ou praticando atos meramente protelatórios;
III - se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem danos
bens do espólio;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar
dívidas ativas ou não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento
de direitos;
V - se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
Art. 996. Requerida a remoção com fundamento em qualquer dos números do
artigo antecedente, será intimado o inventariante para, no prazo de 5 (cinco) dias,
defender-se e produzir provas.
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do
inventário.
Art. 997. Decorrido o prazo com a defesa do inventariante ou sem ela, o juiz
decidirá. Se remover o inventariante, nomeará outro, observada a ordem
estabelecida no artigo 990.
Art. 998. O inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os
bens do espólio; deixando de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca
e apreensão, ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel.
SEÇÃO IV
DAS CITAÇÕES E DAS IMPUGNAÇÕES
Art. 999. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos
do inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda Pública,
o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se
o finado deixou testamento.

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§ 1º. Citar-se-ão, conforme o disposto nos artigos 224 a 230, somente as
pessoas domiciliadas na comarca por onde corre o inventário ou que aí foram
encontradas; e por edital, com o prazo de 20 (vinte) a 60 (sessenta) dias, todas as
demais, residentes, assim no Brasil como no estrangeiro (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 01.10.1973)
§ 2º. Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas forem as
partes.
§ 3º. O oficial de justiça, ao proceder à citação, entregará um exemplar a cada
parte.
§ 4º. Incumbe ao escrivão remeter cópias à Fazenda Pública, ao Ministério
Público, ao testamenteiro, se houver, e ao advogado, se a parte já estiver
representada nos autos.
Art. 1000. Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo
prazo comum de 10 (dez) dias, para dizerem sobre as primeiras declarações.
Cabe à parte:
I - argüir erros e omissões;
II - reclamar contra a nomeação do inventariante;
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.
Parágrafo único. Julgando procedente a impugnação referida no nº I, o juiz
mandará retificar as primeiras declarações. Se acolher o pedido, de que trata o nº
II, nomeará outro inventariante, observada a preferência legal. Verificando que a
disputa sobre a qualidade de herdeiro, a que alude o nº III, constitui matéria de
alta indagação, remeterá a parte para os meios ordinários e sobrestará, até o
julgamento da ação, na entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro
admitido.
Art. 1001. Aquele que se julgar preterido poderá demandar a sua admissão no
inventário, requerendo-o antes da partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10 (dez)
dias, o juiz decidirá. Se não acolher o pedido, remeterá o requerente para os
meios ordinários, mandando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do
herdeiro excluído até que se decida o litígio.
Art. 1002. A Fazenda Pública, no prazo de 20 (vinte) dias, após a vista de que
trata o artigo 1.000, informará ao juízo, de acordo com os dados que constam de
seu cadastro imobiliário, o valor dos bens de raiz descritos nas primeiras
declarações (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO V
DA AVALIAÇÃO E DO CÁLCULO DO IMPOSTO
Art. 1003. Findo o prazo do artigo 1.000, sem impugnação ou decidida a que
houver sido oposta, o juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio, se
não houver na comarca avaliador judicial.
Parágrafo único. No caso previsto no artigo 993, parágrafo único, o juiz nomeará
um contador para levantar o balanço ou apurar os haveres.
Art. 1004. Ao avaliar os bens do espólio, observará o perito, no que for aplicável,
o disposto nos artigos 681 a 683.

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Art. 1005. O herdeiro que requerer, durante a avaliação, a presença do juiz e do
escrivão, pagará as despesas da diligência.
Art. 1006. Não se expedirá carta precatória para a avaliação de bens situados
fora da comarca por onde corre o inventário, se eles forem de pequeno valor ou
perfeitamente conhecidos do perito nomeado.
Art. 1007. Sendo capazes todas as partes, não se procederá à avaliação, se a
Fazenda Pública, intimada na forma do artigo 237, I, concordar expressamente
com o valor atribuído, nas primeiras declarações, aos bens do espólio. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1008. Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens declarados pela
Fazenda Pública, a avaliação cingir-se-á aos demais. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1009. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que sobre ele se
manifestem as partes no prazo de 10 (dez) dias, que correrá em cartório.
§ 1º. Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de
plano, à vista do que constar dos autos.
§ 2º. Julgando procedente a impugnação, determinará o juiz que o perito retifique
a avaliação, observando os fundamentos da decisão.
Art. 1010. O juiz mandará repetir a avaliação:
I - quando viciada por erro ou dolo do perito;
II - quando se verificar, posteriormente à avaliação, que os bens apresentam
defeito que lhes diminui o valor.
Art. 1011. Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu
respeito lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o
inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras.
Art. 1012. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de
10 (dez) dias, proceder-se-á ao cálculo do imposto.
Art. 1013. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo
comum de 5 (cinco) dias, que correrá em cartório e, em seguida, a Fazenda
Pública.
§ 1º. Se houver impugnação julgada procedente, ordenará o juiz novamente a
remessa dos autos ao contador, determinando as alterações que devam ser feitas
no cálculo.
§ 2º. Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do imposto.
SEÇÃO VI
DAS COLAÇÕES
Art. 1014. No prazo estabelecido no artigo 1.000, o herdeiro obrigado à colação
conferirá por termo nos autos os bens que recebeu ou, se já os não possuir, trar-
lhes-á o valor.

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Parágrafo único. Os bens que devem ser conferidos na partilha, assim como as
acessões e benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem
ao tempo da abertura da sucessão.
Art. 1015. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se
exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a
parte inoficiosa, as liberalidades que houve do doador.
§ 1º. É lícito ao donatário escolher, dos bens doados, tantos quantos bastem
para perfazer a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente
para ser dividido entre os demais herdeiros.
§ 2º. Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel, que não comporte
divisão cômoda, o juiz determinará que sobre ela se proceda entre os herdeiros à
licitação; o donatário poderá concorrer na licitação e, em igualdade de condições,
preferirá aos herdeiros.
Art. 1016. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os
conferir, o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 5 (cinco) dias, decidirá à
vista das alegações e provas produzidas.
§ 1º. Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável
de 5 (cinco) dias, não proceder à conferência, o juiz mandará seqüestrar-lhe, para
serem inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação, ou imputar ao seu
quinhão hereditário o valor deles, se já os não possuir.
§ 2º. Se a matéria for de alta indagação, o juiz remeterá as partes para os meios
ordinários, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto
pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre
que versar a conferência.
SEÇÃO VII
DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
Art. 1017. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1º. A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por
dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2º. Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor,
mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens
suficientes para o seu pagamento.
§ 3º. Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento
dos credores habilitados, o juiz mandará aliená-los em praça ou leilão,
observadas, no que forem aplicáveis, as regras do Livro II, Título II, Capítulo IV,
Seção I, Subseção VII e Seção II, Subseções I e II.
§ 4º. Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para
o seu pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido,
concordando todas as partes.
Art. 1018. Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de
pagamento feito pelo credor, será ele remetido para os meios ordinários.
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar em poder do inventariante

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bens suficientes para pagar o credor, quando a dívida constar de documento que
comprove suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em
quitação.
Art. 1019. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer
habilitação no inventário. Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao julgar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro
pagamento.
Art. 1020. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do
espólio:
I - quando toda a herança for dividida em legados;
II - quando o reconhecimento das dívidas importar redução dos legados.
Art. 1021. Sem prejuízo do disposto no artigo 674, é lícito aos herdeiros, ao
separarem bens para o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os
nomeie à penhora no processo em que o espólio for executado.
SEÇÃO VIII
DA PARTILHA
Art. 1022. Cumprido o disposto no artigo 1.017, § 3º, o juiz facultará às partes
que, no prazo comum de 10 (dez) dias, formulem o pedido de quinhão; em
seguida proferirá, no prazo de 10 (dez) dias, o despacho de deliberação da
partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam
constituir quinhão de cada herdeiro e legatário.
Art. 1023. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão,
observando nos pagamentos a seguinte ordem:
I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge;
III - meação disponível;
IV - quinhões hereditários, a começar pelo co-herdeiro mais velho.
Art. 1024. Feito o esboço, dirão sobre ele as partes no prazo comum de 5 (cinco)
dias. Resolvidas as reclamações, será a partilha lançada nos autos.
Art. 1025. A partilha constará:

I - de um auto de orçamento, que mencionará:


a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge supérstite, dos
herdeiros, dos legatários e dos credores admitidos;
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações;
c) o valor de cada quinhão;
II - de uma folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe,
a razão do pagamento, a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as
características que os individualizam e os ônus que os gravam.
Parágrafo único. O auto e cada uma das folhas serão assinados pelo juiz e pelo
escrivão.
Art. 1026. Pago o imposto de transmissão a título de morte, e junta aos autos

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certidão ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz
julgará por sentença a partilha.
Art. 1027. Passada em julgado a sentença mencionada no artigo antecedente,
receberá o herdeiro os bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual
constarão as seguintes peças:
I - termo de inventariante e título de herdeiros;
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III - pagamento do quinhão hereditário;
IV - quitação dos impostos;
V - sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do
pagamento do quinhão hereditário, quando este não exceder 5 (cinco) vezes o
salário mínimo vigente na sede do juízo; caso em que se transcreverá nela a
sentença de partilha transitada em julgado.
Art. 1028. A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença (artigo
1.026), pode ser emendada nos mesmos autos do inventário, convindo todas as
partes, quando tenha havido erro de fato na descrição dos bens; o juiz, de ofício
ou a requerimento da parte, poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões
materiais.
Art. 1029. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo
nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz;
pode ser anulada, por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz.
Parágrafo único. O direito de propor ação anulatória de partilha amigável
prescreve em 1 (um) ano, contado este prazo:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II - no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1030. É rescindível a partilha julgada por sentença:
I - nos casos mencionados no artigo antecedente;
II - se feita com preterição de formalidades legais;
III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.
SEÇÃO IX
DO ARROLAMENTO
Art. 1031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do
artigo 1.773 do Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a
prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas,
com observância dos artigos 1.032 a 1.035 desta lei. (Redação dada ao caput pela
Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
§ 1º. O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação,
quando houver herdeiro único. (Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº
9.280, de 30.05.1996)

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§ 2º. Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou
adjudicação, o respectivo formal, bem como os alvarás referentes aos bens por
ele abrangidos, só serão expedidos e entregues às partes após a comprovação,
verificada pela Fazenda Pública, do pagamento de todos os tributos. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.280, de 30.05.1996)
Art. 1032. Na petição de inventário, que se processará na forma de arrolamento
sumário, independentemente da lavratura de termos de qualquer espécie, os
herdeiros:
I - requererão ao juiz a nomeação do inventariante que designarem;
II - declararão os títulos dos herdeiros e os bens do espólio, observado o
disposto no artigo 993 desta lei;
III - atribuirão o valor dos bens do espólio, para fins de partilha. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1033. Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único, do artigo 1.035
desta lei, não se procederá à avaliação dos bens do espólio para qualquer
finalidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1034. No arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões
relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de
tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio.
§ 1º. A taxa judiciária, se devida, será calculada com base no valor atribuído
pelos herdeiros, cabendo ao fisco, se apurar em processo administrativo valor
diverso do estimado, exigir a eventual diferença pelos meios adequados ao
lançamento de créditos tributários em geral.
§ 2º. O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a Eles
Relativos será objeto de lançamento administrativo, conforme dispuser a
legislação tributária, não ficando as autoridades fazendárias adstritas aos valores
dos bens do espólio atribuídos pelos herdeiros. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1035. A existência de credores do espólio não impedirá a homologação da
partilha ou da adjudicação, se forem reservados bens suficientes para o
pagamento da dívida.
Parágrafo único. A reserva de bens será realizada pelo valor estimado pelas
partes, salvo se o credor, regularmente notificado, impugnar a estimativa, caso em
que se promoverá a avaliação dos bens a serem reservados. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1036. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 2.000 (duas
mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, o inventário pro-
cessar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado,
independentemente da assinatura de termo de compromisso, apresentar, com
suas declarações, a atribuição do valor dos bens do espólio e o plano da partilha.
§ 1º. Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz
nomeará um avaliador que oferecerá laudo em 10 (dez) dias.
§ 2º. Apresentado o laudo, o juiz, em audiência que designar, deliberará sobre a

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partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas
não impugnadas.
§ 3º. Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz e pelas partes
presentes.
§ 4º. Aplicam-se a esta espécie de arrolamento, no que couberem, as
disposições do artigo 1.034 e seus parágrafos, relativamente ao lançamento, ao
pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a transmissão da
propriedade dos bens do espólio.
§ 5º. Provada a quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas
rendas, o juiz julgará a partilha.
Art. 1037. Independerá de inventário ou arrolamento o pagamento dos valores
previstos na Lei nº 6.858, de 24 de novembro de 1980. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
Art. 1038. Aplicam-se subsidiariamente a esta Seção as disposições das seções
antecedentes, bem como as da seção subseqüente. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.019, de 31.08.1982)
SEÇÃO X
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS SEÇÕES PRECEDENTES
Art. 1039. Cessa a eficácia das medidas cautelares previstas nas várias sessões
deste Capítulo:
I - se a ação não for proposta em 30 (trinta) dias, contados da data em que da
decisão foi intimado o impugnante (artigo 1.000, parágrafo único), o herdeiro
excluído (artigo 1.001) ou o credor não admitido (artigo 1.018);
II - se o juiz declarar extinto o processo de inventário com ou sem julgamento do
mérito.
Art. 1040. Ficam sujeitos à sobrepartilha os bens:
I - sonegados;
II - da herança que se descobrirem depois da partilha;
III - litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV - situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos nºs. III e IV deste artigo serão
reservados à sobrepartilha sob a guarda e administração do mesmo ou de diverso
inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros.
Art. 1041. Observar-se-á na sobrepartilha dos bens o processo de inventário e
partilha.
Parágrafo único. A sobrepartilha correrá nos autos do inventário do autor da
herança.
Art. 1042. O juiz dará curador especial:
I - ao ausente, se o não tiver;
II - ao incapaz, se concorrer na partilha com o seu representante.
Art. 1043. Falecendo o cônjuge meeiro supérstite antes da partilha dos bens do
pré-morto, as duas heranças serão cumulativamente inventariadas e partilhadas,

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se os herdeiros de ambos forem os mesmos.
§ 1º. Haverá um só inventariante para os dois inventários.
§ 2º. O segundo inventário será distribuído por dependência, processan-do-se
em apenso ao primeiro.
Art. 1044. Ocorrendo a morte de algum herdeiro na pendência do inventário em
que foi admitido e não possuindo outros bens além do seu quinhão da herança,
poderá este ser partilhado juntamente com os bens do monte.
Art. 1045. Nos casos previstos nos dois artigos antecedentes prevalecerão as
primeiras declarações, assim como o laudo de avaliação, salvo se se alterou o
valor dos bens.
Parágrafo único. No inventário a que se proceder por morte do cônjuge herdeiro
supérstite, é lícito, independentemente de sobrepartilha, descrever e partilhar bens
omitidos no inventário do cônjuge pré-morto.
CAPÍTULO X
DOS EMBARGOS DE TERCEIRO

Art. 1046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na
posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora,
depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento,
inventário, partilha, poderá requerer lhe sejam manutenidos ou restituídos por
meio de embargos.
§ 1º. Os embargos podem ser de terceiro senhor e possuidor, ou apenas
possuidor.
§ 2º. Equipara-se a terceiro a parte que, posto figure no processo, defende bens
que, pelo título de sua aquisição ou pela qualidade em que os possuir, não podem
ser atingidos pela apreensão judicial.
§ 3º. Considera-se também terceiro o cônjuge quando defende a posse de bens
dotais, próprios, reservados ou de sua meação.
Art. 1047. Admitem-se ainda embargos de terceiro:
I - para a defesa da posse, quando, nas ações de divisão ou de demarcação, for
o imóvel sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da
fixação de rumos;
II - para o credor com garantia real obstar alienação judicial do objeto da
hipoteca, penhor ou anticrese.
Art. 1048. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença, e, no processo de
execução, até 5 (cinco) dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas
sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Art. 1049. Os embargos serão distribuídos por dependência e correrão em autos
distintos perante o mesmo juiz que ordenou a apreensão.
Art. 1050. O embargante, em petição elaborada com observância do disposto no
artigo 282, fará a prova sumária de sua posse e a qualidade de terceiro,

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oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º. É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
§ 2º. O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, domínio alheio.
Art. 1051. Julgando suficientemente provada a posse, o juiz deferirá
liminarmente os embargos e ordenará a expedição de mandado de manutenção
ou de restituição em favor do embargante, que só receberá os bens depois de
prestar caução de os devolver com seus rendimentos, caso sejam a final
declarados improcedentes
Art. 1052. Quando os embargos versarem sobre todos os bens, determinará o
juiz a suspensão do curso do processo principal; versando sobre alguns deles,
prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não embargados.
Art. 1053. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 10 (dez) dias,
findo o qual proceder-se-á de acordo com o disposto no artigo 803.
Art. 1054. Contra os embargos do credor com garantia real, somente poderá o
embargado alegar que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
CAPÍTULO XI
DA HABILITAÇÃO

Art. 1055. A habilitação tem lugar quando, por falecimento de qualquer das
partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo.
Art. 1056. A habilitação pode ser requerida:
I - pela parte, em relação aos sucessores do falecido;
II - pelos sucessores do falecido, em relação à parte.
Art. 1057. Recebida a petição inicial, ordenará o juiz a citação dos requeridos
para contestar a ação no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver procurador
constituído na causa.
Art. 1058. Findo o prazo da contestação, observar-se-á o disposto nos artigos
802 e 803.
Art. 1059. Achando-se a causa no tribunal, a habilitação processar-se-á perante
o relator e será julgada conforme o disposto no regimento interno.
Art. 1060. Proceder-se-á à habilitação nos autos da causa principal e
independentemente de sentença quando:
I - promovida pelo cônjuge e herdeiros necessários, desde que provem por
documento o óbito do falecido e a sua qualidade;
II - em outra causa, sentença passada em julgado houver atribuído ao habilitando

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a qualidade de herdeiro ou sucessor;
III - o herdeiro for incluído sem qualquer oposição no inventário;
IV - estiver declarada a ausência ou determinada a arrecadação da herança
jacente;
V - oferecidos os artigos de habilitação, a parte reconhecer a procedência do
pedido e não houver oposição de terceiros.
Art. 1061. Falecendo o alienante ou o cedente, poderá o adquirente ou o
cessionário prosseguir na causa, juntando aos autos o respectivo título e provando
a sua identidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1062. Passadas em julgado a sentença de habilitação, ou admitida a
habilitação nos casos em que independer de sentença, a causa principal retomará
o seu curso.
CAPÍTULO XII
DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS

Art. 1063. Verificado o desaparecimento dos autos, pode qualquer das partes
promover-lhes a restauração.
Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nestes prosseguirá o processo.
Art. 1064. Na petição inicial declarará a parte o estado da causa ao tempo do
desaparecimento dos autos, oferecendo:
I - certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do cartório por onde
haja ocorrido o processo;
II - cópia dos requerimentos que dirigiu ao juiz;
III - quaisquer outros documentos que facilitem a restauração.
Art. 1065. A parte contrária será citada para contestar o pedido no prazo de 5
(cinco) dias, cabendo-lhe exibir as cópias, contrafés e mais reproduções dos atos
e documentos que estiverem em seu poder.
§ 1º. Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o respectivo auto que,
assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido.
§ 2º. Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial, observar-se-á o
disposto no artigo 803.
Art. 1066. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido depois da produção
das provas em audiência, o juiz mandará repeti-las.
§ 1º. Serão reinquiridas as mesmas testemunhas; mas se estas tiverem falecido
ou se acharem impossibilitadas de depor e não houver meio de comprovar de
outra forma o depoimento, poderão ser substituídas.
§ 2º. Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia, sempre que
for possível e de preferência pelo mesmo perito.
§ 3º. Não havendo certidão de documentos, estes serão reconstituídos mediante
cópias e, na falta, pelos meios ordinários de prova.
§ 4º. Os serventuários e auxiliares da justiça não podem eximir-se de depor
como testemunhas a respeito de atos que tenham praticado ou assistido.

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§ 5º. Se o juiz houver proferido sentença da qual possua cópia, esta será junta
aos autos e terá a mesma autoridade da original.
Art. 1067. Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos.
§ 1º. Aparecendo os autos originais, nestes se prosseguirá sendo-lhes
apensados os autos da restauração.
§ 2º. Os autos suplementares serão restituídos ao cartório, deles se extraindo
certidões de todos os atos e termos a fim de completar os autos originais.
Art. 1068. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribunal, a ação será
distribuída, sempre que possível, ao relator do processo.
§ 1º. A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos que neste se
tenham realizado.
§ 2º. Remetidos os autos ao tribunal, aí se completará a restauração e se
procederá ao julgamento.
Art. 1069. Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá
pelas custas da restauração e honorários de advogado, sem prejuízo da
responsabilidade civil ou penal em que incorrer.
CAPÍTULO XIII
DAS VENDAS A CRÉDITO COM RESERVA DE DOMÍNIO

Art. 1070. Nas vendas a crédito com reserva de domínio, quando as prestações
estiverem representadas por título executivo, o credor poderá cobrá-las,
observando-se o disposto no Livro II, Título II, Capítulo IV.
§ 1º. Efetuada a penhora da coisa vendida, é lícito a qualquer das partes, no
curso do processo, requerer-lhe a alienação judicial em leilão.
§ 2º. O produto do leilão será depositado, sub-rogando-se nele a penhora.
Art. 1071. Ocorrendo mora do comprador, provada com o protesto do título, o
vendedor poderá requerer, liminarmente e sem audiência do comprador, a
apreensão e depósito da coisa vendida.
§ 1º. Ao deferir o pedido, nomeará o juiz perito, que procederá à vistoria da coisa
e arbitramento do seu valor, descrevendo-lhe o estado e individuando-a com todos
os característicos.
§ 2º. Feito o depósito, será citado o comprador para, dentro em 5 (cinco) dias,
contestar a ação. Neste prazo poderá o comprador, que houver pago mais de 40%
(quarenta por cento) do preço, requerer ao juiz que lhe conceda 30 (trinta) dias
para reaver a coisa, liquidando as prestações vencidas, juros, honorários e custas.
§ 3º. Se o réu não contestar, deixar de pedir a concessão do prazo ou não
efetuar o pagamento referido no parágrafo anterior, poderá o autor, mediante a
apresentação dos títulos vencidos e vincendos, requerer a reintegração imediata
na posse da coisa depositada; caso em que, descontada do valor arbitrado a
importância da dívida acrescida das despesas judiciais e extrajudiciais, o autor
restituirá ao réu o saldo, depositando-o em pagamento.
§ 4º. Se a ação for contestada, observar-se-á o procedimento ordinário, sem
prejuízo da reintegração liminar.

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CAPÍTULO XIV
DO JUÍZO ARBITRAL

SEÇÃO I
DO COMPROMISSO
Art. 1072. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1073. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1074. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1075. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1076. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1077. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
SEÇÃO II
DOS ÁRBITROS
Art. 1078. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1079. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1080. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1081. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1082. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1083. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1084. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)

SEÇÃO III
DO PROCEDIMENTO
Art. 1085. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1086. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1087. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1088. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1089. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1090. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1091. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1092. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1093. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)

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Art. 1094. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1095. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1096. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1097. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
SEÇÃO IV
DA HOMOLOGAÇÃO DO LAUDO
Art. 1098. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1099. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1100. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1101. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
Art. 1102. (Revogado pela Lei nº 9.307, de 23.09.1996)
CAPÍTULO XV
DA AÇÃO MONITÓRIA

Art. 1102a. A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova
escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega
de coisa fungível ou de determinado bem móvel.
Art. 1102b. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz defirirá de
plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa no prazo de
quinze dias.
Art. 1102c. No prazo previsto no artigo anterior, poderá o réu oferecer embargos,
que suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os embargos não forem
opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo judicial, convertendo-se
o mandado inicial em mandado executivo e prosseguindo-se na forma prevista no
Livro II, Título II, Capítulos II e IV.
§1º. Cumprindo o réu o mandado, ficará isento de custas e honorários
advocatícios.
§2º. Os embargos indpendem de prévia segurança do juízo e serão processados
nos próprios autos, pelo procedimento ordinário.
§3º. Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo
judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se na forma prevista no Livro II,
Título II, Capítulos II e IV.
TÍTULO II
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO
VOLUNTÁRIA

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CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1103. Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem a
jurisdição voluntária as disposições constantes deste Capítulo.
Art. 1104. O procedimento terá início por provocação do interessado ou do
Ministério Público, cabendo-lhes formular o pedido em requerimento dirigido ao
juiz, devidamente instruído com os documentos necessários e com a indicação da
providência judicial.
Art. 1105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem
como o Ministério Público.
Art. 1106. O prazo para responder é de 10 (dez) dias.
Art. 1107. Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar
as suas alegações; mas ao juiz é lícito investigar livremente os fatos e ordenar de
ofício a realização de quaisquer provas.
Art. 1108. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver
interesse.
Art. 1109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém,
obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a
solução que reputar mais conveniente ou oportuna.
Art. 1110. Da sentença caberá apelação.
Art. 1111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já
produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.
Art. 1112. Processar-se-á na forma estabelecida neste Capítulo o pedido de:
I - emancipação;
II - sub-rogação;
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de órfãos
e de interditos;
IV - alienação, locação e administração da coisa comum;
V - alienação de quinhão em coisa comum;
VI - extinção de usufruto e de fideicomisso.
CAPÍTULO II
DAS ALIENAÇÕES JUDICIAIS

Art. 1113. Nos casos expressos em lei e sempre que os bens depositados
judicialmente forem de fácil deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes
despesas para a sua guarda, o juiz, de ofício ou a requerimento do depositário ou
de qualquer das partes, mandará aliená-los em leilão.
§ 1º. Poderá o juiz autorizar, da mesma forma, a alienação de semoventes e

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outros bens de guarda dispendiosa; mas não o fará se alguma das partes se
obrigar a satisfazer ou garantir as despesas de conservação.
§ 2º. Quando uma das partes requerer a alienação judicial, o juiz ouvirá sempre a
outra antes de decidir.
§ 3º. Far-se-á a alienação independentemente de leilão, se todos os interessados
forem capazes e nisso convierem expressamente.
Art. 1114. Os bens serão avaliados por um perito nomeado pelo juiz quando:

I - não o hajam sido anteriormente;


II - tenham sofrido alteração em seu valor.
Art. 1115. A alienação será feita pelo maior lanço oferecido, ainda que seja
inferior ao valor da avaliação.
Art. 1116. Efetuada a alienação e deduzidas as despesas, depositar-se-á o
preço, ficando nele sub-rogados os ônus ou responsabilidades a que estiverem
sujeitos os bens.
Parágrafo único. Não sendo caso de se levantar o depósito antes de 30 (trinta)
dias, inclusive na ação ou na execução, o juiz determinará a aplicação do produto
da alienação ou do depósito, em obrigações ou títulos da dívida pública da União
ou dos Estados. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Art. 1117. Também serão alienados em leilão, procedendo-se como nos artigos
antecedentes:
I - o imóvel que, na partilha, não couber no quinhão de um só herdeiro ou não
admitir divisão cômoda, salvo se adjudicado a um ou mais herdeiros acordes;
II - a coisa comum indivisível ou que, pela divisão, se tornar imprópria ao seu
destino, verificada previamente a existência de desacordo quanto à adjudicação a
um dos condôminos;
III - os bens móveis e imóveis de órfãos nos casos em que a lei o permite e
mediante autorização do juiz.
Art. 1118. Na alienação judicial de coisa comum, será preferido:
I - em condições iguais, o condômino ao estranho;
II - entre os condôminos, o que tiver benfeitorias de maior valor;
III - o condômino proprietário de quinhão maior, se não houver benfeitorias.
Art. 1119. Verificada a alienação de coisa comum sem observância das
preferências legais, o condômino prejudicado poderá requerer, antes da
assinatura da carta, o depósito do preço e adjudicação da coisa.
Parágrafo único. Serão citados o adquirente e os demais condôminos para
dizerem de seu direito, observando-se, quanto ao procedimento, o disposto no
artigo 803.
CAPÍTULO III
DA SEPARAÇÃO CONSENSUAL

Art. 1120. A separação consensual será requerida em petição assinada por


ambos os cônjuges.

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§ 1º. Se os cônjuges não puderem ou não souberem escrever, é lícito que
outrem assine a petição a rogo deles.
§ 2º. As assinaturas, quando não lançadas na presença do juiz, serão
reconhecidas por tabelião.
Art. 1121. A petição, instruída com a certidão de casamento e o contrato
antenupcial se houver, conterá:
I - a descrição dos bens do casal e a respectiva partilha;
II - o acordo relativo à guarda dos filhos menores;
III - o valor da contribuição para criar e educar os filhos;
IV - a pensão alimentícia do marido à mulher, se esta não possuir bens
suficientes para se manter.
Parágrafo único. Se os cônjuges não acordarem sobre a partilha dos bens, far-
se-á esta, depois de homologada a separação consensual, na forma estabelecida
neste Livro, Título I, Capítulo IX.
Art. 1122. Apresentada a petição ao juiz, este verificará se ela preenche os
requisitos exigidos nos dois artigos antecedentes, em seguida, ouvirá os cônjuges
sobre os motivos da separação consensual, esclarecendo-lhes as conseqüências
da manifestação de vontade.
§ 1º. Convencendo-se o juiz de que ambos, livremente e sem hesitações,
desejam a separação consensual, mandará reduzir a termo as declarações e,
depois de ouvir o Ministério Público no prazo de 5 (cinco) dias, o homologará; em
caso contrário, marcar-lhes-á dia e hora, com 15 (quinze) a 30 (trinta) dias de
intervalo, para que voltem, a fim de ratificar o pedido de separação consensual.
§ 2º. Se qualquer dos cônjuges não comparecer à audiência designada ou não
ratificar o pedido, o juiz mandará autuar a petição e documentos e arquivar o
processo.
Art. 1123. É lícito às partes, a qualquer tempo, no curso da separação judicial,
lhe requererem a conversão em separação consensual; caso em que será
observado o disposto no artigo 1.121 e primeira parte do § 1º do artigo
antecedente.
Art. 1124. Homologada a separação consensual, averbar-se-á a sentença no
registro civil e, havendo bens imóveis, na circunscrição onde se acham
registrados.
CAPÍTULO IV
DOS TESTAMENTOS E CODICILOS

SEÇÃO I
DA ABERTURA, DO REGISTRO E DO CUMPRIMENTO
Art. 1125. Ao receber testamento cerrado, o juiz, após verificar se está intacto, o
abrirá e mandará que o escrivão o leia em presença de quem o entregou.
Parágrafo único. Lavrar-se-á em seguida o ato de abertura que, rubricado pelo
juiz e assinado pelo apresentante, mencionará:

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I - a data e o lugar em que o testamento foi aberto;
II - o nome do apresentante e como houve ele o testamento;
III - a data e o lugar do falecimento do testador;
IV - qualquer circunstância digna de nota, encontrada no invólucro ou no interior
do testamento.
Art. 1126. Conclusos os autos, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público,
mandará registrar, arquivar e cumprir o testamento, se lhe não achar vício externo,
que o torne suspeito de nulidade ou falsidade.
Parágrafo único. O testamento será registrado e arquivado no cartório a que
tocar dele remetendo o escrivão uma cópia, no prazo de 8 (oito) dias, à repartição
fiscal.
Art. 1127. Feito o registro, o escrivão intimará o testamenteiro nomeado a
assinar, no prazo de 5 (cinco) dias, o termo da testamentaria; se não houver
testamenteiro nomeado, estiver ele ausente ou não aceitar o encargo, o escrivão
certificará a ocorrência e fará os autos conclusos; caso em que o juiz nomeará
testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal.
Parágrafo único. Assinado o termo de aceitação da testamentaria, o escrivão
extrairá cópia autêntica do testamento para ser juntada aos autos de inventário ou
de arrecadação da herança.
Art. 1128. Quando o testamento for público, qualquer interessado, exibindo-lhe o
traslado ou certidão, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento.
Parágrafo único. O juiz mandará processá-lo conforme o disposto nos artigos
1.125 e 1.126.
Art. 1129. O juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, ordenará
ao detentor de testamento que o exiba em juízo para os fins legais, se ele, após a
morte do testador, não se tiver antecipado em fazê-lo.
Parágrafo único. Não sendo cumprida a ordem, proceder-se-á à busca e
apreensão do testamento, de conformidade com o disposto nos artigos 839 a 843.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
SEÇÃO II
DA CONFIRMAÇÃO DO TESTAMENTO PARTICULAR
Art. 1130. O herdeiro, o legatário ou o testamenteiro poderá requerer, depois da
morte do testador, a publicação em juízo do testamento particular, inquirindo-se as
testemunhas que lhe ouviram a leitura e, depois disso, o assinaram.
Parágrafo único. A petição será instruída com a cédula do testamento particular.
Art. 1131. Serão intimados para a inquirição:
I - aqueles a quem caberia a sucessão legítima;
II - o testamenteiro, os herdeiros e os legatários que não tiverem requerido a
publicação;
III - o Ministério Público.
Parágrafo único. As pessoas, que não forem encontradas na comarca, serão
intimadas por edital.

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Art. 1132. Inquiridas as testemunhas, poderão os interessados, no prazo comum
de 5 (cinco) dias, manifestar-se sobre o testamento.
Art. 1133. Se pelo menos três testemunhas contestes reconhecerem que é
autêntico o testamento, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público, o confirmará,
observando-se quanto ao mais o disposto nos artigos 1.126 e 1.127.
SEÇÃO III
DO TESTAMENTO MILITAR, MARÍTIMO, NUNCUPATIVO E DO CODICILO
Art. 1134. As disposições da seção precedente aplicam-se:
I - ao testamento marítimo;
II - ao testamento militar;
III - ao testamento nuncupativo;
IV - ao codicilo.
SEÇÃO IV
DA EXECUÇÃO DOS TESTAMENTOS
Art. 1135. O testamenteiro deverá cumprir as disposições testamentárias no
prazo legal, se outro não tiver sido assinado pelo testador e prestar contas, no
juízo do inventário, do que recebeu e despendeu.
Parágrafo único. Será ineficaz a disposição testamentária que eximir o
testamenteiro da obrigação de prestar contas.
Art. 1136. Se dentro de 3 (três) meses, contados do registro do testamento, não
estiver inscrita a hipoteca legal da mulher casada, do menor e do interdito
instituídos herdeiros ou legatários, o testamenteiro requerer-lhe-á a inscrição, sem
a qual não se haverão por cumpridas as disposições do testamento.
Art. 1137. Incumbe ao testamenteiro:
I - cumprir as obrigações do testamento;
II - propugnar a validade do testamento;
III - defender a posse dos bens da herança;
IV - requerer ao juiz que lhe conceda os meios necessários para cumprir as
disposições testamentárias.
Art. 1138. O testamenteiro tem direito a um prêmio que, se o testador não o
houver fixado, o juiz arbitrará, levando em conta o valor da herança e o trabalho
de execução do testamento.
§ 1º. O prêmio, que não excederá 5% (cinco por cento), será calculado sobre a
herança líquida e deduzido somente da metade disponível quando houver
herdeiros necessários, e de todo o acervo líquido nos demais casos.
§ 2º. Sendo o testamenteiro casado, sob o regime de comunhão de bens, com
herdeiro ou legatário do testador, não terá direito ao prêmio; ser-lhe-á lícito,
porém, preferir o prêmio à herança ou legado.
Art. 1139. Não se efetuará o pagamento do prêmio mediante adjudicação de
bens do espólio, salvo se o testamenteiro for meeiro.

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Art. 1140. O testamenteiro será removido e perderá o prêmio se:
I - lhe forem glosadas as despesas por ilegais ou em discordância com o
testamento;
II - não cumprir as disposições testamentárias.
Art. 1141. O testamenteiro, que quiser demitir-se do encargo, poderá requerer ao
juiz a escusa, alegando causa legítima. Ouvidos os interessados e o órgão do
Ministério Público, o juiz decidirá.
CAPÍTULO V
DA HERANÇA JACENTE

Art. 1142. Nos casos em que a lei civil considere jacente a herança, o juiz, em
cuja comarca tiver domicílio o falecido, procederá sem perda de tempo à
arrecadação de todos os seus bens.
Art. 1143. A herança jacente ficará sob a guarda, conservação e administração
de um curador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado, ou até
a declaração de vacância; caso em que será incorporada ao domínio da União, do
Estado ou do Distrito Federal.
Art. 1144. Incumbe ao curador:

I - representar a herança em juízo ou fora dele, com assistência do órgão do


Ministério Público;
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a
arrecadação de outros porventura existentes;
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança;
IV - apresentar mensalmente ao juiz um balancete da receita e da despesa;
V - prestar contas ao final de sua gestão.
Parágrafo único. Aplica-se ao curador o disposto nos artigos 148 a 150.
Art. 1145. Comparecendo à residência do morto, acompanhado do escrivão e do
curador, o juiz mandará arrolar os bens e descrevê-los em auto circunstanciado.
§ 1º. Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará um depositário e
lhe entregará os bens, mediante simples termo nos autos, depois de
compromissado.
§ 2º. O órgão do Ministério Público e o representante da Fazenda Pública serão
intimados a assistir à arrecadação, que se realizará, porém, estejam presentes ou
não.
Art. 1146. Quando a arrecadação não terminar no mesmo dia, o juiz procederá à
aposição de selos, que serão levantados à medida que se efetuar o arrolamento,
mencionando-se o estado em que foram encontrados os bens.
Art. 1147. O juiz examinará reservadamente os papéis, cartas missivas e os
livros domésticos; verificando que não apresentam interesse, mandará empacotá-
los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores do falecido, ou
queimados quando os bens forem declarados vacantes.

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Art. 1148. Não podendo comparecer imediatamente por motivo justo ou por
estarem os bens em lugar muito distante, o juiz requisitará à autoridade policial
que proceda à arrecadação e ao arrolamento dos bens.
Parágrafo único. Duas testemunhas assistirão às diligências e, havendo
necessidade de apor selos, estes só poderão ser abertos pelo juiz.
Art. 1149. Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará
expedir carta precatória a fim de serem arrecadados.
Art. 1150. Durante a arrecadação o juiz inquirirá os moradores da casa e da
vizinhança sobre a qualificação do falecido, o paradeiro de seus sucessores e a
existência de outros bens, lavrando-se de tudo um auto de inquirição e
informação.
Art. 1151. Não se fará a arrecadação ou suspender-se-á esta quando iniciada,
se se apresentar para reclamar os bens o cônjuge, herdeiro ou testamenteiro,
notoriamente conhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer
interessado, do órgão do Ministério Público ou do representante da Fazenda
Pública.
Art. 1152. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será
estampado três vezes, com intervalo de 30 (trinta) dias para cada um, no órgão
oficial e na imprensa da comarca, para que venham a habilitar-se os sucessores
do finado no prazo de 6 (seis) meses contados da primeira publicação.
§ 1º. Verificada a existência de sucessor ou testamenteiro em lugar certo, far-se-
á a sua citação, sem prejuízo do edital.
§ 2º. Quando o finado for estrangeiro, será também comunicado o fato à
autoridade consular.
Art. 1153. Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do
testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação converter-se-á
em inventário.
Art. 1154. Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou
propor a ação de cobrança.
Art. 1155. O juiz poderá autorizar a alienação:

I - de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendiosa;


II - de semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria;
III - de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de depreciação;
IV - de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a
herança de dinheiro para o pagamento;
V - de bens imóveis;
a) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação;
b) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o
pagamento.
Parágrafo único. Não se procederá, entretanto, à venda se a Fazenda Pública ou
o habilitando adiantar a importância para as despesas.

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Art. 1156. Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal,
livros e obras de arte, só serão alienados depois de declarada a vacância da
herança.
Art. 1157. Passados 1 (um) ano da primeira publicação do edital (artigo 1.152) e
não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente, será a herança
declarada vacante.
Parágrafo único. Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma
sentença que a julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, aguardar-se-
á o julgamento da última.
Art. 1158. Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge,
os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.
CAPÍTULO VI
DOS BENS DOS AUSENTES

Art. 1159. Desaparecendo alguém do seu domicílio sem deixar representante a


quem caiba administrar-lhe os bens, ou deixando mandatário que não queira ou
não possa continuar a exercer o mandato, declarar-se-á a sua ausência.
Art. 1160. O juiz mandará arrecadar os bens do ausente e nomear-lhe-á curador
na forma estabelecida no Capítulo antecedente.
Art. 1161. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais durante 1 (um)
ano, reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a arrecadação e chamando
o ausente a entrar na posse de seus bens.
Art. 1162. Cessa a curadoria:

I - pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o


represente;
II - pela certeza da morte do ausente;
III - pela sucessão provisória.
Art. 1163. Passado 1 (um) ano da publicação do primeiro edital sem que se
saiba do ausente e não tendo comparecido seu procurador ou representante,
poderão os interessados requerer que se abra provisoriamente a sucessão.
§ 1º. Consideram-se para este efeito interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos legítimos e os testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito subordinado à condição de
morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
§ 2º. Findo o prazo deste artigo e não havendo absolutamente interessados na
sucessão provisória, cumpre ao órgão do Ministério Público requerê-la.
Art. 1164. O interessado, ao requerer a abertura da sucessão provisória, pedirá
a citação pessoal dos herdeiros presentes e do curador e, por editais, a dos
ausentes para oferecerem artigos de habilitação.

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Parágrafo único. A habilitação dos herdeiros obedecerá ao processo do artigo
1.057.
Art. 1165. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só
produzirá efeito 6 (seis) meses depois de publicada pela imprensa; mas, logo que
passe em julgado, se procederá à abertura do testamento, se houver, e ao
inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
Parágrafo único. Se dentro em 30 (trinta) dias não comparecer interessado ou
herdeiro, que requeira o inventário, a herança será considerada jacente.
Art. 1166. Cumpre aos herdeiros, imitidos na posse dos bens do ausente, prestar
caução de os restituir.
Art. 1167. A sucessão provisória cessará pelo comparecimento do ausente e
converter-se-á em definitiva:
I - quando houver certeza de morte do ausente;
II - dez anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão
provisória;
III - quando o ausente contar 80 (oitenta) anos de idade e houverem decorrido 5
(cinco) anos das últimas notícias suas.
Art. 1168. Regressando o ausente nos 10 (dez) anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva ou algum dos seus descendentes ou ascendentes, aquele ou
estes só poderão requerer ao juiz a entrega dos bens existentes no estado em que
se acharem, ou sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros e demais
interessados houverem recebido pelos alienados depois daquele tempo.
Art. 1169. Serão citados para lhe contestarem o pedido os sucessores
provisórios ou definitivos, o órgão do Ministério Público e o representante da
Fazenda Pública.
Parágrafo único. Havendo contestação, seguir-se-á o procedimento ordinário.
CAPÍTULO VII
DAS COISAS VAGAS

Art. 1170. Aquele que achar coisa alheia perdida, não lhe conhecendo o dono ou
legítimo possuidor, a entregará à autoridade judiciária ou policial, que a
arrecadará, mandando lavrar o respectivo auto, dele constando a sua descrição e
as declarações do inventor.
Parágrafo único. A coisa, com o auto, será logo remetida ao juiz competente,
quando a entrega tiver sido feita à autoridade policial ou a outro juiz.
Art. 1171. Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital, por duas vezes, no
órgão oficial, com intervalo de 10 (dez) dias, para que o dono ou legítimo
possuidor a reclame.
§ 1º. O edital conterá a descrição da coisa e as circunstâncias em que foi
encontrada.
§ 2º. Tratando-se de coisa de pequeno valor, o edital será apenas afixado no
átrio do edifício do forum.

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Art. 1172. Comparecendo o dono ou o legítimo possuidor dentro do prazo do
edital e provando o seu direito, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público e o
representante da Fazenda Pública, mandará entregar-lhe a coisa.
Art. 1173. Se não for reclamada, será a coisa avaliada e alienada em hasta
pública e, deduzidas do preço as despesas e a recompensa do inventor, o saldo
pertencerá, na forma da lei, à União, ao Estado ou ao Distrito Federal.
Art. 1174. Se o dono preferir abandonar a coisa, poderá o inventor requerer que
lhe seja adjudicada.
Art. 1175. O procedimento estabelecido neste Capítulo aplica-se aos objetos
deixados nos hotéis, oficinas e outros estabelecimentos, não sendo reclamados
dentro de 1 (um) mês.
Art. 1176. Havendo fundada suspeita de que a coisa foi criminosamente
subtraída, a autoridade policial converterá a arrecadação em inquérito; caso em
que competirá ao juiz criminal mandar entregar a coisa a quem provar que é o
dono ou legítimo possuidor.
CAPÍTULO VIII
DA CURATELA DOS INTERDITOS

Art. 1177. A interdição pode ser promovida:


I - pelo pai, mãe ou tutor;
II - pelo cônjuge ou algum parente próximo;
III - pelo órgão do Ministério Público.
Art. 1178. O órgão do Ministério Público só requererá a interdição:

I - no caso de anomalia psíquica;


II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas
no artigo antecedente, nºs. I e II;
III - se, existindo, forem menores ou incapazes.
Art. 1179. Quando a interdição for requerida pelo órgão do Ministério Público, o
juiz nomeará ao interditando curador à lide (artigo 9º).
Art. 1180. Na petição inicial, o interessado provará a sua legitimidade,
especificará os fatos que revelam a anomalia psíquica e assinalará a incapacidade
do interditando para reger a sua pessoa e administrar os seus bens.
Art. 1181. O interditando será citado para, em dia designado, comparecer
perante o juiz, que o examinará, interrogando-o minuciosamente acerca de sua
vida, negócios, bens e do mais que lhe parecer necessário para ajuizar do seu
estado mental, reduzidas a auto as perguntas e respostas.
Art. 1182. Dentro do prazo de 5 (cinco) dias contados da audiência de
interrogatório, poderá o interditando impugnar o pedido.
§ 1º. Representará o interditando nos autos do procedimento o órgão do

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Ministério Público ou, quando for este o requerente, o curador à lide.
§ 2º. Poderá o interditando constituir advogado para defender-se.
§ 3º. Qualquer parente sucessível poderá constituir-lhe advogado com os
poderes judiciais que teria se nomeado pelo interditando, respondendo pelos
honorários.
Art. 1183. Decorrido o prazo a que se refere o artigo antecedente, o juiz
nomeará perito para proceder ao exame do interditando. Apresentado o laudo, o
juiz designará audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. Decretando a interdição, o juiz nomeará curador ao interdito.
Art. 1184. A sentença de interdição produz efeito desde logo, embora sujeita a
apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela
imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalos de 10 (dez) dias,
constando do edital os nomes do interdito e do curador, a causa da interdição e os
limites da curatela.
Art. 1185. Obedecerá às disposições dos artigos antecedentes, no que for
aplicável, a interdição do pródigo, a do surdo-mudo sem educação que o habilite a
enunciar precisamente a sua vontade e a dos viciados pelo uso de substâncias
entorpecentes quando acometidos de perturbações mentais.
Art. 1186. Levantar-se-á a interdição, cessando a causa que a determinou.
§ 1º. O pedido de levantamento poderá ser feito pelo interditado e será apensado
aos autos da interdição. O juiz nomeará perito para proceder ao exame de
sanidade no interditado e após a apresentação do laudo designará audiência de
instrução e julgamento.
§ 2º. Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e mandará
publicar a sentença, após o trânsito em julgado, pela imprensa local e o órgão
oficial por três vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no
Registro de Pessoas Naturais.
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES COMUNS À TUTELA E À CURATELA

SEÇÃO I
DA NOMEAÇÃO DO TUTOR OU CURADOR
Art. 1187. O tutor ou curador será intimado a prestar compromisso no prazo de 5
(cinco) dias contados:
I - da nomeação feita na conformidade da lei civil;
II - da intimação do despacho que mandar cumprir o testamento ou o instrumento
público que o houver instituído.
Art. 1188. Prestado o compromisso por termo em livro próprio rubricado pelo
juiz, o tutor ou curador, antes de entrar em exercício, requererá, dentro em 10
(dez) dias, a especialização em hipoteca legal de imóveis necessários para
acautelar os bens que serão confiados à sua administração.
Parágrafo único. Incumbe ao órgão do Ministério Público promover a

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especialização de hipoteca legal, se o tutor ou curador não a tiver requerido no
prazo assinado neste artigo.
Art. 1189. Enquanto não for julgada a especialização, incumbirá ao órgão do
Ministério Público reger a pessoa do incapaz e administrar-lhe os bens.
Art. 1190. Se o tutor ou curador for de reconhecida idoneidade, poderá o juiz
admitir que entre em exercício, prestando depois a garantia, ou dispensando-a
desde logo.
Art. 1191. Ressalvado o disposto no artigo antecedente, a nomeação ficará sem
efeito se o tutor ou curador não puder garantir a sua gestão.
Art. 1192. O tutor ou curador poderá eximir-se do encargo, apresentando escusa
ao juiz no prazo de 5 (cinco) dias. Contar-se-á o prazo:
I - antes de aceitar o encargo, da intimação para prestar compromisso;
II - depois de entrar em exercício, do dia em que sobrevier o motivo da escusa.
Parágrafo único. Não sendo requerida a escusa no prazo estabelecido neste
artigo, reputar-se-á renunciado o direito de alegá-la.
Art. 1193. O juiz decidirá de plano o pedido de escusa. Se não a admitir,
exercerá o nomeado a tutela ou curatela enquanto não for dispensado por
sentença transitada em julgado.
SEÇÃO II
DA REMOÇÃO E DISPENSA DE TUTOR OU CURADOR
Art. 1194. Incumbe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo
interesse, requerer, nos casos previstos na lei civil, a remoção do tutor ou curador.
Art. 1195. O tutor ou curador será citado para contestar a argüição no prazo de 5
(cinco) dias.
Art. 1196. Findo o prazo, observar-se-á o disposto no artigo 803.
Art. 1197. Em caso de extrema gravidade, poderá o juiz suspender do exercício
de suas funções o tutor ou curador, nomeando-lhe interinamente substituto.
Art. 1198. Cessando as funções do tutor ou curador pelo decurso do prazo em
que era obrigado a servir, ser-lhe-á lícito requerer a exoneração do encargo; não o
fazendo dentro de 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á
reconduzido, salvo se o juiz o dispensar.
CAPÍTULO X
DA ORGANIZAÇÃO E DA FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES

Art. 1199. O instituidor, ao criar a fundação, elaborará o seu estatuto ou


designará quem o faça.
Art. 1200. O interessado submeterá o estatuto ao órgão do Ministério Público,
que verificará se foram observadas as bases da fundação e se os bens são

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suficientes ao fim a que ela se destina.
Art. 1201. Autuado o pedido, o órgão do Ministério Público, no prazo de 15
(quinze) dias, aprovará o estatuto, indicará as modificações que entender
necessárias ou lhe denegará a aprovação.
§ 1º. Nos dois últimos casos, pode o interessado, em petição motivada, requerer
ao juiz o suprimento da aprovação.
§ 2º. O juiz, antes de suprir a aprovação, poderá mandar fazer no estatuto
modificações a fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor.
Art. 1202. Incumbirá ao órgão do Ministério Público elaborar o estatuto e
submetê-lo à aprovação do juiz:
I - quando o instituidor não o fizer nem nomear quem o faça;
II - quando a pessoa encarregada não cumprir o encargo no prazo assinado pelo
instituidor ou, não havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses.
Art. 1203. A alteração do estatuto ficará sujeita à aprovação do órgão do
Ministério Público. Sendo-lhe denegada, observar-se-á o disposto no artigo 1.201,
§§ 1º e 2º.
Parágrafo único. Quando a reforma não houver sido deliberada por votação
unânime, os administradores, ao submeterem ao órgão do Ministério Público o
estatuto, pedirão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la no prazo de
10 (dez) dias.
Art. 1204. Qualquer interessado ou o órgão do Ministério Público promoverá a
extinção da fundação quando:
I - se tornar ilícito o seu objeto;
II - for impossível a sua manutenção;
III - se vencer o prazo de sua existência.
CAPÍTULO XI
DA ESPECIALIZAÇÃO DA HIPOTECA LEGAL

Art. 1205. O pedido para especialização de hipoteca legal declarará a estimativa


da responsabilidade e será instruído com a prova do domínio dos bens, livres de
ônus, dados em garantia.
Art. 1206. O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos bens
far-se-á por perito nomeado pelo juiz.
§ 1º. O valor da responsabilidade será calculado de acordo com a importância
dos bens e dos saldos prováveis dos rendimentos que devem ficar em poder dos
tutores e curadores durante a administração, não se computando, porém, o preço
do imóvel.
§ 2º. Será dispensado o arbitramento do valor da responsabilidade nas hipotecas
legais em favor:
I - da mulher casada, para garantia do dote, caso em que o valor será o da
estimação, constante da escritura antenupcial;
II - da Fazenda Pública, nas cauções prestadas pelos responsáveis, caso em

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que será o valor caucionado.
§ 3º. Dispensa-se a avaliação, quando estiverem mencionados na escritura os
bens do marido, que devam garantir o dote.
Art. 1207. Sobre o laudo manifestar-se-ão os interessados no prazo comum de 5
(cinco) dias. Em seguida, o juiz homologará ou corrigirá o arbitramento e
avaliação; e, achando livres e suficientes os bens designados, julgará por
sentença a especialização, mandando que se proceda à inscrição da hipoteca.
Parágrafo único. Da sentença constarão expressamente o valor da hipoteca e os
bens do responsável, com a especificação do nome, situação e característicos.
Art. 1208. Sendo insuficientes os bens oferecidos para a hipoteca legal em favor
do menor, de interdito ou de mulher casada e não havendo reforço mediante
caução real ou fidejussória, ordenará o juiz a avaliação de outros bens; tendo-os,
proceder-se-á como nos artigos antecedentes, não os tendo, será julgada
improcedente a especialização.
Art. 1209. Nos demais casos de especialização, prevalece a hipoteca legal dos
bens oferecidos, ainda que inferiores ao valor da responsabilidade, ficando salvo
os interessados completar a garantia pelos meios regulares.
Art. 1210. Não dependerá de intervenção judicial a especialização de hipoteca
legal sempre que o interessado, capaz de contratar, a convencionar, por escritura
pública, com o responsável.

LIVRO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 1211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao
entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos
pendentes.
Art. 1212. A cobrança da dívida ativa da União incumbe aos seus procuradores
e, quando a ação for proposta em foro diferente do Distrito Federal ou das Capitais
dos Estados ou Territórios, também aos membros do Ministério Público Estadual e
dos Territórios, dentro dos limites territoriais fixados pela organização judiciária
local.
Parágrafo único. As petições, arrazoados ou atos processuais praticados pelos
representantes da União perante as justiças dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, não estão sujeitos a selos, emolumentos, taxas ou contribuições de
qualquer natureza.
Art. 1213. As cartas precatórias, citatórias, probatórias, executórias e cautelares,
expedidas pela Justiça Federal, poderão ser cumpridas nas comarcas do interior
pela Justiça Estadual.
Art. 1214. Adaptar-se-ão às disposições deste Código as resoluções sobre
organização judiciária e os regimentos internos dos tribunais.

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Art. 1215. Os autos poderão ser eliminados por incineração, destruição
mecânica ou por outro meio adequado, findo o prazo de 5 (cinco) anos, contado
da data do arquivamento, publicando-se previamente no órgão oficial e em jornal
local, onde houver, aviso aos interessados, com o prazo de 30 (trinta) dias.
§ 1º. É lícito, porém, às partes e interessados requerer, às suas expensas, o
desentranhamento dos documentos que juntaram aos autos, ou a microfilmagem
total ou parcial do feito.
§ 2º. Se, a juízo da autoridade competente, houver, nos autos, documentos de
valor histórico, serão eles recolhidos ao Arquivo Público. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973, com vigência suspensa pela Lei nº 6.246, de
07.10.1975)
Art. 1216. O órgão oficial da União e os dos Estados publicarão gratuitamente,
no dia seguinte ao da entrega dos originais, os despachos, intimações, atas das
sessões dos tribunais e notas de expediente dos cartórios.
Art. 1217. Ficam mantidos os recursos dos processos regulados em leis
especiais e as disposições que lhes regem o procedimento constantes do Decreto-
Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939, até que seja publicada a lei que os
adaptará ao sistema deste Código.
Art. 1218. Continuam em vigor até serem incorporados nas leis especiais os
procedimentos regulados pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939,
concernentes:
I - ao loteamento e venda de imóveis a prestações (artigos 345 a 349);
II - (Revogado pela Lei nº 6.649, de 16.05.1979)
III - (Revogado pela Lei nº 8.245, de 18.10.1991)
IV - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
V - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
VI - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
VII - à dissolução e liquidação das sociedades (artigos 655 a 674);
VIII - aos protestos formados a bordo (artigos 725 a 729); (Inciso acrescentado
pela Lei nº 6.780/80, renumerando-se os demais)
IX - (Revogado pela Lei nº 6.015, de 31.12.1973)
X - ao dinheiro a risco (artigos 754 e 755);
XI - à vistoria de fazendas avariadas (artigo 756);
XII - à apreensão de embarcações (artigos 757 a 761);
XIII - à avaria a cargo do segurador (artigos 762 a 764);
XIV - às avarias (artigos 765 a 768);
XV - (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986);
XVI - às arribadas forçadas (artigos 772 a 775).
Art. 1219. Em todos os casos em que houver recolhimento de importância em
dinheiro, esta será depositada em nome da parte ou do interessado, em conta
especial movimentada por ordem do juiz. (Artigo acrescentado pela Lei nº 5.925,
de 01.10.1973)
Art. 1220. Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1974, revogadas

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as disposições em contrário. (Artigo renumerado pela Lei nº 5.925, de 01.10.1973)
Brasília, 11 de janeiro de 1973; 152º da Independência e 85º da República.
EMÍLIO G. MÉDICI
Alfredo Buzaid

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Lei de Introdução do Código Penal

DECRETO-LEI Nº 3.914, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1941

Lei de Introdução do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro


de 1940) e à Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de
outubro de 1941).

(DOU 11.12.1941)
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta:
Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a
pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Art. 2º. Quem incorrer em falência será punido:
I - se fraudulenta a falência, com a pena de reclusão, por 2 (dois) a 6 (seis) anos;
II - se culposa, com a pena de detenção, por 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
Art. 3º. Os fatos definidos como crimes no Código Florestal, quando não
compreendidos em disposição do Código Penal, passam a constituir
contravenções, punidas com a pena de prisão simples, por 3 (três) meses a 1 (um)
ano, ou de multa, de um conto de réis a dez contos de réis, ou com ambas as
penas, cumulativamente.
Art. 4º. Quem cometer contravenção prevista no Código Florestal será punido
com pena de prisão simples, por 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou de multa, de
duzentos mil-réis a cinco contos de réis, ou com ambas as penas,
cumulativamente.
Art. 5º. Os fatos definidos como crimes no Código de Pesca (Decreto-Lei nº 794,
de 19 de outubro de 1938) passam a constituir contravenções, punidas com a
pena de prisão simples, por 3 (três) meses a 1 (ano) ano, ou de multa, de
quinhentos mil-réis a dez contos de réis, ou com ambas as penas,
cumulativamente.
Art. 6º. Quem, depois de punido administrativamente por infração da legislação
especial sobre a caça, praticar qualquer infração definida na mesma legislação,
ficará sujeito à pena de prisão simples, por 15 (quinze) dias a 3 (três) meses.
Art. 7º. No caso do artigo 71 do Código de Menores (Decreto nº 17.943-A, de 12
de outubro de 1927), o juiz determinará a internação do menor em seção especial
de escola de reforma.

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§ 1º. A internação durará, no mínimo, 3 (três) anos.
§ 2º. Se o menor completar 21 (vinte e um) anos, sem que tenha sido revogada a
medida de internação, será transferido para colônia agrícola ou para instituto de
trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, ou seção especial de outro
estabelecimento, à disposição do juiz criminal.
§ 3º. Aplicar-se-á, quanto à revogação da medida, o disposto no Código Penal
sobre a revogação de medida de segurança.
Art. 8º. As interdições permanentes, previstas na legislação especial como efeito
de sentença condenatória, durarão pelo tempo de 20 (vinte) anos.
Art. 9º. As interdições permanentes, impostas em sentença condenatória
passada em julgado, ou desta decorrentes, de acordo com a Consolidação das
Leis Penais, durarão pelo prazo máximo estabelecido no Código Penal para a
espécie correspondente.
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo às interdições temporárias
com prazo de duração superior ao limite máximo fixado no Código Penal.
Art. 10. O disposto nos artigos 8º e 9º não se aplica às interdições que, segundo
o Código Penal, podem consistir em incapacidades permanentes.
Art. 11. Observar-se-á, quanto ao prazo de duração das interdições, nos casos
dos artigos 8º e 9º, o disposto no artigo 72 do Código Penal, no que for aplicável.
Art. 12. Quando, por fato cometido antes da vigência do Código Penal, se tiver
de pronunciar condenação, de acordo com a lei anterior, atender-se-á ao seguinte:
I - a pena de prisão celular, ou de prisão com trabalho, será substituída pela de
reclusão, ou de detenção, se uma destas for a pena cominada para o mesmo fato
pelo Código Penal;
II - a pena de prisão celular ou de prisão com trabalho será substituída pela de
prisão simples, se o fato estiver definido como contravenção na lei anterior, ou na
Lei das Contravenções Penais.
Art. 13. A pena de prisão celular ou de prisão com trabalho imposta em sentença
irrecorrível, ainda que já iniciada a execução, será convertida em reclusão,
detenção ou prisão simples, de conformidade com as normas prescritas no artigo
anterior.
Art. 14. A pena convertida em prisão simples, em virtude do artigo 409 da
Consolidação das Leis Penais, será convertida em reclusão, detenção ou prisão
simples, segundo o disposto no artigo 13, desde que o condenado possa ser
recolhido a estabelecimento destinado à execução da pena resultante da
conversão.
Parágrafo único. Abstrair-se-á, no caso de conversão, do aumento que tiver sido
aplicado, de acordo com o disposto no artigo 409, in fine da Consolidação das Leis
Penais.
Art. 15. A substituição ou conversão da pena, na forma desta Lei, não impedirá a
suspensão condicional, se a lei anterior não a excluir.

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Art. 16. Se, em virtude da substituição da pena, for imposta a de detenção ou a
de prisão simples, por tempo superior a 1 (um) ano e que não exceda de 2 (dois),
o juiz poderá conceder a suspensão condicional da pena, desde que reunidas as
demais condições exigidas pelo artigo 57 do Código Penal.
Art. 17. Aplicar-se-á o disposto no artigo 81, § 1º, II e III, do Código Penal, aos
indivíduos recolhidos a manicômio judiciário ou a outro estabelecimento em virtude
do disposto no artigo 29, 1ª parte, da Consolidação das Leis Penais.
Art. 18. As condenações anteriores serão levadas em conta para determinação
da reincidência em relação a fato praticado depois de entrar em vigor o Código
Penal.
Art. 19. O juiz aplicará o disposto no artigo 2º, parágrafo único, in fine, do Código
Penal, nos seguintes casos:
I - se o Código ou a Lei das Contravenções Penais cominar para o fato pena de
multa, isoladamente, e na sentença tiver sido imposta pena privativa de liberdade;
II - se o Código ou a Lei das Contravenções cominar para o fato pena privativa
de liberdade por tempo inferior ao da pena cominada na lei aplicada pela
sentença.
Parágrafo único. Em nenhum caso, porém, o juiz reduzirá a pena abaixo do limite
que fixaria se pronunciasse condenação de acordo com o Código Penal.
Art. 20. Não poderá ser promovida ação pública por fato praticado antes da
vigência do Código Penal:
I - quando, pela lei anterior, somente cabia ação privada;
II - quando, ao contrário do que dispunha a lei anterior, o Código Penal só admite
ação privada.
Parágrafo único. O prazo estabelecido no artigo 105 do Código Penal correrá, na
hipótese do nº II:
a) de 1º de janeiro de 1942, se o ofendido sabia, anteriormente, quem era o autor
do fato;
b) no caso contrário, do dia em que vier a saber quem é o autor do fato.
Art. 21. Nos casos em que o Código Penal exige representação, sem esta não
poderá ser intentada ação pública por fato praticado antes de 1º de janeiro de
1942; prosseguindo-se, entretanto, na que tiver sido anteriormente iniciada, haja
ou não representação.
Parágrafo único. Atender-se-á, no que for aplicável, ao disposto no parágrafo
único do artigo anterior.
Art. 22. Onde não houver estabelecimento adequado para a execução de
medida de segurança detentiva estabelecida no artigo 88, § 1º, III, do Código
Penal, aplicar-se-á a de liberdade vigiada, até que seja criado aquele
estabelecimento ou adotada qualquer das providências previstas no artigo 89, e
seu parágrafo, do mesmo Código.
Parágrafo único. Enquanto não existir estabelecimento adequado, as medidas
detentivas estabelecidas no artigo 88, § 1º, I e II, do Código Penal, poderão ser

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executadas em seções especiais de manicômio comum, asilo ou casa de saúde.
Art. 23. Onde não houver estabelecimento adequado ou adaptado à execução
das penas de reclusão, detenção ou prisão, poderão estas ser cumpridas em
prisão comum.
Art. 24. Não se aplicará o disposto no artigo 79, II, do Código Penal a indivíduo
que, antes de 1º de janeiro de 1942, tenha sido absolvido por sentença passada
em julgado.
Art. 25. A medida de segurança aplicável ao condenado que, a 1º de janeiro de
1942, ainda não tenha cumprido a pena, é a liberdade vigiada.
Art. 26. A presente Lei não se aplica aos crimes referidos no artigo 360 do
Código Penal, salvo os de falência.
Art. 27. Esta Lei entrará em vigor em 1º de janeiro de 1942; revogadas as
disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1941; 120º da Independência e 53º da
República.
GETÚLIO VARGAS

Exposição de Motivos da Nova Parte Geral do


Código Penal
LEI Nº 7.209, DE 11.07.1984

(Diário do Congresso, 29.03.1984, Seção II)

Em 9 de maio de 1983
Excelentíssimo Senhor Presidente da República:
1. Datam de mais de vinte anos as tentativas de elaboração do novo Código
Penal. Por incumbência do Governo Federal, já em 1963 o Professor Nélson
Hungria apresentava o anteprojeto de sua autoria, ligando-se, pela segunda vez, à
reforma de nossa legislação penal.
2. Submetido ao ciclo de conferências e debates do Instituto Latino-Americano
de Criminologia, realizado em São Paulo, e a estudos promovidos pela Ordem dos
Advogados do Brasil e Faculdades de Direito, foi objeto de numerosas propostas
de alteração, distinguindo-se o debate pela amplitude das contribuições
oferecidas. Um ano depois, designou o então Ministro Milton Campos a comissão
revisora do anteprojeto, composta dos Professores Nélson Hungria, Aníbal Bruno

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e Heleno Cláudio Fragoso. A comissão incorporou ao texto numerosas sugestões,
reelaborando-o em sua quase inteireza, mas a conclusão não chegou a ser
divulgada. A reforma foi retomada pelo Ministro Luiz Antônio da Gama e Silva, que
em face do longo e eficiente trabalho de elaboração já realizado submeteu o
anteprojeto a revisão final, por comissão composta dos Professores Benjamin
Moraes Filho, Heleno Cláudio Fragoso e Ivo D'Aquino. Nessa última revisão
punha-se em relevo a necessidade de compatibilizar o anteprojeto do Código
Penal com o do Código Penal Militar, também em elaboração. Finalmente, a 21 de
outubro de 1969, o Ministro Luiz Antônio da Gama e Silva encaminhou aos
Ministros Militares, então no exercício da Chefia do Poder Executivo, o texto do
Projeto de Código Penal, convertido em lei pelo Decreto-Lei nº 1.004, da mesma
data. Segundo o artigo 407, entraria o novo Código Penal em vigor no dia 1º de
janeiro de 1970.
3. No Governo do Presidente Emílio Médici, o Ministro Alfredo Buzaid anuiu à
conveniência de entrarem simultaneamente em vigor o Código Penal, o Código de
Processo Penal e a Lei de Execução Penal, como pressuposto de eficácia da
Justiça Criminal. Ao Código Penal, já editado, juntar-se-iam os dois outros
diplomas, cujos anteprojetos se encontravam em elaboração. Era a reforma do
sistema penal brasileiro, pela modernização de suas leis constitutivas, que no
interesse da segurança dos cidadãos e da estabilidade dos direitos então se
intentava. Essa a razão das leis proteladoras da vigência do Código Penal, daí por
diante editadas. A partir da Lei nº 5.573, de 1º de dezembro de 1969, que remeteu
para 1º de agosto de 1970 o início da vigência em apreço, seis diplomas legais,
uns inovadores, outros protelatórios, foram impelindo para diante a entrada em
vigor do Código Penal de 1969.
4. Processara-se, entrementes, salutar renovação das leis penais e processuais
vigentes. Enquanto adiada a entrada em vigor do Código Penal de 1969, o
Governo do Presidente Ernesto Geisel, sendo Ministro da Justiça o Dr. Armando
Falcão, encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 2, de 22 de
fevereiro de 1977, destinado a alterar dispositivos do Código Penal de 1940, do
Código de Processo Penal e da Lei das Contravenções Penais. Coincidiam as
alterações propostas, em parte relevante, com as recomendações da Comissão
Parlamentar de Inquérito instituída em 1975 na Câmara dos Deputados, referentes
à administração da Justiça Criminal e à urgente reavaliação dos critérios de
aplicação e execução da pena privativa da liberdade. Adaptado à positiva e ampla
contribuição do Congresso Nacional, o projeto se transformou na Lei nº 6.416, de
24 de maio de 1977, responsável pelo ajustamento de importantes setores da
execução penal à realidade social contemporânea. Foram tais as soluções por ela
adotadas que pela Mensagem nº 78, de 30 de agosto de 1978, o Presidente
Ernesto Geisel, sendo ainda Ministro da Justiça o Dr. Armando Falcão,
encaminhou ao Congresso Nacional o projeto de lei que revogava o Código Penal
de 1969. Apoiava-se a Mensagem, entre razões outras, no fato de que o Código
Penal de 1940, nas passagens reformuladas, se tornara "mais atualizado do que o
vacante". O projeto foi transformado na Lei nº 6.578, de 11 de outubro de 1978,
que revogou o Código Penal e as Leis nºs 6.016, de 31 de dezembro de 1973, e

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6.063, de 27 de junho de 1974, que o haviam parcialmente modificado.
5. Apesar desses inegáveis aperfeiçoamentos, a legislação penal continua
inadequada às exigências da sociedade brasileira. A pressão dos índices de
criminalidade e suas novas espécies, a constância da medida repressiva como
resposta básica ao delito, a rejeição social dos apenados e seus reflexos no
incremento da reincidência, a sofisticação tecnológica, que altera a fisionomia da
criminalidade contemporânea, são fatores que exigem o aprimoramento dos
instrumentos jurídicos de contenção do crime, ainda os mesmos concebidos pelos
juristas na primeira metade do século.
6. Essa, em síntese, a razão pela qual institui, no Ministério da Justiça,
comissões de juristas incumbidas de estudar a legislação penal e de conceber as
reformas necessárias. Do longo e dedicado trabalho dos componentes dessas
comissões resultaram três anteprojetos: o da Parte Geral do Código Penal, o do
Código de Processo Penal e o da Lei de Execução Penal. Foram todos
amplamente divulgados e debatidos em simpósios e congressos. Para analisar as
críticas e sugestões oferecidas por especialistas e instituições, constituí as
comissões revisoras, que reexaminaram os referidos anteprojetos e neles
introduziram as alterações julgadas convenientes. Desse abrangente e patriótico
trabalho participaram, na fase de elaboração, os Professores Francisco de Assis
Toledo, Presidente da Comissão, Francisco de Assis Serrano Neves, Ricardo
Antunes Andreucci, Miguel Reale Júnior, Hélio Fonseca, Rogério Lauria Tucci e
René Ariel Dotti; na segunda fase, destinada à revisão dos textos e incorporação
do material resultante dos debates, os Professores Francisco de Assis Toledo,
Coordenador da Comissão, Dínio de Santis Garcia, Jair Leonardo Lopes e Miguel
Reale Júnior.
7. Deliberamos remeter a fase posterior a reforma da Parte Especial do Código,
quando serão debatidas questões polêmicas, algumas de natureza moral e
religiosa. Muitas das concepções que modelaram o elenco de delitos modificaram-
se ao longo do tempo, alterando os padrões de conduta, o que importará em
possível descriminalização. Por outro lado, o avanço científico e tecnológico impõe
a inserção, na esfera punitiva, de condutas lesivas ao interesse social, como
versões novas da atividade econômica e financeira ou de atividades predatórias
da natureza.
8. A precedência dada à reforma da Parte Geral do Código, à semelhança do
que se tem feito em outros países, antecipa a adoção de nova política criminal e
possibilita a implementação das reformas do sistema sem suscitar questões de
ordem prática.
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL

9. Na aplicação da lei penal no tempo, o Projeto permanece fiel ao critério da lei


mais benigna. Amplia, porém, as hipóteses contempladas na legislação vigente,
para abranger a garantia assegurada no artigo 153, § 16, da Constituição da
República. Resguarda-se, assim, a aplicação da lex mitior de qualquer caráter

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restritivo, no tocante ao crime e à pena.
10. Define o Projeto, nos artigos 4º e 6º, respectivamente, o tempo e lugar do
crime, absorvendo, no caso, contribuição do Código de 1969, consagrada na
doutrina.
11. Na aplicação da lei penal no espaço, o Projeto torna mais precisas as
disposições, de forma a suprir, em função dos casos ocorrentes, as omissões do
Código de 1940.
DO CRIME

12. Pareceu-nos inconveniente manter a definição de causa no dispositivo


pertinente à relação de causalidade, quando ainda discrepantes as teorias e
conseqüentemente imprecisa a doutrina sobre a exatidão do conceito. Pôs-se,
portanto, em relevo a ação e a omissão como as duas formas básicas do
comportamento humano. Se o crime consiste em uma ação humana, positiva ou
negativa (nullum crimen sine actione), o destinatário da norma penal é todo aquele
que realiza a ação proibida ou omite a ação determinada, desde que, em face das
circunstâncias, lhe incumba o dever de participar o ato ou abster-se de fazê-lo.
13. No artigo 13, § 2º, cuida o Projeto dos destinatários, em concreto, das
normas preceptivas, subordinados à prévia existência de um dever de agir. Ao
introduzir o conceito de omissão relevante, e ao extremar, no texto da lei, as
hipóteses em que estará presente o dever de agir, estabelece-se a clara
identificação dos sujeitos a que se destinam as normas preceptivas. Fica dirimida
a dúvida relativa à superveniência de causa independente, com a inclusão, no
texto do § 1º do artigo 13, da palavra relativamente, "se a causa superveniens",
destaca Nélson Hungria, "se incumbe sozinha do resultado, e não tem ligação
alguma, nem mesmo ideológica, com a ação ou omissão, esta passa a ser, no
tocante ao resultado, uma "não causa" (Comentários, v. 1, t. 2, 5. ed., 1978, p. 67).
14. Foram mantidas, nos artigos 14, 15, 17 e 18, as mesmas regras do Código
atual, constantes, respectivamente, dos artigos 12, 13, 14 e 15, relativas aos
conceitos de crime consumado e tentado, de desistência voluntária e
arrependimento eficaz, de crime impossível, de dolo e culpa stricto sensu.
15. O projeto mantém a obrigatoriedade de redução de pena, na tentativa (artigo
14, parágrafo único), e cria a figura do arrependimento posterior à consumação do
crime como causa igualmente obrigatória de redução de pena. Essa inovação
constitui providência de Política Criminal e é instituída menos em favor do agente
do crime do que da vítima. Objetiva-se, com ela, instituir um estímulo à reparação
do dano, nos crimes cometidos "sem violência ou grave ameaça à pessoa".
16. Retoma o Projeto, no artigo 19, o princípio da culpabilidade, nos
denominados crimes qualificados pelo resultado, que o Código vigente submeteu
a injustificada responsabilidade objetiva. A regra se estende a todas as causas de
aumento situadas no desdobramento causal da ação.

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17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sine culpa vai
aflorar com todo o vigor no direito legislado brasileiro. Com efeito, acolhe o
Projeto, nos artigos 20 e 21, as duas formas básicas de erro construídas pela
dogmática alemã: erro sobre elementos do tipo (Tatbestandsirrtum) e erro sobre a
ilicitude do fato (verbotsirrtum). Definiu-se a evitabilidade do erro em função da
consciência potencial da ilicitude (parágrafo único do artigo 21), mantendo-se no
tocante às descriminantes putativas a tradição brasileira, que admite a forma
culposa, em sintonia com a denominada "teoria limitada da culpabilidade"
("Culpabilidade e a problemática do erro jurídico penal", de Francisco de Assis
Toledo, in RT, 517:251).
18. O princípio da culpabilidade estende-se, assim, a todo o Projeto. Aboliu-se a
medida de segurança para o imputável. Diversificou-se o tratamento dos
partícipes, no concurso de pessoas. Admitiu-se a escusabilidade da falta de
consciência da ilicitude. Eliminaram-se os resíduos de responsabilidade objetiva,
principalmente os denominados crimes qualificados pelo resultado.
19. Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas
"descriminantes putativas". Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada da
culpabilidade, que distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma
causa de justificação do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código
vigente, admite-se nesta área a figura culposa (artigo 17, § 1).
20. Excetuado o acerto de redação do artigo 22, no qual se substitui a palavra
"crime" por "fato", mantêm-se os preceitos concernentes ao erro determinado por
terceiro, ao erro sobre a pessoa, à coação irresistível a à obediência hierárquica.
21. Permanecem as mesmas, e com o tratamento que lhes deu o Código
vigente, as causas de exclusão da ilicitude. A inovação está contida no artigo 23,
que estende o excesso punível, antes restrito à legítima defesa, a todas as causas
de justificação.
DA IMPUTABILIDADE PENAL

22. Além das correções terminológicas necessárias, prevê o Projeto, no


parágrafo único, in fine, do artigo 26, o sistema vicariante para o semi-imputável,
como conseqüência lógica da extinção da medida de segurança para o imputável.
Nos casos fronteiriços em que predominar o quadro mórbido, optará o juiz pela
medida de segurança. Na hipótese oposta, pela pena reduzida. Adotada, porém, a
medida de segurança, dela se extrairão todas as conseqüências, passando o
agente à condição de inimputável e, portanto, submetido às regras do Título VI,
onde se situa o artigo 98, objeto da remissão contida no mencionado parágrafo
único do artigo 26.
23. Manteve o Projeto a inimputabilidade penal ao menor de 18 (dezoito) anos.
Trata-se de opção apoiada em critérios de Política Criminal. Os que preconizam a
redução do limite, sob a justificativa da criminalidade crescente, que a cada dia
recruta maior número de menores, não consideram a circunstância de que o

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menor, ser ainda incompleto, é naturalmente anti-social na medida em que não é
socializado ou instruído. O reajustamento do processo de formação do caráter
deve ser cometido à educação, não à pena criminal. De resto, com a legislação de
menores recentemente editada, dispõe o Estado dos instrumentos necessários ao
afastamento do jovem delinqüente, menor de 18 (dezoito) anos, do convívio social,
sem sua necessária submissão ao tratamento do delinqüente adulto, expondo-o à
contaminação carcerária.
24. Permanecem íntegros, tal como redigidos no Código vigente, os preceitos
sobre paixão, emoção e embriaguez. As correções terminológicas introduzidas
não lhes alteram o sentido e o alcance e se destinam a conjugá-los com
disposições outras, do novo texto.
DO CONCURSO DE PESSOAS

25. Ao reformular o Título IV, adotou-se a denominação "Do Concurso de


Pessoas" decerto mais abrangente, já que a co-autoria não esgota as hipóteses
do concursus delinquentium . O Código de 1940 rompeu a tradição originária do
Código Criminal do Império, e adotou neste particular a teoria unitária ou monística
do Código italiano, como corolário da teoria da equivalência das causas
(Exposição de Motivos do Ministro Francisco Campos, item 22). Sem completo
retorno à experiência passada, curva-se, contudo, o Projeto aos críticos dessa
teoria, ao optar, na parte final do artigo 29, e em seus dois parágrafos, por regras
precisas que distinguem a autoria da participação. Distinção, aliás, reclamada com
eloqüência pela doutrina, em face de decisões reconhecidamente injustas.
DAS PENAS

26. Uma política criminal orientada no sentido de proteger a sociedade terá de


restringir a pena privativa da liberdade aos casos de reconhecida necessidade,
como meio eficaz de impedir a ação criminógena cada vez maior do cárcere. Esta
filosofia importa obviamente na busca de sanções outras para delinqüentes sem
periculosidade ou crimes menos graves. Não se trata de combater ou condenar a
pena privativa da liberdade como resposta penal básica ao delito. Tal como no
Brasil, a pena de prisão se encontra no âmago dos sistemas penais de todo o
mundo. O que por ora se discute é a sua limitação aos casos de reconhecida
necessidade.
27. As críticas que em todos os países se têm feito à pena privativa da liberdade
fundamentam-se em fatos de crescente importância social, tais como o tipo de
tratamento penal freqüentemente inadequado e quase sempre pernicioso, a
inutilidade dos métodos até agora empregados no tratamento de delinqüentes
habituais e multirreincidentes, os elevados custos da construção e manutenção
dos estabelecimentos penais, as conseqüências maléficas para os infratores
primários, ocasionais ou responsáveis por delitos de pequena significação,
sujeitos, na intimidade do cárcere, a sevícias, corrupção e perda paulatina da
aptidão para o trabalho.

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28. Esse questionamento da privação da liberdade tem levado penalistas de
numerosos países e a própria Organização das Nações Unidas a uma "procura
mundial" de soluções alternativas para os infratores que não ponham em risco a
paz e a segurança da sociedade.
29. Com o ambivalente propósito de aperfeiçoar a pena de prisão, quando
necessária, e de substituí-la, quando aconselhável, por formas diversas de sanção
criminal, dotadas de eficiente poder corretivo, adotou o Projeto novo elenco de
penas. Fê-lo, contudo, de maneira cautelosa, como convém a toda experiência
pioneira nesta área. Por esta razão, o Projeto situa as novas penas na faixa ora
reservada ao instituto da suspensão condicional da pena, com significativa
ampliação para os crimes culposos. Aprovada a experiência, fácil será, no futuro,
estendê-la a novas hipóteses, por via de pequenas modificações no texto.
Nenhum prejuízo, porém, advirá da inovação introduzida, já que o instituto da
suspensão condicional da pena, tal como vem sendo aplicado com base no
Código de 1940, é um quase nada jurídico.
30. Estabelecerem-se com precisão os regimes de cumprimento da pena
privativa da liberdade: o fechado, consistente na execução da pena em
estabelecimento de segurança máxima ou média; o semi-aberto, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento similar; e finalmente o aberto, que consagra
a prisão-albergue, cuja execução deverá processar-se em casa de albergado ou
instituição adequada.
31. Institui-se, no regime fechado, a obrigatoriedade do exame criminológico para
seleção dos condenados conforme o grau de emendabilidade e conseqüente
individualização do tratamento penal.
32. O trabalho, amparado pela Previdência Social, será obrigatório em todos os
regimes e se desenvolverá segundo as aptidões ou ofício anterior do preso, nos
termos das exigências estabelecidas.
33. O cumprimento da pena superior a 8 (oito) anos será obrigatoriamente
iniciado em regime fechado. Abrem-se, contudo, para condenados a penas
situadas aquém desse limite, possibilidade de cumprimento em condições menos
severas, atentas as condições personalíssimas do agente e a natureza do crime
cometido. Assim, o condenado a pena entre 4 (quatro) e 8 (oito) anos poderá
iniciar o seu cumprimento em regime semi-aberto. Ao condenado a pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos, quando primário, poderá ser concedido, ab initio, o
regime aberto, na forma do artigo 33, § 3º, se militarem em seu favor os requisitos
do artigo 59.
34. A opção pelo regime inicial da execução cabe, pois, ao juiz da sentença, que
o estabelecerá no momento da fixação da pena, de acordo com os critérios
estabelecidos no artigo 59, relativos à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social e à personalidade do agente, bem como aos motivos e circunstâncias do
crime.
35. A decisão será, no entanto, provisória, já que poderá ser revista no curso da

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execução. A fim de humanizar a pena privativa da liberdade, adota o Projeto o
sistema progressivo de cumprimento da pena, de nova índole, mediante o qual
poderá dar-se a substituição do regime a que estiver sujeito o condenado,
segundo seu próprio mérito. A partir do regime fechado, fase mais severa do
cumprimento da pena, possibilita o Projeto a outorga progressiva de parcelas da
liberdade suprimida.
36. Mas a regressão do regime inicialmente menos severo para outro de maior
restrição é igualmente contemplada, se a impuser a conduta do condenado.
37. Sob essa ótica, a progressiva conquista da liberdade pelo mérito substitui o
tempo de prisão como condicionante exclusiva da devolução da liberdade.
38. Reorientada a resposta penal nessa nova direção - a da qualidade da pena
em interação com a quantidade - esta será tanto mais justificável quanto mais
apropriadamente ataque as causas de futura delinqüência. Promove-se, assim, a
sentença judicial a ato de prognose, direcionada no sentido de uma presumida
adaptabilidade social.
39. O Projeto limita-se a estabelecer as causas que justificam a regressão do
regime aberto (artigo 36, § 2º), remetendo a regulamentação das demais
hipóteses à Lei de Execução Penal.
40. Adota o Projeto as penas restritivas de direitos, substitutivas da pena de
prisão, consistentes em prestação de serviços à comunidade, interdição
temporária de direitos e limitação de fins de semana, fixando o texto os requisitos
e critérios norteadores da substituição.
41. Para adotar de força coativa o cumprimento da pena restritiva de direitos,
previu-se a conversão dessa modalidade de sanção em privativa da liberdade,
pelo tempo da pena aplicada, se injustificadamente descumprida a restrição
imposta. A conversação, doutra parte, far-se-á se ocorrer condenação por outro
crime à pena privativa da liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
42. Essas penas privativas de direitos, em sua tríplice concepção, aplicam-se
aos delitos dolosos cuja pena, concretamente aplicada, seja inferior a 1 (um) ano e
aos delitos culposos de modo geral, resguardando-sem em ambas as hipóteses, o
prudente arbítrio do juiz. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias do crime, é que
darão a medida de conveniência da substituição.
43. O Projeto revaloriza a pena de multa, cuja força retributiva se tornou ineficaz
no Brasil, dada a desvalorização das quantias estabelecidas na legislação em
vigor, adotando-se, por essa razão, o critério do dia-multa, nos parâmetros
estabelecidos, sujeito a correção monetária no ato da execução.
44. Prevê o Projeto o pagamento em parcelas mensais, bem como o desconto no
vencimento ou salário do condenado, desde que não incida sobre os recursos
necessários ao seu sustento e ao de sua família.

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45. A multa será convertida em detenção quando o condenado, podendo, deixa
de pagá-la ou frustra a execução. A cada dia-multa corresponde um dia de
detenção. A conversão, contudo, não poderá exceder a 1 (um) ano.
46. As condenações inferiores a 6 (seis) meses poderão ser substituídas por
penas de multa, se o condenado não for reincidente e se a substituição constituir
medida eficiente (artigo 60, § 2º).
DA COMINAÇÃO DAS PENAS

47. Tornou-se necessária a inserção de Capítulo específico, pertinente à


cominação das penas substitutivas, já que o mecanismo da substituição não
poderia situar-se repetitivamente em cada modalidade de delito.
48. Os preceitos contidos nos artigos 53 e 58 disciplinam os casos em que a
cominação está na figura típica legal, nos moldes tradicionais. Nos casos de
penas restritivas de direitos (artigos 54 a 57) e de multa substitutiva (parágrafo
único do artigo 58), adotou-se a técnica de instituir a cominação no próprio
Capítulo.
DA APLICAÇÃO DA PENA

49. Sob a mesma fundamentação doutrinária do Código vigente, o Projeto busca


assegurar a individualização da pena sob critérios mais abrangentes e precisos.
Transcende-se, assim, o sentido individualizador do Código vigente, restrito à
fixação da quantidade da pena, dentro de limites estabelecidos, para oferecer ao
arbitrium iudices variada gama de opções, que em determinadas circunstâncias
pode envolver o tipo da sanção a ser aplicada.
50. As diretrizes para fixação da pena estão relacionadas no artigo 59, segundo
o critério da legislação em vigor, tecnicamente aprimorado e necessariamente
adaptado ao novo elenco de penas. Preferiu o Projeto a expressão "culpabilidade"
em lugar de "intensidade do dolo ou grau de culpa", visto que graduável é a
censura, cujo índice, maior ou menor, incide na quantidade da pena. Fez-se
referência expressa ao comportamento da vítima, erigido, muitas vezes, em fator
criminógeno, por constituir-se em provocação ou estímulo à conduta criminosa,
como, entre outras modalidades, o pouco recato da vítima nos crimes contra os
costumes. A finalidade da individualização está esclarecida na parte final do
preceito: importa em optar, dentre as penas cominadas, pela que for aplicável,
com a respectiva quantidade, à vista de sua necessidade e eficácia para
"reprovação e prevenção do crime". Nesse conceito se define a Política Criminal
preconizada no Projeto, da qual se deverão extrair todas as suas lógicas
conseqüências. Assinale-se, ainda, outro importante acréscimo: cabe ao juiz fixar
o regime inicial de cumprimento da pena privativa da liberdade, fator indispensável
da individualização que se completará no curso do procedimento executório, em
função do exame criminológico.
51. Decorridos quarenta anos da entrada em vigor do Código Penal,

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remanescem as divergências suscitadas sobre as etapas da aplicação da pena. O
Projeto opta claramente pelo critério das três faces, predominante na
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Fixa-se, inicialmente, a pena-base,
obedecido o disposto no artigo 59; consideram-se, em seguida, as circunstâncias
atenuantes e agravantes; incorporam-se ao cálculo, finalmente, as causas de
diminuição e aumento. Tal critério permite o completo conhecimento da operação
realizada pelo juiz e a exata determinação dos elementos incorporados à
dosimetria. Discriminado, por exemplo, em primeira instância, o quantum da
majoração decorrente de uma agravante, o recurso poderá ferir com precisão essa
parte da sentença, permitindo às instâncias superiores a correção de equívocos
hoje sepultados no processo mental do juiz. Alcança-se, pelo critério, a plenitude
de garantia constitucional da ampla defesa.
52. Duas diferenças alteram o rol das circunstâncias agravantes prescritas na
legislação em vigor: cancelou-se a redundante referência a "asfixia", de caráter
meramente exemplificativo, já que é tida por insidiosa ou cruel esta espécie de
meio, na execução do delito: deu-se melhor redação ao disposto no artigo 44, II, c,
oram assim enunciado no artigo 61, II, e: "em estado de embriaguez
preordenada".
53. O projeto dedicou atenção ao agente que no concurso de pessoas
desenvolve papel saliente. No artigo 62 reproduz-se o texto do Código atual,
acrescentando-se, porém, como agravante, a ação de induzir outrem à execução
material do crime. Estabelece-se, assim, paralelismo com os elementos do tipo do
artigo 122 (induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio).
54. A Lei nº 6.416, de 1977, alterou a disciplina da reincidência, limitando no
tempo os efeitos da condenação anterior, a fim de não estigmatizar para sempre o
condenado. A partir desse diploma legal deixou de prevalecer a condenação
anterior para efeito de reincidência, se decorrido período superior a 5 (cinco) anos
entre a data do cumprimento ou da extinção da pena e a da infração posterior. A
redação do texto conduziu a situações injustas: o réu que tenha indeferida a
suspensão da condicional tem em seu favor a prescrição da reincidência, antes de
outro, beneficiado pela suspensão. A distorção importa em que a pena menos
grave produz, no caso, efeitos mais graves. Daí a redação dada ao artigo 64, I,
mandando computar "o período de prova da suspensão ou do livramento
condicional, senão houver revogação".
55. As circunstâncias atenuantes sofreram alterações. Tornou-se expresso, para
evitar polêmicas, que a atenuante da menoridade será aferida na data do fato; a
da velhice, na data da sentença. Incluiu-se no elenco o "desconhecimento da lei"
em evidente paralelismo com o disposto no artigo 21. A ignorantia legis continua
inescusável no Projeto, mas atenua a pena. Incluiu-se, ainda, na letra c, a
hipótese de quem age em cumprimento de ordem superior. Não se justifica que o
autor de crime cometido sob coação resistível seja beneficiado com atenuante e
não ocorra o mesmo quando a prática do delito ocorre "em cumprimento de ordem
superior". Se a coação irresistível e a obediência hierárquica recebem, como
dirimentes, idêntico tratamento, a mesma equiparação devem ter a coação e a

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obediência, quando descaracterizadas em meras atenuantes. Beneficia-se, como
estímulo à verdade processual, o agente que confessa espontaneamente, perante
a autoridade, a autoria do crime, sem a exigência, em vigor, de ser a autoria
"ignorada ou imputada a outrem". Institui-se, finalmente, no artigo 66,
circunstância atenuante genérica e facultativa, que permitirá ao juiz considerar
circunstância relevante, ocorrida antes, durante ou após o crime, para a fixação da
pena.
56. Foram mantidos os conceitos de concurso material e concurso formal,
ajustados ao novo elenco de penas.
57. A inovação contida no parágrafo único do artigo 70 visa a tornar explícito
que a regra do concurso formal não poderá acarretar punição superior à que, nas
mesmas circunstâncias, seria cabível pela aplicação do cúmulo material. Impede-
se, assim, que numa hipótese de aberratio ictus (homicídio doloso mais lesões
culposas), se aplique ao agente pena mais severa em razão do concurso formal,
do que a aplicável, no mesmo exemplo, pelo concurso material. Quem comete
mais de um crime, com uma única ação, não pode sofrer pena mais grave do que
a imposta ao agente que reiteradamente, com mais de uma ação, comete os
mesmos crimes.
58. Mantém-se a definição atual de crime continuado. Expressiva inovação foi
introduzida, contudo, no parágrafo do artigo 71, in verbis:
"Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras dos artigos 70, parágrafo
único, e 75".
59. O critério da teoria puramente objetiva não revelou na prática maiores
inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria
objetivo-subjetiva. O Projeto optou pelo critério que mais adequadamente se opõe
ao crescimento da criminalidade profissional, organizada e violenta, cujas ações
se repetem contra vítimas diferentes, em condições de tempo, lugar, modos de
execução e circunstâncias outras, marcadas por evidente semelhança. Estender-
lhe o conceito de crime continuado importa em beneficiá-la, pois o delinqüente
profissional tornar-se-ia passível de tratamento penal menos grave que o
dispensado a criminosos ocasionais. De resto, com a extinção, no Projeto, da
medida de segurança para o imputável, urge reforçar o sistema destinando penas
mais longas aos que estariam sujeitos à imposição de medida segurança detentiva
e que serão beneficiados pela abolição da medida. A Política Criminal atua, neste
passo, em sentido inverso, a fim de evitar a libertação prematura de determinadas
categorias de agentes, dotados de acentuada periculosidade.
60. Manteve-se na exata conceituação atual o erro na execução - aberratio ictus
- relativo ao objeto material do delito, sendo único o objeto jurídico, bem como o
tratamento do resultado diverso do pretendido - aberratio delicti.

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61. O Projeto baliza a duração máxima das penas privativas de liberdade, tendo
em vista o disposto no artigo 153, § 11, da Constituição, e veda a prisão perpétua.
As penas devem ser limitadas para alimentarem no condenado a esperança da
liberdade e a aceitação da disciplina, pressupostos essenciais da eficácia do
tratamento penal. Restringiu-se, pois, no artigo 75, a duração das penas privativas
da liberdade a 30 (trinta) anos, criando-se, porém, mecanismo desestimulador do
crime, uma vez alcançado este limite. Caso contrário, o condenado à pena
máxima pode ser induzido a outras infrações, no presídio, pela consciência da
impunidade, como atualmente ocorre. Daí a regra de interpretação contida no
artigo 75, § 2º: "sobrevindo condenação por fato posterior ao início do
cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, computando-se, para esse fim, o
tempo restante da pena anteriormente estabelecida".
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL

62. O instituto da suspensão condicional da pena foi mantido no Projeto com as


adaptações impostas pelas novas modalidades de penas e a sistemática a que
estão sujeitas. Tal como no Código Penal vigente, a execução da pena privativa
da liberdade não superior a 2 (dois) anos poderá ser suspensa, se o condenado
não for reincidente em crime doloso e se a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
circunstâncias do crime, indicarem ser necessária e suficiente a concessão do
benefício.
63. Conquanto se exija que o condenado não seja reincidente, a condenação
anterior a pena da multa não obsta a concessão do benefício, ficando assim
adotada a orientação da Súmula 499 do Supremo Tribunal Federal. É óbvio, por
outro lado, que a condenação anterior não impede a suspensão, se entre a data
do cumprimento da pena e a infração posterior houver decorrido tempo superior a
5 (cinco) anos. Entendeu-se dispensável o Projeto reportar-se à regra geral sobre
a temporariedade da reincidência, em cada norma que a ela se refira, por tê-la
como implícita e inafastável.
64. Reduziu-se o limite máximo do período de prova, a fim de ajustá-lo à prática
judiciária. Todavia, para que o instituto não se transforme em garantia de
impunidade, instituíram-se condições mais eficazes, quer pela sua natureza, quer
pela possibilidade de fiscalização mais efetiva de sua observância, até mesmo
com a participação da comunidade.
65. Tais condições transformaram a suspensão condicional em solução mais
severa do que as penas restritivas de direitos, criando-se para o juiz mais esta
alternativa à pena privativa da liberdade não superior a 2 (dois) anos. Os
condenados ficam sujeitos a regime de prova mais exigente, pois além das
condições até agora impostas deverão cumprir, ainda, as de prestação de serviços
à comunidade ou de limitação de fim de semana, bem como condições outras,
especificadas na sentença, "adequadas ao fato e à situação pessoal do
condenado" (artigos 46, 48, 78, § 1º, e 79).

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66. Orientado no sentido de assegurar a individualização da pena, o Projeto
prevê a modalidade de suspensão especial, na qual o condenado não fica sujeito
à prestação de serviço à comunidade ou à limitação de fim de semana. Nesse
caso o condenado, além de não reincidente em crime doloso, há de ter reparado o
dano, se podia fazê-lo; ainda assim, o benefício somente será concedido se as
circunstâncias do artigo 59 lhe forem inteiramente favoráveis, isto é, se mínima a
culpabilidade, irretocáveis os antecedentes e de boa índole a personalidade, bem
como relevantes os motivos e favoráveis as circunstâncias.
67. Em qualquer das espécies de suspensão é reservada ao juiz a faculdade de
especificar outras condições, além das expressamente previstas, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado (artigo 79), com as
cautelas anteriormente mencionadas.
68. A suspensão da execução da pena é condicional. Como na legislação em
vigor, pode ser obrigatória ou facultativamente revogada. É obrigatória a
revogação quando o beneficiário é condenado em sentença definitiva, por crime
doloso, no período da prova ou em qualquer das hipóteses previstas nos incisos II
e III do artigo 81. É facultativa quando descumprida a condição imposta ou
sobrevier condenação por crime culposo.
69. Introduzidas no Projeto as penas de prestação de serviços à comunidade e
de limitação de fim de semana, tornou-se mister referência expressa ao seu
descumprimento como causa de revogação obrigatória (artigo 81, III). Esta se
opera à falta de reparação do dano, sem motivo justificado e em face de
expediente que frustre a execução da pena da multa (artigo 81, II). A revogação é
facultativa se o beneficiário descumpre condição imposta ou é irrecorrivelmente
condenado, seja por contravenção, seja a pena privativa da liberdade ou restritiva
de direito em razão de crime culposo.
70. Adotando melhor técnica, o Projeto reúne sob a rubrica "Prorrogação do
Período de Prova" as normas dos §§ 2º e 3º do artigo 59 do Código vigente,
pertinentes à prorrogação de prazo. O § 2º considera prorrogado o prazo "até o
julgamento definitivo", se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou
por contravenção; o § 3º mantém a regra segundo a qual, "quando facultativa a
revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o
máximo, se este não foi o fixado".
71. Finalmente, expirado o prazo de prova sem que se verifique a revogação,
considera-se extinta a pena privativa da liberdade.
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

72. O projeto dá novo sentido à execução das penas privativas da liberdade. A


ineficácia dos métodos atuais de confinamento absoluto e prolongado, fartamente
demonstrada pela experiência, conduziu o Projeto à ampliação do arbitrium iudicis,
no tocante à concessão do livramento condicional. O juiz poderá conceder o
livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou

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superior a 2 (dois) anos, desde que cumprido mais de um terço da pena, se o
condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes (artigo
83, I); pode ainda concedê-la se o condenado for reincidente em crime doloso,
cumprida mais da metade da pena (artigo 83, II). Ao reduzir, porém, os prazos
mínimos de concessão do benefício, o Projeto exige do condenado, além dos
requisitos já estabelecidos - quantidade da pena aplicada, reincidência,
antecedentes e tempo de pena cumprida - a comprovação de comportamento
satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi
atribuído e aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto,
bem como a reparação do dano, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo (artigo
83, III e IV).
73. Tratando-se, no entanto, de condenado por crime doloso, cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará
subordinada não só às condições dos mencionados incisos I, II, III e IV do artigo
83, mas, ainda, à verificação, em perícia, da superação das condições e
circunstâncias que levaram o condenado a delinqüir (parágrafo único do artigo 83).
74. A norma se destina, obviamente, ao condenado por crime violento, como
homicídio, roubo, extorsão, extorsão mediante seqüestro em todas as suas
formas, estupro, atentado violento ao pudor e outros da mesma índole. Tal
exigência é mais uma conseqüência necessária da extinção da medida de
segurança para o imputável.
75. Permite-se, como no Código em vigor, a unificação das penas para efeito de
livramento (artigo 84). O juiz, ao concedê-lo, especificará na sentença as
condições a cuja observância o condenado ficará sujeito.
76. Como na suspensão da pena, a revogação do livramento condicional será
obrigatória ou facultativa. Quanto à revogação obrigatória (artigo 86), a inovação
consiste em suprimir a condenação "por motivo de contravenção", ficando, pois, a
revogação obrigatória subordinada somente à condenação por crime cometido na
vigência do benefício ou por crime anterior, observada a regra da unificação
(artigo 84). A revogação será facultativa se o condenado deixar de cumprir
qualquer das obrigações constantes da sentença ou for irrecorrivelmente
condenado por crime a pena que não seja privativa de liberdade ou por
contravenção (artigo 87). Uma vez revogado, o livramento não poderá ser
novamente concedido. Se a revogação resultar de condenação por crime
cometido anteriormente à concessão daquele benefício, será descontado na pena
a ser cumprida o tempo em que esteve solto o condenado.
77. Cumpridas as condições do livramento, considera-se extinta a pena privativa
da liberdade (artigo 90).
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

78. A novidade do Projeto, nesta matéria, reside em atribuir outros efeitos à


condenação, consistentes na perda de cargo, função pública ou mandato eletivo;

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na incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, e na
inabilitação para dirigir veículo (artigo 92, I, II, III). Contudo, tais efeitos não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença (parágrafo
único do artigo 92). É que ao juiz incumbe, para a declaração da perda do cargo,
função pública ou mandato eletivo, verificar se o crime pelo qual houve a
condenação foi praticado com o abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública e, ainda, se a pena aplicada foi superior a 4 (quatro) anos.
É bem verdade, em tais circunstâncias, a perda do cargo ou da função pública
pode igualmente resultar de processo administrativo instaurado contra o servidor.
Aqui, porém, resguardada a separação das instâncias administrativa e judicial, a
perda do cargo ou função pública independe do processo administrativo. Por outro
lado, entre os efeitos da condenação inclui-se a perda do mandato eletivo.
79. Do mesmo modo, a fim de declarar, como efeito da condenação, a
incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, deverá o juiz
verificar se o crime foi cometido, respectivamente, contra filho, tutelado ou
curatelado e se foi doloso a que se comine pena de reclusão.
80. A inabilitação para dirigir veículo, como efeito da condenação, declara-se
quando o veículo tenha sido utilizado como meio para a prática de crime doloso,
distinguindo-se, pois, a interdição temporária para dirigir (artigo 47, III), que se
aplica aos autores de crimes culposos de trânsito. Estes usam o veículo como
meio para fim licito, qual seja transportar-se de um ponto para outro, sobrevindo
então o crime, que não era o fim do agente. Enquanto aqueles outros, cuja
condenação tem como efeito a inabilitação para dirigir veículo, usam-no
deliberadamente como meio para fim ilícito.
81. Nota-se que todos esses efeitos da condenação serão atingidos pela
reabilitação, vedada, porém, a reintegração do cargo, função pública ou mandato
eletivo, no exercício do qual o crime tenha ocorrido, bem como vedada a volta ao
exercício do pátrio poder, da tutela ou da curatela em relação ao filho, tutelado ou
curatelado contra o qual o crime tenha sido cometido (parágrafo único do artigo
93).
DA REABILITAÇÃO

82. A reabilitação não é causa1 extintiva da punibilidade e, por isso, ao invés de


estar disciplinada naquele Título, como no Código vigente, ganhou Capítulo
próprio, no Título V. Trata-se de instituto que não extingue, mas tão-somente
suspende alguns efeitos penais da sentença condenatória, visto que a qualquer
tempo, revogada a reabilitação, se restabelece o status quo ante. Diferentemente,
as causas extintivas da punibilidade operam efeitos irrevogáveis, fazendo cessar
definitivamente a pretensão punitiva ou a executória.
83. Segundo o Projeto, a reabilitação não tem, apenas, o efeito de assegurar o
sigilo dos registros sobre o processo e a condenação do reabilitado, mas consiste,
também, em declaração judicial de que o condenado cumpriu a pena imposta ou
esta foi extinta, e de que, durante 2 (dois) anos após o cumprimento ou extinção

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da pena, teve bom comportamento e ressarciu o dano causado, ou não o fez
porque não podia fazê-lo. Tal declaração judicial reabilita o condenado,
significando que ele está em plenas condições de voltar ao convívio da sociedade,
sem nenhuma restrição ao exercício de seus direitos.
84. Reduziu-se o prazo de 2 (dois) anos, tempo mais do que razoável para a
aferição da capacidade de adaptação do condenado às regras do convívio social.
Nesse prazo, computa-se o período de prova de suspensão condicional e do
livramento, se não sobrevier revogação.
85. A reabilitação distingue-se da revisão, porque esta, quando deferida, pode
apagar definitivamente a condenação anterior, enquanto aquela não tem esse
efeito. Se o reabilitado vier a cometer novo crime será considerado reincidente,
ressalvado o disposto no artigo 64.
86. A reabilitação será revogada se o reabilitado for condenado, como
reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. Portanto, duas
são as condições para a revogação: primeira, que o reabilitado tenha sido
condenado, como reincidente, por decisão definitiva, e para que isso ocorra é
necessário que entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração
posterior não tenha decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos (artigo
64); segunda, que a pena aplicada seja restritiva de direitos ou privativa da
liberdade.
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

87. Extingue o Projeto a medida de segurança para o imputável e institui o


sistema vicariante para os fronteiriços. Não se retomam, com tal método, soluções
clássicas. Avança-se, pelo contrário, no sentido da autenticidade do sistema. A
medida de segurança, de caráter meramente preventivo e assistencial, ficará
reservada aos inimputáveis. Isso, em resumo, significa: culpabilidade - pena;
periculosidade - medida de segurança. Ao réu perigoso e culpável não há razão
para aplicar o que tem sido, na prática, uma fração de pena eufemisticamente
denominada medida de segurança.
88. Para alcançar esse objetivo, sem prejuízo da repressão aos crimes mais
graves, o Projeto reformulou os institutos do crime continuado e do livramento
condicional, na forma de esclarecimentos anteriores.
89. Duas espécies de medida de segurança consagra o Projeto: a detentiva e a
restritiva. A detentiva consiste na internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico, fixando-se no prazo mínimo de internação entre 1 (um) e 3 (três)
anos. Esse prazo tornar-se-á indeterminado, perdurando a medida enquanto não
for verificada a cessação da periculosidade por perícia médica. A perícia deve
efetuar-se ao término do prazo mínimo prescrito e repetir-se anualmente.
90. O Projeto consagra significativa inovação ao prever a medida de segurança
restritiva, consistente na sujeição do agente a tratamento ambulatorial, cumprindo-
lhe comparecer ao hospital nos dias que lhe forem determinados pelo médico, a

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fim de ser submetido à modalidade terapêutica prescrita.
91. Corresponde a inovação às atuais tendências de "desinstitucionalização",
sem o exagero de eliminar a internação. Pelo contrário, o Projeto estabelece
limitações estritas para a hipótese de tratamento ambulatorial, apenas admitido
quando o ato praticado for previsto como crime punível com detenção.
92. A sujeição a tratamento ambulatorial será também determinada pelo prazo
mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, devendo perdurar enquanto não verificada a
cessação da periculosidade.
93. O agente poderá ser transferido em qualquer fase do regime de tratamento
ambulatorial para o detentivo, consistente em internação hospitalar de custódia e
tratamento psiquiátrico, se a conduta revelar a necessidade da providência para
fins curativos.
94. A liberação do tratamento ambulatorial, a desinternação e a reinternação
constituem hipóteses previstas nos casos em que a verificação da cura ou a
persistência da periculosidade as aconselhem.
DA AÇÃO PENAL

95. O Título ficou a salvo de modificações, excetuadas pequenas correções de


redação nos artigos 100, §§ 2º e 3º, 101 e 102.
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

96. Excluíram-se do rol das causas extintivas da punibilidade a reabilitação e o


ressarcimento do dano no peculato culposo. A primeira porque, dependendo de
anterior extinção da pena, não tem a natureza de causa extintiva da punibilidade.
Diz mais com certos efeitos secundários de condenação já consumada (item 82).
A segunda porque, tratando-se de norma específica e restrita, já contemplada
expressamente na Parte Especial, artigo 312, § 3º, nada justifica sua inócua
repetição entre normas de caráter geral.
97. Deu-se melhor redação à hipótese de casamento da vítima com terceiro,
ficando claro que esta forma excepcional de extinção depende da ocorrência
concomitante de três condições: o casamento, a inexistência de violência real e a
inércia da vítima por mais de 60 (sessenta) dias após o casamento.
98. Incluiu-se o perdão judicial entre as causas em exame (artigo 107, IX) e
explicitou-se que a sentença que o concede não será considerada para
configuração futura de reincidência (artigo 120). Afastam-se, com isso, as dúvidas
que ora têm suscitado decisões contraditórias em nossos tribunais. A opção se
justifica a fim de que o perdão, cabível quando expressamente previsto na Parte
Especial ou em lei, não continue, como por vezes se tem entendido, a produzir os
efeitos de sentença condenatória.
99. Estatui o artigo 110 que, uma vez transitada em julgado a sentença

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condenatória, a prescrição regula-se pela pena aplicada, verificando-se nos
prazos fixados no artigo 109, os quais são aumentados de um terço, se o
condenado é reincidente. O § 1º dispõe que a prescrição se regula pela pena
aplicada, se transitada em julgado a sentença para a acusação ou improvido o
recurso desta. Ainda que a norma pareça desnecessária, preferiu-se explicitá-la
no texto, para dirimir de vez a dúvida alusiva à prescrição pela pena aplicada, não
obstante o recurso da acusação, se este não foi provido. A ausência de tal norma
tem estimulado a interposição de recursos destinados a evitar tão-somente a
prescrição. manteve-se, por outro lado, a regra segundo a qual, transitada em
julgado a sentença para a acusação, haja ou não recurso da defesa, a prescrição
se regula pela pena concretizada na sentença.
100. Norma apropriada impede que a prescrição pela pena aplicada tenha por
termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia (§ 2º do artigo 110). A
inovação, introduzida no Código Penal pela Lei nº 6.416, de 24 de maio de 1977,
vem suscitando controvérsias doutrinárias. Pesou, todavia, em prol de sua
manutenção, o fato de que, sendo o recebimento da denúncia causa interruptiva
da prescrição (artigo 117, I), uma vez interrompida esta o prazo recomeça a correr
por inteiro (artigo 117, § 2º).
101. Trata-se, além disso, de prescrição pela pena aplicada, o que pressupõe,
obviamente, a existência de processo e de seu termo: a sentença condenatória.
Admitir, em tal caso, a prescrição da ação penal em período anterior ao
recebimento da denúncia importaria em declarar a inexistência tanto no processo
quanto da sentença. Mantém-se, pois, o despacho de recebimento da denúncia
como causa interruptiva, extraindo-se do princípio as conseqüências inelutáveis.
102. O prazo de prescrição no crime continuado, antes do trânsito em julgado da
sentença condenatória, não mais terá como termo inicial a data em que cessou a
continuação (Código Penal, artigo 111, c).
103. Adotou o Projeto, nesse passo, orientação mais liberal, em consonância
com o princípio introduzido em seu artigo 119, segundo o qual, no concurso de
crimes, a extinção da punibilidade incidirá isoladamente sobre a pena de cada um.
Poderá ocorrer a prescrição do primeiro crime antes da prescrição do último a ele
interligado pela continuação. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
orienta-se nesse sentido, tanto que não considera o acréscimo decorrente da
continuação para cálculo do prazo prescricional (Súmula 497).
104. Finalmente, nas Disposições Transitórias, cancelaram-se todos os valores
de multa previstos no Código atual, de modo que os cálculos de pena pecuniária
sejam feitos, doravante, segundo os precisos critérios estabelecidos na Parte
Geral. Foram previstos, ainda, prazos e regras para a implementação paulatina
das novas penas restritivas de direitos.
CONCLUSÃO

105. São essas, em resumo, as principais inovações introduzidas no anexo

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Projeto de reforma penal que tenho a honra de submeter à superior consideração
de Vossa Excelência. Estou certo de que, se adotado e transformado em lei, há de
constituir importante marco na reformulação do nosso Direito Penal, além de
caminho seguro para a modernização da nossa Justiça Criminal e dos nossos
estabelecimentos penais.
Valho-me da oportunidade para renovar a Vossa Excelência a expressão do meu
profundo respeito.
Ibrahim Abi-Ackel

Exposição de Motivos da Parte Especial do Código


Penal

DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7.12.1940

(DOU 31.12.1940)
MINISTRO DA JUSTIÇA
NEGÓCIOS INTERIORES

GABINETE DO MINISTRO

Em 4 de novembro de 1940
Senhor Presidente:
1. Com o atual Código Penal nasceu a tendência de reformá-lo. A datar de sua
entrada em vigor começou a cogitação de emendar-lhe os erros e falhas.
Retardado em relação à ciência penal do seu tempo, sentia-se que era necessário
colocá-lo em dia com as idéias dominantes no campo da criminologia e, ao
mesmo tempo, ampliar-lhe os quadros de maneira a serem contempladas novas
figuras delituosas com que os progressos industriais e técnicos enriqueceram o
elenco dos fatos puníveis.
Já em 1893, o Deputado Vieira de Araújo apresentava à Câmara dos Deputados o
projeto de um novo Código Penal. A este projeto foram apresentados dois
substitutivos, um do próprio autor do projeto e o outro da Comissão Especial da
Câmara. Nenhum dos projetos, porém, conseguiu vingar. Em 1911, o Congresso
delegou ao Poder Executivo a atribuição de formular um novo projeto. O projeto de
autoria de Galdino Siqueira, datado de 1913, não chegou a ser objeto de
consideração legislativa. Finalmente, em 1927, desincumbindo-se de encargo que
lhe havia sido cometido pelo Governo, Sá Pereira organizou o seu projeto, que,
submetido a uma comissão revisora composta do autor do projeto e dos Drs.

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Evaristo de Morais e Bulhões Pedreira, foi apresentado em 1935 à consideração
da Câmara dos Deputados. Aprovado por esta, passou ao Senado e neste se
encontrava em exame na Comissão de Justiça, quando sobreveio o advento da
nova ordem política.
A Conferência de Criminologia, reunida no Rio de Janeiro de 1936, dedicou os
seus trabalhos ao exame e à crítica do projeto revisto, apontando nele deficiência
e lacunas, cuja correção se impunha. Vossa Excelência resolveu, então, que se
confiasse a tarefa de formular novo projeto ao Dr. Alcântara Machado, eminente
professor da Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1938, o Dr. Alcântara
Machado entregava ao Governo o novo projeto, cuja publicação despertou o mais
vivo interesse.
A matéria impunha, entretanto, pela sua delicadeza e por suas notórias
dificuldades, um exame demorado e minucioso. Sem desmerecer o valor do
trabalho que se desincumbira o Professor Alcântara Machado, julguei de bom
aviso submeter o projeto a uma demorada revisão, convocando para isso técnicos,
que se houvessem distinguido não somente na teoria do direito criminal como
também na prática de aplicação da lei penal.
Assim, constituí a Comissão revisora com os ilustres magistrados Vieira Braga,
Nelson Hungria e Narcélio de Queiroz e com um ilustre representante do
Ministério Público, o Dr. Roberto Lira.
Durante mais de um ano a Comissão dedicou-se quotidianamente ao trabalho de
revisão, cujos primeiros resultados comuniquei ao eminente Dr. Alcântara
Machado, que, diante deles, remodelou o seu projeto, dando-lhe uma nova edição.
Não se achava, porém, ainda acabado o trabalho de revisão. Prosseguiram com a
minha assistência e colaboração até que me parecesse o projeto em condições de
ser submetido à apreciação de Vossa Excelência.
Dos trabalhos da Comissão revisora resultou este projeto. Embora da revisão
houvessem advindo modificações à estrutura e ao plano sistemático, não há
dúvida que o projeto Alcântara Machado representou, em relação aos anteriores,
um grande passo no sentido da reforma da nossa legislação penal. Cumpre-me
deixar aqui consignado o nosso louvor à obra do eminente patrício, cujo valioso
subsídio ao atual projeto nem eu, nem os ilustres membros da Comissão revisora
deixamos de reconhecer.
2. Ficou decidido, desde o início do trabalho de revisão, excluir do Código Penal
as contravenções, que seriam objeto de lei à parte. Foi, assim, rejeitado o critério
inicialmente proposto pelo Professor Alcântara Machado, de abolir-se qualquer
distinção entre crimes e contravenções. Quando se misturam coisas de somenos
importância com outras de maior valor, correm estas o risco de se verem
amesquinhadas. Não é que exista diversidade ontológica entre crime e
contravenção; embora sendo apenas de grau ou quantidade a diferença entre as
duas espécies de ilícito penal, pareceu-nos de toda conveniência excluir do
Código Penal a matéria tão miúda, tão vária e tão versátil das contravenções,
dificilmente subordinável a um espírito de sistema e adstrita a critérios
oportunísticos ou meramente convencionais e, assim, permitir que o Código Penal
se furtasse, na medida do possível, pelo menos àquelas contingências do tempo a
que não devem estar sujeitas as obras destinadas a maior duração.

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A lei de coordenação, cujo projeto terei ocasião de submeter proximamente à
apreciação de Vossa Excelência, dará o critério prático para distinguir-se entre
crime e contravenção.
....................
PARTE ESPECIAL
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

37. O título I da "Parte Especial" ocupa-se dos crimes contra a pessoa, dividindo-
se em seis capítulos, com as seguinte rubricas: "Dos crimes contra a vida", "Das
lesões corporais", "Da periclitação da vida e da saúde", "Da rixa", "Dos crimes
contra a honra" e "Dos crimes contra a liberdade individual". Não há razão para
que continuem em setores autônomos os "crimes contra a honra" e os "crimes
contra a liberdade individual" (que a lei atual denomina "crimes contra o livre gozo
e exercício dos direitos individuais"): seu verdadeiro lugar é entre os crimes contra
a pessoa, de que constituem subclasses. A honra e a liberdade são interesses, ou
bens jurídicos inerentes à pessoa, tanto quanto o direito à vida ou à integridade
física.
DOS CRIMES CONTRA A VIDA

38. O projeto mantém a diferença entre uma forma simples e uma forma
qualificada de "homicídio". As circunstâncias qualificativas estão enumeradas no §
2º do artigo 121. Umas dizem com a intensidade do dolo, outras com o modo de
ação ou com a natureza dos meios empregados; mas todas são especialmente
destacadas pelo seu valor sintomático: são circunstâncias reveladoras de maior
periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente. Em primeiro
lugar, vem o motivo torpe (isto é, o motivo que suscita a aversão ou repugnância
geral, v.g.: a cupidez, a luxúria, o despeito da imoralidade contrariada, o prazer do
mal, etc.) ou fútil (isto é, que, pela sua mínima importância, não é causa suficiente
para o crime). Vem a seguir o "emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou outro meio insidioso (isto é, dissimulado na sua eficiência maléfica) ou cruel
(isto é, que aumenta inutilmente o sofrimento da vítima, ou revela uma brutalidade
fora do comum ou em contraste com o mais elementar sentimento de piedade) ou
de que possa resultar perigo comum". Deve notar-se que, para a inclusão do
motivo fútil e emprego de meio cruel entre as agravantes que qualificam o
homicídio, há mesmo uma razão de ordem constitucional, pois o único crime
comum, contra o qual a nossa vigente Carta Política permite que a sanção penal
possa ir até à pena de morte, é o "homicídio cometido por motivo fútil e com
extremos de perversidade" (artigo 122, nº 13, j). São também qualificativas do
homicídio as agravantes que traduzem um modo insidioso da atividade executiva
do crime (não se confundindo, portanto, com o emprego de meio insidioso),
impossibilitando ou dificultando a defesa da vítima (como a traição, a emboscada,
a dissimulação, etc.). Finalmente, qualifica o homicídio a circunstância de ter sido
cometido "para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime". É claro que esta qualificação não diz com os casos em que o
homicídio é elemento de crime complexo (in exemplis: artigos 157, § 3º, in fine, e

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159, § 3º), pois, em tais casos, a pena, quando não mais grave, é, pelo menos,
igual à do homicídio qualificado.
39. Ao lado do homicídio com pena especialmente agravada, cuida o projeto do
homicídio com pena especialmente atenuada, isto é, o homicídio praticado "por
motivo de relevante valor social, ou moral", ou "sob o domínio de emoção violenta,
logo em seguida a injusta provação da vítima". Por "motivo de relevante valor
social ou moral", o projeto entende significar o motivo que, em si mesmo, é
aprovado pela moral prática, como, por exemplo, a compaixão ante o irremediável
sofrimento da vítima (caso do homicídio eutanásico), a indignação contra um
traidor da pátria, etc.
No tratamento do homicídio culposo, o projeto atendeu à urgente necessidade de
punição mais rigorosa do que a constante da lei penal atual, comprovadamente
insuficiente. A pena cominada é a de detenção por 1 (um) a 3 (três) anos, e será
especialmente aumentada se o evento "resulta de inobservância de regra técnica
de profissão, arte, ofício ou atividade", ou quando "o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou
foge para evitar prisão em flagrante". Deve notar-se, além disso, que entre as
penas acessórias (Capítulo V do Título V da Parte Geral), figura a de
"incapacidade temporária para profissão ou atividade cujo exercício depende de
licença, habilitação ou autorização do poder público", quando se trate de crime
cometido com infração de dever inerente à profissão ou atividade. Com estes
dispositivos, o projeto visa, principalmente, a condução de automóveis, que
constitui, na atualidade, devido a um generalizado descaso pelas cautelas
técnicas (notadamente quanto à velocidade), uma causa freqüente de eventos
lesivos contra a pessoa, agravando-se o mal com o procedimento post factum dos
motoristas, que, tão-somente com o fim egoístico de escapar à prisão em flagrante
ou à ação da justiça penal, sistematicamente imprimem maior velocidade ao
veículo, desinteressando-se por completo da vítima, ainda quando um socorro
imediato talvez pudesse evitar-lhe a morte.
40. O infanticídio é considerado um delictum exceptum quando praticado pela
parturiente sob a influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é óbvio, não
quer significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica: é
preciso que fique averiguado ter esta realmente sobrevindo em conseqüência
daquele, de modo a diminuir a capacidade de entendimento ou de auto-inibição da
parturiente. Fora daí, não há por que distinguir entre infanticídio e homicídio. Ainda
quando ocorra a honoris causa (considerada pela lei vigente como razão de
especial abrandamento da pena), a pena aplicável é a de homicídio.
41. Ao configurar o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, o
projeto contém inovações: é punível o fato ainda quando se frustre o suicídio,
desde que resulte lesão corporal grave ao que tentou matar-se; e a pena
cominada será aplicada em dobro se o crime obedece a móvel egoístico ou é
praticado contra menor ou pessoa que, por qualquer outra causa, tenha diminuída
a capacidade de resistência.
Mantém o projeto a incriminação do aborto, mas declara penalmente licito, quando

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praticado por médico habilitado, o aborto necessário, ou em caso de prenhez
resultante de estupro. Militam em favor da exceção razões de ordem social e
individual, a que o legislador penal não pode deixar de atender.
DAS LESÕES CORPORAIS

42. O crime de lesão corporal é definido como ofensa à integridade corporal ou


saúde, isto é, como todo e qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do
corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista
fisiológico ou mental. Continua-se a discriminar, para diverso tratamento penal,
entre a lesão de natureza leve e a de natureza grave. Tal como na lei vigente, a
lesão corporal grave, por sua vez, é considerada, para o efeito de graduação da
pena, segundo sua menor ou maior gravidade objetiva. Entre as lesões de menor
gravidade figura (à semelhança do que ocorre na lei atual) a que produz
"incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias"; mas,
como uma lesão pode apresentar gravíssimo perigo (dado o ponto atingido) e, no
entanto, ficar curada antes de 1 (um) mês, entendeu o projeto de incluir nessa
mesma classe, sem referência à condição de tempo ou a qualquer outra, a lesão
que produz "perigo de vida". Outra inovação é o reconhecimento da gravidade da
lesão de que resulte "debilitação permanente de membro, sentido ou função", ou
"aceleração de parto".
Quanto às lesões de maior gravidade, também não é o projeto coincidente com a
lei atual, pois que: a) separa, como condições autônomas ou por si sós suficientes
para o reconhecimento da maior gravidade, a "incapacidade permanente para o
trabalho" ou "enfermidade certa ou provavelmente incurável"; b) delimita o
conceito de deformidade (isto é, acentua que esta deve ser "permanente"; c) inclui
entre elas a que ocasiona aborto. No § 3º do artigo 129, é especialmente previsto
e resolvido o caso em que sobrevém a morte do ofendido, mas evidenciando as
circunstâncias que o evento letal não se compreendia no dolo do agente, isto é, o
agente não queria esse resultado, nem assumira o risco de produzi-lo, tendo
procedido apenas vulnerandi animo.
Costuma-se falar, na hipótese, em "homicídio preterintencional", para reconhecer-
se um grau intermédio entre o homicídio doloso e o homicídio culposo; mas tal
denominação, em face do conceito extensivo do dolo, acolhido pelo projeto, torna-
se inadequada: ainda quando o evento "morte" não tenha sido, propriamente,
abrangido pela intenção do agente, mas este assumiu o risco de produzi-lo, o
homicídio é doloso.
A lesão corporal culposa é tratada no artigo 129, § 6º. Em consonância com a lei
vigente, não se distingue, aqui, entre a maior ou menor importância do dano
material: leve ou grave a lesão, a pena é a mesma, isto é, detenção por 2 (dois)
meses a 1 (um) ano (sanção mais severa do que a editada na lei atual). É
especialmente agravada a pena nos mesmos casos em que o é a cominada ao
homicídio culposo. Deve notar-se que o caso de multiplicidade do evento lesivo
(várias lesões corporais, ou várias mortes, ou lesão corporal e morte, resultante de
uma só ação ou omissão culposa, é resolvido segundo a norma genérica do § 1º
do artigo 51.
Ao crime de lesões corporais é aplicável o disposto no § 1º do artigo 121

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(facultativa diminuição da pena, quando o agente "comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob a influência de violenta emoção,
logo em seguida a injusta provocação da vítima"). Tratando-se de lesões leves, se
ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo citado, ou se as lesões são
recíprocas, o juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa (de duzentos
mil-réis a dois contos de réis).
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

43. Sob esta epígrafe, o projeto contempla uma série de crimes de perigo contra
a pessoa, uns já constantes, outros desconhecidos da lei penal vigente. pelo seu
caráter especial, seja quanto ao elemento objetivo, seja quanto ao elemento
subjetivo, tais crimes reclamam um capítulo próprio. Do ponto de vista material,
reputam-se consumados ou perfeitos desde que a ação ou omissão cria uma
situação objetiva de possibilidade de dano à vida ou saúde de alguém. O evento,
aqui (como nos crimes de perigo em geral), é a simples exposição a perigo de
dano. O dano efetivo pode ser uma condição de maior punibilidade, mas não
condiciona o momento consumativo do crime. Por outro lado, o elemento subjetivo
é a vontade consciente referida exclusivamente à produção do perigo. A
ocorrência do dano não se compreende na volição ou dolo do agente, pois, do
contrário, não haveria por que distinguir entre tais crimes e a tentativa de crime de
dano.
44. Entre as novas entidades prefiguradas no capítulo em questão, depara-se,
em primeiro lugar, com o "contágio venéreo". Já há mais de meio século, o médico
francês Després postulava que se incluísse tal fato entre as espécies do ilícito
penal, como já fazia, aliás, desde 1866, a lei dinamarquesa. Tendo o assunto
provocado amplo debate, ninguém mais duvida, atualmente, da legitimidade dessa
incriminação. A doença venérea é uma lesão corporal e de compatibilizar
gravíssimas, notadamente quando se trata da sífilis. O mal da contaminação
(evento lesivo) não fica circunscrito a uma pessoa determinada. O indivíduo que,
sabendo-se portador de moléstia venérea, não se priva do ato sexual, cria
conscientemente a possibilidade de um contágio extensivo. Justifica-se, portanto,
plenamente, não só a incriminação do fato, como o critério de declarar-se
suficiente para a consumação do crime a produção do perigo de contaminação.
Não há dizer-se que, em grande número de casos, será difícil, senão impossível, a
prova da autoria. Quando esta não possa ver averiguada, não haverá ação penal
(como acontece, aliás, em relação a qualquer crime); mas a dificuldade de prova
não é razão para deixar-se de incriminar um fato gravemente atentatório de um
relevante bem jurídico. Nem igualmente se objete que a incriminação legal pode
dar ensejo, na prática, a chantagem ou especulação extorsiva. A tal objeção
responde cabalmente Jimenez de Asúa (O delito de contágio venéreo): "... não
devemos esquecer que a chantagem é possível em muitos outros crimes, que,
nem por isso, deixam de figurar nos códigos. O melhor remédio é punir
severamente os chantagistas, como propõem Le Foyer e Fiaux". Ao conceituar o
crime de contágio venéreo, o projeto rejeitou a fórmula híbrida do Código italiano
(seguida pelo projeto Alcântara), que configura, no caso, um "crime de dano com
dolo de perigo". Foi preferida a fórmula do Código dinamarquês: o crime se

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consuma com o simples fato da exposição a perigo de contágio. O eventus damni
não é elemento constitutivo do crime, nem é tomado em consideração para o
efeito de maior punibilidade. O crime é punido não só a título de dolo de perigo,
como a título de culpa (isto é, não só quando o agente sabia achar-se
infeccionado, como quando devia sabê-lo pelas circunstâncias). Não se faz
enumeração taxativa das moléstias venéreas (segundo a lição científica, são elas
a sífilis, a blenorragia, o ulcus molle e o linfogranuloma inguinal), pois isso é mais
próprio de regulamento sanitário. Segundo dispõe o projeto (que, neste ponto,
diverge do seu modelo), a ação penal, na espécie, depende sempre de
representação (e não apenas no caso em que o ofendido seja cônjuge do agente).
Este critério é justificado pelo raciocínio de que, na repressão do crime de que se
trata, o strepitus judicii, em certos casos, pode ter compatibilizar gravíssimas, em
desfavor da própria vítima e de sua família.
45. É especialmente prefigurado, para o efeito de majoração da pena, o caso em
que o agente tenha procedido com intenção de transmitir a moléstia venérea. É
possível que o rigor técnico exigisse a inclusão de tal hipótese no capítulo das
lesões corporais, desde que seu elemento subjetivo é o dolo de dano, mas como
se trata, ainda nessa modalidade, de um crime para cuja consumação basta o
dano potencial, pareceu à Comissão revisora que não havia despropósito em
classificar o fato entre os crimes de perigo contra a pessoa. No caso de dolo de
dano, a incriminação é extensiva à criação do perigo de contágio de qualquer
moléstia grave.
46. No artigo 132, é igualmente prevista uma entidade criminal estranha à lei
atual: "expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente", não
constituindo o fato crime mais grave. Trata-se de um crime de caráter
eminentemente subsidiário. Não o informa o animus necandi ou o animus
laedendi, mas apenas a consciência e vontade de expor a vítima a grave perigo. O
perigo concreto, que constitui o seu elemento objetivo, é limitado a determinada
pessoa, não se confundindo, portanto, o crime em questão com os de perigo
comum ou contra a incolumidade pública. O exemplo freqüente e típico dessa
espécie criminal é o caso do empreiteiro que, para poupar-se ao dispêndio com
medidas técnicas de prudência, na execução da obra, expõe o operário ao risco
de grave acidente. Vem daí que Zurcher, ao defender, na espécie, quando da
elaboração do Código Penal suíço, um dispositivo incriminador, dizia que este
seria um complemento da legislação trabalhista ("Wir haben geglaubt, dieser
Artikel werde einen Teil der Arbeite rschutzgesetzgebung bilden"). Este
pensamento muito contribuiu para que se formulasse o artigo 132; mas este não
visa somente proteger a indenidade do operário, quando em trabalho, senão
também a de qualquer outra pessoa. Assim, o crime de que ora se trata não pode
deixar de ser reconhecido na ação, no exemplo, de quem dispara uma arma de
fogo contra alguém, não sendo atingido o alvo, nem constituindo o fato tentativa
de homicídio.
Ao definir os crimes de abandono (artigo 133) e omissão de socorro (artigo 135), o
projeto, diversamente da lei atual, não limita a proteção penal aos menores, mas
atendendo ao ubi eadem ratio, ibi eadem dispositio, amplia-a aos incapazes em

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geral, aos enfermos, inválidos e feridos.
47. Não contém o projeto dispositivo especial sobre o duelo. Sobre tratar-se de
um fato inteiramente alheio aos nossos costumes, não há razão convincente para
que se veja no homicídio ou ferimento causado em duelo um crime privilegiado:
com ou sem as regras cavalheirescas, a destruição da vida ou lesão da
integridade física de um homem não pode merecer transigência alguma do direito
penal. Pouco importa o consentimento recíproco dos duelistas, pois, quando estão
em jogo direitos inalienáveis, o mutuus consensus não é causa excludente ou
sequer minorativa da pena. O desafio para o duelo e a aceitação dele são, em si
mesmos, fatos penalmente indiferentes; mas, se não se exaurem como simples
jactância, seguindo-se-lhes efetivamente o duelo, os contendores responderão,
conforme o resultado, por homicídio (consumado ou tentado) ou lesão corporal.
DA RIXA

48. Ainda outra inovação do projeto, em matéria de crimes contra a pessoa, é a


incriminação da rixa, por si mesma, isto é, da luta corporal entre várias pessoas. A
ratio essendi da incriminação é dupla: a rixa concretiza um perigo à incolumidade
pessoal (e nisto se assemelha aos "crimes de perigo contra a vida e a saúde") e é
uma perturbação da ordem e disciplina da convivência civil.
A participação na rixa é punida independentemente das compatibilizar desta. Se
ocorre a morte ou lesão corporal grave de algum dos contendores, dá-se uma
condição de maior punibilidade, isto é, a pena cominada ao simples fato de
participação na rixa é especialmente agravada. A pena cominada à rixa em si
mesma é aplicável separadamente da pena correspondente ao resultado lesivo
(homicídio ou lesão corporal), mas serão ambas aplicadas cumulativamente (como
no caso de concurso material) em relação aos contendores que concorrerem para
a produção desse resultado.
Segundo se vê do artigo 137, in fine, a participação na rixa deixará de ser crime se
o participante visa apenas separar os contendores. É claro que também não
haverá crime se a intervenção constituir legítima defesa, própria ou de terceiro.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

49. O projeto cuida dos crimes contra a honra somente quando não praticados
pela imprensa, pois os chamados "delitos de imprensa" (isto é, os crimes contra a
honra praticados por meio da imprensa) continuam a ser objeto de legislação
especial.
São definidos como crimes contra a honra a "calúnia", a "injúria" (compreensiva da
injúria "por violência ou vias de fato" ou com emprego de meios aviltantes, que a
lei atual prevê parcialmente no capítulo das "lesões corporais") e a "difamação"
(que, de modalidade da injúria, como na lei vigente, passa a constituir crime
autônomo).
No tratamento do crime de injúria, foi adotado o critério de que a injusta
provocação do ofendido ou a reciprocidade das injúrias, se não exclui a pena,
autoriza, entretanto, o juiz, conforme as circunstâncias, a abster-se de aplicá-la, ou

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no caso de reciprocidade, a aplicá-la somente a um dos injuriadores.
A fides veri ou exceptio veritatis é admitida, para exclusão de crime ou de pena,
tanto no caso de calúnia (salvo as exceções enumeradas no § 3º do artigo 138),
quanto no de difamação, mas, neste último caso, somente quando o ofendido é
agente ou depositário da autoridade pública e a ofensa se refere ao exercício de
suas funções, não se tratando do "Presidente da República, ou chefe de Governo
estrangeiro em visita ao país".
Exceção feita da "injúria por violência ou vias de fato", quando dela resulte lesão
corporal, a ação penal, na espécie, depende de queixa, bastando, porém, simples
representação, quando o ofendido é qualquer das pessoas indicadas nos nºs I e II
do artigo 141.
Os demais dispositivos coincidem, mais ou menos, com os do direito vigente.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

50. Os crimes contra a liberdade individual são objeto do Capítulo VI do título


reservado aos crimes contra a pessoa. Subdividem-se em: a) crimes contra a
liberdade pessoal; b) crimes contra a inviolabilidade do domicílio; c) crimes contra
a inviolabilidade da correspondência; d) crimes contra a inviolabilidade de
segredos.
O projeto não considera contra a liberdade individual os chamados crimes
eleitorais: estes, por isso mesmo que afetam a ordem política, serão naturalmente
insertos, de futuro, no catálogo dos crimes políticos, deixados à legislação
especial (artigo 360).
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

51. O crime de constrangimento ilegal é previsto no artigo 146, com uma fórmula
unitária. Não há indagar, para diverso tratamento penal, se a privação da liberdade
de agir foi obtida mediante violência, física ou moral, ou com o emprego de outro
qualquer meio, como, por exemplo, se o agente, insidiosamente, faz a vítima
ingerir um narcótico. A pena relativa ao constrangimento ilegal, como crime sui
generis, é sempre a mesma. Se há emprego da vis corporalis, com resultado
lesivo à pessoa da vítima, dá-se um concurso material dos crimes.
A pena é especialmente agravada (inovação do projeto), quando, para a execução
do crime, se houverem reunido mais de três pessoas ou tiver havido emprego de
armas. É expressamente declarado que não constituem o crime em questão o
"tratamento médico arbitrário", se justificado por iminente perigo de vida, e a
"coação exercida para impedir suicídio".
Na conceituação do crime de ameaça (artigo 147), o projeto diverge, em mais de
um ponto, da lei atual. Não é preciso que o "mal prometido" constitua crime,
bastando que seja injusto e grave. Não se justifica o critério restritivo do direito
vigente, pois a ameaça de um mal injusto e grave, embora penalmente indiferente,
pode ser, às vezes, mais intimidante que a ameaça de um crime.
Não somente é incriminada a ameaça verbal ou por escrito, mas, também, a
ameaça real (isto é, por gestos, v.g.: apontar uma arma de fogo contra alguém) ou
simbólica (ex.: afixar à porta da casa de alguém o emblema ou sinal usado por

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uma associação de criminosos).
Os crimes de cárcere privado e seqüestro, salvo sensível majoração da pena, são
conceituados como na lei atual.
No artigo 149, é prevista uma entidade criminal ignorada do Código vigente: o fato
de reduzir alguém, por qualquer meio, à condição análoga à de escravo, isto é,
suprimir-lhe, de fato, o status libertatis, sujeitando-o o agente ao seu completo e
discricionário poder. É o crime que os antigos chamavam plagium. Não é
desconhecida a sua prática entre nós, notadamente em certos pontos remotos do
nosso hinterland.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

52. Com ligeiras diferenças, os dispositivos referentes ao crime de violação de


domicílio repetem critérios da lei atual. Do texto do artigo 150 se depreende, a
contrário, que a entrada na casa alheia ou suas dependências deixa de constituir
crime, não somente quando precede licença expressa, mas também quando haja
consentimento tácito de quem de direito. É especialmente majorada a pena, se o
crime é praticado: a) durante a noite; b) em lugar despovoado; c) com emprego de
violência ou de armas; d) por duas ou mais pessoas.
Para maior elucidação do conteúdo do crime, é declarado que a expressão "casa"
é compreensiva de "qualquer compartimento habitado", "aposento ocupado de
uma habitação coletiva" e "qualquer compartimento, não aberto ao público, onde
alguém exerce profissão ou atividade".
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

53. O projeto trata a violação de correspondência separadamente da violação de


segredos, divergindo, assim, do Código atual, que as engloba num mesmo
capítulo. A inviolabilidade da correspondência é um interesse que reclama a tutela
penal independentemente dos segredos acaso confiados por esse meio. Na
configuração das modalidades do crime de violação de correspondência, são
reproduzidos os preceitos da legislação vigente e acrescentados outros, entre os
quais o que incrimina especialmente o fato de abusar da condição de sócio,
empregado ou preposto, em estabelecimento comercial ou industrial, desviando,
sonegando, subtraindo, suprimindo, no todo ou em parte, correspondência, ou
revelando a estranho o seu conteúdo. Salvo nos casos em que seja atingido
interesse da administração pública, só se procederá, em relação a qualquer das
modalidades do crime, mediante representação.
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS

54. Ao incriminar a violação arbitrária de segredos, o projeto mantém-se fiel aos


"moldes" do Código em vigor, salvo uma ou outra modificação. Deixa à margem
da proteção penal somente os segredos obtidos por confidência oral e não
necessária. Não foi seguido o exemplo do Código italiano, que exclui da órbita do
ilícito penal até mesmo a violação do segredo obtido por confidência escrita. Não é
convincente a argumentação de Rocco: "Entre o segredo confiado oralmente e o

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confiado por escrito não há diferença substancial, e como a violação do segredo
oral não constitui crime, nem mesmo quando o confidente se tenha obrigado a não
revelá-lo, não se compreende porque a diversidade do meio usado, isto é, o
escrito, deva tornar punível o fato". Ora, é indisfarçável a diferença entre divulgar
ou revelar a confidência que outrem nos faz verbalmente e a que recebemos por
escrito: no primeiro caso, a veracidade da comunicação pode ser posta em dúvida,
dada a ausência de comprovação material; ao passo que, no segundo, há um
corpus, que se impõe à credulidade geral. A traição da confiança, no segundo
caso, é evidentemente mais grave do que no primeiro.
Diversamente da lei atual, é incriminada tanto a publicação do conteúdo secreto
de correspondência epistolar, por parte do destinatário, quanto o de qualquer outro
documento particular, por parte do seu detentor, e não somente, quando daí
advenha efetivo dano a alguém (como na lei vigente), senão também quando haja
simples possibilidade de dano.
55. Definindo o crime de "violação do segredo profissional", o projeto procura
dirimir qualquer incerteza acerca do que sejam confidentes necessários. Incorrerá
na sanção penal todo aquele que revelar segredo, de que tenha ciência em razão
de "função, ministério, ofício ou profissão". Assim, já não poderá ser suscitada,
como perante a lei vigente, a dúvida sobre se constitui ilícito penal a quebra do
"sigilo do confessionário".
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

56. Várias são as inovações introduzidas pelo projeto no setor dos crimes
patrimoniais. Não se distingue, para diverso tratamento penal, entre o maior ou
menor valor da lesão patrimonial; mas, tratando-se de furto, apropriação indébita
ou estelionato, quando a coisa subtraída, desviada ou captada é de pequeno
valor, e desde que o agente é criminoso primário, pode o juiz substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um até dois terços, ou aplicar somente a
de multa (artigos 155, § 2º, 170, 171, § 1º). Para afastar qualquer dúvida, é
expressamente equiparada à coisa móvel e, compatibilizar, reconhecida como
possível objeto de furto a "energia elétrica ou suscetível de incidir no poder de
disposição material e exclusiva de um indivíduo (como, por exemplo, a
eletricidade, a radioatividade, a energia genética dos reprodutores, etc.) pode ser
incluída, mesmo do ponto de vista técnico, entre as coisas móveis, a cuja
regulamentação jurídica, portanto, deve ficar sujeita.
Somente quando há emprego de força, grave ameaça ou outro meio tendente a
suprimir a resistência pessoal da vítima, passa o furto a ser qualificado roubo. No
caso de violência contra a coisa, bem como quando o crime é praticado com
escalada ou emprego de chaves falsas, não perde o furto seu nomen juris, embora
seja especialmente aumentada a pena. Também importa majoração de pena o
furto com emprego de destreza ou de meio fraudulento, com abuso de confiança
ou concurso de duas ou mais pessoas. O furto com abuso de confiança não deve
ser confundido com a apropriação indébita, pois nesta a posse direta e desvigiada
da coisa é precedentemente concedida ao agente pelo próprio dominus.

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É prevista como agravante especial do furto a circunstância de ter sido o crime
praticado "durante o período do sossego noturno".
A violência como elementar do roubo, segundo dispõe o projeto, não é somente a
que se emprega para o efeito da apprehensio da coisa, mas também a exercida
post factum, para assegurar o agente, em seu proveito, ou de terceiro, a detenção
da coisa subtraída ou a impunidade.
São declaradas agravantes especiais do roubo as seguintes circunstâncias: ter
sido a violência ou ameaça exercida com armas, o concurso de mais de duas
pessoas e achar-se a vítima em serviço de transporte de dinheiro, "conhecendo o
agente tal circunstância".
57. A extorsão é definida numa fórmula unitária, suficientemente ampla para
abranger todos os casos possíveis na prática. Seu tratamento penal é idêntico ao
do roubo; mas, se é praticada mediante seqüestro de pessoa, a pena é
sensivelmente aumentada. Se do fato resulta a morte do seqüestrado, é cominada
a mais rigorosa sanção penal do projeto: reclusão por 20 (vinte) a 30 (trinta) anos
e multa de vinte a cinqüenta contos de réis. Esta excepcional severidade da pena
é justificada pelo caráter brutal e alarmante dessa forma de criminalidade nos
tempos atuais.
É prevista no artigo 160, cominando-se-lhe pena de reclusão por 1 (um) a 3 (três)
anos e multa de dois a cinco contos de réis, a extorsão indireta, isto é, o fato de
"exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém,
documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra
terceiro". Destina-se o novo dispositivo a coibir os torpes e opressivos expedientes
a que recorrem, por vezes, os agentes de usura, para garantir-se contra o risco do
dinheiro mutuado. São bem conhecidos esses recursos como, por exemplo, o de
induzir o necessitado cliente a assinar um contrato simulado de depósito ou a
forjar no título de dívida a firma de algum parente abastado, de modo que, não
resgatada a dívida no vencimento, ficará o mutuário sob a pressão da ameaça de
um processo por apropriação indébita ou falsidade.
58. Sob a rubrica "Da usurpação", o projeto incrimina certos fatos que a lei penal
vigente conhece sob diverso nomen juris ou ignora completamente, deixando-os
na órbita dos delitos civis. Em quase todas as suas modalidades, a usurpação é
uma lesão ao interesse jurídico da inviolabilidade da propriedade imóvel.
Assim, a "alteração de limites" (artigo 161), a "usurpação de águas" (artigo 161, §
1º, I) e o "esbulho possessório", quando praticados com violência à pessoa, ou
mediante grave ameaça, ou concurso de mais de duas pessoas (artigo 161, § 1º,
II). O emprego de violência contra a pessoa, na modalidade da invasão
possessória, é condição de punibilidade, mas, se dele resulta outro crime, haverá
um concurso material de crimes, aplicando-se, somadas, as respectivas penas
(artigo 161, § 2º).
Também constitui crime de usurpação o fato de suprimir ou alterar marca ou
qualquer sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho alheio, para dele se
apropriar, no todo ou em parte. Não se confunde esta modalidade de usurpação
com o abigeato, isto é, o furto de animais: o agente limita-se a empregar meio
fraudulento (supressão ou alteração de marca ou sinal) para irrogar-se a

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propriedade dos animais. Se esse meio fraudulento é usado para dissimular o
anterior furto dos animais, já não se tratará de usurpação: o crime continuará com
o seu nomen juris, isto é, furto.
59. Ao cuidar do crime de dano, o projeto adota uma fórmula genérica ("destruir,
inutilizar ou deteriorar coisa alheia") e, a seguir, prevê agravantes e modalidades
especiais do crime. Estas últimas, mais ou menos estranhas à lei vigente, são a
"introdução ou abandono de animais em propriedade alheia", o "dano em coisa de
valor artístico, arqueológico ou histórico" e a "alteração de local especialmente
protegido".
Certos fatos que a lei atual considera variantes de dano não figuram, como tais, no
projeto. Assim, a destruição de documentos públicos ou particulares (artigo 326, e
seu parágrafo único, da Consolidação das Leis Penais) passa a constituir crime de
falsidade (artigo 305 do projeto) ou contra a administração pública (artigos 314 e
356).
60. A apropriação indébita (furtum improprium) é conceituada, em suas
modalidades, da mesma forma que na lei vigente; mas o projeto contém inovações
no capítulo reservado a tal crime. A pena (que passa a ser reclusão por um a
quatro anos e multa de quinhentos mil-réis a dez contos de réis) é aumentada de
um terço, se ocorre infidelidade do agente como depositário necessário ou judicial,
tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante ou testamenteiro, ou no
desempenho de ofício, emprego ou profissão. Diversamente da lei atual, não
figura entre as modalidades da apropriação indébita o abigeato, que é,
indubitavelmente, um caso de furtum proprium e, por isso mesmo, não
especialmente previsto no texto do projeto.
É especialmente equiparado à apropriação indébita o fato do inventor do tesouro
em prédio alheio que retém para si a quota pertencente ao proprietário deste.
61. O estelionato é assim definido: "Obter, para si ou para outrem, vantagem
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil ou outro meio fraudulento". Como se vê, o dispositivo corrige em três
pontos a fórmula genérica do inciso 5 do artigo 338 do Código atual: contempla a
hipótese da captação de vantagem para terceiro, declara que a vantagem deve
ser ilícita e acentua que a fraude elementar do estelionato não é somente a
empregada para induzir alguém em erro, mas também a que serve para manter
(fazer subsistir, entreter) um erro preexistente.
Com a fórmula do projeto, já não haverá dúvida que o próprio silêncio, quando
malicioso ou intencional, acerca do preexistente erro da vítima, constitui meio
fraudulento característico do estelionato.
Entre tais crimes, são incluídos alguns contemplados na lei em vigor, como,
exempli gratia, a fraude relativa a seguro contra acidentes (artigo 171, § 2º, V) e a
"frustração de pagamento de cheques" (artigo 171, § 2º, VI).
A incriminação deste último fato, de par com a da emissão de cheque sem fundo,
resulta do raciocínio de que não há distinguir entre um e outro caso: tão criminoso
é aquele que emite cheque sem provisão como aquele que, embora dispondo de
fundos em poder do sacado, maliciosamente os retira antes da apresentação do
cheque ou, por outro modo, ilude o pagamento, em prejuízo do portador.

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O "abuso de papel em branco", previsto atualmente como modalidade do
estelionato, passa, no projeto, para o setor dos crimes contra a fé pública (artigo
299).
62. A "duplicata simulada" e o "abuso de incapazes" são previstos em artigos
distintos. Como forma especial de fraude patrimonial, é também previsto o fato de
"abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à
especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a
operação é ruinosa".
63. Com a rubrica de "fraude no comércio", são incriminados vários fatos que a
lei atual não prevê especialmente. Entre eles figura o de "vender, como verdadeira
ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada", devendo entender-se que tal
crime constitui "fraude no comércio" quando não importe crime contra a saúde
pública, mais severamente punido.
São destacadas, para o efeito de grande atenuação da pena, certas fraudes de
menor gravidade, como sejam a "usurpação de alimentos" (filouterie d'aliments ou
grivŠlerie, dos franceses; scrocco, dos italianos, ou Zechprellerei, dos alemães), a
pousada em hotel e a utilização de meio de transporte, sabendo o agente ser-lhe
impossível efetuar o pagamento. É expressamente declarado que, em tais casos,
dadas as circunstâncias, pode o juiz abster-se de aplicação da pena, ou substituí-
la por medida de segurança. As "fraudes e abusos na fundação e administração
das sociedades por ações" (não constituindo qualquer dos fatos crime contra a
economia popular definido na legislação especial, que continua em vigor) são
minuciosamente previstos, afeiçoando-se o projeto à recente lei sobre as ditas
sociedades.
O projeto absteve-se de tratar dos crimes de falência, que deverão ser objeto de
legislação especial, já em elaboração.
Na sanção relativa à fraudulenta insolvência civil é adotada a alternativa entre a
pena privativa de liberdade (detenção) e a pecuniária (multa de quinhentos mil-réis
a cinco contos de réis), e a ação penal dependerá de queixa.
64. Em capítulo especial, como crime sui generis contra o patrimônio, e com
pena própria, é prevista a receptação (que o Código vigente, na sua parte geral,
define como forma de cumplicidade post factum, resultando daí, muitas vezes, a
aplicação de penas desproporcionadas). O projeto distingue, entre a receptação
dolosa e a culposa, que a lei atual injustificadamente equipara. É expressamente
declarado que a receptação é punível ainda que não seja conhecido ou passível
de pena o autor do crime de que proveio a coisa receptada. Tratando-se de
criminoso primário, poderá o juiz, em face das circunstâncias, deixar de aplicar a
pena, ou substituí-la por medida de segurança.
Os dispositivos do projeto em relação à circunstância de parentesco entre os
sujeitos ativo e passivo, nos crimes patrimoniais, são mais amplos do que os do
direito atual, ficando, porém, explícito que o efeito de tal circunstância não
aproveita aos co-partícipes do parente, assim como não se estende aos casos de
roubo, extorsão e, em geral, aos crimes patrimoniais praticados mediante violência
contra a pessoa.

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DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

65. Sob esta rubrica é que o projeto alinha os crimes que o direito atual
denomina "crimes contra a propriedade literária, artística, industrial e comercial".
São tratados como uma classe autônoma, que se reparte em quatro subclasses:
"crimes contra a propriedade intelectual", "crimes contra o privilégio de invenção",
"crimes contra as marcas de indústria e comércio" e "crimes de concorrência
desleal". Tirante uma ou outra alteração ou divergência, são reproduzidos os
critérios e fórmulas da legislação vigente.
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

66. O projeto consagra um título especial aos "crimes contra a organização do


trabalho", que o Código atual, sob o rótulo de "crimes contra a liberdade do
trabalho", classifica entre os "crimes contra o livre gozo e exercício dos direitos
individuais" (isto é, contra a liberdade individual). Este critério de classificação,
enjeitado pelo projeto, afeiçoa-se a um postulado da economia liberal, atualmente
desacreditado, que Zanardelli, ao tempo da elaboração do Código Penal italiano
de 1889, assim fixava: "A lei deve deixar que cada um proveja aos próprios
interesses pelo modo que melhor lhe pareça, e não pode intervir senão quando a
livre ação de uns seja lesiva do direito de outros. Não pode ela vedar aos
operários a combinada abstenção de trabalho para atender a um objetivo
econômico, e não pode impedir a um industrial que feche, quando lhe aprouver, a
sua fábrica ou oficina. O trabalho é uma mercadoria, da qual, como de qualquer
outra, se pode dispor à vontade, quando se faça uso do próprio direito sem
prejudicar o direito de outrem". A tutela exclusivista da liberdade individual
abstraía, assim, ou deixava em plano secundário o interesse da coletividade, o
bem geral. A greve, o lockout, todos os meios incruentos e pacíficos na luta entre
o proletariado e o capitalismo eram permitidos e constituíam mesmo o exercício de
líquidos direitos individuais. O que cumpria assegurar, antes de tudo, na esfera
econômica, era o livre jogo das iniciativas individuais. Ora, semelhante programa,
que uma longa experiência demonstrou errôneo e desastroso, já não é mais viável
em face da Constituição de 37. Proclamou esta a legitimidade da intervenção do
Estado no domínio econômico, "para suprir as deficiências da iniciativa individual e
coordenar os fatores da produção, de maneira a evitar ou resolver os seus
conflitos e introduzir no jogo das competições individuais o pensamento do
interesse da Nação". Para dirimir as contendas entre o trabalho e o capital, foi
instituída a justiça do trabalho, tornando-se incompatível com a nova ordem
política o exercício arbitrário das próprias razões por parte de empregados e
empregadores.
67. A greve e o lockout (isto é, a paralisação ou suspensão arbitrária do trabalho
pelos operários ou patrões) foram declarados "recursos anti-sociais, nocivos ao
trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção
nacional". Já não é admissível uma liberdade do trabalho entendida como
liberdade de iniciativa de uns sem outro limite que igual liberdade de iniciativa de
outros. A proteção jurídica já não é concedida à liberdade do trabalho,

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propriamente, mas à organização do trabalho, inspirada não somente na defesa e
no ajustamento dos direitos e interesses individuais em jogo, mas também, e
principalmente, no sentido superior do bem comum de todos. Atentatória, ou não,
da liberdade individual, toda ação perturbadora da ordem jurídica, no que
concerne ao trabalho, é ilícita e está sujeita a sanções repressivas, sejam de
direito administrativo, sejam de direito penal. Daí, o novo critério adotado pelo
projeto, isto é, a transladação dos crimes contra o trabalho, do setor dos crimes
contra a liberdade individual para uma classe autônoma, sob a já referida rubrica.
Não foram, porém, trazidos para o campo do ilícito penal todos os fatos contrários
à organização do trabalho: são incriminados, de regra, somente aqueles que se
fazem acompanhar da violência ou da fraude. Se falta qualquer desse elementos,
não passará o fato, salvo poucas exceções, de ilícito administrativo. É o ponto de
vista já fixado em recente legislação trabalhista. Assim, incidirão em sanção penal
o cerceamento do trabalho pela força ou intimidação (artigo 197, I), a coação para
o fim de greve ou de lockout (artigo 197, II), a boicotagem violenta (artigo 198), o
atentado violento contra a liberdade de associação profissional (artigo 199), a
greve seguida de violência contra a pessoa ou contra a coisa (artigo 200), a
invasão e arbitrária posse de estabelecimento de trabalho (artigo 202, 1ª parte), a
sabotagem (artigo 202, in fine), a frustração, mediante violência ou fraude, de
direitos assegurados por lei trabalhista ou de nacionalização do trabalho (artigos
203 e 204). Os demais crimes contra o trabalho, previstos no projeto, dispensam o
elemento violência ou fraude (artigos 201, 205, 206, 207), mas explica-se a
exceção: é que eles, ou atentam imediatamente contra o interesse público, ou
imediatamente ocasionam uma grave perturbação da ordem econômica. É de
notar-se que a suspensão ou abandono coletivo de obra pública ou serviço de
interesse coletivo somente constituirá o crime previsto no artigo 201 quando
praticado por "motivos pertinentes às condições do trabalho", pois, de outro modo,
o fato importará o crime definido no artigo 18 da Lei de Segurança, que continua
em pleno vigor.
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O
RESPEITO AOS MORTOS

68. São classificados como espécies do mesmo genus os "crimes contra o


sentimento religioso" e os "crimes contra o respeito aos mortos". É incontestável a
afinidade entre uns e outros. O sentimento religioso e o respeito aos mortos são
valores ético-sociais que se assemelham. O tributo que se rende aos mortos tem
um fundo religioso. Idêntica, em ambos os casos, é a ratio essendi da tutela penal.
O projeto divorcia-se da lei atual, não só quando deixa de considerar os crimes
referentes aos cultos religiosos como subclasse dos crimes contra a liberdade
individual (pois o que passa a ser, precipuamente, objeto da proteção penal é a
religião como um bem em si mesmo), como quando traz para o catálogo dos
crimes (lesivos do respeito aos mortos) certos fatos que o Código vigente
considera simples contravenções, como a violatio sepulchri e a profanação de
cadáver. Entidades criminais desconhecidas da lei vigente são as previstas nos
artigos 209 e 211 do projeto: impedimento ou perturbação de enterro ou cerimônia

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fúnebre e supressão de cadáver ou de alguma de suas partes.
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES

69. Sob esta epígrafe, cuida o projeto dos crimes que, de modo geral, podem ser
também denominados sexuais. São os mesmos crimes que a lei vigente conhece
sob a extensa rubrica "Dos crimes contra a segurança da honra e honestidade das
famílias e do ultraje público ao pudor". Figuram eles com cinco subclasses, assim
intitulados: "Dos crimes contra a liberdade sexual", "Da sedução e da corrupção de
menores", "Do rapto", "Do lenocínio e do tráfico de mulheres" e "Do ultraje público
ao pudor".
O crime de adultério, que o Código em vigor contempla entre os crimes sexuais,
passa a figurar no setor dos crimes contra a família.
70. Entre os crimes contra a liberdade sexual, de par com as figuras clássicas do
estupro e do atentado violento ao pudor, são incluídas a "posse sexual mediante
fraude" e o "atentado ao pudor mediante fraude". Estas duas entidades criminais,
na amplitude com que as conceitua o projeto, são estranhas à lei atual. Perante
esta, a fraude é um dos meios morais do crime de defloramento, de que só a
mulher menor de 21 (vinte e um) anos e maior de 16 (dezesseis) pode ser sujeito
passivo. Segundo o projeto, entretanto, existe crime sempre que, sendo a vítima
mulher honesta, haja emprego de meio fraudulento (v.g.: simular casamento,
substituir-se ao marido na escuridão da alcova). Não importa, para a existência do
crime, que a ofendida seja, ou não, maior ou virgo intacta. Se da cópula resulta o
desvirginamento da ofendida, e esta é menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14
(quatorze), a pena é especialmente aumentada.
Na identificação dos crimes contra a liberdade sexual é presumida a violência
(artigo 224) quando a vítima: a) não é maior de 14 (quatorze) anos; b) é alienada
ou débil mental, conhecendo o agente esta circunstância; ou c) acha-se em estado
de inconsciência (provocado, ou não, pelo agente), ou, por doença ou outra causa,
impossibilitada de oferecer resistência. Como se vê, o projeto diverge
substancialmente da lei atual: reduz, para o efeito de presunção de violência, o
limite de idade da vítima e amplia os casos de tal presunção (a lei vigente
presume a violência no caso único de ser a vítima menor de dezesseis anos).
Com a redução do limite de idade, o projeto atende à evidência de um fato social
contemporâneo, qual seja a precocidade no conhecimento dos fatos sexuais. O
fundamento da ficção legal de violência, no caso dos adolescentes, é a innocentia
consilii do sujeito passivo, ou seja, a sua completa insciência em relação aos fatos
sexuais, de modo que não se pode dar valor algum ao seu consentimento. Ora, na
época atual, seria abstrair hipocritamente a realidade o negar-se que uma pessoa
de 14 (quatorze) anos completos já tem uma noção teórica, bastante exata, dos
segredos da vida sexual e do risco que corre se se presta à lascívia de outrem.
Estendendo a presunção de violência aos casos em que o sujeito passivo é
alienado ou débil mental, o projeto obedece ao raciocínio de que, também aqui, há
ausência de consentimento válido, e ubi eadem ratio, ibi eadem dispositio.
Por outro lado, se a incapacidade de consentimento faz presumir a violência, com
maioria de razão deve ter o mesmo efeito o estado de inconsciência da vítima ou

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sua incapacidade de resistência, seja esta resultante de causas mórbidas
(enfermidade, grande debilidade orgânica, paralisia, etc.), ou de especiais
condições físicas (como quando o sujeito passivo é um indefeso aleijado, ou se
encontra acidentalmente tolhido de movimentos).
71. Sedução é o nomen juris que o projeto dá ao crime atualmente denominado
defloramento. Foi repudiado este título, porque faz supor como imprescindível
condição material do crime a ruptura do hímen (flos virgineum), quando, na
realidade, basta que a cópula seja realizada com mulher virgem, ainda que não
resulte essa ruptura, como nos casos de complacência himenal.
O sujeito passivo da sedução é a mulher virgem, maior de 14 (quatorze) e menor
de 18 (dezoito) anos. No sistema do projeto, a menoridade, do ponto de vista da
proteção penal, termina aos 18 (dezoito) anos. Fica, assim, dirimido o ilogismo em
que incide a legislação vigente, que, não obstante reconhecer a maioridade
política e a capacidade penal aos 18 (dezoito) anos completos (Constituição,
artigo 117, e Código Penal, modificado pelo Código de Menores), continua a
pressupor a imaturidade psíquica, em matéria de crimes sexuais, até os 21 (vinte
e um) anos.
Para que se identifique o crime de sedução é necessário que seja praticado "com
abuso da inexperiência ou justificável confiança" da ofendida. O projeto não
protege a moça que se convencionou chamar emancipada, nem tampouco aquela
que, não sendo de todo ingênua, se deixa iludir por promessas evidentemente
insinceras.
Ao ser fixada a fórmula relativa ao crime em questão, partiu-se do pressuposto de
que os fatos relativos à vida sexual não constituem na nossa época matéria que
esteja subtraída, como no passado, ao conhecimento dos adolescentes de 18
(dezoito) anos completos. A vida, no nosso tempo, pelos seus costumes e pelo
seu estilo, permite aos indivíduos surpreender, ainda bem não atingida a
maturidade, o que antes era o grande e insondável mistério, cujo conhecimento se
reservava apenas aos adultos.
Certamente, o direito penal não pode abdicar de sua função ética, para acomodar-
se ao afrouxamento dos costumes; mas, no caso de que ora se trata, muito mais
eficiente que a ameaça da pena aos sedutores, será a retirada da tutela penal à
moça maior de 18 (dezoito) anos, que, assim, se fará mais cautelosa ou menos
acessível.
Em abono do critério do projeto, acresce que, hoje em dia, dados os nossos
costumes e formas de vida, não são raros os casos em que a mulher não é a
única vítima da sedução.
Já foi dito, com acerto, que "nos crimes sexuais, nunca o homem é tão algoz que
não possa ser, também, um pouco vítima, e a mulher nem sempre é a maior e a
única vítima dos seus pretendidos infortúnios sexuais" (Filipo Manci, Delitti
sessuali).
72. Ao configurar o crime de corrupção de menores, o projeto não distingue,
como faz a lei atual, entre corrupção efetiva e corrupção potencial: engloba as
duas espécies e comina a mesma pena. O meio executivo do crime tanto pode ser
a prática do ato libidinoso com a vítima (pessoa maior de quatorze e menor de
dezoito anos), como o induzimento desta a praticar (ainda que com outrem, mas

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para a satisfação da lascívia do agente) ou a presenciar ato dessa natureza.
73. O rapto para fim libidinoso é conservado entre os crimes sexuais, rejeitado o
critério do projeto Sá Pereira, que o transladava para a classe dos crimes contra a
liberdade. Nem sempre o meio executivo do rapto é a violência. Ainda mesmo se
tratando de rapto violento, deve-se atender a que, segundo a melhor técnica, o
que especializa um crime não é o meio, mas o fim. No rapto, seja violento,
fraudulento ou consensual, o fim do agente é a posse da vítima para fim sexual ou
libidinoso. Trata-se de um crime dirigido contra o interesse da organização ético-
social da família - interesse que sobreleva o da liberdade pessoal. Seu justo lugar,
portanto, é entre os crimes contra os costumes.
O projeto não se distancia muito da lei atual, no tocante aos dispositivos sobre o
rapto. Ao rapto violento ou próprio (vi aut minis) é equiparado o rapto per fraudem
(compreensivo do rapto per insidias). No rapto consensual (com ou sem sedução),
menos severamente punido, a paciente só pode ser a mulher entre os 14
(quatorze) e 21 (vinte e um) anos (se a raptada é menor de quatorze anos, o rapto
se presume violento), conservando-se, aqui, o limite da menoridade civil, de vez
que essa modalidade do crime é, principalmente, uma ofensa ao pátrio poder ou
autoridade tutelar (in parentes vel tutores).
A pena, em qualquer caso, é diminuída de um terço, se o crime é praticado para
fim de casamento, e da metade, se se dá a restitutio in integrum da vítima e sua
reposição in loco tuto ac libero.
Se ao rapto se segue outro crime contra a raptada, aplica-se a regra do concurso
material. Fica, assim, modificada a lei vigente, segundo a qual, se o crime
subseqüente é o defloramento ou estupro (omitida referência a qualquer outro
crime sexual), a pena do rapto é aumentada da sexta parte.
74. O projeto reserva um capítulo especial às disposições comuns aos crimes
sexuais até aqui mencionados. A primeira delas se refere às formas qualificadas
de tais crimes, isto é, aos casos em que, tendo havido emprego de violência,
resulta lesão corporal grave ou a morte da vítima: no primeiro caso, a pena será
reclusão por 4 (quatro) a 12 (doze) anos; no segundo, a mesma pena, de 8 (oito) a
20 (vinte) anos.
A seguir, vêm os preceitos sobre a violência ficta, de que acima já se tratou; sobre
a disciplina da ação penal na espécie e sobre agravantes especiais. Cumpre notar
que uma disposição comum aos crimes em questão não figura na "parte especial",
pois se achou que ficaria melhor colocada no título sobre a extinção da
punibilidade, da "parte geral": é o que diz respeito ao subsequens matrimonium
(artigo 108, VIII), que, antes ou depois da condenação, exclui a imposição da
pena.
75. Ao definir as diversas modalidades do lenocínio, o projeto não faz depender o
crime de especial meio executivo, nem da habitualidade, nem do fim de lucro. Se
há emprego de violência, intimidação ou fraude, ou se o agente procede lucri
faciendi causa, a pena é especialmente agravada. Tal como na lei atual, o
lenocínio qualificado ou familiar é mais severamente punido que o lenocínio
simples. Na prestação de local a encontros para fim libidinoso, é taxativamente
declarado que o crime existe independentemente de mediação direta do agente

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para esses encontros ou de fim de lucro.
São especialmente previstos o rufianismo (alphonsisme, dos franceses;
mantenutismo, dos italianos; Zuhalterei, dos alemães) e o tráfico de mulheres.
Na configuração do ultraje público ao pudor, o projeto excede de muito em
previdência à lei atual.
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA

76. O título consagrado aos crimes contra a família divide-se em quatro


capítulos, que correspondem, respectivamente, aos "crimes contra o casamento",
"crimes contra o estado de filiação", "crimes contra a assistência familiar" e
"crimes contra o pátrio poder, tutela ou curatela". O primeiro entre os crimes contra
o casamento é a bigamia - nomen juris que o projeto substitui ao de poligamia,
usado pela lei atual. Seguindo-se o mesmo critério desta, distingue-se, para o
efeito de pena, entre aquele que, sendo casado, contrai novo casamento e aquele
que, sendo solteiro, se casa com pessoa que sabe casada. Conforme
expressamente dispõe o projeto, o crime de bigamia existe desde que, ao tempo
do segundo casamento, estava vigente o primeiro; mas, se este, a seguir, é
judicialmente declarado nulo, o crime se extingue, pois que a declaração de
nulidade retroage ex tunc. Igualmente não subsistirá o crime se vier a ser anulado
o segundo casamento, por motivo outro que não o próprio impedimento do
matrimônio anterior (pois a bigamia não pode excluir-se a si mesma). Releva
advertir que na "parte geral" (artigo 111, e) se determina, com inovação da lei
atual, que, no crime de bigamia, o prazo de prescrição da ação penal se conta da
data em que o fato se tornou conhecido.
77. O projeto mantém a incriminação do adultério, que passa, porém, a figurar
entre os crimes contra a família, na subclasse dos crimes contra o casamento.
Não há razão convincente para que se deixe tal fato à margem da lei penal. É
incontestável que o adultério ofende um indeclinável interesse de ordem social,
qual seja o que diz com a organização ético-jurídica da vida familiar. O
exclusivismo da recíproca posse sexual dos cônjuges é condição de disciplina,
harmonia e continuidade do núcleo familiar. Se deixasse impune o adultério, o
projeto teria mesmo contrariado o preceito constitucional que coloca a família "sob
a proteção especial do Estado". Uma notável inovação contém o projeto: para que
se configure o adultério do marido, não é necessário que este tenha e mantenha
concubina, bastando, tal como no adultério da mulher, a simples infidelidade
conjugal.
Outra inovação apresenta o projeto, no tocante ao crime em questão: a pena é
sensivelmente diminuída, passando a ser de detenção por 15 (quinze) dias a 6
(seis) meses; é de 1 (um) mês, apenas, o prazo de decadência do direito de
queixa (e não prescrição da ação penal), e este não pode ser exercido pelo
cônjuge desquitado ou que consentiu no adultério ou o perdoou expressa ou
tacitamente. Além disso, o juiz pode deixar de aplicar a pena, se havia cessado a
vida em comum dos cônjuges ou se o querelante havia praticado qualquer dos
atos previstos no artigo 317 do Código Civil. De par com a bigamia e o adultério,

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são previstas, no mesmo capítulo, entidades criminais que a lei atual ignora.
Passam a constituir ilícito penal os seguintes fatos, até agora deixados impunes
ou sujeitos a meras sanções civis: contrair casamento, induzindo em erro
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja o
resultante de casamento anterior (pois, neste caso, o crime será o de bigamia);
contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que acarrete sua
nulidade absoluta; fingir de autoridade para celebração do casamento e simular
casamento. Nestas duas últimas hipóteses, trata-se de crimes subsidiários: só
serão punidos por si mesmos quando não constituam participação em crime mais
grave ou elemento de outro crime.
78. Ao definir os crimes contra o estado de filiação, adota o projeto fórmulas
substancialmente idênticas às do Código atual, que os conhece sob a rubrica de
"parto suposto e outros fingimentos".
79. É reservado um capítulo especial aos "crimes contra a assistência familiar",
quase totalmente ignorados da legislação vigente. Seguindo o exemplo dos
códigos e projetos de codificação mais recentes, o projeto faz incidir sob a sanção
penal o abandono de família. O reconhecimento desta nova espécie criminal é,
atualmente, ponto incontroverso. Na "Semana Internacional de Direito", realizada
em Paris, no ano de 1937, Ionesco-Doly, o representante da Romênia, fixou, na
espécie, com acerto e precisão, a ratio da incriminação: "A instituição essencial
que é a família atravessa atualmente uma crise bastante grave. Daí, a firme,
embora recente, tendência no sentido de uma intervenção do legislador, para
substituir as sanções civis, reconhecidamente ineficazes, por sanções penais
contra a violação dos deveres jurídicos de assistência que a consciência jurídica
universal considera como o assento básico do status familiar. Virá isso contribuir
para, em complemento de medidas que se revelaram insuficientes para a proteção
da família, conjurar um dos aspectos dolorosos da crise por que passa essa
instituição. É, de todo em todo, necessário que desapareçam certos fatos
profundamente lamentáveis, e desgraçadamente cada vez mais freqüentes, como
seja o dos maridos que abandonam suas esposas e filhos, deixando-os sem
meios de subsistência, ou o dos filhos que desamparam na miséria seus velhos
pais enfermos ou inválidos".
É certo que a vida social no Brasil não oferece, tão assustadoramente como em
outros países, o fenômeno da desintegração e desprestígio da família; mas a
sanção penal contra o "abandono de família", inscrita no futuro Código, virá
contribuir, entre nós, para atalhar ou prevenir o mal incipiente.
Para a conceituação do novo crime, a legislação comparada oferece dois
modelos: o francês, demasiadamente restrito, e o italiano, excessivamente amplo.
Segundo a lei francesa, o crime de abandono de família é constituído pelo fato de,
durante um certo período (três meses consecutivos), deixar o agente de pagar a
pensão alimentar decretada por uma decisão judicial passada em julgado. É o
chamado abandono pecuniário. Muito mais extensa, entretanto, é a fórmula do
Código Penal italiano, que foi até a incriminação do abandono moral, sem critérios
objetivos na delimitação deste. O projeto preferiu a fórmula transacional do
chamado abandono material. Dois são os métodos adotados na incriminação: um

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direto, isto é, o crime pode ser identificado diretamente pelo juiz penal, que deverá
verificar, ele próprio, se o agente deixou de prestar os recursos necessários; outro
indireto, isto é, o crime existirá automaticamente se, reconhecida pelo juiz do cível
a obrigação de alimentos e fixado seu quantum na sentença, deixar o agente de
cumprí-la durante 3 (três) meses consecutivos. Não foi, porém, deixado
inteiramente à margem o abandono moral. Deste cuida o projeto em casos
especiais, precisamente definidos, como aliás, já faz o atual Código de Menores. É
até mesmo incriminado o abandono intelectual, embora num caso único e
restritíssimo (artigo 246): deixar, sem justa causa, de ministrar ou fazer ministrar
instrução primária a filho em idade escolar.
Segundo o projeto, só é punível o abandono intencional ou doloso, embora não se
indague do motivo determinante: se por egoísmo, cupidez, avareza, ódio, etc. Foi
rejeitado o critério de fazer depender a ação penal de prévia queixa da vítima, pois
isso valeria, na prática, por tornar letra morta o preceito penal. Raro seria o caso
de queixa de um cônjuge contra o outro, de um filho contra o pai ou de um pai
contra o filho. Não se pode deixar de ter em atenção o que Marc Ancel chama
pudor familiar, isto é, o sentimento que inibe o membro de uma família de revelar
as faltas de outro, que, apesar dos pesares, continua a merecer o seu respeito e
talvez o seu afeto. A pena cominada na espécie é alternativa: detenção ou multa.
Além disso, ficará o agente sujeito, na conformidade da regra geral sobre as
"penas acessórias" (Capítulo V do Título V da Parte Geral), à privação definitiva ou
temporária de poderes que, em relação à vítima ou vítimas, lhe sejam atribuídos
pela lei civil, em conseqüência do status familiar.
Cuidando dos crimes contra o pátrio poder, tutela ou curatela, o projeto limita-se a
reivindicar para o futuro Código Penal certos preceitos do atual Código de
Menores, apenas ampliados no sentido de abranger na proteção penal, além dos
menores de 18 (dezoito) anos, os interditos.
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

80. Sob este título, são catalogados, no projeto, os crimes que a lei atual
denomina contra a tranqüilidade pública. Estão eles distribuídos em três
subclasses: crimes de perigo comum (isto é, aqueles que, mais nítida ou
imediatamente que os das outras subclasses, criam uma situação de perigo de
dano a um indefinido número de pessoas), crimes contra a segurança dos meios
de comunicação e transporte e outros serviços públicos e crimes contra a saúde
pública. Além de reproduzir, com ligeiras modificações, a lei vigente, o projeto
supre omissões desta, configurando novas entidades criminais, tais como: "uso
perigoso de gases tóxicos", o "desabamento ou desmoronamento" (isto é, o fato
de causar, em prédio próprio ou alheio, desabamento total ou parcial de alguma
construção, ou qualquer desmoronamento, expondo a perigo a vida, integridade
física ou patrimônio de outrem), "subtração, ocultação ou inutilização de material
de salvamento", "difusão de doença ou praga", "periclitação de qualquer meio de
transporte público" (a lei atual somente cuida da periclitação de transportes
ferroviários ou marítimos, não se referindo, sequer, à do transporte aéreo, que o
projeto equipara àqueles), "atentado contra a segurança de serviços de utilidade
pública", "provocação de epidemia", "violação de medidas preventivas contra

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doenças contagiosas", etc.
Relativamente às formas qualificadas dos crimes em questão, é adotada a
seguinte regra geral (artigo 258): no caso de dolo, se resulta a alguém lesão
corporal de natureza grave, a pena privativa da liberdade é aumentada de metade,
e, se resulta morte, é aplicada em dobro; no caso de culpa, se resulta lesão
corporal (leve ou grave), as penas são aumentadas de metade e, se resulta morte,
é aplicada a de homicídio culposo, aumentada de um terço.
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

81. É esta a denominação que o projeto atribui ao seguinte grupo de crimes:


"incitação de crime", "apologia de crime ou criminoso" e "quadrilha ou bando" (isto
é, associação de mais de três pessoas para o fim de prática de crimes comuns). É
bem de ver que os dispositivos sobre as duas primeiras entidades criminais
citadas não abrangem a provocação ou apologia de crimes político-sociais, que
continuarão sendo objeto de legislação especial, segundo dispõe o artigo 360.
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

82. O título reservado aos crimes contra a fé pública divide-se em quatro


capítulos, com as seguintes epígrafes: "Da moeda falsa", "Da falsidade de títulos e
outros papéis públicos", "Da falsidade documental" e "De outras falsidades". Os
crimes de testemunho falso e denunciação caluniosa, que, no Código atual,
figuram entre os crimes lesivos da fé pública, passam para o seu verdadeiro lugar,
isto é, para o setor dos crimes contra a administração da justiça (subclasse dos
crimes contra a administração pública).
83. Ao configurar as modalidades do crimen falsi, o projeto procurou simplificar a
lei penal vigente, evitando superfluidades ou redundâncias, e, no mesmo passo,
suprir lacunas de que se ressente a mesma lei. À casuística do falsum são
acrescentados os seguintes fatos: emissão de moeda com título ou peso inferior
ao determinado em lei; desvio e antecipada circulação de moeda; reprodução ou
adulteração de selos destinados à filatelia; supressão ou ocultação de documentos
(que a lei atual prevê como modalidade de dano); falsificação do sinal empregado
no contraste de metal precioso ou na fiscalização aduaneira ou sanitária, ou para
autenticação ou encerramento de determinados objetos, ou comprovação do
cumprimento de formalidades legais; substituição de pessoa e falsa identidade
(não constituindo tais fatos elemento de crime mais grave).
Para dirimir as incertezas que atualmente oferece a identificação da falsidade
ideológica, foi adotada uma fórmula suficientemente ampla e explícita: "Omitir, em
documento público ou particular, declarações que dele deviam constar, ou inserir
ou fazer inserir nele declarações falsas ou diversas das que deviam ser escritas,
com o fim de prejudicar um direito, criar uma obrigação, ou alterar a verdade de
fatos juridicamente relevantes".
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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84. Em último lugar, cuida o projeto dos crimes contra a administração pública,
repartidos em três subclasses: "crimes praticados por funcionário público contra a
administração em geral", "crimes praticados por particular contra a administração
em geral" e "crimes contra a administração da justiça". Várias são as inovações
introduzidas, no sentido de suprir omissões ou retificar fórmulas da legislação
vigente. Entre os fatos incriminados como lesivos do interesse da administração
pública, figuram os seguintes, até agora, injustificadamente, deixados à margem
da nossa lei penal: emprego irregular de verbas e rendas públicas; advocacia
administrativa (isto é, "patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado junto à
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário"); violação do sigilo
funcional; violação do sigilo de proposta em concorrência pública; exploração de
prestígio junto à autoridade administrativa ou judiciária (venditio fumi); obstáculo
ou fraude contra concorrência ou hasta pública; inutilização de editais ou sinais
oficiais de identificação de objetos; motim de presos; falsos avisos de crime ou
contravenção; auto-acusação falsa; coação no curso de processo judicial; fraude
processual; exercício arbitrário das próprias razões; favorecimento post factum a
criminosos (o que a lei atual só parcialmente incrimina como forma de
cumplicidade); tergiversação do procurador judicial; reingresso de estrangeiro
expulso.
85. O artigo 327 do projeto fixa, para os efeitos penais, a noção de funcionário
público: "Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública".
Ao funcionário público é equiparado o empregado de entidades paraestatais. Os
conceitos da concussão, da corrupção (que a lei atual chama peita ou suborno),
da resistência e do desacato são ampliados. A concussão não se limita, como na
lei vigente, ao crimen superexactnis (de que o projeto cuida em artigo especial),
pois consiste, segundo o projeto, em "exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, mesmo fora das funções, ou antes de assumí-las, mas em razão
delas, qualquer retribuição indevida".
A corrupção é reconhecível mesmo quando o funcionário não tenha ainda
assumido o cargo. Na resistência, o sujeito passivo não é exclusivamente o
funcionário público, mas também qualquer pessoa que lhe esteja, eventualmente,
prestando assistência.
O desacato se verifica não só quando o funcionário se acha no exercício da
função (seja, ou não, o ultraje infligido propter officium), senão também quando se
acha extra officium, desde que a ofensa seja propter officium.
CONCLUSÃO

86. É este o projeto que tenho a satisfação e a honra de submeter à apreciação


de Vossa Excelência.
O trabalho de revisão do projeto Alcântara Machado durou justamente 2 (dois)
anos. Houve tempo suficiente para exame e meditação da matéria em todas as
suas minúcias e complexidades. Da revisão resultou um novo projeto. Não foi este
o propósito inicial. O novo projeto não resultou de plano preconcebido; nasceu,

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naturalmente, à medida que foi progredindo o trabalho de revisão. Isto em nada
diminui o valor do projeto revisto. Este constituiu uma etapa útil e necessária à
construção do projeto definitivo.
A obra legislativa do Governo de Vossa Excelência é, assim, enriquecida com uma
nova codificação, que nada fica a dever aos grandes monumentos legislativos
promulgados recentemente em outros países. A Nação ficará a dever a Vossa
Excelência, dentre tantos que já lhe deve, mais este inestimável serviço à sua
cultura.
Acredito que, na perspectiva do tempo, a obra de codificação do Governo de
Vossa Excelência há de ser lembrada como um dos mais importantes subsídios
trazidos pelo seu Governo, que tem sido um governo de unificação nacional, à
obra de unidade política e cultural do Brasil.
Não devo encerrar esta exposição sem recomendar especialmente a Vossa
Excelência todos quantos contribuíram para que pudesse realizar-se a nova
codificação penal no Brasil: Dr. Alcântara Machado, Ministro A. J. da Costa e
Silva, Dr. Vieira Braga, Dr. Nelson Hungria, Dr. Roberto Lira, Dr. Narcélio de
Queiroz. Não estaria, porém, completa a lista se não acrescentasse o nome do Dr.
Abgar Renault, que me prestou os mais valiosos serviços na redação final do
projeto.
Aproveito o ensejo, Senhor Presidente, para renovar a Vossa Excelência os
protestos do meu mais profundo respeito.
Francisco Campos

Código Penal
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940

(DOU 31.12.1940)
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta a seguinte

PARTE GERAL

TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Anterioridade da lei
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Lei penal no tempo
Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.

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Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
duração ou cassadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Tempo do crime
Art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Territorialidade
Art. 5º. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Lugar do crime
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Extraterritorialidade
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiros;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercante ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

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§ 1º. Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso
das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Eficácia de sentença estrangeira
Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na
espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos
civis;
II - sujeitá-lo à medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de
cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
requisição do Ministro da Justiça. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Contagem de prazo
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Frações não computáveis da pena
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Legislação especial
Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)

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TÍTULO II
DO CRIME
Relação de causalidade
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.
Superveniência de causa independente
§ 1º. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou.
Relevância da omissão
§ 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 14. Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Arrependimento posterior
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Crime impossível
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 18. Diz-se o crime:

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Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia.
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Agravação pelo resultado
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente
que o houver causado ao menos culposamente. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.
Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
crime culposo.
Erro determinado por terceiro
§ 2º. Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Erro sobre a pessoa
§ 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem
a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Coação irresistível e obediência hierárquica
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Exclusão de ilicitude
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;

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III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Estado de necessidade
Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
§ 1º. Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
§ 2º. Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito quando ameaçado, a
pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
Legítima defesa
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)

TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL
Inimputáveis
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbações de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Menores de dezoito anos
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Emoção e paixão
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substâncias de efeitos
análogos.

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§ 1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
§ 2º. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da
omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§ 2º. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30. Não se comunica as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,
salvo quando elementares do crime. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)

TÍTULO V
DAS PENAS
CAPÍTULO I
DAS ESPÉCIES DE PENA

Art. 32. As penas são:

I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
SEÇÃO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Reclusão e detenção
Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto

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ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade
de transferência a regime fechado.
§ 1º. Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança
máxima ou média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2º. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumprí-la em
regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não
exceda a oito (oito), poderá, desde o princípio, cumprí-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro)
anos, poderá desde o início, cumprí-la em regime aberto.
§ 3º. A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no artigo 59 deste Código. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Regras do regime fechado
Art. 34. O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a
exame criminológico de classificação para individualização da execução.
§ 1º. O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento
durante o repouso noturno.
§ 2º. O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade
das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com
a execução da pena.
§ 3º. O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras
públicas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Regras do regime semi-aberto
Art. 35. Aplica-se a norma do artigo 34 deste Código, caput, ao condenado que
inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto.
§ 1º. O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno,
em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
§ 2º. O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos
profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Regras do regime aberto
Art. 36. O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de
responsabilidade do condenado.
§ 1º. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar,
freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido

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durante o período noturno e nos dias de folga.
§ 2º. O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido
como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a
multa cumulativa aplicada. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Regime especial
Art. 37. As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se
os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber,
o disposto neste Capítulo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Direitos do preso
Art. 38. O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da
liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e
moral. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Trabalho do preso
Art. 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os
benefícios da Previdência Social. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Legislação especial
Art. 40. A legislação especial regulará a matéria prevista nos artigos 38 e 39
deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os critérios
para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as infrações
disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Superveniência de doença mental
Art. 41. O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento
adequado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Detração
Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de
segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no
artigo anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
SEÇÃO II
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Penas restritivas de direitos
Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - (VETADO na Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

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V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.714, de
25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas
de liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não
foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a
pena aplicada, se o crime for culposo.
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente.
§ 1º. (VETADO na Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
§ 2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por
multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou
por duas restritivas de direitos.
§ 3º. Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e
a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4º. A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena
privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena
restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou
reclusão.
§ 5º. Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz
da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for
possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Conversão das penas restritivas de direitos
Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á na
forma deste e dos artigos 46, 47 e 48.
§ 1º. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus
dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de
importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do
montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
§ 2º. No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a
prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
§ 3º. A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á,
ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu
valor terá como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou do
provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime.
§ 4º. (VETADO na Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998) (Redação dada

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ao artigo pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)

Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (Redação


dada a este título pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é
aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1º. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na
atribuição de tarefas gratuitas ao condenado.
§ 2º. A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais,
hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em
programas comunitários ou estatais.
§ 3º. As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do
condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de
condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.
§ 4º. Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado
cumprir a pena substitutiva em menor tempo (artigo 55), nunca inferior à metade
da pena privativa de liberdade fixada. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.714,
de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Interdição temporária de direitos
Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são: (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade, bem como de mandato
eletivo; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de
habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; (Redação dada
ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo. (Redação
dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
IV - proibição de freqüentar determinados lugares. (Inciso acrescentado pela Lei
nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Limitação de fim de semana
Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos
sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro
estabelecimento adequado.
Parágrafo único. Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado
cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
SEÇÃO III
DA PENA DE MULTA
Multa
Art. 49. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multas. Será, no mínimo, de 10
(dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

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§ 1º. O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um
trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior
a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º. O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de
correção monetária. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Pagamento da multa
Art. 50. A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em
julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o
juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
§ 1º. A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou
salário do condenado quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º. O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento
do condenado e de sua família. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Conversão da multa e revogação
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será
considerada dividida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação relativa à
dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas
e suspensivas da prescrição. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.268, de
01.04.1996)
Modo de conversão
§ 1º. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
Revogação da conversão
§ 2º. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
Suspensão da execução da multa
Art. 52. É suspensa a execução da pena de multa se sobrevém ao condenado
doença mental. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO II
DA COMINAÇÃO DAS PENAS

Penas privativas de liberdade


Art. 53. As penas privativas de liberdade têm seus limites estabelecidos na
sanção correspondente a cada tipo legal de crime. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Penas restritivas de direitos
Art. 54. As penas restritivas de direitos são aplicáveis, independentemente de
cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade, fixada
em quantidade inferior a 1 (um) ano, ou nos crimes culposos. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do

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artigo 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 46. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Art. 56. As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do artigo 47 deste
Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão,
atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que
lhes são inerentes. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 57. A pena de interdição, prevista no inciso III do artigo 47 deste Código,
aplica-se aos crimes culposos de trânsito. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Pena de multa
Art. 58. A multa prevista em cada tipo legal de crime, tem os limites fixados no
artigo 49 e seus parágrafos deste Código.
Parágrafo único. A multa prevista no parágrafo único do artigo 44 e no § 2º do
artigo 60 deste Código aplica-se independentemente de cominação na parte
especial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO III
DA APLICAÇÃO DA PENA

Fixação da pena
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do
crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário o suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Critérios especiais da pena de multa
Art. 60. Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à
situação econômica do réu.
§ 1º. A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Multa substitutiva
§ 2º. A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode
ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do artigo
44 deste Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Circunstâncias agravantes
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:
I - a reincidência;

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II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; (Redação dada à alínea pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum; (Redação dada à alínea pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; (Redação dada à alínea
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
h) contra criança, velho ou enfermo ou mulher grávida; (Redação dada à alínea
pela Lei nº 9.318, de 05.12.1996)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública,
ou de desgraça particular do ofendido; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
l) em estado de embriaguez preordenada. (Redação dada à alínea pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Reincidência
Art. 63. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
condenado por crime anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Art. 64. Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou


extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a
5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento

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condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Circunstâncias atenuantes
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70


(setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada
por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 66. A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do
limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e
da reincidência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Cálculo da pena
Art. 68. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do artigo 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único. No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas
na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição,
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Concurso material
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º. Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o artigo 44 deste Código.

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§ 2º. Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá
simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Concurso formal
Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou,
se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
artigo 69 deste Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Crime continuado
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhanças, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois
terços.
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,
os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas,
ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do artigo 70 e do artigo 75 deste Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Multas no concurso de crimes
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e
integralmente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Erro na execução
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa,
responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao
disposto no § 3º do artigo 20 deste Código. No caso de ser também atingida a
pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do artigo 70 deste
Código. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Resultado diverso do pretendido
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do artigo 70 deste Código. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Limite das penas

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Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 30 (trinta) anos.
§ 1º. Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma
seja superior a 30 (trinta) anos, devem ser unificadas para atender ao limite
máximo deste artigo.
§ 2º. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena,
far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já
cumprido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Concurso de infrações
Art. 76. No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais
grave. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO IV
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Requisitos da suspensão da pena


Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - não seja indicada ou cabível a substituição prevista no artigo 44 deste Código.
§ 1º. A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício.
§ 2º. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior
de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998, DOU 26.11.1998)
Art. 78. Durante o prazo da suspensão, o condenado ficará sujeito à observação
e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz. (Redação dada ao caput
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
§ 1º. No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (artigo 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (artigo 48).
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
§ 2º. Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo,
e se as circunstâncias do artigo 59 deste Código lhe forem inteiramente
favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas
seguintes condições:, aplicadas cumulativamente: (Redação dada ao caput do
parágrafo pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
a) proibição de freqüentar determinados lugares; (Redação dada à alínea pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
(Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
c) comparecimento pessoal e obrigatório ao juízo, mensalmente, para informar e
justificar suas atividades. (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de

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Art. 79. A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 80. A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à
multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 81. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;


II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano;
III - descumpre a condição do § 1º do artigo 78 deste Código.
Revogação facultativa
§ 1º. A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou
por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Prorrogação do período de prova
§ 2º. Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
§ 3º. Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Cumprimento das condições
Art. 82. Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta
a pena privativa de liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
CAPÍTULO V
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Requisitos do livramento condicional


Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena
privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em
crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado
pela infração; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)

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V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e
terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
(Inciso acrescentado pela Lei nº 8.072, de 25.07.1990)
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à
constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará
a delinqüir. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Soma de penas
Art. 84. As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para
efeito do livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Especificação das condições
Art. 85. A sentença especificará as condições a que fica subordinado o
livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Revogação do livramento
Art. 86. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena
privativa de liberdade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no artigo 84 deste Código. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Revogação facultativa
Art. 87. O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente
condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de
liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Efeitos da revogação
Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Extinção
Art. 89. O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em
julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime cometido na
vigência do livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 90. Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a
pena privativa de liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
CAPÍTULO VI
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Efeitos genéricos e específicos


Art. 91. São efeitos da condenação:

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I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisa cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 92. São também efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
I - a perda de cargo, função pública ou mandado eletivo: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um
ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a
Administração Pública; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro
anos nos demais casos. (Redação dada à alínea pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes
dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou
curatelado; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática
de crime doloso. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Parágrafo único. Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos,
devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
CAPÍTULO VII
DA REABILITAÇÃO

Reabilitação
Art. 93. A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,
assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e
condenação.
Parágrafo único. A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da
condenação, previstos no artigo 92 desse Código, vedada reintegração na
situação anterior, nos casos dos incisos I e II do mesmo artigo. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 94. A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em
que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-
se o período de prova da suspensão e o do livramento condicional, se não
sobrevier revogação, desde que o condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e consoante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta

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impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove
a renúncia da vítima ou novação da dívida.
Parágrafo único. Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo,
desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos
requisitos necessários. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 95. A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a
pena que não seja de multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)

TÍTULO VI
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Espécies de medidas de segurança
Art. 96. As medidas de segurança são:
I - internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em
outro estabelecimento adequado;
II - sujeição a tratamento ambulatorial.
Parágrafo único. Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem
subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Imposição da medida de segurança para inimputável
Art. 97. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (artigo
26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o
juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Prazo
§ 1º. A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado,
perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
Perícia médica
§ 2º. A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá
ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da
execução.
Desinternação ou liberação condicional
§ 3º. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser
restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano,
pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
§ 4º. Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a
internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável
Art. 98. Na hipótese do parágrafo único do artigo 26 deste Código e
necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo
prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e

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respectivos §§ 1º a 4º. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Direitos do internado
Art. 99. O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características
hospitalares e será submetido a tratamento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)

TÍTULO VII
DA AÇÃO PENAL
Ação pública e de iniciativa privada
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara
privativa do ofendido.
§ 1º. A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a
lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º. A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de
quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º. A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se
o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal.
§ 4º. No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
A ação penal no crime complexo
Art. 101. Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal
fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação
àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa
do Ministério Público. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Irretratabilidade da representação
Art. 102. A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Decadência do direito de queixa ou de representação
Art. 103. Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de
queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º
do artigo 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento
da denúncia. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa
Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa
ou tacitamente.
Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato
incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber
o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)

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Perdão do ofendido
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:

I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;


II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
III - se o querelado o recusa, não produz efeito;
§ 1º. Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade
de prosseguir na ação.
§ 2º. Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença
condenatória. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
TÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Extinção da punibilidade
Art. 107. Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação
privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes,
definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código;
VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso
anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a
ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no
prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração;
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 108. A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos
outros, a agravação da pena resultante da conexão. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Prescrição antes de transitar em julgado a sentença
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o
disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 110 deste Código, regula-se pelo máximo da
pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é superior a 12 (doze);
II - em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é superior a 8 (oito) anos e

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não excede a 12 (doze);
III - em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é superior a 4 (quatro) anos e não
excede a 8 (oito);
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é superior a 2 (dois) anos e não
excede a 4 (quatro);
V - em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a 1 (um) ano ou, sendo
superior, não excede a 2 (dois);
VI - em 2 (dois) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Prescrição das penas restritivas de direito
Parágrafo único. Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos
previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
Prescrição depois de transitar em julgado sentença final condenatória
Art. 110. A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória
regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os
quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
§ 1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado
para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena
aplicada.
§ 2º. A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial
data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Termo inicial da prescrição antes de transitar em julgado a sentença final
Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a
correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível
Art. 112. No caso do artigo 110 deste Código, a prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação,
ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da
interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento
condicional
Art. 113. No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento
condicional, a prisão é regulada pelo tempo que resta da pena. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Prescrição da multa

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Art. 114. A prescrição da pena de multa ocorrerá:
I - em dois anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade,
quando a multa for alternativa ou cumulativamente aplicada. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
Redução dos prazos de prescrição
Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso
era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
maior de 70 (setenta) anos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de
11.07.1984)
Causas impeditivas da prescrição
Art. 116. Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o


reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a
prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro
motivo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Causas interruptivas da prescrição
Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.07.1984)
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada ao inciso pela Lei
nº 7.209, de 11.07.1984)
II - pela pronúncia; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
IV - pela sentença condenatória recorrível; (Redação dada ao inciso pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
VI - pela reincidência. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.268, de 01.04.1996)
§ 1º. Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a
interrupção relativa a qualquer deles. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
7.209, de 11.07.1984)
§ 2º. Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o
prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 118. As penas mais leves prescrevem com as mais graves. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)
Art. 119. No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá
sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº

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7.209, de 11.07.1984)
Perdão judicial
Art. 120. A sentença que concede perdão judicial não será considerada para
efeitos de reincidência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.209, de 11.07.1984)

PARTE ESPECIAL

TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos.
Caso de diminuição de pena
§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
§ 2º. Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Homicídio culposo
§ 3º. Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aumento de pena
§ 4º. No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta
de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências
do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14
(catorze) anos. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
§ 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se
as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº

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6.416, de 24.05.1977)
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que
o faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou
reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão
corporal de natureza grave.
Parágrafo único. A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
Infanticídio
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior
de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Forma qualificada
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas,
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS

Lesão corporal

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Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º. Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º. Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Diminuição de pena
§ 4º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5º. O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6º. Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Aumento de pena
§ 7º. Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do artigo
121, § 4º. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
§ 8º. Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do artigo 121. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.069, de 13.07.1990)
CAPÍTULO III
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Perigo de contágio venéreo


Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso,
a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
contaminado:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

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§ 1º. Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2º. Somente se procede mediante representação.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Perigo para a vida ou saúde de outrem
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime
mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo
com as normas legais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998,
DOU 30.12.1998)
Abandono de incapaz
Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 1º. Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º. Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Aumento de pena
§ 3º. As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da
vítima.
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria;

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.


§ 1º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º. Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Omissão de socorro
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

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Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Maus-tratos
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2º. Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 3º. Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (catorze) anos. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.069, de
13.07.1990)
CAPÍTULO IV
DA RIXA

Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se,
pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia
Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
§ 2º. É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º. Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do artigo 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou
pelo meio empregado, se considerem aviltantes;
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
§ 3º. Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião ou origem:
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.459, de 13.05.1997)
Disposições comuns
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, de difamação ou da injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
Art. 142. Não constitui injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por
procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos nºs. I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou
injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.

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Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante a
queixa, salvo quando, no caso do artigo 140, § 2º, da violência resulta lesão
corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso
do nº I do artigo 141, e mediante representação do ofendido, no caso do nº II do
mesmo artigo.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
Constrangimento ilegal
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois
de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º. As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a
execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º. Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.
§ 3º. Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
responsável legal, se justificada por iminente perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Ameaça
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.

CRIMES DE COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL


Artigos Crimes Penas T OBS. Compet. Juizado

129, caput lesão corporal leve 03 meses a 01 ano D LN: Repres.

129, § 6º lesão corporal culposa 02 meses a 01 ano D LN: Repres.

130, caput perigo de contágio


venéreo 03 meses a 01 ano D Públ. Cond.

132 perigo para a vida ou a


saúde outrem 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

135, caput omissão de socorro 01 a 06 meses D Públ. Incond.

135, § único omissão de socorro -


qualificado pelo resultado 45 dias a 09 meses D Públ. Incond.
(pena caput + meta de)

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136, caput maus-tratos 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.

137, caput rixa 15 dias a 02 meses D Públ. Incond.

139 difamação 03 meses a 01 ano D Privada

140 injúria 01 a 06 meses D Privada

140, § 2º injúria qualificada 03 meses a 01 ano D P. Cond.

146, caput constrangimento ilegal 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

147 ameaça 01 a 06 meses D Públ. Incond.

150, caput violação de domicílio 01 a 03 meses D Públ. Incond.

151, caput violação de correspondência 01 a 06 meses D Públ. Cond.

151, § 1º, I sonegação ou destruição de


correspondência 01 a 06 meses D Públ. Cond.

151, § 1º, II violação de comunicação


telegráfica, radioelétrica
ou telefônica 01 a 06 meses D Públ. Cond.

151, § 1º, III impedimento de comunicação


através de meios acima 01 a 06 meses D Públ. Cond.

153 divulgação de segredo 01 a 06 meses D Públ. Cond.

154 violação de segredo


profissional 03 meses a 01 ano D Públ. Cond.

161, caput usurpação - alteração de


limites 01 a 06 meses D Privada ou
Públ. Incond.

161, § 1º, I usurpação de águas 01 a 06 meses D Privada ou


Públ. Incond.

161, § 1º, II esbulho possessório 01 a 06 meses D Privada ou


Públ. Incond.

163, caput dano 01 a 06 meses D Privada

164 introdução ou abandono


de animais em propriedade
alheia 15 dias a 06 meses D Públ. Incond.

166 alteração de local


especialmente protegido 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

169, caput apropriação de coisa havida


por erro, caso fortuito ou
força da natureza 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

169, § único, I apropriação de tesouro 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

169, § único, II apropriação de coisa achada 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

176, caput fraude em refeição,


alojamento e transporte 15 dias a 02 meses D Públ. Cond.

180, § 1º receptação culposa 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

197, I e II atentado contra a liberdade


de trabalho 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

198 atentado contra a liberdade

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de contrato de trabalho e
boicotagem violenta 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

199 atentado contra a liberdade


de associação 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

200, caput paralisação de trabalho,


seguida de violência ou
perturbação da ordem. 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

201 paralisação de trabalho


de interesse coletivo 06 meses a 02 anos D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

203 frustração de direito


assegurado por lei trabalhista 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

204 frustração de lei sobre a


naconulidade do trabalho 01 mês a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

205 exercício de atividade com


infração de decisão
administrativa 03 meses a 02 anos D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

207 aliciamento de trabalhadores


de um local para outro do
território nacional 02 meses a 01 ano D COMPET. JUSTIÇA
(Em tese) FEDERAL

208, caput ultraje a culto e impedimento


ou perturbação de ato a
ele relativo 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

209, caput impedimento ou perturbação


de cerimônia funerária 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

233 ato obsceno 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

237 conhecimento prévio de


impedimento matrimonial 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

240, caput adultério 15 dias a 06 meses D Privada

246 abandono intelectual de filho 15 dias a 01 mês D Públ. Incond.

247 abandono moral de menor 01 a 03 meses D Públ. Incond.

248 induzimento à fuga, entrega


arbitrária ou sonegação de
incapazes 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

251, § 3º explosão culposa 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

252, § único uso culposo de gás tóxico


ou asfixiante 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

259, § único difusão culposa de doença


ou praga 01 a 06 meses D Públ. Incond.

262, § 2º atentado culposo contra a


segurança de outro meio
de transporte 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

264, caput arremesso de projétil 01 a 06 meses D Públ. Incond.

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268, caput infração de medida sanitária
preventiva 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

271, § único corrupção ou poluição


culposa de água potável 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.

272, § 2º corrupção, adulteração ou


falsificação culposa de
substância alimentícia ou
medicinal 06 meses a 01 ano D Públ. Incond.

273, § 2º alteração culposa de


substância alimentícia ou
medicinal 02 a 06 meses D Públ. Incond.

274 emprego de processo


proibido ou de substância
não permitida 01 a 03 meses D Públ. Incond.

275 invólucro ou recipiente com


falsa indicação 01 a 03 meses D Públ. Incond.

276 produto ou substância nas


condições dos dois artigos
anteriores 01 a 03 meses D Públ. Incond.

277 substância destinada à


falsif icação 06 meses a 01 ano D Públ. Incond.

278, § único outras substâncias nocivas à


saúde pública - modalidade
culposa 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.

280, § único medicamentos em desacordo


com receita médica -
modalidade culposa 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.

283 charlatanismo 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

286 incitação ao crime 03 a 06 meses D Públ. Incond.

287 apologia do crime ou


criminoso 03 a 06 meses D Públ. Incond.

289, § 2º moeda falsa 06 meses a 02 anos D COMPET. JUSTIÇA


FEDERAL

292, caput emissão de título ao


portador sem permissão legal 01 a 06 meses D COMPET. JUSTIÇA
FEDERAL

292, § único recebimento ou utilização,


como dinheiro, título ao
portador emitido na
forma acima 15 dias a 03 meses D COMPET. JUSTIÇA
FEDERAL

293, § 4º uso ou restituição à


circulação de papéis públicos
falsificados - forma
privilegiada 06 meses a 02 anos D COMPET. JUSTIÇA
FEDERAL

301 certidão e atestado


ideologicamente falso 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.

302 falsidade de atestado médico 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

307 falsa identidade 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

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312, § 2º peculato culposo 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

315 emprego irregular de


verbas ou rendas públicas 01 a 03 meses D Públ. Incond.

317, § 2º corrupção passiva privilegiada 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

319 prevaricação 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

320 condescendência criminosa 15 dias a 01 mês D Públ. Incond.

321 advocacia administrativa 01 a 03 meses D Públ. Incond.

321, § único advocacia administrativa


qualificada 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

323 abandono de função 15 dias a 01 mês D Públ. Incond.

324 exercício funcional


ilegalmente antecipado
ou prolongado 15 dias a 01 mês D Públ. Incond.

326 violação de sigilo de


propostas de concorrência 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

330 desobediência 15 dias a 06 meses D Públ. Incond.

336 inutilização de edital ou


de sinal 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

340 comunicação falsa de crime


ou contravenç ão 01 a 06 meses D Públ. Incond.

345 exercício arbitrário das


próprias razões 15 dias a 01 mês D Privada ou
Públ. Cond.

348 favorecimento pessoal 01 a 06 meses D Públ. Incond.

348, § 1º favorecimento pessoal


privilegiado 15 dias a 03 meses D Públ. Incond.

349 favorecimento real 01 a 06 meses D Públ. Incond.

350 exercício arbitrário ou


abuso de poder 01 mês a 01 ano D Públ. Incond.

351, § 4º fuga de pessoa presa ou


submetida à medida de
segurança - modalidade 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

352 evasão mediante violência


contra a pessoa 03 meses a 01 ano D Públ. Incond.

358 violência ou fraude em


arrecadação judicial 02 meses a 01 ano D Públ. Incond.

Seqüestro e cárcere privado


Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere
privado:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1º. A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do agente;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou

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hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
§ 2º. Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.


SEÇÃO II
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
Violação de domicílio
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestinamente ou astuciosamente, ou contra
a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
§ 1º. Se o crime é cometido durante a noite ou em lugar ermo, ou com o emprego
de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente
à violência.
§ 2º. Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário
público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades
estabelecidas em lei, ou como abuso do poder.
§ 3º. Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas
dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão
ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali
praticado ou na iminência de o ser.
§ 4º. A expressão "casa'' compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.
§ 5º. Não se compreendem na expressão "casa'':
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta,
salvo a restrição do nº II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Violação de correspondência
Art. 151. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada,
dirigida a outrem:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.

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Sonegação ou destruição de correspondência
§ 1º. Na mesma pena incorre:
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não
fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou destrói;
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente
comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
telefônica entre outras pessoas;
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior;
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de
disposição legal.
§ 2º. As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
§ 3º. Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal,
telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 4º. Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e
do § 3º.
Correspondência comercial
Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento
comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS
Divulgação de segredo
Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular
ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim
definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados
da Administração Pública: (AC)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (AC) (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 1º. Somente se procede mediante representação. (Antigo parágrafo único
renumerado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será
incondicionada. (AC) (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000,
DOU 17.07.2000)
Violação do segredo profissional
Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir
dano a outrem:

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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO

Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso
noturno.
§ 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.
§ 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
Furto qualificado
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é
cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 5º. A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
Furto de coisa comum
Art. 156. Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a
quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1º. Somente se procede mediante representação.
§ 2º. Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede
a quota a que tem direito o agente.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

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§ 1º. Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunibilidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º. A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para
outro Estado ou para o exterior; (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.426, de
24.12.1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.(Inciso
acrescentado pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a
quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,
sem prejuízo da multa. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.426, de
24.12.1996)
Extorsão
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com o emprego de
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º. Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do
artigo anterior.
Extorsão mediante seqüestro
Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º. Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é
menor de 18 (dezoito) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha:
Pena - de 12 (doze) a 20 (vinte) anos.
§ 2º. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos.
§ 3º. Se resulta de morte:
Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos.
§ 4º. Se o crime é cometido em concurso, oconcorrente, que o denunciar à
autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um
a dois terços. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.269, de 02.04.1996)
Extorsão indireta
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima
ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

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CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO

Alteração de limites
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II - invade, com violência à pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de
mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
possessório.
§ 2º. Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º. Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se
procede mediante queixa.
Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca
ou sinal indicativo de propriedade:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
CAPÍTULO IV
DO DANO

Dano
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.


Dano qualificado
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave;
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de
serviços públicos ou sociedade de economia mista; (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 5.346, de 03.11.1967)
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Art. 164. Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento
de quem de direito, desde que do fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, ou multa.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico

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Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Alteração de local especialmente protegido
Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local
especialmente protegido por lei:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Ação penal
Art. 167. Nos casos do artigo 163, do nº IV do seu parágrafo e do artigo 164,
somente se procede mediante queixa.
CAPÍTULO V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriação indébita
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


Aumento de pena
§ 1º. A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro
ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Apropriação indébita previdenciária (AC)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas
dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (AC)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (AC)
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a
segurados, a terceiros ou arrecadada do público; (AC)
II - recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de
serviços; (AC)
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (AC)
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e
efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal. (AC)
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se
o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (AC)
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (AC)

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II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (AC) (Artigo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza
Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da
quota a que tem direito o proprietário do prédio;
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à
autoridade competente, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 170. Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no artigo 155,
§ 2º.
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode
aplicar a pena conforme o disposto no artigo 155, § 2º.
§ 2º. Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia
como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a
alguém;
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo

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ou a saúde, ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de
haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
§ 3º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social
ou beneficência.
Duplicata simulada
Art. 172. Emitir fatura, duplicada ou nota de venda que não corresponda à
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada ao caput
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar
a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 5.474, de 18.07.1968)
Abuso de incapazes
Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem,
induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em
prejuízo próprio ou de terceiro.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Induzimento à especulação
Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da
simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber
que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Fraude no comércio
Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou
consumidor:
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
§ 1º. Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou
substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de outra
qualidade:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º. É aplicável o disposto no artigo 155, § 2º.
Outras fraudes
Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de
meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:

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Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação, e o juiz pode,
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações
Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto
ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a
constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime
contra a economia popular.
§ 1º. Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia
popular:
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto,
relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz
afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa
cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito
próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
assembléia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações
por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor
ou em caução ações da própria sociedade;
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou
mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com
acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;
VIII - o liquidante, nos casos dos nºs. I, II, III, IV, V e VII;
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar
no País, que pratica os atos mencionados nos nºs. I e II, ou dá falsa informação ao
Governo.
§ 2º. Incorre na pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, o
acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas
deliberações de assembléia geral.
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com
disposição legal:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Fraude à execução
Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando
bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa.
CAPÍTULO VII

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DA RECEPTAÇÃO

Receptação
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Receptação qualificada
§ 1º. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar,
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa
que deve saber ser produto de crime:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º. Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
§ 3º. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
meio criminoso:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
§ 4º. A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor
do crime de que proveio a coisa.
§ 5º. Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa
aplica-se o disposto no § 2º do artigo 155.
§ 6º. Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado,
Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de
economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja
civil ou natural.
Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste
título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - do tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de

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grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
TÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL

Violação de direito autoral


Art. 184. Violar direito autoral:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Redação dada pela
Lei nº 6.895, de 17.12.1980)
§ 1º. Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, com intuito de
lucro, de obra intelectual, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor
ou de quem o represente, ou consistir na reprodução de fonograma ou
videofonograma, sem a autorização do produtor ou de quem o represente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de Cr$ 10.000,00 (dez mil
cruzeiros) a Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros). (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 8.635, de 16.03.1993)
§ 2º. Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda,
aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com
intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, fonograma ou
videofonograma, produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.635, de 16.03.1993)
§ 3º. Em caso de condenação, ao prolatar a sentença, o juiz determinará a
destruição da produção ou reprodução criminosa. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 8.635, de 16.03.1993)
Usurpação de nome ou pseudônimo alheio
Art. 185. Atribuir falsamente a alguém, mediante o uso de nome, pseudônimo ou
sinal por ele adotado para designar seus trabalhos, a autoria de obra literária,
científica ou artística:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 186. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante
queixa, salvo quando praticados em prejuízo de entidade de direito público,
autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída
pelo poder público, e nos casos previstos nos §§ 1º e 2º do artigo 184 desta Lei.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.895, de 17.12.1980)
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PRIVILÉGIO DE INVENÇÃO

Violação de privilégio de invenção


Art. 187. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Falsa atribuição de privilégio

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Art. 188. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Usurpação ou indevida exploração de modelo ou desenho privilegiado
Art. 189. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Falsa declaração de depósito em modelo ou desenho
Art. 190. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Art. 191. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA AS MARCAS DE INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Violação do direito de marca


Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Uso indevido de armas, brasões e distintivos públicos
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Marca com falsa indicação de procedência
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
Art. 195. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES DE CONCORRÊNCIA DESLEAL

Concorrência desleal
Art. 196. (Revogado pela Lei nº 9.279, de 14.05.1996)

TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Atentado contra a liberdade de trabalho
Art. 197. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou
não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência;
II - abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede
ou paralisação de atividade econômica:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta
Art. 198. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar
contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:

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Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Atentado contra a liberdade de associação
Art. 199. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar
ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Paralisação do trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem
Art. 200. Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando
violência contra pessoa ou contra coisa:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é
indispensável o concurso de, pelo menos, três empregados.
Paralisação de trabalho de interesse coletivo
Art. 201. Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando
a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem
Art. 202. Invadir ou ocupar estabelecimento industrial ou agrícola, com o intuito
de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim
danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Frustração de direito assegurado por lei trabalhista
Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela
legislação do trabalho:
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à
violência. (NR) (Pena estabelecida pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU
30.12.1998)
§ 1º. Na mesma pena incorre quem:
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento,
para impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante
coação ou por meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU 30.12.1998)
§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de
dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou
mental. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU
30.12.1998)
Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho
Art. 204. Frustrar mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à
nacionalização do trabalho:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa, além da pena

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correspondente à violência.
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa
Art. 205. Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Aliciamento para o fim de emigração
Art. 206. Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para
território estrangeiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 8.683, de 15.07.1993)
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional
Art. 207. Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra
localidade do território nacional:
Pena - detenção de um a três anos, e multa. (NR) (Pena estabelecida pela Lei nº
9.777, de 29.12.1998, DOU 30.12.1998)
§ 1º. Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de
execução do trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança
de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu
retorno ao local de origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de
29.12.1998, DOU 30.12.1998)
§ 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de
dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou
mental. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998, DOU
30.12.1998)
TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO
AOS MORTOS
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO

Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo


Art. 208. Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função
religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar
publicamente ato ou objeto de culto religioso:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço,
sem prejuízo da correspondente à violência.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS

Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária


Art. 209. Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária:

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Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço,
sem prejuízo da correspondente à violência.
Violação de sepultura
Art. 210. Violar ou profanar sepultura ou urna funerária:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.


Destruição, subtração ou ocultação de cadáver
Art. 211. Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Vilipêndio a cadáver
Art. 212. Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

Estupro
Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave
ameaça:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº 8.072,
de 25.07.1990)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.281, de 04.06.1996)
Atentado violento ao pudor
Art. 214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar
ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº 8.072,
de 25.07.1990)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei 9.281, de 04.06.1996)
Posse sexual mediante fraude
Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.


Parágrafo único. Se o crime é praticado contra mulher virgem, menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Atentado ao pudor mediante fraude
Art. 216. Induzir mulher honesta, mediante fraude, a praticar ou permitir que com
ela se pratique ato libidinoso da conjunção carnal:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze)

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anos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
CAPÍTULO II
DA SEDUÇÃO E DA CORRUPÇÃO DE MENORES

Sedução
Art. 217. Seduzir mulher virgem, menor de 18 (dezoito) anos e maior de 14
(catorze), e ter com ela conjunção carnal, aproveitando-se de sua inexperiência ou
justificável confiança:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Corrupção de menores
Art. 218. Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e
menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a
a praticá-lo ou presenciá-lo:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
CAPÍTULO III
DO RAPTO

Rapto violento ou mediante fraude


Art. 219. Raptar mulher honesta, mediante violência, grave ameaça ou fraude,
para fim libidinoso:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Rapto consensual
Art. 220. Se a raptada é maior de 14 (catorze) anos e menor de 21 (vinte e um),
e o rapto se dá com seu consentimento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Diminuição de pena
Art. 221. É diminuída de um terço a pena, se o rapto é para fim de casamento, e
de metade, se o agente, sem ter praticado com a vítima qualquer ato libidinoso, a
restitui à liberdade ou a coloca em lugar seguro, à disposição da família.
Concurso de rapto e outro crime
Art. 222. Se o agente, ao efetuar o rapto, ou em seguida a este, pratica outro
crime contra a raptada, aplicam-se cumulativamente a pena correspondente ao
rapto e a cominada ao outro crime.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS

Formas qualificadas
Art. 223. Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº
8.072, de 25.07.1990)

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Parágrafo único: Se do fato resulta a morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 25 (vinte e cinco) anos. (Pena estabelecida pela
Lei nº 8.072, de 25.07.1990)
Presunção de violência
Art. 224. Presume-se a violência, se a vítima:

a) não é maior de 14 (catorze) anos;


b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância;
c) não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.
Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede
mediante queixa.
§ 1º. Procede-se, entretanto, mediante ação pública:
I - se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do processo, sem
privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família
II - se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de
padrasto, tutor ou curador.
§ 2º. No caso do nº I do parágrafo anterior, a ação do Ministério Público depende
de representação.
Aumento de pena
Art. 226. A pena é aumentada de quarta parte:

I - se o crime é cometido com o concurso de duas ou mais pessoas;


II - se o agente é ascendente, pai adotivo, padrasto, irmão, tutor ou curador,
preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade
sobre ela;
III - se o agente é casado.
CAPÍTULO V
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE MULHERES

Mediação para servir a lascívia de outrem


Art. 227. Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 1º. Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o
agente é seu ascendente, descendente, marido, irmão, tutor ou curador ou pessoa
a que esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
§ 2º. Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Favorecimento da prostituição
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição, facilitá-la ou impedir que alguém
a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

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§ 1º. Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo anterior:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 2º. Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, além da pena correspondente à
violência.
§ 3º. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar
destinado para fim libidinoso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do
proprietário ou gerente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Rufianismo
Art. 230. Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus
lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º. Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo 227:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, além da multa.
§ 2º. Se há emprego de violência ou grave ameaça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, além da multa e sem prejuízo da pena
correspondente à violência.
Tráfico de mulheres
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de mulher que
nele venha exercer a prostituição, ou a saída de mulher que vá exercê-la no
estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 1º. Se ocorre qualquer das hipóteses do § 1º do artigo 227:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 2º. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de
reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, além da pena correspondente à violência.
§ 3º. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Art. 232. Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos
artigos 223 e 224.
CAPÍTULO IV
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

Ato obsceno
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Escrito ou objeto obsceno
Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de
comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura,
estampa ou qualquer objeto obsceno:

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Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos
neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou
exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que
tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou
recitação de caráter obsceno.
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO

Bigamia
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 1º. Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada,
conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de 1 (um) a
3 (três) anos.
§ 2º. Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo
que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou
ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não
pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por
motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Conhecimento prévio de impedimento
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe
cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Simulação de autoridade para celebração de casamento
Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Simulação de casamento
Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, se o fato não constitui elemento de
crime mais grave.
Adultério

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Art. 240. Cometer adultério:
Pena - detenção de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.
§ 1º. Incorre na mesma pena o co-réu.
§ 2º. A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro
de 1 (um) mês após o conhecimento do fato.
§ 3º. A ação penal não pode ser intentada:
I - pelo cônjuge desquitado;
II - pelo cônjuge que consentiu no adultério ou o perdoou, expressa ou
tacitamente.
§ 4º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - se havia cessado a vida em comum dos cônjuges;
II - se o querelante havia praticado qualquer dos atos previstos no artigo 317 do
Código Civil.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO

Registro de nascimento inexistente


Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.


Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de
recém-nascido
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu filho de outrem;
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao
estado civil:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, podendo "o juiz deixar de aplicar a
pena''. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.898, de 30.03.1981)
Sonegação de estado de filiação
Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho
próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de
prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR

Abandono material
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover à subsistência do cônjuge, ou de
filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente
inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os recursos necessários ou
faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente,
gravemente enfermo:

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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, de uma a dez vezes o
maior salário mínimo vigente no País.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou
ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou
função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.478, de 25.07.1968)
Entrega de filho menor à pessoa inidônea
Art. 245. Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos à pessoa em cuja companhia
saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Redação dada ao caput pela Lei nº
7.251, de 19.11.1984)
§ 1º. A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito
para obter lucro, ou se o menor é enviado pra o exterior. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 7.251, de 19.11.1984)
§ 2º. Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o
perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor
para o exterior, com o fito de obter lucro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
7.251, de 19.11.1984)
Abandono intelectual
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em
idade escolar:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Art. 247. Permitir alguém que menor de 18 (dezoito) anos, sujeito a seu poder ou
confiado à sua guarda ou vigilância:
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de
má vida;
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou
participe de representação de igual natureza;
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;
IV - mendigue ou sirva de mendigo para excitar a comiseração pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
CAPÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA

Induzimento à fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes


Art. 248. Induzir menor de 18 (dezoito) anos, ou interdito, a fugir do lugar em que
se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei
ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador
algum menor de 18 (dezoito) anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de
entregá-lo a quem legitimamente o reclame:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Subtração de incapazes
Art. 249. Subtrair menor de 18 (dezoito) anos ou interdito ao poder de quem o
tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:

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Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, se o fato não constitui
elemento de outro crime.
§ 1º. O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o
exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela,
curatela ou guarda.
§ 2º. No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-
tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
TÍTULO VIII
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM

Incêndio
Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Aumento de pena
§ 1º. As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito
próprio ou alheio;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada à habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso próprio ou a obra de assistência social
ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Incêndio culposo
§ 2º. Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos.
Explosão
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou
de substância de efeitos análogos:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º. Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:
Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Aumento de pena
§ 2º. As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses
previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
Modalidade culposa

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§ 3º. No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos
análogos, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais
casos, é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Uso de gás tóxico ou asfixiante
Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,
usando de gás tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás
tóxico, ou asfixiante
Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da
autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Inundação
Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção,
de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, no caso de culpa.
Perigo de inundação
Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a
perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou
obra destinada a impedir inundação:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Desabamento ou desmoronamento
Art. 256. Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento
Art. 257. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação,
naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir
ou dificultar serviço de tal natureza:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Formas qualificadas de crime de perigo comum
Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza
grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena

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aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio
culposo, aumentada de um terço.
Difusão de doença ou praga
Art. 259. Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação
ou animais de utilidade econômica:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 6 (seis)
meses, ou multa.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS

Perigo de desastre ferroviário


Art. 260. Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea,
material rodante ou de tração, obra-de-arte ou instalação;
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo
ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia;
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Desastre ferroviário
§ 1º. Se do fato resulta desastre:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 2º. No caso de culpa, ocorrendo desastre:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 3º. Para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de
comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por
meio de cabo aéreo.
Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Art. 261. Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar
qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
§ 1º. Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a
queda ou destruição de aeronave:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Prática do crime com o fim de lucro
§ 2º. Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito
de obter vantagem econômica, para si ou para outrem.
Modalidade culposa
§ 3º. No caso de culpa, se ocorre o sinistro:

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Atentado contra a segurança de outro meio de transporte
Art. 262. Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou
dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
§ 1º. Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
anos.
§ 2º. No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Forma qualificada
Art. 263. Se de qualquer dos crimes previstos nos artigos 260 a 262, no caso de
desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no artigo
258.
Arremesso de projétil
Art. 264. Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao
transporte público por terra, por água ou pelo ar:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses.
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de 6
(seis) meses a 2 (dois) anos; se resulta morte, a pena é a do artigo 121, § 3º,
aumentada de um terço.
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública
Art. 265. Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz,
força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de um terço até a metade, se o dano
ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos
serviços. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 5.346, de 03.11.1967)
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico ou telefônico
Art. 266. Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou
telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Aplicam-se as penas em dobro, se o crime é cometido por
ocasião de calamidade pública.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

Epidemia
Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. (Pena estabelecida pela Lei nº


8.072, de 25.07.1990)
§ 1º. Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
§ 2º. No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, ou, se

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resulta morte, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Infração de medida sanitária preventiva
Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução
ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da
saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou
enfermeiro.
Omissão de notificação de doença
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja
notificação é compulsória:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal
Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância
alimentícia ou medicinal destinada a consumo:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072,
de 25.07.1990)
§ 1º. Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito,
para o fim de ser distribuída, água ou a substância envenenada.
Modalidade culposa
§ 2º. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Corrupção ou poluição de água potável
Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular,
tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou


produtos alimentícios (NR)
Art. 272. Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produtos
alimentícios destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o
valor nutritivo: (NR)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (NR)
§ 1º-A. Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda,
importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega
a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou
adulterado.
§ 1º. Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo
em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. (NR)
Modalidade culposa

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§ 2º. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (NR) (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.677, de 02.07.1998)

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a


fins terapêuticos ou medicinais (NR)
Art. 273. Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais: (NR)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (NR)
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem
depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o
produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.(NR)
§ 1º-A. Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos,
as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os
de uso em diagnóstico.
§ 1º-B. Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º
em relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária
competente.
Modalidade culposa
§ 2º. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.(NR) (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
Emprego de processo proibido ou de substância não permitida
Art. 274. Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento,
gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, antisséptica,
conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação
sanitária:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa (NR) (Pena fixada pela Lei nº
9.677, de 02.07.1998)

Invólucro ou recipiente com falsa indicação


Art. 275. Inculcar em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios,
terapêuticos ou medicinais, a existência de substância que não se encontra em
seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada: (NR)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (NR) (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores

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Art. 276. Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer
forma, entregar a consumo produto nas condições dos artigos 274 e 275:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (NR) (Pena estabelecida pela
Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
Substância destinada à falsificação
Art. 277. Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada
à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:(NR)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (NR) (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 9.677, de 02.07.1998)
Outras substâncias nocivas à saúde pública
Art. 278. Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de
qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda
que não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Substância avariada
Art. 279. (Revogado pela Lei nº 8.137,de 27.12.1990)
Medicamento em desacordo com receita médica
Art. 280. Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa.
Modalidade culposa
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 6.368, de 21.10.1976)
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica
Art. 282. Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
Charlatanismo
Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Curandeirismo
Art. 284. Exercer o curandeirismo:

I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;


II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
III - fazendo diagnósticos:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

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Parágrafo único. Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica
também sujeito à multa.
Forma qualificada
Art. 285. Aplica-se o disposto no artigo 258 aos crimes previstos neste Capítulo,
salvo quanto ao definido no artigo 267.

TÍTULO IX
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
Incitação ao crime
Art. 286. Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa.
Apologia de crime ou criminoso
Art. 287. Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime:

Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa.


Quadrilha ou bando
Art. 288. Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para fim
de cometer crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
TÍTULO X
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
CAPÍTULO I
DA MOEDA FALSA

Moeda falsa
Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda
de curso legal no país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou
exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
moeda falsa.
§ 2º. Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou
alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com
detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 3º. É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, o
funcionário público ou diretor, gerente ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º. Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja
circulação não estava ainda autorizada.

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Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula
ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua
inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já
recolhidos para o fim de inutilização:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. O máximo da reclusão é elevado a 12 (doze) anos e o da multa
a Cr$ 40.000 (quarenta mil cruzeiros), se o crime é cometido por funcionário que
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil
ingresso, em razão do cargo.
Petrechos para falsificação de moeda
Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente
destinado à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Emissão de título ao portador sem permissão legal
Art. 292. Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte
indicação do nome da pessoa a quem deve ser pago:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único. Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos
documentos referidos neste artigo incorre na pena de detenção, 15 (quinze) dias a
3 (três) meses, ou multa.
CAPÍTULO II
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS

Falsificação de papéis públicos


Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo postal, estampilha, papel selado ou qualquer papel de emissão legal,
destinado à arrecadação de imposto ou taxa;
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro
estabelecimento mantido por entidade de direito público;
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo à
arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público
seja responsável;
VI - bilhete, posse ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela
União, por Estado ou por Município:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º. Incorre na mesma pena quem usa qualquer dos papéis falsificados a que se
refere este artigo.
§ 2º. Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-

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los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 3º. Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis
a que se refere o parágrafo anterior.
§ 4º. Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois
de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Petrechos de falsificação
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente
destinado à falsificação de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
CAPÍTULO III
DA FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação do selo ou sinal público


Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de
Município;
II - selo ou sinal atribuído por lei à entidade de direito público ou à autoridade, ou
sinal público de tabelião:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º. Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem
ou em proveito próprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou
quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da
Administração Pública. (AC) (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.983, de
14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 2º. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Falsificação de documento público
Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
documento público verdadeiro:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º. Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do
cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º. Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de
entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (AC)

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I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a
fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório; (AC)
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento
que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter sido escrita; (AC)
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as
obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
da que deveria ter constado. (AC) (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.983, de
14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §
3º, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços. (AC) (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Falsificação de documento particular
Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar
documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Falsidade ideológica
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público, e
reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de
registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou
letra que o não seja:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público; e
de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.
Certidão ou atestado ideologicamente falso
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou
circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Falsidade material de atestado ou certidão
§ 1º. Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de
certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter
público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.

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§ 2º. Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa
de liberdade, a de multa.
Falsidade de atestado médico
Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para
coleção, salvo quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na
face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso
do selo ou peça filatélica.
Uso de documento falso
Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
referem os artigos 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Supressão de documento
Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em
prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia
dispor:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa, se o documento é público, e
reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é particular.
CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES

Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na


fiscalização alfandegária, ou para outros fins
Art. 306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo
poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou
usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública
para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados
objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal:
Pena - reclusão ou detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Falsa identidade
Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem,
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave.

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Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de
reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para
que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
Pena - detenção, de 4 (quatro) meses a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave.
Fraude de lei sobre estrangeiros
Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional,
nome que não é o seu:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a
entrada em território nacional:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Parágrafo acrescentado pela Lei
nº 9.426, de 24.12.1996)
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou
valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
propriedade ou a posse de tais bens:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.426, de 24.12.1996)
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador
de veículo automotor, de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º. Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão
dela, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º. Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribuiu para o
licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
indevidamente material ou informação oficial. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.426, de 24.12.1996)
TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Peculato
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1º. Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a
posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a

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qualidade de funcionário.
Peculato culposo
§ 2º. Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.
Peculato mediante erro de outrem
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do
cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações (AC)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (AC) (Artigo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (AC)
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente: (AC)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (AC)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da
modificação ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o
administrado. (AC) (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU
17.07.2000)
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em
razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em
lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Concussão
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função ou antes de assumí-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1º. Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria
saber indevido, ou quando, devido, emprega na cobrança meio vexatório ou

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gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º. Se o funcionário desvia em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Corrupção passiva
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
ainda que fora da função ou antes de assumí-la, mas em razão dela, vantagem
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º. A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou
promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
pratica infringindo dever funcional.
§ 2º. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com
infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou
descaminho (artigo 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Pena estabelecida pela Lei nº
8.137, de 27.12.1990)
Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-
lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Condescendência criminosa
Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Advocacia administrativa
Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.
Violência arbitrária
Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da pena correspondente


à violência.
Abandono de função

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Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
§ 1º. Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 2º. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado
Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências
legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
Violação de sigilo funcional
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não
constitui crime mais grave.
§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: (AC)
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de
informações ou banco de dados da Administração Pública; (AC)
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (AC) (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
(AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (AC) (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar
a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Funcionário público
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função
em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
Pública. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU
17.07.2000)
§ 2º. A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.799, de 23.06.1980)

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CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Usurpação de função pública


Art. 328. Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Resistência
Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º. Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.
Desobediência
Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa.


Desacato
Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.


Tráfico de influência
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário
público no exercício da função:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua
que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 9.127, de 16.11.1995)
Corrupção ativa
Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem
ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
dever funcional.
Contrabando ou descaminho
Art. 334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte,
o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
consumo de mercadoria:

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Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º. Incorre na mesma pena quem:
a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou descaminho;
c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País
ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina
no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira,
desacompanhada de documentação legal, ou acompanhada de documentos que
sabe serem falsos. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.729, de 14.07.1965)
§ 2º. Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer
forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
o exercido em residências. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.729, de
14.07.1965)
§ 3º. A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é
praticado em transporte aéreo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.729, de
14.07.1965)
Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta
pública, promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por
entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar,
em razão da vantagem oferecida.
Inutilização de edital ou de sinal
Art. 336. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado
por ordem de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou por ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar
qualquer objeto:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa.
Subtração ou inutilização de livro ou documento
Art. 337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou
documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular
em serviço público:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
Sonegação de contribuição previdenciária (AC)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas: (AC)

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I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações
previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços; (AC)
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa
as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
tomador de serviços; (AC)
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas
ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
(AC)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (AC)
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as
contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da
ação fiscal. (AC)
§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se
o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (AC)
I - (VETADO)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (AC)
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal
não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. (AC)
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas
datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social.
(AC) (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.07.2000, DOU 17.07.2000)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA

Reingresso de estrangeiro expulso


Art. 338. Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, sem prejuízo de nova expulsão após
o cumprimento da pena.
Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa a instauração de investigação policial ou de processo judicial
contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º. A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou
de nome suposto.
§ 2º. A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de
contravenção.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime
ou de contravenção que sabe não se ter verificado:

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Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Auto-acusação falsa
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por
outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,
perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo, ou em
juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º. Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
em processo penal:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º. As penas aumentam-se de um terço, se o crime é praticado mediante
suborno.
§ 3º. O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença, o agente se retrata ou
declara a verdade.
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a
testemunha, perito, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou
calar a verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpretação, ainda que a
oferta ou promessa não seja aceita:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a
produzir efeito em processo penal, aplica-se a pena em dobro.
Coação no curso do processo
Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse
próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona
ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em
juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Parágrafo único. Se não há emprego de violência, somente se procede mediante
queixa.
Art. 346. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em
poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Fraude processual
Art. 347. Inovar artificialmente, na pendência de processo civil ou administrativo,

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o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o
perito:
Pena - detenção de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal,
ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Favorecimento pessoal
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que
é cominada pena de reclusão.
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis)meses, e multa.
§ 1º. Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa.
§ 2º. Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do
criminoso, fica isento de pena.
Favorecimento real
Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria de receptação, auxílio
destinado a tornar seguro o proveito do crime:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, e multa.
Exercício arbitrário ou abuso de poder
Art. 350. Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as
formalidades legais ou com abuso de poder:
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o funcionário que:
I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado
a execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança;
II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade;
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a
constrangimento não autorizado em lei;
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança
Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida
a medida de segurança detentiva:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º. Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou
mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 2º. Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena
correspondente à violência.
§ 3º. A pena é de reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o crime é praticado
por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado.
§ 4º. No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se
a pena de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a

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medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da pena correspondente à
violência.
Arrebatamento de preso
Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob
custódia ou guarda:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, além da pena correspondente à
violência.
Motim de presos
Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, além da pena correspondente


à violência.
Patrocínio infiel
Art. 355. Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional,
prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único. Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial
que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Art. 356. Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento
ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou
procurador:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Exploração de prestígio
Art. 357. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de
influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou
insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas
referidas neste artigo.
Violência ou fraude em arrematação judicial
Art. 358. Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar
afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito
Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi
suspenso ou privado por decisão judicial:

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Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 360. Ressalvada a legislação especial sobre os crimes contra a existência, a


segurança e a integridade do Estado e contra a guarda e o emprego da economia
popular, os crimes de imprensa e os de falência, os de responsabilidade do
Presidente da República e dos Governadores ou Interventores, e os crimes
militares, revogam-se as disposições em contrário.
Art. 361. Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.

Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940;


119º da Independência e 52º da República.
GETÚLIO VARGAS
Francisco Campos

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Lei de Introdução ao Código de Processo Penal
DECRETO-LEI 3.931, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1941

(DOU 13.12.1941)

Lei de Introdução ao Código de Processo Penal


(Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941).
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta:
Art. 1º. O Código de Processo Penal aplicar-se-á aos processos em curso a 1º
de janeiro de 1942, observado o disposto nos artigos seguintes, sem prejuízo da
validade dos atos realizados sob a vigência da legislação anterior.
Art. 2º. À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem
mais favoráveis.
Art. 3º. O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de
recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do
que o fixado no Código de Processo Penal.
Art. 4º. A falta de argüição em prazo já decorrido, ou dentro no prazo iniciado
antes da vigência do Código Penal e terminado depois de sua entrada em vigor,
sanará a nulidade, se a legislação anterior lhe atribui este efeito.
Art. 5º. Se tiver sido intentada ação pública por crime que, segundo o Código
Penal, só admite ação privada, esta, salvo decadência intercorrente, poderá
prosseguir nos autos daquela, desde que a parte legítima para intentá-la ratifique
os atos realizados e promova o andamento do processo.
Art. 6º. As ações penais, em que já se tenha iniciado a produção de prova
testemunhal, prosseguirão, até a sentença de primeira instância, com o rito
estabelecido na lei anterior.
§ 1º. Nos processos cujo julgamento, segundo a lei anterior, competia ao júri e,
pelo Código de Processo Penal, cabe a juiz singular:
a) concluída a inquirição das testemunhas de acusação, proceder-se-á a
interrogatório do réu, observado o disposto nos artigos 395 e 396, parágrafo único,
do mesmo Código, prosseguindo-se depois de produzida a prova de defesa, de
acordo com o que dispõem os artigos 499 e segs.;
b) se, embora concluída a inquirição das testemunhas de acusação, ainda não
houver sentença de pronúncia ou impronúncia, prosseguir-se-á na forma da letra
anterior;
c) se a sentença de pronúncia houver passado em julgado, ou dela não tiver
ainda sido interposto recurso, prosseguir-se-á na forma da letra a;

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d) se, havendo sentença de impronúncia, esta passar em julgado, só poderá ser
instaurado o processo no caso do artigo 409, parágrafo único, do Código de
Processo Penal;
e) se tiver sido interposto recurso da sentença de pronúncia, aguardar-se-á o
julgamento do mesmo, observando-se, afinal, o disposto na letra b ou na letra d.
§ 2º. Aplicar-se-á o disposto no § 1º aos processos da competência do juiz
singular nos quais exista a pronúncia, segundo a lei anterior.
§ 3º. Subsistem os efeitos da pronúncia, inclusive a prisão.
§ 4º. O julgamento caberá ao júri se, na sentença de pronúncia, houver sido ou
for o crime classificado no § 1º ou § 2º do artigo 295 da Consolidação das Leis
Penais.
Art. 7º. O juiz da pronúncia, ao classificar o crime, consumado ou tentado, não
poderá reconhecer a existência de causa especial de diminuição da pena.
Art. 8º. As perícias iniciadas antes de 1º de janeiro de 1942 prosseguirão de
acordo com a legislação anterior.
Art. 9º. Os processos de contravenções, em qualquer caso, prosseguirão na
forma da legislação anterior.
Art. 10. No julgamento, pelo júri, de crime praticado antes da vigência do Código
Penal, observar-se-á o disposto no artigo 78 do Decreto-Lei nº 167, de 5 de
janeiro de 1938, devendo os quesitos ser formulados de acordo com a
Consolidação das Leis Penais.
§ 1º. Os quesitos sobre causas de exclusão de crime, ou de isenção de pena,
serão sempre formulados de acordo com a lei mais favorável.
§ 2º. Quando as respostas do júri importarem condenação, o presidente do
tribunal fará o confronto da pena resultante dessas respostas e da que seria
imposta segundo o Código Penal, e aplicará a mais benigna.
§ 3º. Se o confronto das penas concretizadas, segundo uma e outra lei, depender
do reconhecimento de algum fato previsto no Código Penal, e que, pelo Código de
processo Penal, deva constituir objeto de quesito, o juiz o formulará.
Art. 11. Já tendo sido interposto recurso de despacho ou de sentença, as
condições de admissibilidade, a forma e o julgamento serão regulados pela lei
anterior.
Art. 12. No caso do artigo 673 do Código de Processo Penal, se tiver sido
imposta medida de segurança detentiva ao condenado, este será removido para
estabelecimento adequado.
Art. 13. A aplicação da lei nova a fato julgado por sentença condenatória
irrecorrível, nos casos previstos no artigo 2º e seu parágrafo, do Código Penal, far-
se-á mediante despacho do juiz, de ofício, ou a requerimento do condenado ou do
Ministério Público.
§ 1º. Do despacho caberá recurso, em sentido estrito.
§ 2º. O recurso interposto pelo Ministério Público terá efeito suspensivo, no caso
de condenação por crime a que a lei anterior comine, no máximo, pena privativa

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de liberdade, por tempo igual ou superior a 8 (oito) anos.
Art. 14. No caso de infração definida na legislação sobre a caça, verificado que o
agente foi, anteriormente, punido, administrativamente, por qualquer infração
prevista na mesma legislação, deverão ser os autos remetidos à autoridade
judiciária que, mediante portaria, instaurará o processo, na forma do artigo 531 do
Código de Processo Penal.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a forma de processo
estabelecido no Código de Processo Penal, para o caso de prisão em flagrante de
contraventor.
Art. 15. No caso do artigo 145, IV, do Código de Processo Penal, o documento
reconhecido como falso será, antes de desentranhado dos autos, rubricado pelo
juiz e pelo escrivão em cada uma de suas folhas.
Art. 16. Esta Lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942, revogadas as
disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1941; 120º da Independência e 53º da
República.
GETÚLIO VARGAS

Exposição de Motivos do Código de Processo

DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 03.10.1941


MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E NEGÓCIOS INTERIORES

GABINETE DO MINISTRO

(DOU 13.10.1941)

Em 8 de setembro de 1941
Senhor Presidente:
Tenho a honra de passar às mãos de Vossa Excelência o projeto do Código de
Processo Penal do Brasil.
Como sabe Vossa Excelência, ficará inicialmente resolvido que a elaboração do
projeto de Código único para o processo penal não aguardasse a reforma, talvez
demorada, do Código Penal de 90.
I - Havia um dispositivo constitucional a atender, e sua execução não devia ser
indefinidamente retardada. Entretanto, logo após a entrega do primitivo projeto,
organizado pela Comissão oficial e afeiçoado à legislação penal substantiva ainda
em vigor, foi apresentado pelo Senhor Alcântara Machado, em desempenho da
missão que lhe confiara o Governo, o seu anteprojeto de novo Código Penal. A
presteza com que o insigne e pranteado professor da Faculdade de Direito de São

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Paulo deu conta de sua árdua tarefa fez com que se alterasse o plano traçado em
relação ao futuro Código de Processo Penal. Desde que já se podia prever para
breve tempo a efetiva remodelação da nossa antiquada lei penal material, deixava
de ser aconselhado que se convertesse em lei o projeto acima aludido, pois
estaria condenado a uma existência efêmera.
Decretado o novo Código Penal, foi então empreendida a elaboração do presente
projeto, que resultou de um cuidadoso trabalho de revisão e adaptação do projeto
anterior.
Se for convertido em lei, não estará apenas regulada a atuação da justiça penal
em correspondência com o referido novo Código e com a Lei de Contravenções
(cujo projeto, nesta data, apresento igualmente à apreciação de Vossa
Excelência): estará, no mesmo passo, finalmente realizada a homogeneidade do
direito judiciário penal no Brasil, segundo reclamava, de há muito, o interesse da
boa administração da justiça, aliado ao próprio interesse da unidade nacional.
A REFORMA DO PROCESSO PENAL VIGENTE

II - De par com a necessidade de coordenação sistemática das regras do


processo penal num Código único para todo o Brasil, impunha-se o seu
ajustamento ao objetivo de maior eficiência e energia da ação repressiva do
Estado contra os que delinqüem. As nossas vigentes leis de processo penal
asseguram aos réus, ainda que colhidos em flagrante ou confundidos pela
evidência das provas, um tão extenso catálogo de garantias e favores, que a
repressão se torna, necessariamente, defeituosa e retardatária, decorrendo daí
um indireto estímulo à expansão da criminalidade. Urge que seja abolida a
injustificável primazia do interesse do indivíduo sobre o da tutela social. Não se
pode continuar a contemporizar com pseudodireitos individuais em prejuízo do
bem comum. O indivíduo, principalmente quando vem de se mostrar rebelde à
disciplina jurídico-penal da vida em sociedade, não pode invocar, em face do
Estado, outras franquias ou imunidades além daquelas que o assegurem contra o
exercício do poder público fora da medida reclamada pelo interesse social. Este o
critério que presidiu à elaboração do presente projeto de Código. No seu texto,
não são reproduzidas as fórmulas tradicionais de um mal-avisado favorecimento
legal aos criminosos. O processo penal é aliviado dos excessos de formalismo e
joeirado de certos critérios normativos com que, sob o influxo de um mal-
compreendido individualismo ou de um sentimentalismo mais ou menos equívoco,
se transige com a necessidade de uma rigorosa e expedita aplicação da justiça
penal.
As nulidades processuais, reduzidas ao mínimo, deixam de ser o que têm sido até
agora, isto é, um meandro técnico por onde se escoa a substância do processo e
se perdem o tempo e a gravidade da justiça. É coibido o êxito das fraudes,
subterfúgios e alicantinas. É restringida a aplicação do in dubio pro reo. É
ampliada a noção do flagrante delito, para o efeito da prisão provisória. A
decretação da prisão preventiva, que, em certos casos, deixa de ser uma
faculdade, para ser um dever imposto ao juiz, adquire a suficiente elasticidade
para tornar-se medida plenamente assecuratória da efetivação da justiça penal.

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Tratando-se de crime inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará à
prisão, desde que o preso seja imediatamente apresentado ao juiz que fez expedir
o mandado. É revogado o formalismo complexo da extradição interestadual de
criminosos. O prazo da formulação da culpa é ampliado, para evitar o atropelo dos
processos ou a intercorrente e prejudicial solução de continuidade da detenção
provisória dos réus. Não é consagrada a irrestrita proibição do julgamento ultra
petitum. Todo um capítulo é dedicado às medidas preventivas assecuratórias da
reparação do dano ex delicto.
Quando da última reforma do processo penal na Itália, o Ministro Rocco, referindo-
se a algumas dessas medidas e outras análogas, introduzidas no projeto
preliminar, advertia que elas certamente iriam provocar o desagrado daqueles que
estavam acostumados a aproveitar e mesmo abusar das inveteradas deficiências
e fraquezas da processualística penal até então vigente. A mesma previsão é de
ser feita em relação ao presente projeto, mas são também de repetir-se as
palavras de Rocco: "Já se foi o tempo em que a alvoroçada coligação de alguns
poucos interessados podia frustrar as mais acertadas e urgentes reformas
legislativas''.
E se, por um lado, os dispositivos do projeto tendem a fortalecer e prestigiar a
atividade do Estado na sua função repressiva, é certo, por outro lado, que
asseguram, com muito mais eficiência do que a legislação atual, a defesa dos
acusados. Ao invés de uma simples faculdade outorgada a estes e sob a condição
de sua presença em juízo, a defesa passa a ser, em qualquer caso, uma
indeclinável injunção legal, antes, durante e depois da instrução criminal. Nenhum
réu, ainda que ausente do distrito da culpa, foragido ou oculto, poderá ser
processado sem a intervenção e assistência de um defensor. A pena de revelia
não exclui a garantia constitucional da contrariedade do processo. Ao contrário
das leis processuais em vigor, o projeto não pactua, em caso algum, com a insídia
de uma acusação sem o correlativo da defesa.
SUBSÍDIO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE E PROJETOS ANTERIORES

III - À parte as inovações necessárias à aplicação do novo Código Penal e as


orientadas no sentido da melhor adaptação das normas processuais à sua própria
finalidade, o projeto não altera o direito atual, senão para corrigir imperfeições
apontadas pela experiência, dirimir incertezas da jurisprudência ou evitar ensejo à
versatilidade dos exegetas. Tanto quanto o permitiu a orientação do projeto, foi
aproveitado o material da legislação atual. Muito se respingou em vários dos
códigos de processo penal estaduais, e teve-se também em conta não só o
projeto elaborado pela Comissão Legislativa nomeada pelo Governo Provisório em
1931, como o projeto de 1936, este já norteado pelo objetivo de unificação do
direito processual penal.
A respeito de algumas das inovações introduzidas e da fidelidade do projeto a
certas práticas e critérios tradicionais, é feita, a seguir, breve explanação.
A CONSERVAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

IV - Foi mantido o inquérito policial como processo preliminar ou preparatório da

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ação penal, guardadas as suas características atuais. O ponderado exame da
realidade brasileira, que não é apenas a dos centros urbanos, senão também a
dos remotos distritos das comarcas do interior, desaconselha o repúdio do sistema
vigente.
O preconizado juízo de instrução, que importaria limitar a função da autoridade
policial a prender criminosos, averiguar a materialidade dos crimes e indicar
testemunhas, só é praticável sob a condição de que as distâncias dentro do seu
território de jurisdição sejam fácil e rapidamente superáveis. Para atuar
proficuamente em comarcas extensas, e posto que deva ser excluída a hipótese
de criação de juizados de instrução em cada sede do distrito, seria preciso que o
juiz instrutor possuísse o dom da ubiqüidade. De outro modo, não se compreende
como poderia presidir a todos os processos nos pontos diversos da sua zona de
jurisdição, a grande distância uns dos outros e da sede da comarca, demandando,
muitas vezes, com os morosos meios de condução ainda praticados na maior
parte do nosso hinterland, vários dias de viagem. Seria imprescindível, na prática,
a quebra do sistema: nas capitais e nas sedes de comarca em geral, a imediata
intervenção do juiz instrutor, ou a instrução única; nos distritos longínquos, a
continuação do sistema atual. Não cabe, aqui, discutir as proclamadas vantagens
do juízo de instrução.
Preliminarmente, a sua adoção entre nós, na atualidade, seria incompatível com o
critério de unidade da lei processual. Mesmo, porém, abstraída essa
consideração, há em favor do inquérito policial, como instrução provisória
antecedendo à propositura da ação penal, um argumento dificilmente contestável:
é ele uma garantia contra apressados e errôneos juízos, formados quando ainda
persiste a trepidação moral causada pelo crime ou antes que seja possível uma
exata visão de conjunto dos fatos, nas suas circunstâncias objetivas e subjetivas.
Por mais perspicaz e circunspecta, a autoridade que dirige a investigação inicial,
quando ainda perdura o alarma provocado pelo crime, está sujeita a equívocos ou
falsos juízos a priori, ou a sugestões tendenciosas. Não raro, é preciso voltar
atrás, refazer tudo, para que a investigação se oriente no rumo certo, até então
despercebido. Por que, então, abolir-se o inquérito preliminar ou instrução
provisória, expondo-se a justiça criminal aos azares do detetivismo, às marchas e
contramarchas de uma instrução imediata e única? Pode ser mais expedito o
sistema de unidade de instrução, mas o nosso sistema tradicional, com o inquérito
preparatório, assegura uma justiça menos aleatória, mais prudente e serena.
A AÇÃO PENAL

V - O projeto atende ao princípio ne procedat judex ex officio, que, ditado pela


evolução do direito judiciário penal e já consagrado pelo novo Código Penal,
reclama a completa separação entre o juiz e o órgão da acusação, devendo caber
exclusivamente a este a iniciativa da ação penal. O procedimento ex officio só é
mantido em relação às contravenções, que, dado o caráter essencialmente
preventivo que assume, na espécie, a sanção penal, devem ser sujeitas a um
processo particularmente célere, sob pena de frustrar-se a finalidade legal. A
necessidade de se abolirem, nesse caso, as de longas processuais motivou
mesmo a transferência, respeitada pelo projeto de se permitir à autoridade policial,

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para o efeito de tal processo, excepcional função judiciária.
É devidamente regulada a formalidade da representação, de que depende em
certos casos, na conformidade do novo Código Penal, a iniciativa do Ministério
Público.
São igualmente disciplinados os institutos da renúncia e do perdão, como causas
de extinção da punibilidade nos crimes de ação privada.
Para dirimir dúvidas que costumam surgir no caso de recusa do promotor da
justiça em oferecer denúncia, adotou o projeto a seguinte norma: "Se o órgão do
Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou
peças de informação ao Procurador-Geral, e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender''.
A REPARAÇÃO DO DANO EX DELICTO

VI - O projeto, ajustando-se ao Código Civil e ao novo Código Penal, mantém a


separação entre a ação penal e a ação civil ex delicto, rejeitando o instituto
ambíguo da constituição de "parte civil'' no processo penal. A obrigação de reparar
o dano resultante do crime não é uma conseqüência de caráter penal, embora se
torne certa quando haja sentença condenatória no juízo criminal. A invocada
conveniência prática da economia de juízo não compensa o desfavor que
acarretaria ao interesse da repressão a interferência de questões de caráter
patrimonial no curso do processo penal. É indissimulável o mérito da
argumentação de Sá Pereira na "Exposição de Motivos'' do seu "Projeto de
Código Penal'', refutando as razões com que se defende o deslocamento da
reparação do dano ex delicto para o campo do direito público:
"A meu ver, o que há de verdade nessas alegações não atinge os dois pontos
seguintes: 1) que a reparação do dano é matéria de direito civil, e 2) que a
repressão sofreria, se, no crime, a pleiteássemos. Se há lesão patrimonial, a
reparação há de ser pedida a um outro patrimônio, e se me afigura impossível
deslocar esta relação entre dois patrimônios do campo do direito privado para o do
direito público, como querem os positivistas. Abrir no processo-crime a necessária
margem à ação reparadora seria ou fazer marcharem simultaneamente as duas
ações no mesmo processo, o que se tornaria tumultuário, ou paralisar o processo-
crime para que o cível o alcançasse no momento final de pronunciamento da
sentença que aplicasse a pena e fixasse a indenização. Não creio que a repressão
ganhasse com isto alguma coisa; ao contrário, perderia muito de sua prontidão e
rapidez''.
Limita-se o projeto a outorgar ao juiz da actio civilis ex delicto a faculdade de
sobrestar no curso desta até o pronunciamento do juízo penal. Desde que exista
julgamento definitivo no processo-crime, prevalece o disposto no artigo 1.525 do
Código Civil, isto é, a prejudicialidade daquele sobre o julgamento no cível,
relativamente à existência do fato, ou quem seja o seu autor. É expressamente
declarado que faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer, no
caso concreto, qualquer das hipóteses do artigo 19 do Código Penal. Não será

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prejudicial da ação cível a decisão que, no juízo penal: 1) absolver o acusado, sem
reconhecer, categoricamente, a inexistência material do fato; 2) ordenar o
arquivamento do inquérito ou das peças de informação, por insuficiência de prova
quanto à existência do crime ou sua autoria; 3) declarar extinta a punibilidade; ou
4) declarar que o fato imputado não é definido como crime.
O projeto não descurou de evitar que se torne ilusório o direito à reparação do
dano, instituindo ou regulando eficientemente medidas assecuratórias (seqüestro
e hipoteca legal dos bens do indiciado ou do responsável civil), antes mesmo do
início da ação ou do julgamento definitivo, e determinando a intervenção do
Ministério Público, quando o titular do direito à indenização não disponha de
recursos pecuniários para exercê-lo. Ficará, assim, sem fundamento a crítica,
segundo a qual, pelo sistema do direito pátrio, a reparação do dano ex delicto não
passa de uma promessa vã ou platônica da lei.
AS PROVAS

VII - O projeto abandonou radicalmente o sistema chamado da certeza legal.


Atribui ao juiz a faculdade de iniciativa de provas complementares ou supletivas,
quer no curso da instrução criminal, quer a final, antes de proferir a sentença. Não
serão atendíveis as restrições à prova estabelecidas pela lei civil, salvo quanto ao
estado das pessoas; nem é prefixada uma hierarquia de provas: na livre
apreciação destas, o juiz formará, honesta e lealmente, a sua convicção. A própria
confissão do acusado não constitui, fatalmente, prova plena de sua culpabilidade.
Todas as provas são relativas; nenhuma delas terá, ex vi legis, valor decisivo, ou
necessariamente maior prestígio que outra. Se é certo que o juiz fica adstrito às
provas constantes dos autos, não é menos certo que não fica subordinado a
nenhum critério apriorístico no apurar, através delas, a verdade material. O juiz
criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais, porém,
advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de opinião ou mero
arbítrio na apreciação das provas. O juiz está livre de preconceitos legais na
aferição das provas, mas não pode abstrair-se ou alhear-se ao seu conteúdo. Não
estará ele dispensado de motivar a sua sentença. E precisamente nisto reside a
suficiente garantia do direito das partes e do interesse social.
Por outro lado, o juiz deixará de ser um expectador inerte da produção de provas.
Sua intervenção na atividade processual é permitida, não somente para dirigir a
marcha da ação penal e julgar a final, mas também para ordenar, de ofício, as
provas que lhe parecerem úteis ao esclarecimento da verdade. Para a indagação
desta, não estará sujeito a preclusões. Enquanto não estiver averiguada a matéria
da acusação ou da defesa, e houver uma fonte de prova ainda não explorada, o
juiz não deverá pronunciar o in dubio pro reo ou o non liquet.
Como corolário do sistema de livre convicção do juiz, é rejeitado o velho brocardo
testis unus testis nullus. Não se compreende a prevenção legal contra a voix d'un,
quando, tal seja o seu mérito, pode bastar à elucidação da verdade e à certeza
moral do juiz. Na atualidade, aliás, a exigência da lei, como se sabe, é contornada
por uma simulação prejudicial ao próprio decoro ou gravidade da justiça, qual a
consistente em suprir-se o mínimo legal de testemunhas com pessoas cuja
insciência acerca do objeto do processo é previamente conhecida, e que somente

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vão a juízo para declarar que nada sabem.
Outra inovação, em matéria de prova, diz respeito ao interrogatório do acusado.
Embora mantido o princípio de que nemo tenetur se detegere (não estando o
acusado na estrita obrigação de responder o que se lhe pergunta), já não será
esse termo do processo, como atualmente, uma série de perguntas
predeterminadas, sacramentais, a que o acusado dá as respostas de antemão
estudadas, para não comprometer-se, mas uma franca oportunidade de obtenção
de prova. É facultado ao juiz formular ao acusado quaisquer perguntas que julgue
necessárias à pesquisa da verdade, e se é certo que o silêncio do réu não
importará confissão, poderá, entretanto, servir, em face de outros indícios, à
formação do convencimento do juiz.
O projeto ainda inova quando regula especialmente como meio de prova o
"reconhecimento de pessoas e coisas''; quando estabelece a forma de explicação
de divergência entre testemunhas presentes e ausentes do distrito da culpa; e,
finalmente, quando, ao regular a busca, como expediente de consecução de
prova, distingue-se em domiciliar e pessoal, para disciplinar diversamente, como é
justo, as duas espécies.
A PRISÃO EM FLAGRANTE E A PRISÃO PREVENTIVA

VIII - A prisão em flagrante e a prisão preventiva são definidas com mais latitude
do que na legislação em vigor. O clamor público deixa de ser condição necessária
para que se equipare ao estado de flagrância o caso em que o criminoso, após a
prática do crime, está a fugir. Basta que, vindo de cometer o crime, o fugitivo seja
perseguido "pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação
que faça presumir ser autor da infração'': preso em tais condições, entende-se
preso em flagrante delito. Considera-se, igualmente, em estado de flagrância o
indivíduo que, logo em seguida à perpetração do crime, é encontrado "com o
instrumento, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser autor da infração''.
O interesse da administração da justiça não pode continuar a ser sacrificado por
obsoletos escrúpulos formalísticos, que redundam em assegurar, com prejuízo da
futura ação penal, a afrontosa intangibilidade de criminosos surpreendidos na
atualidade ainda palpitante do crime e em circunstâncias que evidenciam sua
relação com este.
A prisão preventiva, por sua vez, desprende-se dos limites estreitos até agora
traçados à sua admissibilidade. Pressuposta a existência de suficientes indícios
para imputação da autoria do crime, a prisão preventiva poderá ser decretada toda
vez que o reclame o interesse da ordem pública, ou da instrução criminal, ou da
efetiva aplicação da lei penal. Tratando-se de crime a que seja cominada pena de
reclusão por tempo, no máximo, igual ou superior a 10 (dez) anos, a decretação
da prisão preventiva será obrigatória, dispensando outro requisito além da prova
indiciária contra o acusado. A duração da prisão provisória continua a ser
condicionada, até o encerramento da instrução criminal, à efetividade dos atos
processuais dentro dos respectivos prazos; mas estes são razoavelmente
dilatados.
Vários são os dispositivos do projeto que cuidam de prover à maior praticabilidade
da captura de criminosos que já se acham sob decreto de prisão. Assim, a falta de

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exibição do mandado, como já foi, de início, acentuado, não obstará à prisão,
ressalvada a condição de ser o preso conduzido imediatamente à presença da
autoridade que decretou a prisão.
A prisão do réu ausente do distrito da culpa, seja qual for o ponto do território
nacional em que se encontre, será feita mediante simples precatória de uma
autoridade a outra, e até mesmo, nos casos urgentes, mediante entendimento
entre estas por via telegráfica ou telefônica, tomadas as necessárias precauções
para evitar ludíbrios ou ensejo a maliciosas vinditas. Não se compreende ou não
se justifica que os Estados, gravitando dentro da unidade nacional, se oponham
mutuamente obstáculos na pronta repressão da delinqüência.
A autoridade policial que recebe um mandado de prisão para dar-lhe cumprimento
poderá, de sua própria iniciativa, fazer tirar tantas cópias quantas forem
necessárias às diligências.
A LIBERDADE PROVISÓRIA

IX - Abolida a pluralidade do direito formal, já não subsiste razão para que a


liberdade provisória mediante fiança, que é matéria tipicamente de caráter
processual, continue a ser regulada pela lei penal substantiva. O novo Código
Penal não cogitou do instituto da fiança, precisamente para que o futuro Código de
Processo Penal reivindicasse a regulamentação de assunto que lhe é pertinente.
Inovando na legislação atual, o presente projeto cuidou de imprimir à fiança um
cunho menos rígido. O quantum da fiança continuará subordinado a uma tabela
graduada, mas as regras para a sua fixação tornam possível sua justa
correspondência aos casos concretos. É declarado que, "para determinar o valor
da fiança, a autoridade terá em conta a natureza da infração, as condições
pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de
sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até
final julgamento". Ainda mais: o juiz não estará inexoravelmente adstrito à tarifa
legal, podendo aumentar até o triplo da fiança, quando "reconhecer que, em
virtude da situação econômica do réu, não assegurará a ação da justiça, embora
fixada no máximo''.
Não é admitida a fiança fidejussória, mas o projeto contém o seguinte dispositivo,
que virá conjurar uma iniqüidade freqüente no regime legal atual, relativamente
aos réus desprovidos de recursos pecuniários: "Nos casos em que couber fiança,
o juiz, verificando ser impossível ao réu prestá-la, por motivo de pobreza, poderá
conceder-lhe a liberdade provisória..."
Os casos de inafiançabilidade são taxativamente previstos, corrigindo-se certas
anomalias da lei vigente.
A INSTRUÇÃO CRIMINAL

X - O prazo da instrução criminal ou formação da culpa é ampliado (em cotejo


com os estabelecidos atualmente): estando o réu preso, será de 20 (vinte) dias;
estando o réu solto ou afiançado, de 40 (quarenta) dias.
Nesses prazos, que começarão a correr da data do interrogatório, ou da em que
deverá ter-se realizado, terminando com a inquirição da última testemunha de

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acusação, não será computado o tempo de qualquer impedimento.
O sistema de inquirição das testemunhas é o chamado presidencial, isto é, ao juiz
que preside à formação da culpa cabe privativamente fazer perguntas diretas à
testemunha. As perguntas das partes serão feitas por intermédio do juiz, a cuja
censura ficarão sujeitas.
O ACUSADO

XI - Suprindo uma injustificável omissão da atual legislação processual, o projeto


autoriza que o acusado, no caso em que não caiba a prisão preventiva, seja
forçadamente conduzido à presença da autoridade, quando, regularmente
intimado para o ato que, sem ele, não possa realizar-se, deixa de comparecer sem
motivo justo. Presentemente, essa medida compulsória é aplicável somente à
testemunha faltosa, enquanto ao réu é concedido o privilégio de desobedecer à
autoridade processante, ainda que a sua presença seja necessária para
esclarecer ponto relevante da acusação ou da defesa. Nenhum acusado, ainda
que revel, será processado ou julgado sem defensor; mas a sua ausência (salvo
tratando-se de crime da competência do Tribunal do Júri) não suspenderá o
julgamento, nem o prazo para o recurso, pois, de outro modo, estaria a lei criando
uma prerrogativa em favor de réus foragidos, que, garantidos contra o julgamento
à revelia, poderiam escapar, indefinidamente, à categoria de reincidentes. Se
algum erro judiciário daí provier, poderá ser corrigido pela revisão ou por um
decreto de graça.
A SENTENÇA

XII - O projeto, generalizando um princípio já consagrado pela atual Lei do Júri,


repudia a proibição de sentença condenatória ultra petitum ou a desclassificação
in pejus do crime imputado. Constituía um dos exageros do liberalismo o
transplante dessa proibição, que é própria do direito privado, para a esfera de
direito processual penal, que é um ramo do direito público. O interesse da defesa
social não pode ser superado pelo unilateralíssimo interesse pessoal dos
criminosos. Não se pode reconhecer ao réu, em prejuízo do bem social, estranho
direito adquirido a um quantum de pena injustificadamente diminuta, só porque o
Ministério Público, ainda que por equívoco, não tenha pleiteado maior pena. Em
razão do antigo sistema, ocorria, freqüentemente, a seguinte inconveniência: não
podendo retificar a classificação feita na denúncia, para impor ao réu sanção mais
grave, o juiz era obrigado a julgar nulo o processo ou improcedente a ação penal,
conforme o caso, devendo o Ministério Público apresentar nova denúncia, se é
que já não estivesse extinta a punibilidade pela prescrição. Se o réu estava preso,
era posto em liberdade, e o êxito do segundo processo tornava-se, as mais das
vezes, impossível, dado o intercorrente desaparecimento dos elementos de prova.
Inteiramente diversa é a solução dada pelo projeto, que distingue duas hipóteses:
o fato apurado no sumário é idêntico ao descrito na denúncia ou queixa, mas esta
o classificou erradamente; ou o fato apurado ocorreu em circunstâncias diversas
não contidas explícita ou implicitamente na peça inicial do processo, e estas
deslocam a classificação. E os dois casos são assim resolvidos: no primeiro, é

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conferida ao juiz a faculdade de alterar a classificação, ainda que para aplicar
pena mais grave; no segundo, se a circunstância apurada não estava contida,
explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa, mas não acarreta a nova
classificação pena mais grave, deverá o juiz conceder ao acusado o prazo de 8
(oito) dias para alegação e provas, e se importa classificação que acarrete pena
mais grave, o juiz baixará o processo, a fim de que o Ministério Público adite a
denúncia ou a queixa e, em seguida, marcará novos prazos sucessivos à defesa,
para alegações e prova.
Vê-se que o projeto, ao dirimir a questão, atendeu à necessidade de assegurar a
defesa e, ao mesmo tempo, impedir que se repudie um processo realizado com
todas as formalidades legais.
É declarado, de modo expresso, que, nos crimes de ação pública, o juiz poderá
proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela
absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido
alegada.
Quando o juiz da sentença não for o mesmo que presidiu à instrução criminal, é-
lhe facultado ordenar que esta se realize novamente, em sua presença.
A sentença deve ser motivada. Com o sistema do relativo arbítrio judicial na
aplicação da pena, consagrado pelo novo Código Penal, e o do livre
convencimento do juiz, adotado pelo presente projeto, é a motivação da sentença
que oferece garantia contra os excessos, os erros de apreciação, as falhas de
raciocínio ou de lógica ou os demais vícios de julgamento. No caso de absolvição,
a parte dispositiva da sentença deve conter, de modo preciso, a razão específica
pela qual é o réu absolvido. É minudente o projeto, ao regular a motivação e o
dispositivo da sentença.
AS FORMAS DO PROCESSO

XIII - São estabelecidas e devidamente reguladas as várias formas do processo.


O processo sumário é limitado às contravenções penais e aos crimes a que seja
cominada pena de detenção. Para o efeito da aplicação de medida de segurança,
nos casos do parágrafo único do artigo 76 do Código Penal, é instituído processo
especial.
Ao cuidar do processo por crimes contra a honra (ressalvada a legislação especial
sobre os "crimes de imprensa'') o projeto contém uma inovação: o juízo preliminar
de reconciliação entre as partes. Antes de receber a queixa, o juiz deverá ouvir,
separadamente, o querelante e o querelado e, se julgar possível a reconciliação,
promoverá um entendimento entre eles, na sua presença. Se efetivamente se
reconciliarem, será lavrado termo de desistência e arquivada a queixa. Os
processos por calúnia, difamação ou injúria redundam, por vezes, em agravação
de uma recíproca hostilidade. É de boa política, portanto, tentar-se, in limine litis, o
apaziguamento dos ânimos, sem quebra da dignidade ou amor-próprio de
qualquer das partes.
O processo por crime de falência é atribuído integralmente ao juízo criminal,
ficando suprimido, por sua conseqüente inutilidade, o termo de pronúncia. Não são
convenientes os argumentos em favor da atual dualidade de juízos, um para o

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processo até pronúncia e outro para o julgamento. Ao invés das singularidades de
um processo anfíbio, com instrução no juízo cível e julgamento no juízo criminal, é
estabelecida a competência deste ab initio, restituindo-se-lhe uma função
específica e ensejando-se-lhe mais segura visão de conjunto, necessária ao
acerto da decisão final.
O JÚRI

XIV - Com algumas alterações, impostas pela lição da experiência e pelo sistema
de aplicação da pena adotado pelo novo Código Penal, foi incluído no corpo do
projeto o Decreto-Lei nº 167, de 5 de janeiro de 1938. Como atestam os aplausos
recebidos, de vários pontos do país, pelo Governo da República, e é notório, têm
sido excelentes os resultados desse Decreto-Lei que veio afeiçoar o tribunal
popular à finalidade precípua da defesa social. A aplicação da justiça penal pelo
júri deixou de ser uma abdicação, para ser uma delegação do Estado, controlada
e orientada no sentido do superior interesse da sociedade. Privado de sua antiga
soberania, que redundava, na prática, numa sistemática indulgência para com os
criminosos, o júri está, agora, integrado na consciência de suas graves
responsabilidades e reabilitado na confiança geral.
A relativa individualização da pena, segundo as normas do estatuto penal que
entrará em vigor a 1º de janeiro do ano vindouro, não pode ser confiada ao
conselho de sentença, pois exige, além da apreciação do fato criminoso em si
mesmo, uma indagação em torno de condições e circunstâncias complexas, que
não poderiam ser objeto de quesitos, para respostas de plano. Assim, ao conselho
de sentença, na conformidade do que dispõe o projeto, apenas incumbirá afirmar
ou negar o fato imputado, as circunstâncias elementares ou qualificativas, a
desclassificação do crime acaso pedida pela defesa, as causas de aumento ou
diminuição especial de pena e as causas de isenção de pena ou de crime. No
caso em que as respostas sejam no sentido da condenação, a medida da pena
caberá exclusivamente ao presidente do tribunal, pois, com o meditado estudo que
já tem do processo, estará aparelhado para o ajustamento in concreto da pena
aplicável ao réu. Também ao presidente do tribunal incumbe, privativamente,
pronunciar-se sobre a aplicação de medidas de segurança e penas acessórias.
A decisão do conselho de sentença, prejudicial da sentença proferida pelo juiz-
presidente, é reformável, de meritis, em grau de apelação, nos estritos casos em
que o autoriza a legislação atual; mas do pronunciamento do juiz-presidente cabe
apelação segundo a regra geral.
O RECURSO "EX OFFICIO'' DA CONCESSÃO DE " HABEAS CORPUS''
NA PRIMEIRA INSTÂNCIA

XV - O projeto determina o recurso ex officio da sentença proferida pelos juízes


inferiores concedendo habeas corpus. Não é exato que a Constituição vigente
tenha suprimido, implicitamente, essa providência de elementar cautela de
administração da justiça penal. A opinião contrária levaria a admitir que tais
sentenças são atualmente irrecorríveis, pois delas, pela mesma lógica, não
caberia recurso do Ministério Público, ainda que se tornasse obrigatória a

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intervenção deste nos processos de habeas corpus.
A Constituição, em matéria de processo de habeas corpus, limita-se a dispor que
das decisões denegatórias desse remedium juris, proferidas "em última ou única
instância'', há recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal.
A última instância, a que se refere o dispositivo constitucional, é o Tribunal de
Apelação, sendo evidente que, salvo os casos de competência originária deste, a
decisão denegatória de habeas corpus, de que há recurso para o Supremo
Tribunal, pressupõe um anterior recurso, do juiz inferior para o Tribunal de
Apelação. Ora, se admitiu recurso para o Tribunal de Apelação, da sentença do
juiz inferior no caso de denegação do habeas corpus, não seria compreensível
que a Constituição, visceralmente informada no sentido da incontrastável
supremacia do interesse social, se propusesse à abolição do recurso ex officio,
para o mesmo Tribunal de Apelação, da decisão concessiva do habeas corpus,
também emanada do juiz inferior, que passaria a ser, em tal caso, instância única.
É facilmente imaginável o desconchavo que daí poderia resultar. Sabe-se que um
dos casos taxativos de concessão de habeas corpus é o de não constituir infração
penal o fato que motiva o constrangimento à liberdade de ir e vir. E não se poderia
conjurar, na prática, a seguinte situação aberrante: o juiz inferior, errada ou
injustamente, reconhece penalmente lícito o fato imputado ao paciente, e, em
conseqüência, não somente ser este posto em liberdade, como também impedido
o prosseguimento da ação penal, sem o pronunciamento da segunda instância.
Não se pode emprestar à Constituição a intenção de expor a semelhante
desgarantia o interesse da defesa social. O que ela fez foi apenas deixar bem
claro que das decisões sobre habeas corpus, proferidas pelos Tribunais de
Apelação, como última ou única instância, somente caberá recurso para o
Supremo Tribunal quando denegatórias. No caso de decisão denegatória, não se
tratando de habeas corpus originário de tribunal de apelação, haverá,
excepcionalmente, três instâncias; se a decisão, porém, é concessiva da medida,
duas apenas, segundo a regra geral, serão as instâncias.
OS NOVOS INSTITUTOS DA LEI PENAL MATERIAL

XVI - O projeto consagra capítulos especiais à detalhada regulamentação dos


institutos que, estranhos à lei penal ainda vigente, figuram no novo Código Penal,
como sejam as medidas de segurança e a reabilitação, do mesmo modo que
provê à disciplina da execução das penas principais e acessórias, dentro da
sistemática do referido Código.
AS NULIDADES

XVII - Como já foi dito de início, o projeto é infenso ao excessivo rigorismo


formal, que dá ensejo, atualmente, à infindável série das nulidades processuais.
Segundo a justa advertência de ilustre processualista italiano "um bom direito
processual penal deve limitar as sanções de nulidade àquele estrito mínimo que
não pode ser abstraído sem lesar legítimos e graves interesses do Estado e dos
cidadãos''.O projeto não deixa respiradouro para o frívolo curialismo, que se
compraz em espiolhar nulidades. É consagrado o princípio geral de que nenhuma

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nulidade ocorre se não há prejuízo para a acusação ou a defesa.
Não será declarada a nulidade de nenhum ato processual, quando este não haja
influído concretamente na decisão da causa ou na apuração da verdade
substancial. Somente em casos excepcionais é declarada insanável a nulidade.
Fora desses casos, ninguém pode invocar direito à irredutível subsistência da
nulidade.
Sempre que o juiz deparar com uma causa de nulidade, deve prover
imediatamente à sua eliminação, renovando ou retificando o ato irregular, se
possível; mas, ainda que o não faça, a nulidade considera-se sanada:
a) pelo silêncio das partes;
b) pela efetiva consecução do escopo visado pelo ato não obstante sua
irregularidade;
c) pela aceitação, ainda que tácita, dos efeitos do ato irregular.
Se a parte interessada não argüí a irregularidade ou com esta implicitamente se
conforma, aceitando-lhe os efeitos, nada mais natural que se entenda haver
renunciado ao direito de argüí-la. Se toda formalidade processual visa um
determinado fim, e este fim é alcançado, apesar de sua irregularidade,
evidentemente carece esta de importância. Decidir de outro modo será incidir no
despropósito de considerar-se a formalidade um fim em si mesma.
É igualmente firmado o princípio de que não pode argüir a nulidade quem lhe
tenha dado causa ou não tenha interesse na sua declaração. Não se compreende
que alguém provoque a irregularidade e seja admitido em seguida, a especular
com ela; nem tampouco que, no silêncio da parte prejudicada, se permita à outra
parte investir-se no direito de pleitear a nulidade.
O ESPÍRITO DO CÓDIGO

XVIII - Do que vem de ser ressaltado, e de vários outros critérios adotados pelo
projeto, se evidencia que este se norteou no sentido de obter equilíbrio entre o
interesse social e o da defesa individual, entre o direito do Estado à punição dos
criminosos e o direito do indivíduo às garantias e seguranças de sua liberdade. Se
ele não transige com as sistemáticas restrições ao poder público, não o inspira,
entretanto, o espírito de um incondicional autoritarismo do Estado ou de uma
sistemática prevenção contra os direitos e garantias individuais.
É justo que, ao finalizar esta Exposição de Motivos, deixe aqui consignada a
minha homenagem aos autores do projeto, Drs. Vieira Braga, Nélson Hungria,
Narcélio de Queiróz, Roberto Lyra, Desembargador Florêncio de Abreu e o
saudoso Professor Cândido Mendes de Almeida, que revelaram rara competência
e a mais exata e larga compreensão dos problemas de ordem teórica e de ordem
prática que o Código se propõe resolver.
Na redação final do projeto contei com a valiosa colaboração do Dr. Abgar
Renault.
Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos de meu
mais profundo respeito.
Francisco Campos.

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Código de Processo Penal
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941

(DOU 13.10.1941, ret. DOU 24.10.1941)


O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da
Constituição, decreta a seguinte Lei:

LIVRO I
DO PROCESSO EM GERAL

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este
Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros
do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição,
artigos 86, 89, § 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, artigo 122,
nº 17);
V - os processos por crimes de imprensa.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos
nos nºs. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo
diverso.
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
Art. 3º. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

TÍTULO II
DO INQUÉRITO POLICIAL
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território
de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais
e da sua autoria. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.043, de 09.05.1995)

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Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º. O requerimento a que se refere o nº II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º. Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de polícia.
§ 3º. Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la
à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará
instaurar inquérito.
§ 4º. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,
não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5º. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder
a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada ao
inciso pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no
Capítulo III do Título VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por
2 (duas) testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual,
familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Art. 7º. Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de

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determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada
dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Art. 8º. Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do
Título IX deste Livro.
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo
de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1º. A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os
autos ao juiz competente.
§ 2º. No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3º. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a
autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à
prova, acompanharão os autos do inquérito.
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que
servir de base a uma ou outra.
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:

I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e


julgamento dos processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade
policial.
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento
da denúncia.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão

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remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de
seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante
traslado.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do
fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir
condenação anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.900, de 14.04.1981)
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos
autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a
conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (três) dias, será
decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o
disposto no artigo 89, III, do Estatuto da ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº
4.215, de 27 de abril de 1963). (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.010, de
30.05.1966)
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma
circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos
inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra,
independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua
presença, noutra circunscrição.
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a
autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição
congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados
relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.

TÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro
da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo.
§ 1º. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão. (Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº 8.699, de 27.08.1993)
§ 2º. Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou
interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 8.699, de 27.08.1993)
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

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Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em
flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério
Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito,
informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos
de convicção.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará
remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la,
ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la
e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá
intentar a ação privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que
comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal.
§ 1º. Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do
processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da
família.
§ 2º. Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja
circunscrição residir o ofendido.
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente enfermo,
ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses
deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador
especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
competente para o processo penal.
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos,
o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá
preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de

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enumeração constante do artigo 31, podendo, entretanto, qualquer delas
prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas
poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus
diretores ou sócios-gerentes.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do artigo 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos artigos 24, parágrafo
único, e 31.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao
juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
§ 1º. A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente
autenticada do ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida
a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do Ministério
Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2º. A representação conterá todas as informações que possam servir à
apuração do fato e da autoria.
§ 3º. Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade policial
procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à autoridade que o
for.
§ 4º. A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a termo,
será remetida à autoridade policial para que esta proceda a inquérito.
§ 5º. O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais
verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público
as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 43. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:

I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;

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II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa;
III - for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para
o exercício da ação penal.
Parágrafo único. Nos casos do nº III, a rejeição da denúncia ou queixa não
obstará ao exercício da ação penal, desde que promovida por parte legítima ou
satisfeita a condição.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelado e a menção do
fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subseqüentes do processo.
Art. 46. O prazo para o oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de
5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os
autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou
afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
(artigo 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público
receber novamente os autos.
§ 1º. Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o
oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de
informações ou a representação.
§ 2º. O prazo para o aditamento da queixa será de 3 (três) dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se
pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,
prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessário maiores esclarecimentos e
documentos complementares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-
los, diretamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam
fornecê-los.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de
todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por
seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que houver
completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a
renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.

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Art. 52. Se o querelante for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito)
anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante
legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá
efeito.
Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver
representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a
aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz lhe nomear.
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 (vinte e um) anos, observar-se-á, quanto
à aceitação do perdão, o disposto no artigo 52.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no artigo 50.
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o
querelado será intimado a dizer, dentro de 3 (três) dias, se o aceita, devendo, ao
mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração
assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes
especiais.
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-
á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 (trinta) dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no artigo 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a
punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do querelante
ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o
julgar conveniente, concederá o prazo de 5 (cinco) dias para a prova, proferindo a
decisão dentro de 5 (cinco) dias ou reservando-se para apreciar a matéria na
sentença final.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de

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óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.

TÍTULO IV
DA AÇÃO CIVIL
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros.
Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento
do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso,
contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o
curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil
poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
inexistência material do fato.
Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (artigo 32, §§
1º e 2º), a execução da sentença condenatória (artigo 63) ou a ação civil (artigo
64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.

TÍTULO V
DA COMPETÊNCIA
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:

I - o lugar da infração;
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se

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consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.
§ 1º. Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora
dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no
Brasil, o último ato de execução.
§ 2º. Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,
será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha
produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3º. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de
duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em
território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á


pelo domicílio ou residência do réu.
§ 1º. Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela
prevenção.
§ 2º. Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro
de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO

Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de
organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º. Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos artigos
121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal,
consumados ou tentados. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 263, de
23.02.1948)
§ 2º. Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para
infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais
graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência
prorrogada.
§ 3º. Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à
competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no artigo 410; mas, se a
desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá
proferir a sentença (artigo 492, § 2º).
CAPÍTULO IV

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DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO

Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma


circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou
da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia
ou queixa prevenirá a da ação penal.
CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

Art. 76. A competência será determinada pela conexão:


I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo
tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora
diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar
as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer
delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:

I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;


II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos artigos 51, § 1º,
53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão
observadas as seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição
comum, prevalecerá a competência do júri;
II - no concurso de jurisdição da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações,
se as respectivas penas forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior
graduação;
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1º. Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum
co-réu, sobrevier o caso previsto no artigo 152.
§ 2º. A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu

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foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do artigo 461.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando
pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória,
ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda
que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir
sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua
na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver
o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao
juízo competente.
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará,
ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da
queixa (artigos 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).
CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal


Federal e dos Tribunais de Apelação, relativamente às pessoas que devam
responder perante eles por crimes comuns ou de responsabilidade.
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as
pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos
Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e
admitida a exceção da verdade.
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e
julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da
República;

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III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de
Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros
diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos
governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância
inferior e órgãos do Ministério Público.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS

Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da
Capital da República.
Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da
República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações
nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro
porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar
do País, pela do último em que houver tocado.
Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço
aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de
aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território
nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território
se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a
aeronave.
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas
estabelecidas nos artigos 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.893, de 09.12.1965)

TÍTULO VI
DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
CAPÍTULO I
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS

Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de


controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o
curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia
dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição
das testemunhas e de outras provas de natureza urgente.
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com

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a citação dos interessados.
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de
decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do
juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal
poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito
cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente.
§ 1º. O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente
prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o
juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo,
retomando sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da
acusação ou da defesa.
§ 2º. Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3º. Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-
lhe o rápido andamento.
Art. 94. A suspensão do curso da ação penal, nos casos dos artigos anteriores,
será decretada pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.
CAPÍTULO II
DAS EXCEÇÕES

Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:


I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada.
Art. 96. A argüição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo quando
fundada em motivo superveniente.
Art. 97. O juiz que espontaneamente afirmar suspeição deverá fazê-lo por
escrito, declarando o motivo legal, e remeterá imediatamente o processo ao seu
substituto, intimadas as partes.
Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em
petição assinada por ela própria ou por procurador com poderes especiais,
aduzindo as suas razões acompanhadas de prova documental ou do rol de
testemunhas.
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo,
mandará juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a
instruam, e por despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos
ao substituto.
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a
petição, dará sua resposta dentro em 3 (três) dias, podendo instruí-la e oferecer

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testemunhas, e, em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos,
dentro em 24 (vinte e quatro) horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o
julgamento.
§ 1º. Reconhecida, preliminarmente, a relevância da argüição, o juiz ou tribunal,
com citação das partes, marcará dia e hora para a inquirição das testemunhas,
seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações.
§ 2º. Se a suspeição for de manifesta improcedência, o juiz ou relator a rejeitará
liminarmente.
Art. 101. Julgada procedente a suspeição, ficarão nulos os atos do processo
principal, pagando o juiz as custas, no caso de erro inescusável; rejeitada,
evidenciando-se a malícia do excipiente, a este será imposta a multa de duzentos
mil-réis a dois contos de réis.
Art. 102. Quando a parte contrária reconhecer a procedência da argüição,
poderá ser sustado, a seu requerimento, o processo principal, até que se julgue o
incidente da suspeição.
Art. 103. No Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o juiz que
se julgar suspeito deverá declará-lo nos autos e, se for revisor, passar o feito ao
seu substituto na ordem da precedência, ou, se for relator, apresentar os autos em
mesa para nova distribuição.
§ 1º. Se não for relator nem revisor, o juiz que houver de dar-se por suspeito,
deverá fazê-lo verbalmente, na sessão de julgamento, registrando-se na ata a
declaração.
§ 2º. Se o presidente do tribunal se der por suspeito, competirá ao seu substituto
designar dia para o julgamento e presidí-lo.
§ 3º. Observar-se-á, quanto à argüição de suspeição pela parte, o disposto nos
artigos 98 a 101, no que lhe for aplicável, atendido, se o juiz a reconhecer, o que
estabelece este artigo.
§ 4º. A suspeição, não sendo reconhecida, será julgada pelo tribunal pleno,
funcionando como relator o presidente.
§ 5º. Se o recusado for o presidente do tribunal, o relator será o vice-presidente.
Art. 104. Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz,
depois de ouví-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de
provas no prazo de 3 (três) dias.
Art. 105. As partes poderão também argüir de suspeitos os peritos, os
intérpretes e os serventuários ou funcionários de justiça, decidindo o juiz de plano
e sem recurso, à vista da matéria alegada e prova imediata.
Art. 106. A suspeição dos jurados deverá ser argüida oralmente, decidindo de
plano o presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado,
não for imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata.
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.

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Art. 108. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente
ou por escrito, no prazo de defesa.
§ 1º. Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será
remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo
prosseguirá.
§ 2º. Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por
termo a declinatória, se formulada verbalmente.
Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne
incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte,
prosseguindo-se na forma do artigo anterior.
Art. 110. Nas exceções de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada,
será observado, no que lhes for aplicável, o disposto sobre a exceção de
incompetência do juízo.
§ 1º. Se a parte houver de opor mais de uma dessas exceções, deverá fazê-lo
numa só petição ou articulado.
§ 2º. A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato
principal, que tiver sido objeto da sentença.
Art. 111. As exceções serão processadas em autos apartados e não
suspenderão, em regra, o andamento da ação penal.
CAPÍTULO III
DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS

Art. 112. O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários


de justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando
houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não
se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser argüido pelas
partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção de suspeição.
CAPÍTULO IV
DO CONFLITO DE JURISDIÇÃO

Art. 113. As questões atinentes à competência resolver-se-ão não só pela


exceção própria, como também pelo conflito positivo ou negativo de jurisdição.
Art. 114. Haverá conflito de jurisdição:
I - quando duas ou mais autoridades judiciárias se considerarem competentes,
ou incompetentes, para conhecer do mesmo fato criminoso;
II - quando entre elas surgir controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou
separação de processo.
Art. 115. O conflito poderá ser suscitado:
I - pela parte interessada;
II - pelos órgãos do Ministério Público junto a qualquer dos juízos em dissídio;

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III - por qualquer dos juízes ou tribunais em causa.
Art. 116. Os juízes e tribunais, sob a forma de representação, e a parte
interessada, sob a de requerimento, darão parte escrita e circunstanciada do
conflito, perante o tribunal competente, expondo os fundamentos e juntando os
documentos comprobatórios.
§ 1º. Quando negativo o conflito, os juízes e tribunais poderão suscitá-lo nos
próprios autos do processo.
§ 2º. Distribuído o feito, se o conflito for positivo, o relator poderá determinar
imediatamente que se suspenda o andamento do processo.
§ 3º. Expedida ou não a ordem de suspensão, o relator requisitará informações
às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia do requerimento ou
representação.
§ 4º. As informações serão prestadas no prazo marcado pelo relator.
§ 5º. Recebidas as informações, e depois de ouvido o procurador-geral, o conflito
será decidido na primeira sessão, salvo se a instrução do feito depender de
diligência.
§ 6º. Proferida a decisão, as cópias necessárias serão remetidas, para a sua
execução, às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o
houverem suscitado.
Art. 117. O Supremo Tribunal Federal, mediante avocatória, restabelecerá a sua
jurisdição, sempre que exercida por qualquer dos juízes ou tribunais inferiores.
CAPÍTULO V
DA RESTITUIÇÃO DAS COISAS APREENDIDAS

Art. 118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas apreendidas


não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao processo.
Art. 119. As coisas a que se referem os artigos 74 e 100 do Código Penal não
poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final,
salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade
policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao
direito do reclamante.
§ 1º. Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição autuar-se-á em apartado,
assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal caso,
só o juiz criminal poderá decidir o incidente.
§ 2º. O incidente autuar-se-á também em apartado e só a autoridade judicial o
resolverá, se as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, que
será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do
reclamante, tendo um e outro 2 (dois) dias para arrazoar.
§ 3º. Sobre o pedido de restituição será sempre ouvido o Ministério Público.
§ 4º. Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
partes para o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário
ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea.

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§ 5º. Tratando-se de coisas facilmente deterioráveis, serão avaliadas e levadas a
leilão público, depositando-se o dinheiro apurado, ou entregues ao terceiro que as
detinha, se este for pessoa idônea e assinar termo de responsabilidade.
Art. 121. No caso de apreensão de coisa adquirida com os proventos da
infração, aplica-se o disposto no artigo 133 e seu parágrafo.
Art. 122. Sem prejuízo do disposto nos artigos 120 e 133, decorrido o prazo de
90 (noventa) dias, após transitar em julgado a sentença condenatória, o juiz
decretará, se for caso, a perda, em favor da União, das coisas apreendidas (artigo
74, II, a e b do Código Penal) e ordenará que sejam vendidas em leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado será recolhido ao Tesouro Nacional o que
não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 123. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se dentro no prazo de
90 (noventa) dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados ou não
pertencerem ao réu, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à
disposição do juízo de ausentes.
Art. 124. Os instrumentos do crime, cuja perda em favor da União for decretada,
e as coisas confiscadas, de acordo com o disposto no artigo 100 do Código Penal,
serão inutilizados ou recolhidos a museu criminal, se houver interesse na sua
conservação.
CAPÍTULO VI
DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS

Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens.
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido,
ou mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Art. 128. Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de
Imóveis.
Art. 129. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
Art. 130. O seqüestro poderá ainda ser embargado:
I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os
proventos da infração;
II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso,
sob o fundamento de tê-los adquirido de boa-fé.
Parágrafo único. Não poderá ser pronunciada a decisão nesses embargos antes
de passar em julgado a sentença condenatória.

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Art. 131. O seqüestro será levantado:
I - se a ação penal não for intentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da
data em que ficar concluída a diligência;
II - se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução que
assegure a aplicação do disposto no artigo 74, II, b, segunda parte, do Código
Penal;
III - se for julgada extinta a punibilidade ou absolvido o réu, por sentença
transitada em julgado.
Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as
condições previstas no artigo 126, não for cabível a medida regulada no Capítulo
XI do Título VII deste Livro.
Art. 133. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a
requerimento do interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em
leilão público.
Parágrafo único. Do dinheiro apurado, será recolhido ao Tesouro Nacional o que
não couber ao lesado ou a terceiro de boa-fé.
Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida
pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja certeza da infração e
indícios suficientes da autoria.
Art. 135. Pedida a especialização mediante requerimento, em que a parte
estimará o valor da responsabilidade civil, e designará e estimará o imóvel ou
imóveis que terão de ficar especialmente hipotecados, o juiz mandará logo
proceder ao arbitramento do valor da responsabilidade e à avaliação do imóvel ou
imóveis.
§ 1º. A petição será instruída com as provas ou indicação das provas em que se
fundar a estimação da responsabilidade, com a relação dos imóveis que o
responsável possuir, se outros tiver, além dos indicados no requerimento, e com
os documentos comprobatórios do domínio.
§ 2º. O arbitramento do valor da responsabilidade e a avaliação dos imóveis
designados far-se-ão por perito nomeado pelo juiz, onde não houver avaliador
judicial, sendo-lhe facultada a consulta dos autos do processo respectivo.
§ 3º. O juiz, ouvidas as partes no prazo de 2 (dois) dias, que correrá em cartório,
poderá corrigir o arbitramento do valor da responsabilidade, se lhe parecer
excessivo ou deficiente.
§ 4º. O juiz autorizará somente a inscrição da hipoteca do imóvel ou imóveis
necessários à garantia da responsabilidade.
§ 5º. O valor da responsabilidade será liquidado definitivamente após a
condenação, podendo ser requerido novo arbitramento se qualquer das partes não
se conformar com o arbitramento anterior à sentença condenatória.
§ 6º. Se o réu oferecer caução suficiente, em dinheiro ou em títulos de dívida
pública, pelo valor de sua cotação em bolsa, o juiz poderá deixar de mandar
proceder à inscrição da hipoteca legal.
Art. 136. O seqüestro do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se,

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porém, se no prazo de 15 (quinze) dias não for promovido o processo de inscrição
da hipoteca legal.
Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor
insuficiente, poderão ser seqüestrados bens móveis suscetíveis de penhora, nos
termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis.
§ 1º. Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-
se-á na forma do § 5º do artigo 120.
§ 2º. Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados
pelo juiz, para a manutenção do indiciado e de sua família.
Art. 138. O processo de especialização da hipoteca legal e do seqüestro
correrão em auto apartado.
Art. 139. O depósito e a administração dos bens seqüestrados ficarão sujeitos ao
regime do processo civil.
Art. 140. As garantias do ressarcimento do dano alcançarão também as
despesas processuais e as penas pecuniárias, tendo preferência sobre estas a
reparação do dano ao ofendido.
Art. 141. O seqüestro será levantado ou cancelada a hipoteca, se, por sentença
irrecorrível, o réu for absolvido ou julgada extinta a punibilidade.
Art. 142. Caberá ao Ministério Público promover as medidas estabelecidas nos
artigos 134 e 137, se houver interesse da Fazenda Pública, ou se o ofendido for
pobre e o requerer.
Art. 143. Passando em julgado a sentença condenatória, serão os autos de
hipoteca ou seqüestro remetidos ao juiz do cível (artigo 63).
Art. 144. Os interessados ou, nos casos do artigo 142, o Ministério Público
poderão requerer no juízo cível, contra o responsável civil, as medidas previstas
nos artigos 134, 136 e 137.
CAPÍTULO VII
DO INCIDENTE DE FALSIDADE

Art. 145. Argüida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o
juiz observará o seguinte processo:
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte
contrária, que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, oferecerá resposta;
II - assinará o prazo de 3 (três) dias, sucessivamente, a cada uma das partes,
para prova de suas alegações;
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias;
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o
documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério
Público.
Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais.

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Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade.
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de
ulterior processo penal ou civil.
CAPÍTULO VIII
DA INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO

Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do
curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este
submetido a exame médico-legal.
§ 1º. O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante
representação da autoridade policial ao juiz competente.
§ 2º. O juiz nomeará curador ao acusado, quando determinar o exame, ficando
suspenso o processo, se já iniciada a ação penal, salvo quanto às diligências que
possam ser prejudicadas pelo adiamento.
Art. 150. Para o efeito do exame, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver, ou, se estiver solto, e o requererem os peritos,
em estabelecimento adequado que o juiz designar.
§ 1º. O exame não durará mais de 45 (quarenta e cinco) dias, salvo se os peritos
demonstrarem a necessidade de maior prazo.
§ 2º. Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar
sejam os autos entregues aos peritos, para facilitar o exame.
Art. 151. Se os peritos concluírem que o acusado era, ao tempo da infração,
irresponsável nos termos do artigo 22 do Código Penal, o processo prosseguirá,
com a presença do curador.
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo
continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2º do artigo
149.
§ 1º. O juiz poderá, nesse caso, ordenar a internação do acusado em manicômio
judiciário ou em outro estabelecimento adequado.
§ 2º. O processo retomará o seu curso, desde que se restabeleça o acusado,
ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que houverem
prestado depoimento sem a sua presença.
Art. 153. O incidente da insanidade mental processar-se-á em auto apartado,
que só depois da apresentação do laudo, será apenso ao processo principal.
Art. 154. Se a insanidade mental sobrevier no curso da execução da pena,
observar-se-á o disposto no artigo 682.

TÍTULO VII
DA PROVA
CAPÍTULO I

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DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão
observadas as restrições à prova estabelecidas na lei civil.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer; mas o juiz poderá, no
curso da instrução ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício, diligências
para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova.
CAPÍTULO II
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL

Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de


corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois
peritos oficiais. (Redação dada ao caput pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
§ 1º. Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas
idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência,
entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
§ 2º. Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez)
dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento
dos peritos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a
qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas depois do óbito, salvo
se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
antes daquele prazo, o que declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo
do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de
exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante.
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a
diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o
lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de

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quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a
inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo
constará do auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
encontrados, bem como, na medida possível, todas as lesões externas e vestígios
deixados no local do crime. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.862, de
28.03.1994)
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando
possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-
á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os
sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os
objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
§ 1º. No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de
delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2º. Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no artigo 129, §
1º, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta)
dias, contado da data do crime.
§ 3º. A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração,
a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das
coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica
dos fatos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente
para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época

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presumem ter sido o fato praticado.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas,
deterioradas ou que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à
avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de
diligências.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que
houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o
patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
que interessarem à elucidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra,
observar-se-á o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o
ato, se for encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa
reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou
sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos
que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a
diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os
exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se
estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser
feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será
intimada a escrever.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da
infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da
diligência.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo
deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa
nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória.
Art. 178. No caso do artigo 159, o exame será requisitado pela autoridade ao
diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.
Art. 179. No caso do § 1º do artigo 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que
será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. No caso do artigo 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser
datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do
exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá

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separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir
de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões,
obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 8.862, de 28.03.1994)
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no
todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o disposto
no artigo 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.
CAPÍTULO III
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

Art. 185. O acusado, que for preso, ou comparecer, espontaneamente ou em


virtude de intimação, perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal,
será qualificado e interrogado.
Art. 186. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observará ao réu que, embora
não esteja obrigado a responder às perguntas que lhe forem formuladas, o seu
silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa.
Art. 187. O defensor do acusado não poderá intervir ou influir, de qualquer modo,
nas perguntas e nas respostas.
Art. 188. O réu será perguntado sobre o seu nome, naturalidade, estado, idade,
filiação, residência, meios de vida ou profissão e lugar onde exerce a sua atividade
e se sabe ler e escrever, e, depois de cientificado da acusação, será interrogado
sobre:
I - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
II - as provas contra ele já apuradas;
III - se conhece a vítima e as testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde
quando, e se tem o que alegar contra elas;
IV - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer dos
objetos que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
V - se verdadeira a imputação que lhe é feita;
VI - se, não sendo verdadeira a imputação, tem algum motivo particular a que
atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática do
crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois
dela;
VII - todos os demais fatos e pormenores, que conduzam à elucidação dos
antecedentes e circunstâncias da infração;

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VIII - sua vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e,
no caso afirmativo, qual o juízo do processo, qual a pena imposta e se a cumpriu.
Parágrafo único. Se o acusado negar a imputação no todo ou em parte, será
convidado a indicar as provas da verdade de suas declarações.
Art. 189. Se houver co-réus, cada um deles será interrogado separadamente.
Art. 190. Se o réu confessar a autoria, será especialmente perguntado sobre os
motivos e circunstâncias da ação e se outras pessoas concorreram para a infração
e quais sejam.
Art. 191. Consignar-se-ão as perguntas que o réu deixar de responder e as
razões que invocar para não fazê-lo.
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será feito pela
forma seguinte:
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá
oralmente;
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as ele por escrito;
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e por escrito dará
ele as respostas.
Parágrafo único. Caso o interrogado não saiba ler ou escrever, intervirá no ato,
como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo.
Art. 193. Quando o acusado não falar a língua nacional, o interrogatório será
feito por intérprete.
Art. 194. Se o acusado for menor, proceder-se-á ao interrogatório na presença
de curador.
Art. 195. As respostas do acusado serão ditadas pelo juiz e reduzidas a termo,
que, depois de lido e rubricado pelo escrivão em todas as suas folhas, será
assinado pelo juiz e pelo acusado.
Parágrafo único. Se o acusado não souber escrever, não puder ou não quiser
assinar, tal fato será consignado no termo.
Art. 196. A todo tempo, o juiz poderá proceder a novo interrogatório.
CAPÍTULO IV
DA CONFISSÃO

Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as
demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade
ou concordância.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz.
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo
nos autos, observado o disposto no artigo 195.

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Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
CAPÍTULO V
DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO

Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre
as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas
que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
Parágrafo único. Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade.
CAPÍTULO VI
DAS TESTEMUNHAS

Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.


Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a
verdade do que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua
idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua
atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas
relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões
de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua
credibilidade.
Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à
testemunha trazê-lo por escrito.
Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a
apontamentos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à
verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o
depoimento desde logo.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a
prova do fato e de suas circunstâncias.
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas
pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o artigo 203 aos doentes e
deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que
se refere o artigo 206.
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas,

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além das indicadas pelas partes.
§ 1º. Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
testemunhas se referirem.
§ 2º. Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que
interesse à decisão da causa.
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que
umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti-
las das penas cominadas ao falso testemunho.
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma
testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá cópia do
depoimento à autoridade policial para a instauração de inquérito.
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de julgamento,
o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (artigo 538, § 2º), o tribunal (artigo
561), ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos, poderão fazer
apresentar imediatamente a testemunha à autoridade policial.
Art. 212. As perguntas das partes serão requeridas ao juiz, que as formulará à
testemunha. O juiz não poderá recusar as perguntas da parte, salvo se não
tiverem relação com o processo ou importarem repetição de outra já respondida.
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações
pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a
testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita de
parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não lhe deferirá
compromisso nos casos previstos nos artigos 207 e 208.
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto
possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as
suas frases.
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela,
pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê-
lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na presença de ambos.
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu, pela sua atitude, poderá influir
no ânimo da testemunha, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará
retirá-lo, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Neste caso
deverão constar do termo a ocorrência e os motivos que a determinaram.
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem
motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação
ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio
da força pública.
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no artigo

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453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao
pagamento das custas da diligência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416,
de 24.05.1977)
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de
comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e
Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos
Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas Estaduais, os membros do
Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos
em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 3.653, de 04.11.1959)
§ 1º. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar
pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas
pelas partes e deferidas pelo juiz, lhes serão transmitidas por ofício. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 2º. Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 3º. Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no artigo 218, devendo,
porém, a expedição do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo
juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com
prazo razoável, intimadas as partes.
§ 1º. A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.
§ 2º. Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo
tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado
intérprete para traduzir as perguntas e respostas.
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo, proceder-se-á na
conformidade do artigo 192.
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de 1 (um) ano, qualquer
mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-
comparecimento.
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade
ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista,
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
antecipadamente o depoimento.
CAPÍTULO VII

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DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoas,


proceder-se-á pela seguinte forma:
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a
pessoa que deva ser reconhecida;
II - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao
lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem
tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento,
por efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da
pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não
veja aquela;
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela
autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
testemunhas presenciais.
Parágrafo único. O disposto no nº III deste artigo não terá aplicação na fase da
instrução criminal ou em plenário de julgamento.
Art. 227. No reconhecimento do objeto, proceder-se-á com as cautelas
estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de
pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer
comunicação entre elas.
CAPÍTULO VIII
DA ACAREAÇÃO

Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e


testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a pessoa
ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem, em suas
declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que expliquem os
pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de
outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discordância,
expedir-se-á precatória à autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
transcrevendo-se as declarações desta e as da testemunha presente, nos pontos
em que divergirem, bem como o texto do referido auto, a fim de que se complete a
diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para
a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não importe
demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
CAPÍTULO IX

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DOS DOCUMENTOS

Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar


documentos em qualquer fase do processo.
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou
papéis, públicos ou particulares.
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o
mesmo valor do original.
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos,
não serão admitidas em juízo.
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo
destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja consentimento do
signatário.
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto
relevante da acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de
requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame
pericial, quando contestada a sua autenticidade.
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada
imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por
pessoa idônea nomeada pela autoridade.
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o original, em
presença da autoridade.
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista
motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão, mediante
requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os
produziu, ficando traslado nos autos.
CAPÍTULO X
DOS INDÍCIOS

Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo


relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias.
CAPÍTULO XI
DA BUSCA E DA APREENSÃO

Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.


§ 1º. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,
para:

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a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2º. Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que
alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e
letra h do parágrafo anterior.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de
qualquer das partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:

I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a


diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca
pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
§ 1º. Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de
busca.
§ 2º. Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do
acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou
quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a
medida for determinada no curso de busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador
consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o,
em seguida, a abrir a porta.
§ 1º. Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e
o objeto da diligência.
§ 2º. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada.
§ 3º. Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas
existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se procura.
§ 4º. Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores,

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devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se
houver e estiver presente.
§ 5º. Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será
intimado a mostrá-la.
§ 6º. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
§ 7º. Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o
com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de
proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento ocupado de
habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao público, onde alguém
exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da
diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de
jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão,
forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à competente
autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1º. Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da
pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem
interrupção, embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas
ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em
determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 2º. Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da
legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus
distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão exigir as
provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.
TÍTULO VIII
DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS
ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA
CAPÍTULO I
DO JUIZ

Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem


no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública.

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Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do
Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de
direito, sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, e consangüíneo ou afim em linha reta
ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no
feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes
que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado
por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
VI - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
processo.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade
cessará pela dissolução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo
descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não
funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem
for parte no processo.
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a
parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la.
CAPÍTULO II
DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 257. O Ministério Público promoverá e fiscalizará a execução da lei.


Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que
o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim,
em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no
que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos
dos juízes.

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CAPÍTULO III
DO ACUSADO E SEU DEFENSOR

Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro


nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a
identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da
execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação,
por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
autoridade poderá mandar conduzí-lo à sua presença.
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos
mencionados no artigo 352, no que lhe for aplicável.
Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor.
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.
Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz,
ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si
mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os
honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados,
sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos
acusados quando nomeados pelo Juiz.
Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo
imperioso, a critério do juiz, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis.
Parágrafo único. A falta de comparecimento do defensor, ainda que motivada,
não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo o juiz nomear
substituto, ainda que provisoriamente ou para o só efeito do ato.
Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se
o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.
Art. 267. Nos termos do artigo 252, não funcionarão como defensores os
parentes do juiz.
CAPÍTULO IV
DOS ASSISTENTES

Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente
do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer
das pessoas mencionadas no artigo 31.

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Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença
e receberá a causa no estado em que se achar.
Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do
Ministério Público.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas
às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e
arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos
casos dos artigos 584, § 1º, e 598.
§ 1º. O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas
propostas pelo assistente.
§ 2º. O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do
assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da
instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente comprovado.
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do
assistente.
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso,
devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão.
CAPÍTULO V
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA

Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos


serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável.
CAPÍTULO VI
DOS PERITOS E INTÉRPRETES

Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária.
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,
sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa,
provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos
estabelecidos.
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a
autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos:
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do

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artigo 69 do Código Penal;
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente
sobre o objeto da perícia;
III - os analfabetos e os menores de 21 (vinte e um) anos.
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre
suspeição dos juízes.
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos.

TÍTULO IX
DA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 282. À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em
virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e mediante ordem escrita
da autoridade competente.
Art. 283. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso
de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.

Parágrafo único. O mandado de prisão:


a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais
característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao
preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e
lugar da diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se
recusar, não souber ou não puder escrever, o fato será mencionado em
declaração, assinada por duas testemunhas.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não
obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz
que tiver expedido o mandado.
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao
respectivo diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo
executor ou apresentada a guia expedida pela autoridade competente, devendo
ser passado recibo da entrega do preso, com declaração de dia e hora.

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Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado,
se este for o documento exibido.
Art. 289. Quando o réu estiver no território nacional, em lugar estranho ao da
jurisdição, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro
teor do mandado.
Parágrafo único. Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por
telegrama, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como, se afiançável a
infração, o valor da fiança. No original levado à agência telegráfica será
autenticada a firma do juiz, o que se mencionará no telegrama.
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou
comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar,
apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o
caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1º. Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha
perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há
pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu
encalço.
§ 2º. Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da
legitimidade da pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar,
poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o
executor, fazendo-se conhecer do réu, lhe apresente o mandado e o intime a
acompanhá-lo.
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em
flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas
que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para
vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
testemunhas.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou
ou se encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da
ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas
testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se
preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for
atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo
que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa
será levado à presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de
direito.
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo
anterior, no que for aplicável.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da

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autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do
Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os
vereadores e os chefes de Polícia; (Redação dada pela Lei nº 3.181, de
11.06.1957)
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e
das Assembléias Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito'';
V - os oficiais das Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros;
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo
quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela
função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e
inativos. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.126, de 29.09.1966)
Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à
prisão, em estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos
regulamentos.
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a
autoridade policial poderá expedir tantos outros quantos necessários às
diligências, devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado original.
Art. 298. Se a autoridade tiver conhecimento de que o réu se acha em território
estranho ao da sua jurisdição, poderá, por via postal ou telegráfica, requisitar a
sua captura, declarando o motivo da prisão e, se afiançável a infração, o valor da
fiança.
Art. 299. Se a infração for inafiançável, a captura poderá ser requisitada, à vista
de mandado judicial, por via telefônica, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a
requisição, as precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta.
Art. 300. Sempre que possível, as pessoas presas provisoriamente ficarão
separadas das que já estiverem definitivamente condenadas.
CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes


deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;

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II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que
façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e
as testemunhas que o acompanharam e interrogará o acusado sobre a imputação
que lhe é feita, lavrando-se auto, que será por todos assinado.
§ 1º. Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a
autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de
prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for
competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2º. A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em
flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas
pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§ 3º. Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o
auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham
ouvido a leitura na presença do acusado, do condutor e das testemunhas.
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada
pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.
Art. 306. Dentro em 24 (vinte e quatro) horas depois da prisão, será dada ao
preso nota de culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
condutor e os das testemunhas.
Parágrafo único. O preso passará recibo da nota de culpa, o qual será assinado
por duas testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta,
no exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de
prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas,
sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido
imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se
não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o
preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de
lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente
praticou o fato, nas condições do artigo 19, I, II e III, do Código Penal, poderá,
depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de
revogação.

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Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo
auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que
autorizam a prisão preventiva (artigos 311 e 312). (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
CAPÍTULO III
DA PRISÃO PREVENTIVA

Art. 311. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a


prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, ou do querelante, ou mediante representação da autoridade policial.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.349, de 03.11.1967)
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.884, de
11.06.1994)
Art. 313. Em qualquer das circunstâncias, previstas no artigo anterior, será
admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos:
I - punidos com reclusão;
II - punidos com detenção, quando se apurar que o indiciado é vadio ou, havendo
dúvida sobre a sua identidade, não fornecer ou não indicar elementos para
esclarecê-la;
III - se o réu tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 46 do Código
Penal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar
pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições do
artigo 19, I, II ou III, do Código Penal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.349,
de 03.11.1967)
Art. 315. O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre
fundamentado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.349, de 03.11.1967)
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo,
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.349,
de 03.11.1967)
CAPÍTULO IV
DA APRESENTAÇÃO ESPONTÂNEA DO ACUSADO

Art. 317. A apresentação espontânea do acusado à autoridade não impedirá a


decretação da prisão preventiva nos casos em que a lei a autoriza.
Art. 318. Em relação àquele que se tiver apresentado espontaneamente à

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prisão, confessando crime de autoria ignorada ou imputada a outrem, não terá
efeito suspensivo a apelação interposta da sentença absolutória, ainda nos casos
em que este Código lhe atribuir tal efeito.
CAPÍTULO V
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA

Art. 319. A prisão administrativa terá cabimento:


I - contra remissos ou omissos em entrar para os cofres públicos com os
dinheiros a seu cargo, a fim de compelí-los a que o façam;
II - contra estrangeiro desertor de navio de guerra ou mercante, surto em porto
nacional;
III - nos demais casos previstos em lei.
§ 1º. A prisão administrativa será requisitada à autoridade policial nos casos dos
nºs. I e III, pela autoridade que a tiver decretado e, no caso do nº II, pelo cônsul do
país a que pertença o navio.
§ 2º. A prisão dos desertores não poderá durar mais de 3 (três) meses e será
comunicada aos cônsules.
§ 3º. Os que forem presos à requisição de autoridade administrativa ficarão à sua
disposição.
Art. 320. A prisão decretada na jurisdição cível será executada pela autoridade
policial a quem forem remetidos os respectivos mandados.
CAPÍTULO VI
DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA

Art. 321. Ressalvado o disposto no artigo 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto,
independentemente de fiança:
I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente,
cominada pena privativa de liberdade;
II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou
alternativamente cominada, não exceder a 3 (três) meses.
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de
infração punida com detenção ou prisão simples.
Parágrafo único. Nos demais casos do artigo 323, a fiança será requerida ao juiz,
que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
6.416, de 24.05.1977)
Art. 323. Não será concedida fiança:

I - nos crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada for
superior a 2 (dois) anos; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
II - nas contravenções tipificadas nos artigos 59 e 60 da Lei das Contravenções
Penais; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
III - nos crimes dolosos punidos com pena privativa da liberdade, se o réu já tiver

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sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
IV - em qualquer caso, se houver no processo prova de ser o réu vadio;
V - nos crimes punidos com reclusão, que provoquem clamor público ou que
tenham sido cometidos com violência contra a pessoa ou grave ameaça.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:

I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente


concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se
refere o artigo 350;
II - em caso de prisão por mandado do juiz do cível, de prisão disciplinar,
administrativa ou militar;
III - ao que estiver no gozo de suspensão condicional da pena ou de livramento
condicional, salvo se processado por crime culposo ou contravenção que admita
fiança;
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva (artigo 312). (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos
seguintes limites:
a) de 1 (um) a 5 (cinco) salários mínimos de referência, quando se tratar de
infração punida, no grau máximo, com pena privativa da liberdade, até 2 (dois)
anos;
b) de 5 (cinco) a 20 (vinte) salários mínimos de referência, quando se tratar de
infração punida com pena privativa da liberdade, no grau máximo, até 4 (quatro)
anos;
c) de 20 (vinte) a 100 (cem) salários mínimos de referência, quando o máximo da
pena cominada for superior a 4 (quatro) anos.(Redação dada ao caput pela Lei nº
7.780, de 22.06.1989)
§ 1º. Se assim o recomendar a situação econômica do réu, a fiança poderá ser:
I - reduzida até o máximo de dois terços;
II - aumentada, pelo juiz, até o décuplo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
8.035, de 27.04.1990)
§ 2º. Nos casos de prisão em flagrante pela prática de crime contra a economia
popular ou de crime de sonegação fiscal, não se aplica o disposto no artigo 310 e
parágrafo único deste Código, devendo ser observados os seguintes
procedimentos:
I - a liberdade provisória somente poderá ser concedida mediante fiança, por
decisão do juiz competente e após a lavratura do auto de prisão em flagrante;
II - o valor de fiança será fixado pelo juiz que a conceder, nos limites de dez mil a
cem mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional - BTN, da data da prática do
crime;
III - se assim o recomendar a situação econômica do réu, o limite mínimo ou
máximo do valor da fiança poderá ser reduzido em até nove décimos ou
aumentado até o décuplo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.035, de
27.04.1990)

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Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a
natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do
acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a
importância provável das custas do processo, até final julgamento.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante
a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução
criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida
como quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança,
mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou
ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela
autoridade o lugar onde será encontrado.
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá um livro especial,
com termos de abertura e de encerramento, numerado e rubricado em todas as
suas folhas pela autoridade, destinado especialmente aos termos de fiança. O
termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a
fiança, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.
Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão notificados
das obrigações e da sanção previstas nos artigos 327 e 328, o que constará dos
autos.
Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro,
pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou
municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
§ 1º. A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita
imediatamente por perito nomeado pela autoridade.
§ 2º. Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor
será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á
prova de que se acham livres de ônus.
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à repartição
arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao depositário público, juntando-se
aos autos os respectivos conhecimentos.
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se puder fazer de pronto, o
valor será entregue ao escrivão ou pessoa abonada, a critério da autoridade, e
dentro de 3 (três) dias dar-se-á ao valor o destino que lhe assina este artigo, o que
tudo constará do termo de fiança.
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a
fiança a autoridade que presidir ao respectivo auto, e, em caso de prisão por
mandado, o juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou policial a
quem tiver sido requisitada a prisão.
Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida independentemente
de audiência do Ministério Público, este terá vista do processo a fim de requerer o
que julgar conveniente.

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Art. 334. A fiança poderá ser prestada em qualquer termo do processo, enquanto
não transitar em julgado a sentença condenatória.
Art. 335. Recusando ou demorando a autoridade policial a concessão da fiança,
o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o
juiz competente, que decidirá, depois de ouvida aquela autoridade.
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança ficarão sujeitos ao pagamento
das custas, da indenização do dano e da multa, se o réu for condenado.
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da prescrição
depois da sentença condenatória (Código Penal, artigo 110 e seu parágrafo).
Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado a sentença
que houver absolvido o réu ou declarado extinta a ação penal, o valor que a
constituir será restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo do artigo
anterior.
Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em
qualquer fase do processo.
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de
delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito.
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança:
I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados
ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas;
III - quando for inovada a classificação do delito.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão,
quando, na conformidade deste artigo, não for reforçada.
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o réu, legalmente intimado para
ato do processo, deixar de comparecer, sem provar, incontinenti, motivo justo, ou
quando, na vigência da fiança, praticar outra infração penal.
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou quebrada a
fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos.
Art. 343. O quebramento da fiança importará a perda de metade do seu valor e a
obrigação, por parte do réu, de recolher-se à prisão, prosseguindo-se, entretanto,
à sua revelia, no processo e julgamento, enquanto não for preso.
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado,
o réu não se apresentar à prisão.
Art. 345. No caso de perda da fiança, depois de deduzidas as custas e mais
encargos a que o réu estiver obrigado, o saldo será recolhido ao Tesouro
Nacional.
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções previstas no
artigo anterior, o saldo será, até metade do valor da fiança, recolhido ao Tesouro

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Federal.
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do artigo 345, o saldo será entregue a quem
houver prestado a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver
obrigado.
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de hipoteca, a
execução será promovida no juízo cível pelo órgão do Ministério Público.
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, o juiz
determinará a venda por leiloeiro ou corretor.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando ser impossível ao
réu prestá-la, por motivo de pobreza, poderá conceder-lhe a liberdade provisória,
sujeitando-o às obrigações constantes dos artigos 327 e 328. Se o réu infringir,
sem motivo justo, qualquer dessas obrigações ou praticar outra infração penal,
será revogado o benefício.
Parágrafo único. O escrivão intimará o réu das obrigações e sanções previstas
neste artigo.
TÍTULO X
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
CAPÍTULO I
DAS CITAÇÕES

Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
Art. 352. O mandado de citação indicará:

I - o nome do juiz;
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa;
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos;
IV - a residência do réu, se for conhecida;
V - o fim para que é feita a citação;
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante,
será citado mediante precatória.
Art. 354. A precatória indicará:

I - o juiz deprecado e o juiz deprecante;


II - a sede da jurisdição de um e de outro;
III - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de
traslado, depois de lançado o "cumpra-se'' e de feita a citação por mandado do juiz

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deprecado.
§ 1º. Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência,
desde que haja tempo para fazer-se a citação.
§ 2º. Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a
precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no artigo 362.
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos
enumerados no artigo 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de
reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará.
Art. 357. São requisitos da citação por mandado:

I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se


mencionarão dia e hora da citação;
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou
recusa.
Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo
serviço.
Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como
acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.
Art. 360. Se o réu estiver preso, será requisitada a sua apresentação em juízo,
no dia e hora designados.
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15
(quinze) dias.
Art. 362. Verificando-se que o réu se oculta para não ser citado, a citação far-se-
á por edital, com o prazo de 5 (cinco) dias.
Art. 363. A citação ainda será feita por edital:

I - quando inacessível, em virtude de epidemia, de guerra ou por outro motivo de


força maior, o lugar em que estiver o réu;
II - quando incerta a pessoa que tiver de ser citada.
Art. 364. No caso do artigo anterior, nº I, o prazo será fixado pelo juiz entre 15
(quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de nº II,
o prazo será de 30 (trinta) dias.
Art. 365. O edital de citação indicará:

I - o nome do juiz que a determinar;


II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem
como sua residência e profissão, se constarem do processo;
III - o fim para que é feita a citação;
IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se
houver, ou da sua afixação.

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Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e
será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada
pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou
certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o Juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no
artigo 312.
§ 1º. As provas antecipadas serão produzidas na presença do Ministério Público
e do defensor dativo.
§ 2º. Comparecendo o acusado, ter-se-á por citado pessoalmente, prosseguindo
o processo em seus ulteriores atos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.271, de
17.04.1996)
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou
intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo
justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo
endereço ao juízo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.271, de 17.04.1996)
Art. 368. Estando acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante
carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu
cumprimento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.271, de 17.04.1996)
Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras
serão efetuadas mediante carta rogatória. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
9.271, de 17.04.1996)
CAPÍTULO II
DAS INTIMAÇÕES

Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que
devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável,
o disposto no Capítulo anterior.
§ 1º. A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
§ 2º. Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a
intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com
comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo.
§ 3º. A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude
o § 1º.
§ 4º. A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
(Redação dada ao artigo e parágrafos pela Lei nº 9.271, de 17.04.1996)
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for
requerida, observado o disposto no artigo 357.

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Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde
logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento,
do que se lavrará termo nos autos.

TÍTULO XI
DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE INTERDIÇÕES DE DIREITOS E MEDIDAS DE
SEGURANÇA
Art. 373. A aplicação provisória de interdições de direitos poderá ser
determinada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
querelante, do assistente, do ofendido, ou de seu representante legal, ainda que
este não se tenha constituído como assistente:
I - durante a instrução criminal após a apresentação da defesa ou do prazo
concedido para esse fim;
II - na sentença de pronúncia;
III - na decisão confirmatória da pronúncia ou na que, em grau de recurso,
pronunciar o réu;
IV - na sentença condenatória recorrível.
§ 1º. No caso do nº I, havendo requerimento de aplicação da medida, o réu ou
seu defensor será ouvido no prazo de 2 (dois) dias.
§ 2º. Decretada a medida, serão feitas as comunicações necessárias para a sua
execução, na forma do disposto no Capítulo III do Título II do Livro IV.
Art. 374. Não caberá recurso do despacho ou da parte da sentença que decretar
ou denegar a aplicação provisória de interdições de direitos, mas estas poderão
ser substituídas ou revogadas:
I - se aplicadas no curso da instrução criminal, durante esta ou pelas sentenças a
que se referem os ns. II, III e IV do artigo anterior;
II - se aplicadas na sentença de pronúncia, pela decisão que, em grau de
recurso, a confirmar, total ou parcialmente, ou pela sentença condenatória
recorrível;
III - se aplicadas na decisão a que se refere o nº III do artigo anterior, pela
sentença condenatória recorrível.
Art. 375. O despacho que aplicar, provisoriamente, substituir ou revogar
interdição de direito, será fundamentado.
Art. 376. A decisão que impronunciar ou absolver o réu fará cessar a aplicação
provisória da interdição anteriormente determinada.
Art. 377. Transitando em julgado a sentença condenatória, serão executadas
somente as interdições nela aplicadas ou que derivarem da imposição da pena
principal.
Art. 378. A aplicação provisória de medida de segurança obedecerá ao disposto
nos artigos anteriores, com as modificações seguintes:
I - o juiz poderá aplicar, provisoriamente, a medida de segurança, de ofício, ou a
requerimento do Ministério Público;

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II - a aplicação poderá ser determinada ainda no curso do inquérito, mediante
representação da autoridade policial;
III - a aplicação provisória de medida de segurança, a substituição ou a
revogação da anteriormente aplicada poderão ser determinadas, também, na
sentença absolutória;
IV - decretada a medida, atender-se-á ao disposto no Título V do Livro IV, no que
for aplicável.
Art. 379. Transitando em julgado a sentença, observar-se-á, quanto à execução
das medidas de segurança definitivamente aplicadas, o disposto no Título V do
Livro IV
Art. 380. A aplicação provisória de medida de segurança obstará a concessão de
fiança, e tornará sem efeito a anteriormente concedida.

TÍTULO XII
DA SENTENÇA
Art. 381. A sentença conterá:

I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las;
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa;
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados;
V - o dispositivo;
VI - a data e a assinatura do juiz.
Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que
declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade,
contradição ou omissão.
Art. 383. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da que constar da
queixa ou da denúncia, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais
grave.
Art. 384. Se o juiz reconhecer a possibilidade de nova definição jurídica do fato,
em conseqüência de prova existente nos autos de circunstância elementar, não
contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou na queixa, baixará o processo,
a fim de que a defesa, no prazo de 8 (oito) dias, fale e, se quiser, produza prova,
podendo ser ouvidas até três testemunhas.
Parágrafo único. Se houver possibilidade de nova definição jurídica que importe
aplicação de pena mais grave, o juiz baixará o processo, a fim de que o Ministério
Público possa aditar a denúncia ou a queixa, se em virtude desta houver sido
instaurado o processo em crime de ação pública, abrindo-se, em seguida, o prazo
de 3 (três) dias à defesa, que poderá oferecer prova, arrolando até três
testemunhas.
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença
condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem

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como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
V - existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena (artigos 17,
18, 19, 22 e 24, § 1º, do Código Penal);
VI - não existir prova suficiente para a condenação.
Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz:
I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade;
II - Ordenará a cessação das penas acessórias provisoriamente aplicadas;
III - aplicará medida de segurança, se cabível.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:

I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código


Penal, e cuja existência reconhecer;
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser
levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos artigos 42 e
43 do Código Penal;
III - aplicará as penas, de acordo com essas conclusões, fixando a quantidade
das principais e, se for o caso, a duração das acessórias; (Redação dada ao inciso
pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
IV - declarará, se presente, a periculosidade real e imporá as medidas de
segurança que no caso couberem; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas
de segurança, ao disposto no Título XI deste Livro;
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e
designará o jornal em que será feita a publicação (artigo 73, § 1º, do Código
Penal).
Art. 388. A sentença poderá ser datilografada e neste caso o juiz a rubricará em
todas as folhas.
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos
o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
Art. 390. O escrivão, dentro de 3 (três) dias após a publicação, e sob pena de
suspensão de 5 (cinco) dias, dará conhecimento da sentença ao órgão do
Ministério Público.
Art. 391. O querelante ou o assistente será intimado da sentença, pessoalmente
ou na pessoa de seu advogado. Se nenhum deles for encontrado no lugar da sede
do juízo, a intimação será feita mediante edital com o prazo de 10 (dez) dias,
afixado no lugar de costume.

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Art. 392. A intimação da sentença será feita:
I - ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
II - ao réu, pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, quando se livrar
solto, ou, sendo afiançável a infração, tiver prestado fiança;
III - ao defensor constituído pelo réu, se este, afiançável, ou não, a infração,
expedido o mandado de prisão, não tiver sido encontrado, e assim o certificar o
oficial de justiça;
IV - mediante edital, nos casos do nº II, se o réu e o defensor que houver
constituído não forem encontrados, e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, nos casos do nº III, se o defensor que o réu houver
constituído, também não for encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado, e assim o certificar o oficial de justiça.
§ 1º. O prazo do edital será de 90 (noventa) dias, se tiver sido imposta pena
privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 1 (um) ano, e de 60 (sessenta)
dias, nos outros casos.
§ 2º. O prazo para apelação correrá após o término do fixado no edital, salvo se,
no curso deste, for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas
neste artigo.
Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível:
I - ser o réu preso ou conservado na prisão, assim nas infrações inafiançáveis,
como nas afiançáveis enquanto não prestar fiança;
II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados.
LIVRO II
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE

TÍTULO I
DO PROCESSO COMUM
CAPÍTULO I
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL

Art. 394. O juiz, ao receber a queixa ou denúncia, designará dia e hora para o
interrogatório, ordenando a citação do réu e a notificação do Ministério Público e,
se for caso, do querelante ou do assistente.
Art. 395. O réu ou seu defensor poderá, logo após o interrogatório ou no prazo
de 3 (três) dias, oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.
Art. 396. Apresentada ou não a defesa, proceder-se-á à inquirição das
testemunhas, devendo as da acusação ser ouvidas em primeiro lugar.
Parágrafo único. Se o réu não comparecer, sem motivo justificado, no dia e à
hora designados, o prazo para defesa será concedido ao defensor nomeado pelo
juiz.

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Art. 397. Se não for encontrada qualquer das testemunhas, o juiz poderá deferir
o pedido de substituição, se esse pedido não tiver por fim frustrar o disposto nos
artigos 41, in fine, e 395.
Art. 398. Na instrução do processo serão inquiridas no máximo oito testemunhas
de acusação e até oito de defesa.
Parágrafo único. Nesse número não se compreendem as que não prestaram
compromisso e as referidas.
Art. 399. O Ministério Público ou o querelante, ao ser oferecida a denúncia ou a
queixa, e a defesa, no prazo do artigo 395, poderão requerer as diligências que
julgarem convenientes.
Art. 400. As partes poderão oferecer documentos em qualquer fase do processo.
Art. 401. As testemunhas de acusação serão ouvidas dentro do prazo de 20
(vinte) dias, quando o réu estiver preso, e de 40 (quarenta) dias, quando solto.
Parágrafo único. Esses prazos começarão a correr depois de findo o tríduo da
defesa prévia, ou, se tiver havido desistência, da data do interrogatório ou do dia
em que deverá ter sido realizado.
Art. 402. Sempre que o juiz concluir a instrução fora do prazo, consignará nos
autos os motivos da demora.
Art. 403. A demora determinada por doença do réu ou do defensor, ou outro
motivo de força maior, não será computada nos prazos fixados no artigo 401. No
caso de enfermidade do réu, o juiz poderá transportar-se ao local onde ele se
encontrar, aí procedendo à instrução. No caso de enfermidade do defensor, será
ele substituído, definitivamente, ou para o só efeito do ato, na forma do artigo 265,
parágrafo único.
Art. 404. As partes poderão desistir do depoimento de qualquer das testemunhas
arroladas, ou deixar de arrolá-las, se considerarem suficientes as provas que
possam ser ou tenham sido produzidas, ressalvado o disposto no artigo 209.
Art. 405. Se as testemunhas de defesa não forem encontradas e o acusado,
dentro em 3 (três) dias, não indicar outras em substituição, prosseguir-se-á nos
demais termos do processo.
CAPÍTULO II
DO PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JÚRI

SEÇÃO I
DA PRONÚNCIA, DA IMPRONÚNCIA E DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA
Art. 406. Terminada a inquirição das testemunhas, mandará o juiz dar vista dos
autos, para alegações, ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, e, em
seguida, por igual prazo, e em cartório, ao defensor do réu.
§ 1º. Se houver querelante, terá este vista do processo, antes do Ministério

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Público, por igual prazo, e, havendo assistente, o prazo lhe correrá conjuntamente
com o do Ministério Público.
§ 2º. Nenhum documento se juntará aos autos nesta fase do processo.
Art. 407. Decorridos os prazos de que trata o artigo anterior, os autos serão
enviados, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, ao presidente do Tribunal do Júri,
que poderá ordenar as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade ou
suprir falta que prejudique o esclarecimento da verdade inclusive inquirição de
testemunhas (artigo 209), e proferirá sentença, na forma dos artigos seguintes.
Art. 408. Se o juiz se convencer da existência do crime e de indícios de que o
réu seja o seu autor, pronunciá-lo-á, dando os motivos do seu convencimento.
§ 1º. Na sentença de pronúncia o juiz declarará o dispositivo legal em cuja
sanção julgar incurso o réu, recomendá-lo-á na prisão em que se achar, ou
expedirá as ordens necessárias para sua captura. (Redação dada ao § 1º pela Lei
nº 9.033, de 02.05.1995)
§ 2º. Se o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o juiz deixar de
decretar-lhe a prisão ou revogá-la, caso já se encontre preso.
§ 3º. Se o crime for afiançável, será, desde logo, arbitrado o valor da fiança, que
constará do mandado de prisão.
§ 4º. O juiz não ficará adstrito à classificação do crime, feita na queixa ou
denúncia, embora fique o réu sujeito à pena mais grave, atendido, se for o caso, o
disposto no artigo 410 e seu parágrafo.
§ 5º. Se dos autos constarem elementos de culpabilidade de outros indivíduos
não compreendidos na queixa ou na denúncia, o juiz, ao proferir a decisão de
pronúncia ou impronúncia, ordenará que os autos voltem ao Ministério Público,
para aditamento da peça inicial do processo e demais diligências do sumário.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 409. Se não se convencer da existência do crime ou de indício suficiente de
que seja o réu o seu autor, o juiz julgará improcedente a denúncia ou a queixa.
Parágrafo único. Enquanto não extinta a punibilidade, poderá, em qualquer
tempo, ser instaurado processo contra o réu, se houver novas provas.
Art. 410. Quando o juiz se convencer, em discordância com a denúncia ou
queixa, da existência de crime diverso dos referidos no artigo 74, § 1º, e não for o
competente para julgá-lo, remeterá o processo ao juiz que o seja. Em qualquer
caso, será reaberto ao acusado prazo para defesa e indicação de testemunhas,
prosseguindo-se, depois de encerrada a inquirição, de acordo com os artigos 499
e segs. Não se admitirá, entretanto, que sejam arroladas testemunhas já
anteriormente ouvidas.
Parágrafo único. Tendo o processo de ser remetido a outro juízo, à disposição
deste passará o réu, se estiver preso.
Art. 411. O juiz absolverá desde logo o réu, quando se convencer da existência
de circunstância que exclua o crime ou isente de pena o réu (artigos 17, 18, 19,
22, e 24, § 1º, do Código Penal), recorrendo, de ofício, da sua decisão. Este
recurso terá efeito suspensivo e será sempre para o Tribunal de Apelação.

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Art. 412. Nos Estados onde a lei não atribuir a pronúncia ao presidente do júri,
ao juiz competente caberá proceder na forma dos artigos anteriores.
Art. 413. O processo não prosseguirá até que o réu seja intimado da sentença
de pronúncia.
Parágrafo único. Se houver mais de um réu, somente em relação ao que for
intimado prosseguirá o feito.
Art. 414. A intimação da sentença de pronúncia, se o crime for inafiançável, será
sempre feita ao réu pessoalmente.
Art. 415. A intimação da sentença de pronúncia, se o crime for afiançável, será
feita ao réu:
I - pessoalmente, se estiver preso;
II - pessoalmente, ou ao defensor por ele constituído, se tiver prestado fiança
antes ou depois da sentença;
III - ao defensor por ele constituído se, não tendo prestado fiança, expedido o
mandado de prisão, não for encontrado e assim o certificar o oficial de justiça;
IV - mediante edital, no caso do nº II, se o réu e o defensor não forem
encontrados e assim o certificar o oficial de justiça;
V - mediante edital, no caso do nº III, se o defensor que o réu houver constituído
também não for encontrado e assim o certificar o oficial de justiça;
VI - mediante edital sempre que o réu, não tendo constituído defensor, não for
encontrado.
§ 1º. O prazo do edital será de 30 (trinta) dias.
§ 2º. O prazo para recurso correrá após o término do fixado no edital, salvo se
antes for feita a intimação por qualquer das outras formas estabelecidas neste
artigo.
Art. 416. Passada em julgado a sentença de pronúncia, que especificará todas
as circunstâncias qualificativas do crime e somente poderá ser alterada pela
verificação superveniente de circunstância que modifique a classificação do delito,
o escrivão imediatamente dará vista dos autos ao órgão do Ministério Público pelo
prazo de 5 (cinco) dias, para oferecer o libelo acusatório.
Art. 417. O libelo, assinado pelo promotor, conterá:
I - o nome do réu;
II - a exposição, deduzida por artigos, do fato criminoso;
III - a indicação das circunstâncias agravantes, expressamente definidas na lei
penal, e de todos os fatos e circunstâncias que devam influir na fixação da pena;
IV - a indicação da medida de segurança aplicável.
§ 1º. Havendo mais de um réu, haverá um libelo para cada um.
§ 2º. Com o libelo poderá o promotor apresentar o rol das testemunhas que
devam depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), juntar documentos e
requerer diligências.
Art. 418. O juiz não receberá o libelo a que faltem os requisitos legais,
devolvendo ao órgão do Ministério Público, para apresentação de outro, no prazo
de 48 (quarenta e oito) horas.

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Art. 419. Se findar o prazo legal, sem que seja oferecido o libelo, o promotor
incorrerá na multa de cinqüenta mil-réis, salvo se justificada a demora por motivo
de força maior, caso em que será concedida prorrogação de 48 (quarenta e oito)
horas. Esgotada a prorrogação, se não tiver sido apresentado o libelo, a multa
será de duzentos mil-réis e o fato será comunicado ao procurador-geral. Neste
caso, será o libelo oferecido pelo substituto legal, ou, se não houver, por um
promotor ad hoc.
Art. 420. No caso de queixa, o acusador será intimado a apresentar o libelo
dentro de 2 (dois) dias; se não o fizer, o juiz o haverá por lançado e mandará os
autos ao Ministério Público.
Art. 421. Recebido o libelo, o escrivão, dentro de 3 (três) dias, entregará ao réu,
mediante recibo de seu punho ou de alguém a seu rogo, a respectiva cópia, com o
rol de testemunhas, notificado o defensor para que, no prazo de 5 (cinco) dias,
ofereça a contrariedade; se o réu estiver afiançado, o escrivão dará cópia ao seu
defensor, exigindo recibo, que se juntará aos autos.
Parágrafo único. Ao oferecer a contrariedade, o defensor poderá apresentar o rol
de testemunhas que devam depor no plenário, até o máximo de 5 (cinco), juntar
documentos e requerer diligências.
Art. 422. Se, ao ser recebido o libelo, não houver advogado constituído nos
autos para a defesa, o juiz dará defensor ao réu, que poderá em qualquer tempo
constituir advogado para substituir o defensor dativo.
Art. 423. As justificações e perícias requeridas pelas partes serão determinadas
somente pelo presidente do tribunal, com intimação dos interessados, ou pelo juiz
a quem couber o preparo do processo até julgamento.
Art. 424. Se o interesse da ordem pública o reclamar, ou houver dúvida sobre a
imparcialidade do júri ou sobre a segurança pessoal do réu, o Tribunal de
Apelação, a requerimento de qualquer das partes ou mediante representação do
juiz, e ouvido sempre o procurador-geral, poderá desaforar o julgamento para
comarca ou termo próximo, onde não subsistam aqueles motivos, após
informação do juiz, se a medida não tiver sido solicitada, de ofício, por ele próprio.
Parágrafo único. O Tribunal de Apelação poderá ainda, a requerimento do réu ou
do Ministério Público, determinar o desaforamento, se o julgamento não se realizar
no período de 1 (um) ano, contado do recebimento do libelo, desde que para a
demora não haja concorrido o réu ou a defesa.
Art. 425. O presidente do Tribunal do Júri, depois de ordenar, de ofício, ou a
requerimento das partes, as diligências necessárias para sanar qualquer nulidade
ou esclarecer fato que interesse à decisão da causa, marcará dia para o
julgamento, determinando sejam intimadas as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. Quando a lei de organização judiciária local não atribuir ao
presidente do Tribunal do Júri o preparo dos processos para o julgamento, o juiz
competente remeter-lhe-á os processos preparados, até 5 (cinco) dias antes do
sorteio a que se refere o artigo 427. Deverão também ser remetidos, após esse

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prazo, os processos que forem sendo preparados até o encerramento da sessão.
Art. 426. O Tribunal do Júri, no Distrito Federal, reunir-se-á todos os meses,
celebrando em dias úteis sucessivos, salvo justo impedimento, as sessões
necessárias para julgar os processos preparados. Nos Estados e nos Territórios,
observar-se-á, relativamente à época das sessões, o que prescrever a lei local.
Art. 427. A convocação do júri far-se-á mediante edital, depois do sorteio dos 21
(vinte e um) jurados que tiverem de servir na sessão. O sorteio far-se-á, no Distrito
Federal, de 10 (dez) a 15 (quinze) dias antes do primeiro julgamento marcado,
observando-se nos Estados e nos Territórios o que estabelecer a lei local.
Parágrafo único. Em termo que não for sede de comarca, o sorteio poderá
realizar-se sob a presidência do juiz do termo.
Art. 428. O sorteio far-se-á a portas abertas, e um menor de 18 (dezoito) anos
tirará da urna geral as cédulas com os nomes dos jurados, as quais serão
recolhidas a outra urna, ficando a chave respectiva em poder do juiz, o que tudo
será reduzido a termo pelo escrivão, em livro a esse fim destinado, com
especificação dos 21 (vinte e um) sorteados.
Art. 429. Concluído o sorteio, o juiz mandará expedir, desde logo, o edital a que
se refere o artigo 427, dele constando o dia em que o júri se reunirá e o convite
nominal aos jurados sorteados para comparecerem, sob as penas da lei, e
determinará também as diligências necessárias para intimação dos jurados, dos
réus e das testemunhas.
§ 1º. O edital será afixado à porta do edifício do tribunal e publicado pela
imprensa, onde houver.
§ 2º. Entender-se-á feita a intimação quando o oficial de justiça deixar cópia do
mandado na residência do jurado não encontrado, salvo se este se achar fora do
município.
Art. 430. Nenhum desconto será feito nos vencimentos do jurado sorteado que
comparecer às sessões do júri.
Art. 431. Salvo motivo de interesse público que autorize alteração na ordem do
julgamento dos processos, terão preferência:
I - os réus presos;
II - dentre os presos, os mais antigos na prisão;
III - em igualdade de condições, os que tiverem sido pronunciados há mais
tempo.
Art. 432. Antes do dia designado para o primeiro julgamento, será afixada na
porta do edifício do tribunal, na ordem estabelecida no artigo anterior, a lista dos
processos que devam ser julgados.
SEÇÃO II
DA FUNÇÃO DO JURADO
Art. 433. O Tribunal do Júri compõe-se de um juiz de direito, que é o seu
presidente, e de vinte e um jurados que se sortearão dentre os alistados, sete dos

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quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento.
Art. 434. O serviço do júri será obrigatório. O alistamento compreenderá os
cidadãos maiores de 21 (vinte e um) anos, isentos os maiores de 60 (sessenta).
Art. 435. A recusa ao serviço do júri, motivada por convicção religiosa, filosófica
ou política, importará a perda dos direitos políticos (Constituição, artigo 119, b).
Art. 436. Os jurados serão escolhidos dentre cidadãos de notória idoneidade.
Parágrafo único. São isentos do serviço do júri:
I - o Presidente da República e os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do
Distrito Federal e seus respectivos secretários;
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional,
das Assembléias Legislativas dos Estados e das Câmaras Municipais, enquanto
durarem suas reuniões;
IV - os prefeitos municipais;
V - os magistrados e órgãos do Ministério Público;
VI - os serventuários e funcionários da justiça;
VII - o chefe, demais autoridades e funcionários da Polícia e Segurança Pública;
VIII - os militares em serviço ativo;
IX - as mulheres que não exerçam função pública e provem que, em virtude de
ocupações domésticas, o serviço do júri lhes é particularmente difícil;
X - por 1 (um) ano, mediante requerimento, os que tiverem efetivamente exercido
a função de jurado, salvo nos lugares onde tal isenção possa redundar em
prejuízo do serviço normal do júri;
XI - quando requererem e o juiz reconhecer a necessidade da dispensa:
a) os médicos e os ministros de confissão religiosa;
b) os farmacêuticos e as parteiras.
Art. 437. O exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público
relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão
especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo, bem como
preferência, em igualdade de condições, nas concorrências públicas.
Art. 438. Os jurados serão responsáveis criminalmente, nos mesmos termos em
que o são os juízes de ofício, por concussão, corrupção ou prevaricação (Código
Penal, artigos 316, 317, §§ 1º e 2º, e 319).
SEÇÃO III
DA ORGANIZAÇÃO DO JÚRI
Art. 439. Anualmente, serão alistados pelo juiz-presidente do júri, sob sua
responsabilidade e mediante escolha por conhecimento pessoal ou informação
fidedigna, 300 (trezentos) a 500 (quinhentos) jurados no Distrito Federal e nas
comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes, e 80 (oitenta) a 300
(trezentos) nas comarcas ou nos termos de menor população. O juiz poderá
requisitar às autoridades locais, associações de classe, sindicatos profissionais e
repartições públicas a indicação de cidadãos que reúnam as condições legais.

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Parágrafo único. A lista geral, publicada em novembro de cada ano, poderá ser
alterada de ofício, ou em virtude de reclamação de qualquer do povo, até à
publicação definitiva, na segunda quinzena de dezembro, com recurso, dentro de
20 (vinte) dias, para a superior instância, sem efeito suspensivo.
Art. 440. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões,
será publicada pela imprensa, onde houver, ou em editais afixados à porta do
edifício do tribunal, lançando-se os nomes dos alistados, com indicação das
residências, em cartões iguais, que, verificados com a presença do órgão do
Ministério Público, ficarão guardados em urna fechada a chave sob a
responsabilidade do juiz.
Art. 441. Nas comarcas ou nos termos onde for necessário, organizar-se-á lista
de jurados suplentes, depositando-se as cédulas em urna especial.
SEÇÃO IV
DO JULGAMENTO PELO JÚRI
Art. 442. No dia e à hora designados para reunião do júri, presente o órgão do
Ministério Público, o presidente, depois de verificar se a urna contém as cédulas
com os nomes dos vinte e um jurados sorteados, mandará que o escrivão lhes
proceda à chamada, declarando instalada a sessão, se comparecerem pelo
menos quinze deles, ou, no caso contrário, convocando nova sessão para o dia
útil imediato.
Art. 443. O jurado que, sem causa legítima, não comparecer, incorrerá na multa
de cem mil-réis por dia de sessão realizada ou não realizada por falta de número
legal até o término da sessão periódica.
§ 1º. O jurado incorrerá em multa pelo simples fato do não-comparecimento,
independentemente de ato do presidente ou termo especial.
§ 2º. Somente serão aceitas as escusas apresentadas até o momento da
chamada dos jurados e fundadas em motivo relevante, devidamente comprovado.
§ 3º. Incorrerá na multa de trezentos mil-réis o jurado que, tendo comparecido, se
retirar antes de dispensado pelo presidente, observado o disposto no § 1º, parte
final.
§ 4º. Sob pena de responsabilidade, o presidente só relevará as multas em que
incorrerem os jurados faltosos, se estes, dentro de 48 (quarenta e oito) horas,
após o encerramento da sessão periódica, oferecerem prova de justificado
impedimento.
Art. 444. As multas em que incorrerem os jurados serão cobradas pela Fazenda
Pública, a cujo representante o juiz remeterá no prazo de 10 (dez) dias, após o
encerramento da sessão periódica, com a relação dos jurados multados, as
certidões das atas de que constar o fato, as quais, por ele rubricadas, valerão
como título de dívida líquida e certa.
Parágrafo único. Sem prejuízo da cobrança imediata das multas, será remetida
cópia das certidões à autoridade fiscal competente para a inscrição da dívida.
Art. 445. Verificando não estar completo o número de 21 (vinte e um) jurados,
embora haja o mínimo legal para a instalação da sessão, o juiz procederá ao

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sorteio dos suplentes necessários, repetindo-se o sorteio até perfazer-se aquele
número.
§ 1º. Nos Estados e Territórios, serão escolhidos como suplentes, dentre os
sorteados, os jurados residentes na cidade ou vila ou até a distância de 20 (vinte)
quilômetros.
§ 2º. Os nomes dos suplentes serão consignados na ata, seguindo-se a
respectiva notificação para comparecimento.
§ 3º. Os jurados ou suplentes que não comparecerem ou forem dispensados de
servir na sessão periódica serão, desde logo, havidos como sorteados para a
seguinte.
§ 4º. Sorteados os suplentes, os jurados substituídos não mais serão admitidos a
funcionar durante a sessão periódica.
Art. 446. Aos suplentes são aplicáveis os dispositivos referentes às dispensas,
faltas, escusas e multas.
Art. 447. Aberta a sessão, o presidente do tribunal, depois de resolver sobre as
escusas, na forma dos artigos anteriores, abrirá a urna, dela retirará todas as
cédulas, verificando uma a uma, e, em seguida, colocará na urna as relativas aos
jurados presentes e, fechando-a, anunciará qual o processo que será submetido a
julgamento e ordenará ao porteiro que apregoe as partes e as testemunhas.
Parágrafo único. A intervenção do assistente no plenário de julgamento será
requerida com antecedência, pelo menos, de 3 (três) dias, salvo se já tiver sido
admitido anteriormente.
Art. 448. Se, por motivo de força maior, não comparecer o órgão do Ministério
Público, o presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, da
mesma sessão periódica. Continuando o órgão do Ministério Público
impossibilitado de comparecer, funcionará o substituto legal, se houver, ou
promotor ad hoc.
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de comparecer sem
escusa legítima, será igualmente adiado o julgamento para o primeiro dia
desimpedido, nomeando-se, porém, desde logo, promotor ad hoc, caso não haja
substituto legal, comunicado o fato ao procurador-geral.
Art. 449. Apregoado o réu, e comparecendo, perguntar-lhe-á o juiz o nome, a
idade e se tem advogado, nomeando-lhe curador, se for menor e não o tiver, e
defensor, se maior. Em tal hipótese, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido.
Parágrafo único. O julgamento será adiado, somente uma vez, devendo o réu ser
julgado, quando chamado pela segunda vez. Neste caso a defesa será feita por
quem o juiz tiver nomeado, ressalvado ao réu o direito de ser defendido por
advogado de sua escolha, desde que se ache presente.
Art. 450. A falta, sem escusa legítima, do defensor do réu ou do curador, se um
ou outro for advogado ou solicitador, será imediatamente comunicada ao
Conselho da Ordem dos Advogados, nomeando o presidente do tribunal, em
substituição, outro defensor, ou curador, observado o disposto no artigo anterior.

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Art. 451. Não comparecendo o réu ou o acusador particular, com justa causa, o
julgamento será adiado para a seguinte sessão periódica, se não puder realizar-se
na que estiver em curso.
§ 1º. Se se tratar de crime afiançável, e o não-comparecimento do réu ocorrer
sem motivo legítimo, far-se-á o julgamento à sua revelia.
§ 2º. O julgamento não será adiado pelo não-comparecimento do advogado do
assistente.
Art. 452. Se o acusador particular deixar de comparecer, sem escusa legítima, a
acusação será devolvida ao Ministério Público, não se adiando por aquele motivo
o julgamento.
Art. 453. A testemunha que, sem justa causa, deixar de comparecer, incorrerá
na multa de cinco a cinqüenta centavos, aplicada pelo presidente, sem prejuízo do
processo penal, por desobediência, e da observância do preceito do artigo 218.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Parágrafo único. Aplica-se às testemunhas, enquanto a serviço do júri, o disposto
no artigo 430.
Art. 454. Antes de constituído o conselho de sentença, as testemunhas,
separadas as de acusação das de defesa, serão recolhidas a lugar de onde não
possam ouvir os debates, nem as respostas umas das outras.
Art. 455. A falta de qualquer testemunha não será motivo para o adiamento,
salvo se uma das partes tiver requerido sua intimação, declarando não prescindir
do depoimento e indicando seu paradeiro com a antecedência necessária para a
intimação. Proceder-se-á, entretanto, ao julgamento, se a testemunha não tiver
sido encontrada no local indicado.
§ 1º. Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz suspenderá os trabalhos
e mandará trazê-la pelo oficial de justiça ou adiará o julgamento para o primeiro
dia útil desimpedido, ordenando a sua condução ou requisitando à autoridade
policial a sua apresentação.
§ 2º. Não conseguida, ainda assim, a presença da testemunha no dia designado,
proceder-se-á ao julgamento.
Art. 456. O porteiro do tribunal, ou na falta deste, o oficial de justiça, certificará
haver apregoado as partes e as testemunhas.
Art. 457. Verificado publicamente pelo juiz que se encontram na urna as cédulas
relativas aos jurados presentes, será feito o sorteio de 7 (sete) para a formação do
conselho de sentença.
Art. 458. Antes do sorteio do conselho de sentença, o juiz advertirá os jurados
dos impedimentos constantes do artigo 462, bem como das incompatibilidades
legais por suspeição, em razão de parentesco com o juiz, com o promotor, com o
advogado, com o réu ou com a vítima, na forma do disposto neste Código sobre
os impedimentos ou a suspeição dos juízes togados.
§ 1º. Na mesma ocasião, o juiz advertirá os jurados de que, uma vez sorteados,

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não poderão comunicar-se com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o
processo, sob pena de exclusão do conselho e multa, de duzentos a quinhentos
mil-réis.
§ 2º. Dos impedidos entre si por parentesco servirá o que houver sido sorteado
em primeiro lugar.
Art. 459. Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados
para a constituição do número legal.
§ 1º. Se, em conseqüência das suspeições ou das recusas, não houver número
para a formação do conselho, o julgamento será adiado para o primeiro dia
desimpedido.
§ 2º. À medida que as cédulas forem tiradas da urna, o juiz as lerá, e a defesa e,
depois dela, a acusação poderão recusar os jurados sorteados, até três cada uma,
sem dar os motivos da recusa.
Art. 460. A suspeição argüida contra o presidente do tribunal, o órgão do
Ministério Público, os jurados ou qualquer funcionário, quando não reconhecida,
não suspenderá o julgamento, devendo, entretanto, constar da ata a argüição.
Art. 461. Se os réus forem dois ou mais, poderão incumbir das recusas um só
defensor; não convindo nisto e se não coincidirem as recusas, dar-se-á a
separação dos julgamentos, prosseguindo-se somente no do réu que houver
aceito o jurado, salvo se este, recusado por um réu e aceito por outro, for também
recusado pela acusação.
Parágrafo único. O réu, que pela recusa do jurado tiver dado causa à separação,
será julgado no primeiro dia desimpedido.
Art. 462. São impedidos de servir no mesmo conselho marido e mulher,
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o
cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Art. 463. O mesmo conselho poderá conhecer de mais de um processo na
mesma sessão de julgamento, se as partes o aceitarem; mas prestará cada vez
novo compromisso.
Art. 464. Formado o conselho, o juiz, levantando-se, e com ele todos os
presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a
examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão, de acordo
com a vossa consciência e os ditames da justiça.
Os jurados, nominalmente chamados pelo juiz, responderão: Assim o prometo.
Art. 465. Em seguida, o presidente interrogará o réu pela forma estabelecida no
Livro I, Título VII, Capítulo III, no que for aplicável.
Art. 466. Feito e assinado o interrogatório, o presidente, sem manifestar sua
opinião sobre o mérito da acusação ou da defesa, fará o relatório do processo e
exporá o fato, as provas e as conclusões das partes.
§ 1º. Depois do relatório, o escrivão lerá, mediante ordem do presidente, as
peças do processo, cuja leitura for requerida pelas partes ou por qualquer jurado.

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§ 2º. Onde for possível, o presidente mandará distribuir aos jurados cópias
datilografadas ou impressas, da pronúncia, do libelo e da contrariedade, além de
outras peças que considerar úteis para o julgamento da causa. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 467. Terminado o relatório, o juiz, o acusador, o assistente e o advogado do
réu e, por fim, os jurados que o quiserem, inquirirão sucessivamente as
testemunhas de acusação.
Art. 468. Ouvidas as testemunhas de acusação, o juiz, o advogado do réu, o
acusador particular, o promotor, o assistente e os jurados que o quiserem,
inquirirão sucessivamente as testemunhas de defesa.
Art. 469. Os depoimentos das testemunhas de acusação e de defesa serão
reduzidos a escrito, em resumo, assinado o termo pela testemunha, pelo juiz e
pelas partes.
Art. 470. Quando duas ou mais testemunhas divergirem sobre pontos essenciais
da causa, proceder-se-á de acordo com o disposto no artigo 229, parágrafo único.
Art. 471. Terminada a inquirição das testemunhas o promotor lerá o libelo e os
dispositivos da lei penal em que o réu se achar incurso, e produzirá a acusação.
§ 1º. O assistente falará depois do promotor.
§ 2º. Sendo o processo promovido pela parte ofendida, o promotor falará depois
do acusador particular, tanto na acusação como na réplica.
Art. 472. Finda a acusação, o defensor terá a palavra para defesa.
Art. 473. O acusador poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a
reinquirição de qualquer das testemunhas já ouvidas em plenário.
Art. 474. O tempo destinado à acusação e à defesa será de 2 (duas) horas para
cada um, e de meia hora a réplica e outro tanto para a tréplica.
§ 1º. Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre
si a distribuição do tempo, que, na falta de entendimento, será marcado pelo juiz,
por forma que não sejam excedidos os prazos fixados neste artigo.
§ 2º. Havendo mais de um réu, o tempo para a acusação e para a defesa será,
em relação a todos, acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e
da tréplica, observado o disposto no parágrafo anterior. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 475. Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de
documento que não tiver sido comunicado à parte contrária, com antecedência,
pelo menos, de 3 (três) dias, compreendida nessa proibição a leitura de jornais ou
qualquer escrito, cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante do
processo.
Art. 476. Aos jurados, quando se recolherem à sala secreta, serão entregues os
autos do processo, bem como, se o pedirem, os instrumentos do crime, devendo o
juiz estar presente para evitar a influência de uns sobre os outros.

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Parágrafo único. Os jurados poderão também, a qualquer momento, e por
intermédio do juiz, pedir ao orador que indique a folha dos autos onde se encontra
a peça por ele lida ou citada.
Art. 477. Se a verificação de qualquer fato, reconhecida essencial para a decisão
da causa, não puder ser realizada imediatamente, o juiz dissolverá o conselho,
formulando com as partes, desde logo, os quesitos para as diligências
necessárias.
Art. 478. Concluídos os debates, o juiz indagará dos jurados se estão habilitados
a julgar ou se precisam de mais esclarecimentos.
Parágrafo único. Se qualquer dos jurados necessitar de novos esclarecimentos
sobre questão de fato, o juiz os dará, ou mandará que o escrivão os dê, à vista
dos autos.
Art. 479. Em seguida, lendo os quesitos, e explicando a significação legal de
cada um, o juiz indagará das partes se têm requerimento ou reclamação que
fazer, devendo constar da ata qualquer requerimento ou reclamação não atendida.
Art. 480. Lidos os quesitos, o juiz anunciará que se vai proceder ao julgamento,
fará retirar o réu e convidará os circunstantes a que deixem a sala.
Art. 481. Fechadas as portas, presentes o escrivão e dois oficiais de justiça, bem
como os acusadores e os defensores, que se conservarão nos seus lugares, sem
intervir nas votações, o conselho, sob a presidência do juiz, passará a votar os
quesitos que lhe forem propostos.
Parágrafo único. Onde for possível, a votação será feita em sala especial.
Art. 482. Antes de dar o seu voto, o jurado poderá consultar os autos, ou
examinar qualquer outro elemento material de prova existente em juízo.
Art. 483. O juiz não permitirá que os acusadores ou os defensores perturbem a
livre manifestação do conselho, e fará retirar da sala aquele que se portar
inconvenientemente, impondo-lhe multa, de duzentos a quinhentos mil-réis.
Art. 484. Os quesitos serão formulados com observância das seguintes regras:
I - o primeiro versará sobre o fato principal, de conformidade com o libelo;
II - se entender que alguma circunstância, exposta no libelo, não tem conexão
essencial com o fato ou é dele separável, de maneira que este possa existir ou
subsistir sem ela, o juiz desdobrará o quesito em tantos quantos forem
necessários;
III - se o réu apresentar, na sua defesa, ou alegar, nos debates, qualquer fato ou
circunstância que por lei isente de pena ou exclua o crime, ou o desclassifique, o
juiz formulará os quesitos correspondentes imediatamente depois dos relativos ao
fato principal, inclusive os relativos ao excesso doloso ou culposo quando
reconhecida qualquer excludente de ilicitude; (Redação dada pela Lei nº 9.113, de
16.10.1995)
IV - se for alegada a existência de causa que determine aumento de pena em
quantidade fixa ou dentro de determinados limites, ou de causa que determine ou

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faculte diminuição de pena, nas mesmas condições, o juiz formulará os quesitos
correspondentes a cada uma das causas alegadas;
V - se forem um ou mais réus, o juiz formulará tantas séries de quesitos quantos
forem eles. Também serão formuladas séries distintas, quando diversos os pontos
de acusação;
VI - quando o juiz tiver que fazer diferentes quesitos, sempre os formulará em
proposições simples e bem distintas, de maneira que cada um deles possa ser
respondido com suficiente clareza.
Parágrafo único. Serão formulados quesitos relativamente às circunstâncias
agravantes e atenuantes, previstas nos artigos 44, 45 e 48 do Código Penal,
observado o seguinte:
I - para cada circunstância agravante, articulada no libelo, o juiz formulará um
quesito;
II - se resultar dos debates o conhecimento da existência de alguma
circunstância agravante, não articulada no libelo, o juiz, a requerimento do
acusador, formulará o quesito a ela relativo;
III - o juiz formulará, sempre, um quesito sobre a existência de circunstâncias
atenuantes, ou alegadas;
IV - se o júri afirmar a existência de circunstâncias atenuantes, o juiz o
questionará a respeito das que lhe parecerem aplicáveis ao caso, fazendo
escrever os quesitos respondidos afirmativamente, com as respectivas respostas.
(Redação dada ao parágrafo único pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 485. Antes de proceder-se à votação de cada quesito, o juiz mandará
distribuir pelos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente
dobráveis, contendo umas a palavra sim e outras a palavra não, a fim de,
secretamente, serem recolhidos os votos.
Art. 486. Distribuídas as cédulas, o juiz lerá o quesito que deva ser respondido e
um oficial de justiça recolherá as cédulas com os votos dos jurados, e outro, as
cédulas não utilizadas. Cada um dos oficiais apresentará, para esse fim, aos
jurados, uma urna ou outro receptáculo que assegure o sigilo da votação.
Art. 487. Após a votação de cada quesito, o presidente, verificados os votos e as
cédulas não utilizadas, mandará que o escrivão escreva o resultado em termo
especial e que sejam declarados o número de votos afirmativos e o de negativos.
Art. 488. As decisões do júri serão tomadas por maioria de votos.
Art. 489. Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição com
outra ou outras já proferidas, o juiz, explicando aos jurados em que consiste a
contradição, submeterá novamente à votação os quesitos a que se referirem tais
respostas.
Art. 490. Se, pela resposta dada a qualquer dos quesitos, o juiz verificar que
ficam prejudicados os seguintes, assim o declarará, dando por finda a votação.
Art. 491. Finda a votação, será o termo a que se refere o artigo 487 assinado
pelo juiz e jurados.

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Art. 492. Em seguida, o juiz lavrará a sentença, com observância do seguinte:
I - no caso de condenação, terá em vista as circunstâncias agravantes ou
atenuantes reconhecidas pelo júri, e atenderá, quanto ao mais, ao disposto nos
ns. II a VI do artigo 387;
II - no caso de absolvição:
a) mandará pôr o réu em liberdade, se afiançável o crime, ou desde que tenha
ocorrido a hipótese prevista no artigo 316, ainda que inafiançável;
b) ordenará a cessação das interdições de direitos que tiverem sido
provisoriamente impostas;
c) aplicará medida de segurança, se cabível. (Redação dada à alínea pela Lei nº
263, de 23.02.1948)
§ 1º. Se, pela resposta a quesito formulados aos jurados, for reconhecida a
existência de causa que faculte diminuição da pena, em quantidade fixa ou dentro
de determinados limites, ao juiz ficará reservado o uso dessa faculdade.
§ 2º. Se for desclassificada a infração para outra atribuída à competência do juiz
singular, ao presidente do tribunal caberá proferir em seguida a sentença.
Art. 493. A sentença será fundamentada, salvo quanto às conclusões que
resultarem das respostas aos quesitos, e lida pelo juiz, de público, antes de
encerrada a sessão do julgamento.
Art. 494. De cada sessão de julgamento o escrivão lavrará ata, assinada pelo
juiz e pelo órgão do Ministério Público.
Art. 495. A ata descreverá fielmente todas as ocorrências e mencionará
especialmente :
I - a data e a hora da instalação dos trabalhos;
II - o magistrado que a presidiu e os jurados presentes;
III - os jurados que deixarem de comparecer, com escusa legítima ou sem ela, e
os ofícios e requerimentos a respeito apresentados e arquivados;
IV - os jurados dispensados e as multas impostas;
V - o sorteio dos suplentes;
VI - o adiamento da sessão, se houver ocorrido, com a declaração do motivo;
VII - a abertura da sessão e a presença do órgão do Ministério Público;
VIII - o pregão das partes e das testemunhas, o seu comparecimento, ou não, e
as penas impostas às que faltaram;
IX - as testemunhas dispensadas de depor;
X - o recolhimento das testemunhas a lugar de onde não pudessem ouvir os
debates, nem as respostas umas das outras;
XI - a verificação das cédulas pelo juiz;
XII - a formação do conselho de sentença, com indicação dos nomes dos jurados
sorteados e das recusas feitas pelas partes;
XIII - o compromisso, simplesmente com referência ao termo;
XIV - o interrogatório, também com a simples referência ao termo;
XV - o relatório e os debates orais;
XVI - os incidentes;
XVII - a divisão da causa;

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XVIII - a publicação da sentença, na presença do réu, a portas abertas.
Art. 496. A falta da ata sujeita o responsável a multa, de duzentos a quinhentos
mil-réis, além da responsabilidade criminal em que incorrer.
SEÇÃO V
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI
Art. 497. São atribuições do presidente do Tribunal do Júri, além de outras
expressamente conferidas neste Código:
I - regular a polícia das sessões e mandar prender os desobedientes;
II - requisitar o auxílio da força pública, que ficará sob sua exclusiva autoridade;
III - regular os debates;
IV - resolver as questões incidentes, que não dependam da decisão do júri;
V - nomear defensor ao réu, quando o considerar indefeso, podendo, neste caso,
dissolver o conselho, marcado novo dia para o julgamento e nomeado outro
defensor;
VI - mandar retirar da sala o réu que, com injúrias ou ameaças, dificultar o livre
curso do julgamento, prosseguindo-se independentemente de sua presença;
VII - suspender a sessão pelo tempo indispensável à execução de diligências
requeridas ou julgadas necessárias, mantida a incomunicabilidade dos jurados;
VIII - interromper a sessão por tempo razoável, para repouso ou refeição dos
jurados;
IX - decidir de ofício, ouvidos o Ministério Público e a defesa, ou a requerimento
de qualquer das partes, a preliminar da extinção da punibilidade;
X - resolver as questões de direito que se apresentarem no decurso do
julgamento;
XI - ordenar de ofício, ou a requerimento das partes ou de qualquer jurado, as
diligências destinadas a sanar qualquer nulidade, ou a suprir falta que prejudique o
esclarecimento da verdade.
CAPÍTULO III
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA
DO JUIZ SINGULAR

Art. 498. No processo dos crimes da competência do juiz singular, observar-se-


á, na instrução, o disposto no Capítulo I deste Título.
Art. 499. Terminada a inquirição das testemunhas, as partes - primeiramente o
Ministério Público ou o querelante, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, e depois,
sem interrupção, dentro de igual prazo, o réu ou réus - poderão requerer as
diligências, cuja necessidade ou conveniência se origine de circunstâncias ou de
fatos apurados na instrução, subindo logo os autos conclusos, para o juiz tomar
conhecimento do que tiver sido requerido pelas partes.
Art. 500. Esgotados aqueles prazos, sem requerimento de qualquer das partes,
ou concluídas as diligências requeridas e ordenadas, será aberta vista dos autos,
para alegações, sucessivamente, por 3 (três) dias:

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I - ao Ministério Público ou ao querelante;
II - ao assistente, se tiver sido constituído;
III - ao defensor do réu.
§ 1º. Se forem dois ou mais os réus, com defensores diferentes, o prazo será
comum.
§ 2º. O Ministério Público, nos processos por crime de ação privada ou nos
processos por crime de ação pública iniciados por queixa, terá vista dos autos
depois do querelante.
Art. 501. Os prazos a que se referem os artigos 499 e 500 correrão em cartório,
independentemente de intimação das partes, salvo em relação ao Ministério
Público.
Art. 502. Findos aqueles prazos, serão os autos imediatamente conclusos, para
sentença, ao juiz, que, dentro em 5 (cinco) dias, poderá ordenar diligências para
sanar qualquer nulidade ou suprir falta que prejudique o esclarecimento da
verdade.
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que se proceda, novamente, a
interrogatório do réu ou a inquirição de testemunhas e do ofendido, se não houver
presidido a esses atos na instrução criminal.
TÍTULO II
DOS PROCESSOS ESPECIAIS
CAPÍTULO I
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE FALÊNCIA

Art. 503. Nos crimes de falência fraudulenta ou culposa, a ação penal poderá ser
intentada por denúncia do Ministério Público ou por queixa do liquidatário ou de
qualquer credor habilitado por sentença passada em julgado.
Art. 504. A ação penal será intentada no juízo criminal, devendo nela funcionar o
órgão do Ministério Público que exercer, no processo da falência, a curadoria da
massa falida.
Art. 505. A denúncia ou a queixa será sempre instruída com cópia do relatório do
síndico e da ata da assembléia de credores, quando esta se tiver realizado.
Art. 506. O liquidatário ou os credores poderão intervir como assistentes em
todos os termos da ação intentada por queixa ou denúncia.
Art. 507. A ação penal não poderá iniciar-se antes de declarada a falência e
extinguir-se-á quando reformada a sentença que a tiver decretado.
Art. 508. O prazo para denúncia começará a correr do dia em que o órgão do
Ministério Público receber os papéis que deve instruí-la. Não se computará,
entretanto, naquele prazo o tempo consumido posteriormente em exames ou
diligências requeridos pelo Ministério Público ou na obtenção de cópias ou
documento necessários para oferecer a denúncia.

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Art. 509. Antes de oferecida a denúncia ou a queixa, competirá ao juiz da
falência, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do síndico, do
liquidatário ou de qualquer dos credores, ordenar inquéritos, exames ou quaisquer
outras diligências destinadas à apuração de fatos ou circunstâncias que possam
servir de fundamento à ação penal.
Art. 510. O arquivamento dos papéis, a requerimento do Ministério Público, só se
efetuará no juízo competente para o processo penal, o que não impedirá seja
intentada ação por queixa do liquidatário ou de qualquer credor.
Art. 511. No processo criminal não se conhecerá de argüição de nulidade da
sentença declaratória da falência.
Art. 512. Recebida a queixa ou a denúncia, prosseguir-se-á no processo, de
acordo com o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.
CAPÍTULO II
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE
RESPONSABILIDADE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS

Art. 513. Nos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, cujo


processo e julgamento competirão aos juízes de direito, a queixa ou a denúncia
será instruída com documentos ou justificação que façam presumir a existência do
delito ou com declaração fundamentada da impossibilidade de apresentação de
qualquer dessas provas.
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para
responder por escrito, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se achar
fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar
a resposta preliminar.
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante o prazo concedido para a
resposta, os autos permanecerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo
acusado ou por seu defensor.
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com documentos e
justificações.
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se
convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do
crime ou da improcedência da ação.
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma
estabelecida no Capítulo I do Título X do Livro I.
Art. 518. Na instrução criminal e nos demais termos do processo, observar-se-á
o disposto nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.

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CAPÍTULO III
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA E
INJÚRIA, DE COMPETÊNCIA DO JUIZ SINGULAR

Art. 519. No processo por crime de calúnia ou injúria, para o qual não haja outra
forma estabelecida em lei especial, observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III,
Título I, deste Livro, com as modificações constantes dos artigos seguintes.
Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para
se reconciliarem fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente,
sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo.
Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o juiz achar provável a
reconciliação, promoverá entendimentos entre eles, na sua presença.
Art. 522. No caso de reconciliação, depois de assinado pelo querelante o termo
da desistência, a queixa será arquivada.
Art. 523. Quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato
imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de 2 (dois) dias,
podendo ser inquiridas as testemunhas arroladas na queixa, ou outras indicadas
naquele prazo, em substituição às primeiras, ou para completar o máximo legal.
CAPÍTULO IV
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS CRIMES CONTRA A
PROPRIEDADE IMATERIAL

Art. 524. No processo e julgamento dos crimes contra a propriedade imaterial,


observar-se-á o disposto nos Capítulos I e III do Título I deste Livro, com as
modificações constantes dos artigos seguintes.
Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não
será recebida ser não for instruída com o exame pericial dos objetos que
constituam o corpo de delito.
Art. 526. Sem a prova de direito à ação, não será recebida a queixa, nem
ordenada qualquer diligência preliminarmente requerida pelo ofendido.
Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos
nomeados pelo juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão,
e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3
(três) dias após o encerramento da diligência.
Parágrafo único. O requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à
apreensão, e o juiz ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência
das razões aduzidas pelos peritos.
Art. 528. Encerradas as diligências, os autos serão conclusos ao juiz para
homologação do laudo.

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Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa
com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 (trinta)
dias, após a homologação do laudo.
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e
apreensão requeridas pelo ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver
sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo.
Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o
prazo a que se refere o artigo anterior será de 8 (oito) dias.
CAPÍTULO V
DO PROCESSO SUMÁRIO

Art. 531. O processo das contravenções terá forma sumária, iniciando-se pelo
auto de prisão em flagrante ou mediante portaria expedida pela autoridade policial
ou pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Art. 532. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo 304
e, quando for possível, o preceito do artigo 261, sendo ouvidas, no máximo, três
testemunhas. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 4.769, de 01.10.1942)
Art. 533. Na portaria que der início ao processo, a autoridade policial ou o juiz
ordenará a citação do réu para se ver processar até julgamento final, e designará
dia e hora para a inquirição das testemunhas, cujo número não excederá de três.
§ 1º. Se for desconhecido o paradeiro do réu ou este se ocultar para evitar a
citação, esta será feita mediante edital, com o prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º. Se o processo correr perante o juiz, o órgão do Ministério Público será
cientificado do dia e da hora designados para a instrução.
§ 3º. A inquirição de testemunhas será precedida de qualificação do réu, se este
comparecer, e do respectivo termo deverá constar a declaração do domicílio, de
acordo com o disposto no artigo seguinte. Se o réu não comparecer, serão
ouvidas as testemunhas, presente o defensor que lhe for nomeado.
§ 4º. Depois de qualificado o réu, proceder-se-á à intimação a que se refere o
artigo seguinte.
Art. 534. O réu preso em flagrante, quando se livrar solto, independentemente de
fiança, ou for admitido a prestá-la, será, antes de posto em liberdade, intimado a
declarar o domicílio onde será encontrado, no lugar da sede do juízo do processo,
para o efeito de intimação.
Art. 535. Lavrado o auto de prisão em flagrante ou, no caso de processo iniciado
em virtude de portaria expedida pela autoridade policial, inquirida a última
testemunha, serão os autos remetidos ao juiz competente, no prazo de 2 (dois)
dias.
§ 1º. Se, porém, a contravenção deixar vestígios ou for necessária produção de
outras provas, a autoridade procederá desde logo às buscas, apreensões,
exames, acareações ou outras diligências necessárias.
§ 2º. Todas as diligências deverão ficar concluídas até 5 (cinco) dias após a

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inquirição da última testemunha.
Art. 536. Recebidos os autos da autoridade policial, ou prosseguindo no
processo, se tiver sido por ele iniciado, o juiz, depois de ouvido, dentro do prazo
improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas, o órgão do Ministério Público,
procederá ao interrogatório do réu.
Art. 537. Interrogado o réu, ser-lhe-á concedido, se o requerer, o prazo de 3
(três) dias para apresentar defesa, arrolar testemunhas até o máximo de três e
requerer diligências.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu, o prazo será concedido ao defensor
nomeado, se o requerer.
Art. 538. Após o tríduo para a defesa, os autos serão conclusos ao juiz, que,
depois de sanadas as nulidades, mandará proceder às diligências indispensáveis
ao esclarecimento da verdade, quer tenham sido requeridas, quer não, e marcará
para um dos 8 (oito) dias seguintes a audiência de julgamento, cientificados o
Ministério Público, o réu e seu defensor.
§ 1º. Se o réu for revel, ou não for encontrado no domicílio indicado (artigos 533,
§ 3º, e 534), bastará para a realização da audiência a intimação do defensor
nomeado ou por ele constituído.
§ 2º. Na audiência, após a inquirição das testemunhas de defesa, será dada a
palavra, sucessivamente, ao órgão do Ministério Público e ao defensor do réu ou a
este, quando tiver sido admitido a defender-se, pelo tempo de 20 (vinte) minutos
para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz, que em seguida
proferirá a sentença.
§ 3º. Se o juiz não se julgar habilitado a proferir decisão, ordenará que os autos
lhe sejam imediatamente conclusos e, no prazo de 5 (cinco) dias, dará sentença.
§ 4º. Se, inquiridas as testemunhas de defesa, o juiz reconhecer a necessidade
de acareação, reconhecimento ou outra diligência, marcará para um dos 5 (cinco)
dias seguintes a continuação do julgamento, determinando as providências que o
caso exigir.
Art. 539. Nos processos por crime a que não for, ainda que alternativamente,
cominada a pena de reclusão, recebida a queixa ou a denúncia, observado o
disposto no artigo 395, feita a intimação a que se refere o artigo 534, e ouvidas as
testemunhas arroladas pelo querelante ou pelo Ministério Público, até o máximo
de cinco, prosseguir-se-á na forma do disposto nos artigos 538 e segs.
§ 1º. A defesa poderá arrolar até cinco testemunhas.
§ 2º. Ao querelante ou ao assistente será, na audiência do julgamento, dada a
palavra pelo tempo de 20 (vinte) minutos, prorrogável por mais 10 (dez), devendo
o primeiro falar antes do órgão do Ministério Público e o último depois.
§ 3º. Se a ação for intentada por queixa, observar-se-á o disposto no artigo 60,
III, salvo quando se tratar de crime de ação pública (artigo 29).
Art. 540. No processo sumário, observar-se-á, no que lhe for aplicável, o
disposto no Capítulo I do Título I deste Livro.
CAPÍTULO VI

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DO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO DE AUTOS EXTRAVIADOS OU
DESTRUÍDOS

Art. 541. Os autos originais de processo penal extraviados ou destruídos, em


primeira ou segunda instância, serão restaurados.
§ 1º. Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do processo, será uma ou
outra considerada como original.
§ 2º. Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz mandará, de
ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, que:
a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua lembrança, e
reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros;
b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito no Instituto Médico-Legal,
no Instituto de Identificação e Estatística ou em estabelecimentos congêneres,
repartições públicas, penitenciárias ou cadeias;
c) as partes sejam citadas pessoalmente, ou, se não forem encontradas, por
edital, com o prazo de 10 (dez) dias, para o processo de restauração dos autos.
§ 3º. Proceder-se-á à restauração na primeira instância, ainda que os autos se
tenham extraviado na segunda.
Art. 542. No dia designado, as partes serão ouvidas, mencionando-se em termo
circunstanciado os pontos em que estiverem acordes e a exibição e a conferência
das certidões e mais reproduções do processo apresentadas e conferidas.
Art. 543. O juiz determinará as diligências necessárias para a restauração,
observando-se o seguinte:
I - caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-ão as
testemunhas, podendo ser substituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem
em lugar não sabido;
II - os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de preferência pelos
mesmos peritos;
III - a prova documental será reproduzida por meio de cópia autêntica ou, quando
impossível, por meio de testemunhas;
IV - poderão também ser inquiridas sobre os atos do processo, que deverá ser
restaurado, as autoridades, os serventuários, os peritos e mais pessoas que
tenham nele funcionado;
V - o Ministério Público e as partes poderão oferecer testemunhas e produzir
documentos, para provar o teor do processo extraviado ou destruído.
Art. 544. Realizadas as diligências que, salvo motivo de força maior, deverão
concluir-se dentro de 20 (vinte) dias, serão os autos conclusos para julgamento.
Parágrafo único. No curso do processo, e depois de subirem os autos conclusos
para sentença, o juiz poderá, dentro em 5 (cinco) dias, requisitar de autoridades
ou de repartições todos os esclarecimentos para a restauração.
Art. 545. Os selos e as taxas judiciárias, já pagos nos autos originais, não serão
novamente cobrados.
Art. 546. Os causadores de extravio de autos responderão pelas custas, em

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dobro, sem prejuízo da responsabilidade criminal.
Art. 547. Julgada a restauração, os autos respectivos valerão pelos originais.

Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem os autos originais,


nestes continuará o processo, apensos a eles os autos da restauração.
Art. 548. Até à decisão que julgue restaurados os autos, a sentença
condenatória em execução continuará a produzir efeito, desde que conste da
respectiva guia arquivada na cadeia ou na penitenciária, onde o réu estiver
cumprindo a pena, ou de registro que torne a sua existência inequívoca.
CAPÍTULO VII
DO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA POR
FATO NÃO CRIMINOSO

Art. 549. Se a autoridade policial tiver conhecimento de fato que, embora não
constituindo infração penal, possa determinar a aplicação de medida de segurança
(Código Penal, artigos 14 e 27), deverá proceder a inquérito, a fim de apurá-lo e
averiguar todos os elementos que possam interessar à verificação da
periculosidade do agente.
Art. 550. O processo será promovido pelo Ministério Público, mediante
requerimento que conterá a exposição sucinta do fato, as suas circunstâncias e
todos os elementos em que se fundar o pedido.
Art. 551. O juiz, ao deferir o requerimento, ordenará a intimação do interessado
para comparecer em juízo, a fim de ser interrogado.
Art. 552. Após o interrogatório ou dentro do prazo de 2 (dois) dias, o interessado
ou seu defensor poderá oferecer alegações.
Parágrafo único. O juiz nomeará defensor ao interessado que não o tiver.
Art. 553. O Ministério Público, ao fazer o requerimento inicial e a defesa, no
prazo estabelecido no artigo anterior, poderão requerer exames, diligências e
arrolar até três testemunhas.
Art. 554. Após o prazo de defesa ou a realização dos exames e diligências
ordenados pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes, será marcada
audiência, em que, inquiridas as testemunhas e produzidas alegações orais pelo
órgão do Ministério Público e pelo defensor, dentro de 10 (dez) minutos para cada
um, o juiz proferirá sentença.
Parágrafo único. Se o juiz não se julgar habilitado a proferir a decisão, designará,
desde logo, outra audiência, que se realizará dentro de 5 (cinco) dias, para
publicar a sentença.
Art. 555. Quando, instaurado processo por infração penal, o juiz, absolvendo ou
impronunciando o réu, reconhecer a existência de qualquer dos fatos previstos no
artigo 14 ou no artigo 27 do Código Penal, aplicar-lhe-á, se for o caso, medida de
segurança.

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TÍTULO III
DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E
DOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO
CAPÍTULO I
DA INSTRUÇÃO

Art. 556. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)


Art. 557. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)
Art. 558. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)
Art. 559. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)
Art. 560. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)
CAPÍTULO II
DO JULGAMENTO

Art. 561. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)


Art. 562. (Revogado pela Lei nº 8.658, de 26.05.1993)

LIVRO III
DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL

TÍTULO I
DAS NULIDADES
Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo
para a acusação ou para a defesa.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;


II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções
penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o
disposto no artigo 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de
curador ao menor de 21 (vinte e um) anos;
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de
ação pública;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente,

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e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando
a lei não permitir o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos
termos estabelecidos pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 (quinze) jurados para a constituição do júri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua
incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e
despachos de que caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal
para o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Parágrafo único. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das
suas respostas, e contradição entre estas. (Redação dada ao parágrafo único pela
Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interesse.
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Art. 568. A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a
todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais.
Art. 569. As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos
processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em
flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença final.
Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará
sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se,
embora declare que o faz para o único fim de argüí-la. O juiz ordenará, todavia, a
suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá
prejudicar direito da parte.
Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas:

I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a


que se refere o artigo 406;

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II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos
processos especiais, salvo os dos Capítulos V e VII do Título II do Livro II, nos
prazos a que se refere o artigo 500;
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o artigo 537, ou, se
verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas
as partes;
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois
de aberta audiência;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o
julgamento e apregoadas as partes (artigo 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o artigo 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso
ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo
depois de ocorrerem.
Art. 572. As nulidades previstas no artigo 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e
IV, considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no
artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos
anteriores, serão renovados ou retificados.
§ 1º. A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele
diretamente dependam ou sejam conseqüência.
§ 2º. O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
TÍTULO II
DOS RECURSOS EM GERAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em


que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus;
II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do artigo
411.
Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos
funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo

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querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor.
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver
interesse na reforma ou modificação da decisão.
Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado
pelo recorrente ou por seu representante.
§ 1º. Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será assinado
por alguém, a seu rogo, na presença de duas testemunhas.
§ 2º. A petição de interposição de recurso, com o despacho do juiz, será, até o
dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará no termo da
juntada a data da entrega.
§ 3º. Interposto por termo o recurso, o escrivão, sob pena de suspensão por 10
(dez) a 30 (trinta) dias, fará conclusos os autos ao juiz, até o dia seguinte ao último
do prazo.
Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela
interposição de um recurso por outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso
interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso
cabível.
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, artigo 25), a decisão
do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de
caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
CAPÍTULO II
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:


I - que não receber a denúncia ou a queixa;
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV - que pronunciar ou impronunciar o réu;
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou
relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 7.780, de
22.06.1989)
VI - que absolver o réu, nos casos do artigo 411;
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa
extintiva da punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir.

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XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em
julgado;
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do artigo 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei
admita a revogação;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
Art. 582. Os recursos serão sempre para o Tribunal de Apelação, salvo nos
casos dos nºs. V, X e XIV.
Parágrafo único. O recurso, no caso do nºs. XIV, será para o presidente do
Tribunal de Apelação.
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:

I - quando interpostos de ofício;


II - nos casos do artigo 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo
dois ou mais réus, qualquer deles se conformar com a decisão ou todos não
tiverem sido ainda intimados da pronúncia.
Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de
concessão de livramento condicional e dos nºs. XV, XVII e XXIV do artigo 581.
§ 1º. Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do nº VIII do
artigo 581, aplicar-se-á o disposto nos artigos 596 e 598.
§ 2º. O recurso da pronúncia suspenderá tão-somente o julgamento.
§ 3º. O recurso do despacho que julgar quebrada a fiança suspenderá
unicamente o efeito de perda da metade do seu valor.
Art. 585. O réu não poderá recorrer da pronúncia senão depois de preso, salvo
se prestar fiança, nos casos em que a lei a admitir.
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. No caso do artigo 581, XIV, o prazo será de 20 (vinte) dias,
contado da data da publicação definitiva da lista de jurados.
Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no
respectivo termo, ou em requerimento avulso, as peças dos autos de que pretenda
traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de 5
(cinco) dias, e dele contarão sempre a decisão recorrida, a certidão de sua
intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do
recurso, e o termo de interposição.
Art. 588. Dentro de 2 (dois) dias, contados da interposição do recurso, ou do dia

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em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este
oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do
defensor.
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao
juiz, que, dentro de 2 (dois) dias, reformará ou sustentará o seu despacho,
mandando instruir o recurso com os traslados que lhe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por
simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo
mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos
arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei,
poderá o juiz prorrogá-lo até o dobro.
Art. 591. Os recursos serão apresentados ao juiz ou tribunal ad quem, dentro de
5 (cinco) dias da publicação da resposta do juiz a quo, ou entregues ao Correio
dentro do mesmo prazo.
Art. 592. Publicada a decisão do juiz ou do tribunal ad quem, deverão os autos
ser devolvidos, dentro de 5 (cinco) dias, ao juiz a quo.
CAPÍTULO III
DA APELAÇÃO

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:


I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz
singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz
singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos
jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de
segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
§ 1º. Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das
respostas dos jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2º. Interposta a apelação com fundamento no nº III, c, deste artigo, o tribunal
ad quem, se lhe der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de
segurança.
§ 3º. Se a apelação se fundar no nº III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se
convencer de que a decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos
autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite,
porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.

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§ 4º. Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido
estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança,
salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973)
Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada
deserta a apelação.
Art. 596. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade.
Parágrafo único. A apelação não suspenderá a execução da medida de
segurança aplicada provisoriamente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.941,
de 22.11.1973)
Art. 597. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o
disposto no artigo 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de
medidas de segurança (artigos 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de
pena.
Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no artigo 31, ainda que não se
tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém,
efeito suspensivo.
Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de 15 (quinze)
dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.
Art. 599. As apelações poderão ser interpostas quer em relação a todo o julgado,
quer em relação a parte dele.
Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado
terão o prazo de 8 (oito) dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos
de contravenção, em que o prazo será de 3 (três) dias.
§ 1º. Se houver assistente, este arrazoará, no prazo de 3 (três) dias, após o
Ministério Público.
§ 2º. Se a ação penal for movida pela parte ofendida, o Ministério Público terá
vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior.
§ 3º. Quando forem dois ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão
comuns.
§ 4º. Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que
deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad
quem onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas
as partes pela publicação oficial. (Redação dada ao § 4º pela Lei nº 4.336, de
01.06.1964)
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância

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superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do
artigo 603, segunda parte, em que o prazo será de 30 (trinta) dias.
§ 1º. Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não
tiverem todos apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos
autos, o qual deverá ser remetido à instância superior no prazo de 30 (trinta) dias,
contado da data da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do
prazo para a apresentação das do apelado.
§ 2º. As despesas do traslado correrão por conta de quem o solicitar, salvo se o
pedido for de réu pobre ou do Ministério Público.
Art. 602. Os autos serão, dentro dos prazos do artigo anterior, apresentados ao
tribunal ad quem ou entregues ao Correio, sob registro.
Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito Federal e
nas comarcas que forem sede de Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado
dos termos essenciais do processo referidos no artigo 564, III.
Art. 604. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 605. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
Art. 606. (Revogado pela Lei nº 263, de 23.02.1948)
CAPÍTULO IV
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI

Art. 607. O protesto por novo júri é privativo da defesa, e somente se admitirá
quando a sentença condenatória for de reclusão por tempo igual ou superior a 20
(vinte) anos, não podendo em caso algum ser feito mais uma vez.
§ 1º. Não se admitirá protesto por novo júri, quando a pena for imposta em grau
de apelação (artigo 606).
§ 2º. O protesto invalidará qualquer outro recurso interposto e será feito na forma
e nos prazos estabelecidos para interposição da apelação.
§ 3º. No novo julgamento não servirão jurados que tenham tomado parte no
primeiro.
Art. 608. O protesto por novo júri não impedirá a interposição da apelação,
quando, pela mesma sentença, o réu tiver sido condenado por outro crime, em
que não caiba aquele protesto. A apelação, entretanto, ficará suspensa, até a
nova decisão provocada pelo protesto.
CAPÍTULO V
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO DOS RECURSOS EM SENTIDO
ESTRITO E DAS APELAÇÕES, NOS TRIBUNAIS DE APELAÇÃO

Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de


Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida
nas leis de organização judiciária.

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Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que
poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão,
na forma do artigo 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à
matéria objeto de divergência. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 1.720-B, de
03.11.1952)
Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas corpus, e
nas apelações interpostas das sentenças em processo de contravenção ou de
crime a que a lei comine pena de detenção, os autos irão imediatamente com vista
ao procurador-geral pelo prazo de 5 (cinco) dias, e, em seguida, passarão, por
igual prazo, ao relator, que pedirá designação de dia para o julgamento.
Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoadas as
partes, com a presença destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito
e, em seguida, o presidente concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra
aos advogados ou às partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o
requerer, por igual prazo.
Art. 611. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 552, de 25.04.1969)
Art. 612. Os recursos de habeas corpus, designado o relator, serão julgados na
primeira sessão.
Art. 613. As apelações interpostas das sentenças proferidas em processo por
crime a que a lei comine pena de reclusão, deverão ser processadas e julgadas
pela forma estabelecida no artigo 610, com as seguintes modificações:
I - exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá igual prazo
para o exame do processo e pedirá designação de dia para o julgamento;
II - os prazos serão ampliados ao dobro;
III - o tempo para os debates será de um quarto de hora.
Art. 614. No caso de impossibilidade de observância de qualquer dos prazos
marcados nos artigos 610 e 613, os motivos da demora serão declarados nos
autos.
Art. 615. O tribunal decidirá por maioria de votos.

§ 1º. Havendo empate de votos no julgamento de recursos, se o presidente do


tribunal, câmara ou turma, não tiver tomado parte na votação, proferirá o voto de
desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
§ 2º. O acórdão será apresentado à conferência na primeira sessão seguinte à
do julgamento, ou no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbido de lavrá-lo.
Art. 616. No julgamento das apelações poderá o tribunal, câmara ou turma
proceder a novo interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar
outras diligências.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto
nos artigos 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser
agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença.

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Art. 618. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento dos recursos e apelações.
CAPÍTULO VI
DOS EMBARGOS

Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou


turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de 2 (dois) dias
contado da sua publicação, quando houver na sentença ambigüidade,
obscuridade, contradição ou omissão.
Art. 620. Os embargos de declaração serão deduzidos em requerimento de que
constem os pontos em que o acórdão é ambíguo, obscuro, contraditório ou
omisso.
§ 1º. O requerimento será apresentado pelo relator e julgado,
independentemente da revisão, na primeira sessão.
§ 2º. Se não preenchidas as condições enumeradas neste artigo, o relator
indeferirá desde logo o requerimento.
CAPÍTULO VII
DA REVISÃO

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:


I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal
ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da
pena.
Art. 622. A revisão poderá ser requerida a qualquer tempo, antes da extinção da
pena ou após.
Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado
em novas provas.
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador
legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
Art. 624. As revisões criminais serão processadas e julgadas:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas;
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de Justiça ou de Alçada, nos
demais casos.
§ 1º. No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal Federal de Recursos o
processo e julgamento obedecerão ao que for estabelecido no respectivo
regimento interno.

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§ 2º. Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o julgamento será efetuado pelas
câmaras ou turmas criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver mais
de uma, e, no caso contrário, pelo Tribunal Pleno.
§ 3º. Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais,
poderão ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o
julgamento de revisão, obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento
interno. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 504, de 18.03.1969)
Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo
funcionar como relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em
qualquer fase do processo.
§ 1º. O requerimento será instruído com a certidão de haver passado em julgado
a sentença condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos
argüidos.
§ 2º. O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se daí não
advier dificuldade à execução normal da sentença.
§ 3º. Se o relator julgar insuficientemente instruído o pedido e inconveniente ao
interesse da justiça que se apensem os autos originais, indeferí-lo-á in limine,
dando recurso para as câmaras reunidas ou para o tribunal, conforme o caso
(artigo 624, parágrafo único).
§ 4º. Interposto o recurso por petição e independentemente de termo, o relator
apresentará o processo em mesa para o julgamento e o relatará, sem tomar parte
na discussão.
§ 5º. Se o requerimento não for indeferido in limine, abrir-se-á vista dos autos ao
procurador-geral, que dará parecer no prazo de 10 (dez) dias. Em seguida,
examinados os autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e revisor,
julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente designar.
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação
da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta
pela decisão revista.
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento de todos os direitos perdidos
em virtude da condenação, devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de
segurança cabível.
Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as
normas complementares para o processo e julgamento das revisões criminais.
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar a sentença condenatória, o
juiz mandará juntá-la imediatamente aos autos, para inteiro cumprimento da
decisão.
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a
uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
Ver Doutrina: Da Responsabilidade Civil do Estado pelo Erro Judicial na Esfera Penal, de
Ernesto Lippmann.
§ 1º. Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a

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União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de
Território, ou o estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
§ 2º. A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao
próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa, cuja condenação tiver
de ser revista, o presidente do tribunal nomeará curador para a defesa.
CAPÍTULO VIII
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Art. 632. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 02.06.1958)


Art. 633. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 02.06.1958)
Art. 634. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 02.06.1958)
Art. 635. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 02.06.1958)
Art. 636. (Revogado pela Lei nº 3.396, de 02.06.1958)
Art. 637. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez
arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira
instância, para a execução da sentença.
Art. 638. O recurso extraordinário será processado e julgado no Supremo
Tribunal Federal na forma estabelecida pelo respectivo regimento interno.
CAPÍTULO IX
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL

Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável:


I - da decisão que denegar o recurso;
II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento
para o juízo ad quem.
Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário do
tribunal, conforme o caso, nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes ao despacho
que denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que deverão
ser trasladadas.
Art. 641. O escrivão, ou o secretário do tribunal, dará recibo da petição à parte e,
no prazo máximo de 5 (cinco) dias, no caso de recurso no sentido estrito, ou de 60
(sessenta) dias, no caso de recurso extraordinário, fará entrega da carta,
devidamente conferida e concertada.
Art. 642. O escrivão, ou o secretário do tribunal, que se negar a dar o recibo, ou
deixar de entregar, sob qualquer pretexto, o instrumento, será suspenso por 30
(trinta) dias. O juiz, ou o presidente do Tribunal de Apelação, em face de

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representação do testemunhante, imporá a pena e mandará que seja extraído o
instrumento, sob a mesma sanção, pelo substituto do escrivão ou do secretário do
tribunal. Se o testemunhante não for atendido, poderá reclamar ao presidente do
tribunal ad quem, que avocará os autos, para o efeito do julgamento do recurso e
imposição da pena.
Art. 643. Extraído e autuado o instrumento, observar-se-á o disposto nos artigos
588 a 592, no caso de recurso em sentido estrito, ou o processo estabelecido para
o recurso extraordinário, se deste se tratar.
Art. 644. O tribunal, câmara ou turma a que competir o julgamento da carta, se
desta tomar conhecimento, mandará processar o recurso, ou, se estiver
suficientemente instruída, decidirá logo, de meritis.
Art. 645. O processo da carta testemunhável na instância superior seguirá o
processo do recurso denegado.
Art. 646. A carta testemunhável não terá efeito suspensivo.
CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO

Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na
iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo
nos casos de punição disciplinar.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos limites da sua jurisdição, fará passar
imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual
for a autoridade coatora.
Art. 650. Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:

I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no artigo 101, I, g, da


Constituição;
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem
atribuídos aos governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao
prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
§ 1º. A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de
autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição.

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§ 2º. Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente,
dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública,
alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o
pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance
verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
Art. 651. A concessão do habeas corpus não obstará, nem porá termo ao
processo, desde que este não esteja em conflito com os fundamentos daquela.
Art. 652. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo,
este será renovado.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente em virtude de habeas corpus, será
condenada nas custas a autoridade que, por má-fé ou evidente abuso de poder,
tiver determinado a coação.
Parágrafo único. Neste caso, será remetida ao Ministério Público cópia das
peças necessárias para ser promovida a responsabilidade da autoridade.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu
favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1º. A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação
e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça
de coação, as razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou
não puder escrever, e a designação das respectivas residências.
§ 2º. Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal.
Art. 655. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de justiça ou a
autoridade judiciária ou policial que embaraçar ou procrastinar a expedição de
ordem de habeas corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e
apresentação do paciente, ou a sua soltura, será multado na quantia de duzentos
mil-réis a um conto de réis, sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas
serão impostas pelo juiz do tribunal que julgar o habeas corpus, salvo quando se
tratar de autoridade judiciária, caso em que caberá ao Supremo Tribunal Federal
ou ao Tribunal de Apelação impor as multas.
Art. 656. Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário,
estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado
em dia e hora que designar.
Parágrafo único. Em caso de desobediência, será expedido mandado de prisão
contra o detentor, que será processado na forma da lei, e o juiz providenciará para
que o paciente seja tirado da prisão e apresentado em juízo.
Art. 657. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará a sua
apresentação, salvo:

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I - grave enfermidade do paciente;
II - não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção;
III - se o comparecimento não tiver sido determinado pelo juiz ou pelo tribunal.
Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em que o paciente se encontrar, se
este não puder ser apresentado por motivo de doença.
Art. 658. O detentor declarará à ordem de quem o paciente estiver preso.
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação
ilegal, julgará prejudicado o pedido.
Art. 660. Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá,
fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º. Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo
se por outro motivo dever ser mantido na prisão.
§ 2º. Se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a ilegalidade da
coação, o juiz ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o constrangimento.
§ 3º. Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido o paciente admitido a
prestar fiança, o juiz arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada perante ele,
remetendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, para serem anexados
aos do inquérito policial ou aos do processo judicial.
§ 4º. Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de
violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz.
§ 5º. Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado
a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do
processo.
§ 6º. Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o da sede do juízo
ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará de soltura será expedido pelo
telégrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no artigo 289,
parágrafo único, in fine, ou por via postal.
Art. 661. Em caso de competência originária do Tribunal de Apelação, a petição
de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imediatamente
ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida,
ou primeiro tiver de reunir-se.
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos do artigo 654, § 1º, o presidente, se
necessário, requisitará da autoridade indicada como coatora informações por
escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará
preenchê-lo, logo que lhe for apresentada a petição.
Art. 663. As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente
entender que o habeas corpus deve ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a
petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito.
Art. 664. Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será
julgado na primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a
sessão seguinte.
Parágrafo único. A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate,

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se o presidente não tiver tomado parte na votação, proferirá voto de desempate;
no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo presidente
do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou telegrama, ao detentor,
ao carcereiro ou autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
Parágrafo único. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto no
artigo 289, parágrafo único, in fine.
Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as normas
complementares para o processo e julgamento do pedido de habeas corpus de
sua competência originária.
Art. 667. No processo e julgamento do habeas corpus de competência originária
do Supremo Tribunal Federal, bem como nos de recurso das decisões de última
ou única instância, denegatórias de habeas corpus, observar-se-á, no que lhes for
aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o regimento interno do
tribunal estabelecer as regras complementares.

LIVRO IV
DA EXECUÇÃO

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 668. A execução, onde não houver juiz especial, incumbirá ao juiz da
sentença, ou, se a decisão for do Tribunal do Júri, ao seu presidente.
Parágrafo único. Se a decisão for de tribunal superior, nos casos de sua
competência originária, caberá ao respectivo presidente prover-lhe a execução.
Art. 669. Só depois de passar em julgado, será exeqüível a sentença, salvo:

I - quando condenatória, para o efeito de sujeitar o réu a prisão, ainda no caso de


crime afiançável, enquanto não for prestada a fiança;
II - quando absolutória, para o fim de imediata soltura do réu, desde que não
proferida em processo por crime a que a lei comine pena de reclusão, no máximo,
por tempo igual ou superior a 8 (oito) anos.
Art. 670. No caso de decisão absolutória confirmada ou proferida em grau de
apelação, incumbirá ao relator fazer expedir o alvará de soltura, de que dará
imediatamente conhecimento ao juiz de primeira instância.
Art. 671. Os incidentes da execução serão resolvidos pelo respectivo juiz.
Art. 672. Computar-se-á na pena privativa da liberdade o tempo:

I - de prisão preventiva no Brasil ou no estrangeiro;


II - de prisão provisória no Brasil ou no estrangeiro;
III - de internação em hospital ou manicômio.
Art. 673. Verificado que o réu, pendente a apelação por ele interposta, já sofreu

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prisão por tempo igual ao da pena a que foi condenado, o relator do feito mandará
pô-lo imediatamente em liberdade, sem prejuízo do julgamento do recurso, salvo
se, no caso de crime a que a lei comine pena de reclusão, no máximo, por tempo
igual ou superior a 8 (oito) anos, o querelante ou o Ministério Público também
houver apelado da sentença condenatória.

TÍTULO II
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
CAPÍTULO I
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

Art. 674. Transitando em julgado a sentença que impuser pena privativa de


liberdade, se o réu já estiver preso, ou vier a ser preso, o juiz ordenará a
expedição de carta de guia para o cumprimento da pena.
Parágrafo único. Na hipótese do artigo 82, última parte, a expedição da carta de
guia será ordenada pelo juiz competente para a soma ou unificação das penas.
Art. 675. No caso de ainda não ter sido expedido mandado de prisão, por tratar-
se de infração penal em que o réu se livra solto ou por estar afiançado, o juiz, ou o
presidente da câmara ou tribunal, se tiver havido recurso, fará expedir o mandado
de prisão, logo que transite em julgado a sentença condenatória.
§ 1º. No caso de reformada pela superior instância, em grau de recurso, a
sentença absolutória, estando o réu solto, o presidente da câmara ou do tribunal
fará, logo após a sessão de julgamento, remeter ao chefe de Polícia o mandado
de prisão do condenado.
§ 2º. Se o réu estiver em prisão especial, deverá, ressalvado o disposto na
legislação relativa aos militares, ser expedida ordem para sua imediata remoção
para prisão comum, até que se verifique a expedição de carta de guia para o
cumprimento da pena.
Art. 676. A carta de guia, extraída pelo escrivão e assinada pelo juiz, que a
rubricará em todas as folhas, será remetida ao diretor do estabelecimento em que
tenha de ser cumprida a sentença condenatória, e conterá:
I - o nome do réu e a alcunha por que for conhecido;
II - a sua qualificação civil (naturalidade, filiação, idade, estado, profissão),
instrução e, se constar, número do registro geral do Instituto de Identificação e
Estatística ou de repartição congênere;
III - o teor integral da sentença condenatória e a data da terminação da pena.
Parágrafo único. Expedida carta de guia para cumprimento de uma pena, se o
réu estiver cumprindo outra, só depois de terminada a execução desta será aquela
executada. Retificar-se-á a carta de guia sempre que sobrevenha modificação
quanto ao início da execução ou ao tempo de duração da pena.
Art. 677. Da carta de guia e seus aditamentos se remeterá cópia ao Conselho
Penitenciário.
Art. 678. O diretor do estabelecimento, em que o réu tiver de cumprir a pena,

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passará recibo da carta de guia para juntar-se aos autos do processo.
Art. 679. As cartas de guia serão registradas em livro especial, segundo a ordem
cronológica do recebimento, fazendo-se no curso da execução as anotações
necessárias.
Art. 680. Computar-se-á no tempo da pena o período em que o condenado, por
sentença irrecorrível, permanecer preso em estabelecimento diverso do destinado
ao cumprimento dela.
Art. 681. Se impostas cumulativamente penas privativas da liberdade, será
executada primeiro a de reclusão, depois a de detenção e por último a de prisão
simples.
Art. 682. O sentenciado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia
médica, será internado em manicômio judiciário, ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada a custódia.
§ 1º. Em caso de urgência, o diretor do estabelecimento penal poderá determinar
a remoção do sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao juiz,
que, em face da perícia médica, ratificará ou revogará a medida.
§ 2º. Se a internação se prolongar até o término do prazo restante da pena e não
houver sido imposta medida de segurança detentiva, o indivíduo terá o destino
aconselhado pela sua enfermidade, feita a devida comunicação ao juiz de
incapazes.
Art. 683. O diretor da prisão a que o réu tiver sido recolhido provisoriamente ou
em cumprimento de pena comunicará imediatamente ao juiz o óbito, a fuga ou a
soltura do detido ou sentenciado para que fique constando dos autos.
Parágrafo único. A certidão de óbito acompanhará a comunicação.
Art. 684. A recaptura do réu evadido não depende de prévia ordem judicial e
poderá ser efetuada por qualquer pessoa.
Art. 685. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto, imediatamente,
em liberdade, mediante alvará do juiz, no qual se ressalvará a hipótese de dever o
condenado continuar na prisão por outro motivo legal.
Parágrafo único. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o
condenado será removido para estabelecimento adequado (artigo 762).
CAPÍTULO II
DAS PENAS PECUNIÁRIAS

Art. 686. A pena de multa será paga dentro em 10 (dez) dias após haver
transitado em julgado a sentença que a impuser.
Parágrafo único. Se interposto recurso da sentença, esse prazo será contado do
dia em que o juiz ordenar o cumprimento da decisão da superior instância.
Art. 687. O juiz poderá, desde que o condenado o requeira:
I - prorrogar o prazo do pagamento da multa até 3 (três) meses, se as

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circunstâncias justificarem essa prorrogação;
II - permitir, nas mesmas circunstâncias, que o pagamento se faça em parcelas
mensais, no prazo que fixar, mediante caução real ou fidejussória, quando
necessário. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 1º. O requerimento, tanto no caso do nº I, como no do nº II, será feito dentro do
decêndio concedido para o pagamento da multa.
§ 2º. A permissão para o pagamento em parcelas será revogada, se o juiz
verificar que o condenado dela se vale para fraudar a execução da pena. Nesse
caso, a caução resolver-se-á em valor monetário, devolvendo-se ao condenado o
que exceder à satisfação da multa e das custas processuais. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 688. Findo o decêndio ou a prorrogação sem que o condenado efetue o
pagamento, ou ocorrendo a hipótese prevista no § 2º do artigo anterior, observar-
se-á o seguinte:
I - possuindo o condenado bens sobre os quais possa recair a execução, será
extraída certidão da sentença condenatória, a fim de que o Ministério Público
proceda à cobrança judicial;
II - sendo o condenado insolvente, far-se-á cobrança:
a) mediante desconto de quarta parte de sua remuneração (artigos 29, § 1º, e 37
do Código Penal), quando cumprir pena privativa da liberdade, cumulativamente
imposta com a de multa;
b) mediante desconto em seu vencimento ou salário, se, cumprida a pena
privativa da liberdade, ou concedido o livramento condicional, a multa não houver
sido resgatada;
c) mediante esse desconto, se a multa for a única pena imposta ou no caso de
suspensão condicional da pena.
§ 1º. O desconto, nos casos das letras b e c, será feito mediante ordem ao
empregador, à repartição competente ou à administração da entidade paraestatal,
e, antes de fixá-lo, o juiz requisitará informações e ordenará diligências, inclusive
arbitramento, quando necessário, para observância do artigo 37, § 3º, do Código
Penal.
§ 2º. Sob pena de desobediência e sem prejuízo da execução a que ficará
sujeito, o empregador será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo
juiz, a importância correspondente ao desconto, em selo penitenciário, que será
inutilizado nos autos pelo juiz.
§ 3º. Se o condenado for funcionário estadual ou municipal ou empregado de
entidade paraestatal, a importância do desconto será, semestralmente, recolhida
ao Tesouro Nacional, delegacia fiscal ou coletoria federal, como receita do selo
penitenciário.
§ 4º. As quantias descontadas em folha de pagamento de funcionário federal
constituirão renda do selo penitenciário.
Art. 689. A multa será convertida, à razão de dez mil-réis por dia, em detenção
ou prisão simples, no caso de crime ou de contravenção:
I - se o condenado solvente frustrar o pagamento da multa;
II - se não forem pagas pelo condenado solvente as parcelas mensais

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autorizadas sem garantia. (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
§ 1º. Se o juiz reconhecer desde logo a existência de causa para a conversão, a
ela procederá de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
independentemente de audiência do condenado; caso contrário, depois de ouvir o
condenado, se encontrado no lugar da sede do juízo, poderá admitir a
apresentação de prova pela partes, inclusive testemunhal, no prazo de 3 (três)
dias.
§ 2º. O juiz, desde que transite em julgado a decisão, ordenará a expedição de
mandado de prisão ou aditamento à carta de guia, conforme esteja o condenado
solto ou em cumprimento de pena privativa da liberdade.
§ 3º. Na hipótese do inciso II deste artigo, a conversão será feita pelo valor das
parcelas não pagas. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 690. O juiz tornará sem efeito a conversão, expedindo alvará de soltura ou
cassando a ordem de prisão, se o condenado, em qualquer tempo:
I - pagar a multa;
II - prestar caução real ou fidejussória que lhe assegure o pagamento.
Parágrafo único. No caso do nº II, antes de homologada a caução, será ouvido o
Ministério Público dentro do prazo de 2 (dois) dias.
CAPÍTULO III
DAS PENAS ACESSÓRIAS

Art. 691. O juiz dará à autoridade administrativa competente conhecimento da


sentença transitada em julgado, que impuser ou de que resultar a perda da função
pública ou a incapacidade temporária para investidura em função pública ou para
exercício de profissão ou atividade.
Art. 692. No caso de incapacidade temporária ou permanente para o exercício
do pátrio poder, da tutela ou da curatela, o juiz providenciará para que sejam
acautelados, no juízo competente, a pessoa e os bens do menor ou do interdito.
Art. 693. A incapacidade permanente ou temporária para o exercício da
autoridade marital ou do pátrio poder será averbada no registro civil.
Art. 694. As penas acessórias consistentes em interdições de direitos serão
comunicadas ao Instituto de Identificação e Estatística ou estabelecimento
congênere, figurarão na folha de antecedentes do condenado e serão
mencionadas no rol de culpados.
Art. 695. Iniciada a execução das interdições temporárias (artigo 72, a e b, do
Código Penal), o juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do
condenado, fixará o seu termo final, completando as providências determinadas
nos artigos anteriores.

TÍTULO III
DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO

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CAPÍTULO I
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Art. 696. O juiz poderá suspender, por tempo não inferior a 2 (dois) nem superior
a 6 (seis) anos, a execução das penas de reclusão e de detenção que não
excedam a 2 (dois) anos, ou, por tempo não inferior a 1 (um) nem superior a 3
(três) anos, a execução da pena de prisão simples, desde que o sentenciado:
(Redação dada ao caput pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
I - não haja sofrido, no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro
crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no parágrafo único do artigo
46 do Código Penal; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
II - os antecedentes e a personalidade do sentenciado, os motivos e as
circunstâncias do crime autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir.
Parágrafo único. Processado o beneficiário por outro crime ou contravenção,
considerar-se-á prorrogado o prazo da suspensão da pena até o julgamento
definitivo.
Art. 697. O juiz ou tribunal, na decisão que aplicar pena privativa da liberdade
não superior a 2 (dois) anos, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a
suspensão condicional, quer a conceda quer a denegue. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 698. Concedida a suspensão, o juiz especificará as condições a que fica
sujeito o condenado, pelo prazo previsto, começando este a correr da audiência
em que se der conhecimento da sentença ao beneficiário e lhe for entregue
documento similar ao descrito no artigo 724.
§ 1º. As condições serão adequadas ao delito e à personalidade do condenado.
§ 2º. Poderão ser impostas, além das estabelecidas no artigo 767, como normas
de conduta e obrigações, as seguintes condições:
I - freqüentar curso de habilitação profissional ou de instrução escolar;
II - prestar serviços em favor da comunidade;
III - atender aos encargos de família;
IV - submeter-se a tratamento de desintoxicação.
§ 3º. O juiz poderá fixar, a qualquer tempo, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, outras condições além das especificadas na sentença e das
referidas no parágrafo anterior, desde que as circunstâncias o aconselhem.
§ 4º. A fiscalização do cumprimento das condições deverá ser regulada, nos
Estados, Territórios e Distrito Federal, por normas supletivas e atribuída a serviço
social penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares,
inspecionadas pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público ou ambos,
devendo o juiz da execução na comarca suprir, por ato, a falta das normas
supletivas.
§ 5º. O beneficiário deverá comparecer periodicamente à entidade fiscalizadora,
para comprovar a observância das condições a que está sujeito, comunicando,
também, a sua ocupação, os salários ou proventos de que vive, as economias que
conseguiu realizar e as dificuldades materiais ou sociais que enfrenta.

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§ 6º. A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao órgão de
inspeção, para os fins legais (artigos 730 e 731), qualquer fato capaz de acarretar
a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das
condições.
§ 7º. Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação ao juiz e
à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos quais deverá apresentar-
se imediatamente. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 699. No caso de condenação pelo Tribunal do Júri, a suspensão condicional
da pena competirá ao seu presidente.
Art. 700. A suspensão não compreende a multa, as penas acessórias, os efeitos
da condenação nem as custas.
Art. 701. O juiz, ao conceder a suspensão, fixará, tendo em conta as condições
econômicas ou profissionais do réu, o prazo para o pagamento, integral ou em
prestações, das custas do processo e taxa penitenciária.
Art. 702. Em caso de co-autoria, a suspensão poderá ser concedida a uns e
negada a outros réus.
Art. 703. O juiz que conceder a suspensão lerá ao réu, em audiência, a sentença
respectiva, e o advertirá das conseqüências de nova infração penal e da
transgressão das obrigações impostas.
Art. 704. Quando for concedida a suspensão pela superior instância, a esta
caberá estabelecer-lhe as condições, podendo a audiência ser presidida por
qualquer membro do tribunal ou câmara, pelo juiz do processo ou por outro
designado pelo presidente do tribunal ou câmara.
Art. 705. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o
réu não comparecer à audiência a que se refere o artigo 703, a suspensão ficará
sem efeito e será executada imediatamente a pena, salvo prova de justo
impedimento, caso em que será marcada nova audiência.
Art. 706. A suspensão também ficará sem efeito se, em virtude de recurso, for
aumentada a pena de modo que exclua a concessão do benefício. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 707. A suspensão será revogada se o beneficiário:
I - é condenado, por sentença irrecorrível, a pena privativa da liberdade;
II - frustra, embora solvente, o pagamento da multa, ou não efetua, sem motivo
justificado, a reparação do dano.
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a suspensão, se o beneficiário deixa de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, de observar proibições
inerentes à pena acessória, ou é irrecorrivelmente condenado a pena que não seja
privativa da liberdade; se não a revogar, deverá advertir o beneficiário, ou
exarcebar as condições ou, ainda, prorrogar o período da suspensão até o
máximo, se esse limite não foi o fixado. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416,
de 24.05.1977)

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Art. 708. Expirado o prazo de suspensão ou a prorrogação, sem que tenha
ocorrido motivo de revogação, a pena privativa de liberdade será declarada
extinta.
Parágrafo único. O juiz, quando julgar necessário, requisitará, antes do
julgamento, nova folha de antecedentes do beneficiário.
Art. 709. A condenação será inscrita, com a nota de suspensão, em livros
especiais do Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere,
averbando-se, mediante comunicação do juiz ou do tribunal, a revogação da
suspensão ou a extinção da pena. Em caso de revogação, será feita a averbação
definitiva no registro geral.
§ 1º. Nos lugares onde não houver Instituto de Identificação e Estatística ou
repartição congênere, o registro e a averbação serão feitos em livro próprio no
juízo ou no tribunal.
§ 2º. O registro será secreto, salvo para efeito de informações requisitadas por
autoridade judiciária, no caso de novo processo.
§ 3º. Não se aplicará o disposto no § 2º, quando houver sido imposta ou resultar
de condenação pena acessória consistente em interdição de direitos.
CAPÍTULO II
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 710. O livramento condicional poderá ser concedido ao condenado a pena


privativa da liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que se verifiquem
as condições seguintes: (Redação dada ao caput pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
I - cumprimento de mais da metade da pena, ou mais de três quartos, se
reincidente o sentenciado; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
II - ausência ou cessação de periculosidade;
III - bom comportamento durante a vida carcerária;
IV - aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto;
V - reparação do dano causado pela infração, salvo impossibilidade de fazê-lo.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 711. As penas que correspondem a infrações diversas podem somar-se,
para efeito do livramento. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 712. O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento
do sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta do
diretor do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Parágrafo único. No caso do artigo anterior, a concessão do livramento
competirá ao juiz da execução da pena que o condenado estiver cumprindo.
Art. 713. As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da
concessão do livramento serão verificadas pelo Conselho Penitenciário, a cujo

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parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz.
Art. 714. O diretor do estabelecimento penal remeterá ao Conselho Penitenciário
minucioso relatório sobre:
I - o caráter do sentenciado, revelado pelos seus antecedentes e conduta na
prisão;
II - o procedimento do liberando na prisão, sua aplicação ao trabalho e seu trato
com os companheiros e funcionários do estabelecimento;
III - suas relações, quer com a família, quer com estranhos;
IV - seu grau de instrução e aptidão profissional, com a indicação dos serviços
em que haja sido empregado e da especialização anterior ou adquirida na prisão;
V - sua situação financeira, e seus propósitos quanto ao seu futuro meio de vida,
juntando o diretor, quando dada por pessoa idônea, promessa escrita de
colocação do liberando, com indicação do serviço e do salário.
Parágrafo único. O relatório será, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, remetido
ao Conselho, com o prontuário do sentenciado, e, na falta, o Conselho opinará
livremente, comunicando à autoridade competente a omissão do diretor da prisão.
Art. 715. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, o livramento não
poderá ser concedido sem que se verifique, mediante exame das condições do
sentenciado, a cessação da periculosidade.
Parágrafo único. Consistindo a medida de segurança em internação em casa de
custódia e tratamento, proceder-se-á a exame mental do sentenciado.
Art. 716. A petição ou a proposta de livramento será remetida ao juiz ou ao
tribunal por ofício do presidente do Conselho Penitenciário, com a cópia do
respectivo parecer e do relatório do diretor da prisão.
§ 1º. Para emitir parecer, o Conselho poderá determinar diligências e requisitar
os autos do processo.
§ 2º. O juiz ou o tribunal mandará juntar a petição ou a proposta, com o ofício ou
documento que a acompanhar, aos autos do processo, e proferirá sua decisão,
previamente ouvido o Ministério Público.
Art. 717. Na ausência da condição prevista no artigo 710, I, o requerimento será
liminarmente indeferido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 718. Deferido o pedido, o juiz, ao especificar as condições a que ficará
subordinado o livramento, atenderá ao disposto no artigo 698, §§ 1º, 2º e 5º.
§ 1º. Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução,
remeter-se-á cópia da sentença do livramento à autoridade judiciária do lugar para
onde ele se houver transferido, e à entidade de observação cautelar e proteção.
§ 2º. O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente à
autoridade judiciária e à entidade de observação cautelar e proteção. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 719. O livramento ficará também subordinado à obrigação de pagamento
das custas do processo e da taxa penitenciária, salvo caso de insolvência
comprovada.

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Parágrafo único. O juiz poderá fixar o prazo para o pagamento integral ou em
prestações, tendo em consideração as condições econômicas ou profissionais do
liberado.
Art. 720. A forma de pagamento da multa, ainda não paga pelo liberando, será
determinada de acordo com o disposto no artigo 688.
Art. 721. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão ao
juiz da primeira instância, a fim de que determine as condições que devam ser
impostas ao liberando.
Art. 722. Concedido o livramento, será expedida carta de guia, com a cópia
integral da sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor do
estabelecimento penal e outro ao presidente do Conselho Penitenciário.
Art. 723. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente, em
dia marcado pela autoridade que deva presidí-la, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais presos, salvo
motivo relevante, pelo presidente do Conselho Penitenciário, ou pelo seu
representante junto ao estabelecimento penal, ou, na falta, pela autoridade
judiciária local;
II - o diretor do estabelecimento penal chamará a atenção do liberando para as
condições impostas na sentença de livramento;
III - o preso declarará se aceita as condições.
§ 1º. De tudo, em livro próprio, se lavrará termo, subscrito por quem presidir a
cerimônia, e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder
escrever.
§ 2º. Desse termo, se remeterá cópia ao juiz do processo.
Art. 724. Ao sair da prisão o liberado, ser-lhe-á entregue, além do saldo do seu
pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária
ou administrativa sempre que lhe for exigido. Essa caderneta conterá:
I - a reprodução da ficha de identidade, ou o retrato do liberado, sua qualificação
e sinais característicos;
II - o texto impresso dos artigos do presente capítulo;
III - as condições impostas ao liberado;
IV - a pena acessória a que esteja sujeito. (Redação dada ao inciso pela Lei nº
6.416, de 24.05.1977)
§ 1º. Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que
constem as condições do livramento e a pena acessória, podendo substituir-se a
ficha de identidade ou o retrato do liberado pela descrição dos sinais que possam
identificá-lo.(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
§ 2º. Na caderneta e no salvo-conduto deve haver espaço para consignar o
cumprimento das condições referidas no artigo 718. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 725. A observação cautelar e proteção realizadas por serviço social
penitenciário, patronato, conselho de comunidade ou entidades similares, terá a
finalidade de:

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I - fazer observar o cumprimento da pena acessória, bem como das condições
especificadas na sentença concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e
auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa.
Parágrafo único. As entidades encarregadas de observação cautelar e proteção
do liberado apresentarão relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da
representação prevista nos artigos 730 e 731. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
6.416, de 24.05.1977)
Art. 726. Revogar-se-á o livramento condicional, se o liberado vier, por crime ou
contravenção, a ser condenado por sentença irrecorrível a pena privativa de
liberdade.
Art. 727. O juiz pode, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de
cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença, de observar proibições
inerentes à pena acessória ou for irrecorrivelmente condenado, por crime, à pena
que não seja privativa da liberdade.
Parágrafo único. Se o juiz não revogar o livramento, deverá advertir o liberado ou
exacerbar as condições. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de
24.05.1977)
Art. 728. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do
livramento, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto o
liberado, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo
das duas penas.
Art. 729. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
mesma pena, novo livramento.
Art. 730. A revogação do livramento será decretada mediante representação do
Conselho Penitenciário, ou a requerimento do Ministério Público, ou de ofício, pelo
juiz, que, antes, ouvirá o liberado, podendo ordenar diligências e permitir a
produção de prova, no prazo de 5 (cinco) dias. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 731. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou mediante
representação do Conselho Penitenciário, poderá modificar as condições ou
normas de conduta especificadas na sentença, devendo a respectiva decisão ser
lida ao liberado por uma das autoridades ou por um dos funcionários indicados no
inciso I do artigo 723, observado o disposto nos incisos II e III, e §§ 1º e 2º do
mesmo artigo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977)
Art. 732. Praticada pelo liberado nova infração, o juiz ou o tribunal poderá
ordenar a sua prisão, ouvido o Conselho Penitenciário, suspendendo o curso do
livramento condicional, cuja revogação ficará, entretanto, dependendo da decisão
final no novo processo.
Art. 733. O juiz, de ofício, ou a requerimento do interessado, do Ministério
Público, ou do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de

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liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação, ou na hipótese do
artigo anterior, for o liberado absolvido por sentença irrecorrível.

TÍTULO IV
DA GRAÇA, DO INDULTO, DA ANISTIA E DA REABILITAÇÃO
CAPÍTULO I
DA GRAÇA, DO INDULTO E DA ANISTIA

Art. 734. A graça poderá ser provocada por petição do condenado, de qualquer
pessoa do povo, do Conselho Penitenciário, ou do Ministério Público, ressalvada,
entretanto, ao Presidente da República, a faculdade de concedê-la
espontaneamente.
Art. 735. A petição de graça, acompanhada dos documentos com que o
impetrante a instruir, será remetida ao Ministro da Justiça por intermédio do
Conselho Penitenciário.
Art. 736. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo, e depois de
ouvir o diretor do estabelecimento penal a que estiver recolhido o condenado, fará,
em relatório, a narração do fato criminoso, examinará as provas, mencionará
qualquer formalidade ou circunstância omitida na petição e exporá os
antecedentes do condenado e seu procedimento depois de preso, opinando sobre
o mérito do pedido.
Art. 737. Processada no Ministério da Justiça, com os documentos e o relatório
do Conselho Penitenciário, a petição subirá a despacho do Presidente da
República, a quem serão presentes os autos do processo ou a certidão de
qualquer de suas peças, se ele o determinar.
Art. 738. Concedida a graça e junta aos autos cópia do decreto, o juiz declarará
extinta a pena ou penas, ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso
de redução ou comutação de pena.
Art. 739. O condenado poderá recusar a comutação da pena.
Art. 740. Os autos da petição de graça serão arquivados no Ministério da
Justiça.
Art. 741. Se o réu for beneficiado por indulto, o juiz, de ofício ou a requerimento
do interessado, do Ministério Público ou por iniciativa do Conselho Penitenciário,
providenciará de acordo com o disposto no artigo 738.
Art. 742. Concedida a anistia após transitar em julgado a sentença condenatória,
o juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, do Ministério Público ou por
iniciativa do Conselho Penitenciário, declarará extinta a pena.
CAPÍTULO II
DA REABILITAÇÃO

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Art. 743. A reabilitação será requerida ao juiz da condenação, após o decurso de
4 (quatro) ou 8 (oito) anos, pelo menos, conforme se trate de condenado ou
reincidente, contados do dia em que houver terminado a execução da pena
principal ou da medida de segurança detentiva, devendo o requerente indicar as
comarcas em que haja residido durante aquele tempo.
Art. 744. O requerimento será instruído com:
I - certidões comprobatórias de não ter o requerente respondido, nem estar
respondendo a processo penal, em qualquer das comarcas em que houver
residido durante o prazo a que se refere o artigo anterior;
II - atestados de autoridades policiais ou outros documentos que comprovem ter
residido nas comarcas indicadas e mantido, efetivamente, bom comportamento;
III - atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas a cujo serviço
tenha estado;
IV - quaisquer outros documentos que sirvam como prova de sua regeneração;
V - prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou persistir a
impossibilidade de fazê-lo.
Art. 745. O juiz poderá ordenar as diligências necessárias para apreciação do
pedido, cercando-as do sigilo possível e, antes da decisão final, ouvirá o Ministério
Público.
Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício.
Art. 747. A reabilitação, depois de sentença irrecorrível, será comunicada ao
Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere.
Art. 748. A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na
folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo,
salvo quando requisitadas por juiz criminal.
Art. 749. Indeferida a reabilitação, o condenado não poderá renovar o pedido
senão após o decurso de 2 (dois) anos, salvo se o indeferimento tiver resultado de
falta ou insuficiência de documentos.
Art. 750. A revogação de reabilitação (Código Penal, artigo 120) será decretada
pelo juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.

TÍTULO V
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Art. 751. Durante a execução da pena ou durante o tempo em que a ela se furtar
o condenado, poderá ser imposta medida de segurança, se:
I - o juiz ou o tribunal, na sentença:
a) omitir sua decretação, nos casos de periculosidade presumida;
b) deixar de aplicá-la ou de excluí-la expressamente;
c) declarar os elementos constantes do processo insuficientes para a imposição
ou exclusão da medida e ordenar indagações para a verificação da periculosidade

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do condenado;
II - tendo sido, expressamente, excluída na sentença a periculosidade do
condenado, novos fatos demonstrarem ser ele perigoso.
Art. 752. Poderá ser imposta medida de segurança, depois de transitar em
julgado a sentença, ainda quando não iniciada a execução da pena, por motivo
diverso de fuga ou ocultação do condenado:
I - no caso da letra a do nº I do artigo anterior, bem como no da letra b, se tiver
sido alegada a periculosidade;
II - no caso da letra c do nº I do mesmo artigo.
Art. 753. Ainda depois de transitar em julgado a sentença absolutória, poderá ser
imposta a medida de segurança, enquanto não decorrido tempo equivalente ao da
sua duração mínima, a indivíduo que a lei presuma perigoso.
Art. 754. A aplicação da medida de segurança, nos casos previstos nos artigos
751 e 752, competirá ao juiz da execução da pena, e, no caso do artigo 753, ao
juiz da sentença.
Art. 755. A imposição da medida de segurança, nos casos dos artigos 751 a 753,
poderá ser decretada de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Parágrafo único. O diretor do estabelecimento penal, que tiver conhecimento de
fatos indicativos da periculosidade do condenado a quem não tenha sido imposta
medida de segurança, deverá logo comunicá-los ao juiz.
Art. 756. Nos casos do nº I, a e b, do artigo 751, e nº I do artigo 752, poderá ser
dispensada nova audiência do condenado.
Art. 757. Nos casos do nº I, c, e nº II do artigo 751 e nº II do artigo 752, o juiz,
depois de proceder às diligências que julgar convenientes, ouvirá o Ministério
Público e concederá ao condenado o prazo de 3 (três) dias para alegações,
devendo a prova requerida ou reputada necessária pelo juiz ser produzida dentro
em 10 (dez) dias.
§ 1º. O juiz nomeará defensor ao condenado que o requerer.
§ 2º. Se o réu estiver foragido, o juiz procederá às diligências que julgar
convenientes, concedendo o prazo de provas, quando requerido pelo Ministério
Público.
§ 3º. Findo o prazo de provas, o juiz proferirá a sentença dentro de 3 (três) dias.
Art. 758. A execução da medida de segurança incumbirá ao juiz da execução da
sentença.
Art. 759. No caso do artigo 753, o juiz ouvirá o curador já nomeado ou que então
nomear, podendo mandar submeter o condenado a exame mental, internando-o,
desde logo, em estabelecimento adequado.
Art. 760. Para a verificação da periculosidade, no caso do § 3º do artigo 78 do
Código Penal, observar-se-á o disposto no artigo 757, no que for aplicável.
Art. 761. Para a providência determinada no artigo 84, § 2º, do Código Penal, se
as sentenças forem proferidas por juízes diferentes, será competente o juiz que

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tiver sentenciado por último ou a autoridade de jurisdição prevalente no caso do
artigo 82.
Art. 762. A ordem de internação, expedida para executar-se medida de
segurança detentiva, conterá:
I - a qualificação do internando;
II - o teor da decisão que tiver imposto a medida de segurança;
III - a data em que terminará o prazo mínimo da internação.
Art. 763. Se estiver solto o internando, expedir-se-á mandado de captura, que
será cumprido por oficial de justiça ou por autoridade policial.
Art. 764. O trabalho nos estabelecimentos referidos no artigo 88, § 1º, III, do
Código Penal, será educativo e remunerado, de modo que assegure ao internado
meios de subsistência, quando cessar a internação.
§ 1º. O trabalho poderá ser praticado ao ar livre.
§ 2º. Nos outros estabelecimentos, o trabalho dependerá das condições pessoais
do internado.
Art. 765. A quarta parte do salário caberá ao Estado ou, no Distrito Federal e nos
Territórios, à União, e o restante será depositado em nome do internado ou, se
este preferir, entregue à sua família.
Art. 766. A internação das mulheres será feita em estabelecimento próprio ou em
seção especial.
Art. 767. O juiz fixará as normas de conduta que serão observadas durante a
liberdade vigiada.
§ 1º. Serão normas obrigatórias, impostas ao indivíduo sujeito à liberdade
vigiada:
a) tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho;
b) não mudar do território da jurisdição do juiz, sem prévia autorização deste.
§ 2º. Poderão ser impostas ao indivíduo sujeito à liberdade vigiada, entre outras
obrigações, as seguintes:
a) não mudar de habitação sem aviso prévio ao juiz, ou à autoridade incumbida
da vigilância;
b) recolher-se cedo à habitação;
c) não trazer consigo armas ofensivas ou instrumentos capazes de ofender;
d) não freqüentar casas de bebidas ou de tavolagem, nem certas reuniões,
espetáculos ou diversões públicas.
§ 3º. Será entregue ao indivíduo sujeito à liberdade vigiada uma caderneta, de
que constarão as obrigações impostas.
Art. 768. As obrigações estabelecidas na sentença serão comunicadas à
autoridade policial.
Art. 769. A vigilância será exercida discretamente, de modo que não prejudique
o indivíduo a ela sujeito.
Art. 770. Mediante representação da autoridade incumbida da vigilância, a

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requerimento do Ministério Público ou de ofício, poderá o juiz modificar as normas
fixadas ou estabelecer outras.
Art. 771. Para execução do exílio local, o juiz comunicará sua decisão à
autoridade policial do lugar ou dos lugares onde o exilado está proibido de
permanecer ou de residir.
§ 1º. O infrator da medida será conduzido à presença do juiz que poderá mantê-
lo detido até proferir decisão.
§ 2º. Se for reconhecida a transgressão e imposta, conseqüentemente, a
liberdade vigiada, determinará o juiz que a autoridade policial providencie a fim de
que o infrator siga imediatamente para o lugar de residência por ele escolhido, e
oficiará à autoridade policial desse lugar, observando-se o disposto no artigo 768.
Art. 772. A proibição de freqüentar determinados lugares será comunicada pelo
juiz à autoridade policial, que lhe dará conhecimento de qualquer transgressão.
Art. 773. A medida de fechamento de estabelecimento ou de interdição de
associação será comunicada pelo juiz à autoridade policial, para que a execute.
Art. 774. Nos casos do parágrafo único do artigo 83 do Código Penal, ou quando
a transgressão de uma medida de segurança importar a imposição de outra,
observar-se-á o disposto no artigo 757, no que for aplicável.
Art. 775. A cessação ou não da periculosidade se verificará ao fim do prazo
mínimo de duração da medida de segurança pelo exame das condições da
pessoa a que tiver sido imposta, observando-se o seguinte:
I - o diretor do estabelecimento de internação ou a autoridade policial incumbida
da vigilância, até 1 (um) mês antes de expirado o prazo de duração mínima da
medida, se não for inferior a 1 (um) ano, ou até 15 (quinze) dias nos outros casos,
remeterá ao juiz da execução minucioso relatório, que o habilite a resolver sobre a
cessação ou permanência da medida;
II - se o indivíduo estiver internado em manicômio judiciário ou em casa de
custódia e tratamento, o relatório será acompanhado do laudo de exame pericial
feito por 2 (dois) médicos designados pelo diretor do estabelecimento;
III - o diretor do estabelecimento de internação ou a autoridade policial deverá,
no relatório, concluir pela conveniência da revogação, ou não, da medida de
segurança;
IV - se a medida de segurança for o exílio local ou a proibição de freqüentar
determinados lugares, o juiz, até 1 (um) mês ou 15 (quinze) dias antes de expirado
o prazo mínimo de duração, ordenará as diligências necessárias, para verificar se
desapareceram as causas da aplicação da medida;
V - junto aos autos o relatório, ou realizadas as diligências, serão ouvidos
sucessivamente o Ministério Público e o curador ou o defensor, no prazo de 3
(três) dias para cada um;
VI - o juiz nomeará curador ou defensor ao interessado que o não tiver;
VII - o juiz, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, poderá
determinar novas diligências, ainda que já expirado o prazo de duração mínima da
medida de segurança;

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VIII - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o número
anterior o juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 3 (três) dias.
Art. 776. Nos exames sucessivos a que se referem o § 1º, II, e § 2º do artigo 81
do Código Penal, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o disposto no artigo
anterior.
Art. 777. Em qualquer tempo, ainda durante o prazo mínimo de duração da
medida de segurança, poderá o tribunal, câmara ou turma, a requerimento do
Ministério Público ou do interessado, seu defensor ou curador, ordenar o exame,
para a verificação da cessação da periculosidade.
§ 1º. Designado o relator e ouvido o procurador-geral, se a medida não tiver sido
por ele requerida, o pedido será julgado na primeira sessão.
§ 2º. Deferido o pedido, a decisão será imediatamente comunicada ao juiz, que
requisitará, marcando prazo, o relatório e o exame a que se referem os nºs. I e II
do artigo 775 ou ordenará as diligências mencionadas no nº IV do mesmo artigo,
prosseguindo de acordo com o disposto nos outros incisos do citado artigo.
Art. 778. Transitando em julgado a sentença de revogação, o juiz expedirá
ordem para a desinternação, quando se tratar de medida detentiva, ou para que
cesse a vigilância ou a proibição, nos outros casos.
Art. 779. O confisco dos instrumentos e produtos do crime, no caso previsto no
artigo 100 do Código Penal, será decretado no despacho de arquivamento do
inquérito, na sentença de impronúncia ou na sentença absolutória.

LIVRO V
DAS RELAÇÕES JURISDICIONAIS COM AUTORIDADE
ESTRANGEIRA

TÍTULO ÚNICO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 780. Sem prejuízo de convenções ou tratados, aplicar-se-á o disposto neste


Título à homologação de sentenças penais estrangeiras e à expedição e ao
cumprimento de cartas rogatórias para citações, inquirições e outras diligências
necessárias à instrução de processo penal.
Art. 781. As sentenças estrangeiras não serão homologadas, nem as cartas
rogatórias cumpridas, se contrárias à ordem pública e aos bons costumes.
Art. 782. O trânsito, por via diplomática, dos documentos apresentados
constituirá prova bastante de sua autenticidade.
CAPÍTULO II
DAS CARTAS ROGATÓRIAS

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Art. 783. As cartas rogatórias serão, pelo respectivo juiz, remetidas ao Ministro
da Justiça, a fim de ser pedido o seu cumprimento, por via diplomática, às
autoridades estrangeiras competentes.
Art. 784. As cartas rogatórias emanadas de autoridades estrangeiras
competentes não dependem de homologação e serão atendidas se encaminhadas
por via diplomática e desde que o crime, segundo a lei brasileira, não exclua a
extradição.
§ 1º. As rogatórias, acompanhadas de tradução em língua nacional, feita por
tradutor oficial ou juramentado, serão, após exequatur do presidente do Supremo
Tribunal Federal, cumpridas pelo juiz criminal do lugar onde as diligências tenham
de efetuar-se, observadas as formalidades prescritas neste Código.
§ 2º. A carta rogatória será pelo presidente do Supremo Tribunal Federal
remetida ao presidente do Tribunal de Apelação do Estado, do Distrito Federal, ou
do Território, a fim de ser encaminhada ao juiz competente.
§ 3º. Versando sobre crime de ação privada, segundo a lei brasileira, o
andamento, após o exequatur, dependerá do interessado, a quem incumbirá o
pagamento das despesas.
§ 4º. Ficará sempre na secretaria do Supremo Tribunal Federal cópia da carta
rogatória.
Art. 785. Concluídas as diligências, a carta rogatória será devolvida ao
presidente do Supremo Tribunal Federal, por intermédio do presidente do Tribunal
de Apelação, o qual, antes de devolvê-la, mandará completar qualquer diligência
ou sanar qualquer nulidade.
Art. 786. O despacho que conceder o exequatur marcará, para o cumprimento
da diligência, prazo razoável, que poderá ser excedido, havendo justa causa,
ficando esta consignada em ofício dirigido ao presidente do Supremo Tribunal
Federal, juntamente com a carta rogatória.
CAPÍTULO III
DA HOMOLOGAÇÃO DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS

Art. 787. As sentenças estrangeiras deverão ser previamente homologadas pelo


Supremo Tribunal Federal para que produzam os efeitos do artigo 7º do Código
Penal.
Art. 788. A sentença penal estrangeira será homologada, quando a aplicação da
lei brasileira produzir na espécie as mesmas conseqüências e concorrem os
seguintes requisitos:
I - estar revestida das formalidades externas necessárias, segundo a legislação
do país de origem;
II - haver sido proferida por juiz competente, mediante citação regular, segundo a
mesma legislação;
III - ter passado em julgado;
IV - estar devidamente autenticada por cônsul brasileiro;

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V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público.
Art. 789. O procurador-geral da República, sempre que tiver conhecimento da
existência de sentença penal estrangeira, emanada de Estado que tenha com o
Brasil tratado de extradição e que haja imposto medida de segurança pessoal ou
pena acessória que deva ser cumprida no Brasil, pedirá ao Ministro da Justiça
providências para a obtenção de elementos que o habilitem a requerer a
homologação da sentença.
§ 1º. A homologação de sentença emanada de autoridade judiciária de Estado,
que não tiver tratado de extradição com o Brasil, dependerá de requisição do
Ministro da Justiça.
§ 2º. Distribuído o requerimento de homologação, o relator mandará citar o
interessado para deduzir embargos, dentro de 10 (dez) dias, se residir no Distrito
Federal, ou 30 (trinta) dias, no caso contrário.
§ 3º. Se nesse prazo o interessado não deduzir os embargos, ser-lhe-á pelo
relator nomeado defensor, o qual dentro de 10 (dez) dias produzirá a defesa.
§ 4º. Os embargos somente poderão fundar-se em dúvida sobre a autenticidade
do documento, sobre a inteligência da sentença, ou sobre a falta de qualquer dos
requisitos enumerados nos artigos 781 e 788.
§ 5º. Contestados os embargos dentro de 10 (dez) dias, pelo procurador-geral,
irá o processo ao relator e ao revisor, observando-se no seu julgamento o
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
§ 6º. Homologada a sentença, a respectiva carta será remetida ao presidente do
Tribunal de Apelação do Distrito Federal, do Estado, ou do Território.
§ 7º. Recebida a carta de sentença, o presidente do Tribunal de Apelação a
remeterá ao juiz do lugar de residência do condenado, para a aplicação da medida
de segurança ou da pena acessória, observadas as disposições do Título II,
Capítulo III, e Título V do Livro IV deste Código.
Art. 790. O interessado na execução de sentença penal estrangeira, para a
reparação do dano, restituição e outros efeitos civis, poderá requerer ao Supremo
Tribunal Federal a sua homologação, observando-se o que a respeito prescreve o
Código de Processo Civil.

LIVRO VI
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 791. Em todos os juízos e tribunais do crime, além das audiências e sessões
ordinárias, haverá as extraordinárias, de acordo com as necessidades do rápido
andamento dos feitos.
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos
e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do
secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.
§ 1º. Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder
resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz,

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ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou
do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas,
limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
§ 2º. As audiências, as sessões e os atos processuais, em caso de necessidade,
poderão realizar-se na residência do juiz, ou em outra casa por ele especialmente
designada.
Art. 793. Nas audiências e nas sessões, os advogados, as partes, os escrivães e
os espectadores poderão estar sentados. Todos, porém, se levantarão quando se
dirigirem aos juízes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do
processo.
Parágrafo único. Nos atos da instrução criminal, perante os juízes singulares, os
advogados poderão requerer sentados.
Art. 794. A polícia das audiências e das sessões compete aos respectivos juízes
ou ao presidente do tribunal, câmara, ou turma, que poderão determinar o que for
conveniente à manutenção da ordem. Para tal fim, requisitarão força pública, que
ficará exclusivamente à sua disposição.
Art. 795. Os espectadores das audiências ou das sessões não poderão
manifestar-se.
Parágrafo único. O juiz ou o presidente fará retirar da sala os desobedientes,
que, em caso de resistência, serão presos e autuados.
Art. 796. Os atos de instrução ou julgamento prosseguirão com a assistência do
defensor, se o réu se portar inconvenientemente.
Art. 797. Excetuadas as sessões de julgamento, que não serão marcadas para
domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poderão ser praticados em
período de férias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados
em dia útil não se interromperão pela superveniência de feriado ou domingo.
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1º. Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.
§ 2º. A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será,
porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a
prova do dia em que começou a correr.
§ 3º. O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato.
§ 4º. Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou
obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
§ 5º. Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver
presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou
despacho.

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Art. 799. O escrivão, sob pena de multa de cinqüenta a quinhentos mil-réis e, na
reincidência, suspensão até 30 (dias), executará dentro do prazo de 2 (dois) dias
os atos determinados em lei ou ordenados pelo juiz.
Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos
prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos:
I - de 10 (dez) dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista;
II - de 5 (cinco) dias, se for interlocutória simples;
III - de 1 (um) dia, se se tratar de despacho de expediente.
§ 1º. Os prazos para o juiz contar-se-ão do termo de conclusão.
§ 2º. Os prazos do Ministério Público contar-se-ão do termo de vista, salvo para a
interposição do recurso (artigo 798, § 5º).
§ 3º. Em qualquer instância, declarando motivo justo, poderá o juiz exceder por
igual tempo os prazos a ele fixados neste Código.
§ 4º. O escrivão que não enviar os autos ao juiz ou ao órgão do Ministério
Público no dia em que assinar termo de conclusão ou de vista estará sujeito à
sanção estabelecida no artigo 799.
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério
Público, responsáveis pelo retardamento, perderão tantos dias de vencimentos
quantos forem os excedidos.
Na contagem do tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a
perda será do dobro dos dias excedidos.
Art. 802. O desconto referido no artigo antecedente far-se-á à vista da certidão
do escrivão do processo ou do secretário do tribunal, que deverão, de ofício, ou a
requerimento de qualquer interessado, remetê-la às repartições encarregadas do
pagamento e da contagem do tempo de serviço, sob pena de incorrerem, de pleno
direito, na multa de quinhentos mil-réis, imposta por autoridade fiscal.
Art. 803. Salvo nos casos expressos em lei, é proibida a retirada de autos do
cartório, ainda que em confiança, sob pena de responsabilidade do escrivão.
Art. 804. A sentença ou o acórdão, que julgar a ação, qualquer incidente ou
recurso, condenará nas custas o vencido.
Art. 805. As custas serão contadas e cobradas de acordo com os regulamentos
expedidos pela União e pelos Estados.
Art. 806. Salvo o caso do artigo 32, nas ações intentadas mediante queixa,
nenhum ato ou diligência se realizará, sem que seja depositada em cartório a
importância das custas.
§ 1º. Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa será realizado,
sem o prévio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre.
§ 2º. A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados
pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso
interposto.
§ 3º. A falta de qualquer prova ou diligência que deixe de realizar-se em virtude

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do não-pagamento de custas não implicará a nulidade do processo, se a prova de
pobreza do acusado só posteriormente foi feita.
Art. 807. O disposto no artigo anterior não obstará à faculdade atribuída ao juiz
de determinar de ofício inquirição de testemunhas ou outras diligências.
Art. 808. Na falta ou impedimento do escrivão e seu substituto, servirá pessoa
idônea, nomeada pela autoridade, perante quem prestará compromisso, lavrando
o respectivo termo.
Art. 809. A estatística judiciária criminal, a cargo do Instituto de Identificação e
Estatística ou repartições congêneres, terá por base o boletim individual, que é
parte integrante dos processos e versará sobre:
I - os crimes e as contravenções praticados durante o trimestre, com
especificação da natureza de cada um, meios utilizados e circunstâncias de tempo
e lugar;
II - as armas proibidas que tenham sido apreendidas;
III - o número de delinqüentes, mencionadas as infrações que praticaram, sua
nacionalidade, sexo, idade, filiação, estado civil, prole, residência, meios de vida e
condições econômicas, grau de instrução, religião, e condições de saúde física e
psíquica;
IV - o número dos casos de co-delinqüência;
V - a reincidência e os antecedentes judiciários;
VI - as sentenças condenatórias ou absolutórias, bem como as de pronúncia ou
de impronúncia;
VII - a natureza das penas impostas;
VIII - a natureza das medidas de segurança aplicadas;
IX - a suspensão condicional da execução da pena, quando concedida;
X - as concessões ou denegações de habeas corpus.
§ 1º. Os dados acima enumerados constituem o mínimo exigível, podendo ser
acrescidos de outros elementos úteis ao serviço da estatística criminal.
§ 2º. Esses dados serão lançados semestralmente em mapa e remetidos ao
Serviço de Estatística Demográfica Moral e Política do Ministério da Justiça.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.061, de 14.06.1995)
§ 3º. O boletim individual a que se refere este artigo é dividido em três partes
destacáveis, conforme modelo anexo a este Código, e será adotado nos Estados,
no Distrito Federal e nos Territórios. A primeira parte ficará arquivada no cartório
policial; a segunda será remetida ao Instituto de Identificação e Estatística, ou
repartição congênere; e a terceira acompanhará o processo, e, depois de passar
em julgado a sentença definitiva, lançados os dados finais, será enviada ao
referido Instituto ou repartição congênere.
Art. 810. Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942.
Art. 811. Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1941; 120º da Independência e 53º da


República.
GETÚLIO VARGAS

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Francisco Campos

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Consolidação das Leis do Trabalho

DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º MAIO DE 1943

(DOU 09.05.1943)

Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo


180 da Constituição, decreta:
Art. 1º. Fica aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho, que a este decreto-
lei acompanha, com as alterações por ela introduzidas na legislação vigente.
Parágrafo único. Continuam em vigor as disposições legais transitórias ou de
emergência, bem como as que não tenham aplicação em todo o território nacional.
Art. 2º. O presente decreto-lei entrará em vigor em 10 de novembro de 1943.

Rio de Janeiro, 1º de maio de 1943; 122º da Independência e 55º da República.


GETÚLIO VARGAS.
Alexandre Marcondes Filho.
TÍTULO I
INTRODUÇÃO

Art. 1º. Esta Consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais
e coletivas de trabalho, nela previstas.
Art. 2º. Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviços.
§ 1º. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.
§ 2º. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário.

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Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Art. 4º. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado
esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo
disposição especial expressamente consignada.
Parágrafo único. Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito
de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado
do trabalho, prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.072, de 16.06.1962)
Art. 5º. A todo trabalho de igual valor corresponderá salário igual, sem distinção
de sexo.
Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do
empregador e o executado no domicílio do empregado, desde que esteja
caracterizada a relação de emprego.
Art. 7º. Os preceitos constantes da presente Consolidação, salvo quando for, em
cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
a) aos empregados domésticos, assim considerados, de um modo geral, os que
prestam serviços de natureza não-econômica à pessoa ou à família no âmbito
residencial destas;
b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções
diretamente ligadas à agricultura e à pecuária, não sejam empregados em
atividades que, pelos métodos de execução dos respectivos trabalhos ou pela
finalidade de suas operações, se classifiquem como industriais ou comerciais;
c) aos funcionários públicos da União, dos Estados e dos Municípios, e aos
respectivos extranumerários em serviço nas próprias repartições; (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
d) aos servidores de autarquias paraestatais, desde que sujeitos a regime próprio
de proteção ao trabalho que lhes assegure situação análoga à dos funcionários
públicos. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.079, de 11.10.1945)
Art. 8º. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência,
por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito,
principalmente do direito do trabalho e, ainda, de acordo com os usos e costumes,
o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público.
Parágrafo único. O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho,
naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste.
Art. 9º. Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de
desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação.
Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os

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direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 11. O direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho
prescreve: (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.658, de 05.06.1998)
I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato;
II - em dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para o trabalhador rural.
§ 1º. O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto
anotações para fins de prova junto à Previdência Social.
§ 2º. (VETADO na Lei nº 9.658, de 05.06.1998)
§ 3º. (VETADO na Lei nº 9.658, de 05.06.1998)
Art. 12. Os preceitos concernentes ao regime de seguro social são objeto de lei
especial.

TÍTULO II
DAS NORMAS GERAIS DE TUTELA DO TRABALHO

CAPÍTULO I
DA IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL

SEÇÃO I
DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 13. A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o
exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter
temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional
remunerada. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
§ 1º. O disposto neste artigo aplica-se, igualmente, a quem:
I - proprietário rural ou não, trabalhe individualmente ou em regime de economia
familiar, assim entendido o trabalho dos membros da mesma família,
indispensável à própria subsistência, exercido em condições de mútua
dependência e colaboração;
II - em regime de economia familiar e sem empregado, explore área não
excedente do módulo rural ou de outro limite que venha a ser fixado, para cada
região, pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
§ 2º. A Carteira de Trabalho e Previdência Social e respectiva Ficha de
Declaração obedecerão aos modelos que o Ministério do Trabalho adotar.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
§ 3º. Nas localidades onde não for emitida a Carteira de Trabalho e Previdência
Social poderá ser admitido, até 30 (trinta) dias, o exercício de emprego ou
atividade remunerada por quem não a possua, ficando a empresa obrigada a
permitir o comparecimento do empregado ao posto de emissão mais próximo.
(Redação dada pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
§ 4º. Na hipótese do § 3º:

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I - o empregador fornecerá ao empregado, no ato da admissão, documento do
qual constem a data da admissão, a natureza do trabalho, o salário e a forma de
seu pagamento;
II - se o empregado ainda não possuir a carteira na data em que for dispensado,
o empregador lhe fornecerá atestado de que conste o histórico da relação
empregatícia. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
SEÇÃO II
DA EMISSÃO DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 14. A Carteira de Trabalho e Previdência Social será emitida pelas
Delegacias Regionais do Trabalho ou, mediante convênio, pelos órgãos federais,
estaduais e municipais da Administração Direta ou Indireta. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Parágrafo único. Inexistindo convênio com os órgãos indicados ou na
inexistência destes, poderá ser admitido convênio com sindicatos para o mesmo
fim. (Redação dada pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 15. Para obtenção da Carteira de Trabalho e Previdência Social o
interessado comparecerá pessoalmente ao órgão emitente, onde será identificado
e prestará as declarações necessárias. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926,
de 10.10.1969)
Art. 16. A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, além do número,
série, data de emissão e folhas destinadas às anotações pertinentes ao contrato
de trabalho e as de interesse da Previdência Social, conterá:
I - fotografia, de frente, modelo 3x4;
II - nome, filiação, data e lugar de nascimento e assinatura;
III - nome, idade e estado civil dos dependentes;
IV - número do documento de naturalização ou data da chegada ao Brasil e
demais elementos constantes da identidade de estrangeiro, quando for o caso.
Parágrafo único. A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS será
fornecida mediante a apresentação de:
a) duas fotografias com as características mencionadas no inciso I;
b) qualquer documento oficial de identificação pessoal do interessado, no qual
possam ser colhidos dados referentes ao nome completo, filiação, data e lugar de
nascimento. (Redação dada ao artigo 16 pela Lei nº 8.260, de 12.12.1991)
Art. 17. Na impossibilidade de apresentação, pelo interessado, de documento
idôneo que o qualifique, a Carteira de Trabalho e Previdência Social será
fornecida com base em declarações verbais confirmadas por duas testemunhas,
lavrando-se na primeira folha de anotações gerais da carteira termo assinado
pelas mesmas testemunhas.
§ 1º. Tratando-se de menor de 18 anos, as declarações previstas neste artigo
serão prestadas por seu responsável legal.
§ 2º. Se o interessado não souber ou não puder assinar sua carteira, ela será
fornecida mediante impressão digital ou assinatura a rogo. (Redação dada ao

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caput e parágrafos pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 18. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989 - DOU 25.10.1989)
Art. 19. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989 - DOU 25.10.1989)
Art. 20. As anotações relativas a alteração do estado civil e aos dependentes do
portador da Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e somente em sua falta por qualquer dos
órgãos emitentes. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 21. Em caso de imprestabilidade ou esgotamento do espaço destinado a
registro e anotações, o interessado deverá obter outra carteira, conservando-se o
número e a série da anterior. (Redação dada pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
§ 1º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
§ 2º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
Art. 22. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
Art. 23. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)
Art. 24. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969. DOU 13.10.1969)

SEÇÃO III
DA ENTREGA DAS CARTEIRAS DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 25. As Carteiras de Trabalho e Previdência Social serão entregues aos
interessados pessoalmente, mediante recibo.
Art. 26. Os sindicatos poderão, mediante solicitação das respectivas diretorias,
incumbir-se da entrega das Carteiras de Trabalho e Previdência Social pedidas
por seus associados e pelos demais profissionais da mesma classe.
Parágrafo único. Não poderão os sindicatos, sob pena das sanções previstas
neste Capítulo, cobrar remuneração pela entrega das Carteiras de Trabalho e
Previdência Social, cujo serviço nas respectivas sedes será fiscalizado pelas
Delegacias Regionais do Trabalho ou órgãos autorizados. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
Art. 27. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 28. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

SEÇÃO IV
DAS ANOTAÇÕES
Art. 29. A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente
apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual
terá o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para nela anotar, especificamente, a
data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo
facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme
instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei

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nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 1º. As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário,
qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades,
bem como a estimativa da gorjeta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 2º. As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas:
a) na data-base;
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;
c) no caso de rescisão contratual; ou
d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 3º. A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará
a lavratura do auto de infração, pelo Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício,
comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o
processo de anotação. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 30. Os acidentes do trabalho serão obrigatoriamente anotados pelo Instituto
Nacional do Seguro Social na Carteira do acidentado. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 31. Aos portadores de Carteiras de Trabalho e Previdência Social fica
assegurado o direito de as apresentar aos órgãos autorizados, para o fim de ser
anotado o que for cabível, não podendo ser recusada a solicitação, nem cobrado
emolumento não previsto em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 32. As anotações relativas a alterações no estado civil dos portadores de
Carteiras de Trabalho e Previdência Social serão feitas mediante prova
documental. As declarações referentes aos dependentes serão registradas nas
fichas respectivas, pelo funcionário encarregado da identificação profissional, a
pedido do próprio declarante que as assinará.
Parágrafo único. As Delegacias Regionais e os órgãos autorizados deverão
comunicar à Secretaria de Emprego e Salário todas as alterações que anotarem
nas Carteiras de Trabalho e Previdência Social. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de
10.10.1969)
Art. 33. As anotações nas fichas de declaração e nas Carteiras de Trabalho e
Previdência Social serão feitas seguidamente sem abreviaturas, ressalvando-se
no fim de cada assentamento, as emendas, entrelinhas e quaisquer circunstâncias
que possam ocasionar dúvidas. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 34. Tratando-se de serviço de profissionais de qualquer atividade, exercido
por empreitada individual ou coletiva, com ou sem fiscalização da outra parte
contratante, a carteira será anotada pelo respectivo sindicato profissional ou pelo
representante legal de sua cooperativa.

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Art. 35. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978)
SEÇÃO V
DAS RECLAMAÇÕES POR FALTA OU RECUSA DE ANOTAÇÕES
Art. 36. Recusando-se a empresa a fazer as anotações a que se refere o artigo
29 ou a devolver a Carteira de Trabalho e Previdência Social recebida, poderá o
empregado comparecer, pessoalmente ou por intermédio de seu sindicato,
perante a Delegacia Regional ou órgão autorizado, para apresentar reclamação.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o
Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 37. No caso do artigo 36, lavrado o termo de reclamação, determinar-se-á a
realização de diligência para instrução do feito, observado, se for o caso, o
disposto no § 2º do artigo 29, notificando-se posteriormente o reclamado por carta
registrada, caso persista a recusa, para que, em dia e hora previamente
designados, venha prestar esclarecimentos ou efetuar as devidas anotações na
Carteira de Trabalho e Previdência Social ou sua entrega.
Parágrafo único. Não comparecendo o reclamado, lavrar-se-á termo de
ausência, sendo considerado revel e confesso sobre os termos da reclamação
feita, devendo as anotações ser efetuadas por despacho da autoridade que tenha
processado a reclamação. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 38. Comparecendo o empregador e recusando-se a fazer as anotações
reclamadas, será lavrado um termo de comparecimento, que deverá conter, entre
outras indicações, o lugar, o dia e hora de sua lavratura, o nome e a residência do
empregador, assegurando-se-lhe o prazo de 48 horas, a contar do termo, para
apresentar defesa.
Parágrafo único. Findo o prazo para a defesa, subirá o processo à autoridade
administrativa de primeira instância, para se ordenarem diligências, que
completem a inscrição do feito, ou para julgamento, se o caso estiver
suficientemente esclarecido.
Art. 39. Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado versam sobre a
não existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa condição
pelos meios administrativos, será o processo encaminhado à Justiça do Trabalho
ficando, nesse caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido
lavrado.
§ 1º. Se não houver acordo, a Junta de Conciliação e Julgamento, em sua
sentença, ordenará que a Secretaria efetue as devidas anotações uma vez
transitada em julgado, e faça a comunicação à autoridade competente para o fim
de aplicar a multa cabível.
§ 2º. Igual procedimento observar-se-á no caso de processo trabalhista de
qualquer natureza, quando for verificada a falta de anotações na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, devendo o Juiz, nesta hipótese, mandar proceder,
desde logo, àquelas sobre as quais não houver controvérsia. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº

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926, de 10.10.1969)
SEÇÃO VI
DO VALOR DAS ANOTAÇÕES
Art. 40. As Carteiras de Trabalho e Previdência Social regularmente emitidas e
anotadas servirão de prova nos atos em que sejam exigidas carteiras de
identidade e especialmente: (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei 926, de 10.10.1969)
I - nos casos de dissídio na Justiça do Trabalho entre a empresa e o empregado
por motivo de salário, férias ou tempo de serviço; (Redação dada ao inciso pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
II - perante o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), para o efeito de
declaração de dependentes; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com o Decreto 99.350, de 27.06.1990)
III - para cálculo de indenização por acidente do trabalho ou moléstia profissional.
(Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
SEÇÃO VII
DOS LIVROS DE REGISTRO DE EMPREGADOS
Art. 41. Em todas as atividades será obrigatório para o empregador o registro
dos respectivos trabalhadores, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
Parágrafo único. Além da qualificação civil ou profissional de cada trabalhador,
deverão ser anotados todos os dados relativos à sua admissão no emprego,
duração e efetividade do trabalho, a férias, acidentes e demais circunstâncias que
interessem à proteção do trabalhador. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)
Art. 42. Os documentos de que trata o artigo 41 serão autenticados pelas
Delegacias Regionais do Trabalho, por outros órgãos autorizados ou pelo Fiscal
do Trabalho, vedada a cobrança de qualquer emolumento. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 44. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 45. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 46. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 47. A empresa que mantiver empregado não registrado nos termos do artigo
41 e seu parágrafo único incorrerá na multa de valor igual a 30 (trinta) vezes o
valor-de-referência regional, por empregado não registrado, acrescido de igual
valor em cada reincidência.
Parágrafo único. As demais infrações referentes ao registro de empregados
sujeitarão a empresa à multa de valor igual a 15 vezes o valor-de-referência
regional, dobrada na reincidência. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº

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229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 48. As multas previstas nesta Seção serão aplicadas pelas Delegacias
Regionais do Trabalho.
SEÇÃO VIII
DAS PENALIDADES
Art. 49. Para os efeitos da emissão, substituição ou anotação de Carteiras de
Trabalho e Previdência Social, considerar-se-á crime de falsidade, com as
penalidades previstas no artigo 299 do Código Penal:
I - fazer, no todo ou em parte, qualquer documento falso ou alterar o verdadeiro;
II - afirmar falsamente a sua própria identidade, filiação, lugar de nascimento,
residência, profissão ou estado civil e beneficiários, ou atestar os de outra pessoa;
III - servir-se de documentos, por qualquer forma falsificados;
IV - falsificar, fabricando ou alterando, ou vender, usar ou possuir Carteiras de
Trabalho e Previdência Social assim alteradas;
V - anotar dolosamente em Carteira de Trabalho e Previdência Social ou registro
de empregado, ou confessar ou declarar em juízo ou fora dele, data de admissão
em emprego diversa da verdadeira. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967, e de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 50. Comprovando-se falsidade, quer nas declarações para emissão de
Carteira de Trabalho e Previdência Social, quer nas respectivas anotações, o fato
será levado ao conhecimento da autoridade que houver emitido a carteira, para
fins de direito.
Art. 51. Incorrerá em multa de valor igual a 90 vezes o valor-de-referência
regional aquele que, comerciante ou não, vender ou expuser à venda qualquer
tipo de carteira igual ou semelhante ao tipo oficialmente adotado. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 52. O extravio ou inutilização da Carteira de Trabalho e Previdência Social
por culpa da empresa sujeitará esta à multa de valor igual a 15 vezes o valor-de-
referência regional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969, e de
acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 53. A empresa que receber Carteira de Trabalho e Previdência Social para
anotar e a retiver por mais de 48 (quarenta e oito) horas ficará sujeita à multa de
valor igual a 15 vezes o valor-de-referência regional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 54. A empresa que, tendo sido intimada, não comparecer para anotar a
Carteira de Trabalho e Previdência Social de seu empregado, ou cujas alegações
para recusa tenham sido julgadas improcedentes, ficará sujeita à multa de valor
igual a 30 (trinta) vezes o valor-de-referência regional. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)

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Art. 55. Incorrerá na multa de valor igual a 30 (trinta) vezes o valor-de-referência
regional a empresa que infringir o artigo 13 e seus parágrafos. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 56. O sindicato que cobrar remuneração pela entrega de Carteira de
Trabalho e Previdência Social ficará sujeito à multa de valor igual a 90 (noventa)
vezes o valor-de-referência regional. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
CAPÍTULO II
DA DURAÇÃO DO TRABALHO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 57. Os preceitos deste capítulo aplicam-se a todas as atividades, salvo as
expressamente excluídas, constituindo exceções as disposições especiais,
concernentes estritamente a peculiaridades profissionais, constantes do Capítulo I
do Título III.
SEÇÃO II
DA JORNADA DE TRABALHO
Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer
atividade privada, não excederá de oito horas diárias, desde que não seja fixado
expressamente outro limite.
Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja
duração não exceda a vinte e cinco horas semanais.
§ 1º O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será
proporcional à sua jornada, em relação aos empregados que cumprem, nas
mesmas funções, tempo integral.
§ 2º Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita
mediante opção manifestada perante a empresa, na forma prevista em
instrumento decorrente de negociação coletiva. (NR) (Artigo acrescentado pela
Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 59. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas
suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito entre
empregador e empregado, ou mediante convenção coletiva de trabalho.
§ 1º. Do acordo ou convenção coletiva de trabalho deverá constar,
obrigatoriamente, a importância da remuneração da hora suplementar, que será,
pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) superior à da hora normal.
§ 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado
pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no
período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas,

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nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. (Redação dada ao
parágrafo pela Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
§ 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a
compensação integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior,
fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas,
calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.601, de 21.01.1998)
§ 4º Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas
extras. (NR) (Parágrafo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de
26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 60. Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos
quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho" ou
que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, quaisquer
prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia das autoridades
competentes em matéria de medicina do trabalho, as quais, para esse efeito,
procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e
processos de trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades
sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento
para tal fim.
Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho
exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força
maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja
inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.
§ 1º. O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente
de acordo ou convenção coletiva e deverá ser comunicado dentro de dez dias, à
autoridade competente em matéria de trabalho, ou antes desse prazo, justificado
no momento da fiscalização sem prejuízo dessa comunicação.
§ 2º. Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração
da hora excedente não será inferior à da hora normal. Nos demais casos de
excesso previsto neste artigo, a remuneração será, pelo menos, 25% (vinte e
cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de
doze horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite.
§ 3º. Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas
acidentais, ou de força maior, que determinem a impossibilidade de sua
realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo necessário
até o máximo de duas horas, durante o número de dias indispensáveis à
recuperação do tempo perdido, desde que não exceda de dez horas diárias, em
período não superior a quarenta e cinco dias por ano, sujeita essa recuperação à
prévia autorização da autoridade competente.
Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:

I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de


horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social e no registro de empregados;
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos
quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de

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departamento ou filial.
Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados
mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança,
compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do
respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994)
Art. 63. Não haverá distinção entre empregados e interessados, e a participação
em lucros ou comissões, salvo em lucros de caráter social, não exclui o
participante do regime deste Capítulo.
Art. 64. O salário-hora normal, no caso do empregado mensalista, será obtido
dividindo-se o salário mensal correspondente à duração do trabalho, a que se
refere o artigo 58, por 30 vezes o número de horas dessa duração.
Parágrafo único. Sendo o número de dias inferior a 30, adotar-se-á para o
cálculo, em lugar desse número, o de dias de trabalho por mês.
Art. 65. No caso do empregado diarista, o salário-hora normal será obtido
dividindo-se o salário diário correspondente à duração do trabalho, estabelecida
no artigo 58, pelo número de horas de efetivo trabalho.
SEÇÃO III
DOS PERÍODOS DE DESCANSO
Art. 66. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze
horas consecutivas para descanso.
Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de vinte e
quatro horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou
necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em
parte.
Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção
quanto aos elencos teatrais, será estabelecida escala de revezamento,
mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.
Art. 68. O trabalho em domingo, seja total ou parcial, na forma do artigo 67, será
sempre subordinado à permissão prévia da autoridade competente em matéria de
trabalho.
Parágrafo único. A permissão será concedida a título permanente nas atividades
que, por sua natureza ou pela conveniência pública, devem ser exercidas aos
domingos, cabendo ao Ministro do Trabalho expedir instruções em que sejam
especificadas tais atividades. Nos demais casos, ela será dada sob forma
transitória, com discriminação do período autorizado, o qual, de cada vez, não
excederá de sessenta dias.
Art. 69. Na regulamentação do funcionamento de atividades sujeitas ao regime
deste capítulo, os municípios atenderão aos preceitos nele estabelecidos, e as
regras que venham a fixar não poderão contrariar tais preceitos nem as instruções
que, para seu cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em
matéria de trabalho.

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Art. 70. Salvo o disposto nos artigos 68 e 69, é vedado o trabalho em dias
feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação própria.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de seis horas, é
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será,
no mínimo, de uma hora e, salvo acordo escrito ou convenção coletiva em
contrário, não poderá exceder de duas horas.
§ 1º. Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um
intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro horas.
§ 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º. O limite mínimo de 1 (uma) hora para repouso ou refeição poderá ser
reduzido por ato do Ministro do Trabalho quando, ouvida a Secretaria de
Segurança e Saúde no Trabalho (SSST), se verificar que o estabelecimento
atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e
quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho
prorrogado a horas suplementares. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 4º. Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não
for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período
correspondente com um acréscimo de no mínimo cinqüenta por cento sobre o
valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 8.923, de 27.07.1994)
Art. 72. Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou
cálculo), a cada período de noventa minutos de trabalho consecutivo
corresponderá um repouso de dez minutos não deduzidos da duração normal do
trabalho.
SEÇÃO IV
DO TRABALHO NOTURNO
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho
noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua
remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a
hora diurna.
§ 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30
segundos.
§ 2º. Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado
entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte.
§ 3º. O acréscimo, a que se refere o presente artigo, em se tratando de
empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno
habitual, será feito tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de
natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da
natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo,
não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.
§ 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e

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noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus
parágrafos.
§ 5º. Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste capítulo.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 9.666, de 28.08.1946)
SEÇÃO V
DO QUADRO DE HORÁRIO
Art. 74. O horário do trabalho constará de quadro, organizado conforme modelo
expedido pelo Ministro do Trabalho, e afixado em lugar bem visível. Esse quadro
será discriminativo no caso de não ser o horário único para todos os empregados
de uma mesma seção ou turma.
§ 1º. O horário de trabalho será anotado em registro de empregados com a
indicação de acordos ou convenções coletivas porventura celebrados.
§ 2º. Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a
anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho,
devendo haver pré-assinalação do período de repouso. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 3º. Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o horário dos
empregados constará, explicitamente, de ficha ou papeleta em seu poder, sem
prejuízo do que dispõe o § 1º deste artigo.
SEÇÃO VI
DAS PENALIDADES
Art. 75. Os infratores dos dispositivos do presente capítulo incorrerão na multa
de 3 (três) a 300 (trezentos) valores-de-referência regionais, segundo a natureza
da infração, sua extensão e a intenção de quem a praticou, aplicada em dobro no
caso de reincidência e oposição à fiscalização ou desacato à autoridade.
(Redação do caput alterada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. São competentes para impor penalidades as Delegacias
Regionais do Trabalho.
CAPÍTULO III
DO SALÁRIO MÍNIMO

SEÇÃO I
DO CONCEITO
Art. 76. Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente
pelo empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção
de sexo, por dia normal de serviço, e capaz de satisfazer em determinada época e
região do País, às suas necessidades normais de alimentação, habitação,
vestuário, higiene e transporte.
Art. 77. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964. DOU 17.12.1964)
Art. 78. Quando o salário for ajustado por empreitada, ou convencionado por
tarefa ou peça, será garantida ao trabalhador uma remuneração diária nunca

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inferior à do salário mínimo por dia normal.
Parágrafo único. Quando o salário mínimo mensal do empregado a comissão ou
que tenha direito a percentagem for integrado por parte fixa e parte variável, ser-
lhe-á sempre garantido o salário mínimo, vedado qualquer desconto em mês
subseqüente a título de compensação. (Parágrafo acrescido pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967)
Art. 79. (Revogado pelo artigo 4º, § 1º, da Lei nº 4.589, de 11.12.1964, que
extinguiu as Comissões de Salário Mínimo)
Art. 80. Ao menor aprendiz será pago salário nunca inferior a 1/2 (meio) salário
mínimo regional durante a primeira metade da duração máxima prevista para o
aprendizado do respectivo ofício. Na segunda metade passará a perceber, pelo
menos, 2/3 (dois terços) do salário mínimo regional. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967, restabelecida pela Lei nº 6.086, de 15.07.1974)
Parágrafo único. Considera-se aprendiz o menor de 12 (doze) a 18 (dezoito) anos,
sujeito à formação metódica do ofício em que exerça o seu trabalho. (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, restabelecida pela Lei nº 6.086, de
15.07.1974)
Art. 81. O salário mínimo será determinado pela fórmula Sm=a+b+c+d+e, em
que a, b, c, d e e representam, respectivamente, o valor das despesas diárias com
alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte necessários à vida de um
trabalhador adulto.
§ 1º. A parcela correspondente à alimentação terá um valor mínimo igual aos
valores da lista de provisões, constantes dos quadros devidamente aprovados e
necessários à alimentação diária do trabalhador adulto.
§ 2º. Poderão ser substituídos pelos equivalentes de cada grupo, também
mencionados nos quadros a que alude o parágrafo anterior, os alimentos, quando
as condições da região, zona ou subzona (atualmente região ou sub-região) o
aconselharem, respeitados os valores nutritivos determinados nos mesmos
quadros.
§ 3º. O Ministério do Trabalho fará, periodicamente, a revisão dos quadros a que
se refere o § 1º deste artigo.
Art. 82. Quando o empregador fornecer, in natura, uma ou mais das parcelas do
salário mínimo, o salário em dinheiro será determinado pela fórmula Sd = Sm - P,
em que Sd representa o salário em dinheiro, Sm o salário mínimo e P a soma dos
valores daquelas parcelas.
Parágrafo único. O salário mínimo pago em dinheiro não será inferior a 30%
(trinta por cento) do salário mínimo.
Art. 83. É devido o salário mínimo ao trabalhador em domicílio, considerado este
como o executado na habitação do empregado ou em oficina de família por conta
de empregador que o remunere.
SEÇÃO II
DAS REGIÕES, ZONAS E SUBZONAS

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Art. 84. (Revogado pelo artigo 1º do Decreto-Lei nº 2.351, de 07.08.1987, que
instituiu o piso nacional de salários)
Art. 85. (Revogado pelo artigo 23 da Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 86. (Revogado pelo artigo 1º do Decreto-Lei nº 2.351, de 07.08.1987, que
instituiu o piso nacional de salários)
SEÇÃO III
DA CONSTITUIÇÃO DAS COMISSÕES
Art. 87.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 88.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 89.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 90.(Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 91. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 92. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 93. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 94. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 95. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 96. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 97. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 98. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 99. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 100. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
SEÇÃO IV
DAS ATRIBUIÇÕES DAS COMISSÕES
Art. 101. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 102. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 103. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 104. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 105. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 106. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 107. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)

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Art. 108. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 109. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 110. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 111. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
SEÇÃO V
DA FIXAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
Art. 112. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 113. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 114. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 115. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 116. (Revogado pelo Decreto-Lei 2.351, de 07.08.1987)
SEÇÃO VI
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 117. Será nulo de pleno direito, sujeitando o empregador às sanções do
artigo 120, qualquer contrato ou convenção que estipule remuneração inferior ao
salário mínimo.
Art. 118. O trabalhador a quem for pago salário inferior ao mínimo terá direito,
não obstante qualquer contrato, ou convenção em contrário, a reclamar do
empregador o complemento de seu salário mínimo.
Art. 119. Prescreve em 2 (dois) anos a ação para reaver a diferença, contados,
para cada pagamento, da data em que o mesmo tenha sido efetuado.
Art. 120. Aquele que infringir qualquer dispositivo concernente ao salário mínimo
será passível de multa de 3 (três) a 120 (cento e vinte) valores-de-referência
regionais, elevada ao dobro na reincidência. (Artigo alterado pela Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 121. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 122. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 123. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)
Art. 124. A aplicação dos preceitos deste capítulo não poderá, em caso algum,
ser causa determinante da redução do salário.
Art. 125. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964 - DOU 17.12.1964)
Art. 126. O Ministro do Trabalho expedirá as instruções necessárias à
fiscalização do salário mínimo, podendo cometer essa fiscalização a qualquer dos
órgãos componentes do respectivo Ministério, e, bem assim, aos fiscais do

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Instituto Nacional do Seguro Social, na forma da legislação em vigor.
Art. 127. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 128. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
CAPÍTULO IV
DAS FÉRIAS ANUAIS

SEÇÃO I
DO DIREITO A FÉRIAS E DA SUA DURAÇÃO
Art. 129. Todo empregado terá direito anualmente ao gozo de um período de
férias, sem prejuízo da remuneração.
Art. 130. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de
trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5
(cinco) vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14
(quatorze) faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e
três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta
e duas) faltas.
§ 1º. É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao
serviço.
§ 2º. O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de
serviço.
Art. 130-A. Na modalidade do regime de tempo parcial, após cada período de
doze meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias,
na seguinte proporção:
I - dezoito dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte e duas horas,
até vinte e cinco horas;
II - dezesseis dias, para a duração do trabalho semanal superior a vinte horas, até
vinte e duas horas;
III - quatorze dias, para a duração do trabalho semanal superior a quinze horas,
até vinte horas;
IV - doze dias, para a duração do trabalho semanal superior a dez horas, até
quinze horas;
V - dez dias, para a duração do trabalho semanal superior a cinco horas, até dez
horas;
VI - oito dias, para a duração do trabalho semanal igual ou inferior a cinco horas.
Parágrafo único. O empregado contratado sob o regime de tempo parcial que tiver
mais de sete faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período
de férias reduzido à metade. (NR) (Artigo acrescentado pela Medida Provisória nº
1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)

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Art. 131. Não será considerada falta ao serviço, para os efeitos do artigo
anterior, a ausência do empregado:
I - nos casos referidos no artigo 473;
II - durante o licenciamento compulsório da empregada por motivo de
maternidade ou aborto, observados os requisitos para percepção do salário-
maternidade custeado pela Previdência Social. (Redação dada ao inciso pela Lei
nº 8.921, de 25.07.1994)
III - por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade atestada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS, excetuada a hipótese do inciso IV do artigo
133; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 8.726, de 05.11.1993)
IV - justificada pela empresa, entendendo-se como tal a que não tiver
determinado o desconto do correspondente salário;
V - durante a suspensão preventiva para responder a inquérito administrativo ou
de prisão preventiva, quando for impronunciado ou absolvido; e
VI - nos dias em que não tenha havido serviço, salvo na hipótese do inciso III do
artigo 133.
Art. 132. O tempo de trabalho anterior à apresentação do empregado para
serviço militar obrigatório será computado no período aquisitivo, desde que ele
compareça ao estabelecimento dentro de 90 (noventa) dias da data em que se
verificar a respectiva baixa.
Art. 133. Não terá direito a férias o empregado que, no curso do período
aquisitivo:
I - deixar o emprego e não for readmitido dentro dos 60 (sessenta) dias
subsequentes à sua saída;
II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por mais de 30
(trinta) dias;
III - deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 (trinta) dias em
virtude de paralisação parcial ou total dos serviços da empresa; e
IV - tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de trabalho ou
de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos.
§ 1º. A interrupção da prestação de serviços deverá ser anotada na Carteira de
Trabalho e Previdência Social.
§ 2º. Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quando o empregado,
após o implemento de qualquer das condições previstas neste artigo, retornar ao
serviço.
§ 3º. Para os fins previstos no inciso III deste artigo, a empresa comunicará ao
órgão local do Ministério do Trabalho, com antecedência mínima de quinze dias,
as datas de início e fim da paralisação total ou parcial dos serviços da empresa e,
em igual prazo, comunicará, nos mesmos termos, ao Sindicato representativo da
categoria profissional, bem como afixará aviso nos respectivos locais de trabalho.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.016, de 30.03.1995)
§ 4º. (VETADO na Lei nº 9.016, de 30.03.1995)
SEÇÃO II
DA CONCESSÃO E DA ÉPOCA DAS FÉRIAS

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Art. 134. As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só período,
nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o
direito.
§ 1º. Somente em casos excepcionais serão as férias concedidas em dois
períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corridos.
§ 2º. Aos menores de 18 (dezoito) anos e aos maiores de 50 (cinqüenta) anos de
idade, as férias são sempre concedidas de uma só vez.
Art. 135. A concessão das férias será participada, por escrito, ao empregado,
com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias. Dessa participação o
interessado dará recibo. (Redação dada pela Lei nº 7.414, de 09.12.1985)
§ 1º. O empregado não poderá entrar no gozo das férias sem que apresente ao
empregador sua CTPS, para que nela seja anotada a respectiva concessão.
§ 2º. A concessão das férias será, igualmente, anotada no livro ou nas fichas de
registro dos empregados.
Art. 136. A época da concessão das férias será a que melhor consulte os
interesses do empregador.
§ 1º. Os membros de uma família, que trabalharem no mesmo estabelecimento
ou empresa, terão direito a gozar férias no mesmo período, se assim o desejarem
e se disto não resultar prejuízo para o serviço.
§ 2º. O empregado estudante menor de 18 (dezoito) anos terá direito a fazer
coincidir suas férias com as férias escolares.
Art. 137. Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o
artigo 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
§ 1º. Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as
férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença,
da época de gozo das mesmas.
§ 2º. A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário mínimo,
devida ao empregado até que seja cumprida.
§ 3º. Cópia da decisão judicial transitada em julgado será remetida ao órgão local
do Ministério do Trabalho, para fins de aplicação da multa de caráter
administrativo.
Art. 138. Durante as férias, o empregado não poderá prestar serviços a outro
empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho
regularmente mantido com aquele.
SEÇÃO III
DAS FÉRIAS COLETIVAS
Art. 139. Poderão ser concedidas férias coletivas a todos os empregados de
uma empresa ou de determinados estabelecimentos ou setores da empresa.
§ 1º. As férias poderão ser gozadas em dois períodos anuais, desde que nenhum
deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos.
§ 2º. Para os fins previstos neste artigo, o empregador comunicará ao órgão local
do Ministério do Trabalho, com a antecedência mínima de 15 (quinze) dias, as

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datas de início e fim das férias, precisando quais os estabelecimentos ou setores
abrangidos pela medida.
§ 3º. Em igual prazo o empregador enviará cópia da aludida comunicação aos
sindicatos representativos da respectiva categoria profissional e providenciará a
fixação de aviso nos locais de trabalho.
Art. 140. Os empregados contratados há menos de 12 (doze) meses gozarão, na
oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo.
Art. 141. Quando o número de empregados contemplados com as férias
coletivas for superior a 300 (trezentos), a empresa poderá promover, mediante
carimbo, as anotações de que trata o artigo 135, § 1º.
§ 1º. O carimbo, cujo modelo será aprovado pelo Ministério do Trabalho,
dispensará a referência ao período aquisitivo a que correspondem, para cada
empregado, as férias concedidas.
§ 2º. Adotado o procedimento indicado neste artigo, caberá à empresa fornecer
ao empregado cópia visada do recibo correspondente à quitação mencionada no
parágrafo único do artigo 145.
§ 3º. Quando da cessação do contrato de trabalho, o empregador anotará na
Carteira de Trabalho e Previdência Social as datas dos períodos aquisitivos
correspondentes às férias coletivas gozadas pelo empregado.
SEÇÃO IV
DA REMUNERAÇÃO E DO ABONO DE FÉRIAS
Art. 142. O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração que lhe for
devida na data da sua concessão.
§ 1º. Quando o salário for pago por hora, com jornadas variáveis, apurar-se-á a
média do período aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da concessão
das férias.
§ 2º. Quando o salário for pago por tarefa, tomar-se-á por base a média da
produção no período aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor da
remuneração da tarefa na data da concessão das férias.
§ 3º. Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, apurar-
se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses que precederem a
concessão das férias.
§ 4º. A parte do salário paga em utilidades será computada de acordo com a
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social.
§ 5º. Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou perigoso
serão computados no salário que servirá de base ao cálculo da remuneração das
férias.
§ 6º. Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo o mesmo
adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver sido uniforme,
será computada a média duodecimal recebida naquele período, após a
atualização das importâncias pagas, mediante incidência dos percentuais dos
reajustamentos salariais supervenientes.
Art. 143. É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias
a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria

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devida nos dias correspondentes.
§ 1º. O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do
término do período aquisitivo.
§ 2º. Tratando-se de férias coletivas, a conversão a que se refere este artigo
deverá ser objeto de acordo coletivo entre o empregador e o sindicato
representativo da respectiva categoria profissional, independendo de requerimento
individual a concessão do abono.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos empregados sob o regime de
tempo parcial. (NR) (Parágrafo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26,
de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido
em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, da
convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário,
não integrarão a remuneração do empregado para efeitos da legislação do
trabalho. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
Art. 145. O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o abono
referido no artigo 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início do
respectivo período.
Parágrafo único. O empregado dará quitação do pagamento, com indicação do
início e do término das férias.
SEÇÃO V
DOS EFEITOS DA CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Art. 146. Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa,
será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso,
correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único. Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de
serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá
direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o
artigo 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração
superior a 14 (quatorze) dias.
Art. 147. O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de
trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 (doze)
meses de serviço, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de
férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior.
Art. 148. A remuneração das férias, ainda quando devida após a cessação do
contrato de trabalho, terá natureza salarial, para os efeitos do artigo 449.
SEÇÃO VI
DO INÍCIO DA PRESCRIÇÃO
Art. 149. A prescrição do direito de reclamar a concessão das férias ou o
pagamento da respectiva remuneração é contada do término do prazo
mencionado no artigo 134, ou, se for o caso, da cessação do contrato de trabalho.

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SEÇÃO VII
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 150. O tripulante que, por determinação do armador, for transferido para o
serviço de outro, terá computado, para o efeito de gozo de férias, o tempo de
serviço prestado ao primeiro, ficando obrigado a concedê-las o armador em cujo
serviço ele se encontra na época de gozá-las.
§ 1º. As férias poderão ser concedidas, a pedido dos interessados e com
aquiescência do armador, parceladamente, nos portos de escala de grande
estadia do navio, aos tripulantes ali residentes.
§ 2º. Será considerada grande estadia a permanência no porto por prazo
excedente de seis dias.
§ 3º. Os embarcadiços, para gozarem férias nas condições deste artigo, deverão
pedi-las, por escrito, ao armador, antes do início da viagem, no porto de registro
ou armação.
§ 4º. O tripulante, ao terminar as férias, apresentar-se-á ao armador, que deverá
designá-lo para qualquer de suas embarcações ou o adir a algum dos seus
serviços terrestres, respeitadas a condição pessoal e a remuneração.
§ 5º. Em caso de necessidade, determinada pelo interesse público e comprovada
pela autoridade competente, poderá o armador ordenar a suspensão das férias já
iniciadas ou a iniciar-se, ressalvado ao tripulante o direito ao respectivo gozo
posteriormente.
§ 6º. O Delegado do Trabalho Marítimo poderá autorizar a acumulação de 2
(dois) períodos de férias do marítimo, mediante requerimento justificado:
I - do sindicato, quando se tratar de sindicalizado; e
II - da empresa, quando o empregado não for sindicalizado.
Art. 151. Enquanto não se criar um tipo especial de caderneta profissional para
os marítimos, as férias serão anotadas pela Capitania do Porto na caderneta-
matrícula do tripulante, na página das observações.
Art. 152. A remuneração do tripulante, no gozo de férias, será acrescida da
importância correspondente à etapa que estiver vencendo.
SEÇÃO VIII
DAS PENALIDADES
Art. 153. As infrações ao disposto neste Capítulo serão punidas com multas de
valor igual a 160 BTN por empregado em situação irregular.
Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à
fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a
multa será aplicada em dobro. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
CAPÍTULO V
DA SEGURANÇA E DA MEDICINA DO TRABALHO

SEÇÃO I

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DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 154. A observância, em todos os locais de trabalho, do disposto neste
Capítulo, não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que,
com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos
sanitários dos Estados ou Municípios em que se situem os respectivos
estabelecimentos, bem como daquelas oriundas de convenções coletivas de
trabalho.
Art. 155. Incumbe ao órgão de âmbito nacional competente em matéria de
segurança e medicina do trabalho:
I - estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos
preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no artigo 200;
II - coordenar, orientar, controlar e supervisionar a fiscalização e as demais
atividades relacionadas com a segurança e a medicina do trabalho em todo o
território nacional, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do
Trabalho;
III - conhecer, em última instância, dos recursos, voluntários ou de ofício, das
decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de
segurança e medicina do trabalho.
Art. 156. Compete especialmente às Delegacias Regionais do Trabalho, nos
limites de sua jurisdição:
I - promover a fiscalização do cumprimento das normas de segurança e medicina
do trabalho;
II - adotar as medidas que se tornem exigíveis, em virtude das disposições deste
Capítulo, determinando as obras e reparos que, em qualquer local de trabalho, se
façam necessárias;
III - impor as penalidades cabíveis por descumprimento das normas constantes
deste Capítulo, nos termos do artigo 201.
Art. 157. Cabe às empresas:
I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;
II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções
a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.
Art. 158. Cabe aos empregados:

I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as


instruções de que trata o item II do artigo anterior;
II - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo.
Parágrafo único. Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada:
a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II
do artigo anterior;
b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa.
Art. 159. Mediante convênio autorizado pelo Ministro do Trabalho, poderão ser

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delegadas a outros órgãos federais, estaduais ou municipais, atribuições de
fiscalização ou orientação às empresas quanto ao cumprimento das disposições
constantes deste Capítulo.
SEÇÃO II
DA INSPEÇÃO PRÉVIA E DO EMBARGO OU INTERDIÇÃO
Art. 160. Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia
inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional
competente em matéria de segurança e medicina do trabalho.
§ 1º. Nova inspeção deverá ser feita quando ocorrer modificação substancial nas
instalações, inclusive equipamentos, que a empresa fica obrigada a comunicar,
prontamente, à Delegacia Regional do Trabalho.
§ 2º. É facultado às empresas solicitar prévia aprovação, pela Delegacia
Regional do Trabalho, dos projetos de construção e respectivas instalações.
Art. 161. O Delegado Regional do Trabalho, à vista do laudo técnico do serviço
competente que demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá
interditar estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou
embargar obra, indicando na decisão, tomada com a brevidade que a ocorrência
exigir, as providências que deverão ser adotadas para prevenção de infortúnios de
trabalho.
§ 1º. As autoridades federais, estaduais e municipais darão imediato apoio às
medidas determinadas pelo Delegado Regional do Trabalho.
§ 2º. A interdição ou embargo poderão ser requeridos pelo serviço competente
da Delegacia Regional do Trabalho e, ainda, por agente da inspeção do trabalho
ou por entidade sindical.
§ 3º. Da decisão do Delegado Regional do Trabalho poderão os interessados
recorrer, no prazo de 10 (dez) dias, para o órgão de âmbito nacional competente
em matéria de segurança e medicina do trabalho, ao qual será facultado dar efeito
suspensivo ao recurso.
§ 4º. Responderá por desobediência, além das medidas penais cabíveis, quem,
após determinada a interdição ou embargo, ordenar ou permitir o funcionamento
do estabelecimento ou de um dos seus setores, a utilização de máquina ou
equipamento, ou o prosseguimento de obra, se, em consequência, resultarem
danos a terceiros.
§ 5º. O Delegado Regional do Trabalho, independente de recurso, e após laudo
técnico do serviço competente, poderá levantar a interdição.
§ 6º. Durante a paralisação dos serviços, em decorrência da interdição ou
embargo, os empregados receberão os salários como se estivessem em efetivo
exercício.
SEÇÃO III
DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA E DE MEDICINA DO TRABALHO NAS
EMPRESAS
Art. 162. As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em

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segurança e em medicina do trabalho.
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo estabelecerão:
a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a natureza
do risco de suas atividades;
b) o número mínimo de profissionais especializados exigido de cada empresa,
segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior;
c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de
trabalho;
d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em
segurança e em medicina do trabalho, nas empresas.
Art. 163. Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA), de conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas.
Parágrafo único. O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a
composição e o funcionamento das CIPAs.
Art. 164. Cada CIPA será composta de representantes da empresa e dos
empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na
regulamentação de que trata o parágrafo único do artigo anterior.
§ 1º. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles
designados.
§ 2º. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em
escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical,
exclusivamente os empregados interessados.
§ 3º. O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de 1 (um) ano,
permitida uma reeleição.
§ 4º. O disposto no parágrafo anterior não se aplicará ao membro suplente que,
durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do número de
reuniões da CIPA.
§ 5º. O empregador designará, anualmente, dentre os seus representantes, o
Presidente da CIPA e os empregados elegerão, dentre eles, o Vice-Presidente.
Art. 165. Os titulares da representação dos empregados nas CIPAs não poderão
sofrer despedida arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em
motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro.
Parágrafo único. Ocorrendo a despedida, caberá ao empregador, em caso de
reclamação à Justiça do Trabalho, comprovar a existência de qualquer dos
motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a reintegrar o
empregado.
SEÇÃO IV
DO EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Art. 166. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de
conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não
ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos

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empregados.
Art. 167. O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado
com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.
SEÇÃO V
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS DE MEDICINA DO TRABALHO
Art. 168. Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas
condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem
expedidas pelo Ministério do Trabalho:
I - na admissão;
II - na demissão;
III - periodicamente.
§ 1º. O Ministério do Trabalho baixará instruções relativas aos casos em que
serão exigíveis exames:
a) por ocasião da demissão;
b) complementares.
§ 2º. Outros exames complementares poderão ser exigidos, a critério médico,
para apuração da capacidade ou aptidão física e mental do empregado para a
função que deva exercer.
§ 3º. O Ministério do Trabalho estabelecerá, de acordo com o risco da atividade e
o tempo de exposição, a periodicidade dos exames médicos.
§ 4º. O empregador manterá, no estabelecimento, o material necessário à
prestação de primeiros socorros médicos, de acordo com o risco da atividade.
§ 5º. O resultado dos exames médicos, inclusive o exame complementar, será
comunicado ao trabalhador, observados os preceitos da ética médica. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 169. Será obrigatória a notificação das doenças profissionais e das
produzidas em virtude de condições especiais de trabalho, comprovadas ou objeto
de suspeita, de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do
Trabalho.
SEÇÃO VI
DAS EDIFICAÇÕES
Art. 170. As edificações deverão obedecer aos requisitos técnicos que garantam
perfeita segurança aos que nelas trabalhem.
Art. 171. Os locais de trabalho deverão ter, no mínimo, 3 (três) metros de pé-
direito, assim considerada a altura livre do piso ao teto
Parágrafo único. Poderá ser reduzido esse mínimo desde que atendidas as
condições de iluminação e conforto térmico compatíveis com a natureza do
trabalho, sujeitando-se tal redução ao controle do órgão competente em matéria
de segurança e medicina do trabalho.
Art. 172. Os pisos dos locais de trabalho não deverão apresentar saliências nem
depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de

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materiais.
Art. 173. As aberturas nos pisos e paredes serão protegidas de forma que
impeçam a queda de pessoas ou de objetos.
Art. 174. As paredes, escadas, rampas de acesso, passarelas, pisos, corredores,
coberturas e passagens dos locais de trabalho deverão obedecer às condições de
segurança e de higiene do trabalho estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e
manter-se em perfeito estado de conservação e limpeza.
SEÇÃO VII
DA ILUMINAÇÃO
Art. 175. Em todos os locais de trabalho deverá haver iluminação adequada,
natural ou artificial, apropriada à natureza da atividade.
§ 1º. A iluminação deverá ser uniformemente distribuída, geral e difusa, a fim de
evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
§ 2º. O Ministério do Trabalho estabelecerá os níveis mínimos de iluminação a
serem observados.
SEÇÃO VIII
DO CONFORTO TÉRMICO
Art. 176. Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível com o
serviço realizado.
Parágrafo único. A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural não
preencha as condições de conforto térmico.
Art. 177. Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude
de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta
adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes
duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados
fiquem protegidos contra as radiações térmicas.
Art. 178. As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser
mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho.
SEÇÃO IX
DAS INTALAÇÕES ELÉTRICAS
Art. 179. O Ministério do Trabalho disporá sobre as condições de segurança e as
medidas especiais a serem observadas relativamente a instalações elétricas, em
qualquer das fases de produção, transmissão, distribuição ou consumo de
energia.
Art. 180. Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou
reparar instalações elétricas.
Art. 181. Os que trabalharem em serviços de eletricidade ou instalações elétricas
devem estar familiarizados com os métodos de socorro a acidentados por choque
elétrico.

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SEÇÃO X
DA MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS
Art. 182. O Ministério do Trabalho estabelecerá normas sobre:
I - as precauções de segurança na movimentação de materiais nos locais de
trabalho, os equipamentos a serem obrigatoriamente utilizados e as condições
especiais a que estão sujeitas a operação e a manutenção desses equipamentos,
inclusive exigências de pessoal habilitado;
II - as exigências similares relativas ao manuseio e à armazenagem de materiais,
inclusive quanto às condições de segurança e higiene relativas aos recipientes e
locais de armazenagem e os equipamentos de proteção individual;
III - a obrigatoriedade de indicação de carga máxima permitida nos equipamentos
de transporte, dos avisos de proibição de fumar e de advertência quanto à
natureza perigosa ou nociva à saúde das substâncias em movimentação ou em
depósito, bem como das recomendações de primeiros socorros e de atendimento
médico e símbolo de perigo, segundo padronização internacional, nos rótulos dos
materiais ou substâncias armazenados ou transportados.
Parágrafo único. As disposições relativas ao transporte de materiais aplicam-se,
também, no que couber, ao transporte de pessoas nos locais de trabalho.
Art. 183. As pessoas que trabalharem na movimentação de materiais deverão
estar familiarizadas com os métodos racionais de levantamento de cargas.
SEÇÃO XI
DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Art. 184. As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos
de partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de
acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento acidental.
Parágrafo único. É proibida a fabricação, a importação, a venda, a locação e o
uso de máquinas e equipamentos que não atendam ao disposto neste artigo.
Art. 185. Os reparos, limpeza e ajustes somente poderão ser executados com as
máquinas paradas, salvo se o movimento for indispensável à realização do ajuste.
Art. 186. O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais sobre
proteção e medidas de segurança na operação de máquinas e equipamentos,
especialmente quanto à proteção das partes móveis, distância entre estas, vias de
acesso às máquinas e equipamentos de grandes dimensões, emprego de
ferramentas, sua adequação e medidas de proteção exigidas quando motorizadas
ou elétricas.
SEÇÃO XII
DAS CALDEIRAS, FORNOS E RECIPIENTES SOB PRESSÃO
Art. 187. As caldeiras, equipamentos e recipientes em geral que operam sob
pressão deverão dispor de válvulas e outros dispositivos de segurança, que
evitem seja ultrapassada a pressão interna de trabalho compatível com a sua
resistência.

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Parágrafo único. O Ministério do Trabalho expedirá normas complementares
quanto à segurança das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão,
especialmente quanto ao revestimento interno, à localização, à ventilação dos
locais e outros meios de eliminação de gases ou vapores prejudiciais à saúde, e
demais instalações ou equipamentos necessários à execução segura das tarefas
de cada empregado.
Art. 188. As caldeiras serão periodicamente submetidas a inspeções de
segurança, por engenheiro ou empresa especializada, inscritos no Ministério do
Trabalho, de conformidade com as instruções que, para esse fim, forem
expedidas.
§ 1º. Toda caldeira será acompanhada de "Prontuário", com documentação
original do fabricante, abrangendo, no mínimo: especificação técnica, desenhos,
detalhes, provas e testes realizados durante a fabricação e a montagem,
características funcionais e a pressão máxima de trabalho permitida (PMTP), esta
última indicada em local visível, na própria caldeira.
§ 2º. O proprietário da caldeira deverá organizar, manter atualizado e apresentar,
quando exigido pela autoridade competente, o Registro de Segurança, no qual
serão anotadas, sistematicamente, as indicações das provas efetuadas,
inspeções, reparos e quaisquer outras ocorrências.
§ 3º. Os projetos de instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão
deverão ser submetidos à aprovação prévia do órgão regional competente em
matéria de segurança do trabalho.
SEÇÃO XIII
DAS ATIVIDADES INSALUBRES OU PERIGOSAS
Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,
por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Art. 190. O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações
insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade,
os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo
máximo de exposição do empregado a esses agentes.
Parágrafo único. As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção
do organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides
tóxicos, irritantes, alergênicos ou incômodos.
Art. 191. A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:
I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
Parágrafo único. Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a
insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou
neutralização, na forma deste artigo.

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Art. 192. O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de
tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e
10% (dez por cento) do salário mínimo, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo.
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.
§ 1º. O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um
adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
§ 2º. O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura
lhe seja devido.
Art. 194. O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de
periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade
física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do
Trabalho.
Art. 195. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,
segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo
de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do
Trabalho.
§ 1º. É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais
interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em
estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou
delimitar as atividades insalubres ou perigosas.
§ 2º. Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja
por Sindicato em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado
na foma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente
do Ministério do Trabalho.
§ 3º. O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do
Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia.
Art. 196. Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em condições de
insalubridade ou periculosidade serão devidos a contar da data da inclusão da
respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministério do Trabalho,
respeitadas as normas do artigo 11.
Art. 197. Os materiais e substâncias empregados, manipulados ou transportados
nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, devem conter, no
rótulo, sua composição, recomendações de socorro imediato e o símbolo de
perigo correspondente, segundo padronização internacional.
Parágrafo único. Os estabelecimentos que mantenham as atividades previstas
neste artigo afixarão, nos setores de trabalho atingidos, avisos ou cartazes, com
advertência quanto aos materiais e substâncias perigosos ou nocivos à saúde.

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SEÇÃO XIV
DA PREVENÇÃO DA FADIGA
Art. 198. É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado
pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao
trabalho do menor e da mulher.
Parágrafo único. Não está compreendida na proibição deste artigo a remoção de
material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou
quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais
casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empregado serviços
superiores às suas forças.
Art. 199. Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura
correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas,
sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado.
Parágrafo único. Quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados
terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço
permitir.
SEÇÃO XV
DAS OUTRAS MEDIDAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO
Art. 200. Cabe ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições
complementares às normas de que trata este Capítulo, tendo em vista as
peculiaridades de cada atividade ou setor de trabalho, especialmente sobre:
I - medidas de prevenção de acidentes e os equipamentos de proteção individual
em obras de construção, demolição ou reparos;
II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e
explosivos, bem como trânsito e permanência nas áreas respectivas;
III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras, sobretudo
quanto à prevenção de explosões, incêndios, desmoronamentos e soterramentos,
eliminação de poeiras, gases etc, e facilidades de rápida saída dos empregados;
IV - proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas,
com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de
paredes contra fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil
circulação, corredores de acesso e saídas amplas e protegidas, com suficiente
sinalização;
V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no
trabalho a céu aberto com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento e
profilaxia de endemias;
VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações
ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais
ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação
ou atenuação desses efeitos, limites máximos quanto ao tempo de exposição, à
intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames
médicos obrigatórios, limites de idade, controle permanente dos locais de trabalho
e das demais exigências que se façam necessárias;

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VII - higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências,
instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e
armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das
refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de
trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais;
VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de
perigo.
Parágrafo único. Tratando-se de radiações ionizantes e explosivos, as normas a
que se refere este artigo serão expedidas de acordo com as resoluções a respeito
adotadas pelo órgão técnico.
SEÇÃO XVI
DAS PENALIDADES
Art. 201. As infrações ao disposto neste Capítulo relativas à medicina do
trabalho serão punidas com multa de 30 (trinta) a 300 (trezentas) vezes o valor-de-
referência previsto no artigo 2º, parágrafo único, da Lei nº 6.205, de 29 de abril de
1975, e as concernentes à segurança do trabalho com multa de 50 (cinqüenta) a
500 (quinhentas) vezes o mesmo valor.
Parágrafo único. Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à
fiscalização, emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a
multa será aplicada em seu valor máximo.
Art. 202. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 203. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 204. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 205. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 206. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 207. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 208. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 209. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 210. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 211. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 212. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 213. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 214. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 215. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 217. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)

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Art. 218. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 219. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 220. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 221. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 222. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)
Art. 223. (Revogado pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977 - DOU 23.12.1977)

TÍTULO III
DAS NORMAS ESPECIAIS DE TUTELA DO TRABALHO

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS SOBRE DURAÇÃO E CONDIÇÕES DE
TRABALHO

SEÇÃO I
DOS BANCÁRIOS
Art. 224. A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas
bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (seis) horas contínuas nos dias
úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de
trabalho por semana. (Redação dada pela Lei nº 7.430, de 17.12.1985)
§ 1º. A duração normal do trabalho estabelecida neste artigo ficará compreendida
entre sete e vinte e duas horas, assegurando-se ao empregado, no horário diário,
um intervalo de quinze minutos para alimentação. (Redação dada pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. As disposições deste artigo não se aplicam aos que exercem funções de
direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem
outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a
um terço do salário do cargo efetivo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 754, de
11.08.1969)
Art. 225. A duração normal de trabalho dos bancários poderá ser
excepcionalmente prorrogada até oito horas diárias, não excedendo de quarenta
horas semanais, observados os preceitos gerais sobre duração do trabalho.
(Redação dada pela Lei nº 6.637, de 08.05.1979)
Art. 226. O regime especial de 6 (seis) horas de trabalho também se aplica aos
empregados de portaria e de limpeza, tais como porteiros, telefonistas de mesa,
contínuos e serventes, empregados em bancos e casas bancárias.
Parágrafo único. A direção de cada banco organizará a escala de serviço do
estabelecimento de maneira a haver empregados do quadro da portaria em função
meia hora antes e até meia hora após o encerramento dos trabalhos, respeitado o

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limite de 6 (seis) horas diárias. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 3.488, de
12.12.1958)
SEÇÃO II
DOS EMPREGADOS NOS SERVIÇOS DE TELEFONIA, DE TELEGRAFIA
SUBMARINA E SUBFLUVIAL, DE RADIOTELEGRAFIA E RADIOTELEFONIA
Art. 227. Nas empresas que explorem o serviço de telefonia, telegrafia
submarina ou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, fica estabelecida
para os respectivos operadores a duração máxima de seis horas contínuas de
trabalho por dia ou trinta e seis horas semanais. (Redação dada pelo Decreto-Lei
nº 6.353, de 20.03.1944)
§ 1º. Quando, em caso de indeclinável necessidade, forem os operadores
obrigados a permanecer em serviço além do período normal fixado neste artigo, a
empresa pagar-lhes-á extraordinariamente o tempo excedente com acréscimo de
50% (cinqüenta por cento) sobre o seu salário-hora normal.
§ 2º. O trabalho aos domingos, feriados e dias santos de guarda será
considerado extraordinário e obedecerá, quanto à sua execução e remuneração,
ao que dispuserem empregadores e empregados em acordo, ou os respectivos
sindicatos em convenção coletiva de trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
6.353, de 20.03.1944)
Art. 228. Os operadores não poderão trabalhar, de modo ininterrupto, na
transmissão manual, bem como na recepção visual, auditiva, com escrita manual
ou datilográfica, quando a velocidade for superior a vinte e cinco palavras por
minuto.
Art. 229. Para os empregados sujeitos a horários variáveis, fica estabelecida a
duração máxima de sete horas diárias de trabalho e dezessete horas de folga,
deduzindo-se desse tempo vinte minutos para descanço, de cada um dos
empregados, sempre que se verificar um esforço contínuo de mais de três horas.
§ 1º. São considerados empregados sujeitos a horários variáveis, além dos
operadores, cujas funções exijam classificação distinta, os que pertençam a
seções de técnica, telefones, revisão, expedição, entrega e balcão. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
§ 2º. Quanto à execução e remuneração aos domingos, feriados e dias santos de
guarda e às prorrogações de expediente, o trabalho dos empregados a que se
refere o parágrafo anterior será regido pelo que se contém no § 1º do artigo 227
desta Seção. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 6.353, de
20.03.1944)
Art. 230. A direção das empresas deverá organizar as turmas de empregados,
para a execução dos seus serviços, de maneira que prevaleça sempre o
revezamento entre os que exercem a mesma função, quer em escalas diurnas,
quer em noturnas.
§ 1º. Aos empregados que exerçam a mesma função será permitido, entre si, a
troca de turmas, desde que isso não importe em prejuízo dos serviços, cujo chefe
ou encarregado resolverá sobre a oportunidade ou possibilidade dessa medida,

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dentro das prescrições desta Seção.
§ 2º. As empresas não poderão organizar horários que obriguem os empregados
a fazer a refeição do almoço antes das 10 e depois das 13 horas e a de jantar
antes das 16 e depois das 19:30 horas.
Art. 231. As disposições desta Seção não abrangem o trabalho dos operadores
de radiotelegrafia embarcados em navios ou aeronaves.
SEÇÃO III
DOS MÚSICOS PROFISSIONAIS
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 3.857, de 22.12.1960, que regulamentou a
profissão de músico)
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 3.857, de 22.12.1960, que regulamentou a
profissão de músico)
SEÇÃO IV
DOS OPERADORES CINEMATOGRAFICOS
Art. 234. A duração normal do trabalho dos operadores cinematográficos e seus
ajudantes não excederá de seis horas diárias, assim distribuídas: (Redação dada
ao caput pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
a) cinco horas consecutivas de trabalho em cabina, durante o funcionamento
cinematográfico;
b) um período suplementar até o máximo de uma hora, para limpeza, lubrificação
dos aparelhos de projeção ou revisão de filmes.
Parágrafo único. Mediante remuneração adicional de 25% (vinte e cinco por
cento) sobre o salário da hora normal e observado um intervalo de duas horas
para folga, entre o período a que se refere a alínea "b" deste artigo e o trabalho
em cabina de que trata a alínea "a", poderá o trabalho dos operadores
cinematográficos e seus ajudantes ter a duração prorrogada por duas horas
diárias, para exibições extraordinárias.
Art. 235. Nos estabelecimentos cujo funcionamento normal seja noturno, será
facultado aos operadores cinematográficos e seus ajudantes, mediante acordo ou
contrato coletivo de trabalho e com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) sobre
o salário da hora normal, executar o trabalho em sessões diurnas extraordinárias
e, cumulativamente, nas noturnas, desde que isso se verifique até três vezes por
semana e entre as sessões diurnas e noturnas haja o intervalo de uma hora, no
mínimo, de descanso.
§ 1º. A duração de trabalho cumulativo a que alude o presente artigo não poderá
exceder de dez horas.
§ 2º. Em seguida a cada período de trabalho haverá um intervalo de repouso no
mínimo de doze horas.
SEÇÃO V
DO SERVIÇO FERROVIÁRIO
Art. 236. No serviço ferroviário - considerado este o de transporte em estradas

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de ferro abertas ao tráfego público, compreendendo a administração, construção,
conservação e remoção das vias férreas e seus edifícios, obras de arte, material
rodante, instalações complementares e acessórias, bem como o serviço do
tráfego, de telegrafia, telefonia e funcionamento de todas as instalações
ferroviárias - aplicam-se os preceitos especiais constantes desta Seção.
Art. 237. O pessoal a que se refere o artigo antecedente fica dividido nas
seguintes categorias:
a) funcionários de alta administração, chefes e ajudantes de departamentos e
seções, engenheiros residentes, chefes de depósitos, inspetores e demais
empregados que exercem funções administrativas ou fiscalizadoras;
b) pessoal que trabalhe em lugares ou trechos determinados e cujas tarefas
requeiram atenção constante; pessoal de escritório, turmas de conservação e
construção da via permanente, oficinas e estações principais, inclusive os
respectivos telegrafistas; pessoal de tração, lastro e revistadores;
c) das equipagens de trens em geral;
d) pessoal cujo serviço é de natureza intermitente ou de pouca intensidade,
embora com permanência prolongada nos locais de trabalho; vigias e pessoal das
estações do interior, inclusive os respectivos telegrafistas.
Art. 238. Será computado como de trabalho efetivo todo o tempo em que o
empregado estiver à disposição da Estrada.
§ 1º. Nos serviços efetuados pelo pessoal da categoria "c", não será considerado
como de trabalho efetivo o tempo gasto em viagens do local ou para o local de
terminação e início dos mesmos serviços.
§ 2º. Ao pessoal removido ou comissionado fora da sede será contado como de
trabalho normal e efetivo o tempo gasto em viagens, sem direito à percepção de
horas extraordinárias.
§ 3º. No caso das turmas de conservação da via permanente, o tempo efetivo do
trabalho será contado desde a hora da saída da casa da turma até a hora em que
cessar o serviço em qualquer ponto compreendido dentro dos limites da respectiva
turma. Quando o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma, ser-lhe-á
também computado como de trabalho efetivo o tempo gasto no percurso da volta
a esses limites.
§ 4º. Para o pessoal da equipagem de trens, só será considerado esse trabalho
efetivo, depois de chegado ao destino, o tempo em que o ferroviário estiver
ocupado ou retido à disposição da Estrada. Quando, entre dois períodos de
trabalho, não mediar intervalo superior a uma hora, será esse intervalo computado
como de trabalho efetivo.
§ 5º. O tempo concedido para refeição não se computa como de trabalho efetivo,
senão para o pessoal da categoria "c", quando as refeições forem tomadas em
viagem ou nas estações durante as paradas. Esse tempo não será inferior a uma
hora, exceto para o pessoal da referida categoria em serviço de trens.
§ 6º. No trabalho das turmas encarregadas da conservação de obras de arte,
linhas telegráficas ou telefônicas e edifícios, não será contado como de trabalho
efetivo o tempo de viagem para o local do serviço, sempre que não exceder de
uma hora, seja para ida ou para volta, e a Estrada fornecer os meios de

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locomoção, computando-se sempre o tempo excedente a esse limite. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 3.970, de 13.10.1961, e restabelecida pelo artigo 36 do
Decreto-Lei nº 5, de 04.04.1966)
Art. 239. Para o pessoal da categoria "c" a prorrogação do trabalho independe
de acordo ou convenção coletiva, não podendo, entretanto, exceder de doze
horas, pelo que as empresas organizarão, sempre que possível, os serviços de
equipagens de trens com destacamentos nos trechos das linhas de modo a ser
observada a duração normal de oito horas de trabalho.
§ 1º. Para o pessoal sujeito ao regime do presente artigo, depois de cada jornada
de trabalho, haverá um repouso de dez horas contínuas, no mínimo, observando-
se, outrossim, o descanso semanal.
§ 2º. Para o pessoal da equipagem de trens, a que se refere o presente artigo,
quando a empresa não fornecer alimentação, em viagem, e hospedagem, no
destino, concederá uma ajuda de custo para atender a tais despesas.
§ 3º. As escalas do pessoal abrangido pelo presente artigo serão organizadas de
modo que não caiba a qualquer empregado, quinzenalmente, um total de horas de
serviço noturno superior às de serviço diurno.
§ 4º. Os períodos de trabalho do pessoal a que alude o presente artigo serão
registrados em cadernetas especiais, que ficarão sempre em poder do
empregado, de acordo com o modelo aprovado pelo Ministro do Trabalho.
Art. 240. Nos casos de urgência ou de acidente, capazes de afetar a segurança
ou regularidade do serviço, poderá a duração do trabalho ser excepcionalmente
elevada a qualquer número de horas, incumbindo à Estrada zelar pela
incolumidade dos seus empregados e pela possibilidade de revezamento de
turmas, assegurando ao pessoal um repouso correspondente e comunicando a
ocorrência ao Ministério do Trabalho dentro de dez dias da sua verificação.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, a recusa, sem causa
justificada, por parte de qualquer empregado, à execução de serviço
extraordinário, será considerada falta grave.
Art. 241. As horas excedentes das do horário normal de oito horas serão pagas
como serviço extraordinário na seguinte base: as duas primeiras com o acréscimo
de 50% (cinqüenta por cento) sobre o salário-hora normal; as duas subsequentes
com um adicional de 50% (cinqüenta por cento) e as restantes com um adicional
de 75% (setenta e cinco por cento).
Parágrafo único. Para o pessoal da categoria "c", a primeira hora será majorada
de 50% (cinqüenta por cento), a segunda hora será paga com o acréscimo de
50% (cinqüenta por cento) e as duas subsequentes com o de 60% (sessenta por
cento), salvo caso de negligência comprovada.
Art. 242. As frações de meia hora superiores a dez minutos serão computadas
como meia hora.
Art. 243. Para os empregados de estações do interior, cujo serviço for de
natureza intermitente ou de pouca intensidade, não se aplicam os preceitos gerais
sobre duração do trabalho, sendo-lhes, entretanto, assegurado o repouso contínuo
de dez horas, no mínimo, entre dois períodos de trabalho e descanso semanal.

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Art. 244. As estradas de ferro poderão ter empregados extranumerários, de
sobreaviso e de prontidão, para executarem serviços imprevistos ou para
substituições de outros empregados que faltem à escala organizada.
§ 1º. Considera-se "extranumerário" o empregado não efetivo, candidato à
efetivação, que se apresentar normalmente ao serviço, embora só trabalhe
quando for necessário. O extranumerário só receberá os dias de trabalho efetivo.
§ 2º. Considera-se de "sobreaviso" o empregado efetivo, que permanecer em
sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço.
Cada escala de "sobreaviso" será, no máximo, de vinte e quatro horas. As horas
de "sobreaviso", para todos os efeitos, serão contadas à razão de 1/3 (um terço)
do salário normal. (Redação de acordo com o Decreto-Lei nº 6.353, de
20.03.1944).
§ 3º. Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da
estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze
horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3
(dois terços) do salário-hora normal.
§ 4º. Quando, no estabelecimento ou dependência em que se achar o
empregado, houver facilidade de alimentação, as doze horas de prontidão, a que
se refere o parágrafo anterior, poderão ser contínuas. Quando não existir essa
facilidade, depois de seis horas de prontidão, haverá sempre um intervalo de uma
hora para cada refeição, que não será, nesse caso, computada como de serviço.
Art. 245. O horário normal de trabalho dos cabineiros nas estações de tráfego
intenso não excederá de oito horas e deverá ser dividido em dois turnos com
intervalo não inferior a uma hora de repouso, não podendo nenhum turno ter
duração superior a cinco horas, com um período de descanso entre duas jornadas
de trabalho de quatorze horas consecutivas.
Art. 246. O horário de trabalho dos operadores telegrafistas nas estações de
tráfego intenso não excederá de 6 (seis) horas diárias.
Art. 247. As estações principais, estações de tráfego intenso e estações do
interior serão classificadas para cada empresa pelo Departamento Nacional de
Estradas de Ferro.
SEÇÃO VI
DAS EQUIPAGENS DAS EMBARCAÇÕES DA MARINHA MERCANTE
NACIONAL, DE NAVEGAÇÃO FLUVIAL E LACUSTRE, DO TRÁFEGO NOS
PORTOS E DA PESCA
Art. 248. Entre as horas 0 e 24 de cada dia civil, o tripulante poderá ser
conservado em seu posto durante oito horas, quer de modo contínuo, quer de
modo intermitente.
§ 1º. A exigência do serviço contínuo ou intermitente ficará a critério do
comandante e, neste último caso, nunca por período menor que uma hora.
§ 2º. Os serviços de quarto nas máquinas, passadiço, vigilância e outros que,
consoante parecer médico, possam prejudicar a saúde do tripulante, serão
executados por períodos não maiores e com intervalos não menores de quatro

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horas.
Art. 249. Todo o tempo de serviço efetivo, excedente de oito horas, ocupado na
forma do artigo anterior, será considerado de trabalho extraordinário, sujeito à
compensação a que se refere o artigo 250, exceto se se tratar de trabalho
executado:
a) em virtude de responsabilidade pessoal do tripulante e no desempenho de
funções de direção, sendo consideradas como tais todas aquelas que a bordo se
achem constituídas em um único indivíduo com responsabilidade exclusiva e
pessoal;
b) na iminência de perigo, para salvaguarda ou defesa da embarcação, dos
passageiros, ou da carga, a juízo exclusivo do comandante ou do responsável
pela segurança a bordo;
c) por motivo de manobras ou fainas gerais que reclamem a presença, em seus
postos, de todo o pessoal de bordo;
d) na navegação lacustre e fluvial, quando se destina ao abastecimento do navio
ou embarcação de combustível e rancho, ou por efeito das contingências da
natureza da navegação, na transposição de passos ou pontos difíceis, inclusive
operações de alívio ou transbordo de carga, para obtenção de calado menor para
essa transposição.
§ 1º. O trabalho executado aos domingos e feriados será considerado
extraordinário, salvo se se destinar:
a) ao serviço de quartos e vigilância, movimentação das máquinas e aparelhos
de bordo, limpeza e higiene da embarcação, preparo de alimentação da
equipagem e dos passageiros, serviço pessoal destes e, bem assim, aos socorros
de urgência ao navio ou ao pessoal;
b) ao fim da navegação ou das manobras para a entrada ou saída de portos,
atracação, desatracação, embarque ou desembarque de carga e passageiros.
§ 2º. Não excederá de 30 (trinta) horas semanais o serviço extraordinário
prestado para o tráfego nos portos.
Art. 250. As horas de trabalho extraordinário serão compensadas, segundo a
conveniência do serviço, por descanso em período equivalente, no dia seguinte ou
no subsequente, dentro das do trabalho normal, ou no fim da viagem, ou pelo
pagamento do salário correspondente.
Parágrafo único. As horas extraordinárias de trabalho são indivisíveis,
computando-se a fração de hora como hora inteira.
Art. 251. Em cada embarcação haverá um livro em que serão anotadas as horas
extraordinárias de trabalho de cada tripulante, e outro, do qual constarão,
devidamente circunstanciadas, as transgressões dos mesmos tripulantes.
Parágrafo único. Os livros de que trata este artigo obedecerão a modelos
organizados pelo Ministério do Trabalho, serão escriturados em dia pelo
comandante da embarcação e ficam sujeitos às formalidades instituídas para os
livros de registro de empregados em geral.
Art. 252. Qualquer tripulante que se julgue prejudicado por ordem emanada de
superior hierárquico poderá interpor recurso, em termos, perante a Delegacia do
Trabalho Marítimo, por intermédio do respectivo comandante, o qual deverá

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encaminhá-lo com a respectiva informação dentro de cinco dias, contados de sua
chegada ao porto.
SEÇÃO VII
DOS SERVIÇOS FRIGORÍFICOS
Art. 253. Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas
e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio
e vice-versa, depois de uma hora e quarenta minutos de trabalho contínuo será
assegurado um período de vinte minutos de repouso, computado esse intervalo
como de trabalho efetivo.
Parágrafo único. Considera-se artificialmente frio, para os fins do presente artigo,
o que for inferior, na primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial
do Ministério do Trabalho, a 15º (quinze graus), na quarta zona, a 12º (doze
graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º (dez graus).
SEÇÃO VIII
DOS SERVIÇOS DE ESTIVA
Art. 254. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 255. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 256. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 257. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 258. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 259. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 260. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 261. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 262. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 263. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 264. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 265. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 266. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 267. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 268. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 269. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 270. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 271. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)

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Art. 272. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 273. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 274. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 275. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 276. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 277. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 278. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 279. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 280. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 281. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 282. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 283. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 284. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
SEÇÃO IX
DOS SERVIÇOS DE CAPATAZIAS NOS PORTOS
Art. 285. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 286. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 287. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 288. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 289. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 290. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 291. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
Art. 292. (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
SEÇÃO X
DO TRABALHO EM MINAS DE SUBSOLO
Art. 293. A duração normal do trabalho efetivo para os empregados em minas do
subsolo não excederá de seis horas diárias ou de trinta e seis semanais.
Art. 294. O tempo despendido pelo empregado da boca da mina ao local do
trabalho e vice-versa será computado para o efeito de pagamento do salário.
Art. 295. A duração normal do trabalho efetivo no subsolo poderá ser elevada

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até oito horas diárias ou quarenta e oito semanais, mediante acordo escrito entre
empregado e empregador ou convenção coletiva de trabalho, sujeita essa
prorrogação à prévia licença da autoridade competente em matéria de medicina
do trabalho.
Parágrafo único. A duração normal do trabalho efetivo no subsolo poderá ser
inferior a seis horas diárias, por determinação da autoridade de que trata este
artigo, tendo em vista condições locais de insalubridade e os métodos e processos
do trabalho adotado.
Art. 296. A remuneração da hora prorrogada será no mínimo 25% superior à da
hora normal e deverá constar do acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Art. 297. Ao empregado no subsolo será fornecida pelas empresas exploradoras
de minas alimentação adequada à natureza do trabalho, de acordo com as
instruções estabelecidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, e
aprovadas pelo Ministro do Trabalho.
Art. 298. Em cada período de três horas consecutivas de trabalho, será
obrigatória uma pausa de quinze minutos para repouso, a qual será computada na
duração normal de trabalho efetivo.
Art. 299. Quando nos trabalhos de subsolo ocorrer acontecimentos que possam
comprometer a vida ou saúde do empregado, deverá a empresa comunicar o fato
imediatamente à autoridade regional do trabalho, do Ministério do Trabalho.
Art. 300. Sempre que, por motivo de saúde, for necessária a transferência do
empregado, a juízo da autoridade competente em matéria de segurança e
medicina do trabalho, dos serviços no subsolo para os de superfície, é a empresa
obrigada a realizar essa transferência, assegurando ao transferido a remuneração
atribuída ao trabalhador de superfície em serviço equivalente, respeitada a
capacidade profissional do interessado. (Redação dada ao caput pela Lei nº
2.924, de 21.10.1956)
Parágrafo único. No caso de recusa do empregado em atender a essa
transferência, será ouvida a autoridade competente em matéria de segurança e
medicina do trabalho, que decidirá a respeito. (Redação dada ao parágrafo pela
Lei nº 2.924, de 21.10.1956)
Art. 301. O trabalho no subsolo somente será permitido a homens, com idade
compreendida entre vinte e um e cinqüenta anos, assegurada a transferência para
a superfície nos termos previstos no artigo anterior.
SEÇÃO XI
DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS
Art. 302. Os dispositivos da presente Seção se aplicam aos que nas empresas
jornalísticas prestem serviços como jornalistas, revisores, fotógrafos, ou na
ilustração, com as exceções nele previstas.
§ 1º. Entende-se como jornalista o trabalhador intelectual cuja função se estende
desde a busca de informações até a redação de notícias e artigos e à

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organização, orientação e direção desse trabalho.
§ 2º. Consideram-se empresas jornalísticas, para os fins desta Seção, aquelas
que têm a seu cargo a edição de jornais, revistas, boletins e periódicos, ou a
distribuição de noticiário, e, ainda, a radiodifusão em suas seções destinadas à
transmissão de notícias e comentários.
Art. 303. A duração normal do trabalho dos empregados compreendidos nesta
Seção não deverá exceder de cinco horas, tanto de dia como à noite.
Art. 304. Poderá a duração normal do trabalho ser elevada a sete horas,
mediante acordo escrito, em que se estipule aumento de ordenado,
correspondente ao excesso do tempo de trabalho, e em que se fixe um intervalo
destinado a repouso ou a refeição.
Parágrafo único. Para atender a motivos de força maior, poderá o empregado
prestar serviços para mais tempo do que aquele permitido nesta Seção. Em tais
casos, porém, o excesso deve ser comunicado às Delegacias Regionais do
Ministério do Trabalho, dentro de cinco dias, com a indicação expressa dos seus
motivos.
Art. 305. As horas de serviço extraordinário, quer as prestadas em virtude de
acordo, quer as que derivam das causas previstas no parágrafo único do artigo
anterior, não poderão ser remuneradas com quantia inferior à que resulta do
quociente da divisão da importância do salário mensal por 150 (cento e
cinqüenta), para os mensalistas, e do salário diário por 5 (cinco) para os diaristas,
acrescido de, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento).
Art. 306. Os dispositivos dos artigos 303, 304 e 305 não se aplicam àqueles que
exercem as funções de redator-chefe, secretário, subsecretário, chefe e subchefe
de revisão, chefe de oficina, de ilustração e chefe de portaria.
Parágrafo único. Não se aplicam, do mesmo modo, os artigos acima referidos
aos que se ocuparem unicamente em serviços externos.
Art. 307. A cada seis dias de trabalho efetivo corresponderá um dia de descanso
obrigatório, que coincidirá com o domingo, salvo acordo escrito em contrário, no
qual será expressamente estipulado o dia em que se deve verificar o descanso.
Art. 308. Em seguida a cada período diário de trabalho haverá um intervalo
mínimo de dez horas, destinado ao repouso.
Art. 309. Será computado como de trabalho efetivo o tempo em que o
empregado estiver à disposição do empregador.
Art. 310. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 311. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 312. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 313. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).
Art. 314. (Prejudicado pelo Decreto-Lei nº 972, de 17.10.1969).

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Art. 315. O Governo Federal, de acordo com os governos estaduais, promoverá
a criação de escolas de preparação ao jornalismo, destinadas à formação dos
profissionais da imprensa.
Art. 316. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 368, de 19.12.1968)
SEÇÃO XII
DOS PROFESSORES
Art. 317. O exercício remunerado do magistério, em estabelecimentos
particulares de ensino, exigirá apenas habilitação legal e registro no Ministério da
Educação. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 318. Num mesmo estabelecimento de ensino não poderá o professor dar,
por dia, mais de quatro aulas consecutivas, nem mais de seis, intercaladas.
Art. 319. Aos professores é vedado, aos domingos, a regência de aulas e o
trabalho em exames.
Art. 320. A remuneração dos professores será fixada pelo número de aulas
semanais, na conformidade dos horários.
§ 1º. O pagamento far-se-á mensalmente, considerando-se para este efeito cada
mês constituído de quatro semanas e meia.
§ 2º. Vencido cada mês será descontada, na remuneração dos professores, a
importância correspondente ao número de aulas a que tiverem faltado.
§ 3º. Não serão descontadas, no decurso de nove dias, as faltas verificadas por
motivo de gala ou de luto em consequência de falecimento do cônjuge, do pai ou
mãe, ou de filho.
Art. 321. Sempre que o estabelecimento de ensino tiver necessidade de
aumentar o número de aulas marcado nos horários, remunerará o professor, findo
cada mês, com uma importância correspondente ao número de aulas excedentes.
Art. 322. No período de exames e no de férias escolares, é assegurada aos
professores o pagamento, na mesma periodicidade contratual, da remuneração
por eles percebida, na conformidade dos horários, durante o período de aulas.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 9.013, de 30.03.1995)
§ 1º. Não se exigirá dos professores, no período de exames, a prestação de mais
de oito horas de trabalho diário, salvo mediante o pagamento complementar de
cada hora excedente pelo preço correspondente ao de uma aula.
§ 2º. No período de férias, não se poderá exigir dos professores outro serviço
senão o relacionado com a realização de exames.
§ 3º. Na hipótese de dispensa sem justa causa, ao término do ano letivo ou no
curso de férias escolares, é assegurado ao professor o pagamento a que se refere
o caput deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.013, de 30.03.1995)
Art. 323. Não será permitido o funcionamento do estabelecimento particular de
ensino que não remunere condignamente os seus professores ou não lhes pague
pontualmente a remuneração de cada mês.

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Parágrafo único. Compete ao Ministério da Educação e Cultura fixar os critérios
para a determinação da condigna remuneração devida aos professores, bem
como assegurar a execução do preceito estabelecido no presente artigo.
Art. 324. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
SEÇÃO XIII
DOS QUÍMICOS
Art. 325. É livre o exercício da profissão de químico em todo o território da
República, observadas as condições de capacidade técnica e outras exigências
previstas na presente Seção:
a) aos possuidores de diploma de químico, químico industrial, químico industrial
agrícola ou engenheiro químico, concedido, no Brasil, por escola oficial ou
oficialmente reconhecida;
b) aos diplomados em química por instituto estrangeiro de ensino superior, que
tenham, de acordo com a lei e a partir de 14 de julho de 1934, revalidado os seus
diplomas;
c) aos que, ao tempo da publicação do Decreto nº 24.693, de 12 de julho de
1934, se achavam no exercício efetivo de função pública ou particular, para a qual
seja exigida a qualidade de químico e que tenham requerido o respectivo registro
até a extinção do prazo fixado pelo Decreto nº 2.298, de 10 de junho de 1940.
§ 1º. Aos profissionais incluídos na alínea "c" deste artigo se dará, para os efeitos
da presente Seção, a denominação de "licenciados".
§ 2º. O livre exercício da profissão de que trata o presente artigo só é permitido a
estrangeiros, quando compreendidos:
a) nas alíneas "a" e "b", independentemente de revalidação do diploma, se
exerciam legitimamente na República, a profissão de químico à data da
promulgação da Constituição de 1934;
b) na alínea "b", se a seu favor militar a existência de reciprocidade internacional,
admitida em lei, para o reconhecimento dos respectivos diplomas;
c) na alínea "c", satisfeitas as condições nela estabelecidas.
§ 3º. O livre exercício da profissão a brasileiros naturalizados está subordinado à
prévia prestação do serviço militar, no Brasil.
§ 4º. Só aos brasileiros é permitida a revalidação dos diplomas de químicos,
expedidos por institutos estrangeiros de ensino superior.
Art. 326. Todo aquele que exercer ou pretender exercer as funções de químico é
obrigado ao uso da Carteira de Trabalho e Previdência Social, devendo os
profissionais que se encontrarem nas condições das alíneas "a" e "b" do artigo
325 registrar os seus diplomas de acordo com a legislação vigente.
§ 1º. A requisição de Carteiras de Trabalho e Previdência Social, para uso dos
químicos, além do disposto no capítulo "Da Identificação Profissional", somente
será processada mediante apresentação dos seguintes documentos que provem:
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
a) ser o requerente brasileiro ou estrangeiro;
b) estar, se for brasileiro, de posse dos direitos civis e políticos;
c) ter diploma de químico, químico industrial, químico industrial agrícola, ou

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engenheiro químico, expedido por escola superior oficial ou oficializada;
d) ter, se diplomado no estrangeiro, o respectivo diploma revalidado nos termos
da lei;
e) haver, o que for brasileiro naturalizado, prestado serviço militar no Brasil;
f) achar-se, o estrangeiro, ao ser promulgada a Constituição de 1934, exercendo
legitimamente, na República, a profissão de químico, ou concorrer a seu favor a
existência de reciprocidade internacional, admitida em lei, para o reconhecimento
dos diplomas dessa especialidade.
§ 2º. A requisição de que trata o parágrafo anterior deve ser acompanhada:
a) do diploma devidamente autenticado, no caso da alínea "b" do artigo
precedente, e com as firmas reconhecidas no país de origem e na Secretaria de
Estado das Relações Exteriores, ou da respectiva certidão, bem como do título de
revalidação, ou certidão respectiva, de acordo com a legislação em vigor;
b) do certificado ou atestado comprobatório de se achar o requerente na hipótese
da alínea "c" do referido artigo, ao tempo da publicação do Decreto nº 24.693, de
12 de julho de 1934, no exercício efetivo de função pública, ou particular, para a
qual seja exigida a qualidade de químico, devendo esses documentos ser
autenticados pelo Delegado Regional do Trabalho, quando se referirem a
requerentes moradores nas capitais dos Estados, ou coletor federal, no caso de
residirem os interessados nos municípios do interior;
c) de três exemplares de fotografia exigida pelo artigo 329 e de uma folha com as
declarações que devem ser lançadas na Carteira de Trabalho e Previdência
Social, de conformidade com o disposto nas alíneas do mesmo artigo e seu
parágrafo único.
§ 3º. (Revogado pelo artigo 15 da Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 327. (Revogado pelo artigo 26 da Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU
25.06.1956)
Art. 328. Só poderão ser admitidos a registro os diplomas, certificados de
diplomas, cartas e outros títulos, bem como atestados e certificados que estiverem
na devida forma e cujas firmas hajam sido regularmente reconhecidas por tabelião
público e, sendo estrangeiros, pela Secretaria de Estado das Relações Exteriores,
acompanhados estes últimos da respectiva tradução, feita por intérprete comercial
brasileiro.
Parágrafo único. (Revogado pelos artigos 8º e 13 da Lei nº 2.800, de 18.06.1956,
DOU 25.06.1956)
Art. 329. A cada inscrito e como documento comprobatório do registro, será
fornecida pelo Conselho Regional de Química uma Carteira de Trabalho e
Previdência Social numerada, que, além da fotografia, medindo 3 x 4 centímetros,
tirada de frente, com a cabeça descoberta, e das impressões do polegar, conterá
as declarações seguintes:
a) nome por extenso;
b) a nacionalidade e, se estrangeiro, a circunstância de ser ou não naturalizado;
c) a data e o lugar do nascimento;
d) a denominação da escola em que houver feito o curso;
e) a data da expedição do diploma e o número do registro no respectivo

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Conselho Regional de Química;
f) a data da revalidação do diploma, se de instituto estrangeiro;
g) a especificação, inclusive data, de outro título ou títulos de habilitação;
h) a assinatura do inscrito.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 330. A Carteira de Trabalho e Previdência Social, expedida nos termos
desta Seção, é obrigatória para o exercício da profissão, substitui em todos os
casos o diploma ou título e servirá de carteira de identidade. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 5.922, de 25.10.1943)
Art. 331. Nenhuma autoridade poderá receber impostos relativos ao exercício
profissional de químico, senão à vista da prova de que o interessado se acha
registrado de acordo com a presente Seção, e essa prova será também exigida
para a realização de concursos periciais e todos os outros atos oficiais que exijam
capacidade técnica de químico.
Art. 332. Quem, mediante anúncios, placas, cartões comerciais ou outros meios
capazes de ser identificados, se propuser ao exercício da química, em qualquer
dos seus ramos, sem que esteja devidamente registrado, fica sujeito às
penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão.
Art. 333. Os profissionais a que se referem os dispositivos anteriores só poderão
exercer legalmente as funções de químicos depois de satisfazerem as obrigações
constantes do artigo 330 desta Seção.
Art. 334. O exercício da profissão de químico compreende:

a) a fabricação de produtos e subprodutos químicos em seus diversos graus de


pureza;
b) a análise química, a elaboração de pareceres, atestados e projetos da
especialidade e sua execução, perícia civil ou judiciária sobre essa matéria, a
direção e a responsabilidade de laboratórios ou departamentos químicos, de
indústrias e empresas comerciais;
c) o magistério nas cadeiras de química dos cursos especializados em química;
d) a engenharia química.
§ 1º. Aos químicos, químicos industriais e químicos industriais agrícolas que
estejam nas condições estabelecidas no artigo 325, alíneas "a" e "b", compete o
exercício das atividades definidas nos itens "a", "b" e "c" deste artigo, sendo
privativa dos engenheiros químicos a do item "d".
§ 2º. Aos que estiverem nas condições do artigo 325, alíneas "a" e "b", compete,
como aos diplomados em medicina ou farmácia, as atividades definidas no artigo
2º, alíneas "d", "e" e "f" do Decreto nº 20.377, de 8 de setembro de 1931, cabendo
aos agrônomos e engenheiros agrônomos as que se acham especificadas no
artigo 6º, alínea "h", do Decreto nº 23.196, de 12 de outubro de 1933.
Art. 335. É obrigatória a admissão de químicos nos seguintes tipos de indústria:

a) de fabricação de produtos químicos;


b) que mantenham laboratório de controle químico;
c) de fabricação de produtos industriais que são obtidos por meio de reações

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químicas dirigidas, tais como: cimento, açúcar e álcool, vidro, curtume, massas
plásticas artificiais, explosivos, derivados de carvão ou de petróleo, refinação de
óleos vegetais ou minerais, sabão, celulose e derivados.
Art. 336. No preenchimento de cargos públicos, para os quais se faz mister a
qualidade de químico, ressalvadas as especializações referidas no § 2º do artigo
334, a partir da data da publicação do Decreto nº 24.693, de 12 de julho de 1934,
requer-se, como condição essencial, que os candidatos previamente hajam
satisfeito as exigências do artigo 333 desta Seção.
Art. 337. Fazem fé pública os certificados de análises químicas, pareceres,
atestados, laudos de perícias e projetos relativos a essa especialidade, assinados
por profissionais que satisfaçam as condições estabelecidas nas alíneas "a" e "b"
do artigo 325.
Art. 338. É facultado aos químicos que satisfizerem as condições contantes do
artigo 325, alíneas "a" e "b", o ensino da especialidade a que se dedicarem, nas
escolas superiores, oficiais ou oficializadas.
Parágrafo único. Na hipótese de concurso para o provimento de cargo ou
emprego público, os químicos a que este artigo se refere terão preferência, em
igualdade de condições.
Art. 339. O nome do químico responsável pela fabricação dos produtos de uma
fábrica, usina ou laboratório deverá figurar nos respectivos rótulos, faturas e
anúncios, compreendida entre estes últimos a legenda impressa em cartas e
sobrecartas.
Art. 340. Somente os químicos habilitados, nos termos do artigo 325, alíneas "a"
e "b", poderão ser nomeados ex-officio para os exames periciais de fábricas,
laboratórios e usinas e de produtos aí fabricados.
Parágrafo único. Não se acham compreendidos no artigo anterior os produtos
farmacêuticos e os laboratórios de produtos farmacêuticos.
Art. 341. Cabe aos químicos habilitados, conforme estabelece o artigo 325,
alíneas "a" e "b", a execução de todos os serviços que, não especificados no
presente regulamento, exijam por sua natureza o conhecimento de química.
Art. 342. (Revogado pela Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 343. São atribuições dos órgãos de fiscalização:

a) examinar os documentos exigidos para o registro profissional de que trata o


artigo 326 e seus §§ 1º e 2º e o artigo 327, proceder à respectiva inscrição e
indeferir o pedido dos interessados que não satisfizerem as exigências desta
Seção;
b) registrar as comunicações e contratos, a que aludem o artigo 350 e seus
parágrafos e dar as respectivas baixas;
c) verificar o exato cumprimento das disposições desta Seção, realizando as
investigações que forem necessárias, bem como o exame dos arquivos, livros de
escrituração, folhas de pagamento, contratos e outros documentos de uso de

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firmas ou empresas industriais ou comerciais, em cujos serviços tome parte um ou
mais profissionais que desempenhem função para a qual se deva exigir a
qualidade de químico.
Art. 344. (Revogado implicitamente pela Lei nº 2.800, de 18.06.1956, DOU
25.06.1956)
Art. 345. Verificando-se, pelo Ministério do Trabalho, serem falsos os diplomas
ou outros títulos dessa natureza, atestados, certificados e quaisquer documentos
exibidos para os fins de que trata esta Seção, incorrerão os seus autores e
cúmplices nas penalidades estabelecidas em lei.
Parágrafo único. A falsificação de diploma ou outros quaisquer títulos, uma vez
verificada, implicará a instauração, pelo respectivo Conselho Regional de Química,
do processo que no caso couber. (Redação conforme a Lei nº 2.800, de
18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 346. Será suspenso do exercício de suas funções, independentemente de
outras penas em que possa incorrer, o químico, inclusive o licenciado, que incidir
em alguma das seguintes faltas:
a) revelar improbidade profissional, dar falso testemunho, quebrar sigilo
profissional e promover falsificações, referentes à prática de atos de que trata esta
Seção;
b) concorrer com seus conhecimentos científicos para a prática de crime ou
atentado contra a pátria, a ordem social ou a saúde pública;
c) deixar, no prazo marcado nesta Seção, de requerer a revalidação e registro do
diploma estrangeiro, ou o seu registro profissional no respectivo Conselho
Regional de Química.
Parágrafo único. O tempo de suspensão a que alude este artigo variará entre um
mês e um ano, a critério do Conselho Regional de Química, após processo
regular, ressalvada a ação da justiça pública. (Redação do artigo conforme a Lei
nº 2.800, de 18.06.1956, DOU 25.06.1956)
Art. 347. Aqueles que exercerem a profissão de químico sem ter preenchido as
condições do artigo 325 e suas alíneas, nem promovido o seu registro, nos termos
do artigo 326, incorrerão na multa de 4 (quatro) valores de referência a 100 (cem)
valores de referência regionais, que será elevada ao dobro, no caso de
reincidência. (Redação dada pela Lei nº 6.205, de 29.04.1975)
Art. 348. Aos licenciados a que alude o § 1º do artigo 325, poderão, por ato do
respectivo Conselho Regional de Química, sujeito à aprovação do Conselho
Federal de Química, ser cassadas as garantias asseguradas por esta Seção,
desde que interrompam, por motivo de falta prevista no artigo 346, a função
pública ou particular em que se encontravam por ocasião da publicação do
Decreto nº 24.693, de 12 de julho de 1943.
Art. 349. O número de químicos estrangeiros a serviço de particulares, empresas
ou companhias não poderá exceder de 1/3 ao dos profissionais brasileiros
compreendidos nos respectivos quadros.
Art. 350. O químico que assumir a direção técnica ou cargo de químico de

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qualquer usina, fábrica, ou laboratório industrial ou de análise deverá, dentro de 24
horas e por escrito, comunicar essa ocorrência ao órgão fiscalizador, contraindo,
desde essa data, a responsabilidade da parte técnica referente à sua profissão,
assim como a responsabilidade técnica dos produtos manufaturados.
§ 1º. Firmando-se contrato entre o químico e o proprietário da usina, fábrica ou
laboratório, será esse documento apresentado, dentro do prazo de 30 dias, para
registro, ao órgão fiscalizador.
§ 2º. Comunicação idêntica à de que trata a primeira parte deste artigo fará o
químico, quando deixar a direção técnica ou o cargo de químico, em cujo exercício
se encontrava, a fim de ressalvar a sua responsabilidade e fazer-se o
cancelamento do contrato. Em caso de falência do estabelecimento, a
comunicação será feita pela firma proprietária.
SEÇÃO XIV
DAS PENALIDADES
Art. 351. Os infratores dos dispositivos do presente capítulo incorrerão na multa
de 3 (três) a 300 (trezentos) valores-de-referência regionais segundo a natureza
da infração, sua extensão e a intenção de quem a praticou, aplicada em dobro no
caso de reincidência, oposição à fiscalização ou desacato à autoridade. (Redação
dada ao caput pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. São competentes para impor penalidades as autoridades de
primeira instância incumbidas de fiscalização dos preceitos constantes do
presente capítulo.
CAPÍTULO II
DA NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO

SEÇÃO I
DA PROPORCIONALIDADE DE EMPREGADOS BRASILEIROS
Art. 352. As empresas, individuais ou coletivas, que explorem serviços públicos
dados em concessão, ou que exerçam atividades industriais ou comerciais, são
obrigadas a manter, no quadro do seu pessoal, quando composto de três ou mais
empregados, uma proporção de brasileiros não inferior à estabelecida no presente
capítulo.
§ 1º. Sob a denominação geral de atividades industriais e comerciais
compreendem-se, além de outras que venham a ser determinadas em portaria do
Ministro do Trabalho, as exercidas:
a) nos estabelecimentos industriais em geral;
b) nos serviços de comunicações, de transportes terrestres, marítimos, fluviais,
lacustres e aéreos;
c) nas garagens, oficinas de reparos e postos de abastecimento de automóveis e
nas cocheiras;
d) na indústria da pesca;
e) nos estabelecimentos comerciais em geral;
f) nos escritórios comerciais em geral;

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g) nos estabelecimentos bancários, ou de economia coletiva, nas empresas de
seguros e nas de capitalização;
h) nos estabelecimentos jornalísticos, de publicidade e de radiodifusão;
i) nos estabelecimentos de ensino remunerado, excluídos os que neles
trabalhem por força de voto religioso;
j) nas drogarias e farmácias;
k) nos salões de barbeiro ou cabeleireiro e de beleza;
l) nos estabelecimentos de diversões públicas, excluídos os elencos teatrais, e
nos clubes esportivos;
m) nos hotéis, restaurantes, bares e estabelecimentos congêneres;
n) nos estabelecimentos hospitalares e fisioterápicos cujos serviços sejam
remunerados, excluídos os que neles trabalhem por força de voto religioso;
o) nas empresas de mineração.
p) nas autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais
órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, que tenham em seus quadros
de pessoal empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
§ 2º. Não se acham sujeitas às obrigações da proporcionalidade as indústrias
rurais, as que, em zona agrícola, se destinem ao beneficiamento ou transformação
de produtos da região e as atividades industriais de natureza extrativa, salvo a
mineração.
Art. 353. Equiparam-se aos brasileiros, para os fins deste capítulo, ressalvado o
exercício de profissões reservadas aos brasileiros natos ou aos brasileiros em
geral, os estrangeiros que, residindo no país há mais de dez anos, tenham
cônjuge ou filho brasileiro, e os portugueses. (Redação de acordo com a Lei nº
6.651, de 23.05.1979).
Art. 354. A proporcionalidade será de dois terços de empregados brasileiros,
podendo, entretanto, ser fixada proporcionalidade inferior, em atenção às
circunstâncias especiais de cada atividade, mediante ato do Poder Executivo, e
depois de devidamente apurada pela Secretaria de Mão-de-Obra a insuficiência
do número de brasileiros na atividade de que se tratar.
Parágrafo único. A proporcionalidade é obrigatória não só em relação à
totalidade do quadro de empregados, com as exceções desta lei, como ainda em
relação à correspondente folha de salário.
Art. 355. Consideram-se como estabelecimentos autônomos, para os efeitos da
proporcionalidade a ser observada, as sucursais, filiais e agências em que
trabalhem três ou mais empregados.
Art. 356. Sempre que uma empresa ou indivíduo explore atividades sujeitas a
proporcionalidades diferentes, observar-se-á, em relação a cada uma delas, a que
lhe corresponder.
Art. 357. Não se compreendem na proporcionalidade os empregados que
exerçam funções técnicas especializadas, desde que, a juízo do Ministério do
Trabalho, haja falta de trabalhadores nacionais.
Art. 358. Nenhuma empresa, ainda que não sujeita à proporcionalidade, poderá

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pagar a brasileiro que exerça função análoga, a juízo do Ministério do Trabalho, à
que é exercida por estrangeiro a seu serviço, salário inferior ao deste, excetuando-
se os casos seguintes:
a) quando, nos estabelecimentos que não tenham quadros de empregados
organizados em carreira, o brasileiro contar menos de dois anos de serviço, e o
estrangeiro mais de dois anos;
b) quando, mediante aprovação do Ministério do Trabalho, houver quadro
organizado em carteira em que seja garantido o acesso por antigüidade;
c) quando o brasileiro for aprendiz, ajudante ou servente, e não o for o
estrangeiro;
d) quando a remuneração resultar de maior produção, para os que trabalham à
comissão ou por tarefa.
Parágrafo único. Nos casos de falta ou cessação de serviço, a dispensa do
empregado estrangeiro deve preceder à de brasileiro que exerça função análoga.
SEÇÃO II
DAS RELAÇÕES ANUAIS DE EMPREGADOS
Art. 359. Nenhuma empresa poderá admitir a seu serviço empregado estrangeiro
sem que este exiba a carteira de identidade de estrangeiro devidamente anotada.
Parágrafo único. A empresa é obrigada a assentar no registro de empregados os
dados referentes à nacionalidade de qualquer empregado estrangeiro e o número
de respectiva carteira de identidade.
Art. 360. Toda empresa compreendida na enumeração do artigo 352, § 1º, deste
capítulo, qualquer que seja o número de seus empregados, deve apresentar
anualmente às repartições competentes do Ministério do Trabalho, de 2 de maio a
30 de junho, uma relação, em duas vias, de todos os seus empregados, segundo
o modelo que for expedido. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 6.353, de
20.03.1944)
§ 1º. Nas relações será assinalada, em tinta vermelha, a modificação havida com
referência à última relação apresentada. Se se tratar de nova empresa, a relação,
encimada pelos dizeres - Primeira Relação - deverá ser feita dentro de 30 dias de
seu registro no Departamento Nacional da Indústria e Comércio ou repartições
competentes.
§ 2º. A entrega das relações far-se-á diretamente às repartições competentes do
Ministério do Trabalho, ou, onde não as houver, às Coletorias Federais, que as
remeterão desde logo àquelas repartições. A entrega operar-se-á contra recibo
especial, cuja exibição é obrigatória, em caso de fiscalização, enquanto não for
devolvida ao empregador a via autenticada da declaração.
§ 3º. Quando não houver empregado far-se-á declaração negativa.
Art. 361. Apurando-se, das relações apresentadas, qualquer infração, será
concedido ao infrator o prazo de dez dias para defesa, seguindo-se o despacho
pela autoridade competente.
Art. 362. As repartições às quais competir a fiscalização do disposto no presente
capítulo manterão fichário especial de empresas, do qual constem as anotações

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referentes ao respectivo cumprimento, e fornecerão aos interessados as certidões
de quitação que se tornarem necessárias, no prazo de trinta dias, contados da
data do pedido.
§ 1º. As certidões de quitação farão prova até 30 de setembro do ano seguinte
àquele a que se referirem e estarão sujeitas à taxa correspondente a 1/10 (um
décimo) do valor de referência. Sem elas nenhum fornecimento ou contrato
poderá ser feito com o Governo da União, dos Estados ou Municípios, ou com as
instituições paraestatais a eles subordinadas, nem será renovada autorização a
empresa estrangeira para funcionar no país.
§ 2º. A primeira via da relação, depois de considerada pela repartição
fiscalizadora, será remetida anualmente à Secretaria do Emprego e Salário (SES),
como subsídio ao estudo das condições de mercado de trabalho, de um modo
geral, e, em particular, no que se refere à mão-de-obra qualificada.
§ 3º. A segunda via da relação será devolvida à empresa, devidamente
autenticada. (Redação do caput e parágrafos de acordo com o Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967).
SEÇÃO III
DAS PENALIDADES
Art. 363. O processo das infrações do presente capítulo obedecerá ao disposto
no título "Do Processo de Multas Administrativas", no que lhe for aplicável, com
observância dos modelos de auto a serem expedidos.
Art. 364. As infrações do presente capítulo serão punidas com a multa de 6
(seis) a 600 (seiscentos) valores regionais de referência. (Redação dada ao caput
pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. Em se tratando de empresa concessionária de serviço público,
ou de sociedade estrangeira autorizada a funcionar no país, se a infratora, depois
de multada, não atender afinal ao cumprimento do texto infringido, pode ser-lhe
cassada a concessão ou autorização.
SEÇÃO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 365. O presente capítulo não derroga as restrições vigentes quanto às
exigências de nacionalidade brasileira para o exercício de determinadas
profissões, nem as que vigoram para as faixas de fronteiras, na conformidade da
respectiva legislação.
Art. 366. (Revogado pela Lei nº 6.815, de 19.08.1980)
Art. 367. A redução a que se refere o artigo 354, enquanto a Secretaria de Mão-
de-Obra não dispuser dos dados estatísticos necessários à fixação da
proporcionalidade conveniente para cada atividade, poderá ser feita por ato do
Ministro do Trabalho, mediante representação fundamentada da associação
sindical.
Parágrafo único. A Secretaria de Mão-de-Obra deverá promover, e manter em

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dia, estudos necessários aos fins do presente capítulo.
SEÇÃO V
DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DA MARINHA
MERCANTE
Art. 368. O comando de navio mercante nacional só poderá ser exercido por
brasileiro.
Art. 369. A tripulação de navio ou embarcação nacional será constituída, pelo
menos, de dois terços de brasileiros natos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos navios nacionais de
pesca, sujeitos à legislação específica. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.863,
de 21.07.1971)
Art. 370. As empresas de navegação organizarão as relações dos tripulantes
das respectivas embarcações, enviando-as no prazo a que se refere a Seção II
deste capítulo à Delegacia do Trabalho Marítimo onde as mesmas tiverem sede.
Parágrafo único. As relações a que alude o presente artigo obecederão, na
discriminação hierárquica e funcional do pessoal embarcadiço, ao quadro
aprovado pelo regulamento das Capitanias dos Portos.
Art. 371. A presente Seção é também aplicável aos serviços de navegação
fluvial e lacustre e à praticagem nas barras, portos, rios, lagos e canais.
CAPÍTULO III
DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DA MULHER

SEÇÃO I
DA DURAÇÃO, CONDIÇÕES DO TRABALHO E DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA
A MULHER
Art. 372. Os preceitos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao
trabalho feminino, naquilo em que não colidirem com a proteção especial instituída
por este capítulo.
Parágrafo único. Não é regido pelos dispositivos a que se refere este artigo o
trabalho nas oficinas em que sirvam exclusivamente pessoas da família da mulher
e esteja esta sob a direção do esposo, do pai, da mãe, do tutor ou do filho.
Art. 373. A duração normal do trabalho da mulher será de oito horas diárias,
exceto nos casos para os quais for fixada duração inferior.
Art. 373A. Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções
que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades
estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado:
I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo,
à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a ser
exercida, pública e notoriamente, assim o exigir;
II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de

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sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza
da atividade seja notória e publicamente incompatível;
III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável
determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de
ascensão profissional;
IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de
esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego;
V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de inscrição
ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo, idade,
cor, situação familiar ou estado de gravidez;
VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não obsta a adoção de medidas
temporárias que visem ao estabelecimento das políticas de igualdade entre
homens e mulheres, em particular as que se destinam a corrigir as distorções que
afetam a formação profissional, o acesso ao emprego e as condições gerais de
trabalho da mulher. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU
27.05.1999)
Art. 374. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 375. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 376. Somente em casos excepcionais, por motivo de força maior, poderá a
duração do trabalho diurno elevar-se além do limite legal ou convencionado, até o
máximo de doze horas, e o salário-hora será, pelo menos, 50% (cinqüenta por
cento) superior ao da hora normal. (Redação de acordo com a Constituição
Federal de 1988, artigo 7º, XVI)
Parágrafo único. A prorrogação extraordinária de que trata este artigo deverá ser
comunicada por escrito à autoridade competente, dentro do prazo de quarenta e
oito horas.
Art. 377. A adoção de medidas de proteção ao trabalho das mulheres é
considerada de ordem pública, não justificando, em hipótese alguma, a redução
de salário.
Art. 378. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)

SEÇÃO II
DO TRABALHO NOTURNO
Art. 379. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 380. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 381. O trabalho noturno das mulheres terá salário superior ao diurno.

§ 1º. Para os fins deste artigo, os salários serão acrescidos de uma percentagem
adicional de 20% (vinte por cento) no mínimo.
§ 2º. Cada hora do período noturno de trabalho das mulheres terá cinqüenta e
dois minutos e trinta segundos.

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SEÇÃO III
DOS PERÍODOS DE DESCANSO
Art. 382. Entre duas jornadas de trabalho, haverá um intervalo de onze horas
consecutivas, no mínimo, destinado ao repouso.
Art. 383. Durante a jornada de trabalho, será concedido à empregada um
período para refeição e repouso não inferior a uma hora nem superior a duas
horas, salvo a hipótese prevista no artigo 71, § 3º.
Art. 384. Em caso de prorrogação do horário normal, será obrigatório um
descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do período
extraordinário do trabalho.
Art. 385. O descanso semanal será de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas e
coincidirá no todo ou em parte com o domingo, salvo motivo de conveniência
pública ou necessidade imperiosa de serviço, a juízo da autoridade competente,
na forma das disposições gerais, caso em que recairá em outro dia.
Parágrafo único. Observar-se-ão, igualmente, os preceitos da legislação geral
sobre a proibição de trabalho nos feriados civis e religiosos.
Art. 386. Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de
revezamento quinzenal que favoreça o repouso dominical.
SEÇÃO IV
DOS MÉTODOS LOCAIS DE TRABALHO
Art. 387. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 388. Em virtude de exame e parecer da autoridade competente, o Ministro
do Trabalho poderá estabelecer derrogações totais ou parciais às proibições a que
alude o artigo anterior, quando tiver desaparecido, nos serviços considerados
perigosos ou insalubres, todo e qualquer caráter perigoso ou prejudicial mediante
a aplicação de novos métodos de trabalho ou pelo emprego de medidas de ordem
preventiva.
Art. 389. Toda empresa é obrigada:
I - a prover os estabelecimentos de medidas concernentes à higienização dos
métodos e locais de trabalho, tais como ventilação e iluminação e outros que se
fizerem necessários à segurança e ao conforto das mulheres, a critério da
autoridade competente;
II - a instalar bebedouros, lavatórios, aparelhos sanitários; dispor de cadeiras ou
bancos, em número suficiente, que permitam às mulheres trabalhar sem grande
esgotamento físico;
III - a instalar vestiários com armários individuais privativos das mulheres, exceto
os estabelecimentos comerciais, escritórios, bancos e atividades afins, em que
não seja exigida a troca de roupa, e outros, a critério da autoridade competente
em matéria de segurança e medicina do trabalho, admitindo-se como suficientes
as gavetas ou escaninhos, onde possam as empregadas guardar seus pertences;

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IV - a fornecer, gratuitamente, a juízo da autoridade competente, os recursos de
proteção individual, tais como óculos, máscaras, luvas e roupas especiais, para a
defesa dos olhos, do aparelho respiratório e da pele, de acordo com a natureza do
trabalho.
§ 1º. Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres,
com mais de 16 (dezesseis) anos de idade, terão local apropriado onde seja
permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no
período da amamentação.
§ 2º. A exigência do § 1º poderá ser suprida por meio de creches distritais
mantidas, diretamente ou mediante convênios, com outras entidades públicas ou
privadas, pelas próprias empresas, em regime comunitário, ou a cargo do SESI,
do SESC, da LBA ou de entidades sindicais. (Redação de acordo com o Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967).
Art. 390. Ao empregador é vedado empregar a mulher em serviço que demande
o emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos, para o trabalho contínuo,
ou 25 (vinte e cinco) quilos, para o trabalho ocasional.
Parágrafo único. Não está compreendida na determinação deste artigo a
remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, de
carros de mão ou quaisquer aparelhos mecânicos.
Art. 390A. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 390B. As vagas dos cursos de formação de mão-de-obra, ministrados por
instituições governamentais, pelos próprios empregadores ou por qualquer órgão
de ensino profissionalizante, serão oferecidas aos empregados de ambos os
sexos. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 390C. As empresas com mais de cem empregados, de ambos os sexos,
deverão manter programas especiais de incentivos e aperfeiçoamento profissional
de mão-de-obra. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU
27.05.1999)
Art. 390D. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 390E. A pessoa jurídica poderá associar-se a entidade de formação
profissional, sociedades civis, sociedades cooperativas, órgãos e entidades
públicas ou entidades sindicais, bem como firmar convênios para o
desenvolvimento de ações conjuntas, visando à execução de projetos relativos ao
incentivo ao trabalho da mulher. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.799, de
26.05.1999, DOU 27.05.1999)
SEÇÃO V
DA PROTEÇÃO À MATERNIDADE
Art. 391. Não constitui justo motivo para a rescisão do contrato de trabalho da
mulher o fato de haver contraído matrimônio ou de encontrar-se em estado de
gravidez.
Parágrafo único. Não serão permitidos, em regulamentos de qualquer natureza,

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contratos coletivos ou individuais de trabalho, restrições ao direito da mulher ao
seu emprego, por motivo de casamento ou de gravidez.
Art. 392. É proibido o trabalho da mulher grávida no período de 4 (quatro)
semanas antes e 8 (oito) semanas depois do parto.
§ 1º. Para os fins previstos neste artigo, o início do afastamento da empregada
de seu trabalho será determinado por atestado médico nos termos do artigo 375, o
qual deverá ser visado pela empresa.
§ 2º. Em casos excepcionais, os períodos de repouso antes e depois do parto
poderão ser aumentados de mais 2 (duas) semanas cada um, mediante atestado
médico, na forma do § 1º.
§ 3º. Em caso de parto antecipado, a mulher terá sempre direito às 12 (doze)
semanas previstas neste artigo.
§ 4º É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo do salário e
demais direitos:
I - transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem,
assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao
trabalho;
II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de,
no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 393. Durante o período a que se refere o artigo 392, a mulher terá direito ao
salário integral e, quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis)
últimos meses de trabalho, bem como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-
lhe ainda facultado reverter à função que anteriormente ocupava.
Art. 394. Mediante atestado médico, à mulher grávida é facultado romper o
compromisso resultante de qualquer contrato de trabalho, desde que este seja
prejudicial à gestação.
Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico
oficial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe
assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento.
Art. 396. Para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses
de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos
especiais, de meia hora cada um.
Parágrafo único. Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) meses
poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.
Art. 397. O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas destinadas à
assistência à infância manterão ou subvencionarão, de acordo com suas
possibilidades financeiras, escolas maternais e jardins de infância, distribuídos nas
zonas de maior densidade de trabalhadores, destinados especialmente aos filhos
das mulheres empregadas. (Redação de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967).
Art. 398. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)

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Art. 399. O Ministro do Trabalho conferirá diploma de benemerência aos
empregadores que se distinguirem pela organização e manutenção de creches e
de instituições de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais
serviços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das respectivas
instalações.
Art. 400. Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias, durante o
período da amamentação, deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta
de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária.
SEÇÃO VI
DAS PENALIDADES
Art. 401. Pela infração de qualquer dispositivo deste capítulo, será imposta ao
empregador a multa de 6 (seis) a 60 (sessenta) valores-de-referência regionais,
aplicada pelas Delegacias Regionais do Trabalho ou por aquelas que exerçam
funções delegadas. (Redação dada ao caput pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 1º. A penalidade será sempre aplicada no grau máximo:
a) se ficar apurado o emprego de artifício ou simulação para fraudar a aplicação
dos dispositivos deste capítulo;
b) nos casos de reincidência.
§ 2º. O processo na verificação das infrações, bem como na aplicação e
cobrança das multas, será o previsto no título "Do Processo de Multas
Administrativas", observadas as disposições deste artigo.
Art. 401A. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
Art. 401B. (VETADO na Lei nº 9.799, de 26.05.1999, DOU 27.05.1999)
CAPÍTULO IV
DA PROTEÇÃO DO TRABALHO DO MENOR

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidação o trabalhador
de 12 (doze) a 18 (dezoito) anos.
Parágrafo único. O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições do presente
capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem exclusivamente pessoas
da família do menor e esteja este sob a direção do pai, mãe ou tutor, observado,
entretanto, o disposto nos artigos 404, 405 e na Seção II. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 403. Ao menor de 12 (doze) anos é proibido o trabalho (Redação do caput e
parágrafo de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967).
Parágrafo único. O trabalho dos menores de 12 (doze) anos a 14 (quatorze) anos
fica sujeito às seguintes condições, além das estabelecidas neste Capítulo:
a) garantia de freqüência à aula que assegure sua formação ao menos em nível

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primário;
b) serviços de natureza leve que não sejam nocivos à sua saúde e ao seu
desenvolvimento normal.
Art. 404. Ao menor de 18 anos é vedado o trabalho noturno, considerado este o
que for executado no período compreendido entre as 22 (vinte e duas) e as 5
(cinco) horas.
Art. 405. Ao menor não será permitido o trabalho:

I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse


fim aprovado pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho;
II - em locais ou serviços prejudiciais à sua moralidade.
§ 1º. Excetuam-se da proibição do item I os menores aprendizes maiores de 16
(dezesseis) anos, estagiários de cursos de aprendizagem, na forma da lei, desde
que os locais de trabalho tenham sido previamente vistoriados e aprovados pela
autoridade competente em matéria de Segurança e Medicina do Trabalho, com
homologação pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST),
devendo os menores ser submetidos a exame médico semestralmente.
§ 2º. O trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros dependerá de
prévia autorização do Juiz de Menores, ao qual cabe verificar se a ocupação é
indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se
dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação moral.
§ 3º. Considera-se prejudicial à moralidade do menor o trabalho:
a) prestado de qualquer modo, em teatros de revista, cinemas, boates, cassinos,
cabarés, dancings e estabelecimentos análogos;
b) em empresas circenses, em funções de acróbata, saltimbanco, ginasta e
outras semelhantes;
c) de produção, composição, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes,
desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros objetos que
possam, a juízo da autoridade competente, prejudicar sua formação moral;
d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoólicas.
§ 4º. Nas localidades em que existirem, oficialmente reconhecidas, instituições
destinadas ao amparo dos menores jornaleiros, só aos que se encontrem sob o
patrocínio dessas entidades será outorgada a autorização do trabalho a que alude
o § 2º.
§ 5º. Aplica-se ao menor o disposto no artigo 390 e seu parágrafo único.
(Redação do caput e parágrafos de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967).
Art. 406. O Juiz de Menores poderá autorizar ao menor o trabalho a que se
referem as letras "a" e "b" do § 3º do artigo 405:
I - desde que a representação tenha fim educativo ou a peça de que participe
não possa ser prejudicial à sua formação moral;
II - desde que se certifique ser a ocupação do menor indispensável à própria
subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e não advir nenhum prejuízo à sua
formação moral. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 407. Verificado pela autoridade competente que o trabalho executado pelo
menor é prejudicial à sua saúde, ao seu desenvolvimento físico ou à sua

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moralidade, poderá ela obrigá-lo a abandonar o serviço, devendo a respectiva
empresa, quando for o caso, proporcionar ao menor todas as facilidades para
mudar de funções.
Parágrafo único. Quando a empresa não tomar as medidas possíveis e
recomendadas pela autoridade competente para que o menor mude de função,
configurar-se-á a rescisão do contrato de trabalho, na forma do artigo 483.
(Redação do caput e parágrafo de acordo com o Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967).
Art. 408. Ao responsável legal do menor é facultado pleitear a extinção do
contrato de trabalho, desde que o serviço possa acarretar para ele prejuízo de
ordem física ou moral. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 409. Para maior segurança do trabalho e garantia da saúde dos menores, a
autoridade fiscalizadora poderá proibir-lhes o gozo dos períodos de repouso nos
locais de trabalho.
Art. 410. O Ministro do Trabalho poderá derrogar qualquer proibição decorrente
do quadro a que se refere o inciso I do artigo 405 quando se certificar haver
desaparecido, parcial ou totalmente, o caráter perigoso ou insalubre, que
determinou a proibição.
SEÇÃO II
DA DURAÇÃO DO TRABALHO
Art. 411. A duração do trabalho do menor regular-se-á pelas disposições legais
relativas à duração do trabalho em geral, com as restrições estabelecidas neste
capítulo.
Art. 412. Após cada período de trabalho efetivo, quer contínuo, quer dividido em
dois turnos, haverá um intervalo de repouso, não inferior a onze horas.
Art. 413. É vedado prorrogar a duração normal diária do trabalho do menor,
salvo:
I - até mais 2 (duas) horas, independentemente de acréscimo salarial, mediante
convenção ou acordo coletivo nos termos do Título VI desta Consolidação, desde
que o excesso de horas em um dia seja compensado pela diminuição, em outro,
de modo a ser observado o limite máximo de 44 (quarenta e quatro) horas
semanais ou outro inferior legalmente fixado;
II - excepcionalmente, por motivo de força maior, até o máximo de 12 (doze)
horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) sobre a
hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao
funcionamento do estabelecimento.
Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do trabalho do menor o disposto no
artigo 375, no parágrafo único do artigo 376, no artigo 378 e no artigo 384 desta
Consolidação. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 414. Quando o menor de 18 anos for empregado em mais de um
estabelecimento, as horas de trabalho em cada um serão totalizadas.

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SEÇÃO III
DA ADMISSÃO EM EMPREGO E DA CARTEIRA DE TRABALHO DO MENOR
Art. 415. (Revogado tacitamente pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969, que
instituiu a Carteira de Trabalho e Previdência Social, a qual passou a ser adotada
também pelo menor)
Art. 416. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 417. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
Art. 418. (Revogado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 419. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 420. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 421. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 422. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
Art. 423. (Revogado pela Lei nº 5.686, de 03.08.1971)
SEÇÃO IV
DOS DEVERES DOS RESPONSÁVEIS LEGAIS DE MENORES E DOS
EMPREGADORES. DA APRENDIZAGEM
Art. 424. É dever dos responsáveis legais de menores, pais, mães, ou tutores,
afastá-los de empregos que diminuam consideravelmente o seu tempo de estudo,
reduzam o tempo de repouso necessário à sua saúde e constituição física ou
prejudiquem a sua educação moral.
Art. 425. Os empregadores de menores de 18 anos são obrigados a velar pela
observância, nos seus estabelecimentos ou empresas, dos bons costumes e da
decência pública, bem como das normas de segurança e medicina do trabalho.
Art. 426. É dever do empregador, na hipótese do artigo 407, proporcionar ao
menor todas as facilidades para mudar de serviço.
Art. 427. O empregador, cuja empresa ou estabelecimento ocupar menores, será
obrigado a conceder-lhes o tempo que for necessário para a frequência às aulas.
Parágrafo único. Os estabelecimentos situados em lugar onde a escola estiver a
maior distância que dois quilômetros e que ocuparem, permanentemente, mais de
trinta menores analfabetos, de 14 (quatorze) a 18 (dezoito) anos, serão obrigados
a manter local apropriado em que lhes seja ministrada a instrução primária.
Art. 428. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), diretamente, ou com a
colaboração dos empregadores, considerando condições e recursos locais,
promoverá a criação de colônias climáticas, situadas à beira-mar e na montanha,
financiando a permanência dos menores trabalhadores em grupos conforme a
idade e condições individuais, durante o período de férias ou quando se torne
necessário, oferecendo todas as garantias para o aperfeiçoamento de sua saúde.

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Da mesma forma será incentivada, nas horas de lazer, a frequência regular aos
campos de recreio, estabelecimentos congêneres e obras sociais idôneas, onde
possa o menor desenvolver os hábitos de vida coletiva em ambiente saudável
para o corpo e para o espírito.
Art. 429. Os estabelecimentos industriais de qualquer natureza, inclusive de
transportes, comunicações e pesca, são obrigados a empregar e matricular nos
cursos mantidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI):
a) um número de aprendizes equivalente a cinco por cento no mínimo e quinze
por cento no máximo, dos operários existentes em cada estabelecimento, e cujos
ofícios demandem formação profissional;
b) (Revogada pelo artigo 1º do Decreto-Lei nº 9.576, de 12.08.1946 - DOU
14.08.1946).
Parágrafo único. As frações de unidade, no cálculo da percentagem de que trata
o primeiro item do presente artigo, darão lugar à admissão de um aprendiz.
Art. 430. Terão preferência, em igualdade de condições, para admissão aos
lugares de aprendizes de um estabelecimento industrial, em primeiro lugar, os
filhos, inclusive os órfãos e, em segundo lugar, os irmãos dos seus empregados.
Art. 431. Os candidatos à admissão como aprendizes, além de terem a idade
mínima de quatorze anos, deverão satisfazer as seguintes condições:
a) ter concluído o curso primário ou possuir os conhecimentos mínimos
essenciais à preparação profissional;
b) ter aptidão física e mental, verificada por processo de seleção profissional,
para a atividade que pretende exercer;
c) não sofrer de moléstia contagiosa e ser vacinado contra a varíola.
Parágrafo único. Aos candidatos rejeitados pela seleção profissional deverá ser
dada, tanto quanto possível, orientação profissional para ingresso em atividade
mais adequada às qualidades e aptidões que tiverem demonstrado.
Art. 432. Os aprendizes são obrigados à frequência do curso de aprendizagem
em que estejam matriculados.
§ 1º. O aprendiz que faltar aos trabalhos escolares do curso de aprendizagem
em que estiver matriculado, sem justificação aceitável, perderá o salário dos dias
em que se der a falta.
§ 2º. A falta reiterada no cumprimento do dever de que trata este artigo, ou falta
de razoável aproveitamento, será considerada justa causa para dispensa do
aprendiz.
Art. 433. Os empregadores serão obrigados:
a) a enviar anualmente, às repartições competentes do Ministério do Trabalho,
de 1º de novembro a 31 de dezembro, uma relação, em 2 (duas) vias, de todos os
empregados menores, de acordo com o modelo que vier a ser expedido pelo
mesmo Ministério;
b) a afixar em lugar visível, e com caracteres facilmente legíveis, o quadro do
horário e as disposições deste capítulo.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 3.519, de 30.12.1958 - DOU 30.12.1958)

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SEÇÃO V
DAS PENALIDADES
Art. 434. Os infratores das disposições deste capítulo ficam sujeitos à multa de
valor igual a 30 vezes o valor de referência regional, aplicada tantas vezes
quantos forem os menores empregados em desacordo com a lei, não podendo,
todavia, a soma das multas exceder a 150 vezes o valor de referência, salvo no
caso de reincidência, em que este total poderá ser elevado ao dobro. (Redação ao
artigo dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967).
Art. 435. Fica sujeita à multa de valor igual a 30 (trinta) vezes o valor-de-
referência regional e ao pagamento da emissão de nova via a empresa que fizer
na Carteira de Trabalho e Previdência Social do menor anotação não prevista em
lei. (Redação ao artigo dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo
com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 436. O médico que, sem motivo justificado, se recusar a passar os atestados
de que trata o artigo 418, incorrerá na multa de valor igual a 30 (trinta) valores-de-
referência regionais, dobrado na reincidência. (Redação ao artigo dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, e de acordo com a Lei nº 7.855, de
24.10.1989)
Art. 437. O responsável legal do menor empregado que infringir dispositivo deste
capítulo, ou deixar de cumprir os deveres que nele lhe são impostos, poderá, além
da multa em que incorrer, ser destituído do pátrio poder ou da tutela.
Parágrafo único. Perderá o pátrio poder ou será destituído da tutela, além da
multa em que incorrer, o pai, mãe ou tutor que concorrer, por ação ou omissão,
para que o menor trabalhe nas atividades previstas no § 1º do artigo 405.
Art. 438. São competentes para impor as penalidades previstas neste capítulo os
Delegados Regionais do Trabalho ou os funcionários por eles designados para tal
fim. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Parágrafo único. O processo, na verificação das infrações, bem como na
aplicação e cobrança das multas, será o previsto no título "Do Processo de Multas
Administrativas", observadas as disposições deste artigo.
SEÇÃO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 439. É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-
se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 anos
dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo
recebimento da indenização que lhe for devida.
Art. 440. Contra os menores de 18 anos não corre nenhum prazo de prescrição.
Art. 441. O quadro a que se refere o item I do artigo 405 será revisto
bienalmente. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)

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TÍTULO IV
DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 442. Contrato individual de trabalho é o acordo, tácito ou expresso,


correspondente à relação de emprego.
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade
cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem
entre estes e os tomadores de serviços daquela. (Parágrafo acrescentado pela Lei
nº 8.949, de 09.12.1994)
Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou
expressamente, verbalmente ou por escrito e por prazo determinado ou
indeterminado.
§ 1º. Considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho cuja
vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços especificados
ou ainda da realização de certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.
(Antigo parágrafo único renumerado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando:
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do
prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, às convenções coletivas que lhes sejam
aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Art. 445. O contrato de trabalho por prazo determinado não poderá ser
estipulado por mais de 2 (dois) anos, observada a regra do artigo 451.
Parágrafo único. O contrato de experiência não poderá exceder de 90 (noventa)
dias. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 446. (Revogado pelo artigo 13 da Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 447. Na falta de acordo ou prova sobre condição essencial ao contrato
verbal, esta se presume existente, como se a tivessem estatuído os interessados,
na conformidade dos preceitos jurídicos adequados à sua legitimidade.
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não
afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados.
Art. 449. Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão
em caso de falência, concordata ou dissolução da empresa.

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§ 1º. Na falência, constituirão crédito privilegiado a totalidade dos salários
devidos ao empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.449, de 14.10.1977)
§ 2º. Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes tornar sem
efeito a rescisão do contrato de trabalho e consequente indenização, desde que o
empregador pague, no mínimo, a metade dos salários que seriam devidos ao
empregado durante o interregno.
Art. 450. Ao empregado chamado a ocupar, em comissão, interinamente, ou em
substituição eventual ou temporária cargo diverso do que exercer na empresa,
serão garantidas a contagem do tempo naquele serviço, bem como a volta ao
cargo anterior.
Art. 451. O contrato de trabalho por prazo determinado que, tácita ou
expressamente, for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem
determinação de prazo.
Art. 452. Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder,
dentro de seis meses, a outro contrato por prazo determinado, salvo se a
expiração deste dependeu da execução de serviços especializados ou da
realização de certos acontecimentos.
Art. 453. No tempo de serviço do empregado, quando readmitido, serão
computados os períodos, ainda que não contínuos, em que tiver trabalhado
anteriormente na empresa, salvo se houver sido despedido por falta grave,
recebido indenização legal ou se aposentado espontaneamente. (Redação dada
pela Lei nº 6.204, de 29.04.1975)
§ 1º. Na aposentadoria espontânea de empregados das empresas públicas e
sociedades de economia mista é permitida sua readmissão, desde que atendidos
aos requisitos constantes do artigo 37, inciso XVI, da Constituição, e condicionada
à prestação de concurso público. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
10.12.1997)
§ 2º. O ato de concessão de benefício de aposentadoria a empregado que não
tiver completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta, se mulher, importa em
extinção do vínculo empregatício. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de
10.12.1997)
Art. 454. (Revogado pela Lei nº 5.772, de 21.12.1971 - artigos 40 e seguintes -
Código de Propriedade Industrial)
Art. 455. Nos contratos de subempreitada responderá o subempreiteiro pelas
obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo, todavia, aos
empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo
inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro.
Parágrafo único. Ao empreiteiro principal fica ressalvada, nos termos da lei civil,
ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de importâncias a este
devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.
Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações
constantes da Carteira de Trabalho e Previdência Social, ou por instrumento

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escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito.
Parágrafo único. À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito,
entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível
com a sua condição pessoal.
CAPÍTULO II
DA REMUNERAÇÃO

Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os


efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. (Redação de acordo com a
Lei nº 1.999, de 01.10.1953)
§ 1º. Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as
comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos
pagos pelo empregador. (Redação de acordo com a Lei nº 1.999, de 01.10.1953)
§ 2º. Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim como as diárias para
viagem que não excedam de cinqüenta por cento do salário percebido pelo
empregado. (Redação de acordo com a Lei nº 1.999, de 01.10.1953)
§ 3º. Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo
cliente ao empregado, como também aquela que for cobrada pela empresa ao
cliente, como adicional nas contas, a qualquer título e destinada à distribuição aos
empregados. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salário, para
todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações
in natura que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer
habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com
bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. Os valores atribuídos às prestações in natura deverão ser justos e
razoáveis, não podendo exceder, em cada caso, os dos percentuais das parcelas
componentes do salário mínimo (artigos 81 e 82). (Redação dada ao parágrafo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. Não serão considerados como salário, para os efeitos previstos neste
artigo, os vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado
e utilizados no local de trabalho, para a prestação dos respectivos serviços.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. A habitação e a alimentação fornecidas como salário-utilidade deverão
atender aos fins a que se destinam e não poderão exceder, respectivamente, a
25% (vinte e cinco por cento) e 20% (vinte por cento) do salário-contratual.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.860, de 24.03.1994)
§ 4º. Tratando-se de habitação coletiva, o valor do salário-utilidade a ela
correspondente será obtido mediante a divisão do justo valor da habitação pelo
número de co-ocupantes, vedada, em qualquer hipótese, a utilização da mesma
unidade residencial por mais de uma família. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
8.860, de 24.03.1994)

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Art. 459. O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do trabalho,
não deve ser estipulado por período superior a um mês, salvo no que concerne a
comissões, percentagens e gratificações.
Parágrafo único. Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá
ser efetuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.
(Parágrafo com a redação da Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 460. Na falta de estipulação do salário ou não havendo prova sobre a
importância ajustada, o empregado terá direito a perceber salário igual ao daquele
que, na mesma empresa, fizer serviço equivalente, ou do que for habitualmente
pago para serviço semelhante.
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao
mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem
distinção de sexo, nacionalidade ou idade. (Redação dada ao caput pela Lei nº
1.723, de 08.11.1952)
§ 1º. Trabalho de igual valor, para os fins deste capítulo, será o que for feito com
igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja
diferença de tempo de serviço não for superior a dois anos. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 1.723, de 08.11.1952)
§ 2º. Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver
pessoal organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções
deverão obedecer aos critérios de antigüidade e merecimento. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 1.723, de 08.11.1952)
§ 3º. No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas
alternadamente por merecimento e por antigüidade, dentro de cada categoria
profissional. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 1.723, de 08.11.1952)
§ 4º. O trabalhador readaptado em nova função, por motivo de deficiência física
ou mental atestada pelo órgão competente da Previdência Social, não servirá de
paradigma para fins de equiparação salarial. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
5.798, de 31.08.1972)
Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do
empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou
convenção coletiva. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 1º. Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde
que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do
empregado. (Antigo parágrafo único renumerado pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 2º. É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias
aos empregados ou serviços destinados a proporcionar-lhes prestações in natura
exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se
utilizem do armazém ou dos serviços. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazém ou
serviços não mantidos pela empresa, é lícito à autoridade competente determinar

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a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e
os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em
benefício dos empregados. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 4º. Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por
qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário. (Parágrafo
acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 463. A prestação em espécie do salário será paga em moeda corrente do
país.
Parágrafo único. O pagamento do salário realizado com inobservância deste
artigo considera-se como não feito.
Art. 464. O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado
pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital,
ou, não sendo esta possível, a seu rogo.
Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta
bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o
consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
Art. 465. O pagamento dos salários será efetuado em dia útil e no local do
trabalho, dentro do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento
deste, salvo quando efetuado por depósito em conta bancária, observado o
disposto no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997)
Art. 466. O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de
ultimada a transação a que se referem.
§ 1º. Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o
pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito
proporcionalmente à respectiva liquidação.
§ 2º. A cessação das relações de trabalho não prejudica a percepção das
comissões e percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo.
Art. 467. Em caso de rescisão do contrato de trabalho, motivada pelo
empregador ou pelo empregado, e havendo controvérsia sobre parte da
importância dos salários, o primeiro é obrigado a pagar a este, à data do seu
comparecimento ao tribunal do trabalho, a parte incontroversa dos mesmos
salários, sob pena de ser, quanto a essa parte, condenado a pagá-la em dobro.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à União, aos Estados, ao
Distrito Federal, aos Municípios, e as suas autarquias e fundações públicas. (NR)
(Parágrafo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.984-20, de 28.07.2000, DOU
30.07.2000 - Ed. Extra)
CAPÍTULO III
DA ALTERAÇÃO

Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das


respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não

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resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia.
Parágrafo único. Não se considera alteração unilateral a determinação do
empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,
para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a mudança de seu domicílio.
§ 1º. Não estão compreendidos na proibição deste artigo os empregados que
exerçam cargos de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição
implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de
serviço. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 6.203, de 17.04.1975)
§ 2º. É lícita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que
trabalhar o empregado.
§ 3º. Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o
empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não obstante as
restrições, do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a um pagamento
suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento), dos salários que o
empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 6.203, de 17.04.1975)
Art. 470. As despesas resultantes da transferência correrão por conta do
empregador. (Redação dada pela Lei nº 6.203, de 17.04.1975)
CAPÍTULO IV
DA SUSPENSÃO E DA INTERRUPÇÃO

Art. 471. Ao empregado afastado do emprego são asseguradas, por ocasião de


sua volta, todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à
categoria a que pertencia na empresa.
Art. 472. O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço
militar ou de outro encargo público, não constituirá motivo para a alteração ou
rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador.
§ 1º. Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se
afastou em virtude de exigência do serviço militar ou de encargo público, é
indispensável que notifique o empregador dessa intenção, por telegrama ou carta
registrada, dentro do prazo máximo de trinta dias, contados da data em que se
verificar a respectiva baixa ou a terminação do encargo a que estava obrigado.
(Revogado parcialmente pelos artigos 60 e 61 da Lei nº 4.375, de 17.08.1964)
§ 2º. Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim
acordarem as partes interessadas, não será computado na contagem do prazo
para a respectiva terminação.
§ 3º. Ocorrendo motivo relevante de interesse para a segurança nacional poderá
a autoridade competente solicitar o afastamento do empregado do serviço ou do
local de trabalho, sem que se configure a suspensão do contrato de trabalho.

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§ 4º. O afastamento a que se refere o parágrafo anterior será solicitado pela
autoridade competente diretamente ao empregador, em representação
fundamentada, com audiência da Procuradoria Regional do Trabalho, que
providenciará, desde logo, a instalação do competente inquérito administrativo.
§ 5º. Durante os primeiros 90 (noventa) dias desse afastamento, o empregado
continuará percebendo sua remuneração. (Parágrafos 3º, 4º e 5º acrescentados
pelo artigo 10 do Decreto-Lei nº 3, de 27.01.1966)
Art. 473. O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do
salário: (Redação do caput e incisos do Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge,
ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de
Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica; (Inciso
modificado de acordo com o Decreto-Lei nº 926, de 10.10.1969)
II - até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento;
III - por um dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana;
IV - por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de doação
voluntária de sangue devidamente comprovada;
V - até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos
termos da lei respectiva.
VI - no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar
referidas na letra "c" do artigo 65 da Lei nº 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do
Serviço Militar). (Inciso acrescentado pelo Decreto-Lei nº 757, de 12.08.1969)
VII - nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exame
vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. (Inciso
acrescentado pela Lei nº 9.471, de 14.07.1997)
VIII - pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a juízo.
(Inciso acrescentado pela Lei nº 9.853, de 27.10.1999, DOU 28.10.1999)
Art. 474. A suspensão do empregado por mais de 30 dias consecutivos importa
na rescisão injusta do contrato de trabalho.
Art. 475. O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu
contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de Previdência Social para a
efetivação do benefício.
§ 1º. Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a
aposentadoria cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao
tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo
por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos artigos 477 e 478, salvo na
hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá ser
paga na forma do artigo 497. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.824, de
05.11.1965)
§ 2º. Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá
rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que
tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato.
Art. 476. Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é
considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício.

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Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período de dois
a cinco meses, para participação do empregado em curso ou programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à
suspensão contratual, mediante previsão em convenção ou acordo coletivo de
trabalho e aquiescência formal do empregado, observado o disposto no art. 471
desta Consolidação.
§ 1º Após a autorização concedida por intermédio de convenção ou acordo
coletivo, o empregador deverá notificar o respectivo sindicato, com antecedência
mínima de quinze dias da suspensão contratual.
§ 2º O contrato de trabalho não poderá ser suspenso em conformidade com o
disposto no caput deste artigo mais de uma vez no período de dezesseis meses.
§ 3º O empregador poderá conceder ao empregado ajuda compensatória mensal,
sem natureza salarial, durante o período de suspensão contratual nos termos do
caput deste artigo, com valor a ser definido em convenção ou acordo coletivo.
§ 4º Durante o período de suspensão contratual para participação em curso ou
programa de qualificação profissional, o empregado fará jus aos benefícios
voluntariamente concedidos pelo empregador.
§ 5º Se ocorrer a dispensa do empregado no transcurso do período de suspensão
contratual ou nos três meses subseqüentes ao seu retorno ao trabalho, o
empregador pagará ao empregado, além das parcelas indenizatórias previstas na
legislação em vigor, multa a ser estabelecida em convenção ou acordo coletivo,
sendo de, no mínimo, cem por cento sobre o valor da última remuneração mensal
anterior à suspensão do contrato.
§ 6º Se durante a suspensão do contrato não for ministrado o curso ou programa
de qualificação profissional, ou o empregado permanecer trabalhando para o
empregador, ficará descaracterizada a suspensão, sujeitando o empregador ao
pagamento imediato dos salários e dos encargos sociais referentes ao período, às
penalidades cabíveis previstas na legislação em vigor, bem como às sanções
previstas em convenção ou acordo coletivo.
§ 7º O prazo limite fixado no caput poderá ser prorrogado mediante convenção ou
acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal do empregado, desde que o
empregador arque com o ônus correspondente ao valor da bolsa de qualificação
profissional, no respectivo período. (NR) (Artigo acrescentado pela Medida
Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
CAPÍTULO V
DA RESCISÃO

Art. 477. É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a
terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para
cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma
indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma
empresa. (Redação dada ao caput pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 1º. O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão do contrato de
trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será
válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a

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autoridade do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
5.584, de 26.06.1970)
§ 2º. O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa
ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada
parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação,
apenas, relativamente às mesmas parcelas. (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 3º. Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo,
a assistência será prestada pelo Representante do Ministério Público, ou, onde
houver, pelo Defensor Público e, na falta ou impedimento destes, pelo Juiz de
Paz. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 4º. O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da
homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque
visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto,
quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 5º. Qualquer compensação no pagamento de que trata o parágrafo anterior não
poderá exceder o equivalente a um mês de remuneração do empregado.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
§ 6º. O pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo
de quitação deverá ser efetuado nos seguintes prazos:
a) até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato; ou
b) até o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, quando da
ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu
cumprimento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 7º. O ato da assistência na rescisão contratual (parágrafos 1º e 2º) será sem
ônus para o trabalhador e empregador. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)
§ 8º. A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa
de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do
empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo
índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der
causa à mora. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
§ 9º. (VETADO na Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 478. A indenização devida pela rescisão de contrato por prazo
indeterminado será de um mês de remuneração por ano de serviço efetivo, ou por
ano e fração igual ou superior a seis meses.
§ 1º. O primeiro ano de duração do contrato por prazo indeterminado é
considerado como período de experiência, e, antes que se complete, nenhuma
indenização será devida.
§ 2º. Se o salário for pago em dia, o cálculo da indenização terá por base 30
(trinta) dias.
§ 3º. Se pago por hora, a indenização apurar-se-á na base de 220 (duzentas e
vinte) horas por mês (artigo 7º, XIII, da CF).
§ 4º. Para os empregados que trabalhem à comissão ou que tenham direito a
percentagens, a indenização será calculada pela média das comissões ou

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percentagens percebidas nos últimos 12 (doze) meses de serviço. (Redação dada
ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 5º. Para os empregados que trabalhem por tarefa ou serviço feito, a
indenização será calculada na base média do tempo costumeiramente gasto pelo
interessado para realização de seu serviço, calculando-se o valor do que seria
feito durante trinta dias.
Art. 479. Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem
justa causa, despedir o empregado, será obrigado a pagar-lhe, a título de
indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do
contrato.
Parágrafo único. Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo da
parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito para o
cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo
indeterminado.
Art. 480. Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do
contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador
dos prejuízos que desse fato lhe resultarem.
§ 1º. A indenização, porém, não poderá exceder àquela a que teria direito o
empregado em idênticas condições.
§ 2º. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978 - DOU 26.05.1978)
Art. 481. Aos contratos por prazo determinado, que contiverem cláusula
assecuratória do direito recíproco de rescisão antes de expirado o termo ajustado,
aplicam-se, caso seja exercido tal direito por qualquer das partes, os princípios
que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
Art. 482. Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha
havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer
pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o
empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;

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l) prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado,
a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos
atentatórios à segurança nacional. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 3,
de 27.01.1966)
Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a
devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários
aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua
família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma
a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º. O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o
contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a
continuação do serviço.
§ 2º. No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é
facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º. Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão
de seu contrato de trabalho e pagamento das respectivas indenizações,
permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 4.825, de 05.11.1965)
Art. 484. Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato
de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em
caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.
Art. 485. Quando cessar a atividade da empresa por morte do empregador, os
empregados terão direito, conforme o caso, à indenização a que se referem os
artigos 477 e 497.
Art. 486. No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada
por ato de autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei
ou resolução que impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o
pagamento da indenização, que ficará a cargo do governo responsável. (Redação
dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
§ 1º. Sempre que o empregador invocar em sua defesa o preceito do presente
artigo, o tribunal do trabalho competente notificará a pessoa de direito público
apontada como responsável pela paralisação do trabalho, para que, no prazo de
30 dias, alegue o que entender devido, passando a figurar no processo como
chamada à autoria. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.110, de 16.12.1943)

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§ 2º. Sempre que a parte interessada, firmada em documento hábil, invocar
defesa baseada na disposição deste artigo e indicar qual o juiz competente, será
ouvida a parte contrária, para, dentro de três dias, falar sobre essa alegação.
(Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
§ 3º. Verificada qual a autoridade responsável, a Junta de Conciliação ou Juiz
dar-se-á por incompetente, remetendo os autos ao Juiz da Justiça Federal,
perante o qual correrá o feito nos termos previstos no processo comum. (Redação
dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
CAPÍTULO VI
DO AVISO PRÉVIO

Art. 487. Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato, deverá avisar a outra da sua resolução, com a antecedência
mínima de:
I - oito dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior;
(Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)
II - trinta dias aos que perceberem por quinzena ou mês, ou que tenham mais de
doze meses de serviço na empresa. (Redação dada pela Lei nº 1.530, de
26.12.1951)
§ 1º. A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito
aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração
desse período no seu tempo de serviço.
§ 2º. A falta de aviso por parte do empregado dá ao empregador o direito de
descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo.
§ 3º. Em se tratando de salário pago na base de tarefa, o cálculo, para os efeitos
dos parágrafos anteriores, será feito de acordo com a média dos últimos doze
meses de serviço.
§ 4º. É devido o aviso prévio na despedida indireta. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 7.108, de 05.07.1983)
Art. 488. O horário normal de trabalho do empregado, durante o prazo do aviso,
e se a rescisão tiver sido promovida pelo empregador, será reduzido de duas
horas diárias, sem prejuízo do salário integral.
Parágrafo único. É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2
(duas) horas diárias prevista neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço,
sem prejuízo do salário integral, por 1 (um) dia, na hipótese do inciso I, e por 7
(sete) dias corridos, na hipótese do inciso II do artigo 487 desta Consolidação.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.093, de 25.04.1983)
Art. 489. Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva depois de expirado o
respectivo prazo, mas, se a parte notificante reconsiderar o ato, antes do seu
termo, à outra parte é facultado aceitar ou não a reconsideração.
Parágrafo único. Caso seja aceita a reconsideração ou continuando a prestação
depois de expirado o prazo, o contrato continuará a vigorar, como se o aviso
prévio não tivesse sido dado.
Art. 490. O empregador que, durante o prazo do aviso prévio dado ao

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empregado, praticar ato que justifique a rescisão imediata do contrato, sujeita-se
ao pagamento da remuneração correspondente ao prazo do referido aviso, sem
prejuízo da indenização que for devida.
Art. 491. O empregado que, durante o prazo do aviso prévio, cometer qualquer
das faltas consideradas pela lei como justas para a rescisão, perde o direito ao
restante do respectivo prazo.
CAPÍTULO VII
DA ESTABILIDADE

Art. 492. O empregado que contar mais de dez anos de serviço na mesma
empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou
circunstância de força maior, devidamente comprovadas.
Parágrafo único. Considera-se como de serviço todo o tempo em que o
empregado esteja à disposição do empregador.
Art. 493. Constitui falta grave a prática de qualquer dos fatos a que se refere o
artigo 482, quando por sua repetição ou natureza representem séria violação dos
deveres e obrigações do empregado.
Art. 494. O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas
funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito em que se
verifique a procedência da acusação.
Parágrafo único. A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a decisão final
do processo.
Art. 495. Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado,
fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a
que teria direito no período da suspensão.
Art. 496. Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável,
dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for
o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá converter aquela
obrigação em indenização devida nos termos do artigo seguinte.
Art. 497. Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo de força maior,
ao empregado estável despedido é garantida a indenização por rescisão do
contrato por prazo indeterminado, paga em dobro.
Art. 498. Em caso de fechamento do estabelecimento, filial ou agência, ou
supressão necessária de atividade, sem ocorrência de motivo de força maior, é
assegurado aos empregados estáveis, que ali exerçam suas funções, o direito à
indenização, na forma do artigo anterior.
Art. 499. Não haverá estabilidade no exercício dos cargos de diretoria, gerência
ou outros de confiança imediata do empregador, ressalvado o cômputo do tempo
de serviço para todos os efeitos legais.
§ 1º. Ao empregado garantido pela estabilidade, que deixar de exercer cargo de

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confiança, é assegurada, salvo no caso de falta grave, a reversão ao cargo efetivo
que haja anteriormente ocupado.
§ 2º. Ao empregado despedido sem justa causa, que só tenha exercido cargo de
confiança e que contar mais de dez anos de serviço na mesma empresa, é
garantida a indenização proporcional ao tempo de serviço nos termos dos artigos
477 e 478.
§ 3º. A despedida que se verificar com o fim de obstar ao empregado a aquisição
de estabilidade, sujeitará o empregador a pagamento em dobro da indenização
prescrita nos artigos 477 e 478.
Art. 500. O pedido de demissão do empregado estável só será válido quando
feito com a assistência do respectivo Sindicato e, se não o houver, perante
autoridade local competente do Ministério do Trabalho ou da Justiça do Trabalho.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
CAPÍTULO VIII
DA FORÇA MAIOR

Art. 501. Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em


relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não concorreu
direta ou indiretamente.
§ 1º. A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior.
§ 2º. À ocorrência do motivo de força maior que não afetar substancialmente,
nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação econômica e financeira
da empresa, não se aplicam as restrições desta lei referentes ao disposto neste
capítulo.
Art. 502. Ocorrendo motivo de força maior que determine a extinção da empresa,
ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o empregado, é assegurada a
este, quando despedido, uma indenização na forma seguinte:
I - sendo estável, nos termos dos artigos 477 e 478;
II - não tendo direito à estabilidade, metade da que seria devida em caso de
rescisão sem justa causa;
III - havendo contrato por prazo determinado, aquela a que se refere o artigo 479
desta lei, reduzida igualmente à metade.
Art. 503. É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente
comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa,
proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior
a 25%, respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo.
Parágrafo único. Cessados os efeitos decorrentes do motivo de força maior, é
garantido o restabelecimento dos salários reduzidos.
Art. 504. Comprovada a falsa alegação do motivo de força maior, é garantida a
reintegração aos empregados estáveis e aos não estáveis o complemento da
indenização já percebida, assegurado a ambos o pagamento da remuneração
atrasada.
CAPÍTULO IX

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DISPOSIÇÕES ESPECIAIS

Art. 505. São aplicáveis aos trabalhadores rurais os dispositivos constantes dos
Capítulos I, II, VI do presente Título.
Art. 506. No contrato de trabalho agrícola é lícito o acordo que estabelecer a
remuneração in natura, contanto que seja de produtos obtidos pela exploração do
negócio e não exceda de um terço do salário total do empregado.
Art. 507. As disposições do Capítulo VII do presente Título não serão aplicáveis
aos empregados em consultórios ou escritórios de profissionais liberais.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978 - DOU 26.05.1978)
Art. 508. Considera-se justa causa, para efeito de rescisão de contrato de
trabalho de empregado bancário, a falta contumaz de pagamento de dívidas
legalmente exigíveis.
Art. 509. (Revogado pela Lei nº 6.533, de 24.05.1978)
Art. 510. Pela infração das proibições constantes deste Título, será imposta à
empresa a multa de valor igual a 30 (trinta) valores-de-referência regionais,
elevada ao dobro no caso de reincidência, sem prejuízo das demais cominações
legais. (Redação dada pela Lei nº 5.562, de 12.12.1968, e de acordo com a Lei nº
7.855, de 24.10.1989)

TÍTULO V
DA ORGANIZAÇÃO SINDICAL

CAPÍTULO I
DA INSTITUIÇÃO SINDICAL

SEÇÃO I
DA ASSOCIAÇÃO EM SINDICATO
Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos
seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como
empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou
profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão
ou atividades ou profissões similares ou conexas.
§ 1º. A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades
idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina
categoria econômica.
§ 2º. A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em
comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em
atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social
elementar compreendida como categoria profissional.

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§ 3º. Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que
exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional
especial ou em consequência de condições de vida singulares.
§ 4º. Os limites de identidade, similaridade ou conexidade fixam as dimensões
dentro das quais a categoria econômica ou profissional é homogênea e a
associação é natural.
Art. 512. Somente as associações profissionais constituídas para os fins e na
forma do artigo anterior e registradas de acordo com o artigo 558 poderão ser
reconhecidas como sindicatos e investidas nas prerrogativas definidas nesta lei.
(Prejudicado pelo artigo 8º da nova Constituição)
Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses
gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais dos
associados relativos à atividade ou profissão exercida;
b) celebrar convenções coletivas de trabalho; (Redação dada à alínea pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão
liberal;
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e
solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão
liberal; (Alínea acrescentada pela Lei nº 6.200, de 16.04.1975)
e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.
Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa
de fundar e manter agências de colocação.
Art. 514. São deveres dos sindicatos:
a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade
social;
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados;
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho;
d) sempre que possível e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu
quadro de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria,
um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação
operacional na empresa e a integração profissional na classe. (Alínea
acrescentada pela Lei nº 6.200, de 16.04.1975)
Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de:
a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito;
b) fundar e manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais.
SEÇÃO II
DO RECONHECIMENTO E INVESTIDURA SINDICAL
Art. 515. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 516. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 517. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)

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Art. 518. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 519. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 520. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
Art. 521. (Revogado tacitamente pela Constituição - artigo 8º)
SEÇÃO III
DA ADMINISTRAÇÃO DO SINDICATO
Art. 522. A administração do sindicato será exercida por uma diretoria
constituída, no máximo, de sete e, no mínimo, de três membros e de um conselho
fiscal composto de três membros, eleitos esses órgãos pela assembléia geral.
§ 1º. A diretoria elegerá, dentre os seus membros, o presidente do sindicato.
§ 2º. A competência do conselho fiscal é limitada à fiscalização da gestão
financeira do sindicato.
§ 3º. Constituirá atribuição exclusiva da diretoria do sindicato e dos delegados
sindicais, a que se refere o artigo 523, a representação e a defesa dos interesses
da entidade perante os poderes públicos e as empresas, salvo mandatário com
poderes outorgados por procuração da diretoria ou associado investido em
representação prevista em lei. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 9.502,
de 23.07.1946)
Art. 523. Os delegados sindicais destinados à direção das delegacias ou seções
instituídas na forma estabelecida no § 2º do artigo 517 serão designados pela
diretoria dentre os associados radicados no território da correspondente delegacia.
Art. 524. Serão sempre tomadas por escrutínio secreto, na forma estatutária, as
deliberações da assembléia geral concernentes aos seguintes assuntos: (Redação
dada ao caput pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
a) eleição de associado para representação da respectiva categoria, prevista em
lei; (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
b) tomada e aprovação de contas da diretoria; (Redação dada à alínea pelo
Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
c) aplicação do patrimônio; (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 9.502, de
23.07.1946)
d) julgamento dos atos da diretoria, relativos a penalidades impostas a
associados; (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
e) pronunciamento sobre relações ou dissídios de trabalho. Neste caso, as
deliberações da assembléia geral só serão consideradas válidas quando ela tiver
sido especialmente convocada para esse fim, de acordo com as disposições dos
estatutos da entidade sindical. O quorum para validade da assembléia será de
metade mais um dos associados quites; não obtido esse quorum em primeira
convocação, reunir-se-á a assembléia em segunda convocação, com os
presentes, considerando-se aprovadas as deliberações que obtiverem 2/3 (dois
terços) dos votos. (Redação dada à alínea pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 1º. A eleição para cargos de diretoria e conselho fiscal será realizada por

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escrutínio secreto, durante seis horas contínuas pelo menos, na sede do sindicato,
na de suas delegacias e seções e nos principais locais de trabalho, onde
funcionarão as mesas coletoras designadas pelos Delegados Regionais do
Trabalho. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
§ 2º. Concomitantemente ao término do prazo estipulado para a votação,
instalar-se-á, em assembléia eleitoral pública e permanente, na sede do sindicato,
a mesa apuradora para a qual serão enviadas, imediatamente, pelos presidentes
das mesas coletoras, as urnas receptoras e as atas respectivas. Será facultada a
designação de mesa apuradora supletiva sempre que as peculiaridades ou
conveniências do pleito a exigirem. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº
9.502, de 23.07.1946)
§ 3º. A mesa apuradora será presidida por membro do Ministério Público do
Trabalho, ou pessoa de notória idoneidade, designada pelo Procurador-geral da
Justiça do Trabalho ou procuradores regionais. (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
§ 4º. O pleito só será válido na hipótese de participarem da votação mais de 2/3
(dois terços) dos associados com capacidade para votar. Não obtido esse
coeficiente, será realizada nova eleição dentro de 15 (quinze) dias a qual terá
validade se nela tomarem parte mais de 50% (cinqüenta por cento) dos referidos
associados. Na hipótese de não ter sido alcançado, na segunda votação, o
coeficiente exigido, será realizado o terceiro e último pleito, cuja validade
dependerá de voto de mais 40% (quarenta por cento) dos aludidos associados,
proclamando o presidente da mesa apuradora em qualquer dessas hipóteses os
eleitos, os quais serão empossados automaticamente na data do término do
mandato expirante, não tendo efeito suspensivo os protestos ou recursos
oferecidos na conformidade da lei. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº
9.502, de 23.07.1946, modificado pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 5º. Não sendo atingido o coeficiente legal para a eleição, o Ministério do
Trabalho declarará a vacância da administração, a partir do término do mandato
dos membros em exercício, e designará administrador para o sindicato,
realizando-se novas eleições dentro de seis meses. (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
Art. 525. É vedada a pessoas físicas ou jurídicas, estranhas ao sindicato,
qualquer interferência na sua administração ou nos seus serviços. (Redação dada
ao caput pelo Decreto-Lei nº 9.502, de 23.07.1946)
Parágrafo único. Estão excluídos dessa proibição:
a) os delegados do Ministério do Trabalho especialmente designados pelo
ministro ou por quem o represente;
b) os que, como empregados, exerçam cargos no sindicato mediante autorização
da assembléia geral.
Art. 526. Os empregados do sindicato serão nomeados pela diretoria respectiva
ad referendum da assembléia geral, não podendo recair tal nomeação nos que
estiverem nas condições previstas nos itens II, IV, V, VI, VII e VIII do artigo 530 e,
na hipótese de o nomeado haver sido dirigente sindical, também nas do item I do
mesmo artigo.

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Parágrafo único. Aplicam-se aos empregados dos sindicatos os preceitos das
leis de proteção do trabalho e de previdência social, excetuado o direito de
associação em sindicato. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 925, de
10.10.1969)
Art. 527. Na sede de cada sindicato haverá um livro de registro, autenticado pelo
funcionário competente do Ministério do Trabalho, e do qual deverão constar:
a) tratando-se de sindicato de empregadores, a firma, individual ou coletiva, ou a
denominação das empresas e sua sede, nome, idade, estado civil, nacionalidade
e residência dos respectivos sócios, ou, em se tratando de sociedade por ações,
dos diretores, bem como a indicação desses dados quanto ao sócio ou diretor que
representar a empresa no sindicato;
b) tratando-se de sindicato de empregados, ou de agentes ou trabalhadores
autônomos ou de profissionais liberais, além do nome, idade, estado civil,
nacionalidade, profissão ou função e residência de cada associado, o
estabelecimento ou lugar onde exerce a sua profissão ou função, o número e a
série da respectiva Carteira de Trabalho e Previdência Social e o número da
inscrição no Instituto Nacional de Administração Financeira da Previdência Social
(IAPAS).
Art. 528. Ocorrendo dissídio ou circunstâncias que perturbem o funcionamento
de entidade sindical, ou motivos relevantes de segurança nacional, o Ministro do
Trabalho poderá nela intervir, por intermédio de Delegado ou de Junta
Interventora, com atribuições para administrá-la e executar ou propor as medidas
necessárias para normalizar-lhe o funcionamento. (Prejudicado pelo artigo 8º, I, da
Constituição) (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 3, de 27.01.1966)
SEÇÃO IV
DAS ELEIÇÕES SINDICAIS
Art. 529. São condições para o exercício do direito do voto como para a
investidura em cargo de administração ou representação econômica ou
profissional:
a) ter o associado mais de seis meses de inscrição no quadro social e mais de
dois anos de exercício da atividade ou da profissão; (Redação dada à alínea pelo
Decreto-lei nº 8.080, de 11.10.1945)
b) ser maior de 18 anos;
c) estar no gozo dos direitos sindicais.
Parágrafo único. É obrigatório aos associados o voto nas eleições sindicais.
(Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 530. Não podem ser eleitos para cargos administrativos ou de representação
econômica ou profissional, nem permanecer no exercício desses cargos:
(Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
I - os que não tiverem definitivamente aprovadas as suas contas de exercício em
cargos de administração; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
II - os que houverem lesado o patrimônio de qualquer entidade sindical;

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(Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
III - os que não estiverem desde dois (2) anos antes, pelo menos, no exercício
efetivo da atividade ou da profissão dentro da base territorial do sindicato, ou no
desempenho de representação econômica ou profissional; (Redação dada ao
inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
IV - os que tiverem sido condenados por crime doloso enquanto persistirem os
efeitos da pena; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
V - os que não estiverem no gozo de seus direitos políticos; (Redação dada ao
inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
VI - (Revogado pela Lei nº 8.865, de 29.03.1994)
VII - má conduta, devidamente comprovada; (Inciso acrescentado pelo Decreto-
Lei nº 507, de 18.03.1969)
VIII - (Revogado pela Lei nº 8.865, de 29.03.1994)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
Art. 531. Nas eleições para cargo de diretoria e do conselho fiscal serão
considerados eleitos os candidatos que obtiverem maioria absoluta de votos em
relação ao total dos associados eleitores.
§ 1º. Não concorrendo à primeira convocação maioria absoluta de eleitores, ou
não obtendo nenhum dos candidatos essa maioria, proceder-se-á à nova
convocação para dia posterior, sendo então considerados eleitos os candidatos
que obtiverem maioria dos eleitores presentes.
§ 2º. Havendo somente uma chapa registrada para as eleições, poderá a
assembléia, em última convocação, ser realizada duas horas após a primeira
convocação, desde que do edital respectivo conste essa advertência.
§ 3º. Concorrendo mais de uma chapa, poderá o Ministério do Trabalho designar
o presidente da seção eleitoral, desde que o requeiram os associados que
encabeçarem as respectivas chapas. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-
Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 4º. O Ministro do Trabalho expedirá instruções regulando o processo das
eleições.
Art. 532. As eleições para a renovação da diretoria e do conselho fiscal deverão
ser procedidas dentro do prazo máximo de sessenta dias e mínimo de trinta dias,
antes do término do mandato dos dirigentes em exercício. (Redação dada ao
caput pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 1º. Não havendo protesto na ata da assembléia eleitoral ou recurso interposto
por algum dos candidatos, dentro de quinze dias a contar da data das eleições, a
posse da diretoria eleita independerá da aprovação das eleições pelo Ministério do
Trabalho. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 2º. Competirá à diretoria em exercício, dentro de trinta dias da realização das
eleições e não tendo havido recurso, dar publicidade ao resultado do pleito,
fazendo comunicação ao órgão local do Ministério do Trabalho da relação dos
eleitos, com os dados pessoais de cada um e a designação da função que vai
exercer. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 3º. Havendo protesto na ata da assembléia eleitoral ou recurso interposto
dentro de quinze dias da realização das eleições, competirá à diretoria em

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exercício encaminhar, devidamente instruído, o processo eleitoral ao órgão local
do Ministério do Trabalho, que o encaminhará para decisão do Ministro do Estado.
Nesta hipótese permanecerão na administração, até despacho final do processo, a
diretoria e o conselho fiscal que se encontrem em exercício. (Redação dada ao
parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de 11.10.1945)
§ 4º. Não se verificando as hipóteses previstas no parágrafo anterior, a posse da
nova diretoria deverá se verificar dentro de trinta dias subsequentes ao término do
mandato da anterior. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.080, de
11.10.1945)
§ 5º. Ao assumir o cargo, o eleito prestará, por escrito e solenemente, o
compromisso de respeitar, no exercício do mandato, a Constituição, as leis
vigentes e os estatutos da entidade. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967)
SEÇÃO V
DAS ASSOCIAÇÕES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR
Art. 533. Constituem associações sindicais de grau superior as federações e
confederações organizadas nos termos desta lei.
Art. 534. É facultado aos sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco),
desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou de
profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação.
(Redação dada pela Lei nº 3.265, de 22.09.1957)
§ 1º. Se já existir federação no grupo de atividades ou profissões em que deva
ser constituída a nova entidade, a criação desta não poderá reduzir a menos de 5
(cinco) o número de sindicatos que àquela devam continuar filiados. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 3.265, de 22.09.1957)
§ 2º. As federações serão constituídas por Estados, podendo o Ministro do
Trabalho autorizar a constituição de federações interestaduais ou nacionais.
(Antigo parágrafo 1º renumerado pela Lei nº 3.265, de 22.09.1957)
§ 3º. É permitido a qualquer federação, para o fim de lhes coordenar os
interesses, agrupar os sindicatos de determinado município ou região a ela
filiados, mas a união não terá direito de representação das atividades ou
profissões agrupadas. (Antigo parágrafo 2º renumerado pela Lei nº 3.265, de
22.09.1957)
Art. 535. As confederações organizar-se-ão com o mínimo de três federações e
terão sede na Capital da República.
§ 1º. As confederações formadas por federações de sindicatos de empregadores
denominar-se-ão: Confederação Nacional da Indústria, Confederação Nacional do
Comércio, Confederação Nacional de Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos,
Confederação Nacional de Transportes Terrestres, Confederação Nacional de
Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional das Empresas de Crédito e
Confederação Nacional de Educação e Cultura.
§ 2º. As confederações formadas por federações de sindicatos de empregados
terão a denominação de: Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria,
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, Confederação Nacional

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dos Trabalhadores em Transportes Marítimos, Fluviais e Aéreos, Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Transportes Terrestres, Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Comunicações e Publicidade, Confederação Nacional dos
Trabalhadores nas Empresas de Crédito e Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura.
§ 3º. Denominar-se-á Confederação Nacional das Profissões Liberais a reunião
das respectivas federações.
§ 4º. As associações sindicais de grau superior da Agricultura e Pecuária serão
organizadas na conformidade do que dispuser a lei que regular a sindicalização
dessas atividades ou profissões.
Art. 536. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 537. O pedido de reconhecimento de uma federação será dirigido ao
Ministro do Trabalho acompanhado de um exemplar dos respectivos estatutos e
das cópias autenticadas das atas da assembléia de cada sindicato ou federação
que autoriza a filiação.
§ 1º. A organização das federações e confederações obedecerá às exigências
contidas nas alíneas "b" e "c" do artigo 515.
§ 2º. A carta de reconhecimento das federações será expedida pelo Ministro do
Trabalho, na qual será especificada a coordenação econômica ou profissional
conferida e mencionada a base territorial outorgada.
§ 3º. O reconhecimento das confederações será feito por decreto do Presidente
da República.
Art. 538. A administração das federações e confederações será exercida pelos
seguintes órgãos:
a) Diretoria;
b) Conselho de Representantes;
c) Conselho Fiscal. (Redação dada ao caput pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 1º. A diretoria será constituída, no mínimo, de 3 (três) membros e de 3 (três)
membros se comporá o Conselho Fiscal, os quais serão eleitos pelo Conselho de
Representantes com mandato por 3 (três) anos. (Redação dada ao parágrafo pelo
Decreto-Lei nº 771, de 19.08.1969)
§ 2º. Só poderão ser eleitos os integrantes dos grupos das federações ou dos
planos de confederações, respectivamente. (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 2.693, de 23.12.1955)
§ 3º. O presidente da federação ou confederação será escolhido dentre os seus
membros, pela diretoria. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.693, de
23.12.1955)
§ 4º. O Conselho de Representantes será formado pelas delegações dos
sindicatos ou das federações filiadas, constituída cada delegação de 2 (dois)
membros com mandato por 3 (três) anos, cabendo um voto a cada delegação.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 771, de 19.08.1969)
§ 5º. A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão
financeira. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 2.693, de 23.12.1955)
Art. 539. Para a constituição e administração das federações serão observadas,
no que for aplicável, as disposições das Seções II e III do presente Capítulo.

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SEÇÃO VI
DOS DIREITOS DOS EXERCENTES DE ATIVIDADES OU PROFISSÕES E DOS
SINDICALIZADOS
Art. 540. A toda empresa ou indivíduo que exerçam, respectivamente, atividade
ou profissão, desde que satisfaçam às exigências desta lei, assiste o direito de ser
admitido no sindicato da respectiva categoria, salvo o caso de falta de idoneidade,
devidamente comprovada, com recurso para o Ministério do Trabalho.
§ 1º. Perderá os direitos de associado o sindicalizado que por qualquer motivo
deixar o exercício de atividade ou de profissão.
§ 2º. Os associados de sindicatos de empregados, agentes ou trabalhadores
autônomos e de profissões liberais que forem aposentados, estiverem em
desemprego ou falta de trabalho ou tiverem sido convocados para prestação de
serviço militar, não perderão os respectivos direitos sindicais e ficarão isentos de
qualquer contribuição, não podendo, entretanto, exercer cargo de administração
sindical ou de representação econômica ou profissional.
Art. 541. Os que exercerem determinada atividade ou profissão onde não haja
sindicato da respectiva categoria, ou de atividade ou profissão similar ou conexa,
poderão filiar-se a sindicato de profissão idêntica, similar ou conexa, existente na
localidade mais próxima.
Parágrafo único. O disposto neste artigo se aplica aos sindicatos em relação às
respectivas federações, na conformidade do quadro de atividades e profissões a
que se refere o artigo 577.
Art. 542. De todo o ato lesivo de direitos ou contrários a esta lei, emanado da
diretoria, do conselho ou da assembléia geral da entidade sindical, poderá
qualquer exercente de atividade ou profissão recorrer, dentro de 30 dias, para a
autoridade competente do Ministério do Trabalho.
Art. 543. O empregado eleito para o cargo de administração sindical ou
representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não
poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou
mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições
sindicais. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. O empregado perderá o mandato se a transferência for por ele solicitada ou
voluntariamente aceita. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
§ 2º. Considera-se de licença não remunerada, salvo assentimento da empresa
ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado se ausentar do trabalho no
desempenho das funções a que se refere este artigo. (Redação dada ao parágrafo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir
do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação
de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do
seu mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, salvo se cometer falta
grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. (Redação dada ao

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parágrafo pela Lei nº 7.543, de 02.10.1986)
§ 4º. Considera-se cargo de direção ou de representação sindical aquele cujo
exercício ou indicação decorre de eleição prevista em lei. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 7.223, de 02.10.1984)
§ 5º. Para os fins deste artigo, a entidade sindical comunicará por escrito à
empresa, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, o dia e a hora do registro da
candidatura do seu empregado e, em igual prazo, sua eleição e posse,
fornecendo, outrossim, a este comprovante no mesmo sentido. O Ministério do
Trabalho fará no mesmo prazo a comunicação no caso da designação referida no
final do § 4º. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 6º. A empresa que, por qualquer modo, procurar impedir que o empregado se
associe ao sindicato, organize associação profissional ou sindical ou exerça os
direitos inerentes à condição de sindicalizado, fica sujeita à penalidade prevista na
letra "a" do artigo 553, sem prejuízo da reparação a que tiver direito o empregado.
(Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 544. É livre a associação profissional ou sindical, mas ao empregado
sindicalizado é assegurado, em igualdade de condições, preferência: (Redação
dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
I - para a admissão nos trabalhos de empresa que explore serviços públicos ou
mantenha contrato com os poderes públicos; (Redação dada ao inciso pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
II - para ingresso em funções públicas ou assemelhadas, em caso de cessação
coletiva de trabalho por motivo de fechamento de estabelecimento; (Redação
dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
III - nas concorrências para aquisição de casa própria, pelo Plano Nacional de
Habitação ou por intermédio de quaisquer instituições públicas; (Redação dada ao
inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
IV - nos loteamentos urbanos ou rurais, promovidos pela União, por seus órgãos
de administração direta ou indireta ou sociedade de econmia mista;
V - na locação ou compra de imóveis, de propriedade de pessoa de direito
público ou sociedade de economia mista, quando sob ação de despejo em
tramitação judicial; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
VI - na concessão de empréstimos simples concedidos pelas agências
financeiras do Governo ou a ele vinculadas; (Redação dada ao inciso pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
VII - na aquisição de automóveis, outros veículos e instrumentos relativos ao
exercício da profissão, quando financiados pelas autarquias, sociedade de
economia mista ou agências financeiras do Governo; (Redação dada ao inciso
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
VIII - (Revogado pela Lei nº 8.630, de 25.02.1993)
IX - na concessão de bolsas de estudos para si ou para seus filhos, obedecida a
legislação que regule a matéria. (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar em folha de pagamento
dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as

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contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados, salvo quanto à
contribuição sindical, cujo desconto independe dessas formalidades. (Redação
dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
Parágrafo único. O recolhimento à entidade sindical beneficiária do importe
descontado deverá ser feito até o 10º (décimo) dia subsequente ao do desconto,
sob pena de juros de mora no valor de 10% (dez por cento) sobre o montante
retido, sem prejuízo da multa prevista no artigo 553, e das cominações penais
relativas à apropriação indébita. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 925,
de 10.10.1969)
Art. 546. Às empresas sindicalizadas é assegurada preferência, em igualdade de
condições, nas concorrências para exploração de serviços públicos, bem como
nas concorrências para fornecimento às repartições federais, estaduais e
municipais e às entidades paraestatais.
Art. 547. É exigida a qualidade de sindicalizado para o exercício de qualquer
função representativa de categoria econômica ou profissional, em órgão oficial de
deliberação coletiva, bem como para o gozo de favores ou isenções tributárias,
salvo em se tratando de atividades não econômicas.
Parágrafo único. Antes da posse ou exercício das funções a que alude o artigo
anterior ou de concessão dos favores, será indispensável comprovar a
sindicalização, ou oferecer prova mediante certidão negativa, da autoridade
regional do Ministério do Trabalho, de que não existe sindicato no local onde o
interessado exerce a respectiva atividade ou profissão.
SEÇÃO VII
DA GESTÃO FINANCEIRA DO SINDICATO E SUA FISCALIZAÇÃO
Art. 548. Constituem o patrimônio das associações sindicais:

a) as contribuições devidas aos sindicatos pelos que participem das categorias


econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas
referidas entidades, sob a denominação de contribuição sindical, pagas e
arrecadadas na forma do Capítulo III deste Título;
b) as contribuições dos associados, na forma estabelecida nos estatutos ou
pelas assembléias gerais;
c) os bens e valores adquiridos e as rendas produzidas pelos mesmos;
d) as doações e legados;
e) as multas e outras rendas eventuais.
Art. 549. A receita dos sindicatos, federações e confederações só poderá ter
aplicação na forma prevista nos respectivos orçamentos anuais, obedecidas as
disposições estabelecidas na lei e nos seus estatutos.
§ 1º. Para alienação, locação ou aquisição de bens imóveis, ficam as entidades
sindicais obrigadas a realizar avaliação prévia, pela Caixa Econômica Federal ou
pelo Banco Nacional da Habitação ou, ainda, por qualquer outra organização
legalmente habilitada a tal fim.
§ 2º. Os bens imóveis das entidades sindicais não serão alienados sem a prévia
autorização das respectivas assembléias gerais, reunidas com a presença da

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maioria absoluta dos associados com direito a voto ou dos Conselhos de
Representantes com a maioria absoluta dos seus membros.
§ 3º. Caso não seja obtido o quorum estabelecido no parágrafo anterior, a
matéria poderá ser decidida em nova assembléia geral, reunida com qualquer
número de associados com direito a voto, após o transcurso de 10 (dez) dias da
primeira convocação.
§ 4º. Nas hipóteses previstas nos §§ 2º e 3º a decisão somente terá validade se
adotada pelo mínimo de 2/3 (dois terços) dos presentes, em escrutínio secreto.
§ 5º. Da deliberação da assembléia geral, concernente à alienação de bens
imóveis, caberá recurso voluntário, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, ao
Ministério do Trabalho, com efeito suspensivo.
§ 6º. A venda do imóvel será efetuada pela diretoria da entidade, após a decisão
da Assembléia Geral ou do Conselho de Representantes, mediante concorrência
pública, com edital publicado no "Diário Oficial" da União e na imprensa diária,
com antecedência mínima de 30 (trinta) dias da data de sua realização.
§ 7º. Os recursos destinados ao pagamento total ou parcelado dos bens imóveis
adquiridos serão consignados, obrigatoriamente, nos orçamentos anuais das
entidades sindicais. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 550. Os orçamentos das entidades sindicais serão aprovados, em escrutínio
secreto, pelas respectivas Assembléias Gerais ou Conselho de Representantes,
até 30 (trinta) dias antes do início do exercício financeiro a que se referem, e
conterão a discriminação da receita e da despesa, na forma das instruções e
modelos expedidos pelo Ministério do Trabalho.
§ 1º. Os orçamentos, após a aprovação prevista no presente artigo, serão
publicados, em resumo, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da
realização da respectiva Assembléia Geral ou da reunião do Conselho de
Representantes, que os aprovou, observada a seguinte sistemática:
a) no "Diário Oficial" da União - Seção I - Parte II, os orçamentos das
confederações, federações e sindicatos de base interestadual ou nacional;
b) no órgão de imprensa oficial do Estado ou Território ou jornal de grande
circulação local, os orçamentos das federações estaduais e sindicatos distritais,
municipais, intermunicipais e estaduais.
§ 2º. As dotações orçamentárias que se apresentarem insuficientes para o
atendimento das despesas, ou não incluídas nos orçamentos correntes, poderão
ser ajustadas no fluxo dos gastos, mediante a abertura de créditos adicionais
solicitados pela Diretoria da entidade às respectivas Assembléias Gerais ou
Conselhos de Representantes, cujos atos concessórios serão publicados até o
último dia do exercício correspondente, obedecida a mesma sistemática prevista
no parágrafo anterior.
§ 3º. Os créditos adicionais classificam-se em:
a) suplementares, os destinados a reforçar dotações alocadas no orçamento; e
b) especiais, os destinados a incluir dotações no orçamento, a fim de fazer face
às despesas para as quais não se tenha consignado crédito específico.
§ 4º. A abertura dos créditos adicionais depende da existência de receita para
sua compensação, considerando-se, para esse efeito, desde que não
comprometidos:

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a) o superavit financeiro apurado em balanço do exercício anterior;
b) o excesso de arrecadação, assim entendido o saldo positivo da diferença
entre a renda prevista e a realizada, tendo-se em conta, ainda, a tendência do
exercício; e
c) a resultante da anulação parcial ou total de dotações alocadas no orçamento
ou de créditos adicionais abertos no exercício.
§ 5º. Para efeito orçamentário e contábil sindical, o exercício financeiro coincidirá
com o ano civil, a ele pertencendo todas as receitas arrecadadas e as despesas
compromissadas. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, 09.12.1976)
Art. 551. Todas as operações de ordem financeira e patrimonial serão
evidenciadas pelos registros contábeis das entidades sindicais, executados sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, em conformidade com o
plano de contas e as instruções baixadas pelo Ministério do Trabalho.
§ 1º. A escrituração contábil a que se refere este artigo será baseada em
documentos de receita e despesa, que ficarão arquivados nos serviços de
contabilidade, à disposição dos órgãos responsáveis pelo acompanhamento
administrativo e da fiscalização financeira da própria entidade, ou do controle que
poderá ser exercido pelos órgãos da União, em face da legislação específica.
§ 2º. Os documentos comprobatórios dos atos de receita e despesa, a que se
refere o parágrafo anterior, poderão ser incinerados, após decorridos 5 (cinco)
anos da data de quitação das contas pelo órgão competente.
§ 3º. É obrigatório o uso do livro Diário, encadernado, com folhas seguidas e
tipograficamente numeradas, para a escrituração, pelo método das partidas
dobradas, diretamente ou por reprodução, dos atos ou operações que modifiquem
ou venham a modificar a situação patrimonial da entidade, o qual conterá,
respectivamente, na primeira e na última páginas, os termos de abertura e de
encerramento.
§ 4º. A entidade sindical que se utilizar de sistema mecânico ou eletrônico para
sua escrituração contábil, poderá substituir o Diário e os livros facultativos ou
auxiliares por fichas ou formulários contínuos, cujos lançamentos deverão
satisfazer a todos os requisitos e normas de escrituração exigidos com relação
aos livros mercantis, inclusive no que respeita a termos de abertura e de
encerramento e numeração sequencial e tipográfica.
§ 5º. Na escrituração por processos de fichas ou formulários contínuos, a
entidade adotará livro próprio para inscrição do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado do exercício, o qual conterá os mesmos requisitos
exigidos para os livros de escrituração.
§ 6º. Os livros e fichas ou formulários contínuos serão obrigatoriamente
submetidos a registro e autenticação das Delegacias Regionais do Trabalho
localizadas na base territorial da entidade.
§ 7º. As entidades sindicais manterão registro específico dos bens de qualquer
natureza de sua propriedade, em livros ou fichas próprias, que atenderão às
mesmas formalidades exigidas para o livro Diário, inclusive no que se refere ao
registro e autenticação da Delegacia Regional do Trabalho local.
§ 8º. As contas dos administradores das entidades sindicais serão aprovadas,
em escrutínio secreto, pelas respectivas Assembléias Gerais ou Conselhos de

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Representantes, com prévio parecer do Conselho Fiscal, cabendo ao Ministro do
Trabalho estabelecer prazos e procedimentos para sua elaboração e destinação.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, 09.12.1976)
Art. 552. Os atos que importem em malversação ou dilapidação do patrimônio
das associações ou entidades sindicais ficam equiparados ao crime de peculato,
julgado e punido na conformidade da legislação penal. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
SEÇÃO VIII
DAS PENALIDADES
Art. 553. As infrações ao disposto neste capítulo serão punidas, segundo seu
caráter e a sua gravidade, com as seguintes penalidades: (Redação dada ao
caput nos termos da Lei nº 6.205, 29.04.1975)
a) multa de 6 (seis) valores-de-referência a 300 (trezentos) valores-de-referência
regionais, dobrada na reincidência; (Redação dada à alínea nos termos da Lei nº
6.205, 29.04.1975, e de acordo com a Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
b) suspensão de diretores por prazo não superior a 30 (trinta) dias;
c) destituição de diretores ou de membros de conselho;
d) fechamento de sindicato, federação ou confederação por prazo nunca superior
a 6 (seis) meses;
e) cassação da carta de reconhecimento;
f) multa de 1/3 (um terço) do salário mínimo regional, aplicável ao associado que
deixar de cumprir, sem causa justificada, o disposto no parágrafo único do artigo
529. (Alínea acrescentada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. A imposição de penalidades aos administradores não exclui a aplicação das
que este artigo prevê para a associação. (Antigo parágrafo único renumerado pelo
Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
§ 2º. Poderá o Ministro do Trabalho determinar o afastamento preventivo de
cargo ou representação sindicais de seus exercentes, com fundamento em
elementos constantes de denúncia formalizada que constituam indício veemente
ou início de prova bastante do fato e da autoria denunciados. (Parágrafo
acrescentado pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
Art. 554. Destituída a administração, na hipótese da alínea "c" do artigo anterior,
o Ministro do Trabalho e Previdência Social nomeará um delegado para dirigir a
associação e proceder, dentro do prazo de 90 (noventa) dias, em assembléia geral
por ele convocada e presidida, à eleição dos novos diretores e membros do
conselho fiscal. (Prejudicado pelo artigo 8º, I, da CF).
Art. 555. A pena de cassação da carta de reconhecimento será imposta à
entidade sindical:
a) que deixar de satisfazer as condições de constituição e funcionamento
estabelecidas nesta lei;
b) que se recusar ao cumprimento de ato do Presidente da República, no uso da
faculdade conferida pelo artigo 536;
c) que criar obstáculos à execução da política econômica adotada pelo Governo.

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(Prejudicado pelo artigo 8º, I, da CF) (Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº
8.080, de 11.10.1945)
Art. 556. A cassação da carta de reconhecimento da entidade sindical não
importará no cancelamento de seu registro, nem, consequentemente, na sua
dissolução, que se processará de acordo com as disposições da lei que regula a
dissolução das associações civis.
Parágrafo único. No caso de dissolução, por se achar a associação incursa nas
leis que definem crimes contra a personalidade internacional, a estrutura e a
segurança do Estado e a ordem política e social, os seus bens, pagas as dívidas
decorrentes das suas responsabilidades, serão incorporados ao patrimônio da
União e aplicados em obras de assistência social. (Prejudicado pelo artigo 8º, I, da
CF).
Art. 557. As penalidades de que trata o artigo 553 serão impostas:
a) as das alíneas "a" e "b", pelo Secretário da Secretaria de Relações do
Trabalho, com recurso para o Ministro de Estado;
b) as demais, pelo Ministro de Estado.
§ 1º. Quando se tratar de associações de grau superior, as penalidades serão
impostas pelo Ministro de Estado, salvo se a pena for de cassação da carta de
reconhecimento de confederação, caso em que a pena será imposta pelo
Presidente da República.
§ 2º. Nenhuma pena será imposta sem que seja assegurada defesa ao acusado.
(Prejudicado pelo artigo 8º, I, da CF).
SEÇÃO IX
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 558. São obrigadas ao registro todas as associações profissionais
constituídas por atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, de
acordo com o artigo 511 e na conformidade do quadro de atividades e profissões a
que alude o Capítulo II deste Título. As associações profissionais registradas nos
termos deste artigo poderão representar, perante as autoridades administrativas e
judiciárias, os interesses individuais dos associados relativos à sua atividade ou
profissão, sendo-lhes também extensivas as prerrogativas contidas na alínea "d" e
no parágrafo único do artigo 513.
§ 1º. O registro a que se refere o presente artigo competirá às Delegacias
Regionais do Ministério do Trabalho ou às repartições autorizadas em virtude da
lei. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969)
§ 2º. O registro das associações far-se-á mediante requerimento, acompanhado
da cópia autêntica dos estatutos e da declaração do número de associados, do
patrimônio e dos serviços sociais organizados.
§ 3º. As alterações dos estatutos das associações profissionais não entrarão em
vigor sem aprovação da autoridade que houver concedido o respectivo registro.
Art. 559. O Presidente da República, excepcionalmente e mediante proposta do
Ministro do Trabalho, fundada em razões de utilidade pública, poderá conceder,
por decreto, às associações civis constituídas para a defesa e coordenação de
interesses econômicos e profissionais e não obrigadas ao registro previsto no

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artigo anterior, a prerrogativa da alínea "d" do artigo 513 deste capítulo.
Art. 560. Não se reputará transmissão de bens, para efeitos fiscais, a
incorporação do patrimônio de uma associação profissional ao da entidade
sindical, ou das entidades aludidas entre si.
Art. 561. A denominação "sindicato" é privativa das associações profissionais de
primeiro grau, reconhecidas na forma desta lei.
Art. 562. As expressões "federação" e "confederação", seguidas da designação
de uma atividade econômica ou profissional, constituem denominação privativa
das entidades sindicais de grau superior.
Art. 563. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 925, de 10.10.1969 - DOU 13.10.1969)
Art. 564. Às entidades sindicais, sendo-lhes peculiar e essencial a atribuição
representativa e coordenadora das correspondentes categorias ou profissões, é
vedado, direta ou indiretamente, o exercício de atividade econômica.
Art. 565. (Revogado pelo Decreto-Lei 1.149, de 28.01.1971)
Art. 566. (Prejudicado pela Constituição Federal - artigo 37, VI)
Art. 567. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 568. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 569. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
CAPÍTULO II
DO ENQUADRAMENTO SINDICAL

Art. 570. Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por categorias


econômicas ou profissionais específicas, na conformidade da discriminação do
quadro das atividades e profissões a que se refere o artigo 577, ou segundo as
subdivisões que, sob proposta da Comissão do Enquadramento Sindical, de que
trata o artigo 576, forem criadas pelo Ministro do Trabalho.
Parágrafo único. Quando os exercentes de quaisquer atividades ou profissões se
constituírem, seja pelo número reduzido, seja pela natureza mesma dessas
atividades ou profissões, seja pelas afinidades existentes entre elas, em condições
tais que não se possam sindicalizar eficientemente pelo critério de especificidade
de categoria, é-lhes permitido sindicalizar-se pelo critério de categorias similares
ou conexas, entendendo-se como tais as que se acham compreendidas nos
limites de cada grupo constante do quadro de atividades e profissões.
Art. 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas na forma do
parágrafo único do artigo anterior poderá dissociar-se do sindicato principal,
formando um sindicato específico, desde que o novo sindicato, a juízo da
Comissão do Enquadramento Sindical, ofereça possibilidade de vida associativa
regular e de ação sindical eficiente.

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Art. 572. Os sindicatos que se constituírem por categorias similares ou conexas,
nos termos do parágrafo único do artigo 570, adotarão denominação em que
fiquem, tanto quanto possível, explicitamente mencionadas as atividades ou
profissões concentradas, de conformidade com o quadro das atividades e
profissões, ou se se tratar de subdivisões, de acordo com o que determinar a
Comissão do Enquadramento Sindical.
Parágrafo único. Ocorrendo a hipótese do artigo anterior, o sindicato principal
terá a denominação alterada, eliminando-se-lhe a designação relativa à atividade
ou profissão dissociada.
Art. 573. O agrupamento dos sindicatos em federações obedecerá às mesmas
regras que as estabelecidas neste Capítulo para o agrupamento das atividades e
profissões em sindicatos.
Parágrafo único. As federações de sindicatos de profissões liberais poderão ser
organizadas independentemente do grupo básico da confederação, sempre que
as respectivas profissões se acharem submetidas, por disposições de lei, a um
único regulamento. (Antigo parágrafo primeiro passado a parágrafo único pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967, que revogou o parágrafo segundo)
Art. 574. Dentro da mesma base territorial, as empresas industriais do tipo
artesanal poderão constituir entidades sindicais, de primeiro e segundo graus,
distintas das associações das empresas congêneres, de tipo diferente.
Parágrafo único. Compete à Comissão do Enquadramento Sindical definir, de
modo genérico, com a aprovação do Ministro do Trabalho, a dimensão e os
demais característicos das empresas industriais de tipo artesanal. (Artigo e
parágrafo revogados pelo artigo 8º, I, da CF).
Art. 575. O quadro de atividades e profissões será revisto de dois em dois anos,
por proposta da Comissão do Enquadramento Sindical, para o fim de ajustá-lo às
condições da estrutura econômica e profissional do País.
§ 1º. Antes de proceder à revisão do quadro, a Comissão deverá solicitar
sugestões às entidades sindicais e às associações profissionais.
§ 2º. A proposta de revisão será submetida à aprovação do Ministro do Trabalho.
(Artigo e parágrafos revogados pelo artigo 8º, I, da CF).
Art. 576. A Comissão do Enquadramento Sindical será constituída pelo
Secretário da Secretaria de Relações do Trabalho, que a presidirá, e pelos
seguintes membros: (Redação dada ao caput pela Lei nº 5.819, de 06.11.1972)
I - 2 (dois) representantes da Secretaria de Relações do Trabalho;
II - 1 (um) representante da Secretaria de Emprego e Salário;
III - 1 (um) representante do Instituto Nacional de Tecnologia, do Ministério da
Indústria e do Comércio;
IV - 1 (um) representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária, do Ministério da Agricultura;
V - 1 (um) representante do Ministério dos Transportes;
VI - 2 (dois) representantes das categorias econômicas; e
VII - 2 (dois) representantes das categorias profissionais.

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§ 1º. Os membros da CES serão designados pelo Ministro do Trabalho,
mediante:
a) indicação dos titulares das Pastas, quanto aos representantes dos outros
Ministérios;
b) indicação do respectivo Secretário, quanto ao da Secretaria de Formação e
Desenvolvimento Profissional;
c) eleição pelas respectivas Confederações, em conjunto, quanto aos
representantes das categorias econômicas e profissionais, de acordo com as
instruções que forem expedidas pelo Ministro do Trabalho.
§ 2º. Cada membro terá um suplente designado juntamente com o titular.
§ 3º. Será de 3 (três) anos o mandato dos representantes das categorias
econômica e profissional.
§ 4º. Os integrantes da Comissão perceberão a gratificação de presença que for
estabelecida por decreto executivo.
§ 5º. Em suas faltas ou impedimentos, o Dirator-Geral do DNT será substituído
na presidência pelo Diretor substituto do Departamento ou pelo representante
desse na Comissão, nesta ordem.
§ 6º. Além das atribuições fixadas no presente Capítulo e concernentes ao
enquadramento sindical, individual ou coletivo, e à classificação das atividades e
profissões, competirá também à CES resolver, com recurso para o Ministro do
Trabalho, todas as dúvidas e controvérsias concernentes à organização sindical.
(Artigo e parágrafos revogados pelo artigo 8º, I, da CF)
Art. 577. O quadro de atividades e profissões em vigor fixará o plano básico do
enquadramento sindical. (Revogado pela CF)
CAPÍTULO III
DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL

SEÇÃO I
DA FIXAÇÃO E DO RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos que participem das
categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas
pelas referidas entidades, serão, sob a denominação de "Contribuição Sindical",
pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo.
Art. 579. A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participarem de
uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão
liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou,
inexistindo este, na conformidade do disposto no artigo 591. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 580. A contribuição sindical será recolhida, de uma só vez, anualmente, e
consistirá:
I - Na importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho, para os
empregados, qualquer que seja a forma da referida remuneração.
II - Para os agentes ou trabalhadores autônomos e para os profissionais liberais,

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numa importância correspondente a 30% (trinta por cento) do valor-de-referência
fixado pelo Poder Executivo, vigente à época em que é devida a contribuição
sindical, arredondada para Cr$ 1,00 (um cruzeiro) a fração porventura existente.
III - Para os empregadores, numa importância proporcional ao capital social da
firma ou empresa, registrado nas respectivas Juntas Comerciais ou órgãos
equivalentes, mediante a aplicação de alíquotas, conforme a seguinte tabela
progressiva:
CLASSE DE CAPITAL ALÍQUOTA

1 - até 150 vezes o valor-de-referência................................................... 0,8%


2 - acima de 150 até 1.500 vezes o valor-de-referência......... .............. 0,2%
3 - acima de 1.500 até 150.000 vezes o valor-de-referência................ 0,1%
4 - acima de 150.000 até 800.000 vezes o valor-de-referência........... 0,02%
§ 1º. A contribuição sindical prevista na tabela constante do item III deste artigo
corresponderá à soma da aplicação das alíquotas sobre a porção do capital
distribuído em cada classe, observados os respectivos limites.
§ 2º. Para efeito do cálculo de que trata a tabela progressiva inserta no item III
deste artigo, considerar-se-á o valor-de-referência fixado pelo Poder Executivo,
vigente à data de competência da contribuição, arredondando-se para Cr$ 1,00
(um cruzeiro) a fração porventura existente.
§ 3º. É fixado em 60% (sessenta por cento) do valor-de-referência a que alude o
parágrafo anterior, a contribuição mínima devida pelos empregadores,
independentemente do capital social da firma ou empresa, ficando, do mesmo
modo, estabelecido o capital social equivalente a 800.000 (oitocentas mil) vezes o
valor-de-referência, para efeito do cálculo da contribuição máxima, respeitada a
tabela progressiva constante do item III. (Redação dada pela Lei nº 7.047, de
01.12.1982)
§ 4º. Os agentes ou trabalhadores autônomos e os profissionais liberais,
organizados em firmas ou empresas, com capital social registrado, recolherão a
contribuição sindical de acordo com a tabela progressiva a que se refere o item III.
§ 5º. As entidades ou instituições que não estejam obrigadas ao registro de
capital social, considerarão, como capital, para efeito do cálculo de que trata a
tabela progressiva constante do item III deste artigo, o valor resultante da
aplicação do percentual de 40% (quarenta por cento) sobre o movimento
econômico registrado no exercício imediatamente anterior, do que darão
conhecimento à respectiva entidade sindical ou à Delegacia Regional do Trabalho,
observados os limites estabelecidos no § 3º deste artigo.
§ 6º. Excluem-se da regra do § 5º as entidades ou instituições que comprovarem,
através de requerimento dirigido ao Ministério do Trabalho, que não exercem
atividade econômica com fins lucrativos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
6.386, de 09.12.1976)
Art. 581. Para os fins do item III do artigo anterior, as empresas atribuirão parte
do respectivo capital às suas sucursais, filiais ou agências, desde que localizadas
fora da base territorial da entidade sindical representativa da atividade econômica
do estabelecimento principal, na proporção das correspondentes operações
econômicas, fazendo a devida comunicação às Delegacias Regionais do
Trabalho, conforme a localidade da sede da empresa, sucursais, filiais ou

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agências.
§ 1º. Quando a empresa realizar diversas atividades econômicas, sem que
nenhuma delas seja preponderante, cada uma dessas atividades será incorporada
à respectiva categoria econômica, sendo a contribuição sindical devida à entidade
sindical representativa da mesma categoria, procedendo-se, em relação às
correspondentes sucursais, agências ou filiais, na forma do presente artigo.
§ 2º. Entende-se por atividade preponderante a que caracterizar a unidade de
produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades
convirjam, exclusivamente, em regime de conexão funcional. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar, da folha de pagamento
de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano, a contribuição
sindical por estes devida aos respectivos sindicatos.
§ 1º. Considera-se um dia de trabalho, para efeito de determinação da
importância a que alude o item I do artigo 580, o equivalente:
a) a uma jornada normal de trabalho, se o pagamento ao empregado for feito por
unidade de tempo;
b) a 1/30 (um trinta avos) da quantia percebida no mês anterior, se a
remuneração for paga por tarefa, empreitada ou comissão.
§ 2º. Quando o salário for pago em utilidades, ou nos casos em que o
empregado receba, habitualmente, gorjetas, a contribuição sindical corresponderá
a 1/30 (um trinta avos) da importância que tiver servido de base, no mês de
janeiro, para a contribuição do empregado à Previdência Social. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados e
trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada ano, e o relativo aos
agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês
de fevereiro.
§ 1º. O recolhimento obedecerá ao sistema de guias, de acordo com as
instruções expedidas pelo Ministro do Trabalho.
§ 2º. O comprovante de depósito da contribuição sindical será remetido ao
respectivo sindicato; na falta deste, à correspondente entidade sindical de grau
superior e, se for o caso, ao Ministério do Trabalho. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 584. Servirá de base para o pagamento da contribuição sindical, pelos
agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais, a lista de
contribuintes organizada pelos respectivos sindicatos e, na falta destes, pelas
federações ou confederações coordenadoras da categoria. (Redação dada pela
Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 585. Os profissionais liberais poderão optar pelo pagamento da contribuição
sindical unicamente à entidade sindical representativa da respectiva profissão,
desde que a exerçam, efetivamente, na firma ou empresa e como tal sejam nelas
registrados.

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Parágrafo único. Na hipótese referida neste artigo, à vista da manifestação do
contribuinte e da exibição da prova de quitação da contribuição, dada por sindicato
de profissionais liberais, o empregador deixará de efetuar, no salário do
contribuinte, o desconto a que se refere o artigo 582. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 586. A contribuição sindical será recolhida, nos meses fixados no presente
Capítulo, à Caixa Econômica Federal, ao Banco do Brasil, ou aos
estabelecimentos bancários nacionais integrantes do sistema de arrecadação dos
tributos federais, os quais, de acordo com instruções expedidas pelo Conselho
Monetário Nacional, repassarão à Caixa Econômica Federal as importâncias
arrecadadas.
§ 1º. Integrarão a rede arrecadadora as Caixas Econômicas Estaduais, nas
localidades onde inexistam os estabelecimentos previstos no caput deste artigo.
§ 2º. Tratando-se de empregador, agentes ou trabalhadores autônomos ou
profissionais liberais, o recolhimento será efetuado pelos próprios, diretamente ao
estabelecimento arrecadador.
§ 3º. A contribuição sindical devida pelos empregados e trabalhadores avulsos
será recolhida pelo empregador e pelo sindicato, respectivamente. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 587. O recolhimento da contribuição sindical dos empregadores efetuar-se-á
no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a estabelecer-se após
aquele mês, na ocasião em que requeiram às repartições o registro ou a licença
para o exercício da respectiva atividade. (Redação dada pela Lei nº 6.386, de
09.12.1976)
Art. 588. A Caixa Econômica Federal manterá conta corrente intitulada
"Depósitos da Arrecadação da Contribuição Sindical", em nome de cada uma das
entidades sindicais beneficiadas, cabendo ao Ministério do Trabalho cientificá-la
das ocorrências pertinentes à vida administrativa dessas entidades.
§ 1º. Os saques na conta corrente referida no caput deste artigo far-se-ão
mediante ordem bancária ou cheque com as assinaturas conjuntas do presidente
e do tesoureiro da entidade sindical.
§ 2º. A Caixa Econômica Federal remeterá, mensalmente, a cada entidade
sindical, um extrato da respectiva conta corrente, e, quando solicitado, aos órgãos
do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de
09.12.1976)
Art. 589. Da importância da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os
seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal, na forma das instruções que
forem expedidas pelo Ministro do Trabalho:
I - 5% (cinco por cento) para a confederação correspondente;
II - 15% (quinze por cento) para a federação;
III - 60% (sessenta por cento) para o sindicato respectivo;
IV - 20% (vinte por cento) para a "Conta Especial Emprego e Salário". (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 590. Inexistindo confederação, o percentual previsto no item I do artigo

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anterior caberá à federação representativa do grupo.
§ 1º. Na falta de federação, o percentual a ela destinado caberá à confederação
correspondente à mesma categoria econômica ou profissional.
§ 2º. Na falta de entidades sindicais de grau superior, o percentual que àquelas
caberia será destinado à "Conta Especial Emprego e Salário".
§ 3º. Não havendo sindicato, nem entidade sindical de grau superior, a
contribuição sindical será creditada, integralmente, à "Conta Especial Emprego e
Salário". (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 591. Inexistindo sindicato, o percentual previsto no item III do artigo 589 será
creditado à federação correspondente à mesma categoria econômica ou
profissional.
Parágrafo único. Na hipótese prevista neste artigo, caberão à confederação os
percentuais previstos nos itens I e II do artigo 589. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 6.386, de 09.12.1976)
SEÇÃO II
DA APLICAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Art. 592. A contribuição sindical, além das despesas vinculadas à sua
arrecadação, recolhimento e controle, será aplicada pelos sindicatos, na
conformidade dos respectivos estatutos, visando aos seguintes objetivos:
I - Sindicatos de empregadores e de agentes autônomos:
a) assistência técnica e jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) realização de estudos econômicos e financeiros;
d) agências de colocação;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) medidas de divulgação comercial e industrial no País, e no estrangeiro, bem
como em outras tendentes a incentivar e aperfeiçoar a produção nacional;
j) feiras e exposições;
l) prevenção de acidentes do trabalho;
m) finalidades desportivas.
II - Sindicatos de empregados:
a) assistência jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) assistência à maternidade;
d) agências de colocação;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral;
j) colônias de férias e centros de recreação;

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l) prevenção de acidentes do trabalho;
m) finalidades desportivas e sociais;
n) educação e formação profissional;
o) bolsas de estudo.
III - Sindicatos de profissionais liberais:
a) assistência jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) assistência à maternidade;
d) bolsas de estudo;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral;
j) colônias de férias e centros de recreação;
l) estudos técnicos e científicos;
m) finalidades desportivas e sociais;
n) educação e formação profissional;
o) prêmio por trabalhos técnicos e científicos.
IV - Sindicatos de trabalhadores autônomos:
a) assistência técnica e jurídica;
b) assistência médica, dentária, hospitalar e farmacêutica;
c) assistência à maternidade;
d) bolsas de estudo;
e) cooperativas;
f) bibliotecas;
g) creches;
h) congressos e conferências;
i) auxílio-funeral;
j) colônias de férias e centros de recreação;
l) educação e formação profissional;
m) finalidades desportivas e sociais.
§ 1º. A aplicação prevista neste artigo ficará a critério de cada entidade, que,
para tal fim, obedecerá, sempre, às peculiaridades do respectivo grupo ou
categoria, facultado ao Ministro do Trabalho permitir a inclusão de novos
programas, desde que acegurados os serviços assistenciais fundamentais da
entidade.
§ 2º. Os sindicatos poderão destacar, em seus orçamentos anuais, até 20%
(vinte por cento) dos recursos da contribuição sindical para o custeio das suas
atividades administrativas, independentemente de autorização ministerial.
§ 3º. O uso da contribuição sindical prevista no § 2º não poderá exceder do valor
total das mensalidades sociais consignadas nos orçamentos dos sindicatos, salvo
autorização expressa do Ministro do Trabalho. (Redação dada ao artigo pela Lei
nº 6.386, de 09.12.1976)
Art. 593. As percentagens atribuídas às entidades sindicais de grau superior
serão aplicadas de conformidade com o que dispuserem os respectivos conselhos
de representantes.

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Art. 594. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
SEÇÃO III
DA COMISSÃO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Art. 595. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
Art. 596. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
Art. 597. (Revogado pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964, DOU 17.12.1964)
SEÇÃO IV
DAS PENALIDADES
Art. 598. Sem prejuízo da ação criminal e das penalidades previstas no artigo
553, serão aplicadas multas de 3/5 (três quintos) a 600 (seiscentos) valores-de-
referência regionais, pelas infrações deste Capítulo, impostas pelas Delegacias
Regionais do Trabalho. (Redação dada ao caput pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Parágrafo único. A gradação da multa atenderá à natureza da infração e às
condições sociais e econômicas do infrator.
Art. 599. Para os profissionais liberais, a penalidade consistirá na suspensão do
exercício profissional, até a necessária quitação, e será aplicada pelos órgãos
públicos ou autárquicos disciplinadores das respectivas profissões mediante
comunicação das autoridades fiscalizadoras.
Art. 600. O recolhimento da contribuição sindical, efetuado fora do prazo referido
neste Capítulo, quando espontâneo, será acrescido da multa de 10% (dez por
cento), nos 30 (trinta) primeiros dias, com o adicional de 2% (dois por cento) por
mês subseqüente de atraso, além de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês
e correção monetária, ficando, nesse caso, o infrator, isento de outra penalidade.
§ 1º. O montante das cominações previstas neste artigo reverterá
sucessivamente:
a) ao sindicato respectivo;
b) à federação respectiva, na ausência de sindicato;
c) à confederação respectiva, inexistindo federação.
§ 2º. Na falta de sindicato ou entidade de grau superior, o montante a que alude
o parágrafo precedente reverterá à conta "Emprego e Salário". (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 6.181, de 11.12.1974, e de acordo com as Leis nºs 6.986, de
13.04.1982, e 7.855, de 24.10.1989)
SEÇÃO V
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 601. No ato da admissão de qualquer empregado, dele exigirá o empregador
a apresentação da prova de quitação da contribuição sindical.
Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao
desconto da contribuição sindical, serão descontados no primeiro mês
subsequente ao do reinício do trabalho.

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Parágrafo único. De igual forma se procederá com os empregados que forem
admitidos depois daquela data e que não tenham trabalhado anteriormente nem
apresentado a respectiva quitação.
Art. 603. Os empregadores são obrigados a prestar aos encarregados da
fiscalização os esclarecimentos necessários ao desempenho de sua missão e a
exibir-lhes, quando exigidos, na parte relativa ao pagamento de empregados, os
seus livros, folhas de pagamento e outros documentos comprobatórios desses
pagamentos, sob pena da multa cabível.
Art. 604. Os agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais são
obrigados a prestar aos encarregados da fiscalização os esclarecimentos que lhes
forem solicitados, inclusive exibição de quitação da contribuição sindical.
Art. 605. As entidades sindicais são obrigadas a promover a publicação de
editais concernentes ao recolhimento da contribuição sindical, durante três dias,
nos jornais de maior circulação local e até dez dias da data fixada para depósito
bancário.
Art. 606. Às entidades sindicais cabe, em caso de falta de pagamento da
contribuição sindical, promover a respectiva cobrança judicial, mediante ação
executiva, valendo como título de dívida a certidão expedida pelas autoridades
regionais do Ministério do Trabalho. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº
925, de 10.10.1969)
§ 1º. O Ministério do Trabalho baixará as instruções regulando a expedição das
certidões a que se refere o presente artigo, das quais deverá constar a
individualização do contribuinte, a indicação do débito e a designação da entidade
a favor da qual é recolhida a importância da contribuição sindical, de acordo com o
respectivo enquadramento sindical.
§ 2º. Para os fins da cobrança judicial da contribuição sindical são extensivos às
entidades sindicais, com exceção do foro especial, os privilégios da Fazenda
Pública, para cobrança da dívida ativa. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 925, de
10.10.1959)
Art. 607. É considerado como documento essencial ao comparecimento às
concorrências públicas ou administrativas e para o fornecimento às repartições
paraestatais ou autárquicas, a prova da quitação da respectiva contribuição
sindical e a de recolhimento da contribuição sindical, descontada dos respectivos
empregados.
Art. 608. As repartições federais, estaduais ou municipais não concederão
registro ou licenças para funcionamento ou renovação de atividades aos
estabelecimentos de empregadores e aos escritórios ou congêneres dos agentes
ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais, nem concederão alvarás de
licença ou localização, sem que sejam exibidas as provas de quitação da
contribuição sindical, na forma do artigo anterior.
Parágrafo único. A não observância do disposto neste artigo acarretará, de pleno
direito, a nulidade dos atos nele referidos, bem como dos mencionados no artigo
607. (Parágrafo único acrescentado pela Lei nº 6.386, de 09.12.1976)

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Art. 609. O recolhimento da contribuição sindical e todos os lançamentos e
movimentos nas contas respectivas são isentos de selos e taxas federais,
estaduais ou municipais.
Art. 610. As dúvidas no cumprimento deste Capítulo serão resolvidas pelo
Secretário de Relações do Trabalho, que expedirá as instruções que se tornarem
necessárias à sua execução. (Redação dada pela Lei nº 4.589, de 11.12.1964)

TÍTULO VI
DAS CONVENÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO

Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo


qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e
profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das
respectivas representações, às relações individuais de trabalho.
§ 1º. É facultado aos sindicatos representativos de categorias profissionais
celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente
categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito
da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho.
§ 2º. As Federações e, na falta destas, as Confederações representativas de
categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de
trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas
em sindicatos, no âmbito de suas representações. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 612. Os sindicatos só poderão celebrar Convenções ou Acordos Coletivos
de Trabalho, por deliberação de Assembléia Geral especialmente convocada para
esse fim, consoante o disposto nos respectivos Estatutos, dependendo a validade
da mesma do comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois
terços) dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos
interessados, no caso de Acordo, e, em segunda, de 1/3 (um terço) dos mesmos.
Parágrafo único. O quorum de comparecimento e votação será de 1/8 (um
oitavo) dos associados em segunda convocação, nas entidades sindicais que
tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 613. As Convenções e os Acordos deverão conter obrigatoriamente:

I - designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas


acordantes;
II - prazo de vigência;
III - categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos
dispositivos;
IV - condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante
sua vigência;
V - normas para a conciliação das divergências surgidas entre os convenentes
por motivo da aplicação de seus dispositivos;

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VI - disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou
parcial de seus dispositivos;
VII - direitos e deveres dos empregados e das empresas;
VIII - penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as
empresas em caso de violação de seus dispositivos.
Parágrafo único. As Convenções e os Acordos serão celebrados por escrito, sem
emendas nem rasuras, em tantas vias quantos forem os Sindicatos convenentes
ou as empresas acordantes, além de uma destinada a registro. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 614. Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão,
conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção
ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no
Departamento Nacional do Salário, em se tratando de instrumento de caráter
nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho, nos
demais casos.
§ 1º. As Convenções e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias após a data de
entrega dos mesmos no órgão referido neste artigo.
§ 2º. Cópias autenticadas das Convenções e dos Acordos deverão ser afixadas
de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas respectivas sedes e
nosestabelecimentos das empresas compreendidas no seu campo de aplicação,
dentro de 5 (cinco) dias da data do depósito previsto neste artigo.
§ 3º. Não será permitido estipular duração de Convenção ou Acordo superior a 2
(dois) anos. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 615. O processo de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação total ou
parcial de Convenção ou Acordo ficará subordinado, em qualquer caso, à
aprovação de Assembléia Geral dos Sindicatos convenentes ou partes
acordantes, com observância do disposto no artigo 612.
§ 1º. O instrumento de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação de
Convenção ou Acordo será depositado, para fins de registro e arquivamento, na
repartição em que o mesmo originariamente foi depositado, observado o disposto
no artigo 614.
§ 2º. As modificações introduzidas em Convenção ou Acordo, por força de
revisão ou de revogação parcial de suas cláusulas, passarão a vigorar 3 (três) dias
após a realização do depósito previsto no § 1º. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 616. Os Sindicatos representativos de categorias econômicas ou
profissionais e as empresas, inclusive as que não tenham representação sindical,
quando provocados, não podem recusar-se à negociação coletiva. (Redação dada
ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 1º. Verificando-se recusa à negociação coletiva, cabe aos Sindicatos ou
empresas interessadas dar ciência do fato, conforme o caso, à Sercretaria de
Relações de Trabalho ou aos órgãos regionais do Ministério do Trabalho, para
convocação compulsória dos Sindicatos ou empresas recalcitrantes. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. No caso de persistir a recusa à negociação coletiva, pelo desatendimento

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às convocações feitas pela Secretaria de Relações de Trabalho ou órgãos
regionais do Ministério do Trabalho, ou se malograr a negociação entabulada, é
facultada aos Sindicatos ou empresas interessadas a instauração de dissídio
coletivo. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 3º. Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio
coletivo deverá ser instaurado dentro dos sessenta dias anteriores ao respectivo
termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse
termo. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 424, de 21.01.1969)
§ 4º. Nenhum processo de dissídio coletivo de natureza econômica será admitido
sem antes se esgotarem as medidas relativas à formalização da Convenção ou
Acordo correspondente. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
Art. 617. Os empregados de uma ou mais empresas que decidirem celebrar
Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas empresas darão ciência de sua
resolução, por escrito, ao Sindicato representativo da categoria profissional, que
terá o prazo de 8 (oito) dias para assumir a direção dos entendimentos entre os
interessados, devendo igual procedimento ser observado pelas empresas
interessadas com relação ao Sindicato da respectiva categoria econômica.
§ 1º. Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha se
desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar conhecimento do
fato à Federação a que estiver vinculado o Sindicato e, em falta dessa, à
correspondente Confederação, para que, no mesmo prazo, assuma a direção dos
entendimentos. Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir
diretamente na negociação coletiva até final.
§ 2º. Para o fim de deliberar sobre o Acordo, a entidade sindical convocará
assembléia geral dos diretamente interessados, sindicalizados ou não, nos termos
do artigo 612. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 618. As empresas e instituições que não estiverem incluídas no
enquadramento sindical a que se refere o artigo 577 desta Consolidação poderão
celebrar Acordos Coletivos de Trabalho com os Sindicatos representativos dos
respectivos empregados, nos termos deste Título. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 619. Nenhuma disposição de contrato individual de trabalho que contrarie
normas de Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho poderá prevalecer na
execução do mesmo, sendo considerada nula de pleno direito. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 620. As condições estabelecidas em Convenção, quando mais favoráveis,
prevalecerão sobre as estipuladas em Acordo. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 621. As Convenções e os Acordos poderão incluir entre suas cláusulas
disposição sobre a constituição e funcionamento de comissões mistas de consulta
e colaboração, no plano da empresa e sobre participação nos lucros. Estas
disposições mencionarão a forma de constituição, o modo de funcionamento e as
atribuições das comissões, assim como o plano de participação, quando for o

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caso. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 622. Os empregados e as empresas que celebrarem contratos individuais de
trabalho, estabelecendo condições contrárias ao que tiver sido ajustado em
Convenção ou Acordo que lhes for aplicável, serão passíveis da multa neles
fixada.
Parágrafo único. A multa a ser imposta ao empregado não poderá exceder da
metade daquela que, nas mesmas condições, seja estipulada para a empresa.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 623. Será nula de pleno direito disposição de Convenção ou Acordo que,
direta ou indiretamente, contrarie proibição ou norma disciplinadora da política
econômico-financeira do Governo ou concernente à política salarial vigente, não
produzindo quaisquer efeitos perante autoridades e repartições públicas, inclusive
para fins de revisão de preços e tarifas de mercadorias e serviços.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a nulidade será declarada, de ofício
ou mediante representação, pelo Ministro do Trabalho, ou pela Justiça do
Trabalho em processo submetido ao seu julgamento. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 624. A vigência de cláusula de aumento ou reajuste salarial, que implique
elevação de tarifas ou de preços sujeitos à fixação por autoridade pública ou
repartição governamental, dependerá de prévia audiência dessa autoridade ou
repartição e sua expressa declaração no tocante à possibilidade de elevação da
tarifa ou do preço e quanto ao valor dessa elevação. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 625. As controvérsias resultantes da aplicação de Convenção ou de Acordo
celebrado nos termos deste Título serão dirimidas pela Justiça do Trabalho.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)

TÍTULO VI-A
DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

(Título acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em


vigor a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de
Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados
e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais
do trabalho.
Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser
constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-B. A Comissão instituída no âmbito da empresa será composta de, no
mínimo, dois e, no máximo, dez membros, e observará as seguintes normas:

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I - a metade de seus membros será indicada pelo empregador e a outra metade
eleita pelos empregados, em escrutínio secreto, fiscalizado pelo sindicato da
categoria profissional;
II - haverá na Comissão tantos suplentes quantos forem os representantes
titulares;
III - o mandato dos seus membros, titulares e suplentes, é de um ano, permitida
uma recondução.
§ 1º É vedada a dispensa dos representantes dos empregados membros da
Comissão de Conciliação Prévia, titulares e suplentes, até um ano após o final do
mandato, salvo se cometeram falta grave, nos termos da lei.
§ 2º O representante dos empregados desenvolverá seu trabalho normal na
empresa, afastando-se de suas atividades apenas quando convocado para atuar
como conciliador, sendo computado como tempo de trabalho efetivo o despendido
nessa atividade. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-C. A Comissão instituída no âmbito do sindicato terá sua constituição e
normas de funcionamento definidas em convenção ou acordo coletivo. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à
Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços,
houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da
categoria.
§ 1º A demanda será formulada por escrito ou reduzida a termo por qualquer dos
membros da Comissão, sendo entregue cópia datada e assinada pelo membro
aos interessados.
§ 2º Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao
empregador declaração da tentativa conciliatória frustrada com a descrição de seu
objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser juntada à eventual
reclamação trabalhista.
§ 3º em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento
previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição inicial da
ação intentada perante a Justiça do Trabalho.
§ 4º Caso exista, na mesma localidade e para a mesma categoria, Comissão de
empresa e Comissão sindical, o interessado optará por uma delas para submeter
a sua demanda, sendo competente aquela que primeiro conhecer do pedido.
(Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor
a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado,
pelo empregador ou seu preposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se
cópia às partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá
eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
(Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor
a partir de 90 dias da data de publicação)

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Art. 625-F. As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de dez dias para a
realização da sessão de tentativa de conciliação a partir da provocação do
interessado.
Parágrafo único. Esgotado o prazo sem a realização da sessão, será fornecida, no
último dia do prazo, a declaração a que se refere o § 2º do art. 625-D. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da
Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir
da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art.
625-F. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000,
em vigor a partir de 90 dias da data de publicação)
Art. 625-H. Aplicam-se aos Núcleos Intersindicais de Conciliação Trabalhista em
funcionamento ou que vierem a ser criados, no que couber, as disposições
previstas neste Título, desde que observados os princípios da paridade e da
negociação coletiva na sua constituição. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.958,
de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 90 dias da data de
publicação)

TÍTULO VII
DO PROCESSO DE MULTAS ADMINISTRATIVAS

CAPÍTULO I
DA FISCALIZAÇÃO, DA AUTUAÇÃO E DA IMPOSIÇÃO DE MULTAS

Art. 626. Incumbe às autoridades competentes do Ministério do Trabalho, ou


àquelas que exerçam funções delegadas, a fiscalização do fiel cumprimento das
normas de proteção ao trabalho.
Parágrafo único. Os fiscais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e das
entidades paraestatais em geral, dependentes do Ministério do Trabalho, serão
competentes para a fiscalização a que se refere o presente artigo, na forma das
instruções que forem expedidas pelo Ministro do Trabalho.
Art. 627. A fim de promover a instrução dos responsáveis no cumprimento das
leis de proteção do trabalho, a fiscalização deverá observar o critério da dupla
visita nos seguintes casos:
a) quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou
instruções ministeriais, sendo que, com relação exclusivamente a esses atos, será
feita apenas a instrução dos responsáveis;
b) em se realizando a primeira inspeção dos estabelecimentos ou dos locais de
trabalho, recentemente inaugurados ou empreendidos.
Art. 627-A. Poderá ser instaurado procedimento especial para a ação fiscal,
objetivando a orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho,
bem como a prevenção e o saneamento de infrações à legislação mediante Termo

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de Compromisso, na forma a ser disciplinada no Regulamento da Inspeção do
Trabalho. (NR) (Artigo acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de
26.07.2000, DOU 27.07.2000)
Art. 628. Salvo o disposto nos arts. 627 e 627-A, a toda verificação em que o
Auditor-Fiscal do Trabalho concluir pela existência de violação de preceito legal
deve corresponder, sob pena de responsabilidade administrativa, a lavratura de
auto de infração. (NR) (Redação dada ao caput pela Medida Provisória nº 1.952-
26, de 26.07.2000, DOU 27.07.2000)
§ 1º. Ficam as empresas obrigadas a possuir o livro intitulado "Inspeção do
Trabalho", cujo modelo será aprovado por portaria ministerial.
§ 2º. Nesse livro, registrará o fiscal do trabalho sua visita ao estabelecimento,
declarando a data e a hora do início e término da mesma, bem como o resultado
da inspeção, nele consignando, se for o caso, todas as irregularidades verificadas
e as exigências feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento e, ainda,
de modo legível, os elementos de sua identificação funcional.
§ 3º. Comprovada má-fé do agente de inspeção do trabalho, quanto à omissão
ou lançamento de qualquer elemento no livro, responderá ele por falta grave no
cumprimento do dever, ficando passível, desde logo, da pena de suspensão até
30 (trinta) dias, instaurando-se, obrigatoriamente, em caso de reincidência,
inquérito administrativo.
§ 4º. A lavratura de autos contra empresas fictícias e de endereços inexistentes,
assim como a apresentação de falsos relatórios, constituem falta grave punível na
forma do § 3º. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 629. O auto de infração será lavrado em duplicata, nos termos dos modelos
e instruções expedidos, sendo uma via entregue ao infrator, contra recibo, ou ao
mesmo enviada, dentro de 10 (dez) dias da lavratura, sob pena de
responsabilidade, em registro postal, com franquia e recibo de volta.
§ 1º. O auto não terá o seu valor probante condicionado à assinatura do infrator
ou de testemunhas e será lavrado no local da inspeção, salvo havendo motivo
justificado que será declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de responsabilidade.
§ 2º. Lavrado o auto de infração, não poderá ele ser inutilizado, nem sustado o
curso do respectivo processo, devendo o agente de inspeção apresentá-lo à
autoridade competente, mesmo se incidir em erro.
§ 3º. O infrator terá, para apresentar defesa, o prazo de 10 (dez) dias contados
do recebimento do auto.
§ 4º. O auto de infração será registrado com a indicação sumária de seus
elementos característicos, em livro próprio que deverá existir em cada órgão
fiscalizador, de modo a assegurar o controle do seu processamento. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 630. Nenhum Agente da Inspeção do Trabalho poderá exercer as
atribuições do seu cargo sem exibir a carteira de identidade fiscal dos Agentes da
Inspeção do Trabalho devidamente autenticada, fornecida pela autoridade
competente.

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§ 1º. É proibida a outorga de identidade fiscal a quem não esteja autorizado, em
razão do cargo ou função, a exercer ou praticar, no âmbito da legislação
trabalhista, atos de fiscalização.
§ 2º. A credencial a que se refere este artigo deverá ser devolvida para
inutilização, sob as penas da lei, em casos de provimento em outro cargo público,
exoneração ou demissão, bem como nos de licenciamento por prazo superior a 60
(sessenta) dias e de suspensão do exercício do cargo.
§ 3º. O Agente da Inspeção do Trabalho terá livre acesso a todas as
dependências dos estabelecimentos sujeitos ao regime da legislação trabalhista,
sendo as empresas, por seus dirigentes ou prepostos, obrigadas a prestar-lhe os
esclarecimentos necessários ao desempenho de suas atribuições legais e a exibir-
lhe, quando exigidos, quaisquer documentos que digam respeito ao fiel
cumprimento das normas de proteção ao trabalho.
§ 4º. Os documentos sujeitos à inspeção deverão permanecer, sob as penas da
lei, nos locais de trabalho, somente se admitindo, por exceção, a critério da
autoridade competente, sejam os mesmos apresentados em dia e hora
previamente fixados pelo Agente da Inspeção.
§ 5º. No território do exercício de sua função, o Agente da Inspeção gozará de
passe livre nas empresas de transportes, públicas ou privadas, mediante a
apresentação da carteira de identidade fiscal.
§ 6º. A inobservância do disposto nos parágrafos 3º, 4º e 5º configurará
resistência ou embaraço à fiscalização e justificará a lavratura do respectivo auto
de infração, cominada a multa de valor igual a 15 (quinze) vezes o valor-de-
referência até 150 (cento e cinqüenta) vezes esse valor, levando-se em conta,
além das circunstâncias atenuantes ou agravantes, a situação econômico-
financeira do infrator e os meios a seu alcance para cumprir a lei.
§ 7º. Para o efeito do disposto no § 5º, a autoridade competente divulgará, em
janeiro e julho de cada ano, a relação dos Agentes da Inspeção do Trabalho
titulares da carteira de identidade fiscal.
§ 8º. As autoridades policiais, quando solicitadas, deverão prestar aos Agentes
da Inspeção do Trabalho a assistência de que necessitem para o fiel cumprimento
de suas atribuições legais. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
Art. 631. Qualquer funcionário público federal, estadual ou municipal, ou
representante legal de associação sindical, poderá comunicar à autoridade
competente do Ministério do Trabalho as infrações que verificar.
Parágrafo único. De posse dessa comunicação, a autoridade competente
procederá desde logo às necessárias diligências, lavrando os autos de que haja
mister.
Art. 632. Poderá o autuado requerer a audiência de testemunhas e as diligências
que lhe parecerem necessárias à elucidação do processo, cabendo, porém, à
autoridade, julgar da necessidade de tais provas.
Art. 633. Os prazos para defesa ou recurso poderão ser prorrogados, de acordo
com despacho expresso da autoridade competente, quando o autuado residir em
localidade diversa daquela onde se achar essa autoridade.

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Art. 634. Na falta de disposição especial, a imposição das multas incumbe às
autoridades regionais competentes em matéria de trabalho, na forma estabelecida
por este Título.
Parágrafo único. A aplicação da multa não eximirá o infrator da responsabilidade
em que incorrer por infração das leis penais.
CAPÍTULO II
DOS RECURSOS

Art. 635. De toda decisão que impuser multa por infração das leis e disposições
reguladoras do trabalho, e não havendo forma especial de processo, caberá
recurso para a Secretaria do Ministério do Trabalho, que for competente na
matéria.
Parágrafo único. As decisões serão sempre fundamentadas. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 636. Os recursos devem ser interpostos no prazo de 10 (dez) dias, contados
do recebimento da notificação, perante a autoridade que houver imposto a multa,
a qual, depois de os informar, encaminhá-los-á à autoridade de instância superior.
§ 1º. O recurso só terá seguimento se o interessado o instruir com a prova do
depósito da multa.
§ 2º. A notificação somente será realizada por meio de edital, publicado no órgão
oficial, quando o infrator estiver em lugar incerto e não sabido.
§ 3º. A notificação de que trata este artigo fixará igualmente o prazo de 10 (dez)
dias para que o infrator recolha o valor da multa, sob pena de cobrança executiva.
§ 4º. As guias de depósito ou recolhimento serão emitidas em 3 (três) vias e o
recolhimento da multa deverá proceder-se dentro de 5 (cinco) dias às repartições
federais competentes, que escrutinarão a receita a crédito do Ministério do
Trabalho.
§ 5º. A segunda via da guia do recolhimento será devolvida pelo infrator à
repartição que a emitiu, até o sexto dia depois de sua expedição, para a
averbação no processo.
§ 6º. A multa será reduzida de 50% (cinqüenta por cento) se o infrator,
renunciando ao recurso, a recolher ao Tesouro Nacional dentro do prazo de 10
(dez) dias contados do recebimento da notificação ou da publicação do edital.
§ 7º. Para a expedição da guia, no caso do § 6º, deverá o infrator juntar a
notificação com a prova da data do seu recebimento, ou a folha do órgão oficial
que publicou o edital. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
Art. 637. De todas as decisões que proferirem em processos de infração das leis
de proteção ao trabalho e que impliquem arquivamento destes, observado o
disposto no parágrafo único do artigo 635, deverão as autoridades prolatoras
recorrer de ofício para a autoridade competente de instância superior. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 638. Ao Ministro do Trabalho é facultado avocar ao seu exame e decisão,
dentro de 90 (noventa) dias do despacho final do assunto, ou no curso do

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processo, as questões referentes à fiscalização dos preceitos estabelecidos nesta
Consolidação.
CAPÍTULO III
DO DEPÓSITO, DA INSCRIÇÃO E DA COBRANÇA

Art. 639. Não sendo provido o recurso, o depósito se converterá em pagamento.


Art. 640. É facultado às Delegacias Regionais do Trabalho, na conformidade de
instruções expedidas pelo Ministro de Estado, promover a cobrança amigável das
multas antes do encaminhamento dos processos à cobrança executiva. (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 641. Não comparecendo o infrator, ou não depositando a importância da
multa ou penalidade, far-se-á a competente inscrição em livro especial, existente
nas repartições das quais se tiver originado a multa ou penalidade, ou de onde
tenha provindo a reclamação que a determinou, sendo extraída cópia autêntica
dessa inscrição e enviada às autoridades competentes para a respectiva cobrança
judicial, valendo tal instrumento como título de dívida líquida e certa.
Art. 642. A cobrança judicial das multas impostas pelas autoridades
administrativas do trabalho obedecerá o disposto na legislação aplicável à
cobrança da dívida ativa da União, sendo promovida, no Distrito Federal e nas
capitais dos Estados em que funcionarem Tribunais Regionais do Trabalho, pela
Procuradoria da Justiça do Trabalho, e, nas demais localidades, pelo Ministério
Público Estadual, nos termos do Decreto-Lei nº 960, de 17 de dezembro de 1938.
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 9.509, de 24.07.1946)
TÍTULO VIII
DA JUSTIÇA DO TRABALHO

CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

Art. 643. Os dissídios oriundos das relações entre empregados e empregadores,


bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços em atividades
reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de
acordo com o presente título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do
trabalho. (Redação dada pela Lei nº 7.494, de 17.06.1986)
§ 1º. (Revogado pela Lei nº 3.807, de 26.08.1960 - Lei Orgânica da Previdência
Social)
§ 2º. As questões referentes a acidentes do trabalho continuam sujeitas à justiça
ordinária, na forma do Decreto nº 24.637, de 10 de julho de 1934, e legislação
subsequente.
§ 3º A Justiça do Trabalho é competente, ainda, para processar e julgar as ações
entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de

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Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho. (NR) (Parágrafo
acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
Art. 644. São órgãos da Justiça do Trabalho:
a) o Tribunal Superior do Trabalho;
b) os Tribunais Regionais do Trabalho;
c) as Juntas de Conciliação e Julgamento ou os Juízos de Direito. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946)
Art. 645. O serviço da Justiça do Trabalho é relevante e obrigatório, ninguém
dele podendo eximir-se, salvo motivo justificado.
Art. 646. Os órgãos da Justiça do Trabalho funcionarão perfeitamente
coordenados, em regime de mútua colaboração, sob a orientação do Presidente
do Tribunal Superior do Trabalho.
CAPÍTULO II
DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO

SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO
Art. 647. Cada Junta de Conciliação e Julgamento terá a seguinte composição:
a) um juiz do trabalho, que será seu presidente;
b) dois juízes classistas, sendo um representante dos empregadores e outro dos
empregados.
Parágrafo único. Haverá um suplente para cada juiz classista. (Redação dada ao
artigo pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946, e de acordo com a CF/88, artigo
116 e § único)
Art. 648. São incompatíveis entre si, para os trabalhos da mesma Junta, os
parentes consanguíneos e afins até o terceiro grau civil.
Parágrafo único. A incompatibilidade resolve-se a favor do primeiro juiz classista
designado ou empossado, ou por sorteio, se a designação ou posse for da mesma
data.
Art. 649. As Juntas poderão conciliar, instruir ou julgar com qualquer número,
sendo, porém, indispensável a presença do presidente, cujo voto prevalecerá em
caso de empate.
§ 1º. No julgamento de embargos deverão estar presentes todos os membros da
Junta.
§ 2º. Na execução e na liquidação das decisões funciona apenas o presidente.
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO II
DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DAS JUNTAS
Art. 650. A jurisdição de cada Junta de Conciliação e Julgamento abrange todo o
território da Comarca em que tem sede, só podendo ser estendida ou restringida

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por lei federal.
Parágrafo único. As leis locais de Organização Judiciária não influirão sobre a
competência de Juntas de Conciliação e Julgamento já criadas, até que lei federal
assim determine. (Redação dada pelo ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 651. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada
pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.
§ 1º Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência
será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o
empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização
em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima. (NR)
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.851, de 27.10.1999, DOU 28.10.1999)
§ 2º. A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste
artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro,
desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional
dispondo em contrário.
§ 3º. Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora
do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos
serviços.
Art. 652. Compete às Juntas de Conciliação e Julgamento:
a) conciliar e julgar:
I - Os dissídios em que se pretenda o reconhecimento da estabilidade de
empregado;
II - os dissídios concernentes a remuneração, férias e indenizações por motivo
de rescisão do contrato individual de trabalho;
III - os dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro
seja operário ou artífice;
IV - os demais dissídios concernentes ao contrato individual de trabalho.
V - as ações entre trabalhadores portuários e os operadores portuários ou o
Órgão Gestor de Mão-de-Obra - OGMO decorrentes da relação de trabalho; (NR)
(Inciso acrescentado pela Medida Provisória nº 1.952-26, de 26.07.2000, DOU
27.07.2000)
b) processar e julgar os inquéritos para apuração de falta grave;
c) julgar os embargos opostos às suas próprias decisões;
d) impor multas e demais penalidades relativas aos atos de sua competência.
(Redação dada à alínea pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
Parágrafo único. Terão preferência para julgamento os dissídios sobre
pagamento de salário e aqueles que derivarem da falência do empregador,
podendo o presidente da Junta, a pedido do interessado, constituir processo em
separado, sempre que a reclamação também versar sobre outros assuntos.
Art. 653. Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Julgamento:

a) requisitar às autoridades competentes a realização das diligências


necessárias ao esclarecimento dos feitos sob sua apreciação, representando

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contra aquelas que não atenderem a tais requisições;
b) realizar as diligências e praticar os atos processuais ordenados pelos
Tribunais Regionais do Trabalho ou pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Redação
desta alínea corrigida pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944).
c) julgar as suspeições argüidas contra os seus membros;
d) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
e) expedir precatórias e cumprir as que lhes forem deprecadas;
f) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, quaisquer outras
atribuições que decorram da sua jurisdição.
SEÇÃO III
DOS PRESIDENTES DAS JUNTAS
Art. 654. O ingresso na magistratura do trabalho far-se-á para o cargo de juiz do
trabalho substituto. As nomeações subseqüentes por promoção, alternadamente,
por antigüidade e merecimento. (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
§ 1º. Nas 7ª e 8ª Regiões da Justiça do Trabalho, nas localidades fora das
respectivas sedes, haverá suplentes de juiz do trabalho presidente de Junta, sem
direito a acesso, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros,
bacharéis em direito, de reconhecida idoneidade moral, especializados em direito
do trabalho, pelo período de 2 (dois) anos, podendo ser reconduzidos. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967) (Revogado
tacitamente pela Lei nº 7.221, de 02.10.1984)
§ 2º. Os suplentes e juiz do trabalho receberão, quando em exercício,
vencimentos iguais aos dos juízes que substituírem. (Redação dada ao parágrafo
pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967) (Revogado tacitamente pela Lei nº 7.221,
de 02.10.1984)
§ 3º. Os Juízes Substitutos serão nomeados após aprovação em concurso
público de provas e títulos realizado perante o Tribunal Regional do Trabalho da
Região, válido por dois anos e prorrogável, a critério do mesmo órgão, por igual
período, uma só vez, e organizado de acordo com as instruções expedidas pelo
Tribunal Superior do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 6.087, de 16.07.1974)
§ 4º. Os candidatos inscritos só serão admitidos ao concurso após apreciação
prévia, pelo Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região, dos seguintes
requisitos: (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
a) idade maior de 25 (vinte e cinco) anos e menor de 45 (quarenta e cinco) anos;
b) idoneidade para o exercício das funções.
§ 5º. O preenchimento dos cargos de Presidente de Junta, vagos ou criados por
lei, será feito dentro de cada Região: (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-
Lei nº 229, de 28.02.1967)
a) pela remoção de outro presidente, prevalecendo a antigüidade no cargo, caso
haja mais de um pedido, desde que a remoção tenha sido requerida, dentro de
quinze dias, contados da abertura da vaga, ao Presidente do Tribunal Regional, a
quem caberá expedir o respectivo ato; (Redação dada à alínea pela Lei nº 6.090,
de 16.07.1974)
b) pela promoção de substituto, cuja aceitação será facultativa, obedecido o

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critério alternado de antigüidade e merecimento.
§ 6º. Os juízes do trabalho presidentes de Junta, juízes substitutos e suplentes
de juiz tomarão posse perante o Presidente do Tribunal da respectiva Região. Nos
Estados que, não forem sede de Tribunal Regional do Trabalho, a posse dar-se-á
perante o Presidente do Tribunal de Justiça, que remeterá o termo ao Presidente
do Tribunal da jurisdição do empossado. Nos Territórios, a posse dar-se-á perante
o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região. (Redação
dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 655. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 656. O Juiz do Trabalho Substituto, sempre que não estiver substituindo o
Juiz-Presidente de Junta, poderá ser designado para atuar nas juntas de
Conciliação e Julgamento.
§ 1º. Para o fim mencionado no caput deste artigo, o território da Região poderá
ser dividido em zonas, compreendendo a jurisdição de uma ou mais juntas, a juízo
do Tribunal Regional do Trabalho respectivo.
§ 2º. A designação referida no caput deste artigo será de atribuição do Juiz-
Presidente do Tribunal Regional do Trabalho ou, não havendo disposição
regimental específica, de quem este indicar.
§ 3º. Os Juízes do Trabalho Substitutos, quando designados ou estiverem
substituindo os Juízes Presidentes de Juntas, perceberão os vencimentos destes.
§ 4º. O Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho ou, não havendo
disposição regimental específica, que este indicar, fará a lotação e a
movimentação dos Juízes Substitutos entre as diferentes zonas da Região na
hipótese de terem sido criadas na forma do § 1º deste artigo. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
Art. 657. Os presidentes de Junta e os presidentes substitutos perceberão a
remuneração ou os vencimentos fixados em lei. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 658. São deveres precípuos dos presidentes das Juntas, além dos que
decorram do exercício de sua função: (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei
nº 8.737, de 19.01.1946)
a) manter perfeita conduta pública e privada;
b) abster-se de atender a solicitações ou recomendações relativamente aos
feitos que hajam sido ou tenham de ser submetidos à sua apreciação;
c) residir dentro dos limites de sua jurisdição, não podendo ausentar-se sem
licença do Presidente do Tribunal Regional;
d) despachar e praticar todos os atos decorrentes de suas funções, dentro dos
prazos estabelecidos, sujeitando-se ao desconto correspondente a um dia de
vencimento para cada dia de retardamento.
Art. 659. Competem privativamente aos presidentes das Juntas, além das que
lhe forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintes
atribuições:
I - presidir às audiências das juntas;

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II - executar as suas próprias decisões, as proferidas pela Junta e aquelas cuja
execução lhes for deprecada;
III - dar posse aos juízes classistas nomeados para a Junta, ao chefe de
Secretaria e aos demais funcionários da Secretaria;
IV - convocar os suplentes dos juízes classistas, no impedimento destes;
V - representar ao Presidente do Tribunal Regional da respectiva jurisdição, no
caso de falta de qualquer juiz classista a três reuniões consecutivas, sem motivo
justificado, para os fins do artigo 727;
VI - despachar os recursos interpostos pelas partes, fundamentando a decisão
recorrida antes da remessa ao Tribunal Regional, ou submetendo-os à decisão da
Junta, no caso do artigo 894.
VII - assinar as folhas de pagamento dos membros e funcionários da Junta;
VIII - apresentar ao Presidente do Tribunal Regional, até 15 de fevereiro de cada
ano, o relatório dos trabalhos do ano anterior;
IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações
trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos
parágrafos do artigo 469 desta Consolidação. (Inciso acrescentado pela Lei nº
6.203, de 17.04.1975)
X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações
trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso
ou dispensado pela empregador." (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.270, de
17.04.1996)
SEÇÃO IV
DOS JUÍZES CLASSISTAS DAS JUNTAS
Art. 660. Os juízes classistas das Juntas são designados pelo Presidente do
Tribunal Regional da respectiva jurisdição.
Art. 661. Para o exercício da função de juiz classista da Junta ou suplente deste
são exigidos os seguintes requisitos:
a) ser brasileiro; (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
b) ter reconhecida idoneidade moral;
c) ser maior de 25 anos e ter menos de 70 (setenta) anos de idade; (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
d) estar no gozo dos direitos civis e políticos;
e) estar quite com o serviço militar;
f) contar mais de dois anos de efetivo exercício na profissão e ser sindicalizado.
Parágrafo único. A prova da qualidade profissional a que se refere a alínea f
deste artigo é feita mediante declaração do respectivo sindicato.
Art. 662. A escolha dos juízes classistas das Juntas e seus suplentes far-se-á
dentre os nomes constantes das listas que, para esse efeito, forem encaminhadas
pelas associações sindicais de primeiro grau ao Presidente do Tribunal Regional.
§ 1º. Para esse fim, cada sindicato de empregadores e de empregados, com
base territorial extensiva à área de jurisdição da Junta, no todo ou em parte,
procederá, na ocasião determinada pelo Presidente do Tribunal Regional, à
escolha de três nomes que comporão a lista, aplicando-se à eleição o disposto no

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artigo 524 e seus §§ 1º a 3º. (Redação dada pela Lei nº 5.657, de 04.06.1971)
§ 2º. Recebidas as listas pelo presidente do Tribunal Regional, designará este,
dentro de cinco dias, os nomes dos juízes classistas e dos respectivos suplentes,
expedindo para cada um deles um título, mediante a apresentação do qual será
empossado.
§ 3º. Dentro de quinze dias, contados da data da posse, pode ser contestada a
investidura do juiz classista ou do suplente, por qualquer interessado, sem efeito
suspensivo, por meio de representação escrita, dirigida ao presidente do Tribunal
Regional.
§ 4º. Recebida a contestação, o presidente do Tribunal designará imediatamente
relator, o qual, se houver necessidade de ouvir testemunhas ou de proceder a
quaisquer diligências, providenciará para que tudo se realize com a maior
brevidade, submetendo, por fim, a contestação ao parecer do Tribunal, na primeira
sessão. (Redação dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 5º. Se o Tribunal julgar procedente a contestação, o presidente providenciará a
designação do novo juiz classista ou suplente. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
229, de 28.02.1967)
§ 6º. Em falta de indicação pelos sindicatos, de nomes para representantes das
respectivas categorias profissionais e econômicas nas Juntas de Conciliação e
Julgamento, ou nas localidades onde não existirem sindicatos, serão esses
representantes livremente designados pelo presidente do Tribunal Regional do
Trabalho, observados os requisitos exigidos para o exercício da função.
(Parágrafo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
Art. 663. A investidura dos juízes classistas das Juntas e seus suplentes é de 3
(três) anos, podendo, entretanto, ser dispensado, a pedido, aquele que tiver
servido sem interrupção, durante metade desse período. (Redação dada pela Lei
nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 1º. Na hipótese da dispensa do juiz classista a que alude este artigo, assim
como nos casos de impedimento, morte ou renúncia, sua substituição far-se-á
pelo suplente, mediante convocação do presidente da Junta. (Redação dada pela
Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 2º. Na falta do suplente, por impedimento, morte ou renúncia, serão
designados novo juiz classista e o respectivo suplente, dentre os nomes
constantes das listas a que se refere o artigo 662, servindo os designados até o
fim do período.
Art. 664. Os juízes classistas das Juntas e seus suplentes tomam posse perante
o presidente da Junta em que têm de funcionar.
Art. 665. Enquanto durar sua investidura, gozam os juízes classistas das Juntas
e seus suplentes das prerrogativas asseguradas aos jurados.
Art. 666. Por audiência a que comparecerem, até o máximo de vinte por mês, os
juízes classistas das Juntas e seus suplentes perceberão a gratificação fixada em
lei. (Redação dada pela Lei nº 4.439, de 27.10.1964)
Art. 667. São prerrogativas dos juízes classistas das Juntas, além das referidas
no artigo 665:

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a) tomar parte nas reuniões do tribunal a que pertençam;
b) aconselhar às partes a conciliação;
c) votar no julgamento dos feitos e nas matérias de ordem interna do tribunal,
submetidas às suas deliberações;
d) pedir vista dos processos pelo prazo de vinte e quatro horas;
e) formular, por intermédio do presidente, aos litigantes, testemunhas e peritos,
as perguntas que quiserem fazer, para esclarecimento do caso.
CAPÍTULO III
DOS JUÍZOS DE DIREITO

Art. 668. Nas localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de


Conciliação e Julgamento, os Juízos de Direito são os órgãos de administração da
Justiça do Trabalho, com a jurisdição que lhes for determinada pela lei de
organização judiciária local.
Art. 669. A competência dos Juízos de Direito, quando investidos na
administração da Justiça do Trabalho, é a mesma das Juntas de Conciliação e
Julgamento, na forma da Seção II do Capítulo II.
§ 1º. Nas localidades onde houver mais de um Juízo de Direito a competência é
determinada, entre os juízes do cível, por distribuição ou pela divisão judiciária
local, na conformidade da lei de organização respectiva.
§ 2º. Quando o critério de competência da lei de organização judiciária for
diverso do previsto no parágrafo anterior, será competente o juiz do cível mais
antigo.
CAPÍTULO IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO

SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO E DO FUNCIONAMENTO
Art. 670. O Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região compor-se-á de 54
(cinqüenta e quatro) Juízes, sendo 36 (trinta e seis) togados, vitalícios, e 18
(dezoito) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 2ª Região compor-se-á
de 64 (sessenta e quatro) Juízes, sendo 42 (quarenta e dois) togados, vitalícios, e
22 (vinte e dois) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 3ª Região compor-
se-á de 36 (trinta e seis) Juízes, sendo 24 (vinte e quatro) togados, vitalícios, e 12
(doze) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 4ª Região compor-seá de
36 (trinta e seis) Juízes, sendo 24 (vinte e quatro) togados, vitalícios, e 12 (doze)
classistas, temporários; o Tribunal Regional da 5ª Região compor-se-á de 29
(vinte e nove) juízes, sendo 19 (dezenove) togados, vitalícios e 10 (dez) classistas,
temporários; o Tribunal Regional dada 6ª Região compor-se-á de 18 (dezoito)
Juízes, sendo 12 (doze) togados, vitalícios, e 6 (seis) classistas, temporários; o
Tribunal Regional da 7ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes, sendo 6 (seis)
togados, vitalícios, e 2 (dois) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 8ª
Região compor-seá de 12 (doze) Juízes, sendo 8 (oito) togados, vitalícios, e 4
(quatro) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 9ª Região compor-se-á de

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28 (vinte e oito) Juízes, sendo 18 (dezoito) togados, vitalícios, e 10 (dez)
classistas; o Tribunal Regional da 10ª Região compor-se-á de 17 (dezessete)
Juízes, sendo 11 (onze) togados, vitalícios, e 6 (seis) classistas, temporários; o
Tribunal Regional da 11ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes, sendo 6 (seis)
togados, vitalícios, e 2 (dois) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 12ª
Região compor-se-á de 18 (dezoito) Juízes, sendo 12 (doze) togados, vitalícios, e
6 (seis) classistas, temporários; o Tribunal Regional da 13ª Região compor-se-á
de 8 (oito) Juízes, sendo 6 (seis) togados, vitalícios, e 2 (dois) classistas,
temporários; o Tribunal Regional da 14ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 15ª Região compor-se-á de 36 (trinta e seis)
Juízes, sendo 24 (vinte e quatro) togados, vitalícios, e 12 (doze) classistas,
temporários; o Tribunal Regional da 16ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 17ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 18ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 19ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 20ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 21ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 22ª Região compor-se-á de 8 (oito) Juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; o Tribunal Regional da 23ª Região compor-se-á de 8 (oito) juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária; e o Tribunal Regional da 24ª Região compor-se-á de 8 (oito) juízes,
sendo 6 (seis) togados, de investidura vitalícia, e 2 (dois) classistas, de investidura
temporária, todos nomeados pelo Presidente da República. (Texto adaptado às
sucessivas modificações)
§ 1º. (VETADO na Lei nº 5.452, de 24.05.1968)
§ 2º. Nos Tribunais Regionais constituídos de seis ou mais juízes togados, e
menos de onze, um deles será escolhido dentre advogados, um dentre membros
do Ministério Público da União junto à Justiça do Trabalho e os demais dentre
juízes do Trabalho Presidentes de Junta da respectiva Região, na forma prevista
no parágrafo anterior. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
§ 3º. (VETADO na Lei nº 5.452, de 24.05.1968)
§ 4º. Os juízes classistas referidos neste artigo representarão, paritariamente,
empregadores e empregados. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
§ 5º. Haverá um suplente para cada juiz classista. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
§ 6º. Os Tribunais Regionais, no respectivo regimento interno, disporão sobre a

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substituição de seus juízes, observados, na convocação de juízes inferiores, os
critérios de livre escolha e antigüidade, alternadamente. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968) (Parágrafo revogado tacitamento pela
Lei Complementar nº 54)
§ 7º. Dentre os seus juízes togados, os Tribunais Regionais elegerão os
respectivos Presidentes e Vice-Presidente, assim como os Presidentes de
Turmas, onde as houver. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
§ 8º. Os Tribunais Regionais da 1ª e 2ª Regiões dividir-se-ão em Turmas,
facultada essa divisão aos constituídos de, pelo menos, doze juízes. Cada turma
se comporá de três juízes togados e dois classistas, um representante dos
empregados e outro dos empregadores. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
5.442, de 24.05.1968)
Art. 671. Para os trabalhos dos Tribunais Regionais existe a mesma
incompatibilidade prevista no artigo 648, sendo idêntica a forma de sua resolução.
Art. 672. Os Tribunais Regionais, em sua composição plena, deliberarão com a
presença, além do Presidente, da metade e mais um do número de seus juízes,
dos quais, no mínimo, um representante dos empregados e outro dos
empregadores.
§ 1º. As Turmas somente poderão deliberar presentes, pelo menos, três dos
seus juízes, entre ele os dois classistas. Para a integração desse quorum, poderá
o Presidente de uma Turma convocar juízes de outra, da classe a que pertencer o
ausente ou impedido.
§ 2º. Nos Tribunais Regionais, as decisões tomar-se-ão pelo voto da maioria dos
juízes presentes, ressalvada, no Tribunal Pleno, a hipótese de declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Público (artigo 116 da Constituição)
§ 3º. O Presidente do Tribunal Regional, excetuada a hipótese de declaração de
inconstitucionalidade de lei ou ato do poder público, somente terá voto de
desempate. Nas sessões administrativas, o Presidente votará como os demais
juízes, cabendo-lhe, ainda, o voto de qualidade.
§ 4º. No julgamento de recursos contra decisão ou despacho do Presidente, do
Vice-Presidente ou de Relator, ocorrendo empate, prevalecerá a decisão ou
despacho recorrido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 673. A ordem das sessões dos Tribunais Regionais será estabelecida no
respectivo regimento interno.
SEÇÃO II
DA JURISDIÇÃO E DA COMPETÊNCIA
Art. 674. Para efeito da jurisdição dos Tribunais Regionais, o território nacional é
dividido nas dezoito regiões seguintes:
1ª Região - Estado do Rio de Janeiro;
2ª Região - Estado de São Paulo (com exceção da Região de Campinas - 15ª)
3ª Região - Estado de Minas Gerais;
4ª Região - Estado do Rio Grande do Sul;

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5ª Região - Estado da Bahia;
6ª Região - Estado de Pernambuco;
7ª Região - Estado do Ceará;
8ª Região - Estados do Pará e Amapá;
9ª Região - Estado do Paraná;
10ª Região - Distrito Federal e Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul;
11ª Região - Estado do Amazonas e Território Federal de Roraima;
12ª Região - Estado de Santa Catarina;
13ª Região - Estado de Paraíba;
14ª Região - Estados de Rondônia e do Acre;
15ª Região - Cidade de Campinas e Região;
16ª Região - Estado do Maranhão;
17ª Região - Estado do Espírito Santo;
18ª Região - Estado de Goiás;
19ª Região - Estado de Alagoas;
20ª Região - Estado de Sergipe;
21ª Região - Estado do Rio Grande do Norte;
22ª Região - Estado do Piauí.
23ª Região - Estado de Mato Grosso.
24ª Região - Estado do Mato Grosso do Sul.
Parágrafo único. Os Tribunais têm sede nas cidades:
Rio de Janeiro (1ª Região);
São Paulo (2ª Região);
Belo Horizonte (3ª Região);
Porto Alegre (4ª Região);
Salvador (5ª Região);
Recife (6ª Região);
Fortaleza (7ª Região);
Belém (8ª Região);
Curitiba (9ª Região);
Brasília (10ª Região);
Manaus (11ª Região);
Florianópolis (12ª Região);
João Pessoa (13ª Região);
Porto Velho (14ª Região);
Campinas (15ª Região);
São Luís (16ª Região);
Vitória (17ª Região);
Goiânia (18ª Região);
Maceió (19ª Região);
Aracaju (20ª Região);
Natal (21ª Região);
Teresina (22ª Região);
Cuiabá (23ª Região) e
Campo Grande (24ª Região).
Art. 675. (Revogado pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)

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Art. 676. O número de regiões, a jurisdição e a categoria dos Tribunais
Regionais estabelecidos nos artigos anteriores somente podem ser alterados pelo
Presidente da República.
Art. 677. A competência dos Tribunais Regionais determina-se pela forma
indicada no artigo 651 e seus parágrafos e, nos casos de dissídio coletivo, pelo
local onde este ocorrer.
Art. 678. Aos Tribunais Regionais, quando divididos em Turmas, compete:

I - ao Tribunal Pleno, especialmente:


a) processar, conciliar e julgar originariamente os dissídios coletivos;
b) processar e julgar originariamente;
1) as revisões de sentenças normativas;
2) a extensão das decisões proferidas em dissídios coletivos;
3) os mandados de segurança;
4) as impugnações à investidura de juízes classistas e seus suplentes nas
Juntas de Conciliação e Julgamento;
c) processar e julgar em última instância:
1) os recursos das multas impostas pelas Turmas;
2) as ações rescisórias das decisões das Juntas de Conciliação e
Julgamento, dos juízes de direito investidos na jurisdição trabalhista, das
Turmas e de seus próprios acórdãos;
3) os conflitos de jurisdição entre as suas Turmas, os juízes de direito
investidos na jurisdição trabalhista, as Juntas de Conciliação e Julgamento,
ou entre aqueles e estas;
d) julgar em única ou última instância:
1) os processos e os recursos de natureza administrativa atinentes aos
seus serviços auxiliares e respectivos servidores;
2) as reclamações contra atos administrativos de seu presidente ou de
qualquer de seus membros, assim como dos juízes de primeira instância e
de seus funcionários.
II - às Turmas.
a) julgar os recursos ordinários previstos no artigo 895, alínea "a";
b) julgar os agravos de petição e de instrumento, estes de decisões denegatórias
de recursos de sua alçada;
c) impor multas e demais penalidades relativas a atos de sua competência
jurisdicional e julgar os recursos interpostos das decisões das Juntas e dos juízes
de direito que as impuserem.
Parágrafo único. Das decisões das Turmas não caberá recurso para o Tribunal
Pleno, exceto no caso do item I, alínea "c", inciso 1, deste artigo. (Redação dada
ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 679. Aos Tribunais Regionais não divididos em Turmas, compete o
julgamento das matérias a que se refere o artigo anterior, exceto a de que trata o
inciso I, alínea c, item 1, como os conflitos de jurisdição entre Turmas. (Redação
dada pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 680. Compete, ainda, aos Tribunais Regionais, ou suas Turmas:

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a) determinar às Juntas e aos juízes de direito a realização dos atos processuais
e diligências necessárias ao julgamento dos feitos sob sua apreciação;
b) fiscalizar o cumprimento de suas próprias decisões;
c) declarar a nulidade dos atos praticados com infração de suas decisões;
d) julgar as suspeições argüidas contra seus membros;
e) julgar as exceções de incompetência que lhes forem opostas;
f) requisitar às autoridades competentes as diligências necessárias ao
esclarecimento dos feitos sob apreciação, representando contra aquelas que não
atenderem a tais requisições;
g) exercer, em geral, no interesse da Justiça do Trabalho, as demais atribuições
que decorram de sua Jurisdição. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968)
SEÇÃO III
DOS PRESIDENTES DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
Art. 681. Os presidentes e vice-presidentes dos Tribunais Regionais tomarão
posse perante os respectivos Tribunais. (Redação dada pela Lei nº 6.320, de
05.04.1976)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 6.320, de 05.04.1976)
Art. 682. Competem privativamente aos presidentes dos Tribunais Regionais,
além das que forem conferidas neste e no título e das decorrentes do seu cargo,
as seguintes atribuições:
I - (Revogado pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968);
II - designar os juízes classistas das juntas e seus suplentes;
III - dar posse aos presidentes de Juntas e presidentes substitutos, aos juízes
classistas e suplentes e funcionários do próprio Tribunal e conceder férias e
licenças aos mesmos e aos juízes classistas e suplentes das Juntas;
IV - presidir às sessões do Tribunal;
V - presidir às audiências de conciliação nos dissídios coletivos;
VI - executar suas próprias decisões e as proferidas pelo Tribunal;
VII - convocar suplentes dos juízes do Tribunal, nos impedimentos destes;
VIII - representar ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho contra os
presidentes, juízes classistas e juízes representantes classistas, nos casos
previstos no artigo 727 e seu parágrafo único;
IX - despachar os recursos interpostos pelas partes;
X - requisitar às autoridades competentes, nos casos de dissídio coletivo, a força
necessária, sempre que houver ameaça de perturbação da ordem;
XI - exercer correição, pelo menos uma vez por ano, sobre as Juntas, ou
parcialmente, sempre que se fizer necessário, e solicitá-la, quando julgar
conveniente, ao presidente do Tribunal de Justiça, relativamente aos juízes de
direito investidos na administração da Justiça do Trabalho;
XII - distribuir os feitos, designando os juízes que os devem relatar;
XIII - designar, dentre os funcionários do Tribunal e das Juntas existentes em
uma mesma localidade, o que deve exercer a função de distribuidor;
XIV - assinar as folhas de pagamento dos juízes e servidores do Tribunal.
§ 1º. Na falta ou impedimento do presidente da Junta e do substituto da mesma

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localidade, é facultado ao presidente do Tribunal Regional designar substituto de
outra localidade, observada a ordem de antigüidade entre os substitutos
desimpedidos.
§ 2º. Na falta ou impedimento do juiz classista da Junta e do respectivo suplente,
é facultado ao presidente do Tribunal Regional designar suplente de outra Junta,
respeitada a categoria profissional ou econômica do representante e a ordem de
antigüidade dos suplentes desimpedidos..
§ 3º. Na falta ou impedimento de qualquer juiz representante classista e seu
respectivo suplente, é facultado ao presidente do Tribunal Regional designar um
dos vogais de Junta de Conciliação e Julgamento para funcionar nas sessões do
Tribunal, respeitada a categoria profissional ou econômica do representante.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 3.440, de 27.08.1958)
Art. 683. Na falta ou impedimento dos presidentes dos Tribunais Regionais, e
como auxiliares destes, sempre que necessário, funcionarão seus substitutos.
(Redação do caput e parágrafos dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946,
com as alterações do Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946)
§ 1º. Nos casos de férias, por trinta dias, licença, por morte ou renúncia, a
convocação competirá diretamente ao presidente do Tribunal Superior do
Trabalho.
§ 2º. Nos demais casos, mediante convocação do próprio presidente do Tribunal
ou comunicação do secretário deste, o presidente substituto assumirá
imediatamente o exercício, ciente o presidente do Tribunal Superior do Trabalho.
SEÇÃO IV
DOS JUÍZES REPRESENTANTES CLASSISTAS DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
Art. 684. Os juízes representantes classistas dos Tribunais Regionais são
designados pelo Presidente da República.
Parágrafo único. Aos juízes representantes classistas dos empregados e dos
empregadores, nos Tribunais Regionais, aplicam-se as disposições do artigo 661.
(Parágrafo renumerado para único em virtude da revogação do parágrafo segundo
pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 685. A escolha dos juízes e suplentes dos Tribunais Regionais,
representantes dos empregadores e empregados, é feita dentre os nomes
constantes das listas para esse fim encaminhadas ao presidente do Tribunal
Superior do Trabalho pelas associações sindicais de grau superior com sede nas
respectivas regiões.
§ 1º. Para o efeito deste artigo, o conselho de representantes de cada
associação sindical de grau superior, na ocasião determinada pelo presidente do
Tribunal Superior do Trabalho, organizará, por maioria de votos, uma lista de três
nomes.
§ 2º. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho submeterá os nomes
constantes das listas ao Presidente da República, por intermédio do Ministro da
Justiça. (Redação dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
Art. 686. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946).

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Art. 687. Os juízes representantes classistas dos Tribunais Regionais tomam
posse perante o respectivo presidente.
Art. 688. Aos juízes representantes classistas dos Tribunais Regionais aplicam-
se as disposições do artigo 663, sendo a nova escolha feita dentre os nomes
constantes das listas a que se refere o artigo 685 ou na forma indicada no artigo
686 e bem assim, as dos artigos 665 e 667.
Parágrafo único. Os juízes representantes classistas que retiverem processos
além dos prazos estabelecidos no regimento interno dos Tribunais Regionais,
sofrerão, automaticamente, na gratificação mensal a que teriam direito, desconto
equivalente a 1/30 por processo retido.
Art. 689. Por sessão a que comparecem, até o máximo de 15 (quinze) por mês,
perceberão os Juízes representantes classistas e suplentes dos Tribunais
Regionais a gratificação fixada em Lei;
Parágrafo único. Os Juízes representantes classistas que retiverem peocessos
além dos prazos estabelecidos no Regimento Interno dos Tribunais Regionais
sofrerão automaticamente, na gratificação mensal a que teriam direito, desconto
equivalente a 1/30 (um trinta avos) por processo retido. (Redação dada ao artigo
pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
CAPÍTULO V
DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 690. O Tribunal Superior do Trabalho, com sede na Capital da República e
jurisdição em todo o território nacional, é a instância superior da Justiça do
Trabalho. (Redação dada ao caput pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954, e de acordo
com a Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Parágrafo único. O Tribunal funciona na plenitude de sua composição ou dividido
em turmas, com observância da paridade de representação de empregados e
empregadores. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954, e
de acordo com a Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Art. 691. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946 - DOU
21.01.1946).
Art. 692. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946 - DOU
21.01.1946).
SEÇÃO II
DA COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO
Art. 693. (Prejudicado pelo artigo 111, §§ 1º e 2º, da Constituição, que dispõe):
§ 1º. Dentre os juízes togados do Tribunal Superior do Trabalho, alheios aos

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interesses profissionais, serão eleitos o presidente, o vice-presidente e o
corregedor, além dos presidentes das turmas, na forma estabelecida em seu
regimento interno. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 2º. Para nomeação trienal dos juízes classistas, o presidente do Tribunal
Superior do Trabalho publicará edital, com antecedência mínima de 15 (quinze)
dias, convocando as associações sindicais de grau superior, para que cada uma,
mediante maioria de votos do respectivo conselho de representantes, organize
uma lista de 3 (três) nomes, que será encaminhada, por intermédio daquele
Tribunal, ao Ministro da Justiça, dentro do prazo que for fixado no edital. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954) (Prejudicado pelo artigo 111,
da Constituição)
§ 3º. Na lista de que trata o parágrafo anterior figurarão somente brasileiros
natos, de reconhecida idoneidade, maiores de 25 anos, quites com o serviço
militar, que estejam no gozo de seus direitos civis e políticos e contem mais de
dois anos de efetivo exercício da profissão ou se encontrem no desempenho de
representação profissional prevista em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
9.797, de 09.09.1956) (Prejudicado pelo artigo 111, da Constituição)
Art. 694. (Prejudicado pelo artigo 111, § 1º, da Constituição)
Art. 695. (Suprimido pelo Decreto-Lei nº 9.997, de 09.09.1946).
Art. 696. Importará em renúncia o não comparecimento do membro do Tribunal,
sem motivo justificado, a mais de três sessões ordinárias consecutivas. (Redação
dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
§ 1º. Ocorrendo a hipótese prevista neste artigo, o presidente do Tribunal
comunicará imediatamente o fato ao Ministro da Justiça, a fim de que seja feita a
substituição do juiz renunciante, sem prejuízo das sanções cabíveis. (Redação
dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954) (Revogado tacitamente pela Lei
Complementar nº 35, de 14.03.1979)
§ 2º. Para os efeitos do parágrafo anterior, a designação do substituto será feita
dentre os nomes constantes das listas de que trata o § 2º do artigo 693. (Redação
dada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
Art. 697. Em caso de licença superior a trinta dias ou de vacância, enquanto não
for preenchido o cargo, os Ministros do Tribunal poderão ser substituídos mediante
convocação de juízes, de igual categoria, de qualquer dos Tribunais Regionais do
Trabalho, na forma que dispuser o Regimento do Tribunal Superior do Trabalho.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.289, de 11.12.1975)
Art. 698. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 699. (Revogado pela Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Art. 700. O Tribunal reunir-se-á em dias previamente fixados pelo presidente, o
qual poderá, sempre que for necessário, convocar sessões extraordinárias.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 701. As sessões do Tribunal serão públicas e começarão às 14 horas,
terminando às 17 horas, mas poderão ser prorrogadas pelo presidente, em caso

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de manifesta necessidade.
§ 1º. As sessões extraordinárias do Tribunal só se realizarão quando forem
comunicadas aos seus membros com 24 horas, no mínimo, de antecedência.
§ 2º. Nas sessões do Tribunal os debates poderão tornar-se secretos, desde
que, por motivo de interesse público, assim resolva a maioria de seus membros.
(Redação dada ao caput e parágrafos pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO III
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PLENO
Art. 702. (Revogado pela Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
SEÇÃO IV
DA COMPETÊNCIA DA CÂMARA DE JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 703. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 704. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 705. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO V
DA COMPETÊNCIA DA CÂMARA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 706. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)

SEÇÃO VI
DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO
Art. 707. Compete ao presidente do Tribunal:
a) presidir às sessões do Tribunal, fixando os dias para a realização das sessões
ordinárias e convocando as extraordinárias;
b) superintender todos os serviços do Tribunal;
c) expedir instruções e adotar as providências necessárias para o bom
funcionamento do Tribunal e dos demais órgãos da Justiça do Trabalho;
d) fazer cumprir as decisões originárias do Tribunal, determinando aos Tribunais
Regionais e aos demais órgãos da Justiça do Trabalho a realização dos atos
processuais e das diligências necessárias;
e) submeter ao Tribunal os processos em que tenha de deliberar e designar, na
forma do regimento interno, os respectivos relatores;
f) despachar os recursos interpostos pelas partes e os demais papéis em que
deva deliberar;
g) determinar as alterações que se fizerem necessárias na lotação de pessoal da
Justiça do Trabalho, fazendo remoções ex-officio de servidores entre os Tribunais
Regionais, Juntas de Conciliação e Julgamento e outros órgãos, bem como
conceder as requeridas que julgar convenientes ao serviço, respeitada a lotação
de cada órgão;
h) conceder licenças e férias aos servidores do Tribunal, bem como impor-lhes

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as penas disciplinares que excederem da alçada das demais autoridades;
i) dar posse e conceder licença aos membros do Tribunal bem como conceder
licenças e férias aos presidentes dos Tribunais Regionais;
j) apresentar ao Ministro da Justiça, até 31 de março de cada ano, o relatório das
atividades do Tribunal e dos demais órgãos da Justiça do Trabalho.
Parágrafo único. O presidente terá um secretário, por ele designado dentre os
funcionários lotados no Tribunal, e será auxiliado por servidores designados nas
mesmas condições. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
SEÇÃO VII
DAS ATRIBUIÇÕES DO VICE-PRESIDENTE
Art. 708. Compete ao vice-presidente do Tribunal:

a) substituir o presidente e o corregedor em suas faltas e impedimentos;


b) (Revogada pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954 - DOU 30.06.1954)
Parágrafo único. Na ausência do presidente e do vice-presidente, será o Tribunal
presidido pelo juiz togado mais antigo, ou pelo mais idoso quando igual a
antigüidade. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
SEÇÃO VIII
DAS ATRIBUIÇÕES DO CORREGEDOR
Art. 709. Compete ao corregedor, eleito dentre os Ministros togados do Tribunal
Superior do Trabalho: (Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 229, de
28.02.1967)
I - exercer funções de inspeção e correição permanente com relação aos
Tribunais Regionais e seus presidentes; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei
nº 229, de 28.02.1967)
II - decidir reclamações contra os atos atentatórios da boa ordem processual
praticados pelos Tribunais Regionais e seus presidentes quando inexistir recurso
específico; (Redação dada ao inciso pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
III - (Revogado pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968)
§ 1º. Das decisões proferidas pelo corregedor, nos casos do artigo, caberá o
agravo regimental, para o Tribunal Pleno. (Redação dada ao parágrafo pelo
Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
§ 2º. O corregedor não integrará as Turmas do Tribunal, mas participará, com
voto, das sessões do Tribunal Pleno quando não se encontrar em correição ou em
férias, embora não relate nem revise processos, cabendo-lhe, outrossim, votar em
incidente de inconstitucionalidade, nos processos administrativos e nos feitos em
que estiver vinculado por visto anterior à sua posse na Corregedoria. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 7.121, de 08.09.1983)
CAPÍTULO VI
DOS SERVIÇOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO

SEÇÃO I
DA SECRETARIA DAS JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO

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Art. 710. Cada Junta terá uma secretaria, sob a direção do funcionário que o
presidente do Tribunal Regional do Trabalho designar para exercer a função de
diretor da secretaria, e que receberá, além dos vencimentos correspondentes ao
seu padrão, a gratificação de função fixada em lei. (Redação dada pelo Decreto-
Lei nº 8.737, de 19.01.1946, modificado pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 711. Compete à secretaria das Juntas:
a) o recebimento, a autuação, o andamento, a guarda e a conservação dos
processos e outros papéis que lhe forem encaminhados;
b) a manutenção do protocolo de entrada e saída dos processos e demais
papéis;
c) o registro das decisões;
d) a informação, às partes interessadas e seus procuradores, do andamento dos
respectivos processos, cuja consulta lhes facilitará;
e) a abertura de vista dos processos às partes, na própria secretaria;
f) a contagem das custas devidas pelas partes, nos respectivos processos;
g) o fornecimento de certidões sobre o que constar dos livros ou do
arquivamento da secretaria;
h) a realização das penhoras e demais diligências processuais;
i) o desempenho dos demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo presidente
da Junta, para melhor execução dos serviços que lhe estão afetos.
Art. 712. Compete especialmente aos diretores de secretaria das Juntas de
Conciliação e Julgamento:
a) superintender os trabalhos da secretaria, velando pela boa ordem do serviço;
b) cumprir e fazer cumprir as ordens emanadas do presidente e das autoridades
superiores;
c) submeter a despacho e assinatura do presidente o expediente e os papéis que
devam ser por ele despachados e assinados;
d) abrir a correspondência oficial dirigida à Junta e ao seu presidente, a cuja
deliberação será submetida;
e) tomar por termo as reclamações verbais nos casos de dissídios individuais;
f) promover o rápido andamento dos processos, especialmente na fase de
execução e a pronta realização dos atos e diligências deprecadas pelas
autoridades superiores;
g) secretariar as audiências da Junta, lavrando as respectivas atas;
h) subscrever as certidões e os termos processuais;
i) dar aos litigantes ciência da reclamações e demais atos processuais de que
devam ter conhecimento, assinando as respectivas notificações;
j) executar os demais trabalhos que lhes forem atribuídos pelo presidente da
Junta.
Parágrafo único. Os serventuários que, sem motivo justificado, não realizarem os
atos, dentro dos prazos fixados, serão descontados em seus vencimentos, em
tantos dias quantos os do excesso. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº
8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO II
DOS DISTRIBUIDORES

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Art. 713. Nas localidades em que existir mais de uma Junta de Conciliação e
Julgamento haverá um distribuidor.
Art. 714. Compete ao distribuidor:
a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada
Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;
b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito
distribuído;
c) a manutenção de dois fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado
pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados, ambos por ordem
alfabética;
d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão,
de informações sobre os feitos distribuídos;
e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos
presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à
parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão
mencionados em certidões.
Art. 715. Os distribuidores são designados pelo presidente do Tribunal Regional,
dentre os funcionários das Juntas e do Tribunal Regional, existentes na mesma
localidade, e ao mesmo presidente diretamente subordinados.
SEÇÃO III
DO CARTÓRIO DE JUÍZOS DE DIREITO
Art. 716. Os cartórios dos Juízos de Direito, investidos na administração da
Justiça do Trabalho têm, para esse fim, as mesmas atribuições e obrigações
conferidas na Seção I às secretarias das Juntas de Conciliação e Julgamento.
Parágrafo único. Nos Juízos em que houver mais de um cartório, far-se-á entre
eles a distribuição alternada e sucessiva das reclamações.
Art. 717. Aos escrivães dos Juízos de Direito, investidos na administração da
Justiça do Trabalho, competem especialmente as atribuições e obrigações dos
diretores de secretarias das Juntas; e aos demais funcionários dos cartórios, as
que couberem nas respectivas funções, entre as que competem às secretarias
das Juntas enumeradas no artigo 711.
SEÇÃO IV
DAS SECRETARIAS DOS TRIBUNAIS REGIONAIS
Art. 718. Cada Tribunal Regional tem uma secretaria, sob a direção do
funcionário designado para exercer a função de secretário, com a gratificação de
função fixada em lei. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 719. Competem à secretaria dos Tribunais, além das atribuições
estabelecidas no artigo 711, para a secretaria das Juntas, mais as seguintes:
a) a conclusão dos processos ao presidente e sua remessa, depois de
despachados, aos respectivos relatores;
b) a organização e a manutenção de um fichário de jurisprudência do Tribunal,

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para consulta dos interessados.
Parágrafo único. No regimento interno dos Tribunais Regionais serão
estabelecidas as demais atribuições, o funcionamento e a ordem dos trabalhos de
suas secretarias.
Art. 720. Competem aos secretários dos Tribunais Regionais as mesmas
atribuições conferidas no artigo 712 aos diretores de secretaria das Juntas, além
das que lhes forem fixadas no regimento interno dos Tribunais.
SEÇÃO V
DOS OFICIAIS DE JUSTIÇA E OFICIAIS DE JUSTIÇA AVALIADORES
Art. 721. Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da
Justiça do Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados
das Juntas de Conciliação e Julgamento e dos Tribunais Regionais do Trabalho,
que lhes forem cometidos pelos respectivos presidentes.
§ 1º. Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou
Oficial de Justiça Avaliador funcionará perante uma Junta de Conciliação e
Julgamento, salvo quando da existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de
órgão específico, destinado à distribuição de mandados judiciais.
§ 2º. Nas localidades onde houver mais de uma Junta, respeitado o disposto no
parágrafo anterior, a atribuição para o cumprimento do ato deprecado ao Oficial de
Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro oficial sempre que,
após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifiquem, não tiver sido
cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.
§ 3º. No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avaliador, para cumprimento
do ato, o prazo previsto no artigo 888.
§ 4º. É facultado aos presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a
qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de
execução das decisões desses Tribunais.
§ 5º. Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça
Avaliador, o presidente da Junta poderá atribuir a realização do ato a qualquer
serventuário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de 24.05.1963)
CAPÍTULO VII
DAS PENALIDADES

SEÇÃO I
DO "LOCK-OUT" E DA GREVE
Art. 722. Os empregadores que, individual ou coletivamente, suspenderem os
trabalhos dos seus estabelecimentos, sem prévia autorização do tribunal
competente, ou que violarem, ou se recusarem a cumprir decisão proferida em
dissídio coletivo, incorrerão nas seguintes penalidades:
a) multa de 300 (trezentos) a 3.000 (três mil) valores-de-referência regionais.
b) perda do cargo de representação profissional em cujo desempenho estiverem;
c) suspensão, pelo prazo de dois anos a cinco anos, do direito de serem eleitos
para cargos de representação profissional.

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§ 1º. Se o empregador for pessoa jurídica, as penas previstas nas alíneas b e c
incidirão sobre os administradores responsáveis.
§ 2º. Se o empregador for concessionário de serviço público, as penas serão
aplicadas em dobro. Nesse caso, se o concessionário for pessoa jurídica, o
presidente do Tribunal que houver proferido a decisão poderá, sem prejuízo do
cumprimento desta e da aplicação das penalidades cabíveis, ordenar o
afastamento dos administradores responsáveis, sob pena de ser cassada a
concessão.
§ 3º. Sem prejuízo das sanções cominadas neste artigo, os empregadores
ficarão obrigados a pagar os salários devidos aos seus empregados, durante o
tempo de suspensão do trabalho.
Art. 723. (Revogado pela Lei nº 9.842, de 07.10.1999, DOU 08.10.1999)
Art. 724. (Revogado pela Lei nº 9.842, de 07.10.1999, DOU 08.10.1999)
Art. 725. (Revogado pela Lei nº 9.842, de 07.10.1999, DOU 08.10.1999)
SEÇÃO II
DAS PENALIDADES CONTRA OS MEMBROS DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Art. 726. Aquele que recusar o exercício da função de juiz classista de Junta de
Conciliação e Julgamento ou de juiz representante classista de Tribunal Regional,
sem motivo justificado, incorrerá nas seguintes penas:
a) sendo representante de empregadores, multa de 6 (seis) a 60 (sessenta)
valores-de-referência regionais e suspensão do direito de representação
profissional por dois a cinco anos;
b) sendo representante de empregados, multa de 6 (seis) valores-de-referência
regionais e suspensão do direito de representação profissional por dois a cinco
anos.
Art. 727. Os juízes classistas das Juntas de Conciliação e Julgamento, ou juízes
representantes classistas dos Tribunais Regionais, que faltarem a três reuniões ou
sessões consecutivas, sem motivo justificado, perderão o cargo, além de
incorrerem nas penas do artigo anterior.
Parágrafo único. Prejudicado. Ver artigos 40 a 49 da Lei Complementar nº 35
(Lei Orgânica da Magistratura).
Art. 728. Aos presidentes, membros, juízes, juízes classistas e funcionários
auxiliares da Justiça do Trabalho, aplica-se o disposto no Título XI do Código
Penal.
SEÇÃO III
DE OUTRAS PENALIDADES
Art. 729. O empregador que deixar de cumprir decisão passada em julgado
sobre readmissão ou reintegração de empregado, além do pagamento dos
salários deste, incorrerá na multa de 3/5 (três quintos) a 3 (três) valores-de-
referência regionais por dia, até que seja cumprida a decisão.
§ 1º. O empregador que impedir ou tentar impedir que empregado seu sirva

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como juiz classista em Tribunal de Trabalho, ou perante este preste depoimento,
incorrerá na multa de 30 (trinta) a 300 (trezentos) valores-de-referência regionais.
§ 2º. Na mesma pena do parágrafo anterior incorrerá o empregador que
dispensar seu empregado pelo fato de haver servido como juiz classista ou
prestado depoimento como testemunha, sem prejuízo da indenização que a lei
estabeleça.
Art. 730. Aqueles que se recusarem a depor como testemunhas, sem motivo
justificado, incorrerão na multa de 3 (três) a 30 (trinta) valores-de-referência
regionais. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 731. Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não
se apresentar no prazo estabelecido no parágrafo único do artigo 786, à Junta ou
Juízo para fazê-la tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de seis
meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho.
Art. 732. Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que, por duas
vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o artigo 844.
Art. 733. As infrações de disposições deste Título, para as quais não haja
penalidades cominadas, serão punidas com multa de 3 (três) a 300 (trezentas)
valores-de-referência regionais, elevada ao dobro na reincidência. (Redação dada
pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 734. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)


Art. 735. As repartições públicas e as associações sindicais são obrigadas a
fornecer aos juízes e Tribunais do Trabalho e à Procuradoria da Justiça do
Trabalho as informações e os dados necessários à instrução e ao julgamento dos
feitos submetidos à sua apreciação.
Parágrafo único. A recusa de informações ou dados a que se refere este artigo,
por parte de funcionários públicos, importa na aplicação das penalidades previstas
pelo Estatuto dos Funcionários Públicos por desobediência.
TÍTULO IX
DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 736. O Ministério Público do Trabalho é constituído por agentes diretos do


Poder Executivo, tendo por função zelar pela exata observância da Constituição
Federal, das leis e demais atos emanados dos poderes públicos, na esfera de
suas atribuições.

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Parágrafo único. Para o exercício de suas funções, o Ministério Público do
Trabalho reger-se-á pelo que estatui esta Consolidação e, na falta de disposição
expressa, pelas normas que regem o Ministério Público Federal.
Art. 737. O Ministério Público do Trabalho compõe-se da Procuradoria da Justiça
do Trabalho, funcionando como órgão de coordenação entre a Justiça do Trabalho
e o Ministério do Trabalho, diretamente subordinada ao Ministro de Estado.
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 738. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 8.024, de 01.10.1945)
Art. 739. Não estão sujeitos a ponto os procuradores gerais e os procuradores.
CAPÍTULO II
DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

SEÇÃO I
DA ORGANIZAÇÃO
Art. 740. A Procuradoria da Justiça do Trabalho compreende:

a) uma Procuradoria Geral, que funcionará junto ao Tribunal Superior do


Trabalho;
b) vinte e quatro Procuradorias Regionais, que funcionarão junto aos Tribunais
Regionais do Trabalho. (Redação da alínea de acordo com a Lei 8.470,
05.10.1992)
Art. 741. As Procuradorias Regionais são subordinadas diretamente ao
procurador geral.
Art. 742. A Procuradoria Geral é constituída de um procurador geral e de
procuradores.
Parágrafo único. As Procuradorias Regionais compõem-se de um procurador
regional, auxiliado, quando necessário, por procuradores adjuntos.
Art. 743. Haverá, nas Procuradorias Regionais, substitutos de procurador
adjunto ou, quando não houver este cargo, de procurador regional, designados
previamente por decreto do Presidente da República, sem ônus para os cofres
públicos.
§ 1º. O substituto tomará posse perante o respectivo procurador regional, que
será a autoridade competente para convocá-lo.
§ 2º. O procurador regional será substituído, em suas faltas e impedimentos, pelo
respectivo procurador adjunto, quando houver, e havendo mais de um, pelo que
for por ele designado.
§ 3º. O procurador adjunto será substituído, em suas faltas e impedimentos, pelo
respectivo procurador substituto.
§ 4º. Será dispensado, automaticamente, o substituto que não atender à
convocação, salvo motivo de doença, devidamente comprovada.
§ 5º. Nenhum direito ou vantagem terá o substituto além do vencimento do cargo
do substituído e somente durante o seu impedimento legal.

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Art. 744. A nomeação do procurador geral deverá recair em bacharel em
ciências jurídicas e sociais, que tenha exercido, por cinco ou mais anos, cargo de
magistratura ou de Ministério Público, ou a advocacia.
Art. 745. Para a nomeação dos demais procuradores, atender-se-á aos mesmos
requisitos estabelecidos no artigo anterior, reduzido a dois anos, no mínimo, o
tempo de exercício.
SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA GERAL
Art. 746. Compete à Procuradoria Geral da Justiça do Trabalho: (Redação dada
ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
a) oficiar, por escrito, em todos os processos e questões de trabalho de
competência do Tribunal Superior do Trabalho;
b) funcionar nas sessões do mesmo Tribunal, opinando verbalmente sobre a
matéria em debate e solicitando as requisições e diligências que julgar
convenientes, sendo-lhe assegurado o direito de vista do processo em julgamento
sempre que for suscitada questão nova, não examinada no parecer exarado;
c) requerer prorrogação das sessões do Tribunal, quando essa medida for
necessária para que se ultime o julgamento;
d) exarar, por intermédio do procurador geral, o seu "ciente" nos acórdãos do
Tribunal;
e) proceder às diligências e inquéritos solicitados pelo Tribunal;
f) recorrer das decisões do Tribunal, nos casos previstos em lei;
g) promover, perante o juízo competente, a cobrança executiva das multas
impostas pelas autoridades administrativas e judiciárias do Trabalho;
h) representar às autoridades competentes contra os que não cumprirem as
decisões do Tribunal;
i) prestar às autoridades do Ministério do Trabalho as informações que lhe forem
solicitadas sobre os dissídios submetidos à apreciação do Tribunal e encaminhar
aos órgãos competentes cópia autenticada das decisões que por eles devem ser
atendidas ou cumpridas;
j) requisitar de quaisquer autoridades inquéritos, exames periciais, diligências,
certidões e esclarecimentos que se tornem necessários no desempenho de suas
atribuições;
l) defender a jurisdição dos órgãos da Justiça do Trabalho;
m) suscitar conflitos de jurisdição.
SEÇÃO III
DA COMPETÊNCIA DAS PROCURADORIAS REGIONAIS
Art. 747. Compete às Procuradorias Regionais exercer, dentro da jurisdição do
Tribunal Regional respectivo, as atribuições indicadas na Seção anterior.
SEÇÃO IV
DAS ATRIBUIÇÕES DO PROCURADOR GERAL
Art. 748. Como chefe da Procuradoria Geral da Justiça do Trabalho, incumbe ao

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procurador geral: (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
a) dirigir os serviços da Procuradoria Geral, orientar e fiscalizar as Procuradorias
Regionais, expedindo as necessárias instruções;
b) funcionar nas sessões do Tribunal Superior do Trabalho, pessoalmente ou por
intermédio do procurador que designar;
c) exarar o seu "ciente" nos acórdãos do Tribunal;
d) designar o procurador que o substitua nas faltas e impedimentos e o chefe da
secretaria da Procuradoria;
e) apresentar até 31 de março, ao Ministro do Trabalho, relatórios dos trabalhos
da Procuradoria Geral no ano anterior, com as observações e sugestões que
julgar convenientes;
f) conceder férias aos procuradores e demais funcionários que sirvam na
Procuradoria e impor-lhes penas disciplinares, observada, quanto aos
procuradores, a legislação em vigor para o Ministério Público Federal;
g) funcionar em Juízo, em primeira instância, ou designar os procuradores que o
devam fazer;
h) admitir e dispensar o pessoal extranumerário da secretaria e prorrogar o
expediente remunerado dos funcionários e extranumerários.
SEÇÃO V
DAS ATRIBUIÇÕES DOS PROCURADORES
Art. 749. Incumbe aos procuradores com exercício na Procuradoria Geral:

a) funcionar, por designação do procurador geral, nas sessões do Tribunal


Superior do Trabalho;
b) desempenhar os demais encargos que lhes forem atribuídos pelo procurador
geral.
Parágrafo único. Aos procuradores é facultado, nos processos em que oficiarem,
requerer ao procurador geral as diligências e investigações necessárias. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
SEÇÃO VI
DAS ATRIBUIÇÕES DOS PROCURADORES REGIONAIS
Art. 750. Incumbe aos procuradores regionais: (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
a) dirigir os serviços da respectiva Procuradoria;
b) funcionar nas sessões do Tribunal Regional, pessoalmente ou por intermédio
do procurador adjunto que designar;
c) apresentar, semestralmente, ao procurador geral, um relatório das atividades
da respectiva Procuradoria, bem como dados e informações sobre a
administração da Justiça do Trabalho na respectiva região;
d) requerer e acompanhar perante as autoridades administrativas ou judiciárias
as diligências necessárias à execução das medidas e providências ordenadas
pelo procurador geral;
e) prestar ao procurador geral as informações necessárias sobre os feitos em

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andamento e consultá-lo nos casos de dúvida;
f) funcionar, em juízo, na sede do respectivo Tribunal Regional;
g) exarar o seu "ciente" nos acórdãos do Tribunal;
h) designar o procurador que o substitua nas faltas e impedimentos e o
secretário da Procuradoria.
Art. 751. Incumbe aos procuradores adjuntos das Procuradorias Regionais:
(Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
a) funcionar, por designação do procurador regional, nas sessões do Tribunal
Regional;
b) desempenhar os demais encargos que lhes forem atribuídos pelo procurador
regional.
SEÇÃO VII
DA SECRETARIA
Art. 752. A secretaria da Procuradoria Geral funcionará sob a direção de um
chefe designado pelo procurador geral e terá o pessoal designado pelo Ministro do
Trabalho. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 753. Compete à Secretaria:

a) receber, registrar e encaminhar os processos ou papéis entrados;


b) classificar e arquivar os pareceres e outros papéis;
c) prestar informações sobre os processos ou papéis sujeitos à apreciação da
Procuradoria;
d) executar o expediente da Procuradoria;
e) providenciar sobre o suprimento do material necessário;
f) desempenhar os demais trabalhos que lhe forem cometidos pelo procurador
geral, para melhor execução dos serviços a seu cargo.
Art. 754. Nas procuradorias regionais os trabalhos a que se refere o artigo
anterior serão executados pelos funcionários para esse fim designados.
CAPÍTULO III
DA PROCURADORIA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Art. 755. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)


Art. 756. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)
Art. 757. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)
Art. 758. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)
Art. 759. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)
Art. 760. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)
Art. 761. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)
Art. 762. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966 - DOU 22.11.1966)

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TÍTULO X
DO PROCESSO JUDICIÁRIO DO TRABALHO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 763. O processo da Justiça do Trabalho, no que concerne aos dissídios


individuais e coletivos e à aplicação de penalidades, reger-se-á, em todo o
território nacional, pelas normas estabelecidas neste Título.
Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da
Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º. Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão
sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória
dos conflitos.
§ 2º. Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente
em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título.
§ 3º. É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda
mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.
Art. 765. Os juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do
processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar
qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
Art. 766. Nos dissídios sobre estipulação de salários, serão estabelecidas
condições que, assegurando justo salário aos trabalhadores, permitam também
justa retribuição às empresas interessadas.
Art. 767. A compensação ou retenção só poderá ser argüida como matéria de
defesa. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
Art. 768. Terá preferência em todas as fases processuais o dissídio cuja decisão
tiver de ser executada perante o juízo da falência.
Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária
do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as
normas deste Título.
CAPÍTULO II
DO PROCESSO EM GERAL

SEÇÃO I
DOS ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS
Art. 770. Os atos processuais serão públicos, salvo quando o contrário
determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 às 20 horas.
Parágrafo único. A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado,

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mediante autorização expressa do juiz ou presidente.
Art. 771. Os termos e atos processuais poderão ser escritos a tinta,
datilografados ou a carimbo.
Art. 772. Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes
interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão
firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não houver
procurador legalmente constituído.
Art. 773. Os termos relativos ao movimento dos processos constarão de simples
notas, datadas e rubricadas pelos chefes de secretaria ou escrivães. (Redação
dada ao artigo pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 774. Salvo disposições em contrário, os prazos previstos neste Título
contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou
recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no
que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for
afixado o edital, na sede da Junta, Juízo ou Tribunal. (Redação dada pela Lei nº
2.244, de 23.06.1954)
Parágrafo único. Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser
encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará
obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la no prazo de 48
horas, ao Tribunal de origem. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia
do começo e inclusão do dia de vencimento, e são contínuos e irreleváveis,
podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário pelo
Juiz do Tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.
Parágrafo único. Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia feriado
terminarão no primeiro dia útil seguinte. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei
nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 776. O vencimento dos prazos será certificado nos processos pelos
escrivães ou chefes de secretaria. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 409, de
25.09.1948)
Art. 777. Os requerimentos e documentos apresentados, os atos e termos
processuais, as petições ou razões de recurso e quaisquer outros papéis
referentes aos feitos formarão os autos dos processos, os quais ficarão sob a
responsabilidade dos escrivães ou chefes de secretaria. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 778. Os autos dos processos da Justiça do Trabalho não poderão sair dos
cartórios ou secretarias, salvo se solicitados por advogado regularmente
constituído por qualquer das partes, ou quando tiverem de ser remetidos aos
órgãos competentes, em caso de recurso ou requisição. (Redação dada pela Lei
nº 6.598, de 01.12.1978)

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Art. 779. As partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla
liberdade, os processos nos cartórios ou secretarias.
Art. 780. Os documentos junto aos autos poderão ser desentranhados somente
depois de findo o processo, ficando traslado.
Art. 781. As partes poderão requerer certidões dos processos em curso ou
arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou chefes de secretaria.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Parágrafo único. As certidões dos processos que correrem em segredo de justiça
dependerão de despacho do juiz ou presidente.
Art. 782. São isentos de selo as reclamações, representações, requerimentos,
atos e processos relativos à Justiça do Trabalho.
SEÇÃO II
DA DISTRIBUIÇÃO
Art. 783. A distribuição das reclamações será feita entre as Juntas de
Conciliação e Julgamento, ou os Juízes de Direito do Cível, nos casos previstos
no artigo 669, § 1º, pela ordem rigorosa de sua apresentação ao distribuidor,
quando o houver.
Art. 784. As reclamações serão registradas em livro próprio, rubricado em todas
as folhas pela autoridade a que estiver subordinado o distribuidor.
Art. 785. O distribuidor fornecerá ao interessado um recibo, do qual constarão,
essencialmente, o nome do reclamante e do reclamado, a data da distribuição, o
objeto da reclamação e a junta ou juízo a que coube a distribuição.
Art. 786. A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.
Parágrafo único. Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo
motivo de força maior, apresentar-se no prazo de cinco dias, ao cartório ou à
secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no artigo 731.
Art. 787. A reclamação escrita deverá ser formulada em duas vias e desde logo
acompanhada dos documentos em que se fundar.
Art. 788. Feita a distribuição, a reclamação será remetida pelo distribuidor à
Junta ou Juízo competente, acompanhada do bilhete de distribuição.
SEÇÃO III
DAS CUSTAS
Art. 789. Nos dissídios individuais ou coletivos do trabalho, até o julgamento, as
custas serão calculadas progressivamente, de acordo com a seguinte tabela:
I - até um valor-de-referência, 10% (dez por cento);
II - acima do limite do item I até duas vezes o valor-de-referência, 8% (oito por
cento);
III - acima de duas e até cinco vezes o valor-de-referência, 6% (seis por cento);

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IV - acima de cinco e até dez vezes o valor-de-referência, 4% (quatro por cento);
V - acima de dez vezes o valor-de-referência, 2% (dois por cento)
§ 1º. Nas Juntas, nos Tribunais Regionais e no Tribunal Superior do Trabalho, o
pagamento das custas será feito na forma das instruções expedidas pelo Tribunal
Superior do Trabalho. Nos Juízos de Direito, a importância das custas será
dividida proporcionalmente entre os funcionários que tiverem funcionando no feito,
excetuados os distribuidores, cujas custas serão pagas no ato, de acordo com o
regimento local.
§ 2º. Na divisão a que se refere o § 1º, as custas de execução e os emolumentos
de traslados e instrumentos serão determinados em tabelas expedidas pelo
Tribunal Superior do Trabalho.
§ 3º. As custas serão calculadas:
a) quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo valor;
b) quando houver desistência ou arquivamento, sobre o valor do pedido;
c) quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz presidente ou o juiz fixar;
d) no caso de inquérito, sobre 6 (seis) vezes o salário mensal do reclamado ou
dos reclamados.
§ 4º. As custas serão pagas pelo vencido, depois de transitada em julgado a
decisão ou, no caso de recurso, dentro de 5 (cinco) dias da data de sua
interposição, sob pena de deserção, salvo quando se tratar de inquérito, caso em
que o pagamento das custas competirá à empresa, antes de seu julgamento pela
Junta ou Juízo de Direito.
§ 5º. Os emolumentos de traslados e instrumentos serão pagos dentro de
quarenta e oito (48) horas após a sua extração, feito, contudo, no ato do
requerimento, o depósito prévio do valor estimado pelo funcionário encarregado,
sujeito à complementação, com ciência da parte, sob pena de deserção.
§ 6º. Sempre que houver acordo, se de outra forma não for convencionado, o
pagamento das custas caberá em partes iguais aos litigantes.
§ 7º. Tratando-se de empregado sindicalizado que não tenha obtido o benefício
da justiça gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no
processo responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas.
§ 8º. No caso de não pagamento de custas, far-se-á a execução da respectiva
importância, segundo o processo estabelecido no Capítulo V deste Título.
§ 9º. É facultado aos presidentes dos Tribunais do Trabalho conceder, de ofício,
o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles
que perceberem salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou provarem o
seu estado de miserabilidade. (Redação dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 229,
de 28.02.1967)
Art. 790. Nos casos de dissídios coletivos, as partes vencidas responderão
solidariamente pelo pagamento das custas, calculadas sobre o valor arbitrado pelo
presidente do Tribunal. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.02.1967)
SEÇÃO IV
DAS PARTES E DOS PROCURADORES
Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente
perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

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§ 1º. Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se
representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado,
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º. Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por
advogado.
Art. 792. Os maiores de 18 e menores de 21 anos e as mulheres casadas
poderão pleitear perante a Justiça do Trabalho sem a assistência de seus pais,
tutores ou maridos.
Art. 793. Tratando-se de maiores de 14 anos e menores de 18 anos, as
reclamações poderão ser feitas pelos seus representantes legais ou, na falta
destes, por intermédio da Procuradoria da Justiça do Trabalho. Nos lugares onde
não houver Procuradoria, o juiz ou presidente nomeará pessoa habilitada para
desempenhar o cargo de curador à lide.
SEÇÃO V
DAS NULIDADES
Art. 794. Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só haverá
nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às partes
litigantes.
Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das
partes, as quais deverão argüí-las à primeira vez em que tiverem de falar em
audiência ou nos autos.
§ 1º. Deverá, entretanto, ser declarada ex-offício a nulidade fundada em
incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos decisórios.
§ 2º. O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma
ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade
competente, fundamentando sua decisão.
Art. 796. A nulidade não será pronunciada:

a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato;


b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa.
Art. 797. O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que
ela se estende.
Art. 798. A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam consequência.
SEÇÃO VI
DAS EXCEÇÕES
Art. 799. Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem ser
opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou incompetência.
§ 1º. As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§ 2º. Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo, quanto
a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no entanto, as

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partes alegá-las novamente no recurso que couber da decisão final. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 800. Apresentada a exceção de incompetência, abrir-se-á vista dos autos ao
exceto, por 24 horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira
audiência ou sessão que se seguir.
Art. 801. O juiz, presidente ou juiz classista, é obrigado a dar-se por suspeito, e
pode ser recusado, por alguns dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos
litigantes:
a) inimizade pessoal;
b) amizade íntima;
c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.
Parágrafo único. Se o recusante houver praticado algum ato pelo qual haja
consentido na pessoa do juiz, não mais poderá alegar exceção de suspeição,
salvo sobrevindo novo motivo. A suspeição não será também admitida, se do
processo constar que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a
conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o juiz recusado ou, finalmente, se
procurou de propósito o motivo de que ela se originou.
Art. 802. Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal designará
audiência, dentro de 48 horas, para instrução e julgamento da exceção.
§ 1º. Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais, julgada
procedente a exceção de suspeição, será logo convocado, para a mesma
audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro suspeito, o qual
continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-se-á da mesma maneira
quando algum dos membros se declarar suspeito.
§ 2º. Se se tratar de suspeição de juiz de Direito, será este substituído na forma
da organização judiciária local.
SEÇÃO VII
DOS CONFLITOS DE JURISDIÇÃO
Art. 803. Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:

a) Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízos de Direito investidos na


administração da Justiça do Trabalho;
b) Tribunais Regionais do Trabalho;
c) Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária;
d) (Alínea revogada pelo Decreto-Lei 8.737, de 19.01.1946.)
Art. 804. Dar-se-á conflito de jurisdição:
a) quando ambas as autoridades se considerarem competentes;
b) quando ambas as autoridades se considerarem incompetentes.
Art. 805. Os conflitos de jurisdição podem ser suscitados:
a) pelos juízes e Tribunais do Trabalho;
b) pelo procurador geral e pelos procuradores regionais da Justiça do Trabalho;
c) pela parte interessada, ou o seu representante.

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Art. 806. É vedado à parte interessada suscitar conflitos de jurisdição quando já
houver oposto na causa exceção de incompetência.
Art. 807. No ato de suscitar o conflito deverá a parte interessada produzir a
prova de existência dele.
Art. 808. Os conflitos de jurisdição de que trata o artigo 803 serão resolvidos:
(Redação dada ao caput pelo Decreto-Lei nº 6.353, de 20.03.1944)
a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de
Direito, ou entre umas e outros, nas respectivas regiões;
b) pelo Tribunal Superior do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais,
ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais
diferentes;
c) (alínea revogada pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946 (DOU 11.09.1946);
d) pelo Supremo Tribunal Federal, os suscitados entre as autoridade da Justiça
do Trabalho e as da Justiça Ordinária.
Art. 809. Nos conflitos de jurisdição entre as Juntas e os Juízos de Direito
observar-se-á o seguinte:
I - o juiz ou presidente mandará extrair dos autos as provas do conflito e, com a
sua informação, remeterá o processo assim formado, no mais breve prazo
possível, ao presidente do Tribunal Regional competente;
II - no Tribunal Regional, logo que der entrada o processo, o presidente
determinará a distribuição do feito, podendo o relator ordenar imediatamente às
Juntas e aos Juízos, nos casos de conflito positivo, que sobrestejam o andamento
dos respectivos processos e solicitar, ao mesmo tempo, quaisquer informações
que julgue conveniente. Seguidamente, será ouvida a Procuradoria, após o que o
relator submeterá o feito a julgamento, na primeira sessão;
III - proferida a decisão, será a mesma comunicada, imediatamente, às
autoridades em conflito, prosseguindo no foro julgado competente;
Art. 810. Aos conflitos de jurisdição entre os Tribunais Regionais aplicar-se-ão as
normas estabelecidas no artigo anterior.
Art. 811. Nos conflitos suscitados na Justiça do Trabalho entre as autoridades
deste e os órgãos da Justiça Ordinária, o processo do conflito, formado de acordo
com o inciso I do artigo 809, será remetido diretamente ao presidente do Supremo
Tribunal Federal.
Art. 812. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 9.797, de 09.09.1946)
SEÇÃO VIII
DAS AUDIÊNCIAS
Art. 813. As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e
realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados,
entre 8 e 18 horas, não podendo ultrapassar cinco horas seguidas, salvo quando
houver matéria urgente.
§ 1º. Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das

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audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 horas.
§ 2º. Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências
extraordinárias, observado o prazo do parágrafo anterior.
Art. 814. Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a
necessária antecedência, os escrivães ou diretores de secretaria. (Redação dada
pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 815. À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência,
sendo feita pelo chefe de secretaria ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.
Parágrafo único. Se, até 15 minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente
não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido
constar do livro de registro das audiências. (Redação dada pela Lei nº 409, de
25.09.1948)
Art. 816. O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar
retirar do recinto os assistentes que a perturbarem.
Art. 817. O registro das audiências será feito em livro próprio, constando de cada
registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem como as
ocorrências eventuais.
Parágrafo único. Do registro das audiências poderão ser fornecidas certidões às
pessoas que o requererem.
SEÇÃO IX
DAS PROVAS
Art. 818. A prova das alegações incumbe à parte que as fizer.
Art. 819. O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a
língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente.
§ 1º. Proceder-se-á da forma indicada neste artigo, quando se tratar de surdo-
mudo, ou de mudo, que não saiba escrever.
§ 2º. Em ambos os casos de que este artigo trata, as despesas correrão por
conta da parte a que interessar o depoimento.
Art. 820. As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente,
podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos juízes classistas,
das partes, seus representantes ou advogados. (Redação dada pela Lei nº 409,
de 25.09.1948)
Art. 821. Cada uma das partes não poderá indicar mais de três testemunhas,
salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado
a seis. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 822. As testemunhas não poderão sofrer qualquer desconto pelas faltas ao
serviço, ocasionadas pelo seu comparecimento para depor, quando devidamente
arroladas ou convocadas.

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Art. 823. Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora
de serviço, será requisitado ao chefe da repartição para comparecer à audiência
marcada.
Art. 824. O juiz ou presidente providenciará para que o depoimento de uma
testemunha não seja ouvido pelas demais que tenham de depor no processo.
Art. 825. As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de
notificação ou intimação.
Parágrafo único. As que não comparecerem serão intimadas, ex-officio, ou a
requerimento da parte, ficando sujeitas à condução coercitiva, além das
penalidades do artigo 730, caso sem motivo justificado, não atendam à intimação.
Art. 826. (Revogado tacitamente pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970, que determina
sejam os exames periciais realizados por perito único designado pelo juiz)
Art. 827. O juiz ou presidente poderá argüir os peritos compromissados ou os
técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros tiverem
apresentado.
Art. 828. Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será
qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando sujeita,
em caso de falsidade, às leis penais.
Parágrafo único. Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por ocasião
da audiência, pelo chefe de secretaria da Junta ou funcionário para esse fim
designado, devendo a súmula ser assinada pelo presidente do Tribunal e pelos
depoentes. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Art. 829. A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou
inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento
valerá como simples informação.
Art. 830. O documento oferecido para prova só será aceito se estiver no original
ou em certidão autêntica, ou quando conferida a respectiva pública-forma ou cópia
perante o juiz ou tribunal.
SEÇÃO X
DA DECISÃO E SUA EFICÁCIA
Art. 831. A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de
conciliação.
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como
decisão irrecorrível.
Art. 832. Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e
da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva
conclusão.
§ 1º. Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará o prazo

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e as condições para o seu cumprimento.
§ 2º. A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela parte
vencida.
Art. 833. Existindo na decisão evidentes erros ou enganos de escrita, de
datilografia ou de cálculo, poderão os mesmos, antes da execução, ser corrigidos,
ex-officio, ou a requerimento dos interessados ou da Procuradoria da Justiça do
Trabalho.
Art. 834. Salvo nos casos previstos nesta Consolidação, a publicação das
decisões e sua notificação aos litigantes, ou seus patronos, consideram-se
realizadas nas próprias audiências em que forem as mesmas proferidas.
Art. 835. O cumprimento do acordo ou da decisão far-se-á no prazo e condições
estabelecidas.
Art. 836. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já
decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação
rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da
Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, dispensado o
depósito referido nos artigos 488, inciso II, e 494 daquele diploma legal. (Redação
dada pela Lei nº 7.351, de 27.08.1985)
CAPÍTULO III
DOS DISSÍDIOS INDIVIDUAIS

SEÇÃO I
DA FORMA DE RECLAMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO
Art. 837. Nas localidades em que houver apenas uma Junta de Conciliação e
Julgamento, ou um escrivão do cível, a reclamação será apresentada diretamente
à secretaria da Junta, ou ao cartório do Juízo.
Art. 838. Nas localidades em que houver mais de uma Junta ou mais de um
Juízo, ou escrivão do cível, a reclamação será, preliminarmente, sujeita a
distribuição na forma do disposto no Capítulo II, Seção II, deste Título.
Art. 839. A reclamação poderá ser apresentada:
a) pelos empregados e empregadores, pessoalmente, ou por seus
representantes e pelos sindicatos de classe;
b) por intermédio das Procuradorias Regionais da Justiça do Trabalho.
Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
§ 1º. Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do presidente da
Junta, ou do juiz de Direito, a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do
reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a
data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
§ 2º. Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e
assinadas pelo escrivão ou chefe de secretaria, observado, no que couber, o

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disposto no parágrafo anterior. (Redação de acordo com a Lei nº 409, de
25.09.1948).
Art. 841. Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou chefe de
secretaria, dentro de 48 horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo,
ao reclamado, notificando-o, ao mesmo tempo, para comparecer à audiência de
julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de cinco dias.
§ 1º. A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado
criar embaraços ao seu recebimento, ou não for encontrado, far-se-á a notificação
por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na
falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º. O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na
forma do parágrafo anterior. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 409, de
25.09.1948)
Art. 842. Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria,
poderão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma
empresa ou estabelecimento.
SEÇÃO II
DA AUDIÊNCIA DE JULGAMENTO
Art. 843. Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o
reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo
nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os
empregados poderão fazer-se representar pelo sindicato de sua categoria.
(Redação dada pela Lei nº 6.667, 03.07.1979)
§ 1º. É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer
outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.
§ 2º. Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá
fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou
pelo seu sindicato.
Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o
arquivamento da reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão, quanto à matéria de fato.
Parágrafo único. Ocorrendo, entretanto, motivo relevante, poderá o presidente
suspender o julgamento, designando nova audiência.
Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados
das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.
Art. 846. Aberta a audiência, o Juiz ou presidente proporá a conciliação.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 9.022, de 05.04.1995)
§ 1º. Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente e pelos
litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu cumprimento.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.022, de 05.04.1995)

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§ 2º. Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser
estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a satisfazer
integralmente o pedido ou pagar uma indenização convencionada, sem prejuízo
do cumprimento do acordo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.022, de
05.04.1995)
Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua
defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas
as partes. (Redação dada pela Lei n º 9.022, de 05.04.1995)
Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o
presidente, ex-officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os
litigantes. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.022, de 05.04.1995)
§ 1º. Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se,
prosseguindo a instrução com o seu representante.
§ 2º. Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se
houver.
Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por
motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a
sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova
notificação.
Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em
prazo não excedente de dez minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou
presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será
proferida a decisão.
Parágrafo único. O presidente da Junta, após propor a solução do dissídio,
tomará os votos dos juízes classistas e, havendo divergência entre estes, poderá
desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da lei e ao
justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.
Art. 851. Os trâmites de instrução e julgamento da reclamação serão resumidos
em ata, de que constará, na íntegra, a decisão. (Redação dada ao artigo pelo
Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
§ 1º. Nos processos de exclusiva alçada das Juntas, será dispensável, a juízo do
presidente, o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a conclusão do
Tribunal quanto à matéria de fato.
§ 2º. A ata será, pelo presidente ou juiz, junta ao processo, devidamente
assinada, no prazo improrrogável de 48 horas, contado da audiência de
julgamento, e assinada pelos juízes classistas presentes à mesma audiência.
Art. 852. Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou por seu
representante na própria audiência. No caso de revelia, a notificação far-se-á pela
forma estabelecida no § 1º do artigo 841.
Seção II-A
Do Procedimento Sumaríssimo
(Seção acrescentada pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em

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vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o
salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos
ao procedimento sumaríssimo.
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em
que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:
I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente;
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação do nome
e endereço do reclamado;
III - a apreciação da reclamação deverá ocorrer no prazo máximo de quinze dias
do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de acordo
com o movimento judiciário da Junta de Conciliação e Julgamento.
§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste
artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao pagamento de
custas sobre o valor da causa.
§ 2º As partes e advogados comunicarão ao juízo as mudanças de endereço
ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao
local anteriormente indicado, na ausência de comunicação. (Artigo acrescentado
pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da
data de publicação)
Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas
em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser
convocado para atuar simultaneamente com o titular. (Artigo acrescentado pela
Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data
de publicação)
Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a
serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias,
bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum
ou técnica. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as
vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a
solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-F. Na ata da audiência serão registrados resumidamente os atos
essenciais, as afirmações fundamentais das partes e as informações úteis à
solução da causa trazidas pela prova testemunhal. (Artigo acrescentado pela Lei
nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de

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publicação)
Art. 852-G. Serão decididos, de plano, todos os incidentes e exceções que
possam interferir no prosseguimento da audiência e do processo. As demais
questões serão decididas na sentença. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de
12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e
julgamento, ainda que não requeridas previamente.
§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á
imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta
impossibilidade, a critério do juiz.
§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à
audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.
§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada,
deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá
determinar sua imediata condução coercitiva.
§ 4º Somente quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta, será
deferida prova técnica, incumbindo ao juiz, desde logo, fixar o prazo, o objeto da
perícia e nomear perito.
§ 5º (VETADO)
§ 6º As partes serão intimadas a manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de
cinco dias.
§ 7º Interrompida a audiência, o seu prosseguimento e a solução do processo dar-
se-ão no prazo máximo de trinta dias, salvo motivo relevante justificado nos autos
pelo juiz da causa. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 852-I. A sentença mencionará os elementos de convicção do juízo, com
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
§ 1º O juízo adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime,
atendendo aos fins sociais da lei e as exigências do bem comum.
§ 2º (VETADO)
§ 3º As partes serão intimadas da sentença na própria audiência em que
prolatada. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU
13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
SEÇÃO III
DO INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE
Art. 853. Para a instauração de inquérito para apuração de falta grave contra
empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação
por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 dias, contados da data da
suspensão do empregado.
Art. 854. O processo do inquérito perante a Junta ou Juízo obedecerá às normas
estabelecidas no presente Capítulo, observadas as disposições desta Seção.
Art. 855. Se tiver havido prévio reconhecimento da estabilidade do empregado, o

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julgamento do inquérito pela Junta ou Juízo não prejudicará a execução para
pagamento dos salários devidos ao empregado, até a data da instauração do
mesmo inquérito.
CAPÍTULO IV
DOS DISSÍDIOS COLETIVOS

SEÇÃO I
DA INSTAURAÇÃO DA INSTÂNCIA
Art. 856. A instância será instaurada mediante representação escrita ao
presidente do Tribunal. Poderá ser também instaurada por iniciativa do presidente,
ou, ainda, a requerimento da Procuradoria da Justiça do Trabalho, sempre que
ocorrer suspensão do trabalho.
Art. 857. A representação para instaurar a instância em dissídio coletivo constitui
prerrogativa das associações sindicais, excluídas as hipóteses aludidas no artigo
856, quando ocorrer suspensão do trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº
7.321, de 14.02.1945)
Parágrafo único. Quando não houver sindicato representativo da categoria
econômica ou profissional, poderá a representação ser instaurada pelas
federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas,
no âmbito de sua representação. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 2.693, de
23.12.1955)
Art. 858. A representação será apresentada em tantas vias quantos forem os
reclamados e deverá conter:
a) designação e qualificação dos reclamantes e dos reclamados e a natureza do
estabelecimento ou do serviço;
b) os motivos do dissídio e as bases de conciliação.
Art. 859. A representação dos sindicatos para instauração da instância fica
subordinada à aprovação de assembléia, da qual participem os associados
interessados na solução do dissídio coletivo, em primeira convocação, por maioria
de 2/3 (dois terços) dos mesmos, ou, em segunda convocação, por 2/3 (dois
terços) dos presentes. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 7.321, de 14.02.1945)
Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.321, de 14.02.1945)
SEÇÃO II
DA CONCILIAÇÃO E DO JULGAMENTO
Art. 860. Recebida e protocolada a representação, e estando na devida forma, o
presidente do Tribunal designará a audiência de conciliação dentro do prazo de
dez, dias determinando a notificação dos dissidentes, com observância do
disposto no artigo 841.
Parágrafo único. Quando a instância for instaurada, ex-officio, a audiência deverá
ser realizada dentro do prazo mais breve possível, após o reconhecimento do
dissídio.

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Art. 861. É facultado ao empregador fazer-se representar na audiência pelo
gerente, ou por qualquer outro preposto que tenha conhecimento do dissídio, e por
cujas declarações será sempre responsável.
Art. 862. Na audiência designada, comparecendo ambas as partes ou seus
representantes, o presidente do Tribunal as convidará para se pronunciarem sobre
as bases da conciliação. Caso não sejam aceitas as bases propostas, o
presidente submeterá aos interessados a solução que lhe pareça capaz de
resolver o dissídio.
Art. 863. Havendo acordo, o presidente o submeterá à homologação do Tribunal
na primeira sessão.
Art. 864. Não havendo acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma
delas, o presidente submeterá o processo a julgamento, depois de realizadas as
diligências que entender necessárias e ouvida a Procuradoria. (Redação dada
pelo Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946)
Art. 865. Sempre que, no decorrer do dissídio, houver ameaça de perturbação
da ordem, o presidente requisitará à autoridade competente as providências que
se tornarem necessárias.
Art. 866. Quando o dissídio ocorrer fora da sede do Tribunal, poderá o
presidente, se julgar conveniente, delegar à autoridade local as atribuições de que
tratam os artigos 860 e 862. Nesse caso, não havendo conciliação, a autoridade
delegada encaminhará o processo ao Tribunal, fazendo exposição circunstanciada
dos fatos e indicando a solução que lhe parecer conveniente.
Art. 867. Da decisão do Tribunal serão notificadas as partes, ou seus
representantes, em registrado postal com franquia, fazendo-se, outrossim, a sua
publicação no jornal oficial, para ciência dos demais interessados.
Parágrafo único. A sentença normativa vigorará: (Parágrafo acrescentado pelo
Decreto-Lei nº 424, de 21.01.1969)
a) a partir da data de sua publicação, quando ajuizado o dissídio após o prazo do
artigo 616, § 3º, ou, quando não existir acordo, convenção ou sentença normativa
em vigor, na data do ajuizamento;
b) a partir do dia imediato ao termo final de vigência do acordo, convenção ou
sentença normativa, quando ajuizado o dissídio no prazo do artigo 616, § 3º.
SEÇÃO III
DA EXTENSÃO DAS DECISÕES
Art. 868. Em caso de dissídio coletivo que tenha por motivo novas condições de
trabalho, e no qual figure como parte apenas uma fração de empregados de uma
empresa, poderá o tribunal competente, na própria decisão, estender tais
condições de trabalho, se julgar justo e conveniente, aos demais empregados da
empresa que forem da mesma profissão dos dissidentes.
Parágrafo único. O Tribunal fixará a data em que a decisão deve entrar em
execução, bem como o prazo de sua vigência, o qual não poderá ser superior a

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quatro anos.
Art. 869. A decisão sobre novas condições de trabalho poderá também ser
estendida a todos os empregados da mesma categoria profissional compreendida
na jurisdição do Tribunal:
a) por solicitação de um ou mais empregadores, ou de qualquer sindicato destes;
b) por solicitação de um ou mais sindicatos de empregados;
c) ex-officio, pelo Tribunal que houver proferido a decisão;
d) por solicitação da Procuradoria da Justiça do Trabalho.
Art. 870. Para que a decisão possa ser estendida, na forma do artigo anterior,
torna-se preciso que três quartos dos empregadores e três quartos dos
empregados, ou os respectivos sindicatos, concordem com a extensão da
decisão.
§ 1º. O tribunal competente marcará o prazo, não inferior a trinta nem superior a
sessenta dias, a fim de que se manifestem os interessados.
§ 2º. Ouvidos os interessados e a Procuradoria da Justiça do Trabalho, será o
processo submetido ao julgamento do Tribunal.
Art. 871. Sempre que o Tribunal estender a decisão, marcará a data em que a
extensão deva entrar em vigor.
SEÇÃO IV
DO CUMPRIMENTO DAS DECISÕES
Art. 872. Celebrado o acordo, ou transitada em julgado a decisão, seguir-se-á o
seu cumprimento, sob as penas estabelecidas neste Título.
Parágrafo único. Quando os empregadores deixarem de satisfazer o pagamento
de salários, na conformidade da decisão proferida, poderão os empregados ou
seus sindicatos, independentes de outorga de poderes de seus associados,
juntando certidão de tal decisão, apresentar reclamação à Junta ou Juízo
competente, observado o processo previsto no Capítulo II deste Título, sendo
vedado, porém, questionar sobre a matéria de fato e de direito já apreciada na
decisão. (Parágrafo único com a redação dada pela Lei nº 2.275, de 30.07.1954)
SEÇÃO V
DA REVISÃO
Art. 873. Decorrido mais de um ano de sua vigência, caberá revisão das
decisões que fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as
circunstâncias que as ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado
injustas ou inaplicáveis.
Art. 874. A revisão poderá ser promovida por iniciativa do Tribunal prolator, da
Procuradoria da Justiça do Trabalho, das associações sindicais ou de empregador
ou empregadores no cumprimento da decisão.
Parágrafo único. Quando a revisão for promovida por iniciativa do Tribunal
prolator ou da Procuradoria, as associações sindicais e o empregador ou
empregadores interessados serão ouvidos no prazo de trinta dias. Quando

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promovida por uma das partes interessadas, serão as outras ouvidas também por
igual prazo.
Art. 875. A revisão será julgada pelo tribunal que tiver proferido a decisão,
depois de ouvida a Procuradoria da Justiça do Trabalho.
CAPÍTULO V
DA EXECUÇÃO

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 876. As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido
recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de
ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos
de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão
executados pela forma estabelecida neste Capítulo. (NR) (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 90 dias da
data de publicação)
Art. 877. É competente para a execução das decisões o juiz ou presidente do
Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.
Art. 877-A. É competente para a execução de título executivo extrajudicial o juiz
que teria competência para o processo de conhecimento relativo à matéria. (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.958, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir
de 90 dias da data de publicação)
Art. 878. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex-
officio, pelo próprio juiz ou presidente ou tribunal competente, nos termos do artigo
anterior.
Parágrafo único. Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a
execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho.
Art. 879. Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a
sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por artigos.
(Redação dada ao caput pela Lei nº 2.244, de 23.05.1954)
§ 1º. Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença liquidanda,
nem discutir matéria pertinente à causa principal. (Redação dada ao parágrafo
pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
§ 2º. Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir às partes prazo
sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação fundamentada com a indicação dos
itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
SEÇÃO II
DO MANDADO DA PENHORA
Art. 880. O juiz ou presidente do Tribunal, requerida a execução, mandará
expedir mandado de citação ao executado a fim de que cumpra a decisão ou o

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acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas, ou, em se
tratando de pagamento em dinheiro, para que pague em 48 horas, ou garanta a
execução, sob pena de penhora.
§ 1º. O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo de
acordo não cumprido.
§ 2º. A citação será feita pelos oficiais de justiça.
§ 3º. Se o executado, procurado por duas vezes, no espaço de 48 horas, não for
encontrado, far-se-á a citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta
deste, afixado na sede na Junta ou Juízo, durante cinco dias.
Art. 881. No caso de pagamento da importância reclamada, será este feito
perante o escrivão ou chefe de secretaria, lavrando-se termo de quitação, em
duas vias, assinadas pelo exeqüente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou
chefe de secretaria, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-se a
outra ao processo. (Redação dada ao caput pela Lei nº 409, de 25.09.1948)
Parágrafo único. Não estando presente o exequente, será depositada a
importância, mediante guia, em estabelecimento oficial de crédito ou, em falta
deste, em estabelecimento bancário idôneo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 7.305, de 02.04.1985)
Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá garantir a
execução mediante depósito da mesma, atualizada e acrescida das despesas
processuais, ou nomeando bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no artigo 655 do Código Processual Civil. (Redação dada pela Lei nº
8.432, de 11.06.1992)
Art. 883. Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-á
penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da importância da
condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em qualquer caso,
devidos a partir da data em que for ajuizada a reclamação inicial. (Redação dada
pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
SEÇÃO III
DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO E DA SUA IMPUGNAÇÃO
Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado cinco
dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para
impugnação.
§ 1º. A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão
ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.
§ 2º. Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o juiz ou o
presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar
audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de cinco
dias.
§ 3º. Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a
sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo prazo.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
§ 4º. Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e a impugnação à

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liquidação. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 2.244, de 23.06.1954)
SEÇÃO IV
DO JULGAMENTO E DOS TRÂMITES FINAIS DA EXECUÇÃO
Art. 885. Não tendo sido arroladas testemunhas na defesa, o juiz, ou presidente,
conclusos os autos, proferirá sua decisão, dentro de cinco dias, julgando
subsistente ou insubsistente a penhora.
Art. 886. Se tiverem sido arroladas testemunhas, finda a sua inquirição em
audiência, o escrivão ou diretor fará, dentro de 48 horas, conclusos os autos ao
juiz ou presidente, que proferirá sua decisão, na forma prevista no artigo anterior.
§ 1º. Proferida a decisão, serão da mesma notificadas as partes interessadas,
em registro postal com franquia.
§ 2º. Julgada subsistente a penhora, o juiz, ou presidente, mandará proceder
logo à avaliação dos bens penhorados.
Art. 887. (Prejudicado pelo artigo 721, na redação dada pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968 - DOU 28.05.1968)
Art. 888. Concluída a avaliação, dentro de dez dias, contados da data da
nomeação do avaliador, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital
afixado na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a
antecedência de 20 (vinte) dias.
§ 1º. A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão
vendidos pelo maior lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.
§ 2º. O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20%
(vinte por cento) do seu valor.
§ 3º. Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a adjudicação dos
bens penhorados, poderão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo
juiz ou presidente.
§ 4º. Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 (vinte e quatro)
horas, o preço da arrematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que
trata o § 2º deste artigo, voltando à praça os bens executados. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
Art. 889. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis,
naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o
processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da
Fazenda Pública Federal.
SEÇÃO V
DA EXECUÇÃO POR PRESTAÇÕES SUCESSIVAS
Art. 890. A execução para pagamento de prestações sucessivas, far-se-á com
observância das normas constantes desta Seção, sem prejuízo das demais
estabelecidas neste Capítulo.
Art. 891. Nas prestações sucessivas por tempo determinado, a execução pelo
não pagamento de uma prestação compreenderá as que lhe sucederem.

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Art. 892. Tratando-se de prestações sucessivas por tempo indeterminado, a
execução compreenderá inicialmente as prestações devidas até a data do
ingresso na execução.
CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS

Art. 893. Das decisões são admissíveis os seguintes recursos:


I - embargos;
II - recurso ordinário;
III - recurso de revista;
IV - agravo. (Redação dada ao caput pela Lei nº 861, de 13.10.1949)
§ 1º. Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio juízo ou tribunal,
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente
em recurso da decisão definitiva. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº
8.737, de 19.01.1946)
§ 2º. A interposição de recurso para o Supremo Tribunal Federal não prejudicará
a execução do julgado. (Redação dada ao parágrafo pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
Art. 894. Cabem embargos, no Tribunal Superior do Trabalho, para o Pleno, no
prazo de 8 (oito) dias a contar da publicação da conclusão do acórdão. (Redação
dada ao caput pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968, e de acordo com a Lei nº 7.701,
de 21.12.1988)
a) das decisões a que se referem as alíneas b e c do inciso I do artigo 702;
(Redação dada à alínea pela Lei nº 5.442, de 24.05.1968, e de acordo com a Lei
nº 7.701, de 21.12.1988)
b) das decisões das Turmas contrárias à letra de lei federal, ou que divergirem
entre si, ou da decisão proferida pelo Tribunal Pleno, salvo se a decisão recorrida
estiver em consonância com súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal
Superior do Trabalho. (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.033, de 05.10.1982, e
de acordo com a Lei nº 7.701, de 21.12.1988)
Parágrafo único. Enquanto não forem nomeados e empossados os titulares dos
novos cargos de juiz, criados nesta lei e instaladas as Turmas, fica mantida a
competência residual de cada Tribunal na sua atual composição e de seus
Presidentes, como definido na legislação vigente. (Redação dada à alínea pela Lei
nº 5.442, de 24.05.1968)
Art. 895. Cabe recurso ordinário para a instância superior:

a) das decisões definitivas das juntas e juízos, no prazo de 8 (oito) dias; (Prazo
estabelecido pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970)
b) das decisões definitivas dos Tribunais Regionais, em processo de sua
competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos dissídios individuais,
quer nos dissídios coletivos. (Alínea alterada pelo Decreto-Lei nº 9.168, de
12.04.1946, cujo prazo é estabelecido pela Lei nº 5.584, de 26.06.1970).
§ 1º Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o recurso
ordinário:

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I - (VETADO)
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo o
relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal ou Turma
colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à sessão
de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro na certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com a
indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir do
voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a
certidão de julgamento, registrando tal circunstância, servirá de acórdão.
(Parágrafo acrescentada pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em
vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma para
o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças prolatadas nas
demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data
de publicação)
Art. 896. Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe
houver dado outro Tribunal Regional, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, ou a Súmula de
Jurisprudência Uniforme dessa Corte;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho,
Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância
obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator
da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e
literal à Constituição Federal. (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 1º. O Recurso de Revista, dotado de efeito apenas devolutivo, será
apresentado ao Presidente do Tribunal recorrido, que poderá recebê-lo ou
denegá-lo, fundamentando, em qualquer caso, a decisão. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 2º. Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou por suas
Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos
de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e
literal de norma da Constituição Federal. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 3º. Os Tribunais Regionais do Trabalho procederão, obrigatoriamente, à
uniformização de sua jurisprudência, nos termos, do Livro I, Título IX, Capítulo I do
CPC, não servindo a súmula respectiva para ensejar a admissibilidade do Recurso
de Revista quando contrariar Súmula da Jurisprudência Uniforme do Tribunal
Superior do Trabalho. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 4º. A divergência apta a ensejar o Recurso de Revista deve ser atual, não se

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considerando como tal a ultrapassada por súmula, ou superada por iterativa e
notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. (NR) (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 5º. Estando a decisão recorrida em consonância com enunciado da Súmula da
Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, poderá o Ministro relator,
indicando-o, negar seguimento ao Recurso de Revista, aos Embargos ou ao
Agravo de Instrumento. Será denegado seguimento ao Recurso nas hipóteses de
intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade de representação,
cabendo a interposição de Agravo. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.701, de
21.12.1988)
§ 6º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente será admitido
recurso de revista por contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do
Tribunal Superior do Trabalho e violação direta da Constituição da República.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.957, de 12.01.2000, DOU 13.01.2000, em
vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 897. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;
b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.
§ 1º. O agravo de petição só será recebido quando o agravante delimitar,
justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a execução
imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou por carta de
sentença.
§ 2º. O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber
agravo de petição não suspende a execução da sentença.
§ 3º. Na hipótese da alínea "a" deste artigo, o agravo será julgado pelo próprio
Tribunal, presidido pela autoridade recorrida, salvo se tratar de decisão do
Presidente da Junta ou do Juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma
das Turmas do Tribunal Regional a que estiver subordinado o prolator da
sentença, observado o disposto no artigo 679 desta Consolidação, a quem este
remeterá as peças necessárias para o exame da matéria controvertida, em autos
apartados, ou nos próprios autos, se tiver determinada a extração de carta de
sentença.
§ 4º. Na hipótese da alínea "b" deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal
que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.432, de 11.06.1992)
§ 5º. Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do
instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato julgamento
do recurso denegado, instruindo a petição de interposição:
I - obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação, das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do
agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão originária, da
comprovação do depósito recursal e do recolhimento das custas;
II - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao deslinde
da matéria de mérito controvertida. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de
17.12.1998, DOU 18.12.1998)
§ 6º. O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso

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principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento de
ambos os recursos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998,
DOU 18.12.1998)
§ 7º. Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso
principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a
este recurso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998, DOU
18.12.1998)
Art. 897-A. Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no prazo
de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência ou sessão
subseqüente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido efeito
modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado e
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.
Parágrafo único. Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes. (Artigo acrescentado pela Lei nº 9.957, de
12.01.2000, DOU 13.01.2000, em vigor a partir de 60 dias da data de publicação)
Art. 898. Das decisões proferidas em dissídio coletivo que afete empresa de
serviço público, ou em qualquer caso, das proferidas em revisão, poderão
recorrer, além dos interessados, o presidente do Tribunal e a Procuradoria da
Justiça do Trabalho.
Art. 899. Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.
§ 1º. Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vezes o valor-de-referência
regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o
extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em
julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância
do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.
§ 2º. Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito
corresponderá ao que for arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de
Direito, até o limite de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regional.
§ 3º. (Revogado pela Lei nº 7.033, de 05.10.1982, DOU 06.10.1982)
§ 4º. O depósito de que trata o § 1º far-se-á na conta vinculada do empregado a
que se refere o artigo 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, aplicando-
se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao respectivo levantamento, o
disposto no § 1º.
§ 5º. Se o empregado ainda não tiver conta vinculada aberta em seu nome, nos
termos do artigo 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, a empresa
procederá à respectiva abertura, para efeito do disposto no § 2º.
§ 6º. Quando o valor da condenação, ou o arbitrado para fins de custas, exceder
o limite de 10 (dez) vezes o valor-de-referência regional, o depósito para fins de
recursos será limitado a este valor. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 5.442, de
24.05.1968, e de acordo com as Leis nºs 7.701, de 21.12.1988, e 8.177, de
01.03.1991)
Art. 900. Interposto o recurso, será notificado o recorrido para oferecer as suas
razões em prazo igual ao que tiver tido o recorrente.

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Art. 901. Sem prejuízo dos prazos previstos neste Capítulo, terão as partes vista
dos autos em cartório ou na secretaria.
Parágrafo único. Salvo quando estiver correndo prazo comum, aos procuradores
das partes será permitido ter vista dos autos fora do cartório ou secretaria.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.638, de 31.03.1993)
Art. 902. (Revogado pela Lei nº 7.033, de 05.10.1982)
CAPÍTULO VII
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES

Art. 903. As penalidades estabelecidas no Título anterior serão aplicadas pelo


juiz, ou Tribunal, que tiver de conhecer da desobediência, violação, recusa, falta
ou coação, ex officio, ou mediante representação de qualquer interessado ou da
Procuradoria da Justiça do Trabalho. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 8.737, de
19.01.1946)
Art. 904. As sanções em que incorrerem as autoridades da Justiça do Trabalho
serão aplicadas pela autoridade ou Tribunal imediatamente superior conforme o
caso, ex-officio, ou mediante representação de qualquer interessado ou da
Procuradoria.
Parágrafo único. Tratando-se de membro do Tribunal Superior do Trabalho será
competente para a imposição de sanções o Senado Federal. (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 8.737, de 19.01.1946) (Parágrafo revogado tacitamente pela
Constituição Federal, artigo 105)
Art. 905. Tomando conhecimento do fato imputado, o juiz, ou Tribunal
competente, mandará notificar o acusado, para apresentar, no prazo de quinze
dias, defesa por escrito.
§ 1º. É facultado ao acusado, dentro do prazo estabelecido neste artigo, requerer
a produção de testemunhas, até o máximo de cinco. Nesse caso, será marcada
audiência para a inquirição.
§ 2º. Findo o prazo de defesa, o processo será imediatamente concluso para
julgamento, que deverá ser proferido no prazo de dez dias. (Artigo revogado
tacitamente pela Lei Complementar nº 35, 14.03.1979)
Art. 906. Da imposição das penalidades a que se refere este Capítulo, caberá
recurso ordinário para o tribunal superior, no prazo de dez dias, salvo se a
imposição resultar de dissídio coletivo, caso em que o prazo será de vinte dias.
Art. 907. Sempre que o infrator incorrer em pena criminal far-se-á remessa das
peças necessárias à autoridade competente.
Art. 908. A cobrança das multas estabelecidas neste Título será feita mediante
executivo fiscal, perante o juiz competente para a cobrança de dívida ativa da
Fazenda Pública Federal.
Parágrafo único. A cobrança das multas será promovida, no Distrito Federal e
nos Estados em que funcionarem os Tribunais Regionais, pela Procuradoria da

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Justiça do Trabalho, e, nos demais Estados, de acordo com o disposto no
Decreto-Lei nº 960, de 17 de dezembro de 1938.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 909. A ordem dos processos no Tribunal Superior do Trabalho será regulada
em seu regimento interno.
Art. 910. Para os efeitos deste Título, equiparam-se aos serviços públicos os de
utilidade pública, bem como os que forem prestados em armazéns de gêneros
alimentícios, açougues, padarias, leiterias, farmácias, hospitais, minas, empresas
de transportes e comunicações, bancos e estabelecimentos que interessem à
segurança nacional.

TÍTULO XI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 911. Esta Consolidação entrará em vigor em 10 de novembro de 1943.


Art. 912. Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação imediata às
relações iniciadas, mas não consumadas antes da vigência desta Consolidação.
Art. 913. O Ministro do Trabalho expedirá instruções, quadros, tabelas e modelos
que se tornarem necessários à execução desta Consolidação.
Parágrafo único. O Tribunal Superior do Trabalho adaptará o seu regimento
interno e o dos Tribunais Regionais do Trabalho às normas contidas nesta
Consolidação.
Art. 914. Continuarão em vigor os quadros, tabelas e modelos, aprovados em
virtude de dispositivos não alterados pela presente Consolidação.
Art. 915. Não serão prejudicados os recursos interpostos com apoio em
dispositivos alterados ou cujo prazo para interposição esteja em curso à data da
vigência desta Consolidação.
Art. 916. Os prazos de prescrição fixados pela presente Consolidação
começarão a correr da data da vigência desta, quando menores do que os
previstos pela legislação anterior.
Art. 917. O Ministro do Trabalho marcará prazo para adaptação dos atuais
estabelecimentos às exigências contidas no Capítulo "Da Segurança e da
Medicina do Trabalho". Compete ainda àquela autoridade fixar os prazos dentro
dos quais, em cada Estado, entrará em vigor a obrigatoriedade do uso da Carteira
de Trabalho e Previdência Social, para os atuais empregados.
Parágrafo único. O Ministro do Trabalho fixará, para cada Estado e quando julgar
conveniente, o início da vigência de parte ou de todos os dispositivos contidos no
Capítulo "Da Segurança e Medicina do Trabalho". (Redação dada ao artigo pela

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Lei nº 6.514, de 22.12.1977)
Art. 918. Enquanto não for expedida a Lei Orgânica da Previdência Social,
competirá ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho julgar os recursos
interpostos com apoio no artigo 1º, "c", do Decreto-Lei nº 3.710, de 14 de outubro
de 1941, cabendo recurso de suas decisões, nos termos do disposto no artigo
734, "b", desta Consolidação.
Parágrafo único. Ao diretor do Departamento Nacional de Previdência Social
incumbirá presidir às eleições para a constituição do Conselho Fiscal do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e julgar, com recurso para a intância superior,
os recursos sobre matéria técnico-administrativa dessa instituição. (Artigo
revogado tacitamente pelo Decreto-Lei nº 72, de 21.11.1966)
Art. 919. Ao empregado bancário, admitido até da data da vigência da presente
Lei, fica assegurado o direito à aquisição da estabilidade nos termos do artigo 15
do Decreto nº 24.615, de 9 de julho de 1934.
Art. 920. Enquanto não forem constituídas as confederações, ou na falta destas,
a representação de classes, econômicas ou profissionais, que derivar da indicação
desses órgãos ou dos respectivos presidentes, será suprida por equivalente
designação ou eleição realizada pelas correspondentes federações.
Art. 921. As empresas que não estiverem incluídas no enquadramento sindical
de que trata o artigo 577 poderão firmar contratos coletivos de trabalho com os
sindicatos representativos da respectiva categoria profissional.
Art. 922. O disposto no artigo 301 regerá somente as relações de emprego
iniciadas depois da vigência desta Consolidação. (Acrescentado pelo Decreto-Lei
nº 6.353, de 20.03.1944)

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Código Comercial
LEI Nº 556, DE 25 DE JUNHO DE 1850

Institui o Código Comercial Brasileiro


Dom PEDRO SEGUNDO, por graça de DEUS e unânime aclamação dos povos,
Imperador Constitucional e defensor perpétuo do Brasil:

Fazemos saber a todos e nós queremos a Lei seguinte:

PARTE PRIMEIRA
DO COMÉRCIO EM GERAL

TÍTULO I
DOS COMERCIANTES

CAPÍTULO I
DAS QUALIDADES NECESSÁRIAS PARA SER COMERCIANTE

Art. 1º. Podem comerciar no Brasil:

1 - todas as pessoas que, na conformidade das leis deste Império, se acharem na


livre administração de suas pessoas e bens, e não forem expressamente proibidas
neste Código;
2 - os menores legitimamente emancipados;
3 - os filhos-famílias que tiverem mais de 18 (dezoito) anos de idade, com
autorização dos pais, provada por escritura pública.

O filho maior de 21 (vinte e um) anos, que for associado ao comércio do pai, e o que
com sua aprovação, provada por escrito, levantar algum estabelecimento comercial,
será reputado emancipado e maior para todos os efeitos legais nas negociações
mercantis;
4 - as mulheres casadas maiores de 18 (dezoito) anos, com autorização de seus
maridos para poderem comerciar em seu próprio nome, provada por escritura
pública. As que se acharem separadas da coabitação dos maridos por sentença de
divórcio perpétuo, não precisam da sua autorização.

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Os menores, os filhos-famílias e as mulheres casadas devem inscrever os títulos da
sua habilitação civil, antes de principiarem a comerciar, no Registro do Comércio do
respectivo distrito;
Art. 2º. São proibidos de comerciar:

1 - os presidentes e os comandantes de armas das províncias, os magistrados


vitalícios, os juízes municipais e os de órfãos, e oficiais de Fazenda, dentro dos
distritos em que exercerem as suas funções;
2 - os oficiais militares de lª linha de mar e terra, salvo se forem reformados, e os
dos corpos policiais;
3 - as corporações de mão-morta, os clérigos e os regulares;
4 - os falidos, enquanto não forem legalmente reabilitados.
Art. 3º. Na proibição do artigo antecedente não se compreende a faculdade de dar
dinheiro a juro ou a prêmio, contanto que as pessoas nele mencionadas não façam
do exercício desta faculdade profissão habitual de comércio; nem a de ser acionista
em qualquer companhia mercantil, uma vez que não tomem parte na gerência
administrativa da mesma companhia.
Art. 4º. Ninguém é reputado comerciante para efeito de gozar da proteção que
este Código liberaliza em favor do comércio, sem que se tenha matriculado em
algum dos Tribunais do Comércio do Império, e faça da mercância profissão
habitual (artigo 9º).
Art. 5º. A petição da matrícula deverá conter:

1 - o nome, idade, naturalidade e domicílio do suplicante; e, sendo sociedade, os


nomes individuais que a compõem, e a firma adotada (artigos 302, 31 l e 325);
2 - o lugar ou domicílio do estabelecimento.

Os menores, os filhos-famílias e as mulheres casadas deverão juntar os títulos da


sua capacidade civil (artigo 1º, nºs. 2, 3 e 4).
Art. 6º. O tribunal, achando que o suplicante tem capacidade legal para poder
comerciar, e goza de crédito público, ordenará a matrícula, a qual será logo
comunicada a todos os Tribunais do Comércio, e publicada por editais e pelos
jornais, onde os houver, expedindo-se ao mesmo suplicante o competente título.
Art. 7º. Os negociantes que se acharem matriculados na Junta do Comércio ficam
obrigados a registrar o competente título do tribunal do seu domicílio, dentro de 4
(quatro) meses da sua instalação; podendo o mesmo tribunal prorrogar este prazo a
favor dos comerciantes que residirem em lugares distantes (artigo 31).

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Art. 8º. Toda a alteração, que o comerciante ou sociedade vier a fazer nas
circunstâncias declaradas na sua matrícula será levada, dentro do prazo marcado no
artigo antecedente, ao conhecimento do tribunal respectivo, o qual a mandará
averbar na mesma matrícula e proceder às comunicações e publicações
determinadas no artigo 6º.
Art. 9º. O exercício efetivo de comércio para todos os efeitos legais presume-se
começar desde a data da publicação da matrícula.
CAPÍTULO II
DAS OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS OS COMERCIANTES

Art. 10. Todos os comerciantes são obrigados:

1 - a seguir uma ordem uniforme de contabilidade e escrituração, e a ter os livros


para esse fim necessários;
2 - a fazer registrar no Registro do Comércio todos os documentos, cujo registro for
expressamente exigido por este Código, dentro de 15 (quinze) dias úteis da data
dos mesmos documentos (artigo 31), se maior ou menor prazo se não achar
marcado neste Código;
3 - a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondências e mais
papéis pertencentes ao giro do seu comércio, enquanto não prescreverem as ações
que lhes possam ser relativas (Tít. XVII);
4 - a formar anualmente um balanço geral do seu ativo e passivo, o qual deverá
compreender todos os bens de raiz, móveis e semoventes, mercadorias, dinheiros,
papéis de crédito, e outra qualquer espécie de valores, e bem assim todas as
dívidas e obrigações passivas; e será datado e assinado pelo comerciante a quem
pertencer.
Art. 11. Os livros que os comerciantes são obrigados a ter indispensavelmente, na
conformidade do artigo antecedente, são o Diário e o Copiador de cartas.
Art. 12. No Diário é o comerciante obrigado a lançar com individuação e clareza
todas as suas operações de comércio, letras e outros quaisquer papéis de crédito
que passar, aceitar, afiançar ou endossar, e em geral tudo quanto receber e
despender de sua ou alheia conta, seja por que título for, sendo suficiente que as
parcelas de despesas domésticas se lancem englobadas na data em que forem
extraídas da caixa. Os comerciantes de retalho deverão lançar diariamente no Diário
a soma total das suas vendas a dinheiro, e, em assento separado, a soma total das
vendas fiadas no mesmo dia.

No mesmo Diário se lançará também em resumo o balanço geral (artigo 10, nº 4),
devendo aquele conter todas as verbas deste, apresentando cada uma verba a

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soma total das respectivas parcelas; e será assinado na mesma data do balanço
geral.

No Copiador o comerciante é obrigado a lançar o registro de todas as cartas


missivas que expedir, com as contas, faturas ou instruções que as acompanharem.
Art. 13. Os dois livros sobreditos devem ser encadernados, numerados, selados e
rubricados em todas as suas folhas por um dos membros do Tribunal do Comércio
respectivo, a quem couber por distribuição, com termos de abertura e encerramento
subscritos pelo secretário do mesmo tribunal e assinados pelo presidente.

Nas províncias onde não houver Tribunal do Comércio, as referidas formalidades


serão preenchidas pela Relação do distrito; e, na falta desta, pela primeira
autoridade judiciária da comarca do domicílio do comerciante, e pelo seu
distribuidor e escrivão; se o comerciante não preferir antes mandar os seus livros ao
Tribunal do Comércio.

A disposição deste artigo só começará a obrigar desde o dia que os Tribunais do


Comércio, cada um no seu respectivo distrito, designarem.
Art. 14. A escrituração dos mesmos livros será feita em forma mercantil, e seguida
pela ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalo em branco, nem
entrelinhas, borraduras, raspaduras ou emendas.
Art. 15. Qualquer dos dois mencionados livros, que for achado com algum dos
vícios especificados no artigo precedente, não merecerá fé alguma nos lugares
viciados a favor do comerciante a quem pertencer, nem no seu todo, quando lhes
faltarem as formalidades prescritas no artigo 13, ou os seus vícios forem tantos ou
de tal natureza que o tornem indigno de merecer fé.
Art. 16. Os mesmos livros, para serem admitidos em juízo, deverão achar-se
escritos no idioma do país; se por serem de negociantes estrangeiros estiverem em
diversa língua, serão primeiro traduzidos na parte relativa à questão, por intérprete
juramentado, que deverá ser nomeado a aprazimento de ambas as partes, não o
havendo público; ficando a estas o direito de contestar a tradução de menos exata.
Art. 17. Nenhuma autoridade, juízo ou tribunal, debaixo de pretexto algum, por mais
especioso que seja, pode praticar ou ordenar alguma diligência para examinar se o
comerciante arruma ou não devidamente seus livros de escrituração mercantil, ou
neles tem cometido algum vício.
Art. 18. A exibição judicial dos livros de escrituração comercial por inteiro, ou de
balanços gerais de qualquer casa de comércio, só pode ser ordenada a favor dos
interessados em questões de sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou
gestão mercantil por conta de outrem, e em caso de quebra.

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Art. 19. Todavia, o juiz ou Tribunal do Comércio, que conhecer de uma causa,
poderá, a requerimento da parte, ou mesmo ex officio, ordenar, na pendência da
lide, que os livros de qualquer ou de ambos os litigantes sejam examinados na
presença do comerciante a quem pertencerem e debaixo de suas vistas, ou na de
pessoa por ele nomeada, para deles se averiguar e extrair o tocante à questão.

Se os livros se acharem em diverso distrito, o exame será feito pelo juiz de direito do
comércio respectivo, na forma sobredita; com declaração, porém, de que em
nenhum caso os referidos livros poderão ser transportados para fora do domicílio do
comerciante a quem pertencerem, ainda que ele nisso convenha.
Art. 20. Se algum comerciante recusar apresentar os seus livros quando
judicialmente lhe for ordenado, nos casos do artigo 18, será compelido à sua
apresentação debaixo de prisão, e nos casos do artigo 19 será deferido juramento
supletório à outra parte.

Se a questão for entre comerciantes, dar-se-á plena fé aos livros do comerciante a


favor de quem se ordenar a exibição, se forem apresentados em forma regular
(artigos 13 e 14).
CAPÍTULO III
DAS PRERROGATIVAS DOS COMERCIANTES

Art. 21. As procurações bastantes dos comerciantes, ou sejam feitas pela sua
própria mão ou por eles somente assinadas, têm a mesma validade que se fossem
feitas por tabeliães públicos.
Art. 22. Os escritos de obrigações relativas a transações mercantis, para as quais
se não exija por este Código prova de escritura pública, sendo assinados por
comerciantes, terão inteira fé contra quem os houver assinado, seja qual for o seu
valor (artigo 426).
Art. 23. Os dois livros mencionados no artigo 11, que se acharem com as
formalidades prescritas no artigo 13, sem vício nem defeito, escriturados na forma
determinada no artigo 14, e em perfeita harmonia uns com os outros, fazem prova
plena:
1 - contra as pessoas que deles forem proprietários, originariamente ou por
sucessão;
2 - contra comerciantes, com quem os proprietários, por si ou por seus
antecessores, tiverem ou houverem tido transações mercantis, se os assentos
respectivos se referirem a documentos existentes que mostrem a natureza das
mesmas transações, e os proprietários provarem também por documentos, que não
foram omissos em dar em tempo competente os avisos necessários, e que a parte
contrária os recebeu;

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3 - contra pessoas não comerciantes, se os assentos forem comprovados por
algum documento, que só por si não possa fazer prova plena.
Art. 24. Fica entendido que os referidos livros não podem produzir prova alguma
naqueles casos, em que este Código exige que ela só possa fazer-se por
instrumento público ou particular.
Art. 25. Ilide-se a fé dos mesmos livros, nos casos compreendidos no nº 2 do
artigo 23, por documentos sem vício, por onde se mostre que os assentos
contestados são falsos ou menos exatos; e quanto aos casos compreendidos na
disposição no nº 3 do mesmo artigo, por qualquer gênero de prova admitida em
comércio.
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 26. Os menores e os filhos-famílias comerciantes podem obrigar, hipotecar e


alhear validamente os seus bens de raiz, sem que possam alegar o benefício de
restituição contra estes atos, ou outras quaisquer obrigações comerciais que
contraírem.

Em caso de dúvida, todas as obrigações por eles contraídas presumem-se


comerciais.
Art. 27. A mulher casada comerciante não pode obrigar, hipotecar ou alhear os
bens próprios do marido adquiridos antes do casamento, se os respectivos títulos
houverem sido lançados no Registro do Comércio dentro de 15 (quinze) dias depois
do mesmo casamento (artigo 31), nem os de raiz que pertencerem em comum a
ambos os cônjuges, sem autorização especial do marido, provada por escritura
pública inscrita no dito Registro.

Poderá, porém, obrigar, hipotecar e alhear validamente os bens dotais, os


parafernais, os adquiridos no seu comércio, e todos os direitos e ações em que tiver
comunhão, sem que em nenhum caso possa alegar benefício algum de direito.
Art. 28. A autorização para comerciar dada pelo marido à mulher pode ser
revogada por sentença ou escritura pública; mas a revogação só surtirá efeito
relativamente a terceiro depois que for inscrita no Registro do Comércio, e tiver sido
publicada por editais e nos periódicos do lugar, e comunicada por cartas a todas as
pessoas com quem a mulher tiver a esse tempo transações comerciais.
Art. 29. A mulher comerciante, casando, presume-se autorizada pelo marido,
enquanto este não manifestar o contrário por circular dirigida a todas as pessoas,
com quem ela a esse tempo tiver transações comerciais, inscrita no Registro do
Comércio respectivo, e publicada por editais e nos periódicos do lugar.

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Art. 30. Todos os atos do comércio praticados por estrangeiros residentes no
Brasil serão regulados e decididos pelas disposições do presente Código.
Art. 31. Os prazos marcados nos artigos 10, nºs 2 e 27, começarão a contar-se,
para as pessoas que residirem fora do lugar onde se achar estabelecido o Registro
do Comércio, do dia seguinte ao da chegada do segundo correio, paquete ou navio,
que houver saído do distrito do domicílio das mesmas pessoas depois da data dos
documentos que deverem ser registrados.

TÍTULO II
DAS PRAÇAS DO COMÉRCIO

Art. 32. Praça do comércio é não só o local, mas também a reunião dos
comerciantes, capitães e mestres de navios, corretores e mais pessoas
empregadas no comércio.

Este local e reunião estão sujeitos à polícia e inspeção das autoridades


competentes.

O regulamento das praças do comércio marcará tudo quanto respeita à polícia


interna das mesmas praças, e mais objetos a elas concernentes.
Art. 33. O resultado das negociações que se operarem na praça determinará o
curso do câmbio, e o preço corrente das mercadorias, seguros, fretes, transportes
de terra e água, fundos públicos, nacionais ou estrangeiros, e de outros quaisquer
papéis de crédito, cujo curso possa ser anotado.
Art. 34. Os comerciantes de qualquer praça poderão eleger dentre si uma
comissão que represente o corpo do comércio da mesma praça.

TÍTULO III
DOS AGENTES AUXILIARES DO COMÉRCIO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 35. São considerados agentes auxiliares do comércio, sujeitos às leis


comerciais com relação às operações que nessa qualidade lhes respeitam:
1 - os corretores;
2 - os agentes de leilões;
3 - os feitores, guarda-livros e caixeiros;

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4 - os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito;
5 - os comissários de transportes.
CAPÍTULO II
DOS CORRETORES

Art. 36. Para ser corretor, requer-se ter mais de 25 (vinte e cinco) anos de idade, e
ser domiciliado no lugar por mais de 1 (um) ano.
Art. 37. Não podem ser corretores:

1 - os que não podem ser comerciantes;


2 - as mulheres;
3 - os corretores, uma vez destituídos;
4 - os falidos não reabilitados, e os reabilitados, quando a quebra houver sido
qualificada como compreendida na disposição dos artigos 800, nº 2, e 801, nº 1.
Art. 38. Todo o corretor é obrigado a matricular-se no Tribunal do Comércio do seu
domicílio; e antes de entrar no exercício do seu ofício prestará juramento de bem
cumprir os seus deveres perante o presidente, podendo ser admitidos a jurar por
procurador os corretores das praças distantes do lugar onde o tribunal residir; pena
de uma multa correspondente a 10% (dez por cento) da fiança que houver prestado,
e de que a sua gestão só produzirá o efeito do mandato.
Art. 39. A petição para matrícula deve declarar a naturalidade e domicílio do
impetrante, o gênero de comércio para que requer habilitar-se, e a praça onde
pretende servir de corretor; e ser instruída com os seguintes documentos originais:
1 - certidão de idade;
2 - título de residência, por onde mostre que se acha domiciliado há mais de 1 (um)
ano na praça em que pretende ser corretor;
3 - atestado de haver praticado o comércio sobre si, ou em alguma casa de
comércio de grosso trato, na qualidade de sócio-gerente, ou pelo menos de guarda-
livros ou primeiro agente, ou de algum corretor, com bom desempenho e crédito.

Passados 5 (cinco) anos, a contar da data da publicação do presente Código,


nenhum estrangeiro não naturalizado poderá exercer o ofício de corretor, ainda que
anteriormente tenha sido nomeado, e se ache servindo.
Art. 40. Mostrando-se o impetrante nas circunstâncias de poder ser corretor, o
tribunal o admitirá a prestar fiança idônea; e apresentando certidão autêntica de a
ter prestado lhe mandará passar patente de corretor, procedendo-se aos mais
termos dispostos no artigo 6º, para matrícula dos comerciantes.

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Art. 41. A fiança será prestada no cartório do escrivão do juiz do comércio do
domicílio do corretor.

Os Tribunais do Comércio, logo que forem instalados, fixarão o quantitativo das


fianças que devem prestar os corretores, com relação ao giro das transações
comerciais das respectivas praças; podendo alterar o seu valor por uma nova
fixação sempre que o julgarem conveniente.
Art. 42. Na falta de fiança, será o habilitante admitido a depositar a sua
importância em dinheiro ou apólices da Dívida Pública, pelo valor real que estas
tiverem ao tempo do depósito.

Se no lugar onde deva prestar-se a fiança não houver giro de apólices da Dívida
Pública, poderá efetuar-se o depósito na praça mais próxima onde elas girarem.
Art. 43. A fiança será conservada efetivamente por inteiro, e por ela serão pagas
as multas em que o corretor incorrer, e as indenizações a que for obrigado, se as
não satisfizer imediatamente quem nelas for condenado, ficando suspenso enquanto
a fiança não for preenchida.
Art. 44. No caso de morte, falência ou ausência de algum dos fiadores, ou de se
terem desonerado da fiança por forma legal (artigo 262), cessará o ofício de corretor
enquanto não prestar novos fiadores.
Art. 45. O corretor pode intervir em todas as convenções, transações e operações
mercantis; sendo todavia entendido que é permitido a todos os comerciantes, e
mesmo aos que o não forem, tratar imediatamente por si, seus agentes e caixeiros
as suas negociações, e as de seus comitentes, e até inculcar e promover para
outrem vendedores e compradores, contanto que a intervenção seja gratuita.
Art. 46. Nenhum corretor pode dar certidão senão do que constar do seu protocolo
e com referência a ele (artigo 52); e somente poderá atestar o que viu ou ouviu
relativamente aos negócios do seu ofício por despacho de autoridade competente;
pena de uma multa correspondente a 10% (dez por cento) da fiança prestada.
Art. 47. O corretor é obrigado a fazer assento exato e metódico de todas as
operações em que intervier, tomando nota de cada uma, apenas for concluída, em
um caderno manual paginado.
Art. 48. Os referidos assentos serão numerados seguidamente pela ordem em que
as transações forem celebradas, e deverão designar o nome das pessoas que nelas
intervierem, as qualidades, quantidade e preço dos efeitos que fizerem o objeto da
negociação, os prazos e condições dos pagamentos, e todas e quaisquer
circunstâncias ocorrentes que possam servir para futuros esclarecimentos.
Art. 49. Nos assentos de negociações de letras de câmbio deverá o corretor notar
as datas, termos e vencimentos, as praças onde e sobre que forem sacadas, os

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nomes do sacador, endossadores e pagador, e as estipulações relativas ao câmbio,
se algumas se fizerem (artigo 385).

Nos negócios de seguros é obrigado a designar os nomes dos seguradores e do


segurado (artigo 667, nº 1), o objeto do seguro, seu valor segundo a convenção,
lugar da carga e descarga, o nome, nação, e matrícula do navio e o seu porte, e o
nome do capitão ou mestre.
Art. 50. Os assentos do caderno manual deverão ser lançados diariamente em um
protocolo, por cópia literal, por extenso, e sem emendas nem interposições,
guardada a mesma numeração do manual.

O protocolo terá as formalidades exigidas para os livros dos comerciantes no artigo


13, sob pena de não terem fé os assentos que nele se lançarem, e de uma multa
correspondente à metade da fiança prestada.

O referido protocolo será exibível em juízo, a requerimento de qualquer interessado,


para os exames necessários, e mesmo oficialmente por ordem dos juízes e
Tribunais do Comércio (artigos 19 e 20).
Art. 51. O corretor, cujos livros forem achados sem as regularidades e
formalidades especificadas no artigo 50, ou com falta de declaração de alguma das
individuações mencionadas nos artigos 48 e 49, será obrigado a indenizar as partes
dos prejuízos que daí lhes resultarem, multado na quantia correspondente à quarta
parte da fiança, e suspenso por tempo de 3 (três) a 6 (seis) meses; no caso de
reincidência será punido com a multa de metade da fiança, e perderá o ofício.

No caso, porém, de se provar que obrou por dolo ou fraude, além da indenização
das partes, perderá toda a fiança, e ficará sujeito à ação criminal que possa
competir.
Art. 52. Os livros dos corretores que se acharem sem vício nem defeito, e
regularmente escriturados na forma determinada nos artigos 48, 49 e 50, terão fé
pública.

As certidões extraídas dos mesmos livros com referência à folha em que se


acharem escrituradas, sendo pelos mesmos corretores subscritas e assinadas,
terão força de instrumento público para prova dos contratos respectivos (artigo 46),
nos casos em que por este Código se não exigir escritura pública, ou outro gênero
de prova especial.

O corretor que passar certidão contra o que constar dos seus livros incorrerá nas
penas do crime de falsidade, perderá a fiança por inteiro, e será destituído.

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Art. 53. Os corretores são obrigados a assistir à entrega das coisas vendidas por
sua intervenção, se alguma das partes o exigir; sob pena de uma multa
correspondente a 5 % (cinco por cento) da fiança, e de responderem por perdas e
danos.
Art. 54. Os corretores são igualmente obrigados em negociação de letras, ou de
outros quaisquer papéis de crédito endossáveis, ou apólices da Dívida Pública, a
havê-los do cedente e a entregá-los ao tomador, bem como a receber e entregar o
preço.
Art. 55. Ainda que em geral os corretores não respondam, nem possam constituir-
se responsáveis pela solvabilidade dos contraentes, serão contudo garantes nas
referidas negociações da entrega material do título ao tomador e do valor ao
cedente, e responsáveis pela veracidade da última firma de todos e quaisquer
papéis de crédito por via deles negociados, e pela identidade das pessoas que
intervierem nos contratos celebrados por sua intervenção.
Art. 56. É dever dos corretores guardar inteiro segredo nas negociações de que se
encarregarem; e se da revelação resultar prejuízo, serão obrigados à sua
indenização, e até condenados à perda do ofício e da metade da fiança prestada,
provando-se dolo ou fraude.
Art. 57. O corretor que no exercício do seu ofício usar de fraude, ou empregar
cavilação ou engano, será punido com as penas do artigo 51.
Art. 58. Os corretores, ultimada a transação de que tenham sido encarregados
serão obrigados a dar a cada uma das partes contraentes cópia fiel do assento da
mesma transação, por eles assinada, dentro do prazo de 48 (quarenta e oito) horas
úteis o mais tardar; pena de perderem o direito que tiverem adquirido à sua
comissão, e de indenizarem as partes de todo o prejuízo que dessa falta lhes
resultar.
Art. 59. É proibido aos corretores:

1 - toda a espécie de negociação e tráfico direto ou indireto, debaixo de seu ou


alheio nome; contrair sociedade de qualquer denominação ou classe que seja, e ter
parte ou quinhão, em navios ou na sua carga; pena de perdimento do ofício, e de
nulidade do contrato;
2 - encarregar-se de cobranças ou pagamentos por conta alheia; pena de
perdimento do ofício;
3 - adquirir para si ou para pessoa de sua família coisa, cuja venda lhes for
incumbida ou a algum outro corretor, ainda mesmo que seja a pretexto do seu
consumo particular; pena de suspensão ou perdimento do ofício, a arbítrio do
tribunal, segundo a gravidade do negócio, e de uma multa correspondente ao dobro
do preço da coisa comprada.

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Art. 60. Na disposição do artigo antecedente não se compreende a aquisição de
apólices da Dívida Pública, nem a de ações de sociedades anônimas, das quais,
todavia, não poderão ser diretores, administradores ou gerentes, debaixo de
qualquer título que seja.
Art. 61. Toda a fiança dada por corretor em contrato ou negociação mercantil, feita
por sua intervenção, será nula.
Art. 62. Aos corretores de navios fica permitido traduzir os manifestos e
documentos que os mestres de embarcações estrangeiras tiverem de apresentar
para despacho nas Alfândegas do Império.

Estas traduções, bem como as que forem feitas por intérpretes nomeados pelos
Tribunais do Comércio, terão fé pública; salvo às partes interessadas o direito de
impugnar a sua falta de exatidão.
Art. 63. Aos corretores de navios, que nas traduções de que trata o artigo
antecedente cometerem erro ou falsidade de que resulte dano às partes, são
aplicáveis as disposições do artigo 51.
Art. 64. Os Tribunais do Comércio, dentro dos primeiros 6 (seis) meses da sua
instalação, organizarão uma tabela dos emolumentos que aos corretores e
intérpretes competem pelas certidões que passarem.

Toda a corretagem, não havendo estipulação em contrário, será paga


repartidamente por ambas as partes.
Art. 65. Vagando algum ofício de corretor, o escrivão do juízo do comércio
procederá imediatamente à arrecadação de todos os livros e papéis pertencentes
ao ofício que vagar, e inventariados ele dará parte ao Tribunal do Comércio, para
este lhes dar o destino que convier.
Art. 66. O mesmo escrivão, no ato da arrecadação, é obrigado a proceder a
exame nos sobreditos livros, em presença das partes interessadas e de duas
testemunhas, para se conhecer o seu estado.
Art. 67. O Governo, procedendo consulta dos respectivos Tribunais do Comércio,
marcará o número de corretores que deverá haver em cada uma das praças do
comércio do Brasil, e lhes dará regimento próprio, e bem assim aos agentes de
leilão, contanto que por estes regimentos se não altere disposição alguma das
compreendidas no presente Código.
CAPÍTULO III
DOS AGENTES DE LEILÕES

Art. 68. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)

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Art. 69. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)

Art. 70. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)

Art. 71. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)

Art. 72. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)

Art. 73. (Revogado pelo Decreto nº 21.981, de 19.10.1932)

CAPÍTULO IV
DOS FEITORES, GUARDA- LIVROS E CAIXEIROS

Art. 74. Todos os feitores, guarda-livros, caixeiros e outros quaisquer prepostos


das casas de comércio, antes de entrarem no seu exercício, devem receber de seus
patrões ou preponentes uma nomeação por escrito, que farão inscrever no Tribunal
do Comércio (artigo 10, nº 2); pena de ficarem privados dos favores por este Código
concedidos aos da sua classe.
Art. 75. Os preponentes são responsáveis pelos atos dos feitores, guarda-livros,
caixeiros e outros quaisquer prepostos, praticados dentro das suas casas de
comércio, que forem relativos ao giro comercial das mesmas casas, ainda que se
não achem autorizados por escrito.

Quando, porém, tais atos forem praticados fora das referidas casas, só obrigarão os
preponentes, achando-se os referidos agentes autorizados pela forma determinada
pelo artigo 74.
Art. 76. Sempre que algum comerciante encarregar um feitor, caixeiro ou outro
qualquer preposto do recebimento de fazendas compradas, ou que por qualquer
outro título devam entrar em seu poder, e o feitor, caixeiro ou preposto as receber
sem objeção ou protesto, a entrega será tida por boa, sem ser admitida ao
preponente reclamação alguma; salvo as que podem ter lugar nos casos prevenidos
nos artigos 211, 616 e 618.
Art. 77. Os assentos lançados nos livros de qualquer casa de comércio por guarda-
livros ou caixeiros encarregados da escrituração e contabilidade produzirão os
mesmos efeitos como se fossem escriturados pelos próprios preponentes.
Art. 78. Os agentes de comércio sobreditos são responsáveis aos preponentes
por todo e qualquer dano que lhes causarem por malversação, negligência culpável,
ou falta de exata e fiel execução das suas ordens e instruções, competindo até
contra eles ação criminal no caso de malversação.
Art. 79. Os acidentes imprevistos e inculpados, que impedirem aos prepostos o
exercício de suas funções, não interromperão o vencimento do seu salário, contanto
que a inabilitação não exceda a 3 (três) meses contínuos.

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Art. 80. Se no serviço do preponente acontecer aos prepostos algum dano
extraordinário, o preponente será obrigado a indenizá-lo, a juízo de arbitradores.
Art. 81. Não se achando acordado o prazo do ajuste celebrado entre o preponente
e os seus prepostos, qualquer dos contraentes poderá dá-lo por acabado, avisando
o outro da sua resolução com 1 (um) mês de antecipação.

Os agentes despedidos terão direito ao salário correspondente a esse mês, mas o


preponente não será obrigado a conservá-los no seu serviço.
Art. 82. Havendo um termo estipulado, nenhuma das partes poderá desligar-se da
convenção arbitrariamente; pena de ser obrigada a indenizar a outra dos prejuízos
que por este fato lhe resultarem, a juízo de arbitradores.
Art. 83. Julgar-se-á arbitrária a inobservância da convenção por parte dos
prepostos, sempre que se não fundar em injúria feita pelo preponente à seguridade,
honra ou interesses seus ou de sua família.
Art. 84. Com respeito aos preponentes, serão causas suficientes para despedir os
prepostos, sem embargo de ajuste por tempo certo:
1 - as causas referidas no artigo precedente;
2 - incapacidade para desempenhar os deveres e obrigações a que se sujeitaram;
3 - todo o ato de fraude, ou abuso de confiança;
4 - negociação por conta própria ou alheia sem permissão do preponente.
Art. 85. Os prepostos não podem delegar a outrem, sem autorização por escrito
dos preponentes, quaisquer ordens ou encargos que deles tenham recebido; pena
de responderem diretamente pelos atos dos substitutos, e pelas obrigações por eles
contraídas.
Art. 86. São aplicáveis aos feitores as disposições do Título VI - Do mandato
mercantil - artigos 145, 148, 150, 151, 160, 161 e 162.
CAPÍTULO V
DOS TRAPICHEIROS E ADMINISTRADORES DE ARMAZÉNS DE DEPÓSITO

Art. 87. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito são


obrigados a assinar no Tribunal do Comércio ou perante o juiz de direito do
comércio, nos lugares distantes da residência do mesmo tribunal, termo de fiéis
depositários dos gêneros que receberem, e à vista dele se lhes passará título
competente, que será lançado no Registro do Comércio.

Enquanto não tiverem preenchido esta formalidade, não terão direito para haver das
partes aluguel algum pelos gêneros que receberem, nem poderão valer-se das

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disposições deste Código, na parte em que são favoráveis aos trapicheiros, e aos
administradores de armazéns de depósito.
Art. 88. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito são
obrigados:
1 - a ter um livro autenticado com as formalidades exigidas no artigo 13, e
escriturado sem espaços em branco, entrelinhas, raspaduras, borraduras ou
emendas;
2 - a lançar no mesmo livro numeradamente, e pela ordem cronológica de dia, mês
e ano, todos os efeitos que aqui receberem; especificando com toda a clareza e
individuação as qualidades e quantidades dos mesmos efeitos, e os nomes das
pessoas que o remeterem, e a quem, com as marcas e números que tiverem,
anotando competentemente a sua saída;
3 - a passar recibos competentes, declarando neles as qualidades, quantidades,
números e marcas, fazendo pesar, medir ou contar no ato do recebimento aqueles
gêneros que forem suscetíveis de serem pesados, medidos ou contados;
4 - a ter em boa guarda os gêneros que receberem, e a vigiar e cuidar que se não
deteriorem, nem se vazem sendo líquidos, fazendo para esse fim, por conta de quem
pertencer, as mesmas diligências e despesas que fariam se seus próprios fossem;
5 - a mostrar aos compradores, por ordem dos donos, as fazendas e gêneros
arrecadados;
6 - a responder por todos os riscos do ato da carga e descarga dos gêneros que
receberem.
Art. 89. Os administradores dos trapiches alfandegados remeterão, até o dia 15
dos meses de janeiro e julho de cada ano, ao Tribunal do Comércio respectivo, um
balanço em resumo de todos os gêneros que no semestre antecedente tiverem
entrado e saído dos seus trapiches ou armazéns, e dos que neles ficarem existindo;
cada vez que forem omissos no cumprimento desta obrigação, serão multados pelo
mesmo tribunal na quantia de cem mil-réis a duzentos mil-réis.
Art. 90. Os Tribunais do Comércio poderão oficialmente mandar inspecionar os
livros dos trapicheiros e os trapiches, para certificar-se da exatidão dos ditos
balanços, sempre que o julgarem conveniente. Se pela inspeção e exame se achar
que os balanços são menos exatos, presumir-se-á que houve extravio de direitos; e
ao trapicheiro cujo balanço for inexato, se imporá a multa do duplo do valor dos
direitos que deverão pagar os gêneros que se presumirem extraviados, aplicando-
se metade do seu produto à Fazenda Nacional, e a outra metade ao cofre do
Tribunal do Comércio.
Art. 91. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito são
responsáveis às partes pela pronta e fiel entrega de todos os efeitos que tiverem
recebido, constantes de seus recibos; pena de serem presos sempre que a não

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efetuarem dentro de 24 (vinte e quatro) horas depois que judicialmente forem
requeridos.
Art. 92. É lícito, tanto ao vendedor como ao comprador de gêneros existentes nos
trapiches ou armazéns de depósito, exigir dos trapicheiros ou administradores que
repesem e contem os mesmos efeitos no ato da saída, sem que sejam obrigados a
pagar quantia alguma a título de despesa de repeso ou contagem.

Todas as despesas que se fizerem a título de safamento serão por conta dos
mesmos trapicheiros ou administradores.
Art. 93. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito respondem
pelos furtos acontecidos dentro dos seus trapiches ou armazéns; salvo sendo
cometidos por força maior, a qual deverá provar-se, com citação dos interessados
ou dos seus consignatários, logo depois do acontecimento.
Art. 94. São igualmente responsáveis as partes pelas malversações e omissões
de seus feitores, caixeiros ou outros quaisquer agentes, e bem assim pelos prejuízos
que lhes resultarem da sua falta de diligência no cumprimento do que dispõe o artigo
88, nº 4.
Art. 95. Em todos os casos em que forem obrigados a pagar às partes falta de
efeitos, ou outros quaisquer prejuízos, a avaliação será feita por arbitradores.
Art. 96. Os trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito têm direito
de exigir o aluguel que for estipulado, ou admitido por uso na falta de estipulação,
podendo não dar saída aos efeitos enquanto não forem pagos; porém, se houver
lugar a alguma reclamação contra eles (artigos 93 e 94), só terão direito a requerer o
depósito do aluguel.
Art. 97. Os mesmos trapicheiros e os administradores de armazéns de depósito
têm hipoteca tácita nos efeitos existentes nos seus trapiches ou armazéns ao tempo
da quebra do comerciante proprietário dos mesmos efeitos, para serem pagos dos
aluguéis e despesas feitas com a sua conservação (artigo 88, nº 4), com preferência
a outro qualquer credor.
Art. 98. As disposições do Título XIV - Do depósito mercantil - são aplicáveis aos
trapicheiros e aos administradores de armazéns de depósito.
CAPÍTULO VI
DOS CONDUTORES DE GÊNEROS E COMISSÁRIOS DE TRANSPORTES

Art. 99. Os barqueiros, tropeiros e quaisquer outros condutores de gêneros, ou


comissários, que do seu transporte se encarregarem mediante uma comissão, frete
ou aluguel, devem efetuar a sua entrega fielmente no tempo e no lugar do ajuste; e
empregar toda a diligência e meios praticados pelas pessoas exatas no
cumprimento dos seus deveres em casos semelhantes para que os mesmos

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gêneros se não deteriorem, fazendo para esse fim, por conta de quem pertencer, as
despesas necessárias; e são responsáveis as partes pelas perdas e danos que, por
malversação ou omissão sua, ou dos seus feitores, caixeiros ou outros quaisquer
agentes resultarem.
Art. 100. Tanto o carregador como o condutor devem exigir-se mutuamente uma
cautela ou recibo, por duas ou mais vias se forem pedidas, o qual deverá conter:
1 - o nome do dono dos gêneros ou carregador, o do condutor ou comissário de
transportes, e o da pessoa a quem a fazenda é dirigida, e o lugar onde deva fazer-se
a entrega;
2 - designação dos efeitos, e sua qualidade genérica, peso ou número dos
volumes, e as marcas ou outros sinais externos destes;
3 - o frete ou aluguel do transporte;
4 - o prazo dentro do qual deva efetuar-se a entrega;
5 - tudo o mais que tiver entrado em ajuste.
Art. 101. A responsabilidade do condutor ou comissário de transportes começa
correr desde o momento em que recebe as fazendas, e só expira depois de
efetuada a entrega.
Art. 102. Durante o transporte, corre por conta do dono o risco que as fazendas
sofrerem, proveniente de vício próprio, força maior ou caso fortuito.

A prova de qualquer dos referidos sinistros incumbe ao condutor ou comissário de


transportes.
Art. 103. As perdas ou avarias acontecidas às fazendas durante o transporte, não
provindo de alguma das causas designadas no artigo precedente, correm por conta
do condutor ou comissário de transportes.
Art. 104. Se, todavia, se provar que para a perda ou avaria dos gêneros interveio
negligência ou culpa do condutor ou comissário de transportes, por ter deixado de
empregar as precauções e diligências praticadas em circunstâncias idênticas por
pessoas diligentes (artigo 99), será este obrigado à sua indenização, ainda mesmo
que tenha provindo de caso fortuito ou da própria natureza da coisa carregada.
Art. 105. Em nenhum caso o condutor ou comissário de transportes é responsável
senão pelos efeitos que constarem da cautela ou recibo que tiver assinado, sem que
seja admissível ao carregador a prova de que entregou maior quantidade dos
efeitos mencionados na cautela ou recibo, ou que entre os designados se continham
outros de maior valor.

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Art. 106. Quando as avarias produzirem somente diminuição no valor dos gêneros,
o condutor ou comissário de transportes só será obrigado a compor a importância
do prejuízo.
Art. 107. O pagamento dos gêneros que o condutor ou comissário de transportes
deixar de entregar, e a indenização dos prejuízos que causar, serão liquidados por
arbitradores, à vista das cautelas ou recibos (artigo 100).
Art. 108. As bestas, carros, barcos, aparelhos, e todos os mais instrumentos
principais e acessórios dos transportes, são hipoteca tácita em favor do carregador
para pagamento dos efeitos entregues ao condutor ou comissário de transportes.
Art. 109. Não terá lugar reclamação alguma por diminuição ou avaria dos gêneros
transportados, depois de se ter passado recibo da sua entrega sem declaração de
diminuição ou avaria.
Art. 110. Havendo, entre o carregador e o condutor ou comissário de transportes,
ajuste expresso sobre o caminho por onde deva fazer-se o transporte, o condutor ou
comissário não poderá variar dele; pena de responder por todas as perdas e danos,
ainda mesmo que sejam provenientes de algumas das causas mencionadas no
artigo 102; salvo se o caminho ajustado estiver intransitável, ou oferecer riscos
maiores.
Art. 111. Tendo-se estipulado prazo certo para a entrega dos gêneros, se o
condutor ou comissário de transportes o exceder por fato seu, ficará responsável
pela indenização dos danos que daí resultarem na baixa do preço, e pela diminuição
que o gênero vier a sofrer na quantidade se a carga for de líquido, a juízo de
arbitradores.
Art. 112. Não havendo na cautela ou recibo prazo estipulado para a entrega dos
gêneros, o condutor, sendo tropeiro, tem obrigação de os carregar na primeira
viagem que fizer, e sendo comissário de transportes é obrigado a expedi-los pela
ordem do seu recebimento, sem dar preferência aos que forem mais modernos;
pena de responderem por perdas e danos.
Art. 113. Variando o carregador a consignação dos efeitos, o condutor ou
comissário de transportes é obrigado a cumprir a sua ordem, recebendo-a antes de
feita a entrega no lugar do destino.

Se, porém, a variação do destino da carga exigir variação de caminho, ou que o


condutor ou comissário de transportes passe do primeiro lugar destinado, este tem
direito de entrar em novo ajuste de frete ou aluguel, e não se acordando, só será
obrigado a efetuar a entrega no lugar designado na cautela ou recibo.
Art. 114. O condutor ou comissário de transportes não tem ação para investigar o
direito por que os gêneros pertencem ao carregador ou consignatário; e logo que se
lhe apresente título bastante para os receber deverá entregá-los, sem lhe ser

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admitida oposição alguma; pena de responder por todos os prejuízos e riscos que
resultarem da mora, e de proceder-se contra ele como depositário (artigo 284).
Art. 115. Os condutores e os comissários de transportes são responsáveis pelos
danos que resultarem de omissão sua ou dos seus prepostos no cumprimento das
formalidades das leis ou regulamentos fiscais em todo o curso da viagem, e na
entrada no lugar do destino; ainda que tenham ordem do carregador para obrarem
em contravenção das mesmas leis ou regulamentos.
Art. 116. Os condutores ou comissários de transportes de gêneros por terra ou
água têm direito a ser pagos, no ato da entrega, do frete ou aluguel ajustado;
passadas 24 (vinte e quatro) horas, não sendo pagos, nem havendo reclamação
contra eles (artigo 109), poderão requerer seqüestro e venda judicial dos gêneros
transportados, em quantidade que seja suficiente para cobrir o preço do frete e
despesas, se algumas tiverem suprido para que os gêneros se não deteriorem
(artigo 99).
Art. 117. Os gêneros carregados são hipoteca tácita do frete e despesas; mas
esta deixa de existir logo que os gêneros conduzidos passam do poder do
proprietário ou consignatário, para o domínio de terceiro.
Art. 118. As disposições deste Capítulo são aplicáveis aos donos,
administradores e arrais de barcas, lanchas, saveiros, faluas, canoas, e outros
quaisquer barcos de semelhante natureza empregados no transporte dos gêneros
comerciais.

TÍTULO IV
DOS BANQUEIROS

Art. 119. São considerados banqueiros os comerciantes que têm por profissão
habitual do seu comércio as operações chamadas de Banco.
Art. 120. As operações de Banco serão decididas e julgadas pelas regras gerais
dos contratos estabelecidos neste Código, que forem aplicáveis segundo a natureza
de cada uma das transações que se operarem.

TÍTULO V
DOS CONTRATOS E OBRIGAÇÕES MERCANTIS

Art. 121. As regras e disposições do direito civil para os contratos em geral são
aplicáveis aos contratos comerciais, com as modificações e restrições
estabelecidas neste Código.
Art. 122. Os contratos comerciais podem provar-se.

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1 - por escrituras públicas;
2 - por escritos particulares;
3 - pelas notas dos corretores, e por certidões extraídas dos seus protocolos;
4 - por correspondência epistolar;
5 - pelos livros dos comerciantes;
6 - por testemunhas.
Art. 123. A prova de testemunhas, fora dos casos expressamente declarados neste
Código, só é admissível em juízo comercial nos contratos cujo valor não exceder a
quatrocentos mil-réis.

Em transações de maior quantia, a prova testemunhal somente será admitida como


subsidiária de outras provas por escrito.
Art. 124. Aqueles contratos para os quais neste Código se estabelecem formas e
solenidades particulares não produzirão ação em juízo comercial, se as mesmas
formas e solenidades não tiverem sido observadas.
Art. 125. São inadmissíveis nos juízos do comércio quaisquer escritos comerciais
de obrigações contraídas em território brasileiro que não forem exarados no idioma
do Império, salvo sendo estrangeiros todos os contraentes, e neste caso deverão ser
apresentados competentemente traduzidos na língua nacional.
Art. 126. Os contratos mercantis são obrigatórios; tanto que as partes se acordam
sobre o objeto da convenção, e os reduzem a escrito, nos casos em que esta prova
é necessária.
Art. 127. Os contratos tratados por correspondência epistolar reputam-se
concluídos e obrigatórios desde que o que recebe a proposição expede carta de
resposta, aceitando o contrato proposto sem condição nem reserva; até este ponto é
livre retratar a proposta; salvo se o que a fez se houver comprometido a esperar
resposta, e a não dispor do objeto do contrato senão depois de rejeitada a sua
proposição, ou até que decorra o prazo determinado. Se a aceitação for condicional,
tornar-se-á obrigatória desde que o primeiro proponente avisar que se conforma
com a condição.
Art. 128. Havendo no contrato pena convencional, se um dos contraentes se
arrepender, a parte prejudicada só poderá exigir a pena (artigo 218).
Art. 129. São nulos todos os contratos comerciais:

1 - que forem celebrados entre pessoas inábeis para contratar;


2 - que recaírem sobre objetos proibidos pela lei, ou cujo uso ou fim for
manifestamente ofensivo da sã moral e bons costumes;

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3 - que não designarem a causa certa de que deriva a obrigação;
4 - que forem convencidos de fraude, dolo ou simulação (artigo 828);
5 - sendo contraídos por comerciante que vier a falir, dentro de 40 (quarenta) dias
anteriores à declaração da quebra (artigo 827).
Art. 130. As palavras dos contratos e convenções mercantis devem inteiramente
entender-se segundo o costume e uso recebido no comércio, e pelo mesmo modo e
sentido por que os negociantes se costumam explicar, posto que entendidas de
outra sorte possam significar coisa diversa.
Art. 131. Sendo necessário interpretar as cláusulas do contrato, a interpretação,
além das regras sobreditas, será regulada sobre as seguintes bases:
1 - a inteligência simples e adequada, que for mais conforme à boa-fé, e ao
verdadeiro espírito e natureza do contrato, deverá sempre prevalecer à rigorosa e
restrita significação das palavras;
2 - as cláusulas duvidosas serão entendidas pelas que o não forem, e que as
partes tiverem admitido; e as antecedentes e subseqüentes, que estiverem em
harmonia, explicarão as ambíguas;
3 - o fato dos contraentes posterior ao contrato, que tiver relação com o objeto
principal, será a melhor explicação da vontade que as partes tiverem no ato da
celebração do mesmo contrato;
4 - o uso e prática geralmente observada no comércio nos casos da mesma
natureza, e especialmente o costume do lugar onde o contrato deva ter execução,
prevalecerá a qualquer inteligência em contrário que se pretenda dar às palavras;
5 - nos casos duvidosos, que não possam resolver-se segundo as bases
estabelecidas, decidir-se-á em favor do devedor.
Art. 132. Se para designar a moeda, peso ou medida, se usar no contrato de
termos genéricos que convenham a valores ou quantidades diversas, entender-se-á
feita a obrigação na moeda, peso ou medida em uso nos contratos de igual
natureza.
Art. 133. Omitindo-se na redação do contrato cláusulas necessárias à sua
execução, deverá presumir-se que as partes se sujeitaram ao que é de uso e prática
em tais casos entre os comerciantes, no lugar da execução do contrato.
Art. 134. Todo documento de contrato comercial em que houver raspadura ou
emenda substancial não ressalvada pelos contraentes com assinatura da ressalva
não produzirá efeito algum em juízo; salvo mostrando-se que o vício fora de
propósito feito pela parte interessada em que o contrato não valha.

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Art. 135. Em todas as obrigações mercantis com prazo certo, não se conta o dia
da data do contrato, mas o imediato seguinte; conta-se, porém, o dia da expiração
do prazo ou vencimento.
Art. 136. Nas obrigações com prazo certo, não é admissível petição alguma
judicial para a sua execução antes do dia do vencimento; salvo nos casos em que
este Código altera o vencimento da estipulação, ou permite ação de remédios
preventivos.
Art. 137. Toda a obrigação mercantil que não tiver prazo certo estipulado pelas
partes, ou marcado neste Código, será exeqüível 10 (dez) dias depois da sua data.
Art. 138. Os efeitos da mora no cumprimento das obrigações comerciais, não
havendo estipulação no contrato, começam a correr desde o dia em que o credor,
depois do vencimento, exige judicialmente o seu pagamento.
Art. 139. As questões de fato sobre a existência de fraude, dolo, simulação, ou
omissão culpável na formação dos contratos comerciais, ou na sua execução, serão
determinadas por arbitradores.

TÍTULO VI
DO MANDATO MERCANTIL

Art. 140. Dá-se mandato mercantil, quando um comerciante confia a outrem a


gestão de um ou mais negócios mercantis, obrando o mandatário e obrigando-se
em nome do comitente.

O mandato requer instrumento público ou particular, em cuja classe entram as cartas


missivas; contudo, poderá provar-se por testemunhas nos casos em que é
admissível este gênero de prova (artigo 123).
Art. 141. Completa-se o mandato pela aceitação do mandatário; e a aceitação
pode ser expressa ou tácita; o princípio da execução prova a aceitação para todo o
mandato.
Art. 142. Aceito o mandato, o mandatário é obrigado a cumpri-lo segundo as
ordens e instruções do comitente; empregando na sua execução a mesma diligência
que qualquer comerciante ativo e probo costuma empregar na gerência dos seus
próprios negócios.
Art. 143. Não é livre ao mandatário, aceito o mandato, abrir mão dele; salvo se
sobrevier causa justificada que o impossibilite de continuar na sua execução.
Art. 144. Se o mandatário, depois de aceito o mandato, vier a ter conhecimento de
que o comitente se acha em circunstâncias que ele ignorava ao tempo em que

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aceitou, poderá deixar de exeqüir o mandato, fazendo pronto aviso ao mesmo
comitente.

Pode igualmente o mandatário deixar de exeqüir o mandato, quando a execução


depender de suprimento de fundos, enquanto não receber do comitente os
necessários; e até suspender a execução já principiada se as somas recebidas não
forem suficientes.
Art. 145. O mandato geral abrange todos os atos de gerência conexos e
conseqüentes, segundo se entende e pratica pelos comerciantes em casos
semelhantes no lugar da execução; mas, na generalidade dos poderes não se
compreendem os de alhear, hipotecar, assinar fianças, transações, ou
compromissos de credores, entrar em companhias ou sociedades, nem os de outros
quaisquer atos para os quais se exigem neste Código poderes especiais.
Art. 146. O mandatário não pode subrogar, se o mandato não contém cláusula
expressa que autorize a delegação.
Art. 147. Quando no mesmo mandato se estabelece mais de um mandatário,
entendesse que são todos constituídos para obrarem na falta, e depois dos outros,
pela ordem da nomeação; salvo declarando-se expressamente no mandato que
devem obrar solidária e conjuntamente; neste último caso, ainda que todos não
aceitem, a maioria dos que aceitarem poderá exeqüir o mandato.
Art. 148. Se o mandatário for constituído por diversas pessoas para um negócio
comum, cada uma delas será solidariamente obrigada por todos os efeitos do
mandato.
Art. 149. O comitente é responsável por todos os atos praticados pelo mandatário
dentro dos limites do mandato, ou este obre em seu próprio nome, ou em nome do
comitente.
Art. 150. Sempre que o mandatário contratar expressamente em nome do
comitente, será este o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente
obrigado se obrar no seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do
comitente.
Art. 151. Havendo contestação entre um terceiro e o mandatário, que com ele
contratou em nome do comitente, o mandatário ficará livre de toda responsabilidade,
apresentando o mandato ou ratificação daquele por conta de quem contratou.
Art. 152. Se o mandatário, tendo fundos ou crédito aberto do comitente, comprar,
em nome dele mandatário, algum objeto que devera comprar para o comitente por
ter sido individualmente designado no mandato, terá este ação para obrigar à
entrega da coisa comprada.
Art. 153. O comerciante, que tiver na sua mão fundos disponíveis do comitente,
não pode recusar-se ao cumprimento das suas ordens relativamente ao emprego ou

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disposição dos mesmos fundos; pena de responder por perdas e danos que dessa
falta resultarem.
Art. 154. O comitente é obrigado a pagar ao mandatário todas as despesas e
desembolsos que este fizer na execução do mandato, e os salários ou comissões
que forem devidas por ajuste expresso, ou por uso e prática mercantil do lugar onde
se cumprir o mandato, na falta de ajuste.
Art. 155. O comitente e o mandatário são obrigados a pagar juros um ao outro
reciprocamente; o primeiro pelos dinheiros que o mandatário haja adiantado para
cumprimento das suas ordens, e o segundo pela mora que possa ter na entrega dos
fundos que pertencerem ao comitente.
Art. 156. O mandatário tem direito para reter, do objeto da operação que lhe foi
cometida, quanto baste para pagamento de tudo quanto lhe for devido em
conseqüência do mandato.
Art. 157. O mandato acaba:

1 - pela revogação do comitente;


2 - quando o mandatário demite de si o mandato;
3 - pela morte natural ou civil, inabilitação para contratar, ou falimento, quer do
comitente, quer do mandatário;
4 - pelo casamento da mulher comerciante que deu ou recebeu o mandato, quando
o marido negar a sua autorização pela forma determinada no artigo 29.
Art. 158. A nomeação do novo mandatário é sempre derrogatória do mandato
anterior, ainda que esta cláusula se não expresse no novo mandato.
Art. 159. O instrumento do mandato geral e o da sua revogação deverão ser
registrados no Tribunal do Comércio do domicílio do mandante e do mandatário, ou
no cartório do escrivão do juízo do comércio, nos lugares distantes da residência do
tribunal.

A falta de registro estabelece a presunção da validade dos atos praticados pelo


mandatário destituído.
Art. 160. A morte do comitente, ou a sua incapacidade civil, não prejudica a
validade dos atos praticados pelo mandatário até que receba a notícia, nem
tampouco aos atos sucessivos que forem conseqüência dos primeiros, necessários
para o adimplemento do mandato.
Art. 161. Morrendo o mandatário, seus herdeiros, sucessores, ou representantes
legais são obrigados a participá-lo ao comitente, e, até receberem novas ordens,
devem zelar pelos interesses deste, e concluir os atos da gestão começados pelo
finado mandatário, se da mora puder vir dano ao comitente.

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Art. 162. O mandatário responde ao comitente por todas as perdas e danos que no
cumprimento do mandato lhe causar, quer procedam de fraude, dolo ou malícia, quer
ainda mesmo os que possam atribuir-se somente a omissão ou negligência culpável
(artigo 139).
Art. 163. Quando um comerciante sem mandato, ou excedendo os limites deste,
conclui algum negócio para o seu correspondente, é gestor do negócio segundo as
disposições da lei geral; mas se este for ratificado, toma o caráter de mandato
mercantil, e entende-se feito no lugar do gestor.
Art. 164. As disposições do Título VII - Da comissão mercantil - artigos 167, 168,
169, 170, 175, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 187 e 188, são aplicáveis ao mandato
mercantil.

TÍTULO VII
DA COMISSÃO MERCANTIL

Art. 165. A comissão mercantil é o contrato do mandato relativo a negócios


mercantis, quando, pelo menos, o comissário é comerciante, sem que nesta gestão
seja necessário declarar ou mencionar o nome do comitente.
Art. 166. O comissário, contratando em seu próprio nome, ou no nome da sua firma
ou razão social, fica diretamente obrigado às pessoas com quem contratar, sem que
estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas; salvo se o comissário
fizer cessão dos seus direitos a favor de uma das partes.
Art. 167. Competem ao comitente todas as exceções que pode opor o comissário;
mas não poderá legar a incapacidade deste, ainda quando se prove, para anular os
efeitos da obrigação, contraída pelo mesmo comissário.
Art. 168. O comissário que aceitar o mandato, expressa ou tacitamente, é
obrigado a cumpri-lo na forma das ordens e instruções do comitente; na falta destas,
e na impossibilidade de as receber em termo oportuno, ou ocorrendo sucesso
imprevisto, poderá exeqüir o mandato, obrando como faria em negócio próprio e
conformando-se com o uso do comércio em casos semelhantes.
Art. 169. O comissário que se afastar das instruções recebidas, ou na execução do
mandato não satisfizer ao que é de estilo e uso do comércio, responderá por perdas
e danos ao comitente.

Será, porém, justificável o acesso da comissão:


1 . quando resultar vantagem ao comitente;
2 - não admitindo demora a operação cometida, ou podendo resultar dano de sua
expedição, uma vez que o comissário tenha obrado segundo o costume geralmente
praticado no comércio;

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3 - podendo presumir-se, em boa-fé, que o comissário não teve intenção de
exceder os limites da comissão;
4 - nos casos do artigo 163.
Art. 170. O comissário é responsável pela boa guarda e conservação dos efeitos
de seus comitentes, quer lhe tenham sido consignados, quer os tenha ele comprado,
ou os recebesse como em depósito, ou para os remeter para outro lugar; salvo caso
fortuito ou de força maior, ou se a deterioração provier de vício inerente à natureza
da coisa.
Art. 171. O comissário é obrigado a fazer aviso ao comitente, na primeira ocasião
oportuna que se lhe oferecer, de qualquer dano que sofrerem os efeitos deste
existentes em seu poder, e a verificar em forma legal a verdadeira origem donde
proveio o dano.
Art. 172. Iguais diligências deve praticar o comissário todas as vezes que, ao
receber os efeitos consignados, notar avaria, diminuição, ou estado diverso daquele
que constar dos conhecimentos, faturas ou avisos de remessa; se for omisso, o
comitente terá ação para exigir dele que responda pelos efeitos nos termos precisos
em que os conhecimentos, cautelas, faturas, ou cartas de remessa os designarem;
sem que ao comissário possa admitir-se outra defesa que não seja a prova de ter
praticado as diligências sobreditas.
Art. 173. Acontecendo nos efeitos consignados alteração que torne urgente a sua
venda para salvar a parte possível do seu valor, o comissário procederá à venda dos
efeitos danificados, em hasta pública, em benefício e por conta de quem pertencer.
Art. 174. O comissário encarregado de fazer expedir uma carregação de
mercadorias em porto ou lugar diferente, por via de comissário que ele haja de
nomear, não responde pelos atos deste, provando que lhe transmitiu fielmente as
ordens do comitente, e que gozava de crédito entre comerciantes.
Art. 175. O comissário não responde pela insolvência das pessoas com quem
contratar em execução da comissão, se ao tempo do contrato eram reputadas
idôneas; salvo nos casos do artigo 179, ou obrando com culpa ou dolo.
Art. 176. O comissário presume-se autorizado para conceder os prazos que forem
do uso da praça, sempre que não tiver ordem em contrário do comitente.
Art. 177. O comissário que tiver vendido a pagamento deve declarar no aviso e
conta que remeter ao comitente o nome e domicílio dos compradores, e os prazos
estipulados; deixando de fazer esta declaração explícita, presume-se que a venda
foi efetuada a dinheiro de contado, e não será admitida ao comissário prova em
contrário.
Art. 178. Vencidos os pagamentos das mercadorias ou efeitos vendidos a prazo, o
comissário é obrigado a procurar e fazer efetiva a sua cobrança; e se nesta se

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portar com omissão ou negligência culpável, responderá ao comitente por perdas e
danos supervenientes.

Art. 179. A comissão del credere constitui o comissário garante solidário ao


comitente da solvabilidade e pontualidade daqueles com quem tratar por conta
deste, sem que possa ser ouvido com reclamação alguma.

Se o del credere não houver sido ajustado por escrito, e todavia o comitente o tiver
aceitado ou consentido, mas impugnar o quantitativo, será este regulado pelo estilo
da praça onde residir o comissário, e na falta de estilo por arbitradores.
Art. 180. O comissário que distrair do destino ordenado os fundos do seu
comitente responderá pelos juros a datar do dia em que recebeu os mesmos fundos,
e pelos prejuízos resultantes do não-cumprimento das ordens; sem prejuízo das
ações criminais a que possa dar lugar o dolo ou fraude.
Art. 181. O comissário é responsável pela perda ou extravio de fundos de terceiro
em dinheiro, metais preciosos, ou brilhantes existentes em seu poder, ainda mesmo
que o dano provenha de caso fortuito ou força maior, se não provar que na sua
guarda empregou a diligência que em casos semelhantes empregam os
comerciantes acautelados.
Art. 182. Os riscos ocorrentes na devolução de fundos do poder do comissário
para a mão do comitente correm por conta deste; salvo se aquele se desviar das
ordens e instruções recebidas, ou dos meios usados no lugar da remessa, se
nenhuma houver recebido.
Art. 183. O comissário que fizer uma negociação a preço e condições mais
onerosas do que as correntes, ao tempo da transação, na praça onde ela se operou,
responderá pelo prejuízo; sem que o releve o haver feito iguais negociações por
conta própria.
Art. 184. O comissário que receber ordem para fazer algum seguro será
responsável pelos prejuízos que resultarem se o não efetuar, tendo na sua mão
fundos suficientes do comitente para satisfazer o prêmio.
Art. 185. O comitente é obrigado a satisfazer à vista, salvo convenção em
contrário, a importância de todas as despesas e desembolsos feitos no
desempenho da comissão, com os juros pelo tempo que mediar entre o desembolso
e o efetivo pagamento, e as comissões que forem devidas.

As contas dadas pelo comissário ao comitente devem concordar com os seus livros
e assentos mercantis; e no caso de não concordarem poderá ter lugar a ação
criminal de furto.
Art. 186. Todo comissário tem direito para exigir do comitente uma comissão pelo
seu trabalho, a qual, quando não tiver sido expressamente convencionada, será

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regulada pelo uso comercial do lugar onde se tiver executado o mandato (artigo
154).
Art. 187. A comissão deve-se por inteiro, tendo-se concluído a operação ou
mandato; no caso de morte ou despedida do comissário, é devida unicamente a
quota correspondente aos atos por este praticados.
Art. 188. Quando, porém, o comitente retirar o mandato antes de concluído, sem
causa justificada procedida de culpa do comissário, nunca poderá pagar-se menos
de meia comissão, ainda que esta não seja a que exatamente corresponda aos
trabalhos praticados.
Art. 189. No caso de falência do comitente, tem o comissário hipoteca e
precedência privilegiada nos efeitos do mesmo comitente, para indenização e
embolso de todas as despesas, adiantamentos que tiver feito, comissões vendidas
e juros respectivos, enquanto os mesmos efeitos se acharem à sua disposição em
seus armazéns, nas estações públicas, ou em qualquer outro lugar, ou mesmo
achando-se em caminho para o poder do falido, se provar a remessa por
conhecimentos ou cautelas competentes de data anterior à declaração da quebra
(artigo 806).
Art. 190. As disposições do Título VI - Do mandato mercantil - são aplicáveis à
comissão mercantil.

TÍTULO VIII
DA COMPRA E VENDA MERCANTIL

Art. 191. O contrato de compra e venda mercantil é perfeito e acabado logo que o
comprador e o vendedor se acordam na coisa, no preço e nas condições; e desde
esse momento nenhuma das partes pode arrepender-se sem consentimento da
outra, ainda que a coisa se não ache entregue nem o preço pago. Fica entendido
que nas vendas condicionais não se reputa o contrato perfeito senão depois de
verificada a condição (artigo 127).

É unicamente considerada mercantil a compra e venda de efeitos móveis ou


semoventes, para os revender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou
manufaturados, ou para alugar o seu uso; compreendendo-se na classe dos
primeiros a moeda metálica e o papel-moeda, títulos de fundos públicos, ações de
companhias e papéis de crédito comerciais, contanto que nas referidas transações
o comprador ou vendedor seja comerciante.
Art. 192. Ainda que a compra e venda deva recair sobre coisa existente e certa, é
lícito comprar coisa incerta, como por exemplo lucros futuros.
Art. 193. Quando se faz entrega da coisa vendida sem que pelo instrumento do
contrato conste preço, entende-se que as partes se sujeitaram ao que fosse corrente

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no dia e lugar da entrega; na falta de acordo por ter havido diversidade de preço no
mesmo dia e lugar, prevalecerá o termo médio.
Art. 194. O preço de venda pode ser incerto, e deixado na estimação de terceiro;
se este não puder ou não quiser fazer a estimação, será o preço determinado por
arbitradores.
Art. 195. Não se tendo estipulado no contrato a qualidade da moeda em que deve
fazer-se o pagamento, entende-se ser a corrente no lugar onde o mesmo pagamento
há de efetuar-se, sem ágio ou desconto.
Art. 196. Não havendo estipulação em contrário, as despesas do instrumento da
venda e as que se fazem para se receber e transportar a coisa vendida são por
conta do comprador.
Art. 197. Logo que a venda é perfeita (artigo 191), o vendedor fica obrigado a
entregar ao comprador a coisa vendida no prazo, e pelo modo estipulado no
contrato; pena de responder pelas perdas e danos que da sua falta resultarem.
Art. 198. Não procede, porém, a obrigação da entrega da coisa vendida antes de
efetuado o pagamento do preço, se, entre o ato da venda e o da entrega, o
comprador mudar notoriamente de estado, e não prestar fiança idônea aos
pagamentos nos prazos convencionados .
Art. 199. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, deve fazer-
se no lugar onde a mesma coisa se achava ao tempo da venda; e pode operar-se
pelo fato da entrega real ou simbólica, ou pelo do título, ou pelo modo que estiver em
uso comercial no lugar onde deva verificar-se.
Art. 200. Reputa-se mercantilmente tradição simbólica, salva a prova em contrário,
no caso de erro, fraude ou dolo:
1 - a entrega das chaves do armazém, loja ou caixa em que se achar a mercadoria
ou objeto vendido;
2 - o fato de pôr o comprador a sua marca nas mercadorias compradas, em
presença do vendedor ou com o seu consentimento;
3 - a remessa e aceitação da fatura, sem oposição imediata do comprador;
4 - a cláusula - por conta - lançada no conhecimento ou cautela de remessa, não
sendo reclamada pelo comprador dentro de 3 (três) dias úteis, achando-se o
vendedor no lugar onde se receber a cautela ou conhecimento, ou pelo segundo
correio ou navio que levar correspondência para o lugar onde ele se achar;
5 - a declaração ou averbação em livros ou despachos das estações públicas a
favor do comprador, com acordo de ambas as partes.
Art. 201. Sendo a venda feita à vista de amostras, ou designando-se no contrato
qualidade de mercadoria conhecida nos usos do comércio, não é lícito ao

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comprador recusar o recebimento, se os gêneros corresponderem perfeitamente às
amostras ou à qualidade designada, oferecendo-se dúvida, será decidida por
arbitradores.
Art. 202. Quando o vendedor deixa de entregar a coisa vendida no tempo
aprazado, o comprador tem opção, ou de rescindir o contrato, ou de demandar o seu
cumprimento com os danos da mora; salvo os casos fortuitos ou de força maior.
Art. 203. O comprador que tiver ajustado por junto uma partida de gêneros sem
declaração de a receber por partes ou lotes, ou em épocas distintas, não é obrigado
a receber parte com promessa de se lhe fazer posteriormente a entrega do resto.
Art. 204. Se o comprador sem justa causa recusar receber a coisa vendida, ou
deixar de a receber no tempo ajustado, terá o vendedor ação para rescindir o
contrato, ou demandar o comprador pelo preço com os juros legais da mora;
devendo, no segundo caso, requerer depósito judicial dos objetos vendidos por
conta e risco de quem pertencer.
Art. 205. Para o vendedor ou comprador poder ser considerado em mora, é
necessário que preceda interpelação judicial da entrega da coisa vendida, ou do
pagamento do preço.
Art. 206. Logo que a venda é de todo perfeita, e o vendedor põe a coisa vendida à
disposição do comprador, são por conta deste todos os riscos dos efeitos vendidos,
e as despesas que se fizerem com a sua conservação, salvo se ocorrerem por
fraude ou negligência culpável do vendedor, ou por vício intrínseco da coisa vendida;
e tanto em um como em outro caso, o vendedor responde ao comprador pela
restituição do preço com os juros legais, e a indenização dos danos.
Art. 207. Correm, porém, a cargo do vendedor os danos que a coisa vendida sofrer
antes da sua entrega:
1 - quando não é objeto determinado por marcas ou sinais distintivos que a
diferenciem entre outras da mesma natureza e espécie, com as quais possa achar-
se confundida;
2 - quando, por condição expressa no contrato, ou por uso praticado em comércio,
o comprador tem direito de a examinar, e declarar se se contenta com ela, antes que
a venda seja tida por perfeita e irrevogável;
3 - sendo os efeitos da natureza daqueles que se devem contar, pesar, medir ou
gostar, enquanto não forem contados, pesados, medidos ou provados; em tais
compras a tradição real supre a falta de contagem, peso, medida ou sabor;
4 - se o vendedor deixar de entregar ao comprador a coisa vendida, estando este
pronto para receber.
Art. 208. Quando os gêneros são vendidos a esmo ou por partida inteira, o risco
corre por conta do comprador, ainda que não tenham sido contados, pesados ou

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medidos, e bem assim nos casos do nº 3 do artigo antecedente, quando a
contagem, peso ou medida deixa de fazer-se por culpa sua.
Art. 209. O vendedor que, depois da venda perfeita, alienar, consumir ou deteriorar
a coisa vendida, será obrigado a dar ao comprador outra igual em espécie,
qualidade e quantidade, ou pagar-lhe, na falta desta, o valor em que por arbitradores
for estimada, com relação ao uso que o comprador dela pretendia fazer, ou ao lucro
que podia provir-lhe, abatendo-se o preço, se o comprador o não tiver ainda pago.
Art. 210. O vendedor, ainda depois da entrega, fica responsável pelos vícios e
defeitos ocultos da coisa vendida, que o comprador não podia descobrir antes de a
receber, sendo tais que a tornem imprópria ao uso a que era destinada, ou que de
tal sorte diminuam o seu valor, que o comprador, se os conhecera, ou a não
comprara, ou teria dado por ela muito menor preço.
Art. 211. Tem principalmente aplicação a disposição do artigo precedente quando
os gêneros se entregam em fardos ou debaixo de coberta que impeçam o seu
exame e reconhecimento, se o comprador, dentro de 10 (dez) dias imediatamente
seguintes ao do recebimento, reclamar do vendedor falta na quantidade, ou defeito
na qualidade; devendo provar-se no primeiro caso que as extremidades das peças
estavam intactas, e no segundo que os vícios ou defeitos não podiam acontecer, por
caso fortuito, em seu poder.

Essa reclamação não tem lugar quando o vendedor exige do comprador que
examine os gêneros antes de os receber, nem depois de pago o preço.
Art. 212. Se o comprador reenvia a coisa comprada ao vendedor, e este a aceita
(artigo 76), ou, sendo-lhe entregue contra sua vontade, a não faz depositar
judicialmente por conta de quem pertencer, com intimação do depósito ao
comprador, presume-se que consentiu na rescisão da venda.
Art. 213. Em todos os casos em que o comprador tem direito de resilir o contrato,
o vendedor é obrigado não só a restituir o preço, mas também a pagar as despesas
que tiver ocasionado, com os juros da lei.
Art. 214. O vendedor é obrigado a fazer boa ao comprador a coisa vendida, ainda
que no contrato se estipule que não fica sujeito a responsabilidade alguma; salvo se
o comprador, conhecendo o perigo ao tempo da compra, declarar expressamente
no instrumento do contrato, que toma sobre si o risco; devendo entender-se que esta
cláusula não compreende o risco da coisa vendida, que, por algum título, possa
pertencer a terceiro.
Art. 215. Se o comprador for inquietado sobre a posse ou domínio da coisa
comprada, o vendedor é obrigado à evicção em juízo, defendendo à sua custa a
validade da venda; e se for vencido, não só restituirá o preço com os juros e custas
do processo, mas poderá ser condenado à composição das perdas e danos
conseqüentes, e até às penas criminais, quais no caso couberem.

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A restituição do preço tem lugar, posto que a coisa vendida se ache depreciada na
quantidade ou na qualidade ao tempo da evicção por culpa do comprador ou força
maior. Se, porém, o comprador auferir proveito da depreciação por ele causada, o
vendedor tem direito para reter a parte do preço que for estimada por arbitradores.
Art. 216. O comprador que tiver feito benfeitorias na coisa vendida, que aumentem
o seu valor ao tempo da evicção, se esta se vencer, tem direito a reter a posse da
mesma coisa até ser pago do valor, das benfeitorias por quem pertencer.
Art. 217. Os vícios e diferenças de qualidade das mercadorias vendidas serão
determinados por arbitradores.
Art. 218. O dinheiro adiantado antes da entrega da coisa vendida entende-se ter
sido por conta do preço principal, e para maior firmeza da compra, e nunca com
condição suspensiva da conclusão do contrato; sem que seja permitido o
arrependimento, nem da parte do comprador, sujeitando-se a perder a quantia
adiantada, nem da parte do vendedor, restituindo-a, ainda mesmo que o que se
arrepender se ofereça a pagar outro tanto do que houver pago ou recebido; salvo se
assim for ajustado entre ambos como pena convencional do que se arrepender
(artigo 128).
Art. 219. Nas vendas em grosso ou por atacado entre comerciantes, o vendedor é
obrigado a apresentar ao comprador por duplicado, no ato da entrega das
mercadorias, a fatura ou conta dos gêneros vendidos, as quais serão por ambos
assinadas, uma para ficar na mão do vendedor, e outra na do comprador. Não se
declarando na fatura o prazo do pagamento, presume-se que a compra foi à vista
(artigo 137). As faturas sobreditas, não sendo reclamadas pelo vendedor ou
comprador, dentro de 10 (dez) dias subseqüentes à entrega e recebimento (artigo
135), presumem-se contas líquidas.
Art. 220. A rescisão por lesão não tem lugar nas compras e vendas celebradas
entre pessoas todas comerciantes; salvo provando-se erro, fraude ou simulação.

TÍTULO IX
DO ESCAMBO OU TROCA MERCANTIL

Art. 221. O contrato de troca ou escambo mercantil opera ao mesmo tempo duas
verdadeiras vendas, servindo as coisas trocadas de preço e compensação
recíproca (artigo 191). Tudo o que pode ser vendido pode ser trocado.
Art. 222. Se um dos permutantes, depois da entrega da coisa trocada, provar que
o outro não é dono dela, não será obrigado a entregar a que prometera, mas
somente a devolver a que recebeu.
Art. 223. O permutante que for vencido na evicção da coisa recebida em troca terá
a opção, ou de pedir o seu valor com os danos, ou de repetir a coisa por ele dada

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(artigo 215); mas se a esse tempo tiver sido alienada só terá lugar o primeiro
arbítrio.
Art. 224. Se uma coisa certa e determinada, prometida em troca, perecer sem
culpa do que a devia dar, deixa de existir o contrato, e a coisa que já tiver sido
entregue será devolvida àquele que a houver dado.
Art. 225. Em tudo o mais as trocas mercantis regulam-se pelas disposições do
Título VIII-Da compra e venda mercantil.

TÍTULO X
DA LOCAÇÃO MERCANTIL

Art. 226. A locação mercantil é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a dar
a outra, por determinado tempo e preço certo, o uso de alguma coisa, ou do seu
trabalho.

O que dá a coisa ou presta serviço chama-se locador, e o que a toma ou aceita o


serviço, locatário.
Art. 227. O locador é obrigado a entregar ao locatário a coisa alugada no tempo e
na forma do contrato; pena de responder pelos danos provenientes da não-entrega.

A presente disposição é aplicável ao empreiteiro que deixar de entregar a


empreitada concluída no tempo e na forma ajustada.
Art. 228. Durante o tempo do contrato, não é lícito ao locador retirar a coisa
alugada do poder do locatário, ainda que diga ser para uso seu; nem a este fazer
entrega dela ao locador, antes de findo o tempo convencionado; salvo pagando por
inteiro o aluguel ajustado.
Art. 229. O locatário não é obrigado a indenizar o dano que a coisa alugada sofrer
por caso fortuito; salvo se por alguma forma puder atribuir-se a culpa sua, como, por
exemplo, se tiver empregado a coisa alugada em outro destino ou lugar que não seja
o designado no contrato, ou por um modo mais violento e excessivo que o
regularmente praticado.
Art. 230. O locatário é obrigado a entregar ao locador a coisa alugada, findo o
tempo da locação; se recusar fazer a entrega, sendo requerido, pagará ao locador o
aluguel que este arbitrar por toda a demora, e responderá por qualquer danificação
que a coisa alugada sofrer, ainda mesmo que proceda de força maior ou caso
fortuito.
Art. 231. Nos ajustes de locação de serviços, se o locador, oficial ou artífice se
encarregar de fornecer a matéria e o trabalho, perecendo a obra antes da entrega,

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não terá direito a paga alguma; salvo se, depois de pronta, o locatário for negligente
em a receber.
Art. 232. Se o empreiteiro contribuir só com o seu trabalho ou indústria, perecendo
os materiais sem culpa sua, perecem por conta do dono, e o empreiteiro não tem
direito a salário algum; salvo se, estando a obra concluída, o locatário for omisso em
a receber, ou a coisa tiver perecido por vício próprio da sua matéria.
Art. 233. Quando o empreiteiro se encarrega de uma obra por um plano designado
no contrato, pode requerer novo ajuste, se o locatário alterar o plano antes ou depois
de começada a obra.
Art. 234. Concluída a obra na conformidade do ajuste, ou, não o havendo, na forma
do costume geral, o que a encomendou é obrigado a recebê-la; se, porém, a obra
não tiver na forma do contrato, plano dado, ou costume geral, poderá enjeitá-la ou
exigir que se faça abatimento no preço.
Art. 235. O operário que, por imperícia ou erro do seu ofício, inutiliza alguma obra
para que tiver recebido os materiais é obrigado a pagar o valor destes, ficando com
a obra inutilizada.
Art. 236. O que der a fabricar alguma obra de empreitada poderá a seu arbítrio
resilir do contrato, posto que a obra esteja já começada a executar, indenizando o
empreiteiro de todas as despesas e trabalhos, e de tudo o que poderia ganhar na
mesma obra.
Art. 237. Se a obra encomendada tiver sido ajustada por medida ou números, sem
se fixar a quantidade certa de medida ou números, tanto o que fez a encomenda
como o empreiteiro podem dar por acabado o contrato quando lhes convier,
pagando o locatário a obra feita.
Art. 238. O empreiteiro é responsável pelos fatos dos operários que empregar,
com ação regressiva contra os mesmos.
Art. 239. Os operários, no caso de não serem pagos pelo empreiteiro, têm ação
para embargar na mão do dono da obra, se ainda não tiver pago, quantia que baste
para pagamento dos jornais devido.
Art. 240. A morte do empreiteiro dissolve o contrato de locação de obra. O
locatário, quando a matéria tiver sido fornecida pelo empreiteiro, é obrigado a pagar
a seus herdeiros ou sucessores, à proporção do preço estipulado na convenção, o
valor da obra feita, e dos materiais aparelhados.
Art. 241. Os mestres, administradores, ou diretores de fábricas, ou qualquer outro
estabelecimento mercantil, não podem despedir-se antes de findar o tempo do
contrato, salvo nos casos previstos no artigo 83; pena de responderem por dano aos
preponentes; e estes despedindo-os fora dos casos especificados no artigo 84,

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serão obrigados a pagar-lhes o salário ajustado por todo o tempo que faltar para a
duração do contrato.
Art. 242. Os mesmos mestres, administradores, ou diretores, no caso de morte do
preponente, são obrigados a continuar na sua gerência pelo tempo do contrato, e na
falta deste até que os herdeiros ou sucessores do falecido possam providenciar
oportunamente.
Art. 243. Todo o mestre, administrador, ou diretor de qualquer estabelecimento
mercantil é responsável pelos danos que ocasionar ao proprietário por omissão
culpável, imperícia, ou malversação, e pelas faltas e omissões dos empregados que
servirem debaixo das suas ordens, provando-se que foi omisso em as prevenir
(artigo 238).
Art. 244. O comerciante empresário de fábrica, seus administradores, diretores e
mestres, que por si ou por interposta pessoa aliciarem empregados, artífices ou
operários de outras fábricas que se acharem contratados por escrito, serão
multados no valor do jornal dos aliciados, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, a benefício
da outra fábrica.
Art. 245. Todas as questões que resultarem de contratos de locação mercantil
serão decididas em juízo arbitral.
Art. 246. As disposições do Título VI - Do mandato mercantil - têm lugar a respeito
dos mestres, administradores ou diretores de fábricas, na parte em que forem
aplicáveis.

TÍTULO XI
DO MÚTUO E DOS JUROS MERCANTIS

Art. 247. O mútuo é empréstimo mercantil, quando a coisa emprestada pode ser
considerada gênero comercial, ou destinada a uso comercial, e pelo menos o
mutuário é comerciante.
Art. 248. Em comércio podem exigir-se juros desde o tempo do desembolso,
ainda que não sejam estipulados, em todos os casos em que por este Código são
permitidos ou se mandam contar. Fora destes casos, não sendo estipulados, só
podem exigir-se pela mora no pagamento de dívidas líquidas, e nas ilíquidas só
depois da sua liquidação.

Havendo estipulação de juros sem declaração do quantitativo, ou do tempo,


presume-se que as partes convieram nos juros da lei, e só pela mora (artigo 138).
Art. 249. Nas obrigações que se limitam ao pagamento de certa soma de dinheiro,
os danos e interesses resultantes da mora consistem meramente na condenação
dos juros legais.

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Art. 250. O credor que passa recibos ou dá quitação de juros menores dos
estipulados não pode exigir a diferença relativa ao vencimento passado; todavia, os
juros futuros não se julgam por esse fato reduzidos a menos dos estipulados.
Art. 251. O devedor que paga juros não estipulados não pode repeti-los, salvo
excedendo a taxa da lei; e neste caso só pode repetir o excesso, ou imputá-lo no
capital.
Art. 252. A quitação do capital dada sem reserva de juros faz presumir o
pagamento deles, e opera a descarga total do devedor, ainda que fossem devidos.
Art. 253. É proibido contar juros de juros; esta proibição não compreende a
acumulação de juros vencidos aos saldos liquidados em conta corrente de ano a
ano.

Depois que em juízo se intenta ação contra o devedor, não pode ter lugar
acumulação de capital e juros.
Art. 254. Não serão admissíveis em juízo contas de capital com juros, em que
estes se não acharem reciprocamente lançados sobre as parcelas do débito e
crédito das mesmas contas.
Art. 255. Os descontos de letras de câmbio ou da terra, e de quaisquer títulos de
crédito negociáveis, regulam-se pelas convenções das partes.

TÍTULO XII
DAS FIANÇAS E CARTAS DE CRÉDITO E ABONO

CAPÍTULO I
DAS FIANÇAS

Art. 256. Para que a fiança possa ser reputada mercantil, é indispensável que o
afiançado seja comerciante, e a obrigação afiançada derive de causa comercial,
embora o fiador não seja comerciante.
Art. 257. A fiança só pode provar-se por escrito; abrange sempre todos os
acessórios da obrigação principal, e não admite interpretação extensiva a mais do
que precisamente se compreende na obrigação assinada pelo fiador.
Art. 258. Toda a fiança comercial é solidária; nas que se prestam judicialmente, as
testemunhas de abonação ficam todas solidariamente obrigadas na falta do fiador
principal.

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A obrigação do fiador passa a seus herdeiros; mas a responsabilidade da fiança é
limitada ao tempo decorrido até o dia da morte do fiador, e não pode exceder as
forças da sua herança.
Art. 259. O fiador mercantil pode estipular do afiançado uma retribuição pecuniária
pela responsabilidade da fiança; mas estipulando retribuição não pode reclamar o
benefício da desoneração permitido no artigo 262.
Art. 260. O fiador que paga pelo devedor fica sub-rogado em todos os direitos e
ações do credor (artigo 889). Havendo mais fiadores, o fiador que pagar a dívida
terá ação contra cada um deles pela porção correspondente, em rateio geral; se
algum falir, o rateio do quinhão deste terá lugar por todos os que se acharem
solventes.
Art. 261. Se o fiador for executado com preferência ao devedor originário, poderá
oferecer à penhora os bens deste, se os tiver desembargados, mas, se contra eles
aparecer embargo ou oposição, ou não forem suficientes, a execução ficará
correndo nos próprios bens do fiador, até efetivo e real embolso do exeqüente.
Art. 262. O fiador fica desonerado da fiança, quando o credor, sem o seu
consentimento ou sem lhe ter exigido o pagamento, concede ao devedor alguma
prorrogação de termo, ou faz com ele novação do contrato (artigo 438); e pode
desonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe
convier; ficando, todavia, obrigado por todos os efeitos da fiança anteriores ao ato
amigável, ou sentença por que for desonerado.
Art. 263. Desonerando-se, morrendo ou falindo o fiador, o devedor originário é
obrigado a dar nova fiança, ou pagar imediatamente a dívida.
CAPÍTULO II
DAS CARTAS DE CRÉDITO

Art. 264. As cartas de crédito devem necessariamente contrair-se a pessoa ou


pessoas determinadas, com limitação da quantia creditada; o comerciante que as
escreve e abre o crédito fica responsável pela quantia que em virtude delas for
entregue ao creditado até a concorrência da soma abonada.

As cartas que não abrirem crédito pecuniário com determinação do máximo


presumem-se meras cartas de recomendação, sem responsabilidade de quem as
escreveu.

TÍTULO XIII
DA HIPOTECA E PENHOR MERCANTIL

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CAPÍTULO I
DA HIPOTECA

Art. 265. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)

Art. 266. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)

Art. 267. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)

Art. 268. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)

Art. 269. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)

Art. 270. (Revogado pelos artigos 809 a 855 da Lei nº 3.071, de 01.01.1916 -
Código Civil)
CAPÍTULO II
DO PENHOR MERCANTIL

Art. 271. O contrato de penhor, pelo qual o devedor ou um terceiro por ele entrega
ao credor uma coisa móvel em segurança e garantia de obrigação comercial, só
pode provar-se por escrito assinado por quem recebe o penhor.
Art. 272. O escrito deve enunciar com toda a clareza a quantia certa da dívida, a
causa de que procede, e o tempo do pagamento, a qualidade do penhor, e o seu
valor real ou aquele em que for estimado; não se declarando o valor, se estará, no
caso do credor deixar de restituir ou de apresentar o penhor quando for requerido,
pela declaração jurada do devedor.
Art. 273. Podem dar-se em penhor bens móveis, mercadorias e quaisquer outros
efeitos, títulos da Dívida Pública, ações de companhias ou empresas e em geral
quaisquer papéis de crédito negociáveis em comércio.

Não podem, porém, dar-se em penhor comercial escravos, nem semoventes;


Art. 274. A entrega do penhor pode ser real ou simbólica, e pelos mesmos modos
por que pode fazer-se a tradição da coisa vendida (artigo 199).
Art. 275. Vencida a dívida a que o penhor serve de garantia, e não a pagando o
devedor, é lícito ao credor pignoratício requerer a venda judicial do mesmo penhor,
se o devedor não convier em que se faça de comum acordo.

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Art. 276. O credor que recebe do seu devedor alguma coisa em penhor ou garantia
fica por esse fato considerado verdadeiro depositário da coisa recebida, sujeito a
todas as obrigações e responsabilidade declaradas no Título XIV - Do depósito
mercantil.
Art. 277. Se a coisa empenhada consistir em títulos de crédito, o credor que os
tiver em penhor entende-se sub-rogado pelo devedor para praticar todos os atos que
sejam necessários para conservar a validade dos mesmos títulos, e os direitos do
devedor, ao qual ficará responsável por qualquer omissão que possa ter nesta parte.
O credor pignoratício é igualmente competente para cobrar o principal e créditos do
título ou papel de crédito empenhado na sua mão, sem ser necessário que
apresente poderes gerais ou especiais do devedor (artigo 387).
Art. 278. Oferecendo-se o devedor a remir o penhor, pagando a dívida ou
consignando o preço em juízo, o credor é obrigado à entrega imediata do mesmo
penhor; pena de se proceder contra ele como depositário remisso (artigo 284).
Art. 279. O Credor pignoratício, que por qualquer modo alhear ou negociar a coisa
dada em penhor ou garantia, sem para isso ser autorizado por condição ou
consentimento por escrito do devedor, incorrerá nas penas do crime de estelionato.

TÍTULO XIV
DO DEPÓSITO MERCANTIL

Art. 280. Só terá a natureza de depósito mercantil o que for feito por causa
proveniente de comércio, em poder de comerciante, ou por conta de comerciante.
Art. 281. Este contrato fica perfeito pela tradição real ou simbólica da coisa
depositada (artigo 199); mas só pode provar-se por escrito assinado pelo
depositário.
Art. 282. O depositário pode exigir, pela guarda da coisa depositada, uma
comissão estipulada no contrato, ou determinada pelo uso da praça; e se nenhuma
houver sido estipulada no contrato, nem se achar estabelecida pelo uso da praça,
será regulada por arbitradores.
Art. 283. O depósito voluntário confere-se e aceita-se pela mesma forma que o
mandato ou comissão; e as obrigações recíprocas do depositante e depositário
regulam-se pelas que se acham determinadas para os mesmos contratos entre
comitente e mandatário ou comissário, em tudo quanto forem aplicáveis.
Art. 284. Não entregando o depositário a coisa depositada no prazo de 48
(quarenta e oito) horas da intimação judicial, será preso até que se efetue a entrega
do depósito, ou do seu valor equivalente (artigos 272 e 440).
Art. 285. Os depósitos feitos em bancos ou estações públicas ficam sujeitos às
disposições das leis, estatutos ou regulamentos da sua instituição.

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Art. 286. As disposições do Capítulo II -Do penhor mercantil - são aplicáveis ao
depósito mercantil.

TÍTULO XV
DAS COMPANHIAS E SOCIEDADES COMERCIAIS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 287. É da essência das companhias e sociedades comerciais que o objeto e


fim a que se propõem seja lícito, e que cada um dos sócios contribua para o seu
capital com alguma quota, ou esta consista em dinheiro ou em efeitos e qualquer
sorte de bens, ou em trabalho ou indústria.
Art. 288. É nula a sociedade ou companhia em que se estipular que a totalidade
dos lucros pertença a um só dos associados, ou em que algum seja excluído, e a
que desonerar de toda a contribuição nas perdas as somas ou efeitos entrados por
um ou mais sócios para o fundo social.
Art. 289. Os sócios devem entrar para o fundo social com as quotas e contingentes
a que se obrigarem, nos prazos e pela forma que se estipular no contrato. O que
deixar de o fazer responderá à sociedade ou companhia pelo dano emergente da
mora, se o contingente não consistir em dinheiro; consistindo em dinheiro pagará
por indenização o juro legal somente (artigo 249). Num e noutro caso, porém,
poderão os outros sócios preferir, à indenização pela mora, a rescisão da
sociedade a respeito do sócio remisso.
Art. 290. Em nenhuma associação mercantil se pode recusar aos sócios o exame
de todos os livros, documentos, escrituração e correspondência, e do estado da
caixa da companhia ou sociedade, sempre que o requerer; salvo tendo-se
estabelecido no contrato ou outro qualquer título da instituição da companhia ou
sociedade, as épocas em que o mesmo exame unicamente poderá ter lugar.
Art. 291. As leis particulares do comércio, a convenção das partes sempre que
lhes não for contrária, e os usos comerciais, regulam toda a sorte de associação
mercantil; não podendo recorrer-se ao direito civil para decisão de qualquer dúvida
que se ofereça, senão na falta de lei ou uso comercial.
Art. 292. O credor particular de um sócio só pode executar os fundos líquidos que o
devedor possuir na companhia ou sociedade, não tendo este outros bens
desembargados, ou se, depois de executados, os que tiver não forem suficientes
para o pagamento.

Quando uma mesma pessoa é membro de diversas companhias ou sociedades


com diversos sócios, falindo uma, os credores dela só podem executar a quota

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líquida que o sócio comum tiver nas companhias ou sociedades solventes depois de
pagos os credores destas.

Esta disposição tem lugar se as mesmas pessoas formarem diversas companhias


ou sociedades; falindo uma, os credores da massa falida só têm direito sobre as
massas solventes depois de pagos os credores destas.
Art. 293. Os sócios administradores ou gerentes são obrigados a dar contas
justificadas da sua administração aos outros sócios.
Art. 294. Todas as questões sociais que se suscitarem entre sócios durante a
existência da sociedade ou companhia, sua liquidação ou partilha, serão decididas
em juízo arbitral.
CAPÍTULO II
DAS COMPANHIAS DE COMÉRCIO OU SOCIEDADES ANÔNIMAS

Art. 295. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.627, de 26.09.1940)

Art. 296. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.627, de 26.09.1940)

Art. 297. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.627, de 26.09.1940)

Art. 298. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.627, de 26.09.1940)

Art. 299. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 2.627, de 26.09.1940)

CAPÍTULO III
DAS SOCIEDADES COMERCIAIS

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 300. O contrato de qualquer sociedade comercial só pode provar-se por
escritura pública ou particular; salvo nos casos dos artigos 304 e 325.

Nenhuma prova testemunhal será admitida contra e além do conteúdo no


instrumento do contrato social.
Art. 301. O teor do contrato deve ser lançado no Registro do Comércio do Tribunal
do distrito em que se houver de estabelecer a casa comercial da sociedade (artigo
10, nº 2), e se esta tiver outras casas de comércio em diversos distritos, em todos
eles terá lugar o registro.

As sociedades estipuladas em países estrangeiros com estabelecimento no Brasil


são obrigadas a fazer igual registro nos Tribunais do Comércio competentes do
Império antes de começarem as suas operações.

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Enquanto o instrumento do contrato não for registrado, não terá validade entre os
sócios nem contra terceiros, mas dará ação a estes contra todos os sócios
solidariamente (artigo 304).
Art. 302. A escritura, ou seja pública ou particular, deve conter:

1 - os nomes, naturalidade e domicílios dos sócios;


2 - sendo sociedade com firma, a firma por que a sociedade há de ser conhecida;
3 - os nomes dos sócios que podem usar da firma social ou gerir em nome da
sociedade; na falta desta declaração, entende-se que todos os sócios podem usar
da firma social e gerir em nome da sociedade;
4 - designação específica do objeto da sociedade, da quota com que cada um dos
sócios entra para o capital (artigo 287), e da parte que há de ter nos lucros e nas
perdas;
5 - a forma da nomeação dos árbitros para juízes das dúvidas sociais;
6 - não sendo a sociedade por tempo indeterminado, as épocas em que há de
começar e acabar, e a forma da sua liquidação e partilha (artigo 344);
7 - todas as mais cláusulas e condições necessárias para se determinarem com
precisão os direitos e obrigações dos sócios entre si, e para com terceiro.

Toda a cláusula ou condição oculta, contrária às cláusulas ou condições contidas no


instrumento ostensivo do contrato, é nula.
Art. 303. Nenhuma ação entre sócios ou destes contra terceiros, que fundar a sua
intenção na existência da sociedade, será admitida em juízo se não for logo
acompanhada do instrumento probatório da existência da mesma sociedade.
Art. 304. São, porém, admissíveis, sem dependência da apresentação do dito
instrumento, as ações que terceiros possam intentar contra a sociedade em comum
ou contra qualquer dos sócios em particular. A existência da sociedade, quando por
parte dos sócios se não apresenta instrumento, pode provar-se por todos os
gêneros de prova admitidos em comércio (artigo 122), e até por presunções
fundadas em fatos de que existe ou existiu sociedade.
Art. 305. Presume-se que existe ou existiu sociedade, sempre que alguém exercita
atos próprios de sociedade, e que regularmente se não costumam praticar sem a
qualidade social.
Desta natureza são especialmente:
1 - negociação promíscua e comum;
2 - aquisição, alheação, permutação, ou pagamento comum;

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3 - se um dos associados se confessa sócio, e os outros o não contradizem por
uma forma pública;
4 - se duas ou mais pessoas propõem um administrador ou gerente comum;
5 - a dissolução da associação como sociedade;
6 - o emprego do pronome nós ou nosso nas cartas de correspondência, livros,
faturas, contas e mais papéis comerciais,
7 - o fato de receber ou responder cartas endereçadas ao nome ou firma social;
8 - o uso de marca comum nas fazendas ou volumes;
9 - o uso de nome com a adição - e companhia.

A responsabilidade dos sócios ocultos é pessoal e solidária, como se fossem


sócios ostensivos (artigo 316).
Art. 306. A pessoa que emprestar o seu nome como sócio, ainda que não tenha
interesse nos lucros da sociedade, será responsável por todas as obrigações da
mesma sociedade que forem contraídas debaixo da firma social com ação
regressiva contra os sócios, mas não responderá a estes por perdas e danos.
Art. 307. Se expirado o prazo de sociedade celebrada por tempo determinado
esta tiver de continuar, a sua continuação só poderá provar-se por novo instrumento,
passado e legalizado com as mesmas formalidades que o da sua instituição (artigo
301).

O mesmo terá lugar, quando se fizer alguma alteração no contrato primordial.


Art. 308. Quando a sociedade dissolvida por morte de um dos sócios tiver de
continuar com os herdeiros do falecido (artigo 335, nº 4), se entre os herdeiros
algum ou alguns forem menores, estes não poderão ter parte nela, ainda que sejam
autorizados judicialmente; salvo sendo legitimamente emancipados.
Art. 309. Falecendo sem testamento algum sócio que não tenha herdeiros
presentes, quer a sociedade deva dissolver-se pela sua morte, quer haja de
continuar, o juízo a que competir a arrecadação da fazenda dos ausentes não
poderá entrar na arrecadação dos bens da herança do falecido que existirem na
massa social, nem ingerir-se por forma alguma na administração, liquidação e
partilha da sociedade; competindo somente ao mesmo juízo arrecadar a quota
líquida que ficar pertencendo à dita herança.

No caso do sócio falecido ter sido o caixa ou gerente da sociedade, ou quando não
fosse, sempre que não houver mais de um sócio sobrevivente, e mesmo fora dos
dois referidos casos se o exigir um número tal de credores que represente metade
de todos os créditos, nomear-se-á um novo caixa ou gerente para a ultimação das

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negociações pendentes; procedendo-se à liquidação e partilha pela forma
determinada na Seção VIII deste Capítulo; com a única diferença de que os credores
terão parte na nomeação da pessoa ou pessoas a quem deva encarregar-se a
liquidação.

A nomeação do novo caixa ou gerente será feita pela maioria dos votos dos sócios
e dos credores, reunidos em assembléia presidida pelo juiz de direito do comércio,
e só poderá recair sobre sócio ou credor que seja comerciante.
Art. 310. As disposições do artigo precedente têm igualmente lugar, sempre que
algum comerciante que não tenha sócios, ou mesmo alguém, ainda que não seja
comerciante, falecer sem testamentos nem herdeiros presentes, e tiver credores
comerciantes; nomeando-se pela forma acima declarada dois administradores e um
fiscal, para arrecadar, administrar e liquidar a herança, e satisfazer todas as
obrigações do falecido.

Não existindo credores presentes, mas constando pelos livros do falecido ou por
outros títulos autênticos que os há ausentes serão os dois administradores e fiscal
nomeados pelo Tribunal do Comércio.
SEÇÃO II
DA SOCIEDADE EM COMANDITA.
Art. 311. Quando duas ou mais pessoas, sendo ao menos uma comerciante, se
associam para fim comercial, obrigando-se uns como sócios solidariamente
responsáveis, e sendo outros simples prestadores de capitais, com a condição de
não serem obrigados além dos fundos que forem declarados no contrato, esta
associação tem a natureza de sociedade em comandita.

Se houver mais de um sócio solidariamente responsável, ou sejam muitos os


encarregados da gerência ou um só, a sociedade será ao mesmo tempo em nome
coletivo para estes, e em comandita para os sócios prestadores de capitais.
Art. 312. Na sociedade em comandita não é necessário que se inscreva no
Registro do Comércio o nome do sócio comanditário, mas requer-se
essencialmente que se declare no mesmo Registro a quantia certa do total dos
fundos postos em comandita.
Art. 313. Na mesma sociedade os sócios comanditários não são obrigados além
dos fundos com que entram ou se obrigam a entrar na sociedade, nem a repor, salvo
nos casos do artigo 828, os lucros que houverem recebido; mas os sócios
responsáveis respondem solidariamente pelas obrigações sociais, pela mesma
forma que os sócios das sociedades coletivas (artigo 316).
Art. 314. Os sócios comanditários não podem praticar ato algum de gestão, nem
ser empregados nos negócios da sociedade, ainda mesmo que seja como

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procuradores, nem fazer parte da firma social; pena de ficarem solidariamente
responsáveis como os outros sócios; não se compreende, porém, nesta proibição a
faculdade de tomar parte nas deliberações da sociedade, nem o direito de fiscalizar
as suas operações e estado (artigo 290).
SEÇÃO III
DAS SOCIEDADES EM NOME COLETIVO OU COM FIRMA
Art. 315. Existe sociedade em nome coletivo ou com firma, quando duas ou mais
pessoas, ainda que algumas não sejam comerciantes, se unem para comerciar em
comum, debaixo de uma firma social.

Não podem fazer parte da firma social nomes de pessoas que não sejam sócios
comerciantes.
Art. 316. Nas sociedades em nome coletivo, a firma social assinada por qualquer
dos sócios-gerentes, que no instrumento do contrato for autorizado para usar dela,
obriga todos os sócios solidariamente para com terceiros e a estes para com a
sociedade, ainda mesmo que seja em negócio particular seu ou de terceiro, com
exceção somente dos casos em que a firma social for empregada em transações
estranhas aos negócios designados no contrato.

Não havendo no contrato designação do sócio ou sócios que tenham a faculdade de


usar privativamente da firma social, nem algum excluído, presume-se que todos os
sócios têm direito igual de fazer uso dela.

Contra o sócio que abusar da firma social, dá-se ação de perdas e danos, tanto da
parte dos sócios como de terceiro; e se com o abuso concorrer também fraude ou
dolo, este poderá intentar contra ele a ação criminal que no caso couber.
SEÇÃO IV
DAS SOCIEDADES DE CAPITAL E INDÚSTRIA
Art. 317. Diz-se sociedade de capital e indústria aquela que se contrai entre
pessoas, que entram por uma parte com os fundos necessários para uma
negociação comercial em geral, ou para alguma operação mercantil em particular, e
por outra parte com a sua indústria somente.

O sócio de indústria não pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em


operação alguma comercial estranha à sociedade; pena de ser privado dos lucros
daquela, e excluído desta.
Art. 318. A sociedade de capital e indústria pode formar-se debaixo de uma firma
social, ou existir sem ela. No primeiro caso são-lhe aplicáveis todas as disposições
estabelecidas na Seção III deste Capítulo.

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Art. 319. O instrumento do contrato da sociedade de capital e indústria, além das
enunciações indicadas no artigo 302, deve especificar as obrigações do sócio ou
sócios que entrarem na associação com a sua indústria somente, e a quota de
lucros que deve caber-lhes em partilha.

Na falta de declaração no contrato, o sócio de indústria tem direito a uma quota nos
lucros igual à que for estipulada a favor do sócio capitalista de menor entrada.
Art. 320. A obrigação dos sócios capitalistas é solidária, e estende-se além do
capital com que se obrigarem a entrar na sociedade.
Art. 321. O sócio de indústria não responsabiliza o seu patrimônio particular para
com os credores da sociedade. Se, porém, além da indústria, contribuir para o
capital com alguma quota em dinheiro, bens ou efeitos, ou for gerente da firma
social, ficará constituído sócio solidário em toda a responsabilidade.
Art. 322. O sócio de indústria não é obrigado a repor, por motivo de perdas
supervenientes, o que tiver recebido de lucros sociais nos dividendos; salvo
provando-se dolo ou fraude da sua parte (artigo 828).
Art. 323. Os fundos sociais em nenhum caso podem responder, nem ser
executados por dívidas ou obrigações particulares do sócio de indústria sem capital;
mas poderá ser executada a parte dos lucros que lhe couber na partilha.
Art. 324. Competem tanto aos sócios capitalistas como aos credores sociais
contra o sócio de indústria todas as ações que a lei faculta contra o gerente ou
mandatário infiel, ou negligente culpável.
SEÇÃO V
DA SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
Art. 325. Quando duas ou mais pessoas, sendo ao menos uma comerciante, se
reúnem, sem firma social, para lucro comum, em uma ou mais operações de
comércio determinadas, trabalhando um, alguns ou todos, em seu nome individual
para o fim social, a associação toma o nome de sociedade em conta de
participação, acidental, momentânea ou anônima; esta sociedade não está sujeita
às formalidades prescritas para a formação das outras sociedades, e pode provar-
se por todo o gênero de provas admitidas nos contratos comerciais (artigo 122).
Art. 326. Na sociedade em conta de participação, o sócio ostensivo é o único que
se obriga para com terceiro; os outros sócios ficam unicamente obrigados para com
o mesmo sócio por todos os resultados das transações e obrigações sociais
empreendidas nos termos precisos do contrato.
Art. 327. Na mesma sociedade o sócio-gerente responsabiliza todos os fundos
sociais, ainda mesmo que seja por obrigações pessoais, se o terceiro com quem
tratou ignorava a existência da sociedade; salvo o direito dos sócios prejudicados
contra o sócio-gerente.

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Art. 328. No caso de quebrar ou falir o sócio-gerente, é lícito ao terceiro com quem
houver tratado saldar todas as contas que com ele tiver, posto que abertas sejam
debaixo de distintas designações, com os fundos pertencentes a quaisquer das
mesmas contas; ainda que os outros sócios mostrem que esses fundos lhes
pertencem, uma vez que não provem que o dito terceiro tinha conhecimento, antes
da quebra, da existência da sociedade em conta de participação.
SEÇÃO VI
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS SÓCIOS
Art. 329. As obrigações dos sócios começam da data do contrato, ou da época
nele designada; e acabam depois que, dissolvida a sociedade, se acham satisfeitas
e extintas todas as responsabilidades sociais.
Art. 330. Os ganhos e perdas são comuns a todos os sócios na razão proporcional
dos seus respectivos quinhões no fundo social; salvo se outra coisa for
expressamente estipulada no contrato.
Art. 331. A maioria dos sócios não tem faculdade de entrar em operações diversas
das convencionadas no contrato sem o consentimento unânime de todos os sócios.
Nos mais casos todos os negócios sociais serão decididos pelo voto da maioria,
computado pela forma prescrita no artigo 486.
Art. 332. Se o contrato social for da natureza daqueles que só valem sendo feitos
por escritura pública, nenhum sócio pode responsabilizar a firma social validamente
sem autorização especial dos outros sócios, outorgada expressamente por escritura
pública (artigo 307).
Art. 333. O sócio que, sem consentimento por escrito dos outros sócios, aplicar os
fundos ou efeitos da sociedade para negócio ou uso de conta própria, ou de
terceiro, será obrigado a entrar para a massa comum com todos os lucros
resultantes; e se houver perdas ou danos serão estes por sua conta particular; além
do procedimento criminal que possa ter lugar (artigo 316).
Art. 334. A nenhum sócio é lícito ceder a um terceiro, que não seja sócio, a parte
que tiver na sociedade, nem fazer-se substituir no exercício das funções que nela
exercer sem expresso consentimento de todos os outros sócios; pena de nulidade
do contrato; mas poderá associá-lo à sua parte, sem que por esse fato o associado
fique considerado membro da sociedade.
SEÇÃO VII
DA DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE
Art. 335. As sociedades reputam-se dissolvidas:

1 - expirando o prazo ajustado da sua duração;


2 - por quebra da sociedade, ou de qualquer dos sócios;

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3 - por mútuo consenso de todos os sócios;
4 - pela morte de um dos sócios, salvo convenção em contrário a respeito dos que
sobreviverem;
5 - por vontade de um dos sócios, sendo a sociedade celebrada por tempo
indeterminado.
Em todos os casos deve continuar a sociedade, somente para se ultimarem as
negociações pendentes, procedendo-se à liquidação das ultimadas.
Art. 336. As mesmas sociedades podem ser dissolvidas judicialmente, antes do
período marcado no contrato, a requerimento de qualquer dos sócios:
1 - mostrando-se que é impossível a continuação da sociedade por não poder
preencher o intuito e fim social, como nos casos de perda inteira do capital social, ou
deste não ser suficiente;
2 - por inabilidade de alguns dos sócios, ou incapacidade moral ou civil, julgada
por sentença;
3 - por abuso, prevaricação, violação ou falta de cumprimento das obrigações
sociais, ou fuga de algum dos sócios.
Art. 337. A sociedade formada por escritura pública ou particular deve ser
dissolvida pela mesma forma de instrumento por que foi celebrada, sempre que o
distrato tiver lugar amigavelmente.
Art. 338. distrato da sociedade, ou seja voluntário ou judicial, deve ser inserto no
Registro do Comércio, e publicado nos periódicos do domicílio social, ou no mais
próximo que houver, e na falta deste por anúncios fixados nos lugares públicos; pena
de subsistir a responsabilidade de todos os sócios a respeito de quaisquer
obrigações que algum deles possa contrair com terceiro em nome da sociedade.
Art. 339. O sócio que se despedir antes de dissolvida a sociedade ficará
responsável pelas obrigações contraídas e perdas havidas até o momento da
despedida. No caso de haver lucros a esse tempo existentes, a sociedade tem
direito de reter os fundos e interesses do sócio que se despedir, ou for despedido
com causa justificada, até se liquidarem todas as negociações pendentes que
houverem sido intentadas antes da despedida.
Art. 340. Depois da dissolução da sociedade nenhum sócio pode validamente pôr
a firma social em obrigação alguma, posto que esta fosse contraída antes do
período da dissolução, ou fosse aplicada para pagamento de dívidas sociais.
Art. 341. Uma letra de câmbio ou da terra, sacada ou aceita por um sócio depois
de devidamente publicada a dissolução da sociedade, não pode ser acionada
contra os outros sócios, ainda que o endossado possa provar que tomou a letra em
boa-fé por falta de notícia; nem ainda mesmo que prove que a letra foi aplicada, pelo

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sócio sacador ou aceitante, à liquidação de dívidas sociais, ou que adiantou o
dinheiro para uso da firma durante a sociedade; salvo os direitos que ao sócio
sacador ou aceitante possam competir contra os outros sócios.
Art. 342. Fazendo-se participação aos devedores, depois de dissolvida a
sociedade, de que um sócio designado se acha encarregado de receber as dívidas
ativas da mesma sociedade, o recibo passado posteriormente por um dos outros
sócios não desonera o devedor.
Art. 343. Se ao tempo de dissolver-se a sociedade, um sócio tomar sobre si
receber os créditos e pagar as dívidas passivas, dando aos outros sócios ressalva
contra toda a responsabilidade futura, esta ressalva não prejudica a terceiros, se
estes nisso não convierem expressamente; salvo se fizerem com aquele alguma
novação de contrato (artigo 438). Todavia, se o sócio que passou a ressalva
continuar no giro da negociação que fazia objeto da sociedade extinta, debaixo da
mesma ou de nova firma, os sócios que saírem da sociedade ficarão desonerados
inteiramente, se o credor celebrar, com o sócio que continua a negociar debaixo da
mesma ou de nova firma, transações subseqüentes, indicativas de que confia no seu
crédito.
SEÇÃO VIII
DA LIQUIDAÇÃO DA SOCIEDADE
Art. 344. Dissolvida uma sociedade mercantil, os sócios autorizados para gerir
durante a sua existência devem operar a sua liquidação debaixo da mesma firma,
aditada com a cláusula - em liquidação; salvo havendo estipulação diversa no
contrato, ou querendo os sócios, a aprazimento comum ou por pluralidade de votos
em caso de discórdia, encarregar a liquidação a algum dos outros sócios não
gerentes, ou a pessoa de fora da sociedade.
Art. 345. Os liquidantes são obrigados:

1 - a formar inventário e balanço do cabedal social nos 15 (quinze) dias imediatos


à sua nomeação, pondo-o logo no conhecimento de todos os sócios; pena de poder
nomear-se em juízo uma administração liquidadora à custa dos liquidantes se forem
sócios; e não o sendo, não terão direito a retribuição alguma pelo trabalho que
houverem feito;
2 - a comunicar mensalmente a cada sócio o estado da liquidação, debaixo da
mesma pena;
3 - ultimada a liquidação, a proceder imediatamente à divisão e partilha dos bens
sociais; se os sócios não acordarem que os dividendos se façam na razão de tantos
por cento, à proporção que os ditos bens se forem liquidando, depois de satisfeitas
todas as obrigações da sociedade.

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Art. 346. Não bastando o estado da caixa da sociedade para pagar as dívidas
exigíveis, é obrigação dos liquidantes pedir aos sócios os fundos necessários, nos
casos em que eles forem obrigados a prestá-los.
Art. 347. Os liquidantes são responsáveis aos sócios pelo dano que à massa
resultar de sua negligência no desempenho de suas funções e por qualquer abuso
dos efeitos da sociedade.

No caso de omissão ou negligência culpável, poderão ser destituídos pelo Tribunal


do Comércio, ou pelo juiz de direito do comércio nos lugares fora da residência do
mesmo tribunal, e não terão direito a paga alguma do seu trabalho; provando-se
abuso ou fraude, haverá contra eles a ação criminal que competir.
Art. 348. Acabada a liquidação, e proposta a forma de divisão e partilha, e
aprovada uma e outra pelos sócios liquidados, cessa toda e qualquer reclamação
da parte destes, entre si reciprocamente e contra os liquidantes. O sócio que não
aprovar a liquidação ou a partilha é obrigado a reclamar dentro de 10 (dez) dias
depois desta lhe ser comunicada; pena de não poder mais ser admitido a reclamar,
e de se julgar por boa a mesma liquidação e partilha.

A reclamação que for apresentada em tempo, não se acordando sobre ela os


interessados, será decidida por árbitros, dentro de outros 10 (dez) dias úteis; os
quais o juiz de direito do comércio poderá prorrogar por mais 10 (dez) dias
improrrogáveis.
Art. 349. Nenhum sócio pode exigir que se lhe entregue o seu dividendo enquanto
o passivo da sociedade se não achar todo pago, ou se tiver depositado quantia
suficiente para o pagamento; mas poderá requerer o depósito das quantias que se
forem apurando.

Esta disposição não compreende aqueles sócios que tiverem feito empréstimo à
sociedade os quais devem ser pagos das quantias mutuadas pela mesma forma
que os outros quaisquer credores.
Art. 350. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas
da sociedade, senão depois de executados todos os bens sociais.
Art. 351. Os liquidantes não podem transigir, nem assinar compromisso sobre os
interesses sociais, sem autorização especial dos sócios dada por escrito; pena de
nulidade.
Art. 352. Depois da liquidação e partilha definitiva, os livros de escrituração e os
respectivos documentos sociais serão depositados em casa de um dos sócios, que
à pluralidade de votos se escolher.
Art. 353. Nas liquidações de sociedades comerciais em que houver menores
interessados, procederá à liquidação e partilha com seus tutores, e com um curador

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especial que para este fim lhe será nomeado pelo juiz dos órfãos; e todos os atos
que com os ditos tutor e curador se praticarem serão válidos e irrevogáveis, sem
que contra eles em tempo algum se possa alegar benefício de restituição; ficando
unicamente direito salvo aos menores para haverem de seus tutores e curadores os
danos que de sua negligência culpável, dolo ou fraude lhes resultarem.

TÍTULO XVI
DAS LETRAS, NOTAS PROMISSÓRIAS E CRÉDITOS
MERCANTIS

Art. 354. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 355. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 356. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 357. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 358. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 359. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 360. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 361. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 362. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 363. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 364. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 365. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 366. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 367. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 368. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 369. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 370. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 371. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 372. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 373. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

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Art. 374. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 375. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 376. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 377. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 378. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 379. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 380. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 381. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 382. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 383. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 384. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 385. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 386. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 387. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 388. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 389. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 390. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 391. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 392. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 393. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 394. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 395. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 396. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 397. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 398. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 399. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

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Art. 400. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 401. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 402. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 403. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 404. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 405. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 406. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 407. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 408. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 409. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 410. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 411. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 412. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 413. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 414. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 415. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 416. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 417. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 418. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 419. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 420. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 421. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 422. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 423. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 424. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 425. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

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Art. 426. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

Art. 427. (Revogado pelo Decreto nº 2.044, de 31.12.1908)

TÍTULO XVII
DOS MODOS POR QUE SE DISSOLVEM E EXTINGUEM AS
OBRIGAÇÕES COMERCIAIS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 428. As obrigações comerciais dissolvem-se por todos os meios que o direito
civil admite para a extinção e dissolução das obrigações em geral, com as
modificações deste Código.
CAPÍTULO II
DOS PAGAMENTOS MERCANTIS

Art. 429. O pagamento só é válido sendo feito ao próprio credor, ou a pessoa por
ele competentemente autorizada para receber.
Art. 430. Na falta de ajuste de lugar deve o pagamento ser feito no domicílio do
devedor.
Art. 431. O credor não pode ser obrigado a receber o pagamento em lugar
diferente do ajustado, nem antes do tempo do vencimento; nem a receber por
parcelas o que for devido por inteiro, salvo:
1 - sendo ilíquida a quantia restante;
2 - quando se devem somas e prestações distintas, ou provenientes de diversas
causas ou títulos;
3 - se a obrigação é divisível por direito, como nas partilhas de credores, sócios ou
herdeiros;
4 - nas execuções judiciais, quando os bens executados não chegam para o total
pagamento.
Se a dívida for em moeda metálica, na falta desta o pagamento pode ser efetuado
na moeda corrente do país, ao câmbio que correr no lugar e dia do vencimento; e se,
havendo mora, o câmbio descer, ao curso que tiver no dia em que o pagamento se
efetuar; salvo tendo-se estipulado expressamente que este deverá ser feito em certa
e determinada espécie, e a câmbio fixo.

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Art. 432. As verbas creditadas ao devedor em conta corrente assinada pelo
credor, ou nos livros comerciais deste (artigo 23), fazem presumir o pagamento,
ainda que a dívida fosse contraída por escritura pública ou particular.
Art. 433. Quando se deve por diversas causas ou títulos diferentes, e dos recibos
ou livros não consta a dívida a que se fez aplicação da quantia paga, presume-se o
pagamento feito:
1 - por conta de dívida líquida em concorrência com outra ilíquida;
2 - na concorrência de dívidas igualmente líquidas, por conta da que for mais
onerosa;
3 - havendo igualdade na natureza dos débitos, imputar-se-á o pagamento na
dívida mais antiga;
4 - sendo as dívidas da mesma data e de igual natureza, entende-se feito o
pagamento por conta de todas em devida proporção;
5 - quando a dívida vence juros, os pagamentos por conta imputam-se primeiro nos
juros, quanto baste para solução dos vencidos.
Art. 434. O credor, quando o devedor se não satisfaz com a simples entrega do
título, é obrigado a dar-lhe quitação ou recibo, por duas ou três vias se ele requerer
mais de uma.

A quitação ou recibo concebido em termos gerais sem reserva ou limitação, e


quando contém a cláusula de - ajuste final de contas, resto de maior quantia - ou
outra equivalente, presume-se que compreende todo e qualquer débito, que
provenha de causa anterior à data da mesma quitação ou recibo.
Art. 435. Passando-se quitação geral a uma administração, não há lugar a
reclamação alguma contra esta; salvo provando-se erro de conta, dolo ou fraude.
Art. 436. A solução ou pagamento feito por um terceiro desobriga o devedor; mas,
se este tinha interesse em que se não fizesse o pagamento, porque podia ilidir a
ação do credor por qualquer título, o pagamento do terceiro é julgado indevido e
incompetentemente feito, e não permite o direito e ação do credor contra o seu
devedor.

Sendo o pagamento feito antes do vencimento, o cessionário sub-rogado não pode


acionar o devedor senão depois de vencido o prazo.
Art. 437. O devedor em cujo poder alguma quantia for embargada, e o comprador
de alguma coisa que esteja sujeita a algum encargo ou obrigação, fica desonerado,
consignando o preço ou a coisa em depósito judicial, com citação pessoal dos
credores conhecidos e edital para os desconhecidos.

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A citação por edital não prejudica o direito dos credores desconhecidos que tiverem
hipoteca na coisa vendida por tempo certo designado na lei ou no contrato, enquanto
esse prazo não expirar.
CAPÍTULO III
DA NOVAÇÃO E COMPENSAÇÃO MERCANTIL

Art. 438. Dá-se novação:

1 - quando o devedor contrai com o credor uma nova obrigação que altera a
natureza da primeira;
2 - quando um novo devedor substitui o antigo e este fica desobrigado;
3 - quando por uma nova convenção se substitui um credor a outro, por efeito da
qual o devedor fica desobrigado do primeiro.
A novação desonera todos os obrigados que nela não intervêm (artigo 262).
Art. 439. Se um comerciante é obrigado a outro por certa quantia de dinheiro ou
efeitos, e o credor é obrigado ou devedor a ele em outro tanto mais ou menos,
sendo as dívidas ambas igualmente líquidas e certas, ou os efeitos de igual natureza
e espécie o devedor que for pelo outro demandado tem direito para exigir que se
faça compensação ou encontro de uma dívida com a outra, em tanto quanto ambas
concorrerem.
Art. 440. Todavia, se um comerciante, sendo demandado pela entrega de certa
quantia, ou outro qualquer valor dado em guarda ou depósito alegar que o credor lhe
é devedor de outra igual quantia ou valor, não terá lugar a compensação, e será
obrigado a entregar o depósito; salvo se a sua dívida proceder de título igual.

TÍTULO XVIII
DA PRESCRIÇÃO

Art. 441. Todos os prazos marcados neste Código para dentro deles se intentar
alguma ação ou protesto, ou praticar algum outro ato, são fatais e improrrogáveis,
sem que contra a sua prescrição se possa alegar reclamação ou benefício de
restituição, ainda que seja a favor de menores.

Além dos casos de prescrição especificados em diversos artigos deste Código


(artigos 109, 211, 512, 527 e 618), também se dá prescrição nos de que tratam os
seguintes.
Art. 442. Todas as ações fundadas sobre obrigações comerciais contraídas por
escritura pública ou particular, prescrevem não sendo intentadas dentro de 20 (vinte)
anos.

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Art. 443. As ações provenientes de letras prescrevem no fim de 5 (cinco) anos, a
contar da data do protesto e, na falta deste, da data do seu vencimento, nos termos
do artigo 381.
Art. 444. As ações de terceiro contra sócios não liquidantes, suas viúvas, herdeiros
ou sucessores, prescrevem no fim de 5 (cinco) anos, não tendo já prescrito por outro
título, a contar do dia do fim da sociedade, se o distrato houver sido lançado no
Registro do Comércio e se houverem feito os anúncios determinados no artigo 337;
salvo se tais ações forem dependentes de outras propostas em tempo competente.

As ações dos sócios entre si reciprocamente e contra os liquidantes prescrevem,


não sendo a liquidação reclamada, dentro de 10 (dez) dias depois da sua
comunicação (artigo 348).
Art. 445. As dívidas provadas por contas correntes dadas e aceitas, ou por contas
de vendas de comerciante a comerciante presumidas líquidas (artigo 219),
prescrevem no fim de 4 (quatro) anos da sua data.
Art. 446. O direito para demandar o pagamento de mercadorias fiadas sem título
escrito assinado pelo devedor, prescreve no fim de 2 (dois) anos, sendo o devedor
residente na mesma Província do credor; no fim de 3 (três) anos, se for morador
noutra Província; e passados 4 (quatro) anos, se residir fora do Império.

A ação para demandar o cumprimento de qualquer obrigação comercial que se não


possa provar senão por testemunhas, prescreve dentro de 2 (dois) anos.
Art. 447. As ações, resultantes de letras de dinheiro a risco ou seguro marítimo,
prescrevem no fim de 1 (um) ano a contar do dia em que as obrigações forem
exeqüíveis (artigos 638, 660, e 667, nºs. 9 e 10), sendo contraídas dentro do
Império, e no fim de 3 (três), tendo sido contraídas em país estrangeiro.
Art. 448. As ações de salários, soldadas, jornais, ou pagamento de empreitadas
contra comerciantes, prescrevem no fim de 1 (um) ano, a contar do dia em que os
agentes, caixeiros ou operários tiverem saído do serviço do comerciante, ou a obra
da empreitada for entregue. Se, porém, as dívidas se provarem por títulos escritos, a
prescrição seguirá a natureza dos títulos.
Art. 449. Prescrevem igualmente no fim de 1 (um) ano:

1 - As ações entre contribuintes para avaria grossa, se a sua regulação e rateio se


não intentar dentro de 1 (um) ano, a contar do fim da viagem em que teve lugar a
perda.
2 - As ações por entrega da carga, a contar do dia em que findou a viagem.
3 - As ações de frete e primagem, estadias e sobreestadias, e as de avaria
simples, a contar do dia da entrega da carga.

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4 - Os salários e soldadas da equipagem, a contar do dia em que findar a viagem.
5 - As ações por mantimentos supridos a marinheiros por ordem do capitão, a
contar do dia do recebimento.
6 - As ações por jornais de operários empregados em construção ou conserto de
navio, ou por obra de empreitada para o mesmo navio, a contar do dia em que os
operários foram despedidos ou a obra se entregou.
Em todos os casos prevenidos no nº 3 e seguintes, se a dívida se provar por
obrigação escrita e assinada pelo capitão, armador ou consignatário. a prescrição
seguirá a natureza do título escrito.
Art. 450. Não corre prescrição a favor de depositário, nem de credor pignoratício,
prescreve, porém, a favor daquele, que, por algum título legal, suceder na coisa
depositada ou dada em penhor, no fim de 30 (trinta) anos, a contar do dia da posse
do sucessor, não se provando que é possuidor de má-fé.
Art. 451. O capitão de navio não pode adquirir por título de prescrição a posse da
embarcação em que servir, nem de coisa a ela pertencente.
Art. 452. Contra os que se acharem servindo nas armadas ou Exércitos Imperiais
em tempo de guerra, não correrá prescrição, enquanto a guerra durar, e l (um) ano
depois.
Art. 453. A prescrição interrompe-se por algum dos modos seguintes:

1 - fazendo-se novação da obrigação, ou renovando-se o título primordial dela;


2 - por via de citação judicial, ainda mesmo que tenha sido só para juízo
conciliatório;
3 - por meio de protesto judicial, intimando pessoalmente ao devedor, ou por éditos
ao ausente de que se não tiver notícia.
A prescrição interrompida principia a correr de novo: no primeiro caso, da data da
novação, ou reforma do título; no segundo, da data do último termo judicial que se
praticar por efeito da citação; no terceiro, da data da intimação do protesto.
Art. 454. A citação ou intimação de protesto feita a devedor ou herdeiro comum,
não interrompe a prescrição contra os mais co-réus da dívida. Excetuam-se os
sócios, contra os quais ficará interrompida a prescrição sempre que um dos sócios
for pessoalmente citado ou intimado do protesto.
Art. 455. Aquele que possui por seus agentes, prepostos ou mandatários, pais,
tutores ou curadores, entende-se que possui por si.

Quem provar que possuía por si, ou por seus antepossuidores, ao tempo do começo
da prescrição, presume-se ter possuído sempre sem interrupção.

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Art. 456. O tempo para a prescrição de obrigações mercantis contraídas, e direitos
adquiridos anteriormente à promulgação do presente Código, será computado e
regulado na conformidade das disposições nele contidas, começando a contar-se o
prazo da data da mesma promulgação.

PARTE SEGUNDA
DO COMÉRCIO MARÍTIMO

TÍTULO I
DAS EMBARCAÇÕES

Art. 457. Somente podem gozar das prerrogativas e favores concedidos a


embarcações brasileiras, as que verdadeiramente pertencerem a súditos do
Império, sem que algum estrangeiro nelas possua parte ou interesse.

Provando-se que alguma embarcação, registrada debaixo do nome de brasileiro,


pertence no todo ou em parte a estrangeiro, ou que este tem nela algum interesse,
será apreendida como perdida; e metade do seu produto aplicado para o
denunciante, havendo-o, e a outra metade a favor do cofre do Tribunal do Comércio
respectivo.

Os súditos brasileiros domiciliados em país estrangeiro não podem possuir


embarcação brasileira; salvo se nela for comparte alguma casa comercial brasileira
estabelecida no Império.
Art. 458. Acontecendo que alguma embarcação brasileira passe por algum título a
domínio de estrangeiro no todo ou em parte, não poderá navegar com a natureza de
propriedade brasileira, enquanto não for alienada a súdito do Império.
Art. 459. É livre construir as embarcações pela forma e modo que mais
conveniente parecer; nenhuma, porém, poderá aparelhar-se sem se reconhecer
previamente, por vistoria feita na conformidade dos regulamentos do Governo, que
se acha navegável.

O auto original da vistoria será depositado na secretaria do Tribunal do Comércio


respectivo; e antes deste depósito nenhuma embarcação será admitida a registro.
Art. 460. Toda embarcação brasileira destinada à navegação do alto-mar, com
exceção somente das que se empregarem exclusivamente nas pescarias das
costas, deve ser registrada no Tribunal do Comércio do domicílio do seu proprietário
ostensivo ou armador (artigo 484), e sem constar do registro não será admitida a
despacho.
Art. 461. O registro deve conter:

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1 - a declaração do lugar onde a embarcação foi construída, o nome do construtor,
e a qualidade das madeiras principais;
2 - as dimensões da embarcação em palmos e polegadas, e a sua capacidade em
toneladas, comprovadas por certidão de arqueação com referência ou à sua data;
3 - a armação de que usa, e quantas cobertas tem;
4 - o dia em que foi lançada ao mar;
5 - o nome de cada um dos donos ou compartes, e os seus respectivos domicílios;
6 - menção especificada do quinhão de cada comparte, se for de mais de um
proprietário, e a época da sua respectiva aquisição, com referência à natureza e
data do título, que deverá acompanhar a petição para o registro. O nome da
embarcação registrada e do seu proprietário ostensivo ou armador serão
publicados por anúncios nos periódicos do lugar.
Art. 462. Se a embarcação for de construção estrangeira, além das especificações
sobreditas, deverá declarar-se no registro a nação a que pertencia, o nome que
tinha e o que tomou, e o título por que passou a ser de propriedade brasileira;
podendo omitir-se, quando não conste dos documentos, o nome do construtor.
Art. 463. O proprietário armador prestará juramento por si ou por seu procurador,
nas mãos do presidente do tribunal, de que a sua declaração é verídica, e de que
todos os proprietários da embarcação são verdadeiramente súditos brasileiros,
obrigando-se por termo a não fazer uso ilegal do registro, e a entregá-lo dentro de 1
(um) ano no mesmo tribunal, no caso da embarcação ser vendida, perdida ou
julgada incapaz de navegar; pena de incorrer na multa no mesmo termo declarada,
que o tribunal arbitrará.

Nos lugares onde não houver Tribunal do Comércio, todas as diligências sobreditas
serão praticadas perante o juiz de direito do comércio, que enviará ao tribunal
competente as devidas participações, acompanhadas dos documentos respectivos.
Art. 464. Todas as vezes que qualquer embarcação mudar de proprietário ou de
nome, será o seu registro apresentado no Tribunal do Comércio respectivo para as
competentes anotações.
Art. 465. Sempre que a embarcação mudar de capitão, será esta alteração
anotada no registro, pela autoridade que tiver a seu cargo a matrícula dos navios, no
porto onde a mudança tiver lugar.
Art. 466. Toda a embarcação brasileira em viagem é obrigada a ter a bordo:

1 - o seu registro (artigo 460);


2 - o passaporte do navio;

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3 - o rol da equipagem ou matrícula;
4 - a guia ou manifesto da Alfândega do porto brasileiro donde houver saído, feito
na conformidade das leis, regulamentos e instruções fiscais;
5 - a carta de fretamento nos casos em que este tiver lugar, e os conhecimentos da
carga existente a bordo, se alguma existir;
6 - os recibos das despesas dos portos donde sair, compreendidas as de
pilotagem, ancoragem e mais direitos ou impostos de navegação;
7 - um exemplar do Código Comercial.
Art. 467. A matrícula deve ser feita no porto do armamento da embarcação, e
conter:
1 - os nomes do navio, capitão, oficiais e gente da tripulação, com declaração de
suas idades, estado, naturalidade e domicílio, e o emprego de cada um a bordo;
2 - o porto da partida e o do destino, e a torna-viagem, se esta for determinada;
3 - as soldadas ajustadas, especificando-se, se são por viagem ou ao mês, por
quantia certa ou a frete, quinhão ou lucro na viagem;
4 - as quantias adiantadas, que se tiverem pago ou prometido pagar por conta das
soldadas;
5 - a assinatura do capitão, e de todos os oficiais do navio e mais indivíduos da
tripulação que souberem escrever (artigos 511 e 512).
Art. 468. As alienações ou hipotecas de embarcações brasileiras destinadas à
navegação do alto-mar, só podem fazer-se por escritura pública, na qual se deverá
inserir o teor do seu registro, com todas as anotações que nele houver (artigos 472 e
474); pena de nulidade.

Todos os aprestos, aparelhos e mais pertences existentes a bordo de qualquer


navio ao tempo da sua venda, deverão entender-se compreendidos nesta, ainda que
deles se não faça expressa menção; salvo havendo no contrato convenção em
contrário.
Art. 469. Vendendo-se algum navio em viagem, pertencem ao comprador os fretes
que vencer nesta viagem; mas se na data do contrato o navio tiver chegado ao lugar
do seu destino, serão do vendedor; salvo convenção em contrário.
Art. 470. No caso de venda voluntária, a propriedade da embarcação passa para o
comprador com todos os seus encargos; salvo os direitos dos credores
privilegiados que nela tiverem hipoteca tácita. Tais são:
1 - os salários devidos por serviços prestados ao navio, compreendidos os de
salvados e pilotagem;

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2 - todos os direitos de porto e impostos de navegação;
3 - os vencimentos de depositários e despesas necessárias feitas na guarda do
navio, compreendido o aluguel dos armazéns de depósito dos aprestos e aparelhos
do mesmo navio;
4 - todas as despesas do custeio do navio e seus pertences, que houverem sido
feitas para sua guarda e conservação depois da última viagem e durante a sua
estadia no porto da venda;
5 - as soldadas do capitão, oficiais e gente da tripulação, vencidas na última
viagem;
6 - o principal e prêmio das letras de risco tomadas pelo capitão sobre o casco e
aparelho ou sobre os fretes (artigo 651 ) durante a última viagem, sendo o contrato
celebrado e assinado antes do navio partir do porto onde tais obrigações forem
contraídas;
7 - o principal e prêmio de letras de risco, tomadas sobre o casco e aparelhos, ou
fretes, antes de começar a última viagem, no porto da carga (artigo 515);
8 - as quantias emprestadas ao capitão, ou dívidas por ele contraídas para o
conserto e custeio do navio, durante a última viagem, com os respectivos prêmios
de seguro, quando em virtude de tais empréstimos o capitão houver evitado firmar
letras de risco (artigo 515);
9 - faltas na entrega da carga, prêmios de seguro sobre o navio ou fretes, e avarias
ordinárias, e tudo o que respeitar à última viagem somente.
Art. 471. São igualmente privilegiadas, ainda que contraídas fossem anteriormente
à última viagem:
1 - as dívidas provenientes do contrato da construção do navio e juros respectivos,
por tempo de 3 (três) anos, a contar do dia em que a construção ficar acabada;
2 - as despesas do conserto do navio e seus aparelhos, e juros respectivos, por
tempo dos 2 (dois) últimos anos, a contar do dia em que o conserto terminou.
Art. 472. Os créditos provenientes das dívidas especificadas no artigo precedente,
e nos nºs. 4, 6, 7 e 8 do artigo 470, só serão considerados como privilegiados
quando tiverem sido lançados no Registro do Comércio em tempo útil (artigo 10, nº
2) e as suas importâncias se acharem anotadas no registro da embarcação (artigo
468).

As mesmas dívidas, sendo contraídas fora do Império, só serão atendidas achando-


se autenticadas com o - Visto - do respectivo cônsul.
Art. 473. Os credores contemplados nos artigos 470 e 471 preferem entre si pela
ordem dos números em que estão colocados; as dívidas, contempladas debaixo do

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mesmo número e contraídas no mesmo porto, precederão entre si pela ordem em
que ficam classificadas, e entrarão em concurso sendo de idêntica natureza; porém,
se dívidas idênticas se fizerem por necessidade em outros portos, ou no mesmo
porto a que voltar o navio, as posteriores preferirão às anteriores.
Art. 474. Em seguimento dos créditos mencionados nos artigos 470 e 471, são
também privilegiados o preço da compra do navio não pago, e os juros respectivos,
por tempo de 3 (três) anos, a contar da data do instrumento do contrato; contanto,
porém, que tais créditos constem de documentos inscritos lançados no Registro do
Comércio em tempo útil, e a sua importância se ache anotada no registro da
embarcação.
Art. 475. No caso de quebra ou insolvência do armador do navio, todos os créditos
a cargo da embarcação, que se acharem nas precisas circunstâncias dos artigos
470, 471 e 474, preferirão sobre o preço do navio a outros credores da massa.
Art. 476. O vendedor de embarcação é obrigado a dar ao comprador uma nota por
ele assinada de todos os créditos privilegiados a que a mesma embarcação possa
achar-se obrigada (artigos 470, 471 e 474), a qual deverá ser incorporada na
escritura da venda em seguimento do registro da embarcação. A falta de declaração
de algum crédito privilegiado induz presunção de má-fé da parte do vendedor, contra
o qual o comprador poderá intentar a ação criminal que seja competente, se for
obrigado ao pagamento de algum crédito não declarado.
Art. 477. Nas vendas judiciais extingui-se toda a responsabilidade da embarcação
para com todos e quaisquer credores, desde a data do termo da arrematação, e fica
subsistindo somente sobre o preço, enquanto este se não levanta.

Todavia, se do registro do navio constar que este está obrigado por algum crédito
privilegiado, o preço da arrematação será conservado em depósito, em tanto quanto
baste para solução dos créditos privilegiados constantes do registro; e não poderá
levantar-se antes de expirar o prazo da prescrição dos créditos privilegiados, ou se
mostrar que estão todos pagos, ainda mesmo que o exeqüente seja credor
privilegiado, salvo prestando fiança idônea; pena de nulidade do levantamento do
depósito; competindo ao credor prejudicado ação para haver de quem
indevidamente houver recebido, e de perdas e danos solidariamente contra o juiz e
escrivão que tiverem passado e assinado a ordem ou mandado.
Art. 478. Ainda que as embarcações sejam reputadas bens móveis, contudo, nas
vendas judiciais, se guardarão as regras que as leis prescrevem para as
arrematações dos bens de raiz; devendo as ditas vendas, além da afixação dos
editais nos lugares públicos, e particularmente nas praças do comércio, ser
publicadas por três anúncios insertos, com o intervalo de 8 (oito) dias, nos jornais do
lugar, que habitualmente publicarem anúncios, e, não os havendo, nos do lugar mais
vizinho.

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Nas mesmas vendas, as custas judiciais do processo da execução e arrematação
preferem a todos os créditos privilegiados.
Art. 479. Enquanto durar a responsabilidade da embarcação por obrigações
privilegiadas, pode esta ser embargada e detida, a requerimento de credores que
apresentarem títulos legais (artigos 470, 471 e 474), em qualquer porto do Império
onde se achar, estando sem carga ou não tendo recebido a bordo mais da quarta
parte da que corresponder à sua lotação; o embargo, porém, não será admissível
achando-se a embarcação com os despachos necessários para poder ser
declarada desimpedida, qualquer que seja o estado da carga; salvo se a dívida
proceder de fornecimentos feitos no mesmo porto, e para a mesma viagem.
Art. 480. Nenhuma embarcação pode ser embargada ou detida por dívida não
privilegiada; salvo no porto da sua matrícula; e mesmo neste, unicamente nos casos
em que os devedores são por direito obrigados a prestar caução em juízo, achando-
se previamente intentadas as ações competentes.
Art. 481. Nenhuma embarcação, depois de ter recebido mais da quarta parte da
carga correspondente à sua lotação, pode ser embargada ou detida por dívidas
particulares do armador, exceto se estas tiverem sido contraídas para aprontar o
navio para a mesma viagem, e o devedor não tiver outros bens com que possa
pagar; mas, mesmo neste caso, se mandará levantar o embargo, dando os mais
compartes fiança pelo valor de seus respectivos quinhões, assinando o capitão
termo de voltar ao mesmo lugar finda a viagem, e prestando os interessados na
expedição fiança idônea à satisfação da dívida, no caso da embarcação não voltar
por qualquer incidente, ainda que seja de força maior. O capitão que deixar de
cumprir o referido termo responderá pessoalmente pela dívida, salvo o caso de força
maior, e a sua falta será qualificada de barataria.
Art. 482. Os navios estrangeiros surtos nos portos do Brasil não podem ser
embargados nem detidos, ainda mesmo que se achem sem carga, por dívidas que
não forem contraídas no território brasileiro em utilidade dos mesmos navios ou da
sua carga; salvo provindo a dívida de letras de risco ou de câmbio sacadas em país
estrangeiro no caso do artigo 651, e vencidas em algum lugar do Império.
Art. 483. Nenhum navio pode ser detido ou embargado, nem executado na sua
totalidade por dívidas particulares de um comparte; poderá, porém, ter lugar a
execução no valor do quinhão do devedor, sem prejuízo da livre navegação do
mesmo navio, prestando os mais compartes fiança idônea.

TÍTULO II
DOS PROPRIETÁRIOS, COMPARTES E CAIXAS DE NAVIOS

Art. 484. Todos os cidadãos brasileiros podem adquirir e possuir embarcações


brasileiras; mas a sua armação e expedição só pode girar debaixo do nome e

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responsabilidade de um proprietário ou comparte, armador ou caixa, que tenha as
qualidades requeridas para ser comerciante (artigos 1º e 4º).
Art. 485. Quando os compartes de um navio fazem dele uso comum, esta
sociedade ou parceria marítima regula-se pelas disposições das sociedades
comerciais (Parte I, Título XV); salvo as determinações contidas no presente Título.
Art. 486. Nas parcerias ou sociedades de navios, o parecer da maioria no valor
dos interesses prevalece contra o da minoria nos mesmos interesses, ainda que
esta seja representada pelo maior número de sócios e aquela por um só. Os votos
computam-se na proporção dos quinhões; o menor quinhão será contado por um
voto; no caso de empate decidirá a sorte, se os sócios não preferirem cometer a
decisão a um terceiro.
Art. 487. Achando-se um navio necessitado de conserto, e convindo neste a
maioria, os sócios dissidentes, se não quiserem anuir, serão obrigados a vender os
seus quinhões aos outros compartes, estimando-se o preço antes de principiar-se o
conserto; se estes não quiserem comprar, proceder-se-á à venda em hasta pública.
Art. 488. Se o menor número entender que a embarcação necessita de conserto e
a maioria se opuser, a minoria tem direito para requerer que se proceda a vistoria
judicial; decidindo-se que o conserto é necessário, todos os compartes são
obrigados a contribuir para ele.
Art. 489. Se algum comparte na embarcação quiser vender o seu quinhão, será
obrigado a afrontar os outros parceiros; estes têm direito a preferir na compra em
igualdade de condições, contanto que efetuem a entrega do preço à vista, ou o
consignem em juízo no caso de contestação. Resolvendo-se a venda do navio por
deliberação da maioria, a minoria pode exigir que se faça em hasta pública.
Art. 490. Todos os compartes têm direito de preferir no fretamento a qualquer
terceiro, em igualdade de condições; concorrendo na preferência para a mesma
viagem dois ou mais compartes, preferirá o que tiver maior parte de interesses na
embarcação; no caso de igualdade de interesses decidirá a sorte; todavia, esta
preferência não dá direito para exigir que se varie o destino da viagem acordada
pela maioria.
Art. 491. Toda a parceria ou sociedade de navio é administrada por um ou mais
caixas, que representa em juízo e fora dele a todos os interessados, e os
responsabiliza; salvo as restrições contidas no instrumento social, ou nos poderes
do seu mandato, competentemente registrados (artigo 10, nº 2).
Art. 492. O caixa deve ser nomeado dentre os compartes; salvo se todos
convierem na nomeação de pessoa estranha à parceria; em todos os casos é
necessário que o caixa tenha as qualidades exigidas no artigo 484.
Art. 493. Ao caixa, não havendo estipulação em contrário, pertence nomear, ajustar
e despedir o capitão e mais oficiais do navio, dar todas as ordens, e fazer todos os

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contratos relativos à administração, fretamento e viagens da embarcação; obrando
sempre em conformidade do acordo da maioria e do seu mandato, debaixo de sua
responsabilidade pessoal para com os compartes pelo que obrar contra o mesmo
acordo, ou mandato.
Art. 494. Todos os proprietários e compartes são solidariamente responsáveis
pelas dívidas que o capitão contrair para consertar, habilitar e aprovisionar o navio;
sem que esta responsabilidade possa ser ilidida, alegando-se que o capitão
excedeu os limites das suas faculdades, ou instruções, se os credores provarem que
a quantia pedida foi empregada a benefício do navio (artigo 517). Os mesmos
proprietários e compartes são solidariamente responsáveis pelos prejuízos que o
capitão causar a terceiro por falta da diligência que é obrigado a empregar para boa
guarda, acondicionamento e conservação dos efeitos recebidos a bordo (artigo
519). Esta responsabilidade cessa, fazendo aqueles abandono do navio e fretes
vencidos e a vencer na respectiva viagem. Não é permitido o abandono ao
proprietário ou comparte que for ao mesmo tempo capitão do navio.
Art. 495. O caixa é obrigado a dar aos proprietários ou compartes, no fim de cada
viagem, uma conta da sua gestão, tanto relativa ao estado do navio e parceria, como
da viagem finda, acompanhada dos documentos competentes, e a pagar sem
demora o saldo líquido que a cada um couber; os proprietários ou compartes são
obrigados a examinar a conta do caixa logo que lhes for apresentada, e a pagar sem
demora a quota respectiva aos seus quinhões. A aprovação das contas do caixa
dada pela maioria dos compartes do navio não obsta a que a minoria dos sócios
intente contra eles as ações que julgar competentes.

TÍTULO III
DOS CAPITÃES OU MESTRES DE NAVIO

Art. 496. Para ser capitão ou mestre de embarcação brasileira, palavras sinônimas
neste Código para todos os efeitos de direito, requer-se ser cidadão brasileiro,
domiciliado no Império, com capacidade civil para poder contratar validamente.
Art. 497. O capitão é o comandante da embarcação; toda a tripulação lhe está
sujeita, e é obrigada a obedecer e cumprir as suas ordens em tudo quanto for
relativo ao serviço do navio.
Art. 498. O capitão tem a faculdade de impor penas correcionais aos indivíduos da
tripulação que perturbarem a ordem do navio, cometerem faltas de disciplina, ou
deixarem de fazer o serviço que lhes competir; e até mesmo de proceder à prisão
por motivo de insubordinação, ou de qualquer outro crime cometido a bordo, ainda
mesmo que o delinqüente seja passageiro; formando os necessários processos, os
quais é obrigado a entregar com os presos às autoridades competentes no primeiro
porto do Império aonde entrar.

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Art. 499. Pertence ao capitão escolher e ajustar a gente da equipagem, e despedi-
la, nos casos em que a despedida possa ter lugar (artigo 555), obrando de conserto
com o dono ou armador, caixa, ou consignatário do navio, nos lugares onde estes se
acharem presentes. O capitão não pode ser obrigado a receber na equipagem
indivíduo algum contra a sua vontade.
Art. 500. O capitão que seduzir ou desencaminhar marinheiro matriculado em outra
embarcação será punido com a multa de cem mil-réis por cada indivíduo que
desencaminhar, e obrigado a entregar o marinheiro seduzido, existindo a bordo do
seu navio; e se a embarcação por esta falta deixar de fazer-se à vela, será
responsável pelas estadias da demora.
Art. 501. O capitão é obrigado a ter escrituração regular de tudo quanto diz
respeito à administração do navio, e à sua navegação; tendo para este fim três livros
distintos, encadernados e rubricados pela autoridade a cargo de quem estiver a
matrícula dos navios; pena de responder por perdas e danos que resultarem da sua
falta de escrituração regular.
Art. 502. No primeiro, que se denominará - Livro da Carga - assentará diariamente
as entradas e saídas da carga, com declaração específica das marcas e números
dos volumes, nomes dos carregadores e consignatários, portos da carga e
descarga, fretes ajustados, e quaisquer outras circunstâncias ocorrentes que
possam servir para futuros esclarecimentos. No mesmo livro se lançarão também os
nomes dos passageiros, com declaração do lugar do seu destino, preço e
condições da passagem, e a relação da sua bagagem.
Art. 503. O segundo livro será da - Receita e Despesa da Embarcação; e nele,
debaixo de competentes títulos, se lançará, em forma de contas correntes, tudo
quanto o capitão receber e despender respectivamente à embarcação; abrindo-se
assento a cada um dos indivíduos da tripulação, com declaração de seus
vencimentos, e de qualquer ônus a que se achem obrigados, e a cargo do que
receberem por conta de suas soldadas.
Art. 504. No terceiro livro, que será denominado - Diário da Navegação - se
assentarão diariamente, enquanto o navio se achar em algum porto, os trabalhos
que tiverem lugar a bordo, e os consertos ou reparos do navio. No mesmo livro se
assentará também toda a derrota da viagem, notando-se diariamente as
observações que os capitães e os pilotos são obrigados a fazer, todas as
ocorrências interessantes à navegação, acontecimentos extraordinários que possam
ter lugar a bordo, e com especialidade os temporais, e os danos ou avarias que o
navio ou a carga possam sofrer, as deliberações que se tomarem por acordo dos
oficiais da embarcação, e os competentes protestos.
Art. 505. Todos os processos testemunháveis e protestos formados a bordo,
tendentes a comprovar sinistros, avarias, ou quaisquer perdas, devem ser ratificados
com juramento do capitão perante a autoridade competente do primeiro lugar onde
chegar; a qual deverá interrogar o mesmo capitão, oficiais, gente da equipagem

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(artigo 545, nº 7) e passageiros sobre a veracidade dos fatos e suas circunstâncias,
tendo presente o Diário da Navegação, se houver sido salvo.
Art. 506. Na véspera da partida do porto da carga, fará o capitão inventariar, em
presença do piloto e contramestre, as amarras, âncoras, velames e mastreação,
com declaração do estado em que se acharem. Este inventário será assinado pelo
capitão, piloto e contramestre. Todas as alterações que durante a viagem sofrer
qualquer dos sobreditos artigos serão anotadas no Diário da Navegação, e com as
mesmas assinaturas.
Art. 507. O capitão é obrigado a permanecer a bordo desde o momento em que
começa a viagem de mar, até a chegada do navio a surgidouro seguro e bom porto;
e a tomar os pilotos e práticos necessários em todos os lugares em que os
regulamentos, o uso e prudência o exigirem; pena de responder por perdas e danos
que da sua falta resultarem.
Art. 508. É proibido ao capitão abandonar a embarcação, por maior perigo que se
ofereça, fora do caso de naufrágio; e julgando-se indispensável o abandono, é
obrigado a empregar a maior diligência possível para salvar todos os efeitos do
navio e carga, e com preferência os papéis e livros da embarcação, dinheiro e
mercadorias de maior valor. Se apesar de toda a diligência os objetos tirados do
navio, ou os que nele ficarem se perderem ou forem roubados sem culpa sua, o
capitão não será responsável.
Art. 509. Nenhuma desculpa poderá desonerar o capitão que alterar a derrota que
era obrigado a seguir, ou que praticar algum ato extraordinário de que possa provir
dano ao navio ou à carga, sem ter precedido deliberação tomada em junta
composta de todos os oficiais da embarcação, e na presença dos interessados do
navio ou na carga, se algum se achar a bordo. Em tais deliberações, e em todas as
mais que for obrigado a tomar com acordo dos oficiais do navio, o capitão tem voto
de qualidade, e até mesmo poderá obrar contra o vencido, debaixo de sua
responsabilidade pessoal, sempre que o julgar conveniente.
Art. 510. É proibido ao capitão entrar em porto estranho ao do seu destino; e, se
ali for levado por força maior (artigo 740), é obrigado a sair no primeiro tempo
oportuno que se oferecer; pena de responder pelas perdas e danos que da demora
resultarem ao navio ou à carga (artigo 748).
Art. 511. O capitão que entrar em porto estrangeiro é obrigado a apresentar-se ao
cônsul do Império nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas úteis, e a depositar nas
suas mãos a guia ou manifesto da Alfândega, indo de algum porto do Brasil, e a
matrícula; e a declarar, e fazer anotar nesta pelo mesmo cônsul, no ato da
apresentação, toda e qualquer alteração que tenha ocorrido sobre o mar na
tripulação do navio; e antes da saída as que ocorrerem durante a sua estada no
mesmo porto.

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Quando a entrada for em porto do Império, o depósito do manifesto terá lugar na
Alfândega respectiva, havendo-a, e o da matrícula na repartição onde esta se
costuma fazer com as sobreditas declarações.
Art. 512. Na volta da embarcação ao porto donde saiu, ou naquele onde largar o
seu comando, é o capitão obrigado a apresentar a matrícula original na repartição
encarregada da matrícula dos navios, dentro de 24 (vinte e quatro) horas úteis
depois que der fundo, e a fazer as mesmas declarações ordenadas no artigo
precedente.

Passados 8 (oito) dias depois do referido tempo, prescreve qualquer ação de


procedimento, que possa ter lugar contra o capitão por faltas por ele cometidas na
matrícula durante a viagem.

O capitão que não apresentar todos os indivíduos matriculados, ou não fizer constar
devidamente a razão da falta, será multado, pela autoridade encarregada da
matrícula dos navios, em cem mil-réis por cada pessoa que apresentar de menos,
com recurso para o Tribunal do Comércio competente.
Art. 513. Não se achando presentes os proprietários, seus mandatários ou
consignatários, incumbe ao capitão ajustar fretamentos, segundo as instruções que
tiver recebido (artigo 569).
Art. 514. O capitão, nos portos onde residirem os donos, seus mandatários ou
consignatários, não pode, sem autorização especial destes, fazer despesa alguma
extraordinária com a embarcação.
Art. 515. É permitido ao capitão em falta de fundos, durante a viagem, não se
achando presente algum dos proprietários da embarcação, seus mandatários ou
consignatários, e na falta deles algum interessado na carga, ou mesmo se, achando-
se presentes, não providenciarem, contrair dívidas, tomar dinheiro a risco sobre o
casco e pertences do navio e remanescentes dos fretes depois de pagas as
soldadas, e até mesmo, na falta absoluta de outro recurso, vender mercadorias da
carga, para o reparo ou provisão da embarcação; declarando nos títulos das
obrigações que assinar a causa de que estas procedem (artigo 517).

As mercadorias da carga que em tais casos se venderem serão pagas aos


carregadores pelo preço que outras de igual qualidade obtiverem no porto da
descarga, ou pelo que por arbitradores se estimar no caso da venda ter
compreendido todas as da mesma qualidade (artigo 621).
Art. 516. Para poder ter lugar alguma das providências autorizadas no artigo
precedente, é indispensável:
1 - que o capitão prove falta absoluta de fundos em seu poder pertencentes à
embarcação;

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2 - que não se ache presente o proprietário da embarcação, ou mandatário seu ou
consignatário, e na sua falta algum dos interessados na carga; ou que, estando
presentes, se dirigiu a eles e não providenciaram;
3 - que a deliberação seja tomada de acordo com os oficiais da embarcação,
lavrando-se no Diário da Navegação termo da necessidade da medida tomada
(artigo 504).
A justificação destes requisitos será feita perante o juiz de direito do comércio do
porto onde se tomar o dinheiro a risco ou se venderem as mercadorias, e por ele
julgada procedente, e nos portos estrangeiros perante os cônsules do Império.
Art. 517. O capitão que, nos títulos ou instrumentos das obrigações procedentes de
despesas por ele feitas para fabrico, habilitação ou abastecimento da embarcação,
deixar de declarar a causa de que procedem, ficará pessoalmente obrigado para
com as pessoas com quem contratar; sem prejuízo da ação que estas possam ter
contra os donos do navio provando que as quantias devidas foram efetivamente
aplicadas a benefício deste (artigo 494).
Art. 518. O capitão que tomar dinheiro sobre o casco do navio e seus pertences,
empenhar ou vender mercadorias, fora dos casos em que por este Código lhe é
permitido, e o que for convencido de fraude em suas contas, além das indenizações
de perdas e danos, ficará sujeito à ação criminal que no caso couber.
Art. 519. O capitão é considerado verdadeiro depositário da carga e de quaisquer
efeitos que receber a bordo, e como tal está obrigado à sua guarda, bom
acondicionamento e conservação, e à sua pronta entrega à vista dos conhecimentos
(artigos 586 e 587).

A responsabilidade do capitão a respeito da carga principia a correr desde o


momento em que a recebe, e continua até o ato da sua entrega no lugar que se
houver convencionado, ou que estiver em uso no porto da descarga.
Art. 520. O capitão tem direito para ser indenizado pelos donos de todas as
despesas necessárias que fizer em utilidade da embarcação com fundos próprios
ou alheios, contanto que não tenha excedido as suas instruções, nem as faculdades
que por sua natureza são inerentes à sua qualidade de capitão.
Art. 521. É proibido ao capitão pôr carga alguma no convés da embarcação sem
ordem ou consentimento por escrito dos carregadores; pena de responder
pessoalmente por todo o prejuízo que daí possa resultar.
Art. 522. Estando a embarcação fretada por inteiro, se o capitão receber carga de
terceiro, o afretador tem direito a fazê-la desembarcar.
Art. 523. O capitão, ou qualquer outro indivíduo da tripulação, que carregar na
embarcação, ainda mesmo a pretexto de ser na sua câmara ou nos seus

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agasalhados, mercadorias de sua conta particular, sem consentimento por escrito
do dono do navio ou dos afretadores, pode ser obrigado a pagar frete dobrado.
Art. 524. O capitão que navega em parceria a lucro comum sobre a carga não
pode fazer comércio algum por sua conta particular a não haver convenção em
contrário; pena de correrem por conta dele todos os riscos e perdas, e de
pertencerem aos demais parceiros os lucros que houver.
Art. 525. É proibido ao capitão fazer com os carregadores ajustes públicos ou
secretos que revertam em benefício seu particular, debaixo de qualquer título ou
pretexto que seja; pena de correr por conta dele e dos carregadores todo o risco que
acontecer, e de pertencer ao dono do navio todo o lucro que houver.
Art. 526. É obrigação do capitão resistir por todos os meios que lhe ditar a sua
prudência a toda e qualquer violência que possa intentar-se contra a embarcação,
seus pertences e carga; e se for obrigado a fazer entrega de tudo ou de parte,
deverá munir-se com os competentes protestos e justificações no mesmo porto, ou
no primeiro onde chegar (artigos 504 e 505).
Art. 527. O capitão não pode reter a bordo os efeitos da carga a título de
segurança do frete; mas tem direito de exigir dos donos ou consignatários, no ato da
entrega da carga, que depositem ou afiancem a importância do frete, avarias
grossas e despesas a seu cargo; e na falta de pronto pagamento, depósito, ou
fiança, poderá requerer embargo pelos fretes, avarias e despesas sobre as
mercadorias da carga, enquanto estas se acharem em poder dos donos ou
consignatários, ou estejam fora das estações públicas ou dentro delas; e mesmo
para requerer a sua venda imediata, se forem de fácil deterioração, ou de guarda
arriscada ou dispendiosa.

A ação de embargo prescreve passados 30 (trinta) dias a contar da data do último


dia da descarga.
Art. 528. Quando por ausência do consignatário, ou por se não apresentar o
portador do conhecimento à ordem, o capitão ignorar a quem deva
competentemente fazer a entrega, solicitará do juiz de direito do comércio, e onde o
não houver da autoridade local a quem competir, que nomeie depositário para
receber os gêneros, e pagar os fretes devidos por conta de quem pertencer.
Art. 529. O capitão é responsável por todas as perdas e danos que, por culpa sua,
omissão ou imperícia, sobrevierem ao navio ou à carga; sem prejuízo das ações
criminais a que a sua malversação ou dolo possa dar lugar (artigo 608).

O capitão é também civilmente responsável pelos furtos, ou quaisquer danos


praticados a bordo pelos indivíduos da tripulação nos objetos da carga, enquanto
esta se achar debaixo da sua responsabilidade.

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Art. 530. Serão pagas pelo capitão todas as multas que forem impostas à
embarcação por falta de exata observância das leis e regulamentos das Alfândegas
e polícia dos portos; e igualmente os prejuízos que resultarem de discórdias entre os
indivíduos da mesma tripulação no serviço desta, se não provar que empregou todos
os meios convenientes para as evitar.
Art. 531. O capitão que, fora do caso de inavegabilidade legalmente provada,
vender o navio sem autorização especial dos donos, ficará responsável por perdas e
danos, além da nulidade da venda, e do procedimento criminal que possa ter lugar.
Art. 532. O capitão que, sendo contratado para uma viagem certa, deixar de a
concluir sem causa justificada, responderá aos proprietários, afretadores e
carregadores pelas perdas e danos que dessa falta resultarem.

Em reciprocidade, o capitão, que sem justa causa for despedido antes de finda a
viagem, será pago da sua soldada por inteiro, posto à custa do proprietário ou
afretador no lugar onde começou a viagem, e indenizado de quaisquer vantagens
que possa ter perdido pela despedida.

Pode, porém, ser despedido antes da viagem começada, sem direito a indenização,
não havendo ajuste em contrário.
Art. 533. Sendo a embarcação fretada para porto determinado, só pode o capitão
negar-se a fazer a viagem, sobrevindo peste, guerra, bloqueio ou impedimento
legítimo da embarcação sem limitação de tempo.
Art. 534. Acontecendo falecer algum passageiro ou indivíduo da tripulação durante
a viagem, o capitão procederá a inventário de todos os bens que o falecido deixar,
com assistência dos oficiais da embarcação e de duas testemunhas, que serão com
preferência passageiros, pondo tudo em boa arrecadação, e logo que chegar ao
porto da saída fará entrega do inventário e bens às autoridades competentes.
Art. 535. Finda a viagem, o capitão é obrigado a dar sem demora contas da sua
gestão ao dono ou caixa do navio, com entrega do dinheiro que em si tiver, livros e
todos os mais papéis. E o dono ou caixa é obrigado a ajustar as contas do capitão
logo que as receber, e a pagar a soma que lhe for devida. Havendo contestação
sobre a conta, o capitão tem direito para ser pago imediatamente das soldadas
vencidas, prestando fiança de as repor, a haver lugar.
Art. 536. Sendo o capitão o único proprietário da embarcação, será
simultaneamente responsável aos afretadores e carregadores por todas as
obrigações impostas aos capitães e aos armadores.
Art. 537. Toda a obrigação pela qual o capitão, sendo comparte do navio, for
responsável à parceria, tem privilégio sobre o quinhão e lucros que o mesmo tiver no
navio e fretes.

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TÍTULO IV
DO PILOTO E CONTRAMESTRE

Art. 538. A habilitação e deveres dos pilotos e contramestres são prescritos nos
regulamentos de Marinha.
Art. 539. O piloto, quando julgar necessário mudar de rumo, comunicará ao capitão
as razões que assim o exigem; e se este se opuser, desprezando as suas
observações, que em tal caso deverá renovar-lhe na presença dos mais oficiais do
navio, lançará o seu protesto no Diário da Navegação (artigo 504), o qual deverá ser
por todos assinado, e obedecerá às ordens do capitão, sobre quem recairá toda a
responsabilidade.
Art. 540. O piloto, que, por imperícia, omissão ou malícia, perder o navio ou lhe
causar dano, será obrigado a ressarcir o prejuízo que sofrer o mesmo navio ou a
carga; além de incorrer nas penas criminais que possam ter lugar; a
responsabilidade do piloto não exclui a do capitão nos casos do artigo 529.
Art. 541. Por morte ou impedimento do capitão recai o comando do navio no piloto,
e na falta ou impedimento deste no contramestre, com todas as prerrogativas,
faculdades, obrigações e responsabilidade inerentes ao lugar de capitão.
Art. 542. O contramestre que, recebendo ou entregando fazendas, não exige e
entrega ao capitão as ordens, recibos, ou outros quaisquer documentos justificativos
do seu ato, responde por perdas e danos daí resultantes.

TÍTULO V
DO AJUSTE E SOLDADAS DOS OFICIAIS E GENTE DA
TRIPULAÇÃO, SEUS DIREITOS E OBRIGAÇÕES

Art. 543. O capitão é obrigado a dar às pessoas da tripulação, que o exigirem,


uma nota por ele assinada, em que se declare a natureza do ajuste e preço da
soldada, e a lançar na mesma nota as quantias que se forem pagando por conta.

As condições do ajuste entre o capitão e a gente da tripulação, na falta de outro título


do contrato, provam-se pelo rol da equipagem ou matrícula; subentendendo-se
sempre compreendido no ajuste o sustento da tripulação.

Não constando pela matrícula, nem por outro escrito do contrato, o tempo
determinado do ajuste, entende-se sempre que foi por viagem redonda ou de ida e
volta ao lugar em que teve lugar a matrícula.
Art. 544. Achando-se o Livro da Receita e Despesa do navio conforme à matrícula
(artigo 467), e escriturado com regularidade (artigo 503), fará inteira fé para solução

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de quaisquer dúvidas que possam suscitar-se sobre as condições do contrato das
soldadas; quanto, porém, às quantias entregues por conta, prevalecerão, em caso
de dúvida, os assentos lançados nas notas de que trata o artigo precedente.
Art. 545. São obrigações dos oficiais e gente da tripulação:

1 - ir para bordo prontos para seguir viagem no tempo ajustado; pena de poderem
ser despedidos;
2 - não sair do navio nem passar a noite fora sem licença do capitão; pena de
perdimento de 1 (um) mês de soldada;
3 - não retirar os seus efeitos de bordo sem serem visitados pelo capitão, ou pelo
seu segundo, debaixo da mesma pena;
4 - obedecer sem contradição ao capitão e mais oficiais nas suas respectivas
qualidades, e abster-se de brigas; debaixo das penas declaradas nos artigos 498 e
555;
5 - auxiliar o capitão, em caso de ataque do navio, ou desastre sobrevindo à
embarcação ou à carga, seja qual for a natureza do sinistro; pena de perdimento das
soldadas vencidas;
6 - finda a viagem, fundear e desaparelhar o navio, conduzi-lo a surgidouro seguro,
e amarrá-lo, sempre que o capitão o exigir; pena de perdimento das soldadas
vencidas;
7 - prestar os depoimentos necessários para ratificação dos processos
testemunháveis, e protestos formados a bordo (artigo 505), recebendo pelos dias da
demora uma indenização proporcional às soldadas que venciam; faltando a este
dever não terão ação para demandar as soldadas vencidas.
Art. 546. Os oficiais e quaisquer outros indivíduos da tripulação, que, depois de
matriculados, abandonarem a viagem antes de começada, ou se ausentarem antes
de acabada, podem ser compelidos com prisão ao cumprimento do contrato, a
repor o que se lhes houver pago adiantado, e a servir 1 (um) mês sem receberem
soldada.
Art. 547. Se depois de matriculada a equipagem se romper a viagem no porto da
matrícula por fato do dono, capitão, ou afretador, a todos os indivíduos da tripulação
justos ao mês se abonará a soldada de 1 (um) mês, além da que tiverem vencido;
aos que estiverem contratados por viagem abonar-se-á metade da soldada
ajustada.

Se, porém, o rompimento da viagem tiver lugar depois da saída do porto da


matrícula, os indivíduos justos ao mês têm direito a receber, não só pelo tempo
vencido, mas também pelo que seria necessário para regressarem ao porto da
saída, ou para chegarem ao do destino, fazendo-se a conta por aquele que se achar

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mais próximo; aos contratados por viagem redonda se pagará como se a viagem se
achasse terminada.

Tanto os indivíduos da equipagem justos por viagem, como os justos ao mês, têm
direito a que se lhes pague a despesa da passagem do porto da despedida para
aquele onde ou para onde se ajustarem, que for mais próximo. Cessa esta
obrigação sempre que os indivíduos da equipagem podem encontrar soldada no
porto da despedida.
Art. 548. Rompendo-se a viagem por causa de força maior, a equipagem, se a
embarcação se achar no porto do ajuste, só tem direito a exigir as soldadas
vencidas.

São causas de força maior:


1 - declaração de guerra, ou interdito de comércio entre o porto da saída e o porto
do destino da viagem;
2 - declaração de bloqueio do porto, ou peste declarada nele existente;
3 - proibição de admissão no mesmo porto dos gêneros carregados na
embarcação;
4 - detenção ou embargo da embarcação (no caso de se não admitir fiança ou não
ser possível dá-la), que exceda ao tempo de 90 (noventa) dias;
5 - inavegabilidade da embarcação acontecida por sinistro.
Art. 549. Se o rompimento da viagem por causa de força maior acontecer
achando-se a embarcação em algum porto de arribada, a equipagem contratada ao
mês só tem direito a ser paga pelo tempo vencido desde a saída do porto até o dia
em que for despedida, e a equipagem justa por viagem não tem direito a soldada
alguma se a viagem não se conclui.
Art. 550. No caso de embargo ou detenção, os indivíduos da tripulação justos ao
mês vencerão metade de suas soldadas durante o impedimento, não excedendo
este de 90 (noventa) dias; findo este prazo caduca o ajuste. Aqueles, porém, que
forem justos por viagem redonda são obrigados a cumprir seus contratos até o fim
da viagem.

Todavia, se o proprietário da embarcação vier a receber indenização pelo embargo


ou detenção, será obrigado a pagar as soldadas por inteiro aos que forem justos ao
mês, e aos de viagem redonda na devida proporção.
Art. 551. Quando o proprietário, antes de começada a viagem, der à embarcação
destino diferente daquele que tiver sido declarado no contrato, terá lugar novo ajuste;
e os que se não ajustarem só terão direito a receber o vencido, ou a reter o que
tiverem recebido adiantado.

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Art. 552. Se depois da chegada da embarcação ao porto do seu destino, e
ultimada a descarga, o capitão, em lugar de fazer o seu retorno, fretar ou carregar a
embarcação para ir a outro destino, é livre aos indivíduos da tripulação ajustarem-se
de novo ou retirarem-se, não havendo no contrato estipulação em contrário.

Todavia, se o capitão, fora do Império, achar a bem navegar para outro porto livre, e
nele carregar ou descarregar, a tripulação não pode despedir-se, posto que a
viagem se prolongue além do ajuste; recebendo os indivíduos justos por viagem um
aumento de soldada na proporção da prolongação.
Art. 553. Sendo a tripulação justa a partes ou quinhão no frete, não lhe será devida
indenização alguma pelo rompimento, retardação ou prolongação da viagem
causada por força maior; mas se o rompimento, retardação ou prolongação provier
de fato dos carregadores, terá parte nas indenizações que se concederem ao navio;
fazendo-se a divisão entre os donos do navio e a gente da tripulação, na mesma
proporção em que o frete deveria ser dividido.

Se o rompimento, retardação ou prolongação provier de fato do capitão ou


proprietário do navio, estes serão obrigados às indenizações proporcionais
respectivas.

Quando a viagem for mudada para porto mais vizinho, ou abreviada por outra
qualquer causa, os indivíduos da tripulação justos por viagem serão pagos por
inteiro.
Art. 554. Se alguém da tripulação depois de matriculado for despedido sem justa
causa, terá direito de haver a soldada contratada por inteiro, sendo redonda, e se for
ao mês far-se-á a conta pelo termo médio do tempo que costuma gastar-se nas
viagens para o porto do ajuste. Em tais casos o capitão não tem direito para exigir
do dono do navio as indenizações que for obrigado a pagar; salvo tendo obrado com
sua autorização.
Art. 555. São causas justas para a despedida:

1 - perpetração de algum crime, ou desordem grave que perturbe a ordem da


embarcação, reincidência em insubordinação, falta de disciplina ou de cumprimento
de deveres (artigo 498);
2 - embriaguez habitual;
3 - ignorância do mister para que o despedido se tiver ajustado;
4 - qualquer ocorrência que o inabilite para desempenhar as suas obrigações, com
exceção do caso prevenido no artigo 560.
Art. 556. Os oficiais e gente da tripulação podem despedir-se, antes de começada
a viagem, nos casos seguintes:

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1 - quando o capitão muda do destino ajustado (artigo 551);
2 - se depois do ajuste o Império é envolvido em guerra marítima, ou há notícias
certas de peste no lugar do destino;
3 - se assoldadados para ir em comboio, este não tem lugar;
4 - morrendo o capitão, ou sendo despedido.
Art. 557. Nenhum indivíduo da tripulação pode intentar litígio contra o navio ou
capitão, antes de terminada a viagem; todavia, achando-se o navio em bom porto,
os indivíduos maltratados, ou a quem o capitão houver faltado com o devido
sustento, poderão demandar a rescisão do contrato.
Art. 558. Sendo a embarcação apresada, ou naufragando, a tripulação não tem
direito às soldadas vencidas na viagem do sinistro, nem o dono do navio a reclamar
as que tiver pago adiantadas.
Art. 559. Se a embarcação aprisionada se recuperar achando-se ainda a
tripulação a bordo, será esta paga de suas soldadas por inteiro.

Salvando-se do naufrágio alguma parte do navio ou da carga, a tripulação terá


direito a ser paga das soldadas vencidas na última viagem, com preferência a outra
qualquer dívida anterior, até onde chegar o valor da parte do navio que se puder
salvar; e não chegando esta, ou se nenhuma parte se tiver salvado, pelos fretes da
carga salva.

Entende-se última viagem, o tempo decorrido desde que a embarcação principiou a


receber o lastro ou carga que tiver a bordo na ocasião do apresamento, ou
naufrágio.

Se a tripulação estiver justa a partes, será paga somente pelos testes dos salvados,
e em devida proporção de rateio com o capitão.
Art. 560. Não deixará de vencer a soldada ajustada qualquer indivíduo da
tripulação que adoecer durante a viagem em serviço do navio, e o curativo será por
conta deste; se, porém, a doença for adquirida fora do serviço do navio, cessará o
vencimento da soldada enquanto ela durar, e a despesa do curativo será por conta
das soldadas vencidas; e se estas não chegarem, por seus bens ou pelas soldadas
que possam vir a vencer.
Art. 561. Falecendo algum indivíduo da tripulação durante a viagem, a despesa do
seu enterro será paga por conta do navio; e seus herdeiros têm direito à soldada
devida até o dia do falecimento, estando justo ao mês; até o porto do destino se a
morte acontecer em caminho para ele, sendo o ajuste por viagem; e à de ida e volta
acontecendo em torna-viagem, se o ajuste for por viagem redonda.

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Art. 562. Qualquer que tenha sido o ajuste, o indivíduo da tripulação que for morto
em defesa da embarcação será considerado como vivo para todos os vencimentos
e quaisquer interesses que possam vir aos da sua classe, até que a mesma
embarcação chegue ao porto do seu destino.

O mesmo benefício gozará o que for aprisionado em ato de defesa da embarcação,


se esta chegar a salvamento.
Art. 563. Acabada a viagem, a tripulação tem ação para exigir o seu pagamento
dentro de 3 (três) dias depois de ultimada a descarga, com os juros da lei no caso
de mora (artigo 449, nº 4).

Ajustando-se os oficiais e gente da tripulação para diversas viagens, poderão,


terminada cada viagem, exigir as soldadas vencidas.
Art. 564. Todos os indivíduos da equipagem têm hipoteca tácita no navio e fretes
para serem pagos das soldadas vencidas na última viagem com preferência a
outras dívidas menos privilegiadas; e em nenhum caso o réu será ouvido sem
depositar a quantia pedida.

Entender-se-á por equipagem ou tripulação para o dito efeito, e para todos os mais
dispostos neste Título, o capitão, oficiais, marinheiros e todas as mais pessoas
empregadas no serviço do navio, menos os sobrecargas.
Art. 565. O navio e frete respondem para com os donos da carga pelos danos que
sofrerem por delitos, culpa ou omissão culposa do capitão ou gente da tripulação,
perpetrados em serviço do navio; salvas as ações dos proprietários da embarcação
contra o capitão, e deste contra a gente da tripulação.

O salário do capitão e as soldadas da equipagem são hipoteca especial nestas


ações.

TÍTULO VI
DOS FRETAMENTOS

CAPÍTULO I
DA NATUREZA E FORMA DO CONTRATO DE FRETAMENTO E DAS CARTAS-
PARTIDAS

Art. 566. O contrato de fretamento de qualquer embarcação, quer seja na sua


totalidade ou em parte, para uma ou mais viagens, quer seja à carga, colheita ou
prancha, o que tem lugar quando o capitão recebe carga de quantos se apresentam,
deve provar-se por escrito. No primeiro caso o instrumento que se chama carta
partida ou carta de fretamento, deve ser assinado pelo fretador e afretador, e por

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quaisquer outras pessoas que intervenham no contrato, do qual se dará a cada uma
das partes um exemplar; e no segundo, o instrumento chama-se conhecimento, e
basta ser assinado pelo capitão e o carregador. Entende-se por fretador o que dá, e
por afretador o que toma a embarcação a frete.
Art. 567. A carta-partida deve enunciar:

1 - o nome do capitão e o do navio, o porte deste, a nação a que pertence, e o


porto do seu registro (artigo 460);
2 - o nome do fretador e o do afretador, e seus respectivos domicílios; se o
fretamento for por conta de terceiro deverá também declarar-se o seu nome e
domicílio;
3 - a designação da viagem, se é redonda ou ao mês, para uma ou mais viagens, e
se estas são de ida e volta ou somente para ida ou volta, e finalmente se a
embarcação se freta no todo ou em parte;
4 - o gênero e quantidade da carga que o navio deve receber, designada por
toneladas, números, peso ou volume, e por conta de quem a mesma será conduzida
para bordo, e deste para terra;
5 - o tempo da carga e descarga, portos de escala quando a haja, as estadias e
sobreestadias ou demoras, e a forma por que estas se hão de vencer e contar;
6 - o preço do frete, quanto há de pagar-se de primagem ou gratificação, e de
estadias e sobreestadias, e a forma, tempo e lugar do pagamento;
7 - se há lugares reservados no navio, além dos necessários para uso e
acomodação do pessoal e material do serviço da embarcação;
8 - todas as mais estipulações em que as partes se acordarem.
Art. 568. As cartas de fretamento devem ser lançadas no Registro do Comércio,
dentro de 15 (quinze) dias a contar da saída da embarcação nos lugares da
residência dos Tribunais do Comércio, e nos outros, dentro do prazo que estes
designarem (artigo 31).
Art. 569. A carta de fretamento valerá como instrumento público tendo sido feita
por intervenção e com assinatura de algum corretor de navios, ou na falta de corretor
por tabelião que porte por fé ter sido passada na sua presença e de duas
testemunhas com ele assinadas. A carta de fretamento que não for autenticada por
alguma das duas referidas formas, obrigará as próprias partes mas não dará direito
contra terceiro.

As cartas de fretamento assinadas pelo capitão valem ainda que este tenha
excedido as faculdades das suas instruções; salvo o direito dos donos do navio por
perdas e danos contra ele pelos abusos que cometer.

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Art. 570. Fretando-se o navio por inteiro, entende-se que fica somente reservada a
câmara do capitão, os agasalhados da equipagem, e as acomodações necessárias
para o material da embarcação.
Art. 571. Dissolve-se o contrato de fretamento, sem que haja lugar a exigência
alguma de parte a parte:
1 - se a saída da embarcação for impedida, antes da partida, por força maior sem
limitação de tempo;
2 - sobrevindo, antes de principiada a viagem, declaração de guerra, ou interdito
de comércio com o país para onde a embarcação é destinada, em conseqüência do
qual o navio e a carga conjuntamente não sejam considerados como propriedade
neutra;
3 - proibição de exportação de todas ou da maior parte das fazendas
compreendidas na carta de fretamento do lugar donde a embarcação deva partir, ou
de importação no de seu destino;
4 - declaração de bloqueio do porto da carga ou do seu destino, antes da partida
do navio.
Em todos os referidos casos as despesas da descarga serão por conta do
afretador ou carregadores.
Art. 572. Se o interdito de comércio com o porto do destino do navio acontece
durante a sua viagem, e se por este motivo o navio é obrigado a voltar com a carga,
deve-se somente o frete pela ida, ainda que o navio tivesse sido fretado por ida e
volta.
Art. 573. Achando-se um navio fretado em lastro para outro porto onde deva
carregar, dissolve-se o contrato, se chegando a esse porto sobrevier algum dos
impedimentos designados nos artigos 571 e 572, sem que possa ter lugar
indenização alguma por nenhuma das partes, quer o impedimento venha só do
navio, quer do navio e carga. Se, porém, o impedimento nascer da carga e não do
navio, o afretador será obrigado a pagar metade do frete ajustado.
Art. 574. Poderá igualmente rescindir-se o contrato de fretamento a requerimento
do afretador, se o capitão lhe tiver ocultado a verdadeira bandeira da embarcação;
ficando este pessoalmente responsável ao mesmo afretador por todas as despesas
da carga e descarga, e por perdas e danos, se o valor do navio não chegar para
satisfazer o prejuízo.
CAPÍTULO II
DOS CONHECIMENTOS

Art. 575. O conhecimento deve ser datado, e declarar:

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1 - o nome do capitão, e o do carregador e consignatário (podendo omitir-se o
nome deste se for à ordem), e o nome e porte do navio;
2 - a qualidade e a quantidade dos objetos da carga, suas marcas e números,
anotados à margem;
3 - o lugar da partida e o do destino, com declaração das escalas, havendo-as;
4 - o preço do frete e primagem, se esta for estipulada, e o lugar e forma do
pagamento;
5 - a assinatura do capitão (artigo 577), e a do carregador.
Art. 576. Sendo a carga tomada em virtude de carta de fretamento, o portador do
conhecimento não fica responsável por alguma condição ou obrigação especial
contida na mesma carta, se o conhecimento não tiver a cláusula - segundo a carta de
fretamento.
Art. 577. O capitão é obrigado a assinar todas as vias de um mesmo
conhecimento que o carregador exigir, devendo ser todas do mesmo teor e da
mesma data, e conter o número da via. Uma via ficará em poder do capitão, as
outras pertencem ao carregador.

Se o capitão for ao mesmo tempo o carregador, os conhecimentos respectivos


serão assinados por duas pessoas da tripulação a ele imediatas no comando do
navio, e uma via será depositada nas mãos do armador ou do consignatário.
Art. 578. Os conhecimentos serão assinados e entregues dentro de 24 (vinte e
quatro) horas, depois de ultimada a carga, em resgate dos recibos provisórios; pena
de serem responsáveis por todos os danos que resultarem do retardamento da
viagem, tanto o capitão como os carregadores que houverem sido remissos na
entrega dos mesmos conhecimentos.
Art. 579. Seja qual for a natureza do conhecimento, não poderá o carregador variar
a consignação por via de novos conhecimentos, sem que faça prévia entrega ao
capitão de todas as vias que este houver assinado.

O capitão que assinar novos conhecimentos sem ter recolhido todas as vias do
primeiro ficará responsável aos portadores legítimos que se apresentarem com
alguma das mesmas vias.
Art. 580. Alegando-se extravio dos primeiros conhecimentos, o capitão não será
obrigado a assinar segundo, sem que o carregador preste fiança à sua satisfação
pelo valor da carga neles declarada.
Art. 581. Falecendo o capitão da embarcação antes de fazer-se à vela, ou
deixando de exercer o seu ofício, os carregadores têm direito para exigir do
sucessor que revalide com a sua assinatura os conhecimentos por aquele

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assinados, conferindo-se a carga com os mesmos conhecimentos; o capitão que os
assinar sem esta conferência responderá pelas faltas; salvo se os carregadores
convierem que ele declare nos conhecimentos que não conferiu a carga.

No caso de morte do capitão ou de ter sido despedido sem justa causa, serão
pagas pelo dono do navio as despesas da conferência; mas se a despedida provier
de fato do capitão, serão por conta deste.
Art. 582. Se as fazendas carregadas não tiverem sido entregues por número, peso
ou medida, ou no caso de haver dúvida na contagem, o capitão pode declarar nos
conhecimentos, que o mesmo número, peso ou medida lhe são desconhecidos; mas
se o carregador não convier nesta declaração deverá proceder-se a nova contagem,
correndo a despesa por conta de quem a tiver ocasionado.

Convindo o carregador na sobredita declaração, o capitão ficará somente obrigado


a entregar no porto da descarga os efeitos que se acharem dentro da embarcação
pertencentes ao mesmo carregador, sem que este tenha direito para exigir mais
carga; salvo se provar que houve desvio da parte do capitão ou da tripulação.
Art. 583. Constando ao capitão que há diversos portadores das diferentes vias de
um conhecimento das mesmas fazendas, ou tendo-se feito seqüestro, arresto ou
penhora nelas, é obrigado a pedir depósito judicial, por conta de quem pertencer.
Art. 584. Nenhuma penhora ou embargo de terceiro, que não for portador de
alguma das vias de conhecimento, pode, fora do caso de reivindicação segundo as
disposições deste Código (artigo 874, nº 2), privar o portador do mesmo
conhecimento da faculdade de requerer o depósito ou venda judicial das fazendas
no caso sobredito; salvo o direito do exeqüente ou de terceiro opoente sobre o
preço da venda.
Art. 585. O capitão pode requerer o depósito judicial todas as vezes que os
portadores de conhecimentos se não apresentarem para receber a carga
imediatamente que ele der princípio à descarga, e nos casos em que o
consignatário esteja ausente ou seja falecido.
Art. 586. O conhecimento concebido nos termos enunciados no artigo 575 faz
inteira prova entre todas as partes interessadas na carga e frete, e entre elas e os
seguradores; ficando salva a estes e aos donos do navio a prova em contrário.
Art. 587. O conhecimento feito em forma regular (artigo 575) tem força e é
acionável como escritura pública.

Sendo passado à ordem é transferível e negociável por via de endosso.


Art. 588. Contra os conhecimentos só pode opor-se falsidade, quitação, embargo,
arresto ou penhora e depósito judicial, ou perdimento dos efeitos carregados por
causa justificada.

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Art. 589. Nenhuma ação entre o capitão e os carregadores ou seguradores será
admissível em juízo se não for logo acompanhada do conhecimento original. A falta
deste não pode ser suprida pelos recibos provisórios da carga; salvo provando-se
que o carregador fez diligência para obtê-lo e que, fazendo-se o navio à vela sem o
capitão o haver passado, interpôs competente protesto dentro dos primeiros 3 (três)
dias úteis, contados da saída do navio, com intimação do armador, consignatário ou
outro qualquer interessado, e na falta destes por editais; ou sendo a questão de
seguros sobre sinistro acontecido no porto da carga, se provar que o mesmo sinistro
aconteceu antes do conhecimento poder ser assinado.
CAPÍTULO III
DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO FRETADOR E AFRETADOR

Art. 590. O fretador é obrigado a ter o navio prestes para receber a carga, e o
afretador a efetuá-la no tempo marcado no contrato.
Art. 591. Não se tendo determinado na carta de fretamento o tempo em que deve
começar a carregar-se, entende-se que principia a correr desde o dia em que o
capitão declarar que está pronto para receber a carga; se o tempo que deve durar a
carga e a descarga não estiver fixado, ou quanto se há de pagar de primagem e
estadias e sobreestadias, e o tempo e modo do pagamento, será tudo regulado pelo
uso do porto onde uma ou outra deva efetuar-se.
Art. 592. Vencido o prazo, e o das estadias e sobreestadias que se tiverem
ajustado, e, na falta de ajuste, as do uso no porto da carga, sem que o afretador
tenha carregado efeitos alguns, terá o capitão a escolha, ou de resilir do contrato e
exigir do afretador metade do frete ajustado e primagem com estadias e
sobreestadias, ou de empreender a viagem sem carga, e finda ela exigir dele o frete
por inteiro e primagem, com as avarias que forem devidas, estadias e
sobreestadias.
Art. 593. Quando o afretador carrega só parte da carga no tempo aprazado, o
capitão, vencido o tempo das estadias e sobreestadias, tem direito, ou de proceder
a descarga por conta do mesmo afretador e pedir meio frete, ou de empreender a
viagem com a parte da carga que tiver a bordo para haver o frete por inteiro no porto
do seu destino, com as mais despesas declaradas no artigo antecedente.
Art. 594. Renunciando o afretador ao contrato antes de começarem a correr os
dias suplementares da carga, será obrigado a pagar metade do frete e primagem.
Art. 595. Sendo o navio fretado por inteiro, o afretador pode obrigar o fretador a
que faça sair o navio logo que tiver metido a bordo carga suficiente para pagamento
do frete e primagem, estadias e sobreestadias, ou prestado fiança ao pagamento. O
capitão neste caso não pode tomar carga de terceiro sem consentimento por escrito
do afretador, nem recusar-se à saída; salvo por falta de prontificação do navio, que,
segundo as cláusulas do fretamento, não possa ser imputável ao fretador.

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Art. 596. Tendo o fretador direito de fazer sair o navio sem carga ou só com parte
dela (artigos 592 e 593), poderá, para segurança do frete e de outras indenizações
a que haja lugar, completar a carga por outros carregadores, independente de
consentimento do afretador; mas o benefício do novo frete pertencerá a este.
Art. 597. Se o fretador houver declarado na carta-partida maior capacidade
daquela que o navio na realidade tiver, não excedendo da décima parte, o afretador
terá opção para anular o contrato, ou exigir correspondente abatimento no frete, com
indenização de perdas e danos; salvo se a declaração estiver conforme à lotação do
navio.
Art. 598. O fretador pode fazer descarregar à custa do afretador os efeitos que
este introduzir no navio além da carga ajustada na carta de fretamento; salvo
prestando-se aquele a pagar o frete correspondente, se o navio os puder receber.
Art. 599. Os carregadores ou afretadores respondem pelos danos que resultarem,
se, sem ciência e consentimento do capitão, introduzirem no navio fazendas, cuja
saída ou entrada for proibida, e de qualquer outro fato ilícito que praticarem ao
tempo da carga ou descarga; e, ainda que as fazendas sejam confiscadas, serão
obrigados a pagar o frete e primagem por inteiro, e a avaria grossa.
Art. 600. Provando-se que o capitão consentiu na introdução das fazendas
proibidas, ou que, chegando ao seu conhecimento em tempo, as não fez
descarregar, ou sendo informado depois da viagem começada as não denunciar no
ato da primeira visita da Alfândega que receber a bordo no porto do seu destino,
ficará solidariamente obrigado para com todos os interessados por perdas e danos
que resultarem ao navio ou à carga, e sem ação para haver o frete, nem indenização
alguma do carregador, ainda que esta se tenha estipulado.
Art. 601. Estando o navio a frete de carga geral, não pode o capitão, depois que
tiver recebido alguma parte da carga, recusar-se a receber a mais que se lhe
oferecer por frete igual, não achando outro mais vantajoso; pena de poder ser
compelido pelos carregadores dos efeitos recebidos a que se faça à vela com o
primeiro vento favorável, e de pagar as perdas e danos que da demora resultarem.
Art. 602. Se o capitão, quando tomar frete à colheita ou à prancha, fixar o tempo
durante o qual a embarcação estará à carga, findo o tempo marcado será obrigado
a partir com o primeiro vento favorável; pena de responder pelas perdas e danos
que resultarem do retardamento da viagem; salvo convindo na demora a maioria dos
carregadores em relação ao valor do frete.
Art. 603. Não tendo o capitão fixado o tempo da partida, é obrigado a sair com o
primeiro vento favorável depois que tiver recebido mais de dois terços da carga
correspondente à lotação do navio, se assim o exigir a maioria dos carregadores
em relação ao valor do frete, sem que nenhum dos outros possa retirar as fazendas
que tiver a bordo.

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Art. 604. Se o capitão, no caso do artigo antecedente, não puder obter mais de
dois terços da carga dentro de 1 (um) mês depois que houver posto o navio a frete
geral, poderá sub-rogar outra embarcação para transporte da carga que tiver a
bordo, contanto que seja igualmente apta para fazer a viagem, pagando a despesa
da baldeação da carga, e o aumento de frete e do prêmio do seguro; será, porém,
lícito aos carregadores retirar de bordo as suas fazendas, sem pagar frete, sendo
por conta deles a despesa de desarrumação e descarga, restituindo os recibos
provisórios ou conhecimentos, e dando fiança pelos que tiverem remetido. Se o
capitão não puder achar navio, e os carregadores não quiserem descarregar, será
obrigado a sair 60 (sessenta) dias depois que houver posto o navio à carga, com a
que tiver a bordo.
Art. 605. Não tendo a embarcação capacidade para receber toda a carga
contratada com diversos carregadores ou afretadores, terá preferência a que se
achar a bordo, e depois a que tiver prioridade na data dos contratos; e se estes
forem todos da mesma data haverá lugar a rateio, ficando o capitão responsável
pela indenização dos danos causados.
Art. 606. Fretando-se a embarcação para ir receber carga em outro porto, logo que
lá chegar, deverá o capitão apresentar-se sem demora ao consignatário, exigindo
dele que lhe declare por escrito na carta de fretamento o dia, mês e ano de sua
apresentação; pena de não principiar a correr o tempo do fretamento antes da sua
apresentação.

Recusando o consignatário fazer na carta de fretamento a declaração requerida,


deverá protestar e fazer-lhe intimar o protesto, e avisar o afretador. Se passado o
tempo devido para a carga, e o da demora ou de estadias e sobreestadias, o
consignatário não tiver carregado o navio, o capitão, fazendo-o previamente intimar
por via de novo protesto para efetuar a entrega da carga dentro do tempo ajustado, e
não cumprindo ele, nem tendo recebido ordens do afretador, fará diligência para
contratar carga por conta deste para o porto do seu destino; e com carga ou sem ela
seguirá para ele, onde o afretador será obrigado a pagar-lhe o frete por inteiro com
as demoras vencidas, fazendo encontro dos fretes da carga tomada por sua conta,
se alguma houve tomado (artigo 596).
Art. 607. Sendo um navio embargado na partida, em viagem, ou no lugar da
descarga, por fato ou negligência do afretador ou de algum dos carregadores, ficará
o culpado obrigado, para com o fretador ou capitão e os mais carregadores, pelas
perdas e danos que o navio ou as fazendas vierem a sofrer provenientes desse fato.
Art. 608. O capitão é responsável ao dono do navio e ao afretador e carregadores
por perdas e danos, se por culpa sua o navio for embargado ou retardado na
partida, durante a viagem, ou no lugar do seu destino.
Art. 609. Se antes de começada a viagem ou no curso dela, a saída da
embarcação for impedida temporariamente por embargo ou força maior, subsistirá o

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contrato, sem haver lugar a indenizações de perdas e danos pelo retardamento. O
carregador neste caso poderá descarregar os seus efeitos durante a demora,
pagando a despesa, e prestando fiança de os tornar a carregar logo que cesse o
impedimento, ou de pagar o frete por inteiro e estadias e sobreestadias, não os
reembarcando.
Art. 610. Se o navio não puder entrar no porto do seu destino por declaração de
guerra, interdito de comércio, ou bloqueio, o capitão é obrigado a seguir
imediatamente para aquele que tenha sido prevenido na sua carta de ordens. Não
se achando prevenido, procurará o porto mais próximo que não estiver impedido; e
daí fará os avisos competentes ao fretador e afretadores, cujas ordens deve esperar
por tanto tempo quanto seja necessário para receber a resposta. Não recebendo
esta, o capitão deve voltar para o porto da saída com a carga.
Art. 611. Sendo arrestado um navio no curso da viagem por ordem de uma
potência, nenhum frete será devido pelo tempo da detenção sendo fretado ao mês,
nem aumento de frete se for por viagem. Quando o navio for fretado para 2 (dois) ou
mais portos e acontecer que em um deles se saiba ter sido declarada guerra contra
a potência a que pertence o navio ou a carga, o capitão, se nem esta nem aquele
forem livres, quando não possa partir em comboio ou por algum outro modo seguro,
deverá ficar no porto da notícia até receber ordens do dono do navio ou do afretador.
Se só o navio não for livre, o fretador pode resilir do contrato, com direito ao frete
vencido, estadias e sobreestadias e avaria grossa, pagando as despesas da
descarga. Se, pelo contrário, só a carga não for livre, o afretador tem direito para
rescindir o contrato, pagando a despesa da descarga, e o capitão procederá na
conformidade dos artigos 592 e 596.
Art. 612. Sendo o navio obrigado a voltar ao porto da saída, ou a arribar a outro
qualquer por perigo de piratas ou de inimigos, podem os carregadores ou
consignatários convir na sua total descarga, pagando as despesas desta e o frete
da ida por inteiro, e prestando a fiança determinada no artigo 609. Se o fretamento
for ao mês, o frete é devido somente pelo tempo que o navio tiver sido empregado.
Art. 613. Se o capitão for obrigado a consertar a embarcação durante a viagem, o
afretador, carregadores, ou consignatários, não querendo esperar pelo conserto,
podem retirar as suas fazendas pagando todo o frete, estadias e sobreestadias e
avaria grossa, havendo-a, as despesas da descarga e desarrumação.
Art. 614. Não admitindo o navio conserto, o capitão é obrigado a fretar por sua
conta, e sem poder exigir aumento algum do frete, uma ou mais embarcações para
transportar a carga ao lugar do destino. Se o capitão não puder fretar outro ou outros
navios dentro de 60 (sessenta) dias depois que o navio for julgado inavegável, e
quando o conserto for impraticável, deverá requerer depósito judicial da carga e
interpor os competentes protestos para sua ressalva; neste caso o contrato ficará
resciso, e somente se deverá o frete vencido. Se, porém, os afretadores ou
carregadores provarem que o navio condenado por incapaz estava inavegável
quando se fez à vela, não serão obrigados a frete algum, e terão ação de perdas e

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danos contra o fretador. Esta prova é admissível não obstante e contra os
certificados da visita da saída.
Art. 615. Ajustando-se os fretes por peso, sem se designar se é líquido ou bruto,
deverá entender-se que é peso bruto; compreendendo-se nele qualquer espécie de
capa, caixa ou vasilha em que as fazendas se acharem acondicionadas.
Art. 616. Quando o frete for justo por número, peso ou medida, e houver condição
de que a carga será entregue no portaló do navio, o capitão tem direito de requerer
que os efeitos sejam contados, medidos ou pesados a bordo do mesmo navio antes
da descarga; e procedendo-se a esta diligência não responderá por faltas que
possam aparecer em terra; se, porém, as fazendas se descarregarem sem se
contarem, medirem ou pesarem, o consignatário terá direito de verificar em terra a
identidade, número, medição ou peso, e o capitão será obrigado a conformar-se
com o resultado desta verificação.
Art. 617. Nos gêneros que por sua natureza são suscetíveis de aumento ou
diminuição, independentemente de má arrumação ou falta de estiva, ou de defeito
no vasilhame, como é, por exemplo, o sal, será por conta do dono qualquer
diminuição ou aumento que os mesmos gêneros tiverem dentro do navio; e em um e
outro caso deve-se frete do que se numerar, medir ou pesar no ato da descarga.
Art. 618. Havendo presunção de que as fazendas foram danificadas, roubadas ou
diminuídas, o capitão é obrigado, e o consignatário e quaisquer outros interessados
têm direito a requerer que sejam judicialmente visitadas e examinadas, e os danos
estimados a bordo antes da descarga, ou dentro em 24 (vinte e quatro) horas
depois; e ainda que este procedimento seja requerido pelo capitão não prejudicará
os seus meios de defesa.

Se as fazendas forem entregues sem o referido exame, os consignatários têm


direito de fazer proceder a exame judicial no preciso termo de 48 (quarenta e oito)
horas depois da descarga; e passado este prazo não haverá mais lugar a
reclamação alguma.

Todavia, não sendo a avaria ou diminuição visível por fora, o exame judicial poderá
validamente fazer-se dentro de 10 (dez) dias depois que as fazendas passarem às
mãos dos consignatários, nos termos do artigo 211.
Art. 619. O capitão ou fretador não pode reter fazendas no navio a pretexto de falta
de pagamento de frete, avaria grossa ou despesas; poderá, porém, precedendo
competente protesto, requerer o depósito de fazendas equivalentes, e pedir a venda
delas, ficando-lhe direito salvo pelo resto contra o carregador, no caso de
insuficiência do depósito.

A mesma disposição tem lugar quando o consignatário recusa receber a carga.

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Nos dois referidos casos, se a avaria grossa não puder ser regulada imediatamente,
é licito ao capitão exigir o depósito judicial da soma que se arbitrar.
Art. 620. O capitão que entregar fazendas antes de receber o frete, avaria grossa e
despesas, sem pôr em prática os meios do artigo precedente, ou os que lhe
facultarem as leis ou usos do lugar da descarga, não terá ação para exigir o
pagamento do carregador ou afretador, provando este que carregou as fazendas por
conta de terceiro.
Art. 621. Pagam frete por inteiro as fazendas que se deteriorarem por avaria, ou
diminuírem por mau acondicionamento das vasilhas, caixas, capas ou outra qualquer
cobertura em que forem carregadas, provando o capitão que o dano não procedeu
de falta de arrumação ou de estiva (artigo 624).

Pagam igualmente frete por inteiro as fazendas que o capitão é obrigado a vender
nas circunstâncias previstas no artigo 515.

O frete das fazendas alijadas para salvação comum do navio e da carga abona-se
por inteiro como avaria grossa (artigo 764).
Art. 622. Não se deve frete das mercadorias perdidas por naufrágio ou varação,
roubo de piratas ou presa de inimigo, e, tendo-se pago adiantado, repete-se; salvo
convenção em contrário.

Todavia, resgatando-se o navio e fazendas, ou salvando-se do naufrágio, deve-se o


frete correspondente até o lugar da presa, ou naufrágio; e será pago por inteiro se o
capitão conduzir as fazendas salvas até o lugar do destino, contribuindo este ao
fretador por avaria grossa no dano, ou resgate.
Art. 623. Salvando-se no mar ou nas praias, sem cooperação da tripulação,
fazendas que fizeram parte da carga, e sendo depois de salvas entregues por
pessoas estranhas, não se deve por elas frete algum.
Art. 624. O carregador não pode abandonar as fazendas ao frete. Todavia pode ter
lugar o abandono dos líquidos, cujas vasilhas se achem vazias ou quase vazias.
Art. 625. A viagem para todos os efeitos do vencimento de fretes, se outra coisa se
não ajustar, começa a correr desde o momento em que a carga fica debaixo da
responsabilidade do capitão.
Art. 626. Os fretes e avarias grossas têm hipoteca tácita e especial nos efeitos que
fazem objeto da carga, durante 30 (trinta) dias depois da entrega, se antes desse
termo não houverem passado para o domínio de terceiro.
Art. 627. A dívida de fretes, primagem, estadias e sobreestadias, avarias e
despesas da carga prefere a todas as outras sobre o valor dos efeitos carregados;
salvo os casos de que trata o artigo 470, nº 1.

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Art. 628. O contrato de fretamento de um navio estrangeiro exeqüível no Brasil, há
de ser determinado e julgado pelas regras estabelecidas neste Código, quer tenha
sido ajustado dentro do Império, quer em país estrangeiro.
CAPÍTULO IV
DOS PASSAGEIROS

Art. 629. O passageiro de um navio deve achar-se a bordo no dia e hora que o
capitão designar, quer no porto da partida, quer em qualquer outro de escala ou
arribada; pena de ser obrigado ao pagamento do preço da sua passagem por
inteiro, se o navio se fizer de vela sem ele.
Art. 630. Nenhum passageiro pode transferir a terceiro, sem consentimento do
capitão, o seu direito de passagem.

Resilindo o passageiro do contrato antes da viagem começada, o capitão tem


direito à metade do preço da passagem; e ao pagamento por inteiro, se aquele a
não quiser continuar depois de começada.

Se o passageiro falecer antes da viagem começada, deve-se só metade do preço


da passagem.
Art. 631. Se a viagem for suspensa ou interrompida por causa de força maior, no
porto da partida, rescinde-se o contrato, sem que nem o capitão nem o passageiro
tenham direito a indenização alguma; tendo lugar a suspensão ou interrupção em
outro qualquer porto de escala ou arribada, deve somente o preço correspondente à
viagem feita.

Interrompendo-se a viagem depois de começada por demora de conserto do navio,


o passageiro pode tomar passagem em outro, pagando o preço correspondente à
viagem feita. Se quiser esperar pelo conserto, o capitão não é obrigado ao seu
sustento; salvo se o passageiro não encontrar outro navio em que comodamente se
possa transportar, ou o preço da nova passagem exceder o da primeira, na
proporção da viagem andada.
Art. 632. O capitão tem hipoteca privilegiada para pagamento do preço da
passagem em todos os efeitos que o passageiro tiver a bordo, e direito de os reter
enquanto não for pago.

O capitão só responde pelo dano sobrevindo aos efeitos que o passageiro tiver a
bordo debaixo da sua imediata guarda, quando o dano provier de fato seu ou da
tripulação.

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TÍTULO VII
DO CONTRATO DE DINHEIRO A RISCO OU CÂMBIO
MARÍTIMO

Art. 633. O contrato de empréstimo a risco ou câmbio marítimo, pelo qual o dador
estipula do tomador um prêmio certo e determinado por preço dos riscos de mar
que toma sobre si, ficando com hipoteca especial no objeto sobre que recai o
empréstimo, e sujeitando-se a perder o capital e prêmio se o dito objeto vier a
perecer por efeito dos riscos tomados no tempo e lugar convencionados, só pode
provar-se por instrumento público ou particular, o qual será registrado no Tribunal do
Comércio dentro de 8 (oito) dias da data da escritura ou letra. Se o contrato tiver
lugar em país estrangeiro por súditos brasileiros, o instrumento deverá ser
autenticado com o - visto - do cônsul do Império, se aí o houver, e em todo o caso
anotado no verso do registro da embarcação, se versar sobre o navio ou fretes.
Faltando no instrumento do contrato alguma das sobreditas formalidades, ficará este
subsistindo entre as próprias partes, mas não estabelecerá direitos contra terceiro.

É permitido fazer empréstimo a risco não só em dinheiro, mas também em efeitos


próprios para o serviço e consumo do navio, ou que possam ser objeto de comércio;
mas em tais casos a coisa emprestada deve ser estimada em valor fixo para ser
paga com dinheiro.
Art. 634. O instrumento do contrato de dinheiro a risco deve declarar:

1 - a data e o lugar em que o empréstimo se faz;


2 - o capital emprestado, e o preço do risco, aquele e este especificados
separadamente;
3 - o nome do dador e o do tomador, com o do navio e o do seu capitão;
4 - o objeto ou efeito sobre que recai o empréstimo;
5 - os riscos tomados, com menção específica de cada um;
6 - se o empréstimo tem lugar por uma ou mais viagens, qual a viagem, e por que
termo;
7 - a época do pagamento por embolso, e o lugar onde deva efetuar-se;
8 - qualquer outra cláusula em que as partes convenham, contanto que não seja
oposta à natureza deste contrato, ou proibida por lei.
O instrumento em que faltar alguma das declarações enunciadas será considerado
como simples crédito de dinheiro de empréstimo ao prêmio da lei, sem hipoteca nos
efeitos sobre que tiver sido dada, nem privilégio algum.

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Art. 635. A escritura ou letra de risco exarada à ordem tem força de letra de
câmbio contra o tomador e garantes, e é transferível e exeqüível por via de endosso,
com os mesmos direitos e pelas mesmas ações que as letras de câmbio.

O cessionário toma o lugar de endossador, tanto a respeito do capital como do


prêmio e dos riscos, mas a garantia da solvabilidade do tomador é restrita ao
capital; salvo condição em contrário quanto ao prêmio.
Art. 636. Não sendo a escritura ou letra de risco passada à ordem, só pode ser
transferida por cessão, com as mesmas formalidades e efeitos das cessões civis,
sem outra responsabilidade da parte do cedente, que não seja a de garantir a
existência da dívida.
Art. 637. Se no instrumento do contrato se não tiver feito menção específica dos
riscos com reserva de algum, ou deixar de se estipular o tempo, entende-se que o
dador do dinheiro tomará sobre si todos aqueles riscos marítimos, e pelo mesmo
tempo que geralmente costumam receber os seguradores.
Art. 638. Não se declarando na escritura ou letra de risco que o empréstimo é só
por ida ou só por volta, ou por uma e outra, o pagamento, recaindo o empréstimo
sobre fazendas, é exeqüível no lugar do destino destas, declarado nos
conhecimentos ou fretamento, e se recair sobre o navio, no fim de 2 (dois) meses
depois da chegada ao porto do destino, se não aparelhar de volta.
Art. 639. O empréstimo a risco pode recair:

1 - sobre o casco, fretes e pertences do navio;


2 - sobre a carga;
3 - sobre a totalidade destes objetos, conjunta ou separadamente, ou sobre uma
parte determinada de cada um deles.
Art. 640. Recaindo o empréstimo a risco sobre o casco e pertences do navio,
abrange na sua responsabilidade o frete da viagem respectiva.

Quando o contrato é celebrado sobre o navio e carga, o privilégio do dador é


solidário sobre uma e outra coisa.

Se o empréstimo for feito sobre a carga ou sobre um objeto determinado do navio


ou da carga, os seus efeitos não se estendem além desse objeto ou da carga.
Art. 641. Para o contrato surtir o seu efeito legal, é necessário que exista dentro do
navio no momento do sinistro a importância da soma dada de empréstimo a risco,
em fazendas ou no seu equivalente.
Art. 642. Quando o objeto sobre que se toma dinheiro a risco não chega a pôr-se
efetivamente em risco por não se efetuar a viagem, rescinde-se o contrato; e o dador

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neste caso tem direito para haver o capital com os juros da lei desde o dia da
entrega do dinheiro ao tomador, sem outro algum prêmio, e goza do privilégio de
preferência quanto ao capital somente.
Art. 643. O tomador que não carregar efeitos no valor total da soma tomada a risco
é obrigado a restituir o remanescente ao dador antes da partida do navio, ou todo se
nenhum empregar; e se não restituir, dá-se ação pessoal contra o tomador pela
parte descoberta, ainda que a parte coberta ou empregada venha a perder-se
(artigo 655).

O mesmo terá lugar quando o dinheiro a risco for tomado para habilitar o navio, se o
tomador não chegar a fazer uso dele ou da coisa estimável, em todo ou em parte.
Art. 644. Quando no instrumento de risco sobre fazendas houver a faculdade de -
tocar e fazer escala - ficam obrigados ao contrato, não só o dinheiro carregado em
espécie para ser empregado na viagem, e as fazendas carregadas no lugar da
partida, mas também as que forem carregadas em retorno por conta do tomador,
sendo o contrato feito de ida e volta; e o tomador neste caso tem faculdade de trocá-
las ou vendê-las e comprovar outras em todos os portos de escala.
Art. 645. Se ao tempo do sinistro parte dos efeitos objeto de risco já se achar em
terra, a perda do dador será reduzida ao que tiver ficado dentro do navio; e se os
efeitos salvos forem transportados em outro navio para o porto do destino originário
(artigo 614), neste continuam os riscos do dador.
Art. 646. O dador a risco sobre efeitos carregados em navio nominativamente
designado no contrato não responde pela perda desses efeitos, ainda mesmo que
seja acontecida por perigo de mar, se forem transferidos ou baldeados para outro
navio, salvo provando-se legalmente que a baldeação tivera lugar por força maior
Art. 647. Em caso de sinistro, salvando-se alguns efeitos da carga objeto de risco,
a obrigação do pagamento de dinheiro a risco fica reduzida ao valor dos mesmos
objetos estimado pela forma determinada nos artigos 694 e segs. O dador neste
caso tem direito para ser pago do principal e prêmio por esse mesmo valor até onde
alcançar, deduzidas as despesas de salvados, e as soldadas vencidas nessa
viagem.

Sendo o dinheiro dado sobre o navio, o privilégio do dador compreende não só os


fragmentos náufragos do mesmo navio, mas também o frete adquirido pelas
fazendas salvas, deduzidas as despesas de salvados, e as soldadas vencidas na
viagem respectiva, não havendo dinheiro a risco ou seguro especial sobre esse
frete.
Art. 648. Havendo sobre o mesmo navio ou sobre a mesma carga um contrato de
risco e outro de seguro (artigo 650), o produto dos efeitos salvos será dividido entre
o segurador e o dador a risco pelo seu capital somente na proporção de seus
respectivos interesses.

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Art. 649. Não precedendo ajuste em contrário, o dador conserva seus direitos
íntegros contra o tomador, ainda mesmo que a perda ou dano da coisa objeto do
risco provenha de alguma das causas enumeradas no artigo 711.
Art. 650. Quando alguns, mas não todos os riscos, ou uma parte somente do navio
ou da carga se acham seguros, pode contrair-se empréstimo a risco pelos riscos ou
parte não segura até à concorrência do seu valor por inteiro (artigo 682).
Art. 651. As letras mercantis provenientes de dinheiro recebido pelo capitão para
despesas indispensáveis do navio ou da carga nos termos dos artigos 515 e 516, e
os prêmios do seguro correspondente, quando a sua importância houver sido
realmente segurada, têm o privilégio de letras de empréstimo a risco, se contiverem
declaração expressa de que o importe foi destinado para as referidas despesas; e
são exeqüíveis, ainda mesmo que tais objetos se percam por qualquer evento
posterior, provando o dador que o dinheiro foi efetivamente empregado em benefício
do navio ou da carga (artigos 515 e 517).
Art. 652. O empréstimo de dinheiro a risco sobre o navio tomado pelo capitão no
lugar do domicílio do dono, sem autorização escrita deste, produz ação e privilégio
somente na parte que o capitão possa ter no navio e frete; e não obriga o dono,
ainda mesmo que se pretenda provar que o dinheiro foi aplicado em benefício da
embarcação.
Art. 653. O empréstimo a risco sobre fazendas, contraído antes da viagem
começada, deve ser mencionado nos conhecimentos e no manifesto da carga, com
designação da pessoa a quem o capitão deve participar a chegada feliz no lugar do
destino. Omitida aquela declaração, o consignatário, tendo aceitado letras de
câmbio, ou feito adiantamento na fé dos conhecimentos, preferirá ao portador da
letra de risco. Na falta de designação a quem deva participar a chegada, o capitão
pode descarregar as fazendas, sem responsabilidade alguma pessoal para com o
portador da letra de risco.
Art. 654. Se entre o dador a risco e o capitão se der algum conluio por cujo meio
os armadores ou carregadores sofram prejuízo, será este indenizado solidariamente
pelo dador e pelo capitão, contra os quais poderá intentar-se a ação criminal que
competente seja.
Art. 655. Incorre no crime de estelionato o tomador que receber dinheiro a risco por
valor maior que o do objeto do risco, ou quando este não tenha sido efetivamente
embarcado (artigo 643); e no mesmo crime incorre também o dador que, não
podendo ignorar esta circunstância, a não declarar à pessoa a quem endossar a
letra de risco. No primeiro caso o tomador, e no segundo o dador respondem
solidariamente pela importância da letra, ainda quando tenha perecido o objeto do
risco.
Art. 656. É nulo o contrato de câmbio marítimo:

1 - sendo o empréstimo feito a gente da tripulação;

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2 - tendo o empréstimo somente por objeto o frete a vencer, ou o lucro esperado de
alguma negociação, ou um e outro simultânea e exclusivamente;
3 - quando o dador não corre algum risco dos objetos sobre os quais se deu o
dinheiro;
4 - quando recai sobre objetos, cujos riscos já têm sido tomados por outrem no seu
inteiro valor (artigo 650);
5 - faltando o registro, ou as formalidades exigidas no artigo 516 para o caso de
qual se trata.
Em todos os referidos casos, ainda que o contrato não surta os seus efeitos legais,
o tomador responde pessoalmente pelo principal mutuado e juros legais, posto que
a coisa objeto do contrato tenha perecido no tempo e no lugar dos riscos.
Art. 657. O privilégio do dador a risco sobre o navio compreende
proporcionalmente, não só os fragmentos náufragos do mesmo navio, mas também
o frete adquirido pelas fazendas salvas, deduzidas as despesas de salvados e as
soldadas devidas por essa viagem, não havendo seguro ou risco especial sobre o
mesmo frete.
Art. 658. Se o contrato a risco compreender navio e carga, as fazendas
conservadas são hipoteca do dador, ainda que o navio pereça; o mesmo é, vice-
versa, quando o navio se salva e as fazendas se perdem.
Art. 659. É livre aos contraentes estipular o prêmio na quantidade, e o modo de
pagamento que bem lhes pareça; mas uma vez concordado, a superveniência de
risco não dá direito a exigência de aumento ou diminuição de prêmio; salvo se outra
coisa for acordada no contrato.
Art. 660. Não estando fixada a época do pagamento, será este reputado vencido
apenas tiverem cessado os riscos. Desse dia em diante correm para o dador os
juros da lei sobre o capital e prêmio no caso de mora; a qual só pode provar-se pelo
protesto.
Art. 661. O portador, na falta de pagamento no termo devido, é obrigado a
protestar e a praticar todos os deveres dos portadores de letras de câmbio para
vencimento dos juros, e conservação do direito regressivo sobre os garantes do
instrumento de risco.
Art. 662. O dador de dinheiro a risco adquire hipoteca no objeto sobre que recai o
empréstimo, mas fica sujeito a perder todo o direito à soma mutuada, perecendo o
objeto hipotecado no tempo e lugar, e pelos riscos convencionados; e só tem direito
ao embolso do principal e prêmio por inteiro no caso de chegada a salvamento.
Art. 663. Incumbe ao tomador provar a perda, e justificar que os feitos, objeto do
empréstimo, existiam na embarcação na ocasião do sinistro.

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Art. 664. Acontecendo presa ou desastre de mar ao navio ou fazendas sobre que
recaiu o empréstimo a risco, o tomador tem obrigação de noticiar o acontecimento
ao dador, apenas tal nova chegar ao seu conhecimento. Achando-se o tomador a
esse tempo no navio, ou próximo aos objetos sobre que recaiu o empréstimo, é
obrigado a empregar na sua reclamação e salvação as diligências próprias de um
administrador exato; pena de responder por perdas e danos que da sua falta
resultarem.
Art. 665. Quando sobre contrato de dinheiro a risco ocorra caso que se não ache
prevenido neste Título, procurar-se-á a sua decisão por analogia, quanto seja
compatível, no Título - Dos seguros marítimos - e vice-versa.

TÍTULO VIII
DOS SEGUROS MARÍTIMOS

CAPÍTULO I
DA NATUREZA E FORMA DO CONTRATO DE SEGURO MARÍTIMO

Art. 666. O contrato de seguro marítimo, pelo qual o segurador, tomando sobre si a
fortuna e riscos do mar, se obriga a indenizar o segurado da perda ou dano que
possa sobrevir ao objeto do seguro, mediante um prêmio ou soma determinadas
equivalente ao risco tomado, só pode provar-se por escrito, a cujo instrumento se
chama apólice; contudo julga-se subsistente para obrigar reciprocamente ao
segurador e ao segurado desde o momento em que as partes se convierem,
assinando ambas a minuta, a qual deve conter todas as declarações, cláusulas e
condições da apólice.
Art. 667. A apólice de seguro deve ser assinada pelos seguradores, e conter:

1 - o nome e domicílio do segurador e o do segurado; declarando este se segura


por sua conta ou por conta de terceiro, cujo nome pode omitir-se; omitindo-se o
nome do segurado, o terceiro que faz o seguro em seu nome fica pessoal e
solidariamente responsável.
A apólice em nenhum caso pode ser concedida ao portador;
2 - o nome, classe e bandeira do navio, e o nome do capitão; salvo não tendo o
segurado certeza do navio (artigo 670);
3 - a natureza e qualidade do objeto seguro e o seu valor fixo ou estimado;
4 - o lugar onde as mercadorias foram, deviam ou devam ser carregadas;
5 - os portos ou ancoradouros, onde o navio deve carregar ou descarregar, e
aqueles onde deva tocar por escala;

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6 - o porto donde o navio partiu, devia ou deve partir; e a época da partida, quando
esta houver sido positivamente ajustada;
7 - menção especial de todos os riscos que o segurador toma sobre si;
8 - o tempo e o lugar em que os riscos devem começar e acabar;
9 - o prêmio do seguro, e o lugar, época e forma do pagamento;
10 - o tempo, lugar e forma do pagamento no caso de sinistro;
11 - declaração de que as partes se sujeitam à decisão arbitral, quando haja
contestação, se elas assim o acordarem;
12 - a data do dia em que se concluiu o contrato, com declaração, se antes, se
depois do meio-dia;
13 - e geralmente todas as outras condições em que as partes convenham.
Uma apólice pode conter dois ou mais seguros diferentes.
Art. 668. Sendo diversos os seguradores, cada um deve declarar a quantia por que
se obriga, e esta declaração será datada e assinada. Na falta de declaração, a
assinatura importa em responsabilidade solidária por todo o valor segurado.

Se um dos seguradores se obrigar por certa e determinada quantia, os seguradores


que depois dele assinarem sem declaração da quantia por que se obrigam, ficarão
responsáveis cada um por outra igual soma.
Art. 669. O seguro pode recair sobre a totalidade de um objeto ou sobre parte dele
somente; e pode ser feito antes da viagem começada ou durante o curso dela, de
ida e volta, ou só por ida ou só por volta, por viagem inteira ou por tempo limitado
dela, e contra os riscos de viagem e transporte por mar somente, ou compreender
também os riscos de transportes por canais e rios.
Art. 670. Ignorando o segurado a espécie de fazendas que hão de ser carregadas,
ou não tendo certeza do navio em que o devam ser, pode efetuar validamente o
seguro debaixo do nome genérico - fazendas - no primeiro caso, e - sobre um ou
mais navios - no segundo; sem que o segurado seja obrigado a designar o nome do
navio, uma vez que na apólice declare que o ignora, mencionando a data e
assinatura da última carta de aviso ou ordens que tenha recebido.
Art. 671. Efetuando-se o seguro debaixo do nome genérico de - fazendas - o
segurado é obrigado a provar, no caso de sinistro, que efetivamente se embarcaram
as fazendas no valor declarado na apólice; e se o seguro se tiver feito - sobre um ou
mais navios - incumbe-lhe provar que as fazendas seguras foram efetivamente
embarcadas no navio que sofreu o sinistro (artigo 716).

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Art. 672. A designação geral - fazendas - não compreende moeda de qualidade
alguma, nem jóias, ouro ou prata, pérolas ou pedras preciosas, nem munições de
guerra; em seguros desta natureza é necessário que se declare a espécie do objeto
sobre que recai o seguro.
Art. 673. Suscitando-se dúvida sobre a inteligência de alguma ou algumas das
condições e cláusulas da apólice, a sua decisão será determinada pelas regras
seguintes:
1 - as cláusulas escritas terão mais força do que as impressas;
2 - as que forem claras, e expuserem a natureza, objeto ou fim do seguro, servirão
de regra para esclarecer as obscuras, e para fixar a intenção das partes na
celebração do contrato;
3 - o costume geral observado em casos idênticos na praça onde se celebrou o
contrato, prevalecerá a qualquer significação diversa que as palavras possam ter em
uso vulgar;
4 - em caso de ambigüidade que exija interpretação, será esta feita segundo as
regras estabelecidas no artigo 131.
Art. 674. A cláusula de fazer escala compreende a faculdade de carregar e
descarregar fazendas no lugar da escala, ainda que esta condição não seja
expressa na apólice (artigo 667, nº 5).
Art. 675. A apólice de seguro é transferível e exeqüível por via de endosso,
substituindo o endossado ao segurado em todas as suas obrigações, direitos e
ações (artigo 363).
Art. 676. Mudando os efeitos segurados de proprietário durante o tempo do
contrato, o seguro passa para o novo dono, independente de transferência da
apólice; salvo condição em contrário.
Art. 677. O contrato de seguro é nulo:

1 - sendo feito por pessoa que não tenha interesse no objeto segurado;
2 - recaindo sobre algum dos objetos proibidos no artigo 686;
3 - sempre que se provar fraude ou falsidade por alguma das partes;
4 - quando o objeto do seguro não chega a pôr-se efetivamente em risco;
5 - provando-se que o navio saiu antes da época designada na apólice, ou que se
demorou além dela, sem ter sido obrigado por força maior;
6 - recaindo o seguro sobre objetos já segurados no seu inteiro valor, e pelos
mesmos riscos. Se, porém, o primeiro seguro não abranger o valor da coisa por

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inteiro, ou houver sido efetuado com exceção de algum ou alguns riscos, o seguro
prevalecerá na parte, e pelos riscos executados;
7 - o seguro de lucro esperado, que não fixar soma determinada sobre o valor do
objeto do seguro;
8 - sendo o seguro de mercadorias que se conduzirem em cima do convés, não se
tendo feito na apólice declaração expressa desta circunstância;
9 - sobre objetos que na data do contrato se achavam já perdidos ou salvos,
havendo presunção fundada de que o segurado ou segurador podia ter notícia do
evento ao tempo em que se efetuou o seguro. Existe esta presunção, provando-se
por alguma forma que a notícia tinha chegado ao lugar em que se fez o seguro, ou
àquele donde se expediu a ordem para ele se efetuar ao tempo da data da apólice
ou da expedição da mesma ordem, e que o segurado ou o segurador a sabia.

Se, porém, a apólice contiver a cláusula - perdido ou não perdido - ou sobre boa
ou má nova - cessa a presunção; salvo provando-se fraude.
Art. 678. O seguro pode também anular-se:

1 - quando o segurado oculta a verdade ou diz o que não é verdade;


2 - quando faz declaração errônea, calando, falsificando ou alterando fatos ou
circunstâncias, ou produzindo fatos ou circunstâncias não existentes, de tal natureza
e importância que, a não se terem ocultado, falsificado ou produzido, os
seguradores, ou não houveram admitido o seguro, ou o teriam efetuado debaixo de
prêmio maior e mais restritas condições.
Art. 679. No caso de fraude da parte do segurado, além da nulidade do seguro,
será este condenado a pagar ao segurador o prêmio estipulado em dobro. Quando
a fraude estiver da parte do segurador, será este condenado a retornar o prêmio
recebido, e a pagar ao segurado outra igual quantia.

Em um e outro caso pode-se intentar ação criminal contra o fraudulento.


Art. 680. A desviação voluntária da derrota da viagem, e a alteração na ordem das
escalas, que não for obrigada por urgente necessidade ou força maior, anulará o
seguro pelo resto da viagem (artigo 509).
Art. 681. Se o navio tiver vários pontos de escala designados na apólice, é lícito ao
segurado alterar a ordem das escalas; mas em tal caso só poderá escalar em um
único porto dos especificados na mesma apólice.
Art. 682. Quando o seguro versar sobre dinheiro dado a risco, deve declarar-se na
apólice, não só o nome do navio, do capitão, e do tomador do dinheiro, como
outrossim fazer-se menção dos riscos que este quer segurar e o dador excetuará, ou
qual o valor descoberto sobre que é permitido o seguro (artigo 650). Além desta

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declaração é necessário mencionar também na apólice a causa da dívida para que
serviu o dinheiro.
Art. 683. Tendo-se efetuado sem fraude diversos seguros sobre o mesmo objeto,
prevalecerá o mais antigo na data da apólice. Os seguradores cujas apólices forem
posteriores são obrigados a restituir o prêmio recebido, retendo por indenização
0,5% (meio por cento) do valor segurado.
Art. 684. Em todos os casos em que o seguro se anular por fato que não resulte
diretamente de força maior, o segurador adquire o prêmio por inteiro, se o objeto do
seguro se tiver posto em risco; e se não se tiver posto em risco, retém 0,5% (meio
por cento) do valor segurado.

Anulando-se, porém, algum seguro por viagem redonda com prêmio ligado, o
segurador adquire metade (tão-somente) do prêmio ajustado.
CAPÍTULO II
DAS COISAS QUE PODEM SER OBJETO DE SEGURO MARÍTIMO

Art. 685. Toda e qualquer coisa, todo e qualquer interesse apreciável a dinheiro,
que tenha sido posto ou deva pôr-se a risco de mar, pode ser objeto de seguro
marítimo, não havendo proibição em contrário.
Art. 686. É proibido o seguro:

1 - sobre coisas, cujo comércio não seja lícito pelas leis do Império, e sobre os
navios nacionais ou estrangeiros que nesse comércio se empregarem;
2 - sobre a vida de alguma pessoa livre;
3 - sobre soldadas a vencer de qualquer indivíduo da tripulação.
Art. 687. O segurador pode ressegurar por outros seguradores os mesmos objetos
que ele tiver segurado, com as mesmas ou diferentes condições, e por igual, maior
ou menor prêmio.

O segurado pode tornar a segurar, quando o segurador ficar insolvente, antes da


notícia da terminação do risco, pedindo em juízo anulação da primeira apólice; e se
a esse tempo existir risco pelo qual seja devida alguma indenização ao segurado,
entrará este pela sua importância na massa do segurador falido.
Art. 688. Não se declarando na apólice de seguro de dinheiro a risco, se o seguro
compreende o capital e o prêmio, entende-se que compreende só o capital, o qual,
no caso de sinistro, será indenizado pela forma determinada no artigo 647.
Art. 689. Pode segurar-se o navio, seu frete e fazendas na mesma apólice, mas
neste caso há de determinar-se o valor de cada objeto distintamente; faltando esta
especificação, o seguro ficará reduzido ao objeto definido na apólice somente.

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Art. 690. Declarando-se genericamente na apólice, que se segura o navio sem
outra alguma especificação, entende-se que o seguro compreende o casco e todos
os pertences da embarcação, aprestos, aparelhos, mastreação e velame, lanchas,
escaleres, botes, utensílios e vitualhas ou provisões; mas em nenhum caso os fretes
nem o carregamento, ainda que este seja por conta do capitão, dono, ou armador do
navio.
Art. 691. As apólices de seguro por ida e volta cobrem os riscos seguros que
sobrevierem durante as estadias intermédias, ainda que esta cláusula seja omissa
na apólice.
CAPÍTULO III
DA AVALIAÇÃO DOS OBJETOS SEGUROS

Art. 692. O valor do objeto do seguro deve ser declarado na apólice em quantia
certa, sempre que o segurado tiver dele conhecimento exato.

No seguro de navio, esta declaração é essencialmente necessária, e faltando ela o


seguro julga-se improcedente.

Nos seguros sobre fazendas, não tendo o segurado conhecimento exato do seu
verdadeiro importe, basta que o valor se declare por estimativa.
Art. 693. O valor declarado na apólice, quer tenha a cláusula - valha mais ou valha
menos -, quer a não tenha, será considerado em juízo como ajustado e admitido
entre as partes para todos os efeitos do seguro. Contudo, se o segurador alegar que
a coisa segura valia ao tempo do contrato um quarto menos, ou daí para cima, do
preço em que o segurado a estimou, será admitido a reclamar a avaliação;
incumbindo-lhe justificar a reclamação pelos meios de prova admissíveis em
comércio. Para este fim, e em ajuda de outras provas, poderá o segurador obrigar o
segurado à exibição dos documentos ou das razões em que se fundara para o
cálculo da avaliação que dera na apólice; e se presumirá ter havido dolo da parte do
segurado se ele se negar a esta exibição.
Art. 694. Não se tendo declarado na apólice o valor certo do seguro sobre fazenda,
será este determinado pelo preço da compra das mesmas fazendas, aumentado
com as despesas que estas tiverem feito até o embarque, e mais o prêmio do
seguro e a comissão de se efetuar, quando esta se tiver pago; por forma que, no
caso de perda total, o segurado seja embolsado de todo o valor posto a risco. Na
apólice de seguro sobre fretes sem valor fixo, será este determinado pela carta de
fretamento, ou pelos conhecimentos, e pelo manifesto, ou livro da carga,
cumulativamente em ambos os casos.
Art. 695. O valor do seguro sobre dinheiro a risco prova-se pelo contrato original, e
o do seguro sobre despesas feitas com o navio ou carga durante a viagem (artigos
515 e 651) com as respectivas contas competentemente legalizadas.

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Art. 696. O valor de mercadorias provenientes de fábricas, lavras ou fazendas do
segurado, que não for determinado na apólice, será avaliado pelo preço que outras
tais mercadorias poderiam obter no lugar do desembarque, sendo aí vendidas,
aumentado na forma do artigo 694.
Art. 697. As fazendas adquiridas por troca estimam-se pelo preço que poderiam
obter no mercado do lugar da descarga aquelas que por elas se trocaram,
aumentado na forma do artigo 694.
Art. 698. A avaliação em seguros feitos sobre moeda estrangeira faz-se,
reduzindo-se esta ao valor da moeda corrente no Império pelo curso que o câmbio
tinha na data da apólice.
Art. 699. O segurador em nenhum caso pode obrigar o segurado a vender os
objetos do seguro para determinar o seu valor.
Art. 700. Sempre que se provar que o segurado procedeu com fraude na
declaração do valor declarado na apólice, ou na que posteriormente se fizer no caso
de se não ter feito no ato do contrato (artigos 692 e 694), o juiz, reduzindo a
estimação do objeto segurado ao seu verdadeiro valor, condenará o segurado a
pagar ao segurador o dobro do prêmio estipulado.
Art. 701. A cláusula inserta na apólice - valha mais ou valha menos - não releva o
segurado da condenação por fraude; nem pode ser valiosa sempre que se provar
que o objeto seguro valia menos de um quarto que o preço fixado na apólice (artigos
692 e 693).
CAPÍTULO IV
DO COMEÇO E FIM DOS RISCOS

Art. 702. Não constando da apólice do seguro o tempo em que os riscos devem
começar e acabar, os riscos de seguro sobre navio principiam a correr por conta do
segurador desde o momento em que a embarcação suspende a sua primeira
âncora para velejar, e terminam depois que tem dado fundo e amarrado dentro do
porto do seu destino, no lugar que aí for designado para descarregar, se levar carga,
ou no lugar em que der fundo e amarrar, indo em lastro.
Art. 703. Segurando-se o navio por ida e volta, ou por mais de uma viagem, os
riscos correm sem interrupção por conta do segurador, desde o começo da primeira
viagem até o fim da última (artigo 691).
Art. 704. No seguro de navios por estadia em algum porto, os riscos começam a
correr desde que o navio dá fundo e se amarra no mesmo porto, e findam desde o
momento em que suspende a sua primeira âncora para seguir viagem.
Art. 705. Sendo o seguro sobre mercadorias, os riscos têm princípio desde o
momento em que elas se começam a embarcar nos cais ou à borda d'água do lugar
da carga, e só terminam depois que são postas a salvo no lugar da descarga; ainda

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mesmo no caso do capitão ser obrigado a descarregá-las em algum porto de
escala, ou de arribada forçada.
Art. 706. Fazendo-se seguro sobre fazendas a transportar alternadamente por mar
e terra, rios ou canais, em navios, barcos, carros ou animais, os riscos começam
logo que os efeitos são entregues no lugar onde devem ser carregados, e só
expiram quando são descarregados a salvamento no lugar do destino.
Art. 707. Os riscos de seguro sobre frete têm o seu começo desde o momento e à
medida que são recebidas a bordo as fazendas que pagam frete; e acabam logo
que saem para fora do portaló do navio, e à proporção que vão saindo; salvo se por
ajuste ou por uso do porto o navio for obrigado a receber a carga à beira d'água, e
pô-la em terra por sua conta.

O risco do frete, neste caso, acompanha o risco das mercadorias.


Art. 708. A fortuna das somas mutuadas a risco principia e acaba para os
seguradores na mesma época, e pela mesma forma que corre para o dador do
dinheiro a risco; no caso, porém, de se não ter feito no instrumento do contrato a
risco menção específica dos riscos tomados, ou se não houver estipulado o tempo,
entende-se que os seguradores tomaram sobre si todos os riscos, e pelo mesmo
tempo que geralmente costumam receber os dadores de dinheiro a risco.
Art. 709. No seguro de lucro esperado, os riscos acompanham a sorte das
fazendas respectivas.
CAPÍTULO V
DAS OBRIGAÇÕES RECÍPROCAS DO SEGURADOR E DO SEGURADO

Art. 710. São a cargo do segurador todas as perdas e danos que sobrevierem ao
objeto seguro por algum dos riscos especificados na apólice.
Art. 711. O segurador não responde por dano ou avaria que aconteça por fato do
segurado, ou por alguma das causas seguintes:
1 - desviação voluntária da derrota ordinária e usual da viagem;
2 - alteração voluntária na ordem das escalas designadas na apólice; salvo a
exceção estabelecida no artigo 680;
3 - prolongação voluntária da viagem, além do último porto atermado na apólice.
Encurtando-se a viagem, o seguro surte pleno efeito, se o porto onde ela findar for
de escala declarada na apólice; sem que o segurado tenha direito para exigir
redução do prêmio estipulado;
4 - separação espontânea de comboio, ou de outro navio armado, tendo-se
estipulado na apólice de ir em conserva dele;

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5 - diminuição e derramamento de líquido (artigo 624);
6 - falta de estiva, ou defeituosa arrumação da carga;
7 - diminuição natural de gêneros, que por sua qualidade são suscetíveis de
dissolução, diminuição ou quebra em peso ou medida entre o seu embarque e o
desembarque; salvo tendo estado encalhado o navio, ou tendo sido descarregadas
essas fazendas por ocasião de força maior; devendo-se, em tais casos, fazer
dedução da diminuição ordinária que costuma haver em gêneros de semelhante
natureza (artigo 617);
8 - quando a mesma diminuição natural acontecer em cereais, açúcar, café,
farinhas, tabaco, arroz, queijos, frutas secas ou verdes, livros ou papel e outros
gêneros de semelhante natureza, se a avaria não exceder a 10% (dez por cento) do
valor seguro; salvo se a embarcação tiver estado encalhada, ou as mesmas
fazendas tiverem sido descarregadas por motivo de força maior, ou o contrário se
houver estipulado na apólice;
9 - danificação de amarras, mastreação, velame ou outro qualquer pertence do
navio, procedida do uso ordinário do seu destino;
10 - vício intrínseco, má qualidade, ou mau acondicionamento do objeto seguro;
11 - avaria simples ou particular, que, incluída a despesa de documentos
justificativos, não exceda de 3% (três por cento) do valor segurado;
12 - rebeldia do capitão ou da equipagem; salvo havendo estipulação em contrário
declarada na apólice. Esta estipulação é nula sendo o seguro feito pelo capitão, por
conta dele ou alheia, ou por terceiro por conta do capitão.
Art. 712. Todo e qualquer ato por sua natureza criminoso praticado pelo capitão no
exercício do seu emprego, ou pela tripulação, ou por um e outra conjuntamente, do
qual aconteça dano grave ao navio ou à carga, em oposição à presumida vontade
legal do dono do navio, é rebeldia.
Art. 713. O segurador que toma o risco de rebeldia responde pela perda ou dano
procedente do ato de rebeldia do capitão ou da equipagem, ou seja por
conseqüência imediata, ou ainda casualmente, uma vez que a perda ou dano tenha
acontecido dentro do tempo dos riscos tomados, e na viagem e portos da apólice.
Art. 714. A cláusula - livre de avaria - desobriga os seguradores das avarias
simples ou particulares; a cláusula - livre de todas as avarias - desonera-os também
das grossas. Nenhuma destas cláusulas, porém, os isenta nos casos em que tiver
lugar o abandono.
Art. 715. Nos seguros feitos com a cláusula - livre de hostilidade - o segurador é
livre, se os efeitos segurados perecem ou se deterioram por efeito de hostilidade. O
seguro, neste caso, cessa desde que foi retardada a viagem, ou mudada a derrota
por causa das hostilidades.

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Art. 716. Contendo o seguro sobre fazendas a cláusula - carregadas em um ou
mais navios -, o seguro surte todos os efeitos, provando-se que as fazendas seguras
foram carregadas por inteiro em um só navio, ou por partes em diversas
embarcações.
Art. 717. Sendo necessário baldear-se a carga, depois de começada a viagem,
para embarcação diferente da que tiver sido designada na apólice, por
inavegabilidade ou força maior, os riscos continuam a correr por conta do segurador
até o navio substituído chegar ao porto do destino, ainda mesmo que tal navio seja
de diversa bandeira, não sendo esta inimiga.
Art. 718. Ainda que o segurador não responda pelos danos que resultam ao navio
por falta de exata observância das leis e regulamentos das Alfândegas e polícia dos
portos (artigo 530), esta falta não o desonera de responder pelos que daí
sobrevierem à carga.
Art. 719. O segurado deve sem demora participar ao segurador, e, havendo mais
de um, somente ao primeiro na ordem da subscrição, todas as notícias que receber
de qualquer sinistro acontecido ao navio ou à carga. A omissão culposa do
segurado a este respeito, pode ser qualificada de presunção de má-fé.
Art. 720. Se passado 1 (um) ano a datar da saída do navio nas viagens para
qualquer porto da América, ou 2 (dois) anos para outro qualquer porto do mundo, e,
tendo expirado o tempo limitado na apólice, não houver notícia alguma do navio,
presume-se este perdido, e o segurado pode fazer abandono ao segurador, e exigir
o pagamento da apólice; o qual, todavia, será obrigado a restituir, se o navio se não
houver perdido e se vier a provar que o sinistro aconteceu depois de ter expirado o
termo dos riscos.
Art. 721. Nos casos de naufrágio ou variação, presa ou arresto de inimigo, o
segurado é obrigado a empregar toda a diligência possível para salvar ou reclamar
os objetos seguros, sem que para tais atos se faça necessária a procuração do
segurador, do qual pode o segurado exigir o adiantamento do dinheiro preciso para
a reclamação intentada ou que se possa intentar, sem que o mau sucesso desta
prejudique ao embolso do segurado pelas despesas ocorridas.
Art. 722. Quando o segurado não pode fazer por si as devidas reclamações, por
deverem ter lugar fora do Império, ou do seu domicílio, deve nomear para esse fim
competente mandatário, avisando desta nomeação ao segurador (artigo 719). Feita
a nomeação e o aviso, cessa toda a sua responsabilidade, nem responde pelos
atos do seu mandatário; ficando unicamente obrigado a fazer cessão ao segurador
das ações que competirem, sempre que este o exigir.
Art. 723. O segurado, no caso de presa ou arresto de inimigo, só está obrigado a
seguir os termos da reclamação até a promulgação da sentença da primeira
instância.

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Art. 724. Nos casos dos três artigos precedentes, o segurado é obrigado a obrar
de acordo com os seguradores. Não havendo tempo para os consultar, obrará como
melhor entender, correndo as despesas por conta dos mesmos seguradores.

Em caso de abandono admitido pelos seguradores, ou destes tomarem sobre si as


diligências dos salvados ou das reclamações, cessam todas as sobreditas
obrigações do capitão e do segurado.
Art. 725. O julgamento de um tribunal estrangeiro, ainda que baseado pareça em
fundamentos manifestamente injustos, ou fatos notoriamente falsos ou desfigurados,
não desonera o segurador, mostrando o segurado que empregou os meios ao seu
alcance, e produziu as provas que lhe era possível prestar para prevenir a injustiça
do julgamento.
Art. 726. Os objetos segurados que forem restituídos gratuitamente pelos
apresadores voltam ao domínio de seus donos, ainda que a restituição tenha sido
feita a favor do capitão ou de qualquer outra pessoa.
Art. 727. Todo o ajuste que se fizer com os apresadores no alto-mar para resgatar
a coisa segura é nulo; salvo havendo para isso autorização por escrito na apólice.
Art. 728. Pagando o segurador um dano acontecido à coisa segura, ficará
subrogado em todos os direitos e ações que ao segurado competirem contra
terceiro; e o segurado não pode praticar ato algum em prejuízo do direito adquirido
dos seguradores.
Art. 729. O prêmio do seguro é devido por inteiro, sempre que o segurado receber
a indenização do sinistro.
Art. 730. O segurador é obrigado a pagar ao segurado as indenizações a que tiver
direito, dentro de 15 (quinze) dias da apresentação da conta, instruída com os
documentos respectivos; salvo se o prazo do pagamento tiver sido estipulado na
apólice.

TÍTULO IX
DO NAUFRÁGIO E SALVADOS

Art. 731. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 732. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 733. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 734. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 735. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

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Art. 736. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 737. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 738. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

Art. 739. (Revogado pela Lei nº 7.542, de 26.09.1986)

TÍTULO X
DAS ARRIBADAS FORÇADAS

Art. 740. Quando um navio entra por necessidade em algum porto ou lugar distinto
dos determinados na viagem a que se propusera, diz-se que fez arribada forçada
(artigo 510).
Art. 741. São causas justas para arribada forçada:

1 - falta de víveres ou aguada;


2 - qualquer acidente acontecido à equipagem, carga ou navio, que impossibilite
este de continuar a navegar;
3 - temor fundado de inimigo ou pirata.
Art. 742. Todavia, não será justificada a arribada:

1 - se a falta de víveres ou de aguada proceder de não haver-se feito a provisão


necessária segundo o costume e uso da navegação, ou de haver-se perdido e
estragado por má arrumação ou descuido, ou porque o capitão vendesse alguma
parte dos mesmos víveres ou aguada;
2 - nascendo a inavegabilidade do navio de mau conserto, de falta de
apercebimento ou esquipação, ou de má arrumação da carga;
3 - se o temor de inimigo ou pirata não for fundado em fatos positivos que não
deixem dúvida.
Art. 743. Dentro das primeiras 24 (vinte e quatro) horas úteis da entrada no porto
de arribada, deve o capitão apresentar-se à autoridade competente para lhe tomar o
protesto da arribada, que justificará perante a mesma autoridade (artigos 505 e
512).
Art. 744. As despesas ocasionadas pela arribada forçada correm por conta do
fretador ou do afretador, ou de ambos, segundo for a causa que as motivou, com
direito regressivo contra quem pertencer.
Art. 745. Sendo a arribada justificada, nem o dono do navio nem o capitão
respondem pelos prejuízos que puderem resultar à carga; se, porém, não for

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justificada, um e outro serão responsáveis solidariamente até a concorrência do
valor do navio e frete.
Art. 746. Só pode autorizar-se descarga no porto de arribada, sendo
indispensavelmente necessária para conserto no navio, ou reparo de avaria da
carga (artigo 614). O capitão, neste caso, é responsável pela boa guarda e
conservação dos efeitos descarregados; salvo unicamente os casos de força maior,
ou de tal natureza que não possam ser prevenidos.

A descarga será reputada legal em juízo quando tiver sido autorizada pelo juiz de
direito do comércio. Nos países estrangeiros compete aos cônsules do Império dar
a autorização necessária, e onde os não houver será requerida à autoridade local
competente.
Art. 747. A carga avariada será reparada ou vendida, como parecer mais
conveniente; mas em todo o caso deve preceder autorização competente.
Art. 748. O capitão não pode, debaixo de pretexto algum, diferir a partida do porto
da arribada desde que cessa o motivo dela; pena de responder por perdas e danos
resultantes da dilação voluntária (artigo 510).

TÍTULO XI
DO DANO CAUSADO POR ABALROAÇÃO

Art. 749. Sendo um navio abalroado por outro, o dano inteiro causado ao navio
abalroado e à sua carga será pago por aquele que tiver causado a abalroação, se
esta tiver acontecido por falta de observância do regulamento do porto, imperícia, ou
negligência do capitão ou da tripulação; fazendo-se a estimação por árbitros.
Art. 750. Todos os casos de abalroação serão decididos, na menor dilação
possível, por peritos, que julgarão qual dos navios foi o causador do dano,
conformando-se com as disposições do regulamento do porto, e os usos e prática
do lugar. No caso dos árbitros declararem que não podem julgar com segurança
qual navio foi culpado, sofrerá cada um o dano que tiver recebido.
Art. 751. Se, acontecendo a abalroação no alto-mar, o navio abalroado for
obrigado a procurar porto de arribada para poder consertar, e se perder nessa
derrota, a perda do navio presume-se causada pela abalroação.
Art. 752. Todas as perdas resultantes de abalroação pertencem à classe de
avarias particulares ou simples; excetua-se o único caso em que o navio, para evitar
dano maior de uma abalroação iminente, pica as suas amarras, e abalroa a outro
para sua própria salvação (artigo 764). Os danos que o navio ou a carga neste caso,
sofre, são repartidos pelo navio, frete e carga por avaria grossa.

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TÍTULO XII
DO ABANDONO

Art. 753. É lícito ao segurado fazer abandono dos objetos seguros, e pedir ao
segurador a indenização de perda total nos seguintes casos:
1 - presa ou arresto por ordem de potência estrangeira, 6 (seis) meses depois de
sua intimação, se o arresto durar por mais deste tempo;
2 - naufrágio, varação, ou outro qualquer sinistro de mar compreendido na apólice,
de que resulte não poder o navio navegar, ou cujo conserto importe em três quartos
ou mais do valor por que o navio foi segurado;
3 - perda total do objeto seguro, ou deterioração que importe pelo menos três
quartos do valor da coisa segurada (artigos 759 e 777);
4 - falta de notícia do navio sobre que se fez o seguro, ou em que se embarcaram
os efeitos seguros (artigo 720).
Art. 754. O segurado não é obrigado a fazer abandono; mas se o não fizer nos
casos em que este Código o permite, não poderá exigir do segurador indenização
maior do que teria direito a pedir se houvera acontecido perda total; exceto nos
casos de letra de câmbio passada pelo capitão (artigo 515), de naufrágio,
reclamação de presa, ou arresto de inimigo, e de abalroação.
Art. 755. O abandono só é admissível quando as perdas acontecem depois de
começada a viagem.

Não pode ser parcial, deve compreender todos os objetos contidos na apólice.
Todavia, se na mesma apólice se tiver segurado o navio e a carga, pode ter lugar o
abandono de cada um dos dois objetos separadamente (artigo 689).
Art. 756. Não é admissível o abandono por título de inavegabilidade, se o navio,
sendo consertado, pode ser posto em estado de continuar a viagem até o lugar do
destino; salvo se à vista das avaliações legais, a que se deve proceder, se vier no
conhecimento de que as despesas do conserto excederiam pelo menos a três
quartos do preço estimado na apólice.
Art. 757. No caso de inavegabilidade do navio, se o capitão, carregadores, ou
pessoa que os represente não puderem fretar outro para transportar a carga ao seu
destino dentro de 60 (sessenta) dias depois de julgada a inavegabilidade (artigo
614), o segurado pode fazer abandono.
Art. 758. Quando nos casos de presa constar que o navio foi retomado antes de
intimado o abandono, não é este admissível; salvo se o dano sofrido por causa da
presa, e a despesa com o prêmio da retomada, ou salvagem importa em três

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quartos, pelo menos, do valor segurado, ou se em conseqüência da represa os
efeitos seguros tiverem passado a domínio de terceiro.
Art. 759. O abandono do navio compreende os fretes das mercadorias que se
puderem salvar, os quais serão considerados como pertencentes aos seguradores;
salva a preferência que sobre os mesmos possa competir à equipagem por suas
soldadas vencidas na viagem (artigo 564), e a outros quaisquer credores
privilegiados (artigo 738).
Art. 760. Se os fretes se acharem seguros, os que forem devidos pelas
mercadorias salvas, pertencerão aos seguradores dos mesmos fretes, deduzidas as
despesas dos salvados, e as soldadas devidas à tripulação pela viagem (artigo
559).

TÍTULO XIII
DAS AVARIAS

CAPÍTULO I
DA NATUREZA E CLASSIFICAÇÃO DAS AVARIAS

Art. 761. Todas as despesas extraordinárias feitas a bem do navio ou da carga,


conjunta ou separadamente, e todos os danos acontecidos àquele ou a esta, desde
o embarque e partida até a sua volta e desembarque, são reputadas avarias.
Art. 762. Não havendo entre as partes convenção especial exarada na carta-
partida ou no conhecimento, as avarias hão de qualificar-se, e regular-se pelas
disposições deste Código.
Art. 763. As avarias são de duas espécies: avarias grossas ou comuns, e avarias
simples ou particulares. A importância das primeiras é repartida proporcionalmente
entre o navio, seu frete e a carga; e a das segundas é suportada, ou só pelo navio,
ou só pela coisa que sofreu o dano ou deu causa à despesa.
Art. 764. São avarias grossas:

1 - tudo o que se dá ao inimigo, corsário ou pirata por composição ou a título de


resgate do navio e fazendas, conjunta ou separadamente;
2 - as coisas alijadas para salvação comum;
3 - os cabos, mastros, velas e outros quaisquer aparelhos deliberadamente
cortados, ou partidos por força de vela para salvação do navio e carga;
4 - as âncoras, amarras e quaisquer outras coisas abandonadas para salvamento
ou benefício comum;
5 - os danos causados pelo alijamento às fazendas restantes a bordo;

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6 - os danos feitos deliberadamente ao navio para facilitar a evacuação d'água e
os danos acontecidos por esta ocasião à carga;
7 - o tratamento, curativo, sustento e indenizações da gente da tripulação ferida ou
mutilada defendendo o navio;
8 - a indenização ou resgate da gente da tripulação mandada ao mar ou à terra em
serviço do navio e da carga, e nessa ocasião aprisionada ou retida;
9 - as soldadas e sustento da tripulação durante arribada forçada;
10 - os direitos de pilotagem, e outros de entrada e saída num porto de arribada
forçada;
11 - os aluguéis de armazéns em que se depositem, em porto de arribada forçada,
as fazendas que não puderem continuar a bordo durante o conserto do navio;
12 - as despesas da reclamação do navio e carga feitas conjuntamente pelo
capitão numa só instância, e o sustento e soldadas da gente da tripulação durante a
mesma reclamação, uma vez que o navio e carga sejam relaxados e restituídos;
13 - os gastos de descarga, e salários para aliviar o navio e entrar numa barra ou
porto, quando o navio é obrigado a fazê-lo por borrasca, ou perseguição de inimigo,
e os danos acontecidos às fazendas pela descarga e recarga do navio em perigo;
14 - os danos acontecidos ao corpo e quilha do navio, que premeditadamente se
faz varar para prevenir perda total, ou presa do inimigo;
15 - as despesas feitas para pôr a nado o navio encalhado, e toda a recompensa
por serviços extraordinários feitos para prevenir a sua perda total, ou presa;
16 - as perdas ou danos sobrevindos às fazendas carregadas em barcas ou
lanchas, em conseqüência de perigo;
17 - as soldadas e sustento da tripulação, se o navio depois da viagem começada
é obrigado a suspendê-la por ordem de potência estrangeira, ou por superveniência
de guerra; e isto por todo o tempo que o navio e carga forem impedidos;
18 - o prêmio do empréstimo a risco, tomado para fazer face a despesas que
devam entrar na regra de avaria grossa;
19 - o prêmio do seguro das despesas de avaria grossa, e as perdas sofridas na
venda da parte da carga no porto de arribada forçada para fazer face às mesmas
despesas;
20 - as custas judiciais para regular as avarias, e fazer a repartição das avarias
grossas;
21 - as despesas de uma quarentena extraordinária.

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E, em geral, os danos causados deliberadamente em caso de perigo ou desastre
imprevisto, e sofridos como conseqüência imediata destes eventos, bem como as
despesas feitas em iguais circunstâncias, depois de deliberações motivadas (artigo
509), em bem e salvamento comum do navio e mercadorias, desde a sua carga e
partida até o seu retorno e descarga.
Art. 765. Não serão reputadas avarias grossas, posto que feitas voluntariamente e
por deliberações motivadas para o bem do navio e carga, as despesas causadas
por vício interno do navio, ou por falta ou negligência do capitão ou da gente da
tripulação. Todas estas despesas são a cargo do capitão ou do navio (artigo 565).
Art. 766. São avarias simples e particulares:

1 - o dano acontecido às fazendas por borrasca, presa, naufrágio, ou encalhe


fortuito, durante a viagem, e as despesas feitas para as salvar;
2 - a perda de cabos, amarras, âncoras, velas e mastros, causada por borrasca ou
outro acidente do mar;
3 - as despesas de reclamação, sendo o navio e fazendas reclamadas
separadamente;
4 - o conserto particular de vasilhas, e as despesas feitas para conservar os efeitos
avariados;
5 - o aumento de frete e despesa de carga e descarga; quando declarado o navio
inavegável, as fazendas são levadas ao lugar do destino por um ou mais navios
(artigo 614).
Em geral, as despesas feitas e o dano sofrido só pelo navio, ou só pela carga,
durante o tempo dos riscos.
Art. 767. Se em razão de baixios ou bancos de areia conhecidos o navio não
puder dar à vela do lugar da partida com a carga inteira, nem chegar ao lugar do
destino sem descarregar parte da carga em barcas, as despesas feitas para
aligeirar o navio não são reputadas avarias, e correm por conta do navio somente,
não havendo na carta-partida ou nos conhecimentos estipulação em contrário.
Art. 768. Não são igualmente reputadas avarias, mas simples despesas a cargo
do navio, as despesas de pilotagem da costa e barras, e outras feitas por entrada e
saída de abras ou rios; nem os direitos de licenças, visitas, tonelagem, marcas,
ancoragem, e outros impostos de navegação.
Art. 769. Quando for indispensável lançar-se ao mar alguma parte da carga, deve
começar-se pelas mercadorias e efeitos que estiverem em cima do convés; depois
serão alijadas as mais pesadas e de menos valor, e dada igualdade, às que
estiverem na coberta e mais à mão; fazendo-se toda a diligência possível para
tomar nota das marcas e números dos volumes alijados.

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Art. 770. Em seguimento da ata da deliberação que se houver tomado para o
alijamento (artigo 509) se fará declaração bem especificada das fazendas lançadas
ao mar; e se pelo ato do alijamento algum dano tiver resultado ao navio ou à carga
remanescente, se fará também menção deste acidente.
Art. 771. As danificações que sofrerem as fazendas postas a bordo de barcos
para a sua condução ordinária, ou para aligeirar o navio em caso de perigo, serão
reguladas pelas disposições estabelecidas neste Capítulo que lhes forem
aplicáveis, segundo as diversas causas de que o dano resultar.
CAPÍTULO II
DA LIQUIDAÇÃO, REPARTIÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DA AVARIA GROSSA

Art. 772. Para que o dano sofrido pelo navio ou carga possa considerar-se avaria
a cargo do segurador, é necessário que ele seja examinado por dois arbitradores
peritos que declarem:
1 - de que procedeu o dano;
2 - a parte da carga que se acha avariada, e por que causa, indicando as suas
marcas, números ou volumes;
3 - tratando-se do navio ou dos seus pertences, quanto valem os objetos avariados,
e em quanto poderá importar o seu conserto ou reposição.
Todas estas diligências, exames e vistorias serão determinadas pelo juiz de direito
do respectivo distrito, e praticada com citação dos interessados, por si ou seus
procuradores; podendo o juiz, no caso de ausência das partes, nomear de ofício
pessoa inteligente e idônea que as represente (artigo 618).
As diligências, exames e vistorias sobre o casco do navio e seus pertences devem
ser praticadas antes de dar-se princípio ao seu conserto, nos casos em que este
possa ter lugar.
Art. 773. Os efeitos avariados serão sempre vendidos em público leilão a quem
mais der, e pagos no ato da arrematação; e o mesmo se praticará com o navio,
quando ele tenha de ser vendido segundo as disposições deste Código; em tais
casos o juiz, se assim lhe parecer conveniente, ou se algum interessado o requerer,
poderá determinar que o casco e cada um dos seus pertences se venda
separadamente.
Art. 774. A estimação do preço para o cálculo da avaria será feita sobre a
diferença entre e respectivo rendimento bruto das fazendas sãs e o das avariadas,
vendidas a dinheiro no tempo da entrega; e em nenhum caso pelo seu rendimento
líquido, nem por aquele que, demorada a venda ou sendo a prazo, poderiam vir a
obter.

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Art. 775. Se o dono ou consignatário não quiser vender a parte das mercadorias
sãs, não pode ser compelido; e o preço para o cálculo será em tal caso o corrente
que as mesmas fazendas, se vendidas fossem ao tempo da entrega, poderiam obter
no mercado, certificado pelos preços correntes do lugar, ou, na falta destes,
atestado, debaixo de juramento por dois comerciantes acreditados de fazendas do
mesmo gênero.
Art. 776. O segurador não é obrigado a pagar mais de dois terços do custo do
conserto das avarias que tiverem acontecido ao navio segurado por fortuna do mar,
contanto que o navio fosse estimado na apólice por seu verdadeiro valor, e os
consertos não excedam de três quartos desse valor no dizer de arbitradores
expertos. Julgando estes, porém, que pelos consertos o valor real do navio se
aumentaria além do terço da soma que custariam, o segurador pagará as despesas,
abatido o excedente valor do navio.
Art. 777. Excedendo as despesas a três quartos do valor do navio, julga-se este
declarado inavegável a respeito dos seguradores; os quais, neste caso, serão
obrigados, não tendo havido abandono, a pagar a soma segurada, abatendo-se
nesta o valor do navio danificado ou dos seus fragmentos, segundo o dizer de
arbitradores expertos.
Art. 778. Tratando-se de avaria particular das mercadorias, e achando-se estas
estimadas na apólice por valor certo, o cálculo do dano será feito sobre o preço que
as mercadorias avariadas alcançarem no porto da entrega e o da venda das não
avariadas no mesmo lugar e tempo, sendo de igual espécie e qualidade, ou se
todas chegaram avariadas, sobre o preço que outras semelhantes não avariadas
alcançaram ou poderiam alcançar; e a diferença, tomada a proporção entre umas e
outras, será a soma devida ao segurado.
Art. 779. Se o valor das mercadorias se não tiver fixado na apólice, a regra para
achar-se a soma devida será a mesma do artigo precedente, contanto que primeiro
se determine o valor das mercadorias não avariadas; o que se fará acrescentando
às importâncias das faturas originais as despesas subseqüentes (artigo 694). E
tomada a diferença proporcional entre o preço por que se venderam as não
avariadas e as avariadas, se aplicará a proporção relativa à parte das fazendas
avariadas pelo seu primeiro custo e despesas.
Art. 780. Contendo a apólice a cláusula de pagar-se avaria por marcas, volumes,
caixas, sacas ou espécies, cada uma das partes designadas será considerada
como um seguro separado para a forma da liquidação das avarias, ainda que essa
parte se ache englobada no valor total do seguro (artigos 689 e 692).
Art. 781. Qualquer parte da carga, sendo objeto suscetível de avaliação separada,
que se perca totalmente, ou que por algum dos riscos cobertos pela respectiva
apólice fique tão danificada que não valha coisa alguma, será indenizada pelo
segurador com perda total, ainda que relativamente ao todo ou à carga segura seja

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parcial, e o valor da parte perdida ou destruída pelo dano se ache incluído, ainda
que indistintamente, no total do seguro.
Art. 782. Se a apólice contiver a cláusula de pagar avarias como perda de
salvados, a diferença para menos do valor fixado na apólice, que resultar da venda
líquida que os gêneros avariados produzirem no lugar onde se venderam, sem
atenção alguma ao produto bruto que tenham no mercado do porto do seu destino,
será a estimação da avaria.
Art. 783. A regulação, repartição ou rateio das avarias grossas serão feitos por
árbitros, nomeados por ambas as partes, a instâncias do capitão.

Não se querendo as partes louvar, a nomeação de árbitros será feita pelo Tribunal
do Comércio respectivo, ou pelo juiz de direito do comércio a que pertencer, nos
lugares distantes do domicílio do mesmo tribunal.

Se o capitão for omisso em fazer efetuar o rateio das avarias grossas, pode a
diligência ser promovida por outra qualquer pessoa que seja interessada.
Art. 784. O capitão tem direito para exigir, antes de abrir as escotilhas do navio,
que os consignatários da carga prestem fiança idônea ao pagamento da avaria
grossa, a que suas respectivas mercadorias forem obrigadas no rateio da
contribuição comum.
Art. 785. Recusando-se os consignatários a prestar a fiança exigida, pode o
capitão requerer o depósito judicial dos efeitos obrigados à contribuição, até ser
pago, ficando o preço da venda sub-rogado, para se efetuar por ele o pagamento da
avaria grossa, logo que o rateio tiver lugar.
Art. 786. A regulação e repartição das avarias grossas deverá fazer-se no porto da
entrega da carga. Todavia, quando, por dano acontecido depois da saída. o navio
for obrigado a regressar ao porto da carga, as despesas necessárias para reparar
os danos da avaria grossa podem ser neste ajustadas.
Art. 787. Liquidando-se as avarias grossas ou comuns no porto da entrega da
carga, hão de contribuir para a sua composição:
1 - a carga, incluindo o dinheiro, prata, ouro, pedras preciosas, e todos os mais
valores que se acharem a bordo;
2 - o navio e seus pertences, pela sua avaliação no porto da descarga, qualquer
que seja o seu estado;
3 - os fretes, por metade do seu valor também.
Não entram para a contribuição o valor dos víveres que existirem a bordo para
mantimento do navio, a bagagem do capitão, tripulação e passageiros, que for do
seu uso pessoal, nem os objetos tirados do mar por mergulhadores à custa do dono.

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Art. 788. Quando a liquidação se fizer no porto da carga, o valor da mesma será
estimado pelas respectivas faturas, aumentando-se ao preço da compra as
despesas até o embarque; e quanto ao navio e frete se observarão as regras
estabelecidas no artigo antecedente.
Art. 789. Quer a liquidação se faça no porto da carga, quer no da descarga,
contribuirão para as avarias grossas as importâncias que forem ressarcidas por via
da respectiva contribuição.
Art. 790. Os objetos carregados sobre o convés (artigos 521 e 677, nº 8), e os que
tiverem sido embarcados sem conhecimento assinado pelo capitão (artigo 599) e os
que o proprietário ou seu representante, na ocasião do risco de mar, tiver mudado
do lugar em que se achavam arrumados sem licença do capitão contribuem pelos
respectivos valores, chegando a salvamento; mas o dono, no segundo caso, não tem
direito para a indenização recíproca, ainda quando fiquem deteriorados, ou tenham
sido alijados a benefício comum.
Art. 791. Salvando-se qualquer coisa em conseqüência de algum ato deliberado
de que resultou avaria grossa, não pode quem sofreu o prejuízo causado por este
ato exigir indenização alguma por contribuição dos objetos salvados, se estes por
algum acidente não chegarem ao poder do dono ou consignatários, ou se, vindo ao
seu poder, não tiverem valor algum; salvo os casos dos artigos 651 e 764, nºs. 12 e
19.
Art. 792. No caso de alijamento, se o navio se tiver salvado do perigo que o
motivou, mas, continuando a viagem, vier a perder-se depois, as fazendas salvas do
segundo perigo são obrigadas a contribuir por avaria grossa para a perda das que
foram alijadas na ocasião do primeiro.

Se o navio se perder no primeiro perigo e algumas fazendas se puderem salvar,


estas não contribuem para a indenização das que foram alijadas na ocasião do
desastre que causou o naufrágio.
Art. 793. A sentença que homologa a repartição das avarias grossas com
condenação de cada um dos contribuintes tem força definitiva, e pode executar-se
logo, ainda que dela se recorra.
Art. 794. Se, depois de pago o rateio, os donos recobrarem os efeitos indenizados
por avaria grossa, serão obrigados a repor pro rata a todos os contribuintes o valor
líquido dos efeitos recobrados. Não tendo sido contemplados no rateio para a
indenização, não estão obrigados a entrar para a contribuição da avaria grossa com
o valor dos gêneros recobrados depois da partilha em que deixaram de ser
considerados.
Art. 795. Se o segurador tiver pago uma perda total, e depois vier a provar-se que
ela foi só parcial, o segurado não é obrigado a restituir o dinheiro recebido; mas

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neste caso o segurador fica sub-rogado em todos os direitos e ações do segurado,
e faz suas todas as vantagens que puderem resultar dos efeitos salvos.
Art. 796. Se, independente de qualquer liquidação ou exame, o segurador se
ajustar em preço certo de indenização, obrigando-se por escrito na apólice, ou de
outra qualquer forma, a pagar dentro de certo prazo, e depois se recusar ao
pagamento, exigindo que o segurado prove satisfatoriamente o valor real do dano,
não será este obrigado à prova, senão no único caso em que o segurador tenha em
tempo reclamado o ajuste por fraude manifesta da parte do mesmo segurado.

PARTE TERCEIRA
DAS QUEBRAS

Art. 797. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 798. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 799. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 800. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 801. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 802. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 803. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 804. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 805. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 806. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 807. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 808. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 809. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 810. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 811. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 812. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 813. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 814. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 815. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

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Art. 816. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 817. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 818. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 819. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 820. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 821. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 822. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 823. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 824. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 825. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 826. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 827. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 828. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 829. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 830. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 831. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 832. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 833. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 834. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 835. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 836. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 837. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 838. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 839. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 840. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 841. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

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Art. 842. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 843. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 844. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 845. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 846. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 847. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 848. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 849. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 850. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 851. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 852. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 853. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 854. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 855. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 856. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 857. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 858. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 859. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 860. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 861. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 862. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 863. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 864. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 865. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 866. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 867. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

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Art. 868. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 869. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 870. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 871. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 871. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 873. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 874. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 875. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 876. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 877. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 878. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 879. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 880. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 881. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 882. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 883. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 884. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 885. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 886. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 887. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 888. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 889. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 890. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 891. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 892. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 893. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

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Art. 894. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 895. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 896. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 897. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 898. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 899. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 900. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 901. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 902. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 903. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 904. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 905. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 906. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 907. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 908. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 909. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 910. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 911. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 912. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

Art. 913. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 7.661, de 21.06.1945)

TÍTULO ÚNICO
DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA NOS NEGÓCIOS E
CAUSAS COMERCIAIS

Art. 1º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 2º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 3º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

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Art. 4º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 5º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 6º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 7º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 8º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 9º. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 10. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 11. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 12. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 13. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 14. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 15. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 16. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 17. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 18. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 19. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 20. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 21. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 22. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 23. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 24. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 25. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 26. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 27. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 28. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Art. 29. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

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Art. 30. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.608, de 18.09.1939)

Mandamos, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução


da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir, e guardar tão
inteiramente, como nela se contém. O Secretário de Estado dos Negócios da
Justiça a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Rio de Janeiro, aos
vinte e cinco de junho de mil oitocentos e cinqüenta, vigésimo nono da
Independência e do Império. Imperador, com rubrica e guarda. Eusébio de Queirós
Coutinho Matoso Câmara.

Carta de Lei, pela qual V.M.I. manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que
houve por bem sancionar, sobre o Código Comercial do Império do Brasil, na forma
acima declarada.

Para Vossa Majestade Imperial ver. Antônio Álvares de Miranda Varejão a fez.
Eusébio de Queirós Coutinho Matoso Câmara.

Selada na Chancelaria do Império em 1º de julho de 1850. Josino do Nascimento


Silva.

Publicada na Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça em 1º de julho de 1850.


Josino do Nascimento Silva.

Registrada a folha 8 do Livro 1º das Leis e Resoluções, Secretaria de Estado dos


Negócios da Justiça, 1º de julho de 1850. Manuel Antônio Ferreira da Silva.

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Código de Defesa do Consumidor
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990

(DOU 12.09.1990)

Dispõe sobre a proteção do consumidor, e dá outras providências

O Presidente da República,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

TÍTULO I
DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º. O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos artigos 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da
Constituição Federal e artigo 48 de suas Disposições Transitórias.

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço
como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

§ 1º. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2º. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,


inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.

CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO

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Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação ao "caput"
dada pela Lei nº 9.008, de 21.03.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:

a) por iniciativa direta;

b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;

c) pela presença do Estado no mercado de consumo;

d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança,
durabilidade e desempenho.

III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (artigo 170, da
Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;

IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e


deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;

V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e


segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de
conflitos de consumo;

VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo,


inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criação industriais das marcas e
nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;

VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;

VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Art. 5º. Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o Poder
Público com os seguintes instrumentos, entre outros:

I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;

II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério


Público;

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III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de
infrações penais de consumo;

IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução


de litígios de consumo;

V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do


Consumidor.

§ 1º. (Vetado).

§ 2º. (Vetado).

CAPÍTULO III
DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no


fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas


a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou


desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos
e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou


sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e


difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de
danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do Juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

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Art. 7º. Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

CAPÍTULO IV
DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA
REPARAÇÃO DOS DANOS

SEÇÃO I
DA PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA

Art. 8º. Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à
saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em
decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar
as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as


informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam
acompanhar o produto.

Art. 9º. O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou


segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que
sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança.

§ 1º. O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de


consumo, tiver, conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato
imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.

§ 2º. Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na


imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.

§ 3º. Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou


segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão
informá-los a respeito.

Art. 11. (Vetado).

SEÇÃO II
DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

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Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1º. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera,
levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - sua apresentação;

II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III - a época em que foi colocado em circulação.

§ 2º. O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido
colocado no mercado.

§ 3º. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando


provar:

I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de
regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento
danoso.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

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III - a época em que foi fornecido.

§ 2º. O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

§ 3º. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

§ 4º. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação
de culpa.

Art. 15. (Vetado)

Art. 16. (Vetado)

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.

SEÇÃO III
DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem


solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a
substituição das partes viciadas.

§ 1º. Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2º. Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo


anterior, não podendo ser inferior a 7 (sete) nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. Nos
contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de
manifestação expressa do consumidor.

§ 3º. O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que,
em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade
ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

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§ 4º. Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I, do § 1º, deste artigo, e não sendo
possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo
do disposto nos incisos II e III, do § 1º, deste artigo.

§ 5º. No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o


fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.

§ 6º. São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencido;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,


fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto


sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for
inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - o abatimento proporcional do preço;

II - complementação do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos
vícios;

IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de


eventuais perdas e danos.

§ 1º. Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior.

§ 2º. O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o


instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais


perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

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§ 1º. A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por
conta e risco do fornecedor.

§ 2º. São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente
deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de
prestabilidade.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer
produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de
reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do
fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste
artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na
forma prevista neste Código.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso,
vedada a exoneração contratual do fornecedor.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a
obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções anteriores.

§ 1º. Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão


solidariamente pela reparação prevista nesta e nas Seções anteriores.

§ 2º. Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são
responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação.

SEÇÃO IV
DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - 30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis;

II - 90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.

§ 1º. Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do


término da execução dos serviços.

§ 2º. Obstam a decadência:

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I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma
inequívoca;

II - (Vetado);

III - a instauração do inquérito civil, até seu encerramento.

§ 3º. Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.

Art. 27. Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo
a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

Parágrafo único. (Vetado)

SEÇÃO V
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em


detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada
quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.

§ 1º. (Vetado).

§ 2º. As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são


subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste Código.

§ 3º. As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações


decorrentes deste Código.

§ 4º. As sociedades coligadas só responderão por culpa.

§ 5º. Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for,
de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

CAPÍTULO V
DAS PRÁTICAS COMERCIAIS

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

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SEÇÃO II
DA OFERTA

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma
ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações


corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de


reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período
razoável de tempo, na forma da lei.

Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do
fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação
comercial.

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação


ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou


publicidade;

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,


monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

SEÇÃO III
DA PUBLICIDADE

Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente,
a identifique como tal.

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu


poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que
dão sustentação à mensagem.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

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§ 1º. É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário,
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

§ 2º. É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3º. Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de
informar sobre dado essencial do produto ou serviço.

§ 4º. (Vetado).

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária


cabe a quem as patrocina.

SEÇÃO IV
DAS PRÁTICAS ABUSIVAS

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
(Redação dada ao "caput" pela Lei nº 8.884, de 11.06.1994)

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou


serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas


disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,


conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do


consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;

VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício
de seus direitos;

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as


normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou, se normas específicas não existirem,
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO;

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IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a
adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis
especiais; (Inciso acrescentado pela Lei nº 8.884, de 11.06.1994)

X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; (Inciso acrescentado pela Lei nº
8.884, de 11.06.1994);

XI - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.


(NR) (Inciso acrescentado pela Medida Provisória nº 1.890-67, de 22.10.1999, DOU
25.10.1999)

XII - deixar de estimular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.008, de 21.03.1995)

XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.


(Inciso acrescentado pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999, DOU 24.11.1999 - Ed. Extra)

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor,


na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de
pagamento.

Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as
condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.

§ 1º. Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de 10 (dez) dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.

§ 2º. Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode
ser alterado mediante livre negociação das partes.

§ 3º. O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da


contratação de serviços de terceiros, não previstos no orçamento prévio.

Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou


de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de, não
o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente
atualizada, podendo o consumidor, exigir, à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo
de outras sanções cabíveis.

SEÇÃO V
DA COBRANÇA DE DÍVIDAS

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem
será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

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Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

SEÇÃO VI
DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no artigo 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele,
bem como sobre as suas respectivas fontes.

§ 1º. Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em


linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período
superior a 5 (cinco) anos.

§ 2º. A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser
comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.

§ 3º. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros poderá exigir
sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, comunicar a
alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.

§ 4º. Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao


crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.

§ 5º. Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão


fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.

Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de


reclamações fundamentais contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo
pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1º. É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer
interessado.

§ 2º. Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e
as do parágrafo único, do artigo 22, deste Código.

Art. 45. (Vetado).

CAPÍTULO VI
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se
não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os
respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e
alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.

Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos


relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica,
nos termos do artigo 84 e parágrafos.

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de
fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente
por telefone ou a domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo,


os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos,
de imediato, monetariamente atualizados.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de


maneira adequada, em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em
que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue,
devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de
instrução, de instalação e uso de produto em linguagem didática, com ilustrações.

SEÇÃO II
DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de


qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas
relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor, pessoa jurídica, a indenização poderá
ser limitada, em situações justificáveis;

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos


neste Código;

III - transfiram responsabilidades a terceiros;

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em


desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

V - (Vetado);

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VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o


consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do


contrato, após sua celebração;

XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.

§ 1º. Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo


a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e


conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

§ 2º. A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de
sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.

§ 3º. (Vetado).

§ 4º. É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério


Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que
contrarie o disposto neste Código ou que de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre
direitos e obrigações das partes.

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou


concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos,
informá-lo prévia e adequadamente sobre:

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I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

§ 1º. As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigação no seu termo não


poderão ser superiores a 2% do valor da prestação.(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
9.298, de 01.08.1996)

§ 2º. É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente,


mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

§ 3º. (Vetado).

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis me-diante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno
direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto
alienado.

§ 1º. (Vetado).

§ 2º. Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a


restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem
econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

§ 3º. Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente
nacional.

SEÇÃO III
DOS CONTRATOS DE ADESÃO

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o
consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

§ 1º. A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.

§ 2º. Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2º do artigo anterior.

§ 3º. Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.

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§ 4º. As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

§ 5º. (Vetado).

CAPÍTULO VII
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas
respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção,
industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.

§ 1º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios fiscalizarão e controlarão a


produção, industrialização, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o mercado de
consumo, no interesse da preservação da vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-
estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.

§ 2º. (Vetado).

§ 3º. Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com atribuições para
fiscalizar e controlar o mercado de consumo manterão comissões permanentes para elaboração,
revisão e atualização das normas referidas no § 1º, sendo obrigatória a participação dos
consumidores e fornecedores.

§ 4º. Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos fornecedores para que, sob pena de
desobediência, prestem informações sobre questões de interesse do consumidor, resguardado o
segredo industrial.

Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em
normas específicas:

I - multa;

II - apreensão do produto;

III - inutilização do produto;

IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente;

V - proibição de fabricação do produto;

VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;

VII - suspensão temporária de atividade;

VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;

IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade;

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X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;

XI - intervenção administrativa;

XII - imposição de contrapropaganda.

Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por
medida cautelar antecedente ou incidente de procedimento administrativo.

Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a gravidade da infração, a vantagem
auferida e a condição econômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento
administrativo nos termos da lei, revertendo para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985, sendo a infração ou dano de âmbito nacional, ou para os fundos estaduais de
proteção ao consumidor nos demais casos.

Parágrafo único. A multa será em montante não inferior a duzentas e não superior a três milhões
de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (UFIR), ou índice equivalente que venha a
substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 8.703, de 06.09.1993)

Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produtos, de proibição de fabricação de


produtos, de suspensão do fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro do
produto e revogação da concessão ou permissão de uso serão aplicadas pela administração,
mediante procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem constatados
vícios de quantidade ou de qualidade por inadequação ou insegurança do produto ou serviço.

Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de interdição e de suspensão temporária


da atividade, bem como a de intervenção administrativa serão aplicadas mediante procedimento
administrativo, assegurada ampla defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações
de maior gravidade previstas neste Código e na legislação de consumo.

§ 1º. A pena de cassação da concessão será aplicada à concessionária de serviço público,


quando violar obrigação legal ou contratual.

§ 2º. A pena de intervenção administrativa será aplicada sempre que as circunstâncias de fato
desaconselharem a cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade.

§ 3º. Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposição de penalidade administrativa, não
haverá reincidência até o trânsito em julgado da sentença.

Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na


prática de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do artigo 36 e seus parágrafos, sempre
às expensas do infrator.

§ 1º. A contrapropaganda será divulgada pelo responsável da mesma forma, freqüência e


dimensão e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de
desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva.

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§ 2º. (Vetado).

§ 3º. (Vetado).

TÍTULO II
DAS INFRAÇÕES PENAIS

Art. 61. Constituem crimes contra as relações de consumo previstas neste Código, sem
prejuízo do disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos artigos
seguintes.

Art. 62. (Vetado).

Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos,
nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

§ 1º. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas
ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.

§ 2º- Se o crime é culposo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou


periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de retirar do mercado,
imediatamente quando determinado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou
perigosos, na forma deste artigo.

Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de


autoridade competente:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à lesão
corporal e à morte.

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza,
característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de
produtos ou serviços:

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Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1º. Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta.

§ 2º. Se o crime é culposo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor e se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 70. Empregar, na reparação de produtos, peças ou componentes de reposição usados,


sem autorização do consumidor:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral,
afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificada-mente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem
em cadastros, banco de dados, fichas e registros:

Pena - Detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano ou multa.

Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação sobre consumidor constante de cadastro,
banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

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Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e
com especificação clara de seu conteúdo:

Pena - Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste Código incide nas
penas a esses cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, administrador ou
gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento,
oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos ou a oferta e prestação de
serviços nas condições por ele proibidas.

Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste Código:

I - serem cometidos em época de grave crise econômica ou por ocasião de calamidade;

II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;

III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;

IV - quando cometidos:

a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente
superior à da vítima;

b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta)


anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental, interditadas ou não.

V - serem praticados em operações que envolvam alimentos, medicamentos ou quaisquer


outros produtos ou serviços essenciais.

Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixada em dias-multa, correspondente ao
mínimo e ao máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada ou crime. Na
individualização desta multa, o Juiz observará o disposto no artigo 60, § 1º, do Código Penal.

Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou
alternadamente, observado o disposto nos artigos 44 a 47, do Código Penal:

I - a interdição temporária de direitos;

II - a publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às expensas do


condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação;

III - a prestação de serviços à comunidade.

Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este Código, será fixado pelo Juiz, ou pela
autoridade que presidir o inquérito, entre 100 (cem) e 200.000 (duzentas mil) vezes o valor do
Bônus do Tesouro Nacional - BTN, ou índice equivalente que venha substituí-lo.

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Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econômica do indiciado ou réu, a fiança
poderá ser:

a) reduzida até a metade de seu valor mínimo;

b) aumentada pelo Juiz até 20 (vinte) vezes.

Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos neste Código, bem como a outros
crimes e contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes
do Ministério Público, os legitimados indicados no artigo 82, incisos III e IV, aos quais também é
facultado propor ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

TÍTULO III
DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida
em Juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas
por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste Código, os


transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas
ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica-base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem


comum.

Art. 82. Para os fins do artigo 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
(Redação dada ao "caput" pela Lei nº 9.008, de 21.03.1995)

I - o Ministério Público;

II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;

III - as entidades e órgãos da Administração Pública, Direta ou Indireta, ainda que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos
por este Código;

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IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre seus
fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código, dispensada a
autorização assemblear.

§ 1º. O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo Juiz, nas ações previstas no
artigo 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

§ 2º. (Vetado).

§ 3º. (Vetado).

Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este Código são admissíveis
todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o
Juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o
resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 1º. A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o
autor ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2º. A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (artigo 287 do Código de
Processo Civil).

§ 3º. Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do


provimento final, é lícito ao Juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado
o réu.

§ 4º. O Juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa diária ao réu,


independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5º. Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o Juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas,
desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.

Art. 85. (Vetado).

Art. 86. (Vetado).

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este Código não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação
autora, salvo comprovada má-fé, em honorário de advogados, custas e despesas processuais.

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Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.

Art. 88. Na hipótese do artigo 13, parágrafo único, deste Código, a ação de regresso poderá
ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos
autos, vedada a denunciação da lide.

Art. 89. (Vetado).

Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste Título as normas do Código de Processo Civil e
da Lei nº 7.347, de 24 de junho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que
não contrariar suas disposições.

CAPÍTULO II
DAS AÇÕES COLETIVAS PARA A DEFESA DE INTERESSES INDIVIDUAIS

Art. 91. Os legitimados de que trata o artigo 82 poderão propor, em nome próprio e no
interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos
individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela
Lei nº 9.008, de 21.03.1995)

Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará sempre como fiscal da lei.

Parágrafo único. (Vetado).

Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça
local:

I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional


ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência
concorrente.

Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios
de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor.

Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condenação será genérica, fixando a


responsabilidade do réu pelos danos causados.

Art. 96. (Vetado).

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o artigo 82.

Parágrafo único. (VETADO).

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Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o
artigo 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiverem sido fixadas em sentença de
liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada ao "caput" pela
Lei nº 9.008, de 21.03.1995)

§ 1º. A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual
deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado.

§ 2º. É competente para a execução, o Juízo:

I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;

II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes de condenação prevista na Lei nº 7.347,
de 24 de julho de 1985, e de indenizações pelos prejuízos individuais resultantes do mesmo
evento danoso, estas terão preferência no pagamento.

Parágrafo único. Para feito do disposto neste artigo, a destinação da importância recolhida ao
Fundo criado pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pendentes de
decisão de segundo grau as ações de indenização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o
patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder pela integralidade das
dívidas.

Art. 100. Decorrido o prazo de 1 (um) ano sem habilitação de interessados em número
compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do artigo 82 promover a liquidação
e execução da indenização devida.

Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o Fundo criado pela Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985.

CAPÍTULO III
DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE PRODUTOS E
SERVIÇOS

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, sem


prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste Título, serão observadas as seguintes normas:

I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;

II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o


segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta
hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do artigo 80 do
Código de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será intimado a
informar a existência de seguro de responsabilidade facultando-se, em caso afirmativo, o
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da
lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.

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Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste Código poderão propor ação visando compelir
o Poder Público competente a proibir, em todo o Território Nacional, a produção, divulgação,
distribuição ou venda, ou a determinar a alteração na composição, estrutura, fórmula ou
acondicionamento de produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou perigoso à saúde
pública e à incolumidade pessoal.

§ 1º. (Vetado).

§ 2º. (Vetado).

CAPÍTULO IV
DA COISA JULGADA

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I, do parágrafo único, do artigo 81;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no
inciso II, do parágrafo único, do artigo 81;

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e
seus sucessores, na hipótese do inciso III, do parágrafo único, do artigo 81.

§ 1º. Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e
direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.

§ 2º. Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados


que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização
a título individual.

§ 3º. Os efeitos da coisa julgada de que cuida o artigo 16, combinado com o artigo 13 da Lei nº
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos, propostas indivi-dualmente ou na forma prevista neste Código, mas, se
procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos artigos 96 a 99.

§ 4º. Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e Ii, do parágrafo único, do artigo 81, não
induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou
ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os autores das
ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

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TÍTULO IV
DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa ao Consumidor - SNDC os órgãos federais,
estaduais, do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.

Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional de


Direito Econômico - MJ, ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de coordenação
da política do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, cabendo-lhe:

I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política nacional de proteção ao


consumidor;

II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas, denúncias ou sugestões apresentadas por


entidades representativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado;

III - prestar aos consumidores orientação permanente sobre seus direitos e garantias;

IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor através dos diferentes meios de


comunicação;

V - solicitar à Polícia Judiciária a instauração de inquérito policial para a apreciação de delito


contra os consumidores, nos termos da legislação vigente;

VI - representar ao Ministério Público competente para fins de adoção de medidas processuais


no âmbito de suas atribuições;

VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes as infrações de ordem administrativa que
violarem os interesses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;

VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Estados, do Distrito Federal e


Municípios, bem como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segurança
de bens e serviços;

IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros programas especiais, a formação de


entidades-defesa do consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais e municipais;

X - (Vetado).

XI - (Vetado).

XII - (Vetado).

XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com suas finalidades.

Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Departamento Nacional de Defesa do


Consumidor poderá socilitar o concurso de órgãos e entidades de notória especialização técnico-
científica.

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TÍTULO V
DA CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO

Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos


de categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham
por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e
características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de
consumo.

§ 1º. A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de


títulos e documentos.

§ 2º. A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias.

§ 3º. Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data
posterior ao registro do instrumento.

Art. 108. (Vetado).

TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 109. (Vetado).

Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV, ao artigo 1º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985:
"IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo."

Art. 111. O inciso II, do artigo 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a
seguinte redação:
"II - inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao
consumidor, ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ou a qualquer
outro interesse difuso ou coletivo."

Art. 112. O § 3º, do artigo 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte
redação:
"§ 3º. Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa."

Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4º, 5º e 6º, ao artigo 5º, da Lei nº 7.347, de 24 de
julho de 1985:"§ 4º. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo Juiz, quando
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.

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§ 5º. Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito
Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.

§ 6º. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de


ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título
executivo extrajudicial."

Art. 114. O artigo 15 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a ter a seguinte redação:
" Art. 15. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória,
sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público,
facultada igual iniciativa aos demais legitimados."

Art. 115. Suprima-se o caput, do artigo 17, da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985,
passando o parágrafo único a constituir o caput, com a seguinte redação:
" Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a danos."

Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao artigo 18 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985:
" Art. 18. Nas ações de que trata esta Lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da
associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas
processuais."

Art. 117. Acrescente-se à Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte dispositivo,


renumerando-se os seguintes:
" Art. 21 - Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no
que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do
Consumidor."

Art. 118. Este Código entrará em vigor dentro de 180 (cento e oitenta) dias a contar de sua
publicação.

Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário.

FERNANDO COLLOR - Presidente da República.

Bernardo Cabral.

Zélia M. Cardoso de Mello.

Ozires Silva.

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Código Eleitoral
LEI Nº 4.737, DE 15 DE JULHO DE 1965

(DOU 19.07.1965)

Institui o Código Eleitoral

PARTE PRIMEIRA

Art. 1º. Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de
direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução.

Art. 2º. Todo poder emana do povo e será exercido, em seu nome, por mandatários
escolhidos, direta e secretamente, dentre candidatos indicados por partidos políticos nacionais,
ressalvada a eleição indireta nos casos previstos na Constituição e leis específicas.

Art. 3º. Qualquer cidadão pode pretender investidura em cargo eletivo, respeitadas as
condições constitucionais e legais de elegibilidade e incompatibilidade.

Art. 4º. São eleitores os brasileiros maiores de 18 (dezoito) anos que se alistarem na forma da
lei.

Art. 5º. Não podem alistar-se eleitores:

I - os analfabetos;

II - os que não saibam exprimir-se na língua nacional;

III - os que estejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos políticos.

Parágrafo único. Os militares são alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-
marinha, subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior
para formação de oficiais.

Art. 6º. O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de um e outro sexo, salvo:

I - quanto ao alistamento:

a) os inválidos;

b) os maiores de setenta anos;

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c) os que se encontrem fora do País;

II - quanto ao voto:

a) os enfermos;

b) os que se encontrem fora do seu domicílio;

c) os funcionários civis e os militares, em serviço que os impossibilite de votar.

Art. 7º. O eleitor que deixar de votar e não se justificar perante o juiz eleitoral até trinta dias
após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por cento sobre o salário mínimo da
região, imposta pelo juiz eleitoral e cobrada na forma prevista no artigo 367. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 1º. Sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se
justificou devidamente, não poderá o eleitor:

I - inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-


se neles;

II - receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público,


autárquico ou paraestatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e
sociedades de qualquer natureza, mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam
serviço público delegado, correspondentes ao segundo mês subseqüente ao da eleição;

III - participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos


Territórios, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;

IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas


federais ou estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer
estabelecimento de crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e com
essas entidades celebrar contratos;

V - obter passaporte ou carteira de identidade;

VI - renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;

VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.

§ 2º. Os brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 18 (dezoito) anos, salvo os excetuados


nos artigos 5º e 6º número I, sem prova de estarem alistados não poderão praticar os atos
relacionados no parágrafo anterior.

§ 3º. Realizado o alistamento eleitoral pelo processo eletrônico de dados, será cancelada a
inscrição do eleitor que não votar em 3 (três) eleições consecutivas, não pagar a multa ou não se
justificar no prazo de 6 (seis) meses, a contar da data da última eleição a que deveria ter
comparecido. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.663, de 27.05.1988)

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Art. 8º. O brasileiro nato que não se alistar até os 19 (dezenove) anos ou o naturalizado que
não se alistar até um ano depois de adquirida a nacionalidade brasileira incorrerá na multa de três
a dez por cento sobre o valor do salário mínimo da região, imposta pelo juiz e cobrada no ato da
inscrição eleitoral através de selo federal inutilizado no próprio requerimento. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Parágrafo único. Não se aplicará a pena ao não alistado que requerer sua inscrição eleitoral até
o centésimo primeiro dia anterior à eleição subseqüente à data em que completar dezenove anos.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.041, de 09.05.1995)

Art. 9º. Os responsáveis pela inobservância do disposto nos artigos 7 e 8 incorrerão na multa
de 1 (um) a 3 (três) salários mínimos vigentes na zona eleitoral ou de suspensão disciplinar até 30
(trinta) dias.

Art. 10. O juiz eleitoral fornecerá aos que não votarem por motivo justificado e aos não
alistados nos termos dos artigos 5 e 6, número I, documento que os isente das sanções legais.

Art. 11. O eleitor que não votar e não pagar a multa, se se encontrar fora de sua zona e
necessitar documento de quitação com a Justiça Eleitoral, poderá efetuar o pagamento perante o
Juízo da zona em que estiver.

§ 1º. A multa será cobrada no máximo previsto, salvo se o eleitor quiser aguardar que o Juiz da
zona em que se encontrar solicite informações sobre o arbitramento ao Juízo da inscrição.

§ 2º. Em qualquer das hipóteses, efetuado o pagamento através de selos federais inutilizados no
próprio requerimento, o juiz que recolheu a multa comunicará o fato ao da zona de inscrição e
fornecerá ao requerente comprovante do pagamento.

PARTE SEGUNDA
Dos Órgãos da Justiça Eleitoral

Art. 12. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o país;

II - um Tribunal Regional, na Capital de cada Estado, no Distrito Federal e, mediante proposta


do Tribunal Superior, na Capital de Território;

III - juntas eleitorais;

IV - juízes eleitorais.

Art. 13. O número de juízes dos Tribunais Regionais não será reduzido, mas poderá ser
elevado até nove, mediante proposta do Tribunal Superior, e na forma por ele sugerida.

Art. 14. Os juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente
por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.

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§ 1º. Os biênios serão contados, ininterruptamente, sem o desconto de qualquer afastamento,
nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial, salvo no caso do § 3º.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. Os juízes afastados por motivo de licença, férias e licença especial, de suas funções na
Justiça comum, ficarão automaticamente afastados da Justiça Eleitoral pelo tempo
correspondente, exceto quando, com períodos de férias coletivas, coincidir a realização de
eleição, apuração ou encerramento de alistamento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)

§ 3º. Da homologação da respectiva convenção partidária, até a apuração final da eleição, não
poderão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge, parente
consangüíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo
registrado na circunscrição. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 4º. No caso de recondução para o segundo biênio, observar-se-ão as mesmas formalidades


indispensáveis à primeira investidura. (Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)

Art. 15. Os substitutos dos membros efetivos dos Tribunais Eleitorais serão escolhidos, na
mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.

TÍTULO I
Do Tribunal Superior

Art. 16. Compõe-se o Tribunal Superior Eleitoral:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de três juízes, dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; e

b) de dois juízes, dentre os membros do Tribunal Federal de Recursos;

II - por nomeação do Presidente da República de dois dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

§ 1º. Não podem fazer parte do Tribunal Superior Eleitoral cidadãos que tenham entre si
parentesco, ainda que por afinidade, até o quarto grau, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo,
excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último,

§ 2º. A nomeação de que trata o inciso II deste artigo não poderá recair em cidadão que ocupe
cargo público de que seja demissível ad nutum; que seja diretor, proprietário ou sócio de
empresa beneficiada com subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a
administração pública; ou que exerça mandato de caráter político, federal, estadual ou municipal.
(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.191, de 04.06.1984)

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Art. 17. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá para seu presidente um dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, cabendo ao outro a vice presidência, e para Corregedor Geral da
Justiça Eleitoral um dos seus membros.

§ 1º. As atribuições do Corregedor Geral serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

§ 2º. No desempenho de suas atribuições o Corregedor Geral se locomoverá para os Estados e


Territórios nos seguintes casos:

I - por determinação do Tribunal Superior Eleitoral;

II - a pedido dos Tribunais Regionais Eleitorais;

III - a requerimento de Partido deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral;

IV - sempre que entender necessária.

§ 3º. Os provimentos emanados da Corregedoria Geral vinculam os Corregedores Regionais,


que lhes devem dar imediato e preciso cumprimento.

Art. 18. Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, o
Procurador Geral da República, funcionando, em suas faltas e impedimentos, seu substituto legal.

Parágrafo único. O Procurador Geral poderá designar outros membros do Ministério Público
da União, com exercício no Distrito Federal, e sem prejuízo das respectivas funções, para auxiliá-
lo junto ao Tribunal Superior Eleitoral, onde não poderão ter assento.

Art. 19. O Tribunal Superior delibera por maioria de votos, em sessão pública, com a presença
da maioria de seus membros.

Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior, "assim na interpretação do Código Eleitoral


em face da Constituição e cassação de registro de partidos políticos, como sobre quaisquer
recursos que importem anulação geral de eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas
com a presença de todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será
convocado o substituto ou o respectivo suplente.

Art. 20. Perante o Tribunal Superior, qualquer interessado poderá argüir a suspeição ou
impedimento dos seus membros, do Procurador Geral ou de funcionários de sua secretaria, nos
casos previstos na lei processual civil ou penal e por motivo de parcialidade partidária, mediante o
processo previsto em regimento.

Parágrafo único. Será ilegítima a suspeição quando o excipiente a provocar ou, depois de
manifestada a causa, praticar ato que importe aceitação do argüido.

Art. 21. Os Tribunais e juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às decisões,
mandados, instruções e outros atos emanados do Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 22. Compete ao Tribunal Superior:

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I - processar e julgar originariamente:

a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de


candidatos à Presidência e Vice Presidência da República;

b) os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juízes eleitorais de Estados diferentes;

c) a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral e aos funcionários da


sua secretaria;

d) os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos pelos seus próprios
juízes e pelos juízes dos Tribunais Regionais;

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, relativos a atos do


Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou, ainda, o habeas
corpus, quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa
prover sobre a impetração;

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua
contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

g) as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de


diploma na eleição de Presidente e Vice Presidente da República;

h) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais Regionais dentro de trinta
dias da conclusão ao relator, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte
legitimamente interessada; (Redação dada à alínea pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

i) as reclamações contra os seus próprios juízes que, no prazo de trinta dias a contar da
conclusão, não houverem julgado os feitos a eles distribuídos. (Alínea acrescentada pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)

j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro do prazo de cento
e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu
trânsito em julgado. (Alínea acrescentada pela Lei Complementar nº 86, de 14.05.1996)

II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do artigo
276, inclusive os que versarem matéria administrativa.

Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do artigo
281.

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:

I - elaborar o seu regimento interno;

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II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional a
criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos respectivos vencimentos,
provendo-os na forma da lei;

III - conceder aos seus membros licença e férias, assim como afastamento do exercício dos
cargos efetivos;

IV - aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juízes dos Tribunais Regionais
Eleitorais;

V - propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos Territórios;

VI - propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juízes de qualquer Tribunal


Eleitoral, indicando a forma desse aumento;

VII - fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice Presidente da República, senadores e
deputados federais, quando não o tiverem sido por lei;

VIII - aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de novas zonas;

IX - expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código;

X - fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e auxiliares em diligência


fora da sede;

XI - enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos Tribunais de Justiça nos
termos do artigo 25;

XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;

XIII - autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados em que essa
providência for solicitada pelo Tribunal Regional respectivo;

XIV - requisitar força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas próprias decisões ou
das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e para garantir a votação e a apuração;
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

XV - organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência;

XVI - requisitar funcionário da União e do Distrito Federal quando o exigir o acúmulo ocasional
do serviço de sua Secretaria;

XVII - publicar um boletim eleitoral;

XVIII - tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à execução da legislação
eleitoral.

Art. 24. Compete ao Procurador Geral, como Chefe do Ministério Público Eleitoral:

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I - assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões;

II - exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de competência originária
do Tribunal;

III - oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal;

IV - manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos submetidos à deliberação do


Tribunal, quando solicitada sua audiência por qualquer dos juízes, ou por iniciativa sua, se
entender necessário;

V - defender a jurisdição do Tribunal;

VI - representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais, especialmente quanto à
sua aplicação uniforme em todo o País;

VII - requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao desempenho de suas


atribuições;

VIII - expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos Tribunais Regionais;

IX - acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente ou por intermédio de


Procurador que designe, nas diligências a serem realizadas.

TÍTULO II
Dos Tribunais Regionais

Art. 25. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; e

b) de dois juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II - do juiz federal e, havendo mais de um, do que for escolhido pelo Tribunal Federal de
Recursos; e

III - por nomeação do Presidente da República de dois dentre seis cidadãos de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 7.191, de 04.06.1984)

Art. 26. O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional serão eleitos por este, dentre
os 3 (três) desembargadores do Tribunal de Justiça; o terceiro desembargador será o Corregedor
Regional da Justiça Eleitoral.

§ 1º. As atribuições do Corregedor Regional serão fixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e,
em caráter supletivo ou complementar, pelo Tribunal Regional Eleitoral perante o qual servir.

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§ 2º. No desempenho de suas atribuições o Corregedor Regional se locomoverá para as zonas
eleitorais nos seguintes casos:

I - por determinação do Tribunal Superior Eleitoral ou do Tribunal Regional Eleitoral;

II - a pedido dos juízes eleitorais;

III - a requerimento de Partido, deferido pelo Tribunal Regional;

IV - sempre que entender necessário.

Art. 27. Servirá como Procurador Regional junto a cada Tribunal Regional Eleitoral o
Procurador da República no respectivo Estado e, onde houver mais de um, aquele que for
designado pelo Procurador Geral da República.

§ 1º. No Distrito Federal, serão as funções de Procurador Regional Eleitoral exercidas pelo
Procurador Geral da Justiça do Distrito Federal.

§ 2º. Substituirá o Procurador Regional, em suas faltas ou impedimentos, o seu substituto legal.

§ 3º. Compete aos Procuradores Regionais exercer, perante os Tribunais junto aos quais
servirem, as atribuições do Procurador Geral.

§ 4º. Mediante prévia autorização do Procurador Geral, podendo os Procuradores Regionais


requisitar, para auxiliá-los nas suas funções, membros do Ministério Público local, não tendo
estes, porém, assento nas sessões do Tribunal.

Art. 28. Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, com a
presença da maioria de seus membros.

§ 1º. No caso de impedimento e não existindo quorum será o membro do Tribunal substituído
por outro da mesma categoria, designado na forma prevista na Constituição.

§ 2º. Perante o Tribunal Regional, e com recurso voluntário para o Tribunal Superior qualquer
interessado poderá argüir a suspeição dos seus membros, do Procurador Regional, ou de
funcionários da sua Secretaria, assim como dos juízes e escrivães eleitorais, nos casos previstos
na lei processual civil e por motivo de parcialidade partidária, mediante o processo previsto em
regimento.

§ 3º. No caso previsto no parágrafo anterior será observado o disposto no parágrafo único do
artigo 20. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais:

I - processar e julgar originariamente:

a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos


políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso
Nacional e das Assembléias Legislativas;

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b) os conflitos de jurisdição entre juízes eleitorais do respectivo Estado;

c) a suspeição ou impedimentos aos seus membros, ao Procurador Regional e aos funcionários


da sua Secretaria, assim como aos juízes e escrivães eleitorais;

d) os crimes eleitorais cometidos pelos juízes eleitorais;

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridade


que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de
recurso, os denegados ou concedidos pelos juízes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus, quando
houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a
impetração;

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua
contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juízes eleitorais em trinta dias da
sua conclusão para julgamento, formulados por partido, candidato, Ministério Público ou parte
legitimamente interessada, sem prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. (Redação
dada à alínea pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

II - julgar os recursos interpostos:

a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais;

b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado
de segurança.

Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do
artigo 276.

Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:

I - elaborar o seu regimento interno;

II - organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional, provendo-lhes os cargos na forma da


lei, e propor ao Congresso Nacional, por intermédio do Tribunal Superior, a criação ou
supressão de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos;

III - conceder aos seus membros e aos juízes eleitorais licença e férias, assim como afastamento
do exercício dos cargos efetivos, submetendo, quanto àqueles, a decisão à aprovação do
Tribunal Superior Eleitoral;

IV - fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador, deputados estaduais,


prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e juízes de paz, quando não determinada por disposição
constitucional ou legal;

V - constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição;

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VI - indicar ao Tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a contagem dos votos
deva ser feita pela mesa receptora;

VII - apurar, com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os resultados finais das
eleições de Governador e Vice Governador, de membros do Congresso Nacional e expedir os
respectivos diplomas, remetendo, dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao
Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos;

VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político;

IX - dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo essa divisão, assim como
a criação de novas zonas, à aprovação do Tribunal Superior;

X - aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela escrivania eleitoral
durante o biênio;

XI - (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

XII - requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões e solicitar ao Tribunal


Superior a requisição de força federal;

XIII - autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu presidente e, no interior,
aos juízes eleitorais, a requisição de funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem
os escrivães eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço;

XIV - requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado ou


Território, funcionários dos respectivos quadros administrativos, no caso de acúmulo ocasional de
serviço de suas secretarias;

XV - aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias aos juízes
eleitorais;

XVI - cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal Superior;

XVII - determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei na respectiva


circunscrição;

XVIII - organizar o fichário dos eleitores do Estado;

XIX - suprimir os mapas parciais de apuração, mandando utilizar apenas os boletins e os mapas
totalizadores, desde que o menor número de candidatos às eleições proporcionais justifique a
supressão, observadas as seguintes normas:

a) qualquer candidato ou partido poderá requerer ao Tribunal Regional que suprima a exigência
dos mapas parciais de apuração;

b) da decisão do Tribunal Regional qualquer candidato ou partido poderá, no prazo de três


dias, recorrer para o Tribunal Superior, que decidirá em cinco dias;

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c) a supressão dos mapas parciais de apuração só será admitida até seis meses antes da data da
eleição;

d) os boletins e mapas de apuração serão impressos pelos Tribunais Regionais, depois de


aprovados pelo Tribunal Superior;

e) o Tribunal Regional ouvirá os partidos na elaboração dos modelos dos boletins e mapas de
apuração a fim de que estes atendam às peculiaridades locais, encaminhando os modelos que
aprovar, acompanhados das sugestões ou impugnações formuladas pelos partidos, à decisão do
Tribunal Superior. (Inciso acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 31. Faltando num Território o Tribunal Regional, ficará a respectiva circunscrição eleitoral
sob a jurisdição do Tribunal Regional que o Tribunal Superior designar.

TÍTULO III
Dos Juízes Eleitorais

Art. 32. Cabe a Jurisdição de cada uma das zonas eleitorais a um juiz de direito em efetivo
exercício e, na falta deste, ao seu substituto legal que goze das prerrogativas do artigo 95 da
Constituição.

Parágrafo único. Onde houver mais de uma vara o Tribunal Regional designará aquela ou
aquelas, a que incumbe o serviço eleitoral.

Art. 33. Nas zonas eleitorais onde houver mais de uma serventia de justiça, o juiz indicará ao
Tribunal Regional a que deve ter o anexo da escrivania eleitoral pelo prazo de 2 (dois) anos.

§ 1º. Não poderá servir como escrivão eleitoral, sob pena de demissão, o membro de diretório
de partido político, nem o candidato a cargo eletivo, seu cônjuge e parente consangüíneo ou afim
até o segundo grau.

§ 2º. O escrivão eleitoral, em suas faltas e impedimentos, será substituído na forma prevista pela
lei de organização judiciária local.

Art. 34. Os juízes despacharão todos os dias na sede da sua zona eleitoral.

Art. 35. Compete aos juízes:

I - cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal Superior e do Regional;

II - processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos, ressalvada a
competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais Regionais;

III - decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral, desde que essa
competência não esteja atribuída privativamente à instância superior;

IV - fazer as diligências que julgar necessárias à ordem e presteza do serviço eleitoral;

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V - tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas verbalmente ou por escrito,
reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso exigir;

VI - indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça que deve ter o anexo
da escrivania eleitoral;

VII - (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

VIII - dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de eleitores;

IX - expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor;

X - dividir a zona em seções eleitorais;

XI - mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de cada seção, para remessa
à mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de votação;

XII - ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos eletivos municipais e
comunicá-los ao Tribunal Regional;

XIII - designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições, os locais das seções;

XIV - nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública anunciada com pelo
menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas receptoras;

XV - instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;

XVI - providenciar para a solução das ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras;

XVII - tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos das eleições;

XVIII - fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não alistados, por
dispensados do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais;

XIX - comunicar, até às 12 horas do dia seguinte à realização da eleição, ao Tribunal Regional
e aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que votaram em cada uma das
seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da zona.

TÍTULO IV
Das Juntas Eleitorais

Art. 36. Compor-se-ão as juntas eleitorais de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2
(dois) ou 4 (quatro) cidadãos de notória idoneidade.

§ 1º. Os membros das juntas eleitorais serão nomeados 60 (sessenta)

dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem
cumpre também designar-lhes a sede.

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§ 2º. Até 10 (dez) dias antes da nomeação os nomes das pessoas indicadas para compor as
Juntas serão publicados no órgão oficial do Estado, podendo qualquer partido, no prazo de 3
(três) dias, em petição fundamentada, impugnar as indicações.

§ 3º. Não podem ser nomeados membros das Juntas, escrutinadores ou auxiliares:

I - os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge;

II - os membros de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e cujos nomes


tenham sido oficialmente publicados;

III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de


confiança do Executivo;

IV - os que pertencerem ao serviço eleitoral.

Art. 37. Poderão ser organizadas tantas Juntas quantas permitir o número de juízes de direito
que gozem das garantias do artigo 95 da Constituição, mesmo que não sejam juízes eleitorais.

Parágrafo único. Nas zonas em que houver de ser organizada mais de uma Junta, ou quando
estiver vago o cargo de juiz eleitoral ou estiver este impedido, o presidente do Tribunal Regional,
com a aprovação deste, designará juízes de direito da mesma ou de outras comarcas para
presidirem as juntes eleitorais.

Art. 38. Ao presidente da Junta é facultado nomear, dentre cidadãos de notória idoneidade,
escrutinadores e auxiliares em número capaz de atender à boa marcha dos trabalhos.

§ 1º. É obrigatória essa nomeação sempre que houver mais de dez urnas a apurar.

§ 2º. Na hipótese do desdobramento da Junta em turmas, o respectivo presidente nomeará um


escrutinador para servir como secretário em cada turma.

§ 3º. Além dos secretários a que se refere o parágrafo anterior, será designado pelo presidente
da Junta um escrutinador para secretário-geral competindo-lhe:

I - lavrar as atas;

II - tomar por termo ou protocolar os recursos, neles funcionando como escrivão;

III - totalizar os votos apurados.

Art. 39. Até 30 (trinta) dias antes da eleição o presidente da Junta comunicará ao Presidente do
Tribunal Regional as nomeações que houver feito e divulgará a composição do órgão por edital
publicado ou afixado, podendo qualquer partido oferecer impugnação motivada no prazo de 3
(três) dias.

Art. 40. Compete à Junta Eleitoral:

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I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua
jurisdição;

II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e


da apuração;

III - expedir os boletins de apuração mencionados no artigo 179;

IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais.

Parágrafo único. Nos municípios onde houver mais de uma junta eleitoral a expedição dos
diplomas será feita pela que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo, à qual as demais enviarão
os documentos da eleição.

Art. 41. Nas zonas eleitorais em que for autorizada a contagem prévia dos votos pelas mesas
receptoras, compete à Junta Eleitoral tomar as providências mencionadas no artigo 195.

PARTE TERCEIRA
Do Alistamento

TÍTULO I
Da Qualificação e Inscrição

Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.

Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou


moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio
qualquer delas.

Art. 43. O alistando apresentará em cartório ou local previamente designado, requerimento em


fórmula que obedecerá ao modelo aprovado pelo Tribunal Superior.

Art. 44. O requerimento, acompanhado de 3 (três) retratos, será instruído com um dos
seguintes documentos, que não poderão ser supridos mediante justificação:

I - carteira de identidade expedida pelo órgão competente do Distrito Federal ou dos Estados;

II - certificado de quitação do serviço militar;

III - certidão de idade extraída do Registro Civil;

IV - instrumento público do qual se infira, por direito, ter o requerente idade superior a dezoito
anos e do qual conste, também, os demais elementos necessários à sua qualificação;

V - documento do qual se infira a nacionalidade brasileira, originária ou adquirida, do


requerente.

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Parágrafo único. Será devolvido o requerimento que não contenha os dados constantes do
modelo oficial, na mesma ordem, e em caracteres inequívocos.

Art. 45. O escrivão, o funcionário ou o preparador, recebendo a fórmula e documentos,


determinará que o alistando date e assine a petição em ato contínuo, atestará terem sido a data e
a assinatura lançados na sua presença; em seguida, tomará a assinatura do requerente na "folha
individual de votação" e nas duas vias do título eleitoral, dando recibo da petição e do
documento.

§ 1º. O requerimento será submetido ao despacho do juiz nas 48 (quarenta e oito) horas
seguintes.

§ 2º. Poderá o juiz, se tiver dúvida quanto à identidade do requerente ou sobre qualquer outro
requisito para o alistamento, converter o julgamento em diligência para que o alistando esclareça
ou complete a prova ou, se for necessário, compareça pessoalmente à sua presença.

§ 3º. Se se tratar de qualquer omissão ou irregularidade que possa ser sanada, fixará o juiz para
isso prazo razoável.

§ 4º. Deferido o pedido, no prazo de cinco dias, o título e o documento que instruiu o pedido
serão entregues pelo juiz, escrivão, funcionário ou preparador. A entrega far-se-á ao próprio
eleitor, mediante recibo, ou a quem o eleitor autorizar por escrito o recebimento, cancelando-se o
título cuja assinatura não for idêntica à do requerimento de inscrição e à do recibo.

O recibo será obrigatoriamente anexado ao processo eleitoral, incorrendo o juiz que não o fizer
na multa de um a cinco salários mínimos regionais, na qual incorrerão ainda o escrivão,
funcionário ou preparador, se responsáveis, bem como qualquer deles, se entregarem ao eleitor o
título cuja assinatura não for idêntica à do requerimento de inscrição e do recibo ou o fizerem a
pessoa não autorizada por escrito. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)

§ 5º. A restituição de qualquer documento não poderá ser feita antes de despachado o pedido
de alistamento pelo juiz eleitoral.

§ 6º. Quinzenalmente o juiz eleitoral fará publicar pela imprensa, onde houver, ou por editais, a
lista dos pedidos de inscrição, mencionando os deferidos, os indeferidos e os convertidos em
diligência, contando-se dessa publicação o prazo para os recursos a que se refere o parágrafo
seguinte.

§ 7º. Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição caberá recurso interposto pelo
alistando e do que o deferir poderá recorrer qualquer delegado de partido.

§ 8º. Os recursos referidos no parágrafo anterior serão julgados pelo Tribunal Regional Eleitoral
dentro de 5 (cinco) dias.

§ 9º. Findo esse prazo, sem que o alistando se manifeste, ou logo que seja desprovido o
recurso em instância superior, o juiz inutilizará a folha individual de votação assinada pelo

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requerente, a qual ficará fazendo parte integrante do processo e não poderá, em qualquer tempo,
ser substituída, nem dele retirada, sob pena de incorrer o responsável nas sanções previstas no
artigo 293.

§ 10. No caso de indeferimento do pedido, o Cartório devolverá ao requerente, mediante


recibo, as fotografias e o documento com que houver instruído o seu requerimento.

§ 11. O título eleitoral e a folha individual de votação somente serão assinados pelo juiz eleitoral
depois de preenchidos pelo cartório e de deferido o pedido, sob as penas do artigo 293.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 12. É obrigatória a remessa ao Tribunal Regional da ficha do eleitor, após a expedição do seu
título. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 46. As folhas individuais de votação e os títulos serão confeccionados de acordo com o
modelo aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral.

§ 1º. Da folha individual de votação e do título eleitoral constará a indicação da seção em que o
eleitor tiver sido inscrito a qual será localizada dentro do distrito judiciário ou administrativo de
sua residência e o mais próximo dela, considerados a distância e os meios de transporte.

§ 2º. As folhas individuais de votação serão conservadas em pastas, uma para cada seção
eleitoral; remetidas, por ocasião das eleições, às mesas receptoras, serão por estas encaminhadas
com a urna e os demais documentos da eleição às Juntas Eleitorais, que as devolverão, findos os
trabalhos da apuração, ao respectivo cartório, onde ficarão guardadas.

§ 3º. O eleitor ficará vinculado permanentemente à seção eleitoral indicada no seu título, salvo:

I - se se transferir de zona ou Município, hipótese em que deverá requerer transferência;

II - se, até 100 (cem) dias antes da eleição, provar, perante o Juiz Eleitoral, que mudou de
residência dentro do mesmo Município, de um distrito para outro ou para lugar muito distante da
seção em que se acha inscrito, caso em que serão feitas na folha de votação e no título eleitoral,
para esse fim exibido, as alterações correspondentes, devidamente autenticadas pela autoridade
judiciária.

§ 4º. O eleitor poderá, a qualquer tempo, requerer ao juiz eleitoral o retificação de seu título
eleitoral ou de sua folha individual de votação, quando neles constar erro evidente, ou indicação
de seção diferente daquela a que devesse corresponder a residência indicada no pedido de
inscrição ou transferência. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 5º. O título eleitoral servirá de prova de que o eleitor está inscrito na seção em que deve votar.
E, uma vez datado e assinado pelo presidente da mesa receptora, servirá também de prova de
haver o eleitor votado. (Antigo parágrafo 4º renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

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Art. 47. As certidões de nascimento ou casamento, quando destinadas ao alistamento eleitoral,
serão fornecidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos apresentados em cartório pelos
alistandos ou delegados de partido.

§ 1º. Os cartórios de Registro Civil farão, ainda, gratuitamente, o registro de nascimento, visando
o fornecimento de certidão aos alistandos, desde que provem carência de recursos, ou aos
Delegados de Partido, para fins eleitorais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.018, de
02.01.1974)

§ 2º. Em cada Cartório de Registro Civil haverá um livro especial, aberto e rubricado pelo Juiz
Eleitoral, onde o cidadão, ou o delegado de partido deixará expresso o pedido de certidão para
fins eleitorais, datando-o. (Antigo parágrafo 1º acrescentado pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966 e renumerado pela Lei nº 6.018, de 02.01.1974)

§ 3º. O escrivão, dentro de quinze dias da data do pedido, concederá a certidão, ou justificará,
perante o Juiz Eleitoral, por que deixa de fazê-lo. (Antigo parágrafo 2º acrescentado pela Lei
nº 4.961, de 04.05.1966 e renumerado pela Lei nº 6.018, de 02.01.1974)

§ 4º. A infração ao disposto neste artigo sujeitará o escrivão às penas do artigo 293. (Antigo
parágrafo 3º acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966 e renumerado pela Lei nº
6.018, de 02.01.1974)

Art. 48. O empregado mediante comunicação com 48 (quarenta e oito) horas de antecedência,
poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário e por tempo não excedente a 2
(dois) dias, para o fim de se alistar eleitor ou requerer transferência.

Art. 49. Os cegos alfabetizados pelo sistema "Braille", que reunirem as demais condições de
alistamento, podem qualificar-se mediante o preenchimento da fórmula impressa e a aposição do
nome com as letras do referido alfabeto.

§ 1º. De forma idêntica serão assinadas a folha individual de votação e as vias do título.

§ 2º. Esses atos serão feitos na presença também de funcionários de estabelecimento


especializado de amparo e proteção de cegos, conhecedor do sistema, Braille, que subscreverá,
com o Escrivão ou funcionário designado a seguinte declaração a ser lançada no modelo de
requerimento: "Atestamos que a presente fórmula bem como a folha individual de votação e vias
do título foram subscritas pelo próprio, em nossa presença".

Art. 50. O juiz eleitoral providenciará para que se proceda ao alistamento nas próprias sedes
dos estabelecimentos de proteção aos cegos, marcando, previamente, dia e hora para tal fim,
podendo se inscrever na zona eleitoral correspondente todos os cegos do município.

§ 1º. Os eleitores inscritos em tais condições deverão ser localizados em uma mesma seção da
respectiva zona.

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§ 2º. Se no alistamento realizado pela forma prevista nos artigos anteriores, o número de
eleitores não alcançar o mínimo exigido, este se completará com a inclusão de outros ainda que
não sejam cegos.

Art. 51. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 07.12.1989)

§ 1º. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 07.12.1989)

§ 2º. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 07.12.1989)

§ 3º. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 07.12.1989)

CAPÍTULO I
Da Segunda Via

Art. 52. No caso de perda ou extravio de seu título, requererá o eleitor ao juiz do seu domicílio
eleitoral, até 10 (dez) dias antes da eleição, que lhe expeça segunda via.

§ 1º. O pedido de segunda via será apresentado em cartório, pessoalmente, pelo eleitor,
instruído o requerimento, no caso de inutilização ou dilaceração, com a primeira via do título.

§ 2º. No caso de perda ou extravio do título, o juiz, após receber o requerimento de segunda
via, fará publicar, pelo prazo de 5 (cinco) dias, pela imprensa, onde houver, ou por editais, a
notícia do extravio ou perda e do requerimento de segunda via, deferindo o pedido, findo este
prazo, se não houver impugnação.

Art. 53. Se o eleitor estiver fora do seu domicílio eleitoral poderá requerer a segunda via ao juiz
da zona em que se encontrar, esclarecendo se vai recebê-la na sua zona ou na em que requereu.

§ 1º. O requerimento, acompanhado de um novo título assinado pelo eleitor na presença do


escrivão ou de funcionário designado e de uma fotografia, será encaminhado ao juiz da zona do
eleitor.

§ 2º. Antes de processar o pedido, na forma prevista no artigo anterior, o juiz determinará que
se confira a assinatura constante do novo título com a da folha individual de votação ou do
requerimento de inscrição.

§ 3º. Deferido o pedido, o título será enviado ao juiz da Zona que remeteu o requerimento,
caso o eleitor haja solicitado essa providência, ou ficará em cartório aguardando que o
interessado o procure.

§ 4º. O pedido de segunda via formulado nos termos deste artigo só poderá ser recebido até 60
(sessenta) dias antes do pleito.

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Art. 54. O requerimento de segunda via, em qualquer das hipóteses, deverá ser assinado sobre
selos federais, correspondentes a 2% (dois por cento) do salário mínimo da zona eleitoral de
inscrição.

Parágrafo único. Somente será expedida segunda via ao eleitor que estiver quite com a Justiça
Eleitoral, exigindo-se, para o que foi multado e ainda não liquidou dívida, o prévio pagamento,
através de selo federal inutilizado nos autos.

CAPÍTULO II
Da Transferência

Art. 55. Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao juiz do novo domicílio
sua transferência, juntando o título anterior.

§ 1º. A transferência só será admitida satisfeitas as seguintes exigências:

I - entrada do requerimento no cartório eleitoral do novo domicílio até 100 (cem) dias antes da
data da eleição;

II - transcorrência de pelo menos 1 (um) ano da inscrição primitiva;

III - residência mínima de 3 (três) meses no novo domicílio, atestada pela autoridade policial ou
provada por outros meios convincentes.

§ 2º. O disposto nos incisos II e III do parágrafo anterior não se aplica quando se tratar de
transferência de título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de membro de sua
família, por motivo de remoção ou transferência. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)

Art. 56. No caso de perda ou extravio do título anterior declarado esse fato na petição de
transferência, o juiz do novo domicílio, como ato preliminar, requisitará, por telegrama, a
confirmação do alegado à Zona Eleitoral onde o requerente se achava inscrito.

§ 1º. O Juiz do antigo domicílio, no prazo de 5 (cinco) dias, responderá por ofício ou
telegrama, esclarecendo se o interessado é realmente eleitor, se a inscrição está em vigor, e,
ainda, qual o número e a data da inscrição respectiva.

§ 2º. A informação mencionada no parágrafo anterior suprirá a falta do título extraviado, ou


perdido, para o efeito da transferência, devendo fazer parte integrante do processo.

Art. 57. O requerimento de transferência de domicílio eleitoral será imediatamente publicado na


imprensa oficial na Capital, e em cartório nas demais localidades, podendo os interessados
impugná-lo no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada ao caput pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)

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§ 1º. Certificado o cumprimento do disposto neste artigo, o pedido deverá ser desde logo
decidido, devendo o despacho do juiz ser publicado pela mesma forma. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. Poderá recorrer para o Tribunal Regional Eleitoral, no prazo de 3 (três) dias, o eleitor que
pediu a transferência, sendo-lhe a mesma negada, ou qualquer delegado de partido, quando o
pedido for deferido.

§ 3º. Dentro de 5 (cinco) dias, o Tribunal Regional Eleitoral decidirá do recurso interposto nos
termos do parágrafo anterior.

§ 4º. Só será expedido o novo título decorridos os prazos previstos neste artigo e respectivos
parágrafos.

Art. 58. Expedido o novo título o juiz comunicará a transferência ao Tribunal Regional
competente, no prazo de 10 (dez) dias, enviando-lhe o título eleitoral, se houver, ou documento a
que se refere o § 1º do artigo 56.

§ 1º. Na mesma data comunicará ao juiz da zona de origem a concessão da transferência e


requisitará a "folha individual de votação".

§ 2º. Na nova folha individual de votação ficará consignado, na coluna destinada a "anotações",
que a inscrição foi obtida por transferência, e, de acordo com os elementos constantes do título
primitivo, qual o último pleito em que o eleitor transferido votou.

Esta anotação constará, também, de seu título.

§ 3º. O processo de transferência só será arquivado após o recebimento da folha individual de


votação da Zona de origem, que dele ficará constando, devidamente inutilizada, mediante
aposição de carimbo a tinta vermelha.

§ 4º. No caso de transferência de município ou distrito dentro da mesma zona, deferido o


pedido, o juiz determinará a transposição da folha individual de votação para a pasta
correspondente ao novo domicílio, a anotação de mudança no título eleitoral e comunicará ao
Tribunal Regional para a necessária averbação na ficha do eleitor.

Art. 59. Na Zona de origem, recebida do juiz do novo domicílio a comunicação de


transferência, o juiz tomará as seguintes providências:

I - determinará o cancelamento da inscrição do transferido e a remessa dentro de três dias, da


folha individual de votação ao juiz requisitante;

II - ordenará a retirada do fichário da segunda parte do título;

III - comunicará o cancelamento ao Tribunal Regional a que estiver subordinado, que fará a
devida anotação na ficha de seus arquivos;

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IV - se o eleitor havia assinado ficha de registro de partido, comunicará ao juiz do novo
domicílio e, ainda, ao Tribunal Regional, se a transferência foi concedida para outro Estado.

Art. 60. O eleitor transferido não poderá votar no novo domicílio eleitoral em eleição
suplementar à que tiver sido realizada antes de sua transferência.

Art. 61. Somente será concedida transferência ao eleitor que estiver quite com a Justiça
Eleitoral.

§ 1º. Se o requerente não instruir o pedido de transferência com o título anterior, o juiz do novo
domicílio, ao solicitar informação ao da zona de origem, indagará se a eleitor está quite com a
Justiça Eleitoral, ou não o estando, qual a importância da multa imposta e não paga.

§ 2º. Instruído o pedido com o título, e verificado que o eleitor não votou em eleição anterior, o
juiz do novo domicílio solicitará informações sobre o valor da multa arbitrada na zona de origem,
salvo se o eleitor não quiser aguardar a resposta, hipótese em que pagará o máximo previsto.

§ 3º. O pagamento da multa, em qualquer das hipóteses dos parágrafos anteriores, será
comunicado ao juízo de origem para as necessárias anotações.

CAPÍTULO III
Dos Preparadores

Art. 62. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

Art. 63. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

Art. 64. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

Art. 65. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

CAPÍTULO IV
Dos Delegados de Partido Perante o Alistamento

Art. 66. É lícito aos partidos políticos, por seus delegados:

I - acompanhar os processos de inscrição;

II - promover a exclusão de qualquer eleitor inscrito ilegalmente e assumir a defesa do eleitor


cuja exclusão esteja sendo promovida;

III - examinar, sem perturbação do serviço e em presença dos servidores designados, os


documentos relativos ao alistamento eleitoral, podendo deles tirar cópias ou fotocópias.

§ 1º. Perante o juízo eleitoral, cada partido poderá nomear 3 (três) delegados.

§ 2º. Perante os preparadores, cada partido poderá nomear até 2 (dois) delegados, que
assistam e fiscalizem os seus atos.

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§ 3º. Os delegados a que se refere este artigo serão registrados perante os juízes eleitorais, a
requerimento do presidente do Diretório Municipal.

§ 4º. O delegado credenciado junto ao Tribunal Regional Eleitoral poderá representar o partido
junto a qualquer juízo ou preparador do Estado, assim como o delegado credenciado perante o
Tribunal Superior Eleitoral poderá representar o partido perante qualquer Tribunal Regional, juízo
ou preparador.

Art. 67. Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou a transferência será recebido dentro
dos 100 (cem) dias anteriores à data da eleição.

CAPÍTULO V
Do Encerramento do Alistamento

Art. 68. Em audiência pública, que se realizará às 14 (quatorze) horas do 69º (sexagésimo
nono) dia anterior à eleição, o juiz eleitoral declarará encerrada a inscrição de eleitores na
respectiva zona e proclamará o número dos inscritos até às 18 (dezoito) horas do dia anterior, o
que comunicará incontinenti ao Tribunal Regional Eleitoral, por telegrama, e fará público em
edital, imediatamente afixado no lugar próprio do juízo e divulgado pela imprensa, onde houver,
declarando nele o nome do último eleitor inscrito e o número do respectivo título, fornecendo aos
diretórios municipais dos partidos cópia autêntica desse edital.

§ 1º. Na mesma data será encerrada a transferência de eleitores, devendo constar do telegrama
do juiz eleitoral ao Tribunal Regional Eleitoral, do edital e da cópia deste fornecida aos diretórios
municipais dos partidos e da publicação da imprensa, os nomes dos 10 (dez) últimos eleitores,
cujos processos de transferência estejam definitivamente ultimados e o números dos respectivos
títulos eleitorais.

§ 2º. O despacho de pedido de inscrição, transferência, ou segunda via, proferido após


esgotado o prazo legal, sujeita o juiz eleitoral às penas do artigo 291.

Art. 69. Os títulos eleitorais resultantes dos pedidos de inscrição ou de transferência serão
entregues até 30 (trinta) dias antes da eleição.

Parágrafo único. A segunda via poderá ser entregue ao eleitor até a véspera do pleito.

Art. 70. O alistamento reabrir-se-á em cada zona, logo que estejam concluídos os trabalhos de
sua junta eleitoral.

TÍTULO II
Do Cancelamento e da Exclusão

Art. 71. São causas de cancelamento:

I - a infração dos artigos 5º e 42;

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II - a suspensão ou perda dos direitos políticos;

III - a pluralidade de inscrição;

IV - o falecimento do eleitor;

V - deixar de votar em 3 (três) eleições consecutivas. (Redação dada ao inciso pela Lei nº
7.663, de 27.05.1988)

§ 1º. A ocorrência de qualquer das causas enumeradas neste artigo acarretará a exclusão do
eleitor, que poderá ser promovida ex officio, a requerimento de delegado de partido ou de
qualquer eleitor.

§ 2º. No caso de ser algum cidadão maior de 18 (dezoito) anos privado temporária ou
definitivamente dos direitos políticos, a autoridade que impuser essa pena providenciará para que
o fato seja comunicado ao juiz eleitoral ou ao Tribunal Regional da circunscrição em que residir o
réu.

§ 3º. Os oficiais de Registro Civil, sob as penas do artigo 293, enviarão, até o dia 15 (quinze)
de cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadãos
alistáveis, ocorridos no mês anterior, para cancelamento das inscrições.

§ 4º. Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento de uma zona ou município,
o Tribunal Regional poderá determinar a realização de correição e, provada a fraude em
proporção comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado, obedecidas as Instruções do
Tribunal Superior e as recomendações que, subsidiariamente, baixar, com o cancelamento de
ofício das inscrições correspondentes aos títulos que não forem apresentados à revisão.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 72. Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente.

Parágrafo único. Tratando-se de inscrições contra as quais hajam sido interpostos recursos das
decisões que as deferiram, desde que tais recursos venham a ser providos pelo Tribunal Regional
ou Tribunal Superior, serão nulos os votos se o seu número for suficiente para alterar qualquer
representação partidária ou classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário.

Art. 73. No caso de exclusão, a defesa pode ser feita pelo interessado, por outro eleitor ou por
delegado de partido.

Art. 74. A exclusão será mandada processar ex officio pelo juiz eleitoral, sempre que tiver
conhecimento de alguma das causas do cancelamento.

Art. 75. O Tribunal Regional, tomando conhecimento através de seu fichário, da inscrição do
mesmo eleitor em mais de uma zona sob sua jurisdição, comunicará o fato ao juiz competente
para o cancelamento, que de preferência deverá recair:

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I - na inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral;

II - naquela cujo título não haja sido entregue ao eleitor;

III - naquela cujo título não haja sido utilizado para o exercício do voto na última eleição;

IV - na mais antiga.

Art. 76. Qualquer irregularidade determinante de exclusão será comunicada por escrito e por
iniciativa de qualquer interessado ao juiz eleitoral, que observará o processo estabelecido no
artigo seguinte.

Art. 77. O juiz eleitoral processará a exclusão pela forma seguinte:

I - mandará autuar a petição ou representação com os documentos que a instruírem;

II - fará publicar edital com prazo de 10 (dez) dias para ciência dos interessados, que poderão
contestar dentro de 5 (cinco) dias;

III - concederá dilação probatória de 5 (cinco) a 10 (dez) dias, se requerida;

IV - decidirá no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 78. Determinado, por sentença, o cancelamento, o cartório tomará as seguintes


providências:

I - retirará, da respectiva pasta, a folha de votação, registrará a ocorrência no local próprio para
"Anotações" e junta-la-á ao processo de cancelamento;

II - registrará a ocorrência na coluna de "observações" do livro de inscrição;

III - excluirá dos fichários as respectivas fichas, colecionando-as à parte;

IV - anotará, de forma sistemática, os claros abertos na pasta de votação para o oportuno


preenchimento dos mesmos;

V - comunicará o cancelamento ao Tribunal Regional para anotação no seu fichário.

Art. 79. No caso de exclusão por falecimento, tratando-se de caso notório, serão dispensadas
as formalidades previstas nos números II e III do artigo 77.

Art. 80. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 (três) dias, para o Tribunal
Regional, interposto pelo excluendo ou por delegado de partido.

Art. 81. Cessada a causa do cancelamento, poderá o interessado requerer novamente a sua
qualificação e inscrição.

PARTE QUARTA
Das Eleições

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TÍTULO I
Do Sistema Eleitoral

Art. 82. O sufrágio é universal e direto; o voto, obrigatório e secreto.

Art. 83. Na eleição direta para o Senado Federal, para Prefeito e Vice-Prefeito, adotar-se-á o
princípio majoritário. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.534, de 26.05.1978)

Art. 84. A eleição para a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas e Câmaras
Municipais, obedecerá ao princípio da representação proporcional na forma desta Lei.

Art. 85. A eleição para deputados federais, senadores e suplentes, presidente e vice-presidente
da República, governadores, vice-governadores e deputados estaduais far-se-á, simultaneamente,
em todo o País.

Art. 86. Nas eleições presidenciais a circunscrição será o País; nas eleições federais e
estaduais, o Estado; e, nas municipais, o respectivo município.

CAPÍTULO I
Do Registro dos Candidatos

Art. 87. Somente podem concorrer às eleições candidatos registrados por partidos.

Parágrafo único. Nenhum registro será admitido fora do período de 6 (seis) meses antes da
eleição.

Art. 88. Não é permitido registro de candidato embora para cargos diferentes, por mais de uma
circunscrição ou para mais de um cargo na mesma circunscrição.

Parágrafo único. Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional o candidato deverá ser
filiado ao partido, na circunscrição em que concorrer, pelo tempo que for fixado nos respectivos
estatutos.

Art. 89. Serão registrados:

I - no Tribunal Superior Eleitoral os candidatos a presidente e vice-presidente da República;

II - nos Tribunais Regionais Eleitorais os candidatos a senador, deputado federal, governador e


vice-governador e deputado estadual;

III - nos Juízos Eleitorais os candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito e juiz de paz.

Art. 90. Somente poderão inscrever candidatos os partidos que possuam diretório devidamente
registrado na circunscrição em que se realizar a eleição.

Art. 91. O registro de candidatos a presidente e vice-presidente, governador e vice-


governador, ou prefeito e vice-prefeito, far-se-á sempre em chapa única e indivisível, ainda que
resulte a indicação de aliança de partidos.

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§ 1º. O registro de candidatos a senador far-se-á com o do suplente partidário.

§ 2º. Nos Territórios far-se-á o registro do candidato a deputado com o do suplente.

Art. 92. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 93. O prazo da entrada em Cartório ou na Secretaria do Tribunal, conforme o caso, de


requerimento de registro de candidato a cargo eletivo terminará, improrrogavelmente, às 18:00 h
(dezoito horas) do 90º (nonagésimo) dia anterior à data marcada para a eleição.

§ 1º. Até o 70º (septuagésimo) dia anterior à data marcada para a eleição, todos os
requerimentos devem estar julgados, inclusive os que tiverem sido impugnados.

§ 2º. As convenções partidárias para a escolha dos candidatos serão realizadas, no máximo, até
10 (dez) dias antes do término do prazo do pedido de registro no Cartório Eleitoral ou na
Secretaria do Tribunal. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 6.978, de 19.01.1982.)

Art. 94. O registro pode ser promovido por delegado de partido, autorizado em documento
autêntico, inclusive telegrama de quem responda pela direção partidária e sempre com assinatura
reconhecida por tabelião.

§ 1º. O requerimento de registro deverá ser instruído:

I - com a cópia autêntica da ata da convenção que houver feito a escolha do candidato, a qual
deverá ser conferida com o original na Secretaria do Tribunal ou no cartório eleitoral;

II - com autorização do candidato, em documento com a assinatura reconhecida por tabelião;

III - com certidão fornecida pelo cartório eleitoral da zona de inscrição, em que conste que o
registrando é eleitor;

IV - com prova de filiação partidária, salvo para os candidatos a presidente e vice-presidente,


senador e respectivo suplente, governador e vice-governador, prefeito e vice-prefeito;

V - com folha corrida fornecida pelos cartórios competentes, para que se verifique se o
candidato está no gozo dos direitos políticos (artigos 132, III e 135 da Constituição Federal);
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

VI - com declaração de bens, de que constem a origem e as mutações patrimoniais.

§ 2º. A autorização do candidato pode ser dirigida diretamente ao órgão ou juiz competente
para o registro.

Art. 95. O candidato poderá ser registrado sem o prenome, ou com o nome abreviado, desde
que a supressão não estabeleça dúvida quanto à sua identidade.

Art. 96. Será negado o registro a candidato que, pública ou ostensivamente, faça parte, ou seja
adepto de partido político cujo registro tenha sido cassado com fundamento no artigo 141, § 13,
da Constituição Federal.

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Art. 97. Protocolado o requerimento de registro, o presidente do Tribunal ou o juiz eleitoral, no
caso de eleição municipal ou distrital, fará publicar imediatamente edital para ciência dos
interessados.

§ 1º. O edital será publicado na Imprensa Oficial, nas capitais, e afixado em cartório, no local
de costume, nas demais zonas.

§ 2º. Do pedido de registro caberá, no prazo de 2 (dois) dias, a contar da publicação ou


afixação do edital, impugnação articulada por parte de candidato ou de partido político.

§ 3º. Poderá, também, qualquer eleitor, com fundamento em inelegibilidade ou


incompatibilidade do candidato ou na incidência deste no artigo 96 impugnar o pedido de
registro, dentro do mesmo prazo, oferecendo prova do alegado.

§ 4º. Havendo impugnação, o partido requerente do registro terá vista dos autos, por 2 (dois)
dias, para falar sobre a mesma, feita a respectiva intimação na forma do § 1º.

Art. 98. Os militares alistáveis são elegíveis, atendidas as seguintes condições:

I - o militar que tiver menos de 5 (cinco) anos de serviço será, ao se candidatar a cargo eletivo,
excluído do serviço ativo;

II - o militar em atividade com 5 (cinco) ou mais anos de serviço, ao se candidatar a cargo


eletivo será afastado, temporariamente, do serviço ativo, como agregado, para tratar de interesse
particular;

III - o militar não excluído e que vier a ser eleito, será, no ato da diplomação, transferido para a
reserva ou reformado (Emenda Constitucional número 9, artigo 3).

Parágrafo único. O juízo ou Tribunal que deferir o registro de militar candidato a cargo eletivo,
comunicará imediatamente a decisão à autoridade a que o mesmo estiver subordinado, cabendo
igual obrigação ao Partido, quando lançar a candidatura.

Art. 99. Nas eleições majoritárias poderá qualquer partido registrar na mesma circunscrição
candidato já por outro registrado, desde que o outro partido e o candidato o consintam por
escrito até 10 (dez) dias antes da eleição, observadas as formalidades do artigo 94.

Parágrafo único. A falta de consentimento expresso acarretará a anulação do registro


promovido, podendo o partido prejudicado requerê-la ou recorrer da resolução que ordenar o
registro.

Art. 100. Nas eleições realizadas pelo sistema proporcional, o Tribunal Superior Eleitoral, até 6
(seis) meses antes do pleito, reservará para cada Partido, por sorteio, em sessão realizada com a
presença dos Delegados de Partido, uma série de números a partir de 100 (cem).

§ 1º. A sessão a que se refere o caput deste artigo será anunciada aos Partidos com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias.

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§ 2º. As convenções partidárias para escolha dos candidatos sortearão, por sua vez, em cada
Estado e município, os números que devam corresponder a cada candidato.

§ 3º. Nas eleições para Deputado Federal, se o número de Partidos não for superior a 9
(nove), a cada um corresponderá obrigatoriamente uma centena, devendo a numeração dos
candidatos ser sorteada a partir da unidade, para que ao primeiro candidato do primeiro Partido
corresponda o número 101 (cento e um), ao do segundo partido, 201 (duzentos e um), e assim
sucessivamente.

§ 4º. Concorrendo 10 (dez) ou mais Partidos, a cada um corresponderá uma centena a partir
de 1.101 (um mil, cento e um), de maneira que a todos os candidatos sejam atribuídos sempre 4
(quatro) algarismos, suprimindo-se a numeração correspondente à série 2.001 (dois mil e um) a
2.100 (dois mil e cem), para reiniciá-la em 2.101 (dois mil, cento e um), a partir do décimo
Partido.

§ 5º. Na mesma sessão, o Tribunal Superior Eleitoral sorteará as séries correspondentes aos
Deputados Estaduais e Vereadores, observando, no que couber, as normas constantes dos
parágrafos anteriores, e de maneira que a todos os candidatos, sejam atribuídos sempre número
de 4 (quatro) algarismos. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.015, de 16.07.1982)

Art. 101. Pode qualquer candidato requerer, em petição com firma reconhecida, o
cancelamento do seu nome do registro, ficando nesse caso reduzidos para 3 (três) dias os prazos
para a convocação da convenção destinada à escolha do substituto.

§ 1º. Desse fato, o presidente do Tribunal ou o juiz, conforme o caso, dará ciência imediata ao
partido que tenha feito a inscrição, ao qual ficará ressalvado o direito de substituir por outro o
nome cancelado, observadas todas as formalidades exigidas para o registro e desde que o novo
pedido seja apresentado até 60 (sessenta) dias antes do pleito.

§ 2º. Nas eleições majoritárias, se o candidato vier a falecer ou renunciar dentro do período de
60 (sessenta) dias mencionados no parágrafo anterior, o partido poderá substituí-lo; se o registro
do novo candidato estiver deferido até 30 (trinta) dias antes do pleito serão confeccionadas novas
cédulas, caso contrário serão utilizadas as já impressas, computando-se para o novo candidato os
votos dados ao anteriormente registrado.

§ 3º. Considerar-se-á nulo o voto dado ao candidato que haja pedido o cancelamento de sua
inscrição, salvo na hipótese prevista no parágrafo anterior, in fine.

§ 4º. Nas eleições proporcionais, ocorrendo a hipótese prevista neste artigo, ao substituto será
atribuído o número anteriormente dado ao candidato cujo registro foi cancelado.

§ 5º. Em caso de morte, renúncia, inelegibilidade e preenchimento de vagas existentes nas


respectivas chapas, tanto em eleições proporcionais quanto majoritárias, as substituições e
indicações se processarão pelas Comissões Executivas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
6.553, de 19.08.1978)

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Art. 102. Os registros efetuados pelo Tribunal Superior serão imediatamente comunicados aos
Tribunais Regionais e por estes aos juízes eleitorais.

Parágrafo único. Os Tribunais Regionais comunicarão também ao Tribunal Superior os registros


efetuados por eles e pelos juízes eleitorais.

CAPÍTULO II
Do Voto Secreto

Art. 103. O sigilo do voto é assegurado mediante as seguintes providências:

I - uso de cédulas oficiais em todas as eleições, de acordo com modelo aprovado pelo Tribunal
Superior;

II - isolamento do eleitor em cabine indevassável para o só efeito de assinalar na cédula o


candidato de sua escolha e, em seguida, fechá-la;

III - verificação da autenticidade da cédula oficial à vista das rubricas;

IV - emprego de urna que assegure a inviolabilidade do sufrágio e seja suficientemente ampla


para que não se acumulem as cédulas na ordem em que forem introduzidas.

CAPÍTULO III
Da Cédula Oficial

Art. 104. As cédulas oficiais serão confeccionadas e distribuídas exclusivamente pela Justiça
Eleitoral, devendo ser impressas em papel branco, opaco e pouco absorvente. A impressão será
em tinta preta, com tipos uniformes de letra.

§ 1º. Os nomes dos candidatos para as eleições majoritárias devem figurar na ordem
determinada por sorteio.

§ 2º. O sorteio será realizado após o deferimento do último pedido de registro, em audiência
presidida pelo juiz ou presidente do Tribunal, na presença dos candidatos e delegados de partido.

§ 3º. A realização da audiência será anunciada com 3 (três) dias de antecedência, no mesmo dia
em que for deferido o último pedido de registro, devendo os delegados de partido ser intimados
por ofício sob protocolo.

§ 4º. Havendo substituição de candidatos após o sorteio, o nome do novo candidato deverá
figurar na cédula na seguinte ordem:

I - se forem apenas 2 (dois), em último lugar;

II - se forem 3 (três), em segundo lugar;

III - se forem mais de 3 (três), em penúltimo lugar;

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IV - se permanecer apenas 1 (um) candidato e forem substituídos 2 (dois) ou mais, aquele
ficará em primeiro lugar, sendo realizado novo sorteio em relação aos demais.

§ 5º. Para as eleições realizadas pelo sistema proporcional a cédula conterá espaço para que o
eleitor escreva o nome ou o número do candidato de sua preferência e indique a sigla do partido.

§ 6º. As cédulas oficiais serão confeccionadas de maneira tal que, dobradas, resguardem o
sigilo do voto, sem que seja necessário o emprego de cola para fechá-las.

CAPÍTULO IV
Da Representação Proporcional

Art. 105. Fica facultado a 2 (dois) ou mais Partidos coligarem-se para o registro de candidatos
comuns a Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador.

§ 1º. A deliberação sobre coligação caberá à Convenção Regional de cada Partido, quando se
tratar de eleição para a Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas, e à Convenção
Municipal, quando se tratar de eleição para a Câmara de Vereadores, e será aprovada mediante
a votação favorável da maioria, presentes 2/3 (dois terços) dos convencionais, estabelecendo-se,
na mesma oportunidade, o número de candidatos que caberá a cada Partido.

§ 2º. Cada Partido indicará em convenção os seus candidatos e o registro será promovido em
conjunto pela Coligação.(Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados
pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou
inferior a meio, equivalente a um, se superior.

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 107. Determina-se para cada Partido ou coligação o quociente partidário, dividindo-se
pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação de
legendas, desprezada a fração. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

Art. 108. Estarão eleitos tantos candidatos registrados por um Partido ou coligação quantos o
respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha
recebido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão
distribuídos mediante observância das seguintes regras:

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de Partidos


pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar
a maior média um dos lugares a preencher;

II - repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos lugares.

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§ 1º. O preenchimento dos lugares com que cada Partido ou coligação for contemplado far-se-
á segundo a ordem de votação recebida pelos seus candidatos.

§ 2º. Só poderão concorrer à distribuição dos lugares os Partidos e coligações que tiverem
obtido quociente eleitoral. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

Art. 110. Em caso de empate, haver-se-á por eleito o candidato mais idoso.

Art. 111. Se nenhum Partido ou coligação alcançar o quociente eleitoral, considerar-se-ão


eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, os candidatos mais votados. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

Art. 112. Considerar-se-ão suplentes da representação partidária:

I - os mais votados sob a mesma legenda e não eleitos efetivos das listas dos respectivos
partidos;

II - em caso de empate na votação, na ordem decrescente da idade.

Art. 113. Na ocorrência de vaga, não havendo suplente para preenchê-la, far-se-á eleição,
salvo se faltarem menos de nove meses para findar o período de mandato.

TÍTULO II
Dos Atos Preparatórios da Votação

Art. 114. Até 70 (setenta) dias antes da data marcada para a eleição, todos os que requererem
inscrição como eleitor, ou transferência, já devem estar devidamente qualificados e os respectivos
títulos prontos para a entrega, se deferidos pelo juiz eleitoral.

Parágrafo único. Será punido nos termos do artigo 293 o juiz eleitoral, o escrivão eleitoral, o
preparador ou o funcionário responsável pela transgressão do preceituado neste artigo ou pela
não-entrega do título pronto ao eleitor que o procurar.

Art. 115. Os juízes eleitorais, sob pena de responsabilidade, comunicarão ao Tribunal Regional,
até 30 (trinta) dias antes de cada eleição, o número de eleitores alistados.

Art. 116. A Justiça Eleitoral fará ampla divulgação, através dos comunicados transmitidos em
obediência ao disposto no artigo 250, § 5º, pelo rádio e televisão, bem assim por meio de
cartazes afixados em lugares públicos, dos nomes dos candidatos registrados, com indicação do
partido a que pertençam, bem como do número sob que foram inscritos, no caso dos candidatos
a deputado e a vereador.

CAPÍTULO I
Das Seções Eleitorais

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Art. 117. As seções eleitorais, organizadas à medida em que forem sendo deferidos os pedidos
de inscrição, não terão mais de 400 (quatrocentos) eleitores nas capitais e de 300 (trezentos) nas
demais localidades, nem menos de 50 (cinqüenta) eleitores.

§ 1º. Em casos excepcionais, devidamente justificados, o Tribunal Regional poderá autorizar


que sejam ultrapassados os índices previstos neste artigo, desde que essa providência venha
facilitar o exercício do voto, aproximando o eleitor do local designado para a votação.

§ 2º. Se em seção destinada aos cegos, o número de eleitores não alcançar o mínimo exigido,
este se completará com outros, ainda que não sejam cegos.

Art. 118. Os juízes eleitorais organizarão relação de eleitores de cada seção, a qual será
remetida aos presidentes das mesas receptoras para facilitação do processo de votação.

CAPÍTULO II
Das Mesas Receptoras

Art. 119. A cada seção eleitoral corresponde uma mesa receptora de votos.

Art. 120. Constituem a mesa receptora um presidente, um primeiro e um segundo mesários,


dois secretários e um suplente, nomeados pelo juiz eleitoral sessenta dias antes da eleição, em
audiência pública, anunciada pelo menos com cinco dias de antecedência. (Redação dada ao
caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 1º. Não podem ser nomeados presidentes e mesários:

I - os candidatos e seus parentes ainda que por afinidade, até o segundo grau, inclusive, e bem
assim o cônjuge;

II - os membros de diretórios de partidos desde que exerçam função executiva;

III - as autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no desempenho de cargos de


confiança do Executivo;

IV - Os que pertencerem ao serviço eleitoral.

§ 2º. Os mesários serão nomeados, de preferência entre os eleitores da própria seção, e, dentre
estes, os diplomados em escola superior, os professores e os serventuários da Justiça.

§ 3º. O juiz eleitoral mandará publicar no jornal oficial, onde houver, e, não havendo, em
cartório, as nomeações que tiver feito, e intimará os mesários através dessa publicação, para
constituírem as mesas no dia e lugares designados, às 7 h.

§ 4º. Os motivos justos que tiverem os nomeados para recusar a nomeação, e que ficarão à
livre apreciação do juiz eleitoral, somente poderão ser alegados até 5 (cinco) dias a contar da
nomeação, salvo se sobrevindos depois desse prazo.

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§ 5º. Os nomeados que não declararem a existência de qualquer dos impedimentos referidos no
§ 1º incorrem na pena estabelecida pelo artigo 310.

Art. 121. Da nomeação da mesa receptora qualquer partido poderá reclamar ao juiz eleitoral,
no prazo de 2 (dois) dias, a contar da audiência, devendo a decisão ser proferida em igual prazo.

§ 1º. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de
3 (três) dias, devendo, dentro de igual prazo, ser resolvido.

§ 2º. Se o vício da constituição da mesa resultar da incompatibilidade prevista no I, do § 1º, do


artigo 120, e o registro do candidato for posterior à nomeação do mesário, o prazo para
reclamação será contado da publicação dos nomes dos candidatos registrados se resultar de
qualquer das proibições dos números II, III e IV, e em virtude de fato superveniente, o prazo se
contará do ato da nomeação ou eleição.

§ 3º. O partido que não houver reclamado contra a composição da mesa não poderá argüir,
sob esse fundamento, a nulidade da seção respectiva.

Art. 122. Os juízes deverão instruir os mesários sobre o processo da eleição, em reuniões para
esse fim convocadas com a necessária antecedência.

Art. 123. Os mesários substituirão o presidente, de modo que haja sempre quem responda
pessoalmente pela ordem e regularidade do processo eleitoral, e assinarão a ata da eleição.

§ 1º. O presidente deve estar presente ao ato de abertura e de encerramento da eleição, salvo
força maior, comunicando o impedimento aos mesários e secretários, pelo menos 24 (vinte e
quatro) horas antes da abertura dos trabalhos, ou imediatamente, se o impedimento se der dentro
desse prazo ou no curso da eleição.

§ 2º. Não comparecendo o presidente até as sete horas e trinta minutos, assumirá a presidência,
o primeiro mesário e, na sua falta ou impedimento, o segundo mesário, um dos secretários ou o
suplente.

§ 3º. Poderá o presidente, ou membro da mesa que assumir a presidência, nomear ad hoc,
dentre os eleitores presentes e obedecidas as prescrições do § 1º, do artigo 120, os que forem
necessários para completar a mesa.

Art. 124. O membro da mesa receptora que não comparecer no local, em dia e hora
determinados para a realização de eleição, sem justa causa apresentada ao juiz eleitoral até 30
(trinta) dias após, incorrerá na multa de 50% (cinqüenta por cento) a 1 (um) salário mínimo
vigente na zona eleitoral, cobrada mediante selo federal inutilizado no requerimento em que for
solicitado o arbitramento ou através de executivo fiscal.

§ 1º. Se o arbitramento e pagamento da multa não for requerido pelo mesário faltoso, a multa
será arbitrada e cobrada na forma prevista no artigo 367.

§ 2º. Se o faltoso for servidor público ou autárquico, a pena será de suspensão até 15 (quinze)
dias.

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§ 3º. As penas previstas neste artigo serão aplicadas em dobro se a mesa receptora deixar de
funcionar por culpa dos faltosos.

§ 4º. Será também aplicada em dobro observado o disposto nos parágrafos 1 e 2, a pena ao
membro da mesa que abandonar os trabalhos no decurso da votação sem justa causa
apresentada ao juiz até 3 (três) dias após a ocorrência.

Art. 125. Não se reunindo, por qualquer motivo, a mesa receptora, poderão os eleitores
pertencentes à respectiva seção votar na seção mais próxima, sob jurisdição do mesmo juiz,
recolhendo-se os seus votos à urna da seção em que deveriam votar, a qual será transportada
para aquela em que tiverem de votar.

§ 1º. As assinaturas dos eleitores serão recolhidas nas folhas de votação da seção a que
pertencerem, as quais, juntamente com as cédulas oficiais e o material restante, acompanharão a
urna.

§ 2º. O transporte da urna e dos documentos da seção será providenciado pelo presidente da
mesa, mesário ou secretário que comparecer, ou pelo próprio juiz, ou pessoa que ele designar
para esse fim acompanhando-a os fiscais que o desejarem.

Art. 126. Se no dia designado para o pleito deixarem de se reunir todas as mesas de um
município, o presidente do Tribunal Regional determinará dia para se realizar o mesmo,
instaurando-se inquérito para a apuração das causas da irregularidade e punição dos
responsáveis.

Parágrafo único. Essa eleição deverá ser marcada dentro de 15 (quinze) dias, pelo menos, para
se realizar no prazo máximo de 30 (trinta) dias.

Art. 127. Compete ao presidente da mesa receptora, e, em sua falta, a quem o substituir;

I - receber os votos dos eleitores;

II - decidir imediatamente todas as dificuldades ou dúvidas que ocorrerem;

III - manter a ordem, para o que disporá de força pública necessária;

IV - comunicar ao juiz eleitoral, que providenciará imediatamente as ocorrências cuja solução


deste dependerem;

V - remeter à Junta Eleitoral todos os papéis que tiverem sido utilizados durante a recepção dos
votos;

VI - autenticar, com a sua rubrica, as cédulas oficiais e numerá-las nos termos das Instruções
do Tribunal Superior Eleitoral;

VII - assinar as fórmulas de observações dos fiscais ou delegados de partido, sobre as


votações;

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VIII - fiscalizar a distribuição das senhas e, verificando que não estão sendo distribuídas
segundo a sua ordem numérica, recolher as de numeração intercalada, acaso retidas, as quais não
se poderão mais distribuir;

IX - anotar o não-comparecimento do eleitor no verso da folha individual de votação. (Inciso


acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 128. Compete aos secretários:

I - distribuir aos eleitores as senhas de entrada previamente rubricadas ou carimbadas segundo


a respectiva ordem numérica;

II - lavrar a ata da eleição;

III - cumprir as demais obrigações que lhes forem atribuídas em instruções.

Parágrafo único. As atribuições mencionadas no número I serão exercidas por um dos


secretários e os constantes dos números II e III pelo outro.

Art. 129. Nas eleições proporcionais os presidentes das mesas receptoras deverão zelar pela
preservação das listas de candidatos afixadas dentro das cabinas indevassáveis, tomando
imediatas providências para a colocação de nova lista no caso de inutilização total ou parcial.

Parágrafo único. O eleitor que inutilizar ou arrebatar as listas afixadas nas cabinas indevassáveis
ou nos edifícios onde funcionarem mesas receptoras, incorrerá nas penas do artigo 297.

Art. 130. Nos estabelecimentos de internação coletiva de hansenianos os membros das mesas
receptoras serão escolhidos de preferência entre os médicos e funcionários sadios do próprio
estabelecimento.

CAPÍTULO III
Da Fiscalização Perante as Mesas Receptoras

Art. 131. Cada partido poderá nomear 2 (dois) delegados em cada município e 2 (dois) fiscais
junto a cada mesa receptora, funcionando um de cada vez.

§ 1º. Quando o município abranger mais de uma zona eleitoral cada partido poderá nomear 2
(dois) delegados junto a cada uma delas.

§ 2º. A escolha de fiscal e delegado de partido não poderá recair em quem, por nomeação do
juiz eleitoral, já faça parte da mesa receptora.

§ 3º. As credenciais expedidas pelos partidos, para os fiscais, deverão ser visadas pelo juiz
eleitoral.

§ 4º. Para esse fim, o delegado do partido encaminhará as credenciais ao Cartório, juntamente
com os títulos eleitorais dos fiscais credenciados, para que, verificado pelo escrivão que as

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inscrições correspondentes aos títulos estão em vigor e se referem aos nomeados, carimbe as
credenciais e as apresente ao juiz para o visto.

§ 5º. As credenciais que não forem encaminhadas ao Cartório pelos delegados de partido, para
os fins do parágrafo anterior, poderão ser apresentadas pelos próprios fiscais para a obtenção do
visto do juiz eleitoral.

§ 6º. Se a credencial apresentada ao presidente da mesa receptora não estiver autenticada na


forma do § 4º, o fiscal poderá funcionar perante a mesa, mas o seu voto não será admitido, a não
ser na seção em que o seu nome estiver incluído.

§ 7º. O fiscal de cada partido poderá ser substituído por outro no curso dos trabalhos eleitorais.

Art. 132. Pelas mesas receptoras serão admitidos a fiscalizar a votação, formular protestos e
fazer impugnações, inclusive sobre a identidade do eleitor, os candidatos registrados, os
delegados e os fiscais dos partidos.

TÍTULO III
Do Material para a Votação

Art. 133. Os juízes eleitorais enviarão ao presidente de cada mesa receptora, pelo menos 72
(setenta e duas) horas antes da eleição, o seguinte material:

I - relação dos eleitores da seção que, nas Capitais, poderá ser dispensada pelo respectivo
Tribunal Regional Eleitoral, em decisão fundamentada e aprovada pelo Tribunal Superior
Eleitoral; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 5.784, de 14.06.1972)

II - relações dos partidos e dos candidatos registrados, as quais deverão ser afixadas no recinto
das seções eleitorais em lugar visível, e dentro das cabinas indevassáveis as relações de
candidatos a eleições proporcionais;

III - as folhas individuais de votação dos eleitores da seção, devidamente acondicionadas;

IV - uma folha de votação para os eleitores de outras seções, devidamente rubricada;

V - uma urna vazia, vedada pelo juiz eleitoral, com tiras de papel ou pano forte;

VI - sobrecartas maiores para os votos impugnados ou sobre os quais haja dúvida; (Antigo
inciso VII renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

VII - cédulas oficiais;

VIII - sobrecartas especiais para remessa à Junta Eleitoral, dos documentos relativos à eleição;

IX - senhas para serem distribuídas aos eleitores;

X - tinta, canetas, penas, lápis e papel, necessários aos trabalhos;

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XI - folhas apropriadas para impugnação e folhas para observação de fiscais de partidos;

XII - modelo da ata a ser lavrada pela mesa receptora;

XIII - material necessário para vedar, após a votação, a fenda da urna;

XIV - um exemplar das Instruções do Tribunal Superior Eleitoral;

XV - material necessário à contagem dos votos, quando autorizada;

XVI - outro qualquer material que o Tribunal Regional julgue necessário ao regular
funcionamento da mesa.

§ 1º. O material de que trata este artigo deverá ser remetido por protocolo ou pelo correio,
acompanhado de uma relação ao pé da qual o destinatário declarará o que recebeu e como o
recebeu, e aporá sua assinatura.

§ 2º. Os presidentes da mesa que não tiverem recebido até 48 (quarenta e oito) horas antes do
pleito o referido material, deverão diligenciar para o seu recebimento.

§ 3º. O juiz eleitoral, em dia e hora previamente designados, em presença dos fiscais e
delegados dos partidos, verificará, antes de fechar e lacrar as urnas, se estas estão
completamente vazias; fechadas, enviará uma das chaves, se houver, ao presidente da Junta
Eleitoral, e a da fenda, também se houver, ao presidente da mesa receptora, juntamente com a
urna.

Art. 134. Nos estabelecimentos de internação coletiva para hansenianos serão sempre utilizadas
urnas de lona.

TÍTULO IV
Da Votação

CAPÍTULO I
Dos Lugares da Votação

Art. 135. Funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados pelos juízes eleitorais 60
(sessenta) dias antes da eleição, publicando-se a designação.

§ 1º. A publicação deverá conter a seção com a numeração ordinal e local em que deverá
funcionar com a indicação da rua, número e qualquer outro elemento que facilite a localização
pelo eleitor.

§ 2º. Dar-se-á preferência aos edifícios públicos, recorrendo-se aos particulares se faltarem
aqueles em número e condições adequadas.

§ 3º. A propriedade particular será obrigatória e gratuitamente cedida para esse fim.

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§ 4º. É expressamente vedado o uso de propriedade pertencente a candidato, membro do
diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos
cônjuges e parentes, consangüíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive.

§ 5º. Não poderão ser localizadas seções eleitorais em fazenda, sítio ou qualquer propriedade
rural privada, mesmo existindo no local prédio público, incorrendo o juiz nas penas do artigo 312,
em caso de infringência. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 6º. Os Tribunais Regionais, nas capitais, e os juízes eleitorais, nas demais zonas, farão ampla
divulgação da localização das seções.

§ 7º. Da designação dos lugares de votação poderá qualquer partido reclamar ao juiz eleitoral,
dentro de três dias a contar da publicação, devendo a decisão ser proferida dentro de quarenta e
oito horas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 8º. Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso para o Tribunal Regional, interposto dentro de
três dias, devendo, no mesmo prazo, ser resolvido. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)

§ 9º. Esgotados os prazos referidos nos parágrafos 7º e 8º deste artigo, não mais poderá ser
alegada, no processo eleitoral, a proibição contida em seu § 5º. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 6.336, de 01.06.1976)

Art. 136. Deverão ser instaladas seções nas vilas e povoados, assim como nos
estabelecimentos de internação coletiva, inclusive para cegos, e nos leprosários, onde haja, pelo
menos, 50 (cinqüenta) eleitores.

Parágrafo único. A mesa receptora designada para qualquer dos estabelecimentos de


internação coletiva deverá funcionar em local indicado pelo respectivo diretor; o mesmo critério
será adotado para os estabelecimentos especializados para proteção dos cegos.

Art. 137. Até 10 (dez) dias antes da eleição, pelo menos, comunicarão os juízes eleitorais aos
chefes das repartições públicas e aos proprietários, arrendatários ou administradores das
propriedades particulares a resolução de que serão os respectivos edifícios, ou parte deles,
utilizados para o funcionamento das mesas receptoras.

Art. 138. No local destinado à votação, a mesa ficará em recinto separado do público; ao lado
haverá uma cabina indevassável onde os eleitores, à medida que comparecerem, possam assinalar
a sua preferência na cédula.

Parágrafo único. O juiz eleitoral providenciará para que nos edifícios escolhidos sejam feitas as
necessárias adaptações.

CAPÍTULO II
Da Polícia dos Trabalhos Eleitorais

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Art. 139. Ao presidente da mesa receptora e ao juiz eleitoral cabe a polícia dos trabalhos
eleitorais.

Art. 140. Somente podem permanecer no recinto da mesa receptora os seus membros, os
candidatos, um fiscal, um delegado de cada partido e, durante o tempo necessário à votação, o
eleitor.

§ 1º. O presidente da mesa, que é, durante os trabalhos, a autoridade superior, fará retirar do
recinto ou do edifício quem não guardar a ordem e compostura devidas e estiver praticando
qualquer ato atentatório da liberdade eleitoral.

§ 2º. Nenhuma autoridade estranha à mesa poderá intervir, sob pretexto algum, em seu
funcionamento, salvo o juiz eleitoral.

Art. 141. A força armada conservar-se-á a cem metros da seção eleitoral e não poderá
aproximar-se do lugar da votação, ou nele penetrar, sem ordem do presidente da mesa.

CAPÍTULO III
Do Início da Votação

Art. 142. No dia marcado para a eleição, às 7 (sete) horas, o presidente da mesa receptora, os
mesários e os secretários verificarão se no lugar designado estão em ordem o material remetido
pelo juiz e a urna destinada a recolher os votos, bem como se estão presentes os fiscais de
partido.

Art. 143. Às 8 (oito) horas, supridas as deficiências declarará o presidente iniciados os


trabalhos, procedendo-se em seguida à votação, que começará pelos candidatos e eleitores
presentes.

§ 1º. Os membros da mesa e os fiscais de partido deverão votar no correr da votação, depois
que tiverem votado os eleitores que já se encontravam presentes no momento da abertura dos
trabalhos, ou no encerramento da votação. (Antigo parágrafo único renumerado para 1º pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. Observada a prioridade assegurada aos candidatos, têm preferência para votar o juiz
eleitoral da zona, seus auxiliares de serviço, os eleitores de idade avançada, os enfermos e as
mulheres grávidas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 144. O recebimento dos votos começará às 8 (oito) e terminará, salvo o disposto no artigo
153, às 17 (dezessete) horas.

Art. 145. O presidente, mesários, secretários, suplentes e os delegados e fiscais de partido


votarão perante as mesas em que servirem, sendo que os delegados e fiscais desde que a
credencial esteja visada na forma do artigo 131, § 3º; quando eleitores de outras seções, seus
votos serão tomados em separado. (Redação dada ao caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

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Parágrafo único. Com as cautelas constantes do artigo 147, § 2º, poderão ainda votar fora da
respectiva seção:

I - o juiz eleitoral, em qualquer seção da zona sob sua jurisdição, salvo em eleições municipais,
nas quais poderá votar em qualquer seção do município em que for eleitor;

II - o Presidente da República, o qual poderá votar em qualquer seção eleitoral do País, nas
eleições presidenciais; em qualquer seção do Estado em que for eleitor nas eleições para
governador, vice governador, senador, deputado federal e estadual; em qualquer seção do
município em que estiver inscrito, nas eleições para prefeito, vice prefeito e vereador;

III - os candidatos à Presidência da República, em qualquer seção eleitoral do País, nas


eleições presidenciais, e, em qualquer seção do Estado em que forem eleitores, nas eleições de
âmbito estadual;

IV - os governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais e estaduais, em


qualquer seção do Estado, nas eleições de âmbito nacional e estadual; em qualquer seção do
município de que sejam eleitores, nas eleições municipais;

V - os candidatos a governador, vice-governador, senador, deputado federal e estadual, em


qualquer seção do Estado de que sejam eleitores, nas eleições de âmbito nacional e estadual;

VI - os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, em qualquer seção de município que


representarem, desde que eleitores do Estado, sendo que, no caso de eleições municipais, nelas
somente poderão votar se inscritos no município;

VII - os candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, em qualquer seção de município, desde


que dele sejam eleitores;

VIII - os militares, removidos ou transferidos dentro do período de 6 (seis) meses antes do


pleito, poderão votar nas eleições para presidente e vice-presidente da República na localidade
em que estiverem servindo. (Antigo parágrafo 2º renumerado para parágrafo único pela Lei
nº 4.961, de 04.05.1966)

IX - os policiais militares em serviço. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

CAPÍTULO IV
Do Ato de Votar

Art. 146. Observar-se-á na votação o seguinte:

I - o eleitor receberá, ao apresentar-se na seção, e antes de penetrar no recinto da mesa, uma


senha numerada, que o secretário rubricará, no momento, depois de verificar pela relação dos
eleitores da seção, que o seu nome consta da respectiva pasta;

II - no verso da senha o secretário anotará o número de ordem da folha individual da pasta,


número esse que constará da relação enviada pelo cartório à mesa receptora;

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III - admitido a penetrar no recinto da mesa, segundo a ordem numérica das senhas, o eleitor
apresentará ao presidente seu título, o qual poderá ser examinado por fiscal ou delegado de
partido, entregando, no mesmo ato, a senha;

IV - pelo número anotado no verso da senha, o presidente, ou mesário, localizará a folha


individual de votação, que será confrontada com o título e poderá também ser examinada por
fiscal ou delegado de partido;

V - achando-se em ordem o título e a folha individual e não havendo dúvida sobre a identidade
do eleitor, o presidente da mesa o convidará a lançar sua assinatura no verso da folha individual
de votação; em seguida entregar-lhe-á a cédula única rubricada no ato pelo presidente e mesários
e numerada de acordo com as Instruções do Tribunal Superior, instruindo-o sobre a forma de
dobrá-la, fazendo-o passar à cabina indevassável, cuja porta ou cortina será encerrada em
seguida;

VI - o eleitor será admitido a votar, ainda que deixe de exibir no ato da votação o seu título,
desde que seja inscrito na seção e conste da respectiva pasta a sua folha individual de votação;
nesse caso, a prova de ter votado será feita mediante certidão que obterá posteriormente, no
juízo competente;

VII - no caso da omissão da folha individual na respectiva pasta verificada no ato da votação,
será o eleitor, ainda, admitido a votar, desde que exiba o seu título eleitoral e dele conste que o
portador é inscrito na seção, sendo o seu voto, nesta hipótese, tomado em separado e colhida
sua assinatura na folha de votação modelo 2 (dois).

Como ato preliminar da apuração do voto, averiguar-se-á se se trata de eleitor em condições


de votar, inclusive se realmente pertence à seção;

VIII - verificada a ocorrência de que trata o número anterior, a Junta Eleitoral, antes de
encerrar os seus trabalhos, apurará a causa da omissão. Se tiver havido culpa ou dolo, será
aplicada ao responsável, na primeira hipótese, a multa de até 2 (dois) salários mínimos, e, na
segunda, a de suspensão até 30 (trinta) dias;

IX - na cabina indevassável, onde não poderá permanecer mais de um minuto, o eleitor indicará
os candidatos de sua preferência e dobrará a cédula oficial, observadas as seguintes normas:

a) assinalando com uma cruz, ou de modo que torne expressa a sua intenção, o quadrilátero
correspondente ao candidato majoritário de sua preferência;

b) escrevendo o nome, o prenome, ou o número do candidato de sua preferência nas eleições


proporcionais; (Redação dada à alínea pela Lei nº 7.434, de 19.12.1985)

c) escrevendo apenas a sigla do partido de sua preferência, é pretender votar só na legenda;


(Alínea anteriormente revogada pela Lei nº 6.989, de 05.05.1982, revigorada pela Lei nº
7.332, de 01.07.1985)

X - ao sair da cabina o eleitor depositará na urna a cédula;

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XI - ao depositar a cédula na urna, o eleitor deverá fazê-lo de maneira a mostrar a parte
rubricada à mesa e aos fiscais de partido, para que verifiquem, sem nela tocar, se não foi
substituída;

XII - se a cédula oficial não for a mesma, será o eleitor convidado a voltar à cabine
indevassável e a trazer seu voto na cédula que recebeu; se não quiser tornar à cabina, ser-lhe-á
recusado o direito de voto, anotando-se a ocorrência na ata e ficando o eleitor retido pela mesa,
e à sua disposição, até o término da votação ou a devolução da cédula oficial já rubricada e
numerada;

XIII - se o eleitor, ao receber a cédula ou ao recolher-se à cabina de votação, verificar que a


cédula se acha estragada ou, de qualquer modo, viciada ou assinalada ou se ele próprio, por
imprudência, imprevidência ou ignorância, a inutilizar, estragar ou assinalar erradamente, poderá
pedir uma outra ao presidente da seção eleitoral, restituindo, porém, a primeira, a qual será
imediatamente inutilizada à vista dos presentes e sem quebra do sigilo do que o eleitor haja nela
assinalado;

XIV - introduzida a sobrecarta na urna, o presidente da mesa devolverá o título ao eleitor,


depois de datá-lo e assiná-lo; em seguida rubricará, no local próprio, a folha individual de
votação.

Art. 147. O presidente da mesa dispensará especial atenção à identidade de cada eleitor
admitido a votar. Existindo dúvida a respeito, deverá exigir-lhe a exibição da respectiva carteira,
e, na falta desta, interrogá-lo sobre os dados constantes do título, ou da folha individual de
votação, confrontando a assinatura do mesmo com a feita na sua presença pelo eleitor, e
mencionando na ata a dúvida suscitada.

§ 1º. A impugnação à identidade do eleitor, formulada pelos membros da mesa, fiscais,


delegados, candidatos ou qualquer eleitor, será apresentada verbalmente ou por escrito, antes de
ser o mesmo admitido a votar.

§ 2º. Se persistir a dúvida ou for mantida a impugnação, tomará o presidente da mesa as


seguintes providências:

I - escreverá numa sobrecarta branca o seguinte: "Impugnado por "F"";

II - entregará ao eleitor a sobrecarta branca, para que ele, na presença da mesa e dos fiscais,
nela coloque a cédula oficial que assinalou, assim como o seu título, a folha de impugnação e
qualquer outro documento oferecido pelo impugnante;

III - determinar ao eleitor que feche a sobrecarta branca e a deposite na urna;

IV - anotará a impugnação na ata.

§ 3º. O voto em separado, por qualquer motivo, será sempre tomado na forma prevista no
parágrafo anterior.

Art. 148. O eleitor somente poderá votar na seção eleitoral em que estiver incluído o seu nome.

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§ 1º. Essa exigência somente poderá ser dispensada nos casos previstos no artigo 145 e seus
parágrafos.

§ 2º. Aos eleitores mencionados no artigo 145 não será permitido votar sem a exibição do
título, e nas folhas de votação modelo 2 (dois), nas quais lançarão suas assinaturas, serão sempre
anotadas na coluna própria as seções mencionadas nos títulos retidos.

§ 3º. Quando se tratar de candidato, o presidente da mesa receptora verificará, previamente, se


o nome figura na relação enviada à seção, e quando se tratar de fiscal de partido, se a credencial
está devidamente visada pelo juiz eleitoral.

§ 4º. (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 5º. (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 149. Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver havido impugnação perante
a mesa receptora, no ato da votação, contra as nulidades argüidas.

Art. 150. O eleitor cego poderá:

I - assinar a folha individual de votação em letras do alfabeto comum ou do sistema Braille;

II - assinalar a cédula oficial, utilizando também qualquer sistema;

III - usar qualquer elemento mecânico que trouxer consigo, ou lhe for fornecido pela mesa, e
que lhe possibilite exercer o direito de voto.

Art. 151. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 07.12.1989)

§ 1º. (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 152. Poderão ser utilizadas máquinas de votar, a critério e mediante regulamentação do
Tribunal Superior Eleitoral.

CAPÍTULO V
Do Encerramento da Votação

Art. 153. Às 17 (dezessete) horas, o presidente fará entregar as senhas a todos os eleitores
presentes e, em seguida, os convidará, em voz alta, a entregar à mesa seus títulos, para que sejam
admitidos a votar.

Parágrafo único. A votação continuará na ordem numérica das senhas e o título será devolvido
ao eleitor, logo que tenha votado.

Art. 154. Terminada a votação e declarado o seu encerramento pelo presidente, tomará este as
seguintes providências:

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I - vedará a fenda de introdução da cédula na urna, de modo a cobri la inteiramente com tiras de
papel ou pano forte, rubricadas pelo presidente e mesários e, facultativamente, pelos fiscais
presentes; separará todas as folhas de votação correspondentes aos eleitores faltosos e fará
constar, no verso de cada uma delas, na parte destinada à assinatura do eleitor, a falta verificada,
por meio de breve registro, que autenticará com a sua assinatura; (Redação dada ao inciso pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

II - encerrará, com a sua assinatura, a folha de votação modelo 2 (dois), que poderá ser
também assinada pelos fiscais;

III - mandará lavrar, por um dos secretários, a ata da eleição, preenchendo o modelo fornecido
pela Justiça Eleitoral, para que conste:

a) os nomes dos membros da mesa que hajam comparecido, inclusive o suplente;

b) as substituições e nomeações feitas;

c) os nomes dos fiscais que hajam comparecido e dos que se retiraram durante a votação;

d) a causa, se houver, do retardamento para o começo da votação;

e) o número, por extenso, dos eleitores da seção que compareceram e votaram e o número dos
que deixaram de comparecer;

f) o número, por extenso, de eleitores de outras seções que hajam votado e cujos votos hajam
sido recolhidos ao invólucro especial;

g) o motivo de não haverem votado alguns dos eleitores que compareceram;

h) os protestos e as impugnações apresentados pelos fiscais, assim como as decisões sobre eles
proferidas, tudo em seu inteiro teor;

i) a razão de interrupção da votação, se tiver havido, e o tempo de interrupção;

j) a ressalva das rasuras, emendas e entrelinhas porventura existentes nas folhas de votação e na
ata, ou a declaração de não existirem;

IV - mandará, em caso de insuficiência de espaço no modelo destinado ao preenchimento,


prosseguir a ata em outra folha devidamente rubricada por ele, mesários e fiscais que o
desejarem, mencionando esse fato na própria ata;

V - assinará a ata com os demais membros da mesa, secretários e fiscais que quiserem;

VI - entregará a urna e os documentos do ato eleitoral ao presidente da Junta ou à agência do


Correio mais próxima, ou a outra vizinha que ofereça melhores condições de segurança e
expedição, sob recibo em triplicata com a indicação de hora, devendo aqueles documentos ser
encerrados em sobrecartas rubricadas por ele e pelos fiscais que o quiserem;

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VII - comunicará em ofício, ou impresso próprio, ao juiz eleitoral da zona a realização da
eleição, o número de eleitores que votaram e a remessa da urna e dos documentos à Junta
Eleitoral;

VIII - enviará em sobrecarta fechada uma das vias do recibo do Correio à Junta Eleitoral e a
outra ao Tribunal Regional.

§ 1º. Os Tribunais Regionais poderão prescrever outros meios de vedação das urnas.

§ 2º. No Distrito Federal e nas capitais dos Estados poderão os Tribunais Regionais determinar
normas diversas para a entrega de urnas e papéis eleitorais, com as cautelas destinadas a evitar
violação ou extravio.

Art. 155. O presidente da Junta Eleitoral e as agências do Correio tomarão as providências


necessárias para o recebimento da urna e dos documentos referidos no artigo anterior.

§ 1º. Os fiscais e delegados de partidos têm direito de vigiar e acompanhar a urna desde o
momento da eleição, durante a permanência nas agências do Correio e até a entrega à Junta
Eleitoral.

§ 2º. A urna ficará permanentemente à vista dos interessados e sob a guarda de pessoa
designada pelo presidente da Junta Eleitoral.

Art. 156. Até as 12 (doze) horas do dia seguinte à realização da eleição, o juiz eleitoral é
obrigado, sob pena de responsabilidade e multa de 1 (um) a 2 (dois) salários mínimos, a
comunicar ao Tribunal Regional, e aos delegados de partido perante ele credenciados, o número
de eleitores que votaram em cada uma das seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total
de votantes da zona.

§ 1º. Se houver retardamento nas medidas referidas no artigo 154, o juiz eleitoral, assim que
receba o ofício constante desse dispositivo, número VII, fará a comunicação constante deste
artigo.

§ 2º. Essa comunicação será feita por via postal, em ofícios registrados de que o juiz eleitoral
guardará cópia no arquivo da zona, acompanhada do recibo do Correio.

§ 3º. Qualquer candidato, delegado ou fiscal de partido poderá obter, por certidão, o teor da
comunicação a que se refere este artigo, sendo defeso ao juiz eleitoral recusá-la ou procrastinar a
sua entrega ao requerente.

Art. 157. (Revogado pela Lei nº 7.914, de 07.12.1989)

TÍTULO V
Da Apuração

CAPÍTULO II
Da Apuração nas Juntas

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SEÇÃO I
Disposições Preliminares

Art. 158. A apuração compete:

I - às Juntas Eleitorais quanto às eleições realizadas na zona sob sua jurisdição;

II - aos Tribunais Regionais a referente às eleições para governador, vice-governador, senador,


deputado federal e estadual, de acordo com os resultados parciais enviados pelas Juntas
Eleitorais;

III - ao Tribunal Superior Eleitoral nas eleições para presidente e vice-presidente da República,
pelos resultados parciais remetidos pelos Tribunais Regionais.

Art. 159. A apuração começará no dia seguinte ao das eleições e, salvo motivo justificado,
deverá terminar dentro de 10 (dez) dias.

§ 1º. Iniciada a apuração, os trabalhos não serão interrompidos aos sábados, domingos e dias
feriados, devendo a Junta funcionar das 8 (oito) às 18 (dezoito) horas, pelo menos.

§ 2º. Em caso de impossibilidade de observância do prazo previsto neste artigo, o fato deverá
ser imediatamente justificado perante o Tribunal Regional, mencionando-se as horas ou dias
necessários para o adiamento, que não poderá exceder a cinco dias. (Redação dada ao
parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 3º. Esgotado o prazo e a prorrogação estipulada neste artigo, ou não tendo havido em tempo
hábil o pedido de prorrogação, a respectiva Junta Eleitoral perde a competência para prosseguir
na apuração, devendo o seu presidente remeter, imediatamente, ao Tribunal Regional, todo o
material relativo à votação. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 4º. Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior, competirá ao Tribunal Regional fazer
a apuração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 5º. Os membros da Junta Eleitoral responsáveis pela inobservância injustificada dos prazos
fixados neste artigo estarão sujeitos à multa de dois a dez salários mínimos, aplicada pelo Tribunal
Regional. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 160. Havendo conveniência, em razão do número de urnas a apurar, a Junta poderá
subdividir-se em turmas, até o limite de 5 (cinco), todas presididas por algum dos seus
componentes.

Parágrafo único. As dúvidas que forem levantadas em cada turma serão decididas por maioria
de votos dos membros da Junta.

Art. 161. Cada partido poderá credenciar perante as Juntas até 3 (três) fiscais, que se revezem
na fiscalização dos trabalhos.

§ 1º. Em caso de divisão da Junta em turmas, cada partido poderá credenciar até 3 (três) fiscais
para cada turma.

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§ 2º. Não será permitida, na Junta ou turma, a atuação de mais de 1 (um) fiscal de cada partido.

Art. 162. Cada partido poderá credenciar mais de 1 (um) delegado perante a Junta, mas no
decorrer da apuração só funcionará 1 (um) de cada vez.

Art. 163. Iniciada a apuração da urna, não será a mesma interrompida, devendo ser concluída.

Parágrafo único. Em caso de interrupção por motivo de força maior, as cédulas e as folhas de
apuração serão recolhidas à urna e esta fechada e lacrada o que constará da ata.

Art. 164. É vedado às Juntas Eleitorais a divulgação, por qualquer meio, de expressões, frases
ou desenhos estranhos ao pleito, apostos ou contidos nas cédulas.

§ 1º. Aos membros, escrutinadores e auxiliares das Juntas que infringirem o disposto neste
artigo será aplicada a multa de 1 (um) a 2 (dois) salários mínimos vigentes na Zona Eleitoral,
cobrados através de executivo fiscal ou da inutilização de selos federais no processo em que for
arbitrada a multa.

§ 2º. Será considerada dívida líquida e certa, para efeito de cobrança, a que for arbitrada pelo
Tribunal Regional e inscrita em livro próprio na Secretaria desse órgão.

SEÇÃO II
Da Abertura da Urna

Art. 165. Antes de abrir cada urna a Junta verificará:

I - se há indício de violação da urna;

II - se a mesa receptora se constituiu legalmente;

III - se as folhas individuais de votação e as folhas modelo 2 (dois) são autênticas;

IV - se a eleição se realizou no dia, hora e local designados e se a votação não foi encerrada
antes das 17 (dezessete) horas;

V - se foram infringidas as condições que resguardam o sigilo do voto;

VI - se a seção eleitoral foi localizada com infração ao disposto nos parágrafos 4º e 5º do artigo
135;

VII - se foi recusada, sem fundamento legal, a fiscalização de partidos aos atos eleitorais;

VIII - se votou eleitor excluído do alistamento, sem ser o seu voto tomado em separado;

IX - se votou eleitor de outra seção, a não ser nos casos expressamente admitidos;

X - se houve demora na entrega da urna e dos documentos conforme determina o número VI,
do artigo 154;

XI - se consta nas folhas individuais de votação dos eleitores faltosos o devido registro de sua
falta. V (Inciso acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

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§ 1º. Se houver indício de violação da urna, proceder-se-á da seguinte forma:

I - antes da apuração, o presidente da Junta indicará pessoa idônea para servir como perito e
examinar a urna com assistência do representante do Ministério Público;

II - se o perito concluir pela existência de violação e o seu parecer for aceito pela Junta, o
presidente desta comunicará a ocorrência ao Tribunal Regional, para as providências de lei;

III - se o perito e o representante do Ministério Público concluírem pela inexistência de


violação, far-se-á a apuração;

IV - se apenas o representante do Ministério Público entender que a urna foi violada, a Junta
decidirá, podendo aquele, se a decisão não for unânime, recorrer imediatamente para o Tribunal
Regional;

V - não poderão servir de peritos os referidos no artigo 36, § 3º, números I a IV.

§ 2º. As impugnações fundadas em violação da urna somente poderão ser apresentadas até a
abertura desta.

§ 3º. Verificado qualquer dos casos dos números II, III, IV e V do artigo, a Junta anulará a
votação, fará a apuração dos votos em separado e recorrerá de ofício para o Tribunal Regional.

§ 4º. Nos casos dos números VI, VII, VIII, IX e X, a Junta decidirá se a votação é válida,
procedendo à apuração definitiva em caso afirmativo, ou na forma do parágrafo anterior, se
resolver pela nulidade da votação.

§ 5º. A Junta deixará de apurar os votos de urna que não estiver acompanhada dos documentos
legais e lavrará termo relativo ao fato, remetendo-a, com cópia da sua decisão, ao Tribunal
Regional.

Art. 166. Aberta a urna, a Junta verificará se o número de cédulas oficiais corresponde ao de
votantes. (Redação dada ao caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 1º. A incoincidência entre o número de votantes e o de cédulas oficiais encontradas na urna


não constituirá motivo de nulidade da votação, desde que não resulte de fraude comprovada.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. Se a Junta entender que a incoincidência resulta de fraude, anulará a votação, fará a
apuração em separado e recorrerá de ofício para o Tribunal Regional.

Art. 167. Resolvida a apuração da urna, deverá a Junta inicialmente:

I - examinar as sobrecartas brancas contidas na urna, anulando os votos referentes aos eleitores
que não podiam votar; (Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

II - misturar as cédulas oficiais dos que podiam votar com as demais existentes na urna.
(Redação dada ao inciso pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

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III - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

IV - (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 168. As questões relativas à existência de rasuras, emendas e entrelinhas nas folhas de
votação e na ata da eleição, somente poderão ser suscitadas na fase correspondente à abertura
das urnas.

SEÇÃO III
Das Impugnações e dos Recursos

Art. 169. À medida que os votos forem sendo apurados, poderão os fiscais e delegados de
partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que serão decididas de plano pela
Junta.

§ 1º. As Juntas decidirão por maioria de votos as impugnações.

§ 2º. De suas decisões cabe recurso imediato, interposto verbalmente ou por escrito, que
deverá ser fundamentado no prazo de 48 (quarenta e oito) horas para que tenha seguimento.

§ 3º. O recurso, quando ocorrerem eleições simultâneas, indicará expressamente a eleição a


que se refere.

§ 4º. Os recursos serão instruídos de ofício, com certidão da decisão recorrida; se interpostos
verbalmente, constará também da certidão o trecho correspondente do boletim. (Redação dada
ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 170. As impugnações quanto à identidade do eleitor, apresentadas no ato da votação,


serão resolvidas pelo confronto da assinatura tomada no verso da folha individual de votação com
a existente no anverso; se o eleitor votou em separado, no caso de omissão da folha individual na
respectiva pasta, confrontando-se a assinatura da folha modelo 2 (dois) com a do título eleitoral.

Art. 171. Não será admitido recurso contra a apuração, se não tiver havido impugnação
perante a Junta, no ato da apuração, contra as nulidades argüidas.

Art. 172. Sempre que houver recurso fundado em contagem errônea de votos, vícios de
cédulas ou de sobrecartas para votos em separado, deverão as cédulas ser conservadas em
invólucro lacrado, que acompanhará o recurso e deverá ser rubricado pelo juiz eleitoral, pelo
recorrente e pelos delegados de partido que o desejarem. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)

SEÇÃO IV
Da Contagem dos Votos

Art. 173. Resolvidas as impugnações a Junta passará a apurar os votos.

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Parágrafo único. Na apuração, poderá ser utilizado sistema eletrônico, a critério do Tribunal
Superior Eleitoral e na forma por ele estabelecida. (Parágrafo único acrescentado pela Lei nº
6.978, de 19.01.1982)

Art. 174. As cédulas oficiais, à medida em que forem sendo abertas, serão examinadas e lidas
em voz alta por um dos componentes da Junta.

§ 1º. Após fazer a declaração do voto em branco e antes de ser anunciado o seguinte, será
aposto na cédula, no lugar correspondente à indicação do voto, um breve sinal indelével, além da
rubrica do presidente da turma. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. Não poderá ser iniciada a apuração dos votos da urna subseqüente, sob as penas do
artigo 348, sem que os votos em branco da anterior estejam todos registrados pela forma referida
no § 1º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 3º. As questões relativas às cédulas somente poderão ser suscitadas nessa oportunidade.
(Antigo parágrafo único renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 175. Serão nulas as cédulas:

I - que não corresponderem ao modelo oficial;

II - que não estiverem devidamente autenticadas;

III - que contiverem expressões, frases ou sinais que possam identificar o voto.

§ 1º. Serão nulos os votos, em cada eleição majoritária;

I - quando forem assinalados os nomes de dois ou mais candidatos para o mesmo cargo;

II - quando a assinalação estiver colocada fora do quadrilátero próprio, desde que torne
duvidosa a manifestação da vontade do eleitor.

§ 2º. Serão nulos os votos, em cada eleição pelo sistema proporcional:

I - quando o candidato não for indicado, através do nome ou do número, com clareza suficiente
para distingui-lo de outro candidato ao mesmo cargo, mas de outro partido, e o eleitor não
indicar a legenda;

II - se o eleitor escrever o nome de mais de um candidato ao mesmo cargo, pertencentes a


partidos diversos ou, indicando apenas os números, o fizer também de candidatos de partidos
diferentes;

III - se o eleitor, não manifestando preferência por candidato, ou o fazendo de modo que não se
possa identificar o de sua preferência, escrever duas ou mais legendas diferentes no espaço
relativo à mesma eleição; (Antigo parágrafo 3º renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

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§ 3º. Serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados a candidatos inelegíveis ou não
registrados. (Antigo parágrafo 4º renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 4º. O disposto no parágrafo anterior não se aplica quando a decisão de inelegibilidade ou de


cancelamento de registro for proferida após a realização da eleição a que concorreu o candidato
alcançado pela sentença, caso em que os votos serão contados para o partido pelo qual tiver sido
feito o seu registro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.179, de 19.12.1983)

Art. 176. Contar-se-á o voto apenas para a legenda, nas eleições pelo sistema proporcional:

I - se o eleitor escrever apenas a sigla partidária, não indicando o candidato de sua preferência;

II - se o eleitor escrever o nome de mais de 1 (um) candidato do mesmo partido;

III - se o eleitor, escrevendo apenas os números, indicar mais de 1 (um) candidato do mesmo
Partido;

IV - se o eleitor não indicar o candidato através do nome ou do número com clareza suficiente
para distingui-lo de outro candidato do mesmo Partido; (Redação dada ao Artigo pela Lei nº
8.037, de 25.05.1990)

Art. 177. Na contagem dos votos para as eleições realizadas pelo sistema proporcional
observar-se-ão, ainda, as seguintes normas:

I - a inversão, omissão ou erro de grafia do nome ou prenome não invalidará o voto, desde que
seja possível a identificação do candidato;

II - se o eleitor escrever o nome de 1 (um) candidato e o número correspondente a outro da


mesma legenda ou não, contar-se-á o voto para o candidato cujo nome foi escrito, bem como
para a legenda a que pertence;

III - se o eleitor escrever o nome ou o número de 1 (um) candidato e a legenda de outro


Partido, contar-se-á o voto para o candidato cujo nome ou número foi escrito;

IV - se o eleitor escrever o nome ou o número de 1 (um) candidato a Deputado Federal na


parte da cédula referente a Deputado Estadual ou vice-versa, o voto será contado para o
candidato cujo nome ou número for escrito;

V - se o eleitor escrever o nome ou o número de candidatos em espaço da cédula que não seja o
correspondente ao cargo para o qual o candidato foi registrado, será o voto computado para o
candidato e respectiva legenda, conforme o registro. (Redação dada ao Artigo pela Lei nº
8.037, de 25.05.1990)

Art. 178. O voto dado ao candidato a Presidente da República entender-se-á dado também ao
candidato a vice-presidente, assim como o dado aos candidatos a governador, senador,

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deputado federal nos territórios, prefeito e juiz de paz entender-se-á dado ao respectivo vice ou
suplente.

Art. 179. Concluída a contagem dos votos a Junta ou turma deverá:

I - transcrever nos mapas referentes à urna a votação apurada;

II - expedir boletim contendo o resultado da respectiva seção, no qual serão consignados o


número de votantes, a votação individual de cada candidato, os votos de cada legenda partidária,
os votos nulos e os em branco, bem como recursos, se houver.

§ 1º. Os mapas, em todas as suas folhas, e os boletins de apuração, serão assinados pelo
presidente e membros da Junta e pelos fiscais de partido que o desejarem.

§ 2º. O boletim a que se refere este artigo obedecerá a modelo aprovado pelo Tribunal
Superior Eleitoral, podendo porém, na sua falta, ser substituído por qualquer outro expedido por
Tribunal Regional ou pela própria Junta Eleitoral.

§ 3º. Um dos exemplares do boletim de apuração será imediatamente afixado na sede da Junta,
em local que possa ser copiado por qualquer pessoa.

§ 4º. Cópia autenticada do boletim de apuração será entregue a cada partido, por intermédio
do delegado ou fiscal presente, mediante recibo.

§ 5º. O boletim de apuração ou sua cópia autenticada com a assinatura do juiz e pelo menos de
um dos membros da Junta, fará nova prova do resultado apurado, podendo ser apresentado ao
Tribunal Regional, nas eleições federais e estaduais, sempre que o número de votos constantes
dos mapas recebidos pela Comissão Apuradora não coincidir com os nele consignados.

§ 6º. O partido ou candidato poderá apresentar o boletim na oportunidade concedida pelo


artigo 200, quando terá vista do relatório da Comissão Apuradora, ou antes, se durante os
trabalhos da Comissão tiver conhecimento da incoincidência de qualquer resultado.

§ 7º. Apresentado o boletim, será aberta vista aos demais partidos, pelo prazo de 2 (dois) dias,
os quais somente poderão contestar o erro indicado com a apresentação de boletim da mesma
urna, revestido das mesmas formalidades.

§ 8º. Se o boletim apresentado na contestação consignar outro resultado, coincidente ou não


com o que figurar no mapa enviado pela Junta, a urna será requisitada e recontada pelo próprio
Tribunal Regional, em sessão.

§ 9º. A não-expedição do boletim imediatamente após a apuração de cada urna e antes de se


passar à subseqüente, sob qualquer pretexto, constitui o crime previsto no artigo 313.

Art. 180. O disposto no artigo anterior e em todos os seus parágrafos aplica-se às eleições
municipais, observadas somente as seguintes alterações:

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I - o boletim de apuração poderá ser apresentado à Junta até 3 (três) dias depois de totalizados
os resultados, devendo os partidos ser cientificados, através de seus delegados, da data em que
começará a correr esse prazo;

II - apresentado o boletim será observado o disposto nos parágrafos 7 e 8, do artigo anterior


devendo a recontagem ser procedida pela própria Junta.

Art. 181. Salvo nos casos mencionados nos artigos anteriores, a recontagem de votos só
poderá ser deferida pelos Tribunais Regionais, em recurso interposto imediatamente após a
apuração de cada urna.

Parágrafo único. Em nenhuma outra hipótese poderá a Junta determinar a reabertura de urnas já
apuradas para recontagem de votos.

Art. 182. Os títulos dos eleitores estranhos à seção serão separados, para remessa, depois de
terminados os trabalhos da Junta, ao juiz eleitoral da zona neles mencionada, a fim de que seja
anotado na folha individual de votação o voto dado em outra seção.

Parágrafo único. Se, ao ser feita a anotação, no confronto do título com a folha individual, se
verificar incoincidência ou outro indício de fraude, serão autuados tais documentos e o juiz
determinará as providências necessárias para apuração do fato e conseqüentes medidas legais.

Art. 183. Concluída a apuração, e antes de se passar à subseqüente, as cédulas serão


recolhidas à urna, sendo esta fechada e lacrada, não podendo ser reaberta senão depois de
transitada em julgado a diplomação, salvo nos casos de recontagem de votos.

Parágrafo único. O descumprimento do disposto no presente artigo, sob qualquer pretexto,


constitui o crime eleitoral previsto no artigo 314.

Art. 184. Terminada a apuração, a Junta remeterá ao Tribunal Regional, no prazo de vinte e
quatro horas às eleições estaduais ou federais, acompanhados dos documentos referentes à
apuração, juntamente com a ata geral dos seus trabalhos, na qual serão consignadas as votações
apuradas para cada legenda e candidato e os votos não apurados, com a declaração dos motivos
por que o não foram.

§ 1º. Essa remessa será feita em invólucro fechado, lacrado e rubricado pelos membros da
Junta, delegados e fiscais de Partido, por via postal ou sob protocolo, conforme for mais rápida e
segura a chegada ao destino.

§ 2º. Se a remessa dos papéis eleitorais de que trata este artigo não se verificar no prazo nele
estabelecido, os membros da Junta estarão sujeitos à multa correspondente à metade do salário
mínimo regional por dia de retardamento.

§ 3º. Decorridos quinze dias sem que o Tribunal Regional tenha recebido os papéis referidos
neste artigo ou comunicação de sua expedição, determinará ao Corregedor Regional ou Juiz
Eleitoral mais próximo que os faça apreender e enviar imediatamente, transferindo-se para o

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Tribunal Regional a competência para decidir sobre os mesmos. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 185. Transitada em julgado a diplomação referente a todas as eleições que tiverem sido
realizadas simultaneamente, as cédulas serão retiradas das urnas e imediatamente incineradas, na
presença do juiz eleitoral e em ato público, não sendo permitido a qualquer pessoa, inclusive o
próprio juiz, examiná-las.

Parágrafo único. Poderá ainda a Justiça Eleitoral, tomadas as medidas necessárias à garantia do
sigilo, autorizar a reciclagem industrial das cédulas, em proveito do ensino público de 1º Grau ou
de instituições beneficentes. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.977, de 27.12.1989)

Art. 186. Com relação às eleições municipais e distritais, uma vez terminada a apuração de
todas as urnas, a Junta resolverá as dúvidas não decididas, verificará o total dos votos apurados,
inclusive os votos em branco, determinará o quociente eleitoral e os quocientes partidários e
proclamará os candidatos eleitos.

§ 1º. O presidente da Junta fará lavrar, por um dos secretários, a ata geral concernente às
eleições referidas neste artigo, da qual constará o seguinte:

I - as seções apuradas e o número de votos apurados em cada urna;

II - as seções anuladas, os motivos por que foram e o número de votos não apurados;

III - as seções onde não houve eleição e os motivos;

IV - as impugnações feitas, a solução que lhes foi dada e os recursos interpostos;

V - a votação de cada legenda na eleição para vereador;

VI - o quociente eleitoral e os quocientes partidários;

VII - a votação dos candidatos a vereador, incluídos em cada lista registrada, na ordem da
votação recebida;

VIII - a votação dos candidatos a prefeito, vice-prefeito e a juiz de paz, na ordem da votação
recebida.

§ 2º. Cópia da ata geral da eleição municipal, devidamente autenticada pelo juiz, será enviada
ao Tribunal Regional e ao Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 187. Verificando a Junta Apuradora que os votos das seções anuladas e daquelas cujos
eleitores foram impedidos de votar, poderão alterar a representação de qualquer partido ou
classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário, nas eleições municipais, fará imediata
comunicação do fato ao Tribunal Regional, que marcará, se for o caso, dia para a renovação da
votação naquelas seções.

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§ 1º. Nas eleições suplementares municipais observar-se-á, no que couber, o disposto no artigo
201.

§ 2º. Essas eleições serão realizadas perante novas mesas receptoras, nomeadas pelo juiz
eleitoral, e apuradas pela própria Junta que, considerando os anteriores e os novos resultados
confirmará ou invalidará os diplomas que houver expedido.

§ 3º. Havendo renovação de eleições para os cargos de prefeito e vice-prefeito, os diplomas


somente serão expedidos depois de apuradas as eleições suplementares.

§ 4º. Nas eleições suplementares, quando se referirem a mandatos de representação


proporcional, a votação e a apuração far-se-ão exclusivamente para as legendas registradas.

SEÇÃO V
Da Contagem dos Votos pela Mesa Receptora

Art. 188. O Tribunal Superior Eleitoral poderá autorizar a contagem de votos pelas mesas
receptoras, nos Estados em que o Tribunal Regional indicar as zonas ou seções em que esse
sistema deva ser adotado.

Art. 189. Os mesários das seções em que for efetuada a contagem dos votos serão nomeados
escrutinadores da Junta.

Art. 190. Não será efetuada a contagem dos votos pela mesa se esta não se julgar
suficientemente garantida, ou se qualquer eleitor houver votado sob impugnação, devendo a
mesa, em um ou outro caso, proceder na forma determinada para as demais, das zonas em que a
contagem não foi autorizada.

Art. 191. Terminada a votação, o presidente da mesa tomará as providências mencionadas nas
alíneas II, III, IV e V do artigo 154.

Art. 192. Lavrada e assinada a ata, o presidente da mesa, na presença dos demais membros,
fiscais e delegados do partido, abrirá a urna e o invólucro e verificará se o número de cédulas
oficiais coincide com o de votantes.

§ 1º. Se não houver coincidência entre o número de votantes e o de cédulas oficiais


encontradas na urna e no invólucro, a mesa receptora não fará a contagem dos votos.

§ 2º. Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior, o presidente da mesa determinará


que as cédulas e as sobrecartas sejam novamente recolhidas à urna e ao invólucro, os quais serão
fechados e lacrados, procedendo, em seguida, na forma recomendada pelas alíneas VI, VII e
VIII do artigo 154.

Art. 193. Havendo coincidência entre o número de cédulas e o de votantes deverá a mesa,
inicialmente, misturar as cédulas contidas nas sobrecartas brancas, da urna e do invólucro, com as
demais.

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§ 1º. Em seguida proceder-se-á à abertura das cédulas e contagem dos votos, observando-se o
disposto nos artigos 169 e seguintes, no que couber.

§ 2º. Terminada a contagem dos votos será lavrada ata resumida, de acordo com modelo
aprovado pelo Tribunal Superior e da qual constarão apenas as impugnações acaso
apresentadas, figurando os resultados no boletim que se incorporará à ata e do qual se dará cópia
aos fiscais dos partidos.

Art. 194. Após a lavratura da ata, que deverá ser assinada pelos membros da mesa e fiscais e
delegados de partido, as cédulas e as sobrecartas serão recolhidas à urna, sendo esta fechada,
lacrada e entregue ao juiz eleitoral pelo presidente da mesa ou por um dos mesários, mediante
recibo.

§ 1º. O juiz eleitoral poderá, havendo possibilidade, designar funcionários para recolher as urnas
e demais documentos nos próprios locais da votação ou instalar postos e locais diversos para o
seu recebimento.

§ 2º. Os fiscais e delegados de partido podem vigiar e acompanhar a urna desde o momento da
eleição, durante a permanência nos postos arrecadadores e até a entrega à Junta.

Art. 195. Recebida a urna e documentos, a Junta deverá:

I - examinar a sua regularidade, inclusive quanto ao funcionamento normal da seção;

II - rever o boletim de contagem de votos da mesa receptora, a fim de verificar se está


aritmeticamente certo, fazendo dele constar que, conferido, nenhum erro foi encontrado;

III - abrir a urna e conferir os votos sempre que a contagem da mesa receptora não permitir o
fechamento dos resultados;

IV - proceder à apuração se da ata da eleição constar impugnação de fiscal, delegado,


candidato ou membro da própria mesa em relação ao resultado de contagem dos votos;

V - resolver todas as impugnações constantes da ata da eleição;

VI - praticar todos os atos previstos na competência das Juntas Eleitorais.

Art. 196. De acordo com as instruções recebidas a Junta Apuradora poderá reunir os membros
das mesas receptoras e demais componentes da Junta em local amplo e adequado no dia seguinte
ao da eleição, em horário previamente fixado, e a proceder à apuração na forma estabelecida nos
artigos 159 e seguintes, de uma só vez ou em duas ou mais etapas.

Parágrafo único. Nesse caso cada partido poderá credenciar um fiscal para acompanhar a
apuração de cada urna, realizando-se esta sob a supervisão do juiz e dos demais membros da
Junta, aos quais caberá decidir, em cada caso, as impugnações e demais incidentes verificados
durante os trabalhos.

CAPÍTULO III
Da Apuração nos Tribunais Regionais

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Art. 197. Na apuração, compete ao Tribunal Regional:

I - resolver as dúvidas não decididas e os recursos interpostos sobre as eleições federais e


estaduais e apurar as votações que haja validado, em grau de recurso;

II - verificar o total dos votos apurados entre os quais se incluem os em branco;

III - determinar os quocientes, eleitoral e partidário, bem como a distribuição das sobras;

IV - proclamar os eleitos e expedir os respectivos diplomas;

V - fazer a apuração parcial das eleições para Presidente e Vice-Presidente da República.

Art. 198. A apuração pelo Tribunal Regional começará no dia seguinte ao em que receber os
primeiros resultados parciais das Juntas e prosseguirá sem interrupção, inclusive nos sábados,
domingos e feriados, de acordo com o horário previamente publicado, devendo terminar 30
(trinta) dias depois da eleição.

§ 1º. Ocorrendo motivos relevantes, expostos com a necessária antecedência, o Tribunal


Superior poderá conceder prorrogação desse prazo, uma só vez e por quinze dias. (Redação
dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. Se o Tribunal Regional não terminar a apuração no prazo legal, seus membros estarão
sujeitos à multa correspondente à metade do salário mínimo regional por dia de retardamento.
(Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 199. Antes de iniciar a apuração o Tribunal Regional constituirá, com 3 (três) de seus
membros, presidida por um destes, uma Comissão Apuradora.

§ 1º. O Presidente da Comissão designará um funcionário do Tribunal para servir de secretário


e para auxiliarem os seus trabalhos, tantos outros quantos julgar necessários.

§ 2º. De cada sessão da Comissão Apuradora será lavrada ata resumida.

§ 3º. A Comissão Apuradora fará publicar no órgão oficial, diariamente, um boletim com a
indicação dos trabalhos realizados e do número de votos atribuídos a cada candidato.

§ 4º. Os trabalhos da Comissão Apuradora poderão ser acompanhados por delegados dos
partidos interessados, sem que, entretanto, neles intervenham com protestos, impugnações ou
recursos.

§ 5º. Ao final dos trabalhos, a Comissão Apuradora apresentará ao Tribunal Regional os mapas
gerais da apuração e um relatório, que mencione:

I - o número de votos válidos e anulados em cada Junta Eleitoral, relativos a cada eleição;

II - as seções apuradas e os votos nulos e anulados de cada uma;

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III - as seções anuladas, os motivos por que o foram e o número de votos anulados ou não
apurados;

IV - as seções onde não houve eleição e os motivos;

V - as impugnações apresentadas às Juntas e como foram resolvidas por elas, assim como os
recursos que tenham sido interpostos;

VI - a votação de cada partido;

VII - a votação de cada candidato;

VIII - o quociente eleitoral;

IX - os quocientes partidários;

X - a distribuição das sobras.

Art. 200. O relatório a que se refere o artigo anterior ficará na Secretaria do Tribunal, pelo
prazo de 3 (três) dias, para exame dos partidos e candidatos interessados, que poderão examinar
também os documentos em que ele se baseou.

§ 1º. Terminado o prazo supra, os partidos poderão apresentar as suas reclamações, dentro de
2 (dois) dias, sendo estas submetidas a parecer da Comissão Apuradora que, no prazo de 3
(três) dias, apresentará aditamento ao relatório com a proposta das modificações que julgar
procedentes, ou com a justificação da improcedência das argüições. (Antigo parágrafo único
renumerado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. O Tribunal Regional, antes de aprovar o relatório da Comissão Apuradora e, em três dias
improrrogáveis, julgará as impugnações e as reclamações não providas pela Comissão
Apuradora, e, se as deferir, voltará o relatório à Comissão para que sejam feitas as alterações
resultantes da decisão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 201. De posse do relatório referido no artigo anterior, reunir se-á o Tribunal, no dia
seguinte, para o conhecimento do total dos votos apurados, e, em seguida, se verificar que os
votos das seções anuladas e daquelas cujos eleitores foram impedidos de votar, poderão alterar a
representação de qualquer partido ou classificação de candidato eleito pelo princípio majoritário,
ordenará a realização de novas eleições.

Parágrafo único. As novas eleições obedecerão às seguintes normas:

I - o Presidente do Tribunal fixará, imediatamente, a data, para que se realizem dentro de 15


(quinze) dias, no mínimo, e de 30 (trinta) dias no máximo, a contar do despacho que a fixar,
desde que não tenha havido recurso contra a anulação das seções;

II - somente serão admitidos a votar os eleitores da seção, que hajam comparecido à eleição
anulada, e os de outras seções que ali houverem votado;

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III - nos casos de coação que haja impedido o comparecimento dos eleitores às urnas, no de
encerramento da votação antes da hora legal, e quando a votação tiver sido realizada em dia,
hora e lugar diferentes dos designados, poderão votar todos os eleitores da seção e somente
estes;

IV - nas zonas onde apenas uma seção for anulada, o juiz eleitoral respectivo presidirá a mesa
receptora; se houver mais uma seção anulada, o presidente do Tribunal Regional designará os
juízes presidentes das respectivas mesas receptoras;

V - as eleições realizar-se-ão nos mesmos locais anteriormente designados, servindo os


mesários e secretários que pelo juiz forem nomeados, com a antecedência de, pelo menos, cinco
dias, salvo se a anulação for decretada por infração dos parágrafos 4º e 5º do artigo 135;

VI - as eleições assim realizadas serão apuradas pelo Tribunal Regional.

Art. 202. Da reunião do Tribunal Regional será lavrada ata geral, assinada pelos seus membros
e da qual constarão:

I - as seções apuradas e o número de votos apurados em cada uma;

II - as seções anuladas, as razões por que o foram e o número de votos não apurados;

III - as seções onde não tenha havido eleição e os motivos;

IV - as impugnações apresentadas às juntas eleitorais e como foram resolvidas;

V - as seções em que se vai realizar ou renovar a eleição;

VI - a votação obtida pelos partidos;

VII - o quociente eleitoral e o partidário;

VIII - os nomes dos votados na ordem decrescente dos votos;

IX - os nomes dos eleitos;

X - os nomes dos suplentes, na ordem em que devem substituir ou suceder.

§ 1º. Na mesma sessão o Tribunal Regional proclamará os eleitos e os respectivos suplentes e


marcará a data para a expedição solene dos diplomas em sessão pública, salvo quanto a
governador e vice-governador, se ocorrer a hipótese prevista na Emenda Constitucional número
13, de 1965.

§ 2º. O vice-governador e o suplente de senador, considerar-se-ão eleitos em virtude da


eleição do governador e do senador com os quais se candidatarem.

§ 3º. Os candidatos a governador e vice-governador somente serão diplomados depois de


realizadas as eleições suplementares referentes a esses cargos.

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§ 4º. Um traslado da ata da sessão, autenticado com a assinatura de todos os membros do
Tribunal que assinaram a ata original, será remetido ao Presidente do Tribunal Superior.

§ 5º. O Tribunal Regional comunicará o resultado da eleição ao Senado Federal, Câmara dos
Deputados e Assembléia Legislativa.

Art. 203. Sempre que forem realizadas eleições de âmbito estadual juntamente com eleições
para presidente e vice-presidente da República, o Tribunal Regional desdobrará os seus trabalhos
de apuração, fazendo tanto para aquelas como para esta, uma ata geral.

§ 1º. A Comissão Apuradora deverá, também, apresentar relatórios distintos, um dos quais
referente apenas às eleições presidenciais.

§ 2º. Concluídos os trabalhos da apuração o Tribunal Regional remeterá ao Tribunal Superior


os resultados parciais das eleições para presidente e vice-presidente da República,
acompanhados de todos os papéis que lhe digam respeito.

Art. 204. O Tribunal Regional julgando conveniente, poderá determinar que a totalização dos
resultados de cada urna seja realizada pela própria Comissão Apuradora.

Parágrafo único. Ocorrendo essa hipótese serão observadas as seguintes regras:

I - a decisão do Tribunal será comunicada, até 30 (trinta) dias antes da eleição aos juízes
eleitorais, aos diretórios dos partidos e ao Tribunal Superior;

II - iniciada a apuração os juízes eleitorais remeterão ao Tribunal Regional, diariamente, sob


registro postal ou por portador, os mapas de todas as urnas apuradas no dia;

III - os mapas serão acompanhados de ofício sucinto, que esclareça apenas a que seções
correspondem e quantas ainda faltam para completar o apuração da zona;

IV - havendo sido interposto recurso em relação a urna correspondente aos mapas enviados, o
juiz fará constar do ofício, em seguida à indicação da seção, entre parênteses, apenas esse
esclarecimento - "houve recurso";

V - a ata final da Junta não mencionará, no seu texto, a votação obtida pelos partidos e
candidatos, a qual ficará constando dos boletins de apuração do Juízo, que dela ficarão fazendo
parte integrante;

VI - cópia autenticada da ata, assinada por todos os que assinaram o original, será enviada ao
Tribunal Regional na forma prevista no artigo 184;

VII - a Comissão Apuradora, à medida em que for recebendo os mapas, passará a totalizar os
votos, aguardando, porém, a chegada da cópia autêntica da ata para encerrar a totalização
referente a cada zona;

VIII - no caso de extravio de mapa o juiz eleitoral providenciará a remessa de 2ª via,


preenchida à vista dos delegados de partido especialmente convocados para esse fim e pelos
resultados constantes do boletim de apuração que deverá ficar arquivado no juízo.

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CAPÍTULO IV
Da Apuração no Tribunal Superior

Art. 205. O Tribunal Superior fará a apuração geral das eleições para presidente e vice-
presidente da República pelos resultados verificados pelos Tribunais Regionais em cada Estado.

Art. 206. Antes da realização da eleição o Presidente do Tribunal sorteará, dentre os juízes, o
relator de cada grupo de Estados, ao qual serão distribuídos todos os recursos e documentos da
eleição referentes ao respectivo grupo.

Art. 207. Recebidos os resultados de cada Estado, e julgados os recursos interpostos das
decisões dos Tribunais Regionais, o relator terá o prazo de 5 (cinco) dias para apresentar seu
relatório, com as conclusões seguintes:

I - os totais dos votos válidos e nulos do Estado;

II - os votos apurados pelo Tribunal Regional que devem ser anulados;

III - os votos anulados pelo Tribunal Regional que devem ser computados como válidos;

IV - a votação de cada candidato;

V - o resumo das decisões do Tribunal Regional sobre as dúvidas e impugnações, bem como
dos recursos que hajam sido interpostos para o Tribunal Superior, com as respectivas decisões e
indicação das implicações sobre os resultados.

Art. 208. O relatório referente a cada Estado ficará na Secretaria do Tribunal, pelo prazo de
dois dias, para exame dos partidos e candidatos interessados, que poderão examinar também os
documentos em que ele se baseou e apresentar alegações ou documentos sobre o relatório, no
prazo de 2 (dois) dias.

Parágrafo único. Findo esse prazo serão os autos conclusos ao relator, que, dentro em 2 (dois)
dias, os apresentará a julgamento, que será previamente anunciado.

Art. 209. Na sessão designada será o feito chamado a julgamento de preferência a qualquer
outro processo.

§ 1º. Se o relatório tiver sido impugnado, os partidos interessados poderão, no prazo de 15


(quinze) minutos, sustentar oralmente as suas conclusões.

§ 2º. Se do julgamento resultarem alterações na apuração efetuada pelo Tribunal Regional, o


acórdão determinará que a Secretaria, dentro em 5 (cinco) dias, levante as folhas de apuração
parcial das seções cujos resultados tiverem sido alterados, bem como o mapa geral da respectiva
circunscrição, de acordo com as alterações decorrentes do julgado, devendo o mapa, após o
visto do relator, ser publicado na Secretaria.

§ 3º. A esse mapa admitir-se-á, dentro em 48 (quarenta e oito) horas de sua publicação,
impugnação fundada em erro de conta ou de cálculo, decorrente da própria sentença.

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Art. 210. Os mapas gerais de todas as circunscrições com as impugnações, se houver, e a folha
de apuração final levantada pela Secretaria, serão autuados e distribuídos a um relator geral,
designado pelo Presidente.

Parágrafo único. Recebidos os autos, após a audiência do Procurador Geral, o relator, dentro
de 48 (quarenta e oito) horas, resolverá as impugnações relativas aos erros de conta ou de
cálculo, mandando fazer as correções, se for o caso, e apresentará, a seguir, o relatório final com
os nomes dos candidatos que deverão ser proclamados eleitos e os dos demais candidatos, na
ordem decrescente das votações.

Art. 211. Aprovada em sessão especial a apuração geral, o Presidente anunciará a votação dos
candidatos proclamando a seguir eleito presidente da República o candidato mais votado que
tiver obtido maioria absoluta de votos, excluídos, para a apuração desta, os em branco e os
nulos.

§ 1º. O vice-presidente considerar-se-á eleito em virtude da eleição do presidente com o qual


se candidatar.

§ 2º. Na mesma sessão o Presidente do Tribunal Superior designará a data para a expedição
solene dos diplomas em sessão pública.

Art. 212. Verificando que os votos das seções anuladas e daquelas cujos eleitores foram
impedidos de votar, em todo o País, poderão alterar a classificação de candidato, ordenará o
Tribunal Superior a realização de novas eleições.

§ 1º. Essas eleições serão marcadas desde logo pelo Presidente do Tribunal Superior e terão
lugar no primeiro domingo ou feriado que ocorrer após o 15º (décimo quinto) dia a contar da
data do despacho, devendo ser observado o disposto nos números II a VI do parágrafo único
do artigo 201.

§ 2º. Os candidatos a presidente e vice-presidente da República somente serão diplomados


depois de realizadas as eleições suplementares referentes a esses cargos.

Art. 213. Não se verificando a maioria absoluta, o Congresso Nacional, dentro de quinze dias
após haver recebido a respectiva comunicação do Presidente do Tribunal Superior Eleitoral,
reunir-se-á em sessão pública para se manifestar sobre o candidato mais votado, que será
considerado eleito se, em escrutínio secreto, obtiver metade mais um dos votos dos seus
membros.

§ 1º. Se não ocorrer a maioria absoluta referida no caput deste artigo, renovar-se-á, até 30
(trinta) dias depois, a eleição em todo o País, à qual concorrerão os dois candidatos mais
votados, cujos registros estarão automaticamente revalidados.

§ 2º. No caso de renúncia ou morte, concorrerá à eleição prevista no parágrafo anterior o


substituto registrado pelo mesmo partido político ou coligação partidária.

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Art. 214. O presidente e o vice-presidente da República tomarão posse a 15 (quinze) de
março, em sessão do Congresso Nacional.

Parágrafo único. No caso do § 1º do artigo anterior, a posse realizar-se-á dentro de 15


(quinze) dias a contar da proclamação do resultado da segunda eleição, expirando, porém, o
mandato a 15 (quinze) de março do quarto ano.

CAPÍTULO V
Dos Diplomas

Art. 215. Os candidatos eleitos, assim como os suplentes, receberão diploma assinado pelo
Presidente do Tribunal Superior, do Tribunal Regional ou da Junta Eleitoral, conforme o caso.

Parágrafo único. Do diploma deverá constar o nome do candidato, a indicação da legenda sob
a qual concorreu, o cargo para o qual foi eleito ou a sua classificação como suplente, e,
facultativamente, outros dados a critério do juiz ou do Tribunal.

Art. 216. Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra a expedição do
diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua plenitude.

Art. 217. Apuradas as eleições suplementares o juiz ou o Tribunal reverá a apuração anterior,
confirmando ou invalidando os diplomas que houver expedido.

Parágrafo único. No caso de provimento, após a diplomação, de recurso contra o registro de


candidato ou de recurso parcial, será também revista a apuração anterior, para confirmação ou
invalidação de diplomas, observado o disposto no § 3º do artigo 261.

Art. 218. O presidente de Junta ou de Tribunal que diplomar militar candidato a cargo eletivo,
comunicará imediatamente a diplomação à autoridade a que o mesmo estiver subordinado, para
os fins do artigo 98.

CAPÍTULO VI
Das Nulidades da Votação

Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se
dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.

Parágrafo único. A declaração de nulidade não poderá ser requerida pela parte que lhe deu
causa nem a ela aproveitar.

Art. 220. É nula a votação:

I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra
da lei;

II - quando efetuada em folhas de votação falsas;

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III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17
horas;

IV - quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios;

V - quando a seção eleitoral tiver sido localizada com infração do disposto nos parágrafos 4º e 5º
do artigo 135. (Inciso acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Parágrafo único. A nulidade será pronunciada quando o órgão apurador conhecer do ato ou
dos seus efeitos e a encontrar provada, não lhe sendo lícito supri-la, ainda que haja consenso das
partes.

Art. 221. É anulável a votação:

I - quando houver extravio de documento reputado essencial; (Antigo inciso II renumerado


pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

II - quando for negado ou sofrer restrição o direito de fiscalizar, e o fato constar da ata ou de
protesto interposto, por escrito, no momento; (Antigo inciso III renumerado pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)

III - quando votar, sem as cautelas do artigo 147, § 2º: (Antigo inciso IV renumerado pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

a) eleitor excluído por sentença não cumprida por ocasião da remessa das folhas individuais de
votação à mesa, desde que haja oportuna reclamação de partido;

b) eleitor de outra seção, salvo a hipótese do artigo 145;

c) alguém com falsa identidade em lugar do eleitor chamado.

Art. 222. É também anulável a votação, quando viciada de falsidade, fraude, coação, uso de
meios de que trata o artigo 237, ou emprego de processo de propaganda ou captação de
sufrágios vedado por lei.

§ 1º. (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. (Revogado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 223. A nulidade de qualquer ato, não decretada de ofício pela junta, só poderá ser argüida
quando de sua prática, não mais podendo ser alegada, salvo se a argüição se basear em motivo
superveniente ou de ordem constitucional.

§ 1º. Se a nulidade ocorrer em fase na qual não possa ser alegada no ato, poderá ser argüida na
primeira oportunidade que para tanto se apresente.

§ 2º. Se se basear em motivo superveniente deverá ser alegada imediatamente, assim que se
tornar conhecida, podendo as razões do recurso ser aditadas no prazo de 2 (dois) dias.

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§ 3º. A nulidade de qualquer ato, baseada em motivo de ordem constitucional, não poderá ser
conhecida em recurso interposto fora de prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra
que se apresentar poderá ser argüida. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)

Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do País nas eleições presidenciais,
do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão
prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de
20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.

§ 1º. se o Tribunal Regional na área de sua competência, deixar de cumprir o disposto neste
artigo, o Procurador Regional levará o fato ao conhecimento do Procurador Geral, que
providenciará junto ao Tribunal Superior para que seja marcada imediatamente nova eleição.

§ 2º. ocorrendo qualquer dos casos previstos neste capítulo, o Ministério Público promoverá,
imediatamente, a punição dos culpados.

CAPÍTULO VII
Do Voto no Exterior

Art. 225. Nas eleições para presidente e vice-presidente da República poderá votar o eleitor
que se encontrar no exterior.

§ 1º. Para esse fim serão organizadas seções eleitorais, nas sedes das Embaixadas e
Consulados Gerais.

§ 2º. sendo necessário instalar duas ou mais seções poderá ser utilizado local em que funcione
serviço do governo brasileiro.

Art. 226. Para que se organize uma seção eleitoral no exterior é necessário que na
circunscrição sob a jurisdição da Missão Diplomática ou do Consulado Geral haja um mínimo de
30 (trinta) eleitores inscritos.

Parágrafo único. Quando o número de eleitores não atingir o mínimo previsto no parágrafo
anterior, os eleitores poderão votar na mesa receptora mais próxima, desde que localizada no
mesmo país, de acordo com a comunicação que lhes for feita.

Art. 227. As mesas receptoras serão organizadas pelo Tribunal Regional do Distrito Federal
mediante proposta dos chefes de Missão e cônsules gerais, que ficarão investidos, no que for
aplicável, das funções administrativas de juiz eleitoral.

Parágrafo único. Será aplicável às mesas receptoras o processo de composição e fiscalização


partidária vigente para as que funcionam no território nacional.

Art. 228. Até 30 (trinta) dias antes da realização da eleição todos os brasileiros eleitores,
residentes no estrangeiro, comunicarão à sede da Missão Diplomática, ou ao consulado geral, em
carta, telegrama ou qualquer outra via, a sua condição de eleitor e sua residência.

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§ 1º. Com a relação dessas comunicações e com os dados do registro consular, serão
organizadas as folhas de votação, e notificados os eleitores da hora e local da votação.

§ 2º. No dia da eleição só serão admitidos a votar os que constem da folha de votação e os
passageiros e tripulantes de navios e aviões de guerra e mercantes que, no dia, estejam na sede
das sessões eleitorais.

Art. 229. Encerrada a votação, as urnas serão enviadas pelos cônsules gerais às sedes das
Missões Diplomáticas. Estas as remeterão, pela mala diplomática, ao Ministério das Relações
Exteriores, que delas fará entrega ao Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, a quem
competirá a apuração dos votos e julgamento das dúvidas e recursos que hajam sido interpostos.

Parágrafo único. Todo o serviço de transporte do material eleitoral será feito por via aérea.

Art. 230. Todos os eleitores que votarem no exterior terão os seus títulos apreendidos pela
mesa receptora.

Parágrafo único. A todo eleitor que votar no exterior será concedido comprovante para a
comunicação legal ao juiz eleitoral de sua zona.

Art. 231. Todo aquele que, estando obrigado a votar, não o fizer, fica sujeito, além das
penalidades previstas para o eleitor que não vota no território nacional, à proibição de requerer
qualquer documento perante a repartição diplomática a que estiver subordinado, enquanto não se
justificar.

Art. 232. Todo o processo eleitoral realizado no estrangeiro fica diretamente subordinado ao
Tribunal Regional do Distrito Federal.

Art. 233. O Tribunal Superior Eleitoral e o Ministério das Relações Exteriores baixarão as
instruções necessárias e adotarão as medidas adequadas para o voto no exterior.

PARTE QUINTA
Disposições Várias

TÍTULO I
Das Garantias Eleitorais

Art. 234. Ninguém poderá impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio.

Art. 235. O juiz eleitoral, ou o presidente da mesa receptora, pode expedir salvo-conduto com
a cominação de prisão por desobediência até 5 (cinco) dias, em favor do eleitor que sofrer
violência, moral ou física, na sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado.

Parágrafo único. A medida será válida para o período compreendido entre 72 (setenta e duas)
horas antes até 48 (quarenta e oito) horas depois do pleito.

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Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito)
horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante
delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por
desrespeito a salvo-conduto.

§ 1º. Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas
funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia
gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.

§ 2º. Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do juiz
competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade
do coator.

Art. 237. A interferência do poder econômico e o desvio ou abuso do poder de autoridade, em


desfavor da liberdade do voto, serão colhidos e punidos.

§ 1º. O eleitor é parte legítima para denunciar os culpados e promover-lhes a responsabilidade,


e a nenhum servidor público, inclusive de autarquia, de entidade paraestatal e de sociedade de
economia mista, será lícito negar ou retardar ato de ofício pendente a esse fim.

§ 2º. Qualquer eleitor ou partido político poderá se dirigir ao Corregedor Geral ou Regional,
relatando fatos e indicando provas, e pedir abertura de investigação para apurar ato indevido do
poder econômico, desvio ou abuso do poder de autoridade, em benefício de candidato ou de
partido político.

§ 3º. O Corregedor, verificada a seriedade da denúncia procederá ou mandará proceder a


investigações, regendo-se estas, no que lhes for aplicável, pela Lei 1579, de 18 de março de
1952.

Art. 238. É proibida, durante o ato eleitoral, a presença de força pública no edifício em que
funcionar mesa receptora, ou nas imediações, observado o disposto no artigo 141.

Art. 239. Aos partidos políticos é assegurada a prioridade postal durante os 60 (sessenta) dias
anteriores à realização das eleições, para remessa de material de propaganda de seus candidatos
registrados.

TÍTULO II
Da Propaganda Partidária

Art. 240. A propaganda de candidatos a cargos eletivos somente é permitida após a respectiva
escolha pela convenção.

Parágrafo único. É vedada, desde quarenta e oito horas antes até vinte e quatro horas depois
da eleição, qualquer propaganda política mediante radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões
públicas.

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Art. 241. Toda propaganda eleitoral será realizada sob a responsabilidade dos partidos e por
eles paga, imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos seus candidatos e
adeptos.

Art. 242. A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará sempre a
legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios
publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou
passionais. (Redação dada ao caput pela Lei nº 7.476, de 15.05.1986)

Parágrafo único. Sem prejuízo do processo e das penas cominadas, a Justiça Eleitoral adotará
medidas para fazer impedir ou cessar imediatamente a propaganda realizada com infração do
disposto neste artigo.

Art. 243. Não será tolerada propaganda:

I - de guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem política e social ou de


preconceitos de raça ou de classes;

II - que provoque animosidade entre as forças armadas ou contra elas ou delas contra as
classes e instituições civis;

III - de incitamento de atentado contra pessoa ou bens;

IV - de instigação à desobediência coletiva ao cumprimento da lei de ordem pública;

V - que implique em oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro, dádiva, rifa, sorteio ou


vantagem de qualquer natureza;

VI - que perturbe o sossego público, com algazarra ou abusos de instrumentos sonoros ou


sinais acústicos;

VII - por meio de impressos ou de objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir
com moeda;

VIII - que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municipais ou a


outra qualquer restrição de direito;

IX - que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou entidades que
exerçam autoridade pública.

§ 1º. O ofendido por calúnia, difamação ou injúria, sem prejuízo e independentemente da ação
penal competente, poderá demandar, no Juízo Cível, a reparação do dano moral respondendo
por este o ofensor e, solidariamente, o partido político deste, quando responsável por ação ou
omissão, e quem quer que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para ele.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. No que couber, aplicar-se-ão na reparação do dano moral, referido no parágrafo anterior,
os artigos 81 a 88 da Lei 4117, de 27 de agosto de 1962. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
4.961, de 04.05.1966)

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§ 3º. É assegurado o direito de resposta a quem for injuriado, difamado ou caluniado através da
imprensa, rádio, televisão, ou alto falante, aplicando-se, no que couber, os artigos 90 e 96 da Lei
4117, de 27 de agosto de 1962. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 244. É assegurado aos partidos políticos registrados o direito de, independentemente de
licença da autoridade pública e do pagamento de qualquer contribuição:

I - fazer inscrever, na fachada de suas sedes e dependências, o nome que os designe, pela
forma que melhor lhes parecer;

II - instalar e fazer funcionar, normalmente, das quatorze às vinte e duas horas, nos três meses
que antecederem as eleições, alto falantes, ou amplificadores de voz, nos locais referidos, assim
como em veículos seus, ou à sua disposição, em território nacional, com observância da
legislação comum.

Parágrafo único. Os meios de propaganda a que se refere o número II deste artigo não serão
permitidos, a menos de 500 metros:

I - das sedes do Executivo Federal, dos Estados, Territórios e respectivas Prefeituras


Municipais;

II - das Câmaras Legislativas Federais, Estaduais e Municipais;

III - dos Tribunais Judiciais;

IV - dos hospitais e casas de saúde;

V - das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento;

VI - dos quartéis e outros estabelecimentos militares.

Art. 245. A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto,
não depende de licença da polícia.

§ 1º. Quando o ato de propaganda tiver de realizar-se em lugar designado para a celebração de
comício, no forma do disposto no artigo 3 da Lei 1207, de 25 de outubro de 1950, deverá ser
feita comunicação à autoridade policial, pelo menos 24 (vinte e quatro) horas antes de sua
realização.

§ 2º. Não havendo local anteriormente fixado para a celebração de comício, ou sendo
impossível ou difícil nele realizar-se o ato de propaganda eleitoral, ou havendo pedido para
designação de outro local, a comunicação a que se refere o parágrafo anterior será feita, no
mínimo, com antecedência, de 72 (setenta e duas) horas, devendo a autoridade policial, em
qualquer desses casos, nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, designar local amplo e de fácil
acesso, de modo que não impossibilite ou frustre a reunião.

§ 3º. Aos órgãos da Justiça Eleitoral compete julgar das reclamações sobre a localização dos
comícios e providências sobre a distribuição eqüitativa dos locais aos partidos.

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Art. 246. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 247. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 248. Ninguém poderá impedir a propaganda eleitoral, nem inutilizar, alterar ou perturbar os
meios lícitos nela empregados.

Art. 249. O direito de propaganda não importa restrição ao poder de polícia quando este deva
ser exercido em benefício da ordem pública.

Art. 250. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 251. No período destinado à propaganda eleitoral gratuita não prevalecerão quaisquer
contratos ou ajustes firmados pelas empresas que possam burlar ou tornar inexeqüível qualquer
dispositivo deste Código ou das instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Art. 252. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.538, de 14.04.1977)

Art. 253. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.538, de 14.04.1977)

Art. 254. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.538, de 14.04.1977)

Art. 255. Nos 15 (quinze) dias anteriores ao pleito é proibida a divulgação, por qualquer forma,
de resultados de prévias ou testes pré-eleitorais.

Art. 256. As autoridades administrativas federais, estatuais e municipais proporcionarão aos


partidos, em igualdade de condições, as facilidades permitidas para a respectiva propaganda.

§ 1º. No período da campanha eleitoral, independentemente do critério de prioridade, os


serviços telefônicos, oficiais ou concedidos, farão instalar, na sede dos diretórios devidamente
registrados, telefones necessários, mediante requerimento do respectivo presidente e pagamento
das taxas devidas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. O Tribunal Superior Eleitoral baixará as instruções necessárias ao cumprimento do disposto


no parágrafo anterior fixando as condições a serem observadas. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

TÍTULO III
Dos Recursos

CAPÍTULO I
Disposições Preliminares

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.

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Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de
comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tribunal,
através de cópia do acórdão.

Art. 258. Sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em três
dias da publicação do ato, resolução ou despacho.

Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se
discutir matéria constitucional.

Parágrafo único. O recurso em que se discutir matéria constitucional não poderá ser interposto
fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria, só em outra que se apresentar poderá ser
interposto.

Art. 260. A distribuição do primeiro recurso que chegar ao Tribunal Regional ou Tribunal
Superior, prevenirá a competência do relator para todos os demais casos do mesmo município ou
Estado.

Art. 261. Os recursos parciais, entre os quais não se incluem os que versarem matéria referente
ao registro de candidatos, interpostos para os Tribunais Regionais no caso de eleições municipais
e para o Tribunal Superior no caso de eleições estaduais ou federais, serão julgados à medida
que derem entrada nas respectivas Secretarias.

§ 1º. Havendo dois ou mais recursos parciais de um mesmo município ou Estado, ou se todos,
inclusive os de diplomação já estiverem no Tribunal Regional ou no Tribunal Superior, serão eles
julgados seguidamente, em uma ou mais sessões.

§ 2º. As decisões com os esclarecimentos necessários ao cumprimento serão comunicadas de


uma só vez ao juiz eleitoral ou ao presidente do Tribunal Regional.

§ 3º. Se os recursos de um mesmo município ou Estado deram entrada em datas diversas,


sendo julgados separadamente, o juiz eleitoral ou o presidente do Tribunal Regional aguardará a
comunicação de todas as decisões para cumpri-las, salvo se o julgamento dos demais importar
em alteração do resultado do pleito que não tenha relação com o recurso já julgado.

§ 4º. Em todos os recursos, no despacho que determinar a remessa dos autos à instância
superior, o juízo a quo esclarecerá quais os ainda em fase de processamento e, no último, quais
os anteriormente remetidos.

§ 5º. Ao se realizar a diplomação, se ainda houver recurso pendente de decisão em outra


instância, será consignado que os resultados poderão sofrer alterações decorrentes desse
julgamento.

§ 6º. Realizada a diplomação, e decorrido o prazo para recurso, o juiz ou presidente do


Tribunal Regional comunicará à instância superior se foi ou não interposto recurso.

Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:

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I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato;

II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de representação proporcional;

III - erro de direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do quociente eleitoral ou
partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua contemplação sob
determinada legenda;

IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova dos autos,


nas hipóteses do artigo 222 desta Lei, e do artigo 41-A da Lei nº 9.504, de 30 de setembro de
1997. (NR) (Redação dada ao inciso pela Lei nº 9.840, de 28.09.1999, DOU 29.09.1999)

Art. 263. No julgamento de um mesmo pleito eleitoral, as decisões anteriores sobre questões
de direito constituem prejulgados para os demais casos, salvo se contra a tese votarem dois
terços dos membros do Tribunal.

Art. 264. Para os Tribunais Regionais e para o Tribunal Superior caberá, dentro de 3 (três)
dias, recurso dos atos, resoluções ou despachos dos respectivos presidentes.

CAPÍTULO II
Dos Recursos Perante as Juntas e Juízos Eleitorais

Art. 265. Dos atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas eleitorais caberá recurso para
o Tribunal Regional.

Parágrafo único. Os recursos das decisões das Juntas serão processados na forma estabelecida
pelos artigos 169 e seguintes.

Art. 266. O recurso independerá de termo e será interposto por petição devidamente
fundamentada, dirigida ao juiz eleitoral e acompanhada, se o entender o recorrente, de novos
documentos.

Parágrafo único. Se o recorrente se reportar a coação, fraude, uso de meios de que trata o
artigo 237 ou emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedada por lei,
dependentes de prova a ser determinada pelo Tribunal, bastar-lhe-á indicar os meios a elas
conducentes. (Parágrafo único acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 267. Recebida a petição, mandará o juiz intimar o recorrido para ciência do recurso,
abrindo-se-lhe vista dos autos a fim de, em prazo igual ao estabelecido para a sua interposição,
oferecer razões, acompanhadas ou não de novos documentos.

§ 1º. A intimação se fará pela publicação da notícia da vista no jornal que publicar o expediente
da Justiça Eleitoral, onde houver, e nos demais lugares, pessoalmente pelo escrivão, independente
de iniciativa do recorrente.

§ 2º. Onde houver jornal oficial, se a publicação não ocorrer no prazo de 3 (três) dias, a
intimação se fará pessoalmente ou na forma prevista no parágrafo seguinte.

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§ 3º. Nas zonas em que se fizer intimação pessoal, se não for encontrado e recorrido dentro de
48 (quarenta e oito) horas, a intimação se fará por edital afixados no fórum, no local de costume.

§ 4º. Todas as citações e intimações serão feitas na forma estabelecida neste artigo.

§ 5º. Se o recorrido juntar novos documentos, terá o recorrente vista dos autos por 48
(quarenta e oito) horas para falar sobre os mesmos, contado o prazo na forma deste artigo.

§ 6º. Findos os prazos a que se referem os parágrafos anteriores, o juiz eleitoral fará, dentro de
quarenta e oito horas, subir os autos ao Tribunal Regional com a sua resposta e os documentos
em que se fundar, sujeito à multa de dez por cento do salário mínimo regional por dia de
retardamento, salvo se entender de reformar a sua decisão. (Redação dada ao parágrafo pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 7º. Se o juiz reformar a decisão recorrida, poderá o recorrido, dentro de 3 (três) dias,
requerer suba o recurso como se por ele interposto.

CAPÍTULO III
Dos Recursos nos Tribunais Regionais

Art. 268. No Tribunal Regional nenhuma alegação escrita ou nenhum documento poderá ser
oferecido por qualquer das partes, salvo o disposto no artigo 270. (Redação dada ao artigo
pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 269. Os recursos serão distribuídos a um relator em 24 (vinte e quatro) horas e na ordem
rigorosa da antiguidade dos respectivos membros, esta última exigência sob pena de nulidade de
qualquer ato ou decisão do relator ou do tribunal.

§ 1º. Feita a distribuição, a Secretaria do Tribunal abrirá vista dos autos à Procuradoria
Regional, que deverá emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 2º. Se a Procuradoria não emitir parecer no prazo fixado, poderá a parte interessada requerer
a inclusão do processo na pauta, devendo o Procurador, nesse caso, proferir parecer oral na
assentada do julgamento.

Art. 270. Se o recurso versar sobre coação, fraude, uso de meios de que trata o artigo 237, ou
emprego de processo de propaganda ou captação de sufrágios vedado por lei dependente de
prova indicada pelas partes ao interpô-lo ou ao impugná-lo, o relator no Tribunal Regional deferi
la-á em vinte e quatro horas da conclusão, realizando-se ela no prazo improrrogável de cinco
dias.

§ 1º. Admitir-se-ão como meios de prova para apreciação pelo Tribunal as justificações e as
perícias processadas perante o juiz eleitoral da zona, com citação dos partidos que concorreram
ao pleito e do representante de Ministério Público.

§ 2º. Indeferindo o relator a prova, serão os autos, a requerimento do interessado, nas vinte e
quatro horas seguintes, presentes à primeira sessão do Tribunal, que deliberará a respeito.

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§ 3º. Protocoladas as diligências probatórias, ou com a juntada das justificações ou diligências,
a Secretaria do Tribunal abrirá, sem demora, vista dos autos, por vinte e quatro horas,
seguidamente, ao recorrente e ao recorrido para dizerem a respeito.

§ 4º. Findo o prazo acima, serão os autos conclusos ao relator. (Redação dada ao artigo pela
Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 271. O relator devolverá os autos à Secretaria no prazo improrrogável de 8 (oito) dias
para, nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, ser o caso incluído na pauta de julgamento do
Tribunal.

§ 1º. Tratando-se de recurso contra a expedição de diploma, os autos, uma vez devolvidos pelo
relator, serão conclusos ao juiz imediato em antiguidade como revisor, o qual deverá devolvê-los
em 4 (quatro) dias.

§ 2º. As pautas serão organizadas com um número de processos que possam ser realmente
julgados, obedecendo-se rigorosamente a ordem da devolução dos mesmos à Secretaria pelo
relator, ou revisor, nos recursos contra a expedição de diploma, ressalvadas as preferências
determinadas pelo regimento do Tribunal.

Art. 272. Na sessão do julgamento, uma vez feito o relatório pelo relator, cada uma das partes
poderá, no prazo improrrogável de dez minutos, sustentar oralmente as suas conclusões.

Parágrafo único. Quando se tratar de julgamento de recursos contra a expedição de diploma,


cada parte terá vinte minutos para sustentação oral.

Art. 273. Realizado o julgamento, o relator, se vitorioso, ou o relator designado para redigir o
acórdão, apresentará a redação deste, o mais tardar, dentro em 5 (cinco) dias.

§ 1º. O acórdão conterá uma síntese das questões debatidas e decididas.

§ 2º. Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, se o Tribunal dispuser de serviço


taquigráfico, serão juntas ao processo as notas respectivas.

Art. 274. O acórdão, devidamente assinado, será publicado, valendo como tal a inserção da
sua conclusão no órgão oficial.

§ 1º. Se o órgão oficial não publicar o acórdão no prazo de 3 (três) dias, as partes serão
intimadas pessoalmente e, se não forem encontradas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a
intimação se fará por edital afixado no Tribunal, no local de costume.

§ 2º. O disposto no parágrafo anterior aplicar-se-á a todos os casos de citação ou intimação.

Art. 275. São admissíveis embargos de declaração:

I - quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição;

II - quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal.

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§ 1º. Os embargos serão opostos dentro em 3 (três) dias da data da publicação do acórdão,
em petição dirigida ao relator, na qual será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou
omisso.

§ 2º. O relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira sessão seguinte
proferindo o seu voto.

§ 3º. Vencido o relator, outro será designado para lavrar o acórdão.

§ 4º. Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos,


salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar.

Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são terminativas, salvo os casos seguintes em
que cabe recurso para o Tribunal Superior:

I - especial:

a) quando forem proferidas contra expressa disposição de lei;

b) quando ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

II - ordinário:

a) quando versarem sobre expedição de diplomas nas eleições federais e estaduais;

b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.

§ 1º. É de 3 (três) dias o prazo para a interposição do recurso, contado da publicação da


decisão nos casos dos números I, letras a e b e II, letra b e da sessão da diplomação no caso do
número II, letra a.

§ 2º. Sempre que o Tribunal Regional determinar a realização de novas eleições, o prazo para a
interposição dos recursos, no caso do número II, a, contar-se-á da sessão em que, feita a
apuração das sessões renovadas, for proclamado o resultado das eleições suplementares.

Art. 277. Interposto recurso ordinário contra decisão do Tribunal Regional, o presidente
poderá, na própria petição, mandar abrir vista ao recorrido para que, no mesmo prazo, ofereça
as suas razões.

Parágrafo único. Juntadas as razões do recorrido, serão os autos remetidos ao Tribunal


Superior.

Art. 278. Interposto recurso especial contra decisão do Tribunal Regional, a petição será
juntada nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes e os autos conclusos ao presidente dentro de 24
(vinte e quatro) horas.

§ 1º. O presidente, dentro em 48 (quarenta e oito) horas do recebimento dos autos conclusos,
proferirá despacho fundamentado, admitindo ou não o recurso.

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§ 2º. Admitido o recurso, será aberta vista dos autos ao recorrido para que, no mesmo prazo,
apresente as suas razões.

§ 3º. Em seguida serão os autos conclusos ao presidente, que mandará remetê-los ao Tribunal
Superior.

Art. 279. Denegado o recurso especial, o recorrente poderá interpor, dentro em 3 (três) dias,
agravo de instrumento.

§ 1º. O agravo de instrumento será interposto por petição que conterá:

I - a exposição do fato e do direito;

II - as razões do pedido de reforma da decisão;

III - a indicação das peças do processo que devem ser trasladadas.

§ 2º. Serão obrigatoriamente trasladadas a decisão recorrida e a certidão da intimação.

§ 3º. Deferida a formação do agravo, será intimado o recorrido para, no prazo de 3 (três) dias,
apresentar as suas razões e indicar as peças dos autos que serão também trasladadas.

§ 4º. Concluída a formação do instrumento o presidente do Tribunal determinará a remessa dos


autos ao Tribunal Superior, podendo, ainda, ordenar a extração e a juntada de peças não
indicadas pelas partes.

§ 5º. O presidente do Tribunal não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que interposto
fora do prazo legal.

§ 6º. Se o agravo de instrumento não for conhecido, porque interposto fora do prazo legal, o
Tribunal Superior imporá ao recorrente multa correspondente ao valor do maior salário mínimo
vigente no País, multa essa que será inscrita e cobrada na forma prevista no artigo 367.

§ 7º. Se o Tribunal Regional dispuser de aparelhamento próprio, o instrumento deverá ser


formado com fotocópias ou processos semelhantes, pagas as despesas, pelo preço do custo,
pelas partes, em relação às peças que indicarem.

CAPÍTULO IV
Dos Recursos no Tribunal Superior

Art. 280. Aplicam-se ao Tribunal Superior as disposições dos artigos 268, 269, 270, 271,
caput, 272, 273, 274 e 275.

Art. 281. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior, salvo as que declararem a
invalidade de lei ou ato contrário à Constituição Federal e as denegatórias de habeas corpus ou
mandado de segurança, das quais caberá recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal,
interposto no prazo de 3 (três) dias.

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§ 1º. Juntada a petição nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes, os autos serão conclusos ao
presidente do Tribunal, que, no mesmo prazo, proferirá despacho fundamentado, admitindo ou
não o recurso.

§ 2º. Admitido o recurso será aberta vista dos autos ao recorrido para que, dentro de 3 (três)
dias, apresente as suas razões.

§ 3º. Findo esse prazo os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal.

Art. 282. Denegado o recurso, o recorrente poderá interpor, dentro de 3 (três) dias, agravo de
instrumento, observado o disposto no artigo 279 e seus parágrafos, aplicada a multa a que se
refere o § 6º pelo Supremo Tribunal Federal.

TÍTULO IV
Disposições Penais

CAPÍTULO I
Disposições Preliminares

Art. 283. Para os efeitos penais são considerados membros e funcionários da Justiça Eleitoral:

I - os magistrados que, mesmo não exercendo funções eleitorais, estejam presidindo Juntas
Apuradoras ou se encontrem no exercício de outra função por designação de Tribunal Eleitoral;

II - os cidadãos que temporariamente integram órgãos da Justiça Eleitoral;

III - os cidadãos que hajam sido nomeados para as mesas receptoras ou Juntas Apuradoras;

IV - os funcionários requisitados pela Justiça Eleitoral.

§ 1º. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, além dos indicados no presente
artigo, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública.

§ 2º. Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal ou em sociedade de economia mista.

Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau mínimo, entende-se que será ele de 15
(quinze) dias para a pena de detenção e de 1 (um) ano para a de reclusão.

Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o
quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da pena cominada
ao crime.

Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento, ao Tesouro Nacional, de uma soma de
dinheiro, que é fixada em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-multa e, no máximo,
300 (trezentos) dias-multa.

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§ 1º. O montante do dia-multa é fixado segundo o prudente arbítrio do juiz, devendo este ter
em conta as condições pessoais e econômicas do condenado, mas não pode ser inferior ao
salário mínimo diário da região, nem superior ao valor de um salário mínimo mensal.

§ 2º. A multa pode ser aumentada até o triplo, embora não possa exceder o máximo genérico
caput, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do condenado, é ineficaz a
cominada, ainda que no máximo, ao crime de que se trate.

Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta Lei as regras gerais do Código Penal.

Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da imprensa, do rádio ou da televisão,
aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões a outra lei nele contempladas.

CAPÍTULO II
Dos Crimes Eleitorais

Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor:

Pena - reclusão até 5 (cinco) anos e pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.

Art. 290. Induzir alguém a se inscrever eleitor com infração de qualquer dispositivo deste
Código.

Pena - reclusão até 2 (dois) anos e pagamento de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias-multa.

Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição de alistando.

Pena - reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, sem fundamento legal, a inscrição
requerida:

Pena - pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o alistamento:

Pena - detenção de 15 dias a seis meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 294. (Revogado pela Lei nº 8.868, de 14.04.1994)

Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 296. Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais:

Pena - detenção até dois meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio:

Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

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Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro da mesa receptora, fiscal, delegado de partido ou
candidato, com violação do disposto no artigo 236:

Pena - reclusão até 4 (quatro) anos.

Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva
ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção,
ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Art. 300. Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não
votar em determinado candidato ou partido:

Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 100 dias-multa.

Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime


prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.

Art. 301. Usar da violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em
determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos:

Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.

Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício
do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de
alimento e transporte coletivo:

Pena - reclusão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa. (Redação
dada ao artigo pelo Decreto-Lei nº 1.064, de 24.10.1969)

Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços necessários à realização de eleições, tais
como transporte e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e divulgação de matéria
eleitoral:

Pena - Pagamento de 250 a 300 dias-multa.

Art. 304. Ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição, o fornecimento,


normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade
dos mesmos a determinado partido ou candidato:

Pena - Pagamento de 250 a 300 dias-multa.

Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu
funcionamento sob qualquer pretexto:

Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores devem ser chamados a votar:

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Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa.

Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já assinalada ou por qualquer forma marcada:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra oportunidade que não a de entrega da
mesma ao eleitor:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem:

Pena - reclusão até três anos.

Art. 310. Praticar, ou permitir o membro da mesa receptora que seja praticada qualquer
irregularidade que determine a anulação de votação, salvo no caso do artigo 311:

Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Art. 311. Votar em secção eleitoral em que não está inscrito, salvo nos casos expressamente
previstos, e permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja admitido:

Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 dias-multa para o eleitor e de 20 a 30


dias-multa para o presidente da mesa.

Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto:

Pena - detenção até dois anos.

Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de expedir o boletim de apuração imediatamente
após a apuração de cada urna e antes de passar à subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda
que dispensada a expedição pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes:

Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Parágrafo único. Nas secções eleitorais em que a contagem for procedida pela mesa receptora
incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não expedirem imediatamente o
respectivo boletim.

Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de recolher as cédulas apuradas na respectiva
urna, fechá-la, e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada secção e antes de passar à
subseqüente, sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a providência pelos fiscais, delegados
ou candidatos presentes:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Parágrafo único. Nas secções eleitorais em que a contagem dos votos for procedida pela mesa
receptora incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que não fecharem e lacrarem a
urna após a contagem.

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Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de apuração a votação obtida por qualquer
candidato ou lançar nesses documentos votação que não corresponda às cédulas apuradas:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da eleição ou da apuração os protestos
devidamente formulados ou deixar de remetê-los à instância superior:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.

Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos invólucros:

Pena - reclusão de três a cinco anos.

Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos votos da urna quando qualquer eleitor
houver votado sob impugnação (artigo 190):

Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de registro de um ou mais partidos:

Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30 dias-multa.

Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em dois ou mais partidos:

Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa.

Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de uma ficha de registro de partido:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 20 a 40 dias-multa.

Art. 322. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou
candidatos, e capazes de exercerem influência perante o eleitorado:

Pena - detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.

Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é cometido pela imprensa, rádio ou televisão.

Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando afins de propaganda,


imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e pagamento de 10 a 40 dias-multa.

§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

§ 2º. A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por
sentença irrecorrível;

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II - se o fato é imputado ao Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença
irrecorrível.

Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda,


imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção de três meses a um ano, e pagamento de 5 a 30 dias-multa.

Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público


e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda,


ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

§ 1º. O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;

II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

§ 2º. Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou meio
empregado, se considerem aviltantes:

Pena - detenção de três meses a um ano e pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas
correspondentes à violência prevista no Código Penal.

Art. 327. As penas cominadas nos artigos 324, 325 e 326 aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;

II - contra funcionário público, em razão de suas funções;

III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa.

Art. 328. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 329. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 330. Nos casos dos artigos 328 e 329, se o agente repara o dano antes da sentença final,
o juiz pode reduzir a pena.

Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de propaganda devidamente empregado:

Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Art. 332. Impedir o exercício de propaganda:

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Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 333. (Revogado pela Lei nº 9.504 de 30.09.1997)

Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e


sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores:

Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação do registro se o responsável for candidato.

Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua forma, em língua estrangeira:

Pena - detenção de três a seis meses e pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração ao presente artigo importa na apreensão e
perda do material utilizado na propaganda.

Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela infração de qualquer dos artigos 322, 323,
324, 325, 326, 328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz verificar, de acordo com o seu
livre convencimento, se o diretório local do partido, por qualquer dos seus membros, concorreu
para a prática de delito, ou dela se beneficiou conscientemente.

Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao diretório responsável pena de suspensão de sua
atividade eleitoral, por prazo de 6 (seis) a 12 (doze) meses, agravada até o dobro nas
reincidências.

Art. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus direitos
políticos, de atividades partidárias, inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados
ou abertos:

Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o responsável pelas emissoras de rádio ou televisão
que autorizar transmissões de que participem os mencionados neste artigo, bem como o diretor
de jornal que lhes divulgar os pronunciamentos.

Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a prioridade prevista no artigo 239:

Pena - pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 339. Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, ou documentos relativos à eleição:

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e pagamento de 5 (cinco) a 15 (quinze) dias-multa.

Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime


prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou
guardar urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo da Justiça Eleitoral:

Pena - reclusão até 3 (três) anos de pagamento de 3 (três) a 15 (quinze) dias-multa.

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Parágrafo único. Se o agente é membro ou funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.

Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o diretor ou qualquer outro funcionário de
órgão oficial federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou intimações da Justiça
Eleitoral:

Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de
promover a execução de sentença condenatória:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3 do artigo 357:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60 a 90 dias-multa.

Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justa causa:

Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 a 120 dias-multa.

Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou qualquer funcionário dos órgãos da Justiça
Eleitoral, nos prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a infração não estiver sujeita
a outra penalidade:

Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa. (Redação dada ao artigo pela Lei nº 4.961,
de 04.05.1966)

Art. 346. Violar o disposto no artigo 377:

Pena - detenção até 6 (seis) meses e pagamento de 30 (trinta) a 60(sessenta) dias-multa.

Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da autoridade responsável, os servidores que


prestarem serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido que derem causa à
infração.

Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou instruções da


Justiça Eleitoral ou pôr embaraços à sua execução:

Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e pagamento de 10 (dez) a 20 (vinte) dias-
multa.

Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro, para fins eleitorais:

Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de 15 a 30 dias-multa.

§ 1º. Se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é


agravada.

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§ 2º. Para os efeitos penais, equipara-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal inclusive Fundação do Estado.

Art. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular, ou alterar documento particular
verdadeiro, para fins eleitorais:

Pena - reclusão até 5 (cinco) anos e pagamento de 3 (três) a 10 (dez) dias-multa.

Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, se o documento é público, e


reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.

Parágrafo único. Se o agente da falsidade documental é funcionário público e comete o crime


prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamentos de registro civil, a
pena é agravada.

Art. 351. Equipara-se a documento (348, 349 e 350), para os efeitos penais, a fotografia, o
filme cinematográfico, o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore declaração ou
imagem destinada a prova de fato juridicamente relevante.

Art. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício da função pública, firma ou letra que o
não seja, para fins eleitorais:

Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa se o documento é público, e


reclusão até três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.

Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados, a que se referem os
artigos 348 a 352:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou particular, material ou
ideologicamente falso para fins eleitorais:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

CAPÍTULO III
Do Processo das Infrações

Art. 355. As infrações penais definidas neste Código são de ação pública.

Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal deste Código deverá
comunicá-la ao juiz eleitoral da zona onde a mesma se verificou.

§ 1º. Quando a comunicação for verbal, mandará a autoridade judicial reduzi-la a termo,
assinado pelo apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao órgão do Ministério Público
local, que procederá na forma deste Código.

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§ 2º. Se o Ministério Público julgar necessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou outros elementos de convicção, deverá requisitá-los diretamente de quaisquer
autoridades ou funcionários que possam fornecê-los.

Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério Público oferecerá a denúncia dentro do
prazo de 10 (dez) dias.

§ 1º. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o


arquivamento da comunicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa da comunicação ao Procurador Regional, e este oferecerá a denúncia, designará
outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o
juiz obrigado a atender.

§ 2º. A denúncia conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

§ 3º. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo legal representará
contra ele a autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da responsabilidade penal.

§ 4º. Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo anterior o juiz solicitará ao Procurador


Regional a designação de outro promotor, que, no mesmo prazo, oferecerá a denúncia.

§ 5º. Qualquer eleitor poderá provocar a representação contra o órgão do Ministério Público
se o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, não agir de ofício.

Art. 358. A denúncia será rejeitada quando:

I - o fato narrado evidentemente não constituir crime;

II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra causa;

III - for manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o exercício da
ação penal.

Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição da denúncia não obstará ao exercício da
ação penal, desde que promovida por parte legítima ou satisfeita a condição.

Art. 359. Recebida a denúncia e citado o infrator, terá este o prazo de 10 (dez) dias para
contestá-la, podendo juntar documentos que ilidam a acusação e arrolar as testemunhas que tiver.

Art. 360. Ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa e praticadas as diligências


requeridas pelo Ministério Público e deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á o prazo de 5
(cinco) dias a cada uma das partes - acusação e defesa - para alegações finais.

Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos ao juiz dentro de quarenta e oito horas,
terá o mesmo 10 (dez) dias para proferir a sentença.

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Art. 362. Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso para o Tribunal
Regional, a ser interposto no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória, baixarão imediatamente os autos
à instância inferior para a execução da sentença, que será feita no prazo de 5 (cinco) dias,
contados da data da vista ao Ministério Público.

Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de promover a execução da sentença


serão aplicadas as normas constantes dos parágrafos 3º, 4º e 5º do artigo 357.

Art. 364. No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem
conexos, assim como nos recursos e na execução, que lhes digam respeito, aplicar-se-á, como lei
subsidiária ou supletiva, o Código de Processo Penal.

TÍTULO V
Disposições Gerais e Transitórias

Art. 365. O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é obrigatório e não interrompe o
interstício de promoção dos funcionários para ele requisitados.

Art. 366. Os funcionários de qualquer órgão da Justiça Eleitoral não poderão pertencer a
diretório de partido político ou exercer qualquer atividade partidária, sob pena de demissão.

Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer multa, salvo no caso das condenações
criminais, obedecerão as seguintes normas:

I - no arbitramento será levada em conta a condição econômica do eleitor;

II - arbitrada a multa, de ofício ou a requerimento do eleitor, o pagamento será feito através de


selo federal inutilizado no próprio requerimento ou no respectivo processo;

III - se o eleitor não satisfizer o pagamento no prazo de 30 (trinta) dias, será considerada dívida
líquida e certa, para efeito de cobrança mediante executivo fiscal, a que for inscrita em livro
próprio no Cartório Eleitoral;

IV - a cobrança judicial da dívida será feita por ação executiva, na forma prevista para a
cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, correndo a ação perante os juízos eleitorais;

V - nas Capitais e nas comarcas onde houver mais de um Promotor de Justiça, a cobrança da
dívida far-se-á por intermédio do que for designado pelo Procurador Regional Eleitoral;

VI - os recursos cabíveis, nos processos para cobrança da dívida decorrente de multa, serão
interpostos para a instância superior da Justiça Eleitoral;

VII - em nenhum caso haverá recurso de ofício;

VIII - as custas, nos Estados, Distrito Federal e Territórios serão cobradas nos termos dos
respectivos Regimentos de Custas;

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IX - os juízes eleitorais comunicarão aos Tribunais Regionais, trimestralmente, a importância
total das multas impostas nesse período e quanto foi arrecadado através de pagamentos feitos na
forma dos números II e III;

X - idêntica comunicação será feita pelos Tribunais Regionais ao Tribunal Superior.

§ 1º. As multas aplicadas pelos Tribunais Eleitorais serão consideradas líquidas e certas, para
efeito de cobrança mediante executivo fiscal desde que inscritas em livro próprio na Secretaria do
Tribunal competente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 2º. A multa pode ser aumentada até dez vezes, se o juiz, ou Tribunal considerar que, em virtude
da situação econômica do infrator, é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 3º. O alistando, ou o eleitor, que comprovar devidamente o seu estado de pobreza, ficará
isento do pagamento de multa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

§ 4º. Fica autorizado o Tesouro Nacional a emitir selos, sob a designação "Selo Eleitoral"
destinados ao pagamento de emolumentos, custas, despesas e multas, tanto as administrativas
como as penais, devidas à Justiça Eleitoral. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de
04.05.1966)

§ 5º. Os pagamentos de multas poderão ser feitos através de guias de recolhimento, se a Justiça
Eleitoral não dispuser de selo eleitoral em quantidade suficiente para atender aos interessados.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 368. Os atos requeridos ou propostos em tempo oportuno, mesmo que não sejam
apreciados no prazo legal, não prejudicarão aos interessados.

Art. 369. O Governo da União fornecerá, para ser distribuído por intermédio dos Tribunais
Regionais, todo o material destinado ao alistamento eleitoral e às eleições.

Art. 370. As transmissões de natureza eleitoral, feitas por autoridades e repartições


competentes, gozam de franquia postal, telegráfica, telefônica, radiotelegráfica ou radiotelefônica,
em linhas oficiais ou nas que sejam obrigadas a serviço oficial.

Art. 371. As repartições públicas são obrigadas, no prazo máximo de 10 (dez) dias, a fornecer
às autoridades, aos representantes de partidos ou a qualquer alistando as informações e certidões
que solicitarem relativas à matéria eleitoral, desde que os interessados manifestem especificamente
as razões e os fins do pedido.

Art. 372. Os tabeliães não poderão deixar de reconhecer nos documentos necessários à
instrução dos requerimentos e recursos eleitorais, as firmas de pessoas do seu conhecimento, ou
das que se apresentarem com 2 (dois) abonadores conhecidos.

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Art. 373. São isentos de selo os requerimentos e todos os papéis destinados a fins eleitorais e é
gratuito o reconhecimento de firma pelos tabeliães, para os mesmos fins.

Parágrafo único. Nos processos-crimes e nos executivos fiscais referentes à cobrança de multas
serão pagas custas nos termos do Regimento de Custas de cada Estado, sendo as devidas à
União pagas através de selos federais inutilizados nos autos.

Art. 374. Os membros dos tribunais eleitorais, os juízes eleitorais e os servidores públicos
requisitados para os órgãos da Justiça Eleitoral que, em virtude de suas funções nos mencionados
órgãos, não tiverem as férias que lhes couberem, poderão gozá-las no ano seguinte, acumuladas
ou não. (Redação dada ao caput pela Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Parágrafo único. (Revogado Lei nº 4.961, de 04.05.1966)

Art. 375. Nas áreas contestadas, enquanto não forem fixados definitivamente os limites
interestaduais, far-se-ão as eleições sob a jurisdição do Tribunal Regional da circunscrição
eleitoral em que, do ponto de vista da administração judiciária estadual, estejam elas incluídas.

Art. 376. A proposta orçamentária da Justiça Eleitoral será anualmente elaborada pelo Tribunal
Superior, de acordo com as propostas parciais que lhe forem remetidas pelos Tribunais
Regionais, e dentro das normas legais vigentes.

Parágrafo único. Os pedidos de créditos adicionais que se fizerem necessários ao bom


andamento dos serviços eleitorais, durante o exercício, serão encaminhados em relação trimestral
à Câmara dos Deputados, por intermédio do Tribunal Superior.

Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal, autarquia, fundação do
Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo poder público,
ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências não poderá
ser utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político.

Parágrafo único. O disposto neste artigo será tornado efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão
competente da Justiça Eleitoral, conforme o âmbito nacional, regional ou municipal do órgão
infrator, mediante representação fundamentada de autoridade pública, representante partidário,
ou de qualquer eleitor.

Art. 378. O Tribunal Superior organizará, mediante proposta do Corregedor Geral, os serviços
da Corregedoria, designando para desempenhá-los funcionários efetivos do seu quadro e
transformando o cargo de um deles, diplomado em direito e de conduta moral irrepreensível, no
de Escrivão da Corregedoria, símbolo PJ-l, a cuja nomeação serão inerentes, assim na Secretaria
como nas diligências, as atribuições de titular de ofício de Justiça.

Art. 379. Serão considerados de relevância os serviços prestados pelos mesários e


componentes das Juntas Apuradoras.

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§ 1º. Tratando-se de servidor público, em caso de promoção, a prova de haver prestado tais
serviços será levada em consideração para efeito de desempate, depois de observados os
critérios já previstos em leis ou regulamentos.

§ 2º. Persistindo o empate de que trata o parágrafo anterior, terá preferência, para a promoção,
o funcionário que tenha servido maior número de vezes.

§ 3º. O disposto neste artigo não se aplica aos membros ou servidores da Justiça Eleitoral.

Art. 380. Será feriado nacional o dia em que se realizarem eleições de data fixada pela
Constituição Federal; nos demais casos, serão as eleições marcadas para um domingo ou dia já
considerado feriado por lei anterior.

Art. 381. Esta Lei não altera a situação das candidaturas a Presidente ou Vice-Presidente da
República e a Governador ou Vice-Governador de Estado, desde que resultantes de convenções
partidárias regulares e já registradas ou em processo de registro, salvo a ocorrência de outros
motivos de ordem legal ou constitucional que as prejudiquem.

Parágrafo único. Se o registro requerido se referir isoladamente a Presidente ou a Vice-


Presidente da República e a Governador ou Vice-Governador de Estado, a validade respectiva
dependerá de complementação da chapa conjunta na forma e nos prazos previstos neste Código
(Constituição, artigo 81, com a redação dada pela Emenda Constitucional número 9)

Art. 382. Este Código entrará em vigor 30 dias após a sua publicação.

Art. 383. Revogam-se as disposições em contrário.

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Código Tributário Nacional
LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966

(DOU 27.01.1966, ret. DOU 31.10.1966)

Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas gerais de direito tributário
aplicáveis à União, Estados e Municípios.

O Presidente da República,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º. Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional nº 18, de 1º de
dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no artigo 5º,
XV, b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da respectiva legislação
complementar, supletiva ou regulamentar.

LIVRO PRIMEIRO
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º. O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional nº
18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal
e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e em leis
estaduais, e em leis municipais.
Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
Art. 4º. A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da
respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.

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Art. 5º. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

TÍTULO II
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 6º. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência


legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas
Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e
observado o disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras
pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que
tenham sido atribuídos.
Art. 7º. A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar
ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em
matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos
do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à
pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa
jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado,
do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Art. 8º. O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de
direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
CAPÍTULO II
LIMITAÇÕES DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 9º. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado, quanto à majoração,
o disposto nos artigos 21, 26 e 65;
II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial
do exercício financeiro a que corresponda;
III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou mercadorias,

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por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais;
IV - cobrar imposto sobre:
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) o patrimônio, a renda ou serviços de partidos políticos e de instituições de educação ou
de assistência social, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros.
§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da
condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da
prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias
por terceiros.
§ 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos serviços próprios
das pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus
objetivos.
Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional, ou que importe distinção ou preferência em favor de determinado Estado ou
Município.
Art. 11. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens de qualquer natureza, em razão da sua procedência ou do seu destino.
SEÇÃO II
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
Art. 12. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º, observado o disposto nos seus §
§ 1º e 2º, é extensivo às autarquias criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal,
ou pelos Municípios, tão-somente no que se refere ao patrimônio, à renda ou aos serviços
vinculados às suas finalidades essenciais, ou delas decorrentes.
Art. 13. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º não se aplica aos serviços
públicos concedidos, cujo tratamento tributário é estabelecido pelo poder concedente, no
que se refere aos tributos de sua competência, ressalvado o que dispõe o parágrafo único.
Parágrafo único. Mediante lei especial e tendo em vista o interesse comum, a União pode
instituir isenção de tributos federais, estaduais e municipais para os serviços públicos que
conceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º.
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos
seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro
ou participação no seu resultado;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos

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institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a
autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente os
diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este
artigo, previsto nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos
compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de
seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.

TÍTULO III
IMPOSTOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte
Art. 17. Os impostos componentes do sistema tributário nacional são exclusivamente os
que constam deste Título, com as competências e limitações nele previstas.
Art. 18. Compete:
I - à União instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos aos Estados e, se
aqueles não forem divididos em Municípios, cumulativamente, os atribuídos a estes;
II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios instituir,
cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos Municípios.
CAPÍTULO II
IMPOSTOS SOBRE O COMÉRCIO EXTERIOR

SEÇÃO I

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IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO
Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos
estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.
Art. 20. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência,
para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da
arrematação.
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política
cambial e do comércio exterior.
Art. 22. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
SEÇÃO II
IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO
Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para o estrangeiro, de
produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do território
nacional.
Art. 24. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar,
alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no
porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a
operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado
internacional, o custo do financiamento.
Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou do preço, referidos
no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos
limites por ela estabelecidos.
Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política
cambial e do comercio exterior.

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Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.
Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na
forma da lei.
CAPÍTULO III
IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÔNIO E A RENDA

SEÇÃO I
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL
Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem
como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como
definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.
Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor fundiário.
Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.
SEÇÃO II
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e
territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem
imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona
urbana do Município.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal, observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em
pelo menos dois dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do
imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão
urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à
habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos
termos do parágrafo anterior.
Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.
Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens
móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua

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utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.
Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil,
ou o seu possuidor a qualquer título.
SEÇÃO III
IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS E DE DIREITOS A ELES
RELATIVOS
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e
de direitos a eles relativos tem como fato gerador:
I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis,
por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil;
II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos
reais de garantia;
III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II.
Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos
quantos sejam os herdeiros ou legatários.
Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a
transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior:
I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento
de capital nela subscrito;
II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou
com outra.
Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos
bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua
desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.
Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente
tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a
cessão de direitos relativos à sua aquisição.
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando
mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos
2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações
mencionadas neste artigo.
§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de
2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior,
levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.
§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos
termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data.

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§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando
realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante.
Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.
Art. 39. A alíquota do imposto não excederá os limites fixados em resolução do Senado
Federal, que distinguirá, para efeito de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões
que atendam à política nacional de habitação.
Art. 40. O montante do imposto é dedutível do devido à União, a título do imposto de que
trata o artigo 43, sobre o provento decorrente da mesma transmissão.
Art. 41. O imposto compete ao Estado da situação do imóvel transmitido, ou sobre que
versarem os direitos cedidos, mesmo que a mutação patrimonial decorra de sucessão aberta
no estrangeiro.
Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada. como
dispuser a lei.
SEÇÃO IV
IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer
natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de
ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não
compreendidos no inciso anterior.
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da
renda ou dos proventos tributáveis.
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43,
sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens
produtores de renda ou dos proventos tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos
tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe
caibam.
CAPÍTULO IV
IMPOSTOS SOBRE A PRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO

SEÇÃO I
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como
fato gerador:

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I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que
tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou
o aperfeiçoe para o consumo.
Art. 47. A base de cálculo do imposto é:
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do
artigo 20, acrescido do montante:
a) do Imposto sobre a Importação;
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;
II - no caso do inciso II do artigo anterior:
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou
sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;
III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.
Art. 48. O imposto é seletivo em função da essencialidade dos produtos.
Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido
resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos
produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.
Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte,
transfere-se para o período ou períodos seguintes.
Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, quando remetidos de um para outro Estado, ou
do ou para o Distrito Federal, serão acompanhados de nota fiscal de modelo especial,
emitida em séries próprias e contendo, além dos elementos necessários ao controle fiscal,
os dados indispensáveis à elaboração da estatística do comércio por cabotagem e demais
vias internas.
Art. 51. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes
definidos no inciso anterior;

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IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo
qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.
SEÇÃO II
IMPOSTO ESTADUAL SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS
Art. 52. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 53. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 54. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 55. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 56. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 57. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 58. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
SEÇÃO III
IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE
MERCADORIAS
Art. 59. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Art. 60. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Art. 61. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
Art. 62. (Revogado pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)
SEÇÃO IV
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGURO, E SOBRE
OPERAÇÕES RELATIVAS A TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS
Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do
montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do
interessado;
II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou
estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do
interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à
disposição por este;
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do
documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;

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IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão,
pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.
Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e
reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma
mesma operação de crédito.
Art. 64. A base de cálculo do imposto é:
I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e
os juros;
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido,
entregue ou posto à disposição;
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal ou o valor da cotação em Bolsa, como
determinar a lei;
c) no pagamento ou resgate, o preço.
Art. 65. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política
monetária.
Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como
dispuser a lei.
Art. 67. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas monetárias, na
forma da lei.
SEÇÃO V
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
Art. 68. O imposto, de competência da União, sobre serviços de transportes e
comunicações tem como fato gerador:
I - a prestação do serviço de transporte, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias
ou valores, salvo quando o trajeto se contenha inteiramente no território de um mesmo
Município;
II - a prestação do serviço de comunicações, assim se entendendo a transmissão e o
recebimento, por qualquer processo, de mensagens escritas, faladas ou visuais, salvo
quando os pontos de transmissão e de recebimento se situem no território de um mesmo
Município e a mensagem em curso não possa ser captada fora desse território.
Art. 69. A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

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Art. 70. Contribuinte do imposto é o prestador do serviço.
SEÇÃO VI
IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA
Art. 71. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 72. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
Art. 73. (Revogado pelo Decreto-Lei nº 406, de 31.12.1968)
CAPÍTULO V
IMPOSTOS ESPECIAIS

SEÇÃO I
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS A COMBUSTÍVEIS,
LUBRIFICANTES, ENERGIA ELÉTRICA E MINERAIS DO PAÍS
Art. 74. O imposto, de competência da União, sobre operações relativas a combustíveis,
lubrificantes, energia elétrica e minerais do País tem como fato gerador:
I - a produção, como definida no artigo 46 e seu parágrafo único;
II - a importação, como definida no artigo 19;
III - a circulação, como definida no artigo 52;
IV - a distribuição, assim entendida a colocação do produto no estabelecimento
consumidor ou em local de venda ao público;
V - o consumo, assim entendida a venda do produto ao público.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, a energia elétrica considera-se produto industrializado.
§ 2º O imposto incide, uma só vez, sobre uma das operações previstas em cada inciso
deste artigo, como dispuser a lei, e exclui quaisquer outros tributos, sejam quais forem sua
natureza ou competência, incidentes sobre aquelas operações.
Art. 75. A lei observará o disposto neste Título relativamente:
I - ao Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a incidência seja sobre a produção
ou sobre o consumo;
II - ao Imposto sobre a Importação, quando a incidência seja sobre essa operação;
III - ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias, quando a
incidência seja sobre a distribuição.
SEÇÃO II
IMPOSTOS EXTRAORDINÁRIOS
Art. 76. Na iminência ou no caso de guerra externa, a União pode instituir,
temporariamente, impostos extraordinários compreendidos ou não entre os referidos nesta

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Lei, suprimidos, gradativamente, no prazo máximo de 5 (cinco) anos, contados da
celebração da paz.

TÍTULO IV
TAXAS

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício
regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do
processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou
desvio de poder.
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - utilizados pelo contribuinte:
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título;
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua
disposição mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de
utilidade ou de necessidade públicas;
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos
usuários.
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no
âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis
Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível,
competem a cada uma dessas pessoas de direito público.

TÍTULO V
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

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Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra
resultar para cada imóvel beneficiado.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos
mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para
cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30(trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de
qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação
a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do
custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona
beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do
montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que
integraram o respectivo cálculo.

TÍTULO VI
DISTRIBUIÇÕES DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 83. Sem prejuízo das demais disposições deste Título, os Estados e Municípios que
celebrem com a União convênios destinados a assegurar ampla e eficiente coordenação dos
respectivos programas de investimentos e serviços públicos, especialmente no campo da
política tributária, poderão participar de até 10% (dez por cento) da arrecadação efetuada,
nos respectivos territórios, proveniente do imposto referido no artigo 43, incidente sobre o
rendimento das pessoas físicas, e no artigo 46, excluído o incidente sobre o fumo e bebidas
alcoólicas.

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Parágrafo único. O processo das distribuições previstas neste artigo será regulado nos
convênios nele referidos.
Art. 84. A lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o
encargo de arrecadar os impostos de competência da União, cujo produto lhes seja
distribuído no todo ou em parte.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à arrecadação dos impostos de
competência dos Estados, cujo produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos
respectivos Municípios.
CAPÍTULO II
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL E SOBRE A
RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA

Art. 85. Serão distribuídos pela União:


I - aos Municípios da localização dos imóveis, o produto da arrecadação do imposto a que
se refere o artigo 29;
II - aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, o produto da arrecadação, na fonte,
do imposto a que se refere o artigo 43, incidente sobre a renda das obrigações de sua dívida
pública e sobre os proventos dos seus servidores e dos de suas autarquias.
§ 1º Independentemente de ordem das autoridades superiores e sob pena de demissão, as
autoridades arrecadadoras dos impostos a que se refere este artigo farão entrega, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, das importâncias recebidas, à medida que
forem sendo arrecadadas, em prazo não superior a 30 (trinta) dias, a contar da data de cada
recolhimento.
§ 2º A lei poderá autorizar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a incorporar
definitivamente à sua receita o produto da arrecadação do imposto a que se refere o inciso
II, estipulando as obrigações acessórias a serem cumpridas por aqueles no interesse da
arrecadação, pela União, do imposto a ela devido pelos titulares da renda ou dos proventos
tributados.
§ 3º A lei poderá dispor que uma parcela, não superior a 20% (vinte por cento), do
imposto de que trata o inciso I seja destinada ao custeio do respectivo serviço de
lançamento e arrecadação.
CAPÍTULO III
FUNDOS DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS

SEÇÃO I
CONSTITUIÇÃO DOS FUNDOS
Art. 86. Do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os artigos 43 e 46,
80% (oitenta por cento) constituem a receita da União e o restante será distribuído à razão
de 10% (dez por cento) ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e 10%

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(dez por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios.
Parágrafo único. Para cálculo da percentagem destinada aos Fundos de Participação,
exclui-se do produto da arrecadação do imposto a que se refere o artigo 43 a parcela
distribuída nos termos do inciso II do artigo anterior.
Art. 87. O Banco do Brasil S.A., à medida em que for recebendo as comunicações do
recolhimento dos impostos a que se refere o artigo anterior, para escrituração na conta
"Receita da União", efetuará automaticamente o destaque de 20% (vinte por cento), que
creditará, em partes iguais, ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e ao
Fundo de Participação dos Municípios.
Parágrafo único. Os totais relativos a cada imposto, creditados mensalmente a cada um
dos Fundos, serão comunicados pelo Banco do Brasil S.A. ao Tribunal de Contas da União
até o último dia útil do mês subseqüente.
SEÇÃO II
CRITÉRIO DE DISTRIBUIÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS
Art. 88. O Fundo de Participação dos Estados do Distrito Federal, a que se refere o artigo
86, será distribuído da seguinte forma:
I - 5% (cinco por cento), proporcionalmente à superfície de cada entidade participante;
II - 95% (noventa e cinco por cento), proporcionalmente ao coeficiente individual de
participação, resultante do produto do fator representativo da população pelo fator
representativo do inverso da renda per capita, de cada entidade participante, como
definidos nos artigos seguintes.
Parágrafo único. Para os efeitos do disposto neste artigo, consideram-se:
I - a superfície territorial apurada e a população estimada, quanto a cada entidade
participante, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
II - a renda per capita, relativa a cada entidade participante, no último ano para o qual
existam estimativas efetuadas pela Fundação "Getúlio Vargas".
Art. 89. O fator representativo da população, a que se refere o inciso II do artigo anterior,
será estabelecido da seguinte forma:

Percentagem que a população da entidade participante representa da população total do


País:

Fator
I - até 2% 2,0
II - acima de 2% até 5%:
a) pelos primeiros 2% 2,0
b) para cada 0,3% ou fração excedente, mais 0,3

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III - acima de 5% até 10%:
a) pelos primeiros 5% 5,0
b) para cada 0,5% ou fração excedente, mais 0,5
IV - acima de 10% 10,0
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se como população total do País a
soma das populações estimadas a que se refere o inciso I do parágrafo único do artigo
anterior.
Art. 90. O fator representativo do inverso da renda per capita, a que se refere o inciso II
do artigo 88, será estabelecido da seguinte forma:

Inverso do índice relativo à renda "per capita"da entidade participante:

Fator

Até 0,0045 0,4

Acima de 0,0045 até 0,0055 0,5

Acima de 0,0055 até 0,0065 0,6

Acima de 0,0065 até 0,0075 0,7

Acima de 0,0075 até 0,0085 0,8

Acima de 0,0085 até 0,0095 0,9

Acima de 0,0095 até 0,0110 1,0

Acima de 0,0110 até 0,0130 1,2

Acima de 0,0130 até 0,0150 1,4

Acima de 0,0150 até 0,0170 1,6

Acima de 0,0170 até 0,0190 1,8

Acima de 0,0190 até 0,0220 2,0

Acima de 0,0220 2,5

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Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, determina-se o índice relativo à renda per
capita de cada entidade participante, tomando-se como 100 (cem) a renda per capita média
do País.
SEÇÃO III
CRITÉRIO DE DISTRIBUIÇÃO DO FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS
MUNICÍPIOS
Art. 91. Do Fundo de Participação dos Municípios a que se refere o artigo 86, serão
atribuídos:
I - 10% (dez por cento) aos Municípios das capitais dos Estados;
II - 90% (noventa por cento) aos demais Municípios do País.
§ 1º A parcela de que trata o inciso I será distribuída proporcionalmente a um coeficiente
individual de participação, resultante do produto dos seguintes fatores:
a) fator representativo da população, assim estabelecido:
Percentual da População de cada Município em relação à do Conjunto das Capitais:
Fator
Até 2% 0,2
Mais de 2% até 5%:
Pelos primeiros 2% 0,2
Cada 0,5% ou fração excedente, mais 0,5
Mais de 5% 0,5
b) fator representativo do inverso da renda per capita do respectivo Estado, de
conformidade com o dispositivo no artigo 90.
§ 2º A distribuição da parcela a que se refere o item II deste artigo, deduzido o percentual
referido no artigo 3º do Decreto-Lei que estabelece a redação deste parágrafo, far-se-á
atribuindo-se a cada Município um coeficiente individual de participação determinado na
forma seguinte:
Categoria do Município, segundo seu número de habitantes
Coeficiente
a) Até 16.980
Pelos primeiros 10.188 0,6
Para cada 3.396 ou fração excedente, mais 0,2
b) Acima de 16.980 até 50.940
Pelos primeiros 16.980 0,1
Para cada 6.792 ou fração excedente, mais 0,2
c) Acima de 50.940 até 101.880

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Pelos primeiros 50.940 2,0
Para cada 10.188 ou fração excedente, mais 0,2
d) Acima de 101.880 até 156.216
Pelos primeiros 101.880 3,0
Para cada 13.584 ou fração excedente, mais 0,2
e) Acima de 156.216 4,0
§ 3º. Para os efeitos deste artigo, consideram-se os Municípios regularmente instalados,
fazendo-se a revisão das quotas anualmente, a partir de 1989, com base em dados oficiais
de população produzidos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-
IBGE.
§ 4º. (Revogado pela Lei Complementar nº 91, de 22.12.1997)
§ 5º. (Revogado pela Lei Complementar nº 91, de 22.12.1997)
SEÇÃO IV
CÁLCULO E PAGAMENTO DAS QUOTAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS
Art. 92. Até o último dia útil de cada exercício, o Tribunal de Contas da União
comunicará ao Banco do Brasil S.A. os coeficientes individuais de participação de cada
Estado e do Distrito Federal, calculados na forma do disposto no artigo 88, e de cada
Município, calculados na forma do disposto no artigo 91, que prevalecerão para todo o
exercício subseqüente.
Art. 93. Até o último dia útil de cada mês, o Banco do Brasil S.A. creditará a cada Estado,
ao Distrito Federal e a cada Município as quotas a eles devidas, em parcelas distintas para
cada um dos impostos a que se refere o artigo 86, calculadas com base nos totais creditados
ao Fundo correspondente, no mês anterior.
§ 1º Os créditos determinados por este artigo serão efetuados em contas especiais, abertas
automaticamente pelo Banco do Brasil S.A., em sua agência na Capital de cada Estado, no
Distrito Federal e na sede de cada Município, ou, em sua falta, na agência mais próxima.
§ 2º O cumprimento do disposto neste artigo será comunicado pelo Banco do Brasil S.A.
ao Tribunal de Contas da União, discriminadamente, até o último dia útil do mês
subseqüente.
SEÇÃO V
COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DAS QUOTAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS
Art. 94. Do total recebido nos termos deste Capítulo, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios destinarão obrigatoriamente 50% (cinqüenta por cento), pelo menos, ao seu
orçamento de despesas de capital como definidas em lei de normas gerais de direito
financeiro.
§ 1º Para comprovação do cumprimento do disposto neste artigo, as pessoas jurídicas de
direito público, nele referidas, remeterão ao Tribunal de Contas da União:

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I - cópia autêntica da parte pertinente das contas do Poder Executivo, relativas ao
exercício anterior;
II - cópia autêntica do ato de aprovação, pelo Poder Legislativo, das contas a que se refere
o inciso anterior;
III - prova da observância dos requisitos aplicáveis, previstos em lei de normas gerais de
direito financeiro, relativamente ao orçamento e aos balanços do exercício anterior.
§ 2º O Tribunal de Contas da União poderá suspender o pagamento das distribuições
previstas no artigo 86, nos casos:
I - de ausência ou vício da comprovação a que se refere o parágrafo anterior;
II - de falta de cumprimento ou cumprimento incorreto do disposto neste artigo, apurados
diretamente ou por diligência determinada às suas Delegações nos Estados, mesmo que
tenha sido apresentada a comprovação a que se refere o parágrafo anterior.
§ 3º A sanção prevista no parágrafo anterior subsistirá até comprovação, a juízo do
tribunal, de ter sido sanada a falta que determinou sua imposição, e não produzirá efeitos
quanto à responsabilidade civil, penal ou administrativa do governador ou prefeito.
CAPÍTULO IV
IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS A COMBUSTÍVEIS,
LUBRIFICANTES, ENERGIA ELÉTRICA E MINERAIS DO PAÍS

Art. 95. Do produto da arrecadação do imposto a que se refere o artigo 74 serão


distribuídos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 60% (sessenta por cento) do
que incidir sobre operações relativas a combustíveis, lubrificantes e energia elétrica, e 90%
(noventa por cento) do que incidir sobre operações relativas a minerais do País.
Parágrafo único. (Revogado pelo Ato Complementar nº 35, de 28.02.1967)

LIVRO SEGUNDO
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

TÍTULO I
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo

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ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes
SEÇÃO II
LEIS, TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS E DECRETOS
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21. 26, 39,
57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no
inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos
artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos,
ou para outras infrações nela definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa
ou redução de penalidades.
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação de sua base de cálculo, que importe
em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo,
a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação
tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das
quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação
estabelecidas nesta Lei.
SEÇÃO III
NORMAS COMPLEMENTARES
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei
atribua eficácia normativa;
III - as práticas, reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.

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Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de
penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de
cálculo do tributo.
CAPÍTULO II
VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas


disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste
Capítulo.
Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora,
no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam
extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras
leis de normas gerais expedidas pela União.
Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:
I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua
publicação;
II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100 quanto a seus efeitos normativos,
30 (trinta) dias após a data da sua publicação;
III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100 na data neles prevista.
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a
sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
I - que instituem ou majoram tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de incidência;
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais
favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
CAPÍTULO III
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
completa nos termos do artigo 116.
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de
penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;

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b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão,
desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de
tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da
sua prática.
CAPÍTULO IV
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo.
Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a
legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a eqüidade.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em
lei.
§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo
devido.
Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição,
do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos
respectivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela
Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:
I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;
II - outorga de isenção;
III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da
maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus

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efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.

TÍTULO II
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.


§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela
decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações,
positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos
tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em
obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária.
CAPÍTULO II
FATO GERADOR

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação
principal.
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e
existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as
circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são
próprios;
II - tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente
constituída, nos termos de direito aplicável.
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em
contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

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II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do
negócio.
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:
I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis,
ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.• Código Civil; nulidades: artigos 145 e
segs.; forma dos atos jurídicos: artigos 129 a 136.
CAPÍTULO III
SUJEITO ATIVO

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrário, a pessoa jurídica de direito público, que se
constituir pelo desmembramento territorial de outra, sub-roga-se nos direitos desta, cuja
legislação tributária aplicará até que entre em vigor a sua própria.
CAPÍTULO IV
SUJEITO PASSIVO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra
de disposição expressa de lei.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que
constituam o seu objeto.
Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à
responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública,
para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias
correspondentes.
SEÇÃO II
SOLIDARIEDADE
Art. 124. São solidariamente obrigadas:

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I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal;
II - as pessoas expressamente designadas por lei.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem.
Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da
solidariedade:
I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais;
II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada
pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo
saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou
prejudica aos demais.
SEÇÃO III
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
Art. 126. A capacidade tributária passiva independe:
I - da capacidade civil das pessoas naturais;
II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do
exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de
seus bens ou negócios;
III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma
unidade econômica ou profissional.
SEÇÃO IV
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na
forma da legislação aplicável, considera-se como tal:
I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou
desconhecida, o centro habitual de sua atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua
sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada
estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no
território da entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste
artigo, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da
situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

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§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou
dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo
anterior.
CAPÍTULO V
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da
respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este
em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
SEÇÃO II
RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários
definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, aos
constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias
surgidas até a referida data.
Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação
de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, sub-rogam-se na pessoa
dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.
Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o
respectivo preço.
Art. 131. São pessoalmente responsáveis:
I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;
II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus
até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do
quinhão, do legado ou da meação;
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até data da abertura da sucessão.
Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou
incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato
pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas
jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada
por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob
firma individual.
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por

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qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional,
e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou
nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido,
devidos até a data do ato:
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;
II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro
de 6 (seis) meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro
ramo de comércio, indústria ou profissão
SEÇÃO III
RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação
principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que
intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:
I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre
os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de
caráter moratório.
Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos:
I - as pessoas referidas no artigo anterior;
II - os mandatários, prepostos e empregados;
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
SEÇÃO IV
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES
Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da
legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade,
natureza e extensão dos efeitos do ato.

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Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando
praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou
no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar;
III-quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou
empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra
estas.
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração,
acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do
depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do
tributo dependa de apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de
qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a
infração.

TÍTULO III
CRÉDITO TRIBUTÁRIO

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza
desta.
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus
efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade
não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue,
ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais
não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua
efetivação ou as respectivas garantias.
CAPÍTULO II
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

SEÇÃO I

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LANÇAMENTO
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e sendo caso,
propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso
em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio
do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e
rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato
gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de
fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou
outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o
efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de
tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se
considera ocorrido.
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado
em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão
administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no
exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito
passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução
SEÇÃO II
MODALIDADES DE LANÇAMENTO
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de
terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade
administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir
ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e

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antes de notificado o lançamento.
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de
ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor
ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante
processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não
mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos
pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada. em caso de
contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos
seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da
legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos
do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido
de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o
preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido
na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada,
no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente
obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu
com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do
lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional
da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade
essencial.
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

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§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito,
sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,
praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do
crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração
do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
CAPÍTULO III
SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
conseqüentes.
SEÇÃO II
MORATÓRIA
Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:
I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se
refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal
e às obrigações de direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que
autorizada por lei nas condições do inciso anterior.

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Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua
aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a
expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em
caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos:
I - o prazo de duração do favor;
II - as condições da concessão do favor em caráter individual;
III - sendo caso:
a) os tributos a que se aplica;
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I,
podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de
concessão em caráter individual;
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em
caráter individual.
Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos
definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo
lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito
passivo.
Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do
sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele.
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e
será revogada de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de
satisfazer as condições ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão
do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado,
ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.
Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da
moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança
do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito
o referido direito.
CAPÍTULO IV
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

SEÇÃO I
MODALIDADES DE EXTINÇÃO

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Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - a remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no
artigo 150 e seus § § 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito
sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos
artigos 144 e 149.
SEÇÃO II
PAGAMENTO
Art. 157. A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário.
Art. 158. O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento:
I - quando parcial, das prestações em que se decomponha;
II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.
Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado
na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.
Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento
do crédito ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o sujeito passivo
notificado do lançamento.
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do
pagamento, nas condições que estabeleça.
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora,
seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades
cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei
tributária.

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§ 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1%
(um por cento) ao mês.
§ 2º. O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo
devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.
Art. 162. O pagamento é efetuado:
I - em moeda corrente, cheque ou vale postal;
II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo
mecânico.
§ 1º. A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por
cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento
em moeda corrente.
§ 2º. O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo
sacado.
§ 3º. O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular
daquela, ressalvado o disposto no artigo 150.
§ 4º. A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade
não dão direito à restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação
tributária, ou naqueles em que o erro seja imputável à autoridade administrativa.
§ 5º. O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara-se ao pagamento
em estampilha.
Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito
passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a
diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade
administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação,
obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:
I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos
decorrentes de responsabilidade tributária;
II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos;
III - na ordem crescente dos prazos de prescrição;
IV - na ordem decrescente dos montantes.
Art. 164. A importância do crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo
sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de
penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem
fundamento legal;

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III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico
sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar.
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância
consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em
parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
SEÇÃO III
PAGAMENTO INDEVIDO
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à
restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face
da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador
efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no
cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do
respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido referido
encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado
a recebê-la.
Art. 167. A restituição total ou parcial do tributo dá lugar à restituição, na mesma
proporção, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, salvo as referentes a infrações
de caráter formal não prejudicadas pela causa da restituição.
Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em
julgado da decisão definitiva que a determinar.
Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5
(cinco) anos, contados:
I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado,
revogado ou rescindido a decisão condenatória.
Art. 169. Prescreve em 2 (dois) anos a ação anulatória da decisão administrativa que
denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial,
recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao

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representante judicial da Fazenda Pública interessada.
SEÇÃO IV
DEMAIS MODALIDADES DE EXTINÇÃO
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação
em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos
tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra
a Fazenda Pública.
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os
efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução
maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer
entre a data da compensação e a do vencimento
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da
obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em
determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário.
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em
cada caso.
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III-à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais
do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o
decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.

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Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos,
contados da data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I - pela citação pessoal feita ao devedor;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento
do débito pelo devedor.
CAPÍTULO V
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 175. Excluem o crédito tributário:
I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das
obrigações acessórias, dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou
dela conseqüente.
SEÇÃO II
ISENÇÃO
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que
especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se
aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade
tributante, em função de condições a ela peculiares.
Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva:
I - às taxas e às contribuições de melhoria;
II - aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.
Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas
condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o
disposto no inciso III do artigo 104.
Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça

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prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou
contrato para sua concessão.
§ 1º Tratando-se de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste
artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus
efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a
continuidade do reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando
cabível, o disposto no artigo 155.
SEÇÃO III
ANISTIA
Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à
vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa
qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por
terceiro em benefício daquele;
II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais
pessoas naturais ou jurídicas.
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I - em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante,
conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja
fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.
Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça
prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei
para sua concessão.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-
se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
CAPÍTULO VI
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

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SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não
exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das
características do tributo a que se refiram.
Parágrafo único. A natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a
natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda.
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam
previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das
rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida,
inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade
seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens
e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu
começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública por crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa em fase de execução.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica na hipótese de terem sido
reservados pelo devedor bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida em fase de
execução.
SEÇÃO II
PREFERÊNCIAS
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo
da constituição deste, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho.
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, concordata, inventário ou arrolamento.
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de
direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pro rata;
III - Municípios, conjuntamente e pro rata.
Art. 188. São encargos da massa falida, pagáveis preferencialmente a quaisquer outros e
às dívidas da massa, os créditos tributários vencidos e vincendos, exigíveis no decurso do
processo de falência.
§ 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente,
mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa
não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor
dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada.

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§ 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata.
Art. 189. São pagos preferencialmente a quaisquer créditos habilitados em inventário ou
arrolamento, ou a outros encargos do monte, os créditos tributários vencidos ou vincendos,
a cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no decurso do processo de inventário ou
arrolamento.
Parágrafo único. Contestado o crédito tributário, proceder-se-á na forma do disposto no §
1º do artigo anterior.
Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos
ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou
voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.
Art. 191. Não será concedida concordata nem declarada a extinção das obrigações do
falido, sem que o requerente faça prova da quitação de todos os tributos relativos à sua
atividade mercantil.
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem
prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas.
Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da
administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, ou sua
autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que
contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda
Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre.

TÍTULO IV
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO I
FISCALIZAÇÃO

Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter
geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência
e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação.
Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou
jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de
isenção de caráter pessoal.
Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições
legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais dos comerciantes, industriais ou
produtores, ou da obrigação destes de exibi-los.
Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os
comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a

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prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.
Art. 196. A autoridade administrativa que proceder ou presidir a quaisquer diligências de
fiscalização lavrará os termos necessários para que se documente o início do procedimento,
na forma da legislação aplicável, que fixará prazo máximo para a conclusão daquelas.
Parágrafo único. Os termos a que se refere este artigo serão lavrados, sempre que
possível, em um dos livros fiscais exibidos; quando lavrados em separado deles se
entregará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia autenticada pela autoridade a que se refere
este artigo.
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa
todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de
terceiros:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
III - as empresas de administração de bens;
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
V - os inventariantes;
VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo,
ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de
informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a
observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão.
Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação, para
qualquer fim, por parte da Fazenda Pública ou de seus funcionários, de qualquer
informação, obtida em razão do ofício, sobre a situação econômica ou financeira dos
sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios ou
atividades.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo, unicamente, os casos previstos no
artigo seguinte e os de requisição regular da autoridade judiciária no interesse da justiça.
Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos
respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou
específico, por lei ou convênio.
Art. 200. As autoridades administrativas federais poderão requisitar o auxílio da força
pública federal, estadual ou municipal, e reciprocamente, quando vítimas de embaraço ou
desacato no exercício de suas funções, ou quando necessário à efetivação de medida
prevista na legislação tributária, ainda que não se configure fato definido em lei como

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crime ou contravenção.
CAPÍTULO II
DÍVIDA ATIVA

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo
fixado, para pagamento, pela lei ou por decisão final proferida em processo regular.
Parágrafo único. A fluência de juros de mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a
liquidez do crédito.
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente,
indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que
possível, o domicílio ou a residência de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos;
III - a origem e a natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em
que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito.
Parágrafo único. A certidão conterá, além dos requisitos deste artigo, a indicação do livro
e da folha da inscrição.
Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos previstos no artigo anterior ou o erro a
eles relativo são causas de nulidade da inscrição e do processo de cobrança dela decorrente,
mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão de primeira instância, mediante substituição
da certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acusado ou interessado, o prazo para defesa,
que somente poderá versar sobre a parte modificada.
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez e tem o
efeito de prova pré-constituída.
Parágrafo único. A presunção a que se refere este artigo é relativa e pode ser ilidida por
prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do terceiro a que aproveite.
CAPÍTULO III
CERTIDÕES NEGATIVAS

Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando
exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado,
que contenha todas as informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio
fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.
Parágrafo único. A certidão negativa será sempre expedida nos termos em que tenha sido

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requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento na
repartição.
Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a
existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido
efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Art. 207. Independentemente de disposição legal permissiva, será dispensada a prova de
quitação de tributos, ou o seu suprimento, quando se tratar de prática de ato indispensável
para evitar a caducidade de direito, respondendo, porém, todos os participantes no ato pelo
tributo porventura devido, juros de mora e penalidades cabíveis, exceto as relativas a
infrações cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator.
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a
Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito
tributário e juros de mora acrescidos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade criminal e
funcional que no caso couber
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 209. A expressão "Fazenda Pública", quando empregada nesta Lei sem qualificação,
abrange a Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 210. Os prazos fixados nesta Lei ou na legislação tributária serão contínuos,
excluindo-se na sua contagem o dia de início e incluindo-se o de vencimento.
Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal na
repartição em que corra o processo ou deva ser praticado o ato.
Art. 211. Incumbe ao Conselho Técnico de Economia e Finanças, do Ministério da
Fazenda, prestar assistência técnica aos governos estaduais e municipais, com o objetivo de
assegurar a uniforme aplicação da presente Lei.
Art. 212. Os Poderes Executivos federal, estaduais e municipais expedirão, por decreto,
dentro de 90 (noventa) dias da entrada em vigor desta Lei, a consolidação, em texto único,
da legislação vigente, relativa a cada um dos tributos, repetindo-se esta providência até o
dia 31 de janeiro de cada ano.
Art. 213. Os Estados pertencentes a uma mesma região geoeconômica celebrarão entre si
convênios para o estabelecimento de alíquota uniforme para o imposto a que se refere o
artigo 52.
Parágrafo único. Os Municípios de um mesmo Estado procederão igualmente, no que se
refere à fixação da alíquota de que trata o artigo 60.
Art. 214. O Poder Executivo promoverá a realização de convênios com os Estados, para
excluir ou limitar a incidência do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias, no caso de exportação para o Exterior.

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Art. 215. A lei estadual pode autorizar o Poder Executivo a reajustar, no exercício de
1967, a alíquota de imposto a que se refere o artigo 52, dentro de limites e segundo critérios
por ela estabelecidos.
Art. 216. O Poder Executivo proporá as medidas legislativas adequadas a possibilitar,
sem compressão dos investimentos previstos na proposta orçamentária de 1967, o
cumprimento do disposto no artigo 21 da Emenda Constitucional nº 18, de 1965.
Art. 217. As disposições desta Lei, notadamente as dos artigos 17, 74, § 2º, e 77,
parágrafo único, bem como a do artigo 54 da Lei nº 5.025, de 10 de junho de 1966, não
excluem a incidência e a exigibilidade:
I - da "contribuição sindical", denominação que passa a ter o Imposto Sindical de que
tratam os artigos 578 e segs. da Consolidação das Leis do Trabalho, sem prejuízo do
disposto no artigo 16 da Lei nº 4.589, de 11 de dezembro de 1964;
II - das denominadas "quotas de previdência" a que aludem os artigos 71 e 74 da Lei nº
3.807, de 26 de agosto de 1960, com as alterações determinadas pelo artigo 34 da Lei nº
4.863, de 29 de novembro de 1965, que integram a contribuição da União para a
Previdência Social, de que trata o artigo 157, item XVI, da Constituição Federal;
III - da contribuição destinada a constituir "Fundo de Assistência" e "Previdência do
Trabalhador Rural", de que trata o artigo 158 da Lei nº 4.214, de 2 de março de 1963;
IV - da contribuição destinada ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, criada pelo
artigo 2º da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
V - das contribuições enumeradas no § 2º do artigo 34 da Lei nº 4.863, de 29 de novembro
de 1965, com as alterações decorrentes do disposto nos artigos 22 e 23 da Lei nº 5.107, de
13 de setembro de 1966, e outras de fins sociais criadas por lei.
Art. 218. Esta Lei entrará em vigor, em todo o território nacional, no dia 1º de janeiro de
1967, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 854, de 10 de outubro
de 1949.

Brasília, 25 de outubro de 1966; 145º da Independência e 78º da República.

H. CASTELLO BRANCO

Octávio Bulhões

Carlos Medeiros Silva

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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente


e dá outras providências.
Legenda:

Texto em preto: Redação original (sem modificação)

Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados

Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados

Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

Referência Legislativa
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Título I

Das Disposições Preliminares


Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos
de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este


Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta
Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder


público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;


c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a


proteção à infância e à juventude.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de


negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido
na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela
se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e
coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento.
Título II

Dos Direitos Fundamentais


Capítulo I

Do Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde,


mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e
o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o


atendimento pré e perinatal.

§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento,


segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de
regionalização e hierarquização do Sistema.

§ 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a


acompanhou na fase pré-natal.

§ 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz


que dele necessitem.

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições


adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
medida privativa de liberdade.

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de


gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários


individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e


digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas
normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades


no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as


intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à


mãe.

Art. 11. É assegurado atendimento médico à criança e ao adolescente, através


do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações
e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.

§ 1º A criança e o adolescente portadores de deficiência receberão atendimento


especializado.

§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem


os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento,
habilitação ou reabilitação.

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar


condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou


adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica


e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e
alunos.

Parágrafo único. É obrigatória a vacinação das crianças nos casos


recomendados pelas autoridades sanitárias.
Capítulo II

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à


dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas


as restrições legais;
II - opinião e expressão;

III - crença e culto religioso;

IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;


V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

VI - participar da vida política, na forma da lei;

VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,


psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente,


pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.
Capítulo III

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária


Seção I

Disposições Gerais

Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio
da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas
dependentes de substâncias entorpecentes.

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,


terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

Art. 21. O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela
mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o
direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente
para a solução da divergência.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo


suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder.

Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação
da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a
qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio.

Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio poder serão decretadas judicialmente,


em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem
como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a
que alude o art. 22.
Seção II

Da Família Natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes.

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos
pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por
testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a
origem da filiação.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou


suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,


indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Seção III

Da Família Substituta

Subseção I

Disposições Gerais

Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou


adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos
termos desta Lei.

§ 1º Sempre que possível, a criança ou adolescente deverá ser previamente


ouvido e a sua opinião devidamente considerada.

§ 2º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a


relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as
conseqüências decorrentes da medida.

Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por
qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça
ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança


ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-
governamentais, sem autorização judicial.

Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida


excepcional, somente admissível na modalidade de adoção.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso


de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
Subseção II
Da Guarda

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e


educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida,


liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de
adoção por estrangeiros.

§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção,


para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou
responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de
atos determinados.

§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para


todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

Art. 34. O poder público estimulará, através de assistência jurídica, incentivos


fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente órfão ou abandonado.

Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial
fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Subseção III
Da Tutela

Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até vinte e um
anos incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da
perda ou suspensão do pátrio poder e implica necessariamente o dever de
guarda.

Art. 37. A especialização de hipoteca legal será dispensada, sempre que o


tutelado não possuir bens ou rendimentos ou por qualquer outro motivo
relevante.

Parágrafo único. A especialização de hipoteca legal será também dispensada se


os bens, porventura existentes em nome do tutelado, constarem de instrumento
público, devidamente registrado no registro de imóveis, ou se os rendimentos
forem suficientes apenas para a mantença do tutelado, não havendo sobra
significativa ou provável.
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.

Subseção IV

Da Adoção

Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segundo o disposto


nesta Lei.
Parágrafo único. É vedada a adoção por procuração.

Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do
pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos
e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.

§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os


vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os
respectivos parentes.

§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o


adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada
a ordem de vocação hereditária.

Art. 42. Podem adotar os maiores de vinte e um anos, independentemente de


estado civil.
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando.

§ 2º A adoção por ambos os cônjuges ou concubinos poderá ser formalizada,


desde que um deles tenha completado vinte e um anos de idade, comprovada a
estabilidade da família.

§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o


adotando.
§ 4º Os divorciados e os judicialmente separados poderão adotar
conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, e
desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância da
sociedade conjugal.

§ 5º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca


manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de
prolatada a sentença.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o
adotando e fundar-se em motivos legítimos.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar o seu alcance,
não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal


do adotando.

§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente


cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do pátrio poder.

§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será também


necessário o seu consentimento.

Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou


adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as
peculiaridades do caso.

§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando não tiver


mais de um ano de idade ou se, qualquer que seja a sua idade, já estiver na
companhia do adotante durante tempo suficiente para se poder avaliar a
conveniência da constituição do vínculo.

§ 2º Em caso de adoção por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País, o


estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de no mínimo
quinze dias para crianças de até dois anos de idade, e de no mínimo trinta dias
quando se tratar de adotando acima de dois anos de idade.

Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita
no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.

§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome
de seus ascendentes.

§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do


adotado.

§ 3º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões


do registro.
§ 4º A critério da autoridade judiciária, poderá ser fornecida certidão para a
salvaguarda de direitos.

§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido deste,


poderá determinar a modificação do prenome.

§ 6º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença,


exceto na hipótese prevista no art. 42, § 5º, caso em que terá força retroativa à
data do óbito.
Art. 48. A adoção é irrevogável.

Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos pais naturais.

Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um


registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de
pessoas interessadas na adoção.

§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos


técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público.

§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os requisitos


legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 29.

Art. 51 Cuidando-se de pedido de adoção formulado por estrangeiro residente


ou domiciliado fora do País, observar-se-á o disposto no art. 31.

§ 1º O candidato deverá comprovar, mediante documento expedido pela


autoridade competente do respectivo domicílio, estar devidamente habilitado à
adoção, consoante as leis do seu país, bem como apresentar estudo
psicossocial elaborado por agência especializada e credenciada no país de
origem.

§ 2º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,


poderá determinar a apresentação do texto pertinente à legislação estrangeira,
acompanhado de prova da respectiva vigência.

§ 3º Os documentos em língua estrangeira serão juntados aos autos,


devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por
tradutor público juramentado.

§ 4º Antes de consumada a adoção não será permitida a saída do adotando do


território nacional.

Art. 52. A adoção internacional poderá ser condicionada a estudo prévio e


análise de uma comissão estadual judiciária de adoção, que fornecerá o
respectivo laudo de habilitação para instruir o processo competente.

Parágrafo único. Competirá à comissão manter registro centralizado de


interessados estrangeiros em adoção.
Capítulo IV

Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias


escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;

V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.

Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo


pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não


tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de


idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente


trabalhador;

VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares


de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta


irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental,


fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à
escola.

Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou


pupilos na rede regular de ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão


ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;

II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos


escolares;
III - elevados níveis de repetência.

Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas


relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com
vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental
obrigatório.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e


históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se
a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e


facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais,
esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.
Capítulo V

Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade,


salvo na condição de aprendiz.

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação


especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada


segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;


II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

III - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de


aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os


direitos trabalhistas e previdenciários.
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho,


aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-
governamental, é vedado trabalho:

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do


dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;

III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento


físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins
lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de
capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.

§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências


pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando
prevalecem sobre o aspecto produtivo.

§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a


participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter
educativo.

Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho,


observados os seguintes aspectos, entre outros:
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;

II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.


Título III

Da Prevenção

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos


direitos da criança e do adolescente.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer,
esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção especial
outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará em


responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta Lei.
Capítulo II

Da Prevenção Especial
Seção I

Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos

Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e


espetáculos públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que
não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre
inadequada.

Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos


deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição,
informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
especificada no certificado de classificação.

Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos


públicos classificados como adequados à sua faixa etária.

Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e


permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
pais ou responsável.

Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário


recomendado para o público infanto juvenil, programas com finalidades
educativas, artísticas, culturais e informativas.

Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso


de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição.

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que


explorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para
que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo
órgão competente.

Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, no invólucro,
informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a


crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada,
com a advertência de seu conteúdo.

Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham


mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem
opaca.

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não


poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de
bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores
éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem comercialmente


bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, assim entendidas as que
realize apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja permitida
a entrada e a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso
para orientação do público.
Seção II

Dos Produtos e Serviços


Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:

I - armas, munições e explosivos;

II - bebidas alcoólicas;

III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica


ainda que por utilização indevida;

IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido


potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;

VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel,


pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado
pelos pais ou responsável.
Seção III

Da Autorização para Viajar

Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside,
desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:

1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado


documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder


autorização válida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se


a criança ou adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro


através de documento com firma reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou


adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de
estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
Parte Especial

Título I

Da Política de Atendimento

Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-


se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
I - políticas sociais básicas;

II - políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para


aqueles que deles necessitem;

III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às


vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;

IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e


adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do
adolescente.
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:

I - municipalização do atendimento;

II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança


e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os
níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;

III - criação e manutenção de programas específicos, observada a


descentralização político-administrativa;

IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos


respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;

V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público,


Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um
mesmo local, para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a
quem se atribua autoria de ato infracional;

VI - mobilização da opinião pública no sentido da indispensável participação dos


diversos segmentos da sociedade.

Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conselhos estaduais e


municipais dos direitos da criança e do adolescente é considerada de interesse
público relevante e não será remunerada.
Capítulo II

Das Entidades de Atendimento

Seção I

Disposições Gerais

Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das


próprias unidades, assim como pelo planejamento e execução de programas de
proteção e sócio-educativos destinados a crianças e adolescentes, em regime
de:
I - orientação e apoio sócio-familiar;

II - apoio sócio-educativo em meio aberto;

III - colocação familiar;


IV - abrigo;
V - liberdade assistida;

VI - semi-liberdade;

VII - internação.

Parágrafo único. As entidades governamentais e não-governamentais deverão


proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de
atendimento, na forma definida neste artigo, junto ao Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e
de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à
autoridade judiciária.

Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão funcionar depois de


registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
qual comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da
respectiva localidade.
Parágrafo único. Será negado o registro à entidade que:

a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade,


higiene, salubridade e segurança;
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princípios desta Lei;

c) esteja irregularmente constituída;


d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.

Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de abrigo deverão adotar os


seguintes princípios:
I - preservação dos vínculos familiares;

II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de


manutenção na família de origem;
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;

IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação;


V - não desmembramento de grupos de irmãos;

VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de


crianças e adolescentes abrigados;
VII - participação na vida da comunidade local;

VIII - preparação gradativa para o desligamento;

IX - participação de pessoas da comunidade no processo educativo.


Parágrafo único. O dirigente de entidade de abrigo e equiparado ao guardião,
para todos os efeitos de direito.

Art. 93. As entidades que mantenham programas de abrigo poderão, em caráter


excepcional e de urgência, abrigar crianças e adolescentes sem prévia
determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato até o 2º
dia útil imediato.

Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as


seguintes obrigações, entre outras:
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;

II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na
decisão de internação;

III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos


reduzidos;

IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao


adolescente;

V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos


familiares;

VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se


mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;

VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade,


higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;

VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos


adolescentes atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;

X - propiciar escolarização e profissionalização;


XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;

XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas
crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;

XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses,
dando ciência dos resultados à autoridade competente;

XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação


processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes
portadores de moléstias infecto-contagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;

XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;

XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania


àqueles que não os tiverem;

XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do


atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes,
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus
pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização
do atendimento.

§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes deste artigo às


entidades que mantêm programa de abrigo.

§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as entidades


utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade.
Seção II

Da Fiscalização das Entidades

Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais referidas no art. 90


serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos
Tutelares.

Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão apresentados


ao estado ou ao município, conforme a origem das dotações orçamentárias.

Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento que descumprirem


obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal
de seus dirigentes ou prepostos:
I - às entidades governamentais:

a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;

c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) fechamento de unidade ou interdição de programa.

II - às entidades não-governamentais:
a) advertência;

b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;


c) interdição de unidades ou suspensão de programa;

d) cassação do registro.

Parágrafo único. Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades de


atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá
ser o fato comunicado ao Ministério Público ou representado perante autoridade
judiciária competente para as providências cabíveis, inclusive suspensão das
atividades ou dissolução da entidade.
Título II

Das Medidas de Proteção


Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis


sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;


III - em razão de sua conduta.

Capítulo II

Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades


pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de


responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino


fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e


ao adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e


tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - abrigo em entidade;

VIII - colocação em família substituta.

Parágrafo único. O abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como


forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando
privação de liberdade.

Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo serão


acompanhadas da regularização do registro civil.

§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de nascimento da


criança ou adolescente será feito à vista dos elementos disponíveis, mediante
requisição da autoridade judiciária.

§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que trata este artigo


são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
Título III

Da Prática de Ato Infracional

Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou


contravenção penal.

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às


medidas previstas nesta Lei.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do
adolescente à data do fato.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas


previstas no art. 101.
Capítulo II
Dos Direitos Individuais

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante
de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela
sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra


recolhido serão incontinente comunicados à autoridade judiciária competente e à
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a


possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo
máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios


suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
medida.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a


identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo
para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.
Capítulo III

Das Garantias Processuais

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido
processo legal.
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:

I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante


citação ou meio equivalente;

II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e


testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado;
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase


do procedimento.
Capítulo IV

Das Medidas Sócio-Educativas


Seção I

Disposições Gerais
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá
aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;

II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;


IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de


cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de


trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão


tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112
pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da
infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da
materialidade e indícios suficientes da autoria.
Seção II

Da Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a


termo e assinada.
Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a


autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa,
promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da
vítima.

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser


substituída por outra adequada.
Seção IV

Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas


gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a
entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos
congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do


adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas
semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.
Seção V

Da Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida
mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual


poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses,


podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade


competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes


orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de
auxílio e assistência social;

II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do adolescente,


promovendo, inclusive, sua matrícula;

III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção


no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.

Seção VI

Do Regime de Semi-liberdade

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou


como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de
atividades externas, independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre


que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as


disposições relativas à internação.
Seção VII

Da Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos


princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de
pessoa em desenvolvimento.

§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe


técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser


reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três


anos.

§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá


ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.

§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização


judicial, ouvido o Ministério Público.
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a


pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;

III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente


imposta.

§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser
superior a três meses.

§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida


adequada.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para


adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa
separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão


obrigatórias atividades pedagógicas.

Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os


seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;

II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;

III - avistar-se reservadamente com seu defensor;


IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;

V - ser tratado com respeito e dignidade;

VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao


domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;

VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;


IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;

X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;

XI - receber escolarização e profissionalização;

XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:


XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;

XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o
deseje;

XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para


guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder
da entidade;

XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais


indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.

§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive


de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua
prejudicialidade aos interesses do adolescente.

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos,
cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Capítulo V

Da Remissão

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato


infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão,
como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e
conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do
adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela


autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou


comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes,
podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas
em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista
judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou
de seu representante legal, ou do Ministério Público.
Título IV

Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável

Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:


I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;

II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e


tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e


aproveitamento escolar;

VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento


especializado;
VII - advertência;

VIII - perda da guarda;


IX - destituição da tutela;

X - suspensão ou destituição do pátrio poder.


Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos IX e X deste
artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24.

Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual


impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar,
como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.
Título V
Do Conselho Tutelar

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional,


encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente, definidos nesta Lei.

Art. 132. Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar


composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para
mandato de três anos, permitida uma recondução. (Redação dada pela
Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os


seguintes requisitos:
I - reconhecida idoneidade moral;

II - idade superior a vinte e um anos;

III - residir no município.

Art. 134. Lei municipal disporá sobre local, dia e horário de funcionamento do
Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual remuneração de seus membros.

Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal previsão dos recursos


necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar.

Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público


relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão
especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.
Capítulo II

Das Atribuições do Conselho

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:

I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e


105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas
no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:

a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social,


previdência, trabalho e segurança;

b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento


injustificado de suas deliberações.

IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração


administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;

VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as


previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;

VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente


quando necessário;

IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária


para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do
adolescente;

X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos


previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;

XI - representar ao Ministério Público, para efeito das ações de perda ou


suspensão do pátrio poder.

Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela
autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.
Capítulo III

Da Competência

Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência constante do art.


147.
Capítulo IV
Da Escolha dos Conselheiros

Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar


será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a
fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de
12.10.1991)
Capítulo V

Dos Impedimentos

Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher,


ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante
o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.

Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste


artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério
Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na
comarca, foro regional ou distrital.
Título VI

Do Acesso à Justiça

Capítulo I
Disposições Gerais

Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria


Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus
órgãos.

§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem,
através de defensor público ou advogado nomeado.

§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude


são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-
fé.

Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados e os maiores de


dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou
curadores, na forma da legislação civil ou processual.

Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou


adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou
responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda
que eventual.

Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que


digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato
infracional.

Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a


criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido,
filiação, parentesco e residência.
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o artigo
anterior somente será deferida pela autoridade judiciária competente, se
demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
Capítulo II
Da Justiça da Infância e da Juventude

Seção I

Disposições Gerais

Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e


exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer
sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.
Seção II

Do Juiz

Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância e da


Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de organização
judiciária local.
Art. 147. A competência será determinada:

I - pelo domicílio dos pais ou responsável;

II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta dos pais ou


responsável.

§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da


ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção.

§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da


residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que
abrigar a criança ou adolescente.

§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão simultânea de rádio


ou televisão, que atinja mais de uma comarca, será competente, para aplicação
da penalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual da emissora ou
rede, tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras
do respectivo estado.
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para


apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas
cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;

III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;

IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou


coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209;

V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de


atendimento, aplicando as medidas cabíveis;

VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de


proteção à criança ou adolescente;

VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as


medidas cabíveis.

Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do


art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim
de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;

b) conhecer de ações de destituição do pátrio poder, perda ou modificação da


tutela ou guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;

d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em


relação ao exercício do pátrio poder;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;

f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou


representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que
haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;

h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de


nascimento e óbito.

Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de portaria, ou


autorizar, mediante alvará:

I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desacompanhado dos


pais ou responsável, em:
a) estádio, ginásio e campo desportivo;
b) bailes ou promoções dançantes;

c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;

e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.

II - a participação de criança e adolescente em:


a) espetáculos públicos e seus ensaios;

b) certames de beleza.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária levará em


conta, dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei;

b) as peculiaridades locais;
c) a existência de instalações adequadas;

d) o tipo de freqüência habitual ao local;

e) a adequação do ambiente a eventual participação ou freqüência de crianças e


adolescentes;
f) a natureza do espetáculo.

§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverão ser


fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de caráter geral.
Seção III

Dos Serviços Auxiliares

Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta


orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional,
destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude.

Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que lhe
forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante
laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de
aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a
imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação
do ponto de vista técnico.
Capítulo III

Dos Procedimentos

Seção I

Disposições Gerais
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as
normas gerais previstas na legislação processual pertinente.

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a procedimento


previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos
e ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Público.
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
Seção II

Da Perda e da Suspensão do Pátrio Poder

Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do pátrio poder terá


início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.
Art. 156. A petição inicial indicará:

I - a autoridade judiciária a que for dirigida;

II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do


requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por
representante do Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;

IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de


testemunhas e documentos.

Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o


Ministério Público, decretar a suspensão do pátrio poder, liminar ou
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.

Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta
escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol
de testemunhas e documentos.
Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios para a citação pessoal.

Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advogado, sem


prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá requerer, em cartório, que
lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta,
contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de nomeação.

Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará de qualquer


repartição ou órgão público a apresentação de documento que interesse à
causa, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público.

Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos
autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente,
decidindo em igual prazo.

§ 1º Havendo necessidade, a autoridade judiciária poderá determinar a


realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional, bem como a
oitiva de testemunhas.

§ 2º Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde


que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente.

Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao
Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente,
designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.

§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de ofício, a


autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se
possível, de perícia por equipe interprofissional.

§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as


testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando
apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um,
prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo
máximo de cinco dias.

Art. 163. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do pátrio poder será
averbada à margem do registro de nascimento da criança ou adolescente.
Seção III
Da Destituição da Tutela

Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento para a remoção


de tutor previsto na lei processual civil e, no que couber, o disposto na seção
anterior.
Seção IV
Da Colocação em Família Substituta

Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de colocação em família


substituta:

I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou


companheiro, com expressa anuência deste;

II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou


companheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou não
parente vivo;

III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se


conhecidos;

IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível,


uma cópia da respectiva certidão;

V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à


criança ou ao adolescente.

Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão também os


requisitos específicos.

Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos do


pátrio poder, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em
família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em
petição assinada pelos próprios requerentes.

Parágrafo único. Na hipótese de concordância dos pais, eles serão ouvidos pela
autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando-se por
termo as declarações.

Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do


Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível,
perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda
provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência.

Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que
possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério
Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual
prazo.

Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão


do pátrio poder constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação
em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nas
Seções II e III deste Capítulo.

Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos


mesmos autos do procedimento, observado o disposto no art. 35.

Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o disposto no art. 32, e,


quanto à adoção, o contido no art. 47.
Seção V
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente

Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo,
encaminhado à autoridade judiciária.

Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde


logo, encaminhado à autoridade policial competente.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para atendimento de
adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em co-autoria com
maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição
policial própria.

Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violência ou


grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts.
106, parágrafo único, e 107, deverá:
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

II - apreender o produto e os instrumentos da infração;

III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da


materialidade e autoria da infração.

Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá


ser substituída por boletim de ocorrência circunstanciada.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será


prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público,
no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto
quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal
ou manutenção da ordem pública.

Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial encaminhará, desde


logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com
cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade policial


encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, que fará a apresentação
ao representante do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, a apresentação


far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição policial especializada, o
adolescente aguardará a apresentação em dependência separada da destinada
a maiores, não podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no
parágrafo anterior.

Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminhará


imediatamente ao representante do Ministério Público cópia do auto de
apreensão ou boletim de ocorrência.

Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de


adolescente na prática de ato infracional, a autoridade policial encaminhará ao
representante do Ministério Público relatório das investigações e demais
documentos.

Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá
ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial,
em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no


mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório
policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os
antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva
e, em sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.

Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante do Ministério


Público notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente,
podendo requisitar o concurso das polícias civil e militar.

Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior, o representante


do Ministério Público poderá:
I - promover o arquivamento dos autos;
II - conceder a remissão;

III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-


educativa.

Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissão pelo


representante do Ministério Público, mediante termo fundamentado, que conterá
o resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária para
homologação.

§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária


determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.

§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao Procurador-


Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado, e este oferecerá
representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la,
ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade
judiciária obrigada a homologar.

Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério Público não
promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à
autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da
medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.

§ 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo


dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol de
testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela
autoridade judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré-constituída da autoria e
materialidade.

Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento,


estando o adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência


de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
manutenção da internação, observado o disposto no art. 108 e parágrafo.

§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da


representação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de
advogado.

§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autoridade judiciária


dará curador especial ao adolescente.

§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judiciária expedirá


mandado de busca e apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a
efetiva apresentação.

§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua apresentação, sem


prejuízo da notificação dos pais ou responsável.

Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não


poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.

§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características definidas no art.


123, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais
próxima.

§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua


remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com
instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
sob pena de responsabilidade.

Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsável, a autoridade


judiciária procederá à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de
profissional qualificado.

§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, ouvirá o


representante do Ministério Público, proferindo decisão.

§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou


colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade judiciária, verificando que
o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor, designando,
desde logo, audiência em continuação, podendo determinar a realização de
diligências e estudo do caso.

§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo de três dias


contado da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de
testemunhas.

§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na


representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório
da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério
Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida
proferirá decisão.

Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer,


injustificadamente à audiência de apresentação, a autoridade judiciária
designará nova data, determinando sua condução coercitiva.

Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo,


poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que
reconheça na sentença:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato ato infracional;

IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado,


será imediatamente colocado em liberdade.

Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de internação ou regime


de semi-liberdade será feita:
I - ao adolescente e ao seu defensor;

II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem


prejuízo do defensor.

§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unicamente na pessoa


do defensor.

§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se


deseja ou não recorrer da sentença.
Seção VI

Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento

Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em entidade


governamental e não-governamental terá início mediante portaria da autoridade
judiciária ou representação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, onde
conste, necessariamente, resumo dos fatos.

Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o


Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento provisório do dirigente
da entidade, mediante decisão fundamentada.

Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de dez dias, oferecer
resposta escrita, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir.

Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a autoridade


judiciária designará audiência de instrução e julgamento, intimando as partes.

§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Público terão


cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em
igual prazo.

§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de dirigente de


entidade governamental, a autoridade judiciária oficiará à autoridade
administrativa imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
substituição.

§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judiciária poderá fixar


prazo para a remoção das irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências,
o processo será extinto, sem julgamento de mérito.

§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da entidade ou


programa de atendimento.
Seção VII

Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao


Adolescente

Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade administrativa por


infração às normas de proteção à criança e ao adolescente terá início por
representação do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração
elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas
testemunhas, se possível.

§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão ser usadas


fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as circunstâncias da
infração.

§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á a lavratura do


auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos do retardamento.

Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação de defesa,
contado da data da intimação, que será feita:
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na presença do
requerido;

II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia


do auto ou da representação ao requerido, ou a seu representante legal,
lavrando certidão;

III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido
ou seu representante legal;

IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do
requerido ou de seu representante legal.

Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária
dará vista dos autos do Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual
prazo.

Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária procederá na


conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, designará audiência de
instrução e julgamento.

Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o


Ministério Público e o procurador do requerido, pelo tempo de vinte minutos para
cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
seguida proferirá sentença.
Capítulo IV

Dos Recursos

Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude fica


adotado o sistema recursal do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei n.º
5.869, de 11 de janeiro de 1973, e suas alterações posteriores, com as
seguintes adaptações:
I - os recursos serão interpostos independentemente de preparo;

II - em todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e de embargos de


declaração, o prazo para interpor e para responder será sempre de dez dias;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor;

IV - o agravado será intimado para, no prazo de cinco dias, oferecer resposta e


indicar as peças a serem trasladadas;

V - será de quarenta e oito horas o prazo para a extração, a conferência e o


conserto do traslado;

VI - a apelação será recebida em seu efeito devolutivo. Será também conferido


efeito suspensivo quando interposta contra sentença que deferir a adoção por
estrangeiro e, a juízo da autoridade judiciária, sempre que houver perigo de
dano irreparável ou de difícil reparação;

VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso de


apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá
despacho fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco
dias;

VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o


instrumento à superior instância dentro de vinte e quatro horas,
independentemente de novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos
autos dependerá de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério
Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.

Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 caberá recurso de
apelação.
Capítulo V

Do Ministério Público

Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas
nos termos da respectiva lei orgânica.
Art. 201. Compete ao Ministério Público:

I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;

II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a


adolescentes;

III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de


suspensão e destituição do pátrio poder, nomeação e remoção de tutores,
curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da
competência da Justiça da Infância e da Juventude;

IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a


inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e
quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do
art. 98;

V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos


interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência,
inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:

a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso


de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive
pela polícia civil ou militar;

b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades


municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como
promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;

VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a


instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às
normas de proteção à infância e à juventude;

VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às
crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais
cabíveis;

IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer


juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais
indisponíveis afetos à criança e ao adolescente;

X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações


cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo
da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;

XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os


programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas
ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;

XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos,
hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o
desempenho de suas atribuições.

§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste


artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a
Constituição e esta Lei.

§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que


compatíveis com a finalidade do Ministério Público.

§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá


livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adolescente.

§ 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido


das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.

§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá
o representante do Ministério Público:

a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o competente


procedimento, sob sua presidência;

b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia,


local e horário previamente notificados ou acertados;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de
relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fixando prazo razoável
para sua perfeita adequação.

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará
obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que
cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo
juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita


pessoalmente.

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito,


que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer
interessado.

Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministério Público


deverão ser fundamentadas.
Capítulo VI

Do Advogado

Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer


pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide poderão intervir nos
procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado
para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial, respeitado o segredo
de justiça.

Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles


que dela necessitarem.

Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional,


ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor.

§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz,


ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.

§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do


processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para
o só efeito do ato.

§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de defensor


nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por ocasião de ato formal com
a presença da autoridade judiciária.
Capítulo VII
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos

Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade


por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao
não oferecimento ou oferta irregular:
I - do ensino obrigatório;

II - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;

III - de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de


idade;
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

V - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar,


transporte e assistência à saúde do educando do ensino fundamental;

VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade,


à infância e à adolescência, bem como ao amparo às crianças e adolescentes
que dele necessitem;
VII - de acesso às ações e serviços de saúde;

VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de


liberdade.

Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção


judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, próprios da infância e
da adolescência, protegidos pela Constituição e pela lei.

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local
onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência
absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal
e a competência originária dos tribunais superiores.

Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos,


consideram-se legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;

III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que


incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembléia, se houver
prévia autorização estatutária.

§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União


e dos estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.

§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o


Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual terá
eficácia de título executivo extrajudicial.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são
admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.

§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de


Processo Civil.

§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou agente de pessoa


jurídica no exercício de atribuições do poder público, que lesem direito líquido e
certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas
da lei do mandado de segurança.

Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou
não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.

§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de


ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citando o réu.

§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor


multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
preceito.

§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado da sentença


favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento.

Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município.

§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em julgado da


decisão serão exigidas através de execução promovida pelo Ministério Público,
nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em


estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano
irreparável à parte.

Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser condenação ao poder


público, o juiz determinará a remessa de peças à autoridade competente, para
apuração da responsabilidade civil e administrativa do agente a que se atribua a
ação ou omissão.
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença
condenatória sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá
fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.

Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os honorários


advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de
11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
pretensão é manifestamente infundada.

Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os


diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente
condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
perdas e danos.

Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas.

Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a


iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre fatos que
constituam objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.

Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais tiverem


conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura de ação civil,
remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.

Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá requerer às


autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, que
serão fornecidas no prazo de quinze dias.

Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito
civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo público ou particular,
certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não
poderá ser inferior a dez dias úteis.

§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se


convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação cível,
promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças
informativas, fazendo-o fundamentadamente.

§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação arquivados serão


remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao
Conselho Superior do Ministério Público.

§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, em


sessão do Conselho Superior do Ministério público, poderão as associações
legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos
autos do inquérito ou anexados às peças de informação.

§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do


Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu regimento.

§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento,


designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da
ação.

Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei n.º


7.347, de 24 de julho de 1985.
Título VII

Dos Crimes e Das Infrações Administrativas

Capítulo I

Dos Crimes
Seção I

Disposições Gerais

Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o
adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação
penal.

Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do
Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo
Penal.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada

Seção II
Dos Crimes em Espécie

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de


atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas,
na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à
parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:


Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de


atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a
parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames
referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:


Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua


apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita
da autoridade judiciária competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem
observância das formalidades legais.

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou


adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e
à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou


vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 233. Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:

Texto original: Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,


guarda ou vigilância a tortura:
Pena - reclusão de um a cinco anos.

§ 1º Se resultar lesão corporal grave:

Pena - reclusão de dois a oito anos.

§ 2º Se resultar lesão corporal gravíssima:


Pena - reclusão de quatro a doze anos.

§ 3º Se resultar morte:

Pena - reclusão de quinze a trinta anos.

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a


imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da
ilegalidade da apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de
adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do


Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função
prevista nesta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua
guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar
substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante


paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou
recompensa.

Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança


ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou
com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.

Art. 240. Produzir ou dirigir representação teatral, televisiva ou película


cinematográfica, utilizando-se de criança ou adolescente em cena de sexo
explícito ou pornográfica:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, nas condições referidas neste
artigo, contracena com criança ou adolescente.

Art. 241. Fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica


envolvendo criança ou adolescente:
Pena - reclusão de um a quatro anos.

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de


qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por
utilização indevida:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer


forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto
aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer
dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no


caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: (Artigo
acrescentado pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa.

§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o


responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou
adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de
localização e de funcionamento do estabelecimento. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
Capítulo II

Das Infrações Administrativas

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de


atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o


exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta
Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer
meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de


criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que
lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir
sua identificação, direta ou indiretamente.

§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou


televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá
determinar a apreensão da publicação ou a suspensão da programação da
emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois
números.

Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo


de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra
comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos
pais ou responsável:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do
adolescente, se for o caso.

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio


poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou


responsável ou sem autorização escrita destes, ou da autoridade judiciária, em
hotel, pensão, motel ou congênere:

Pena - multa de dez a cinqüenta salários de referência; em caso de reincidência,


a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por
até quinze dias.

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com


inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em


lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação
destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária
especificada no certificado de classificação:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em


caso de reincidência.

Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou


espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de


reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de
divulgação ou publicidade.

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso


do autorizado ou sem aviso de sua classificação:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de


reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da
programação da emissora por até dois dias.

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão
competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
espetáculo:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência, a autoridade


poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do
estabelecimento por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em


vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a


autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por
até quinze dias.
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em


caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de


observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos
locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a


autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por
até quinze dias.
Disposições Finais e Transitórias

Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publicação deste


Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a criação ou adaptação de
seus órgãos às diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao que
estabelece o Título V do Livro II.

Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promoverem a adaptação


de seus órgãos e programas às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
Art. 260. Os contribuintes poderão deduzir do imposto devido, na
declaração do Imposto sobre a Renda, o total das doações feitas aos
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente - nacional, estaduais ou
municipais - devidamente comprovadas, obedecidos os limites
estabelecidos em Decreto do Presidente da República. (Redação dada
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991(
§ 1º Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997

Texto original: As deduções a que se refere este artigo não estão sujeitas
a outros limites estabelecidos na legislação do imposto de renda, nem
excluem ou reduzem outros benefícios ou abatimentos e deduções em
vigor, de maneira especial as doações a entidades de utilidade pública.

§ 2º Os conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do


adolescente fixarão critérios de utilização, através de planos de aplicação das
doações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual
para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente, órfão ou abandonado, na forma do disposto no art. 227, § 3º, VI, da
Constituição Federal.
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Economia,
Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das doações
feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma de
fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste artigo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991)

Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da criança e do


adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se referem os arts. 90,
parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária
da comarca a que pertencer a entidade.

Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados e municípios, e


os estados aos municípios, os recursos referentes aos programas e atividades
previstos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direitos da
criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.

Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as atribuições a eles


conferidas serão exercidas pela autoridade judiciária.
Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
passa a vigorar com as seguintes alterações:
«1) Art. 121 ............................................................

§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime


resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou
se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se
o crime é praticado contra pessoa menor de catorze anos.
2) Art. 129 ...............................................................

§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses


do art. 121, § 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
3) Art. 136.................................................................

§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra


pessoa menor de catorze anos.
4) Art. 213 ..................................................................

Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:

Pena - reclusão de quatro a dez anos.


5) Art. 214...................................................................

Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:

Pena - reclusão de três a nove anos.»

Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, fica acrescido
do seguinte item:
«Art. 102 ....................................................................
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. »

Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da administração


direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público
federal promoverão edição popular do texto integral deste Estatuto, que será
posto à disposição das escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos
direitos da criança e do adolescente.
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publicação.

Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser promovidas


atividades e campanhas de divulgação e esclarecimentos acerca do disposto
nesta Lei.

Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de


1979 (Código de Menores), e as demais disposições em contrário.
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Constituição

Constituição da República Federativa do Brasil 1988

Última atualização: Emenda Constitucional nº 31

Legenda:

Asterisco (*): Houve modificação


Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

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Constituição

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,


social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade
latino-americana de nações.

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;

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Constituição

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional;

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de


autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades


suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para


representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade


pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos previstos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade

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Constituição

particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz


humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que


participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;

XXX - é garantido o direito de herança;

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus";

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de


situações de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

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Constituição

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de


reclusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da


tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem;

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do


delito, a idade e o sexo do apenado;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

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Constituição

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;

LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem;

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança;

LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de


sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;

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Constituição

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes


de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;

LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos


necessários ao exercício da cidadania.

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do


regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
CAPÍTULO II

DOS DIREITOS SOCIAIS

(*) Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de
14/02/2000:
"Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição."

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

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Constituição

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas


necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

IX remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,


participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

(*) XII - salário-família para os seus dependentes;


(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de
baixa renda nos termos da lei;"

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho;

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
salvo negociação coletiva;

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do


normal;

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias;

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da


lei;

XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
da lei;

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;

XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma


da lei;

XXIV - aposentadoria;

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Constituição

XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade
em creches e pré-escolas;

XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

(*) XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
de:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de
25/05/2000:
"XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho;"

a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato; Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000

b) até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural; Revogado
pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por


motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do


trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos;

(*) XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;"

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o


trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos


previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à
previdência social.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de


categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos

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Constituição

trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será


descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo


de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de


colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a


oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das


necessidades inadiáveis da comunidade.

§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos
órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de
discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um


representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os
empregadores.
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que
estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles
esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

(*) c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente, ou venham a residir na República Federativa do
Brasil antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
de 07/06/94:

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Constituição

"c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,


desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira;"

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países
de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

(*) b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil


há mais de trinta anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
de 07/06/94:
"b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade
brasileira."

(*) § 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em


favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
previstos nesta Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
de 07/06/94:
"§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta
Constituição."

§ 2º - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos
casos previstos nesta Constituição.

§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.


Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" VII - de Ministro de Estado da Defesa"

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
interesse nacional;

(*) II - adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,

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Constituição

de 07/06/94:
"II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao


brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;"

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo


nacionais.

§ 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.


CAPÍTULO IV

DOS DIREITOS POLÍTICOS

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:

I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.


§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

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Constituição

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito
e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

(*) § 5º - São inelegíveis para os mesmos cargos, no período subseqüente, o Presidente da


República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
sucedido, ou substituído nos seis meses anteriores ao pleito.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subseqüente."

§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado


e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito.

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos


ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

(*) § 9º - Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua


cessação, a fim de proteger a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do
poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta
ou indireta.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4,


de 07/06/94:
"§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade
e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada
vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta."

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção
ou fraude.

§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor,


na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos

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Constituição

casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º,
VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

(*) Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua
promulgação.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 14/09/93:
"Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano
da data de sua vigência."
CAPÍTULO V

DOS PARTIDOS POLÍTICOS

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - caráter nacional;

II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de


subordinação a estes;

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

§ 1º - É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e
disciplina partidárias.
§ 2º - Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil,
registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

§ 3º - Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e
à televisão, na forma da lei.

§ 4º - É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

TÍTULO III
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I

DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a

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Constituição

União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta
Constituição.

§ 1º - Brasília é a Capital Federal.

§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou


reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se


anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da
população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.

(*) § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios preservarão a


continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, far-se-ão por lei estadual,
obedecidos os requisitos previstos em Lei Complementar estadual, e dependerão de consulta
prévia, mediante plebiscito, às populações diretamente interessadas.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 13/09/96:
"§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado
por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia,
mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
publicados na forma da lei."

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou


manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público;

II - recusar fé aos documentos públicos;

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.


CAPÍTULO II

DA UNIÃO

Art. 20. São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções


militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art. 26, II;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

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Constituição

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

§ 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros
recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração.

§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional,
e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;

VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira,


especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência
privada;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social;

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

(*) XI - explorar, diretamente ou mediante concessão a empresas sob controle acionário estatal,
os serviços telefônicos, telegráficos, de transmissão de dados e demais serviços públicos de
telecomunicações, assegurada a prestação de serviços de informações por entidades de direito
privado através da rede pública de telecomunicações explorada pela União.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:
"XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou
permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;"

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

(*) a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens e demais serviços de


telecomunicações;

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Constituição

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95:


"a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens;"

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de


água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,


ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do


Distrito Federal e dos Territórios;

(*) XIV - organizar e manter a polícia federal, a polícia rodoviária e a ferroviária federais, bem
como a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal e dos
Territórios;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de
bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência
financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
por meio de fundo próprio;"

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de


âmbito nacional;

XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de


rádio e televisão;

XVII - conceder anistia;

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente


as secas e as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de


outorga de direitos de seu uso;

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e


transportes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

(*) XXII - executar os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteira;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:


"XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras; "

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio


estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o
comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e

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Constituição

mediante aprovação do Congresso Nacional;

b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a


pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;

c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em


forma associativa.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho;

II - desapropriação;

III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V - serviço postal;

VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII - comércio exterior e interestadual;

IX - diretrizes da política nacional de transportes;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI - trânsito e transporte;

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

XIV - populações indígenas;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e


dos Territórios, bem como organização administrativa destes;

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX - sistemas de consórcios e sorteios;

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e


mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares;

XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

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Constituição

XXIII - seguridade social;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

XXV - registros públicos;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

(*) XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para a


administração pública, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, nas diversas esferas de governo, e empresas sob seu controle;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XXVII normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e
fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;"

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização
nacional;

XXIX - propaganda comercial.

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de


deficiência;

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de


valor histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e


de saneamento básico;

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração


social dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de


recursos hídricos e minerais em seus territórios;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

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Constituição

Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar
em âmbito nacional.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;


VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IX - educação, cultura, ensino e desporto;

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual;

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer


normas gerais.

§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.
CAPÍTULO III

DOS ESTADOS FEDERADOS

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.

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Constituição

§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta
Constituição.

(*) § 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, a empresa estatal,
com exclusividade de distribuição, os serviços locais de gás canalizado.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 15/08/95:
"§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei,
vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação."

§ 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,


aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes,
para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse
comum.

Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas,


neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da


representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.

§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

(*) § 2º - A remuneração dos Deputados Estaduais será fixada em cada legislatura, para a
subseqüente, pela Assembléia Legislativa, observado o que dispõem os arts. arts. 150, II, 153, III
e 153, § 2.º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 1, de
31/03/1992:
"§ 2º A remuneração dos Deputados Estaduais será fixada em cada
legislatura, para a subseqüente, pela Assembléia Legislativa,
observado o que dispõem os arts. arts. 150, II, 153, III e 153, § 2.º, I ,
na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquela
estabelecida, em espécie, para os Deputados Federais."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de
iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, no máximo, setenta
e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, §
7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. "

§ 3º - Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre seu regimento interno, polícia e


serviços administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos.

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Constituição

§ 4º - A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

(*) Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado, para mandato de quatro
anos, realizar-se-á noventa dias antes do término do mandato de seus antecessores, e a posse
ocorrerá no dia 1º de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art.
77.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Estado,
para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de
outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em
segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de janeiro do
ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o disposto no art. 77."

(*) Parágrafo único. Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na
administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e
observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
(*) Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98:
"§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou
função na administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse
em virtude de concurso público e observado o disposto no art. 38, I, IV
e V."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de
Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I."
CAPÍTULO IV

Dos Municípios

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo
de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos:
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para mandato de quatro anos,
mediante pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;

(*) II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito até noventa dias antes do término do mandato dos
que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de municípios com mais de duzentos
mil eleitores;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que
devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios
com mais de duzentos mil eleitores;"

III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição;

IV - número de Vereadores proporcional à população do Município, observados os seguintes


limites:

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Constituição

a) mínimo de nove e máximo de vinte e um nos Municípios de até um milhão de habitantes;

b) mínimo de trinta e três e máximo de quarenta e um nos Municípios de mais de um milhão e


menos de cinco milhões de habitantes;

c) mínimo de quarenta e dois e máximo de cinqüenta e cinco nos Municípios de mais de cinco
milhões de habitantes;

(*) V - remuneração do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores fixada pela Câmara


Municipal em cada legislatura, para a subseqüente, observado o que dispõem os arts. 37, XI,
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal,
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I;'
Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/1992:
(*) "VI - a remuneração dos vereadores corresponderá a no máximo, setenta e
cinco por cento daquela estabelecida, em espécie, para os deputados estaduais,
ressalvados o que dispõe o Art. 37, XI;"
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"VI - subsídio dos Vereadores fixado por lei de iniciativa da Câmara
Municipal, na razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele
estabelecido, em espécie, para os Deputados Estaduais, observado o
que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;"
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 25, de
14/02/2000:
"VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subseqüente,
observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios
estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
máximos:

a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos


Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos
Deputados Estaduais;

b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o


subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do
subsídio dos Deputados Estaduais;

c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o


subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais;

d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o


subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinqüenta por
cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o


subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento
do subsídio dos Deputados Estaduais;

f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio

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Constituição

máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do


subsídio dos Deputados Estaduais;"
Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:
"VII - o total da despesa com a remuneração dos vereadores não poderá
ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do município;"

(*) VI - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do
mandato e na circunscrição do Município;
(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:
"VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;"

(*) VII - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao


disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e, na Constituição do
respectivo Estado, para os membros da Assembléia Legislativa;
(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:
"IX proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança,
similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
membros do Congresso Nacional e, na Constituição do respectivo
Estado, para os membros da Assembléia Legislativa;'

(*) VIII - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;

(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:


"X julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;"

(*) IX - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal;

(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:


"XI organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara
Municipal;"

(*) X - cooperação das associações representativas no planejamento municipal;

(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:


"XII cooperação das associações representativas no planejamento
municipal;'

(*) XI - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de


bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:
"XIII iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do
Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo
menos, cinco por cento do eleitorado;"

(*) XII - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único.

(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 1, de 31/03/92:


"XIV perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28,
parágrafo único."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 14/02/2000:
"Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os
subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá

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Constituição

ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e


das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente
realizado no exercício anterior:

I - oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes;

II - sete por cento para Municípios com população entre cem mil e um e trezentos
mil habitantes;

III - seis por cento para Municípios com população entre trezentos mil e um e
quinhentos mil habitantes;

IV - cinco por cento para Municípios com população acima de quinhentos mil
habitantes.

§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita
com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.

§ 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:


I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;

II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou

III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Orçamentária.

§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal o


desrespeito ao § 1o deste artigo."
Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem
prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços


públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de


educação pré-escolar e de ensino fundamental;

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de


atendimento à saúde da população;

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e


controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação


fiscalizadora federal e estadual.

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei.

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Constituição

§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de
Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios,
onde houver.

§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve
anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da
Câmara Municipal.

§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de


qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade,
nos termos da lei.

§ 4º - É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.


CAPÍTULO V

DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

Seção I

DO DISTRITO FEDERAL

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada
em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º - Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e


Municípios.

§ 2º - A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos


Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato
de igual duração.

§ 3º - Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.

§ 4º - Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e
militar e do corpo de bombeiros militar.
Seção II
DOS TERRITÓRIOS

Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.

§ 1º - Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
disposto no Capítulo IV deste Título.

§ 2º - As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer


prévio do Tribunal de Contas da União.

§ 3º - Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado
na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros
do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a
Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
CAPÍTULO VI

DA INTERVENÇÃO

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Constituição

Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo
de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.


Alínea incluída pela Emenda Constitucional nº 14, de 13/09/96:
(*) "e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde."

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em
Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

(*) III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"III não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;"

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de


princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de
decisão judicial.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

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Constituição

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou
impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o
Poder Judiciário;

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal


Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;

III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral da


República, na hipótese do art. 34, VII;

IV - de provimento, pelo Superior Tribunal de Justiça, de representação do Procurador-Geral da


República, no caso de recusa à execução de lei federal.

§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de


execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso
Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á


convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.

§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso
Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.

§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes


voltarão, salvo impedimento legal.
CAPÍTULO VII

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Seção I

DISPOSIÇÕES GERAIS

(*) Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:"

(*) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
como aos estrangeiros, na forma da lei;"

(*) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso


público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:

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Constituição

"II - a investidura em cargo ou emprego público depende de


aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;"

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por
igual período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em


concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;

(*) V - os cargos em comissão e as funções de confiança serão exercidos, preferencialmente,


por servidores ocupantes de cargo de carreira técnica ou profissional, nos casos e condições
previstos em lei;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento;"

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

(*) VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei complementar;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:


"VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica;"

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a


necessidade temporária de excepcional interesse público;

(*) X - a revisão geral da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre
servidores públicos civis e militares, far-se-á sempre na mesma data;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata
o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
índices;"

(*) XI - a lei fixará o limite máximo e a relação de valores entre a maior e a menor remuneração
dos servidores públicos, observados, como limites máximos e no âmbito dos respectivos
poderes, os valores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, por membros
do Congresso Nacional, Ministros de Estado e Ministros do Supremo Tribunal Federal e seus
correspondentes nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, e, nos Municípios, os valores
percebidos como remuneração, em espécie, pelo Prefeito;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e

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Constituição

empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,


dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e
dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas
as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal;"

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
superiores aos pagos pelo Poder Executivo;

(*) XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de vencimentos, para o efeito de remuneração


de pessoal do serviço público, ressalvado o disposto no inciso anterior e no art. 39, § 1º ;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público;"

(*) XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem
acumulados, para fins de concessão de acréscimos ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
fundamento;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não
serão computados nem acumulados para fins de concessão de
acréscimos ulteriores;"

(*) XV - os vencimentos dos servidores públicos, civis e militares, são irredutíveis e a


remuneração observará o que dispõem os arts. 37, XI, XII, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:
"XV - os vencimentos dos servidores públicos são irredutíveis, e a
remuneração observará o que dispõem os arts. 37, XI e XII, 150, II,
153, III e § 2º, I;"
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e
empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos
XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
I;"

(*) XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de dois cargos privativos de médico;"

(*) XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,

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Constituição

empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações mantidas pelo Poder Público;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público;'

XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

(*) XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresa pública , sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação pública;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIX somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;"

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades


mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa
privada;

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e


alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.

§ 2º - A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição
da autoridade responsável, nos termos da lei.

(*) § 3º - As reclamações relativas à prestação de serviços públicos serão disciplinadas em lei.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:


"§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, regulando especialmente:

I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em


geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao
usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos
serviços;

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações


sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;

III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou


abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública."

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a


perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e

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Constituição

gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente,
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou
emprego da administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações
privilegiadas."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e


responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal."


Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de
economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de
pessoal ou de custeio em geral."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego
ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição,
os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração."

(*) Art. 38. Ao servidor público em exercício de mandato eletivo aplicam- se as seguintes
disposições:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e
fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
disposições:"

I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo,
emprego ou função;

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe


facultado optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as


vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e,

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Constituição

não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;

IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo
de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão


determinados como se no exercício estivesse.
Seção II

(*) DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:


"DOS SERVIDORES PÚBLICOS"

(*) Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão conselho de política de administração e remuneração de
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes."

(*) § 1º - A lei assegurará, aos servidores da administração direta, isonomia de vencimentos para
cargos de atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à
natureza ou ao local de trabalho.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
componentes do sistema remuneratório observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos


cargos componentes de cada carreira;

II - os requisitos para a investidura;

III - as peculiaridades dos cargos."

(*) § 2º - Aplica-se a esses servidores o disposto no art. 7º, IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII, XXIII e XXX.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de
governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos
para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de
convênios ou contratos entre os entes federados."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV,
VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
exigir."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:

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Constituição

"§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e


os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação,
adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá
estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores
públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os
valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a
aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser
fixada nos termos do § 4º."

(*) Art. 40. O servidor será aposentado:

I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrentes de acidente em


serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificadas em lei, e
proporcionais nos demais casos;

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de


serviço;

III voluntariamente:

a) aos trinta e cinco anos de serviço, se homem, e aos trinta, se mulher, com proventos integrais;

b) aos trinta anos de efetivo exercício em funções de magistério, se professor, e vinte e cinco, se
professora, com proventos integrais;

c) aos trinta anos de serviço, se homem, e aos vinte e cinco, se mulher, com proventos
proporcionais a esse tempo;

d) aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, e aos sessenta, se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de serviço.

§ 1º - Lei complementar poderá estabelecer exceções ao disposto no inciso III, "a" e "c", no caso
de exercício de atividades consideradas penosas, insalubres ou perigosas.

§ 2º - A lei disporá sobre a aposentadoria em cargos ou empregos temporários.

§ 3º - O tempo de serviço público federal, estadual ou municipal será computado integralmente


para os efeitos de aposentadoria e de disponibilidade.

§ 4º - Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma proporção e na mesma data,

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Constituição

sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos
aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em
atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função
em que se deu a aposentadoria, na forma da lei.

§ 5º - O benefício da pensão por morte corresponderá à totalidade dos vencimentos ou proventos


do servidor falecido, até o limite estabelecido em lei, observado o disposto no parágrafo anterior.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 6º As aposentadorias e pensões dos servidores públicos federais serão
custeadas com recursos provenientes da União e das contribuições dos servidores,
na forma da lei."
(*) Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98:
"Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata
este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir
dos valores fixados na forma do § 3°:

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao


tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço,
moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
especificadas em lei;

II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos


proporcionais ao tempo de contribuição;

III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos


de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo
em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:

a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem,


e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mulher;

b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de


idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição.

§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua


concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo
servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão.

§ 3º Os proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão,


serão calculados com base na remuneração do servidor no cargo
efetivo em que se der a aposentadoria e, na forma da lei,
corresponderão à totalidade da remuneração.

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a


concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata
este artigo, ressalvados os casos de atividades exercidas
exclusivamente sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou

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Constituição

a integridade física, definidos em lei complementar.

§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão


reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1°, III, a, para o
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício
das funções de magistério na educação infantil e no ensino
fundamental e médio.

§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos


acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto
neste artigo.

§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício da pensão por morte,


que será igual ao valor dos proventos do servidor falecido ou ao valor
dos proventos a que teria direito o servidor em atividade na data de
seu falecimento, observado o disposto no § 3º.

§ 8º Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de


aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporção e na
mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores
em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos
pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente
concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando
decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
concessão da pensão, na forma da lei.

§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será


contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço
correspondente para efeito de disponibilidade.

§ 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de


tempo de contribuição fictício.

§ 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da
acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade
com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição,
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração, e de cargo eletivo.

§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos


servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que
couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de
previdência social.

§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão


declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro
cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de
previdência social.

§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde


que instituam regime de previdência complementar para os seus
respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o

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Constituição

valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime


de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
201.

§ 15. Observado o disposto no art. 202, lei complementar disporá


sobre as normas gerais para a instituição de regime de previdência
complementar pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
para atender aos seus respectivos servidores titulares de cargo
efetivo.

§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos


§§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no
serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
correspondente regime de previdência complementar."

(*) Art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores nomeados em
virtude de concurso público.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público."

(*) § 1º - O servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada
em julgado ou mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;

II mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada


ampla defesa;

III mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho,


na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa."

(*) § 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e
o eventual ocupante da vaga reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável,
será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável,
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço."

(*) § 3º - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável ficará em


disponibilidade remunerada, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:

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Constituição

"§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação


especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade."
Seção III

(*) DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:


"DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS"

(*) Art. 42. São servidores militares federais os integrantes das Forças Armadas e servidores
militares dos Estados, Territórios e Distrito Federal os integrantes de suas polícias militares e de
seus corpos de bombeiros militares.

§ 1º - As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são asseguradas em


plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados das Forças Armadas, das polícias
militares e dos corpos de bombeiros militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal,
sendo-lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares.

§ 2º - As patentes dos oficiais das Forças Armadas são conferidas pelo Presidente da República,
e as dos oficiais das polícias militares e corpos de bombeiros militares dos Estados, Territórios e
Distrito Federal, pelos respectivos Governadores.

§ 3º - O militar em atividade que aceitar cargo público civil permanente será transferido para a
reserva.

§ 4º - O militar da ativa que aceitar cargo, emprego ou função pública temporária, não eletiva,
ainda que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá,
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo
de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois
anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a inatividade.

§ 5º - Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve.

§ 6º - O militar, enquanto em efetivo serviço, não pode estar filiado a partidos políticos.

§ 7º - O oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em
tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.

§ 8º - O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a


dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no
parágrafo anterior.

§ 9º - A lei disporá sobre os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência


do servidor militar para a inatividade.

(*) § 10 - Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo, e a seus pensionistas, o disposto
no art. 40, §§ 4º e 5º.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 10 Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo, e a seus
pensionistas, o disposto no art. 40, §§ 4º, 5º e 6º."

§ 11 - Aplica-se aos servidores a que se refere este artigo o disposto no art. 7º, VIII, XII, XVII,
XVIII e XIX.
(*) Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 18, de
05/02/98:

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Constituição

"Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros


Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina,
são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios."

(*) "§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e


dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do
art. 14, § 8º; do art. 40, § 3º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei
estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, 3º, inciso X,
sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
Governadores."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art.
14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei
estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso
X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
governadores."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:
"§ 2º Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios e
a seus pensionistas, aplica-se o disposto no art. 40, §§ 4º e 5º; e aos
militares do Distrito Federal e dos Territórios, o disposto no art. 40, §
6º."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 2º Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios e
a seus pensionistas, aplica-se o disposto no art. 40, §§ 7º e 8º."
Seção IV
DAS REGIÕES

Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo
geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades
regionais.

§ 1º - Lei complementar disporá sobre:

I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento;

II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais,
integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente
com estes.

§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei:

I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do


Poder Público;

II - juros favorecidos para financiamento de atividades prioritárias;

III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas
físicas ou jurídicas;

IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água
represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.

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Constituição

§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e
cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas
glebas, de fontes de água e de pequena irrigação.

TÍTULO IV
Da Organização dos Poderes
CAPÍTULO I

DO PODER LEGISLATIVO

Seção I

DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.

Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro anos.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.

§ 1º - O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito
Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se
aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.

§ 2º - Cada Território elegerá quatro Deputados.

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
eleitos segundo o princípio majoritário.

§ 1º - Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos.

§ 2º - A representação de cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em quatro


anos, alternadamente, por um e dois terços.

§ 3º - Cada Senador será eleito com dois suplentes.

Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
Seção II

DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida


pública e emissões de curso forçado;

III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

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Constituição

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas


as respectivas Assembléias Legislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII - concessão de anistia;

IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União


e dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do
Distrito Federal;

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas;

XI - criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública;

XII - telecomunicações e radiodifusão;

XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.


Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XV fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, por lei de
iniciativa conjunta dos Presidentes da República, da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts.
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I."

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente,
ressalvados os casos previstos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a


ausência exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender


qualquer uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos
limites de delegação legislativa;

VI - mudar temporariamente sua sede;

(*) VII - fixar idêntica remuneração para os Deputados Federais e os Senadores, em cada
legislatura, para a subseqüente, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os
Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
153, III, e 153, § 2º, I; "

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Constituição

(*) VIII - fixar para cada exercício financeiro a remuneração do Presidente e do Vice-Presidente
da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 150, II, 153, III, e 153,
§ 2º, I;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"VIII fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;"

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios


sobre a execução dos planos de governo;

X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder


Executivo, incluídos os da administração indireta;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e


televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a


pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a
dois mil e quinhentos hectares.
(*) Art. 50. A Câmara dos Deputados ou o Senado Federal, bem como qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem
justificação adequada.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2,
de 07/06/94:
"Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer
de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência
da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado, importando crime de
responsabilidade a ausência sem justificação adequada."

§ 1º - Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Federal, à Câmara dos


Deputados, ou a qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante entendimentos com
a Mesa respectiva, para expor assunto de relevância de seu Ministério.

(*) § 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar


pedidos escritos de informações a Ministros de Estado, importando em crime de
responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a
prestação de informações falsas.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 2,
de 07/06/94:

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Constituição

"§ 2º - As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal


poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de
Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo,
importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não -
atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de
informações falsas."
Seção III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o
Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao


Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

(*) IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção
dos cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"IV dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;"

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.


Seção IV

DO SENADO FEDERAL

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


(*) I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:


" I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos
crimes da mesma natureza conexos com aqueles;"

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da


República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

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Constituição

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do Banco Central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos
chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do


Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão


definitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do


Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

(*) XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços e fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração,
observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias;"

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois
terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.
Seção V

DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis por suas opiniões, palavras e votos.

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Constituição

§ 1º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser


presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia
licença de sua Casa.

§ 2º - O indeferimento do pedido de licença ou a ausência de deliberação suspende a prescrição


enquanto durar o mandato.

§ 3º - No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos, dentro de vinte e


quatro horas, à Casa respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de seus membros,
resolva sobre a prisão e autorize, ou não, a formação de culpa.

§ 4º - Os Deputados e Senadores serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal


Federal.

§ 5º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações


recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes
confiaram ou deles receberam informações.

§ 6º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda


que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.

§ 7º - As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só


podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos
casos de atos, praticados fora do recinto do Congresso, que sejam incompatíveis com a
execução da medida.

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:

I - desde a expedição do diploma:

a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o
contrato obedecer a cláusulas uniformes;

b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam


demissíveis "ad nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;

II - desde a posse:

a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de


contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no
inciso I, "a";

c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I,
"a";

d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias
da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;

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Constituição

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno,
o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de
vantagens indevidas.

§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação
da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa.

§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 6, de 07/06/94:
"§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à
perda do mandato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as
deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º."

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do


Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática
temporária;

II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por
sessão legislativa.

§ 1º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura em funções previstas neste
artigo ou de licença superior a cento e vinte dias.

§ 2º - Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la de faltarem
mais de quinze meses para o término do mandato.

§ 3º - Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá optar pela remuneração do


mandato.
Seção VI

DAS REUNIÕES

Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 15 de fevereiro a


30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro.

§ 1º - As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil
subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.

§ 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.

§ 3º - Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:

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Constituição

I - inaugurar a sessão legislativa;

II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas Casas;

III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente da República;

IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.

§ 4º - Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no


primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas,
para mandato de dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subseqüente.

§ 5º - A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os


demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na
Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

§ 6º - A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á:

I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação de estado de defesa ou de


intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de sítio e para o
compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presidente da República;

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado


Federal, ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência
ou interesse público relevante.

(*) § 7º - Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a


matéria para a qual foi convocado.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional
somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado,
vedado o pagamento de parcela indenizatória em valor superior ao do
subsídio mensal."
Seção VII

DAS COMISSÕES

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias,
constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que
resultar sua criação.

§ 1º - Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é assegurada, tanto quanto possível, a


representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
respectiva Casa.

§ 2º - às comissões, em razão da matéria de sua competência, cabe:

I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do


Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa;

II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

III - convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes a suas
atribuições;

IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer pessoa contra atos

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Constituição

ou omissões das autoridades ou entidades públicas;

V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e


sobre eles emitir parecer.

§ 3º - As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das


autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e
por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para
que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.

§ 4º - Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa do Congresso Nacional, eleita por
suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no
regimento comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade da
representação partidária.
Seção VIII
DO PROCESSO LEGISLATIVO

Subseção I

Disposição Geral

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e


consolidação das leis.
Subseção II

Da Emenda à Constituição

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

II - do Presidente da República;

III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,


manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de

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Constituição

defesa ou de estado de sítio.

§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros.

§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do


Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Subseção III

Das Leis

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da
República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:


I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II - disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou


aumento de sua remuneração;

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e


pessoal da administração dos Territórios;
(*) c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos,
estabilidade e aposentadoria de civis, reforma e transferência de militares para a inatividade;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:
"c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico,
provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;"

d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais
para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios;

e) criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública.


Alínea incluída pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:
"f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos,
promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva."

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Constituição

§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um
deles.

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, que,
estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias.

Parágrafo único. As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem
convertidas em lei no prazo de trinta dias, a partir de sua publicação, devendo o Congresso
Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes.

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o disposto no art.


166, § 3º e § 4º;

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos Deputados, do
Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de projetos de sua


iniciativa.

§ 2º - Se, no caso do parágrafo anterior, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
manifestarem, cada qual, sucessivamente, em até quarenta e cinco dias, sobre a proposição,
será esta incluída na ordem do dia, sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos,
para que se ultime a votação.
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-se-á no
prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.

§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso Nacional, nem se


aplicam aos projetos de código.

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de
discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou
arquivado, se o rejeitar.

Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
República, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou


contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente
do Senado Federal os motivos do veto.

§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de


alínea.

§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção.

§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu

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Constituição

recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e
Senadores, em escrutínio secreto.

§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da
República.

§ 6º - Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do
dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final, ressalvadas
as matérias de que trata o art. 62, parágrafo único.

§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República,
nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual
prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo
projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de
qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.

§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional,


os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria
reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus


membros;

II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.


§ 2º - A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso
Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.

§ 3º - Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará


em votação única, vedada qualquer emenda.

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.


Seção IX

DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e


das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

(*) Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
pecuniária."

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Constituição

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer


prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,


acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas,


as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao
dano causado ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara


dos Deputados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso


Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de


título executivo.

§ 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de
despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de

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Constituição

subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo
de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.

§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão


solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa


causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua
sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que
couber, as atribuições previstas no art. 96. .

§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que


satisfaçam os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração


pública;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os
conhecimentos mencionados no inciso anterior.

§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois
alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados
em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

(*) § 3º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,


impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça e
somente poderão aposentar-se com as vantagens do cargo quando o tiverem exercido
efetivamente por mais de cinco anos.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas
garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos
Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à
aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40."

§ 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do


titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal
Regional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

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Constituição

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer


irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.

§ 2º - Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos,


que serão integrados por sete Conselheiros.
CAPÍTULO II

DO PODER EXECUTIVO

Seção I

DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado.

(*) Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á,


simultaneamente, noventa dias antes do término do mandato presidencial vigente.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República
realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em
primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial
vigente."

§ 1º - A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.

§ 2º - Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver
a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos.

§ 3º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição
em até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais
votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

§ 4º - Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal
de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

§ 5º - Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um


candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso


Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as
leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência

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Constituição

do Brasil.

Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o
Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado
vago.

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o


Vice-Presidente.

Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para
missões especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos


respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente
da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição


noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos
os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.

§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

(*) Art. 82. O mandato do Presidente da República é de cinco anos, vedada a reeleição para o
período subseqüente, e terá início em 1º de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 5,
de 07/06/94:
"Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos,
vedada a reeleição para o período subseqüente, e terá início em 1º de
janeiro do ano seguinte ao da sua eleição."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 04/06/97:
"Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e
terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição."

Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos
para sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI - dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso

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Constituição

Nacional;

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da


sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar
necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em
lei;

(*) XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, promover seus oficiais-generais e
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover
seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos;"

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o
presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da


União;

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas
condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes


orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos

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Constituição

incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República
ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
Seção III

Da Responsabilidade do Presidente da República

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra
a Constituição Federal e, especialmente, contra:

I - a existência da União;

II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos


Poderes constitucionais das unidades da Federação;

III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

IV - a segurança interna do País;

V - a probidade na administração;

VI - a lei orçamentária;

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações
penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções:

I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal
Federal;

II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal.

§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará
o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.

§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da


República não estará sujeito a prisão.

§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado


por atos estranhos ao exercício de suas funções.
Seção IV

DOS MINISTROS DE ESTADO

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e
no exercício dos direitos políticos.

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta
Constituição e na lei:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração


federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente

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Constituição

da República;

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

III - apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério;

IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo
Presidente da República.

Art. 88. A lei disporá sobre a criação, estruturação e atribuições dos Ministérios.
Seção V

DO CONSELHO DA REPÚBLICA E DO CONSELHO DE DEFESA NACIONAL

Subseção I

Do Conselho da República

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e


dele participam:
I - o Vice-Presidente da República;

II - o Presidente da Câmara dos Deputados;

III - o Presidente do Senado Federal;

IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;

V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;

VI - o Ministro da Justiça;

VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela
Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:

I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;

II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

§ 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião


do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.

§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.


Subseção II

Do Conselho de Defesa Nacional

Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos
assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele
participam como membros natos:

I - o Vice-Presidente da República;

II - o Presidente da Câmara dos Deputados;

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Constituição

III - o Presidente do Senado Federal;

IV - o Ministro da Justiça;

(*) V - os Ministros militares;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:


" V - o Ministro de Estado da Defesa;"

VI - o Ministro das Relações Exteriores;

VII - o Ministro do Planejamento.


Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica."

§ 1º - Compete ao Conselho de Defesa Nacional:

I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta
Constituição;

II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;

III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território


nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas
com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;

IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a


independência nacional e a defesa do Estado democrático.

§ 2º - A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.


CAPÍTULO III

DO PODER JUDICIÁRIO

Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:

I - o Supremo Tribunal Federal;

II - o Superior Tribunal de Justiça;

III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;

V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;

VI - os Tribunais e Juízes Militares;

VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede na Capital
Federal e jurisdição em todo o território nacional.

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Constituição

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:

I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso público de
provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;

II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento,


atendidas as seguintes normas:

a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas
em lista de merecimento;

b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de exercício na respectiva entrância e


integrar o juiz a primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se não houver com tais
requisitos quem aceite o lugar vago;

c) aferição do merecimento pelos critérios da presteza e segurança no exercício da jurisdição e


pela freqüência e aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiçoamento;

d) na apuração da antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto de
dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, repetindo-se a votação até
fixar-se a indicação;

III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento,
alternadamente, apurados na última entrância ou, onde houver, no Tribunal de Alçada, quando
se tratar de promoção para o Tribunal de Justiça, de acordo com o inciso II e a classe de origem;

IV - previsão de cursos oficiais de preparação e aperfeiçoamento de magistrados como requisitos


para ingresso e promoção na carreira;

(*) V - os vencimentos dos magistrados serão fixados com diferença não superior a dez por
cento de uma para outra das categorias da carreira, não podendo, a título nenhum, exceder os
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá
a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os
Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e
estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária
nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a
dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e
cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais
Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI,
e 39, § 4º;"

(*) VI - a aposentadoria com proventos integrais é compulsória por invalidez ou aos setenta anos
de idade, e facultativa aos trinta anos de serviço, após cinco anos de exercício efetivo na
judicatura;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus
dependentes observarão o disposto no art. 40;"

VII - o juiz titular residirá na respectiva comarca;

VIII - o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público,

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Constituição

fundar-se-á em decisão por voto de dois terços do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa;

IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes;

X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas, sendo as disciplinares tomadas


pelo voto da maioria absoluta de seus membros;

XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores poderá ser constituído órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das
atribuições administrativas e jurisdicionais da competência do tribunal pleno.

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e
do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de
dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício,
dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver
vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;

II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

(*) III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os


arts. 37, XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X
e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I."

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;

II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;

III - dedicar-se à atividade político-partidária.

Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das
normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o
funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva


jurisdição;

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Constituição

d) propor a criação de novas varas judiciárias;

e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art.
169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança
assim definidos em lei;

f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que
lhes forem imediatamente vinculados;

II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;

(*) b) a criação e a extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus membros, dos juízes,
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e os dos juízos que lhes
forem vinculados;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus
serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como
a fixação do subsídio de seus membros e dos juizes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver, ressalvado o disposto no art. 48,
XV;"

c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;

d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da Justiça Eleitoral.

Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo
órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
Poder Público.

Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos,
nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
primeiro grau;

II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e
secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos,
verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer
atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 22, de 18/03/99:
"Parágrafo único. Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no
âmbito da Justiça Federal."

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados


conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

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Constituição

§ 2º - O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete:

I - no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais


Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais;

II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de
Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.

Art. 100. à exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda
Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na
ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais
abertos para este fim.

(*) § 1º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba


necessária ao pagamento de seus débitos constantes de precatórios judiciários, apresentados
até 1º de julho, data em que terão atualizados seus valores, fazendo-se o pagamento até o final
do exercício seguinte.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:


"§ 1º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba
necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado,
constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até
o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente."(NR)
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:
"§ 1º-A Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários,
vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e
indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença
transitada em julgado." (AC)*

(*) § 2º - As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados ao Poder


Judiciário, recolhendo-se as importâncias respectivas à repartição competente, cabendo ao
Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento, segundo as
possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para o caso
de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do
débito.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:


"§ 2º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o
pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e
exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da
quantia necessária à satisfação do débito.
(*) Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 3° O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios,
não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno
valor que a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal deva fazer em virtude de
sentença judicial transitada em julgado."

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:


"§ 3º O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios,
não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno
valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude
de sentença judicial transitada em julgado."(NR)

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Constituição

Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:


"§ 4º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo,
segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público." (AC)
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:
"§ 5º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo,
retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de
responsabilidade." (AC)
Seção II

DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico
e reputação ilibada.

Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,


cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

(*) a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:


"a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei
ou ato normativo federal; "
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente- Presidente, os
membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

(*) c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado,
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade,
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes
de missão diplomática de caráter permanente;"

d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito


Federal ou o Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

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Constituição

h) a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do "exequatur" às cartas


rogatórias, que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente;

(*) i) o "habeas-corpus", quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funcionário


cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 18/03/99:
"i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando
o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos
estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma
única instância;

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de


atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados,


e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou
sejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre


Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;


q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do
Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um
dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

II - julgar, em recurso ordinário:

a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção


decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

(*) Parágrafo único. A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta


Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
(*) Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de
17/03/93:
"§ 1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental,
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal

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Constituição

Federal, na forma da lei."


Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal,
nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal,
produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais
órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo."

Art. 103. Podem propor a ação de inconstitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV - a Mesa de Assembléia Legislativa;

V - o Governador de Estado;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

§ 1º - O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de


inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

§ 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma


constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências
necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

§ 3º - Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma


legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou
texto impugnado.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 4º - A ação declaratória de constitucionalidade poderá ser proposta pelo
Presidente da República, pela Mesa do Senado Federal, pela Mesa da Câmara dos
Deputados ou pelo Procurador Geral da República."
Seção III

DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.

Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente
da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal,
sendo:

I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores
dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;

II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,

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Constituição

Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que
oficiem perante tribunais;

(*) b) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de Ministro de Estado ou do


próprio Tribunal;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de
Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica ou do próprio Tribunal; "
(*) c) os "habeas-corpus", quando o coator ou o paciente for qualquer das pessoas mencionadas
na alínea "a", ou quando o coator for Ministro de Estado, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 18/03/99:
"c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for qualquer das
pessoas mencionadas na alínea "a", quando coator for tribunal, sujeito
à sua jurisdição, ou Ministro de Estado, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;"
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99:
" c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das
pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal
sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;"

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o",
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre


autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre
as deste e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de


órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos
de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

II - julgar, em recurso ordinário:

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Constituição

a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais


ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais


ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,


do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça o Conselho da Justiça Federal,
cabendo-lhe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça
Federal de primeiro e segundo graus.
Seção IV

DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS JUÍZES FEDERAIS

Art. 106. São órgãos da Justiça Federal:

I - os Tribunais Regionais Federais;

II - os Juízes Federais.

Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados,
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo:

I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e
membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira;

II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por
antigüidade e merecimento, alternadamente.

Parágrafo único. A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais
Federais e determinará sua jurisdição e sede.

Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do


Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da
União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;

c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz


federal;

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Constituição

d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;

e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais
no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem


interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa


domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou


interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no


País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento


provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,


excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça


Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta


rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver
domicílio a outra parte.

§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou


beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre
que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei
poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

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Constituição

Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por
sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei.

Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes
federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.
Seção V

DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO

Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;

(*) III - as Juntas de Conciliação e Julgamento.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:


"III - Juizes do Trabalho."

(*) § 1º - O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos


dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo
Presidente da República após aprovação pelo Senado Federal, sendo:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:
"§ 1º. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de dezessete Ministros,
togados e vitalícios, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e
menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República, após
aprovação pelo Senado Federal, dos quais onze escolhidos dentre juizes dos
Tribunais Regionais do Trabalho, integrantes da carreira da magistratura
trabalhista, três dentre advogados e três dentre membros do Ministério Público do
Trabalho."

I - dezessete togados e vitalícios, dos quais onze escolhidos dentre juízes de


carreira da magistratura trabalhista, três dentre advogados e três dentre membros
do Ministério Público do Trabalho; Revogado pela Emenda Constitucional nº 24,
de 9/12/99

II - dez classistas temporários, com representação paritária dos trabalhadores e


empregadores. Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99

(*) § 2º - O Tribunal encaminhará ao Presidente da República listas tríplices, observando-se,


quanto às vagas destinadas aos advogados e aos membros do Ministério Público, o disposto no
art. 94, e, para as de classistas, o resultado de indicação de colégio eleitoral integrado pelas
diretorias das confederações nacionais de trabalhadores ou empregadores, conforme o caso; as
listas tríplices para o provimento de cargos destinados aos juízes da magistratura trabalhista de
carreira deverão ser elaboradas pelos Ministros togados e vitalícios.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:
"§ 2º. O Tribunal encaminhará ao Presidente da República listas
tríplices, observando-se, quanto às vagas destinadas aos advogados
e aos membros do Ministério Público, o disposto no art. 94; as listas
tríplices para o provimento de cargos destinados aos juízes da
magistratura trabalhista de carreira deverão ser elaboradas pelos
Ministros togados e vitalícios."

§ 3º - A lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.

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Constituição

Art. 112. Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito
Federal, e a lei instituirá as Juntas de Conciliação e Julgamento, podendo, nas comarcas onde
não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:
"Art. 112. Haverá pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em
cada Estado e no Distrito Federal, e a lei instituirá as Varas do
Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir
sua jurisdição aos juízes de direito."

Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e
condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho, assegurada a paridade de
representação de trabalhadores e empregadores.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99:
"Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura, jurisdição,
competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da
Justiça do Trabalho."

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos
entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da
União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os
litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação ou à arbitragem, é facultado aos


respectivos sindicatos ajuizar dissídio coletivo, podendo a Justiça do Trabalho estabelecer
normas e condições, respeitadas as disposições convencionais e legais mínimas de proteção ao
trabalho.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 3° Compete ainda à Justiça do Trabalho executar, de ofício, as contribuições
sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das
sentenças que proferir."

Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de juízes nomeados pelo
Presidente da República, sendo dois terços de juízes togados vitalícios e um terço de juízes
classistas temporários, observada, entre os juízes togados, a proporcionalidade estabelecida no
art. 111, § 1º, I.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99.
"Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho serão compostos de
juízes nomeados pelo Presidente da República, observada a
proporcionalidade estabelecida no § 2º do art. 111."

Parágrafo único. Os magistrados dos Tribunais Regionais do Trabalho serão:

I - juízes do trabalho, escolhidos por promoção, alternadamente, por antigüidade e merecimento;

II - advogados e membros do Ministério Público do Trabalho, obedecido o disposto no art. 94;

III - classistas indicados em listas tríplices pelas diretorias das federações e dos
sindicatos com base territorial na região. Revogado pela Emenda Constitucional
nº 24, de 9/12/99

(*) Art. 116. A Junta de Conciliação e Julgamento será composta de um juiz do trabalho, que a

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Constituição

presidirá, e dois juízes classistas temporários, representantes dos empregados e dos


empregadores.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99
"Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um
juiz singular."

Parágrafo único. Os juízes classistas das Juntas de Conciliação e Julgamento


serão nomeados pelo Presidente do Tribunal Regional do Trabalho, na forma da lei,
permitida uma recondução. Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de
9/12/99

Art. 117. O mandato dos representantes classistas, em todas as instâncias, é de


três anos. Revogado pela Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99

Parágrafo único. Os representantes classistas terão suplentes. Revogado pela


Emenda Constitucional nº 24, de 9/12/99

Nota: O art 2º da Emenda Constitucional nº 24, de 9.12.99, assegura o


cumprimento dos mandatos dos atuais ministros classistas temporários do
Tribunal Superior do Trabalho e dos atuais juizes classistas temporários dos
Tribunais Regionais do Trabalho e das Juntas de Conciliação e Julgamento.

Seção VI

DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS

Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral;

II - os Tribunais Regionais Eleitorais;

III - os Juízes Eleitorais;

IV - as Juntas Eleitorais.

Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável
saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre
os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do
Superior Tribunal de Justiça.

Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.

§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:

a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;

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Constituição

b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito


Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional
Federal respectivo;

III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente- dentre os


desembargadores.

Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes
de direito e das juntas eleitorais.

§ 1º - Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no


exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão
inamovíveis.

§ 2º - Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no
mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na
mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.

§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta
Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;

V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de


injunção.
Seção VII

DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES

Art. 122. São órgãos da Justiça Militar:

I - o Superior Tribunal Militar;

II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.

Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três
dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco
dentre civis.

Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre
brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo:

I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de

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Constituição

efetiva atividade profissional;

II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Militar.

Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça


Militar.
Seção VIII

DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS

Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta
Constituição.

§ 1º - A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de


organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.

§ 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos


normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da
legitimação para agir a um único órgão.

§ 3º - A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo da polícia
militar seja superior a vinte mil integrantes.

§ 4º - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros


militares nos crimes militares, definidos em lei, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça designará juízes de entrância
especial, com competência exclusiva para questões agrárias.

Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á
presente no local do litígio.
CAPÍTULO IV

DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

Seção I

DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do


Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis.

§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a


independência funcional.

(*) § 2º - Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo,


observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus
cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas e de provas e títulos; a
lei disporá sobre sua organização e funcionamento.

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Constituição

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:


"§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao
Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas
e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá
sobre sua organização e funcionamento."

§ 3º - O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos
na lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 128. O Ministério Público abrange:

I - o Ministério Público da União, que compreende:

a) o Ministério Público Federal;

b) o Ministério Público do Trabalho;

c) o Ministério Público Militar;

d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

II - os Ministérios Públicos dos Estados.

§ 1º - O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado


pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após
a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato
de dois anos, permitida a recondução.

§ 2º - A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República,


deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.

§ 3º - Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista


tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu
Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois
anos, permitida uma recondução.

§ 4º - Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser


destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei
complementar respectiva.

§ 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
Público, observadas, relativamente a seus membros:

I - as seguintes garantias:

a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença
judicial transitada em julgado;

b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla
defesa;

(*) c) irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que dispõem os arts.


37, XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:

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Constituição

"c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e


ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º,
I;"

II - as seguintes vedações:

a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas


processuais;

b) exercer a advocacia;

c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de
magistério;

e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções previstas na lei.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;

II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da


União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;

V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando


informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;

VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada
no artigo anterior;

VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os


fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;

IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a
de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.

§ 2º - As funções de Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que
deverão residir na comarca da respectiva lotação.

§ 3º - O ingresso na carreira far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada


participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, e observada, nas
nomeações, a ordem de classificação.

§ 4º - Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93, II e VI.

Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as
disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura.

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Constituição

Seção II

(*) DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:


"DA ADVOCACIA PÚBLICA".

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão


vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei
complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria
e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação


pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada.

§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á
mediante concurso público de provas e títulos.

§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à


Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

(*) Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas, organizados em carreira na
qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, observado o disposto no art.
135.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso
público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas
unidades federadas.

Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é


assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante
avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório
circunstanciado das corregedorias."
Seção III

DA ADVOCACIA E DA DEFENSORIA PÚBLICA

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado,


incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma
do art. 5º, LXXIV.)

Parágrafo único. Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito


Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em
cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos,
assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia
fora das atribuições institucionais.

(*) Art. 135. Às carreiras disciplinadas neste título aplicam-se o princípio do art. 37, XII, e o art.

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Constituição

39, § 1º.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas
Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na forma do art. 39,
§ 4º."

TÍTULO V
Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas
CAPÍTULO I

DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO

Seção I

DO ESTADO DE DEFESA

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de


Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em
locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.

§ 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração,


especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas
coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

I - restrições aos direitos de:

a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

b) sigilo de correspondência;

c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública,


respondendo a União pelos danos e custos decorrentes.
§ 2º - O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser
prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua
decretação.

§ 3º - Na vigência do estado de defesa:

I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este
comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao
preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial;

II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental


do detido no momento de sua autuação;

III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando
autorizada pelo Poder Judiciário;

IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.

§ 4º - Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de


vinte e quatro horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que

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Constituição

decidirá por maioria absoluta.

§ 5º - Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no


prazo de cinco dias.

§ 6º - O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu


recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.

§ 7º - Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa.


Seção II

DO ESTADO DE SÍTIO

Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de


Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos
casos de:

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia


de medida tomada durante o estado de defesa;

II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de


sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso
Nacional decidir por maioria absoluta.

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua
execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o
Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.

§ 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias,
nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o
tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.

§ 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o


Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso
Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
§ 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas
coercitivas.

Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as seguintes medidas:

I - obrigação de permanência em localidade determinada;

II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;

III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à


prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;

IV - suspensão da liberdade de reunião;

V - busca e apreensão em domicílio;

VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;

VII - requisição de bens.

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Constituição

Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de
parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
Seção III

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão
composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas
referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio.

Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem
prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes.

Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas
em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso
Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos
atingidos e indicação das restrições aplicadas.
CAPÍTULO II
DAS FORÇAS ARMADAS

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na
disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
ordem.

§ 1º - Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no


preparo e no emprego das Forças Armadas.
§ 2º - Não caberá "habeas-corpus" em relação a punições disciplinares militares.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 05/02/98:
"§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares,
aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes
disposições:

I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são


conferidas pelo Presidente da República e asseguradas em plenitude aos oficiais
da ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças
Armadas;

II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil


permanente será transferido para a reserva, nos termos da lei;

III - O militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou
função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta,
ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer
nessa situação, ser promovido por antigüidade, contando-se-lhe o tempo de serviço
apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois
anos de afastamento, contínuos ou não transferido para a reserva, nos termos da
lei;

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;

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Constituição

V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos;

VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou


com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em
tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra;

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade


superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao
julgamento previsto no inciso anterior;

VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e
XXV e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV;

(*) IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art. 40, §§ 4º,5º
e 6º;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art.
40, §§ 7º e 8º;"

X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a


estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os
direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais
dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas
cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra."

Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.

§ 1º - às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o
decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de
atividades de caráter essencialmente militar.

§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço militar obrigatório em tempo de


paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.
CAPÍTULO III

DA SEGURANÇA PÚBLICA

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III - polícia ferroviária federal;

IV - polícias civis;

V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

(*) § 1º - A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, estruturado em carreira,
destina-se a:
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,

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Constituição

organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,


destina-se a:"

I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;

II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o


descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas
de competência;

(*) III - exercer as funções de polícia marítima, aérea e de fronteiras;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:


"III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de
fronteiras;"

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

(*) § 2º - A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na


forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da
lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais."

(*) § 3º - A polícia ferroviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se, na


forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da
lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais."

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a


competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
as militares.

§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos


corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.

§ 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do


Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.

§ 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela


segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.

§ 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,


serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados
neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39."

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Constituição

TÍTULO VI
Da Tributação e do Orçamento
CAPÍTULO I

DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Seção I

DOS PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:

I - impostos;

II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de


serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos
da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados
nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não
for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem
os impostos municipais.

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra


externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional,


observado o disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será


vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

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Constituição

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no


domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150,
I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição,


cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e
assistência social.
Seção II
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,


proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;


V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo
Poder Público;

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;


b) templos de qualquer culto;

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

§ 1º - A vedação do inciso III, "b", não se aplica aos impostos previstos nos arts. 153, I, II, IV e V,
e 154, II.

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e


mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados
a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à


renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas
normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento
de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar

file:///C|/Meus documentos/CF EC 31_arquivos/legisla_arquivos/Constituiçao.htm (84 of 150) [11/02/2001 12:38:00]


Constituição

imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o


patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades
nelas mencionadas.

§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

(*) § 6º - Qualquer anistia ou remissão, que envolva matéria tributária ou previdenciária, só


poderá ser concedida através de lei específica, federal, estadual ou municipal.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativas a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante
lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima e numeradas ou o correspondente
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º,
XII, g."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de
responsável pelo pagamento de impostos ou contribuição, cujo fato gerador deva
ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia
paga, caso não se realize o fato gerador presumido."

Art. 151. É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em
níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;

III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios.

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Seção III

DOS IMPOSTOS DA UNIÃO

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

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Constituição

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei,


alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.

§ 2º - O imposto previsto no inciso III:

I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na


forma da lei;

"II - não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos
provenientes de aposentadoria e pensão, pagos pela previdência social da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a pessoa com idade superior a
sessenta e cinco anos, cuja renda total seja constituída, exclusivamente, de
rendimentos do trabalho." Revogado pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98

§ 3º - O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores;

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

§ 4º - O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a


manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas
em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se
exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na
operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do
montante da arrecadação nos seguintes termos:

I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;

II - setenta por cento para o Município de origem.

Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não


em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas
de sua criação.
Seção IV

DOS IMPOSTOS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

(*) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir:

I - impostos sobre:

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Constituição

a) transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior;

c) propriedade de veículos automotores

II adicional de até cinco por cento do que for pago à União por pessoas físicas ou jurídicas
domiciliadas nos respectivos territórios, a título do imposto previsto no art. 153, III, incidente
sobre lucros, ganhos e rendimentos de capital.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre


prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;

III - propriedade de veículos automotores."

(*) § 1º O imposto previsto no inciso I, a

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:


"§ 1º O imposto previsto no inciso I:"

I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem,


ou ao Distrito Federal

II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se processar o


inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:

a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;

b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado
no exterior;

IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;

(*) § 2º - O imposto previsto no inciso I, b, atenderá ao seguinte:

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:


"§ 2º O imposto previsto no inciso II, atenderá ao seguinte:"

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à


circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo
mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações
seguintes;

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Constituição

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;

IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos


Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas
aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação;

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um


terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva
interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois
terços de seus membros;

VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no
inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas
prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações
interestaduais;

VII - em relação às operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final
localizado em outro Estado, adotar-se-á:

a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto;

b) a alíquota interna, quando o destinatário não for contribuinte dele;

VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário
o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual;

IX - incidirá também:

a) sobre a entrada de mercadoria importada do exterior, ainda quando se tratar de bem


destinado a consumo ou ativo fixo do estabelecimento, assim como sobre serviço prestado no
exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o estabelecimento destinatário da
mercadoria ou do serviço;
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não
compreendidos na competência tributária dos Municípios;

X - não incidirá:

a) sobre operações que destinem ao exterior produtos industrializados, excluídos os


semi-elaborados definidos em lei complementar;

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos


industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado
à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos;

XII - cabe à lei complementar:

a) definir seus contribuintes;

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Constituição

b) dispor sobre substituição tributária;

c) disciplinar o regime de compensação do imposto;

d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das
operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;

e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos
além dos mencionados no inciso X, "a";

f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e


exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções,
incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

(*) § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso I, b, do "caput" deste artigo e o art. 153, I
e II, nenhum outro tributo incidirá sobre operações relativas a energia elétrica, combustíveis
líquidos e gasosos, lubrificantes e minerais do País.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II, do "caput"
deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro tributo poderá incidir
sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do
País."
Seção V

DOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos a sua aquisição;
(*) III vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, exceto óleo diesel;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 18/03/93:


"III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar."

"IV - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, I, b, definidos


em lei complementar." Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de 18/03/93

(*) § 1º - O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo, nos termos de lei municipal, de
forma a assegurar o cumprimento da função social da propriedade.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o
imposto previsto no inciso I poderá:"
Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"I ser progressivo em razão do valor do imóvel; e" (AC)*

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Constituição

Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:


"II ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel." (AC)

§ 2º - O imposto previsto no inciso II:

I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa


jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de
fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens
imóveis ou arrendamento mercantil;

II - compete ao Município da situação do bem.

(*) § 3º O imposto previsto no inciso III, não exclui a incidência do imposto estadual previsto no
art. 155, I, b, sobre a mesma operação.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III, cabe à lei
complementar:

I - fixar as suas alíquotas máximas;

II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior."

"§ 4º Cabe à lei complementar: Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de


18/03/93

I - fixar as alíquotas máximas dos impostos previstos nos incisos III e IV; Revogado
pela Emenda Constitucional nº 3, de 18/03/93

II - excluir da incidência do imposto previsto no inciso IV exportações de serviços


para o exterior." Revogado pela Emenda Constitucional nº 3, de 18/03/93

Seção VI

DA REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,


incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem;

II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da
competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I.

Art. 158. Pertencem aos Municípios:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,


incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem;

II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade


territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados;

III - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade
de veículos automotores licenciados em seus territórios;

IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações

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Constituição

relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual


e intermunicipal e de comunicação.

Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV,
serão creditadas conforme os seguintes critérios:

I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à


circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios;

II - até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei
federal.

Art. 159. A União entregará:

I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e


sobre produtos industrializados, quarenta e sete por cento na seguinte forma:

a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal;

b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios;

c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de
acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do
Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;

II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos
Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de
produtos industrializados.

§ 1º - Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I,
excluir-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de qualquer natureza
pertencente aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto nos arts.
157, I, e 158, I.

§ 2º - A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento do
montante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os
demais participantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido.

§ 3º - Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos
que receberem nos termos do inciso II, observados os critérios estabelecidos no art. 158,
parágrafo único, I e II.

Art. 160. É vedada a retenção ou qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos
atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos
adicionais e acréscimos relativos a impostos.

(*) Parágrafo único. Essa vedação não impede a União de condicionar a entrega de recursos ao
pagamento de seus créditos.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a
União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos ao
pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União

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Constituição

e os Estados de condicionarem a entrega de recursos:" (NR)


Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"I ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias;"
(AC)
Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"II ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III."
(AC)

Art. 161. Cabe à lei complementar:

I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;

II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159, especialmente
sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I, objetivando promover o
equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios;

III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas e da liberação
das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159.

Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas referentes aos
fundos de participação a que alude o inciso II.

Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do
mês subseqüente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os
recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão
numérica dos critérios de rateio.

Parágrafo único. Os dados divulgados pela União serão discriminados por Estado e por
Município; os dos Estados, por Município.
CAPÍTULO II

DAS FINANÇAS PÚBLICAS

Seção I

NORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização das instituições financeiras;

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as
características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

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Constituição

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo Banco
Central.

§ 1º - É vedado ao Banco Central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro


Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

§ 2º - O Banco Central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o
objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.

§ 3º - As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no Banco Central; as dos


Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das
empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos
em lei.
Seção II

DOS ORÇAMENTOS

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

§ 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,


objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração


pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subseqüente,
orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação
tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.

§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão


elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha


a maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,
da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
Poder Público.

§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito,


sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e
benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.

§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano


plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério

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Constituição

populacional.

§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares
e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

§ 9º - Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do


plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem


como condições para a instituição e funcionamento de fundos.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao


orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso
Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais


previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem
prejuízo da atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de
acordo com o art. 58.

§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.

§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem


somente podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de


despesa, excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas


quando incompatíveis com o plano plurianual.

§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor


modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na
Comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.

§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual

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Constituição

serão enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta
seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.

§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei


orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o
caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa.

Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos


orçamentários ou adicionais;

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;

(*) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição


do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de
recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino, como determinado pelo art. 212, e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165,
§ 8º;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a
que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para
manutenção e desenvolvimento do ensino, como determinado pelo
art. 212, e a prestação de garantias às operações de crédito por
antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º , bem assim o
disposto no § 4º deste artigo;"
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"IV a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a
que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as
ações e serviços públicos de saúde e para manutenção e
desenvolvimento do ensino, como determinado, respectivamente,
pelos arts. 198, § 2º, e 212, e a prestação de garantias às operações
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem
como o disposto no § 4º deste artigo;"

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem


indicação dos recursos correspondentes;

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de


programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos,
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;

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Constituição

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.


Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive
por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições
financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios."
Inciso incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o
art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201."

§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado
sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime
de responsabilidade.

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem


autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento
do exercício financeiro subseqüente.

§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas


imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, observado o disposto no art. 62.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93:
"§ 4º E permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que
se referem os artigos 155 e 156, e dos recursos de que tratam os artigos 157, 158,
159, I, a e b, e II, para prestação de garantia ou contragarantia à União e para
pagamentos de débitos para com esta."

Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos


suplementares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
Ministério Público, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, na forma da lei
complementar a que se refere o art. 165, § 9º.

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.

(*) Parágrafo único. A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação


de cargos ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer
título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas:
(*) Transformado em § 1º pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98:
"§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de
remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração
de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de
pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração
direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
poder público, só poderão ser feitas:

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às


projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;

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Constituição

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes


orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de
economia mista."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para
a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os
repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios que não observarem os referidos limites."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante
o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão
e funções de confiança;

II - exoneração dos servidores não estáveis."


Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem
suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar
referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato
normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o
órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a
indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será
considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com
atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação
do disposto no § 4º."

TÍTULO VII
Da Ordem Econômica e Financeira
CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

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Constituição

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

(*) IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95:


"IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte
constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País."

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,


independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

"Art. 171. São consideradas: Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de


15/08/95

I - empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no País; Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95

II - empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em


caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas
domiciliadas e residentes no País ou de entidades de direito público interno,
entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da maioria de seu
capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas
atividades. Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95

§ 1º - A lei poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional: Revogado


pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95

I - conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver


atividades consideradas estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao
desenvolvimento do País; Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de
15/08/95

II - estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao


desenvolvimento tecnológico nacional, entre outras condições e requisitos:
Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95

a) a exigência de que o controle referido no inciso II do "caput" se estenda às


atividades tecnológicas da empresa, assim entendido o exercício, de fato e de
direito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia; Revogado
pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95

b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e


residentes no País ou entidades de direito público interno. Revogado pela Emenda
Constitucional nº 6, de 15/08/95

§ 2º - Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento


preferencial, nos termos da lei, à empresa brasileira de capital nacional." Revogado
pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95

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Constituição

Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital
estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

(*) § 1º - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem
atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre:

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela


sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas,


inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais,
trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações,


observados os princípios da administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração


e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade


dos administradores."

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de


privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.

§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,


estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza,
nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para
o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional


equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de
desenvolvimento.

§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em


conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou

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Constituição

concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas
onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter


especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia
hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da
lavra.

(*) § 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se


refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão
da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na
forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95:
"§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento
dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão
ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no
interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma
da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras
indígenas."

§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no


valor que dispuser a lei.

§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e


concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia


renovável de capacidade reduzida.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de

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Constituição

petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto,
seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de


minérios e minerais nucleares e seus derivados.

(*) § 1º O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades
nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em
espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto
no art. 20, § 1º.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 09/11/95:
"§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a
realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo
observadas as condições estabelecidas em lei."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 09/11/95:
"§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:

I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território


nacional;

II - as condições de contratação;

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;"

(*) § 2º - A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território


nacional.
(*) Renumerado pela Emenda Constitucional nº 9, de 09/11/95:
"§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais
radioativos no território nacional."

(*) Art. 178. A lei disporá sobre:

I - a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre;

II a predominância dos armadores nacionais e navios de bandeira e registros brasileiros e do


país exportador ou importador;

III o transporte de granéis;

IV a utilização de embarcações de pesca e outras.

§ 1º A ordenação do transporte internacional cumprirá os acordos firmados pela União, atendido


o princípio da reciprocidade

§ 2º Serão brasileiros os armadores, os proprietários, os comandantes e dois terços, pelo menos,


dos tripulantes de embarcações nacionais

§ 3º A navegação de cabotagem e a interior são privativas de embarcações nacionais, salvo caso


de necessidade pública, segundo dispuser a lei.
(*) Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 7, de
15/08/95:
"Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo,
aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte
internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o
princípio da reciprocidade.

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Constituição

Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei


estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na
cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por
embarcações estrangeiras."

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas


e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado,
visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o


turismo como fator de desenvolvimento social e econômico.

Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita


por autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou
domiciliada no País dependerá de autorização do Poder competente.
CAPÍTULO II

DA POLÍTICA URBANA

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal,
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de
vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana.

§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências


fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em


dinheiro.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado
ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a


ambos, independentemente do estado civil.

§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

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Constituição

CAPÍTULO III

DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária,
autoriza a União a propor a ação de desapropriação.

§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário,


para o processo judicial de desapropriação.

§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.

§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de


imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não
possua outra;

II - a propriedade produtiva.

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para
o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;


IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação
efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos
setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta,
especialmente:

I - os instrumentos creditícios e fiscais;

II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;

III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;

IV - a assistência técnica e extensão rural;

V - o seguro agrícola;

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Constituição

VI - o cooperativismo;

VII - a eletrificação rural e irrigação;

VIII - a habitação para o trabalhador rural.

§ 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias,


pesqueiras e florestais.

§ 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola
e com o plano nacional de reforma agrária.

§ 1º - A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois
mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa,
dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional.

§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras


públicas para fins de reforma agrária.

Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos
de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à


mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em
lei.

Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa
física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do
Congresso Nacional.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.


CAPÍTULO IV

DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento


equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, será regulado em lei complementar,
que disporá, inclusive, sobre:

I - a autorização para o funcionamento das instituições financeiras, assegurado às instituições


bancárias oficiais e privadas acesso a todos os instrumentos do mercado financeiro bancário,
sendo vedada a essas instituições a participação em atividades não previstas na autorização de
que trata este inciso;

(*) II - autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e


capitalização, bem como do órgão oficial fiscalizador e do órgão oficial ressegurador;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 13, de 22/08/96:
"II - autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro,
resseguro, previdência e capitalização, bem como do órgão oficial
fiscalizador."

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Constituição

III - as condições para a participação do capital estrangeiro nas instituições a que se referem os
incisos anteriores, tendo em vista, especialmente:

a) os interesses nacionais;

b) os acordos internacionais;

IV - a organização, o funcionamento e as atribuições do Banco Central e demais instituições


financeiras públicas e privadas;

V - os requisitos para a designação de membros da diretoria do Banco Central e demais


instituições financeiras, bem como seus impedimentos após o exercício do cargo;

VI - a criação de fundo ou seguro, com o objetivo de proteger a economia popular, garantindo


créditos, aplicações e depósitos até determinado valor, vedada a participação de recursos da
União;

VII - os critérios restritivos da transferência de poupança de regiões com renda inferior à média
nacional para outras de maior desenvolvimento;

VIII - o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que possam ter condições
de operacionalidade e estruturação próprias das instituições financeiras.

§ 1º - A autorização a que se referem os incisos I e II será inegociável e intransferível, permitida a


transmissão do controle da pessoa jurídica titular, e concedida sem ônus, na forma da lei do
sistema financeiro nacional, a pessoa jurídica cujos diretores tenham capacidade técnica e
reputação ilibada, e que comprove capacidade econômica compatível com o empreendimento.

§ 2º - Os recursos financeiros relativos a programas e projetos de caráter regional, de


responsabilidade da União, serão depositados em suas instituições regionais de crédito e por
elas aplicados.

§ 3º - As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta
ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento
ao ano; a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas
as suas modalidades, nos termos que a lei determinar.

TÍTULO VIII
Da Ordem Social
CAPÍTULO I

DISPOSIÇÃO GERAL

Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a
justiça sociais.
CAPÍTULO II

DA SEGURIDADE SOCIAL

Seção I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à

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Constituição

previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social,
com base nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento;

(*) VII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da


comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores,
dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados."

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

(*) I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:


"I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;"

(*) II - dos trabalhadores;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:


"II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
regime geral de previdência social de que trata o art. 201;"

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade


social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos


órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas
e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão

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Constituição

de seus recursos.

§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei,
não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.

§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da


seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou


estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes
aplicando o disposto no art. 150, III, "b".

§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de


assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

(*) § 8º - O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pescador


artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão
jus aos benefícios nos termos da lei.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o
pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam
suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a
aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 9° As contribuições sociais previstas no inciso I deste artigo poderão ter
alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou
da utilização intensiva de mão-de-obra."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de
saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva
contrapartida de recursos."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de
que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao
fixado em lei complementar."
Seção II

DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público

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Constituição

dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica
de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

(*) § 1º Parágrafo único. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com
recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, além de outras fontes. (*) Parágrafo único modificado para § 1º pela Emenda
Constitucional nº 29, de 13/09/00:

Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:


"§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e
serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados
sobre:" (AC)

"I no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;" (AC)

"II no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se
refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II,
deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;" (AC)

"III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que
se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º."
(AC)
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:" (AC)

"I os percentuais de que trata o § 2º;" (AC)

"II os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios,
objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;" (AC)

"III as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal;" (AC)

"IV as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União." (AC)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de


saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições


privadas com fins lucrativos.

§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na


assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.

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Constituição

§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos
e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta,
processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e


participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e
outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do


trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem


como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de


substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.


Seção III

DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

(*) Art. 201. Os planos de previdência social, mediante contribuição, atenderão, nos termos da
lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes de acidentes do


trabalho, velhice e reclusão;

II - ajuda à manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda;

III - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

IV - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

V - pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e


dependentes, obedecido o disposto no § 5º e no art. 202.

§ 1º - Qualquer pessoa poderá participar dos benefícios da previdência social, mediante


contribuição na forma dos planos previdenciários.

§ 2º - É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente,


o valor real, conforme critérios definidos em lei.

§ 3º - Todos os salários de contribuição considerados no cálculo de benefício serão corrigidos


monetariamente.

§ 4º - Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para


efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na
forma da lei.

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Constituição

§ 5º - Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do


segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

§ 6º - A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos
do mês de dezembro de cada ano.

§ 7º - A previdência social manterá seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo,


custeado por contribuições adicionais.

§ 8º - É vedado subvenção ou auxílio do Poder Público às entidades de previdência privada com


fins lucrativos.
(*) Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98:
"Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime
geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá,
nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade


avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos


segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou


companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a


concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de
previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física,
definidos em lei complementar.

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o


rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário mínimo.

§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de


benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.

§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para


preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
critérios definidos em lei.

§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na


qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime
próprio de previdência.

§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por


base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência

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Constituição

social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de


contribuição, se mulher;

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de


idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os
trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas
atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior


serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove
exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério
na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem


recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos
regimes de previdência social se compensarão financeiramente,
segundo critérios estabelecidos em lei.

§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a


ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência
social e pelo setor privado.

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão


incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da
lei."

(*) Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o benefício sobre a
média dos trinta e seis últimos salários de contribuição, corrigidos monetariamente mês a mês, e
comprovada a regularidade dos reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus
valores reais e obedecidas as seguintes condições:

I - aos sessenta e cinco anos de idade, para o homem, e aos sessenta, para a mulher, reduzido
em cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal;

II - após trinta e cinco anos de trabalho, ao homem, e, após trinta, à mulher, ou em tempo
inferior, se sujeitos a trabalho sob condições especiais, que prejudiquem a saúde ou a
integridade física, definidas em lei;

III - após trinta anos, ao professor, e, após vinte e cinco, à professora, por efetivo exercício de
função de magistério.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar
e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social, será facultativo, baseado na constituição de
reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei
complementar."

(*) § 1º - É facultada aposentadoria proporcional, após trinta anos de trabalho, ao homem, e,


após vinte e cinco, à mulher.

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Constituição

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:


"§ 1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao
participante de planos de benefícios de entidades de previdência
privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus
respectivos planos."

(*) § 2º - Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de


contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os
diversos sistemas de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios
estabelecidos em lei.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições
contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de
benefícios das entidades de previdência privada não integram o
contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos
benefícios concedidos, não integram a remuneração dos
participantes, nos termos da lei."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas
públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na
qualidade de patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição
normal poderá exceder a do segurado."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de
economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto
patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada, e suas respectivas
entidades fechadas de previdência privada."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se-á, no que
couber, às empresas privadas permissionárias ou concessionárias de prestação de
serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência
privada."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4° deste artigo estabelecerá os
requisitos para a designação dos membros das diretorias das entidades fechadas
de previdência privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e
instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e
deliberação."
Seção IV

DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de
contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

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Constituição

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua


integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao


idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por
sua família, conforme dispuser a lei.

Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos
do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas
com base nas seguintes diretrizes:

I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera


federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e
municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das


políticas e no controle das ações em todos os níveis.
CAPÍTULO III

DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO

Seção I

DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e


privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

(*) V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para
o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas
pela União;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da
lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial
profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas
e títulos;"

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão


financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

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Constituição

extensão.
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 30/04/96:
"§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas
estrangeiros, na forma da lei."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 30/04/96:
"§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e
tecnológica."

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

(*) I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso
na idade própria;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 13/09/96:
"I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive,
sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;"

(*) II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 13/09/96:


"II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;"

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na


rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de


material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,


importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das
escolas públicas de ensino fundamental.

§ 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às

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Constituição

comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de


aprendizagem.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de


colaboração seus sistemas de ensino.

(*) § 1º - A União organizará e financiará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, e


prestará assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o
desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade
obrigatória.
(*) Redação dada pela Emenda constitucional nº 14, de 13/09/96:
"§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e
exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de
forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;"

(*) § 2º - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar.

(*) Redação dada pela Emenda constitucional nº 14, de 13/09/96:


"§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e
na educação infantil."
Parágrafo incluído pela Emenda constitucional nº 14, de 13/09/96:
"§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e médio."
Parágrafo incluído pela Emenda constitucional nº 14, de 13/09/96:
"§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios
definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
obrigatório."

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito


Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para
efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.

§ 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão considerados os


sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.

§ 3º - A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das


necessidades do ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de educação.

§ 4º - Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208,


VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos
orçamentários.

(*) § 5º - O ensino fundamental público terá como fonte adicional de financiamento a contribuição
social do salário-educação, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela poderão deduzir
a aplicação realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 13/09/96:
"§ 5º O ensino fundamental público terá como fonte adicional de

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Constituição

financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida


pelas empresas, na forma da lei."

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a
escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:

I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;

II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou


confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.

§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para o
ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de
recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na
expansão de sua rede na localidade.

§ 2º - As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do


Poder Público.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual, visando à
articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do
Poder Público que conduzam à:

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.


Seção II

DA CULTURA

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras,


e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os


diferentes segmentos étnicos nacionais.

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações


artístico-culturais;

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Constituição

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,


paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio


cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e
de outras formas de acautelamento e preservação.

§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental


e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores


culturais.

§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas


dos antigos quilombos.
Seção III

DO DESPORTO

Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de
cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e


funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em


casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas


após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.

§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do


processo, para proferir decisão final.

§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.


CAPÍTULO IV

DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a


capacitação tecnológicas.

§ 1º - A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o


bem público e o progresso das ciências.

§ 2º - A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas


brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.

§ 3º - O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e


tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.

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Constituição

§ 4º - A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia


adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem
sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação
nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.

§ 5º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária
a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.

Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar
o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia
tecnológica do País, nos termos de lei federal.
CAPÍTULO V

DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer


forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta
Constituição.

§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de
informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art.
5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

§ 3º - Compete à lei federal:

I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a


natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua
apresentação se mostre inadequada;

II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se


defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no
art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à
saúde e ao meio ambiente.

§ 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e


terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá,
sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

§ 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de


monopólio ou oligopólio.

§ 6º - A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua
divulgação;

III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais


estabelecidos em lei;

IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

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Constituição

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é


privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a
responsabilidade por sua administração e orientação intelectual.

§ 1º - É vedada a participação de pessoa jurídica no capital social de empresa jornalística ou de


radiodifusão, exceto a de partido político e de sociedades cujo capital pertença exclusiva e
nominalmente a brasileiros.

§ 2º - A participação referida no parágrafo anterior só se efetuará através de capital sem direito a


voto e não poderá exceder a trinta por cento do capital social.

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização
para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da
complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

§ 1º - O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do


recebimento da mensagem.

§ 2º - A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois


quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.

§ 3º - O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do


Congresso Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.

§ 4º - O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de


decisão judicial.

§ 5º - O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de


quinze para as de televisão.

Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como seu
órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
CAPÍTULO VI

DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das


espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as


entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a


serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de


significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que

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Constituição

comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública


para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da
lei.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,


pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal


Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma
da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais.

§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações


discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.
CAPÍTULO VII

DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a


mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais
e seus descendentes.

§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo


homem e pela mulher.

§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois
anos.

§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o


planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
parte de instituições oficiais ou privadas.

§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,


criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,

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Constituição

com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à


profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.

§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do


adolescente, admitida a participação de entidades não governamentais e obedecendo os
seguintes preceitos:

I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência


materno-infantil;

II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de


deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador
de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso
aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.

§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e
de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas
portadoras de deficiência.

§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:

I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º,
XXXIII;

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

III - garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;

IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na


relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação
tutelar específica;

V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de


pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;

VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos
termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou
abandonado;

VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente


dependente de entorpecentes e drogas afins.

§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do


adolescente.

§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e
condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.

§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos


direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o


disposto no art. 204.

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da
legislação especial.

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Constituição

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores
têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e
garantindo-lhes o direito à vida.

§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.

§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos
urbanos.
CAPÍTULO VIII

DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.

§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente,


cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.

§ 3º - O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e


a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do
Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação
nos resultados da lavra, na forma da lei.

§ 4º - As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas,
imprescritíveis.

§ 5º - É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do
Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou
no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em
qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco.

§ 6º - São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a
ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das
riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse
público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade e a extinção
direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às benfeitorias
derivadas da ocupação de boa fé.

§ 7º - Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em
juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do
processo.

TÍTULO IX
Das Disposições Constitucionais Gerais

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Constituição

Art. 233. Para efeito do art. 7º, XXIX, o empregador rural comprovará, de cinco em
cinco anos, perante a Justiça do Trabalho, o cumprimento das suas obrigações
trabalhistas para com o empregado rural, na presença deste e de seu
representante sindical. Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de
25/05/2000

§ 1º - Uma vez comprovado o cumprimento das obrigações mencionadas neste


artigo, fica o empregador isento de qualquer ônus decorrente daquelas obrigações
no período respectivo. Caso o empregado e seu representante não concordem com
a comprovação do empregador, caberá à Justiça do Trabalho a solução da
controvérsia. Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000

§ 2º - Fica ressalvado ao empregado, em qualquer hipótese, o direito de postular,


judicialmente, os créditos que entender existir, relativamente aos últimos cinco
anos. Revogado pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000

§ 3º - A comprovação mencionada neste artigo poderá ser feita em prazo inferior a


cinco anos, a critério do empregador. Revogado pela Emenda Constitucional nº
28, de 25/05/2000

Art. 234. É vedado à União, direta ou indiretamente, assumir, em decorrência da criação de


Estado, encargos referentes a despesas com pessoal inativo e com encargos e amortizações da
dívida interna ou externa da administração pública, inclusive da indireta.

Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão observadas as seguintes normas
básicas:

I - a Assembléia Legislativa será composta de dezessete Deputados se a população do Estado


for inferior a seiscentos mil habitantes, e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse número,
até um milhão e quinhentos mil;

II - o Governo terá no máximo dez Secretarias;

III - o Tribunal de Contas terá três membros, nomeados, pelo Governador eleito, dentre
brasileiros de comprovada idoneidade e notório saber;

IV - o Tribunal de Justiça terá sete Desembargadores;

V - os primeiros Desembargadores serão nomeados pelo Governador eleito, escolhidos da


seguinte forma:

a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta e cinco anos de idade, em exercício na área
do novo Estado ou do Estado originário;

b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada idoneidade e


saber jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício profissional, obedecido o procedimento
fixado na Constituição;

VI - no caso de Estado proveniente de Território Federal, os cinco primeiros Desembargadores


poderão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer parte do País;

VII - em cada Comarca, o primeiro Juiz de Direito, o primeiro Promotor de Justiça e o primeiro
Defensor Público serão nomeados pelo Governador eleito após concurso público de provas e
títulos;

VIII - até a promulgação da Constituição Estadual, responderão pela Procuradoria-Geral, pela


Advocacia-Geral e pela Defensoria-Geral do Estado advogados de notório saber, com trinta e
cinco anos de idade, no mínimo, nomeados pelo Governador eleito e demissíveis "ad nutum";

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Constituição

IX - se o novo Estado for resultado de transformação de Território Federal, a transferência de


encargos financeiros da União para pagamento dos servidores optantes que pertenciam à
Administração Federal ocorrerá da seguinte forma:

a) no sexto ano de instalação, o Estado assumirá vinte por cento dos encargos financeiros para
fazer face ao pagamento dos servidores públicos, ficando ainda o restante sob a
responsabilidade da União;

b) no sétimo ano, os encargos do Estado serão acrescidos de trinta por cento e, no oitavo, dos
restantes cinqüenta por cento;

X - as nomeações que se seguirem às primeiras, para os cargos mencionados neste artigo,


serão disciplinadas na Constituição Estadual;

XI - as despesas orçamentárias com pessoal não poderão ultrapassar cinqüenta por cento da
receita do Estado.

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do
Poder Público.

§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos
oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder
Judiciário.

§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos
praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e


títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de
provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Art. 237. A fiscalização e o controle sobre o comércio exterior, essenciais à defesa dos interesses
fazendários nacionais, serão exercidos pelo Ministério da Fazenda.

Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de combustíveis de petróleo, álcool carburante e
outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis, respeitados os princípios desta
Constituição.

Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social,
criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de
1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei
dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo.

§ 1º - Dos recursos mencionados no "caput" deste artigo, pelo menos quarenta por cento serão
destinados a financiar programas de desenvolvimento econômico, através do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de remuneração que lhes preservem o valor.

§ 2º - Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do Programa de


Formação do Patrimônio do Servidor Público são preservados, mantendo-se os critérios de
saque nas situações previstas nas leis específicas, com exceção da retirada por motivo de
casamento, ficando vedada a distribuição da arrecadação de que trata o "caput" deste artigo,
para depósito nas contas individuais dos participantes.

§ 3º - Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o Programa de


Integração Social ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, até dois
salários mínimos de remuneração mensal, é assegurado o pagamento de um salário mínimo
anual, computado neste valor o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já

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Constituição

participavam dos referidos programas, até a data da promulgação desta Constituição.

§ 4º - O financiamento do seguro-desemprego receberá uma contribuição adicional da empresa


cujo índice de rotatividade da força de trabalho superar o índice médio da rotatividade do setor,
na forma estabelecida por lei.

Art. 240. Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos
empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de
formação profissional vinculadas ao sistema sindical.

(*) Art. 241. Aos delegados de polícia de carreira aplica-se o princípio do art. 39, § 1º,
correspondente às carreiras disciplinadas no art. 135 desta Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de
cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada
de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
serviços transferidos."

Art. 242. O princípio do art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por
lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam
total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos.

§ 1º - O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e


etnias para a formação do povo brasileiro.

§ 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.

Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento
de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e
pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio
de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas
substâncias.

Art. 244. A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos
veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às
pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no art. 227, § 2º.

Art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência
aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da
responsabilidade civil do autor do ilícito.
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95 e pela Emenda
Constitucional nº 7, de 16/08/95:
"Art. 246. É vedada a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da
Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada a
partir de 1995."
Artigo incluído pela Constitucional nº 19, de 04/06/98:
"Art. 247. As leis previstas no inciso III do § 1º do art. 41 e no § 7º do art. 169
estabelecerão critérios e garantias especiais para a perda do cargo pelo servidor

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Constituição

público estável que, em decorrência das atribuições de seu cargo efetivo,


desenvolva atividades exclusivas de Estado.

Parágrafo único. Na hipótese de insuficiência de desempenho, a perda do cargo


somente ocorrerá mediante processo administrativo em que lhe sejam assegurados
o contraditório e a ampla defesa."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
"Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo órgão responsável pelo
regime geral de previdência social, ainda que à conta do Tesouro Nacional, e os
não sujeitos ao limite máximo de valor fixado para os benefícios concedidos por
esse regime observarão os limites fixados no art. 37, XI.
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
Art. 249. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento de proventos de
aposentadoria e pensões concedidas aos respectivos servidores e seus
dependentes, em adição aos recursos dos respectivos tesouros, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão constituir fundos integrados
pelos recursos provenientes de contribuições e por bens, direitos e ativos de
qualquer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administração
desses fundos.
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98:
Art. 250. Com o objetivo de assegurar recursos para o pagamento dos benefícios
concedidos pelo regime geral de previdência social, em adição aos recursos de sua
arrecadação, a União poderá constituir fundo integrado por bens, direitos e ativos
de qualquer natureza, mediante lei que disporá sobre a natureza e administração
desse fundo."

TÍTULO X
ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
Art. 1º. O Presidente da República, o Presidente do Supremo Tribunal Federal e os membros do
Congresso Nacional prestarão o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, no
ato e na data de sua promulgação.

Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma
(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) que devem vigorar no País.

§ 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas formas e sistemas, através dos
meios de comunicação de massa cessionários de serviço público.

§ 2º - O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição, expedirá as normas


regulamentadoras deste artigo.

Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão
unicameral.

Art. 4º. O mandato do atual Presidente da República terminará em 15 de março de 1990.

§ 1º - A primeira eleição para Presidente da República após a promulgação da Constituição será


realizada no dia 15 de novembro de 1989, não se lhe aplicando o disposto no art. 16 da
Constituição.

§ 2º - É assegurada a irredutibilidade da atual representação dos Estados e do Distrito Federal

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Constituição

na Câmara dos Deputados.

§ 3º - Os mandatos dos Governadores e dos Vice-Governadores eleitos em 15 de novembro de


1986 terminarão em 15 de março de 1991.

§ 4º - Os mandatos dos atuais Prefeitos, Vice-Prefeitos e Vereadores terminarão no dia 1º de


janeiro de 1989, com a posse dos eleitos.

Art. 5º. Não se aplicam às eleições previstas para 15 de novembro de 1988 o disposto no art. 16
e as regras do art. 77 da Constituição.

§ 1º - Para as eleições de 15 de novembro de 1988 será exigido domicílio eleitoral na


circunscrição pelo menos durante os quatro meses anteriores ao pleito, podendo os candidatos
que preencham este requisito, atendidas as demais exigências da lei, ter seu registro efetivado
pela Justiça Eleitoral após a promulgação da Constituição.

§ 2º - Na ausência de norma legal específica, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral editar as


normas necessárias à realização das eleições de 1988, respeitada a legislação vigente.

§ 3º - Os atuais parlamentares federais e estaduais eleitos Vice-Prefeitos, se convocados a


exercer a função de Prefeito, não perderão o mandato parlamentar.

§ 4º - O número de vereadores por município será fixado, para a representação a ser eleita em
1988, pelo respectivo Tribunal Regional Eleitoral, respeitados os limites estipulados no art. 29, IV,
da Constituição.

§ 5º - Para as eleições de 15 de novembro de 1988, ressalvados os que já exercem mandato


eletivo, são inelegíveis para qualquer cargo, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes por consangüinidade ou afinidade, até o segundo grau, ou por adoção, do Presidente
da República, do Governador de Estado, do Governador do Distrito Federal e do Prefeito que
tenham exercido mais da metade do mandato.
Art. 6º. Nos seis meses posteriores à promulgação da Constituição, parlamentares federais,
reunidos em número não inferior a trinta, poderão requerer ao Tribunal Superior Eleitoral o
registro de novo partido político, juntando ao requerimento o manifesto, o estatuto e o programa
devidamente assinados pelos requerentes.

§ 1º - O registro provisório, que será concedido de plano pelo Tribunal Superior Eleitoral, nos
termos deste artigo, defere ao novo partido todos os direitos, deveres e prerrogativas dos atuais,
entre eles o de participar, sob legenda própria, das eleições que vierem a ser realizadas nos
doze meses seguintes a sua formação.

§ 2º - O novo partido perderá automaticamente seu registro provisório se, no prazo de vinte e
quatro meses, contados de sua formação, não obtiver registro definitivo no Tribunal Superior
Eleitoral, na forma que a lei dispuser.

Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos humanos.

Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da
promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação exclusivamente
política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, aos que foram abrangidos pelo
Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864,
de 12 de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo, emprego,
posto ou graduação a que teriam direito se estivessem em serviço ativo, obedecidos os prazos
de permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as
características e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e militares e
observados os respectivos regimes jurídicos.

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Constituição

§ 1º - O disposto neste artigo somente gerará efeitos financeiros a partir da promulgação da


Constituição, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo.

§ 2º - Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo aos trabalhadores do setor


privado, dirigentes e representantes sindicais que, por motivos exclusivamente políticos, tenham
sido punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que
exerciam, bem como aos que foram impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de
pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos.

§ 3º - Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional
específica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica nº S-50-GM5,
de 19 de junho de 1964, e nº S-285-GM5 será concedida reparação de natureza econômica, na
forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em vigor no prazo de doze
meses a contar da promulgação da Constituição.

§ 4º - Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercido gratuitamente mandato eletivo
de vereador serão computados, para efeito de aposentadoria no serviço público e previdência
social, os respectivos períodos.

§ 5º - A anistia concedida nos termos deste artigo aplica-se aos servidores públicos civis e aos
empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações, empresas públicas ou
empresas mistas sob controle estatal, exceto nos Ministérios militares, que tenham sido punidos
ou demitidos por atividades profissionais interrompidas em virtude de decisão de seus
trabalhadores, bem como em decorrência do Decreto-Lei nº 1.632, de 4 de agosto de 1978, ou
por motivos exclusivamente políticos, assegurada a readmissão dos que foram atingidos a partir
de 1979, observado o disposto no § 1º.

Art. 9º. Os que, por motivos exclusivamente políticos, foram cassados ou tiveram seus direitos
políticos suspensos no período de 15 de julho a 31 de dezembro de 1969, por ato do então
Presidente da República, poderão requerer ao Supremo Tribunal Federal o reconhecimento dos
direitos e vantagens interrompidos pelos atos punitivos, desde que comprovem terem sido estes
eivados de vício grave.

Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal proferirá a decisão no prazo de cento e vinte dias,
a contar do pedido do interessado.

Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição:

I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem prevista
no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;

II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:

a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes,


desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;

b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.

§ 1º - Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo da
licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.

§ 2º - Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições para o custeio das atividades
dos sindicatos rurais será feita juntamente com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão
arrecadador.

§ 3º - Na primeira comprovação do cumprimento das obrigações trabalhistas pelo empregador


rural, na forma do art. 233, após a promulgação da Constituição, será certificada perante a
Justiça do Trabalho a regularidade do contrato e das atualizações das obrigações trabalhistas de

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Constituição

todo o período.

Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os
princípios desta.

Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de


seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o
disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual.

Art. 12. Será criada, dentro de noventa dias da promulgação da Constituição, Comissão de
Estudos Territoriais, com dez membros indicados pelo Congresso Nacional e cinco pelo Poder
Executivo, com a finalidade de apresentar estudos sobre o território nacional e anteprojetos
relativos a novas unidades territoriais, notadamente na Amazônia Legal e em áreas pendentes
de solução.

§ 1º - No prazo de um ano, a Comissão submeterá ao Congresso Nacional os resultados de seus


estudos para, nos termos da Constituição, serem apreciados nos doze meses subseqüentes,
extinguindo-se logo após.

§ 2º - Os Estados e os Municípios deverão, no prazo de três anos, a contar da promulgação da


Constituição, promover, mediante acordo ou arbitramento, a demarcação de suas linhas
divisórias atualmente litigiosas, podendo para isso fazer alterações e compensações de área que
atendam aos acidentes naturais, critérios históricos, conveniências administrativas e comodidade
das populações limítrofes.

§ 3º - Havendo solicitação dos Estados e Municípios interessados, a União poderá encarregar-se


dos trabalhos demarcatórios.

§ 4º - Se, decorrido o prazo de três anos, a contar da promulgação da Constituição, os trabalhos


demarcatórios não tiverem sido concluídos, caberá à União determinar os limites das áreas
litigiosas.

§ 5º - Ficam reconhecidos e homologados os atuais limites do Estado do Acre com os Estados


do Amazonas e de Rondônia, conforme levantamentos cartográficos e geodésicos realizados
pela Comissão Tripartite integrada por representantes dos Estados e dos serviços
técnico-especializados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste artigo,
dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no § 3º, mas não
antes de 1º de janeiro de 1989.

§ 1º - O Estado do Tocantins integra a Região Norte e limita-se com o Estado de Goiás pelas
divisas norte dos Municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu,
Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Campos Belos, conservando a leste, norte e oeste as
divisas atuais de Goiás com os Estados da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Mato Grosso.

§ 2º - O Poder Executivo designará uma das cidades do Estado para sua Capital provisória até a
aprovação da sede definitiva do governo pela Assembléia Constituinte.

§ 3º - O Governador, o Vice-Governador, os Senadores, os Deputados Federais e os Deputados


Estaduais serão eleitos, em um único turno, até setenta e cinco dias após a promulgação da
Constituição, mas não antes de 15 de novembro de 1988, a critério do Tribunal Superior Eleitoral,
obedecidas, entre outras, as seguintes normas:

I - o prazo de filiação partidária dos candidatos será encerrado setenta e cinco dias antes da data
das eleições;

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Constituição

II - as datas das convenções regionais partidárias destinadas a deliberar sobre coligações e


escolha de candidatos, de apresentação de requerimento de registro dos candidatos escolhidos
e dos demais procedimentos legais serão fixadas, em calendário especial, pela Justiça Eleitoral;

III - são inelegíveis os ocupantes de cargos estaduais ou municipais que não se tenham deles
afastado, em caráter definitivo, setenta e cinco dias antes da data das eleições previstas neste
parágrafo;

IV - ficam mantidos os atuais diretórios regionais dos partidos políticos do Estado de Goiás,
cabendo às comissões executivas nacionais designar comissões provisórias no Estado do
Tocantins, nos termos e para os fins previstos na lei.

§ 4º - Os mandatos do Governador, do Vice-Governador, dos Deputados Federais e Estaduais


eleitos na forma do parágrafo anterior extinguir-se-ão concomitantemente aos das demais
unidades da Federação; o mandato do Senador eleito menos votado extinguir-se-á nessa mesma
oportunidade, e os dos outros dois, juntamente com os dos Senadores eleitos em 1986 nos
demais Estados.

§ 5º - A Assembléia Estadual Constituinte será instalada no quadragésimo sexto dia da eleição


de seus integrantes, mas não antes de 1º de janeiro de 1989, sob a presidência do Presidente do
Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, e dará posse, na mesma data, ao Governador e
ao Vice-Governador eleitos.

§ 6º - Aplicam-se à criação e instalação do Estado do Tocantins, no que couber, as normas


legais disciplinadoras da divisão do Estado de Mato Grosso, observado o disposto no art. 234 da
Constituição.

§ 7º - Fica o Estado de Goiás liberado dos débitos e encargos decorrentes de empreendimentos


no território do novo Estado, e autorizada a União, a seu critério, a assumir os referidos débitos.

Art. 14. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em Estados


Federados, mantidos seus atuais limites geográficos.

§ 1º - A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos governadores eleitos em 1990.

§ 2º - Aplicam-se à transformação e instalação dos Estados de Roraima e Amapá as normas e


critérios seguidos na criação do Estado de Rondônia, respeitado o disposto na Constituição e
neste Ato.

§ 3º - O Presidente da República, até quarenta e cinco dias após a promulgação da Constituição,


encaminhará à apreciação do Senado Federal os nomes dos governadores dos Estados de
Roraima e do Amapá que exercerão o Poder Executivo até a instalação dos novos Estados com
a posse dos governadores eleitos.

§ 4º - Enquanto não concretizada a transformação em Estados, nos termos deste artigo, os


Territórios Federais de Roraima e do Amapá serão beneficiados pela transferência de recursos
prevista nos arts. 159, I, "a", da Constituição, e 34, § 2º, II, deste Ato.

Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área reincorporada
ao Estado de Pernambuco.

Art. 16. Até que se efetive o disposto no art. 32, § 2º, da Constituição, caberá ao Presidente da
República, com a aprovação do Senado Federal, indicar o Governador e o Vice-Governador do
Distrito Federal.

§ 1º - A competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal, até que se instale, será exercida
pelo Senado Federal.

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Constituição

§ 2º - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Distrito


Federal, enquanto não for instalada a Câmara Legislativa, será exercida pelo Senado Federal,
mediante controle externo, com o auxílio do Tribunal de Contas do Distrito Federal, observado o
disposto no art. 72 da Constituição.

§ 3º - Incluem-se entre os bens do Distrito Federal aqueles que lhe vierem a ser atribuídos pela
União na forma da lei.

Art. 17. Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos


de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão
imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação
de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.

§ 1º - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médico que


estejam sendo exercidos por médico militar na administração pública direta ou indireta.

§ 2º - É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de


profissionais de saúde que estejam sendo exercidos na administração pública direta ou indireta.

Art. 18. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer ato legislativo ou administrativo, lavrado a
partir da instalação da Assembléia Nacional Constituinte, que tenha por objeto a concessão de
estabilidade a servidor admitido sem concurso público, da administração direta ou indireta,
inclusive das fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da
promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido
admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço
público.

§ 1º - O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título quando
se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.

§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos de
confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo de serviço
não será computado para os fins do "caput" deste artigo, exceto se tratar de servidor.

§ 3º - O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos da lei.

Art. 20. Dentro de cento e oitenta dias, proceder-se-á à revisão dos direitos dos servidores
públicos inativos e pensionistas e à atualização dos proventos e pensões a eles devidos, a fim de
ajustá-los ao disposto na Constituição.

Art. 21. Os juízes togados de investidura limitada no tempo, admitidos mediante concurso público
de provas e títulos e que estejam em exercício na data da promulgação da Constituição,
adquirem estabilidade, observado o estágio probatório, e passam a compor quadro em extinção,
mantidas as competências, prerrogativas e restrições da legislação a que se achavam
submetidos, salvo as inerentes à transitoriedade da investidura.

Parágrafo único. A aposentadoria dos juízes de que trata este artigo regular-se-á pelas normas
fixadas para os demais juízes estaduais.

Art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data de instalação da
Assembléia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com a observância das
garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição.

Art. 23. Até que se edite a regulamentação do art. 21, XVI, da Constituição, os atuais ocupantes
do cargo de censor federal continuarão exercendo funções com este compatíveis, no

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Constituição

Departamento de Polícia Federal, observadas as disposições constitucionais.

Parágrafo único. A lei referida disporá sobre o aproveitamento dos Censores Federais, nos
termos deste artigo.

Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios editarão leis que estabeleçam
critérios para a compatibilização de seus quadros de pessoal ao disposto no art. 39 da
Constituição e à reforma administrativa dela decorrente, no prazo de dezoito meses, contados da
sua promulgação.

Art. 25. Ficam revogados, a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito
este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão
do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional,
especialmente no que tange a:

I - ação normativa;

II - alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie.

§ 1º - Os decretos-lei em tramitação no Congresso Nacional e por este não apreciados até a


promulgação da Constituição terão seus efeitos regulados da seguinte forma:
I - se editados até 2 de setembro de 1988, serão apreciados pelo Congresso Nacional no prazo
de até cento e oitenta dias a contar da promulgação da Constituição, não computado o recesso
parlamentar;

II - decorrido o prazo definido no inciso anterior, e não havendo apreciação, os decretos-lei alí
mencionados serão considerados rejeitados;

III - nas hipóteses definidas nos incisos I e II, terão plena validade os atos praticados na vigência
dos respectivos decretos-lei, podendo o Congresso Nacional, se necessário, legislar sobre os
efeitos deles remanescentes.

§ 2º - Os decretos-lei editados entre 3 de setembro de 1988 e a promulgação da Constituição


serão convertidos, nesta data, em medidas provisórias, aplicando-se-lhes as regras
estabelecidas no art. 62, parágrafo único.

Art. 26. No prazo de um ano a contar da promulgação da Constituição, o Congresso Nacional


promoverá, através de Comissão mista, exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do
endividamento externo brasileiro.

§ 1º - A Comissão terá a força legal de Comissão parlamentar de inquérito para os fins de


requisição e convocação, e atuará com o auxílio do Tribunal de Contas da União.

§ 2º - Apurada irregularidade, o Congresso Nacional proporá ao Poder Executivo a declaração de


nulidade do ato e encaminhará o processo ao Ministério Público Federal, que formalizará, no
prazo de sessenta dias, a ação cabível.

Art. 27. O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Presidência do Supremo Tribunal
Federal.

§ 1º - Até que se instale o Superior Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal exercerá as
atribuições e competências definidas na ordem constitucional precedente.

§ 2º - A composição inicial do Superior Tribunal de Justiça far-se-á:

I - pelo aproveitamento dos Ministros do Tribunal Federal de Recursos;

II - pela nomeação dos Ministros que sejam necessários para completar o número estabelecido

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Constituição

na Constituição.

§ 3º - Para os efeitos do disposto na Constituição, os atuais Ministros do Tribunal Federal de


Recursos serão considerados pertencentes à classe de que provieram, quando de sua
nomeação.

§ 4º - Instalado o Tribunal, os Ministros aposentados do Tribunal Federal de Recursos


tornar-se-ão, automaticamente, Ministros aposentados do Superior Tribunal de Justiça.

§ 5º - Os Ministros a que se refere o § 2º, II, serão indicados em lista tríplice pelo Tribunal
Federal de Recursos, observado o disposto no art. 104, parágrafo único, da Constituição.

§ 6º - Ficam criados cinco Tribunais Regionais Federais, a serem instalados y no prazo de seis
meses a contar da promulgação da Constituição, com a jurisdição e sede que lhes fixar o
Tribunal Federal de Recursos, tendo em conta o número de processos e sua localização
geográfica.

§ 7º - Até que se instalem os Tribunais Regionais Federais, o Tribunal Federal de Recursos


exercerá a competência a eles atribuída em todo o território nacional, cabendo-lhe promover sua
instalação e indicar os candidatos a todos os cargos da composição inicial, mediante lista tríplice,
podendo desta constar juízes federais de qualquer região, observado o disposto no § 9º.

§ 8º - É vedado, a partir da promulgação da Constituição, o provimento de vagas de Ministros do


Tribunal Federal de Recursos.

§ 9º - Quando não houver juiz federal que conte o tempo mínimo previsto no art. 101, II, da
Constituição, a promoção poderá contemplar juiz com menos de cinco anos no exercício do
cargo.

§ 10 - Compete à Justiça Federal julgar as ações nela propostas até a data da promulgação da
Constituição, e aos Tribunais Regionais Federais bem como ao Superior Tribunal de Justiça
julgar as ações rescisórias das decisões até então proferidas pela Justiça Federal, inclusive
daquelas cuja matéria tenha passado à competência de outro ramo do Judiciário.

Art. 28. Os juízes federais de que trata o art. 123, § 2º, da Constituição de 1967, com a redação
dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 1977, ficam investidos na titularidade de varas na
Seção Judiciária para a qual tenham sido nomeados ou designados; na inexistência de vagas,
proceder-se-á ao desdobramento das varas existentes.

Parágrafo único. Para efeito de promoção por antigüidade, o tempo de serviço desses juízes será
computado a partir do dia de sua posse.

Art. 29. Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério Público e à
Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e Departamentos Jurídicos
de autarquias federais com representação própria e os membros das Procuradorias das
Universidades fundacionais públicas continuarão a exercer suas atividades na área das
respectivas atribuições.

§ 1º - O Presidente da República, no prazo de cento e vinte dias, encaminhará ao Congresso


Nacional projeto de lei complementar dispondo sobre a organização e o funcionamento da
Advocacia-Geral da União.

§ 2º - Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será facultada a
opção, de forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da
Advocacia-Geral da União.

§ 3º - Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o membro do

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Constituição

Ministério Público admitido antes da promulgação da Constituição, observando-se, quanto às


vedações, a situação jurídica na data desta.

§ 4º - Os atuais integrantes do quadro suplementar dos Ministérios Públicos do Trabalho e Militar


que tenham adquirido estabilidade nessas funções passam a integrar o quadro da respectiva
carreira.

§ 5º - Cabe à atual Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, diretamente ou por delegação, que


pode ser ao Ministério Público Estadual, representar judicialmente a União nas causas de
natureza fiscal, na área da respectiva competência, até a promulgação das leis complementares
previstas neste artigo.

Art. 30. A legislação que criar a justiça de paz manterá os atuais juízes de paz até a posse dos
novos titulares, assegurando-lhes os direitos e atribuições conferidos a estes, e designará o dia
para a eleição prevista no art. 98, II, da Constituição.

Art. 31. Serão estatizadas as serventias do foro judicial, assim definidas em lei, respeitados os
direitos dos atuais titulares.

Art. 32. O disposto no art. 236 não se aplica aos serviços notariais e de registro que já tenham
sido oficializados pelo Poder Público, respeitando-se o direito de seus servidores.

Art. 33. Ressalvados os créditos de natureza alimentar, o valor dos precatórios judiciais
pendentes de pagamento na data da promulgação da Constituição, incluído o remanescente de
juros e correção monetária, poderá ser pago em moeda corrente, com atualização, em
prestações anuais, iguais e sucessivas, no prazo máximo de oito anos, a partir de 1º de julho de
1989, por decisão editada pelo Poder Executivo até cento e oitenta dias da promulgação da
Constituição.

Parágrafo único. Poderão as entidades devedoras, para o cumprimento do disposto neste artigo,
emitir, em cada ano, no exato montante do dispêndio, títulos de dívida pública não computáveis
para efeito do limite global de endividamento.

Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês
seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com
a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.

§ 1º - Entrarão em vigor com a promulgação da Constituição os arts. 148, 149, 150, 154, I, 156,
III, e 159, I, "c", revogadas as disposições em contrário da Constituição de 1967 e das Emendas
que a modificaram, especialmente de seu art. 25, III.

§ 2º - O Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal e o Fundo de Participação dos


Municípios obedecerão às seguintes determinações:

I - a partir da promulgação da Constituição, os percentuais serão, respectivamente, de dezoito


por cento e de vinte por cento, calculados sobre o produto da arrecadação dos impostos
referidos no art. 153, III e IV, mantidos os atuais critérios de rateio até a entrada em vigor da lei
complementar a que se refere o art. 161, II;

II - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal será


acrescido de um ponto percentual no exercício financeiro de 1989 e, a partir de 1990, inclusive, à
razão de meio ponto por exercício, até 1992, inclusive, atingindo em 1993 o percentual
estabelecido no art. 159, I, "a";

III - o percentual relativo ao Fundo de Participação dos Municípios, a partir de 1989, inclusive,
será elevado à razão de meio ponto percentual por exercício financeiro, até atingir o estabelecido
no art. 159, I, "b".

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Constituição

§ 3º - Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão editar as leis necessárias à aplicação do sistema tributário nacional nela previsto.

§ 4º - As leis editadas nos termos do parágrafo anterior produzirão efeitos a partir da entrada em
vigor do sistema tributário nacional previsto na Constituição.

§ 5º - Vigente o novo sistema tributário nacional, fica assegurada a aplicação da legislação


anterior, no que não seja incompatível com ele e com a legislação referida nos §3º e § 4º.

§ 6º - Até 31 de dezembro de 1989, o disposto no art. 150, III, "b", não se aplica aos impostos de
que tratam os arts. 155, I, "a" e "b", e 156, II e III, que podem ser cobrados trinta dias após a
publicação da lei que os tenha instituído ou aumentado.

§ 7º - Até que sejam fixadas em lei complementar, as alíquotas máximas do imposto municipal
sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos não excederão a três por cento.

§ 8º - Se, no prazo de sessenta dias contados da promulgação da Constituição, não for editada a
lei complementar necessária à instituição do imposto de que trata o art. 155, I, "b", os Estados e
o Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar nº 24, de 7 de
janeiro de 1975, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria.
§ 9º - Até que lei complementar disponha sobre a matéria, as empresas distribuidoras de energia
elétrica, na condição de contribuintes ou de substitutos tributários, serão as responsáveis, por
ocasião da saída do produto de seus estabelecimentos, ainda que destinado a outra unidade da
Federação, pelo pagamento do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias
incidente sobre energia elétrica, desde a produção ou importação até a última operação,
calculado o imposto sobre o preço então praticado na operação final e assegurado seu
recolhimento ao Estado ou ao Distrito Federal, conforme o local onde deva ocorrer essa
operação.

§ 10 - Enquanto não entrar em vigor a lei prevista no art. 159, I, "c", cuja promulgação se fará até
31 de dezembro de 1989, é assegurada a aplicação dos recursos previstos naquele dispositivo
da seguinte maneira:

I - seis décimos por cento na Região Norte, através do Banco da Amazônia S.A.;

II - um inteiro e oito décimos por cento na Região Nordeste, através do Banco do Nordeste do
Brasil S.A.;

III - seis décimos por cento na Região Centro-Oeste, através do Banco do Brasil S.A.

§ 11 - Fica criado, nos termos da lei, o Banco de Desenvolvimento do Centro-Oeste, para dar
cumprimento, na referida região, ao que determinam os arts. 159, I, "c", e 192, § 2º, da
Constituição.

§ 12 - A urgência prevista no art. 148, II, não prejudica a cobrança do empréstimo compulsório
instituído, em benefício das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobrás), pela Lei nº 4.156, de
28 de novembro de 1962, com as alterações posteriores.

Art. 35. O disposto no art. 165, § 7º, será cumprido de forma progressiva, no prazo de até dez
anos, distribuindo-se os recursos entre as regiões macroeconômicas em razão proporcional à
população, a partir da situação verificada no biênio 1986-87.

§ 1º - Para aplicação dos critérios de que trata este artigo, excluem-se das despesas totais as
relativas:

I - aos projetos considerados prioritários no plano plurianual;

II - à segurança e defesa nacional;

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Constituição

III - à manutenção dos órgãos federais no Distrito Federal;

IV - ao Congresso Nacional, ao Tribunal de Contas da União e ao Poder Judiciário;

V - ao serviço da dívida da administração direta e indireta da União, inclusive fundações


instituídas e mantidas pelo Poder Público federal.

§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão
obedecidas as seguintes normas:

I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do
mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento
do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa;

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa;

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa.

Art. 36. Os fundos existentes na data da promulgação da Constituição, excetuados os resultantes


de isenções fiscais que passem a integrar patrimônio privado e os que interessem à defesa
nacional, extinguir-se-ão, se não forem ratificados pelo Congresso Nacional no prazo de dois
anos.

Art. 37. A adaptação ao que estabelece o art. 167, III, deverá processar-se no prazo de cinco
anos, reduzindo-se o excesso à base de, pelo menos, um quinto por ano.

Art. 38. Até a promulgação da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com pessoal mais do que sessenta e
cinco por cento do valor das respectivas receitas correntes.

Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, quando a respectiva


despesa de pessoal exceder o limite previsto neste artigo, deverão retornar àquele limite,
reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por ano.

Art. 39. Para efeito do cumprimento das disposições constitucionais que impliquem variações de
despesas e receitas da União, após a promulgação da Constituição, o Poder Executivo deverá
elaborar e o Poder Legislativo apreciar projeto de revisão da lei orçamentária referente ao
exercício financeiro de 1989.

Parágrafo único. O Congresso Nacional deverá votar no prazo de doze meses a lei
complementar prevista no art. 161, II.

Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de
comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a
partir da promulgação da Constituição.

Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou
venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus.

Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
reavaliarão todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes
Legislativos respectivos as medidas cabíveis.

§ 1º - Considerar-se-ão revogados após dois anos, a partir da data da promulgação da

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Constituição

Constituição, os incentivos que não forem confirmados por lei.

§ 2º - A revogação não prejudicará os direitos que já tiverem sido adquiridos, àquela data, em
relação a incentivos concedidos sob condição e com prazo certo.

§ 3º - Os incentivos concedidos por convênio entre Estados, celebrados nos termos do art. 23, §
6º, da Constituição de 1967, com a redação da Emenda Constitucional nº 1, de 17 de outubro de
1969, também deverão ser reavaliados e reconfirmados nos prazos deste artigo.

Art. 42. Durante quinze anos, a União aplicará, dos recursos destinados à irrigação:

I - vinte por cento na Região Centro-Oeste;

II - cinqüenta por cento na Região Nordeste, preferencialmente no semi-árido.

Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a pesquisa e a lavra de recursos e jazidas
minerais, ou no prazo de um ano, a contar da promulgação da Constituição, tornar-se-ão sem
efeito as autorizações, concessões e demais títulos atributivos de direitos minerários, caso os
trabalhos de pesquisa ou de lavra não hajam sido comprovadamente iniciados nos prazos legais
ou estejam inativos.

Art. 44. As atuais empresas brasileiras titulares de autorização de pesquisa, concessão de lavra
de recursos minerais e de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica em vigor terão
quatro anos, a partir da promulgação da Constituição, para cumprir os requisitos do art. 176, § 1º.

§ 1º - Ressalvadas as disposições de interesse nacional previstas no texto constitucional, as


empresas brasileiras ficarão dispensadas do cumprimento do disposto no art. 176, § 1º, desde
que, no prazo de até quatro anos da data da promulgação da Constituição, tenham o produto de
sua lavra e beneficiamento destinado a industrialização no território nacional, em seus próprios
estabelecimentos ou em empresa industrial controladora ou controlada.

§ 2º - Ficarão também dispensadas do cumprimento do disposto no art. 176, § 1º, as empresas


brasileiras titulares de concessão de energia hidráulica para uso em seu processo de
industrialização.

§ 3º - As empresas brasileiras referidas no § 1º somente poderão ter autorizações de pesquisa e


concessões de lavra ou potenciais de energia hidráulica, desde que a energia e o produto da
lavra sejam utilizados nos respectivos processos industriais.

Art. 45. Ficam excluídas do monopólio estabelecido pelo art. 177, II, da Constituição as refinarias
em funcionamento no País amparadas pelo art. 43 e nas condições do art. 45 da Lei nº 2.004, de
3 de outubro de 1953.

Parágrafo único. Ficam ressalvados da vedação do art. 177, § 1º, os contratos de risco feitos
com a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás), para pesquisa de petróleo, que estejam em vigor na
data da promulgação da Constituição.

Art. 46. São sujeitos à correção monetária desde o vencimento, até seu efetivo pagamento, sem
interrupção ou suspensão, os créditos junto a entidades submetidas aos regimes de intervenção
ou liquidação extrajudicial, mesmo quando esses regimes sejam convertidos em falência.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se também:

I - às operações realizadas posteriormente à decretação dos regimes referidos no "caput" deste


artigo;

II - às operações de empréstimo, financiamento, refinanciamento, assistência financeira de


liquidez, cessão ou sub-rogação de créditos ou cédulas hipotecárias, efetivação de garantia de
depósitos do público ou de compra de obrigações passivas, inclusive as realizadas com recursos

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Constituição

de fundos que tenham essas destinações;

III - aos créditos anteriores à promulgação da Constituição;

IV - aos créditos das entidades da administração pública anteriores à promulgação da


Constituição, não liquidados até 1 de janeiro de 1988.

Art. 47. Na liquidação dos débitos, inclusive suas renegociações e composições posteriores,
ainda que ajuizados, decorrentes de quaisquer empréstimos concedidos por bancos e por
instituições financeiras, não existirá correção monetária desde que o empréstimo tenha sido
concedido:

I - aos micro e pequenos empresários ou seus estabelecimentos no período de 28 de fevereiro


de 1986 a 28 de fevereiro de 1987;

II - ao mini, pequenos e médios produtores rurais no período de 28 de fevereiro de 1986 a 31 de


dezembro de 1987, desde que relativos a crédito rural.

§ 1º - Consideram-se, para efeito deste artigo, microempresas as pessoas jurídicas e as firmas


individuais com receitas anuais de até dez mil Obrigações do Tesouro Nacional, e pequenas
empresas as pessoas jurídicas e as firmas individuais com receita anual de até vinte e cinco mil
Obrigações do Tesouro Nacional.

§ 2º - A classificação de mini, pequeno e médio produtor rural será feita obedecendo-se às


normas de crédito rural vigentes à época do contrato.

§ 3º - A isenção da correção monetária a que se refere este artigo só será concedida nos
seguintes casos:

I - se a liquidação do débito inicial, acrescido de juros legais e taxas judiciais, vier a ser efetivada
no prazo de noventa dias, a contar da data da promulgação da Constituição;
II - se a aplicação dos recursos não contrariar a finalidade do financiamento, cabendo o ônus da
prova à instituição credora;

III - se não for demonstrado pela instituição credora que o mutuário dispõe de meios para o
pagamento de seu débito, excluído desta demonstração seu estabelecimento, a casa de moradia
e os instrumentos de trabalho e produção;

IV - se o financiamento inicial não ultrapassar o limite de cinco mil Obrigações do Tesouro


Nacional;
V - se o beneficiário não for proprietário de mais de cinco módulos rurais.

§ 4º - Os benefícios de que trata este artigo não se estendem aos débitos já quitados e aos
devedores que sejam constituintes.

§ 5º - No caso de operações com prazos de vencimento posteriores à data- limite de liquidação


da dívida, havendo interesse do mutuário, os bancos e as instituições financeiras promoverão,
por instrumento próprio, alteração nas condições contratuais originais de forma a ajustá-las ao
presente benefício.

§ 6º - A concessão do presente benefício por bancos comerciais privados em nenhuma hipótese


acarretará ônus para o Poder Público, ainda que através de refinanciamento e repasse de
recursos pelo Banco Central.

§ 7º - No caso de repasse a agentes financeiros oficiais ou cooperativas de crédito, o ônus


recairá sobre a fonte de recursos originária.

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Constituição

Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição,
elaborará código de defesa do consumidor.

Art. 49. A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos, sendo facultada aos
foreiros, no caso de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante aquisição do domínio
direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos contratos.

§ 1º - Quando não existir cláusula contratual, serão adotados os critérios e bases hoje vigentes
na legislação especial dos imóveis da União.

§ 2º - Os direitos dos atuais ocupantes inscritos ficam assegurados pela aplicação de outra
modalidade de contrato.

§ 3º - A enfiteuse continuará sendo aplicada aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados
na faixa de segurança, a partir da orla marítima.

§ 4º - Remido o foro, o antigo titular do domínio direto deverá, no prazo de noventa dias, sob
pena de responsabilidade, confiar à guarda do registro de imóveis competente toda a
documentação a ele relativa.

Art. 50. Lei agrícola a ser promulgada no prazo de um ano disporá, nos termos da Constituição,
sobre os objetivos e instrumentos de política agrícola, prioridades, planejamento de safras,
comercialização, abastecimento interno, mercado externo e instituição de crédito fundiário.

Art. 51. Serão revistos pelo Congresso Nacional, através de Comissão mista, nos três anos a
contar da data da promulgação da Constituição, todas as doações, vendas e concessões de
terras públicas com área superior a três mil hectares, realizadas no período de 1º de janeiro de
1962 a 31 de dezembro de 1987.

§ 1º - No tocante às vendas, a revisão será feito com base exclusivamente no critério de


legalidade da operação.

§ 2º - No caso de concessões e doações, a revisão obedecerá aos critérios de legalidade e de


conveniência do interesse público.

§ 3º - Nas hipóteses previstas nos parágrafos anteriores, comprovada a ilegalidade, ou havendo


interesse público, as terras reverterão ao patrimônio da União, dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios.

Art. 52. Até que sejam fixadas as condições a que se refere o art. 192, III, são vedados:

I - a instalação, no País, de novas agências de instituições financeiras domiciliadas no exterior;


II - o aumento do percentual de participação, no capital de instituições financeiras com sede no
País, de pessoas físicas ou jurídicas residentes ou domiciliadas no exterior.

Parágrafo único. A vedação a que se refere este artigo não se aplica às autorizações resultantes
de acordos internacionais, de reciprocidade, ou de interesse do Governo brasileiro.

Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a
Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão
assegurados os seguintes direitos:

I - aproveitamento no serviço público, sem a exigência de concurso, com estabilidade;

II - pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas, que
poderá ser requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com quaisquer rendimentos
recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de
opção;

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Constituição

III - em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma proporcional,


de valor igual à do inciso anterior;

IV - assistência médica, hospitalar e educacional gratuita, extensiva aos dependentes;

V - aposentadoria com proventos integrais aos vinte e cinco anos de serviço efetivo, em qualquer
regime jurídico;

VI - prioridade na aquisição da casa própria, para os que não a possuam ou para suas viúvas ou
companheiras.

Parágrafo único. A concessão da pensão especial do inciso II substitui, para todos os efeitos
legais, qualquer outra pensão já concedida ao ex-combatente.

Art. 54. Os seringueiros recrutados nos termos do Decreto-Lei nº 5.813, de 14 de setembro de


1943, e amparados pelo Decreto-Lei nº 9.882, de 16 de setembro de 1946, receberão, quando
carentes, pensão mensal vitalícia no valor de dois salários mínimos.

§ 1º - O benefício é estendido aos seringueiros que, atendendo a apelo do Governo brasileiro,


contribuíram para o esforço de guerra, trabalhando na produção de borracha, na Região
Amazônica, durante a Segunda Guerra Mundial.

§ 2º - Os benefícios estabelecidos neste artigo são transferíveis aos dependentes


reconhecidamente carentes.

§ 3º - A concessão do benefício far-se-á conforme lei a ser proposta pelo Poder Executivo dentro
de cento e cinqüenta dias da promulgação da Constituição.

Art. 55. Até que seja aprovada a lei de diretrizes orçamentárias, trinta por cento, no mínimo, do
orçamento da seguridade social, excluído o seguro-desemprego, serão destinados ao setor de
saúde.
Art. 56. Até que a lei disponha sobre o art. 195, I, a arrecadação decorrente de, no mínimo, cinco
dos seis décimos percentuais correspondentes à alíquota da contribuição de que trata o
Decreto-Lei nº 1.940, de 25 de maio de 1982, alterada pelo Decreto-Lei nº 2.049, de 1º de agosto
de 1983, pelo Decreto nº 91.236, de 8 de maio de 1985, e pela Lei nº 7.611, de 8 de julho de
1987, passa a integrar a receita da seguridade social, ressalvados, exclusivamente no exercício
de 1988, os compromissos assumidos com programas e projetos em andamento.

Art. 57. Os débitos dos Estados e dos Municípios relativos às contribuições previdenciárias até
30 de junho de 1988 serão liquidados, com correção monetária, em cento e vinte parcelas
mensais, dispensados os juros e multas sobre eles incidentes, desde que os devedores
requeiram o parcelamento e iniciem seu pagamento no prazo de cento e oitenta dias a contar da
promulgação da Constituição.

§ 1º - O montante a ser pago em cada um dos dois primeiros anos não será inferior a cinco por
cento do total do débito consolidado e atualizado, sendo o restante dividido em parcelas mensais
de igual valor.

§ 2º - A liquidação poderá incluir pagamentos na forma de cessão de bens e prestação de


serviços, nos termos da Lei nº 7.578, de 23 de dezembro de 1986.

§ 3º - Em garantia do cumprimento do parcelamento, os Estados e os Municípios consignarão,


anualmente, nos respectivos orçamentos as dotações necessárias ao pagamento de seus
débitos.

§ 4º - Descumprida qualquer das condições estabelecidas para concessão do parcelamento, o


débito será considerado vencido em sua totalidade, sobre ele incidindo juros de mora; nesta

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Constituição

hipótese, parcela dos recursos correspondentes aos Fundos de Participação, destinada aos
Estados e Municípios devedores, será bloqueada e repassada à previdência social para
pagamento de seus débitos.

Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, mantidos pela previdência social na data da
promulgação da Constituição, terão seus valores revistos, a fim de que seja restabelecido o
poder aquisitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinham na data de sua
concessão, obedecendo-se a esse critério de atualização até a implantação do plano de custeio
e benefícios referidos no artigo seguinte.

Parágrafo único. As prestações mensais dos benefícios atualizadas de acordo com este artigo
serão devidas e pagas a partir do sétimo mês a contar da promulgação da Constituição.

Art. 59. Os projetos de lei relativos à organização da seguridade social e aos planos de custeio e
de benefício serão apresentados no prazo máximo de seis meses da promulgação da
Constituição ao Congresso Nacional, que terá seis meses para apreciá-los.

Parágrafo único. Aprovados pelo Congresso Nacional, os planos serão implantados


progressivamente nos dezoito meses seguintes.

(*) Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação da Constituição, o Poder Público
desenvolverá esforços, com a mobilização de todos os setores organizados da sociedade e com
a aplicação de, pelo menos, cinqüenta por cento dos recursos a que se refere o art. 212 da
Constituição, para eliminar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental.

Parágrafo único. Em igual prazo, as universidades públicas descentralizarão suas atividades, de


modo a estender suas unidades de ensino superior às cidades de maior densidade populacional.
(*) Redação dada ao artigo pela Emenda Constitucional nº 14, de
13/09/96:
"Art. 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta Emenda, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos de
sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212
da Constituição Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do
ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de
seu atendimento e a remuneração condigna do magistério.

§ 1º A distribuição de responsabilidades e recursos entre os Estados e


seus Municípios a ser concretizada com parte dos recursos definidos
neste artigo, na forma do disposto no art. 211 da Constituição Federal,
é assegurada mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do
Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, de natureza
contábil.

§ 2º O Fundo referido no parágrafo anterior será constituído por, pelo


menos, quinze por cento dos recursos a que se referem os arts. 155,
inciso II; 158, inciso IV; e 159, inciso I, alíneas "a" e "b"; e inciso II, da
Constituição Federal, e será distribuído entre cada Estado e seus
Municípios, proporcionalmente ao número de alunos nas respectivas
redes de ensino fundamental.

§ 3º A União complementará os recursos dos Fundos a que se refere


o § 1º, sempre que, em cada Estado e no Distrito Federal, seu valor
por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente.

§ 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ajustarão


progressivamente, em um prazo de cinco anos, suas contribuições ao

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Constituição

Fundo, de forma a garantir um valor por aluno correspondente a um


padrão mínimo de qualidade de ensino, definido nacionalmente.

§ 5º Uma proporção não inferior a sessenta por cento dos recursos de


cada Fundo referido no § 1º será destinada ao pagamento dos
professores do ensino fundamental em efetivo exercício no
magistério.

§ 6º A União aplicará na erradicação do analfabetismo e na


manutenção e no desenvolvimento do ensino fundamental, inclusive
na complementação a que se refere o § 3º, nunca menos que o
equivalente a trinta por cento dos recursos a que se refere o caput do
art. 212 da Constituição Federal.

§ 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a distribuição


proporcional de seus recursos, sua fiscalização e controle, bem como
sobre a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno."

Art. 61. As entidades educacionais a que se refere o art. 213, bem como as fundações de ensino
e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei, que preencham os requisitos dos incisos I e
II do referido artigo e que, nos últimos três anos, tenham recebido recursos públicos, poderão
continuar a recebê-los, salvo disposição legal em contrário.

Art. 62. A lei criará o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) nos moldes da
legislação relativa ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e ao Serviço
Nacional de Aprendizagem do Comércio (SENAC), sem prejuízo das atribuições dos órgãos
públicos que atuam na área.

Art. 63. É criada uma Comissão composta de nove membros, sendo três do Poder Legislativo,
três do Poder Judiciário e três do Poder Executivo, para promover as comemorações do
centenário da proclamação da República e da promulgação da primeira Constituição republicana
do País, podendo, a seu critério, desdobrar-se em tantas subcomissões quantas forem
necessárias.

Parágrafo único. No desenvolvimento de suas atribuições, a Comissão promoverá estudos,


debates e avaliações sobre a evolução política, social, econômica e cultural do País, podendo
articular-se com os governos estaduais e municipais e com instituições públicas e privadas que
desejem participar dos eventos.

Art. 64. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, promoverão edição popular do texto integral da Constituição, que será posta à
disposição das escolas e dos cartórios, dos sindicatos, dos quartéis, das igrejas e de outras
instituições representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que cada cidadão brasileiro
possa receber do Estado um exemplar da Constituição do Brasil.

Art. 65. O Poder Legislativo regulamentará, no prazo de doze meses, o art. 220, § 4º.

Art. 66. São mantidas as concessões de serviços públicos de telecomunicações atualmente em


vigor, nos termos da lei.

Art. 67. A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da
promulgação da Constituição.

Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras
é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas

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Constituição

Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da


Constituição, tenham órgãos distintos para as respectivas funções.

Art. 70. Fica mantida atual competência dos tribunais estaduais até a mesma seja definida na
Constituição do Estado, nos termos do art. 125, § 1º, da Constituição.
Artigo incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 01/03/94:
(*) "Art. 71. Fica instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim
no período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997, o Fundo Social de
Emergência, com o objetivo de saneamento financeiro da Fazenda Pública Federal
e de estabilização econômica, cujos recursos serão aplicados prioritariamente no
custeio das ações dos sistemas de saúde e educação, benefícios previdenciários e
auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de passivo
previdenciário, e despesas orçamentárias associadas a programas de relevante
interesse econômico e social."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"Art. 71. Fica instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995,
bem assim no período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de
1997, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de saneamento
financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização econômica,
cujos recursos serão aplicados prioritariamente no custeio das ações
dos sistemas de saúde e educação, benefícios previdenciários e
auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de
passivo previdenciário, e despesas orçamentárias associadas a
programas de relevante interesse econômico e social."
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 17, de 22/11/97:
"Art. 71. É instituído, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem
assim nos períodos de 01/01/1996 a 30/06/97 e 01/07/97 a
31/12/1999, o Fundo Social de Emergência, com o objetivo de
saneamento financeiro da Fazenda Pública Federal e de estabilização
econômica, cujos recursos serão aplicados prioritariamente no custeio
das ações dos sistemas de saúde e educação, incluindo a
complementação de recursos de que trata o § 3º do art. 60 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, benefícios previdenciários e
auxílios assistenciais de prestação continuada, inclusive liquidação de
passivo previdenciário, e despesas orçamentárias associadas a
programas de relevante interesse econômico e social."

(*) "Parágrafo único. Ao Fundo criado por este artigo não se aplica no exercício
financeiro de 1994, o disposto na parte final do inciso II do § 9º. do Art. 165 da
Constituição."
(*) Parágrafo único transformado em § 1º pela Emenda
Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 1º Ao Fundo criado por este artigo não se aplica o disposto na
parte final do inciso II do § 9º do art. 165 da Constituição."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 2º O Fundo criado por este artigo passa a ser denominado Fundo de
Estabilização Fiscal a partir do início do exercício financeiro de 1996."
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 3º O Poder Executivo publicará demonstrativo da execução orçamentária, de
periodicidade bimestral, no qual se discriminarão as fontes e usos do Fundo criado
por este artigo."

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Constituição

Artigo incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 01/03/94:


"Art. 72. Integram o Fundo Social de Emergência:

I - o produto da arrecadação do imposto sobre renda e proventos de qualquer


natureza incidente na fonte sobre pagamentos efetuados, a qualquer título pela
União, inclusive suas autarquias e fundações;

(*) II - a parcela do produto da arrecadação do imposto sobre propriedade territorial


rural, do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre
operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários,
decorrente das alterações produzidas pela Medida Provisória n.º 419 e pelas Leis
n.ºs 8.847, 8.849 e 8.848, todas de 28 de janeiro de 1994, estendendo-se a
vigência da última delas até 31 de dezembro de 1995;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"II - a parcela do produto da arrecadação do imposto sobre renda e
proventos de qualquer natureza e do imposto sobre operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários,
decorrente das alterações produzidas pela Lei nº 8.894, de 21 de
junho de 1994, e pelas Leis nºs 8.849 e 8.848, ambas de 28 de janeiro
de 1994, e modificações posteriores;"

(*) III - a parcela do produto da arrecadação resultante da elevação da alíquota da


contribuição social sobre o lucro dos contribuintes a que se refere o § 1º do art. 22
da Lei n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual, nos exercícios financeiros de 1994
e 1995, passa a ser de trinta por cento, mantidas as demais normas da Lei n.º
7.689, de 15 de dezembro de 1988;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"III - a parcela do produto da arrecadação resultante da elevação da
alíquota da contribuição social sobre o lucro dos contribuintes a que
se refere o § 1º do Art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, a
qual, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim no
período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997, passa a ser
de trinta por cento, sujeita a alteração por lei ordinária, mantidas as
demais normas da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988;"

(*) IV - vinte por cento do produto da arrecadação de todos os impostos e


contribuições da União, excetuado o previsto nos incisos I, II e III;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"IV - vinte por cento do produto da arrecadação de todos os impostos
e contribuições da União, já instituídos ou a serem criados, excetuado
o previsto nos incisos I, II e III, observado o disposto nos §§ 3º e 4º;"

(*) V - a parcela do produto da arrecadação da contribuição de que trata a Lei


Complementar n.º 7, de 7 de setembro de 1970, devida pelas pessoas jurídicas a
que se refere o inciso III deste artigo, a qual será calculada, nos exercícios
financeiros de 1994 e 1995, mediante a aplicação da alíquota de setenta e cinco
centésimos por cento sobre a receita bruta operacional, como definida na legislação
do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza;
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"V - a parcela do produto da arrecadação da contribuição de que trata
a Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, devida pelas
pessoas jurídicas a que se refere o inciso III deste artigo, a qual será
calculada, nos exercícios financeiros de 1994 e 1995, bem assim no

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Constituição

período de 1º de janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997, mediante a


aplicação da alíquota de setenta e cinco centésimos por cento, sujeita
a alteração por lei ordinária, sobre a receita bruta operacional, como
definida na legislação do imposto sobre renda e proventos de
qualquer natureza; e"
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 17, de 22/11/97:
"V - a parcela do produto da arrecadação da contribuição de que trata
a Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, devida pelas
pessoas jurídicas a que se refere o inciso III deste artigo, a qual será
calculada, nos exercícios financeiros de 1994 a 1995, bem assim nos
períodos de 1ºde janeiro de 1996 a 30 de junho de 1997 e de 1º de
julho de 1997 a 31 de dezembro de 1999, mediante a aplicação da
alíquota de setenta e cinco centésimos por cento, sujeita a alteração
por lei ordinária posterior, sobre a receita bruta operacional, como
definida na legislação do imposto sobre renda e proventos de
qualquer natureza."

VI - outras receitas previstas em lei específica.


§ 1º As alíquotas e a base de cálculo previstas nos incisos III e V aplicar-se-ão a
partir do primeiro dia do mês seguinte aos noventa dias posteriores à promulgação
desta emenda.

(*) § 2º As parcelas de que tratam os incisos I, II, III e V serão previamente


deduzidas da base de cálculo de qualquer vinculação ou participação constitucional
ou legal, não se lhes aplicando o disposto nos arts. 158, II, 159, 212 e 239 da
Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 2º As parcelas de que tratam os incisos I, II, III e V serão
previamente deduzidas da base de cálculo de qualquer vinculação ou
participação constitucional ou legal, não se lhes aplicando o disposto
nos artigos, 159, 212 e 239 da Constituição."

(*) § 3º A parcela de que trata o inciso IV será previamente deduzida da base de


cálculo das vinculações ou participações constitucionais previstas nos arts. 153, §
5.º, 157, II, 158, II, 212 e 239 da Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 3º A parcela de que trata o inciso IV será previamente deduzida da
base de cálculo das vinculações ou participações constitucionais
previstas nos artigos 153, § 5º, 157, II, 212 e 239 da Constituição."

(*) § 4º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos recursos previstos no


art. 159 da Constituição.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 4º O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos recursos
previstos nos Artigos 158, II e 159 da Constituição."

(*) § 5º A parcela dos recursos provenientes do imposto sobre propriedade


territorial rural e do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza,
destinada ao Fundo Social de Emergência, nos termos do inciso II deste artigo, não
poderá exceder:

I - no caso do imposto sobre propriedade territorial rural, a oitenta e seis inteiros e


dois décimos por cento do total do produto da sua arrecadação.

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Constituição

II - no caso do imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza, a cinco


inteiros e seis décimos por cento do total do produto da sua arrecadação.
(*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 04/03/96:
"§ 5º A parcela dos recursos provenientes do imposto sobre renda e
proventos de qualquer natureza, destinada ao Fundo Social de
Emergência, nos termos do inciso II deste artigo, não poderá exceder
a cinco inteiros e seis décimos por cento do total do produto da sua
arrecadação."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 1, de 01/03/94:
"Art. 73. Na regulação do Fundo Social de emergência não poderá ser utilizado
instrumento previsto o inciso V do Art. 59 da Constituição."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 12, de 16/08/96:
"Art. 74. A União poderá instituir contribuição provisória sobre movimentação ou
transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira.

§ 1º A alíquota da contribuição de que trata este artigo não excederá a vinte e cinco
centésimos por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou restabelecê-la,
total ou parcialmente, nas condições e limites fixados em lei.

§ 2º A contribuição de que trata este artigo não se aplica o disposto nos arts. 153, §
5º, e 154, I, da Constituição.

§ 3º O produto da arrecadação da contribuição de que trata este artigo será


destinado integralmente ao Fundo Nacional de Saúde, para financiamento das
ações e serviços de saúde.

§ 4º A contribuição de que trata este artigo terá sua exigibilidade subordinada ao


disposto no art. 195, § 6º, da Constituição, e não poderá ser cobrada por prazo
superior a dois anos."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 21, de 18/03/1999:
"Art. 75. É prorrogada, por trinta e seis meses, a cobrança da contribuição
provisória sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos
de natureza financeira de que trata o art. 74, instituída pela Lei nº 9.311, de 24 de
outubro de 1996, modificada pela Lei nº 9.539, de 12 de dezembro de 1997, cuja
vigência é também prorrogada por idêntico prazo.

§ 1º Observado o disposto no § 6º do art. 195 da Constituição Federal, a alíquota


da contribuição será de trinta e oito centésimos por cento, nos primeiros doze
meses, e de trinta centésimos, nos meses subseqüentes, facultado ao Poder
Executivo reduzi-la total ou parcialmente, nos limites aqui definidos.

§ 2º O resultado do aumento da arrecadação, decorrente da alteração da alíquota,


nos exercícios financeiros de 1999, 2000 e 2001, será destinado ao custeio da
previdência social.

§ 3º É a União autorizada a emitir títulos da dívida pública interna, cujos recursos


serão destinados ao custeio da saúde e da previdência social, em montante
equivalente ao produto da arrecadação da contribuição, prevista e não realizada em
1999."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 27, de 21/03/2000:
"Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, no período de 2000 a 2003,
vinte por cento da arrecadação de impostos e contribuições sociais da União, já

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Constituição

instituídos ou que vierem a ser criados no referido período, seus adicionais e


respectivos acréscimos legais.

"§ 1o O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de cálculo das
transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios na forma dos arts. 153, § 5o;
157, I; l58, I e II; e 159, I, "a" e "b", e II, da Constituição, bem como a base de
cálculo das aplicações em programas de financiamento ao setor produtivo das
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste a que se refere o art. 159, I, "c", da
Constituição.

"§ 2o Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste artigo a arrecadação


da contribuição social do salário-educação a que se refere o art. 212, § 5o, da
Constituição."
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 13/09/00:
"Art. 77. Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos aplicados nas
ações e serviços públicos de saúde serão equivalentes:" (AC)

"I no caso da União:" (AC)

"a) no ano 2000, o montante empenhado em ações e serviços públicos de saúde no


exercício financeiro de 1999 acrescido de, no mínimo, cinco por cento;" (AC)

"b) do ano 2001 ao ano 2004, o valor apurado no ano anterior, corrigido pela
variação nominal do Produto Interno Bruto PIB;" (AC)

"II no caso dos Estados e do Distrito Federal, doze por cento do produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam
os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
transferidas aos respectivos Municípios; e" (AC)

"III no caso dos Municípios e do Distrito Federal, quinze por cento do produto da
arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam
os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º." (AC)

"§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que apliquem percentuais


inferiores aos fixados nos incisos II e III deverão elevá-los gradualmente, até o
exercício financeiro de 2004, reduzida a diferença à razão de, pelo menos, um
quinto por ano, sendo que, a partir de 2000, a aplicação será de pelo menos sete
por cento." (AC)

"§ 2º Dos recursos da União apurados nos termos deste artigo, quinze por cento,
no mínimo, serão aplicados nos Municípios, segundo o critério populacional, em
ações e serviços básicos de saúde, na forma da lei." (AC)

"§ 3º Os recursos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinados às


ações e serviços públicos de saúde e os transferidos pela União para a mesma
finalidade serão aplicados por meio de Fundo de Saúde que será acompanhado e
fiscalizado por Conselho de Saúde, sem prejuízo do disposto no art. 74 da
Constituição Federal." (AC)

"§ 4º Na ausência da lei complementar a que se refere o art. 198, § 3º, a partir do
exercício financeiro de 2005, aplicar-se-á à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios o disposto neste artigo." (AC)
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 13/09/00:
"Art. 78. Ressalvados os créditos definidos em lei como de pequeno valor, os de
natureza alimentícia, os de que trata o art. 33 deste Ato das Disposições

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Constituição

Constitucionais Transitórias e suas complementações e os que já tiverem os seus


respectivos recursos liberados ou depositados em juízo, os precatórios pendentes
na data de promulgação desta Emenda e os que decorram de ações iniciais
ajuizadas até 31 de dezembro de 1999 serão liquidados pelo seu valor real, em
moeda corrente, acrescido de juros legais, em prestações anuais, iguais e
sucessivas, no prazo máximo de dez anos, permitida a cessão dos créditos." (AC)

"§ 1º É permitida a decomposição de parcelas, a critério do credor." (AC)

"§ 2º As prestações anuais a que se refere o caput deste artigo terão, se não
liquidadas até o final do exercício a que se referem, poder liberatório do pagamento
de tributos da entidade devedora." (AC)

"§ 3º O prazo referido no caput deste artigo fica reduzido para dois anos, nos casos
de precatórios judiciais originários de desapropriação de imóvel residencial do
credor, desde que comprovadamente único à época da imissão na posse." (AC)

"§ 4º O Presidente do Tribunal competente deverá, vencido o prazo ou em caso de


omissão no orçamento, ou preterição ao direito de precedência, a requerimento do
credor, requisitar ou determinar o seqüestro de recursos financeiros da entidade
executada, suficientes à satisfação da prestação." (AC)
Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 14/12/00:
"Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010, no âmbito do Poder Executivo
Federal, o Fundo de Combate a Erradicação da Pobreza, a ser regulado por lei
complementar com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis
dignos de subsistência, cujos recursos serão aplicados em ações suplementares de
nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas
de relevante interesse social voltados para melhoria da qualidade de vida.

Parágrafo único. O Fundo previsto neste artigo terá Conselho Consultivo e de


Acompanhamento que conte com a participação de representantes da sociedade
civil, nos termos da lei.

Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 14/12/00:


Art. 80. Compõem o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza:

I a parcela do produto da arrecadação correspondente a um adicional de


oito centésimos por cento, aplicável de 18 de junho de 2000 a 17 de junho de 2002,
na alíquota da contribuição social de que trata o art. 75 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias;

II a parcela do produto da arrecadação correspondente a um adicional de


cinco pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados
IPI, ou do imposto que vier a substituí-lo, incidente sobre produtos supérfluos e
aplicável até a extinção do Fundo;

III o produto da arrecadação do imposto de que trata o art. 153, inciso VII,
da Constituição;

IV dotações orçamentárias;

V doações, de qualquer natureza, de pessoas físicas ou jurídicas do País ou


do exterior;

VI outras receitas, a serem definidas na regulamentação do referido Fundo.

§ 1º Aos recursos integrantes do Fundo de que trata este artigo não se aplica

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Constituição

o disposto nos arts. 159 e 167, inciso IV, da Constituição, assim como qualquer
desvinculação de recursos orçamentários.

§ 2º A arrecadação decorrente do disposto no inciso I deste artigo, no período


compreendido entre 18 de junho de 2000 e o início da vigência da lei complementar
a que se refere a art. 79, será integralmente repassada ao Fundo, preservado o seu
valor real, em títulos públicos federais, progressivamente resgatáveis após 18 de
junho de 2002, na forma da lei.

Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 14/12/00:


Art. 81. É instituído Fundo constituído pelos recursos recebidos pela União em
decorrência da desestatização de sociedades de economia mista ou empresas
públicas por ela controladas, direta ou indiretamente, quando a operação envolver a
alienação do respectivo controle acionário a pessoa ou entidade não integrante da
Administração Pública, ou de participação societária remanescente após a
alienação, cujos rendimentos, gerados a partir de 18 de junho de 2002, reverterão
ao Fundo de Combate e Erradicação de Pobreza.

§ 1º Caso o montante anual previsto nos rendimentos transferidos ao Fundo


de Combate e Erradicação da Pobreza, na forma deste artigo, não alcance o valor
de quatro bilhões de reais. far-se-à complementação na forma do art. 80, inciso IV,
do Ato das disposições Constitucionais Transitórias.

§ 2º Sem prejuízo do disposto no § 1º, o Poder Executivo poderá destinar ao


Fundo a que se refere este artigo outras receitas decorrentes da alienação de bens
da União.

§ 3º A constituição do Fundo a que se refere o caput, a transferência de


recursos ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza e as demais
disposições referentes ao § 1º deste artigo serão disciplinadas em lei, não se
aplicando o disposto no art. 165, § 9º, inciso II, da Constituição.

Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 14/12/00:


Art. 82. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem instituir Fundos de
Combate á Pobreza, com os recursos de que trata este artigo e outros que vierem a
destinar, devendo os referidos Fundos ser geridos por entidades que contem com a
participação da sociedade civil.

§ 1º Para o financiamento dos Fundos Estaduais e Distrital, poderá ser criado


adicional de até dois pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços ICMS, ou do imposto que vier a substituí-lo, sobre os
produtos e serviços supérfluos, não se aplicando, sobre este adicional, o disposto
no art. 158, inciso IV, da Constituição.

§ 2º Para o financiamento dos Fundos Municipais, poderá ser criado adicional


de até meio ponto percentual na alíquota do Imposto sobre serviços ou do imposto
que vier a substituí-lo, sobre serviços supérfluos.

Artigo incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 14/12/00:


Art. 83. Lei federal definirá os produtos e serviços supérfluos a que se referem
os arts. 80, inciso II, e 82, §§ 1º e 2º."

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CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, ao


instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princípios impostergáveis
que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de
sua conduta, tais como: lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo
comprimento da Constituição e pelo respaldo à Lei, fazendo com que esta seja
interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e
às exigências do bem-comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como
um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas
relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa
das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do
Direito, e proporcionando-lhe a realizarão prática de seus legítimos interesses;
comportar-se, neste mister, com independência e altivez, defendendo com o
mesmo denodo humildes e poderosos; exercer a advocacia com o indispensável
senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o
anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-
se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a
tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos
atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a dignidade
das pessoas de bem e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a
sua classe.
Inspirado nesses postulados é que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos artigos 33 e 54, V,
da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, aprova e edita este Código, exortando os
advogados brasileiros à sua fiel observância.
Brasília - DF, 13 de fevereiro de 1995
JOSÉ ROBERTO BATOCHIO Presidente

TÍTULO I
DA ÉTICA DO ADVOGADO

CAPÍTULO I
DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS

Art. 1º. O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos


deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os
demais princípios da moral individual, social e profissional.
Art. 2º. O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do
estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da justiça e da
paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função
pública que exerce.
Parágrafo único. São deveres do advogado:
I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão,
zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade,
lealdade, dignidade e boa-fé;
III - velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV - empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e
profissional;
V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
VI - estimular a conciliação entre litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios;
VII - aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;
VIII - abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em
que também atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e
a dignidade da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com parte adversa que tenha patrono constituído,
sem o assentimento deste.
IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus
direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.
Art. 3º. O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar
as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento
para garantir a igualdade de todos.
Art. 4º. O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação
empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de
departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve
zelar pela sua liberdade e independência.
Parágrafo único. É legitima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão
concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie expressa
orientação sua, manifestada anteriormente.
Art. 5º. O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de
mercantilização.
Art. 6º. É defeso ao advogado expor as fatos em juízo falseando
deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé.
Art. 7º. É vetado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta
ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela.
CAPÍTULO II
DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE

Art. 8º. O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto
a eventuais riscos da sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da
demanda.
Art. 9º. A conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção do
mandato, obriga o advogado à devolução de bens, valores e documentos
recebidos no exercício do mandato, e à pormenorizada prestação de contas, não
excluindo outras prestações solicitadas, pelo cliente, a qualquer momento.
Art. 10. Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o
cumprimento e a cessação do mandato.
Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono
constituído, sem prévio conhecimento do mesmo, salvo por motivo justo ou para
adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis.
Art. 12. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os feitos,
sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.
Art. 13. A renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e continuidade da
responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o
prazo estabelecido em lei; não exclui, todavia, a responsabilidade pelos danos
causados dolosa ou culposamente aos clientes ou a terceiros.
Art. 14. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga
do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o direito
do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de
sucumbência, calculada proporcionalmente, em face do serviço efetivamente
prestado.
Art. 15. O mandato judicial ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente
aos advogados que integram sociedade de que façam parte, e será exercido no
interesse do cliente, respeitada a liberdade de defesa.
Art. 16. O mandato judicial ou extrajudicial não extingue pelo decurso de tempo,
desde que permaneça a confiança recíproca entre o outorgante e o seu patrono
no interesse da causa.
Art. 17. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou
reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não podem
representar em juízo clientes com interesses opostos.
Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando
acordes os interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o
advogado por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo
profissional.
Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-
empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional
e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.
Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à
moral ou à validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou
conhecido em consulta; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ético
quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado
segredos ou obtido seu parecer.
Art. 21. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar
sua própria opinião sobre a culpa do acusado.
Art. 22. O advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente que
pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem aceitar a indicação de outro
profissional para com ele trabalhar no processo.
Art. 23. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente,
como patrono e preposto do empregador ou cliente.
Art. 24. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato
pessoal do advogado da causa.
§ 1º. O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e
inequívoco conhecimento do cliente.
§ 2º. O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente
seus honorários com o substabelecente.
CAPÍTULO III
DO SIGILO PROFISSIONAL

Art. 25. O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu respeito,


salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja
afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo,
porém sempre restrito ao interesse da causa.
Art. 26. O advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial, sobre o
que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como
testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato
relacionado com pessoa de quem seja ou tenha sido advogado, mesmo que
autorizado ou solicitado pelo constituinte.
Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utilizadas nos
limites da necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo constituinte.
Parágrafo único. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares entre
advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.
CAPÍTULO IV
DA PUBLICIDADE

Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou


coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente
informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra atividade.
Art. 29. O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o número
da inscrição na OAB, podendo fazer referência a títulos ou qualificações,
especialização técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços,
horário do expediente e meios de comunicação, vedadas a sua veiculação pelo
rádio e televisão e a denominação de fantasia.
§ 1º. Títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de
advogado, conferidos por universidades ou instituições de ensino superior,
reconhecidas.
§ 2º. Especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos
doutrinadores ou legalmente reconhecidos.
§ 3º. Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre
constituição, colaboração e qualificação de componentes de escritório e
especificação de especialidades profissionais, bem como boletins informativos e
comentários sobre legislação, somente podem ser fornecidos a colegas, clientes,
ou pessoas que solicitem ou os autorizem previamente.
§ 4º. O anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente,
qualquer cargo, função ou relação de emprego e patrocínio que tenha exercido,
passível de captar clientela.
§ 5º. O uso das expressões "escritório de advocacia" ou "sociedade de
advogados" deve estar acompanhado da indicação de número de registro na OAB
ou do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem.
§ 6º. O anúncio, no Brasil, deve adotar o idioma português e, quando em idioma
estrangeiro, deve estar acompanhado da respectiva tradução.
Art. 30. O anúncio sob a forma de placas, na sede profissional ou na residência
do advogado, deve observar discrição quanto ao conteúdo, forma e dimensões,
sem qualquer aspecto mercantilista, vedada a utilização de outdoor ou
equivalente.
Art. 31. O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, figuras,
desenhos, logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da
advocacia, sendo proibido o uso dos símbolos oficiais e dos que sejam utilizados
pela Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 1º. São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou
forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir o
público, informações de serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta ou
indiretamente, captação de causa ou clientes, bem como menção ao tamanho,
qualidade e estrutura da sede profissional.
§ 2º. Considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado mediante
remessa de correspondência a uma coletividade, salvo para comunicar a clientes
e colegas a instalação ou mudança de endereço, a indicação expressa do seu
nome e escritório em partes externas de veiculo, ou a inserção de seu nome em
anúncio relativo a outras atividades não advocatícias, faça delas parte ou não.
Art. 32. O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou
de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou de qualquer
outro meio, para manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente
ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou
profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por
seus colegas de profissão.
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer
modo e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral,
deve o advogado evitar insinuações a promoção pessoal ou profissional, bem
como o debate de caráter sensacionalista.
Art. 33. O advogado deve abster-se de:

I - responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos meios de


comunicação social, com intuito de promover-se profissionalmente;
II - debater, em qualquer veiculo de divulgação, causa sob seu patrocínio ou
patrocínio de colega;
III - abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da
instituição que o congrega;
IV - divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e demandas;
V - insinuar-se para reportagens e declarações públicas.
Art. 34. A divulgação pública, pelo advogado, de assuntos técnicos ou jurídicos
de que tenha ciência em razão do exercício profissional como advogado
constituído, assessor jurídico ou parecerista, deve limitar-se a aspectos que não
quebrem ou violem o segredo ou sigilo profissional.
CAPÍTULO V
DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS
Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção bem como sua
majoração decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como
necessários, devem ser previstos em contrato escrito qualquer que seja o objeto e
o meio da prestação do serviço profissional, contendo todas as especificações e
forma de pagamento, inclusive no caso de acordo.
§ 1º. Os honorários da sucumbência não excluem os contratados, porém devem
ser levados em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre
presente o que foi ajustado na aceitação da causa.
§ 2º. A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores que
devam ser entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se houver prévia
autorização ou previsão contratual.
§ 3º. A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e
extrajudiciais, inclusive eventual remuneração de outro profissional, advogado ou
não, para desempenho de serviço auxiliar ou complementar técnico e
especializado, ou com incumbência pertinente fora da Comarca, devem integrar as
condições gerais do contrato.
Art. 36. Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação,
atendidos os elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;
II - o trabalho e o tempo necessários;
III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou
de desavir com outros clientes ou terceiros;
IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele
resultante do serviço profissional;
V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso,
habitual ou permanente;
VI - o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;
VII - a competência e o renome do profissional;
VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
Art. 37. Em face da imprevisibilidade do prazo de tramitação da demanda,
devem ser delimitados os serviços profissionais a se prestarem nos procedimentos
preliminares, judiciais ou conciliatórios, a fim de que outras medidas, solicitadas ou
necessárias, incidentais ou não, diretas ou indiretas, decorrentes da causa,
possam ter novos honorários estimados, e da mesma forma receber do
constituinte ou cliente a concordância hábil.
Art. 38. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser
necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos de
honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas em
favor do constituinte ou do cliente.
Parágrafo único. A participação do advogado em bens particulares de cliente,
comprovadamente sem condições pecuniárias, só é tolerada em caráter
excepcional, e desde que contratada por escrito.
Art. 39. A celebração de convênios para prestação de serviços jurídicos com
redução dos valores estabelecidos na Tabela de Honorários implica captação de
clientes ou causa, salvo se as condições peculiares da necessidade e dos
carentes puderem ser demonstradas com a devida antecedência ao respectivo
Tribunal de Ética e Disciplina, que deve analisar a sua oportunidade.
Art. 40. Os honorários advocatícios devidos ou fixados em tabelas no regime da
assistência judiciária não podem ser alterados no quantum estabelecido; mas a
verba honorária decorrente da sucumbência pertence ao advogado.
Art. 41. O advogado deve evitar o aviltamento de valores dos serviços
profissionais, não os fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo fixado pela
Tabela de Honorários, salvo motivo plenamente justificável.
Art. 42. O critério por honorários advocatícios, seja do advogado, seja de
sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro
título de crédito de natureza mercantil, exceto a emissão de fatura, desde que
constitua exigência do constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito,
vedada a tiragem de protesto.
Art. 43. Havendo necessidade de arbitramento e cobrança judicial dos
honorários advocatícios, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa,
fazendo-se representar por um colega.
CAPÍTULO VI
DO DEVER DE URBANIDADE

Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os


funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual
tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem direito.
Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem escorreita e
polida, esmero e disciplina na execução dos serviços.
Art. 46. O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado ou dativo,
deve comportar-se com zelo, empenhando-se para que o cliente se sinta
amparado e tenha a expectativa de regular desenvolvimento da demanda.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 47. A falta ou inexistência, neste Código, de definição ou orientação sobre
questão de ética profissional, que seja relevante para o exercício da advocacia ou
dele advenha, enseja consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina ou
do Conselho Federal.
Art. 48. Sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas deste
Código, do Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o Presidente do
Conselho Seccional, da Subseção, ou do Tribunal de Ética e Disciplina deve
chamar a atenção do responsável para o dispositivo violado, sem prejuízo da
instauração do competente procedimento para apuração das infrações e aplicação
das penalidades cominadas

TÍTULO II
DO PROCESSO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA

Art. 49. O Tribunal de Ética e Disciplina é competente para orientar e aconselhar


sobre ética profissional, respondendo às consultas em tese, e julgar os processos
disciplinares.
Parágrafo único. O Tribunal reunir-se-á mensalmente ou em menor período, se
necessário, e todas as sessões serão plenárias.
Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina:
I - instaurar, de oficio, o processo competente sobre ato ou matéria que
considere passível de configurar, em tese, infração a princípio ou norma de ética
profissional;
II - organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões
a respeito de ética profissional, inclusive junto aos Cursos Jurídicos, visando à
formação da consciência dos futuros profissionais para problemas fundamentais
da Ética;
III - expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos
previstos nos regulamentos e costumes do foro;
IV - mediar e conciliar nas questões que envolvam:
a) dúvidas e pendências entre advogados;
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante
substabelecimento, ou decorrente de sucumbência;controvérsias surgidas quando
da dissolução de sociedade de advogados.
CAPÍTULO II
DOS PROCEDIMENTOS
Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação
dos interessados, que não pode ser anônima.
§ 1º. Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou da
Subseção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus
integrantes, para presidir a instrução processual.
§ 2º. O relator pode propor ao Presidente do Conselho Seccional ou da
Subseção o arquivamento da representação, quando estiver desconstituída dos
pressupostos de admissibilidade.
§ 3º. A representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes dos
Conselhos Seccionais é processada e julgada pelo Conselho Federal.
Art. 52. Compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos
interessados para esclarecimentos, ou do representado para a defesa prévia, em
qualquer caso no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º. Se o representado não for encontrado ou for revel, o Presidente do
Conselho ou da Subseção deve designar-lhe defensor dativo.
§ 2º. Oferecidos a defesa prévia, que deve estar acompanhada de todos os
documentos, e o rol de testemunhas, até o máximo de cinco, é proferido o
despacho saneador e, ressalvada a hipótese do § 2º do artigo 73 do Estatuto,
designada a audiência para oitiva do interessado e do representado e das
testemunhas, devendo o interessado, o representado ou seu defensor incumbir-se
do comparecimento de suas testemunhas, na data e hora marcadas.
§ 3º. O relator pode determinar a realização de diligências que julgar
convenientes.
§ 4º. Concluída a instrução, será aberto o prazo sucessivo de 15 (quinze) dias
para a apresentação de razões finais pelo interessado e pelo representado, após a
juntada da última intimação.
§ 5º. Extinto o prazo das razões finais, o relator profere parecer preliminar, a ser
submetido ao Tribunal.
Art. 53. O Presidente do Tribunal, após o recebimento do processo devidamente
instruído, designa relator para proferir o voto.
§ 1º. O processo é inserido automaticamente na pauta da primeira sessão de
julgamento, após o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebimento pelo Tribunal,
salvo se o relator determinar diligências.
§ 2º. O representante é intimado pela Secretaria do Tribunal para a defesa oral
na sessão, com 15 (quinze) dias de antecedência.
§ 3º. A defesa oral é produzida na sessão de julgamento perante o Tribunal, após
o voto do relator, no prazo de 15 (quinze) minutos, pelo representado ou por seu
advogado.
Art. 54. Ocorrendo a hipótese do artigo 70, § 3º, do Estatuto, na sessão especial
designada pelo Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado ou ao seu
defensor a apresentação de defesa, a produção de prova e a sustentação oral,
restritas, entretanto, à questão do cabimento, ou não, da suspensão preventiva.
Art. 55. O expediente submetido à apreciação do Tribunal é autuado pela
Secretaria, registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou Turmas
julgadoras, quando houver.
Art. 56. As consultas formuladas recebem autuação em apartado, e a esse
processo são designados relator e revisor, pelo Presidente.
§ 1º. O relator e o revisor têm prazo de dez (10) dias, cada um, para elaboração
de seus pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para
julgamento.
§ 2º. Qualquer dos membros pode pedir vista do processo pelo prazo de uma
sessão e desde que a matéria não seja urgente, caso em que o exame deve ser
procedido durante a mesma sessão. Sendo vários os pedidos, a Secretaria
providencia a distribuição do prazo, proporcionalmente, entre os interessados.
§ 3º. Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor, nessa
ordem, têm preferência na manifestação.
§ 4º. O relator permitirá aos interessados produzir provas, alegações e
arrazoados, respeitado o rito sumário atribuído por este Código.
§ 5º. Após o julgamento, os autos vão ao relator designado ou ao membro que
tiver parecer vencedor para lavratura de acórdão, contendo ementa a ser
publicada no órgão oficial do Conselho Seccional.
Art. 57. Aplica-se ao funcionamento das sessões do Tribunal o procedimento
adotado no Regimento Interno do Conselho Seccional.
Art. 58. Comprovado que os interesses no processo nele tenham intervindo de
modo temerário, com sentido de emulação ou procrastinação, tal fato caracteriza
falta de ética passível de punição.
Art. 59. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode
suspender temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura
impostas, desde que o infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a
freqüentar e conclua, comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade
equivalente, sobre Ética Profissional do Advogado, realizado por entidade de
notória idoneidade.
Art. 60. Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina, ao
Conselho Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto, do Regulamento
Geral e do Regimento Interno do Conselho Seccional.
Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao
Conselho Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus
julgados.
Art. 61. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prescrita no artigo 73, §
5º, do Estatuto.
CAPÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 62. O Conselho Seccional deve oferecer os meios e suporte imprescindíveis


para o desenvolvimento das atividades do Tribunal.
Art. 63. O Tribunal de Ética e Disciplina deve organizar seu Regimento Interno, a
ser submetido ao Conselho Seccional e, após, ao Conselho Federal.
Art. 64. A pauta de julgamentos do Tribunal é publicada em órgão oficial e no
quadro de avisos gerais, na sede do Conselho Seccional, com antecedência de 07
(sete) dias, devendo ser dada prioridade nos julgamentos para interessados que
estiverem presentes.
Art. 65. As regras deste Código obrigam igualmente as sociedades de
advogados e os estagiários, no que lhes forem aplicáveis.
Art. 66. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data de sua
publicação, cabendo ao Conselho Federal e Seccionais e às Subseções da OAB
promover a sua ampla divulgação, revogadas as disposições em contrário.
Brasília - DF, 13 de fevereiro de 1995.
JOSÉ ROBERTO BATOCHIO
Presidente
MODESTO CARVALHOSA
Relator
Comissão Revisora: LICÍNIO LEAL BARBOSA, Presidente; ROBISONBARONI,
Secretário e Sub-relator; NILZARDO CARNEIRO LEÃO, JOSÉ CID CAMPELO e
SÉRGIO FERRAZ, Membros
Del0227

DECRETO-LEI Nº 227, DE 28 DE FEVEREIRO DE 1967.


Dá nova redação ao Decreto-lei nº 1.985, de 29
de janeiro de 1940. (Código de Minas)

Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 9º, par. 2º, do
Ato Institucional nº 4, de 07/12/1966, e

"Considerando que da experiência de vinte e sete anos de aplicação do atual


Código de Minas foram colhidos ensinamentos que impede aproveitar;

Considerando que a notória evolução da ciência e da tecnologia, nos anos após a


2a. Guerra Mundial, introduziu alterações profundas na utilização das substâncias
minerais;

Considerando que cumpre atualizar as disposições legais de salvaguarda dos


superiores interesses nacionais, que evoluem com o tempo;

Considerando que ao Estado incumbe adaptar as normas que regulam atividades


especializadas à evolução da técnica, a fim de proteger a capacidade competitiva
do País nos mercados internacionais;

Considerando que, na colimação desses objetivos, é oportuno adaptar o direito de


mineração à conjuntura;

Considerando, mais, quanto consta da Exposição de Motivos número 6-67-GB, de


20 de fevereiro de 1967, dos Senhores Ministros das Minas e Energia, Fazenda e
Planejamento e Coordenação Econômica, decreta:" (Redação dada pelo
Decreto-Lei nº 318, de 14.3.1967)

CÓDIGO DE MINERAÇÃO

CAPÍTULO I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º Compete à União administrar os recursos minerais, a indústria de produção mineral e a


distribuição, o comércio e o consumo de produtos minerais.

Art. 2° Os regimes de aproveitamento das substâncias minerais, para efeito deste


Código, são: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

I - regime de concessão, quando depender de portaria de concessão do Ministro de

file:///C|/Meus documentos/DL227 MINERAÇÃO ATUAL_arquivos/legisla_arquivos/Del0227.htm (1 of 28) [11/02/2001 13:35:43]


Del0227

Estado de Minas e Energia; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará de autorização


do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM;
(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em obediência


a regulamentos administrativos locais e de registro da licença no Departamento
Nacional de Produção Mineral - DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de portaria de


permissão do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral -
DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

V - regime de monopolização, quando, em virtude de lei especial, depender de


execução direta ou indireta do Governo Federal. (Inciso acrescentado pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos órgãos da


administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, sendo-lhes permitida a extração de substâncias minerais de emprego
imediato na construção civil, definidas em Portaria do Ministério de Minas e
Energia, para uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente,
respeitados os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas
as obras e vedada a comercialização. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.827,
de 27.8.1999)

Art. 3º Este Código regula:

I - os direitos sobre as massas individualizadas de substâncias minerais ou fósseis, encontradas


na superfície ou no interior da terra, formando os recursos minerais do País;

II - o regime de seu aproveitamento; e

III - a fiscalização pelo Governo Federal, da pesquisa, da lavra e de outros aspectos da indústria
mineral.

§ 1º Não estão sujeitos aos preceitos deste Código os trabalhos de movimentação


de terras e de desmonte de materiais in natura, que se fizerem necessários à
abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplenagem e de edificações,
desde que não haja comercialização das terras e dos materiais resultantes dos
referidos trabalhos e ficando o seu aproveitamento restrito à utilização na própria
obra. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 2º Compete ao Departamento Nacional da Produção Mineral ou fóssil, aflorando à


superfície ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a
jazida em lavra, ainda que suspensa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314,
de 14.11.1996)

Art. 4º Considera-se jazida toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando
à superficie ou existente no interior da terra, e que tenha valor econômico; e mina, a jazida em
lavra, ainda que suspensa.

Art. 5º Revogado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: Classificam-se as jazidas para efeito deste Código, em 9 (nove)


classes:

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Classe I - jazidas de substâncias minerais metalíferas;

Classe II - jazidas de substâncias minerais de emprego imediato na construção


civil;

Classe III - jazidas de fertilizantes;

Classe IV - jazidas de combustíveis fósseis sólidos;

Classe V - jazidas de rochas betuminosas e pirobetuminosas;

Classe VI - jazidas de gemas e pedras ornamentais;

Classe VII - jazidas de minerais industriais, não incluídas nas classes precedentes;

Classe VIII - jazidas de águas minerais;

Classe IX - jazidas de águas subterrâneas.

§ 1º A classificação acima não abrange as jazidas de combustíveis líquidos, gases


naturais e jazidas de substâncias minerais de uso na energia nuclear.

§ 2º A especificação das substâncias minerais, relacionadas em cada classe,


constará de decreto do Governo Federal, sendo alterada quando o exigir o
progresso tecnológico

§ 3º No caso de substância mineral de destinação múltipla, sua classificação


resultará da aplicação predominante.

§ 4º Cabe ao D.N.P.M. dirimir dúvidas sobre a classificação das jazidas.

Art. 6º Classificam-se as minas, segundo a forma representativa do direito de lavra, em duas


categorias:

I - mina manifestada, a em lavra, ainda que transitoriamente suspensa a 16 de julho


de 1934 e que tenha sido manifestada na conformidade do art. 10 do Decreto n°
24.642, de 10 de julho de 1934, e da Lei n° 94, de 10 de dezembro de 1935;
(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - mina concedida, quando o direito de lavra é outorgado pelo Ministro de Estado


de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Parágrafo único. Consideram-se partes integrantes da mina:

a) edifícios, construções, máquinas, aparelhos e instrumentos destinados à mineração e ao


beneficiamento do produto da lavra, desde que este seja realizado na área de concessão da
mina:

b) servidões indispensáveis ao exercício da lavra;

c) animais e veículos empregados no serviço;

d) materiais necessários aos trabalhos da lavra, quando dentro da área concedida; e,

e) provisões necessárias aos trabalhos da lavra, para um período de 120 (cento e vinte) dias.

Art. 7º O aproveitamento das jazidas depende de alvará de autorização de


pesquisa, do Diretor-Geral do DNPM, e de concessão de lavra, outorgada pelo
Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de

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14.11.1996)

Parágrafo único. Independe de concessão do Governo Federal o aproveitamento


de minas manifestadas e registradas, as quais, no entanto, são sujeitas às
condições que este Código estabelece para a lavra, tributação e fiscalização das
minas concedidas. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 8º Revogado pela Lei nº 6.567, de 24.9.1978:

Texto original: Faculta-se ao propritário do solo ou a quem dele tiver expressa


autorização, o aproveitamento imediato pelo regime de Licenciamento, das jazidas
enquadradas na Classe II, desde que tais materiais sejam utilizados "in natura"
para o preparo de agregados, pedras de talhe ou argamassas, e não se destinem,
como matéria´prima, à industria de transformação.

§ 1º O Licenciamento cabe às autoridades locais, mas é necessária a inscrição do


contribuinte do Ministério da Fazenda para efeito do imposto único sobre minerais.

§ 2º após o Licienciamento, o interessado poderá optar pelo regime de Autorização


e Concessão, o qual será obrigatório, se no correr dos trabalhos, ficar positivada
ocorrência comercial de substância mineral não enquadrável na Classe II.

§ 3º Não estão sujeitos aos preceitos deste Código, os trabalhos de movimentação


de terras e de desmonte de materiais "in natura", que se fizerem necessários à
abertura de vias de transporte, obras gerais de terraplenagem e de construção de
fortificações.

Art. 9º Far-se-á pelo regime de matrícula o aproveitamento definido e caracterizado como


garimpagem, faiscação ou cata.

Art. 10 Reger-se-ão por Leis especiais:

I - as jazidas de substâncias minerais que constituem monopólio estatal;

II - as substâncias minerais ou fósseis de interesse arqueológico;

III - os espécimes minerais ou fósseis, destinados a Museus, Estabelecimentos de Ensino e


outros fins científicos;

IV - as águas minerais em fase de lavra; e

V - as jazidas de águas subterrâneas.

Art. 11. Serão respeitados na aplicação dos regimes de Autorização,


Licenciamento e Concessão: (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

a) o direito de prioridade à obtenção da autorização de pesquisa ou de registro de


licença, atribuído ao interessado cujo requerimento tenha por objeto área
considerada livre, para a finalidade pretendida, à data da protocolização do pedido
no Departamento Nacional da Produção Mineral (D.N.P.M), atendidos os demais
requisitos cabíveis, estabelecidos neste Código; e (Redação dada pela Lei nº
6.403, de 15.12.1976)

b) o direito à participação do proprietário do solo nos resultados da lavra. (Redação


dada pela Lei nº 8.901, de 30.6.1994)

§ 1º A participação de que trata a alínea b do caput deste artigo será de cinqüenta


por cento do valor total devido aos Estados, Distrito Federal, Municípios e órgãos

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da administração direta da União, a título de compensação financeira pela


exploração de recursos minerais, conforme previsto no caput do art. 6º da Lei nº
7.990, de 29/12/89 e no art. 2º da Lei nº 8.001, de 13/03/90. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 8.901, de 30.6.1994)

§ 2º O pagamento da participação do proprietário do solo nos resultados da lavra


de recursos minerais será efetuado mensalmente, até o último dia útil do mês
subseqüente ao do fato gerador, devidamente corrigido pela taxa de juros de
referência, ou outro parâmetro que venha a sustituí-la. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.901, de 30.6.1994)

§ 3º O não cumprimento do prazo estabelecido no parágrafo anterior implicará


correção do débito pela variação diária da taxa de juros de referência, ou outro
parâmetro que venha a substituí-la, juros de mora de um por cento ao mês e multa
de dez por cento aplicada sobre o montante apurado. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 8.901, de 30.6.1994)

Art. 12 O direito de participação de que trata o artigo anterior não poderá ser objeto de
transferência ou caução separadamente do imóvel a que corresponder, mas o proprietário deste
poderá:

I - transferir ou caucionar o direito ao recebimento de determinadas prestações futuras;

II - renunciar ao direito.

Parágrafo único Os atos enumerados neste artigo somente valerão contra terceiros a partir da
sua inscrição no Registro de Imóveis.

Art. 13 As pessoas naturais ou jurídicas que exerçam atividades de pesquisa, lavra,


beneficiamento, distribuição, consumo ou industrialização de reservas minerais, são obrigadas a
facilitar aos agentes do Departamento Nacional da Produção Mineral a inspeção de instalações,
equipamentos e trabalhos, bem como a fornecer-lhes informações sobre:

I - volume da produção e características qualitativas dos produtos;

II - condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da exploração das atividades


mencionadas no "caput" deste artigo;

III - mercados e preços de venda;

IV - quantidade e condições técnicas e econômicas do consumo de produtos minerais.


CAPÍTULO II

Da Pesquisa Mineral

Art. 14 Entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da
jazida, sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico.

§ 1º A pesquisa mineral compreende, entre outros, os seguintes trabalhos de campo e de


laboratório: levantamentos geológicos pormenorizados da área a pesquisar, em escala
conveniente, estudos dos afloramentos e suas correlações, levantamentos geofísicos e
geoquímicos; aberturas de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo mineral;
amostragens sistemáticas; análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de
sondagens; e ensaios de beneficiamento dos minérios ou das substâncias minerais úteis, para
obtenção de concentrados de acordo com as especificações do mercado ou aproveitamento
industrial.

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§ 2º A definição da jazida resultará da coordenação, correlação e interpretação dos dados


colhidos nos trabalhos executados, e conduzirá a uma medida das reservas e dos teores.

§ 3º A exeqüibilidade do aproveitamento econômico resultará da análise preliminar dos custos da


produção, dos fretes e do mercado.

Art. 15. A autorização de pesquisa será outorgada pelo DNPM a brasileiros, pessoa
natural, firma individual ou empresas legalmente habilitadas, mediante
requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Parágrafo único. Os trabalhos necessários à pesquisa serão executados sob a


responsabilidade profissional de engenheiro de minas, ou de geólogo, habilitado ao
exercício da profissão. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 16. A autorização de pesquisa será pleiteada em requerimento dirigido ao


Diretor-Geral do DNPM, entregue mediante recibo no protocolo do DNPM, onde
será mecanicamente numerado e registrado, devendo ser apresentado em duas
vias e conter os seguintes elementos de instrução: (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

I - nome, indicação da nacionalidade, do estado civil, da profissão, do domicílio e do


número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda, do
requerente, pessoa natural. Em se tratando de pessoa jurídica, razão social,
número do registro de seus atos constitutivos no Órgão de Registro de Comércio
competente, endereço e número de inscrição no Cadastro Geral dos Contribuintes
do Ministério da Fazenda; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - prova de recolhimento dos respectivos emolumentos; (Redação dada pela Lei


nº 9.314, de 14.11.1996)

III - designação das substâncias a pesquisar; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

IV - indicação da extensão superficial da área objetivada, em hectares, e do


Município e Estado em que se situa; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

V - memorial descritivo da área pretendida, nos termos a serem definidos em


portaria do Diretor-Geral do DNPM; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

VI - planta de situação, cuja configuração e elementos de informação serão


estabelecidos em portaria do Diretor-Geral do DNPM; (Inciso acrescentado pela
Lei nº 9.314, de 14.11.199)

VII - plano dos trabalhos de pesquisa, acompanhado do orçamento e cronograma


previstos para sua execução. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

§ 1° O requerente e o profissional responsável poderão ser interpelados pelo


DNPM para justificarem o plano de pesquisa e o orçamento correspondente
referidos no inciso VII deste artigo, bem como a disponibilidade de
recursos.(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 2° Os trabalhos descritos no plano de pesquisa servirão de base para a avaliação


judicial da renda pela ocupação do solo e da indenização devida ao proprietário ou
posseiro do solo, não guardando nenhuma relação com o valor do orçamento

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apresentado pelo interessado no referido plano de pesquisa. (Parágrafo


acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 3° Os documentos a que se referem os incisos V, VI e VII deste artigo deverão


ser elaborados sob a responsabilidade técnica de profissional legalmente
habilitado. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 17. Será indeferido de plano pelo Diretor-Geral do DNPM o requerimento


desacompanhado de qualquer dos elementos de instrução referidos nos incisos I a
VII do artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 1° Será de sessenta dias, a contar da data da publicação da respectiva intimação


no Diário Oficial da União, o prazo para cumprimento de exigências formuladas
pelo DNPM sobre dados complementares ou elementos necessários à melhor
instrução do processo. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 2° Esgotado o prazo de que trata o parágrafo anterior, sem que haja o requerente
cumprido a exigência, o requerimento será indeferido pelo Diretor-Geral do DNPM.
(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 18. A área objetivada em requerimento de autorização de pesquisa ou de


registro de licença será considerada livre, desde que não se enquadre em
quaisquer das seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 6.403, de
15.12.1976)

I - se a área estiver vinculada à autorização de pesquisa, registro de licença,


concessão da lavra, manifesto de mina ou permissão de reconhecimento geológico;
(edação dada pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

II - se a área for objeto de pedido anterior de autorização de pesquisa, salvo se este


estiver sujeito a indeferimento, nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº
6.403, de 15.12.1976)

a) por enquadramento na situação prevista no caput do artigo anterior e no § 1º


deste artigo; e

b) por ocorrência, na data de protocolização do pedido, de impedimento à obtenção


do título pleiteado, decorrente das restrições impostas no parágrafo único do Art. 23
e no Art. 26 deste Código;

III - se a área for objeto de requerimento anterior de registro de licença, ou estiver


vinculada a licença, cujo registro venha a ser requerido dentro do prazo de 30 dias
de sua expedição; (Inciso acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

IV - se a área estiver vinculada a requerimento de renovação de autorização de


pesquisa, tempestivamente apresentado e pendente de decisão; (Inciso
acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

V - se a área estiver vinculada à autorização de pesquisa, com relatório dos


respectivos trabalhos tempestivamnte apresentado e pendente de decisão; (Inciso
acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

VI - se a área estiver vinculada à autorização de pesquisa, com relatório dos


respectivos trabalhos aprovado, e na vigêrcia do direito de requerer a concessão da
lavra, atribuído nos termos do Art. 31 deste Código. (Inciso acrescentado pela Lei
nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 1º Não estando livre a área pretendida, o requerimento será indeferido por

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despacho do Diretor-geral do Departamento Nacional da Produção Mineral


(D.N.P.M.), assegurada ao interessado a restituição de uma das vias das peças
apresentadas em duplicata, bem como dos documentos públicos, integrantes da
respectiva instrução. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 2º Ocorrendo interferência parcial da área objetivada no requerimento, com área


onerada nas circunstâncias referidas nos itens I a VI deste artigo, e desde que a
realização da pesquisa, ou a execução do aproveitamento mineral por
licenciamento, na parte remanescente, seja considerada técnica e economicamente
viável, a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - será
facultada ao requerente a modificação do pedido, para retificação da área
originalmente definida, procedendo-se, neste caso, de conformidade com o
disposto nos §§ 1º e 2º do artigo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
6.403, de 15.12.1976)

Art. 19. Do despacho que indeferir o pedido de autorização de pesquisa ou de sua


renovação, caberá pedido de reconsideração, no prazo de 60 (sessenta) dias,
contados da publicação do despacho no Diário Oficial da União. (Redação dada
pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 1º Do despacho que indeferir o pedido de reconsideração caberá recurso ao


Ministro das Minas e Energia, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da publicação
do despacho no Diário Oficial da União. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
6.403, de 15.12.1976)

§ 2º A interposição do pedido de reconsideração sustará a tramitação de


requerimento de autorização de pesquisa que, objetivando área abrangida pelo
requerimento concernente ao despacho recorrido, haja sido protocolizado após o
indeferimento em causa, até que seja decidido o pedido de reconsideração ou o
eventual recurso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 3º Provido o pedido de reconsideração ou o recurso, caberá o indeferimento do


requerimento de autorização de pesquisa superveniente, de que trata o parágrafo
anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

Art. 20. A autorização de pesquisa importa nos seguintes pagamentos: (Redação


dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

I - pelo interessado, quando do requerimento de autorização de pesquisa, de


emolumentos em quantia equivalente a duzentas e setenta vezes a expressão
monetária UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991;
(Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - pelo titular de autorização de pesquisa, até a entrega do relatório final dos


trabalhos ao DNPM, de taxa anual, por hectare, admitida a fixação em valores
progressivos em função da substância mineral objetivada, extensão e localização
da área e de outras condições, respeitado o valor máximo de duas vezes a
expressão monetária UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de
dezembro de 1991. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 1° O Ministro de Estado de Minas e Energia, relativamente à taxa de que trata o


inciso II do caput deste artigo, estabelecerá, mediante portaria, os valores, os
prazos de recolhimento e demais critérios e condições de pagamento. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976 e alterado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

§ 2° Os emolumentos e a taxa referidos, respectivamente, nos incisos I e II do

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caput deste artigo, serão recolhidos ao Banco do Brasil S.A. e destinados ao


DNPM, nos termos do inciso III do caput do art. 5° da Lei n° 8.876, de 2 de maio de
1994. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976 e alterado pela
Lei nº 9.314, de 14.11.199)

§ 3° O não pagamento dos emolumentos e da taxa de que tratam, respectivamente,


os incisos I e II do caput deste artigo, ensejará, nas condições que vierem a ser
estabelecidas em portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia, a aplicação
das seguintes sanções: (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de
15.12.1976 e alterado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

I - tratando-se de emolumentos, indeferimento de plano e conseqüente


arquivamento do requerimento de autorização de pesquisa;

II - tratando-se de taxa:

a) multa, no valor máximo previsto no art. 64;

b) nulidade ex officio do alvará de autorização de pesquisa, após imposição de


multa.

Art. 21. Revogado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: A autorização de pesquisa será outorgada por Alvará do Ministro das
Minas e Energia, no qual serão indicadas as propriedades compreendidas na área
da pesquisa e definida esta pela sua localização, limitação e extensão superficial
em nectares.

Parágrafo único. O título será uma via autêntica do Alvará de Pesquisa, publicado
no Diário Oficial da União, e transcrito no livro próprio do D.N.P.M.

Art. 22. A autorização de pesquisa será conferida nas seguintes condições, além
das demais constantes deste Código: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.199)

I - o título poderá ser objeto de cessão ou transferência, desde que o cessionário


satisfaça os requisitos legais exigidos. Os atos de cessão e transferência só terão
validade depois de devidamente averbados no DNPM; (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

II - é admitida a renúncia à autorização, sem prejuízo do cumprimento, pelo titular,


das obrigações decorrentes deste Código, observado o disposto no inciso V deste
artigo, parte final, tornando-se operante o efeito da extinção do título autorizativo na
data da protocolização do instrumento de renúncia, com a desoneração da área, na
forma do art. 26 deste Código; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

III - o prazo de validade da autorização não será inferior a um ano, nem superior a
três anos, a critério do DNPM, consideradas as características especiais da
situação da área e da pesquisa mineral objetivada, admitida a sua prorrogação, sob
as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

a) a prorrogação poderá ser concedida, tendo por base a avaliação do


desenvolvimento dos trabalhos, conforme critérios estabelecidos em portaria do
Diretor-Geral do DNPM;

b) a prorrogação deverá ser requerida até sessenta dias antes de expirar-se o


prazo da autorização vigente, devendo o competente requerimento ser instruído
com um relatório dos trabalhos efetuados e justificativa do prosseguimento da

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pesquisa;

c) a prorrogação independe da expedição de novo alvará, contando-se o respectivo


prazo a partir da data da publicação, no Diário Oficial da União, do despacho que a
deferir;

IV - o titular da autorização responde, com exclusividade, pelos danos causados a


terceiros, direta ou indiretamente decorrentes dos trabalhos de pesquisa; (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

V - o titular da autorização fica obrigado a realizar os respectivos trabalhos de


pesquisa, devendo submeter à aprovação do DNPM, dentro do prazo de vigência
do alvará, ou de sua renovação, relatório circunstanciado dos trabalhos, contendo
os estudos geológicos e tecnológicos quantificativos da jazida e demonstrativos da
exeqüibilidade técnico-econômica da lavra, elaborado sob a responsabilidade
técnica de profissional legalmente habilitado. Excepcionalmente, poderá ser
dispensada a apresentação do relatório, na hipótese de renúncia à autorização de
que trata o inciso II deste artigo, conforme critérios fixados em portaria do
Diretor-Geral do DNPM, caso em que não se aplicará o disposto no § 1° deste
artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 1° A não apresentação do relatório referido no inciso V deste artigo sujeita o


titular à sanção de multa, calculada à razão de uma UFIR por hectare da área
outorgada para pesquisa. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

§ 2° É admitida, em caráter excepcional, a extração de substâncias minerais em


área titulada, antes da outorga da concessão de lavra, mediante prévia autorização
do DNPM, observada a legislação ambiental pertinente. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 23. Os estudos referidos no inciso V do art. 22 concluirão pela: (Redação dada
pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

I - exeqüibilidade técnico-econômica da lavra; (Inciso acrescentado pela Lei nº


9.314, de 14.11.1996)

II - inexistência de jazida; (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

III - inexeqüibilidade técnico-econômica da lavra em face da presença de fatores


conjunturais adversos, tais como: (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

a) inexistência de tecnologia adequada ao aproveitamento econômico da


substância mineral;

b) inexistência de mercado interno ou externo para a substância mineral."

Parágrafo único. Parágrafo suprimido pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: É vedada a autorização de novas pesquisas até que o titular faltoso
satisfaça a exigência deste artigo.

Art. 24. A retificação de alvará de pesquisa, a ser efetivada mediante despacho


publicado no Diário Oficial da União, não acarreta modificação no prazo original,
salvo se, a juízo do DNPM, houver alteração significativa no polígono delimitador da
área. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

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Parágrafo único. Na hipótese de que trata a parte final do caput deste artigo, será
expedido alvará retificador, contando-se o prazo de validade da autorização a partir
da data da publicação, no Diário Oficial da União, do novo título. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 25. As autorizações de pesquisa ficam adstritas às áreas máximas que forem
fixadas em portaria do Diretor-Geral do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314,
de 14.11.1996)

Art. 26. A área desonerada por publicação de despacho no Diário Oficial da União
ficará disponível pelo prazo de sessenta dias, para fins de pesquisa ou lavra,
conforme dispuser portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia. (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 1° Salvo quando dispuser diversamente o despacho respectivo, a área


desonerada na forma deste artigo ficará disponível para pesquisa. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 7.886, de 20.11.1989 e alterado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

§ 2° O Diretor-Geral do DNPM poderá estabelecer critérios e condições específicos


a serem atendidos pelos interessados no processo de habilitação às áreas
disponíveis nos termos deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.886,
de 20.11.1989 e alterado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 3° Decorrido o prazo fixado neste artigo, sem que tenha havido pretendentes, a
área estará livre para fins de aplicação do direito de prioridade de que trata a alínea
a do art. 11. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.886, de 20.11.1989 e
alterado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 4° As vistorias realizadas pelo DNPM, no exercício da fiscalização dos trabalhos


de pesquisa e lavra de que trata este Código, serão custeadas pelos respectivos
interessados, na forma do que dispuser portaria do Diretor-Geral da referida
autarquia. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.886, de 20.11.1989 e alterado
pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 27. O titular de autorização de pesquisa poderá realizar os trabalhos respectivos, e também
as obras e serviços auxiliares necessários, em terrenos de domínio público ou particular,
abrangidos pelas áreas a pesquisar, desde que pague aos respectivos proprietários ou posseiros
uma renda pela ocupação dos terrenos e uma indenização pelos danos e prejuízos que possam
ser causados pelos trabalhos de pesquisa, observadas as seguintes regras:

I - A renda não poderá exceder ao montante do rendimento líquido máximo da propriedade na


extensão da área a ser realmente ocupada;

II - A indenização por danos causados não poderá exceder o valor venal da propriedade na
extensão da área efetivamente ocupada pelos trabalhos de pesquisa, salvo no caso previsto no
inciso seguinte;

III - Quando os danos forem de molde a inutilizar para fins agrícolas e pastoris toda a
propriedade em que estiver encravada a área necessária aos trabalhos de pesquisa, a
indenização correspondente a tais danos poderá atingir o valor venal máximo de toda a
propriedade;

IV - Os valores venais a que se referem os incisos II e III serão obtidos por comparação com
valores venais de propriedade da mesma espécie, na mesma região;

V - No caso de terrenos públicos, é dispensado o pagamento da renda, ficando o titular da


pesquisa sujeito apenas ao pagamento relativo a danos e prejuízos;

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VI - Se o titular do Alvará de Pesquisa, até a data da transcrição do título de autorização, não


juntar ao respectivo processo prova de acordo com os proprietários ou posseiros do solo acerca
da renda e indenização de que trata este artigo, o Diretor-Geral do D. N. P. M., dentro de 3 (três)
dias dessa data, enviará ao Juiz de Direito da Comarca onde estiver situada a jazida, cópia do
referido título;

VII - Dentro de 15 (quinze) dias, a partir da data do recebimento dessa comunicação, o Juiz
mandará proceder à avaliação da renda e dos danos e prejuízos a que se refere este artigo, na
forma prescrita no Código de Processo Civil;

VIII - O Promotor de Justiça da Comarca será citado para os termos da ação, como
representante da União;

IX - A avaliação será julgada pelo Juiz no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da data do
despacho a que se refere o inciso VII, não tendo efeito suspensivo os recursos que forem
apresentados;

X - As despesas judiciais com o processo de avaliação serão pagas pelo titular da autorização de
pesquisa;

XI - Julgada a avaliação, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará o titular a depositar quantia
correspondente ao valor da renda de 2 (dois) anos e a caução para pagamento da indenização;

XII - Feitos esses depósitos, o Juiz, dentro de 8 (oito) dias, intimará os proprietários ou posseiros
do solo a permitirem os trabalhos de pesquisa, e comunicará seu despacho ao Diretor-Geral do
D. N. P. M. e, mediante requerimento do titular da pesquisa, às autoridades policiais locais, para
garantirem a execução dos trabalhos;

XIII - Se o prazo da pesquisa for prorrogado, o Diretor-Geral do D. N. P. M. o comunicará ao Juiz,


no prazo e condições indicadas no inciso VI deste artigo;

XIV - Dentro de 8 (oito) dias do recebimento da comunicação a que se refere o inciso anterior, o
Juiz intimará o titular da pesquisa a depositar nova quantia correspondente ao valor da renda
relativa ao prazo de prorrogação

XV - Feito esse depósito, o Juiz intimará os proprietários ou posseiros do solo, dentro de 8 (oito)
dias, a permitirem a continuação dos trabalhos de pesquisa no prazo da prorrogação, e
comunicará seu despacho ao Diretor-Geral do D. N. P. M. e às autoridades locais;

XVI - Concluídos os trabalhos de pesquisa, o titular da respectiva autorização e o Diretor-Geral


do D. N. P. M. Comunicarão o fato ao Juiz, a fim de ser encerrada a ação judicial referente ao
pagamento das indenizações e da renda.

Art. 28. Antes de encerrada a ação prevista no artigo anterior, as partes que se julgarem lesadas
poderão requerer ao Juiz que se lhes faça justiça.

Art. 29 O titular da autorização de pesquisa é obrigado, sob pena de sanções:

I - A iniciar os trabalhos de pesquisa:

a) dentro de 60 (sessenta) dias da publicação do Alvará de Pesquisa no Diário Oficial da União,


se o titular for o proprietário do sol ou tiver ajustado com este o valor e a forma de pagamento
das indenizações a que se refere o Artigo 27 deste Código; ou,

b) dentro de 60 (sessenta) dias do ingresso judicial na área de pesquisa, quando a avaliação da


indenização pela ocupação e danos causados processar-se em juízo.

II - A não interromper os trabalhos, sem justificativa, depois de iniciados, por mais

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de 3 (três) meses consecutivos, ou por 120 dias acumulados e não consecutivos.


(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 318, de 14.3.1967)

Parágrafo único. O início ou reinício, bem como as interrupções de trabalho, deverão ser
prontamente comunicados ao D. N. P. M., bem como a ocorrência de outra substância mineral
útl, não constante do Alvará de Autorização.

Art. 30. Realizada a pesquisa e apresentado o relatório exigido nos termos do


inciso V do art. 22, o DNPM verificará sua exatidão e, à vista de parecer conclusivo,
proferirá despacho de: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

I - aprovação do relatório, quando ficar demonstrada a existência de jazida;


(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - não aprovação do relatório, quando ficar constatada insuficiência dos trabalhos


de pesquisa ou deficiência técnica na sua elaboração; (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

III - arquivamento do relatório, quando ficar demonstrada a inexistência de jazida,


passando a área a ser livre para futuro requerimento, inclusive com acesso do
interessado ao relatório que concluiu pela referida inexistência de jazida; (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

IV - sobrestamento da decisão sobre o relatório, quando ficar caracterizada a


impossibilidade temporária da exeqüibilidade técnico-econômica da lavra, conforme
previsto no inciso III do art. 23. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

§ 1° Na hipótese prevista no inciso IV deste artigo, o DNPM fixará prazo para o


interessado apresentar novo estudo da exeqüibilidade técnico-econômica da lavra,
sob pena de arquivamento do relatório. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

§ 2° Se, no novo estudo apresentado, não ficar demonstrada a exeqüibilidade


técnico-econômica da lavra, o DNPM poderá conceder ao interessado,
sucessivamente, novos prazos, ou colocar a área em disponibilidade, na forma do
art. 32, se entender que terceiro poderá viabilizar a eventual lavra. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 3° Comprovada a exeqüibilidade técnico-econômica da lavra, o DNPM proferirá,


ex officio ou mediante provocação do interessado, despacho de aprovação do
relatório. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 31. O titular, uma vez aprovado o Relatório, terá 1 (hum) ano para requerer a concessão de
lavra, e, dentro deste prazo, poderá negociar seu direito a essa concessão, na forma deste
Código.

Parágrafo único. O DNPM poderá prorrogar o prazo referido no caput, por igual
período, mediante solicitação justificada do titular, manifestada antes de findar-se o
prazo inicial ou a prorrogação em curso. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

Art. 32. Findo o prazo do artigo anterior, sem que o titular, ou seu sucessor, haja
requerido concessão de lavra, caducará seu direito, caendo ao Diretor-Geral do
Departamento Nacional da Produção Mineral - D. N. P. M. - mediante Edital
publicado no Diário Oficial da União, declarar a disponibilidade da jazida
pesquisada, para fins de requerimento da concessão de lavra. (Redação dada pela

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Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 1º O Edital estabelecerá os requisitos especiais a serem atendidos pelos


requerentes da concessão de lavra, consoante as peculiaridades de cada caso.
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 2º Para determinação da prioridade à outorga da concessão de lavra, serão,


conjuntamente, apreciados os requerimentos protocolizados dentro do prazo que
for convenientemente fixado no Edital, definindo-se, dentre estes, como prioritário,
o pretendente que a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral - D. N.
P. M. - melhor atender aos interesses específicos do setor minerário. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

Art. 33 Para um conjunto de autorizações de pesquisa da mesma subst6ancia mineral em áreas


contíguas, ou próximas, o titular ou titulares das autorizações, poderão, a critério do D.N.P.M.,
apresentar um plano único de pesquisa e também um só Relatório dos trabalhos executados,
abrangendo todo o conjunto.

Art. 34 Sempre que o Governo cooperar com o titular da autorização nos trabalhos de pesquisa,
será reembolsado das despesas, de acordo com as condições estipuladas no ajuste de
cooperação técnica celebrado entre o D. N. P. M. e o titular.

Art. 35. A importância correspondente às despesas reembolsadas a que se refere o artigo


anterior será recolhida ao Banco do Brasil S/A, pelo titular, à conta do "Fundo Nacional de
Mineração - Parte Disponível.

CAPÍTULO III

Da Lavra

Art. 36. Entende-se por lavra o conjunto de operações coordenadas objetivando o


aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais úteis que
contiver, até o beneficiamento das mesmas.

Art. 37. Na outorga da lavra, serão observadas as seguintes condições:

I - a jazida deverá estar pesquisada, com o Relatório aprovado pelo D.N.P.M.;

II - a área de lavra será a adequada à condução técnico-econômica dos trabalhos de extração e


beneficiamento, respeitados os limites da área de pesquisa.

Parágrafo único. Não haverá restrições quanto ao número de concessões


outorgadas a uma mesma empresa. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

Art. 38. O requerimento de autorização de lavra será dirigido ao Ministro das Minas e Energia,
pelo titular da autorização de pesquisa, ou seu sucessor, e deverá ser instruído com os seguintes
elementos de informação e prova:

I - certidão de registro, no Departamento Nacional de Registro do Comércio, da


entidade constituída; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - designação das substâncias minerais a lavrar, com indicação do Alvará de Pesquisa


outorgado, e de aprovação do respectivo Relatório;

III - denominação e descrição da localização do campo pretendido para a lavra, relacionando-o,


com precisão e clareza, aos vales dos rios ou córregos, constantes de mapas ou plantas de
notória autenticidade e precisão, e estradas de ferro e rodovias, ou , ainda, a marcos naturais ou

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acidentes topográficos de inconfundível determinação; suas confrontações com autorização de


pesquisa e concessões de lavra vizinhas, se as houver, e indicação do Distrito, Município,
Comarca e Estado, e, ainda, nome e residência dos proprietários do solo ou posseiros;

IV - definição gráfica da área pretendida, delimitada por figura geométrica formada,


obrigatoriamente, por segmentos de retas com orientação Norte-Sul e Leste-Oeste verdadeiros,
com 2 (dois) de seus vértices, ou excepcionalmente 1 (um), amarrados a ponto fixo e
inconfundível do terreno, sendo os vetores de amarração definidos por seus comprimentos e
rumos verdadeiros, e configuradas, ainda, as propriedades territoriais por ela interessadas, com
os nomes dos respectivos superficiários, além de planta de situação;
V - servidões de que deverá gozar a mina;

VI - plano de aproveitamento econômico da jazida, com descrição das instalações de


beneficiamento;

VII - prova de disponibilidade de fundos ou da existência de compromissos de financiamento,


necessários para execução do plano de paroveitamento econômico e operação da mina.

Parágrafo único. Quando tiver por objeto área situada na faixa de fronteira, a
concessão de lavra fica ainda sujeita aos critérios e condições estabelecidas em lei.
(Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 39. O plano de aproveitamento econômico da jazida será apresentado em duas vias e
constará de:

I - Memorial explicativo;

II - Projetos ou anteprojetos referentes;

a) ao método de mineração a ser adotado, fazendo referência à escala de produção prevista


inicialmente e à sua projeção;

b) à iluminação, ventilação, transporte, sinalização e segurança do trabalho, quando se tratar de


lavra subterrânea;

c) ao transporte na superfície e ao beneficiamento e aglomeração do minério;

d) às instalações de energia, de abastecimento de água e condicionamento de ar;

e) à higiene da mina e dos respectivos trabalhos;

f) às moradias e suas condições de habitabilidade para todos os que residem no local da


mineração;

g) às instalações de captação e proteção das fontes, addução, distribuição e utilização da água,


para as jazidas da Classe VIII.

Art.40. O dimensionamento das instalações e equipamentos previstos no plano de


aproveitamento econômico da jazida, deverá ser condizente com a produçãojustificada no
Memorial Explicativo, e apresentar previsão das ampliações futuras.

Art. 41. O requerimento será numerado e registrado cronologicamente, no D.N.P.M., por


processo mecânico, sendo juntado ao processo que autorizou a respectiva pesquisa.

§ 1º Ao interessado será fornecido recibo com as indicações do protocolo e menção dos


documentos apresentados.

§ 2º Quando necessário cumprimento de exigência para menor instrução do processo, terá o

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requerente o prazo de 60 (sessenta) dias para satisfazê-las.

§ 3° Poderá esse prazo ser prorrogado, até igual período, a juízo do Diretor-Geral
do D.N.P.M., desde que requerido dentro do prazo concedido para cumprimento
das exigências. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 4° Se o requerente deixar de atender, no prazo próprio, as exigências formuladas


para melhor instrução do processo, o pedido será indeferido, devendo o D.N.P.M.
declarar a disponibilidade da área, para fins de requerimento de concessão de
lavra, na forma do art. 32. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

Art. 42. A autorização será recusada, se a lavra for considerada prejudicial ao bem público ou
comprometer interesses que superem a utilidade da exploração industrial, a juízo do Governo.
Neste último caso, o pesquisador terá direito de receber do Governo a indenização das despesas
feitas com os trabalhos de pesquisa, uma vez que haja sido aprovado o Relatório.

Art. 43. A concessão de lavra terá por título uma portaria assinada pelo Ministro de
Estado de Minas e Energia. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 44. O titular da concessão de lavra requererá ao DNPM a Posse da Jazida,


dentro de noventa dias a contar da data da publicação da respectiva portaria no
Diário Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Parágrafo único. O titular pagará uma taxa de emolumentos correspondente a


quinhentas UFIR. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 45. A imissão de Posse processar-se-á do modo sequinte:

I - serão intimados, por meio de ofício ou telegrama, os concessionários das minas limítrofes se
as houver. Com 8 (oito) dias de antecedência, para que, por si ou seus representantes possam
presenciar o ato, e, em especial, assistir à demarcação; e,

II - no dia e hora determinados, serão fixados, definitivamente, os marcos dos limites da jazida
que o concessionário terá para esse fim preparado, colocados precisamente nos pontos
indicados no Decreto de Concessão, dando-se, em seguida, ao concessionário, a Posse da
jazida.

§ 1º Do qe ocorrer, o representantedo D.N.P.M lavrará termo, que assinará com o titular da lavra,
testemunhas e concessionários das minas limítrofes, presentes ao ato.

§ 2º Os marcos deverão ser conservados bem visíveis e só poderão ser mudados com
autorização expressa do D.N.P.M.

Art. 46 Caberá recurso ao Ministro das Minas e Energia contra a Imissão de Posse, dentro d 15
(quinze) dias, contados da data do ato de imissão.

Parágrafo único. O recurso, se provido, anulará a Imissão de Posse.

Art. 47. Ficará obrigado otitular da concessão, além das condições gerais que constam deste
Código, ainda, às seguintes, sob pena de sanções previstas no Capítulo V:

I - iniciar os trabalhos previstos no plano de lavra, dentro do prazo de 6 (seis) meses, contados
da data da publicação do Decreto de Concessão no Diário Oficial da União, salvo motivo de força
maior, a juízo do D.N.P.M.;

II - Lavrar a jazida de acordo com o plano de lavra aprovado pelo D.N.P.M., e cuja segunda via,
devidamente autenticada, deverá ser mantida no local da mina;

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III - Extrair somente as substâncias minerais indicadas no Decreto de Concessão;

IV - Comunicar imediatamente ao D.N.P.M. o descobrimento de qualquer outra substância


mineral não incluída no Decreto de Concessão;

V - Executar os trabalhos de mineração com observância das normas regulamentares;

VI - Confiar, obrigatoriamente, a direção dos trabalhos de lavra a técnico legalmente habilitado ao


exercício da profissão;

VII - Não dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento ulterior da jazida;

VIII - Responder pelos danos e prejuízos a terceiros, que resultarem, direta ou indiretamente, da
lavra;

IX - Promover a segurança e a salubridade das habitações existentes no local;

X - Evitar o extravio das águas e drenar as que possam ocasionar danos e prejuízos aos
vizinhos;

XI - Evitar poluição do Art., ou da água, que possa resultar dos trabalhos de mineração;

XII - Proteger e conservar as Fontes, bem como utilizar as águas segundo os preceitos técnicos
quando se tratar de lavra de jazida da Classe VIII;

XIII - Tomar as providências indicadas pela Fiscalização dos órgãos Federais;

XIV - Não suspender os trabalhos de lavra, sem prévia comunicação ao D.N.P.M.;

XV - Mnater a mina em bom estado, no caso de suspensão tamporária dos trabalhos de lavra, de
modo a permitir a retomada das operações;

XVI - Apresentar ao Departamento Nacional da Produçào Mineral - D.N.P.M. - até o


dia 15 (quinze) de março de cada ano, relatório das atividades realizadas no ano
anterior. (Redação dada pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

Parágrafo único. Para o aproveitamento, pelo concessionário de lavra, de substâncias referidas


no item IV deste artigo, será necessário aditamento ao seu título de lavra.

Art. 48 - Considera-se ambiciosa, a lavra conduzida sem observância do plano preestabelecido,


ou efetuada de modo a impossibilitar o ulterior aproveitameto econômico da jazida.
Art. 49. Os trabalhos de lavra, uma vez iniciados, não poderão sr interrompidos por mais de 6
(seis) meses consecutivos, salvo motivo comprovado de força maior.

Art. 50 O Relatório Anual das atividades realizadas no ano anterior deverá conter, entre outros,
dados sobre os seguintes tópicos:

I - Método de lavra, transporte e distribuição no mercado consumidor, das substâncias minerais


extraídas;

II - Modificações verificadas nas reservas, características das substâncias minerais produzidas,


inclusive o teor mínimo economicamente compensador e a relação observada entre a substância
útil e o estéril;

III - Quadro mensal, em que figurem, pelo menos, os elementos de: produção, estoque, preço
médio de venda, destino do produto bruto e do beneficiado, recolhimento do Imposto Único e o
pagamento do Dízimo do proprietário;

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IV - Número de trabalhadores da mina e do beneficiamento;

V - Investimentos feitos na mina e nos trabalhos de pesquisa;

VI - Balanço anual da Empresa.

Art. 51. Quando o melhor conhecimento da jazida obtido durante os trabalhos de lavra justificar
mudanças no plano de aproveitamento econômico, ou as condições do mercado exigirem
modificações na escala de produção, deverá o concessionário propor as necessárias alterações
ao D.N.P.M., para exame e eventual aprovação do novo plano.

Art. 52. A lavra, praticada em desacordo com o plano aprovado pelo D.N.P.M., sujeita o
concessionário a sanções que podem ir gradativamente da advertência à caducidade.

Art. 53. A critério do D.N.P.M., várias concessões de lavra de um mesmo titular e da mesma
substância mineral, em áreas de um mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão ser
reunidas em uma só unidade de mineração, sob a denominação de Grupamento Mineiro.

Parágrafo único. O concessionário de um Grupamento Mineiro, a juízo do D.N.P.M., poderá


concentrar as atividades da lavra em uma ou algumas das concessões agrupadas contanto que
a intensidade da lavra seja compatível com a importância da reserva total das jazidas agrupadas.

Art. 54. Em zona que tenha sido declarada Reserva Nacional de determinada substância mineral,
o Governo poderá autorizar a pesquisa ou lavra de outra substância mineral, sempre que os
trabalhos relativos à autorização solicitada forem compatíveis e independentes dos referentes à
substância da Reserva e mediante condições especiais, de conformidade com os interesses da
União e da economia nacional.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se também a áreas específicas que
estiverem sendo objeto de pesquisa ou de lavra sob regime de monopólio.

Art. 55. Subsistirá a Concessão, quanto aos direitos, obrigações, limitações e efeitos dela
decorrentes, quando o concessionário a alienar ou gravar, na forma da lei.

§ 1° Os atos de alienação ou oneração só terão validade depois de averbados no


DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 2º A concessão de lavra somente é transmissível a quem for capaz de exercê-la


de acordo com as disposições deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.085, de
21.12.1982)

§ 3º As dívidas e gravames constituídos sobre a concessão resolvem-se com


extinção desta, ressalvada a ação pessoal contra o devedor. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 7.085, de 21.12.1982)

§ 4º Os credores não têm ação alguma contra o novo titular da concessão extinta,
salvo se esta, por qualquer motivo, voltar ao domínio do primitivo concessionário
devedor. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.085, de 21.12.1982)

Art. 56. A concessão de lavra poderá ser desmembrada em duas ou mais


concessões distintas, a juízo do Departamento Nacional da Produção Mineral -
DNPM, se o fracionamento não comprometer o racional aproveitamento da jazida e
desde que evidenciadas a viabilidade técnica, a economicidade do aproveitamento
autônomo das unidades mineiras resultantes e o incremento da produção da jazida.
(Redação dada pela Lei nº 7.085, de 21.12.1982)

Parágrafo único. O desmembramento será pleiteado pelo concessionário,


conjuntamente com os pretendentes às novas concessões, se for o cso, em

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requerimento dirigido ao Ministro das Minas e Energia, entregue mediante recibo no


Protocolo do DNPM, onde será mecanicamente numerado e registrado, devendo
conter, além de memorial justificativo, os elementos de instrução referidos no artigo
38 deste Código, relativamente a cada uma das concessões propostas. (Redação
dada pela Lei nº 7.085, de 21.12.1982)

Art. 57. No curso de qualquer medida judicial não poderá haver embargo ou seqüestro que
resulte em interrupção dos trabalhos de lavra.

Art. 58. Poderá o titular da portaria de concessão de lavra, mediante requerimento


justificado ao Ministro de Estado de Minas e Energia, obter a suspensão temporária
da lavra, ou comunicar a renúncia ao seu título. (Redação dada pela Lei nº 9.314,
de 14.11.1996)

§ 1º Em ambos os casos, o requerimento será acompanhados de um relatório dos trabalhos


efetuados e do estado da mina, e suas possibilidades futuras.

§ 2º Somente após verificação "in loco" por um de seus técnicos, emitirá o D.N.P.M. parecer
conclusivo para decisão do Ministro das Minas e Energia.

§ 3º Não aceitas as razões da suspensão dos trabalhos, ou efetivada a renúncia, caberá ao


D.N.P.M. sugerir ao Ministro das Minas e Energia medidas que se fizerem necessárias à
continuação dos trabalhos e a aplicação de sanções, se for o caso.

CAPÍTULO IV

Das Servidões

Art. 59. Revogado e renumerados os artigos seguintes pelo Decreto-Lei nº 318, de


14.3.1967:

Texto original: A lavra de jazida somente poderá ser organizada e conduzida por
sociedade de economia mista, controlada por pessoa jurídica de direito público,
para suplementar a iniciativa privada.

Art. 59. Ficam sujeitas a servidões de solo e subsolo, para os fins de pesquisa ou lavra, não só a
propriedade onde se localiza a jazida, como as limítrofes.

Parágrafo único. Instituem-se Servidões para:

a) construção de oficinas, instalações, obras acessórias e moradias;

b) abertura de vias de transporte e linhas de comunicações;

c) captação e adução de água necessária aos serviços de mineração e ao pessoal;

d) transmissão de energia elétrica;

e) escoamento das águas da mina e do engenho de beneficiamento;

f) abertura de passagem de pessoal e material, de conduto de ventilação e de energia elétrica;

g) utilização das aguadas sem prejuízo das atividades pre-existentes; e,

h) bota-fora do material desmontado e dos refugos do engenho.

Art. 60 Instituem-se as Servidões mediante indenização prévia do valor do terreno ocupado e dos
prejuízos resultantes dessa ocupação.

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§ 1º Não havendo acordo entre as partes, o pagemento será feito mediante depósito judicial da
importância fixada para indenização, através de vistoria ou perícia com arbitramento, inclusive da
renda pela ocupação, seguindo-se o competente mandado de imissão de posse na área, se
necessário.

§ 2º O cálculo da indenização e dos danos a serem pagos pelo titular da autorização de


pesquisas ou concessão de lavra, ao proprietário do solo ou ao dono das benfeitorias, obedecerá
às prescrições contidas no Artigo 27 deste Código, e seguirá o rito estabelecido em Decreto do
Governo Federal.

Art. 61. Se, por qualquer motivo independente da vontade do indenizado, a indenização tardar
em lhe ser entregue, sofrerá,a mesma, a necessária correção monetária, cabendo ao titular da
autorização de pesquisa ou concessão de lavra, a obrigação de completar a quantia arbitrada.

Art. 62. Não poderão ser iniciados os trabalhos de pesquisa ou lavra, antes de paga a
importância à indenização e de fixada arenda pela ocupação do terreno.

CAPÍTULO V

Das Sanções e das Nulidades

Art. 63. O não cumprimento das obrigações decorrentes das autorizações de


pesquisa, das permissões de lavra garimpeira, das concessões de lavra e do
licenciamento implica, dependendo da infração, em: (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

I - advertência; (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - multa; e (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

III - caducidade do título. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 1° As penalidades de advertência, multa e de caducidade de autorização de


pesquisa serão de competência do DNPM. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

§ 2º Parágrafo suprimido pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: A caducidade da autorização de pesquisa será da competência do


Ministro das Minas e Energia.

§ 2° A caducidade da concessão de lavra será objeto de portaria do Ministro de


Estado de Minas e Energia. (§ 3º renumerado e alterado pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

Art. 64. A multa inicial variará de 100 (cem) a 1.000 (um mil) UFIR, segundo a
gravidade das infrações. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§1º Em caso de reincidência, a multa será cobrada em dobro.

§ 2º O regulamento deste Código definirá o critério de imposição de multas, segundo a gravidade


das infrações.

§ 3º O valor das multas será recolhido ao Banco do Brasil S/A, em guia própria, à conta do
"Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível".

Art. 65. Será declarada a caducidade da autorização de pesquisa, ou da concessão de lavra,


desde que verificada qualquer das seguintes infrações:

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a) caracterização formal de abandono da jazida ou mina;

b) não cumprimento dos prazos de início ou reinício dos trabalhos de pesquisa ou lavra, apesar
de advertência e multa;

c) prática deliberada dos trabalhos de pesquisa em desacordo com as condições constantes do


título de autorização, apesar de advertência ou multa.

d) prosseguimento de lavra ambiciosa ou de extração de substância não compreendida no


Decreto de Lavra, apesar de advertência e multa; e,

e) não atendimento de repetidas observações da fiscalização, caracterizado pela terceira


reincidência, no intervalo de 1 (hum) ano de infrações com multas.

§ 1º Extinta a concessão d lavra, caberá ao Diretor-Geral do Departamento


Nacional da Produção Mineral - D.N.P.M. - mediante Edital publicado no Diário
Oficial da União, declarar a disponibilidade da respectiva área, para fins de
requerimento de autorização de pesquisa ou de concessão de lavra. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 2º O Edital estabelecerá os requisitos especiais a serem atendidos pelo


requerente, consoante as peculiaridades de cada caso. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

§ 3º Para determinação da prioridade à outorgada da autorização de pesquisa, ou


da concessão de lavra, conforme o caso, serão conjuntamente apreciados os
requerimentos protocolizados, dentro do prazo que for convenientemente fixado
no1 Edital, definindo-se, dentre estes, como prioritário, o pretendente que, a juízo
do Departamento da Produção Mineral - D.N.P.M. - melhor atender aos interesses
específicos do setor minerário. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.403, de
15.12.1976)

Art. 66. São anuláveis os Alvarás de Pesquisa ou Decreto de Lavra quando outorgados com
infrigência de dispositivos deste Código.

§ 1º A anulação será promovida "ex-offício" nos casos de:

a) imprecisão intencional da definição das áreas de pesquisa ou lavra; e,

b) inobservância do disposto no item I do Artigo 22.

§ 2º Nos demais casos, e sempre que possível, o D.N.P.M. procurará sanar a deficiência por via
de atos de retificação.

§ 3º A nulidade poderá ser pleiteada judicialmente em ação proposta por qualquer interessado,
no prazo de 1 (hum) ano, a contar da publicação do Decreto de Lavra no Diário Oficial da União.

Art. 67. Verificada a causa de nulidade ou caducidade da autorização ou da concessão, salvo os


casos de abandono, o titular não perde a propriedade dos bens que possam ser retirados sem
prejudicar o conjunto da mina.

Art. 68. O processo administrativo para declaração de nulidade ou de caducidade, será


instaurado "ex offício" ou mediante denúncia comprovada.

§ 1º O Diretor-Geral do D.N.P.M. promoverá a intimação do titular, mediante ofício e por edital,


quando se encontra em lugar incerto e ignorado, para apresentação de defesa, dentro de 60
(sessenta) dias, contra os motivos argüidos na denúncia ou que deram margem à instauração do
processo administrativo.

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§ 2º Findo o prazo, com a juntada da defesa ou informação sobre a sua não apresentação pelo
notificado, o processo será submetido à decisão do Ministro das Minas e Energia.

§ 3º Do despacho ministerial declaratório de nulidade ou caducidade da autorização, no prazo de


15 (quinze) dias; ou,

b) recurso voluntário ao Presidente da República, no prazo de 30 (trinta) dias, desde que o titular
da autorização não tenha solicitado reconsideração do despacho, no prazo previsto na alínea
anterior.

§ 4º O pedido de reconsideração, não atendido, será encaminhado em grau de recurso, "ex


officio", ao Presidente da República, no prazo de 30 (trinta) dias, a contar de seu poderá aduzir
novos elementos de defesa, inclusive prova documental, as quais, se apresentadas no prazo
legal, serão recebidas em caráter de recurso.

§ 5º O titular de autorização declarada Nula ou Caduca, que se valer da faculdade conferida pela
alínea a do § 3º, deste artigo, não poderá interpor recurso ao Presidente da República enquanto
aguarda solução Ministerial para o seu pedido de reconsideração.

§ 6º Somente será admitido 1 (hum) pedido de reconsideração e 1 (hum) recurso.

§ 7º Esgotada a instância administrativa, a execução das medidas determinadas em decisões


não será prejudicada por recursos extemporâneos, pedidos de revisão e outros expedientes
protelatórios.

Art. 69. O processo administrativo para aplicação das sanções de anulação ou caducidade da
concessão de lavra, obedecerá ao disposto no § 1º do artigo anterior.

§ 1º Concluídas todas as diligências necessárias à regular instrução do processo, inclusive


juntada de defesa ou informação de não haver a mesma sido apresentada, cópia do expediente
de notificação e prova de sua entrega à parte interessada, o Diretor-Geral do D.N.P.M.
encaminhará os autos ao Ministro das Minas e Energia.

§ 2º Examinadas as peças dos autos, especialmente as razões de defesa oferecidas pela


Empresa, o Minisro encaminhará o processo, com relatório e parecer conclusivo, ao Presidente
da República.

§ 3º Da decisão da autoridade superior, poderá a interessada solicitar reconsideração, no prazo


improrrogável de 10 (dez) dias, a contar de sua publicação no Diário Oficial da União, desde que
seja instruído com elementos novos que justifiquem reexame da matéria.

CAPÍTULO VI

Da Garimpagem, Faiscação e Cata

Art. 70 Considera-se:

I - garimpagem, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares, aparelhos


manuais ou máquinas simples e portáveis, na extração de pedras preciosas, semi-preciosas e
minerais metálicos ou não metálicos, valiosos, em depósitos de eluvião ou aluvião, nos álveos de
cursos d água ou nas margens reservadas, bem como nos depósitos secundários ou chapadas
(grupiaras), vertentes e altos de morros; depósitos esses genericamente denominados garimpos.

II - faiscação, o trabalho individual de quem utilize instrumentos rudimentares, aparelhos manuais


ou máquinas simples e portáteis, na extração de metais nobres nativos em depósitos de eluvião
ou aluvião, fluviais ou marinhos, depósitos esses genericamente denominados faisqueiras; e,

III - cata, o trabalho individual de quem faça, por processos equiparáveis aos de garimpagem e

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faiscação, na parte decomposta dos afloramentos dos filões e veeiros, a extração de substâncias
minerais úteis, sem o emprego de explosivos, e as apure por processos rudimentares.

Art. 71. Ao trabalhodor que extrai substâncias minerais úteis, por processo rudimentar e
individual de mineração, garimpagem, faiscação ou cata, denomina-se genericamente,
garimpeiro.

Art. 72. Caracteriza-se a garimpagem, a faiscação e a cata:

I - pela forma rudimentar de mineração;

II - pela natureza dos depósitos trabalhados; e,

III - pelo caráter individual do trabalho, sempre por conta própria.

Art. 73. Dependem de permissão do Governo Federal, a garimpagem, a faiscação ou a cata, não
cabendo outro ônus ao garimpeiro, senão o pagamento da menor taxa remuneratória cobrada
pelas Coletorias Federais a todo aquele que pretender executar esses trabalhos. (Extinto o
regime de matrícula pela Lei nº 7.805, de 18.7.1989)

§ 1º Essa permissão constará de matrícula do garimpeiro, renovada anualmente nas Coletorias


Federais dos Municípios onde forem realiados esses trabalhos, e será válida somente para a
região jurisdicionada pela respectiva exatoria que a concedeu.

§ 2º A matrícula, que é pessoal, será feita a requerimento verbal do interessado e


registrada em livro próprio da Coletoria Federal, mediante a apresentação do
comprovante de quitação do imposto sindical e o pagamento da mesma taxa
remuneratória cobrada pela Coletoria. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 318, de
14.3.1967)

§ 3º Ao garimpeiro matriculado será fornecido um Certificado de Matrícula, do qual constará seu


retrato, nome, nacionalidade, endereço, e será o documento oficial para o exercício da atividade
dentro da zona nele especificada.

§ 4º Será apreendido o material de garimpagem, faiscação ou cata quando o garimpeiro não


possuir o necessário Certificado de Matrícula, sendo o produto vendido em hasta pública e
recolhido ao Banco do Brasil S/A, à conta do "Fundo Nacional de Mineração - Parte Disponível".

Art. 74. Dependem de consentimento prévio do proprietário do solo as permissões para


garimpagem, faiscação ou cta, em terras ou águas de domínio privado.

Parágrafo único. A contribuição do garimpeiro ajustada com o proprietário do solo para fazer
garimpagem, faiscação, ou cata não poderá exceder adízimo do valor do imposto único que for
arrecadado pela Coletoria Federal da Jurisdição local, referente à substância encontrada.

Art. 75. É vedada a realização de trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata, em


área objeto de autorização de pesquisa ou concessão de lavra. (Redação dada
pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

Art. 76. Atendendo aos interesses do setor minerário, poderão, a qualquer tempo,
ser delimitadas determinadas áreas nas quais o aproveitamento de substâncias
minerais farse-á exclusivamente por trabalhos de garimpagem, faiscação ou cata,
consoante for estabelecido em Portaria do Ministro das Minas e Energia, mediante
proposta do Diretor-Geral do Departamento Nacional da Produçào Mineral.
(Redação dada pela Lei nº 6.403, de 15.12.1976)

Art. 77. O imposto referente às substâncias minerais oriundas de atividades de garimpagem,


faiscação ou cata, será pago pelos compradores ou beneficiadores autorizados por Decreto do

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Governo Federal, de acordo com os dispositivos da lei específica.

Art. 78. Por motivo de ordem pública, ou em se verificando malbaratamento de determinada


riqueza mineral, poderá o Ministro das Minas e Energia, por proposta do Diretor-Geral do
D.N.P.M., determinar o fechamento de certas áreas às atividades de garimpagem, faiscação ou
cata, ou excluir destas a extração de determinados minerais.

CAPÍTULO VII

Da Empresa de Mineração
Suprimido pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996

Art. 79. Revogado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: Entende-se por Empresa de Mineração, para os efeitos deste


Código, a firma ou sociedade constituída e domiciliada no País, qualquer que seja a
sua forma jurídica, e entre cujos objetivos esteja o de realizar aproveitamento de
jazidas minerais no território nacional.

§ 1º Os componentes da firma ou sociedade a que se refere o presente artigo,


podem ser pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, mas
nominalmente representadas no instrumento de constituição da Empresa.

§ 2º A firma individual só poderá ser constituída por brasileiro.

Art. 80. Revogado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: A Empresa de Mineração, para obter outorga do direito de pesquisar


ou lavrar jazida mineral, ou exercer atividade de mineração no País, depende de
autorização para funcionar, conferida por Alvará do Ministro das Minas e Energia,
mediante requerimento da Empresa jà constituída apresentado no D.N.P.M.
acompanhado dos seguintes elementos de instrução e de prova:

I - No caso de firma individual, fotocópia autenticada do registro da firma no


Departamento de Registro do Comercio, do Ministério da Industria e do Comercio;

III - No caso de firma limitada, fotocópia autenticada, ou segunda via do contrato


social, e prova do seu registro no Departamento de Registro do Comercio, do
Ministério da Industria e do Comercio.

IIII - No caso de sociedade anônima, folha do Diário Oficial onde consta a usa
constituição.

§ 1º As pessoas, jurídicas estrangeiras, comprovarão sua personalidade,


apresentando os seguintes documentos, legalizados e traduzidos:

a) escritura ou instrumento de Constituição;

b) estatutos, se exigidos, no País de origem;

c) certificado de estarem legalmente constituídos na forma das Leis do País de


origem;

§ 2º O título de autorização para funcionar será uma via autêntica do respectivo


Alvará, o qual deverá ser transcrito no livro próprio do D.N.P.M. e registrado em
original ou certidão no Departamento de Registro do Comercio do Ministério da
Industria e do Comercio.

CAPÍTULO VII

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Das Disposições Finais


Renumerado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996

Art. 81. As empresas que pleitearem autorização para pesquisa ou lavra, ou que
forem titulares de direitos minerários de pesquisa ou lavra, ficam obrigadas a
arquivar no DNPM, mediante protocolo, os estatutos ou contratos sociais e acordos
de acionistas em vigor, bem como as futuras alterações contratuais ou estatutárias,
dispondo neste caso do prazo máximo de trinta dias após registro no Departamento
Nacional de Registro de Comércio. (Redação dada pela Lei nº 9.314, de
14.11.1996)

Parágrafo único. O não cumprimento do prazo estabelecido neste artigo ensejará


as seguintes sanções: (Redação dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

I - advertência; (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

II - multa, a qual será aplicada em dobro no caso de não atendimento das


exigências objeto deste artigo, no prazo de trinta dias da imposição da multa inicial,
e assim sucessivamente, a cada trinta dias subseqüentes. (Inciso acrescentado
pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 82. Revogado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: As empresas que realizarem alterações no seu registro sem o prévio
conhecimento do D.N.P.M. sujeitam-se a sanções, inclusive perda de todos os
direitos que lhes houverem sido outorgados.

Art. 83. Aplica-se à propriedade mineral o direito comum, salvo as restrições impostas neste
Código.

Art. 84. A jazida é bem imóvel, distinto do solo onde se encontra, não abrangendo a propriedade
deste o minério ou a substância mineral útil que a constitui.

Art. 85. O limite subterrâneo da jazida ou mina é o plano vertical coincidente com o
perímetro definidor da área titulada, admitida, em caráter excepcional, a fixação de
limites em profundidade por superfície horizontal. (Redação dada pela Lei nº
9.314, de 14.11.1996)

§ 1° A iniciativa de propor a fixação de limites no plano horizontal da concessão


poderá ser do titular dos direitos minerários preexistentes ou do DNPM, ex officio,
cabendo sempre ao titular a apresentação do plano dos trabalhos de pesquisa, no
prazo de noventa dias, contado da data de publicação da intimação no Diário Oficial
da União, para fins de prioridade na obtenção do novo título. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 2° Em caso de inobservância pelo titular de direitos minerários preexistentes no


prazo a que se refere o parágrafo anterior, o DNPM poderá colocar em
disponibilidade o título representativo do direito minerário decorrente do
desmembramento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 3° Em caráter excepcional, ex officio ou por requerimento de parte interessada,


poderá o DNPM, no interesse do setor mineral, efetuar a limitação de jazida por
superfície horizontal, inclusive em áreas já tituladas. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

§ 4° O DNPM estabelecerá, em portaria, as condições mediante as quais os


depósitos especificados no caput poderão ser aproveitados, bem como os

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procedimentos inerentes à outorga da respectiva titulação, respeitados os direitos


preexistentes e as demais condições estabelecidas neste artigo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 86. Os titulares de concessões de minas próximas ou vizinhas, abertas ou situadas sobre o
mesmo jazimento ou zona mineralizada, poderão obter permisão para formação deum Consórcio
de Mineraçào, mediante Decreto do Governo ou a sua capacidade.

§ 1º Do requerimento pedindo a constituição do Consórcio de Mineraçãodeverá constar:

I - Memorial justificativo dos benefícios resultantes da formação do Consórcio, com indicaçao dos
recursos econômicos e financeiros de que disporá a nova entidade;

II - Minuta dos Estatutos do Consórcio, plano de trabalhos a realizar, e enumeração das


providências e favores que esperam merecer do Poder Público.

§ 2º A nova entidade, Consórcio de Mineraçào, ficará sujeita a condições fixadas em Caderno de


Encargos, anexado ao ato institutivo da concessão e que será elaborado por Comissão
especificamente nomeada.

Art. 87. Não se impedirá por ação judicial de quem quer que seja o prosseguiento da pesquisa ou
lavra.

Parágrafo único. Após a decretação do litígio, será procedida a necessária vistoria "ad perpetuam
rei memoriam"afim de evitar-se solução de continuidade dos trabalhos.

Art. 88. Ficam sujeita s à fiscalização direta do D.N.P.M., todas as atividades concernentes à
mineração, ao comércio e à industrializaçào de matérias-primas minerais, nos limites
estabelecidos em Lei.

Parágrafo único. Exercer-se-à fiscalização para o cumprimento integral das disposições legais,
regulamentares ou contratuais.

Art. 89. Revogado pelo Decreto-Lei nº 1.038, de 21.10.1969:

Texto original: Fica sujeito ao registro especial, conforme regulamento que será
baixado pelo Governo Federal, quer se trate de mercado interno ou externo, o
comercio de pedras preciosas, de metais nobres e de outros minerais que venham
a ser considerados objeto desse cuidado.

§ 1º Tal comercio ficará sujeito à ação direta dos seguintes Ministérios:


a) das Minas e Energia, por intermédio do Departamento Nacional da Produção
Mineral;

b) da Fazenda, por intermédio da Diretoria das Rendas Internas; e

c) da Industria e do Comercio, por intermédio do Departamento Nacional do


Comercio.

Art. 90. Quando se verificar em jazida em lavra a concorrência de minerais radioativos ou


apropriados ao aproveitamento dos misteres da produção de energia nuclear,a concessão só
será mantida caso o valor econômico da substância mineral, objeto do decreto de lavra, seja
superior ao dos minerais nucleares que contiver.

§ 1º Revogado pelo Decreto-Lei nº 330, de 13.9.1967:

Texto original: Quando a juízo do Governo, ouvidos o D.N.P.M. e a Comissão


Nacional de Energia Nuclear, o valor dos minerais nucleares contidos justificar

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tecnica e economicamente o seu aproveitamento, o titular da lavra será obrigado a


recuperá-los, mediante pagamento de justa compensação, que compreenderá os
dispêndios necessários e um lucro razoavel.

§ 2º Quando a inesperada ocorrência de minerais radiostivos e nucleares associados suscetíveis


de aproveitamento econômico predominar sobre a substância mineral constante do título de
lavra, a mina poderá ser desapropriada.

§ 3º Os titulares de autorizações de pesquisa ou de concessões de lavra, são obrigados a


comunicar, ao Ministério das Minas e Energia, qualquer descoberta que tenham feito de minerais
radioativos ou nucleares associados à substância mineral mencionada no respectivo título, sob
pena de sanções.

§ 4º Revogado pelo Decreto-Lei nº 330, de 13.9.1967:

Texto original: Quando os rejeitos de mineração contiverem minerais radioativos e


nucleares, serão os mesmos colocados à disposição da Comissão Nacional de
Energia Nuclear, sem ônus para o minerador.

§ 5º Revogado pelo Decreto-Lei nº 330, de 13.9.1967:

Texto original: O presente artigo e seus parágrafo substituem o disposto no artigo


33 e seus parágrafos, da Lei nº 4.118, de 27.8.1962.

Art. 91. A Empresa de mineraçào que, comprovadamente, dispuser do recurso dos métodos de
prospecção aérea poderá pleitear permisão para realizar Reconheciento Geológico por estes
métodos, visando obter informações preliminares regioais necessárias à formulação de
requerimento de autorização de pesquisa, na forma do que dispuser o Regulamento deste
Código.

§ 1º As regiões assim permissionadas nào se subordinam aos limites previstos no Artigo 25


deste Código.

§ 2ºA permissão será dada por autorização expressa do Diretor-Geraldo D.N.P.M.,com prévio
assentimento do Conselho de Segurança Nacional.

§ 3º A permissão do Reconhecimento Geológico será outorgada pelo prazo máximo e


improrrogável de 90 (noventa) dias, a contar da data da publicação do Diário Oficial.

§ 4º A permissão do Reconhecimento Geológico terá caráter precário, e atribui à Empresa


tão-somente o direito de prioridade para obter a autorização de pesquisa dentro da região
permissionada, dsde que requeridano prazo estipulado no parágrafo anterior, obedecidos os
limites de áreas previstas no Artigo 25.

§ 5º A Empresa de Mineração fica obrigada a apresentar ao D.N.P.M. os resultados do


Reconhecimento procedido, sob pena de sanções.

Art. 92. O DNPM manterá registros próprios dos títulos minerários. (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Art. 93. Serão publicados no Diário Oficial da União os alvarás de pesquisa, as


portarias de lavra e os demais atos administrativos deles decorrentes. (Redação
dada pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996)

Parágrafo único. Parágrafo suprimido pela Lei nº 9.314, de 14.11.1996:

Texto original: A publicação de editais em jornais particulares, é também feita à


custa dos requerentes e por eles próprios promovidos, devendo ser enviado

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prontamente um exemplar ao D.N.P.M. para anexação ao respectivo processo.

Art. 94. Será sempre ouvido o D.N.P.M. quando o Governo Federal tratar de qualquer assunto
referente à matéria-prima mineral ou ao seu produto.

Art. 95. Continuam em vigor as autorizações de pesquisa e concessões de lavra outorgadas na


vigência da legislaçào anterior, ficando, no entanto, sua execução sujeitaà observância deste
Código.

Art. 96. A lavra de jazida será organizada e conduzida na forma da Constituição.


(Artigo acrescentado pelo Decreto-Lei nº 318, de 14.3.1967)

Art. 97. O Governo Federal expedirá os Regulamentos necessários à execução


deste Código, inclusive fixando os prazos de tramitação dos processos. (Art. 96
renumerado pelo Decreto-Lei nº 318, de 14.3.1967)

Art. 98. Esta Lei entrará em vigor no dia 15 de março de 1967, revogadas as
disposições em contrário. (Art. 97 renumerado pelo Decreto-Lei nº 318, de
14.3.1967)

Brasília, 28 de fevereiro de 1967. 146º da Independência e 79º da República.

H. CASTELLO BRANCO
Octavio Bulhões
Mauro Thibau
Edmar de Souza

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Código Penal Militar

DECRETO-LEI Nº 1.001, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969

(DOU 21.10.1969)
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando
das atribuições que lhes confere o artigo 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de
outubro de 1969, combinado com o § 1º do artigo 2º, do Ato Institucional nº 5, de 13
de dezembro de 1968, decretam:

CÓDIGO PENAL MILITAR

PARTE GERAL

LIVRO ÚNICO

TÍTULO I
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR

Princípio de legalidade

Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.

Lei supressiva de incriminação

Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória
irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza civil.

Retroatividade de lei mais benigna

§ 1º. A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória
irrecorrível.
Apuração da maior benignidade

§ 2º. Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser
consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao
fato.

Medidas de segurança

Art. 3º. As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença,
prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

Lei excepcional ou temporária

Art. 4º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua


duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.

Tempo do crime

Art. 5º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda


que outro seja o do resultado.

Lugar do crime

Art. 6º. Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade


criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissos, o fato
considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.

Territorialidade. Extraterritorialidade

Art. 7º. Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte, no território
nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou
tenha sido julgado pela justiça estrangeira.

Território nacional por extensão.

§ 1º. Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território
nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob
comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de
autoridade competente, ainda que de propriedade privada.
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros.
§ 2º. É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de
aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração
militar, e o crime atente contra as instituições militares.
Conceito de navio.

§ 3º. Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação
sob comando militar.

Pena cumprida no estrangeiro

Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Crimes militares em tempo de paz

Art. 9º. Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei
penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição
especial;
II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição
na lei penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma
situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou
civil;
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar,
contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;(Redação dada pela Lei nº 9.299, de
07.08.1996)
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva,
ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a
administração, ou a ordem administrativa militar;

f) (Revogada pela Lei nº 9.299, de 07.08.1996)


III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso
I, como os do inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa
militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade
ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da Justiça Militar, no
exercício de função inerente ao seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância,
observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função
de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e
preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente
requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior.
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida
e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.299, de 07.08.1996)

Crimes militares em tempo de guerra

Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:

I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra;


II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição
na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente:
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a
eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a
segurança externa do País ou podem expô-la a perigo;
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos
neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em
território estrangeiro, militarmente ocupado.

Militares estrangeiros

Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças


armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em
tratados ou convenções internacionais.

Equiparação a militar da ativa


Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar,
equipara-se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei
penal militar.

Militar da reserva ou reformado

Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e


prerrogativas do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar,
quando pratica ou contra ele é praticado crime militar.

Defeito de incorporação

Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar,
salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime.

Tempo de guerra

Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar,
começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o
decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e
termina quando ordenada a cessação das hostilidades.

Contagem de prazo

Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se os dias, os
meses e os anos pelo calendário comum.

Legislação especial. Salário mínimo

Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
penal militar especial, se esta não dispõe de modo diverso. Para os efeitos penais,
salário mínimo é o maior mensal vigente no país, ao tempo da sentença.

Crimes praticados em prejuízo de país aliado

Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em


prejuízo de país em guerra contra país inimigo do Brasil:
I - se o crime é praticado por brasileiro;
II - se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro,
militarmente ocupado por força brasileira, qualquer que seja o agente.

Infrações disciplinares

Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares.
Crimes praticados em tempo de guerra

Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial,
aplicam-se as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço.

Assemelhado

Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da


Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar,
em virtude de lei ou regulamento.

Pessoa considerada militar

Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer
pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas,
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar.

Equiparação a comandante

Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar,
toda autoridade com função de direção.

Conceito de superior

Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual
posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal
militar.

Crime praticado em presença do inimigo

Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em
zona de efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade.

Referência a "brasileiro" ou "nacional"

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro'' ou "nacional'',


compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil.

Estrangeiros

Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados


estrangeiros os apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade.

Os que se compreendem, como funcionários da justiça militar


Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da
sua aplicação, os juízes, os representantes do Ministério Público, os funcionários e
auxiliares da Justiça Militar.

Casos de prevalência do Côdigo Penal Militar

Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país ou contra as instituições


militares, definidos neste Código, excluem os da mesma natureza definidos em
outras leis.

TÍTULO II
DO CRIME

Relação de causalidade

Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.
§ 1º. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores imputam-se entretanto, a
quem os praticou.
§ 2º. A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade
de impedir o resultado; e a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de
sua superveniência.
Art. 30. Diz-se o crime:

Crime consumado

I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;


Tentativa

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa.

Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime,


diminuída de um a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade,
aplicar a pena do crime consumado.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou


impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Crime impossível

Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é
aplicável.
Art. 33. Diz-se o crime:

Culpabilidade.

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;


II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou
diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias,
não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não
se realizaria ou que poderia evitá-lo.
Excepcionalidade do crime culposo

Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Nenhuma pena sem culpabilidade

Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as penas só responde o


agente quando os houver acusado, pelo menos, culposamente.

Erro de direito

Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o
agente, salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito
o fato, por ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis.

Erro de fato

Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente
escusável, a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de
situação de fato que tornaria a ação legítima.

Erro culposo
§ 1º. Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato é punível
como crime culposo.
Erro provocado

§ 2º. Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de
dolo ou culpa, conforme o caso.

Erro sobre a pessoa

Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de
execução, ou outro acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se
tivesse praticado o crime contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-
se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para
configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou atenuação da
pena.

Erro quanto ao bem jurídico

§ 1º. Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do
visado pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime
culposo.
Duplicidade do resultado

§ 2º. Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do
parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do artigo
79.
Art. 38. Não é culpado quem comete o crime:

Coação irresistível

a) sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo a própria
vontade;
Obediência hierárquica

b) em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em matéria de


serviços.
§ 1º. Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem.
§ 2º. Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente
criminoso, ou há excesso nos atos ou na forma da execução, é punível também o
inferior.

Estado de necessidade, como excludente de culpabilidade


Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de
pessoa a quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra
perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica
direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era
razoavelmente exigível conduta diversa.

Coação física ou material

Art. 40. Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar
coação irresistível senão quando física ou material.

Atenuação de pena

Art. 41. Nos casos do artigo 38, letras "a" e "b", se era possível resistir à coação,
ou se a ordem não era manifestamente ilegal; ou, no caso do artigo 39, se era
razoavelmente exigível o sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as
condições pessoais do réu, pode atenuar a pena.

Exclusão de crime

Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento do dever legal;
IV - em exercício regular de direito.
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio,
aeronave ou praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele
os subalternos, por meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para
salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a
revolta ou o saque.

Estado de necessidade, como excludente do crime

Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia
de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é
consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a
arrostar o perigo.

Legítima defesa
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Excesso culposo

Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede
culposamente os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a
título de culpa.

Excesso escusável

Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou


perturbação de ânimo, em face da situação.

Excesso doloso

Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso
doloso.

Elementos não constitutivos do crime

Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime:

I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente;


II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de
quarto, ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa a
agressão.

TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL

Inimputáveis

Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento, em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental
incompleto ou retardado.

Redução facultativa da pena.

Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui


consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de
autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser
atenuada, sem prejuízo do disposto no artigo 113.

Embriaguez

Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por
embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.

Menores

Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado
dezesseis anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter
ilícito do fato e determinar-se de acordo com este entendimento. Neste caso, a pena
aplicável é diminuída de um terço até a metade.

Equiparação a maiores

Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham
atingido essa idade:
a) os militares;
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados
temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de
licenciamento;
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e
disciplina militares, que já tenham completado dezessete anos.
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e
maiores de dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas
ou disciplinares determinadas em legislação especial.

TÍTULO IV
DO CONCURSO DE AGENTES

Co-autoria
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas.

Condições ou circunstâncias pessoais

§ 1º. A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros,


determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam,
outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.
Agravação de pena.

§ 2º. A pena é agravada em relação ao agente que:


I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais
agentes;
II - coage outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.
Atenuação de pena

§ 3º. A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de


somenos importância.
Cabeças

§ 4º. Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os


que dirigem, provocam, instigam ou excitam a ação.
§ 5º. Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes
considerados cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial.

Casos de impunibilidade

Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em


contrário, não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

TÍTULO V
DAS PENAS

CAPÍTULO I
DAS PENAS PRINCIPAIS
Penas principais

Art. 55. As penas principais são:

a) morte;
b) reclusão;
c) detenção;
d) prisão;
e) impedimento;
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
g) reforma.

Pena de morte

Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento.

Comunicação

Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que


passe em julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão
depois de sete dias após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser
imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina
militares.

Mínimos e máximos genéricos

Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de um ano, e o máximo de trinta anos; o


mínimo da pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de dez anos.

Pena até dois anos aplicada a militar

Art. 59. A pena de reclusão ou de detenção até dois anos, aplicada a militar, é
convertida em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão
condicional: (Redação dada ao caput pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar;
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos
que estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo
superior a dois anos.
Separação de praças especiais e graduadas

Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de prisão,


atender-se-á, também, à condição das praças especiais e à das graduadas, ou não;
e, dentre as graduadas, à das que tenham graduação especial.

Pena do assemelhado

Art. 60. O assemelhado cumpre a pena conforme o posto ou graduação que lhe é
correspondente.

Pena dos não assemelhados

Parágrafo único. Para os não assemelhados dos Ministérios Militares e órgãos


sob controle destes, regula-se a correspondência pelo padrão de remuneração.

Pena superior a dois anos, aplicada a militar

Art. 61. A pena privativa da liberdade por mais de dois anos, aplicada a militar, é
cumprida em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional
civil, ficando o recluso ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal
comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar. (Redação dada
pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)

Pena privativa da liberdade aplicada a civil

Art. 62. O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento
prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de
cujos benefícios e concessões, também, poderá gozar.

Cumprimento em penitenciária militar

Parágrafo único. Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil
ficar sujeito a cumprir a pena, no todo ou em parte, em penitenciária militar, se, em
benefício da segurança nacional, assim o determinar a sentença. (Redação dada ao
artigo pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)

Pena de impedimento

Art. 63. A pena de impedimento sujeita o condenado a permanecer no recinto da


unidade, sem prejuízo da instrução militar.

Pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função


Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função
consiste na agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do
condenado, pelo tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento
regular à sede do serviço. Não será contado como tempo de serviço, para qualquer
efeito, o do cumprimento da pena.

Caso de reserva, reforma ou aposentadoria.

Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na


reserva, ou reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida
em pena de detenção, de três meses a um ano.

Pena de reforma

Art. 65. A pena de reforma sujeita o condenado à situação de inatividade, não


podendo perceber mais de um vinte e cinco avos do soldo, por ano de serviço, nem
receber importância superior à do soldo.

Superveniência de doença mental

Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a
manicômio judiciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe
seja assegurada custódia e tratamento.

Tempo computável

Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória,


no Brasil ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, bem como
o excesso de tempo, reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento
da pena, por outro crime, desde que a decisão seja posterior ao crime de que se
trata.

Transferência de condenados

Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de uma região, distrito ou zona pode
cumprir pena em estabelecimento de outra região, distrito ou zona.
CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA

Fixação da pena privativa de liberdade

Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do
crime praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do
dolo ou grau da culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os
meios empregados, o modo de execução, os motivos determinantes, as
circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua atitude de
insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime.

Determinação da pena

§ 1º. Se não cominadas penas alternativas, o juiz deve determinar qual delas é
aplicável.
Limites legais da pena

§ 2º. Salvo o disposto no artigo 76, é fixada dentro dos limites legais a quantidade
da pena aplicável.

Circunstâncias agravantes

Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes
ou qualificativas do crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime;
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano
ou força maior;
d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou mediante outro recurso insidioso
que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima;
e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro
meio dissimulado ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
f) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
h) contra criança, velho ou enfermo;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) estando de serviço;
m) com emprego de arma, material ou instrumento de serviço, para esse fim
procurado;
n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua administração;
o) em país estrangeiro.
Parágrafo único. As circunstâncias das letras "c", salvo no caso de embriaguez
preordenada, "l", "m" e "o", só agravam o crime quando praticado por militar.

Reincidência

Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de
transitar em julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior.

Temporariedade da reincidência

§ 1º. Não se toma em conta, para efeito da reincidência, a condenação anterior,


se, entre a data do cumprimento ou extinção da pena e o crime posterior, decorreu
período de tempo superior a cinco anos.
Crimes não considerados para efeito da reincidência

§ 2º. Para efeito da reincidência, não se consideram os crimes anistiados.

Circunstâncias atenuantes

Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos;


II - ser meritório seu comportamento anterior;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;
c) cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto
da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime,
ignorada ou imputada a outrem;
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei.
Não-atendimento de atenuantes

Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, ao juiz
é facultado atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo.

Quantum da agravação ou atenuação

Art. 73. Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar
o quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os limites da
pena cominada ao crime.

Mais de uma agravante ou atenuante

Art. 74. Quando ocorre mais de uma agravante ou mais de uma atenuante, o juiz
poderá limitar-se a uma só agravação ou a uma só atenuação.

Concurso de agravantes e atenuantes

Art. 75. No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do


limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente, e da
reincidência. Se há equivalência entre umas e outras, é como se não tivessem
ocorrido.

Majorantes e minorantes

Art. 76. Quando a lei prevê causas especiais de aumento ou diminuição da pena,
não fica o juiz adstrito aos limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos da
espécie de pena aplicável.
Parágrafo único. No concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se a um
só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais
aumente ou diminua.

Pena-base

Art. 77. A pena que tenha de ser aumentada ou diminuída, de quantidade fixa ou
dentro de determinados limites, é a que o juiz aplicaria, se não existisse a
circunstância ou causa que importa o aumento ou diminuição.

Criminoso habitual ou por tendência

Art. 78. Em se tratando de criminoso habitual ou por tendência, a pena a ser


imposta será por tempo indeterminado. O juiz fixará a pena correspondente à nova
infração penal, que constituirá a duração mínima da pena privativa da liberdade, não
podendo ser, em caso algum, inferior a três anos.
Limite da pena indeterminada

§ 1º. A duração da pena indeterminada não poderá exceder a dez anos, após o
cumprimento da pena imposta.
Habitualidade presumida

§ 2º. Considera-se criminoso habitual aquele que:


a) reincide pela segunda vez na prática de crime doloso da mesma natureza,
punível com pena privativa de liberdade em período de tempo não superior a cinco
anos, descontado o que se refere a cumprimento de pena;
Habitualidade reconhecível pelo juiz

b) embora sem condenação anterior, comete sucessivamente, em período de


tempo não superior a cinco anos, quatro ou mais crimes dolosos da mesma
natureza, puníveis com pena privativa de liberdade, e demonstra, pelas suas
condições de vida e pelas circunstâncias dos fatos apreciados em conjunto,
acentuada inclinação para tais crimes.
Criminoso por tendência

§ 3º. Considera-se criminoso por tendência aquele que comete homicídio, tentativa
de homicídio ou lesão corporal grave, e, pelos motivos determinantes e meios ou
modo de execução, revela extraordinária torpeza, perversão ou malvadez.
Ressalva do artigo 113

§ 4º. Fica ressalvado, em qualquer caso, o disposto no artigo 113.


Crimes da mesma natureza

§ 5º. Consideram-se crimes da mesma natureza os previstos no mesmo


dispositivo legal, bem como os que, embora previstos em dispositivos diversos,
apresentam, pelos fatos que os constituem ou por seus motivos determinantes,
caracteres fundamentais comuns.

Concurso de crimes

Art. 79. Quando o agente, mediante uma só ou mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, as penas privativas de liberdade
devem ser unificadas. Se as penas são da mesma espécie, a pena única é a soma
de todas; se, de espécies diferentes, a pena única é a mais grave, mas com
aumento correspondente à metade do tempo das menos graves, ressalvado o
disposto no artigo 58.

Crime continuado
Art. 80. Aplica-se a regra do artigo anterior, quando o agente, mediante mais de
uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser considerados como continuação do primeiro.
Parágrafo único. Não há crime continuado quando se trata de fatos ofensivos de
bens jurídicos inerentes à pessoa, salvo se as ações ou omissões sucessivas são
dirigidas contra a mesma vítima.

Limite da pena unificada

Art. 81. A pena unificada não pode ultrapassar de trinta anos, se é de reclusão, ou
de quinze anos, se é de detenção.

Redução facultativa da pena

§ 1º. A pena unificada pode ser diminuída de um sexto a um quarto, no caso de


unidade de ação ou omissão, ou de crime continuado.
Graduação no caso de pena de morte

§ 2º. Quando cominada a pena de morte como grau máximo e a de reclusão como
grau mínimo, aquela corresponde, para o efeito de graduação, à de reclusão por
trinta anos.
Cálculo da pena aplicável à tentativa

§ 3º. Nos crimes punidos com a pena de morte, esta corresponde à de reclusão
por trinta anos, para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo disposição especial.

Ressalva do artigo 78, § 2º, letra b

Art. 82. Quando se apresenta o caso do artigo 78, § 2º, letra "b", fica sem
aplicação o disposto quanto ao concurso de crimes idênticos ou ao crime
continuado.

Penas não privativas de liberdade

Art. 83. As penas não privativas de liberdade são aplicadas distinta e


integralmente, ainda que previstas para um só dos crimes concorrentes.
CAPÍTULO III
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Requisitos para a suspensão


Art. 84. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, pode
ser suspensa, por dois anos a seis anos, desde que:
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação
irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no § 1º do
artigo 71;
II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime,
bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a
delinquir. (Redação dada ao caput e incisos pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
Restrições

Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas de reforma, suspensão do


exercício do posto, graduação ou função ou à pena acessória, nem exclui a
aplicação de medida de segurança não detentiva.

Condições

Art. 85. A sentença deve especificar as condições a que fica subordinada a


suspensão.

Revogação obrigatória da suspensão

Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça Militar ou na comum, em razão


de crime, ou de contravenção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta
pena privativa de liberdade;
II - não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III - sendo militar, é punido por infração disciplinar considerada grave.
Revogação facultativa

§ 1º. A suspensão pode ser também revogada, se o condenado deixa de cumprir


qualquer das obrigações constantes da sentença.
Prorrogação de prazo

§ 2º. Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar


o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
§ 3º. Se o beneficiário está respondendo a processo que, no caso de condenação,
pode acarretar a revogação, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o
julgamento definitivo.

Extinção da pena
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha sido revogada a suspensão, fica extinta a
pena privativa de liberdade.

Não-aplicasão da suspensão condicional da pena

Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:

I - ao condenado por crime cometido em tempo de guerra;


II - em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência
contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de
desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos artigos 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo
único, ns. I a IV.
CAPÍTULO IV
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Requisitos

Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou


superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que:
I - tenha cumprido:
a) metade da pena, se primário;
b) dois terços, se reincidente;
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime;
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às
circunstâncias atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa
permitem supor que não voltará a delinquir.
Penas em concurso de infrações

§ 1º. No caso de condenação por infrações penais em concurso, deve ter-se em


conta a pena unificada.
Condenação de menor de 21 ou maior de 70 anos

§ 2º. Se o condenado é primário e menor de vinte e um ou maior de setenta anos,


o tempo de cumprimento da pena pode ser reduzido a um terço.

Especificação das condições


Art. 90. A sentença deve especificar as condições a que fica subordinado o
livramento.

Preliminares da concessão

Art. 91. O livramento somente se concede mediante parecer do Conselho


Penitenciário, ouvidos o diretor do estabelecimento em que está ou tenha estado o
liberando e o representante do Ministério Público da Justiça Militar; e, se imposta
medida de segurança detentiva, após perícia conclusiva da não-periculosidade do
liberando.

Observação cautelar e proteção do liberado

Art. 92. O liberado fica sob observação cautelar e proteção realizadas por patrono
oficial ou particular, dirigido aquele e inspecionado este pelo Conselho
Penitenciário. Na falta de patronato, o liberado fica sob observação cautelar
realizada por serviço social penitenciário ou órgão similar.

Revogação obrigatória

Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado, em sentença


irrecorrível, a pena privativa de liberdade:
I - por infração penal cometida durante a vigência do benefício;
II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser unificadas as penas, não fica
prejudicado o requisito do artigo 89, nº I, letra "a".
Revogação facultativa

§ 1º. O juiz pode, também, revogar o livramento se o liberado deixa de cumprir


qualquer das obrigações constantes da sentença ou é irrecorrivelmente condenado,
por motivo de contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade; ou, se
militar, sofre penalidade por transgressão disciplinar considerada grave.
Infração sujeita à jurisdição penal comum

§ 2º. Para os efeitos da revogação obrigatória, são tomadas, também, em


consideração, nos termos dos ns. I e II deste artigo, as infrações sujeitas à jurisdição
penal comum; e, igualmente, a contravenção compreendida no § 1º, se assim, com
prudente arbítrio, o entender o juiz.

Efeitos da revogação

Art. 94. Revogado o livramento, não pode ser novamente concedido e, salvo
quando a revogação resulta de condenação por infração penal anterior ao benefício,
não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
Extinção da pena

Art. 95. Se, até o seu termo, o livramento não é revogado, considera-se extinta a
pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Enquanto não passa em julgado a sentença em processo, a que
responde o liberado por infração penal cometida na vigência do livramento, deve o
juiz abster-se de declarar a extinção da pena.

Não-aplicação do livramento condicional

Art. 96. O livramento condicional não se aplica ao condenado por crime cometido
em tempo de guerra.

Casos especiais do livramento condicional

Art. 97. Em tempo de paz, o livramento condicional por crime contra a segurança
externa do país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento, violência contra
superior ou militar de serviço, só será concedido após o cumprimento de dois terços
da pena, observado ainda o disposto no artigo 89, preâmbulo, seus números II e III e
§§ 1º e 2º.
CAPÍTULO V
DAS PENAS ACESSÓRIAS

Penas acessórias

Art. 98. São penas acessórias:

I - a perda de posto e patente;


II - a indignidade para o oficialato;
III - a incompatibilidade com o oficialato;
IV - a exclusão das forças armadas;
V - a perda da função pública, ainda que eletiva;
VI - a inabilitação para o exercício de função pública;
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela;
VIII - a suspensão dos direitos políticos.
Função pública equiparada
Parágrafo único. Equipara-se à função pública a que é exercida em empresa
pública, autarquia, sociedade de economia mista, ou sociedade de que participe a
União, o Estado ou o Município como acionista majoritário.

Perda de posto e patente

Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de


liberdade por tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações.

Indignidade para o oficialato

Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar


condenado, qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou
covardia, ou em qualquer dos definidos nos artigos 161, 235, 240, 242, 243, 244,
245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312.

Incompatibilidade com o oficialato

Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar


condenado nos crimes dos artigos 141 e 142.

Exclusão das forças armadas

Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior
a dois anos, importa sua exclusão das forças armadas.

Perda da função pública

Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil:

I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de


poder ou violação de dever inerente à função pública;
II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais de dois
anos.
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, ou
reformado, se estiver no exercício de função pública de qualquer natureza.

Inabilitação para o exercício de função pública

Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de
dois até vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de
crime praticado com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à
função pública.
Termo inicial

Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função pública


começa ao termo da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de
segurança imposta em substituição, ou da data em que se extingue a referida pena.

Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela

Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja
qual for o crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou
curatela, enquanto dura a execução da pena, ou da medida de segurança imposta
em substituição (artigo 113).

Suspensão provisória

Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a suspensão provisória


do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela.

Suspensão dos direitos políticos

Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de


segurança imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função
pública, o condenado não pode votar, nem ser votado.

Imposição de pena acessória

Art. 107. Salvo os casos dos artigos 99, 103, nº II, e 106, a imposição da pena
acessória deve constar expressamente da sentença.

Tempo computável

Art. 108. Computa-se no prazo das inabilitações temporárias o tempo de liberdade


resultante da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, se não
sobrevém revogação.
CAPÍTULO VI
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Art. 109. São efeitos da condenação:

Obrigação de reparar o dano

I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime;


Perda em favor da fazenda nacional
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o direito do lesado ou de
terceiro de boa fé:
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido
pelo agente com a sua prática.

TÍTULO VI
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Espécies de medidas de segurança

Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira


espécie subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a
internação em manicômio judiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico
anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial
de um ou de outro. As não detentivas são a cassação de licença para direção de
veículos motorizados, o exílio local e a proibição de frequentar determinados
lugares. As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou sede de sociedade
ou associação, e o confisco.

Pessoas sujeitas às medidas de segurança

Art. 111. As medidas de segurança somente podem ser impostas:

I - aos civis;
II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena privativa de liberdade por
tempo superior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdido função, posto
e patente, ou hajam sido excluídos das forças armadas;
III - aos militares ou assemelhados, no caso do artigo 48;
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do artigo 115, com aplicação dos
seus §§ 1º, 2º e 3º.

Manicômio judiciário

Art. 112. Quando o agente é inimputável (artigo 48), mas suas condições pessoais
e o fato praticado revelam que ele oferece perigo à incolumidade alheia, o juiz
determina sua internação em manicômio judiciário.

Prazo de internação
§ 1º. A internação, cujo mínimo deve ser fixado de entre um a três anos, é por
tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia
médica, a cessação da periculosidade do internado.
Perícia médica

§ 2º. Salvo determinação da instância superior, a perícia médica é realizada ao


término do prazo mínimo fixado à internação e, não sendo esta revogada, deve
aquela ser repetida de ano em ano.
Desinternação condicional

§ 3º. A desinternação é sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação


anterior, se o indivíduo, antes do decurso de um ano, vem a praticar fato indicativo
de persistência de sua periculosidade.
§ 4º. Durante o período de prova, aplica-se o disposto no artigo 92.

Substituição da pena por internação

Art. 113. Quando o condenado se enquadra no parágrafo único do artigo 48 e


necessita de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída pela internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio
judiciário ou ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro.

Superveniência de cura

§ 1º. Sobrevindo a cura, pode o internado ser transferido para o estabelecimento


penal, não ficando excluído o seu direito a livramento condicional.
Persistência do estado mórbido

§ 2º. Se, ao término do prazo, persistir o mórbido estado psíquico do internado,


condicionante de periculosidade atual, a internação passa a ser por tempo
indeterminado, aplicando-se o disposto nos §§ 1º a 4º do artigo anterior.
Ébrios habituais ou toxicômanos

§ 3º. À idêntica internação para fim curativo, sob as mesmas normas, ficam
sujeitos os condenados reconhecidos como ébrios habituais ou toxicômanos.

Regime de internação

Art. 114. A internação, em qualquer dos casos previstos nos artigos precedentes,
deve visar não apenas ao tratamento curativo do internado, senão também ao seu
aperfeiçoamento a um regime educativo ou de trabalho, lucrativo ou não, segundo o
permitirem suas condições pessoais.
Cassação de licença para dirigir veículos motorizados

Art. 115. Ao condenado por crime cometido na direção ou relacionadamente à


direção de veículos motorizados, deve ser cassada a licença para tal fim, pelo prazo
mínimo de um ano, se as circunstâncias do caso e os antecedentes do condenado
revelam a sua inaptidão para essa atividade e consequente perigo para a
incolumidade alheia.
§ 1º. O prazo da interdição se conta do dia em que termina a execução da pena
privativa de liberdade ou da medida de segurança detentiva, ou da data da
suspensão condicional da pena ou da concessão do livramento ou desinternação
condicionais.
§ 2º. Se, antes de expirado o prazo estabelecido, é averiguada a cessação do
perigo condicionante da interdição, esta é revogada; mas, se o perigo persiste ao
termo do prazo, prorroga-se este enquanto não cessa aquele.
§ 3º. A cassação da licença deve ser determinada ainda no caso de absolvição do
réu em razão de inimputabilidade.

Exílio local

Art. 116. O exílio local, aplicável quando o juiz o considera necessário como
medida preventiva, a bem da ordem pública ou do próprio condenado, consiste na
proibição de que este resida ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na
localidade, município ou comarca em que o crime foi praticado.
Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido logo que cessa ou é suspensa
condicionalmente a execução da pena privativa de liberdade.

Proibição de freqüentar determinados lugares

Art. 117. A proibição de frequentar determinados lugares consiste em privar o


condenado, durante um ano, pelo menos, da faculdade de acesso a lugares que
favoreçam, por qualquer motivo, seu retorno à atividade criminosa.
Parágrafo único. Para o cumprimento da proibição, aplica-se o disposto no
parágrafo único do artigo anterior.

Interdição de estabelecimento, sociedade ou associação

Art. 118. A interdição de estabelecimento comercial ou industrial, ou de sociedade


ou associação, pode ser decretada por tempo não inferior a quinze dias, nem
superior a seis meses, se o estabelecimento, sociedade ou associação serve de
meio ou pretexto para a prática de infração penal.
§ 1º. A interdição consiste na proibição de exercer no local o mesmo comércio ou
indústria, ou atividade social.
§ 2º. A sociedade ou associação, cuja sede é interditada, não pode exercer em
outro local as suas atividades.

Confisco

Art. 119. O juiz, embora não apurada a autoria, ou ainda quando o agente é
inimputável, ou não punível, deve ordenar o confisco dos instrumentos e produtos do
crime, desde que consistam em coisas:
I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitui fato ilícito;
II - que, pertencendo às forças armadas ou sendo de uso exclusivo de militares,
estejam em poder ou em uso do agente, ou de pessoa não devidamente autorizada;
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
Parágrafo único. É ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa fé, nos
casos dos ns. I e III.

Imposição da medida de segurança

Art. 120. A medida de segurança é imposta em sentença, que lhe estabelecerá as


condições, nos termos da lei penal militar.
Parágrafo único. A imposição da medida de segurança não impede a expulsão do
estrangeiro.

TÍTULO VII
DA AÇÃO PENAL

Propositura da ação penal

Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério
Público da Justiça Militar.

Dependência de requisição

Art. 122. Nos crimes previstos nos artigos 136 a 141, a ação penal, quando o
agente for militar ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que
aquele estiver subordinado; no caso do artigo 141, quando o agente for civil e não
houver co-autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.

TÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Causas extintivas

Art. 123. Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente;


II - pela anistia ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição;
V - pela reabilitação;
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (artigo 303, § 4º).
Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto, elemento
constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a este. Nos crimes
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a
agravação da pena resultante da conexão.

Espécies de prescrição

Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à execução da pena.

Prescrição da ação penal

Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-
se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
I - em trinta anos, se a pena é de morte;
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a
doze;
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito;
V - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a quatro;
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano.
Superveniência de sentença condenatória de que somente o réu recorre

§ 1º. Sobrevindo sentença condenatória, de que somente o réu tenha recorrido, a


prescrição passa a regular-se pela pena imposta, e deve ser logo declarada, sem
prejuízo do andamento do recurso se, entre a última causa interruptiva do curso da
prescrição (§ 5º) e a sentença, já decorreu tempo suficiente.
Termo inicial da prescrição da ação penal

§ 2º. A prescrição da ação penal começa a correr:


a) do dia em que o crime se consumou;
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência;
d) nos crimes de falsidade, da data em que o fato se tornou conhecido.
Caso de concurso de crimes ou de crime continuado

§ 3º. No caso de concurso de crimes ou de crime continuado, a prescrição é


referida, não à pena unificada, mas à de cada crime considerado isoladamente.
Suspensão da prescrição

§ 4º. A prescrição da ação penal não corre:


I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o
reconhecimento da existência do crime;
II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
Interrupção da prescrição

§ 5º. O curso da prescrição da ação penal interrompe-se:


I - pela instauração do processo;
II - pela sentença condenatória recorrível.
§ 6º. A interrupção da prescrição produz efeito relativamente a todos os autores do
crime; e nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, a interrupção
relativa a qualquer deles estende-se aos demais.

Prescrição da execução da pena ou da medida de segurança que a substitui

Art. 126. A prescrição da execução da pena privativa de liberdade ou da medida


de segurança que a substitui (artigo 113) regula-se pelo tempo fixado na sentença e
verifica-se nos mesmos prazos estabelecidos no artigo 125, os quais se aumentam
de um terço, se o condenado é criminoso habitual ou por tendência.
§ 1º. Começa a correr a prescrição:
a) do dia em que passa em julgado a sentença condenatória ou a que revoga a
suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
b) do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção
deva computar-se na pena.
§ 2º. No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento ou
desinternação condicionais, a prescrição se regula pelo restante tempo da
execução.
§ 3º. O curso da prescrição da execução da pena suspende-se enquanto o
condenado está preso por outro motivo, e interrompe-se pelo início ou continuação
do cumprimento da pena, ou pela reincidência.

Prescrição no caso de reforma ou suspensão de exercício

Art. 127. Verifica-se em quatro anos a prescrição nos crimes cuja pena cominada,
no máximo, é de reforma ou de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo
ou função.

Disposições comuns a ambas as espécies de prescrição

Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o caso do § 3º, segunda parte, do artigo
126, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Redução

Art. 129. São reduzidos de metade os prazos da prescrição, quando o criminoso


era, ao tempo do crime, menor de vinte e um anos ou maior de setenta.

Imprescritibilidade das penas acessórias

Art. 130. É imprescritível a execução das penas acessórias.

Prescrição no caso de insubmissão

Art. 131. A prescrição começa a correr, no crime de insubmissão, do dia em que o


insubmisso atinge a idade de trinta anos.

Prescrição no caso de deserção

Art. 132. No crime de deserção, embora decorrido o prazo da prescrição, esta só


extingue a punibilidade quando o desertor atinge a idade de quarenta e cinco anos,
e, se oficial, a de sessenta.

Declaração de ofício

Art. 133. A prescrição, embora não alegada, deve ser declarada de ofício.
Reabilitação

Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva.

§ 1º. A reabilitação poderá ser requerida decorridos cinco anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena principal ou terminar a execução desta ou da
medida de segurança aplicada em substituição (artigo 113), ou do dia em que
terminar o prazo da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional,
desde que o condenado:
a) tenha tido domicílio no País, no prazo acima referido;
b) tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
c) tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre absoluta
impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.
§ 2º. A reabilitação não pode ser concedida:
a) em favor dos que foram reconhecidos perigosos, salvo prova cabal em contrário;
b) em relação aos atingidos pelas penas acessórias do artigo 98, inciso VII, se o
crime for de natureza sexual em detrimento de filho, tutelado ou curatelado.
Prazo para renovação do pedido.

§ 3º. Negada a reabilitação, não pode ser novamente requerida senão após o
decurso de dois anos.
§ 4º. Os prazos para o pedido de reabilitação serão contados em dobro no caso
de criminoso habitual ou por tendência.
Revogação

§ 5º. A reabilitação será revogada de ofício, ou a requerimento do Ministério


Público, se a pessoa reabilitada for condenada, por decisão definitiva, ao
cumprimento de pena privativa de liberdade.

Cancelamento do registro de condenações penais

Art. 135. Declarada a reabilitação, serão cancelados, mediante averbação, os


antecedentes criminais.

Sigilo sobre antecedentes criminais

Parágrafo único. Concedida a reabilitação, o registro oficial de condenações


penais não pode ser comunicado senão à autoridade policial ou judiciária, ou ao
representante do Ministério Público, para instrução de processo penal que venha a
ser instaurado contra o reabilitado.

PARTE ESPECIAL

LIVRO I
DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ

TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA EXTERNA DO PAÍS

Hostilidade contra país estrangeiro

Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade contra país estrangeiro, expondo o
Brasil a perigo de guerra:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.


Resultado mais grave

§ 1º. Se resulta ruptura de relações diplomáticas, represália ou retorsão:

Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.


§ 2º. Se resulta guerra:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Provocação a país estrangeiro

Art. 137. Provocar o militar, diretamente, país estrangeiro a declarar guerra ou


mover hostilidade contra o Brasil ou a intervir em questão que respeite à soberania
nacional:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Ato de jurisdição indevida

Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, no território nacional, ato de jurisdição


de país estrangeiro, ou favorecer a prática de ato dessa natureza:

Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.


Violação de território estrangeiro

Art. 139. Violar o militar território estrangeiro, com o fim de praticar ato de
jurisdição em nome do Brasil:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Entendimento para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra

Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em entendimento com país estrangeiro,
para empenhar o Brasil à neutralidade ou à guerra:

Pena - reclusão, de seis a doze anos.

Entendimento para gerar conflito ou divergência com o Brasil

Art. 141. Entrar em entendimento com país estrangeiro, ou organização nele


existente, para gerar conflito ou divergência de caráter internacional entre o Brasil e
qualquer outro país, ou para lhes perturbar as relações diplomáticas:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos.

Resultado mais grave

§ 1º. Se resulta ruptura de relações diplomáticas:

Pena - reclusão, de seis a dezoito anos.


§ 2º. Se resulta guerra:

Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos.

Tentativa contra a soberania do Brasil

Art. 142. Tentar:

I - submeter o território nacional, ou parte dele, à soberania de país estrangeiro;


II - desmembrar, por meio de movimento armado ou tumultos planejados, o território
nacional, desde que o fato atente contra a segurança externa do Brasil ou a sua
soberania;
III - internacionalizar, por qualquer meio, região ou parte do território nacional:
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para os cabeças; de dez a vinte anos, para
os demais agentes.

Consecução de notícia, informação ou documento para fim de espionagem

Art. 143. Conseguir, para o fim de espionagem militar, notícia, informação ou


documento, cujo sigilo seja de interesse da segurança externa do Brasil:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.


§ 1º. A pena é de reclusão de dez a vinte anos:
I - se o fato compromete a preparação ou eficiência bélica do Brasil, ou o agente
transmite ou fornece, por qualquer meio, mesmo sem remuneração, a notícia,
informação ou documento, a autoridade ou pessoa estrangeira;
II - se o agente, em detrimento da segurança externa do Brasil, promove ou mantém
no território nacional atividade ou serviço destinado à espionagem;
III - se o agente se utiliza, ou contribui para que outrem se utilize, de meio de
comunicação, para dar indicação que ponha ou possa por em perigo a segurança
externa do Brasil.
Modalidade culposa

§ 2º. Contribuir culposamente para a execução do crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do artigo; ou até quatro anos,
no caso do § 1º, nº I.

Revelação de notícia, informação ou documento

Art. 144. Revelar notícia, informação ou documento, cujo sigilo seja de interesse da
segurança externa do Brasil:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Fim de espionagem militar

§ 1º. Se o fato é cometido com o fim de espionagem militar:

Pena - reclusão, de seis a doze anos.

Resultado mais grave

§ 2º. Se o fato compromete a preparação ou a eficiência bélica do país:


Pena - reclusão, de dez a vinte anos.

Modalidade culposa

§ 3º. Se a revelação é culposa:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, no caso do artigo; ou até quatro anos,
nos casos dos §§ 1º e 2º.

Turbação de objeto ou documento

Art. 145. Suprimir, subtrair, deturpar, alterar, desviar, ainda que temporariamente,
objeto ou documento concernente à segurança externa do Brasil:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Resultado mais grave

§ 1º. Se o fato compromete a segurança ou a eficiência bélica do país:

Pena - reclusão, de dez a vinte anos.

Modalidade culposa

§ 2º. Contribuir culposamente para o fato:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Penetração com o fim de espionagem

Art. 146. Penetrar, sem licença, ou introduzir-se clandestinamente ou sob falso


pretexto, em lugar sujeito à administração militar, ou centro industrial a serviço de
construção ou fabricação sob fiscalização militar, para colher informação destinada
a país estrangeiro ou agente seu:

Pena - reclusão, de três a oito anos.


Parágrafo único. Entrar, em local referido no artigo, sem licença de autoridade
competente, munido de máquina fotográfica ou qualquer outro meio hábil para a
prática de espionagem:

Pena - reclusão, até três anos.


Desenho ou levantamento de plano ou planta de local militar ou de engenho
de guerra

Art. 147. Fazer desenho ou levantar plano ou planta de fortificação, quartel, fábrica,
arsenal, hangar ou aeródromo, ou de navio, aeronave ou engenho de guerra
motomecanizado, utilizados ou em construção sob administração ou fiscalização
militar, ou fotografá-los ou filmá-los:

Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Sobrevôo em local interdito

Art. 148. Sobrevoar local declarado interdito:

Pena - reclusão, até três anos.

TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA
MILITAR

CAPÍTULO I
DO MOTIM E DA REVOLTA

Motim

Art. 149. Reunirem-se militares ou assemelhados:

I - agindo contra a ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la;


II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou
praticando violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência,
em comum, contra superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou
dependência de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio ou viatura
militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte, para
ação militar, ou prática de violência, em desobediência a ordem superior ou em
detrimento da ordem ou da disciplina militar:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Revolta
Parágrafo único. Se os agentes estavam armados:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças.

Organização de grupo para a prática de violência

Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou assemelhados, com armamento ou


material bélico, de propriedade militar, praticando violência à pessoa ou à coisa
pública ou particular em lugar sujeito ou não à administração militar:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos.

Omissão de lealdade militar

Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar ao conhecimento do superior o


motim ou revolta de cuja preparação teve notícia, ou, estando presente ao ato
criminoso, não usar de todos os meios ao seu alcance para impedí-lo:

Pena - reclusão, de três a cinco anos.

Conspiração

Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelhados para a prática do crime


previsto no artigo 149:

Pena - reclusão, de três a cinco anos.

Isenção de pena

Parágrafo único. É isento de pena aquele que, antes da execução do crime e


quando era ainda possível evitar-lhe as consequências, denuncia o ajuste de que
participou.

Cumulação de penas

Art. 153. As penas dos artigos 149 e 150 são aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
CAPÍTULO II
DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO

Aliciação para motim ou revolta

Art. 154. Aliciar militar ou assemelhado para a prática de qualquer dos crimes
previstos no capítulo anterior:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Incitamento

Art. 155. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar
sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado,
fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos
previstos no artigo.

Apologia de fato criminoso ou do seu autor

Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei militar considera crime, ou do autor do
mesmo, em lugar sujeito à administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.


CAPÍTULO III
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU- MILITAR DE SERVIÇO

Violência contra superior

Art. 157. Praticar violência contra superior:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

Formas qualificadas

§ 1º. Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial


general:

Pena - reclusão, de três a nove anos.


§ 2º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a
do crime contra a pessoa.
§ 4º. Se da violência resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


§ 5º. A pena é aumentada da sexta parte, se o crime ocorre em serviço.

Violência contra militar de serviço

Art. 158. Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou de quarto, ou contra
sentinela, vigia ou plantão:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Formas qualificadas

§ 1º. Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.


§ 2º. Se da violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da pena da violência, a
do crime contra a pessoa.
§ 3º. Se da violência resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Ausência de dolo no resultado

Art. 159. Quando da violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias


evidenciam que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
pena do crime contra a pessoa é diminuída de metade.
CAPÍTULO IV
DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A SÍMBOLO NACIONAL OU A FARDA

Desrespeito a superior

Art. 160. Desrespeitar superior diante de outro militar:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Desrespeito a comandante, oficial-general ou oficial de serviço

Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que


pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é
aumentada da metade.

Desrespeito a símbolo nacional

Art. 161. Praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à administração


militar, ato que se traduza em ultraje a símbolo nacional:
Pena - detenção, de um a dois anos.

Despojamento desprezível

Art. 162. Despojar-se de uniforme, condecoração militar, insígnia ou distintivo, por


menosprezo ou vilipêndio:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.


Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o fato é praticado diante da
tropa, ou em público.
CAPÍTULO V
DA INSUBORDINAÇÃO

Recusa de obediência

Art. 163. Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto ou matéria de


serviço, ou relativamente a dever imposto em lei, regulamento ou instrução:

Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Oposição a ordem de sentinela

Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Reunião ilícita

Art. 165. Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, para discussão de
ato de superior ou assunto atinente à disciplina militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem promove a reunião; de dois a seis
meses a quem dela participa, se o fato não constitui crime mais grave.

Publicação ou crítica indevida

Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial,
ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar,
ou a qualquer resolução do Governo:

Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VI
DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO OU- ABUSO DE AUTORIDADE

Assunção de comando sem ordem ou autorização

Art. 167. Assumir o militar, sem ordem ou autorização, salvo se em grave


emergência, qualquer comando, ou direção de estabelecimento militar:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Conservação ilegal de comando

Art. 168. Conservar comando ou função legitimamente assumida, depois de


receber ordem de seu superior para deixá-los ou transmiti-los a outrem:

Pena - detenção, de um a três anos.

Operação militar sem ordem superior

Art. 169. Determinar o comandante, sem ordem superior e fora dos casos em que
essa se dispensa, movimento de tropa ou ação militar:

Pena - reclusão, de três a cinco anos.

Forma qualificada

Parágrafo único. Se o movimento da tropa ou ação militar é em território


estrangeiro ou contra força, navio ou aeronave de país estrangeiro:

Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Ordem arbitrária de invasão

Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o comandante de força, navio, aeronave ou


engenho de guerra motomecanizado a entrada de comandados seus em águas ou
território estrangeiro, ou sobrevoá-los:

Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos, ou reforma.

Uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insígnia

Art. 171. Usar o militar ou assemelhado, indevidamente, uniforme, distintivo ou


insígnia de posto ou graduação superior:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar por qualquer pessoa

Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia militar a que não
tenha direito:

Pena - detenção, até seis meses.

Abuso de requisição militar

Art. 173. Abusar do direito de requisição militar, excedendo os poderes conferidos


ou recusando cumprir dever imposto em lei:

Pena - detenção, de um a dois anos.

Rigor excessivo

Art. 174. Exceder a faculdade de punir o subordinado, fazendo-o com rigor não
permitido, ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:

Pena - suspensão do exercício do posto, por dois a seis meses, se o fato não
constitui crime mais grave.

Violência contra inferior

Art. 175. Praticar violência contra inferior:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte é também


aplicada a pena do crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao
disposto no artigo 159.

Ofensa aviltante a inferior

Art. 176. Ofender inferior, mediante ato de violência que, por natureza ou pelo meio
empregado, se considere aviltante:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.


Parágrafo único. Aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo anterior.
CAPÍTULO VII
DA RESISTÊNCIA

Resistência mediante ameaça ou violência

Art. 177. Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou violência ao


executor, ou a quem esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Forma qualificada

§ 1º. Se o ato não se executa em razão da resistência:

Pena - reclusão de dois a quatro anos.

Cumulação de penas

§ 2º. As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência, ou ao fato que constitua crime mais grave.
CAPÍTULO VIII
DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO E- AMOTINAMENTO DE PRESOS

Fuga de preso ou internado

Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a


medida de segurança detentiva:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Formas qualificadas

§ 1º. Se o crime é praticado a mão armada ou por mais de uma pessoa, ou


mediante arrombamento:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.


§ 2º. Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena
correspondente à violência.
§ 3º. Se o crime é praticado por pessoa sob cuja guarda, custódia ou condução
está o preso ou internado:
Pena - reclusão, até quatro anos.

Modalidade culposa

Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa legalmente presa, confiada à sua guarda
ou condução:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Evasão de preso ou internado

Art. 180. Evadir-se, ou tentar evadir-se o preso ou internado, usando de violência


contra a pessoa:

Pena - detenção, de um a dois anos, além da correspondente à violência.


§ 1º. Se a evasão ou a tentativa ocorre mediante arrombamento da prisão militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.

Cumulação de penas

§ 2º. Se ao fato sucede deserção, aplicam-se cumulativamente as penas


correspondentes.

Arrebatamento de preso ou internado

Art. 181. Arrebatar preso ou internado, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o


tenha sob guarda ou custódia militar:

Pena - reclusão, até quatro anos, além da correspondente a violência.

Amotinamento

Art. 182. Amotinarem-se presos, ou internados, perturbando a disciplina do recinto


de prisão militar:

Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças; aos demais, detenção de um a dois
anos.

Responsabilidade de partícipe ou de oficial


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem participa do amotinamento ou,
sendo oficial e estando presente, não usa os meios ao seu alcance para debelar o
amotinado ou evitar-lhe as consequências.

TÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO- MILITAR E O DEVER
MILITAR

CAPÍTULO I
DA INSUBMISSÃO

Insubmissão

Art. 183. Deixar de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo


que lhe foi marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de
incorporação:

Pena - impedimento, de três meses a um ano.

Caso assimilado

§ 1º. Na mesma pena incorre quem, dispensado temporariamente da


incorporação, deixa de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.
Diminuição da pena

§ 2º. A pena é diminuída de um terço:


a) pela ignorância ou a errada compreensão dos atos da convocação militar,
quando escusáveis;
b) pela apresentação voluntária dentro do prazo de um ano, contado do último dia
marcado para a apresentação.

Criação ou simulação de incapacidade física

Art. 184. Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado para o
serviço militar:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Substituição de convocado
Art. 185. Substituir-se o convocado por outrem na apresentação ou na inspeção de
saúde:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem substitui o convocado.

Favorecimento a convocado

Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou


facilitar-lhe transporte ou meio que obste ou dificulte a incorporação, sabendo ou
tendo razão para saber que cometeu qualquer dos crimes previstos neste capítulo:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Isenção de pena

Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão


do criminoso, fica isento de pena.
CAPÍTULO II
DA DESERÇÃO

Deserção

Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar
em que deve permanecer, por mais de oito dias:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.

Casos assimilados

Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:

I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de


trânsito ou férias;
II - deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias,
contados daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que
é declarado o estado de sítio ou de guerra;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou
simulando incapacidade.
Art. 189. Nos crimes dos artigos 187 e 188, nºs. I, II e III:

Atenuante especial

I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro em oito dias após a


consumação do crime, a pena é diminuída de metade; e de um terço, se de mais de
oito dias e até sessenta;
Agravante especial

II - se a deserção ocorre em unidade estacionada em fronteira ou país estrangeiro,


a pena é agravada de um terço.

Deserção especial

Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou


aeronave, de que é tripulante, ou do deslocamento da unidade ou força em que
serve. (NR)

Pena – detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento se apresentar,


dentro de vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à
autoridade policial, para ser comunicada a apresentação ao comando militar
competente. (NR) (Redação dada ao caput pela Lei nº 9.764, de 17.12.1998, DOU
18.12.1998)

Nota: Assim dispunha o caput alterado:


"Art 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de
que é tripulante, ou da partida ou do deslocamento da unidade ou força em que serve:
Pena - detenção, até três meses, se após a partida ou deslocamento, se apresentar, dentro
em vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial,
para ser comunicada a apresentação a comando militar da região, distrito ou zona."

§ 1º. Se a apresentação se der dentro de prazo superior a vinte e quatro horas e


não excedente a cinco dias:

Pena - detenção, de dois a oito meses.

§ 2º. Se superior a cinco dias e não excedente a oito dias: (NR) (Redação dada
pela Lei nº 9.764, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)

Nota: Assim dispunha a redação anterior:


"§ 2º. Se superior a cinco dias e não excedente a dez dias:"

Pena - detenção, de três meses a um ano.


§ 2º-A. Se superior a oito dias:

Pena – detenção, de seis meses a dois anos. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
9.764, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)
Aumento de pena

§ 3º. A pena é aumentada de um terço, se se tratar de sargento, subtenente ou


suboficial, e de metade, se oficial. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº
9.764, de 17.12.1998, DOU 18.12.1998)

Nota: Assim dispunha o parágrafo alterado:


"§ 3º. Se se tratar de oficial, a pena é agravada."

Concerto para deserção

Art. 191. Concertarem-se militares para a prática de deserção:

I - se a deserção não chega a consumar-se:

Pena - detenção, de três meses a um ano;

Modalidade complexa

II - Se consumada a deserção:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Deserção por evasão ou fuga

Art. 192. Evadir-se o militar do poder da escolta, ou de recinto de detenção ou de


prisão, ou fugir em seguida à prática de crime para evitar prisão, permanecendo
ausente por mais de oito dias:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Favorecimento a desertor

Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou


facilitar-lhe transporte ou meio de ocultação, sabendo ou tendo razão para saber que
cometeu qualquer dos crimes previstos neste capítulo:

Pena - detenção, de quatro meses a um ano.

Isenção de pena
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão
do criminoso, fica isento de pena.

Omissão de oficial

Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra desertor, sabendo, ou devendo saber
encontrar-se entre os seus comandados:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.


CAPÍTULO III
DO ABANDONO DE POSTO E DE OUTROS- CRIMES EM SERVIÇO

Abandono de posto

Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lugar de serviço que lhe
tenha sido designado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Descumprimento de missão

Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a missão que lhe foi confiada:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
§ 1º. Se é oficial o agente, a pena é aumentada de um terço.
§ 2º. Se o agente exercia função de comando, a pena é aumentada de metade.
Modalidade culposa

§ 3º. Se a abstenção é culposa:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Retenção indevida

Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por ocasião da passagem de função, ou


quando lhe é exigido, objeto, plano, carta, cifra, código ou documento que lhe haja
sido confiado:

Pena - suspensão do exercício do posto, de três a seis meses, se o fato não


constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, cifra, código, ou documento envolve ou
constitui segredo relativo à segurança nacional:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Omissão de eficiência da força

Art. 198. Deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de
eficiência:

Pena - suspensão do exercício do posto, de três meses a um ano.

Omissão de providências para evitar danos

Art. 199. Deixar o comandante de empregar todos os meios ao seu alcance para
evitar perda, destruição ou inutilização de instalações militares, navio, aeronave ou
engenho de guerra motomecanizado em perigo:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Omissão de providências para salvar comandados

Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe,


colisão, ou outro perigo semelhante, de tomar todas as providências adequadas
para salvar os seus comandados e minorar as consequências do sinistro, não sendo
o último a sair de bordo ou a deixar a aeronave ou o quartel ou sede militar sob seu
comando:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Omissão de socorro
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, sem justa causa, navio de guerra ou
mercante, nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, ou náufragos que hajam
pedido socorro:

Pena - suspensão do exercício do posto, de um a três anos ou reforma.

Embriaguez em serviço

Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em serviço, ou apresentar-se embriagado


para prestá-lo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Dormir em serviço

Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como oficial de quarto ou de ronda,
ou em situação equivalente, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia,
plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de natureza
semelhante:

Pena - detenção, de três meses a um ano.


CAPÍTULO IV
DO EXERCÍCIO DE COMÉRCIO

Exercício de comércio por oficial

Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência


de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou
cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada:

Pena - suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou reforma.

TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO I
DO HOMICÍDIO

Homicídio simples

Art. 205. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Minoração facultativa da pena

§ 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado

§ 2º. Se o homicídio é cometido:


I - por motivo fútil;
II - mediante paga ou promessa de recompensa, por cupidez, para excitar ou saciar
desejos sexuais, ou por outro motivo torpe;
III - com emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro meio
dissimulado ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, com surpresa ou mediante outro recurso insidioso,
que dificultou ou tornou impossível a defesa da vítima;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime;
VI - prevalecendo-se o agente da situação de serviço:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Homicídio culposo

Art. 206. Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de um a quatro anos.


§ 1º. A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
à vítima.
Multiplicidade de vítimas

§ 2º. Se, em consequência de uma só ação ou omissão culposa, ocorre morte de


mais de uma pessoa ou também lesões corporais em outras pessoas, a pena é
aumentada de um sexto até metade.

Provocação direta ou auxílio a suicídio


Art. 207. Instigar ou induzir a suicidar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça,
vindo o suicídio a consumar-se:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Agravação de pena

§ 1º. Se o crime é praticado por motivo egoístico, ou a vítima é menor ou tem


diminuída, por qualquer motivo, a resistência moral, a pena é agravada.
Provocação indireta ao suicídio

§ 2º. Com a detenção de um a três anos, será punido quem, desumana e


reiteradamente, inflige maus-tratos a alguém, sob sua autoridade ou dependência,
levando-o, em razão disso, à prática de suicídio.
Redução de pena

§ 3º. Se o suicídio é apenas tentado, e da tentativa resulta lesão grave, a pena é


reduzida de um a dois terços.
CAPÍTULO II
DO GENOCÍDIO

Genocídio

Art. 208. Matar membros de um grupo nacional, étnico, religioso ou pertencente a


determinada raça, com o fim de destruição total ou parcial desse grupo:

Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.

Casos assimilados

Parágrafo único. Será punido com reclusão, de quatro a quinze anos, quem, com o
mesmo fim:
I - inflige lesões graves a membros do grupo;
II - submete o grupo a condições de existência, físicas ou morais, capazes de
ocasionar a eliminação de todos os seus membros ou parte deles;
III - força o grupo à sua dispersão;
IV - impõe medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
V - efetua coativamente a transferência de crianças do grupo para outro grupo.
CAPÍTULO III
DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA

Lesão leve

Art. 209. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Lesão grave

§ 1º. Se se produz, dolosamente, perigo de vida, debilidade permanente de


membro, sentido ou função, ou incapacidade para as ocupações habituais, por mais
de trinta dias:

Pena - reclusão, até cinco anos.


§ 2º. Se se produz, dolosamente, enfermidade incurável, perda ou inutilização de
membro, sentido ou função, incapacidade permanente para o trabalho, ou
deformidade duradoura:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Lesões qualificadas pelo resultado

§ 3º. Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º forem causados culposamente, a


pena será de detenção, de um a quatro anos; se da lesão resultar morte e as
circunstâncias evidenciarem que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
de produzi-lo, a pena será de reclusão, até oito anos.
Minoração facultativa da pena

§ 4º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor moral ou
social ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena, de um sexto a um terço.
§ 5º. No caso de lesões leves, se estas são recíprocas, não se sabendo qual dos
contendores atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
anterior, o juiz pode diminuir a pena de um a dois terços.
Lesão levíssima

§ 6º. No caso de lesões levíssimas, o juiz pode considerar a infração como


disciplinar.

Lesão culposa
Art. 210. Se a lesão é culposa:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.


§ 1º. A pena pode ser agravada se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro
à vítima.
Aumento de pena

§ 2º. Se, em consequência de uma só ação ou omissão culposa, ocorrem lesões


em várias pessoas, a pena é aumentada de um sexto até metade.

Participação em rixa

Art. 211. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:

Pena - detenção, até dois meses.


Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão grave, aplica-se, pelo fato de
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
CAPÍTULO IV
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA OU DA SAÚDE

Abandono de pessoa

Art. 212. Abandonar o militar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância
ou autoridade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

Formas qualificadas pelo resultado

§ 1º. Se do abandono resulta lesão grave:

Pena - reclusão, até cinco anos.


§ 2º. Se resulta morte:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Maus-tratos
Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde, em lugar sujeito à administração militar
ou no exercício de função militar, de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou custódia, quer privando-
a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalhos
excessivos ou inadequados, quer abusando de meios de correção ou disciplina:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Formas qualificadas pelo resultado

§ 1º. Se do fato resulta lesão grave:

Pena - reclusão, até quatro anos.


§ 2º. Se resulta morte:

Pena - reclusão, de dois a dez anos.


CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Calúnia

Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.


§ 1º. Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou
divulga.
Exceção da verdade

§ 2º. A prova da verdade do fato imputado exclui o crime, mas não é admitida:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi
condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do artigo 218;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por
sentença irrecorrível.

Difamação

Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se admite se a ofensa é relativa
ao exercício da função pública, militar ou civil, do ofendido.

Injúria

Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena - detenção, até seis meses.

Injúria real

Art. 217. Se a injúria consiste em violência, ou outro ato que atinja a pessoa, e, por
sua natureza ou pelo meio empregado, se considera aviltante:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência.

Disposições comuns

Art. 218. As penas cominadas nos antecedentes artigos deste capítulo aumentam-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro;
II - contra superior;
III - contra militar, ou funcionário público civil, em razão das suas funções;
IV - na presença de duas ou mais pessoas, ou de inferior do ofendido, ou por meio
que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de
recompensa, aplica-se a pena em dobro, se o fato não constitui crime mais grave.

Ofensa às forças armadas

Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou
abalar o crédito das forças armadas ou a confiança que estas merecem do público:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.


Parágrafo único. A pena será aumentada de um terço, se o crime é cometido pela
imprensa, rádio ou televisão.

Exclusão de pena
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo quando inequívoca a intenção de
injuriar, difamar ou caluniar:
I - a irrogada em juízo, na discussão da causa, por uma das partes ou seu
procurador contra a outra parte ou seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica;
III - a apreciação crítica às instituições militares, salvo quando inequívoca a
intenção de ofender;
IV - o conceito desfavorável em apreciação ou informação prestada no
cumprimento do dever de ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos nºs. I e IV, responde pela ofensa quem lhe dá
publicidade.

Equivocidade da ofensa

Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma imprecisa ou equívoca, quem se julga


atingido pode pedir explicações em juízo. Se o interpelado se recusa a dá-las ou, a
critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE

SEÇÃO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL

Constrangimento ilegal

Art. 222. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de


lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não manda:

Pena - detenção, até um ano, se o fato não constitui crime mais grave.

Aumento de pena

§ 1º. A pena aplica-se em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem


mais de três pessoas, ou há emprego de arma, ou quando o constrangimento é
exercido com abuso de autoridade, para obter de alguém confissão de autoria de
crime ou declaração como testemunha.
§ 2º. Além da pena cominada, aplica-se a correspondente à violência.
Exclusão de crime
§ 3º. Não constitui crime:
I - salvo o caso de transplante de órgãos, a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada para
conjurar iminente perigo de vida ou de grave dano ao corpo ou à saúde;
II - a coação exercida para impedir suicídio.

Ameaça

Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de lhe causar mal injusto e grave:

Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por fato referente a serviço de natureza
militar, a pena é aumentada de um terço.

Desafio para duelo

Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou aceitar-lhe o desafio, embora o duelo
não se realize:

Pena - detenção, até três meses, se o fato não constitui crime mais grave.

Seqüestro ou cárcere privado

Art. 225. Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado:

Pena - reclusão, até três anos.

Aumento de pena

§ 1º. A pena é aumentada de metade:


I - se a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do agente;
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
III - se a privação de liberdade dura mais de quinze dias.
Formas qualificadas pelo resultado

§ 2º. Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,


grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 3º. Se, pela razão do parágrafo anterior, resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.


SEÇÃO II
DO CRIME CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

Violação de domicílio

Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a


vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:

Pena - detenção, até três meses.

Forma qualificada

§ 1º. Se o crime é cometido durante o repouso noturno, ou com emprego de


violência ou de arma, ou mediante arrombamento, ou por duas ou mais pessoas:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à


violência.

Agravação de pena

§ 2º. Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por militar em serviço


ou por funcionário público civil, fora dos casos legais, ou com inobservância das
formalidades prescritas em lei, ou com abuso de poder.
Exclusão de crime

§ 3º. Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas


dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou
outra diligência em cumprimento de lei ou regulamento militar;
II - a qualquer hora do dia ou da noite para acudir vítima de desastre ou quando
alguma infração penal está sendo ali praticada ou na iminência de o ser.
Compreensão do termo "casa"

§ 4º. O termo "casa'' compreende:


I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.
§ 5º. Não se compreende no termo "casa'':
I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a
restrição do nº II do parágrafo anterior;
II - taverna, boate, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
SEÇÃO III
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA OU
COMUNICAÇÃO

Violação de correspondência

Art. 227. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência privada dirigida


a outrem:

Pena - detenção, até seis meses.


§ 1º. Nas mesmas penas incorre:
I - quem se apossa de correspondência alheia, fechada ou aberta, e, no todo ou em
parte, a sonega ou destrói;
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza, abusivamente,
comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação
telefônica entre outras pessoas;
III - quem impede a comunicação ou a conversação referida no número anterior.
Aumento de pena

§ 2º. A pena aumenta-se de metade, se há dano para outrem.


§ 3º. Se o agente comete o crime com abuso de função, em serviço postal,
telegráfico, radioelétrico ou telefônico:

Pena - detenção, de um a três anos.

Natureza militar do crime

§ 4º. Salvo o disposto no parágrafo anterior, qualquer dos crimes previstos neste
artigo só é considerado militar no caso do artigo 9º, nº II, letra "a".
SEÇÃO IV
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS DE
CARÁTER PARTICULAR

Divulgação de segredo

Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteúdo de documento particular sigiloso ou
de correspondência confidencial, de que é detentor ou destinatário, desde que da
divulgação possa resultar dano a outrem:

Pena - detenção, até seis meses.

Violação de recato

Art. 229. Violar, mediante processo técnico o direito ao recato pessoal ou o direito
ao resguardo das palavras que não forem pronunciadas publicamente:

Pena - detenção, até um ano.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem divulga os fatos captados.

Violação de segredo profissional

Art. 230. Revelar, sem justa causa, segredo de que tem ciência, em razão de
função ou profissão, exercida em local sob administração militar, desde que da
revelação possa resultar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Natureza militar do crime

Art. 231. Os crimes previstos nos artigos 228 e 229 somente são considerados
militares no caso do artigo 9º, nº II, letra "a".
CAPÍTULO VII
DOS CRIMES SEXUAIS

Estupro

Art. 232. Constranger mulher a conjunção carnal, mediante violência ou grave


ameaça:

Pena - reclusão, de três a oito anos, sem prejuízo da correspondente à violência.


Atentado violento ao pudor

Art. 233. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a presenciar,


a praticar ou permitir que com ele pratique ato libidinoso diverso da conjunção
carnal:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, sem prejuízo da correspondente à violência.

Corrupção de menores

Art. 234. Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa menor de dezoito e maior


de quatorze anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo
ou presenciá-lo:

Pena - reclusão, até três anos.

Pederastia ou outro ato de libidinagem

Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com ele se pratique ato libidinoso,
homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a um ano.

Presunção de violência

Art. 236. Presume-se a violência, se a vítima:

I - não é maior de quatorze anos, salvo fundada suposição contrária do agente;


II - é doente ou deficiente mental, e o agente conhecia esta circunstância;
III - não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência.

Aumento de pena

Art. 237. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se o fato é
praticado:
I - com o concurso de duas ou mais pessoas;
II - por oficial, ou por militar em serviço.
CAPÍTULO VIII
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR

Ato obsceno
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar sujeito à administração militar:

Pena - detenção, de três meses a um ano.


Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato é praticado por militar em serviço ou
por oficial.

Escrito ou objeto obsceno

Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à venda, exibir, adquirir ou ter em
depósito para o fim de venda, distribuição ou exibição, livros, jornais, revistas,
escritos, pinturas, gravuras, estampas, imagens, desenhos ou qualquer outro objeto
de caráter obsceno, em lugar sujeito à administração militar, ou durante o período de
exercício ou manobras:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem distribui, vende, oferece à venda
ou exibe a militares em serviço objeto de caráter obsceno.

TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

CAPÍTULO I
DO FURTO

Furto simples

Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, até seis anos.

Furto atenuado

§ 1º. Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode


substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
considerar a infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda
a um décimo da quantia mensal do mais alto salário mínimo do país.
§ 2º. A atenuação do parágrafo anterior é igualmente aplicável no caso em que o
criminoso, sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou repara o dano causado,
antes de instaurada a ação penal.
Energia de valor econômico
§ 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha
valor econômico.
Furto qualificado

§ 4º. Se o furto é praticado durante a noite:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


§ 5º. Se a coisa furtada pertence à Fazenda Nacional:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.


§ 6º. Se o furto é praticado:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas:

Pena - reclusão, de três a dez anos.


§ 7º. Aos casos previstos nos §§ 4º e 5º são aplicáveis as atenuações a que se
referem os §§ 1º e 2º. Aos previstos no § 6º é aplicável a atenuação referida no § 2º.

Furto de uso

Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de uso momentâneo e, a seguir, vem a
ser imediatamente restituída ou reposta no lugar onde se achava:

Pena - detenção, até seis meses.


Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se a coisa usada é veículo
motorizado; e de um terço, se é animal de sela ou de tiro.
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo simples

Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante emprego ou
ameaça de emprego de violência contra pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
modo, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
§ 1º. Na mesma pena incorre quem, em seguida à subtração da coisa, emprega ou
ameaça empregar violência contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou detenção da coisa para si ou para outrem.
Roubo qualificado

§ 2º. A pena aumenta-se de um terço até metade:


I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores, e o agente conhece tal
circunstância;
IV - se a vítima está em serviço de natureza militar;
V - se é dolosamente causada lesão grave;
VI - se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis esse
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.
Latrocínio

§ 3º. Se, para praticar o roubo, ou assegurar a impunidade do crime, ou a


detenção da coisa, o agente ocasiona dolosamente a morte de alguém, a pena será
de reclusão, de quinze a trinta anos, sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa
de consumar-se. Se há mais de uma vítima dessa violência à pessoa, aplica-se o
disposto no artigo 79.

Extorsão simples

Art. 243. Obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica,


constrangendo alguém, mediante violência ou grave ameaça:
a) a praticar ou tolerar que se pratique ato lesivo do seu patrimônio, ou de terceiro;
b) a omitir ato de interesse do seu patrimônio, ou de terceiro:

Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.

Formas qualificadas

§ 1º. Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º do artigo 242.


§ 2º. Aplica-se à extorsão, praticada mediante violência, o disposto no § 3º do
artigo 242.
Extorsão mediante seqüestro

Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para si ou para outrem, mediante seqüestro
de pessoa, indevida vantagem econômica:

Pena - reclusão, de seis a quinze anos.

Formas qualificadas

§ 1º. Se o seqüestro dura mais de vinte e quatro horas, ou se o seqüestrado é


menor de dezesseis ou maior de sessenta anos, ou se o crime é cometido por mais
de duas pessoas, a pena é de reclusão de oito a vinte anos.
§ 2º. Se à pessoa seqüestrada, em razão de maus tratos ou da natureza do
seqüestro, resulta grave sofrimento físico ou moral, a pena de reclusão é aumentada
de um terço.
§ 3º. Se o agente vem a empregar violência contra a pessoa seqüestrada,
aplicam-se correspondentemente, as disposições do artigo 242, § 2º, nºs. V e VI, e
§ 3º.

Chantagem

Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém, para si ou para outrem, indevida
vantagem econômica, mediante ameaça de revelar fato, cuja divulgação pode lesar
a sua reputação ou de pessoa que lhe seja particularmente cara:

Pena - reclusão, de três a dez anos.


Parágrafo único. Se a ameaça é de divulgação pela imprensa, radiodifusão ou
televisão, a pena é agravada.

Extorsão indireta

Art. 246. Obter de alguém, como garantia de dívida, abusando de sua premente
necessidade, documento que pode dar causa a procedimento penal contra o
devedor ou contra terceiro:

Pena - reclusão, até três anos.

Aumento de pena

Art. 247. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena é agravada, se a violência é
contra superior, ou militar de serviço.
CAPÍTULO III
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Apropriação indébita simples

Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou detenção:

Pena - reclusão, até seis anos.

Agravação de pena

Parágrafo único. A pena é agravada, se o valor da coisa excede vinte vezes o


maior salário mínimo, ou se o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Apropriação de coisa havida acidentalmente

Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:

Pena - detenção, até um ano.

Apropriação de coisa achada

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem acha coisa alheia perdida e dela
se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor, ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze
dias.
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º
do artigo 240.
CAPÍTULO IV
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

Estelionato

Art. 251. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro
meio fraudulento:
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem:
Disposição de coisa alheia como própria

I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia, coisa alheia


como própria;
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável,


gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
Defraudação de penhor

III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na entrega de coisa

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que entrega a


adquirente;
Fraude no pagamento de cheque

V - defrauda de qualquer modo o pagamento de cheque que emitiu a favor de


alguém.
§ 2º. Os crimes previstos nos nºs. I a V do parágrafo anterior são considerados
militares somente nos casos do artigo 9º, nº II, letras "a" e "e".
Agravação de pena

§ 3º. A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração


militar.

Abuso de pessoa

Art. 252. Abusar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de função, em


unidade, repartição ou estabelecimento militar, da necessidade, paixão ou
inexperiência, ou da doença ou deficiência mental de outrem, induzindo-o à prática
de ato que produza efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro, ou em
detrimento da administração militar:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.


Art. 253. Nos crimes previstos neste capítulo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º
do artigo 240.
CAPÍTULO V
DA RECEPTAÇÃO

Receptação

Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em proveito próprio ou alheio, coisa


proveniente de crime, ou influir para que terceiro, de boa fé, a adquira, receba ou
oculte:

Pena - reclusão, até cinco anos.


Parágrafo único. São aplicáveis os §§ 1º e 2º do artigo 240.

Receptação culposa

Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela manifesta
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve
presumir-se obtida por meio criminoso:

Pena - detenção, até um ano.


Parágrafo único. Se o agente é primário e o valor da coisa não é superior a um
décimo do salário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.

Punibilidade da receptação

Art. 256. A receptação é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor
do crime de que proveio a coisa.
CAPÍTULO VI
DA USURPAÇÃO

Alteração de limites

Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de
linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel sob
administração militar:

Pena - detenção, até seis meses.


§ 1º. Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas sob administração
militar;
Invasão de propriedade

II - invade, com violência à pessoa ou à coisa, ou com grave ameaça, ou mediante


concurso de duas ou mais pessoas, terreno ou edifício sob administração militar.
Pena correspondente à violência

§ 2º. Quando há emprego de violência, fica ressalvada a pena a esta


correspondente.

Aposição, supressão ou alteração de marca

Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, sob
guarda ou administração militar, marca ou sinal indicativo de propriedade:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.


CAPÍTULO VII
DO DANO

Dano simples

Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desaparecer coisa alheia:

Pena - detenção, até seis meses.


Parágrafo único. Se se trata de bem público:

Pena - detenção, de seis meses a três anos.

Dano atenuado

Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o criminoso é primário e a coisa é de


valor não excedente a um décimo do salário mínimo, o juiz pode atenuar a pena, ou
considerar a infração como disciplinar.
Parágrafo único. O benefício previsto no artigo é igualmente aplicável, se, dentro
das condições nele estabelecidas, o criminoso repara o dano causado antes de
instaurada a ação penal.

Dano qualificado

Art. 261. Se o dano é cometido:


I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui
crime mais grave;
III - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável:

Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena correspondente à violência.

Dano em material ou aparelhamento de guerra

Art. 262. Praticar dano em material ou aparelhamento de guerra ou de utilidade


militar, ainda que em construção ou fabricação, ou em efeitos recolhidos a depósito,
pertencentes ou não às forças armadas:

Pena - reclusão, até seis anos.

Dano em navio de guerra ou mercante em serviço militar

Art. 263. Causar a perda, destruição, inutilização, encalhe, colisão ou alagamento


de navio de guerra ou de navio mercante em serviço militar, ou nele causar avaria:

Pena - reclusão, de três a dez anos.


§ 1º. Se resulta lesão grave, a pena correspondente é aumentada da metade; se
resulta a morte, é aplicada em dobro.
§ 2º. Se, para a prática do dano previsto no artigo, usou o agente de violência
contra a pessoa, ser-lhe-á aplicada igualmente a pena a ela correspondente.

Dano em aparelhos e instalações de aviação e navais, e em estabelecimentos


militares

Art. 264. Praticar dano:

I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou instalações de campo de aviação,


engenho de guerra motomecanizado, viatura em comboio militar, arsenal, dique,
doca, armazém, quartel, alojamento ou em qualquer outra instalação militar;
II - em estabelecimento militar sob regime industrial, ou centro industrial a serviço
de construção ou fabricação militar:

Pena - reclusão, de dois a dez anos.


Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos parágrafos do artigo anterior.
Desaparecimento, consumação ou extravio

Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou extraviar combustível, armamento,


munição, peças de equipamento de navio ou de aeronave ou de engenho de guerra
motomecanizado:

Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Modalidades culposas

Art. 266. Se o crime dos artigos 262, 263, 264 e 265 é culposo, a pena é de
detenção de seis meses a dois anos; ou, se o agente é oficial, suspensão do
exercício do posto de um a três anos, ou reforma; se resulta lesão corporal ou morte,
aplica-se também a pena cominada ao crime culposo contra a pessoa, podendo
ainda, se o agente é oficial, ser imposta pena de reforma.
CAPÍTULO VIII
DA USURA

Usura pecuniária

Art. 267. Obter ou estipular, para si ou para outrem, no contrato de mútuo de


dinheiro, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade do
mutuário, juro que excede a taxa fixada em lei, regulamento ou ato oficial:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Casos assimilados

§ 1º. Na mesma pena incorre quem, em repartição ou local sob administração


militar, recebe vencimento ou provento de outrem, ou permite que estes sejam
recebidos, auferindo ou permitindo que outrem aufira proveito cujo valor excede a
taxa de três por cento.
Agravação de pena

§ 2º. A pena é agravada, se o crime é cometido por superior ou por funcionário em


razão da função.

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A- INCOLUMIDADE PÚBLICA

CAPÍTULO I
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM
Incêndio

Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à administração militar, expondo a


perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Agravação de pena

§ 1º. A pena é agravada:I- se o crime é cometido com intuito de obter vantagem


pecuniária para si ou para outrem;
II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou a qualquer construção destinada a uso público ou a obra
de assistência social ou de cultura;
c) em navio, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
d) em estação ferroviária, rodoviária, aeródromo ou construção portuária;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífero ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Incêndio culposo

§ 2º. Se culposo o incêndio:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Explosão

Art. 269. Causar ou tentar causar explosão, em lugar sujeito à administração


militar, expondo a perigo a vida, a integridade ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, até quatro anos.

Forma qualificada

§ 1º. Se a substância utilizada é dinamite ou outra de efeitos análogos:

Pena - reclusão, de três a oito anos.


Agravação de pena

§ 2º. A pena é agravada se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, nº I,


do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II
do mesmo parágrafo.
§ 3º. Se a explosão é causada pelo desencadeamento de energia nuclear:

Pena - reclusão, de cinco a vinte anos.

Modalidade culposa

§ 4º. No caso de culpa, se a explosão é causada por dinamite ou substância de


efeitos análogos, a pena é detenção, de seis meses a dois anos; se é causada pelo
desencadeamento de energia nuclear, detenção de três a dez anos; nos demais
casos, detenção de três meses a um ano.

Emprego de gás tóxico ou asfixiante

Art. 270. Expor a perigo de vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem,


em lugar sujeito à administração militar, usando de gás tóxico ou asfixiante ou
prejudicial de qualquer modo à incolumidade da pessoa ou da coisa:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Abuso de radiação

Art. 271. Expor a perigo a vida ou integridade física de outrem, em lugar sujeito à
administração militar, pelo abuso de radiação ionizante ou de substância radioativa:

Pena - reclusão, até quatro anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.


Inundação

Art. 272. Causar inundação, em lugar sujeito à administração militar, expondo a


perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de três a oito anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Perigo de inundação

Art. 273. Remover, destruir ou inutilizar obstáculo natural ou obra destinada a


impedir inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem, em lugar sujeito à administração militar:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Desabamento ou desmoronamento

Art. 274. Causar desabamento ou desmoronamento, em lugar sujeito à


administração militar, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio
de outrem:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Subtração, ocultação ou inutilização de material de socorro

Art. 275. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação,


naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio
destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou
dificultar serviço de tal natureza:

Pena - reclusão, de três a seis anos.


Fatos que expõem a perigo aparelhamento militar

Art. 276. Praticar qualquer dos fatos previstos nos artigos anteriores deste capítulo,
expondo a perigo, embora em lugar não sujeito à administração militar, navio,
aeronave, material ou engenho de guerra motomecanizado ou não, ainda que em
construção ou fabricação, destinados às forças armadas, ou instalações
especialmente a serviço delas;

Pena - reclusão de dois a seis anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Formas qualificadas pelo resultado

Art. 277. Se do crime doloso de perigo comum resulta, além da vontade do agente,
lesão grave, a pena é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro.
No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade;
se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de
um terço.

Difusão de epizootia ou praga vegetal

Art. 278. Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação,
pastagem ou animais de utilidade econômica ou militar, em lugar sob administração
militar:

Pena - reclusão, até três anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é de detenção, até seis meses.

Embriaguez ao volante

Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob administração militar, na via pública,
encontrando-se em estado de embriaguez, por bebida alcoólica, ou qualquer outro
inebriante:

Pena - detenção, de três meses a um ano.


Perigo resultante de violação de regra de trânsito

Art. 280. Violar regra de regulamento de trânsito, dirigindo veículo sob


administração militar, expondo a efetivo e grave perigo a incolumidade de outrem:

Pena - detenção, até seis meses.

Fuga após acidente de trânsito

Art. 281. Causar, na direção de veículo motorizado, sob administração militar,


ainda que sem culpa, acidente de trânsito, de que resulte dano pessoal, e, em
seguida, afastar-se do local, sem prestar socorro à vítima que dele necessite:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, sem prejuízo das cominadas nos artigos
206 e 210.

Isenção de prisão em flagrante

Parágrafo único. Se o agente se abstém de fugir e, na medida que as


circunstâncias o permitam, presta ou providencia para que seja prestado socorro à
vítima, fica isento de prisão em flagrante.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA OS MEIOS DE TRANSPORTE E DE COMUNICAÇÃO

Perigo de desastre ferroviário

Art. 282. Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro, sob administração ou


requisição militar emanada de ordem legal:
I - danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material
rodante ou de tração, obra de arte ou instalação;
II - colocando obstáculo na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos, ou interrompendo
ou embaraçando o funcionamento dos meios de comunicação;
IV - praticando qualquer outro ato de que possa resultar desastre:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

Desastre efetivo

§ 1º. Se do fato resulta desastre:


Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 2º. Se o agente quis causar o desastre ou assumiu o risco de produzi-lo:

Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.

Modalidade culposa

§ 3º. No caso de culpa, ocorrendo desastre:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Conceito de "estrada de ferro"

§ 4º. Para os efeitos deste artigo, entende-se por "estrada de ferro'' qualquer via de
comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio
de cabo aéreo.

Atentado contra transporte

Art. 283. Expor a perigo aeronave, ou navio próprio ou alheio, sob guarda,
proteção ou requisição militar emanada de ordem legal, ou em lugar sujeito à
administração militar, bem como praticar qualquer ato tendente a impedir ou
dificultar navegação aérea, marítima, fluvial ou lacustre sob administração, guarda ou
proteção militar;

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

Superveniência de sinistro

§ 1º. Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe do navio, ou a queda ou


destruição da aeronave:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Modalidade culposa

§ 2º. No caso de culpa, se ocorre o sinistro:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Atentado contra viatura ou outro meio de transporte


Art. 284. Expor a perigo viatura ou outro meio de transporte militar, ou sob guarda,
proteção ou requisição militar emanada de ordem legal, impedir-lhe ou dificultar-lhe
o funcionamento:

Pena - reclusão, até três anos.

Desastre efetivo

§ 1º. Se do fato resulta desastre, a pena é reclusão de dois a cinco anos.


Modalidade culposa

§ 2º. No caso de culpa, se ocorre desastre:

Pena - detenção, até um ano.

Formas qualificadas pelo resultado

Art. 285. Se de qualquer dos crimes previstos nos artigos 282 a 284, no caso de
desastre ou sinistro, resulta morte de alguém, aplica-se o disposto no artigo 277.

Arremesso de projétil

Art. 286. Arremessar projétil contra veículo militar, em movimento, destinado a


transporte por terra, por água ou pelo ar:

Pena - detenção, até seis meses.

Forma qualificada pelo resultado

Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis


meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a do homicídio culposo, aumentada
de um terço.

Atentado contra serviço de utilidade militar

Art. 287. Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz,


força ou acesso, ou qualquer outro de utilidade, em edifício ou outro lugar sujeito à
administração militar:

Pena - reclusão, até cinco anos.


Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de um terço até metade, se o dano ocorrer
em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento do serviço.
Interrupção ou perturbação de serviço ou meio de comunicação

Art. 288. Interromper, perturbar ou dificultar serviço telegráfico, telefônico,


telemétrico, de televisão, telepercepção, sinalização, ou outro meio de comunicação
militar; ou impedir ou dificultar a sua instalação em lugar sujeito à administração
militar, ou desde que para esta seja de interesse qualquer daqueles serviços ou
meios:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aumento de pena

Art. 289. Nos crimes previstos neste capítulo, a pena será agravada, se forem
cometidos em ocasião de calamidade pública.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE

Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou substância de efeito similar

Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar,
ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que
determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à administração militar,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Casos assimilados

§ 1º. Na mesma pena incorre, ainda que o fato incriminado ocorra em lugar não
sujeito à administração militar:
I - o militar que fornece, de qualquer forma, substância entorpecente ou que
determine dependência física ou psíquica a outro militar;
II - o militar que, em serviço ou em missão de natureza militar, no país ou no
estrangeiro, pratica qualquer dos fatos especificados no artigo;
III - quem fornece, ministra ou entrega, de qualquer forma, substância entorpecente
ou que determine dependência física ou psíquica a militar em serviço, ou em
manobras ou exercício.
Forma qualificada

§ 2º. Se o agente é farmacêutico, médico, dentista ou veterinário:


Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Receita ilegal

Art. 291. Prescrever o médico ou dentista militar, ou aviar o farmacêutico militar


receita, ou fornecer substância entorpecente ou que determine dependência física
ou psíquica, fora dos casos indicados pela terapêutica, ou em dose evidentemente
maior que a necessária, ou com infração de preceito legal ou regulamentar, para uso
de militar, ou para entrega a este; ou para qualquer fim, a qualquer pessoa, em
consultório, gabinete, farmácia, laboratório ou lugar, sujeitos à administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Casos assimilados

Parágrafo único. Na mesma pena incorre:


I - o militar ou funcionário que, tendo sob sua guarda ou cuidado substância
entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, em farmácia,
laboratório, consultório, gabinete ou depósito militar, dela lança mão para uso
próprio ou de outrem, ou para destino que não seja lícito ou regular;
II - quem subtrai substância entorpecente ou que determine dependência física ou
psíquica, ou dela se apropria, em lugar sujeito à administração militar, sem prejuízo
da pena decorrente da subtração ou apropriação indébita;
III - quem induz ou instiga militar em serviço ou em manobras ou exercício a usar
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;
IV - quem contribui de qualquer forma, para incentivar ou difundir o uso de
substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, em
quartéis, navios, arsenais, estabelecimentos industriais, alojamentos, escolas,
colégios ou outros quaisquer estabelecimentos ou lugares sujeitos à administração
militar, bem como entre militares que estejam em serviço, ou o desempenhem em
missão para a qual tenham recebido ordem superior ou tenham sido legalmente
requisitados.

Epidemia

Art. 292. Causar epidemia, em lugar sujeito à administração militar, mediante


propagação de germes patogênicos:

Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.

Forma qualificada
§ 1º. Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
Modalidade culposa

§ 2º. No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta


morte, de dois a quatro anos.

Envenenamento com perigo extensivo

Art. 293. Envenenar água potável ou substância alimentícia ou medicinal, expondo


a perigo a saúde de militares em manobras ou exercício, ou de indefinido número
de pessoas, em lugar sujeito à administração militar:

Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.

Caso assimilado

§ 1º. Está sujeito à mesma pena quem em lugar sujeito à administração militar,
entrega a consumo, ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, água ou
substância envenenada.
Forma qualificada

§ 2º. Se resulta a morte de alguém:

Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.

Modalidade culposa

§ 3º. Se o crime é culposo, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; ou,
se resulta morte, de dois a quatro anos.

Corrupção ou poluição de água potável

Art. 294. Corromper ou poluir água potável de uso de quartel, fortaleza, unidade,
navio, aeronave ou estabelecimento militar, ou de tropa em manobras ou exercício,
tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.


Fornecimento de substância nociva

Art. 295. Fornecer às forças armadas substância alimentícia ou medicinal


corrompida, adulterada ou falsificada, tornada, assim, nociva à saúde:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Fornecimento de substância alterada

Art. 296. Fornecer às forças armadas substância alimentícia ou medicinal alterada,


reduzindo, assim, o seu valor nutritivo ou terapêutico:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, até seis meses.

Omissão de notificação de doença

Art. 297. Deixar o médico militar, no exercício da função, de denunciar à


autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A- ADMINISTRAÇÃO MILITAR

CAPÍTULO I
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA

Desacato a superior

Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou


procurando deprimir-lhe a autoridade:
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Agravação de pena

Parágrafo único. A pena é agravada, se o superior é oficial general ou comandante


da unidade a que pertence o agente.

Desacato a militar

Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão


dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.

Desacato a assemelhado ou funcionário

Art. 300. Desacatar assemelhado ou funcionário civil no exercício de função ou em


razão dela, em lugar sujeito à administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.

Desobediência

Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar:

Pena - detenção, até seis meses.

Ingresso clandestino

Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave,


hangar ou em outro lugar sujeito à administração militar, por onde seja defeso ou não
haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.
CAPÍTULO II
DO PECULATO

Peculato

Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou
desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão, de três a quinze anos.
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o objeto da apropriação ou desvio é de
valor superior a vinte vezes o salário mínimo.
Peculato-furto

§ 2º. Aplica-se a mesma pena a quem, embora não tendo a posse ou detenção do
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído, em proveito
próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona a qualidade de
militar ou de funcionário.
Peculato culposo

§ 3º. Se o funcionário ou militar contribui culposamente para que outrem subtraia ou


desvie o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Extinção ou minoração da pena

§ 4º. No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede a sentença


irrecorrível, extingue a punibilidade, se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.

Peculato mediante aproveitamento do erro de outrem

Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo


ou comissão, recebeu por erro de outrem:

Pena - reclusão, de dois sete anos.


CAPÍTULO III
DA CONCUSSÃO, EXCESSO DE EXAÇÃO E DESVIO

Concussão

Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Excesso de exação

Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumento que sabe indevido, ou, quando
devido, empregar na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Desvio

Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente,


em razão do cargo ou função, para recolher aos cofres públicos:

Pena - reclusão, de dois a doze anos.


CAPÍTULO IV
DA CORRUPÇÃO

Corrupção passiva

Art. 308. Receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar
promessa de tal vantagem:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Aumento de pena

§ 1º. A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou


promessa, o agente retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
infringindo dever funcional.
Diminuição de pena

§ 2º. Se o agente pratica, deixa de praticar ou retarda o ato de ofício com infração
de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Corrupção ativa

Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vantagem indevida para a prática,
omissão ou retardamento de ato funcional:

Pena - reclusão, até oito anos.

Aumento de pena

Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem,


dádiva ou promessa, é retardado ou omitido o ato, ou praticado com infração de
dever funcional.
Participação ilícita

Art. 310. Participar, de modo ostensivo ou simulado, diretamente ou por interposta


pessoa, em contrato, fornecimento, ou concessão de qualquer serviço concernente à
administração militar, sobre que deva informar ou exercer fiscalização em razão do
ofício:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem adquire para si, direta ou
indiretamente, ou por ato simulado, no todo ou em parte, bens ou efeitos em cuja
administração, depósito, guarda, fiscalização ou exame, deve intervir em razão de
seu emprego ou função, ou entra em especulação de lucro ou interesse,
relativamente a esses bens ou efeitos.
CAPÍTULO V
DA FALSIDADE

Falsificação de documento

Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular, ou alterar


documento verdadeiro, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço
militar:

Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis anos; sendo documento
particular, reclusão, até cinco anos.

Agravação da pena

§ 1º. A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce função em repartição


militar.
Documento por equiparação

§ 2º. Equipara-se a documento, para os efeitos penais, o disco fonográfico ou a fita


ou fio de aparelho eletromagnético a que se incorpore declaração destinada à prova
de fato juridicamente relevante.

Falsidade ideológica

Art. 312. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante, desde que o fato atente contra a administração ou o
serviço militar:
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é público; reclusão, até três anos,
se o documento é particular.

Cheque sem fundos

Art. 313. Emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, se
a emissão é feita de militar em favor de militar, ou se o fato atenta contra a
administração militar:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Circunstância irrelevante

§ 1º. Salvo o caso do artigo 245, é irrelevante ter sido o cheque emitido para servir
como título ou garantia de dívida.
Atenuação de pena

§ 2º. Ao crime previsto no artigo aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 240.

Certidão ou atestado ideologicamente falso

Art. 314. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função, ou profissão, fato ou


circunstância que habilite alguém a obter cargo, posto ou função, ou isenção de ônus
ou de serviço, ou qualquer outra vantagem, desde que o fato atente contra a
administração ou serviço militar:

Pena - detenção, até dois anos.

Agravação de pena

Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é praticado com o fim de lucro ou


em prejuízo de terceiro.

Uso de documento falso

Art. 315. Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterados por
outrem, a que se referem os artigos anteriores:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Supressão de documento
Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em
prejuízo alheio, documento verdadeiro, de que não podia dispor, desde que o fato
atente contra a administração ou o serviço militar:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o documento é público; reclusão, até cinco
anos, se o documento é particular.

Uso de documento pessoal alheio

Art. 317. Usar, como próprio, documento de identidade alheia, ou de qualquer


licença ou privilégio em favor de outrem, ou ceder a outrem documento próprio da
mesma natureza, para que dele se utilize, desde que o fato atente contra a
administração ou o serviço militar:

Pena - detenção, até seis meses, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Falsa identidade

Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a administração militar, falsa identidade,


para obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL

Prevaricação

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo


contra expressa disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Violação do dever funcional com o fim de lucro

Art. 320. Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela
administração militar, seu dever funcional para obter especulativamente vantagem
pessoal, para si ou para outrem:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento


Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer documento, de que tem a guarda em
razão do cargo, sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente.

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Condescendência criminosa

Art. 322. Deixar de responsabilizar subordinado que comete infração no exercício


do cargo, ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da
autoridade competente:

Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção até seis meses; se por
negligência, detenção até três meses.

Não inclusão de nome em lista

Art. 323. Deixar, no exercício de função, de incluir, por negligência, qualquer nome
em relação ou lista para o efeito de alistamento ou de convocação militar:

Pena - detenção, até seis meses.

Inobservância de lei, regulamento ou instrução

Art. 324. Deixar, no exercício de função, de observar lei, regulamento ou instrução,


dando causa direta à prática de ato prejudicial à administração militar:

Pena - se o fato foi praticado por tolerância, detenção até seis meses; se por
negligência, suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função, de três
meses a um ano.

Violação ou divulgação indevida de correspondência ou comunicação

Art. 325. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência dirigida à


administração militar, ou por esta expedida:

Pena - detenção, de dois a seis meses, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, ainda que não seja funcionário,
mas desde que o fato atente contra a administração militar:
I - indevidamente se se apossa de correspondência, embora não fechada, e no
todo ou em parte a sonega ou destrói;
II - indevidamente divulga, transmite a outrem, ou abusivamente utiliza comunicação
de interesse militar;
III - impede a comunicação referida no número anterior.

Violação de sigilo funcional

Art. 326. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo ou função e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em prejuízo da administração
militar:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.

Violação de sigilo de proposta de concorrência

Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de concorrência de interesse de


administração militar ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Obstáculo à hasta pública, concorrência ou tomada de preços

Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de hasta pública, concorrência


ou tomada de preços, de interesse da administração militar:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Exercício funcional ilegal

Art. 329. Entrar no exercício de posto ou função militar, ou de cargo ou função em


repartição militar, antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar o exercício,
sem autorização, depois de saber que foi exonerado, ou afastado, legal e
definitivamente, qualquer que seja o ato determinante do afastamento:

Pena - detenção, até quatro meses, se o fato não constitui crime mais grave.

Abandono de cargo

Art. 330. Abandonar cargo público, em repartição ou estabelecimento militar:

Pena - detenção, até dois meses.

Formas qualificadas

§ 1º. Se do fato resulta prejuízo à administração militar:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

Pena - detenção, de um a três anos.

Aplicação ilegal de verba ou dinheiro

Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro público aplicação diversa da estabelecida


em lei:

Pena - detenção, até seis meses.

Abuso de confiança ou boa fé

Art. 332. Abusar da confiança ou boa fé de militar, assemelhado ou funcionário, em


serviço ou em razão deste, apresentando-lhe ou remetendo-lhe, para aprovação,
recebimento, anuência ou aposição de visto, relação, nota, empenho de despesa,
ordem ou folha de pagamento, comunicação, ofício ou qualquer outro documento,
que sabe, ou deve saber, serem inexatos os irregulares, desde que o fato atente
contra a administração ou o serviço militar:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.

Forma qualificada

§ 1º. A pena é agravada, se do fato decorre prejuízo material ou processo penal


militar para a pessoa de cuja confiança ou boa fé se abusou.
Modalidade culposa

§ 2º. Se a apresentação ou remessa decorre de culpa:

Pena - detenção, até seis meses.

Violência arbitrária

Art. 333. Praticar violência, em repartição ou estabelecimento militar, no exercício


de função ou a pretexto de exercê-la:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da correspondente à violência.

Patrocínio indébito
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração militar, valendo-se da qualidade de funcionário ou de militar:

Pena - detenção, até três meses.


Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano.


CAPÍTULO VII
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
MILITAR

Usurpação de função

Art. 335. Usurpar o exercício de função em repartição ou estabelecimento militar:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

Tráfico de influência

Art. 336. Obter para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a


pretexto de influir em militar ou assemelhado ou funcionário de repartição militar, no
exercício de função:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Aumento de pena

Parágrafo único. A pena é agravada, se o agente alega ou insinua que a vantagem


é também destinada ao militar ou assemelhado, ou ao funcionário.

Subtração ou inutilização de livro, processo ou documento

Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou


qualquer documento, desde que o fato atente contra a administração ou o serviço
militar:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Inutilização de edital ou sinal de oficial

Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma inutilizar ou conspurcar edital afixado por
ordem da autoridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
determinação legal ou ordem de autoridade militar, para identificar ou cerrar
qualquer objeto:

Pena - detenção, até um ano.

Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência

Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em prejuízo da Fazenda Nacional,


concorrência, hasta pública ou tomada de preços ou outro qualquer processo
administrativo para aquisição ou venda de coisas ou mercadorias de uso das forças
armadas, seja elevando arbitrariamente os preços, auferindo lucro excedente a um
quinto do valor da transação, seja alterando substância, qualidade ou quantidade da
coisa ou mercadoria fornecida, seja impedindo a livre concorrência de outros
fornecedores, ou por qualquer modo tornando mais onerosa a transação:

Pena - detenção, de um a três anos.


§ 1º. Na mesma pena incorre o intermediário na transação.
§ 2º. É aumentada a pena de um terço, se o crime ocorre em período de grave
crise econômica.

TÍTULO VIII
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
MILITAR

Recusa de função na Justiça Militar

Art. 340. Recusar o militar ou assemelhado exercer, sem motivo legal, função que
lhe seja atribuída na administração da Justiça Militar:

Pena - suspensão do exercício do posto ou cargo, de dois a seis meses.

Desacato

Art. 341. Desacatar autoridade judiciária militar no exercício da função ou em


razão dela:

Pena - reclusão, até quatro anos.

Coação
Art. 342. Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse
próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona,
ou é chamada a intervir em inquérito policial, processo administrativo ou judicial
militar:

Pena - reclusão, até quatro anos, além da pena correspondente à violência.

Denunciação caluniosa

Art. 343. Dar causa à instauração de inquérito policial ou processo judicial militar
contra alguém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição militar, de que o sabe
inocente:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Agravação de pena

Parágrafo único. A pena é agravada, se o agente se serve do anominato ou de


nome suposto.

Comunicação falsa de crime

Art. 344. Provocar a ação da autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime


sujeito à jurisdição militar, que sabe não se ter verificado:

Pena - detenção, até seis meses.

Auto-acusação falsa

Art. 345. Acusar-se, perante a autoridade, de crime sujeito à jurisdição militar,


inexistente ou praticado por outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Falso testemunho ou falsa perícia

Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha,
perito, tradutor ou intérprete, em inquérito policial, processo administrativo ou judicial
militar:

Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Aumento de pena
§ 1º. A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado mediante suborno.
Retratação

§ 2º. O fato deixa de ser punível, se, antes da sentença o agente se retrata ou
declara a verdade.

Corrupção ativa de testemunha, perito ou intérprete

Art. 347. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a


testemunha, perito, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a
verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpretação, em inquérito policial,
processo administrativo ou judicial, militar, ainda que a oferta não seja aceita:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Publicidade opressiva

Art. 348. Fazer pela imprensa, rádio ou televisão, antes da intercorrência de


decisão definitiva em processo penal militar, comentário tendente a exercer pressão
sobre declaração de testemunha ou laudo de perito:

Pena - detenção, até seis meses.

Desobediência a decisão judicial

Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cumprir decisão da Justiça Militar, ou retardar
ou fraudar o seu cumprimento:

Pena - detenção, de três meses a um ano.


§ 1º. No caso de transgressão dos artigos 116, 117 e 118, a pena será cumprida
sem prejuízo da execução da medida de segurança.
§ 2º. Nos casos do artigo 118 e seus §§ 1º e 2º, a pena pela desobediência é
aplicada ao representante, ou representantes legais, do estabelecimento, sociedade
ou associação.

Favorecimento pessoal

Art. 350. Auxiliar a subtrair-se à ação da autoridade autor de crime militar, a que é
cominada pena de morte ou reclusão:

Pena - detenção, até seis meses.


Diminuição de pena

§ 1º. Se ao crime é cominada pena de detenção ou impedimento, suspensão ou


reforma:

Pena - detenção, até três meses.

Isenção de pena

§ 2º. Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do


criminoso, fica isento da pena.

Favorecimento real

Art. 351. Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação,


auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Inutilização, sonegação ou descaminho de material probante

Art. 352. Inutilizar, total ou parcialmente, sonegar ou dar descaminho a autos,


documento ou objeto de valor probante, que tem sob guarda ou recebe para exame:

Pena - detenção, de seis meses a três anos, se o fato não constitui crime mais
grave.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se a inutilização ou o descaminho resulta de ação ou omissão


culposa:

Pena - detenção, até seis meses.

Exploração de prestígio

Art. 353. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de


influir em juiz, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor,
intérprete ou testemunha, na Justiça Militar:

Pena - reclusão, até cinco anos.

Aumento de pena
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente alega ou insinua
que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas no
artigo.

Desobediência a decisão sobre perda ou suspensão de atividade ou direito

Art. 354. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi
suspenso ou privado por decisão da Justiça Militar:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

LIVRO II
DOS CRIMES MILITARES EM- TEMPO DE GUERRA

TÍTULO I
DO FAVORECIMENTO AO INIMIGO

CAPÍTULO I
DA TRAIÇÃO

Traição

Art. 355. Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar
serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Favor ao inimigo

Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional favorecer o inimigo, prejudicar ou tentar


prejudicar o bom êxito das operações militares, comprometer ou tentar comprometer
a eficiência militar:
I - empreendendo ou deixando de empreender ação militar;
II - entregando ao inimigo ou expondo a perigo dessa consequência navio,
aeronave, força ou posição, engenho de guerra motomecanizado, provisões ou
qualquer outro elemento de ação militar;
III - perdendo, destruindo, inutilizando, deteriorando ou expondo a perigo de perda,
destruição, inutilização ou deterioração, navio, aeronave, engenho de guerra
motomecanizado, provisões ou qualquer outro elemento de ação militar;
IV - sacrificando ou expondo a perigo de sacrifício força militar;
V - abandonando posição ou deixando de cumprir missão ou ordem:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Tentativa contra a soberania do Brasil

Art. 357. Praticar o nacional o crime definido no artigo 142:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Coação a comandante

Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar de violência ou ameaça, provocar


tumulto ou desordem com o fim de obrigar o comandante a não empreender ou a
cessar ação militar, a recuar ou render-se:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Informação ou auxílio ao inimigo

Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo informação ou auxílio que lhe possa facilitar
a ação militar:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Aliciação de militar

Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a passar-se para o inimigo ou prestar-lhe
auxílio para esse fim:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Ato prejudicial à eficiência da tropa

Art. 361. Provocar o nacional, em presença do inimigo, a debandada de tropa, ou


guarnição, impedir a reunião de uma ou outra ou causar alarme, com o fim de nelas
produzir confusão, desalento ou desordem:

Pena - morte, grau máximo, de vinte anos, grau mínimo.


CAPÍTULO II
DA TRAIÇÃO IMPRÓPRIA
Traição imprópria

Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes previstos nos artigos 356, ns. I, primeira
parte, II, III e IV, 357 a 361:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau mínimo.


CAPÍTULO III
DA COBARDIA

Cobardia

Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o militar, por temor, em presença do


inimigo, ao cumprimento do dever militar:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Cobardia qualificada

Art. 364. Provocar o militar, por temor, em presença do inimigo, a debandada de


tropa ou guarnição; impedir a reunião de uma ou outra, ou causar alarme com o fim
de nelas produzir confusão, desalento ou desordem:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Fuga em presença do inimigo

Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga, em presença do inimigo:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.


CAPÍTULO IV
DA ESPIONAGEM

Espionagem

Art. 366. Praticar qualquer dos crimes previstos nos artigos 143 e seu § 1º, 144 e
seus §§ 1º e 2º, e 146, em favor do inimigo ou comprometendo a preparação, a
eficiência ou as operações militares:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Caso de concurso
Parágrafo único. No caso de concurso por culpa, para execução do crime previsto
no artigo 143, § 2º, ou de revelação culposa (artigo 144, § 3º):

Pena - reclusão, de três a seis anos.

Penetração de estrangeiro

Art. 367. Entrar o estrangeiro em território nacional, ou insinuar-se em força ou


unidade em operações de guerra, ainda que fora do território nacional, a fim de
colher documento, notícia ou informação de caráter militar, em benefício do inimigo,
ou em prejuízo daquelas operações:

Pena - reclusão, de dez a vinte anos, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO V
DO MOTIM E DA REVOLTA

Motim, revolta ou conspiração

Art. 368. Praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos 149 e seu parágrafo
único, e 152:

Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.
Aos co-autores, reclusão, de dez a trinta anos.

Forma qualificada

Parágrafo único. Se o fato é praticado em presença do inimigo:

Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. Aos
co-autores, morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.

Omissão de lealdade militar

Art. 369. Praticar o crime previsto no artigo 151:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.


CAPÍTULO VI
DO INCITAMENTO

Incitamento
Art. 370. Incitar militar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar:

Pena - reclusão, de três a dez anos.


Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar
sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado,
fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à pratica dos atos
previstos no artigo.

Incitamento em presença do inimigo

Art. 371. Praticar qualquer dos crimes previstos no artigo 370 e seu parágrafo, em
presença do inimigo:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau mínimo.


CAPÍTULO VII
DA INOBSERVÂNCIA DO DEVER MILITAR

Rendição ou capitulação

Art. 372. Render-se o comandante, sem ter esgotado os recursos extremos de


ação militar; ou, em caso de capitulação, não se conduzir de acordo com o dever
militar:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Omissão de vigilância

Art. 373. Deixar-se o comandante surprender pelo inimigo:

Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se o fato compromete as operações militares:

Pena - reclusão, de cinco a vinte anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Descumprimento do dever militar

Art. 374. Deixar, em presença do inimigo, de conduzir-se de acordo com o dever


militar:
Pena - reclusão, até cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Falta de cumprimento de ordem

Art. 375. Dar causa, por falta de cumprimento de ordem, à ação militar do inimigo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se o fato expõe a perigo força, posição ou outros elementos de


ação militar:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Entrega ou abandono culposo

Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono ou à entrega ao inimigo de posição,
navio, aeronave, engenho de guerra, provisões, ou qualquer outro elemento de ação
militar:

Pena - reclusão, de dez a trinta anos.

Captura ou sacrifício culposo

Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício ou captura de força sob o seu
comando:

Pena - reclusão, de dez a trinta anos.

Separação reprovável

Art. 378. Separar o comandante, em caso de capitulação, a sorte própria da dos


oficiais e praças:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Abandono de comboio

Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta lhe tenha sido confiada:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


Resultado mais grave

§ 1º. Se do fato resulta avaria grave, ou perda total ou parcial do comboio:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Modalidade culposa

§ 2º. Separar-se, por culpa, do comboio ou da escolta:

Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Caso assimilado

§ 3º. Nas mesmas penas incorre quem, de igual forma, abandona material de
guerra, cuja guarda lhe tenha sido confiada.

Separação culposa de comando

Art. 380. Permanecer o oficial, por culpa, separado do comando superior:

Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Tolerância culposa

Art. 381. Deixar, por culpa, evadir-se prisioneiro:

Pena - reclusão, até quatro anos.

Entendimento com o inimigo

Art. 382. Entrar o militar, sem autorização, em entendimento com outro militar ou
emissário de país inimigo, ou servir, para esse fim, de intermediário:

Pena - reclusão, até três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
CAPÍTULO VIII
DO DANO

Dano especial

Art. 383. Praticar ou tentar praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos 262,
263, §§ 1º e 2º, e 264, em benefício do inimigo, ou comprometendo ou podendo
comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de quatro a dez anos.

Dano em bens de interesse militar

Art. 384. Danificar serviço de abastecimento de água, luz ou força, estrada, meio
de transporte, instalação telegráfica ou outro meio de comunicação, depósito de
combustível, inflamáveis, matérias-primas necessárias à produção, depósito de
víveres ou forragens, mina, fábrica, usina ou qualquer estabelecimento de produção
de artigo necessário à defesa nacional ou ao bem-estar da população e, bem assim,
rebanho, lavoura ou plantação, se o fato compromete ou pode comprometer a
preparação, a eficiência ou as operações militares, ou de qualquer forma atenta
contra a segurança externa do país:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Envenenamento, corrupção ou epidemia

Art. 385. Envenenar ou corromper água potável, víveres ou forragens, ou causar


epidemia mediante a propagação de germes patogênicos, se o fato compromete ou
pode comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares, ou de
qualquer forma tenta contra a segurança externa do país:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Modalidade culposa

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de dois a oito anos.


CAPÍTULO IX
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

Crimes de perigo comum

Art. 386. Praticar crime de perigo comum definido nos artigos 268 a 276 e 278 na
modalidade dolosa:
I - se o fato compromete ou pode comprometer a preparação, a eficiência ou as
operações militares;
II - se o fato é praticado em zona de efetivas operações militares e dele resulta
morte:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.


CAPÍTULO X
DA INSUBORDINAÇÃO E DA VIOLÊNCIA

Recusa de obediência ou oposição

Art. 387. Praticar, em presença do inimigo, qualquer dos crimes definidos nos
artigos 163 e 164:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez anos, grau mínimo.

Coação contra oficial general ou comandante

Art. 388. Exercer coação contra oficial general ou comandante da unidade, mesmo
que não seja superior, com o fim de impedir-lhe o cumprimento do dever militar:

Pena - reclusão, de cinco a quinze anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Violência contra superior ou militar de serviço

Art. 389. Praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos 157 e 158, a que
esteja cominada, no máximo, reclusão, de trinta anos:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.


Parágrafo único. Se ao crime não é cominada, no máximo, reclusão de trinta anos,
mas é praticado com arma e em presença do inimigo:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.


CAPÍTULO XI
DO ABANDONO DE POSTO

Abandono de posto

Art. 390. Praticar, em presença do inimigo, crime de abandono de posto, definido


no artigo 195:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.
CAPÍTULO XII
DA DESERÇÃO E DA FALTA DE APRESENTAÇÃO

Deserção

Art. 391. Praticar crime de deserção definido no Capítulo II, do Título III, do Livro I,
da Parte Especial:

Pena - a cominada ao mesmo crime, com aumento da metade, se o fato não


constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Os prazos para a consumação do crime são reduzidos de
metade.

Deserção em presença do inimigo

Art. 392. Desertar em presença do inimigo:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Falta de apresentação

Art. 393. Deixar o convocado, no caso de mobilização total ou parcial, de


apresentar-se, dentro do prazo marcado, no centro de mobilização ou ponto de
concentração:

Pena - detenção, de um a seis anos.


Parágrafo único. Se o agente é oficial da reserva, aplica-se a pena com aumento
de um terço.
CAPÍTULO XIII
DA LIBERTAÇÃO, DA EVASÃO E DO AMOTINAMENTO DE PRISIONEIROS

Libertação de prisioneiro

Art. 394. Promover ou facilitar a libertação de prisioneiro de guerra sob guarda ou


custódia de força nacional ou aliada:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.

Evasão de prisioneiro
Art. 395. Evadir-se prisioneiro de guerra e voltar a tomar armas contra o Brasil ou
Estado aliado:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.


Parágrafo único. Na aplicação deste artigo, serão considerados os tratados e as
convenções internacionais, aceitos pelo Brasil relativamente ao tratamento dos
prisioneiros de guerra.

Amotinamento de prisioneiros

Art. 396. Amotinarem-se prisioneiros em presença do inimigo:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.


CAPÍTULO XIV
DO FAVORECIMENTO CULPOSO AO INIMIGO

Favorecimento culposo

Art. 397. Contribuir culposamente para que alguém pratique crime que favoreça o
inimigo:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave.

TÍTULO II
DA HOSTILIDADE E DA ORDEM ARBITRÁRIA

Prolongamento de hostilidades

Art. 398. Prolongar o comandante as hostilidades, depois de oficialmente saber


celebrada a paz ou ajustado o armistício.

Pena - reclusão, de dois a dez anos.

Ordem arbitrária

Art. 399. Ordenar o comandante contribuição de guerra, sem autorização, ou


excedendo os limites desta:

Pena - reclusão, até três anos.


TÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO I
DO HOMICÍDIO

Homicídio simples

Art. 400. Praticar homicídio, em presença do inimigo:

I - no caso do artigo 205:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos;


II - no caso do § 1º do artigo 205, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço;
Homicídio qualificado

III - no caso do § 2º do artigo 205:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.


CAPÍTULO II
DO GENOCÍDIO

Genocídio

Art. 401. Praticar, em zona militarmente ocupada, o crime previsto no artigo 208:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

Casos assimilados

Art. 402. Praticar, com o mesmo fim e na zona referida no artigo anterior, qualquer
dos atos previstos nos nºs, I, II, III, IV ou V, do parágrafo único, do artigo 208:

Pena - reclusão, de seis a vinte e quatro anos.


CAPÍTULO III
DA LESÃO CORPORAL

Lesão leve
Art. 403. Praticar, em presença do inimigo, o crime definido no artigo 209:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Lesão grave

§ 1º. No caso do § 1º do artigo 209:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos.

§ 2º. No caso do § 2º do artigo 209:

Pena - reclusão, de seis a quinze anos.

Lesões qualificadas pelo resultado

§ 3º. No caso do § 3º do artigo 209:

Pena - reclusão, de oito a vinte anos no caso de lesão grave; - reclusão, de dez a
vinte e quatro anos, no caso de morte.

Minoração facultativa da pena

§ 4º. No caso do § 4º do artigo 209, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um


terço.

§ 5º. No caso do § 5º do artigo 209, o juiz pode diminuir a pena de um terço.

TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Furto

Art. 404. Praticar crime de furto definido nos artigos 240 e 241 e seus parágrafos,
em zona de operações militares ou em território militarmente ocupado:

Pena - reclusão, no dobro da pena cominada para o tempo de paz.

Roubo ou extorsão
Art. 405. Praticar crime de roubo, ou de extorsão definidos nos artigos 242, 243 e
244, em zona de operações militares ou em território militarmente ocupado:

Pena - morte, grau máximo, se cominada pena de reclusão de trinta anos; reclusão
pelo dobro da pena para o tempo de paz, nos outros casos.

Saque

Art. 406. Praticar o saque em zona de operações militares ou em território


militarmente ocupado:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo.

TÍTULO V
DO RAPTO E DA VIOLÊNCIA CARNAL

Rapto

Art. 407. Raptar mulher honesta, mediante violência ou grave ameaça para fim
libidinoso, em lugar de efetivas operações militares:

Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Resultado mais grave

§ 1º. Se da violência resulta lesão grave:

Pena - reclusão, de seis a dez anos.

§ 2º. Se resulta morte:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Cumulação de pena

§ 3º. Se o autor, ao efetuar o rapto, ou em seguida a este, pratica outro crime contra
a raptada, aplicam-se, cumulativamente, a pena correspondente ao rapto e a
cominada ao outro crime.

Violência carnal
Art. 408. Praticar qualquer dos crimes de violência carnal definidos nos artigos 232
e 233, em lugar de efetivas operações militares:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Resultado mais grave

Parágrafo único. Se da violência resulta:


a) lesão grave:

Pena - reclusão, de oito a vinte anos;


b) morte:

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de quinze anos, grau mínimo.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 409. São revogados o Decreto-Lei nº 6.227, de 24 de janeiro de 1944, e


demais disposições contrárias a este Código, salvo as leis especiais que definem
os crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social.
Art. 410. Este Código entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1970. Brasília, 21
de outubro de 1969 148º da Independência e 81º da República.

Augusto Hamann Rademaker Grunewald

Aurélio de Lyra Tavares

Márcio de Souza e Mello

Luís Antônio da Gama e Silva


Código de Processo Penal Militar

DECRETO-LEI Nº 1.002, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969

Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, usando


das atribuições que lhes confere o artigo 3º do Ato Institucional nº 16, de 14 de
outubro de 1969, combinado com o § 1º do artigo 2º do Ato Institucional nº 5, de 13
de dezembro de 1968, decretam:

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

LIVRO I

TÍTULO I

CAPÍTULO ÚNICO
DA LEI DE PROCESSO PENAL MILITAR E DA SUA APLICAÇÃO

Fontes de Direito Judiciário Militar

Art. 1º. O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código,
assim em tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que
lhe for estritamente aplicável.
Divergência de normas

§ 1º. Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de


convenção ou tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as útlimas.
Aplicação subsidiária

§ 2º. Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos processos


regulados em leis especiais.

Interpretação literal
Art. 2º. A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de
suas expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção
especial, salvo se evidentemente empregados com outra significação.
Interpretação extensiva ou restritiva

§ 1º. Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for


manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo,
que é mais ampla, do que sua intenção.
Casos de inadmissibilidade de interpretação não literal

§ 2º. Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:


a) cercear a defesa pessoal do acusado;
b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;
c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao
processo.

Suprimento dos casos omissos

Art. 3º. Os casos omissos neste Código serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e


sem prejuízo da índole do processo penal militar;
b) pela jurisprudência;
c) pelos usos e costumes militares;
d) pelos princípios gerais de Direito;
e) pela analogia.

Aplicação no espaço e no tempo

Art. 4º. Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,


aplicam-se as normas deste Código:
Tempo de paz

I - em tempo de paz:
a) em todo o território nacional;
b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando
se tratar de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional,
ainda que seja o agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da
força militar brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no
cumprimento de missão de caráter internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde
quer que se encontrem, ainda que de propriedde privada, desde que estejam sob
comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade
militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à
administração militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a
segurança nacional;
Tempo de guerra

II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira,
ou estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à
segurança nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

Aplicação intertemporal

Art. 5º. As normas deste Código aplicar-se-ão a partir da sua vigência, inclusive
nos processos pendentes, ressalvados os casos previstos no artigo 711, e sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Aplicação à Justiça Militar Estadual

Art. 6º. Obedecerão s normas processuais previstas neste Código, no que forem
aplicáveis, salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de
sentença, os processos da Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei
Penal Militar a que responderem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de
Bombeiros, Militares.

TÍTULO II

CAPÍTULO ÚNICO
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

Exercício da polícia judiciária militar


Art. 7º. A polícia judiciária militar é exercida nos termos do artigo 8º, pelas
seguintes autoridades, conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território
nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios,
bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente
ou transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que,
por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior, pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos,
forças e unidades que lhes são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos
órgãos, forças e unidades compreendidas no âmbito da respectiva ação de
comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos
e unidades dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério
da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços
previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios.
Delegação do exercício

§ 1º. Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando,


as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa,
para fins especificados e por tempo limitado.
§ 2º. Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar,
deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial
da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.
§ 3º. Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do
indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.
§ 4º. Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a
delegação, a antigüidade de posto.
Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo ministro

§ 5º. Se o posto e a antigüidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a


existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro
competente a designação de oficial da reserva de posto mais elevado para a
instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para
tomar essa providência.

Competência da polícia judiciária militar

Art. 8º. Compete à polícia judiciária militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à
jurisdição militar, e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério
Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem
como realizar as diligências que por eles lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da
insanidade mental do indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda
e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames
necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de
apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil
competente, desde que legal e fundamentado o pedido.

TÍTULO III

CAPÍTULO ÚNICO
DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR

Finalidade do inquérito

Art. 9º. O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos
legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução
provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à
propositura da ação penal.
Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames,
perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos
idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código.
Modos por que pode ser iniciado

Art. 10. O inquérito é iniciado mediante portaria:

a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja


ocorrido a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de
urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada,
posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do artigo 25;
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em
virtude de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de
infração penal, cuja repressão caiba à Justiça Militar;
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da
existência de infração penal militar.
Superioridade ou igualdade de posto do infrator

§ 1º. Tendo o infrator posto superior ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de


órgão ou serviço, em cujo âmbito de jurisdição militar haja ocorrido a infração penal,
será feita a comunicação do fato à autoridade superior competente, para que esta
torne efetiva a delegação, nos termos do § 2º, do artigo 7º.
Providências antes do inquérito

§ 2º. O aguardamento da delegação não obsta que o oficial responsável por


comando, direção ou chefia, ou aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço
ou de quarto, tome ou determine que sejam tomadas imediatamente as providências
cabíveis, previstas no artigo 12, uma vez que tenha conhecimento de infração penal
que lhe incumba reprimir ou evitar.
Infração de natureza não militar

§ 3º. Se a infração penal não for, evidentemente, de natureza militar, comunicará o


fato à autoridade policial competente, a quem fará apresentar o infrator. Em se
tratando de civil, menor de dezoito anos, a apresentação será feita ao Juiz de
Menores.
Oficial general como infrator

§ 4º. Se o infrator for oficial general, será sempre comunicado o fato ao ministro e
ao chefe de Estado-Maior competentes, obedecidos os trâmites regulamentares.
Indícios contra oficial de posto superior ou mais antigo no curso do
inquérito
§ 5º. Se, no curso do inquérito, o seu encarregado verificar a existência de indícios
contra oficial de posto superior ao seu, ou mais antigo, tomará as providências
necessárias para que as suas funções sejam delegadas a outro oficial, nos termos
do § 2º, do artigo 7º.

Escrivão do inquérito

Art. 11. A designação de escrivão para o inquérito caberá ao respectivo


encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para
aquele fim, recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em
sargento, subtenente ou suboficial, nos demais casos.
Compromisso legal

Parágrafo único. O escrivão prestará compromisso de manter o sigilo do inquérito


e de cumprir fielmente as determinações deste Código, no exercício da função.

Medidas preliminares ao inquérito

Art. 12. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar, verificável
na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do artigo 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a
situação das coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no artigo 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias.

Fomação do inquérito

Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:

Atribuição do seu encarregado

a) tomar as medidas previstas no artigo 12, se ainda não o tiverem sido;


b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo delito e a quaisquer
outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída
ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos artigos 172 a 184 e 185 a
189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou
do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade
de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames.
Reconstituição dos fatos

Parágafo único. Para verificar a possibilidade de haver sido a infração praticada


de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à reprodução
simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública,
nem atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.

Assistência de procurador

Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de excepcional importância


ou de difícil elucidação, o encarregado do inquérito poderá solicitar do procurador-
geral a indicação de procurador que lhe dê assistência.

Encarregado de inquérito. Requisitos

Art. 15. Será encarregado do inquérito, sempre que possível, oficial de posto não
inferior ao de capitão ou capitão-tenente; e, em se tratando de infração penal contra
a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível, oficial superior, atendida, em
cada caso, a sua hierarquia, se oficial o indiciado.

Sigilo do inquérito

Art. 16. O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome
conhecimento o advogado do indiciado.

Incomunicabilidade do indiciado. Prazo

Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que


estiver legalmente preso, por três dias no máximo.

Detenção de indiciado

Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido,


durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à
autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte
dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante
solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Prisão preventiva e menagem. Solicitação

Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará,


dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão
preventiva ou de menagem, do indiciado.

Inquirição durante o dia

Art. 19. As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que


constará da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que
medeie entre as sete e as dezoito horas.
Inquirição. Assentada de início, interrupção e encerramento

§ 1º. O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das inquirições ou


depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupções, no final
daquele período.
Inquirição. Limite de tempo

§ 2º. A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas,
sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar
declarações além daquele termo. O depoimento que não ficar concluído às dezoito
horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora determinada pelo
encarregado do inquérito.
§ 3º. Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro
dia que o for, salvo caso de urgência.

Prazos para terminação do inquérito

Art. 20. O inquérito deverá terminar dentro em vinte dias, se o indiciado estiver
preso, contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou
no prazo de quarenta dias, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da
data em que se instaurar o inquérito.
Prorrogação de prazo

§ 1º. Este último prazo poderá ser prorrogado por mais vinte dias pela autoridade
militar superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados,
ou haja necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato. O pedido de
prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes da
terminação do prazo.
Diligências não concluídas até o inquérito

§ 2º. Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade
insuperável, a juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou
exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos
depois dela, serão posteriormente remetidos ao juiz, para a juntada ao processo.
Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do inquérito indicar, mencionando, se
possível, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de ser ouvidas,
por qualquer impedimento.
Dedução em favor dos prazos

§ 3º. São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo
previsto no § 5º do artigo 10.

Reunião e ordem das peças de inquérito

Art. 21. Todas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica, reunidas num
só processado e datilografadas, em espaço dois, com as folhas numeradas e
rubricadas, pelo escrivão.
Juntada de documento

Parágrafo único. De cada documento junto, a que precederá despacho do


encarregado do inquérito, o escrivão lavrará o respectivo termo, mencionando a
data.

Relatório

Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório, em que o seu
encarregado mencionará as diligências feitas, as pessoas ouvidas e os resultados
obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em
conclusão, dirá se há infração disciplinar a punir ou indício de crime, pronunciando-
se, neste último caso, justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva
do indiciado, nos termos legais.
Solução

§ 1º. No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do inquérito, o seu
encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu a delegação, para que lhe
homologue ou não a solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada
infração disciplinar, ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.
Advocação

§ 2º. Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o delegou


poderá avocá-lo e dar solução diferente.

Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição

Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor da Circunscrição


Judiciária Militar onde ocorreu a infração penal, acompanhados dos instrumentos
desta, bem como dos objetos que interessem à sua prova.
Remessa a Auditorias Especializadas

§ 1º. Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da Marinha, do


Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a remessa, à especialização de cada
uma. Onde houver mais de uma na mesma sede, especializada ou não, a remessa
será feita à primeira Auditoria, para a respectiva distribuição. Os incidentes
ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo juiz a que couber tomar
conhecimento do inquérito, por distribuição.
§ 2º. Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional serão remetidos à
1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital da União, atendida, contudo, a
especialização referida no § 1º.

Arquivamento de inquérito. Proibição

Art. 24. A autoridade militar não poderá mandar arquivar autos de inquérito,
embora conclusivo da inexistência de crime ou de inimputabilidade do indiciado.

Instauração de novo inquérito

Art. 25. O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas


provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa,
ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade.
§ 1º. Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao
Ministério Público, para os fins do disposto no artigo 10, letra c.
§ 2º. O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se entender
inadequada a instauração do inquérito.

Devolução de autos de inquérito

Art. 26. Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial
militar, a não ser:
I - mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
II - por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de
formalidades previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue
necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de
vinte dias, para a restituição dos autos.

Suficiência do auto de flagrante delito


Art. 27. Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto
de flagrante delito constituirá o inquérito, dispensando outras diligências, salvo o
exame de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a
sua avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos,
com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz
competente, nos termos do artigo 20.

Dispensa de inquérito

Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada
pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras
provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo
autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos artigos 341 e 349 do Código Penal Militar.

TÍTULO IV

CAPÍTULO ÚNICO
DA AÇÃO PENAL MILITAR E DO SEU EXERCÍCIO

Promoção da ação penal

Art. 29. A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia do
Ministério Público Militar.

Obrigatoriedade

Art. 30. A denúncia deve ser apresentada sempre que houver:

a) prova de fato que, em tese, constitua crime;


b) indícios de autoria.

Dependência de requisição do Governo

Art. 31. Nos crimes previstos nos artigos 136 a 141 do Código Penal Militar, a
ação penal, quando o agente for militar ou assemelhado, depende de requisição,
que será feita ao procurador-geral da Justiça Militar, pelo Ministério a que o agente
estiver subordinado; no caso do artigo 141 do mesmo Código, quando o agente for
civil e não houver co-autor militar, a requisição será do Ministério da Justiça.
Comunicação ao Procurador-Geral da República

Parágrafo único. Sem prejuízo dessa disposição, o procurador-geral da Justiça


Militar dará conhecimento ao procurador-geral da República de fato apurado em
inquérito que tenha relação com qualquer dos crimes referidos neste artigo.

Proibição de existência da denúncia

Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da ação
penal.

Exercício do direito de representação

Art. 33. Qualquer pessoa, no exercício do direito de representação, poderá


provocar a iniciativa do Ministério Público, dando-lhe informações sobre fato que
constitua crime militar e sua autoria, e indicando-lhe os elementos de convicção.
Informações

§ 1º. As informações, se escritas, deverão estar devidamente autenticadas; se


verbais, serão tomadas por termo perante o juiz, a pedido do órgão do Ministério
Público, e na presença deste.
Requisição de diligências

§ 2º. Se o Ministério Público as considerar procedentes, dirigir-se-á à autoridade


policial militar para que esta proceda às diligências necessárias ao esclarecimento
do fato, instaurando inquérito, se houver motivo para esse fim.

TÍTULO V
DO PROCESSO PENAL MILITAR EM GERAL

CAPÍTULO ÚNICO
DO PROCESSO

Direito de ação e defesa. Poder de jurisdição

Art. 34. O direito de ação é exercido pelo Ministério Público, como representante
da lei e fiscal da sua execução, e o de defesa pelo acusado, cabendo ao juiz exercer
o poder de jurisdição, em nome do Estado.

Relação processual. Início e extinção


Art. 35. O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se
com a citação do acusado e extingue-se no momento em que a sentença definitiva
se torna irrecorrível, quer resolva o mérito, quer não.
Casos de suspensão

Parágrafo único. O processo suspende-se ou extingue-se nos casos previstos


neste Código.

TÍTULO VI
DO JUIZ, AUXILIARES E PARTES DO PROCESSO

CAPÍTULO I
DO JUIZ E SEUS AUXILIARES

SEÇÃO I
DO JUIZ

Função do juiz

Art. 36. O juiz proverá a regularidade do processo e a execução da lei, e manterá a


ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força militar.
§ 1º. Sempre que este Código se refere a juiz abrange, nesta denominação,
quaisquer autoridades judiciárias, singulares ou colegiadas, no exercício das
respectivas competências atributivas ou processuais.
Independência da função

§ 2º. No exercício das suas atribuições, o juiz não deverá obediência senão, nos
termos legais, à autoridade judiciária que lhe é superior.

Impedimento para exercer a jurisdição

Art. 37. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:

a) como advogado ou defensor, órgão do Ministério Público, autoridade policial,


auxiliar de justiça ou perito, tiver funcionado seu cônjuge, ou parente consangüíneo
ou afim até o terceiro grau inclusive;
b) ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
c) tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de
direito, sobre a questão;
d) ele próprio ou seu cônjuge, ou parente consangüíneo ou afim, até o terceiro grau
inclusive, for parte ou diretamente interessado.
Inexistência de atos

Parágrafo único. Serão considerados inexistentes os atos praticados por juiz


impedido, nos termos deste artigo.

Casos de suspeição do juiz

Art. 38. O juiz dar-se-á por suspeito e, se o não fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
a) se for amigo íntimo ou inimigo de qualquer delas;
b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, de um ou de outro, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia;
c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim até o segundo grau
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por
qualquer das partes;
d) se ele, seu cônjuge, ou parente, a que alude a alínea anterior, sustentar demanda
contra qualquer das partes ou tiver sido procurador de qualquer delas;
e) se tiver dado parte oficial do crime;
f) se tiver aconselhado qualquer das partes;
g) se ele ou seu cônjuge for herdeiro presuntivo, donatário ou usufrutuário de bens
ou empregador de qualquer das partes;
h) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade interessada no
processo;
i) se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes.

Suspeição entre adotante e adotado

Art. 39. A suspeição entre adotante e adotado será considerada nos mesmos
termos da resultante entre ascendente e descendente, mas não se estenderá aos
respectivos parentes e cessará no caso de se dissolver o vínculo da adoção.

Suspeição por afinidade

Art. 40. A suspeição ou impedimento decorrente de parentesco por afinidade


cessará pela dissolução do casamento que lhe deu causa, salvo sobrevindo
descendentes. Mas, ainda que dissolvido o casamento, sem descendentes, não
funcionará como juiz o parente afim em primeiro grau na linha ascendente ou
descendente ou em segundo grau na linha colateral, de quem for parte do processo.

Suspeição provocada

Art. 41. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte
injuriar o juiz, ou de propósito der motivo para criá-la.
SEÇÃO II
DOS AUXILIARES DO JUIZ

Funcionários e serventuários da Justiça

Art. 42. Os funcionários ou serventuários da Justiça Militar são, nos processos em


que funcionam, auxiliares do juiz, a cujas determinações devem obedecer.

Escrivão

Art. 43. O escrivão providenciará para que estejam em ordem e em dia as peças e
termos dos processos.

Oficial de Justiça

Art. 44. O oficial de justiça realizará as diligências que lhe atribuir a lei de
organização judiciária militar e as que lhe forem ordenadas por despacho do juiz,
certificando o ocorrido, no respectivo instrumento, com designação de lugar, dia e
hora.
Diligências

§ 1º. As diligências serão feitas durante o dia, em período que medeie entre as
seis e as dezoito horas e, sempre que possível, na presença de duas testemunhas.
Mandados

§ 2º. Os mandados serão entregues em cartório, logo depois de cumpridos, salvo


motivo de força maior.

Convocação de substituto. Nomeação ad hoc

Art. 45. Nos impedimentos do funcionário ou serventuário de justiça, o juiz


convocará o substituto; e, na falta deste, nomeará um ad hoc, que prestará
compromisso de bem desempenhar a função, tendo em atenção as ordens do juiz e
as determinações de ordem legal.

Suspeição de funcionário ou serventuário


Art. 46. O funcionário ou serventuário de justiça fica sujeito, no que for aplicável, às
mesmas normas referentes a impedimento ou suspeição do juiz, inclusive o disposto
no artigo 41.
SEÇÃO III
DOS PERITOS E INTÉRPRETES

Nomeação de peritos

Art. 47. Os peritos e intérpretes serão de nomeação do juiz, sem intervenção das
partes.

Preferência

Art. 48. Os peritos ou intérpretes serão nomeados de preferência dentre oficiais da


ativa, atendida a especialidade.
Compromisso legal

Parágrafo único. O perito ou intérprete prestará compromisso de desempenhar a


função com obediência à disciplina judiciária e de responder fielmente aos quesitos
propostos pelo juiz e pelas partes.

Encargo obrigatório

Art. 49. O encargo de perito ou intérprete não pode ser recusado, salvo motivo
relevante que o nomeado justificará, para apreciação do juiz.

Penalidade em caso de recusa

Art. 50. No caso de recusa irrelevante, o juiz poderá aplicar multa correspondente
até três dias de vencimentos, se o nomeado os tiver fixos por exercício de função;
ou, se isto não acontecer, arbitrá-lo em quantia que irá de um décimo à metade do
maior salário mínimo do país.
Casos extensivos

Parágrafo único. Incorrerá na mesma pena o perito ou o intérprete que, sem justa
causa:
a) deixar de acudir ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não apresentar o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos
prazos estabelecidos.

Não-comparecimento do perito
Art. 51. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, o juiz poderá
determinar sua apresentação, oficiando, para esse fim, à autoridade militar ou civil
competente, quando se tratar de oficial ou de funcionário público.

Impedimentos dos peritos

Art. 52. Não poderão ser peritos ou intérpretes:

a) os que estiverem sujeitos a interdição que os inabilite para o exercício de função


pública;
b) os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente
sobre o objeto da perícia;
c) os que não tiverem habilitação ou idoneidade para o seu desempenho;
d) os menores de vinte e um anos.

Suspeição de peritos e intérpretes

Art. 53. É extensivo aos peritos e intérpretes, no que lhes for aplicável, o disposto
sobre suspeição de juízes.
CAPÍTULO II
DAS PARTES

SEÇÃO I
DO ACUSADOR

Ministério Público

Art. 54. O Ministério Público é o órgão de acusação no processo penal militar,


cabendo ao procurador-geral exercê-la nas ações de competência originária no
Superior Tribunal Militar e aos procuradores nas ações perante os órgãos judiciários
de primeira instância.
Pedido de absolvição

Parágrafo único. A função de órgão de acusação não impede o Ministério Público


de opinar pela absolvição do acusado, quando entender que, para aquele efeito,
existem fundadas razões de fato ou de direito.

Fiscalização e função especial do Ministério Público

Art. 55. Cabe ao Ministério Público fiscalizar o cumprimento da lei penal militar,
tendo em atenção especial o resguardo das normas de hierarquia e disciplina, como
base da organização das Forças Armadas.
Independência do Ministério Público

Art. 56. O Ministério Público desempenhará as suas funções de natureza


processual sem dependência a quaisquer determinações que não emanem de
decisão ou despacho da autoridade judiciária competente, no uso de atribuição
prevista neste Código e regularmente exercida, havendo no exercício das funções
recíproca independência entre os órgãos do Ministério Público e os da ordem
judiciária.
Subordinação direta ao procurador-geral

Parágrafo único. Os procuradores são diretamente subordinados ao procurador-


geral.

Impedimentos

Art. 57. Não pode funcionar no processo o membro do Ministério Público:

a) se nele já houver intervindo seu cônjuge ou parente consangüíneo ou afim, até o


terceiro grau inclusive, como juiz, defensor do acusado, autoridade policial ou auxiliar
de justiça;
b) se ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções;
c) se ele próprio ou seu cônjuge ou parente consangüíneo ou afim, até o terceiro
grau inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.

Suspeição

Art. 58. Ocorrerá a suspeição do membro do Ministério Público:

a) se for amigo íntimo ou inimigo do acusado ou ofendido;


b) se ele próprio, seu cônjuge ou parente consangüíneo ou afim, até o terceiro grau
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado pelo
acusado ou pelo ofendido;
c) se houver aconselhado o acusado;
d) se for tutor ou curador, credor ou devedor do acusado;
e) se for herdeiro presuntivo, ou donatário ou usufrutuário de bens, do acusado ou
seu empregador;
f) se for presidente, diretor ou administrador de sociedade ligada de qualquer
modo ao acusado.

Aplicação extensiva de disposição


Art. 59. Aplica-se aos membros do Ministério Público o disposto nos artigos 39, 40
e 41
SEÇÃO II
DO ASSISTENTE

Habilitação do ofendido como assistente

Art. 60. O ofendido, seu representante legal e seu sucessor podem habilitar-se a
intervir no processo como assistentes do Ministério Público.
Representante e sucessor do ofendido

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, considera-se representante legal o


ascendente ou descendente, tutor ou curador do ofendido, se menor de dezoito anos
ou incapaz; e sucessor, o seu ascendente, descendente ou irmão, podendo qualquer
deles, com exclusão dos demais, exercer o encargo, ou constituir advogado para
esse fim, em atenção à ordem estabelecida neste parágrafo, cabendo ao juiz a
designação se entre eles não houver acordo.

Competência para admissão do assistente

Art. 61. Cabe ao juiz do processo, ouvido o Ministério Público, conceder ou negar
a admissão de assistente de acusação.

Oportunidade da admissão

Art. 62. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e
receberá a causa no estado em que se achar.

Advogado de ofício como assistente

Art. 63. Pode ser assistente o advogado da Justiça Militar, desde que não funcione
no processo naquela qualidade ou como procurador de qualquer acusado.

Ofendido que for também acusado

Art. 64. O ofendido que for também acusado no mesmo processo não poderá
intervir como assistente, salvo se absolvido por sentença passada em julgado, e daí
em diante.

Intervenção do assistente no processo

Art. 65. Ao assistente será permitido, com aquiescência do juiz e ouvido o


Ministério Público:
a) propor meios de prova;
b) requerer perguntas às testemunhas, fazendo-o depois do procurador;
c) apresentar quesitos em perícia determinada pelo juiz ou requerida pelo
Ministério Público;
d) juntar documentos;
e) arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público;
f) participar do debate oral.
Arrolamento de testemunhas e interposição de recursos

§ 1º. Não poderá arrolar testemunhas, exceto requerer o depoimento das que
forem referidas, nem requerer a expedição de precatória ou rogatória, ou diligência
que retarde o curso do processo, salvo, a critério do juiz e com audiência do
Ministério Público, em se tratando de apuração de fato do qual dependa o
esclarecimento do crime. Não poderá, igualmente, impetrar recursos, salvo de
despacho que indeferir o pedido de assistência.
Efeito do recurso

§ 2º. O recurso do despacho que indeferir a assistência não terá efeito suspensivo,
processando-se em autos apartados. Se provido, o assistente será admitido ao
processo no estado em que este se encontrar.
Assistente em processo perante o Superior Tribunal Militar

§ 3º. Caberá ao relator do feito, em despacho irrecorrível, após audiência do


procurador-geral, admitir ou não o assistente, em processo da competência
originária do Superior Tribunal Militar. Nos julgamentos perante esse Tribunal, se o
seu presidente consentir, o assistente poderá falar após o procurador-geral, por
tempo não superior a dez minutos. Não poderá opor embargos, mas lhe será
consentido impugná-los, se oferecidos pela defesa, e depois de o ter feito o
procurador-geral.

Notificação do assistente

Art. 66. O processo prosseguirá independentemente de qualquer aviso ao


assistente, salvo notificação para assistir ao julgamento.

Cassação de assistência

Art. 67. O juiz poderá cassar a admissão do assistente, desde que este tumultue o
processo ou infrinja a disciplina judiciária.

Não-decorrência de impedimento
Art. 68. Da assistência não poderá decorrer impedimento do juiz, do membro do
Ministério Público ou do escrivão, ainda que supervenientes na causa. Neste caso, o
juiz cassará a admissão do assistente, sem prejuízo da nomeação de outro, que não
tenha impedimento, nos termos do artigo 60.
SEÇÃO III
DO ACUSADO, SEUS DEFENSORES E CURADORES

Personalidade do acusado

Art. 69. Considera-se acusado aquele a quem é imputada a prática de infração


penal em denúncia recebida.

Identificação do acusado

Art. 70. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro


nome ou outros qualificativos não retardará o processo, quando certa sua identidade
física. A qualquer tempo, no curso do processo ou da execução da sentença, far-se-
á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes.

Nomeação obrigatória de defensor

Art. 71. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
julgado sem defensor.
Constituição de defensor

§ 1º. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandado, se o


acusado o indicar por ocasião do interrogatório ou em qualquer outra fase do
processo por termo nos autos.
Defensor dativo

§ 2º. O juiz nomeará defensor ao acusado que o não tiver, ficando a este
ressalvado o direito de, a todo o tempo, constituir outro, de sua confiança.
Defesa própria do acusado

§ 3º. A nomeação de defensor não obsta ao acusado o direito de a si mesmo


defender-se, caso tenha habilitação; mas o juiz manterá a nomeação, salvo recusa
expressa do acusado, a qual constará dos autos.
Nomeação preferente de advogado

§ 4º. É, salvo motivo relevante, obrigatória a aceitação do patrocínio da causa, se a


nomeação recair em advogado.
Defesa de praças
§ 5º. As praças serão defendidas pelo advogado de ofício, cujo patrocínio é
obrigatório, devendo preferir a qualquer outro.
Proibição de abandono do processo

§ 6º. O defensor não poderá abandonar o processo, senão por motivo imperioso, a
critério do juiz.
Sanções no caso de abandono do processo

§ 7º. No caso de abandono sem justificativa, ou de não ser esta aceita, o juiz, em
se tratando de advogado, comunicará o fato à Seção da Ordem dos Advogados do
Brasil onde estiver inscrito, para que a mesma aplique as medidas disciplinares que
julgar cabíveis. Em se tratando de advogado de ofício, o juiz comunicará o fato ao
presidente do Superior Tribunal Militar, que aplicará ao infrator a punição que no
caso couber.

Nomeação de curador

Art. 72. O juiz dará curador ao acusado incapaz.

Prerrogativa do posto ou graduação

Art. 73. O acusado que for oficial ou graduado não perderá, embora sujeito à
disciplina judiciária, as prerrogativas do posto ou graduação. Se preso ou compelido
a apresentar-se em juízo, por ordem da autoridade judiciária, será acompanhado por
militar de hierarquia superior a sua.
Parágrafo único. Em se tratando de praça que não tiver graduação, será escoltada
por graduado ou por praça mais antiga.

Não-comparecimento de defensor

Art. 74. A falta de comparecimento do defensor, se motivada, adiará o ato do


processo, desde que nele seja indispensável a sua presença. Mas, em se repetindo
a falta, o juiz lhe dará substituto para efeito do ato, ou, se a ausência perdurar, para
prosseguir no processo.

Direitos e deveres do advogado

Art. 75. No exercício da sua função no processo, o advogado terá os direitos que
lhe são assegurados e os deveres que lhe são impostos pelo Estatuto da Ordem
dos Advogados do Brasil, salvo disposição em contrário, expressamente prevista
neste Código.

Impedimentos do defensor
Art. 76. Não poderá funcionar como defensor o cônjuge ou o parente consangüíneo
ou afim, até o terceiro grau inclusive, do juiz, do membro do Ministério Público ou do
escrivão. Mas, se em idênticas condições, qualquer destes for superveniente no
processo, tocar-lhe-á o impedimento, e não ao defensor, salvo se dativo, caso em
que será substituído por outro.

TÍTULO VII

CAPÍTULO ÚNICO
DA DENÚNCIA

Requisitos da denúncia

Art. 77. A denúncia conterá:

a) a designação do juiz a que se dirigir;


b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos
quais possa ser qualificado;
c) o tempo e o lugar do crime;
d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição
prejudicada ou atingida, sempre que possível;
e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;
f) as razões de convicção ou presunção da delinqüência;
g) a classificação do crime;
h) o rol das testemunhas, em número não superior a seis, com a indicação da sua
profissão e residência; e o das informantes com a mesma indicação.
Dispensa de testemunhas

Parágrafo único. O rol de testemunhas poderá ser dispensado, se o Ministério


Público dispuser de prova documental suficiente para oferecer a denúncia.

Rejeição da denúncia

Art. 78. A denúncia não será recebida pelo juiz:

a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;


b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da Justiça
Militar;
c) se já estiver extinta a punibilidade;
d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.
Preenchimento de requisitos

§ 1º. No caso da alínea a, o juiz, antes de rejeitar a denúncia, mandará, em


despacho fundamentado, remeter o processo ao órgão do Ministério Público para
que, dentro do prazo de três dias, contados da data do recebimento dos autos,
sejam preenchidos os requisitos que não o tenham sido.
Ilegitimidade do acusador

§ 2º. No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição da denúncia não obstará o


exercício da ação penal, desde que promovida depois por acusador legítimo, a
quem o juiz determinará a apresentação dos autos.
Incompetência do juiz. Declaração

§ 3º. No caso de incompetência do juiz, este a declarará em despacho


fundamentado, determinando a remessa do processo ao juiz competente.

Prazo para oferecimento da denúncia

Art. 79. A denúncia deverá ser oferecida, se o acusado estiver preso, dentro do
prazo de cinco dias, contados da data do recebimento dos autos para aquele fim; e,
dentro do prazo de quinze dias, se o acusado estiver solto. O auditor deverá
manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo de quinze dias.
Prorrogação de prazo

§ 1º. O prazo para o oferecimento da denúncia poderá, por despacho do juiz, ser
prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver
preso.
§ 2º. Se o Ministério Público não oferecer a denúncia dentro deste último prazo,
ficará sujeito à pena disciplinar que no caso couber, sem prejuízo da
responsabilidade penal em que incorrer, competindo ao juiz providenciar no sentido
de ser a denúncia oferecida pelo substituto legal, dirigindo-se, para este fim, ao
procurador-geral, que, na falta ou impedimento do substituto, designará outro
procurador.

Complementação de esclarecimentos

Art. 80. Sempre que, no curso do processo, o Ministério Público necessitar de


maiores esclarecimentos, de documentos complementares ou de novos elementos
de convicção, poderá requisitá-los, diretamente, de qualquer autoridade militar ou
civil, em condições de os fornecer, ou requerer ao juiz que os requisite.

Extinção da punibilidade. Declaração


Art. 81. A extinção da punibilidade poderá ser reconhecida e declarada em
qualquer fase do processo, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
ouvido o Ministério Público, se deste não for o pedido.
Morte do acusado

Parágrafo único. No caso de morte, não se declarará a extinção sem a certidão de


óbito do acusado.

TÍTULO VIII

CAPÍTULO ÚNICO
DO FORO MILITAR

Foro militar em tempo de paz

Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida
praticados contra civil, a ele estão sujeitos em tempo de paz: (Redação dada ao
"caput" pela Lei nº 9.299, de 07.08.1996)
Pessoas sujeitas ao foro militar

I - nos crimes definidos em lei contra as instituições militares ou a segurança


nacional:
a) os militares em situação de atividade e os assemelhados na mesma situação;
b) os militares da reserva, quando convocados para o serviço ativo;
c) os reservistas, quando convocados e mobilizados, em manobras, ou no
desempenho de funções militares;
d) os oficiais e praças das Polícias e Corpos de Bombeiros, Militares, quando
incorporados às Forças Armadas;
Crimes funcionais

II - nos crimes funcionais contra a administração militar ou contra a administração


da Justiça Militar, os auditores, os membros do Ministério Público, os advogados de
ofício e os funcionários da Justiça Militar.
Extensão do foro militar

§ 1º. O foro militar se estenderá aos militares da reserva, aos reformados e aos
civis, nos crimes contra a segurança nacional ou contra as instituições militares,
como tais definidos em lei.
§ 2º. Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.299, de 07.08.1996, renumerando-se o parágrafo único
para § 1º)

Foro militar em tempo de guerra

Art. 83. O foro militar, em tempo de guerra, poderá por lei especial, abranger
outros casos, além dos previstos no artigo anterior e seu parágrafo.

Assemelhado

Art. 84. Considera-se assemelhado o funcionário efetivo, ou não, dos Ministérios


da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetidos a preceito de disciplina
militar, em virtude de lei ou regulamento.

TÍTULO IX

CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA EM GERAL

Determinação da competência

Art. 85. A competência do foro militar será determinada:

I - de modo geral:
a) pelo lugar da infração;
b) pela residência ou domicílio do acusado;
c) pela prevenção;
II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço.

Na Circunscrição Judiciária

Art. 86. Dentro da cada Circunscrição Judiciária Militar, a competência será


determinada:
a) pela especialização das Auditorias;
b) pela distribuição;
c) por disposição especial deste Código.
Modificação da competência

Art. 87. Não prevalecem os critérios de competência indicados nos artigos


anteriores, em caso de:
a) conexão ou continência;
b) prerrogativa de posto ou função;
c) desaforamento.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO

Lugar da infração

Art. 88. A competência será, de regra, determinada pelo lugar da infração; e, no


caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

A bordo de navio

Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcação sob comando


militar ou militarmente ocupado em porto nacional, nos lagos e rios fronteiriços ou
em águas territoriais brasileiras, serão, nos dois primeiros casos, processados na
Auditoria da Circunscrição Judiciária correspondente a cada um daqueles lugares;
e, no último caso, na 1ª Auditoria da marinha, com sede na Capital do Estado da
Guanabara.

A bordo de aeronave

Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada,


dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados
pela Auditoria da Circunscrição em cujo território se verificar o pouso após o crime;
e se este se efetuar em lugar remoto ou em tal distância que torne difíceis as
diligências, a competência será da Auditoria da Circunscrição de onde houver
partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos óbices, caso em que a
competência será da Auditoria mais próxima da 1ª, se na Circunscrição houver mais
de uma.

Crimes fora do território nacional

Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do território nacional serão, de regra,
processados em Auditoria da Capital da União, observado, entretanto, o disposto no
artigo seguinte.

Crimes praticados em parte no território nacional


Art. 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no território nacional,
a competência do foro militar se determina de acordo com as seguintes regras:
a) se, iniciada a execução em território estrangeiro, o crime se consumar no Brasil,
será competente a Auditoria da Circunscrição em que o crime tenha produzido ou
devia produzir o resultado;
b) se, iniciada a execução no território nacional, o crime se consumar fora dele,
será competente a Auditoria da Circunscrição em que se houver praticado o último
ato ou execução.
Diversidade de Auditorias ou de sedes

Parágrafo único. Na Circunscrição onde houver mais de uma Auditoria na mesma


sede, obedecer-se-á à distribuição e, se for o caso, à especialização de cada uma.
Se as sedes forem diferentes, atender-se-á ao lugar da infração.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA RESIDÊNCIA OU DOMICÍLIO DO
ACUSADO

Residência ou domicílio do acusado

Art. 93. Se não for conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pela
residência ou domicílio do acusado, salvo o disposto no artigo 96.
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO

Prevenção. Regra

Art. 94. A competência firmar-se-á por prevenção, sempre que, concorrendo dois
ou mais juízes igualmente competentes ou com competência cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do proceso ou de medida a este
relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia.

Casos em que pode ocorrer

Art. 95. A competência pela prevenção pode ocorrer:

a) quando incerto o lugar da infração, por ter sido praticado na divisa de duas ou
mais jurisdições;
b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições;
c) quando se tratar de infração continuada ou permanente, praticada em território
de duas ou mais jurisdições;
d) quando o acusado tiver mais de uma residência ou não tiver nenhuma, ou forem
vários os acusados e com diferentes residências.
CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA PELA SEDE DO LUGAR DE SERVIÇO

Lugar de serviço

Art. 96. Para o militar em situação de atividade ou assemelhado na mesma


situação, ou para o funcionário lotado em repartição militar, o lugar da infração,
quando este não puder ser determinado, será o da unidade, navio, força ou órgão
onde estiver servindo, não lhe sendo aplicável o critério da prevenção, salvo entre
Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva especialização.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA PELA ESPECIALIZAÇÃO DAS AUDITORIAS

Auditorias Especializadas

Art. 97. Nas Circunscrições onde existirem Auditorias Especializadas, a


competência de cada uma decorre de pertencerem os oficiais e praças sujeitos a
processo perante elas aos quadros da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.
Como oficiais, para os efeitos deste artigo, se compreendem os da ativa, os da
reserva, remunerada ou não, e os reformados.
Militares de corporações diferentes

Parágrafo único. No processo em que forem acusados militares de corporações


diferentes, a competência da Auditoria especializada se regulará pela prevenção.
Mas esta não poderá prevalecer em detrimento de oficial da ativa, se os co-réus
forem praças ou oficiais da reserva ou reformados, ainda que superiores, nem em
detrimento destes, se os co-réus forem praças.
CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO

Distribuição

Art. 98. Quando, na sede de Circunscrição, houver mais de uma Auditoria com a
mesma competência, esta se fixará pela distribuição.
Juízo prevento pela distribuição

Parágrafo único. A distribuição realizada em virtude de ato anterior à fase judicial


do processo prevenirá o juízo.
CAPÍTULO VIII
DA CONEXÃO OU CONTINÊNCIA

Casos de conexão

Art. 99. Haverá conexão:

a) se, ocorridas duas ou mais infrações, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo,
por várias pessoas reunidas ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o
tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
b) se, no mesmo caso, umas infrações tiverem sido praticadas para facilitar ou
ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer
delas;
c) quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias
elementares influir na prova de outra infração.

Casos de continência

Art. 100. Haverá continência:

a) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infração;


b) na hipótese de uma única pessoa praticar várias infrações em concurso.

Regras para determinação

Art. 101. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão


observadas as seguintes regras:
Concurso e prevalência

I - no concurso entre a jurisdição especializada e a cumulativa, preponderá aquela;


II - no concurso de jurisdições cumulativas:
a) prevalecerá a do lugar da infração, para a qual é cominada pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar onde houver ocorrido o maior número de infrações, se as
respectivas penas forem de igual gravidade;
Prevenção

c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos demais casos, salvo disposição


especial deste Código;
Categorias
III - no concurso de jurisdição de diversas categorias predominará a de maior
graduação.

Unidade do processo

Art. 102. A conexão e a continência determinarão a unidade do processo, salvo:

Casos especiais

a) no concurso entre a jurisdição militar e a comum;


b) no concurso entre a jurisdição militar e a do Juízo de Menores.
Jurisdição militar e civil no mesmo processo

Parágrafo único. A separação do processo, no concurso entre a jurisdição militar e


a civil, não quebra a conexão para o processo e julgamento, no seu foro, do militar
da ativa, quando este, no mesmo processo, praticar em concurso crime militar e
crime comum.

Prorrogação de competência

Art. 103. Em caso de conexão ou continência, o juízo prevalente, na conformidade


do artigo 101, terá a sua competência prorrogada para processar as infrações cujo
conhecimento, de outro modo, não lhe competiria.

Reunião de processos

Art. 104. Verificada a reunião dos processos, em virtude de conexão ou


continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou
tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra
que não se inclua na sua competência, continuará ele competente em relação às
demais infrações.

Separação de julgamento

Art. 105. Separar-se-ão somente os julgamentos:

a) se, de vários acusados, algum estiver foragido e não puder ser julgado à revelia;
b) se os defensores de dois ou mais acusados não acordarem na suspeição de
juiz de Conselho de Justiça, superveniente para compô-lo, por ocasião do
julgamento.

Separação de processos

Art. 106. O juiz poderá separar os processos:


a) quando as infrações houverem sido praticadas em situações de tempo e lugar
diferentes;
b) quando for excessivo o número de acusados, para não lhes prolongar a prisão;
c) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele próprio repute relevante.
Recurso de ofício

§ 1º. Da decisão de auditor ou de Conselho de Justiça em qualquer desses casos,


haverá recurso de ofício para o Superior Tribunal Militar.
§ 2º. O recurso a que se refere o parágrafo anterior subirá em traslado com as
cópias autênticas das peças necessárias, e não terá efeito suspensivo,
prosseguindo-se a ação penal em todos os seus termos.

Avocação de processo

Art. 107. Se, não obstante a conexão ou a continência, forem instaurados


processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os
processos que corram perante os juízes, salvo se já estiverem com sentença
definitiva. Neste caso, a unidade do processo só se dará ulteriormente, para efeito
de soma ou de unificação das penas.
CAPÍTULO IX
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DO POSTO OU DA FUNÇÃO

Natureza do posto ou função

Art. 108. A competência por prerrogativa do posto ou da função decorre da sua


própria natureza e não da natureza da infração, e regula-se estritamente pelas
normas expressas neste Código.
CAPÍTULO X
DO DESAFORAMENTO

Caso de desaforamento

Art. 109. O desaforamento do processo poderá ocorrer:

a) no interesse da ordem pública, da Justiça ou da disciplina militar;


b) em benefício da segurança pessoal do acusado;
c) pela impossibilidade de se constituir o Conselho de Justiça ou quando a
dificuldade de constituí-lo ou mantê-lo retarde demasiadamente o curso do
processo.
Competência do Superior Tribunal Militar

§ 1º. O pedido de desaforamento poderá ser feito ao Superior Tribunal Militar:


Autoridades que podem pedir

a) pelos Ministros da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica;


b) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, ou
autoridades que lhe forem superiores, conforme a respectiva jurisdição;
c) pelos Conselhos de Justiça ou pelo auditor;
d) mediante representação do Ministério Público ou do acusado.
Justificação do pedido e audiência do procurador-geral

§ 2º. Em qualquer dos casos, o pedido deverá ser justificado e sobre ele ouvido o
procurador-geral, se não provier de representação deste.
Audiência a autoridades

§ 3º. Nos casos das alíneas c e d, o Superior Tribunal Militar, antes da audiência
ao procurador-geral ou a pedido deste, poderá ouvir as autoridades a que se refere
a alínea b.
Auditoria onde correrá o processo

§ 4º. Se deferir o pedido, o Superior Tribunal Militar designará a Auditoria onde


deva ter curso o processo.

Renovação do pedido

Art. 110. O pedido de desaforamento, embora denegado, poderá ser renovado se


o justificar motivo superveniente.

TÍTULO X

CAPÍTULO ÚNICO
DOS CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

Questões atinentes à competência

Art. 111. As questões atinentes à competência resolver-se-ão assim pela exceção


própria como pelo conflito positivo ou negativo.

Conflito de competência
Art. 112. Haverá conflito:

I - em razão da competência:
Positivo

a) positivo, quando duas ou mais autoridades judiciárias entenderem, ao mesmo


tempo, que lhes cabe conhecer do processo;
Negativo

b) negativo, quando cada uma de duas ou mais autoridades judiciárias entender,


ao mesmo tempo, que cabe a outra conhecer do mesmo processo;
Controvérsia sobre função ou separação de processo

II - em razão da unidade de juízo, função ou separação de processos, quando, a


esse respeito, houver controvérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias.

Suscitantes do conflito

Art. 113. O conflito poderá ser suscitado:

a) pelo acusado;
b) pelo órgão do Ministério Público;
c) pela autoridade judiciária.

Órgão suscitado

Art. 114. O conflito será suscitado perante o Superior Tribunal Militar pelos
auditores ou os Conselhos de Justiça, sob a forma de representação, e pelas partes
interessadas, sob a de requerimento, fundamentados e acompanhados dos
documentos comprobatórios. Quando negativo o conflito, poderá ser suscitado nos
próprios autos do processo.
Parágrafo único. O conflito suscitado pelo Superior Tribunal Militar será regulado
no seu Regimento Interno.

Suspensão da marcha do processo

Art. 115. Tratando-se de conflito positivo, o relator do feito poderá ordenar, desde
logo, que se suspenda o andamento do processo, até a decisão final.

Pedido de informações. Prazo, requisição de autos

Art. 116. Expedida, ou não, a ordem de suspensão, o relator requisitará


informações às autoridades em conflito, remetendo-lhes cópia da representação ou
requerimento, e, marcando-lhes prazo para as informações, requisitará, se
necessário, os autos em original.

Audiência do procurador-geral e decisão

Art. 117. Ouvido o procurador-geral, que dará parecer no prazo de cinco dias,
contados da data da vista, o Tribunal decidirá o conflito na primeira sessão, salvo se
a instrução do feito depender de diligência.

Remessa de cópias do acórdão

Art. 118. Proferida a decisão, serão remetidas cópias do acórdão, para execução,
às autoridades contra as quais tiver sido levantado o conflito ou que o houverem
suscitado.

Inexistência do recurso

Art. 119. Da decisão final do conflito não caberá recurso.

Avocatória do Tribunal

Art. 120. O Superior Tribunal Militar, mediante avocatória, restabelecerá sua


competência sempre que invadida por juiz inferior.

Atribuição ao Supremo Tribunal Federal

Art. 121. A decisão de conflito entre a autoridade judiciária da Justiça Militar e a da


Justiça comum será atribuída ao Supremo Tribunal Federal.

TÍTULO XI

CAPÍTULO ÚNICO
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS

Decisão prejudicial

Art. 122. Sempre que o julgamento da questão de mérito depender de decisão


anterior de questão de direito material, a segunda será prejudicial da primeira.

Estado civil da pessoa

Art. 123. Se a questão prejudicial versar sobre estado civil de pessoa envolvida no
processo, o juiz:
a) decidirá se a argüição é séria e se está fundada em lei;
Alegação irrelevante

b) se entender que a alegação é irrelevante ou que não tem fundamento legal,


prosseguirá no feito;
Alegação séria e fundada

c) se reputar a alegação séria e fundada, colherá as provas inadiáveis e, em


seguida, suspenderá o processo, até que, no juízo cível, seja a questão prejudicial
dirimida por sentença transitada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição
de testemunhas e de outras provas que independam da solução no outro juízo.

Suspensão do processo. Condições

Art. 124. O juiz poderá suspender o processo e aguardar a solução, pelo juízo cível,
de questão prejudicial que se não relacione com o estado civil das pessoas, desde
que:
a) tenha sido proposta ação civil para dirimi-la;
b) seja ela de difícil solução;
c) não envolva direito ou fato cuja prova a lei civil limite.
Prazo da suspensão

Parágrafo único. O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser


razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo
sem que o juiz do cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o
processo, retomando sua competência para resolver de fato e de direito toda a
matéria da acusação ou da defesa.

Autoridades competentes

Art. 125. A competência para resolver a questão prejudicial caberá:

a) ao auditor, se argüida antes de instalado o Conselho de Justiça;


b) ao Conselho de Justiça, em qualquer fase do processo, em primeira instância;
c) ao relator do processo, no Superior Tribunal Militar, se argüida pelo procurador-
geral ou pelo acusado;
d) a esse Tribunal, se iniciado o julgamento.

Promoção de ação no juízo cível


Art. 126. Ao juiz ou órgão a que competir a apreciação da questão prejudicial,
caberá dirigir-se ao órgão competente do juízo cível, para a promoção da ação civil
ou prosseguimento da que tiver sido iniciada, bem como de quaisquer outras
providências que interessem ao julgamento do feito.

Providências de ofício

Art. 127. Ainda que sem argüição de qualquer das partes, o julgador poderá, de
ofício, tomar as providências referidas nos artigos anteriores.

TÍTULO XII
DOS INCIDENTES

CAPÍTULO I
DAS EXCEÇÕES EM GERAL

Exceções admitidas

Art. 128. Poderão ser opostas as exceções de:

a) suspeição ou impedimento;
b) incompetência de juízo;
c) litispendência;
d) coisa julgada.
SEÇÃO I
DA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO OU IMPEDIMENTO

Precedência da argüição de suspeição

Art. 129. A argüição de suspeição ou impedimento precederá a qualquer outra,


salvo quando fundada em motivo superveniente.

Motivação do despacho

Art. 130. O juiz que se declarar suspeito ou impedido motivará o despacho.

Suspeição de natureza íntima

Parágrafo único. Se a suspeição for de natureza íntima, comunicará os motivos ao


auditor corregedor, podendo fazê-lo sigilosamente.

Recusa do juiz
Art. 131. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, fá-lo-á em petição
assinada por ela própria ou seu representante legal, ou por procurador com poderes
especiais, aduzindo as razões, acompanhadas de prova documental ou do rol de
testemunhas, que não poderão exceder a duas.

Reconhecimento da suspeição alegada

Art. 132. Se reconhecer a suspeição ou impedimento, o juiz sustará a marcha do


processo, mandará juntar aos autos o requerimento do recusante com os
documentos que o instruam e, por despacho, se declarará suspeito, ordenando a
remessa dos autos ao substituto.

Argüição de suspeição não aceita pelo juiz

Art. 133. Não aceitando a suspeição ou impedimento, o juiz mandará autuar em


separado o requerimento, dará a sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-
la e oferecer testemunhas. Em seguida, determinará a remessa dos autos
apartados, dentro em vinte e quatro horas, ao Superior Tribunal Militar, que
processará e decidirá a argüição.
Juiz do Conselho de Justiça

§ 1º. Proceder-se-á, da mesma forma, se o juiz argüido de suspeito for membro de


Conselho de Justiça.
Manifesta improcedência da argüição

§ 2º. Se a argüição for de manifesta improcedência, o juiz ou o relator a rejeitará


liminarmente.
Reconhecimento preliminar da argüição do Superior Tribunal Militar

§ 3º. Reconhecida, preliminarmente, a relevância da argüição, o relator, com


intimação das partes, marcará dia e hora para inquirição das testemunhas,
seguindo-se o julgamento, independentemente de mais alegações.

Nulidade dos atos praticados pelo juiz suspeito

Art. 134. Julgada procedente a argüição de suspeição ou impedimento, ficarão


nulos os atos do processo principal.

Suspeição declarada de ministro do Superior Tribunal Militar

Art. 135. No Superior Tribunal Militar, o ministro que se julgar suspeito ou impedido
declará-lo-á em sessão. Se relator ou revisor, a declaração será feita nos autos,
para nova distribuição.
Argüição de suspeição de ministro ou do procurador-geral. Processo
Parágrafo único. Argüida a suspeição ou o impedimento de ministro ou do
procurador-geral, o processo, se a alegação for aceita, obedecerá às normas
previstas no Regimento do Tribunal.

Suspeição declarada do procurador-geral

Art. 136. Se o procurador-geral se der por suspeito ou impedido, delegará a sua


função no processo, ao seu substituto legal.

Suspeição declarada de procurador, perito, intérprete ou auxiliar de justiça

Art. 137. Os procuradores, os peritos, os intérpretes e os auxiliares da Justiça


Militar poderão, motivadamente, dar-se por suspeitos ou impedidos, nos casos
previstos neste Código; os primeiros e os últimos, antes da prática de qualquer ato
no processo, e os peritos e intérpretes, logo que nomeados. O juiz apreciará de
plano os motivos da suspeição ou impedimento; e, se os considerar em termos
legais, providenciará imediatamente a substituição.

Argüição de suspeição de procurador

Art. 138. Se argüida a suspeição ou impedimento de procurador, o auditor, depois


de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo, antes, admitir a produção de provas no
prazo de três dias.

Argüição de suspeição de perito e intérprete

Art. 139. Os peritos e os intérpretes poderão ser, pelas partes, argüidos de


suspeitos ou impedidos; e os primeiros, por elas impugnados, se não preencherem
os requisitos de capacidade técnico-profissional para as perícias que, pela sua
natureza, os exijam, nos termos dos artigos 52, letra c, e 318.

Decisão de plano irrecorrível

Art. 140. A suspeição ou impedimento, ou a impugnação a que se refere o artigo


anterior, bem como a suspeição ou impedimento argüidos, de serventuário ou
funcionário da Justiça Militar, serão decididas pelo auditor, de plano e sem recurso,
à vista da matéria alegada e prova imediata.

Declaração de suspeição quando evidente

Art. 141. A suspeição ou impedimento poderá ser declarada pelo juiz ou Tribunal,
se evidente nos autos.

Suspeição do encarregado de inquérito


Art. 142. Não se poderá opor suspeição ao encarregado do inquérito, mas deverá
este declarar-se suspeito quando ocorrer motivo legal, que lhe seja aplicável.
SEÇÃO II
DA EXCEÇÃO DA INCOMPETÊNCIA

Oposição da exceção de incompetência

Art. 143. A exceção de incompetência poderá ser oposta verbalmente ou por


escrito, logo após a qualificação do acusado. No primeiro caso, será tomada por
termo nos autos.

Vista à parte contrária

Art. 144. Alegada a incompetência do juízo, será dada vista dos autos à parte
contrária, para que diga sobre a argüição, no prazo de quarenta e oito horas.

Aceitação ou rejeição da exceção. Recurso em autos apartados. Nulidade de


autos

Art. 145. Se aceita a alegação, os autos serão remetidos ao juízo competente. Se


rejeitada, o juiz continuará no feito. Mas, neste caso, caberá recurso, em autos
apartados, para o Superior Tribunal Militar, que, se lhe der provimento, tornará nulos
os atos praticados pelo juiz declarado incompetente, devendo os autos do recurso
ser anexados aos do processo principal.

Alegação antes do oferecimento da denúncia. Recurso nos próprios autos

Art. 146. O órgão do Ministério Público poderá alegar a incompetência do juízo,


antes de oferecer a denúncia. A argüição será apreciada pelo auditor, em primeira
instância; e, no Superior Tribunal Militar, pelo relator, em se tratando de processo
originário. Em ambos os casos, se rejeitada a argüição, poderá, pelo órgão do
Ministério Público, ser impetrado recurso, nos próprios autos, para aquele Tribunal.

Declaração de incompetência de ofício

Art. 147. Em qualquer fase do processo, se o juiz reconhecer a existência de causa


que o torne incompetente declará-lo-á nos autos e os remeterá ao juízo competente.
SEÇÃO III
DA EXCEÇÃO DA LITISPENDÊNCIA

Litispendência, quando existe. Reconhecimento e processo

Art. 148. Cada feito somente pode ser objeto de um processo. Se o auditor ou o
Conselho de Justiça reconhecer que o litígio proposto a seu julgamento já pende de
decisão em outro processo, na mesma Auditoria, mandará juntar os novos autos aos
anteriores. Se o primeiro processo correr em outra Auditoria, para ela serão
remetidos os novos autos, tendo-se, porém, em vista, a especialização da Auditoria
e a categoria do Conselho de Justiça.

Argüição de litispendência

Art. 149. Qualquer das partes poderá argüir, por escrito, a existência de anterior
processo sobre o mesmo feito.

Instrução do pedido

Art. 150. A argüição de litispendência será instruída com certidão passada pelo
cartório do juízo ou pela Secretaria do Superior Tribunal Militar, perante o qual esteja
em curso o outro processo.

Prazo para a prova da alegação

Art. 151. Se o argüente não puder apresentar a prova da alegação, o juiz poderá
conceder-lhe prazo para que o faça, ficando-lhe, nesse caso, à discrição, suspender
ou não o curso do processo.

Decisão de plano irrecorrível

Art. 152. O juiz ouvirá a parte contrária a respeito da argüição, e decidirá de plano,
irrecorrivelmente.
SEÇÃO IV
DA EXCEÇÃO DE COISA JULGADA

Existência de coisa julgada. Arquivamento de denúncia

Art. 153. Se o juiz reconhecer que o feito sob seu julgamento já foi, quanto ao fato
principal, definitivamente julgado por sentença irrecorrível, mandará arquivar a nova
denúncia, declarando a razão por que o faz.

Argüição de coisa julgada

Art. 154. Qualquer das partes poderá argüir, por escrito, a existência de anterior
sentença passada em julgado, juntando-lhe certidão.
Argüição do acusado. Decisão de plano. Recurso de ofício

Parágrafo único. Se a argüição for do acusado, o juiz ouvirá o Ministério Público e


decidirá de plano, recorrendo de ofício para o Superior Tribunal Militar, se
reconhecer a existência da coisa julgada.
Limite de efeito da coisa julgada

Art. 155. A coisa julgada opera somente em relação às partes, não alcançando
quem não foi parte no processo.
CAPÍTULO II
DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL DO ACUSADO

Dúvida a respeito de imputabilidade

Art. 156. Quando, em virtude de doença ou deficiência mental, houver dúvida a


respeito da imputabilidade penal do acusado, será ele submetido a perícia médica.
Ordenação de perícia

§ 1º. A perícia poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do


Ministério Público, do defensor, do curador, ou do cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão do acusado, em qualquer fase do processo.
Na fase do inquérito

§ 2º. A perícia poderá ser também ordenada na fase do inquérito policial militar,
por iniciativa do seu encarregado ou em atenção a requerimento de qualquer das
pessoas referidas no parágrafo anterior.

Internação para a perícia

Art. 157. Para efeito da perícia, o acusado, se estiver preso, será internado em
manicômio judiciário, onde houver; ou, se estiver solto e o requererem os peritos, em
estabelecimento adequado, que o juiz designará.
Apresentação do laudo

§ 1º. O laudo pericial deverá ser apresentado dentro do prazo de quarenta e cinco
dias, que o juiz poderá prorrogar, se os peritos demonstrarem a necessidade de
maior lapso de tempo.
Entrega dos autos a perito

§ 2º. Se não houver prejuízo para a marcha do processo, o juiz poderá autorizar a
entrega dos autos aos peritos, para lhes facilitar a tarefa. A mesma autorização
poderá ser dada pelo encarregado do inquérito, no curso deste.

Não-sustentação do processo e caso excepcional

Art. 158. A determinação da perícia, quer na fase policial militar quer na fase
judicial, não sustará a prática de diligências que possam ficar prejudicadas com o
adiamento, mas sustará o processo quanto à produção de prova em que seja
indispensável a presença do acusado submetido ao exame pericial.

Quesitos pertinentes

Art. 159. Além de outros quesitos que, pertinentes ao fato, lhes forem oferecidos, e
dos esclarecimentos que julgarem necessários, os peritos deverão responder aos
seguintes:
Quesitos obrigatórios

a) se o indiciado, ou acusado, sofre de doença mental, de desenvolvimento mental


incompleto ou retardado;
b) se no momento da ação ou omissão, o indiciado, ou acusado, se achava em
algum dos estados referidos na alínea anterior;
c) se, em virtude das circunstâncias referidas nas alíneas antecedentes, possuía o
indiciado, ou acusado, capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se
determinar de acordo com esse entendimento;
d) se a doença ou deficiência mental do indiciado, ou acusado, não lhe suprimindo,
diminuiu-lhe, entretanto, consideravelmente, a capacidade de entendimento da
ilicitude do fato ou a de autodeterminação, quando o praticou.
Parágrafo único. No caso de embriaguez proveniente de caso fortuito ou força
maior, formular-se-ão quesitos congêneres, pertinentes ao caso.

Inimputabilidade. Nomeação de curador. Medida de segurança

Art. 160. Se os peritos concluírem pela inimputabilidade penal do acusado, nos


termos do artigo 48 (preâmbulo) do Código Penal Militar, o juiz, desde que concorde
com a conclusão do laudo, nomear-lhe-á curador e lhe declarará, por senten'ca, a
inimputabilidade, com aplicação da medida de segurança correspondente.
Inimputabilidade relativa. Prosseguimento do inquérito ou de processo.
Medida de segurança

Parágrafo único. Concluindo os peritos pela inimputabilidade relativa do indiciado,


ou acusado, nos termos do parágrafo único do artigo 48 do Código Penal Militar, o
inquérito ou o processo prosseguirá, com a presença de defensor neste último caso.
Sendo condenatória a sentença, será aplicada a medida de segurança prevista no
artigo 113 do mesmo Código.

Doença mental superveniente


Art. 161. Se a doença mental sobrevier ao crime, o inquérito ou o processo ficará
suspenso, se já iniciado, até que o indiciado ou acusado se restabeleça, sem
prejuízo das diligências que possam ser prejudicadas com o adiamento.
Internação em manicômio

§ 1º. O acusado poderá, nesse caso, ser internado em manicômio judiciário ou em


outro estabelecimento congênere.
Restabelecimento do acusado

§ 2º. O inquérito ou o processo retomará o seu curso, desde que o acusado se


restabeleça, ficando-lhe assegurada a faculdade de reinquirir as testemunhas que
houverem prestado depoimento sem a sua presença ou a repetição de diligência em
que a mesma presença teria sido indispensável.

Verificação em autos apartados

Art. 162. A verificação de insanidade mental correrá em autos apartados, que


serão apensos ao processo principal somente após a apresentação do laudo.
§ 1º. O exame de sanidade mental requerido pela defesa, de algum ou alguns dos
acusados, não obstará sejam julgados os demais, se o laudo correspondente não
houver sido remetido ao Conselho, até a data marcada para o julgamento. Neste
caso, aqueles acusados serão julgados oportunamente.
Procedimento no inquérito

§ 2º. Da mesma forma se procederá no curso do inquérito, mas este poderá ser
encerrado sem a apresentação do laudo, que será remetido pelo encarregado do
inquérito ao juiz, nos termos do § 2º do artigo 20.
CAPÍTULO III
DO INCIDENTE DE FALSIDADE DE DOCUMENTO

Argüição de falsidade

Art. 163. Argüida a falsidade de documento constante dos autos, o juiz, se o


reputar necessário à decisão da causa:
Autuação em apartado

a) mandará autuar em apartado a impugnação e, em seguida, ouvirá a parte


contrária, que, no prazo de quarenta e oito horas, oferecerá a resposta;
Prazo para a prova

b) abrirá dilação probatória num tríduo, dentro do qual as partes aduzirão a prova
de suas alegações;
Diligências

c) conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias,


decidindo a final;
Reconhecimento. Decisão irrecorrível. Desanexação do documento

d) reconhecida a falsidade, por decisão que é irrecorrível, mandará desentranhar o


documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público.

Argüição oral

Art. 164. Quando a argüição de falsidade se fizer oralmente, o juiz mandará tomá-
la por termo, que será autuado em processo incidente.

Por procurador

Art. 165. A argüição de falsidade, feita por procurador, exigirá poderes especiais.

Verificação de ofício

Art. 166. A verificação de falsidade poderá proceder-se de ofício.

Documento oriundo de outro juízo

Art. 167. Se o documento reputado falso for oriundo de repartição ou órgão com
sede em lugar sob jurisdição de outro juízo, nele se procederá à verificação da
falsidade, salvo se esta for evidente, ou puder ser apurada por perícia no juízo do
feito criminal.
Providências do juiz do feito

Parágrafo único. Caso a verificação deva ser feita em outro juízo, o juiz do feito
criminal dará, para aquele fim, as providências necessárias.

Sustação do feito

Art. 168. O juiz poderá sustar o feito até a apuração da falsidade, se imprescindível
para a condenação ou absolvição do acusado, sem prejuízo, entretanto, de outras
diligências que não dependam daquela apuração.

Limite da decisão

Art. 169. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de
ulterior processo penal.
TÍTULO XIII
DAS MEDIDAS PREVENTIVAS E ASSECURATÓRIAS

CAPÍTULO I
DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE COISAS OU PESSOAS

SEÇÃO I
DA BUSCA

Espécies de busca

Art. 170. A busca poderá ser domiciliar ou pessoal.

Busca domiciliar

Art. 171. A busca domiciliar consistirá na procura material portas adentro da casa.

Finalidade

Art. 172. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,


para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guardadas ilicitamente;
c) apreender instrumentos de falsificação ou contrafação;
d) apreender armas e munições e instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova da infração ou à defesa do acusado;
f) apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu poder, quando haja
fundada suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crime;
h) colher elemento de convicção.

Compreensão do termo "casa"

Art. 173. O termo casa compreende:

a) qualquer compartimento habitado;


b) aposento ocupado de habitação coletiva;
c) compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou
atividade.

Não-compreensão

Art. 174. Não se compreende no termo casa:

a) hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto abertas, salvo a


restrição da alínea b do artigo anterior;
b) taverna, boate, casa de jogo e outras do mesmo gênero;
c) a habitação usada como local para a prática de infrações penais.

Oportunidade da busca domiciliar

Art. 175. A busca domiciliar será executada de dia, salvo para acudir vítimas de
crime ou desastre.
Parágrafo único. Se houver consentimento expresso do morador, poderá ser
realizada à noite.

Ordem da busca

Art. 176. A busca domiciliar poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento das partes, ou determinada pela autoridade policial militar.
Parágrafo único. O representante do Ministério Público, quando assessor no
inquérito, ou deste tomar conhecimento, poderá solicitar do seu encarregado a
realização da busca.

Precedência de mandado

Art. 177. Deverá ser precedida de mandado a busca domiciliar que não for
realizada pela própria autoridade judiciária ou pela autoridade que presidir o
inquérito.

Conteúdo do mandado

Art. 178. O mandado de busca deverá:

a) indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência


e o nome do seu morador ou proprietário; ou, no caso de busca pessoal, o nome da
pessoa que a sofrerá ou os sinais que a identifiquem;
b) mencionar o motivo e os fins da diligência;
c) ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
Parágrafo único. Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do
mandado.

Procedimento

Art. 179. O executor da busca domiciliar procederá da seguinte maneira:

Presença do morador

I - se o morador estiver presente:


a) ler-lhe-á o mandado, ou, se for o próprio autor da ordem, identificar-se-á e dirá o
que pretende;
b) convidá-lo-à a franquear a entrada, sob pena de a forçar se não for atendido;
c) uma vez dentro da casa, se estiver à procura de pessoa ou coisa, convidará o
morador a apresentá-la ou exibi-la;
d) se não for atendido ou se se tratar de pessoa ou coisa incerta, procederá à
busca;
e) se o morador ou qualquer outra pessoa recalcitrar ou criar obstáculo usará da
força necessária para vencer a resistência ou remover o empecilho e arrombará, se
necessário, quaisquer móveis ou compartimentos em que, presumivelmente,
possam estar as coisas ou pessoas procuradas;
Ausência do morador

II - se o morador estiver ausente:


a) tentará localizá-lo para lhe dar ciência da diligência e aguardará a sua chegada,
se puder ser imediata;
b) no caso de não ser encontrado o morador ou não comparecer com a necessária
presteza, convidará pessoa capaz que identificará para que conste do respectivo
auto, a fim de testemunhar a diligência;
c) entrará na casa, arrombando-a, se necessário;
d) fará a busca, rompendo, se preciso, todos os obstáculos em móveis ou
compartimentos onde, presumivelmente, possam estar as coisas ou pessoas
procuradas;
Casa desabitada

III - se a casa estiver desabitada, tentará localizar o proprietário, procedendo da


mesma forma como no caso de ausência do morador.
Rompimento de obstáculo
§ 1º. O rompimento de obstáculos deve ser feito com o menor dano possível à
coisa ou compartimento passível da busca, providenciando-se, sempre que possível,
a intervenção de serralheiro ou outro profissional habilitado, quando se tratar de
remover ou desmontar fechadura, ferrolho, peça de segredo ou qualquer outro
aparelhamento que impeça a finalidade da diligência.
Reposição

§ 2º. Os livros, documentos, papéis e objetos que não tenham sido apreendidos
devem ser repostos nos seus lugares.
§ 3º. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
moradores mais do que o indispensável ao bom êxito da diligência.

Busca pessoal

Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes, pastas,
malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário,
no próprio corpo.

Revista pessoal

Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo:
a) instrumento ou produto do crime;
b) elementos de prova.

Revista independentemente de mandado

Art. 182. A revista independe de mandado:

a) quando feita no ato da captura de pessoa que deve ser presa;


b) quando determinada no curso da busca domiciliar;
c) quando ocorrer o caso previsto na alínea a do artigo anterior;
d) quando houver fundada suspeita de que o revistando traz consigo objetos ou
papéis que constituam corpo de delito;
e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou do presidente do inquérito.

Busca em mulher

Art. 183. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
Busca no curso do processo ou do inquérito

Art. 184. A busca domiciliar ou pessoal por mandado será, no curso do processo,
executada por oficial de justiça; e, no curso do inquérito, por oficial, designado pelo
encarregado do inquérito, atendida a hierarquia do posto ou graduação de quem a
sofrer, se militar.
Requisição a autoridade civil

Parágrafo único. A autoridade militar poderá requisitar da autoridade policial civil a


realização da busca.
SEÇÃO II
DA APREENSÃO

Apreensão de pessoas ou coisas

Art. 185. Se o executor da busca encontrar as pessoas ou coisas a que se referem


os artigos 172 e 181, deverá apreendê-las. Fá-lo-á, igualmente, de armas ou objetos
pertencentes às Forças Armadas ou de uso exclusivo de militares quando estejam
em posse indevida, ou seja incerta a sua propriedade.
Correspondência aberta

§ 1º. A correspondência aberta ou não, destinada ao indiciado ou ao acusado, ou


em seu poder, será apreendida se houver fundada razões para suspeitar que pode
ser útil à elucidação do fato.
Documento em poder do defensor

§ 2º. Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do


acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

Território de outra jurisdição

Art. 186. Quando, para a apreensão, o executor for em seguimento de pessoa ou


coisa, poderá penetrar em território sujeito a outra jurisdição.
Parágrafo único. Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
seguimento de pessoa ou coisa, quando:
a) tendo conhecimento de sua remoção ou transporte a seguirem sem interrupção,
embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas forem em seu encalço, sabendo, por
informações fidedignas ou circunstâncias judiciárias, que está sendo removida ou
transportada em determinada direção.

Apresentação à autoridade local


Art. 187. O executor que entrar em território de jurisdição diversa deverá, conforme
o caso, apresentar-se à respectiva autoridade civil ou militar, perante a qual se
identificará. A apresentação poderá ser feita após a diligência, se a urgência desta
não permitir solução de continuidade.

Pessoa sob custódia

Art. 188. Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente


apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.

Requisitos do auto

Art. 189. Finda a diligência, lavrar-se-á auto circunstanciado da busca e


apreensão, assinado por duas testemunhas, com declaração do lugar, dia e hora em
que se realizou, com citação das pessoas que a sofreram e das que nelas tomaram
parte ou as tenham assistido, com as respectivas identidades, bem como de todos
os incidentes ocorridos durante a sua execução.
Conteúdo do auto

Parágrafo único. Constarão do auto, ou dele farão parte em anexo devidamente


rubricado pelo executor da diligência, a relação e descrição das coisas
apreendidas, com a especificação:
a) se máquinas, veículos, instrumentos ou armas, da sua marca e tipo e, se
possível, da sua origem, número e data da fabricação;
b) se livros, o respectivo título e o nome do autor;
c) se documentos, a sua natureza.
SEÇÃO III
DA RESTITUIÇÃO

Restituição de coisas

Art. 190. As coisas apreendidas não poderão ser restituídas enquanto


interessarem ao processo.
§ 1º. As coisas a que se referem o artigo 109, nº II, letra a, e o artigo 119, nºs. I e II,
do Código Penal Militar, não poderão ser restituídas em tempo algum.
§ 2º. As coisas a que se refere o artigo 109, nº II, letra b, do Código Penal Militar,
poderão ser restituídas somente ou lesado ou a terceiro de boa fé.

Ordem de restituição
Art. 191. A restituição poderá ser ordenada pela autoridade policial militar ou pelo
juiz, mediante termo nos autos, desde que:
a) a coisa apreendida não seja irrestituível, na conformidade do artigo anterior;
b) não interesse mais ao processo;
c) não exista dúvida quanto ao direito do reclamante.

Direito duvidoso

Art. 192. Se duvidoso o direito do reclamante, somente em juízo poderá ser


decidido, autuando-se o pedido em apartado e assinando-se o prazo de cinco dias
para a prova, findo o qual o juiz decidirá, cabendo da decisão recurso para o
Superior Tribunal Militar.
Questão de alta indagação

Parágrafo único. Se a autoridade judiciária militar entender que a matéria é de alta


indagação, remeterá o reclamante para o juízo cível, continuando as coisas
apreendidas até que se resolva a controvérsia.

Coisa em poder de terceiro

Art. 193. Se a coisa houver sido apreendida em poder de terceiro de boa fé,
proceder-se-á da seguinte maneira:
a) se a restituição for pedida pelo próprio terceiro, o juiz do processo poderá
ordená-la, se estiverem preenchidos os requisitos do artigo 191;
b) se pedida pelo acusado ou pelo lesado e, também, pelo terceiro, o incidente
autuar-se-á em apartado e os reclamantes terão, em conjunto, o prazo de cinco dias
para apresentar provas e o de três dias para arrazoar, findos os quais o juiz decidirá,
cabendo da decisão recurso para o Superior Tribunal Militar.
Persistência de dúvida

§ 1º. Se persistir dúvida quanto à propriedade da coisa, os reclamantes serão


remetidos para o juízo cível, onde se decidirá aquela dúvida, com efeito sobre a
restituição no juízo militar, salvo se motivo superveniente não tornar a coisa
irrestituível.
Nomeação de depositário

§ 2º. A autoridade judiciária militar poderá, se assim julgar conveniente, nomear


depositário idôneo, para a guarda da coisa, até que se resolva a controvérsia.

Audiência do Ministério Público


Art. 194. O Ministério Público será sempre ouvido em pedido ou incidente de
restituição.
Parágrafo único. Salvo o caso previsto no artigo 195, caberá recurso, com efeito
suspensivo, para o Superior Tribunal Militar, do despacho do juiz que ordenar a
restituição da coisa.

Coisa deteriorável

Art. 195. Tratando-se de coisa facilmente deteriorável, será avaliada e levada a


leilão público, depositando-se o dinheiro apurado em estabelecimento oficial de
crédito determinado em lei.

Sentença condenatória

Art. 196. Decorrido o prazo de noventa dias, após trânsito em julgado de sentença
condenatória, proceder-se-á da seguinte maneira em relação aos bens
apreendidos:
Destino das coisas

a) os referidos no artigo 109, nº II, letra a, do Código Penal Militar, serão


inutilizados ou recolhidos a Museu Criminal ou entregues às Forças Armadas, se
lhes interessarem;
b) quaisquer outros bens serão avaliados e vendidos em leilão público, recolhendo-
se ao fundo da organização militar correspondente ao Conselho de Justiça o que
não couber ao lesado ou terceiro de boa fé.

Destino em caso de sentença absolutória

Art. 197. Transitado em julgado sentença absolutória, proceder-se-á da seguinte


maneira:
a) se houver sido decretado o confisco (Código Penal Militar, artigo 119), observar-
se-á o disposto na letra a do artigo anterior;
b) nos demais casos, as coisas serão restituídas àquele de quem houverem sido
apreendidas.

Venda em leilão

Art. 198. Fora dos casos previstos nos artigos anteriores, se, dentro do prazo de
noventa dias, a contar da data em que transitar em julgado a sentença final,
condenatória ou absolutória, os objetos apreendidos não forem reclamados por
quem de direito, serão vendidos em leilão, depositando-se o saldo à disposição do
juiz de ausentes.
CAPÍTULO II
DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE COISAS

SEÇÃO I
DO SEQÜESTRO

Bens sujeitos a seqüestro

Art. 199. Estão sujeitos a seqüestro os bens adquiridos com os proventos da


infração penal, quando desta haja resultado, de qualquer modo, lesão a patrimônio
sob administração militar, ainda que já tenham sido transferidos a terceiros por
qualquer forma de alienação, ou por abandono ou renúncia.
§ 1º. Estão, igualmente, sujeitos a seqüestro os bens de responsáveis por
contrabando, ou outro ato ilícito, em aeronave ou embarcação militar, em proporção
aos prejuízos e riscos por estas sofridos, bem como os dos seus tripulantes, que não
tenham participado da prática do ato ilícito.
Bens insusceptíveis de seqüestro

§ 2º. Não poderão ser seqüestrados bens, a respeito dos quais haja decreto de
desapropriação da União, do Estado ou do Município, se anterior à data em que foi
praticada a infração penal.

Requisito para o seqüestro

Art. 200. Para decretação do seqüestro é necessária a existência de indícios


veementes da proveniência ilícita dos bens.

Fases da sua determinação

Art. 201. A autoridade judiciária militar, de ofício ou a requerimento do Ministério


Público, poderá ordenar o seqüestro, em qualquer fase do processo; e, antes da
denúncia, se o solicitar, com fundado motivo, o encarregado do inquérito.

Providências a respeito

Art. 202. Realizado o seqüestro, a autoridade judiciária militar providenciará:

a) se de imóvel, a sua inscrição no Registro de Imóveis;


b) se de coisa móvel, o seu depósito, sob a guarda de depositário nomeado para
esse fim.

Autuação em embargos
Art. 203. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos, assim do
indiciado ou acusado como de terceiro, sob os fundamentos de:
I - se forem do indiciado de:
a) não ter ele adquirido a coisa com os proventos da infração penal;
b) não ter havido lesão a patrimônio sob administração militar.
II - se de terceiro:
a) haver adquirido a coisa em data anterior à da infração penal praticada pelo
indiciado ou acusado;
b) havê-la, em qualquer tempo, adquirido de boa fé.
Prova. Decisão. Recurso

§ 1º. Apresentada a prova da alegação dentro em dez dias e ouvido o Ministério


Público, a autoridade judiciária militar decidirá de plano, aceitando ou rejeitando os
embargos, cabendo da decisão recurso para o Superior Tribunal Militar.
Remessa ao juízo cível

§ 2º. Se a autoridade judiciária militar entender que se trata de matéria de alta


indagação, remeterá o embargante para o juízo cível e manterá o seqüestro até que
seja dirimida a controvérsia.
§ 3º. Da mesma forma procederá, desde logo, se não se tratar de lesão ao
patrimônio sob administração militar.

Levantamento do seqüestro

Art. 204. O seqüestro será levantado no juízo penal militar:

a) se forem aceitos os embargos, ou negado provimento ao recurso da decisão


que os aceitou;
b) se a ação penal não for promovida no prazo de sessenta dias, contado da data
em que foi instaurado o inquérito;
c) se o terceiro, a quem tiverem sido transferidos os bens, prestar caução real ou
fidejussória que assegure a aplicação do disposto no artigo 109, nºs. I e II, letra b, do
Código Penal Militar;
d) se for julgada extinta a ação penal ou absolvido o acusado por sentença
irrecorrível.

Sentença condenatória. Avaliação da venda


Art. 205. Transitada em julgado a sentença condenatória, a autoridade judiciária
militar, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, determinará a avaliação e
a venda dos bens em leilão público.
Recolhimento de dinheiro

§ 1º. Do dinheiro apurado, recolher-se-á ao Tesouro Nacional o que se destinar a


ressarcir prejuízo ao patrimônio sob administração militar.
§ 2º. O que não se destinar a esse fim será restituído a quem de direito, se não
houver controvérsia; se esta existir, os autos de seqüestro serão remetidos ao juízo
cível, a cuja disposição passará o saldo apurado.
SEÇÃO II
DA HIPOTECA LEGAL

Bens sujeitos a hipoteca legal

Art. 206. Estão sujeitos a hipoteca legal os bens imóveis do acusado, para
satisfação do dano causado pela infração penal ao patrimônio sob administração
militar.

Inscrição e especialização da hipoteca

Art. 207. A inscrição e a especialização da hipoteca legal serão requeridas à


autoridade judiciária militar, pelo Ministério Público, em qualquer fase do processo,
desde que haja certeza da infração penal e indícios suficientes de autoria.

Estimação do valor da obrigação e do imóvel

Art. 208. O requerimento estimará o valor da obrigação resultante do crime, bem


como indicará e estimará o imóvel ou imóveis, que ficarão especialmente
hipotecados; será instruído com os dados em que se fundarem as estimativas e com
os documentos comprobatórios do domínio.

Arbitramento

Art. 209. Pedida a especialização, a autoridade judiciária militar mandará arbitrar


o montante da obrigação resultante do crime e avaliar o imóvel ou imóveis
indicados, nomeando perito idôneo para esse fim.
§ 1º. Ouvidos o acusado e o Ministério Público, no prazo de três dias, cada um, a
autoridade judiciária militar poderá corrigir o arbitramento do valor da obrigação, se
lhe parecer excessivo ou deficiente.
Liquidação após a condenação
§ 2º. O valor da obrigação será liquidado definitivamente após a condenação,
podendo ser requerido novo arbitramento se o acusado ou o Ministério Público não
se conformar com o anterior à sentença condenatória.
Oferecimento de caução

§ 3º. Se o acusado oferecer caução suficiente, real ou fidejussória, a autoridade


judiciária militar poderá deixar de mandar proceder à inscrição da hipoteca.
Limite da inscrição

§ 4º. Somente deverá ser autorizada a inscrição da hipoteca dos imóveis


necessários à garantia da obrigação.

Processos em autos apartados

Art. 210. O processo da inscrição e especialização correrá em autos apartados.

Recurso

§ 1º. Da decisão que a determinar, caberá recurso para o Superior Tribunal Militar.
§ 2º. Se o caso comportar questão de alta indagação, o processo será remetido
ao juízo cível, para a decisão.

Imóvel clausulado de inalienabilidade

Art. 211. A hipoteca legal não poderá recair em imóvel com cláusula de
inalienabilidade.

Caso de hipoteca anterior

Art. 212. No caso de hipoteca anterior ao fato delituoso, não ficará prejudicado o
direito do patrimônio sob administração militar à constituição da hipoteca legal, que
se considerará segunda hipoteca, nos termos da lei civil.

Renda dos bens hipotecados

Art. 213. Das rendas dos bens sob hipoteca legal, poderão ser fornecidos
recursos, arbitrados pela autoridade judiciária militar, para a manutenção do
acusado e sua família.

Cancelamento da inscrição

Art. 214. A inscrição será cancelada:

a) se, depois de feita, o acusado oferecer caução suficiente, real ou fidejussória;


b) se for julgada extinta a ação penal ou absolvido o acusado por sentença
irrecorrível.
SEÇÃO III
DO ARRESTO

Bens sujeitos a arresto

Art. 215. O arresto de bens do acusado poderá ser decretado pela autoridade
judiciária militar, para satisfação do dano causado pela infração penal ao patrimônio
sob a administração militar:
a) se imóveis, para evitar artifício fraudulento que os transfira ou grave, antes da
inscrição e especialização da hipoteca legal;
b) se móveis e representarem valor apreciável, tentar ocultá-los ou deles tentar
realizar tradição que burle a possibilidade da satisfação do dano, referida no
preâmbulo deste artigo.
Revogação do arresto

§ 1º. Em se tratando de imóvel, o arresto será revogado, se, dentro em quinze dias,
contados da sua decretação, não for requerida a inscrição e especialização da
hipoteca legal.
Na fase do inquérito

§ 2º. O arresto poderá ser pedido ainda na fase de inquérito.

Preferência

Art. 216. O arresto recairá de preferência sobre imóvel, e somente se estenderá a


bem móvel se aquele não tiver valor suficiente para assegurar a satisfação do dano;
em qualquer caso, o arresto somente será decretado quando houver certeza da
infração e fundada suspeita da sua autoria.

Bens insuscetíveis de arresto

Art. 217. Não é permitido arrestar bens que, de acordo com a lei civil, sejam
insuscetíveis de penhora, ou, de qualquer modo, signifiquem conforto indispensável
ao acusado e à sua família.

Coisas deterioráveis

Art. 218. Se os bens móveis arrestados forem coisas facilmente deterioráveis,


serão levadas a leilão público, depositando-se o dinheiro apurado em conta corrente
de estabelecimento de crédito oficial.
Processo em autos apartados

Art. 219. O processo de arresto correrá em autos apartados, admitindo embargos,


se se tratar de coisa móvel, com recurso para o Superior Tribunal Militar da decisão
que os aceitar ou negar.
Disposições de seqüestro

Parágrafo único. No processo de arresto seguir-se-ão as disposições a respeito


do seqüestro, no que forem aplicáveis.
CAPÍTULO III
DAS PROVIDÊNCIAS QUE RECAEM SOBRE PESSOAS

SEÇÃO I
DA PRISÃO PROVISÓRIA

DISPOSIÇÕES GERAIS

Definição

Art. 220. Prisão provisória é a que ocorre durante o inquérito, ou no curso do


processo, antes da condenação definitiva.

Legalidade da prisão

Art. 221. Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita de
autoridade competente.

Comunicação ao juiz

Art. 222. A prisão ou detenção de qualquer pessoa será imediatamente levada ao


conhecimento da autoridade judiciária competente, com a declaração do local onde
a mesma se acha sob custódia e se está, ou não, incomunicável.

Prisão de militar

Art. 223. A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de posto ou
graduação superior; ou se igual, mais antigo.

Relaxamento da prisão

Art. 224. Se, ao tomar conhecimento da comunicação, a autoridade judiciária


verificar que a prisão não é legal, deverá relaxá-la imediatamente.
Expedição de mandado

Art. 225. A autoridade judiciária ou o encarregado do inquérito que ordenar a


prisão fará expedir em duas vias o respectivo mandado, com os seguintes
requisitos:
Requisitos

a) será lavrado pelo escrivão do processo ou do inquérito, ou ad hoc, e assinado


pela autoridade que ordenar a expedição;
b) designará a pessoa sujeita a prisão com a respectiva identificação e moradia,
se possível;
c) mencionará o motivo da prisão;
d) designará o executor da prisão.
Assinatura do mandado

Parágrafo único. Uma das vias ficará em poder do preso, que assinará a outra; e,
se não quiser ou não puder fazê-lo, certificá-lo-á o executor do mandado, na própria
via deste.

Tempo e lugar da captura

Art. 226. A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as garantias relativas à inviolabilidade do domicílio.

Desdobramento do mandado

Art. 227. Para cumprimento do mandado, a autoridade policial militar ou a


judiciária poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências, devendo
em cada um deles ser fielmente reproduzido o teor do original.

Expedição de precatória ou ofício

Art. 228. Se o capturando estiver em lugar estranho à jurisdição do juiz que ordenar
a prisão, mas em território nacional, a captura será pedida por precatória, da qual
constará o mesmo que se contém nos mandados de prisão; no curso do inquérito
policial militar a providência será solicitada pelo seu encarregado, com os mesmos
requisitos, mas por meio de ofício, ao comandante da Região Militar, Distrito Naval
ou Zona Aérea, respectivamente.
Via telegráfica ou radiográfica

Parágrafo único. Havendo urgência, a captura poderá ser requisitada por via
telegráfica ou radiográfica, autenticada a firma da autoridade requisitante, o que se
mencionará no despacho.
Captura no estrangeiro

Art. 229. Se o capturando estiver no estrangeiro, a autoridade juridiciária se


dirigirá ao Ministro da Justiça para que por via diplomática, sejam tomadas as
providências que no caso couberem.
Art. 230. A captura se fará:

Caso de flagrante

a) em caso de flagrante, pela simples voz de prisão;


Caso de mandado

b) em caso de mandado, pela entrega ao capturando de uma das vias e


conseqüente voz de prisão dada apelo executor, que se identificará.
Recaptura

Parágrafo único. A recaptura de indiciado ou acusado evadido independe de


prévia ordem da autoridade, e podem ser feita por qualquer pessoa.

Captura em domicílio

Art. 231. Se o executor verificar que o capturando se encontra em alguma casa,


ordenará ao dono dela que o entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão.
Caso de busca

Parágrafo único. Se o executor não tiver certeza da presença do capturando na


casa, poderá proceder à busca, para a qual, entretanto, será necessária a
expedição do respectivo mandado, a menos que o executor seja a própria
autoridade competente para expedi-lo.

Recusa da entrega do capturando

Art. 232. Se não for atendido, o executor convocará duas testemunhas e procederá
da seguinte forma:
a) sendo dia, entrará à força na casa, arrombando-lhe a porta, se necessário;
b) sendo noite, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e,
logo que amanheça, arrombar-lhe-á a porta e efetuará a prisão.
Parágrafo único. O morador que se recusar à entrega do capturando será levado à
presença da autoridade, para que contra ele se proceda, como de direito, se sua
ação configurar infração penal.

Flagrante no interior de casa


Art. 233. No caso de prisão em flagrante que se deva efetuar no interior de casa,
observar-se-à o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.

Emprego de força

Art. 234. O emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso de


desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de
terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa
do executor e auxiliares seus, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto
subscrito pelo executor e por duas testemunhas.
Emprego de algemas

§ 1º. O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga
ou de agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a
que se refere o artigo 242.
Uso de armas

§ 2º. O recurso ao uso de armas só se justifica quando absolutamente necessário


para vencer a resistência ou proteger a incolumidade do executor da prisão ou a de
auxiliar seu.

Captura fora da jurisdição

Art. 235. Se o indiciado ou acusado, sendo perseguido, passar a território de outra


jurisdição, observar-se-á, no que for aplicável, o disposto nos artigos 186, 187 e
188.

Cumprimento de precatória

Art. 236. Ao receber precatória para a captura de alguém, cabe ao auditor


deprecado:
a) verificar a autenticidade e a legalidade do documento;
b) se o reputar perfeito, apor-lhe o cumpra-se e expedir mandado de prisão;
c) cumprida a ordem, remeter a precatória e providenciar a entrega do preso ao
juiz deprecante.
Remessa dos autos a outro juiz

Parágrafo único. Se o juiz deprecado verificar que o capturando se encontra em


território sujeito à jurisdição de outro juiz militar, remeter-lhe-á os autos da precatória.
Se não tiver notícia do paradeiro do capturando, devolverá os autos ao juiz
deprecante.
Entrega de preso. Formalidades

Art. 237. Ninguém será recolhido à prisão sem que ao responsável pela custódia
seja entregue cópia do respectivo mandado, assinada pelo executor, ou
apresentada guia expedida pela autoridade competente, devendo ser passado
recibo da entrega do preso, com declaração do dia, hora e lugar da prisão.
Recibo

Parágrafo único. O recibo será passado no próprio exemplar do mandado, se este


for o documento exibido.

Transferência de prisão

Art. 238. Nenhum preso será transferido de prisão sem que o responsável pela
transferência faça a devida comunicação à autoridade judiciária que ordenou a
prisão, nos termos do artigo 18.
Recolhimento a nova prisão

Parágrafo único. O preso transferido deverá ser recolhido à nova prisão com as
mesmas formalidades previstas no artigo 237 e seu parágrafo único.

Separação de prisão

Art. 239. As pessoas sujeitas a prisão provisória deverão ficar separadas das que
estiverem definitivamente condenadas.

Local da prisão

Art. 240. A prisão deve ser em local limpo e arejado, onde o detento possa
repousar durante a noite, sendo proibido o seu recolhimento a masmorra, solitária ou
cela onde não penetre a luz do dia.

Respeito à integridade do preso e assistência

Art. 241. Impõe-se à autoridade responsável pela custódia o respeito à integridade


física e moral do detento, que terá direito a presença de pessoa da sua família e a
assistência religiosa, pelo menos uma vez por semana, em dia previamente
marcado, salvo durante o periodo de incomunicabilidade, bem como à assistência
de advogado que indicar, nos termos do artigo 71, ou, se estiver impedido de fazê-
lo, à do que for indicado por seu cônjuge, ascendente ou descendente.
Parágrafo único. Se o detento necessitar de assistência para tratamento de saúde,
ser-lhe-á prestada por médico militar.

Prisão especial
Art. 242. Serão recolhidos a quartel ou a prisão especial, à disposição da
autoridade competente, quando sujeitos a prisão, antes de condenação irrecorrível:
a) os ministros de Estado;
b) os governadores ou interventores de Estado, ou Territórios, o prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia;
c) os membros do Congresso Nacional, dos Conselhos da União e das
Assembléias Legislativas dos Estados;
d) os cidadãos inscritos no Livro de Mérito das ordens militares ou civis
reconhecidas em lei;
e) os magistrados;
f) os oficiais das Forças Armadas, das Polícias e dos Corpos de Bombeiros,
Militares, inclusive os da reserva, remunerada ou não, e os reformados;
g) os oficiais da Marinha Mercante Nacional;
h) os diplomados por faculdade ou instituto superior de ensino nacional;
i) os ministros do Tribunal de Contas;
j) os ministros de confissão religiosa.
Prisão de praças

Parágrafo único. A prisão de praças especiais e a de graduados atenderá aos


respectivos graus de hierarquia.
SEÇÃO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE

Pessoas que efetuam prisão em flagrante

Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for
insubmisso ou desertor, ou seja encontrado em flagrante delito.

Sujeição a flagrante delito

Art. 244. Considera-se em flagrante delito aquele que:

a) está cometendo o crime;


b) acaba de cometê-lo;
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o
seu autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumento, objetos, material ou papéis que
façam presumir a sua participação no fato delituoso.
Infração permanente

Parágrafo único. Nas infrações permanentes, considera-se o agente em flagrante


delito enquanto não cessar a permanência.

Lavratura do auto

Art. 245. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de serviço ou


de quarto, ou autoridade correspondente, ou autoridade judiciária, será, por qualquer
deles, ouvido o condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como
inquirido o indiciado sobre a imputação que lhe é feita, e especialmente sobre o
lugar e hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, que será por todos
assinado.
§ 1º. Em se tratando de menor inimputável, será apresentado, imediatamente, ao
juiz de menores.
Ausência de testemunhas

§ 2º. A falta de testemunhas não impedirá o auto de prisão em flagrante, que será
assinado por duas pessoas, pelo menos, que hajam testemunhado a apresentação
do preso.
Recusa ou impossibilidade de assinatura do auto

§ 3º. Quando a pessoa conduzida se recusar a assinar, não souber ou não puder
fazê-lo, o auto será assinado por duas testemunhas, que lhe tenham ouvido a leitura
na presença do indiciado, do condutor e das testemunhas do fato delituoso.
Designação de escrivão

§ 4º. Sendo o auto presidido por autoridade militar, designará esta, para exercer
as funções de escrivão, um capitão-tenente, primeiro ou segundo-tenente, se o
indiciado for oficial. Nos demais casos, poderá designar um subtenente, suboficial
ou sargento.
Falta ou impedimento de escrivão

§ 5º. Na falta ou impedimento de escrivão ou das pessoas referidas no parágrafo


anterior, a autoridade designará, para lavrar o auto, qualquer pessoa idônea, que,
para esse fim, prestará o compromisso legal.

Recolhimento a prisão. Diligências

Art. 246. Se das respostas resultarem fundadas suspeitas contra a pessoa


conduzida, a autoridade mandará recolhê-la à prisão, procedendo-se,
imediatamente, se for o caso, a exame de corpo de delito, à busca e apreensão dos
instrumentos do crime e a qualquer outra diligência necessária ao seu
esclarecimento.

Nota de culpa

Art. 247. Dentro em vinte e quatro horas após a prisão será dada ao preso nota de
culpa assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os
das testemunhas.
Recibo da nota de culpa

§ 1º. Da nota de culpa o preso passará recibo que será assinado por duas
testemunhas, quando ele não souber, não puder ou não quiser assinar.
Relaxamento da prisão

§ 2º. Se, ao contrário da hipótese prevista no artigo 246, a autoridade militar ou


judiciária verificar a manifesta inexistência de infração penal militar ou a não-
participação da pessoa conduzida, relaxará a prisão. Em se tratando de infração
penal comum, remeterá o preso à autoridade civil competente.

Registro das ocorrências

Art. 248. Em qualquer hipótese, de tudo quanto ocorrer será lavrado auto ou termo,
para remessa à autoridade judiciária competente, a fim de que esta confirme ou
infirme os atos praticados.

Fato praticado em presença da autoridade

Art. 249. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no
exercício de suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o
infrator, mencionando a circunstância.

Prisão em lugar não sujeito à administração militar

Art. 250. Quando a prisão em flagrante for efetuada em lugar não sujeito à
administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil, ou pela
autoridade militar do lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão.

Remessa do auto de flagrante ao juiz

Art. 251. O auto de prisão em flagrante deve ser remetido imediatamente ao juiz
competente, se não tiver sido lavrado por autoridade judiciária, e, no máximo, dentro
em cinco dias, se depender de diligência prevista no artigo 246.
Passagem do preso à disposição do juiz
Parágrafo único. Lavrado o auto de flagrante delito, o preso passará
imediatamente à disposição da autoridade judiciária competente para conhecer do
processo.

Devolução do auto

Art. 252. O auto poderá ser mandado ou devolvido à autoridade militar, pelo juiz ou
a requerimento do Ministério Público, se novas diligências forem julgadas
necessárias ao esclarecimento do fato.

Concessão de liberdade provisória

Art. 253. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente
praticou o fato nas condições dos artigos 35, 38, observado o disposto no artigo 40,
e dos artigos 39 e 42, do Código Penal Militar, poderá conceder ao indiciado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do
processo, sob pena de revogar a concessão.
SEÇÃO II
DA PRISÃO PREVENTIVA

Competência e requisitos para a decretação

Art. 254. A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de
Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação
da autoridade encarregada do inquérito policial-militar, em qualquer fase deste ou
do processo, concorrendo os requisitos seguintes:
a) prova do fato delituoso;
b) indícios suficientes de autoria.
No Superior Tribunal Militar

Parágrafo único. Durante a instrução de processo originário do Superior Tribunal


Militar, a decretação compete ao relator.

Casos de decretação

Art. 255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-
se em um dos seguintes casos:
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado;
d) segurança da aplicação da lei penal militar;
e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina
militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou
acusado.

Fundamentação do despacho

Art. 256. O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre
fundamentado; e, da mesma forma, o seu pedido ou requisição, que deverá
preencher as condições previstas nas letras a e b, do artigo 254.

Desnecessidade da prisão

Art. 257. O juiz deixará de decretar a prisão preventiva, quando, por qualquer
circunstância evidente dos autos, ou pela profissão, condições de vida ou interesse
do indiciado ou acusado, presumir que este não fuja, nem exerça influência em
testemunha ou perito, nem impeça ou perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.
Modificação de condições

Parágrafo único. Essa decisão poderá ser revogada a todo o tempo, desde que se
modifique qualquer das condições previstas neste artigo.

Proibição

Art. 258. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar,
pelas provas constantes dos autos, ter o agente praticado o fato nas condições dos
artigos 35, 38, observado o disposto no artigo 40, e dos artigos 39 e 42, do Código
Penal Militar.

Revogação e nova decretação

Art. 259. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo,
verificar a falta de motivos para que subsista, bem como de novo decretá-la, se
sobrevierem razões que a justifiquem.
Parágrafo único. A prorrogação da prisão preventiva dependerá de prévia
audiência do Ministério Público.

Execução da prisão preventiva

Art. 260. A prisão preventiva executar-se-á por mandado, com os requisitos do


artigo 225. Se o indiciado ou acusado já se achar detido, será notificado do
despacho que a decretar pelo escrivão do inquérito, ou do proceso, que o certificará
nos autos.
Passagem à disposição do juiz

Art. 261. Decretada a prisão preventiva, o preso passará à disposição da


autoridade judiciária, observando-se o disposto no artigo 237.
CAPÍTULO IV
DO COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO

Tomada de declarações

Art. 262. Comparecendo espontaneamente o indiciado ou acusado, tomar-se-ão


por termo as declarações que fizer. Se o comparecimento não se der perante a
autoridade judiciária, a esta serão apresentados o termo e o indiciado ou acusado,
para que delibere acerca da prisão preventiva ou de outra medida que entender
cabível.
Parágrafo único. O termo será assinado por duas testemunhas presenciais do
ocorrido; e, se o indiciado ou acusado não souber ou não puder assinar, sê-lo-á por
uma pessoa a seu rogo, além das testemunhas mencionadas.
CAPÍTULO V
DA MENAGEM

Competência e requisitos para a concessão

Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da
pena privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção
a natureza do crime e os antecedentes do acusado.

Lugar da menagem

Art. 264. A menagem a militar poderá efetuar-se no lugar em que residia quando
ocorreu o crime ou seja sede do juízo que o estiver apurando, ou, atendido o seu
posto ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou em estabelecimento ou
sede de órgão militar. A menagem a civil será no lugar da sede do juízo, ou em lugar
sujeito à administração militar, se assim o entender necessário a autoridade que a
conceder.
Audiência do Ministério Público

§ 1º. O Ministério Público será ouvido, previamente, sobre a concessão da


menagem, devendo emitir parecer dentro do prazo de três dias.
Pedido de informação
§ 2º. Para a menagem em lugar sujeito à administração militar, será pedida
informação, a respeito da sua conveniência, à autoridade responsável pelo
respectivo comando ou direção.

Cassação da menagem

Art. 265. Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual foi
ela concedida, ou faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha
sido intimado ou a que deva comparecer independentemente de intimação especial.

Menagem do insubmisso

Art. 266. O insubmisso terá o quartel por menagem, independentemente de


decisão judicial, podendo, entretanto, ser cassada pela autoridade militar, por
conveniência de disciplina.

Cessação da menagem

Art. 267. A menagem cessa com a sentença condenatória, ainda que não tenha
passado em julgado.
Parágrafo único. Salvo o caso do artigo anterior, o juiz poderá ordenar a cessação
da menagem, em qualquer tempo, com a liberação das obrigações dela
decorrentes, desde que não a julgue mais necessária ao interesse da Justiça.

Contagem para a pena

Art. 268. A menagem concedida em residência ou cidade não será levada em


conta no cumprimento da pena.

Reincidência

Art. 269. Ao reincidente não se concederá menagem.

CAPÍTULO VI
DA LIBERDADE PROVISÓRIA

Casos de liberdade provisória

Art. 270. O indiciado ou acusado livrar-se-á solto no caso de infração a que não for
cominada pena privativa de liberdade.
Parágrafo único. Poderá livrar-se solto:
a) no caso de infração culposa, salvo se compreendida entre as previstas no Livro
I, Título I, da Parte Especial, do Código Penal Militar;
b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a dois anos,
salvo as previstas nos artigos 157, 160, 161, 162, 163, 164, 166, 173, 176, 177,
178, 187, 192, 235, 299 e 302, do Código Penal Militar.

Suspensão

Art. 271. A superveniência de qualquer dos motivos referidos no artigo 255 poderá
determinar a suspensão da liberdade provisória, por despacho da autoridade que a
concedeu, de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
CAPÍTULO VII
DA APLICAÇÃO PROVISÓRIA DE MEDIDAS DE SEGURANÇA

Casos de aplicação

Art. 272. No curso do inquérito, mediante representação do encarregado, ou no


curso do processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, enquanto não
for proferida sentença irrecorrível, o juiz poderá, observado o disposto no artigo 111,
do Código Penal Militar, submeter às medidas de segurança que lhes forem
aplicáveis:
a) os que sofram de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, ou outra grave perturbação de consciência;
b) os ébrios habituais;
c) os toxicômanos;
d) os que estejam no caso do artigo 115, do Código Penal Militar.
Interdição de estabelecimento ou sociedade

§ 1º. O juiz poderá, da mesma forma, decretar a interdição, por tempo não superior
a cinco dias, de estabelecimento industrial ou comercial, bem como de sociedade
ou associação, que esteja no caso do artigo 118, do Código Penal Militar, a fim de
ser nela realizada busca ou apreensão ou qualquer outra diligência permitida neste
Código, para elucidação de fato delituoso.
Fundamentação

§ 2º. Será fundamentado o despacho que aplicar qualquer das medidas previstas
neste artigo.

Irrecorribilidade de despacho

Art. 273. Não caberá recurso do despacho que decretar ou denegar a aplicação
provisória da medida de segurança, mas esta poderá ser revogada, substituída ou
modificada, a critério do juiz, mediante requerimento do Ministério Público, do
indiciado ou acusado, ou de representante legal de qualquer destes, nos casos das
letras a e c do artigo anterior.

Necessidade da perícia médica

Art. 274. A aplicação provisória da medida de segurança, no caso da letra a do


artigo 272, não dispensa nem supre a realização da perícia médica, nos termos dos
artigos 156 e 160.

Normas supletivas

Art. 275. Decretada a medida, atender-se-á, no que for aplicável, às disposições


relativas à execução da sentença definitiva.

Suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela

Art. 276. A suspensão provisória do exercício do pátrio poder, da tutela ou da


curatela, para efeito no juízo penal militar, deverá ser processada no juízo civil.

TÍTULO XIV

CAPÍTULO ÚNICO
DA CITAÇÃO, DA INTIMAÇÃO E DA NOTIFICAÇÃO

Formas de citação

Art. 277. A citação far-se-á por oficial de justiça:

I - mediante mandado, quando o acusado estiver servindo ou residindo na sede do


juízo em que se promove a ação penal;
II - mediante precatória, quando o acusado estiver servindo ou residindo fora dessa
sede, mas no País;
III - mediante requisição, nos casos dos artigos 280 e 282;
IV - pelo correio, mediante expedição de carta;
V - por edital:
a) quando o acusado se ocultar ou opuser obstáculo para não ser citado;
b) quando estiver asilado em lugar que goze de extraterritorialidade de país
estrangeiro;
c) quando não for encontrado;
d) quando estiver em lugar incerto ou não sabido;
e) quando incerta a pessoa que tiver de ser citada.
Parágrafo único. Nos casos das letras a, c e d, o oficial de justiça, depois de
procurar o acusado por duas vezes, em dias diferentes, certificará, cada vez, a
impossibilidade da citação pessoal e o motivo. No caso da letra b, o oficial de
justiça certificará qual o lugar em que o acusado está asilado.

Requisitos do mandado

Art. 278. O mandado, do qual se extrairão tantas duplicatas quantos forem os


acusados, para servirem de contrafé, conterá:
a) o nome da autoridade judiciária que o expedir;
b) o nome do acusado, seu posto ou graduação, se militar; seu cargo, se
assemelhado ou funcionário de repartição militar, ou, se for desconhecido, os seus
sinais característicos;
c) a transcrição da denúncia, com o rol das testemunhas;
d) o lugar, dia e hora em que o acusado deverá comparecer a juízo;
e) a assinatura do escrivão e a rubrica da autoridade judiciária.
Assinatura do mandado

Parágrafo único. Em primeira instância a assinatura do mandado compete ao


auditor, e, em ação originária do Superior Tribunal Militar, ao relator do feito.

Requisitos da citação por mandado

Art. 279. São requisitos da citação por mandado:

a) a sua leitura ao citando pelo oficial de justiça, e entrega da contrafé;


b) declaração do recebimento da contrafé pelo citando, a qual poderá ser feita na
primeira via do mandado;
c) declaração do oficial de justiça, na certidão, da leitura do mandado.
Recusa ou impossibilidade da parte do citando

Parágrafo único. Se o citando se recusar a ouvir a leitura do mandado, a receber a


contrafé ou a declarar o seu recebimento, o oficial de justiça certificá-lo-á no próprio
mandado. Do mesmo modo procederá, se o citando, embora recebendo a contrafé,
estiver impossibilitado de o declarar por escrito.

Citação a militar
Art. 280. A citação a militar em situação de atividade ou a assemelhado far-se-á
mediante requisição à autoridade sob cujo comando ou chefia estiver, a fim de que o
citando se apresente para ouvir a leitura do mandado e receber a contrafé.

Citação a funcionário

Art. 281. A citação a funcionário que servir em repartição militar deverá, para se
realizar dentro desta, ser precedida de licença do seu diretor ou chefe, a quem se
dirigirá o oficial de justiça, antes de cumprir o mandado, na forma do artigo 279.

Citação a preso

Art. 282. A citação de acusado preso por ordem de outro juízo ou por motivo de
outro processo, far-se-á nos termos do artigo 279, requisitando-se, por ofício, a
apresentação do citando ao oficial de justiça, no recinto da prisão, para o
cumprimento do mandado.

Requisitos da precatória

Art. 283. A precatória de citação indicará:

a) o juiz deprecado e o juiz deprecante;


b) a sede das respectivas jurisdições;
c) o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
d) o lugar, dia e hora de comparecimento do acusado.
Urgência

Parágrafo único. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os


requisitos deste artigo, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de
reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará.

Cumprimento da precatória

Art. 284. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de


traslado, depois de lançado o cumpra-se e de feita a citação por mandado do juiz
deprecado, com os requisitos do artigo 279.
§ 1º. Verificado que o citando se encontra em território sujeito à jurisdição de outro
juiz, a este o juiz deprecado remeterá os autos, para efetivação da diligência, desde
que haja tempo para se fazer a citação.
§ 2º. Certificada pelo oficial de justiça a existência de qualquer dos casos referidos
no nº V, do artigo 277, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim
previsto naquele artigo.
Carta citatória

Art. 285. Estando o acusado no estrangeiro, mas em lugar sabido, a citação far-se-
á por meio de carta citatória, cuja remessa a autoridade judiciária solicitará ao
Ministério das Relações Exteriores, para ser entregue ao citando, por intermédio de
representante diplomático ou consular do Brasil, ou preposto de qualquer deles, com
jurisdição no lugar onde aquele estiver. A carta citatória conterá o nome do juiz que a
expedir e as indicações a que se referem as alíneas b, c e d, do artigo 283.
Caso especial de militar

§ 1º. Em se tratando de militar em situação de atividade, a remessa, para o


mesmo fim, será solicitada ao Ministério em que servir.
Carta citatória considerada cumprida

§ 2º. A citação considerar-se-á cumprida desde que, por qualquer daqueles


Ministérios, seja comunicada ao juiz a entrega ao citando da carta citatória.
Ausência do citando

§ 3º. Se o citando não for encontrado no lugar, ou se ocultar ou opuser obstáculo à


citação, publicar-se-á edital para este fim, pelo prazo de vinte dias, de acordo com o
artigo 286, após a comunicação, naquele sentido, à autoridade judiciária.
Exilado ou foragido em país estrangeiro

§ 4º. O exilado ou foragido em país estrangeiro, salvo se internado em lugar certo e


determinado pelo Governo desse país, será citado por edital, conforme o parágrafo
anterior.
§ 5º. A publicação do edital a que se refere o parágrafo anterior somente será feita
após a certidão do oficial de justiça, afirmativa de estar o citando exilado ou foragido
em lugar incerto e não sabido.

Requisitos do edital

Art. 286. O edital de citação conterá, além dos requisitos referidos no artigo 278, a
declaração do prazo, que será, contado do dia da respectiva publicação na
imprensa, ou da sua afixação.
§ 1º. Além da publicação por três vezes em jornal oficial do lugar ou, na falta deste,
em jornal que tenha ali circulação diária, será o edital afixado em lugar ostensivo, na
portaria do edifício onde funciona o juízo. A afixação será certificada pelo oficial de
justiça que a houver feito e a publicação provada com a página do jornal de que
conste a respectiva data.
Edital resumido
§ 2º. Sendo por demais longa a denúncia, dispensar-se-á a sua transcrição,
resumindo-se o edital às indicações previstas nas alíneas a, b, d, e e, do artigo 278
e à declaração do prazo a que se refere o preâmbulo deste artigo. Da mesma forma
se procederá, quando o número de acusados exceder a cinco.

Prazo do edital

Art. 287. O prazo do edital será conforme o artigo 277, nº V:

a) de cinco dias, nos casos das alíneas a e b;


b) de quinze dias, no caso de alínea c;
c) de vinte dias, no caso da alínea d;
d) de vinte a noventa dias, no caso da alínea e.
Parágrafo único. No caso da alínea a, deste artigo, bastará publicar o edital uma
só vez.

Intimação e notificação pelo escrivão

Art. 288. As intimações e notificações, para a prática de atos ou seu conhecimento


no curso do processo, poderão, salvo determinação especial do juiz, ser feitas pelo
escrivão às partes, testemunhas e peritos, por meio de carta, telegrama ou
comunicação telefônica, bem como pessoalmente, se estiverem presentes em juízo,
o que será certificado nos autos.
Residente fora da sede do juízo

§ 1º. A intimação ou notificação a pessoa que residir fora da sede do juízo poderá
ser feita por carta ou telegrama, com assinatura da autoridade judiciária.
Intimação ou notificação a advogado ou curador

§ 2º. A intimação ou notificação ao advogado constituído nos autos com poderes


ad juditia, ou de ofício, ao defensor dativo ou ao curador judicial, supre a do
acusado, salvo se este estiver preso, caso em que deverá ser intimado ou notificado
pessoalmente, com conhecimento do responsável pela sua guarda, que o fará
apresentar em juízo, no dia e hora designados, salvo motivo de força maior, que
comunicará ao juiz.
Intimação ou notificação a militar

§ 3º. A intimação ou notificação de militar em situação de atividade, ou


assemelhado, ou de funcionário lotado em repartição militar, será feita por
intermédio da autoridade a que estiver subordinado. Estando preso, o oficial deverá
ser apresentado, atendida a sua hierarquia, sob a guarda de outro oficial, e a praça
sob escolta, de acordo com os regulamentos militares.
Dispensa de comparecimento

§ 4º. O juiz poderá dispensar a presença do acusado, desde que, sem


dependência dela, possa realizar-se o ato processual.

Agregação de oficial processado

Art. 289. Estando solto, o oficial sob processo será agregado em unidade, força ou
órgão, cuja distância da sede do juízo lhe permita comparecimento imediato aos
atos processuais. A sua transferência, em cada caso, deverá ser comunicada à
autoridade judiciária processante.

Mudança de residência de acusado civil

Art. 290. O acusado civil, solto, não poderá mudar de residência ou dela ausentar-
se por mais de oito dias, sem comunicar à autoridade judiciária processante o lugar
onde pode ser encontrado.

Antecedência da citação

Art. 291. As citações, intimações ou notificações serão sempre feitas de dia e com
a antecedência de vinte e quatro horas, pelo menos, do ato a que se referirem.

Revelia do acusado

Art. 292. O processo seguirá à revelia do acusado que, citado, intimado ou


notificado para qualquer ato do processo, deixar de comparecer sem motivo
justificado.

Citação inicial do acusado

Art. 293. A citação feita no início do processo é pessoal, bastando, para os


demais termos, a intimação ou notificação do seu defensor, salvo se o acusado
estiver preso, caso em que será, da mesma forma, intimado ou notificado.

TÍTULO XV
DOS ATOS PROBATÓRIOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Irrestrição da prova
Art. 294. A prova no juízo penal militar, salvo quando ao estado das pessoas, não
está sujeita às restrições estabelecidas na lei civil.

Admissibilidade do tipo de prova

Art. 295. É admissível, nos termos deste Código, qualquer espécie de prova,
desde que não atente contra a moral, a saúde ou a segurança individual ou coletiva,
ou contra a hierarquia ou a disciplina militares.

Ônus da prova. Determinação de diligência

Art. 296. O ônus da prova compete a quem alegar o fato, mas o juiz poderá, no
curso da instrução criminal ou antes de proferir sentença, determinar, de ofício,
diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Realizada a diligência, sobre
ela serão ouvidas as partes, para dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito
horas, contadas da intimação por despacho do juiz.
Inversão do ônus da prova

§ 1º. Inverte-se o ônus de provar se a lei presume o fato até prova em contrário.
Isenção

§ 2º. Ninguém está obrigado a produzir prova que o incrimine, ou ao seu cônjuge,
descendente, ascendente ou irmão.

Avaliação de prova

Art. 297. O juiz formará convicção pela livre apreciação do conjunto das provas
colhidas em juízo. Na consideração de cada prova, o juiz deverá confrontá-la com as
demais, verificando se entre elas há compatibilidade e concordância.

Prova na língua nacional

Art. 298. Os atos do processo serão expressos na língua nacional.

Intérprete

§ 1º. Será ouvido por meio de intérprete o acusado, a testemunha ou quem quer
que tenha de prestar esclarecimento oral no processo, desde que não saiba falar a
língua nacional ou nela não consiga, com exatidão, enunciar o que pretende ou
compreender o que lhe é perguntado.
Tradutor

§ 2º. Os documentos em língua estrangeira serão traduzidos para a nacional, por


tradutor público ou por tradutor nomeado pelo juiz, sob compromisso.
Interrogatório ou inquirição do mudo, do surdo e do surdo-mudo

Art. 299. O interrogatório ou inquirição do mudo, do surdo, ou do surdo-mudo será


feito pela forma seguinte:
a) ao surdo, serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá
oralmente;
b) ao mudo, as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as ele por escrito;
c) ao surdo-mudo, as perguntas serão formuladas por escrito, e por escrito dará ele
as respostas.
§ 1º. Caso o interrogado ou inquirido não saiba ler ou escrever, intervirá no ato,
como intérprete, pessoa habilitada a estendê-lo.
§ 2º. Aplica-se ao ofendido o disposto neste artigo e § 1º.

Consignação das perguntas e respostas

Art. 300. Sem prejuízo da exposição que o ofendido, o acusado ou a testemunha


quiser fazer, a respeito do fato delituoso ou circunstâncias que tenham com este
relação direta, serão consignadas as perguntas que lhes forem dirigidas, bem como,
imediatamente, as respectivas respostas, devendo estas obedecer, com a possível
exatidão, aos temos em que foram dadas.
Oralidade e formalidades das declarações

§ 1º. As perguntas e respostas serão orais, podendo estas entretanto, ser dadas
por escrito, se o declarante, embora não seja mudo, estiver impedido de enunciá-
las. Obedecida esta condição, o mesmo poderá ser admitido a respeito da
exposição referida neste artigo, desde que escrita no ato da inquirição e sem
intervenção de outra pessoa.
§ 2º. Nos processos de primeira instância compete ao auditor e nos originários do
Superior Tribunal Militar ao relator fazer as perguntas ao declarante e ditar as
respostas ao escrivão. Qualquer dos membros do Conselho de Justiça poderá,
todavia, fazer as perguntas que julgar necessárias e que serão consignadas com as
respectivas respostas.
§ 3º. As declarações do ofendido, do acusado e das testemunhas, bem como os
demais incidentes que lhes tenham relação, serão reduzidos a termo pelo escrivão,
assinado pelo juiz, pelo declarante e pelo defensor do acusado, se o quiser. Se o
declarante não souber escrever ou se recusar a assiná-lo, o escrivão o declarará à
fé do seu cargo, encerrando o termo.

Observância no inquérito
Art. 301. Serão observadas no inquérito as disposições referentes às testemunhas
e sua acareação, ao reconhecimento de pessoas e coisas, aos atos periciais e a
documentos, previstas neste Título, bem como quaisquer outras que tenham
pertinência com a apuração do fato delituoso e sua autoria.
CAPÍTULO II
DA QUALIFICAÇÃO E DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

Tempo e lugar do interrogatório

Art. 302. O acusado será qualificado e interrogado num só ato, no lugar, dia e hora
designado pelo juiz, após o recebimento da denúncia; e, se presente à instrução
criminal ou preso, antes de ouvidas as testemunhas.
Comparecimento no curso do processo

Parágrafo único. A qualificação e o interrogatório do acusado que se apresentar ou


for preso no curso do processo, serão feitos logo que ele comparecer perante o juiz.

Interrogatório pelo juiz

Art. 303. O interrogatório será feito, obrigatoriamente, pelo juiz, não sendo nele
permitida a intervenção de qualquer outra pessoa.
Questões de ordem

Parágrafo único. Findo o interrogatório, poderão as partes levantar questões de


ordem, que o juiz resolverá de plano, fazendo-as consignar em ata com a respectiva
solução, se assim lhe for requerido.

Interrogatório em separado

Art. 304. Se houver mais de um acusado, será cada um deles interrogado


separadamente.

Observações ao acusado

Art. 305. Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observará ao acusado que, embora
não esteja obrigado a responder às perguntas que lhe forem formuladas, o seu
silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa.
Perguntas não respondidas

Parágrafo único. Consignar-se-ão as perguntas que o acusado deixar de


responder e as razões que invocar para não fazê-lo.

Forma e requisitos do interrogatório


Art. 306. O acusado será perguntado sobre o seu nome, naturalidade, estado,
idade, filiação, residência, profissão ou meios de vida e lugar onde exerce a sua
atividade, se sabe ler e escrever e se tem defensor. Respondidas essas perguntas,
será cientificado da acusação pela leitura da denúncia e estritamente interrogado da
seguinte forma:
a) onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta e
de que forma;
b) se conhece a pessoa ofendida e as testemunhas arroladas na denúncia, desde
quando e se tem alguma coisa a alegar contra elas;
c) se conhece as provas contra ele apuradas e se tem alguma coisa a alegar a
respeito das mesmas;
d) se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer dos
objetos com ela relacionados e que tenham sido apreendidos;
e) se é verdadeira a imputação que lhe é feita;
f) se, não sendo verdadeira a imputação, sabe de algum motivo particular a que
deva atribuí-la ou conhece a pessoa ou pessoas a que deva ser imputada a prática
do crime e se com elas esteve antes ou depois desse fato;
g) se está sendo ou já foi processado pela prática de outra infração e, em caso
afirmativo, em que juízo, se foi condenado, qual a pena imposta e se a cumpriu;
h) se tem quaisquer outras declarações a fazer.
Nomeação de defensor ou curador

§ 1º. Se o acusado declarar que não tem defensor, o juiz dar-lhe-á um, para assistir
o interrogatório. Se menor de vinte e um anos, nomear-lhe-á curador, que poderá ser
o próprio defensor.
Caso de confissão

§ 2º. Se o acusado confessar a infração, será especialmente interrogado:


a) sobre quais os motivos e as circunstâncias da infração;
b) sobre se outras pessoas concorreram para ela, quais foram e de que modo
agiram.
Negativa da imputação

§ 3º. Se o acusado negar a imputação no todo ou em parte, será convidado a


indicar as provas da verdade de suas declarações.
CAPÍTULO III
DA CONFISSÃO
Validade da confissão

Art. 307. Para que tenha valor de prova, a confissão deve:

a) ser feita perante autoridade competente;


b) ser livre, espontânea e expressa;
c) versar sobre o fato principal;
d) ser verossímil;
e) ter compatibilidade e concordância com as demais provas do processo.

Silêncio do acusado

Art. 308. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
elemento para a formação do convencimento do juiz.

Retratabilidade e divisibilidade

Art. 309. A confissão é retratável e divisível, sem prejuízo do livre convencimento


do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.

Confissão fora do interrogatório

Art. 310. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo
nos autos, observado o disposto no artigo 304.
CAPÍTULO IV
DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO

Qualificação do ofendido. Perguntas

Art. 311. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser seu autor, as provas que
possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
Falta de comparecimento

Parágrafo único. Se, notificado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo
justo, poderá ser conduzido à presença da autoridade, sem ficar sujeito, entretanto, a
qualquer sanção.

Presença do acusado

Art. 312. As declarações do ofendido serão feitas na presença do acusado, que


poderá contraditá-las no todo ou em parte, após a sua conclusão, bem como
requerer ao juiz que o ofendido esclareça ou torne mais precisa qualquer das suas
declarações, não podendo, entretanto, reperguntá-lo.

Isenção de resposta

Art. 313. O ofendido não está obrigado a responder pergunta que possa incriminá-
lo, ou seja estranha ao processo.
CAPÍTULO V
DAS PERÍCIAS E EXAMES

Objeto da perícia

Art. 314. A perícia pode ter por objeto os vestígios materiais deixados pelo crime
ou as pessoas e coisas, que, por sua ligação com o crime, possam servir-lhe de
prova.

Determinação

Art. 315. A perícia pode ser determinada pela autoridade policial militar ou pela
judiciária, ou requerida por qualquer das partes.
Negação

Parágrafo único. Salvo no caso de exame de corpo de delito, o juiz poderá negar a
perícia, se a reputar desnecessária ao esclarecimento da verdade.

Formulação de quesitos

Art. 316. A autoridade que determinar a perícia formulará os quesitos que entender
necessários. Poderão, igualmente, fazê-lo: no inquérito, o indiciado; e, durante a
instrução criminal, o Ministério Público e o acusado, em prazo que lhes for marcado
para aquele fim, pelo auditor.

Requisitos

Art. 317. Os quesitos devem ser específicos, simples e de sentido inequívoco, não
podendo ser sugestivos nem conter implícita a resposta.
Exigência de especificação e esclarecimento

§ 1º. O juiz, de ofício ou a pedido de qualquer dos peritos, poderá mandar que as
partes especifiquem os quesitos genéricos, dividam os complexos ou esclareçam os
duvidosos, devendo indeferir os que não sejam pertinentes ao objeto da perícia,
bem como os que sejam sugestivos ou contenham implícita a resposta.
Esclarecimento de ordem técnica
§ 2º. Ainda que o quesito não permita resposta decisiva do perito, poderá ser
formulado, desde que tenha por fim esclarecimento indispensável de ordem técnica,
a respeito de fato que é objeto da perícia.

Número dos peritos e habilitação

Art. 318. As perícias serão, sempre que possível, feitas por dois peritos,
especializados no assunto ou com habilitação técnica, observado o disposto no
artigo 48.

Resposta aos quesitos

Art. 319. Os peritos descreverão minuciosamente o que examinarem e


responderão com clareza e de modo positivo aos quesitos formulados, que serão
transcritos no laudo.
Fundamentação

Parágrafo único. As respostas poderão ser fundamentadas, em seqüência a cada


quesito.

Apresentação de pessoas e objetos

Art. 320. Os peritos poderão solicitar da autoridade competente a apresentação


de pessoas, instrumentos ou objetos que tenham relação com o crime, assim como
os esclarecimentos que se tornem necessários à orientação da perícia.

Requisição de perícia ou exame

Art. 321. A autoridade policial militar e a judiciária poderão requisitar dos institutos
médico-legais, dos laboratórios oficiais e de quaisquer repartições técnicas,
militares ou civis, as perícias e exames que se tornem necessários ao processo,
bem como, para o mesmo fim, homologar os que neles tenham sido regularmente
realizados.

Divergência entre os peritos

Art. 322. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto de


exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro. Se este divergir
de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.

Suprimento do laudo

Art. 323. No caso de inobservância de formalidade ou no caso de omissão,


obscuridade ou contradição, a autoridade policial militar ou judiciária mandará suprir
a formalidade, ou completar ou esclarecer o laudo. Poderá igualmente, sempre que
entender necessário, ouvir os peritos, para qualquer esclarecimento.
Procedimento de novo exame

Parágrafo único. A autoridade poderá, também, ordenar que se proceda a novo


exame, por outros peritos, se julgar conveniente.

Ilustração dos laudos

Art. 324. Sempre que conveniente e possível, os laudos de perícias ou exames


serão ilustrados com fotografias, microfotografias, desenhos ou esquemas,
devidamente rubricados.

Prazo para apresentação do laudo

Art. 325. A autoridade policial militar ou a judiciária, tendo em atenção a natureza


do exame, marcará prazo razoável, que poderá ser prorrogado, para a apresentação
dos laudos.
Vista do laudo

Parágrafo único. Do laudo será dada vista às partes, pelo prazo de três dias, para
requererem quaisquer esclarecimentos dos peritos ou apresentarem quesitos
suplementares para esse fim, que o juiz poderá admitir, desde que pertinentes e não
infrinjam o artigo 317 e seu § 1º.

Liberdade de apreciação

Art. 326. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo
ou em parte.

Perícias em lugar sujeito à administração militar ou repartição

Art. 327. As perícias, exames ou outras diligências que, para fins probatórios,
tenham que ser feitos em quartéis, navios, aeronaves, estabelecimentos ou
repartições, militares ou civis, devem ser precedidos de comunicações aos
respectivos comandantes, diretores ou chefes, pela autoridade competente.

Infração que deixa vestígios

Art. 328. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Corpo de delito indireto
Parágrafo único. Não sendo possível o exame de corpo de delito direto, por
haverem desaparecido os vestígios da infração, supri-lo-á a prova testemunhal.

Oportunidade do exame

Art. 329. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer
hora.

Exame nos crimes contra a pessoa

Art. 330. Os exames que tiverem por fim comprovar a existência de crime contra a
pessoa abrangerão:
a) exames de lesões corporais;
b) exames de sanidade física;
c) exames de sanidade mental;
d) exames cadavéricos, precedidos ou não de exumação;
e) exames de identidade de pessoa;
f) exames de laboratório;
g) exames de instrumentos que tenham servido à prática do crime.

Exame pericial incompleto

Art. 331. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
incompleto, proceder-se-á a exame complementar, por determinação da autoridade
policial militar ou judiciária, de ofício ou a requerimento do indiciado, do Ministério
Público, do ofendido ou do acusado.
Suprimento de deficiência

§ 1º. No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito,


a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo.
Exame de sanidade física

§ 2º. Se o exame complementar tiver por fim verificar a sanidade física do


ofendido, para efeito da classificação do delito, deverá ser feito logo que decorra o
prazo de trinta dias, contado da data do fato delituoso.
Suprimento do exame complementar

§ 3º. A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal.
Realização pelos mesmos peritos
§ 4º. O exame complementar pode ser feito pelos mesmos peritos que procederam
ao de corpo de delito.

Exame de sanidade mental

Art. 332. Os exames de sanidade mental obedecerão, em cada caso, no que for
aplicável, às normas prescritas no Capítulo II, do Título XII.

Autópsia

Art. 333. Haverá autópsia:

a) quando, por ocasião de ser feito o corpo de delito, os peritos a julgarem


necessária;
b) quando existirem fundados indícios de que a morte resultou, não da ofensa, mas
de causas mórbidas anteriores ou posteriores à infração.
c) nos casos de envenenamento.

Ocasião da autópsia

Art. 334. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
peritos, pela evidência dos sinais da morte, julgarem que possa ser feita antes
daquele prazo, o que declararão no auto.
Impedimento de médico

Parágrafo único. A autópsia não poderá ser feita por médico que haja tratado o
morto em sua última doença.

Casos de morte violenta

Art. 335. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame
interno, para a verificação de alguma circunstância relevante.

Fotografia de cadáver

Art. 336. Os cadáveres serão, sempre que possível, fotografados na posição em


que forem encontrados.

Identidade do cadáver

Art. 337. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver, proceder-se-á ao


reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere,
pela inquirição de testemunhas ou outro meio de direito, lavrando-se auto de
reconhecimento e identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais
e indicações.
Arrecadação de objetos

Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadadas e autenticados todos os


objetos que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

Exumação

Art. 338. Haverá exumação, sempre que esta for necessária ao esclarecimento do
processo.
Designação de dia e hora

§ 1º. A autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados,


se realize a diligência e o exame cadavérico, dos quais se lavrará auto
circunstanciado.
Indicação de lugar

§ 2º. O administrador do cemitério ou por ele responsável indicará o lugar da


sepultura, sob pena de desobediência.
Pesquisas

§ 3º. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou o lugar onde


esteja o cadáver, a autoridade mandará proceder às pesquisas necessárias, o que
tudo constará do auto.

Conservação do local do crime

Art. 339. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticado o crime, a
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das
coisas, até a chegada dos peritos.

Perícias de laboratório

Art. 340. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para
a eventualidade de nova perícia.

Danificação da coisa

Art. 341. Nos crimes em que haja destruição, danificação ou violação da coisa, ou
rompimento de obstáculo ou escalada para fim criminoso, os peritos, além de
descrever os vertígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que
época presumem ter sido o fato praticado.
Avaliação direta

Art. 342. Proceder-se-á à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que


constituam produto de crime.
Avaliação indireta

Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à


avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultem de
pesquisas ou diligências.

Caso de incêndio

Art. 343. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que


houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida e para o patrimônio
alheio, e, especialmente, a extensão do dano e o seu valor, quando atingido o
patrimônio sob administração militar, bem como quaisquer outras circunstâncias que
interessem à elucidação do fato. Será recolhido no local o material que os peritos
julgarem necessário para qualquer exame, por eles ou outros peritos especializados,
que o juiz nomeará, se entender indispensáveis.

Reconhecimento de escritos

Art. 344. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra,


observar-se-á o seguinte:
a) a pessoa, a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito, será intimada para o
ato, se for encontrada;
b) para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que ela reconhecer
ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja
autenticidade não houver dúvida;
Requisição de documentos

c) a autoridade quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que


existirem em arquivos ou repartições públicas, ou neles realizará a diligência, se dali
não puderem ser retirados;
d) quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os
exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado;
Ausência da pessoa

e) se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá
ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras a que a pessoa será
intimada a responder.
Exame de instrumentos do crime

Art. 345. São sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática de


crime, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência e, sempre que possível, a
origem e propriedade.

Precatória

Art. 346. Se a perícia ou exame tiver de ser feito em outra jurisdição, policial militar
ou judiciária, expedir-se-á precatória, que obedecerá, no que lhe for aplicável, às
prescrições dos artigos 283, 359, 360 e 361.
Parágrafo único. Os quesitos da autoridade deprecante e os das partes serão
transcritos na precatória.
CAPÍTULO VI
DAS TESTEMUNHAS

Notificação de testemunhas

Art. 347. As testemunhas serão notificadas em decorrência de despacho do


auditor ou deliberação do Conselho de Justiça, em que será declarado o fim da
notificação e o lugar, dia e hora em que devem comparecer.
Comparecimento obrigatório

§ 1º. O comparecimento é obrigatório, nos termos da notificação, não podendo


dele eximir-se a testemunha, salvo motivo de força maior, devidamente justificado.
Falta de comparecimento

§ 2º. A testemunha que, notificada regularmente, deixar de comparecer sem justo


motivo, será conduzida por oficial de justiça e multada pela autoridade notificante na
quantia de vigésimo a um décimo do salário mínimo vigente no lugar. havendo
recusa ou resistência à condução, o juiz poderá impor-lhe prisão até quinze dias,
sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência.

Oferecimento de testemunhas

Art. 348. A defesa poderá indicar testemunhas, que deverão ser apresentadas
independentemente de intimação, no dia e hora designados pelo juiz para inquirição,
ressalvado o disposto no artigo 349.

Requisição de militar ou funcionário

Art. 349. O comparecimento de militar, assemelhado, ou funcionário público será


requisitado ao respectivo chefe, pela autoridade que ordenar a notificação.
Militar de patente superior

Parágrafo único. Se a testemunha for militar de patente superior à da autoridade


notificante, será compelida a comparecer, sob as penas do § 2º do artigo 347, por
intermédio da autoridade militar a que estiver imediatamente subordinada.

Dispensa de comparecimento

Art. 350. Estão dispensados de comparecer para depor:

a) o presidente e o vice-presidente da República, os governadores e interventores


dos Estados, os ministros de Estado, os senadores, os deputados federais e
estaduais, os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, o prefeito do
Distrito Federal, e dos Municípios, os secretários dos Estados, os membros dos
Tribunais de Contas da União dos Estados, o presidente do Instituto dos Advogados
Brasileiros e os presidentes do Conselho Federal e dos Conselhos Seccionais da
Ordem dos Advogados do Brasil, os quais serão inquiridos em local, dia e hora
previamente ajustados entre eles e o juiz;
b) as pessoas impossibilitadas por enfermidade ou por velhice, que serão
inquiridas onde estiverem.

Capacidade para ser testemunha

Art. 351. Qualquer pessoa poderá ser testemunha.

Declaração da testemunha

Art. 352. A testemunha deve declarar seu nome, idade, estado civil, residência,
profissão e lugar onde exerce atividade, se é parente, e em que grau, do acusado e
do ofendido, quais as suas relações com qualquer deles, e relatar o que sabe ou tem
razão de saber, a respeito do fato delituoso narrado na denúncia e circunstâncias
que com o mesmo tenham pertinência, não podendo limitar o seu depoimento à
simples declaração de que confirma o que prestou no inquérito. Sendo numérária ou
referida, prestará o compromisso de dizer a verdade sobre o que souber e lhe for
perguntado.
Dúvida sobre a identidade da testemunha

§ 1º. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz procederá à


verificação pelos meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o
depoimento desde logo.
Não-deferimento de compromisso

§ 2º. Não se deferirá o compromisso aos doentes e deficientes mentais, aos


menores de quatorze anos, nem às pessoas a que se refere o artigo 354.
Contradita de testemunha antes do depoimento

§ 3º. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha


ou argüir circunstâncias ou defeitos que a tornem suspeita de parcialidade ou
indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da
testemunha, mas só não lhe deferirá compromisso ou a excluirá nos casos previstos
no parágrafo anterior e no artigo 355.
Após o depoimento

§ 4º. Após a prestação do depoimento, as partes poderão contestá-lo, no todo ou


em parte, por intermédio do juiz, que mandará consignar a argüição e a resposta da
testemunha, não permitindo, porém, réplica a essa resposta.

Inquirição separada

Art. 353. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que uma
não possa ouvir o depoimento da outra.

Obrigação e recusa de depor

Art. 354. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Excetuam-se


o ascendente, o descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado,
e o irmão do acusado, bem como pessoa que, com ele, tenha vínculo de adoção,
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do
fato e de suas circunstâncias.

Proibição de depor

Art. 355. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.

Testemunhas suplementares

Art. 356. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além
das indicadas pelas partes.
Testemunhas referidas

§ 1º. Se ao juiz parecer conveniente, ainda que não haja requerimento das partes,
serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
Testemunha não computada

§ 2º. Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que
interesse à decisão da causa.
Manifestação de opinião pessoal

Art. 357. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações
pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.

Caso de constrangimento da testemunha

Art. 358. Se o juiz verificar que a presença do acusado, pela sua atitude, poderá
influir no ânimo de testemunha, de modo que prejudique a verdade do depoimento,
fará retirá-lo, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor. Neste
caso, deverá constar da ata da sessão a ocorrência e os motivos que a
determinaram.

Expedição da precatória

Art. 359. A testemunha que residir fora da jurisdição do juízo poderá ser inquirida
pelo auditor do lugar da sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
precatória, nos termos do artigo 283, com prazo razoável, intimadas as partes, que
formularão quesitos, a fim de serem respondidos pela testemunha.
Sem efeito suspensivo

§ 1º. A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.


Juntada posterior

§ 2º. Findo o prazo marcado, e se não for prorrogado, poderá realizar-se o


julgamento, mas, a todo tempo, a carta precatória, uma vez devolvida, será junta aos
autos.

Precatória a juiz do foro comum

Art. 360. Caso não seja possível, por motivo relevante, o comparecimento da
testemunha perante auditor, a carta precatória poderá ser expedida a juiz criminal de
comarca onde resida a testemunha ou a esta seja acessível, observado o disposto
no artigo anterior.

Precatória a autoridade militar

Art. 361. No curso do inquérito policial militar, o seu encarregado poderá expedir
carta precatória à autoridade militar superior do local onde a testemunha estiver
servindo ou residindo, a fim de notificá-la e inquiri-la, ou designar oficial que a
inquira, tendo em atenção as normas de hierarquia, se a testemunha for militar. Com
a precatória, enviará cópias da parte que deu origem ao inquérito e da portaria que
lhe determinou a abertura, e os quesitos formulados, para serem respondidos pela
testemunha, além de outros dados que julgar necessários ao esclarecimento do fato.
Inquirição deprecada do ofendido

Parágrafo único. Da mesma forma, poderá ser ouvido o ofendido, se o


encarregado do inquérito julgar desnecessário solicitar-lhe a apresentação à
autoridade competente.

Mudança de residência da testemunha

Art. 362. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer


mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não-
comparecimento.

Antecipação de depoimento

Art. 363. Se qualquer testemunha tiver de ausentar-se ou, por enfermidade ou


idade avançada, inspirar receio de que, ao tempo da instrução criminal, esteja
impossibilitado de depor, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes tomar-lhe antecipadamente o depoimento.

Afirmação falsa de testemunha

Art. 364. Se o Conselho de Justiça ou o Superior Tribunal Militar, ao pronunciar


sentença final, reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou
negou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autoridade policial competente,
para a instauração de inquérito.
CAPÍTULO VII
DA ACAREAÇÃO

Admissão da acareação

Art. 365. A acareação é admitida, assim na instrução criminal como no inquérito,


sempre que houver divergência em declarações sobre fatos ou circunstâncias
relevantes:
a) entre acusados;
b) entre testemunhas;
c) entre acusado e testemunha;
d) entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida;
e) entre as pessoas ofendidas.

Pontos de divergência
Art. 366. A autoridade que realizar a acareação explicará aos acusados quais os
pontos em que divergem e, em seguida, os reinquirirá, a cada um de per si e em
presença do outro.
§ 1º. Da acareação será lavrado termo, com as perguntas e respostas, obediência
às formalidades prescritas no § 3º do artigo 300 e menção na ata da audiência ou
sessão.
§ 2º. As partes poderão, por intermédio do juiz, reperguntar as testemunhas ou os
ofendidos acareados.

Ausência de testemunha divergente

Art. 367. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam das de outras
que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
consignando-se no respectivo termo o que explicar.
CAPÍTULO VIII
DO RECONHECIMENTO DE PESSOA E DE COISA

Formas do procedimento

Art. 368. Quando houver necessidade de se fazer o reconhecimento de pessoa,


proceder-se-á pela seguinte forma:
a) a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a
pessoa que deva ser reconhecida;
b) a pessoa cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado
de outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se a apontá-la
quem houver de fazer o reconhecimento;
c) se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
efeito de intimação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não seja vista por
aquela.
§ 1º. O disposto na alínea c só terá aplicação no curso do inquérito.
§ 2º. Do ato de reconhecimento lavrar-se-á termo pormenorizado, subscrito pela
autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas
testemunhas presenciais.

Reconhecimento de coisa

Art. 369. No reconhecimento de coisa, proceder-se-á com as cautelas


estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Variedade de pessoas ou coisas

Art. 370. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o reconhecimento de


pessoa ou coisa, cada uma o fará em separado, evitando-se qualquer comunicação
entre elas. Se forem várias as pessoas ou coisas que tiverem de ser reconhecidas,
cada uma o será por sua vez.
CAPTÍTULO IX
DOS DOCUMENTOS

Natureza

Art. 371. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,


públicos ou particulares.

Presunção de veracidade

Art. 372. O documento público tem a presunção de veracidade, quer quanto à sua
formação quer quanto aos fatos que o serventuário, com fé pública, declare que
ocorreram na sua presença.

Identidade de prova

Art. 373. Fazem a mesma prova que os respectivos originais:

a) as certidões textuais de qualquer peça do processo, do protocolo das


audiências ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele,
ou sob sua vigilância e por ele subscritas;
b) os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de escritos lançados em
suas notas;
c) as fotocópias de documentos, desde que autenticadas por oficial público.

Declaração em documento particular

Art. 374. As declarações constantes de documento particular escrito e assinado,


ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único. Quando, porém, contiver declaração de ciência, tendente a
determinar o fato, documento particular prova a declaração, mas não o fato
declarado, competindo o ônus de provar o fato a quem interessar a sua veracidade.

Correspondência obtida por meios criminosos


Art. 375. A correspondência particular, interceptada ou obtida por meios
criminosos, não será admitida em juízo, devendo ser desentranhada dos autos se a
estes tiver sido junta para a restituição a seus donos.

Exibição de correspondência em juízo

Art. 376. A correspondência de qualquer natureza poderá ser exibida em juízo pelo
respectivo destinatário, para defesa do seu direito, ainda que não haja
consentimento do signatário ou remetente.

Exame pericial de letra e firma

Art. 377. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame
pericial, quando contestada a sua autenticidade.

Apresentação de documentos

Art. 378. Os documentos poderão ser apresentados em qualquer fase do


processo, salvo se os autos deste estiverem conclusos para julgamento, observado
o disposto no artigo 379.
Providências do juiz

§ 1º. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da


acusação ou da defesa, providenciará, independentemente de requerimento das
partes, para a sua juntada aos autos, se possível.
Requisição de certidões ou cópias

§ 2º. Poderá, igualmente, requisitar às repartições ou estabelecimentos públicos


as certidões ou cópias autênticas necessárias à prova de alegações das partes. Se,
dentro do prazo fixado, não for atendida a requisição, nem justificada a
impossibilidade do seu cumprimento, o juiz representará à autoridade competente
contra o funcionário responsável.
Providências do curso do inquérito

§ 3º. O encarregado de inquérito policial militar poderá, sempre que necessário ao


esclarecimento do fato e sua autoria, tomar as providências referidas nos parágrafos
anteriores.

Audiências das partes sobre documento

Art. 379. Sempre que, no curso do processo, um documento for apresentado por
uma das partes, será ouvida, a respeito dele, a outra parte. Se junto por ordem do
juiz, serão ouvidas ambas as partes, inclusive o assistente de acusação e o curador
do acusado, se o requererem.
Conferência da pública-forma

Art. 380. O juiz, de ofício ou a requerimento das partes, poderá ordenar diligência
para a conferência de pública-forma de documento que não puder ser exibido no
original ou em certidão ou cópia autêntica revestida dos requisitos necessários à
presunção de sua veracidade. A conferência será feita pelo escrivão do processo,
em dia, hora e lugar previamente designados, com ciênciia das partes.

Devolução de documentos

Art. 381. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista
motivo relevante que justifique a sua conservação, nos autos, poderão, mediante
requerimento, e depois de ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os
produziu, ficando traslado nos autos; ou recibo, se se tratar de traslado ou certidão
de escritura pública. Neste caso, do recibo deverão constar a natureza da escritura,
a sua data, os nomes das pessoas que a assinaram e a indicação do livro e
respectiva folha do cartório em que foi celebrada.
CAPÍTULO X
DOS INDÍCIOS

Definição

Art. 382. Indício é a circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a


existência de outra circunstância ou fato, de que não se tem prova.

Requisitos

Art. 383. Para que o indício constitua prova, é necessário:

a) que a circunstância ou fato indicante tenha relação de casualidade, próxima ou


remota, com a circunstância ou fato indicado;
b) que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros
indícios, ou com as provas diretas colhidas no processo.

LIVRO II
DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE

TÍTULO I
DO PROCESSO ORDINÁRIO

CAPÍTULO ÚNICO
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
SEÇÃO I
DA PRIORIDADE DE INSTRUÇÃO. DA POLÍCIA E ORDEM DAS SESSÕES.
DISPOSIÇÕES GERAIS

Preferência para a instrução criminal

Art. 384. Terão preferência para a instrução criminal:

a) os processos, a que respondam os acusados presos;


b) dentre os presos, os de prisão mais antiga;
c) dentre os acusados soltos e os revéis, os de prioridade de processo.
Alteração da preferência

Parágrafo único. A ordem de preferência poderá ser alterada por conveniência da


justiça ou da ordem militar.

Polícia das sessões

Art. 385. A polícia e a disciplina das sessões da instrução criminal serão, de


acordo com o artigo 36 e seus §§ 1º e 2º, exercidas pelo presidente do Conselho de
Justiça, e pelo auditor, nos demais casos.

Conduta da assistência

Art. 386. As partes, os escrivães e os espectadores poderão estar sentados


durante as sessões. Levantar-se-ão, porém, quando se dirigirem aos juízes ou
quando estes se levantarem para qualquer ato do processo.
Prerrogativas

Parágrafo único. O representante do Ministério Público e os advogados poderão


falar sentados, e estes terão, no que for aplicável, as prerrogativas que lhes
assegura o artigo 89 da Lei nº 4.215, de 27 de abril de 1963.

Publicidade da instrução criminal

Art. 387. A instrução criminal será sempre pública, podendo, excepcionalmente, a


juízo do Conselho de Justiça, ser secreta a sessão, desde que o exija o interesse da
ordem e disciplina militares, ou a segurança nacional.

Sessões fora da sede

Art. 388. As sessões e os atos processuais poderão, em caso de necessidade,


realizar-se fora da sede da Auditoria, em local especialmente designado pelo
auditor, intimadas as partes para esse fim.
Conduta inconveniente do acusado

Art. 389. Se o acusado, durante a sessão, se portar de modo inconveniente, será


advertido pelo presidente do Conselho; e, se persistir, poderá ser mandado retirar
da sessão, que prosseguirá sem a sua presença, perante, porém, o seu advogado
ou curador. Se qualquer destes se recusar a permanecer no recinto, o presidente
nomeará defensor ou curador ad hoc ao acusado, para funcionar até o fim da
sessão. Da mesma forma procederá o auditor, em se tratando de ato da sua
competência.
Caso de desacato

Parágrafo único. No caso de desacato a juiz, ao procurador ou ao escrivão, o


presidente do Conselho ou o auditor determinará a lavratura do auto de flagrante
delito, que será remetido à autoridade judiciária competente.

Prazo para a instrução criminal

Art. 390. O prazo para a conclusão da instrução criminal é de cinqüenta dias,


estando o acusado preso, e de noventa, quando solto, contados do recebimento da
denúncia.
Não-computação de prazo

§ 1º. Não será computada naqueles prazos a demora determinada por doença do
acusado ou defensor, por questão prejudicial ou por outro motivo de força maior
justificado pelo auditor, inclusive a inquirição de testemunhas por precatória ou a
realização de exames periciais ou outras diligências necessárias à instrução
criminal, dentro dos respectivos prazos.
Doença do acusado

§ 2º. No caso de doença do acusado, ciente o seu advogado ou curador e o


representante do Ministério Público, poderá o Conselho de Justiça ou o auditor, por
delegação deste, transportar-se ao local onde aquele se encontrar, procedendo aí
ao ato da instrução criminal.
Doença e ausência do defensor

§ 3º. No caso de doença do defensor, que o impossibilite de comparecer à sede


do juízo, comprovada por atestado médico, com a firma de seu signatário
devidamente reconhecida, será adiado o ato a que aquele devia comparecer, salvo
se a doença perdurar por mais de dez dias, caso em que lhe será nomeado
substituto, se outro defensor não estiver ou não for constituído pelo acusado. No
caso de ausência do defensor, por outro motivo ou sem justificativa, ser-lhe-á
nomeado substituto, para assistência ao ato e funcionamento no processo, enquanto
a ausência persistir, ressalvado ao acusado o direito de constituir outro defensor.
Prazo para devolução de precatória

§ 4º. Para a devolução de precatória, o auditor marcará prazo razoável, findo o


qual, salvo motivo de força maior, a instrução criminal prosseguirá, podendo a parte
juntar, posteriormente, a precatória, como documento, nos termos dos artigos 378 e
379.
Atos procedidos perante o auditor

§ 5º. Salvo o interrogatório do acusado, a acareação nos termos do artigo 365 e a


inquirição de testemunhas, na sede da Auditoria, todos os demais atos da instrução
criminal poderão ser procedidos perante o auditor, com ciência do advogado, ou
curador, do acusado e do representante do Ministério Público.
§ 6º. Para os atos probatórios em que é necessária a presença do Conselho de
Justiça, bastará o comparecimento da sua maioria. Se ausente o presidente, será
substituído, na ocasião, pelo oficial imediato em antigüidade ou em posto.

Juntada da fé de ofício ou antecedentes

Art. 391. Juntar-se-á aos autos do processo o extrato da fé de ofício ou dos


assentamentos do acusado militar. Se o acusado for civil será junta a folha de
antecedentes penais e, além desta, a de assentamentos, se servidor de repartição
ou estabelecimento militar.
Individual datiloscópica

Parágrafo único. Sempre que possível, juntar-se-á a individual datiloscópica do


acusado.

Proibição de transferência ou remoção

Art. 392. O acusado ficará à disposição exclusiva da Justiça Militar, não podendo
ser transferido ou removido para fora da sede da Auditoria, até a sentença final,
salvo motivo relevante que será apreciado pelo auditor, após comunicação da
autoridade militar, ou a requerimento do acusado, se civil.

Proibição de transferência para a reserva

Art. 393. O oficial processado, ou sujeito a inquérito policial militar, não poderá ser
transferido para a reserva, salvo se atingir a idade-limite de permanência no serviço
ativo.

Dever do exercício de função ou serviço militar


Art. 394. O acusado solto não será dispensado do exercício das funções ou do
serviço militar, exceto se, no primeiro caso, houver incompatibilidade com a infração
cometida.

Lavratura de ata

Art. 395. De cada sessão será, pelo escrivão, lavrada ata, da qual se juntará cópia
autêntica aos autos, dela constando os requerimentos, decisões e incidentes
ocorridos na sessão.
Retificação de ata

Parágrafo único. Na sessão seguinte, por determinação do Conselho ou a


requerimento de qualquer das partes, a ata poderá ser retificada, quando omitir ou
não houver declarado fielmente fato ocorrido na sessão.
SEÇÃO II
DO INÍCIO DO PROCESSO ORDINÁRIO

Início do processo ordinário

Art. 396. O processo ordinário inicia-se com o recebimento da denúncia.

Falta de elementos para a denúncia

Art. 397. Se o procurador, sem prejuízo da diligência a que se refere o artigo 26, nº
I, entender que os autos do inquérito ou as peças de informação não ministram os
elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia, requererá ao auditor que os
mande arquivar. Se este concordar com o pedido, determinará o arquivamento; se
dele discordar, remeterá os autos ao procurador-geral.
Designação de outro procurador

§ 1º. Se o procurador-geral entender que há elementos para a ação penal,


designará outro procurador, a fim de promovê-la; em caso contrário, mandará
arquivar o processo.
Avocamento do processo

§ 2º. A mesma designação poderá fazer, avocando o processo, sempre que tiver
conhecimento de que, existindo em determinado caso elementos para a ação penal,
esta não foi promovida.

Alegação de incompetência do juízo

Art. 398. O procurador, antes de oferecer a denúncia, poderá alegar a


incompetência do juízo, que será processada de acordo com o artigo 146.
SEÇÃO III
DA INSTALAÇÃO DO CONSELHO DE JUSTIÇA

Providências do auditor

Art. 399. Recebida a denúncia, o auditor:

Sorteio ou Conselho

a) providenciará, conforme o caso, o sorteio do Conselho Especial ou a


convocação do Conselho Permanente de Justiça;
Instalação do Conselho

b) designará dia, lugar e hora para a instalação do Conselho de Justiça;


Citação do acusado e do procurador militar

c) determinará a citação do acusado, de acordo com o artigo 277, para assistir a


todos os termos do processo até decisão final, nos dias, lugar e horas que forem
designados, sob pena de revelia, bem como a intimação do representante do
Ministério Público;
Intimação das testemunhas arroladas e do ofendido

d) determinará a intimação das testemunhas arroladas na denúncia, para


comparecerem no lugar, dia e hora que lhes for designado, sob as penas de lei; e se
couber, a notificação do ofendido, para os fins dos artigos 311 e 312.

Compromisso legal

Art. 400. Tendo à sua direita o auditor, à sua esquerda o oficial de posto mais
elevado ou mais antigo e, nos outros lugares, alternadamente, os demais juízes,
conforme os seus postos ou antigüidade, ficando o escrivão em mesa próxima ao
auditor e o procurador em mesa que lhe é reservada - o presidente, na primeira
reunião do Conselho de Justiça, prestará em voz alta, de pé, descoberto, o seguinte
compromisso: "Prometo apreciar com imparcial atenção os fatos que me forem
submetidos e julgá-los de acordo com a lei e a prova dos autos''. Esse compromisso
será também prestado pelos demais juízes, sob a fórmula: "Assim o prometo''.
Parágrafo único. Desse ato, o escrivão lavrará certidão nos autos.

Assento dos advogados

Art. 401. Para o advogado será destinada mesa especial, no recinto, e, se houver
mais de um, serão, ao lado da mesa, colocadas cadeiras para que todos possam
assentar-se.
Designação para a qualificação e interrogatório

Art. 402. Prestado o compromisso pelo Conselho de Justiça, o auditor poderá,


desde logo, se presentes as partes e cumprida a citação prevista no artigo 277,
designar lugar, dia e hora para a qualificação e interrogatório do acusado, que se
efetuará pelo menos sete dias após a designação.

Presença do acusado

Art. 403. O acusado preso assistirá a todos os termos do processo, inclusive ao


sorteio do Conselho de Justiça, quando Especial.
SEÇÃO IV
DA QUALIFICAÇÃO E DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO. DAS
EXCEÇÕES QUE PODEM SER OPOSTAS. DO COMPARECIMENTO DO
OFENDIDO

Normas da qualificação e interrogatório

Art. 404. No lugar, dia e hora marcados para a qualificação e interrogatório do


acusado, que obedecerão às normas prescritas nos artigos 302 a 306, ser-lhe-ão
lidos, antes, pelo escrivão, a denúncia e os nomes das testemunhas nela arroladas,
com as respectivas identidades.
Solicitação da leitura de peças do inquérito

§ 1º. O acusado poderá solicitar, antes do interrogatório ou para esclarecer


qualquer pergunta dele constante, que lhe seja lido determinado depoimento, ou
trechos dele, prestado no inquérito, bem como as conclusões do relatório do seu
encarregado.
Dispensa de perguntas

§ 2º. Serão dispensadas as perguntas enumeradas no artigo 306 que não tenham
relação com o crime.

Interrogatórios em separado

Art. 405. Presentes mais de um acusado, serão interrogados separadamente, pela


ordem de autuação no processo, não podendo um ouvir o interrogatório do outro.

Postura do acusado

Art. 406. Durante o interrogatório o acusado ficará de pé, salvo se o seu estado de
saúde não o permitir.

Exceções opostas pelo acusado


Art. 407. Após o interrogatório e dentro em quarenta e oito horas, o acusado
poderá opor as exceções de suspeição do juiz, procurador ou escrivão, de
incompetência do juízo, de litispendência ou de coisa julgada, as quais serão
processadas de acordo com o Título XII, Capítulo I, Seções I a IV do Livro I, no que
for aplicável.
Matéria de defesa

Parágrafo único. Quaisquer outras exceções ou alegações serão recebidas como


matéria de defesa para apreciação no julgamento.

Exceções opostas pelo procurador militar

Art. 408. O procurador, no mesmo prazo previsto no artigo anterior, poderá opor as
mesmas exceções em relação ao juiz ou ao escrivão.

Presunção da menoridade

Art. 409. A declaração de menoridade do acusado valerá até prova em contrário.


Se, no curso da instrução criminal, ficar provada a sua maioridade, cessarão as
funções do curador, que poderá ser designado advogado de defesa. A verificação
da maioridade não invalida os atos anteriormente praticados em relação ao
acusado.

Comparecimento do ofendido

Art. 410. Na instrução criminal em que couber o comparecimento do ofendido,


proceder-se-á na forma prescrita nos artigos 311, 312 e 313.
SEÇÃO V
DA REVELIA

Revelia do acusado preso

Art. 411. Se o acusado preso recusar-se comparecer à instrução criminal, sem


motivo justificado, ser-lhe-á designado o advogado de ofício para defendê-lo, ou
outro advogado se este estiver impedido, e, independentemente da qualificação e
interrogatório, o processo prosseguirá à sua revelia.
Qualificação e interrogatório posteriores

Parágrafo único. Comparecendo mais tarde, será qualificado e interrogado mas


sem direito a opor qualquer das exceções previstas no artigo 407 e seu parágrafo
único.

Revelia do acusado solto


Art. 412. Será considerado revel o acusado que, estando solto e tendo sido
regularmente citado, não atender ao chamado judicial para o início da instrução
criminal, ou que, sem justa causa, se previamente cientificado, deixar de comparecer
a ato do processo em que sua presença seja indispensável.

Acompanhamento posterior do processo

Art. 413. O revel que comparecer após o início do processo acompanhá-lo-á nos
termos em que este estiver, não tendo direito à repetição de qualquer ato.

Defesa do revel. Recursos que pode interpor

Art. 414. O curador do acusado revel se incumbirá da sua defesa até o julgamento,
podendo interpor os recursos legais, excetuada a apelação de sentença
condenatória.
SEÇÃO VI
DA INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS, DO RECONHECIMENTO DE PESSOA
OU COISA E DAS DILIGÊNCIAS EM GERAL

Normas de inquirição

Art. 415. A inquirição das testemunhas obedecerá às normas prescritas nos


artigos 347 a 364, além dos artigos seguintes.

Leitura da denúncia

Art. 416. Qualificada a testemunha, o escrivão far-lhe-á a leitura da denúncia, antes


da prestação do depoimento. Se presentes várias testemunhas, ouvirão todas, ao
mesmo tempo, aquela leitura, finda a qual se retirarão do recinto da sessão as que
não forem depor em seguida, a fim de que uma não possa ouvir o depoimento da
outra, que a preceder.
Leitura de peças do inquérito

Parágrafo único. As partes poderão requerer ou o auditor determinar que à


testemunha seja lido depoimento seu prestado no inquérito, ou peça deste, a
respeito da qual seja esclarecedor o depoimento prestado na instrução criminal.

Precedência na inquirição

Art. 417. Serão ouvidas, em primeiro lugar, as testemunhas arroladas na denúncia


e as referidas por estas, além das que forem substituídas ou incluídas
posteriormente pelo Ministério Público, de acordo com o § 4º deste artigo. Após
estas, serão ouvidas as testemunhas indicadas pela defesa.
Inclusão de outras testemunhas
§ 1º. Havendo mais de três acusados, o procurador poderá requerer a inquirição
de mais três testemunhas numerárias, além das arroladas na denúncia.
Indicação das testemunhas de defesa

§ 2º. As testemunhas de defesa poderão ser indicadas em qualquer fase da


instrução criminal, desde que não seja excedido o prazo de cinco dias, após a
inquirição da última testemunha de acusação. Cada acusado poderá indicar até três
testemunhas, podendo ainda requerer sejam ouvidas testemunhas referidas ou
informantes, nos termos do § 3º.
Testemunhas referidas e informantes

§ 3º. As testemunhas referidas, assim como as informantes, não poderão exceder


a três.
Substituição, desistência e inclusão

§ 4º. Quer o Ministério Público quer a defesa poderá requerer a substituição ou


desistência de testemunha arrolada ou indicada, bem como a inclusão de outras, até
o número permitido.

Inquirição pelo auditor

Art. 418. As testemunhas serão inquiridas pelo auditor e, por intermédio deste,
pelos juízes militares, procurador, assistente e advogados. <182>s testemunhas
arroladas pelo procurador, o advogado formulará perguntas por último. Da mesma
forma o procurador, às indicadas pela defesa.

Recusa de perguntas

Art. 419. Não poderão ser recusadas as perguntas das partes, salvo se ofensivas
ou impertinentes ou sem relação com o fato descrito na denúncia, ou importarem
repetição de outra pergunta já respondida.

Consignação em ata

Parágrafo único. As perguntas recusadas serão, a requerimento de qualquer das


partes, consignadas na ata da sessão, salvo se ofensivas e sem relação com o fato
descrito na denúncia.

Testemunhas em lugar incerto. Caso de prisão

Art. 420. Se não for encontrada, por estar em lugar incerto, qualquer das
testemunhas, o auditor poderá deferir o pedido de substituição. Se averiguar que a
testemunha se esconde para não depor, determinará a sua prisão para esse fim.
Notificação prévia

Art. 421. Nenhuma testemunha será inquirida sem que, com três dias de
antecedência pelo menos, sejam notificados o representante do Ministério Público,
o advogado e o acusado, se estiver preso.

Redução a termo, leitura e assinatura de depoimento

Art. 422. O depoimento será reduzido a termo pelo escrivão e lido à testemunha
que, se não tiver objeção, assiná-lo-á após o presidente do Conselho e o auditor.
Assinarão, em seguida, conforme se trate de testemunha de acusação ou de defesa,
o representante do Ministério Público e o assistente ou o advogado e o curador. Se
a testemunha declarar que não sabe ler ou escrever, certificá-lo-á o escrivão e
encerrará o termo, sem necessidade de assinatura a rogo da testemunha.
Pedido de retificação

§ 1º. A testemunha poderá, após a leitura do depoimento, pedir a retificação de


tópico que não tenha, em seu entender, traduzido fielmente declaração sua.
Recusa de assinatura

§ 2º. Se a testemunha ou qualquer das partes se recusar a assinar o depoimento, o


escrivão certificará, bem como o motivo da recusa, se este for expresso e o
interessado requerer que conste por escrito.

Termo de assinatura

Art. 423. Sempre que, em cada sessão, se realizar inquirição de testemunhas, o


escrivão lavrará termo de assentada, do qual constarão lugar, dia e hora em que se
iniciou a inquirição.

Período da inquirição

Art. 424. As testemunhas serão ouvidas durante o dia, das sete às dezoito horas,
salvo prorrogação autorizada pelo Conselho de Justiça, por motivo relevante, que
constará da ata da sessão.

Determinação de acareação

Art. 425. A acareação entre testemunhas poderá ser determinada pelo Conselho
de Justiça, pelo auditor ou requerida por qualquer das partes, obedecendo ao
disposto nos artigos 365, 366 e 367.

Determinação de reconhecimento de pessoa ou coisa


Art. 426. O reconhecimento de pessoa e de coisa, nos termos dos artigos 368,
369 e 370, poderá ser realizado por determinação do Conselho de Justiça, do
auditor ou a requerimento de qualquer das partes.

Conclusão dos autos ao auditor

Art. 427. Após a inquirição da última testemunha de defesa, os autos irão


conclusos ao auditor, que deles determinará vista em cartório às partes, por cinco
dias, para requererem, se não o tiverem feito, o que for de direito, nos termos deste
Código.
Determinação de ofício e fixação de prazo

Parágrafo único. Ao auditor, que poderá determinar de ofício as medidas que julgar
convenientes ao processo, caberá fixar os prazos necessários à respectiva
execução, se, a esse respeito, não existir disposição especial.

Vista para as alegações escritas

Art. 428. Findo o prazo aludido no artigo 427 e se não tiver havido requerimento ou
despacho para os fins nele previstos, o auditor determinará ao escrivão abertura de
vista dos autos para alegações escritas, sucessivamente, por oito dias, ao
representante do Ministério Público e ao advogado do acusado. Se houver
assistente, constituído até o encerramento da instrução criminal, ser-lhe-á dada vista
dos autos, se o requerer, por cinco dias, imediatamente após as alegações
apresentadas pelo representante do Ministério Público.
Dilatação do prazo

§ 1º. Se ao processo responderem mais de cinco acusados e diferentes forem os


advogados, o prazo de vista será de doze dias, correndo em cartório e em comum
para todos. O mesmo prazo terá o representante do Ministério Público.
Certidão do recebimento das alegações. Desentranhamento

§ 2º. O escrivão certificará, com a declaração do dia e hora, o recebimento das


alegações escritas, à medida da apresentação. Se recebidas fora do prazo, o
auditor mandará desentranhá-las dos autos, salvo prova imediata de que a demora
resultou de óbice irremovível materialmente.

Observância de linguagem decorosa nas alegações

Art. 429. As alegações escritas deverão ser feitas em termos convenientes ao


decoro dos tribunais e à disciplina judiciária e sem ofensa à autoridade pública, às
partes ou às demais pessoas que figuram no processo, sob pena de serem
riscadas, de modo que não possam ser lidas, por determinação do presidente do
Conselho ou do auditor, as expressões que infrinjam aquelas normas.
Sanação de nulidade ou falta. Designação de dia e hora do julgamento

Art. 430. Findo o prazo concedido para as alegações escritas, o escrivão fará os
autos conclusos ao auditor, que poderá ordenar diligência para sanar qualquer
nulidade ou suprir falta prejudicial ao esclarecimento da verdade. Se achar o
processo devidamente preparado, designará dia e hora para o julgamento, cientes
os demais juízes do Conselho de Justiça e as partes, e requisição do acusado preso
à autoridade que o detenha, a fim de ser apresentado com as formalidades
previstas neste Código.
SEÇÃO VII
DA SESSÃO DO JULGAMENTO E DA SENTENÇA

Abertura da sessão

Art. 431. No dia e hora designados para o julgamento reunido o Conselho de


Justiça e presentes todos os seus juízes e o procurador, o presidente declarará
aberta a sessão e mandará apresentar o acusado.
Comparecimento do revel

§ 1º. Se o acusado revel comparecer nessa ocasião sem ter sido ainda qualificado
e interrogado, proceder-se-á a estes atos, na conformidade dos artigos 404, 405 e
406, perguntando-lhe antes o auditor se tem advogado. Se declarar que não o tem, o
auditor nomear-lhe-á um, cessando a função do curador, que poderá, entretanto, ser
nomeado advogado.
Revel de menor idade

§ 2º. Se o acusado revel for menor, e a sua menoridade só vier a ficar comprovada
na fase de julgamento, o presidente do Conselho de Justiça nomer-lhe-á curador,
que poderá ser o mesmo já nomeado pelo motivo da revelia.
Falta de apresentação de acusado preso

§ 3º. Se o acusado, estando preso, deixar de ser apresentado na sessão de


julgamento, o auditor providenciará quanto ao seu comparecimento à nova sessão
que for designada para aquele fim.
Adiamento de julgamento no caso de acusado solto

§ 4º. O julgamento poderá ser adiado por uma só vez, no caso de falta de
comparecimento de acusado solto. Na segunda falta, o julgamento será feito à
revelia, com curador nomeado pelo presidente do Conselho.
Falta de comparecimento de advogado
§ 5º. Ausente o advogado, será adiado o julgamento uma vez. Na segunda
ausência, salvo motivo de força maior devidamente comprovado, será o advogado
substituído por outro.
Falta de comparecimento de assistente ou curador

§ 6º. Não será adiado o julgamento, por falta de comparecimento do assistente ou


seu advogado, ou de curador de menor ou revel, que será substituído por outro, de
nomeação do presidente do Conselho de Justiça.
Saída do acusado por motivo de doeça

§ 7º. Se o estado de saúde do acusado não lhe permitir a permanência na sessão,


durante todo o tempo em que durar o julgamento, este prosseguirá com a presença
do defensor do acusado. Se o defensor se recusar a permanecer na sessão, a
defesa será feita por outro, nomeado pelo presidente do Conselho de Justiça, desde
que advogado.

Leitura de peças do prodesso

Art. 432. Iniciada a sessão de julgamento, o presidente do Conselho de Justiça


ordenará que o escrivão proceda à leitura das seguintes peças do processo:
a) a denúncia e seu aditamento, se houver;
b) o exame de corpo de delito e a conclusão de outros exames ou perícias
fundamentais à configuração ou classificação do crime;
c) o interrogatório do acusado;
d) qualquer outra peça dos autos, cuja leitura for proposta por algum dos juízes, ou
requerida por qualquer das partes, sendo, neste caso, ordenada pelo presidente do
Conselho de Justiça, se deferir o pedido.

Sustentação oral da acusação e defesa

Art. 433. Terminada a leitura, o presidente do Conselho de Justiça dará a palavra,


para sustentação das alegações escritas ou de outras alegações, em primeiro lugar
ao procurador, em seguida ao assistente ou seu procurador, se houver, e,
finalmente, ao defensor ou defensores, pela ordem de autuação dos acusados que
representam, salvo acordo manifestado entre eles.
Tempo para acusação e defesa

§ 1º. O tempo, assim para a acusação como para a defesa, será de três horas
para cada uma, no máximo.
Réplica e tréplica
§ 2º. O procurador e o defensor poderão, respectivamente, replicar e treplicar por
tempo não excedente a uma hora, para cada um.
Prazo para o assistente

§ 3º. O assistente ou seu procurador terá a metade do prazo concedido ao


procurador para a acusação e a réplica.
Defesa de vários acusados

§ 4º. O advogado que tiver a seu cargo a defesa de mais de um acusado terá
direito a mais uma hora, além do tempo previsto no § 1º, se fizer a defesa de todos
em conjutno, com alteração, neste caso, da ordem prevista no preâmbulo do artigo.
Acusados excedentes a dez

§ 5º. Se os acusados excederem a dez, cada advogado terá direito a uma hora
para a defesa de cada um dos seus constituintes, pela ordem da respectiva
autuação, se não usar da faculdade prevista no parágrafo anterior. Não poderá,
entretanto, exceder a seis horas o tempo total, que o presidente do Conselho de
Justiça marcará, e o advogado distribuirá como entender, para a defesa de todos os
seus constituintes.
Uso da Tribuna

§ 6º. O procurador, o assistente ou seu procurador, o advogado e o curador


desenvolverão a acusação ou a defesa, da tribuna para esse fim destinada, na
ordem que lhes tocar.
Disciplina dos debates

§ 7º. A linguagem dos debates obedecerá à normas do artigo 429, podendo o


presidente do Conselho de Justiça, após a segunda advertência, cassar a palavra
de quem as transgredir, nomeando-lhe substituto ad hoc.
Permissão de apartes

§ 8º. Durante os debates poderão ser dados apartes, desde que permitidos por
quem esteja na tribuna, e não tumultuem a sessão.

Conclusão dos debates

Art. 434. Concluídos os debates e decidida qualquer questão de ordem levantada


pelas partes, o Conselho de Justiça passará a deliberar em sessão secreta,
podendo qualquer dos juízes militares pedir ao auditor esclarecimentos sobre
questões de direito que se relacionem com o fato sujeito a julgamento.

Pronunciamento dos juízes


Art. 435. O presidente do Conselho de Justiça convidará os juízes a se
pronunciarem sobre as questões preliminares e o mérito da causa, votando em
primeiro lugar o auditor; depois, os juízes militares, por ordem inversa de hierarquia,
e finalmente o presidente.

Diversidade de votos

Parágrafo único. Quando, pela diversidade de votos, não se puder constituir maioria
para a aplicação da pena, entender-se-á que o juiz que tiver votado por pena maior,
ou mais grave, terá virtualmente votado por pena imediatamente menor ou menos
grave.

Interrupção da sessão na fase pública

Art. 436. A sessão de julgamento será permanente. Poderá, porém, ser


interrompida na fase pública por tempo razoável, para descanso ou alimentação dos
juízes, auxiliares das Justiça e partes. Na fase secreta não se interromperá por
motivo estranho ao processo, salvo moléstia de algum dos juízes, caso em que será
transferida para dia designado na ocasião.
Conselho Permanente. Prorrogação de jurisdição

Parágrafo único. Prorrogar-se-á a jurisdição do Conselho Permanente de Justiça,


se o novo dia designado estiver incluído no trimestre seguinte àquele em que findar
a sua jurisdição, fazendo-se constar o fato de ata.

Definição do fato pelo Conselho

Art. 437. O Conselho de Justiça poderá:

a) dar ao fato definição jurídica diversa da que constar na denúncia, ainda que, em
conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave, desde que aquela definição haja
sido formulada pelo Ministério Público em alegações escritas e a outra parte tenha
tido a oportunidade de respondê-la;
Condenação e reconhecimento de agravante não argüida

b) proferir sentença condenatória por fato articulado na denúncia, não obstante


haver o Ministério Público opinado pela absolvição, bem como reconhecer
agravante objetiva, ainda que nenhuma tenha sido argüida.

Conteúdo da sentença

Art. 438. A sentença conterá:

a) o nome do acusado e, conforme o caso, seu posto ou condição civil;


b) a exposição sucinta da acusação e da defesa;
c) a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão;
d) a indicação, de modo expresso, do artigo ou artigos de lei em que se acha
incurso o acusado;
e) a data e as assinaturas dos juízes do Conselho de Justiça, a começar pelo
presidente e por ordem de hierarquia e declaração dos respectivos postos,
encerrando-as o auditor.
Declaração de voto

§ 1º. Se qualquer dos juízes deixar de assinar a sentença, será declarado, pelo
auditor, o seu voto, como vencedor ou vencido.
Redação da sentença

§ 2º. A sentença será redigida pelo auditor, ainda que discorde dos seus
fundamentos ou da sua conclusão, podendo, entretanto, justificar o seu voto, se
vencido, no todo ou em parte, após a assinatura. O mesmo poderá fazer cada um
dos juízes militares.
Sentença datilografada e rubricada

§ 3º. A sentença poderá ser datilografada, rubricando-a, neste caso, o auditor,


folha por folha.

Sentença absolutória. Requisitos

Art. 439. O Conselho de Justiça absolverá o acusado, mencionando os motivos na


parte expositiva da sentença, desde que reconheça:
a) estar provada a inexistência do fato, ou não haver prova da sua existência;
b) não constituir o fato infração penal;
c) não existir prova de ter o acusado concorrido para a infração penal;
d) existir circunstância que exclua a ilicitude do fato ou a culpabilidade ou
imputabilidade do agente (artigos 38, 39, 42, 48 e 52 do Código Penal Militar);
e) não existir prova suficiente para a condenação;
f) estar extinta a punibilidade.
Especificação

§ 1º. Se houver várias causas para a absolvição, serão todas mencionadas.


Providências
§ 2º. Na sentença absolutória, determinar-se-á:
a) pôr o acusado em liberdade, se for o caso;
b) a cessação de qualquer pena acessória e, se for o caso, de medida de
segurança provisoriamente aplicada;
c) a aplicação de medida de segurança cabível.

Sentença condenatória. Requisitos

Art. 440. O Conselho de Justiça ao proferir sentença condenatória:

a) mencionará as circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em


conta na fixação da pena, tendo em vista obrigatoriamente o disposto no artigo 69 e
seus parágrafos do Código Penal Militar;
b) mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no citado
Código, e cuja existência reconhecer;
c) imporá as penas, de acordo com aqueles dados, fixando a quantidade das
principais e, se for o caso, a espécie e o limite das acessórias;
d) aplicará as medidas de segurança que, no caso, couberem.

Proclamação do jugamento e prisão do réu

Art. 441. Reaberta a sessão pública e proclamado o resultado do julgamento pelo


presidente do Conselho de Justiça, o auditor expedirá mandado de prisão contra o
réu, se este for condenado a pena privativa de liberdade, ou alvará de soltura, se
absolvido. Se presente o réu, ser-lhe-á dada voz de prisão pelo presidente do
Conselho de Justiça, no caso de condenação. A aplicação de pena não privativa de
liberdade será comunicada à autoridade competente, para os devidos efeitos.
Permanência do acusado absolvido na prisão

§ 1º. Se a sentença for absolutória, por maioria de votos, e a acusação versar


sobre crime a que a lei comina pena, no máximo por tempo igual ou superior a vinte
anos, o acusado continuará preso, se interposta apelação pelo Ministério Público,
salvo se se tiver apresentado espontaneamente à prisão para confessar crime, cuja
autoria era ignorada ou imputada a outrem.
Cumprimento anterior do tempo de prisão

§ 2º. No caso de sentença condenatória, o réu será posto em liberdade se, em


virtude de prisão provisória, tiver cumprido a pena aplicada.
§ 3º. A cópia de sentença, devidamente conferida e subscrita pelo escrivão e
rubricada pelo auditor, ficará arquivada em cartório.
Indícios de outro crime

Art. 442. Se, em processo submetido a seu exame, o Conselho de Justiça, por
ocasião do julgamento, verificar a existência de indícios de outro crime, determinará
a remessa das respectivas peças, por cópia autêntica, ao órgão do Ministério
Público competente, para os fins de direito.

Leitura da sentença em sessão pública e intimação

Art. 443. Se a sentença ou decisão não for lida na sessão em que se proclamar o
resultado do julgamento, sê-lo-á pelo auditor em pública audiência, dentro do prazo
de oito dias, e dela ficarão, desde logo, intimados o representante do Ministério
Público, o réu e seu defensor, se presentes.

Intimação do representante do Ministério Público

Art. 444. Salvo o disposto no artigo anterior, o escrivão, dentro do prazo de três
dias, após a leitura da sentença ou decisão, dará ciência dela ao representante do
Ministério Público, para os efeitos legais.

Intimação de sentença condenatória

Art. 445. A intimação da sentença condenatória será feita, se não o tiver sido nos
termos do artigo 443:
a) ao defensor de ofício ou dativo;
b) ao réu, pessoalmente, se estiver preso;
c) ao defensor constituído pelo réu.

Intimação a réu solto ou revel

Art. 446. A intimação da sentença condenatória a réu solto ou revel far-se-á após a
prisão, e bem assim ao seu defensor ou advogado que nomear por ocasião da
intimação, e ao representante do Ministério Público.
Requisitos da certidão de intimação

Parágrafo único. Na certidão que lavrar da intimação, o oficial de justiça declarará


se o réu nomeou advogado e, em caso afirmativo, intimá-lo-á também da sentença.
Em caso negativo, dará ciência da sentença e da prisão do réu ao seu defensor de
ofício ou dativo.

Certidões nos autos


Art. 447. O escrivão lavrará nos autos, em todos os casos, as respectivas
certidões de intimação, com a indicação do lugar, dia e hora em que houver sido
feita.

Lavratura de ata

Art. 448. O escrivão lavrará ata circunstanciada de todas as ocorrências na sessão


de julgamento.
Anexação de cópia da ata

Parágrafo único. Da ata será anexada aos autos cópia autêntica datilografada e
rubricada pelo escrivão.

Efeitos da sentença codenatória

Art. 449. São efeitos da sentença condenatória recorrível:

a) ser o réu preso ou conservado na prisão;


b) ser o seu nome lançado no rol dos culpados.

Aplicação de artigos

Art. 450. Aplicam-se à sessão de julgamento, no que couber, os artigos 385, 386 e
seu parágrafo único, 389, 411, 412 e 413.

TÍTULO II
DOS PROCESSOS ESPECIAIS

CAPÍTULO I
DA DESERÇÃO EM GERAL

Termo de deserção. Formalidades

Art. 451. Consumado o crime de deserção, nos casos previstos na lei penal militar,
o comandante da unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda autoridade
superior, fará lavrar o respectivo termo, imediatamente, que poderá ser impresso ou
datilografado, sendo por ele assinado e por duas testemunhas idôneas, além do
militar incumbido da lavratura.
§ 1º. A contagem dos dias de ausência, para efeito da lavratura do termo de
deserção, iniciar-se-á à zero hora do dia seguinte àquele em que for verificada a
falta injustificada do militar.
§ 2º. No caso de deserção especial, prevista no artigo 190 do Código Penal
Militar, a lavratura do termo será, também, imediata. (Redação dada ao caput e §§
pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Efeitos do tempo de deserção

Art. 452. O termo de deserção tem o caráter de instrução provisória e destina-se a


fornecer os elementos necessários à propositura da ação penal, sujeitando, desde
logo, o desertor à prisão. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Retardamento do processo

Art. 453. O desertor que não for julgado dentro de sessenta dias, a contar do dia
de sua apresentação voluntária ou captura, será posto em liberdade, salvo se tiver
dado causa ao retardamento do processo. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de
20.09.1991)
CAPÍTULO II
DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE OFICIAL

Lavratura do termo de deserção e sua publicação em Boletim

Art. 454. Transcorrido o prazo para consumar-se o crime de deserção, o


comandante de unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda a autoridade
superior, fará lavrar o termo de deserção circunstanciadamente, inclusive com a
qualificação do desertor, assinando-o com duas testemunhas idôneas, publicando-
se, em boletim ou documento equivalente, o termo de deserção, acompanhado da
parte de ausência.
§ 1º. O oficial desertor será agregado, permanecendo nessa situação ao
apresentar-se ou ser capturado, até decisão transitada em julgado.
Remessa do termo de deserção e documentos à Auditoria

§ 2º. Feita a publicação, a autoridade militar remeterá, em seguida, o termo de


deserção à Auditoria competente, juntamente com a parte de ausência, o inventário
do material permanente da Fazenda Nacional e as cópias do boletim ou documento
equivalente e dos assentamentos do desertor.
Autuação e vista ao Ministério Público

§ 3º. Recebido o termo de deserção e demais peças, o juiz-auditor mandará autuá-


los e dar vista do processo, por cinco dias, ao procurador, podendo este requerer o
arquivamento, ou o que for de direito, ou oferecer denúncia, se nenhuma formalidade
tiver sido omitida, ou após o cumprimento das diligências requeridas.
§ 4º. Recebida a denúncia, o juiz-auditor determinará seja aguardada a captura ou
apresentação voluntária do desertor. (Redação dada ao caput e §§ pela Lei nº
8.236, de 20.09.1991)

Apresentação ou captura do desertor. Sorteio do Conselho

Art. 455. Apresentando-se ou sendo capturado o desertor, a autoridade militar fará


a comunicação ao juiz- auditor, com a informação sobre a data e o lugar onde o
mesmo se apresentou ou foi capturado, além de quaisquer outras circunstâncias
concernentes ao fato. Em seguida, procederá o juiz-auditor ao sorteio e à
convocação do Conselho Especial de Justiça, expedindo o mandado de citação do
acusado, para ser processado e julgado. Nesse mandado, será transcrita a
denúncia.
Rito Processual

§ 1º. Reunido o Conselho Especial de Justiça, presentes o procurador, o defensor


e o acusado, o presidente ordenará a leitura da denúncia, seguindo-se o
interrogatório do acusado, ouvindo-se, na ocasião, as testemunhas arroladas pelo
Ministério Público. A defesa poderá oferecer prova documental e requerer a
inquirição de testemunhas, até o número de três, que serão arroladas dentro do
prazo de três dias e ouvidas dentro do prazo de cinco dias, prorrogável até o dobro
pelo Conselho, ouvido o Ministério Público.
Julgamento

§ 2º. Findo o interrogatório, e se nada for requerido ou determinado, ou finda a


inquirição das testemunhas arroladas pelas partes e realizadas as diligências
ordenadas, o presidente do Conselho dará a palavra às partes, para sustentação
oral, pelo prazo máximo de trinta minutos, podendo haver réplica e tréplica por
tempo não excedente a quinze minutos, para cada uma delas, passando o Conselho
ao julgamento, observando-se o rito prescrito neste Código. (Redação dada ao
caput e §§ pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)
CAPÍTULO III
DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE PRAÇA COM OU SEM GRADUAÇÃO E
DE PRAÇA ESPECIAL

Inventário dos bens deixados ou extraviados pelo ausente

Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência
de uma praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente,
encaminhará parte de ausência ao comandante ou chefe da respectiva organização,
que mandará inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou
extraviado pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas idôneas.
§ 1º. Quando a ausência se verificar em subunidade isolada ou em destacamento,
o respectivo comandante, oficial ou não, providenciará o inventário, assinando-o
com duas testemunhas idôneas.
Parte de deserção

§ 2º. Decorrido o prazo para se configurar a deserção, o comandante da


subunidade, ou autoridade correspondente, encaminhará ao comandante, ou chefe
competente, uma parte acompanhada do inventário.
Lavratura do termo de deserção

§ 3º. Recebida a parte de que trata o parágrafo anterior, fará o comandante, ou


autoridade correspondente, lavrar o termo de deserção, onde se mencionarão todas
as circunstâncias do fato. Esse termo poderá ser lavrado por uma praça, especial ou
graduada, e será assinado pelo comandante e por duas testemunhas idôneas, de
preferência oficiais.
Exclusão do serviço ativo, agregação e remessa à Auditoria

§ 4º. Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será


ela imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável, será agregada,
fazendo-se, em ambos os casos, publicação, em boletim ou documento equivalente,
do termo de deserção e remetendo-se, em seguida, os autos à Auditoria
competente. (Redação dada ao caput e §§ pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Vistas ao Ministério Público Militar

Art. 457. Recebidos do Comandante da unidade, ou da autoridade competente, o


termo de deserção e a cópia do boletim, ou documento equivalente que o publicou,
acompanhados dos demais atos lavrados e dos assentamentos, o juiz-auditor
mandará autuá-los e dar vista do processo, por cinco dias, ao procurador, que
requererá o que for de direito, aguardando-se a captura ou apresentação voluntária
do desertor, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou após o cumprimento das
diligências requeridas.
Inspeção de saúde, para fins de reinclusão

§ 1º. O desertor sem estabilidade que se apresentar ou for capturado deverá ser
submetido a inspeção de saúde e, quando julgado apto para o serviço militar, será
reincluído.
Incapacidade para serviço ativo

§ 2º. A ata de inspeção de saúde será remetida, com urgência, à Auditoria a que
tiverem sido distribuídos os autos, para que, em caso de incapacidade definitiva,
seja o desertor sem estabilidade isento da reinclusão e do processo, sendo os autos
arquivados, após o pronunciamento do representante do Ministério Público Militar.
Notícia de reinclusão ou reversão. Denúncia

§ 3º. Reincluída que seja a praça especial ou a praça sem estabilidade, ou


procedida à reversão da praça estável, o comandante da unidade providenciará,
com urgência, sob pena de responsabilidade, a remessa à Auditoria de cópia do ato
de reinclusão ou do ato de reversão. O juiz-auditor determinará sua juntada aos
autos e deles dará vista, por cinco dias, ao procurador, que requererá o
arquivamento, ou o que for de direito, ou oferecerá denúncia, se nenhuma
formalidade tiver sido omitida, ou após o cumprimento das diligências requeridas.
Citação, interrogatório e inquirição de testemunhas

§ 4º. Recebida a denúncia, determinará o juiz-auditor a citação do acusado,


realizando-se em dia e hora previamente designados, perante o Conselho
Permanente de Justiça, o interrogatório do acusado, ouvindo-se, na ocasião, as
testemunhas arroladas pelo Ministério Público. A defesa poderá oferecer prova
documental e requerer a inquirição de testemunhas, até o número de três, que serão
arroladas dentro do prazo de três dias e ouvidas dentro de cinco dias, prorrogáveis
até o dobro pelo Conselho, ouvido o Ministério Público.
Julgamento

§ 5º. Feita a leitura do processo, o presidente do Conselho dará a palavra às


partes, para sustentação oral, pelo prazo máximo de trinta minutos podendo haver
réplica e tréplica por tempo não excedente a quinze minutos, para cada uma delas,
passando o Conselho ao julgamento, observando-se o rito prescrito neste Código.
Comunicacação de senteça condenatória

§ 6º. Em caso de condenação do acusado, o juiz-auditor fará expedir,


imediatamente, a devida comunicação à autoridade competente, para os devidos
fins e efeitos legais.
Sentença absolutória. Álvará de soltura

§ 7º. Sendo absolvido o acusado, ou se este já tiver cumprido a pena imposta na


sentença, o juiz-auditor providenciará, sem demora, para que seja posto em
liberdade, mediante alvará de soltura, se por outro motivo não estiver preso.
(Redação dada ao caput e §§ pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Art. 458. (Revogado pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Art. 459. (Revogado pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

CAPÍTULO IV
DO PROCESSO DE DESERÇÃO DE PRAÇA, COM OU SEM GRADUAÇÃO, E
DE PRAÇA ESPECIAL, NA MARINHA E NA AERONÁUTICA

Art. 460. (Revogado pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)


Art. 461. (Revogado pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Art. 462. (Revogado pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

CAPÍTULO V
DO PROCESSO DE CRIME DE INSUBMISSÃO

Lavratura de termo de insubmissão

Art. 463. Consumado o crime de insubmissão, o comandante, ou autoridade


correspondente, da unidade para que fora designado o insubmisso, fará lavrar o
termo de insubmissão, circunstanciadamente, com indicação de nome, filiação,
naturalidade e classe a que pertencer o insubmisso e a data em que este deveria
apresentar-se, sendo o termo assinado pelo referido comandante, ou autoridade
correspondente, e por duas testemunhas idôneas, podendo ser impresso ou
datilografado.
Efeitos do termo de insubmissão

§ 1º. O termo, juntamente com os demais documentos relativos à insubmissão, tem


o caráter de instrução provisória, destina-se a fornecer os elementos necessários à
propositura da ação penal e é o instrumento legal autorizador da captura do
insubmisso, para efeito da incorporação.
Remessa do termo de insubmissão e documentos à Auditoria

§ 2º. O comandante ou autoridade competente que tiver lavrado o termo de


insubmissão remetê-lo-á à Auditoria, acompanhado de cópia autêntica do
documento hábil que comprove o conhecimento pelo insubmisso da data e local de
sua apresentação, e demais documentos.
§ 3º. Recebido o termo de insubmissão e os documentos que o acompanham, o
juiz-auditor determinará sua autuação e dará vista do processo, por cinco dias, ao
procurador, que requererá o que for de direito, aguardando-se a captura ou
apresentação voluntária do insubmisso, se nenhuma formalidade tiver sido omitida
ou após cumprimento das diligências requeridas. (Redação dada ao caput e §§
pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)

Menagem e inspeção de saúde

Art. 464. O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel
por menagem e será submetido a inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do
processo e da inclusão.
Incapacidade para o serviço militar
§ 1º. A ata de inspeção de saúde será, pelo comandante da unidade, ou
autoridade competente, remetida, com urgência, à Auditoria a que tiverem sido
distribuídos os autos, para que, em caso de incapacidade para o serviço militar,
sejam arquivados, após pronunciar-se o Ministério Público Militar.
Inclusão de insubmisso

§ 2º. Incluído o insubmisso, o comandante da unidade, ou autoridade


correspondente, providenciará, com urgência, a remessa à Auditoria de cópia do ato
de inclusão. O juiz-auditor determinará sua juntada aos autos e deles dará vista, por
cinco dias, ao procurador, que poderá requerer o arquivamento, ou o que for de
direito, ou oferecer denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida ou após o
cumprimento das diligências requeridas.
Liberdade do insubmisso

§ 3º. O insubmisso que não for julgado no prazo de sessenta dias, a contar do dia
de sua apresentação voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa,
será posto em liberdade. (Redação dada ao caput e §§ pela Lei nº 8.236, de
20.09.1991)

Equiparação ao processo de deserção

Art. 465. Aplica-se ao processo de insubmissão, para sua instrução e julgamento,


o disposto para o processo de deserção, previsto nos §§ 4º, 5º, 6º e 7º do artigo
457 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 8.236, de 20.09.1991)
CAPÍTULO VI
DO HABEAS CORPUS

Cabimento da medida

Art. 466. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Exceção

Parágrafo único. Excetuam-se, todavia, os casos em que a ameaça ou a coação


resultar:
a) de punição aplicada de acordo com os Regulamentos Disciplinares das Forças
Armadas;
b) de punição aplicada aos oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de
Bombeiros, Militares, de acordo com os respectivos Regulamentos Disciplinares;
c) da prisão administrativa, nos termos da legislação em vigor, de funcionário civil
responsável para com a Fazenda Nacional, perante a administração militar;
d) da aplicação de medidas que a Constituição do Brasil autoriza durante o estado
de sítio;
e) nos casos especiais previstos em disposição de caráter constitucional.

Abuso de poder e ilegalidade. Existência

Art. 467. Haverá ilegalidade ou abuso de poder:

a) quando o cerceamento da liberdade for ordenado por quem não tinha


competência para tal;
b) quando ordenado ou efetuado sem as formalidades legais;
c) quando não houver justa causa para a coação ou constrangimento;
d) quando a liberdade de ir e vir for cerceada fora dos casos previstos em lei;
e) quando cessado o motivo que autorizava o cerceamento;
f) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
g) quando alguém estiver processado por fato que não constitua crime em tese;
h) quando estiver extinta a punibilidade;
i) quando o processo estiver evidentemente nulo.

Concessão após sentença condenatória

Art. 468. Poderá ser concedido habeas corpus, não obstante já ter havido
sentença condenatória:
a) quando o fato imputado, tal como estiver narrado na denúncia, não constituir
infração penal;
b) quando a ação ou condenação já estiver prescrita;
c) quando o processo for manifestamente nulo;
d) quando for incompetente o juiz que proferiu a condenação.

Competência para a concessão

Art. 469. Compete ao Superior Tribunal Militar o conhecimento do pedido de


habeas corpus.
Pedido. Concessão de ofício

Art. 470. O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa em seu favor
ou de outrem, bem como pelo Ministério Público. O Superior Tribunal Militar pode
concedê-lo de ofício, se, no curso do processo submetido à sua apreciação, verificar
a existência de qualquer dos motivos previstos no artigo 467.
Rejeição do pedido

§ 1º. O pedido será rejeitado se o paciente a ele se opuser.


Competência ad referendum do Superior Tribunal Militar

§ 2º. (Revogado pela Lei nº 8.457, de 4.9.1992.)

Petição. Requisitos

Art. 471. A petição de habeas corpus conterá:

a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e


o de quem é responsável pelo exercício da violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de ameaça de
coação, as razões em que o impetrante funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não
puder escrever, e a designação das respectivas residências.
Forma do pedido

Parágrafo único. O pedido de habeas corpus pode ser feito por telegrama, com as
indicações enumeradas neste artigo e a transcrição literal do reconhecimento da
firma do impetrante, por tabelião.

Pedido de informações

Art. 472. Despachada a petição e distribuída, serão, pelo relator, requisitadas


imediatamente informações ao detentor ou a quem fizer a ameaça, que deverá
prestá-las dentro do prazo de cinco dias, contados da data do recebimento da
requisição.
Prisão por ordem de autoridade superior

§ 1º. Se o detentor informar que o paciente está preso por determinação de


autoridde superior, deverá indicá-la, para que a esta sejam requisitadas as
informações, a fim de prestá-las na forma mencionada no preâmbulo deste artigo.
Soltura ou remoção do preso
§ 2º. Se informar que não é mais detentor do paciente, deverá esclarecer se este já
foi solto ou removido para outra prisão. No primeiro caso, dirá em que dia e hora; no
segundo, qual o local da nova prisão.
Vista ao procurador-geral

§ 3º. Imediatamente após as informações, o relator, se as julgar satisfatórias, dará


vista do processo, por quarenta e oito horas, ao procurador-geral.

Julgamento do pedido

Art. 473. Recebido de volta o processo, o relator apresentá-lo-á em mesa, sem


demora, para o julgamento, que obedecerá ao disposto no Regimento Interno do
Tribunal.

Determinação de diligências

Art. 474. O relator ou o Tribunal poderá determinar as diligências que enteder


necessárias, inclusive a requisção do processo e apresentação do paciente, em dia
e hora que designar.

Apresentação obrigatória do preso

Art. 475. Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará o detentor de


apresentá-lo, salvo:
a) enfermidade que lhe impeça a locomoção ou a não aconselhe, por perigo de
agravamento do seu estado mórbido;
b) não estar sob a guarda da pessoa a quem se atribui a detenção.
Diligência no local da prisão

Parágrafo único. Se o paciente não puder ser apresentado por motivo de


enfermidade, o relator poderá ir ao local em que ele se encontrar; ou, por proposta
sua, o Tribunal, mediante ordem escrita, poderá determinar que ali compareça o seu
secretário ou, fora da Circunscrição Judiciária de sua sede, o auditor que designar,
os quais prestarão as informações necessárias, que constarão do processo.

Prosseguimento do processo

Art. 476. A concessão de habeas corpus não obstará o processo nem lhe porá
termo, desde que não conflite com os fundamentos da concessão.

Renovação do processo
Art. 477. Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo,
será este renovado, salvo se do seu exame se tornar evidente a inexistência de
crime.

Forma da decisão

Art. 478. As decisões do Tribunal sobre habeas corpus serão lançadas em forma
de sentença nos autos. As ordens necessárias ao seu cumprimento serão, pelo
secretário do Tribunal, expedidas em nome do seu presidente.

Salvo-conduto

Art. 479. Se a ordem de habeas corpus for concedida para frustrar ameaça de
violência ou coação ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto, assinado pelo
presidente do Tribunal.

Sujeição a processo

Art. 480. O detentor do preso ou responsável pela sua detenção ou quem quer que,
sem justa causa, embarace ou procrastine a expedição de ordem de habeas
corpus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e apresentação do
paciente, ou desrespeite salvo-conduto expedido de acordo com o artigo anterior,
ficará sujeito a processo pelo crime de desobediência a decisão judicial.
Promoção da ação penal

Parágrafo único. Para esse fim, o presidente do Tribunal oficiará ao procurador-


geral para que este promova ou determine a ação penal, nos termos do artigo 28,
letra c.
CAPÍTULO VII
DO PROCESSO PARA RESTAURAÇÃO DE AUTOS

Obrigatoriedade da restauração

Art. 481. Os autos originais de processo penal militar extraviados ou destruídos,


em primeira ou segunda instância, serão restaurados.
Existência de certidão ou cópia autêntica

§ 1º. Se existir e for exibida cópia autêntica ou certidão do processo, será uma ou
outra considerada como original.
Falta de cópia autêntica ou certidão

§ 2º. Na falta de cópia autêntica ou certidão do processo, o juiz mandará, de ofício


ou a requerimento de qualquer das partes, que:
Certidão do escrivão

a) o escrivão certifique o estado do processo, segundo a sua lembrança, e


reproduza o que houver a respeito em seus protocolos e registros;
Requisições

b) sejam requisitadas cópias do que constar a respeito do processo no Instituto


Médico Legal, no Instituto de Identificação e Estatística, ou em estabelecimentos
congêneres, repartições públicas, penitenciárias, presídios ou estabelecimentos
militares;
Citação das partes

c) sejam citadas as partes pessoalmente ou, se não forem encontradas, por edital,
com o prazo de dez dias, para o processo de restauração.
Restauração em primeira instância. Execução

§ 3º. Proceder-se-á à restauração em primeira instância, ainda que os autos se


tenham extraviado na segunda, salvo em se tratando de processo originário do
Superior Tribunal Militar, ou que nele transite em grau de recurso.
Auditoria competente

§ 4º. O processo de restauração correrá em primeira instância perante o auditor,


na Auditoria onde se iniciou.

Audiência das partes

Art. 482. No dia designado, as partes serão ouvidas, mencionando-se em termo


circunstanciado os pontos em que estiverem acordes e a exibição e a conferência
das certidões e mais reproduções do processo, apresentadas e conferidas.

Instrução

Art. 483. O juiz determinará as diligências necessárias para a restauração,


observando-se o seguinte:
a) caso ainda não tenha sido proferida a sentença, reinquirir-se-ão as testemunhas,
podendo ser substituídas as que tiverem falecido ou se encontrarem em lugar não
sabido;
b) os exames periciais, quando possível, serão repetidos, e de preferência pelos
mesmos peritos;
c) a prova documental será reproduzida por meio de cópia autêntica ou, quando
impossível, por meio de testemunhas;
d) poderão também ser inquiridas, sobre os autos do processo em restauração, as
autoridades, os serventuários, os peritos e mais pessoas que tenham nele
funcionado;
e) o Ministério Público e as partes poderão oferecer testemunhas e produzir
documentos, para provar o teor do processo extraviado ou destruído.

Conclusão

Art. 484. Realizadas as diligências que, salvo motivo de força maior, deverão
terminar dentro em quarenta dias, serão os autos conclusos para julgamento.
Parágrafo único. No curso do processo e depois de subirem os autos conclusos
para sentença, o juiz poderá, dentro em cinco dias, requisitar de autoridades ou
repartições todos os esclarecimentos necessários à restauração.

Eficácia probatória

Art. 485. Julgada a restauração, os autos respectivos valerão pelos originais.

Parágrafo único. Se no curso da restauração aparecerem os autos originais,


nestes continuará o processo, sendo a eles apensos os da restauração.

Prosseguimento da execução

Art. 486. Até a decisão que julgue restaurados os autos, a sentença condenatória
em execução continuará a produzir efeito, desde que conste da respectiva guia
arquivada na prisão onde o réu estiver cumprindo pena, ou de registro que torne
inequívoca a sua existência.

Restauração no Superior Tribunal Militar

Art. 487. A restauração perante o Superior Tribunal Militar caberá ao relator do


processo em andamento, ou a ministro que for sorteado para aquele fim, no caso de
não haver relator.

Responsabilidade criminal

Art. 488. O causador do extravio ou destruição responderá criminalmente pelo fato,


nos termos do artigo 352 e seu parágrafo único, do Código Penal Militar.
CAPÍTULO VIII
DO PROCESSO DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIO DO SUPERIOR TRIBUNAL
MILITAR
SEÇÃO I
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL

Denúncia. Oferecimento

Art. 489. No processo e julgamento dos crimes da competência do Superior


Tribunal Militar, a denúncia será oferecida ao Tribunal e apresentada ao seu
presidente para a designação de relator.

Juiz instrutor

Art. 490. O relator será um ministro togado, escolhido por sorteio, cabendo-lhe as
atribuições de juiz instrutor do processo.

Recurso do despacho do relator

Art. 491. Caberá recurso do despacho do relator que:

a) rejeitar a denúncia;
b) decretar a prisão preventiva;
c) julgar extinta a ação penal;
d) concluir pela incompetência do foro militar;
e) conceder ou negar menagem.

Recebimento da denúncia

Art. 492. Recebida a denúncia, mandará o relator citar o denunciado e intimar as


testemunhas.

Função do Ministério Público, do escrivão e do oficial de justiça

Art. 493. As funções do Ministério Público serão desempenhadas pelo procurador-


geral. As de escrivão por um funcionário graduado da Secretaria, designado pelo
presidente, e as de oficial de justiça, pelo chefe de portaria ou seu substituto legal.

Rito da instrução criminal

Art. 494. A instrução criminal seguirá o rito estabelecido para o processo dos
crimes da competência do Conselho de Justiça, desempenhando o ministro instrutor
as atribuições conferidas a esse Conselho.

Despacho saneador
Art. 495. Findo o prazo para as alegações escritas, o escrivão fará os autos
conclusos ao relator, o qual, se encontrar irregularidades sanáveis ou falta de
diligências que julgar necessárias, mandará saná-las ou preenchê-las.
SEÇÃO II
DO JULGAMENTO

Julgamento

Art. 496. Concluída a instrução, o Tribunal procederá, em sessão plenária, ao


julgamento do processo, observando-se o seguinte:
Designação de dia e hora

a) por despacho do relator, os autos serão conclusos ao presidente, que designará


dia e hora para o julgamento, cientificados o réu, seu advogado e o Ministério
Público;
Resumo do processo

b) aberta a sessão, com a presença de todos os ministros em exercício, será


apregoado o réu e, presente este, o presidente dará a palavra ao relator, que fará o
resumo das principais peças dos autos e da prova produzida;
c) se algum dos ministros solicitar a leitura integral dos autos de parte deles,
poderá o relator ordenar seja ela efetuada pelo escrivão;
Acusação e defesa

d) findo o relatório, o presidente dará, sucessivamente, a palavra ao procurador-


geral e ao acusado, ou a seu defensor, para sustentarem oralmente as suas
alegações finais;
Prazo para as alegações orais

e) o prazo tanto para a acusação como para a defesa será de duas horas, no
máximo;
Réplica e tréplica

f) as partes poderão replicar e treplicar em prazo não excedente de uma hora;


Normas a serem observadas para o julgamento

g) encerrados os debates, passará o Tribunal a funcionar em sessão secreta, para


proferir o julgamento, cujo resultado será anunciado em sessão pública;
h) o julgamento efetuar-se-á em uma ou mais sessões, a critério do Tribunal;
i) se for vencido o relator, o acórdão será lavrado por um dos ministros vencedores,
observada a escala.
Revelia

Parágrafo único. Se o réu solto deixar de comparecer, sem causa legítima ou


justificada, será julgado à revelia, independentemente de publicação de edital.

Recurso admissível das decisões definitivas ou com força de definitivas

Art. 497. Das decisões definitivas ou com força de definitivas, unânimes ou não,
proferidas pelo Tribunal, cabem embargos, que deverão ser oferecidos dentro em
cinco dias, contados da intimação do acórdão. O réu revel não pode embargar, sem
se apresentar à prisão.
CAPÍTULO IX
DA CORREIÇÃO PARCIAL

Casos de correição parcial

Art. 498. O Superior Tribunal Militar poderá proceder à correição parcial:

a) a requerimento das partes, para o fim de ser corrigido erro ou omissão


inescusáveis, abuso ou ato tumultuário, em processo, cometido ou consentido por
juiz, desde que, para obviar tais fatos, não haja recurso previsto neste Código;
b) mediante representação do ministro corregedor-geral, para corrigir
arquivamento irregular em inquérito ou processo. (Redação dada a esta alínea pela
Lei nº 7.040, de 11.10.1982)

Nota: A Lei nº 7.040, de 11.10.1982 foi declarada inconstitucional, pelo STF, no MS


20.382-DF.

§ 1º. É de cinco dias o prazo para o requerimento ou a representação,


devidamente fundamentados, contados da data do ato que os motivar.
Disposição regimental

§ 2º. O Regimento do Superior Tribunal Militar disporá a respeito do processo e


julgamento da correição parcial.

LIVRO III
DAS NULIDADES E RECURSOS EM GERAL

TÍTULO I
CAPÍTULO ÚNICO
DAS NULIDADES

Sem prejuizo não há nulidade

Art. 499. Nenhum ato judicial será declarado nulo se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa.

Casos de nulidade

Art. 500. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:

I - por incompetência, impedimento, suspeição ou suborno do juiz;


II - por ilegitimidade de parte;
III - por preterição das fórmulas ou termos seguintes:
a) a denúncia;
b) o exame de corpo delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto
no parágrafo único do artigo 328;
c) a citação do acusado para ver-se processar e o seu interrogatório, quando
presente;
d) os prazos concedidos à acusação e à defesa;
e) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação penal;
f) a nomeação de defensor ao réu presente que não o tiver, ou de curador ao
ausente e ao menor de dezoito anos;
g) a intimação das testemunhas arroladas na denúncia;
h) o sorteio dos juízes militares e seu compromisso;
i) a acusação e a defesa nos termos estabelecidos por este Código;
j) a notificação do réu ou seu defensor para a sessão de julgamento;
l) a intimação das partes para a ciência da sentença ou decisão de que caiba
recurso;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do processo.

Impedimento para a argüição da nulidade


Art. 501. Nenhuma das partes poderá argüir a nulidade a que tenha dado causa ou
para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte
contrária interessa.

Nulidade não declarada

Art. 502. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído
na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.

Falta ou nulidade da citação, da intimação ou da notificação. Presença do


interessado. Conseqüencia

Art. 503. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação ficará


sanada com o comparecimento do interessado antes de o ato consumar-se, embora
declare que o faz com o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão
ou adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar o
direito da parte.

Oportunidade para a argüição

Art. 504. As nulidades deverão ser argüidas:

a) as da instrução do processo, no prazo para a apresentação das alegações


escritas;
b) as ocorridas depois do prazo das alegações escritas, na fase do julgamento ou
nas razões de recurso.
Parágrafo único. A nulidade proveniente de incompetência do juízo pode ser
declarada a requerimento da parte ou de ofício, em qualquer fase do processo.

Silêncio das partes

Art. 505. O silêncio das partes sana os atos nulos, se se tratar de formalidade de
seu exclusivo interesse.

Renovação e retificação

Art. 506. Os atos, cuja nulidade não houver sido sanada, serão renovados ou
retificados.
Nulidade de um ato e sua conseqüencia

§ 1º. A nulidade de um ato, uma vez declarada, envolverá a dos atos subseqüentes.
Especificação

§ 2º. A decisão que declarar a nulidade indicará os atos a que ela se estende.
Revalidação de atos

Art. 507. Os atos da instrução criminal, processados perante juízo incompetente,


serão revalidados, por termo, no juízo competente.

Anulação dos atos decisórios

Art. 508. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o


processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.

Juiz irregularmente investido, impedido ou suspeito

Art. 509. A sentença proferida pelo Conselho de Justiça com juiz irregularmente
investido, impedido ou suspeito, não anula o processo, salvo se a maioria se
constituir com o seu voto.

TÍTULO II
DOS RECURSOS

CAPÍTULO I
REGRAS GERAIS

Cabimento dos recursos

Art. 510. Das decisões do Conselho de Justiça ou do auditor poderão as partes


interpor os seguintes recursos:
a) recurso em sentido estrito;
b) apelação.

Os que podem recorrer

Art. 511. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo réu, seu
procurador, ou defensor.
Inadmissibilidade por falta de interesse

Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver
interesse na reforma ou modificação da decisão.

Proibição da desistência

Art. 512. O Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto.
Interposição e prazo

Art. 513. O recurso será interposto por petição e esta, com o despacho do auditor,
será, até o dia seguinte ao último do prazo, entregue ao escrivão, que certificará, no
termo da juntada, a data da entrega; e, na mesma data, fará os autos conclusos ao
auditor, sob pena de sanção disciplinar.

Erro na interposição

Art. 514. Salvo a hipótese de má fé, não será a parte prejudicada pela interposição
de um recurso por outro.
Propriedade do recurso

Parágrafo único. Se o auditor ou o Tribunal reconhecer a impropriedade do


recurso, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.

Efeito extensivo

Art. 515. No caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um


dos réus, se fundada em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros.
CAPÍTULO II
DOS RECURSOS EM SENTIDO ESTRITO

Cabimento

Art. 516. Caberá recurso em sentido estrito da decisão ou sentença que:

a) reconhecer a inexistência de crime militar, em tese;


b) indeferir o pedido de arquivamento, ou a devolução do inquérito à autoridade
administrativa;
c) absolver o réu no caso do artigo 48 do Código Penal Militar;
d) não receber a denúncia no todo ou em parte, ou seu aditamento;
e) concluir pela incompetência da Justiça Militar, do auditor ou do Conselho de
Justiça;
f) julgar procedente a exceção, salvo de suspeição;
g) julgar improcedente o corpo de delito ou outros exames;
h) decretar, ou não, a prisão preventiva, ou revogá-la;
i) conceder ou negar a menagem;
j) decretar a prescrição, ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
l) indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva
da punibilidade;
m) conceder, negar, ou revogar o livramento condicional ou a suspensão
condicional da pena;
n) anular, no todo ou em parte, o processo da instrução criminal;
o) decidir sobre a unificação das penas;
p) decretar, ou não, a medida de segurança;
q) não receber a apelação ou recurso.
Recursos sem efeito suspensivo

Parágrafo único. Esses recursos não terão efeito suspensivo, salvo os interpostos
das decisões sobre matéria de competência, das que julgarem extinta a ação penal,
ou decidirem pela concessão do livramento condicional.

Recurso nos próprios autos

Art. 517. Subirão, sempre, nos próprios autos, os recursos a que se referem as
letras, a, b, d, e, i, j, m, n e p do artigo anterior.

Prazo de interposição

Art. 518. Os recursos em sentido estrito serão interpostos no prazo de três dias,
contados da data da intimação da decisão, ou da sua publicação ou leitura em
pública audiência, na presença das partes ou seus procuradores, por meio de
requerimento em que se especificarão, se for o caso, as peças dos autos de que se
pretenda traslado para instruir o recurso.
Prazo para extração de traslado

Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de dez


dias, e dele constarão, sempre, a decisão recorrida e a certidão de sua intimação,
se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso.

Prazo para as razões

Art. 519. Dentro em cinco dias, contados da vista dos autos, ou do dia em que,
extraído o traslado, dele tiver vista o recorrente, oferecerá este as razões do recurso,
sendo, em seguida, aberta vista ao recorrido, em igual prazo.
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado na pessoa de seu
defensor.
Reforma ou sustentação

Art. 520. Com a resposta do recorrido ou sem ela, o auditor ou o Conselho de


Justiça, dentro em cinco dias, poderá reformar a decisão recorrida ou mandar juntar
ao recurso o traslado das peças dos autos, que julgar convenientes para a
sustentação dela.
Recurso da parte prejudicada

Parágrafo único. Se reformada a decisão recorrida, poderá a parte prejudicada,


por simples petição recorrer da nova decisão, quando, por sua natureza, dela caiba
recurso. Neste caso, os autos subirão imediatamente à instância superior, assinado
o termo de recurso independentemente de novas razões.

Prorrogação de prazo

Art. 521. Não sendo possível ao escrivão extrair o traslado no prazo legal, poderá o
auditor prorrogá-lo até o dobro.

Prazo para a sustentação

Art. 522. O recurso será remetido ao Tribunal dentro em cinco dias, contados da
sustentação da decisão.

Julgamento na instância

Art. 523. Distribuído o recurso, irão os autos com vista ao procurador-geral, pelo
prazo de oito dias, sendo, a seguir, conclusos ao relator que, no intervalo de duas
sessões, o colocará em pauta para o julgamento.

Decisão

Art. 524. Anunciado o julgamento, será feito o relatório, sendo facultado às partes
usar da palavra pelo prazo de dez minutos. Discutida a matéria, proferirá o Tribunal a
decisão final.

Devolução para cumprimento do acórdão

Art. 525. Publicada a decisão do Tribunal, os autos baixarão à instância inferior


para o cumprimento do acórdão.
CAPÍTULO III
DA APELAÇÃO

Admissibilidade da apelação
Art. 526. Cabe apelação:

a) da sentença definitiva de condenação ou de absolvição;


b) de sentença definitiva ou com força de definitiva, nos casos não previstos no
capítulo anterior.
Parágrafo único. Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em
sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra.

Recolhimento à prisão

Art. 527. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se primário e de
bons antecedentes, reconhecidas tais circunstâncias na sentença condenatória.
(Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)

Recurso sobrestado

Art. 528. Será sobrestado o recurso se, depois de haver apelado, fugir o réu da
prisão.

Interposição e prazo

Art. 529. A apelação será interposta por petição escrita, dentro do prazo de cinco
dias, contados da data da intimação da sentença ou da sua leitura em pública
audiência, na presença das partes ou seus procuradores.
Revelia e intimação

§ 1º. O mesmo prazo será observado para a interposição do recurso de sentença


condenatória de réu solto ou revel. A intimação da sentença só se fará, entretanto,
depois de seu recolhimento à prisão.
Apelação sustada

§ 2º. Se revel, solto ou foragido o réu, ficará sustado o seguimento da apelação do


Ministério Público, sem prejuízo de sua interposição no prazo legal.

Os que podem apelar

Art. 530. Só podem apelar o Ministério Público e o réu, ou seu defensor.

Razões. Prazo

Art. 531. Recebida a apelação, será aberta vista dos autos, sucessivamente, ao
apelante e ao apelado pelo prazo de dez dias, a cada um, para oferecimento de
razões.
§ 1º. Se houver assistente, poderá este arrazoar, no prazo de três dias, após o
Ministério Público.
§ 2º. Quando forem dois ou mais os apelantes, ou apelados, os prazos serão
comuns.

Efeitos da sentença absolutória

Art. 532. A apelação da sentença absolutória não obstará que o réu seja
imediatamente posto em liberdade, salvo se a acusação versar sobre crime a que a
lei comina pena de reclusão, no máximo, por tempo igual ou superior a vinte anos, e
não tiver sido unânime a sentença absolutória.

Sentença condenatória. Efeito suspensivo

Art. 533. A apelação da sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o


disposto nos artigos 272, 527 e 606.

Subida dos autos à instância superior

Art. 534. Findos os prazos para as razões, com ou sem elas, serão os autos
remetidos ao Superior Tribunal Militar, no prazo de cinco dias, ainda que haja mais
de um réu e não tenham sido, todos, julgados.

Distribuição da apelação

Art. 535. Distribuída a apelação, irão os autos imeditamente com vista ao


procurador-geral e, em seguida, passarão ao relator e ao revisor.
Processo a julgamento

§ 1º. O recurso será posto em pauta pelo relator, depois de restituídos os autos
pelo revisor.
§ 2º. Anunciado o julgamento pelo presidente, fará o relator a exposição do feito e,
depois de ouvido o revisor, concederá o presidente, pelo prazo de vinte minutos, a
palavra aos advogados ou às partes que a solicitarem, e ao procurador-geral.
§ 3º. Discutida a matéria pelo Tribunal, se não for ordenada alguma diligência,
proferirá ele sua decisão.
§ 4º. A decisão será tomada por maioria de votos; no caso de empate, prevalecerá
a decisão mais favorável ao réu.
§ 5º. Se o Tribunal anular o processo, mandará submeter o réu a novo julgamento,
reformados os termos invalidados.
Julgamento secreto
§ 6º. Será secreto o julgamento da apelação, quando o réu estiver solto.

Comunicação de condenação

Art. 536. Se for condenatória a decisão do Tribunal, mandará o presidente


comunicá-la imediatamente ao auditor respectivo, a fim de que seja expedido
mandado de prisão ou tomadas as medidas que, no caso, couberem.
Parágrafo único. No caso de absolvição, a comunicação será feita pela via mais
rápida, devendo o auditor providenciar imediatamente a soltura do réu.

Intimação

Art. 537. O diretor-geral da Secretaria do Tribunal remeterá ao auditor cópia do


acórdão condenatório para que ao réu, seu advogado ou curador, conforme o caso,
sejam feitas as devidas intimações.
§ 1º. Feita a intimação ao réu e ao seu advogado ou curador, será enviada ao
diretor-geral da Secretaria, para juntada aos autos, a certidão da intimação passada
pelo oficial de justiça ou por quem tiver sido encarregado da diligência.
§ 2º. O procurador-geral terá ciência nos próprios autos.
CAPÍTULO IV
DOS EMBARGOS

Cabimento e modalidade

Art. 538. O Ministério Público e o réu poderão opor embargos de nulidade,


infringentes do julgado e de declaração, às sentenças finais proferidas pelo Superior
Tribunal Militar.

Inadmissibilidade

Art. 539. Não caberão embargos de acórdão unânime ou quando proferido em


grau de embargos, salvo os de declaração, nos termos do artigo 542.
Restrições

Parágrafo único. Se for unânime a condenação, mas houver divergência quanto à


classificação do crime ou à quantidade ou ntureza da pena, os embargos só serão
admissíveis na parte em que não houve unanimidade.

Prazo

Art. 540. Os embargos serão oferecidos por petição dirigida ao presidente, dentro
do prazo de cinco dias, contados da data da intimação do acórdão.
§ 1º. Para os embargos será designado novo relator.
Dispensa de intimação

§ 2º. É permitido às partes oferecerem embargos independentemente de


intimação do acórdão.

Infringentes e de nulidade

Art. 541. Os embargos de nulidade ou infringentes do julgado serão oferecidos


juntamente com a petição, quando articulados, podendo ser acompanhados de
documentos.

De declaração

Art. 542. Nos embargos de declaração indicará a parte os pontos em que entende
ser o acórdão ambíguo, obscuro, contraditório ou omisso.
Parágrafo único. O requerimento será apresentado ao Tribunal pelo relator e
julgado na sessão seguinte à do seu recebimento.

Apresentação dos embargos

Art. 543. Os embargos deverão ser apresentados na Secretaria do Tribunal ou no


cartório da Auditoria onde foi feita a intimação.
Parágrafo único. Será em cartório a vista dos autos para oferecimento de
embargos.

Remessa à Secretaria do Tribunal

Art. 544. O auditor remeterá à Secretaria do Tribunal os embargos oferecidos, com


a declaração da data do recebimento, e a cópia do acórdão com a intimação do réu
e seu defensor.

Medida contra o despacho de não-recebimento

Art. 545. Do despacho do relator que não receber os embargos terá ciência a
parte, que, dentro em três dias, poderá requerer serem os autos postos em mesa,
para confirmação ou reforma do despacho. Não terá voto o relator.

Juntada aos autos

Art. 546. Recebidos os embargos, serão juntos, por termo, aos autos, e conclusos
ao relator.
Prazo para impugnação ou sustentação

Art. 547. É de cinco dias o prazo para as partes impugnarem ou sustentarem os


embargos.

Marcha do julgamento

Art. 548. O julgamento dos embargos obedecerá ao rito da apelação.

Recolhimento à prisão

Art. 549. O réu condenado a pena privativa da liberdade não poderá opor
embargos infringentes ou de nulidade, sem se recolher à prisão, salvo se atendidos
os pressupostos do artigo 527. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)
CAPÍTULO V
DA REVISÃO

Cabimento

Art. 550. Caberá revisão dos processos findos em que tenha havido erro quanto
aos fatos, sua apreciação, avaliação e enquadramento.

Casos de revisão

Art. 551. A revisão dos processos findos será admitida:

a) quando a sentença condenatória for contrária à evidência dos autos;


b) quando a setença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
c) quando, após a sentença condenatória, se descobrirem novas provas que
invalidem a condenação ou que determinem ou autorizem a diminuição da pena.

Não-exigência de prazo

Art. 552. A revisão poderá ser requerida a qualquer tempo.

Reiteração do pedido. Condições

Parágrafo único. Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se baseado


em novas provas ou novo fundamento.

Os que podem requerer revisão


Art. 553. A revisão poderá ser requerida pelo próprio condenado ou por seu
procurador; ou, no caso de morte, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Competência

Art. 554. A revisão será processada e julgada pelo Superior Tribunal Militar, nos
processos findos na Justiça Militar.

Processo de revisão

Art. 555. O pedido será dirigido ao presidente do Tribunal e, depois de autuado,


distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar como relator, de
preferência, ministro que não tenha funcionado anteriormente como relator ou
revisor.
§ 1º. O requerimento será instruído com certidão de haver transitado em julgado a
sentença condenatória e com as peças necessárias à comprovação dos fatos
argüidos.
§ 2º. O relator poderá determinar que se apensem os autos originais, se dessa
providência não houver dificuldade à execução normal da sentença.

Vista ao procurador-geral

Art. 556. O procurador-geral terá vista do pedido.

Julgamento

Art. 557. No julgamento da revisão serão observadas, no que for aplicável, as


normas previstas para o julgamento da apelação.

Efeitos do julgamento

Art. 558. Julgando procedente a revisão, poderá o Tribunal absolver o réu, alterar a
classificação do crime, modificar a pena ou anular o processo.
Proibição de agravamento da pena

Parágrafo único. Em hipótese alguma poderá ser agravada a pena imposta pela
sentença revista.

Efeitos da absolvição

Art. 559. A absolvição implicará no restabelecimento de todos os direitos perdidos


em virtude da condenação, devendo o Tribunal, se for o caso, impor a medida de
segurança cabível.
Providência do auditor

Art. 560. À vista da certidão do acórdão que cassar ou modificar a decisão revista,
o auditor providenciará o seu inteiro cumprimento.

Curador nomeado em caso de morte

Art. 561. Quando, no curso da revisão, falecer a pessoa cuja condenação tiver de
ser revista, o presidente nomeará curador para a defesa.

Recurso. Inadmissibilidade

Art. 562. Não haverá recurso contra a decisão proferida em grau de revisão.

CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Cabimento do recurso

Art. 563. Cabe recurso para o Supremo Tribunal Federal:

a) das sentenças proferidas pelo Superior Tribunal Militar, nos crimes contra a
segurança nacional ou as instituições militares, praticados por civil ou governador de
Estado e seus secretários;

b) das decisões denegatórias de habeas corpus;


c) quando extraordinário.
CAPÍTULO VII
DO RECURSO NOS PROCESSOS CONTRA CIVIS E GOVERNADORES DE
ESTADO E SEUS SECRETÁRIOS

Recurso ordinário

Art. 564. É ordinário o recurso a que se refere a letra a do artigo 563.

Prazo para a interposição

Art. 565. O recurso será interposto por petição dirigida ao relator, no prazo de três
dias, contados da intimação ou publicação do acórdão, em pública audiência, na
presença das partes.

Prazo para as razões


Art. 566. Recebido o recurso pelo relator, o recorrente e, depois dele, o recorrido,
terão o prazo de cinco dias para oferecer razões.
Subida do recurso

Parágrafo único. Findo esse prazo, subirão os autos ao Supremo Tribunal Federal.

Normas complementares

Art. 567. O Regimento Interno do Superior Tribunal Militar estabelecerá normas


complementares para o processo do recurso.
CAPÍTULO VIII
DO RECURSO DAS DECISÕES DENEGATÓRIAS DE "HABEAS CORPUS''

Recurso em caso de habeas corpus

Art. 568. O recurso da decisão denegatória de habeas corpus é ordinário e deverá


ser interposto nos próprios autos em que houver sido lançada a decisão recorrida.

Subida ao Supremo Tribunal Federal

Art. 569. Os autos subirão ao Supremo Tribunal Federal logo depois de lavrado o
termo de recurso, com os documentos que o recorrente juntar à sua petição, dentro
do prazo de quinze dias, contado da intimação do despacho, e com os
esclarecimentos que ao presidente do Superior Tribunal Militar ou ao procurador-
geral parecerem convenientes.
CAPÍTULO IX
DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Competência

Art. 570. Caberá recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal das
decisões proferidas em última ou única instância pelo Superior Tribunal Militar, nos
casos previstos na Constituição.

Interposição

Art. 571. O recurso extraordinário será interposto dentro em dez dias, contados da
intimação da decisão recorrida ou da publicação das suas conclusões no órgão
oficial.

A quem deve ser dirigido


Art. 572. O recurso será dirigido ao presidente do Superior Tribunal Militar.

Aviso de seu recebimento e prazo para a impugnação

Art. 573. Recebida a petição do recurso publicar-se-á aviso de seu recebimento. A


petição ficará na Secretaria do Tribunal à disposição do recorrido, que poderá
examiná-la e impugnar o cabimento do recurso, dentro em três dias, contados da
publicação do aviso.

Decisão sobre o cabimento do recurso

Art. 574. Findo o prazo estabelecido no artigo anterior, os autos serão conclusos
ao presidente do Tribunal, tenha ou não havido impugnação, para que decida, no
prazo de cinco dias, do cabimento do recurso.
Motivação

Parágrafo único. A decisão que admitir, ou não, o recurso, será sempre motivada.

Prazo para a apresentação de razões

Art. 575. Admitido o recurso e intimado o recorrido, mandará o presidente do


Tribunal abrir vista dos autos, sucessivamente, ao recorrente e ao recorrido, para
que cada um, no prazo de dez dias, apresente razões, por escrito.
Traslado

Parágrafo único. Quando o recurso subir em traslado, deste constará cópia de


denúncia, do acórdão ou, ou da sentença, assim como das demais peças indicadas
pelo recorrente, devendo ficar concluído dentro em sessenta dias.

Deserção

Art. 576. O recurso considerar-se-á deserto se o recorrente não apresentar razões


dentro do prazo.

Subida do recurso

Art. 577. Apresentadas as razões do recorrente, e findo o prazo para as do


recorrido, os autos serão remetidos, dentro do prazo de quinze dias, à Secretaria do
Supremo Tribunal Federal.

Efeito

Art. 578. O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo.


Agravo da decisão denegatória

Art. 579. Se o recurso extraordinário não for admitido, cabe agravo de instrumento
da decisão denegatória.

Cabimento do mesmo recurso

Art. 580. Cabe, igualmente, agravo de instrumento da decisão, que, apesar de


admitir o recurso extraordinário, obste a sua expedição ou seguimento.

Requerimento das peças do agravo

Art. 581. As peças do agravo, que o recorrente indicará, serão requeridas ao


diretor-geral da Secretaria do Superior Tribunal Militar, nas quarenta e oito horas
seguintes à decisão que denegar o recurso extraordinário.

Prazo para a entrega

Art. 582. O diretor-geral dará recibo da petição à parte, e, no prazo máximo de


sessenta dias, fará a entrega das peças, devidamente conferidas e concertadas.

Normas complementares

Art. 583. O Regimento Interno do Superior Tribunal Militar estabelecerá normas


complementares para o processamento do agravo.
CAPÍTULO X
DA RECLAMAÇÃO

Admissão da reclamação

Art. 584. O Superior Tribunal Militar poderá admitir reclamação do procurador-


geral ou da defesa, a fim de preservar a integridade de sua competência ou
assegurar a autoridade do seu julgado.

Avocamento do processo

Art. 585. Ao Tribunal competirá, se necessário:

a) avocar o conhecimento do processo em que se verifique manifesta usurpação


de sua competência, ou desrespeito de decisão que haja proferido;
b) determinar lhe sejam enviados os autos de recurso para ele interposto e cuja
remessa esteja sendo indevidamente retardada.

Sustentação do pedido
Art. 586. A reclamação, em qualquer dos casos previstos no artigo anterior, deverá
ser instruída com prova documental dos requisitos para a sua admissão.
Distribuição

§ 1º. A reclamação, quando haja relator do processo principal, será a este


distribuída, incumbindo-lhe requisitar informações da autoridade, que as prestará
dentro em quarenta e oito horas. Far-se-á a distribuição por sorteio, se não estiver
em exercício o relator do processo principal.
Suspensão ou remessa dos autos

§ 2º. Em face da prova, poderá ser ordenada a suspensão do curso do processo,


ou a imediata remessa dos autos ao Tribunal.
Impugnação pelo interessado

§ 3º. Qualquer dos interessados poderá impugnar por escrito o pedido do


reclamante.
Audiência do procurador-geral

§ 4º. Salvo quando por ele requerida, o procurador-geral será ouvido, no prazo de
três dias, sobre a reclamação.

Inclusão em pauta

Art. 587. A reclamação será incluída na pauta da primeira sessão do Tribunal que
se realizar após a devolução dos autos, pelo relator, à Secretaria.
Cumprimento imediato

Parágrafo único. O presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da


decisão, lavrando-se depois o respectivo acórdão.

LIVRO IV
DA EXECUÇÃO

TÍTULO I
DA EXECUÇÃO DA SENTENÇA

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Competência
Art. 588. A execução da sentença compete ao auditor da Auditoria por onde correu
o processo, ou, nos casos de competência originária do Superior Tribunal Militar, ao
seu presidente.

Tempo de prisão

Art. 589. Será integralmente levado em conta, no cumprimento da pena, o tempo


de prisão provisória, salvo o disposto no artigo 268.

Incidentes da execução

Art. 590. Todos os incidentes da execução serão decididos pelo auditor, ou pelo
presidente do Superior Tribunal Militar, se for o caso.

Apelação de réu que já sofreu prisão

Art. 591. Verificando nos processos pendentes de apelação, unicamente


interposta pelo réu, que este já sofreu prisão por tempo igual ao da pena a que foi
condenado, mandará o relator pô-lo imediatamente em liberdade.

Quando se torna exeqüível

Art. 592. Somente depois de passada em julgado, será exeqüível a sentença.

Comunicação

Art. 593. O presidente, no caso de sentença proferida originariamente pelo


Tribunal, e o auditor, nos demais casos, comunicarão à autoridade, sob cujas ordens
estiver o réu, a sentença definitiva, logo que transite em julgado.
CAPÍTULO II
DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE

Carta de guia

Art. 594. Transitando em julgado a sentença que impuser pena privativa da


liberdade, se o réu já estiver preso ou vier a ser preso, o auditor ordenará a
expedição da carta de guia, para o cumprimento da pena.

Formalidades

Art. 595. A carta de guia, extraída pelo escrivão e assinada pelo auditor, que
rubricará todas as folhas, será remetida para a execução da sentença:
a) ao comandante ou autoridade correspondente da unidade ou estabelecimento
militar em que tenha de ser cumprida a pena, se esta não ultrapassar de dois anos,
imposta a militar ou assemelhado;
b) ao diretor da penitenciária em que tenha de ser cumprida a pena, quando
superior a dois anos, imposta a militar ou assemelhado ou a civil.

Conteúdo

Art. 596. A carta de guia deverá conter:

a) o nome do condenado, naturalidade, filiação, idade, estado civil, profissão,


posto ou graduação;
b) a data do início e da terminação da pena;
c) o teor da sentença condenatória.

Início do cumprimento

Art. 597. Expedida a carta de guia para o cumprimento da pena, se o réu estiver
cumprindo outra, só depois de terminada a execução desta será aquela executada.
Retificar-se-á a carta de guia sempre que sobrevenha modificação quanto ao início
ou ao tempo de duração da pena.

Conselho Penitenciário

Art. 598. Remeter-se-ão ao Conselho Penitenciário cópia da carta de guia e de


seus aditamentos, quando o réu tiver de cumprir pena em estabelecimento civil.

Execução quando impostas penas de reclusão e de detenção

Art. 599. Se impostas cumulativamente penas privativas da liberdade, será


executada primeiro a de reclusão e depois a de detenção.

Internação por doença mental

Art. 600. O condenado a que sobrevier doença mental, verificada por perícia
médica, será internado em manicômio judiciário ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado, onde lhe sejam assegurados tratamento e custódia.
Parágrafo único. No caso de urgência, o comandante ou autoridade
correspondente, ou o diretor do presídio, poderá determinar a remoção do
sentenciado, comunicando imediatamente a providência ao auditor, que, tendo em
vista o laudo médico, ratificará ou revogará a medida.

Fuga ou óbito do condenado


Art. 601. A autoridade militar ou o diretor do presídio comunicará imediatamente
ao auditor a fuga, a soltura ou o óbito do condenado.
Prágrafo único. A certidão de óbito acompanhará a comunicação.

Recaptura

Art. 602. A recaptura do condenado evadido não depende de ordem judicial,


podendo ser efetuada por qualquer pessoa.

Cumprimento da pena

Art. 603. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto imediatamente em


liberdade, mediante alvará do auditor, no qual se ressalvará a hipótese de dever o
sentenciado continuar na prisão, caso haja outro motivo legal.
Medida de segurança

Parágrafo único. Se houver sido imposta medida de segurança detentiva, irá o


condenado para estabelecimento adequado.
CAPÍTULO III
DAS PENAS PRINCIPAIS NÃO PRIVATIVAS DA LIBERDADE E DAS
ACESSÓRIAS

Comunicação

Art. 604. O auditor dará à autoridade administrativa competente conhecimento da


sentença transitada em julgado, que impuser a pena de reforma ou suspensão do
exercício do posto, graduação, cargo ou função, ou de que resultar a perda de posto,
patente ou função, ou a exclusão das forças armadas.
Inclusão na folha de antecedentes e rol dos culpados

Parágrafo único. As penas acessórias também serão comunicadas à autoridade


administrativa militar ou civil, e figurarão na folha de antecedentes do condenado,
sendo mencionadas, igualmente, no rol dos culpados.

Comunicação complementar

Art. 605. Iniciada a execução das interdições temporárias, o auditor, de ofício, ou a


requerimento do Ministério Público ou do condenado, fará as devidas comunicações
do seu termo final, em complemento às providências determinadas no artigo
anterior.
TÍTULO II
DOS INCIDENTES DA EXECUÇÃO

CAPÍTULO I
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Competência e requisitos para a concessão do benefício

Art. 606. O Conselho de Justiça, o Auditor ou o Tribunal poderão suspender, por


tempo não inferior a dois anos nem superior a seis anos, a execução da pena
privativa da liberdade que não exceda a dois anos, desde que:
a) não tenha o sentenciado sofrido, no País ou no estrangeiro, condenação
irrecorrível por outro crime a pena privativa da liberdde, salvo o disposto no § 1º do
artigo 71 do Código Penal Militar;
b) os antecedentes e a personalidade do sentenciado, os motivos e as
circunstâncias do crime, bem como sua conduta posterior, autorizem a presunção de
que não tornará a delinqüir.
Restrições

Parágrafo único. A suspensão não se estende às penas de reforma, suspensão do


exercício do posto, graduação ou função, ou à pena acessória, nem exclui a medida
de segurança não detentiva.

Pronunciamento

Art. 607. O Conselho de Justiça, o Auditor ou o Tribunal, na decisão que aplicar


pena privativa da liberdade não superior a dois anos, deverão pronunciar-se,
motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a concedam, quer a
deneguem. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)

Condições e regras impostas ao beneficiário

Art. 608. No caso de concessão do benefício, a sentença estabelecerá as


condições e regras a que ficará sujeito o condenado durante o prazo fixado,
começando este a correr da audiência em que for dado conhecimento da sentença
ao beneficiário.
§ 1º. As condições serão adequadas ao delito, ao meio social e à personalidade
do condenado.
§ 2º. Poderão ser impostas, como normas de conduta e obrigações, além das
previstas no artigo 626 deste Código, as seguintes condições:
I - freqüentar curso de habilitação profissional ou de instrução escolar;
II - prestar serviços em favor da comunidade;
III - atender aos encargos de família;
IV - submeter-se a tratamento médico.
§ 3º. Concedida a suspensão, será entregue ao beneficiário um documento similar
ao descrito no artigo 641 ou no seu parágrafo único, deste Código, em que conste,
também, o registro da pena acessória a que esteja sujeito, e haja espaço suficiente
para consignar o cumprimento das condições e normas de conduta impostas.
§ 4º. O Conselho de Justiça poderá fixar, a qualquer tempo, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, outras condições além das especificadas na
sentença e das referidas no parágrafo anterior, desde que as circunstâncias o
aconselhem.
§ 5º. A fiscalização do cumprimento das condições será feita pela entidade
assistencial penal competente segundo a lei local, perante a qual o beneficiário
deverá comparecer, periodicamente, para comprovar a observância das condições
e normas de conduta a que está sujeito, comunicando, também, a sua ocupação, os
salários ou proventos de que vive, as economias que conseguiu realizar e as
dificuldades materiais ou sociais que enfrenta.
§ 6º. A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao Auditor ou ao
representante do Ministério Público Militar, qualquer fato capaz de acarretar a
revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das condições.
§ 7º. Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação à
autoridade judiciária competente e à entidade fiscalizadora do local da nova
residência, aos quais deverá apresentar-se imediatamente. (Parágrafo 1º a 7º
acrescentados pela Lei nº 6.544, de 30.06.1978)

Co-autoria

Art. 609. Em caso de co-autoria, a suspensão poderá ser concedida a uns e


negada a outros.

Leitura da sentença

Art. 610. O auditor, em audiência previamente marcada, lerá ao réu a sentença que
concedeu a suspensão da pena, advertindo-o das conseqüências de nova infração
penal e da transgressão das obrigações impostas.

Concessão pelo Tribunal


Art. 611. Quando for concedida a suspensão pela superior instância, a esta caberá
estabelecer-lhe as condições, podendo a audiência ser presidida por qualquer
membro do Tribunal ou por Auditor designado no acórdão. (Redação dada pela Lei
nº 6.544, de 30.06.1978)

Suspensão sem efeito por ausência do réu

Art. 612. Se, intimado pessoalmente ou por edital, com o prazo de dez dias, não
comparecer o réu à audiência, a suspensão ficará sem efeito e será executada
imediatamente a pena, salvo prova de justo impedimento, caso em que será
marcada nova audiência.

Suspensão sem efeito em virtude de recurso

Art. 613. A suspensão também ficará sem efeito se, em virtude de recurso
interposto pelo Ministério Público, for aumentada a pena, de modo que exclua a
concessão do benefício.

Revogação obrigatória

Art. 614. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:

I - for condenado, na justiça militar ou na comum, por sentença irrecorrível, a pena


privativa da liberdade;
II - não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano;
III - sendo militar, for punido por crime próprio ou por transgressão disciplinar
considerada grave.
Revogação facultativa

§ 1º. A suspensão poderá ser revogada, se o beneficiário:


a) deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença;
b) deixar de observar obrigações inerentes à pena acessória;
c) for irrecorrivelmente condenado a pena que não seja privativa da liberdade.
§ 2º. Quando, em caso do parágrafo anterior, o Juiz não revogar a suspensão,
deverá:
a) advertir o beneficiário; ou
b) exacerbar as condições ou, ainda,
c) prorrogar o período de suspensão até o máximo, se esse limite não foi o fixado.
Declaração de prorrogação
§ 3º. Se o beneficiário estiver respondendo a processo, que, no caso de
condenação, poderá acarretar a revogação, o Juiz declarará, por despacho, a
prorrogação do prazo da suspensão até sentença passada em julgado, fazendo as
comunicações necessárias nesse sentido. (Redação dada ao artigo pela Lei nº
6.544, de 30.06.1978)

Extinção da pena

Art. 615. Expirado o prazo da suspensão, ou da prorrogação, sem que tenha


havido motivo de revogação, a pena privativa da liberdade será declarada extinta.

Averbação

Art. 616. A condenação será inscrita, com a nota de suspensão, em livro especial
do Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere, civil ou militar,
averbando-se, mediante comunicação do auditor ou do Tribunal, a revogação da
suspensão ou a extinção da pena. Em caso de revogação, será feita averbação
definitiva no Registro Geral.
§ 1º. O registro será secreto, salvo para efeito de informações requisitadas por
autoridade judiciária, em caso de novo processo.
§ 2º. Não se aplicará o disposto no § 1º quando houver sido imposta, ou resultar de
condenação, pena acessória consistente em interdição de direitos.

Crimes que impedem a medida

Art. 617. A suspensão condicional da pena não se aplica:

I - em tempo de guerra;
II - em tempo de paz:
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência
contra superior, oficial de serviço, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito a
superior e desacato, de insubordinação, insubmissão ou de deserção;
b) pelos crimes previstos nos artigos 160, 161, 162, 235, 291 e parágrafo único,
nºs. I a IV, do Código Penal Militar.
CAPÍTULO II
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Condições para a obtenção do livramento condicional

Art. 618. O condenado a pena de reclusão ou detenção por tempo igual ou


superior a dois anos pode ser liberado condicionalmente, desde que:
I - tenha cumprido:
a) a metade da pena, se primário;
b) dois terços, se reincidente;
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime;
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às
circunstâncias atinentes à sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa
permitam supor que não voltará a delinqüir.
Atenção à pena unificada

§ 1º. No caso de condenação por infrações penais em concurso, deve ter-se em


conta a pena unificada.
Redução do tempo

§ 2º. Se o condenado é primário e menor de vinte e um ou maior de setenta anos,


o tempo de cumprimento da pena pode ser reduzido a um terço.

Os que podem requerer a medida

Art. 619. O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento do


sentenciado, de seu cônjuge ou parente em linha reta, ou por proposta do diretor do
estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário, ou órgão
equivalente, incumbindo a decisão ao auditor, ou ao Tribunal se a sentença houver
sido proferida em única instância.
§ 1º. A decisão será fundamentada.
§ 2º. São indispensáveis a audiência prévia do Ministério Público e a do Conselho
Penitenciário, ou órgão equivalente, se deste não for a iniciativa.

Verificação das condições

Art. 620. As condições de admissibilidade, conveniência e oportunidade da


concessão da medida serão verificadas em cada caso pelo Conselho Penitenciário
ou órgão equivalente, a cujo parecer não ficará, entretanto, adstrito o juiz ou Tribunal.

Relatório do diretor do presídio

Art. 621. O diretor do estabelecimento penal remeterá ao Conselho Penitenciário


minucioso relatório sobre:
a) o caráter do sentenciado, tendo em vista os seus antecedentes e a sua conduta
na prisão;
b) a sua aplicação ao trabalho, trato com os companheiros e grau de instrução e
aptidão profissional;
c) a sua situação financeira e propósitos quanto ao futuro.
Prazo para a remessa do relatório

Parágrafo único. O relatório será remetido, dentro em vinte dias, com o prontuário
do sentenciado. Na falta deste, o Conselho opinará livremente, comunicando à
autoridade competente a omissão do diretor da prisão.

Medida de segurança detentiva. Exame para comprovar a cessação de


periculosidade

Art. 622. Se tiver sido imposta medida de segurança detentiva, não poderá ser
concedido o livramento, sem que se verifique, mediante exame das condições do
sentenciado, a cessação da periculosidade.
Exame mental no caso de medida de segurança detentiva

Parágrafo único. Se consistir a medida de segurança na internação em casa de


custódia e tratamento, proceder-se-á a exame mental do sentenciado.

Petição ou proposta de livramento

Art. 623. A petição ou proposta de livramento será remetida ao auditor ou ao


Tribunal pelo Conselho Penitenciário, com a cópia do respectivo parecer e do
relatório do diretor da prisão.
Remessa ao juiz do processo

§ 1º. Para emitir parecer, poderá o Conselho Penitenciário requisitar os autos do


processo.
§ 2º. O juiz ou o Tribunal mandará juntar a petição ou a proposta com os
documentos que acompanharem os autos do processo, e proferirá a decisão,
depois de ouvido o Ministério Público.

Indeferimento in limine

Art. 624. Na ausência de qualquer das condições previstas no artigo 618, será
liminarmente indeferido o pedido.

Especificação das condições

Art. 625. Sendo deferido o pedido, a decisão especificará as condições a que


ficará subordinado o livramento.
Normas obrigatórias para obtenção do livramento

Art. 626. Serão normas obrigatórias impostas ao sentenciado que obtiver o


livramento condicional:
a) tomar ocupação, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho;
b) não se ausentar do território da jurisdição do juiz, sem prévia autorização;
c) não portar armas ofensivas ou instrumentos capazes de ofender;
d) não freqüentar casas de bebidas alcoólicas ou de tavolagem;
e) não mudar de habitação, sem aviso prévio à autoridade competente.

Residência do liberado fora da jurisdição do juiz da execução

Art. 627. Se for permitido ao liberado residir fora da jurisdição do juiz da execução,
será remetida cópia da sentença à autoridade judiciária do local para onde se
houver transferido, ou ao patronato oficial, ou órgão equivalente.
Vigilância da autoridade policial

Parágrafo único. Na falta de patronato oficial ou órgão equivalente, ou de particular,


dirigido ou inspecionado pelo Conselho Penitenciário, ficará o liberado sob
observação cautelar realizada por serviço social penitenciário ou órgão similar.

Pagamento de custas e taxas

Art. 628. Salvo em caso de insolvência, o liberado ficará sujeito ao pagamento de


custas e taxas penitenciárias.

Carta de guia

Art. 629. Concedido o livramento, será expedida carta de guia com a cópia de
sentença em duas vias, remetendo-se uma ao diretor da prisão e a outra ao
Conselho Penitenciário, ou órgão equivalente.

Finalidade da vigilância

Art. 630. A vigilância dos órgãos dela incumbidos, exercer-se-á para o fim de:

a) proibir ao liberado a residência, estada ou passagem nos locais indicados na


sentença;
b) permitir visitas e buscas necessárias à verificação do procedimento do liberado;
c) deter o liberado que transgredir as condições estabelecidas na sentença,
comunicando o fato não só ao Conselho Penitenciário, como também ao juiz da
execução, que manterá, ou não, a detenção.
Transgressão das condições impostas ao liberado

Parágrafo único. Se o liberado transgredir as condições que lhe foram impostas na


sentença, poderá o Conselho Penitenciário representar ao auditor, ou ao Conselho
de Justiça, ou ao Tribunal, para o efeito de ser revogado o livramento.

Revogação da medida por condenação durante a sua vigência

Art. 631. Se por crime ou contravenção penal vier o liberado a ser condenado a
pena privativa da liberdade, por sentença irrecorrível, será revogado o livramento
condicional.

Revogação por outros motivos

Art. 632. Poderá também ser revogado o livramento se o liberado:

a) deixar de cumprir quaisquer das obrigaçõconstantes da sentença;


b) for irrecorrivelmente condenado, por motivo de contravenção penal, embora a
pena não seja privativa da liberdade;
c) sofrer, se militar, punição por transgressão disciplinar considerada grave.

Novo livramento. Soma do tempo de infrações

Art. 633. Se o livramento for revogado por motivo de infração penal anterior à sua
vigência, computar-se-á no tempo da pena o período em que esteve solto, sendo
permitida, para a concessão do novo livramento, a soma do tempo das duas penas.

Tempo em que esteve solto o liberado

Art. 634. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o
tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à
mesma pena, novo livramento.

Órgãos e autoridades que podem requerer a revogação

Art. 635. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público ou


mediante representação do Conselho Penitenciário, ou dos patronatos oficiais, ou
do órgão a que incumbir a vigilância, ou de ofício, podendo ser ouvido antes o
liberado e feitas diligências, permitida a produção de provas, no prazo de cinco
dias, sem prejízo do disposto no artigo 630, letra c.
Modificação das condições impostas

Art. 636. O auditor ou o Tribunal, a requerimento do Ministério Público ou do


Conselho Penitenciário, dos patronatos ou órgão de vigilância, poderá modificar as
normas de conduta impostas na sentença, devendo a respectiva decisão ser lida ao
liberado por uma das autoridades ou um dos funcionários indicados no artigo 639,
letra a, com a observância do disposto nas letras b e c, e §§ 1º e 2º do mesmo
artigo.

Processo no curso do livramento

Art. 637. Praticando o liberado nova infração, o auditor ou o Tribunal poderá


ordenar a sua prisão, ouvido o Conselho Penitenciário, ficando suspenso o curso do
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, dependerá da decisão final do
novo processo.

Extinção da pena

Art. 638. O juiz, de ofício ou a requerimento do interessado, do Ministério Público


ou do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa da liberdade, se
expirar o prazo do livramento sem revogação ou, na hipótese do artigo anterior, for o
liberado absolvido por sentença irrecorrível.

Cerimônia do livramento

Art. 639. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente, em


dia marcado pela autoridade que deva presidi-la, observando-se o seguinte:
a) a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais presos, salvo motivo
relevante, pelo presidente do Conselho Penitenciário, ou por quem o represente
junto ao estabelecimento penal, ou na falta, pela autoridade judiciária local;
b) o diretor do estabelecimento penal chamará a atenção do liberando para as
condições impostas na sentença que concedeu o livramento;
c) o preso deverá, a seguir, declarar se aceita as condições.
§ 1º. De tudo se lavrará termo em livro próprio, subscrito por quem presidir a
cerimônia, e pelo liberando, ou alguém a rogo, se não souber ou não puder escrever.
§ 2º. Desse termo se enviará cópia à Auditoria por onde correu o processo, ou ao
Tribunal.

Caderneta e conteúdo para o fim de a exibir às autoridades


Art. 640. Ao deixar a prisão, receberá o liberado, além do saldo do seu pecúlio e
do que lhe pertencer, uma caderneta que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigido.

Conteúdo da caderneta

Art. 641. A caderneta conterá:

a) a reprodução da ficha de identidade, com o retrato do liberado, sua qualificação


e sinais característicos;
b) o texto impresso ou datilografado dos artigos do presente capítulo;
c) as condições impostas ao liberado.
Salvo-conduto

Parágrafo único. Na falta da caderneta, será entregue ao liberado um salvo-


conduto, de que constem as condições do livramento, podendo substituir-se a ficha
de identidade e o retrato do liberado pela descrição dos sinais que o identifiquem.

Crimes que excluem o livramento condicional

Art. 642. Não se aplica o livramento condicional ao condenado por crime cometido
em tempo de guerra.
Casos especiais

Parágrafo único. Em tempo de paz, pelos crimes referidos no artigo 97 do Código


Penal Militar, o livramento condicional só será concedido após o cumprimento de
dois terços da pena, observado ainda o disposto no artigo 618, nºs I, letra c, II e III, e
§§ 1º e 2º.

Nota: O art. 618, I, não contém a alínea c )

TÍTULO III
DO INDULTO, DA COMUTAÇÃO DA PENA, DA ANISTIA E DA
REABILITAÇÃO

CAPÍTULO I
DO INDULTO, DA COMUTAÇÃO DA PENA E DA ANISTIA

Requerimento
Art. 643. O indulto e a comutação da pena são concedidos pelo presidente da
República e poderão ser requeridos pelo condenado ou, se não souber escrever,
por procurador ou pessoa a seu rogo.

Caso de remessa ao ministro da Justiça

Art. 644. A petição será remetida ao ministro da Justiça, por intermédio do


Conselho Penitenciário, se o condenado estiver cumprindo pena em penitenciária
civil.

Audiência do Conselho Penitenciário

Art. 645. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo, e depois de


ouvir o diretor do estabelecimento penal a que estiver recolhido o condenado, fará,
em relatório, a narração do fato criminoso, apreciará as provas, apontará qualquer
formalidade ou circunstância omitida na petição e exporá os antecedentes do
condenado, bem como seu procedimento durante a prisão, opinando, a final, sobre o
mérito do pedido.

Condenado militar. Encaminhamento do pedido

Art. 646. Em se tratando de condenado militar ou assemelhado, recolhido a


presídio militar, a petição será encaminhada ao Ministério a que pertencer o
condenado, por intermédio do comandante, ou autoridade equivalente, sob cuja
administração estiver o presídio.
Relatório da autoridade militar

Parágrafo único. A autoridade militar que encaminhar o pedido fará o relatório de


que trata o artigo 645.

Faculdade do Presidente da República de conceder espontaneamento o


indulto e a comutação

Art. 647. Se o presidente da República decidir, de iniciativa própria, conceder o


indulto ou comutar a pena, ouvirá, antes, o Conselho Penitenciário ou a autoridade
militar a que se refere o artigo 646.

Modificação da pena ou extinção da punibilidade

Art. 648. Concedido o indulto ou comutada a pena, o juiz de ofício, ou por iniciativa
do interessado ou do Ministério Público, mandará juntar aos autos a cópia do
decreto, a cujos termos ajustará a execução da pena, para modificá-la, ou declarar a
extinção da punibilidade.
Recusa

Art. 649. O condenado poderá recusar o indulto ou a comutação da pena.

Extinção da punibilidade pela anistia

Art. 650. Concedida a anistia, após transitar em julgado a sentença condenatória,


o auditor, de ofício, ou por iniciativa do interessado ou do Ministério Público,
declarará extinta a punibilidade.
CAPÍTULO II
DA REABILITAÇÃO

Requerimentos e requisitos

Art. 651. A reabilitação poderá ser requerida ao Auditor da Auditoria por onde
correu o processo, após cinco anos contados do dia em que for extinta, de qualquer
modo, a pena principal ou terminar sua execução, ou do dia em que findar o prazo
de suspensão condicional da pena ou do livramento condicional, desde que o
condenado tenha tido, durante aquele prazo, domicílio no País.
Parágrafo único. Os prazos para o pedido serão contados em dobro no caso de
criminoso habitual ou por tendência.

Instrução do requerimento

Art. 652. O requerimento será instruído com:

a) certidões comprobatórias de não ter o requerente respondido, nem estar


respondendo a processo, em qualquer dos lugares em que houver residido durante o
prazo a que se refere o artigo anterior;
b) atestados de autoridades policiais ou outros documentos que comprovem ter
residido nos lugares indicados, e mantido, efetivamente, durante esse tempo, bom
comportamento público e privado;
c) atestados de bom comportamento fornecidos por pessoas a cujo serviço tenha
estado;
d) prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou da absoluta
impossibilidade de o fazer até o dia do pedido, ou documento que comprove a
renúncia da vítima ou novação da dívida.

Ordenação de diligências
Art. 653.O auditor poderá ordenar as diligências necessárias para a apreciação
do pedido, cercando-as do sigilo possível e ouvindo, antes da decisão, o Ministério
Público.

Recurso de ofício

Art. 654. Haverá recurso de ofício da decisão que conceder a reabilitação.

Comunicação ao Instituto de Identificação e Estatística

Art. 655. A reabilitação, depois da sentença irrecorrível, será comunicada ao


Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere.

Menção proibida de condenação

Art. 656. A condenação ou condenações anteriores não serão mencionadas na


folha de antecedentes do reabilitado, nem em certidão extraída dos livros do juízo,
salvo quando requisitadas por autoridade judiciária criminal.

Renovação do pedido de reabilitação

Art. 657. Indeferido o pedido de reabilitação, não poderá o condenado renová-lo,


senão após o decurso de dois anos, salvo se o indeferimento houver resultado de
falta ou insuficiência de documentos.

Revogação da reabilitação

Art. 658. A revogação da reabilitação será decretada pelo auditor, de ofício ou a


requerimento do interessado, ou do Ministério Público, se a pessoa reabilitada for
condenada, por decisão definitiva, ao cumprimento de pena privativa da liberdade.

TÍTULO IV

CAPÍTULO ÚNICO
DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Aplicação das medidas de segurança durante a execução da pena

Art. 659. Durante a execução da pena ou durante o tempo em que a ela se furtar o
condenado, poderá ser imposta medida de segurança, se não a houver decretado a
sentença, e fatos anteriores, não apreciados no julgamento, ou fatos subseqüentes,
demonstrarem a sua periculosidade.
Imposição da medida ao agente isento de pena, ou perigoso

Art. 660. Ainda depois de transitar em julgado a sentença absolutória, poderá ser
imposta medida de segurança, enquanto não decorrer tempo equivalente ao de sua
duração mínima, ao agente absolvido no caso do artigo 48 do Código Penal Militar,
ou a que a lei, por outro modo, presuma perigoso.

Aplicação pelo juiz

Art. 661. A aplicação da medida de segurança, nos casos previstos neste capítulo,
incumbirá ao juiz da execução e poderá ser decretada de ofício ou a requerimento
do Ministério Público.
Fatos indicativos de periculosidade

Parágrafo único. O diretor do estabelecimento que tiver ciência de fatos indicativos


de periculosidade do condenado a quem não tiver sido imposta medida de
segurança, deverá logo comunicá-los ao juiz da execução.

Diligências

Art. 662. Depois de proceder às diligências que julgar necessárias, o juiz ouvirá o
Ministério Público e o condenado, concedendo a cada um o prazo de três dias para
alegações.
§ 1º. Será dado defensor ao condenado que o requerer.
§ 2º. Se o condenado estiver foragido, o juiz ordenará as diligências que julgar
convenientes, ouvido o Ministério Público, que poderá apresentar provas dentro do
prazo que lhe for concedido.
§ 3º. Findos os prazos concedidos ao condenado e ao Ministério Público, o juiz
proferirá a sua decisão.

Tempo da internação

Art. 663. A internação, no caso previsto no artigo 112 do Código Penal Militar, é
por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante
perícia médica, a cessação da periculosidade do internado.
Perícia médica

§ 1º. A perícia médica é realizada no prazo mínimo fixado à internação e, não


sendo esta revogada, deve ser repetida de ano em ano.
§ 2º. A desinternação é sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação
anterior se o indivíduo, dentro do decurso de um ano, vier a praticar fato indicativo de
persistência da periculosidade.
Internação de indivíduos em estabelecimentos adequados

Art. 664. Os condenados que se enquadrem no parágrafo único do artigo 48 do


Código Penal Militar, bem como os que forem reconhecidos como ébrios habituais
ou toxicômanos, recolhidos a qualquer dos estabelecimentos a que se refere o artigo
113 do referido Código, não serão transferidos para a prisão, se sobrevier a cura.

Novo exame mental

Art. 665. O juiz, no caso do artigo 661, ouvirá o curador já nomeado ou que venha a
nomear, podendo mandar submeter o paciente a novo exame mental, internando-o,
desde logo, em estabelecimento adequado.

Regime dos internados

Art. 666. O trabalho nos estabelecimentos referidos no artigo 113 do Código Penal
Militar será educativo e remunerado, de modo a assegurar ao internado meios de
subsistência, quando cessar a internação.

Exílio local

Art. 667. O exílio local consiste na proibição ao condenado de residir ou


permanecer, durante um ano, pelo menos, na comarca, município ou localidade em
que o crime foi praticado.
Comunicação

Parágrafo único. Para a execução dessa medida, o juiz comunicará sua decisão à
autoridade policial do lugar ou dos lugares onde o exilado está proibido de
permanecer ou residir.

Proibição de freqüentar determinados lugares

Art. 668. A proibição de freqüentar determinados lugares será também


comunicada à autoridade policial, para a devida vigilância.

Fechamento de estabelecimentos e interdição de associações

Art. 669. A medida de fechamento de estabelecimento ou interdição de


associação será executada pela autoridade policial, mediante mandado judicial.

Transgressão das medidas de segurança

Art. 670. O transgressor de qualquer das medidas de segurança a que se referem


os artigos 667, 668 e 669. será responsabilizado por crime de desobediência contra
a administração da Justiça Militar, devendo o juiz, logo que a autoridade policial lhe
faça a devida comunicação, mandá-la juntar aos autos, e dar vista ao Ministério
Público, para os fins de direito.

Cessação da periculosidade. Verificação

Art. 671. A cessação, ou não, da periculosidade é verificada ao fim do prazo


mínimo da duração da medida de segurança, pelo exame das condições da pessoa
a que tiver sido imposta, observando-se o seguinte:
Relatório

a) o diretor do estabelecimento de internação ou a autoridade incumbida da


vigilância, até um mês antes de expirado o prazo da duração mínima da medida, se
não for inferior a um ano, ou a quinze dias, nos outros casos, remeterá ao juiz da
execução minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a cessação ou
permanência da medida;
Acompanhamento do laudo

b) se o indivíduo estiver internado em manicômio judiciário ou em qualquer dos


estabelecimentos a que se refere o artigo 113 do Código Penal Militar, o relatório
será acompanhado do laudo de exame pericial, feito por dois médicos designados
pelo diretor do estabelecimento;
Conveniência ou revogação da medida

c) o diretor do estabelecimento de internação, ou a autoridade policial, deverá, no


relatório, concluir pela conveniência, ou não, da revogação da medida de segurança;
Ordenação de diligências

d) se a medida de segurança for de exílio local, ou proibição de freqüentar


determinados lugares, o juiz da execução, até um mês ou quinze dias antes de
expirado o prazo mínimo de duração, ordenará as diligências necessárias, para
verificar se desapareceram as causas da aplicação da medida;
Audiência das partes

e) junto aos autos o relatório, ou realizadas as diligências, serão ouvidos,


sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de três dias;
Ordenação de novas diligências

f) o juiz, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar


novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mínima da medida de
segurança;
Decisão e prazo
g) ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o parágrafo
anterior, será proferida a decisão no prazo de cinco dias.

Revogação da licença para direção de veículo

Art. 672. A interdição prevista no artigo 115 do Código Penal Militar poderá ser
revogada antes de expirado o prazo estabelecido, se for averiguada a cessação do
perigo condicionante da sua aplicação; se, porém, o perigo persiste ao término do
prazo, será este prorrogado enquanto não cessar aquele.

Confisco

Art. 673. O confisco de instrumentos e produtos do crime, no caso previsto no


artigo 119 do Código Penal, Militar, será decretado no despacho de arquivamento
do inquérito.

Restrições quanto aos militares

Art. 674. Aos militares ou assemelhados, que não hajam perdido essa qualidade,
somente são aplicáveis as medidas de segurança previstas nos casos dos artigos
112 e 115 do Código Penal Militar.

LIVRO V

TÍTULO ÚNICO
DA JUSTIÇA MILITAR EM TEMPO DE GUERRA

CAPÍTULO I
DO PROCESSO

Remessa de inquérito à Justiça

Art. 675. Os autos do inquérito, do flagrante, ou documentos relativos ao crime


serão remetidos à Auditoria, pela autoridade militar competente.
§ 1º. O prazo para a conclusão do inquérito é de cinco dias, podendo, por motivo
excepcional, ser prorrogado por mais três dias.
§ 2º. Nos casos de violência praticada contra inferior para compeli-lo ao
cumprimento do dever legal ou em repulsa a agressão, os autos do inquérito serão
remetidos diretamente ao Conselho Superior, que determinará o arquivamento, se o
fato estiver justificado; ou, em caso contrário, a instauração de processo.
Oferecimento da denúncia e seu conteúdo e regras

Art. 676. Recebidos os autos do inquérito, do flagrante, ou documentos, o auditor


dará vista imediata ao procurador que, dentro de vinte e quatro horas, oferecerá a
denúncia, contendo:
a) o nome do acusado e sua qualificação;
b) a exposição sucinta dos fatos;
c) a classificação do crime;
d) a indicação das circunstâncias agravantes expressamente previstas na lei penal
e a de todos os fatos e circunstâncias que devam influir na fixação da pena;
e) a indicação de duas a quatro testemunhas.
Parágrafo único. Será dispensado o rol de testemunhas, se a denúncia se fundar
em prova documental.

Recebimento da denúncia e citação

Art. 677. Recebida a denúncia, mandará o auditor citar incontinenti o acusado e


intimar as testemunhas, nomeando-lhe defensor o advogado de ofício, que terá vista
dos autos em cartório, pelo prazo de vinte e quatro horas, podendo, dentro desse
prazo, oferecer defesa escrita e juntar documentos.

Parágrafo único. O acusado poderá dispensar a assistência de advogado, se


estiver em condições de fazer sua defesa.

Julgamento à revelia

Art. 678. O réu preso será requisitado, devendo ser processado e julgado à revelia,
independentemente de citação, se se ausentar sem permissão.

Instrução criminal

Art. 679. Na audiência de instrução criminal, que será iniciada vinte e quatro horas
após a citação, qualificação e interrogatório do acusado, proceder-se-á à inquirição
das testemunhas de acusação, pela forma prescrita neste Código.
§ 1º. Em seguida, serão ouvidas até duas testemunhas de defesa, se
apresentadas no ato.
§ 2º. As testemunhas de defesa que forem militares poderão ser requisitadas, se o
acusado o requerer, e for possível o seu comparecimento em juízo.
§ 3º. Será na presença do escrivão a vista dos autos às partes, para alegações
escritas.
Dispensa de comparecimento do réu

Art. 680. É dispensado o comparecimento do acusado à audiência de julgamento,


se assim o desejar.

Questões preliminares

Art. 681. As questões preliminares ou incidentes, que forem suscitadas, serão


resolvidas, conforme o caso, pelo auditor ou pelo Conselho de Justiça.

Rejeição da denúncia

Art. 682. Se o procurador não oferecer denúncia, ou se esta for rejeitada, os autos
serão remetidos ao Conselho Superior de Justiça Militar, que decidirá de forma
definitiva a respeito do oferecimento.

Julgamento de praça ou civil

Art. 683. Sendo praça ou civil o acusado, o auditor procederá ao julgamento em


outra audiência, dentro em quarenta e oito horas. O procurador e o defensor terão,
cada um, vinte minutos, para fazer oralmente suas alegações.
Parágrafo único. Após os debates orais, o auditor lavrará a sentença, dela
mandando intimar o procurador e o réu, ou seu defensor.

Julgamento de oficiais

Art. 684. No processo a que responder oficial até o posto de tenente-coronel,


inclusive, proceder-se-á ao julgamento pelo Conselho de Justiça, no mesmo dia da
sua instalação.
Lavratura da sentença

Parágrafo único. Prestado o compromisso pelos juízes nomeados, serão lidas pelo
escrivão as peças essenciais do processo e, após os debates orais, que não
excederão o prazo fixado pelo artigo anterior, passará o Conselho a deliberar em
sessão secreta, devendo a sentença ser lavrada dentro do prazo de vinte e quatro
horas.

Certidão da nomeação dos juízes militares

Art. 685. A nomeação dos juízes do Conselho constará dos autos do processo, por
certidão.
Parágrafo único. O procurador e o acusado, ou seu defensor, serão intimados da
sentença no mesmo dia em que esta for assinada.
Suprimento do extrato da fé de ofício ou dos assentamentos

Art. 686. A falta do extrato da fé de ofício ou dos assentamentos do acusado


poderá ser suprida por outros meios informativos.

Classificação do crime

Art. 687. Os órgãos da Justiça Militar, tanto em primeira como em segunda


instância, poderão alterar a classificação do crime, sem todavia inovar a acusação.
Parágrafo único. Havendo impossibilidade de alterar a classificação do crime, o
processo será anulado, devendo ser oferecida nova denúncia.

Julgamento em grupos no mesmo processo

Art. 688. Quando, na denúncia, figurarem diversos acusados, poderão ser


processados e julgados em grupos, se assim o aconselhar o interesse da Justiça.

Procurador em processo originário perante o Conselho Superior

Art. 689. Nos processos a que responderem oficiais generais, coronéis ou


capitães-de-mar-e-guerra, as funções do Ministério Público serão desempenhadas
pelo procurador que servir junto ao Conselho Superior de Justiça Militar.
§ 1º. A instrução criminal será presidida pelo auditor que funcionar naquele
Conselho, cabendo-lhe ainda relatar os processos para julgamento.
§ 2º. O oferecimento da denúncia, citação do acusado, intimação de testemunhas,
nomeação de defensor, instrução criminal, julgamento e lavratura da sentença, reger-
se-ão, no que lhes for aplicável, pelas normas estabelecidas para os processos da
competência do auditor e do Conselho de Justiça.

Crimes de responsabilidade

Art. 690. Oferecida a denúncia, nos crimes de responsabilidade, o auditor


mandará intimar o denunciado para apresentar defesa dentro do prazo de dois dias,
findo o qual decidirá sobre o recebimento, ou não, da denúncia, submetendo o
despacho, no caso de rejeição, à decisão do Conselho.

Recursos das decisões do Conselho Superior de Justiça

Art. 691. Das decisões proferidas pelo Conselho Superior de Justiça, nos
processos de sua competência originária, somente caberá o recurso de embargos.

Desempenho da função de escrivão


Art. 692. As funções de escrivão serão desempenhadas pelo secretário do
Conselho, e as de oficial de justiça por uma praça graduada.

Processo e julgamento de desertores

Art. 693. No processo de deserção observar-se-á o seguinte:

I - após o transcurso do prazo de graça, o comandante ou autoridade militar


equivalente, sob cujas ordens servir o oficial ou praça, fará lavrar um termo com
todas as circunstâncias, assinado por duas testemunhas, equivalendo esse termo à
formação da culpa;
II - a publicação da ausência em boletim substituirá o edital;
III - os documentos relativos à deserção serão remetidos ao auditor, após a
apresentação ou captura do acusado, e permanecerão em cartório pelo prazo de
vinte e quatro horas, com vista ao advogado de ofício, para apresentar defesa
escrita, seguindo-se o julgamento pelo Conselho de Justiça, conforme o caso.
CAPÍTULO II
DOS RECURSOS

Recurso das decisões do Conselho e do auditor

Art. 694. Das sentenças de primeira instância caberá recurso de apelação para o
Conselho Superior de Justiça Militar.
Parágrafo único. Não caberá recurso de decisões sobre questões incidentes, que
poderão, entretanto, ser renovadas na apelação.

Prazo para a apelação

Art. 695. A apelação será interposta dentro em vinte e quatro horas, a contar da
intimação da sentença ao procurador e ao defensor do réu, revel ou não.

Recurso de ofício

Art. 696. Haverá recurso de ofício:

a) da sentença que impuser pena restritiva da liberdade superior a oito anos;


b) quando se tratar de crime a que a lei comina pena de morte e a sentença for
absolutória, ou não aplicar a pena máxima.

Razões do recurso
Art. 697. As razões do recurso serão apresentadas, com a petição, em cartório.
Conclusos os autos ao auditor, este os remeterá, incontinenti, à instância superior.

Processo de recurso e seu julgamento

Art. 698. Os autos serão logo conclusos ao relator, que mandará abrir vista ao
representante do Ministério Público, a fim de apresentar parecer, dentro em vinte e
quatro horas.

Estudo dos autos pelo relator

Art. 699. O relator estudará os autos no intervalo de duas sessões.

Exposição pelo relator

Art. 700. Anunciado o julgamento pelo presidente, o relator fará a exposição dos
fatos.

Alegações orais

Art. 701. Findo o relatório, poderão o defensor e o procurador fazer alegações


orais por quinze minutos, cada um.

Decisão pelo Conselho

Art. 702. Discutida a matéria, o Conselho Superior proferirá sua decisão.

§ 1º. O relator será o primeiro a votar, sendo o presidente o último.


§ 2º. O resultado do julgamento constará da ata que será junta ao processo. A
decisão será lavrada dentro em dois dias, salvo motivo de força maior.

Não-cabimento de embargos

Art. 703. As sentenças proferidas pelo Conselho Superior, como Tribunal de


segunda instância, não são suscetíveis de embargos.

Efeitos da apelação

Art. 704. A apelação do Ministério Público devolve o pleno conhecimento do feito


ao Conselho Superior.

Casos de embargos

Art. 705. O recurso de embargos, nos processos originários, seguirá as normas


estabelecidas para a apelação.
Não-cabimento de habeas corpus ou revisão

Art. 706. Não haverá habeas corpus, nem revisão.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS RELATIVAS À JUSTIÇA MILITAR EM TEMPO DE
GUERRA

Execução da pena de morte

Art. 707. O militar que tiver de ser fuzilado sairá da prisão com uniforme comum e
sem insígnias, e terá os olhos vendados, salvo se o recusar, no momento em que
tiver de receber as descargas. As vozes de fogo serão substituídas por sinais.
§ 1º. O civil ou assemelhado será executado nas mesmas condições, devendo
deixar a prisão decentemente vestido.
Socorro espiritual

§ 2º. Será permitido ao condenado receber socorro espiritural.


Data para a execução

§ 3º. A pena de morte só será executada sete dias após a comunicação ao


presidente da República, salvo se imposta em zona de operações de guerra e o
exigir o interesse da ordem e da disciplina.

Lavratura de ata

Art. 708. Da execução da pena de morte lavrar-se-á ata circunstanciada que,


assinada pelo executor e duas testemunhas, será remetida ao comandante-chefe,
para ser publicada em boletim.

Sentido da expressão "forças em operação de guerra"

Art. 709. A expressão "forças em operação de guerra'' abrange qualquer força


naval, terrestre ou aérea, desde o momento de seu deslocamento para o teatro das
operações até o seu regresso, ainda que cessadas as hostilidades.

Comissionamento em postos militares

Art. 710. Os auditores, procuradores, advogados de ofício e escrivães da Justiça


Militar, que acompanharem as forças em operação de guerra, serão comissionados
em postos militares, de acordo com as respectivas categorias funcionais.

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS


Art. 711. Nos processos pendentes na data da entrada em vigor deste Código,
observar-se-á o seguinte:
a) aplicar-se-ão à prisão provisória as disposições que forem mais favoráveis ao
indiciado ou acusado;
b) o prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será
regulado pela lei anterior, se esta não estatuir prazo menor do que o fixado neste
Código;
c) se a produção da prova testemunhal tiver sido iniciada, o interrogatório do
acusado far-se-á de acordo com as normas da lei anterior;
d) as perícias já iniciadas, bem como os recursos já interpostos, continuarão a
reger-se pela lei anterior.
Art. 712. Os processos da Justiça Militar não são sujeitos a custas, emolumentos,
selos ou portes de correio, terrestre, marítimo ou aéreo.
Art. 713. As certidões, em processos findos arquivados no Superior Tribunal
Militar, serão requeridas ao diretor-geral da sua Secretaria, com a declaração da
respectiva finalidade.
Art. 714. Os juízes e os membros do Ministério Público poderão requisitar
certidões ou cópias autênticas de peças de processo arquivado, para instrução de
processo em andamento, dirigindo-se, para aquele fim, ao serventuário ou
funcionário responsável pela sua guarda. No Superior Tribunal Militar, a requisição
será feita por intermédio do diretor-geral da Secretaria daquele Tribunal.
Art. 715. As penas pecuniárias cominadas neste Código serão cobradas
executivamente e, em seguida, recolhidas ao erário federal. Tratando-se de
militares, funcionários da Justiça Militar ou dos respectivos Ministérios, a execução
da pena pecuniária será feita mediante desconto na respectiva folha de pagamento.
O desconto não excederá, em cada mês, a dez por cento dos respectivos
vencimentos.
Art. 716. O presidente do Tribunal, o procurador-geral e o auditor requisitarão
diretamente das companhias de transportes terrestres, marítimos ou aéreos, nos
termos da lei e para fins exclusivos do serviço judiciário, que serão declarados na
requisição, passagens para si, juízes dos Conselhos, procuradores e auxiliares da
Justiça Militar. Terão, igualmente, bem como os procuradores, para os mesmos fins,
franquia postal e telegráfica.
Art. 717. O serviço judicial pretere a qualquer outro, salvo os casos previstos neste
Código.
Art. 718. Este Código entrará em vigor a 1º de janeiro de 1970, revogadas as
disposições em contrário.
Brasília, 21 de outubro de 1969; 148º da Independência e 81º da República.

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD

AURÉLIO DE LYRA TAVARES

MÁRCIO DE SOUZA E MELLO

Luís Antônio da Gama e Silva


L4117

LEI Nº 4.117, DE 27 DE AGOSTO DE 1962.


Institui o Código Brasileiro de Telecomunicações.

Obs.: Esta lei está revogada parcialmente, salvo quanto a matéria penal não tratada na Lei nº
9.472, de 16/07/97 e quanto aos preceitos relativos à radiodifusão.

Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Introdução

Art. 1º Os serviços de telecomunicações em todo o território do País, inclusive águas territoriais e


espaço aéreo, assim como nos lugares em que princípios e convenções internacionais lhes
reconheçam extraterritorialidade obedecerão aos preceitos da presente lei e aos regulamentos
baixados para a sua execução.

Art. 2º Os atos internacionais de natureza normativa, qualquer que seja a denominação adotada,
serão considerados tratados ou convenções e só entrarão em vigor a partir de sua aprovação
pelo Congresso Nacional.

Parágrafo único. O Poder Executivo enviará ao Congresso Nacional no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias, a contar da data da assinatura, os atos normativos sôbre telecomunicações,
anexando-lhes os respectivos regulamentos, devidamente traduzidos.

Art. 3º Os atos internacionais de natureza administrativa entrarão em vigor na data estabelecida


em sua publicação depois de aprovados pelo Presidente da República (art. 29, al)

CAPÍTULO II

Das Definições

Art. 4º Para os efeitos desta lei, constituem serviços de telecomunicações a transmissão,


emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de
qualquer natureza, por fio, rádio, eletricidade, meios óticos ou qualquer outro processo
eletromagnético.Telegrafia é o processo de telecomunicação destinado à transmissão de
escritos, pelo uso de um código de sinais.Telefonia é o processo de telecomunicação destinado à
transmissão da palavra falada ou de sons.

§ 1º Os têrmos não definidos nesta lei têm o significado estabelecido nos atos internacionais

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aprovados pelo Congresso Nacional.

§ 2º Os contratos de concessão, as autorizações e permissões serão interpretados e executados


de acordo com as definições vigentes na época em que os mesmos tenham sido celebrados ou
expedidos.

Art. 5º Quanto ao seu âmbito, os serviços de telecomunicações se classificam em:

a) serviço interior, estabelecido entre estações brasileiras, fixas ou móveis, dentro dos limites da
jurisdição territorial da União;

b) serviço internacional, estabelecido entre estações brasileiras, fixas ou móveis, e estações


estrangeiras, ou estações brasileiras móveis, que se achem fora dos limites da jurisdição
territorial da União.

Art. 6º Quanto aos fins a que se destinam, as telecomunicações assim se classificam:

a) serviço público, destinado ao uso do público em geral;

b) serviço público restrito, facultado ao uso dos passageiros dos navios, aeronaves, veículos em
movimento ou ao uso do público em localidades ainda não atendidas por serviço público de
telecomunicação;

c) serviço limitado, executado por estações não abertas à correspondência pública e destinado
ao uso de pessoas físicas ou jurídicas nacionais. Constituem serviço limitado entre outros:

1) o de segurança, regularidade, orientação e administração dos transportes em geral; 2) o de


múltiplos destinos; 3) o serviço rural; 4) o serviço privado;

d) serviço de radiodifusão, destinado a ser recebido direta e livremente pelo público em geral,
compreendendo radiodifusão sonora e televisão;

e) serviço de rádio-amador, destinado a treinamento próprio, intercomunicação e investigações


técnicas, levadas a efeito por amadores, devidamente autorizados, interessados na radiotécnica
ùnicamente a título pessoal e que não visem a qualquer objetivo pecuniário ou comercial;

f) serviço especial, relativo a determinados serviços de interêsse geral, não abertos à


correspondência pública e não incluídos nas definições das alíneas anteriores, entre os quais:
1) o de sinais horários; 2) o de freqüência padrão; 3) o de boletins meteorológicos; 4) o que se
destine a fins científicos ou experimentais; 5) o de música funcional; 6) o de Radiodeterminação.

Art. 7º Os meios, através dos quais se executam os serviços de telecomunicações, constituirão


troncos e rêdes contínuos, que formarão o Sistema Nacional de Telecomunicações.

§ 1º O Sistema Nacional de Telecomunicações será integrado por troncos e rêdes a êles ligados.

§ 2º Objetivando a estruturação e o emprêgo do Sistema Nacional de Telecomunicações, o


Govêrno estabelecerá as normas técnicas e as condições de tráfego mútuo a serem
compulsòriamente observadas pelos executores dos serviços, segundo o que fôr especificado
nos Regulamentos.

Art. 8º Constituem troncos do Sistema Nacional de Telecomunicações os circuitos portadores


comuns, que ínterligam os centros principais de telecomunicações.

§ 1º Circuitos portadores comuns são aquêles que realizam o transporte integrado de diversas
modalidades de telecomunicações.

§ 2º Centros principais de telecomunicações são aquêles nos quais se realiza a concentração e

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distribuição das diversas modalidades de telecomunicações, destinadas ao transporte integrado.

§ 3º Entendem-se por urbanas as rêdes telefônicas situadas dentro dos limites de um município
ou do Distrito Federal, e por interurbanas as intermunicipais dentro dos limites de um Estado ou
Território.

Art. 9º O Conselho Nacional de Telecomunicações ao planejar o Sistema Nacional de


Telecomunicações, discriminará os troncos e os centros principais de telecomunicações.

§ 1º Na discriminação a que se refere este artigo serão incluídas, na medida das possibilidades e
conveniências entre os centros principais de telecomunicação, a Capital da República e as
Capitais de todos os Estados e Territórios.

§ 2º O Conselho Nacional de Telecomunicações estabelecerá as prioridades, segundo as quais


se procederá à instalação dos troncos e redes do Sistema Nacional de Telecomunicações.

CAPÍTULO III

Da competência da União

Art. 10. Compete privativamente à União:

I - manter e explorar diretamente:

a) os serviços dos troncos que integram o Sistema Nacional de Telecomunicações, inclusive


suas conexões internacionais;

b) os serviços públicos de telégrafos, de telefones interestaduais e de radiocomunicações,


ressalvadas as exceções constantes desta lei, inclusive quanto aos de radiodifusão e ao serviço
internacional;

II - fiscalizar os Serviços de telecomunicações por ela concedidos, autorizados ou permitidos.

Art. 11. Compete, também, à União: fiscalizar os serviços de telecomunicações concedidos,


permitidos ou autorizados pelos Estados ou Municípios, em tudo que disser respeito a
observância das normas gerais estabelecidas nesta lei e a integração dêsses serviços no
Sistema Nacional de Telecomunicações.

Art. 12. As concessões feitas na faixa de 150 (cento e cinqüenta) quilômetros estabelecida na Lei
n. 2.597, de 12 de setembro de 1955 obedecerão às normas fixadas na referida lei,
observando-se iguais restrições relativamente aos serviços explorados pela União.

Art. 13. Dentro dos seus limites respectivos, os Estados e Municípios poderão organizar, regular
e executar serviços de telefones, diretamente ou mediante concessão, obedecidas as normas
gerais fixadas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações.

CAPÍTULO IV

Do Conselho Nacional de Telecomunicações

Art. 14. É criado o Conselho Nacional de Telecomunicações (C.O.N.T.E.L.), com a organização e


competência definidas nesta lei, diretamente subordinado ao Presidente da República.

Art. 15. O Conselho Nacional de Telecomunicações terá um Presidente de livre nomeação do


Presidente da República e será constituído:

a) do Diretor do Departamento dos Correios e Telégrafos, em exercício no referido cargo, o qual


pode ser representado por pessoa escolhida entre os membros de seu Gabinete ou Diretores de
sua repartição;

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b) de 3 (três) membros indicados, respectivamente, pelos Ministros da Guerra, Marinha e


Aeronáutica;

c) de 1 (um) membro indicado pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas;

d) de 4 (quatro) membros indicados, respectivamente, pelos Ministros da Justiça e Negócios


Interiores, da Educação e Cultura, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio;

e) de 3 (três) representantes dos 3 (três) maiores partidos políticos, segundo a respectiva


representação na Câmara dos Deputados no início da legislatura, indicados pela direção
nacional de cada agremiação.

f) do diretor da emprêsa pública que terá a seu cargo a exploração dos troncos do Sistema
Nacional de Telecomunicações e serviços correlatos, o qual pode ser representado por pessoa
escolhida entre os membros de seu Gabinete ou Diretores da emprêsa;

g) do Diretor Geral do Departamento Nacional de Telecomunicações, sem direito a voto.

§ 1º Se os três partidos a que se refere a alínea "e" estiveram todos apoiando o Govêrno, o
partido de menor representação será substituído pelo maior partido de oposição, com
representação na Câmara dos Deputados.

§ 2º Os representantes dos partidos políticos de que trata este artigo serão indicados até 30
(trinta) dias após o início de cada legislatura.

Art. 16. O mandato dos membros do Conselho mencionado nas alíneas b, c, d, e e terá a
duração de 4 (quatro) anos.

Parágrafo único. Será de dois anos apenas o primeiro mandato dos membros indicados nas
alíneas b e ... observado o disposto no § 2º do artigo anterior.

Art. 17. Em caso de vaga, o membro que fôr nomeado em substituição, exercerá o mandato até o
fim do período que caberia ao substituído.

Parágrafo único. É vedada a substituição dos membros do Conselho no decurso do mandato,


salvo por justa causa verificada mediante inquérito administrativo, sob pena de nulidade das
decisões tomadas com o voto do substituto.

Art. 18. O membro do Conselho que faltar, sem motivo justo, a 3 (três) reuniões consecutivas,
perderá automàticamente o cargo.

§ 1º O Regimento Interno do Conselho disporá sôbre a justificação das faltas.

§ 2º Serão nulas as deliberações de que participar, com voto decisivo, membro que tenha
incorrido nas sanções dêste artigo, incidindo o presidente, que houver admitido êsse voto, em
perda imediata de seu cargo.

Art. 19. O presidente será substituído, em seus impedimentos, pelo vice-presidente eleito pelo
Conselho dentre seus membros.

Parágrafo único. O presidente tem voto de qualidade nas deliberações do Conselho.

Art. 20. Os membros do Conselho, ao se empossarem, devem fazer prova de quitação do


impôsto sôbre a renda, declaração de bens e rendas próprias, de suas espôsas e dependentes,
renovando-as em 30 de julho de cada ano.

§ 1º Os documentos constantes dessas declarações serão lacrados e arquivados.

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§ 2º O exame dêsses documentos só será admitido por determinação do Presidente da


República ou do Poder Judiciário.

Art. 21. Revogado pela Lei nº 5.535, de 20.11.1968:

Texto original: Os membros do Conselho perceberão mensalmente o vencimento


correspondente ao símbolo I-C, além de uma retribuição, por sessão a que
comparecerem igual a 5% (cinco por cento) do vencimento, até o máximo de 10
(dez) sessões.

Art. 22. Revogado pela Lei nº 5.535, de 20.11.1968:

Texto original: Os militares que fizerem parte do Conselho, serão considerados,


para todos os efeitos, durante o desempenho do respectivo mandato, no exercício
pleno de suas funções militares.

Art. 23. Nenhum membro do Conselho ou servidor, que, no mesmo tenha exercício, poderá fazer
parte de qualquer emprêsa, companhia, sociedade ou firma, que tenha por objetivo comercial a
telecomunicação como diretor, técnico, consultor, advogado, perito, acionista, cotista,
debenturista, sócio ou assalariado, nem tão pouco ter qualquer interêsse direto ou indireto na
manufatura ou venda de matéria aplicável a telecomunicação.

§ 1º A infração deste artigo - devidamente comprovada, acarretará a perda imediata do mandato


no Conselho.

§ 2º Caberá ao Conselho tomar conhecimento das denúncias feitas nesse sentido e, quando por
dois têrços de seus votos, entender comprovadas as acusações, encaminhar ao Presidente da
República o pedido de nomeação do substitutivo.

Art. 24. Das deliberações do Conselho caberá pedido de reconsideração para o


mesmo e, em instância superior, recurso para o Ministro das Comunicações, salvo
das deliberações tomadas sob a sua presidência, quando será dirigido diretamente
ao Presidente da República. (Redação dada pela Lei nº 5.535, de 20.11.1968)

§ 1º As decisões serão tomadas por maioria absoluta de votos dos representantes


que compõem o Conselho, considerando-se unânimes tão somente as que
contarem com a totalidade destes. (Redação dada pela Lei nº 5.535, de
20.11.1968)

§ 2º O pedido de reconsideração ou o recurso de que trata este artigo deve ser


apresentado no prazo de trinta (30) dias contados da notificação feita ao
interessado, por telegrama ou carta registrada um e outro com aviso de
recebimento, ou da publicação dessa notificação feita no Diário Oficial da União.
(Redação dada pela Lei nº 5.535, de 20.11.1968)

§ 3º O recurso terá efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 5.535, de


20.11.1968)

Art. 25. O Departamento Nacional de Telecomunicações é a secretaria executiva do Conselho e


terá a seguinte organização administrativa:

I - Divisão de Engenharia

II - Divisão Jurídica

III - Divisão Administrativa

IV - Divisão de Estatística

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V - Divisão de Fiscalização

VI - Delegacias Regionais.

Art. 26. O território nacional fica dividido em oito Distritos, a cada um dos quais corresponderá
uma Delegacia Regional, com sede, respectivamente em

Brasília (DF)

Belém (PA)

Recife (PE)

Salvador (BA)

Rio de Janeiro (GB)

São Paulo (SP)

Pôrto Alegre (RS)

Campo Grande (MT)

Parágrafo único. Cada Distrito terá a jurisdição delimitada pelo Conselho.

Art. 27. São criados, no Conselho, os cargos de provimento em comissão constantes da tabela
anexa.

Art. 28. Os membros do Conselho, o seu presidente, o diretor geral os diretores de divisão e os
delegados regionais serão cidadãos brasileiros de reputação ilibada e notórios conhecimentos de
assuntos ligados aos diversos ramos das telecomunicações.

Art. 29. Compete ao Conselho Nacional de Telecomunicações:

a) elaborar o seu Regimento Interno;

b) organizar, na forma da lei os serviços de sua administração;

c) elaborar o plano nacional de telecomunicações e proceder à sua revisão, pelo menos, de cinco
em cinco anos, para a devida aprovação pelo Congresso Nacional;

d) adotar medidas que assegurem a continuidade dos serviços de telecomunicações, quando as


concessões, autorizações ou permissões não forem renovadas ou tenham sido cassadas, e
houver interêsse público na continuação dêsses serviços;

e) promover, orientar e coordenar o desenvolvimento das telecomunicações, bem como a


constituição, organização, articulação e expansão dos serviços públicos de telecomunicações;

f) estabelecer as prioridades previstas no art. 9º, § 2º, desta lei.

g) propor ou promover as medidas adequadas à execução da presente lei;

h) fiscalizar o cumprimento das obrigações decorrentes das concessões, autorizações e


permissões de serviços de telecomunicações e aplicar as sanções que estiverem na sua alçada;

i) rever os contratos de concessão ou atos de autorização ou permissão, por efeito da aprovação,


pelo Congresso, de atos internacionais;

j) fiscalizar as concessões, autorizações e permissões em vigor; opinar sôbre a respectiva


renovação e propor a declaração de caducidade e perempção;

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l) estudar os temas a serem debatidos pelas delegações brasileiras, nas conferências e reuniões
internacionais de telecomunicações, sugerindo e propondo diretrizes;

m) estabelecer normas para a padronização da escrita e contabilidade das emprêsas que


explorem serviços de telecomunicação;

n) promover e superintender o tombamento dos bens e a perícia contábil das emprêsas


concessionárias ou permissionárias de serviços de telecomunicação, e das emprêsas
subsidiárias, associadas ou dependentes delas, ou a elas vinculadas, inclusive das que sejam
controladas por acionistas estrangeiros ou tenham como acionistas pessoas jurídicas com sede
no estrangeiro, com o objetivo de determinação do investimento efetivamente realizado e do
conhecimento de todos os elementos, que concorram para a emposição do custo do serviço,
requisitando para êsse fim os funcionários federais que possam contribuir para a apuração
dêsses dados;

o) estabelecer normas técnicas dentro das leis e regulamentos em vigor, visando à eficiência e
integração dos serviços no sistema nacional de telecomunicações;

p) propor ao Presidente da República o valor das taxas a serem pagas pela execução dos
serviços concedidos, autorizados ou permitidos, e destinadas ao custeio do serviço de
fiscalização;

q) cooperar para o desenvolvimento do ensino técnico profissional dos ramos pertinentes à


telecomunicação;

r) promover e estimular o desenvolvimento da indústria de equipamentos de telecomunicações,


dando preferência àqueles cujo capital na sua maioria, pertençam a acionistas brasileiros;

s) estabelecer ou aprovar normas técnicas e especificações a serem observadas na planificação


da produção industrial e na fabricação de peças, aparelhos e equipamentos utilizados nos
serviços de telecomunicações;

t) sugerir normas para censura nos serviços de telecomunicações, em caso de declaração de


estado de sítio;

u) fiscalizar a execução dos convênios firmados pelo Govêrno brasileiro com outros países;

v) encaminhar à autoridade superior os recursos regularmente interpostos de seus atos, decisões


ou resoluções;

x) outorgar ou renovar quaisquer permissões e autorizações de serviço de radiodifusão de


caráter local (art. 33, § 5º) e opinar sobre a outorga ou renovação de concessões e autorizações
(art. 34, §§ 1º e 3º);

z) estabelecer normas, fixar critérios e taxas para redistribuição de tarifa nos casos de tráfego
mútuo entre as emprêsas de telecomunicações de todo o País;

aa) expedir certificados de licença para o funcionamento das estações de radiocomunicação e


radiodifusão uma vez verificado, em vistoria, o atendimento às condições técnicas exigidas;

ab) estabelecer as qualificações necessárias ao desempenho de funções técnicas e operacionais


pertinentes às telecomunicações, expedindo os certificados correspondentes;

ac) solicitar a prestação de serviços de quaisquer repartições ou autarquias federais;

ad) aplicar as penas de multa e suspensão à estação de radiodifusão que transmitir ou utilizar,
total ou parcialmente, as emissões de estações congêneres sem prévia autorização;

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ae) fiscalizar, durante as retransmissões de radiodifusão, a declaração do prefixo ou indicativo e


a localização da estação emissôra e da estação de origem;

af) fiscalizar o cumprimento, por parte das emissôras de radiodifusão, das finalidades e
obrigações de programação, definidas no art. 38;

ag) estabelecer ou aprovar normas técnicas e especificações para a fabricação e uso de


quaisquer instalações ou equipamentos elétricos que possam vir a causar interferências
prejudiciais aos serviços de telecomunicações, incluindo-se nessa disposição as linhas de
transmissão de energia e as estações e subestações transformadoras;

ah) propor ao Presidente do Conselho a imposição das penas da competência do Conselho;

ai) opinar sôbre a aplicação da pena de cassação ou de suspensão, quando fundada em motivos
de ordem técnica;

aj) propor, em parecer fundamentado, a declaração da caducidade ou perempção, da concessão,


autorização ou permissão;

al) opinar sôbre os atos internacionais de natureza administrativa, antes de sua aprovação pelo
Presidente da República (artigo 3º);

am) aprovar as especificações das rêdes telefônicas de exploração ou concessão estadual ou


municipal.

CAPÍTULO V

Dos Serviços de Telecomunicações

Art. 30. Os serviços de telégrafos, radiocomunicações e telefones interestaduais estão sob a


jurisdição da União, que explorará diretamente os troncos integrantes do Sistema Nacional de
Telecomunicações, e poderá explorar diretamente ou através de concessão, autorização ou
permissão, as linhas e canais subsidiários.

§ 1º Os troncos que constituem o Sistema Nacional de Telecomunicações serão explorados pela


União através de emprêsa pública, com os direitos, privilégios e prerrogativas do Departamento
dos Correios e Telégrafos, a qual avocará todos os serviços processados pelos referidos troncos,
à medida que expirarem as concessões ou autorizações vigentes ou que se tornar conveniente a
revogação das autorizações sem prazo determinado.

§ 2º Os serviços telefônicos explorados pelo Estado ou Município, diretamente ou através de


concessão ou autorização, a partir do momento em que se ligarem direta ou indiretamente a
serviços congêneres existentes em outra unidade federativa, ficarão sob fiscalização do
Conselho Nacional de Telecomunicações, que terá poderes para determinar as condições de
tráfego mútuo, a redistribuição das taxas daí resultante, e as normas e especificações a serem
obedecidas na operação e instalação dêsses serviços, inclusive para fixação das tarifas.

Art. 31. Os serviços internacionais de telecomunicações serão explorados pela União


diretamente ou através de concessão outorgada, sem caráter exclusivo para instalação e
operação de estações em pontos determinados do território nacional, com o fim único de
estabelecer serviço público internacional.

Parágrafo único. As estações dos concessionários serão ligadas ao Serviço Nacional de


Telecomunicações, através do qual será encaminhado e recebido o tráfego telegráfico e
telefônico para os locais não compreendidos na concessão.

Art. 32. Os serviços de radiodifusão, nos quais se compreendem os de televisão, serão


executados diretamente pela União ou através de concessão, autorização ou permissão.

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Art. 33. Os serviços de telecomunicações, não executados diretamente pela União, poderão ser
explorados por concessão, autorização ou permissão, observadas as disposições da presente
lei.

§ 1º Na atribuição de freqüência para a execução dos serviços de telecomunicações serão


levadas em consideração:

a) o emprêgo ordenado e econômico do spectrum eletro magnético;

b) as consignações de freqüências anteriormente feitas, objetivando evitar interferência


prejudicial.

§ 2º Considera-se interferência qualquer emissão, irradiação ou indução que obstrua, total ou


parcialmente, ou interrompa repetidamente serviços radioelétricos.

§ 3º Os prazos de concessão e autorização serão de 10 (dez) anos para o serviço de


radiodifusão sonora e de 15 (quinze) anos para o de televisão, podendo ser renovados por
períodos sucessivos e iguais se os concessionários houverem cumprido tôdas as obrigações
legais e contratuais, mantido a mesma idoneidade técnica, financeira e moral, e atendido o
interêsse público (art. 29, X)
§ 4º Havendo a concessionária requerido, em tempo hábil, a prorrogação da respectiva
concessão ter-se-á a mesma como deferida se o órgão competente não decidir dentro de 120
(cento e vinte) dias.

§ 5º Os serviços de radiodifusão de caráter local serão autorizados pelo Conselho Nacional de


Telecomunicações.

§ 6º Dependem de permissão, dada pelo Conselho Nacional de Telecomunicações os seguintes


serviços:

a) Público Restrito (Art. 6º, letra b);

b) Limitado (Art. 6º, letra c);

c) de Radioamador (Art. 6º, letra e);

d) Especial (Art. 6º, letra f).


Art. 34. As novas concessões ou autorizações para o serviço de radiodifusão serão precedidas
de edital, publicado com 60 (sessenta) dias de antecedência pelo Conselho Nacional de
Telecomunicações, convidando os interessados a apresentar suas propostas em prazo
determinado, acompanhadas de:

a) prova de idoneidade moral;

b) demonstração dos recursos técnicos e financeiros de que dispõem para o empreendimento;

c) indicação dos responsáveis pela orientação intelectual e administrativa da entidade e, se fôr o


caso, do órgão a que compete a eventual substituição dos responsáveis.

§ 1º A outorga da concessão ou autorização é prerrogativa do Presidente da República,


ressalvado o disposto no art. 33 § 5º, depois de ouvido o Conselho Nacional de
Telecomunicações sôbre as propostas e requisitos exigidos pelo edital, e de publicado o
respectivo parecer.

§ 2º Terão preferência para a concessão as pessoas jurídicas de direito público interno, inclusive
universidades.

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§ 3º As disposições do presente artigo regulam as novas autorizações de serviços de caráter


local no que lhes forem aplicáveis.

Art. 35. As concessões e autorizações não têm caráter de exclusividade, e se restringem, quando
envolvem a utilização de radiofreqüência, ao respectivo uso sem limitação do direito, que assiste
à União, de executar, diretamente, serviço idêntico.

Art. 36. O funcionamento das estações de telecomunicações fica subordinado a prévia licença,
de que constarão as respectivas características, e que só será expedida depois de verificada a
observância de tôdas as exigências legais.

§ 1º A vistoria, para as estações de radiodifusão, após o atendimento das condições legais a que
se refere êste artigo e do registro do contrato de concessão pelo Tribunal de Contas, deverá ser
procedida dentro de 30 (trinta) dias após a data da entrada do pedido de vistoria, e, aprovada
esta, o fornecimento da licença para funcionamento não poderá ser retardado por mais de 30
(trinta) dias.

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica às rêdes por fio do Departamento dos Correios e
Telégrafos e das estradas de ferro, cumprindo-lhes, todavia, comunicar ao Conselho Nacional de
Telecomunicações a data da inauguração e as características da estação, para inscrição no
cadastro e ulterior verificação.

§ 3º Expirado o prazo da concessão ou autorização, perde, automàticamente, a sua validade a


licença para o funcionamento da estação.

Art. 37. Os serviços de telecomunicações podem ser desapropriados, ou requisitados nos


termos do artigo 141 § 16 da Constituição, e das leis vigentes.

Parágrafo único. No cálculo da indenização serão deduzidos os favores cambiais e fiscais


concedidos pela União e pelos Estados.

Art. 38. Nas concessões e autorizações para a execução de serviços de radiodifusão serão
observados, além de outros requisitos, os seguintes preceitos e cláusulas:

a) os diretores e gerentes serão brasileiros natos e os técnicos encarregados da operação dos


equipamentos transmissores serão brasileiros ou estrangeiros com residência exclusiva no País
permitida, porém, em caráter excepcional e com autorização expressa do Conselho de
Telecomunicações, a admissão de especialistas estrangeiros, mediante contrato, para estas
últimas funções.
b) a modificação dos estatutos e atos constitutivos das emprêsas depende, para sua validade, de
aprovação do Govêrno, ouvido prèviamente o Conselho Nacional de Telecomunicações;

c) a transferência da concessão, a cessão de cotas ou de ações representativas do capital social,


dependem, para sua validade, de autorização do Govêrno após o pronunciamento do Conselho
Nacional de Telecomunicações.

O silêncio do Poder concedente ao fim de 90 (noventa) dias contados da data da entrega do


requerimento de transferência de ações ou cotas, implicará na autorização.

d) os serviços de informação, divertimento, propaganda e publicidade das emprêsas de


radiodifusão estão subordinadas às finalidades educativas e culturais inerentes à radiodifusão,
visando aos superiores interesses do País;

e) as emissôras de radiodifusão, excluídas as de televisão, são obrigadas a retransmitir,


diàriamente, das 19 (dezenove) às 20 (vinte) horas, exceto aos sábados, domingos e feriados, o
programa oficial de informações dos Poderes da República, ficando reservados 30 (trinta)
minutos para divulgação de noticiário preparado pelas duas Casas do Congresso Nacional;

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f) as emprêsas, não só através da seleção de seu pessoal, mas também das normas de trabalho
observadas nas estações emissôras devem criar as condições mais eficazes para que se evite a
prática de qualquer das infrações previstas na presente lei;

g) a mesma pessoa não poderá participar da direção de mais de uma concessionária ou


permissionária do mesmo tipo de serviço de radiodifusão, na mesma localidade;

h) as emissôras de radiodifusão, inclusive televisão, deverão cumprir sua finalidade informativa,


destinando um mínimo de 5% (cinco por cento) de seu tempo para transmissão de serviço
noticioso.

Parágrafo único. Não poderá exercer a função de diretor ou gerente de emprêsa concessionária
de rádio ou televisão quem esteja no gôzo de imunidade parlamentar ou de fôro especial.

Art. 39. As estações de radiodifusão, nos 90 (noventa) dias anteriores às eleições gerais do País
ou da circunscrição eleitoral, onde tiverem sede, reservarão diàriamente 2 (duas) horas à
propaganda partidária gratuita, sendo uma delas durante o dia e outra entre 20 (vinte) e 23 (vinte
e três) horas e destinadas, sob critério de rigorosa rotatividade, aos diferentes partidos e com
proporcionalidade no tempo de acôrdo com as respectivas legendas no Congresso Nacional e
Assembléias Legislativas.
§ 1º Para efeito dêste artigo a distribuição dos horários a serem utilizados pelos diversos partidos
será fixada pela Justiça Eleitoral, ouvidos os representantes das direções partidárias.

§ 2º Requerida aliança de partidos, a rotatividade prevista no parágrafo anterior será alternada


entre os partidos requerentes de alianças diversas.

§ 3º O horário não utilizado por qualquer partido será redistribuído pelos demais, não sendo
permitida cessão ou transferência.

§ 4º Caberá à Justiça Eleitoral disciplinar as divergências oriundas da aplicação dêste artigo.


Art. 40. As estações de rádio ficam obrigadas, a divulgar, 60 (sessenta) dias antes das eleições
mencionadas no artigo anterior, os comunicados da Justiça Eleitoral até o máximo de tempo de
30 (trinta) minutos.

Art. 41. As estações de rádio e de televisão não poderão cobrar, na publicidade política, preços
superiores aos em vigor, nos 6 (seis) meses anteriores, para a publicidade comum.

Art. 42. É o Poder Executivo autorizado a constituir uma entidade autônoma, sob a forma de
emprêsa pública, de cujo capital participem exclusivamente pessoas jurídicas de direito público
interno, bancos e emprêsas governamentais, com o fim de explorar industrialmente serviços de
telecomunicações postos, nos têrmos da presente lei, sob o regime de exploração direta da
União.

§ 1º A entidade a que se refere êste artigo ampliará progressivamente seus encargos, de acôrdo
com as diretrizes elaboradas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações, mediante:

a) transferência, por decreto do Poder Executivo, de serviços hoje executados pelo


Departamento dos Correios e Telégrafos;

b) incorporação de serviços hoje explorados mediante concessão ou autorização, à medida que


estas sejam extintas;

c) desapropriação de serviços existentes, na forma da legislação vigente.

§ 2º O Presidente da República nomeará uma comissão para organizar a nova entidade e a ela
incorporar os bens móveis e imóveis pertencentes à União, atualmente sob a administração do

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Departamento dos Correios e Telégrafos aplicados nos serviços transferidos.

§ 3º A entidade poderá contratar pessoal de acôrdo com a legislação trabalhista, recrutado


dentro ou fora do país, para exercer as funções de natureza técnico-especializada, relativas às
instalação e uso de equipamentos especiais.

§ 4º A entidade poderá requisitar do Departamento dos Correios e Telégrafos o pessoal de que


necessite para o seu funcionamento, correndo o pagamento respectivo à conta de seus recursos
próprios.

§ 5º Os recursos da nova entidade serão constituídos:

a) das tarifas cobradas pela prestação de seus serviços;

b) dos recursos do Fundo Nacional de Telecomunicações criado no art. 51 desta lei, cuja
aplicação obedecerá ao Plano Nacional de Telecomunicações elaborado pelo Conselho Nacional
de Telecomunicações e aprovado por decreto do Presidente da República;

c) das dotações consignadas no Orçamento Geral da União;

d) do produto de operações de crédito, juros de depósitos bancários, rendas de bens


patrimoniais, venda de materiais inservíveis ou de bens patrimoniais.

§ 6º A arrecadação das taxas de outras fontes de receita será efetuada diretamente pela
entidade ou mediante convênios e acôrdos com órgãos do Poder Público.

Art. 43. As tarifas devidas pela utilização dos serviços de telecomunicações prestados pela
entidade serão fixadas pelo Conselho Nacional de Telecomunicações de forma a remunerar
sempre os custos totais dos serviços, as amortizações do capital investido e a formação dos
fundos necessários à conservação, reposição, modernização dos equipamentos e ampliações
dos serviços.

Art. 44. É vedada a concessão ou autorização do serviço de radiodifusão a sociedades por ações
ao portador, ou a emprêsas que não sejam constituídas exclusivamente dos brasileiros a que se
referem as alíneas I e II do art. 129 da Constituição Federal.

Art. 45. A cada modalidade de telecomunicação corresponderá uma concessão, autorização ou


permissão distinta que será considerada isoladamente para efeito da fiscalização e das
contribuições previstas nesta lei.

Art. 46. Os Estados e Territórios Federais poderão obter permissão para o serviço telegráfico
interior limitado, sob sua direta administração e responsabilidade, dentro dos respectivos limites
e destinado exclusivamente a comunicações oficiais.

Art. 47. Nenhuma estação de radiodifusão, de propriedade da União, dos Estados, Territórios ou
Municípios ou nas quais possuam essas pessoas de direito público maioria de cotas ou ações,
poderá ser utilizada para fazer propaganda política ou difundir opiniões favoráveis ou contrárias a
qualquer partido político, seus órgãos, representantes ou candidatos, ressalvado o disposto na
legislação eleitoral.

Art. 48. Nenhuma estação de radiodifusão poderá transmitir ou utilizar, total ou parcialmente, as
emissões de estações congêneres, nacionais ou estrangeiras, sem estar por estas prèviamente
autorizada. Durante a irradiação, a estação dará a conhecer que se trata de retransmissão ou
aproveitamento de transmissão alheia, declarando, além do próprio indicativo e localização, os
da estação de origem.

Art. 49. A qualquer particular pode ser dada, pelo Conselho Nacional de Telecomunicações
permissão para executar serviço limitado, para uso privado, entre duas localidades ou em uma

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mesma cidade, de telex, fac-simile ou processo semelhante.

Parágrafo único. Só será permitido o telex internacional desde que os serviços para o Brasil
sejam executados através da Rêde Nacional de Telecomunicações e assegurado o recolhimento,
pelo permissionário, das taxas terminais brasileiras e das de execução do trabalho pela União.

Art. 50. As concessões e autorizações para a execução de serviços de telecomunicações


poderão ser revistas sempre que se fizer necessária a sua adaptação a cláusula de atos
internacionais aprovados pelo Congresso Nacional ou a leis supervenientes de atos, observado o
disposto no art. 141, § 3º da Constituição Federal.

CAPÍTULO VI

Do Fundo Nacional de Telecomunicações

Art. 51. Revogado pelo Decreto-lei nº 2.186, de 20.12.1984:

Texto original: É criado o Fundo Nacional de Telecomunicações constituído dos


recursos abaixo relacionados, os quais serão arrecadados pelo prazo de 10 (dez)
anos e postos à disposição da entidade a que se refere o art. 42 para serem
aplicados na forma prescrita no Plano Nacional de Telecomunicações, elaborado
pelo Conselho Nacional de Telecomunicações e aprovado por decreto do
Presidente da República:

a) produto de arrecadação de sobretarifas criadas pelo Conselho Nacional de


Telecomunicações sôbre qualquer serviço de telecomunicação, prestado pelo
Departamento dos Correios e Telégrafos, por empresas concessionárias ou
permissionárias, inclusive tráfego mútuo, taxas terminais e taxas de radiodifusão e
radioamadorismo, não podendo, porém, a sobretarifa, ir além de 30% (trinta por
cento) da tarifa;
b) juros dos depósitos bancários de recursos do próprio fundo e produto de
operações de crédito por êle garantidas;

c) rendas eventuais, inclusive donativos.

CAPÍTULO VII

Das Infrações e Penalidades

Art. 52. A liberdade de radiodifusão não exclui a punição dos que praticarem abusos no seu
exercício.

Art. 53. Constitui abuso, no exercício de liberdade da radiodifusão, o emprêgo


dêsse meio de comunicação para a prática de crime ou contravenção previstos na
legislação em vigor no País, inclusive: (Redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de
28.2.1967)

a) incitar a desobediência às leis ou decisões judiciárias;

b) divulgar segredos de Estado ou assuntos que prejudiquem a defesa nacional;

c) ultrajar a honra nacional;

d) fazer propaganda de guerra ou de processos de subversão da ordem política e


social;

e) promover campanha discriminatória de classe, côr, raça ou religião;

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f) insuflar a rebeldia ou a indisciplina nas fôrças armadas ou nas organizações de


segurança pública;

g) comprometer as relações internacionais do País;

h) ofender a moral familiar, pública, ou os bons costumes;

i) caluniar, injuriar ou difamar os Poderes Legislativos, Executivo ou Judiciário ou os


respectivos membros;

j) veicular notícias falsas, com perigo para a ordem pública, econômica e social;

l) colaborar na prática de rebeldia desordens ou manifestações proibidas. (Inciso


acrescentado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967)

Parágrafo único. Se a divulgação das notícias falsas houver resultado de êrro de informação e
fôr objeto de desmentido imediato, a nenhuma penalidade ficará sujeita a concessionária ou
permissionária.

Art. 54. São livres as críticas e os conceitos desfavoráreis, ainda que veementes, bem como a
narrativa de fatos verdadeiros, guardadas as restrições estabelecidas em lei, inclusive de atos
de qualquer dos podêres do Estado.

Art. 55. É inviolável a telecomunicação nos têrmos desta lei.

Art. 56. Pratica crime de violação de telecomunicação quem, transgredindo lei ou regulamento,
exiba autógrafo ou qualquer documento do arquivo, divulgue ou comunique, informe ou capte,
transmita a outrem ou utilize o conteúdo, resumo, significado, interpretação, indicação ou efeito
de qualquer comunicação dirigida a terceiro.

§ 1º Pratica, também, crime de violação de telecomunicações quem ilegalmente receber, divulgar


ou utilizar, telecomunicação interceptada.

§ 2º Sòmente os serviços fiscais das estações e postos oficiais poderão interceptar


telecomunicação.

I - A recepção de telecomunicação dirigida por quem diretamente ou como cooperação esteja


legalmente autorizado;
II - O conhecimento dado:

a) ao destinatário da telecomunicação ou a seu representante legal;

b) aos intervenientes necessários ao curso da telecomunicação;

c) ao comandante ou chefe, sob cujas ordens imediatas estiver servindo;

d) aos fiscais do Govêrno junto aos concessionários ou permissionários;

e) ao juiz competente, mediante requisição ou intimação dêste.

Parágrafo único. Não estão compreendidas nas proibições contidas nesta lei as
radiocomunicações destinadas a ser livremente recebidas, as de amadores, as relativas a navios
e aeronaves em perigo, ou as transmitidas nos casos de calamidade pública.

Art. 58. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 58. Nos crimes de violação da telecomunicação, a que se referem esta Lei e o
artigo 151 do Código Penal, caberão, ainda as seguintes penas:

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I - Para as concessionárias ou permissionárias as previstas no artigos 62 e 63, se


culpados por ação ou omissão e independentemente da ação criminal.

II - Para as pessoas físicas:

a) 1 (um) a 2 (dois) anos de detenção ou perda de cargo ou emprego, apurada a


responsabilidade em processo regular, iniciado com o afastamento imediato do
acusado até decisão final;

b) para autoridade responsável por violação da telecomunicação, as penas


previstas na legislação em vigor serão aplicadas em dobro;

c) serão suspensos ou cassados, na proporção da gravidade da infração, os


certificados dos operadores profissionais e dos amadores responsáveis pelo crime
de violação da telecomunicação.
Texto original: Nos crimes de violação da telecomunicação, a que se referem esta
lei e o art. 151 do Código Penal, caberão, ainda, as seguintes penas:

I - Para as concessionárias ou permissionárias:

a) suspensão até 30 (trinta) dias, se culpados por ação ou omissão;

b) a aplicação de multa administrativa ou de pena de suspensão ou cassação não


exclui a responsabilidade criminal.

II - Para as pessoas:

a) 1 (um) a 2 (dois) anos de detenção ou perda de cargo ou emprêgo, apurada a


responsabilidade em processo regular, iniciado com o afastamento imediato do
acusado até decisão final;

b) para a autoridade responsável por violação de telecomunicação, as penas


previstas na legislação em vigor serão aplicadas em dôbro.

Parágrafo único. A reincidência, no caso da alínea a, do item I, será punida com


pena em dôbro, acarretando sempre suspensão ou cassação.

Art. 59. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 59. As penas por infração desta lei são:

a) multa, até o valor .......NCR$ 10.000,00;

b) suspensão, até trinta (30) dias;

c) cassação;

d) detenção;

§ 1º Nas infrações em que, o juízo do CONTEL, não se justificar a aplicação de


pena, o infrator será advertido, considerando-se a advertência como agravante na
aplicação de penas por inobservância do mesmo ou de outro preceito desta Lei.

§ 2º A pena de multa poderá ser aplicada isolada ou conjuntamente, com outras


sanções especiais estatuídas nesta Lei.

§ 3º O valor das multas será atualizado de 3 em 3 anos, de acordo com os níveis


de correção monetária.

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Texto original: Serão suspensos ou cassados, na proporção da gravidade da


infração, os certificados dos operadores e amadores responsáveis pelo crime de
violação de telecomunicação.

Art. 60. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 60. A aplicação das penas desta Lei compete:

a) ao CONTEL: multa e suspensão, em qualquer caso; cassação, quando se tratar


de permissão;

b) ao Presidente da República: cassação, mediante representação do CONTEL em


parecer fundamentado.

Texto original: As penas administrativas, inclusive a multa, serão aplicadas pelo


Conselho Nacional de Telecomunicações.

Art. 61. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 61. A pena será imposta de acordo com a infração cometida, considerados os
seguintes fatores:

a) gravidade da falta;

b) antecedentes da entidade faltosa;

c) reincidência específica.

Texto original: As penas por infração desta lei são:

a) multa;

b) suspensão;

c) cassação;

d) detenção.

Parágrafo único. Se a concessão ou permissão abranger mais de uma emissôra, a


penalidade que recair sôbre uma delas não atingirá as demais inocentes.

Art. 62. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 62. A pena de multa poderá ser aplicada por infração de qualquer dispositivo
legal ou quando a concessionária ou permissionária não houver cumprido, dentro
do prazo estipulado, exigência que tenha sido feita pelo CONTEL.

Texto original: A pena de multa poderá ser aplicada por infração:

a) das letras a, b, c, e, g e h do artigo 38 desta lei;

b) do art. 53 desta lei;

c) do art. 124 desta lei.

Art. 63. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 63. A pena de suspensão poderá ser aplicada nos seguintes casos:

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a) infração dos artigos 38, alíneas a, b, c, e, g e h; 53, 57, 71 e seus parágrafos;

b) infração à liberdade de manifestação do pensamento e de informação (Lei nº


5.250 de 9 de fevereiro de 1967);

c) quando a concessionária ou permissionária não houver cumprido, dentro do


prazo estipulaçao, exigência que lhe tenha sido feita pelo ......CONTEL;

d) quando seja criada situação de perigo de vida;

e) utilização de equipamentos diversos dos aprovados ou instalações fora das


especificações técnicas constantes da portaria que as tenha aprovado;

f) execução de serviço para o qual não está autorizado.

Parágrafo único. No caso das letras d, e e f deste artigo poderá ser determinada a
interrupção do serviço pelo agente fiscalizador, "ad-referedum" do CONTEL.

Texto original: A multa terá o valor:

a) de 1 (uma) a 10 (dez) vêzes o maior salário-mínimo, para as estações de


radiodifusão até 1 (um) kw;

b) de 1 (uma) a 20 (vinte) vêzes o maior salário-mínimo, para as estações de


radiodifusão até 10 (dez) kw;

c) de 1 (uma) a 50 (cinqüenta) vêzes o maior salário-mínimo, para as estações de


radiodifusão com mais de dez (10) kw, e para as estações de televisão;

d) de 1 (uma) a 100 (cem) vêzes o maior salário-mínimo, para as telecomunicações


que não sejam de radiodifusão.

Parágrafo único. A reincidência será punida com multa imposta em dôbro.

Art. 64. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 64. A pena de cassação poderá ser imposta nos seguintes casos:

a) infringência do artigo 53;

b) reincidência em infração anteriormente punida com suspensão;

c) interrupção do funcionamento por mais de trinta (30) dias consecutivos, exceto


quando tenha, para isso, obtido autorização prévia do CONTEL;

d) superveniência da incapacidade legal, técnica, financeira ou econômica para


execução dos serviços da concessão ou permissão;

e) não haver a concessionária ou permissionária, no prazo estipulado, corrigido as


irregularidades motivadoras da suspensão anteriormente importa;

f) não haver a concessionária ou permissionária cumprido as exigências e prazos


estipulados, até o licenciamento definitivo de sua estação.

Texto original: Para os efeitos desta lei, considera-se reincidência a reiteração


dentro de um ano na prática da mesma infração já punida anteriormente.

Art. 65. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

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Art. 65. O CONTEL promoverá as medidas cabíveis, punindo ou propondo a


punição, por iniciativa própria ou sempre que receber representação de qualquer
autoridade.

Texto original: A pena de multa poderá ser aplicada isolada ou conjuntamente com
outras sanções especiais estatuídas nesta lei.

Art. 66. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 66. Antes de decidir da aplicação de qualquer das penalidades previstas, o


CONTEL notificará a interessada para exercer o direito de defesa, dentro do prazo
de 5 (cinco) dias, contados do recebimento da notificação.

§ 1º A repetição da falta no período decorrido entre o recebimento da notificação e


a tomada de decisão, será considerada como reincidência e, no caso das
transgressões citadas no artigo 53, o Presidente do CONTEL suspenderá a
emissora provisóriamente.

§ 2º Quando a representação for feita por uma das autoridades a seguir


relacionadas, o Presidente do CONTEL verificará "in limine" sua procedência,
podendo deixar de ser feita a notificação a que se refere este artigo:

I - Em todo o Território nacional:

a) Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

b) Presidente do Supremo Tribunal Federal;

c) Ministros de Estado;

d) Secretário Geral do Conselho de Segurança Nacional;

e) Procurador Geral da República;

f) Chefe do Estado Maior das Forças Armadas.

II - Nos Estados:

a) Mesa da Assembléia Legislativa;

b) Presidente do Tribunal de Justiça;

c) Secretário de Assuntos Relativos à Justiça;

d) Chefe do Ministério Público Estadual.

III - Nos Municípios:

a) Mesa da Câmara Municipal;

b) Prefeito Municipal.

Texto original: As multas serão aplicadas pelo Conselho Nacional de


Telecomunicações, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados da data do
ingresso ou formação de ofício da respectiva representação em sua secretaria.

§ 1º Dentro do prazo de 5 (cinco) dias, contados da notificação, o acusado poderá


oferecer defesa escrita.

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§ 2º As multas poderão, também, ser aplicadas pelo Conselho Nacional de


Telecomunicações mediante representação das autoridades referidas no art. 68
desta lei.

Art. 67. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 67. A perempção da concessão ou autorização será declarada pelo Presidente


da República, precedendo parecer do Conselho Nacional de Telecomunicações, se
a concessionária ou permissionária decair do direito à renovação

Parágrafo único. O direito a renovação decorre do cumprimento pela empresa, de


seu contrato de concessão ou permissão, das exigências legais e regulamentares,
bem como das finalidades educacionais, culturais e morais a que se obrigou, e de
persistirem a possibilidade técnica e o interesse público em sua existência.

Texto original: O infrator multado poderá dentro de 5 (cinco) dias e com efeito
suspensivo, recorrer ao Presidente da República, que lhe dará ou negará
provimento podendo, ainda, reduzir o valor da multa.

Art. 68. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 68. A caducidade de concessão ou da autorização será declarada pelo


Presidente da República, precedendo parecer do Conselho Nacional de
Telecomunicações, nos seguintes casos:

a) quando a concessão ou a autorização decorra de convênio com outro país, cuja


denúncia a torne inexeqüível;

b) quando expirarem os prazos de concessão ou autorização decorrente de


convênio com outro país, sendo inviável a prorrogação.

Parágrafo único. A declaração de caducidade só se dará se for impossível evitá-la


por convênio com qualquer país ou por inexistência comprovada de frequência no
Brasil que possa ser atribuída à concessionária ou permissionária, a fim de que não
cesse seu funcionamento.

Texto original: A suspensão da concessão ou da permissão, até 30 (trinta) dias,


será aplicada pelo Ministro da Justiça, nos casos em que a infração estiver
capitulada no art. 53 desta lei, ex officio ou mediante representação de qualquer
das seguintes autoridades:

I - Em todo o território nacional:

a) Mesa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;

b) Presidente do Supremo Tribunal Federal;

c) Ministro de Estado;

d) Procurador Geral da República;

e) Chefe do Estado Maior das Fôrças Armadas;

f) Conselho Nacional de Telecomunicações.

II - Nos Estados:

a) Mesa da Assembléia Legislativa;

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b) Presidente do Tribunal de Justiça;

c) Secretário do Interior e da Justiça;

d) Chefe do Ministério Público Estadual;

e) Juiz de Menores, nos casos de ofensa à moral e aos bons costumes.

III - Nos Municípios:

a) Mesa da Câmara Municipal;

b) Prefeito Municipal.

Art. 69. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 69. A declaração da perempção ou da caducidade, quando viciada por


ilegalidade, abuso do poder ou pela desconformidade com os ou motivos alegados,
titulará o prejudicado a postular reparação do seu direito perante o Judiciário.

Texto original: Assim que receber representação das autoridades referidas no art.
68, inciso I, letras a e b, incontinenti o Ministro da Justiça notificará a
concessionária ou permissionária, para que:

a) não reincida na transmissão objeto da representação, até que esta seja decidida
pelo Ministro da Justiça;

b) desminta, imediatamente, a transmissão incriminada ou a desfaça por


declarações contrárias às que tenham motivado a representação;

c) ofereça defesa no prazo de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único. Quando a representação fôr das autoridades referidas no art. 68,
inciso I, letras c, d, e e f, inciso II, letras a, b, c, d, e e, inciso III letras a e b o
Ministro da Justiça verificará in limine, sua procedência, a fim de notificar ou não a
concessionária ou permissionária.

Art. 70. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 70. Constitui crime punível com a pena de detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos,
aumentada da metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização de
telecomunicações, sem observância do disposto nesta Lei e nos regulamentos.

Parágrafo único. Precedendo ao processo penal, para os efeitos referidos neste


artigo, será liminarmente procedida a busca e apreensão da estação ou aparelho
ilegal.

Texto original: Se a notificação não fôr prontamente obedecida, o Ministro da


Justiça suspenderá, provisòriamente, a concessionária ou permissionária.

Parágrafo único. O Ministro da Justiça decidirá as representações que lhe forem


oferecidas dentro de 15 (quinze) dias, improrrogáveis.

Art. 71. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 71. Toda irradiação será gravada e mantida em arquivo durante as 24 horas
subsequentes ao encerramento dos trabalhos diários de emissora.

§ 1º As Emissoras de televisão poderão gravar apenas o som dos programas

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transmitidos.

§ 2º As emissoras deverão conservar em seus arquivos os textos dos programas,


inclusive noticiosos devidamente autenticados pelos responsáveis, durante 60
(sessenta) dias.

§ 3º As gravações dos programas políticos, de debates, entrevistas


pronunciamentos da mesma natureza e qualquer irradiação não registrada em
texto, deverão ser conservadas em arquivo pelo prazo de 20 (vinte) dias depois de
transmitidas, para as concessionárias ou permissionárias até 1 kw e 30 (trinta) dias
para as demais.

§ 4º As transmissões compulsoriamente estatuídas por lei serão gravadas em


material fornecido pelos interessados.

Texto original: A concessionária ou permissionária que não se conformar com a


notificação, suspensão provisória ou pena de suspensão aplicada pelo Ministro da
Justiça, poderá dentro de cinco dias, promover o pronunciamento do Tribunal
Federal de Recursos, através de mandado de segurança, observadas as seguintes
normas:

a) o Presidente, dentro de prazo improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas,


suspenderá ou não in limine, o ato do Ministro da Justiça;

b) o prazo para as informações do Ministro da Justiça de 48 (quarenta e oito)


horas improrrogáveis;

c) após o recebimento das informações, o relator enviará o processo


imediatamente à Mesa, para que seja julgado na primeira Reunião de Turma;

d) o Procurador emitirá parecer oral na sessão de julgamento, após o relatório;

e) o julgamento é da competência de turmas isoladas;

f) a defesa e as informações poderão ser enviadas por via telegráfica ou


radiotelegráfica;

g) o Regimento Interno do Tribunal Federal de Recursos estabelecerá normas


complementares para a aplicação desta Lei, inclusive para o período de férias
forenses.

§ 1º A autoridade que não se conformar com a decisão denegatória da


representação que ofereceu ao Ministro da Justiça poderá, dentro de 15 (quinze)
dias da mesma, promover o pronunciamento do Judiciário, através de mandado de
segurança, interpôsto ao Tribunal Federal de Recursos.

§ 2º A decisão final do Ministro da Justiça, aplicando a pena de suspensão só será


executada depois da decisão liminar referida na letra "a" dêste artigo, quando
confirmatória da suspensão.

§ 3º A Justiça Eleitoral poderá também notificar para que cesse e imediatamente


seja desmentida, determinando sua suspensão até 24 (vinte e quatro) horas, no
caso de desobediência, transmissão que constitua infração à legislação eleitoral.

Art. 72. Revogado e com redação dada pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Art. 72. A autoridade que impedir ou embaraçar a liberdade da radiodifusão ou da


televisão fora dos casos autorizados em lei, incidirá no que couber, na sanção do

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artigo 322 do Código Penal.

Texto original: A pena de suspensão até 15 (quinze) dias, ouvido o Conselho


Nacional de Telecomunicações, será ainda aplicada pelo Ministro da Justiça nos
seguintes casos:

a) infração das letras a, b, c, e, g e h, do art. 38 desta lei, estipulando o Ministro da


Justiça prazo para que sejam sanadas as irregularidades;

b) desrespeito ao direito de resposta reconhecido por decisão judicial;

c) quando seja criada situação de perigo de vida;

d) inobservância do disposto nos §§ 3º e 4º do art. 81 e no art. 86 desta lei.

Parágrafo único. No caso da letra e dêste artigo, a suspensão poderá ser aplicada
pelo agente fiscalizador, ad referendum do Conselho Nacional de
Telecomunicações.

Art. 73. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Da suspensão aplicada nos têrmos do artigo anterior cabe recurso
no prazo de 3 (três) dias, ao Presidente da República, com efeito suspensivo salvo
o caso da alínea "c".

Art. 74. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A perda de cassação será imposta pelo Ministro da Justiça dentro de
30 (trinta) dias e mediante representação do Conselho Nacional de
Telecomunicações, nos seguintes casos:

a) reincidência em infração anteriormente punida com suspensão;


b) interrupção do funcionamento por mais de 30 (trinta) dias consecutivos, exceto
quando haja autorização do Conselho Nacional de Telecomunicações, por justa
causa;

c) superveniência de incapacidade legal, técnica ou econômica para execução dos


serviços na concessão ou autorização;

d) por não haver a concessionária ou permissionária, no prazo estipulado pelo


Ministro da Justiça, corrigido as irregularidades motivadoras de suspensão
anteriormente imposta.

§ 1º O Conselho Nacional de Telecomunicações, ao representar pedindo a


cassação dará ciência, na mesma data, a concessionária ou permissionária para
que, dentro de 15 (quinze) dias, ofereça defesa escrita, querendo.

§ 2º A concessionária ou permissionária que não se conformar com a cassação,


poderá promover o pronunciamento do Tribunal Federal de Recursos, através do
mandato de segurança, cabendo ao seu Presidente decidir sobre a suspensão
liminar do ato, no prazo improrrogável de 24 (vinte e quatro) horas.

§ 3º Aplica-se, quanto à execução da cassação, o disposto no § 2º, do art. 71,


desta lei.

Art. 75. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A perempção da concessão ou autorização será declarada pelo

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Presidente da República, precedendo parecer do Conselho Nacional de


Telecomunicações, se a respectiva concessionária ou permissionária decair do
direito à renovação.

Parágrafo único. O direito à renovação decorre do cumprimento, pela


concessionária ou permissionária, das exigências legais e regulamentares, bem
como das finalidades educacionais culturais e morais a que esteve obrigada.

Art. 76. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A caducidade da concessão ou da autorização será declarada pelo


Presidente da República, precedendo parecer do Conselho Nacional de
Telecomunicações, nos seguintes casos:

a) quando a concessão ou a autorização decorra de convênio com outro País, cuja


denúncia a torne inexeqüível;

b) quando expirarem os prazos da concessão ou autorização decorrente de


convênio com outro País, sendo inviável a prorrogação.

Parágrafo único. A declaração de caducidade só se dará se fôr impossível evitá-la


por convênio com qualquer país ou por inexistência comprovada de freqüência no
Brasil, que possa ser atribuída à concessionária ou permissionária, a fim de que
não cesse seu funcionamento.

Art. 77. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A declaração da perempção ou da caducidade, quando viciada por


ilegalidade, abuso do poder ou pela desconformidade com os fins ou motivos
alegados, titulará o prejudicado a postular reparação do seu direito perante o
Judiciário (art. 141, § 4º, da Constituição Federal).

Art. 78. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Constitui crime púnível com a pena de detenção de 1 ( um) a 2 (dois)
anos, aumentada da metade se houver dano a terceiro, a instalação ou utilização
de telecomunicações, sem observância do disposto nesta lei e nos regulamentos.

Parágrafo único. Precedendo ao processo penal, para os efeitos referidos neste


artigo será liminarmente procedida a busca e apreensão da estação ou aparêlho
ilegais.

Art. 79. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: As autoridades, pessoas, entidades ou emprêsas noticiosas que


funcionem legalmente no País, quando não sob responsabilidade da
concessionária ou permissionária, que praticarem abuso referido no art. 53 desta
lei, estão sujeitas, no que couber, ao disposto nos artigos 9º a 16 e 26 a 51 da Lei
n. 2.083, de 12 de novembro de 1953.

§ 1º A responsabilidade pela autoria, nos têrmos do disposto neste artigo, não


exclui a da concessionária ou permissionária, quando culpada por ação ou
omissão.

§ 2º As multas estipuladas na Lei n. 2.083, de 12 de novembro de 1953, serão de 5


(cinco) a 100 (cem) vêzes o valor do maior salário-mínimo vigente no País.

Art. 80. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

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Texto original: Equiparam-se à atividade do jornalista profissional a busca, a


redação, a divulgação ou a promoção, através da radiodifusão, de notícias,
reportagens, comentários, debates e entrevistas.

Art. 81. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Independentemente da ação penal, o ofendido pela calúnia,


difamação ou injúria cometida por meio de radiodifusão, poderá demandar, no
Juízo Cível, a reparação do dano moral, respondendo por êste solidáriamente, o
ofensor, a concessionária ou permissionária, quando culpada por ação ou omissão,
e quem quer que, favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para
êle.

§ 1º A ação seguirá o rito do processo ordinário estabelecido no Código do


Processo Civil.

§ 2º Sob pena de decadência a ação deve ser proposta dentro de 30 (trinta) dias, a
contar da data da transmissão caluniosa, difamatória ou injuriosa.

§ 3º Para exercer o direito à reparação é indispensável que no prazo de 5 (cinco)


dias para as concessionárias ou permissionárias até 1kw e de 10 (dez) dias para as
demais, o ofendido as notifique, via judicial ou extrajudicial, para que não desfaçam
a gravação nem destruam o texto, referidos no art. 86 desta lei.

§ 4º A concessionária ou permissionária só poderá destruir a gravação ou o texto


objeto da notificação referida neste artigo, após o pronunciamento conclusivo do
Judiciário sôbre a respectiva demanda para a reparação do dano moral.

Art. 82. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Em se tratando de calúnia, é admitida, como excludente da


obrigação de indenizar, a exceção da verdade, que deverá ser oferecida no prazo
para a contestação.

Parágrafo único. Será sempre admitida a exceção da verdade, aduzida no prazo


acima, em se tratando de calúnia ou difamação, se o ofendido exercer função
pública na União, nos Estados, nos Municípios, em entidade autárquica ou em
sociedade de economia mista.

Art. 83. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A crítica e o conceito desfavorável, ainda que veementes, ou a


narrativa de fatos verdadeiros, não darão motivo a qualquer reparação.

Art. 84. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Na estimação do dano moral, o Juiz terá em conta, notadamente, a


posição social ou política do ofendido, a situação econômica do ofensor, a
intensidade do ânimo de ofender, a gravidade e repercussão da ofensa.

§ 1º O montante da reparação terá o mínimo de 5 (cinco) e o máximo de 100 (cem)


vêzes o maior salário-mínimo vigente no País.

§ 2º O valor da indenização será elevado ao dôbro quando comprovada a


reincidência do ofensor em ilícito contra a honra, seja por que meio fôr.

§ 3º A mesma agravação ocorrerá no caso de ser o ilícito contra a honra praticado


no interêsse de grupos econômicos ou visando a objetivos antinacionais.

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Art. 85. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A retratação do ofensor, em juízo ou fora dêle, não excluirá a


responsabilidade pela reparação.

Parágrafo único. A retratação será atenuante na aplicação da pena de reparação.

Art. 86. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: As concessionárias ou permissionárias deverão conservar em seus


arquivos, os textos dos programas, inclusive noticiosos, devidamente autenticados
pelos responsáveis durante 10 (dez) dias.

Parágrafo único. Os programas de debates ou políticos, bem como


pronunciamentos da mesma natureza não registrados em textos, excluídas as
transmissões compulsòriamente estatuídas por lei, deverão ser gravados para que
sejam conservados em seus arquivos até 5 (cinco) dias depois de transmitidos para
as concessionárias ou permissionárias até 1kw e até 10 (dez) dias para as demais.

Art. 87. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Os dispositivos, relativos à reparação dos danos morais, são


aplicáveis, no que couber, ao caso de ilícito contra a honra por meio da imprensa,
devendo a petição inicial ser instruída, desde logo, com o exemplar do jornal ou
revista contendo a calúnia, difamação ou injúria.

Art. 88. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A prescrição da ação penal nas infrações definidas nesta lei e na Lei
n. 2.083, de 12 de novembro de 1953, ocorrerá 2 (dois) anos após a data da
transmissão ou publicação incriminadas, e a da condenação no dôbro do prazo em
que fôr fixada.

Parágrafo único. O direito de queixa ou de representação do ofendido, ou seu


representante legal, decairá se não fôr exercido dentro do prazo de 3 (três) meses
da data da transmissão ou publicação incriminadas.

Art. 89. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: É assegurado o direito de resposta a quem fôr ofendido pela


radiodifusão.
Art. 90. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: O direito de resposta consiste na transmissão da resposta escrita do


ofendido, dentro de 24 (vinte e quatro) horas do seu recebimento, no mesmo
horário, programa e pela mesma emissora em que se deu a ofensa.

§ 1º Se no prazo de 24 (vinte e quatro) horas não se repetir o programa para o


efeito referido neste artigo, a emissora respeitará a exigência nêle contida quanto
ao horário.

§ 2º Quando o ofensor não tiver com a permissionária ou concessionária em que se


deu a ofensa qualquer vínculo de responsabilidade ou de contrato de trabalho o
pagamento da resposta é devido por aquêle ou pelo ofendido, conforme decisão do
Judiciário sôbre o pedido de resposta.

§ 3º O caso referido no parágrafo anterior, a emissora transmitirá resposta 24 (vinte

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e quatro) horas depois que o ofendido lhe provar o ingresso em juízo do pedido de
resposta.

§ 4º Se a emissora, no prazo referido no parágrafo anterior, não transmitir a


resposta, ainda que a responsabilidade da ofensa seja de terceiro, nos têrmos do
parágrafo 2º dêste artigo, decairá do direito ao pagamento nêle assegurado.

Art. 91. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: O direito de resposta poderá ser exercido pelo próprio ofendido, seu
bastante procurador ou representante legal.

Parágrafo único. Quando a ofensa fôr à memória de alguém o direito de resposta


poderá ser exercido por seu cônjuge, ascendente, descendente ou parente
colateral.

Art. 92. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Se o pedido de resposta não fôr atendido dentro de 24 (vinte e


quatro) horas, o ofendido, seu bastante procurador ou representante legal, ou no
caso do parágrafo único, do artigo 91, qualquer das pessoas neste qualificadas,
poderá reclamar judicialmente o direito de pessoalmente fazê-lo dentro de 24 (vinte
e quatro) horas, contadas da intimação por mandado judicial.

Art. 93. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Recebido o pedido de resposta, o juiz, dentro de 24 (vinte e quatro)


horas, mandará citar a concessionária ou permissionária para que, em igual prazo,
diga das razões por que não a transmitiu.

Parágrafo único. Nas 24 (vinte e quatro) horas seguintes, o juiz proferirá sua
decisão, tenha o responsável atendido, ou não, à intimação para que se
defendesse, dela devendo também constar:

a) fixação do tempo para a resposta;

b) fixação do preço da transmissão quando o ofensor condenado ou o ofendido que


perdeu a ação, deva pagá-lo;

c) gratuidade da resposta, quando:

I - houver ocorrido a decadência referida no parágrafo 4º do artigo 90 desta lei;

II - a autoria da ofensa seja de pessoa vinculada por qualquer responsabilidade ou


por contrato de trabalho à concessionária ou permissionária;

III - a autoria seja de pessoa sem qualquer vínculo de responsabilidade ou de


contrato de trabalho com a concessionária ou permissionária, mas sendo uma ou
outra julgada culpada por ação ou omissão.

Art. 94. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Da decisão proferida pelo juiz, caberá apelação no efeito devolutivo,
com ação executiva para reaver o preço pago pela transmissão da resposta.

Art. 95. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Será negada a transmissão da resposta:

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a) quando não tiver relação com os fatos referidos na transmissão incriminada;

b) quando contiver expressões caluniosas, injuriosas ou difamatórias contra a


concessionária ou permissionária;

c) quando se tratar de atos ou publicações oficiais;

d) quando se referir a terceiros, podendo dar-lhes também o direito de resposta;

e) quando houver decorrido o prazo de mais de 30 (trinta) dias entre a transmissão,


incriminada e o respectivo pedido de resposta.

Art. 96. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A transmissão da resposta, salvo quando espontânea, não impedirá


o ofendido de promover a punição pelas ofensas de que foi vítima.

Art. 97. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: Os discursos proferidos no Congresso Nacional, assim como os


votos e pareceres dos seus membros, são invioláveis para o efeito de transmissão
pelas telecomunicações.

Parágrafo único. Na vigência do estado de sítio, só serão divulgados os discursos,


votos e pareceres expressamente autorizados pela Mesa da Casa a que pertencer
o Congressista.

Art. 98. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A autoridade que impedir ou embaraçar a liberdade da radiodifusão


ou da televisão, fora dos casos autorizados em lei, incidirá, no que couber, na
sanção do artigo 322 do Código Penal.

Art. 99. Revogado pelo Decreto-lei nº 236, de 28.2.1967:

Texto original: A concessionária ou permissionária, ofendida em qualquer direito,


poderá pleitear junto ao Judiciário sua reparação, inclusive para salvaguardar a
viabilidade econômica do empreendimento, afetada por exigências administrativas
que a comprometam, desde que não decorrentes de lei ou regulamento.

CAPÍTULO VIII

Das Taxas e Tarifas

Art. 100. A execução de qualquer serviço de telecomunicações, por meio de concessão,


autorização ou permissão, está sujeita ao pagamento de taxas cujo valor será fixado em lei.

Art. 101. Os critérios para determinação da tarifa dos serviços de telecomunicações, excluídas as
referentes à Radiodifusão, serão fixados pelo Conselho Nacional de Telecomunicações de modo
a permitirem:

a) cobertura das despesas de custeio;

b) justa remuneração do capital;

c) melhoramentos e expansão dos serviços (Constituição, art. 151, parágrafo único).

§ 1º As tarifas dos serviços internacionais obedecerão aos mesmos princípios dêste artigo,
observando-se o que estiver ou vier a ser estabelecido em acordos e convenções a que o Brasil

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esteja obrigado.

§ 2º Nenhuma tarifa entrará em vigor sem prévia aprovação pelo Conselho Nacional de
Telecomunicações.

Art. 102. A parte da tarifa que se destinar a melhoramentos e expansão dos serviços de
telecomunicações, de que trata o art. 101, letra c, será escriturada em rubrica especial na
contabilidade da emprêsa.

Art. 103. Não poderão ser incluídos na composição do custo do serviço, para efeito da revisão ou
fixação tarifária:

a) despesas de publicidade das concessionárias e permissionárias;

b) assistência técnica devida a emprêsas que pertençam a holding, de que faça parte também a
concessionária ou permissionária;

c) honorários advocatícios, ou despesas com pareceres, quando a emprêsa possua órgãos


técnicos permanentes para o serviço forense;

d) despesa com peritos da parte, sempre que no quadro da emprêsa figurem pessoas habilitadas
para a perícia em questão;

e) vencimentos de diretores ou chefes de serviços, no que vierem a exceder a remuneração


atribuída, no serviço federal, ao Ministro de Estado;

f) despesas não cobradas com serviços de qualquer natureza que a lei não haja tornado
gratuitos, ou que não tenham sido dispensados de pagamento em resolução do Conselho
Nacional de Telecomunicações, publicada no Diário Oficial.

Parágrafo único. A publicação de editais ou de notícias de evidente interêsse público, não se


incluirá na redação da letra a desde que prèviamente autorizada pelo Conselho Nacional de
Telecomunicações e distribuída uniformemente por todos os jornais diários.

Art. 104. Será adotada tarifa especial para os programas educativos dos Estados, Municípios e
Distrito Federal, assim como para as instituições privadas de ensino e de cultura.

Art. 105. Na ocorrência de novas modalidades do serviço, poderá o Govêrno até que a lei
disponha a respeito, adotar taxas e tarifas provisórias, calculadas na base das que são cobradas
em serviço análogo ou fixadas para a espécie em regulamento internacional.

Art. 106. A tarifa do serviço telegráfico público interior será constituída de uma taxa fixa por grupo
de palavras ou fração, e de taxa de percurso por palavra. A tarifa dos serviços telefônicos, de
foto-telegramas, de telex e outros congêneres, terá por base a ocupação do circuito e a distância
entre as estações.

Art. 107. No serviço telegráfico público internacional a União terá direito às taxas de terminal e de
trânsito brasileiras.

Art. 108. Em relação à que for cobrada pela União em serviço interior idêntico, a tarifa dos
concessionários e permissionários, deverá ser:

a) igual, no serviço telegráfico das estradas de ferro;

b) nunca inferior nos casos de serviço público restrito interior;

c) sempre mais elevada, nos demais casos.

Art. 109. No serviço público telegráfico interior em tráfego mútuo entre rêdes da União e de

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estradas de ferro, a prórateação das taxas obedecerá ao que fôr estipulado pelo Conselho
Nacional de Telecomunicações.

Parágrafo único. Os convênios serão aprovados pelo Conselho Nacional de Telecomunicações e


o rateio das taxas obedecerá às normas por êle estabelecidas.

Art. 110. Nos serviços de telegramas e radiocomunicações de múltiplos destinos será cobrada a
tarifa que vigorar para a imprensa.

Art. 111. A tarifa dos radiotelegramas internacionais será estabelecida segundo os respectivos
regulamentos, considerando-se, porém, serviço público interior para êsse efeito os
radiotelegramas diretamente permutados entre as estações brasileiras fixas ou móveis e as
estações brasileiras móveis que se acharem fora da jurisdição territorial do Brasil.

Art. 112. As disposições sôbre tarifas sòmente têm aplicação nos casos de serviços
remunerados.

Parágrafo único. O orçamento consignará anualmente dotação suficiente para cobertura das
despesas correspondentes às taxas postais-telegráficas resultantes dos serviços dos órgãos dos
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Art. 113. Os concessionários e permissionários não poderão cobrar tarifas diferentes das que
para os mesmos destinos no exterior e pela mesma via, estejam em vigor nas estações do
Departamento de Correios e Telégrafos.

DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 114. Ficam revogados os dispositivos em vigor referentes ao registro de aparelhos


receptores de radiodifusão.

Art. 115. São anistiadas as dívidas pelo não pagamento de taxa de registro de aparelhos
receptores de radiodifusão, devendo o Poder Executivo providenciar o imediato cancelamento
dessas dívidas, inclusive as já inscritas e ajuizadas.

Art. 116. Regulamentada esta lei, constituído e instalado o Conselho Nacional de


Telecomunicações, ficará extinta a Comissão Técnica de Rádio, transferindo-se o seu pessoal,
arquivo, expediente e instalações para o Conselho Nacional de Telecomunicações.

Art. 117. As concessões e autorizações para os serviços de radiodifusão em funcionamento


ficam automaticamente mantidas pelos prazos fixados no art. 33, § 3º, desta lei.

Art. 118. O Conselho Nacional de Telecomunicações procederá, imediatamente, ao


levantamento das concessões, autorizações e permissões, propondo ao Presidente da República
a extinção daquelas cujos serviços não estiverem funcionando por culpa dos concessionários.

Art. 119. Até que seja aprovado o seu Quadro de Pessoal os serviços a cargo do Conselho
Nacional de Telecomunicações serão executados por servidores públicos civis e militares,
requisitados na forma da legislação em vigor.

Art. 120. Após a sua instalação, o Conselho Nacional de Telecomunicações proporá, dentro de
90 (noventa) dias, a organização dos quadros de seus serviços e órgãos.

Art. 121. O Conselho Nacional de Telecomunicações procederá à revisão dos contratos das
emprêsas de telecomunicações que funcionam no país, observando:

a) a padronização de todos os contratos, observadas as circunstâncias peculiares a cada tipo de


serviço;

b) a fixação de prazo para as concessionárias autorizadas a funcionar no país se adaptarem aos

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L4117

preceitos da presente lei e às disposições do seu respectivo regulamento.

Art. 122. É o Departamento dos Correios e Telégrafos dispensado de no último dia do ano,
recolher a conta de "restos a pagar", as importâncias empenhadas na aquisição de material ou
na contratação ou ajuste de serviços de terceiros, não entregues ou não concluídos antes
daquela data.

§ 1º As importâncias serão depositadas no Banco do Brasil, em conta vinculada com o


fornecedor, só podendo ser liberadas quando certificado o recebimento.

§ 2º A conta vinculada mencionará específicamente a data limite de entrega ou de conclusão dos


serviços.

§ 3º 30 (trinta) dias após a data limite e não tendo o Departamento dos Correios e Telégrafos
liberado a conta, o Banco do Brasil recolherá o depósito à conta de "restos a pagar" da União.

Art. 123. As disposições legais e regulamentares que disciplinam os serviços de


telecomunicações não colidentes com esta lei e não revogadas ou derrogadas, explícita ou
implícitamente, pela mesma, deverão ser consolidadas pelo Poder Executivo.

Art. 124. O tempo destinado na programação das estações de radiodifusão, à publicidade


comercial, não poderá exceder de 25% (vinte e cinco por cento) do total.

Art. 125. O Departamento dos Correios e Telégrafos continuará a exercer as atribuições de


fiscalização e a efetuar a arrecadação das atuais taxas, prêmios e contribuições, até que o
Conselho Nacional de Telecomunicações esteja devidamente aparelhado para o exercício destas
atribuições.

Art. 126. Enquanto não houver serviços telefônicos entre Brasília e as demais regiões do país,
em condições de atender aos membros do Congresso Nacional em assuntos relacionados com o
exercício de seus mandatos, o Conselho Nacional de Telecomunicações deverá reservar
freqüências para serem utilizadas por estações transmissoras e receptoras particulares, com
aquêle objetivo, observados os preceitos legais e regulamentares que disciplinam a matéria.

Art. 127. É o Poder Executivo autorizado a abrir, no Ministério da Fazenda, o crédito especial de
Cr$30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros) destinado a atender, no corrente exercício, às
despesas de qualquer natureza com a instalação e funcionamento do Conselho Nacional de
Telecomunicações.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 128. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação e deverá ser regulamentada, por ato
do Poder Executivo, dentro de 90 (noventa) dias.

Art. 129. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 27 de agôsto de 1962; 141º da Independência e 74º da República.

JOÃO GOULART

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L4771

LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965.


Institui o novo Código Florestal.

Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

Referência Legislativa

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1° As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação,


reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os
habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação
em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

Parágrafo único. As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e


exploração das florestas são consideradas uso nocivo da propriedade (art. 302, XI b, do Código
de Processo Civil).

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e


demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em
faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989)

1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de


largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

2 - de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50


(cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200
(duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos)
a 600 (seiscentos) metros de largura; (Número acrescentado pela Lei nº 7.511,
de 7.7.1986 e alterado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior
a 600 (seiscentos) metros; (Número acrescentado pela Lei nº 7.511, de 7.7.1986
e alterado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

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b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de
largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha
de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em


faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada
pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a


vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. (Alínea acrescentada pela Lei nº


6.535, de 15.6.1978)

Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas


nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas
e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervar-se-á o disposto
nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e
limites a que se refere este artigo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de
18.7.1989)

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do
Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

a) a atenuar a erosão das terras;

b) a fixar as dunas;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.

§ 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com


prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras,
planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.

§ 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação


permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.

Art. 4° Consideram-se de interesse público:

a) a limitação e o controle do pastoreio em determinadas áreas, visando à adequada

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conservação e propagação da vegetação florestal;

b) as medidas com o fim de prevenir ou erradicar pragas e doenças que afetem a vegetação
florestal;

c) a difusão e a adoção de métodos tecnológicos que visem a aumentar economicamente a vida


útil da madeira e o seu maior aproveitamento em todas as fases de manipulação e
transformação.

Art. 5° Revogado pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000:

Texto original: O Poder Público criará:

a) Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas, com a


finalidade de resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção
integral da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos
educacionais, recreativos e científicos;

b) Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, com fins econômicos, técnicos ou


sociais, inclusive reservando áreas ainda não florestadas e destinadas a atingir
aquele fim.

Parágrafo único. Ressalvada a cobrança de ingresso a visitantes, cuja receita


será destinada em pelo menos 50% (cinquenta por cento) ao custeio da
manutenção e fiscalização, bem como de obras de melhoramento em cada
unidade, é proibida qualquer forma de exploração dos recursos naturais nos
parques e reservas biológicas criados pelo poder público na forma deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 7.875, de 13.11.1989)

Art. 6º Revogado pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000:

Texto original: O proprietário da floresta não preservada, nos termos desta Lei,
poderá gravá-la com perpetuidade, desde que verificada a existência de interesse
público pela autoridade florestal. O vínculo constará de termo assinado perante a
autoridade florestal e será averbado à margem da inscrição no Registro Público.

Art. 7° Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante ato do Poder Público, por
motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes.

Art. 8° Na distribuição de lotes destinados à agricultura, em planos de colonização e de reforma


agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de preservação permanente de que trata
esta Lei, nem as florestas necessárias ao abastecimento local ou nacional de madeiras e outros
produtos florestais.

Art. 9º As florestas de propriedade particular, enquanto indivisas com outras, sujeitas a regime
especial, ficam subordinadas às disposições que vigorarem para estas.

Art. 10. Não é permitida a derrubada de florestas, situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45
graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização racional, que
vise a rendimentos permanentes.

Art. 11. O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivo,
que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios, nas florestas e demais formas
de vegetação marginal.

Art. 12. Nas florestas plantadas, não consideradas de preservação permanente, é livre a
extração de lenha e demais produtos florestais ou a fabricação de carvão. Nas demais florestas
dependerá de norma estabelecida em ato do Poder Federal ou Estadual, em obediência a

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prescrições ditadas pela técnica e às peculiaridades locais.

Art. 13. O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de licença da autoridade
competente.

Art. 14. Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas, o Poder Público
Federal ou Estadual poderá:

a) prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais;

b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais consideradas em via de extinção, delimitando
as áreas compreendidas no ato, fazendo depender, nessas áreas, de licença prévia o corte de
outras espécies;

c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem à extração, indústria e


comércio de produtos ou subprodutos florestais.

Art. 15. Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas primitivas da bacia
amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a planos técnicos de condução e
manejo a serem estabelecidos por ato do Poder Público, a ser baixado dentro do prazo de um
ano.

Art. 16. As florestas de domínio privado, não sujeitas ao regime de utilização limitada e
ressalvadas as de preservação permanente, previstas nos artigos 2° e 3° desta lei, são
suscetíveis de exploração, obedecidas as seguintes restrições:

a) nas regiões Leste Meridional, Sul e Centro-Oeste, esta na parte sul, as derrubadas de
florestas nativas, primitivas ou regeneradas, só serão permitidas, desde que seja, em qualquer
caso, respeitado o limite mínimo de 20% da área de cada propriedade com cobertura arbórea
localizada, a critério da autoridade competente;

b) nas regiões citadas na letra anterior, nas áreas já desbravadas e previamente delimitadas pela
autoridade competente, ficam proibidas as derrubadas de florestas primitivas, quando feitas para
ocupação do solo com cultura e pastagens, permitindo-se, nesses casos, apenas a extração de
árvores para produção de madeira. Nas áreas ainda incultas, sujeitas a formas de
desbravamento, as derrubadas de florestas primitivas, nos trabalhos de instalação de novas
propriedades agrícolas, só serão toleradas até o máximo de 30% da área da propriedade;

c) na região Sul as áreas atualmente revestidas de formações florestais em que ocorre o pinheiro
brasileiro, "Araucaria angustifolia" (Bert - O. Ktze), não poderão ser desflorestadas de forma a
provocar a eliminação permanente das florestas, tolerando-se, somente a exploração racional
destas, observadas as prescrições ditadas pela técnica, com a garantia de permanência dos
maciços em boas condições de desenvolvimento e produção;

d) nas regiões Nordeste e Leste Setentrional, inclusive nos Estados do Maranhão e Piauí, o corte
de árvores e a exploração de florestas só será permitida com observância de normas técnicas a
serem estabelecidas por ato do Poder Público, na forma do art. 15.

§ 1º Nas propriedades rurais, compreendidas na alínea a deste artigo, com área


entre vinte (20) a cinqüenta (50) hectares computar-se-ão, para efeito de fixação do
limite percentual, além da cobertura florestal de qualquer natureza, os maciços de
porte arbóreo, sejam frutícolas, ornamentais ou industriais. (Parágrafo único
renumerado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

§ 2º A reserva legal, assim entendida a área de , no mínimo, 20% (vinte por cento)
de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso, deverá ser averbada à
margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente,
sendo vedada, a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a

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qualquer título, ou de desmembramento da área. (Parágrafo acrescentado pela


Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

§ 3º Aplica-se às áreas de cerrado a reserva legal de 20% (vinte por cento) para
todos os efeitos legais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989)

Art. 17. Nos loteamentos de propriedades rurais, a área destinada a completar o limite percentual
fixado na letra a do artigo antecedente, poderá ser agrupada numa só porção em condomínio
entre os adquirentes.

Art. 18. Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou o
reflorestamento de preservação permanente, o Poder Público Federal poderá fazê-lo sem
desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.

§ 1° Se tais áreas estiverem sendo utilizadas com culturas, de seu valor deverá ser indenizado o
proprietário.

§ 2º As áreas assim utilizadas pelo Poder Público Federal ficam isentas de tributação.

Art. 19. A exploração de florestas e de formações sucessoras, tanto de domínio


público como de domínio privado, dependerá de aprovação prévia do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, bem
como da adoção de técnicas de condução, exploração, reposição floretal e manejo
compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.
(Redação dada pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Parágrafo único. No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos


que contemplem a utilização de espécies nativas. (Parágrafo acrescentado pela
Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 20. As empresas industriais que, por sua natureza, consumirem grande quantidades de
matéria prima florestal serão obrigadas a manter, dentro de um raio em que a exploração e o
transporte sejam julgados econômicos, um serviço organizado, que assegure o plantio de novas
áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, cuja produção sob exploração racional,
seja equivalente ao consumido para o seu abastecimento.

Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas
neste Código, obriga os infratores ao pagamento de uma multa equivalente a 10% (dez por
cento) do valor comercial da matéria-prima florestal nativa consumida além da produção da qual
participe.

Art. 21. As empresas siderúrgicas, de transporte e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou
outra matéria prima florestal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração racional
ou a formar, diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais participem, florestas
destinadas ao seu suprimento.

Parágrafo único. A autoridade competente fixará para cada empresa o prazo que lhe é facultado
para atender ao disposto neste artigo, dentro dos limites de 5 a 10 anos.

Art. 22. A União, diretamente, através do órgão executivo específico, ou em


convênio com os Estados e Municípios, fiscalizará a aplicação das normas deste
Código, podendo, para tanto, criar os serviços indispensáveis. (Redação dada pela
Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único do art. 2º
desta Lei, a fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União
supletivamente. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

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Art. 23. A fiscalização e a guarda das florestas pelos serviços especializados não excluem a ação
da autoridade policial por iniciativa própria.

Art. 24. Os funcionários florestais, no exercício de suas funções, são equiparados aos agentes de
segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.

Art. 25. Em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos ordinários,
compete não só ao funcionário florestal, como a qualquer outra autoridade pública, requisitar os
meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio.

Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples
ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou ambas
as penas cumulativamente:

a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em


formação ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei;

b) cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade


competente;

c) penetrar em floresta de preservação permanente conduzindo armas, substâncias ou


instrumentos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou subprodutos
florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente;

d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas
Biológicas;

e) fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar as
precauções adequadas;

f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação;

g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação;

h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a
exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente e sem munir-se da via
que deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento;

i) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas,


sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela
autoridade competente;

j) deixar de restituir à autoridade, licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao
consumidor dos produtos procedentes de florestas;

l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que impeça
a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas;

m) soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade
não penetre em florestas sujeitas a regime especial;

n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de


logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;

o) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem


prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra espécie de minerais;

p) (Vetado).

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q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial,


sem licença da autoridade competente. (Alínea acrescentada pela Lei nº 5.870,
de 26.3.1973)

Art. 27. É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.

Parágrafo único. Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em


práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público,
circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.

Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos
sobre contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades
neles cominadas.

Art. 29. As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:

a) diretos;

b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes


compradores ou proprietários das áreas florestais, desde que praticadas por prepostos ou
subordinados e no interesse dos preponentes ou dos superiores hierárquicos;

c) autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento legal, na prática do ato.

Art. 30. Aplicam-se às contravenções previstas neste Código as regras gerais do Código Penal e
da Lei de Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não disponha de modo diverso.

Art. 31. São circunstâncias que agravam a pena, além das previstas no Código Penal e na Lei de
Contravenções Penais:

a) cometer a infração no período de queda das sementes ou de formação das vegetações


prejudicadas, durante a noite, em domingos ou dias feriados, em épocas de seca ou inundações;

b) cometer a infração contra a floresta de preservação permanente ou material dela provindo.

Art. 32. A ação penal independe de queixa, mesmo em se tratando de lesão em propriedade
privada, quando os bens atingidos são florestas e demais formas de vegetação, instrumentos de
trabalho, documentos e atos relacionados com a proteção florestal disciplinada nesta Lei.

Art. 33. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,
lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou
contravenções, previstos nesta Lei, ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e demais
formas de vegetação, instrumentos de trabalho, documentos e produtos procedentes das
mesmas:

a) as indicadas no Código de Processo Penal;

b) os funcionários da repartição florestal e de autarquias, com atribuições correlatas, designados


para a atividade de fiscalização.

Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades, o Juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmou a competência.

Art. 34. As autoridades referidas no item b do artigo anterior, ratificada a denúncia pelo Ministério
Público, terão ainda competência igual à deste, na qualidade de assistente, perante a Justiça
comum, nos feitos de que trata esta Lei.

Art. 35. A autoridade apreenderá os produtos e os instrumentos utilizados na infração e, se não

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puderem acompanhar o inquérito, por seu volume e natureza, serão entregues ao depositário
público local, se houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo Juiz, para ulterior devolução ao
prejudicado. Se pertencerem ao agente ativo da infração, serão vendidos em hasta pública.

Art. 36. O processo das contravenções obedecerá ao rito sumário da Lei n. 1.508 de l9 de
dezembro de 1951, no que couber.

Art. 37. Não serão transcritos ou averbados no Registro Geral de Imóveis os atos de transmissão
"inter-vivos" ou "causa mortis", bem como a constituição de ônus reais, sôbre imóveis da zona
rural, sem a apresentação de certidão negativa de dívidas referentes a multas previstas nesta Lei
ou nas leis estaduais supletivas, por decisão transitada em julgado.

Art. 38. Revogado pela Lei nº 5.106, de 2.9.1966:

Texto original: As florestas plantadas ou naturais são declaradas imunes a qualquer


tributação e não podem determinar, para efeito tributário, aumento do valor das
terras em que se encontram.

§ 1° Não se considerará renda tributável o valor de produtos florestais obtidos em


florestas plantadas, por quem as houver formado.

§ 2º As importâncias empregadas em florestamento e reflorestamento serão


deduzidas integralmente do imposto de renda e das taxas específicas ligadas ao
reflorestamento.

Art. 39. Revogado pela Lei nº 5.868, de 12.12.1972:

Texto original: Ficam isentas do imposto territorial rural as áreas com florestas sob
regime de preservação permanente e as áreas com florestas plantadas para fins de
exploração madeireira.

Parágrafo único. Se a floresta for nativa, a isenção não ultrapassará de 50%


(cinqüenta por cento) do valor do imposto, que incidir sobre a área tributável.

Art. 40. (Vetado).

Art. 41. Os estabelecimentos oficiais de crédito concederão prioridades aos projetos de


florestamento, reflorestamento ou aquisição de equipamentos mecânicos necessários aos
serviços, obedecidas as escalas anteriormente fixadas em lei.

Parágrafo único. Ao Conselho Monetário Nacional, dentro de suas atribuições legais, como órgão
disciplinador do crédito e das operações creditícias em todas suas modalidades e formas, cabe
estabelecer as normas para os financiamentos florestais, com juros e prazos compatíveis,
relacionados com os planos de florestamento e reflorestamento aprovados pelo Conselho
Florestal Federal.

Art. 42. Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a
adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos de educação florestal,
previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o órgão florestal
competente.

§ 1° As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em suas programações, textos


e dispositivos de interêsse florestal, aprovados pelo órgão competente no limite mínimo de cinco
(5) minutos semanais, distribuídos ou não em diferentes dias.

§ 2° Nos mapas e cartas oficiais serão obrigatoriamente assinalados os Parques e Florestas


Públicas.

§ 3º A União e os Estados promoverão a criação e o desenvolvimento de escolas para o ensino

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florestal, em seus diferentes níveis.

Art. 43. Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas para as diversas regiões do País, do
Decreto Federal. Será a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e estabelecimentos
públicos ou subvencionados, através de programas objetivos em que se ressalte o valor das
florestas, face aos seus produtos e utilidades, bem como sobre a forma correta de conduzí-las e
perpetuá-las.

Parágrafo único. Para a Semana Florestal serão programadas reuniões, conferências, jornadas
de reflorestamento e outras solenidades e festividades com o objetivo de identificar as florestas
como recurso natural renovável, de elevado valor social e econômico.

Art. 44. Na região Norte e na parte Norte da região Centro-Oeste enquanto não for estabelecido
o decreto de que trata o artigo 15, a exploração a corte razo só é permissível desde que
permaneça com cobertura arbórea, pelo menos 50% da área de cada propriedade.

Parágrafo único. A reserva legal, assim entendida a área de, no mínimo, 50%
(cinquenta por cento), de cada propriedade, onde não é permitido o corte raso,
deverá ser averbada à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de
imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 45. Ficam obrigados ao registo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA os estabelecimentos comerciais
responsáveis pela comercialização de moto-serras, bem como aqueles que
adquirirem este equipamento. (Artigo acrescentado pela Lei nº 7.803, de
18.7.1989)

§ 1º A licença para o porte e uso de moto-serras será renovada a cada 2 (dois)


anos perante o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

§ 2º Os fabricantes de moto-serras ficam obrigados, a partir de 180 (cento e oitenta)


dias da publicação desta Lei, a imprimir, em local visível deste equipamento,
numeração cuja seqüência será encaminhada ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e constará das
correspondentes notas fiscais. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de
18.7.1989)

§ 3º A comercialização ou utilização de moto-serras sem a licença a que se refere


este artigo constitui crime contra o meio ambiente, sujeito à pena de detenção de 1
(um) a 3 (três) meses e multa de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos de referência e
a apreensão da moto-serra, sem prejuízo da responsabilidade pela reparação dos
danos causados. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 46. No caso de florestas plantadas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA zelará para que seja preservada, em
cada município, área destinada à produção de alimentos básicos e pastagens,
visando ao abastecimento local. (Artigo acrescentado pela Lei nº 7.803, de
18.7.1989)

Art. 47. O Poder Executivo promoverá, no prazo de 180 dias, a revisão de todos os
contratos, convênios, acordos e concessões relacionados com a exploração
florestal em geral, a fim de ajustá-las às normas adotadas por esta Lei. (Art. 45
renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 48. Fica mantido o Conselho Florestal Federal, com sede em Brasília, como

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órgão consultivo e normativo da política florestal brasileira. (Art. 46 renumerado


pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Parágrafo único. A composição e atribuições do Conselho Florestal Federal,


integrado, no máximo, por 12 (doze) membros, serão estabelecidas por decreto do
Poder Executivo.

Art. 49. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no que for julgado
necessário à sua execução. (Art. 47 renumerado pela Lei nº 7.803, de 18.7.1989)

Art. 50. Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias após a data de sua
publicação, revogados o Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934 (Código
Florestal) e demais disposições em contrário. (Art. 48 renumerado pela Lei nº
7.803, de 18.7.1989)

Brasília, 15 de setembro de 1965; 144º da Independência e 77º da República.

H. CASTELLO BRANCO
Hugo Leme
Octaavio Gouveia de Bulhões
Flávio Lacerda

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L5027

LEI Nº 5.027, DE 14 DE JUNHO DE 1966.


Institui o Código Sanitário do Distrito Federal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e sanciono a seguinte Lei:

PARTE I

Disposições Gerais

Art. 1º Todos os assuntos relacionados com a saúde pública na área do Distrito Federal serão
regidos pelas disposições contidas neste Código Sanitário e na regulamentação complementar a
ser posteriormente baixada pela Prefeitura do Distrito Federal, obedecida, em qualquer caso, a
legislação federal vigente.

Art. 2º Constitui dever da Prefeitura do Distrito Federal zelar pelas condições sanitárias em todo o
seu território, em perfeita concordância com as normas nacionais.

Parágrafo único. A Prefeitura do Distrito Federal, através de órgão competente, cumprirá o


disposto neste artigo mediante ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Art. 3º A Prefeitura do Distrito Federal, de acôrdo com a orientação de seus órgãos técnicos,
estimulará qualquer iniciativa pública ou privada que vier a colaborar com a melhoria das
condições de saúde da população do Distrito Federal.

§ 1° Só serão concedidas subvenções ou auxílios, de qualquer espécie para a execução de


serviços de saúde, respeitadas as normas do órgão de saúde pública competente.

§ 2° A inobservância dos dispositivos contratuais ou das normas reguladoras das concessões


financeiras ou outras, inabilitará as organizações de que trata êste artigo a receberem auxílio.

Art. 4° As atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde na área do Distrito Federal,


desenvolvidas pelo órgão específico da Prefeitura do Distrito Federal, deverão ser entrosadas
através de acôrdos ou convênios, com as de outros órgãos ou entidades da mesma finalidade,
com o objetivo de evitar a duplicidade de ação e a dispersão de recursos.

PARTE II

Divisão do Território

Art. 5º Para efeito de aplicação desta Lei o território do Distrito Federal será dividido nas
seguintes áreas:

- área metropolitana;

- área dos núcleos satélites;

- área rural.

Art. 6° A regulamentação desta Lei delimitará as áreas referidas no artigo anterior.

Parágrafo único. As áreas a que se refere o artigo 5° poderão ser subdivididas, mediante Decreto
do Prefeito do Distrito Federal.

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L5027

Art. 7º A autoridade sanitária competente participará obrigatòriamente na regulamentação do


traçado, zoneamento ou urbanização de qualquer área do Distrito Federal.

§ 1° Para a aprovação dos projetos de loteamento de terrenos que tenham por fim estender ou
formar núcleos urbanos ou rurais, será ouvida sempre a autoridade sanitária, que expedirá
autorização, se satisfeitas as exigências regulamentares em vigor.

§ 2° A partir da publicação desta Lei, fica proibida a instalação de núcleos habitacionais de


qualquer espécie em zonas a montante do lago de Brasília e nas proximidades dos cursos de
água da sua bacia, quando não ofereçam, a critério da autoridade sanitária, garantia de sistema
de recolhimento de dejetos e de detritos capaz de evitar a poluição e a contaminação das suas
águas.

§ 3º A falta da autorização de que trata êste artigo impedirá o andamento dos respectivos
processos ou requerimentos.

PARTE III

Proteção da Saúde
Art. 8º Para efeito desta Lei, as atividades necessárias à proteção da saúde da comunidade
compreenderão bàsicamente:

a) contrôle da água;

b) contrôle do sistema de eliminação de dejetos;

c) contrôle do lixo;

d) outros problemas relacionados com o saneamento do meio ambiente;

e) higiene da habitação e dos logradouros públicos;

f) combate aos insetos, roedores e outros animais de importância sanitária;

g) prevenção das doenças evitáveis e de outros agravos à saúde;

h) higiene do trabalho.

Art. 9º O órgão competente, com base nesta Lei e em sua regulamentação, elaborará Normas
Técnicas Especiais dispondo sôbre a proteção da saúde da comunidade.

TÍTULO I

Saneamento

Art. 10. A promoção de medidas visando ao saneamento constitui dever do Poder Público, da
família e do indivíduo.

Art. 11. Os serviços de saneamento, tais como os de abastecimento de água e remoção de


resíduos e outros, destinados a manutenção da saúde, do meio, atribuídos ou não a
administrarão pública, ficarão sempre sujeitos a supervisão e às normas aprovadas pelas
autoridades sanitárias.

Art. 12. É obrigatória a ligação de tôda construção, considerada habitável, à rêde pública de
abastecimento de água e aos coletores públicos de esgôto, sempre que existentes.

§ 1° Quando não existirem rêde pública de abastecimento de água ou coletores de esgôto, a


repartição sanitária competente indicará as medidas a serem executadas.

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§ 2º Constitui obrigação do proprietário do imóvel a execução de instalações domiciliares


adequadas de abastecimento de água potável e de remoção de esgotos, cabendo ao ocupante
do imóvel zelar pela necessária conservação.

§ 3º A autoridade de saúde pública é competente para fiscalizar o cumprimento do disposto no


parágrafo anterior.

Art. 13. A Prefeitura do Distrito Federal promoverá a execução das obras de abastecimento de
água, de construção de sistemas adequados para a remoção racional de dejetos e de lixo.

Art. 14. A autoridade de saúde pública, respeitada a competência do órgão federal congênere,
determinará as medidas necessárias para proteger a população contra os insetos, roedores e
outros animais que possam ser considerados agentes diretos ou indiretos da propagação de
enfermidade ou interferir no bem-estar da comunidade.

§ 1º Os proprietários de animais domésticos ou domesticados, que tiverem evidenciada


periculosidade, serão obrigados a cumprir as medidas de segurança determinadas para cada
caso pela autoridade sanitária.

§ 2º Em caso de não cumprimento dessas medidas, a autoridade sanitária promoverá a


apreensão do animal, tomando a seguir as providências cabíveis.

Art. 15. Nenhuma construção, permanente ou temporária, poderá ser utilizada ou habitada no
Distrito Federal sem que esteja de acôrdo com as normas estabelecidas pelo órgão de saúde
pública.

Art. 16. A regulamentação desta Lei determinará as medidas necessárias para evitar a poluição
atmosférica e outros fatôres que possam afetar a saúde ou o bem-estar da população.

CAPÍTULO I

Água

Art. 17. Compete ao órgão de administração do abastecimento de água o exame periódico das
suas rêdes e demais instalações, com o objetivo de constatar a possível existência de condições
que possam prejudicar a saúde da comunidade.

Parágrafo único. O órgão responsável pelo funcionamento e manutenção das rêdes de


abastecimento de água do Distrito Federal facilitará o trabalho da autoridade sanitária, no que lhe
competir.

Art. 18. Sempre que a autoridade sanitária verificar a existência de anormalidade ou falha no
sistema de abastecimento de água, capaz de oferecer perigo à saúde, comunicará o fato aos
responsáveis, para imediatas medidas corretivas.

Art. 19. O órgão de saúde pública fixará normas para construção e manutenção, em bases de
segurança, de obras de abastecimento de água em comunidades ou propriedades rurais.

Art. 20. O contrôle sanitário das piscinas e de outros locais de banho ou natação far-se-á de
acôrdo com a regulamentação desta Lei.

Art. 21. Para a construção, reparação ou modificação de qualquer obra pública ou privada,
destinada ao aproveitamento ou tratamento de água de uma comunidade, deverá ser solicitada e
obtida prèviamente da autoridade sanitária a permissão correspondente.

Parágrafo único. Não terão andamento os processos ou requerimentos, quando não


acompanhados da autorização de que trata êste artigo.

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Art. 22. A autoridade sanitária, para controlar todo o abastecimento de água potável, terá acesso
a qualquer local, no momento em que se fizer necessário.

CAPÍTULO II

Dejetos

Art. 23. Compete ao órgão de administração das rêdes de esgôto e de águas pluviais o exame
periódico das suas instalações, com o objetivo de constatar a possível existência de condições
que possam prejudicar a saúde da comunidade.

Art. 24. O órgão responsável pelo funcionamento e manutenção das rêdes de esgotos e de
águas pluviais facilitará o trabalho da autoridade sanitária, no que lhe competir.

Art. 25. Compete ao órgão de saúde pública verificar as condições de lançamento de esgotos e
resíduos industriais, tratados ou não, nas bacias hidrográficas do Distrito Federal,
comunicando-se com os órgãos competentes para as providências cabíveis, necessárias à
preservação da salubridade dos receptores.

Parágrafo único. Diante do não cumprimento da determinação ou por fôrça da impossibilidade da


manutenção da salubridade dos receptores de dejetos, a autoridade sanitária interditará a
indústria responsável pelo lançamento ou condenará o uso do receptor para outros fins,
conforme o caso.

CAPÍTULO III

Lixo

Art. 26. Compete à autoridade sanitária estabelecer normas e fiscalizar seu cumprimento, quanto
à coleta, transporte e destino final do lixo.

Art. 27. O órgão responsável pela execução das atividades previstas no artigo anterior, seguirá
as normas sanitárias em vigor, bem como facilitará o trabalho das autoridades de saúde pública,
no que lhe competir.

Art. 28. O pessoal encarregado da coleta, transporte e destino final do lixo, usará equipamento
aprovado pelas autoridades sanitárias, com o objetivo de prevenir contaminação ou acidente.

Art. 29. Sempre que necessário, o órgão de saúde pública poderá realizar exames sanitários dos
produtos industrializados provenientes do lixo, e estabelecer condições para a sua utilização.

Art. 30. O órgão de saúde pública participará, obrigatòriamente, na determinação da área e do


modo de lançamento dos detritos não industrializados, bem como fiscalizará o correto
cumprimento dessa determinação.

Art. 31. A Prefeitura do Distrito Federal promoverá também na zona rural, de acôrdo com os
meios disponíveis e as técnicas recomendáveis, os cuidados adequados com o lixo.

TÍTULO II

Habitação

Art. 32. A habitação e construções em geral devem ser mantidas em perfeitas condições de
higiene, de acôrdo com as normas baixadas pelas autoridades sanitárias.

Art. 33. A autoridade sanitária será obrigatòriamente ouvida na fixação dos locais onde será
permitida a criação de animais para fins comerciais ou industriais.

Art. 34. O morador é responsável, perante o órgão de saúde pública, pela manutenção da

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habitação em perfeitas condições de higiene.

Parágrafo único. O proprietário da habitação é o responsável pelas deficiências das condições de


higiene, quando estas não forem de responsabilidade do poder público ou do morador.

Art. 35. O proprietário entregará a habitação ao morador em perfeitas condições de higiene.

Art. 36. A Prefeitura do Distrito Federal, através do órgão competente, fixará as condições e
exigências necessárias à manutenção das condições de higiene na habitação e construções de
qualquer espécie.

Art. 37. A autoridade sanitária determinará o número de pessoas que poderão habitar hotéis,
pensões, internatos e outros estabelecimentos semelhantes, destinados a habitação coletiva.

Art. 38. A autoridade de saúde pública é competente para declarar insalubre tôda construção ou
habitação que não reúna condições de higiene indispensáveis, inclusive ordenar interdição,
remoção ou demolição.

TÍTULO III

Higiene do Trabalho
Art. 39. A autoridade sanitária colaborará com o órgão federal específico no contrôle das
condições de higiene e segurança do trabalho, podendo atuar supletivamente.

Art. 40. Respeitada a orientação normativa federal, a regulamentação desta Lei determinará as
condições e requisitos para funcionamento dos locais de trabalho, fixando medidas gerais e
especiais de proteção ao trabalhador.

TÍTULO IV

Higiene da Alimentação

Art. 41. O órgão de saúde pública estabelecerá normas e padrões referentes à alimentação,
respeitada a competência dos órgãos federais específicos.

CAPÍTULO I

Instalações e equipamentos

Art. 42. As instalações, equipamentos e utensílios dos estabelecimentos que operam com
gêneros alimentícios deverão ser prèviamente aprovados pelo órgão de saúde pública.

Art. 43. Tôdas as máquinas, aparelhos e demais instalações de tais estabelecimentos deverão
ser mantidos em perfeitas condições de higiene.

Art. 44. Os veículos e recipientes destinados ao manuseio, armazenagem e transporte de


gêneros alimentícios obedecerão aos requisitos determinados pelas autoridades sanitárias.

CAPÍTULO II

Alimentos

Art. 45. Sòmente será permitido produzir, transportar, manipular ou expor à venda alimentos que
não apresentem sinais de alteração, contaminação ou fraude.

Art. 46. É proibido armazenar, transportar ou expor à venda, no Distrito Federal, alimentos
sujeitos a fórmula, que não tenham sido analisados e aprovados por órgão oficial de saúde
pública.

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Art. 47. A inspeção veterinária dos produtos de origem animal obedecerá aos dispositivos da
legislação federal, no que fôr cabível.

Parágrafo único. Estão isentos de inspeção veterinária os animais de abate criados em


propriedades rurais e destinados ao consumo doméstico particular dessas propriedades.

Art. 48. Os produtores rurais deverão requisitar a inspeção veterinária do órgão competente,
quando houver intenção de encaminhar os animais abatidos ao consumo público.

Art. 49. Os produtos considerados impróprios para consumo humano poderão ser destinados à
alimentação animal, mediante laudo de inspeção veterinária, ou à industrialização para outros
fins que não de consumo.

Art. 50. O destino final de qualquer produto considerado impróprio para consumo humano será
obrigatòriamente fiscalizado pela autoridade sanitária.

Art. 51. Não é permitido armazenar, transportar ou expor à venda, sem proteção, qualquer
alimento perecível.

Parágrafo único. O órgão de saúde pública expedirá normas técnicas a respeito do disposto
neste artigo.

Art. 52. Os manipuladores de gêneros alimentícios sòmente poderão exercer as suas atividades
se licenciados pela autoridade sanitária.

Art. 53. A regulamentação desta Lei determinará as condições e exigências a serem cumpridas
para licenciamento dos manipuladores de gêneros alimentícios.

TÍTULO V

Notificação Compulsória

Art. 54. Para efeito desta Lei, entende-se por notificação compulsória a comunicação à
autoridade sanitária de casos confirmados ou suspeitos das doenças que, por sua gravidade,
incidência ou possibilidade de disseminação, exijam medidas especiais de contrôle.

Art. 55. São objeto de notificação compulsória, no Distrito Federal, as doenças previstas na
legislação federal vigente.
Parágrafo único. Sempre que necessário, o órgão de saúde pública poderá tornar obrigatória a
notificação de qualquer outra doença não prevista nas normas federais.

Art. 56. A notificação poderá ter caráter sigiloso.

Art. 57. A regulamentação desta Lei poderá distribuir as doenças de notificação compulsória em
grupos, de acôrdo com a urgência com que deve ser feita a denúncia de sua ocorrência e os
benefícios práticos que da mesma possam advir.

Art. 58. A regulamentação desta Lei estabelecerá os responsáveis pela notificação compulsória
das doenças passíveis dessa medida.

Art. 59. A autoridade sanitária determinará, sempre que necessário, a investigação


epidemiológica dos casos notificados.

Parágrafo único. Nos casos investigados, a autoridade sanitária dará, obrigatòriamente,


conhecimento ao notificante e ao médico responsável pelo doente das providências tomadas.

Art. 60. Sempre que um médico recusar ou dificultar, comprovada e reiteradamente, a


comunicação de casos de doenças notificáveis, o fato será levado pelas autoridades

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competentes ao conhecimento do Conselho Regional de Medicina, sem prejuízo de outras


sanções que a regulamentação desta Lei determinar.

Art. 61. Todos os laboratórios de análises, hospitais, clínicas, ambulatórios e similares, públicos
ou privados, sem prejuízo da notificação imediata, quando fôr o caso, enviarão, periòdicamente,
ao órgão de saúde pública a relação dos casos confirmados ou ainda suspeitos de doenças de
notificação compulsória.

TÍTULO VI

Doenças transmissíveis

Art. 62. As autoridades sanitárias executarão ou coordenarão medidas visando à prevenção das
doenças transmissíveis e ao impedimento de sua disseminação.

Art. 63. Recebida denúncia de caso suspeito ou confirmado de doença transmissível, compete à
autoridade determinar as medidas de profilaxia a serem observadas em relação ao doente e aos
comunicantes, determinando, inclusive, se necessário, o isolamento.

Art. 64. Ocorrendo óbito suspeito de ter sido causado por doença transmissível, a autoridade
sanitária promoverá, se necessário, o exame cadavérico, podendo realizar a visceratomia, a
necrópsia, e tomar outras medidas que objetivem a elucidação do diagnóstico.

Art. 65. Os programas de combate às doenças transmissíveis oferecerão tôdas as facilidades


para prevenção, diagnóstico e tratamento adequado.

Art. 66. A autoridade sanitária poderá exigir e executar provas imunológicas, sempre que se fizer
necessário, no interêsse da saúde pública.

Art. 67. É vedado às pessoas que não apresentem comprovante das imunizações exigidas:

a) exercício de qualquer cargo ou função pública ou privada;

b) matrícula em estabelecimento de ensino de qualquer natureza;

c) internamento em asilo, creche, pensionato, instituto de educação ou assistência social;

d) obtenção de carteira de identidade;

e) registro individual de trabalho ou qualquer outra carteira oficialmente instituída.

Parágrafo único. Em casos especiais, poderão as pessoas eximir-se, temporária ou


definitivamente, da obrigação de vacinar-se ou revacinar-se, mediante atestado médico que tal
justifique.

Art. 68. Em casos de zoonoses, a autoridade de saúde pública colaborará com o órgão
competente, com a finalidade de isolar os animais atingidos e tomar as demais medidas
adequadas.

Art. 69. Sempre que necessário, a autoridade sanitária poderá exigir certificado de sanidade
emitido por autoridade federal, estadual ou municipal, do local de procedência dos animais, de
qualquer espécie, que se introduzirem no Distrito Federal.

Art. 70. São obrigatórias a matrícula e vacinação anti-rábica de todos os cães existentes no
Distrito Federal.

Art. 71. Os cães encontrados em vias e logradouros públicos, quando não vacinados e não
matriculados, serão apreendidos e conservados em custódia, pelo prazo que a regulamentação
determinar.

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Parágrafo único. A autoridade sanitária poderá determinar a imunização ou o sacrifício de


qualquer animal, sempre que houver conveniência, em benefício da saúde pública.

PARTE IV

Promoção da Saúde

Art. 72. Para efeito desta Lei, as atividades relacionadas ou necessárias à promoção da saúde
compreenderão, bàsicamente:

a) higiene materna e da criança;

b) higiene dentária;

c) nutrição;

d) higiene mental;

e) educação sanitária.

Art. 73. A autoridade sanitária elaborará Normas Técnicas Especiais referentes às ações de
promoção da saúde.

TÍTULO I

Higiene materna e da criança

Art. 74. A Prefeitura do Distrito Federal promoverá de modo sistemático e permanente, através
do órgão competente, a assistência médico-sanitária, de acôrdo com os recursos disponíveis e
as técnicas indicadas, nos têrmos da regulamentação desta Lei.

Art. 75. Ao órgão de saúde pública competente estimular o desenvolvimento das atividades
necessárias ao cumprimento do artigo anterior, fixando, quando necessário, as prioridades
indicadas.

TÍTULO II

Higiene dentária

Art. 76. É obrigatória a fluoração das águas destinadas aos sistemas de abastecimento da
população em todo o Distrito Federal.

Art. 77. O órgão de saúde pública promoverá assistência dentária à população, de acôrdo com
os recursos disponíveis e prioridade que forem fixadas.

Art. 78. A assistência dentária terá caráter eminentemente preventivo e constituirá atividade
obrigatória dos hospitais e demais unidades sanitárias da Prefeitura do Distrito Federal.

Art. 79. Os programas de assistência dentária de órgãos ou entidades públicas ou privadas no


Distrito Federal obedecerão às normas baixadas pelo órgão de saúde pública.

TÍTULO III

Educação Sanitária

Art. 80. A Prefeitura do Distrito Federal, através de seus órgãos especializados, desenvolverá
programas de educação sanitária, de modo a criar ou modificar os hábitos e o comportamento do
indivíduo em relação à saúde.

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Art. 81. Os programas para desenvolvimento das atividades de educação sanitária serão
elaborados e supervisionados pelo órgão de saúde pública da Prefeitura do Distrito Federal.

TÍTULO IV

Higiene Mental

Art. 82. A política da Prefeitura do Distrito Federal, com referência à higiene mental, será
orientada pelo órgão de saúde pública, em perfeita concordância com as normas federais.

Art. 83. É vedada, quer nos estabelecimentos destinados à assistência a psicopatas, quer fora
dêles, a prática de quaisquer atos de religião, culto ou seita com finalidade terapêutica, ainda que
a título filantrópico e exercida gratuitamente.

PARTE V

Recuperação da Saúde

TÍTULO I

Assistência médico-hospitalar

Art. 84. A Prefeitura do Distrito Federal, de acôrdo com os meios de que dispuser, através do
órgão competente, prestará gratuitamente assistência médica, hospitalar, farmacêutica e
dentária, de acôrdo com os recursos disponíveis, a todos quantos comprovarem insuficiência de
recursos.

Art. 85. Os hospitais ou estabelecimentos similares, que recebam subvenção ou auxílio material
de qualquer espécie da Prefeitura do Distrito Federal, ficam obrigados a manter
permanentemente, à disposição do órgão de saúde pública, um número mínimo de leitos,
proporcional ao valor do auxílio recebido.

Art. 86. Os estabelecimentos hospitalares, vinculados à Prefeitura do Distrito Federal, serão


organizados de acôrdo com os princípios de integração e regionalização, nos têrmos da
regulamentação desta Lei.

PARTE VI

Ações complementares

TÍTULO I

Estatísticas Vital e Sanitária

Art. 87. Ao órgão de saúde pública compete, respeitada a ação de outros órgãos ou entidades
oficiais especializados, a coleta, classificação, tabulação, interpretação, análise e publicação de
dados bioestatísticos sôbre população, natalidade, morbidade, mortalidade e de tôda informação
que possa orientar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde.

Parágrafo único. Compete, igualmente, ao órgão de saúde pública efetuar as análises


estatísticas dos trabalhos de saúde pública, com a finalidade de avaliar as atividades que vem
cumprindo ou planejar as que pretende desenvolver.

Art. 88. Todos os estabelecimentos de saúde, oficiais ou privados, proporcionarão as


informações que a autoridade sanitária considerar necessárias, com a periodicidade estabelecida
na regulamentação desta Lei.

TÍTULO II

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Preparação do pessoal técnico

Art. 89. A Prefeitura do Distrito Federal, sob a orientação técnica da autoridade sanitária, é
competente para preparar pessoal de saúde pública necessário ao desenvolvimento de suas
atividades.

Art. 90. A Prefeitura do Distrito Federal poderá exigir a apresentação de diploma ou certificado de
conclusão de curso de post-graduação para os ocupantes de cargos ou funções dos serviços de
saúde, para cujo exercício sejam necessários conhecimentos técnicos especializados.

PARTE VII

Disposições Gerais e Transitórias

Art. 91. O órgão de saúde pública executará diretamente ou promoverá, de acôrdo com outras
autoridades, programa de contrôle dos acidentes pessoais.

Art. 92. O órgão de saúde pública promoverá estudos e pesquisas para esclarecimento dos
problemas de interêsse sanitário no Distrito Federal e estimulará a iniciativa pública ou privada
nesse sentido.

Art. 93. O órgão competente da Prefeitura do Distrito Federal incentivará a criação de instituições
de combate ao alcoolismo e a outras toxicomanias e que tenham por finalidade a sua prevenção,
a recuperação da saúde ou a reintegração do indivíduo na sociedade.

Art. 94. A Prefeitura do Distrito Federal, através dos órgãos competentes e respeitadas as
normas federais, estabelecerá a orientação básica para assistência médico-social a cegos,
surdos, mudos, paralíticos e mutilados, cooperando, técnica e materialmente, com as instituições
e centros de adaptação profissional, que tenham essa finalidade.

Art. 95. A Prefeitura do Distrito Federal, sempre que julgar conveniente, estabelecerá o regime de
tempo integral para os técnicos de saúde pública em concordância com o que dispuser a
legislação federal.

Art. 96. A regulamentação desta Lei estabelecerá as normas a que deverão obedecer as
imposições de sanções administrativas e penais, relativas às infrações dos seus dispositivos.

Art. 97. As taxas que a regulamentação desta Lei estabelecer serão fixadas com base no
salário-mínimo vigente no Distrito Federal.

Art. 98. Sòmente serviços com supervisão médica permanente poderão manter bancos de
sangue ou plasma, sob licença do órgão de saúde pública.
Parágrafo único. A regulamentação desta Lei determinará os requisitos e condições detalhadas a
que deverão estar subordinados os estabelecimentos a que se refere êste artigo.

Art. 99. A autoridade sanitária é competente para reconhecer e solucionar tôdas as questões
relativas à saúde pública no Distrito Federal, ainda que não previstas nesta Lei, respeitada a
competência dos órgãos federais específicos.

Art. 100. A Prefeitura do Distrito Federal regulamentará a presente Lei dentro de 120 (cento e
vinte) dias de sua publicação.

Art. 101. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em
contrário.

Brasília, 14 de junho de 1966; 145º da Independência e 78º da República.

file:///C|/Meus documentos/L5027 CSDF_arquivos/legisla_arquivos/L5027.htm (10 of 10) [11/02/2001 14:15:26]


L5197

LEI N° 5.197, DE 3 DE JANEIRO DE 1967


Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras
providências.

Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que
vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilização,
perseguição, destruição, caça ou apanha.

§ 1º Se peculiaridades regionais comportarem o exercício da caça, a permissão será


estabelecida em ato regulamentador do Poder Público Federal.

§ 2º A utilização, perseguição, caça ou apanha de espécies da fauna silvestre em terras de


domínio privado, mesmo quando permitidas na forma do parágrafo anterior, poderão ser
igualmente proibidas pelos respectivos proprietários, assumindo estes a responsabilidade de
fiscalização de seus domínios. Nestas áreas, para a prática do ato de caça é necessário o
consentimento expresso ou tácito dos proprietários, nos termos dos arts. 594, 595, 596, 597 e
598 do Código Civil.

Art. 2º É proibido o exercício da caça profissional.

Art. 3º. É proibido o comércio de espécimes da fauna silvestre e de produtos e objetos que
impliquem na sua caça, perseguição, destruição ou apanha.

§ 1º Excetuam-se os espécimes provenientes legalizados.

§ 2º Será permitida mediante licença da autoridade competente, a apanha de ovos, lavras e


filhotes que se destinem aos estabelecimentos acima referidos, bem como a destruição de
animais silvestres considerados nocivos à agricultura ou à saúde pública.

§ 3º O simples desacompanhamento de comprovação de procedência de peles ou


outros produtos de animais silvestres, nos carregamentos de via terrestre, fluvial,
marítima ou aérea, que se iniciem ou transitem pelo País, caracterizará, de
imediato, o descumprimento do disposto no caput deste artigo. (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.111, de 10.10.199)

Art. 4º Nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, sem parecer técnico oficial favorável e
licença expedida na forma da Lei.

file:///C|/Meus documentos/L5197 CAÇA_arquivos/legisla_arquivos/L5197.htm (1 of 7) [11/02/2001 14:18:11]


L5197

Art. 5º. Revogado pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000:

Texto original: O Poder Público criará:

a) Reservas Biológicas Nacionais, Estaduais e Municipais, onde as atividades de


utilização, perseguição, caça, apanha, ou introdução de espécimes da fauna e flora
silvestres e domésticas, bem como modificações do meio ambiente a qualquer
título são proibidas , ressalvadas as atividades científicas devidamente autorizadas
pela autoridade competente.

b) parques de caça Federais, Estaduais e Municipais, onde o exercício da caça é


permitido abertos total ou parcialmente ao público, em caráter permanente ou
temporário, com fins recreativos, educativos e turísticos.

Art. 6º O Poder Público estimulará:

a) a formação e o funcionamento de clubes e sociedades amadoristas de caça e de


tiro ao vôo objetivando alcançar o espírito associativista para a prática desse
esporte.

b) a construção de criadouros destinadas à criação de animais silvestres para fins


econômicos e industriais.

Art. 7º A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre,


quando consentidas na forma desta Lei, serão considerados atos de caça.

Art. 8º O Órgão público federal competente, no prazo de 120 dias, publicará e atualizará
anualmente:

a) a relação das espécies cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será


permitida indicando e delimitando as respectivas áreas;

b) a época e o número de dias em que o ato acima será permitido;

c) a quota diária de exemplares cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será


permitida.

Parágrafo único. Poderão ser igualmente, objeto de utilização, caça, perseguição ou apanha os
animais domésticos que, por abandono, se tornem selvagens ou ferais.

Art. 9º Observado o disposto no artigo 8º e satisfeitas as exigências legais, poderão ser


capturados e mantidos em cativeiro, espécimes da fauna silvestre.

Art. 10. A utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha de espécimes da fauna silvestre
são proibidas.

a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou armadilhas que


maltratem a caça;

b) com armas a bala, a menos de três quilômetros de qualquer via térrea ou rodovia
pública;

c) com armas de calibre 22 para animais de porte superior ao tapiti (sylvilagus


brasiliensis);

d) com armadilhas, constituídas de armas de fogo;

e) nas zonas urbanas, suburbanas, povoados e nas estâncias hidrominerais e

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climáticas;

f) nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público, bem como nos


terrenos adjacentes, até a distância de cinco quilômetros;

g) na faixa de quinhentos metros de cada lado do eixo das vias férreas e rodovias
públicas;

h) nas áreas destinadas à proteção da fauna, da flora e das belezas naturais;

i) nos jardins zoológicos, nos parques e jardins públicos;

j) fora do período de permissão de caça, mesmo em propriedades privadas;

l) à noite, exceto em casos especiais e no caso de animais nocivos;

m) do interior de veículos de qualquer espécie.

Art. 11. Os clubes ou Sociedades Amadoristas de Caça e de tiro ao vôo, poderão ser
organizados distintamente ou em conjunto com os de pesca, e só funcionarão válidamente após
a obtenção da personalidade jurídica, na forma da Lei civil e o registro no órgão público federal
competente.

Art. 12. As entidades a que se refere o artigo anterior deverão requerer licença especial para
seus associados transitarem com arma de caça e de esporte, para uso em suas sedes durante o
período defeso e dentro do perímetro determinado.

Art. 13. Para exercício da caça, é obrigatória a licença anual, de caráter específico e de âmbito
regional, expedida pela autoridade competente.

Parágrafo único. A licença para caçar com armas de fogo deverá ser acompanhada do porte de
arma emitido pela Polícia Civil.
Art. 14. Poderá ser concedida a cientistas, pertencentes a instituições científicas, oficiais ou
oficializadas, ou por estas indicadas, licença especial para a coleta de material destinado a fins
científicos, em qualquer época.

§ 1º Quando se tratar de cientistas estrangeiros, devidamente credenciados pelo país de origem,


deverá o pedido de licença ser aprovado e encaminhado ao órgão público federal competente,
por intermedio de instituição científica oficial do pais.

§ 2º As instituições a que se refere este artigo, para efeito da renovação anual da licença, darão
ciência ao órgão público federal competente das atividades dos cientistas licenciados no ano
anterior.

§ 3º As licenças referidas neste artigo não poderão ser utilizadas para fins comerciais ou
esportivos.

§ 4º Aos cientistas das instituições nacionais que tenham por Lei, a atribuição de coletar material
zoológico, para fins científicos, serão concedidas licenças permanentes.

Art. 15. O Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil ouvirá o
órgão público federal competente toda vez que, nos processos em julgamento, houver matéria
referente á fauna.

Art. 16. Fica instituído o registro das pessoas físicas ou jurídicas que negociem com animais
silvestres e seus produtos.

Art. 17. As pessoas físicas ou jurídicas, de que trata o artigo anterior, são obrigadas à

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apresentação de declaração de estoques e valores, sempre que exigida pela autoridade


competente.

Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas
nesta lei obriga o cancelamento do registro.

Art. 18. É proibida a exportação para o Exterior, de peles e couros de anfíbios e répteis, em
bruto.

Art. 19. O transporte interestadual e para o Exterior, de animas silvestres, lepidópteros, e outros
insetos e seus produtos depende de guia de trânsito, fornecida pela autoridade competente.

Parágrafo único. Fica isento dessa exigência o material consignado a Instituições Científicas
Oficiais.

Art. 20. As licenças de caçadores serão concedidas mediante pagamento de uma taxa anual
equivalente a um décimo do salário-mínimo mensal.

Parágrafo único. Os turistas pagarão uma taxa equivalente a um salário-mínimo mensal, e a


licença será válida por 30 dias.

Art. 21. O registro de pessoas físicas ou jurídicas, a que se refere o art. 16, será feito mediante o
pagamento de uma taxa equivalente a meio salário-mínimo mensal.

Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídicas de que trata este artigo pagarão a título de
licença, uma taxa anual para as diferentes formas de comércio até o limite de um salário-mínimo
mensal.

Art. 22. O registro de clubes ou sociedades amadoristas, de que trata o art. 11, será concedido
mediante pagamento de uma taxa equivalente a meio salário-mínimo mensal.

Parágrafo único. As licenças de trânsito com arma de caça e de esporte, referidas no art. 12,
estarão sujeitas ao pagamento de uma taxa anual equivalente a um vigésimo do salário-mínimo
mensal.

Art. 23. Far-se-á, com a cobrança da taxa equivalente a dois décimos do salário-mínimo mensal,
o registro dos criadouros.

Art. 24. O pagamento das licenças, registros e taxas previstos nesta Lei, será recolhido ao Banco
do Brasil S. A em conta especial, a crédito do Fundo Federal Agropecuário, sob o título
"Recursos da Fauna".

Art. 25. A União fiscalizará diretamente pelo órgão executivo específico, do Ministério da
Agricultura, ou em convênio com os Estados e Municípios, a aplicação das normas desta Lei,
podendo, para tanto, criar os serviços indispensáveis.

Parágrafo único. A fiscalização da caça pelos órgãos especializados não exclui a ação da
autoridade policial ou das Forças Armadas por iniciativa própria.

Art. 26. Todos os funcionários, no exercício da fiscalização da caça, são equiparados aos
agentes de segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.

Art. 27. Constitui crime punível com pena de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos a
violação do disposto nos arts. 2º, 3º, 17 e 18 desta lei. (Redação dada pela Lei nº
7.653, de 12.2.1988)

§ 1º É considerado crime punível com a pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três)


anos a violação do disposto no artigo 1º e seus parágrafos 4º, 8º e suas alíneas a,
b, e c, 10 e suas alíneas a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, l, e m, e 14 e seu § 3º desta lei.

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(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988)

§ 2º Incorre na pena prevista no caput deste artigo quem provocar, pelo uso direto
ou indireto de agrotóxicos ou de qualquer outra substância química, o perecimento
de espécimes da fauna ictiológica existente em rios, lagos, açudes, lagoas, baías
ou mar territorial brasileiro. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.653, de
12.2.1988)

§ 3º Incide na pena prevista no § 1º deste artigo quem praticar pesca predadória,


usando instrumento proibico, explosivo, erva ou sustância química de qualquer
natureza. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988)

§ 4º Parágrafo acrescentado pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988 e revogado pela


Lei nº 7.679, de 23.11.1988:

Texto original: Fica proibido pescar no período em que ocorre a piracema, de 1º de


outubro a 30 de janeiro, nos cursos d'água ou em água parada ou mar territorial, no
período em que tem lugar a desova e/ou a reprodução dos peixes; quem infringir
esta norma fica sujeito à seguinte pena:
a) se pescador profissional, multa de 5 (cinco) a 20 (vinte) Obrigações do Tesouro
Nacional - OTN e suspensão da atividade profissional por um período de 30 (trinta)
a 90 (noventa) dias;

b) se a empresa que explora a pesca, multa de 100 (cem) a 500 (quinhentas)


Obrigações do Tesouro Nacional - OTN e suspensão de suas atividades por um
período de 30 (trinta) a 60 (sessenta) dias;

c) se pescador amador, multa de 20 (vinte) a 80 (oitenta) Obrigações do Tesouro


Nacional - OTN e perda de todos os instrumentos e equipamentos usados na
pescaria.

§ 5º Quem, de qualquer maneira, concorrer para os crimes previstos no caput e no


§ 1º deste artigo incidirá nas penas a eles cominadas. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988)

§ 6º Se o autor da infração considerada crime nesta lei for estrangeiro, será


expulso do País, após o cumprimento da pena que lhe for imposta, (Vetado),
devendo a autoridade judiciária ou administrativa remeter, ao Ministério da
Justiça, cópia da decisão cominativa da pena aplicada, no prazo de 30 (trinta)
dias do trânsito em julgado de sua decisão. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº
7.653, de 12.2.1988)

Art. 28. Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os dispositivos
sobre contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com as penalidades
neles contidas.

Art. 29. São circunstâncias que agravam a pena afor, aquelas constantes do Código Penal e da
Lei das Contravenções Penais, as seguintes:

a) cometer a infração em período defeso à caça ou durante à noite;

b) empregar fraude ou abuso de confiança;

c) aproveitar indevidamente licença de autoridade;

d) incidir a infração sobre animais silvestres e seus produtos oriundos de áreas


onde a caça é proibida.

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Art. 30. As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:

a) direto;

b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores,


promitentes, compradores ou proprietários das áreas, desde que praticada por
prepostos ou subordinados e no interesse dos proponentes ou dos superiores
hierárquicos;

c) autoridades que por ação ou omissão consentirem na prática do ato ilegal, ou


que cometerem abusos do poder.

Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades. O juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmar a competência.

Art. 31. A ação penal independe de queixa mesmo em se tratando de lesão em propriedade
privada, quando os bens atingidos, são animais silvestres e seus produtos, instrumentos de
trabalho, documentos e atos relacionados com a proteção da fauna disciplinada nesta Lei.

Art. 32. São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos policiais,
lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou de
contravenções previstas nesta Lei ou em outras leis que tenham por objeto os animais silvestres
seus produtos instrumentos e documentos relacionados com os mesmos as indicadas no Código
de Processo Penal.

Art. 33. A autoridade apreenderá os produtos da caça e/ou da pesca bem como os
instrumentos utilizados na infração, e se estes, por sua natureza ou volume, não
puderem acompanhar o inquérito, serão entregues ao depositário público local, se
houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo juiz. (Redação dada pela Lei nº
7.653, de 12.2.198)

Parágrafo único. Em se tratando de produtos perecíveis, poderão ser os mesmos


doados a instituições científicas, penais, hospitais e /ou casas de caridade mais
próximas. (Redação dada pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988)

Art. 34. Os crimes previstos nesta lei são inafiançáveis e serão apurados mediante
processo sumário, aplicando-se no que couber, as normas do Título II, Capítulo V,
do Código de Processo Penal. (Redação dada pela Lei nº 7.653, de 12.2.1988)

Art. 35. Dentro de dois anos a partir da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá
permitir a adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos sobre a proteção da
fauna, aprovados pelo Conselho Federal de Educação.

§ 1º Os Programas de ensino de nível primário e médio deverão contar pelo menos com duas
aulas anuais sobre a matéria a que se refere o presente artigo.

§ 2º Igualmente os programas de rádio e televisão deverão incluir textos e dispositivos aprovados


pelo órgão público federal competente, no limite mínimo de cinco minutos semanais, distribuídos
ou não, em diferentes dias.

Art. 36. Fica instituído o Conselho Nacional de Proteção à fauna, com sede em Brasília, como
órgão consultivo e normativo da política de proteção à fauna do Pais.

Parágrafo único. O Conselho, diretamente subordinado ao Ministério da Agricultura, terá sua


composição e atribuições estabelecidas por decreto do Poder Executivo.

Art. 37. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei no que for Julgado necessário à sua
execução.

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Art. 38. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogados o Decreto-Lei nº 5.894, de
20 de outubro de 1943, e demais disposições em contrário.

Brasília, 3 de janeiro de 1967, 146º da Independência e 70º da República.

H. CASTELLO BRANCO
Severo Fagundes Gomes

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LEI Nº 7.565, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1986.


Código Brasileiro de Aeronáutica. (Substitui o
Código Brasileiro do Ar)

Legenda:
Texto em preto: Redação original (sem modificação)
Texto em azul: Redação dos dispositivos alterados
Texto em verde: Redação dos dispositivos revogados
Texto em vermelho: Redação dos dispositivos incluídos

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono


a seguinte Lei:

TÍTULO I

Introdução

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 1° O Direito Aeronáutico é regulado pelos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de


que o Brasil seja parte, por este Código e pela legislação complementar.

§ 1° Os Tratados, Convenções e Atos Internacionais, celebrados por delegação do Poder


Executivo e aprovados pelo Congresso Nacional, vigoram a partir da data neles prevista para
esse efeito, após o depósito ou troca das respectivas ratificações, podendo, mediante cláusula
expressa, autorizar a aplicação provisória de suas disposições pelas autoridades aeronáuticas,
nos limites de suas atribuições, a partir da assinatura (artigos 14, 204 a 214).

§ 2° Este Código se aplica a nacionais e estrangeiros, em todo o Território Nacional, assim como,
no exterior, até onde for admitida a sua extraterritorialidade.

§ 3° A legislação complementar é formada pela regulamentação prevista neste Código, pelas leis
especiais, decretos e normas sobre matéria aeronáutica (artigo 12).

Art. 2° Para os efeitos deste Código consideram-se autoridades aeronáuticas competentes as do


Ministério da Aeronáutica, conforme as atribuições definidas nos respectivos regulamentos.

CAPÍTULO II

Disposições de Direito Internacional Privado

Art. 3° Consideram-se situadas no território do Estado de sua nacionalidade:

I - as aeronaves militares, bem como as civis de propriedade ou a serviço do Estado, por este
diretamente utilizadas (artigo 107, §§ 1° e 3°);

II - as aeronaves de outra espécie, quando em alto mar ou região que não pertença a qualquer

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Estado.

Parágrafo único. Salvo na hipótese de estar a serviço do Estado, na forma indicada no item I
deste artigo, não prevalece a extraterritorialidade em relação à aeronave privada, que se
considera sujeita à lei do Estado onde se encontre.

Art. 4° Os atos que, originados de aeronave, produzirem efeito no Brasil, regem-se por suas leis,
ainda que iniciados no território estrangeiro.

Art. 5° Os atos que, provenientes da aeronave, tiverem início no Território Nacional, regem-se
pelas leis brasileiras, respeitadas as leis do Estado em que produzirem efeito.

Art. 6° Os direitos reais e os privilégios de ordem privada sobre aeronaves regem-se pela lei de
sua nacionalidade.

Art. 7° As medidas assecuratórias de direito regulam-se pela lei do país onde se encontrar a
aeronave.

Art. 8° As avarias regulam-se pela lei brasileira quando a carga se destinar ao Brasil ou for
transportada sob o regime de trânsito aduaneiro (artigo 244, § 6°).

Art. 9° A assistência, o salvamento e o abalroamento regem-se pela lei do lugar em que


ocorrerem (artigos 23, § 2°, 49 a 65).

Parágrafo único. Quando pelo menos uma das aeronaves envolvidas for brasileira, aplica-se a lei
do Brasil à assistência, salvamento e abalroamento ocorridos em região não submetida a
qualquer Estado.

Art. 10. Não terão eficácia no Brasil, em matéria de transporte aéreo, quaisquer disposições de
direito estrangeiro, cláusulas constantes de contrato, bilhete de passagem, conhecimento e
outros documentos que:

I - excluam a competência de foro do lugar de destino;

II - visem à exoneração de responsabilidade do transportador, quando este Código não a admite;

III - estabeleçam limites de responsabilidade inferiores aos estabelecidos neste Código (artigos
246, 257, 260, 262, 269 e 277).
TÍTULO II

Do Espaço Aéreo e seu Uso para Fins Aeronáuticos

CAPÍTULO I

Do Espaço Aéreo Brasileiro

Art. 11. O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu
território e mar territorial.

Art. 12. Ressalvadas as atribuições específicas, fixadas em lei, submetem-se às normas (artigo
1º, § 3º), orientação, coordenação, controle e fiscalização do Ministério da Aeronáutica:

I - a navegação aérea;

II - o tráfego aéreo;

III - a infra-estrutura aeronáutica;

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IV - a aeronave;

V - a tripulação;

VI - os serviços, direta ou indiretamente relacionados ao vôo.

Art. 13. Poderá a autoridade aeronáutica deter a aeronave em vôo no espaço aéreo (artigo 18)
ou em pouso no território brasileiro (artigos 303 a 311), quando, em caso de flagrante
desrespeito às normas de direito aeronáutico (artigos 1° e 12), de tráfego aéreo (artigos 14, 16, §
3°, 17), ou às condições estabelecidas nas respectivas autorizações (artigos 14, §§ 1°, 3° e 4°,
15, §§ 1° e 2°, 19, parágrafo único, 21, 22), coloque em risco a segurança da navegação aérea
ou de tráfego aéreo, a ordem pública, a paz interna ou externa.

CAPÍTULO II

Do Tráfego Aéreo

Art. 14. No tráfego de aeronaves no espaço aéreo brasileiro, observam-se as disposições


estabelecidas nos Tratados, Convenções e Atos Internacionais de que o Brasil seja parte (artigo
1°, § 1°), neste Código (artigo 1°, § 2°) e na legislação complementar (artigo 1°, § 3°).

§ 1° Nenhuma aeronave militar ou civil a serviço de Estado estrangeiro e por este diretamente
utilizada (artigo 3°, I) poderá, sem autorização, voar no espaço aéreo brasileiro ou aterrissar no
território subjacente.

§ 2° É livre o tráfego de aeronave dedicada a serviços aéreos privados (artigos 177 a 179),
mediante informações prévias sobre o vôo planejado (artigo 14, § 4°).

§ 3° A entrada e o tráfego, no espaço aéreo brasileiro, da aeronave dedicada a serviços aéreos


públicos (artigo 175), dependem de autorização, ainda que previstos em acordo bilateral (artigos
203 a 213).

§ 4° A utilização do espaço aéreo brasileiro, por qualquer aeronave, fica sujeita às normas e
condições estabelecidas, assim como às tarifas de uso das comunicações e dos auxílios à
navegação aérea em rota (artigo 23).

§ 5° Estão isentas das tarifas previstas no parágrafo anterior as aeronaves pertencentes aos
aeroclubes.

§ 6° A operação de aeronave militar ficará sujeita às disposições sobre a proteção ao vôo e ao


tráfego aéreo, salvo quando se encontrar em missão de guerra ou treinamento em área
específica.
Art. 15. Por questão de segurança da navegação aérea ou por interesse público, é facultado fixar
zonas em que se proíbe ou restringe o tráfego aéreo, estabelecer rotas de entrada ou saída,
suspender total ou parcialmente o tráfego, assim como o uso de determinada aeronave, ou a
realização de certos serviços aéreos.

§ 1° A prática de esportes aéreos tais como balonismo, volovelismo, asas voadoras e similares,
assim como os vôos de treinamento, far-se-ão em áreas delimitadas pela autoridade aeronáutica.

§ 2° A utilização de veículos aéreos desportivos para fins econômicos, tais como a publicidade,
submete-se às normas dos serviços aéreos públicos especializados (artigo 201).

Art. 16 Ninguém poderá opor-se, em razão de direito de propriedade na superfície, ao sobrevôo


de aeronave, sempre que este se realize de acordo com as normas vigentes.

§ 1° No caso de pouso de emergência ou forçado, o proprietário ou possuidor do solo não poderá


opor-se à retirada ou partida da aeronave, desde que lhe seja dada garantia de reparação do

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dano.

§ 2° A falta de garantia autoriza o seqüestro da aeronave e a sua retenção até que aquela se
efetive.

§ 3° O lançamento de coisas, de bordo de aeronave, dependerá de permissão prévia de


autoridade aeronáutica, salvo caso de emergência, devendo o Comandante proceder de acordo
com o disposto no artigo 171 deste Código.

§ 4° O prejuízo decorrente do sobrevôo, do pouso de emergência, do lançamento de objetos ou


alijamento poderá ensejar responsabilidade.

Art. 17. É proibido efetuar, com qualquer aeronave, vôos de acrobacia ou evolução que possam
constituir perigo para os ocupantes do aparelho, para o tráfego aéreo, para instalações ou
pessoas na superfície.

Parágrafo único. Excetuam-se da proibição, os vôos de prova, produção e demonstração quando


realizados pelo fabricante ou por unidades especiais, com a observância das normas fixadas
pela autoridade aeronáutica.

Art. 18. O Comandante de aeronave que receber de órgão controlador de vôo ordem para pousar
deverá dirigir-se, imediatamente, para o aeródromo que lhe for indicado e nele efetuar o pouso.

§ 1° Se razões técnicas, a critério do Comandante, impedirem de fazê-lo no aeródromo indicado,


deverá ser solicitada ao órgão controlador a determinação de aeródromo alternativo que ofereça
melhores condições de segurança.

§ 2° No caso de manifesta inobservância da ordem recebida, a autoridade aeronáutica poderá


requisitar os meios necessários para interceptar ou deter a aeronave.

§ 3° Na hipótese do parágrafo anterior, efetuado o pouso, será autuada a tripulação e apreendida


a aeronave (artigos 13 e 303 a 311).

§ 4° A autoridade aeronáutica que, excedendo suas atribuições e sem motivos relevantes,


expedir a ordem de que trata o caput deste artigo, responderá pelo excesso cometido, sendo-lhe
aplicada a pena de suspensão por prazo que variará de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias,
conversíveis em multa.

Art. 19. Salvo motivo de força maior, as aeronaves só poderão decolar ou pousar em aeródromo
cujas características comportarem suas operações.

Parágrafo único. Os pousos e decolagens deverão ser executados, de acordo com


procedimentos estabelecidos, visando à segurança do tráfego, das instalações aeroportuárias e
vizinhas, bem como a segurança e bem-estar da população que, de alguma forma, possa ser
atingida pelas operações.

Art. 20. Salvo permissão especial, nenhuma aeronave poderá voar no espaço aéreo brasileiro,
aterrissar no território subjacente ou dele decolar, a não ser que tenha:

I - marcas de nacionalidade e matrícula, e esteja munida dos respectivos certificados de


matrícula e aeronavegabilidade (artigos 109 a 114);

II - equipamentos de navegação, de comunicações e de salvamento, instrumentos, cartas e


manuais necessários à segurança do vôo, pouso e decolagem;

III - tripulação habilitada, licenciada e portadora dos respectivos certificados, do Diário de Bordo
(artigo 84, parágrafo único) da lista de passageiros, manifesto de carga ou relação de mala
postal que, eventualmente, transportar.

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Parágrafo único. Pode a autoridade aeronáutica, mediante regulamento, estabelecer as


condições para vôos experimentais, realizados pelo fabricante de aeronave, assim como para os
vôos de translado.

Art. 21. Salvo com autorização especial de órgão competente, nenhuma aeronave poderá
transportar explosivos, munições, arma de fogo, material bélico, equipamento destinado a
levantamento aerofotogramétrico ou de prospecção, ou ainda quaisquer outros objetos ou
substâncias consideradas perigosas para a segurança pública, da própria aeronave ou de seus
ocupantes.

Parágrafo único. O porte de aparelhos fotográficos, cinematográficos, eletrônicos ou nucleares, a


bordo de aeronave, poderá ser impedido quando a segurança da navegação aérea ou o
interesse público assim o exigir.

CAPÍTULO III

Entrada e Saída do Espaço Aéreo Brasileiro

Art. 22. Toda aeronave proveniente do exterior fará, respectivamente, o primeiro pouso ou a
última decolagem em aeroporto internacional.

Parágrafo único. A lista de aeroportos internacionais será publicada pela autoridade aeronáutica,
e suas denominações somente poderão ser modificadas mediante lei federal, quando houver
necessidade técnica dessa alteração.

Art. 23. A entrada no espaço aéreo brasileiro ou o pouso, no território subjacente, de aeronave
militar ou civil a serviço de Estado estrangeiro sujeitar-se-á às condições estabelecidas (artigo
14, § 1°).

§ 1° A aeronave estrangeira, autorizada a transitar no espaço aéreo brasileiro, sem pousar no


território subjacente, deverá seguir a rota determinada (artigo 14, §§ 1°, 2°, 3° e 4°).

§ 2° A autoridade aeronáutica poderá estabelecer exceções ao regime de entrada de aeronave


estrangeira, quando se tratar de operação de busca, assistência e salvamento ou de vôos por
motivos sanitários ou humanitários.

Art. 24. Os aeroportos situados na linha fronteiriça do território brasileiro poderão ser autorizados
a atender ao tráfego regional, entre os países limítrofes, com serviços de infra-estrutura
aeronáutica, comuns ou compartilhados por eles.

Parágrafo único. As aeronaves brasileiras poderão ser autorizadas a utilizar aeroportos situados
em países vizinhos, na linha fronteiriça ao Território Nacional, com serviços de infra-estrutura
aeronáutica comuns ou compartilhados.

TÍTULO III

Da Infra-Estrutura Aeronáutica

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 25. Constitui infra-estrutura aeronáutica o conjunto de órgãos, instalações ou estruturas


terrestres de apoio à navegação aérea, para promover-lhe a segurança, regularidade e
eficiência, compreendendo:

I - o sistema aeroportuário (artigos 26 a 46);

II - o sistema de proteção ao vôo (artigos 47 a 65);

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III - o sistema de segurança de vôo (artigos 66 a 71);

IV - o sistema de Registro Aeronáutico Brasileiro (artigos 72 a 85);

V - o sistema de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos (artigos 86 a 93);

VI - o sistema de facilitação, segurança e coordenação do transporte aéreo (artigos 94 a 96);

VII - o sistema de formação e adestramento de pessoal destinado à navegação aérea e à


infra-estrutura aeronáutica (artigos 97 a 100);

VIII - o sistema de indústria aeronáutica (artigo 101);

IX - o sistema de serviços auxiliares (artigos 102 a 104);

X - o sistema de coordenação da infra-estrutura aeronáutica (artigo 105).

§ 1º A instalação e o funcionamento de quaisquer serviços de infra-estrutura aeronáutica, dentro


ou fora do aeródromo civil, dependerão sempre de autorização prévia de autoridade aeronáutica,
que os fiscalizará, respeitadas as disposições legais que regulam as atividades de outros
Ministérios ou órgãos estatais envolvidos na área.

§ 2º Para os efeitos deste artigo, sistema é o conjunto de órgãos e elementos relacionados entre
si por finalidade específica, ou por interesse de coordenação, orientação técnica e normativa,
não implicando em subordinação hierárquica.

CAPÍTULO II

Do Sistema Aeroportuário

SEÇÃO I

Dos Aeródromos

Art. 26. O sistema aeroportuário é constituído pelo conjunto de aeródromos brasileiros, com
todas as pistas de pouso, pistas de táxi, pátio de estacionamento de aeronave, terminal de carga
aérea, terminal de passageiros e as respectivas facilidades.

Parágrafo único. São facilidades: o balisamento diurno e noturno; a iluminação do pátio; serviço
contra-incêndio especializado e o serviço de remoção de emergência médica; área de
pré-embarque, climatização, ônibus, ponte de embarque, sistema de esteiras para despacho de
bagagem, carrinhos para passageiros, pontes de desembarque, sistema de ascenso-descenso
de passageiros por escadas rolantes, orientação por circuito fechado de televisão, sistema
semi-automático anunciador de mensagem, sistema de som, sistema informativo de vôo,
climatização geral, locais destinados a serviços públicos, locais destinados a apoio comercial,
serviço médico, serviço de salvamento aquático especializado e outras, cuja implantação seja
autorizada ou determinada pela autoridade aeronáutica.

Art. 27. Aeródromo é toda área destinada a pouso, decolagem e movimentação de aeronaves.

Art. 28. Os aeródromos são classificados em civis e militares.

§ 1° Aeródromo civil é o destinado ao uso de aeronaves civis.

§ 2° Aeródromo militar é o destinado ao uso de aeronaves militares.

§ 3° Os aeródromos civis poderão ser utilizados por aeronaves militares, e os aeródromos


militares, por aeronaves civis, obedecidas as prescrições estabelecidas pela autoridade
aeronáutica.

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Art. 29. Os aeródromos civis são classificados em públicos e privados.

Art. 30. Nenhum aeródromo civil poderá ser utilizado sem estar devidamente cadastrado.

§ 1° Os aeródromos públicos e privados serão abertos ao tráfego através de processo,


respectivamente, de homologação e registro.

§ 2° Os aeródromos privados só poderão ser utilizados com permissão de seu proprietário,


vedada a exploração comercial.

Art. 31. Consideram-se:

I - Aeroportos os aeródromos públicos, dotados de instalações e facilidades para apoio de


operações de aeronaves e de embarque e desembarque de pessoas e cargas;

II - Helipontos os aeródromos destinados exclusivamente a helicópteros;

III - Heliportos os helipontos públicos, dotados de instalações e facilidades para apoio de


operações de helicópteros e de embarque e desembarque de pessoas e cargas.

Art. 32. Os aeroportos e heliportos serão classificados por ato administrativo que fixará as
características de cada classe.

Parágrafo único. Os aeroportos destinados às aeronaves nacionais ou estrangeiras na realização


de serviços internacionais, regulares ou não regulares, serão classificados como aeroportos
internacionais (artigo 22).

Art. 33. Nos aeródromos públicos que forem sede de Unidade Aérea Militar, as esferas de
competência das autoridades civis e militares, quanto à respectiva administração, serão definidas
em regulamentação especial.

SEÇÃO II

Da Construção e Utilização de Aeródromos

Art. 34. Nenhum aeródromo poderá ser construído sem prévia autorização da autoridade
aeronáutica.

Art. 35. Os aeródromos privados serão construídos, mantidos e operados por seus proprietários,
obedecidas as instruções, normas e planos da autoridade aeronáutica (artigo 30).

Art. 36. Os aeródromos públicos serão construídos, mantidos e explorados:

I - diretamente, pela União;

II - por empresas especializadas da Administração Federal Indireta ou suas subsidiárias,


vinculadas ao Ministério da Aeronáutica;

III - mediante convênio com os Estados ou Municípios;

IV - por concessão ou autorização.

§ 1° A fim de assegurar uniformidade de tratamento em todo o Território Nacional, a construção,


administração e exploração, sujeitam-se às normas, instruções, coordenação e controle da
autoridade aeronáutica.

§ 2° A operação e a exploração de aeroportos e heliportos, bem como dos seus serviços


auxiliares, constituem atividade monopolizada da União, em todo o Território Nacional, ou das
entidades da Administração Federal Indireta a que se refere este artigo, dentro das áreas

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delimitadas nos atos administrativos que lhes atribuírem bens, rendas, instalações e serviços.

§ 3° Compete à União ou às entidades da Administração Indireta a que se refere este artigo,


estabelecer a organização administrativa dos aeroportos ou heliportos, por elas explorados,
indicando o responsável por sua administração e operação, fixando-lhe as atribuições e
determinando as áreas e serviços que a ele se subordinam.

§ 4° O responsável pela administração, a fim de alcançar e manter a boa qualidade operacional


do aeroporto, coordenará as atividades dos órgãos públicos que, por disposição legal, nele
devam funcionar.

§ 5 Os aeródromos públicos, enquanto mantida a sua destinação específicas pela União,


constituem universidades e patrimônios autônomos, independentes do titular do domínio dos
imóveis onde estão situados (artigo 38).

Art. 37. Os aeródromos públicos poderão ser usados por quaisquer aeronaves, sem distinção de
propriedade ou nacionalidade, mediante o ônus da utilização, salvo se, por motivo operacional ou
de segurança, houver restrição de uso por determinados tipos de aeronaves ou serviços aéreos.

Parágrafo único. Os preços de utilização serão fixados em tabelas aprovadas pela autoridade
aeronáutica, tendo em vista as facilidades colocadas à disposição das aeronaves, dos
passageiros ou da carga, e o custo operacional do aeroporto.

SEÇÃO III

Do Patrimônio Aeroportuário

Art. 38. Os aeroportos constituem universalidades, equiparadas a bens públicos federais,


enquanto mantida a sua destinação específica, embora não tenha a União a propriedade de
todos os imóveis em que se situam.

§ 1º Os Estados, Municípios, entidades da Administração Indireta ou particulares poderão


contribuir com imóveis ou bens para a construção de aeroportos, mediante a constituição de
patrimônio autônomo que será considerado como universalidade.

§ 2º Quando a União vier a desativar o aeroporto por se tornar desnecessário, o uso dos bens
referidos no parágrafo anterior será restituído ao proprietário, com as respectivas acessões.

SEÇÃO IV

Da Utilização de Áreas Aeroportuárias

Art. 39. Os aeroportos compreendem áreas destinadas:

I - à sua própria administração;

II - ao pouso, decolagem, manobra e estacionamento de aeronaves;

III - ao atendimento e movimentação de passageiros, bagagens e cargas;

IV - aos concessionários ou permissionários dos serviços aéreos;

V - ao terminal de carga aérea;

VI - aos órgãos públicos que, por disposição legal, devam funcionar nos aeroportos
internacionais;

VII - ao público usuário e estacionamento de seus veículos;

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VIII - aos serviços auxiliares do aeroporto ou do público usuário;

IX - ao comércio apropriado para aeroporto.

Art. 40. Dispensa-se do regime de concorrência pública a utilização de áreas aeroportuárias


pelos concessionários ou permissionários dos serviços aéreos públicos, para suas instalações de
despacho, escritório, oficina e depósito, ou para abrigo, reparação e abastecimento de
aeronaves.

§ 1° O termo de utilização será lavrado e assinado pelas partes em livro próprio, que poderá ser
escriturado, mecanicamente, em folhas soltas.

§ 2° O termo de utilização para a construção de benfeitorias permanentes deverá ter prazo que
permita a amortização do capital empregado.

§ 3° Na hipótese do parágrafo anterior, se a administração do aeroporto necessitar da área antes


de expirado o prazo, o usuário terá direito à indenização correspondente ao capital não
amortizado.

§ 4° Em qualquer hipótese, as benfeitorias ficarão incorporadas ao imóvel e, findo o prazo, serão


restituídas, juntamente com as áreas, sem qualquer indenização, ressalvado o disposto no
parágrafo anterior.

§ 5° Aplica-se o disposto neste artigo e respectivos parágrafos aos permissionários de serviços


auxiliares.

Art. 41. O funcionamento de estabelecimentos empresariais nas áreas aeroportuárias de que


trata o artigo 39, IX, depende de autorização da autoridade aeronáutica, com exclusão de
qualquer outra, e deverá ser ininterrupto durante as 24 (vinte e quatro) horas de todos os dias,
salvo determinação em contrário da administração do aeroporto.

Parágrafo único. A utilização das áreas aeroportuárias no caso deste artigo sujeita-se à licitação
prévia, na forma de regulamentação baixada pelo Poder Executivo.

Art. 42. À utilização de áreas aeroportuárias não se aplica a legislação sobre locações urbanas.

SEÇÃO V

Das Zonas de Proteção

Art. 43. As propriedades vizinhas dos aeródromos e das instalações de auxílio à navegação
aérea estão sujeitas a restrições especiais.

Parágrafo único. As restrições a que se refere este artigo são relativas ao uso das propriedades
quanto a edificações, instalações, culturas agrícolas e objetos de natureza permanente ou
temporária, e tudo mais que possa embaraçar as operações de aeronaves ou causar
interferência nos sinais dos auxílios à radionavegação ou dificultar a visibilidade de auxílios
visuais.

Art. 44. As restrições de que trata o artigo anterior são as especificadas pela autoridade
aeronáutica, mediante aprovação dos seguintes planos, válidos, respectivamente, para cada tipo
de auxílio à navegação aérea:

I - Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos;

II - Plano de Zoneamento de Ruído;

III - Plano Básico de Zona de Proteção de Helipontos;

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IV - Planos de Zona de Proteção e Auxílios à Navegação Aérea.

§ 1° De conformidade com as conveniências e peculiaridades de proteção ao vôo, a cada


aeródromo poderão ser aplicados Planos Específicos, observadas as prescrições, que
couberem, dos Planos Básicos.

§ 2° O Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos, o Plano Básico de Zoneamento de


Ruído, o Plano de Zona de Proteção de Helipontos e os Planos de Zona de Proteção e Auxílios à
Navegação Aérea serão aprovados por ato do Presidente da República.

§ 3° Os Planos Específicos de Zonas de Proteção de Aeródromos e Planos Específicos de


Zoneamento de Ruído serão aprovados por ato do Ministro da Aeronáutica e transmitidos às
administrações que devam fazer observar as restrições.

§ 4° As Administrações Públicas deverão compatibilizar o zoneamento do uso do solo, nas áreas


vizinhas aos aeródromos, às restrições especiais, constantes dos Planos Básicos e Específicos.

§ 5° As restrições especiais estabelecidas aplicam-se a quaisquer bens, quer sejam privados ou


públicos.

Art. 45. A autoridade aeronáutica poderá embargar a obra ou construção de qualquer natureza
que contrarie os Planos Básicos ou os Específicos de cada aeroporto, ou exigir a eliminação dos
obstáculos levantados em desacordo com os referidos planos, posteriormente à sua publicação,
por conta e risco do infrator, que não poderá reclamar qualquer indenização.

Art. 46. Quando as restrições estabelecidas impuserem demolições de obstáculos levantados


antes da publicação dos Planos Básicos ou Específicos, terá o proprietário direito à indenização.

CAPÍTULO III

Do Sistema de Proteção ao Vôo


SEÇÃO I

Das Várias Atividades de Proteção ao Vôo

Art. 47. O Sistema de Proteção ao Vôo visa à regularidade, segurança e eficiência do fluxo de
tráfego no espaço aéreo, abrangendo as seguintes atividades:

I - de controle de tráfego aéreo;

II - de telecomunicações aeronáuticas e dos auxílios à navegação aérea;

III - de meteorologia aeronáutica;

IV - de cartografia e informações aeronáuticas;

V - de busca e salvamento;

VI - de inspeção em vôo;

VII - de coordenação e fiscalização do ensino técnico específico;

VIII - de supervisão de fabricação, reparo, manutenção e distribuição de equipamentos terrestres


de auxílio à navegação aérea.

Art. 48. O serviço de telecomunicações aeronáuticas classifica-se em:

I - fixo aeronáutico;

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II - móvel aeronáutico;

III - de radionavegação aeronáutica;

IV - de radiodifusão aeronáutica;

V - móvel aeronáutico por satélite;

VI - de radionavegação aeronáutica por satélite.

Parágrafo único. O serviço de telecomunicações aeronáuticas poderá ser operado:

a) diretamente pelo Ministério da Aeronáutica;

b) mediante autorização, por entidade especializada da Administração Federal Indireta, vinculada


àquele Ministério, ou por pessoas jurídicas ou físicas dedicadas às atividades aéreas, em relação
às estações privadas de telecomunicações aeronáuticas.

SEÇÃO II

Da Coordenação de Busca, Assistência e Salvamento

Art. 49. As Atividades de Proteção ao Vôo abrangem a coordenação de busca, assistência e


salvamento.

Art. 50. O Comandante da aeronave é obrigado a prestar assistência a quem se encontrar em


perigo de vida no mar, no ar ou em terra, desde que o possa fazer sem perigo para a aeronave,
sua tripulação, seus passageiros ou outras pessoas.

Art. 51. Todo Comandante de navio, no mar, e qualquer pessoa, em terra, são obrigados, desde
que o possam fazer sem risco para si ou outras pessoas, a prestar assistência a quem estiver em
perigo de vida, em conseqüência de queda ou avaria de aeronave.
Art. 52. A assistência poderá consistir em simples informação.

Art. 53. A obrigação de prestar socorro, sempre que possível, recai sobre aeronave em vôo ou
pronta para partir.

Art. 54. Na falta de outros recursos, o órgão do Ministério da Aeronáutica, encarregado de


coordenar operações de busca e salvamento, poderá, a seu critério, atribuir a qualquer aeronave,
em vôo ou pronta para decolar, missão específica nessas operações.

Art. 55. Cessa a obrigação de assistência desde que o obrigado tenha conhecimento de que foi
prestada por outrem ou quando dispensado pelo órgão competente do Ministério da Aeronáutica
a que se refere o artigo anterior.

Art. 56. A não prestação de assistência por parte do Comandante exonera de responsabilidade o
proprietário ou explorador da aeronave, salvo se tenham determinado a não prestação do
socorro.

Art. 57. Toda assistência ou salvamento prestado com resultado útil dará direito à remuneração
correspondente ao trabalho e à eficiência do ato, nas seguintes bases:

I - considerar-se-ão, em primeiro lugar:

a) o êxito obtido, os esforços, os riscos e o mérito daqueles que prestaram socorro;

b) o perigo passado pela aeronave socorrida, seus passageiros, sua tripulação e sua carga;

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c) o tempo empregado, as despesas e prejuízos suportados tendo em conta a situação especial


do assistente.

II - em segundo lugar, o valor das coisas recuperadas.

§ 1° Não haverá remuneração:

a) se o socorro for recusado ou se carecer de resultado útil;

b) quando o socorro for prestado por aeronave pública.

§ 2° O proprietário ou armador do navio conserva o direito de se prevalecer do abandono, ou da


limitação de responsabilidade fixada nas leis e convenções em vigor.

Art. 58. Todo aquele que, por imprudência, negligência ou transgressão, provocar a
movimentação desnecessária de recursos de busca e salvamento ficará obrigado a indenizar a
União pelas despesas decorrentes dessa movimentação, mesmo que não tenha havido perigo de
vida ou solicitação de socorro.

Art. 59. Prestada assistência voluntária, aquele que a prestou somente terá direito à
remuneração se obtiver resultado útil, salvando pessoas ou concorrendo para salvá-las.

Art. 60. Cabe ao proprietário ou explorador indenizar a quem prestar assistência a passageiro ou
tripulante de sua aeronave.

Art. 61. Se o socorro for prestado por diversas aeronaves, embarcações, veículos ou pessoas
envolvendo vários interessados, a remuneração será fixada em conjunto pelo Juiz, e distribuída
segundo os critérios estabelecidos neste artigo.

§ 1° Os interessados devem fazer valer seus direitos à remuneração no prazo de 6 (seis) meses,
contado do dia do socorro.

§ 2° Decorrido o prazo, proceder-se-á ao rateio.

§ 3° Os interessados que deixarem fluir o prazo estabelecido no § 1° sem fazer valer seus
direitos ou notificar os obrigados, só poderão exercitá-los sobre as importâncias que não tiverem
sido distribuídas.

Art. 62. A remuneração não excederá o valor que os bens recuperados tiverem no final das
operações de salvamento.

Art. 63. O pagamento da remuneração será obrigatório para quem usar aeronave sem o
consentimento do seu proprietário ou explorador.

Parágrafo único. Provada a negligência do proprietário ou explorador, estes responderão,


solidariamente, pela remuneração.

Art. 64. A remuneração poderá ser reduzida ou suprimida se provado que:

I - os reclamantes concorreram voluntariamente ou por negligência para agravar a situação de


pessoas ou bens a serem socorridos;

II - se, comprovadamente, furtaram ou tornaram-se cúmplices de furto, extravio ou atos


fraudulentos.

Art. 65. O proprietário ou explorador da aeronave que prestou socorro pode reter a carga até ser
paga a cota que lhe corresponde da remuneração da assistência ou salvamento, mediante
entendimento com o proprietário da mesma ou com a seguradora.

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CAPÍTULO IV

Do Sistema de Segurança de Vôo

SEÇÃO I

Dos Regulamentos e Requisitos de Segurança de Vôo

Art. 66. Compete à autoridade aeronáutica promover a segurança de vôo, devendo estabelecer
os padrões mínimos de segurança:

I - relativos a projetos, materiais, mão-de-obra, construção e desempenho de aeronaves,


motores, hélices e demais componentes aeronáuticos; e

II - relativos à inspeção, manutenção em todos os níveis, reparos e operação de aeronaves,


motores, hélices e demais componentes aeronáuticos.

§ 1° Os padrões mínimos serão estabelecidos em Regulamentos Brasileiros de Homologação


Aeronáutica, a vigorar a partir de sua publicação.

§ 2° Os padrões poderão variar em razão do tipo ou destinação do produto aeronáutico.

Art. 67. Somente poderão ser usadas aeronaves, motores, hélices e demais componentes
aeronáuticos que observem os padrões e requisitos previstos nos Regulamentos de que trata o
artigo anterior, ressalvada a operação de aeronave experimental.

§ 1° Poderá a autoridade aeronáutica, em caráter excepcional, permitir o uso de componentes


ainda não homologados, desde que não seja comprometida a segurança de vôo.

§ 2° Considera-se aeronave experimental a fabricada ou montada por construtor amador,


permitindo-se na sua construção o emprego de materiais referidos no parágrafo anterior.

§ 3° Compete à autoridade aeronáutica regulamentar a construção, operação e emissão de


Certificado de Marca Experimental e Certificado de Autorização de Vôo Experimental para as
aeronaves construídas por amadores.

SEÇÃO II

Dos Certificados de Homologação

Art. 68. A autoridade aeronáutica emitirá certificado de homologação de tipo de aeronave,


motores, hélices e outros produtos aeronáuticos que satisfizerem as exigências e requisitos dos
Regulamentos.

§ 1° Qualquer pessoa interessada pode requerer o certificado de que trata este artigo,
observados os procedimentos regulamentares.

§ 2° A emissão de certificado de homologação de tipo de aeronave é indispensável à obtenção


do certificado de aeronavegabilidade.

§ 3° O disposto neste artigo e seus §§ 1° e 2° aplica-se aos produtos aeronáuticos importados,


os quais deverão receber o certificado correspondente no Brasil.

Art. 69. A autoridade aeronáutica emitirá os certificados de homologação de empresa destinada à


fabricação de produtos aeronáuticos, desde que o respectivo sistema de fabricação e controle
assegure que toda unidade fabricada atenderá ao projeto aprovado.

Parágrafo único. Qualquer interessado em fabricar produto aeronáutico, de tipo já certificado,


deverá requerer o certificado de homologação de empresa, na forma do respectivo Regulamento.

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Art. 70. A autoridade aeronáutica emitirá certificados de homologação de empresa destinada à


execução de serviços de revisão, reparo e manutenção de aeronave, motores, hélices e outros
produtos aeronáuticos.

§ 1° Qualquer oficina de manutenção de produto aeronáutico deve possuir o certificado de que


trata este artigo, obedecido o procedimento regulamentar.

§ 2° Todo explorador ou operador de aeronave deve executar ou fazer executar a manutenção


de aeronaves, motores, hélices e demais componentes, a fim de preservar as condições de
segurança do projeto aprovado.

§ 3° A autoridade aeronáutica cancelará o certificado de aeronavegabilidade se constatar a falta


de manutenção.

§ 4° A manutenção, no limite de até 100 (cem) horas, das aeronaves pertencentes aos
aeroclubes que não disponham de oficina homologada, bem como das aeronaves mencionadas
no § 4°, do artigo 107, poderá ser executada por mecânico licenciado pelo Ministério da
Aeronáutica.

Art. 71. Os certificados de homologação, previstos nesta Seção, poderão ser emendados,
modificados, suspensos ou cassados sempre que a segurança de vôo ou o interesse público o
exigir.

Parágrafo único. Salvo caso de emergência, o interessado será notificado para, no prazo que lhe
for assinado, sanar qualquer irregularidade verificada.

CAPÍTULO V

Sistema de Registro Aeronáutico Brasileiro

SEÇÃO I
Do Registro Aeronáutico Brasileiro

Art. 72. O Registro Aeronáutico Brasileiro será público, único e centralizado, destinando-se a ter,
em relação à aeronave, as funções de:

I - emitir certificados de matrícula, de aeronavegabilidade e de nacionalidade de aeronaves


sujeitas à legislação brasileira;

II - reconhecer a aquisição do domínio na transferência por ato entre vivos e dos direitos reais de
gozo e garantia, quando se tratar de matéria regulada por este Código;

III - assegurar a autenticidade, inalterabilidade e conservação de documentos inscritos e


arquivados;

IV - promover o cadastramento geral.

§ 1° É obrigatório o fornecimento de certidão do que constar do Registro.

§ 2º O Registro Aeronáutico Brasileiro será regulamentado pelo Poder Executivo.

Art. 73. Somente são admitidos a registro:

I - escrituras públicas, inclusive as lavradas em consulados brasileiros;

II - documentos particulares, com fé pública, assinados pelas partes e testemunhas;

III - atos autênticos de países estrangeiros, feitos de acordo com as leis locais, legalizados e

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traduzidos, na forma da lei, assim como sentenças proferidas por tribunais estrangeiros após
homologação pelo Supremo Tribunal Federal;

IV - cartas de sentença, formais de partilha, certidões e mandados extraídos de autos de


processo judicial.

Art. 74. No Registro Aeronáutico Brasileiro serão feitas:

I - a matrícula de aeronave, em livro próprio, por ocasião de primeiro registro no País, mediante
os elementos constantes do título apresentado e da matrícula anterior, se houver;

II - a inscrição:

a) de títulos, instrumentos ou documentos em que se institua, reconheça, transfira, modifique ou


extinga o domínio ou os demais direitos reais sobre aeronave;

b) de documentos relativos a abandono, perda, extinção ou alteração essencial de aeronave;

c) de atos ou contratos de exploração ou utilização, assim como de arresto, seqüestro, penhora e


apreensão de aeronave.

III - a averbação na matrícula e respectivo certificado das alterações que vierem a ser inscritas,
assim como dos contratos de exploração, utilização ou garantia;

IV - a autenticação do Diário de Bordo de aeronave brasileira;

V - a anotação de usos e práticas aeronáuticas que não contrariem a lei, a ordem pública e os
bons costumes.

Art. 75. Poderá ser cancelado o registro, mediante pedido escrito do proprietário, sempre que
não esteja a aeronave ou os motores gravados, e com o consentimento por escrito do respectivo
credor fiduciário, hipotecário ou daquele em favor de quem constar ônus real.

Parágrafo único. Nenhuma aeronave brasileira poderá ser transferida para o exterior se for objeto
de garantia, a não ser com a expressa concordância do credor.

Art. 76. Os emolumentos, relativos ao registro, serão pagos pelo interessado, de conformidade
com normas aprovadas pelo Ministério da Aeronáutica.

SEÇÃO II

Do Procedimento de Registro de Aeronaves

Art. 77. Todos os títulos levados a registro receberão no Protocolo o número que lhes competir,
observada a ordem de entrada.

Art. 78. O número de ordem determinará a prioridade do título, e esta a preferência dos direitos
dependentes do registro.

Art. 79. O título de natureza particular apresentado em via única será arquivado no Registro
Aeronáutico Brasileiro, que fornecerá certidão do mesmo, ao interessado.

Art. 80. Protocolizado o título, proceder-se-á aos registros, prevalecendo, para efeito de
prioridade, os títulos prenotados no Protocolo sob número de ordem mais baixo.

Art. 81. No Protocolo será anotada, à margem da prenotação, a exigência feita pela autoridade
aeronáutica.

Parágrafo único. Opondo-se o interessado, o processo será solucionado pelo órgão competente

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do Ministério da Aeronáutica, com recurso à autoridade aeronáutica superior.

Art. 82. Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do
seu lançamento no Protocolo, não tiver o título sido registrado por omissão do interessado em
atender às exigências legais.

Art. 83. Em caso de permuta, serão feitas as inscrições nas matrículas correspondentes, sob um
único número de ordem no Protocolo.

Art. 84. O Diário de Bordo será apresentado ao Registro Aeronáutico Brasileiro para autenticação
dos termos de abertura, encerramento e número de páginas.

Parágrafo único. O Diário de Bordo deverá ser encadernado e suas folhas numeradas, contendo
na primeira e na última, respectivamente, o termo de abertura e encerramento com o número de
suas páginas, devidamente autenticados pelo Registro Aeronáutico Brasileiro.

Art. 85. O Registro Aeronáutico Brasileiro assentará em livro próprio ex officio ou a pedido da
associação de classe interessada os costumes e práticas aeronáuticas que não contrariem a lei
ou os bons costumes, após a manifestação dos órgãos jurídicos do Ministério da Aeronáutica.

CAPÍTULO VI

Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

Art. 86. Compete ao Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos planejar,


orientar, coordenar, controlar e executar as atividades de investigação e de prevenção de
acidentes Aeronáuticos.

§ 1° (Vetado).

§ 2° A investigação de quaisquer outros acidentes relacionados com a infra-estrutura


aeronáutica, desde que não envolva aeronaves, não está abrangida nas atribuições próprias da
Comissão de Investigação de Acidentes Aeronáuticos.

§ 3° (Vetado).

§ 4° (Vetado).

§ 5° (Vetado).

§ 6° (Vetado).

Art. 87. A prevenção de acidentes aeronáuticos é da responsabilidade de todas as pessoas,


naturais ou jurídicas, envolvidas com a fabricação, manutenção, operação e circulação de
aeronaves, bem assim com as atividades de apoio da infra-estrutura aeronáutica no território
brasileiro.

Art. 88. Toda pessoa que tiver conhecimento de qualquer acidente de aviação ou da existência
de restos ou despojos de aeronave tem o dever de comunicá-lo à autoridade pública mais
próxima e pelo meio mais rápido.

Parágrafo único. A autoridade pública que tiver conhecimento do fato ou nele intervier,
comunica-lo-á imediatamente, sob pena de responsabilidade por negligência, à autoridade
aeronáutica mais próxima do acidente.

Art. 89. Exceto para efeito de salvar vidas, nenhuma aeronave acidentada, seus restos ou coisas
que por ela eram transportadas, podem ser vasculhados ou removidos, a não ser em presença
ou com autorização da autoridade aeronáutica.

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Art. 90. Sempre que forem acionados os serviços de emergência de aeroporto para a prestação
de socorro, o custo das despesas decorrentes será indenizado pelo explorador da aeronave
socorrida.

Art. 91. As despesas de remoção e desinterdição do local do acidente aeronáutico, inclusive em


aeródromo, correrão por conta do explorador da aeronave acidentada, desde que comprovada a
sua culpa ou responsabilidade.

Parágrafo único. Caso o explorador não disponha de recursos técnicos ou não providencie
tempestivamente a remoção da aeronave ou de seus restos, a administração do aeroporto
encarregar-se-á dessa providência.

Art. 92. Em caso de acidentes aéreos ocorridos por atos delituosos, far-se-á a comunicação à
autoridade policial para o respectivo processo.

Parágrafo único. Para o disposto no caput deste artigo, a autoridade policial, juntamente com as
autoridades aeronáuticas, deverão considerar as infrações às Regulamentações Profissionais
dos aeroviários e dos aeronautas, que possam ter concorrido para o evento.

Art. 93. A correspondência transportada por aeronave acidentada deverá ser entregue, o mais
rápido possível, à entidade responsável pelo serviço postal, que fará a devida comunicação à
autoridade aduaneira mais próxima, no caso de remessas postais internacionais.

CAPÍTULO VII

Sistema de Facilitação, Segurança da Aviação Civil e Coordenação do Transporte Aéreo

SEÇÃO I

Da Facilitação do Transporte Aéreo

Art. 94. O sistema de facilitação do transporte aéreo, vinculado ao Ministério da Aeronáutica, tem
por objetivo estudar as normas e recomendações pertinentes da Organização de Aviação Civil
Internacional - OACI e propor aos órgãos interessados as medidas adequadas a implementá-las
no País, avaliando os resultados e sugerindo as alterações necessárias ao aperfeiçoamento dos
serviços aéreos.

SEÇÃO II

Da Segurança da Aviação Civil

Art. 95. O Poder Executivo deverá instituir e regular a Comissão Nacional de Segurança da
Aviação Civil.

§ 1° A Comissão mencionada no caput deste artigo tem como objetivos:

I - assessorar os órgãos governamentais, relativamente à política e critérios de segurança;

II - promover a coordenação entre:

a) os serviços de controle de passageiros;

b) a administração aeroportuária;

c) o policiamento;

d) as empresas de transporte aéreo;

e) as empresas de serviços auxiliares.

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§ 2° Compete, ainda, à referida Comissão determinar as normas e medidas destinadas a


prevenir e a enfrentar ameaças e atos contra a aviação civil e as instalações correlatas.

SEÇÃO III

Da Coordenação do Transporte Aéreo Civil

Art. 96. O Poder Executivo regulamentará o órgão do sistema de coordenação do transporte


aéreo civil, a fim de:

I - propor medidas visando a:

a) assegurar o desenvolvimento harmônico do transporte aéreo, no contexto de programas


técnicos e econômico-financeiros específicos;

b) acompanhar e fiscalizar a execução desses programas.

II - apreciar, sob os aspectos técnico-aeronáuticos e econonômico-financeiros, os pedidos de


importação e exportação de aeronaves civis e propor instruções para o incentivo da indústria
nacional de natureza aeroespacial.

CAPÍTULO VIII

Sistema de Formação e Adestramento de Pessoal

SEÇÃO I

Dos Aeroclubes

Art. 97. Aeroclube é toda sociedade civil com patrimônio e administração próprios, com serviços
locais e regionais, cujos objetivos principais são o ensino e a prática da aviação civil, de turismo
e desportiva em todas as suas modalidades, podendo cumprir missões de emergência ou de
notório interesse da coletividade.

§ 1º Os serviços aéreos prestados por aeroclubes abrangem as atividades de:

I - ensino e adestramento de pessoal de vôo;

II - ensino e adestramento de pessoal da infra-estrutura aeronáutica;

III - recreio e desportos.

§ 2º Os aeroclubes e as demais entidades afins, uma vez autorizadas a funcionar, são


considerados como de utilidade pública.

SEÇÃO II

Da Formação e Adestramento de Pessoal de Aviação Civil

Art. 98. Os aeroclubes, escolas ou cursos de aviação ou de atividade a ela vinculada (artigo 15,
§§ 1° e 2°) somente poderão funcionar com autorização prévia de autoridade aeronáutica.

§ 1º As entidades de que trata este artigo, após serem autorizadas a funcionar, são consideradas
de utilidade pública.

§ 2º A formação e o adestramento de pessoal das Forças Armadas serão estabelecidos em


legislação especial.

Art. 99. As entidades referidas no artigo anterior só poderão funcionar com a prévia autorização

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do Ministério da Aeronáutica.

Parágrafo único. O Poder Executivo baixará regulamento fixando os requisitos e as condições


para a autorização e o funcionamento dessas entidades, assim como para o registro dos
respectivos professores, aprovação de cursos, expedição e validade dos certificados de
conclusão dos cursos e questões afins.

SEÇÃO III

Da Formação e Adestramento de Pessoal Destinado à Infra-Estrutura Aeronáutica

Art. 100. Os programas de desenvolvimento de ensino e adestramento de pessoal civil vinculado


à infra-estrutura aeronáutica compreendem a formação, aperfeiçoamento e especialização de
técnicos para todos os elementos indispensáveis, imediata ou mediatamente, à navegação
aérea, inclusive à fabricação, revisão e manutenção de produtos aeronáuticos ou relativos à
proteção ao (omissão do Diário Oficial).

Parágrafo único. Cabe à autoridade aeronáutica expedir licença ou certificado de controladores


de tráfego aéreo e de outros profissionais dos diversos setores de atividades vinculadas à
navegação aérea e à infra-estrutura aeronáutica.

CAPÍTULO IX

Sistema de Indústria Aeronáutica

Art. 101. A indústria aeronáutica, constituída de empresas de fabricação, revisão, reparo e


manutenção de produto aeronáutico ou relativo à proteção ao vôo depende de registro e de
homologação (artigos 66 a 71).

CAPÍTULO X

Dos Serviços Auxiliares

Art. 102. São serviços auxiliares:

I - as agências de carga aérea, os serviços de rampa ou de pista nos aeroportos e os relativos à


hotelaria nos aeroportos;

II - os demais serviços conexos à navegação aérea ou à infra-estrutura aeronáutica, fixados, em


regulamento, pela autoridade aeronáutica.

§ 1° (Vetado).

§ 2° Serão permitidos convênios entre empresas nacionais e estrangeiras, para que cada uma
opere em seu respectivo país, observando-se suas legislações específicas.

Art. 103. Os serviços de controle aduaneiro nos aeroportos internacionais serão executados de
conformidade com lei específica.

Art. 104. Todos os equipamentos e serviços de terra utilizados no atendimento de aeronaves,


passageiros, bagagem e carga são de responsabilidade dos transportadores ou de prestadores
autônomos de serviços auxiliares.

CAPÍTULO XI

Sistema de Coordenação da Infra-Estrutura Aeronáutica

Art. 105. Poderá ser instalado órgão ou Comissão com o objetivo de:

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I - promover o planejamento integrado da infra-estrutura aeronáutica e sua harmonização com as


possibilidades econômico-financeiras do País;

II - coordenar os diversos sistemas ou subsistemas;

III - estudar e propor as medidas adequadas ao funcionamento harmônico dos diversos sistemas
ou subsistemas;

IV - coordenar os diversos registros e homologações exigidos por lei.

TÍTULO IV

Das Aeronaves

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 106. Considera-se aeronave todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e
circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou
coisas.
Parágrafo único. A aeronave é bem móvel registrável para o efeito de nacionalidade, matrícula,
aeronavegabilidade (artigos 72, I, 109 e 114), transferência por ato entre vivos (artigos 72, II e
115, IV), constituição de hipoteca (artigos 72, II e 138), publicidade (artigos 72, III e 117) e
cadastramento geral (artigo 72, V).

Art. 107. As aeronaves classificam-se em civis e militares.

§ 1° Consideram-se militares as integrantes das Forças Armadas, inclusive as requisitadas na


forma da lei, para missões militares (artigo 3°, I).

§ 2° As aeronaves civis compreendem as aeronaves públicas e as aeronaves privadas.

§ 3° As aeronaves públicas são as destinadas ao serviço do Poder Público, inclusive as


requisitadas na forma da lei; todas as demais são aeronaves privadas.

§ 4° As aeronaves a serviço de entidades da Administração Indireta Federal, Estadual ou


Municipal são consideradas, para os efeitos deste Código, aeronaves privadas (artigo 3°, II).

§ 5° Salvo disposição em contrário, os preceitos deste Código não se aplicam às aeronaves


militares, reguladas por legislação especial (artigo 14, § 6°).

CAPÍTULO II

Da Nacionalidade, Matrícula e Aeronavegabilidade

SEÇÃO I

Da Nacionalidade e Matrícula

Art. 108. A aeronave é considerada da nacionalidade do Estado em que esteja matriculada.

Art. 109. O Registro Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição, após a vistoria técnica, atribuirá
as marcas de nacionalidade e matrícula, identificadoras da aeronave.

§ 1° A matrícula confere nacionalidade brasileira à aeronave e substitui a matrícula anterior, sem


prejuízo dos atos jurídicos realizados anteriormente.

§ 2° Serão expedidos os respectivos certificados de matrícula e nacionalidade e de

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aeronavegabilidade.

Art. 110. A matrícula de aeronave já matriculada em outro Estado pode ser efetuada pelo novo
adquirente, mediante a comprovação da transferência da propriedade; ou pelo explorador,
mediante o expresso consentimento do titular do domínio.

Parágrafo único. O consentimento do proprietário pode ser manifestado, por meio de mandato
especial, em cláusula do respectivo contrato de utilização de aeronave, ou em documento
separado.

Art. 111 A matrícula será provisória quando:

I - feita pelo explorador, usuário, arrendatário, promitente-comprador ou por quem, sendo


possuidor, não tenha a propriedade, mas tenha o expresso mandato ou consentimento do titular
do domínio da aeronave;

II - o vendedor reserva, para si a propriedade da aeronave até o pagamento total do preço ou até
o cumprimento de determinada condição, mas consente, expressamente, que o comprador faça
a matrícula.

§ 1° A ocorrência da condição resolutiva, estabelecida no contrato, traz como conseqüência o


cancelamento da matrícula, enquanto a quitação ou a ocorrência de condição suspensiva
autoriza a matrícula definitiva.

§ 2° O contrato de compra e venda, a prazo, desde que o vendedor não reserve para si a
propriedade, enseja a matrícula definitiva.

Art. 112. As marcas de nacionalidade e matrícula serão canceladas:

I - a pedido do proprietário ou explorador quando deva inscrevê-la em outro Estado, desde que
não exista proibição legal (artigo 75 e Parágrafo único);

II - ex officio quando matriculada em outro país;

III - quando ocorrer o abandono ou perecimento da aeronave.

Art. 113. As inscrições constantes do Registro Aeronáutico Brasileiro serão averbadas no


certificado de matrícula da aeronave.
SEÇÃO II

Do Certificado de Aeronavegabilidade

Art. 114. Nenhuma aeronave poderá ser autorizada para o vôo sem a prévia expedição do
correspondente certificado de aeronavegabilidade que só será válido durante o prazo estipulado
e enquanto observadas as condições obrigatórias nele mencionadas (artigos 20 e 68, § 2°).

§ 1º São estabelecidos em regulamento os requisitos, condições e provas necessários à


obtenção ou renovação do certificado, assim como o prazo de vigência e casos de suspensão ou
cassação.

§ 2° Poderão ser convalidados os certificados estrangeiros de aeronavegabilidade que atendam


aos requisitos previstos no regulamento de que trata o parágrafo anterior, e às condições aceitas
internacionalmente.

CAPÍTULO III

Da Propriedade e Exploração da Aeronave

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SEÇÃO I

Da Propriedade da Aeronave

Art. 115. Adquire-se a propriedade da aeronave:

I - por construção;

II - por usucapião;

III - por direito hereditário;

IV - por inscrição do título de transferência no Registro Aeronáutico Brasileiro;

V - por transferência legal (artigos 145 e 190).

§ 1º Na transferência da aeronave estão sempre compreendidos, salvo cláusula expressa em


contrário, os motores, equipamentos e instalações internas.

§ 2º Os títulos translativos da propriedade de aeronave, por ato entre vivos, não transferem o seu
domínio, senão da data em que se inscreverem no Registro Aeronáutico Brasileiro.
Art. 116. Considera-se proprietário da aeronave a pessoa natural ou jurídica que a tiver:

I - construído, por sua conta;

II - mandado construir, mediante contrato;

III - adquirido por usucapião, por possuí-la como sua, baseada em justo título e boa-fé, sem
interrupção nem oposição durante 5 (cinco) anos;

IV - adquirido por direito hereditário;

V - inscrito em seu nome no Registro Aeronáutico Brasileiro, consoante instrumento público ou


particular, judicial ou extrajudicial (artigo 115, IV).

§ 1º Deverá constar da inscrição e da matrícula o nome daquele a quem, no título de aquisição,


for transferida a propriedade da aeronave.

§ 2º Caso a inscrição e a matrícula sejam efetuadas por possuidor que não seja titular da
propriedade da aeronave, deverá delas constar o nome do proprietário e a averbação do seu
expresso mandato ou consentimento.

Art. 117. Para fins de publicidade e continuidade, serão também inscritos no Registro
Aeronáutico Brasileiro:

I - as arrematações e adjudicações em hasta pública;

II - as sentenças de divórcio, de nulidade ou anulações de casamento quando nas respectivas


partilhas existirem aeronaves;

III - as sentenças de extinção de condomínio;

IV - as sentenças de dissolução ou liquidação de sociedades, em que haja aeronaves a partilhar;

V - as sentenças que, nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem aeronaves em


pagamento de dívidas da herança;

VI - as sentenças ou atos de adjudicação, assim como os formais ou certidões de partilha na


sucessão legítima ou testamentária;

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VII - as sentenças declaratórias de usucapião.

Art. 118. Os projetos de construção, quando por conta do próprio fabricante, ou os contratos de
construção quando por conta de quem a tenha contratado serão inscritos no Registro
Aeronáutico Brasileiro.

§ 1° No caso de hipoteca de aeronave em construção mediante contrato, far-se-ão, ao mesmo


tempo, a inscrição do respectivo contrato de construção e a da hipoteca.

§ 2° No caso de hipoteca de aeronave em construção por conta do fabricante faz-se, no mesmo


ato, a inscrição do projeto de construção e da respectiva hipoteca.

§ 3° Quando não houver hipoteca de aeronave em construção, far-se-á a inscrição do projeto


construído por ocasião do pedido de matrícula.

Art. 119. As aeronaves em processo de homologação, as destinadas à pesquisa e


desenvolvimento para fins de homologação e as produzidas por amadores estão sujeitas à
emissão de certificados de autorização de vôo experimental e de marca experimental (artigos 17,
Parágrafo único, e 67, § 1°).

Art. 120. Perde-se a propriedade da aeronave pela alienação, renúncia, abandono, perecimento,
desapropriação e pelas causas de extinção previstas em lei.

§ 1° Ocorre o abandono da aeronave ou de parte dela quando não for possível determinar sua
legítima origem ou quando manifestar-se o proprietário, de modo expresso, no sentido de
abandoná-la.

§ 2° Considera-se perecida a aeronave quando verificada a impossibilidade de sua recuperação


ou após o transcurso de mais de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data em que dela se teve
a última notícia oficial.

§ 3° Verificado, em inquérito administrativo, o abandono ou perecimento da aeronave, será


cancelada ex officio a respectiva matrícula.

Art. 121. O contrato que objetive a transferência da propriedade de aeronave ou a constituição


sobre ela de direito real poderá ser elaborado por instrumento público ou particular.

Parágrafo único. No caso de contrato realizado no exterior aplica-se o disposto no artigo 73, item
III.

SEÇÃO II

Da Exploração e do Explorador de Aeronave

Art. 122. Dá-se a exploração da aeronave quando uma pessoa física ou jurídica, proprietária ou
não, a utiliza, legitimamente, por conta própria, com ou sem fins lucrativos.

Art. 123. Considera-se operador ou explorador de aeronave:

I - a pessoa jurídica que tem a concessão dos serviços de transporte público regular ou a
autorização dos serviços de transporte público não regular, de serviços especializados ou de
táxi-aéreo;

II - o proprietário da aeronave ou quem a use diretamente ou através de seus prepostos, quando


se tratar de serviços aéreos privados;

III - o fretador que reservou a condução técnica da aeronave, a direção e a autoridade sobre a
tripulação;

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IV - o arrendatário que adquiriu a condução técnica da aeronave arrendada e a autoridade sobre


a tripulação.

Art. 124. Quando o nome do explorador estiver inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro,
mediante qualquer contrato de utilização, exclui-se o proprietário da aeronave da
responsabilidade inerente à exploração da mesma.

§ 1° O proprietário da aeronave será reputado explorador, até prova em contrário, se o nome


deste não constar no Registro Aeronáutico Brasileiro.

§ 2° Provando-se, no caso do parágrafo anterior, que havia explorador, embora sem ter o seu
nome inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro, haverá solidariedade do explorador e do
proprietário por qualquer infração ou dano resultante da exploração da aeronave.

CAPÍTULO IV

Dos Contratos sobre Aeronave

SEÇÃO I

Do Contrato de Construção de Aeronave

Art. 125. O contrato de construção de aeronave deverá ser inscrito no Registro Aeronáutico
Brasileiro.

Parágrafo único. O contrato referido no caput deste artigo deverá ser submetido à fiscalização do
Ministério da Aeronáutica, que estabelecerá as normas e condições de construção.

Art. 126. O contratante que encomendou a construção da aeronave, uma vez inscrito o seu
contrato no Registro Aeronáutico Brasileiro, adquire, originariamente, a propriedade da aeronave,
podendo dela dispor e reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua.

SEÇÃO II

Do Arrendamento

Art. 127. Dá-se o arrendamento quando uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado, o uso e gozo de aeronave ou de seus motores, mediante certa retribuição.

Art. 128. O contrato deverá ser feito por instrumento público ou particular, com a assinatura de
duas testemunhas, e inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro.

Art. 129. O arrendador é obrigado:

I - a entregar ao arrendatário a aeronave ou o motor, no tempo e lugar convencionados, com a


documentação necessária para o vôo, em condições de servir ao uso a que um ou outro se
destina, e a mantê-los nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em
contrário;

II - a garantir, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da aeronave ou do motor.

Parágrafo único. Pode o arrendador obrigar-se, também, a entregar a aeronave equipada e


tripulada, desde que a direção e condução técnica fiquem a cargo do arrendatário.

Art. 130. O arrendatário é obrigado:

I - a fazer uso da coisa arrendada para o destino convencionado e dela cuidar como se sua
fosse;

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II - a pagar, pontualmente, o aluguel, nos prazos, lugar e condições acordadas;

III - a restituir ao arrendador a coisa arrendada, no estado em que a recebeu, ressalvado o


desgaste natural decorrente do uso regular.

Art. 131. A cessão do arrendamento e o subarrendamento só poderão ser realizados por contrato
escrito, com o consentimento expresso do arrendador e a inscrição no Registro Aeronáutico
Brasileiro.

Art. 132. A não inscrição do contrato de arrendamento ou de subarrendamento determina que o


arrendador, o arrendatário e o subarrendatário, se houver, sejam responsáveis pelos danos e
prejuízos causados pela aeronave.

SEÇÃO III

Do Fretamento

Art. 133. Dá-se o fretamento quando uma das partes, chamada fretador, obriga-se para com a
outra, chamada afretador, mediante o pagamento por este, do frete, a realizar uma ou mais
viagens preestabelecidas ou durante certo período de tempo, reservando-se ao fretador o
controle sobre a tripulação e a condução técnica da aeronave.

Art. 134. O contrato será por instrumento público ou particular, sendo facultada a sua inscrição
no Registro Aeronáutico Brasileiro (artigos 123 e 124).

Art. 135. O fretador é obrigado:

I - a colocar à disposição do afretador aeronave equipada e tripulada, com os documentos


necessários e em estado de aeronavegabilidade;

II - a realizar as viagens acordadas ou a manter a aeronave à disposição do afretador, durante o


tempo convencionado.

Art. 136. O afretador é obrigado:

I - a limitar o emprego da aeronave ao uso para o qual foi contratada e segundo as condições do
contrato;

II - a pagar o frete no lugar, tempo e condições acordadas.

SEÇÃO IV

Do Arrendamento Mercantil de Aeronave

Art. 137. O arrendamento mercantil deve ser inscrito no Registro Aeronáutico Brasileiro,
mediante instrumento público ou particular com os seguintes elementos:

I - descrição da aeronave com o respectivo valor;

II - prazo do contrato, valor de cada prestação periódica, ou o critério para a sua determinação,
data e local dos pagamentos;

III - cláusula de opção de compra ou de renovação contratual, como faculdade do arrendatário;

IV - indicação do local, onde a aeronave deverá estar matriculada durante o prazo do contrato.

§ 1° Quando se tratar de aeronave proveniente do exterior, deve estar expresso o consentimento


em que seja inscrita a aeronave no Registro Aeronáutico Brasileiro com o cancelamento da
matrícula primitiva, se houver.

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§ 2° Poderão ser aceitas, nos respectivos contratos, as cláusulas e condições usuais nas
operações de leasing internacional, desde que não contenha qualquer cláusula contrária à
Constituição Brasileira ou às disposições deste Código.

CAPÍTULO V

Da Hipoteca e Alienação Fiduciária de Aeronave

SEÇÃO I

Da Hipoteca Convencional

Art. 138. Poderão ser objeto de hipoteca as aeronaves, motores, partes e acessórios de
aeronaves, inclusive aquelas em construção.

§ 1° Não pode ser objeto de hipoteca, enquanto não se proceder à matrícula definitiva, a
aeronave inscrita e matriculada provisoriamente, salvo se for para garantir o contrato, com base
no qual se fez a matrícula provisória.

§ 2° A referência à aeronave, sem ressalva, compreende todos os equipamentos, motores,


instalações e acessórios, constantes dos respectivos certificados de matrícula e
aeronavegabilidade.

§ 3° No caso de incidir sobre motores, deverão eles ser inscritos e individuados no Registro
Aeronáutico Brasileiro, no ato da inscrição da hipoteca, produzindo esta os seus efeitos ainda
que estejam equipando aeronave hipotecada a distinto credor, exceto no caso de haver nos
respectivos contratos cláusula permitindo a rotatividade dos motores.

§ 4º Concluída a construção, a hipoteca estender-se-á à aeronave se recair sobre todos os


componentes; mas continuará a gravar, apenas, os motores e equipamentos individuados, se
somente sobre eles incidir a garantia.

§ 5° Durante o contrato, o credor poderá inspecionar o estado dos bens, objeto da hipoteca.

Art. 139. Só aquele que pode alienar a aeronave poderá hipotecá-la e só a aeronave que pode
ser alienada poderá ser dada em hipoteca.

Art. 140. A aeronave comum a 2 (dois) ou mais proprietários só poderá ser dada em hipoteca
com o consentimento expresso de todos os condôminos.

Art. 141. A hipoteca constituir-se-á pela inscrição do contrato no Registro Aeronáutico Brasileiro e
com a averbação no respectivo certificado de matrícula.

Art. 142. Do contrato de hipoteca deverão constar:

I - o nome e domicílio das partes contratantes;

II - a importância da dívida garantida, os respectivos juros e demais consectários legais, o termo


e lugar de pagamento;

III - as marcas de nacionalidade e matrícula da aeronave, assim como os números de série de


suas partes componentes;

IV - os seguros que garantem o bem hipotecado.

§ 1° Quando a aeronave estiver em construção, do instrumento deverá constar a descrição de


conformidade com o contrato, assim como a etapa da fabricação, se a hipoteca recair sobre
todos os componentes; ou a individuação das partes e acessórios se sobre elas incidir a
garantia.

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§ 2° No caso de contrato de hipoteca realizado no exterior, devem ser observadas as indicações


previstas no artigo 73, item III.

Art. 143. O crédito hipotecário aéreo prefere a qualquer outro, com exceção dos resultantes de:

I - despesas judiciais, crédito trabalhista, tributário e proveniente de tarifas aeroportuárias;

II - despesas por socorro prestado; gastos efetuados pelo comandante da aeronave, no exercício
de suas funções, quando indispensáveis à continuação da viagem; e despesas efetuadas com a
conservação da aeronave.

Parágrafo único. A preferência será exercida:

a) no caso de perda ou avaria da aeronave, sobre o valor do seguro;

b) no caso de destruição ou inutilização, sobre o valor dos materiais recuperados ou das


indenizações recebidas de terceiros;

c) no caso de desapropriação, sobre o valor da indenização.

SEÇÃO II

Da Hipoteca Legal

Art. 144. Será dada em favor da União a hipoteca legal das aeronaves, peças e equipamentos
adquiridos no exterior com aval, fiança ou qualquer outra garantia do Tesouro Nacional ou de
seus agentes financeiros.

Art. 145. Os bens mencionados no artigo anterior serão adjudicados à União, se esta o requerer
no Juízo Federal, comprovando:

I - a falência, insolvência, liquidação judicial ou extrajudicial, antes de concluído o pagamento do


débito garantido pelo Tesouro Nacional ou seus agentes financeiros;

II - a ocorrência dos fatos previstos no artigo 189, I e II deste Código.

Art. 146. O débito que tenha de ser pago pela União ou seus agentes financeiros, vencido ou
vincendo, será cobrado do adquirente ou da massa falida pelos valores despendidos por ocasião
do pagamento.

§ 1° A conversão da moeda estrangeira, se for o caso, será feita pelo câmbio do dia, observada a
legislação complementar pertinente.

§ 2° O valor das aeronaves adjudicadas à União será o da data da referida adjudicação.

§ 3° Do valor do crédito previsto neste artigo será deduzido o valor das aeronaves adjudicadas à
União, cobrando-se o saldo.

§ 4° Se o valor das aeronaves for maior do que as importâncias despendidas ou a despender,


pela União ou seus agentes financeiros, poderá aquela vender em leilão as referidas aeronaves
pelo valor da avaliação.

§ 5° Com o preço alcançado, pagar-se-ão as quantias despendidas ou a despender, e o saldo


depositar-se-á, conforme o caso, em favor da massa falida ou liquidante.

§ 6° Se no primeiro leilão não alcançar lance superior ou igual à avaliação, far-se-á, no mesmo
dia, novo leilão condicional pelo maior preço.

§ 7° Se o preço alcançado no leilão não for superior ao crédito da União, poderá esta optar pela

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adjudicação a seu favor.

Art. 147. Far-se-á ex officio a inscrição no Registro Aeronáutico Brasileiro:

I - da hipoteca legal;

II - da adjudicação de que tratam os artigos 145, 146, § 7° e 190 deste Código.

Parágrafo único. Os atos jurídicos, de que cuida o artigo, produzirão efeitos ainda que não
levados a registro no tempo próprio.

SEÇÃO III

Da Alienação Fiduciária

Art. 148. A alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse
indireta da aeronave ou de seus equipamentos, independentemente da respectiva tradição,
tornando-se o devedor o possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e
encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal.

Art. 149. A alienação fiduciária em garantia de aeronave ou de seus motores deve ser feita por
instrumento público ou particular, que conterá:

I - o valor da dívida, a taxa de juros, as comissões, cuja cobrança seja permitida, a cláusula penal
e a estipulação da correção monetária, se houver, com a indicação exata dos índices aplicáveis;

II - a data do vencimento e o local do pagamento;

III - a descrição da aeronave ou de seus motores, com as indicações constantes do registro e


dos respectivos certificados de matrícula e de aeronavegabilidade.

§ 1° No caso de alienação fiduciária de aeronave em construção ou de seus componentes, do


instrumento constará a descrição conforme o respectivo contrato e a etapa em que se encontra.

§ 2° No caso do parágrafo anterior, o domínio fiduciário transferir-se-á, no ato do registro, sobre


as partes componentes, e estender-se-á à aeronave construída, independente de formalidade
posterior.

Art. 150. A alienação fiduciária só tem validade e eficácia após a inscrição no Registro
Aeronáutico Brasileiro.

Art. 151. No caso de inadimplemento da obrigação garantida, o credor fiduciário poderá alienar o
objeto da garantia a terceiros e aplicar o respectivo preço no pagamento do seu crédito e das
despesas decorrentes da cobrança, entregando ao devedor o saldo, se houver.

§ 1° Se o preço não bastar para pagar o crédito e despesas, o devedor continuará obrigado pelo
pagamento do saldo.

§ 2° Na falência, liquidação ou insolvência do devedor, fica assegurado ao credor o direito de


pedir a restituição do bem alienado fiduciáriamente.

§ 3° O proprietário fiduciário ou credor poderá proceder à busca e apreensão judicial do bem


alienado fiduciáriamente, diante da mora ou inadimplemento do credor.

Art. 152. No caso de falência, insolvência, liquidação judicial ou extrajudicial do adquirente ou


importador, sem o pagamento do débito para com o vendedor, e de ter o Tesouro Nacional ou
seus agentes financeiros de pagá-lo, a União terá o direito de receber a quantia despendida com
as respectivas despesas e consectários legais, deduzido o valor das aeronaves, peças e
equipamentos, objeto da garantia, procedendo-se de conformidade com o disposto em relação à

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hipoteca legal (artigos 144 e 145).

CAPÍTULO VI

Do Seqüestro, da Penhora e Apreensão da Aeronave

SEÇÃO I

Do Seqüestro da Aeronave

Art. 153. Nenhuma aeronave empregada em serviços aéreos públicos (artigo 175) poderá ser
objeto de seqüestro.

Parágrafo único. A proibição é extensiva à aeronave que opera serviço de transporte não regular,
quando estiver pronta para partir e no curso de viagem da espécie.

Art. 154. Admite-se o seqüestro:

I - em caso de desapossamento da aeronave por meio ilegal;

II - em caso de dano à propriedade privada provocado pela aeronave que nela fizer pouso
forçado.

Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, não será admitido o seqüestro se houver prestação de
caução suficiente a cobrir o prejuízo causado.

SEÇÃO II

Da Penhora ou Apreensão da Aeronave

Art. 155. Toda vez que, sobre aeronave ou seus motores, recair penhora ou apreensão, esta
deverá ser averbada no Registro Aeronáutico Brasileiro.
§ 1° Em caso de penhora ou apreensão judicial ou administrativa de aeronaves, ou seus
motores, destinados ao serviço público de transporte aéreo regular, a autoridade judicial ou
administrativa determinará a medida, sem que se interrompa o serviço.

§ 2° A guarda ou depósito de aeronave penhorada ou de qualquer modo apreendida


judicialmente far-se-á de conformidade com o disposto nos artigos 312 a 315 deste Código.

TÍTULO V

Da Tripulação

CAPÍTULO I

Da Composição da Tripulação

Art. 156. São tripulantes as pessoas devidamente habilitadas que exercem função a bordo de
aeronaves.

§ 1° A função remunerada a bordo de aeronaves nacionais é privativa de titulares de licenças


específicas, emitidas pelo Ministério da Aeronáutica e reservada a brasileiros natos ou
naturalizados.

§ 2° A função não remunerada, a bordo de aeronave de serviço aéreo privado (artigo 177) pode
ser exercida por tripulantes habilitados, independente de sua nacionalidade.

§ 3° No serviço aéreo internacional poderão ser empregados comissários estrangeiros, contanto


que o número não exceda 1/3 (um terço) dos comissários a bordo da mesma aeronave.

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Art. 157. Desde que assegurada a admissão de tripulantes brasileiros em serviços aéreos
públicos de determinado país, deve-se promover acordo bilateral de reciprocidade.

Art. 158. A juízo da autoridade aeronáutica poderão ser admitidos como tripulantes, em caráter
provisório, instrutores estrangeiros, na falta de tripulantes brasileiros.

Parágrafo único. O prazo do contrato de instrutores estrangeiros, de que trata este artigo, não
poderá exceder de 6 (seis) meses.

Art. 159. Na forma da regulamentação pertinente e de acordo com as exigências operacionais, a


tripulação constituir-se-á de titulares de licença de vôo e certificados de capacidade física e de
habilitação técnica, que os credenciem ao exercício das respectivas funções.

CAPÍTULO II

Das Licenças e Certificados

Art. 160. A licença de tripulantes e os certificados de habilitação técnica e de capacidade física


serão concedidos pela autoridade aeronáutica, na forma de regulamentação específica.

Parágrafo único. A licença terá caráter permanente e os certificados vigorarão pelo período neles
estabelecido, podendo ser revalidados.

Art. 161. Será regulada pela legislação brasileira a validade da licença e o certificado de
habilitação técnica de estrangeiros, quando inexistir convenção ou ato internacional vigente no
Brasil e no Estado que os houver expedido.

Parágrafo único. O disposto no caput do presente artigo aplica-se a brasileiro titular de licença ou
certificado obtido em outro país.

Art. 162. Cessada a validade do certificado de habilitação técnica ou de capacidade física, o


titular da licença ficará impedido do exercício da função nela especificada.

Art. 163. Sempre que o titular de licença apresentar indício comprometedor de sua aptidão
técnica ou das condições físicas estabelecidas na regulamentação específica, poderá ser
submetido a novos exames técnicos ou de capacidade física, ainda que válidos estejam os
respectivos certificados.

Parágrafo único. Do resultado dos exames acima especificados caberá recurso dos interessados
à Comissão técnica especializada ou à junta médica.

Art. 164. Qualquer dos certificados de que tratam os artigos anteriores poderá ser cassado pela
autoridade aeronáutica se comprovado, em processo administrativo ou em exame de saúde, que
o respectivo titular não possui idoneidade profissional ou não está capacitado para o exercício
das funções especificadas em sua licença.

Parágrafo único. No caso do presente artigo, aplica-se o disposto no parágrafo único do artigo
163.

CAPÍTULO III

Do Comandante de Aeronave

Art. 165. Toda aeronave terá a bordo um Comandante, membro da tripulação, designado pelo
proprietário ou explorador e que será seu preposto durante a viagem.

Parágrafo único. O nome do Comandante e dos demais tripulantes constarão do Diário de Bordo.

Art. 166. O Comandante é responsável pela operação e segurança da aeronave.

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§ 1° O Comandante será também responsável pela guarda de valores, mercadorias, bagagens


despachadas e mala postal, desde que lhe sejam asseguradas pelo proprietário ou explorador
condições de verificar a quantidade e estado das mesmas.

§ 2° Os demais membros da tripulação ficam subordinados, técnica e disciplinarmente, ao


Comandante da aeronave.

§ 3° Durante a viagem, o Comandante é o responsável, no que se refere à tripulação, pelo


cumprimento da regulamentação profissional no tocante a:

I - limite da jornada de trabalho;

II - limites de vôo;

III - intervalos de repouso;


IV - fornecimento de alimentos.

Art. 167. O Comandante exerce autoridade inerente à função desde o momento em que se
apresenta para o vôo até o momento em que entrega a aeronave, concluída a viagem.

Parágrafo único. No caso de pouso forçado, a autoridade do Comandante persiste até que as
autoridades competentes assumam a responsabilidade pela aeronave, pessoas e coisas
transportadas.

Art. 168 Durante o período de tempo previsto no artigo 167, o Comandante exerce autoridade
sobre as pessoas e coisas que se encontrem a bordo da aeronave e poderá:

I - desembarcar qualquer delas, desde que comprometa a boa ordem, a disciplina, ponha em
risco a segurança da aeronave ou das pessoas e bens a bordo;

II - tomar as medidas necessárias à proteção da aeronave e das pessoas ou bens transportados;

III - alijar a carga ou parte dela, quando indispensável à segurança de vôo (artigo 16, § 3º).

Parágrafo único. O Comandante e o explorador da aeronave não serão responsáveis por


prejuízos ou conseqüências decorrentes de adoção das medidas disciplinares previstas neste
artigo, sem excesso de poder.

Art. 169. Poderá o Comandante, sob sua responsabilidade, adiar ou suspender a partida da
aeronave, quando julgar indispensável à segurança do vôo.

Art. 170. O Comandante poderá delegar a outro membro da tripulação as atribuições que lhe
competem, menos as que se relacionem com a segurança do vôo.

Art. 171. As decisões tomadas pelo Comandante na forma dos artigos 167, 168, 169 e 215,
parágrafo único, inclusive em caso de alijamento (artigo 16, § 3°), serão registradas no Diário de
Bordo e, concluída a viagem, imediatamente comunicadas à autoridade aeronáutica.

Parágrafo único. No caso de estar a carga sujeita a controle aduaneiro, será o alijamento
comunicado à autoridade fazendária mais próxima.

Art. 172. O Diário de Bordo, além de mencionar as marcas de nacionalidade e matrícula, os


nomes do proprietário e do explorador, deverá indicar para cada vôo a data, natureza do vôo
(privado aéreo, transporte aéreo regular ou não regular), os nomes dos tripulantes, lugar e hora
da saída e da chegada, incidentes e observações, inclusive sobre infra-estrutura de proteção ao
vôo que forem de interesse da segurança em geral.

Parágrafo único. O Diário de Bordo referido no caput deste artigo deverá estar assinado pelo

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piloto Comandante, que é o responsável pelas anotações, aí também incluídos os totais de


tempos de vôo e de jornada.

Art. 173. O Comandante procederá ao assento, no Diário de Bordo, dos nascimentos e óbitos
que ocorrerem durante a viagem, e dele extrairá cópia para os fins de direito.

Parágrafo único. Ocorrendo mal súbito ou óbito de pessoas, o Comandante providenciará, na


primeira escala, o comparecimento de médicos ou da autoridade policial local, para que sejam
tomadas as medidas cabíveis.

TÍTULO VI

Dos Serviços Aéreos

CAPÍTULO I
Introdução

Art. 174. Os serviços aéreos compreendem os serviços aéreos privados (artigos 177 a 179) e os
serviços aéreos públicos (artigos 180 a 221).

Art. 175. Os serviços aéreos públicos abrangem os serviços aéreos especializados públicos e os
serviços de transporte aéreo público de passageiro, carga ou mala postal, regular ou não regular,
doméstico ou internacional.

§ 1° A relação jurídica entre a União e o empresário que explora os serviços aéreos públicos
pauta-se pelas normas estabelecidas neste Código e legislação complementar e pelas condições
da respectiva concessão ou autorização.

§ 2º A relação jurídica entre o empresário e o usuário ou beneficiário dos serviços é contratual,


regendo-se pelas respectivas normas previstas neste Código e legislação complementar, e, em
se tratando de transporte público internacional, pelo disposto nos Tratados e Convenções
pertinentes (artigos 1°, § 1°; 203 a 213).

§ 3° No contrato de serviços aéreos públicos, o empresário, pessoa física ou jurídica, proprietário


ou explorador da aeronave, obriga-se, em nome próprio, a executar determinados serviços
aéreos, mediante remuneração, aplicando-se o disposto nos artigos 222 a 245 quando se tratar
de transporte aéreo regular.

Art. 176. O transporte aéreo de mala postal poderá ser feito, com igualdade de tratamento, por
todas as empresas de transporte aéreo regular, em suas linhas, atendendo às conveniências de
horário, ou mediante fretamento especial.
§ 1° No transporte de remessas postais o transportador só é responsável perante a
Administração Postal na conformidade das disposições aplicáveis às relações entre eles.

§ 2° Salvo o disposto no parágrafo anterior, as disposições deste Código não se aplicam ao


transporte de remessas postais.

CAPÍTULO II

Serviços Aéreos Privados

Art. 177. Os serviços aéreos privados são os realizados, sem remuneração, em benefício do
próprio operador (artigo 123, II) compreendendo as atividades aéreas:

I - de recreio ou desportivas;

II - de transporte reservado ao proprietário ou operador da aeronave;

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III - de serviços aéreos especializados, realizados em benefício exclusivo do proprietário ou


operador da aeronave.

Art. 178. Os proprietários ou operadores de aeronaves destinadas a serviços aéreos privados,


sem fins comerciais, não necessitam de autorização para suas atividades aéreas (artigo 14, §
2°).

§ 1° As aeronaves e os operadores deverão atender aos respectivos requisitos técnicos e a


todas as disposições sobre navegação aérea e segurança de vôo, assim como ter, regularmente,
o seguro contra danos às pessoas ou bens na superfície e ao pessoal técnico a bordo.

§ 2° As aeronaves de que trata este artigo não poderão efetuar serviços aéreos de transporte
público (artigo 267, § 2°).

Art. 179. As pessoas físicas ou jurídicas que, em seu único e exclusivo benefício, se dediquem à
formação ou adestramento de seu pessoal técnico, poderão fazê-lo mediante a anuência da
autoridade aeronáutica.

CAPÍTULO III

Serviços Aéreos Públicos

SEÇÃO I

Da Concessão ou Autorização para os Serviços Aéreos Públicos

Art. 180. A exploração de serviços aéreos públicos dependerá sempre da prévia concessão,
quando se tratar de transporte aéreo regular, ou de autorização no caso de transporte aéreo não
regular ou de serviços especializados.

Art. 181. A concessão somente será dada à pessoa jurídica brasileira que tiver:
I - sede no Brasil;

II - pelo menos 4/5 (quatro quintos) do capital com direito a voto, pertencente a brasileiros,
prevalecendo essa limitação nos eventuais aumentos do capital social;

III - direção confiada exclusivamente a brasileiros.

§ 1° As ações com direito a voto deverão ser nominativas se se tratar de empresa constituída
sob a forma de sociedade anônima, cujos estatutos deverão conter expressa proibição de
conversão das ações preferenciais sem direito a voto em ações com direito a voto.

§ 2° Pode ser admitida a emissão de ações preferenciais até o limite de 2/3 (dois terços) do total
das ações emitidas, não prevalecendo as restrições não previstas neste Código.

§ 3° A transferência a estrangeiro das ações com direito a voto, que estejam incluídas na
margem de 1/5 (um quinto) do capital a que se refere o item II deste artigo, depende de
aprovação da autoridade aeronáutica.

§ 4° Desde que a soma final de ações em poder de estrangeiros não ultrapasse o limite de 1/5
(um quinto) do capital, poderão as pessoas estrangeiras, naturais ou jurídicas, adquirir ações do
aumento de capital.

Art. 182. A autorização pode ser outorgada:

I - às sociedades anônimas nas condições previstas no artigo anterior;

II - às demais sociedades, com sede no País, observada a maioria de sócios, o controle e a

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direção de brasileiros.

Parágrafo único. Em se tratando de serviços aéreos especializados de ensino, adestramento,


investigação, experimentação científica e de fomento ou proteção ao solo, ao meio ambiente e
similares, pode a autorização ser outorgada, também, a associações civis.

Art. 183. As concessões ou autorizações serão regulamentadas pelo Poder Executivo e somente
poderão ser cedidas ou transferidas mediante anuência da autoridade competente.

SEÇÃO II

Da Aprovação dos Atos Constitutivos e suas Alterações

Art. 184. Os atos constitutivos das sociedades de que tratam os artigos 181 e 182 deste Código,
bem como suas modificações, dependerão de prévia aprovação da autoridade aeronáutica, para
serem apresentados ao Registro do Comércio.

Parágrafo único. A aprovação de que trata este artigo não assegura à sociedade qualquer direito
em relação à concessão ou autorização para a execução de serviços aéreos.

Art. 185. A sociedade concessionária ou autorizada de serviços públicos de transporte aéreo


deverá remeter, no 1° (primeiro) mês de cada semestre do exercício social, relação completa:

I - dos seus acionistas, com a exata indicação de sua qualificação, endereço e participação
social;

II - das transferências de ações, operadas no semestre anterior, com a qualificação do


transmitente e do adquirente, bem como do que representa, percentualmente, a sua participação
social.

§ 1° Diante dessas informações, poderá a autoridade aeronáutica:

I - considerar sem validade as transferências operadas em desacordo com a lei;

II - determinar que, no período que fixar, as transferências dependerão de aprovação prévia.

§ 2° É exigida a autorização prévia, para a transferência de ações:

I - que assegurem ao adquirente ou retirem do transmitente o controle da sociedade;

II - que levem o adquirente a possuir mais de 10% (dez por cento) do capital social;

III - que representem 2% (dois por cento) do capital social;

IV - durante o período fixado pela autoridade aeronáutica, em face da análise das informações
semestrais a que se refere o § 1°, item II, deste artigo;

V - no caso previsto no artigo 181, § 3°.

Art. 186. As empresas de que tratam os artigos 181 e 182, tendo em vista a melhoria dos
serviços e maior rendimento econômico ou técnico, a diminuição de custos, o bem público ou o
melhor atendimento dos usuários, poderão fundir-se ou incorporar-se.

§ 1° A consorciação, a associação e a constituição de grupos societários serão permitidas tendo


em vista a exploração dos serviços de manutenção de aeronaves, os serviços de características
comuns e a formação, treinamento e aperfeiçoamento de tripulantes e demais pessoal técnico.

§ 2° Embora pertencendo ao mesmo grupo societário, uma empresa não poderá, fora dos casos
previstos no caput deste artigo, explorar linhas aéreas cuja concessão tenha sido deferida a

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outra.

§ 3° Todos os casos previstos no caput e no § 1° deste artigo só se efetuarão com a prévia


autorização do Ministério da Aeronáutica.

SEÇÃO III

Da Intervenção, Liquidação e Falência de Empresa Concessionária de Serviços Aéreos Públicos

Art. 187. Não podem impetrar concordata as empresas que, por seus atos constitutivos, tenham
por objeto a exploração de serviços aéreos de qualquer natureza ou de infra-estrutura
aeronáutica.

Art. 188. O Poder Executivo poderá intervir nas empresas concessionárias ou autorizadas, cuja
situação operacional, financeira ou econômica ameace a continuidade dos serviços, a eficiência
ou a segurança do transporte aéreo.

§ 1° A intervenção visará ao restabelecimento da normalidade dos serviços e durará enquanto


necessária à consecução do objetivo.

§ 2° Na hipótese de ser apurada, por perícia técnica, antes ou depois da intervenção, a


impossibilidade do restabelecimento da normalidade dos serviços:

I - será determinada a liquidação extrajudicial, quando, com a realização do ativo puder ser
atendida pelo menos a metade dos créditos;

II - será requerida a falência, quando o ativo não for suficiente para atender pelo menos à metade
dos créditos, ou quando houver fundados indícios de crimes falenciais.

Art. 189. Além dos previstos em lei, constituem créditos privilegiados da União nos processos de
liquidação ou falência de empresa de transporte aéreo:

I - a quantia despendida pela União para financiamento ou pagamento de aeronaves e produtos


aeronáuticos adquiridos pela empresa de transporte aéreo;

II - a quantia por que a União se haja obrigado, ainda que parceladamente, para pagamento de
aeronaves e produtos aeronáuticos, importados pela empresa de transporte aéreo.

Art. 190. Na liquidação ou falência de empresa de transporte aéreo, serão liminarmente


adjudicadas à União, por conta e até o limite do seu crédito, as aeronaves e produtos
aeronáuticos adquiridos antes da instauração do processo:

I - com a contribuição financeira da União, aval, fiança ou qualquer outra garantia desta ou de
seus agentes financeiros;

II - pagos no todo ou em parte pela União ou por cujo pagamento ela venha a ser
responsabilizada após o início do processo.

§ 1° A adjudicação de que trata este artigo será determinada pelo Juízo Federal, mediante a
comprovação, pela União, da ocorrência das hipóteses previstas nos itens I e II deste artigo.

§ 2° A quantia correspondente ao valor dos bens referidos neste artigo será deduzida do
montante do crédito da União, no processo de cobrança executiva, proposto pela União contra a
devedora, ou administrativamente, se não houver processo judicial.

Art. 191. Na expiração normal ou antecipada das atividades da empresa, a União terá o direito de
adquirir, diretamente, em sua totalidade ou em partes, as aeronaves, peças e equipamentos,
oficinas e instalações aeronáuticas, pelo valor de mercado.

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SEÇÃO IV

Do Controle e Fiscalização dos Serviços Aéreos Públicos

Art. 192. Os acordos entre exploradores de serviços aéreos de transporte regular, que impliquem
em consórcio, pool, conexão, consolidação ou fusão de serviços ou interesses, dependerão de
prévia aprovação da autoridade aeronáutica.

Art. 193. Os serviços aéreos de transporte regular ficarão sujeitos às normas que o Governo
estabelecer para impedir a competição ruinosa e assegurar o seu melhor rendimento econômico
podendo, para esse fim, a autoridade aeronáutica, a qualquer tempo, modificar freqüências,
rotas, horários e tarifas de serviços e outras quaisquer condições da concessão ou autorização.

Art. 194. As normas e condições para a exploração de serviços aéreos não regulares (artigos
217 a 221) serão fixadas pela autoridade aeronáutica, visando a evitar a competição desses
serviços com os de transporte regular, e poderão ser alteradas quando necessário para
assegurar, em conjunto, melhor rendimento econômico dos serviços aéreos.

Parágrafo único. Poderá a autoridade aeronáutica exigir a prévia aprovação dos contratos ou
acordos firmados pelos empresários de serviços especializados (artigo 201), de serviço de
transporte aéreo regular ou não regular, e operadores de serviços privados ou desportivos
(artigos 15, § 2° e 178, § 2°), entre si, ou com terceiros.

Art. 195. Os serviços auxiliares serão regulados de conformidade com o disposto nos artigos 102
a 104.

Art. 196. Toda pessoa, natural ou jurídica, que explorar serviços aéreos, deverá dispor de
adequadas estruturas técnicas de manutenção e de operação, próprias ou contratadas,
devidamente homologadas pela autoridade aeronáutica.

Parágrafo único. O explorador da aeronave, através de sua estrutura de operações, deverá, a


qualquer momento, fornecer aos órgãos do Sistema de Proteção ao Vôo (artigos 47 a 65), os
elementos relativos ao vôo ou localização da aeronave.

Art. 197. A fiscalização será exercida pelo pessoal que a autoridade aeronáutica credenciar.

Parágrafo único. Constituem encargos de fiscalização as inspeções e vistorias em aeronaves,


serviços aéreos, oficinas, entidades aerodesportivas e instalações aeroportuárias, bem como os
exames de proficiência de aeronautas e aeroviários.

Art. 198. Além da escrituração exigida pela legislação em vigor, todas as empresas que
explorarem serviços aéreos deverão manter escrituração específica, que obedecerá a um plano
uniforme de contas, estabelecido pela autoridade aeronáutica.

Parágrafo único. A receita e a despesa de atividades afins ou subsidiárias não poderão ser
escrituradas na contabilidade dos serviços aéreos.

Art. 199. A autoridade aeronáutica poderá, quando julgar necessário, mandar proceder a exame
da contabilidade das empresas que explorarem serviços aéreos e dos respectivos livros,
registros e documentos.

Art. 200. Toda empresa nacional ou estrangeira de serviço de transporte aéreo público regular
obedecerá às tarifas aprovadas pela autoridade aeronáutica.

Parágrafo único. No transporte internacional não regular, a autoridade aeronáutica poderá exigir
que o preço do transporte seja submetido a sua aprovação prévia.

CAPÍTULO IV

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Dos Serviços Aéreos Especializados

Art. 201. Os serviços aéreos especializados abrangem as atividades aéreas de:

I - aerofotografia, aerofotogrametria, aerocinematografia, aerotopografia;

II - prospecção, exploração ou detectação de elementos do solo ou do subsolo, do mar, da


plataforma submarina, da superfície das águas ou de suas profundezas;

III - publicidade aérea de qualquer natureza;

IV - fomento ou proteção da agricultura em geral;

V - saneamento, investigação ou experimentação técnica ou científica;

VI - ensino e adestramento de pessoal de vôo;

VII - provocação artificial de chuvas ou modificação de clima;

VIII - qualquer modalidade remunerada, distinta do transporte público.

Art. 202. Obedecerão a regulamento especial os serviços aéreos que tenham por fim proteger ou
fomentar o desenvolvimento da agricultura em qualquer dos seus aspectos, mediante o uso de
fertilizantes, semeadura, combate a pragas, aplicação de inseticidas, herbicidas, desfolhadores,
povoamento de águas, combate a incêndios em campos e florestas e quaisquer outras
aplicações técnicas e científicas aprovadas.

CAPÍTULO V

Do Transporte Aéreo Regular

SEÇÃO I

Do Transporte Aéreo Regular Internacional

Art. 203. Os serviços de transporte aéreo público internacional podem ser realizados por
empresas nacionais ou estrangeiras.

Parágrafo único. A exploração desses serviços sujeitar-se-á:


a) às disposições dos tratados ou acordos bilaterais vigentes com os respectivos Estados e o
Brasil;

b) na falta desses, ao disposto neste Código.

Da Designação de Empresas Brasileiras

Art. 204. O Governo Brasileiro designará as empresas para os serviços de transporte aéreo
internacional.

§ 1° Cabe à empresa ou empresas designadas providenciarem a autorização de funcionamento,


junto aos países onde pretendem operar.

§ 2° A designação de que trata este artigo far-se-á com o objetivo de assegurar o melhor
rendimento econômico no mercado internacional, estimular o turismo receptivo, contribuir para o
maior intercâmbio político, econômico e cultural.

Da Designação e Autorização de Empresas Estrangeiras

Art. 205. Para operar no Brasil, a empresa estrangeira de transporte aéreo deverá:

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I - ser designada pelo Governo do respectivo país;

II - obter autorização de funcionamento no Brasil (artigos 206 a 211);

III - obter autorização para operar os serviços aéreos (artigos 212 e 213).

Parágrafo único. A designação é ato de Governo a Governo, pela via diplomática, enquanto os
pedidos de autorização, a que se referem os itens II e III deste artigo são atos da própria
empresa designada.

Da Autorização para Funcionamento

Art. 206. O pedido de autorização para funcionamento no País será instruído com os seguintes
documentos:

I - prova de achar-se a empresa constituída conforme a lei de seu país;

II - o inteiro teor de seu estatuto social ou instrumento constitutivo equivalente;

III - relação de acionistas ou detentores de seu capital, com a indicação, quando houver, do
nome, profissão e domicílio de cada um e número de ações ou quotas de participação, conforme
a natureza da sociedade;

IV - cópia da ata da assembléia ou do instrumento jurídico que deliberou sobre o funcionamento


no Brasil e fixou o capital destinado às operações no território brasileiro;

V - último balanço mercantil legalmente publicado no país de origem;

VI - instrumento de nomeação do representante legal no Brasil, do qual devem constar poderes


para aceitar as condições em que é dada a autorização (artigo 207).

Art. 207. As condições que o Governo Federal achar conveniente estabelecer em defesa dos
interesses nacionais constarão de termo de aceitação assinado pela empresa requerente e
integrarão o decreto de autorização.

Parágrafo único. Um exemplar do órgão oficial que tiver feito a publicação do decreto e de todos
os documentos que o instruem será arquivado no Registro de Comércio da localidade onde vier a
ser situado o estabelecimento principal da empresa, juntamente com a prova do depósito, em
dinheiro, da parte do capital destinado às operações no Brasil.

Art. 208. As empresas estrangeiras autorizadas a funcionar no País são obrigadas a ter
permanentemente representante no Brasil, com plenos poderes para tratar de quaisquer
assuntos e resolvê-los definitivamente, inclusive para o efeito de ser demandado e receber
citações iniciais pela empresa.

Parágrafo único. No caso de falência decretada fora do País, perdurarão os poderes do


representante até que outro seja nomeado, e os bens e valores da empresa não serão liberados
para transferência ao exterior, enquanto não forem pagos os credores domiciliados no Brasil.

Art. 209. Qualquer alteração que a empresa estrangeira fizer em seu estatuto ou atos
constitutivos dependerá de aprovação do Governo Federal para produzir efeitos no Brasil.

Art. 210. A autorização à empresa estrangeira para funcionar no Brasil, de que trata o artigo 206,
poderá ser cassada:

I - em caso de falência;

II - se os serviços forem suspensos, pela própria empresa, por período excedente a 6 (seis)

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meses;

III - nos casos previstos no decreto de autorização ou no respectivo Acordo Bilateral;

IV - nos casos previstos em lei (artigo 298).

Art. 211. A substituição da empresa estrangeira que deixar de funcionar no Brasil ficará na
dependência de comprovação, perante a autoridade aeronáutica, do cumprimento das
obrigações a que estava sujeita no País, salvo se forem assumidas pela nova empresa
designada.

Da Autorização para Operar

Art. 212. A empresa estrangeira, designada pelo governo de seu país e autorizada a funcionar no
Brasil, deverá obter a autorização para iniciar, em caráter definitivo, os serviços aéreos
internacionais, apresentando à autoridade aeronáutica:

a) os planos operacional e técnico, na forma de regulamentação da espécie;

b) as tarifas que pretende aplicar entre pontos de escala no Brasil e as demais escalas de seu
serviço no exterior;

c) o horário que pretende observar.

Art. 213. Toda modificação que envolva equipamento, horário, freqüência e escalas no Território
Nacional, bem assim a suspensão provisória ou definitiva dos serviços e o restabelecimento de
escalas autorizadas, dependerá de autorização da autoridade aeronáutica, se não for
estabelecido de modo diferente em Acordo Bilateral.

Parágrafo único. As modificações a que se refere este artigo serão submetidas à autoridade
aeronáutica com a necessária antecedência.

Da Autorização de Agência de Empresa Estrangeira que Não

Opere Serviços Aéreos no Brasil

Art. 214. As empresas estrangeiras de transporte aéreo que não operem no Brasil não poderão
funcionar no Território Nacional ou nele manter agência, sucursal, filial, gerência, representação
ou escritório, salvo se possuírem autorização para a venda de bilhete de passagem ou de carga,
concedida por autoridade competente.

§ 1° A autorização de que trata este artigo estará sujeita às normas e condições que forem
estabelecidas pelo Ministério da Aeronáutica.

§ 2° Não será outorgada autorização a empresa cujo país de origem não assegure reciprocidade
de tratamento às congêneres brasileiras.

§ 3° O representante, agente, diretor, gerente ou procurador deverá ter os mesmos poderes de


que trata o artigo 208 deste Código.

SEÇÃO II

Do Transporte Doméstico

Art. 215. Considera-se doméstico e é regido por este Código, todo transporte em que os pontos
de partida, intermediários e de destino estejam situados em Território Nacional.

Parágrafo único. O transporte não perderá esse caráter se, por motivo de força maior, a
aeronave fizer escala em território estrangeiro, estando, porém, em território brasileiro os seus

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pontos de partida e destino.

Art. 216. Os serviços aéreos de transporte público doméstico são reservados às pessoas
jurídicas brasileiras.

CAPÍTULO VI

Dos Serviços de Transporte Aéreo Não Regular

Art. 217. Para a prestação de serviços aéreos não regulares de transporte de passageiro, carga
ou mala postal, é necessária autorização de funcionamento do Poder Executivo, a qual será
intransferível, podendo estender-se por período de 5 (cinco) anos, renovável por igual prazo.

Art. 218. Além da nacionalidade brasileira, a pessoa interessada em obter a autorização de


funcionamento, deverá indicar os aeródromos e instalações auxiliares que pretende utilizar,
comprovando:

I - sua capacidade econômica e financeira;

II - a viabilidade econômica do serviço que pretende explorar;

III - que dispõe de aeronaves adequadas, pessoal técnico habilitado e estruturas técnicas de
manutenção, próprias ou contratadas;

IV - que fez os seguros obrigatórios.

Art. 219. Além da autorização de funcionamento, de que tratam os artigos 217 e 218, os serviços
de transporte aéreo não regular entre pontos situados no País, ou entre ponto no Território
Nacional e outro em país estrangeiro, sujeitam-se à permissão correspondente.

Art. 220. Os serviços de táxi-aéreo constituem modalidade de transporte público aéreo não
regular de passageiro ou carga, mediante remuneração convencionada entre o usuário e o
transportador, sob a fiscalização do Ministério da Aeronáutica, e visando a proporcionar
atendimento imediato, independente de horário, percurso ou escala.

Art. 221. As pessoas físicas ou jurídicas, autorizadas a exercer atividade de fomento da aviação
civil ou desportiva, assim como de adestramento de tripulantes, não poderão realizar serviço
público de transporte aéreo, com ou sem remuneração (artigos 267, § 2°; 178, § 2° e 179).
TÍTULO VII

Do Contrato de Transporte Aéreo

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 222. Pelo contrato de transporte aéreo, obriga-se o empresário a transportar passageiro,
bagagem, carga, encomenda ou mala postal, por meio de aeronave, mediante pagamento.

Parágrafo único. O empresário, como transportador, pode ser pessoa física ou jurídica,
proprietário ou explorador da aeronave.

Art. 223. Considera-se que existe um só contrato de transporte, quando ajustado num único ato
jurídico, por meio de um ou mais bilhetes de passagem, ainda que executado, sucessivamente,
por mais de um transportador.

Art. 224. Em caso de transporte combinado, aplica-se às aeronaves o disposto neste Código.

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Art. 225. Considera-se transportador de fato o que realiza todo o transporte ou parte dele,
presumidamente autorizado pelo transportador contratual e sem se confundir com ele ou com o
transportador sucessivo.

Art. 226. A falta, irregularidade ou perda do bilhete de passagem, nota de bagagem ou


conhecimento de carga não prejudica a existência e eficácia do respectivo contrato.

CAPÍTULO II

Do Contrato de Transporte de Passageiro

SEÇÃO I

Do Bilhete de Passagem

Art. 227. No transporte de pessoas, o transportador é obrigado a entregar o respectivo bilhete


individual ou coletivo de passagem, que deverá indicar o lugar e a data da emissão, os pontos de
partida e destino, assim como o nome dos transportadores.

Art. 228. O bilhete de passagem terá a validade de 1 (um) ano, a partir da data de sua emissão.

Art. 229. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete se o transportador
vier a cancelar a viagem.

Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o transportador
providenciará o embarque do passageiro, em vôo que ofereça serviço equivalente para o mesmo
destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se o passageiro o preferir, o valor do bilhete de
passagem.

Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período
superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso
do bilhete de passagem ou pela imediata devolução do preço.
Parágrafo único. Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da viagem, inclusive
transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem, correrão por conta do transportador
contratual, sem prejuízo da responsabilidade civil.

Art. 232. A pessoa transportada deve sujeitar-se às normas legais constantes do bilhete ou
afixadas à vista dos usuários, abstendo-se de ato que cause incômodo ou prejuízo aos
passageiros, danifique a aeronave, impeça ou dificulte a execução normal do serviço.

Art. 233. A execução do contrato de transporte aéreo de passageiro compreende as operações


de embarque e desembarque, além das efetuadas a bordo da aeronave.

§ 1° Considera-se operação de embarque a que se realiza desde quando o passageiro, já


despachado no aeroporto, transpõe o limite da área destinada ao público em geral e entra na
respectiva aeronave, abrangendo o percurso feito a pé, por meios mecânicos ou com a utilização
de viaturas.

§ 2° A operação de desembarque inicia-se com a saída de bordo da aeronave e termina no ponto


de intersecção da área interna do aeroporto e da área aberta ao público em geral.

SEÇÃO II

Da Nota de Bagagem

Art. 234. No contrato de transporte de bagagem, o transportador é obrigado a entregar ao


passageiro a nota individual ou coletiva correspondente, em 2 (duas) vias, com a indicação do
lugar e data de emissão, pontos de partida e destino, número do bilhete de passagem,

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quantidade, peso e valor declarado dos volumes.

§ 1° A execução do contrato inicia-se com a entrega ao passageiro da respectiva nota e termina


com o recebimento da bagagem.

§ 2° Poderá o transportador verificar o conteúdo dos volumes sempre que haja valor declarado
pelo passageiro.

§ 3° Além da bagagem registrada, é facultado ao passageiro conduzir objetos de uso pessoal,


como bagagem de mão.

§ 4° O recebimento da bagagem, sem protesto, faz presumir o seu bom estado.

§ 5° Procede-se ao protesto, no caso de avaria ou atraso, na forma determinada na seção


relativa ao contrato de carga.

CAPÍTULO III

Do Contrato de Transporte Aéreo de Carga

Art. 235. No contrato de transporte aéreo de carga, será emitido o respectivo conhecimento, com
as seguintes indicações:

I - o lugar e data de emissão;

II - os pontos de partida e destino;

III - o nome e endereço do expedidor;

IV - o nome e endereço do transportador;

V - o nome e endereço do destinatário;

VI - a natureza da carga;

VII - o número, acondicionamento, marcas e numeração dos volumes;

VIII - o peso, quantidade e o volume ou dimensão;

IX - o preço da mercadoria, quando a carga for expedida contrapagamento no ato da entrega, e,


eventualmente, a importância das despesas;

X - o valor declarado, se houver;

XI - o número das vias do conhecimento;

XII - os documentos entregues ao transportador para acompanhar o conhecimento;

XIII - o prazo de transporte, dentro do qual deverá o transportador entregar a carga no lugar do
destino, e o destinatário ou expedidor retirá-la.

Art. 236. O conhecimento aéreo será feito em 3 (três) vias originais e entregue pelo expedidor
com a carga.

§ 1° A 1ª via, com a indicação "do transportador", será assinada pelo expedidor.

§ 2º A 2ª via, com a indicação "do destinatário", será assinada pelo expedidor e pelo
transportador e acompanhará a carga.

§ 3° A 3ª via será assinada pelo transportador e por ele entregue ao expedidor, após aceita a

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carga.

Art. 237. Se o transportador, a pedido do expedidor, fizer o conhecimento, considerar-se-á como


tendo feito por conta e em nome deste, salvo prova em contrário.

Art. 238. Quando houver mais de um volume, o transportador poderá exigir do expedidor
conhecimentos aéreos distintos.

Art. 239. Sem prejuízo da responsabilidade penal, o expedidor responde pela exatidão das
indicações e declarações constantes do conhecimento aéreo e pelo dano que, em conseqüência
de suas declarações ou indicações irregulares, inexatas ou incompletas, vier a sofrer o
transportador ou qualquer outra pessoa.

Art. 240. O conhecimento faz presumir, até prova em contrário, a conclusão do contrato, o
recebimento da carga e as condições do transporte.

Art. 241. As declarações contidas no conhecimento aéreo, relativas a peso, dimensões,


acondicionamento da carga e número de volumes, presumem-se verdadeiras até prova em
contrário; as referentes à quantidade, volume, valor e estado da carga só farão prova contra o
transportador, se este verificar sua exatidão, o que deverá constar do conhecimento.

Art. 242. O transportador recusará a carga desacompanhada dos documentos exigidos ou cujo
transporte e comercialização não sejam permitidos.

Art. 243. Ao chegar a carga ao lugar do destino, deverá o transportador avisar ao destinatário
para que a retire no prazo de 15 (quinze) dias a contar do aviso, salvo se estabelecido outro
prazo no conhecimento.

§ 1° Se o destinatário não for encontrado ou não retirar a carga no prazo constante do aviso, o
transportador avisará ao expedidor para retirá-la no prazo de 15 (quinze) dias, a partir do aviso,
sob pena de ser considerada abandonada.
§ 2° Transcorrido o prazo estipulado no último aviso, sem que a carga tenha sido retirada, o
transportador a entregará ao depósito público por conta e risco do expedidor, ou, a seu critério,
ao leiloeiro, para proceder à venda em leilão público e depositar o produto líquido no Banco do
Brasil S/A., à disposição do proprietário, deduzidas as despesas de frete, seguro e encargos da
venda.

§ 3° No caso de a carga estar sujeita a controle aduaneiro, o alijamento a que se refere o § 1°


deste artigo será comunicado imediatamente à autoridade fazendária que jurisdicione o
aeroporto do destino da carga.

Art. 244. Presume-se entregue em bom estado e de conformidade com o documento de


transporte a carga que o destinatário haja recebido sem protesto.

§ 1° O protesto far-se-á mediante ressalva lançada no documento de transporte ou mediante


qualquer comunicação escrita, encaminhada ao transportador.

§ 2° O protesto por avaria será feito dentro do prazo de 7 (sete) dias a contar do recebimento.

§ 3° O protesto por atraso será feito dentro do prazo de 15 (quinze) dias a contar da data em que
a carga haja sido posta à disposição do destinatário.

§ 4° Em falta de protesto, qualquer ação somente será admitida se fundada em dolo do


transportador.

§ 5° Em caso de transportador sucessivo ou de transportador de fato o protesto será


encaminhado aos responsáveis (artigos 259 e 266).

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§ 6° O dano ou avaria e o extravio de carga importada ou em trânsito aduaneiro serão apurados


de acordo com a legislação específica (artigo 8°).

Art. 245. A execução do contrato de transporte aéreo de carga inicia-se com o recebimento e
persiste durante o período em que se encontra sob a responsabilidade do transportador, seja em
aeródromo, a bordo da aeronave ou em qualquer lugar, no caso de aterrissagem forçada, até a
entrega final.

Parágrafo único. O período de execução do transporte aéreo não compreende o transporte


terrestre, marítimo ou fluvial, efetuado fora de aeródromo, a menos que hajam sido feitos para
proceder ao carregamento, entrega, transbordo ou baldeação de carga (artigo 263).

TÍTULO VIII

Da Responsabilidade Civil

CAPÍTULO I

Da Responsabilidade Contratual

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 246. A responsabilidade do transportador (artigos 123, 124 e 222, Parágrafo único), por
danos ocorridos durante a execução do contrato de transporte (artigos 233, 234, § 1°, 245), está
sujeita aos limites estabelecidos neste Título (artigos 257, 260, 262, 269 e 277).

Art. 247. É nula qualquer cláusula tendente a exonerar de responsabilidade o transportador ou a


estabelecer limite de indenização inferior ao previsto neste Capítulo, mas a nulidade da cláusula
não acarreta a do contrato, que continuará regido por este Código (artigo 10).

Art. 248. Os limites de indenização, previstos neste Capítulo, não se aplicam se for provado que
o dano resultou de dolo ou culpa grave do transportador ou de seus prepostos.

§ 1° Para os efeitos deste artigo, ocorre o dolo ou culpa grave quando o transportador ou seus
prepostos quiseram o resultado ou assumiram o risco de produzi-lo.

§ 2° O demandante deverá provar, no caso de dolo ou culpa grave dos prepostos, que estes
atuavam no exercício de suas funções.

§ 3° A sentença, no Juízo Criminal, com trânsito em julgado, que haja decidido sobre a existência
do ato doloso ou culposo e sua autoria, será prova suficiente.

Art. 249. Não serão computados nos limites estabelecidos neste Capítulo, honorários e despesas
judiciais.

Art. 250. O responsável que pagar a indenização desonera-se em relação a quem a receber
(artigos 253 e 281, parágrafo único).

Parágrafo único. Fica ressalvada a discussão entre aquele que pagou e os demais responsáveis
pelo pagamento.

Art. 251. Na fixação de responsabilidade do transportador por danos a pessoas, carga,


equipamento ou instalações postos a bordo da aeronave aplicam-se os limites dos dispositivos
deste Capítulo, caso não existam no contrato outras limitações.

SEÇÃO II

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Do Procedimento Extrajudicial

Art. 252. No prazo de 30 (trinta) dias, a partir das datas previstas no artigo 317, I, II, III e IV, deste
Código, o interessado deverá habilitar-se ao recebimento da respectiva indenização.

Art. 253. Nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo previsto no artigo anterior, o
responsável deverá efetuar aos habilitados os respectivos pagamentos com recursos próprios ou
com os provenientes do seguro (artigo 250).

Art. 254. Para os que não se habilitarem tempestivamente ou cujo processo esteja na
dependência de cumprimento, pelo interessado, de exigências legais, o pagamento a que se
refere o artigo anterior deve ocorrer nos 30 (trinta) dias seguintes à satisfação daquelas.

Art. 255. Esgotado o prazo a que se referem os artigos 253 e 254, se não houver o responsável
ou a seguradora efetuado o pagamento, poderá o interessado promover, judicialmente, pelo
procedimento sumaríssimo (artigo 275, II, letra e, do CPC), a reparação do dano.

SEÇÃO III

Da Responsabilidade por Dano a Passageiro

Art. 256. O transportador responde pelo dano decorrente:

I - de morte ou lesão de passageiro, causada por acidente ocorrido durante a execução do


contrato de transporte aéreo, a bordo de aeronave ou no curso das operações de embarque e
desembarque;

II - de atraso do transporte aéreo contratado.

§ 1° O transportador não será responsável:

a) no caso do item I, se a morte ou lesão resultar, exclusivamente, do estado de saúde do


passageiro, ou se o acidente decorrer de sua culpa exclusiva;

b) no caso do item II, se ocorrer motivo de força maior ou comprovada determinação da


autoridade aeronáutica, que será responsabilizada.

§ 2° A responsabilidade do transportador estende-se:

a) a seus tripulantes, diretores e empregados que viajarem na aeronave acidentada, sem


prejuízo de eventual indenização por acidente de trabalho;

b) aos passageiros gratuitos, que viajarem por cortesia.

Art. 257. A responsabilidade do transportador, em relação a cada passageiro e tripulante,


limita-se, no caso de morte ou lesão, ao valor correspondente, na data do pagamento, a 3.500
(três mil e quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, e, no caso de atraso do
transporte, a 150 (cento e cinqüenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN.

§ 1° Poderá ser fixado limite maior mediante pacto acessório entre o transportador e o
passageiro.

§ 2° Na indenização que for fixada em forma de renda, o capital par a sua constituição não
poderá exceder o maior valor previsto neste artigo.

Art. 258. No caso de transportes sucessivos, o passageiro ou seu sucessor só terá ação contra o
transportador que haja efetuado o transporte no curso do qual ocorrer o acidente ou o atraso.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo se, por estipulação expressa, o primeiro

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transportador assumir a responsabilidade por todo o percurso do transporte contratado.

Art. 259. Quando o transporte aéreo for contratado com um transportador e executado por outro,
o passageiro ou sucessores poderão demandar tanto o transportador contratual como o
transportador de fato, respondendo ambos solidariamente.

SEÇÃO IV

Da Responsabilidade por Danos à Bagagem

Art. 260. A responsabilidade do transportador por dano, conseqüente da destruição, perda ou


avaria da bagagem despachada ou conservada em mãos do passageiro, ocorrida durante a
execução do contrato de transporte aéreo, limita-se ao valor correspondente a 150 (cento e
cinqüenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, por ocasião do pagamento, em relação a
cada passageiro.

Art. 261. Aplica-se, no que couber, o que está disposto na seção relativa à responsabilidade por
danos à carga aérea (artigos 262 a 266).

SEÇÃO V

Da Responsabilidade por Danos à Carga

Art. 262. No caso de atraso, perda, destruição ou avaria de carga, ocorrida durante a execução
do contrato do transporte aéreo, a responsabilidade do transportador limita-se ao valor
correspondente a 3 (três) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN por quilo, salvo declaração
especial de valor feita pelo expedidor e mediante o pagamento de taxa suplementar, se for o
caso (artigos 239, 241 e 244).

Art. 263. Quando para a execução do contrato de transporte aéreo for usado outro meio de
transporte, e houver dúvida sobre onde ocorreu o dano, a responsabilidade do transportador será
regida por este Código (artigo 245 e Parágrafo único).

Art. 264. O transportador não será responsável se comprovar:

I - que o atraso na entrega da carga foi causado por determinação expressa de autoridade
aeronáutica do vôo, ou por fato necessário, cujos efeitos não era possível prever, evitar ou
impedir;

II - que a perda, destruição ou avaria resultou, exclusivamente, de um ou mais dos seguintes


fatos:
a) natureza ou vício próprio da mercadoria;

b) embalagem defeituosa da carga, feita por pessoa ou seus prepostos;

c) ato de guerra ou conflito armado;

d) ato de autoridade pública referente à carga.

Art. 265. A não ser que o dano atinja o valor de todos os volumes, compreendidos pelo
conhecimento de transporte aéreo, somente será considerado, para efeito de indenização, o
peso dos volumes perdidos, destruídos, avariados ou entregues com atraso.

Art. 266. Poderá o expedidor propor ação contra o primeiro transportador e contra aquele que
haja efetuado o transporte, durante o qual ocorreu o dano, e o destinatário contra este e contra o
último transportador.

Parágrafo único. Ocorre a solidariedade entre os transportadores responsáveis perante,

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respectivamente, o expedidor e o destinatário.

CAPÍTULO II

Da Responsabilidade por Danos em Serviços Aéreos Gratuitos

Art. 267. Quando não houver contrato de transporte (artigos 222 a 245), a responsabilidade civil
por danos ocorridos durante a execução dos serviços aéreos obedecerá ao seguinte:

I - no serviço aéreo privado (artigos 177 a 179), o proprietário da aeronave responde por danos
ao pessoal técnico a bordo e às pessoas e bens na superfície, nos limites previstos,
respectivamente, nos artigos 257 e 269 deste Código, devendo contratar seguro correspondente
(artigo 178, §§ 1° e 2°);

II - no transporte gratuito realizado por empresa de transporte aéreo público, observa-se o


disposto no artigo 256, § 2°, deste Código;

III - no transporte gratuito realizado pelo Correio Aéreo Nacional, não haverá indenização por
danos à pessoa ou bagagem a bordo, salvo se houver comprovação de culpa ou dolo dos
operadores da aeronave.

§ 1° No caso do item III deste artigo, ocorrendo a comprovação de culpa, a indenização


sujeita-se aos limites previstos no Capítulo anterior, e no caso de ser comprovado o dolo, não
prevalecem os referidos limites.

§ 2° Em relação a passageiros transportados com infração do § 2° do artigo 178 e artigo 221,


não prevalecem os limites deste Código.

CAPÍTULO III

Da Responsabilidade para com Terceiros na Superfície

Art. 268. O explorador responde pelos danos a terceiros na superfície, causados, diretamente,
por aeronave em vôo, ou manobra, assim como por pessoa ou coisa dela caída ou projetada.

§ 1° Prevalece a responsabilidade do explorador quando a aeronave é pilotada por seus


prepostos, ainda que exorbitem de suas atribuições.

§ 2° Exime-se o explorador da responsabilidade se provar que:

I - não há relação direta de causa e efeito entre o dano e os fatos apontados;

II - resultou apenas da passagem da aeronave pelo espaço aéreo, observadas as regras de


tráfego aéreo;

III - a aeronave era operada por terceiro, não preposto nem dependente, que iludiu a razoável
vigilância exercida sobre o aparelho;

IV - houve culpa exclusiva do prejudicado.

§ 3° Considera-se a aeronave em vôo desde o momento em que a força motriz é aplicada para
decolar até o momento em que termina a operação de pouso.

§ 4° Tratando-se de aeronave mais leve que o ar, planador ou asa voadora, considera-se em vôo
desde o momento em que se desprende da superfície até aquele em que a ela novamente
retorne.

§ 5° Considera-se em manobra a aeronave que estiver sendo movimentada ou rebocada em


áreas aeroportuárias.

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Art. 269. A responsabilidade do explorador estará limitada:

I - para aeronaves com o peso máximo de 1.000kg (mil quilogramas), à importância


correspondente a 3.500 (três mil e quinhentas) OTN - Obrigações do Tesouro Nacional;

II - para aeronaves com peso superior a 1.000kg (mil quilogramas), à quantia correspondente a
3.500 (três mil e quinhentas) OTN - Obrigações do Tesouro Nacional, acrescida de 1/10 (um
décimo) do valor de cada OTN - Obrigação do Tesouro Nacional por quilograma que exceder a
1.000 (mil).

Parágrafo único. Entende-se por peso da aeronave o autorizado para decolagem pelo certificado
de aeronavegabilidade ou documento equivalente.

Art. 270. O explorador da aeronave pagará aos prejudicados habilitados 30% (trinta por cento) da
quantia máxima, a que estará obrigado, nos termos do artigo anterior, dentro de 60 (sessenta)
dias a partir da ocorrência do fato (artigos 252 e 253).

§ 1° Exime-se do dever de efetuar o pagamento o explorador que houver proposto ação para
isentar-se de responsabilidade sob a alegação de culpa predominante ou exclusiva do
prejudicado.

§ 2° O saldo de 70% (setenta por cento) será rateado entre todos os prejudicados habilitados,
quando após o decurso de 90 (noventa) dias do fato, não pender qualquer processo de
habilitação ou ação de reparação do dano (artigos 254 e 255).

Art. 271. Quando a importância total das indenizações fixadas exceder ao limite de
responsabilidade estabelecido neste Capítulo, serão aplicadas as regras seguintes:

I - havendo apenas danos pessoais ou apenas danos materiais, as indenizações serão reduzidas
proporcionalmente aos respectivos montantes;

II - havendo danos pessoais e materiais, metade da importância correspondente ao limite


máximo de indenização será destinada a cobrir cada espécie de dano; se houver saldo, será ele
utilizado para complementar indenizações que não tenham podido ser pagas em seu montante
integral.

Art. 272. Nenhum efeito terão os dispositivos deste Capítulo sobre o limite de responsabilidade
quando:

I - o dano resultar de dolo ou culpa grave do explorador ou de seus prepostos;

II - seja o dano causado pela aeronave no solo e com seus motores parados;

III - o dano seja causado a terceiros na superfície, por quem esteja operando ilegal ou
ilegitimamente a aeronave.

CAPÍTULO IV

Da Responsabilidade por Abalroamento

Art. 273. Consideram-se provenientes de abalroamento os danos produzidos pela colisão de 2


(duas) ou mais aeronaves, em vôo ou em manobra na superfície, e os produzidos às pessoas ou
coisas a bordo, por outra aeronave em vôo.

Art. 274. A responsabilidade pela reparação dos danos resultantes do abalroamento cabe ao
explorador ou proprietário da aeronave causadora, quer a utilize pessoalmente, quer por
preposto.

Art. 275. No abalroamento em que haja culpa concorrente, a responsabilidade dos exploradores

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é solidária, mas proporcional à gravidade da falta.

Parágrafo único. Não se podendo determinar a proporcionalidade, responde cada um dos


exploradores em partes iguais.

Art. 276. Constituem danos de abalroamento, sujeitos à indenização:

I - os causados a pessoas e coisas a bordo das aeronaves envolvidas;

II - os sofridos pela aeronave abalroada;

III - os prejuízos decorrentes da privação de uso da aeronave abalroada;

IV - os danos causados a terceiros, na superfície.

Parágrafo único. Incluem-se no ressarcimento dos danos as despesas, inclusive judiciais,


assumidas pelo explorador da aeronave abalroada, em conseqüência do evento danoso.

Art. 277. A indenização pelos danos causados em conseqüência do abalroamento não excederá:

I - aos limites fixados nos artigos 257, 260 e 262, relativos a pessoas e coisas a bordo, elevados
ao dobro;

II - aos limites fixados no artigo 269, referentes a terceiros na superfície, elevados ao dobro;

III - ao valor dos reparos e substituições de peças da aeronave abalroada, se recuperável, ou de


seu valor real imediatamente anterior ao evento, se inconveniente ou impossível a recuperação;

IV - ao décimo do valor real da aeronave abalroada imediatamente anterior ao evento, em virtude


da privação de seu uso normal.

Art. 278. Não prevalecerão os limites de indenização fixados no artigo anterior:


I - se o abalroamento resultar de dolo ou culpa grave específico do explorador ou de seus
prepostos;

II - se o explorador da aeronave causadora do abalroamento tiver concorrido, por si ou por seus


prepostos, para o evento, mediante ação ou omissão violadora das normas em vigor sobre
tráfego aéreo;

III - se o abalroamento for conseqüência de apossamento ilícito ou uso indevido da aeronave,


sem negligência do explorador ou de seus prepostos, os quais, neste caso, ficarão eximidos de
responsabilidade.

Art. 279. O explorador de cada aeronave será responsável, nas condições e limites previstos
neste Código, pelos danos causados:

I - pela colisão de 2 (duas) ou mais aeronaves;

II - por 2 (duas) ou mais aeronaves conjunta ou separadamente.

Parágrafo único. A pessoa que sofrer danos, ou os seus beneficiários, terão direito a ser
indenizados, até a soma dos limites correspondentes a cada uma das aeronaves, mas nenhum
explorador será responsável por soma que exceda os limites aplicáveis às suas aeronaves, salvo
se sua responsabilidade for ilimitada, por ter sido provado que o dano foi causado por dolo ou
culpa grave (§ 1° do artigo 248).

CAPÍTULO V

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Da Responsabilidade do Construtor Aeronáutico e das Entidades de Infra-Estrutura Aeronáutica

Art. 280. Aplicam-se, conforme o caso, os limites estabelecidos nos artigos 257, 260, 262, 269 e
277, à eventual responsabilidade:

I - do construtor de produto aeronáutico brasileiro, em relação à culpa pelos danos decorrentes


de defeitos de fabricação;

II - da administração de aeroportos ou da Administração Pública, em serviços de infra-estrutura,


por culpa de seus operadores, em acidentes que causem danos a passageiros ou coisas.

CAPÍTULO VI

Da Garantia de Responsabilidade

Art. 281. Todo explorador é obrigado a contratar o seguro para garantir eventual indenização de
riscos futuros em relação:

I - aos danos previstos neste Título, com os limites de responsabilidade civil nele estabelecidos
(artigos 257, 260, 262, 269 e 277) ou contratados (§ 1° do artigo 257 e parágrafo único do artigo
262);

II - aos tripulantes e viajantes gratuitos equiparados, para este efeito, aos passageiros (artigo
256, § 2°);

III - ao pessoal técnico a bordo e às pessoas e bens na superfície, nos serviços aéreos privados
(artigo 178, § 2°, e artigo 267, I);

IV - ao valor da aeronave.

Parágrafo único. O recebimento do seguro exime o transportador da responsabilidade (artigo


250).

Art. 282. Exigir-se-á do explorador de aeronave estrangeira, para a eventual reparação de danos
a pessoas ou bens no espaço aéreo ou no território brasileiro:

a) apresentação de garantias iguais ou equivalentes às exigidas de aeronaves brasileiras;

b) o cumprimento das normas estabelecidas em Convenções ou Acordos Internacionais, quando


aplicáveis.

Art. 283. A expedição ou revalidação do certificado de aeronavegabilidade só ocorrerá diante da


comprovação do seguro, que será averbado no Registro Aeronáutico Brasileiro e respectivos
certificados.

Parágrafo único. A validade do certificado poderá ser suspensa, a qualquer momento, se


comprovado que a garantia deixou de existir.

Art. 284. Os seguros obrigatórios, cuja expiração ocorrer após o inicio do vôo, consideram-se
prorrogados até o seu término.

Art. 285. Sob pena de nulidade da cláusula, nas apólices de seguro de vida ou de seguro de
acidente, não poderá haver exclusão de riscos resultantes do transporte aéreo.

Parágrafo único. Em se tratando de transporte aéreo, as apólices de seguro de vida ou de seguro


de acidentes não poderão conter cláusulas que apresentem taxas ou sobretaxas maiores que as
cobradas para os transportes terrestres.

Art. 286. Aquele que tiver direito à reparação do dano poderá exercer, nos limites da indenização

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que lhe couber, direito próprio sobre a garantia prestada pelo responsável (artigos 250 e 281,
Parágrafo único).

CAPÍTULO VII

Da Responsabilidade Civil no Transporte Aéreo Internacional

Art. 287. Para efeito de limite de responsabilidade civil no transporte aéreo internacional, as
quantias estabelecidas nas Convenções Internacionais de que o Brasil faça parte serão
convertidas em moeda nacional, na forma de regulamento expedido pelo Poder Executivo.

TÍTULO IX

Das Infrações e Providências Administrativas

CAPÍTULO I

Dos Órgãos Administrativos Competentes

Art. 288. O Poder Executivo criará órgão com a finalidade de apuração e julgamento das
infrações previstas neste Código e na legislação complementar, especialmente as relativas a
tarifas e condições de transporte, bem como de conhecimento dos respectivos recursos.

§ 1° A competência, organização e funcionamento do órgão a ser criado, assim como o


procedimento dos respectivos processos, serão fixados em regulamento.

§ 2° Não se compreendem na competência do órgão a que se refere este artigo as infrações


sujeitas à legislação tributária.

(Vetado).

CAPÍTULO II

Das Providências Administrativas

Art. 289. Na infração aos preceitos deste Código ou da legislação complementar, a autoridade
aeronáutica poderá tomar as seguintes providências administrativas:

I - multa;

II - suspensão de certificados, licenças, concessões ou autorizações;

III - cassação de certificados, licenças, concessões ou autorizações;

IV - detenção, interdição ou apreensão de aeronave, ou do material transportado;

V - intervenção nas empresas concessionárias ou autorizadas.

Art. 290. A autoridade aeronáutica poderá requisitar o auxílio da força policial para obter a
detenção dos presumidos infratores ou da aeronave que ponha em perigo a segurança pública,
pessoas ou coisas, nos limites do que dispõe este Código.

Art. 291. Toda vez que se verifique a ocorrência de infração prevista neste Código ou na
legislação complementar, a autoridade aeronáutica lavrará o respectivo auto, remetendo-o à
autoridade ou ao órgão competente para a apuração, julgamento ou providência administrativa
cabível.

§ 1° Quando a infração constituir crime, a autoridade levará, imediatamente, o fato ao


conhecimento da autoridade policial ou judicial competente.

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§ 2° Tratando-se de crime, em que se deva deter membros de tripulação de aeronave que realize
serviço público de transporte aéreo, a autoridade aeronáutica, concomitantemente à providência
prevista no parágrafo anterior, deverá tomar as medidas que possibilitem a continuação do vôo.

Art. 292. É assegurado o direito à ampla defesa e a recurso a quem responder a procedimentos
instaurados para a apuração e julgamento das infrações às normas previstas neste Código e em
normas regulamentares.

§ 1° O mesmo direito será assegurado no caso de providências administrativas necessárias à


apuração de fatos irregulares ou delituosos.

§ 2° O procedimento será sumário, com efeito suspensivo.

Art. 293. A aplicação das providências ou penalidades administrativas, previstas neste Título, não
prejudicará nem impedirá a imposição, por outras autoridades, de penalidades cabíveis.

Art. 294. Será solidária a responsabilidade de quem cumprir ordem exorbitante ou indevida do
proprietário ou explorador de aeronave, que resulte em infração deste Código.

Art. 295. A multa será imposta de acordo com a gravidade da infração, podendo ser acrescida da
suspensão de qualquer dos certificados ou da autorização ou permissão.

Art. 296. A suspensão será aplicada para período não superior a 180 (cento e oitenta) dias,
podendo ser prorrogada uma vez por igual período.

Art. 297. A pessoa jurídica empregadora responderá solidariamente com seus prepostos,
agentes, empregados ou intermediários, pelas infrações por eles cometidas no exercício das
respectivas funções.

Art. 298. A empresa estrangeira de transporte aéreo que opere no País será sujeita à multa e, na
hipótese de reincidência, à suspensão ou cassação da autorização de funcionamento no caso de
não atender:

I - aos requisitos prescritos pelas leis e regulamentos normalmente aplicados, no que se refere
ao funcionamento de empresas de transporte aéreo;

II - às leis e regulamentos relativos à:

a) entrada e saída de aeronaves;

b) sua exploração ou navegação durante a permanência no território ou espaço aéreo brasileiro;

c) entrada ou saída de passageiros;

d) tripulação ou carga;

e) despacho;

f) imigração;

g) alfândega;

h) higiene;

i) saúde.

III - às tarifas, itinerários, freqüências e horários aprovados; às condições contidas nas


respectivas autorizações; à conservação e manutenção de seus equipamentos de vôo no que se
relaciona com a segurança e eficiência do serviço; ou à proibição de embarcar ou desembarcar

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passageiro ou carga em vôo de simples trânsito;

IV - à legislação interna, em seus atos e operações no Brasil, em igualdade com as congêneres


nacionais.

CAPÍTULO III

Das Infrações

Art. 299. Será aplicada multa de (vetado) ate 1.000 (mil) valores de referência, ou de suspensão
ou cassação de quaisquer certificados de matrícula, habilitação, concessão, autorização,
permissão ou homologação expedidos segundo as regras deste Código, nos seguintes casos:

I - procedimento ou prática, no exercício das funções, que revelem falta de idoneidade


profissional para o exercício das prerrogativas dos certificados de habilitação técnica;

II - execução de serviços aéreos de forma a comprometer a ordem ou a segurança pública, ou


com violação das normas de segurança dos transportes;

III - cessão ou transferência da concessão, autorização ou permissão, sem licença da autoridade


aeronáutica;

IV - transferência, direta ou indireta, da direção ou da execução dos serviços aéreos concedidos


ou autorizados;

V - fornecimento de dados, informações ou estatísticas inexatas ou adulteradas;

VI - recusa de exibição de livros, documentos contábeis, informações ou estatísticas aos agentes


da fiscalização;

VII - prática reiterada de infrações graves;

VIII - atraso no pagamento de tarifas aeroportuárias além do prazo estabelecido pela autoridade
aeronáutica;

IX - atraso no pagamento de preços específicos pela utilização de áreas aeroportuárias, fora do


prazo estabelecido no respectivo instrumento.

Art. 300. A cassação dependerá de inquérito administrativo no curso do qual será assegurada
defesa ao infrator.

Art. 301. A suspensão poderá ser por prazo até 180 (cento e oitenta) dias, prorrogáveis por igual
período.

Art. 302. A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações:

I - infrações referentes ao uso das aeronaves:

a) utilizar ou empregar aeronave sem matrícula;

b) utilizar ou empregar aeronave com falsas marcas de nacionalidade ou de matrícula, ou sem


que elas correspondam ao que consta do Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB;

c) utilizar ou empregar aeronave em desacordo com as prescrições dos respectivos certificados


ou com estes vencidos;

d) utilizar ou empregar aeronave sem os documentos exigidos ou sem que estes estejam em
vigor;

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e) utilizar ou empregar aeronave em serviço especializado, sem a necessária homologação do


órgão competente;

f) utilizar ou empregar aeronave na execução de atividade diferente daquela para a qual se achar
licenciado;

g) utilizar ou empregar aeronave com inobservância das normas de tráfego aéreo, emanadas da
autoridade aeronáutica;

h) introduzir aeronave no País, ou utilizá-la sem autorização de sobrevôo;

i) manter aeronave estrangeira em Território Nacional sem autorização ou sem que esta haja
sido revalidada;

j) alienar ou transferir, sem autorização, aeronave estrangeira que se encontre no País em


caráter transitório, ressalvados os casos de execução judicial ou de medida cautelar;

k) transportar, ciente do conteúdo real, carga ou material perigoso ou proibido, ou em desacordo


com as normas que regulam o trânsito de materiais sujeitos a restrições;

l) lançar objetos ou substâncias sem licença da autoridade aeronáutica, salvo caso de alijamento;

m) trasladar aeronave sem licença;

n) recuperar ou reconstruir aeronave acidentada, sem a liberação do órgão competente;

o) realizar vôo com peso de decolagem ou número de passageiros acima dos máximos
estabelecidos;

p) realizar vôo com equipamento para levantamento aerofotogramétrico, sem autorização do


órgão competente;

q) transportar passageiro em lugar inadequado da aeronave;

r) realizar vôo sem o equipamento de sobrevivência exigido;

s) realizar vôo por instrumentos com aeronave não homologada para esse tipo de operação;

t) realizar vôo por instrumentos com tripulação inabilitada ou incompleta;

u) realizar vôo solo para treinamento de navegação sendo aluno ainda não habilitado para tal;

v) operar aeronave com plano de vôo visual, quando as condições meteorológicas estiverem
abaixo dos mínimos previstos para esse tipo de operação;

w) explorar sistematicamente serviços de táxi-aéreo fora das áreas autorizadas;

x) operar radiofrequências não autorizadas, capazes de causar interferência prejudicial ao


serviço de telecomunicações aeronáuticas.

II - infrações imputáveis a aeronautas e aeroviários ou operadores de aeronaves:

a) preencher com dados inexatos documentos exigidos pela fiscalização;

b) impedir ou dificultar a ação dos agentes públicos, devidamente credenciados, no exercício de


missão oficial;

c) pilotar aeronave sem portar os documentos de habilitação, os documentos da aeronave ou os


equipamentos de sobrevivência nas áreas exigidas;

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d) tripular aeronave com certificado de habilitação técnica ou de capacidade física vencidos, ou


exercer a bordo função para a qual não esteja devidamente licenciado ou cuja licença esteja
expirada;

e) participar da composição de tripulação em desacordo com o que estabelece este Código e


suas regulamentações;

f) utilizar aeronave com tripulante estrangeiro ou permitir a este o exercício de qualquer função a
bordo, em desacordo com este Código ou com suas regulamentações;

g) desobedecer às determinações da autoridade do aeroporto ou prestar-lhe falsas informações;

h) infringir as Condições Gerais de Transporte ou as instruções sobre tarifas;

i) desobedecer aos regulamentos e normas de tráfego aéreo;


j) inobservar os preceitos da regulamentação sobre o exercício da profissão;

k) inobservar as normas sobre assistência e salvamento;

l) desobedecer às normas que regulam a entrada, a permanência e a saída de estrangeiro;

m) infringir regras, normas ou cláusulas de Convenções ou atos internacionais;

n) infringir as normas e regulamentos que afetem a disciplina a bordo de aeronave ou a


segurança de vôo;

o) permitir, por ação ou omissão, o embarque de mercadorias sem despacho, de materiais sem
licença, ou efetuar o despacho em desacordo com a licença, quando necessária;

p) exceder, fora dos casos previstos em lei, os limites de horas de trabalho ou de vôo;

q) operar a aeronave em estado de embriaguez;

r) taxiar aeronave para decolagem, ingressando na pista sem observar o tráfego;

s) retirar-se de aeronave com o motor ligado sem tripulante a bordo;

t) operar aeronave deixando de manter fraseologia-padrão nas comunicações radiotelefônicas;

u) ministrar instruções de vôo sem estar habilitado.

III - infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos:

a) permitir a utilização de aeronave sem situação regular no Registro Aeronáutico Brasileiro -


RAB, ou sem observância das restrições do certificado de navegabilidade;

b) permitir a composição de tripulação por aeronauta sem habilitação ou que, habilitado, não
esteja com a documentação regular;

c) permitir o exercício, em aeronave ou em serviço de terra, de pessoal não devidamente


licenciado ou com a licença vencida;

d) firmar acordo com outra concessionária ou permissionária, ou com terceiros, para


estabelecimento de conexão, consórcio pool ou consolidação de serviços ou interesses, sem
consentimento expresso da autoridade aeronáutica;

e) não observar as normas e regulamentos relativos à manutenção e operação das aeronaves;

f) explorar qualquer modalidade de serviço aéreo para a qual não esteja devidamente autorizada;

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g) deixar de comprovar, quando exigida pela autoridade competente, a contratação dos seguros
destinados a garantir sua responsabilidade pelos eventuais danos a passageiros, tripulantes,
bagagens e cargas, bem assim, no solo a terceiros;

h) aceitar, para embarque, mercadorias sem licença das autoridades competentes ou em


desacordo com a regulamentação que disciplina o trânsito dessas mercadorias;

i) ceder ou transferir ações ou partes de seu capital social, com direito a voto, sem consentimento
expresso da autoridade aeronáutica, quando necessário (artigo 180);

j) deixar de dar publicidade aos atos sociais de publicação obrigatória;

k) deixar de recolher, na forma e nos prazos da regulamentação respectiva, as tarifas, taxas,


preços públicos e contribuições a que estiver obrigada;

l) recusar a exibição de livro, documento, ficha ou informação sobre seus serviços, quando
solicitados pelos agentes da fiscalização aeronáutica;

m) desrespeitar convenção ou ato internacional a que estiver obrigada;

n) não observar, sem justa causa, os horários aprovados;

o) infringir as normas que disciplinam o exercício da profissão de aeronauta ou de aeroviário;

p) deixar de transportar passageiro com bilhete marcado ou com reserva confirmada ou, de
qualquer forma, descumprir o contrato de transporte;

q) infringir as tarifas aprovadas, prometer ou conceder, direta ou indiretamente, desconto,


abatimento, bonificação, utilidade ou qualquer vantagem aos usuários, em função da utilização
de seus serviços de transporte;

r) simular como feita, total ou parcialmente, no exterior, a compra de passagem vendida no País,
a fim de burlar a aplicação da tarifa aprovada em moeda nacional;

s) promover qualquer forma de publicidade que ofereça vantagem indevida ao usuário ou que lhe
forneça indicação falsa ou inexata acerca dos serviços, induzindo-o em erro quanto ao valor real
da tarifa aprovada pela autoridade aeronáutica;

t) efetuar troca de transporte por serviços ou utilidades, fora dos casos permitidos;

u) infringir as Condições Gerais de Transporte, bem como as demais normas que dispõem sobre
os serviços aéreos;

v) deixar de informar à autoridade aeronáutica a ocorrência de acidente com aeronave de sua


propriedade;

w) deixar de apresentar nos prazos previstos o Resumo Geral dos resultados econômicos e
estatísticos, o Balanço e a Demonstração de lucros e perdas;

x) deixar de requerer dentro do prazo previsto a inscrição de atos exigidos pelo Registro
Aeronáutico Brasileiro;

y) deixar de apresentar, semestralmente, a relação de acionistas;

z) deixar de apresentar, semestralmente, a relação de transferências.

IV - infrações imputáveis a empresas de manutenção, reparação ou distribuição de aeronaves e


seus componentes:

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a) inobservar instruções, normas ou requisitos estabelecidos pela autoridade aeronáutica;

b) inobservar termos e condições constantes dos certificados de homologação e respectivos


adendos;

c) modificar aeronave ou componente, procedendo à alteração não prevista por órgão


homologador;

d) executar deficientemente serviço de manutenção ou de distribuição de componentes, de modo


a comprometer a segurança do vôo;

e) deixar de cumprir os contratos de manutenção ou inobservar os prazos assumidos para


execução dos serviços de manutenção e distribuição de componentes;

f) executar serviços de manutenção ou de reparação em desacordo com os manuais da


aeronave, ou em aeronave acidentada, sem liberação do órgão competente;

g) deixar de notificar ao órgão competente para homologação de produtos aeronáuticos, dentro


do prazo regulamentar, qualquer defeito ou mau funcionamento que tenha afetado a segurança
de algum vôo em particular e que possa repetir-se em outras aeronaves.

V - infrações imputáveis a fabricantes de aeronaves e de outros produtos aeronáuticos:

a) inobservar prescrições e requisitos estabelecidos pela autoridade aeronáutica, destinados à


homologação de produtos aeronáuticos;

b) inobservar os termos e condições constantes dos respectivos certificados de homologação;

c) alterar projeto de tipo aprovado, da aeronave ou de outro produto aeronáutico, sem que a
modificação tenha sido homologada pela autoridade aeronáutica;

d) deixar de notificar ao órgão competente para homologação de produtos aeronáuticos, dentro


do prazo regulamentar, qualquer defeito ou mau funcionamento, acidente ou incidente de que, de
qualquer modo, tenha ciência, desde que esse defeito ou mau funcionamento venha a afetar a
segurança de vôo e possa repetir-se nas demais aeronaves ou produtos aeronáuticos cobertos
pelo mesmo projeto de tipo aprovado;

e) descumprir ou deixar de adotar, após a notificação a que se refere o número anterior e dentro
do prazo estabelecido pelo órgão competente, as medidas de natureza corretiva ou sanadora de
defeitos e mau funcionamento.

VI - infrações imputáveis a pessoas naturais ou jurídicas não compreendidas nos grupos


anteriores:

a) executar ou utilizar serviços técnicos de manutenção, modificação ou reparos de aeronaves e


de seus componentes, em oficina não homologada;

b) executar serviços de recuperação ou reconstrução em aeronave acidentada, sem liberação do


órgão competente;

c) executar serviços de manutenção ou de reparação de aeronave e de seus componentes, sem


autorização do órgão competente;

d) utilizar-se de aeronave sem dispor de habilitação para sua pilotagem;

e) executar qualquer modalidade de serviço aéreo sem estar devidamente autorizado;

f) construir campo de pouso sem licença, utilizar campo de pouso sem condições regulamentares
de uso, ou deixar de promover o registro de campo de pouso;

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L7565

g) implantar ou explorar edificação ou qualquer empreendimento em área sujeita a restrições


especiais, com inobservância destas;

h) prometer ou conceder, direta ou indiretamente, qualquer modalidade de desconto, prêmio,


bonificação, utilidade ou vantagem aos adquirentes de bilhete de passagem ou frete aéreo;

i) promover publicidade de serviço aéreo em desacordo com os regulamentos aeronáuticos, ou


com promessa ou artifício que induza o público em erro quanto às reais condições do transporte
e de seu preço;

j) explorar serviços aéreos sem concessão ou autorização;

k) vender aeronave de sua propriedade, sem a devida comunicação ao Registro Aeronáutico


Brasileiro - RAB, ou deixar de atualizar, no RAB, a propriedade de aeronave adquirida;

l) instalar ou manter em funcionamento escola ou curso de aviação sem autorização da


autoridade aeronáutica;

m) deixar o proprietário ou operador de aeronave de recolher, na forma e nos prazos da


respectiva regulamentação, as tarifas, taxas, preços públicos ou contribuições a que estiver
obrigado.

CAPÍTULO IV

Da Detenção, Interdição e Apreensão de Aeronave

Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia
Federal, nos seguintes casos:

I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos internacionais, ou
das autorizações para tal fim;

II - se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade de pouso em


aeroporto internacional;

III - para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis;

IV - para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 21) ou de porte proibido de
equipamento (parágrafo único do artigo 21);

V - para averiguação de ilícito.

§ 1° A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para compelir a
aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado.

§ 2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será


classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos
incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da República ou
autoridade por ele delegada. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.614, de
5.3.1998)

§ 3° A autoridade mencionada no § 1° responderá por seus atos quando agir com


excesso de poder ou com espírito emulatório. (§ 2°renumerado e alterado pela
Lei nº 9.614, de 5.3.1998)

Art. 304. Quando, no caso do item IV, do artigo anterior, for constatada a existência de material
proibido, explosivo ou apetrechos de guerra, sem autorização, ou contrariando os termos da que
foi outorgada, pondo em risco a segurança pública ou a paz entre as Nações, a autoridade

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aeronáutica poderá reter o material de que trata este artigo e liberar a aeronave se, por força de
lei, não houver necessidade de apreendê-la.

§ 1° Se a aeronave for estrangeira e a carga não puser em risco a segurança pública ou a paz
entre as Nações, poderá a autoridade aeronáutica fazer a aeronave retornar ao país de origem
pela rota e prazo determinados, sem a retenção da carga.

§ 2° Embora estrangeira a aeronave, se a carga puser em risco a segurança pública e a paz


entre os povos, poderá a autoridade aeronáutica reter o material bélico e fazer retornar a
aeronave na forma do disposto no parágrafo anterior.

Art. 305. A aeronave pode ser interditada:

I - nos casos do artigo 302, I, alíneas a até n; II, alíneas c, d, g e j; III, alíneas a, e, f e g; e V,
alíneas a a e;

II - durante a investigação de acidente em que estiver envolvida.

§ 1° Efetuada a interdição, será lavrado o respectivo auto, assinado pela autoridade que a
realizou e pelo responsável pela aeronave.

§ 2° Será entregue ao responsável pela aeronave cópia do auto a que se refere o parágrafo
anterior.

Art. 306. A aeronave interditada não será impedida de funcionar, para efeito de manutenção.

Art. 307. A autoridade aeronáutica poderá interditar a aeronave, por prazo não superior a 15
(quinze) dias, mediante requisição da autoridade aduaneira, de Polícia ou de saúde.

Parágrafo único. A requisição deverá ser motivada, de modo a demonstrar justo receio de que
haja lesão grave e de difícil reparação a direitos do Poder Público ou de terceiros; ou que haja
perigo à ordem pública, à saúde ou às instituições.

Art. 308. A apreensão da aeronave dar-se-á para preservar a eficácia da detenção ou interdição,
e consistirá em mantê-la estacionada, com ou sem remoção para hangar, área de
estacionamento, oficina ou lugar seguro (artigos 155 e 309).

Art. 309. A apreensão de aeronave só se dará em cumprimento à ordem judicial, ressalvadas


outras hipóteses de apreensão previstas nesta Lei.

Art. 310. Satisfeitas as exigências legais, a aeronave detida, interditada ou apreendida será
imediatamente liberada.

Art. 311. Em qualquer dos casos previstos neste Capítulo, o proprietário ou explorador da
aeronave não terá direito à indenização.

CAPÍTULO V

Da Custódia e Guarda de Aeronave

Art. 312. Em qualquer inquérito ou processo administrativo ou judicial, a custódia, guarda ou


depósito de aeronave far-se-á de conformidade com o disposto neste Capítulo.

Art. 313. O explorador ou o proprietário de aeronaves entregues em depósito ou a guarda de


autoridade aeronáutica responde pelas despesas correspondentes.

§ 1° Incluem-se no disposto neste artigo:

I - os depósitos decorrentes de apreensão;

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II - os seqüestros e demais medidas processuais acautelatórias;

III - a arrecadação em falência, qualquer que seja a autoridade administrativa ou judiciária que a
determine;

IV - a apreensão decorrente de processos administrativos ou judiciários.

§ 2° No caso do § 2° do artigo 303, o proprietário ou o explorador da aeronave terá direito à


restituição do que houver pago, acrescida de juros compensatórios e indenizações por perdas e
danos.

§ 3° No caso do parágrafo anterior, caberá ação regressiva contra o Poder Público cuja
autoridade houver agido com excesso de poder ou com espírito emulatório.

Art. 314. O depósito não excederá o prazo de 2 (dois) anos.

§ 1° Se, no prazo estabelecido neste artigo não for autorizada a entrega da aeronave, a
autoridade aeronáutica poderá efetuar a venda pública pelo valor correspondente, para ocorrer
às despesas com o depósito.

§ 2° Não havendo licitante ou na hipótese de ser o valor apurado com a venda inferior ao da
dívida, a aeronave será adjudicada ao Ministério da Aeronáutica, procedendo-se ao respectivo
assentamento no Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB.

§ 3° O disposto neste artigo não se aplica ao depósito decorrente de processo administrativo de


natureza fiscal.

Art. 315. Será obrigatório o seguro da aeronave entregue ao depósito, a cargo do explorador ou
proprietário.

TÍTULO X

Dos Prazos Extintivos

Art. 316. Prescreve em 6 (seis) meses, contados da tradição da aeronave, a ação para haver
abatimento do preço da aeronave adquirida com vício oculto, ou para rescindir o contrato e
reaver o preço pago, acrescido de perdas e danos.

Art. 317. Prescreve em 2 (dois) anos a ação:

I - por danos causados a passageiros, bagagem ou carga transportada, a contar da data em que
se verificou o dano, da data da chegada ou do dia em que devia chegar a aeronave ao ponto de
destino, ou da interrupção do transporte;

II - por danos causados a terceiros na superfície, a partir do dia da ocorrência do fato;

III - por danos emergentes no caso de abalroamento a partir da data da ocorrência do fato;

IV - para obter remuneração ou indenização por assistência e salvamento, a contar da data da


conclusão dos respectivos serviços, ressalvado o disposto nos parágrafos do artigo 61;

V - para cobrar créditos, resultantes de contratos sobre utilização de aeronave, se não houver
prazo diverso neste Código, a partir da data em que se tornem exigíveis;

VI - de regresso, entre transportadores, pelas quantias pagas por motivo de danos provenientes
de abalroamento, ou entre exploradores, pelas somas que um deles haja sido obrigado a pagar,
nos casos de solidariedade ou ocorrência de culpa, a partir da data do efetivo pagamento;

VII - para cobrar créditos de um empresário de serviços aéreos contra outro, decorrentes de

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compensação de passagens de transporte aéreo, a partir de quando se tornem exigíveis;

VIII - por danos causados por culpa da administração do aeroporto ou da Administração Pública
(artigo 280), a partir do dia da ocorrência do fato;

IX - do segurado contra o segurador, contado o prazo do dia em que ocorreu o fato, cujo risco
estava garantido pelo seguro (artigo 281);

X - contra o construtor de produto aeronáutico, contado da ocorrência do dano indenizável.

Parágrafo único. Os prazos de decadência e de prescrição, relativamente à matéria tributária,


permanecem regidos pela legislação específica.

Art. 318. Se o interessado provar que não teve conhecimento do dano ou da identidade do
responsável, o prazo começará a correr da data em que tiver conhecimento, mas não poderá
ultrapassar de 3 (três) anos a partir do evento.

Art. 319. As providências administrativas previstas neste Código prescrevem em 2 (dois) anos, a
partir da data da ocorrência do ato ou fato que as autorizar, e seus efeitos, ainda no caso de
suspensão, não poderão exceder esse prazo.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica aos prazos definidos no Código
Tributário Nacional.

Art. 320. A intervenção e liquidação extrajudicial deverão encerrar-se no prazo de 2 (dois) anos.

Parágrafo único. Ao término do prazo de 2 (dois) anos, a partir do primeiro ato, qualquer
interessado ou membro do Ministério Público, poderá requerer a imediata venda dos bens em
leilão público e o rateio do produto entre os credores, observadas as preferências e privilégios
especiais.

Art. 321. O explorador de serviços aéreos públicos é obrigado a conservar, pelo prazo de 5
(cinco) anos, os documentos de transporte aéreo ou de outros serviços aéreos.

TÍTULO XI

Disposições Finais e Transitórias

Art. 322. Fica autorizado o Ministério da Aeronáutica a instalar uma Junta de Julgamento da
Aeronáutica com a competência de julgar, administrativamente, as infrações e demais questões
dispostas neste Código, e mencionadas no seu artigo 1°, (vetado).

§ 1° (vetado).

§ 2° (vetado).

§ 3° (vetado).

§ 4° O Poder Executivo, através de decreto, regulamentará a organização e o funcionamento da


Junta de Julgamento da Aeronáutica.

Art. 323. Este Código entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 324. Ficam revogados o Decreto-Lei nº 32, de 18 de novembro de 1966, o Decreto-Lei nº


234, de 28 de fevereiro de 1967, a Lei nº 5.448, de 4 de junho de 1968, a Lei nº 5.710, de 7 de
outubro de 1971, a Lei nº 6.298, de 15 de dezembro de 1975, a Lei nº 6.350, de 7 de julho de
1976, a Lei nº 6.833, de 30 de setembro de 1980, a Lei nº 6.997, de 7 de junho de 1982, e
demais disposições em contrário.

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Brasília, 19 de dezembro de 1986. 165º da Independência e 98º da República.

JOSÉ SARNEY
Octávio Júlio Moeira Lima

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LEI Nº 9.279, DE 14 DE MAIO DE 1996.


Regula direitos e obrigações relativos à
propriedade industrial.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.

Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse
social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante:

I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;

II - concessão de registro de desenho industrial;

III - concessão de registro de marca;

IV - repressão às falsas indicações geográficas; e

V - repressão à concorrência desleal.

Art. 3º Aplica-se também o disposto nesta Lei:

I - ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no País por quem


tenha proteção assegurada por tratado ou convenção em vigor no Brasil; e

II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país que assegure aos brasileiros ou pessoas
domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.

Art. 4º As disposições dos tratados em vigor no Brasil são aplicáveis, em igualdade de condições,
às pessoas físicas e jurídicas nacionais ou domiciliadas no País.

Art. 5º Consideram-se bens móveis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade industrial.

TÍTULO I

DAS PATENTES

CAPÍTULO I

DA TITULARIDADE

Art. 6º Ao autor de invenção ou modelo de utilidade será assegurado o direito de obter a patente
que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.

§ 1º Salvo prova em contrário, presume-se o requerente legitimado a obter a patente.

§ 2º A patente poderá ser requerida em nome próprio, pelos herdeiros ou sucessores do autor,

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pelo cessionário ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de prestação de


serviços determinar que pertença a titularidade.

§ 3º Quando se tratar de invenção ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por duas


ou mais pessoas, a patente poderá ser requerida por todas ou qualquer delas, mediante
nomeação e qualificação das demais, para ressalva dos respectivos direitos.

§ 4º O inventor será nomeado e qualificado, podendo requerer a não divulgação de sua


nomeação.

Art. 7º Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma invenção ou modelo de utilidade, de
forma independente, o direito de obter patente será assegurado àquele que provar o depósito
mais antigo, independentemente das datas de invenção ou criação.

Parágrafo único. A retirada de depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade
ao depósito imediatamente posterior.

CAPÍTULO II

DA PATENTEABILIDADE

Seção I

DAS INVENÇÕES E DOS MODELOS DE UTILIDADE PATENTEÁVEIS

Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial.

Art. 9º É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível
de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que
resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.
Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:

I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos;

II - concepções puramente abstratas;

III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos,


publicitários, de sorteio e de fiscalização;

IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética;

V - programas de computador em si;

VI - apresentação de informações;

VII - regras de jogo;

VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de


diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e

IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou


ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os
processos biológicos naturais.

Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos
no estado da técnica.

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§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data
de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio,
no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.

§ 2º Para fins de aferição da novidade, o conteúdo completo de pedido depositado no Brasil, e


ainda não publicado, será considerado estado da técnica a partir da data de depósito, ou da
prioridade reivindicada, desde que venha a ser publicado, mesmo que subseqüentemente.

§ 3º O disposto no parágrafo anterior será aplicado ao pedido internacional de patente


depositado segundo tratado ou convenção em vigor no Brasil, desde que haja processamento
nacional.

Art. 12. Não será considerada como estado da técnica a divulgação de invenção ou modelo de
utilidade, quando ocorrida durante os 12 (doze) meses que precederem a data de depósito ou a
da prioridade do pedido de patente, se promovida:

I - pelo inventor;

II - pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, através de publicação oficial do


pedido de patente depositado sem o consentimento do inventor, baseado em informações deste
obtidas ou em decorrência de atos por ele realizados; ou

III - por terceiros, com base em informações obtidas direta ou indiretamente do inventor ou em
decorrência de atos por este realizados.

Parágrafo único. O INPI poderá exigir do inventor declaração relativa à divulgação,


acompanhada ou não de provas, nas condições estabelecidas em regulamento.

Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não
decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.

Art. 14. O modelo de utilidade é dotado de ato inventivo sempre que, para um técnico no
assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica.

Art. 15. A invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial
quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria.

Seção II

Da Prioridade

Art. 16. Ao pedido de patente depositado em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em
organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, será assegurado direito de
prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem
prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.

§ 1º A reivindicação de prioridade será feita no ato de depósito, podendo ser suplementada


dentro de 60 (sessenta) dias por outras prioridades anteriores à data do depósito no Brasil.

§ 2º A reivindicação de prioridade será comprovada por documento hábil da origem, contendo


número, data, título, relatório descritivo e, se for o caso, reivindicações e desenhos,
acompanhado de tradução simples da certidão de depósito ou documento equivalente, contendo
dados identificadores do pedido, cujo teor será de inteira responsabilidade do depositante.

§ 3º Se não efetuada por ocasião do depósito, a comprovação deverá ocorrer em até 180 (cento
e oitenta) dias contados do depósito.

§ 4º Para os pedidos internacionais depositados em virtude de tratado em vigor no Brasil, a


tradução prevista no § 2º deverá ser apresentada no prazo de 60 (sessenta) dias contados da

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data da entrada no processamento nacional.

§ 5º No caso de o pedido depositado no Brasil estar fielmente contido no documento da origem,


será suficiente uma declaração do depositante a este respeito para substituir a tradução simples.

§ 6º Tratando-se de prioridade obtida por cessão, o documento correspondente deverá ser


apresentado dentro de 180 (cento e oitenta) dias contados do depósito, ou, se for o caso, em até
60 (sessenta) dias da data da entrada no processamento nacional, dispensada a legalização
consular no país de origem.

§ 7º A falta de comprovação nos prazos estabelecidos neste artigo acarretará a perda da


prioridade.

§ 8º Em caso de pedido depositado com reivindicação de prioridade, o requerimento para


antecipação de publicação deverá ser instruído com a comprovação da prioridade.

Art. 17. O pedido de patente de invenção ou de modelo de utilidade depositado originalmente no


Brasil, sem reivindicação de prioridade e não publicado, assegurará o direito de prioridade ao
pedido posterior sobre a mesma matéria depositado no Brasil pelo mesmo requerente ou
sucessores, dentro do prazo de 1 (um) ano.

§ 1º A prioridade será admitida apenas para a matéria revelada no pedido anterior, não se
estendendo a matéria nova introduzida.

§ 2º O pedido anterior ainda pendente será considerado definitivamente arquivado.

§ 3º O pedido de patente originário de divisão de pedido anterior não poderá servir de base a
reivindicação de prioridade.

Seção III

Das Invenções e Dos Modelos de Utilidade Não Patenteáveis

Art. 18. Não são patenteáveis:

I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;

II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a


modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou
modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e

III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos
três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial -
previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o
todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em
sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em
condições naturais.

CAPÍTULO III

DO PEDIDO DE PATENTE

Seção I

Do Depósito do Pedido

Art. 19. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:

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I - requerimento;

II - relatório descritivo;

III - reivindicações;

IV - desenhos, se for o caso;

V - resumo; e

VI - comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.

Art. 20. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente
instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação.

Art. 21. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 19, mas que contiver dados
relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado,
ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob
pena de devolução ou arquivamento da documentação.

Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data
do recibo.

Seção II

Das Condições do Pedido

Art. 22. O pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um grupo
de invenções inter-relacionadas de maneira a compreenderem um único conceito inventivo.

Art. 23. O pedido de patente de modelo de utilidade terá de se referir a um único modelo
principal, que poderá incluir uma pluralidade de elementos distintos, adicionais ou variantes
construtivas ou configurativas, desde que mantida a unidade técnico-funcional e corporal do
objeto.

Art. 24. O relatório deverá descrever clara e suficientemente o objeto, de modo a possibilitar sua
realização por técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução.

Parágrafo único. No caso de material biológico essencial à realização prática do objeto do


pedido, que não possa ser descrito na forma deste artigo e que não estiver acessível ao público,
o relatório será suplementado por depósito do material em instituição autorizada pelo INPI ou
indicada em acordo internacional.

Art. 25. As reivindicações deverão ser fundamentadas no relatório descritivo, caracterizando as


particularidades do pedido e definindo, de modo claro e preciso, a matéria objeto da proteção.

Art. 26. O pedido de patente poderá ser dividido em dois ou mais, de ofício ou a requerimento do
depositante, até o final do exame, desde que o pedido dividido:

I - faça referência específica ao pedido original; e

II - não exceda à matéria revelada constante do pedido original.

Parágrafo único. O requerimento de divisão em desacordo com o disposto neste artigo será
arquivado.

Art. 27. Os pedidos divididos terão a data de depósito do pedido original e o benefício de
prioridade deste, se for o caso.

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Art. 28. Cada pedido dividido estará sujeito a pagamento das retribuições correspondentes.

Art. 29. O pedido de patente retirado ou abandonado será obrigatoriamente publicado.

§ 1º O pedido de retirada deverá ser apresentado em até 16 (dezesseis) meses, contados da


data do depósito ou da prioridade mais antiga.

§ 2º A retirada de um depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará prioridade ao


depósito imediatamente posterior.

Seção III

Do Processo e do Exame do Pedido

Art. 30. O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados da data
de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado, à exceção
do caso previsto no art. 75.

§ 1º A publicação do pedido poderá ser antecipada a requerimento do depositante.

§ 2º Da publicação deverão constar dados identificadores do pedido de patente, ficando cópia do


relatório descritivo, das reivindicações, do resumo e dos desenhos à disposição do público no
INPI.

§ 3º No caso previsto no parágrafo único do art. 24, o material biológico tornar-se-á acessível ao
público com a publicação de que trata este artigo.

Art. 31. Publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação,
pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame.

Parágrafo único. O exame não será iniciado antes de decorridos 60 (sessenta) dias da
publicação do pedido.

Art. 32. Para melhor esclarecer ou definir o pedido de patente, o depositante poderá efetuar
alterações até o requerimento do exame, desde que estas se limitem à matéria inicialmente
revelada no pedido.

Art. 33. O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer
interessado, no prazo de 36 (trinta e seis) meses contados da data do depósito, sob pena do
arquivamento do pedido.

Parágrafo único. O pedido de patente poderá ser desarquivado, se o depositante assim o


requerer, dentro de 60 (sessenta) dias contados do arquivamento, mediante pagamento de uma
retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo.

Art. 34. Requerido o exame, deverão ser apresentados, no prazo de 60 (sessenta) dias, sempre
que solicitado, sob pena de arquivamento do pedido:

I - objeções, buscas de anterioridade e resultados de exame para concessão de pedido


correspondente em outros países, quando houver reivindicação de prioridade;

II - documentos necessários à regularização do processo e exame do pedido; e

III - tradução simples do documento hábil referido no § 2º do art. 16, caso esta tenha sido
substituída pela declaração prevista no § 5º do mesmo artigo.

Art. 35. Por ocasião do exame técnico, será elaborado o relatório de busca e parecer relativo a:

I - patenteabilidade do pedido;

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II - adaptação do pedido à natureza reivindicada;

III - reformulação do pedido ou divisão; ou

IV - exigências técnicas.

Art. 36. Quando o parecer for pela não patenteabilidade ou pelo não enquadramento do pedido
na natureza reivindicada ou formular qualquer exigência, o depositante será intimado para
manifestar-se no prazo de 90 (noventa) dias.

§ 1º Não respondida a exigência, o pedido será definitivamente arquivado.

§ 2º Respondida a exigência, ainda que não cumprida, ou contestada sua formulação, e havendo
ou não manifestação sobre a patenteabilidade ou o enquadramento, dar-se-á prosseguimento ao
exame.

Art. 37. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de patente.

CAPÍTULO IV

DA CONCESSÃO E DA VIGÊNCIA DA PATENTE

Seção I

Da Concessão da Patente

Art. 38. A patente será concedida depois de deferido o pedido, e comprovado o pagamento da
retribuição correspondente, expedindo-se a respectiva carta-patente.

§ 1º O pagamento da retribuição e respectiva comprovação deverão ser efetuados no prazo de


60 (sessenta) dias contados do deferimento.

§ 2º A retribuição prevista neste artigo poderá ainda ser paga e comprovada dentro de 30 (trinta)
dias após o prazo previsto no parágrafo anterior, independentemente de notificação, mediante
pagamento de retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo do pedido.

§ 3º Reputa-se concedida a patente na data de publicação do respectivo ato.

Art. 39. Da carta-patente deverão constar o número, o título e a natureza respectivos, o nome do
inventor, observado o disposto no § 4º do art. 6º, a qualificação e o domicílio do titular, o prazo de
vigência, o relatório descritivo, as reivindicações e os desenhos, bem como os dados relativos à
prioridade.

Seção II

Da Vigência da Patente

Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade
pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito.

Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de
invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de
concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do
pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior.

CAPÍTULO V

DA PROTEÇÃO CONFERIDA PELA PATENTE

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Seção I

Dos Direitos

Art. 41. A extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das
reivindicações, interpretado com base no relatório descritivo e nos desenhos.

Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu consentimento,
de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos:

I - produto objeto de patente;

II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.

§ 1º Ao titular da patente é assegurado ainda o direito de impedir que terceiros contribuam para
que outros pratiquem os atos referidos neste artigo.

§ 2º Ocorrerá violação de direito da patente de processo, a que se refere o inciso II, quando o
possuidor ou proprietário não comprovar, mediante determinação judicial específica, que o seu
produto foi obtido por processo de fabricação diverso daquele protegido pela patente.

Art. 43. O disposto no artigo anterior não se aplica:

I - aos atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade
comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular da patente;

II - aos atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental, relacionados
a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas;

III - à preparação de medicamento de acordo com prescrição médica para casos individuais,
executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;

IV - a produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido
colocado no mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento;

V - a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, sem finalidade
econômica, o produto patenteado como fonte inicial de variação ou propagação para obter outros
produtos; e

VI - a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matéria viva, utilizem, ponham em
circulação ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido licitamente no
comércio pelo detentor da patente ou por detentor de licença, desde que o produto patenteado
não seja utilizado para multiplicação ou propagação comercial da matéria viva em causa.

Art. 44. Ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela exploração
indevida de seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do
pedido e a da concessão da patente.

§ 1º Se o infrator obteve, por qualquer meio, conhecimento do conteúdo do pedido depositado,


anteriormente à publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da
indenização a partir da data de início da exploração.

§ 2º Quando o objeto do pedido de patente se referir a material biológico, depositado na forma do


parágrafo único do art. 24, o direito à indenização será somente conferido quando o material
biológico se tiver tornado acessível ao público.

§ 3º O direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao período
anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto, na forma do art. 41.

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Seção II

Do Usuário Anterior

Art. 45. À pessoa de boa fé que, antes da data de depósito ou de prioridade de pedido de
patente, explorava seu objeto no País, será assegurado o direito de continuar a exploração, sem
ônus, na forma e condição anteriores.

§ 1º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou
empresa, ou parte desta que tenha direta relação com a exploração do objeto da patente, por
alienação ou arrendamento.

§ 2º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto da patente através de divulgação na forma do art. 12, desde que o
pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulgação.

CAPÍTULO VI

DA NULIDADE DA PATENTE

Seção I
Das Disposições Gerais

Art. 46. É nula a patente concedida contrariando as disposições desta Lei.

Art. 47. A nulidade poderá não incidir sobre todas as reivindicações, sendo condição para a
nulidade parcial o fato de as reivindicações subsistentes constituírem matéria patenteável por si
mesmas.

Art. 48. A nulidade da patente produzirá efeitos a partir da data do depósito do pedido.
Art. 49. No caso de inobservância do disposto no art. 6º, o inventor poderá, alternativamente,
reivindicar, em ação judicial, a adjudicação da patente.

Seção II

Do Processo Administrativo de Nulidade

Art. 50. A nulidade da patente será declarada administrativamente quando:

I - não tiver sido atendido qualquer dos requisitos legais;

II - o relatório e as reivindicações não atenderem ao disposto nos arts. 24 e 25, respectivamente;

III - o objeto da patente se estenda além do conteúdo do pedido originalmente depositado; ou

IV - no seu processamento, tiver sido omitida qualquer das formalidades essenciais,


indispensáveis à concessão.

Art. 51. O processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou mediante requerimento de
qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 6 (seis) meses contados da concessão da
patente.

Parágrafo único. O processo de nulidade prosseguirá ainda que extinta a patente.

Art. 52. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.

Art. 53. Havendo ou não manifestação, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI emitirá
parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum de 60

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(sessenta) dias.

Art. 54. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentadas as
manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância
administrativa.

Art. 55. Aplicam-se, no que couber, aos certificados de adição, as disposições desta Seção.

Seção III

Da Ação de Nulidade

Art. 56. A ação de nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo da vigência da patente, pelo
INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse.

§ 1º A nulidade da patente poderá ser argüida, a qualquer tempo, como matéria de defesa.

§ 2º O juiz poderá, preventiva ou incidentalmente, determinar a suspensão dos efeitos da


patente, atendidos os requisitos processuais próprios.

Art. 57. A ação de nulidade de patente será ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando
não for autor, intervirá no feito.

§ 1º O prazo para resposta do réu titular da patente será de 60 (sessenta) dias.

§ 2º Transitada em julgado a decisão da ação de nulidade, o INPI publicará anotação, para


ciência de terceiros.

CAPÍTULO VII

DA CESSÃO E DAS ANOTAÇÕES

Art. 58. O pedido de patente ou a patente, ambos de conteúdo indivisível, poderão ser cedidos,
total ou parcialmente.

Art. 59. O INPI fará as seguintes anotações:

I - da cessão, fazendo constar a qualificação completa do cessionário;

II - de qualquer limitação ou ônus que recaia sobre o pedido ou a patente; e

III - das alterações de nome, sede ou endereço do depositante ou titular.

Art. 60. As anotações produzirão efeito em relação a terceiros a partir da data de sua publicação.

CAPÍTULO VIII

DAS LICENÇAS

Seção I

Da Licença Voluntária

Art. 61. O titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para
exploração.

Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes para agir em
defesa da patente.

Art. 62. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza efeitos em relação

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a terceiros.

§ 1º A averbação produzirá efeitos em relação a terceiros a partir da data de sua publicação.

§ 2º Para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não precisará estar averbado
no INPI.

Art. 63. O aperfeiçoamento introduzido em patente licenciada pertence a quem o fizer, sendo
assegurado à outra parte contratante o direito de preferência para seu licenciamento.

Seção II

Da Oferta de Licença

Art. 64. O titular da patente poderá solicitar ao INPI que a coloque em oferta para fins de
exploração.

§ 1º O INPI promoverá a publicação da oferta.

§ 2º Nenhum contrato de licença voluntária de caráter exclusivo será averbado no INPI sem que
o titular tenha desistido da oferta.

§ 3º A patente sob licença voluntária, com caráter de exclusividade, não poderá ser objeto de
oferta.

§ 4º O titular poderá, a qualquer momento, antes da expressa aceitação de seus termos pelo
interessado, desistir da oferta, não se aplicando o disposto no art. 66.

Art. 65. Na falta de acordo entre o titular e o licenciado, as partes poderão requerer ao INPI o
arbitramento da remuneração.

§ 1º Para efeito deste artigo, o INPI observará o disposto no § 4º do art. 73.

§ 2º A remuneração poderá ser revista decorrido 1 (um) ano de sua fixação.

Art. 66. A patente em oferta terá sua anuidade reduzida à metade no período compreendido
entre o oferecimento e a concessão da primeira licença, a qualquer título.

Art. 67. O titular da patente poderá requerer o cancelamento da licença se o licenciado não der
início à exploração efetiva dentro de 1 (um) ano da concessão, interromper a exploração por
prazo superior a 1 (um) ano, ou, ainda, se não forem obedecidas as condições para a
exploração.

Seção III

Da Licença Compulsória

Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos
dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico,
comprovado nos termos da lei, por decisão administrativa ou judicial.

§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:

I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de fabricação ou


fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado,
ressalvados os casos de inviabilidade econômica, quando será admitida a importação; ou

II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado.

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§ 2º A licença só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que tenha
capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente, que
deverá destinar-se, predominantemente, ao mercado interno, extinguindo-se nesse caso a
excepcionalidade prevista no inciso I do parágrafo anterior.

§ 3º No caso de a licença compulsória ser concedida em razão de abuso de poder econômico, ao


licenciado, que propõe fabricação local, será garantido um prazo, limitado ao estabelecido no art.
74, para proceder à importação do objeto da licença, desde que tenha sido colocado no mercado
diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.

§ 4º No caso de importação para exploração de patente e no caso da importação prevista no


parágrafo anterior, será igualmente admitida a importação por terceiros de produto fabricado de
acordo com patente de processo ou de produto, desde que tenha sido colocado no mercado
diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.

§ 5º A licença compulsória de que trata o § 1º somente será requerida após decorridos 3 (três)
anos da concessão da patente.

Art. 69. A licença compulsória não será concedida se, à data do requerimento, o titular:

I - justificar o desuso por razões legítimas;

II - comprovar a realização de sérios e efetivos preparativos para a exploração; ou

III - justificar a falta de fabricação ou comercialização por obstáculo de ordem legal.

Art. 70. A licença compulsória será ainda concedida quando, cumulativamente, se verificarem as
seguintes hipóteses:

I - ficar caracterizada situação de dependência de uma patente em relação a outra;

II - o objeto da patente dependente constituir substancial progresso técnico em relação à patente


anterior; e

III - o titular não realizar acordo com o titular da patente dependente para exploração da patente
anterior.

§ 1º Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja exploração depende
obrigatoriamente da utilização do objeto de patente anterior.

§ 2º Para efeito deste artigo, uma patente de processo poderá ser considerada dependente de
patente do produto respectivo, bem como uma patente de produto poderá ser dependente de
patente de processo.

§ 3º O titular da patente licenciada na forma deste artigo terá direito a licença compulsória
cruzada da patente dependente.

Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder
Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa
necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva,
para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.

Parágrafo único. O ato de concessão da licença estabelecerá seu prazo de vigência e a


possibilidade de prorrogação.

Art. 72. As licenças compulsórias serão sempre concedidas sem exclusividade, não se admitindo
o sublicenciamento.

Art. 73. O pedido de licença compulsória deverá ser formulado mediante indicação das condições

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oferecidas ao titular da patente.

§ 1º Apresentado o pedido de licença, o titular será intimado para manifestar-se no prazo de 60


(sessenta) dias, findo o qual, sem manifestação do titular, será considerada aceita a proposta
nas condições oferecidas.

§ 2º O requerente de licença que invocar abuso de direitos patentários ou abuso de poder


econômico deverá juntar documentação que o comprove.

§ 3º No caso de a licença compulsória ser requerida com fundamento na falta de exploração,


caberá ao titular da patente comprovar a exploração.

§ 4º Havendo contestação, o INPI poderá realizar as necessárias diligências, bem como designar
comissão, que poderá incluir especialistas não integrantes dos quadros da autarquia, visando
arbitrar a remuneração que será paga ao titular.

§ 5º Os órgãos e entidades da administração pública direta ou indireta, federal, estadual e


municipal, prestarão ao INPI as informações solicitadas com o objetivo de subsidiar o
arbitramento da remuneração.

§ 6º No arbitramento da remuneração, serão consideradas as circunstâncias de cada caso,


levando-se em conta, obrigatoriamente, o valor econômico da licença concedida.

§ 7º Instruído o processo, o INPI decidirá sobre a concessão e condições da licença compulsória


no prazo de 60 (sessenta) dias.

§ 8º O recurso da decisão que conceder a licença compulsória não terá efeito suspensivo.

Art. 74. Salvo razões legítimas, o licenciado deverá iniciar a exploração do objeto da patente no
prazo de 1 (um) ano da concessão da licença, admitida a interrupção por igual prazo.

§ 1º O titular poderá requerer a cassação da licença quando não cumprido o disposto neste
artigo.

§ 2º O licenciado ficará investido de todos os poderes para agir em defesa da patente.

§ 3º Após a concessão da licença compulsória, somente será admitida a sua cessão quando
realizada conjuntamente com a cessão, alienação ou arrendamento da parte do empreendimento
que a explore.

CAPÍTULO IX

DA PATENTE DE INTERESSE DA DEFESA NACIONAL

Art. 75. O pedido de patente originário do Brasil cujo objeto interesse à defesa nacional será
processado em caráter sigiloso e não estará sujeito às publicações previstas nesta Lei.

§ 1º O INPI encaminhará o pedido, de imediato, ao órgão competente do Poder Executivo para,


no prazo de 60 (sessenta) dias, manifestar-se sobre o caráter sigiloso. Decorrido o prazo sem a
manifestação do órgão competente, o pedido será processado normalmente.

§ 2º É vedado o depósito no exterior de pedido de patente cujo objeto tenha sido considerado de
interesse da defesa nacional, bem como qualquer divulgação do mesmo, salvo expressa
autorização do órgão competente.

§ 3º A exploração e a cessão do pedido ou da patente de interesse da defesa nacional estão


condicionadas à prévia autorização do órgão competente, assegurada indenização sempre que
houver restrição dos direitos do depositante ou do titular.

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CAPÍTULO X

DO CERTIFICADO DE ADIÇÃO DE INVENÇÃO

Art. 76. O depositante do pedido ou titular de patente de invenção poderá requerer, mediante
pagamento de retribuição específica, certificado de adição para proteger aperfeiçoamento ou
desenvolvimento introduzido no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventiva,
desde que a matéria se inclua no mesmo conceito inventivo.

§ 1º Quando tiver ocorrido a publicação do pedido principal, o pedido de certificado de adição


será imediatamente publicado.

§ 2º O exame do pedido de certificado de adição obedecerá ao disposto nos arts. 30 a 37,


ressalvado o disposto no parágrafo anterior.

§ 3º O pedido de certificado de adição será indeferido se o seu objeto não apresentar o mesmo
conceito inventivo.

§ 4º O depositante poderá, no prazo do recurso, requerer a transformação do pedido de


certificado de adição em pedido de patente, beneficiando-se da data de depósito do pedido de
certificado, mediante pagamento das retribuições cabíveis.

Art. 77. O certificado de adição é acessório da patente, tem a data final de vigência desta e
acompanha-a para todos os efeitos legais.

Parágrafo único. No processo de nulidade, o titular poderá requerer que a matéria contida no
certificado de adição seja analisada para se verificar a possibilidade de sua subsistência, sem
prejuízo do prazo de vigência da patente.

CAPÍTULO XI

DA EXTINÇÃO DA PATENTE

Art. 78. A patente extingue-se:

I - pela expiração do prazo de vigência;

II - pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;

III - pela caducidade;

IV - pela falta de pagamento da retribuição anual, nos prazos previstos no § 2º do art. 84 e no art.
87; e

V - pela inobservância do disposto no art. 217.

Parágrafo único. Extinta a patente, o seu objeto cai em domínio público.

Art. 79. A renúncia só será admitida se não prejudicar direitos de terceiros.

Art. 80. Caducará a patente, de ofício ou a requerimento de qualquer pessoa com legítimo
interesse, se, decorridos 2 (dois) anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo
não tiver sido suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis.

§ 1º A patente caducará quando, na data do requerimento da caducidade ou da instauração de


ofício do respectivo processo, não tiver sido iniciada a exploração.

§ 2º No processo de caducidade instaurado a requerimento, o INPI poderá prosseguir se houver


desistência do requerente.

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Art. 81. O titular será intimado mediante publicação para se manifestar, no prazo de 60
(sessenta) dias, cabendo-lhe o ônus da prova quanto à exploração.

Art. 82. A decisão será proferida dentro de 60 (sessenta) dias, contados do término do prazo
mencionado no artigo anterior.

Art. 83. A decisão da caducidade produzirá efeitos a partir da data do requerimento ou da


publicação da instauração de ofício do processo.

CAPÍTULO XII

DA RETRIBUIÇÃO ANUAL

Art. 84. O depositante do pedido e o titular da patente estão sujeitos ao pagamento de retribuição
anual, a partir do início do terceiro ano da data do depósito.
§ 1º O pagamento antecipado da retribuição anual será regulado pelo INPI.

§ 2º O pagamento deverá ser efetuado dentro dos primeiros 3 (três) meses de cada período
anual, podendo, ainda, ser feito, independente de notificação, dentro dos 6 (seis) meses
subseqüentes, mediante pagamento de retribuição adicional.

Art. 85. O disposto no artigo anterior aplica-se aos pedidos internacionais depositados em virtude
de tratado em vigor no Brasil, devendo o pagamento das retribuições anuais vencidas antes da
data da entrada no processamento nacional ser efetuado no prazo de 3 (três) meses dessa data.

Art. 86. A falta de pagamento da retribuição anual, nos termos dos arts. 84 e 85, acarretará o
arquivamento do pedido ou a extinção da patente.

Capítulo XIII

DA RESTAURAÇÃO

Art. 87. O pedido de patente e a patente poderão ser restaurados, se o depositante ou o titular
assim o requerer, dentro de 3 (três) meses, contados da notificação do arquivamento do pedido
ou da extinção da patente, mediante pagamento de retribuição específica.

CAPÍTULO XIV

DA INVENÇÃO E DO MODELO DE UTILIDADE

REALIZADO POR EMPREGADO OU PRESTADOR DE SERVIÇO

Art. 88. A invenção e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador quando


decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a
pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o
empregado contratado.

§ 1º Salvo expressa disposição contratual em contrário, a retribuição pelo trabalho a que se


refere este artigo limita-se ao salário ajustado.

§ 2º Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na vigência do contrato a invenção


ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado até 1 (um) ano após a
extinção do vínculo empregatício.

Art. 89. O empregador, titular da patente, poderá conceder ao empregado, autor de invento ou
aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente,
mediante negociação com o interessado ou conforme disposto em norma da empresa.

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Parágrafo único. A participação referida neste artigo não se incorpora, a qualquer título, ao
salário do empregado.

Art. 90. Pertencerá exclusivamente ao empregado a invenção ou o modelo de utilidade por ele
desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e não decorrente da utilização de
recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipamentos do empregador.

Art. 91. A propriedade de invenção ou de modelo de utilidade será comum, em partes iguais,
quando resultar da contribuição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais,
instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposição contratual em
contrário.

§ 1º Sendo mais de um empregado, a parte que lhes couber será dividida igualmente entre
todos, salvo ajuste em contrário.

§ 2º É garantido ao empregador o direito exclusivo de licença de exploração e assegurada ao


empregado a justa remuneração.

§ 3º A exploração do objeto da patente, na falta de acordo, deverá ser iniciada pelo empregador
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado da data de sua concessão, sob pena de passar à
exclusiva propriedade do empregado a titularidade da patente, ressalvadas as hipóteses de falta
de exploração por razões legítimas.

§ 4º No caso de cessão, qualquer dos co-titulares, em igualdade de condições, poderá exercer o


direito de preferência.

Art. 92. O disposto nos artigos anteriores aplica-se, no que couber, às relações entre o
trabalhador autônomo ou o estagiário e a empresa contratante e entre empresas contratantes e
contratadas.

Art. 93. Aplica-se o disposto neste Capítulo, no que couber, às entidades da Administração
Pública, direta, indireta e fundacional, federal, estadual ou municipal.

Parágrafo único. Na hipótese do art. 88, será assegurada ao inventor, na forma e condições
previstas no estatuto ou regimento interno da entidade a que se refere este artigo, premiação de
parcela no valor das vantagens auferidas com o pedido ou com a patente, a título de incentivo.

TÍTULO II

DOS DESENHOS INDUSTRIAIS

CAPÍTULO I

DA TITULARIDADE

Art. 94. Ao autor será assegurado o direito de obter registro de desenho industrial que lhe confira
a propriedade, nas condições estabelecidas nesta Lei.

Parágrafo único. Aplicam-se ao registro de desenho industrial, no que couber, as disposições dos
arts. 6º e 7º.

CAPÍTULO II

DA REGISTRABILIDADE

Seção I

Dos Desenhos Industriais Registráveis

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Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto
ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado
visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial.

Art. 96. O desenho industrial é considerado novo quando não compreendido no estado da
técnica.

§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data
de depósito do pedido, no Brasil ou no exterior, por uso ou qualquer outro meio, ressalvado o
disposto no § 3º deste artigo e no art. 99.

§ 2º Para aferição unicamente da novidade, o conteúdo completo de pedido de patente ou de


registro depositado no Brasil, e ainda não publicado, será considerado como incluído no estado
da técnica a partir da data de depósito, ou da prioridade reivindicada, desde que venha a ser
publicado, mesmo que subseqüentemente.

§ 3º Não será considerado como incluído no estado da técnica o desenho industrial cuja
divulgação tenha ocorrido durante os 180 (cento e oitenta) dias que precederem a data do
depósito ou a da prioridade reivindicada, se promovida nas situações previstas nos incisos I a III
do art. 12.

Art. 97. O desenho industrial é considerado original quando dele resulte uma configuração visual
distintiva, em relação a outros objetos anteriores.

Parágrafo único. O resultado visual original poderá ser decorrente da combinação de elementos
conhecidos.

Art. 98. Não se considera desenho industrial qualquer obra de caráter puramente artístico.

Seção II

Da Prioridade

Art. 99. Aplicam-se ao pedido de registro, no que couber, as disposições do art. 16, exceto o
prazo previsto no seu § 3º, que será de 90 (noventa) dias.

Seção III

Dos Desenhos Industriais Não Registráveis

Art. 100. Não é registrável como desenho industrial:

I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de
pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimentos
dignos de respeito e veneração;

II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente
por considerações técnicas ou funcionais.

CAPÍTULO III

DO PEDIDO DE REGISTRO

Seção I

Do Depósito do Pedido

Art. 101. O pedido de registro, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá:

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I - requerimento;

II - relatório descritivo, se for o caso;

III - reivindicações, se for o caso;

IV - desenhos ou fotografias;

V - campo de aplicação do objeto; e

VI - comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.

Parágrafo único. Os documentos que integram o pedido de registro deverão ser apresentados
em língua portuguesa.

Art. 102. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente
instruído, será protocolizado, considerada a data do depósito a da sua apresentação.

Art. 103. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 101, mas que contiver dados
suficientes relativos ao depositante, ao desenho industrial e ao autor, poderá ser entregue,
mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, em 5
(cinco) dias, sob pena de ser considerado inexistente.

Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data
da apresentação do pedido.

Seção II

Das Condições do Pedido

Art. 104. O pedido de registro de desenho industrial terá que se referir a um único objeto,
permitida uma pluralidade de variações, desde que se destinem ao mesmo propósito e guardem
entre si a mesma característica distintiva preponderante, limitado cada pedido ao máximo de 20
(vinte) variações.

Parágrafo único. O desenho deverá representar clara e suficientemente o objeto e suas


variações, se houver, de modo a possibilitar sua reprodução por técnico no assunto.

Art. 105. Se solicitado o sigilo na forma do § 1º do art. 106, poderá o pedido ser retirado em até
90 (noventa) dias contados da data do depósito.

Parágrafo único. A retirada de um depósito anterior sem produção de qualquer efeito dará
prioridade ao depósito imediatamente posterior.

Seção III

Do Processo e do Exame do Pedido

Art. 106. Depositado o pedido de registro de desenho industrial e observado o disposto nos arts.
100, 101 e 104, será automaticamente publicado e simultaneamente concedido o registro,
expedindo-se o respectivo certificado.

§ 1º A requerimento do depositante, por ocasião do depósito, poderá ser mantido em sigilo o


pedido, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data do depósito, após o que será
processado.

§ 2º Se o depositante se beneficiar do disposto no art. 99, aguardar-se-á a apresentação do


documento de prioridade para o processamento do pedido.

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§ 3º Não atendido o disposto nos arts. 101 e 104, será formulada exigência, que deverá ser
respondida em 60 (sessenta) dias, sob pena de arquivamento definitivo.

§ 4º Não atendido o disposto no art. 100, o pedido de registro será indeferido.

CAPÍTULO IV

DA CONCESSÃO E DA VIGÊNCIA DO REGISTRO

Art. 107. Do certificado deverão constar o número e o título, nome do autor - observado o
disposto no § 4º do art. 6º, o nome, a nacionalidade e o domicílio do titular, o prazo de vigência,
os desenhos, os dados relativos à prioridade estrangeira, e, quando houver, relatório descritivo e
reivindicações.

Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito,
prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.

§ 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro,
instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição.

§ 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido formulado até o termo final da vigência do
registro, o titular poderá fazê-lo nos 180 (cento e oitenta) dias subseqüentes, mediante o
pagamento de retribuição adicional.

CAPÍTULO V

DA PROTEÇÃO CONFERIDA PELO REGISTRO

Art. 109. A propriedade do desenho industrial adquire-se pelo registro validamente concedido.

Parágrafo único. Aplicam-se ao registro do desenho industrial, no que couber, as disposições do


art. 42 e dos incisos I, II e IV do art. 43.

Art. 110. À pessoa que, de boa fé, antes da data do depósito ou da prioridade do pedido de
registro explorava seu objeto no País, será assegurado o direito de continuar a exploração, sem
ônus, na forma e condição anteriores.

§ 1º O direito conferido na forma deste artigo só poderá ser cedido juntamente com o negócio ou
empresa, ou parte deste, que tenha direta relação com a exploração do objeto do registro, por
alienação ou arrendamento.

§ 2º O direito de que trata este artigo não será assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto do registro através de divulgação nos termos do § 3º do art. 96, desde
que o pedido tenha sido depositado no prazo de 6 (seis) meses contados da divulgação.

CAPÍTULO VI

DO EXAME DE MÉRITO

Art. 111. O titular do desenho industrial poderá requerer o exame do objeto do registro, a
qualquer tempo da vigência, quanto aos aspectos de novidade e de originalidade.

Parágrafo único. O INPI emitirá parecer de mérito, que, se concluir pela ausência de pelo menos
um dos requisitos definidos nos arts. 95 a 98, servirá de fundamento para instauração de ofício
de processo de nulidade do registro.

CAPÍTULO VII

DA NULIDADE DO REGISTRO

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Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 112. É nulo o registro concedido em desacordo com as disposições desta Lei.

§ 1º A nulidade do registro produzirá efeitos a partir da data do depósito do pedido.

§ 2º No caso de inobservância do disposto no art. 94, o autor poderá, alternativamente,


reivindicar a adjudicação do registro.

Seção II

Do Processo Administrativo de Nulidade

Art. 113. A nulidade do registro será declarada administrativamente quando tiver sido concedido
com infringência dos arts. 94 a 98.

§ 1º O processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou mediante requerimento de


qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 5 (cinco) anos contados da concessão do
registro, ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único do art. 111.
§ 2º O requerimento ou a instauração de ofício suspenderá os efeitos da concessão do registro
se apresentada ou publicada no prazo de 60 (sessenta) dias da concessão.

Art. 114. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias contados da
data da publicação.

Art. 115. Havendo ou não manifestação, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI
emitirá parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum de 60
(sessenta) dias.

Art. 116. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentadas as
manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância
administrativa.

Art. 117. O processo de nulidade prosseguirá, ainda que extinto o registro.

Seção III

Da Ação de Nulidade
Art. 118. Aplicam-se à ação de nulidade de registro de desenho industrial, no que couber, as
disposições dos arts. 56 e 57.

CAPÍTULO VIII

DA EXTINÇÃO DO REGISTRO

Art. 119. O registro extingue-se:

I - pela expiração do prazo de vigência;

II - pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;

III - pela falta de pagamento da retribuição prevista nos arts. 108 e 120; ou

IV - pela inobservância do disposto no art. 217.

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CAPÍTULO IX

DA RETRIBUIÇÃO QÜINQÜENAL

Art. 120. O titular do registro está sujeito ao pagamento de retribuição qüinqüenal, a partir do
segundo qüinqüênio da data do depósito.

§ 1º O pagamento do segundo qüinqüênio será feito durante o 5º (quinto) ano da vigência do


registro.

§ 2º O pagamento dos demais qüinqüênios será apresentado junto com o pedido de prorrogação
a que se refere o art. 108.

§ 3º O pagamento dos qüinqüênios poderá ainda ser efetuado dentro dos 6 (seis) meses
subseqüentes ao prazo estabelecido no parágrafo anterior, mediante pagamento de retribuição
adicional.

CAPÍTULO X

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 121. As disposições dos arts. 58 a 63 aplicam-se, no que couber, à matéria de que trata o
presente Título, disciplinando-se o direito do empregado ou prestador de serviços pelas
disposições dos arts. 88 a 93.

TÍTULO III

DAS MARCAS

CAPÍTULO I

DA REGISTRABILIDADE

Seção I

Dos Sinais Registráveis Como Marca

Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis,
não compreendidos nas proibições legais.

Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro
idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa;

II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço


com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade,
natureza, material utilizado e metodologia empregada; e

III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de
uma determinada entidade.

Seção II

Dos Sinais Não Registráveis Como Marca

Art. 124. Não s o registráveis como marca:

I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos,


nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação;

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II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;

III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou
que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença,
culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração;

IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela
própria entidade ou órgão público;

V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de


estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação
com estes sinais distintivos;

VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando


tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para
designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor,
qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;

VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;

VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e


distintivo;

IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa
falsamente induzir indicação geográfica;

X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou
utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;

XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de


qualquer gênero ou natureza;

XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de
certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;

XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico
ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar
confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do
evento;

XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;

XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo
com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;

XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo
com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;

XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo
direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento
do autor ou titular;

XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto
ou serviço a distinguir;

XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia
registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível

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de causar confusão ou associação com marca alheia;

XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no


caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva;

XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda,


aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico;

XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e

XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente
não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em
território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure
reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico,
semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.

Seção III

Marca de Alto Renome

Art. 125. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada proteção
especial, em todos os ramos de atividade.

Seção IV

Marca Notoriamente Conhecida

Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6º bis (I),
da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção
especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil.

§ 1º A proteção de que trata este artigo aplica-se também às marcas de serviço.

§ 2º O INPI poderá indeferir de ofício pedido de registro de marca que reproduza ou imite, no
todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.

CAPÍTULO II

PRIORIDADE

Art. 127. Ao pedido de registro de marca depositado em país que mantenha acordo com o Brasil
ou em organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, será assegurado
direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem
prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.

§ 1º A reivindicação da prioridade será feita no ato de depósito, podendo ser suplementada


dentro de 60 (sessenta) dias, por outras prioridades anteriores à data do depósito no Brasil.

§ 2º A reivindicação da prioridade será comprovada por documento hábil da origem, contendo o


número, a data e a reprodução do pedido ou do registro, acompanhado de tradução simples, cujo
teor será de inteira responsabilidade do depositante.

§ 3º Se não efetuada por ocasião do depósito, a comprovação deverá ocorrer em até 4 (quatro)
meses, contados do depósito, sob pena de perda da prioridade.

§ 4º Tratando-se de prioridade obtida por cessão, o documento correspondente deverá ser


apresentado junto com o próprio documento de prioridade.

CAPÍTULO III

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DOS REQUERENTES DE REGISTRO

Art. 128. Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou
de direito privado.

§ 1º As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que
exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta ou
indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei.

§ 2º O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica representativa de
coletividade, a qual poderá exercer atividade distinta da de seus membros.

§ 3º O registro da marca de certificação só poderá ser requerido por pessoa sem interesse
comercial ou industrial direto no produto ou serviço atestado.

§ 4º A reivindicação de prioridade não isenta o pedido da aplicação dos dispositivos constantes


deste Título.

CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS SOBRE A MARCA

Seção I

Aquisição

Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as
disposições desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território
nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148.

§ 1º Toda pessoa que, de boa fé, na data da prioridade ou depósito, usava no País, há pelo
menos 6 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para distinguir ou certificar produto ou
serviço idêntico, semelhante ou afim, terá direito de precedência ao registro.

§ 2º O direito de precedência somente poderá ser cedido juntamente com o negócio da empresa,
ou parte deste, que tenha direta relação com o uso da marca, por alienação ou arrendamento.

Seção II

Da Proteção Conferida Pelo Registro

Art. 130. Ao titular da marca ou ao depositante é ainda assegurado o direito de:

I - ceder seu registro ou pedido de registro;

II - licenciar seu uso;

III - zelar pela sua integridade material ou reputação.

Art. 131. A proteção de que trata esta Lei abrange o uso da marca em papéis, impressos,
propaganda e documentos relativos à atividade do titular.

Art. 132. O titular da marca não poderá:

I - impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhes são próprios,
juntamente com a marca do produto, na sua promoção e comercialização;

II - impedir que fabricantes de acessórios utilizem a marca para indicar a destinação do produto,
desde que obedecidas as práticas leais de concorrência;

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III - impedir a livre circulação de produto colocado no mercado interno, por si ou por outrem com
seu consentimento, ressalvado o disposto nos §§ 3º e 4º do art. 68; e

IV - impedir a citação da marca em discurso, obra científica ou literária ou qualquer outra


publicação, desde que sem conotação comercial e sem prejuízo para seu caráter distintivo.

Capítulo V

DA VIGÊNCIA, DA CESSÃO E DAS ANOTAÇÕES

Seção I

Da Vigência

Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da
concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.

§ 1º O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro,
instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição.

§ 2º Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro,
o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subseqüentes, mediante o pagamento de retribuição
adicional.

§ 3º A prorrogação não será concedida se não atendido o disposto no art. 128.

Seção II

Da Cessão

Art. 134. O pedido de registro e o registro poderão ser cedidos, desde que o cessionário atenda
aos requisitos legais para requerer tal registro.

Art. 135. A cessão deverá compreender todos os registros ou pedidos, em nome do cedente, de
marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, sob
pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos pedidos não cedidos.

Seção III

Das Anotações

Art. 136. O INPI fará as seguintes anotações:


I - da cessão, fazendo constar a qualificação completa do cessionário;

II - de qualquer limitação ou ônus que recaia sobre o pedido ou registro; e

III - das alterações de nome, sede ou endereço do depositante ou titular.

Art. 137. As anotações produzirão efeitos em relação a terceiros a partir da data de sua
publicação.

Art. 138. Cabe recurso da decisão que:

I - indeferir anotação de cessão;

II - cancelar o registro ou arquivar o pedido, nos termos do art. 135.

Seção IV

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Da Licença de Uso

Art. 139. O titular de registro ou o depositante de pedido de registro poderá celebrar contrato de
licença para uso da marca, sem prejuízo de seu direito de exercer controle efetivo sobre as
especificações, natureza e qualidade dos respectivos produtos ou serviços.

Parágrafo único. O licenciado poderá ser investido pelo titular de todos os poderes para agir em
defesa da marca, sem prejuízo dos seus próprios direitos.

Art. 140. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza efeitos em relação
a terceiros.

§ 1º A averbação produzirá efeitos em relação a terceiros a partir da data de sua publicação.

§ 2º Para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não precisará estar averbado
no INPI.

Art. 141. Da decisão que indeferir a averbação do contrato de licença cabe recurso.

CAPÍTULO VI

DA PERDA DOS DIREITOS

Art. 142. O registro da marca extingue-se:

I - pela expiração do prazo de vigência;

II - pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou serviços
assinalados pela marca;

III - pela caducidade; ou

IV - pela inobservância do disposto no art. 217.

Art. 143 - Caducará o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse se,
decorridos 5 (cinco) anos da sua concessão, na data do requerimento:

I - o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil; ou

II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos, ou se, no
mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de seu caráter
distintivo original, tal como constante do certificado de registro.
§ 1º Não ocorrerá caducidade se o titular justificar o desuso da marca por razões legítimas.

§ 2º O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias, cabendo-lhe o


ônus de provar o uso da marca ou justificar seu desuso por razões legítimas.

Art. 144. O uso da marca deverá compreender produtos ou serviços constantes do certificado,
sob pena de caducar parcialmente o registro em relação aos não semelhantes ou afins daqueles
para os quais a marca foi comprovadamente usada.

Art. 145. Não se conhecerá do requerimento de caducidade se o uso da marca tiver sido
comprovado ou justificado seu desuso em processo anterior, requerido há menos de 5 (cinco)
anos.

Art. 146. Da decisão que declarar ou denegar a caducidade caberá recurso.

CAPÍTULO VII

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DAS MARCAS COLETIVAS E DE CERTIFICAÇÃO

Art. 147. O pedido de registro de marca coletiva conterá regulamento de utilização, dispondo
sobre condições e proibições de uso da marca.

Parágrafo único. O regulamento de utilização, quando não acompanhar o pedido, deverá ser
protocolizado no prazo de 60 (sessenta) dias do depósito, sob pena de arquivamento definitivo
do pedido.

Art. 148. O pedido de registro da marca de certificação conterá:

I - as características do produto ou serviço objeto de certificação; e

II - as medidas de controle que serão adotadas pelo titular.

Parágrafo único. A documentação prevista nos incisos I e II deste artigo, quando não
acompanhar o pedido, deverá ser protocolizada no prazo de 60 (sessenta) dias, sob pena de
arquivamento definitivo do pedido.

Art. 149. Qualquer alteração no regulamento de utilização deverá ser comunicada ao INPI,
mediante petição protocolizada, contendo todas as condições alteradas, sob pena de não ser
considerada.

Art. 150. O uso da marca independe de licença, bastando sua autorização no regulamento de
utilização.

Art. 151. Além das causas de extinção estabelecidas no art. 142, o registro da marca coletiva e
de certificação extingue-se quando:

I - a entidade deixar de existir; ou

II - a marca for utilizada em condições outras que não aquelas previstas no regulamento de
utilização.

Art. 152. Só será admitida a renúncia ao registro de marca coletiva quando requerida nos termos
do contrato social ou estatuto da própria entidade, ou, ainda, conforme o regulamento de
utilização.

Art. 153. A caducidade do registro será declarada se a marca coletiva não for usada por mais de
uma pessoa autorizada, observado o disposto nos arts. 143 a 146.

Art. 154. A marca coletiva e a de certificação que já tenham sido usadas e cujos registros tenham
sido extintos não poderão ser registradas em nome de terceiro, antes de expirado o prazo de 5
(cinco) anos, contados da extinção do registro.

CAPÍTULO VIII

DO DEPÓSITO

Art. 155. O pedido deverá referir-se a um único sinal distintivo e, nas condições estabelecidas
pelo INPI, conterá:

I - requerimento;

II - etiquetas, quando for o caso; e

III - comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.

Parágrafo único. O requerimento e qualquer documento que o acompanhe deverão ser

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apresentados em língua portuguesa e, quando houver documento em língua estrangeira, sua


tradução simples deverá ser apresentada no ato do depósito ou dentro dos 60 (sessenta) dias
subseqüentes, sob pena de não ser considerado o documento.

Art. 156. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente
instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação.

Art. 157. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 155, mas que contiver dados
suficientes relativos ao depositante, sinal marcário e classe, poderá ser entregue, mediante
recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas pelo depositante, em
5 (cinco) dias, sob pena de ser considerado inexistente.

Parágrafo único. Cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data
da apresentação do pedido.

CAPÍTULO IX

DO EXAME

Art. 158. Protocolizado, o pedido será publicado para apresentação de oposição no prazo de 60
(sessenta) dias.

§ 1º O depositante será intimado da oposição, podendo se manifestar no prazo de 60 (sessenta)


dias.

§ 2º Não se conhecerá da oposição, nulidade administrativa ou de ação de nulidade se,


fundamentada no inciso XXIII do art. 124 ou no art. 126, não se comprovar, no prazo de 60
(sessenta) dias após a interposição, o depósito do pedido de registro da marca na forma desta
Lei.

Art. 159. Decorrido o prazo de oposição ou, se interposta esta, findo o prazo de manifestação,
será feito o exame, durante o qual poderão ser formuladas exigências, que deverão ser
respondidas no prazo de 60 (sessenta) dias.

§ 1º Não respondida a exigência, o pedido será definitivamente arquivado.

§ 2º Respondida a exigência, ainda que não cumprida, ou contestada a sua formulação, dar-se-á
prosseguimento ao exame.

Art. 160. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de
registro.
CAPÍTULO X

DA EXPEDIÇÃO DO CERTIFICADO DE REGISTRO

Art. 161. O certificado de registro será concedido depois de deferido o pedido e comprovado o
pagamento das retribuições correspondentes.

Art. 162. O pagamento das retribuições, e sua comprovação, relativas à expedição do certificado
de registro e ao primeiro decênio de sua vigência, deverão ser efetuados no prazo de 60
(sessenta) dias contados do deferimento.

Parágrafo único. A retribuição poderá ainda ser paga e comprovada dentro de 30 (trinta) dias
após o prazo previsto neste artigo, independentemente de notificação, mediante o pagamento de
retribuição específica, sob pena de arquivamento definitivo do pedido.

Art. 163. Reputa-se concedido o certificado de registro na data da publicação do respectivo ato.

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Art. 164. Do certificado deverão constar a marca, o número e data do registro, nome,
nacionalidade e domicílio do titular, os produtos ou serviços, as características do registro e a
prioridade estrangeira.

CAPÍTULO XI

DA NULIDADE DO REGISTRO

Seção I

Disposições Gerais

Art. 165. É nulo o registro que for concedido em desacordo com as disposições desta Lei.

Parágrafo único. A nulidade do registro poderá ser total ou parcial, sendo condição para a
nulidade parcial o fato de a parte subsistente poder ser considerada registrável.

Art. 166. O titular de uma marca registrada em país signatário da Convenção da União de Paris
para Proteção da Propriedade Industrial poderá, alternativamente, reivindicar, através de ação
judicial, a adjudicação do registro, nos termos previstos no art. 6º septies (1) daquela Convenção.

Art. 167. A declaração de nulidade produzirá efeito a partir da data do depósito do pedido.

Seção II

Do Processo Administrativo de Nulidade

Art. 168. A nulidade do registro será declarada administrativamente quando tiver sido concedida
com infringência do disposto nesta Lei.

Art. 169. O processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou mediante requerimento de
qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data
da expedição do certificado de registro.

Art. 170. O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.

Art. 171. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não apresentada a
manifestação, o processo será decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a instância
administrativa.

Art. 172. O processo de nulidade prosseguirá ainda que extinto o registro.

Seção III

Da Ação de Nulidade

Art. 173. A ação de nulidade poderá ser proposta pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo
interesse.

Parágrafo único. O juiz poderá, nos autos da ação de nulidade, determinar liminarmente a
suspensão dos efeitos do registro e do uso da marca, atendidos os requisitos processuais
próprios.

Art. 174. Prescreve em 5 (cinco) anos a ação para declarar a nulidade do registro, contados da
data da sua concessão.

Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça federal e o INPI, quando
não for autor, intervirá no feito.

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L9279

§ 1º O prazo para resposta do réu titular do registro será de 60 (sessenta) dias.

§ 2º Transitada em julgado a decisão da ação de nulidade, o INPI publicará anotação, para


ciência de terceiros.

TÍTULO IV

DAS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS

Art. 176. Constitui indicação geográfica a indicação de procedência ou a denominação de


origem.

Art. 177. Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção
ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.

Art. 178. Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características
se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

Art. 179. A proteção estender-se-á à representação gráfica ou figurativa da indicação geográfica,


bem como à representação geográfica de país, cidade, região ou localidade de seu território cujo
nome seja indicação geográfica.

Art. 180. Quando o nome geográfico se houver tornado de uso comum, designando produto ou
serviço, não será considerado indicação geográfica.

Art. 181. O nome geográfico que não constitua indicação de procedência ou denominação de
origem poderá servir de elemento característico de marca para produto ou serviço, desde que
não induza falsa procedência.

Art. 182. O uso da indicação geográfica é restrito aos produtores e prestadores de serviço
estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em relação às denominações de origem, o
atendimento de requisitos de qualidade.

Parágrafo único. O INPI estabelecerá as condições de registro das indicações geográficas.

TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL

CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA AS PATENTES

Art. 183. Comete crime contra patente de invenção ou de modelo de utilidade quem:

I - fabrica produto que seja objeto de patente de invenção ou de modelo de utilidade, sem
autorização do titular; ou

II - usa meio ou processo que seja objeto de patente de invenção, sem autorização do titular.

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

Art. 184. Comete crime contra patente de invenção ou de modelo de utilidade quem:

I - exporta, vende, expõe ou oferece à venda, tem em estoque, oculta ou recebe, para utilização
com fins econômicos, produto fabricado com violação de patente de invenção ou de modelo de
utilidade, ou obtido por meio ou processo patenteado; ou

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L9279

II - importa produto que seja objeto de patente de invenção ou de modelo de utilidade ou obtido
por meio ou processo patenteado no País, para os fins previstos no inciso anterior, e que não
tenha sido colocado no mercado externo diretamente pelo titular da patente ou com seu
consentimento.

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

Art. 185. Fornecer componente de um produto patenteado, ou material ou equipamento para


realizar um processo patenteado, desde que a aplicação final do componente, material ou
equipamento induza, necessariamente, à exploração do objeto da patente.

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

Art. 186. Os crimes deste Capítulo caracterizam-se ainda que a violação não atinja todas as
reivindicações da patente ou se restrinja à utilização de meios equivalentes ao objeto da patente.

CAPÍTULO II

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