A negociação trabalhista, que é um processo que busca da aceitação de
interesses visando o melhor resultado possível, teve em seu primeiro decreto lei a criação do sindicato único no Brasil, no ano de 1931. Ao estabelecer o imposto sindical e a CLT, o Estado ratificava o modelo trabalhista que planejava para o país e as ações possíveis da estrutura sindical eram atreladas a ele. O movimento renascentista possibilitou o aparecimento de lideranças mais fortes rensultando na criação de centrais altamente representativas, que, têm se submetido ao modelo legalístico e estatuário, dando origem a um sistema de cooptação que coloca o sindicalismo estreitamente vinculado ao Estado. Enquanto a classe trabalhadora vem se valendo dessa situação e buscando suas diferenças por meio de enfrentamentos individuais, a classe patronal vem sentindo a inutilidade do atual sistema negocial, tendo como argumento de força maior a unidade empresarial que emerge nos momentos de grandes decisões no campo das negociações trabalhistas. A empresa recorre ao seu sindicato patronal na esperança de encontrar o apoio e a solução de que tanto necessita, que por sua vez, lembra a empresa de não ceder à reivindicação, pois nesse caso estaria abrindo um precedente que custaria muito caro para todas as empresas do setor que teriam de ceder da mesma forma. Na guerra entre o capital e trabalho a massa trabalhadora termina sendo a grande vitoriosa e arrancando da empresa muito mais do que havia sido reivindicado e negociado, de forma que, à medida que a classe operária se organiza, aparelha-se para maiores conquistas e amplia a visão que tem como força social. A tendência na atualidade é que as partes capital- trabalho discutam suas pendências e necessidades no trato direto, o que antes se deixava sob a responsabilidade do Estado, sendo a década de 90 a que incorporou definitivamente esse hábito de negociar entre patrões e empregados, além da questão da própria legislação que foi sendo transformada no sentido de retirar essa presença do Estado da relação capital- trabalho, deixando as partes cada vez mais livres para resolver suas pendências. As primeiras “negociações” na área trabalhista deram-se no início do século, de forma muito esporádica e absolutamente desestruturada e nos momentos de pico os patrões apelavam para a repressão e a força policial sob a desculpa de “manutenção da ordem”. É apenas no ano de 1978 que explode um grande movimento sindical no ABC paulista, e nele, a negociação entre capital e trabalho. Os sistema de negociação trabalhista atual tem como objetivo final a assinatura de um instrumento que poder o Acordo Coletivo de Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho, sendo o Acordo Coletivo de Trabalho firmado para atender a uma empresa ou grupo de empresas, e a Convenção Coletiva, firma posições para toda uma categoria de trabalhadores e empresas. O custo da chamada unidade empresarial acaba sendo debitado totalmente dos próprios empresários, pois no confronto isolado essa unidade deixa de existir, tornando-se alvo fácil para o sindicato dos trabalhadores. A comissão de negociação é uma figura criada pela Federação das Indústrias a fim de representar os empresários na negociação com os sindicalistas, para discutir os termos da Convenção Coletiva de Trabalho. Essa comissão de negociação é formada por um coordenador, negociadores, subcomissão de economia, subcomissão de logística e subcomissão jurídica, onde o coordenador da mesa de negociação tem a responsabilidade de, entre outras funções, planejar o processo negocial, aprovar o esquema estratégico a ser usado, distribuir as tarefas entre os membros, abrir e encerrar os trabalhos na mesa, supervisionar os resultados do trabalho, responder pelas informações e resultados, atender à imprensa, etc; os negociadores geralmente são profissionais da área de RH ou jurídica das organizações ligadas aos sindicatos patronais; a subcomissão de economia tem a missão de analisar as reivindicações de uma maneira geral, apresentando um estudo do impacto da eventual concessão da cláusula e os custos empresariais, como também sugerir argumentações matemáticas e estatísticas para subsidiar a mesa negociadora; a subcomissão jurídica tem como responsabilidade assessorar os negociadores no que tange aos aspectos legais, sugerindo a auxiliando oa trabalhos de estudo e construção de cláusulas à luz dos argumentos legais; a subcomissão logística é geralmene responsável por analisar comportamentos, reações, anotar frases ou respostas consideradas importantes e registrar todo e qualquer componente que possa ser observado e considerado de interesse da bancada patronal. O processo de negociação trabalhista do lado patronal, prevê os seguintes passos: recebimento da pauta de reivindicações; análise das reivindicações; desenho do perfil situacional trabalhista-sindical; escolha dos membros da comissão de negociação; estabelecimento dos parâmetros das concessões; fixação das estratégias, táticas e logísticas negociais; contatos preliminares com o coordenador das negociações; estudo conjunto entre coordenadores das bancadas e negociação dos locais, cronogramas e táticas básicas a serem adotadas à mesa negocial; negociação da pauta; redação das cláusulas negociadas; assinatura do documento pelas partes; e homologação do documento nas instâncias legais. A Coonvenção Coletiva de Trabalho (CCT) no Brasil tem duração de 12 meses e nela estão enclausuradas reivindicações que regem as relações no âmbito regional nas áreas econômica, social e político-sindical, aceitando algumas reivindicações e as demais que não entram no rol da convenção são passadas para as empresas, o que gera o chamado Acordo Coletivo de Trabalho. O looping reivindicativo forma-se a partir de uma conquista alcançada em determinda empresa de uma região, que serve como elemento de pressão para outras empresas e assim por diante, e se por acaso a não se consagrar o acordo entre capital e trabalho, as partes, ou uma delas, recorrem ao poder judicial, por meio da Justiça do Trabalho. O papel da Delegacia Regional do Trabalho tem sido o de atuar como medida prévia antes da apelação dos tribunais. Foram instituídas na Constituição de 1988 as figuras do mediador, que é a figura do novo modelo negocial que está para ser adotado atingirá o ápice de suas proposições, e do árbitro, que aguardam aprovação de leis complementares para sua efetiva implantação. Um sistema de negociação hierarquizado não só auxiliaria na manutenção da chamada unidade empresarial como também amenizaria a possibilidade de desentendimentos com a classe trabalhadora e de futuros confrontos com movimentos paredistas, que é o que não se verifica no sistema negocial atual, que falta exatamente essa “identidade” e harmonia entre as necessidades e possibilidades, tanto para a classe operária como para a classe patronal. A questão salarial no Brasil é marcado por períodos, onde até 1964 só havia regulamentação do salário mínimo; de 1965 a 1978 os salários eram reajustados anualmente; de 1979 a 1982 iniciou-se uma redistribuição dos salários conforme a faixa de rendimentos; de 1983 a 1985 o Brasil utilizou-se de instrumentos de ajuste da economia; de 1986 a 1987 editou-se o Plano Cruzado, Plano Cruzado II, Plano Cruzado II e quase por unanimidade as categorias trabalhadoras acabaram por recuperar o índice de 26,6% por meio de negoviações coletivas; de 1989 a 1990 o Plano Verão estipulou a conversão de todos os salários pela média real verificada em 1988, alcançando um índice de 53,27 % em abril de 1989; de 1990 a 1992 foi um período em que se iniciou com índices alarmantes de inflação e que provocou a edição do Plano Collor I, prevendo o congelamento de preços e salários e posteriormente formulou-se o plano Collor II que determinou a conversão de todos os salários novamente pela média dos últimos 12 meses. O grande diferencial nos diversos sistemas de negociação trabalhista existentes encontra-se ligado à própria cultura social em que o sistema está inserido, dessa forma, de um lado, temos a maioria dos países da Europa e, do outro, os Estados Unidos da América. Pelo lado europeu, o sindicalismo rumou para a centralização de seu poder decisório e se valeu do estado e a negociação coletiva acaba se tornando um processo muito mais burocrático do que consensual e, portanto, mais moroso e improdutivo para as partes. Na França, os sistema de contratação coletiva é disciplinado por normas legais e específicas, já a Inglaterra não remete os parâmetros da negociação trabalhista a normas específicas legais e o contrato coletivo é estabelecido em nível confederativo entre os representantes do capital e trabalho. No caso da Itália, as partes têm liberdade para estabelecer as próprias regras e, nesse modelo, a negociação nacional organiza-se em um perspectiva individual (empresa e empregados), enquanto que no modelo de negociação coletiva da Alemanha diferencia-se dos anteriormente descritos por um aspecto sociocultural onde a visão do conjunto prevalece sobre os interesses unilaterais; as partes entendem-se diretamente com quase nenhuma interferência do Estado. Por fim, no caso da Suiça o sistema de estrutura negocial é bastante diferente dos demais modelos europeus e varia de acordo com o tipo de categoria onde algumas adotam o sistema centralizado e outras, o hierarquizado. Por outro lado, nos Estados Unidos, o sistema negocial orienta-se por resultados menos grandiosos e mais imediatistas, como benefícios, salários e emprego, em uma aceitação implícita do sistema capitalista vigente. O seu sistema negocial essencialmente descentralizado e voltado a fortalecer a negociação capital e trabalho em sua origem, sem a interferência da Justiça do Trabalho, inexistente no país. Verifica-se ainda, que nos Estados Unidos, há uma tendência constante na diminuição do número de trabalhadores sindicalizados provenientes das vantagens que as empresas “não sindicalizadas” têm repassado livremente a seus empregados, conhecido como grievance procedure, que permite aos trabalhadores instituir comissões específicas de resolução de conflitos no tocante a medidas disciplinares, pagamentos de dias não abonados ou até de certas cláusulas constantes nas convenções.