Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
POLÍTICA DE DIVIDENDOS,
CRESCIMENTO E O VALOR DA EMPRESA
ÉVORA, 1992
1 – INTRODUÇÃO
n
E[Di ] E [In]
VA = ∑ +
i =1 (1 + r ) (1 + r )n
i
onde:
VA = Valor actual da empresa;
E[Di] = Montante dos dividendos esperados até ao período i; e,
E[In] = Valor esperado das acções no final do período n.
2
empresa venha a pagar no futuro (Marques, s/d). Logo, assumindo os pressupostos do
mercado de capitais perfeito, o valor da empresa é aumentado se os dividendos pagos
(Di) são superiores aos dividendos esperados E[Di].
As imperfeições do mercado de capitais conduzem à conclusão da
interdependência entre a decisão de investimento e a política de financiamento
(Lumby, 1991). Este aspecto, inviabiliza o estudo isolado da política de dividendos e
conduz à necessidade da sua interligação com as políticas de investimento e de
financiamento. Quanto mais fundos são aplicados no pagamento de dividendos,
menor o valor disponível para reinvestimento. A decisão de pagamento de dividendos
significa a perda de oportunidades de investimento ou a necessidade de recurso a
outras fontes de financiamento mais onerosas. Desta forma, os dividendos podem
contribuir para o aumento da taxa de remuneração exigida pelos investidores, com
consequências sobre o valor actual da empresa.
Da discussão anterior pode concluir-se que na definição da política de
dividendos é necessário atender às atitudes dos investidores em relação aos
dividendos e ao crescimento. A questão reside em saber qual é a interpretação dos
agentes do mercado de capitais em relação à política de dividendos escolhida. Uns
interpretarão os acréscimos dos dividendos como resultado de uma boa gestão,
enquanto para outros, poderá significar falta de boas oportunidades de investimento
(Brealey e Myers, 1988). Estes aspectos definem o âmbito deste texto, no qual são
discutidas questões como as seguintes:
- Qual o efeito dos dividendos pagos nas decisões de investimento e de
financiamento?
- Quais os efeitos da política de dividendos sobre o valor da empresa?
A questão é conhecer as razões pelas quais as empresas pagam dividendos e,
como é que a política de dividendos pode afectar o valor da empresa. A resposta a
estas questões não é óbvia nem definitiva, dada a complexidade das variáveis em jogo
e as relações que entre elas se estabelecem. Por este facto, pretende-se realizar uma
reflexão teórica que possa ajudar todos os que precisam de tomar decisões neste
domínio, contribuindo para encontrar as soluções que permitam promover o
desenvolvimento das empresas.
3
2 – POLÍTICA DE DIVIDENDOS E A TESOURARIA DA
EMPRESA
TESOURARIA
Actividade
Normal Investimento
Distribuição de
Dividendos
4
figura nº 1 conclui-se que embora os dividendos sejam calculados em função dos
resultados líquidos produzidos, é a partir da tesouraria que é determinado o montante
que a empresa pode pagar. Este aspecto pode ser analisado a partir do mapa de
demonstração dos fluxos de tesouraria do quadro nº 1 (Marques, s/d).
5
3 - FACTORES QUE AFECTAM A POLÍTICA DE DIVIDENDOS
6
O estado da economia e a política fiscal são também factores condicionantes
da política de dividendos. Dado o sistema de contabilização a custos históricos
actualmente em vigor, na presença de inflação, a retenção de lucros pelo mecanismo
das amortizações pode ser insuficiente para compensar o aumento do preço dos
activos em depreciação. A elevação do custo de reposição dos activos pode conduzir a
uma maior retenção dos lucros como forma de compensar o diferencial entre o valor
retido para substituição e o valor de aquisição dos activos. Por outro lado, a política
fiscal em vigor para os dois tipos de ganhos potenciais do investimento numa empresa
– dividendos e mais-valias – condicionam a definição da política de remuneração dos
sócios. Por último e talvez o factor mais controverso, está relacionado com as
preferências dos investidores e com a forma como os agentes do mercado de capitais
interpretam os resultados das empresas e a política de dividendosì¥Á G
¿ î¬
7
bj Ù Ù
8
9
- ÿÿ ÿ
ÿ ÿÿ ] ^ ^
^ ^ v v v
ê ê ê ê 8 "
d ì¥Á G ¿ î¬
10
bjbj Ù Ù
7 ì³ ì³ ³§ -
ÿÿ ÿÿ ÿÿ ]
^ ^ ^ ^ v v
v ê ê ê ê
8 "
d do das acções. Em síntese, são estudadas as teorias sobre e efeito da política de
dividendos no valor da empresa. A discussão envolve a corrente de Modigliani e
Miller, que defende a irrelevância da política de dividendos para o valor da empresa, e
do outro lado, a chamada corrente tradicional que afirma que a política de dividendos
pode afectar o valor do mercado da empresa.
Esta teoria sugere que o dividendo pago deve ser o montante de capital que
sobra do orçamento financeiro, após a consideração de todas as oportunidades de
investimento rendíveis (Lumby, 1991). Nesta perspectiva, a política de dividendos é
uma residual da política de investimentos.
Na demonstração da teoria são assumidos os pressupostos do mercado perfeito
de capitais, a inexistência de impostos sobre os rendimentos das pessoas e das
empresas e o modelo básico de consumo/rendimento representado pela figura nº 2
(Lumby, 1991).
t1
Z
C
0 B A t0
11
Se OA representa o excedente de tesouraria, a maximização do valor da
empresa é conseguido no ponto C, no qual, a taxa de rendibilidade do investimento
marginal é igual à taxa de juro do mercado de capitais. Para atingir este ponto a
empresa deve investir a quantia AB e distribuir aos accionistas a quantia OB. A partir
do ponto C, os investimentos da empresa proporcionam um rendibilidade inferior às
aplicações no mercado de capitais.
Da análise da figura nº 2 pode extrair-se uma regra básica para a definição da
política de dividendos. A figura sugere que só devem ser aplicados recursos em
dividendos, quando se encontrarem satisfeitas as necessidades financeiras geradas
pelas oportunidades de investimento que satisfazem a regra do valor actual líquido
(VAL). Assim, a empresa deve reter fundos para o reinvestimento até atingir o ponto
C, no qual maximiza o seu valor. Esta afirmação permite concluir que o valor da
empresa é determinado apenas pelas oportunidades de investimento disponíveis,
representadas pela curva ZA e que a política de dividendos é uma variável passiva
sem qualquer influência para o valor de mercado da empresa (Smith, 1990).
Assim, a política de dividendos é condicionada pela carteira de investimentos
e pelos recursos financeiros disponíveis. Na prática, a teoria do dividendo residual
define que a decisão de dividendo só deve ser tomada após as seguintes fases
(Gitman, 1978):
1ª) Determinação do nível óptimo de investimento, o qual é determinado pela
rendibilidade da carteira de investimentos e pelo custo do capital da
empresa (figura nº 3).
2ª) Os meios líquidos libertos disponíveis devem ser utilizados para fornecer
os capitais próprios necessários pelo mecanismo da retenção de lucros.
3ª) O montante dos dividendos a pagar é calculado a partir da diferença entre
os meios líquidos disponíveis e as necessidades financeiras ditadas pelo
plano de investimentos.
12
TIR
CmC TIR CMC
Recursos Financeiros
Figura nº 3: Nível óptimo de investimento
13
- Os mercados de capitais são perfeitos e os investidores são racionais e
dispõem de toda a informação necessária a um custo nulo;
- A taxa de imposto sobre as mais-valias é igual à taxa que incide sobre os
dividendos;
- A política de investimentos da empresa é certa e conhecida e independente
da política de dividendos; e,
- Os investidores não têm qualquer dúvida em relação aos resultados
futuros das empresas.
A afirmação de MM pode ser demonstrada a partir da definição do preço de
uma acção para um único período. A partir da expressão do valor da empresa do
capítulo 1., conclui-se que a remuneração dos accionistas tem duas componentes: o
dividendo e a mais-valia das acções. Esta pode ser calculada pela expressão:
D1 + P1 − P0
Kp = (4.1)
P0
onde:
D1 = Dividendo esperado por acção em t = 1;
P0 = Preço da acção em t = 0;
P1 = Preço esperado da acção em t = 1;
Kp = Taxa de remuneração esperada e ajustada ao risco da empresa.
P0 (1 + Kp) = D1 + P1 (4.2)
14
ou seja,
D1 + P1
P0 = (4.3)
1 + Kp
nD1 + nP1
nP0 = (4.4)
1 + Kp
nD1 + (n + m) P1 − mP1
nP0 = (4.6)
1 + Kp
onde:
I = Novos investimentos; e,
RL = Resultado líquido do exercício.
15
mP1 = I + nD1 – RL (4.8)
nP0 =
(n + m )P1 − I + RL (4.10)
1 + Kp
16
realizado apenas por capitais próprios. Para estes autores o pressuposto mais crítico da
teoria da irrelevância da política de dividendos está relacionado com o
comportamento da remuneração exigida pelos accionistas (Kp). Para analisar esta
teoria são mantidos os pressupostos da inexistência de diferenças na tributação dos
dividendos e das mais-valias, a inexistência de custos de transacção, da política de
investimentos ser definida à partida e abandona-se somente o pressuposto de certeza
dos investidores em relação aos resultados futuros das empresas.
A questão que se levanta é a de saber se a política de dividendos afecta ou não
a remuneração exigida pelos accionistas. O que se pretende saber, é como os agentes
do mercado de capitais valorizam os dividendos em relação às mais-valias nas
acções?
Os principais defensores desta teoria, Lintner e Gordon, sugerem que os
investidores não são indiferentes à forma como os lucros são repartidos entre os
dividendos e as reservas. Estes autores defendem que a remuneração exigida pelos
accionistas, Kp aumenta quando há reduções dos dividendos pagos. Esta teoria
assenta no comportamento racional do investidor averso ao risco, que prefere um
dividendo certo, a um dividendo futuro incerto ou uma mais-valia futura (Lumby,
1991). Isto é, assume que os investidores associam um menor risco aos dividendos
actuais do que aos dividendos e mais-valias futuros e, só estão dispostos a trocar
rendimento actual por rendimento futuro se esperarem uma maior compensação. Esta
compensação esperada é representada pela taxa de remuneração exigida pelos
accionistas ou custo dos capitais próprios (Kp). Por outro lado, o modelo de Gordon
parte do pressuposto que o valor de cada acção depende exclusivamente dos
dividendos esperados. Assim a expressão (4.3) reduz-se à seguinte formula:
D1
P0 = (4.11)
1 + Kp
17
D1 D2 Dt
P0 = + + ..... + (4.12)
1 + Kp (1 + Kp )2 (1 + Kp )t
∞
Dt
P0 = ∑ (4.13)
t =1 (1 + Kp ) t
que diz que o valor actual das acções é igual ao valor actual dos dividendos futuros
esperados.
18
5 – AS POLÍTICAS DE DIVIDENDOS DAS EMPRESAS
19
desta política os accionistas têm a certeza da remuneração obtida, o que conduz à
confirmação das expectativas dos investidores e à redução da percepção ao risco.
Assim, as empresas só aumentam o dividendo pago por acção quando têm a certeza
de disporem de capacidade de manutenção desse nível no futuro. Nesta perspectiva,
podem identificar-se dois tipos de políticas de dividendos:
- Política de dividendo constante;
- Política de crescimento constante do dividendo.
Assumindo que os dividendos esperados devem permanecer constantes nos
períodos futuros e atendendo ao princípio da continuidade da actividade empresarial,
o valor de mercado das acções da empresa pode obter-se a partir do cálculo da
seguinte renda perpétua:
D1
P0 =
Kp
No entanto, muitos autores, tal como Gordon, defendem que a incerteza dos
investidores aumenta a uma taxa crescente em função da dilatação do prazo de
pagamento dos dividendos (Pinches, 1987). Se o dividendo do período for D1, então o
dividendo do período t deve ser Dt = D1 (1 + g)t para compensar o aumento da
incerteza dos investidores. Então, o valor de mercado das acções da empresa é
determinado pela expressão (Roche, 1990):
D (1 + g ) D1 (1 + g ) D (1 + g )
2 t −1
D1
P0 = + 1 + + ..... + 1 (5.1)
1 + Kp (1 + Kp )2
(1 + Kp )3
(1 + Kp )t
P0 (1 + g ) D1 (1 + g ) D1 (1 + g ) D (1 + g ) D (1 + g )
2 3 t
= + + 1 + ..... + 1 (5.2)
1 + Kp (1 + Kp ) (1 + Kp ) (1 + Kp )
2 3 4
(1 + Kp )t +1
20
que subtraindo a primeira pela segunda se obtém:
P0 (1 + g ) D (1 + g )
t
D1
P0 − = − 1 (5.3)
1 + Kp (1 + Kp ) (1 + Kp )t +1
quando Kp>g e t tende para infinito, então D1 (1+g)t / (1+Kp)t+1 tende para zero e a
expressão pode simplificar-se para:
P0 (1 + g ) D1
P0 − = (5.4)
1 + Kp (1 + Kp )
que multiplicada por (1+Kp) permite obter a expressão do valor das acções com uma
política de dividendos crescente, pela expressão:
logo
P0 (Kp-g) = D1 (5.6)
e
D1
P0 = (5.7)
Kp − g
onde g é a taxa de crescimento dos dividendos pagos pela empresa. Desta expressão
pode concluir-se da existência de uma forte relação entre os dividendos pagos (D) e a
taxa de crescimentos dos dividendos. Esta relação pode analisar-se na figura nº 4
(Brigham, 1985).
21
Dividendo
(%)
22
5.2.1. Distribuição de Acções Gratuitas e Fraccionamento de
Acções
23
acções. O fraccionamento de acções tem vantagens quando se pretende uma mais
rápida e maior redução do preço (Lumby, 1991). A diferença resulta de na operação
de distribuição de acções gratuitas ser mantido o valor nominal da acção, enquanto no
fraccionamento o valor é reduzido.
24
Em suma, considerando as vantagens e os inconvenientes da aquisição de
acções pela própria empresa, pode concluir-se que constitui uma política de
remuneração alternativa ao pagamento de dividendos, que oferece aos investidores
significativas vantagens fiscais e que se apresenta como uma operação
particularmente adequada quando se pretende uma rápida alteração da estrutura de
capitais da empresa.
25
6. CRESCIMENTO E POLÍTICA DE DIVIDENDOS
E [RO ](1 − t )
Vu = (6.1)
Kp u
em que:
Vu = Valor da empresa financiada exclusivamente por capitais próprios;
t = taxa do imposto sobre os rendimentos;
E[RO] = resultados operacionais esperados; e,
Kpu = taxa de remuneração exigida pelos proprietários no caso da empresa
financiada exclusivamente por capitais próprios.
26
O numerador de (6.1) representa a remuneração dos sócios. No caso da
empresa endividada, o fluxo de remuneração dos financiadores é representado por
duas componentes: os resultados líquidos e os juros pagos pelos capitais alheios, ou
seja:
(E[RO] - Ka.D) (1-t) + Ka. D
onde:
Ka = Custo dos capitais alheios; e,
D = valor dos capitais alheios.
onde:
Vl = Valor da empresa endividada; e,
r = taxa de juro do mercado de capitais.
Ou seja:
V1=V u + D.t (6.4)
27
E [RO ](1 − t )
Vl = (6.5)
D.t
Kp u 1 −
V
onde:
CMC = Custo médio do capital.
D.t
CMC = Kp u 1 − (6.7)
V
logo:
Kp u .V − Kp u .D.t D.Ka D.Ka .t
Kp l = − + (6.8)
VCP VCP VCP
como
V = VCP + D
28
Substituindo em (6.8), V pelo seu valor, obtém-se o custo do capital próprio da
empresa endividada, o qual é determinado pela expressão (6.9):
Kpu .D
Kp l = Kp u + (1 − t ) + D.Ka (1 − t )
VCP VCP
Kp l = Kp u + (Kp u − Ka ) (1 − t )
D
(6.9)
VCP
n
Divi Vn
V =∑ + (6.10)
i =1 (1 + Kpl )
i
(1 + Kpl )n
onde:
Divi = Dividendos pagos no ano i; e,
Vn = Valor da empresa no ano n.
29
Vn =
[E[RO](1 − t )](1 + g )i (6.11)
(1 + CMC n ) i
Vn =
[E[RO](1 − t ) ](1 + g ) (6.12)
CMC n − g
V =∑
n
Divi
+
[E[RO](1 − t )](1 + g ) (6.13)
i =1 (1 + Kpl )i
(CMC n − g )(1 + Kp l ) n
30
7. CONCLUSÕES
31
8. BIBLIOGRAFIA
32
RAPPAPORT, Alfred, 1989. “Strategic Analisys for More Profitable Acquisitions.”
Harvard Business Review, Jul/Ago.
ROCHE, M., 1990. Politique et Strategie Financieres de l’ Entreprise. Dunod
Entreprise.
SMITH, Clifford W., 1990. “The Theory of Corporate Finance: A Historical
Overview”. The Modern Theory of Corporate Finance. International Editions.
McGraw-Hill.
33