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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CP I – C 2010/01 TRIBUTÁRIO
TRIBUTÁRIO

AULA 01 – Sistema Tributário


Nacional – Visão Geral: conceitos e
fundamentos – CRFB e CTN. Renê
Furtado Longo. 03/02/2010

1 – SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL (STN)


O direito tributário está na CRFB dos art.s 145 a 156 no Sistema Tributário
Nacional (STN). Seu objetivo é regular a relação Fisco x Contribuinte, ou seja, a
arrecadação.
Os arts. 157/162 tratam da Repartição Tributária, que é momento posterior à
Arrecadação, funcionando pela Teoria dos Círculos Concêntricos, na qual os entes
federativos maiores repassam aos menores, e nunca o inverso. Por isso se diz que a
Repartição Tributária é Direito Financeiro, e não Direito Tributário.

1.1 – Função Do Tributo: Fiscal e Extrafiscal


O STN inicia com o poder de tributar, verdadeira expressão de soberania de um
Estado. Logo, o poder de tributar é inerente à sobrevivência de um Estado.
A soberania se desdobra em diversas outras formas de poder, como poder de punir,
poder de polícia, etc. Fato é que ninguém paga tributo porque gosta. Por isso o Estado
impõe sobre o particular o dever de contribuir para a manutenção do Estado, respeitando a
medida das possibilidades de cada um.
Dentro da estrutura do Poder de Tributar, analisa-se o tributo em espécies:
impostos, taxas, contribuições de melhorias, empréstimos compulsórios e contribuições
especiais (art. 145, I a III, 148, 149 e 149-A, da CRFB).
A partir da década de 30, o tributo passou a não ter somente a função fiscal
(arrecadação), mas também de regular atividades que o Estado entendia serem necessárias
sua intervenção. Por ser obrigatória, independe da vontade do contribuinte. Daí, separa-se
os tributos em fiscais (cuja finalidade precípua é a arrecadação) e tributos extrafiscais
(cuja finalidade precípua é regular atividades).
Os tributos Extrafiscais podem regular a economia (comércio, indústria e mercado
financeiro) ou a propriedade.
Ex: Imposto sobre Importação e Imposto sobre Exportação – proteger a balança
comercial interna; Imposto sobre Produtos Industrializados – proteger ou incentivar a
indústria; Imposto sobre Operações Financeiras – regular a atividade bancária.
Já regulando a propriedade, o art. 5ª, XXII da CRFB dá o direito à propriedade, e o
XXIII exige que cumpra a função social. Daí temos que o Imposto Territorial Rural (ITR)
e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) acabam tendo uma segunda função
(extrafiscal) de exigir o cumprimento da função social.
IPTU: art. 182, § 4º, II da CRFB, regulado no Estatuto das Cidades – Lei
10.257/01. Nessa lei, diz-se que a “função social” deve vir definida no plano diretor
elaborado por cada município.
ITR: art. 153, § 4º, I da CRFB
Esses dois impostos permitem a progressividade de alíquotas, dando a eles uma
possibilidade de agir coibindo o desrespeito à exigência constitucional de cumprimento da
função social, sendo verdadeiras sanções. O problema é que o conceito de tributo (art. 3º
do CTN) exclui de sua definição a receita oriunda de sanção. No RE 238.671 o STF deixa
claro que a CRFB excepcionalizou o art. 3º do CTN.
O ITR sempre será extrafiscal, vez que o art. 153, § 4º, I da CRFB dá a ele a
incumbência de fazer cumprir a função social.

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Já o IPTU pode ser usado na função extrafiscal (art. 182, § 4º, II da CRFB), quando
para fazer cumprir a função social, ou pode, a critério do município, ser usado para
distribuir melhor as propriedades (art. 156, § 1º, I).
IMPORTANTE: o art. 156, § 1º, II tem função FISCAL, e não extrafiscal, já que
o objetivo nele não é usar o IPTU para promover a política urbana, mas sim usar a
seletividade.

TAXA: art. 145, II: exige a vinculação ao exercício do poder de polícia, ou à


prestação estatal específica. Calcula-se de acordo com a prestação estatal, e nunca de
acordo com a exteriorização da riqueza do contribuinte.
A CRFB veda que a taxa tenha a mesma base de cálculo dos impostos (art. 145, §
2º). Por exemplo, a confecção de passaporte pela Polícia Federal (cobra-se o valor do
serviço/atividade, não importando pra quem seja o passaporte, rico ou pobre. O valor será
o mesmo).
Contudo o STF começou a mitigar esse dispositivo. A taxa de coleta de lixo (TCL)
é para serviço público específico e divisível (diferente de limpeza urbana, que é geral e
jamais pode ser remunerada via taxa, senão somente por imposto). Só que a taxa de coleta
de lixo passou a ser cobrada por m² do imóvel, ainda que essa presunção não corresponda
à realidade. Além disso, a taxa deveria ser pela prestação do serviço, e não com base no
volume do lixo recolhido. Por fim, alegava-se que a base de cálculo seria a mesma do
IPTU.
O STF, interpretando o art. 145 § 2º passou a entender que, ao eleger o m² para
calcular a TCL, os municípios não escolheram a mesma base de cálculo do IPTU, mas sim
um critério que constitui um dos elementos da base de cálculo do IPTU. Isso porque a base
de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, que se desdobra em três elementos (m²,
localização e área total construída). O STF considerou “presunção absoluta”, independente
de corresponder ou não à realidade, evitando discussões exacerbadas sobre a TCL. E como
sua base de cálculo leva em consideração apenas um dos elementos da base de cálculo do
IPTU, não fere à CRFB. Usa ainda o mesmo raciocínio para as taxas de fiscalização ( RE
220.316).
De fato, o que o art. 145, § 2º quer evitar é o bis in idem.
IMPORTANTE: há diferença entre bitributação e bis in idem. A bitributação é
conflito de competência federativa entre os entes para efetuar a arrecadação. Já o bis in
idem é um excesso de competência de um ente que exacerba, cobrando além do que
deveria (duas vezes pela mesma coisa).

1.2 – Competência Tributária


Trata da repartição do poder de tributar, voltando-se ao sistema federativo
(autonomia administrativa, política e financeira – art. 18 da CRFB). A autonomia
financeira garante a cada ente poder cobrar tributos para gerar capital necessário para a
execução da tarefa pública. Contudo, é através da autonomia política que o processo de
tributação inicia, pois é por ela que o ente tem o poder de criar leis, único instrumento
hábil para instituir tributos.
Daí dizer que somente os entes da federação podem instituir tributos, eis que
somente eles possuem o poder de legislar (competência). A competência é a autorização
constitucional para os entes, separando o que pertence a cada um. Não é a instituição
automática na CRFB, mas sim a mera previsão de que o ente pode, se quiser, instituir os
tributos que a CRFB lhes autoriza. Tanto é assim que, apesar de CRFB prever o IGF
(grandes fortunas), até hoje a União não o instituiu.

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IMPORTANTE: o art. 11, parágrafo único da LC 101 (Lei de Responsabilidade


Fiscal) impõe que os entes criem seus próprios impostos sob pena de perderem seus
repasses. Porém esta lei não obriga à União, ferindo o princípio federativo. Está sob
análise na ADI 2.238. Ademais, questiona-se o porquê desta exigência legal, se a própria
CRFB não impõe isso aos entes, carecendo de fundamento de validade constitucional.

1.3 – Limitações ao Poder de Tributar


Visam à proteção do contribuinte de uma tributação desordenada pelo Estado. A
CRFB dá poder, mas também traz as suas próprias limitações em si mesma. Como o
Estado é Soberano, fala-se em “Limitações DO” e não “Limitações AO”, pois nada é
maior que o Estado para impor limites ao Estado. Isso significa dizer que seus limites são
internos (decorrentes de sua própria estrutura).
Ora, se o art. 5º, XXII da CRFB garante o direito à propriedade, é óbvio que a
tributação fere esse direito. Por isso os limites, que, por exemplo, vedam o confisco.
Não se pode esquecer ainda que a própria tributação deve cumprir a sua função
social. Por isso que na ADI 939 o STF disse que os limites do poder de tributar são
garantias de direitos fundamentais, elevando-as à categoria de cláusulas pétreas (art. 60, §
4º), não podendo ser suprimidos nem reduzidos da CRFB. Podem ser ampliados, mas
veda-se o retrocesso, pois em última análise, são garantidores de direitos fundamentais
(propriedade, educação, liberdade de informação e religiosa, etc.)
As Limitações destinam-se ao próprio Estado em proteção do contribuinte, e se dão
via Princípios e Imunidades.
a) Princípios Tributários: disciplina a incidência do poder de tributar. Os
princípios ficam inertes até que o Estado comece a tributar e viole alguns daqueles
princípios. Por isso que são limitações positivas, pois só atuam a partir do
momento em que o exercício da atividade tributária tem início, dando-lhe os
contornos constitucionais.
b) Imunidades Tributárias: são as hipóteses de não incidência
constitucionalmente qualificadas. É verdadeira proibição constitucional de tributar
de modo que, onde há imunidade, não há exercício do poder de tributar, sendo
consideradas como limitações negativas.

1.4 – Natureza Jurídica do CTN


O art. 146, III, b da CRFB é norma de eficácia limitada, cabendo à Lei
Complementar regular a obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários.
Após a CRFB/88, nunca foi editada essa lei. Pela Teoria da Recepção, deve-se
buscar leis anteriores que disponham sobre o mesmo assunto. O CTN (lei 5.172/66)
regulava a mesma matéria, correspondendo àquelas previstas no art. 146 da CRFB/88,
visando a uniformizar os institutos tributários. Só que o CTN ao ser editado, foi sob a
égide da CF/1946, não havendo a idéia de LC, mas somente Lei Ordinária.
Com o advento da CF/67, passou-se a exigir LC para regular a matéria. Para não
perder o CTN, aplicou-se a Teoria da Recepção, trazendo o CTN para o novo sistema
constitucional com status de LC. Após a CRFB/88 fez-se o mesmo.
Assim, a natureza do CTN é de LO com status de LC. Sua função é de trazer
segurança jurídica. Seu fundamento é o art. 146, III, b da CRFB. Traz normas gerais e tem
incidência de Lei Nacional (mas cuidado! Nem todas as normas do CTN são nacionais,
variando de acordo com a matéria).

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AULA 02 e 03 – Princípios
Constitucionais Tributários: de
Segurança Jurídica e de Justiça da
Tributação. Cláudio Carneiro
Bezerra Pinto Coelho. 04/02/2010

1 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE SEGURANÇA JURÍDICA


Os dois princípios basilares do Direito Tributário são a Legalidade e a Capacidade
Contributiva. Sua axiologia jurídica é alemã, com a jurisprudência dos conceitos. Era
pautada na literalidade da lei (positivismo normativista: vale o que está escrito). O que
mais pesava era o princípio da legalidade estrita. Mas nem sempre a interpretação literal é
a melhor solução de casos concretos.
Nessa evolução, surge a jurisprudência dos interesses, levando-se em
consideração as partes nas relações tributárias (Fisco x contribuintes), passando a valer a
Capacidade Contributiva, que exterioriza muito mais a justiça tributária do que o
positivismo. Ainda assim não refletia a real situação.
A jurisprudência evoluiu para uma combinação de ambas as jurisprudências,
nascendo a jurisprudência dos valores. Hoje há princípios ligados às regras, e outros a
valores. As regras são mais concretas, e os valores mais abstratos.
OBS: o STF diz que a mera alegação de efeito confiscatório não autoriza a análise
de inconstitucionalidade por tratar-se de subprincípio, devendo-se mostrar outros
princípios para tanto, já que são os princípios que visam a assegurar determinados valores.

1.1 – Legalidade (x Reserva Legal x Tipicidade)


A LEGALIDADE comporta vários tipos: legalidade constitucional (art. 5º),
tributária (art. 150), administrativa (art. 37) e orçamentária (art. 65). A Legalidade
tributária é aquela usada para limitar o poder de tributar do Fisco.
O art. 150 se restringe a vedar instituição ou majoração de tributo senão por lei.
Trata-se de legalidade consentida, eis que o legislativo é formado por representantes
eleitos pelo povo. Logo, o direito tributário emana do povo, sendo certo que a legalidade é
a garantia da participação do provo no processo de criação de tributos. Também pode ser
feita via Medida Provisória (vide art. 62, § 1º e 2º) desde a EC 32.
Essencialmente, os tributos são instituídos por LO. (as LC são normas gerais, de
caráter nacional quando a CRFB assim exige).
No que tange à majoração de tributos, também deve ser feita por lei. Mas há 4
exceções:
a) IPI, II, IE e IOF  as alíquotas podem ser majoradas pelo Executivo. Como
esse não faz lei, e sim, decretos, pode aumentar ou diminuir alíquotas. Mas mudar a base
de cálculo NUNCA, já que o art. 153, § 1º exige lei.
b) CIDE combustíveis: art. 177, § 4º
c) Convênios CONFAZ: art. 155, § 2º, XII, g
OBS: a base de cálculo só pode ser alterada via LEI (reserva legal). Só há uma
exceção: art. 97, § 2º do CTN c/c súmula 160 do STJ (correção monetária anual, desde que
correspondente ao valor oficial).
Para reduzir o elemento quantitativo do tributo (base de cálculo ou alíquota),
também se exige lei, já que somente lei pode revogar outra lei.
A RESERVA LEGAL é uma previsão constitucional mais ampla que o princípio
da Legalidade do art. 150 da CF, pois exige lei em sentido formal para tratar de diversos
assuntos em matéria tributária. Ex: art. 97 do CTN, art. 150, § 6º da CF.

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A justificativa de que quase tudo em matéria tributária tenha a incidência da


RESERVA LEGAL é por causa da legalidade consentida, ou seja, somente o povo,
representado por seus representantes eleitos, e através de lei formal, pode instituir tributos.
A TIPICIDADE tem o mesmo conceito em direito tributário daquele desenvolvido
em direito penal. É a perfeita adequação de uma conduta do agente ao fato previsto na
norma. Tem três correntes:
a) Tipicidade fechada (Alberto Xavier): foi a primeira tese e já não mais é adotada,
pois não dava para acompanhar a evolução social, engessando a atividade de arrecadação.
Via-se um fato, criava-se a lei, mas só poderia incidir sobre aqueles fatos estritamente
descritos na lei. Qualquer modificação nos fatos inviabilizava a incidência da norma,
impedindo a tributação.
b) Tipicidade Aberta (Ricardo Lobo Torres): permite uma interpretação extensiva.
Assim os fatos modificados podem ser alcançados pela lei. Contudo, essa interpretação
extensiva deve ter limite na analogia, já que o art. 108 do CTN assim veda. De fato, os
deslindes judiciais são no sentido de que o Fisco sempre dirá que se trata de interpretação
extensiva (para atingir o maior número de fatos a serem tributados), e o contribuinte
alegará que se trata de analogia (situação vedada pelo CTN, evitando assim pagar mais
tributos). Ex: o município dirá que provedor de internet é serviço (para incidência de
ISSQN) e o estado dirá que se trata de telecomunicações (para incidência de ICMS). Mas o
judiciário tem dito que não é nenhum nem outro, e estas interpretações não são extensivas,
mas verdadeiras analogias, acatando a tese pró-contribuinte.
c) Tipicidade híbrida (STJ): fala-se em tipicidade horizontal aberta e vertical
fechada.
O ISS (DL 406) previa cerca de 101 serviços tributáveis. Mas a LC transformou
em 244 serviços. De fato, são cerca de 40 itens, com vários subitens. E dentro dos subitens,
adota-se as expressões “congêneres”, “similares”, e “qualquer outro”.
Nesse sentido, verifica-se que os itens e subitens são colocados na LC na vertical
em ordem numérica. Aqui, a tipicidade é fechada, pois não pode o Fisco utilizar a
interpretação extensiva de qualquer um destes itens/subitens para criar um novo
item/subitem, sob pena de mascarar a analogia vedada pelo art. 108 do CTN.
Já cada item/subitem tem sua descrição na horizontal, e quando terminam com
expressões em aberto (“congêneres”, “similares”, e “qualquer outro”), admite-se uma
interpretação extensiva, tratando-se de tipicidade aberta, podendo o Fisco adequar os
fatos novos ao tipo legal.

1. xxxxxxxxxxxxxx;
2. xxxxxxxxxxxxxx;
3. xxxxxxxxxxxxxxx;
3.1 yyyyyyyyyyyyyyyy, e SIMILARES;
3.2 yyyyyyyyyyyyyyyy, e CONGÊNERES;
4. xxxxxxxxxx;
.
.
.
40. xxxxxxxxxxxx.

O fato de se admitir uma TIPICIDADE HÍBRIDA, não significa que todo fato da
vida será tributado. Há situações que não se enquadrarão em nenhum tipo tributário.

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OBS: os princípios tributários são para proteger o contribuinte do Fisco. Mas


também poderão ser invocados pelos entes da federação em face de outro ente, já que a
imunidade recíproca entre eles somente se aplica para IMPOSTOS. Logo, nos demais
tributos, quando se trata de um ente no papel de contribuinte, pode invocar os princípios
tributários em sua defesa.

1.2 – Irretroatividade (ultratividade da norma tributária)


A IRRETROATIVIDADE relaciona-se à vigência da lei. Já a
ANTERIORIDADE refere-se à data de publicação.
A IRRETROATIVIDADE é a impossibilidade de a lei voltar no tempo para incidir
sobre fatos pretéritos, que não foram incluídas como hipótese de incidência no momento
em que a lei foi criada. Seu fundamento jurídico é o art. 150, III, a da CRFB c/c art. 105 do
CTN.
A lei tributária só se aplica a fatos geradores futuros (aqueles que ainda não
começaram) e pendentes (sob condição resolutiva ou suspensiva, art. 117 do CTN.
O art. 106 do CTN traz duas exceções à IRRETROATIVIDADE da lei: leis
meramente interpretativas; e leis com penalidades mais brandas.
EX A: Supondo que o contribuinte João verifique apenas em 2010 não efetuou o
pagamento dos IPTU dos anos passados. A tabela abaixo mostra p valor de cada
IPTU/Ano, além das respectivas multas.

GERAL 2006 2007 2008 2009 2010


IPTU 1000 800 1200 1000 X
MULTA 40% 50% 30% 20% Y

A solução é simples. João terá como valor devido de IPTU aquele determinado
para cada ano, pois não importa se no ano posterior o valor do IPTU muda ou não. Para
cada ano será fixo.
Já a questão da multa é diferente, já que a modificação do valor da multa para
menor nos anos seguintes pode retroagir, eis que se trata de punição, e o art. 106, II, c do
CTN permite que a norma punitiva mais benéfica incida sobre fatos pretéritos. Como em
2009 a multa era de 20% (ou seja, mais benéfica que nos anos anteriores), em 2010 João
pagará multa de 20% em todos os anos, substituindo as multas anteriores que são todas
mais graves.

João 2006 2007 2008 2009 2010


IPTU 1000 800 1200 1000 X
MULTA 20% 20% 20% 20% Y

EX B: Supondo que a questão fosse a mesma, mas que a multa para o ano de 2009
fosse de 40%, teríamos a tabela geral a seguir:

GERAL 2006 2007 2008 2009 2010


IPTU 1000 800 1200 1000 X
MULTA 40% 50% 30% 40% Y

Nesse caso, o valor de multa mais baixa de todo o período é a do ano de 2008,
podendo retroagir sobre as anteriores (eis que todas são mais gravosas). Contudo, mesmo

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que a multa de 2008 seja menor que a de 2009, não poderá prevalecer sobre esta, pois o
benefício da sanção mais leve só tem efeitos para trás, e nunca para frente. Logo, João
pagará o IPTU da seguinte forma:

João 2006 2007 2008 2009 2010


IPTU 1000 800 1200 1000 X
MULTA 30% 30% 30% 40% Y

O fato gerador é aquela situação da vida real que foi concretizada pelo contribuinte,
e já estava prevista na lei (hipótese de incidência). Se realizar o fato, passa-se ao campo da
incidência tributária, gerando a obrigação de pagar tributo (obrigação tributária). Depois
disso vem a etapa do lançamento, que faz surgir o crédito tributário.
Supondo que à época da ocorrência do fato gerador, uma LEI X previsse um
imposto no valor de 100. Supondo que posteriormente essa lei X venha a ser revogada por
outra. Que lei se deve aplicar no momento do lançamento? Depende. Se a lei revogada era
de obrigação principal, aplicar-se-á ela mesma, ainda que não mais em vigor, por força do
art. 144 do CTN. É a ULTRATIVIDADE da norma tributária.
Segundo o § 1º do art. 144 do CTN, se a obrigação for acessória, a lei que deverá
ser aplicada é a do momento do lançamento, ainda que outra fosse a do momento da
ocorrência do fato gerador. Aqui, não se aplica a ultratividade da norma.
Em breves palavras, ULTRATIVIDADE é permissão de aplicação de efeitos de
uma norma que não mais está em vigência, a fatos constituídos sob a égide de seu vigor.
Só se aplica para obrigações principais.
PS: a obrigação acessória é também chamada de instrumental, e serve para
viabilizar a atividade tributária e garantir sua fiscalização pelo Fisco. Contudo, ela jamais
poderá alterar o quantum debeatur da obrigação, sob pena de infringir os princípios
tributários. O art. 113 do CTN diz que somente a lei pode instituir obrigações acessórias.
Mas os art. 96 e art. 100 ampliam as possibilidades.

1.3 – Anterioridade
É o prazo entre a publicação da lei e a cobrança do tributo, prestigiando o Princípio
da Vedação à Surpresa.
Há três espécies de anterioridade: Máxima, Média e Mínima, variando de acordo
com o tempo que há entre a publicação da lei e a cobrança do tributo. Há ainda casos em
que a Anterioridade é afastada, podendo cobrar os tributos com a imediata publicação.
EX de anterioridades:
Sem anterioridade  art. 150, § 1º CF
Mínima  art. 195, § 6º CF
Média  art. 150, III, b CF
Máxima  art. 150, III, c CF

2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE JUSTIÇA DA TRIBUTAÇÃO

2.1 – Capacidade Contributiva

a) Proporcionalidade
É o princípio pelo qual a alíquota é em valor fixo, e o que varia é a base de
cálculo. Logo, ela reflete que, quanto maior a base de cálculo, maior será a tributação.

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Ex: IPTU e IPVA. Neles, a alíquota é fixa (a mesma para todos). O que difere um
contribuinte do outro é a base de cálculo (o bem sobre o qual a alíquota fixa irá incidir).
No exemplo a seguir, veremos tres contribuintes: X, Y e Z. Como se vê, a alíquota
será fixa, mas a base de cálculo irá variar. Logo, aquele que demonstra maior
exteriorização de riqueza (p.ex., carros mais caros e mais baratos), pagará um tributo mais
caro.
Alíquota
(%)

Y
X Z
2

1
Base de Cálculo
(R$)

50 100 150

b) Seletividade
Aqui, mantém-se a base de cálculo e o que varia é a alíquota. Isso significa que
produtos diferentes, mas com o mesmo preço, terão uma alíquota diferenciada em relação
a sua essencialidade, de modo que, mesmo de igual valor econômico, o direito tributário
faça reconhecer que, quanto mais essencial um produto, menor a tributação sobre ele.
No gráfico abaixo, os produtos X, Y e Z possuem o mesmo valor. Contudo, a
alíquota vai variar de acordo com a essencialidade dele. (ex: 20 kg de arroz, 500 gramas de
champignon, e uma dose de promenade = 50 reais). Os produtos menos essenciais são pra
quem pode pagar. Os mais essenciais, são para o povo.
Alíquota
(%)

Z
3

2 Y

1 X
Base de Cálculo
(R$)

8/12
50 100 150
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c) Progressividade
É uma situação excepcional já que, quando aumenta a base de cálculo e a alíquota
ao mesmo tempo, aumenta demais a carga tributária. Dessa forma, é a que melhor
demonstra a capacidade contributiva. Assim, o Imposto de Assim, o Imposto de Renda é o
primeiro a ser progressivo. Além do IR (153, § 2º), a CF permite que seja progressivo
também o ITR (art. 153, § 4º) e o IPTU.
PS: há uma hipótese de alíquota regressiva, quanto mais se aplica no mercado
financeiro, menor é a alíquota
O ITR só poderá ser progressivo no descumprimento da função social (art. 156).
Já o IPTU é, em regra, proporcional. Contudo, pode vir a ser progressivo no
descumprimento da função social (art. 156, § 1º, I CRFB c/c súmula 668/STF). e art. 182,
§ 4º, II da CRFB)
PS: seria uma sanção??? Não, pois o art. 3º do CTN diz que tributo nunca pode ser
uma punição. Aqui é caso de um atributo atípico da tributação, ou seja, coagir o
contribuinte a exercer a função social. O STF reafirmou o art. 3º do CTN, já que este não
permite tributação decorrente de punição para ato ilícito.
Já o art. 156, § 1º, I da CRFB prevê a possibilidade de a alíquota variar em razão
do valor do imóvel. E o inciso II diz que pode ser diferente de acordo com a localização e
uso do imóvel.
O inciso II não é progressividade, mas alíquota diferenciada de acordo com uso e
local. Não se trata de progressividade (que implicaria em aumento da base de cálculo e da
alíquota). Trata-se, em verdade, de seletividade, pois a base pode ser a mesma,
modificando-se a alíquota (diferenciada).
Ex: dois imóveis de 150 mil reais, sendo um residencial (1%) e outro comercial
(5%).
d) Personificação
Em regra, os tributos são genéricos. Mas se permite atribuir a impostos reais (ex.,
IPTU) diferenciações por características pessoais. Por exemplo, maiores de 70 anos não
pagam IPTU.

2.2 – Igualdade e Isonomia


É a mesma regra constitucional. Vedam-se privilégios odiosos (injustos). Por
exemplo, não é justo que os juízes tenham isenção de impostos sobre porte de arma, mas o
policial não.Quem trabalha na rua com arma? Ou ainda isenção ao deficiente físico-motor
e ao audiovisual não. Ou benefício ao policial militar, mas ao bombeiro não.
PS: como ficam os benefícios para ME/EPP/MEI???
IMPORTANTE: o juiz não pode atuar como legislador positivo, estendendo
benefícios fiscais, mas somente declarar a inconstitucionalidade incidental.

2.3 – Mínimo Vital


A carga tributária não pode explorar ou mesmo acabar com sua capacidade
contributiva, sob pena de violar o direito fundamental à uma vida digna, cercada dos
mínimos recursos necessários à sobrevivência do indivíduo.

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2.4 – Universalidade / generalidade / uniformidade


A uniformidade exige que o tributo possa ser pago da mesma forma para todos. A
universalidade significa que o indivíduo responde pelos tributos com todos os seus bens. E
a generalidade impõe que o tributo seja pago pelas pessoas de maneira genérica.

2.5 – Vedação ao Confisco


O tributo não pode ter efeito confiscatório (art. 150, IV da CRFB). O confisco é a
invasão arbitrária no patrimônio do particular ou usar alíquotas tão elevadas que acabam
por absorver e consumir o patrimônio do contribuinte. Sempre dependerá do contexto.
Ex: IPTU de 25% (em quatro anos o contribuinte perderia o imóvel).

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QUESTÕES DO TEMA 02:


1) Trata de modificação de indexação (art. 97, § 2º do CTN, c/c súmula 160 do
STJ). A indexação é mera atualização, e é possível desde que se respeite os índices oficiais
de inflação.
A indexação pode alterar o valor nominal (o quanto a pessoa deve pagar), mas
nunca o valor jurídico do tributo (o fundamento e a justificativa do tributo é a
arrecadação). Daí exigir-se o índice oficial. No caso em tela, o que se fez foi o
“lançamento suplementar”, sendo regular.
Fundamentos: art. 97, § 2º do CTN c/c súmula 160/STJ. E arts. 146 e 149 do CTN.
RE 200844.

2) O Imposto de Renda é muito complexo. Para sua apuração, há dois anos de


referência: ano-calendário (ou ano-base) e o ano-exercício. O que ocorre é que no ano-
exercício você é cobrado pelo ano-base. Contudo, o IR é retido na fonte, e se dá por
homologação.

2009 (ano-calendário) 2010 (ano-exercício) 2011

Pela lógica, a lei deveria ser a de 2008, para incidir sobre os fatos de 2009 (ou seja,
o ano-calendário ou ano-base) e só ser cobrado em 2010. Mas a súmula 544/STF diz que o
fato gerador do ano-base é “até 31/12” de cada ano-base. Assim, se uma determinada lei
versando sobre IR for publicada em 31/12, no ano-exercício (ano seguinte), a cobrança do
IR será nos moldes dessa lei, ainda que só tenha sido publicada no último dia do ano-base.
PS: se há uma Medida Provisória majorando um tributo, e posteriormente é
convertida em lei, a partir de quando incidirá a Anterioridade? Depende... se a MP foi
convertida no mesmo ano, a anterioridade contará da edição da própria MP. Se foi
convertida no ano seguinte, a anterioridade flui da sua conversão.
Considerando que a MP foi publicada em 31/12, sua conversão em lei foi no ano
seguinte e, portanto, em respeito ao art. 62 §2º da CRFB (EC 32), a anterioridade passa a
contar da data da publicação da LEI. Com isso, a dedução do IR não poderá ser aplicada ao
ano-base da data da publicação da MP, mas somente no ano-base em que foi convertida
em lei.
Vide RE 344994.

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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CP I – C 2010/01 TRIBUTÁRIO
TRIBUTÁRIO

3) No caso, é irrelevante se a multa não existia, ou se ela existia e foi majorada. A


multa não pode retroagir, pois só se permite isso quando a penalidade for mais leve.
Vide RE 407198

QUESTÕES DO TEMA 03:


1) Capacidade contributiva (art. 145, § 1º) em regra é para IMPOSTOS. Mas o STF
flexibiliza e aplica às taxas.
Na ADI 453/DF o STF disse ser inconstitucional.
Mas nem toda taxa admite observância da capacidade contributiva.

2) Há razoabilidade pois não obriga a contratar só de 40 para cima, mas dá


benefícios a quem contrate.
Vide ADI 1.276

3) Prazo pode ser fixado até por decreto, pois não tem nada a ver com exação.
Vide AMS 96.02.41792-7 no TRF2

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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CP I – C 2010/01 TRIBUTÁRIO
TRIBUTÁRIO

AULA 04 e 05 – Princípios
Constitucionais Tributários de
Liberdade Jurídica e Outros
Princípios. Rene Furtado Longo.
05/02/2010

1 – PRINCÍPIOS DE LIBERDADE JURÍDICA

Como dito alhures, as LIMITAÇÕES ao (ou limites do) poder de tributar são
verdadeiras imposições sobre o Fisco para proteção do contribuinte. Dividem-se em
Princípios e Imunidades, sendo certo que o STF tem entendido como cláusulas pétreas
materiais (dado o assunto de direito fundamental de que tratam essas matérias).

1.1 – Liberdade de Tráfego (art. 150, V da CRFB)


Veda a instituição de tributo interestadual ou intermunicipal sobre a passagem.
Deste modo, fica garantido o direito de liberdade de locomoção no território nacional.
Seria o caso de um estado fazer pedágio em suas fronteiras para que não entre pessoas,
bens ou serviços.
Ps.: Não confundir com ICMS, eis que nele, o fato gerador não é a entrada de
mercadoria em outro ente, mas a saída do ente de origem, independente do destino.
No que tange à circulação de pessoas, há discussão sobre as TPA (taxa de
preservação ambiental). Se você quiser ir a Fernando de Noronha, cobra-se TPA pelos dias
em que permanecer lá. Por ser um paraíso ecológico, essa taxa é cobrada para evitar que as
pessoas invadam-no e assegurar a limpeza do local. Essa taxa só é cobrada de turistas (ou
seja, moradores pesquisadores ou pessoas a trabalho não pagam).
Atualmente, como nenhum direito é absoluto, deve-se relativizar o direito de ir e
vir em prol da proteção ao meio ambiente

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