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CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
FORTALEZA
2011
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Considerações iniciais
Assim, os movimentos sociais podem ser definidos como: ações coletivas de costume
sociopolítico, construídas por atores sociais2 pertencentes a diferentes classes e camadas
sociais; politizam suas demandas; desenvolvem processo social e político-cultural que cria
uma identidade coletiva; gera inovações na esfera pública e privada; bases de assessores,
lideranças; estreitas relações com entidades sociopolíticas, mídia, universidades,
parlamentares, campos da administração governamental/Estatal.
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Para Maria da Glógia Gohn no livro “Movimentos sociais no início do século XXI: Antigos e novos atores
sociais”, os movimentos ou a reivindicação dos direito das estratificações sociais, sempre perpassaram a história
da humanidade como também participaram como uma espécie de experiências socioculturais dos atores sociais.
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Quando refiro a „atores sociais‟ falo de sociologia do conhecimento (Fenomenologia), onde o seu principal
teórico é Alfred Schut (1979). Teórico australiano, nasceu em 1899. A ameaça nazi fê-lo emigrar para França em
1938 e para os Estados Unidos da América em 1939, onde permaneceu até a sua morte em 1959. Ele afirma que
quando se observa os indivíduos participantes de uma sociedade, se constroem e desconstroem as percepções de
mundo que vive. O seu local de vivência e de experiências são reveladores para a construção de um “stock de
conhecimentos”.
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Como bem entendi a autora (GOHN, 2003) vê suas diversas vertentes a partir do olhar
dos sujeitos que participam, no que se referem as suas opiniões e ideais que lhes pertencem,
usando a multiplicidade como palavra mais adequada para selecionar suas ideias.
Recentemente, os movimentos estão passando por modificação, pois anteriormente, alguns
grupos se sentiam excluídos de algumas lutas. Agora, com o aumento do leque de lutas sociais
fez com que mais sujeitos se inserissem nesses grupos que estavam até então „excluídos‟,
dando mais liga as lutas; defesa das culturas locais e o uso do sentido dos locais públicos,
esfera política; exigência por ética na política e; autonomia de algumas instituições com a
possibilidade da autodeterminação sem dar as costas ao mundo que lhe foi proposto a atuar;
reivindicando também a escolha usando a meritocracia como único quesito para suas
atribuições no trabalho da espera pública.
A divisão que Gohn faz uma lista das lutas em relação ao contexto deste milênio dos
movimentos como mais demandas reais do Brasil: a cidade e seus problemas; participação em
instituições estatais; a contribuição para pauta os problemas das diversas regiões geográficas
do país; ocupação de espaços públicos e equipamentos estatais; combate ao desemprego;
moradores de rua, portadores de HIV e deficientes físicos; Movimentos dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra, étnico-racial; gênero e sexualidade; reforma agrária, e; contra o
neoliberalismo.
Para Maria da Glória Gohn, existe várias fases que os movimentos sociais passaram
durante o século XX, e que a primeira fase, no início das lutas, passa-se a perceber o caráter
urbano tomando forma e então as classes sociais e a indústria são os norteadores dessas novas
lutas na zona urbana. Ou seja, as lutas sociais da classe operária, a luta pela mudança do
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regime político, lutas de afirmação étnico-racial entre outros, irão começar a aparecer nos
panfletos e manifestos de reivindicações nesse novo campo de atuação.
Até então, as manifestações eram tratados como caso de polícia, o Estado com a força
repressiva atuava diretamente de forma autoritária e truculenta nas atividades dos movimentos
a fim de impedir que os “baderneiros” ou “agitadores” quebrassem a ordem do local. Hoje, se
me permite dizer, ainda é tida como caso de polícia, mas se comparado nos moldes do século
passado, já se vê uma clara diferenciação e diminuição da censura, mas, contudo nem sempre
pacifica a relação entre os tais.
Em meados dos anos que correspondem a 1945-1964 ficou conhecido com época
populista ou nacional-desenvolvimentista no contexto brasileiro. Com a ideologia do nacional
desenvolvimentista, o Estado brasileiro possui um grande valor intervencionista no que diz
respeito à estrutura do país. Isso se deu principalmente da necessidade de se haver uma
estrutura mínima para comportar a grande leva de imigrantes que saiam do interior em busca
de melhores condições de vida nas grandes cidades. Esse período ficou marcado na história
brasileira pela intensa participação popular, no sentido da efervescência das organizações
populares institucionalizadas, por exemplo, sindicatos, agremiações partidárias, como também
a sociedade civil organizada. Para autora, todos esses fatores correspondem à terceira fase dos
movimentos sociais do Brasil. Essa fase é lembrada como um dos momentos mais ricos da
história do país, pois:
Ficaria incompleto se não citasse a quarta fase, o Regime Militar. Nesse período
singular, apesar de ter acontecido inúmeros processos de repressão, limitação de atuação,
censura, ocorreram inúmeros processos de resistência e movimentos contra a Ditadura Militar
brasileira. Nesse momento, há uma grande efervescência de movimentos contra a ideologia
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O grande momento em que se gritava pela sua recente saída do Regime Militar, as
amarras que deixava as grades massa „caladas‟ começam a ser quebradas. Agora, o povo
brasileiro quer Democracia ou uma Redemocratização do Estado. Na verdade, seria o
enfrentamento ao regime militar, o importante era a resistência aos mandos e desmando do
militarismo. Esse momento, a população brasileira aproveita o enfraquecimento do regime
militar pelo fato da crise econômica mundial de 1973 (crise do petróleo). Cria-se partidos de
oposição (MDB), que consequentemente foi vitorioso nas urnas. Também marca esse período
a rearticulação que a sociedade civil retomou, criando novas possibilidades de organização da
oposição. “A união das forças de oposição possibilitou a construção de propostas e frente de
lutas.” (GOHN, 1997, p.111). Essa é a Quinta fase, o clima de esperança.
Existe uma fase chamada de “a época da negociação e dos Direito” – 1982-1985, onde
se caracteriza pela retomada dos direitos que foram retirados no período de Ditadura Militar.
Nesse momento, será marcante no tocante ao processo de barganha de direitos, que a
negociação será de grande importância para explicar a atual conjuntura política. Sobretudo,
nesse momento em que as vozes estão ecoando por todas as discussões que tocam os direitos
básicos dos cidadãos. Podemos citar, por exemplo, a retomada pelo direito de votações direta
para Presidente da República – Diretas Já –, como também a liberdade na formação política
dos partidos políticos. Com tudo isso acontecendo, a inflação, que já será resquícios da
ditadura militar, criou uma mobilização social para expressão seu descontentamento com a
atual situação econômica, e que, portanto, fazer justiça com as próprias mãos por
conseqüência do nível de desespero social.
Todas essas explicações que Gohn fez sobre os movimentos sociais, sobretudo que
eles perpassam por toda história da América Latina, sobretudo no Brasil, e que, portanto, não
devem ser esquecidos ou resumidos em meras fragmentações de lutas fragmentadas e
isoladas.
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Então, os novos movimentos sociais irão incluir na sua visão de mundo, o fator
subjetivo das ações sociais com sistema de valores dos grupos sociais, o uso da subjetividade
irá, por exemplo, abrir novas possibilidades de “fazer” movimentos, pois não estará mais
ligado, necessariamente, em pontos concretos da nossa sociedade. Portanto, essa subjetivação
das ações humanas estará ligada a luta referente às mulheres e todos os que compõem os
LGBTT‟s.
Apesar dos desafios dessa nova visão, a atual situação requer que reconheça as
mudanças por parte dos movimentos sociais e sindicais oriundas de classes populares e de
possibilitar novas oportunidades de mudanças a partir das revoluções para a construção de
ideias, levando em consideração que esses sujeitos possuem inúmeros conceitos de
democracia, e que estão sempre a ampliar suas visões. Tais concepções possuem um ponto em
comum: não concordam com a atual situação do sistema neoliberal, e querem uma
democracia que não existam desigualdades na vida social, sem exploração, sem injustiças, o
combate a pobreza decorrente da concentração de riquezas entre outras bandeiras de luta.
Uma democracia jovem. Essa frase seria uma boa síntese do atual contexto político,
econômico e social dos latino-americanos, que implica em uma constante construção de
valores e costumes ligados ao um sistema democrático de se viver. Mesmo o Brasil, por
exemplo, ainda não consegue deslumbrar uma democracia se não no ato de votar a cada dois
anos ou esporadicamente em plebiscitos. Ora, isso implica que será necessário visualizar
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atitudes de cunho mais democrático no dia-a-dia dos cidadãos brasileiros, tendo em vista que
falar de atos democráticos é algo muito mais complexo do que se pensa, pois a Democracia já
é em si um assunto abstrato, e por isso fica a deriva pensar em “atitudes democráticas”.
A construção da cidadania está muito mais envolvida com esse sistema do que
podemos imaginar, pois o ser cidadão inclui uma gama de informações e costumes que não
cabe aqui se debruçar essa temática, mas deixo claro que existe a complexificação do que
poderá dizer com “atitudes democráticas”.
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Texto chamado Dez teses acerca dos movimentos sociais, aonde é escrito na tese número sete:
“desligamento e transição para o socialismo nos movimentos sociais”, (FRANK; FUENTES, 1989)
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A superação da economia capitalista não será possível através do socialismo real, pois
este se encontra estagnado em uma via lateral e sua organização política perdeu sua força na
esfera nacional. Exemplos práticos do Socialismo propriamente dito ainda não conseguiram
se desvincular cem por cento do sistema Capitalista de viver. Vimos também que o Socialismo
não conseguir competir de forma igual em relação às novas tecnologias, tendo em vista que há
um constante investimento em tecnologias no modo Capitalista, por exemplo.
Depois de várias discussões sobre qual poderia ser a nomenclatura mais adequada para
definir os movimentos oriundos das classes mais baixas: movimentos sociais populares,
movimentos populares urbanos, movimentos populares, ou o mais utilizado, o “Movimento
Popular”. Essa discussão também existe dentro da nova roupagem que se quer dar aos tais
movimentos (DOIMO,1995), onde diferenciar os “novos” com os “velhos” faz com que
fiquemos presos a um labirinto ortográfico imenso, mas também fica deslocado do principal
foco: lutar contra o sistema capitalista partidos de sujeitos que não estão satisfeitos com a
atual situação do mundo.
O autor (Alan Touraine) ataca a primazia das relações econômicas e afirma que, com
a proximidade da sociedade pós-industrial, não só o movimento operário deixe de
ser o personagem central da história social, como o campo cultural torna-se o locus
onde se formam as principais contestações e lutas. (grifo nosso) (DOIMO, 1995,
pp.41)
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Mesmo sabendo sobre a formação dos novos sujeitos apoiadores das “novas” causas,
necessita-se ter bastante atenção em observar certos movimentos que nem mesmo com todas
as modificações sobre as relações sociais de hoje, ainda se tenta fazer releituras a lutas e
ideais construídos primordialmente no século XIX; aqueles que compartilham ideias que a
classe trabalhadora deve se inserir na cúpula política do estado, pressupondo que seriam os
sujeitos da grande transformação social. Ou seja, movimentos que clamam por princípios
morais, como a desigualdade e a autonomia do indivíduo; ou a igualdade e a exigência da
participação, também podem ser consideradas lutas formuladas com valores do século XIX,
logo, não sendo mais compatíveis com a totalidade das relações sociais dentro do mundo do
trabalho.
Para uma maior aderência das pessoas a certas ideias e atitudes desse
descontentamento do atual modelo de globalizando de vida, há momentos em que esses
grupos organizados se unem entre se a fim de construir eventos que possibilite à divulgação
desse descontentamento, e consequentemente a construção de possíveis alternativas para um
mundo melhor e mais justo. Assim foi criado o Fórum Social Mundial.
Como diz Boaventura de Sousa Santos, no seu livro intitulado O Fórum Social
Mundial: manual de uso (2005)
Diante dessa breve síntese de que seria o FSM, existe atrelado a essa visão de
alternativo, a idéia de „nova‟ utopia a fim de se contrapor a linha atual de „utopias
conservadoras‟, esta com a finalidade de negar qualquer possibilidade de alternativismo em
relação à realidade do presente.
Extrema diversidade de ideias, conceitos e que só existe uma coisa em comum “outro
mundo é possível”, com um constante diálogo que na maioria das vezes não é nada tranquilo
nas escolhas dos pontos a serem discutidos. Quem chamar? Quem não chamar? Qual a
estrutura do evento? Não há consenso em chamar líderes mundiais, por exemplo. Ou seja, um
intenso espaço de tensão entre os pensamentos para a realização do evento.
Considerações finais
Diante das grandes modificações dos diversos movimentos sociais sofreram com
forme à adequação da situação da sociedade, os sujeitos e as ideias permitem que tais grupos
sempre, ou quase sempre, tentaram interpretar a vida social a partir de seu ponto de vista, haja
vista que é necessário situá-los no seu contexto de formação e de vivências desses sujeitos. É
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necessário, de fato, que os grandes movimentos sociais se façam presente em todas as suas
possibilidades de participação, independente de modificações que o mundo sofrerá.
A relação entre Estado versus movimentos sociais pode se tornar tensa em alguns
momentos. Já em outros haverá constantes participações e cordialidade. Haverá momentos em
que os grandes líderes dos grandes movimentos sociais serão absolvidos pelo Estado, usando-
os como forma de auxiliá-los em momentos em que a soberania-nacional não dará de conta de
certas demandas. É chamada de cooptação.
Existe uma interpretação sobre tal relação, os grandes movimentos sociais sempre
demandarão ações pelo Estado em prol de que esses movimentos representam-lhe, fazendo
assim, uma constante briga de quem demanda e de quem é recebido. E mais, o poder de
barganha dos movimentos sociais (populares ou não) estará sempre em disputa entre tais,
causando uma eterna confusão interna de quem demanda mais ações do que outros.
Dessa forma, como diz Bernardo Sorj (SORJ, 2010), para entender a sociedade de
forma minimamente devemos evitar os extremos, nem tornar o Estado como um „demônio‟
como possuidor do poder total de modificação e manipulação do povo, nem tão pouco usar a
sociedade civil como possuidores de uma verdade absoluta, não reconhecendo os possíveis
avanços que o Estado ou a Gestão tenha trazido para melhorar a sociabilidade, mesmo de
forma pontual, a vida da população que tanto quer suas demandas sendo atendias. Outra
possibilidade de conhecer a sociedade é não pensá-la de forma homogênea. Ou seja, entender
que a sociedade civil é uma complexidade e multiplicidade de demandas, de classes, de perfis
e idéias. Outra idéia que o autor descreve de grande importância nesse momento é entender
que a sociedade civil não possui só uma forma de ver a democracia. Ora, existem inúmeras
interpretações do conceito da democracia. Em regiões aonde a democracia ainda é um
processo de criação - frágil - é possível que a população confunda a representatividade dos
governantes, da participação direta sem a necessidade de um representante.
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Os Estudos Culturais tenta articular diálogos com outras áreas de conhecimento que passa pelas teorias
sociológicas, teorias relacionadas à economia, teoria dos meios de comunicação, o cinema, a antropologia
cultural, Ciências Políticas entre outras. Tais Estudos pretendem elaborar significados culturas que as sociedades
criam dentro da perspectiva contemporânea.
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Referências bibliográficas
CARLEIAL, Adelita. Projetos nacionais e conflitos na América Latina. In: ______ (Org.).
Projetos nacionais e conflitos na América Latina. Fortaleza: UFC, 2006. p.57-68.
DOIMO, Ana Maria. A vez e a voz do popular: movimentos sociais e participação política
no Brasil pós-70. Rio de Janeiro: Remule-Dumará: ANPOCS, 1995.
FRANK, André Gunder; FUENTES, Marta. Dez teses acerca dos movimentos sociais. Lua
Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n.17, p.19-48, jun 1989.
GONH, Maria da Glória. Movimentos sociais no início do século XXI: antigos e novos
atores sociais. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
______. História dos Movimentos e lutas Sociais: A construção da cidadania dos
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SANTOS, Boaventura de Sousa. O Fórum Social Mundial: manual de uso. São Paulo:
Cortez, 2005.
SHUTZ, Alfred. Fenomenologia e Relações Sociais. Rio de Janeiro: Zahar. Editores, 1979
SORJ, Bernardo. (org.). Usos, abusos e desafios da sociedade civil na América Latina. São
Paulo: Paz e Terra, 2010.