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OBSERVAÇÕES DO TRADUTOR
Esta obra busca promover a Escola de Abordagem Histórico – Redentora. O leitor
irá encontrar referencias a teólogos como Walter Eichrodt (Escola da Alta Crítica), Von Rad
(Escola da Alta Crítica), Brevard S. Childs (Escola da Alta Crítica – Crítica Canônica) e
outros. Estes citados pelo nome pertencem a outra escola de abordagem das Escrituras.
Especialmente a Escola da Alta Crítica, historicamente, se mostrou prejudicial ao
desenvolvimento da Teologia genuinamente bíblica. Não há espaço aqui fazer uma
exposição detalhada de outras escolas de abordagens no estudo das Sagradas Escrituras; mas
o tradutor Almir Macário Barros assume e adota a Abordagem Histórico-Redentiva (ou
Histórico-Redentora) a qual tem os pressupostos listados nesta obra de VanGemeren. Porém,
é necessário ter cautela com as citações sobre teólogos de outra escola de abordagem à
Bíblia. Visto que esta observação está sendo feita antes da conclusão de leitura e análise
desta obra de VanGemeren, fica apenas o alerta ao leitor de que é necessário ler e analisar
esta obra, pois podem haver posições do autor que não sejam de totalmente aprovadas, e
quanto a citações de teólogos de outras escolas, para o leitor leigo, não é bom que este
busque consultar tais teólogos, pois estes têm pressupostos diferentes da Escola de
abordagem histórico-redentora. Tais pressupostos, conforme se pode constatar neste livro
traduzido, são essencialmente bíblicos e fundamentais para o estudo das Escrituras, e
nenhum teólogo que se diz cristão evangélico reformado pode fugir dos mesmos. No
momento (12/abril/2010) em que escrevo estas anotações, traduzi apenas o índice (detalhado
e ampliado), introdução, e estou iniciando com as figuras e tabelas (o que considero que dá
uma idéia do que a obra propõe). Não observei de que maneira, ou até que ponto, ou porque
VanGemeren usa informações de teólogos (da Escola Crítica) como Walter Eichrodt, Von
Rad, Brevard Childs (Crítica Canônica) ainda não pesquisei as escolas a que pertencem os
teólogos citados na obra. Qualquer informação ou dúvida escrever para: Almir Macário
Barros: endereço eletrônico: macariobarros@gmail.com )
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
Tradução por Almir Macário Barros: Manaus, AM, 27 de março de 2010 2 de 62
ISBN 0-8010-2081-6
PREFÁCIO
As Escrituras como um todo (AT e NT) encontram sua unidade naquilo que pode ser mais
adequadamente denominada como História Sagrada (Heilsgeschichte). Ela é o registro e
interpretação dos eventos nos quais Deus visita os homens na história com o fim de redimi-los como
pessoas e ainda redimi-los também na sociedade – na história. No final de tudo, isto significa a
Redenção da própria história.
A diversidade ocorre devido aos estágios distintos ao longo do curso da Redenção e também por
causa das diferentes maneiras pelas quais o evento redentivo pode ser interpretado. Os profetas
percebem este evento a partir da perspectiva da Promessa, com uma forte ênfase sobre o significado
histórico e secular daquela visitação divina2.
1
Acréscimo do tradutor Almir Macário Barros: quando falamos do Plano de Deus, precisamos perceber que
este tem dois aspectos, ou apresenta-se em dois “Sub-Planos”: 1) O Plano Criador com a Primeiro Criação,
quando foram criadas todas as coisas coisas: Gn. 1-2, e 2) O Plano Redentor quando em Cristo temos a Nova
Criação, ou seja, a Criação Redimida com a Restauração de todas as coisas. Em resumo, a Primeira Criação
com o Primeiro Adão é restaurada em Cristo, o Último Adão (Nova Criação, Criação Redimida, ou Segunda
Criação como alguns chamam).
2
Eldon Ladd: The Patterno of New Testament Truth (O Padrão da verdade do N.T.) Grand Rapids: Eerdemans,
1968, p. 110-111.
3
Obs. Do tradutor, Almir M. Barros: Geerhardus Vos (1862-1948), naturalizado americano, foi professor de
Teologia Bíblica no Seminário de Princeton durante cerca de 39 anos; Benjamin Warfield o chamou de “o
Pai da Teologia Bíblica Reformada”. Com relação à abordagem e construção da Teologia Bíblica, G. Vos é
considerado como um dos principais teólogos representantes da “escola histórico – redentora”. Os
principais pontos desta Escola constituem o pressuposto de todo e qualquer Teólogo histórico-redentor, e
estes são: 1. Existe apenas um único Plano Redentor de Deus apenas um povo de Deus, constituído por
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
Tradução por Almir Macário Barros: Manaus, AM, 27 de março de 2010 3 de 62
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judeus e gentios eleitos em Cristo; 2. Este plano Redentor, projetado antes dos tempos eternos, no seio do
Deus Triúno, é materializado e desenvolvido progressivamente na História humana pelo Deus que se revela
através dos seus atos sobrenaturais, constituindo com isto o que chamamos de História da Redenção, que
visa: a. Redimir o povo de Deus, os eleitos antes da fundação do mundo, em Cristo e b. Restauração de
todas coisas. 3. Estes atos sobrenaturais pelos quais Deus se revelou na história foram de forma inerrante e
infalível, fielmente registrados por escrito por homens inspirados pelo Espírito de Deus, resultando daí no
registro escrito das Sagradas Escrituras, AT e NT, a Bíblia Sagrada (Revelação Especial) que Deus nos
entregou, a nós seu povo. Esta Escola histórico-redentiva se opõe frontalmente à escola da Alta-Crítica
(Escola Crítica: Crítica da Forma, Crítica Canônica, Crítica das Fontes, etc). Alguns dos principais pressupostos
da Escola Crítica são (Paulo Anglada: Introdução à Hermenêutica Reformada, Ed. Cultura Cristã, p. 54): 1.
(Pretensão de) Objetividade ou isenção (suposição de que o pesquisador é uma “tabula rasa”) e pressupõe
que a Bíblia deve ser estudada como um livro qualquer, negando o seu caráter sobrenatural de Revelação
Sobrenatural de Deus ao seu povo; 2. Racionalismo: a Razão substitui a Revelação passando a ser o critério
supremo da verdade, julgando todas as coisas; 3. Historicismo: As Escrituras não são a Revelação Divina, mas
o registro histórico das aspirações religiosas de um povo (Israel e a Igreja); com isto, a Escola Crítica nega
muitos milagres das Escrituras. Os pressupostos da Escola histórico – redentora, já referidos, são
primariamente aceitos e cridos só e somente pela fé. Nesta Escola, a exposição do Plano Redentor de Deus é
exposto como um todo, com uma estrutura única, orientada pelas próprias Escrituras, podendo suas fases ser
listados da seguinte maneira: FASE I. Antes dos Tempos Eternos: o Deus Triúno, e Seu Eterno Conselho:
Criação, Providência e Redenção; Aliança da Redenção entre O Pai e O Filho; FASE II. Tempo histórico da
Criação: TEMPO DA PALAVRA PROFÉTICA: 2.1. Revelação pré-Redentiva Gn. 1-2- antes da Queda; 2.2.
Revelação Redentiva – Gn. 3-Ap. Período do Pós-Queda (principal profecia: Messias iria executar 3 tarefas:
a. Encarnação Sobrenatural (ES); b. Expiação Vicária (Ex. V), e c. Ressurreição dentre os mortos (Res.M ):
temos neste tempo o Pacto da Graça (PG) sendo administrado na Antiga Dispensação por sombras, figuras,
tipos e promessas (AT) que apontam para o Jesus Cristo. Temos nesta fase as seguintes Eras: 2.1.1. Era dos
começos: Gn. 1-11; 2.1.2. Era dos Patriarcas; 2.1.3. Era Mosaica; 2.1.4. Era da Conquista de Canaan; 2.1..5.
Era da Monarquia: Reino Unido e Reino Dividido; 2.1.6. Era profética – profetas (Canônicos) escritores. 2.2.
TEMPO DA CONCRETIZAÇÃO DA PALAVRA PROFÉTICA: ERA MESSIÂNICA: Jesus, o Cristo, o Messias realiza a
Palavra (Promessa Messiânica) Profética (AT): 1. ES, 2. Ex.V. e 3. Res.M. (Redenção Objetiva: realizada pelo
Filho Encarnado, Jesus, sem nenhuma participação do homem, irrepetível, de uma vez por todas, cobrindo
todos os santos, AT e NT) estando estes atos registrados e descritos nos evangelhos, Mt, Mc, Lc e Jo. 2.3. ERA
APOSTÓLICA: TEMPO DE INTERPRETAÇÃO À LUZ PALAVRA PROFÉTICA (AT) DA MISSÃO REALIZADA POR
JESUS, O MESSIAS (ES, Ex.V. e Res.M) (At, cartas e Apocalipse), com encerramento da Revelação Especial em
Ap; 2.4. ERA DA HISTÓRIA DA IGREJA: Pós-apostólica, Pais da Igreja, Reforma, Ortodoxia,....até a Segunda
Vinda; construção da herança da Igreja, sob a iluminação do E. Santo, homens de Deus, através das gerações
de crentes, constroem as doutrinas básicas do Cristianismo alicerçadas nas Escrituras; 2.5. SEGUNDA VINDA:
Juízo Final, Restauração de todas as coisas; Consumação da Redenção dos santos; 2.6. ESTADO ETERNO:
Novo Ceús e Nova Terra, Nova Jerusalém.
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
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vontade do nosso seminário irmão, Nurit; pelo desenvolvimento social de nossa faculdade
irmã, Tamara, a qual está empenhada por Bryan Betts; e ainda pelo desabrochar de nossa
escola superior irmã, Shoshanna. Deus seja louvado!
Neste momento, eu oro para que o leitor perceber reflexos do Deus único nestas
páginas e que também encontre abrigo sob as asas do Todo – Poderoso, aquele tem revelado
a Si próprio em Seu Filho e quem, através do Espírito Santo, nos assegura a certeza de um
futuro.
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
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Índice da Introdução
INTRODUÇÃO
A Bíblia é o livro de Deus e do homem. Deus fala através das bocas de homens e
homens e mulheres ouvem a voz de Deus. Apesar do homem, Deus falou intensamente
através de milênios atrás e a Igreja ainda ouve a sua voz. Sua maneira de ouvir, entretanto,
depende da sua própria situação histórica. Desde o século dezenove, sérios desafios à
inspiração, canonicidade e inerrância da Bíblia têm surgido. Estudiosos olham para o
surgimento da abordagem crítica como um divisor de águas e se referem à literatura anterior
e posterior a tal desenvolvimento como pré e pós crítica. A abordagem crítica tem afetado
profundamente a maneira de estudo da Bíblia nas universidades, bem como sua exposição
nas igrejas. Críticos bíblicos têm sido acusados de levarem a igreja a um “exílio babilônico”
– a erudição que pratica exegese debate pontos sutis de interpretação, enquanto o povo de
Deus permanece sedento da Palavra de Deus.
Evangélicos têm respondido gradualmente a tais desafios. Ainda que eles tenham
sido acusados de elevar a Palavra de Deus ao status de oráculos de Deus, e de mostrar pouca
consideração pelos aspectos: histórico, literário, e cultural, no qual a Bíblia veio até nós, os
mesmos têm cuidadosa preocupação com relação aos aspectos referidos. Neste livro, além
de eu explicar a Bíblia tanto de uma maneira realística como relevante, eu apresento neste
livro a ABORDAGEM HISTÓRICO – REDENTIVA. Esta abordagem à Bíblia:
1. Mostra uma apreciação da Palavra de Deus tal como ela veio a nós no
tempo e no espaço.
2. É feita dando devida atenção à análise histórica e gramatical.
3. Também dá a devida atenção às funções canônica e literária.
Este método de interpretação da Bíblia inicia com a pressuposição de que a Bíblia é
tanto Palavra de Deus como palavra do homem. Como Palavra de Deus a Bíblia revela o
Deus Triúno e seu Plano de Salvação e vida para os seres humanos relacionados ao seu
grande desígnio de renovação de céus e terra.
Como palavra do homem, a Bíblia é a coleção de trabalhos literários escritos pelos
homens de Deus inspirados pelo Espírito de Deus. Estes tesouros literários foram escritos
em linguagens humanas através de muitos séculos, refletindo diferentes convenções
literárias e culturas. Semelhantemente, as Escrituras estão relacionadas a culturas
específicas. Deus falou a escritores na linguagem de acomodação ou ajustamento, e ele
ainda nos fala de uma maneira que podemos entender. A CONFISSÃO DE UM
COMPROMETIMENTO TEOLÓGICO COM A BÍBLIA COMO ESCRITURA NÃO
CONSTITUI IMPEDIMENTO PARA SUA COMPREENSÃO, MAS SIM UM
AUXÍLIO NA COMPREENSÃO DAS ESCRITURAS, ASSIM COMO
CONSTITUEM TAMBÉM AUXÍLIOS AS ÊNFASES:
1. No estilo literário.
2. Na função canônica da Escritura.
3. Na sucessão de continuidade e descontinuidade através da história da Redenção.
A preocupação com ambos os aspectos divino e humano da Escritura cria tensões
que se relacionam mais basicamente à questão de interpretação: “Entendemos realmente o
que lemos?” A resposta a tal questão conduz a sete questões adicionais, a saber:
Como fazer o texto bíblico, estabelecido em seu antigo contexto, ter relação
conosco atualmente?
A questão da relevância é tão antiga quanto a Bíblia, porém foi levantada mais
explicitamente por Hegel, um filósofo alemão de história do século XIX. Ele postulou o
conceito de espírito na história com o elo que liga presente e passado. Para Hegel, o evento
em si é insignificante; somente sua conexão com outros eventos assume relevância. Somente
o processo é relevador. A relevância do passado depende de sua relação com o presente. Por
conseguinte, na perspectiva de Hegel, eventos bíblicos e história são relevantes somente na
medida da sua relação com o presente.
A separação de fé da história resultou numa postura negativa com relação à história
do AT e subseqüente erosão da autoridade do AT5. Estudiosos do NT extraíram o Jesus
Histórico da interpretação teológica do Jesus na Igreja Primitiva. A questão para o Jesus
Histórico levou Bultmann a introduzir o conceito de demitologização, em um esforço para
separar Jesus de Nazaré, ou o núcleo histórico, do Jesus da Fé. O método crítico dissecou
cada livro da Bíblia individualmente segundo fragmentos literários produzidos por uma
multiplicidade de tradições. Klug expressou apropriadamente a reação dos evangélicos ao
dilema crítico: “Os práticos da abordagem histórico – crítica tornaram-se a si mesmos
agentes do funeral e sepultamento da Palavra de Deus”6.
O processo de interpretação nunca deve produzir uma separação entre o intérprete e
o texto, entre o evento antigo e o século XX. O hegelianismo cria semelhante separação. O
Alto Criticismo acentua tal diferença. É certo que existem diferenças, mas o processo de
interpretação envolve o leitor moderno da Bíblia. A interpretação genuína reflete a
mensagem antiga para cada leitor da Bíblia em uma maneira similar, porém não idêntica.
Deus tem falado e ainda fala a homens e mulheres pela operação do Espírito Santo. A
revelação de Deus por Moisés, os Profetas, Nosso Senhor e os Apóstolos ainda testemunha
no contexto moderno cada um que abre seus ouvidos à voz de Deus. Jesus disse que suas
ovelhas ouvem sua voz (Jo. 10.1-5), e que tal voz vem a nós pelas Sagradas Escrituras. Os
que crêem no Cristo de Deus são inseridos na história dos atos de Deus, assim eles podem
exclamar com o salmista:
4
Frase indicativa do conteúdo da introdução inserida pelo tradutor Almir Macario Barros para melhor
compreensão do leitor.
5
Para uma visão geral, ver: Alan R. Millard, “Approaching the Old Testament” Themelios 2 (1977): 34-39.
6
Eugene F. Klug, Prefácio de The End of the Historical Critical Method (A Extinção do Método historico –
crítico) por Gerhard Maier, St. Louis, Concordia. 1977, p. 9.
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11
B. S. Childs, “On reading the Elijah narratives,” Interpretation 34 (1980) p. 128.
12
B. S. Childs, The Book of Exodus, OTL, x.
13
B.S. Childs, “Interpretation in Faith”, Interpretation 18 (1964), p. 437, 438. A teoria hermeneutica cada vez
mais reconhece o lugar do individual na interpretação.
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(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
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1. O contexto do texto isolado é o AT como um todo, este todo do AT deve ser entendido à luz do
texto isolado;
2. O Antigo é interpretado à luz do Novo, e o Novo sob a luz do Antigo, em harmonia com o
“propósito divino único”;
3. O exegeta se move do AT e NT para a própria realidade teológica (e vice-versa); “O texto bíblico
não é um vestígio morto de uma era do passado, mas um veículo vivo para uma ação divina que
clama após seu leitor”14.
O AT está repleto de engodos de toda espécie: uma verdadeira confusão de erros, fantasias,
inseguranças, imagens duvidosas...em resumo, uma livro repleto de enganos intencionais e não
intencionais...um livro muito perigoso, cujo uso necessita de muito cuidado16.
14
Ibid, 444.
15
Ver W.VanGemeren, “IHCIP”, PT. 1; IDEM, “Perspectives on Continuity” in Continuity and Discontinuity:
Perspectives on the Relationship between the Old an New Testaments in Honor of S. Lewis Johnson, Jr., ed.
John S. Feinberg (Westchester: Crossway, 1988); W.C. Kaiser, Jr, Toward Rediscovering the Old Testament
(Grand Rapids: Zondervan, 1987), p. 35-46. Kaiser aborda o assunto das promessas do AT e conclui: “Havia
somente um povo de Deus e um único programa de Deus, ainda que haja vários aspectos para aquele povo
único e para o programa único referido” (TOTT, p. 269).
16
Friedrich Delitzsch, Die grosse Tauschung (Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1920-21), 2:52, citato em
E.G. Kraeling, The Old Testament since the Reformation (O AT desde a Reforma) (New York: Harper & Row,
1955), p. 158. Para discussão ver A. C. Cochrane, The Church´s Confusion Under Hitler (A Conflito na Igreja sob
Hitler) (Philadelphia: Westminster, 1962).
17
David W. Lotz, “Sola Scriptura: Luther on Biblical Authority,” (Somente a Escritura: Lutero sobre autoridade
bíblica) Interpretation 35 (1981): 258-73.
18
Citado em Emil G. Kraeling, The Old Testament since the Reformation, p. 16 (O AT desde a Reforma).
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(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
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a igreja não era uma mera continuação de Israel com seus rituais cúlticos e exigências civis.
Mas a igreja é uma comunidade espiritual composta por todo o povo de Deus que professa a
fé em Jesus Cristo. O ensino bíblico enfatiza a novidade da nova era (uma melhor aliança), o
cumprimento e consumação na obra de Jesus; deste modo, era provido sólidas razões para se
rejeitar as reivindicações de Roma de continuidade entre AT e NT. Os Reformadores
corretamente as distintas diferenças entre as comunidades da Antiga Aliança e aquelas da
Nova Aliança. Cristãos eram encorajados a lançar fora a servidão de Roma e desfrutarem “a
liberdade do homem cristão”.
Os Anabatistas negavam completamente o AT e o consideravam inferior à revelação
do NT. Contra eles, Calvino manteve com limitações, uma tolerância relativa à relevância da
Lei do AT. Ele teve prestimosa consideração à função de Israel e do AT na sua exegese. Na
compreensão de Calvino, Deus fez uma aliança com Abraão e sua semente, tendo esta uma
natureza redentiva peculiar.O AT e NT são duas formas de uma única administração da
graça, a qual inclui todas as alianças específicas (descritas no AT)19. AS ALIANÇAS E
AMBOS OS TESTAMENTOS ESTÃO DE MANEIRA SIGNIFICATIVA,
ALICERÇADAS SOBRE UM FUNDAMENTO: CRISTO, O MEDIADOR DA
ALIANÇA (I Tm. 2.5. Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem), quem cumpre as promessas do AT ao mesmo tempo em que
assegura completo cumprimento na sua vinda gloriosa. Calvino sustentava tanto a imutável
natureza de Deus como a descrição do que a Escritura fornece de vários estágios redentivos
como sendo algo “complementar”. Desta maneira, Calvino percebia o equilíbrio entre o
aspecto estático (isto é, o aspecto eterno da Redenção) e o aspecto dinâmico (a dimensão
histórica da Redenção) na sua compreensão da Revelação.
A posição de Calvino, relativamente branda, tornou-se mais solidamente estabelecida
nas abordagens específicas de dois teólogos do século XVII: Cocceius e Voetius20. Os
discípulos de Cocceius enfatizavam o apego de Calvino pela teologia bíblica e exegética. Os
discípulos de Voetius enfatizavam a habilidade de Calvino na sistematização. Os pontos de
tensão de Calvino têm se tornado polarizados até os dias de hoje. Tais tensões podem ser
mais bem representadas igualmente por lei e evangelho, promessa e cumprimento, figura e
realidade.
19
Calvino: Institutes 2.9.11; Anthony Hoekema, “The Covenant of Grace in Calvin’s Teaching,” Calvin
Theological Journal 2 (1967): p. 133-61.
20
Ver: VanGemeren: “Perspectives on Continuity” (Perspectivas sobre Continuidade).
21
Calvin, Institutes 2.9.3.
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Logo, ainda que no evangelho Cristo nos ofereça a atual plenitude de bênçãos espirituais, contudo a
concretização jaz sempre sob a custódia da esperança, até que, despojados da carne corruptível,
sejamos transfigurados na glória daquele que via à nossa frente22.
A mesma igreja havia entre eles, porém até ali na sua infância; por essa razão, o Senhor os manteve
sob esta tutela, de sorte que não lhes deu as promessas espirituais, e explícitas, mas prefiguradas em
certa medida, por promessas terrenas. Por essa razão, Quando o Senhor introduziu Abraão, Isaac ,
Jacó e seus descendentes à esperança da imortalidade, ele lhes prometeu a terra de Canaan como
uma herança. Esta promessa terrena não era para ser objeto final de suas esperanças, mas um
exercício e confirmação deles na contemplação em esperança, de suas verdadeiras heranças, uma
herança não ainda manifesta a eles23.
Há, pois, neste caso, uma natureza espiritual vinculada às bênçãos terrenas. O
crente do AT recebeu os benefícios de Deus como uma figura de sua shalom ou paz, com
Deus: “Então, ele adicionou a promessa da terra, somente como símbolo de sua
benevolência e como um tipo da herança celestial”. Esta exposição explica a linguagem
profética, com seus quadros e representações das bem-aventuranças terrenas no estágio de
complementação:
Ainda que os profetas representem com mais freqüência as bem-aventuranças da era porvir através
de tipos que eles recebiam do Senhor...Nós percebemos que todas estas coisas não podem se
aplicadas de modo apropriado à Terra da nossa peregrinação, ou a Jerusalém terrena, mas à
verdadeira pátria dos crentes, aquela cidade celestial na qual “O Senhor tem ordenado sua benção e
vida para todo sempre” (Sl. 133.3)24.
22
Calvino, Institutas, 2.9.3.
23
Calvino, Institutas 2.11.1.
24
Calvino, Institutas 2.11.2.
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(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
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Tradução por Almir Macário Barros: Manaus, AM, 27 de março de 2010 13 de 62
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A promessa divina aponta para uma semente, uma raça, uma família, um homem, uma terra, e uma
benção de proporções universais – tudo garantido, segundo Gn. 17, como sendo eterno. Neste
propósito reside o plano único de Deus. Também neste plano singular, repousa capacidade de
abraçar diversidade e variedade tal como o progresso da Revelação e da história podem produzir.
Nesta unidade de propósito e método desdobrou-se uma seqüência de eventos, os quais os escritores
descrevem, e numa serie de interpretações interconectadas, eles do mesmo modo e ousadamente,
anunciaram perspectivas normativas de Deus sobre aqueles eventos para aquelas gerações e para as
que haveriam de vir29.
Centros teológicos tais como promessa (Kaiser), Aliança (Robertson;
McCommiskey), e Reino (Van Ruler) têm a vantagem de servirem como princípios
organizadores a partir dos quais a revelação bíblica pode ser abordada. O reconhecimento de
um centro teológico destaca um aspecto do plano de Deus em relação aos outros. Deus é um
25
Para uma discussão relativo ao centro bíblico na Teologia Bíblica, consultar: Kaiser, TOTT, (Toward Old
Testament Theology, Sobre Teologia do AT), p. 20-32. Gerhard Hasel, Old Testament Theology (Teologia do
AT) (Grand Rapids: Eerdmans, 1972), p. 123-30. Sobre o problema da Teologia Bíblica, ver: Brevard S. Childs,
Bíblical Theology in Crisis (Philadelphia: Westminster, 1970). Para uma reavaliação e contribuição, ver idem,
Old Testament Theology in a Canonical Context (Teologia do AT num contexto canônico) (Philadelphia:
Fortress, 1986), p. 1-17.
26
Eichrodt pertence à Escola Crítica (Alta Crítica, séc. XVIII), a qual adota pressupostos de certa maneira, que
estão em conflito com os pressupostos da Escola Histórico – Redentiva. fica o alerta ao leitor: Não significa
que todos os autores citados nesta obra estejam em harmonia com a Abordagem Histórico – Redentora,
portanto, é necessário que o leitor permaneça atento às referencias, teólogos citados, etc feitas nesta obra,
no sentido de não aderir a idéias que não façam jus às Escrituras.
27
Observação do Tradutor: Observe-se que Von Rad pertence à Escola Crítica. Portanto, o leitor desta obra
deve estar atento a referências às suas obras, caso estas estejam em conflito com a Escola de Abordagem
Histórico – Redentiva.
28
Bruce C. Birch, “Biblical Hermeneutics in Recent Discussion: Old Testament,” (Hermeneuticas bíblicas em
debates recentes: AT) Religious Studies Review 10 (1984): p. 1-7.
29
Kaiser, TOTT (Toward Old Testament Theology), p. 39; ver também p. 32-40.
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Deus de ordem. Ele tem um propósito para todas as coisas. Além desta convicção, eu
proponho focalizar sobre Jesus como o centro. Jesus é a revelação da salvação de Deus.
A história da Redenção mostra progressão (ao longo da história) no trabalho do
Plano de Deus de Redenção que se mostrará completamente desenvolvido na restauração de
todas as coisas. Todas as bênçãos, promessas, alianças e expressões do Reino são reflexos
ou sombras da grande salvação em Cristo Jesus que virá no fim dos tempos. Em outras
palavras, o AT e NT, juntos, testemunham da grande salvação como restauração. Santos do
AT e Cristãos compartilham a experiência comum de recebimento da graça de Deus em
Cristo Jesus. O desfrutar da experiência da salvação aumenta tal qual a revelação de Deus
ilumina a natureza do Messias e a era messiânica.
Os intérpretes cristãos do AT não podem limitar seus focos a um único dos muitos
temas referidos30; também não podem isolar o AT do NT. Nas suas abordagens do AT, eles
devem ter em mente que eles mesmos permanecem numa tradição que regride ao ponto
médio da história da Redenção, especificamente, a Encarnação, Morte e Ressurreição de
Cristo, o Messias:
A Igreja Cristã confessa encontrar testemunho acerca de Jesus Cristo tanto no AT como no NT...A
constituição da Bíblia cristã...reivindica toda Escritura como testemunho autoritativo do propósito de
Deus em Jesus Cristo para Igreja e para o mundo...O AT é interpretado pelo NT e o NT é entendido
através do AT, mas a unidade de seu testemunho é alicerçada num único Senhor31.
O anelo pela essência das Escrituras tem aumentado rapidamente desde a vinda de
Jesus. Os autores do NT mostram profundo interesse e ardor em suas pregações e escritos
sobre a nova era que foi introduzida desde a ressurreição de Jesus. Ver Pedro como
exemplo: At. 2.22-24; 4.11-12; 10.42-43; I Pe. 1.12; ou Estevão em At. 7.52; ou Paulo em
At. 13.32-33; 17.30-31; 26.22-24; 28.28; II Co. 1.19-20; Fp. 1.18. O CENTRO DA BÍBLIA
É A ENCARNAÇÃO E GLORIFICAÇÃO DE CRISTO, POR QUEM TODAS AS
COISAS SERÃO RENOVADAS. TODOS OS ATOS DE DEUS, TODA REVELAÇÃO
DE SUAS PROMESSAS E ALIANÇAS, TODA PROGRESSIDADE DO SEU REINO
E TODOS OS BENEFÍCIOS DA SALVAÇÃO ESTÃO EM CRISTO32.
Todos os atos e bênçãos de Deus em qualquer era estão, deste modo, alicerçados na
morte de Cristo em antecipação à nova era. Não sabemos a exata natureza daquela era,
porque os profetas e apóstolos falam em metáforas e parábolas. Nós sabemos que a Era da
salvação estabelecerá completa liberdade a partir da morte, tribulação e julgamento que
caracteriza o mundo presente. Desde então o mundo é estranho para os crentes antes e
depois da primeira vinda de Cristo (e isto é glorioso); portanto, todos os crentes
compartilham em comum esperança e fé (Hb. 11). Pela esperança no mundo de justiça
porvir (Gl. 5.5; II Pe. 3.13), a fé se concentra em Cristo, o Rei da Glória, em que sombra,
figura e promessa se tornarão claros, realidade e cumprimento. Num amplo panorama da
existência de todos os santos de Deus, desde Adão até o presente, seria presunção para nós
reduzir os atos graciosos de Deus, suas revelações, alianças e promessas a “meras sombras”.
Nós, também, estamos vivendo ainda na sombra da grande era porvir.
F. A interpretação da Bíblia
30
Ver P. D. Hanson, The Divesity of Scripture (A Diversidade da Escritura) (Philadelphia: Fortress, 1982).
31
Brevard S. Childs: IOTS, 671; comparer com Fritz Stolz: Interpreting the Old Testament (London: SCM, 1975),
p. 140-43.
32
Veja: Kaiser: Toward Rediscovering, (Rumo à Redescoberta) p. 101-20.
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
Tradução por Almir Macário Barros: Manaus, AM, 27 de março de 2010 15 de 62
ISBN 0-8010-2081-6
33
Consultar E. D. Hirsch, Jr., The Aims of Interpretation (O objetivo da interpretação) (Chicago: Imprensa da
Universidade de Chicago, 1976); L. Berkhof, Principles of Biblical Interpretation (Grand Rapids: Baker, 1950);
G. B. Caird, The Language and Imagery of the Bible (Philadelphia: Westminster, 1980). Para um avaliação do
uso e limitações deste método, ver a contribuição de vários pontos positivos em Donald K. McKIm, Ed., A
Guide to Contemporary Hermeneutics: Major Trends in Bíblical Interpretation (Gran Rapids: Eerdmans, 1986).
34
Bernard Ramm, “Who can Best interpret the Bible?” (Quem pode melhor interpreter a Bíblia?) Eternity,
Novembro, 1979, vol. 30, PP. 25,28, 43.
35
Acréscimo do Tradutor Almir Macário Barros.
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
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mesma, ele poderá melhor compreender e apreciar o livro. Se no estudo das Artes e da
Ciência, a compreensão das relações estruturais tem grande importância, de muito maior
importância será para o estudante da Bíblia aprender a apreciar a Estrutura do pensamento e
expressão bíblicos. Doutra forma, o leitor ocidental da Bíblia pode chegar a conclusões
significativamente diferentes daqueles leitores do Terceiro Mundo. Assim, considerando que
a Bíblia é estudada em diferentes culturas e subculturas, devemos trazer harmonia aos
nossos estudos da Bíblia com pesquisas por aquelas estruturas do pensamento bíblico que
estão inerentes na própria Escritura. De acordo com Torrance:
36
Thomas F. Torrance, The Mediation of Christ (Grand Rapids: Eerdmans, 1984) p. 27.
37
Acréscimo do tradutor.
38
Acréscimo do tradutor.
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Cada livro da Bíblia tem um propósito, e todo texto deve ser lido à luz do propósito
do livro respectivo a que pertence o texto. No propósito de descobrir como o texto em
consideração contribui para o argumento do livro como um todo, o texto anterior deve ser
lido como uma expressão literária separada dentro do livro em questão. Há um estilo
literário ou gênero, que requer especial atenção, uma vez que o tal estilo está sempre
relacionado com o conteúdo. O leitor deve comparar aquela passagem com outras que têm
um estilo literário similar. Ao permitir que passagens do mesmo gênero interpretem o texto
em questão, o leitor permite que Escritura interprete Escritura39.
f.4. Função Canônica
39
Ver John Barton, Reading the Old Testament: Method in Biblical Study (Lendo o AT: Método no Estudo
Bíblico) (Philadelphia: Westminster, 1984); Peter W. Macky, “The Coming Revolution: The New Literary
Approach to New Testament Interpretation,” (A Revolução porvir: A Nova abordagem literária à
Interpretação do NT) Theological Educator 9 (1979); p. 32-46; Robert Alter, The Art of Biblical Narrative (New
York: Basic, 1981); idem, The Art of Biblical Poetry (New York: Basic, 1985). Tremper Longman III, Literary
Approaches to Biblical Interpretation (Grand Rapids: Zondervan, 1987).
40
Estes detalhes são acréscimo do tradutor Almir Macário Barros, para melhor compreensão do leitor. O
Cânon apresentado é segundo a ordem e classificação hebraica.
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41
Childs, IOTS, 533.
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42
Observação do tradutor: Para melhor compreensão do leitor, a seguir um resumo dos Períodos históricos –
redentivos: resumem-se em 3 períodos: I. CONSELHO ETERNO DO DEUS TRIÚNO (CEDT) E ALIANÇA DA
REDENÇÃO (AR); II. ALIANÇA DAS OBRAS (AO), Gn.1-2; e III. ALIANÇA DA GRAÇA (AG). Gn.3-Ap. Estes estão
distribuídos e subdivididos da seguinte maneira: I. CEDT: Reunião das Pessoas da Trindade (Pai, Filho, E.
Santo, “planejando e decretando”-Doutrina do Eterno Decreto- todas as coisas sobre: 1. Criação; 2.
Providência e Redenção); a seguir, no contexto do CEDT acontece a ALIANÇA DA REDENÇÃO: Realizado
“antes dos tempos eternos” entre Deus O Pai e Deus O Filho (Lc.22.29 –confiou - no grego - pactuou; Ef.1.4,5;
II Ts.2.13; II Tm.1.9; Tt.1.2) - (ler 2 primeiros capítulos de “As duas Naturezas do Redentor, Heber Campos”);
obs: ninguém pode entrar nos “arcanos” do Conselho de Deus; assim, tomando o ensino das Escrituras, o
segmento reformado usa como “recurso didático” a exposição deste primeiro período acima descrito: (Mt.
10.28-30. Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer
perecer no inferno tanto a alma como o corpo. 29. Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles
cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai; 30. E, quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça
estão contados; Am.3.7. Sucederá algum mal à cidade sem que o Senhor o tenha feito? Certamente, o Senhor
Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas. Rugiu o leão,
quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará? Jr. 23.18. Porque quem esteve no Conselho
do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra e a ela atendeu? Is. 45.6-7,
12,18,23. Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o
Senhor, e não há outro. 7. Eu formo a luz e Ciro as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas
estas coisas; 12. Eu fiz a terra e criei nela o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus
exércitos dei as minhas ordens. 18. Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra,
que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor, e não há
outro; 23. Por mim mesmo tenho jurado; da minha boca saiu o que é justo, e a minha palavra não tornará
atrás. Diante de mim se dobrará todo joelho e jurará toda língua...); II. ALIANÇA DAS OBRAS, entre Deus e o
Primeiro Adão, Gn. 1-2: o Primeiro Adão desobedece a Aliança e traz morte, culpa e pecado à totalidade da
humanidade; III. : ALIANÇA DA GRAÇA (AG) (Período Pós-Queda) entre Deus e o pecador eleito em Cristo
tendo Jesus Cristo homem (O Último Adão, I Co.15.45-49) como Mediador (I Tm. 2.5). Esta AG funciona desde
Gn. 3.15 a Ap. funcionando por toda eternidade. Deus ministra a AG sob dois regimes consecutivos. 1. O
regime da Antiga Dispensação ou Antiga Aliança, período histórico em que são revelados as Escrituras
Hebraicas através dos profetas, conhecidas por nós como Antigo Testamento, AT. e 2. O regime da Nova
Dispensação ou Nova Aliança em que é revelado o Novo Testameto, NT. Vejamos os sub-períodos da AG:
Aliança da Graça (AG) na Antiga Dispensação (Pós-Queda): 3.1.1. 1ª administração da AG: Inauguração da
AG com a introdução da promessa messiânica na história humana em Gn. 3.15, conhecida como Proto-
Evangelho; 3.1.2. 2ª administração da AG: Aliança Noáica, Gn.6-9; 3.1.3. 3ª Administração da AG: Aliança
Abraâmica, Gn.15; 3.1.4. 4ª Administração da AG: Aliança Mosaica: Êx. 24.1-11; 3.1.5. 5ª Administração da
AG: Aliança Davídica, II Sm.7 (encerra-se as ministrações da AG sob regime da Antiga Dispensação ou Antiga
Aliança. Não devemos, porém, esquecer que a Antiga Dispensação só vai findar quando da Ressurreição de
Jesus. com a vinda de Cristo se inicia o período em que a AG é administrada sob a Nova Dispensação ou Nova
Aliança no sangue de Cristo: este segundo período da AG se divide em: 3.2.1. Era Messiânica: Ministério
Terreno de Jesus: Ministração da AG sob o regime da Nova Dispensação: Nova Aliança no sangue de Cristo
com a concretização (de uma vez por todas, de forma irrepetível, sem nenhuma participação do homem
pecador) da Promessa Messiânica pelo Deus e Homem, Jesus, O Cristo, de: Encarnação, Expiação e
Ressurreição (Redenção Objetiva). Mt. 26.26. 3.2.2. Era Apostólica: Ministério de Jesus através do E. Santo,
ou Ministério Terreno do E. Santo com a Inclusão dos gentios na AG no regime da Nova Aliança e
encerramento do período de Revelação com fechamento do Cânon, AT e NT; 3.2.3. Era da Igreja (Pós-
Apostólica): História da Igreja, Iluminação do E. Santo (construção de Doutrinas, Credos, Confissões). 3.2.4.
Segunda Vinda: Vinda gloriosa de Cristo: Consumação da Redenção dos santos; Juízo Final, Restauração de
todas as coisas; 3.2.5. Estado Eterno: Novo Céus e Nova Terra; Nova Jerusalém; Emanuel: Deus habitando
conosco.
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
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não têm obtido uma compreensão total das Escrituras (AT e NT), mas eles se esforçam em
busca da mesma como uma comunidade de exegetas em direção à meta final43.
Portanto, a indagação do intérprete deve ser:
1. Qual a relação do texto sagrado em análise com
a. Avinda de Jesus e
b. Com a nossa esperança na Restauração de todas as coisas na sua
Segunda Vinda.
A Abordagem histórico-redentiva demonstra respeito e consideração com os meios
de comunicação e civilização humanas através de seus cuidados no tratar com o texto dado
no seu contexto original de história, cultura, literatura e comunidade de fé. Tal mensagem
resultante é considerada como cristológica no sentido em que toda a Bíblia (AT e NT) se
centraliza sobre Jesus, o Messias, que restaurará todas as coisas para o Deus Triúno, Pai,
Filho e Espírito Santo. Entretanto, enquanto esta restauração ainda não tiver acontecido, a
perspectiva histórico-redentiva contempla o processo à luz da revelação do final ou da
consumação da História da Redenção. A Progressão da Redenção não tem seu clímax44 na
Primeira Vinda de Jesus, mas antecipa a Vinda de Cristo em Glória, quando ele inaugurará a
Era da Consumação no Novo Céus e Nova Terra. Por essa razão, a interpretação é tanto
Cristológica como Escatológica. Se tal interpretação tem seus limites ou referencial no
cumprimento com a Primeira Vinda de Jesus, ela tende a contrastar o AT com o NT. Se,
43
Sidney Greidanus, Sola Scriptura: Problems and Principles in Preaching Historical Texts (Sola Scriptura:
Problemas e Princípios na Pregação de Textos Históricos) (Kampen: Kok, 1970); Theodore Platininga, Reading
the Bíble as History (Lendo a Bíblia como História) (Burlington, Ont.: Welch, 1980).
44
Obs. Do tradutor Almir Macario Barros: O autor VanGemeren praticamente apresenta uma proposta de
não considerar o clímax da história da Redenção como estando na Primeira Vinda de Cristo. Vejamos que
nesta Primeira Vinda, Jesus homem realizou a Principal Promessa do Pai, ou seja, a Promessa Capital
(Promessa Messiânica) que permeia todo o AT, sendo esta resumida em: 1. Encarnação Sobrenatural, 2.
Expiação Vicária e 3. Ressurreição dentre os mortos seguida de Exaltação e Glorificação à direita do Pai, de
onde ele, Jesus Cristo (verdadeiro Deus e verdadeiro Homem) Governa todas as coisas e voltará em Glória
para buscar a sua Igreja, restaurar todas as coisas, e julgar o mundo. Esta tarefa realizada por Cristo na sua
Primeira Vinda constitui o que conhecemos como Redenção Objetiva (RO) que é a Redenção realizada pelo
Filho, em favor do pecador eleito em Cristo, tendo acontecido a dois mil anos atrás, de uma vez por todas,
de maneira irrepetível, sem absolutamente nenhuma participação do homem pecador e nela Cristo
conquistou todos, absolutamente todos os méritos, galardões, bênçãos, etc a serem aplicados ao pecador
arrependido (o eleito em Cristo) durante o tempo de sua existência terrena pelo Espírito Santo. Jesus, pois,
estava ali na Cruz do Calvário, absolutamente sozinho representando o Remanescente de Israel com os
santos do AT, Hb.11, e os santos do NT; até o Pai, por um breve momento, abandonou o Jesus Homem (Mt.
27.46. meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste?). Houve, portanto, um momento em que o povo de
Deus como um todo (AT e NT) estava representado por um homem, e apenas um só homem: Jesus Cristo (O
Último Adão, I Co. 15.45-49, em contraste com o Primeiro Adão, que só trouxe morte, culpa e pecado, I Co.
15.21,22,45) (I Tm. 2.5. Porquanto, há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus
Homem). O começo do final dos tempos estava se iniciando com a Ressurreição de Cristo e o Pentecostes (At.
2) (At.2.17. e acontecerá nos últimos dias que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne...). Daí em
diante, o Espírito Santo, como “o Outro Consolador” (Jo. 14.16) aplica aos pecadores arrependidos os méritos
conquistados por Jesus na Cruz, durante o tempo de existência terrena do pecador. Tal aplicação destes
méritos é conhecida como Redenção Subjetiva. Entre os méritos conquistados por Jesus na cruz, em favor do
pecador estão aqueles conhecidos como ORDO SALUTIS (Regeneração, Arrependimento, Fé, Santificação,
etc...). Observe que a Redenção Objetiva foi decisiva, pois nela ficaram determinadas e garantidas todas as
coisas que haveriam de vir. Considerando estes elementos, o tradutor Almir Macário Barros não concorda
com a proposta de VanGemeren de não colocar a Primeira Vinda como o centro da História da Redenção.
Juntamente com O. Robertson Palmer (Cristo dos Pactos), Gerard Van Groningen (Criação e Consumação, v.
1,2,3 e Revelação Messiânica do AT), Geerhard Vos (Bíblical Theology), e outros teólogos histórico-
redentores, este tradutor considera, pois, o centro da história da Redenção como sendo Cristo Jesus no seu
ministério terreno quando concretizou a Redenção Objetiva (Encarnação, Expiação e Ressurreição). Ao
contrário do que sugere VanGemeren, para estudos escatológicos não é necessário mudar o foco da
centralidade da Primeira Vinda de Cristo, pois ela é o referencial que permeia todo o NT, a Primeira Vinda
determinante para a Segunda.
The Progress of Redemption: The story of salvation from Creation to the New Jerusalem
(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
Tradução por Almir Macário Barros: Manaus, AM, 27 de março de 2010 21 de 62
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45
Observação do tradutor Almir Macário Barros: Não foram referidos por VanGemeren: 1. O Período dos
setenta anos do Exílio Babilônico de Judá; 2. O período profético que aconteceu em paralelo com o
desenvolvimento da Monarquia, Exílio, Restauração. Deveriam, pois, ser citados pelos termos tradicionais:
Profetas pré-Exílicos no Reino Dividido; Profetas Exílicos no Exílio Babilônico e pós-Exílicos no Período de
Restauração de Judá. Este último faltou ser citado pelo termo “pós-Exílicos”.
46
O termo “pós-Exílicos” foi acrescentado pelo tradutor Almir Macario Barros, visto que VanGemeren não
referiu os profetas no período pré-Exílico (Reino Dividido), Exílico (Exílio Babilônico) e pós-Exílico
(Restauração de Judá).
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(O Progresso da Redenção: A história da Salvação: Da Criação à Nova Jerusalém)
Por Willem VanGemeren, por Baker Books, Grand Rapids, Michigan, USA, 1995
Tradução por Almir Macário Barros: Manaus, AM, 27 de março de 2010 23 de 62
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47
Walter Kaiser, The Old Testament in Contemporary Preaching (O AT na Pregação Contemporânea) (Grand
Rapids: Baker, 1973); idem, Toward an Exegetical Theology (Sobre uma Teologia Exegética) (Grand Rapids:
Baker, 1981); G. Maier, The End of Historical-Critical Method (O Fim do Método Histórico-Crítico) (St. Louis:
Concordia, 1977).
48
Peter Stuhlmacher, Historical Criticism and Theological Interpretation: Towards a Hermeneutics of Consent
(Criticismo Histórico e Interpretação Teológica: Sobre uma hermenêutica de Consentimento), trad. Roy A.
Harrisville (Philadelphia: Fortress, 1977), p. 85-87. Ver também: James D. Smart, The Strange Silence of the
Bible in the Church (Philadelphia: Westminster, 1970).
49
Stuhlmacher, Historical Criticism, p. 65.
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...é o pastor, como aquele que mais regular e freqüentemente interpreta a Escritura na vida da igreja,
quem se torna uma ligação na cadeia hermenêutica que se estende desde a literatura bíblica em si,
passando através do processo variado de eruditos que surgem nas questões citadas acima, e
finalmente ao indivíduo em particular, para quem está sendo feita a interpretação na igreja...O
contexto e a pessoa que está fazendo a interpretação é uma chave de ligação no processo de
recriação do significados das Escrituras na Igreja50.
“Nós não podemos explicar a Bíblia como o nosso Ministro, ele...é bastante habilidoso e capaz,
podendo ‘encontrar Cristo’ em todas as partes da Bíblia!”. Isto significa que o povo provavelmente
fará uma ou outra coisa: em qualquer caso eles se entregarão às suas próprias leituras individuais
50
Richard L. Rohrbaugh, The Biblical Interpreter: An Agrarian Bible in an Industrial Age (O Intérprete Bíblico:
Uma Bíblia Agrária em uma Era Industrial) (Philadelphia: Fortress: 1978), p. 7-9.
51
Ebeling, Word and Faith, p. 311.
52
Thiselton, The Two Horizonts (Os Dois Horizontes).
53
Chicago Statement of Biblical Hermeneutics (Declaração de Chicago sobre Hermenêutica Bíblica).
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Bíblia de modo geral; ou tentarão imitar seu Ministro; neste caso, eles certamente se inclinarão à
oposição e perder-se-ão em vôos de todo tipo de alegoria54.
Para ser relevante, o estudante da Bíblia deve permanecer com “um pé no mundo”
da Bíblia e com na sociedade de hoje. O estudo da Bíblia é um trabalho que requer um
envolvimento pessoal. Seus ensaios podem lançar nova luz sobre opiniões e convicções55.
Porém, o final, a comunidade do povo de Deus e o crente individualmente se beneficia
grandemente por permitir que o Espírito do Cristo Vivo fale através das Sagradas Escrituras
no nosso contexto moderno.
Conclusão
54
Brunner, Doctrine of Creation and Redemption, (Doutrina da Criação e Redenção) p. 212.
55
David J. Hesselgrave, “The Two Horizons: Culture, Integration, and Communication,” (Os Dois Horizontes:
Cultura, Integração e Comunicação) JETS 28 (1985), P. 443-6. Consultar Walter Kaiser, Jr., “Legitimate
Hermeneutics,” (Hermenêutica Autentica) in Inerrancy, (Inerrância) ed. Norman Geisler (Grand Rapids:
Zondervan, 1980), p. 117-47.
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56
Bernard L. Ramm, “Biblical Interpretation,” Baker’s Dictionary of Practical Theology, ed. Ralph G. Turnbull
(Grand Rapids: Baker, 1967), p. 101.
57
H. Berkhof, Christ, the Meaning of the History, trans. L. Buurman (Grand Rapids: Baker, 1979).