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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

ANÁLISE DO PARECER
E ESTUDO SOCIAL DE TÂNIA DAHMER

Disciplina: Técnicas Interventivas


Docente: Rita Cavalcanti
Monitora: Léa Santos
Discentes: Benvindo Manima
Caio César Wollmann Schaffer

Rio de Janeiro
dezembro/2010
ANÁLISE DO PARECER E ESTUDO SOCIAL DE TÂNIA DAHMER

O campo sócio-jurídico aparece como um dentre os muitos campos de intervenção do


Serviço social. Nesta área, geralmente, o assistente social é convocado à fornecer subsídios “para
o arbítrio de situações conflituosas” (MIOTO, 2009 p.07). Segundo Fávero (2009), o informe1, o
relatório2, o laudo3 e o parecer4, são os registros mais comumente elaborados pelo assistente
social para integrar os autos processuais e fornecer subsídio à decisão do magistrado.
Tânia Dahmer em sua contribuição, manifesta no texto “O Serviço Social e o Sistema
Sociojurídico”, realiza a comparação e a distinção sobre o que seria um estudo e um parecer
social. A necessidade de se realizar essa diferenciação se dá pela fluidez destes conceitos, uma
vez que, para os muitos profissionais que formam o quadro técnico do sistema judiciário, inclusive
os assistentes sociais, o que, pela autora é denominado como parecer social, recebe o nome de
estudo social. (DAHMER,2004 p. 95). Esta fluidez de conceitos aparece até mesmo entre os
autores analisados no presente trabalho. A termo de exemplo, o que é considerado como um
parecer social para Dahmer, seria para Fávero (2009) um laudo social concluído com um parecer.
Dahmer (2004, p.95) concebe o estudo social como um momento metodológico de
apreensão do real a partir dos sujeitos que demandam a intervenção ou a partir dos
demandatários da intervenção junto aos usuários. Em outras palavras, para Dahmer, o estudo
social é um primeiro momento de apreensão dos dados empíricos, enquanto o parecer social se
dá através de uma interpretação destes. Esta interpretação dos dados, por sua vez, é fruto de todo
o referencial teórico-metodológico desenvolvido pelo profissional, numa perspectiva de totalidade
vinculada aos princípios é ético-políticos da profissão.
Mioto (2009), numa perspectiva semelhante a Dahmer, problematiza de forma mais ampla
o que aqui vem sendo denominado de estudo social (ou estudo socioeconômico)5. Para esta
autora a realização de estudos sociais, bem como os instrumentos e técnicas aprimorados para a
viabilização destes (como entrevistas e visitas domiciliares) possuem seu significado e direção
vinculado a projetos profissionais hegemônicos em determinados períodos históricos. Projetos
profissionais estes que historicamente expressaram, e ainda expressam, dimensões teórico-
metodológicas e ético-políticas alinhados à diferentes projetos societários.
Desta forma, os estudos sociais, sob a ótica ético-política hoje hegemônica na profissão,
são compreendidos como ações significativas para a efetivação, garantia e ampliação de direitos

1
O informe, ou informação técnica, é o documento que relata brevemente informações iniciais ou complementares
relacionada à ação profissional, variando de acordo com o espaço de trabalho. Fávero (2009, p.27)
2
O relatório social apresenta de maneira descritiva e interpretativa o registro de uma ou mais entrevistas. Ou pode ser “o
documento no qual constam o registro do objeto de estudo, a identificação dos sujeitos envolvidos e um breve histórico
da situação, a finalidade à qual se destina, os procedimentos utilizados, os aspectos significativos levantados na
entrevista e a análise da situação. Ibidem, p. 27-28.
3
O laudo social “é o registro que documenta as informações significativas, recolhidas por meio do estudo social,
permeado ou finalizado com interpretação e análise”. Ibidem, p.28.
4
“O parecer social pode ser a parte final de um laudo ou pode ser realizado em razão de determinação judicial, com
base em conteúdos já documentados nos autos e/ou informações complementares”. Ibidem, p. 29.
5
Para Mioto (2009, p.06) no processo de construção do debate a cerca dos estudos socioeconômicos, estes foram se
afirmando terminologicamente, simplesmente, como estudo social.
fundamentais no processo de enfrentamento das expressões da “questão social”. Neste sentido os
estudos sociais “contém tanto uma dimensão operativa quanto uma dimensão ética e expressa
(sic!), no momento em que se realiza a apropriação pelos assistentes sociais dos fundamentos
teórico-metodológicos e ético-políticos da profissão em determinado período histórico”
(MIOTO,2009 p.09). Ainda segundo a autora, “os estudos sociais são estruturados a partir dos
sujeitos para os quais a ação está dirigida, formas de abordagem desses sujeitos, bem como pela
utilização dos instrumentos técnico-operativos e pela produção de documento” (Ibidem, p.09)
A cerca da documentação Marconsin (2009, p.65,68,70,71) afirma que esta tem a finalidade
de oferecer subsídio para a análise e a intervenção do Serviço Social na realidade e, sendo ela um
instrumental-técnico operacionalizado através do registro, acaba por se tornar uma mediação
valiosa no processo de materialização da relação entre teoria e prática no trabalho profissional.
Esse registro deve partir de uma interpretação teórico-crítica dos dados empíricos penetrando o
contexto institucional, o contexto da população usuária e o contexto econômico, político e
sociocultural que incidem sobre o que se deseja conhecer.
Compreendendo que a operacionalização da documentação, como a de qualquer
instrumental-técnico, possuí uma direção ético-política, ela pode funcionar, de um lado, como um
“simples roteiro de papeis a serem preenchidos e organizados” – relatórios de entrevistas, de
visitas domiciliares, de assembléias, de primeiro atendimento, dentre outros – numa percepção
administrativa, contribuindo para a burocratização das relações sociais. De outro lado, a
documentação pode ser compreendida como um instrumental técnico de grande relevância, pois
“possibilita organizar e veicular informações, bem como produzir informações e conhecimento”
(MARCONSIN, 2009 p.69). Nesta perspectiva teórico-metodológica, a documentação torna-se
fundamental para a elaboração de estudos sociais, pois a existência de uma base documental rica
e coesa permite ao assistente social desvelar a realidade em suas conexões e determinação mais
amplas além de possibilitar a escolha ou criação de formas de intervenção, junto ao caso
estudado6, compromissadas com a garantia e ampliação de Direitos.
Antes de iniciar a análise do Estudo e Parecer Social de Tânia Dahmer fazem-se
necessários alguns comentários.
Primeiramente cabe ressaltar que a diferenciação de nomenclatura, entre as autoras, para
o documento – que operacionalmente pode ser definido como o processo de conhecimento,
análise e interpretação de uma determinada situação social – estudo social, relatório social, laudo
social, entre outros, pode ser vinculado à posição das autoras quanto a utilidade de tal documento
para o serviço social e para a ação judicial ao qual o assistente social é convocado a contribuir.
Para Dahmer (2004, p.95,107) o estudo social não é o documento que deverá ser entregue ao
magistrado (este é o parecer), pois, dado a completude das informações empíricas existentes no
estudo social, este seria, do ponto de vista ético, uma possível fonte de fomento de preconceito.
Doutra forma, ao observar os pontos fundamentais para a elaboração de um estudo social,

6
“É imprescindível considerar que “o caso” em estudo não é “um caso”, ou seja, ele tem sua condição singular, todavia a
sua construção é social, histórica, cultural.” (FÁVERO,2009 p.05)
apontados por Mioto (2009), podemos perceber que esta autora não traz a mesma preocupação
apontada por Dahmer, pois, para a autora, tanto o estudo social quanto o parecer, fazem parte de
um mesmo documento, ou melhor, o parecer aparece como parte integrante do estudo social, que
deverá ser entregue ao magistrado.
Mioto aponta 4 pontos fundamentais para a construção do estudo social:
“a identificação dos sujeitos demandantes dos estudos e dos sujeitos implicados na
situação e da situação; a descrição concisa da situação estudada que deve trabalhar, de
forma organizada, o conjunto de informações contidas nos relatórios de entrevistas,
documentos, visitas domiciliares, observações; a análise da situação na qual o profissional
dará a conhecer como articulou os dados da realidade com o marco teórico-metodológica
que orientou sua ação e com seu conhecimento da área em que está se realizando o
estudo, das legislações em vigor e de outros estudos que embasem sua perspectiva
analítica. Não se trata obviamente de um ensaio teórico, mas de uma análise da situação
que permita embasar e direcionar o parecer sobre ela. O parecer deve expressar a opinião
do profissional sobre a demanda que motivou o estudo social ou responder questões sobre
a situação. Nele são sugeridos encaminhamentos possíveis para atender tanto à demanda
quanto à situação”. (MIOTO,2009 p.15) grifos nossos.

Trabalharemos estes pontos na análise, no estudo e parecer social de Tânia Dahmer,


partindo do entendimento que os dois primeiros pontos supracitados constituem o que Dahmer
considera um estudo social, ou seja, constituem a apreensão dos dados empíricos do caso. E, os
dois últimos pontos constituem o parecer, ou seja, constituem “um esforço mental de interpretação
dos dados empíricos” que deve ser propositor de estratégias práticas para a efetivação de direitos
(DAHMER, 2004 p. 95-96). Vale ainda ressaltar que, como para Dahmer, parecer e estudo social
devem ser documentos distintos, ambos apresentarão o primeiro ponto de análise, qual seja, a
identificação dos sujeitos demandantes e/ou implicados na situação estudada. Contudo, no estudo
social este ponto é trabalhado de forma mais ampla, na busca de conhecer o máximo a história do
sujeito. Já no parecer, a identificação é feita de forma concisa, apresentando somente os dados
relevantes aos objetivos escolhidos.
Isto posto, passaremos à análise do Estudo e Parecer Social apresentado por Tânia
Dahmer no texto “O Serviço Social e o Sistema Sociojurídico” (2004).
O caso estudado trata-se da desinternação de Carlos Lima, que cumpria medida de
segurança em um único processo criminal de 1999, erroneamente numa casa de custódia, haja
visto que tal medida deveria ser cumprida em um hospital de custódia e tratamento. Tendo em
vista tal erro, o juiz determinou, em audiência ocorrida em maio de 2001, que Carlos fosse
imediatamente transferido ao hospital de custódia e que o Serviço Social realizasse diligência de
familiares que pudessem se responsabilizar por Carlos em caso de desinternação, haja vista que
os tios de Carlos que compareceram à audiência se negaram em responsabilizar-se por ele.
Segundo Fávero (2009), o assistente social, com base no que foi requisitado, deverá
delimitar seu objeto. Essa delimitação vincula-se às “etapas relacionadas aos objetivos e
finalidades do conhecimento que se busca, ou seja, por quê e para quê esse conhecimento é
necessário” que devem ser observados na direção apontada pelo projeto ético-político e teórico-
metodológico da profissão (Idem, op. cit., p.05). Nesta perspectiva Dahmer define 3 objetivos aos
quais este estudo social deverá responder e, num segundo plano, subsidiar o parecer. Os objetivos
são: conhecer a posição da família; oferecer parecer ao Juízo quanto as possibilidades de apoio
familiar ou institucional à desinternação e; busca na rede de saúde pública de instituições no
sentido de que Carlos possa apropriar-se de seu direito de viver em liberdade. (DAHMER, 2004, p.
98). Na inscrição destes objetivos pode-se observar a iniciativa de Dahmer de ir para além daquilo
que fora demandado ao Serviço Social. A escolha de procurar alternativas para além da rede de
proteção primária ultrapassa o caráter imediato, tecnocrático e burocrático da ação profissional,
alinhando-se a uma perspectiva ético-político e teórico-metodológico de totalidade das relações
sociais e da garantia dos direitos sociais.
Levando em consideração este direcionamento das dimensões da prática profissional,
passaremos a identificar, no texto de Dahmer, os pontos apontados por Mioto para a construção de
um Estudo Social.
Primeiramente, no que diz respeito a identificação dos sujeitos, o estudo de Dahmer nos
apresenta Carlos, bem como faz uma breve apresentação da infância deste sujeito. Nesta
apresentação foi-nos permitido conhecer outros sujeitos implicados na situação estudada, quais
sejam: Maria (mãe de Carlos, que sofre de problemas psiquiátricos); Pedro (pai, já falecido, de
Carlos); Marta (avó materna e mãe de criação de Carlos); Luís (único irmão de Carlos, dois anos
mais novo e desaparecido); João (tio materno de Carlos, responsável pelos cuidados de Luís);
Zilda (companheira de João); Marli (tia materna de Carlos, que comparecera à audiência e prove o
sustento de Marta e de Maria); Júlio (amigo de Carlos); e uma prima de Carlos que não tinha
autorização da família para se responsabilizar por este. Estes sujeitos são apresentados à medida
que Dahmer vai apresentando a história de Carlos.
O segundo ponto de análise que nos propõe Mioto (2009, p.15) é “a descrição concisa da
situação estudada que deve trabalhar, de forma organizada, o conjunto de informações contidas
nos relatórios de entrevistas, documentos, visitas domiciliares, observações”. Partindo desta
indicação, que para nós delimita até onde deve ir o estudo social, pois que seria esta a etapa de
sistematização dos dados empíricos contidos nos documentos, pudemos observar que Dahmer
utiliza, num primeiro momento, as informações contidas nos prontuários e nos relatórios de
entrevistas e visitas realizadas com familiares e amigos de Carlos. Foram apenas dois os contatos
com a família que se deram em forma de entrevista e uma visita domiciliar realizada na residência
de Júlio. A primeira entrevista fora realizada com a avó Marta (que se responsabilizaria por Carlos
se tivesse autonomia para isso) e a tia Zilda (que demonstrou à não aceitação do retorno de
Carlos pelos demais familiares por diversos motivos7). Dessa entrevista resultou uma visita destas
familiares com Carlos, e Dahmer, utiliza-se do registro daquilo que fora observado naquele
momento para corroborar na construção do estudo social.
O segundo contato deu-se por iniciativa de tia Marli que marcara um entrevista cujo objetivo
fora o desejo de que a equipe do Serviço Social não mais insistisse para que a família recebe-se
Carlos, pois, segundo a tia, este já teria causado muito mal à família. Tia Marli revelou que a casa
de Marta seria vendida e que iriam residir num local ignorado pela família e principalmente por
7
Motivos que se encontram expressos na página 99 do texto analisado.
Carlos. Na busca de encontrar quem acolhesse Carlos, o amigo Júlio fora contatado e visitado
pelo Serviço Social e, embora Júlio tenha se compadecido da situação do amigo não teria
condições materiais de recebe-lo. Uma outra tentativa foi realizada com uma prima de Carlos que,
embora o tenha visitado por três vezes levando-lhe alguns utensílios, não possuía autorização da
família para se responsabilizar pelo primo.
Até aqui, pudemos observar que a rede de relações primarias, representada pela família
de Carlos, torna-se sujeito privilegiado de análise. Conforme orienta Mioto (2009) “ a realização de
estudos sociais implica, em termos gerais, conhecer as formas assumidas pelas famílias, isto é,
sua estrutura de relações tanto dentro de seus limites como fora deles” (p. 10). Ainda segundo esta
autora, “o conhecimento da estrutura de relações das famílias permite chegar a um outro ponto
importante, que é o entendimento de como as famílias se organizam para a satisfação das
necessidades de seus membros ou para a provisão de bem-estar” (p.12). Isto torna possível a
articulação dos processos familiares com os processos societários mais amplos e, com isso,
adquirir mais clareza da situação em pauta, bem como propor alternativas e encaminhamentos
que atendam as necessidades postas pelos sujeitos estudados, que deverão compor o parecer.
Contudo é necessário ressaltar que refletir sobre família não é algo simples, pois como aponta
Sarti, citada por Fávero (2009, p.15-16), ao refletir sobre família podemos entender esta à partir de
nossa idealização e/ou referência podendo levar a uma desqualificação do discurso do “outro”.
Por isso a reflexão ética torna-se essencial para que não tomemos a situação familiar estudada
sobre nosso ponto de vista.
O restante do estudo social apresenta dados sobre a situação atual de Carlos e sobre a
instituição em que se encontra internado. Pudemos observar que os dados empíricos trabalhados
nesta parte do estudo foram, possivelmente, retirados de prontuários e de registros oriundo da
observação. Não cabendo aqui a análise da situação de Carlos, e sim de como a autora constrói
se estudo social, cabe sinalizar que Dahmer faz uso de informações, considerada úteis para a
análise, registradas por outras disciplinas como por exemplo a psicologia e a psiquiatria. Um último
ponto a ser observado no estudo social é o contato com instituições, sendo que uma delas possuía
residência terapêutica e se negou em receber Carlos pelo fato dele ter sido “soldado do tráfico”.
Elaborado este estudo social, o próximo ponto é a interpretação dos dados empíricos o que
requer clareza teórico-metodológica e articulação dos dados retirados do cotidiano do usuário com
processos societários mais amplos, e isto tudo vinculado à uma perspectiva ética compromissada
com a garantia dos direitos. Nas palavras de Mioto este momento é tido como “ a análise da
situação na qual o profissional dará a conhecer como articulou os dados da realidade com o marco
teórico-metodológica que orientou sua ação e com seu conhecimento da área em que está se
realizando o estudo, das legislações em vigor e de outros estudos que embasem sua perspectiva
analítica”.
Esta análise aparece em Dahmer em dois momentos. O primeiro momento aparece quando
ela questiona quem é o assistente social naquele enredo, bem como, quando ela apresenta que a
questão central que deve ser trabalhada no parecer é o direito legítimo e legal de Carlos à
liberdade, pois já haviam expirados todos os prazos para isto, existindo ainda o prejuízo do usuário
não ter sido internado desde o início no local que era propicio ao tipo de pena que lhe fora
sentenciada. A análise da autora continua quando esta demonstra a função da criminalidade para
a sociedade capitalista, em especial para a industria de segurança. Ainda é analisado a questão da
família e como esta reproduz o entendimento da sociedade a cerca do crime: como uma questão
individual. Também é trabalhado como, na subjetividade, são incorporados outros tipos de valores
por jovens que são socializados no tráfico. E por último, como um critério “não institucional” elimina
a única alternativa encontrada para o caso de Carlos junto à rede secundária de proteção.
O segundo momento é como este esforço mental irá compor o parecer, que segundo Mioto
(2009), “deve expressar a opinião do profissional sobre a demanda que motivou o estudo social ou
responder questões sobre a situação. Nele são sugeridos encaminhamentos possíveis para
atender tanto à demanda quanto à situação” (p.15). A construção do Parecer elaborado por
Dahmer é perpassado tanto pela resposta à situação quanto a análise teórico-metodológico dos
dados empíricos do estudo social. É importante ressaltar que no parecer a autora elimina algumas
informações contidas no estudo social que comprometeriam Carlos inutilmente.
No parecer aparecem dados como: o erro no local de internação; o fato de Carlos ter
recebido laudo favorável à sua desinternação, quando o tempo de cumprimento da medida de
segurança havia expirado, o que não ocorreu por falta de respaldo familiar ou institucional para
sobreviver em liberdade; as condições sociais e econômicas sob as quais Carlos fora socializado;
as limitações psicológicas e psiquiátricas de Carlos; a situação social da família e os motivos
apresentados para explicar o fato destes não subsidiarem a desinternação de Carlos; a
precariedade material que faz com que os amigos não possam se responsabilizar por Carlos; a
busca por instituições públicas que pudessem receber Carlos, tendo em vista que este pode ser
tratado em ambulatório, não necessitando ficar internado num hospital psiquiátrico; o fato da
instituição ter se negado a receber Carlos devido sua passagem pelo tráfico bem como a indicação
do nome e endereço da instituição; o fato da demora na obtenção de liberdade ser promotora dos
sentimentos de ansiedade e abandono, e isto, articulado com as limitações intelectivas de Carlos,
levam a um comportamento considerado “inadequado” pelos funcionários que o custodiam,
resultando em uma relação desgastada entre estes e Carlos levando a aplicação de algumas
medidas de punição a este; a denuncia do não pagamento do salário penitenciário pelo Governo.
O que pôde ser observado da forma com é transcrito o parecer é o grande
comprometimento de Dahmer com a garantia (defesa do direito legal e legítimo à liberdade) e
ampliação (a denúncia do não pagamento do salário penitenciário previsto em lei) dos direitos
sociais, materializado aqui no caso de Carlos, bem como a clareza teórico-metodológica e ético-
política presente na construção do texto. Vale salientar, a termo de considerações finais, que o
domínio da dimensão técnico-operativo foi fundamental para a elaboração tanto do parecer quanto
do estudo social que o subsidiou.
Referências Bibliográficas.

DAHMER, Tânia. As implicações ético-políticas do processo de construção do estudo social. In:


Revista Em Foco: “O Serviço Social e o Sistema Sociojurídico”.Rio de Janeiro: CRESS-7ª Região
(RJ) - Programa de Pós-Graduação de Serviço Social da

UERJ, 2004.

FÁVERO, Eunice. Instruções sociais de processos, sentenças e decisões. In.: Serviço Social:
direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.

MARCONSIN, Cleier. Documentação em Serviço Social: Debatendo a Concepção Burocrática e


Rotineira. In.: FORTI, V. e GUERRA, Y. (Orgs.). Serviço Social: Temas, textos e contextos.
Coletânea Nova de Serviço Social. RJ: Ed. Lumen Juris, 2010, pp. 65-76.

MIOTO, Regina Célia. Estudos Socioeconômicos. In.: Serviço Social: direitos sociais e
competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.

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