INCINERAÇÃO DE LIXO URBANO COM GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Waldir A. Bizzo
Leonardo Goldstein Jr.
Depto. de Engenharia Térmica e de Fluidos
Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP
Caixa Postal 6122 13083-970 Campinas SP
fone: (0192)39-8415 fax:(0192)39-3722

Os resíduos sólidos urbanos devem ser distinguidos dos

RESUMO
A disposição de resíduos sólidos urbanos tem se
tornado um problema crescente para as administrações
municipais. A utilização da técnica usual, o aterro, tem
sido dificultada nos grandes centros metropolitanos pelo
alto custo e escassez de áreas para aterramento, além dos
diversos problemas ambientais que são causados por
aterros e lixões. A incineração térmica é uma
alternativa interessante, pois reduz a 10% o volume de
residuos, além de outras vantagens de ordem ambiental.
A venda da energia elétrica gerada a partir da combustão
de resíduos contribui para diminuição dos custos de
disposição do lixo municipal. Dois procedimentos
básicos de combustão são atualmente utilizados: a
Queima Direta "in natura" e a Queima de CDR -
Combustível Derivado de Resíduo. As emissões gasosas
inerentes ao processo de combustão podem ser
controladas com tecnologias adequadas. Dioxinas e
metais pesados são os poluentes mais perigosos, e a
controvérsia sobre a contaminação com dioxinas pela
incineração ainda não está perfeitamente esclarecida.
INTRODUÇÃO
A disposição de resíduos sólidos urbanos tem se
tornado um problema crescente para as administrações
municipais. A técnica usual de disposição de resíduos
urbanos nas grandes cidades do Brasil é o atêrro
sanitário, normalmente sem aproveitamento do gás
combustível gerado. Resíduos sólidos urbanos
compreendem o material descartado por residências,
comércio e serviços, além de algumas pequenas
indústrias, os quais são coletados pela prefeitura local.
residuos sólidos industriais, cuja responsabilidade de
disposição é normalmente do gerador dos resíduos e não
é coletado pelo município.
Alguns fatores tem dificultado a continuidade
da aplicação do procedimento tradicional. Com o
crescimento dos grandes centros urbanos, a ocupação
residencial e comercial tem se aproximado das áreas que
normalmente poderiam vir a ser utilizadas para aterros,
elevando o custo de terrenos disponíveis e tornando a
contaminação ambiental provocada por aterros mal
operados e a degradação das áreas circunvizinhas
problemas mais visíveis aos olhos da população.
Algumas técnicas tem sido estudadas e testadas
como alternativa aos aterros de resíduos sólidos urbanos.
A reciclagem de produtos aproveitáveis e a fabricação de
composto orgânico tem sido aplicadas em geral a
pequenos municípios. A emissão de odores e a
necessidade de área não tem incentivado a aplicação
destes processos em grandes centros metropolitanos. A
alternativa incineração térmica tem merecido destaque
como uma técnica que parece ser adequada para a
disposição de resíduos sólidos(Korzun, 1990), já que:
- reduz o volume dos resíduos a
aproximadamente 10% do volume original, prolongando
a vida de aterros existentes e diminuindo a necessidade
de áreas municipais;
- destrói organismos patogênicos, reduzindo o
potencial de doenças;
- elimina a fonte de alimentação e a hospedagem
de vetores de doenças, tais como ratos, aves e outros
animais típicos de aterros e lixões;
- eliminam odores comuns a aterros;
- destrói uma variedade de produtos tóxicos
descartados pela população no lixo doméstico e
comercial, prevenindo a contaminação ambiental e do
lencol freático;
 - o aproveitamento eventual do conteúdo social diferentes. Dados e informações de uma
energético do lixo municipal, através da geração e venda localidade não são necessáriamente utilizáveis em outro
de energia elétrica, contribui para o equilíbrio econômico país ou cidade. A caracterização correta do resíduo é um
do gerenciamento e disposição dos resíduos sólidos passo fundamental e necessário para o sucesso de uma
municipais, um problema crescente, em volume e planta de incineração com geração de energia elétrica.
necessidade financeira, dos municípios. Mesmo assim, deve-se prever que as características
A geração de energia elétrica acoplada á variam ao longo do tempo, ainda dentro da vida útil da
incineração de resíduos sólidos urbanos traz vantagens planta. É fato constatado que modificações nos hábitos
do ponto de vista energético e ecônomico. O objetivo de consumo das populações modificam as características
principal é a disposição do lixo; a produção e venda de do resíduo sólido urbano com um aumento gradativo do
energia elétrica como subproduto colabora, no entanto, conteúdo energético devido ao aumento de consumo de
para a diminuição do custo da incineração e disposição embalagens descartáveis, plásticos e papéis (Vergniol,
do lixo. 1984).
A geração de energia elétrica é feita através do
aproveitamento de calor dos produtos de combustão da
incineração do lixo, gerando vapor de água, normalmente Tab. 2 - Caracterização do Lixo Municipal
em torno de 60 bar, 440 ºC, que é expandido num turbo Característica São Paulo Inglaterra
gerador a vapor. Esta técnica é largamente utilizada em (1979) (1991)
países da Europa e nos Estados Unidos, sendo que em Papel e papelão(%) 23 32
algumas plantas é gerado vapor e água quente para Plásticos (%) 9 8
calefação. A Tabela 1 mostra a utilização da incineração Tecidos e - 4
com recuperação de energia em alguns países da Europa. outros(%)
Vegetais(%) 62 20
Inorgânicos(%) 6 18
Tab.1 - Incineração de Lixo Municipal na Europa Metais(%) - 9
(Porteous, 1993). Vidros(%) - 9
Fração do Lixo Umidade média(%) 61 35
Municipal Incinerado PCS (MJ/kg) 17,8 9,0
País com Recuperação de PCI (MJ/kg) 5,4 7,5
Energia(%)
Reino Unido 3
França 35
Alemanha 35 PROCEDIMENTOS DE COMBUSTÃO
Holanda 40
Dinamarca 60 São adotadas dois procedimentos básicos para
Suécia 60 combustão dos resíduos:
Suiça 70
Queima Direta "in natura"(Mass Burning) e
Queima de Combustível Derivado de Resíduo -
Nos Estados Unidos, 16% de todo o resíduo CDR("Refuse Derived Fuel-RDF"), conforme a Figura 1.
sólido municipal foi incinerado em 1991, numa média de
101.000 t/dia, gerando 2500 Mw de potência elétrica
(Valenti, 1993). A capacidade das plantas varia de 50 a
4000 t/dia de resíduo processado, sendo que na Europa
estão localizadas a maioria das plantas de pequena
capacidade(Power, junho 1989).
A caracterização do lixo municipal da cidade de São
Paulo, 1979, é apresentada na Tabela 2, a seguir, ao lado
de dados obtidos para lixo residencial na Inglaterra
Os valores da tabela podem apresentar variações
da ordem de 15%. Apesar da data diferente das
pesquisas, é interessante notar as diferenças de
características dos resíduos sólidos municipais de
localidades com climas e desenvolvimento econômico e
 COLETA
SEPARAÇÃO MANUAL
GRANDES PEÇAS COMBUSTÃO
1) QUEIMA DIRETA
METAIS FERROSOS
SEPARAÇÃO MANUAL TRITURAÇÃO
COLETA GRANDES PEÇAS PRIMÁRIA
PAPEL, PAPELÃO,
PLÁSTICOS
(LEVES)
TRITURAÇÃO
SECUNDÁRIA
SEPARAÇÃO
PRIMÁRIA
TRITURAÇÃO
PRIMÁRIA
PEDRAS, MADEIRA
(PESADOS)
SEPARAÇÃO
SECUNDÁRIA
NÃO COMBUSTÍVEL FINO
(AREIA, VIDRO, TERRA)
NÃO COMBUSTÍVEL
2) COMBUSTÍVEL DERIVADO DE RESÍDUOS
Fig. 1 - Fluxogramas Típicos de Preparação e
Combustão de Resíduo Sólido Municipal
Na queima "in natura" o residuo é queimado
sem nenhum tratamento prévio, com separação apenas de
grandes peças vísiveis, tais como eletrodomésticos e
similares. O resíduo é recebido do sistema de coleta
domiciliar direto para um compartimento de espera, e
alimentado, como vem, na câmara de combustão de uma
caldeira.
A combustão de CDR compreende a separação
e remoção preliminar de materiais não-combustíveis, tais
como metais, vidro, solo, etc. A remoção pode ser feita
por diversas técnicas: catação manual, separação
magnética, peneiração e outros, conforme o material que
se deseja separar. A maioria dos processos envolve
trituração mecânica e peneiramento, em uma ou mais
etapas, visando uniformizar tamanho e qualidade do
CDR. O combustível produzido é então alimentado
diretamente a uma caldeira apropriada, onde pode ser
queimado junto com um combustivel fóssil, carvão
mineral, por exemplo.
A reciclagem de certos materiais pode ser feita
independentemente do procedimento de combustão
adotado. Dois fatores devem ser levados em conta na
decisão de se reciclar materiais: o econômico e o
ambiental. Korzun, 1990, analisou os custos de
reciclagem e os preços de venda no mercado de materiais
e propôs uma metodologia que considerou o conteudo
energético do material e o preço de venda da energia
possível de ser produzida.. A comparação destes valores
permitia decidir, do ponto de vista econômico, a
reciclagem ou não de determinado material. A decisão
engloba, evidentemente, um nível de risco, proveniente
das possíveis oscilações de preços pagos pelo mercado a
materiais reciclados. Uma análise deste tipo, permitiria
concluir, por exemplo, pela viabilidade econômica de
centrais elétricas de potência especialmente projetadas
para um determinado resíduo, de baixo valor de mercado
e alto conteúdo energético, tal como, carcaças de pneus
usados.
O fator ambiental que normalmente se evoca
para justificar a reciclagem máxima de materiais é a
SEPARAÇÃO
menor demanda de energia e, consequentemente, o da
MAGNÉTICA diminuição dos efeitos da utilização de energia de origem
fóssil. Porteous, 1993, argumenta que existem limitações
técnicas e de mercado para a utilização de materiais
COMBUSTÍVEL
DERIVADO
DE RESÍDUO
recicláveis, devido à deterioração sofrida pela qualidade
das matérias primas recicladas diversas vezes, que
implicaria em maior custo de processamento e maior
COMBUSTÃO
consumo de energia se comparado à matéria-prima não
reciclada. Quanto ao fato de que a incineração tem um
passivo ambiental traduzido na geração de gases de
"efeito estufa", é importante lembrar que o aterro,
energético ou não, tem um passivo ambiental similar,
pela produção de metano, que também é um gás produtor
do "efeito estufa", e pela contaminação ambiental do solo
e dos mananciais subterrâneos, fenômenos inerentes aos
aterros e lixões.
A qualidade do resíduo a ser incinerado influi
diretamente no projeto da caldeira e do sistema de
combustão. Quatro tipos básicos de sistemas de
combustão são utilizados para queima de lixo municipal:
- grelha alternativa;
- esteira móvel,
- tambores rotativos, e
- leitos fluidizados.
As grelhas alternativas tem sido empregados na
maioria das instalações já construídas. Leitos fluidizados
tem sido empregados para resíduos industriais.
A combustão "in natura" não requer nenhum
tratamento prévio do resíduo sólido. A reciclagem de
materiais não-combustíveis melhora o desempenho do
sistema, mas não é condição necessária. Há a
necessidade de um maior cuidado no projeto e na
construção da grelha, devido a problemas de corrosão e à
extrema variação da forma e do tamanho dos resíduos.
Há também necessidade de utilização de um combustível
adicional, normalmente gás natural ou óleo combustível,
para compensar as variações de umidade e de poder
calorífico do resíduo e assim limitar a emissão de
Produtos de Combustão Incompleta(PCI), mantendo
condições mínimas de temperatura (850º C). O tempo de
residência (2 segundos)e o teor de oxigênio (6%) são
valores mínimos a serem conseguidos.
A combustão de CDR exige a instalação de um
sistema de preparação do combustível, que geralmente
inclui trituradores, separadores magnéticos, peneiras
rotativas e transportadores, implicando em um maior
investimento de capital. A possibilidade de explosões,
provocada por materiais inflamáveis, aerosóis e outros,
impõe a necessidade de construções robustas (bunkers)
na fase de trituração. Como vantagem têm-se a
homogeinedade do combustível, maior poder calorífico e
melhor possibilidade de controle da combustão. É por
estas razões que sistemas queimando CDR têm eficiência
térmica maior do que os sistemas de combustão "in
natura".
A Combustão Direta foi utilizada em 68% das
instalações norte-americanas em 1990 (Korzun); 24%
utilizavam Combustível Derivado de Resíduos e 8%
eram pequenos incineradores modulares. A utilização de
CDR tem declinado sua participação em termos de novas
instalações e do total de cerca de 160 instalações
planejadas (120.000 t/dia), apenas 10% dela se utilizarão.
RESÍDUOS E EMISSÕES GASOSAS
resultado têm apresentado as tecnologias que
compreendem a adição de um produto químico alcalino
(calcáreo, cal, etc.) para minimização de emissões de
gases ácidos, seja a adição diretamente na fornalha, junto
com o combustivel, ou nos equipamentos de tratamento
de gases, tais como o lavador úmido ou seco.
Estas técnicas têm normalmente atendido às
restrições ambientais de limites de emissões. A Tabela 4
traz os limites de emissão impostos pela Comunidade
Européia para incineradores de resíduo sólido municipal.
Dentre os metais pesados emitidos, mercúrio é
um dos mais perigosos e difícil de controlar devido à sua
volatilidade. Uma baixa temperatura de saída dos gases
de combustão favorece a precipitação e retenção de
mercúrio; é recomendável, porém, uma separação prévia
de materiais que o contenham, como, por exemplo,
lâmpadas fluorescentes.

O controle das emissões gasosas requer alto

investimento em equipamentos e sistemas anti-poluição, Tab.4 - Limites de Emissões para Incineradores de
para minimização das emissões de particulados, gases Resíduos Sólidos Urbanos(mg/Nm3).
ácidos, óxidos de nitrogênio, metais pesados e dioxinas. Capacidade (t/h)
A legislação ambiental de diversos países tem se tornado Resíduos e Emissões <1 1a3 >3
cada vez mais estrita, de maneira que os novos limites de Material Particulado 200 100 30
emissão têm obrigado as plantas de incineração a Total de Pb,Cr,Cu,Mn - 5 5
operarem como um sistema de tratamento térmico do Total de Ni, As - 1 1
resíduo, onde a produção de energia térmica ou elétrica é Cd - 0,2 0,2
um subproduto. A ênfase é dada à destruição e Hg - 0,2 0,2
esterilização dos resíduos, à minimização das emissões HCl 250 100 50
gasosas e ao contrôle da qualidade das cinzas e resíduos HF - 4 2
produzidos na incineração e dispostos nos aterros SO2 - 300 300
(Makansi, 1993). HC totais (como C 20 20 20
A Tabela 3 resume as principais tecnologias de total)
controle de emissões de particulados e de gases ácidos. CO 100 100 100
Obs.: Condições de combustão: mínimo de 850 ºC, 2
segundos, 6% O2 nos produtos gasosos de combustão.

Tab. 3.- Tecnologias para Contrôle de Emissões

gasosas. Dioxinas
Resíduos e Emissões Dispositivos de Controle
Produzidos Dioxinas e furanos (PCDDs e PCDFs) são
Gases Ácidos Lavador Úmido denominações para uma classe de compostos
Lavador Sêco policlorados e difenílicos, com quase 200 isômeros, os
Lavador Venturi quais podem se formar na combustão de compostos
contendo cloro. São tidos como produtos altamente
Material Particulado Precipitador Eletrostático tóxicos e grande controvérsia existe a respeito de seus
Filtro de Mangas efeitos e de sua verdadeira periculosidade. Entre todos
os isômeros, o 2,3,7,8 tetraclorodibenzo-p-dioxina é
Diversas combinações de equipamentos têm comprovadamente o mais tóxico e utilizado como padrão
sido usadas, sendo que grande parte das plantas utiliza de toxicidade equivalente (TE).
precipitadores eletrostáticos e lavador úmido de gases. De todas as fontes de combustão, a incineração
Plantas mais recentes têm adotado filtro de mangas, com de resíduos sólidos municipais tem sido uma das maiores
lavador úmido ou seco. Grande potencial e bom fontes de emissão de dioxinas. A operação de
incineradores sem controle de combustão adequado e
sem equipamentos de controle das emissões gasosas tem
sido apontada como causadora de contaminação
ambiental em regiões próximas aos incineradores
(Berlincioni, 1987). Emissões da ordem de
microgramas/Nm3 foram detectados em incineradores de
tecnologia inadequada (Ozvacic, 1985). O limite atual
de emissão na Alemanha é de 0,1 ng/Nm3 e, em alguns
estados dos Estados Unidos da América do Norte é da
ordem de 1,95 ng/Nm3 (Boley, 1990). A Comunidade
Européia não definiu ainda um limite para a emissão de
dioxinas por não ter sido ainda estabelecido uma norma
para a técnica de medição de emissão de dioxinas.
As dioxinas têm sido alvo de ataques por
entidades ambientalistas não-governamentais. A falta de
dados científicos suficientes para se estabelecer os
limites de concentração toleráveis para a vida humana
tem alimentado a controvérsia acerca de sua verdadeira
periculosidade. Hattemer-Frey, 1989, comparou a
exposição humana direta a dioxinas emitidas por
incineradores em relação à contaminação já existente e
concluiu que a emissão por incineradores não contribui
substancialmente para a contaminação humana, e sim
indiretamente através da cadeia alimentar, que
responderia por 98% da absorção de dioxinas por seres
humanos. Por outro lado, ainda não estão identificadas
exatamente as fontes de contaminação da cadeia
alimentar. O aumento da incidência de cancer em
populações expostas à dioxinas tem sido
comprovado(Manz, 1991). Pesquisas levantaram a
suspeita que as dioxinas produzem alterações hormonais
e genéticas em concentrações extremamente baixas, a
ponto de alguns autores sustentarem que não há uma
dose mínima na qual uma alteração bioquimica não seja
detectada( Allsopp, 1994).
A formação de dioxinas e furanos pode ser
minimizada por um bom sistema de combustão, com
baixo excesso de ar, temperatura elevada e adequado
tempo de residência(Manscher, 1990). Duwel, 1990,
medindo a concentração de dioxinas numa caldeira de
incinerador constatou o aumento de concentração ao
longo do escoamento dos gases de combustão, com a
redução de temperatura, sendo que na faixa de 300 a
450ºC haveria a maior taxa de formação. Isto significa
que, mesmo que na câmara de combustão haja baixa
formação de dioxinas, a diminuição de temperatura dos
gases de combustão e o tempo de residência nas partes
mais frias da caldeira podem propiciar a recombinação
das moléculas. Um controle pós-caldeira pode ser feito
através da utilização de técnicas especiais, tais como a
injeção de amônia (Takacs, 1991) e a utilização de
lavador seco com solução de cal e filtro de mangas
(Yamamoto, 1990).
CONCLUSÕES
A incineração de resíduos sólidos urbanos
associada a geração de energia elétrica se constitui numa
das opções para a disposição do lixo, um dos principais
problemas das administrações municipais, devido ao
custo e à disponibilidade cada vez menor de áreas para
aterro sanitário.
As tecnologias disponíveis estão razoavelmente
desenvolvidas; as restrições de caráter ambiental, no
entanto, cada vez mais rígidas, impõem a necessidade de
pesquisa e desenvolvimento adicionais, principalmente
nas áreas de equipamentos de contrôle de emissões e de
sistemas de combustão, para minimizar a emissão de
Produtos de Combustão Incompleta.
O contrôle de emissões de dioxinas e metais
pesados constituem os maiores desafios ao
desenvolvimento técnico de incineradores, em razão do
elevado risco ambiental e humano que estes poluentes
representam. O caráter controverso das dioxinas, a qual
não está ainda plenamente esclarecido pela comunidade
científica e o estabelecimento dos limites aceitáveis de
emissão e contaminação, contribuem para a resistência
sistemática das populações acionadas pela entidades não-
governamentais de preservação ambiental. Por esta
razão, a solução do problema da disposição dos resíduos
sólidos urbanos deve ser procurada com a
conscientização e a colaboração da população, que é,
afinal, a geradora dos resíduos. A população pode dar
sua contribuição, minimizando a geração de resíduos ao
prestigiar produtos que se utilizem de materiais
recicláveis. Ao mesmo tempo, pode ajudar na separação
dos resíduos para facilitar seu reaproveitamento ou
disposição. Deve tomar conhecimento das tecnologias
disponíveis para tratar o problema, com suas vantagens e
desvantagens, para poder opinar sobre a solução a ser
dada ao problema. Não há solução perfeita. Cabe à
população decidir sobre o menor dos males.
REFERÊNCIAS
ADKIN, P.; Mass Burning: Garbage In,
Energy Out; Mech Eng; 46-51; dec; 1988.
ALLSOPP, M.; Achieving Zero Dioxin, An
Emergency Strategy for Dioxin Elimination;
Greenpeace International; set, 1994
BERLINCIONI, M. E DI DOMENICO A.;
Polychlorodibenzo-p-dioxins and
Polychlorodibenzofurans in the Soil Near the
Municipal Incinerator of Florence, Italy; Environ. Sci. YAMAMOTO, T. E INOUE, S.; Post Furnace
Technol.; 21; 11; 1063-69; 1987. Formation of PCDDs and PCDFs in MSWI:
BOLEY, G.L.; Resource Recovery: Turning Observations in an Incinerator Installed with Quench
Waste Into Watts; Mech Eng; 112; 12; 37-41; 1990. Reactor; Chemosphere; 20; 10-12; 1915-20; 1990.
CESP, CETESB, SECR. DE OBRAS E MEIO
AMBIENTE; Usina Termoelétrica a Resíduos Sólidos
Urbanos da Cidade de São Paulo - Estudo da
Caracterização do Lixo Industrial e Domiciliar, 1979.
DUWEL, U., NOTTROODT, A. E
BALLSCHMITER, K.; Simultaneous Sampling of
PCDD/PCDF Inside the Combustion Chamber and Trabalho apresentado e publicado nos anais do:
on Four Boiler Levels of a Waste Incineration Plant; II Congresso Brasileiro de Planejamento Energético
Chemosphere; 20; 10-12; 1839-46; 1990. Campinas, 12 a 16 de dezembro de 1995
GOLDSTEIN, G.; Rechanneling The Waste pgs 444-449.
Stream; Mech Eng; aug; 44-50; 1989.
HATTEMER FREY, H.A. E TRAVIS, C.C.;
Comparison of Human Exposure to Dioxin from
Municipal Waste Incineration and Background
Environmental Comtamination; Chemosphere; 18; 1-
6; 643-649; 1989.
KORZUN, E.A.; Economic value of municipal
solid waste; J of Energy Eng; 116; 1; 39-50; 1990.
LEVENHAGEN, J.I.; Municipal garbage/trash
as a viable fuel for DHC Systems; ASHRAE
Transactions; 919-925; 1990.
MAKANSI, J.; How Germany Meets World's
toughest standards for WTE; Electric Power
International; 25-32; june; 1992.
MANSCHER, O.H. ET ALLII; The Danish
Incinerator Dioxin Study. Part 1.; Chemosphere; 20;
10-12; 1779-84; 1990.
MANZ, A. ET ALII; Cancer Mortality Among
Workers in Chemical Plant Contamined with Dioxin;
The Lancet, 338; 959-64; 1991.
MARNET, C.; Utilization of Urban Waste for
the Cogeneration of Eletricity and District Heat; J of
Inst of Energy; 55; 424; 144-153; 1982.
OZVACIC, V. ET ALII; Emissions of
Chlorinated Organics from Two Municipal
Incinerators in Ontario; J. of the Air Pollut. Control
Ass.; 35; 8; 849-55; 1985.
PORTEOUS, A.; Developments in, and
Environmental Impacts of Electricity Generation
from Municipal Solid Waste and Landfill Gas
Combustion; IEEE Proceedings-A; 140; 1; 86-93; 1993.
Power, jun; Mass Burn Paces Global Waste-
to-Energy Effort; 1989.
VALENTI, M.; Today's Trash, Tomorrow's
Fuel; Mech Eng; jan; 64-67; 1993.
VERGNIOL, G. E CASARIEGO, A.; Twenty
Years' Experience in Urban Refuse Incineration
Power Plants; Mod. Power Syst.; ago; 48-51; 1984.