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Universidade de Brasília

Departamento de Ciências Contábeis e Atuarias


Ética Profissional em Ciências Contábeis

Alexandre Martins dos Anjos 07/43551


André Ribeiro Bastos 09/0106091
Rafael Vieira dos Santos 09/47997

Percepção da Profissão Contábil na Sociedade: A Perspectiva dos Alunos de Ciências


Contábeis da Universidade de Brasília

1. INTRODUÇÃO
Não é de hoje que a profissão contábil tem sido objeto de controvérsias por parte dos
especialistas: para alguns, é a profissão do futuro e só tende a ser mais valorizada; para outros,
está fadada à extinção. Controvérsias à parte, o fato é que, cada vez mais, a profissão atrai
jovens às cadeiras acadêmicas. A maioria deles possui uma visão voltada para o mercado de
trabalho e, por isso, apresenta uma postura mais adulta. Nesse sentido, parece que a profissão
destaca-se na visão dos alunos de Ciências Contábeis, pelo menos no que tange ao mercado
de trabalho. Assim, torna-se patente a perspectiva de uma contabilidade gerencial e analítica,
em detrimento da antiga profissão eminentemente técnica. Não obstante, a profissão ainda
carece de valorização profissional, talvez devido à antiga visão de guarda-livros presente no
Brasil.
É nessa esteira que a presente obra evidenciará a visão dos alunos de Ciências
Contábeis em relação ao mercado de trabalho e à profissão: suas perspectivas, suas
motivações, suas aspirações, seus questionamentos.
Tendo em vista a necessidade de conhecer o perfil dos alunos e o que eles pensam
sobre a profissão de Contador, colocamos como problema: a perspectiva do aluno de Ciências
Contábeis sobre a profissão altera-se ao longo no decorrer do curso?
O artigo tem por objetivo apontar a visão da profissão contábil por parte dos alunos de
Ciências Contábeis em Brasília. Pretende-se buscar as diferentes formas de ver tal carreira
durante o ciclo de estudo dos alunos. Desta forma, pode-se verificar a modificação do perfil
do aluno durante o curso. Objetiva-se também obter o perfil dos estudantes, se trabalham,
quanto aos motivos de terem escolhido o curso de Ciências Contábeis e seus objetivos para
depois de formados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
Morais (2007) utiliza o conceito de representações sociais exposto por Moscovici
(1981, p. 181), que diz:
“Por Representações Sociais, entendemos um conjunto de conceitos,
proposições e explicações originado na vida cotidiana no curso de
comunicações interpessoais. Elas são o equivalente, em nossa
sociedade, aos mitos e sistemas de crença das sociedades tradicionais;
podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso
comum.”
A partir deste conceito, Morais destaca que, nas relações sociais, a informação a
respeito de um indivíduo de alguma categoria profissional ou classe social serve para definir a
situação, tornando os outros capazes de conhecer antecipadamente o que dele podem esperar.
Entretanto, é provado que qualquer membro da sociedade, que não seja da área, tem
dificuldade de citar mais de três nomes ou marcas conhecidas em que a imagem lhe venha à
mente de imediato. No caso das profissões, isso não é diferente. O contador não figura nessas
três profissões e, assim, Morais mostra que a representação social do contador ainda não é de
total reconhecimento pela sociedade.
Para verificar se essa representação social é estereotipada negativamente, Azevedo
(2010), por meio de uma revisão de literatura, analisou os estereótipos e os agrupou em sete
categorias, de acordo com os objetivos educacionais propostos pelo IFAC (Federação
Internacional dos Contadores): criatividade, dedicação aos estudos, trabalho em equipe,
comunicação, liderança, propensão ao risco e ética.
Os contadores são descritos como sem criatividade, sem imaginação, de mente
limitada, dedicados aos estudos, mas menos que os demais estudantes da área de negócios,
cooperativos, não sociáveis, trabalham individualmente, inaptos socialmente, limitados na
orientação a pessoas e trabalho em equipe, desprovidos da habilidade de comunicação,
capazes de controlar e gerenciar operações, empreendedores e pró-ativos, subordinados,
facilmente dominados, sem iniciativa, conservadores, conformistas, hedonistas, menos
propensos ao risco, íntegros pessoalmente, honestos, respeitosos às leis, com falta de ética,
aventureiros, com padrões éticos inferiores a de outras profissões, fraudulentos (AZEVEDO,
2010).
Como se pode perceber, algumas dessas percepções são contraditórias, como honestos
e fraudulentos, visto que a percepção varia com o tempo. No geral, a profissão contábil é vista
de modo negativo pelos autores e suas fontes, e pelos meios de comunicação (cinema,
literatura, etc).
Isso pode explicar porque a profissão não está entre as preferidas pelos estudantes que
ingressam no ensino superior. Escândalos e declarações que deturpam a profissão deixam
estudantes e profissionais preocupados com o futuro da profissão, já que a auto-estima é
atrapalhada por essa má representação social. Em vários casos, a pessoa busca outra profissão
para sentir-se mais valorizada. A principal tarefa a ser cumprida pelos profissionais contábeis
e suas entidades de classe é a divulgação de suas capacidades e potencialidades e a construção
de um marketing pessoal, visando criar uma boa imagem perante a sociedade, já que a
valorização de uma profissão dá-se pela qualidade e pelo comprometimento de seus membros.
Nessa esteira, o autor deixa patente a ausência de marketing pessoal na profissão
contábil, de forma que tal deficiência se inicia nas instituições de ensino superior (IES). Além
disso, pouco se fala ao aluno sobre as responsabilidades e o papel social que terão como
contadores. Uma mudança é necessária para que eles tenham uma formação sólida e, com seu
conhecimento, adquiram o respeito da sociedade e afirmem sua imagem. É necessário,
portanto, que os contadores tenham ciência de seu papel no mundo dos negócios e também da
sua responsabilidade social perante os tomadores dos seus serviços.
Além de variar com o tempo, a representação social também pode ser diferente entre
as sociedades, como parece indicar o trabalho de Azevedo (2010). Se por um lado a maioria
dos autores é do hemisfério norte, sua pesquisa baseou-se na percepção da sociedade
brasileira, representada por populares na Avenida Paulista. Os dados, coletados usando a
abordagem de entrevista por meio de fotoquestionário, contrastam com o que a literatura
demonstra. Azevedo não confirmou suas hipóteses, de que os profissionais de Contabilidade
são negativamente estereotipados pela percepção pública em relação à criatividade, dedicação
aos estudos, trabalho em equipe, comunicação, liderança, propensão ao risco e ética.
Foi notado também que os contadores avaliaram-se pior do que o público em geral
quanto à liderança e trabalho em equipe, o que pode denotar falta de confiança ou elevada
auto-crítica. Uma possível explicação pode estar em Morais, no que tange à deficiência ora
comentada de ensinar sobre responsabilidades e o papel social na academia, o que considera o
motivo de haver uma crise de identidade por parte de alguns profissionais.
Azevedo (2010) constata ainda que os profissionais de Contabilidade são mais
percebidos como sendo do gênero masculino, confirmando o estereótipo. Rejeita a idéia de
que a percepção externa em relação aos profissionais de Contabilidade é mais negativa do que
a percepção interna dos contadores, indo contra a literatura. Ele argumenta que estudos
anteriores não levaram em consideração possível rivalidade profissional das áreas comparadas
e há ainda a tendência do indivíduo avaliar melhor o grupo ao qual pertence.
A Contabilidade nunca perderá o seu valor, mesmo com todas as críticas, pois o
“mundo dos negócios, enquanto tiver a necessidade de controlar o patrimônio das entidades,
terá de reconhecer a utilidade histórica de uma profissão que acompanhou em todos os
momentos a evolução da humanidade” (MORAIS, 2007). Posição semelhante é adotada por
Fari e Nogueira (2007), para quem o campo da economia, e a sociedade em geral, passam a
valorizar cada vez mais e dar mais importância à Contabilidade, devido ao processo de
desenvolvimento social. Esses autores contatam, ainda, que as mudanças no papel do contador
valorizaram a profissão e mais pessoas buscarão entrar na área. Santos et al verificaram que
os graduandos em Ciências Contábeis vêem um futuro promissor para a profissão.
Retornando a Fari e Nogueira, muitos profissionais e estudantes ainda não se deram
conta das exigências do mercado de trabalho na era da globalização, ou talvez não saibam o
que se espera dos futuros profissionais. Pode ser que isso seja um reflexo da falta de
esclarecimentos no ambiente acadêmico apontado por Morais (2007), e até aos estereótipos da
sociedade em relação aos contadores.
Para Santos et al, o contador deve entender a empresa profundamente, ele deve ser um
generalista, já que as atribuições da Contabilidade são variadas e vão além de seu escopo.
Portanto, não se deve formar profissionais especialistas apenas em Contabilidade. Tal posição
é corroborada por Fari e Nogueira (2007), que afirmam que o profissional contábil deve ser
mais do que simplesmente um contador. Ele deve ter autenticidade, criatividade, prudência,
ser atualizado, correto, conhecer várias áreas, ter contato com várias áreas da empresa, ser
ético, mostrar clareza nos serviços e apresentar seu diferencial.
O profissional contábil que adequar-se às exigências do século XXI, acompanhando a
evolução das relações de negócios, aliar-se ao desenvolvimento da Tecnologia da Informação
e dos processos de comunicação, oferecer suporte à gestão, primar pela ética e seriedade e
perceber as demandas da sociedade obterá sucesso (MERLO, 2006). O Conselho Nacional de
Educação, por meio do Parecer 146/02, estabeleceu o perfil desejado do formando e as
competências e habilidades que os bacharéis deverão ter.
A Resolução 6/2004, também do CNE/CES, reforça o que foi estabelecido no parecer
supracitado, instituindo as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Ciências Contábeis. Em seu parágrafo 4º, estabelece que o curso “deve possibilitar a formação
profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades [...]”. Dentre
elas, estão: visão sistêmica e interdisciplinar, liderança, capacidade crítico-analítica e ética.
Dias e Moreira (2008) observam que isso visa formar profissionais capazes de tomar decisões
e liderar equipes. Elas consideram que a educação continuada contribui para a formação
profissional.
O Parecer 146/02, ora citado, destaca a importância da interdisciplinaridade do curso
de Ciências Contábeis em relação às outras áreas e a outros profissionais, de modo a quebrar o
estereótipo demonstrado por Azevedo (2010), o qual destacou que, dentre as características
apontadas, destaca a de que os contadores “trabalham individualmente”, “limitados na
orientação a pessoas e trabalho em equipe”, “desprovidos da habilidade de comunicação” e
“sem iniciativa”. É pertinente - e ao mesmo tempo inaceitável - notar que justamente em um
curso que possui uma grade curricular tão diversificada, seja uma deficiência dos contadores o
envolvimento destes com outros profissionais.
Corroborando o raciocínio, a possibilidade de atuar em diversos campos coloca o
profissional contábil como uma peça de grande importância na sociedade. A literatura em
geral ressalta que é indispensável ao profissional primar pela competência e pela ética. Fari e
Nogueira colocam que a profissão tende a ser valorizada e mais pessoas a procurarão, levando
ao aumento da competitividade.

3. PROCEDIMENTOS DA PESQUISA
O grupo definiu como método de coleta de dados a aplicação de questionário aos
alunos do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília. O questionário (Apêndice
I) é composto de variáveis qualitativas, de modo obter o perfil do aluno, e variáveis
quantitativas, de modo avaliar a percepção da profissão contábil.
Para entender a modificação da visão do aluno quanto à profissão, foram estabelecidas
faixas de estágio do curso, quais sejam:
• Início de curso: Alunos do 1º ao 3º semestre
• Meio de curso: Alunos do 4º ao 6º semestre
• Final de curso: Alunos do 7º semestre em diante.
Conhecendo que o universo dos estudantes do curso de ciências contábeis é formado
por pouco mais de 700 alunos, foram aplicados de forma a cobrir 20% dos alunos do curso.
Para a determinação da amostra, foi escolhido o método de amostragem não-probabilística e,
dentro deste, a amostragem por quotas. Assim, foram visitadas turmas que, segundo o fluxo
do curso, pertenciam aos períodos acima divididos. Agiu-se assim por dois motivos. Primeiro,
devido à disponibilidade de certas turmas no horário em que a pesquisa foi realizada.
Segundo, porque, como uma turma estava no 4º semestre do fluxo, por exemplo, esperava-se
que os alunos presentes fossem representativos desta faixa. Porém, devido à flexibilidade do
fluxo, esperava-se encontrar alunos em turmas fora de suas faixas.
O questionário aplicado contém duas partes: uma traça o perfil do pesquisado,
enquanto a outra questiona sobre suas perspectivas acerca da profissão contábil. Foram
elaboradas perguntas fechadas na primeira parte. Na segunda parte, usou-se a escala Likert,
pedindo para que o respondente marcasse sua concordância (1 a 6) com a afirmativa
apresentada. Ele foi aplicado no mês de janeiro de 2011.
Uma vez que os dados foram coletados, eles foram compilados e verificou-se a
freqüência de respostas dos itens quantitativos do questionário. A freqüência foi associada ao
perfil dos alunos para parametrização. As diferentes faixas analisadas foram tratadas
separadamente para obter resultado por faixa e posterior comparação dos dados. Para a análise
da perspectiva, foi feita a média da nota para cada faixa do curso para cada pergunta e
comparadas com as médias das outras faixas para verificar se há uma evolução na visão do
aluno quanto à profissão.
Em relação à classificação da pesquisa, ela é: quanto à finalidade, empírica; quanto
aos objetivos, descritiva; adota uma abordagem qualitativa, adotando um levantamento como
procedimento.

4. DADOS DA AMOSTRA
Foram considerados válidos os questionários em que foram respondidas todas as
perguntas. Neste quesito, a amostra da pesquisa foi de 135 alunos do curso de Ciências
Contábeis, ficando muito próxima da amostra de 20% desejada.
Dos alunos entrevistados, o perfil predominante é composto de indivíduos do gênero
masculino, com idade entre 20 e 24 anos, trabalhando no governo e cursando seu primeiro
curso superior, conforme perfil discriminado na tabela 1:
Tabela 1. Perfil da amostra.
Gênero
Masculino 56,45 % 70
Feminino 43,55 % 54
Idade
até 19 anos 17,78 % 24
de 20 a 24 anos 58,52 % 79
de 25 a 29 anos 12,59 % 17
de 30 a 34 anos 7,41 % 10
de 35 a 39 anos 2,22 % 3
40 anos ou mais 1,48 % 2
Atividades remuneradas
Não exercem 34,07 % 46
Estágio 25,93 % 35
Trabalho em período integral 40,00 % 54
Outros cursos superiores
Cursando seu primeiro 60,00 % 81
Iniciou e não concluiu 23,70 % 32
Cursando simultaneamente 6,67 % 9
Já concluiu outro 9,63 % 13

12 alunos não identificaram o gênero, e 13 não preencheram o campo relativo ao turno


em que estuda. Os dados da tabela referem-se somente aos questionários que tiveram os
campos respectivos preenchidos.

5. ANÁLISE DOS DADOS


5.1 – Objetivos dos alunos
Em geral, os alunos entrevistados têm como objetivo após a conclusão do curso prestar
concurso público para trabalhar no governo. A tendência a trabalhar no governo pode ser vista
em vários aspectos do questionário, mostrando a realidade do mercado de trabalho em
Brasília (Tabela 2.) Como o respondente podia marcar mais de uma opção, as somas
ultrapassam 100%.

Tabela 2. Objetivo após a conclusão do curso (em %), para toda a amostra, e para cada
semestre.
Objetivo Amostr 1a3 4a6 7-
a
Receber apenas o diploma 4,44% 4,76% 5,17% 2,86%
Montar um escritório 14,81% 16,67% 12,07% 17,14%
Trabalhar em empresa particular 16,30% 16,67% 18,97% 11,43%
Fazer concurso 75,56% 73,81% 68,97% 88,57%
Outro 11,11% 11,90% 8,62% 14,29%

Durante o ciclo do curso, o percentual de alunos que desejam fazer concurso aumenta
ao se aproximar do final, chegando a quase 90% para alunos dos últimos semestres. É
interessante observar que os percentuais são praticamente inalterados comparando os alunos
que já trabalham com aqueles que ainda não trabalham.
Desta forma, pode-se perceber que ao questionar qual o objetivo do aluno de Ciências
Contábeis para quando da conclusão de seu curso, não há variações significativas nos quesitos
durante o ciclo do curso.

5.2 - Perfil dos alunos quanto à realização de atividade profissional


Quanto aos alunos exercerem ou não alguma atividade profissional, verificou-se a
relação entre o trabalho e três outros aspectos: o turno, o semestre e a idade.

Figura 1.
Relação
entre a proporção
de alunos que
exercem
atividade
profissional
e o turno do
curso.

A
proporção
de alunos que
não trabalham
nos turnos diurno e noturno não se altera significativamente. Entretanto, conforme pode-se
observar no gráfico acima, a proporção dos alunos do diurno que estagiam é muito maior do
que a dos alunos do noturno, ao passo que a proporção dos alunos do noturno que trabalham é
quase duas vezes e meia em relação aos alunos do diurno.
Devido ao horário em que estudam, os alunos do diurno a oportunidade de fazer um
estágio é melhor do que trabalhar. Já os do noturno têm o período do dia disponível para
trabalhar. Além disso, muitos deles já poderiam estar trabalhando ao ingressarem no curso.
Como o questionário não perguntou se a pessoa já trabalhava quando começou a fazer
Ciências Contábeis, não é possível fazer mais suposições a esse respeito.

Figura 2. Relação entre a proporção de alunos que exercem atividade profissional e o


semestre curricular.
É notável, conforme a figura 2, que a proporção de alunos que não trabalham vai
diminuindo no decorrer do curso, sendo que no início do curso essa relação é de 42,86%, ao
passo que no final essa relação diminui para 22,86%, quase a metade. Os alunos do meio do
curso estagiam mais, enquanto a maioria do alunos do final do curso, na amostra analisada,
possuem um emprego formal.
À medida em que avança no curso, o aluno percebe a necessidade de começar a ganhar
algum dinheiro e procura estágios e emprego. O processo considerado natural é que primeiro
o aluno entre em um estágio e depois consiga um emprego. A grande porcentagem de alunos
que trabalham no último semestre sugere que, uma vez inseridos no mercado de trabalho, sua
oportunidade de serem contratados aumenta, ou então eles conseguem inserir-se no serviço
público sendo aprovados em concursos. É notável que mais de dois terços dos alunos
pesquisados que trabalham estão no setor público (Tabela 3). Novamente, vê-se que o setor
público é o grande ímã na busca por um emprego em Brasília. Tal tendência é revelada, ainda,
pela proporção de respondentes que pretende ser funcionário público (60,74%). Outra área de
atuação que atrai a atenção dos alunos é a Auditoria (48,89% dos respondentes pretendem
atuar nessa área).

Tabela 3. Ramo de exercício profissional de trabalho (considerando estágio e trabalho


em período integral.
Atividade Frequênci %
a
Indústria 0 0,00%
Comércio 2 2,25%
Serviços 16 17,98%
Governo 61 68,54%
ONG 0 0,00%
Outro 10 11,24%
TOTAL 89 100 %

Figura 3. Relação entre a proporção de alunos que exercem atividade profissional e a


idade.

Conforme se pode perceber na figura 3, é nítido que a idade influencia sobremaneira o


ingresso no mercado de trabalho. Dos mais jovens, 75% não trabalham, enquanto dos mais
velhos a proporção que trabalha é 81,25%. O pessoal na faixa de 20 a 24 anos possui
distribuição mais equilibrada. Além disso, é notável a baixa proporção de estagiários entre os
mais velhos, quando comparados aos alunos de 20 a 24 anos.
Assim como no gráfico comparando trabalho com semestre, aqui percebe-se, ainda
mais acentuadamente, a necessidade de, à medida em que o aluno envelhece, passa a precisar
de um emprego para se sustentar. Enquanto que grande parte dos mais novos não trabalha, há
uma distribuição bastante homogênea entre os que têm 20 a 24 anos, o que mostra que é nessa
época da vida em que a pessoa começa a busca trabalho. Os mais velhos, tendo percorrido
todo esse processo, já estão no mercado de trabalho.

5.3 – Perfil dos alunos quanto à escolha pelo curso


Tendo em vista que a idade influencia na realização de atividades remuneradas, pode-
se perguntar o mesmo quanto à escolha do curso. Será que a idade influencia o motivo pelo
qual o aluno escolheu fazer Ciências Contábeis? Os dados disponíveis não permitem verificar
o motivo com a idade que o aluno tinha quanto entrou no curso, portanto os dados analisados
cruzam o motivo com a idade atual do aluno.

Tabela 3. Comparação entre idade e escolha pelo curso


até 19 20 a 25 a 29 30 a 35 a 40 + TOTA
24 34 39 L
Fazer novos amigos 0% 3% 6% 10% 0% 0% 3%
Influência familiar 21% 16% 6% 0% 0% 0% 21%
Qualificação profissional 42% 21% 41% 70% 67% 50% 41%
Mercado de trabalho 75% 41% 47% 50% 33% 50% 66%
Somente ter um nível 0% 4% 12% 10% 33% 0% 7%
superior
Por ter concluído curso 4% 1% 12% 0% 0% 0% 3%
técnico em Contabilidade
Como profissão desejada 38% 16% 29% 0% 0% 50% 27%
Outro 13% 6% 12% 10% 0% 0% 10%
TOTAL DE 24 79 17 10 3 2 135
RESPONDENTES

Independentemente da idade, os dois fatores que mais pesaram na escolha pelo curso
de Ciências Contábeis foram o mercado de trabalho e a qualificação profissional.
Principalmente para os mais velhos, esses dois fatores são mais relevantes do que qualquer
outro. Como tais alunos já estão trabalhando, eles conhecem o mercado de trabalho e agem
para adequar-se a ele, buscando o curso por proporcionar-lhes novas oportunidades de
crescimento profissional.
Dois motivos que também destacam-se são a influência familiar e por ser a profissão
desejada, principalmente entre os mais jovens. Quanto à influência familiar, eles acabaram de
sair do Ensino Médio e muitos ainda não tinham certeza do que queriam. O círculo familiar
teve certo peso na hora de decidir qual curso fazer, já que conheciam a profissão através de
pais, irmãos, primos ou outros parentes. Quanto ao fato de ser a profissão desejada, talvez
haja alguma ligação com a influência familiar, ou talvez o perfil da profissão os tenha atraído
na busca por uma profissão.

5.4 Visão dos alunos em relação às perspectivas profissionais e à percepção do


mercado de trabalho
Foram selecionadas as afirmações mais relevantes da parte da perspectiva profissional
(afirmativas 1, 4, 9, 12 e 14), elaborados gráficos e analisadas as informações. Esses gráficos
relacionam os semestres dos alunos com a média de concordância, que variava de 1 a 6,
sendo:
1. Discordo Totalmente;
2. Discordo;
3. Discordo Parcialmente;
4. Concordo Parcialmente;
5. Concordo;
6. Concordo Totalmente.
Assim, seguem os gráficos e as respectivas análises.

Figura 4. Média de concordância com a afirmação 1 e o semestre do aluno.

É possível inferir a partir da figura 4 que os alunos do início do curso possuem uma
visão mais otimista em relação ao status social e profissional do Contador. A média desses
alunos ficaram em “Concordo Parcialmente”, enquanto em relação aos alunos do meio e do
final do curso essa média ficou em “Discordo Parcialmente”. Não é seguro afirmar, com base
nessas médias, que um conhecimento mais aprofundado da profissão e a inserção no mercado
de trabalho, que ocorrem com a evolução do aluno no curso, abaixem a nota dos primeiros
semestres para as faixas seguintes. Entrar em uma análise nesta profundidade está, para os
autores, além do objetivo deste trabalho.

Figura 5. Média de concordância com a afirmação 4 e o semestre do aluno.


No que tange à visão dos alunos em relação ao conceito que a sociedade e os
empresários dão ao Contador, a diferença das respostas variou pouco e, apesar de os alunos do
início do curso possuirem uma visão mais otimista e os do meio, mais pessimista, o resultado
foi que, na média, todos os semestres “Discordam Parcialmente.”

Figura 6. Média de concordância com a afirmação 9 e o semestre do aluno.

Os alunos do meio do curso acreditam mais que a formação contábil permite atuar em
diferentes áreas e segmentos da empresa, mas a diferença variou pouco em relação aos outros
semestres, e todas as respostas, na média, estabilizaram-se em “Concordo Parcialmente.

Figura 7. Média de concordância com a afirmação 12 e o semestre do aluno.

Outra vez, as médias quase não se alteraram em relação ao semestres do curso. Os


alunos, como um todo, “Discordam Parcialmente” de que o contador que conseguir emprego
em uma empresa sólida terá o futuro garantido. Das cinco perguntas selecionadas, é aquela na
qual as médias dos semestres estão mais próximas.
Figura 8. Média de concordância para a afirmação 14 e o semestre do aluno.

As respostas, como um todo, têm concretizado uma visão mais otimista para os alunos
do início do curso. Nesse gráfico não foi diferente, e, seguindo a tendência, os alunos do
primeiro ao terceiro semestre acreditam que a profissão contábil implica desafios constantes,
exigindo profissionais dinâmicos com espírito de liderança. Apesar disso, a diferença entre os
semestres de novo não foi muito acentuada, e todos os semestres, na média, “Concordam
Parcialmente”.
Como as médias dos semestres estão, para cada pergunta, próximas umas das outras,
seria preciso uma análise mais profunda para verificar os motivos dessas variações, e uma
análise estatística mais aprofundada para verificar se as variações nas médias estão dentro do
normal.

Tabela 4. Média das notas para as afirmativas em cada semestre e em toda a amostra.
1a3 4a6 7- Geral
P.1 4,10 3,75 3,77 3,87
P.2 3,24 3,28 3,37 3,29
P.3 4,83 4,67 4,66 4,72
P.4 3,64 3,39 3,54 3,51
P.5 4,78 4,93 4,80 4,85
P.6 4,19 4,18 3,85 4,10
P.7 5,05 5,21 5,11 5,14
P.8 4,17 4,14 3,85 4,08
P.9 4,43 4,56 4,31 4,46
P.10 5,29 4,95 4,86 5,03
P.11 4,76 4,39 3,91 4,38
P.12 3,50 3,46 3,51 3,49
P.13 3,02 3,02 3,14 3,05
P.14 4,71 4,63 4,29 4,57
P.15 3,98 4,04 3,94 3,99
P.16 5,02 5,12 5,00 5,06
P.17 5,17 5,30 5,09 5,20

Analisando cada afirmativa em separado, vemos que não há muita diferença para as
notas dadas em cada faixa do curso. As variações ficam dentro da mesma nota ou, se passa
para a nota seguinte (de 4 a para 5, por exemplo), a variação, em décimos, não é grande.
A afirmativa 11, “O reconhecimento da profissão de Contador está principalmente
relacionado com a postura ética e comportamento exemplar”, é a que apresenta a maior
variação entre os semestre iniciais e os finais. Há uma deterioração do pensamento do aluno
quando à relação entre o comportamento da profissão e a atitude ética do contador.
As afirmativas com as quais os alunos mais concordam são a 7 e a 17, que afirmam
que é preciso ter habilidades e conhecimentos em outras áreas além da contábil para que se
possa exercer a profissão de Contador. Todas as médias ficaram na faixa do “concordo”.
Percebe-se que as médias entre as duas afirmativas estão próximas, o que pode indicar ou uma
dificuldade de distinguir habilidades de conhecimentos ou uma coerência na concordância de
que ambos são necessários.
A médica mais baixa foi dada à pergunta 13. Os respondentes discordam parcialmente
quanto ao fato de a sociedade e os empresários serem bem informados sobre a área de atuação
do profissional contábil. É possível que o fato de 2/3 dos alunos trabalharem ou estagiarem,
estando em contato com o mercado e com os profissionais e empresários, e a sociedade, como
clientes e fornecedores, tenha influenciado essa média mais baixa. A média das notas para
essa pergunta dada pelos que trabalham (2,91) é a menor, em relação aos que não trabalham e
aos que estagiam. Porém, a nota média dos que não trabalham é menor do que as do que
estagiam (3,02 contra 3,31).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A profissão contábil é bem vista por uns, deturpada por outros. A literatura apresenta
uma visão negativa e distorcida dos contadores. Outros autores apontam para a necessidade de
a classe agir para mudar essa percepção e apresentar a sua importância à sociedade. O fato é
que é uma das que mais atrai alunos para os bancos das faculdades, pela oportunidade de
crescimento profissional e pelo mercado de trabalho. E o que pensam esses alunos sobre a
profissão? Qual a percepção que eles têm? Será que ela muda ao longo do curso, à medida em
que o aluno adquire conhecimentos e amadurece? Este trabalho tem o objetivo de ver a
evolução do pensamento do aluno do curso de Ciências Contábeis sobre a profissão, e a
evolução de seu perfil durante o período em que está na faculdade, além de seus objetivos
depois da conclusão do curso.
Para isso, foi aplicado um questionário aos alunos de Ciências Contábeis da
Universidade de Brasília. O perfil do aluno médio indica que ele é do sexo masculino, tem
entre 20 e 24 anos, está em seu primeiro curso superior e trabalha. A maioria dos
respondentes pretende fazer concurso público após terminar os estudos, e atuar em auditoria
ou entrar para o funcionalismo público. Enquanto entre os alunos do diurno o mais comum é
estagiar, no noturno a maioria trabalha. Ao longo do curso, a tendência é que os alunos,
inicialmente apenas estudando, procurem um estágio e, nos últimos semestres, tenham
arranjado um emprego. Tal progresso é ainda mais nítido quando comparadas as faixas
etárias. Quanto à percepção que o aluno têm sobre a profissão, não há mudanças significativas
de opinião ao longo do curso.
Os autores sugerem que a pesquisa seja expandida para outras instituições de ensino
superior do Distrito Federal, já que a presente pesquisa restringiu-se apenas à Universidade de
Brasília. Isso não foi possível devido à época do ano em que ela foi realizada. Um estudo mais
abrangente pode levar a outras conclusões, já que o perfil do aluno pode ser outro. Seria
interessante analisar alunos de outros cursos, para comparar suas perspectivas sobre suas
profissões com a que os alunos de Ciências Contábeis têm da profissão de contador.
7. REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Renato Ferreira Leitão. A percepção pública sobre os contadores: “bem
o mal na foto”? 2010. 113 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2010.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação (2002). Parecer
CNE/CES 146/2002 – Homologado. Despacho do Ministro em 09/5/2002. Diário Oficial da
União, Brasília, DF:Ministério da Educação,. 13 maio 2002, nº 90, Seção 1.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação (2003). Parecer
CNE/CES 67/2003. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br-/cne/arquivos/pdf/CES0067.pdf>.
DIAS, Lidiane Nazaré da Silva. MOREIRA, Anna Carolina Silva. As perspectivas da
profissão contábil para os formandos em ciências contábeis do Instituto de Estudos Superiores
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Anais... Disponível em: http://www.congressocfc.org.br/hotsite/anais/artigos/482.pdf. Acesso
em: 15 nov 2010.
FARI, Murilo Arthur. NOGUEIRA, Valdir. Perfil do profissional contábil: relações
entre formação e atuação no mercado de trabalho. Perspectivas contemporâneas, Campo
Mourão-PR, v. 2, n. 1, jan/jun. 2007.
MERLO, Roberto Aurélio. O contabilista do século XXI. Jornal do CFC, Brasília, ano
9, n. 81, março/abril 2006, p. 11.
MORAIS, José Jassuípe da Silva. A representação social do contador e a imagem
dele perante a sociedade. Studia Diversa. CCAE-UFPB, vol. 1, no. 1, out. 2007, p. 46-43.
SANTOS, Catarina Coelho. et al. Um estudo no Brasil sobre o futuro da profissão
contábil. Disponível em: < http://www.infinitaweb.com.br/albruni/artigos/a0703_IntCustos-
_Prof_Contabil.pdf> Acesso em: 15 nov. 2010.

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