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A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM CORPORAL NA EDUCAÇÃO

INFANTIL1
Cleuza Aparecida Fagundes Vaz*
Helenice Maria Tavares**

RESUMO
Este estudo tem como objetivos analisar a importância da expressão corporal e sua dimensão,
bem como repensar a prática pedagógica a partir da expressão corporal e contribuir como
possível alternativa pedagógica capaz de facilitar a compreensão das mais diversas formas de
expressar e interagir da criança com no ambiente escolar, abordando a psicomotricidade como
aliada do processo de ensino e aprendizagem na educação infantil. Mediante pesquisa
bibliográfica, verificou-se a importância de ver a criança como um conjunto: corpo-mente e
afetivo no processo de ensino sistematizado especialmente na Educação infantil. Além disso,
reafirma a importância da psicomotricidade na educação infantil, pois sua prática
proporcionará a oportunidade da vivencia através do jogo simbólico e a exploração da
linguagem corporal a partir da observação do educador contribuindo com a capacidade de
aprendizagem a evolução da criança.

Palavras-chave: Expressão Corporal. Educação Infantil. Psicomotricidade.

Vermos crianças presas em salas de aula, em apartamentos, ter que ficarem quietas
para aprender fazendo em aula só o lazer sem compromisso educativo, são motivos
suficientes para pensarmos nossa atuação [...] e propormos uma alternativa.
(GIRARDI, 1993, p. 84)

Um dos grandes problemas encontrados hoje pelos profissionais que atuam na


educação infantil é como lidar com a diversidade desse mundo. As crianças estão chegando
com inquietações, problemas de ordem emocional, afetivo e uma capacidade intensa de busca
e vontade de explorar tudo o que está a sua volta.
Essas crianças trazem consigo uma historia muitas vezes marcada por grandes
desafetos que interferem no seu comportamento, nas relações interpessoais e na construção da
aprendizagem.
Tendo em vista a temática do presente estudo, esta pesquisa espera indicar possíveis
direções que consideramos essenciais quando se pretende levar em conta o ensino e a
aprendizagem de maneira produtiva e satisfatória.

1
Trabalho apresentado para conclusão do curso de Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade Católica
de Uberlândia
*
Aluna do curso de Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade Católica de Uberlândia.
**
Professora Orientadora do curso de Especialização em Psicomotricidade pela Faculdade Católica de
Uberlândia. E-mail: tavareshm@netsite.com.br
Assim, este estudo tem como objetivos analisar a importância da expressão corporal e
sua dimensão, bem como repensar a prática pedagógica a partir da expressão corporal e
contribuir como possível alternativa pedagógica capaz de facilitar a compreensão das mais
diversas formas de expressar e interagir da criança com no ambiente escolar, abordando a
psicomotricidade como aliada do processo de ensino e aprendizagem na educação infantil.
Sua elaboração se pautou na pesquisa bibliográfica, que segundo Gil (1999, p. 65):
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos
seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas
exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

A linguagem corporal é um elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos,


afetivo e social. Por isso partimos do pré-suposto que o nosso corpo é um conjunto fantástico
de estruturas e funções complexas e sutis. Se prestarmos atenção verá que todo pensamento é
expresso através do nosso corpo de alguma forma, gestos, caras, bocas, sorriso, choro... O
corpo é nossa casa.
A criança consegue organizar o mundo a sua volta quando vivem experiências
sensórias motoras, ou seja, interage com os órgãos do seu corpo e o mundo que a cerca, só
então ela se localiza, assimila, identifica e formula conhecimento.
A educação infantil surge da necessidade de se ter um local onde os pais diante da
necessidade de trabalhar precisavam de um local em que pudessem deixar seus filhos sobre os
cuidados de outras pessoas.
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, os pobres se viam na
contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles
cuidassem. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de
tempo integral; para os filhos de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou
cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando
fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a
criança. A educação permanecia assunto de família. Essa origem determinou a
associação creche, criança pobre e o caráter assistencial da creche. (DIDONET,
2001, p. 13)

As primeiras instituições de educação infantil nasceram na França no século XVIII,


devido à situação de abandono, maus tratos e pobreza. Os objetivos e formas de tratar as
crianças mais pobres da sociedade não eram consensuais, setores da elite defendiam a idéia de
que não seria bom para a sociedade como um todo que se educassem as crianças pobres, era
proposta a educação da ocupação e da piedade (OLIVEIRA, 1995).
As instituições infantis, inclusive no Brasil organizavam seu espaço e sua rotina em
função de idéias assistencialistas de custodia e higiene das crianças.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) a
expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido de forma crescente nos
últimos tempos, acompanhando a intensificação da urbanização e a participação da mulher no
mercado de trabalho e as mudanças nas estruturações familiares. A partir de então as
instituições passaram a ser pensadas e reivindicadas como lugar de educação e cuidados
coletivos para criança de zero a seis anos de idade. A conjunção desses fatores permitiu o
reconhecimento social desses direitos manifestados pelos movimentos populares e por grupos
organizados da sociedade civil. (BRASIL, 1998)
A Constituição Brasileira de 1988 no artigo 208, inciso IV, pela primeira vez na
história do Brasil, definiu como direito das crianças de zero a seis anos de idade e dever do
estado o atendimento a infância. (BRASIL, 1988)
O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 destaca também o direito da criança a
esse atendimento. (BRASIL, 1990)
Reafirmando essas mudanças a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional Lei nº.
9.394 sancionada em 20 de dezembro de 1996 (LDB) estabelece de forma incisiva o vínculo
entre o atendimento à criança de zero a seis anos a educação. (BRASIL, 1996)
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
I – Creches, ou entidades equivalentes, para criança de até três anos de idade;
II – Pré-escolas para as crianças de quatro a seis anos de idade.
Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-à mediante acompanhamento e
registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso
ao ensino fundamental. (BRASIL, 1996, p. 56)

Nos últimos quatro anos, os estados, municípios e o distrito federal estão passando por
um período de transição, pois foi sancionada a lei 11.274, que dispõe sobre a duração de nove
anos para o ensino fundamental. Consta a lei: "Art. 32. O ensino fundamental obrigatório,
com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de
idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão.” (BRASIL, 2006, s.p.)
Diante dessa evolução significativa da educação infantil, a necessidade de atualização
dos profissionais que trabalham com estas crianças é de relevante importância e as práticas
psicomotoras muito podem contribuir com o desenvolvimento integral dessas crianças que
possuem uma natureza singular, são seres que pensam e sentem o mundo de um jeito muito
próprio e estabelece relações com o outro e o mundo que as rodeiam tudo isto pode ser levado
à criança por intermédio da psicomotricidade, que deve ser considerada como princípio
norteador na educação infantil, pois favorece que a criança tome consciência do seu corpo.
Abordar a origem e a evolução da psicomotricidade é antes de tudo estudar a
significação do corpo ao longo da história da civilização humana. (NEGRINE, 1995)
Para Levin (1995) a história da psicomotricidade é solidária a história do corpo, ou
seja, a psicomotricidade tem seu início desde que o homem passou a existir, a falar e andar, a
partir deste instante ele falará do seu corpo. Sendo assim o homem vai construindo com o seu
corpo um longo percurso histórico com expressões discursivas e carregadas de significado no
campo psicomotor.
Para a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade:
A Psicomotricidade é uma ciência que tem como objeto de estudo o homem através
do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem
como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e
consigo mesmo. Está relacionada ao processo de manutenção, onde o corpo é a
origem das aquisições cognitivas afetivas e orgânicas (S. B. P., 1999, s. p.).

Segundo Levin (1995) o termo psicomotricidade surgiu na França no final do século


XIX,a partir dos estudos da neuropsiquiatria infantil de Dupré, que na observação de
pacientes definiu a síndrome da debilidade motora, caracterizada pela presença de sinesias,
paratonias e inabilidades, rompendo a correlação entre a perturbação motora e a síndrome.
Dessa forma, ele evidenciou o paralelismo psicomotor, ou seja, uma estrita relação entre o
desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade. Tal paralelismo psicomotor
definiu-se como uma tentativa de superação do dualismo cartesiano – corpo e mente. Negrine
(1995) aponta que Wallon (1925) trouxe suas contribuições para a psicomotricidade, sendo
que seus estudos relacionam motricidade, afeto, emoção e meio ambiente aos hábitos da
criança. Ressalta ainda que Guilmaim (1935) desenvolveu um exame psicomotor para fins de
diagnóstico, de indicação da terapêutica psicomotora e de prognóstico. Determinava-se assim
um método de trabalho: a reeducação psicomotora que é feita através de baterias de exercícios
físicos programados.
No final da década de 40, a psicomotricidade começou a se diferenciar de outras
ciências adquirindo sua própria especificidade e autonomia. Essa mudança aconteceu devido
ao surgimento de técnicas ligadas aos distúrbios psicomotores propostas por Julian de
Ajuriaguerra, psiquiatra que conseguiu romper com a hegemonia neurológica e com o
conceito do paralelismo psicomotor mudando, dessa forma, a história da psicomotricidade.
(LEVIN, 1995)
São consideráveis as contribuições de Piaget que serve de pilar a construção do campo
da psicomotricidade. Pois ele considera a relação da motricidade com a inteligência, antes da
aquisição da linguagem Para Piaget, a inteligência é uma adaptação ao meio ambiente e para
que ela se desenvolva é necessário que o indivíduo explore o meio ao qual está inserido. A
partir desses experimentos motores ele percebe as inter-relações entre a motricidade e a
percepção. (OLIVEIRA, 2007)
“Historicamente desde o ano de 1900 até a presente data, o percurso e a evolução do
campo psicomotor desenvolvem-se, no nosso modo de ver, de acordo com diferentes cortes
que vão modificando e esboçando um acionar clínico específico”. (NEGRINE, 1995, p. 30)
É importante situar-se na história da psicomotricidade compreendendo que sua
evolução está relacionada a três diferentes momentos que norteiam suas práticas fazendo com
que esta se torne cada vez mais peculiar e específica.
O primeiro corte epistemológico foi influenciado pela neuropsiquiatria, predominando
a prática reeducativa. Há a tentativa de superação do dualismo cartesiano. Nesta primeira
etapa o corpo é visto como uma “ferramenta de trabalho para o reeducador que se propõe a
concertá-lo”. (LEVIN, 1995, p.30)
No segundo corte surgem às contribuições da psicologia, especialmente a genética.
Nesse momento o corpo é visto como um instrumento de construção da inteligência
priorizando a educação psicomotora. E por fim o terceiro corte, quando a área da psicanálise
efetiva suas contribuições. A partir daí o olhar se direciona para um sujeito com o seu corpo
em movimento, um sujeito desejante, que fala, anda e se expressa. (LEVIN, 1995)
È importante à compreensão da história da psicomotricidade e a sua origem para que
se possa entender que no decorrer do processo histórico existe uma apropriação deste saber
por parte de psicólogos e pedagogos que utilizam desses recursos no campo da educação,
reeducação e terapia.
Negrine (1995) se refere a educação psicomotora como sendo uma ação pedagógica
que tem como objetivo principal o desenvolvimento motor e mental da criança, com a
finalidade de levá-la a dominar o próprio corpo e adquirir uma inibição voluntária.
Para Meur; Staes (1991) a reeducação psicomotora é dirigida às crianças que sofrem
de perturbações mentais, atrasos ou dificuldades psicomotoras. Trata-se de diagnosticar as
causas dos problemas e de fazer um balanço das aquisições e das carências, antes de fixar um
programa de reeducação.
Lapierre e Aucouturier (1980, apud. MEUR; STAES, 1991) indicam a terapia
psicomotora em especial para as crianças portadoras de grandes perturbações e cuja adaptação
é de ordem patológica, considerando assim a necessidade de uma vasta formação prática,
técnica e teórica ao terapeuta, pois só assim este estará preparado para interpretar atitudes
corporais, e as reações tônico-afetivas e emocionais.
A psicomotricidade funcional se originou dentro de um modelo biomédico, ou seja
diagnóstico-tratamento. Suas bases teóricas são sustentadas por uma concepção
maturacionista de desenvolvimento humano, que compreendem que esse desenvolvimento
acontece com o amadurecimento do nosso equipamento biológico.
É importante ressaltar que a psicomotricidade funcional utiliza um método direto e testes
padronizados para traçar o perfil psicomotriz da criança, não permitindo oportunidades a esta
de exteriorização e expressão psicomotriz.
Esse modelo de psicomotricidade consiste no objetivo de diagnosticar e tratar crianças
com algum tipo de dificuldade e para tanto se utilizavam das baterias de testes e tomavam
emprestados da Educação física as famílias de exercícios
Os estudiosos da psicomotricidade não empregam uma classificação única e tampouco
fazem uso de uma terminologia comum para as diversas funções psicomotoras. (NEGRINE,
1995)
Lê Boulch (1983, apud. MELLO, 1993) cita as seguintes funções da psicomotricidade,
a estruturação do esquema corporal, coordenação dinâmica geral, motricidade gráfica,
lateralidade, relação corpo-tempo e percepção temporal e tono muscular. Fonseca faz
referência à noção do corpo ou somatognosia, equilibração, coordenação dinâmico-manual,
lateralidade, controle da respiração, estruturação espaço-temporal, ritmo, dissociação e
tonicidade. Coste aborda o esquema corporal, coordenação, motricidade fina, preensão e
coordenação óculo-manual, lateralidade e estruturação espaço-temporal.
Verifica-se, entretanto que as diferentes classificações e terminologias aplicadas
denotam diferenças sensíveis entre a concepção dos autores. O que geralmente acontece é que
cada autor ressalta certas funções psicomotora sob determinados aspectos, e tratam as demais
agrupadas a essas primeiras (MELLO,1993, p.37)
Segundo Le Boulch (1983, p. 37 apud. MELLO,1993, p.37-38) esquema corporal é a
consciência que o sujeito tem do seu próprio corpo, de suas partes com movimentos corporais
estáticos ou dinâmicos, na relação com os espaços e os objetos que o rodeiam nas posturas e
nas atitudes.
Para Mello (1993) a tonicidade é uma tensão dos músculos, pela qual as posições
relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e que se opõem as
modificações passivas dessas posições e o equilíbrio é capacidade que o sujeito tem de
manter-se sobre uma base reduzida de sustentação do corpo.
Para o autor a lateralidade:
É a capacidade de vivenciar as noções do hemisférico direito e hemisférico esquerdo
do corpo sobre o mundo exterior. Diferenciando-se do conceito de dominância
lateral que significa o domínio ocular, auditivo e sensório-motor de um dos
membros superiores ou inferiores, que devem ocorrer em todas as pessoas.
(MELLO, 1993, p.39)

A Organização espacial é a capacidade do sujeito de orientar-se diante de um espaço


físico e de perceber a relação da proximidade de coisas entre se. Refere-se às relações de
perto, longe em cima, embaixo, dentro, fora, etc. Já a organização temporal é a capacidade de
avaliar intervalos de tempo e de estar ciente dos conceitos de tempo, caracterizando-se pela
aquisição de noções de direção, localização, posição e disposição do espaço. (MELLO, 1993)
A capacidade perceptiva é a aquisição de conhecimentos por meio de impressões
sensoriais do mundo exterior e do próprio corpo, utilizando os órgãos dos sentidos: a visão, o
olfato, o paladar, a audição e o tato. (SOUZA FILHO, 2001)
A coordenação motora global para Mello (1993, p. 38) é definida como “a colocação
em ação simultânea de grupos musculares diferentes, com vistas à execução de movimentos
amplos e voluntários mais ou menos complexos, envolvendo principalmente o trabalho de
membros inferiores, superiores e do tronco.”
A coordenação motora fina para o mesmo autor é o trabalho de forma ordenada dos
pequenos músculos. Engloba as principais atividades: manual e digital, ocular, labial e
lingual.
“A coordenação viso motora manual e pedal. É a capacidade de coordenar a visão com
os movimentos do corpo todo ou de partes com influência nos seguintes movimentos cortar,
bordar, desenhar e escrever.” (HURTADO, 1991, p.33)
Essas funções muito têm contribuído para as práticas pedagógicas atualmente
principalmente na educação infantil.
Para Negrine (1995), Lapierre e Aucouturier inovaram a psicomotricidade e juntos
vivenciaram períodos distintos na evolução histórica desta ciência, sejam eles: os períodos
continuador, inovador e ruptura. No período continuador a psicomotricidade passa de vertente
reeducativa e terapêutica para uma vertente educativa e segue uma linha funcionalista. Havia
uma inquietação dos psicomotricistas com relação a mudança de paradigma de atuação,
muitos estudos, mas na prática a atuação continuava a mesma: funcional.
O período inovador é a evolução para uma postura vivenciada, cita que: “O mais
importante na prática relacional é trabalhar com o que a criança tem de positivo, o que ela
sabe fazer, e não preocupar-se com o que ela não sabe”. (NEGRINE, 1995, p.58)
Neste período, Lapierre e Aucouturier, atuavam juntos, priorizando a prática
vivenciada.
O distanciamento entre Lapierre e Aucouturier denomina-se como período de ruptura
causado pela busca de uma prática coerente como os princípios inovadores proposto por
ambos os autores. Suas diferenças fundamentais se baseiam na forma de interação com as
crianças na tentativa de entender e potenciar o jogo durante a seção psicomotora.
A partir do ponto de vista vivencial denotam que se devem formular estratégias de
interpretação pedagógica através da via corporal, ou seja, o componente pedagógico principal
na prática psicomotriz para provocar exteriorização da criança será o jogo e o livre brincar.
A psicomotricidade vivenciada que se baseia nos métodos-não-directivos para a busca
dos seus objetivos. Estes métodos permitem interpretações relevantes por parte do educador
em relação aos atos da criança, seja através da expressão corporal e fala, este viés da
psicomotricidade surge com variadas abordagens, inclusive na França, berço desta prática.
Podemos citar autores como: André Lapierre e Bernard Aucouturier, que são franceses e
pilares da psicomotricidade com enfoque relacional.
É importante ressaltar que existem nuances dentro da psicomotricidade vivenciada e
que psicomotricistas que tiveram a mesma formação inicial, no decorrer de seus estudos
acabam seguindo linhas diferentes e como exemplo Aucouturier e Lapierre.
As práticas vivenciadas utilizam o lúdico como ferramenta do trabalho de prevenção
durante o jogo e o brincar o sujeito tem a oportunidade de representarem vários palpeis, ao
terminar as atividades de representação, permitindo uma compreensão dos processos afetivos.
Através da observação dele em contato com o mundo, por intermédio de suas relações com o
seu corpo, suas ligações afetivas com o outro.
Negrine (1995) explica a importância do ato de brincar como um elemento motivador
a fim de provocar a exteriorização da criança, e que tal prática impulsiona processos de
desenvolvimento da aprendizagem.
Os principais objetivos da prática vivenciada são: a oportunidade de vivenciar diversas
experiências corporais, estimular vivência simbólica, facilitar a comunicação da criança em
suas várias dimensões.
O espaço destinado a estas práticas pode ser: aberto ou fechado de acordo com a
realidade da instituição que a exerce. O importante é que seja um espaço em que permita a
criança uma maior expressividade motriz, uma prática de desibinição. O espaço deve ser
organizado previamente, tal organização serve de referência e ajuda a expressão mental da
criança. Algumas recomendações para organização do espaço: espaço para ritual de entrada;
espaço para construção e representação; espaço para jogos e exercícios, e esse deve ser um
espaço onde a criança se exteriorize através de exercícios, ou jogos.
A freqüência da prática deve ser de três vezes semanais. Deve-se determinar um tempo
disponível para os alunos verbalizarem suas produções.
Para implementação desta prática, utiliza-se materiais diversos, seja eles: aparelhos
fixos, espaldar, banco sueco, cavalo de pau, massa de modelar, papel e giz de cera, jornal,
caixa de papelão, materiais e aparelhos para exercitar e jogar, almofadas, colchões, pneus,
materiais de sucata e peças de vestuário (para fantasiar), tecido, corda, aros. A oferta desses
materiais deve ser de forma alternada.
Trabalhar a psicomotricidade significa oportunizar a criança diferente vivências para
construção de novas experiências, que se baseiam nos parâmetros psicomotores que podem
ser definidos como um conjunto de elementos a partir dos quais a expressividade motora pode
ser analisada. Tais parâmetros reúnem em sua denominação a exploração que a criança
realiza, do mundo externo até ser constituídos para aspectos como o movimento, o espaço, o
tempo, os objetos e o outro. (SÁNCHEZ; MARTINEZ; PENALVER, 2003).
O movimento é intrínseco a vida, permite a aquisição de experiências, suas condutas
podem ser de aspectos planejado, organizado, reflexão e vivência, e refletem relação entre o
plano afetivo, emocional e cognitivo.
As práticas psicomotoras vivenciadas tiveram como precursores André Lapierre e
Bernard Aucouturier. O primeiro criou a psicomotricidade relacional fundamentada na teoria
de Henry Wallon e destaca como ferramentas essenciais para compreensão do ser humano.
Atualmente é um diferencial na atuação profissional em vários segmentos sociais, tais como:
escolas, clínicas, empresas e outros.
É através do nosso corpo que mostramos nossos desejos, nossas frustrações e nossas
ansiedades. A psicomotricidade relacional vem ao encontro dos alunos como prevenção,
levando-os a alcançar o equilíbrio e o desenvolvimento.
Já Prática Psicomotora Aucouturier determina que na seção, o jogo de pulsão ( jogo
sensório motor classificação de Piaget) deve ser potencializado e a partir da psicomotricidade
tem sua função até os oito anos. Aucouturier possui uma característica importante a respeito
da psicomotricidade, que é seguida por diversos psicomotricistas, que é a organização da
seção psicomotora que segue uma seqüência temporal, isto é, a criança deve seguir uma
determinada ordem para executar os jogos: momento inicial ou ritual de entrada; jogos de
segurança profunda; jogos de prazer sensório motor; narração da história, atividades de
representação e momento final ou ritual de saída. É importante ressaltar que as seções são
realizadas somente em ambientes fechados.
Assim, a psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a estruturação e
formação do esquema corporal da criança e tem como um dos objetivos a expressão dos
sentimentos por intermédio do corpo, valorizando a linguagem do corpo.
“Se pararmos para observar verá que em determinadas ocasiões expressamos através
do olhar, do sorriso, do corpo, reações de carinho ou de repulsa em alguns momentos até
tentarmos disfarçar essas sensações, percepções, sentimentos, porém o corpo não é escravo da
mente”. (GIRARDI, 1993, p. 76)
Portanto o corpo não se separa da mente e suas expressões revelam evidentemente
emoções diferentes, suas imagens mostram as atitudes que são expressas em determinadas
situações.
As expressões podem ser influenciadas pelo meio ambiente. A primeira forma de
comunicação entre a mãe e seu bebe são os movimentos expressivos do corpo e do rosto, que
revelam energia e vivacidade.
Para que haja comunicação é necessário apenas que o receptor entenda a mensagem do
emissor que pode acontecer consciente ou inconscientemente. É importante ressaltarmos
então que o corpo fala, cria e aprende com o movimento, expressando-se através dos gestos
que são ricos de sentidos e intencionalidades.
Entretanto pela vivencia de repressão, os sujeitos deixam de perceber seu próprio
corpo. Segundo Girardi (1993) podemos verificar que os adultos por medo de sentir, não se
permitem viver seu próprio corpo, pois ao longo da história o corpo é tido como feio, podre e
objeto de punição pelos erros cometidos.
Na idade média em tentativa de purificar a alma puniam o corpo de forma violenta. Na
atualidade continuamos presenciando todos os dias atos de violência contra o corpo. Crianças
espancadas e violentadas, preconceito contra cor e obesidade, cirurgias plásticas para
satisfazer as vaidades que cultuam um padrão determinado de beleza valorizado pela mídia,
pais que punem com violência o corpo dos filhos na tentativa de impor disciplina.
Essas formas violentas de repressão sinalizam estado de ira e cobrança para o receptor
que por medo e insegurança viverá um grau elevado de conflitos e até desvios de conduta.
O corpo fala por intermédio de emoções que são expressas e recebidas em uma
relação. As emoções são estados significativos nas relações interpessoais, considerando o
sujeito completo (afetividade, cognição e emoção).
Assim torna-se evidente que os saberes são construídos a partir das relações
construídas no tempo, na socialização familiar e numa integração cognitiva afetiva. As
emoções e sentimentos podem variar de intensidade em função de contextos, mas estão
presentes em todos os momentos da vida da criança interferindo nas suas diversas atividades.
Se o nosso corpo fala por intermédio das emoções é importante que a escola
proporcione a criança atividades e situações criativas para que a criança possa interagir de
maneira saudável e satisfatória na construção de seu aprendizado.
Portanto é necessário que todos os professores que trabalham com educação infantil
tenham idéia de como a criança se desenvolve e compreenda que seu corpo está em constante
movimento.
Existem situações em que por pressão de seus subordinados que impõem regras e
normas de um modelo pedagógico ultrapassado, professores utilizam da pedagogia do
traseiro, crianças em silencio sentadas em cadeiras enfileiradas tolhidos em sua criatividade
frustradas e insatisfeitas, bloqueadas em sua capacidade de aprendizagem.
Analisando as concepções discorridas podemos afirmar que o sucesso pedagógico vai
depender da postura do professor. O seu papel como mediador do processo didático
pedagógico vai contribuir ou não para uma aprendizagem significativa.
É importante ressaltar que a criança utiliza a linguagem corporal como forma de
interagir com os outros e com o meio produzindo cultura e identidade. A criança se expressa
com o seu corpo, as praticas escolares devem respeitar compreender e acolher o universo
cultural infantil.
Acreditamos que o corpo adquire um papel fundamental na infância, pois é um modo
de expressão e de vinculação da criança com o mundo.
Nesta perspectiva, existe a necessidade de atualização dos professores de educação
infantil, a fim de proporcionar uma ação interdisciplinar facilitadora de vivência psicomotora
que evidencia a importância do corpo, da mente, do outro, do eu, da ação, do pensamento, da
percepção do real, do imaginário, expressão e afeto estritamente ligados à criança desde a
primeira idade.
Em alguns momentos nos deparamos com a desvalorização do movimento espontâneo
e natural da criança, em prol do conhecimento formalizado deixa-se de lado a linguagem
corporal, capacidade de expressar de cada criança em uma dimensão educativa.
As expressões psicomotoras são estímulos à vida social e a atividade construtiva da
criança. “A criança é movimento, vida também é movimento” (GIRARDI, 1993, p. 73).
Sendo assim a criança é vida que sente, ama, hostiliza, agride, sente prazer e medo,
todas as sensações consideradas boas e ruins que fazem parte do desenvolvimento humano.
Dessa forma enfatizamos a importância da utilização da psicomotricidade na educação
infantil, pois sua prática proporcionará a oportunidade da vivencia através do jogo simbólico e
a exploração da linguagem corporal a partir da observação do educador que fará os registros
das ações para leitura e análises posteriores. As possíveis intervenções contribuirão com a
capacidade de aprendizagem a evolução da criança.

Considerações finais

A partir das analises bibliográficas foi possível evidenciar que a linguagem corporal é
uma forma significativa e complexa de interação, pois envolve os mais diversos estados
emocionais: amor, medo, hostilidade, ódio.
A psicomotricidade muito tem contribuído com as praticas pedagógicas, pois ela visa
fins educativos pelo emprego do movimento, a liberdade da expressão e simbólico.
É então relevante que o educador conheça caminhos que possibilite a exploração das
diversas formas de comunicação corporal da criança, sem deixar de lado a individualidade,
história e cultura de cada um.
É fundamental a compreensão e o respeito a história de cada um, pois estas são
construídas a partir de suas vivencias e estão contidas no corpo e serão expressas a todo
momento.
Nesta perspectiva entendemos que o professor de educação infantil deverá contemplar
a expressão corporal como principio norteador das atividades didático-pedagógicas,
possibilitando que o movimento a encontrarem significado na prática psicomotora presente na
relação que a criança mantém com o mundo.
A linguagem corporal é elemento mediador da aprendizagem e desenvolvimento
humano. A educação pela expressão é parte fundamental desse processo especialmente na
educação infantil.

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