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geopolíticas
As representações
do século xxi
lizações" - além, evidentemente, de ver sob essa ótica determina- sendo, o choque de civilizações seria a abordagem que melhor
dos acontecimentos recentes que evidenciam conflitos culturais (os explicaria os conflitos mundiais dos anos 1990 e do século xxi.
genocídios e as lutas na ex-Iugoslávia, a reação de simpatia dos
povos árabes para com o Iraque na guerra do Golfo etc.) - , O mundo das civilizações segundo Huntington
Huntington CHOU O que considerou um "novo paradigma" para ex-
plicar os conflitos pós-guerra fria. Ele argumentou que os
paradigmas existentes eram insuficientes para explicar os novos
acontecimentos, ou seja, os povos já não se agrupariam mais - a
não ser muito parcialmente - em ricos e pobres, democráticos e
não democráticos, blocos capitalista ou comunista, Terceiro Mun-
do etc, havendo então a necessidade de se criar uma nova diferen-
ciação no mapa-múndi . 2
- ele menciona os choques de clãs na Somália e de tribos em Quanto às demais grandes civilizações, os problemas de dis-
Ruanda - teriam uma importância somente regional, ao passo que putas por liderança seriam bem menores. A Rússia é vista como
os conflitos intercivilizações - aí ele menciona os choques na um Estado dividido, mas também como o líder inquestionável da
Bósnia, na Ásia central e na Caxemira - são os mais perigosos e civilização eslava ortodoxa. E a China é a líder inconteste da civi-
que têm uma repercussão global. lização confuciana ou sínica, assim como a índia é o Estado-nú-
O conceito de "Estado-núcleo de uma civilização" seria uma cleo da civilização hinduísta. Já o Ocidente tem dois pólos - Es-
categoria nova de poder, diferente das superpotências da guerra tados Unidos e União Europeia - , mas que tendem a se alinhar
fria e das grandes potências, normalmente ocidentais, dos últi- por meio da OTAN (que, na sua visão, deveria incorporar somente
mos séculos. Huntington afirma que as civilizações são como fa- as nações europeias não ortodoxas, isto é, com cultura ocidental).
mílias e os Estados-núcleos representam o chefe, o líder dos de- E as civilizações latino-americana e africana não têm Estados-
mais Estados daquele "bloco civilizacional", que o vêem como núcleos mas não enfrentam conflitos com outras civilizações (com
um parente cuja liderança proporciona a eles apoio e disciplina6. exceção da africana, que reage à expansão islâmica no continen-
Quando uma civilização carece de um Estado-núcleo (tal como te), são relativamente frágeis do ponto de vista de percepção e
ocorreria hoje com a africana, com a islâmica e com a latino-ame- tendem a se colocar como dependentes do Ocidente.
Esquema do alinhamento das civilizações segundo Huntington: a parcela ocidental do produto económico mundial vem decli-
nando visivelmente após a Segunda Guerra Mundial: ela repre-
sentava 84% do total em 1920 e cerca de 57% em 1980. E, por
fim, ele argumenta que o poderio militar do Ocidente, apesar de
não enfrentar sérios adversários até "as próximas décadas", tam-
bém vem conhecendo um declínio relativo: os efetivos militares
ocidentais representariam 48% do total mundial em 1920 e so-
mente 2 1 % em 1991 . 8
Mais Conflituosa
que, nas suas palavras, são os choques de civilizações - e não as
' ' Menos Conflituosa
disputas comerciais ou económicas - que representavam a maior
Fome: Samuel P. Huntington. O choque de civilizações, p. 310. ameaça à paz mundial no século xxi. Inclusive o autor só acredi-
ta no sucesso de "mercados regionais" se eles forem alicerçados
em laços culturais em comum, tal como ocorre, segundo ele, na
Q U A L SERIA O PAPEL DOS ESTADOS UNIDOS? União Europeia. Em segundo lugar - d a í esta interpretação
huntingtoniana ser na prática um contraponto às teorias sobre o
A grande preocupação de Huntington é com o que chama "fim da história" que dão ao capitalismo ocidental e à democra-
"declínio do Ocidente" e com o papel que os Estados Unidos cia liberal vitória definitiva - , os Estados Unidos ou a OTAN de-
deveriam desempenhar nessa nova ordem multipolar e multi- veriam deixar de se envolver em conflitos que ocorrem em ou-
civilizacional. Ele afirma que o Ocidente já atingiu o seu auge, tras civilizações. Huntington não acredita na expansão da de-
e atualmente possui um domínio absoluto sobre uma série de mocracia para todas as civilizações:
setores mundialmente poderosos: o sistema bancário e as moe-
das fortes, grande parte da produção industrial, o acesso ao es-
paço, os meios de comunicações internacionais, a indústria de O conceito de uma civilização universal é um nítido produto da civilização
ocidental, que no século xix ajudou a justificar o "fardo do homem hranco", a
armamentos de alta tecnologia etc. Mas estaria ocorrendo um
expansão sohre as culturas não-ocidentais; e no final do século xx o
declínio "gradual e inexorável" do poder relativo do Ocidente universalismo é a ideologia do Ocidente para confrontar outras sociedades,
ante o resto do mundo. O autor menciona que, do ponto de vista para justificar o seu predomínio cultural. "
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F U K U Y A M A E A FASE PÓS-HISTÓRICA
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