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(*)Autor: Prof. Dr. Lucas Kouji Kinpara, adaptado pela Profa. Dra. Marilda Watanabe
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ARBITRAGEM
Após o seu nascimento, o ser humano sofre constantes ameaças em sua vida.
Tratam-se de perigos dos mais variados tipos: desde aqueles capazes de decretar o
fim da sua existência, como, por exemplo, a ocorrência de terremotos, furacões,
tempestades ou inundações, até os que, embora desprovidos da mesma
capacidade lesiva, constituem obstáculos ao pleno desenvolvimento de suas
potencialidades.
Terremoto no Haiti
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Uma vez que o ser humano percebeu que os conflitos de interesses com seus
semelhantes são inerentes à sua própria natureza, buscou-se mecanismos para a
sua resolução. As formas mais comuns para se resolver os eventuais conflitos são:
o entendimento direto entre os interessados, a solução estatal e as alternativas
amigáveis ou pacíficas. Estas últimas dividem-se em mediação, conciliação e
arbitragem.2
De acordo com Cláudio Vianna de Lima, “na MEDIAÇÃO, o terceiro MEDIADOR (ou
MEDIADORES, se mais de um) tem a função de aproximar as partes, tão-só, para
que elas negociem diretamente a solução desejada de sua divergência. Na
CONCILIAÇÃO, o terceiro também de escolha e confiança das partes,
CONCILIADOR (ou CONCILIADORES, se mais de um) exerce a tarefa não só de
aproximar as partes desavindas para o entendimento, mas sugere e propõe
1
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo. Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.27.
2
Cláudio Vianna de Lima, Curso de introdução à arbitragem, p. 9.
soluções, esforça-se para levá-las a este entendimento que ponha fim ao conflito.
Na ARBITRAGEM, finalmente, o terceiro ÁRBITRO (podendo haver mais de um,
desde que em número impar) recebe a missão de solucionar o conflito substituindo
as partes, que não conseguiram resolver, por si mesmas, a divergência que as
separem. Ao exercitarem o seu direito de se valer da arbitragem e ao designar
árbitro, os conflitantes se comprometem a cumprir o que for decidido”3
3
Cláudio Vianna de Lima, Curso de introdução à arbitragem, p. 12.
4
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.27.
5
Carlos Guilherme de Abreu e Lima. Lei de arbitragem: quebra do monopólio jurisdicional estatal?, p.7.
6
Carlos Guilherme de Abreu e Lima. Lei de arbitragem: quebra do monopólio jurisdicional estatal?, p.7.
Aos poucos o ser humano percebe que essa situação de se resolver os conflitos
através da força bruta, além de ser injusta, tinha a desvantagem de gerar mais
violência.
A arbitragem substituiu a "lei da selva" pela "lei das gentes" ou das pessoas,
prevalecendo a inteligência9.
http://tinyurl.com/67zatx6
7
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.27.
8
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.27.
sendo gravado em placa de mármore ou de metal e colocado nos templos das
respectivas cidades para conhecimento de todo o povo10 11.
Com o advento da Lei das XII Tábuas em 455 a.C., o processo é bipartido em fases
distintas. A fase in iure — desenvolvia-se perante um tribunal, com a presença de
um magistrado. Por fim, a fase apud iudicem — transcorria diante de um cidadão
privado. Na primeira fase fixava-se os pontos da controvérsia, enquanto que na
segunda, o juiz privado analisava as razões das partes e proferia a sentença12.
9
Carlos Guilherme de Abreu e Lima. Lei de arbitragem: quebra do monopólio jurisdicional estatal?, p.7.
10
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.31.
11
Leon Fredja Szklarowsky, Evolução histórica da arbitragem, p.1.
12
Carlos Guilherme de Abreu e Lima. Lei de arbitragem: quebra do monopólio jurisdicional estatal?, p.10.
13
Carlos Guilherme de Abreu e Lima. Lei de arbitragem: quebra do monopólio jurisdicional estatal?, p.12.
porque esta avocava para si o papel de árbitro e executava as penalidades que
tinham um caráter religioso, como as de excomunhão15 16.
Também houve fase em que o arbitramento que era facultativo, passa a ser
obrigatório, posto que se as partes não chegassem a um acordo quanto a utilização
da arbitragem, retornava a situação de barbárie anteriormente observada18,
situação essa totalmente indesejável aos litigantes e à sociedade em geral19.
Mas mesmo assim, a história nos relata casos de arbitragem, sobretudo nas
relações entre os Estados. Um dos exemplos disso, é o pacto firmado entre os
Estados Unidos e a Grã Bretanha para solução de conflito através da arbitragem
14
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.33.
15
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.34.
16
Leon Fredja Szklarowsky, Evolução histórica da arbitragem, p.3.
17
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.34.
18
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.27.
19
Luiz Gustavo de Lacerda Sousa. O instituto da arbitragem no processo civil romano, p.1.
(Tratado Jay de Amizade, Comércio e Navegação). De acordo com Pedro Batista
Martins, “sob a égide desse tratado, no ano de 1872, foi submetida à apreciação de
cinco árbitros, dentre eles o nosso Visconde Itajubá (Ministro Plenipotenciário em
Paris), questão relativa a alguns fatos ocorridos nos Estados Unidos da América do
Norte durante o período de guerra de secessão – o citado caso Alabama. Com
laudos favoráveis aos Estados Unidos, só restou à Grã-Bretanha, inobstante as
reclamações e apelações que formalizou, acatar por inteiro a decisão arbitral e
submeter-se aos seus consectários. Tal decisão – a que esta grande potência se
curvou – serviu para arrefecer os ânimos dos seus contraditos e provar as
vantagens e eficácia deste antigo procedimentos”20.
http://tinyurl.com/664qcf7
20
Pedro Batista Martins. Aspectos jurídicos da arbitragem comercial no Brasi, p. 8.
jurisprudências diferentes, o que, provavelmente torna difícil até mesmo a
imparcialidade”21.
21
Jovi Barboza e Malú de Lourdes Darienzo, Arbitragem no Brasil: solução amigável de conflitos, p.37.
22
Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/96, p. 20.
23
Carlos Alberto Carmona. Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/96, p. 22.
24
Arbitragem e processo: um comentário à Lei n. 9.307/96, p. 23.