Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
1. Introdução
A Pedagogia Waldorf, resultado de um trabalho de conhecimento e de vivências de Rudolf
Steiner e seus colaboradores, está pautada na visão integral, holística do ser humano, cujo
conhecimento e aperfeiçoamento são guiados pelos pilares básicos que constituem a ciência
espiritual, denominada por Steiner Antroposofia.
Esse método pedagógico observa uma primeira realidade que é o desenvolvimento da
personalidade de seus alunos, o qual admite, sem julgamento de credo, raça ou cultura,
procurando fazer-lhes jus e a eles adaptar-se.
Este trabalho apresenta os principais fundamentos da Pedagogia Waldorf e como esta
abordagem esta fortemente relacionada com as práticas da Antroposofia. Apresenta ainda
aspectos do currículo e das práticas pedagógicas adotadas nas escolas Waldorf no Brasil e
demonstra de que forma esta abordagem visualiza a utilização de meios eletrônicos e
computadores na educação de crianças e jovens.
2. A Antroposofia
A Antroposofia, do grego “conhecimento sobre o ser humano” foi introduzida no início do
século XX pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925), pode ser caracterizada como um
método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento
obtido pelo método científico convencional. A Antroposofia busca levar o ser humano ao
conhecimento de si mesmo, mas sempre integrado ao universo, pois defende que a conexão
entre homem e natureza está presente em todos os fenômenos.
Apesar de suas construções serem baseadas em preceitos que muito se assemelham à
religião, não quer dizer a mesma coisa. A Antroposofia é entendida como a visão do Universo e
do Homem obtida por meio de métodos científicos, respeitando a liberdade espiritual de cada
indivíduo
Com base nestes princípios básicos, a Antroposofia possui aplicação em diversas áreas
da vida humana, como a medicina, farmacologia, nutrição, fisioterapia, psicoterapia, pedagogia,
jardinagem, arquitetura, administração e espiritualidade (SETZER, 1988; SOCIEDADE
ANTROPOSÓFICA DO BRASIL, 2011).
3. Pedagogia Waldorf
A Pedagogia Waldorf foi criada na Alemanha pelo filósofo Rudolf Steiner no ano de 1919. Ela
está baseada nos conceitos da Antroposofia, ciência espiritual criada por este mesmo filósofo.
A Antroposofia elaborada por Steiner tem por objeto o homem como indivíduo, mas a
pedagogia Waldorf não se limita a essa visão. A pedagogia Waldorf visa à formação integral do
ser humano, focando não só o desenvolvimento da inteligência e a qualidade de conhecimentos,
como também o estímulo da vontade, relacionamentos, ideais sociais, entre outros. Pretende
despertar em seus alunos todas as suas potencialidades, estabelecendo um relacionamento sadio
com seu ambiente e com todos os indivíduos que dele participem (COSTA, 2005;
MUTARELLI, 2006).
O ensino Waldorf baseia-se em uma abordagem transdisciplinar que trata das
necessidades e do desenvolvimento da criança em crescimento e do adolescente na fase de
amadurecimento. A pedagogia Waldorf tem como objetivo desenvolver a personalidade de
forma equilibrada, desenvolvendo na criança e no jovem a clareza do raciocínio, o equilíbrio
emocional e a iniciativa de ação (SETZER, 1988).
Uma das concepções dessa pedagogia é a de que a vivência deve preceder a teoria, desta
forma o conteúdo curricular deve ser ajustado ao momento particular do desenvolvimento do
aluno, de modo que haja uma identidade entre o que ele vive e o que ele deve aprender.
De acordo com a Antroposofia, a evolução do ser humano em sua fase inicial pode ser
dividida em três grandes etapas, correspondentes a períodos de sete anos. A cada um destes
períodos, é dado o nome de setênio. As escolas Waldorf baseiam suas práticas pedagógicas de
acordo com cada um destes períodos (COSTA, 2005; , LANZ, 1979; SETZER, 1988).
Setzer resume os principais elementos que devem ser apresentados às crianças como: o
bom, o belo e o verdadeiro, correspondendo ao primeiro, segundo e terceiro setênios,
respectivamente (SETZER, 1988).
3.1. Primeiro Setênio
Durante o primeiro setênio (0 a 7 anos) ocorre o desenvolvimento da base física do ser
humano. Neste período, as crianças são dominadas por impulsos, que se manifestam em
atividades motoras e estão abertas ao mundo externo com uma inigualável capacidade de
absorção. Essa permeabilidade inconsciente absorve não só o aspecto físico ao seu redor (cor /
som / forma), como também o clima emotivo, os sentimentos e até o próprio caráter das
pessoas. Desta forma, deve-se apresentar às crianças um mundo bom e harmonioso, baseado na
natureza (COSTA, 2005; SETZER, 1988; SETZER, 2001).
Durante este período o ser humano não deveria ser submetido a um ensino formal, mas
somente indireto, através de histórias, jogos, brincadeiras e trabalhos manuais simples. Neste
período, as crianças não deveriam ser alfabetizadas, levando-se em conta o fato de que as letras
do alfabeto são abstrações que estas crianças não estão preparadas fisiologicamente para
assimilá-las. As forças que seriam gastas neste processo deveriam ser aplicadas no
estabelecimento da base física da criança, na aprendizagem do andar, do falar e da coordenação
motora. Para isto deve-se utilizar como recursos educacionais a imaginação, a música, o ritmo e
a imitação (SETZER, 1988; SETZER, 2001).
Os educadores deste período devem ser considerados como um “professor-mãe”, ser
digno de ser imitado pelos seus alunos, pois nessa imitação inconsciente estará fundamentada a
moralidade futura de seus alunos (EMANUEL, 2002; SETZER, 2001).
3.2. Segundo Setênio
No segundo Setênio (7 a 14 anos) a criança tem sua base física essencial formada e
pode dedicar suas forças ao aprendizado. Neste período se desenvolve primordialmente o
sentimento, desta forma a educação deveria ser totalmente baseada em atividades artísticas
(SETZER, 1988).
Todo ensino nessa fase deve apelar à fantasia criadora, trazendo de forma viva os
conteúdos necessários e pertinentes a essa época, devendo o aprendizado estar sempre
relacionado à realidade do mundo. Deve-se evitar apresentar aos jovens pensamentos puramente
abstratos e conceitos sem vida, pois desta forma corre-se o risco de não apenas arrefecer os
sentimentos, mas até de ressecá-los (COSTA, 2005; SETZER, 1988).
Setzer (1988) apresenta o exemplo do ensinamento do conceito de uma ilha, que
normalmente é apresentado como “um pedaço de terra cercado de água por todos os lados”, o
que se mostra um conceito incorreto, pois não há água nos lados de cima e de baixo. Esta
definição apresenta a criança um conceito sem vida, sem margens a imaginação. Em vez disso o
professor deveria contar uma história sobre um náufrago que nadou e chegou a uma praia. E
depois de descansar, começou a explorar o ambiente, e depois de um tempo percebeu que para
onde quer que fosse, acabaria encontrando outra praia. Desta forma faria a criança acompanhar
com a sua imaginação o que se passa na realidade.
O professor adequado para este período deve ser generalista, conhecer um pouco de
cada matéria. Deve ter uma grande sensibilidade social para acompanhar seus alunos, pressentir
o que se passa com cada um e configurar suas aulas dinamicamente, entusiasmando seus alunos.
Idealmente, este professor deve acompanhar sua turma durante todo o ensino fundamental
(LANZ, 1979; SETZER , 2001)
3.3. Terceiro Setênio
O terceiro setênio (14 aos 21 anos) caracteriza-se pelos primeiros sinais de puberdade e
pelas transformações físicas típicas desta idade. Acontece uma mudança nos processos de
pensamento do ser humano, os sentimentos individualizam-se e tornam-se conscientes. Neste
período os jovens começam a ter consciência que possuem uma mente “livre” e percebem que
podem pensar por si próprios (EMANUEL, 2002; SETZER, 2001).
Neste setênio deve-se introduzir de modo gradual o pensamento lógico, abstrato, formal
e intelectual. Ao contrário dos períodos anteriores, onde a educação deve estar baseada nas
artes, neste período, os jovens não estão tão interessados nos aspectos artísticos da realidade,
mas sim nos seus aspectos de verdade. Eles buscam as explicações do mundo através de
conceitos (SETZER, 1988).
Deve-se, por exemplo, começar a provar os teoremas matemáticos. Os jovens neste
período começam a ter necessidade destas provas; necessidade que é incompreensível para um
jovem antes dos 15 anos, pois ele vê que a tese é evidente, portanto não precisa ser provada
(SETZER, 2011).
Um professor deste período deve ser um especialista, conhecer muito bem a sua
matéria, ao contrário dos professores generalistas dos períodos anteriores (SETZER, 1988).
1
Eurípedes, na Antiga Grécia, relacionou os 4 elementos naturais – terra, fogo, ar e água, com quatro
tipos básicos de “tempero” do comportamento humano: melancólico, colérico, sanguíneo e fleumático.
permitiria o desenvolvimento de tratamentos e/ou procedimentos mais diretamente relacionados
com a demanda de um determinado temperamento (COSTA, 2005; MUTARELLI, 2006).
Baseado neste princípio, o conhecimento e o diagnóstico dos temperamentos pelo
educador são questões básicas no ensino Waldorf. Steiner dividiu os temperamentos humanos
em quatro tipos básicos (COSTA, 2005):
• Temperamento Sangüíneo: designa uma criatura ágil e leve. Quando criança vive
saltitando, quando cai geralmente não chora e se levanta rapidamente. É geralmente
inteligente, porém perde facilmente a concentração, tendo dificuldade para se fixar
numa determinada tarefa. Esta criança não pode ser dominada pela força; o adulto
deve desenvolver uma ligação afetiva dela para consigo e com o objeto com o qual
se quer fazê-la ocupar-se.
• Temperamento Melancólico: se apresenta como uma pessoa entristecida. A criança
está sempre isolada em seu mundo; tem movimentos lentos e desajeitados. Enfrenta
dificuldades em ser aceita pelos colegas, o que piora sua solidão, podendo render-
lhe um egocentrismo exagerado. Sua melancolia só pode ser superada através da
compreensão. O educador deve trabalhar mostrando a ela o sofrimento do mundo, o
que poderia dar a estas crianças certa alegria, por não se sentirem sós em suas
tristezas. Deve-se também trabalhar com movimentos rítmicos, pois estas crianças
geralmente gostam de música.
• Temperamento Colérico: Geralmente é atenta, concentrada, corajosa, responsável,
aplicada e líder nata; porém estoura desproporcionadamente ao menor problema.
Somente quando passa o acesso de cólera é que ela se recupera e ouve as
argumentações; falar com ela no momento da cólera é inútil e só a torna mais
furiosa. Para lidar com este temperamento difícil e complexo, é preciso muita
paciência e compreensão. Deve-se estimular os seus limites, fazendo a criança
competir consigo mesma, em tarefas sabidamente impossíveis, para que constate
que não é infalível. Quando encontra pessoas, idéias ou objetos que tenham um
valor moralmente elevado a criança pode desenvolver um sentimento de veneração
e de respeito. Jamais se deve tratar coléricos com ironia ou críticas infundadas, pois
atrás da sua aparência dura, às vezes violenta, está uma alma que clama por carinho.
• Temperamento Fleumático: Costumam ser bastante ordeiros, amantes da rotina,
calmos e metódico. Possuem uma ligação intensa consigo mesmo, o que
proporciona um prazer interno de bem-estar do qual não gostam de abdicar. Devido
a isso é muito difícil despertar seu interesse para outros assuntos. Apresentam
dificuldade de iniciativa, de se ligar ao que acontece ao seu redor, tendo
características de lentidão e sonolência. Não adianta tentar despertá-lo através de
coisas ou assuntos escolares, somente é possível despertar seu interesse
indiretamente através dos interesses que vivem em outras pessoas, por isso deveria
estar constantemente rodeado de colegas e amigos que, na infância, devem ser de
mesma idade.
Steiner recomenda que em sala de aula os alunos sejam dispostos fisicamente de acordo
com seus temperamentos, e que sejam formados grupos de mesmo temperamento, desta forma
estes alunos estariam entre iguais e não seriam diretamente influenciados negativamente por
temperamentos diferentes.
2
A eurritmia é uma prática de dança corporal criada pela Antroposofia que harmoniza corpo, alma e
espírito. Pode ter caráter artístico, pedagógico, ou terapêutico e esta inserida no currículo das escolas
Waldorf, onde é exercida, de alguma maneira, todos os dias nessas escolas
• Um programa de educação física.
Referências
COSTA, E. M. G. A pedagogia Waldorf: ferramentas e práticas. In: V JORNADA DO
HISTEDBR, 2005, Sorocaba. Disponível em:
<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada5/v3_g8.htm>. Acesso em:
21 abr. 2011.
LANZ, R. A pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano. São Paulo: Summus,
1979.
MANN, C. Waldorf school third grade curriculum. 2009. Disponível em:
<http://www.suite101.com/content/waldorf-school-third-grade-curriculum-a110551>. Acesso
em: 22 abr. 2011.
SETZER, V. W. Meios eletrônicos e Educação: uma visão alternativa. 3. ed. São Paulo:
Escrituras, 2001. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=tAxJyfnWF_oC>.
Acesso em: 15 abr. 2011.