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O MODELO DE ANÁLISE ESTRATÉGICA DE

AUSTIN APLICADO AO SETOR DE


CONFECÇÕESi
Helio Zanquetto Filhoii
Doutorando Engenharia de Produção PUC-Rio
Rua Carlos E. M. Lemos, 366-D-104 – Jardim da Penha –
Vitória – ES – 29060-120
email: z_helio@hotmail.com
Liana Almeida de Figueiredo, MSc
Professora da Fundação de Assistência e Educação - FAESA
Av. Des. Santos Neves, 1375 – 203 – Praia do Canto – 29055-721
email: f_liana@hotmail.com

ABSTRACT: In this paper it will be presented an strategic analysis model developed by Austin
focusing on Less Developed Countries (LDCs). Initialy will be presented the structurs and the main
concepts of the model for gereral situation. Then the model will be present for the specific area of
clothing manufacturing sector in the state of Espírito Santo. Following will be present the
advantages of using this model in the brazilian situation, identifying the particular aspects of the
model that makes it effective to strategic analysis in LDCs.

KEYWORDS: strategy, analisys, environmental factors

RESUMO: Neste artigo apresenta-se o Modelo de Análise Estratégica (MAEA) desenvolvido por
Austin, tendo como foco os países em desenvolvimento. Inicialmente são apresentadas as estruturas
e conceitos principais do modelo para uma situação genérica. Em seguida faz-se uso do modelo
para o caso específico das empresas do setor de confecções, com ênfase nas localizadas no Estado
do Espírito Santo. Na seqüência apresenta-se as principais vantagens da utilização deste modelo
para o caso do Brasil identificando-se as particularidades do modelo que o tornam efetivo para
análise estratégica nos países em desenvolvimento (LDCs).
1- INTRODUÇÃO:
O ambiente no qual as empresas estão inseridas tem passado por profundas alterações em um curto
espaço de tempo em todas as variáveis que afetam a prática dos seus negócios.iii Como resultado
desta modificação ambiental constante as empresas brasileiras, assim como as do mundo todo, têm
se deparado com a necessidade de promover alterações radicais e/ou incrementais em seus
paradigmas organizacionais, práticas gerenciais e outputs.

Neste ambiente competitivo o sucesso de uma organização está diretamente relacionado a


capacidade da empresa em identificar qual será a nova arena de negócios e quais mudanças são
necessárias. Em face ao exposto, as empresas precisam desenvolver estratégias considerando-se a
escassez de recursos, que garantam o bom desempenho e a conquista da eficáciaiv e da eficiênciav
organizacional.

Este artigo visa apresentar uma ferramenta de análise estratégica com o foco voltado para países em
desenvolvimento. Para tanto selecionou-se, dentre alguns modelos de análise ambiental existentesvi,
o Modelo de Análise Estratégica de Austin (MAEA). A justificativa principal para a escolha deste
modelo reside no fato de, além de ter como foco países com tais características, ter como elemento
diferencial a explicitação da influência das ações governamentais tanto no ambiente macro
econômico quanto no ambiente micro econômico, ambiente de negócio da empresa.

A experiência profissional dos autores como consultores no setor de confecções no estado do


Espírito Santo, bem como as dificuldades atuais enfrentadas por essas empresas estimulou o
desenvolvimento da pesquisa neste segmento. Tem-se como premissa básica o fato do modelo
MAEA proporcionar a utilização de uma ferramenta gerencial que possa contribuir para que o
quadro atual seja revertido.

O estudo da análise estratégica pode ser metodologicamente dividido em: a) formação da estratégia;
b) tradução da estratégica em ação (modelos de gestão da mudança organizacional) e c) medição da
efetividade estratégica (modelos para o desenvolvimento de sistemas de medição e desempenho).
Neste trabalho serão abordadas questões relacionadas a formação estratégica, pois este artigo refere-
se a uma primeira etapa de uma projeto maior, sendo que outros modelos serão testados em seu
desenvolvimento.

Na parte inicial deste trabalho será feita uma descrição do Modelo de Análise Estratégica de Austin.
Na segunda parte far-se-á a aplicação deste modelo para o setor de confecções, procurando destacar
suas características específicas. Decorrente desta análise na última parte do trabalho serão
apresentadas considerações dos autores identificando a relevância das características descritas na
segunda parte para melhoria de competitividade deste segmento industrial.

2- O MODELO DE ANÁLISE ESTRATÉGICA DE AUSTIN (MAEA)


Durante o processo de expansão, com instalações de unidades de produção em países em
desenvolvimento - Less Developed Countries (LDCs) - empresas como, Cuminins Engine
Company, Nestle, Pepsico, encontraram um ambiente distinto daquele comumente experimentado
em países desenvolvidos. Analisando estes casos Austin percebeu a necessidade de investigar, mais
a fundo, as peculiaridades da arena de negócios nesses países. Como conseqüência o autor propôs
um modelo específico de análise ambiental, levando-se em conta as características particulares dos
LDCs.

O Modelo de Austin é uma evolução do modelo posicional desenvolvido por Porter, tendo como
objetivo analisar continuamente o ambiente de negócios de forma estruturada. O foco principal está
na verificação sistemática das forças ambientais externas específicas nos LDCs, identificando as
implicações gerenciais de cada uma destas forças para a organização. Esta abordagem serve de
elemento de sustentação para o estabelecimento das estratégias gerenciais das empresas e do
processo de tomada de decisão.

O autor argumenta que existe a necessidade de se ter como ponto de partida a visão das forças que
modelam esse ambiente, reconhecendo suas conexões e interdependências. Para tanto analisa-se
estas forças em duas dimensões complementares. A primeira refere-se a avaliação dessas forças
externas, denominadas por Austin fatores ambientais, em quatro categorias: 1)econômica;
2)política; 3)demográfica e 4)cultural. A segunda, focaliza o ambiente de negócios em 4 níveis,
quais sejam: 1)internacional; 2)nacional; 3)industrial e, 4)empresarial.

A visão destes níveis parte de um posicionamento das questões macro e genéricas, até as micro e
específicas de cada empresa. A relação entre os fatores e os níveis é total, ou seja, em cada nível
agem os fatores políticos, econômicos, culturais e demográficos. As ações desencadeadas em cada
um dos níveis podem afetar os demais devida a sua interatividade.

Austin propõe a estruturação do modelo em categorias e subcategorias, conforme tabela 1. Esta


estrutura objetiva facilitar a análise e a tomada de decisão. O foco principal são os reflexos
gerenciais das mudanças nos fatores em todos os níveis, visando obter maiores benefícios destas
alterações ambientais quer sejam reais ou potenciais.
CATEGORIAS Subcategorias CATEGORIAS Subcategorias

1- Fatores Recursos Naturais 2 - Fatores Estabilidade


Econômicos Trabalho Políticos Ideologia
Capital Instituições
Infra-estrutura Ligações Geopolíticas
Tecnologia
3 - Fatores Estrutura Social 4 - Fatores Crescimento
Culturais Dinâmica social Demográficos Populacional
Perspectiva na Natureza Idade
Humana Urbanização
Orientação no tempo e Migração
espaço Situação da Saúde
Religião
Regras
Linguagem
Tabela 1 - Estrutura Básica das categorias do Modelo MAEA de Austin

Para um melhor entendimento do Modelo MAEA serão apresentadas e descritas, a seguir, suas
dimensões identificando-se as características comuns dos LDCs e suas conseqüências no campo
empresarial.

O princípio geral de utilização do modelo é a necessidade de um foco gradativo para melhor


identificação da influência dos fatores ambientais (ameaças e oportunidades) no ambiente
competitivo das organizações. Isto só é possível a partir da análise lógica e estruturada das
conseqüências de cada um dos fatores ambientais existentes (econômicos, políticos, culturais e
demográficos) e de seus desdobramentos gradativos até o nível empresarial.

3- FATORES AMBIENTAIS
A análise da situação dos LDCs utilizando-se as quatro categorias anteriormente citadas, permite ao
gerente identificar e interpretar, sistematicamente, as características do ambiente relevantes para seu
negócio. A seguir serão apresentados estes fatores destacando-se suas categorias com suas
implicações gerenciais. Cabe ressaltar que as especificidades de cada país precisam ser detalhadas
para a efetiva utilização do modelo.

3.1- FATORES ECONÔMICOS

Existem diferenças significativas no comportamento dos fatores econômicos nos LDCs


propriciando contingências específicas para análise. Esse contingenciamento deve ser analisado, a
partir de 5 componentes básicos identificando-se suas implicações gerenciais.
Nos países em desenvolvimento a exploração dos Recursos Naturais tem uma participação
significativa na sua economia. Como primeiro aspecto vê-se a necessidade das empresas
monitorarem o desempenho das atividades de exploração/extração mesmo não estando diretamente
envolvidas com seus negócios. Isto porque o mau desempenho dessa atividade trará implicações
diretas ou indiretas ao funcionamento das organizações como um todo.

Os recursos naturais que na maioria das vezes são commodities, podem gerar negócios atrativos em
atividades que agreguem maior valor aos mesmos.

Observa-se que os fornecedores de recursos naturais estratégicos normalmente são países em


desenvolvimento, muitas vezes com atividades de exploração controladas dos governos locais. A
atuação governamental, do ponto de vista do negócio, quase sempre se traduz em ineficiência
operacional e na baixa utilização da capacidade instalada. Surgem então oportunidades de negócios
nesses países através de aquisições, joint ventures, licenças para exploração, concessões ou
parcerias.

Em termos gerais a mão-de-obra nos LDCs caracteriza-se pela abundância em quantidade e baixa
qualificação. Tal fato decorre principalmente do baixo nível de escolaridade da população, do
desemprego rural decorrente da sazonalidade das atividades agrícolas e do crescimento
populacional. Uma conseqüência imediata é a grande dificuldade de utilização de novas
tecnologias, sendo necessários investimentos em treinamento e capacitação aumentando-se assim as
previsões orçamentárias, pré-operacionais e operacionais.

Por outro lado, os baixos salários decorrentes da má qualificação e abundância da mão-de-obra,


podem tornar interessantes as atividades com utilização de mão-de-obra intensiva. Aparentemente o
custo operacional de um empreendimento nos LDCs pode mostrar-se atrativo em função do custo
de mão-de-obra. Entretanto tal aspecto tem que ser avaliado cuidadosamente devido a influência
governamental através da legislação trabalhista.

Na maioria dos LDCs o capital é um recurso escasso em função do baixo nível renda, da má
distribuição de renda, de instituições financeiras fracas, da inflação alta e da grande fuga de capital
para outros países.

Como reflexo da baixa renda tem-se o reduzido nível de consumo do mercado local. Esse mercado
será voltado para o consumo de itens básicos (comidas, remédios, roupas, etc).
A escassez de capital implica na falta de opções de financiamento dificultando investimentos em
projetos que necessitem de capital intensivo. Sob esta ótica as empresas que têm acesso às linhas de
financiamento com juros subsidiados no mercado interno ou à recursos externos com taxas de juros
do mercado mundial terá vantagens competitivas.

A participação do governo como agente de atuação direta no sistema financeiro vem


enfraquecendo-o gerando na maioria dos casos processos burocráticos com interferência política.
Diante deste fato o sistema financeiro não atrai ou mobiliza investimentos significativos, reforçando
a escassez do dinheiro. Uma das conseqüências dessa situação, presente nos LDCs, é prática de
financiamentos informais (agiotas). As implicações gerenciais dessa situação é o alto custo do
capital e o tempo elevado para a liberação de financiamento. Por outro lado surge a possibilidade de
oportunidades de negócios nas áreas de serviços financeiros.

A alta inflação presente na maioria dos LDCs traz dificuldades para o desenvolvimento de funções
básicas de gerenciamento, tais como o planejamento e o estabelecimento de preço de venda,
havendo um alto risco de degradação do capital.

Levando-se em conta os riscos de manutenção do capital no país observa-se uma fuga de capitral
para o exterior. Essa situação conduz à escassez de capital e à desvalorização da moeda.

O comércio externo representa um fonte de capital crítica para os LDCs pois sua disponibilidade
representa o poder de compra das empresas. Com relação a este aspecto deve-se analisar a escassez
de capital, a variabilidade do fluxo comercial e o valor da moeda.

As empresas devem estar atentas aos recursos internos escassos pois o governo pode determinar a
redução das importações devido ao desequilíbrio na balança comercial. Conforme observado
anteriormente verifica-se que a base comercial dos LDCs caracteriza-se por recursos naturais e
agrícolas. Deve-se então verificar a variabilidade, sazonalidade e ciclos de valor das commodites no
mercado internacional. O valor da moeda (taxa de câmbio) afeta os custos estruturais das empresas,
direta ou indiretamente, e também sua produtividade.

Analisando-se a infra-estrutura, os países em desenvolvimento normalmente caracterizam-se pela


inadequação e deficiência. As operações logísticas abaixo relacionadas podem ser prejudicadas pela
falta de infra-estrutura:

¾ A capacidade portuária é normalmente inadequada, o serviço ineficiente e as tarifas altas.


¾ Os serviços aéreos podem ser prejudicados pelo baixo número de vôos.
¾ O transporte terrestre pode ser prejudicado pela manutenção precária das estradas, que afetam
diretamente o custo de manutenção de veículos e diminui a vida útil dos mesmos.

¾ O transporte ferroviário normalmente é estatal e quase sempre ineficiente


Como implicação gerencial observa-se a necessidade das empresas assumirem os custo da
melhoraria deste infra-estrutura, sob pena de afetar a competitividade de seu negócio. Por outro lado
este fato pode fazer com que as empresas se beneficiem criando barreiras para a entradas de
concorrentes. Assim sendo verifica-se o surgimento de grandes oportunidades de negócio nos LDCs
para empresas que atuam em segmentos de negócios relacionados à infra-estrutura. Por exemplo:
empresas de engenharia, de telecomunicações, entre outras.

Basicamente três fatores caracterizam os países em desenvolvimento em relação ao aspecto


tecnológico: a) baixo nível tecnológico; b)desenvolvimento tecnológico concentrado e; c)fonte da
tecnologia externa, voltada para algumas empresas em segmentos de mercado específicos.

As implicações gerenciais da transferência e adoção de novas tecnologias relaciona-se à


necessidade de se promover adaptações específicas para cada caso. A tecnologia deve estar
adaptada ao ambiente e o ambiente à tecnologia, esta capacidade de adaptação pode tornar-se uma
fonte potencial de vantagem competitiva para as empresas. Nos LDCs uma questão importante é a
como as empresas com estruturas modernas irão interagir e concorrer com empresas informais.

3.2- FATORES POLÍTICOS

Os fatores políticos influenciam significativamente na maioria dos LDCs em especial nos aspectos
referentes à instabilidade, ideologias, instituições e relações internacionais.

A instabilidade surge através de conflitos, golpes de estados, coalizões, assassinatos, processos de


impeachmant que normalmente deságuam no autoritarismo. As conseqüências para as empresas que
atuam nesses países são o aumento na incerteza na tomada de decisão, nos custos, no planejamento
empresarial e na centralização de autoridade.

Mudanças nos sistemas políticos podem causar descontinuidade das ações e dos acordos, inclusive
afetando o abastecimento e os canais de distribuição. Para lidar com essa realidade e para
dimensionar o grau de influência deste fatores nas organizações, é preciso entender a mudança sob
o ponto de vista ideológico, das diferenças entre as partes e da sua legalidade.

Sob o aspecto gerencial é preciso avaliar o risco político específico à empresa e não ao país, pois
num mesmo país nem todas as empresas são afetadas igualmente pelas mudanças políticas.
A ideologia governamental influencia no formato político do país, podendo caracterizar-se pelo
socialismo, capitalismo ou sistema híbrido.

3 - FATORES CULTURAIS

Definindo a cultura como um conjunto de valores, atitudes e comportamentos compartilhados que


caracterizam e guiam um determinado grupo de pessoas, pode-se examiná-la sob cinco dimensões,
quais sejam: a) estrutura e dinâmica social; b) natureza humana; c) orientação no tempo-espaço; d)
religião e, e) linguagem.

A estrutura e dinâmica social podem ser observadas a partir das atitudes nos relacionamentos, na
estrutura das relações e nos estilos na tomada de decisão. Segundo Austin nos LDCs há uma
tendência de formação de estruturas mais hierarquizadas, autoritárias e centralizadas com relações
paternalistas e formação de grupos com alto grau de lealdade. Nestes países verifica-se também a
grande influência da estrutura familiar nas relações econômicas e a segmentação em níveis sociais
como baixa transição entre estes, influenciando nos processos de tomadas de decisão. Portanto a
estratégia de gerenciamento de recursos humanos e as práticas de marketing adotadas pelas
organizações estarão fortemente influenciadas por tais aspectos.

Com relação a natureza humana os aspectos que a caraterizam são a qualificação do ser humano e
sua capacidade de adaptação, influenciando na estruturação dos sistema de controle e supervisão, na
delegação de poder e, na sistemática de tomada de decisão. A relação espaço-tempo, caracteriza-se
por questões de pontualidade e comprometimento. A postura em relação aos espaços comuns e
privados influenciam na programação e planejamento, no lay-out e nas interações entre as pessoas.

Deve-se observar que influência religiosa exerce forte poder na estrutura do poder público, no
comportamento humano e nas suas interações com os pares e também nas tendências de consumo.
Por outro lado tem-se as questões de conflitos religiosos que deságuam em instabilidades políticas e
econômicas tanto no ambiente interno quanto externo das organizações.

Normalmente os países em desenvolvimento tem uma heterogeneidade lingüística com vários


dialetos. Como conseqüência há dificuldades de comunicação nas atividades de propaganda e
marketing e nos processo internos.

3.4- FATORES DEMOGRÁFICOS

O contexto demográfico contempla a taxa de crescimento populacional, a idade média, a


urbanização, a migração e a saúde pública. Proporcionalmente ao crescimento populacional tende-
se ao incremento no mercado consumidor de vários produtos, especialmente os de primeira
necessidade. Por outro lado, o rápido crescimento populacional pode trazer incrementos no nível de
desemprego que afeta a estabilidade política, assim como as relações com outros países devido a
possibilidade de migração.

Devido ao declínio da mortalidade infantil e a alta taxa de natalidade a pirâmide etária nos LDCs
caracteriza-se por uma população jovem. Este fato afeta diretamente as atividades produtivas e de
marketing, quer seja pela característica específica da mão-de-obra ou pelo excesso de pessoas
economicamente não ativas. Entretanto esta força de trabalho jovem incorpora uma maior
flexibilidade e capacidade de absorção de novos conhecimentos. Analisando-se o lado do consumo
percebe-se a possibilidade de desenvolvimento de produtos para este nicho de mercado, a partir da
verificação de seus hábitos e comportamentos.

O crescimento urbano nos LDCs apresenta taxas maiores que a rural, especialmente pela migração,
agravado pela falta de planejamento governamental. Devido ao fato dos recursos governamentais
tem-se freqüentes problemas nas áreas de segurança, saúde pública e infra-estrutura básica.

A concentração da população em grandes centros urbanos, se por um lado facilita as atividades de


marketing e vendas, por outro a ineficiência estrutural descrita anteriormente complica as atividades
de logística e distribuição. Do ponto de vista da mão-de-obra que migra da zona rural para área
urbana, observa-se a importância da percepção das carências destes trabalhadores, havendo a
necessidade da empresa assumir programas assistenciais, que naturalmente seria função
governamental. Os problemas de saúde pública têm como conseqüência a perda de produtividade
por parte dos trabalhadores. Acrescenta-se a isso a baixa de expectativa de vida da população
conduzindo a uma alta rotatividade de mão-de-obra, assim como um incremento nos custos de
treinamento.

4- APLICAÇÃO DO MODELO DE AUSTIN AO SETOR DE


CONFECÇÕES
A indústria de confecções tem desempenhado um papel relevante dentro da economia capixaba
tanto no aspecto econômico quanto na geração de emprego. Dentro desta atividade pode-se destacar
três pólos de desenvolvimento no Estado do Espirito Santo. Um localizado no norte do Estado tendo
como base a cidade de Colatina, o segundo ao sul em Cachoeiro de Itapemirim e outro na Grande
Vitória, na cidade de Vila Velha. Existem projetos para o fortalecimento do setor nos três pólos de
desenvolvimento, podendo-se destacar o Projeto Vila Velha Ano 2000, que tem como meta
principal a geração de 2.000 empregos diretos e 12.000 indiretos.

Dentro da proposta de contribuição para o setor, que atualmente encontra-se em dificuldades,


utilizar-se-á o Modelo de Austin (MAEA) para caracterizar a influência das diversas variáveis
ambientais e seus desdobramentos. Cabe ressaltar que uma característica específica do setor de
confecções é a existência de empresas cujo negócio esta voltado para produção e comercialização
de roupasvii ou de modaviii. Este estudo está estruturado de forma a analisar o ambiente das empresas
que trabalham com roupas. Entende-se que esta ênfase é importante pois a maioria das empresas do
setor no estado têm este foco.

Os quatro fatores analisados do MAEA são apresentados a seguir

4.1- FATORES ECONÔMICOS

Com relação aos recursos naturais e agrícolas o setor de confecções é influenciado diretamente pelo
comportamento dos preços do algodão. No Brasil a principal região produtora de algodão é a região
nordeste onde, em função da instabilidade climática e da pouca utilização de tecnologias agrícolas
há uma depende dos incentivos governamentais. Observa-se que a política agrícola do governo
federal e dos governos estaduais trazem desdobramentos que influenciam fortemente esta atividade.
Nos últimos tempos a falta de planejamento agrícola consistente, e a influência política nas decisões
têm feito com que as confecções no Brasil importem esta matéria prima.

Historicamente o setor emprega uma mão-de-obra com baixo nível de qualificação e escolaridade.
Considerando-se que a maioria das empresas do setor vinham mantendo características de produção
artesanal até bem pouco tempo atrás este aspecto não era relevante. Entretanto percebe-se que a
introdução gradativa de novas tecnologias, hard e soft faz com que esta deficiência reflita na
implantação e na operacionalização destas.

Um outro elemento a ser considerado é a carga tributária que incide sobre a mão-de-obra no país,
fazendo com que as empresas tenham desvantagens competitivas internacionalmente.ix

No Brasil a falta uma política de financiamento para o setor produtivo é um fator de destaque. O
setor de confecções caracteriza-se por um grande número de empresas de pequeno e médio porte.
Este fato agrava ainda mais o acesso aos créditos disponíveis, devido às exigências feitas pelas
instituições financeiras. Além disso a taxa de juros de longo prazo é alterada pelo Governo Federal
sem previsibilidade, o que faz com que as empresas tenham receio em captar recursos financeiro
com taxas de juros pós-fixadas, ou atreladas a taxa de câmbio.

É interessante ressaltar que as empresas no Brasil tem convivido atualmente com uma realidade
inflacionária diferente de seu passado recente. Este fato tem favorecido algumas práticas gerenciais,
de forma a permitir um melhor planejamento, estabelecimento de preços de venda e previsão de
consumo.

Apesar do país ter baixa renda percapita verifica-se, em especial, que os itens relacionados ao
vestuário (roupas, sapatos e acessórios) sofrem uma imediata variação na demanda,
proporcionalmente à variação na economia.

O setor de confecções tem sofrido influência direta da concorrência dos produtos internacionais
provenientes principalmente dos países asiáticos. A abertura dos mercados por um lado favoreceu a
entrada de matérias primas com menores custos, e por outro oportunizou a estrada de produtos
acabados com valor muito baixo.

Tal situação levou a uma reconfiguração do setor de confecções, onde as empresas começaram a
optar por um maior grau de informalidade por meio da terceirização de serviços auxiliares e até
mesmo atividades fim das empresas. Percebe-se o aumento do número de empresa informais que
buscam sua sobrevivência no mercado, através da redução da carga tributária, dos custos fixos e dos
riscos de investimentos em novos projetos.

A abertura da economia nacional facilitou o acesso às novas tecnologias. Apesar disto as empresas
têm tido dificuldade em termos de ganhos de produtividade esperados em função da falta de
qualificação da mão-de-obra, da inadequação das estruturas físicas das empresas e da mudança
gerencial necessária em face aos novos processos produtivos.

4.2- FATORES POLÍTICOS

O Brasil tem dimensões continentais com diferenças significativas entre as regiões. Este fato tem
proporcionado o surgimento de grupos políticos regionais conduzindo ao definição de políticas de
incentivo a produção e exportação diferenciadas, podendo-se citar o caso da SUDENE. Um fator
que tem sido elemento de diferenciação na competitividade das empresas são os incentivos fiscais
advindos das políticas regionais ou estaduais.

No caso específico das empresas de confecções do Estado houve uma vantagem competitiva inicial
daquelas instaladas no polo de confecções de Vila Velha devido aos incentivos para compra de
terrenos e infra-estrutura básicas viabilizados pelo governo estadual através da SUPPINx. Um outro
exemplo que se pode descrever é a inclusão recente do norte do estado do Espírito Santo como área
pertencente à região da SUDENE. Isto trará vantagens competitivas para as empresas instaladas no
pólo de Colatina, em relação àquelas localizadas em outras áreas.

4.3- FATORES CULTURAIS

De uma maneira geral as empresas capixabas do setor de confecção são caracterizadas por terem
uma origem familiar, normalmente centrada na figura feminina. Percebe-se uma deficiência nas
práticas de gestão adotadas, quer seja pela falta de experiência empresarial anterior ou pela prática
paternalista de contratar-se amigos e familiares para funções chave.

A estrutura das empresas na maioria das vezes está associada a um alto grau de hierarquização e
centralização do poder. Apesar disto verifica-se forte relação de lealdade no trabalho pelo fato de na
maioria das vezes a mão-de-obra empregada pertencer a uma região ao redor da empresa criando-se
um vínculo com a comunidade. É importante ressaltar, que um fator de relacionamento interno
positivo nestas empresas encontra-se no fato de não haver um desnível social significativo.

A presença feminina é relevante no contingente total da mão-de-obra empregada. Este aspecto


associado ao fato das mesmas advirem de uma classe social mais baixa e culturalmente submissa,
resulta no baixo grau de participação das pessoas nos processos de tomada de decisão.

Uma das repercussões operacionais observadas nas empresas, pela presença de mão-de-obra
feminina, é a possibilidade de queda na produtividade devido a dupla jornada de trabalho.
Culturalmente, principalmente nas camadas de baixa renda, as funções domésticas ficam a cargo da
mulher fazendo com que as mesmas trabalhem de 12 a 14 horas por dia.

4.4- FATORES DEMOGRÁFICOS

A emigração rural no Espírito Santo, fruto do declínio da cultura do café, levou um grande
contingente de mão-de-obra sem experiência para as cidades que centralizam os pólos de
confecções estaduais.

Apesar da aparente vantagem competitiva advinda dos baixos salários, como reflexo do excesso de
trabalhadores este fato não é observado devido a dificuldade de adaptação desta ao setor produtivo.

O fato do Brasil ter uma população jovem traz uma grande vantagem para o setor de confecções
pois este público é consumidor de roupas tanto devido ao crescimento natural das pessoas, quanto
da necessidade de aceitação social dos jovens, que em grande parte pode ser adquirido pela forma
de se vestir.

Além disso a concentração da população em regiões mais próximas tem favorecido a


homogeneização de comportamento de consumo, facilitando as atividades de marketing,
distribuição e canais de venda.

5- CONCLUSÕES
Nesta parte do trabalho serão feitas considerações dos aspectos relevantes do Modelo MAEA,
descritas anteriormente, reforçando as vantagens de sua utilização e a fácil aplicabilidade como
ferramenta de análise ambiental.

O fato do modelo ser apresentado em categorias e subcategorias permite a criação de um check-list


que facilita a análise de forma estruturada, minimizando a possibilidade de esquecimento de algum
fator importante.

Cabe destacar que apesar o Modelo MAEA enfatizar a influência governamental como uma
MEGA-FORÇA no nível nacional, percebe-se que no caso do Brasil é fundamental a análise das
ações governamentais estaduais, e em alguns casos municipais. Estas ações podem também atuar
com uma MEGA-FORÇA. No caso específico do setor analisado neste trabalho, reforça-se a
percepção deste fato com a existência de pólos de desenvolvimento que acabam gerando vantagens
competitivas para empresas neles instaladas.

No modelo MAEA, apesar do fator econômico ter uma ênfase significativa ele não se apresenta
como o fator mais importante. A metodologia não atribui pesos para análise dos fatores. O foco
principal está na verificação sistemática das forças ambientais externas específicas nos LDCs,
identificando as implicações gerenciais de cada uma destas forças para a organização. Esta
abordagem serve de elemento de sustentação para o estabelecimento das estratégias gerenciais da
empresa.

Pode-se identificar no modelo MAEA que os fatores ambientais pertinentes ao nível internacional e
nacional podem ser classificados como contingências gerais e os fatores ambientais industriais
caracterizam-se como contingências específicas.

Verifica-se que os fatores econômicos, políticos, culturais e demográficos tem uma influência
semelhante para os outros setores industriais com relação a contingência geral. Entretanto na análise
das contingências específicas do setor de confecções o fator cultural destaca-se dos outros três
devido, principalmente às particularidades da presença da mão-de-obra feminina.

Isto permitiu a identificação de que a presença feminina tem influenciado, de forma direta e
relevante, nos modelos de gestão, na cultura empresarial e na estrutura organizacional e, até mesmo
na produtividade global.

Importante ressaltar que o desenvolvimento deste trabalho se deu sob uma ótica qualitativa. Por se
tratar de uma etapa inicial de um pesquisa maior, a pesquisa quantitativa ainda está fase de
desenvolvimento. Soma-se a tal fato as dificuldades encontradas de obter-se algumas informações e
dados já existentes. Posto isto, não são apresentadas análises quantitativas.

6- BIBLIOGRAFIA
AUSTIN, James E. Managing in Developing Countries: Strategic Analysis and Operation Techniques - Ed. Free Press,
1990
CARNEIRO, Jorge M. T et al. Porter Revisado: Análise Crítica da Tipologia Estratégica do Mestre, RAC, v.1, n.3,
Set/Dez, 1997, 7 : 30
DAY, George & REIBSTEIN, David J. with Robert GUNTHER (Eds) Wharton on Dynamic Competitive Strategy,
U.S.A.: John Wiley & Sons. 1997
MACEDO-SOARES, T. D. L v. A. & LUCAS, D.C. Key quality management pratices of leading firms in Brazil:
findings of a pilot-study. The TQM Magazine, Vol 8, No. 4, 1996, pp.55-70
NADLER, David A et all. Arquitetura Organizacional: a chave para a mudança empresarial – Ed. Campus, Rio de
Janeiro. 1994
PORTER, Michael Vantagem competitiva – Ed. Campus, Rio de Janeiro, 1990
PRAHALAD, C.K. & HAMEL, Gary The Core Competence of the Corporation - Harvard Business Review, May-June,
1990 in The State of Stragy. Harvard Business Scholl, 1991, pp.3-15
VOLLMANN, T. E. The Transformation Imperative: Achieving Market Dominance Through Radical Change. Boston,
M.A.: Harvard Business School Press, 1996
ZANQUETTO, Helio F0. . O Processo de Planejamento nas pequenas e médias empresas: um estudo de caso em duas
empresas do setor de confecções do Espírito Santo - Dissertação de Mestrado, DEI-PUC-Rio. 1994

i
Este artigo é fruto do desenvolvimento da disciplina Objetivos e Estratégias Empresariais, oferecida no Programa de
Doutorado em Administração do Instituto de Administração e Gerência da PUC-Rio. Esta disciplina é coordenada pela
professora T. Diana de Macedo-Soares
ii
Agradecemos a Professora Diana pela colaboração no desenvolvimento do trabalho e, a FAESA e a CAPES pelo
apoio recebido.
iii
para mais saber, consultar Nadler (1994)
iv
neste trabalho conceitua-se eficácia como: fazer a coisa certa. Utilizando a metáfora de Zanquetto ( 1994), dentre
vários alvos possíveis, escolher o alvo correto
vv
conceitua-se eficiência como: fazer a coisa da melhor maneira possível. Utilizando outra metáfora, acertar “na
mosca” do alvo escolhido
vi
Modelo de Day e Reibstein (1997), Prahalad e Hamel (1990), Vollmann (1996)
vii
empresas que produzem e vendem (roupas), mas que não possuem uma (marca /etiqueta) de forte presença no
mercado
viii
empresas que trabalham com moda, possuem uma marca forte no mercado
ix
como exemplo disto tem-se que no Brasil de cada R$10,00 gerados R$ 3,00 vão parar na mão dos governos, enquanto
que na Argentina a carga tributária representa R$ 2,00 para o mesmo montante
x
Superintendência de Projetos de Polarização Industrial

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