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Alves, Bastos e Kirsch Assessoria Jurídica e

Empresarial

EXCENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL


CIVIL DA COMARCA DE NATAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, A QUEM
COUBE POR DISTRUIBUIÇÃO

FRANCISCO FABIANO PEREIRA MARCIANO, brasileiro, solteiro, atleta,


portador do RG 1726376 e inscrito sob o CPF/MF nº 050.041.824-18, residente e
domiciliado na Rua Raimundo Filgueira, nº 12, Bairro Nossa Senhora de Nazaré
Natal/RN, CEP 59062-040, através de suas advogadas e procuradoras devidamente
constituídos, conforme procuração em anexo (Documento 01), estabelecidos
profissionalmente na Rua Trairi, 808, Petrópolis, Natal/RN, CEP 59014-150, local onde
receberá intimações e demais notificações de estilo, vem mui respeitosamente perante
Vossa Excelência propor a presente:

AÇÃO DECLARATORIA DE NULIDADE DE CLAUSULA CONTRATUAL


c/c RESCISÃO E OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER

Em face da MRV ENGENHARIA, estabelecido na Av. Raja Gabáglia, 2.720,


Bairro Estoril, Belo Horizonte – MG, CEP: 30494-170, pelos fatos e
fundamentos jurídicos adiante expostos:

I - DOS FATOS
O Autor firmou contrato de promessa de compra e venda de um imóvel
junto à ré, mediante contrato de adesão, de unidade habitacional, situado no Edifício
Spazio Nimbus Residence Club – Bloco 04 – apto. 906, no município de
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Parnamirim/RN com previsão de entrega para junho de 2011, no valor de R$


125.379,00 (Cento e vinte cinco mil trezentos e setenta e nove reais).
Desta feita, o demandante deu uma entrada no valor de R$ 5.166,00
(Cinco mil cento e sessenta e seis reais), ficando o imóvel no valor de R$ 120.213,00
(Cento e vinte mil duzentos e treze reais).
Dentro do valor supra arguido, ficou acordado que seria dado um sinal no
valor de R$ 3.631,00 (Três mil seiscentos e trinta e um mil reais) divididos em 16
parcelas de R$ 202,00 (duzentos e dois reais), mais uma de R$ 197,00 (Cento e
noventa e sete reais), que vem sendo devidamente adimplidos, e mais uma parcela a
ser paga para a instituição financeira responsável pelo financiamento do imóvel no
valor de R$ 3.632,00 (Três mil seiscentos e trinta e dois reais).
Com isto, o financiamento do imóvel ficaria no valor de R$ 112.950,00
(Cento e doze mil novecentos de cinquenta reais) através de financiamento
Habitacional.
No quadro resumo, devidamente anexado aos autos em questão, no item
''reajustes'' consta que os juros seriam acrescidos às parcelas mensais, intermediárias,
financiamento, FGTS e outras (4.1.2; 4.1.3; 4.1.4; 4.1.5 e 4.1.6, respectivamente)
através do INCC (Índice Nacional de Construção Civil), desde a assinatura do contrato,
mensalmente até sua efetiva quitação.
Ocorre que o demandante, ao procurar a empresa ré no sentido de se
informar sobre o financiamento a ser feito, constatou que a mesma ainda não havia
enviado sua proposta de financiamento ao Agente Financeiro responsável. O fato
narrado se deu em novembro de 2010.
Com isto, o valor anteriormente acordado para financiamento passou de
R$ 112.950,00 para R$ 119.467,00 (Cento e dezenove mil quatrocentos e sessenta e
sete reais) e a parcela a ser paga a Instituição Financeira passou a ser de R$ 3.841,00
(Três mil oitocentos e quarenta e um reais), ou seja, em oito meses, ocorreu um
acréscimo de quase R$ 7.000,00 (Sete mil reais) ao valor a ser financiado.

NO MÉRITO
II – DO DIREITO

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II.1 – DOS JUROS COMPESATÓRIOS DURANTE A OBRA – ''JUROS NO PÉ''

Com a promessa de compra e venda, a construtora ou incorporadora


compromete-se a entregar o imóvel objeto do contrato em determinado prazo, ao passo
do que o comprador assim também o faz em relação ao preço, previamente acertado
entre as partes.
No momento da celebração da avença, em realidade, não há
verdadeiramente uma compra e venda, mas simplesmente uma promessa, de sorte
que nem o comprador usufrui do bem, nem o vendedor goza integralmente do preço.
O contrato, sob essa ótica, ostenta cunho estritamente obrigacional,
mesmo porque somente com o Código Civil de 2002 o direito do promitente comprador
do imóvel (art. 1.225, inciso VII), desde que registrado no cartório competente (art.
1.227), foi erigido à categoria de direito real.
Em contratos de promessa de compra e venda de imóvel não construído,
o preço integral do imóvel somente é exigido pelo vendedor quando da entrega das
chaves, ocasião em que o consumidor deverá pagá-lo, com as próprias forças, ou
mediante financiamento bancário. Por outro lado, de regra - mas não obrigatoriamente
-, a construtora, com o escopo de capitalizar-se para erguer o empreendimento, busca
recursos tanto no mercado financeiro quanto junto aos promitentes compradores.
Inclusive, em razão de reiteradas disputas entre o agente financiador da obra e o
consumidor - promitente comprador da unidade habitacional - O STJ editou a Súmula
n.º 308:

"A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior


ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem
eficácia perante os adquirentes do imóvel".

Daí já se percebe que, durante a obra, o consumidor não adquire nem


usufrui de capital alheio, financeiro ou imobilizado, mas, muito pelo contrário, é a
construtora que se capitaliza com recursos de outrem - de instituições financeiras e de
particulares promitentes compradores.
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Quanto aos juros, é consagrado o entendimento segundo o qual os


compensatórios visam a remunerar o capital emprestado e os moratórios constituem
indenização pelo prejuízo decorrente de inadimplemento contratual.
O conceito mais moderno de juros, segundo o qual "juros são o
rendimento do capital, os frutos produzidos pelo dinheiro. Assim como o aluguel
constitui o preço correspondente ao uso da coisa no contrato de locação, representam
os juros a renda de determinado capital.
De acordo com o art. 60, do Código Civil, entram eles na classe de coisas
acessórias" (MONTEIRO. Washington de Barros. Curso de direito civil. São Paulo:
Saraiva, 1997, p.345).

Também do preciso magistério de Caio Mário da Silva Pereira:

"Chamam-se juros as coisas fungíveis que o devedor pagar ao credor,


pela utilização de coisas da mesma espécie a este devidas"
(Instituições de Direito Civil, volume II. 20ª ed. Forense, 2004, p. 123).

Na mesma linha escolia Álvaro Villaça de Azevedo:

"Os juros compensatórios são previstos no contrato. As partes os fixam,


estabelecendo os limites de seu proveito, enquanto durar essa
convenção. Se os não fixarem, sua taxa será a que consta da lei, se
convencionados. Assim temos certo que os juros compensatórios
resultam de uma utilização consentida do capital alheio. As partes, aqui,
combinam os juros pelo prazo do contrato" (Curso de Direito Civil,
Teoria Geral das Obrigações, Responsabilidade Civil. 10ª ed. Editora
Atlas, 2004, p. 235).

Com efeito, cotejando a estrutura do contrato de promessa de compra e


venda com os contornos conceituais dos juros, de hoje e de sempre, não chego a
conclusão outra senão a de que descabe a cobrança de juros compensatórios durante
a obra, antes da entrega das chaves do imóvel - "juros no pé" -, porquanto, nesse

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período, não há capital da construtora/incorporadora mutuado ao promitente


comprador, tampouco gozo do imóvel prometido.
Em realidade, por não haver venda, mas somente uma promessa, o
imóvel objeto do contrato pertence ainda ao vendedor e está por ele sendo utilizado.
Por outro lado, o que há é uma verdadeira antecipação de pagamento,
parcial e gradual, pelo comprador, para um imóvel cuja entrega foi contratualmente
diferida no tempo.
Vale dizer, se há aporte de capital, tal se verifica por parte do comprador
para com o vendedor, de sorte a beirar situação aberrante a cobrança reversa de juros
compensatórios, de quem entrega o capital por aquele que o toma de empréstimo.
Não impressiona, ademais, a alegação de que a construtora capta
recursos no mercado financeiro para a construção do empreendimento, pagando juros
que devem ser repassados ao comprador do imóvel. Tal assertiva, em verdade, apenas
corrobora o entendimento de que os juros compensatórios são mesmo devidos em
razão da utilização de capital de terceiros, circunstância inexistente, em relação ao
consumidor, antes da entrega das chaves do imóvel.
Ademais, todos os custos da obra - inclusive os decorrentes de
financiamento realizado pela construtora - estão embutidos no preço do imóvel
oferecido ao público, razão pela qual a permissão pretendida pela ora recorrente, de se
cobrar juros compensatórios desde a assinatura do contrato, certamente
consubstanciaria um bis in idem, porquanto a mesma despesa estaria sendo
contabilizada "no pé" e durante todo contrato, gerando uma desvantagem exagerada
para o consumidor.
A bem da verdade, o custo financeiro do empreendimento (os juros pela
captação de recursos) é sopesado quando da fixação do preço do imóvel, tal como os
acréscimos supervenientes à assinatura do contrato, decorrentes da inflação, são
repassados ao consumidor mediante o estabelecimento de índices de correção
monetária, notadamente os índices nacionais INCC, IGP-DI, IGP-M, da Fundação
Getúlio Vargas, ou, ainda, o CUB (Custo Unitário Básico), determinado pelos sindicatos
regionais da construção civil, e no caso em comento, o INCC.
Neste sentido, E. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro,
Apelação cível n.º 2005.001.50280:
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"Tais juros não se enquadram na categoria de compensatórios, pois não


se configura, na hipótese, empréstimo de capital. A empresa ré não
antecipa capital ou qualquer outra prestação concernente ao imóvel até
o momento da entrega das chaves. Os juros aplicados tampouco têm
natureza de juros moratórios, eis que inexistente qualquer
inadimplemento. (...) Em verdade, há adiantamento das parcelas pelos
autores, eis que pagas previamente ao recebimento do bem. Uma
antecipação consentida da obrigação do consumidor que, por isso
mesmo, não pode ser-lhe mais onerosa. Pagamento antecipado, com
ônus de juros, sem contrapartida da construtora, afigura-se
enriquecimento sem causa, vedado pelo direito (artigo 884, do Código
Civil).

Percebe-se daí que o dispositivo contratual gera excessiva desvantagem


para o consumidor. Assim dispõe o art. 51, inciso IV do Código Consumerista:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

De fato, se o prestador de serviço ou fornecedor de produto não é privado


de seu capital, não há como se admitir a estipulação de juros prévios a entrega do bem
objeto do contrato.
A cobrança de juros abusivos acarreta onerosidade excessiva, eis que
promove desproporção entre a prestação e a contraprestação.
O STJ já se manifestou acerca da situação narrada, a saber:

RECURSO ESPECIAL Nº 670.117 - PB (2004/0081926-1)


RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO
RECORRENTE : QUEIROZ GALVÃO EMPREENDIMENTOS S/A
ADVOGADO : ANTÔNIO JOSÉ DE OLIVEIRA BOTELHO E OUTRO
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RECORRIDO : DALVACI MARQUES DO RÊGO COSTA


ADVOGADO : THÉLIO QUEIROZ FARIAS E OUTRO
EMENTA
DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. PROMESSA DE COMPRA E
VENDA DE IMÓVEL. COBRANÇA DE JUROS COMPENSATÓRIOS
DURANTE A OBRA. "JUROS NO PÉ". ABUSIVIDADE. INEXISTÊNCIA
DE EMPRÉSTIMO, FINANCIAMENTO OU
QUALQUER USO DE CAPITAL ALHEIO.
1. Em contratos de promessa de compra e venda de imóvel em
construção, descabe a cobrança de juros compensatórios antes da
entrega das chaves do imóvel - "juros no pé" -, porquanto, nesse
período, não há capital da construtora/incorporadora mutuado ao
promitente comprador, tampouco utilização do imóvel prometido.
2. Em realidade, o que há é uma verdadeira antecipação de pagamento,
parcial e gradual, pelo comprador, para um imóvel cuja entrega foi
contratualmente diferida no tempo. Vale dizer, se há aporte de capital,
tal se verifica por parte do comprador para com o vendedor, de sorte a
beirar situação aberrante a cobrança reversa de juros compensatórios,
de quem entrega o capital por aquele que o toma de empréstimo.
3. Recurso especial improvido.

II.2 – DA RELATIVIZAÇÃO DO PRINCIPIO ''PACTA SUNT SERVANDA'' A LUME DO


CDC NA RESCISÃO CONTRATUAL

Não há de se olvidar que no caso em comento há relação consumerista, e


o contrato ao qual se submeteu o autor, encontra-se nos moldes de contrato de
adesão.
Dentro desta seara, cabe ao Poder Judiciário adequá-lo para que se torne
menos penoso ao consumidor.
Diante do acima narrado, o autor não mais deseja manter nenhum tipo de
relação juntamente à reclamada, tendo em vista que se assim o fizesse, encontrar-se-
ia em desvantagem, se vendo dentro de uma relação de completa desigualdade,
excessivamente onerado.
Ao procurar a reclamada para distrato e reaver os valores pagos, foi
informado de que receberia os valores pagos deduzidos 8% (oito por cento) do valor do
imóvel objeto do contrato e 1% (um por cento) do valor atualizado do contrato por mês,
como previsto em clausula contratual, a saber, in verbis:

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7) CLÁUSULA SÉTIMA: DA RESOLUÇÃO CONTRATUAL


(…)
A resolução contratual implica em imediata extinção das obrigações
anteriormente assumidas e na devolução dos valores pagos pelo(a)
PROMITENTE COMPRADOR(A), deduzidos 8% (oito por cento) do
valor do Contrato para cobrir despesas iniciais de publicidade,
comercialização, etc; e 1% (um por cento) do valor atualizado do
contrato por mês, à titulo de fruição, quando houver.
O valor apurado de acordo com o paragrafo anterior poderá ser
restituído parceladamente ao(à) PROMITENTE COMPRADOR(A), em
tantas parcelas quantas forem as mensais pagas. (g.n.)

Ora Excelência, de uma rápida leitura, tem-se que, se o valor do contrato


é de R$ 125.379,00 (Cento e vinte cinco mil trezentos e setenta e nove reais), 8% de
tal valor monta a quantia de R$ 10.030,00 (Dez mil e trinta reais), valor exorbitante,
não tendo que se questionar que realmente coloca o consumidor em posição precária
em relação ao fornecedor de serviços.
Não há duvidas que a clausula em comento é abusiva, e dentro desta
seara, o Código de Defesa do Consumidor preleciona que clausulas deste teor, são
nulas de pleno direito, esta é a inteligencia do art. 51, IV do CDC, já citada
anteriormente, da qual dou realce, in verbis:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(…)

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que


coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

Desta feita, requer o autor, a rescisão contratual, bem como que tal
clausula seja declarada nula de pleno direito.

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II.3 – DA DEVOLUÇÃO CORRIGIDA DAS PARCELAS PAGAS

Do distrato da promessa de compra e venda, surge para o autor a


pretensão de reaver as parcelas pagas devidamente corrigidas. Tal tema já foi objeto
de jurisprudência, pacífica do STJ no sentido de apregoar o mutatis mutandis , que, em
caso de distrato de promessa de compra e venda, cabe ao promitente vendedor a
devolução das parcelas pagas pelo consumidor, com acréscimo de juros e correção
monetária (REsp 130.387/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA
TURMA, julgado em 06/04/2000, REsp 222.928/PA, Rel. Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 26/08/2003).
Requer, desta feita, a devolução das parcelas pagas devidamente
corrigidas.

II.4 – DA DEVOLUÇÃO DO SINAL

Do acima narrado, temos que com a cobrança de ''juros no pé'', as


parcelas se tornariam excessivas para o reclamante, tendo em vista que não
acompanhariam a progressão salarial do mesmo, fato este que corroborou
definitivamente para a rescisão por parte do autor do contrato da promessa de compra
e venda do imóvel em comento, sendo devidas ao reclamante, inclusive, as parcelas
refentes ao sinal, sendo devida à reclamada, somente, o valor referente a taxa de
administração a título de retenção.
Neste sentido, entendimentos do E. STJ, a saber:

AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 717.840 - MG


(2005/0180307-4) RELATOR : MINISTRO VASCO DELLA GIUSTINA
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS)
AGRAVANTE : VICOL DO BRASIL EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS LTDA
ADVOGADO : CARLOS LINDOMAR DE SOUSA
AGRAVADO : MÁRCIO DE FÁTIMA CASTELLANO
ADVOGADO : SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E OUTRO(S)
EMENTA
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESCISÃO
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CONTRATUAL. INICIATIVA DO DEVEDOR. DEVOLUÇÃO DE


QUANTIAS PAGAS. PERCENTUAL DE RETENÇÃO. SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA. SÚMULA 07/STJ. PERDA DO SINAL.
IMPOSSIBILIDADE. ARRAS CONFIRMATÓRIAS.
1. A jurisprudência desta Corte Superior prega ser possível a resilição
contratual do compromisso de compra e venda por iniciativa do
devedor, quando ele não possuir mais condições econômicas para arcar
com o pagamento das prestações pactuadas com a promitente-
vendedora (construtora ou incorporadora), mormente se estas se
tornarem excessivamente onerosas.
2. A resolução unilateral, nesses casos, enseja a restituição das
parcelas pagas pelo promissário-comprador, mas não em sua
totalidade, haja vista a incidência de parcela de retenção para fazer
frente ao prejuízo causado com o desgaste da unidade imobiliária e as
despesas com administração, corretagem, propaganda e outras
congêneres suportadas pela empresa vendedora.
3. Se o Tribunal de origem fixou o percentual de retenção com base na
razoabilidade, examinando, para tanto, o acervo fático e probatório dos
autos, alterar tal entendimento encontra óbice na Súmula 07 do STJ.
4. O arrependimento do promitente comprador só importa em perda do
sinal se as arras forem penitenciais, não se estendendo às arras
confirmatórias.
5. A questão atinente à revisão da distribuição dos ônus sucumbenciais,
para se chegar à hipótese de sucumbência recíproca ou de decaimento
mínimo de algum litigante, envolve ampla análise de questões de fato e
de prova, consoante as peculiaridades de cada caso concreto, o que é
inadequado na via especial, nos termos do enunciado 7 da Súmula do
Superior Tribunal de Justiça.
6. Agravo regimental não provido.

RECURSO ESPECIAL Nº 1.056.704 - MA (2008/0103209-1)


RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA
RECORRENTE : FRANERE - COMÉRCIO CONSTRUÇÕES E
IMOBILIÁRIA LTDA
ADVOGADO : PEDRO AMÉRICO DIAS VIEIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : FABÍOLA DO SOCORRO ERICEIRA PEREIRA
ADVOGADO : EDUARDO JOSÉ LEAL MOREIRA E OUTRO(S)
EMENTA
RECURSO ESPECIAL - CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E
VENDA - RESILIÇÃO PELO PROMITENTE-COMPRADOR –
RETENÇÃO DAS ARRAS - IMPOSSIBILIDADE - DEVOLUÇÃO DOS
VALORES PAGOS - PERCENTUAL QUE DEVE INCIDIR SOBRE
TODOS OS VALORES VERTIDOS E QUE, NA HIPÓTESE, SE
COADUNA COM A REALIDADE DOS AUTOS - MAJORAÇÃO -
IMPOSSIBILIDADE, NA ESPÉCIE - RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO.
A Colenda Segunda Seção deste Superior Tribunal de Justiça já decidiu
que o promitente-comprador, por motivo de dificuldade financeira, pode
ajuizar ação de rescisão contratual e, objetivando, também reaver o
reembolso dos valores vertidos (EREsp nº 59870/SP, 2º Seção, Rel.
Min. Barros, DJ 9/12/2002, pág. 281).

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2. As arras confirmatórias constituem um pacto anexo cuja finalidade é


a entrega de algum bem, em geral determinada soma em dinheiro, para
assegurar ou confirmar a obrigação principal assumida e, de igual
modo, para garantir o exercício do direito de desistência.
3. Por ocasião da rescisão contratual o valor dado a título de sinal
(arras) deve ser restituído ao reus debendi , sob pena de
enriquecimento ilícito.
4. O artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor não revogou o
disposto no artigo 418 do Código Civil, ao contrário, apenas positivou na
ordem jurídica o princípio consubstanciado na vedação do
enriquecimento ilícito, portanto, não é de se admitir a retenção total do
sinal dado ao promitente-vendedor.
5. O percentual a ser devolvido tem como base de cálculo todo o
montante vertido pelo promitente-comprador, nele se incluindo as
parcelas propriamente ditas e as arras.
6. É inviável alterar o percentual da retenção quando, das
peculiaridades do caso concreto, tal montante se afigura razoavelmente
fixado.
7. Recurso especial improvido.

Nos autos em questão, o sinal refere-se a arras confirmatórias, desta


feita, requer que sejam as mesmas restuídas sob pena de enriquecimento ilícito da
empresa reclamada.

III - LIMINARMENTE
III.1 – DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER

Necessário se faz o deferimento de liminar, determinando a imediata


proibição ou suspensão das inclusões indevidas do nome do autor nos cadastros de
devedores enquanto se perdurar esta ação e até seu transito em julgado, expedindo-se
imediatamente ordem ao SERASA/SPC/CADIN e para a Requerida a fim de obstar ou
suspender tais inclusões.
Os tribunais pátrios assim se manifestam:

INDENIZAÇÃO. ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.


CADASTRO ESTANDO O DÉBITO EM DISCUSSÃO JUDICIAL, TÃO-
SÓ APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA DEMANDA É QUE
PODERÁ OCORRER A INSCRIÇÃO DOS NOMES DOS DEVEDORES
NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO (SPC,SERASA E
OUTROS). A INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NO SERASA,
SEM NOTIFICAÇÃO, FERE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO
DUE PROCESS OF LAW E DA "AMPLA DEFESA" (ART. 5O,
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INCISOS XXXV, XXXVII, LIV, LV E LVII DA CF.). TUTELA


ANTECIPADA CONCEDIDA PARA DETERMINAR A EXCLUSÃO OU
NÃO INCLUSÃO DOS NOMES DOS EMBARGANTES NO SERASA,
ENQUANTO PENDENTE DE JULGAMENTO AÇÃO PRINCIPAL
-RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. INDENIZATÓRIA. DANOS
MORAIS

Não se tratando de decisão interlocutória proferida em obrigação de


obrigação de fazer ou não fazer, não cabe a imposição de multa diária,
ainda que com estribo no artigo 461 e seus parágrafos e artigo 273,
incisos I e II, ambos do CPC. Deve, pois, ser excluída da r. Decisão
interlocutória a aplicação da multa diária de R$ 5.000,00, por tratar de
ação de indenização por danos morais e não ação de obrigação de
fazer ou não fazer. Aplicação, por analogia, da Súmula n. 372 do
Colendo Superior Tribunal de Justiça -Recurso parcialmente provido.
(TJSP; AI 990.10.029607-8; Ac. 4497014; São Paulo; Décima Nona
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Paulo Hatanaka; Julg. 13/04/2010;
DJESP 01/06/2010)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CAUTELAR INOMINADA. RETIRADA DE


NOMES DOS CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CREDITO.
DISCUSSÃO JUDICIAL DA DIVIDA. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS
ADVOCATICIOS. REDUÇÃO. DESCABIMENTO.

1. A inscrição dos apelados junto aos órgãos de proteção ao


crédito (SPC, SERASA e congeneres) enquanto a dívida ainda se
encontra pendente de discussão judicial acarreta efeitos nocivos
aos devedores, importando em prejuízos de caráter econômico e
pessoal. Deve, pois, ser mantida a sentença que determinou a
retirada de seus nomes dos citados cadastros. Precedentes desta
corte.

2. Verificado que o valor fixado a título de honorários advocatícios se


mostra condizente com o trabalho desenvolvido pelo causidico e o
tempo de sua execução no processo, rejeita-se o pedido de sua
redução. Apelo conhecido, mas improvido.(TJGO; AC 200904295707;
Rio Verde; Rel. Des. Jeova Sardinha de Moraes; DJGO 21/01/2010;
Pág. 387)

APELAÇÃO CÍVEL. Responsabilidade civil ação de indenização por


danos morais. Inscrição e manutenção indevida do nome do devedor no
serviço de proteção ao crédito por dívida discutida em juízo. Insurgência
do réu. Alegação de legitimidade da inscrição e ausência de dano
moral. Teses refutadas. Prevalência do entendimento à época.
Negativação do nome do autor que se mostra ilícita. Dano moral
presumido. Dever de indenizar configurado. Quantumindenizatório (R$
100.000, 00). Critérios de fixação. Subjetividade, razoabilidade e
proporcionalidade não respeitados. Valor arbitrado excessivo.
Minoração que se impõe (R$ 30.000,00). Recurso parcialmente provido.
Em que pese tenha a jurisprudência evoluído ao adicionar requisitos
outros além da discussão da dívida em juízo, à época do fato a
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inscrição na SERASA, quando sub judice o débito, descaracterizava o


elemento subjetivo da inadimplência por ausência de dívida líquida e
certa, tornando a negativação indevida, caracterizando ofensa à honra
e à imagem, passível de reparação. "pendente discussão judicial acerca
dos contratos originadores das anotações no SERASA, seja através de
ação declaratória, revisional, embargos opostos à execução ou
contestação à ação ajuizada pelo credor, ilícita e extremamente abusiva
se afigura a inclusão ou mesmo a manutenção das restrições em nome
do devedores, tendo em vista a possibilidade de modificação do valor
da dívida anotada, exsurgindo o dever da instituição bancária
compensar os danos advindos de sua conduta" (apelação cível n. º
2002.011125-8, Rel. Des. Carlos prudêncio, j. Em 19-8-2003). "a dor
moral não pode ser medida por técnica ou meio de prova do sofrimento
e, portanto, dispensa comprovação. (EDRESP n. 194.625/SP, Min. Ari
Pargendler). Os juros de mora em se tratando de ato ilícito derivado de
relação jurídica contratual incidem a contar da citação. (TJSC; AC
2006.019043-1; Blumenau; Primeira Câmara de Direito Civil; Rel. Des.
Carlos Adilson Silva; DJSC 25/02/2010; Pág. 65)”

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. NÃO-INSCRIÇÃO EM SPC E


SERASA. DISCUSSÃO JUDICIAL EM RELAÇÃO AO QUANTUM DA
DÍVIDA.

1. Deve-se obstaculizar a inscrição do nome do consumidor, pelo


ente financeiro, perante órgão de proteção ao crédito, ou mesmo
prestar informações sobre o débito discutido em juízo aos
sistemas de avaliação de risco de crédito, se o débito está sendo
discutido em juízo. 2. Recurso provido. (20030020099246AGI, Relator
SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, 4ª Turma Cível, julgado em
01/03/2004, DJ 13/05/2004 p. 59)

E o STJ assim se manifesta também sobre o tema:

“PROCESSO CIVIL – CAUTELAR – SPC – SERASA.

I – Não há como assentir seja registrado nome de devedor


inadimplente no SERASA ou no SPC, a respeito de débitos que
estão sendo discutidos em ação judicial – Precedentes do STJ. (3ª
Turma, REsp 228.790⁄SP, Relator Ministro Waldemar Zveiter, DJU de
23.10.2000).”

"AÇÃO CAUTELAR. DÍVIDA EM JUÍZO. CADASTRO DE


INADIMPLENTES. SERASA. SPC. INSCRIÇÃO. INADEQUAÇÃO.
PRECEDENTES DO TRIBUNAL. NOS TERMOS DA
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE, ESTANDO A DÍVIDA EM JUÍZO,
INADEQUADA EM PRINCÍPIO A INSCRIÇÃO DO DEVEDOR NOS
ÓRGÃOS CONTROLADORES DE CRÉDITO. (4ª Turma, Resp
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263.546⁄SC, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU de


16.10.2000)”.

IV - DOS PEDIDOS

Ex positis, o Requerente requer a Vossa Excelência, o seguinte:

LIMINARMENTE:

a) a concessão da liminar, para determinar proibição ou suspensão das


negativações referentes ao contrato da Requerente e a Requerida que já é
objeto de discussão judicial, enquanto não houver trânsito em julgado, sendo
arbitrada multa diária, a critério deste D. órgão julgador para cada dia de
descumprimento;

b) Que seja expedido ao SPC/SERASA, com urgência, a determinação


judicial via ofício, fax, telefone, ou oficial de justiça ou qualquer outro
meio hábil para que seja dado o efetivo e eficaz cumprimento da medida
pleiteada.

NO MÉRITO:

a) A rescisão contratual da promessa de compra e venda do imóvel descrito na


exordial, bem como a devolução de TODAS AS PARCELAS PAGAS, inclusive
sinal, devidamente corrigidas, que montam o valor de R$ 8.870,24 (oito mil
oitocentos e setenta reais e vinte e quatro centavos);

b) A nulidade da Clausula Sétima do contrato de promessa de compra


venda supramencionado, bem como a declaração de abusividade da
mesma, eximindo o autor do pagamento, a título de multa, do previsto em
tal clausula em comento;

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c) a citação da Requerida no endereço mencionado na página introdutória


desta, via correio para que, querendo, apresente resposta, sob pena de revelia
e confissão, o que desde já se requer;

d) requer provar o alegado por meio de todas as provas em direito admitidas


requerendo que, ao final, seja a mesma julgada procedente, condenando a
Requerida no ônus da sucumbência, notadamente, custas processuais e
honorários advocatícios.

Dá-se à causa o valor de R$ 8.870,24 (oito mil oitocentos e setenta reais


e vinte e quatro centavos);

Neste termos,
Pede deferimento.
Natal/RN, 01 de março de 2011.

______________________
Caroline de Gois Kirsch
OAB/RN 8707

______________________
Ludmila de Souza Alves
Bel. em direito

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