Вы находитесь на странице: 1из 52

Regiões

Metropolitanas
em debate

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 1 19/04/11 12:11


Gestão metropolitana – superar o atraso
A iniciativa dos deputados Rui Falcão e Donisete Braga com esta esta exacerbada pela draconiana constrição ao crédito e pela
publicação não poderia ser mais pertinente, pois abre o debate de renegociação de suas dívidas a elevados juros à época, impostos
importante tema sobre gestão pública no Brasil e, em particular, pela União aos municípios, comprometendo ainda mais a
para o Estado de São Paulo. capacidade de gestão.
Na gestão de estados nacionais existe uma grande diferenciação Neste quadro, os estados, que por disposição constitucional
na estrutura administrativa, política e de atribuições, como ocorre
deveriam cuidar dos arranjos metropolitanos como forma
com o sistema federativo dos EUA. Na Europa e Ásia há regiões
de otimizar recursos e auxiliar os municípios a enfrentar seus
autônomas dentro de estados ou países onde as atribuições como
problemas, viraram as costas para o tema ou o tratou de forma
educação e saúde são de responsabilidades do poder central e,
ornamental, como foi a criação das Regiões Metropolitanas
em outros, do poder local ou ainda compartilhada. Já a gestão
da Baixada Santista (1996) e de Campinas (2000). Em São
metropolitana é uma questão mais complexa em que não existem
Paulo, o governo do Estado prefere competir com os municípios,
modelos consolidados que sirvam de referência universal.
promovendo serviços sociais, de educação, de saúde ou
No Brasil, o tema das Regiões Metropolitanas (RM) é realizando obras urbanas independentes e desconectadas das
negligenciado. Não foi enfrentado na época dos militares, prefeituras, com um olho exclusivo na política do curto prazo,
quando a atribuição era da esfera federal, e tampouco a partir com vezo partidário/eleitoral.
da Constituição de 1988, que transferiu aos estados a atribuição
de cuidar do assunto. As regiões metropolitanas concentram, de um lado, riqueza,
centros financeiros, tecnologia, cultura e universidades, e de
A Constituição de 1988 tornou os municípios entes federados
outro, imensas desigualdades e problemas comuns. O exemplo
e abriu o processo de descentralização de atribuições,
da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é paradigmático:
principalmente nas áreas da educação, saúde e assistência
a sede do maior centro financeiro e das principais empresas que
social, que exigem elevados investimentos e gastos com
operam na América Latina, detentora de quase metade do PIB
custeio. A destinação de recursos da União, decorrente deste
paulista, concentra problemas comuns aos seus 39 municípios ou
processo de descentralização, deu um leve alívio aos municípios
no seu início (1989-1991). Entretanto, logo foi percebido o a grande parte deles, como segurança pública, habitação, saúde,
enorme déficit entre as atribuições, de um lado, e os recursos saneamento, transportes e desenvolvimento econômico (com
descentralizados, de outro. geração de emprego e renda).

A crise vigente no País de 1982 a 2002 agravou essa situação. O crescimento da economia e a geração de empregos nos últimos
O período registrou baixo crescimento econômico, elevadas oito anos, apesar do forte impacto nas regiões metropolitanas,
taxas de desemprego e aumento da precarização das moradias, como a de São Paulo, não foram suficientes para resolver os
o que demandou dos municípios, em particular os das regiões problemas acumulados ao longo de décadas (1964 a 1980) e de
metropolitanas, maiores gastos nas áreas sociais. Situação estagnação econômica (1982 a 2002).

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 2 19/04/11 12:11


Regiões Metropolitanas em debate

Além da economia aquecida, são necessárias intervenções transportes, de saúde, de segurança, de habitação e as
regionais para aproveitar melhor as possibilidades abertas com prioridades de investimento na economia, no âmbito
o crescimento econômico, com destaque para o aumento do regional; b) poder de definir a execução financeira;
mercado interno com novos milhões de cidadãos incorporados
à massa de consumidores. 3. D
 eve contar com orçamento regular como parte do orçamento
do Estado, além de recursos da União nas áreas definidas de
O modelo das Regiões Metropolitanas da Baixada Santista, interesse comum;
Campinas e o proposto no PL referente à RMSP, enviado à
Assembleia Legislativa pelo Governo do Estado em 2004, não são 4. A gestão executiva deve ser compartilhada pelos municípios,
capazes de solucionar os problemas antes apontados. As razões com poder majoritário, por representação do Estado e garantido
decorrem da não criação de uma estrutura real de poder regional, assento da União;
com capacidade de decisão e de implementação de ações
5. U
 m ente regional que conte com participação da sociedade,
de forma autônoma, da inexistência de uma fonte de recursos
centrada na representação partidária obtidas nas eleições
previsível e permanente para a gestão dos problemas regionais.
regionais, ou seja, um conselho regional que respeite a decisão
O desinteresse manifesto por parte de municípios tem estas do eleitorado para maior equilíbrio proporcional às populações
causas como determinantes, pois ninguém quer perder tempo e suas manifestações nas urnas.
com fóruns de reduzida capacidade de decisão e intervenção.
As regiões criadas não têm poder nem para arbitrar pequenos Na leitura desta publicação, os interessados encontrarão
problemas de fronteira, como a construção de pontes ou linhas de informações muito úteis sobre o marco regulatório acerca das
ônibus entre duas cidades conturbadas, entre outros. RMs, seus aspectos históricos e atuais, bem como esmiúça a
situação das RMs de Brasília, da Baixada Santista e de Campinas
Cinco características devem ser levadas em conta no debate com e da RMSP, contribuindo para a construção de formulações sobre
vistas à criação da RMSP: tão importante tema.
1. Deve ser concebida como estrutura para tratar problemas/ Abril de 2011
temas comuns à maioria dos 39 municípios com ações de
médio e longo prazo, com ênfase na gestão de transportes,
política habitacional, saneamento, segurança pública, saúde e Ubiratan de Paula Santos
desenvolvimento econômico; É médico, foi secretário de Governo da Prefeitura de
2. T er autonomia ou poder de decisão sobre temas prioritários Santos (Gestão David Capistrano - 1993 a 1996) e chefe
de Gabinete da Secretaria de Governo da Prefeitura do
e de mediação de quaisquer intervenções do Estado ou Município de São Paulo (Gestão Marta Suplicy/secretário
União nestes municípios, excetuando os dispositivos Rui Falcão - 2001 a 2004)
constitucionais. Isto significa: a) definir a política de

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 3 19/04/11 12:11


Duas décadas de reorganização inacabada
Lenta e gradual, a trajetória do aperfeiçoamento institucional Em particular, foi este o caso da atual Região Metropolitana de São
das regiões metropolitanas – as RMs – paulistas, assim como Paulo, batizada então de Grande São Paulo.
das brasileiras, avançou ao longo de 37 anos sem, nem de
longe, acompanhar o ritmo do agravamento das questões que Até hoje, é a maior delas, mas não tem arcabouço institucional
afligem em comum o cotidiano de seus cidadãos. plenamente constituído em conformidade com a evolução
constitucional e legislativa do País nessas quase quatro
Filhas da doutrina de segurança nacional da ditadura, elas décadas, cujo teor atual foi adotado a partir do momento em
nasceram sob o viés da rubrica constitucional do capítulo sobre que o País restaurou o regime democrático.
ordem econômica e social – e não sobre a organização do
Estado –, respaldando o interesse político do governo federal em Esta revista descreverá a história institucional da Região Metropolitana
controlar mais diretamente municípios em processo de inchaço de São Paulo, criada em 8 de junho de 1973 por uma lei complementar
pela migração e pela pobreza ao redor das principais capitais atendendo à Constituição Federal de 1967-69 – promulgada no
do País, durante o governo Garrastazu Médici e em pleno tempo regime de exceção. Dita lei deu a luz também a outras oito no País
de “milagre econômico”. – as de Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Curitiba, Belém
e Fortaleza. A do Rio de Janeiro nasceria apenas um ano mais tarde,
O projeto territorial que a inspirou foi idealizado pelo general sempre por prerrogativa exclusiva do governo federal.
Golbery do Couto e Silva, dono de notória compreensão da
geopolítica e do fenômeno territorial. Como outras obras de Ao relatar a conformação atual da RMSP, o texto apontará quais as
engenharia portentosas, que pontuaram essa visão no período, mudanças estão sendo propostas por iniciativa do Poder Executivo
tais como a Rio-Santos, a Ponte Rio-Niterói ou a Tranzamazônica, paulista e em debate na Assembleia Legislativa para dar continuidade
as RMs se inseriam claramente no projeto político do Brasil em a tal processo de reorganização institucional. E tentará indicar o que,
pleno contexto da Guerra Fria. efetivamente, está em jogo concreta e conceitualmente, neste momento.

Cris Castello Branco/Governo do Estado de SP

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 4 19/04/11 12:11


Trajetória em duas fases
Costuma-se repartir a história das RMs em duas fases. A primeira A segunda fase da RMSP tende a desaguar em avanços
– marcada pelo poder verticalizado – se inicia nos anos 60, institucionais a partir da Constituição Estadual de 1989 e da Lei
quando elas começam a ser discutidas para se estender desde a Complementar 94, de 29 de maio de 1994, do governo Fleury. E,
sua criação – em 1973 – até 1988. ainda, por leis federais como o Estatuto das Cidades, de 2001.
Então, a Constituição Federal atual, introduziu princípios de Em 2005, um projeto de lei complementar proposto pelo Executivo
maior autonomia aos estados e municípios e de participação paulista na gestão Geraldo Alckmin, com o número 6 e datado de
democrática no arcabouço legal do Estado brasileiro. E, inaugurou maio, desembarcou na Assembleia Legislativa para reorganizar a
assim, uma segunda fase para a institucionalização das RMs, RMSP que, até ali, quase sete anos após o atual texto constitucional
cuja tônica pode ser descrita pela palavra colaboração. Inspirou federal e seis após o estadual, vivera com a conformação
um arcabouço mais horizontal, em que os executivos municipais estrutural definida pelo regime militar. Hoje ainda, sobrevive quase
deixaram de ser meras instâncias ratificadoras e cumpridoras de fantasmagoricamente e com a mesma estruturação.
decisões capitaneadas pelo governo federal – o único a poder
criá-las em todo o País até aquela altura. Na segunda fase para a institucionalização das
Obra até hoje inacabada, essa segunda fase é inaugurada por uma RMs, os executivos municipais deixaram de ser meras
mudança constitucional cujo teor convém a uma instituição que
se propõe a resolver problemas comuns de municípios limítrofes instâncias cumpridoras de decisões do governo federal
entre si e integrantes de um mesmo Estado da federação.
Uma instituição que tem razão de ser dentro do conceito de Objeto de 59 emendas parlamentares, o texto gerou um
territorialidade e de gestão pública. substitutivo que, até hoje, não foi votado pelos parlamentares
Esse segundo período foi permeado por anos de esvaziamento estaduais. Atravessou, portanto, uma legislatura inteira sem sair
das estruturas governamentais, que obviamente incluiu as das do lugar, na qual a base de apoio situacionista possuiu larga
RMs. Ele data do final dos anos 1980 e se estende por boa parte maioria na casa legislativa.
da década de 1990, sem se restringir ao Brasil – o fenômeno se A atual legislatura está prestes a votar o projeto, até porque o
deu em toda a América Latina. Executivo tucano, preocupado com seu baixo desempenho eleitoral
Exemplo específico e cabal disso é a Emplasa, criada em nos últimos pleitos em grandes cidades, tem dado mostras claras
1975 no bojo da formatação da RMSP, em sua primeira fase e de seu interesse em tocar adiante a questão regional metropolitana.
que, gradativamente, teve alcance e importância limitados ao Chegou mesmo a recriar uma secretaria específica para o assunto
cumprimento formal de suas atribuições. através de decreto: a de Desenvolvimento Metropolitano.

A primeira fase: RMs e o caso RMSP


O governo federal cria nove RMs no País, valendo-se da dezembro de 1985. Ao CD competiria promover “a elaboração
prerrogativa constitucional de fazê-lo desde que “constituídas de um plano de desenvolvimento integrado e a programação
por municípios que, independentemente de sua vinculação dos serviços comuns” da RM, bem como “coordenar a execução
administrativa, integrem a mesma comunidade sócio-econômica, de programas e projetos de interesse da mesma”, buscando “a
visando à realização de serviços de interesses comuns”. Vale unificação dos serviços quer através de concessão à entidade
atentar, desde já, pelo acanhado alcance do termo serviços . A estadual” ou “empresa metropolitana”, através de “convênios”.
de São Paulo nasce com 37 municípios.
O Governo Médici define que todas as RMs têm que ter um O Governo Médici também define que as RMs devem ter um
Conselho Deliberativo com 5 integrantes de capacidade Conselho Consultivo, composto por um representante de cada
técnica reconhecida nomeados pelo governador do Estado – município, cuja presidência estaria também nas mãos do
Laudo Natel, eleito por colégio eleitoral assim como seus três presidente do Conselho Deliberativo – o que equivalerá a dizer
sucessores, Paulo Egydio Martins, Paulo Maluf e José Maria para a RMSP, como se verá a seguir, nas mãos do governador
Marin. Um desses integrantes era indicado pelos 37 prefeitos. E do Estado de São Paulo. O órgão tem a atribuição de opinar
outro, pelo prefeito da capital paulista – à época, nomeado pelo quando o órgão deliberativo o requisitar, sugerir-lhe planos
governador de São Paulo, situação que permaneceu até 31 de regionais e providências relativas a serviços comuns.

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 5 19/04/11 12:11


as atividades governamentais destinadas a desenvolver tais
O que são os tais serviços comuns? regiões. Ele consistirá então no Consulti, de caráter consultivo,
no Codegran, deliberativo e normativo, e reserva à secretaria dos
A lei do Governo Médici ainda os define como um rol Negócios Metropolitanos a tarefa de coordenadora e operadora.
impreciso e abrangente que inclui: Nasce aí e então, a Emplasa – sigla originalmente de Empresa
Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S.A., cuja
o planejamento integrado do desenvolvimento missão é técnica, mas também executiva.
econômico social; Finalmente, ao Fumefi caberá financiar toda a empreitada
 o aneamento básico compreendido como abaste- deliberada pelo Codegran nesse Sistema.
cimento de água, rede de esgoto e limpeza pública; Ao próprio Paulo Egydio competia então, assim como
anteriormente, a Presidência do Codegran. Cerqueira César,
o uso do solo metropolitano; como secretário dos Negócios Metropolitanos assume a função
os transportes e o sistema viário; de secretário-geral do órgão. Ao prefeito da capital – à época,
Olavo Egydio Setúbal, nomeado pelo próprio Paulo Egydio,
a produção e distribuição de gás combustível competia indicar três nomes para que o chefe do Executivo
canalizado; paulista escolhesse o terceiro membro do Codegran. Já ao
Consulti, competia definir o nome de seu próprio representante,
o aproveitamento de recursos hídricos e controle escolhendo-o conforme o seu regimento interno.
da poluição ambiental conforme legislação
O mesmo Consulti passou a escolher os representantes
federal, deixava uma porta aberta para eventuais
das quatro sub-regiões da Grande São Paulo, criadas pelo
adições. Seu item VII acrescentava: “outros
mesmo decreto, que assim como o presidente da Emplasa,
serviços incluídos na área de competência do
poderiam participar das reuniões mensais do Codegran, mas
Conselho Deliberativo por lei federal”.
sem direito a voto. Se o governador concordasse – e a seu
exclusivo pedido –, secretários de outras pastas ou diretores e
Detalhe relevante: o governo Médici também dispõe que os representantes de outros órgãos da União, Estado e Municípios
municípios da RM que participassem de planejamento integrado poderiam participar delas também, sempre de bico calado.
e serviços comuns teriam preferência na obtenção de recursos Representantes de sociedades de direito privado desses 37
federais e estaduais. Por certo, um estímulo à participação dos municípios também. Nada de representação de entidades
prefeitos, majoritariamente eleitos pelo voto direto, – capitais populares ou da sociedade civil – afinal, aqueles eram tempos
e municípios considerados de segurança nacional formavam a de muito pouca participação cidadã.
minoria – para que tramassem caminhos extra-oficiais na tentativa
de asceder a inclusão de seus municípios entre os que fossem Representantes de outros órgãos da União,
considerados aptos a tal preferência, uma vez que participariam Estado e Municípios poderiam participar das
minoritária e indiretamente do Conselho Deliberativo.
reuniões do Codegran, mas sempre de bico calado
O governo paulista de Laudo Natel formula e obtém a aprovação da
Lei 94 de 29 de maio de 1974, que ESTRUTURA a RM da Grande
São Paulo (esse era o seu nome) com a criação de três instâncias: As sub-regiões criadas nesse decreto foram assim constituídas:

O Codegran, Conselho Deliberativo da Grande São Paulo, o Norte: Arujá, Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da
Consulti, o Conselho Consultivo Metropolitano de Desenvolvimento Rocha, Guarulhos, Mairiporã e Santa Isabel;
Integrado da Grande São Paulo e do Fundo Metropolitano, e o Leste: Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema,
Fumefi, o Fundo Metropolitano de Financiamento e Investimentos. Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis e Suzano;
O Codegran, decisório, será composto pelos secretários de Sul: Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo
economia e planejamento – que assume a Presidência do André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul;
Conselho –, o de serviços e obras públicas e o dos transportes,
além dos outros dois conselheiros nomeados conforme a regra Oeste: Barueri, Carapicuíba, Embu, Embu-Guaçu, Itapecerica da
federal anteriormente definida. Serra, Itapevi, Jandira, Juquitiba, Osasco, Pirapora do Bom Jesus,
Santana de Parnaíba e Taboão da Serra.
Dessa forma, o Executivo paulista preside há 37 anos, o Codegran
e o Consulti, através dos seus governadores e secretários. O Por sua vez, o Consulti seguiu sendo presidido pelo governador
primeiro deles foi Laudo Natel e o então secretário de Economia do Estado e composto por cada um dos 37 prefeitos, sendo que
e Planejamento, Sergio Baptista Zaccarelli. A seguir, figuraram o da capital paulista havia sido nomeado pelo próprio chefe do
em tais cargos, Paulo Egydio Martins e seu secretário dos Executivo. Apenas sua secretaria-geral seria, agora, exercida pelo
Negócios Metropolitanos, Rogério Cerqueira César. secretário dos Negócios Metropolitanos.
Paulo Egydio, em decreto de 1977, criou o Sistema de Ambos os Conselhos continuam assim conformados até hoje.
Planejamento e Administração Metropolitana para coordenar No trajeto, houve apenas modificações em relação à pasta do

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 6 19/04/11 12:11


Executivo paulista a que estiveram ligados – e, portanto, cujo Não é para menos. Afinal, vale sempre lembrar que o aporte
secretário estadual exercia a função de secretário-geral dessas de recursos do erário municipal ao Fumefi é facultativo – não
instâncias deliberativa e consultiva da RMSP. pode ser obrigação, sob pena de ferir a Constituição Federal de
então e a atual em seus princípios federativos de autonomia.
Desse modo, esse papel foi exercido ainda na primeira fase da
O que torna tal iniciativa intrinsicamente ligada ao grau de
história da RMSP, pelos secretários de Negócios Metropolitanos
participação, interesse e influência decisória que o Poder E
Mário Trindade e Silvio Fernandes Lopes (governo Paulo Maluf/
xecutivo municipal possa ter sobre o uso do dinheiro do Fundo.
José Maria Marin), Lauro Pacheco de Toledo Ferraz e Almino
Afonso, no governo André Franco Montoro. Esta é uma equação inexorável, da qual as regiões metropolitanas
de um Estado federativo como é o Brasil não têm como fugir.
Em documento comemorativo dos dez primeiros anos do
Sistema, datado de 1986, o secretário Afonso já se queixava de O governo Montoro tentou oxigenar o Sistema diante dos graves
que ele havia se tornado um órgão meramente regulador, “sem problemas sociais metropolitanos com os quais se deparou ao
poderes efetivos de combate à especulação e ao domínio das assumir com o primeiro mandato estadual definido, novamente,
áreas setoriais sobre o planejamento global”. pelo voto popular em São Paulo, em 1983. Empreendeu uma
reestruturação do Sistema no que toca ao licenciamento e
Como constatou o geógrafo Marcos Estevan Del Prette, em sua
fiscalização do uso do solo ao reativar o Consulti, através da
tese de doutoramento defendida na Faculdade de Filosofica
participação das Câmaras de Vereadores dos municípios da
Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 2000,
RMSP, agora já no total de 38, com a criação em 1981 de
“até 1983, esse sistema conviveu com pouca participação do
Vargem Grande Paulista em área anteriormente pertencente a
Conselho Consultivo e, por essa razão, com sérios obstáculos
Cotia, na sub-região oeste.
ao acesso dos representantes dos municípios nas diretrizes da
ação”. Pior: nesse mesmo período, viveu “desaparelhado e sem Além disso, implantou o sistema cartográfico metropolitano
recursos financeiros”. e dotou o Conselho Consultivo de informações técnicas. Não

Divulgação Prefeitura de Vargem Grande Paulista

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 7 19/04/11 12:11


adiantou muito – a participação decisória municipal seguia Importante recordar que o Sistema de Planejamento e
sendo nula. Administração, implantado no governo Paulo Egydio, decorreu
de outro, anterior, consubstanciado no Grupo Executivo da
O fato é que com a Constituição de 1988, o SPAM desapareceu.
Grande São Paulo, criado em 1967 ainda no governo de Abreu
Seus antigos Conselhos perderam legitimidade e função diante,
Sodré. O GEGRAN produziu uma série de relatórios técnicos de
inclusive, da Constituição Estadual de 1989, e a Secretaria de
diagnóstico e proposição de diretrizes, entre as quais o Plano
Negócios Metropolitanos, ocupada nos governos de Orestes
Metropolitano de Desenvolvimento Integrado.
Quércia, por Getúlio Hanashiro e, no de Luiz Antonio Fleury, por
Aloysio Nunes Ferreira, acabaria sendo extinta na gestão do Desenvolvido em 1971, o PMDI definia as condições básicas
governador Mario Covas Filho, através do decreto 39.895 de para um planejamento metropolitano. Foi pioneiro ao traçar
janeiro de 1995. as diretrizes gerais de planejamento para a RMSP, embora
de caráter indicativo. Apontava que a expansão da metrópole
A partir de então, Codegran, Consulti e Emplasa passaram a ser
paulistana deveria se orientar em direção ao Leste e ao Oeste,
ligados à Secretaria de Transportes Metropolitanos, numa clara e
assim como ao Nordeste, e restringir seu crescimento rumo
inequívoca mudança de uma visão da questão metropolitana que
ao Sul e o Sudeste, de modo a preservar as represas Billings,
definia sua gestão pela ótica setorial-funcional e não territorial.
Guarapiranga, os Sistemas Cantareira e Alto Tietê da inevitável
Mais: o Fumefi muda para a pasta de Economia e Planejamento.
poluição decorrente da ocupação urbana nos moldes em que se
De tal sorte que, nos seis anos do governo Covas a gestão podia prever até então.
deliberativa, normativa, técnica e consultiva da Região
Para tanto, valia-se da legislação estadual de Controle do Uso
Metropolitana de São Paulo esteve ligada ao secretário Claudio
do Solo na Área Metropolitana, inclusive, além do futuro SPAM.
de Senna Frederico e o dinheiro para executá-la, colocado no
Fundo, alojado sob as asas do secretário Walter Barelli. Como se sabe, na prática, nada disso vingou.

A segunda fase: participação popular nas RMs


A Constituição Federal de 1988, em seus princípios fundamentais, habitação;
define claramente que a redução das desigualdades sociais e saneamento básico;
regionais é fundamento da República Federativa do Brasil. No seu
meio ambiente;
artigo III, lê-se: “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
as desigualdades sociais e regionais”. desenvolvimento econômico;
atendimento social.
Deriva daí, a visão de que o planejamento regional é, por excelência,
o instrumento regulador da organização regional do território. Já se vê por aí, uma clara intenção evolutiva da primeira para a
segunda fase da história da institucionalização da RMSP.
A Constituição Federal de 1988 também definiu novos
procedimentos normativos para criação de unidades regionais: Ela agora não se ocupará mais de serviços, mas sim de funções.
além das regiões metropolitanas, nascem as figuras das Isso, claro, se sua estruturação institucional for reformulada de
aglomerações urbanas e das microrregiões em seu artigo 25. acordo com o que reza a legislação. Mas esta, ainda incluiria
E, em seu artigo 152, estabelece que a organização regional em seu arcabouço novas mudanças a serem observadas como
tem ainda o objetivo promover o planejamento regional, a se verá a seguir.
cooperação entre os diversos níveis de governo, a integração do O especialista em Gestão do Desenvolvimento Regional
planejamento da execução das funções públicas de interesse pelo Instituto Latino-Americano e do Caribe de Planificação
comum, o uso equilibrado do solo, dos recursos naturais e a Econômica e Social (ILPES), Manoel Lemes da Silva Neto,
proteção ao meio ambiente.
arquiteto e urbanista brasileiro, identifica nessa lei estadual de
Em agosto de 1994, a Lei Complementar 760, estabelece as 1994 as seguintes tendências apontadas pela reorganização
diretrizes para essa organização regional no Estado de São Paulo. da RMSP:
A primeira delas é que o novo ordenamento jurídico não mais
Seu artigo sétimo dispõe que essas funções públicas de permitia a aberração de se ter regiões metropolitanas em território
interesse comum passíveis de planejamento integrado são: estadual legisladas pelo governo federal. Ou seja, na nova lei,
planejamento e uso do solo; o princípio da organização regional impõe que a criação das
transporte e sistema viário regionais; regiões metropolitanas, microrregiões e aglomerações urbanas

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 8 19/04/11 12:11


não podem ter princípios diversos a lhe nortear a vida, sob pena Metropolitanos em vez da ótica da territorialidade.
da arbitrariedade e ilegalidade mais: em consonância com a Codegran, Consulti, Emplasa e Fumefi (este agora, apartado dos
constituição estadual de 1989 e com clara ótica sistêmica, demais entes da RMSP) terminaram por conviver com outra lei,
a lei complementar de 1994 preserva a integridade territorial esta federal, que, em 2001, no apagar das luzes do governo
do Estado, o que é vital para que o sistema de planejamento Covas-Alckmin, se consubstanciou no Estatuto das Cidades.
urbano e regional destinado a incentivar a organização regional
e compatibilizar seus planos e sistemas, conforme reza o texto Trata-se da lei 10.527 de 10 de julho de 2001, que regulamenta
maior. E divide territorialmente em três níveis complementares o capítulo da Política Urbana da Constituição Federal em vigor
como acima descritos a execução das funções públicas de no País.
interesse comum. Silva Neto ressalta que a autonomia dessas Tais regras se remetem aos artigos 2 e 40 do Estatuto das Cidades.
entidades regionais é relativa e condicionada: elas não são um
quarto poder federativo. Daí porque cabe ao Estado manter
sua organização regional integrada e coordenada, sob pena de O Estatuto das Cidades insere as seguintes regras como
instaurar “o caos” ou a desorganização regional. Um caos muito marco legal no arcabouço da gestão metropolitana:
próximo do que a RMSP vive hoje em seu cotidiano apartado
do arcabouço legal constitucional; o planejamento metropolitano deve ser democrático e
envolver necessariamente a participação popular dos vários
“As entidades segmentos organizados da sociedade civil, igualmente a
ser inclusa na execução e acompanhamento de planos,
regionais não são um programas e projetos de desenvolvimento urbano;
quarto poder federativo”
a cooperação entre os governos com iniciativa privada e
demais setores da sociedade no processo de urbanização
a segunda tendência é a definição da divisão territorial do visando o interesse social;
Estado, contemplada dos artigos segundo ao sexto da lei
o orçamento do ente federativo assim como seu plano
complementar;
plurianual e diretrizes orçamentárias devem incorporar o
a terceira tendência é o principio integrador das atribuições e plano diretor, que é o instrumento básico da política de
competências de Estado. São funções públicas de interesse desenvolvimento urbana e deve ser aprovado por lei, no caso
dos municípios. O que vale dizer que, o orçamento estadual,
comum que a lei complementar de 1994 organizou em
assim como sua Lei de Diretrizes Orçamentárias e planos
torno da noção de “campo funcional”, já relacionados plurianuais devem contemplar o planejamento deliberado
anteriormente. Explica o urbanista: campos funcionais se para ser implementado nas regiões metropolitanas.
definem na medida em que só podem ser cumpridos no
âmbito regional, ou seja, que integra os municípios entre si
e estes com o Estado e/ou com a União; No mesmo ano de 2001, o governo Covas-Alckmin tentou dar
o passo inicial para a reorganização da RMSP, segundo recorda
a quarta tendência é a representatividade das entidades
Silva Neto, através da Secretaria dos Transportes Metropolitanos
de caráter metropolitano, clara nos artigos 8 a 19 da LC
que tinha à frente o secretário Frederico. Formulou um projeto de
760 agora configuradas no Conselho de Desenvolvimento
lei complementar sobre a reorganização da RMSP, que não chegou
Regional a ser criado com entidade dotada “de
a produzir efeito administrativo junto à Assembleia Estadual.
personalidade jurídica de direito público, autonomia
administrativa e financeira para integrar a organização, Dois anos depois, já em 2003, o decreto de Covas é revogado
o planejamento e a execução das funções públicas de e toda a estrutura da gestão metropolitana de São Paulo é
interesse comum”. Aqui, ficou de fora a representatividade transferida para a Secretaria de Economia e Planejamento pelo
civil: contempla-se, apenas, uma participação paritária do decreto 47.564, assinado pelo seu sucessor, Geraldo Alckmin.
conjunto dos municípios em relação ao Estado no órgão Desembarcam, portanto, sobre a alçada do secretário Andrea
deliberativo. O que a rigor, e à luz da história contada até Calabi e, ainda na mesma gestão, do seu sucessor, Fernando
aqui, é significativo avanço; Carvalho Braga, Codegran, Consulti, Emplasa e Fumefi.

o último rumo apontado pela Lei Complementar de 1994 no Esta segunda fase da história da RMSP ainda inclui uma iniciativa
que diz respeito a regiões metropolitanas é a consagração da até hoje inacabada de reorganizá-la institucionalmente. Trata-se
regionalização orçamentária na distribuição dos recursos do do projeto de lei complementar de número 6, apresentado pelo
Estado. Até hoje, porém, somente os planos plurianuais foram mesmo governador Geraldo Alckmin em junho de 2005.
dotados dessa virtude. Tanto a Lei de Diretrizes Orçamentárias Sua proposta é a de criar o Conselho de Desenvolvimento e
e o orçamento programa anual rezam, até hoje, pela cartilha autorizar o Poder Executivo a instituir o Fundo de Desenvolvimento
tradicional, em que a territorialidade nada define, mas apenas da Região Metropolitana de São Paulo além de entidade
e tão somente a setorialidade ou função setorial. autárquica. A iniciativa se remete ao artigo 25 da Constituição
A rodovia legislativa apontava para rumo significativamente Federal de 1988, aos artigos 152 e 158 da Constituição do
desvinculado do caminho trilhado pela gestão Mario Covas que Estado de 1989 e à lei complementar 760 de 1994 que, a esta
privilegiou a ótica setorial ao atrelar a RMSP aos Transportes altura, já contava 11 anos de vida.

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 9 19/04/11 12:11


A esta altura também, a RMSP já tinha 39 municípios: de recursos de ajuda e cooperação internacional e acordos
São Lourenço da Serra foi criado em dezembro de 1991, intergovernamentais;
desmembrado de Itapecerica da Serra, na sub-região Oeste. do retorno de operações de créditos contratada junto a órgãos,
O texto do projeto previa a criação do Conselho de entidades da administração direta e indireta do Estado e de
Desenvolvimento nos moldes paritários entre os representantes concessionárias de serviços públicos;
dos municípios e do Estado e reservava a participação popular do fruto financeiro da aplicação de seus recursos;
ao conselho consultivo, no qual, as câmaras de vereadores e
representantes da sociedade civil teriam assento. de receitas de multas aplicadas;
do rateio de custos referentes à execução de serviços e obras
Câmaras Temáticas, reservadas às funções públicas de
de interesse comum, além de doações de todo tipo.
interesse comum, e Câmaras Temáticas Especiais, dedicadas
a projetos ou programas específicos, têm criação prevista a ser A proposição ocupou a pauta de quatro sessões ordinárias da
disciplinada pelo Conselho de Desenvolvimento, assim como Assembleia Legislativa de 6 a 12 de maio de 2005. Recebeu
autarquia – uma agência metropolitana – apta a arrecadar então, 59 emendas e, ao final, um substitutivo.
receitas próprias, elaborar planos, programas e projetos de Ao tramitar regimentalmente na Comissão de Constituição e
interesse comum e estratégico. Justiça, obteve parecer contrário para 14 emendas no parecer
Portanto, uma agência vinculada à Secretaria de Economia do seu relator – o deputado estadual Donisete Braga, do PT.
e Planejamento ainda que autônoma, financeira e Afora superposição do teor dessas emendas recusadas
administrativamente, e capaz, inclusive, de promover a em relação ao conteúdo de artigos, parágrafos e incisos já
desapropriação de bens declarados de utilidade pública quando existentes no projeto de lei original, conflitos com o disposto nas
necessários para realizar a função de interesse comum. constituições federal e estadual e na legislação complementar
justificaram o definido pelo relator, ratificado por seus pares em
Codegran e Consulti serão extintos, caso o Projeto de Lei
21 de fevereiro de 2006.
complementar ainda em tramitação seja aprovado pela
Assembleia Legislativa e sancionado pelo governador. Restaram assim, inclusas no substitutivo, outras 45 emendas
que compuseram a subemenda substitutiva da Comissão de
O Fumefi, por sua vez, passa a ter seu sucessor no Fundo de Constituição e Justiça.
Desenvolvimento da Região Metropolitana, seguindo vinculado à
mesma pasta do governo estadual – Economia e Planejamento Por sua vez, a Comissão de Assuntos Municipais – a CAM
–, supervisionado por um conselho de orientação que passa a – rechaçou a subemenda substitutiva da CCJ no relatório
ter quatro integrantes oriundos do Conselho de Desenvolvimento do deputado estadual do PSDB, João Caramez. A peça não
e outros dois diretores de autarquia. chegou a ser votada dentro do prazo regimental. Recuperava o
substitutivo inicial mais 16 emendas, entre as quais sete haviam
O novo fundo deverá ser administrado por instituição financeira sido dispensadas pela CCJ: as de número 27, 28, 29, 30, 31 e
oficial do Estado com recursos: 32 – todas de autoria do mesmo deputado estadual Caramez.
do Estado e de municípios da RMSP destinados por O teor dessas emendas revela um pouco do pensamento que
disposição legal; nutria, então, o debate na Casa Legislativa.
de transferências da União específicas; A primeira delas, de número 27, inclui membros de duas
de empréstimos internos e externos tomados; comissões da Assembleia Legislativa – a de assuntos municipais

Milton Michida/Governo do Estado de SP

10

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 10 19/04/11 12:11


e assuntos metropolitanos – no Conselho Consultivo. Fora da sociedade civil no Conselho de Desenvolvimento e à
recusada pela CCJ porque seu relator acatou a emenda 18, destinação de recursos para o Fundo já nas leis orçamentárias,
que propõe que a participação da sociedade civil nos órgãos quanto à definição de que as sub-regiões da RMSP contassem
colegiados se dê no Conselho de Desenvolvimento e não no com conselhos tripartites.
Consultivo, eliminando assim o artigo 11 do projeto de lei
Reali formulou uma subemenda substitutiva própria da
complementar enviado por Alckmin.
Comissão de Assuntos Metropolitanos, na qual acatou 38 das
A segunda, de número 28, destina a secretaria executiva do emendas propostas pela Casa: 27 por parlamentares do PT, 5
Conselho de Desenvolvimento a um representante da entidade por deputados do PCdoB e 3 pelo deputado Caramez, do PSDB.
autárquica a ser criada. Fora recusada na CCJ por se referir à
disposição transitória de estabelecer prazo para criação da
autarquia, coisa que o substitutivo já tornava matéria vencida, Os pontos principais que tais emendas
uma vez que estipulava prazo para, mais que a criação, o agregam à proposta do Executivo e ao
funcionamento da mesma. substitutivo são os seguintes:
Pelo mesmo motivo, a Comissão recusou também a de número
30, que atribuía ao secretário de Economia e Planejamento indicar o Conselho Deliberativo, além de normativo e deliberativo, será
dois membros para o Conselho de Orientação do Fundo, enquanto consultivo e terá participação paritária entre estados e municípios
não fosse criada a autarquia prevista para lhe supervisionar. garantida explicitamente pela lei que especificamente reorganiza
a RMSP;
Ainda preocupada com os prazos da criação das novas instâncias
a definição da divisão da RMSP em cinco sub-regiões sem depender
que sucederiam e extinguiriam o Codegran e o Consulti, a de decreto posterior e agregando, portanto, mais uma às quatro
emenda 31 propõe prazo de 60 dias após a promulgação da atuais, ao repartir a Sul e em Sudoeste – Cotia, Embu, Taboão da
lei para instalação do Conselho de Desenvolvimento. Mas a CCJ Serra, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu, Juquitiba, São Lourenço
considerou que o substitutivo apresenta prazos mais razoáveis da Serra, Vargem Grande Paulista – e Sudeste – Santo André, São
diante “das peculiaridades do procedimento” e a rejeitou. Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão
Pires, Rio Grande da Serra – com a capital paulista integrando todas
A terceira emenda citada acima, de número 29, propõe as cinco sub-regiões;
que a presidência e a vice-presidência do Conselho de  onselhos Colegiados tripartites Normativos, Consultivos e
C
Desenvolvimento sejam ocupadas por eleitos entre os prefeitos Deliberativos criados para todas as sub-regiões – o que vale dizer
participantes. A CCJ a recusou por julgar que com a presidência que a capital paulista participará de todos eles;
nas mãos do governador do Estado e a vice-presidência nas a s atribuições do Conselho de Desenvolvimento especificadas na
mãos de um prefeito é mais “conveniente e legalmente viável, lei, de tal forma que a integração das funções públicas de interesse
comum do Estado e dos municípios nos campos funcionais da
pois dá peso ao papel do Conselho”.
Região Metropolitana de São Paulo esteja garantida; assim como
Por fim, a emenda de número 32 sugere que a autarquia a que o processo de planejamento metropolitano, definido com
ser criada seja composta pelo Conselho de Desenvolvimento objetivos, prioridades e metas seja contínuo e pelo Conselho de
Desenvolvimento também fiscalizado;
da Região Metropolitana, em clara inversão de ordem das
instituições propostas. Terminou rejeitada pela CCJ por sua a definição dos campos funcionais de atribuição do Conselho
de Desenvolvimento deve trocar o termo “uso do solo” pelo mais
“burocratização desnecessária”. abrangente “infraestrutura urbana”, “saneamento básico” por
Essas emendas citadas, de todo modo, revelam apenas parte “saneamento ambiental”, além de incluir “recursos hídricos” e
especificar “atendimento social” como “educação e cultura, esportes
do pensamento que nutriu o debate parlamentar. O mais e lazer, saúde, assistência social e segurança pública”;
substancial ainda estaria por vir.
a s reuniões do Conselho de Desenvolvimento serão públicas e a
Por decurso de prazo, o relatório de Caramez, com o segundo adoção de outras medidas de transparência na gestão da RMSP;
substitutivo – aquele que acatou as 15 emendas ao projeto a incorporação não só pelo plano plurianual, mas também
de lei complementar original – terminou não sendo votado. pelos orçamentos e diretrizes orçamentárias, das diretrizes e
Por solicitação do PC do B, a CAM acabou tendo designado necessidades financeiras para implementação do planejamento
metropolitano;
um relator especial – o deputado Ubiratan Guimarães, do PTB,
então integrante da base governista. Ele optou, em seu relatório, a definição da melhor forma de se garantir a participação
da sociedade civil em um regime tripartite de deliberação no
favoravelmente pelo texto original do projeto de lei complementar
Conselho de Desenvolvimento e demais instâncias. Por exemplo:
enviado pelo Executivo e foi contrário ao primeiro substitutivo sempre que houver mais representantes do Estado ou dos
que incorporava todas as emendas apresentadas em plenário, municípios no Conselho, a votação será ponderada de modo que
bem como à subemenda substitutiva da CCJ. Acatou, porém, o tanto os votos de um como do outro correspondam a um terço do
substitutivo proposto por Caramez. cômputo total;
ampliação das atribuições da nova autarquia, criada
O próximo passo foi o exame pela Comissão de Assuntos imediatamente à promulgação da lei, de modo a respaldar o
Metropolitanos, onde, em 9 de maio de 2006, o relator do Conselho de Desenvolvimento, inclusive nas tarefas de subsidiar,
projeto de lei Mário Reali, do PT, recuperou o substitutivo por pesquisar, formular fiscalizar, acompanhar e monitorar, além de
entender que seu texto avançava no atendimento ao disposto participar do sistema planejado da RMSP;
pelo Estatuto das Cidades, no que se refere tanto à participação

11

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 11 19/04/11 12:11


O deputado Bruno Covas, do PSDB, os recebeu em 25 de maio
de 2009. Deixou a Assembleia e a relatoria do projeto para
o Fundo de Desenvolvimento será vinculado à autarquia e não à assumir a Secretaria do Meio Ambiente sem emitir parecer, no
secretaria estadual, de modo a dar “maior agilidade aos trâmites último dia 7 de fevereiro.
necessários à aplicação dos seus recursos”, os quais, claramente,
provirão majoritariamente do erário do Estado de São Paulo; Ao se reunir, em 22 de fevereiro último, com os deputados
inexistência de obrigatoriedade dos municípios em contribuir na do PSDB, o recém-empossado secretário do Desenvolvimento
mesma medida do governo estadual para o fundo metropolitano; Metropolitano deixou claro que a aprovação do PL 6 de 2005 é
o exercício da secretaria executiva do Conselho Deliberativo é uma das suas duas prioridades zero na Assembleia Legislativa.
reservado a representante da autarquia; Tanto assim que, em 5 de abril de 2011, o presidente da Assembleia
a submissão das contas do Fundo à fiscalização da Assembleia Legislativa, Barros Munhoz, já na 17a legislatura, designou o
Legislativa. deputado Samuel Moreira, do PSDB, relator especial para substituir
a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento, cujo prazo
deliberativo decorrera naquela mesma data. Seu parecer, emitido
O parecer de Reali foi aprovado ainda em 2006.
no dia seguinte, trouxe de volta o processo ao ponto em que o ex-
O PLC 6, seu primeiro substitutivo, o substitutivo acatado deputado Ubiratan Guimarães o colocara.
pelo relator especial da Comissão de Assuntos Municipais
e as subemendas substitutivas da Comissão de Assuntos Assim, o segundo substitutivo, que incluíra 15 emendas –
Metropolitanos chegaram à Comissão de Finanças, inclusive as 7 supra-explicitadas do ex-deputado estadual
regimentalmente a última a analisar a matéria, em 2007. João Caramez, autor do relatório da Comissão de Assuntos
Municipais, apresentado em 2006, tomará o rumo do Plenário.
Nela, os textos já passaram pela mão de quatro relatores sem
obter parecer – Estevão Galvão, do DEM, de 5 de julho de 2007 Enfim, está pronto para a ordem do dia. Ou quase: no trajeto,
a 23 de outubro de 2008, Jorge Caruso, do PMDB, em novembro passará por várias audiências públicas, segundo informou
do mesmo ano, e Waldir Agnello, do PTB, de 22 de novembro de Munhoz, as quais permitirão os interessados dos 39 municípios
2008 a 31 de março de 2009. manifestarem sua opinião a respeito.

O que está em jogo

O que está em jogo na Assembleia Legislativa quanto à Antes disso, apenas o Fumefi foi objeto de alteração legal,
reorganização da RMSP à luz da legislação maior em vigor é fazê- quando a discussão do PLC 6 já havia entrado em hibernação
la ou não com maior participação decisória da população; fazê-la na Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa.
ou não com garantia de recursos orçamentários que viabilizem, O fundo, por decreto assinado em 7 de novembro de 2008
de fato, a execução do discutido, deliberado e planejado pelas pelo ex-governador José Serra, teve seu Conselho de Orientação
suas instâncias. Como, aliás, manda o Estatuto das Cidades: disciplinado com a presidência entregue ao secretário de
fazer a RMSP funcionar em uma estrutura verticalizada ou Economia e Planejamento, Francisco Vidal Luna.
mais horizontal de poder, que garanta a integração e estimule Passou a ser composto por mais três membros de livre escolha
a colaboração entre as partes interessadas – o Estado de São do então chefe do Executivo, por outro, designado pela Junta de
Paulo e, sobretudo, seus 39 municípios e respectivos habitantes. Coordenação Financeira da Secretaria da Fazenda do Estado,
mais um definido pela instituição de crédito oficial do Estado de
Enquanto isso, o que subsiste é o Codegran e o Consulti, ambos
São Paulo – a então Nossa Caixa, hoje Banco do Brasil – e um
inclusos assim como a Emplasa, desde 1 de janeiro de 2011, último, pela Emplasa.
na estrutura da Secretaria do Desenvolvimento Metropolitano,
recém-criada pelo Decreto 56.639 do governador Geraldo Todos eles terminaram seu primeiro mandato em novembro de
Alckmim e assumida pelo ex-deputado estadual Edson 2010, já no governo de Alberto Goldmann – que, como Serra,
Aparecido, do PSDB. também presidiu Codegran e Consulti.
Aparecido, inclusive, exerceu mandato na Casa Legislativa Agora, como se sabe, o Fumefi está submetido a Edson
quando o projeto de lei do Executivo por lá aportou. Ele é, hoje, o Aparecido, na nova secretaria de Alckmin.
secretário-geral tanto do Codegran quanto do Consulti. Março de 2011

12

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 12 19/04/11 12:11


Síntese das informações de acordo com dados do IBGE
Arujá - SP Caieiras - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 74.818 pessoas População – 240.656 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 96 Km² Área da unidade territorial – 97 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 51.003 eleitores Eleitorado – 52.286 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 19.017,06 reais PIB per capita a preços correntes – 18.302,62 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 –13.645 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 –13.493 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 3.925 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 4.597 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 683 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 642 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 285 docentes Docentes ensino médio 2009 – 296 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 9 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 16 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 107.283.005,20 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 107.672.772,00 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 82.468.827,67 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 83.147.755,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 19.275.769,14 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 19.275.770,00 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 1.816 unidades Número de unidades locais – 1.624 unidades
Pessoal ocupado total – 19.396 pessoas Pessoal ocupado total – 18.924 pessoas

Barueri - SP Cajamar - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 240.656 pessoas População – 64.113 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 66 Km² Área da unidade territorial –131 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 181.007 eleitores Eleitorado – 41.301 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 102.013,46 reais PIB per capita a preços correntes – 60.212,55 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 49.317 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 11.002 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 13.850 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 3.004 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 1.881 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 513 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 762 docentes Docentes ensino médio 2009 – 157 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 40 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 12 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 1.201.990.685,00 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 160.621.300,20 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 652.952.741,10 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 134.728.742,70 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.583.581,86 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 16.344.964,68 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 12.577 unidades Número de unidades locais – 1.595 unidades
Pessoal ocupado total – 227.124 pessoas Pessoal ocupado total – 30.071 pessoas

Biritiba-Mirim - SP Carapicuíba - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 28.573 pessoas População – 369.908 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 317 Km² Área da unidade territorial – 35 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 19.389 eleitores Eleitorado – 239.913 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 7.660,94 reais PIB per capita a preços correntes – 6.878,89 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 4.781 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 57.782 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 1.072 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 16.818 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 236 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 2.220 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 64 docentes Docentes ensino médio 2009 – 785 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 4 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 21 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 30.028.906,73 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 205.896.259,00 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 23.668.937,09 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 181.547.747,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 10.401.341,14 r eais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.659.661,00 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 553 unidades Número de unidades locais – 5.945 unidades
Pessoal ocupado total – 3.560 pessoas Pessoal ocupado total – 42.345 pessoas

13

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 13 19/04/11 12:11


Cotia - SP Embu-Guaçu - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 201.023 pessoas População – 62.846 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 323 Km² Área da unidade territorial – 155 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 115.678 eleitores Eleitorado – 43.296 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 30.003,65 reais PIB per capita a preços correntes – 7.158,08 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 37.278 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 12.373 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 10.268 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 3.447 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 1.731 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 602 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 699 docentes Docentes ensino médio 2009 – 256 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 33 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 6 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 339.198.653,10 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 67.792.986,93 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 289.130.688,50 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 37.883.901,44 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,08 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 16.347.431,26 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 6.869 unidades Número de unidades locais – 1.034 unidades
Pessoal ocupado total – 73.332 pessoas Pessoal ocupado total – 8.728 pessoas

Diadema - SP Ferraz de Vasconcelos - SP


Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 386.039 pessoas População – 168.290 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 31 Km² Área da unidade territorial – 30 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 286.840 eleitores Eleitorado – 99.735 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 23.618,26 reais PIB per capita a preços correntes – 6.991,61 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 66.117 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 29.805 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 17.803 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 8.179 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 2.627 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 1.122 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 950 docentes Docentes ensino médio 2009 – 508 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 31 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 16 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 643.811.367,70 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes139.815.509,00 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 499.095.618,80 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 113.710.291,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,08 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.903.117,00 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 9.068 unidades Número de unidades locais – 2.043 unidades
Pessoal ocupado total – 117.594 pessoas Pessoal ocupado total – 18.140 pessoas

Embu - SP Francisco Morato - SP


Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 240.007 pessoas População – 154.538 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 70 Km² Área da unidade territorial – 49 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 154.495 eleitores Eleitorado – 85.695 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 11.527,79 reais PIB per capita a preços correntes – 4.834,11 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 39.738 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 28.783 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 11.307 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 8.439 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 1.565 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 979 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 624 docentes Docentes ensino médio 2009 – 415 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 22 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 19 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 221.438.727,50 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 136.064.010,80 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 176.202.119,30 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 113.382.138,70 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.603.254,97 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 35.100.830,35 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 4.414 unidades Número de unidades locais – 1.376 unidades
Pessoal ocupado total – 45.350 pessoas Pessoal ocupado total – 8.795 pessoas

14

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 14 19/04/11 12:11


Franco da Rocha - SP Itapecerica da Serra - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 131.603 pessoas População – 152.380 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 134 Km² Área da unidade territorial – 150 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 79.030 eleitores Eleitorado – 92.471 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 13.022,47 reais PIB per capita a preços correntes – 18.598,64 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 22.667 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 –28.601 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 6.739 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 7.648 matrículas
Docentess ensino fundamental 2009 – 954 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 1.240 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 414 docentes Docentes ensino médio 2009 – 483 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 18 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 21 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 113.888.551,20 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 190.290.477,30 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 86.316.432,29 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 144.829.372,90 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 25.260.399,97 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 35.175.503,17 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 1.508 unidades Número de unidades locais – 2.540 unidades
Pessoal ocupado total – 14.200 pessoas Pessoal ocupado total – 22.279 pessoas

Guararema - SP Itapevi - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 25.861 pessoas População – 200.874 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 271 Km² Área da unidade territorial – 83 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 16.423 eleitores Eleitorado – 112.391 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 14.024,50 reais PIB per capita a preços correntes – 13.520,67 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 4.643 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 38.702 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 1.131 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 9.905 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 243 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 1.427 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 106 docentes Docentes ensino médio 2009 – 588 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 2 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 16 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 89.606.547,35 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 231.344.104,60 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 50.007.925,18 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 182.094.150,90 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 10.401.554,20 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,08 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 1.077 unidades Número de unidades locais – 2.697 unidades
Pessoal ocupado total – 6.833 pessoas Pessoal ocupado total – 24.511 pessoas

Guarulhos - SP Itaquaquecetuba - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 1.222.357 pessoas População – 321.854 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 319 Km² Área da unidade territorial – 83 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 699.876 eleitores Eleitorado – 163.658 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 24.989,21 reais PIB per capita a preços correntes – 7.245,67 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 207.361 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 57.140 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 54.699 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 15.690 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 8.543 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 1.948 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 3.222 docentes Docentes ensino médio 2009 – 876 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 109 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 24 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 2.003.732.705,00 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 256.357.753,80 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 1.523.519.777,00 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 218.917.405,30 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 40.133.054,78 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,08 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 28.646 unidades Número de unidades locais – 3.612 unidades
Pessoal ocupado total – 329.997 pessoas Pessoal ocupado total – 39.582 pessoas

15

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 15 19/04/11 12:11


Jandira - SP Mauá - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 108.436 pessoas População – 417.281 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 18 Km² Área da unidade territorial – 61 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 68.585 eleitores Eleitorado – 263.093 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 12.794,32 reais PIB per capita a preços correntes – 13.752,84 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 17.538 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 64.926 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 4.921 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 18.291 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 773 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 2.589 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 315 docentes Docentes ensino médio 2009 – 961 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 13 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 30 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 133.935.036,80 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 444.239.989,80 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 110.091.727,70 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 382.336.813,10 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 23.774.494,08 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.922.964,95 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 2.028 unidades Número de unidades locais – 6.496 unidades
Pessoal ocupado total – 17.936 pessoas Pessoal ocupado total – 66.330 pessoas

Juquitiba - SP Mogi das Cruzes - SP


Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 28.732 pessoas População – 387.241 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 522 Km² Área da unidade territorial – 713 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 21.135 eleitores Eleitorado – 244.291 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 6.829,00 reais PIB per capita a preços correntes – 18.064,63 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 6.046 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 59.755 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 1.576 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 18.121 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 303 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 2.706 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 134 docentes Docentes ensino médio 2009 – 1.167 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 10 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 43 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 37.255.410,58 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes489.921.727,00 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 31.678.435,19 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 389.891.431,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 10.401.341,14 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.583.581,00 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 1.273 unidades Número de unidades locais – 10.081 unidades
Pessoal ocupado total – 8.569 pessoas Pessoal ocupado total – 89.308 pessoas

Mairiporã - SP Osasco - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 80.920 pessoas População – 666.469 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 321 Km² Área da unidade territorial – 64 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 45.206 eleitores Eleitorado – 490.686 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 10.803,68 reais PIB per capita a preços correntes – 42.106,01 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 12.527 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 106.761 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 3.246 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 33.105 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 617 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 4.265 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 253 docentes Docentes ensino médio 2009 – 1.854 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 22 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 56 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 99.001.868,64 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 992.104.318,10 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 76.025.665,14 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 859.505.552,30 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 18.960.587,79 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,08 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 2.459 unidades Número de unidades locais – 17.112 unidades
Pessoal ocupado total – 15.533 pessoas Pessoal ocupado total – 164.805 pessoas

16

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 16 19/04/11 12:11


Pirapora do Bom Jesus - SP Rio Grande da Serra - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 15.727 pessoas População – 44.084 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 109 Km² Área da unidade territorial – 37 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 8.632 eleitores Eleitorado – 30.705 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 9.654,30 reais PIB per capita a preços correntes – 8.536,14 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 3.318 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 6.187 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 681 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 1.898 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 144 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 291 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 40 docentes Docentes ensino médio 2009 – 133 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 5 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 8 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 49.288.411,26 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 33.438.413,08 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 33.730.897,19 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 24.156.301,76 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 14.859.058,70 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 13.373.152,95 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 1.479 unidades Número de unidades locais – 609 unidades
Pessoal ocupado total – 5.733 pessoas Pessoal ocupado total – 3.701 pessoas

Poá - SP Salesópolis - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 106.033 pessoas População – 15.639 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 17 Km² Área da unidade territorial – 425 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 75.691 eleitores Eleitorado – 12.912 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 18.866,65 reais PIB per capita a preços correntes – 7.916,53 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 21.055 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 2.777 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 6.454 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 783 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 964 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 117 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 416 docentes Docentes ensino médio 2009 – 51 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 21 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 4 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 195.910.251,60 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 22.853.237,260 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 125.066.601,30 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 18.551.954,25 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 23.774.494,77 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 7.413.757,36 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 11.895 unidades Número de unidades locais – 367 unidades
Pessoal ocupado total – 53.912 pessoas Pessoal ocupado total – 1.620 pessoas

Ribeirão Pires - SP Santa Isabel - SP


Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 113.043 pessoas População – 50.464 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 99 Km² Área da unidade territorial – 363 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 79.843 eleitores Eleitorado – 34.220 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 13.347,20 reais PIB per capita a preços correntes – 13.278,10 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 16.890 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 8.214 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 4.914 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 2.246 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 857 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 410 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 386 docentes Docentes ensino médio 2009 – 161 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 11 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 12 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 136.443.470,40 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 63.211.561,12 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 101.060.550,70 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 53.352.630,83 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 23.774.865,22 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 14.859.058,78 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 3.026 unidades Número de unidades locais – 1.362 unidades
Pessoal ocupado total – 26.052 pessoas Pessoal ocupado total – 10.005 pessoas

17

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 17 19/04/11 12:11


Santana de Parnaíba - SP São Caetano do Sul - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 108.875 pessoas População – 149.571 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 180 Km² Área da unidade territorial – 15 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 53.780 eleitores Eleitorado – 119.002 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 27.713,49 reais PIB per capita a preços correntes – 67.361,35 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 20.051 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 21.035 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 4.801 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 8.128 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 893 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 1.164 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 348 docentes Docentes ensino médio 2009 – 571 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 11 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 38 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 319.409.287,20 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 758.211.365,60 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 238.247.641,40 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 630.612.293,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 22.288.588,19 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 34.989.785,84 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 17.308 unidades Número de unidades locais – 10.547 unidades
Pessoal ocupado total – 81.300 pessoas Pessoal ocupado total – 121.725 pessoas

Santo André - SP São Lourenço da Serra - SP


Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 673.914 pessoas População – 13.985 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 175 Km² Área da unidade territorial – 186 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 519.510 eleitores Eleitorado – 8.922 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 20.018,82 reais PIB per capita a preços correntes – 7.165,64 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 92.759 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 2.267 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 29.079 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 657 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 4.389 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 133 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 1.811 docentes Docentes ensino médio 2009 – 54 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 60 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 5 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 1.284.293.975,00 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 23.939.335,86 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 1.089.478.953,00 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 19.129.652,81 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.584.350,34 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 7.429.176,13 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 23.406 unidades Número de unidades locais – 883 unidades
Pessoal ocupado total – 209.885 pessoas Pessoal ocupado total – 7.670 pessoas

São Bernardo do Campo - SP São Paulo - SP


Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 765.203 pessoas População – 11.244.369 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 409 Km² Área da unidade territorial – 1.523 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 521.882 eleitores Eleitorado – 7.953.144 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 37.267,11 reais PIB per capita a preços correntes – 32.493,96 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 109.253 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 1.587.501 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 36.983 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 462.777 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 4.637 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 70.544 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 2.079 docentes Docentes ensino médio 2009 – 25.609 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 70 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 678 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 1.924.169.096,00 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 23.270.457.308,00 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 1.626.730.001,00 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 21.046.986.635,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.583.581,86 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 127.403.419,80 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 26.010 unidades Número de unidades locais – 520.533 unidades
Pessoal ocupado total – 299.503 pessoas Pessoal ocupado total – 5.241.615 pessoas

18

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 18 19/04/11 12:11


Suzano - SP Vargem Grande Paulista - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 262.568 pessoas População – 42.946 pessoas
Base Territorial Base Territorial
Área da unidade territorial – 207 Km² Área da unidade territorial – 42 Km²
Representação Política 2006 Representação Política 2006
Eleitorado – 167.443 eleitores Eleitorado – 28.521 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008 Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 18.952,30 reais PIB per capita a preços correntes – 15.076,01 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009 Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 48.699 matrículas Matrículas ensino fundamental 2009 – 7.659 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 13.827 matrículas Matrículas ensino médio 2009 – 2.068 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 1.955 docentes Docentes ensino fundamental 2009 – 422 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 820 docentes Docentes ensino médio 2009 – 204 docentes
Serviços de Saúde 2009 Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 24 estabelecimentos Estabelecimentos de Saúde SUS – 9 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008 Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 348.903.675,70 reais Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 67.297.628,92 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 244.083.225,60 reais Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 55.257.811,48 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,08 reais Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 13.373.152,95 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008 Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 5.878 unidades Número de unidades locais – 1.297 unidades
Pessoal ocupado total – 51.113 pessoas Pessoal ocupado total – 10.378 pessoas

Taboão da Serra - SP
Censo 2010 – Primeiros Resultados
População – 244.719 pessoas
Base Territorial
Área da unidade territorial – 20 Km²
Representação Política 2006
Eleitorado – 167.537 eleitores
Produto Interno Bruto dos Municípios 2008
PIB per capita a preços correntes – 17.204,70 reais
Ensino - matrículas, docentes e rede escolar 2009
Matrículas ensino fundamental 2009 – 42.514 matrículas
Matrículas ensino médio 2009 – 10.395 matrículas
Docentes ensino fundamental 2009 – 1.665 docentes
Docentes ensino médio 2009 – 650 docentes
Serviços de Saúde 2009
Estabelecimentos de Saúde SUS – 21 estabelecimentos
Finanças Públicas 2008
Receitas orçamentárias realizadas – Correntes 346.342.687,00 reais
Despesas orçamentárias realizadas – Correntes 259.928.164,00 reais
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM 36.661.409,00 reais
Estatísticas do Cadastro Central de Empresas 2008
Número de unidades locais – 5.553 unidades
Pessoal ocupado total – 58.566 pessoas

Fonte: IBGE. Acesso em: 18 mar. 2011. 19

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 19 19/04/11 12:11


REGIÕES METROPOLITANAS:
Três retratos brasileiros

20

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 20 19/04/11 12:11


Baixada Santista Paritária, sim. Tripartite, não.

Baixada Santista
Miguel Schincariol/Governo do Estado de SP

Santos ainda era um município considerado área de segurança O Condebs, a rigor, é o organismo público metropolitano principal
nacional nos anos 1970. Adminsitrava-o, um general da extinta do Sistema de Planejamento Regional da RMBS. Sua atribuição
Arena – o interventor Clóvis Bandeira Brasil. Ainda assim, os é normatizar e deliberar sobre os campos funcionais de
políticos da Baixada Santista começaram a cogitar transformar o planejamento e uso do solo, transporte e sistema viário regional,
município e seus vizinhos numa Região Metropolitana. habitação, saneamento básico, meio ambiente, desenvolvimento
Tal fato só se deu, porém, mais de um quarto de século depois, econômico e atendimento social, listados pela lei que o criou.
no primeiro mandato do ex-governador Mário Covas Jr, do PSDB, A composição do Conselho inclui um prefeito de cada município
ele próprio um político santista, em 1996. que constitui a Região, no total de 9 – além de Santos, Guarujá e
Viabilizada como as demais RMs paulistas, pela lei complementar Bertioga ao Norte, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Peruíbe
760 de 1994 que atendeu à Constituição paulista promulgada e Itanhaém ao Sul e, Cubatão, a Oeste.
em 1989, a criação da RM da Baixada Santista foi, porém, De tal forma que, desde que surgiu, todos os alcaides da Baixada
outro processo lento e gradual. Condição que, de resto, já se Santista já ocuparam a presidência do Condebs, atualmente
assemelha ao destino, quando se trata de repartir o poder exercida pela prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito, do
para gerir institucionalmente a coisa pública, de maneira PMDB. Em 2010, Roberto Francisco dos Santos, do PSDB da
descentralizada e integrada aos campos funcionais comuns nos Praia Grande, foi seu antecessor.
grandes aglomerados urbanos do Estado de São Paulo.
Vale notar que, desde a eleição de 1996, ano em que nasceu a
Produto da lei complementar 815, de 30 de julho de 1996, a RMBS, suas nove prefeituras foram ocupadas majoritariamente
RMBS, embora seja pioneira ao se conformar sob a inspiração por forças políticas de apoio ao governo estadual do PSDB.
da Constituição Federal de 1988 e seus cânones democráticos
de participação popular, teve seu Conselho de Desenvolvimento Mas a mesa diretora do Condebs inclui, ainda, nove representantes
– Condebs – efetivamente implementado a partir de 1997. E do governo do Estado, designados pelo governador a partir das
com atribuição, inclusive, de gerir o Fundo de Desenvolvimento indicações das secretarias envolvidas nas funções de interesse
Metropolitano da Baixada Santista – FUNDO. comum. Tais pastas são as de Habitação, Meio Ambiente,
Transportes Metropolitanos, Planejamento, Esporte Lazer e
Mas foi somente em dezembro de 1998 que uma lei Turismo, Cultura, Direitos da Pessoa com Deficiência, Assistência
complementar – 853 – instituiu a Agência Metropolitana da e Desenvolvimento Social, além de Abastecimento.
Baixada Santista – AGEM.
Como se vê, o Condebs contempla a paridade entre poder
A AGEM nasce como autarquia formal e juridicamente vinculada
estadual e municipal requisitada pela Constituição do Estado
ao governo estadual paulista, integrando a estrutura do gabinete
e sua legislação complementar. Participação popular nessa
do então secretário de Economia e Planejamento, André Franco
instância deliberativa não tem, ao contrário do que determina o
Montoro Filho.
Estatuto da Cidades, lei federal que, desde 2001, complementa
Hierarquicamente nivelada ao FUNDO, o fato é que a autarquia dispositivo da Constituição do Brasil no que diz respeito à gestão
só veio à luz depois dele. E com a função aparentemente pública urbana.
subalterna de dar suporte técnico aos contratos de
A AGEM acaba de passar à alçada do secretário da recém-criada
financiamento firmados por este.
pasta do Desenvolvimento Metropolitano no governo estadual,
A Agem é composta por um conselho normativo e deliberativo. Edson Aparecido dos Santos – uma decisão do governador
Mas seu controle efetivo está nas mãos do Condebs. Geraldo Alckmin.

21

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 21 19/04/11 12:11


Ela integra a estrutura da nova secretaria. Por lei, portanto, seu Atlântica onde se inserem hoje os 1,663 milhão de habitantes
presidente é designado pelo governo estadual. de seus nove municípios, a RMBS sequer sonhava com os
tempos de pré-sal que a aguarda no futuro próximo, quando
O mesmo se dá com o FUNDO, que é destinado a prover os
seus políticos, representando diversos grupos de interesses
recursos financeiros necessarios à formulação e execução do
econômicos, começaram a concebê-la.
planejamento integrado, consubstanciado em programas e
projetos definidos pelo Condebs. Durante os anos 1980, ela já se configurava como uma Região
Metropolitana típica, diante da intensa migração entre a
Segundo consta do decreto estadual 42.833 de 28 de janeiro de
população de seus municípios e gargalos de infraestrutura
1998, essas iniciativas devem ser de “interesse sócioeconômico
crescentes como a falta de saneamento básico e o transporte
da região”, promover a “melhoria dos serviços públicos
deficiente, incapaz de dar conta da mobilidade de trabalhadores
municipais, a melhoria da qualidade de vida da população local
que residiam em cidades distintas da que lhe oferecia trabalho.
e redução das desigualdades sociais na região”.
Quando não a capital paulista, sobretudo Cubatão, endereço
Trata-se, portanto, de um cardápio que, de modo genérico, está
da Petrobras e da Companhia Siderúrgica Paulista, empregava a
em consonância com os propósitos invocados pela Constituição
mão de obra que dormia no litoral, desde que o Porto de Santos
Federal, assim como com a estadual e com o Estatuto das Cidades.
iniciou sua trajetória decadente como empregador – a qual, por
Os recursos do FUNDO, conforme a lei que o criou, devem sinal, se estenderia até anos recentes.
provir em 50% do governo do Estado e, o restante, deve ser,
Aos poucos, a condição de cidades dormitórios se intensificou
voluntáriamente aportado pelos municípios.
em municípios como São Vicente, Praia Grande e o distrito
O uso desses recursos está também submetido às decisões de Vicente de Carvalho, no Guarujá. O fenômeno derivou, em
de um Conselho de Orientação composto por seis membros – parte, da busca de áreas com espaços disponíveis vizinhas à
quanto oriundos do Condebs e dois diretores da AGEM. O que, medida que Santos se expandia numa região que se caracteriza
em tese, significa que não se trata de uma composição paritária economicamente pela diversidade de atividades.
entre estados e municípios, já que os diretores da autarquia são,
em última análise, designados pelo governo do Estado.
Por sua vez, administrar o FUNDO compete a uma instituição
financeira oficial do Estado – ou seja, atualmente entregue ao
Banco do Brasil, que comprou a Nossa Caixa.
Em seus primeiros oito anos de existência, o governo paulista
e os nove municípios da RMSB aportaram R$ 27,4 milhões
ao FUNDO, com uma clara preponderância santista entre a
contribuição total das prefeituras: a cidade entrou com 11% dos
R$ 13,7 milhões.
Na gestão do ex-governador José Serra, o biênio 2007-
2008 registrou um avanço significativo no aporte de recursos
destinados ao FUNDO: mais que o quíntuplo da média anual
anterior de R$ 2,9 milhões: exatos R$15,4 milhões.
O empenho de sua gestão foi bastante nítido em reforçar esse
caixa que até ali vivia no vermelho: em 2008, dos R$ 8, 8 milhões Divulgação/Prefeitura da cidade de Cubatão
nele injetados, nada menos do que redondos R$ 5 milhões – ou
56,8% – vieram do erário estadual. Além de contar com o parque industrial de Cubatão e o
Complexo Portuário de Santos, a região hoje desempenha
Desde 2004, os planos plurianuais do Estado de São Paulo outros papéis no Estado de São Paulo, como o de polo
contemplam a destinação de recursos para o FUNDO. Até hoje, turístico, enquanto seu comércio atacadista e varejista tem
porém, a lei orçamentária do Estado não o faz, ao contrário do abrangência regional, assim como o atendimento à saúde, a
que reza o Estatuto das Cidades, em seu item 2 do artigo quarto oferta educacional e de serviços financeiros. Sem falar nas
na seção 1. atividades de suporte ao comércio exterior. Já convive com
Mas para o que têm servido essas instituições e esse dinheiro? fortíssima valorização imobiliária por conta do ouro negro que
o País deve extrair ainda nesta década, das camadas pré-sal
Antes de responder à questão, vale a pena conhecer um pouco do oceano, que banha o litoral do sudeste brasileiro.
do processo que levou à criação da RMBS: ao contrário de sua
vizinha RMSP, a da Baixada Santista nasceu de baixo para cima Apesar disso, no cenário paulista, a RMBS é relativamente
em um Brasil redemocratizado e não por ordem do governo acanhada: sua área é menor do que a da RMSP e a da
federal em pleno regime de exceção. RMCampinas. Seu mais populoso município não chega a ser
considerado de grande porte: reúne menos de meio milhão
Nos 2.422 quilômetros quadrados da chamada Costa da Mata de almas.

22

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 22 19/04/11 12:11


Mas foi gestado por entidades comunitárias que o movimento ordem de R$ 8.985.993 empenhados, deixaram-lhe um saldo
pela criação da RMBS ganhou corpo, em 1984, com o endosso líquido equivalente a quase um quarto do valor patrimonial, ao
de 16 delas. Na segunda metade da década de 1980, o Executivo final do exercício de 2008: R$ 6.413.869. Algo como R$ 3,85
estadual enveredou pela trilha administrativa da criação de sub- por habitante da Região Metropolitana da Baixada Santista.
regiões, batizadas oficialmente de “regiões de governo”.
Ainda assim, reivindicações relevantes dessa população, tais
Então, a Baixada Santista adquiriu a delimitação que mais se como o bilhete único intermunicipal, atravessam já quase uma
aproxima da atual Região Metropolitana que ainda esperaria década sem sair do papel ou das boas intenções.
quase uma década para ser institucionalizada.
Crucial para uma população que tem a necessidade de se
Em dezembro de 1992, quando o Estado já coordenava através transportar de uma cidade a outra, o mecanismo até hoje não
de escritórios regionais de planejamento, os conselhos de foi adotado, obrigando o pagamento de várias passagens para
administrações municipais e de administração estadual, seu uso de um transporte coletivo eminentemente formado por
prefeitos discutiam as necessidades conjuntas dos municípios ônibus e balsas.
da Baixada Santista e sua prioridade no orçamento estadual.
Elegeram, então, oito temas prioritários para tratar. “A fraqueza da gestão pública e do planejamento regionais é
a principal culpada pelo fato do bilhete de integração para o
O transporte coletivo capitaneava a lista. Os demais eram: saúde, transporte intermunicipal não ter sido adotado até hoje!”,
educação, destinação final do lixo, turismo, balneabilidade das aponta o ex-deputado petista Fausto Figueira, numa opinião que
praias, saneamento básico e habitação. traz implicita a ideia do fracasso do Sistema de Planejamento
Hoje, um breve balanço do que a RMBS realizou desde sua criação Regional da RMSB.
revela que ela viveu com recursos alocados em seu FUNDO bem
apetitosos aos olhos de um dos 2.798.477 cidadãos da Região Recém-empossado secretário estadual do Desenvolvimento
Metropolitana de Campinas. Ao menos em 2008 – último dado Regional, Edson Aparecido dos Santos, já declarou à imprensa
disponibilizado pela Agem. que vai fazer acontecer o bilhete único na Baixada Santista.

Com uma população 40% menor que a RMCampinas, os Para se ficar no mesmo quesito, há tempos apontado pelos
1.663.082 habitantes dos nove municípios da Baixada Santista prefeitos como prioritário para a região – o transporte –, é
atravessaram tal exercício com o R$ 5,60 per capita no FUNDO. interessante notar que a Ponte Santos Guarujá, um projeto
Já os cidadãos dos 19 municípios da Região Metropolitana de assumido como deliberação pelo Condebs em 23 de março
Campinas contaram com bem menos da metade – R$ 1,99 – de 2010, presidido pelo ex-governador José Serra que o
aportados pelo Estado e municípios ao Fundocamp. anunciara duas semanas antes, até hoje não tem sequer um
Ao longo dos seus primeiros dez anos de existência, a RMBS centímetro construído.
teve, ao menos teoricamente, acesso a mais do que os R$ Trata-se de um projeto de 4,6 quilômetros sobre um vão de 80
36.262.828 que arrecadou do erário público no período.
metros, conforme o requerido pelo Porto de Santos, para uma
Aplicados, esses recursos renderam adicionais R$ 2.617.977
ponte atravessar o canal marítimo que separa o bairro da Ponta
– uma pífia remuneração financeira de 0,72% ao ano. A receita
total do FUNDO na década somou portanto, R$ 48.339.601. da Praia, na Ilha de São Vicente – sede da cidade de Santos –, da
Despesas com projetos consumiram 15,5% deste valor. Ilha de Santo Amaro, onde fica o município de Guarujá.

Deduzidos os gastos com bancos, Agem e Emplasa, o patrimônio Então prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, do PMDB,
líquido acumulado no periodo pelo FUNDO foi de R$ 23.391.532. assinalou, ao participar da inauguração da maquete da obra, ao
Mas conforme o balanço divulgado, seus compromissos futuros lado do ex-governador, que a mesma era esperada pela região
– entre os quais 33 projetos respondiam pela parte do leão –, da há mais de 50 anos.

Milton Michida/Governo do Estado de SP

23

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 23 19/04/11 12:11


Anos em que moradores e turistas se valeram do sistema de dois laterais saindo da margem direita da Via Anchieta, junto ao
balsas – como ainda hoje se valem – , ao ritmo de 24 mil veículos cais do Saboó e terminando, 4.580 metros depois, na rodovia
e 15 mil bicicletas por dia para cumprir tal travessia. Um sistema Cônego Domenico Rangoni, mais conhecida como Piaçaguera-
frequentemente causador de longas filas em feriados e finais de Guarujá, atravessando a Ilha Barnabé. Custo total: R$ 1,2
semana de verão. bilhão, bancados sem um centavo do poder público.
A ponte, na verdade, resolveria o problema dos motorizados A vantagem urbanística alegada é que essa ponte não só
e estava prevista para não cobrar pedágio dos usuários. As permitiria o escoamento de caminhões como também seu trajeto
tradicionais balsas seguiriam transportando pedestres e ciclistas. não atrapalharia o percurso até o aeroporto do Guarujá que breve
terá que dar conta de movimento crescentemente intenso com a
Suas torres, que mediriam 80 metros de altura quando o projeto
exploração das jazidas do pré-sal. Ainda, a ponte incluiria nada
se materializar no prazo de 30 meses, acabaram esbarrando na
menos que 3 quilômetros de pista para acesso à sua estrutura.
crise do erário estadual.
A ponte Santos-Guarujá é, talvez, o mais eloquente exemplo de
Os R$ 700 milhões orçados para a obra no ano passado
que a estrutura da RMBS está longe de poder bancar deliberações
seguem apenas como referência, pois em fevereiro de 2011,
desse porte – o custo da obra, em seu patamar inferior, é nada
o secretário dos Transportes, Saulo de Castro de Abreu Filho
menos do que 14 vezes superior a todo o dinheiro que transitou
avisou que não havia recursos no orçamento para tal projeto. E
em uma década pelo FUNDO, cujas contas, aliás, eram deficiárias
o qualificou de incipiente.
até 2007. Na proposta da Ecovias, é 24 vezes maior.
A informação veio a publico em 7 de fevereiro último, quando
Daí porque, só o Executivo estadual pode bancá-la – já que,
se soube que o atual governo estadual congelara R$ 3,6
inclusive, é uma falácia pensar que a ampliação do prazo de
bilhões em obras projetadas. O governador Geraldo Alckmin,
concessão é algo sem qualquer tipo de custo para o poder
entretanto, segue dizendo que a ponte é um compromisso da
público. Somente o governo estadual pode assumir essa decisão
administração estadual.
típica de gestor metropolitana.
Em março de 2011, Alckmin declarou que em 60 dias um novo
Mas o que resulta daí é que prefeitos e sociedade civil
projeto para a ponte Santos-Guarujá estará definido. E que sua
institucionalmente não têm como interferir diretamente e a curto
gestão estuda duas opções: uma segunda, se estenderia mais ao
prazo em processos decisórios de interesse comum regional
fundo do canal e permitiria o tráfego de caminhões, atualmente
como esse.
obrigados a consumir diesel por quilômetros para saírem do
Porto de Santos e rumarem em direção ao litoral norte do Estado. Mais que isso: contrapartidas para oferecer, desde que legais, só
Referia-se a uma proposta feita pela Ecovias, o consórcio que o Executivo tem para oferecer a propostas da iniciativa privada,
explora a concessão da Rodovia dos Imigrantes. como é o caso dessa da Ecovias.
Interessado em uma extensão do prazo da dita concessão por Talvez, da forma como foi instituída até aqui, a vocação da RMBS
15 anos adicionais, o consórcio propõe uma troca com o governo e seu Sistema de Planejamento Regional seja mesmo o de dar
estadual: construiria a ponte conforme um projeto que estima conta de empreitadas mais acanhadas. Muito mais do que o
custar R$ 500 milhões a mais do que o escolhido por Serra, porte atual dos problemas estruturais da Baixada Santista, por
com um vão livre central de 120 metros de largura e outros certo, requerem.

Miguel Schincariol/Governo do Estado de SP

24

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 24 19/04/11 12:11


Campinas, trajetória de pouca produtividade

Campinas

Rubens Chiri/Governo do Estado de SP

Com uma produção de riqueza três vezes e meia maior que a Em 2000, nenhum de seus 19 municípios figurava entre os dez
da Baixada Santista e uma população 40% superior, a Região melhores indicadores de desenvolvimento municipal do País – ao
Metropolitana de Campinas – RMC – é a caçula do Estado de contrário da RMSP, com São Caetano do Sul (0,919) liderando o
São Paulo: nasceu em 2001, gerada por lei complementar rol nacional, e da RMBS, com Santos (0,871) ocupando o quarto
estadual de 19 de junho de 2000. lugar entre as cidades brasileiras. Mas entre as 50 melhores
posicionadas na classificação, quatro cidades da RMC se
Ocupa área 30% maior do que a outra, mas sua população, ao incluíam – em ordem decrescente, Vinhedo (0,857), Campinas
contrário do que ocorre na RMBS e, como mostra o Censo do (0,851) e Paulínia (0,847), a quinquagésima colocada.
IBGE 2010, está em franco crescimento a ritmo mais veloz do
que a observada no País e no Estado de São Paulo: aumentou Mais rica, porém menos densamente habitada ainda que mais
15,45% em relação ao último censo, realizado em 2000, veloz em expansão populacional – um claro atestado do reflexo
período em que o total de brasileiros avançou 12,33% e o de da fase de crescimento econômico experimentada pelo Brasil
paulistas evoluiu 11,39%. no interior paulista –, a RMC exibe também outra singularidade.

Quando o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento


calculou a sua mais recente versão do Índice de Desenvolvimento Uma produção de riqueza três
Humano Municipal, em 2000, Campinas era a quarta Região vezes e meia maior que a da baixada
Metropolitana melhor posicionada entre as 26 existentes no
País. Com uma renda per capita quase um terço superior a dos
santista e uma população 40% superior
19,6 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São
Paulo – 27,18% maior em 2008 –, a RMC exibe a quarta parte da Prestes a completar uma década de vida institucional – seu
densidade demográfica média municipal da RMSP e um índice Conselho de Desenvolvimento, a instância superior, normativa
23% inferior ao da Região Metropolitana da Baixada Santista. e deliberativa da RMC, formado pelos 19 prefeitos e outros

25

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 25 19/04/11 12:11


tantos representantes do governo do Estado, designados pelo Convivendo com uma densidade demográfica 16% superior à
governador e indicados pelas secretarias dedicadas a setores de campineira e administrando uma cidade que gera um PIB per
interesse comum, só foi instalado em agosto de 2001 –, a Região capita ligeiramente superior – R$ 28.659 em 2008, o sexto da
Metropolitana de Campinas levou sete anos para dispor de Região –, o prefeito petista de Sumaré, José Antonio Bacchim,
recursos próprios. Foi quando efetivamente surgiu o Fundocamp. terá este ano o equivalente a R$ 2.108 por habitante para cuidar
Na largada, três municípios pequenos integrantes da RMC – da cidade – vale dizer, 25% menos que o prefeito campineiro.
Jaguariúna, Itatiba e Hortolândia – somaram-se à segunda e à Porém, seu município, ao longo de quatro anos, foi o segundo
sexta mais populosas cidades de Região – Americana e Santa a aportar mais recursos para o Fundocamp – numa proporção
Bárbara d’Oeste – para aportarem R$ 315.538 ao Fundocamp, atual de R$ 1,85 per capita.
enquanto o governo estadual comparecia com R$ 1.529.982.
Americana, a terceira mais populosa cidade da RMC, com
Ao longo do quadriênio – de 2007 a 2010 –, porém, foi Paulínia, densidade demográfica idêntica a Sumaré, é o município
terceiro maior PIB e maior renda per capita da região em 2008, cujo desembolso no quadriênio repartido pela população
o município que mais recursos extraiu de seu orçamento para atual revela, de longe, o maior aporte de dinheiro público por
depositar no Fundocamp. Sua contribuição, entretanto, apenas habitante: R$ 18,60.
ocorreu no último biênio. Seus depósitos somaram pouco mais de
meio milhão de reais – R$ 553.855,93 – no período, quase a sétima Na prática, a Agência Metropolitana de Campinas – a Agemcamp
parte dos R$ 3.593.125,71 depositados pelas 18 prefeituras. –, uma autarquia estadual, com sede e foro no município de
O governo estadual depositou, no mesmo período, R$ Campinas, criada pela lei nº 946/2003 e vinculada até
15.593.125,72. Ou seja, 4,3 vezes mais que o conjunto dos 31 de dezembro do ano passado à Secretaria de Economia
municípios de Paulínia, Sumaré, Americana, Hortolândia, e Planejamento, é quem toca o que o Conselho delibera.
Santa Bárbara d’Oeste, Nova Odessa, Monte Mor, ao Oeste, Desde 1 de janeiro último, ela faz parte da nova Secretaria de
Indaiatuba, ao Sul, Vinhedo, Valinhos, Itatiba e Pedreira, a Leste, Desenvolvimento Metropolitano, criada pelo governador Geraldo
e Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Artur Nogueira, Holambra, Alckmin, a exemplo da Agem, da RM da Baixada Santista e da
Jaguariúna e Santo Antonio de Posse, ao Norte de Campinas. Emplasa, empresa da RMSP.

Autor: Rubens Chiri/Governo do Estado de SP

26

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 26 19/04/11 12:11


Treze câmaras temáticas, criadas pela lei complementar do Conselho morre por ali mesmo. Fórum importante, porque
estadual nº 870, de 19 de Junho de 2000, se dedicam às permite às partes interessadas discutirem soluções para o
questões de segurança pública, habitação, meio ambiente, que as aflige em comum e em conjunto, sobretudo através
planejamento e uso do solo, transportes e sistema viário, das câmaras temáticas, o que lhe falta é poder – e dinheiro.
desenvolvimento econômico, saneamento, atendimento Além disso, não há sanções previstas para a não execução
social, educação, saúde, agricultura e cultura. Há ainda de projetos, ainda que a Agemcamp tenha a competência de
uma câmara temática especial que se ocupa do Aeroporto aplicá-las entre suas atribuições. Elas ficaram ausentes da
Viracopos. Todas, órgãos consultivos. Lei que criou o Conselho em 2001.
Em tese, a Agemcamp tem entre suas atribuições fiscalizar Atual presidente do Conselho de Desenvolvimento, Hamilton
execuções das leis que dispõem sobre regiões metropolitanas e Bernardes Júnior, do PSB, prefeito de Pedreira, enxerga progressos
aplicar sanções. Para tanto, pode celebrar contratos e convênios na trajetória recente da RMC. Acha que ela está se consolidando
com órgãos, entidades da administração direta e indireta, nacionais e exemplifica ao citar acordos entre os municípios para firmar
ou estrangeiras. É isso o que cabe bancar ao Fundocamp, cuja protocolos de atendimento aos moradores de rua e atuação
administração é tarefa atualmente do Banco do Brasil, desde que conjunta das defesas civis na prevenção e combate a desastres
a instituição financeira controlada pela União adquiriu a paulista naturais. Elogia ainda a criação do Observatório Metropolitano
Nossa Caixa. de Indicadores da RMC, um programa disponível no site da
Agemcamp que fornece todos os dados sócio-econômicos,
Nos últimos exercícios, o dinheiro do Fundocamp tem servido
populacionais, educacionais e de outras áreas da região.
para reformar unidades básicas de saúde – as UBSs – de 15
dos 19 municípios da RMC. Serão R$ 4,1 milhões para as obras, É inegável, porém, que falta muito para a RMC dar conta do
com cada cidade podendo pleitear até R$ 300 mil. Sumaré saiu recado para o qual foi criada. A participação paritária nem
na frente entre os beneficiários, reformando sua unidade em sequer é exercida plenamente, já que o município-sede da RMC
dezembro de 2010. Esse projeto é um dos 47 que fazem parte discute e delibera, mas não acha que deve entrar com dinheiro
do Programa Metropolitana de Saúde, elaborado em parceira para propiciar a solução dos problemas – voluntariamente,
com especialistas da Universidade Estadual de Campinas entre como manda a lei e se dá quando há cooperação. Que dirá
2006 e 2007 e que vem sendo implantado desde então. a constituição tripartite, incluindo representação da sociedade
O Conselho de Desenvolvimento também definiu que o fundo civil local nos moldes definidos pelo Estatuto das Cidades, lei
metropolitano deverá financiar o Plano de Contingência com federal de 2001.
Vistas às Inundações de Encostas na RMC. E ente as metas que Como se pode pensar em construir um trem metropolitano com um
traçou, em sua última reunião, realizada em 12 de fevereiro de saldo de R$ 17.140.399 em caixa ao final de 2010? Certamente
2011, figura a criação de um trem metropolitano para interligar só com a participação de recursos adicionais públicos ou privados.
alguns de seus municípios e ampliar o aeroporto de Viracopos.
Bernardes Júnior foi conversar com o ALL, grupo empresarial
Falta muito para que hoje possui a ferrovia da antiga Companhia Paulista de
Estradas de Ferro e por onde transporta carga. Seu traçado
a RMC dar conta do passa pelo perímetro urbano dos municípios e, se fosse utilizado
recado para o qual foi criada. por passageiros, tornar-se-ia adequado para o transporte dos
passageiros locais até Viracopos. Futuramente, ainda garantiria
o acesso ao Trem de Alta Velocidade que deverá ligar Campinas,
Num atestado claro de que as instâncias da RMC estão longe
São Paulo e Rio de Janeiro.
de funcionar a contento, na mesma reunião os prefeitos e
representantes do governo estadual presentes debateram como Mas o prefeito pessebista de Pedreira logo percebeu a resistência
melhorar a comunicação entre as câmaras temáticas com o da companhia à ideia de transferir o transporte de carga para
Conselho de Desenvolvimento. Ou seja, fazer com que quem uma nova linha férrea a ser construída à margem direita da
estuda seja ouvido por quem delibera. Rodovia dos Bandeirantes, a partir de Santa Bárbara d’Oeste.
Resistência de fundo financeiro, já que ela teria que gastar
Por aí se vê, que embora tenha caminhado, a RMC está longe
dinheiro na empreitada em dose superior ao que planejava.
de ter seu modelo de gestão e financiamento capaz de garantir
eficiência na resolução dos problemas metropolitanos, como Bernardes Júnior imaginou que o Departamento Nacional
apontava já em 2006 o economista e professor do Instituto de Infraestrutura de Transportes, órgão federal dedicado ao
de Economia da Universidade Estadual de Campinas, Ulysses assunto, pudesse colaborar para que a equação financeira da
Cidade Semeghini, em sua tese de doutorado. Então, a Região empreitada fechasse, é claro, com a participação e o empenho
tinha 6 anos de vida, mas o Fundocamp inexistia. do governo paulista.
Desde então, a RMC mudou pouco, afirma Semeghini. A Suas esperanças, porém, já começaram a cair por terra, em
maioria das propostas e projetos idealizados nas reuniões menos de uma semana após a deliberação da reunião do

27

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 27 19/04/11 12:11


Conselho Deliberativo a respeito de tal projeto. Edson Aparecido Atualmente, embora não seja maioria, a oposição ao governo
dos Santos, o secretario do Desenvolvimento Metropolitano, estadual atingiu sua maior expressão na RMC, com quatro
respondeu-lhe claramente, em Indaiatuba, onde se reuniu com prefeitos do PT, outros tantos do PDT e um do PSB.
os integrantes da RMC na segunda semana de fevereiro último, Individualmente, o PMDB, de influência claramente
que, para o Estado, é o TAV que é prioritário. quercista na região, foi o partido que elegeu mais
Segue assim, a passos lentos e pouco produtivos, a trajetória prefeitos em um mesmo pleito na Região. Chegou a ter
cinco prefeitos em 2000 – atualmente tem apenas um. O
da Região Metropolitana de Campinas, configurada por uma
PSDB, partido no poder no governo do Estado, tem hoje
preponderância político-partidária de prefeitos aliados ao
sua maior participação – 4 prefeitos entre os 19, o mesmo
partido no poder estadual desde a sua criação, em 2000. As três total de alcaides em mãos petistas.
eleições do período produziram 57 mandatos municipais, dos
quais 10 foram exercidos pelo PMDB e 20 por representantes Ainda que sutil, o lento avanço da RMC, dentro das
de partidos de oposição ao governo estadual – PT, PDT e PSB. circunstâncias em que está instituída, sugere ter sido fruto,
até aqui, do interesse de representantes de agremiações
Essa correlação de forças, porém, veio se alterando e fortalecendo partidárias de oposição ao governo paulista no trato regional
a presença oposicionista gradativamente. de seus problemas comuns.

Milton Michida/Governo do Estado de SP

28

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 28 19/04/11 12:11


Brasília, Instituição-fantasma a cargo da União

Brasília

A Região Metropolitana de Brasília abrange oficialmente o núcleos urbanos goianos na época da fundação da nova capital
Distrito Federal, 19 municípios de Goiás e dois de Minas Gerais, do Brasil.
totalizando 59 mil quilômetros quadrados, onde viviam mais de
Afora eles, cercavam o Distrito Federal em sua infância, pequenos
4 milhões de habitantes em 2010.
núcleos urbanos fundados nos séculos XVIII e XIX e movidos a
Nesse arquipélago sobressai a capital federal, cujas despesas garimpo, pecuária e circulação de tropas. Com vários desses
administrativas são subsidiadas em 50% pela União. Apenas agrupamentos urbanos, a nova capital entrou em conurbação –
Brasília tem 2,5 milhões de habitantes. Os outros 1,5 milhões o que gerou problemas insolúveis.
vivem no chamado “entorno”.
Atualmente, a RM de Brasília é a que mais cresce no País:
3,4% ao ano.
Atualmente, a Região
Ao romper a tradição econômica extrativista do Centro-Oeste,
Metropolitana de Brasília é a
Brasília desencadeou uma corrida por lotes e áreas rurais
que mais cresce no País: 3,4% ao ano e grande concentração populacional no Distrito Federal e
no leste goiano. Aqui, “explodiram”, sem controle, cidades-
Mais do que outras regiões metropolitanas brasileiras criadas satélites como Brazilândia, Ceilândia, Formosa, Gama, Guará,
nas décadas de 1960, 1970 e 1980, a Região Metropolitana Luziânia, Planaltina, Sobradinho e Taguatinga – esta, a primeira
de Brasília é instituição inoperante como tal, por sua natureza a ser criada, em 1958.
híbrida, compartilhada pelos governos federal e distrital. Nada muito diferente de outras regiões metropolitanas
“Sempre trabalhei em Brasília e nunca soube da existência real nesse processo histórico. Mas o caso de Brasília se reveste
dessa instituição abstrata”, diz o engenheiro José Humberto de características muito particulares porque, mais que sua
Matias de Paula, diretor da Terracap, a Companhia Imobiliária institucionalização territorial, foi a própria cidade que brotou de
da Capital Federal, de capital misto do governo do DF. cima para baixo, por força de um decreto presidencial que se
tornou fonte perene de distorções e privilégios.
Surgida do nada no cerrado, a capital federal cresceu 14,4%
na sua primeira década de existência, nos anos 1960. Somente Se a Região Metropolitana de Brasília, em si, surgiu por decisão
no final do século XX, Brasília passou a marchar no mesmo política, a do Rio de Janeiro viveu processo inverso, precisando
ritmo de cidades vizinhas como Goiânia e Anápolis, os maiores reinventar-se para compensar a perda de poder, de funcionários

29

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 29 19/04/11 12:11


e de recursos. Até hoje, a ex-capital federal é beneficiária de Em 1979, foi criada por iniciativa dos prefeitos do entorno
programas especiais e verbas compensatórias. Já a vizinhança de Brasília, a associação dos municípios adjacentes à capital
urbana de Brasília jamais deslanchou diante da gestão e dos federal, entidade que até hoje luta para se integrar ao Distrito
cofres públicos. E não foi por falta de planos e projetos. Federal. Afinal, essa integração ao DF é como o passaporte
para o paraíso das contas públicas – basta lembrar que, como
Em 1975, foi criada pela Superintendência do Desenvolvimento manda a lei, até hoje o judiciário distrital é bancado pela União.
do Centro-Oeste – a Sudeco –, o Programa Especial da Região
Geoeconômica de Brasília. Assim, em 1981, foram criadas – no DF e em Goiás – duas
secretarias de articulação para o desenvolvimento do entorno
Generoso programa: além de melhorar o abastecimento e os de Brasília.
equipamentos urbanos para a população do Plano Piloto da A institucionalização da Região Metropolitana de Brasília, já para
capital, pretendia criar alternativas de emprego nas regiões de lá de tardia, só ocorreu em 1998, através da Lei Complementar
origem dos migrantes para a capital. nº 94 de 19 de fevereiro – dez anos após a promulgação da
atual Constituição Federal com seus cânones democráticos e
O projeto de contenção nas cabeceiras do processo migratório
enfoque territorial para a gestão pública. E três anos antes da lei
não deu certo porque, em vez de se concentrar em poucas
que a complementou a esse respeito – o Estatuto das Cidades.
cidades com maior potencial econômico, quis abarcar 200
municípios. “Faltaram recursos”, resume o geógrafo Aldo Paviani, Nasceria por determinação dessa lei, batizada com o nome de
professor da Universidade de Brasília, que participou dos Rede Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno
estudos básicos do dito programa. – RIDE –, uma “assembleia” sem orçamento, equipe ou sede.

30

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 30 19/04/11 12:11


Sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Em 2003, já sob influência do Estatuto das Cidades, mais uma
em atendimento à Constituição de 1988, a lei complementar pasta do governo federal entrou para o Coaride, com a inserção
autorizou o Poder Executivo a criar a RIDE com um Conselho de um representante do Ministério das Cidades recompondo
Administrativo, do qual participariam representantes do Distrito total original de nove integrantes.
Federal, dos estados de Goiás e Minas Gerais, bem como dos
20 municípios integrantes da Rede. Assim, longe de ser tripartite – como manda o Estatuto –,
pois não contém participação comunitária ou de entidades
Ao regulamentar por decreto a lei complementar, Cardoso definiu da sociedade civil, a RIDE tem jeito de perfeito aleijão
que o Conselho Administrativo, instância máxima e deliberativa institucional na sua conformação absolutamente atrelada
da RIDE, faria parte da estrutura da própria Presidência da ao poder executivo federal. E o perfil quase acabado de um
República através da Câmara de Políticas Regionais do Conselho fantasma que se materializa esporádica e exclusivamente
de Governo. E teria 9 membros, a saber: como burocracia estatal.

d ois da própria Câmara além do seu secretário que, inclusive, Atualmente, a sucessão de instituições abstratas da
presidiria a nova instância; RIDE/DF reflete a instabilidade decorrente das crises dos
governos distritais.
dois ministeriais, sendo um da Fazenda e outro do Planejamento;
A última novidade institucional de Brasília – dona da maior renda
u m do governo do Distrito Federal, um do governo do Estado per capita do País, 41% superior a de São Paulo, e calculada em
de Minas Gerais e outro do governo estadual de Goiás; 2008 pelo IBGE em R$ 45.978 anuais – foi o Plano Diretor de
Ordenamento Territorial do Distrito Federal.
E apenas um para representar os 21 prefeitos dos municípios
que a integravam. Aprovado em 2009 pela Câmara Legislativa do DF, o PDOT
nasceu para atender ao Estatuto das Cidades, que regulamenta
Portanto, além de contar com uma super participação do governo os artigos 182 e 183 da Constituição, mas não sai do papel.
federal – cinco dos seus assentos –, o Conselho nasceu com
uma representação paritária entre União, de um lado, Estados Na última campanha eleitoral, em 2010, os candidatos a
e municípios, de outro, na qual ao poder local foi reservada governador do DF prometeram operacionalizar a Região
participação igual à nona parte. Metropolitana da capital federal, mas o tom ouvido foi o da
conversa fiada.
Batizado de Coaride, o Conselho teria como gama de interesse
“serviços públicos comuns” – nomenclatura que, aliás, remete Interessados no assunto como Paviani, da UnB, fazem campanha
à Constituição Federal já sem vigor, de 1967 – no total de para reduzir a RM ao Plano Piloto, a única área federal imune
14. O mesmo decreto ainda instituiu o Programa Especial de a invasões de terrenos. O porquê da imunidadade? Vai além
Desenvolvimento do Entorno do Distrito Federal, que mediante do fato de ela estar pronta e ocupada. É também porque foi
convênio, definiria normas e critérios para a unificação de tombada pela Unesco.
procedimentos relativos aos serviços públicos prestados pelo
DF, estados e municípios em relação: Paviani defende que ao centro histórico de Brasília se juntem
apenas 9 municípios contíguos ao território do Distrito Federal,
às tarifas, fretes e seguro; mais Luziânia. De tal modo que a descentralização inerente
possibilitaria encarar, de frente, os principais problemas de
às linhas de crédito especiais para atividades prioritárias; Brasília e seu entorno:
e ainda, às isenções e incentivos fiscais temporárias para
fomentar produção que gerasse emprego e mão-de-obra. geração de emprego;
Para dar conta de programas e projetos, o Coaride contaria carência habitacional;
com dinheiro do orçamento da União, dos estados e municípios destruição ambiental;
além de operações de créditos contratadas no País ou fora dele.
Assim, o autorizava o decreto. e mobilidade da população eternamente em
situação crítica por falta de transporte público.
Cardoso, em 2000, assinaria outro decreto incluindo a segurança
pública como o 15o serviço de interesse público comum que
comporiam o espectro de interesse do Coaride e transferindo sua Todos eles, engolfados pela corrupção em todos os níveis da
estrutura para o Ministério da Integração Nacional, cujo titular da administração pública.
pasta passaria também a presidir o Conselho.
Pelo sim, pelo não, o governador goiano Marconi Perillo, do PSDB,
Com isso, a Casa Civil passou a indicar um representante ressuscitou, neste início de 2011, a Secretaria Extraordinária do
no lugar dos dois que eram oriundos da Câmara de Políticas Entorno do Distrito Federal (sic), entregue ao experiente Gastão
Regionais do Conselho de Governo da Presidência da República. Leite, ex-vereador em Luziânia.

31

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 31 19/04/11 12:11


Assessoria de Comunicação/Prefeitura da Cidade de Teresina

Embora seja uma instituição de Goiás, a SEE tem sede em Não é que faltem exemplos de áreas carentes de intervenção
Brasília pois sua missão é a de buscar uma integração com governamental. Ao contrário.
órgãos afins tanto do governo federal como do distrital.
Um estudo encomendado em 2010 pela Terracap, sobre o futuro
Em sua primeira reunião de trabalho, Gastão Leite discutiu a de Planaltina, sede da Embrapa Cerrados e de um campus da
recriação da Sudeco, considerada, a rigor, o único órgão capaz UnB, concluiu que o município demanda cuidados especiais
de realizar ações planejadas na região dominada por Brasília. por ser “região de nascentes, berço das águas brasileiras, onde
se encontram os divisores de águas das três grandes bacias
Mas enquanto elas não saem do papel, quem mais atua na hidrográficas – São Francisco, Paraná e Tocantins-Araguaia.”
Região é a Terracap.
Em outras áreas também são visíveis os estragos causados pela
Um dos mais antigos entes públicos brasilienses, a empresa ocupação indiscriminada dos solos urbanos e rurais.
vive crise de credibilidade, pois não consegue sequer controlar
os loteamentos irregulares e as invasões de áreas rurais.
Em alguns momentos, inclusive, ela própria distribuiu lotes A Região Metropolitana de Brasília
irregulares, durante um dos governos de Joaquim Roriz, nome opera em conjunto com a de Goiânia,
com frequência associado a corrupção. formando um complexo territorial-urbano
Também abalada pela queda do ex-governador demista José
Roberto Arruda em 2009, a Companhia de Desenvolvimento do Um diagnóstico feito na Unicamp pelos economistas Eduardo
Distrito Federal – Codeplan –, realizou, em 2 de março último, Nunes Guimarães e Heládio José de Campos Leme afirma
um seminário sobre o desenvolvimento da região geoeconômica que, mesmo não cumprindo a contento a função de polo
de Brasília. Seria a “retomada” de algo que nunca adquiriu regional dotado de dinâmica econômica própria, a cidade de
forma concreta. Brasília mantém uma grande interação com as comunidades

32

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 32 19/04/11 12:11


vizinhas, sem que qualquer instância administrativa ou política cidades sem potencial de geração de emprego para atender
tenha capacidade de evitar problemas para a população e ao crescimento populacional decorrente dos fluxos migratórios
consequências para o meio ambiente. regionais.

Pelo contrário, sustentam os especialistas: desde o início, as Na prática, favorecidas por investimentos em aeroportos, rodovias e
instituições públicas e privadas correm atrás do fluxo migratório ferrovias que mudaram os fluxos logísticos do Centro-Oeste, Brasília
que exigiu a criação de cidades-satélites, cujas necessidades de e as cidades vizinhas continuam sendo alvo de migrações iniciadas
serviços e de infraestrutura não são satisfatoriamente atendidas no governo JK (1956-1961).
nem pelo poder público nem pela iniciativa privada.
Fenômeno predominantemente urbano, o fato é que Brasília foi um
Segundo uma pesquisa realizada em 1999 pelo Instituto de dos pivôs da transformação da região dos cerrados num grande
Pesquisas Econômicas Aplicadas, do Ministério do Planejamento, celeiro agrícola, processo que se deu, entre outras providências, pela
e pelo IBGE, a Região Metropolitana de Brasília opera em conjunto implementação a partir de 1977, do Programa de Assentamento
com a de Goiânia, formando um complexo territorial-urbano com Dirigido do Distrito Federal. Tratou-se de um dos vetores da
influência sobre 1,6 milhões de quilômetros quadrados onde vivem ocupação de áreas rurais do entorno da capital por plantadores de
12 milhões de pessoas. soja vindos do Sul do País com um grande apetite empreendedor.

Embora esse território se estenda à Bahia, Mato Grosso, Maranhão, Até hoje, a gestão pública brasileira não acertou seu passo para
Tocantins e Piauí, além de Minas e Goiás, pelo menos 40% de sua cuidar do que resultou dessa trajetória a contento – e já lá se vão,
população está concentrada no eixo Brasília-Anápolis-Goiânia, pelo menos, 50 anos.

33

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 33 19/04/11 12:11


REGIÕES METROPOLITANAS:
Experiência internacional

34

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 34 19/04/11 12:11


Disparidade social, o olímpico desafio de
uma instituição metropolitana dependente
do dinheiro do governo central

Londres
15 de março de 2011. Com antecipação de um ano, quatro britânica ou a inserção de novos elevadores nas estações de
meses e 14 dias, os ingressos para britânicos e europeus metrô de Londres.
assistirem aos Jogos Olímpicos de 2012 foram colocados
Veremos a seguir o que a GLA ganha – ou pretende ganhar com
à venda pela Greater London Authority – a GLA. Trata-se do isso – e qual a importância de sua existência e funcionamento
governo da região expandida da capital inglesa, aglomeração enquanto instância de poder público regional administrativo.
urbana com densidade habitacional 55,2% superior a da
Região Metropolitana da Grande São Paulo e terceira maior em Surpreendida com os cortes do orçamento nacional anunciados
população na Europa, precedida apenas por Moscou e Istambul, pelo governo do primeiro ministro conservador, David Cameron, a
conforme o diretório geral da Comissão Europeia. GLA acaba de perder sua agência de desenvolvimento – a LDA –
e foi obrigada a incorporar suas tarefas em sua própria estrutura.
Exatos 6,6 milhões de ingressos à venda pela internet. Variando
até 50 libras esterlinas – ou R$ 115 –, seu preço unitário Mas no dia seguinte ao início da venda dos ingressos, seu
prefeito, Boris Johnson – eleito em 2008 e correligionário do
foi considerado palatável em tempos de crise na economia
primeiro-ministro –, exultava por ter arrancado do governo central
europeia e equilibrado em relação aos custos do certame. O
a garantia de receber de volta em três anos, quase 40% do que
que não deixa de ser motivo de júbilo para os organizadores do
está aportando à empreitada olímpica para serem aplicados em
evento a se iniciar em julho do próximo ano, pois empreender ações de apoio à juventude, ao meio ambiente e à recuperação
os contorcionismos financeiros necessários para dar conta do das áreas urbanas mais deterioradas da capital.
recado de hospedar os Jogos nesses tempos bicudos de cortes
de gastos públicos em orçamentos britânicos não tem sido fácil. O compromisso de reverter os frutos dos Jogos Olímpicos de 2012
em benefício de Londres é significativo nessa área expandida da
Hospedá-los, afinal de contas, é fruto de candidatura cuja capital britânica. Ela viveu fases amargas desde que o governo
proposta há oito anos que incluiu claramente o compromisso conservador da ex-ministra Margareth Thatcher esvaziou sua
de prover retorno para o pós-evento à população londinense: institucionalização, culminando por extinguir em 1986 o Greater
a recuperação da área leste da Greater London, há séculos London Council, cuja criação fora mérito dos trabalhistas em
marcada pelas chagas da desigualdade de renda, pobreza e 1960. O motivo foi que o GLC resultara em claro fortalecimento
deterioração urbana. político do poder local em uma Inglaterra cujo Estado tem a
Residentes em uma área de 1.579 quilômetros quadrados, característica de conferir muito maior poder ao governo central,
os 7.900.460 habitantes representados pela Greater London ao contrário, por exemplo, do que se dá na Espanha.
Authority estão extraindo da instituição um aporte ao Jogos Em 2000, renascida das cinzas sob moldes mais democráticos
Olímpicos equivalente a 9,4% dos 9,3 bilhões de libras e com o nome de Greater London Authority (área ampliada de
esterlinas em que foram orçados na revisão de 2007. Valor Londres) nos governos do trabalhista Tony Blair, seus habitantes
total que, alías, exclui gastos com segurança e projetos na área conheceram enfim, o que é ter prefeitos que, eleitos pelo voto
de transporte indiretamente ligados ao sucesso do evento, tais direto e com direito a arrecadar tributos, têm empreendido
como melhorar a ferrovia do Túnel do Canal e da Costa Oeste movimentos significativos na defesa da melhoria da qualidade

35

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 35 19/04/11 12:11


de vida dos 32 povoados que conformam seu território. Ainda londrinos. Conforme informou à revista The Economist, o
que Johnson, atual prefeito da GLA, tenha tido que conviver executivo Roger Taylor, da Host Boroughs Unit, entidade que
com o tranco provocado pela crise econômica internacional reúne o referido quarteto distrital, há nessa área 13 dos 15
deflagrada ao final de 2008, poucos meses depois de sua posse. mais carentes bairros de Londres, com péssimos índices de
Em 2012, Johnson será o homem no coração do projeto criminalidade, saúde, etc...
londrino, como presidente nacional e internacional dos Jogos, Em Newham, o mais populoso desses cinco distritos – lar
com especial responsabilidade pelo modo como Londres de 268.854 habitantes –, os Jogos Olímpicos geraram uma
funcionará enquanto cidade-sede do evento e pelo modo como expectativa fortíssima entre a juventude local. Nas palavras de
herdará seu legado e benefícios.
seu prefeito para a juventude, Ali Mohamed, não falta eloquência.
Assim, além de co-presidir o comitê olímpico local e ser o “Eles vêem os jogos como uma pedra de toque para mudar
signatário do compromisso firmado com o Comitê Olímpico suas vidas para melhor”. O prefeito distrital, Robin Wales, um
Internacional de fazer tudo acontecer em sua cidade, o prefeito da trabalhista, faz coro: “Em nenhum lugar do Reino Unido se passa
GLA é também fundador e acionista de duas empresas: a LOCOG, uma transformação na escala em que se dá hoje em Newham”.
companhia privada responsável por abrigar e construir a estrutura
para os Jogos, e a OPLC, outra empresa destinada a administrar O distrito é habitado por um terço de brancos em contraste a
e manter o Parque Olímpico e sua utilização permanente, além de uma proporção média para a região expandida de Londres (a
supervisionar seu desenvolvimento depois dos jogos. Greater London) de três quintos. Nada menos que 45% de sua
população vive abaixo da linha de pobreza britânica, comparados
Em seu pacote de funções, está incluída a presidência do Grupo
a 22% em toda a capital do País. Empregos existem aí em uma
de Regeneração do Parque Olímpico que supervisiona o trabalho
proporção 50% menor do que o total ofertado em média por
de múltiplas agências para garantir um legado dos Jogos capaz
todo o Reino Unido. Dentro da capital, o nível de ocupação
de recuperar os cinco distritos orientais de Londres.
menor de Londres, seguido de perto pelo exibido pelo distrito de
Além de Greenwich, no Sudeste da capital britânica, os outros Tower Hamlets. Paralelamente, a proporção entre proprietários
quatro distritos que o Parque recobre são os de Tower Hamlets, e locatários é igual a metade da média nacional, demonstrando
Newham, Hackney e Waltham Forest. Residem aí 1.231.420 com clareza a distribuição de renda local.

36

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 36 19/04/11 12:11


Tower Hamlets é, aliás, o único dos cinco banhado pelo rio O planejamento urbano e o uso do solo é, a rigor, uma tarefa a
Tâmisa e contém, dentro de si, a maior proporção de minorias ser cumprida pelos conselhos distritais de acordo com o Plano
raciais em território da GLA, além de cobrir grande parte do de Londres, bíblia atualizada e publicada periodicamente que,
empobrecido East End londrino. de resto, todas as quatro instâncias da GLA têm de seguir.
Assim, se algum conselho distrital decidir adotar medidas que
O antigo porto de Londres passa não só por seu território,
não condizem com o Plano, o prefeito da GLA pode vetá-lo.
como também por Newham e Greenwich, além de Southwark.
Hoje, a área de docas está revitalizada e esse distrito de Do ponto de vista funcional, utilizado por especialistas em
nome shakespeariano ainda reparte com a City of London os urbanismo e gestão pública com frequência para definir
endereços da intermediação financeira internacional – fonte áreas metropolitanas, a GLA cobre somente parte da Região
de parte mais que expressiva da riqueza da capital britânica – Metropolitana de Londres – divide esse território com outras duas
através do centro de Canary Wharf. agências, as do Sul e Leste ingleses, sem que exista articulação
automática entre elas em um País onde a concentração de poder
Se a renda domicilar londrina é a maior do Reino Unido, por outro
no governo central é especialmente significativa em detrimento
lado em nenhuma das outras oito regiões da Inglaterra é maior
do regional, como já referido.
a proporção de crianças vivendo em lares de desempregados
– 22,4% em junho de 2010. Conforme com a tendência clara Assim, é em Downing Street – onde despacha o primeiro-
encontrada nas grandes capitais do Ocidente desenvolvido, ministro Cameron – e no Parlamento Britânico que, até hoje, se
Londres é a cidade do País que possui maior incidência de define o fôlego financeiro da GLA e suas parceiras, devidamente
moradores solitários: 31% na mesma data. Exibe também complementado localmente por tributos, tarifas, multas,
maior proporção de aluguel social de moradias do que a média patrocínios e dinheiro coletado no mercado por dívida pública.
nacional como também lidera o podium do custo de vida nas
cidades britânicas.
Londres tem a maior proporção de aluguel social
Mais que isso: convive com índices de criminalidade em
patamares superiores aos exibidos em todo o País: a British de moradias em relação à média nacional e o
Crime Survey, uma pesquisa sobre o assunto realizada na maior custo de vida nas cidades britânicas.
metrópole, calculou estimou recentemente a incidência de
1.000 crimes contra a pessoa para cada 10 mil habitantes,
uma proporção 20% superior à registrada na Inglaterra. A GLA está autorizada a recolher o imposto dos conselhos,
Como se vê, quase 11 anos de criada a GLA, ainda há muito para similar ao imposto territorial do qual imóveis de um só dono
cuidar na região expandida de Londres. Tal a tarefa de Johnson são agraciados com descontos. Seu mais recente orçamento,
e da Assembleia londrina, composta por 25 repretentantes de referente ao ano fiscal 2011-12, soma 13,6 bilhões de libras.
distritos cuja missão é fiscalizar o que decide e fazem o alcaide Foi duramente questionado pelos cortes que implicou já dentro
e a GLA em sua quíntupla estrutura. do esforço de ajuste fiscal imposto pelo governo central que,
no período anterior, respondeu por 52% dos recursos, fatia
Criada por um plebiscito, a GLA nasceu com seus poderes definidos encolhida paga 48%.
em lei específica de 1999, ampliados por sua sucessora, a lei de
2007. Manda no transporte, no policiamento, no desenvolvimento O recuo da participação dos recursos oriundos do governo
econômico e no planejamento urbano, no combate a incêndios e central para a LDA está obrigando a LDA a aumentar tarifas
socorros a outras emergências urbanas. Para cada uma dessas de transporte público e captar recursos através de dinheiro de
atribuições, há um órgão encarregado de entregar à população o fundos suplementares distritais, patrocínios privados e emissão
referido serviço na área expandida de Londres. de papéis de dívida pública. Ou seja, o que não consegue
complementar com tarifas e multas terá que vir do setor privado
Assim, a TfL ou Transport for London responde pelo gerenciamento e do bolso de seus habitantes.
de quase todos os aspectos do sistema de transporte – do
público, ao trânsito e malha viária, além de administrar o A Assembleia, cuja composição atual implica uma bancada
pedágio anti-congestionamento do centro da cidade, uma majoritária conservadora de 11 membros que dá suporte
inovação implantada pela própria GLA. a Johnson – as demais são a trabalhista com oito, a liberal-
democrata com três, a verde com dois e a dos nacionalistas
Já a Metropolitan Police Authority supervisona a MET, ou
britânicos com um representante – e é presidida pela liberal-
Metropolitan Police Service que oferece policiamento à Grande
democrata londrina originariamente integrante do conselho do
Londres. LFEPA, a London Fire and Emmergency Planning
distrito de Richmond-upon-Thames, Dee Doocey, foi direto ao
Authority, administra o corpo de bombeiros e coordena planos
ponto, em fevereiro. Acusou a alocação de cortes e compensações
de emergência.
embutidas na adequação da proposta orçamentária do prefeito
Por fim, a London Development Agency, respondeu pelo de apenas olhar para as próximas eleições, já que o mandato
desenvolvimento da cidade – é a agência que Londres acaba dele termina no mesmo ano olímpico, ou seja 2012.
de perder com a aproximação do final da missão de preparar os
Ao fazê-lo, o comandante da GLA teria deixado obscura a
Jogos Olímpicos de 2012.
compensação, ao longo do quadriênio de ajuste à vista, de
Desde 2007, a própria GLA tem também poderes sobre a cortes nas áreas de policiamento nas ruas, combate a incêndio
gerência de resíduos, o planejamento, habitação, mudança e transportes já neste primeiro ano. Os parlamentares também
climática, saúde e cultura. apontaram que o calçamento de ruas e a segurança viária sofrerá

37

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 37 19/04/11 12:11


com níveis menores de recursos, numa situação que tende a Em 16 de março de 2011, quando Johnson anunciou que
piorar nos anos de 2013, 2014 e 2015. E reclamaram maior lograra negociar junto ao governo Cameron o retorno de 40%
clareza sobre o corte de gastos em serviços compartilhados dos recursos que estão sendo investidos pela GLA nos Jogos
entre os distritos da GLA. Olímpicos, a Assembleia de Londres mostrou-se alerta quanto
Aqui vale lembrar que durante muito tempo a questão da autonomia a qualquer eventual recuo na legislação tributária local: votou
dos distritos dificultou a criação desses serviços compartilhados. moção majoritária contra a conclamação do prefeito para
Mas como a necessidade faz o homem, ao final dos anos 2000, abolição de antiga regra tributária que define em 50% a alíquota
seus dirigentes descobriram subitamente que a união pode, além de imposto territorial para quem ganha mais do que 150 mil
de fazer a força, ajudar a sofrer menos com cortes. libras anuais na Grã-Bretanha – contingente que, em sua grande
Assim, até o final deste ano, Westminster – o distrito que abriga maioria, vive na capital britânica.
o poder britânico além dos melhores parques da capital – e
Hammersmith & Fulham fundirão seus serviços educacionais. Por certo, enfrentar a crise econômica eclodida em 2008 tem sido
Em outubro de 2010, esses mesmos distritos, junto com o dono mais fácil do que poderia ser para Londres, se ela não contasse
do metro quadrado mais caro da cidade – o de Kensington & com a instituição regional da GLA para sua área expandida. Um
Chelsea –, anunciaram intenção de criar um super-conselho corte raso e nacional poderia lhe doer ainda mais já que não
reunindo seus funcionários e orçamentos de modo a economizar haveria como influir diretamente na maneira como seria feito e
custos. Islington e Camden, ambos nítidos redutos trabalhistas recairia sobre a qualidade de vida de seus 33 distritos.
na área central de Londres, já uniram serviços, executivos-
chefes, equipe gerencial e orçamentos. O corpo vivo em que se constitui a vida da região expandida
de Londres busca hoje conviver com tempos paradoxais de
Enquanto os distritos se mexiam, a proposta da Assembleia
oportunidades aparentes e encargos importantes como a
de Londres para o orçamento da GLA foi a de que o prefeito
usasse uma visão estratégica ao longo do tempo ao invés de realização de Jogos Olímpicos e menos disponibilidade de
funcional na tarefa de definir de como cortar gastos e realocar dinheiro público, na praça ou no bolso de seus cidadãos. E tem
recursos. Propugnou cortes de despesas na instituição policial – levado essa metrópole mundial a experiências administrativas
a Metropolitan Police Authority, MET – mas não no policiamento, em grande parte inéditas em sua história.
um dos itens que mais importam aos londrinos e que, desde
2000, foi significativamente reforçado. Também propôs medidas Visivelmente positivo até essa confluência de eventos se dar,
sustentáveis para redução de poluição atmosférica e aumento o saldo da GLA tem se constituído não só na maneira mais
de eficiência energética, além de clareza e cuidado maior no democrática institucionalmente de enfrentá-la até aqui, como a
plano para o aumento das tarifas de transporte. mais criativa – e, muito provavelmente, a melhor.

38

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 38 19/04/11 12:11


Quase três décadas de autonomia e sucesso
institucional metropolitano frente ao desafio
do planejamento integrado

Madri
Como Londres – e a partir de uma trajetória totalmente distinta se reduziu a partir de 2003, mas de acordo com o Instituto
e com competências muito mais amplas –, Madri é a Região Nacional de Estadísticas, INE, somente em 2007, a economia
Metropolitana europeia que mais sucesso obteve até hoje na de Madri avançou menos que a espanhola. Em 2009, quando
gestão da qualidade de vida de seus habitantes. É igualmente a o PIB da Espanha recuou 3,7%, a variação negativa da CAM
melhor institucionalizada. restringiu-se a 1,7%. No ano passado, praticamente estagnada
Expressa na Comunidade Autônoma de Madri, ela reúne, em – 0,3% – a taxa de variação voltou a evoluir menos que a do País
uma área de 8 mil quilômetros quadrados, 6 milhões de – 0,8% –, perdendo inclusive para a Cataluña, cuja evolução de
habitantes em 179 municípios. Foi responsável em 2010 por 1,8% ficou significativamente acima da média nacional.
um PIB de 190,3 bilhões de euros – um quarto inferior ao
da Região Metropolitana de São Paulo, em 2008, e 17,9% Nesses quinze anos, o PIB per capita da Comunidade Autônoma
do espanhol em igual exercício. Tal produção de riqueza lhe de Madri foi o mais elevado da Espanha até 2006. Apenas nos
conferiu no ano passado uma renda percapita de de 29.936 últimos quatro anos, o País Basco, cujo regime institucional
euros, superior à média precebida pelos habitantes dos países diferenciado em relação às demais 16 regiões permite à sua
da União Europeia, inclusive os da própria Espanha, bem como comunidade um regime fiscal diferenciado com arrecadação
a registrada pelos catalães, cuja comunidade autônoma é a que tributária própria, a superou. O dado é claro sintoma da qualidade
maior riqueza produz entre suas 17 pares espanholas. de vida usufruída na Região Metropolitana da capital espanhola.

A experiência dessa Região Metropolitana é reveladora. Em No período de 2000 a 2006, em um cenário em que a CAM
sua área, o total de habitantes simplesmente decuplicou desde expandiu seus empregos, criando 760 mil novos postos e
o século XVII e, entre 1995 e 2005, observou uma expansão enquanto a Espanha vivia um “boom” econômico derivado dos
populacional duas vezes superior à da União Europeia. Entre processos anteriores de sua abertura internacional, adesão
2000 e 2006, seu total de habitantes cresceu 15,4%. Nesse à União Europeia e reformas macroeconômicas e estruturais,
período, acolheu um contingente de imigrantes equivalente à Madri foi palco de medidas político-adminsitrativas ambiciosas
população atual de Santos e majoritariamente formado por que fortaleceram seus recursos humanos, social, institucionais
latino-americanos que, em 2007, representavam 11,6% dos e de infraestrutura.
moradores da Comunidade Autônoma de Madri.
É o que apurou a Organização Econômica dos países
A CAM pode não ter atingido a perfeição em termos Desenvolvidos, a OECD, em 2007 ao fazer sua avaliação
administrativos. Mas foi capaz de garantir avanços relevantes territorial sobre essa Região Metropolitana.
e inequívocos para a melhoria de vida regional – que, mal ou
bem, respondem pelo fato de que, na atual fase recessiva da Alguns exemplos desse progresso:
economia desenvolvida, ela tenha sobrevivido melhor que o
resto do País até 2009. A eficiente rede de transporte público, composta por vias
rodoviárias, ferrovias e metrô, que foi significativamente
De 1996 a 2002, a CAM produziu riqueza em níveis crescentes expandida no período. Só o metrô, ampliou seu alcance ao ritmo
vigorosamente superiores ao desempenho nacional. Esse fôlego de 6% ao ano e dobrou de tamanho em 23 anos. O transporte

39

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 39 19/04/11 12:11


público e a infraestrutura viária são uma das competências do Importante notar que os aportes dos governos central –
governo da CAM – não do governo central espanhol. Aqui, a integralmente –, regional e municipal – quase totalmente –
coordenação está entregue, desde 1986, ao Consórcio Regional consistem em subvenção ao usuário.
de Transportes de Madri – o CRMT. Então, a CAM tinha três anos
Aproximadamente metade da arrecadação do Consórcio vem da
de vida e abrigava 4,8 milhões de pessoas, das quais 3 milhões
venda de assinaturas de bilhetes de transporte, uma novidade
viviam na capital – praticamente igual aos 3,3 milhões de hoje.
implantada no primeiro ano de vida do CRTM, quando 973,9
Ao longo do período, de uma Região Metropolitana em que o milhões de passageiros utilizavam o transporte coletivo de Madri
automóvel reinava soberano, Madri se transformou em sinônimo – em 2009, o sistema transportou 1,528 bilhão de usuários.
de uma estação de metrô para cada um de seus distritos e
Trata-se de uma carteira de bilhetes de uso multimodal ilimitado
uma rede de ônibus diurnos e noturnos, urbana e interurbana
dentro de certa zona e período, vendida antecipadamente.
com cobertura integral nos 175 municípios que compõem a
Seu preço – assim como o dos outros dois tipos de passagem
comunidade. Uma rede de mais de 50 túneis liberou a superfície
vendidos pelo consórcio aos usuários – subiu 3,4% em 2009,
terrestre aos pedestres e transportes coletivos.
abaixo da inflação medida na Espanha pelo índice de preços ao
O resultado é que, hoje, 70% da locomoção no centro de Madri consumidor no período de 4% e dos 3,7% apurados pelo INE na
é feita através destes últimos. Região Metropolitana de Madri.
Composto por um conselho de 23 assentos – dos quais cinco  adri se tornou uma plataforma logística de ponta na Espanha
M
pertencem à CAM, outros tantos à prefeitura do município de do século XXI e o acesso internacional e nacional à região
Madri, quatro a municípios da Comunidade que, voluntariamente, ganhou viabilidade imensamente maior com a expansão do
aderiram ao organismo, três ao governo central, dois a associações aeroporto de Barajas, o maior empregador da CAM em 2007
empresariais, outros dois a entidades de representação sindical e quinto maior em volume de passageiros transportados na
e, por fim, mais dois a associações de usuários –, o Consórcio Europa. Em 2009, registrou um movimento de 48,4 milhões
madrileno foi único para o setor na Espanha até que Barcelona de pessoas – 124% superior ao de Guarulhos, em São
criasse sua Autoridade de Transportes em 1997. Hoje, quase Paulo, e 40% inferior ao de Heathrow, em Londres, o mais
todas as 17 comunidades autônomas espanholas absorveram movimentado do planeta. A previsão é a de que atinja a marca
a concepção e criaram seus organismos de coordenação e dos 70 milhões: em 2010, a despeito da crise econômica,
condução de política para transportes. não só o movimento de passageiros cresceu 2,9%, quanto o
transporte de carga evoluiu 23%.
Para tanto, a CAM está promovendo na empresa de gestão
De onde vem o do aeroporto, até agora de propriedade integral do governo
central e prestes a abrir seu capital, a criação de um Comitê

dinheiro do CRTM? de Desenvolvimento de Rotas Aéreas no Barajas, formado pelos


três níveis de governos – o espanhol, além do comunitário e
municipal de Madri –, a Confederación Empresarial de Madrid
Em sua segunda maior fatia, da própria CAM: 40,9% do total e sua conterrânea, a Cámara Oficial de Comercio e Industria.
2,155 bilhões de euros de recursos disponíveis em 2009.
Tal comitê, a rigor, será uma das filiais da empresa de capital
Pouco menos do que a receita de 865,253 milhões de euros
aberto que o grupo estatal AENA – Aeropuertos Españoles y
arrecadada pelos serviços dos trens, ônibus e metrô aos usuários
Navegación Aerea –, ligado ao Ministério de Fomento espanhol,
madrilenos, equivalente a 41% naquele ano. A prefeitura de
está criando ao aportar-lhe 70% do capital social para que
Madri entrou com o equivalente a 9,29%. E o governo nacional
trate da gestão operacional dos aeportos do País. O grupo
do primeiro-ministro socialista José Luiz Zapatero com 8,43%.
seguirá ocupando-se da navegação aérea, de segurança e da
Empresas locais aportaram 0,7% e até a comunidade autônoma
busca de maior competitividade e produtividade de seus ativos
contígua de Castilla y León, beneficiada pela rede de transporte
aeroportuários diante da concorrência crescente que unidades
coletivo da capital espanhola, contribuiu com 415.079 euros.
como Barajas impõe aos outros operadores de infraestrutura o
Assim, em um ano de recessão econômica, quando o sistema transporte aéreo internacional europeu.
de transporte coletivo de Madri transportou 4,6% menos
Outro diferencial logístico de Madri é a disponibilidade de terra
passageiros – redução de 72,2 milhões de usuários –, a CRTM
dentro de sua Região Metropolitana que conta com 7,2 milhões
fechou suas contas com um lucro de 9,255 milhões de euros.
de metros quadados para armazenagem de mercadorias,
Operacionalmente, sua estrutura consumiu 45 milhões de transporte e logística distribuídas entre nove plataformas
euros. O metrô absorveu 1,067 bilhão de euros, seguido pela especializadas. Nestas, destacam-se os 12 hectares de
porção da malha ferroviaria da Renfe, que atende à Região expansão do aeroporto de Barajas que ampliaram a capacidade
Metropolitana madrilena, cujos gastos somaram 571,168 de movimentar 750 mil toneladas anuais dos 12 hectares já
milhões de euros. O sistema de transporte coletivo em ônibus existentes, um porto seco de 120 mil metros quadrados que
despendeu 410,8 milhões de euros. Em conjunto, seu gasto, liga os quatro principais portos espanhóis – Valência, Bilbao,
somado ao de compensação tarifária, resultou em uma despesa Barcelona e Algeciras por via férrea e um centro internacional de
inferior em 8,8% ao previsto no orçamento. transporte com 110 empresas do setor atuando.
Os aportes governamentais ao consórcio ficaram 8,5% abaixo do Mais: a comunidade madrilena conta com o maior mercado
orçado, com a receita total emagrecendo 8,4% frente ao previsto. atacadista de alimentos da Espanha e de peixe do mundo

40

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 40 19/04/11 12:11


depois de Tóquio, com fluxo diário de 15 mil veículos e cuja área entre a 100 primeiras melhores universidades da Europa no
foi recentemente ampliada em 450 mil metros quadrados. ranking mundial elaborado em 2010 pela Universidade de
 omo atesta o cientista político e urbanista Christian
C Xangai Jiao Tong, na China, contra cinco londrinas.
Lefévre, chefe do programa de mestrado em Estratégias
E ssa qualidade da mão de obra residente na CAM associada
Metropolitanas do Instituto Francês para Assuntos Urbanos da
ao fato de que seu custo é relativamente baixo diante de
Universidade de Paris, a presença de câmaras de comércio
e confederações de trabalhadores no sistema de governança outros centros europeus, a tornou particularmente atrativa
mesocorporativo com as forças econômicas e sociais da CAM, ao capital estrangeiro. A atração de investimento externo foi
através de conselhos, comissões e agências específicas, capaz de lhe reservar três de cada quatro euros investidos
contribuiu para a elaboração de políticas públicas em setores desde 2007 na Espanha, País que ocupa o décimo lugar no
como os de formação humana, desenvolvimento econômico. ranking europeu de investimento direto estrangeiro.
Mais do que boas, as relações com a iniciativa privada são
bem estruturadas – condição que a Greater London Authority “Tal atratividade é devida ao ambiente de negócios amigável que
também provê a Londres. a CAM proporciona ao eliminar entraves burocráticos e adotar
políticas liberais que, ao lado das suas competências, lhe
O comitê que formará a agência da empresa de capital aberto permite gerar um clima de confiança capaz de atribuir agilidade
a gerir a operação de Barajas é um dos claros exemplos disso.
e dinamismo à sociedade e economia madrilenhas”, prefere
A alta qualificação da mão de obra na CAM, fruto inclusive interpretar o diretor geral de Economia, Estatística e Inovação
de políticas metropolitanas já que educação é outra das Tecnológica do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio da
competências da Comunidade. Há, na Região Metropolitana, a Espanha. Ao mesmo tempo, a comunidade responde por 72%
segunda população com grau universitário da Europa, quesito no do investimento espanhol no exterior.
qual apenas Londres a supera, contando com nada menos do
que 14 universidades, frequentadas por 242.756 estudantes. Três áreas de especialização ganharam corpo nessas três
Conforme o INE, entre as comunidades espanholas, apenas o décadas: alguns segmentos da indústria – tais como siderurgia,
País Basco apresenta desde 1991 uma fatia populacional maior metalurgia, química, transporte, elétrica e aeroespacial, –,
de habitantes com grau superior de instrução do que Madri, serviços financeiros avançados e segmentos industriais de
onde este era o caso de 31,5% da população em 2008. média-alta tecnologia, entre os quais a mecânica de precisão.

Vale notar, porém, que apenas duas de suas universidades – a Acusada pelo corte de gastos públicos imposto pelo governo
Autónoma de Madrid e a Complutense de Madrid – figuraram central para dar conta da crise econômica, Esperanaza Aguirre,

41

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 41 19/04/11 12:11


do Partido Popular e atual presidenta da CAM hoje em fim de O maior aporte virá do Imposto de Renda das Pessoas Físicas –
mandato, exultou no início da março de 2011 ao apresentar à pela legislação introduzida em 2009, a comunidade tem direito
Assembleia de Madri, o Legislativo da Comunidade, um balanço a 50% do que for arrecadado dos contribuintes que residem
em que atribuiu à sua região o fato de que a Espanha tenha nela. Daí virá 52,8% do total dos recursos tributários, acima
conseguido fechar 2010 dentro dos limites de déficit público da fatia de que deu conta em 2010. Já o IVA, Imposto sobre
imposto pela União Europeia para o exercício. Valor Adicionado, agora destinado conforme a mesma regra,
contribuirá com quase 27%.
Segundo ela, a comunidade madrilena fechou suas contas com
um déficit de 0,69%, – não apenas abaixo do limite imposto pelo Três quartos da receita tributária da CAM têm destino certo:
governo socialista de Zapatero de 0,75%, como capaz de livrá-la saúde, que deverá absorver 40% do orçamento total, e educação,
de ter de adotar planos de contenção emergenciais este ano tal utilizando pouco mais que a quarta parte do bolo, além dos
serviços essenciais, através de alocação dos recursos no Fundo
qual ocorrerá com todas as outras comunidades espanholas.
de Garantia de Serviços Públicos Fundamentais, mecanismo
Ortodoxo convicto em matéria econômica, o governo da CAM, existente em todas as comunidades autônomas espanholas.
desde 1995 eleito pelo PP e desde 2004 de oposição ao
Outro grande absorvedor de recursos são as obras públicas
governo cental, tem encolhido seus orçamentos nos últimos
e o consórcio dos transportes. O restante é definido como
anos. Ainda segundo Aguirre, enfim, o nível de emprego voltou a Capacidade Tributária Autônoma e deve servir a todas as
crescer há três trimestre na Região Metropolitana que governa e outras competências da CAM, que cuida de temas como
exibe um desempenho histórico recente muito melhor do que o emprego, mulher, imigração, assistencia social, meio
da Espanha ao longo da crise. ambiente, moradia, ordenamento territorial, cultura, turismo,
Em 2009, ano recessivo para a economia espanhola o PIB, o promoção da atividade econômica e empresarial, esportes
desemprego acometeu 7,9% da população economicamente e justiça na Região Metropolitana. Como se vê, uma ampla
ativa do País e 6,25% da residente na CAM, enquanto que no gama de competências metropolitanas.
ano passado, esses percentuais foram de 20% na Espanha e de Além desse espectro de competências que a presidenta da CAM
15% na comunidade madrilena. e os 120 deputados da Assembleia de Madri – 67 dos quais
O orçamento da CAM, para 2011, inclui uma receita de 16,2 pertencentes ao PP da Aguirre – administram, o que determina
bilhões de euros, na qual a arrecadação tributária tem peso a força institucional dessa Região Metropolitana é a trajetória
singular que a criou.
elevado. É o que lhe garante a autonomia financeira que faz
não depender das transferências que possa receber do governo Como o Reino Unido, a Espanha não é uma federação. Mas,
central e da União Europeia. ao contrário de Londres, uma capital que nunca teve governo

42

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 42 19/04/11 12:11


próprio, Madri é um dos 175 municípios que compõem a CAM Envolta em casos de espionagem intrapartidário e escândalos
hoje e como tal, dotado de uma prefeitura. Se o cenário inglês de corrupção mal esclarecidos, Aguirre parte para a disputa de
desde sempre apontava para a prevalência da autoridade um novo mandato à frente da CAM. São tão ruins as relações
local ligada ao governo central, o espanhol, em que pese entre ambos que, segundo Lefévre em conferência recente, os
similaridades territoriais históricas, preferiu organizar-se em um dois dirigentes não se falam e elaboram, cada um de seu lado,
modelo regional políticas e estratégias próprias.
A Região Metropolitana de Madri surgiu com a Constituição de A rigor, no caso mardrilenho, esse embate faz parte do que os
1978, quando ao final do regime franquista, a Espanha criou especialistas chamam de efeitos da infradescentralização nas
um único sistema de autonomia regional garantindo a cada regiões metropolitanas.
comunidade autônoma o exercício do auto-governo. Com o País
Traduzido ao caso espanhol, deu-se o seguinte: como a
dividido em 50 províncias desde 1883, delas derivaram as 17
descentralização do poder nacional não se deu de acordo com
comunidades espanholas.
as regiões metropolitanas propriamente ditas, quem acaba
Sua definição foi inspirada por uma preocupação maior dos mais se beneficiando das comunidades autônomas são os
dois partidos que se formaram à epoca no País ao recuperar municípios e não a área urbana como um todo. A legislação
a democracia: a situacionista Unión de Centro Democratica e mais recente – a lei de 2003 para grandes cidades e o Relatório
o oposicionista que ressurgia após 45 anos de banimento no Branco dos governos locais de 2005 – quase não trata da
regime fraunquista Partido Socialista Obrero Español, o PSOE. escala metropolitana, à exceção do segundo texto citado ao
Com as comunidades autônomas a transição democrática sugerir acordos metropolitanos em bases voluntárias.
buscou, por fim, ao centenário problema das reinvindicações
democráticas das nacionalidades – casos basco e catalão, por Algumas cidades têm criado parcerias com a
exemplo – e as relações do poder central com elas. iniciativa privada e os sindicatos para
A província de Madri, portanto, criada em 1833, pertencia à se auto-desenvolverem depois de terem
região da Nova Castilha – a rigor, apenas uma classificação
territorial da época já que essas regiões não tinham nenhuma sofrido décadas de abandono administrativo.
autonomia política. Foi o medo de desigualdade social e
econômica na comunidade autônoma proposta de Castilla-La Traduzido ao caso madrileno, onde a municipalidade por sua
Mancha que levou à criação de mais uma – a de Madri em vez se divide hoje em 21 bairros ou distritos administrativos,
1983, já com Filipe Gonzàlez, do PSOE, à frente do governo tem-se fatos como o que o relatório da OECD descreveu em
espanhol. Foi a última a nascer – um nascimento “por acaso”, 2007, resumidos abaixo:
como define o expecialista Léfevre. A observação se remete ao
Densamente populosas, cidades como Getafe, Leganés e
fato de que foi excepcional ao previsto na lei, pois criada mesmo
Mostolés têm criado parcerias com a iniciativa privada e os
sem ser uma região natural ou histórica da Espanha.
sindicatos para se auto-desenvolverem depois de terem sofrido
Em seu bojo, além da cidade de Madri, a CAM incluiu o que décadas de abandono administrativo enquanto observavam o
sobrou das comunidades de Castilla-La Mancha e Castilla y León. afluxo populacional de migrantes espanhóis caracteristico do
Compromissado à mesma época, o intento de transformar a milagre econômico do desenvolvimento industrial vivido pela
nova comunidade em uma instituição que cobrisse uma área Espanha nos anos 1960. Em 15 anos, Getafe, por exemplo,
funcional nunca se efetivou. E assim, como recorda Lefévre, sextuplicou sua população para 120 mil habitantes em 1975.
“foi por acaso também que a área metropolitana de Madri Nos anos 1980, a reestruturação da indústria espanhola
ganhou um poder constituído regional que, a longo prazo, desaguou em desemprego crescente para cidades como Getafe
provou ser extenso o suficiente para abrigar a crescente Região com a transferência de fábricas para outras regiões do País.
Metropolitana. Como no texto legal do Estado das Autonomias Auto-denominada capital do Sul da CAM, terminou criando em
as regiões espanholas são previstas como instituições fortes –
1989 uma agência de desenvolvimento local própria, batizada
quase estados federativos em países-confederados –, a área de
de Getafe Iniciativas. Ela atua em infraestrutura e suporte para
Madri ganhou um forte governo metropolitano”.
consultoria, treinamento, empreendedorismo, formação de
A observação crítica que se faz hoje à CAM como Região clusters industriais, telecentros e apoio estrutural à exportação.
Metropolitana, adequadamente institucionalizada, inclui um Boa parte de seus projetos têm contado com recursos financeiros
aspecto que, usualmente, perturba a vida de todas elas mundo da União Europeia, como foi o caso da formação de uma rede
afora. Trata-se da rivalidade entre poderes territoriais constituídos de empreendedorismo latino-europeia baseada no intercâmbio
que se chocam com tais regiões – desde cima ou desde baixo. das melhores práticas de políticas de desenvolvimento local
Frequentemente, o embate resulta em superposição de tarefas entre Getafe e regiões latino-americanas.
e ausência de solução para outras.
Assim, enquanto as incubadoras criadas em Leganés e Móstoles
Como registra o Observatório das Metrópoles, criado pela são coordenadas e financiadas pelo governo regional, em
Universidade Federal do Rio de Janeiro, em análise publicada Getafe, tanto o governo local quanto a CAM, pouco se envolvem.
sobre o caso madrileno, atualmente a CAM tem na prefeitura
de Madri – ocupada por Alberto Ruiz-Gallardón, correligionário Para uma maior ação proativa da CAM e das suas prefeituras
pepista da presidenta Aguirre – seu principal foco de conflito pincipais, natural consequência da descentralização de poder
político-administrativo. local, o que falta é mais coordenação de modo a evitar a

43

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 43 19/04/11 12:11


sobreposição e a duplicação de programas e projetos e a construção civil, que absorveram a maior parte dos imigrantes
garantia de visão estratégica setorial e escala para as iniciativas. de origem não-europeia. Obviamente, isso acentuou a baixa
O número atual de incubadoras, parques de ciência e tecnologia produtividade da força de trabalho madrilena, além de criar a
e sistemas de informação na Região Metropolitana de Madri perspectiva de florescimento do mercado informal, uma antiga
era considerado exagerado pela OECD em seu relatório de chaga bem conhecida da economia espanhola.
2007. O que não impediu seus especialistas de qualificarem Outro desafio reside no uso do solo.
como interessantes e promissoras muitas iniciativas municipais,
como as da Getafe Iniciativas, a da mobilização potencial do Madri herdou de seu passado de falta de planejamento urbano
Fórum de Madri sobre a Sociedade da Informação promovida apropriado uma expansão territorial descontrolada que resultou
pela prefeitura madrilena, e o dinamismo da Agência de em um modelo monocêntrico de desenvolvimento.
Desenvolvimento de Madri, batizada de Madrid Empreende, Desde 1980, esforços consistentes de uma coordenação
que, a seu ver, “não poderia ser enrijecida por uma moldura melhor das políticas de uso do solo e da infraestrutura de
institucional centralizadora que a pusesse debaixo da asa da
transporte foram empreendidos. Mas ainda hoje se ressente da
agência regional, a Imade.”
necessidade de desenvolver oportunidades econômicas fora do
A solução aventada aí seria replicar um pacto territorial no centro da sua Região Metropolitana, formada pelo município, as
estilo do CRTM em que todos os interessados no tema teriam cidades ao sul do primeiro anel que a circunda e as do leste, na
participação em ação subordinada a uma orientação técnico- direção do aeroporto internacional.
profissional com relativa autonomia decisória.
Essa distribuição espacial monocêntrica e atabalhoada viu
Boa parte dos projetos têm recursos financeiros da crescer o uso de automóveis particulares gerando custos de
congestionamentos diários crescentes na mesma proporção
União Europeia, como foi o caso da formação de
em que o seu transporte público se expandia e avançava de
uma rede de empreendedorismo latino-europeia. forma significativa durante os anos de “boom” econômico mais
recentes, interligando a periferia ao centro.
É nesse ponto de sua trajetória administrativa-institucional que a
CAM hoje se defronta com desafios particularmente reveladores Paralelamente, o preço do metro quadrado no centro de Madri
do grau de sustentabilidade do seu sucesso. elevou-se exponencialmente levando as parcelas mais pobres
da população a viver em áreas suburbanas mais distantes.
Um deles está em uma mazela nacional – a baixa produtividade
da mão de obra comparativamente a outras regiões Esse aspecto é particularmente curioso porque deriva de um
metropolitanas e países da União Europeia. congelamento por anos dos preços dos aluguéis na capital
espanhola determinado pelo governo entre 1946 e 1964 e
Além de que as estatísticas a respeito incluem o efeito de ampla de dificuldades legais para retomada de imóveis de inquilinos
dose de regularização da situação de imigrantes ilegais em inadimplentes na Justiça que geraram uma cultura de aversão
meados dos anos 2000, dois outros fatores explicam tal fato à locação imobiliária. De tal forma que, ainda hoje, Madri exibe
segundo a OECD.
a maior proporção de imóveis vazios entre as grandes cidades
O primeiro deles foi o declínio da indústria de alta tecnologia europeias, fenômeno ocorreu recentemente com as facilidades
em participação na atividade econômica madrilena entre creditícias para aquisição da casa própria e um “boom” de
2000 e 2005, derivada do baixo investimento em pesquisa e lançamentos imobiliários por boa parte da década de 2000.
desenvolvimento no País, efetuado majoritariamente pelo setor
Tudo isso resultou na limitação do impacto dos esforços dos
público – em vez da iniciativa privada, como se dá entre seus
governo regionais em criar uma Região Metropolitana policêntrica.
principais concorrentes europeus.
A CAM investiu em infraestrutura extensiva em municípios
Ao mesmo tempo e a despeito de uma importância crescente
perfiféricos como Alcobendas, Las Rozas e Pozueno, ao Norte e
de serviços de conhecimento intensivo na economia madrilena,
ao Oeste, Getafe ou Leganés, ao Sul, Torrejón de Ardoz e Coslada,
uma elevada criação de empregos temporários ocorreu no
ao Leste, enquanto a iniciativa privada tem construído parques
período, bem como de colocações ofertadas nas áreas de
tecnológicos e industriais, além de equipamento comerciais fora
serviços comunitários, sociais e pessoais, tradicionalmente de
da cidade de Madri. Isso ajudou um pouco, mas ainda é grande
baixa produtividade.
a pressão sobre o centro madrileno, com o monocentrismo da
Tudo isso resultou no segundo fator – uma mão de obra Região Metropolitana reforçado pelo desenho radial do sistema
metropolitana empregada em regime duplo, ou seja, uma de transporte, o que torna imperioso um tratamento integrado
parte altamente protegida pelas leis trabalhistas e outra do planejamento espacial.
contratada por curto prazo, modalidade introduzida na
Nó central nessa questão de lograr um planejamento urbano
Espanha em 1984. Em 2006, medidas foram introduzidas
mais integrado é superar a interação entre os níveis municipal
pela CAM para coibir o uso dos contratos de curto prazo, até
e regional que até hoje se dá na base da rejeição ou aprovação
agora com resultados acanhados.
posterior de propostas municipais de uso do solo. Segundo a
O fato é que a crescente e abusiva utilização desse tipo de OECD, o que falta é uma orientação do governo da CAM que
relação de trabalho gerou uma oferta de emprego de baixa deveria estabelecer normas estratégicas para, então, a Prefeitura
especialização, sobretudo nos setores de serviços e de de Madri confeccionar seu plano.

44

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 44 19/04/11 12:11


Quando ocorre interação desse porte na administração consórcio de desenvolvimento do uso do solo entre as prefeituras
madrilena, ou é por conta de iniciativas pontuais e pessoais do sul da Região Metropolitana, a de Madri e o governo regional
de executivos das duas esferas administrativas ou se dão em para a concepção de um crescimento sustentável metropolitano.
setores específicos que logram uma coordenação horizontal e
vertical, através de uma bem delineada estrutura de regras de Tal consórcio conceberia um crescimento sustentável para a
governança metropolitana. Isto, aliás, foi o que se passou no Região Metropolitana que integrasse o uso do solo ao transporte,
caso do Consórcio Regional de Transportes de Madri. ao meio ambiente e à economia local em busca de uma
A OECD recomenda, aqui, mais uma vez, que o modelo do estrutura policêntrica. Em um segundo estágio, mais técnico,
CRTM seja replicado pois seu sucesso se deu não só devido o compartilhamento de informações e o desenvolvimento de
à autonomia administrativo-funcional, mas também pela projetos de interesse mútuo inter-municipal poderiam denotar
conscientização, tanto das prefeituras envolvidas, quanto do um processo de aprender-fazendo que, gradualmente, supriria
governo da CAM e do governo central a respeito da importância a falta tradicional de uma perspectiva metropolitana de
de delegar a elaboração e a implementação de seu projeto a planejamento urbanístico integrado.
corpos técnicos.
Em tempos de crise, déficit público e desemprego em Madri
O tempo é curto para que o problema do uso do solo madrileno e na Espanha como são os atuais, observar até que ponto as
seja resolvido. Ele causa questões de moradia graves com
dificuldades estimularão esse nível de coordenação e vontade
tendência a agravar mazelas sociais, como por em risco a coesão
política entre as esferas da gestão pública da capital espanhola
social, guetificação e outros dramas na vida dos migrantes de
presença tão importante na dinamização vivida nas últimas será, sem dúvida, algo relevante para qualquer homem público,
décadas por Madri. a fim de extrair do processo lições que eventualmente possam
interessar ao desempenho de sua função.
Mas para a OECD, em 2007, um consenso político entre
as esferas governamentais envolvidas poderia articular um Em tempo: 2011 é ano eleitoral para a presidência da CAM.

45

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 45 19/04/11 12:11


A posição da Bancada do PT
O PLC nº 6, de 2005, reorganiza a Região Metropolitana da Comissão de Assuntos Municipais e da Comissão de Assuntos
Grande São Paulo, cria o Conselho de Desenvolvimento, autoriza Metropolitanos. Nosso substitutivo incorpora essa proposta, sem
o Poder Executivo a instituir o Fundo de Desenvolvimento da restrição de número de participantes deputados no conselho.
Região e a criar entidade autárquica, nas condições que E, sem especificar comissões, propõe que não haja direito a
especifica, e dá outras providências correlatas. voto. O relator rejeita as 59 emendas e o substitutivo nº1, mas
incorpora algumas emendas, na forma de subemenda, em seu
O Projeto em questão tem como objetivo reorganizar a RMSP.
substitutivo. (emendas: 4, 8, 16, 17, 22, 27 a 32, 37, 39, 48, 52
Para isso, propõe alguns instrumentos essenciais para o sucesso
e 55), emendas que, da forma como foram incorporadas ao PLC,
da iniciativa: cria o Conselho de Desenvolvimento, autoriza o
pouco alteraram o conteúdo da propositura original.
Poder Executivo a instituir o Fundo de Desenvolvimento e uma
entidade autárquica e cria um Conselho Consultivo.
As diferenças entre o projeto e as propostas de alteração Com intuito de aprimorar a propositura
expressas nos substitutivos e nas 59 emendas apresentadas, original, a Bancada do PT defende:
serão apresentadas a seguir.
O PLC já tramitou em três comissões: CCJ (relator Donisete a criação do Fundo de Desenvolvimento da
Braga), Assuntos Municipais (relator João Caramez) e Assuntos Região e da entidade autárquica na própria Lei
Metropolitanos (relator Mario Reali). Falta a manifestação da (Agência de Desenvolvimento);
Comissão de Finanças e Orçamento.
estabelecimento de um Sistema de Gestão;
O Substitutivo nº1, apresentado pela Bancada do PT durante a
fase de pauta, foi fruto de intenso debate entre assessores da c riação de cinco sub-regiões: Norte, Leste,
Liderança, de gabinetes e, sobretudo, de técnicos e especialistas Sudeste, Sudoeste, Oeste; Inclusão de
no tema. Foi aprimorado no parecer da Comissão de Assuntos representantes da sociedade civil na composição
Metropolitanos, cujo relator foi o deputado Mário Reali. É do Conselho de Desenvolvimento;
com base nesse e no substitutivo da Comissão de Assuntos g arantia da participação de representantes de
Municipais que faremos nossa avaliação. entidades da sociedade civil no Sistema de
O substitutivo apresentado pelo deputado João Caramez, na Gestão da RMSP;
Comissão de Assuntos Municipais, praticamente reproduz a g arantia de participação da sociedade civil
proposta original. A principal “novidade” foi a incorporação da na gestão dos recursos do fundo, através do
Emplasa à dinâmica de reorganização da RMSP, explicitando, Conselho de Orientação;
no artigo 21, as atribuições da empresa, o que fazemos
também em nosso substitutivo. Destaque-se que essa foi g arantia de previsão de recursos financeiros
uma das emendas propostas pela Bancada do PT. Sua nos planos plurianuais, nas leis de diretrizes
proposta acrescenta, ainda, a participação de dois deputados orçamentárias e orçamentos anuais do Estado.
no Conselho Consultivo, indicados pelos seus pares da

46

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 46 19/04/11 12:11


Diferenças entre os pareceres
e o projeto original
Deputado João Caramez Deputado Mário Reali
PLC/Substitutivo da Comissão de Assuntos Substitutivo/Comissão de Assuntos
Municipais Metropolitanos
Autoriza o Poder Executivo a instituir o Fundo de Desenvolvimento Cria o Fundo de Desenvolvimento da Região e a entidade
da Região e a criar entidade autárquica. autárquica.

Sistema de Gestão:
João Caramez Mário Reali
O PLC não se preocupa em detalhar o Sistema de Gestão. Explicita que o sistema visará à implementação da organização
territorial, através de gestão democrática e participativa, exercida
no Conselho de Desenvolvimento, na entidade autárquica e no
Fundo de Desenvolvimento. Determina, ainda, que o Sistema
de Gestão terá por objetivo a promoção do desenvolvimento
socioeconômico, a cooperação entre diferentes níveis de governo e
a redução da desigualdade regional.

Sub-regiões:
João Caramez Mário Reali
Diz que os municípios poderão se agrupar em sub-regiões, Cria cinco sub-regiões: Norte, Leste, Sudeste, Sudoeste, Oeste,
que o Conselho de Desenvolvimento definirá as normas e observando a mesma delimitação estipulada pelo Executivo,
que, após estudo, a Secretaria de Economia e Planejamento quando da subdivisão administrativa das Bacias Hidrográficas
encaminhará ao governador a referida proposta. da RM no Sistema Estadual de Recursos Hídricos e estabelece
a criação do Conselho de Desenvolvimento da Sub-Região
como órgão colegiado de caráter normativo, consultivo e
deliberativo, com participação paritária do Estado, dos municípios
e da sociedade civil. A aplicação deste instrumento deve
ser uma obrigatoriedade, com vistas a possibilitar um maior
aprofundamento tanto dos problemas locais, quanto das questões
comuns a toda a metrópole.

47

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 47 19/04/11 12:11


Conselho de Desenvolvimento:
João Caramez Mário Reali
Inclui representantes da sociedade civil em sua composição,
Confere ao Conselho caráter deliberativo e normativo,
além de colocá-lo em posição superior à entidade autárquica,
sendo composto pelos prefeitos dos municípios da Região
já que, nesta proposta, uma das atribuições da autarquia é
Metropolitana e por representantes do Estado, integrando
fornecer suportes administrativo e técnico necessários ao
a entidade autárquica. Em seu artigo 10, assegura a
funcionamento do Conselho. Além disso, entre as atribuições
participação popular, nos termos do § 2º do artigo 154, da
do Conselho, está: integrar as funções públicas, aprovar e
CE e do artigo 14, da Lei 760/94. O presidente e o vice-
acompanhar a implementação do planejamento metropolitano,
presidente do Conselho serão eleitos pelos seus pares, em
promover a articulação de planos, programas e projetos de
votação secreta dentre todos os prefeitos.
interesse regional e deliberar sobre a aplicação dos recursos
do Fundo de Desenvolvimento. O presidente e o vice-presidente
do Conselho serão eleitos pelos seus pares em votação secreta
dentre todos os membros.

Participação Popular:
João Caramez Mário Reali
Nesse aspecto, o substitutivo avança de forma significativa.
Assegura a participação popular, nos termos do § 2º do
Propõe a participação de 39 representantes de entidades da
artigo 154, da CE e do artigo 14, da Lei 760/94 e prevê a
sociedade civil com reconhecida atuação nas funções públicas
participação popular no Conselho Consultivo, porém remete
de interesse comum à região e define a proporção:
as regras de participação à normatização posterior.
 4 (quatorze) representantes de entidades dos movimentos
1
sociais e populares;
8 (oito) representantes de entidades de trabalhadores;
8 (oito) representantes de entidades empresariais;
 (quatro) representantes de entidades profissionais, de
4
classe, acadêmicas ou de pesquisa;
5 (cinco) representantes de organizações não
governamentais.
Avança ainda mais quando propõe a realização da Conferência
da Região Metropolitana de São Paulo a cada dois anos,
precedida de Conferências Metropolitanas Sub-Regionais.
Esse processo ajuda a fomentar a participação dos vários
segmentos da sociedade. O artigo 24 define os objetivos da
Conferência:
I. eleger os representantes da sociedade civil que deverão
compor o Conselho de Desenvolvimento da Região
Metropolitana de São Paulo;
II. propor diretrizes e avaliar as políticas relativas às funções
públicas de interesse comum de desenvolvimento da Região
Metropolitana de São Paulo;
III. definir prioridades de ação para a Região Metropolitana de
São Paulo.
O artigo 25 define a proporção dos delegados por segmento, a
serem eleitos nas Conferências Metropolitanas Sub-Regionais.
Não propomos a criação do Conselho Consultivo, como faz a
proposta de substitutivo da Comissão de Assuntos Municipais,
já que a participação no Sistema está garantida em outros
instrumentos do substitutivo da Comissão de Assuntos
Metropolitanos.

48

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 48 19/04/11 12:11


Entidade Autárquica:
João Caramez Mário Reali
O Substitutivo cria a autarquia também vinculada à Secretaria
No que se refere à entidade autárquica, a proposta original não de Economia e Planejamento, que figurará como órgão de
a cria de imediato, mas autoriza sua criação pelo Executivo, apoio técnico e administrativo ao funcionamento do sistema de
vinculando-a à Secretaria de Economia e Planejamento. gestão, e define de forma mais completa suas atribuições.

Fundo de Desenvolvimento:
João Caramez Mário Reali
O Substitutivo cria o Fundo, e também o vincula à Secretaria
A exemplo do tratamento dado à autarquia, o substitutivo de Economia e Planejamento com o objetivo de apoiar
autoriza a criação do Fundo de Desenvolvimento, vinculando-o a implementação dos planos relativos ao planejamento
à Secretaria de Economia e Planejamento, dispondo que metropolitano e dar suporte ao sistema de gestão. Nessa
dará suporte financeiro ao planejamento integrado e às proposta, o Conselho de Orientação será composto por 7 (sete)
ações dele decorrentes, no que se refere às funções públicas membros, sendo: 6 (seis) do Conselho de Desenvolvimento da
de interesse comum, prevendo que terá um Conselho de Região Metropolitana de São Paulo, sendo 2 (dois) do Poder
Orientação, que supervisionará a aplicação dos recursos, Público Estadual, 2 (dois) do Poder Público Municipal e 2
sendo que será composto por quatro membros do Conselho (dois) da sociedade civil, indicados entre seus pares, além do
de Desenvolvimento e dois da entidade autárquica. Ainda Diretor Superintendente da entidade autárquica.
segundo o projeto, a receita do Fundo será constituída por
recursos do Estado e dos municípios. Em seu artigo 22, o substitutivo diz que deverão ser enviados,
semestralmente, à Assembleia Legislativa e ao Conselho de
Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo,
relatórios administrativos e financeiros das operações do
Fundo de Desenvolvimento.
Outro aspecto importante é que, enquanto o texto inicial
propõe que o fundo seja composto por recursos do município,
nosso substitutivo propõe que seja de recursos do Estado,
destinados por disposição legal, além, é claro, de outras fontes
definidas na lei.

“Financiamento da Gestão Metropolitana”


João Caramez Mário Reali
O artigo 10, em seu §1°, diz: “As diretrizes, bem como os
Diz que o fundo será composto por recursos do Estado, mas recursos financeiros necessários à implementação do Plano
não faz menção aos planos plurianuais e leis de diretrizes Diretor Estratégico da Região Metropolitana de São Paulo,
orçamentárias e orçamentos anuais. aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento, nos termos
do inciso I do artigo 10 desta lei complementar, deverão
ser previstos nos planos plurianuais, nas leis de diretrizes
orçamentárias e orçamentos anuais do Estado”.
Em nossa opinião, essa é uma questão das mais importantes
para que se consiga, de fato, avançar na integração
metropolitana, afinal, é impossível enfrentar os grandes
desafios colocados para os municípios da RMSP sem aporte
efetivo de recursos do Estado.

49

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 49 19/04/11 12:11


Expediente

Publicação sob responsabilidade dos gabinetes


dos deputados Rui Falcão e Donisete Braga

Produção de textos: Papier Produções e Editora


Editor-chefe: Maria Helena Passos
Repórter especial: Geraldo Hasse
Repórteres: Evanildo da Silveira e Simine Paranhos
Pesquisa: Gilberto Stam

Criação e editoração
Área Comunicação
www.areacom.com.br

Gráfica:
LWC

Tiragem
2.000 exemplares

Maio de 2011

50

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 50 19/04/11 12:11


51

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 51 19/04/11 12:11


Gabinete do Deputado Rui Falcão
Av. Pedro Álvares Cabral, n0 201 - sala 3.011 - CEP:04097-900
Telefone: (11) 3886-6776 - site: www.ruifalcao.com.br
e-mail: gabinete@ruifalcao.com.br

Gabinete do Deputado Donisete Braga


Av. Pedro Alvares Cabral, 201 - Sala 2.115 - 04097-900
Telefone:(11) 3889.8500 - site: www.donisetebraga.com.br
email: dpbraga@al.sp.gov.br

52

2028 CR04 Cartilha Rui Falcão(JR).indd 52 19/04/11 12:11

Вам также может понравиться