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Viktor Kravchenko
Universidade do Algarve
Conteúdo
2 Integrais múltiplos 26
2.1 Integral duplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.1.1 De…nição e existência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.1.2 Interpretação geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.1.3 Propriedades elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.1.4 Cálculo de integrais duplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.1.5 Mudança de variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.6 Integrais duplos em coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2 Integral triplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2.1 De…nição e existência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.2.2 Interpretação geométrica e física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.3 Propriedades elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1
2.2.4 Cálculo de integrais triplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.2.5 Mudança de variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.6 Integrais triplos em coordenadas cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2
Capítulo 1
3
1.1.2 Formas de representação da função
1. Tabela
Se X é um conjunto …nito:
X = fP1 ; P2 ; ; Pm g ;
então a função u = f (P ) pode ser representada na forma duma tabela:
P P1 P2 Pm
u u1 = f (P1 ) u2 = f (P2 ) um = f (Pm )
também pode ser representada na forma duma tabela um pouco diferente de tabela anterior:
y1 ym
x1 f (x1 ; y1 ) f (x1 ; ym )
.. .. .. ..
. . . .
xm f (xm ; y1 ) f (xm ; ym )
2. Representação grá…ca
Ao conjunto
Gr f = f(P; f (P )) 2 X R : P 2 dom f g
chama-se grá…co da função u = f (P ):
Se X = Rn ; onde n > 2; então o grá…co da função u = f (P ) é um conjunto no espaço
n
R R = Rn+1 e n + 1 > 3: Ou seja, não podemos representar este grá…co geometricamente.
Só no caso duma função de duas variáveis o grá…co da função pode ser representado geometri-
camente.
Neste caso denotamos a função por
z = f (x; y)
4
z = x2 + y 2 + 25
Mas, para ter uma teoria rica com aplicações, o conjunto de argumentos X deve satisfazer algumas
condições.
Iremos estudar funções de n variáveis reais (principalmente, de duas variáveis reais). Por isso,
vamos começar por recordar alguns factos sobre espaços lineares (vectoriais) de dimensão …nita.
Com estas duas operações (1.1) e (1.2), qualquer elemento (x; y) de R2 pode ser escrito de
outra maneira:
(x; y) = x(1; 0) + y(0; 1) (1.3)
Os elementos (1; 0) e (0; 1) representam uma base do espaço R2 : Por isso este espaço é bidimen-
sional.
No espaço R2 está de…nida mais uma operação:
5
Com o produto escalar podemos determinar a norma euclidiana do elemento (x; y) 2 R2 :
p p
Norma: k(x; y)k = h(x; y); (x; y)i = x2 + y 2 (1.5)
Neste caso, V (P0 ) é o círculo aberto com centro no ponto P0 e com raio :
Outra representação importante é o espaço dos vectores livres do plano:
Neste último caso, as operações com vectores coincidem com as operações (1.1) e (1.2) de…nidas
no espaço R2 :
Podemos repetir tudo isso (palavra em palavra) para o caso mais geral:
Adição: (x1 ; x2 ; : : : ; xn ) + (e e2 ; : : : ; x
x1 ; x en ) = (x1 + x
e1 ; x2 + x
e2 ; : : : ; xn + x
en ) (1.7)
Multiplicação por um número real: (x1 ; x2 ; : : : ; xn ) = ( x1 ; x2 ; : : : ; xn ): (1.8)
6
Com estas duas operações (1.7) e (1.8), qualquer elemento (x; y) de R2 pode ser escrito de outra
maneira:
(x1 ; x2 ; : : : ; xn ) = x1 (1; 0; 0; : : : ; 0) + x2 (0; 1; 0; : : : ; 0) + + xn (0; 0; 0; : : : ; 1) (1.9)
Os elementos (1; 0; 0; : : : ; 0); (0; 1; 0; : : : ; 0); : : : ; (0; 0; 0; : : : ; 1) representam uma base do espaço Rn :
Por isso este espaço é de dimensão n:
No espaço Rn está de…nida mais uma operação:
Produto interno (escalar): h(x1 ; x2 ; : : : ; xn ); (e e2 ; : : : ; x
x1 ; x en )i = x1 x
e1 + x2 x
e2 + en
+ xn x (1.10)
Notamos que o resultado do produto (1.10) não é um elemento do espaço Rn . É um número x1 x
e1 +
e2 +
x2 x en 2 R:
+ xn x
Com o produto escalar podemos determinar a norma euclidiana do elemento (x1 ; x2 ; : : : ; xn ) 2 Rn :
p q
Norma: k(x1 ; x2 ; : : : ; xn )k = h(x1 ; x2 ; : : : ; xn ); (x1 ; x2 ; : : : ; xn )i = x21 + x22 + + x2n )
(1.11)
Com a norma, por sua vez, determina-se a distância euclidiana:
p
dist ((x1 ; x2 ; : : : ; xn ); (e e2 ; : : : ; x
x1 ; x en )) = (x1 e1 ) ; (x2
x e2 ) ; : : : ; (xn
x en )
x (1.12)
Com esta distância de…ne-se a topologia euclidiana do espaço Rn .
Por exemplo, seja P0 x01 ; x02 ; : : : ; x0n 2 Rn ; vamos dizer que o conjunto
7
1.1.6 Limite das funções
Vamos considerar uma função z = f (x; y) e um ponto P0 (x0 ; y0 ) situado no interior ou sobre
a fronteira do domínio dom f:
Diz-se que o número a é o limite da função f (x; y) quando o ponto P (x; y) tende
para o ponto P0 (x0 ; y0 ) ; se para todo " > 0 existe um número > 0 tal que para todos os
pontos P (x; y) 2 V (P0 ) \ dom f r f(x0 ; y0 )g ; a desigualdade
é satisfeita.
Se o número a é limite da função z = f (x; y) no ponto P0 (x0 ; y0 ) ; escreve-se então
É importante notar que, quando o limite da função z = f (x; y) no ponto P0 (x0 ; y0 ) existe,
então o valor limite da função não depende do caminho percorido pelo ponto P (x; y) quando ele
tende para o ponto P0 (x0 ; y0 ) :
x=1+ x e y =2+ y
e escolhemos
"
=
6
Neste caso, se P (x; y) 2 V (P0 ) ; então
q
2 2 "
max fj xj ; j yjg j xj + j yj < =
6
Portanto
jxy 2j = j2 x + y+ x yj 2 j xj + j yj + j xj j yj < "
para todos os pontos P (x; y) que pertencem à vizinhança V (P0 ) do ponto P0 (1; 2) :
lim x2 + y 2 = 5
x!2
y!1
8
Exemplo 5 Mostre que o limite
y
lim
x!0 x
y!0
não existe.
y
Resolução. Consideremos os valores que toma a função f (x; y) = nos pontos situados sobre
x
a recta y = mx: Temos que
f (x; mx) = m; 8x 6= 0
Portanto o valor limite da função depende do caminho percorido pelo ponto P (x; y) quando ele
tende para o ponto P0 (0; 0) : É por esta razão que o limite não existe.
Exemplo 7 Calcule
2x2 y 2
lim p
x!0 x2 + y 2
y!0
Resolução: 1o método: Temos que
" #
2x2 y 2 x y
lim p = lim 2x p yp
x!0 x2 + y 2 x!0 x2 + y 2 x2 + y 2
y!0 y!0
e
x y
p 1 e p 1
x2 + y 2 x2 + y 2
x y
Isto signi…ca que as funções p e p são limitadas. O produto da função
2
x +y 2 x + y2
2
x = r cos t
y = r sin t
9
2x2 y 2 r2 2 sin2 t cos2 t
lim x ! 0 p = limr!0 = limr!0 r 2 sin2 t cos2 t
x2 + y 2 r
y!0
Temos que
2 sin2 t cos2 t 2 sin2 t + cos2 t 3;
2 2
esta desigualdade mostre que a função 2 sin t cos t é limitada. O produto da função in…nita-
mente pequena (r ! 0) e função limitada é função in…nitamente pequena, por isso
lim r 2 sin2 t cos2 t = 0
r!0
Exercício 8 Calcule
x2 y
lim 2 2
x!0 x +y
y!0
10
1.2 Derivadas e diferenciais
1.2.1 Acréscimo
Consideremos uma função real de duas variáveis reais z = f (x; y) ; um ponto (x0 ; y0 ) 2 dom f e
um número real x tal que (x0 + x; y0 ) 2 dom f :
É usual chamar-se acréscimo parcial ou crescimento parcial da função f (x; y) em
relação a x; à diferença f (x0 + x; y0 ) f (x0 ; y0 ) : Designá-la-emos por
Notamos que, em geral, o acréscimo total não é igual à soma dos acréscimos parciais:
z 6= xz + yz
Exemplo 13 z = x2 y )
(1.13)
Exercício 14 Calcule os acréscimos parciais e o acréscimo total no ponto (x0 ; y0 ) das funções
seguintes:
y
i) z = ; ii) z = cos (xy) ; iii) z = ln (x + y)
x
Teorema 15 A função z = f (x; y) é contínua no ponto (x0 ; y0 ) sse o acréscimo total
z = f (x0 ; y0 ) da função é in…nitamente pequeno quando x ! 0 e y ! 0.
11
1.2.2 De…nição de derivada parcial
Sejam z = f (x; y) uma função real de duas variáveis reais de…nida numa vizinhança do ponto
(x0 ; y0 ) :
Chama-se derivada parcial em relação a x da função f (x; y) no ponto ( x0 ; y0 ) ao
limite do quociente do acréscimo parcial x z em relação a x e do acréscimo x da variável
x; quando x tende para zero.
Designa-se a derivada parcial em relação a x da função z = f (x; y) por uma das notações
seguintes:
@f @z
fx0 (x0 ; y0 ); zx0 ; ;
@x @x
Logo, por de…nição:
@z xz f (x0 + x; y0 ) f (x0 ; y0 )
= lim = lim (1.14)
@x x!0 x x!0 x
Exemplos: 1) f (x; y) = C ( onde C é uma constante), 8 (x0 ; y0 )
xz
) ff (x0 + x; y0 ) = C ^ f (x0 ; y0 ) = Cg ) f x z = C C = 0; 8 (x0 ; y0 )g ) = 0 =)
x
xz @z
lim =0) =0
x!0 x @x
@
(C) = 0; C = Const:
@x
y
2) z = xy; 8 (x0 ; y0 ) ) x z = (x0 + x)y0 x0 y0 = xy0 ) = y0 ;
x
xz @z
lim x!0 = y0 ) = y0 ;
x @x
3) z = sin (xy) ; 8 (x0 ; y0 ) ) x z = sin [(x0 + x)y0 ] sin (x0 y0 ) =
sin (x0 y0 ) cos (y0 x)+sin (y0 x) cos (x0 y0 ) sin (x0 y0 ) = sin (x0 y0 ) [1 cos (y0 x)]+sin (y0 x) cos (x0 y0 ) =
y0 x
2 sin (x0 y0 ) sin2 + sin (y0 x) cos (x0 y0 ) ;
2
y0 x
sin2
sin (y0 x) 2
lim x!0 = y0 ; lim x!0 = 0 =)
x x
@z xz
= lim = y0 cos (x0 y0 )
@x x!0 x
Notando que x z é calculado deixando a variável y sem alteração, pode-se então de…nir a
derivada parcial em relação a x da função z = f (x; y) da maneira seguinte: chama-se
derivada parcial em relação a x da função f (x; y); à derivada em relação a x
calculada supondo y constante.
@
Exemplo 16 [sin (xy)] = y cos (xy)
@x
Do mesmo modo de…ne-se a derivada parcial em relação a y da função f (x; y) :
@z yz f (x0 + x; y0 ) f (x0 ; y0 )
= lim = lim
@x y!0 x x!0 x
12
ou a derivada parcial em relação a y da função f (x; y) é a derivada em relação a y da
função f (x; y) calculada supondo x constante.
@
Exemplo 17 [sin (xy)] = x cos (xy)
@y
z = f (x; y);
y = y0
@z
xz = x + ( x) x (1.15)
@x
Portanto, o acréscimo parcial x z da função z = f (x; y) é a soma de duas funções de variável
x ( y é …xo) in…nitamente pequenas quando x!0:
@z @z
1) A parte principal é x: A função x é linear ( x é um ponto …xo, a variável
@x @x
independente é x).
2) A parte ( x) x é in…nitamente pequena de ordem superior em relação a x:
@z
À parte principal x chama-se diferencial parcial da função z = f (x; y) em relação
@x
a x e designa-se pela notação dx z ou dx f (x; y) :
@z
dx z = dx f (x; y) = x (1.16)
@x
13
O diferencial dx da variável independente x identi…ca-se com o seu acréscimo x:
Portanto a fórmula (1:16) pode ser reescrita na forma:
@z
dx z = dx f (x; y) = dx (1.17)
@x
Da última igualdade segue que
@z dx z
= (1.18)
@x dx
@z @z
É preciso notar que não pode ser considerado como quociente de @z e de @x: considera-
@x @x
dx z
se como um símbolo uno que é a notação para derivada parcial. é quociente do diferencial
dx
parcial dx z e do diferencial dx:
Analogamente de…ne-se
@z
dy z = dy f (x; y) = dy
@y
e
@z dy z
=
@y dy
dx C = dy C = 0; C = Const:
2) z = yx2
dx z = 2xydx e dy z = x2 dy
f (x; y) = A x + B y + ( x; y) ; (1.19)
dz = df (x; y) = A x + B y (1.20)
Teorema 19 Se a função tem todas as derivadas parciais contínuas numa vizinhança do ponto
P; então ela é diferenciável no ponto P e o seu diferencial total é igual a soma de todos os
diferenciais parciais.
14
No caso de uma função de duas variáveis isto é
dz = dx z + dy z
ou
@z @z
dz = dx + dy (1.21)
@x @y
Portanto na fórmula (1:20) temos que
@z @z
A= e B= (1.22)
@x @y
Para as funções de mais variáveis é a mesma coisa. Por exemplo, para a função de três variáveis
u = f (x; y; z) temos que
du = dx u + dy u + dz u
ou
@u @u @u
du = dx + dy + dz
@x @y @z
Exemplo 20 z = x2 y )
dx z = 2xydx
dy z = x2 dy
dz = 2xydx + x2 dy
Notamos que
z = dz + ( x; y) ;
onde ( x; y) = y0 ( x)2 + 2x0 x y + ( x)2 y (ver (1:13) ).
z = dz + ( x; y)
z dz
ou
@z @z
f (x + x; y + y) f (x; y) + x+ y (1.23)
@x @y
2
Exemplo 21 Calcule (2:001) ln 1:1
Resolução: Seja f (x; y) = x2 ln y; x0 = 2; y0 = 1; x = 0:01 e y = 0:1; então
2 @z @z
(2:001) ln 1:1 = f (x0 + x; y0 + y) f (x0 ; y0 ) + (x0 ; y0 ) x + (x0 ; y0 ) y = 0:4
@x @y
2
O erro cometido é (2:001) ln 1:1 0:4 0:381 62 0:4 = 0:018 38
15
1.2.7 Derivada duma função composta
Seja z = f (x; y) uma função diferenciável num domínio aberto : Se as variáveis x e y
também forem funções diferenciáveis:
z = f ['(t); (t)]
diferenciável.
Vamos calcular a derivada desta função composta:
Dando à variável t um acréscimo t; então as variáveis x e y recebem, em virtude das
igualdades (1:24) os acréscimos x e y respectivamente. Com os últimos acréscimos, podemos
escrever o acréscimo total da função z = f (x; y) na forma:
z = A x + B y + ( x; y) ; (1.25)
z x y ( x; y)
=A +B +
t t t t
Se agora t ! 0; então
z dz x dx y dy
lim = ; lim = e lim =
t!0 t dt t!0 t dt t!0 t dt
dz @z dx @z dy
= + (1.27)
dt @x dt @y dt
Se as variáveis x e y são funções diferenciáveis de mais variáveis, por exemplo, de duas
variáveis:
x = '(t; ) e y = (t; ); (1.28)
então temos uma função composta de duas variáveis
z = f ['(t; ); (t; )]
16
diferenciável.
Quando nós calculamos a derivada parcial em relação a uma variável, todas as outras variáveis
são …xas. Portanto o caso com mais variáveis é completamente análogo ao caso de uma variável e
para as derivadas parciais duma função composta vamos ter as fórmulas análogas à fórmula (1:27) :
@z @z @x @z @y
= +
@t @x @t @y @t
@z @z @x @z @y
= +
@ @x @ @y @
(t)
Exemplo 22 Seja z = ['(t)] : Calcule zt0
Resolução: Vamos considerar z = xy ; x = '(t) e y = (t): De acordo com a fórmula
(1:27) vamos ter
dz
= yxy 1 '0 (t) + 0 (t)xy ln x
dt
ou
dz (t) 1 0 (t)
= (t) ['(t)] ' (t) + 0 (t) ['(t)] ln ['(t)]
dt
Derivada total
Se z = f (x; y) e y é uma função de x : y = (x); então z = f (x; y) é, na realidade, uma
função composta de uma variável x :
z = f [x; (x)]
17
@ @z @2z 00 @ @z @2z 00
= = fxy ; = = fyy ;
@y @x @x@y @x @y @y@x
Às duas últimas derivadas chamam-se derivadas mistas.
Por analogia determinam-se e designam-se as derivadas de ordem superior à segunda.
F (x; y) = 0
@F @F dy
+ =0
@x @y dx
18
@F
Logo, se 6= 0; obtemos
@y
@F
dy @x
= (1.31)
dx @F
@y
Se quiséssemos calcular a segunda derivada poderíamos prosseguir na mesma maneira:
d @F @F @F d @F @2F @ 2 F dy @F @F @2F @ 2 F dy
+ +
d2 y dx @x @y @x dx @y @x2 @y@x dx @y @x @y@x @y 2 dx
= 2 = 2
dx2 @F @F
@y @y
e, usando a igualdade (1:31), obteríamos
2 2
@F @F @ 2 F @F @2F @F @2F
2
d2 y @x @y @x@y @y @x2 @x @y 2
= 3
dx2 @F
@y
Analogamente, poderíamos calcular (se existirem) derivadas da ordem superior.
No caso em que a igualdade
F (x; y; z) = 0
de…ne uma função implícita, z = '(x; y); podemos obter da mesma maneira as derivadas parciais
da função. Por exemplo,
@F @F
@z @z @y
= @x ; =
@x @F @y @F
@z @z
e assim por diante.
19
Sistema de equações. Determinante de Jacobi
Vamos supor que as funções
Se o determinante de Jacobi for diferente de zero, então o sistema (1:32) tem uma única solução
@y1 @y2 @ym
que nos dá as derivadas ; ;:::; :
@x1 @x1 @x1
Analogamente podemos encontrar outras derivadas das funções y1 ; : : : ; ym .
20
Exemplo 27 Seja o sistema
x+y+z+u=a
x2 + y 2 + z 2 + u2 = b
que determina z e u como funções de x e y:
Calcule as derivadas parciais destas funções.
Resolução.
1 + 0 + zx0 + u0x = 0
2x + 0 + 2zzx0 + 2uu0x = 0
Vamos supor que o determinante de Jacobi
1 1
= 2 (u z)
2z 2u
21
f (x + x; y + y) =
1 0
f (x; y) + fx (x; y) x + fy0 (x; y) y +
h 1! i
1 00 00 00
+ fxx (x; y) x2 + 2fxy (x; y) x y + fyy (x; y) y 2 +
2! h
1 000 (1.35)
+ f (x + x; y + y) x3 +
3! 000 xxx
+3fxxy (x + x; y + y) x2 y+
000
+3fxyy (x + x; y + y) xi y 2 +
000
+fyyy (x + x; y + y) y 3 ;
e
000 000 000 000
d3 z = d3 f (x; y) = fxxx (x; y) x3 + 3fxxy (x; y) x2 y + 3fxyy (x; y) x y 2 + fyyy (x; y) y 3
@ @
dz = df (x; y) = x+ y f (x; y)
@x @y
2
@ @
d2 z = d2 f (x; y) = x+ y f (x; y)
@x @y
3
@ @
d3 z = d3 f (x; y) = x+ y f (x; y)
@x @y
22
Com estas notações podemos escrever a fórmula de Taylor para qualquer n
1 @ @
f (x + x; y + y) = f (x; y) + x+ y f (x; y)+
1! @x @y
2
1 @ @
+ x+ y f (x; y) +
2! @x @y
n
1 @ @
+ x+ y f (x; y)+
n! @x @y
n+1
1 @ @
+ x+ y f (x + x; y + y)
(n + 1)! @x @y
ou
1 1 1 n
f (x + x; y + y) = f (x; y) + df (x; y) + d2 f (x; y) + + d f (x; y)+
1! 2! n!
1
+ dn+1 f (x + x; y + y)
(n + 1)!
E analogamente para os casos das funções de mais variáveis.
Exemplo 28 Sejam f (x; y) = xy 2 ; x = y = 1; x = 0:1 e y = 0:2:
De acordo com a fórmula de Taylor devemos ter
2 1 2
(x + x) (y + y) = xy 2 + y x + 2xy y +
1!
1
4 (y + y) x y + 2 (x + x) y 2 ;
2!
onde satisfaz (1:34) :
Usando os dados númericos, obtemos a igualdade:
0:004 = 0:012
Daqui segue que na realidade
1
0< = <1
3
23
Teorema 29 (Condições necessárias para a existência dum extremo). Se a função
z = f (x; y) admitir um extremo no ponto P (x0 ; y0 ) ; então, cada derivada parcial de primeira
ordem da função f anula-se no ponto P (x0 ; y0 ) ou então não existe.
Aos pontos onde as derivadas parciais de primeira ordem se anulam chamam-se pontos críticos
da função.
Vamos supor que a função z = f (x; y) tem derivadas de segunda ordem no ponto P (x0 ; y0 )
e denotamos:
@2f @2f @2f
A= (x0 ; y 0 ) ; B = (x0 ; y 0 ) e C = (x0 ; y0 )
@x2 @x@y @y 2
AC B2 > 0 e A<0
AC B2 > 0 e A>0
AC B2 < 0
O caso
AC B2 = 0
é indeterminado.
A = 2; B = 1; C = 2
ou, seja
AC B2 = 3 > 0 e A = 2 > 0
Por isso a função z = x2 + y 2 xy + 2x 4y + 27 no ponto P (0; 2) tem o mínimo:
24
z = x2 + y 2 xy + 2x 4y + 27
25
Capítulo 2
Integrais múltiplos
z = f (x; y)
!1 ; !2 ; ; !m
Denotamos por
!1 ; !2 ; ; !m
as áreas destes domínios.
26
Em cada domínio ! k escolhemos um ponto Pk arbitrário.
À soma
Sm (f ) = f (P1 ) ! 1 + f (P2 ) ! 2 + + f (Pm ) ! m (2.1)
chama-se a soma integral da função z = f (x; y) no domínio :
Consideremos uma sucessão arbitrária de somas integrais
Sm1 (f ) ; Sm2 (f ) ; : : : ; Smn (f ) ; : : : (2.2)
formadas por diversos cortes de em domínios parciais ! k e tais que o maior diâmetro dos ! k
tende para zero quando mn ! 1:
Se existir limite da sucessão (2:2) e este limite for o mesmo qualquer que seja a sucessão (2:2) ;
i.e., se o limite não depender nem do modo do corte de em domínios parciais ! k nem da escolha
do ponto Pk em ! k ; então a este limite único vamos chamar integral duplo da função f (x; y)
sobre o domínio e denotar por
ZZ ZZ
f (P ) d! ou f (x; y) dxdy
Teorema
ZZ 33 Se a função z = f (x; y) for contínua no domínio fechado ; então o integral duplo
f (x; y) dxdy existe.
Volume
Se f (P ) 0; 8P 2 ; então f (Pk ) ! k ; 8k; é o volume do cilindro de base ! k e de altura
f (Pk ) (as geratrizes do cilindro são paralelas ao eixo 0z):
27
Portanto a soma integral
Sm (f ) = f (P1 ) ! 1 + f (P2 ) ! 2 + + f (Pm ) ! m
é soma dos volumes desses cilindros ou o volume do corpo em "escada".
O limite das somas integrais quando os diâmetros de todos os ! k tendem para 0; i.e., o
integral duplo, dá-nos o volume V do corpo limitado pela superfície z = f (P ) 0; o plano
z = 0 e a superfície cilindrica cujas geratrizes são paralelas ao eixo 0z e se apoiam sobre a
fronteira de : ZZ
V= f (P )d! (2.4)
ZZ ZZ ZZ
2. [f (P ) + g(P )] d! = f (P ) d! + g (P ) d!;
3.
ZZ ZZ
f (P ) d! jf (P )j d!
4. Se f (P ) g(P ); 8P 2 ; então
ZZ ZZ
f (P ) d! g (P ) d!
5. Se m f (P ) M; 8P 2 ; então
ZZ
mA f (P ) d! M A ;
28
onde A é a área do domínio :
6. (Teorema do valor médio): Se a função f (P ) for contínua no domínio ; então existe pelo
menos um ponto P0 2 tal que
ZZ
f (P ) d! = f (P0 )A
7. Se o domínio for constituido por dois domínios parciais 1 e 2 sem pontos interiores
comuns, então ZZ ZZ ZZ
f (P ) d! = f (P ) d! + f (P ) d!
1 2
1
z= x+y ; = [3; 4] [1; 2]
ZZ Z4 Z2
1 1
I= dxdy = dx dy
x+y x+y
3 1
Z2
R 1 1
dy = ln jx + yj + C =) dy = ln jx + 2j ln jx + 1j =)
x+y x+y
1
29
Z4 Z4 Z4
I= [ln jx + 2j ln jx + 1j] dx = ln jx + 2j dx ln jx + 1j dx
3 " # 3 3
R 1 R
u = ln t du = dt
ln tdt = t = t ln t t =) ln (x + p) d (x + p) = (x + p) ln (x + p)
dv = dt v=t
(x + p) + C =)
Z4
ln jx + 2j dx = (4 + 2) ln (4 + 2) (4 + 2) (3 + 2) ln (3 + 2) + (3 + 2) = 6 ln 6 5 ln 5 1;
3
Z4
ln jx + 1j dx = (4 + 1) ln (4 + 1) (4 + 1) (3 + 1) ln (3 + 1) + (3 + 1) = 5 ln 5 4 ln 4 1;
3
I = 6 ln 6 5 ln 5 1 (5 ln 5 4 ln 4 1) =)
I = 6 ln 6 10 ln 5 + 4 ln 4
Analogamente,
ZZ Z2 Z4
1 1
I= dxdy = dy dx
x+y x+y
1 3
Z4
1
dx = ln jy + 4j ln jy + 3j =)
x+y
3
Z2 Z2 Z2
I= [ln jy + 4j ln jy + 3j] dy = ln jy + 4j dy ln jy + 3j dy;
1 1 1
Z2
ln jy + 4j dy = (2 + 4) ln (2 + 4) (2 + 4) (1 + 4) ln (1 + 4) + (1 + 4) = 6 ln 6 5 ln 5 1;
1
Z2
ln jy + 3j dy = (2 + 3) ln (2 + 3) (2 + 3) (1 + 3) ln (1 + 3) + (1 + 3) = 5 ln 5 4 ln 4 1;
1
I = 6 ln 6 5 ln 5 1 (5 ln 5 4 ln 4 1) =)
I = 6 ln 6 10 ln 5 + 4 ln 4
1. A ;
ZZ
1
2. V1 = dxdy;
x+y
30
1
z= x+y ; = [3; 4] [1; 2]
ZZ
1
3. V2 = 2 dxdy;
(x + y)
1
z= (x+y)2
; = [3; 4] [1; 2]
ZZ
x+y
4. V3 = 2 dxdy
(x2 + y2 )
31
x+y
z= (x2 +y 2 )2
; = [3; 4] [1; 2]
64 3 1 1 1 1
Respostas: V1 = ln ; V2 = ln ; V3 = arctg arctg
27 2 2 2 3 3
Domínio regular
Domínio regular segundo o eixo 0y Sejam y = c(x) e y = d(x) duas funções contínuas
sobre o segmento [a; b] ; a < b; e tais que
Teorema 37 Se f (x; y) for uma função contínua no domínio regular segundo o eixo 0y; então
ZZ Zb d(x)
Z
f (x; y) dxdy = dx f (x; y) dy (2.5)
a c(x)
Exemplo 38 O domínio
ZZ a é limitado pela parábola y = x2 e pelas duas rectas: y = x + 2
1
e x = 1: Calcule dxdy:
y2
a
Resolução:
32
: y = x2 ; y = x + 2; x = 1
ZZ Z2 Z
x+2 Z2
1 1 1 1 1 3
dxdy = dx dy = dx = + ln ;
y2 y2 x2 x+2 2 4
a 1 x2 1
:y=1 x2 ; y = 4 x2 ; x = 1; x = 1
ZZ Z1 4 Z x2 Z1
A b
= dxdy = dx dy = 4 x2 1 x2 dx = 6
b 1 1 x2 1
Exercício 40 Calcule:
ZZ
1. Ic = xydxdy; onde o domínio c é limitado pelas rectas: y = 2x; y = x 1 e
b
x=1:
33
: y = 2x; y = x 1; x = 1
ZZ
2. Id = (x + y) dxdy; onde o domínio c é limitado pelas parábolas: y = x3 ; y = x4 :
d
: y = x4 ; y = x3
2 1 1 1 1 1 31
Respostas: Ic = ; Id = + =
3 5 6 2 7 9 630
Domínio regular segundo o eixo 0x Sejam x = a(y) e x = b(y) duas funções contínuas
sobre o segmento [c; d] ; c < d; e tais que
a(y) b(y); 8y 2 [c; d]
Ao domínio que é limitado pelas curvas x = c(y) e x = d(y) e pelas rectas y = c e
y = d chama-se domínio regular segundo o eixo 0x:
Teorema 41 Se f (x; y) for uma função contínua no domínio regular segundo o eixo 0y; então
ZZ Zd b(y)
Z
f (x; y) dxdy = dy f (x; y) dx (2.6)
c a(y)
34
Exemplo 42 O domínio é limitado pelas parábolas y 2 = 1 x; y 2 = 4 (2 x) e pelas rectas:
y = 1; y = 1: Calcule a área A do domínio :
Resolução:
: y2 = 1 x; y 2 = 4 (2 x) ; y = 1; y = 1
1 2
2
ZZ Z1 Z4 y Z1
1 2 5
A = dxdy = dy dx = 2 4y 1 y2 dx =
2
1 1 y2 1
y=1 x2 ; y = 1 16x4 ; y = 0
Domínio regular Um domínio regular segundo os dois eixos de coordenadas dir-se-á, simples-
mente, domínio regular.
Corolário 44 Se f (x; y) é função contínua no domínio regular que satisfaz as condições dos
35
teoremas anteriores, então
ZZ Zb d(x)
Z Zd b(y)
Z
f (x; y) dxdy = dx f (x; y) dy = dy f (x; y) dx
a c(x) c a(y)
e cada integral da parte direita da última igualdade pode ser calculado através das fórmulas (2:6)
ou (2:5) :
Resolução:
36
1
1 4y
ZZ ZZ ZZ ZZ ZZ Z0 Z
ydxdy = ydxdy + ydxdy + ydxdy + ydxdy = ydy dx+
4 2 1
2y
1 2 3 4
1 1
2 2y 2 2y
Z1 Z1+y Z1 Z Z4 Z
8 2 2
ydy dx + ydy dx + ydy dx = + + + 9 = 13
3 3 3
0 2+ 12 y 0 1 y 1 2+ 12 y
@' @'
D(x; y) @u @v
J (u; v) = =
D(u; v) @ @
@u @v
37
conserva invariável o seu sinal no domínio u;v : Nestas condições será válida a fórmula:
ZZ ZZ
f (x; y) dxdy = f [' (u; v) ; (u; v)] jJ (u; v)j dudv (2.8)
x;y u:v
x = cos ; y = sin
Temos que
D(x; y) sin cos
J( ; )= = =
D( ; ) cos sin
Por isso, ZZ ZZ
f (x; y) dxdy = f [ cos ; sin ] d d (2.9)
x;y ;
= 1 ( ); = 2 ( )
e os raios
= e = ;
tais que
1 ( ) 2 ( ) e < ;
se em estivece de…nida uma função contínua
z = F ( ; );
ZZ Z Z2 ( )
F ( ; ) d! = d F( ; ) d (2.10)
1( )
f (P ) = f (x; y; z) ; P = (x; y; z) 2 V
38
Dividimos o domínio V em m domínios parciais por superfícies quaisquer:
v1 ; v2 ; ; vm
Denotamos por
v1 ; v2 ; ; vm
os volumes destes domínios.
Em cada domínio vk escolhemos um ponto Pk arbitrário.
À soma
Sm = f (P1 ) v1 + f (P2 ) v2 + + f (Pm ) vm (2.11)
chama-se soma integral da função f (P ) no domínio V:
Consideremos uma sucessão arbitrária de somas integrais
formadas por diversos cortes de V em domínios parciais vk e tais que o maior diâmetro dos vk
tende para zero quando mn ! 1:
Se existe limite da sucessão (2:12) e este limite for o mesmo qualquer que seja a sucessão
(2:12) ; i.e., se o limite não depender nem do modo do corte de V em domínios parciais vk nem da
escolha do ponto Pk em vk ; então a este limite único vamos chamar integral triplo da função
f (P ) sobre o domínio V e denotar por
ZZZ ZZZ
f (P ) dv ou f (x; y; z) dxdydz (2.13)
V V
TeoremaZ Z Z47 Se a função z = f (x; y; z) for contínua no domínio fechado V; então o integral
triplo f (x; y; z) dxdydz existe.
V
Sm = v1 + v2 + + vm
V = Sm ; 8! k ; 8m
39
Massa
Se f (P ) 0; 8P 2 V; então podemos considerar f (P ) como a densidade da distribuição duma
matéria num domínio V: Se vk for bastante pequeno, então o produto f (Pk ) vk ; 8k; é aproxi-
mamente igual a toda a massa do domínio vk : A precisão desta igualdade é melhor, quanto menor
for o domínio vk : Portanto o integral (2:13) é a massa de toda a matéria que se encontra em V:
3.
ZZZ ZZZ
f (x; y; z) dxdydz jf (x; y; z)j dxdydz
V V
7. Se o domínio V for constituido por dois domínios parciais V1 e V2 sem pontos interiores
comuns, então
ZZZ ZZZ ZZZ
f (x; y; z) dxdydz = f (x; y; z) dxdydz + f (x; y; z) dxdydz
V V1 V2
40
2.2.4 Cálculo de integrais triplos
Domínio paralelepípedal
Teorema 48 Se f (x; y; z) for uma função contínua no paralelepípedo V = [a; b] [c; d] [p; q] ;
então
ZZZ Zq Zb Zd
f (x; y; z) dxdydz = dz dx f (x; y; z) dy
V p a c
ou por uma das fórmulas análogas (as variáveis x; y e z podem trocar de lugares).
Exemplo 49 Seja V = [0; 1] [2; 4][0; 3] : Calcule
ZZZ
I= (x + y + z) dxdydz
V
Resolução:
Z4 Z3 Z1 Z4 Z3 Z4
1 3 9
I = dy dz (x + y + z) dx = dy + y + z dz = + 3y + dy = 30
2 2 2
2 0 0 2 0 2
Domínio regular
Domínios regulares são domínios que podem ser representados na forma:
V = [a; b] [c(x); d(x)] [p(x; y); q(x; y)]
ou
V = [a(y); b(y)] [c; d] [p(x; y); q(x; y)]
ou em qualquer uma forma análoga onde um dos segmentos tem limites constantes, outro tem
limites que são funções de uma variável de…nida no segmento com limites constantes e o terceiro
segmento tem limites que são funções de duas variáveis sendo cada uma delas de…nida num dos
segmentos anteriores. Em cada um destes casos as fórmulas do cálculo de integral triplo são
análogas. Por exemplo,
Teorema 50 Se f (x; y; z) for uma função contínua no domínio V = [a(y; z); b(y; z)] [c(z); d(z)]
[p; q] ; então
ZZZ Zq d(z)
Z b(y;z)
Z
f (x; y; z) dxdydz = dz dy f (x; y; z) dx
V p c(z) a(y;z)
Resolução:
Z1 Z1 Zxy Z1 Z1
1
I = xdx ydy dz = x dx y 2 dy =
2
9
0 0 0 0 0
41
2.2.5 Mudança de variáveis
Caso geral
Sejam
x = ' (u; v; w) , y= (u; v; w) e z= (u; v; w) (2.14)
funções diferenciáveis que estabelecem uma correspondência biunívoca e contínua em ambos os sentidos,
entre os pontos dum domínio Vx;y;z do epaço 0xyz e os pontos dum determinado domínio Vu;v;w do
espaço 0uvw:
Com esta correspondência biunívoca ao ponto P (x; y; z) do espaço 0xyz corresponde univocamente
um ponto P 0 (u; v; w) do espaço 0uvw: Aos números u; v e w chamam-se coordenadas curvilíneas
do ponto P:
O determinante de Jacobi do sistema (2:14) :
Temos que
sin cos 0
D(x; y; z)
J ( ; ; h) = = cos sin 0 =
D( ; ; h)
0 0 1
Por isso, se Vx;y;z não contém o ponto (0; 0; 0) ; então
ZZZ ZZZ
f (x; y; z) dxdydz = f [ cos ; sin ; h] d d dh (2.16)
Vx;y;z V ; ;h
42
Capítulo 3
3.1 Curvas
3.1.1 Equação duma curva no espaço
No espaço R3 com o sistema das coordenadas 0xyz vamos considerar uma função vectorial:
! ! ! !
r (t)= (x(t); y(t); z(t)) = x(t) i +y(t) j +z(t) k ; (3.1)
onde
! ! !
i = (1; 0; 0) ; j = (0; 1; 0) e k = (0; 0; 1)
é uma base do espaço R3 :
Quando t varia, as coordenadas x(t); y(t) e z(t) variam e a extremidade do raio vector
!r (t) descreve no espaço uma determinada curva que se chama odografo do vector !
r (t):
Às equações (3:1) chamam-se equações vectoriais da curva.
! ! !
Exemplo 52 1) ! r (t) = (t + 1) i +(t 1) j +t k ; t 2 R; é uma recta.
! ! !
2) ! r (t) = cos t i + sin t j + k ; t 2 [0; 2 ] ; é uma circunfêrencia.
Se as funções x(t); y(t) e z(t) forem contínuas, então à curva chama-se contínua.
43
1. A derivada da soma de funções vectoriais é igual à soma das derivadas dessas funções
vectoriais:
d (!
r1+! r 2) d (!r 1 ) d (!r 2)
= +
dt dt dt
2. Se C é uma constante, então
d (C !r) d (!
r)
=C
dt dt
3. A derivada do produto escalar de funções vectoriais é dada pela fórmula:
d (!
r 1!r 2) d (!r 1) ! d (!r 2)
= r2+!
r1
dt dt dt
A um vector !
e tal que
k!
ek=1
chama-se vector unitário.
44
Se o parâmetro t é o tempo, então
d!r
=!v
dt
é o vector da velocidade do extremo do vector !
r (t) e
d2 !r
2
=!
w
dt
é o vector de aceleração deste extremo.
e sejam A = ! r( ) e B=!
r ( ) a origem e a extremidade de : Efectuemos uma partição de
escolhendo
= t0 < t1 < < tm =
Ficamos com os arcos elementares P\ !
k 1 Pk ; onde Pk = r (tk ); cujo comprimento denotamos por
sk : Temos também uma linha poligonal Lm que liga todos os pontos Pk : O comprimento da
linha Lm é
X X X Ztk
!
compr Lm = Pk 1 Pk = k!
r (tk ) !
r (tk 1 )k = !
r 0 ( )d
tk 1
Zt Zt q
k!
2 2 2
s (t) = r 0 ( )k d = [x0 ( )] + [y 0 ( )] + [z 0 ( )] d
Z Z q
k!
2 2 2
s = r 0 ( )k d = [x0 ( )] + [y 0 ( )] + [z 0 ( )] d
À expressão q
2 2 2
ds = [x0 ( )] + [y 0 ( )] + [z 0 ( )] d
chama-se diferencial do arco.
45
3.2 Elementos da teoria do campo
3.2.1 Campo escalar. Superfície de nível
Seja
u = f (x; y; z)
uma função determinada num domínio V R3 :
Diz-se, neste caso, que no domínio V está de…nido um campo escalar.
Exemplo 54 Se, por exemplo, f (x; y; z) designar a temperatura no ponto P (x; y; z); então temos
um campo escalar de temperatura.
f (x; y; z) = C (3.4)
é uma equação de uma superfície. Superfícies deste tipo chamam-se superfícies de nível.
z = f (x; y);
então
f (x; y) = C
é uma equação de uma linha a que se chama linha de nível.
então
@f @f @f @f
! = @x cos + @y cos + @z cos (3.5)
@l
Chama-se gradiente do campo escalar f (P ) (ou da função f (P ) ) ao vector
@f @f @f @f ! @f ! @f !
grad f = ; ; = i + j + k (3.6)
@x @y @z @x @y @z
46
Comparando grad f com a fórmula (3:21) ; podemos concluir que o gradiente é normal à superfície
de nível (3:4).
!
A derivada dada na direcção l está relacionada com o gradiente pela seguinte fórmula:
@f ! !
! = l 0 ; grad f = l 0 grad f;
@l
!
i.e., a derivada na direcção l é igual à projecção do gradiente da função sobre a direcção em que
se deriva.
! @f
Quando l = grad f a derivada ! toma o seu valor máximo, igual a
@l
s
2 2 2
@f @f @f
kgrad f k = + +
@x @y @z
Portanto, a direcção do gradiente, num ponto dado, é a direcção da velocidade máxima de cresci-
mento da função f (P ) nesse ponto.
Campo potencial
u = f (x; y; z);
grad f (P ) ; P 2 V
47
Ao campo vectorial !
a (P ); P 2 V; chama-se potencial, se existir uma função f (P ) tal
que
!
a (P ) = grad f (P ) ; P 2 V
Neste caso à função f (P ) chama-se potencial do campo.
A0 = A; A1 ; A2 ; ; Am = B
Denotamos
Ak = (xk ; yk ) e xk = xk+1 xk ; k = 0; 1; : : : ; m 1
É importante notar que o vector xk xk+1 ! é a projecção do arco ^ A A
k k+1 e por isso xk
tanto pode ser um número positivo como um número negativo.
Em cada arco da curva L que liga os pontos Ak e Ak+1 escolhemos um ponto A ek = (exk ; yek )
arbitrário.
À soma
x1 ; ye1 ) x1 + P (e
Sm = P (e x2 ; ye2 ) x2 + + P (e xm ; yem ) xm (3.7)
chama-se soma integral da função P (x; y) na curva L em relação ao eixo 0x.
Consideremos uma sucessão arbitrária de somas integrais
formadas por diversos cortes de L em arcos parciais e tais que o maior dos números j xk j tende
para zero quando mn ! 1:
Se existir limite da sucessão (3:8) e este limite for o mesmo qualquer que seja a sucessão (3:8) ;
i.e., se o limite não depender nem da maneira como se corta L em arcos parciais nem da escolha
dos pontos A ek ; então a este limite único vamos chamar integral curvilíneo da função P (x; y)
sobre a curva L em relação ao eixo 0x e denotar por
Z
P (x; y)dx (3.9)
L
48
À soma dos integrais (3:9) e (3:10) chama-se integral curvilíneo do par de funções P (x; y)
e Q(x; y) sobre a curva L e denota-se por
Z Z Z
P (x; y)dx + Q(x; y)dy = P (x; y)dx + Q(x; y)dy (3.11)
L L L
Qualquer par ordenado de funções P (x; y) e Q(x; y) pode ser considerado como uma função
vectorial
! !
F = F (x; y) = (P (x; y);Q(x; y))
Se denotarmos
d!
s = (dx; dy) ;
então, o integral (3:11) pode ser escrito na forma vectorial
Z
! !
F ds; (3.12)
L
! !
onde F d! s é o produto escalar dos dois vectores F e d!
s:
Analogamente, de…ne-se integral curvilíneo sobre a curva espacial L
Z Z Z Z
P (x; y; z)dx + Q(x; y; z)dy + R(x; y; z)dz = P (x; y; z)dx + Q(x; y; z)dy + R(x; y; z)dz
L L L L
49
No caso geral, quando a força não é constante e o ponto material M com a massa m = 1
se desloca ao longo duma curva L do ponto A até o ponto B; o trabalho T feito pela força do
campo é dado pelo integral curvilíneo
Z Z
! !
F d s = P (x; y; z)dx + Q(x; y; z)dy + R(x; y; z)dz
L L
Ao integral curvilíneo duma função vectorial sobre uma curva fechada L chama-se circulação
!
do vector F (sobre esta curva fechada L).
Se os pontos A e B coincidirem, i.e., a curva L for fechada, então para o integral curvilíneo
Z
P (x; y; z)dx + Q(x; y; z)dy + R(x; y; z)dz
L
50
3.3.4 Existência e cálculo de integrais curvilíneos
Suponhamos a curva plana L dada sob a forma paramétrica:
e tal que, quando o parâmetro t se desloca de até ; o ponto (x(t); y(t)) percorre toda a
curva L no sentido indicado.
(Notemos que o número pode ser maior que :) Vamos supor também que a curva L é
suave, i.e, as funções ( 3:13) têm derivadas contínuas:
dx dy
= x0 (t) e = y 0 (t)
dt dt
Com estas condições é válido o teorema seguinte
Z Z
P (x; y)dx + Q(x; y)dy = [P (x (t) ; y (t))x0 (t) + Q(x (t) ; y (t))y 0 (t)] dt (3.14)
L
tal que, quando o parâmetro t se desloca de até ; o ponto (x(t); y(t); z(t)) percorre toda a
curva L no sentido indicado e tal que as funções (3:15) têm derivadas contínuas:
dx dy dz
= x0 (t), = y 0 (t) e = z 0 (t)
dt dt dt
temos que
Z
P (x; y; z)dx + Q(x; y; z)dy + R(x; y; z)dz =
L
Z
[P (x (t) ; y (t) ; z(t))x0 (t) + Q(x (t) ; y (t) ; z(t))y 0 (t) + R(x (t) ; y (t) ; z(t))z 0 (t)] dt
onde L é a elipse
x2 y2
2
+ 2 =1
a b
51
Se escrevermos a equação da elipse na forma paramétrica:
x = a cos t;
y = b sin t;
então, quando o parâmetro t se desloca de 0 até 2 ; o ponto (a cos t; b sin t) a partir do ponto
(1; 0) percorre toda a elipse L no sentido positivo. Temos que
dx
= a sin t;
dt
dy
= b cos t
dt
Portanto
Z
2
I= ab sin2 t + ab cos2 t dt = 2 ab
0
Casos particulares
Suponhamos a curva plana L dada sob a forma:
y = y(x)
e tal que, quando a variável x se desloca de a até b; o ponto (x; y(x)) percorre toda a curva L
no sentido indicado. Neste caso
Z Zb
P (x; y)dx + Q(x; y)dy = [P (x; y (x)) + Q(x; y (x))y 0 (x)] dx
L a
52
Analogamente, se a curva plana L for dada sob a forma:
x = x(y)
e tal que, quando a variável y se desloca de c até d; o ponto (x(y); y) percorre toda a curva L
no sentido indicado, então
Z Zd
P (x; y)dx + Q(x; y)dy = [P (x(y); y)x0 (y) + Q(x(y); y)] dy
L c
Exemplo 58 Calcule Z
xydx + (x2 + y 2 )dy;
L
onde L é o contorno de um triângulo cujos vértices estão nos pontos A(1; 1); B(3; 1) e C(2; 2)
e que é percorrido no sentido positivo.
Resolução:
Z Z3
2 2
xydx + (x + y )dy = xdx = 4
LA;B 1
53
3. LB;C ) fy = x + 4; dy = dx; x deve variar entre 3 e 2g =)
Z Z2 h i
2 2 2
xydx + (x + y )dy = x ( x + 4) + (x2 + ( x + 4) ) ( 1) dx = 5
LB;C 3
5. Z
xydx + (x2 + y 2 )dy = 4 + 5 3=6
L
54
3.3.7 Condições para que um integral curvilíneo não dependa do cam-
inho de integração
Um domínio chama-se simplesmente conexo se toda a curva fechada contida em envolver
somente os pontos de . Vamos considerar integrais curvilíneos sobre curvas que estão contidas
num domínio simplesmente conexo :
Lema 60 O integral sobre uma curva que une dois pontos A; B 2 não depende do caminho
seguido, mas somente destes dois pontos sse este integral é nulo sobre qualquer curva fechada.
Se o integral curvilíneo sobre uma curva que une dois pontos A e B não depender do
caminho seguido, então podemos escrever este integral na forma:
(B)
Z
P (x; y)dx + Q(x; y)dy
(A)
@P
Teorema 61 Sejam P (x; y) e Q (x; y) funções contínuas que têm as derivadas contínuas
@y
@Q
e num domínio simplesmente conexo : Para que o integral curvilíneo sobre qualquer curva
@x
fechada L seja nulo, i.e.,
Z
P (x; y)dx + Q(x; y)dy = 0;
L
no domínio :
Lema 62 O campo vectorial (3:18) é potencial sse as funções P (x; y) e Q (x; y) satis…zerem
a condição (3:17) :
Se o campo 3.18 for potencial e U (x; y) for o potencial deste campo, i.e., se
@U @U
P (x; y) = e Q (x; y) = ;
@x @y
então
(B)
Z (B)
Z
P (x; y)dx + Q(x; y)dy = dU = U (B) U (A)
(A) (A)
55
3.4 Integral de superfície
3.4.1 Superfícies
Plano tangente e normal a uma superfície
Seja
F (x; y; z) = 0 (3.19)
uma equação da superfície :
Diz-se que uma recta é tangente a uma superfície num ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) se ela é tangente
a uma curva qualquer traçada sobre esta superfície e que passe por aquele ponto.
Visto que uma in…nidade de curvas traçadas sobre a superfície passa pelo ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) ;
haverá neste ponto uma in…nidade de tangentes a esta superfície.
Diz-se que o ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) é um ponto singular da superfície se
@F @F @F
(x0 ; y0 ; z0 ) = (x0 ; y0 ; z0 ) = (x0 ; y0 ; z0 ) = 0
@x @y @z
ou se pelo menos uma destas derivadas não existe neste ponto.
Diz-se que o ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) é um ponto simples da superfície se todas as derivadas
@F @F @F
; ; existem, são contínuas no ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) e pelo menos uma é diferente de
@x @y @z
zero neste ponto.
Teorema 63 Todas as rectas tangentes à superfície (3:19) no ponto simples P0 (x0 ; y0 ; z0 ) per-
tencem a um mesmo plano.
Ao plano formado pelas rectas tangentes à superfície (3:19) no ponto simples P0 (x0 ; y0 ; z0 )
chama-se plano tangente à superfície no ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) :
Chama-se normal à superfície (3:19) no ponto simples P0 (x0 ; y0 ; z0 ) à recta perpen-
dicular ao plano tangente nesse ponto.
Se a curva ( 3:1) pertence a superfície (3:19) ; então
F (x (t) ; y (t) ; z (t)) 0
Comparando as derivadas totais de ambos os lados desta identidade, obtemos
@F dx @F dy @F dz
+ + =0 (3.20)
@x dt @y dt @z dt
Se denotamos
! @F @F @F @F ! @F ! @F !
N= ; ; i+ =j+ k;
@x @y @z @x @y @z
! d!r
então a igualdade (3:20) mostra que os vectores N e são ortogonais.
dt
d!r
Se a curva ( 3:1) passa através do ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) ; então o vector (t0 ) é vector
dt
director da tangente (3:3) : Logo o vector
! @F @F @F
N (x0 ; y0 ; z0 ) = (x0 ; y0 ; z0 ) ; (x0 ; y0 ; z0 ) ; (x0 ; y0 ; z0 ) (3.21)
@x @y @z
56
é ortogonal ao plano tangente à superfície no ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) e, portanto, é normal à
superfície (3:19) :
Portanto, a equação do plano tangente à superfície no ponto P0 (x0 ; y0 ; z0 ) é
@F @F @F
(x0 ; y0 ; z0 ) (x x0 ) + (x0 ; y0 ; z0 ) (y y0 ) + (x0 ; y0 ; z0 ) (z z0 ) = 0
@x @y @z
e o vector
! 1 !
n= ! N
N
O produto escalar
! !
n i = n1 (x; y; z)
mostra que
n1 (x; y; z) = cos (n; x) ;
!
onde através de (n; x) está denotado o ângulo entre os vectores ! n e i ou entre a normal à
!
superfície e o eixo 0x com direcções correspondentes às direcções dos vectores ! n e i:
Analogamente,
n2 (x; y; z) = cos (n; y) ; n3 (x; y; z) = cos (n; z) :
Às funções cos (n; x) ; cos (n; y) e cos (n; z) chamam-se cossenos directores da normal
à superfície :
Temos que
cos2 (n; x) + cos2 (n; y) + cos2 (n; z) = 1
Caso z = '(x; y)
Vamos considerar a superfície que é determinada pela equação
z = '(x; y);
57
onde a função '(x; y) tem derivadas parciais contínuas. Neste caso
F (x; y; z) = z '(x; y) = 0
e
@F @' @F @' @F
= ; = e =1
@x @x @y @y @z
Daqui segue que qualquer ponto da superfície é simples.
Se denotamos
@' @'
=p e = q; (3.22)
@x @y
então, de acordo com (3:21) ;
!
N = ( p; q; 1)
e p
!
N = 1 + p2 + q 2
Dividimos o domínio em m domínios parciais por curvas suaves por quaisquer partes :
!1 ; !2 ; ; !m
58
Denotamos por
!1 ; !2 ; ; !m
as áreas destes domínios.
Em cada domínio ! k escolhemos um ponto Pk arbitrário. Corresponde ao ponto Pk (xk ; yk )
um ponto sobre a superfície
Sm = 1 + 2 + + m (3.25)
formadas por diversos cortes de em domínios parciais ! k e tais que o maior diâmetro dos ! k
tende para zero quando mn ! 1:
Se existir limite da sucessão (3:26) e este limite for o mesmo qualquer que seja a sucessão
(3:26) ; i.e., que o limite não dependa nem do modo do corte de em domínios parciais ! k nem
da escolha do ponto Pk em ! k ; então a este limite único chama-se área da superfície :
Designemos por k o ângulo entre o plano tangente k e o plano x0y: Sabe-se da geometria
analítica que
!k = k cos k
ou
!k
k =
cos k
O ângulo k é igual ao ângulo entre o eixo 0z e a normal à superfície no ponto Qk : De acordo
com (3:23) temos que
1
cos k = cos (n; z) = p
1+ p2 (xk ; yk ) + q 2 (xk ; yk )
Por conseguinte p
k = 1 + p2 (xk ; yk ) + q 2 (xk ; yk ) ! k
Substituindo esta expressão na fórmula (3:25) ; obtemos
p p
Sm = 1 + p2 (x1 ; y1 ) + q 2 (x1 ; y1 ) ! 1 + + 1 + p2 (xm ; ym ) + q 2 (xm ; ym ) ! m
59
Portano, se o limite das sucessões (3:26) existir, então é este integral duplo. Lembrando as notações
( 3:22) ; podemos escrever a fórmula para calcular as áreas das superfícies do tipo (3:24) :
s
ZZ 2 2
@z @z
S= 1+ + dxdy (3.27)
@x @y
x= (y; z) ;
então s
ZZ 2 2
@x @x
S= 1+ + dydz
@y @z
yz
e no caso em que
y= (x; z) ;
teremos s
ZZ 2 2
@y @y
S= 1+ + dxdz
@x @z
xz
60
À soma X
Sm = xk ; yek ; zek ) n3 (e
f (e xk ; yek ; zek ) k; (3.30)
onde k é a área de k ; chama-se soma integral da função f (x; y; z) na superfície em
relação ao plano x0y.
Na superfície elementar k
bk = (b
existe pelo menos um ponto A xk ; ybk ; zbk ) tal que
! x;y xk ; ybk ; zbk )
k = n3 (b k
Usando este facto, é possível mostrar que o integral ( 3:32) pode ser considerado como o limite
das sucessões das somas integrais do tipo:
X
0
Sm = xk ; yek ; zek ) ! x;y
f (e k (3.33)
61
onde dxdy faz-nos lembrar o integral duplo. Mas o integral de superfície e integral duplo são tão
diferentes, como o integral curvilíneo e o integral de…nido habitual.
Se nós considerarmos o lado "de cima"da superfície ; i.e., + ; então ! x;y k são positivos
para todo o k: Neste caso a soma (3:33) pode ser escrita na forma:
X
f [e xk ; yek )] ! x;y
xk ; yek ; ' (e k
Portanto ZZ ZZ
f (x; y; z)dxdy = f [x; y; ' (x; y)] dxdy
+
Para o cálculo dos operadores (3:36) e (3:37) usamos fórmulas análogas à fórmula (3:35).
62
À soma de todos os integrais deste género
ZZ ZZ ZZ
P (x; y; z)dydz + Q(x; y; z)dzdx + R(x; y; z)dxdy =
ZZ
[P (x; y; z) cos (n; x) + Q(x; y; z) cos (n; y) + R(x; y; z) cos (n; z)] d = (3.38)
ZZ
P (x; y; z)dydz + Q(x; y; z)dzdx + R(x; y; z)dxdy
chama-se integral de superfície das funções P (x; y; z); Q(x; y; z) e R(x; y; z) sobre a
superfície :
Teorema 64 Seja uma superfície bilateral e regular. Se as funções P (x; y; z); Q(x; y; z) e
R(x; y; z) são contínuas, então o integral (3:38) existe.
N ZZ
X
P (x; y; z)dydz + Q(x; y; z)dzdx + R(x; y; z)dxdy
j=1
j
Usa-se este facto para calcular o integral de superfície: A superfície divide-se em partes
1; 2 ; : : : ; N de tal maneira que cada uma das superfícies 1 ; 2 ; : : : ; N satisfaça as condições
i) e ii) ou as condições análogas em relação aos planos y0z ou z0x:
Forma vectorial
Qualquer terno ordenado de funções P (x; y; z); Q(x; y; z) e R(x; y; z) pode ser considerado como
uma função vectorial
! !
F = F (x; y; z) = (P (x; y; z); Q(x; y; z); R(x; y; z))
! !
onde F !
n é o produto escalar de dois vectores F e !
n:
63
! !
onde xk ; yek ; zek )
F (e xk ; yek ; zek ) é o produto escalar:
n (e
!
xk ; yek ; zek ) !
F (e n (exk ; yek ; zek ) =
xk ; yek ; zek ) n1 (e
P (e xk ; yek ; zek ) + Q (exk ; yek ; zek ) n2 (e
xk ; yek ; zek ) + R (e
xk ; yek ; zek ) n3 (e
xk ; yek ; zek )
!
Vamos supor que F é a velocidade dum ‡uido que atravessa a superfície :
Neste caso, o produto
!
F (exk ; yek ; zek ) ! xk ; yek ; zek )
n (e k
então ao vector
!
@Q @P @R @R @Q @P
rot F = ; ; (3.41)
@z @z @y @x @x @y
!
chama-se rotacional da função vectorial F :
64
Usando o operador r podemos reescrever a fórmula (3:41) na forma mais simples:
! !
rot F = r F;
!
onde r F é o produto vectorial simbólico do vector
@ ! @ ! @ !
r= i + j + k
@x @y @z
!
pelo vector F :
2 ! ! ! 3
i j k
! 6 6 @ @ @ 77=
r F =4
@x @y @z 5
2 P3 Q R 2 3
@ @ " # @ @
@ @ !
!4 !
i @y @z 5 j @x @z + k 4 @x @y 5 =
Q R P R P Q
@R @Q ! @P @R ! @Q @P ! !
i + j + k = rot F
@y @z @z @x @x @y
Campo potencial
O campo vectorial
! !
F = F (x; y; z) = (P (x; y; z); Q(x; y; z); R(x; y; z)) = grad U
sse
!
rot F = 0
ou
@R @Q @P @R @Q @P
= 0; = 0; =0
@y @z @z @x @x @y
65
De acordo com a fórmula de Stokes, se o campo é potencial, então
Z
P dx + Qdy + Rdz = 0 (3.43)
L
P dx + Qdy + Rdz = dU
A igualdade (3:43) mostra que o integral curvilíneo sobre uma curva que une dois pontos A e
B não depende do caminho seguido:
(B)
Z
P dx + Qdy + Rdz = U (B) U (A)
(A)
@P @Q @R
; e
@x @y @z
Com estas condições tem lugar a fórmula de Ostrogradsky-Gauss:
ZZZ
@P @Q @R
+ + dxdydz =
@x @y @z
Z ZV (3.44)
[P cos (n; x) + Q cos (n; y) + R cos (n; z)] d ;
66
Usando o operador r podemos reescrever a fórmula (3:45) na forma mais simples:
! !
div F = r F;
!
onde r F é o produto escalar simbólico do vector
@ ! @ ! @ !
r= i + j + k
@x @y @z
!
pelo vector F :
! @P @Q @R !
r F = + + = div F
@x @y @z
Sob a forma vectorial, a fórmula de Ostrogradsky-Gauss escreve-se
ZZZ ZZ
! ! !
div F dv = F n d (3.46)
V
Campo solenoidal
!
O campo vectorial F chama-se solenoidal ou tubular, se
!
div F = 0
No campo solenoidal o integral de superfície sobre qualquer superfície fechada é nulo. Isto
signi…ca que a quantidade de ‡uido que entra em qualquer domínio V (limitado pela esta
superfície ) é igual à quantidade de ‡uido que sai. Por outras palavras, o campo solenoidal não
contém quaisquer origens de ‡uido.
!
É possível mostrar que qualquer campo vectorial F pode ser representado como a soma
! ! !
F = Fp+ Fs
! !
dum campo potencial F p e um campo solenoidal F s :
Bibliogra…a:
1. N. Piskounov, Cálculo diferencial e integral, volumes 1 e 2
2. Problemas e exercícios de análise matemática, Sob a redação de Demidovitch.
67