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VLADEMIR FERNANDES DE OLIVEIRA JÚNIOR

COMENTÁRIOS DO APOCALIPSE

Vilhena
2009
VLADEMIR FERNANDES DE OLIVEIRA JÚNIOR

COMENTÁRIOS DO APOCALIPSE

Trabalho, referente à sexta jornada,


apresentado ao Seminário Teológico Batista
Nacional de Rondônia para
complementação da carga horária e
avaliação da aprendizagem da matéria de
Apocalipse sob orientação do Prof. Pr.
Itamar.

Vilhena
2009
Dedico aos muitos que me ajudaram e
contribuíram de alguma forma para que
fosse possível a conclusão dessa disciplina.
Agradeço primeiramente a Deus que me
tem abençoado com toda sorte de bênçãos
espirituais, aos familiares, amigos e
professores do SETEBAN.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..........................................................................................................................7

1 – ABERTURA DO LIVRO.....................................................................................................9

2 – CARTA ÀS IGREJAS........................................................................................................11
2.1. – Carta à Igreja de Éfeso.............................................................................................11
2.2. – Carta a Igreja de Esmirna.........................................................................................12
2.3. – Carta à Igreja de Pérgamo........................................................................................12
2.4. – Carta à Igreja de Tiatira...........................................................................................14
2.5. – Carta à Igreja de Sardes...........................................................................................15
2.6. – Carta à Igreja de Filadélfia.......................................................................................15
2.7. – Carta à Igreja de Laodicéia......................................................................................16

3 – DEUS E O CORDEIRO NO TRONO................................................................................18

4 – O LIVRO E O CORDEIRO................................................................................................20

5 – OS SELOS..........................................................................................................................22
5.1. – O primeiro selo........................................................................................................22
5.2. – O segundo selo.........................................................................................................23
5.3. – O terceiro selo..........................................................................................................24
5.4. – O quarto selo............................................................................................................24
5.5. – O quinto selo............................................................................................................25
5.6. – O sexto selo..............................................................................................................25

6 – OS CENTO E QUARENTA E QUTRO MIL SELADOS E A GRANDE MULTIDÃO


COM VESTES BRANCAS......................................................................................................27

7 – AS TROMBETAS..............................................................................................................30

8 – O ANJO E O LIVRO..........................................................................................................35

9 – AS DUAS TESTEMUNHAS.............................................................................................37
7

10 – A MULHER E O DRAGÃO............................................................................................40
6

11 – A BESTA QUE SAIU DO MAR E DA TERRA.............................................................42

12 – O CORDEIRO E OS CENTO E QUARENTA E QUATRO MIL SELADOS; OS TRÊS


ANJOS E A COLHEIRA DA TERRA.....................................................................................44

13 – OS SETE ANJOS E AS SETE TAÇAS DA IRA DE DEUS...........................................47

14 – A MULHER MONTADA NA BESTA............................................................................52

15 – A QUEDA DA BABILÔNIA...........................................................................................56

16 – ALELUIA.........................................................................................................................59

17 – OS MIL ANOS.................................................................................................................61

18 – A NOVA JERUSALÉM...................................................................................................64

19 – O RIO DA VIDA. JESUS VEM EM BREVE! ...............................................................67

CONCLUSÃO..........................................................................................................................70

REFERÊNCIAS........................................................................................................................72
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INTRODUÇÃO

“Já não os chamo de servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez
disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei
conhecido” Jo 15.15. Esta frase citada por Jesus Cristo é bastante verdadeira principalmente
porque ela não ficou apenas na retórica, mas se confirmou na prática. Esta intimidade de
relacionamento, onde não há “segredos” e “mistérios”, se deu por iniciativa de Jesus Cristo.
Ele tinha prazer em fazer conhecida a vontade de Deus e revelar o Pai. Podemos dizer que
uma parte da missão de Jesus Cristo consistiu em revelar o conhecimento sagrado que estava
velado na eternidade.

Um ponto culminante desta revelação foi mostrado ao apóstolo João na ilha de Patmos
e trata das coisas que hão de acontecer. Os planos traçados na eternidade pela trindade foram
manifestados ao apóstolo e transmitidos ao povo de Deus para o conhecimento das épocas
vindouras. Afinal, se era praxe de Jesus Cristo revelar os planos do Pai a seus servos, uma
mensagem de tamanha envergadura não poderia passar “batida”.

Tal mensagem formou o livro que chamados de Apocalipse (gr. Apokalypsis,


revelação). Um escrito peculiar, condensado por linguagem simbólica repleta de metáforas,
comparações, tipos, figuras, etc. o que obriga uma leitura e interpretação mais cuidadosas.

Essa característica não foi feita por mero capricho, o livro seguiu este gênero literário
pelas circunstâncias históricas nas quais surgiu. À época de seu surgimento, no final do
governo do imperador romano Domiciano, a perseguição aos cristãos começou a se
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intensificar. Por um lado os cristãos se desligaram completamente do judaísmo, o que, os


colocava como passiveis de punição frente ao governo romano visto que Roma não autorizava
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o surgimento de novas religiões em seu território. Por outro lado o cristianismo trazia em sua
mensagem o Senhorio único e verdadeiro de Jesus Cristo, o que, novamente era avesso aos
anseios dos governantes romanos que requeriam para si adoração e o “status” de divindade.
Nesta conjectura, é fácil perceber que a perseguição tenderia a aumentar nos próximos anos.
Como alertar aos cristãos sobre essa realidade? O método foi através de uma mensagem
escrita que transcorresse o território romano e alcançasse às igrejas. Essa mensagem não
poderia ser um texto simplesmente literal, pois caso isso acontecesse Roma o interceptaria.
Essa mensagem, em outras palavras, foi codificada para que apenas os servos de Cristo
pudessem entendê-la. A revelação foi útil para os cristãos daquela época, mas pela suprema
sabedoria divina essa mensagem também teve um cunho profético mais amplo e neste sentido
ela chegou até nós hoje.

Compreender esta profecia não é um trabalho tão fácil ou que possa ser realizado por
meios meramente humanos e intelectuais. Por ser uma profecia o meio de iluminação da
mesma é inevitavelmente espiritual. Outra característica da profecia é que não se prende a
marcas temporais, ela transita livremente através dos séculos, cumprindo sua função de alertar
aos cristãos profeticamente até o momento do “kairós” (tempo de Deus, não cronológico)
reservado para seu cumprimento.
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1 – ABERTURA DO LIVRO

A abertura do livro de Apocalipse (capítulo 1) mostra o fato de que Jesus Cristo


revelou ao seu servo João as coisas que iriam acontecer e João dá testemunho do que viu
através da mensagem enviada às sete igrejas (representativas) da província da Ásia.

Após esta introdução há uma saudação às igrejas e uma doxologia, um louvor ao


Senhor Jesus: “Eis que ele vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o
traspassaram; e todos os povos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será! Amém.

João narra que estava preso na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do
testemunho de Jesus e no dia do Senhor estava, no Espírito, e ouviu uma voz dizendo para ele
escrever o que veria e enviar às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes,
Filadélfia e Laodicéia. João olhou para ver quem falava com ele e teve uma visão de sete
candelabro de ouro e entre os candelabros alguém “semelhante a um filho de homem”. Neste
momento João tenta descrever a aparência do Filho do homem: “com uma veste que chegava
aos seus pés e um cinturão de ouro ao redor do peito. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos
como a lã, tão brancos quanto a neve, e seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés eram
como o bronze numa fornalha ardente e sua voz como o som de muitas águas. Tinha em sua
mão direita sete estrelas, e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era
como o sol quando brilha em todo o seu fulgor.” João afirma que quando o viu caiu como
morto aos pés dele. Então, esta pessoa que ainda não mostrara definitivamente sua identidade,
toma João pela mão direita e diz: “Não tenha medo” e se revela: “Eu sou o Primeiro e o
Último. Sou Aquele que Vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E
tenho as chaves da morte e do Hades.” Então fala para João escrever as coisas que viu e as
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que veria e explica que as sete estrelas que João viu e os sete candeeiros significam,
respectivamente, os sete anjos das sete igrejas e as sete igrejas.
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2 – CARTA ÀS IGREJAS

As cartas seguem basicamente a seguinte estrutura: “cada carta começa com uma
revelação de Jesus acerca de si mesmo, e com um elogio, seguido normalmente por uma
admoestação e por um desafio.” (HORTON, 2005, p. 26)

2.1. – Carta à Igreja de Éfeso

A carta se inicia, como mostrado anteriormente, com uma revelação de Jesus. Jesus é
Aquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os sete candelabros de ouro,
ou seja, Jesus é Aquele que tem autoridade sobre a Igreja. O elogio vem em seguida:
“Conheço as suas obras e o seu trabalho árduo e a sua perseverança.” Éfeso é elogiada pelo
trabalho, pela fidelidade, por não tolerar homens maus e por à prova os falsos apóstolos.
Também Éfeso suportou o sofrimento e não desfaleceu. A admoestação vem em seguida:
“Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor.” Sobre tudo Éfeso
parece ter se perdido em coisas secundárias e esquecido do principal que era o “primeiro
amor”. O desafio seria então “Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio”. O
desafio é do arrependimento. Éfeso deveria se espelhar nas práticas do passado, quando eram
motivadas pelo amor ao Senhor. Caso não ouvissem à voz do Senhor uma punição estava
esboçada: “tirarei o seu candelabro do lugar dele”. Tirar algo de seu lugar significa tirar a
existência. Nada existe sem um lugar determinado para existir. Ou algo que existia e foi
arrancado de seu lugar já não existe naquele lugar. Se a igreja de Éfeso fosse arrancada de
“seu” lugar, onde seria colocada? É uma indicação de que não teria mais existência. Tal
conselho, portanto, não deveria ser ouvidado. No final da mensagem há uma proclamação de
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recompensa: “Ao vencedor darei o direito de comer da árvore da vida, que está no paraíso de
Deus.” A imagem se transporta para o paraíso e a recompensa é a desejada árvore da vida.
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Não só nesta parte final da mensagem aparece um paralelo com o paraíso, mas
olhando a totalidade da mensagem por este prisma podemos perceber outros paralelos
interessantes. Éfeso, como igreja primitiva, vivia na condição originária com Deus assim
como a humanidade, representada por Adão e Eva. Quando Éfeso é exortada a se lembrar
“onde caíste”. É provável que a menção da queda faça novamente alusão à queda ocorrida no
paraíso. Quanto à remoção de Éfeso de seu lugar, também há uma provável alusão à expulsão
ocorrida no paraíso.

2.2. – Carta a Igreja de Esmirna

Jesus aqui se revela como o Primeiro e o Último que morreu e tornou a viver. Esta
revelação por si é material suficiente para deleite e longa meditação. A declaração de ser o
Primeiro e o Último fixa a eternidade de Jesus Cristo o fato de mencionar sua morte alude à
grande vitória, pois Ele está vivo! Ele venceu o grande e temível inimigo da humanidade. O
elogio é pela riqueza de Esmirna. Não a riqueza material – pois eles eram pobres,
provavelmente porque a perseguição chegava a afetar seus empregos – mas a riqueza
espiritual. A mensagem ainda alerta a comunidade quando prenuncia o sofrimento em que
alguns serão lançados em prisões pelo Diabo e sofrerão perseguições. Mas a voz que
transpassa a tudo isso encoraja bradando: “Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da
vida”. Coroa aqui é uma palavra usada em contexto olímpico. A coroa de louro era dada ao
atleta vencedor. A coroa simboliza vitória. O interessante é que ela é dada após a morte dos
perseguidos. Isso indica que mesmo após a morte eles seriam vencedores! E, por serem
vencedores não passariam pela segunda morte. “O vencedor de modo algum sofrerá a segunda
morte.” É interessante perceber que não há admoestação a esta igreja.

2.3. – Carta à Igreja de Pérgamo

Jesus se mostra como aquele que tem a espada afiada de dois gumes. E passa a
comentar que o lugar de habitação de Pérgamo é o trono de Satanás.

Pérgamo era a capital romana das províncias da Ásia na ocasião em


que João teve a visão do Apocalipse. Na acrópole da cidade, estava o
grande altar a Zeus, o chefe das divindades gregas. Em suas
redondezas, ficava o elegante templo dedicado a deusa Athena. Fora
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dos muros da cidade, localizava-se o santuário ao deus da medicina,


Esculápio, que ostentava como símbolo uma serpente. [...] a cidade
era, de fato, um centro tanto de idolatria, como de perseguição aos
cristãos. (HORTON, 2005, p. 34)

O motivo de elogio reside no fato de que Pérgamo permaneceu fiel ao nome do Senhor
e não renunciou à fé mesmo quando Antipas foi morto. Contudo, em Pérgamo haviam pessoas
que “se apegavam aos ensinos de Balaão”. Nesta repreensão está em vista a doutrina de
Balaão, esta figura do Antigo Israel que ensinou a Balaque a armar ciladas contra os israelitas,
induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual, volta a
ser representada por causa de seu ensino pernicioso. Como Pérgamo estava “cercada” pela
idolatria, a Igreja devia se posicionar de forma firme contra as tentativas de introdução da
idolatria e imoralidade dentro de sua comunidade. A pesar de ter sido fiel como um todo, esta
atitude indefinida quanto a um problema grave poderia causar grandes prejuízos. Israel foi
exemplo disso no passado! Balaão tentou amaldiçoar por várias vezes Israel e não conseguiu,
contudo ensinou a Balaque a induzir o povo a pecar com idolatria a prostituição! Um exército
temido por muitos foi vencido por algumas mulheres! Balaão não utilizou “um canhão” a
estratégia foi simples e pequena, portanto o mesmo paralelo se enquadra aqui, não é
necessário algo grande, mas pequenas coisas perniciosas que não são tratadas podem
igualmente provocar grande ruína à igreja. Caso o conselho não fosse ouvido o Senhor lutaria
contra os idólatras com a espada de dois gumes já citada.

A voz do Espírito se faz presente e anuncia que o vencedor terá direito ao maná
escondido e ganhará uma pedra branca com um novo nome nela inscrito conhecido apenas
por aquele que o recebe. O maná entra neste contexto para se opor aos alimentos sacrificados.
Enquanto os infiéis se alimentam com comidas de oferendas idólatras, aos vencedores abre-se
a oportunidade de se alimentar do maná, o Pão Vivo que desceu do céu. Este é um indicativo
de que Cristo partilhará sua própria natureza, pois Ele é o verdadeiro Maná. Sobre o
significado da pedra branca:
Os vencedores nas olimpíadas eram honrados ao extremo
quando retornavam à sua cidade natal, e provavelmente também eram
recompensados através de objetos de valor ou reduções de impostos.
Necessitavam, porém, de uma autenticação. Para esse fim eles
recebiam, por ocasião das honrarias em Olímpia, além da grinalda de
louros também tabuletas de mármore branco com o seu nome.
Receber a pedra branca explica-se, portanto, como elemento da
homenagem ao vencedor. (POHL, 2001, p.120)
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Outros intérpretes sugerem sentidos diferentes para esta figura, contudo pensamos que
a posição oferecida por Pohl é bastante coerente.

Como promessa ainda há o fato da mudança de nome quando o Senhor promete dar
outro nome. O significado do nome é bastante conhecido na Bíblia. O nome representa o
caráter ou característica de algum ser. Quando mudamos o nome estamos afirmando uma
mudança de caráter, uma mudança de projeto (Abraão, Gn 17.5; Jacó, Gn 32.28). Quando
falamos em um novo nome estamos nos referindo a uma nova existência criada por Deus.

2.4. – Carta à Igreja de Tiatira

O Filho de Deus tem olhos como chama de fogo e os pés como bronze reluzente.
Assim Ele se apresenta. E por ter olhos como chama de fogo consegue ver plenamente as
ações de seu povo. De tal modo, Ele pode falar da boa obra: “conheço as suas obras, o seu
amor, a sua fé, o seu serviço e a sua perseverança, e sei que você está fazendo mais agora do
que no princípio” como também das falhas: “tenho contra você isto: você tolera Jezabel,
aquela mulher que se diz profetisa. Com os seus ensinos, ela induz os meus servos à
imoralidade sexual e a comerem alimentos sacrificados aos ídolos.”

Diante do erro por parte da Igreja e após um prazo para arrependimento não
correspondido, o Senhor decide punir Jezabel com uma enfermidade, bem como fazer sofrer
todos aqueles que com ela se envolveram, mas aos que não se envolviam com esta doutrina é
prometido que nenhuma carga lhes afligiria e são orientados a permanecerem firmes na fé.
Todas as Igrejas iriam saber que o Senhor é aquele que sonda mentes e corações e retribui a
cada um de acordo com as suas obras.

É prometido que “àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade
sobre as nações”. Para quem não crê na existência de um milênio literal onde Cristo reinará
encontra sérias limitações quanto à interpretação desse texto. Onde seria exercida essa
autoridade sobre as nações se não houver o milênio? Contudo pensamos que Cristo reinará
pós a Grande Tribulação e permitirá que compartilhemos de seu poder, autoridade e governo,
desfrutando plenamente de seu triunfo, e ajudando-o a pastorear às nações. O salmo 2 afirma
que Deus dará a seu Filho as nações por herança, e os fins da terra por sua possessão. Além
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disso o Senhor dará a estrela da manhã ao vencedor. Estrela da manhã aqui é um símbolo de
vitória e soberania de acordo com o contexto.

2.5. – Carta à Igreja de Sardes

Jesus chama a atenção da igreja de Sardes para o fato de Ele ter os sete Espíritos de
Deus (Is 11.2-5). Jesus tem nas mãos também as sete estrelas, que são os mensageiros, ou
pastores das sete igrejas. O Senhor não faz nenhum elogio à igreja de Sardes como um todo,
mas repreende-a. A Igreja “vive” tipicamente por aparência. Tinha boa fama, obras, e
reputação. Os de fora a consideravam espiritual, cheia de vida. No entanto Jesus não vê como
vê os homens. Jesus não vê aparência, mas a essência. E a essência deixou a desejar. Por isso
o veredicto viria de forma não tão favorável: “Conheço as suas obras; você tem fama de estar
vivo, mas está morto.” Ao dar-lhes esta orientação Jesus exigia que se arrependessem e utiliza
a promessa de sua vinda para reforçar sua mensagem. Ao que parece a Igreja estava
negligenciando também o ensino sobre a segunda vinda de Jesus.

Contudo, haviam algumas pessoas que eram exceções e Jesus as considerava dignas de
andarem com Ele “de branco”. Espiritualmente falando o branco significa pureza, pureza
conquistada pelo sangue do Cordeiro. Os vitoriosos terão o mesmo privilégio de serem
vestidos de branco. Além disso, seus nomes não serão riscados do livro da vida e Jesus os
confessará diante do Pai e diante dos anjos, confirmando que eles de fato lhe pertencem.

2.6. – Carta à Igreja de Filadélfia

Dentre as sete igrejas Filadélfia parece ser a mais perfeita. Na mensagem dirigida a ela
também não encontramos repreensão, pelo contrário vemos elogios referentes à suas boas
obras. Provavelmente por causa da pouca força da igreja Jesus exercita sua autoridade real
simbolizada pelas chaves de Davi e coloca uma porta aberta à frente desta comunidade.
Então, tudo o que a igreja precisava fazer era entrar por esta porta. Apesar do pouco poder, a
igreja de Filadélfia ainda guardava a Palavra de Deus, e recusava-se a negar o nome de Cristo
diante da perseguição satânica promovida pelos judeus não convertidos. Filadélfia era uma
igreja obediente e fiel que continuava a testemunhar de Jesus e das verdades do Evangelho.
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Os que se opõem à igreja são chamados aqui de sinagoga de Satanás. A eles é


vaticinado uma punição: “Farei que se prostrem aos seus pés e reconheçam que eu o amei”.

Visto que Filadélfia guardou a Palavra do Senhor com perseverança o Senhor também
prometa guardar a igreja da hora da provação que está para vir sobre todo o mundo. Este
versículo é entendido como uma promessa de livramento de toda a Igreja quanto aos
acontecimentos da Grande Tribulação. É um versículo que causa grande controvérsia, pois há
interpretes que entendem que a igreja pode passar pela Grande Tribulação, pois a tribulação é
uma realidade na vida da igreja desde sua fundação o que acontece é que o Senhor sempre
guarda a igreja e dá vitória nas tribulações. Portanto, existem vários argumentos referente às
duas posições.

Para os que são fiéis, que continuam a obter vitórias pela fé, há um lugar de altíssima
honra e estabilidade permanente como coluna no santuário divino. Coluna não alude à função
de sustentáculo, mas uma função de sinal. Ela é uma testemunha destacada, visível de longe, e
impossível de derrubar. Depois do testemunho fiel apesar da pouca força, o vencedor será
agora uma testemunha glorificada de Deus.

2.7. – Carta à Igreja de Laodicéia

Jesus identifica-se aos crentes de Laodicéia como “o Amém”. Esta palavra hebraica
significa “verdadeiramente”. Sua raiz traz a idéia de firmeza, certeza, segurança na fé. Jesus
também afirma ser a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus.

Mais uma vez Cristo afirma conhecer as obras da Igreja. Neste caso a Igreja é
comparada a água morna. Não é nem fria nem quente, ou seja, não há uma definição da igreja.
É uma igreja que professa a Cristo, mas vive na independência dEle. O conselho é que melhor
seria que a igreja fosse fria ou quente, pois porque é morno está a ponto de ser vomitada da
boca do Senhor. A igreja se considera rica e não necessitada.
Laodicéia era um rico centro de comércio. A prosperidade era
a causa da mornidão daquela igreja. Eles haviam se tornado ricos e
cheios de bens materiais. Com o dinheiro que já tinham,
multiplicavam ainda mais suas posses. Estavam, agora, tão envolvidos
com a vida material que eram induzidos a negligenciar a espiritual.
(HORTON, 2005, p. 58)
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Muitas vezes essa igreja é tipificada por alguns como uma representação da igreja
Moderna/Pós-Moderna. Uma igreja próspera como instituição e falida como corpo espiritual
de Cristo. Uma igreja de muita aparência e pouca essência. Jesus afirma que Laodicéia é, ao
contrário do que ela pensa: “miserável, digna de compaixão, pobre, cega, e que está nua.”
Espiritualmente o diagnóstico não foi tão promissor. A igreja estava pobre espiritualmente,
cega por não conseguir ver a verdade e julgar a realidade em que vivia, estava nua como
símbolo de vergonha.

Jesus passa em seguida a desafiar a igreja a mudança de atitude. Não há elogios a esta
igreja também, mas um panorama de esperança e solução é delineado. Jesus aconselha à
igreja, em vez de procurar as riquezas deste mundo, comprar dEle “ouro provado pelo fogo”.
Ou seja, buscar nEla a verdadeira santidade. É interessante notar que nesta “transação” a
compra não é realizada por meio de pagamento com dinheiro, mas sim com a fé que conduz a
graça de Deus. A fé que notoriamente estava tão enfraquecida deveria ser reativada para a
concretização desta transação. Além do ouro era necessário para Laodicéia adquirir roupas
brancas para esconder sua vergonhosa nudez e colírio para ungir os olhos e poder enxergar. A
repreensão é justificada, pois o Senhor repreende e disciplina a quem ama.

As palavras finais de Jesus Cristo à igreja de Laodicéia são uma outra demonstração
maravilhosa de seu amor. Jesus coloca-se a si mesmo do lado de fora da porta da igreja, e bate
repetidamente, esperando que alguém lhe responda. Apesar de havê-los advertido
severamente, seu desejo real não é cuspi-los fora de sua boca, mas “cear” com eles. Jesus está
buscando a restauração da comunhão.

“Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu
também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono.” Jesus, depois de haver conquistado a
vitória na cruz, já ressurreto, subiu aos céus, onde passou a ocupar o trono de seu Pai. Ele
“sentou-se” à destra de Deus. Quando Deus vir que o tempo é chegado, então Jesus voltará
triunfalmente, e porá seus inimigos como estrado de seus pés, isto é, derrotá-los-á
completamente e reinará sobre a terra em cumprimento às profecias, implantando o reino
eterno. A Igreja, como esposa de Cristo, compartilhará dos resultados e da autoridade de
Cristo.
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3 – DEUS E O CORDEIRO NO TRONO

Ao apóstolo João foi delegada a responsabilidade de escrever sobre as coisas que “viu,
tanto as presentes como as que acontecerão”. Neste momento ele passa a ter a visão das coisas
que acontecerão. A figura central desta visão é o trono de Deus.

Depois dos acontecimentos iniciais, João vê uma porta aberta no céu e a voz que tinha
ouvido anteriormente fala com ele dizendo para que ele subisse até lá. É importante pensar
nesta “porta aberta” no céu, pois por ela transitarão muitos acontecimentos. Constantemente a
figura do céu aberto nas Escrituras indica a iminência da execução dos planos de Deus, ao
contrário, o termo céu fechado ou céu de bronze indica a ausência do agir de Deus. João é
chamado a “subir” para lá e contemplar as coisas que iriam acontecer.

Neste momento João tomado pelo Espírito Santo de Deus e a diante dele estava um
trono no céu e nele estava assentado alguém. João tenta descrever o aspecto daquele que
estava sentado. O aspecto dele era semelhante a jaspe e sardônio. O “jaspe” é mostrado em
Apocalipse 21.11 como sendo um cristal claro, não como o jaspe opaco que hoje conhecemos.
Este é mais parecido com o diamante. A “sardônica” era uma pedra preciosa vermelha, muito
bonita e apreciada, simbolizando redenção. Deus sempre manifestou-se em fogo no Antigo
Testamento, mas o que João vê é muito mais glorioso do que qualquer outra visão vista
anteriormente. Em volta do trono, havia um arco-íris. Outros vinte e quatro tronos estão ao
redor do trono e nestes haviam vinte e quatro anciãos. Trono fala de governo, então esta
imagem de outros vinte quatro tronos pode evocar existência de sub-governos subordinados a
Deus. Nestes tronos estavam os vinte e quatro ancião. Existem opiniões conflitantes entre os
23

intérpretes para definirem quem são esses seres. A Bíblia também não afirma quem são eles
apenas traz algumas descrições dos mesmos. Contudo, preferimos entender, por vários
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motivos, que os vinte e quatro anciões simbolizam ou representam o povo de Deus redimido
de todos os tempos. Diante do trono é mencionado que “estavam acesas sete lâmpadas de
fogo, que são os sete espíritos de Deus”. João deixa claro a presença do Espírito Santo no
trono. Os sete espírito são uma figura para a plenitude o Espírito. Devemos compreender
corretamente a Trindade para interpretarmos corretamente a correlação entre o Pai, o Filho e o
Espírito Santo. Alguns costumam entender a Trindade de forma nada ortodoxa como o fez
Dong Yu Lan em um de seus livros devocionais quando afirmou “pelo fato de o Espírito em
Ap 1.4 ser o Espírito de Deus intensificado, Ele é chamado de sete Espíritos, Os quais são o
Deus Triúno em Sua intensificação. Os sete aspectos do Espírito é o processo pelo qual Deus
passou para se tornar o Espírito”. Nitidamente é uma interpretação bastante duvidosa.

“No centro o ao redor do trono havia quatro seres viventes cobertos de olhos, tanto na
frente como atrás.” Os olhos existentes nestes seres representam inteligência, prontidão,
entendimento e consciência do que acontece em todos os lugares. Apresar de alguns pensarem
que os seres são representantes da criação, numa leitura mais ampla podemos afirmar que os
animais estão sendo símbolos a partir da criação, mas nem por isto símbolos para a criação,
antes para a magnitude do poder divino. Eles são seres angélicos do recinto mais íntimo do
trono e (com exceção do Cordeiro) aquilo que está mais perto de Deus de acordo com o que
João vê.

Toda vez que os quatro seres viventes adoram a Deus, os vinte de quatro anciãos se
prostram diante daquele que está assentado no trono em sinal de reverência, dependência e
sujeição.
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26

4 – O LIVRO E O CORDEIRO

Na mão direita daquele que está assentado no trono João viu um livro em forma de
rolo que estava escrito em ambos os lados e selado com sete selos. O fato de o livro estar na
mão direita indica que a mensagem é importantíssima. Ele estava escrito em ambos os lados.
Não era freqüente o uso de ambos os lados dos pergaminhos ou papiros, mas ocasionalmente
poderiam ser utilizados assim. Do lado de fora colocavam uma espécie de resumo do
conteúdo do livro para que os interessados soubessem seu conteúdo sem a necessidade de
abri-lo. Isso garantia uma preservação maior. Notemos ainda que o apóstolo poderia estar
usando um simbolismo ligado a essa descrição para indicar simplesmente uma plenitude na
mensagem.

Este livro não é algo comum, um anjo poderoso proclama em alta voz em busca de
alguém que seja digno de romper seus selos e abri-lo. Ninguém foi encontrado, nem no céu,
nem na terra e nem embaixo da terra. Em todos os reinos da criação, ninguém tinha
autoridade para abri-lo e nem mesmo olhar seu conteúdo, ou seja, olhar para ele. Diante dessa
cena João chora muito, pois ninguém fora digno de abrir o livro.

Neste momento um dos anciãos se aproxima de João e diz: “Não chore!” Podemos nos
perguntar o porquê dessa exclamação! Se não havia ninguém para cumprir a missão de abrir o
livro, que representa coisas grandiosas com relação a criação, era motivo de choro sim!
Contudo, o ancião visualizou o vencedor, o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi que venceu
para abrir o livro e seus sete selos. Por isso ele pôde dizer: “Não chore!”.
27

Quando João olha, não vê um leão, mas ‘um Cordeiro como


havendo sido morto’. Foi como o Cordeiro de Deus que Jesus venceu.
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O Calvário foi sua grande vitória. O Calvário tornou-o digno de tomar


e abrir o livro. Quão diferente é a idéia que o mundo faz de como
obter uma vitória. (HORTON, 2005, p. 77)

O Cordeiro está em pé no centro do trono cercado pelos quatro seres viventes e pelos
anciãos. Parece uma cena de ato jurídico quando a corte está toda reunida para tomar uma
decisão, contudo não é a corte que tomará uma decisão ou fará aqui uma escolha. O próprio
Cordeiro tem toda autoridade para receber o livro, pois ele tinha sete chifres, figura para
indicar poder e autoridade, tinha também sete olhos, figura para indicar sabedoria e
conhecimento, que representam os sete espíritos de Deus que estão em ação na terra. Portanto,
o Cordeiro era digno de receber e abrir o livro e foi o que aconteceu. Ele aproximou-se do
trono e recebeu o livro das mãos daquele que estava assentado no trono. Assim que isso
aconteceu os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do
Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças com as orações dos santos e começaram a
cantar um hino.

É importante observar que até este ponto toda adoração e louvor estavam direcionadas
àquele que está sobre o trono – Deus Pai. Contudo, quando o Cordeiro recebe o livro há uma
grande explosão de louvor nos céus ao Cordeiro. Esse louvor se inicia no trono com os quatro
seres viventes e os vinte e quatro anciãos e se estende por toda a morada de Deus. Os vinte e
quatro anciãos prestam sua adoração através da música. Em seu cântico, que é considerado
um novo cântico, é proclamado a autoridade que o Cordeiro tem para receber o livro e abrir os
seus selos, pois o Cordeiro foi morto e seu sangue comprou para Deus gente de toda língua,
tribo, povo e nação. E os constituístes reino e sacerdotes para Deus e reinarão sobre a terra.
Esse é o teor do cântico.

João nota que a adoração se estende além do trono e ouvi a voz de muitos anjos,
milhares de milhares e milhões de milhões. Essa expressão nos dá a idéia de uma multidão
sem conta. Essa multidão angelical louvavam em alta voz: “Digno é o Cordeiro que foi morto
de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!”. A visão estende-se ainda
mais e João vê toda criatura que existe no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo que
neles há. E toda a criação também prestou seu louvor e dizendo: “Àquele que está assentado
no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!”.
29
30

5 – OS SELOS

Tendo ainda em mente a cena do trono e o Cordeiro que recebeu o livro e é digno de
tirar os seus selos prosseguiremos com os acontecimentos declarados. O Cordeiro começa a
retirar os selos e cada selo traz um juízo de Deus. Os primeiros quatro selos introduzem “os
quatro cavaleiros do Apocalipse” que são personificações de série de julgamentos. Estes
acontecimentos serão realizados no período da Grande Tribulação.

Alguns acreditam que, com o quebrar de cada um destes selos, o


Cordeiro libera um tipo do juízo da ira de Deus, que há de persistir
através de todo o período de sete anos da Grande Tribulação. Outros
crêem que os sete selos conduzirão às sete trombetas, e estas aos sete
vasos, ou taças. Ainda há outro grupo que sustenta serem os selos, as
trombetas e as taças, acontecimentos paralelos que se darão nesse
período. E há os que colocam todos estes itens nos últimos três anos e
meio da Tribulação, afirmando que a ira de Deus concentrar-se-á na
última metade da septuagésima semana profetizada por Daniel.
(HORTON, 2005, p. 84)

5.1. – O primeiro selo

Quando o primeiro selo foi aberto um dos quatro seres viventes dá a ordem “vem”.
João vê um cavalo branco e o cavaleiro que nele estava montado tinha um arco – símbolo de
batalha. O cavaleiro recebeu uma coroa e saiu vitorioso e para vencer. A Bíblia não deixa
claro a identidade do cavaleiro, portanto vamos analisar algumas interpretações bem como o
contexto para tentarmos identificá-lo.
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Alejandro Bullón interpreta o cavaleiro branco da seguinte forma: “Aqui se revela a


pureza e o poder de conquista do evangelho diante do paganismo no início da Igreja cristã.”
32

Alejandro entende que estes cavaleiros simbolizam os vários períodos pelos quais passaria a
igreja cristã e, portanto, eles já estariam em ação! Contudo, há motivos para pensarmos que
tais juízos se iniciarão apenas na Grande Tribulação. Também a presença do arco traz uma
imagem negativa. O arco era um instrumento de juízo e não seria apropriado, então pensar
nele em termos positivos para uma vitória para a cristandade. E mais, devemos perceber que
os três últimos cavaleiros são definitivamente maus, o que, poderia caracterizar, por
inferência, o caráter do grupo todo. Outros interpretam este cavaleiro como sendo Cristo.
Contudo Cristo jamais traz guerra, fome e peste. Sua arma jamais é o arco, mas sempre a
espada que sai de sua boca. Nesta leitura havia ainda uma inconsistência, pois Cristo está
presente na cena e é Ele quem abre os selos. Ele seria o Cordeiro que ordena e o cavaleiro que
vem? Não teria lógica. Esta interpretação foi modificada radicalmente e passou-se a
interpretar o cavaleiro branco como representação da proclamação do evangelho em
dimensões universais. Pelos mesmos motivos citados ao comentário de Alejandro não
podemos conceber tal interpretação.

Stanley M. Horton alega que o cavaleiro branco é o “príncipe que virá”, isto é, o
Anticristo. Contribuindo com esta interpretação temos Adolf Pohl afirmando que “o anticristo
tem a mesma capacidade de vitória como a do presente trecho. Desde o princípio ele se
apresenta como vencedor coroado, para também repetida e irresistivelmente conquistar a
vitória. Uma série extraordinária de sucessos o conduz de triunfo em triunfo (...) Também o
arco na sua mão finalmente obtém uma explicação satisfatória. Num dos dois capítulos sobre
o anticristo no A.T., a saber, em Ez 39 – João o acolhe em Ap 19.17-21 – o arco aparece
igualmente na mão do inimigo de Deus. Por fim, também a cor branca repetidamente
desempenha uma função quando surge o anticristo. Contudo, ela não é apenas a cor da vitória,
mas (...) simultaneamente a cor da pureza e da luz. Neste caso, trata-se de uma inocência
encenada, fingida, de uma luz falsa: o anticristo é um deslumbrador.”

5.2. – O segundo selo

Na abertura do segundo selo há novamente a ordem do ser vivente: vem! E sai o


cavalo vermelho e seus cavaleiro. A este cavaleiro foi dado poder para que tirasse a paz da
terra para que as pessoas se matassem uma às outras. E recebeu uma grande espada. Podemos
entender este cavaleiro como a personificação da guerra. Observemos que o cavaleiro
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propriamente não causa nenhuma morte; simplesmente tira a paz da terra, fazendo com que as
pessoas se matam. Esse segundo selo nos mostra que apesar de o anticristo prometer a paz,
não será capaz de implantá-la.

5.3. – O terceiro selo

O terceiro cavalo era preto e o seu “cavaleiro” tinha uma balança em sua mão. João
ouviu uma voz que disse: “Uma medida de trigo por um dinheiro; e três medidas de cevada
por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho”. Podemos pensar primeiramente na
simbologia da cor preta. Certamente esta cor representa sofrimento, fome, miséria. Como o
cavaleiro porta uma balança isso indica um racionamento ou escassez de alimentos. O cavalo
preto segue o cavalo vermelho que simboliza a guerra. Nitidamente percebemos que após as
guerras há um período de escassez, fome e miséria. Este panorama é um juízo da parte de
Deus por ter o homem trocado o arado pelas armas!
A “medida” corresponde a um dia de ração para uma pessoa adulta.
Um denário (o denário romano era uma moeda de prata de 53 gramas)
era o que um soldado, ou um trabalhador braçal, ganhava por um dia
de trabalho. Noutras palavras: o preço estipulado estará doze vezes
inflacionado. Tratando-se de um solteiro, o salário comprará uma
medida de trigo; mas, se casado, terá de contentar-se com uma medida
de cevada – dieta destinada aos escravos e pobres. Como se vê, não
sobrará dinheiro para suprir as outras necessidades básicas.
(HORTON, 2005, pp. 88-89)

E não danifiques o azeite e o vinho é a ordem final. O que isso poderia representar?
Dentre as diferentes interpretações desta exclamação recomenda-se
aquela que leva em conta o uso do azeite e do vinho na linguagem do
próprio Apocalipse. Nas oito vezes em que ocorre, o vinho é sempre
usado como um conceito negativo. Em Ap 14.8; 17.2; 18.3 ele é uma
metáfora para a vida luxuosa, imoral. Ap 18.13 arrola vinho e azeite
entre os artigos de luxo dos ricos. Conseqüentemente, parece que está
sendo aludido à circunstância de que os ricos como sempre sabem
garantir o seu luxo, enquanto a população passa fome. Eles têm suas
fontes de abastecimento, não precisando abrir mão de nada. Talvez
fosse até possível conseguir alimento suficiente para todos; ninguém
teria de sofrer fome, mas a indiferença, o egoísmo e a corruptibilidade
corroeram e destruíram a responsabilidade social. (POHL, 2001,
p.177)

5.4. – O quarto selo


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Com a abertura do quarto selo é liberado o quarto cavalo. O apóstolo João é


chamado novamente para observar a visão. O cavalo é amarelo e seu cavaleiro tem por nome
Morte. Também é dito que o inferno, ou o hades, segue a Morte. À Morte foi dada autoridade
de ceifar um quarto da população da terra. Este quarto cavaleiro representa um clímax do
juízo na terra culminando com uma assombrosa quantidade de mortes.

5.5. – O quinto selo

Quanto o quinto selo foi aberto João viu debaixo do altar as almas dos que foram
mortos por amor à Palavra de Deus e por amor ao testemunho que deram. Quando
observamos esta visão podemos concordar que constantemente o mundo agiu para eliminar as
testemunhas da Palavra do Senhor. Contudo, estas vidas estão “colocadas” sob o altar. Esta
imagem remete-nos ao altar do holocausto do Tabernáculo. Neste altar havia uma lâmina
debaixo dele que aparava o sangue das vítimas. Os mártires estão “posicionados” neste
compartimento simbolizando que suas vidas foram uma espécie de oferta. Os mártires
clamam em grande voz para que o Senhor vingue o sangue deles. Este pedido não é, como
parece, um pedido de vingança pessoal, mas de cumprimento da justiça de Deus. Deus é
Santo e Verdadeiro como eles mesmo disseram e a Santidade não admite a impunidade do
pecado na vida dos opressores.

Cada mártir recebeu uma veste branca que simboliza justiça. A eles foi pedido que
aguardassem por mais algum tempo, pois ainda o número deles não estava completo,
haveriam outros que “tomariam do mesmo cálice” que eles experimentaram.

Existem alguns pontos que são motivo de debates entre os estudiosos e que realmente
não nos dão muita clareza. Por exemplo: Quem são estes mártires, são os mártires de todos os
tempos do cristianismo ou somente do período da Grande Tribulação? Não entraremos em
detalhes acerca destas conjecturas.

5.6. – O sexto selo

Quando o sexto selo foi aberto João olha e vê um grande tremor de terra, o sol
tornando-se negro e a lua como sangue. As estrelas do céu caindo sobre a terra. O céu se
retirou como um livro se enrola e todos os montes e ilhas foram removidos. Esta visão
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catastrófica na verdade mostra o cumprimento das profecias tanto do Antigo quanto do Novo
Testamento. Alguns interpretam esta passagem como meros símbolos da decadência política,
moral e espiritual dos últimos tempos, contudo, assim como as visões anteriores mostraram
uma realidade, passamos a entender dessa forma também esta profecia. Ela trata por meio da
metáfora de acontecimentos reais para a história da humanidade. Claramente os detalhes são
difíceis de “visualizar” na realidade. Explicar ao certo como o sol se escurecerá ou a lua ficará
como sangue não é tarefa fácil, mas também não conhecemos todas as manifestações da
natureza submetida a grandes ataques. Os terremotos, por exemplo, eram comuns apenas nas
regiões costeiras aos oceanos Pacífico, Oriente Médio e Mediterrâneo, contudo, constatou-se
que os tremores começam a ocorrer com regularidade em todas as partes do mundo. Por isso é
não tentaremos mostrar como estas coisas ocorrerão, mas sim que elas certamente
acontecerão!

A continuidade da visão mostra todas as classes de pessoas “(...) os reis da terra, e os


grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam
nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós,
escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é
vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir? ” Ap 6.15-17 fugindo e escondendo-se
nas rochas das montanhas. Este Sinal é de medo. Tentarão se esconder ou se livrar mas será
em vão. Hão de desejar a própria morte e não a encontrarão. Contudo, mesmo assim não
vemos sinal de arrependimento nestas pessoas. Não é exclamação da parte delas que exalte ao
Senhor ou que clame por misericórdia. Esta é uma diferença entre o mundo e o povo de Deus.
O povo de Deus consegue clamar pelo socorro do Senhor. O povo de Deus consegue pedir
perdão e se arrepender. Ao contrário, o mundo se entristece, se apavora, mas não há
arrependimento e submissão a Deus. Eles não clamam a Deus, mas sim aos “montes e
rochedos”.

Obs. O sétimo selo será objeto de estudo no capítulo “AS TROMBETAS”, pois na
abertura deste selo surgem as sete trombetas.
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6 – OS CENTO E QUARENTA E QUATRO MIL SELADOS E A GRANDE


MULTIDÃO COM VESTES BRANCAS

Esta parte da visão representa um interlúdio entre as visões do apóstolo João. Ela está
situada entre o sexto e o sétimo selo. Aqui o apóstolo tem duas visões. A primeira é sobre os
cento e quarenta e quatro mil selados. A outras é acerca da grande multidão com vestes
brancas.

O texto bíblico afirma que João vê, neste momento, quatro anjos que estavam nos
quatro cantos da terra (podemos entender que a menção aos quatro cantos da terra é uma
figura de linguagem, pois o próprio texto bíblico afirma em Jó que Deus “suspende a terra
sobre o nada”) retendo os quatro ventos da terra, para que não soprassem sobre a terra, o mar,
nem contra árvore alguma. Outro anjo subia do leste e tinha o selo do Deus vivo e clamou aos
quatro anjos que não danificassem a terra, o mar ou as árvores até que ele tivesse assinalado
na testa os escolhidos.

Fica claro aqui que haverá uma eleição de verdadeiros servos de Deus. Eles serão
selados com o selo da autoridade de Deus. A função do selo naquela época é bastante
conhecido. O que era selado tinha a marca de seu dono e estava “seguro”. Ninguém podia
mexer em algo selado. Contudo o selo de Deus não é como o selo do homem, pois Deus tem
toda autoridade e poder. É muito maior e mais eficaz a segurança que Ele traz.

Logo após a visão João ouve o número dos escolhidos: cento e quarenta e quatro mil.
Eles eram provenientes das tribos de Israel. Alguns intérpretes concluem que esta lista é
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simbólica, poderia ser uma referência a Igreja como o verdadeiro Israel de Deus. Todavia
temos grandes diferenças entre a Igreja e Israel a começar a Igreja nunca foi subdividida em
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tribos como esta visão mostra Israel dividido. Alguns destinam o número 12 a Israel; e dão ao
número 1.000 o significado de perfeição. Interpretam ambos os números como se fossem algo
simbólico. Contudo, preferimos entender que se trata realmente de Israel e o número pode
indicar uma cifra literal.

Na segunda parte da visão, João vê uma grande e inumerável multidão, vinda de todas
as nações, povos, tribos e línguas que estavam diante do trono e do Cordeiro trajando vestes
brancas e clamavam com grande voz dizendo: “Salvação ao nosso Deus, que está assentado
no trono, e ao Cordeiro”. Todos estão vestidos com vestes brancas que simbolizam justiça, ou
seja, compartilham da justiça de Cristo. As palmas nas mãos são símbolo de vitória, ou seja,
eles também compartilham da vitória de Cristo. A multidão louva a Deus Pai e ao Cordeiro.
Esse louvor é uma espécie de agradecimento, pois a salvação pertence a Deus e somente Deus
e o Cordeiro puderam salvá-los do pecado, da culpa, da ira e do julgamento que há de vir
sobre a terra.

João ainda vê todos os anjos ao redor do trono e eles se prostraram diante do trono
sobre seus rostos e adoraram a Deus dizendo “Amém, louvor, e glória, e sabedoria, e ação de
graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus para todo o sempre. Amém.” Os anjos se
juntam na adoração ao Senhor. Mesmo não sendo uma adoração com o mesmo teor dos
redimidos, ela ecoa no trono e tem significado aos anjos. Os anjos não experimentaram a
adoção de filhos, não sabem o valor da redenção substitutiva, pois o Cordeiro morreu pelos
homens. Também não entendem o pecado, pois não são pecadores. Mesmo assim, têm muito
a dizer ao Senhor em adoração. Ele prestam homenagem a Deus pela sua glória, sabedoria,
poder, força, etc.

Ainda na continuação da visão, um dos anciãos, vem até João e lhe pergunta: “Estes
que estão vestidos de vestidos brancos, quem são, e donde vieram?” João responde: “Tu o
sabes”. Então o ancião lhe disse que eles são os que vieram da Grande Tribulação e lavaram
os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro. Assim fica declarado a origem
daquela grande multidão.

A multidão está diante do trono de Deus e o servirá de dia e de noite no seu templo e
Deus as cobrirá com a sua sombra e “nuca mais terão fome, nunca mais terão sede, nem sol
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nem calma alguma cairá sobre eles”. Pois o Cordeiro está no meio do trono e os apascentará.
Servirá de guia para os “pastos verdejantes”, para a fonte de água viva e Deus limpará dos
olhos toda lágrima. Finalmente Deus removerá o sofrimento, enxugando as lágrimas. Este
descrição parece com a promessa final do Apocalipse, mas aqui será uma realidade antecipada
para os que estão diante do trono.
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7 – AS TROMBETAS

O sétimo selo é aberto pelo Cordeiro. Faz-se silencio no céu por meia hora. Toda voz,
música e cânticos são silenciados por um momento. É interessante observar que este é o
sétimo selo, portanto o “livro” está para ser aberto e seu conteúdo visto. O sétimo selo é a
última etapa antes da abertura completa do livro.

João vê diante de Deus sete anjos dispostos a cumprir a sua vontade. Eles receberam
sete trombetas. E viu outro anjo que se pôs junto ao altar para oferecer incenso junto com as
orações dos santos. Quando percebemos a existência de um altar no tabernáculo celestial nos
lembramos do tabernáculo dado a Moisés no monte Sinai. Aquele dado a Moisés foi um tipo
do que havia no céu, portanto aqui vemos um altar de incenso onde são oferecidas as orações
juntamente com o incenso que tipifica a aceitação da oração. Aqui, é um anjo que tem a
função de apresentar as orações e queimar o incenso realizando uma função sacerdotal.
Contudo, não devemos confundir esse anjo com um sacerdote ou mesmo o sumo sacerdote,
pois o sumo sacerdote que está no céu é Jesus Cristo. Este anjo tomou o incensário e o encheu
com o fogo do altar e o lançou sobre a terra e houve vozes, trovões, relâmpagos e terremotos.
O fogo representa a purificação, santidade e juízo. Nadabe e Abiu filhos de Arão morreram
quando ofereceram fogo estranho diante do altar do Senhor. Nesta passagem o fogo do altar
também trará juízo à terra. Todos estes sinais constituem-se apenas preparativos para o que
viria acontecer com o tocar das trombetas.

O primeiro anjo tocou a sua trombeta e saraiva, e fogo misturado com sangue foram
lançados na terra e foi queimada a terça parte da terra. Queimou-se a terça parte das árvores, e
toda erva verde foi queimada. É interessante observar que apesar de o texto mencionar a
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saraiva, o maior efeito sobre a terra será causado pelo fogo. Também não é mencionada
nenhuma morte humana. O fogo será direcionado a queimar e destruir a vegetação.

O segundo anjo toca a sua trombeta e uma coisa como um “grande monte ardendo em
fogo” cai sobre o mar. Alguns especulam que isso pode ser um asteróide ou uma massa
rochosa constituída de combustível gasoso vindo do espaço, que se decomporá ao atingir a
atmosfera da terra. Com este acontecimento, a terça parte do mar torna-se em sangue.
Alguns crêem que esta passagem significa que as águas são
transformadas, pelo poder criativo de Deus, em sangue real. Outros
pensam que seja o sangue de animais marinhos que leva o mar a ficar
em tal estado. Outros ainda relacionam esse sangue a uma tintura
vermelha (causada por uma explosão de certas plantas microscópicas,
algumas vezes tóxicas) que ocorre com alguma regularidade nos
mares atualmente. (HORTON, 2005, pp. 114-115)

Por causa da terça parte do mar ter sido transformado em sangue surgem algumas
conseqüências como a morte de animais marinhos. O impacto do elemento rochoso fumegante
com o mar também pode ser a causa da destruição da terça parte das embarcações existentes.

O terceiro anjo toca sua trombeta e cai do céu uma grande estrela como uma tocha
sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas. Esta estrela era chamada de Absinto e
as águas que ela atingiu tornaram-se em absinto, e muitos homens morreram das águas porque
elas eram amargas. Esta estrela naturalmente pode ser entendida como um meteoro que
entrando na atmosfera terrestre inflama-se pelo atrito com o ar. Ela pode ter sido criada
especialmente por Deus para gerar amargor e envenenar as águas dos rios e canais
subterrâneos da terra.

“E o quarto anjo tocou sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da
lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do
dia não brilhasse, e semelhantemente a noite.” Esse toque nos astros sol, lua e estrelas é
bastante poderoso para fazer com que eles escurecessem. Ao que parece não se trata de uma
diminuição da luminosidade, mas de uma ausência. Um terço do dia e da noite ficaram se
brilho! O interessante é que não há explicação sobre como isso acontecerá. Contudo, Deus
que criou o universo sobrenaturalmente pode agir sobrenaturalmente na execução de seus
juízos.
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Após a quarta trombeta aparece no céu um anjo (em algumas versões da Bíblia a
palavra anjo foi traduzida por águia) dizendo: “Ai! ai! ai!”. As quatro primeiras trombetas
foram tocadas, mas agora há um indício de que os castigos serão mais rigorosos.

O quinto anjo tocou a trombeta e uma estrela caiu do céu na terra. A ela foi dada a
chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo e subiu fumaça do poço, como de uma
grande fornalha e com a fumaça escureceu-se o sol e o ar. Esta estrela provavelmente é um
mensageiro angélico, pois a ela é dada a chave do abismo!, ou seja, uma função que seres
inanimados não poderiam realizar. Também se deduz que este ser angélico não é Satanás e
nem mesmo um de seus seguidores, pois esta chave está sob autoridade de Jesus Cristo e Ele
não teria motivo para dá-la a Satanás. “O abismo” refere-se às profundezas do inferno – um
local de punição para os pecadores. A tranca que fecha o abismo é colocada pelo lado de fora,
de modo que qualquer que seja a pessoa que esteja do lado de dentro encontra-se
impossibilitada de sair. Porém quanto o anjo abre a porta do abismo sai uma nuvem de
fumaça grande o suficiente para escurecer o sol e o ar.

Escondido na fumaça que se espalha através do mundo, há uma multidão de


gafanhotos. Eles saem da fumaça em terríveis nuvens. Eles não são gafanhotos comuns basta
olharmos a descrição apresentada para notarmos o fato. Além disso, possuem um poder como
o dos escorpiões para infligir muita dor em suas vítimas a ponto de os homens procurarem a
morte, mas não a encontrarão. Gafanhotos comuns destruiriam a vegetação, plantas verdes,
lavouras e árvores, contudo a estes é ordenado que não danifiquem a flora. Sua missão é ferir
os seres humanos, isto prova que eles são diferentes daqueles gafanhotos que conhecemos.
Aos gafanhotos, ainda é vedado causar danos àqueles que têm o “selo de Deus em suas testas”
e não podem tirar a vida dos que não trazem o selo de Deus podendo apenas lhes causar danos
por cinco meses. As pessoas procurarão a morte para acabar com a dor e a agonia, mas, em
vão. Isto significa que as tentativas de suicídio não serão bem sucedidas. A morte é
personificada como algo que lhes fugirá.

Os gafanhotos eram semelhantes a cavalos aparelhados para a guerra. Sobre a cabeça


deles havia umas coroas semelhantes a ouro. Suas faces tem aparência de rosto humano.
Ainda são descritos como tendo cabelo de mulher. Os dentes dos gafanhotos serão como
“dentes de leão”. O veneno vem das causas do gafanhoto parecidas com as de escorpião. O
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bater das asas destes milhares de gafanhotos faz um barulho tão grande que João limita-se a
descrevê-lo como o som de cavalos e carros de guerra em plena batalha. A cauda possui um
ferrão que é capaz de destilar veneno como os escorpiões.

“E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em
grego Apoliom”
O anjo do abismo aqui não pode ser confundido com o anjo a quem é dada a chave do
abismo. Este parece ser um mensageiro de Deus enquanto aquele está do lado do inimigo. O
próprio nome indica isso Apoliom significa o destruidor.

“E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do
altar de ouro, que estava diante de Deus. A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta:
Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio Eufrates.” Não se sabe ao certo de
quem é esta voz, alguns pensam ser a voz do anjo vingador que ministra o incenso sobre o
altar. Outros supõe ser a voz dos mártires que estão sob o altar. Ainda outros dizem ser a voz
do Cordeiro. Contudo não é identificada de quem é esta voz. Ao sexto anjo é ordenado soltar
os quatro seres angelicais que se acham amarrados junto ao rio Eufrates. Estes quatro seres
angelicais talvez possam ser identificados como parte dos anjos caídos, pois anjo bom jamais
fica amarrado, preso.

Quando os anjos foram soltos saíram para matar a terça parte dos homens.

“E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões era de duzentos
milhões; e ouvi o número deles. E assim vi os cavalos nesta visão; e os que sobre eles
cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos
eram como cabeças de leões; e de suas bocas saía fogo e fumo e enxofre. Por estas três pragas
foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pelo fumo, e pelo enxofre, que saía das
suas bocas. Porque o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas causas. Porquanto as suas
caudas são semelhantes a serpentes, e têm cabeças e com elas danificam”.

Quando os quatro anjos são soltos, João vê um exército aparelhado diante de si e seu
número era de duzentos milhões. Estas criaturas, ao que tudo indica, são demoníacas também.
Os quatro anjos são seus líderes. Ao descrever o que vê nesta visão João dá mais atenção aos
cavalos. Embora possuam cavaleiros, são eles que de fato causam a morte. Os cavalos
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montados pelas criaturas tinham corpo de cavalo e cabeça de leão, realçando sua força,
ferocidade e poder de destruição. O fogo, o fumo e o enxofre dos cavalos são a maneira
demoníaca de matar. Eles também têm poder em suas caudas, pois em vez de uma cauda
normal elas tem como que uma cobra, tendo cabeças que destilam veneno quando picam
alguém.
O pior ainda está nesta notícia: “E os outros homens, que não foram mortos por estas
pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os
ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem
ouvir, nem andar. E não se arrependeram de seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da
sua prostituição, nem das suas ladroíces.” Houve uma oportunidade para que as pessoas se
arrependessem em vista da gravidade das pragas. Mas a Bíblia é clara ao dizer que, mesmo
poupadas após o soar da sexta trombeta, continuaram contra Deus – ninguém se arrependeu.
A humanidade no final do segundo ai vê-se composta pelos mortos e pelo que continuam
vivos, mas que não querem se arrepender. João explica de quais obras a humanidade não quer
se arrepender: “das obras de suas mãos.” Assim, temos uma listra repleta de atos carnais
praticados pelo homem que envolvem a adoração a si mesmo e aos deuses ou demônios.
Sempre que alguém rejeita ao Deus verdadeiro, e coloca-se a si mesmo sobre o trono,
transforma-se em adorador de falsos deuses.
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8 – O ANJO E O LIVRO

“E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem, e por cima da sua
cabeça estava o arco celeste, e o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo;
e tinha na sua mão um livrinho aberto, e pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a
terra”

Esta é a primeira parte de outra visão vista por João. Ele viu um anjo descendo do céu.
A descrição desse anjo não é nada comum. Em alguns sentidos se assemelha até mesmo a
descrição de Jesus Cristo feita no capitulo primeiro de Apocalipse. Contudo não pensemos
que seja o Senhor Jesus, pois no Apocalipse Jesus não é chamado de anjo em momento algum
e ainda mais João afirma que “viu outro anjo” e a palavra “outro” no original é “Allos” que
indica ser outro de mesma natureza, ou seja, um anjo da mesma natureza dos demais. Na
verdade, a descrição chama atenção por sua glória celestial. Alguns identificam o anjo com
Gabriel, cujo nome significa “o poderoso de Deus”. O anjo trazia em suas mãos um pequeno
livro que se encontrava aberto. O anjo quando chega à terra coloca um pé sobre o mar e outro
sobre a terra, ou seja, sua influência será sentida em toda terra.

O texto bíblico continua descrevendo os acontecimentos da visão. O anjo clama com


grande voz como o leão e quando isso ocorre os sete trovões soaram suas vozes. Interessante
atribuir aos trovões voz ou fala. João ouve algo inteligível e vai escrever a profecia quando é
subitamente interrompido por uma ordem para que não escrevesse o que vira especificamente
neste momento, tudo deferia permanecer em segredo. Esta ordem partiu de uma voz que vinha
do céu. Pode ter sido a voz de Deus ou do Cordeiro. Alguns tentam imaginar o conteúdo
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profético que trariam a visão dos sete trovões, contudo não podemos ter certeza do que se
trata, mas é razoável presumir que os trovões, a semelhança dos sete selos e das sete
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trombetas, envolvam uma sequência de eventos. Talvez pragas a serem desferidas durante a
tribulação, prefigurando julgamentos piores. Sabemos que trovões em várias passagens do
Apocalipse mostram a ira e o julgamento divino.

O anjo levantou a mão direita aos céus e jurou por “aquele que vive para todo o
sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há”
que não haveria mais demora! O anjo tinha uma mensagem importante que era alertar para a
urgência e iminência pois os planos de Deus serão executados sem demora. É interessante
observar que o anjo jura por aquele que é o Criador de todas as coisas, isto causa um grande
contraste com a visão dos pecadores do capítulo anterior que não deixaram de adorar aos
ídolos e à criação. Enquanto o anjo exalta ao Criador os homens exaltam e adoram a criação.

“Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de
Deus, como anunciou aos profetas, seus servos”. O fato de não haver mais demora anunciado
pelo anjo diz respeito ao cumprimento iminente do “segredo” de Deus que foi anunciado aos
profetas. Alguns supõem que “o mistério de Deus” se refira a um novo entendimento da
natureza, plano e propósito de Deus.

Ainda acontece de João ouvir uma voz do céu que o ordenava ir até o anjo e pegar o
livrinho que se achava aberto. João vai, então, até o anjo, e pede-lhe o livro. Em seguida, o
anjo dá-lhe instruções para que coma todo o livro, e diz-lhe qual seria o paladar: doce na boca,
mas amargo no estômago. A mensagem deve ser digerida e faz parte da vida de João. O sabor
doce significa que a palavra traz misericórdia e o sabor amargo no estomago aponta para os
inevitáveis juízos. A mensagem deveria ainda ser proclamada para “muitos povos, e nações, e
línguas e reis”.
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9 – AS DUAS TESTEMUNHAS

O apóstolo João recebeu “uma cana semelhante a uma vara”, ou seja: uma vara de
medir. A ele é ordenado que meça o templo, incluindo o Santo dos Santos, o altar e o pátio
dos filhos de Israel. O medir na Bíblia é tido, muitas vezes, como símbolo de preparação,
destruição, ou preservação. Neste caso estamos tratando da última possibilidade. Este
simbolismo trata da preservação de Israel. Notemos que o átrio destinado aos gentios não é
medido, pois os gentios tratados aqui são aqueles que não receberam a Palavra de Deus e não
se arrependeram das suas iniqüidades, portanto a elas só resta juízo. Apesar disso, a própria
cidade de Jerusalém é alvo dos gentios que a pisarão por quarenta e dois meses. Neste
momento, em que as nações estarão em Jerusalém também surgirão as duas testemunhas. E
elas “profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco.” Ou seja, as testemunhas
passarão os quarenta e dois meses em missão em Israel. Deus sempre proveu testemunho de
sua parte para Israel e neste caso específico, o testemunho será realizado pelas duas
testemunhas que tem grande poder. Não sabemos quem são elas e a Bíblia também não deixa
claro suas identidades, por isso muitas especulações tem surgindo afirmando que podem ser
Elias e Enoque, ou Moíses e Elias ou mesmo João Batista e Elias, mas todas estas são meras
especulações. O que sabedor de concreto é que elas terão grande poder como o próprio texto
bíblico nos mostra: “E, se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os
seus inimigos; e, se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Estes têm
poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as
águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas
quantas vezes quiserem”.
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“E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e
os vencerá, e os matará. E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que
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espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado”. As
testemunhas só serão mortas quando terminarem o seu ministério. A identidade da besta que
lhes fará guerra não é plenamente exposta, mas trata-se de uma força maligna, possivelmente
o Anticristo. A cidade onde o Senhor foi crucificado é Jerusalém, portanto, nenhuma dúvida
há quanto ao lugar do acontecimento. A notícia da morte as testemunhas percorrerá a terra e
muitos se alegrarão com isso. As pessoas se ajuntarão para celebrar e festejar o evento. O
motivo de tal júbilo é porque de certa forma elas foram “atormentadas” pelos dois profetas.
Além dos tormentos causados por suas pragas, sua palavra também provoca angústia e
tormento mental. Contudo, “depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de
Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram”.
Após os três dias e meio Deus ressuscitará as duas testemunhas para assombração de todos.
Eles podem até lembrar das pragas ou juízos proclamados por eles e pensarem que agora as
testemunhas continuarão um julgamento mais intenso, contudo, o período do testemunho dos
profetas é findado. Mais julgamentos virão certamente, mas não por meio deles. As duas
testemunhas após sua ressurreição ouviram uma voz do céu chamando-os a subir. E, enquanto
seus inimigos olham, eles sobem ao céu numa nuvem.

Desde o Iluminismo, no século XVIII, muitos vêm negando o


sobrenatural e propondo teorias de criticismo bíblico com o objetivo
de destruir a Palavra de Deus. Consequentemente, não são poucos os
que negam ter Jesus ressuscitado dentre os mortos. Os que forem
deixados na terra por ocasião do arrebatamento da Igreja, não serão
capazes de negar o fato da ressurreição. Nem poderão ignorar a
ascensão em tela, pois as duas testemunhas subirão diante de seus
olhos. A ascensão destas conectará a sua ressurreição com a de Cristo,
que é a garantia da ressurreição de todos os crentes. (HORTON, 2005,
p. 152)

“E naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e
no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados, e
deram glória ao Deus do céu”. Naquela mesma hora. Quer dizer, enquanto se presenciava a
ascensão o terremoto acontecia e muitos da cidade foram mortos. O importante nisto é que
“deram glória ao Deus do céu”. Aos que antes se jubilavam pela morte das testemunhas e não
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devam ouvidos à Palavras agora, pelo pavor, são obrigados a glorificar aquele que é todo-
poderoso.

É anunciado ao apóstolo João que “É passado o segundo ai; eis que o terceiro ai cedo
virá”.

Então, João, novamente no ambiente celestial, presencia o toque da sétima trombeta.

“E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os
reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o
sempre”. Nos céus o que se presencia novamente é uma adoração com o tema do reinado de
Cristo que reinará para todo o sempre! Também os vinte e quatro anciãos prostraram-se sobre
seus rostos e adoraram a Deus dizendo: “Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que
és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder, e reinaste. E iraram-se as
nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o
galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a
grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra”.

“E abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca do seu concerto foi vista no seu templo;
e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”.

O templo, e a arca da aliança, de Jerusalém já estavam destruídos na época da escrita


do Apocalipse. João, portanto, vê o templo celeste e a verdadeira arca do concerto. A
indicação de relâmpagos, vozes, trovões e terremotos indicam que o juízo ainda continua.
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10 – A MULHER E O DRAGÃO

Após o toque da sétima trombeta, o apóstolo João vê um sinal extraordinário no céu:


“uma mulher vestida do Sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas
sobre a cabeça.” Esta mulher, conforme perceberemos mais nitidamente no transcorrer do
capítulo, trata-se de uma figura para Israel. O Sol representa a glória de Deus agindo sobre
esta nação. A lua debaixo dos seus pés simboliza uma determinada autoridade dada a Israel. A
coroa de doze estrelas sobre a cabeça são os fiéis das doze tribos de Israel. Ela estava grávida
e gritava de dor, pois estava para dar à luz. Este simbolismo refere-se à preparação de Israel
para o nascimento do Messias.

“E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete
cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas”. Por um lado é mostrado Israel e
a preparação para o surgimento do Messias. Por outro é revelado o maligno e sua
característica. Ele é um dragão vermelho. A figura do dragão, em quase todas as culturas do
mundo, sugere algo ligado às forças malignas. A cor vermelha aponta para o sangue ou morte.
Este dragão tinha sete cabeças o que simboliza uma pretensão de ter ampla sabedoria. Os dez
chifres reivindicam poder pleno juntamente com a busca do reinado representado pelas sete
coroas sobre a cabeça. Este dragão derrubou do céu a terça parte das estrelas, ou seja, na
rebelião de Satanás ele conseguiu seduzir alguns anjos que passaram a lhe acompanhar. “O
dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o
filho”. Não é novidade sabermos que o inimigo sempre se opôs a tudo aquilo que diz respeito
a obra de Deus na terra. Neste momento, principalmente, o dragão tem em mente a profecia
feita por Deus a serpente no Éden: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua
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descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar”. O
dragão quis tentar eliminar, “Àquele que o pisaria na cabeça”, devorando a semente da
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mulher. Contudo, a mulher deu a luz um filho que “governará todas as nações co cetro de
ferro” e seu filho não foi devorado pelo dragão, pois ele foi arrebatado (após sua missão) para
junto de Deus e de seu trono. Claramente, esta figura esta falando do Senhor Jesus Cristo que
foi o descendente da mulher e é o governante das nações. “A mulher fugiu para o deserto,
para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali a sustentassem durante mil
duzentos e sessenta dias”. O período profético mencionado aqui provavelmente trata-se da
época final da Grande Tribulação quando Deus providenciará refúgio para o remanescente fiel
da nação de Israel.
É descrita uma batalha no céu “Miguel e seus anjos batalhavam contra o dragão, e
batalhava o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram; nem mais o seu lugar se achou nos
céus”. O dragão foi lançado à terra. “Quando isso aconteceu o dragão perseguiu a mulher que
dera à luz o menino. Mas foram dadas à mulher duas asas para que pudesse voar para o lugar
que lhe havia sido preparado no deserto onde seria sustentada durante um tempo, tempos e
meio tempo, fora do alcance da serpente.”. Assim, Deus prova que não esquece seu povo que
está sendo perseguido, mas provê sempre o refúgio. “E a serpente lançou da sua boca, através
da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a
mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca” A
enchente de que trata este texto, segundo alguns estudiosos, pode ser entendida em sentido
figurado, ou seja, não se trata literalmente de uma grande inundação. Possivelmente, enchente
representa um exército. João pode estar descrevendo o que vai acontecer quando o Anticristo
quebrar a sua aliança com Israel e será muito mais lógico esperar que o diabo mande um
grande exército atrás do remanescente fiel assim como fez Faraó quando da partida dos
israelitas do Egito. Contudo, este investida do maligno fracassa, pois “a terra abriu a boca e
engoliu o rio”. Isso não é impossível, visto que algo semelhante já aconteceu até mesmo com
Israel quando estava em peregrinação no deserto, foi na rebelião de Coré.
“E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que
guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo” Isto indica que os
israelitas que aceitarem a Cristo como seu Messias, Salvador e Senhor durante esse período
serão duramente perseguidos por Satanás. Eles são o remanescente fiel que hão de ser
adicionados ao número de mártires durante a Grande Tribulação.
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11 – A BESTA QUE SAIU DO MAR E DA TERRA

“E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e
falava como o dragão. E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a
terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada”.
O entendimento de grande parte dos estudiosos mostra que esta besta se refere ao
Falso Profeta que exercerá seu ministério juntamente com o Anticristo. Esta besta tem o
mesmo poder da primeira e a missão de levar a humanidade adorar à primeira besta que é o
Anticristo. Como sua missão é promover adoração é nítido que sua área de atuação será no
âmbito religioso.

“E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos
homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em
presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que
recebera a ferida da espada e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta,
para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não
adorassem a imagem da besta”
A demonstração de poder da segunda besta, o falso profeta, é estarrecedora. Até
mesmo fogo do céu poderá cair à presença dos homens. O objetivo destes milagres é enganar
“os que habitam na terra” para que adorem a imagem da besta. Ao falso profeta será dado
poder de comunicar vida à estátua da besta. Esta estátua poderia falar e fazer com que os que
não lhe prestassem adoração fossem mortos. Esta atitude estreita ainda mais as exigências
prenunciadas pelo falso profeta.
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A imagem da besta ainda fará com que todos “pequenos e grandes, ricos e pobres,
livres e servos tenham posto um sinal na sua mão direita ou na testa. Esta será a marca da
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besta. Ninguém poderá vender ou comprar sem esta marca. A besta controlará o sistema
comercial do mundo. Esta marca será o nome da besta ou o número do seu nome. O número é
seiscentos e sessenta e seis. A Bíblia não explica muito sobre o significado deste número. A
única chave proposta é que este número é o número de um homem. Muitas especulações tem
surgido tentando associar este número a líderes religiosos, políticos ou homens que são
expoentes mundiais, mas sem nenhuma base sólida para isto.
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12 – O CORDEIRO E OS CENTO E QUARENTA E QUATRO MIL SELADOS; OS


TRÊS ANJOS E A COLHEITA DA TERRA

Contrapondo a visão aterradora vista por João concernente às bestas que exercem
autoridade sobre a terra ele vê uma previsão da vitória final do Cordeiro e o julgamento das
nações. O Cordeiro estava em pé sobre o monte Sião e com ele cento e quarenta e quatro mil
selados na testa com o nome do Pai. Podemos perguntar quem seriam estes selados. O texto
fala que os selados foram aqueles que não se contaminaram com mulheres, pois se
conservaram castos e seguem o Cordeiro por onde quer que ele vá e mentira alguma foi
encontrada em suas bocas; são imaculados. Não devemos pensar que esta descrição é literal.
Como em outras partes do livro, esta é uma descrição conotativa. O ato de não se contaminar
com mulher pode se referir a uma fidelidade ao Senhor que evita a prostituição espiritual, ou
seja, são ‘castos’ espiritualmente e não se corromperam pela idolatria. O texto ainda fala que
não foi encontrada mentira em suas bocas, ou seja, houve fidelidade no relacionamento. Tal
descrição corrobora a interpretação como um todo.
Havia muitos templos cananeus, gregos e orientais na Ásia Menor.
Essas religiões, via de regra, praticavam o culto da fertilidade, que
tinha como ritual a prostituição, a astrologia, o espiritismo e o
ocultismo. Tais coisas são consideradas pela Bíblia como abominação
ao Senhor. Alguns eruditos interpretam a expressão “não se
contaminaram com mulheres” como impureza espiritual e moral. Isto
quer dizer que os 144.000 sempre se caracterizaram como fiéis
seguidores de Cristo. (HORTON, 2005, p. 190)

Sobre o número 144.000 muitas opiniões diferentes têm sido elaboradas. Uns dizem
que estas pessoas são as mesmas 144.000 saídas das 12 tribos de Israel, conforme mostra o
capítulo sete. Outros dizem ser mais provável que estes sejam crentes fiéis e consagrados
oriundos de diferentes lugares e épocas. Ainda outros acreditam que o número 144.000 não
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representa um número limitado. Vêem-no como um número de plenitude, de maneira a incluir


todos os crentes que têm andado com o Senhor, mantido a sua devoção a Deus e a Cristo.
Enfim, é importante ter em mente que os que são de Cristo estarão com Ele.

“Então, vi outro anjo, que voava pelo céu e tinha na mão o evangelho eterno para
proclamar aos que habitam na terra, a toda nação, tribo, língua e povo. Ele disse em alta voz:
“Temam a Deus e glorifiquem-no, pois chegou a hora do seu juízo. Adorem aquele que fez os
céus, a terra, o mar e as fontes da águas”. Este anjo tinha a missão final de proclamar mais
uma vez o evangelho eterno aos habitantes da terra. O tema do evangelho é: temer e glorificar
a Deus.

“Um segundo anjo o seguiu, dizendo: “Caiu! Caiu a grande Babilônia que fez todas as
nações beberem do vinho da fúria da sua prostituição!” À semelhança da Babilônia antiga que
era cheia de idolatria e prostituição a ‘nova’ Babilônia ou mesmo o império mundano
vindouro terá as características da Babilônia. Aqui é mostrado o desmanche desse império
corrompido.

“Um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: “Se alguém adorar a besta e a sua
imagem e receber a sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus
que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre
ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro, e a fumaça do tormento de tais pessoas
sobe para todo o sempre.” O julgamento é proclamado. Todo aquele que adorar a besta será
alvo da ira de Deus. Estes serão condenados. Sofrerão tormentos sem cessar para todo o
sempre. Que destino terrível! É incrível existirem pessoas que ainda negam a realidade do
julgamento e da condenação. Que Deus tenha misericórdia!

Para finalizar esta sequência de visões, João olha e vê uma nuvem e alguém
“semelhante a um filho de homem”. “Ele estava com uma coroa de ouro na cabeça e uma
foice afiada na mão. Então saiu do santuário um outro anjo, que bradou em alta voz àquele
que estava assentado sobre a nuvem: ‘Tome a sua foice e faça a colheita, pois a safra da terra
está madura; chegou a hora de colhê-la’. Assim, aquele que estava assentado sobre a nuvem
passou sua foice pela terra, e a terra foi ceifada”. Esta imagem nos fala de juízo. Devemos nos
lembrar do que o próprio Senhor Jesus falou à João “O Pai a ninguém julga, mas ao Filho
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confiou todo o julgamento, a fim de que todos honrem o Filho, do modo como honram o Pai”.
Então, Jesus é o juiz de toda terra.

“Outro anjo saiu do santuário dos céus, trazendo também uma foice afiada. E ainda
outro anjo, que tem autoridade sobre o fogo, saiu do altar e bradou em alta voz àquele que
tinha a foice afiada: ‘Tome sua foice afiada e ajunte os cachos de uva da videira da terra,
porque as suas uvas estão maduras!’ O anjo passou a foice pela terra, ajuntou as uvas e as
lançou no grande lagar da ira de Deus. Elas foram pisadas no lagar, fora da cidade, e correu
sangue do lagar, chegando ao nível dos freios dos cavalos, numa distância de cerca de
trezentos quilômetros.” Neste momento os anjos também tomam parte no julgamento. Eles
também ceifam e lançam no lagar da ira de Deus para serem pisadas. O lagar a ser pisado
acha-se fora de Jerusalém. É o vale de Josafá que, em hebraico, significa o “vale onde Deus
julga” conforme Jl 3.2. O interessante é que não é vinho que escorre dessas uvas, e, sim,
sangue. Isto nos indique que se trata de uma grande mortandade. Segundo Horton esta é uma
outra maneira de se visualizar a Batalha do Armagedom. Esta visão tem como foco o fim da
Grande Tribulação e o retorno de Cristo para implantar o milênio.
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13 – OS SETE ANJOS E AS SETE TAÇAS DA IRA DE DEUS

“Vi no céu outro sinal, grande e maravilhosos: sete anjos com as sete últimas pragas,
pois com elas se completa a ira de Deus.” João visualiza os mensageiros das sete últimas
pragas. A irá de Deus está chegando ao fim. A punição está chegando a sua plenitude.

“Vi algo semelhante a um mar de vidro misturado com fogo, e, em pé, junto ao mar,
os que tinham vencido a besta, a sua imagem e o número do seu nome.” João tem a visão dos
que venceram a besta não aceitando adorá-la. Estes estarão nos céus celebrando ao Cordeiro
pelos seus feitos e cantando o cântico de Moisés:

“Grandes e maravilhosas são as tuas obras,


Senhor Deus todo-poderoso.
Justos e verdadeiros
São os teus caminhos,
Ó Rei das nações.
Quem não te temerá, ó Senhor?
Quem não glorificará o teu nome?
Pois tu somente és santo.
Todas as nações virão à tua presença
E te adorarão,
Pois os teus atos de justiça
Se tornaram manifestos”
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“Vi que se abriu nos céus o santuário, o tabernáculo da aliança. Saíram do santuário os
sete anjos com as sete pragas. Em meio a visão dos redimidos surge o céu sendo aberto e do
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tabernáculo da aliança saíram os sete anjos com as sete pragas. Os anjos estavam vestidos de
linho puro e resplandecente, mostrando sua pureza, e tinham cinturões de ouro ao redor do
peito. Este tipo de vestimenta era usada pelos reis e sacerdotes, o que, indica que os anjos tem
uma autoridade real delegada por Cristo.

“E um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro cheias da ira de
Deus, que vive para todo o sempre.” As taças da ira de Deus são entregues por um dos quatro
seres viventes aos sete anjos.

“O santuário ficou cheio da fumaça da glória de Deus e do seu poder, e ninguém podia
entrar no santuário enquanto não se completassem as sete pragas dos sete anjos.” O santuário
fica tomado pela fumaça da glória de Deus. Não há movimentação no santuário neste
momento, ou seja, não há intercessões ou expiações. Não é tempo para isso. O tempo é de
julgamento até que se completem as sete pragas.

Uma forte voz vinda do santuário disse aos anjos: “Vão derramar sobre a terra as sete
taças da ira de Deus”.

O primeiro anjo derramou sua taça na terra e nasceram feridas malignas e dolorosas
naqueles que adoraram a besta. Estes haviam virado as costas para a adoração do verdadeiro
Deus e, agora, são afligidos. Estas feridas não são feridas comuns porque são abertas por um
poder sobrenatural. Na Septuaginta, usa-se a mesma palavra para identificar os tumores que o
Senhor enviara ao Egito.

O segundo anjo derramou sua taça no mar, e este se transformou em sangue como de
um morto, e morreu toda criatura que vivia no mar. Mais uma vez a água é atingida. Esta
praga se assemelha aquela que foi realizada no Egito por Moisés. Moisés toca o rio Nilo e este
se transforma em sangue. Naquela ocasião, todos os peixes do rio morreram. Esta praga
também ocasionará a morte de todo ser vivente que há no mar por causa da poluição.

O terceiro anjo derramou sua taça nos rios e nas fontes e eles se transformaram em
sangue. Aqui não há limitação para o agir dessa praga. Todo o mundo será abalado da mesma
maneira. Os rios, as fontes e mananciais serão transformados em sangue. Isto, sem dúvida,
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causará grande sofrimento. Este anjo é chamado de ‘anjo que tem autoridade sobre as águas’.
Em nenhuma outra parte das Escrituras este título é mencionado, somente aqui. Este anjo
proclama um comentário sobre o seu agir e o porque desse juízo que é bastante esclarecedor:

“Tu és justo,
Tu, o Santo, que és e que eras,
Porque julgaste estas coisas;
Pois eles derramaram
O sangue dos teus santos
E dos teus profetas,
E tu lhes deste sangue
Para beber,
Como eles merecem”.

João ouve uma voz do altar responder:

“Sim, Senhor Deus todo-poderoso,


Verdadeiros e justos
São os teus juízos”

“O quarto anjo derramou sua taça no sol, e foi dado poder ao sol para queimar os
homens com fogo. Estes foram queimados pelo forte calor e amaldiçoaram o nome de Deus,
que tem domínio sobre estas pragas; contudo, recusaram arrepender-se e glorificá-lo.”

As primeiras três pragas foram derramadas sobre a terra, o mar, os rios e fontes. A
quarta praga é derramada sobre o sol. O Deus que criou o sol certamente tem todo o poder e
controle sobre ele; usa-o agora como instrumento de juízo. Ao sol foi dado poder para
queimar os homens. A intensidade de sua radiação foi aumentada. A conseqüência disto,
embora não descrita na Bíblia, pode ser subentendida. Com um calor neste nível, as calotas
polares se derreterão e haverá destruição em várias localidades por causa de inundações. A
Bíblia fala em outra parte de um período em que os montes e ilhas serão removidos de seus
lugares. Os homens vendo este acontecimento estão cientes de que o poder que opera tais
coisas não pertence ao Anticristo nem ao falso profeta, mas sim ao verdadeiro Deus, mas nem
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mesmo assim prestam-lhe reverência, antes com seus corações obscurecidos passam a
amaldiçoar o nome de Deus e recusam arrepender-se e glorificá-lo.

“O quinto anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, cujo reino ficou em trevas.
De tanta agonia, os homens mordiam a própria língua, e blasfemavam contra o Deus dos céus,
por causa das suas dores e das suas feridas; contudo, recusaram arrepender-se das obras que
haviam praticado.”
O alvo da praga derramada pelo anjo foi o trono ou sede de governo da besta. Alguns
pensam que este trono estará localizado na Babilônia; outros, em Jerusalém. Tal praga
colocará o reino do Anticristo em completas trevas como ocorreu no Egito. As trevas colocam
em confusão o reino do Anticristo e angustiam ainda mais os que já estão sofrendo em
conseqüência das outras pragas. Sua dor é tão intensa que são levados a morderem as línguas,
tamanha a agonia. O povo, ao invés de se arrepender, blasfemam o nome santo de Deus.

“O sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates, e secaram-se as suas
águas para que fosse preparado o caminho para os reis que vêm do Oriente. Então vi saírem
da boca do dragão, da boca da esta e da boca do falso profeta três espíritos imundos
semelhantes a rãs. São espíritos de demônios que realizam sinais milagrosos; eles vão aos reis
de todo o mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso.

“Então os três espíritos os reuniram no lugar que, em hebraico, é chamado


Armagedom.”

A sexta taça faz uma preparação para o Armagedom. Embora o Eufrates seja um dos
maiores rios do mundo, quando o sexto anjo derramar a sua taça ele há de secar. Este seca do
rio tem o propósito de remover a barreira que permitirá aos reis do Oriente, juntamente com
os seus exércitos, entrar em Israel para a peleja no vale de Megido. Satanás usará o seu poder
para reunir e aprontar os povos para o grande conflito que sucederá no fim da Grande
Tribulação. A sexta taça, portanto, está envolvida na preparação para a batalha do
Armagedom que é descrita com mais detalhes no capítulo 19.
Depois que estiver preparado o caminho para “os reinos do oriente”, o dragão, o
Anticristo e o falso profeta entrarão em ação. Da boca de cada um deles sai um espírito
imundo semelhante a rãs. Como realizam sinais milagrosos tornam suas mensagens mais
persuasivas. Eles são enviados aos reis de todo o mundo a fim de ajuntá-los à peleja do
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Grande Dia do Deus Todo-poderoso. Através de seus falsos sinais e milagres convencerão
estes a se unirem ao Anticristo na batalha final do Armagedom. Os reis e governantes serão
ajuntados no lugar que se chama Armagedom, que é a literal tradução do hebraico Har
Megiddon, “o monte do Megido”.
Será a última batalha da história, iniciando assim a conquista final
de Jesus sobre a terra. Todas as nações se concentrarão neste lugar
para a batalha final, depois de serem incitados por espíritos malignos.
(CRESPO, 1997, p. 104)

A batalha terminará quando Jesus voltar com poder e glória, e, com a palavra que sai
de sua boca, vencer o Anticristo e seus exércitos.

“O sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e do santuário saiu uma forte voz que vinha
do trono, dizendo: ‘Está feito!’ Houve, então, relâmpagos, vozes, trovões e um forte
terremoto. Nunca havia ocorrido um terremoto tão forte como esse desde que o homem existe
sobre a terra. A grande cidade foi dividida em três partes, e as cidades das nações se
desmoronaram. Deus lembrou-se da grande Babilônia e lhe deu o cálice do vinho do furor da
sua ira. Todas as ilhas fugiram, e as montanhas desapareceram. Caíram sobre os homens,
vindas do céu, enormes pedras de granizo, de cerca de trinta e cinco quilos cada; eles
blasfemaram contra Deus por causa do granizo, pois a praga fora terrível”.

Quando o sétimo anjo derrama sua taça sobre toda atmosfera, ouve-se uma voz
clamando: “Feito está”, ou “está consumado”. A voz é de Deus ou de Cristo. Com a sétima
taça termina o derramamento da ira divina sobre a terra. A praga é descrita: “Houve, então,
relâmpagos, vozes, trovões e um forte terremoto”. Há quatro palavras e frases que descrevem
a severidade deste terremoto: 1) grande; 2) nunca houve igual; 3) tão forte; 4) tão grande. Este
tremor partirá a grande cidade em três. Esta grande cidade pode ser identificada como
Jerusalém. O fato aqui declarado concernente à grande Babilônia significa que a ela é dado “o
cálice do vinho do furor de sua ira”. O alvo de todo julgamento de Deus é a grande Babilônia.
O mundo há de se conscientizar de que o Senhor quer governar um mundo sadio moral e
espiritualmente. Deus derramará a sua fúria sobre o sistema mundial que o tem rejeitado
sistematicamente. Além do grande terremoto, o mundo sofrerá outro juízo violento; a grande
saraivada. Praga semelhante sofreu o Egito. Embora Deus usasse a saraiva como arma de
destruição no Antigo Testamento, a referida aqui é muito pior. Estas pedras pesam cerca de
69

um “talento”, ou seja, aproximadamente 30 quilos. Apesar de tudo, ninguém se arrepende; os


seres humanos que ainda habitam a terra, blasfemam contra Deus por causa da praga.
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14 – A MULHER MONTADA NA BESTA

“E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem,
mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; com a
qual se prostituíram os reis da terra: e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho
da sua prostituição”

Um dos sete anjos que têm as taças da ira de Deus agora fala, dizendo a João que irá
mostrar-lhe o “julgamento” da “grande meretriz” que se acha assentada sobre muitas águas.
Por que o nome meretriz? Poderíamos nos perguntar. A resposta está no fato do texto bíblico
utilizar termos e imagens de adultério e prostituição para descrever a adoração aos ídolos ou
falsos deuses. Conseqüentemente, muitos entendem este texto como figurativo ao aspecto
religioso “da Babilônia”. As “muitas águas” citada no texto se refere, conforme o versículo
15, são povos, multidões, nações de todas as línguas do mundo. Isto pode significar que
Babilônia é uma cidade que domina ou controla ou é apoiada por todas as nações. Significa
que ela, em si, é o sistema mundial que inclui todos os povos do mundo e, portanto, vem
representando o sistema mundial desde a antiga Babilônia até o tempo do juízo final.

“E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de


cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E
a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e
pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua
prostituição; e na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das
prostituições e abominações da terra”
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João foi levado para um deserto e viu uma mulher assentada sobre uma besta de cor
escarlata. O caráter dessa besta é de blasfêmia contra Deus. A besta tem sete cabeças e dez
chifres, portanto, é identificada como a mesma besta do capítulo 13. O fato de a mulher estar
assentada sobre a besta indica um certo domínio no sistema mundial e sua influência alcança
todos os povos. Alguns identificam a besta escarlate com Roma, e os seus sete chifres com
sete de seus imperadores. Mas isto a limitaria ao passado. A besta pode ser melhor
identificada com o sistema mundial, ou a Babilônia política, que apóia o sistema religioso
apóstata que terá o seu clímax no reinado do Anticristo. Um contraste interessante aparece
entre “o cálice de ouro” e o cálice do Senhor. O cálice de ouro da mulher pode ter bela
aparência exterior, mas por dentro acha-se “transbordante de abominações e de imundícias”,
que são sua corrupção moral e religiosa. Em lugar de oferecer ao mundo o cálice da salvação
e do sofrimento por amor a Cristo, apresenta o cálice de satisfação carnal e de tudo quanto é
abominável a Deus. Na testa da mulher está escrito “Mistério, a grande Babilônia, a mãe da
prostituições e abominações da terra.” Babilônia é símbolo de falsa religião, magia, astrologia
e ocultismo.

O anjo proclama uma declaração que tenta tornar a identidade da besta conhecida a
João. O anjo fala “A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição...”
A besta, vista na visão profética, é mais um sistema político que existiu em forma de impérios
mundiais no passado. Mas não tem subsistido exatamente desta forma desde a queda do
Império Romano. Ela tem sido o ferro e o barro dos estados nacionalistas descritos em Daniel
capítulo 2.41-43. Durante a tribulação, reaparecerá como um império mundial governado pelo
Anticristo, dominado e possuído por Satanás. O império da besta durante a tribulação é
descrito como algo que sobe do abismo, das profundezas do inferno. Tal reino não terá longa
duração; seu destino é a perdição eterna.

A uma declaração feita pelo anjo que pode ajudar ainda a interpretar esta visão. “Aqui
há sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mulher está
assentada”. As sete cabeças tem um simbolismo duplo. Simbolizam sete montanhas. Nos
tempos do Novo Testamento, Roma era conhecida em toda parte como a cidade das sete
colinas. Os leitores das cartas de João não optariam por nenhum outro lugar a não ser Roma.
Tudo parece indicar que Cristo e o Espírito Santo queriam que os contemporâneos de João
soubessem estar vivendo na era romana da história do sistema mundial. E disse ainda o anjo:
72

“E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier,
convém que dure um pouco de tempo”. As sete cabeças também representam sete reis; cada
um simbolizando um império na sequência do sistema mundial do qual Roma fazia parte.
Assim, temos os cinco impérios já caídos: Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia e Grécia. Roma,
portanto, seria aquele que existe. Aquele que “ainda não é chegado” seria comparado aos pés
de ferro misturado com barro na grande estátua de Daniel, capítulo 2.

“E a besta que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete, e caminha
para a destruição”. A própria besta é um rei vindo dos sete. Ela é o ponto culminante desse
sistema.

“Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam o reino, mas
recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora. Têm estes um só pensamento,
e oferecem à besta o poder e a autoridade que possuem. Pelejarão contra o Cordeiro, e o
Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os
chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele”.

Os dez chifres representam dez reis ou dez reinos ou dez nações que terão grande
poder político por um breve período de tempo. Estas nações ainda não receberam o reino, isto
é, ainda não existiram. Portanto, não podiam ser nações relacionadas ao antigo império
romano. Elas virão a existir no final dos tempo, quando o Anticristo se manifestar. As dez
nações terão “uma mente”, um mesmo intento. Além de darem todo o apoio e lealdade à
besta, passarão sua própria autoridade e poder a ela. Capacitarão o Anticristo a se equipar e
montar seu sistema mundial tão contrário a Deus como jamais houve desde que o homem
governa a terra.

A explicação a respeito das águas: “Falou-me ainda: As águas que viste, onde a
meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas.” O anjo que deu a visão a
João agora explica o simbolista da água na qual a prostituta está assentada. Elas são povos. As
águas representam todos os povos do mundo. Todos eles tem sido afetados por esses sistemas
de falsas religiões.

“Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e
despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo. Porque em seus corações incutiu
73

Deus que realizem o seu pensamento, executem-no à uma e dêem à besta o reino que
possuem, até que se cumpram as palavras de Deus. A mulher que viste é a grande cidade que
domina sobre os reis da terra.”

É incrível, mas os dez reinos e a besta passarão a odiar a meretriz e a devastarão. Elas
a tornarão desolada, sem propriedade ou prédios. Torna-la-ão nua. Tirarão sua aparência
elegante; suas jóias e roupas finas que são os sinais de poder, riqueza e influência. Depois
“comerão sua carne”. Isto é: consumirão e destruirão as organizações religiosas com os
sacerdotes e seus funcionários. Finalmente, o que sobrar será destruído “pelo fogo”. E, aquela
que se acha bêbada com o sangue dos mártires, se transformará em vítima, finalmente.
74

15 – A QUEDA DA BABILÔNIA

Sobre a queda da Babilônia há outro anúncio. Desta vez, outro anjo faz o anúncio e
descreve detalhes sobre o sentimento mundial quanto ao acontecimento. Este aspecto da
queda enfatiza mais as conseqüências econômico-financeiras mundiais.

“E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra
foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a
grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e coito de todo espírito imundo, e coito de
toda a ave imunda e aborrecível. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua
prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se
enriqueceram com a abundância de suas delícias”.

O anjo que tinha grande poder clamou fortemente: Caiu, caiu a grande Babilônia. Um
anúncio desse porte só poderia ser proclamado em alta voz. A Babilônia, como vista
anteriormente, representa o sistema mundial dominado por Satanás. Seu julgamento é
aguardado há muito tempo, pois toda sorte de injustiça, impiedade, imoralidade e idolatria
devem ser condenados definitivamente e agora é proclamado em alta voz esta realidade.

É mencionado novamente no texto o envolvimento das nações, dos reis e dos


mercadores da terra. Todas as nações participaram desse sistema mundial. “Todos beberam do
vinho da ira da sua prostituição”. Todos se envolveram com seus propósitos, com suas
filosofias. Estavam em franca aliança de propósitos. Contudo, o que os povos não viam era
que Babilônia era um antro de demônios. Isso ficou notório com sua queda.
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O texto bíblico prossegue dando um alerta para que o povo de Deus “saia da
Babilônia”, ou seja, saia desse sistema, para que não fosse participante dos pecados dela. Pois,
os pecados de Babilônia já “se acumularam até ao céu” Esta é uma espécie de chamada
profética para que cada geração de crentes esteja atenta, pois pode ser a última antes da
Grande Tribulação. Os escolhidos devem sair dela. Se nela permanecerem, cederão à tentação
e acabarão por comungar com o seu sistema. Partilharão de seu prestígio e de seus pecados.
Resultado: acabarão por compartilhar também das terríveis pragas que o Senhor lhe reservou.
Babilônia será julgada. Sua punição será em dobro. É uma maneira de dizer que ela
receberá a medida completa do que merece.

“Em seu coração ela se vangloriava: ‘Estou sentada como rainha; não sou viúva e
jamais terei tristeza’”. Esta frase mostra a arrogância com que se estabelecia a Babilônia. Ela
seria aquela que teria sempre o poder em suas mãos (rainha).

“E os reis da terra, que se prostituíram com ela, e viveram em delícias, a chorarão, e


sobre ela pratearão, quando virem o fumo do seu incêndio; estando de longe pelo temor do
seu tormento, dizendo: Ai! Ai daquela grande Babilônia, aquela forte cidade! Pois numa hora
veio o seu juízo.”

“Os negociantes da terra chorarão e se lamentarão por causa dela, porque ninguém
mais compra a sua mercadoria: artigos como ouro, prata, pedras preciosas e pérolas; linho
fino, púrpura, seda e tecido vermelho; todo tipo de madeira de cedro e peças de marfim,
madeira preciosa, bronze, ferro e mármore; canela e outras especiarias, incenso, mirra e
perfumes; vinho e azeite de oliva, farinha fina e trigo; bois e ovelhas, cavalos e carruagens, e
corpos e almas de seres humanos.”

“Todos os pilotos, todos passageiros e marinheiros dos navios e todos os que ganham
a vida no mar ficarão de longe. Ao verem a fumaça do incêndio dela, exclamarão: ‘Que outra
cidade jamais se igualou a esta grande cidade? Lançarão pó sobre a cabeça e, lamentando-se e
chorando, gritarão: ‘Ai A grande cidade! Graças à sua riqueza, nela prosperaram todos os que
tinham navios no mar!”
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Três lamentações são aqui registradas. A primeira é feita pelos “reis”. A segunda,
pelos “mercadores”. A terceira, pelo comércio marítimo especificamente. Estes assistem à
queda do sistema mundial babilônico e aterrorizam-se. Vêem sua fonte de lucro e sucesso
sendo destruída. Não mais terão suas vendas, seus lucros. Cada grupo desses lamenta a seu
modo o fracasso da Babilônia.

“Alegra-te sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e profetas; porque já Deus julgou a
vossa causa quanto a ela”. Em contraste com o choro e o lamento dos reis, mercadores e
poderosos, aparece a alegria. Todo o céu regozija-se pela queda da Babilônia.

O final da Babilônia é assim simbolizado: “E um forte anjo levantou uma pedra como
uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela
grande cidade, e não será jamais achada.”
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16 – ALELUIA

Após a queda da Babilônia, ou seja, do sistema satânico mundial, João ouve nos céus
algo como que uma voz de grande multidão que proclamavam “Aleluia!”. Quatro Aleluias são
proclamados nos céus. Esse júbilo está relacionado à tão esperada queda da Babilônia. Esse
fato merece ser comemorado visto que representa o fim de um sistema corrupto, imoral e
idólatra no qual o mundo estava submetido. Assim, a grande multidão brada a vitória com
expressões que engrandecem ao Senhor tais como: “A salvação, a glória e o poder pertencem
ao nosso Deus, pois verdadeiros e justos são os seus juízos. Ele condenou a grande prostituta
que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos.”. No
meio dessa comemoração há o pronunciamento do casamento do Cordeiro. Este momento é
profético, pois as bodas do Cordeiro tinham sido profetizadas. Este acontecimento marca uma
realidade diferente na vida da igreja (noiva). Agora a noiva será selada para sempre no
relacionamento com o noivo. Eles não mais se separarão. Onde o noivo estiver a noiva
também estará, ou seja, onde Cristo estiver nós também estaremos. A proclamação do
casamento é feita da seguinte forma: “Aleluia!, pois reina o Senhor, o nosso Deus, o Todo-
poderoso. Regozijemo-nos! Vamos alegrar-nos e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do
casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Para vestir-se, foi-lhe dado linho fino,
brilhante e puro”. A noiva está com vestes brancas e puras, isto significa os atos justos dos
santos. Estas vestimentas foram dadas pelo noivo, pois os atos de justiça da noiva são
mediante a concessão da justiça do noivo. Há um contraste marcante neste episódio entre duas
mulheres. Uma é a grande prostituta que está sendo condenada e a outra é a noiva, que está
sendo abençoada.
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Após este momento de júbilo, João vê os céus abertos e diante dele um cavalo branco
cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Os exércitos dos céus o seguiam, vestidos de linho
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fino, branco e puro e montados em cavalos brancos. A descrição do cavaleiro se assemelha


com a descrição em apocalipse 1.13-16. Os olhos eram como chamas de fogo. Em sua cabeça
há muitas coroas e um nome que só ele conhece, e ninguém mais. Está vestido com um manto
tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus. De sua boca saia uma espada afiada, com
a qual ferirá as nações. “Ele as governará com cetro de ferro”. Esta visão mostra o retorno de
Jesus Cristo à terra com grande poder e muita honra. Ele vem para ferir as nações que ainda
apoiarão o Anticristo. Ele tem a missão de governar os povos com cetro de ferro, pois Ele é o
Rei dos reis e Senhor dos senhores conforme a inscrição que haverá em seu manto e em sua
coxa. O desfecho dessa cena é narrado da seguinte forma pelo apóstolo João: “Então vi a
besta, os reis da terra e os seus exércitos reunidos para guerrearem contra aquele que está
montado no cavalo e contra o seu exército. Mas a besta foi presa, e com ela o falso profeta
que havia realizado os sinais milagrosos em nome dela, com os quais ele havia enganado os
que receberam a marca da besta e adoraram a imagem dela. Os dois foram lançados vivos no
lago de fogo que arde com enxofre. Os demais foram mortos com a espada que saía da boca
daquele que está montado no cavalo. E todas as aves se fartaram com a carne deles.” O final é
surpreendente! Uma vitória esmagadora. A besta e o falso profeta foram presos no lago de
fogo e seus exércitos foram mortos mediante a palavra de ordem do Rei. Podemos usar uma
metáfora e dizer que agora a terra é uma casa limpa e em melhores condições para ser
governada.
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17 – OS MIL ANOS

“Vi descer do céu um anjo que trazia na mão a chave do Abismo e uma grande
corrente. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o acorrentou por
mil anos; lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de
enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja
solto por um pouco de tempo.”

Após a queda da Babilônia, do sistema mundial satânico, o Diabo será preso e lançado
no Abismo. De lá ele não poderá sair, pois o lugar está fechado e selado. Segundo Stanley M.
Horton o selo mostra que autoridade de Deus é a garantia de que Satanás permanecerá
aprisionado pelos mil anos. Durante esse tempo, por estar preso, o Diabo não exercerá
nenhuma influência na terra até ao final dos mil anos. Conseqüentemente, o Milênio (termo
derivado do latim Mille, que significa mil) estará completamente livre de todas as mentiras e
impulsos maus, procedentes do pai da mentira.

O Milênio é muito questionado por algumas linhas teológicas. Os Amilenistas pensam


que este milênio descrito no livro é uma figura e não dever ser interpretado literalmente.
Portanto, não existiria tal período! O Milênio seria o símbolo da vitória completa de Cristo
sobre Satanás e do gozo perfeito dos santos no céu. Outros também pensam que o Milênio é
um símbolo, mas o símbolo seria de vitória completa de Cristo sobre Satanás, mas
representaria um Reinado de Cristo por meio da difusão do evangelho. O evangelho seria
pregado universalmente e seria tão bem-sucedido que todos se converteriam. Esta concepção
é denominada de Pós-milenismo. A idéia de que o Milênio será um período literal de mil anos
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e que Cristo estará fisicamente presente reinando durante este tempo é chamada de Pré-
milenismo.
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É provável que o pré-milenismo tenha sido a concepção dominante


nos três primeiros séculos da igreja. Boa parte do milenismo desse
período – muitas vezes denominado “quiliasmo”, por causa da palavra
grega usada para “mil” – possuía um sabor um tanto hedonista. O
milênio seria um tempo de grande abundância e fertilidade, de
renovação da terra e de construção de uma nova Jerusalém glorificada.
Na Idade Média o pré-milenismo tornou-se bem raro. (ERICKSON,
1997, p. 512).

Nosso pensamento nestes comentários concordam com a visão Pré-milenista.

O Milênio será uma época diferente da que vivemos. Deus restaurará Israel à sua terra,
o proporcionar-lhe-á também uma restauração espiritual. A terra desfrutará deste maravilhoso
período. Contudo, o texto bíblico afirma que após os mil anos será necessário que o Diabo
seja solto por um pouco de tempo. Neste ínterim, são colocados tronos e aqueles a quem tinha
sido dado autoridade para julgar se assentaram. O apóstolo viu as almas dos que foram
decapitados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus. Eles não tinham adorado
à besta nem a sua imagem. Estas almas são dos mártires do período da Grande Tribulação.
Eles não aceitaram adorar a besta e nem aceitaram a sua marca. Eles ressuscitaram e reinaram
com Cristo no milênio. O texto bíblico enfatiza que o restante dos mortos não voltou a viver
até se completarem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. “Felizes e santos os que
participam da primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão
sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante mil anos.”

Ao final do Milênio, Satanás será solto e sairá para enganar as nações que estão sobre
a terra. Como o reino de Cristo está estabelecido literalmente, o Diabo tentará enganar as
nações e provocar uma guerra contra o reino de Cristo. Esse conflito será chamado de Gogue
e Magogue. Às nações serão novamente enganadas e influenciadas pelo Diabo e marcharão
rumo a Jerusalém a fim de cercar o acampamento dos santos. Mas fogo caiu do céu e as
devorou! Esta intervenção sobrenatural de Deus marca o julgamento definitivo do Diabo e das
nações ímpias. Deus os destruirá. O Diabo será lançado no lago de fogo que arde com
enxofre, onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. O estado eterno destes seres é
mencionado: Eles serão atormentados dia e noite, para todo o sempre.

Neste momento será realizado o chamado Juízo Final ou Juízo do Trono Branco.
Interessante que este juízo final será direcionado especificamente àqueles que se rebelaram a
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Deus não o adorando, assim os mortos que morreram sem reconciliação com Deus foram
trazidos ao tribunal para ser decretado sua sentença. O tribunal não absolve, o tribunal será
condenatório. Também a morte e o inferno foram julgadas e condenadas. E todos foram
lançados no lago de fogo e enxofre.

“A terra e o céu fugiram da sua presença, e não se encontrou lugar para eles. Vi também os
mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi
aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo
o que estava registrado nos livros. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o
Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo com o que
tinha feito. Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a
segunda morte. Aqueles cujos nomes não foram encontrados no livro da vida foram lançados
no lago de fogo.”
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18 – A NOVA JERUSALÉM

“Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham
passado; e o mar já não existia.” Neste ponto, o apóstolo João visualiza uma nova realidade.
Após a queda da babilônia, o julgamento do Diabo e das nações, ou seja, de uma organização
moral dos seres criados, nada mais propício do que uma nova terra, uma nova realidade, para
ser morada dos redimidos. Alguns pensam que esta terra não terá característica de nova
criação e sim de uma renovação da atual terra e posicionam tal evento para acontecer no
início do Milênio. Contudo, as características da narração que segue o texto é bastante
detalhada e específica.
Alguns apontam passagens como Eclesiastes 1.4 que falam da terra
como morada eterna. Mas isto significa apenas que haverá uma terra,
mesmo que a atual seja trocada por outra. O salmista declara que a
presente criação perecerá. Ficará velha como se fosse um vestido, e
Deus a mudará como nós mudamos de roupa – colocando uma nova e
diferente. Deus também mostrou o mesmo a Isaías. Ao falar do
julgamento das nações, Isaías olhou o futuro, e viu que “todo o
exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como
pergaminho” (Is 34.4). Ele também viu que “os céus desaparecerão
como fumo, e a terra envelhecerá como vestido” (Is 51.6). Deus
criará, então, um novo céu e uma nova terra que hão de permanecer
para sempre. (HORTON, 2005, p. 295-296)

João viu a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus. A
Cidade que será a nova morada eterna dos santos.

“Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: ‘Agora o tabernáculo de Deus está
com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com
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eles e será o seu Deus.” O tabernáculo de Deus, ou seja, a habitação de Deus estará com os
homens. Isso significa teremos sempre a presença de Deus. Não nos afastaremos mais dele.
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Ele estará em nós e nós estaremos nEle. Seremos definitivamente e irrevogavelmente povo
dEle.

“Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem
choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou”.

A nova realidade de vida com Deus excluirá primeiramente qualquer espécie de


pecado. O pecado não mais fará parte da existência humana. Ele será extinto, pois o Sangue
do Cordeiro purificou a todos plenamente. Sem o pecado, e com graciosa presença de Deus,
as mazelas que conhecemos da antiga vida serão suprimidas. Não haverá sofrimento, portanto,
não haverá choro. Não haverá mais morte, pois a morte é o salário do pecado. A morte será
extinta também. Nem mesmo tristeza, choro, dor, ou qualquer outra coisa dessa natureza. A
nova realidade rejeita tais coisas. A nova realidade tem uma característica perfeita. Está
baseada na perfeição de Deus.

“Aquele que estava assentado no trono disse: ‘Estou fazendo novas todas as coisas!’ E
acrescentou: ‘Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança”.

Para concluir esta mensagem o Senhor afirma que “Está feito. Eu sou o Alfa e o
Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água
da vida. O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho.” Ainda outra
descrição enfatiza que a nova realidade não admite pecado: “Mas os covardes, os incrédulos,
os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria,
os idólatras e todos os mentirosos – o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre.
Esta é a segunda morte.”

Um dos anjos que tinham as sete taças voa até João e lhe mostra a Cidade Santa, que
descia dos céus da parte de Deus. Ela resplandecia com a glória de Deus conforme o texto.
Nesta Cidade são descritos os muros que eram altos e com doze portas e doze anjos junto às
portas. Nas portas estavam escritos os nomes das dozes tribos de Israel. O mura ainda tinha
doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. As medidas da
cidade também foram mencionadas, pois o anjos que estava com João tinha uma cana para
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medir a cidade. A cidade era quadrangular, de comprimento e largura iguais. Largura e altura
também eram iguais. O anjo mediu o muro, e deu sessenta e cinco metros de espessura. O
muro era feito de jaspe e a cidade era de ouro puro, semelhante ao vidro puro. Os
fundamentos dos muros da cidade eram ornamentados com toda sorte de pedras preciosas.
Assim, a beleza da Cidade vai sendo mencionada. Algo também foi enfatizado: “Não vi
templo na cidade, afirma o apóstolo, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o
seu templo. A cidade também não precisava de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a
glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia. Um pouco da adoração que lá haverá é
revelado: “As nações andarão em sua luz, e os reis da terra lhe trarão a sua glória” e “A glória
e a honra das nações lhe serão trazidas.” O tipo de habitante da cidade é novamente
caracterizado: “Nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é
vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida
do Cordeiro”.
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19 – O RIO DA VIDA. JESUS VEM EM BREVE!

Então, continuando a revelação sobre a Nova Jerusalém, o anjo mostrou a João o rio
da água da vida que fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade.
Este rio alguns entendem como um rio literal que simbolizaria o agir do Espírito Santo. Rio
na Bíblia é símbolo de pureza, purificação e vida. Dos dois lados do rio estava a árvore da
vida, que frutifica doze vezes por ano, uma por mês. A árvore da vida, que apareceu lá no
jardim do Édem, torna a aparecer somente aqui. Ou seja, em toda história da humanidade não
houve nenhuma oportunidade para ser concretizar a vida eterna como esta. A árvore da vida
mostra que mesmo estando naquele ambiente e sendo transformados não temos vida em nós
mesmos. Nossa vida vem de Deus e do Cordeiro. Portanto, a árvore tem esse simbolismo.
Assim, também, podermos entender porque o texto bíblico relata que as folhas da árvore são
para a cura das nações. Não se trata de uma cura (a palavra cura pode ser entendida como
saúde), mas sim da manutenção da saúde dos povos, pois na Cidade Santa, como foi visto
anteriormente, não haverá mais dor, pranto, sofrimento, doenças, enfim. Então, o que temos
que manter é a saúde (existência perfeita) e esta vem de Deus. Fica claro, então, que não
haverá maldição nenhuma.

Uma certeza novamente é decretada: O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade.


Os servos do Senhor o servirão e poderão ver a sua face, e o seu nome estará em suas testas,
ou seja, pertenceremos ao Senhor para sempre e seremos como Ele, com a plenitude da
imagem de Deus restaurada em nós.

A realidade cósmica será diferente na Cidade Santa. Não precisaremos da luz solar,
não haverá noite, pois o Senhor é quem iluminará a Cidade.
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“O anjo me disse: ‘Estas palavras são dignas de confiança e verdadeiras. O Senhor, o


Deus dos espíritos dos profetas, enviou o seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que
em breve hão de acontecer”. Esta advertência parecer ter o objetivo de descartar qualquer
incredulidade. Apesar do caráter extraordinário da mensagem ela se constitui pela veracidade.
Não há mentira ou fábula aqui. Tudo que se profetizou seguramente é certo! Ainda mais, estas
coisas “breve hão de acontecer”. O tom de urgência é colocado para mostrar que não deixará
de ocorrer tais coisas. Este aviso é para que os “servos” de Cristo tenham conhecimento dos
próximos eventos proféticos. A voz do Senhor soa e reafirma o que foi dito pelo anjo: “Eis
que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”.

João quando ouviu e viu estas coisas caiu aos pés do anjo para adorá-lo. O anjo lhe
disse para não fazer aquilo pois também era servo como João, os profetas e todos aqueles que
guardam as palavras deste livro. Adore a Deus! Foi essa a recomendação. Fazer uma reflexão
sobre esta atitude é interessante, pois ela enfatiza que o único a quem devemos adorar é o
Senhor. Este princípio exclui toda idéia e prática idólatra que tanto é abominável diante de
Deus.

Novamente a brevidade com que ocorrerão estes acontecimentos é mostrada. “Eis que
venho em breve! O Senhor ainda mostra que retribuirá, em sua vinda, a todos de acordo com
suas obras. Pois Ele é o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim!

Algumas bem aventuranças e advertências: “Felizes os que lavam as suas vestes, e


assim têm direito à árvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas. Fora ficam os cães,
os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidade sexuais, os assassinos, os idólatras e
todos os que amam e praticam a mentira.”

Existe um tipo de assinatura dando grande autoridade a todo o livro de Apocalipse.


Trata-se da expressão: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo para dar a vocês este testemunho
concernente às igrejas. Eu sou a Raiz e o Descendente de Davi, e a resplandecente Estrela da
Manhã”.
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Encontramos ainda no livro uma chamada universal, uma espécie de convite: “O


Espírito e a noiva dizem: ‘Vem!’ E todo aquele que ouvir diga: ‘Vem!’ Quem tiver sede,
venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida.”

Mais uma séria advertência é proclamada para que ninguém altere as palavras do livro
desta profecia, pois se isso ocorresse as pragas contidas nele lhes serão acrescentadas.

Finalizando o livro temos uma despedida da parte do Senhor: “Aquele que dá


testemunho destas coisas diz: ‘Sim, venho em breve!’ Amém. Vem, Senhor Jesus! E uma
bênção proferida pelo apóstolo: “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém”
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CONCLUSÃO

Podemos pensar em algumas considerações finais acerca do Apocalipse.

• O livro de Apocalipse tem se mostrado com uma missão ímpar nas Sagradas
Escrituras. Apesar de muitos acontecimentos sobre o final dos tempos terem sido
profetizados ainda no Antigo Testamento coube ao Apocalipse dar um direcionamento
mais amplo e definitivo às profecias escatológicas. Ele traça os acontecimentos finais
da era atual da criação envolvendo-os por um contexto altamente significativo e
possível.

• O Apocalipse enquanto tem a função profética de revelar os acontecimentos “finais”,


trata de uma revelação ainda maior, pois revela ao Senhor Jesus Cristo em seu atual
estado com toda soberania, autoridade, honra e glória que é devida a um rei. Portanto,
o Rei é revelado! Este Rei é o dono da história! Ele é quem conduz todo o universo.
Com a revelação do Rei suas atividades também são reveladas. O Rei arrebata sua
igreja e tem um momento de júbilo e festa com ela. O Rei também derrama o juízo ao
mudo e ao sistema babilônico. O Rei julga o Anticristo e o falso profeta. O Rei julga
ao Diabo, a morte e o inferno. O Rei julga todas as nações ímpias. Assim, grande parte
da atividade do Rei estará relacionada com o juízo.

• O Rei também é aquele que faz novas todas as coisas! Cria uma nova realidade para
existência dos seus servos. Uma realidade perfeita sem dor, pranto, choro ou tristeza.
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Não haverá lágrima. Tudo será perfeito. Assim, o Apocalipse tem a característica de
revelar a Jesus Cristo mais do que outras coisas.
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• O Apocalipse também é um escrito conclusivo. Ele estabelece a conclusão daquilo que


foi iniciado em Gênesis. Isso foi importante para que a história da revelação não se
dissipasse sem destino ou mesmo sem um fim lógico. Então, se a criação teve um
início mostrado em Gênesis ela terá um “fim” ou “destino final” revelado em
Apocalipse.
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REFERÊNCIAS

BULLÓN, Alejandro. O Terceiro Milênio e as profecias do Apocalipse. 12ª ed. São Paulo:
Casa Publicadora Brasileira, 1999.

CARSON, D. A. MOO, Douglas J. MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São


Paulo: Vida Nova, 1997.

CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2003.

CRESPO, Ubirajara. Operação Resgate, relato de todo processo de resgate e traslado da Igreja
de Cristo segundo Apocalipse. São Paulo: Editora Naós, 1997.

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.

HORTON, Stanley M. Apocalipse, as coisas que brevemente devem acontecer. 3 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005.

LAN, Dong Yu. Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo: Os sete Espíritos diante do Trono. 1
ed. São Paulo: Editora Árvore da Vida, 1999.

MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. Editora Vida, 1995.

POHL, Adolf. Apocalipse de João I: comentário esperança. Curitiba: Editora Evangélica


Esperança, 2001.
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