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Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012)

Presidente - Jorge Luiz Castanheira Alexandre

Vice-Presidente e
- Zacarias Siqueira de Oliveira
Diretor de Patrimônio

Tesoureiro - Américo Siqueira Filho

Diretor Jurídico - Dr. Nelson de Almeida

Secretário - Wagner Tavares de Araújo

Diretor de Carnaval - Elmo José dos Santos

Diretor Comercial - Hélio Costa da Motta

Diretor Cultural - Hiram Araújo

Diretor Social - Jorge Perlingeiro


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ÍNDICE

PÁGINA
 ORDEM DOS DESFILES 05
 RANKING DAS ESCOLAS 07
 G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 09
 G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 17
 G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA 29
 G.R.E.S. UNIDOS DO VIRADOURO 37
 G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO 45
 G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS 53
 G.R.E.S. MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL 61
 G.R.E.S. UNIDOS DO PORTO DA PEDRA 71
 G.R.E.S. PORTELA 81
 G.R.E.S. ACADÊMICOS DO GRANDE RIO 91
 G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL 107
 G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 119

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4
GRUPO ESPECIAL
ORDEM DOS DESFILES
CARNAVAL/2010

HORÁRIO DOMINGO SEGUNDA


ORDEM
DE INÍCIO (14/02/2010) (15/02/2010)

UNIÃO DA ILHA MOCIDADE IND. DE


1 Às 21:00 h
DO GOVERNADOR PADRE MIGUEL
IMPERATRIZ UNIDOS DO
2 Entre 22:05 e 22:22 h
LEOPOLDINENSE PORTO DA PEDRA

3 Entre 23:10 e 23:44 h UNIDOS DA TIJUCA PORTELA

UNIDOS ACADÊMICOS DO
4 Entre 00:15 e 01:06 h
DO VIRADOURO GRANDE RIO
ACADÊMICOS DO UNIDOS DE
5 Entre 01:20 e 02:28 h
SALGUEIRO VILA ISABEL
BEIJA-FLOR ESTAÇÃO PRIMEIRA
6 Entre 02:25 e 03:50 h
DENILÓPOLIS DE MANGUEIRA

 As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles


corresponda à numeração ímpar deverão se concentrar a partir da
lateral do Setor 01 (um) da Avenida dos Desfiles no sentindo do
Edifício “Balança Mas Não Cai”;

 As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles


corresponda à numeração par deverão se concentrar a partir do
prédio do Juizado de Menores no sentido do prédio da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.

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RANKING LIESA
2005 / 2009
ORDEM

TOTAL
2005 2006 2007 2008 2009
ESCOLA

Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt.

1º Beija-Flor de Nilópolis 1º 20 5º 8 1º 20 1º 20 2º 15 83

2º Acadêmicos do Grande Rio 3º 12 2º 15 2º 15 3º 12 5º 8 62

3º Acadêmicos do Salgueiro 5º 8 11º 0 7º 4 2º 15 1º 20 47

4º Unidos da Tijuca 2º 15 6º 6 4º 10 5º 8 9º 2 41

5º Unidos de Vila Isabel 10º 1 1º 20 6º 6 9º 2 4º 10 39

Estação Primeira de
6º 6º 6 4º 10 3º 12 10º 1 6º 6 35
Mangueira

7º Unidos do Viradouro 8º 3 3º 12 5º 8 7º 4 8º 3 30

8º Portela 13º 0 7º 4 8º 3 4º 10 3º 12 29

9º Imperatriz Leopoldinense 4º 10 9º 2 9º 2 6º 6 7º 4 24
10º Mocidade Independente de
9º 2 10º 1 11º 0 8º 3 11º 0 6
Padre Miguel

Unidos do Porto da Pedra 7º 4 12º 0 10º 1 11º 0 10º 1 6

12º Império Serrano 12º 0 8º 3 12º 0 - - 12º 0 3

13º Caprichosos de Pilares 11º 0 13º 0 - - - - - - 0


14º
São Clemente - - - - - - 12º 0 - - 0

Estácio de Sá - - - - 13º 0 - - - - 0

Tradição 14º 0 - - - - - - - - 0

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“D. Quixote de la Mancha – o
cavaleiro dos sonhos
impossíveis”

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO


GOVERNADOR

Presidente: Sidney Filardi


Carnavalesca: Rosa Magalhães
Fundação: 07/03/1953
Cores: Vermelho, Azul e Branco

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G.R.E.S. União da Ilha do Governador

“D. Quixote de la Mancha...


O cavaleiro dos sonhos impossíveis”

“Num lugar da Mancha, de cujo nome não quero


lembrar-me, vivia um fidalgo. Tinha em casa uma ama e
uma sobrinha. Orçava em idade, o nosso fidalgo, pelos
cinqüenta anos. Era rijo de compleição, seco de carnes,
enxuto de rosto, madrugador e amigo da caça...

É pois de saber, que este fidalgo, nos intervalos que tinha


de ócio, que eram muitos, se dava a ler livros de cavalaria
com tanto empenho e prazer, e era tanta paixão por
essas histórias, que chegou a vender parte de suas terras
para comprar livros de Cavalaria. O que mais admirava
era “Os quatro de Amadis de Gaula”, primeiro livro de
cavalaria que se imprimiu na Espanha.

E o pobre cavaleiro foi perdendo o juízo. Sua imaginação


foi tomada por tudo o que lia nos livros – feitiçarias,
contendas, batalhas, desafios, amores e disparates
inacreditáveis. Foi assim que acudiu-lhe a mais estranha
ideia, que jamais ocorrera a outro louco nesse mundo.
Pareceu-lhe conveniente, fazer-se cavaleiro andante, em
busca de aventuras e viver tudo o que havia lido sobre o
assunto.

Assim começa a saga de um cavaleiro que se tornou imortal.


Escrito por Miguel de Cervantes, a princípio era uma crítica
aos romances de cavalaria. Porém sua importância foi além
dos limites que imaginara. É considerado o primeiro
romance da era moderna e escolhido como o melhor livro já
escrito até os dias de hoje.

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Carnaval 2010

Voltando ao nosso herói, ele escolheu um nome, Quixote


de La Mancha, batizou seu magro cavalo de Rocinante,
tomou um vizinho, lavrador pobre e bastante simplório,
como seu fiel escudeiro. E para cavaleiro andante nada
mais lhe faltava a não ser uma dama. Foi então que se
lembrou de uma aldeã por quem já fora enamorado,
embora ela nunca tenha sabido, chamada Aldonza
Lorenzo. Pôs-lhe então o nome de Dulcinéia Del Toboso.

Assim, armado e montado em Rocinante, acompanhado


pelo escudeiro Sancho Pança montando seu burrico
russo, Dom Quixote resolve sair em busca de aventuras,
que devo dizer não foram poucas.

Investiu contra os moinhos de ventos, achando que eram


gigantes, obra do grande feiticeiro Fristão; tomou
rebanho de ovelhas por exércitos inimigos, e fez o mesmo
com uma manada de touros. De um barbeiro, levou-lhe a
bacia dourada, pois achava que era o elmo de Mambrino,
colocou-a na cabeça e esta bacia passou a fazer parte de sua
indumentária enferrujada e antiga, pertencente a seu bisavô.

Enquanto Dom Quixote se aventura pelo mundo, sua


sobrinha, ajudada por amigos, resolve destruir todos os
livros de cavalaria dele e bloqueia a porta do seu
escritório, para parecer que esta sumira como que por
encantamento. No afã de levá-lo de volta para casa, o
noivo da moça se disfarça de cavaleiro da Branca Lua e
desafia Quixote para um torneio. Caso ele perdesse, teria
que se refugiar em casa por um período de um ano,
esquecendo-se das aventuras de cavaleiro andante.
Quixote é vencido por seu oponente e, como era fidalgo

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G.R.E.S. União da Ilha do Governador

de palavra, volta para a casa, para júbilo de todos, e aos


poucos vai recobrando a sensatez e esquecendo-se das
aventuras do grande D. Quixote de La Mancha.

“Quixote encanta pela loucura da luta por ideais dos quais a


razão desistiu. Os humanistas domesticados pela razão
cínica viraram técnicos em acomodação.
Quixote, como Cervantes, foi-se em agitação criativa e
penúria material.
Quatro séculos após a sua vinda, restam o quixotesco de
anedota, frases divertidas, fugaz admiração. Do ideal,
apenas a glória do derrotado. Venceu o pragmatismo de
Sancho.
Mas vale a pena ler, quimeras são sempre divertidas, a
infância ou a loucura ainda mora na essência das nossas
almas quixotescas...”

“Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Negar quando a regra é vender...
Voar num limite improvável
Tocar o inacessìvel chão.”

Rosa Magalhães
Carnavalesca

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Carnaval 2010

Bibliografia consultada:

 Dom Quixote de la Mancha – de Miguel de Cervantes –


Ilustrações de Gustavo Doré – Tradução –
Viscondes de Castilho e de Azevedo – Lello e irmão
editores – Porto – 02 volumes – s/data

 Dom Quixote de la Mancha – de Miguel de Cervantes,


tradução de Ferreira Gullar – editora Revan – 2002

 Artigo – Quatro séculos do maluco beleza – Alcione


Araújo – Revista Argumento, nº. 08, pág. 17

 Sonho impossível – Musical Man of la Mancha – de


Dale Wasserman, Joe Darion, Mitch Leigh –
tradução Chico Buarque de Hollanda.

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“Brasil de todos os Deuses”

G.R.E.S. IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE

Presidente: Luiz Pacheco Drumond


Carnavalesco: Max Lopes
Fundação: 06/03/1959
Cores: Verde, Ouro e Branco

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G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

“Brasil de todos os Deuses”

Uma terra abençoada! É um Brasil que nasce de homens


bem-aventurados, de uma história de dores e de alegrias,
que gera um povo miscigenado, criativo e crente no que se
tem de mais valor: o poder dos deuses. Seres iluminados,
supremos, espirituais ou materiais, sagrados ou profanos,
divinos de um Brasil de todos os Deuses.

Brilha! A Coroa da Imperatriz Leopoldinense às coroas das


divindades...
Despertamos da imensidão do nosso Brasil, do “realismo
mágico” do Reino de Tupã à nossa criação.

Povoado pelo consciente imaginário dos índios brasileiros –


os donos da terra; ressoam das matas cantos, louvores, ritos,
rancores, paixão e fé. No enredo do meu samba, Tupã é um
Deus, genuinamente, “brasileiro”. Ele é a força divina,
como no mito guarani da criação, que desce à terra
personificado em um manto de luz e cor e cultuado como
Deus do Carnaval. É Tupã que une e apresenta os elementos
constitutivos das religiões brasileiras e o fenômeno religioso
universal do Homem, que crê em Deus, em Olorum, em El,
em Alá, em Maomé, em Jeová, em Buda, em Brahma, ou
seja, em um Ser Superior.

Tupã, de seu trono, tudo vê. No século XVI, treze caravelas


de origem portuguesa aportam em terras brasileiras. À
primeira vista, tais navegadores, cumprindo um contrato
religioso, acreditam tratar-se de um grande monte e
chamam-no de Monte Pascoal. Realizam, em 26 de abril de

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Carnaval 2010

1500, a primeira missa no Brasil. Desde então, as atitudes e


imposições dos homens brancos aos filhos de Tupã, e até
mesmo aos negros africanos que, posteriormente, viriam
para além-mar na condição de escravos, cultuou-se o
cristianismo. A cruz marca o testemunho de fé desses
navegadores portugueses, que reconhecem Cristo como
“Deus Homem” ou como a encarnação de Deus. Assim, a fé
cristã é difundida, chegam as catequeses e a lavoura e, com
elas, a exploração do Novo Mundo, desvendado por Seu
Cabral.

O sopro forte de Tupã vai nos mostrando a nossa formação.


Criam-se doutrinas, estórias, mitos e lendas. Sob a
inviolável fé cristã, vindos da África Ocidental, os negros
africanos trazem, além da dor da escravidão, suas crenças,
suas divindades, suas lembranças... de um ritual chamado
N’Golo, praticado nas aldeias do sul de Angola, à época do
rito da puberdade – que representava a passagem da moça
para a condição de mulher. Também aporta, com os negros
africanos, o culto dos Orixás – que atuam como
intermediários entre o mundo terrestre e o Deus Negro –
chamado Olorum ou Olodumaré, o Princípio Criador.

O Brasil transcende a um princípio de unidade geral: negros,


índios e europeus ganham um só corpo, viram uma só gente,
abençoada pelos “deuses brasileiros”. É o despertar poético
de uma ardente nação, uma nação, que perante os olhos de
Tupã, vê navegar sobre seus mares, navios a vapor trazendo
homens, mulheres, velhos e crianças (1870-1930) à nova
terra.

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G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

A viagem marca para sempre a vida dos imigrantes


europeus, asiáticos, indianos, americanos, entre outros.
Partir assinala o encerramento da origem da sua existência,
sublinhado pelo traço genérico comum da ansiedade,
estranheza, expectativa da chegada e a reconstrução de uma
nova vida em outro país. Até que o processo de imigração
viesse a se concretizar, fatos como a visão etnocêntrica (dos
nacionais) e a autopercepção do imigrante como estrangeiro
contribuíram para reforçar os laços de grupo, os laços
familiares e, sobretudo, os laços religiosos.
As tradições religiosas dos imigrantes no Brasil fundiram-se
a nossa brasilidade. Dos bairros étnicos, judeus, árabes,
ortodoxos, japoneses budistas ou xintoístas, alemães
protestantes, e até indianos hare krishnas, com suas formas
de linguagens, expressões diretas e atuantes, preservam seus
mistérios e cultuam seus deuses...
Do Judaísmo: “um velho pastor, cansado da fome e da
seca, certa vez ouviu uma voz a dizer: Parte da tua terra.
Era o Senhor, que propôs guiar aquele homem até um lugar
abençoado, onde água e comida nunca faltariam. Em troca,
ele deveria adorá-Lo como o único Deus e espalhar pelo
mundo uma mensagem de justiça. A proposta era arriscada
numa época em que reis exploravam o trabalho de
camponeses, invasores ameaçavam cidades-estado e os
povos, em busca de proteção, veneravam várias divindades.
Mesmo assim, o pastor aceitou o acordo. E foi
recompensado por isso. Seu nome era Abraão. Ele
sobreviveu a guerras, catástrofes naturais, perseguições. E
seus descendentes foram guiados numa longa jornada rumo
a Canaã – a Terra Prometida” (Revista Superinteressante,
março 2009)

23
Carnaval 2010

A narrativa da aliança entre Deus e Abraão é uma das mais


conhecidas da tradição judaico-cristã e, embora nunca tenha
sido confirmada historicamente, pode explicar como surgiu
a primeira grande religião monoteísta, o Judaísmo.

Do Budismo: a essência do pensamento budista focado nas


Quatro Nobres Verdades:

1º dor (a vida é cheia de dor);


2º a origem da dor (a dor provém do desejo de experiências
sensoriais);
3º sobre a superação da dor (atingir o estágio da nirvana); e
4º o caminho que leva à superação do desejo (o desejo
apaga-se quando se segue o “Meio-Caminho”, o sagrado
caminho das regras da vida): a pureza da fé; da vontade; da
ação; dos meios da existência; da atenção; da memória; e da
meditação.

Uma filosofia espiritualista de vida baseada integralmente


nos profundos ensinamentos do Buda para todos os seres,
que revela a verdadeira face da vida e do universo.

Do Islamismo: a religião que mais cresce no mundo


contemporâneo nasceu na Península Arábica a partir da
reflexão de Maomé em torno da multiplicidade de deuses
existentes nas tribos da própria península, assim como das
religiões petrificadas e presas no formalismo ritualístico,
sem a vivificação espiritual desejada e desejável, como o
cristianismo ortodoxo grego, o cristianismo romano e o
judaísmo.

24
G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

Nos treze séculos que se passaram de sua gênese, a religião


congrega hoje mais de 800 milhões de adeptos, unidos pelo
sentimento profundo de pertencimento a uma só
comunidade. E essa expansão, que continua, é,
principalmente, em virtude de um espírito de universalidade
que transcende qualquer distinção de raça e permite a cada
povo se integrar no Islã, mas, ao mesmo tempo, conservar
sua cultura própria.

Do Hinduísmo: uma intersecção de valores, filosofias e


crenças, derivadas de diferentes povos e culturas.

Tem sua origem pelo ano de 1500 a.C. Nasceu a partir dos
elementos religiosos dos vencedores (arianos) e vencidos
(os autóctones). Provém da experiência humana. Consiste
na investigação das profundezas da alma, na reflexão sobre
si mesmo, da preocupação em não deixar escapar nada de
experiência.

O credo fundamental do Hinduísmo é o da existência de um


espírito Universal chamado Brahma (alma do mundo). Essa
alma do mundo, também chamada de Trimurti, o Deus
Trino e Uno, tem esse nome porque acreditavam que ela era:
1. Brahma, o Criados; 2. Vishnu (Krishna), o Conservador;
3 – Shiva, o Destruidor.

A religião hindu acredita ainda em muitos deuses. Existem


cerca de 33 milhões de deuses. Os sacerdotes hindus
afirmam que são apenas representações de diferentes
atributos de Brahma ou nomes do mesmo Deus.

25
Carnaval 2010

No destino imaginário da humanidade celebram a vida e


percorrem o caminho da verdade. Todos de braços dados e
peito aberto em um convívio fraterno, sem ódio nem rancor,
da passarela do samba mostram pro mundo que a união
entre as crenças é um ato de amor...

Entre o sagrado e o profano, Brasil de todos os Deuses é a


devoção de cada religião, é a celebração das festas
religiosas. Da Festa do Divino, que tem origem nas
comemorações portuguesas a partir do século XIV e que no
Brasil é marcada pela esperança de uma nova era para o
mundo dos homens, com igualdade, prosperidade e boa
colheita. Do Reisado, da festa do negro que se faz no
Congado, da Cavalhada – a histórica batalha entre cristãos e
mouros, das romarias e dos beatos e sua peregrinação pelos
caminhos da fé.

De um Brasil que vive em harmonia onde deus paga, onde


deus cria e convive com o povo brasileiro no seu dia-a-dia:

Deus lhe pague!


Deus lhe abençoe!
Deus é o vosso Pai,
Deus é o vosso guia...
Vai com Deus!
Deus é amor.
Graças a Deus!
Deus é meu pastor.

O encanto toma conta do espírito de Tupã que abençoa o


Brasil como o templo da união de todas as crenças. Das
matas indígenas ao cristianismo, dos cultos afros às

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G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense

manifestações religiosas, dos imigrantes, da festa da fé ao


povo brasileiro. A Imperatriz Leopoldinense é o templo do
Brasil, é o Brasil de todos os Deuses – um poema épico,
erguido ao longo da nossa história, que pede passagem para
contar em “canto e oração” a ação sociocultural de todas as
religiões nesse encontro mágico e poético chamado
Carnaval.

Idéia Original e Carnavalesco: Max Lopes

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“É Segredo!”

G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA

Presidente: Fernando Horta


Carnavalesco: Paulo Barros
Fundação: 31/12/1931
Cores: Azul Pavão e Amarelo Ouro

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G.R.E.S. Unidos da Tijuca

“É Segredo!”

O enredo da Unidos da Tijuca em 2010 é segredo. Foram


muitas pesquisas, estudos, reflexões, textos contendo ideias
e informações importantes, de onde acontecimentos e
personagens da história da humanidade vinham e iam.
Apenas tentativas que não nos levaram a lugar algum.
Apesar de escolhermos vários temas, descobrimos que nem
sempre é possível REVELAR na Avenida como tudo
aconteceu. Não encontramos explicações que nos
proporcionassem o entendimento. Nem sempre
ESCONDER pode ser apenas uma divertida e inocente
brincadeira.

As imagens surgiam para nos revelar alguma coisa, nos dar


a certeza de que ali estavam respostas e, de repente, nada era
mais como parecia ser alguns segundos atrás. Como isso
pôde acontecer, se tudo parecia tão claro? Como num passe
de MÁGICA, o que tínhamos diante de nós se transformava
em outra coisa. Inexplicável.

Procuramos um caminho que nos levasse a DECIFRAR e a


entender o que se passava.

Também não resistimos à tentação de buscar histórias


relacionadas às antigas civilizações. Tantas já percorreram a
Avenida mostrando como viviam povos antigos. Tantas...

Livros, mapas, textos, documentos valiosos... E fomos


descobrindo que além das tantas histórias já reveladas
existiam aquelas que nunca ninguém ousou transformar em
carnaval. Por que não? Talvez porque num passado distante

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Carnaval 2010

elas deixaram de existir. Viraram CINZAS, poeira das


grandes batalhas em que só a vitória importa. Custe o que
custar.
Em leituras incessantes, varamos noites e dias. Nas páginas
restantes de catástrofes que APAGARAM a memória dessas
civilizações, muitas perguntas, poucas narrativas completas,
dúvidas e muito MISTÉRIO. E o tempo foi passando no
contato com as informações recolhidas ao longo de séculos
sobre povos que desapareceram e só nos deixaram
perguntas.
Encontramos alguns VESTÍGIOS de tantos outros povos
que viveram em nosso planeta. Nesse planeta? Ruínas,
marcas, restos.
Túmulos escondidos, sinais claros da existência de lugares
sobre os quais pouco conhecemos. Registros apagados pelo
tempo. Histórias únicas e perdidas.
Tanto conhecimento poderia ser traduzido em grandes
enredos. Lugares que sabemos terem existido, mas que só a
imaginação poderia reconstruir. Essas lacunas devem
incomodar a todos aqueles que atravessam um processo de
criação baseado na reconstituição histórica. Mas alimentam
aqueles que se aventuram a criar LENDAS e, secretamente,
preencher esses espaços OCULTOS.
Continuamos nossa busca. Conversas, debates acalorados,
desânimo, excitação. Houve momentos em que chegamos
bem perto de uma solução e, quando parecia que tínhamos
encontrado, encarávamos mais uma vez o
DESCONHECIDO, o INDECIFRÁVEL. Quem foram?
Como viveram? Como fazer esse enredo, se não sabemos?

34
G.R.E.S. Unidos da Tijuca

Esses homens não gostariam de ter deixado suas histórias


para futuras gerações? Certamente não queriam esconder
sua cultura, hábitos, rituais que poderiam hoje estar
ilustrando os livros, correndo nas telas dos cinemas,
atravessando a Passarela do Samba.

Infelizmente, não tiveram essa escolha. Foram enterrados,


incinerados, destruídos. Jamais saberemos sobre suas vidas,
seu cotidiano, suas identidades.

Mesmo que quisessem esconder seus segredos, como


sempre fizeram os homens de todos os tempos, nunca
saberemos o que desejariam ter revelado sobre si mesmos.
Nunca? Até agora, não.

Talvez devêssemos também desaparecer. Nos esconder e


passar o carnaval DISFARÇADOS. Sumir na multidão.
Pelos mais diferentes motivos. Os mais covardes e os mais
nobres. Por errar e para acertar, também. Não agem assim os
super-heróis e os vilões? Homens do bem e do mal?
Espiões, bandidos, cientistas, escritores... Somem os
homens, suas histórias, e somem coisas também.

Aviões e navios DESAPARECEM na imensidão. E nunca


mais se sabe nada sobre eles. Então, começam a procurá-los.
Criam inúmeras suposições sobre esses sumiços. Quem
matou, quem fugiu, por que desapareceu? Onde se
escondeu? Surgem histórias estranhas de todo lugar. Muitos
acreditam que seres de outros planetas nos visitam para
levar pessoas e objetos para estudos. Outros afirmam que
extraterrestres já foram capturados e escondidos para
pesquisa.

35
Carnaval 2010

As especulações viram INVESTIGAÇÕES e a procura


continua. Revistam a casa, o trabalho, os caminhos virtuais.
Hoje, a coisa mais fácil é encontrar um sujeito pela Internet.
Quebram e clonam suas SENHAS. Fazem pior: derrubam
empresas inteiras descobrindo códigos de acesso, quebrando
sistemas de segurança. Esses são sujeitos que ninguém
encontra. Nunca se revelam e são capazes de invadir a vida
de qualquer um.

Qual seria a CHAVE para nos revelar a saída? Que outros


enigmas, códigos, FÓRMULAS SECRETAS e poções
mágicas poderão ainda ser revelados no futuro?

O que dirão quando souberem o que está acontecendo? É


melhor não saberem, manter em segredo tudo isso. É melhor
assumir o que não podemos esconder? Ou esconder o que
não podemos assumir?

Mas se quiser tentar DESVENDAR o que está acontecendo


diante de seus olhos, não esqueça de que nem tudo o que se
vê é o que parece ser... E se conseguir decifrar o que está
por trás, não REVELE o segredo... Deixe-se levar pelo
inesperado e surpreenda-se! No carnaval, você pode
descobrir como são mutáveis as certezas que temos sobre o
que vemos.

Paulo Barros
Isabel Azevedo
Ana Paula Trindade
Simone Martins

36
“México, o Paraíso das Cores,
sob o Signo do Sol”

G.R.E.S. UNIDOS DO
VIRADOURO

Presidente: Marco Lira


Carnavalescos: Edson Pereira e Junior Schall
Fundação: 24/06/1946
Cores: Vermelho e Branco

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39
40
G.R.E.S. Unidos do Viradouro

“México, o Paraíso das Cores, sob o Signo do Sol”

Feche os olhos. Se permita aflorar os sentidos.


Se faça pleno de emoção, para viajar e experimentar.
Sinta o calor do sol que nos abraça e nos convoca a sorrir e
a comemorar
O sinal vital do tempo de festejar.
Da honra de coroar, com toda paixão, nossa união com a
vida,
Traduzida em forma de carnaval.
É a hora de homenagear uma nação guerreira,
Irmã de alma, quente e tenaz, Latina.
Pela mágica retina da folia, celebrar “A criação”.
Nascida nos esboços em carvão de um artista,
Na paleta das cores geniais de Rivera e Frida,
Criar, valorizar, misturar as raças.
Reclamar a ideologia mestiça!
Inspirar uma arte a serviço do povo!
Arte que vibra. Transborda de alegria.
Pintar nos murais, as cores intensas, vivas de liberdade
Para invadir as fachadas, ganhar as ruas
Em desenhos radiantes, explodir em criatividade
espontânea;
E contar as narrativas do dia-a-dia...
Nas antigas lições do passado, agregar o valor das
memórias,
De fábulas de lutas e glórias.
Fazer florescer, em meio às sombras,
Cidades dos sonhos.
“Lugar onde se fazem os Deuses”...

41
Carnaval 2010

Relembrar o resplandecer dos templos sagrados de Deuses


agrários,
Das pirâmides do sol e da lua,
Dos palácios bordados com pedras de jade e turquesa,
Perdidos no crepúsculo do findar de mitos e crenças,
Do legado ceifado pelas mãos do invasor.
O ouro e prata, maculados, tesouros cobiçados por piratas
Cruzam o Caribe rumo a além-mar.
E nas batalhas da ambição, regidas pela dor,
Sem honras nem glórias, o baú que encontram é o das almas
No fundo do mar.
A lâmina afiada da degradação é a catequese do medo,
Irmanada com as novas doenças e a fome
Que se aflige porém, com os sinos que dobram e anunciam
o brado da luta.
O “grito” que ecoa evoca uma independência pálida, sem
cor,
Sem “terra e liberdade”.
Que clama por seus heróis nacionais, “Caudillos” generais
do povo,
De lenços vermelhos, sangue guerreiro, dos camponeses,
dos “Rancheros”
Lìderes mestiços de “Sombrero”, Pancho Villa e Zapata,
Salve a revolução!
Salve a mistura de ingredientes que temperam esta terra,
De sol e tequila, de “señoritas” de olhos negros e cabelos
sedosos,
De “Mariachis” e ìndios, de corações nobres e sentimentais

Com uma pitada de saudade, do sorriso de Cantinflas.


Vivo na alegria dos aromas e sabores, dos “Tacos, Tortillas
e Chiles”.

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G.R.E.S. Unidos do Viradouro

No clima dos costumes, dos dias de festas,


Em que a música e a dança, enchem de vida belos vestidos
de renda
Que rodopiam num bailado multicor de tradição nativa.
Fantasiada de esqueleto, bem-humorado, que celebra o dia
de finados.
Um paraíso natural que não rima com tristeza.
Pátria maior, orgulhosa da capital, a Cidade Monstro,
Da Babilônia da Fronteira, do “Pote de Ouro”,
Da “Capital da Prata”, da “Cidade dos Anjos”,
De cenários mágicos de se perder o fôlego,
De lembranças doces, com o gosto da vitória,
Sob o aceno dos “sombreros” a conquista verde e amarela.
Numa terra gloriosa, dona de uma história esculpida em
pedra,
Contada na arte das paredes que falam,
Real, pelo suor de filhos fortes que teimam em renascer.
Para rogar à Virgem padroeira, sua benção.
A Viradouro então abre o coração,
Com seus sentidos aflorados, se une ao México pleno de
amor e coragem,
Para seguir o caminho da felicidade,
Coberto por rosas, sem espinhos,
Iluminado pelo eterno Signo do Sol e pela fé em
Guadalupe.
É Carnaval, é Alegria, é México!

Autores da sinopse: Edson Pereira e Junior Schall.

Presidente: Marco Lira.

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Carnaval 2010

Bibliografia -Obras Consultadas:

 Angulo, Jorge Teotihuacan- City Of The Gods.


Editora: Bonechi.
 Guirao,P.O Enigma dos Maias. Uma Civilização
Superior na América Pré-Colombiana. Editora:
Hemus.
 Kettenmann, Andrea. Rivera. Editora: Taschen.
 Lessa, Ana. América Central, México e Ilhas do
Caribe. Editora: Seleções / Reader’s Digest
 Matthews, John. Galeria de Piratas. Editora: Ciranda
Cultural.
 Mc Lynn, Frank. Heróis e Vilões. Editora: Larousse.
 Saldaña, Yolanda Bravo. Ciudad de México- História
– arte- Monumentos. Editora: Bonechi
 Shorris, Earl. Pancho Villa- O Revolucionário
Mexicano. Editora: Francisco Alves.
 Tarullo, Pietro. México. Tradução: Salo Vino Cur.
Editora: Manole Ltda.
 Revista História Viva nº 68. Editora: Duetto.
 Revista História Viva nº 44. Editora: Duetto.
 Revista Set / Cinema- DVD- Entretenimento. Editora:
Peixes.
 Revista Set / Cinema e DVD. Editora: Peixes.

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“Histórias Sem Fim”

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO
SALGUEIRO

Presidente: Regina Celi Fernandes Duran


Carnavalesco: Renato Lage
Fundação: 05/03/1953
Cores: Vermelho e Branco

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G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro

“Histórias Sem Fim”

"Dos diversos instrumentos do homem, o mais


assombroso é, sem dúvida, o livro. Os demais são
extensão do seu corpo... mas o livro é outra coisa,
o livro é uma extensão da memória e da imaginação"
(Jorge Luís Borges)

Um dia, Johannes Gutemberg sonhou que queria ser livre, que


queria ser livro. Queria ser palavra escrita, mudar o rumo da
História. Ser história. Inquieto e curioso, começou a
transformar seu sonho em realidade na Alemanha do século
XV, quando pressionou o último bloco de chumbo sobre o
papel e colocou o ponto final em sua obra-prima: a Bíblia
impressa.

- Deem-me 26 cavalinhos de chumbo e eu conquistarei o


mundo!

Conquista pelas palavras e pelos livros, agora impressos a


partir de seus inventos e criações. Ficavam para trás
rudimentares papiros, tipos chineses, pergaminhos, códices e
os inacessíveis manuscritos copiados à mão por monges
medievais. Os tipos móveis sujos de tinta, que um dia fizeram
parte de seus sonhos, imprimem páginas de um novo e
importante capítulo. A primeira impressão, que ficou para a
eternidade.

Estava aberto o portal para a divulgação de ideias e ideais que


passaram a ser difundidos mundo afora. Senha para o início da
era dos grandes livros, das maravilhosas Histórias Sem Fim!

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Carnaval 2010

Mãos e máquinas à obra! As páginas impressas resgatam o


passado glorioso de impérios erguidos sob o signo da
compaixão e da fúria de heróis, mitos e deuses. Feitos épicos
imortalizados em Epopeias que exaltam valores e virtudes de
civilizações. As mesmas palavras edificadas às glórias
humanas também descrevem o renascer de uma era,
personificada na figura de um cavaleiro errante. Os moinhos
de vento sopram os ares da esperança, guiando o homem a
uma jornada espiritual rumo ao paraíso, por tortuosos
caminhos...
... que conduzem o leitor às intrigas dos nobres encastelados e
as revoluções da plebe nos poderosos reinos do velho mundo.
Enredos de delírios de reis e rainhas, das tramas de um
triângulo formado por donzelas, cavaleiros e cortesãs. É o
tempo dos heróis de capa e espada, dos duelos em nome do
coração da bela dama. Abrem-se as páginas de um romântico
jogo de olhares na cena de um vilão cínico. Ligações perigosas
descritas com minúcia em textos que revelam juras secretas,
pactos, ódios, romances proibidos, suspiros, promessas de
amor eterno...
... que vão influenciar a literatura de um novo mundo,
traduzida na face da fidalga portuguesa enamorada pelo
nativo. Está consumado o enlace que forja o capítulo
romântico de um Brasil miscigenado. Palavras que navegam
sobre um mar de imagens poéticas, descrevendo a dramática
travessia nos porões dos tumbeiros. Na embarcação, negros e
negras que aqui aportam para transformar e fortalecer as raízes
de uma nação. A cada obra, a crônica de um país que abriga a
saga dos heróis mestiços, do Rio de Janeiro de tantos tipos
urbanos e suburbanos, dos homens e mulheres da Bahia de
São Salvador, dos valentes desbravadores de um sertão fértil
de sonhos...

50
G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro

... e devaneios literários evocados por palavras mágicas,


adormecidas à sombra do livro da saudade: “Pirlimpimpim”,
“Abre-te-Sésamo”, “Abracadabra!”. Num piscar de olhos,
voamos ao tempo do “Era uma Vez... Uma outra vez!”.
Adentramos o portal da fantasia. Aqui, a imaginação é a
máquina veloz que nos leva a qualquer tempo, a qualquer
lugar! Vamos botar o mundo de pernas pro ar em busca da
trilha dos contos fantásticos e lá encontrar a cidade dos
sonhos, o país das maravilhas, o universo das fábulas
inesquecíveis. Veja: bonecos ganham vida... Ouça: a canção
do herói favorito... Sinta: o pulsar da felicidade inocente nas
histórias contadas pela avó... Quitutes de palavras que trazem
cheiros e sabores da infância, escritas para sempre no coração.
É a chave para despertar a criança que nunca deixou de existir
em cada um de nós na grande aventura de brincar de viver
em...
... um instante: siga o conselho e tome fôlego antes de
prosseguir. Pronto? Lá vamos nós. Aqui começa nossa viagem
pelo mundo da aventura e do suspense, com personagens e
ações se sucedendo num ritmo alucinante para desvendar o
intrigante enigma, encontrar o caminho para outras dimensões
onde habitam monstros, bruxos e seres sobrenaturais
transportados de tempos e espaços imaginários, guiados por
engenhosas palavras que nos fazem prender a respiração e,
num só fôlego, acompanhar todo o mistério que envolve a
trama do primeiro ao último instante, conduzidos por pistas
falsas, ciladas, tramas cruzadas, perigos, vilões acuados,
quebra-cabeças de peças incompletas, fragmentos que aguçam
a curiosidade num ritmo cada vez mais frenético, até que
surge... ufa!
A reviravolta.
O desfecho.
A revelação.

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Carnaval 2010

“Como é que não pensei nisso antes?” A verdade estava diante


dos nossos olhos...
... que avançam no tempo e leem um futuro escrito pelas tintas
da incerteza. Ao perder o domínio sobre as máquinas que
inventou, o homem vira refém da própria criação. São abertas
as páginas das ficções revelando um planeta vigiado por olhos
eletrônicos, a serviço do grande Deus-Máquina que zela por
nós. Cérebros artificiais altamente avançados, capazes de
viajar pelo universo e simular uma realidade tomada pelo caos
num cenário futurista. Estaríamos diante do último capítulo
dessa nova Odisseia? O futuro dirá...

... que é hora de abrir um novo capítulo, escrever sobre a


página em branco a história que escolhermos. Recriar a
própria biografia, desvendar no grande livro da vida o segredo
da felicidade, do equilíbrio e da paz. Os ensinamentos da
Filosofia que nos apontam os caminhos da sabedoria, das bem
ou mal traçadas linhas escritas no livro místico do destino.
Nascerá, enfim, a obra imortal onde haverá sempre um novo
capítulo, uma nova edição. Um enredo infinito, recontado e
ampliado cada vez que alguém folhear as páginas de tantas
Histórias Sem...

... Fim...

Renato Lage e Departamento Cultural


Junho de 2009

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“Brilhante ao sol do novo
mundo, Brasília do sonho à
realidade, a capital da
esperança”

G.R.E.S. BEIJA-FLOR
DE NILÓPOLIS

Presidente: Farid Abrahão David


Carnavalescos: Alexandre Louzada, Fran Sérgio,
Laila e Ubiratan Silva
Fundação: 25/12/1948
Cores: Azul e Branco

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G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis

“Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília do


sonho à realidade, a capital da esperança”

Reluz meu samba como cristal brilhante, a refletir neste


instante, mais um sonho encantado, a emanar sua energia,
como alvorada que anuncia o dia, resplandecendo o Planalto
Central.

Vai Beija-Flor aventureiro, abre as asas, abraça o cerrado


brasileiro, traz Brasília em seu carnaval...

Faz a anunciação da terra prometida, entressonhada e


celestial, da divina visão de Dom Bosco, em sua viagem no
espaço do tempo, nos paralelos do futuro virtual. E torna o
mito “Goyaz”, uma verdade, uma história de amor pra
eternidade, de Paranoá, guerreiro, um lago de lágrimas, de
Jaci, um luar de paixão, a espreitar, num olhar azulado, a
bela índia alada, que jaz, por Tupã enfeitiçada, deitada pra
sempre em seu chão.

Emerge do passado a sua herança, do coração do Egito,


coincidência, inspiração... Aketaton, gêmea ancestral do
deserto, que se esplanou em largos espaços abertos, em
templos, “estelas”, em reverência ao sol, abrindo-se, feito
asas, norte e sul, qual vôo de íbis, ave sagrada, em seu vôo
na imensidão.

Que se abram suas páginas de história, de desbravamento e


bravura, de onde em busca de riquezas se ergueram
bandeiras, que rasgaram o seu coração, que ainda criança,
pulsava invisível e sereno, entre as matas desse sertão.

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Carnaval 2010

Mostre que sempre foste um sentimento, sonho e


predestinação, por ser de fato o centro, deste imenso florão e
que da colônia ao império, adormeceste em ideais, como um
ponto de vista de quem enxergou à frente, além da própria
visão pois viste correr o tempo, entre tormentas, revoltas e
insurreições e que da tempestade, sentiste os novos ventos,
que ainda que tarde sopraram a liberdade e que após “o
brado forte e retumbante”, o patriarca te batiza, de Brasìlia,
afinal.
Que da inquietude da República foste sempre um desejo, a
ânsia de realizar, e foi assim disposta na carta magna, como
um vislumbre, um definitivo olhar. Viste então a missão
científica, em grande marcha para o Oeste desbravar, e a
medida que ela avança, abrindo a terra agreste e mansa, veio
então te visitar.
Traçaram em seu planalto, um quadrilátero, entre as tortas
árvores do cerrado, fauna e flora a se revelar e das entranhas
do seu solo rubro, rochas cristalinas que apontam e
despontam ao sol a brilhar, de suas veredas, um seio que
esbanja ricos mananciais, desnuda o seu berço esplêndido e
líquido, sul e norte a desaguar.
Por fim um marco te fecunda a terra, como sêmem de pedra,
que do alto da serra vigia teu sono derradeiro e sob o imenso
céu a contemplar o cruzeiro faz seu ventre guardar
ternamente, o alvorecer do novo tempo brasileiro.
Mas eis que do horizonte faz luzir a modernidade como um
raio intenso e verdadeiro e de Minas sopra “Venturis”,
varrendo os anos dourados, de esperança e prosperidade, e
JK segue adiante, acordando enfim, o gigante, com seu
ímpeto aventureiro.

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G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis

E um país se redescobre ao mirar-se no espelho do futuro, é


o querer, a coragem, o poder e fazer... E uma caravana parte,
épica, qual êxodo caboclo, epopéia de pioneiros, desterrados
candangos, operários guerreiros, vários Brasis, num só
Brasil que se juntam a construir e a crescer...
De uma cruz esboçada em papel, ergue-se em aço uma
cidade, elevando-se ao céu em silhueta de arrojo, um
prodígio em traços simétricos, de volume e equilíbrio,
abstrata e concreta, o contraste. Brasília nasce, num parto de
vitória sobre as mentes conformistas e se faz triunfo de
Juscelino, de Lúcio e Oscar, viva e ávida, pássaro dos
sonhos, o próprio sonho querendo voar. E se mostra assim,
branca de luz de sol de abril, de tantas mentes, de tantos
braços, tanto suor, tantas lágrimas, de tantos, de todos nós,
do Brasil!
Hoje, do Sonho à realidade, ela brilha! E a cada alvorada, se
reinventa e re-existe, virtual e jovem, eclética e mística,
cidade criança e da esperança, a “esquina do Brasil”, Babel
de sotaques, mistura, um caldeirão cultural, alfabética e
numérica, superlativa, absoluta, sintética, artística, letra e
música, Bossa, nova, nossa, capital... Somos todos partes
desse corpo, da nave-mãe de asas abertas em seu imenso
abraço norte e sul, como ave que hoje voa em nosso mundo
encantado, a terra do carnaval.
Somos todos “candangos” a construir um sonho, somos
“calangos” irmãos sob o mesmo céu estrelado, somos você,
Brasília, nas asas de um Beija-Flor que vem te beijar agora,
como se fosse flor, A flor do cerrado!
Alexandre Louzada, Fran Sérgio, Laíla e Ubiratan Silva
Comissão de Carnaval 2010

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“Do Paraíso de Deus ao
Paraíso da Loucura, cada um
sabe o que procura”

G.R.E.S. MOCIDADE
INDEPENDENTE
DE PADRE MIGUEL

Presidente: Paulo Vianna


Carnavalesco: Cid Carvalho
Fundação: 10/11/1955
Cores: Verde e Branco

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G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

“Do Paraíso de Deus ao Paraíso da Loucura,


cada um sabe o que procura”

O Paraíso é a imagem primeira.

Uma imagem da fartura e da felicidade; um sagrado jardim


onde Deus semeou a fecundidade numa divina evocação da
vida; um abençoado recanto sem doenças, sem inverno e
sem envelhecimento, transmitindo uma mensagem
simbólica e alegórica de paz e harmonia.

A nostalgia deste estado de graça, arrancado em


conseqüência de uma grave desobediência às leis do
Criador, faz despertar no homem, desde tempos imemoriais,
o desejo de encontrar o Paraíso perdido.

Na Idade Média, alimentada por uma cruel realidade de


fomes, epidemias e guerras devastadoras, essa nostalgia fez
do Paraíso a própria antítese daquela realidade decadente e
sombria; um “novo” começo onde a pobreza e a fome
acabariam diante de uma terra “sem males”.

Enquanto profetas e visionários desejavam “ver” o paraìso,


cavaleiros e aventureiros se juntavam em fantásticas
caravanas e partiam por terra em busca da “Fonte da
Juventude Eterna e da Árvore da Vida”.

Porém, novos ventos sopravam em direção ao “Velho


Continente”. O pavor que o “inferno” e a crença na
proximidade do “Fim dos tempos” provocavam ia ficando
para trás diante de uma Europa entusiasmada com os
renovados horizontes renascentistas.

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Carnaval 2010

Os oceanos já não causavam tanto temor e, navegando rumo


ao Oriente, poder-se-ia chegar às Índias, com seus mistérios
e magia. Ainda, quem sabe, desembarcar nas fabulosas
terras de Ofir, guardiãs das Minas do Rei Salomão, ou até
mesmo encontrar o suntuoso Reino Africano de Preste João
e, assim, localizar os “Portais do Paraìso”.

Foi navegando em direção às Índias que, em 1500, treze


naus portuguesas “esbarraram” no Brasil.

Nas areias da praia, o nativo dançava em alegre ritual.


Guiados pelos Xamãs, os donos da terra migraram do
interior para o litoral em busca de “Yvy Mara Ey”, a “Terra
dos Sem Males”, o paraìso Tupi-guarani, e que, na visão dos
pajés, estaria do outro lado da imensidão das águas.

Em sua pureza e ingenuidade, o índio viu naquela gente que


saía do mar verdadeiros Deuses que, finalmente, o
conduziriam aos “Jardins Purificados”.

Já os navegadores, deslumbrados com a nudez e a aparente


inocência dos nativos, viram neles a própria imagem do
homem antes de ser expulso do Paraíso, materializando na
América a visão renascentista do Éden terrestre.

Afinal, as sugestões edênicas estavam por toda parte e


faziam uma mágica ligação entre o “Velho” e o “Novo”
Mundo. Dessa maneira, o maracujá se transforma em pomo
edênico, assim como as bananas cortadas exibiam aquele
sinal à maneira de crucifixo por elas manifesto.

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G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

A Fênix é o Guainumbi ou Guaraciaba; outros acreditavam


mesmo tê-la visto na figura do beija-flor, enquanto os
papagaios, para muitos, eram, na verdade, anjos castigados
que ganharam a forma de pássaros.

Mas os boatos sobre cidades bordadas de ouro e pedras


preciosas, as notícias de montanhas resplandecentes e lagoas
douradas, comuns entre os indígenas, rapidamente levaram
o invasor europeu a embrenhar-se pelos sertões
desconhecidos, maculando o “Paraìso Brasil”.

E, assim, os índios dançaram e o Brasil sambou!

O que de bom encontrava-se aqui foi parar na Europa.


Animais, plantas e até mesmo “exemplares” do nosso “bom
selvagem” foram “exportados”, causando enorme rebuliço
do outro lado do Atlântico.

Enquanto, do lado de cá, o povo sofria com a “Derrama” –


um verdadeiro “Quinto” dos infernos – no lado de lá, as
farras das Cortes de Portugal e Inglaterra eram bancadas
com o ouro do Brasil. O jeito era rezar uma novena para o
“santo do pau oco”!

O tempo passou, mas continuamos cortando o pau, matando


os bichos, vendendo as plantas, envenenando as águas,
queimando os índios e mandando pra longe nossas riquezas!

Calculistas e mercenários, criamos o nosso próprio Paraíso


terrestre e batizamos com o nome de “Paraìso Fiscal”. Ali,
abençoados pela generosidade financeira, protegemos
nossas “verdinhas” em “espécie”. Mas não se enganem

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Carnaval 2010

pensando que se trata da flora tropical bem preservada.


Neste caso, nos referimos às cédulas de dólar depositadas
em contas pra lá de suspeitas.

Já os exemplares da nossa fauna contrabandeada desde


sempre, agora, são enviados do “Paraìso Brasil” diretamente
ao “Paraìso Fiscal”, sem taxação, estampadas nas notas do
nosso Real.

No fundo, queremos mesmo é preservar as “araras” que


valem “dez reais”. Defendemos, bravamente, os “micos-
leões-dourados” que estão cotados a “vinte”. Brigamos
como loucos pelas “onças pintadas”, ou seria por “cinquenta
reais”? Tira a mão que ninguém vai “pescar” minha
“garoupa” de cem reais, não! Ora, quem sabe se numa
sombrinha agradável lá nas Ilhas Caymãs elas não se
reproduzam rapidamente?

Diante desse “Capitalismo selvagem”, até mesmo um


“pedacinho do Paraìso” é possìvel se comprar. Um carrão
novinho também dá direito a chegar lá. E o que falar da ida
ao shopping com dinheiro pra gastar? E se faltar din din, há
cartões de crédito, cheque especial e crediário, todas as
facilidades do mundo no “Paraìso do Consumo”!

Mas nós somos a Mocidade e, independentes, podemos ir a


qualquer lugar.

Vamos fazer a nossa parte! Querer é poder, e o amor


constrói. É possível descobrir o nosso próprio paraíso,
afinal, ele está perto de nós, dentro de nós mesmos, em
nosso interior.

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G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel

Vamos jogar fora as amarguras do dia-a-dia e nos vestir


com a fantasia que sempre sonhamos: milionário ou plebeu,
rainha ou camelô, desempregado ou doutor, um nobre ou
apenas um sonhador.

Afinal, hoje é carnaval, e se você sabe o que procura, tudo é


possìvel no “Paraìso da Loucura”!

Está esperando o que pra ser feliz?

Cid Carvalho

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“Com que roupa... eu vou? Pro
samba que você me convidou.”

G.R.E.S. UNIDOS
DO PORTO DA PEDRA

Presidente: Uberlan Jorge de Oliveira


Carnavalesco: Paulo Menezes
Fundação: 08/03/1978
Cores: Vermelho e branco

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G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

“Com que roupa... eu vou?


Pro samba que você me convidou”

Moda e arte sempre caminharam juntas, mesmo que


inconscientemente.
A cada mudança de pensamento, de comportamento e de
linguagem artística, o homem acompanhava com a sua
maneira de vestir esta evolução.
É possível contar a história da humanidade de diversas
maneiras, mas sempre que nosso interesse for a arte,
veremos a moda, ao seu lado, se apropriando destas
características artísticas para si, e então, poderemos
compreender, através da maneira do homem se vestir, como
ele se comportou social, política e economicamente, pois a
maneira de pensar vai influir diretamente nas suas escolhas
estéticas.
A Moda é uma arte que não veste telas nem muros, ela se
expressa no movimento dos corpos, de acordo com a
ideologia, o desejo de cada um. Como os belos quadros, ela
representa a voz do seu criador.
“A moda é passageira, sua história, não”
Marco Sabino

Antes da Moda
O homem nasceu nu.
Não se sabe ao certo a partir de quando ele começou a se
vestir, aliás, a se cobrir com a pele dos animais. Terá sido
por proteção? Por misticismo? Isto nunca saberemos, mas, a
partir dali, estava plantada a semente da vaidade no ser
humano e a sua vestimenta vai passar, durante muitos
séculos, a determinar a sua condição social.

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Carnaval 2010

E a arte já estava presente ali, pois o homem passa a se


expressar através de pinturas e desenhos nas cavernas. O
conceito ainda não estava formado, mas era um embrião.
Quando falamos em moda na pré-história a primeira
imagem que nos vem à mente são os Flintstones, que nos
leva a fantasiar que naquela época tudo era “fashion”,
divertido. Mas das peles costuradas com tripas de animais
por agulhas de marfim até a invenção do tear, vão-se muitos
milhares de anos.
Na Antiguidade, tivemos o surgimento de grandes
civilizações, que se caracterizavam principalmente pela
religiosidade. A distinção social vai ficar muito acentuada
neste período, pois quanto mais tecido, maior o poder. Neste
período os ornamentos e as jóias vão começar a ganhar
destaque.
Nem sempre os homens usavam calças e as mulheres saias,
isso é coisa moderna. Algumas vezes já foi o contrário, pois
de um quadrado de pano, eram feitos saias, saiotes, túnicas
que eram amarradas, costuradas ou drapeadas, que em
alguns momentos nos remetem à arquitetura lembrando as
colunas dos templos.
E a roupa escurece, ganha tons sóbrios, a arte também. A
religiosidade aflora. A arte era inspirada pela fé e a roupa
segue o mesmo caminho. A silhueta não era o mais
importante, e sim a quantidade de tecido que a cobria.
A intenção era tocar a Deus, chegar mais perto do céu, e
assim a silhueta foi se alongando, lembrando as torres das
catedrais. Os vitrais góticos vão influenciar em cores a
indumentária, mas sempre com ares sombrios.

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G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

Este período marca uma descoberta que vai acompanhar o


homem até nossos dias e vai exercer um papel fundamental
na sua vaidade: o espelho.
Narciso mandou lembranças!

No renascer do homem, nasce a moda

Renasce o homem, surge a burguesia, o brocado, o veludo, e


com eles o alfaiate. Os tempos eram outros, e a roupa
mudou. A busca do ideal de perfeição, representada nas
artes, também se faz presente nas roupas.
O homem voltou a olhar para si.
O mundo começou a se movimentar, e o homem vai
começar a movimentar também a sua maneira de vestir, e
essas mudanças se tornarão cada vez mais freqüentes.
A ciência e a razão são mais fortes que a emoção, e com
isso surgem as golas, que vão se tornar cada vez maiores,
para valorizar a mente, em sobreposição ao corpo, e aos
mais pobres também.

Em contraposição a este ideal, vemos surgir mais tarde, um


novo movimento que mostra certa tendência ao bizarro, ao
assimétrico, ao extravagante, ao apelo emocional. O Rei
francês Luiz XIV vai marcar este período como o grande
responsável pelas extravagâncias da época, que serão
assimiladas por toda a Europa.
As roupas masculinas se sobrepõem às femininas, ganhando
ares de fantasia, com as silhuetas mais amplas.
Perucas, rendas, fitas, salto alto, plumas... E as mulheres
ficam para trás.

77
Carnaval 2010

E as artes seguem este mesmo caminho barroco,


caracterizado pela monumentalidade das dimensões,
opulência das formas e excesso de ornamentação.
O homem, aos poucos, vai se tornando mais romantico, sem
deixar de lado os exageros. Tudo é mais leve, foi um
período de liberdade de movimentos, da sensibilidade e do
espírito.
As pessoas pareciam bonecos de porcelana, com perucas e
cabelos empoados, lembrando verdadeiros bibelôs.
Os homens vão ficando mais esbeltos no vestir deixando de
lado a exuberância e entregaram-na as mulheres, que
trouxeram para si o direito as transformações, com anáguas
imensas e cinturas finíssimas.
O homem do rococó é um cortesão, amante da boa vida e da
natureza.

Com o período neo clássico, vão surgir os primeiros


figurinos de moda, e a influência grega vai determinar não
somente a arte como a moda. A silhueta se afina e se alonga,
desaparecem as caudas, lembrando novamente colunas, e o
homem se simplifica cada vez mais.

Um novo tempo

Vira o século, novos rumos, novos ares, novas artes.


Uma arte nova vai dar à moda uma nova linguagem. A
mulher fica mais sinuosa, as linhas são mais leves, chapéus,
laços e flores. O mundo fica mais rápido e isto vai
influenciar o vestir. As mudanças são mais rápidas, assim
como os movimentos dos artistas.

78
G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra

Começam a surgir os primeiros estilistas e a cada dia


surgem mais e melhores.
O mundo avança, novos movimentos vêm em contraponto a
esta nova arte, mais moderna, mais geométrica.
A moda já tomou conta do mundo, ele se torna cada vez
menor e mais rápido. E ela vai se tornando cada vez mais
efêmera.
A cada dia, novos traços, novos modelos, novas coleções e o
homem quer sempre mais, pois moda é tudo, menos tédio.

O que ficará de herança para a história neste século? É


difícil saber, mas temos certeza que alguns momentos se
eternizarão: a invenção da mini-saia, do jeans e da camiseta.
Isto ficará para a história, juntamente com um personagem
desse tempo que jamais será esquecido: Mademoiselle Coco
Chanel. Ela deixou de criar moda para criar estilo.

Antropofagia

E o Brasil?
Como num movimento antropofágico, nós absorvemos
todas essas influências e hoje fazemos uma moda com a
cara do Brasil, atraindo os olhares do mundo para a nossa
arte. Arte sim, pois fazer moda é fazer arte, é contar
História, observando e utilizando as formas que também
estão na arquitetura, na escultura, na pintura, na musica, na
literatura e, sobretudo, no véu cultural que já cobriu ou irá
cobrir nossa sociedade.

“Moda é oferta. Estilo é escolha. Faça as suas”


Glória Kalil

79
Carnaval 2010

Desde muito tempo, quando o homem cobriu seu corpo pela


primeira vez, seja por necessidade de proteção, magia ou
poder, ele descobriu um sentimento que, a partir de então,
iria definir toda a sua conduta: a vaidade.
E é este sentimento que estará presente em todo o processo
histórico da evolução da humanidade. Seja na pré-história,
no surgimento das grandes civilizações, nas idades das
trevas e da luz, no período moderno ou contemporâneo,
veremos o homem sempre em busca do “belo”, espelho fiel
das mudanças sociais e culturais, e da multiplicidade de
formas nas quais se exprime a criatividade humana.

Paulo Menezes

80
“Derrubando fronteiras,
conquistando liberdade... Rio
de paz em estado de graça!”

G.R.E.S.
PORTELA

Presidente: Nilo Mendes Figueiredo


Carnavalescos: Alex de Oliveira e Amauri Santos
Fundação: 11/04/1923
Cores: Azul e Branco

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G.R.E.S. Portela

Derrubando fronteiras, conquistando liberdade...


Rio de paz em estado de graça!

"O homem vive de razão e sobrevive de sonhos"


La Rochefoucauld*

Tens um computador,
finalmente a nova era chegou...
Ligado à rede mundial
És um doutor, um sábio, mestre.... Educador
Em saber universal;
Basta pesquisar, para novos vôos alcançar,
E tens muito a colher;
Para estudar
E aprender;
Podes trabalhar e se atualizar
Ou usá-lo para lazer;
Podes ensinar
E aprender,
Com paciência
E algum vigor;
Descobrir a ciência,
Ou ser um jogador;
Tens poder para comunicar,
Ler e escrever;
Para seres um pesquisador;
Sem saíres do teu lugar
Podes ser um ator;
Podes viajar, acreditar
Podes lutar;
Ter um saber para ganhar

85
Carnaval 2010

E ser carioca, para sonhar, num outro plano acreditar


Se tiveres informatizado
Conquistar é preciso...
Derrube as barreiras... Acredite!
Viva a liberdade com a paz do amanhecer
Num Rio de Janeiro que, vislumbra melhorias
Através dessa ferramenta de inclusão e socialização...
Vamos viver em estado de graça!

* Moralista francês do século XVII, célebre por suas


máximas

INTRODUÇÃO

“... Um grito proclamado pelas vozes do silêncio, pelos


navegantes democráticos, pelos marginalizados
tecnológicos, pelos “infonautas” do desejo enseja o atual
momento. Vivemos numa sociedade partida/repartida pela
exclusão econômica e social. Agora, o acesso à informação
transformou-se em instrumento de inclusão das
comunidades excluídas devido ao seu potencial interativo,
dinâmico, formador de opiniões e disseminador de idéias .
Nesse contexto, surgem, nos mais diversos “cibercantos”
do país, grupos, entidades, intelectuais, artistas, reunidos
num grande cordão interativo, em busca do acesso pleno da
informação e da comunicação em tempo real. Esse
movimento possibilita ligar os mais variados segmentos,
romper o isolamento e tem influído na inclusão dos
excluídos na instauração do processo da “cibermania”. As
pessoas e a vida das cidades estão cada vez mais

86
G.R.E.S. Portela

articuladas com a tecnologia e a ciência da informação.É


urgente a necessidade de tornar acessíveis esses novos
conhecimentos e recursos, sobretudo para os setores
marginalizados pela exclusão social. Nesse sentido, a nossa
luta pela democratização da informação representa um
grande passo para a ampliação do exercício da cidadania e
pela difusão do bom uso das novas tecnologias.
Desnecessário falar da importância de você chegar e
“plugar-se”. Saiamos da imobilidade e conectemos os laços
que nos unem, visando criar uma nova realidade, não
somente virtual mas também que seja palpável,
transformável, interagível... Precisamos agir velozmente,
pois o “tempo não para”, nem espera, porém o agir exige
precisão e rumo...
Micreiros e micreiras de todo mundo, uni-vos on line!.”

SÍNTESE

Um novo mundo é possível em função do rápido avanço da


ciência e das tecnologias de informação.

Dar-se-á o “login” ao nosso Rio de Janeiro como Portal


Digital do Brasil… Centro de referência tecnológica,
“host” que proporcionará, assim, a utilização da “Internet”
como ferramenta de melhoria em nossa qualidade de vida…
Os benefícios são muitos, em várias áreas de atuação, que
contribuirão para chegarmos ao tão sonhado estado de
graça, tais como: inclusão social, democracia, cultura, arte,
sustentabilidade, educação, saúde, desenvolvimento humano
e paz... Portanto, o objetivo desse enredo é estimular a
reflexão sobre os múltiplos usos dessa nova ferramenta de

87
Carnaval 2010

conexão interpessoal, que está transformando nossas vidas


por completo e propiciando a redução das desigualdades
históricas em nossa sociedade… Banda larga, intervenção
cirúrgica por robótica, educação à distância,
videoconferência, “games” e “download” de áudios e de
vídeos são apenas alguns dos vários recursos
disponibilizados com a chegada dessas novas tecnologias.
Diferentes serviços estão disponíveis e outros tantos estão a
caminho. A previsão do futuro é “update”! Digite sua
“password”, pois o acesso é personalizado e único, e
encontre-se com a magia do samba que irá te transportar ao
infinito e fazer navegar pelo browser universal “por um
mundo desconhecido”… Assim, o GRES.PORTELA
escolheu para 2010 o tema da Inclusão Social por meio dos
acessos às novas tecnologias de informação. Acreditamos
que, através da inclusão social, os poderosos podem se
redimir das iniqüidades que sempre cometeram contra os
menos favorecidos, voltando-lhes as costas e mantendo-os
afastados do acesso ao conhecimento, fator principal da
criação de oportunidades para o progresso humano. Ao
adotá-lo, assim, se identifica com nosso festejado e imortal
compositor Candeia, em sua obra-prima “Dia de Graça”,
na qual vislumbrava uma sociedade em que os excluídos
conseguiriam ascender socialmente....

88
G.R.E.S. Portela

GLOSSÁRIO

 Acesso: Entrada em um web site ou entrar na própria


Internet através de uma conexão.
 Backbone: É a “espinha dorsal” da internet. É o
conjunto de equipamentos que faz a conexão da internet
entre o Brasil e o mundo.
 Baixar: O mesmo que download, ou seja, trazer para seu
computador um programa, um texto ou uma imagem.
 Banda Larga: tipo de conexão rápida pela Internet.
 Chat: Um bate-papo através do uso de computadores.
 Ciberespaço: É o ambiente da Internet.
 Conexão Móvel – Uma ligação que continua ativa,
mesmo quando o usuário se desloca por uma região da
cidade.
 E-mail: Correio eletrônico.
 E-topia: A utopia, o “sonho” de um mundo melhor,
construído com o apoio da tecnologia digital.
 Internautas: Os usuários da Internet.
 Internet: Imensa rede de redes que se estende por todos
os países. Os meios de ligação são: rádios, linhas
telefônicas, roteadores, satélite, bridges, hubs e switches.
 Login: Identificação de um usuário em um computador.
Fazer login é o ato de dar a sua identificação de usuário
ao computador.
 Listas de Discussão: Um serviço da Internet que um
grupo de pessoas troca de mensagens por e-mail entre
todos os membros do grupo.

89
Carnaval 2010

 On line: Significa “estar em linha”, estar ligado a um


computador.
 Robótica: Parte da tecnologia que estuda e desenvolve
equipamentos compostos de partes mecânicas
controladas por computador. Ou seja, é o ramo da
ciência que estuda como podemos construir e utilizar
robôs.
 Smartphone: Telefone celular que possui, entre outros
recursos, o recurso de acesso à Internet.
 Videoconferência: Uma conversa entre pessoas que
estão separadas geograficamente, mas que, com o auxílio
de recursos tecnológicos, podem ter o contato visual e
sonoro.
 (World Wide Web| www: Rede de comunicação que
permite o uso de imagens e textos na Internet.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &


HEMEROGRAFIA
 CANTON, James, Technofutures.; Como a tecnologia de
ponta transformara a vida no século 21. São Paulo:
Best Seller LTDA, 2004.
 DAVIS, Mike, Planeta Favela/ Mike Davis. São Paulo:
Boitempo, 2006.
 http://www.cdi.org.br/cdi. No Brasil.
 http://www.dhnet.org.br/ciber/democratizar/semtelas/ma
nst.htm, em 12 de julho de 2009.
Colaboração: Artur Gomes, Carlos Monte e Marcio
Egydio.

90
“Das Arquibancadas ao
Camarote nº. 1. Um “Grande
Rio” de Emoção na Apoteose
do Seu Coração”

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO
GRANDE RIO

Presidente: Hélio Ribeiro de Oliveira


Carnavalesco: Cahê Rodrigues
Fundação: 22/09/1988
Cores: Vermelho, Verde e Branco

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G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

“Das Arquibancadas ao Camarote Nº1. Um “Grande Rio”


de Emoção na Apoteose do Seu Coração”

A SINOPSE

Carnaval

Pioneiro deste palco iluminado


Sou brasileiro, sou carioca, apaixonado!
Da Cidade Maravilhosa que canta, samba e é feliz
Da festa de maior grandeza e criatividade
Ta aí o nosso carnaval
Melhor e maior do mundo
Uma realidade...
Sou sambista nº1, e por sê-lo, assisto tudo de Camarote.

Sou vida e emoção, sou passado e recordação


Do berço do samba à avenida
Do sonho à construção
Do concreto frio, nasce a apoteose da emoção
Sorriso estampado no rosto do folião

Ambicioso e determinado, faço aflorar nos corações


A magia que existe nas mãos dos artistas
São desenhos que pousam no papel
Pinturas que brotam da ilusão
Adoráveis loucuras da imaginação
Que surgem das mentes na criação
Magos de empreitadas que transformam lixo em luxo
Rico em pobre, Rei em mendigo.
Sou o centro da atenção.

95
Carnaval 2010

Sou João, do povo, do novo


Que mesmo proibido, não deixou de brilhar
Máquinas a costurar, tecidos a bailar
Do prego, do ferro do isopor
Vou esculpindo a minha história de amor
Protagonista anônimo do carnaval
Que transforma o sonho num momento real
Na mágica fábrica de sonhos
Numa cidade que não para de sambar

No soar da sirene, o coração bate na boca


Na pista disputa de bandeiras, rufar das baterias
Cenários sobre rodas, estilos eternizados, modernidade e
futuro
O júri escolhe, o povo aplaude
Momentos inesquecíveis, únicos de emoção
Fazendo o homem voar, surpreendendo o folião
Do fogo a consagração do mito, a superação
Explode setor 1, é a campeã do povão!

Hinos consagrados, vozes dessa história


Do morro sim senhor!
Tenho a marca da raiz, cor e sabor
Não sou puxador! Simplesmente um cantor
Sou mangueira que dá Jamelão
Sou raça, garra, determinação
Sou a música divinal
Aquarela magistral
Da magia que envolve a alma

96
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

Sou mais que um país, sou um planeta


De nome, carnaval!
Sou fé, folclore e miscigenação
Sou o futuro, o amanhã
Sou o tempo, movimento, o momento
Sou a estrela do espetáculo, viajo rumo ao desconhecido
Sou do povo, dessa gente de real valor
Vou varrendo a tristeza para longe de nós
Com “sorriso” estampado no rosto sou torcedor
Grito, canto, choro quando a minha história por aqui passar
Nesse “Grande Rio” de emoção
Que deságua na apoteose delirante do seu coração

Com todo carinho e respeito aos grandes homens, mulheres,


Escolas de Samba e à força de suas comunidades, que muito
contribuíram para o sucesso do Carnaval Carioca, parabéns!
A homenagem da Acadêmicos do Grande Rio à todos vocês
sambistas brasileiros.

Cahê Rodrigues

97
Carnaval 2010

O ENREDO

O Maior Espetáculo Democrático do Planeta

É carnaval, a festa do povo!

A maior ópera popular do planeta.

Chegou à hora de deixar a emoção tomar conta de nós.

E de braços abertos receber mais uma vez o povo, para o


maior espetáculo a céu aberto do mundo.

Uma festa de cores, sabores, alegria, fantasia e ilusão.

Uma festa do povo para o povo e que milhões de pessoas já


assistiu.

Por aqui já passaram verdadeiros Reis e Rainhas, Príncipes


e Princesas, Políticos de diversas áreas, Autoridades de
vários países, Astros Hollywoodianos e grandes
Celebridades do jet-set Nacional e Internacional.

Ao longo desses anos de carnaval, vimos muitos foliões por


aqui, sejam nas eufóricas e animadas arquibancadas ou nos
inúmeros camarotes que cercam o Sambódromo carioca.

E para revivermos esses momentos gloriosos do carnaval,


vamos recebê-los no grande camarote da folia, o nº1 da
Passarela do Samba, para que todos possam reviver as
grandes emoções que marcaram a história de sucesso do
carnaval carioca.

98
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

Nessa festa onde o pobre vira rico e o rico vira pobre, é


possível sonhar e para realizar só depende de você.

Na explosão de energia do setor 1, aos gritos de - É


Campeã! Do setor 13, o coração bate mais forte, num passe
de mágica os pés se soltam do chão e a mente começa a
girar. Somos loucos, gênios, artistas, reis e rainhas desse
mundo encantado da folia.

Então pegue sua fantasia e venha com a gente brincar o


carnaval.

Da Praça Onze à Praça da Apoteose - “A Praça é do


Povo”

Se em outros tempos, os espaços desta festa eram outros,


esses foram insuficientes para a proposta da grandiosidade
da festa, que já possuía todo o apelo cultural compatível a
cidade do Rio de Janeiro.

Era um esforço sobre-humano a montagem e desmontagem


do espetáculo. Até que a sensibilidade do olhar de um grupo
de visionários, fez com que o tão sonhado espaço do
carnaval se tornasse realidade.

Eles eram a própria “cara” da construção desse sonho, um


mix político, cultural e social, emparedando-se na idéia da
construção e realização desse palco tão sonhado.

Partindo da idéia de que no carnaval tudo começa pelo


desenho, assim também começou a ser costurada a idéia do
espaço que partiria da Praça Onze, berço do samba carioca

99
Carnaval 2010

em direção a Praça da Apoteose, num pensamento


sociabilizado de que “a Praça é do povo” e é nela que o
povo manifesta a sua cultura.

A partir daí, sobre os traços preciosos e arquitetônicos de


Oscar Niemeyer, sob a visão antropológica de Darcy
Ribeiro, numa parceria perfeita inspirada em Amaury Jório
e Ismael Silva, onde nesse espaço conviveriam
harmoniosamente cultura e educação e na liderança política
do, então governador Leonel Brizola, nasce em tempo
recorde o grande palco das Escolas de Samba da Cidade do
Rio de Janeiro.

Com a realização da Passarela do Samba, abre-se um espaço


maior para a imprensa apresentar o nosso espetáculo ao
mundo, quer seja ela nos jornais, revistas, rádio ou televisão,
com penetração nacional e internacional, além da internet
que faz acontecer em tempo real às notícias que inserem as
Escolas de Samba como verdadeiras protagonistas do
carnaval, que passam pela Avenida como um “Grande Rio”
de emoções que deságua na apoteose de nossos corações.
Mentes Loucas e Brilhantes

A Grande Avenida viria a ser a conclusão final da visão


sonhadora e inicial de Fernando Pamplona, que com seu
olhar tridimensional e aéreo, voltado para um desfile show,
um desfile espetáculo, organizado como num grande teatro.
Sonhar era do artista, afinal, antes de sermos reais, somos
sonhados, mas tudo haveria de ter um perfeito entrosamento
de espetáculo.

100
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

Dele, muitos nasceram e do desencadear dos nascimentos


vieram os estilos que marcaram e marcam o carnaval até
hoje na era Sambódromo.
Como a própria africanidade de Pamplona; o requinte
barroco de Arlindo Rodrigues; o olhar de Lince de Maria
Augusta; o tropicalismo de Fernando Pinto; a essência do
traço de Viriato comparado a Erté; o rococó de Rosa
Magalhães; a paleta mágica de Max Lopes; o high tech e as
formas modernas de Renato Lage; o corpo em movimento
de Paulo Barros; a genialidade de Joãozinho 30, que com
seus ratos, mendigos e urubus encantaram a passarela, num
momento único do carnaval, assim como outros brilhantes
artistas que nos presenteiam a cada ano com suas fantásticas
criações.
Todos representantes de uma imensa classe, que em seus
sonhos de criação, mantém viva a grande ópera popular do
Brasil.

Operários Guerreiros da Folia


A arte é um dom de Deus e nessa grande alquimia da
construção, processada a várias mãos, um exército de mão-
de-obra traduz em realidade, o sonho da criação.
O produto final esconde muitas das vezes milhares de
varetas de soldas, pregos, blocos de isopor, tintas, pincéis,
quilômetros de fios e linhas, variados tipos de tecidos, cola,
plumas e tudo o mais que possam reproduzir essa sinfonia
carnavalesca não mais sonhada e criada por uma mente, mas
num grande trabalho de equipe, onde o que brilha menos é o
suor dedicado.

101
Carnaval 2010

Em suas máquinas, centenas de costureiras, muitas de suas


próprias comunidades, começam a dar vida aos figurinos
que ilustram o espetáculo. Da simplicidade às fantasias
luxuosas, os foliões se deliciam em poder se transformar em
qualquer personagem imaginário.

Se um dia fui pobre, não me recordo, hoje moro num


condomínio de luxo com todas as mordomias, que um
operário da folia merece; desses novos visionários nasceu
uma cidade, mas precisamente uma Cidade do Samba, uma
grande e fantástica fábrica de sonhos que através de homens
e mulheres dotados de dons naturais, transformam sonhos
em realidade.

Momentos Inesquecíveis...
Na concentração todas as escolas são campeãs.
Do soar da sirene que marca o início do desfile, ao abrir dos
envelopes, o seleto grupo de jurados, amados por uns e
odiados por outros, independente do voto popular ou gosto
individual por bandeira, determinam campeã, aquela que
menos erros cometerem em seu desfile.
Nesse momento, o técnico e o artístico andarão de mãos
dadas na busca de promover sensações inusitadas capaz de
retirar das mãos dos jurados, o tão esperado 10.
Canto, dança, harmonia, conjunto, cores, movimentos,
mecânica, fogos, muita garra, associados a fantasias e belas
alegorias, poderão ser os elementos que definirão a escola
campeã. Porém essa vitória será ou não no futuro, uma
marca na história do carnaval.

102
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

Surgiram então as primeiras campeãs, depois as


supercampeãs; vimos Braguinha desfilar, vimos contos de
areia brilhar, vimos o inesquecível Ziriguidum 2001, vimos
a Vila vestida de palha kizombar, vimos o nu, “sambar” em
todos os sentidos, vimos mendigos brincar, vimos a
Mocidade virar e virou! Vimos o ITA Salgueirar, vimos a
Viradouro incendiar, vimos até um homem voar.

A Voz do Morro, Sim Senhor !!!

Silas de Oliveira, Donga, Ismael Silva, Pixinguinha, Noel,


Cartola, Candeia, Xangô, Nelson Sargento, Beto sem Braço,
João Nogueira, Aroldo Melodia, Martinho da Vila, D. Ivone
Lara, Beth Carvalho, Clara Nunes, Leci Brandão, Paulinho
da Viola e muitos outros bambas.

São as verdadeiras raízes desse samba carioca, as vozes do


morro são eles mesmos, sim senhor! Assim foram e sempre
serão, esses ilustres compositores e intérpretes, cuja arte
lhes é nata.

Capazes de promover o elemento vital para o que


conhecemos como o verdadeiro sentimento do termo
“Harmonia” chegam muitas das vezes ao brilhantismo das
rimas preciosas.

Suas faces na maioria das vezes desconhecidas do grande


público são suas obras, entregando o estrelato maior aos
intérpretes que também lutaram em seus percursos
profissionais e por seus devidos reconhecimentos, que vem
dos tempos em que eram rotulados como “boca de ferro” e
“puxadores de samba”, como dizia o grande mestre Jamelão

103
Carnaval 2010

- “eu não sou puxador coisa nenhuma eu sou simplesmente


um cantor”.
Numa grande aquarela musical, muitas Rodas de Samba
ocorridas nas quadras das Escolas, botecos, ou até mesmo
em casas de bambas inspiradas em Tia Ciata, divulgaram e
projetaram vários músicos que tiveram seus nomes
endossados pelos grandes astros do cenário musical do
samba e do carnaval.

Planeta Carnaval - O Futuro é Nosso!


E diga que isso aqui não é um planeta!
A maior festa popular do Brasil, conquista o mundo, e em
2010, o sonho da “Feliz Cidade”, representado pela
Acadêmicos do Grande Rio, fará uma grande homenagem
ao Carnaval Carioca, revivendo momentos que marcaram
época; grandes homens e mulheres que ajudaram a
construir a história do maior espetáculo a céu aberto do
mundo.
Em 1985, Fernando Pinto sonhou com um carnaval nas
estrelas, imaginando como seria o carnaval no futuro;
estamos em 2010 e muita coisa mudou, mas ainda não
fomos parar nas estrelas, quem sabe no ano 3000.
Personagens populares do carnaval ganham uma nova
versão, para representar a folia carioca.
Sonho? Realidade? Onde vamos parar? Como estaria o
Sambódromo no Ano 3000? Nossas fantasias e alegorias?
Enfim! Vamos sonhar, pois o carnaval nos permite sonhar e

104
G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio

viajar nesse mundo que de faz-de-conta não tem nada, um


mundo real onde a emoção toma conta de todos nós, que
embalados pela magia do samba, transformamos o
impossível em realidade.
Nesse momento em que a união faz a diferença e transforma
o carnaval nesse planeta mundial, elegemos como porta-voz
dessa mensagem, o gari mais famoso do Brasil, Renato
Sorriso, símbolo de nosso povo, da força das comunidades,
dessa gente simples que protesta cantando e reage
sambando, que faz a diferença com toda a humildade, mas
mostrando seu valor como protagonista desse grande
espetáculo.
Um povo que lota as arquibancadas transformando-a num
grande camarote de calor humano e que vibram com sua
agremiação, comportando-se como verdadeiros termômetros
de emoção.
E é a você folião brasileiro, que canta, dança, chora, vibra
que a Grande Rio quer homenagear, ao seu empenho
indispensável no resultado positivo no desfile das Escolas
de Samba.
Deixe-me, portanto envolver-me no campo magnético dessa
nave apoteótica rumo ao futuro e viajar com vocês de
encontro às estrelas.
Afinal,
Como será o amanhã?
Carnavalesco – Cahê Rodrigues
Colaboração – Hiram Araújo
Lucas Pinto

105
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“Noel:
A Presença do Poeta da Vila”

G.R.E.S. UNIDOS DE
VILA ISABEL

Presidente: Wilson Vieira Alves


Carnavalesco: Alex de Souza
Fundação: 04/04/1946
Cores: Azul e Branco

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G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

“Noel: A Presença do Poeta da Vila”

1910. Ano marcado por grandes transformações,


prenunciadas com a passagem do Cometa de Halley. Entre
outros fatos: a Revolta da Chibata, liderada pelo “Almirante
Negro”, João Cândido, cujo motim ameaçou bombardear o
Rio de Janeiro, e o nascimento de Noël de Medeiros Rosa,
popularmente conhecido como Noël Rosa, em 11 de
dezembro. A partir deste dia, a música popular brasileira
nunca mais seria a mesma.

O pai era um amante da cultura francesa. Pela proximidade


com o período das festas natalinas deu ao filho o nome de
Noël, termo que equivale a Natal entre os franceses.
Também era tradição no bairro de Vila Isabel, no período
natalino, passar o rancho, quando todos iam ouvir o canto
das “Pastorinhas”.

Desde sua infância, Noël se revelava irreverente. Ele era da


rua. Na escola, gostava das piadas proibidas e das
brincadeiras obscenas. Começou estudando numa escola
pública, e, depois se transferiu para o tradicional São Bento,
onde imperavam os rigores educacionais.

A rua e os seus tipos eram a sua grande paixão. “Poeta-


cronista” da cidade; cidade que cabia em Vila Isabel. Bairro
síntese dos personagens cariocas: os pequenos burgueses, o
bicheiro, os malandros, o seresteiro, o sinuqueiro, o
carteador, o mendigo, o vigarista, o proxeneta, o valentão,
entre tantos outros.

111
Carnaval 2010

Noël preferia a luz das estrelas à luz solar. Ele acompanhava


os cantores da madrugada com o seu inseparável violão.
Ficou conhecido pelo bairro. No ano de 1929, um grupo
formado por jovens de classe média do conjunto musical
Flor do Tempo o convidou para formar um novo grupo: o
Bando dos Tangarás, grupo composto por Almirante,
Braguinha, Henrique Brito e Alvinho. O conjunto se
dedicou à moda da época: a música nordestina; emboladas;
sambas com tempero do nordeste; embora, seus trajes e
sotaques mais pareciam de caipiras. A indústria e o
comércio fonográfico cresciam bastante no Rio de Janeiro,
quando foram convidados para gravar pela Parlophon,
subsidiária da Odeon.
A inserção no Bando dos Tangarás abriu o caminho para
Noël iniciar sua carreira como compositor popular. Ainda
em 1929, ele escreveu a sua primeira composição, uma
embolada, intitulada “Minha Viola”.
Noël Rosa tinha grande admiração por Sinhô, freqüentador
assíduo da Casa da Tia Ciata, localizada na Praça Onze,
onde os batuques do samba, influenciado pelo maxixe,
ecoavam livremente. O “Poeta da Vila”, contudo, se
integrou a outro tipo de samba, que veio do bairro do
Estácio, onde vivia Ismael Silva, e se espalhou pelos morros
da cidade como Salgueiro, Mangueira, Favela, Saúde,
Macacos. Noël subiu o morro e se integrou aos sambistas
que lá viviam e compôs com alguns deles, como Cartola, do
morro da Mangueira, e Canuto e Antenor Gargalhada, do
Salgueiro. O “poeta” e Francisco Alves (que juntos fizeram
parceria no grupo Ases do Samba) foram os maiores
responsáveis pela consagração de diversos compositores
negros de samba.

112
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

Este tipo de samba que veio do Estácio, mais marcheado e


acompanhado por instrumentos de percussão, era aquele
tocado nos blocos, como o “Deixa Falar”, que deu origem à
primeira “Escola de Samba”.

Desde a adolescência, Noël adorava as serenatas e serestas.


O local favorito das noitadas era o cruzamento do Ponto dos
Cem Réis, em Vila Isabel, onde os bondes “mudavam de
seção”, ponto de botequins e esquinas. Era ali que se reunia
com os amigos e tomava a sua cerveja preferida, a
Cascatinha. No Café Vila Isabel, ele compôs a maior parte
das suas composições. De bar em bar, em “Conversa de
Botequim”, e de amores em amores, como o que sentia por
Fina, para quem fez “Os Três Apitos”, teceu suas canções.
Freqüentava também os prostíbulos do Mangue, e era
fascinado pelos malandros, homens que exploravam as
mulheres, minas ou mariposas, e viviam da jogatina. Na
Lapa chegou a conhecer o famoso Madame Satã, como
também Ceci, a sua “Dama do Cabaré”.

No carnaval de Vila Isabel havia dois blocos: o Cara de


Vaca, organizado, com componentes selecionados e
cercados por um cordão de isolamento, e o Faz Vergonha,
composto por populares e com sambas improvisados, do
qual fazia parte Noël Rosa. As batalhas de confete no
Boulevard eram o ponto alto do desfile de blocos.

O ano de 1930 mudou a história do Brasil e a vida de Noël


Rosa. Na política nacional, Getúlio Vargas assumiu a
presidência do país por meio da chamada Revolução de 30.
Nosso “Poeta” gravou o seu primeiro samba de sucesso:
“Com que Roupa?”, que fazia alusão, de forma humorada, a

113
Carnaval 2010

um Brasil de tanga, ilhado em pobreza, a fome e a miséria


alastrando-se como praga, conseqüência imediata da crise
da bolsa de Nova York que abalou o mundo inteiro. O
samba conquistou a cidade. A composição de sucesso
passou a integrar o programa de diversas peças do teatro de
Revista, todas encenadas nos palcos da Praça Tiradentes,
que vivia dias de fulgor e esplendor. No mesmo ano,
conseguiu ser aprovado no vestibular para a Faculdade de
Medicina. Contudo, ficou insatisfeito com o curso e
abandonou-o. Ainda assim compôs “Coração”, conhecido
como “um samba anatômico”. O “novo regime” de Vargas e
suas medidas governamentais também não passariam
desapercebidas pelo compositor, ganhando tons de crítica
bem humoradas nas letras de alguns de seus sambas como
“O Pulo da Hora” ou “Que Horas São?” sobre a criação do
horário de verão; “Psilone” composto em função da nova
reforma ortográfica; “Samba da Boa Vontade”, sobre o
pedido de Vargas aos brasileiros para manter o sorriso,
mesmo num momento de crise; e, ainda “Tenentes...do
Diabo”, samba jocoso quanto aos tenentes getulistas, rivais
dos “Democratas”.

No começo de 1934 teve início a famosa polêmica


envolvendo os compositores Noël Rosa e Wilson Batista.
Este último compôs “Lenço no Pescoço”. Noël rebateu com
“Rapaz Folgado”. Em resposta, Wilson compôs “Mocinho
da Vila”. Ainda no mesmo ano, no perìodo da primavera,
Noël compôs “Feitiço da Vila”, uma homenagem para a
rainha primaveril de Vila Isabel, Lela Casatle, samba que
colocou Noël em evidência, uma vez que o Brasil inteiro
cantou a composição. A polêmica deu uma trégua e
reacendeu no ano seguinte. O sucesso do “Filósofo do

114
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

Samba” incomodou Wilson Batista, que gravou “Conversa


Fiada”. Noel reagiu com “Palpite Infeliz”. Wilson
respondeu com dois novos sambas: “Frankstein da Vila” e
“Terra de Cego”.

Os anos trinta foram a chamada Era do Rádio, consagrada


com a criação da Rádio Nacional. Em pouco tempo, o país
inteiro ouviria suas rádio-novelas, seus programas de
auditório e veria surgir muitas estrelas da nossa música, as
chamadas cantoras do rádio. Aracy de Almeida e Marília
Baptista foram as maiores intérpretes das canções de Noël.
Este também atuou no rádio. No Programa do Casé, de
Adhemar Casé, na Rádio Philips, Noël cantava e trabalhava
como contra-regra. E, em 1935, Almirante conseguiu-lhe
um emprego na Rádio Clube do Brasil, trabalhando como
libretista no programa “Como se as óperas célebres do
mundo houvessem nascido aqui no Rio”. Escreveu o libreto
da ópera “O Barbeiro de Niterói”, uma paródia ao “Barbeiro
de Sevilha”. Fez também as revistas radiofônicas “Ladrão
de Galinhas” e a “Noiva do Condutor”. As composições de
Noël também foram utilizadas no cinema. Em Alô, Alô,
Carnaval (1936), compôs “Pierrot Apaixonado”, em
parceria com Heitor dos Prazeres. Para o filme Cidade
Mulher (1936), ele compôs seis músicas, dentre as quais
“Tarzan, Filho do Alfaiate”, em parceria com Vadico.

No ano de 1937, os céus do Brasil foram atravessados pelo


cometa de Hermes. Os cometas inspiraram durante milénios
profundos temores na humanidade, que os considerava
sinais divinos de maus presságios. O medo persistia. Foi
assim com o cometa de Halley naquele ano de 1910 e voltou
a ser vinte sete anos depois. E, de fato, realmente foi. Na

115
Carnaval 2010

noite do dia 04 de maio, no mesmo chalé onde nasceu na rua


Theodoro da Silva, em Vila Isabel, faleceu Noël Rosa,
acometido pelo “mal do século”.

Da mesma forma que nasceu num ano turbulento, Noël


disse “Adeus” num ano de grandes transformações,
cumprindo assim um ciclo de mudanças. Ele mudou a
história da música popular brasileira. As serestas e serenatas
aqui na Terra não seriam mais as mesmas sem a sua
presença. Uma outra “Festa no Céu” faria ele entre anjos e
arcanjos. Para sua felicidade, não viu a instalação do Estado
Novo, com seu caráter repressivo e censurador, nem mesmo
a chegada do “Tio Sam”. Não viu também a vida boêmia da
Lapa ser susbtituída pelas boates chiques de Copacabana,
onde Aracy de Almeida o imortalizou. Também não teve o
prazer de ver a fundação do GRES Unidos de Vila Isabel,
Agremiação carnavalesca do bairro que tanto cantou. No
firmamento do samba, assim como a estrela Dalva, a estrela
de Noël, finalmente, no céu despontou e jamais se apagou.
Foi o seu “Último Desejo”. Por isso, cantamos: “Quem
nasce lá na Vila, nem sequer vacila, ao abraçar o samba”.
Saudades de ti, Noël!!!

Carnavalesco: Alex de Souza


Autores do Enredo: Alex de Souza, Alex Varela
(historiador) & Martinho da Vila.
Roteiro e Pesquisa do Enredo: Alex Varela & Alex de
Souza
Texto da Sinopse: Alex Varela

116
G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel

Bibliografia:

CABRAL, Sérgio. No Tempo de Almirante. Rio de Janeiro:


Francisco Alves, 1991.

. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro.


Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 1996.

CALDEIRA, Jorge. A construção do Samba. São Paulo:


Mameluco, 2007.

MÁXIMO, João; DIDIER, Carlos. Noel Rosa: Uma


biografia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1990.

Gostaríamos de registrar um agradecimento especial aos


jornalistas João Máximo e Sérgio Cabral pelas sugestões
que apresentaram para o enredo.

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“Mangueira é música do
Brasil”

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA


DE MANGUEIRA

Presidente: Ivo Meirelles


Carnavalescos: Jorge Caribé e Jaime Cezário
Fundação: 28/04/1928
Cores: Verde e Rosa

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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

“Mangueira é música do Brasil”

Com sua marcação de primeira, lá vem Mangueira Estação


Primeira... Apresentando seu enredo: Mangueira é Música
do Brasil.

Tanta vida, tanta história... “Mangueira teu passado de


glória está gravado na memória” e nos sambas-enredos que
enaltecem a sua linda trajetória. Mangueira que nasceu da
humildade, da união, de cada amanhecer à inspiração, é ela
quem passa altiva, garbosa, alegre e faceira. Proclama em
seus versos que seus barracos são castelos, seu morro é o
senhor e o samba sua raiz.

“A Mangueira é tão grande, que até o portelense Paulinho da


Viola fez música para ela. E chegou a vez desta árvore
frondosa abarcar a música brasileira como um todo. Afinal,
muitos de seus frutos vieram das raízes plantadas pela
Estação Primeira.” (Tárik de Souza)

Lá vem Mangueira... Exaltando a Música Brasileira. Entre


“cantos imortais” e “inesquecìveis carnavais”, ecoam dos
“frutos sagrados” da Estação Primeira: Cartola, Carlos
Cachaça, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Jamelão,
Padeirinho, Hélio Turco, Tantinho, Alcione, Beth Carvalho,
Leci Brandão, Emílio Santiago, Rosemary e muitos mais.

Suas obras inspiram as novas gerações de compositores e


cantores a compor e a cantar novas canções que enaltecem
seu manto verde e rosa, e que guardamos em nossos
corações.

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Carnaval 2010

Mangueira, fonte de inspiração dos artistas, é o berço do


samba, e a alma dos sambistas!

Nessa troca musical, em seu cenário abençoado pela


natureza, muitos poetas foram homenageados, e em seus
sambas-enredos imortalizados em memoráveis desfiles,
entre eles: Braguinha, Dorival Caymmi e Chico Buarque.

E lá vem Mangueira, cheia de novas bossas...

Sem, jamais, desmerecer a riqueza musical do passado,


inicia sua pauta nesse carnaval com a Bossa Nova, que da
Zona Sul carioca, sob influências jazzísticas, aparece como
um novo estilo, uma nova forma de se tocar e cantar o
samba brasileiro. Transformado pelo toque criativo de
jovens músicos, no final dos anos 50, a Bossa Nova
revoluciona, rompe fronteiras e leva o novo som do Brasil
aos quatro cantos do mundo.

“A maior qualidade da música brasileira é a sua diversidade.


É o nosso melhor, mais bem acabado e mais competitivo
produto de exportação. E na nossa História não há história
mais bonita, mais rica, mais emocionante e mais vitoriosa do
que a de nossa música popular. E para contar esta história de
paixão e glória nenhum formato poderia ser mais adequado
do que o enredo de uma escola de samba. É o que a
Mangueira vai cantar no Carnaval.” (Nelson Motta)

Na linha do tempo, a Mangueira apresenta mais um novo


momento musical, que em meados dos anos 60 explode no
Brasil com uma nova musicalidade, batizada de “som do iê-
iê-iê”. A Jovem Guarda mobilizou a juventude nacional
como jamais ocorrera na história cultural do país.

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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

Liderada pelo “Rei” Roberto Carlos – seu maior expoente –,


pelo “Tremendão” Erasmo Carlos e pela “Ternurinha”
Wanderléia, a Jovem Guarda com os hits “Parei na
Contramão”, “O Calhambeque” e “É Proibido Fumar”
escreveu um dos capítulos fundamentais da história do pop
brasileiro.

A partir de 1965, com o início dos Festivais da Canção, a


sigla MPB passa a identificar a música popular brasileira,
que revelam novos talentos, rompendo com regionalismo, se
projetando nacionalmente, como as canções “Disparada”,
“Ponteio”, “A Banda”, “Roda Viva” e “Arrastão” entre
outras.

As canções “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”


lançam sementes do Tropicalismo, um movimento de
ruptura que “revolucionou” o ambiente da música popular,
incorporou à MPB elementos do rock, dos ritmos
estrangeiros e da cultura de massa.

Já no final dos anos 60 caminhavam e cantavam seguindo a


canção... Sob os sombrios anos de ditadura, a música
brasileira soube driblar os rigores da censura de forma
criativa, afirmando cada vez mais o seu papel de porta-voz
da liberdade democrática em canções intituladas músicas de
protestos.

Oriunda dos festivais, a MPB, na década seguinte, consagra-


se como forma característica dos centros urbanos, que
passam a atrair e reunir compositores e intérpretes até então
espalhados pelo Brasil.

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Carnaval 2010

Nos anos 80 a Música Popular Brasileira alcança êxito


expressando variedades de gêneros e fusão de estilos como,
por exemplo, o samba-canção e o pop. Marca essa época a
interpretação de Sandra de Sá em “Demônio Colorido”,
incorporando elementos da música erudita de vanguarda, do
reggae e do funk. Este período tinha também como ícone
Tim Maia.

O Rock Brasil mostra a sua cara!

Os sons eletrizantes das guitarras dão o tom ao Rock


Nacional. Em letras e melodias, jovens roqueiros e bandas
de rock que saíam das garagens, assumiam um papel
importante no cenário musical brasileiro. Com um “som”
divertido, exagerado, irônico e até ingênuo o rock firma-se
no mercado com Rita Lee, Raul Seixas, Marina Lima,
Lobão e bandas como Blitz, Barão Vermelho, Titãs, Os
Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor e Legião Urbana.
Contudo, o rock dos anos 80 trouxe variadas influências
como, por exemplo, a do new wave e do punk.

A música do povo brasileiro transcende a um princípio de


unidade geral. Letra, melodia, ritmo, som, pausa, voz e
instrumentos a definem... No ecoar de todos os cantos tem
sertanejo, tem baião, tem axé, tem toada, tem carimbó e até
eletrônico. O Brasil é musical.

“O público do Sambódromo e da televisão será testemunha de


um fato marcante do Carnaval de 2010: a escola de samba
mais cantada pela música popular brasileira cantará a
própria música popular brasileira. A Mangueira e a nossa
música se abraçarão como dois seres que se amam e se
amarão sempre. Imperdível.” (Sérgio Cabral)

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G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira

Aplausos! Mangueira Estação Primeira... É a voz do samba,


é a voz do gueto.

O som do gueto é samba-reggae que ecoa lá do Curuzu. É


Timbalada, é o ritmo do Olodum, é Manguebeat! É Afro
Reggae, é Funk’n’ Lata. Da Black Rio ao Funk Carioca. Do
Charme ao Hip-Hop. É o som da Galera!

“A história da MPB é o retrato mais fiel da alma do Brasil. O


grande caldeirão onde crepitam a miscigenação das três
raças, capazes de produzir o mais belo conjunto de gêneros
musicais e de compositores populares de que o mundo tem
notícia. A Mangueira – tão íntima dessa história de que ela
mesma é personagem desde Cartola e Jamelão – vai
reproduzir na Avenida em 2010 a maior paixão dos
brasileiros. E – sem dúvida – a melhor e mais estimulante de
suas histórias, a da música popular.” (Ricardo Cravo
Albin).

O carnaval é o show! Os sambas-enredo são um espetáculo


à parte na história da Música Popular Brasileira, e a Estação
Primeira de Mangueira, tão cantada e exaltada na nossa
música, foi e continua sendo fonte de inspiração de
inúmeras composições, e citada em enredos de diversas
agremiações, estende seu manto verde e rosa neste encontro
mágico e universal chamado Carnaval.

Na verde e rosa de Cartola, cabem todos os ritmos. Sua


bateria, inconfundìvel, é o próprio “batidão”. Todo mundo
reconhece, ao longe, e é ela quem anuncia: A Mangueira,
chegou.

Comissão de Carnaval

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LIESA - Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro
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Digitação e Diagram ação:


Fernando Benvindo Neto e Mauro Antonio da Silva

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