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Direito constitucional

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Direito constitucional é o ramo do direito público interno dedicado à análise e


interpretação das normas constitucionais. Tais normas são compreendidas como o ápice
da pirâmide normativa de uma ordem jurídica, consideradas Leis Supremas de um
Estado soberano, e tem por função regulamentar e delimitar o poder estatal, além de
garantir os direitos considerados fundamentais. O Direito constitucional é destacado por
ser fundamentado na organização e no funcionamento do Estado e tem por objeto de
estudo a constituição política desse Estado.

Índice
[esconder]

• 1 História
• 2 Definição
• 3 Constituição brasileira
• 4 Constituição portuguesa
• 5 A constituição Angolana
• 6 Ver também

• 7 Referências

[editar] História
O constitucionalismo, teoria que deu ensejo à elaboração do que é formalmente
chamado de Constituição, surgiu a partir das teorias iluministas e do pensamento que
também deu base à Revolução Francesa de 1789.

Considera-se a Magna Carta o documento que esboçou o que posteriormente seria


chamado de Constituição. Foi assinada pelo Príncipe João Sem-Terra face à pressão dos
barões da Inglaterra medieval, e apesar da notícia histórica de que os únicos que se
beneficiaram com tal direito foram os barões ingleses, o documento não perde a posição
de elemento central na história do constitucionalismo ocidental. A partir da moderna
doutrina constitucionalista, a interpretação dada à Magna Carta sofre um processo de
mutação denominado mutação constitucional, donde novos personagens ocupam as
posições ocupadas originalmente pelos participantes daquele contrato feudal, de
maneira que as prerrogativas e direitos que foram concedidos aos barões passam a ser
devidos aos cidadãos, e os deveres e limitações impostos ao Príncipe João Sem-Terra
passam a limitar o poder do Estado.

Contudo, foi a partir das "Revoluções Liberais" (Revolução Francesa, Revolução


Americana e Revolução Industrial) que surgiu o ideário constitucional, no qual seria
necessário, para evitar abusos dos soberanos em relação aos súditos, que existisse um
documento onde se fixasse a estrutura do Estado, e a conseqüente limitação dos poderes
do Estado em relação ao povo.

Com o passar do tempo, em especial com as teorias elaboradas por Hans Kelsen, grande
jurista da Escola Austríaca da primeira metade do Século XX, passou-se a considerar a
Constituição não como apenas uma lei limitadora e organizativa, mas como a própria
fonte de eficácia de todas as leis de um Estado. Tal teoria (chamada de Teoria Pura do
Direito, de Kelsen), apesar de essencial para a formação de um pensamento mais
aprofundado acerca desta norma, não dá todo o alcance possível do poder e função
constitucional.

Mais tarde, outros pensadores como Konrad Hesse, Robert Alexy e Ronald Dworkin
contribuíram sobremaneira para definir a real função da Constituição. Esta norma,
superior a todas, não teria apenas a função de garantir a existência e limites do Estado.
Ao contrário, ao invés de apenas ter um caráter negativo em relação ao exercício dos
direitos das pessoas, a Lei Maior deve prever os Direitos Fundamentais inerentes a cada
pessoa, e prever modos de garantir a eficácia dos mesmos, de modo que o Estado não
apenas se negue a prejudicar as pessoas, mas sim cumpra aquela que é sua função
precípua: a promoção da dignidade da pessoa humana.

[editar] Definição
Uma constituição, necessariamente, não se apresenta formalmente escrita. Em países
onde o direito consuetudinário é comum, a constituição não se encontra positivada
numa carta. Ela é fruto de uma construção histórica das práticas e costumes de toda a
população. Tal espécie de Lei Maior não impede a existência de normas escritas de
caráter constitucional, como acontece na Inglaterra, com o Act of Habeas Corpus, e a
própria Magna Carta.

Porém, a maioria das constituições existentes segue o padrão formal, de modo que são o
fruto de uma Assembleia de Representantes do Povo (no caso das constituições
democráticas), onde se decide acerca de como será o Governo estatal e quais os direitos
a serem previstos neste documento.

[editar] Constituição brasileira


Ver artigo principal: Constituição brasileira

A Constituição Federal atualmente em vigor no Brasil foi promulgada em 5 de outubro


de 1988 e, até a presente data (13 de julho de 2010), possui 67 emendas constitucionais.

[editar] Constituição portuguesa


Ver artigo principal: Constituição portuguesa

A Constituição portuguesa entrou em vigor a 25 de Abril de 1976 tendo sofrido


sucessivas revisões em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001 , 2004 e 2005.
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[editar] A constituição Angolana


A constituição Angolana actualmente em vigor, é a terceira desde que a República de
Angola é um Estado Independente, A primeira constituição foi a Constitução de 1975, a
segunda a de 1992, e a terceira que é a actual foi aprovada após ter sido revista na
sequência do acordão do tribunal constitucional aos 03 de Fevereiro de 2010, e
promulgada aos 5 Fevereiro do mesmo Ano. A actual constituição não possui qualquer
emenda, ou outra especie de revisão. E estima-se que em 2012 serão realizadas as
primeiras eleições a luz desta Constituição.

DIREITO CONSTITUCIONAL
1.1 Constituição: fontes; conceito; objeto; classificações e estrutura.

CONSTITUICAO

FONTES

No Direito Constitucional distinguimos duas modalidades de fontes: as


escritas e as não-escritas.

As fontes escritas abrangem: a) as leis constitucionais; b) as leis


complementares ou regulamentares - figura especial de leis ordinárias que
servem de apoio à Constituição e fazem com que numerosos preceitos
constitucionais tenham aplicação;c) as prescrições administrativas, contidas
em regulamentos e decretos, de importância para o Direito Constitucional,
desde que, recebendo a delegação de poderes, entre o governo no exercício da
delegação legislativa; d) os regimentos das Casas do Poder Legislativo, ou do
órgão máximo do Poder Judiciário; e) os tratados internacionais, as normas de
direito Canônico, a legislação estrangeira, as resoluções da comunidade
internacional pelos seus órgãos representativos, sempre que o Estado os
aprovar ou reconhecer; f) a jurisprudência, não obstante o caráter secundário
que as normas aí revestem, visto que, em rigor, a função jurisprudencial não
cria Direito, senão que se limita a revelá-lo, ou seja, a declarar o direito
vigente; g) e, finalmente, a doutrina, a palavra dos tratadistas, a lição dos
grandes mestres.
Quanto às fontes não escritas, são, essencialmente, duas: o costume e os usos
constitucionais.

O costume forma-se quando a prática repetida de certos atos induz uma


determinada coletividade à crença ou convicção de que esses atos são
necessários ou indispensáveis.

Sua importância para o Direito Constitucional é imensa.

Os usos constitucionais compõem enfim, a segunda categoria das fontes não-


escritas. Sua relevância é maior nos países desprovidos de Constituição escrita
ou que a possuem em textos sumários.

CONCEITO:

A Constituição pode ser conceituada como:

• 1) Conjunto de Normas associadas a Estrutura do Estado;


• 2) Direitos e Deveres do Cidadão.

Conceito:

Documento jurídico de uma sociedade que decide se auto-constituir.

A constituição estabelece as competências de cada um dos poderes.


Realiza a arquitetura do Estado.

Estabelece também quais são os direitos do cidadão em relação ao


Estado que ele criou.

O Estado regulamenta, por exemplo, o sistema de previdência social. A


previdência será centralizada e gerenciada por quem? Esta é uma
prestação positiva do Estado.

O Estado Social privilegia o princípio da igualdade.

O CADE, por exemplo, regula a atividade econômica de diversas


empresas.

O artigo 173, caput, da Constituição Federal, reza o seguinte:

"Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Nação e soberania nacional

Constitucionalismo: O Estado, ao ser criado, deve ter suas normas


escritas em um documento que deve ter força de lei.

O Estado se submete ao próprio direito que foi criado por ele.

Obs: Israel não tem uma Constituição escrita.

OBJETO:

O Direito Constitucional é o ramo do Direito que tem por objeto o


estudo da Constituição. Estudar a Constituição não é estudar apenas o
texto da Constituição Federal de 1988. Devemos estudar também os
aspectos teóricos que cercam esse tema, ou seja, são objeto do Direito
Constitucional tanto as teorias que se criaram acerca da Constituição,
formadas por especialistas no assunto, quanto o texto da própria
Constituição.

CLASSIFICAÇÃO:

• Escritas : Até os fins do século XVIII preponderavam as Constituições


costumeiras, sendo raras as leis constitucionais escritas, isto é, as leis
postas em documentos formais. Na época contemporânea inexistem
Constituições totalmente costumeiras, as constituições, em regra, são
escritas.
• Dogmáticas: assumem dogmas e os dogmas estão no documento
formal. Ex: Direito à liberdade. Não pode existir no Direito brasileiro
uma lei que se contraponha à liberdade.
• Sistemática: Obra de um legislador racional.
• Histórica: Fruto da evolução histórica.
• Material:Do ponto de vista material, a Constituição é o conjunto de
normas pertinentes à organização do poder, à distribuição da
competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo, aos
direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais, não tem que
estar necessariamente arrolada num documento escrito. Tudo quanto
for conteúdo básico referente à composição e ao funcionamento da
ordem política exprime o aspecto material da Constituição. Debaixo
desse aspecto, não há Estado sem Constituição, Estado que não seja
constitucional, visto que toda sociedade politicamente organizada
contém uma estrutura mínima, por rudimentar que seja.

Em regra, a Constituição material está contida na Constituição Formal.


É possível, de acordo com certa posição doutrinária haver normas não
constitucionais dentro da Constituição.

• Formal:As Constituições não raro inserem matéria de aparência


constitucional. Assim se designa exclusivamente por haver sido
introduzida na Constituição, enxertada no seu corpo normativo e não
porque se refira aos elementos básicos ou institucionais da organização
política.

Entra essa matéria pois a gozar da garantia e do valor superior que lhe
confere o texto constitucional.

A Constituição formal é pois o documento em que se arrolam as


decisões tomadas pela sociedade.

O STF faz a análise da constitucionalidade das leis brasileiras.

• Populares ou promulgadas(ou democráticas):são aquelas que exprimem


em toda a extensão o princípio político e jurídico de que todo governo
deve apoiar-se no consentimento dos governados e traduzir a vontade
soberano do povo.
• Outorgadas: O rei, principe ou chefe de Estado enfeixa em suas mãos
poderes absolutos, mas consente unilateralmente em desfazer-se de
uma parcela de suas prerrogativas ilimitadas, em proveito do povo, que
entra assim no gozo de direitos e garantias, tanto jurídicas como
políticas, aparentemente por obra e graça apenas da munificência real.
Nas constituições outorgadas, o soberano outorga ao povo um conjunto
de normas.

Do ponto de vista jurídico, a Constituição outorgada é ato unilateral de


uma vontade política soberana _ a do outorgante, mas do ponto de vista
político representa quase sempre uma inelutável concessão feita por
aquela vontade ao poder popular ascendente, sendo pois o produto de
duas forças antagônicas que se medem em termos políticos de
conservação ou tomada do poder. Essas duas forças em conflito
dialético são o princípio monárquico do absolutismo e o princípio
democrático do consentimento. Um decadente, o outro emergente.

O chefe de Estado, outorgando a Constituição, a ela se sujeita, jurídica


e políticamente, embora alguns pretendam possa ele depois, no
exercício da vontade soberana, que ficara latente, modificar a seu
alvedrio a ordem constitucional outorgada.

A Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso


instável de duas forças políticas rivais: a realeza absoluta debilitada, de
uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso, doutra.
Surge então como termo dessa relação de equilibrio a forma
institucional da monarquia limitada.

• Rígidas: as que não podem ser modificadas da mesma maneira que as


leis ordinárias. Demandam um processo de reforma mais complicado e
solene. Quase todos os Estados modernos aderem a essa forma de
Constituição, nomeadamente os do espaço atlântico. Variável porém é
o grau de rigidez apresentado. Essas constituições estabelecem um
mecanismo mais difícil, mais complexo, para a sua alteração. Um
projeto de lei ordinária pode ser votado por maioria simples, igual a
metade mais um dos presentes.
• Flexíveis: São aquelas que não exigem nenhum requisito especial de
reforma. Podem, por conseguinte, ser emendadas ou revistas pelo
mesmo processo que se emprega para fazer ou revogar a lei ordinária.
Não estabelece sistema diferenciado entre emenda constitucional ou lei
ordinária. País típico de Constituição flexível é a Inglaterra, onde "as
partes escritas de sua Constituição podem ser juridicamente alteradas
pelo Parlamento com a mesma facilidade com que se altera a lei
ordinária.
• Semi-rígida: Constituição imperial de 1824. Somente as leis de
estrutura do Estado seriam rígidas, as demais flexíveis.

1.1.1.SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

A supremacia constitucional é o atributo que coloca a Constituição em


posição de comando, destaque e referência de toda a estrutura de um Estado,
comandando à sua ordem jurídica, invalidando todas as leis e atos que lhe
forem contrários, obrigando e regendo a vida da Nação. Designa a especial
dignidade do documento constitucional, norma jurídica suprema que se situa
acima de todas as demais normas jurídicas produzidas pelo Estado.

Deve-se perceber que é da percepção da condição de supremacia da


Constituição que se constrói a teoria da recepção e todo o modelo de controle
de constitucionalidade. Cabe aqui lembrar a a teoria da construção escalonada
de Hans Kelsen, segundo a qual cada norma jurídica aure sua validade de uma
outra norma superior, e assim sucessivamente até alcançar a Constituição que
não sustenta sua validade em nenhuma outra e sim nela mesma.Segundo Celso
Bastos, as normas se encontram escalonadas em uma hierarquia e formando
uma espécie de pirâmide em cujo ápice encontra-se a Constituição, fazendo
com que todas as normas que se encontrem abaixo lhe sejam subordinadas.
Dessa forma qualquer norma que se encontre abaixo dela lhe deve obediência,
de tal sorte que lhe deverá sempre inteiro cumprimento sob pena de vir a ser
viciada.
Isso é a supremacia da Constituição.

1.1.2 Aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais

1.2 PODER CONSTITUINTE

O poder constituinte pode ser conceituado como o poder de criar um texto


constitucional (poder originário) ou de atualizar seu conteúdo (poder
derivado). Independentemente de quem crie uma nova constituição, tem-se
naquele momento a manifestação do poder constituinte.

• 1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO - original, incondicionado,


ilimitado; não se submete a nenhuma limitação. É o poder que cria e
põe em vigor as normas constitucionais, sendo também chamado de
inicial ou inaugural. Esse poder instaura uma nova ordem jurídica, ou
seja, é a partir de sua obra _ a nova Constituição _ que todo o
ordenamento jurídico passa a ter validade. A doutrina estabelece ser ele
inicial (Inaugura uma nova ordem jurídica. Dessa forma ele rompe
com a Constituição anterior, revogando-a. As normas
infraconstitucionais existentes estarão também revogadas pelo
fenômeno da não-recepção), ilimitado (esse poder não encontra
qualquer limite para estabelecer as regras que deseja), autônomo
(Apenas ao seu titular é dado o poder de determinar as regras da nova
constituição) e incondicionado (não precisa obedecer a qualquer regra
pra a produção de suas normas. Ele mesmo cria o processo legislativo
que entende correto para a sua formação).
• 2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO - Não é originário, é
condicionado, limitado. Também conhecido como Poder Instituído,
Constituído, Secundário ou de Segundo Grau, esse poder busca
estabelecer as formas de atualização da obra oriunda do poder
constituinte originário. Como poder constituído não possui as
características do poder originário, tendo em vista a existência de
limites, condições e regras para que possa ser exercido.
o 2.1. Poder Constituinte Derivado Reformador
É o poder delegado pelo Poder Constituinte Originário a alguns
órgãos para poder reformar a Constituição. Consiste em poder
alterar o texto constitucional original, criando-lhe emendas de
reforma, ou, simplesmente, emendas. É um poder cujos limites
encontram-se previamente estabelecidos na Constituição Federal
e que não pode fugir da obediência de tais regras.
o Poder Constituinte Derivado Revisional
Esse poder de revisar o texto constitucional foi criado com a
intenção de, cinco anos após a promulgação da Constituição de
1988, permitir alterações sobre temas que, durante esse prazo, se
mostrassem conflitantes ou impraticáveis.
o Poder Constituinte Derivado Decorrente
Consiste tal poder na possibilidade de os Estados-membros
elaborarem suas Constituições Estaduais e dos Municípios e
Distrito Federal elaborarem suas leis orgânicas.
Tal poder é uma decorrência da capacidade de auto-organização,
autogoverno e auto-administração de que são investidos, pela
Constituição Federal, os Estados-membros.

Autonomia - poder de auto-governo e auto-organização. Poder


de eleger seus próprios governantes.

Poder Constituinte Derivado Decorrente: Poder concedido pelo


Constituinte Originário para que os Estados Federados
promulguem sua constituição de acordo com a Constituição
Nacional.

• LIMITES:
o 1.Poder Constituinte Derivado REFORMADOR
 a) limites processuais - Estabelecem um processo
legislativo mais rigoroso para a aprovação de uma
proposta de emenda à Constituição (PEC);
 b) limites circunstanciais - Sendo a emenda à constituição
uma regra que altera o texto maior de um Estado, sua
promulgação tem de ocorrer em períodos de tranquilidade
política e institucional. Assim, a Constituição Federal
proibiu que seu texto fosse emendado na vigência de
intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio;
 c)limitações materiais - Consistem nos temas que não
podem ser abolidos por meio de Emenda à Constituição.

§ 1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de


intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso


Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara


dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.

§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a


abolir:
o I - a forma federativa de Estado;
o II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
o III - a separação dos Poderes;
o IV - os direitos e garantias individuais.

- Processuais - tem que seguir as normas

- Materiais expressos - Parágrafo 4º do Art. 60 da Constituição,


consideradas cláusulas pétreas;

- Materiais implícitos - Decorrem da razão.

1.5 Princípios fundamentais: princípios constitucionais. República


Federativa do Brasil. O poder e sua divisão. Estado Democrático de
Direito. Direitos Humanos e seus tratados internacionais protetivos.

Conforme Celso Lisboa Bastos, princípios constitucionais são aqueles


que guardam os valores fundamentais da ordem jurídica. Princípio,
conforme Uadi Lamêgo Bulos, é um enunciado lógico extraído da
ordenação sistemática e coerente de diversas disposições normativas,
aparecendo como uma norma de validade geral e dotada de maior
generalidade e abstração do que as normas jurídicas singularmente
tomadas.

Distinção entre norma e princípio: A doutrina distingue norma


constitucional de princípio constitucional. A norma seria mais
específica, mais precisa, de conteúdo mais objetivamente definido,
destinado a reger as situações às quais expressamente se refira. O
princípio, por outro lado, seria um enunciado mais abstrato, mais
impreciso, que atuaria como elemento de harmonização da
Constituição, cujos efeitos seriam auxiliares na superação interpretativa
das lacunas e contradições lógicas existentes no texto constitucional.

A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal e constitui-se em Estado
Democrático de Direito.

São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Direitos humanos e seus tratados internacionais protetivos


A prevalência dos direitos humanos é um princípio de conteúdo
jurídico impreciso. É possível ver que os direitos humanos têm
adquirido uma prevalência mais alta do que qualquer outro bem
jurídico atual. O Supremo Tribunal Federal decidiu pela prevalência da
Constituição, no Direito brasileiro, sobre quaisquer convenções
internacionais, incluídas as de proteção aos direitos humanos.

1.6 Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e


coletivos.1.6.1 Direitos sociais. 1.6.2 Direitos políticos.1.6.4 Direitos
de nacionalidade.

a) Alguns direitos são de todos - universalidade dos direitos - a vida, a


propriedade, mas outros se destinam a grupos determinados e
específicos, como os direitos dos trabalhadores. b) alguns direitos são
proclamados e válidos em determinada época, e desaparecem ou são
modificados em outras. c) inalienabilidade ou indisponibilidade - um
direito inalienável não permite que seu titular o torne impossível de ser
exercitado para si mesmo, física ou juridicamente.

Direito e garantia: A primeira abordagem técnica, no direito


brasileiro, a explorar a diferença entre direito e garantia foi
realizada por Rui Barbosa. Para ele, os direitos seriam disposições
declaratórias, e as garantias, disposições assecuratórias. Ou, em
outras palavras, o direito é o que se protege, o bem da vida
guardado pela Constituição. A garantia é o mecanismo criado pela
Constituição para defender o direito.

Direitos de primeira geração: São os direitos civis e políticos, e


compreendem as liberdades clássicas (liberdade, propriedade, vida,
segurança). São direitos do indivíduo perante o Estado, e a
doutrina os classifica como prestações negativas, ou seja, dever de
não-fazer erigidos contra o Estado, em favor do indivíduo.

Direitos de segunda geração- cobram do Estado uma prestação


positiva. São os direitos econômicos, culturais e sociais.

Direitos de terceira geração - São direitos coletivos, como ao meio


ambiente, à qualidade de vida saudável, à autodeterminação dos
povos e à defesa do consumidor, da infância e da juventude. São
direitos de titularidade difusa e coletiva, como à paz, a
autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento, à qualidade do
meio ambiente, à conservação do patrimônio histórico e cultural.
Direitos de quarta geração: São os direitos que surgem e se
consolidam ao final do milênio.

Direitos Sociais - A doutrina fixa que os direitos sociais são aqueles


cuja importância transcende a esfera individual do seu detentor.

Garantias constitucionais:princípios e preceitos. Direitos e garantias.


Mandado de segurança individual e coletivo. Ação Popular. Ação civil
pública. Habeas data. Mandado de injunção. Ação de descumprimento
de preceito fundamental.

Direito e garantia: A primeira abordagem técnica, no direito brasileiro,


a explorar a diferença entre direito e garantia foi realizada por Rui
Barbosa. Para ele, os direitos seriam disposições declaratórias, e as
garantias, disposições assecuratórias.

Garantias fundamentais gerais: Conforme Uadi Lamêgo Bulos, são as


que vêm convertidas naquelas normas constitucionais que proibem
abusos de poder e violação de direitos, limitando a ação do Poder
Público. Aparecem, por exemplo, no princípio de legalidade, no
princípio da inafastabilidade da jurisdição e no princípio do juiz e do
promotor natural, no princípio do devido processo legal, no princípio
do contraditório e no princípio da publicidade dos atos processuais.
Todos contidos no art. 5º da CF.

1.7 Organização do Estado Brasileiro:

Da organização político-administrativa.

o A União;
o Estados Federados;
o O Distrito Federal e Territórios;
o Os Municípios.

República e União não são sinônimos. A União é uma pessoa jurídica


de Direito Público interno com capacidade política, que ora se
manifesta em nome próprio (como União), ora em nome da Federação
(como República). No âmbito interno, a União é apenas autônoma. A
República é que é soberana. A União é entidade federativa autônoma
em relação aos Estados-membros e municípios, constituindo pessoa
jurídica de direito público interno. Não se confunde com o Estado
Federal, a República, pessoa jurídica de direito internacional, formada
territorialmente por Estado, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, e
jurídicamente por esses três mais a União.
Os Estados são pessoas jurídica de direito público interno dotadas de
autonomia, com capacidade de auto-organização e normatização
própria, auto-governo e auto-administração.

Distrito Federal: O Distrito Federal é entidade federal que dispõe de


personalidade jurídica de direito público interno, dotado de autonomia,
de poder legislativo com competência cumulativa (Estado e Município)
e de competência tributária também cumulativa. Dispõe de Poder
Executivo e de Poder Legislativo próprios, mas o poder Judiciário é
organizado e mantido pela União.

Município: Entidade federativa com personalidade jurídica de direito


público interno, dotado de autonomia, com competência legislativa e
tributária. Dispõe apenas de Poder Legislativo e Poder Executivo.

Compete exclusivamente ao Estado Federal manter relações


internacionais, bem como definir a política de defesa de toda a
Federação.

Os Estados Federados dispões de Tribunais, Administração Pública e


Forças de Segurança aos quais incumbe a aplicação e execução da lei
no seu território.

O Distrito Federal é um quadrilátero (chamado de Quadrilátero de


Cruls) que envolve a Capital que é Brasília. Brasília não é a capital da
União e sim a Capital da República, uma vez que a união não tem uma
dimensão territorial.

Governo da União: Poder Legislativo. Poder Executivo. Poder


Judiciário.

Poder Judiciário: Federal e Estadual. Organização Judiciária:


Funções essenciais da justiça. Magistrados: prerrogativas,
garantias e vedações. Natureza da jurisdição, seu monopólio e
partição das competências. Autonomia administrativa e financeira
do Poder Judiciário.

O poder Judiciário consiste no conjunto de órgãos estatais que tem


por função principal o exercício da jurisdição. A decisão do Poder
Judiciário, após transitado em julgado, não pode mais ser alterada.

Acepções de Constituição

 1ª acepção: Sociológica. Foi capitaneada por


Ferdinand Lassalli, anarquista de esquerda que viveu
na Áustria em 1819.
O Estado é a síntese de um confronto entre todos os
fatores reais de poder,como sindicatos, banqueiros,
etc.

A Constituição nasce no mundo do ser como a luta das


forças econômicas que resulta na estrutura do Estado.

A Constituição escrita é uma mera folha de papel, se o


que estiver lá escrito não estiver de acordo com as
forças do Poder.

 2º. Composição sociológico-jurídica. Konrad Hesse. "A


força normativa da Constituição".

A Constituição como norma tem o poder de conformar


o mundo do ser.

Tem que haver uma propensão das pessoas em achar


que a Constituição deve nortear a vida na sociedade.

 3º. Faceta política: Carl Smith - jurista alemão, grande


líder intelectual do nazismo. Escreveu o livro "O
conceito do político". Político pode ser qualquer
assunto que ganhe uma intensidade tal em que as
pessoas estejam dispostas a dar a sua própria vida.

A Constituição, para Carl Smith, era uma decisão


política da sociedade.

 4º. Acepção jurídica: Corrente positivista/normativista


cujo principal expoente é Hans Kelsen.

O Estado era igual ao Direito.

Estado é uma associação de pessoas, num dado


território, que resolve se submeter a um governo
soberano.

Hans Kelsen estabeleceu que o Direito é um conjunto


de normas.

O fenômeno jurídico só nasce se houver uma


predisposição das pessoas.

A Constituição busca seu fundamento numa norma


que não é jurídica, precede o direito.
Kelsen pegou o conceito de Estado e transformou em
imagem jurídica.

População, para ele, é o local onde a norma, baixada


pelo Estado, incide. Ex. Um navio brasileiro em
Londres, é âmbito de validade para as normas
brasileiras.

População = âmbito de validade das normas.

Soberania é uma qualidade de um dado ordenamento


jurídico que não busca sua validade em nenhuma norma
posta e sim pressuposta.

Normas nascem, vivem e morrem.

Normas processuais estabelecem o processo legislativo.

Para Hans Kelsen, a União é um centro de competência.


Visão absolutamente normativa. Kelsen foi matemático e
influenciou decisivamente no direito contemporâneo. Fatos
do mundo do ser não são abordados por Kelsen, apenas do
dever ser. AGORA UMA PERGUNTA PARA OS
CONCURSEIROS DE PLANTÃO!

Uma lei estadual deve conformar-se á lei federal que trate


sobre o mesmo assunto?

Então verifiquemos o artigo 78 da Lei 8.112 de 1990, que


trata sobre o Funcionário Público Civil da União. Pois bem,
o artigo 78 afirma:

§ 3º O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,


perceberá indenização relativa ao período das férias a que
tiver direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos
por mês de efetivo exercício, ou fração superior a quatorze
dias.
* § 3º acrescentado pela Lei nº 8.216 de 13/08/1991.
§ 4º A indenização será calculada com base na remuneração
do mês em que for publicado o ato exoneratório.
* § 4º acrescentado pela Lei nº 8.216 de 13/08/1991.

Até aí tudo bem, só que o Regimento Interno do TCE do


Estado de São Paulo, no seu artigo 30 diz que é proibida a
indenização relativa a período de férias incompleto.
O que se pode fazer? Vamos discutir esse assunto?

Constitucional - Direito Constitucional - Matéria Constitucional - Teoria Geral do


Estado - Direito Público Interno - Constituição (Índice suplementar - Use o
procurador)

Direito - Parte Geral - T.G.E.


Constitucional
- Parte Especial - Constituição
Direito constitucional é o ramo do Direito que estuda as normas que estruturam,
basicamente, o Estado. Não é difícil intuir a importância do Direito Constitucional,
tanto mais atualmente, quando a atividade do Estado cresce notavelmente. À sua época,
Léon Duguit, grande publicista francês, já afirmava que não há nenhum momento na
vida do homem moderno em que este não mantenha contato com os governantes e seus
agentes, e nesse contato é que surge a iminência do arbítrio daqueles, arbítrio que as
normas constitucionais buscam evitar. É o Direito Constitucional Positivo que norteia a
estruturação da forma de Estado, ao afirmar ser o Brasil um Estado federal,
complementado pela forma republicana de governo. É a Constituição Federal que vai
revelar ser o presidencialismo nosso regime de governo. Com efeito, as expressões
forma de Estado, forma de governo e regime de governo não se confundem. Forma de
Estado é expressão que designa as relações que apresentam, entre si, todos os elementos
constitutivos do Estado: população, território, governo e normas. Forma de governo é a
expressão que revela o modo pelo qual o Estado se organiza para o exercício de poder.
Regime de governo, contudo, é expressão que envolve o relacionamento entre os
Poderes Executivo e Legislativo.
O regime de governo revela a dinâmica da forma de governo da mesma forma que o
poder político somente é agilizado pelas funções governamentais.
Enquanto instituição, o poder é estático; encarnado, torna-se dinâmico pela atividade
política, pelo seu efetivo exercício, que se chama governo. É o Direito Constitucional
Positivo que se preocupa, ademais, com a estruturação dos órgãos em que triparte o
poder político.
(Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica de Ciências Jurídicas em 31 de
março de 2007)
Constituição - Direito Constitucional - Constitucionalidade - Constituição Federal
A palavra constituição vem do latim cum + stituto, constitutio, constituere (constituir,
construir, edificar, formar, organizar, instituir).
Tem como sinônimo o vocábulo compleição, que também dá idéia de um todo
formado, estruturado, ordenado, isto é, de unidade na multiplicidade.
Constitucional
- emenda: Art. 60, CF
- emenda; quando não será objeto de deliberação: Art. 60, § 4º, CF
- emenda rejeitada; reapresentação: Art. 60, § 5º, CF
- promulgação da emenda: Art. 60, § 3º, CF
- proposta de emenda; discussão: Art. 60, § 2º, CF
- quando não poderá ser emendada: Art. 60, § 1º, CF
- zelo pela; competência: Art. 23, I, CF
O corpo humano tem uma constituição, uma compleição; não é ele, porventura, um
organismo? Não nos referimos, às vezes, ao vocábulo constituição como a ordenação
que preside a organização dos corpos físicos?
Assim, a palavra constituição apresenta sentidos análogos: ela pode ser tomada num
sentido amplo e em outro, estrito. Tomada num sentido amplo, pode-se dizer que todos
os seres apresentam uma constituição que os identifica.
Tomada em sentido estrito, a palavra constituição vai revelar o modo pelo qual uma
sociedade se estrutura basicamente.
Aristóteles conceituava a politéia (constituição) como a ordem da vida em comum
naturalmente existente entre os homens de uma cidade ou de um território, ou
simplesmente, a ordenação dos poderes do Estado.
Em termos jurídico-políticos, a constituição é a lei fundamental do Estado, lei que um
povo impõe aos que o governam, para se garantir contra o despotismo destes, conforme
doutrina Romagnosi.
Rodrigo Octávio define a constituição como um corpo de regras e princípios em
conformidade com os quais são normalmente exercidos os poderes públicos do Estado e
asseguradas as liberdades e direitos individuais.
Para García Pelayo, a constituição é um processo de racionalização e planificação da
vida estatal. Para Ferreira Filho, a constituição em sentido jurídico pode ser entendida
como o conjunto de regras concernentes à forma de Estado, à forma do governo, ao
modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites
da sua ação.
Ou seja, a base, fixada juridicamente, da organização política.
Segundo Salvetti Netto, a constituição política estrutura a organização do Estado,
disciplina o exercício do poder político e discrimina a competência para tal exercício,
definindo-a como o conjunto de normas que, estruturando a organização do Estado,
estabelece relações de natureza política entre governantes e governados ou levando-se
em conta o advento dos direitos sociais no mundo moderno, o conjunto de normas que,
estruturando a organização do Estado, limita politicamente o exercício do poder e
declaraos direitos individuais e sociais e suas respectivas garantias.
1. Evolução Histórica
Ubi societas, ibi ius, diz Aristóteles; onde houver sociedade haverá normas de
conduta, haverá constituição. Da mesma forma que todos os seres têm uma constituição
própria (causa formal), a fortiori a sociedade terá, essencialmente, uma forma de
organização. Ser eminentemente social, o homem agrega-se a seus semelhantes
organicamente, formando grupos sociais estruturados, sendo inconcebível, mera
abstração, a concepção mecânica da sociedade.
Pois bem, as organizações sociais surgem, inicialmente, no seio da família, do clã, da
tribo, até que cheguemos ao Estado, a mais perfeita forma de convivência social. As
normas constitutivas das sociedades primárias repousam nos hábitos sociais
consagrados pelo tempo. Com o aparecimento do Estado, sociedade necessária dotada
de poder soberano e voltada para o bem comum, surge a constituição política. Conforme
aduz Pedro Salvetti Netto, não há falar em constituição política antes que o Estado se
organize, antes que nele se integrem seus elementos constituintes. Somente quando se
verificam tais exigências é que aparece a constituição política, justamente para,
estruturando a organização do Estado, disciplinar o exercício do poder político e
discriminar a competência para tal exercício.
A tendência das sociedades de se estruturarem sob a égide de uma lei fundamental
surge muito cedo na história humana.
Inicialmente, ela tem caráter religioso, místico, revelando a vontade divina (mana)
sob a forma de tabu, como acentua Viamonte.
Tal norma fundamental tem natureza consuetudinária, costumeira, não se apresenta
sob a forma escrita.
Com maior razão, os gregos já distinguiam as normas jurídicas pela hierarquia,
classificando-as como leis constitucionais e leis comuns, a exemplo dos romanos, que,
ao se referirem à elaboração daquelas, usavam a expressão rem publicam constituere.
As leis de Licurgo em Esparta, de Drácon e de Sólon, em Atenas, são verdadeiras
constituições, imperando sobre as demais normas.
Conforme adverte Carlos Sanchez Viamonte, estas leis fundamentais de Licurgo e de
Sólon constituem a expressão unificada da vontade nacional em cada caso, e com elas é
criada a nação como unidade política e atribui-se forma à sociedade e ao governo. Nisto
consiste a essência do ato constituinte.
No dizer de Pedro Salvetti Netto, as primeiras constituições sistematicamente
codificadas vão aparecer no século XVII, por influência, segundo alguns autores, das
tradições puritanas, cujas normas eram efetivamente escritas e codificadas - os
covenants -, destinadas à estruturação da Igreja e do culto. Em razão disso, a Inglaterra
foi estruturada, durante o governo do puritano Oliver Cromwell (1599-1658), por uma
constituição escrita, única em sua história, o Instrument of Government, calcada numa
doutrinaabsolutista do poder, fundada, aliás, no exacerbado puritanismo de CromwelL.
Na história constitucional inglesa encontraremos, ainda na Idade Média, pactos, forais e
cartas de franquia.
Conforme aduz Manoel Gonçalves Ferreira Filho, tais documentos firmaram a idéia
de texto escrito destinado ao resguardo de direitos individuais, que a Constituição iria
englobar a seu tempo.
Tais direitos, contudo - prossegue o autor citado -, sempre se afirmavam imemoriais,
fundados no tempo passado, enquanto eram particulares a homens determinados e não
apanágio do homem, ou seja, do ser humano enquanto taL. Ainda segundo Manoel
Gonçalves Ferreira Filho, próximos dos pactos, de cujo caráter participavam pela
sanção real, mas já bem próximos da idéia setecentista de constituição, situam-se os
contratos de colonização, peculiares à história das colônias da América do Norte.
Chegados ao Novo Mundo, os peregrinos, mormente puritanos, imbuídos de
igualitarismo, não encontrando na nova terra poder estabelecido, fixaram, por mútuo
consenso, as regras por que haveriam de se governar. Os chefes de família firmam a
bordo do Mayflower o cérebre Compact (1620); desse modo, são estabelecidas as
Fundamental Orders of Connecticut (1639), mais tarde confirmada pelo rei Carlos II,
que as incorporou à carta outorgada em 1662.
Transparece aí - finaliza - a idéia de estabelecimento e organização do governo pelos
próprios governados, que é outro dos pilares da idéia de constituição.
Profunda influência, além da tradição puritana, sobre o advento das constituições
escritas, vai exercer a doutrina do contrato social, preconizada por Jean-Jacques
Rousseau. A cláusula pacta sunt servanda ou pacta quantumcumque nuda servanda sunt,
isto é, os contratos devem ser cumpridos pelas partes, peculiar às relações jurídicas de
caráter privado, contida na forma escrita e solene exigida, é transportada para o direito
público, assegurando melhores direitos e deveres de governantes e governados. Como
acentua Pedro Salvetti Netto, a constituição escrita revela a preocupação de asseverar,
em seus artigos, compromissos recíprocos de governantes e súditos.
Com efeito, adverte Ferreira Filho que somente no século XVIII - o Século das
Luzes, daí a expressão Iluminismo - é que se concretizou, na Europa, a idéia de que o
homem pode estabelecer a organização do Estado, segundo sua vontade, numa
Constituição.
Antes do Iluminismo, ninguém ousara afirmar que o homem poderia modelar uma
organização política segundo um ideal racionalmente estabelecido. Daí reafirmar-se a
importância de Rousseau para a filosofia iluminista e para a Revolução Francesa e,
conseqüentemente, para a consolidação das constituições escritas.
No Brasil, a maioria dos autores constitucionalistas partem da Independência, para
estudar a História Política do País. Esta postura, ao excluir da evolução política nacional
o período anterior à emancipação, é originária da significação limitada que o liberalismo
do século XIX deu ao conceito de constituição política, pelo qual, como visto, a Lei
Magna de uma sociedade política não passa de um documento ideológico escrito,
peculiar a uma concepção de Estado na qual figuram, conforme dispunha o célebre Art.
16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 26.8.1789, a garantia dos
direitos individuais e a separação de poderes: "Art. 16. Toda sociedade em que não seja
assegurada a garantia dos direitos, nem estabelecida a separação de poderes, não tem
Constituição".
2. Preâmbulo - Preâmbulo - Constituição Federal
Quanto ao preâmbulo das constituições, vejamos, inicialmente, a etimologia do
vocábulo preâmbulo. Ele vem do latim pre + ambulare, vale dizer, que precede, que
vem antes. O preâmbulo de um contrato ou de uma lei, também chamado exposição de
motivos, ou de uma constituição, destina-se a explicar seu conteúdo, revelando a
posição ideológica do legislador e orientando o intérprete do texto legal. Com efeito,
como dissemos, até um contrato entre particulares apresenta um preâmbulo, ou seja, o
nome das partes, sua identificação, os esclarecimentos indispensáveis à formalização do
pacto configuram um preâmbulo.
Nas constituições, o preâmbulo aparece com as constituições escritas, consistindo
numa declaração preliminar, na qual o legislador constituinte esclarece a origem do
documento e seus princípios informadores.
Via de regra, o preâmbulo apresenta três dados básicos:
a) declaração referente à origem da constituição;
b) definição de seus princípios públicos;
c) invocação divina.
Da declaração referente à origem da constituição, o legislador esclarece a fonte da
qual emana a lei magna, se esta é fruto de uma vontade unipessoal, autocrática ou se
acha fundamentada numa assembléia popular.
Na definição de seus princípios políticos, o legislador esclarece suas idéias políticas,
inspiradoras do próprio conteúdo da constituição. Como exemplo, poderíamos
mencionar o seguinte trecho do preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos da
América do Norte: "Nós, o povo dos Estados Unidos, com o propósito de formar uma
união mais perfeita, estabelecer a Justiça, garantir a tranqüilidade interior, atender à
defesa comum, fomentar o bem-estar geral e assegurar para nós os benefícios da
liberdade, bem assim de nossa propriedade, promulgamos e estabelecemos esta
Constituição...".
Três elementos exsurgem do texto acima: o Estado Federal, a ideologia democrática e
o liberalismo.
Na invocação divina encontraremos a inefável e salutar tendência do homem para a
realização no plano espiritual. Nas palavras de Salvetti Netto, encontraremos o real
significado da invocação divina no preâmbulo da constituição: "As sociedades, que
tendem a realizar-se, não só com a complementação de seu anseios materiais, mas
também pela realização mais elevada de seu valores morais e espirituais, devem, no
momento solene em que laboram a obra máxima de sua organização política, rogar a
Deus seu amparo e proteção, a fim de que bem possam nortear-se, para lograrem
alcançar a felicidade e o bem-estar comum. É que Deus, Criador Supremo, jamais pode
divorciar-se das obras humanas. Inspira os artistas, mitiga as aflições, redime os
incrédulos e é Dele que se reclama o amparo, quando a ciência e o saber humano restam
impotentes, e quando a força e a pujança desse saber jazem diluídas ante o
imponderável e o incognoscíveL. Lembra-nos, a propósito, o circunspecto e viril
Senado norte-americano, a reclamar do mundo e da humanidade inteira preces e orações
a Deus, para que uma mensagem de fé e de amor, brotada de todos os espíritos, numa
solidariedade universal plena desta fé e repleta de amor, viesse a sensibilizar o Criador,
na esperança de que Ele, mais que os gênios e os cérebros eletrônicos de Houston,
pudesse trazer de volta à Terra os astronautas perdidos na imensidão do cosmos. Ainda
hoje, como se vê, quando os formidáveis recursos da ciência não bastam para solucionar
os problemas do homem, este se volta a Deus. E tem sido sempre da mesma forma,
como a mostrar que as evoluções tecnológica e científica podem, porém, às vezes, adiar
as preces, jamais, destruí-las" (Curso de Teoria do Estado, São Paulo, 6ª ed., 1984, p.
329).
Assim, a invocação divina, no preâmbulo de uma constituição, revela não apenas uma
prece eternizada no texto de uma lei, como também, muito mais que isso, um dado
sociológico deveras significativo: a religiosidade de um povo. É bom lembrar que a
laicidade do poder temporal não implica, necessariamente, ateísmo, não conflitando,
portanto, com a natural religiosidade do homem. Com exceção da Constituição
brasileira de 1891, a primeira republicana e, portanto, laica por excelência, e a
Constituição de 1934, todas as Constituições brasileiras se referem à proteção de Deus.
O preâmbulo é um dos elementos de aplicabilidade da constituição, sendo os
restantes a promulgação, a publicação, o momento inicial da vigência da lei magna e as
disposições transitórias.
Uma vez que o preâmbulo é um dado que precede o articulado propriamente dito das
constituições, constata-se que, desde a mais alta Antigüidade, toda lei fundamental, ao
lado do articulado, apresenta as justificações de sua vigência, de sua imposição, enfim.
Com o advento das constituições escritas, o preâmbulo passou a ser freqüentemente
invocado pelo poder constituinte, com o fito de esclarecer a origem da lei e seus
princípios básicos.
A título de ilustração apresentaremos, a seguir, alguns textos preambulares históricos,
para que fique bem clara, também na praxe, a importância do nosso estudo.
CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL
"Dom Pedro Primeiro, por graça de Deos, e unanime reclamação dos povos, Imperador
Constitucional e Defensor Perpétuo do Brazil: Fazemos saber a todos os Nossos
subditos que, tendo-nos requerido os Povos deste Imperio, junto em Camaras, que Nós,
quanto antes jurassemos e fizessemos jurar o Projecto de Constituição, que haviamos
offerecido ás suas observações, para serem depois presentes á nova Assembléia
Constituinte; mostrando o grande desejo, que tinhão, de que elle se observasse já como
Constituição do Imperio, por lhes merecer a mais plena approvação, e delle esperarem a
sua individual, e geral felicidade Política: Nós Jurámos osobredito Projecto para o
observarmos e fazermos observar, como Constituição, que d1ora em diante fica sendo,
deste Imperio; a qual é do theor seguinte: EM NOME DA SANTISSIMA
TRINDADE...". A expressão Em nome da Santíssima Trindade revela bem a adoção da
religião católica como a oficial do Estado, princípio reafirmado no Juramento do
Imperador, em apêndice ao texto constitucional, cujas palavras iniciais são as seguintes:
"Juro manter a religião católica-apostólica-romana, a integridade e indivisibilidade do
Império...".
O Art. 95, III, corroborou tal orientação, ao excetuar do direito de ser nomeado
deputado aquele que não professasse a religião do Estado, no caso a Católica Apostólica
Romana. Assim, embora permitindo a prática de todas as religiões, a Constituição
adotou uma delas como oficial do Estado, vedada, logicamente, a participação de um
acatólico nos cargos de deputado ou senador.
CONSTITUIÇÃO FRANCESA DE 5 DE OUTUBRO DE 1958
"O povo francês proclama solenemente a sua adesão aos Direitos do Homem e aos
princípios da soberania nacional tal como foram definidos pela Declaração de 1789,
confirmada e completada pelo preâmbulo da Constituição de 1946. Em virtude destes
princípios e do princípio da livre determinação dos povos, a República oferece aos
territórios do ultramar, que manifestem a vontade de a elas aderir, instituições novas
fundadas no ideal comum de liberdade, igualdade e fraternidade e concebidas em vista
de sua evolução democrática".
CONSTITUIÇÃO DA UNIÃO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS
(Lei Fundamental)
"A Grande Revolução Socialista de outubro, consumada pelos operários e camponeses
da Rússia, sob a direção do Partido Comunista, encabeçada por V. I. Lenin, abateu o
poder dos capitalistas e latifundiários, rompeu os grilhões da opressão, estabeleceu a
ditadura do proletariado e criou o Estado soviético, Estado de um novo tipo,
instrumento fundamental para a defesa das conquistas revolucionárias e para a
construção do socialismo e do comunismo. Foi iniciada a viragem histórica universal da
humanidade do capitalismo para o socialismo. Depois de alcançar a vitória na guerra
civil e de rechaçar a intervenção imperialista, o poder soviético realizou profundíssimas
transformações sócio-econômicas, liquidou para sempre com a exploração do homem
pelo homem, com os antagonismos de classe e com a inimizade entre as nações. Com a
federação das repúblicas soviéticas na URSS, multiplicaram-se as energias e as
possibilidades dos povos do País na construção do Socialismo.
Foram implantadas a propriedade social dos meios de produção e a verdadeira
democracia para as massas trabalhadoras. Pela primeira vez, na história da humanidade,
foi concretizada uma sociedade socialista. A gesta imorredoura do povo soviético e de
suas Forças Armadas, que alcançaram a histórica vitória na Grande Guerra Pátria,
constitui-se em brilhante demonstração da força do socialismo. Esta vitória reforçou o
prestígio e a posição internacional da URSS, e ensejou novas possibilidades favoráveis
ao crescimento das forças do socialismo, da libertação nacional, da democracia e da paz
mundiaL. Prosseguindo sua fecunda atividade, os trabalhadores da União Soviética
garantiram o desenvolvimento rápido do País em todos os setores e o aperfeiçoamento
do regime socialista. Foi robustecida a união da classe trabalhadora, do campesinato
kolkosiano e da intelectualidade popular, bem como a amizade das nações e etnias da
URSS, formou-se a unidade social, política e ideológica da sociedade soviética, sob a
direção da classe operária.
Terminadas as tarefas da ditadura do proletariado, o Estado soviético foi convertido
em Estado de todo povo. Foi realçado o papel dirigente do Partido Comunista,
vanguarda de todo o povo.
Na URSS foi edificada a sociedade socialista desenvolvida. Nesta etapa, em que o
socialismo se desenvolveu sobre sua própria base, revelam-se, cada vez mais
claramente, as potencialidades criadoras do novo regime, as vantagens do modo de vida
socialista, e os trabalhadores usufruem, cada vez mais amplamente, dos frutos das
grandes conquistas revolucionárias. É uma sociedade em que foram criadas poderosas
forças produtivas, uma ciência e uma cultura de vanguarda, na qual cresce,
incessantemente, o bem-estardo povo e se criam premissas cada vez mais favoráveis ao
desenvolvimento integral do indivíduo. É uma sociedade de relações socialistas
amadurecidas, na qual, sobre a base da aproximação de todas as classes e setores sociais
e da igualdade - de direito e de fato - de todas as nações e etnias e de sua colaboração
fraternal, formou-se uma nova comunidade histórica: o povo soviético. É uma sociedade
de alto grau de organização, nível ideológico e consciência dos trabalhadores, patriotas
e internacionalistas. É uma sociedade que tem como lei de vida o zelo de todos pelo
bem de cada um e o zelo de cada um pelo bem de todos. É uma sociedade de autêntica
democracia, cujo sistema político garante a eficiente administração de todos os assuntos
sociais, a participação, a cada dia mais ativa, dos trabalhadores na vida do Estado, a
harmonia dos direitos e liberdades reais dos cidadãos com seus deveres e
responsabilidades perante a sociedade. A sociedade socialista desenvolvida é uma etapa
lógica no caminho que leva ao comunismo. O objetivo supremo do Estado soviético é
edificar a sociedade comunista sem classes, na qual será desenvolvida a autogestão
social comunista. As tarefas principais do Estado socialista de todo o povo são: criar a
base material e técnica do comunismo, aperfeiçoar as relações sociais socialistas e
transformá-las em comunistas, educar o homem da sociedade comunista, elevar o nível
material e cultural de vida dos trabalhadores, garantir a segurança do País, contribuir
para o fortalecimento da paz e para o desenvolvimento da cooperação internacionaL. O
povo soviético, norteando-se pelas idéias do comunismo científico, e fiel a suas
tradições revolucionárias, apoiando-se nas grandes conquistas sócio-econômicas e
políticas do socialismo, aspirando ao contínuo desenvolvimento da democracia
socialista, considerando a posição internacional da URSS como parte integrante do
sistema socialista mundial, e consciente de sua responsabilidade internacionalista,
mantendo a continuidade das idéias e os princípios da primeira Constituição soviética, a
de 1918, da Constituição da URSS de 1924, e da Constituição da URSS de 1936,
referenda os fundamentos do regime social e da política da URSS, estabelece os
direitos, liberdades e deveres dos cidadãos, os princípios de organização e objetivos do
Estado socialista de todo o povo e os proclama na presente Constituição:...".
Como acentua Salvetti Netto, exceção feita à Constituição de 1891, a primeira das
constituições republicanas, se deixarmos de considerar preâmbulo a exposição de
motivos introdutórios da Lei Magna de 1937, todas as demais constituições brasileiras
se referiram à Divindade, ressaltando a natural religiosidade do povo brasileiro. A
ausência de tal referência na Constituição de 1891 deve-se, com efeito, à influência do
positivismo, na eclosão do movimento republicano, preocupado em laicizar o Estado,
isto é, separar a Igreja do Poder Político. Daí o seguinte preâmbulo da primeira
Constituição republicana brasileira:
"Nós, os Representantes do Povo Brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para
organizar um regime livre e democrático, estabelecemos, decretamos e promulgamos a
seguinte Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil".
A segunda Constituição, de 16 de julho de 1934, tinha o seguinte preâmbulo: "Nós,
os representantes do Povo Brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, reunidos em
Assembléia Nacional Constituinte para organizar um regime democrático, que assegure
à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico, decretamos e
promulgamos a seguinte Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil".
Ressalta, neste documento, a preocupação emergente com os direitos sociais do
indivíduo, que, na Europa, se postavam como uma reação às injustiças sociais oriundas
dos excessos do Estado liberal-democrático. Ao contrário da Lei Magna de 1891, a
Constituição de 1934 faz voltar, em boa hora, a invocação a Deus.
A Constituição de 10.11.1937 tinha o seguinte texto como preâmbulo: "O Presidente
da República dos Estados Unidos do Brasil:
Atendendo às legítimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social,
profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente
agravação dos dissídios partidários, que uma notória propaganda demagógica procura
desnaturar em luta de classes, e da extremação de conflitos ideológicos, tendentes, pelo
seu desenvolvimento natural, a resolver-se em termos de violência, colocando a Nação
sob a funesta iminência da guerra civil: (...) Atendendo a que, sob as instituições
anteriores, não disponha o Estado de meios normais de preservação e de defesa da paz,
da segurança e do bem-estar do povo; Com o apoio das forças armadas e cedendo às
inspirações da opinião nacional, umas e outra justificadamente apreensivas diante dos
perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem processando a
decomposição das nossas instituições civis e políticas: Resolve assegurar à Nação a sua
unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um
regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem-
estar e à sua prosperidade.
Decretando a seguinte Constituição, que se cumprirá desde hoje em todo o país:
Constituição dos Estados Unidos do Brasil".
Eis como o preâmbulo de uma constituição pode bem retratar a visão dos problemas
de uma época pelo legislador. Note-se que, na Constituição de 1937, o legislador é o
próprio Presidente da República, revelando, desde logo, o cunho centralizador daquele
documento, minorando o federalismo e fortalecendo o Poder Executivo, além de
ampliar para sete anos o prazo do mandato presidencial. Entretanto, notar-se-á na
Constituição de 1937 uma coerência, em suas linhas fundamentais, que não existe na de
1934, isto porque foi ela o fruto do trabalho de juristas, não de debates entre correntes
diversas de uma assembléia. Já se disse, aliás, que o jurista Francisco Campos, Ministro
da Justiça à época, está para a Lei Magna de 1937 como Rui Barbosa está para a
primeira Constituição republicana.
O advento da Segunda Guerra Mundial, com a derrota das potências totalitárias, não
deixou de exercer influência sobre as instituições políticas brasileiras, pois, ainda em
1945, as Forças Armadas depuseram o Presidente Getúlio Vargas. No ano seguinte,
reuniu-se uma Constituinte, da qual resultou a Constituição de 1946, que reproduzia, em
linhas gerais, a Lei Magna de 1934, e o próprio preâmbulo desta, excluída a
representação profissional e afirmado o princípio da pluralidade partidária.
A Constituição de 1946 era dotada do seguinte texto preambular: "Nós, os
representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia
Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a
seguinte Constituição dos Estados Unidos do Brasil...".
Essa Constituição, em seu preâmbulo, omitiu a fórmula "...que assegure à Nação a
unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico...". Foi mantida,
contudo, a denominação Constituição dos Estados Unidos do BrasiL. A expressão
Estados Unidos do Brasil era completamente estranha a nossa formação constitucional,
pois nunca tivemos Estados, mas sim Províncias. Com o advento da República
passamos, com a máxima singeleza, de Estado unitário para Estado federal, de
monarquia para república e de regime parlamentar para presidencialismo à norte-
americana. Ora, desde logo se nota, na primeira Constituição republicana, a influência
da doutrina publicística norte-americana, ficando superada a ideologia anglo-gálica,
peculiar à Constituição do Império. O feudalismo e o presidencialismo eram idéias
genuinamente norte-americanas, adotadas de imediato pela novel República brasileira;
daí a denominação Estados Unidos do Brasil, completamente desvinculada de nossas
tradições, em boa hora alterada pela Constituição de 1967, que se referia à Constituição
do Brasil, e pela Emenda Constitucional nº 1-69, que deno minava a Lei Magna
Constituição da República Federativa do BrasiL. A atual CF, promulgada em 5.10.1988,
encerrou o ciclo da chamada transição democrática, inaugurada com o advento da Nova
República. Seu preâmbulo bem denota, em várias passagens, seu espírito liberal: "Nós,
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL".
3. Conteúdo
Quanto ao conteúdo da Constituição, este varia conforme as circunstâncias históricas,
segundo os fatores de natureza política, ideológica e econômica.
Como acentua Salvetti Netto, a uma constituição de caráter liberal-democrático,
vicejante à época do apogeu do liberalismo político e econômico, jamais ocorreria
declarar os direitos sociais ou disciplinar as relações entre o capital e o trabalho, hoje as
grandes preocupações das constituições em vigor.
Assim, uma constituição, para ser bem entendida, deve ser analisada sob dois pontos
de vista: a) como ordenamento jurídico estruturador do Estado; b) como objeto das
ideologias que, predominantes num dado momento histórico, são recolhidas pelo
legislador constituinte.
Pelo menos nos primórdios do movimento conhecido como Constitucionalismo, isto
é, a aceitação unânime da Constituição como documento escrito, esta cuidava apenas da
estruturação política do Estado, vale dizer, da forma de Estado, da forma de governo e
do regime de governo. No Brasil, p. ex., a forma de natureza monárquica sucede a de
natureza republicana.
Uma constituição elaborada em disfunção com os valores sociais predominantes num
dado momento nada mais seria que um corpo sem alma, mera folha de papeL. Qualquer
constituição, afirma Lassale, deve representar a soma de fatores reais do poder
existentes na sociedade. Os fatores reais do poder são essa força ativa e eficaz que
informa todas as leis e instituições jurídicas da sociedade, determinando que não
possam, ser, em substância, a não ser tal como elas são.
Em sua obra clássica Que é uma Constituição?, Lassale retratou, melhor do que
ninguém, os fundamentos de fato de uma Constituição.
Consideramos imprescindível a transcrição do texto seguinte, cuja atualidade, logo
perceberá o leitor, dispensa maiores comentários.
Nele, que foi uma palestra proferida por Lassale, temos uma das mais importantes
monografias do Direito Constitucional, embora pequenino em extensão.
Transcreveremos, então, sua parte inicial, voltada para os chamados "fatores reais do
poder", assim: "O conceito da Constituição - como demonstrarei logo - é a fonte
primitiva da qual nascem a arte e a sabedoria constitucionaes.
Repito, pois, minha pergunta: Que é uma Constituição? Onde encontrar a verdadeira
essência, o verdadeiro conceito de uma Constituição? Como o ignoramos, pois é agora
que vamos desvendal-o, applicaremos um methodo que é de utilidade pôr em prática
sempre que quizermos esclarecer o conceito duma cousa. Este methodo é muito simples.
Basea-se em compararmos a cousa cujo conceito não sabemos com outra semelhante
a ella, esforçando-nos para penetrar clara e nitidamente nas diferenças que afastam uma
da outra.
Applicando esse methodo, pergunto: Qual a differença entre uma Constituição e uma
Lei? Ambas, a lei e a Constituição, têm, evidentemente, uma essencia generica
commum.
Uma Constituição, para reger, necessita a approvação legislativa, isto é, tem que ser
também lei. Todavia não é uma lei como as outras, uma simples lei: é mais do que isso.
Entre os dois conceitos não existe somente affinidade; ha tambem desassemelhança.
Esta, que faz que a Constituição seja mais do que simples lei, poderia demonstral-o com
centenas de exemplos.
O paiz, por exemplo, não protesta pelo facto de constantemente serem approvadas
novas leis; pelo contrario, todos nós sabemos que se torna necessario que todos os annos
seja creado maior ou menor numero de leis. Não pode, porém, decretar-se uma unica lei
que seja, nova, sem alterar a situação legislativa vigente no momento da sua
approvação, pois si a nova lei não motivasse modificações no apparelhamento legal
vigente, seria absolutamente superflua e não teria motivos para ser a mesma approvada.
Por isso, não protestamos quando as leis são modificadas, pois notamos, e estamos
scientes disso, que é esta a missão normal e natural dos governos... Mas, quando mexem
na Constituição, protestamos e gritamos. Deixae a Constituição! Qual é a origem dessa
differença? Esta differença é tão innegavel, que existem, até, Constituições que dispõem
taxativamente que a Constituição não poderá ser alterada de modo algum; noutras,
consta que para reformal-a não é o bastante que uma simples maioria assim o deseje,
mas que será necessario obter dois terços dos votos do Parlamento; existem ainda
algumas onde se declara que não é o da competencia dos Corpos Legislativos sua
modificação, nem mesmo unidos ao Poder Executivo, senão que para reformal-a deverá
ser nomeada uma nova Assembléia Legislativa, ad hoc creada expressa e
exclusivamente para esse fim para que a mesma se manifeste acerca da oportunidade ou
conveniencia de ser a Constituição modificada.
Todos esses factos, demonstram que, no espirito unanime dos povos, uma
Constituição deve ser qualquer cousa de mais sagrado, de mais firme e de mais immovel
que uma lei commum.
Faço outra vez a pergunta anterior: Qual a differença entre uma Constituição e uma
simples lei? A esta pergunta responderão: Constituição não é uma lei como as outras, é
uma lei fundamental da nação. É possível, meus senhores, que nesta resposta se
encontre, embora de um modo obscuro, a verdade que estamos investigando. Mas, a
mesma, assim formulada, de forma bastante confusa, não pode deixar-nos satisfeitos.
Como distingüir uma lei da lei fundamental? Como podeis ver, continuamos onde
começamos. Somente ganhamos um vocábulo novo, ou melhor, um termo novo, `lei
fundamental1, que de nada nos servirá enquanto não soubermos explicar qual é, repito,
a differença entre lei fundamental e outra lei qualquer.
Intentemos, pois aprofundar um pouco mais no assumpto, indagando que idéias ou
que noções são as que vão associadas a esse nome de `lei fundamental1, ou, noutros
termos, como poderiamos distinguir uma `lei fundamental1 de outra lei qualquer para
que a primeira possa justificar o nome que lhe foi assignalado.
Para isso será necessario: 1º - Que a lei fundamental seja uma lei básica, mais do que
as outras comuns, como indica seu próprio nome "fundamental". 2º - Que constitua -
pois de outra forma não poderiamos chamal-a de fundamental - o verdadeiro
fundamento das outras leis; isto é, a lei fundamental, si realmente pretende ser
merecedora desse nome, deverá informar e engendrar as outras leis communs
originarias da mesma. A lei fundamental, para sel-o, deverá, pois, actuar e irradiar
atravez das leis communs do paiz. 3º - Mas, as cousas que têm um fundamento não o
são assim por um capricho; existem porque necessariamente devem existir. O
fundamento a que respondem não permite serem de outro modo. Somente as cousas que
carecem de fundamento, que são as casuaes e as fortuitas, podem ser como são ou
mesmo de qualquer outra forma; as que possuem um fundamento não, pois aqui rege a
lei da necessidade.
Os planetas, por exemplo, movem-se de um modo determinado. Este movimento
responde a causas, a fundamentos exactos, ou não? Si não existissem taes fundamentos,
sua trajectoria seria casual e poderia variar a todo momento, quer dizer, seria variavel.
Mas, si de facto responde a um fundamento, si é o resultado como pretendem os
scientistas da força de attração do sol, é o bastante isto para que o movimento dos
planetas seja regido e governado de tal modo por esse fundamento que não possa ser de
outro modo, anão ser tal como de facto é. A idéa de fundamento traz, implicitamente, a
noção de uma necessidade activa, de uma força efficaz que torna por lei de necessidade
que o que sobre ella se baseia seja assim e não de outro modo.
Sendo a Constituição a lei fundamental de uma nação, será - e agora já começamos a
sahir das trevas - qualquer cousa que logo poderemos definir e esclarecer, ou, como já
vimos, uma força activa que faz, por uma exigência da necessidade, que todas as outras
leis e instituições juridicas vigentes no paiz sejam o que realmente são, de tal forma que,
a partir desse instante, não podem decretar, naquelle paiz, embora quizessem, outras
quaesquer.
Muito bem, pergunto eu, será que existe nalgum paiz - e fazendo esta pergunta os
horizontes clareiam - alguma força activa que possa influir de tal forma em todas as leis
do mesmo, que as obrigue a ser necessariamente, até certo ponto, o que são e como são,
sem poderem ser de outro modo? Sim, existe sem duvida, e esta incognita que estamos
investigando apoia-se, simplesmente, nos factores reaes do poder que regem uma
determinada sociedade.
Os factores reaes do poder que regulam no seio de cada sociedade são essa força
activa e efficaz que informa todas as leis e instituições juridicas da sociedade em
apreço, determinando que não possam ser, em substancia, a não ser tal como ellas são.
Vou esclarecer isto com um exemplo. Naturalmente, este exemplo, como vou expol-
o, não pode realmente acontecer. Porém, embora este exemplo possa dar-se de outra
forma, não interessa sabermos si o facto pode ou não acontecer, mas sim o que o
exemplo nos possa ensinar si este chegasse a ser realidade.
Não ignoram os meus ouvintes que na Prussia somente têm força de lei os textos
publicados na Collecção legislativa. Esta Collecção imprime-se numa typographia
concessionaria installada em Berlim. Os originaes das leis guardam-se nos archivos do
Estado, e em outros archivos, bibliothecas e depositos, guardam-se as collecções
legislativas impressas.
Vamos suppôr, por um momento, que um grande incendio irrompeu e que nelle
queimaram-se todos os archivos do Estado, todas as bibliothecas publicas, que o sinistro
destruisse tambem a typographia concessionaria onde se imprimia a Collecção
legislativa e que ainda, por uma triste coincidencia - estamos no terreno das supposições
-, igual desastre se desse em todas as cidades do paiz, desapparecendo inclusive todas as
bibliothecas particulares onde existissem collecções, de tal maneira que em toda a
Prussia não fosse possivel achar um unico exemplar das leis do paiz.
Supponhamos isto.
Supponhamos mais que o paiz, por causa deste sinistro, ficasse sem nenhuma das leis
que o governa e que por força das circunstâncias fosse necessario decretar novas leis.
Julgae que nesse caso, o legislador, completamente livre, poderia fazer leis a capricho
de accordo com o seu modo de pensar? Supponhamos que os senhores respondam:
Visto que as leis desappareceram e que vamos redigir outras completamente novas,
desde os alicerces até o telhado, nellas não reconheceremos á monarchia as
prerrogativas que até agora gozou ao amparo das leis destruidas; mais ainda, não
respeitaremos prerrogativas nem attribuições de especie alguma; enfim: não queremos a
monarchia.
O monarcha responderia assim: Podem estar destruidas as leis, porém, a realidade é
que o Exercito subsiste e me obedece, acatando minhas ordens; a realidade é que os
commandantes dos arsenaes e quarteis põem na rua os canhões e as baionetas quando eu
o ordenar, e, apoiado neste poder real, effectivo, das baionetas e dos canhões, não tolero
que venham me impôr posições e prerrogativas em desaccordo commigo.
Como podeis ver, um rei a quem obedecem o Exercito e os canhões...é uma parte da
Constituição.
Supponhamos agora que os senhores dissessem: Somos tantos milhões de prussianos,
entre os quaes somente existe um punhado cada vez menor de grandes proprietarios de
terras pertencentes á nobreza.
Não sabemos porque esse punhado, cada vez menor, de grandes proprietarios
agricolas, hão de possuir tanta influencia nos destinos do paiz como os restantes milhões
de habitantes reunidos, formando somente elles uma Camara alta que fiscaliza os
accordos da Camara dos Deputados, eleita esta pelos votos de todos os cidadãos,
recusando systematicamente todos os accordos que julgarem prejudiciaes aos seus
interesses. Imaginemos que os meus ouvintes dissessem: Destruidas as leis do passado,
somos todos `iguaes1 e não precisamos absolutamente `para nada1 da Camara
senhoriaL. Reconheço que não seria facil á nobreza atirar contra o povo que assim
pensasse seus exercitos de camponezes. Possivelmente teriam mais que fazer para
livrar-se delles.
Mas, a gravidade do caso é que os grandes fazendeiros da nobreza tiveram sempre
grande influencia na Côrte e esta influencia garante-lhes a sahida do Exercito e dos
canhões para seus fins, como si este apparelhamento, da força estivesse `directamente1
ao seu dispôr.
Vejam, pois, como uma nobreza influente e bem vista pelo rei e sua côrte, é também
uma parte da Constituição.
Ocorrem-se agora assentar o suposto ao inverso, isto é, a supposição de que o rei e a
nobreza alliados entre si para restabelecer a organização medieval, mas não ao pequeno
proprietario, pretendessem impôr o systema que regiu na Idade Media; quer dizer,
applicada a toda a organização social, sem excluir a grande industria, as fabricas e a
produção mecanizada. É sabido que o `grande1 capital não poderia, de forma alguma,
progredir e mesmo viver sob o systema medieval, impedindo-se seu desenvolvimento
sob aquelle regimen. Entre outros motivos, porque neste regimen se levantaria uma serie
de barreiras legaes entre os diversos ramos de produção, por muita affinidade que os
mesmos tivessem e nenhum industrial poderia reunir duas ou mais industrias em suas
mãos. Neste caso, por exemplo, entre as corporações dos fabricantes de pregos e os
ferreiros existiram constantes processos para deslindar as suas respectivas jurisdicções;
a estamparia não poderia empregar em sua fabrica somente a um tintureiro etc.
Ademais sob o systema gremial daquelle tempo, estabelecer-se-ia por lei a quantidade
estricta de producção de cada industrial e cada industria somente poderia occupar um
determinado numero de operarios por iguaL. Isto basta para comprehender que a grande
producção, a industria mecanizada, não poderia progredir com uma Constituição do
typo gremial. A grande industria exige, sobretudo - e necessita como o ar que
respiramos -, ampla liberdade da fusão dos mais differentes ramos do trabalho nas mãos
dum mesmo capitalista, necessitando ao mesmo tempo da producção em `massa1 e a
livre concorrencia, isto é, a possibilidade de empregar quantos operarios necessitar, sem
restricções.
Que viria a acontecer si nestas condições e a despeito de tudo, obstinadamente
implantassem hoje a Constituição gremial? Aconteceria que os senhores Borsig, Egels
etc., os grandes industriaes de tecidos, os fabricantes de sedas etc. fechariam as suas
fabricas despedindo os seus operarios, e até as companhias de estradas de ferro seriam
obrigadas a agir da mesma forma. O commercio e a industria ficariam paralisados,
grande numero de pequenos industriaes seria obrigado a fechar suas officinas e esta
multidãode homens sem trabalho sahiria á praça publica pedindo, exigindo pão e
trabalho. Atraz della, a grande burguesia, animando-a com a sua influencia, instigando-a
com o seu prestigio, sustentando-a e alentando-a com o seu dinheiro, viria fatalmente á
luta, na qual o triumpho não seria certamente das armas.
Demonstrara-se, assim, que os Borsig, Egels, os grandes industriaes, emfim, são
todos, tambem um fragmento da Constituição.
Supponhamos, por um momento, que o Governo pretendesse implantar uma dessas
maneiras excepcionaes, abertamente lesivas aos interesses dos grandes banqueiros, que
esse mesmo Governo entendesse, por exemplo, que o Banco da Nação não foi creado
para a funcção que hoje cumpre, que é a de baratear mais ainda o credito aos grandes
banqueiros e aos capitalistas que possuem por razão natural todo o credito e todo o
dinheiro do paiz e que são os unicos que podem descontar as suas firmas, quer dizer,
que obtem numerário naquelle estabelecimento bancario para tornar acessivel o credito
á gente humilde e á classe media. Supponhamos isto e tambem que ao Banco da Nação
pretendessem dar-lhe a organização adequada para obter esse resultado.
Poderia isto prevalecer? Não vou dizer que isto desencadeasse uma revolta, mas o
Governo actual não poderia impôr presentemente uma medida semelhante.
Demonstrarei porque.
De vez em quando o Governo sente apertos financeiros devido á necessidade de
investir grandes quantias de dinheiro que não tem coragem de tirar do povo por meio de
novos impostos ou augmento dos existentes. Nesses casos, fica o recurso de devorar o
dinheiro do futuro, ou, o que é a mesma cousa, contrahir emprestimos, entregando a
troca do dinheiro que recebe adeantadamente, papel da Divida Publica.
Para isto, necessita dos banqueiros.
É certo que, mais dia menos dia, a maior parte daquelles titulos da Divida volta ás
mãos da gente rica e dos pequenos capitalistas do paiz; mas, isto requer tempo, ás vezes
muito tempo, e o Governo necessita do dinheiro logo e de uma vez, ou em prazos
breves. Para conseguir o dinheiro, serve-se dos particulares, isto é, de intermediarios
que lhe adeantem as quantias de que precisa, correndo depois por sua conta a
collocação, pouco a pouco, do papel da divida, locupletando-se tambem com a alta da
cotação que a esses titulos lhe dá a Bolsa artificialmente. Estes intermediarios são os
grandes banqueiros e, por esse motivo, a nenhum governo convem, hoje em dia,
indispor-se com os mesmos.
Vemos, mais uma vez, que tambem os grandes banqueiros como 2>Mendelssohn,
Schickler, a Bolsa, são tambem partes da Constituição.
Supponhamos que o Governo intentasse promulgar uma lei penal semelhante á que
prevaleceu durante algum tempo na China, punindo na pessoa dos paes os roubos
commettidos pelos filhos. Essa lei não poderia reger, pois contra ella se levantaria o
protesto, com toda a energia possivel da cultura collectiva e da consciencia social do
paiz. Todos os funcionarios, burocratas e conselheiros do Estado ergueriam as mãos
para o ceu, até os sisudos senadores teriam que discordar de tamanho absurdo. É que,
dentro de certo limites, tambem a consciencia collectiva e a cultura geral da Nação são
particulas, e não pequenas, da Constituição.
Imaginamos agora que o Governo, querendo proteger e satisfazer os privilegios da
nobreza, dos banqueiros, dos grandes industriaes e dos grandes capitalistas, tentasse
privar das suas liberdades politicas a pequena burguezia e a classe operaria.
Poderia faze-lo? Infelizmente, sim; poderia, mesmo que fosse transitoriamente; os
factos nos demonstram que poderia.
Mas, e si o Governo pretendesse tirar á pequena burguezia e ao operariado, não
sómente as suas liberdades politicas, senão sua liberdade pessoal, isto é, si pretendesse
transformar pessoalmente ao trabalhador em escravo ou servo, tornando á situação em
que se viveu durante os tempos da Idade Média? Subsistiria essa pretensão? Não,
embora estivessem alliados ao rei a nobreza e toda a grande burguezia.
Seria tempo perdido.
O povo protestaria, gritando: antes morrer do que sermos escravos! A multidão
sahiria á rua sem necessidade que os seus patrões fechassem as fabricas, a pequena
burguezia juntar-se-ia solidariamente com o povo e a resistencia desse bloco seria
invencivel, pois nos casos extremos e desesperados também o povo, nós todos, somos
uma parte integrante da Constituição" (Que é uma Constituição?, Edições e Publicações
Brasil, São Paulo, 1933, pp. 15-54).
Lassale é o típico representante da corrente doutrinária denominada sociologismo
constitucional; para ele, já vimos, os fatores reais do poder constituem em fatores
jurídicos quando, observados certos procedimentos, são transformados para folha de
papel, recebendo expressão escrita; a partir de então, já não são mais simples fatores
reais do poder, mas transmutam-se em direito, em instituições jurídicas, e quem atentar
contra eles atentará, pura e simplesmente, contra a lei e será castigado. Resumindo:
segundo Lassale, há, na verdade, duas constituições num Estado: a real e efetiva,
formada pela soma dos fatores reais e efetivos que imperam na sociedade; e a escrita,
mero documento, ou folha de papel, como afirma Lassale.
Esta folha de papel, este documento, enfim, só será durável se corresponder à
constituição real, aquela que tem suas raízes nos fatores reais de poder.
Os problemas constitucionais, afirma Lassale, não são, primeiramente, problemas de
direito, mas de poder; a verdadeira constituição é real e efetiva; as constituições escritas
não têm valor nem são duráveis, a menos que venham a ser a expressão fiel dos fatores
reais do poder. Acusado de professar uma doutrina que afirmava o predomínio do poder
sobre o direito, Lassale defendeu-se afirmando que sua teoria era desenvolvida no plano
do que real e efetivamente é, e não no plano do dever ser.
A doutrina dos fatores reais do poder foi tacitamente comprovada por várias obras de
conhecidos autores, como Charles A. Beard e Harold Laski.
Charles A. Beard realizou uma interpretação econômica da Constituição dos EUA,
demonstrando os interesses econômicos inerentes a toda constituição, afirmando "ser
inteiramente falso o conceito de que a Constituição é uma peça de legislação abstrata,
na qual não se refere nenhum interesse de grupo e não se reconhece nenhum
antagonismo econômico. Ao contrário, foi um documento desta índole, feito com
extraordinária destreza por homens que tinham, na balança, seus direitos de
propriedade, e que, em razão do mesmo, invocaram, direta e certeiramente, os interesses
análogos do país em geral".
Nas conclusões de seu livro, Beard destaca que está documentadamente comprovado
que a maior parte dos membros da Convenção de Filadélfia reconhecia que a
propriedade tinha direito especial na Constituição, assim como esta não foi criada por
todo o povo, como afirmam os juristas, e tampouco pelos Estados, como sustentaram,
por longos tempos, os que, no Sul, desejavam anulá-la.
Foi obra de um grupo compacto, cujos interesses não reconheciam fronteiras
estaduais e que eram realmente de âmbito nacionaL. Entre nós, Pinto Ferreira afirma ser
evidente a atuação da realidade (econômica e cultural) sobre os textos constitucionais,
sendo o ideal de constituição condicionado historicamente, mediante a pressão de
fatores sócio-culturais, e espirituais, como também da infra-estrutura econômica das
sociedades.
Em seus Comentários à Constituição Federal Brasileira (v. I, p. 35), Rui Barbosa
afirmava que "as constituições são conseqüências da irreversível evolução econômica
do mundo".
A exemplo da concepção de Lassale, também a concepção marxista de constituição é
sociológica. Para o marxismo, Estado e Direito são meras superestruturas que se
sustentam sobre as relações de produção da sociedade dividida em classes. Estado e
Direito são o produto da divisão da sociedade em classes antagônicas e constituem um
instrumento nas mãos da classe dominante. Para o marxismo, qualquer Estado é, antes
de mais nada, a organização política da classe dominante, que garante seus interesses de
classe, ao passo que o Direito representa a vontade desta classe. Na concepção marxista,
a constituição é um produto das relações de produção e visa assegurar os interesses da
classe dominante, representando a norma suprema da organização estatal, determinada
pelas condições da existência material. Em posição antagônica ao sociologismo
constitucional de Lassale e Marx surge o normativismo metodológico de Hans Kelsen,
estribado numa concepção meramente jurídica da constituição. Para Kelsen a norma
constitucional é norma pura; o Direito deve ser concebido estritamente como direito
positivo, sem nenhuma pretensão a fundamentações sociológicas, políticas ou
filosóficas. Embora Kelsen admita que na base do Direito existem dados sociais, uma
realidade social complexa que o explica e que também o Direito é inspirado por teorias
e princípios filosóficos, ele afirma que o estudo de tais fenômenos não compete ao
jurista, e sim ao sociólogo e ao filósofo. A teoria pura do Direito busca justamente
expurgar da ciência jurídica toda classe de juízo de valor moral ou político, social ou
filosófico.
Sem dúvida, Kelsen parte de Emmanuel Kant para chegar a tais conclusões. Note-se
que Kant foi contemporâneo da Revolução Francesa, e esta representou o triunfo do
racionalismo, determinando a prevalência do direito abstrato sobre o direito histórico.
Diga-se de passagem que as Constituições do século XIX partiram da ideologia liberal,
que considerava a liberdade individual um fim em si mesma, a própria finalidade do
Estado. Por isso, notória mostra-se a conceituação kantiana de ordem jurídica, tida
como umconjunto de pressupostos, em razão dos quais a liberdade de um pode coexistir
com a liberdade do outro, conforme a lei geral da liberdade. Ora, se Kant foi
contemporâneo e corifeu da Revolução Francesa, Kelsen foi coetâneo da Constituição
de Weimar, e esta representa o apanágio da racionalização técnico-jurídica da
democracia. Assim, as concepções de Kant e de Kelsen robusteceram, sem dúvida, os
preceitos doutrinários propugnados, respectivamente, pela liberal-democracia e pela
social-democracia. Modernamente, constata-se que o formalismo jurídico que matiza a
metafísica do direito de Kant e o normativismo kelseniano, representado por sua teoria
pura do direito, já não desfrutam de tanto prestígio, com vantagem para uma visão
historicista do fenômeno jurídico.
4. Espécies
Sintetizando as várias classificações de constituições existentes, podemos apresentar
o seguinte quadro:
1. Quanto à forma: escritas orgânicas inorgânicas
2. Quanto à estabilidade ou possibilidade de reforma:
rígidas semi-rígidas flexíveis
3. Quanto à origem: outorgadas editadas (também denominadas votadas)
Vejamos cada uma destas espécies e subespécies. Inicialmente, as constituições
escritas.
Constituições escritas são aquelas que se acham formalizadas expressamente em um
documento escrito ou em vários.
No primeiro caso teremos as constituições escritas orgânicas (um só documento); no
segundo, as constituições escritas inorgânicas (várias leis escritas, de natureza
constitucional).
A origem das constituições escritas orgânicas encontra-se nos séculos XVII e XVIII,
inicialmente por influência dos covenants, documentos escritos que formalizavam os
preceitos da religião puritana, na Inglaterra. Depois, já no século XVIII, em razão da
doutrina do contrato social desenvolvida por Jean-Jacques Rousseau, que vai inspirar,
na França, a idéia de que uma constituição deve ser, necessariamente, escrita, para
maior garantia dos direitos dos governados.
As constituições escritas orgânicas têm a natureza de uma só codificação, isto é, de
um corpo único e sistematizado de normas. A constituição escrita orgânica se acha
contida, portanto, em uma única lei. As inorgânicas, porém, não têm forma de uma
única lei;
com efeito, uma constituição escrita inorgânica é formada por várias leis, se encontra
espalhada por inúmeros diplomas legais de natureza constitucionaL. Assim, enquanto a
constituição escrita orgânica tem a natureza de uma codificação, a constituição escrita
inorgânica se assemelha muito mais a uma simples compilação, vale dizer, leis dispostas
ordenadamente e atualizadas, sem que com isto cada uma destas perca sua existência
autônoma. Desta ordem é a Constituição britânica, que muitos autores afirmam ser
apenas costumeira. Existiria, entretanto, uma constituição formada apenas por costumes
e nada mais? Isto seria impossível. A Constituição britânica se contém em volumes e
mais volumes de leis e acórdãos. O que a caracteriza não é o fato de não ser escrita, mas
sim de não estar sistematizada em um código, não estar, enfim, codificada.
Nem por isso se negue o grande papel desempenhado pelo costume nas constituições.
Diga-se de passagem que o costume pode influenciar a própria constituição escrita
orgânica, p. ex., o caso célebre da reeleição, por uma terceira vez, dos presidentes da
República norte-americana. Nos primeiros tempos da vigência da constituição dos EUA,
o Presidente podia candidatar-se à reeleição quantas vezes quisesse. Bastou, contudo,
que George Washington e, mais tarde, Thomas Jefferson se recusassem a disputar uma
terceira reeleição para que seus sucessores não se sentissem encorajados a fazê-lo.
Quando, três quartos de século mais tarde, Ulysses Grant postulou sua reeleição pela
terceira vez, sua candidatura fracassou.
Tempos depois, uma exceção: Theodoro Roosevelt seria reeleito várias vezes, em
face das vicissitudes da situação internacional; entretanto, depois de Roosevelt, a
Emenda XXII vedaria, expressamente, o terceiro mandato.
Constituições rígidas, semi-rígidas e flexíveis. Quanto à estabilidade ou possibilidade
de reforma, as constituições podem ser rígidas, semi-rígidas e flexíveis. As flexíveis
podem ser modificadas sem a exigência de um procedimento mais complexo; assim,
uma lei ordinária pode alterá-la, não é preciso um procedimento legislativo mais
trabalhoso. Exemplos: as Constituições da Noruega, da França e a antiga Constituição
do Reino da Itália, chamado Estatuto Albertino.
Semi-rígidas são aquelas que, em parte, podem ser alteradas mediante um
procedimento comum, ordinário e, em outros artigos, somente por meio de um
procedimento mais dificultoso. Exemplo: a Constituição do Império do Brasil, de 1824.
Finalmente, as constituições rígidas, assim denominadas porque só podem ser
alteradas por intermédio de um rito legislativo próprio, destinado a dificultar os abusos
reformistas. Exemplos: as Constituições dos EUA, da Austrália, da Dinamarca, da Suíça
e a do Brasil em vigor.
Com efeito, a atual CF, também rígida, exige, para sua alteração, o emprego da
emenda constitucional (Art. 59, I), sendo que o texto constitucional poderá ser
emendado mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos
Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da
metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A proposta de emenda será discutida
e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (Art.
60, § 2º). A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (Art. 60, § 3º). Não
será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa
de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos
Poderes: IV - os direitos e garantias individuais. A Constituição não poderá ser
emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio
(Art. 60, § 1º).
Importante notar que a facilidade ou a freqüência com que uma constituição pode ser
alterada não depende, apenas, do disposto na lei, mas também de fatores políticos, p.
ex., a predominância desta ou daquela ideologia num dado momento histórico. Assim, a
Constituição suíça, rígida, foi modificada muito mais freqüentemente do que a
Constituição francesa da III República, cuja alteração dependia apenas de uma sessão
conjunta do Parlamento.
Ademais, o conceito de constituição escrita não se confunde com o conceito de
constituição rígida, pois o Estatuto Albertino (Constituição do antigo Reino da Itália),
embora escrito, era, como vimos, modificável por via de lei ordinária, portanto flexíveL.
Constituições outorgadas e constituições editadas ou votadas.
Quanto à origem, as constituições podem ser outorgadas e editadas, conhecidas estas
últimas também como votadas. As outorgadas são impostas à nação pelo próprio agente
do poder constituinte originário, sendo, posteriormente, submetidas a referendo popular,
pois o povo é, em última análise, o titular do poder político.
Exemplos: as Constituições brasileiras de 1824, 1891, 1937 e 1967.
Quanto às constituições editadas (votadas), são discutidas pelo próprio povo,
diretamente, ou mediante a eleição de uma assembléia constituinte, formada por
representantes da nação. Em nome desta, a assembléia irá elaborar, com total
independência, uma nova Constituição.
(Revista Realizada por Suelen Anderson - Acadêmica de Ciências Jurídicas em 31 de
março de 2007)

Direito Constitucional

Dispondo de um conjunto de regras e princípios fundamentais, que regem a


estrutura política do Estado, o direito constitucional é um ramo do direito público
estreitamente ligado à sua organização política. Este direito rege a atividade dos
poderes públicos, contendo regras sobre a organização da comunidade política, e
estabelecendo também o sistema de governo em vigor numa sociedade. Para além
disso, prevê ainda um conjunto de regras que identificam os órgãos políticos da
sociedade, as suas competências e relações mútuas, fixando os fins coletivos que
presidem à atividade de todos os poderes e órgãos públicos.
A Constituição é o texto com carácter jurídico fundamental e onde encontramos
apresentadas essas regras e princípios que configuram o estatuto jurídico básico do
sistema político de um país.
Historicamente, o sentido que se atribui hoje à Constituição tem as suas raízes no
século XVIII com o chamado movimento constitucional, de carácter liberal, em que
se lhe atribuía um objetivo de defesa dos cidadãos face ao Estado, através da
organização e delimitação dos órgãos do poder e segundo o princípio da divisão de
poderes (princípio fundamental no Estado moderno e que estabelece uma
separação do poder em poder legislativo, executivo e judicial, atribuindo-os a
órgãos distintos).
No entanto, esta conceção liberal de Constituição (protecionista) foi ultrapassada
com o decorrer do tempo e o surgimento de uma sociedade técnica de massas, em
que a competição e a diferença de interesses entre os cidadãos (por contraponto à
visão liberal da sociedade, em que os cidadãos tinham interesses homogéneos) veio
a repercutir-se num novo entendimento do conceito de Estado e de Constituição.
Assim, o Estado deixa de ser visto como máquina de poder distante da sociedade e
regida por uma lógica própria, sendo-lhe atribuídas então novas tarefas e
preocupações sociais e alargando-se desta forma o seu âmbito de atuação.
No que concerne à Constituição, esta é concebida como um compromisso e uma
tentativa de equilíbrio entre forças políticas opostas (com uma pluralidade de
pontos de vista distintos sobre o bem comum da sociedade), não se limitando a
constituir o estatuto de organização e de delimitação do poder.
Este novo sentido dado à Constituição traz consigo o elencar de um conjunto de
novos direitos sociais e de ações específicas a adotar por parte do Estado, bem
como ainda um conjunto de princípios que norteiam a vida em sociedade.
Desta forma, a Constituição é hoje vista como um instrumento conciliador, com
uma tarefa de promoção da construção da unidade política em face de uma
realidade composta por grupos sociais com interesses antagónicos.
As regras e princípios que se inscrevem neste documento são assim o resultado de
um jogo de equilíbrio, podendo estas revestir um carácter obrigatório para a
atuação dos órgãos do poder político (normas imperativas) ou então meramente
indicativo (normas programáticas).

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