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NOTÍCIAS
10 Jan. / Fev. / Março 2011
Publicação Trimestral • Série V • P.V.P €1.75
DOSSIER
Segurança e Direitos Humanos
Que violações dos Direitos Humanos estão a ser
cometidas em nome do combate ao Terrorismo?
33.
07. 24. AGENDA/CARTOON
RETRATO BOAS NOTÍCIAS
No Secretariado Internacional há
apenas seis meses, Sara MacNeice 34.
é Sub-Directora do Programa para a
Campanha “Segurança com Direitos
26. CRÓNICA
Humanos” a ser lançada em Abril APELOS MUNDIAIS Rui Tavares, Eurodeputado escreve
Conheça os apelos das Famílias sobre o desrespeito pelos Direitos
Palestinianas, de Malik Medjnoun Humanos e as instituições, num
09. da Argélia, dos familiares e colegas exercício de análise à democracia
11.
DOSSIER 28.
Segurança e Direitos Humanos EM ACÇÃO NACIONAL
Dez anos após o início da “Guerra ao No arranque do novo ano a secção
Terror”, lançada por George W. Bush, portuguesa realizou o OSSA, exercício
o “Notícias da Amnistia Internacional de auto-avaliação e projectou acções
Portugal” analisa os retrocessos futuras no Encontro de Estruturas.
Saiba mais
EDITORIAL
Segurança ou Direitos Humanos: a equação falaciosa
Por Lucília-José Justino, Presidente da Direcção
ENTREVISTA
Eloy Morán, da Direcção da Associação de Ajuda às Vítimas do 11 de Março
O terrorismo já fez milhares de vítimas em todo o mundo. Eloy Morán foi uma delas. Na manhã de 11
de Março de 2004 seguia no comboio para o trabalho quando ouviu uma forte explosão. Conheça o
testemunho de quem sobreviveu a um atentado terrorista e a opinião de uma vítima sobre a forma como
o terrorismo tem sido combatido
Por Diana Silva Antão
aconteceu quase nada? Como se tivesse AI: O que é que ainda falta fazer para tâneo em quatro comboios, em quatro
culpa de que outras pessoas tivessem ajudar as vítimas do 11 de Março? pontos geográficos diferentes e distan-
morrido e eu não. Mais tarde sofri do que tes, explodindo, e não me quero enganar,
EM: No que diz respeito a ajuda material,
os especialistas chamam de síndrome 12 bombas e só 29 réus?! Parece-me um
como indemnizações, apoio psicológico
pós-traumático e isso manifesta-se de pouco difícil não? Os autores morais, que
e tratamentos médicos, acredito que já
várias formas. Sofri fortes alterações do idealizaram, prepararam e colocaram à
todos foram atendidos. Receberam as
sono, da memória e da sensibilidade e disposição dos autores materiais a lo-
indemnizações previstas na lei e as ne-
tudo isso altera-te a personalidade pou- gística complicadíssima para realizarem
cessidades médicas também foram sa-
co a pouco. Eu não conseguia ler. Antes explosões em simultâneo, para crono-
tisfeitas. Existem apenas alguns casos
lia muito, o meu trabalho obrigava-me metrar o tempo, enfim… Todo esse tipo
de vítimas que ainda não conseguiram
a ler. Após o atentado comprava o jor- de apoio logístico que é absolutamente
superar o trauma e continuam a receber
nal diário mas não passava da primeira necessário não sabemos quem o dis-
apoio psicológico.
página. Quando tentava ler um artigo ponibilizou, porque ninguém nos disse,
pequeno, lia umas linhas e tinha de vol- AI: De que forma é que as instituições apesar de podermos imaginar. Não sabe-
tar atrás, porque já não me lembrava do europeias e nacionais podem ajudar as mos que objectivos tinham ao atacar os
que tinha lido. Desesperado encerrava o vítimas de terrorismo? comboios.
jornal. Com os livros acontecia o mesmo. EM: Em primeiro lugar deve ser clarifica-
Senti alterações na minha personalidade do que as pessoas que se vêem envolvi- Os movimentos terrorista só podem
mas não de um dia para o outro. das enquanto vítimas em atentados ter- ser combatidos com a lei e com o
AI: Foi um dos fundadores da Associa- roristas são inocentes. Ninguém merece Estado de Direito. Se colocamos a lei
ção de Ajuda às Vítimas do 11 de Março. ser vítima de um atentado como o que de parte apenas estamos a dar armas
Porque decidiram criar a organização? nós sofremos. Por outro lado, para mui- aos terroristas para que continuem.
tas pessoas isto significa a perda dos
EM: Passados vários meses, no final do
seus postos de trabalho, porque há gente
Verão, em Setembro, conversei com al- AI: Então não acredita que se tenha fei-
gumas pessoas que vivem perto de mim que perdeu um braço, uma perna ou as
to justiça?
e que também foram vítimas e concluí- duas pernas e têm de viver numa cadeira
mos que ninguém nos tinha contactado de rodas ou cego para o resto da vida. EM: Exacto. Naquele dia [11 de Março]
para oferecer ajuda. Senti necessidade Imaginem uma pessoa que desfrutou de alguém dispôs da minha vida e da vida
de criar uma organização com o objecti- uma vida digamos normal, com um posto de muitas pessoas para fins que desco-
vo de prestar ajuda e apoio às pessoas, de trabalho normal e que de repente tudo nhecemos. Cobraram a vida de quase
que como nós, não sabiam o que fazer, ou se desvanece como fumo. Essas pes- 200 pessoas, causaram danos, que em
onde dirigir-se. Não sabíamos por onde soas precisam de ajuda, os terroristas muitos casos são irreversíveis em cerca
começar. A verdade é que eu era funcio- ou o Estado (de forma subsidiária) de- de 2000 pessoas e nós não temos direito
nário público e estava habituado a preen- vem indemnizá-las pelos danos sofridos. de saber quem foram os autores ou os
cher formulários e a escrever cartas, não Nesse sentido as autoridades nacionais motivos. Agora pedem-nos para esque-
era uma pessoa sem formação. No en- ou europeias deveriam estar presentes. cer? Isso não é possível. Essa é a prin-
tanto, não estamos preparados para este Os responsáveis pelos ataques desse gé- cipal tarefa da nossa Associação. A sa-
tipo de coisas, porque ninguém acredita nero querem provocar o maior dano pos- tisfação material, indemnizações, apoio
que um dia lhe poderá acontecer. Con- sível, quanto mais danos e mais vítimas psicológico e tratamentos médicos, es-
cordámos que seria bom começarmos a melhor, principalmente pessoas que não sas necessidades estão satisfeitas. Falta
trabalhar, oferecer a nossa experiência estão de qualquer forma associadas aos a justificação relativamente aos autores
e informação a pessoas que também ti- seus ideais ou aspirações. Acredito que e motivos do atentado. Queremos saber
nham sido afectadas como nós, mas que os poderes políticos do país onde ocorreu quem e porquê. Porque o fizeram a mim?
tinham menos possibilidades, porque o atentado e da União Europeia devem Porque fui tratado como uma cobaia para
desconheciam o idioma ou por menor ajudar as vítimas. experiências que eu nem sei quais foram?
formação académica. No comboio via- A pessoa que preparou este atentado sa-
javam muitos imigrantes e estrangei- AI: Ainda não são conhecidos os auto-
bia perfeitamente que nesses comboios
ros, cerca de 30 nacionalidades, entre res morais dos atentados de 11 de Mar-
não viajava nenhum político, empresário
sul-americanos, europeus, cidadãos de ço de 2004. Acredita que as vítimas têm
ou banqueiro. Nesses comboios, a essa
leste… Foi isto que nos impulsionou a necessidade de saber quem e porquê?
hora tão cedo, só viajava gente inocente,
criar a organização. Pensámos que se EM: Ainda não conhecemos os autores sobretudo gente correcta e trabalhadora,
tínhamos sobrevivido então era porque morais e na minha opinião nem os mate- gente que tinha acordado muito cedo
Deus nos tinha preparado para socorrer riais. Dou-lhe alguns números para que para ir trabalhar, muitos imigrantes e
a outras pessoas, tínhamos outro propó- perceba. Nas semanas seguintes aos muitas pessoas com poucos recursos. A
sito na vida. atentados foram detidos 120/130 indiví- pessoa que preparou este ataque sabia
duos como possíveis autores, cúmplices dessa informação e foi precisamente por
Os responsáveis pelos ataques des- ou instigadores. Dessas 120 pessoas isso que o preparou, não para atingir um
se género querem provocar o maior apenas 29 se sentaram no banco dos político, um bancário ou um empresário.
dano possível, quanto mais danos e réus. Dessas 29 apenas foi condena- Procurou atingir pessoas inocentes, sem
mais vítimas melhor, principalmente da como autora material uma pessoa e muita formação, para que esta gente de
pessoas que não estão de qualquer outras como colaboradoras necessárias escassos recursos não tivesse a capa-
forma associadas aos seus ideais ou para o transporte de explosivos, etc.… cidade de investigar e desvendar este
aspirações. Um atentado que se produz em simul- mistério.
06 Notícias • Amnistia Internacional
AI: No entanto, ainda acredita que um AI: Como vítima de um atentado terro- dos com a lei e com o Estado de Direito.
julgamento justo e independente é a rista incomodam-no as violações dos Se colocamos a lei de parte apenas es-
melhor resposta aos atentados terro- Direitos Humanos cometidas em nome tamos a dar armas aos terroristas para
ristas? da segurança nacional? que continuem. A essa acção corres-
ponderá uma reacção e outra reacção,
EM: Claro que sim. Nós defendemos que EM: Não acredito que [as violações dos
transformando-se num ciclo vicioso, que
os atentados terroristas não devem ser Direitos Humanos] tenham justificação,
nunca mais termina. Para combater os
julgados no país onde foram levados a ou possam ser justificadas pela seguran-
terroristas só com lei, mas com todo o
cabo. Um atentado terrorista deve ser ça nacional. Os Direitos Humanos devem
peso da lei.
considerado um crime contra a humani- ser invioláveis em qualquer território,
dade e nesse caso deverá ser julgado por momento ou circunstância.
Os Direitos Humanos devem ser in-
um tribunal penal internacional. O tribu- AI: Acredita então que é possível com-
nal deve estar desprovido de qualquer violáveis em qualquer território, mo-
bater o terrorismo sem violar os Direi- mento ou circunstância.
intenção, de qualquer consideração, de tos Humanos?
qualquer conotação política e que seja
absolutamente imparcial. Além disso, EM: Acredito que sim. Por exemplo, em AI: Qual é a principal consequência
este delito não deve prescrever. Nem que Espanha temos bastante experiência com produzida por atentados terroristas
passem 25 ou 30 anos, isso não deve ataques e movimentos terroristas, temos nas vítimas, na sociedade e no país?
acontecer. Devem ser julgados por tribu- uma organização terrorista nacional – a
EM: Primeiro gera-se um sentimento
nais independentes. ETA. São já muitos anos e diferentes go-
de insegurança e de injustiça. Porque
vernos a tentar todo o tipo de activida-
AI: Olhando agora ao terrorismo no se provoca tanto sofrimento? Porque se
des, desde a “Guerra Suja”, entre outras.
mundo e às resposta produzidas a es- atingem pessoas que não fizeram nada?
Já foi demonstrado que em Estados de
ses atentados. Após o 11 de Setembro Gera-se um sentimento de medo, de ter-
Direito apenas com a aplicação da lei é
de 2001, o Presidente norte-americano, ror, porque não conheces a cara de quem
possível acabar com os terroristas. Sem
George W. Bush, lançou a “Guerra ao atentou contra a tua vida, nem conheces
a lei tudo o que fazemos é alimentar a
Terror”, invadiu o Afeganistão e o Ira- as suas motivações. Tudo isto contribui
sede desta gente.
que e criou o estabelecimento prisional para que se gere um sentimento de ter-
AI: Que diria aos terroristas se os en- ror e de medo, que é o que na realidade
de Guantánamo. Acredita que estas fo-
contrasse cara a cara? querem e isso de facto manifesta-se.
ram as respostas mais adequadas aos
EM: Diria: se tem algo contra alguém en- Aquelas eleições tiveram um resultado
atentados?
tão ataque essa pessoa. Que importância que ninguém previa, nenhum analista
EM: Não sei. O que posso afirmar é que político, nenhuma sondagem publicada
tinha eu para si? Não me conhecia nem
quando um país se vê atacado de uma de vista e atacou-me. Nesses comboios previu o que viria a acontecer. Vejam
forma tão violenta, como aconteceu no apenas viajavam pessoas trabalhado- como se modifica o comportamento e as
11 de Setembro com as Torres Gémeas ras. Porque nos atacou? Com isto não intenções das pessoas. Esses sentimen-
e noutros cenários, esse país e os seus digo que seja legítimo atacar banquei- tos habilmente manipulados por alguns
cidadãos não podem ficar de braços cru- ros, empresários ou políticos, mas em meios de comunicação contribuem para
zados. A toda a acção corresponde uma último caso teriam alguma razão. Mas alterar o sinal dos tempos.
reacção, isto é física elementar. No en- atacar cidadãos indefesos parece-me AI: O trabalho desenvolvido por organi-
tanto, não sei se esta é a resposta mais um crime que não tem qualquer tipo de zações como a Amnistia Internacional
adequada, mas também não me cabe a explicação. e a Associação de Ajuda às Vítimas do
mim julgar. Acredito que deve haver uma 11 de Março, na protecção dos Direitos
resposta. AI: E aos governantes que perpetram
violações dos Direitos Humanos em Humanos e Civis das vítimas de atenta-
AI: Acredita que alguns países podem nome do combate ao terrorismo? dos é importante?
ter cometidos violações dos Direitos EM: Não só acredito que é conveniente
Humanos na luta contra o terrorismo? EM: Não me parece lícito. Não se deve
fazer e condeno-o tacitamente. Os movi- como acho que são necessárias. Se não
EM: Acredito que sim. mentos terrorista só podem ser combati- existissem esses movimentos, como a
Amnistia Internacional ou a nossa As-
sociação, deveriam ser imediatamente
criados, porque são imprescindíveis.
AI: Uma última pergunta, depois dos
atentados de 11 de Março de 2004 co-
meçou a ver o mundo de maneira dife-
rente?
EM: Agora faço planos a curto prazo.
Antes tinha planos para quando fosse
mais velho, para quando me reformas-
se. Agora não faço planos a longo pra-
zo. Conformo-me em viver dia-a-dia. As
vítimas com quem falo concordam com
© Privado o que digo, para elas fazer planos de fu-
Eloy Morán no Parque do Retiro, em Madrid, junto ao monumento construído em memória das vítimas do 11 de Março. turo não faz sentido.
Notícias • Amnistia Internacional 07
RETRATO
Sara MacNeice
Subdirectora do Programa para a Campanha “Segurança com Direitos Humanos”
O seu trabalho na Amnistia Internacional começou em 2003 e desde há seis meses integra a equipa do
Secretariado Internacional. Hoje é Subdirectora do Programa para a campanha “Segurança com Direitos
Humanos”. Ao “Notícias da Amnistia Internacional” explicou o seu percurso e a nova campanha da AI
Por Diana Silva Antão
© Andreas Engstrom
Acção da AI-Reino Unido pelo encerramento de Guantánamo.
A nova campanha da AI Guantánamo. No entanto, os mesmos Esta questão das violações dos Direitos
abusos são perpetrados noutros locais, Humanos em nome da segurança não
“Segurança com Direitos Humanos” é o
a diferença é que estão escondidos. se resume à Baía de Guantánamo. É
nome da nova campanha da Amnistia
Assim, o desafio será divulgar esta muito maior e muitas destas violações
Internacional lançada em Abril. Com o
informação e garantir que as pessoas estão escondidas e cabe à Amnistia e
objectivo de analisar o terrorismo e as
ganham consciência que estes abusos aos activistas ajudarem a divulgar para
violações dos Direitos Humanos no con-
ocorrem noutros países”. Estes abusos que possamos acabar com elas”.
texto do combate ao terrorismo, esta
cometidos no âmbito da operação “Guer-
campanha assume-se como sendo a
ra ao Terror” estão generalizados. Muitos
actualização de uma outra lançada em
países possuem dentro do seu território
2007: “Contra o Terrorismo com Justiça”.
estabelecimentos de detenção secretos
Esta nova campanha pretende, no con-
geridos pela CIA ou autorizam a deporta-
texto do combate ao terrorismo, acabar
ção em segredo de indivíduos, através de
ou reduzir o número de países que detêm
voos de rendição3. A Amnistia Internacio-
pessoas sem que estas sejam acusadas
nal tem por isso que encontrar meios de
de um crime ou presentes a julgamento.
combater a todos estes níveis. No entan-
Quer ainda pôr fim aos desaparecimen-
to, Sara adianta: “Creio que devemos
tos forçados e principalmente levar à
ser realistas em relação ao que conse-
justiça os governos responsáveis pela
guimos alcançar, devemos estabelecer
prática de tortura, maus tratos e outros
prioridades, podemos focar-nos em
abusos cometidos em nome do comba-
muitos países, mas não conseguimos
te ao terrorismo. É necessário divulgar
focar-nos em todos”.
estas violações dos Direitos Humanos, 1. Criado em 1992, pretende dar assistência a pri-
é por esta razão que a campanha “Se- sioneiros cuja inocência pode ser provada através
de testes de ADN, tendo já libertado 266 indivíduos.
gurança com Direitos Humanos” ganha Todos podemos ajudar Trata-se de uma organização independente e sem
acrescida importância, como explica fins lucrativos que tem como objectivo libertar ino-
Sara MacNeice explica-nos como pode- centes que continuam detidos e ajudar a alterar o
Sara MacNeice: “Nós, enquanto Amnis- sistema de justiça.
mos ajudar a pôr fim às violações dos
tia Internacional, devemos colocar a
Direitos Humanos realizadas em nome 2. “Guerra ao Terror” ou “War on Terror”, foi a ex-
descoberto os abusos que estão a ser pressão utilizada por George W. Bush, antigo Pre-
do combate ao terrorismo: “Podem
levados a cabo em segredo, que estão sidente dos Estados Unidos da América, para de-
envolver-se na Amnistia Internacional, finir a operação militar na qual participam outros
a ser realizados pelos mesmos agentes países e que tinha como objectivo eliminar grupos
podem tornar-se membros, voluntários
mas que não são tão conhecidos como terroristas, em especial a Al’Qaeda. Foi lançada
ou trabalhar num grupo local. Indo ao após os ataques de 11 de Setembro e culminou na
é o caso da Baía de Guantánamo”. Ape-
nosso website quando a campanha invasão do Afeganistão e do Iraque.
sar dos objectivos ambiciosos da organi-
“Segurança com Direitos Humanos” for 3. A Amnistia Internacional considera os voos de
zação, Sara tem consciência dos desafios
lançada, poderão agir apenas com um rendição, operações de transferência de indivídu-
que teremos de enfrentar: “Será difícil os de um país para o outro sem qualquer processo
clique. Há muitas formas de um indiví- judicial ou administrativo, como a extradição. Es-
mobilizar os nossos membros para esta
duo se envolver, mas o mais importante tas práticas, geralmente realizadas em segredo,
campanha, uma vez que as pessoas já incluem as transferências de detidos no âmbito da
é conseguirmos divulgar a mensagem.
estão familiarizadas com a história de “Guerra ao Terror”.
Notícias • Amnistia Internacional 09
EM FOCO
As Revoluções do Médio Oriente e Norte de África
As manifestações de descontentamento face aos regimes políticos, às condições de vida e à falta de
oportunidades tiveram início na Tunísia, em Dezembro de 2010. Rapidamente se alastraram a outros
países do Médio Oriente e hoje são o Irão, a Líbia, o Iémen e a Bahrein, que se vêm a braços com o
descontentamento popular, depois de ter já passado pelo Egipto. No entanto, nem sempre os protestos
são pacíficos, nem sempre a resposta por parte das autoridades é a mais correcta e as violações dos
Direitos Humanos multiplicam-se
TÚNISIA
A “Revolução Jasmim” começou na Tu-
nísia, em meados de Dezembro, após a
tentativa de imolação de um jovem ven-
dedor ambulante, devido à apreensão
da sua mercadoria por parte da polícia.
Este acto é representativo do desespero
da população face à crise económica, ao
desemprego, à falta de oportunidades, à
corrupção no seio das autoridades e às
desigualdades sociais. O jovem vendedor,
que apesar de licenciado se encontrava
desempregado, viria a tornar-se o símbo-
lo da revolução que conseguiu afastar do
poder Zine El Abidine Ben Ali, Presidente
da Tunísia durante 23 anos. Dos confron-
tos resultaram cerca de 219 mortos e 510
feridos, segundo o balanço provisório da
ONU. As manifestações visavam afastar © AP Photo/Emilio Morenatti
os aliados do antigo presidente que ain- Manifestantes egípcios celebram a renúncia de Mubarack.
da integravam o governo de transição e
ainda não acabaram. Os tunisinos lutam
tações. Mubarack que inicialmente se Iémen
agora por um Estado laico.
recusou a abandonar o poder, viria a sair
Também no Iémen, os manifestantes exi-
Egipto do Egipto no dia 11 de Fevereiro, após 18
gem que o Presidente Ali Abdullah Saleh
Contra o que era esperado os protestos dias de protestos. Durante os protestos,
abandone o poder. À frente dos destinos
na Tunísia alastraram a outros países do vários manifestantes foram detidos, in-
do país desde 1978, Saleh enfrenta a
Médio Oriente e Norte de África. Seguiu- cluindo activistas e defensores dos Di-
maior onda de contestação de que há
-se o Egipto, quando os manifestantes reitos Humanos, alguns chegaram a ser
memória e o anúncio de que não se iria
saíram à rua para derrubar Hosni Muba- vítimas de tortura e outros maus tratos.
recandidatar nas eleições de 2013, não
rak, no poder desde 1981, e o seu regi- No Egipto foram registados 365 mortos e
iria alterar a constituição para prolongar
me. Os manifestantes permaneceram na 5500 feridos, resultantes das manifes-
tações contra o regime de Mubarack. A o seu mandato ou transferir o poder para
praça de Tahrir durante dias, chegando a o filho, não parece bastar para os ieme-
alcançar o significativo número de cerca Amnistia Internacional alertou também
para a possibilidade das famílias das nitas. As manifestações contra o regime
de 1 milhão de participantes nos protes- de Ali Abdullah Saleh foram dispersadas
tos. A falta de liberdade de expressão e vítimas que morreram na sequência dos
protestos, estarem a ser alvo de ameaças pela polícia com o recurso a fogo real,
associação, a corrupção na classe políti- gás lacrimogéneo e granadas. Dos con-
ca e ausência da possibilidade de esco- e intimidação por parte das autoridades,
impedindo-as de apresentarem queixas frontos entre apoiantes e não apoian-
lha dos seus governantes, o desemprego tes de Saleh resultaram vários feridos
e a pobreza terão motivado as manifes- ou procurarem justiça.
10 Notícias • Amnistia Internacional
e jornalistas foram agredidos. O Iémen tendo líderes da oposição, torturando-os no peito. Esta espiral de violência que se
enfrenta uma grave crise económica e e levando a cabo julgamentos injustos. tem revelado letal para os participantes
social, com o desemprego a atingir 40% Limitou a liberdade de associação e o nos protestos já foi condenada por Orga-
da população e um constante aumento trabalho de organizações de defesa dos nizações Não Governamentais, como a
do custo de vida. Direitos Humanos. Amnistia Internacional, bem como pela
comunidade internacional. A França en-
Argélia Irão
viou ajuda humanitária para o terreno,
Na Argélia as manifestações estão proi- Também em Teerão começam a realizar- os Estados Unidos da América moveram
bidas desde a década de 90, altura em -se as primeiras manifestações, apesar forças militares aéreas e navais para as
que foi declarado o estado de emer- da proibição de qualquer ajuntamento proximidades do país e os bens da famí-
gência, devido à Guerra Civil. Também público por parte das autoridades. Mi- lia Khadafi foram congelados por alguns
neste país se pede a queda do regime e lhares saíram à rua, convocados por bancos no estrangeiro. O Conselho de Se-
do Presidente Abdelaziz Boutefilika, que líderes da oposição, o ex-primeiro-minis- gurança também já tomou algumas me-
é simultaneamente chefe de Estado e tro Moussavi e o ex-presidente do parla- didas, decretando um embargo de armas
do governo. As manifestações têm sido mento Karoubi, que se encontram agora à Líbia, concordando em referenciar a
convocadas pela “Coordenação Nacional em prisão domiciliária. As manifestações situação do país junto do Tribunal Penal
para a Mudança e Democracia” e foram pretendiam demonstrar apoio ao povo Internacional e congelando os bens de
relatados confrontos entre manifestantes tunisino e egípcio, revoluções que tanto Khadafi e dos seus assessores. Khadafi
e polícia, resultando em algumas cen- o Presidente Ahmadinejad como o guia terá bombardeado manifestantes com
tenas de detidos. Também no início de supremo da revolução islâmica, Aya- recurso a aviões caças e surgem relatos
Janeiro, manifestações pró-democracia tollah Ali Khamenei, apoiaram. As forças que têm sido transportados mercenários
foram dispersadas com recurso à violên- de segurança usaram gás pimenta, gás de outros países africanos para ajudar a
cia. A falta de liberdade e o aumento dos lacrimogéneo e bastões para reprimir os reprimir os protestos. Milhares de pes-
preços dos alimentos estarão na origem manifestantes. São os primeiros protes- soas tentam abandonar o país e amon-
da contestação. tos de grande dimensão desde Julho de toam-se nas zonas de fronteira.
2009, altura em que Mahmoud Ahmadi-
Bahrein Outros países
nejad foi reeleito.
No entanto, nem todos os países querem Em países como Iraque ou Marrocos
ver os seus regimes derrubados, como é o também foram convocadas manifesta-
caso do Bahrein, onde as manifestações ções através do Facebook, mais uma vez
pretendem apenas que sejam realizadas numa tentativa de provocar uma reforma
reformas. A maioria xiita do país é go- política e lutando por melhores condi-
vernada por uma minoria sunita, enca- ções sociais, principalmente mais opor-
beçada pelo rei Sheikh Hamad bin Isa al- tunidades de emprego. No Iraque, Serkho
Khalifa, que atribuiu aos seus familiares Mohammed, um jovem de 17 anos anos
os principais cargos do governo. Apesar perdeu a vida em confrontos entre as au-
das recentes medidas pró-democracia, toridades, milícias armadas que perten-
como a eleição de deputados para o par- cem ao Partido Democrático do Curdistão
lamento, os manifestantes exigem que e manifestantes.
mais reformas sejam feitas, incluindo a
Esta onda de contestação que se tem
passagem de mais poderes para o par-
alastrado no mundo árabe é geralmen-
lamento. Numa tentativa de conter os
te convocada através das redes sociais
protestos foi anunciado que a comunica-
como o Facebook e envolve na sua maio-
ção social usufruirá de maior liberdade.
ria jovens, licenciados ou universitários,
A repressão dos protestos por parte das © Demotix / Sallie Pisch que querem ter acesso a mais e melhores
autoridades tem sido violenta. Há rela- As novas tecnologias e as redes sociais desempenharam um pa- oportunidades. As violações dos Direitos
tos que indicam que a polícia impediu o pel preponderante nas manifestações no Médio Oriente.
Humanos também parecem ser um fac-
acesso de ambulâncias, comprometendo
Líbia tor comum. A Amnistia Internacional
assim a assistência aos manifestantes
preocupa-se com a forma como a repres-
feridos. As autoridades dispararam balas Na Líbia manifestantes procuram pôr fim
são às manifestações está a ser levada
de borracha, munições de fragmentação a um regime de mais de 40 anos, encabe-
a cabo pelas autoridades em diversos
e lançaram gás lacrimogéneo sobre as çado por Muhammar Khadaffi. Milhares
países. Os manifestantes têm o direito
pessoas que participavam nos protestos, de manifestantes perderam a vida como
de expressar a sua opinião livremente
o que resultou em centenas de feridos e resultado da repressão levada a cabo pe-
e de forma pacífica, não devendo estar
desde o início do confronto mais de sete las autoridades. Foi relatado o recurso a
suspenso o direito de associação ou a
pessoas perderam a vida. O regime de balas reais e metralhadoras e a polícia
atira a matar, atingido os manifestantes liberdade de expressão.
al-Khalifa tem vindo a cometer sucessi-
vas violações aos Direitos Humanos, de- na sua maioria na cabeça, no pescoço e
Notícias • Amnistia Internacional 11
DOSSIER
Segurança e Direitos Humanos
Ninguém vai esquecer as imagens dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, vistos em directo
por milhões de pessoas em todo o mundo. Em resposta aos atentados que fizeram cerca de 6000 vítimas
nos Estados Unidos da América, George W. Bush, então Presidente norte-americano, lançou a “Guerra ao
Terror”, que seria o mote para que os Direitos Humanos fossem esquecidos e dessem lugar a uma nova
era de abusos e impunidade. Dez anos após o início do combate ao terrorismo, o “Notícias da Amnistia
Internacional” olha para os retrocessos civilizacionais cometidos em nome da Segurança Nacional
Por Diana Silva Antão
liberdades e direitos previstos na Cons- “motivos razoáveis” que apontem para iniciativas contrariam o direito à privaci-
tituição. Mais em particular, o Patriot Act a possibilidade das acções do suspeito dade protegido, desde logo, pela própria
viola a Constituição norte-americana e colocarem em risco a segurança nacio- Constituição norte-americana. Por todas
padrões internacionais de Direitos Hu- nal. Esta realidade também pode levar estas razões o Patriot Act impõe-se, na
manos, como a Declaração Universal dos designadamente a violações dos direitos opinião da Amnistia Internacional, como
Direitos Humanos, o Pacto Internacional contidos na Convenção de Viena sobre uma excepção à Lei Internacional à qual
dos Direitos Civis e Políticos, a Conven- relações consulares, que garantem que os Estados Unidos da América estão vin-
ção contra a Tortura e a Convenção para os governos serão notificados se os seus culados. Recentemente, o Presidente Ba-
a Eliminação de todas as formas de Dis- cidadãos forem detidos noutro país. rack Obama revogou algumas das me-
criminação Racial. A Amnistia Interna- Por fim, viola o direito à privacidade e didas do Patriot Act, continuando assim
cional logo se preocupou com os efeitos elimina várias barreiras judiciais às em vigor por um período de tempo maior
deste conjunto de medidas. Entre outras actividades dos serviços secretos. Com do que o inicialmente previsto.
consequências pode criar uma definição esta medida o Governo está autorizado
Guantánamo
ampla de terrorismo doméstico, uma vez a investigar, por exemplo, os hábitos de
que utiliza linguagem e expressões ambí- leitura dos cidadãos, uma vez que pode O estabelecimento prisional na Baía de
guas como “parecem ter a intenção” de monitorizar os registos de bibliotecas e Guantánamo foi criado em 2002 pela Ad-
“influenciar a política de um governo por livrarias sem notificar o suspeito. Pode ministração Bush, pensado para manter
intimidação ou coerção” ou “intimidar ou ainda realizar buscas a propriedade pri- sob custódia norte-americana os detidos
coagir a população civil”, o que poderá vada e no e-mail dos indivíduos, assim resultantes dos conflitos no Afeganistão e
ter efeitos negativos ao restringir direitos como rever os registos escolares e finan- mais tarde do Iraque. Os primeiros prisio-
como a liberdade de expressão e a de as- ceiros. Os motores de busca da Internet, neiros chegaram em Janeiro desse ano e
sociação. O mesmo documento permite como o Google, são agora obrigados o estabelecimento prisional chegou a ter
que cidadãos estrangeiros possam ficar pelo Patriot Act a guardar durante de- mais de 800. Em 2002, Donald Rumsfeld
detidos, sem enfrentar acusação, desde terminado período de tempo os registos autorizou, naquele estabelecimento pri-
que o Governo acredite na existência de das buscas dos seus utilizadores. Estas sional, o recurso a interrogatórios de 20
© US DoD
horas, posições de stress, isolamento, pri- que o Direito Humanitário aplica-se em Guantánamo não são competentes para
vação sensorial e a exploração das fobias todas as circunstâncias e tanto no inte- o fazer, uma vez que representam uma
dos detidos. As tentativas de suicídio e as rior como no exterior do seu território. Em violação ao artigo terceiro da Convenção
greves de fome foram inúmeras, a nature- Guantánamo, o Governo tentou manter os de Genebra de 1949. Hamdan esteve
za arbitrária e indefinida da detenção pro- detidos num local onde nem a legislação em risco de ser julgado por uma comis-
vocou graves problemas psicológicos em norte-americana, nem o Direito Interna- são militar, acusado de conspiração. No
alguns dos detidos, neste e noutros cen- cional fossem aplicados. No entanto, em mesmo ano o Congresso aprovaria o “Mi-
tros de detenção norte-americanos, como 2004, no caso que opôs Shafiq Rasul, um litary Commissions Act”, que impedia os
Abu Ghraib, no Iraque. Foi comum o uso cidadão britânico detido em Guantána- tribunais federais de decidirem sobre pe-
de privação do sono, isolamento prolon- mo, à Administração Bush, o Supremo didos de habeas corpus no caso dos de-
gado, intimidação com cães, humilhação Tribunal dos Estados Unidos da América tidos de Guantánamo. Uma decisão que
de cariz sexual, nudez, música alta 24 decidiu que os tribunais federais civis viria a ser contrariada dois anos mais
horas por dia e a exposição a temperatu- têm jurisdição sobre os prisioneiros de tarde pelo Supremo Tribunal dos Estados
ras extremas durante os interrogatórios Guantánamo, permitindo que os detidos Unidos da América, no caso Boumediene
dos suspeitos detidos sob a custódia dos apresentem requerimentos para habeas versus Bush, ao reiterar que ao abrigo
Estados Unidos da América durante a corpus, para questionarem a legalidade da Constituição norte-americana os pri-
“Guerra ao Terror”. Também conhecida é da sua detenção. Mais tarde, em 2006, sioneiros de Guantánamo têm direito ao
a técnica de “waterboarding”, simulação no caso que opôs Salim Ahmed Hamdan, pedido de habeas corpus. Lakhdar Bou-
de afogamento, aplicada pela CIA vezes cidadão do Iémen, guarda-costas e mo- mediene é um cidadão argelino que este-
sem conta em detidos considerados de torista de Osama Bin Laden, a Donald ve detido em Guantánamo durante sete
“grande importância”. Esta é uma téc- Rumsfeld, ex-Secretário de Defesa dos anos como suspeito de terrorismo e hoje
nica de tortura, considerada ilegal tanto EUA, o Supremo Tribunal norte-americano vive em Paris.
na legislação norte-americana como no deu razão a Hamdan, decidindo que as
Actualmente, ainda estão em Guantá-
Direito Internacional, que consiste em comissões militares criadas pela Admi-
namo 172 detidos. A intenção de Barack
despejar grandes quantidades de água nistração Bush para julgar os detidos em
Obama, actual Presidente dos Estados
sobre as vias respiratórias dos detidos,
enquanto estes se encontram manieta-
dos. As condições dos detidos deterio-
ram-se ainda mais quando estes não têm
acesso a espaços ao ar livre, ou mesmo a
uma fonte de luz natural na cela, quando
não podem fazer exercício físico, quando
são privados de instalações sanitárias
apropriadas ou têm acesso restrito ao
Corão.
Tratar os prisioneiros de forma desuma-
na, cruel ou degradante é considerado
ilegal ao abrigo do Direito Internacional.
Em 1992, os Estados Unidos da América
ratificaram o Pacto Internacional dos Di-
reitos Civis e Políticos e em 1994, a Con-
venção contra a Tortura. No entanto, os
advogados do Departamento de Justiça
afirmaram que não existe nenhum trata-
do que expresse uma obrigação por parte
dos EUA relativamente ao tratamento de
estrangeiros sob a sua custódia fora do
seu território, como é o caso dos detidos
de Guantánamo. Apesar de o Congresso
ter aprovado o “Detainee Treatment Act”
em 2005, proibindo os maus tratos e a
tortura, não foi suficiente, uma vez que o
pedido de habeas corpus não foi incluí-
do, assim como permite que as situações
de impunidade subsistam. No entanto, o
Comité de Direitos Humanos e o Comité © US DoD
contra a Tortura das Nações Unidas lem- O estabelecimento prisional de Guantánamo é uma prisão de alta segurança situada na Baía de Guantánamo, em Cuba.
braram aos Estados Unidos da América
14 Notícias • Amnistia Internacional
Unidos da América, de encerrar o esta- As guerras da “Guerra ao Terror” lação, as torturas, os tratamentos cruéis,
belecimento prisional um ano após a sua humilhantes ou degradantes, as toma-
Certo que encontraria os responsáveis
tomada de posse, falhou. Alguns detidos das de reféns e os julgamentos injustos.
pelos atentados terroristas no Afega-
foram transferidos para o Centro Correc-
nistão, George W. Bush iniciou uma Dois anos mais tarde George W. Bush or-
cional Thomson, no Illinois, outros foram
guerra nesse país, com o objectivo de denou a invasão do Iraque, considerando
já julgados. Os ex-detidos de Guantána-
acabar com a Al-Qaeda, pôr fim ao uso que o país também seria uma ameaça
mo contra os quais não havia acusação
do Afeganistão enquanto refúgio para para os Estados Unidos da América.
e não podendo voltar aos seus países de
organizações terroristas e acabar com Donald Rumsfeld, então Secretário da
origem por correrem o risco de serem víti-
o regime Talibã em vigor no país, que Defesa dos EUA, afirmava que Saddam
mas de violações dos Direitos Humanos,
Bush considerava ser cúmplice de ter- Hussein tinha em seu poder armas de
foram transferidos para países europeus
roristas. Também o Reino Unido apoiou destruição massiva e que estas se en-
como o Reino Unido, França, Espanha ou
a iniciativa norte-americana e foi parte contravam nos arredores de Bagdade e
Portugal. O nosso país recebeu dois ci-
integrante da Guerra no Afeganistão que Tikrit. Uma missão da ONU deslocou-se
dadãos sírios em Agosto de 2009. Estes
tem prevista uma retirada das tropas in- até ao Iraque para reunir indícios da
dois ex-prisioneiros de Guantánamo, vi-
ternacionais para 2014. Os elementos da existência do armamento em questão,
vem em residências cedidas pela Estado
Al-Qaeda, Talibãs e todos aqueles que os no entanto, sem sucesso. Apesar da voz
e são acompanhados pelas autoridades,
Estados Unidos da América considera- contrária do Conselho de Segurança das
mas vivem em liberdade e podem viajar
ram terroristas foram detidos e enviados Nações Unidas, os Estados Unidos da
para outros países, necessitando apenas
para Guantánamo, passando por muitos América, com o apoio de alguns países
de vistos adicionais para sua própria se-
centros de detenção secretos da CIA es- entre os quais Portugal, invadiram o Ira-
gurança. Os nomes dos dois ex-prisionei-
trategicamente espalhados, incluindo na que a 20 de Março de 2003.
ros não foram revelados. Sabe-se apenas
Europa. Por decisão de George W. Bush, a
que estavam em Guantánamo desde Se no início o objectivo era encontrar
estes prisioneiros não foi aplicado o arti-
2002, sem enfrentar qualquer acusação. armas de destruição massiva, rapida-
go terceiro da Convenção de Genebra de
No total foram 60 os prisioneiros que o mente George W. Bush mudou o discurso
1949, referente ao tratamento de prisio-
Pentágono considerou inocentes. Qui- e justificou a invasão com as violações
neiros de guerra. O artigo considera que
nhentos dos oitocentos detidos que pas- dos Direitos Humanos que estariam a ser
todas as pessoas em poder do inimigo,
saram por Guantánamo foram libertados perpetradas pelo Governo Iraquiano, pelo
sem qualquer discriminação, devem re-
ou transferidos deste estabelecimento alegado apoio que estaria a ser prestado
ceber tratamento humano. Proíbe ainda
prisional sem enfrentar julgamento, ape- a terroristas e pela necessária democra-
o homicídio sob todas as formas, a muti-
nas através de uma decisão executiva. tização do país. Donald Rumsfeld, que
© Rei Shiva
tinha afirmado que os EUA sabiam da Voos de Rendição e Centros de estão associadas à “Guerra ao Terror”
localização exacta das armas de destrui- detenção secretos dos EUA, mas são levadas a cabo com
ção massiva, mais tarde viria a admitir a cumplicidade e colaboração de outros
Em 2007, Michael Hayden, Director da
ter feito uma distorção, à medida que no- Estados. Em muitos casos os detidos
CIA, serviços de inteligência norte-ame-
vas polémicas surgiam apontando para são entregues à custódia de países onde
ricanos, apresentou a política de deten-
a manipulação por parte da Adminis- o uso de tortura e outros maus tratos é
ção da “Guerra ao Terror”, afirmando que
tração Bush da informação conseguida comum, como são o caso do Egipto, da
quando as forças dos EUA “ganhavam”
pelos serviços secretos. No entanto, esta Síria ou da Jordânia. A Amnistia Interna-
a custódia de um indivíduo que “podia
não foi a única polémica que envolveu cional documentou dez casos de vítimas
prejudicar a América”, eram colocadas
Rumsfeld. Em 2004, foram divulgadas de voos de rendição que sofreram maus
três opções: a transferência para Guan-
fotografias que mostravam detidos na tratos sob custódia da Jordânia ou foram
tánamo, voo de rendição para outros paí- interrogadas com recurso a tortura na Sí-
prisão iraquiana de Abu Ghraib, despi-
ses aliados, ou o programa de detenção ria. O Primeiro-ministro Egípcio afirmou
dos, em posições humilhantes e agredi-
secreta da CIA. No entanto, todas estas que mais de 60 detidos foram entregues
dos. Rumsfeld alegou que desconhecia os
opções representam uma violação dos ao Egipto, entre eles Abu Omar, que mais
actos de tortura e outros maus tratos a que
padrões internacionais de Direitos Hu- tarde relatou que foi torturado durante
os detidos estavam sujeitos. No entanto, a
manos. mais de 12 horas por dia, durante um
Amnistia Internacional e outras organi-
zações de defesa dos Direitos Humanos, Muitos dos prisioneiros que passaram período de sete meses.
reuniram provas que apontavam para o por Guantánamo e/ou estão detidos em A localização de muitos centros de de-
conhecimento destes abusos por parte prisões secretas controladas pela CIA, tenção secretos geridos pela CIA é ain-
da hierarquia militar e da Administração foram vítimas de voos de rendição. A da desconhecida e nunca foram abertos
Bush. As violações dos Direitos Huma- Amnistia Internacional define voos de a qualquer inspecção. A identidade dos
nos e das Convenções de Genebra, entre rendição como as práticas que incluem detidos destes centros é desconhecida
outros tratados internacionais, multipli- transferências de indivíduos de um país para familiares, advogados e organiza-
caram-se. Uma investigação conduzida para outro sem qualquer processo judi- ções humanitárias. Os prisioneiros não
pelo Major General Antonio Taguba, do cial ou administrativo de extradição. As têm contacto entre si e estão isolados do
exército norte-americano, evidenciou a vítimas dos voos de rendição são indiví- mundo, muitos não têm sequer conheci-
existência de “prisioneiros fantasma”, duos geralmente suspeitos de planear, mento do país ou local onde estão detidos.
indivíduos vítimas de desaparecimentos apoiar ou cometer actos terroristas, ou Desde 2002 terão alegadamente existido
forçados durante o conflito no Iraque e que possam possuir qualquer informa- centros de detenção secretos em oito pa-
que, estando sob a custódia do exército ção sobre os mesmos. Estas práticas íses. A detenção secreta viola o Direito
norte-americano, eram deixados de fora (cont)
dos registos prisionais a pedido da CIA.
O motivo da sua detenção, dados pesso-
ais ou qualquer outra informação eram
completamente desconhecidos. O rela-
tório afirmava que, em pelo menos uma
ocasião, alguns desses “prisioneiros
fantasma” detidos em Abu Ghraib foram
entregues a outras Agências do Governo,
para que estas os escondessem durante
uma visita do Comité da Cruz Vermelha.
Esta prática é uma clara violação do Di-
reito Internacional. Em 2004, o General
Paul Kern afirmou perante o Comité de
Serviços Armados do Senado que pode-
rão ter existido mais de cem “prisionei-
ros fantasma” sob a custódia dos Esta-
dos Unidos da América no Iraque. Tanto
George W. Bush, como Donald Rumsfeld
tinham conhecimento dos abusos come-
tidos pelas tropas norte-americanas, da
existência dos “prisioneiros fantasma” e
das violações às Convenções de Genebra
e ao Direito Internacional. No entanto,
nenhum tomou qualquer medida para
impedir esses abusos ou para responsa-
© AP Photo/Jean-Marc Bouju
bilizar os culpados por essas violações
aos Direitos Humanos. Um prisioneiro de guerra consola o filho, após ambos terem sido detidos em An Najaf, no Iraque.
16 Notícias • Amnistia Internacional
© Stephen Mulcahey
Com a “Guerra ao Terror” o recurso a práticas de tortura e outros maus tratos tornou-se comum e aparentemente aceitável para alguns Estados.
18 Notícias • Amnistia Internacional
© UN Photo/Jean-Marc Ferre
Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Humanitário e os padrões internacionais tornaram-se cada vez mais frequentes e o financiamento a organizações terroris-
de Direitos Humanos. A tortura e os desa- se primeiramente afectava apenas sus- tas, permitindo o congelamento de bens,
parecimentos forçados, frequentemente peitos com informações ou ligações a aumentando o controlo das fronteiras e
praticados durante os voos de rendição actos terroristas, rapidamente activistas negando-lhes abrigo. A resolução cria
e nos centros de detenção secretos, são e membros de minorias étnicas e religio- ainda o Comité de Combate ao Terroris-
considerados crimes ao abrigo do Direito sas começaram a engrossar as estatís- mo, composto por todos os membros do
Internacional. Apesar de Bush ter assu- ticas dos que desapareciam sem deixar Conselho de Segurança e que pretende
mido a existência destas práticas, ne- rasto. A Amnistia Internacional tem monitorizar a implementação das reso-
nhuma medida foi tomada para impedir apelado a todos os Estados-membros luções criadas. No entanto, a 1373 usa
estas acções e ninguém foi responsabili- que ainda não ratificaram a “Convenção uma linguagem pouco clara e não apre-
zado. Antes pelo contrário, tanto o antigo Internacional para a Protecção de Todas senta uma definição precisa de terroris-
Presidente norte-americano, como o Di- as Pessoas contra os Desaparecimentos mo. Também não refere que os Direitos
rector da CIA assumiram que esta seria Forçados” para o fazerem, implementan- Humanos deverão ser tidos em conta ao
uma prática a continuar. do na legislação nacional o conteúdo dos criar e implementar legislação nacional
Em 2007, o relatório da Comissão dos Artigos 31 e 32, que reconhecem a com- que deverá punir actos terroristas. Esta
Assuntos Jurídicos e Direitos Humanos petência do Comité de Direitos Humanos imprecisão pode ter levado a que alguns
da Assembleia Parlamentar do Conse- das Nações Unidas para receber queixas países criassem leis que tornam vulne-
lho Europeu concluiu que alguns países inter-estatais ou de indivíduos. ráveis os Direitos Humanos. Aos Estados
da Europa foram cúmplices nas trans- cabe proteger os seus cidadãos de aten-
O papel das Nações Unidas
ferências ilegais de indivíduos para lo- tados como os que tiveram lugar nos EUA
cais onde estariam em risco de tortura e Apenas três semanas após o 11 de Se- em Setembro de 2001, devem por isso to-
outros maus tratos e de terem colocado tembro de 2001, o Conselho de Segu- mar medidas para os prevenir, sem, no
à disposição da CIA estabelecimentos rança das Nações Unidas aprovou a entanto, violar as suas obrigações para
prisionais onde os indivíduos eram man- resolução 1373 e impôs a todos os Es- com o Direito Humanitário e os Direitos
tidos em segredo e interrogados. Alguns tados-membros uma série de obrigações Humanos. Em 2003, com a resolução
países permitiram que os voos da CIA por um período indefinido, requerendo 1456, o Conselho de Segurança faz al-
que faziam transferências de prisioneiros que estes tomassem medidas de comba- guns avanços ao nível da linguagem,
utilizassem o seu espaço aéreo ou o seu te ao terrorismo. A resolução, adoptada uma vez que afirma pela primeira vez
território, facilitando assim as operações ao abrigo do Capítulo VII da Carta das que “Os Estados devem garantir que
dos serviços de inteligência norte-ame- Nações Unidas com efeito vinculativo, foi nenhuma medida tomada para com-
ricanos. Apesar dos desaparecimentos iniciativa dos EUA e criminaliza o terro- bater o terrorismo é incompatível com
forçados serem uma prática recorrente rismo, incitando à sua supressão. Não as suas obrigações de acordo com o
em alguns países antes de 2001, de- tenta apenas prevenir atentados desta Direito Internacional, devendo tomar
pois do início da “Guerra ao Terror” estes natureza, como também tenta combater essas medidas respeitando o Direito
Notícias • Amnistia Internacional 19
Internacional, em particular os Direitos ser levada à justiça. A Estratégia apoia políticos. A frequência com que práticas
Humanos, os Direitos dos refugiados e e reforça a capacidade operacional do de tortura, desaparecimentos forçados,
o Direito Humanitário”. Esta medida foi Gabinete do Alto Comissariado para os entre outros abusos são perpetrados au-
apenas apresentada em anexo à resolu- Direitos Humanos, aumentando a sua mentou significativamente desde 2001.
ção e não tem efeito vinculativo, mas foi presença no terreno. Alguns Estados interpretaram a reso-
uma conquista relativamente a anterio- lução 1373 como um apelo ao aumento
Apesar de positivos, os compromissos
res apresentadas pelo Conselho de Segu- das penas e passaram a incluir a pena
assumidos parecem estar desfasados da
rança. Um ano mais tarde, em 2004 e em de morte na sua legislação. No relatório
realidade, havendo uma diferença entre
resposta aos atentados que tiveram lu-
as políticas dos Estados-membros e a de 2008 intitulado “Combate ao Terro-
gar na Rússia, foi aprovada a resolução
“Estratégia Global”. Todos estes docu- rismo e as Nações Unidas”, a Amnistia
1566, novamente no âmbito do Capítulo
mentos, estratégias e resoluções apesar Internacional apresenta alguns exemplos
VII da Carta das Nações Unidas e com
de bem-vindos parecem não ter impacto de países que fizeram uma interpretação
efeito vinculativo. A Amnistia Internacio-
real e o Conselho de Segurança mantém incorrecta e uma aplicação abusiva das
nal expressou a sua preocupação com a
a sua relutância em colocar os Direitos resoluções do Conselho de Segurança.
possível interpretação errada de algumas
Humanos no centro do combate ao ter-
expressões utilizadas. A resolução apela
rorismo.
a todos os Estados para que “tragam à
justiça ou extraditem qualquer pessoa
que apoie, facilite ou tente participar
no planeamento ou preparação de...
actos terroristas”. Esta linguagem é
pouco conclusiva e pode facilmente in-
cluir defensores dos Direitos Humanos
ou activistas políticos. A resolução 1624
foi adoptada em 2005, mas não foi in-
cluída no Capítulo VII e faz referência a
conceitos de Direitos Humanos, mas de
uma forma ambígua. Outras resoluções
(1787, 1805) foram criadas, mas repre-
sentaram um passo atrás no respeito pe-
los Direitos Humanos devido à referência
vaga e imprecisa a esta temática.
Também em 2005 o Secretário-Geral das
Nações Unidas, Ban Ki-moon, criou o Des-
tacamento Especial para a Implemen-
tação das Medidas Contra-Terroristas,
composto por nove grupos de trabalho e
com o objectivo de coordenar os esforços
para combater o terrorismo. Em 2006,
a Assembleia Geral das Nações Unidas
aprovou a “Estratégia Global de Comba-
te ao Terrorismo”, na qual condena todas
as formas de terrorismo e reforça a ne-
cessidade de uma resposta global para o
combater. Todos os Estados reconheceram © USDoD
na “Estratégia Global” a necessidade de Militar mostra algemas e correntes utilizadas para o transporte de detidos de Guantánamo.
proteger e respeitar os Direitos Humanos,
incluindo “medidas para assegurar o
respeito pelos Direitos Humanos e pela Aplicação errada da legislação Rússia
lei como base da luta contra o terro- anti-terrorismo da ONU
Em 2007, na Federação Russa foi levada
rismo”, estando o Pilar IV do documento Alguns países que afirmavam serem a cabo uma “correcção” à lei de combate
dedicado a esta temática. A “Estratégia
precursores na defesa dos Direitos Hu- ao terrorismo de 2002, passando a con-
Global” indica pontos chaves como o
manos criam agora leis que não só li- ter a expressão “actividade extremista”,
reconhecimento de medidas eficazes de
combate ao terrorismo e a protecção dos mitam o acesso aos Direitos Humanos para criminalizar os actos terroristas e
Direitos Humanos enquanto objectivos no seu território, como também impelem a difamação de funcionários do gover-
que se complementam e a necessidade outros países a seguirem o seu exemplo. no. Esta alteração ameaça restringir e
dos Estados desenvolverem sistemas ju- Outros Estados aproveitaram o clima de punir as actividades das organizações
diciais que assegurem, de acordo com o medo, criado pela “Guerra ao Terror”, da sociedade civil e outros críticos do
Direito Internacional, que qualquer pes- para reprimir activistas, jornalistas, mi- governo.
soa envolvida em actos terroristas possa norias étnicas e religiosas e dissidentes
20 Notícias • Amnistia Internacional
só recentemente este documento foi di- mesmo acordo pune ainda crimes que especificados. Por fim a mesma Comis-
vulgado. Em recentes desenvolvimentos, “constituam uma infracção punível com são afirma que deveria existir um prazo
a Comissão Nacional para a Protecção de pena privativa de liberdade de duração máximo para a conservação dos dados.
Dados considerou que o acordo assinado máxima superior a um ano ou com uma O acordo de transferência de dados e o
com os Estados Unidos da América para pena mais grave”, incluindo assim a parecer da Comissão Nacional para a
a cedência de informações sobre os cida- pena de morte e a prisão perpétua nas Protecção de Dados deverão ser anali-
dãos europeus e em concreto portugueses possíveis sanções, o que poderá violar sados na Assembleia da República que
não tem em consideração “as garantias a Constituição Portuguesa, que impede terá a última palavra sobre a temática.
exigidas pela lei nacional e pela legis- expressamente a colaboração da justi- No entanto, e uma vez que o acordo já foi
lação europeia para a transferência de ça portuguesa com outras se tal levar assinado, será difícil realizar alterações.
dados pessoais, a fim de suprir a falta à aplicação da pena capital. O parecer A Amnistia Internacional Portugal enviou
de um nível de protecção adequado nos da Comissão para a Protecção de Dados uma carta à Assembleia da República,
EUA”, pode ler-se no parecer da Comis- adianta ainda que o número de crimes apelando para que o documento não seja
são. Este tipo de medidas de segurança abrangidos por este acordo é “manifesta- ratificado, sem que o Primeiro-ministro
por parte das autoridades pode interferir mente excessivo” e considera inaceitá- dê garantias sobre as condições relativas
excessivamente nas liberdades indivi- vel que o mesmo documento permita que à sua aplicação.
duais, como o direito à privacidade. O os dados sejam utilizados para fins não
© US DoD
A Vitória do Terrorismo?
Apesar de condenar veemente os atentados terroristas, a Am- nais com jurisdição para tal, de forma justa e clara para que os
nistia Internacional não pode concordar com as violações dos verdadeiros responsáveis sejam condenados e os inocentes não
Direitos Humanos perpetradas na resposta aos ataques de 11 sejam mais sujeitos à violência de actos de tortura, de desa-
de Setembro de 2001. O desrespeito pelos Direitos Humanos em parecimentos forçados e outros abusos. Dez anos após o início
nome da Segurança Nacional tornou-se um padrão aparente- da “Guerra ao Terror” é necessário acabar com as violações aos
mente aceitável pelos governantes de muitos países. Esta pers- Direitos Humanos em nome da Segurança Nacional, responsabi-
pectiva sobre a “Guerra ao Terror” não pode nem deve prevale- lizar os seus perpetradores e mudar as políticas de combate ao
cer. Não é este tipo de justiça e compensação que as vítimas de terrorismo. Kofi Annan, ex-Secretário Geral das Nações Unidas,
terrorismo procuram. Deter, torturar e julgar de forma injusta afirmou a esse respeito: “Resulta que não podemos alcançar a
suspeitos de actos terroristas, entre eles alguns inocentes, não segurança, sacrificando os Direitos Humanos. Tentar fazê-lo
trará paz àqueles que perderam familiares ou ainda hoje vivem e efectivamente fazê-lo é entregar aos terroristas uma vitó-
com as consequências dos atentados. Para as vítimas é impor- ria que vai muito para além dos seus sonhos”.
tante que os verdadeiros culpados sejam julgados, em tribu-
22 Notícias • Amnistia Internacional
Consciente das violações dos Direitos pandir o foco da campanha a outros te- em geral e facilitar a responsabilização
Humanos que têm vindo a ser cometidos mas e países. Para dar resposta a estes dos governos em relação ao seu envolvi-
no contexto da luta contra o terrorismo, problemas a AI lança em Abril uma nova mento nas violações dos Direitos Huma-
a Amnistia Internacional (AI) lança uma campanha: “Segurança com Direitos Hu- nos no âmbito da “Guerra ao Terror”. O
nova campanha que pretende reduzir as manos”, sendo que a principal diferença facto de trabalharmos para as vítimas
ocorrências desses abusos e dar cara a reside na própria natureza da campanha, de terrorismo é também uma novidade.
quem, para alguns governos, é apenas mais global e com um foco mais abran-
um número ou um dano colateral, quan- gente, que vai além da Europa e dos Es-
“Queremos identificar os indivíduos e per-
do o que está em causa é a Segurança tados Unidos da América. ceber como a Amnistia Internacional pode
Nacional. efectivamente ajudá-los. Uma das coisas
A nova campanha
que queremos fazer é falar com indivíduos
A necessidade de melhorar que foram vítimas de terrorismo ou de abu-
Criada no âmbito da luta contra o ter-
Em 2005 a Amnistia Internacional lan- rorismo, esta nova campanha tem como sos por parte de grupos armados”
çou a “Campanha Táctica contra a Tortu- objectivo dar a conhecer as violações Sara MacNeice, Subdirectora do Programa para a
ra no âmbito do combate ao Terrorismo”, perpetradas em nome da segurança na- campanha “Segurança com Direitos Humanos”
que pretendia acabar com as práticas cional e da luta contra o terrorismo que
de tortura e outros tratamentos cruéis, ocorrem em todo o mundo, mas às quais Apesar das diferenças, alguns objectivos
desumanos e degradantes no contexto nem os media, nem a opinião pública têm mantêm-se, como o encerramento de-
da “Guerra ao Terror”. Dois anos mais prestado atenção. Países como a Índia, o finitivo do estabelecimento prisional de
tarde foi lançada uma nova campanha Iraque, a Líbia, o Paquistão, as Filipinas, Guantánamo, onde cerca de 172 indiví-
- “Combater o Terrorismo com Justiça”, a Arábia Saudita, o Sri Lanka, a Turquia, duos continuam ilegalmente detidos; pôr
que tinha como objectivo encerrar o es- o Iémen, a Suazilândia e o Egipto, além fim às políticas que tiveram início após o
tabelecimento prisional de Guantánamo, dos Estados Unidos da América e dos 11 de Setembro e que envolvem violações
responsabilizar os Governos envolvidos países Europeus, estarão em destaque dos Direitos Humanos e a responsabili-
nos voos de rendição, em estabelecimen- na campanha “Segurança com Direitos zação de governos por essas violações.
tos de detenção secreta e pelo uso de Humanos”. É neste sentido que é neces-
Áreas Temáticas
tortura e outros maus tratos. A Amnistia sária uma estratégia global, envolvendo
Internacional percebeu que as campa- todas as secções numa campanha que A campanha “Segurança com Direitos
nhas e estratégias apresentadas até à deverá durar dois anos ou mais. Este Humanos” possui três áreas temáticas:
data eram apenas trabalho de reacção, envolvimento deverá levar a uma maior (i) detenções ilegais, (ii) responsabili-
minimizando assim a capacidade de ex- sensibilização por parte da população zação e (iii) vítimas de terrorismo ou de
grupos armados. São os três grandes
projectos que a Amnistia Internacional
quer desenvolver.
Detenções Ilegais
A AI defende que qualquer pessoa privada
da sua liberdade em nome da segurança
nacional ou da luta contra o terrorismo
deve poder recorrer da decisão da sua
detenção e tem direito a um julgamento
justo, com acusações coerentes com o
Direito Internacional, ou então deverá ser
libertado. A organização continua a lutar
contra a tortura e outros maus tratos de
que os detidos possam ser vítimas, ten-
do consciência que a probabilidade de
© Tiago da Cunha
serem realizados estes abusos aumenta
Protesto pela libertação de Omar Khadr, um jovem do Canadá detido em Guantánamo.
Notícias • Amnistia Internacional 23
Responsabilização
A campanha pretende que sejam criados
mecanismos para uma responsabilização
efectiva, justa e plena, levando à justi-
ça indivíduos responsáveis por abusos,
indemnizando as vítimas e garantindo
© Amnistia Internacional
que essas violações não se repetirão. A Air Torture, acção da Amnistia Internacional Portugal sobre os voos de rendição.
24 Notícias • Amnistia Internacional
BOAS NOTÍCIAS
A acção concertada dos activistas da Amnistia Internacional continua a mudar a realidade de prisioneiros
de consciência e defensores dos Direitos Humanos em todo o mundo. Conheça três apelos divulgados no
“Notícias da Amnistia Internacional Portugal” que fazem parte das histórias de sucesso do movimento
Etiópia
Líder partidária em liberdade! considerou que esta ex-juíza e advogada
violou o acordo do perdão, ao falar numa
Birtukan Mideksa, líder do partido da conferência na Suécia sobre o processo
União de Democracia e Justiça, foi li- que levou à sua libertação. A Amnistia
bertada após dois anos na prisão de Internacional considerou-a uma prisio-
Kaliti, nos arredores de Addis Ababa, neira de consciência, detida apenas por
capital da Etiópia. Em 2005, Birtukan exercer de forma pacífica o seu direito à
participou nas manifestações contra a liberdade de expressão e de associação.
alegada fraude nas eleições, que indica- A detenção de Birtukan impediu a líder
ram pela terceira vez Meles Zenawi para da oposição de concorrer às eleições que
Primeiro-Ministro. Os protestos foram tiveram lugar na Etiópia, em Maio de
violentamente dispersados pelas forças 2010. A libertação de Birtukan Mideska
de segurança, resultando em 187 mortos surge no seguimento da campanha da
e 765 feridos entre os manifestantes e Amnistia Internacional em seu nome e
seis entre a força policial. A líder parti- das negociações com a Etiópia. Obrigado
dária foi detida em Novembro de 2006, a todos os activistas que participaram
acusada de traição, e sentenciada a pri- no nosso apelo divulgado no número 4 do
são perpétua. No entanto, após ter con- “Notícias da Amnistia Internacional Por-
cordado em assinar um pedido de des- tugal”. A Amnistia Internacional agra-
culpas, Birtukan recebeu um perdão do dece o apoio demonstrado um pouco por
© Amnistia Internacional
governo e foi libertada 18 meses depois todo o mundo. Juntos conseguimos fazer
Birtukan Mideksa da sua detenção. Em 2008, o Governo a diferença!
SUAZILÂNDIA NEPAL
Activista em Segurança Activistas apresentam queixa
Wandile Dludlu, um activista político A equipa do Centro de Reabilitação
da Suazilândia, foi alvo de perseguição para mulheres vítimas de actos de vio-
por parte da polícia desde 2008, altura lência, conhecido pela sigla WOREC,
em que a organização à qual pertencia, dá conta de uma significativa me-
o Congresso da Juventude da Suazi- lhoria na relação com as autoridades
lândia, foi banida por ser considerada locais. Como divulgámos no número
© Amnesty International/
© Privado “terrorista”, pelas autoridades. Este Robert Godden 6 do “Notícias da Amnistia Interna-
Wandile Dludlu activista de 30 anos acredita agora Equipa do WOREC cional”, o trabalho desta equipa e de
estar em segurança, uma vez que as ameaças, as agressões e Rita Mahato, consultora de saúde no
os maus tratos por parte das autoridades parecem ter chegado Centro de Reabilitação, não é bem recebido pela comunidade.
O Centro investiga e documenta casos de violência sexual so-
ao fim. Recorde-se que o último ataque foi levado a cabo a 1 de
bre mulheres e presta assistência legal e médica a todas as
Maio de 2010, durante um comício. Nesse dia, vários activistas vítimas. Em consequência do trabalho desenvolvido, Mahato foi
políticos foram detidos, incluindo Wandile Dludlu, libertado vá- ameaçada de violação e de morte e um grupo de 20 pessoas
rios horas depois sem qualquer acusação. O activista já tinha atirou tijolos contra o centro e os seus trabalhadores. A polícia
apresentado várias queixas por incidentes anteriores que envol- recusou-se a investigar os ataques e não ofereceu qualquer tipo
veram a polícia. No entanto, nenhuma das suas queixas foi alvo de protecção. Desde que um novo Inspector assumiu funções em
de investigação. Apesar destes ataques ainda não terem sido Junho de 2010, estes activistas conseguiram apresentar queixa.
investigados, a Amnistia Internacional congratula todos os que Este é um significativo avanço, uma vez que os activistas que
participaram no apelo em nome de Wandile Dludlu, divulgado lutam pelos direitos das mulheres no Nepal continuam a enfren-
no número 7 do “Notícias da Amnistia Internacional Portugal”. tar ameaças, discriminação e por vezes agressões. Obrigado por
Juntos conseguimos parar os ataques a este activista! participar nos nossos apelos. Mais uma vez conseguimos ajudar
activistas que enfrentam grandes obstáculos na sua luta pelos
Direitos Humanos.
Notícias • Amnistia Internacional 25
APELOS MUNDIAIS
“Quando organizações como a Amnistia Internacional pedem uma assinatura, assinem. Porque estão
a fazer a diferença. Quando estava no corredor da morte na Florida iam chegando faxes, emails,
postais... Eles não liam tudo, mas viam que chegavam 10.000, 20.000 e acreditem que faz a dife-
rença...
Acham que não serve para nada? Quando o meu pai falava com as secretárias do Governador da Flo-
rida na altura, elas diziam «quem é este espanholito que faz com que tenhamos a caixa de email e o
fax bloqueados e que todas as semanas faz chegarem centenas de assinaturas. Como podem estar
todos tão interessados nele». Acreditem, as assinaturas são fundamentais”.
Foram estas as palavras proferidas pelo espanhol Joaquín José Martinez, um inocente que esteve três anos no corredor da morte na
Florida, Estados Unidos da América. Foram ditas perante dezenas de estudantes, numa conferência que decorreu em Coimbra em
Outubro de 2009.
NAS PRÓXIMAS PÁGINAS APRESENTAMOS-LHE mais QUATRO casos que ainda precisam da sua aju-
da. Conheça os apelos e participe!
A SI CUSTA MUITO POUCO E PARA TODOS ELES PODE SIGNIFICAR O FIM DE UMA INJUSTIÇA!
26 Notícias • Amnistia Internacional
ARGÉLIA
Detido sem julgamento desde 1999
MÉXICO
Sobreviventes de violação procuram justiça
Inés Fernández Ortega (34 anos) e Valentina Rosendo Cantú (26 anos), ambas de ori-
gem indígena Tlapaneca, foram violadas por soldados mexicanos no Estado de Guerre-
ro, em 2002. Apesar de terem denunciado às autoridades os ataques e dos seus casos
serem seguidos, não houve qualquer investigação substancial e, até à data, ninguém
foi responsabilizado.
A 22 de Março de 2002, três soldados irromperam pela casa de Inês Fernández, quando
esta se encontrava a cozinhar para os seus filhos. Foi violada por um deles. Valentina
Rosendo, na altura com 17 anos, encontrava-se a lavar a roupa num rio quando foi
ameaçada e violada por dois soldados.
Os investigadores militares tentaram contestar as suas alegações, também as institui-
ções civis têm dado pouca atenção a este tipo de casos. Apesar de algumas medidas
de investigação e protecção desencadeadas pelo Tribunal Inter-Americano, tanto as
© CDHM Tlachinollan vítimas, como os seus familiares têm enfrentado actos intimidatórios por divulgarem o
seu caso e exigirem justiça.
Ajude-nos a obter justiça, apelando às autoridades para que levem a cabo investigações plenas e imparciais sobre a violação e tor-
tura sofridas pelas duas vítimas, garantindo reparações adequadas e uma protecção efectiva. Participe! Contamos Consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
Notícias • Amnistia Internacional 27
FEDERAÇÃO RUSSA
Homicídio de activista dos Direitos Humanos por investigar
Desde 2007 que os habitantes das aldeias de Hadidiya e Humsa, no Vale do Jordão,
Cisjordânia, enfrentam uma ameaça constante de desalojamentos forçados, apreensão
de bens e destruição das suas casas e meios de subsistência pelo exército israelita.
As condições verificadas nas aldeias são extremamente difíceis. Proibidos de recons-
truir estruturas permanentes, os moradores acabam por viver em tendas consideradas
pelo exército israelita como “ilegais”. Além disso, o acesso a água potável encontra-se
severamente restrito, uma vez que as reservas são de uso exclusivo das povoações
israelitas. As comunidades palestinianas que subsistem através da agricultura e pas-
torícia vêem também ameaçado o seu acesso a terras de pasto para os seus rebanhos.
Esta situação constitui um exemplo da aparente estratégia discriminatória do governo
para retirar as populações palestinianas da Cisjordânia.
Ajude-nos a assegurar o direito à habitação destas famílias e a proporcionar-lhes me-
lhores condições de vida, apelando às autoridades israelitas para que estabeleçam © Iyad El Baba/UNICEF-oPt
uma moratória aos desalojamentos forçados e demolições em Hadidiya e Humsa, exigindo ainda que a apreensão de propriedades
seja travada e que todos os impedimentos ao acesso a água potável, electricidade e outros bens necessários sejam removidos.
Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
28 Notícias • Amnistia Internacional
No arranque de um novo ano a Amnistia Internacional Portugal realizou o OSSA, um exercício de auto-
-avaliação da Organização Interna, Programa e Relações Externas; e o Encontro de Estruturas, planeando
as acções do ano de 2011 e promovendo a partilha de experiências entre os Grupos e Núcleos da AI
sentação do Plano Estratégico e do Plano Neste Encontro participaram não só Maria Fernanda Ruivo: fernanda.ruivo@sapo.pt
GRUPO LOCAL 33 (Aveiro)
Operacional de 2011, com algumas su- membros de estruturas com uma longa Alexandra Monteiro: amnistiaveiro@gmail.com;
história dentro da Amnistia Internacional http://amnistiaveiro.blogspot.com/
gestões de acções a realizar pelas estru-
Portugal, como também grupos recente- GRUPO LOCAL 34 (Matosinhos)
turas. A tarde de sábado foi ocupada com Maria Otília Reisinho: amnistia.matosinhos@gmail.
mente criados, numa troca entre dife-
acções de formação sobre vários temas: com; http://nucleodematosinhos.blogspot.com/
rentes gerações de activistas com pers-
os Direitos Humanos, a sua evolução e
pectivas diferentes sobre o movimento. NÚCLEO DE ALMADA
os principais instrumentos do Direito
Apesar das diferenças, as expectativas Marlene Oliveira da Conceição: ai.nucleoalmada@
Internacional; a Amnistia Internacional, gmail.com; http://ai-nucleoalmada.blogspot.com/
para o Encontro eram semelhantes como
história, missão, alvos e métodos de ac- NÚCLEO DE ARCOS DE VALDEVEZ
partilha Maria Inês Sousa, membro do Rui Mendes: rbritomendes@gmail.com
ção, a organização internacional, a AI em
Grupo 19 de Sintra e participante nesta NÚCLEO DE COIMBRA
Portugal, estruturas e voluntários. Bárbara Barata: nucleoaicoimbra@gmail.com
iniciativa: “A minha expectativa era a
NÚCLEO DE CRIANÇAS (Vila Nova de Famalicão)
O Domingo, dia 27, foi ocupado da parte de aprender mais sobre o funciona- Vitória Triães: aip.ibeji@gmail.com
da manhã com um workshop - Da No- mento da AI e poder conhecer melhor o NÚCLEO DE ESTREMOZ
tícia à Acção – Construa uma Campa- seu trabalho, as pessoas envolvidas, os Maria Céu Pires: amnistiaetz@gmail.com
nha! – no qual os participantes puderam NÚCLEO DE GUIMARÃES
seus projectos e experiências”. Segun- Cristina Lima: amnistia.guimaraes@gmail.com
juntar-se em grupos e projectar uma do Luís Nobre, membro do recém-criado NÚCLEO DO OESTE / CALDAS DA RAINHA
campanha que foi apresentada a todos Grupo de Estudantes da Escola Superior Teresa Mendes: ai.nucleooeste@gmail.com; http://
os presentes. No mesmo dia mas à tarde aioeste.blogspot.com
de Saúde de Santarém, as expectativas NÚCLEO DO PORTO
foi o Desenvolvimento Digital da secção não foram defraudadas, destacando André Rubim Rangel: nucleo.ai.porto@gmail.com
portuguesa o tema de debate. O Encon- “os conteúdos seleccionados para a NÚCLEO DE TORRES VEDRAS
tro não poderia acabar sem realizar uma formação, uma vez que ajudam grupos Ana Lopes: aitorresvedras@gmail.com; http://blog.
comunidades.net/aitorresvedras
sessão de Show and Tell, que permitiu novos a integrarem-se mais facilmente Grupo de Educação para os Direitos Humanos
aos membros das estruturas partilhar naquilo que é o trabalho da Amnistia Fernanda Sousa: mfpsousa@gmail.com
experiências, dúvidas e sugestões para Internacional e ainda o convívio entre CO-GRUPO DA CHINA
Maria Teresa Nogueira: nogueiramariateresa@gmail.
resolução de problemas que surgem fre- as diferentes estruturas, uma vez que com
permite a partilha de experiências e CO-GRUPO SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS
de ideias sobre acções a realizar”. Os Manuel Almeida dos Santos: manuelalmeidasantos@
membros de estruturas mais antigas netnovis.pt
CO-GRUPO DA PENA DE MORTE
referem alguns aspectos negativos do Coordenador a designar: ai.contrapenademorte@
Encontro. Para Jéssica Lima do Grupo 6 gmail.com; http://contrapenademorte.wordpress.com
do Porto foi “o pouco tempo!”, já Maria GRUPO DE JURISTAS
Sónia Pires: sonia.c.pires@gmail.com
Inês Sousa, do Grupo de Sintra, gostaria NÚCLEO LGBT
que fossem realizadas mais acções prá- Manuel Magalhães: lgbt.amnistia@gmail.com;
ticas durante esta actividade. http://lgbtamnistia.blogspot.com
JOVEM
A Amnistia Internacional Portugal vista à lupa
Nesta edição do “Notícias da Amnistia Internacional” damos a conhecer três novos Grupos de Estudantes
da AI: o Grupo de Estudantes da Escola Secundária João de Deus (Faro), o Grupo de Estudantes da Escola
Secundária Francisco Rodrigues Lobo (Leiria) e o Grupo da Escola Superior de Saúde de Santarém
Por Inês Valério
A Amnistia Internacional Portugal agradece a todos os que apoiam este trabalho em prol dos Direitos Humanos. É graças ao seu
contínuo apoio que a nossa secção consegue chegar mais longe no combate às violações dos Direitos Humanos, no nosso país e em
todo o mundo.
AGENDA
Rota dos Feminismos Ciclo de seminários sobre FESTin Lisboa
A UMAR - União de Mulheres Alternativa Migrações Pela segunda vez realiza-se o FESTin, o
e Resposta - uma organização de defesa O ciclo de seminários do Núcleo de Es- Festival de Cinema Itinerante da Língua
dos Direitos das Mulheres, convidou o tudo das Migrações desenvolvido pelo Portuguesa, que este ano decorrerá de
GATA – Grupo de Activismo e Transforma- Centro de Estudos Sociais (CES) da Uni- 26 de Abril a 1 de Maio, no Cinema São
ção pela Arte, a participar numa viagem versidade de Coimbra tem início a 21 Jorge, em Lisboa. No festival estarão re-
por Portugal, com o objectivo de sensibi- de Maio e prolonga-se até Dezembro de presentados os oito países pertencentes
lizar o público em geral para o problema 2011. A primeira sessão terá como tema à Comunidade de Países de Língua Por-
do assédio sexual no espaço público e no “A representação mediática dos bairros tuguesa, sendo que nesta edição o país
trabalho. A caravana partiu do Porto em sociais da Área Metropolitana de Lisboa: homenageado será Portugal, divulgando
Fevereiro e as próximas paragens serão a influência na integração dos imigran- assim o trabalho de jovens realizadores
em Viseu, nos dias 16 e 17 de Abril, em tes em Portugal” e será conduzido por e a cultura portuguesa. “Lixo Extraordi-
Coimbra, de 30 de Abril a 1 de Maio, no Ilda Fortes, abordando a importância da nário” é o filme de abertura da segunda
Porto, onde estará nos dias 14 e 15 de imprensa na construção da opinião pú- edição deste evento. Um documentário
Maio e em Braga entre 4 e 5 de Junho. blica sobre estes bairros e os seus mora- realizado por Lucy Walker, João Jardim e
Performances e workshops, debates, dores. Já no dia 9 de Junho será a vez de Karen Harley, foi nomeado para os Ósca-
tertúlias, acções de sensibilização e a Carlos Nolasco liderar o seminário sobre res de 2011 na categoria de “Melhor Do-
distribuição de folhetos informativos são “Os Futebolistas como Migrantes: Os flu- cumentário”. O festival pretende assim
apenas algumas das actividades que xos Migratórios no futebol Português”. promover a inclusão social e a partilha
pode encontrar numa cidade perto de si. Perspectivas diferentes sobre o tema das entre culturas lusófonas. Mais informa-
Esta iniciativa pretende ainda colocar o migrações, um programa extenso que ções sobre o programa em http://festin-
tema do assédio sexual na agenda polí- pode conhecer em http://www.ces.uc.pt. festival.com.
tica e contribuir para a mudança social, Todas as sessões terão lugar na Sala de
criando condições para a denúncia. Siga Seminários do CES, 2ºpiso, em Coimbra. ASSEMBLEIA GERAL
a rota dos feminismos em https://sites.
google.com/site/rotadosfeminismos/. No dia 30 de Abril realizar-se-á a As-
sembleia Geral ordinária dirigida a todos
os membros da Amnistia Internacional
Portugal que nela queiram participar, ex-
Safety First pressando a sua opinião, ou procurando
Por Luís Cardoso (FecoPortugal) mais informação sobre o funcionamento
e trabalho da secção portuguesa. Esta
Assembleia deverá ter lugar em Matosi-
nhos. Mais informações serão enviadas
aos membros através da convocatória.
Não deixe de participar!
TOME NOTA
• 8 de ABRIL
Dia Internacional dos Roma
• 3 de MAIO
Dia Mundial da Liberdade de Imprensa
• 5 a 15 MAIO
Indie Lisboa – Festival Internacional de
Cinema Independente
• 18 de MAIO
Aniversário da Amnistia Internacional
Portugal
• 28 de MAIO
Aniversário da Amnistia
Internacional
34 Notícias • Amnistia Internacional
CRÓNICA
Crise, Instituições e Direitos Humanos
Por Rui Tavares
Eurodeputado
TORNE-SE
MEMBRO
DA
AMNISTIA
INTERNACIONAL
Todos os dias, a toda a hora e a cada segundo, são violados Direitos Humanos fundamentais
A Amnistia Internacional trabalha para acabar com esses abusos
Ajude-nos a defender os Direitos Humanos no mundo!
PODE AJUDAR-NOS:
• Tornando-se membro (e passando a participar nas assembleias da Amnistia Internacional Portugal)
• Tornando-se um apoiante regular
• Enviando um donativo esporádico
• E participando activamente nas actividades que lhe propomos durante todo o ano