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Claudio A. G. Egler**
Introdução
A Geografia Econômica foi desgastada pela tradição
positivista do primado da natureza e empobrecida pela
posterior filiação aos desígnios historicistas das pretensas
leis imutáveis da sociedade. Devido a isto, esse ramo
particular do conhecimento afeito às dimensões territoriais
da atividade econômica perdeu significativamente posição nos
currículos acadêmicos das universidades brasileiras.
Entretanto, a Geografia Econômica é a legítima herdeira
da visão espacial dos fatos econômicos. Nascida como Geogra-
fia Comercial na Inglaterra, ela foi um dos instrumentos
descritivos fundamentais da riqueza das nações e, desde
logo, talvez tenha sido o ramo das ciências geográficas mais
preocupado com os problemas do desenvolvimento regional.
Esse trabalho é uma tentativa de resgatar esta
vertente, procurando estabelecer uma ponte entre economia e
geografia na análise das relações entre a crise e a questão
regional no Brasil. É uma contribuição para o debate teórico
sobre a dinâmica espacial do capitalismo e um modesto
subsídio para a reflexão sobre os impasses que imobilizam a
economia brasileira e cuja superação exige uma concepção
democrática e participativa de gestão do território
nacional.
Figura 1
Conclusão
A experiência adquirida com o Tratado de Roma mostra
que o mercado doméstico é formado por um conjunto de
parcelas regionais, cujo comportamento dinâmico é bastante
diferenciado e cuja composição de interesses é não menos
heterogênea. Neste quadro, sob o cenário de uma possível
integração supranacional, a lógica do mercado é duplamente
perversa. Primeiro porque projeta a e materializa os
interesses da concorrência entre as grandes firmas sobre o
território, rompendo ou enfraquecendo os vínculos que deram
e dão coesão ao mercado nacional, acentuado as disparidades
no ritmo de desenvolvimento das regiões em uma escala
ampliada. Segundo porque, dentro da própria visão
myrdaliana, a exarcebação dos conflitos regionais que advêm
da integração ameaça o mínimo de solidariedade interna
necessário para dar coerência e unidade a um projeto
nacional (HADDAD, 1989).
Do ponto de vista dos interesses nacionais, é impor-
tante considerar que a integração produtiva e territorial é
ainda uma meta fundamental para garantir a unidade do merca-
do doméstico e, como tal, sentido e direção para superar a
crise. Neste quadro, a dimensão regional da política econô-
mica assume conotações críticas, pois constitui arena
privilegiada de negociações e ajustes para a definição de um
projeto nacional consistente de retomada do desenvolvimento.
A definição de metas de desenvolvimento, nas diversas
escalas de gestão: local, regional e nacional; pressupõe a
montagem de um espaço de negociação entre os distintos
objetivos de uso do território pelos agentes públicos e
privados. É evidente que a competição por investimentos e
pela elevação da capacidade fiscal são fundamentais para
diferenciar o posicionamento das distintas partes envolvidas
na negociação, entretanto para a efetiva sustentabilidade do
desenvolvimento, a ideologia de impor uma ordem ao
territorio - vigente no período autoritário recente -, deve
ser sustituída por uma gestão democrática e participativa,
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BIBLIOGRAFIA