Na última aula começámos por ver a temática dos meios
administrativos de defesa, para depois estudarmos a matéria referente à responsabilidade civil da administração. 1. Na evolução do Estado Providência verifica-se uma crise dos meios de defesa dos cidadãos: reclamação, recurso hierárquico, recurso tutelar, e recurso hierárquico impróprio. 2. Entra-se numa crise porque esses meios eram essenciais no Estado Liberal e na primeira fase do Estado Social. 3. Os meios mais eficazes passam a ser os meios contenciosos e não os meios graciosos. 4. Desaparece a tradição de que só era possível recorrer a Tribunal para impugnar um acto administrativo após recorrer a todas as vias internas administrativas. 5. Desaparece essa limitação e passa a ser possível recorrer ao Tribunal e, simultaneamente, aos meios administrativos. 6. Paralelamente alargou-se o contencioso administrativo, o que significa que há mais tribunais, mais instâncias de recursos, mais meios contenciosos, mais meios processuais. 7. Os meios contenciosos podem ser principais, não dependem de outros meios, são autónomos; e meios acessórios que são as providências cautelares. 8. A atipicidade dos meios cautelares, como meios acessórios, tem finalidades preventivas que se destinam a evitar um dano; e finalidades consevatórias que se destinam a preservar uma situação de facto existente. 9. O aparecimento de processos cautelares urgentes, que não dependem de outro processo, por exemplo, matéria de contencioso eleitoral, pré-contratual, acesso a documentos básicos, e protecção de direitos, liberdades e garantias, caducam se não for utilizado o meio principal. 10. Segundo o princípio da tutela jurisdicional efectiva compete aos tribunais assegurar a proteção do direito subjectivo ou de direitos protegidos invocada pelos tribunais. 11. A tutela jurisdicional efectiva pressupõe o alargamento da legitimidade. Assiste-se a um fenómeno de ampliação da legitimidade activa (alargamento da legitimidade de qualquer interessado, interesses colectivos difusos; acção popular). 12. Durante o processo podem intervir outros sujeitos com o surgimento de novos factos (modificação objectiva da instância). 13. Há subjacente a este alargamento uma ideia muito importante de subjectivar o direito administrativo, com a função de meios de defesa e interesse dos particulares e com a estrutura do processo de partes. 14. A componente objectivista é salvaguardada pelo Ministério Público, com prazos mais longos que os particulares para recorrer ao tribunal. 15. Há um alargamento da componente subjectiva e permanece a componente objectiva. 16. Perante uma nova realidade surgem novos meios de defesa da posição dos particulares, como, por exemplo, a acção de condenação da administração pública na prática de um acto devido ou para a elaboração de um regulamento. 17. O silêncio da administração era considerado como um indeferimento tácito e só excepcionalmente valia como deferimento tácito. 18. Com base no direito alemão é possível, actualmente, o tribunal condenar a administração pública a agir. Assim, quando existir uma vinculação total da administração pública o tribunal pode pronunciar-se sobre o conteúdo do acto a praticar. 19. Caso não se verifique a vinculação total o tribunal pode dizer quais são os parâmetros que a administração pública deve respeitar. 20. O regime jurídico da invalidade do acto administrativo vem consignado nos artigos 133.º (Actos nulos), 134.º (Regime da nulidade), 135.º (Actos anuláveis), 136.º (Regime da anulabilidade) e 137.º (Ratificação, reforma e conversão) todos do Código de Procedimento Administrativo. 21. Relativamente à responsabilidade civil, dos anos 30 aos anos 60 começa a haver responsabilidade do agente, salvo se for uma culpa leve. Há direito de regresso quando há culpa grave. 22. Paralelamente, surge a responsabilidade de ilícito sem culpa. A administração pública responde por responsabilidade objectiva.