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1 TESSALONICENSES
Autoria
A igreja primitiva e os pais da igreja defenderam, desde os primórdios, a autoria paulina desta
primeira carta aos tessalonicenses. Desde o ano 140 d.C., quando Marcião registrou em sua obra
o fato de Paulo ter escrito à Igreja em Tessalônica, em sua estada em Corinto, até hoje, não houve
muitas divergências quanto à autoria dessa carta, que é considerada, ao lado de Gálatas, a mais
antiga epístola canônica de Paulo.
Paulo, Silas e Timóteo chegaram pela primeira vez à cidade portuária de Tessalônica, durante a
segunda grande viagem missionária (At 17.1-14). Depois de Filipos, foi Tessalônica o segundo lugar
aonde o Evangelho chegou no continente europeu. Pelo fato de a mensagem e a pregação do
apóstolo de Cristo ter contribuído para o esvaziamento da sinagoga da cidade, os judeus passaram
a acusar Jasom, o hospedeiro de Paulo, de estar abrigando traidores de César. Os governantes de
Tessalônica usaram Jasom como refém para exigir que Paulo e seus discípulos se retirassem da
cidade. Assim que chegaram a Atenas, Paulo enviou Timóteo de volta a Tessalônica a fim de animar
os crentes fiéis e enviar-lhe um relatório sobre o estado geral dos cristãos tessalonicenses (1Ts 3.1-
5). Mais tarde, Timóteo se encontrou com Paulo em Corinto, onde foram escritas as duas cartas à
Igreja em Tessalônica (3.6).
Tudo indica que Paulo passou pouco tempo junto aos tessalonicenses nessa viagem. Alguns estu-
diosos afirmam que esse tempo não excedeu a um mês, pois somente três sábados são menciona-
dos no livro de Atos dos apóstolos (At 17.2). Todavia, por causa do grande número de gentios, com
certeza, o ministério de Paulo foi muito mais extenso naquele momento histórico (1Ts 1.9).
O relatório do jovem líder e fiel missionário Timóteo tranqüilizou o coração do pai espiritual dos
tessalonicenses, e lhe deu muitas razões para glorificar o nome do Senhor pela condição de boa
saúde espiritual que a Igreja em Tessalônica demonstrava, apesar das perseguições e das pressões
seculares e pagãs que rondavam a comunidade daqueles crentes.
Propósitos
A Igreja em Tessalônica foi fundada pelo apóstolo Paulo em sua segunda grande viagem
missionária, e compunha-se de convertidos dentre os judeus e muitos gentios vindos do mais
absoluto paganismo, entre os quais vários gregos, homens e mulheres da nobreza local (At 17.4).
Considerando que Paulo tinha sido obrigado a partir abruptamente de Tessalônica (At 17.5-10), é
fácil entender o quanto muitos novos crentes ficaram desnorteados (1.9). Portanto, o alvo principal
do apóstolo nessa carta foi proporcionar encorajamento, especialmente a esses novos convertidos
vindos do paganismo, a fim de que se mantivessem fiéis, mesmo em meio às mais severas provações
e perseguições (3.3-5). Além disso, Paulo se preocupa em oferecer à Igreja uma boa instrução sobre
como viver um estilo de vida piedoso (4.1-8), servindo diariamente ao Senhor com um coração
sincero e dedicado (4.11,12). Paulo ainda é categórico quanto à salvação e o futuro eterno dos
cristãos que morrem antes da segunda vinda gloriosa de Jesus Cristo (4.13,15). Por isso, Paulo dá
ênfase à doutrina das últimas coisas (escatologia), e finaliza cada capítulo de 1 Tessalonicenses com
uma referência clara a esse retorno do Senhor. No capítulo 4, o apóstolo é ainda mais esclarecedor
a esse respeito (1.9,10; 2.19,20; 3.13; 4.13-18; 5.23,24). As duas epístolas aos tessalonicenses são
também chamadas de “as cartas escatológicas” de Paulo. As passagens-chave da primeira carta se
referem ao arrebatamento da Igreja (4.13-18) e ao Dia do Senhor (5.11).
1 Silvano (ou Silas, uma variante do mesmo nome) serviu com Paulo em sua segunda viagem missionária e, juntamente com
Timóteo, ajudou o apóstolo a fundar a Igreja em Tessalônica (At 15.22; At 17.1-14). Paulo enfatiza a união vital entre Pai, Filho e
Espírito Santo (v.5), em mais uma demonstração clara do relacionamento triunitário que salva, capacita e abençoa com “graça
e paz” todo cristão sincero (3.11; 2Ts 1.2,8,12; 2.16; 3.5; Jo 14.27; 20.19; Gl 1.3; Ef 1.2; Fl 1.3,4). O título “Senhor” é a tradução
grega da expressão hebraica “Jeová”, conforme aparece na Septuaginta (a tradução grega do AT); o mesmo título do Deus da
Aliança do AT, que agora, no AT é outorgado a Jesus, o Messias (Cristo) ressurreto e glorificado (Fl 2.9-11).
2 A tríade básica da vida cristã: fé em Cristo, esperança e amor é mencionada em diversas oportunidades ao longo de todo o NT
(5.8; Rm 5.2-5; 1Co 13.13; Gl 5.5,6; Cl 1.4,5; Hb 6.10-12; 10.22-24; 1Pe 1.3-8,21,22). A fé em Cristo sempre produz ações práticas
de amor a Deus, por sua Igreja e pela humanidade (Rm 1.5; 16.26; Gl 5.6; 2Ts 1.11; Tg 2.14-26). A esperança do cristão não se
compara ao mero otimismo ou bom agouro propagados pelas doutrinas de auto-ajuda e motivação pessoal, pois o crente confia
na pessoa de Deus, em Cristo Jesus, que retornará, em breve e gloriosamente para viver com sua Igreja por toda a eternidade
(v.10; Hb 6.18-20; Cl 1.5).
3 Deus “elege” seu povo. Tanto no AT, onde Deus “escolhe” a nação de Israel para ser o Seu povo, como no NT, onde o Senhor
“separa” indivíduos como seus adoradores e discípulos. Esse fato reforça a doutrina bíblica de que a Salvação é dom de Deus e
um ato inexplicável da Sua soberania. A “eleição” é o amor de Deus em plena ação (1Pe 1.2; Ef 1.4; Cl 3.12; 2Ts 2.13).
4 O Evangelho não é apenas a apresentação de uma idéia ou conceito teológico, mas a operação do poder da pessoa de
Deus; por meio do Espírito Santo, em função do sacrifício vicário de Cristo. A mensagem de boas novas (do Evangelho) pregada
por Paulo, Silvano e Timóteo, a qual eles mesmos haviam recebido pela fé é, em primeiro lugar, o Evangelho de Deus, o Pai;
uma vez que a própria expressão “Evangelho” significa “Cristo, o Filho de Deus, a Palavra” (Jo 1.1-3). A convicção (esperança
com certeza) que há no coração dos missionários pregadores e nos tessalonicenses não advém deles próprios, mas da ação do
Espírito Santo. Por isso, pregar o Evangelho não é apenas transmitir uma informação, é invocar a pessoa do Espírito de Cristo
para ministrar à audiência, inclusive ao pregador, a vontade de Deus (2.8; 3.2; Rm 15.13-19; 1Co 2.4,5).
5 Paulo percebe no comportamento diário dos tessalonicenses o poder regenerador e transformador do Espírito de Deus. Por
isso, qualifica esses cristãos como verdadeiros discípulos, cujo sentido é o de “imitadores” ou “seguidores” de Cristo. Somente
a profunda felicidade, produzida na alma do crente, pelo Espírito Santo, é capaz de nos fazer atravessar pelos sofrimentos mais
agudos, sem perder a esperança nem a certeza de que Deus é bom e sensível a tudo o que acontece conosco, bem como às
nossas respostas (3.7; 1Pe 1.6; 4.13; 2Co 8.2; Fp 2.17; Cl 1.24; At 17.5-14; 1Ts 2.14). Ao receber o Evangelho com a alegria
indestrutível daqueles que têm certeza de que Cristo habita em suas vidas, os cristãos de Tessalônica passaram a ser “exemplos”
(padrão a ser seguido) e “discipuladores” de todos à sua volta e por toda a Grécia. Desde a Macedônia, a grande província roma-
na ao norte, até Acaia, ao sul. Os cristãos da Igreja em Tessalônica compreenderam claramente o significado do discipulado e,
observando Cristo na vida de Paulo, passaram a compartilhar do mesmo Cristo e a fazer outros discípulos do Senhor (2Ts 3.9).
ser necessário que acrescentemos mais 6 Da mesma forma, nunca nos dedica-
nada a isso. mos a buscar honrarias, quer da vossa
9 Porque todos eles relatam de que parte ou mesmo de outros.
maneira fomos recebidos por vós, e de 7 Muito embora, como apóstolos de
que maneira vos convertestes dos ídolos Cristo, pudéssemos ter solicitado de vós,
a Deus, para servirdes ao Deus vivo e o nosso sustento, todavia, agimos entre
verdadeiro, vós com todo o desprendimento, como a
10 enquanto aguardais do céu seu Fi- mãe que acarinha os próprios filhos.3
lho, a quem Ele ressuscitou dentre os 8 Assim, por causa do grande afeto por
mortos, Jesus, que nos livra da ira que vós, decidimos dar-lhes não somente o
certamente virá.6 Evangelho de Deus, mas igualmente a
nossa própria vida, tendo em vista que
A verdadeira pregação da Palavra vos tornastes muito amados por nós.
6 Paulo, em suas duas breves cartas aos cristãos da Igreja em Tessalônica, dedica importante espaço ao segundo, iminente e
glorioso retorno de Cristo (v.10; 2.19; 3.13; 4.13-5.4; 2Ts 1.7-10; 2.1-12). A “ira vindoura” ou “o Dia do Senhor” se refere ao tempo
de julgamento que Deus estabelecerá sobre a Terra, em geral, e à raça humana, em particular. Esse será um julgamento para
condenação, pois a única forma de absolvição do ser humano é aceitar a graça da Salvação quando esta se lhe apresenta e não
rejeitá-la, para que não seja igualmente rejeitado no “último dia” (Is 2.10-22; Sf 3.8; Rm 3.5-6; Hb 6.2; Jd 14-15; Ap 6.17).
Capítulo 2
1 As melhores credenciais de Paulo, como servo e apóstolo do Senhor, eram suas próprias atitudes no convívio com os cristãos
de todas as igrejas por onde passava. Os versos 1 a 12 apresentam uma espécie de “pequeno manual do ministro”.
2 O vocábulo grego original, aqui traduzido por “enganar”, era costumeiramente aplicado às “iscas” usadas para pegar peixes.
Na época de Paulo, o termo ganhou o sentido de “astúcia aplicada com o objetivo principal de obter vantagens”.
3 Os filósofos epicureus e cínicos, assim como seus discípulos, buscavam conquistar adeptos, viajando e pregando com este
objetivo principal, sempre regiamente patrocinados por seus seguidores. Os apóstolos tinham o direito de ter suas necessidades
supridas por suas igrejas; contudo, Paulo, nem sempre aceitou esse tipo de cooperação financeira (1Co 9.3-14; 2Co 11.7-11).
4 Paulo nos revela algumas das mais importantes responsabilidades do ministro cristão: A palavra grega parakaleõ significa
“implorar” (Rm 12.1), indicando que cabe ao servo do Senhor “buscar dedicada e humildemente” levar a Palavra de Deus a
todas as pessoas. A expressão original grega paramutheomai aqui tem o sentido de “encorajar”, “consolar” os mais fracos e
deprimidos. E a palavra grega marturomai transmite a idéia de “insistir sem perder o ânimo” com aqueles crentes que parecem
sempre depender de um modelo humano para prosseguir na vida cristã.
que, tendo vós recebido a Palavra que companhia pessoal, mas não distantes
de nós ouvistes, que provém de Deus, do vosso coração, trabalhamos inces-
acolhestes não como simples ensino de santemente com o objetivo de ir e ver os
homens, mas sim como, em verdade é, a vossos rostos;
Palavra de Deus, a qual, com toda certe- 18 por isso, queríamos visitar-vos. Eu,
za, está operando eficazmente em vós, os Paulo, quis vos saudar face a face não
que credes. somente uma vez, mas duas; porém,
14 Tanto é assim, queridos irmãos, que Satanás nos provocou impedimentos.7
vos tornastes discípulos das igrejas de 19 Todavia, quando nosso Senhor Jesus
Deus em Cristo Jesus que estão na Ju- retornar, quem será a nossa esperança,
déia. Afinal, também vós padecestes, da alegria ou coroa de glória diante dele?
parte de vossos próprios patrícios, as Ora, não sois vós?
mesmas crueldades que eles, por sua vez, 20 Com toda a certeza, vós sois a nossa
sofreram dos judeus,5 glória e a nossa grande alegria!
15 os quais não somente assassinaram o
Senhor Jesus e os profetas, como igual- Paulo envia Timóteo em missão
mente nos perseguiram. Eles fizeram o
que era mal diante de Deus e são hostis
a todos,
3 Por isso, não podendo mais suportar
nossa preocupação por vós, achamos
melhor ficarmos sozinhos em Atenas;1
16 esforçando-se ao máximo para nos 2 e, desse modo, enviamos nosso irmão
impedir de pregar aos não-judeus a fim Timóteo, cooperador de Deus no Evan-
de que estes sejam salvos. Dessa forma, gelho de Cristo, para vos fortalecer e vos
seguem acumulando seus pecados. Con- encorajar na fé,2
tudo, sobre eles, chegou finalmente, a ira 3 a fim de que ninguém fraqueje diante
de Deus.6 dessas aflições; porquanto, estais bem
informados de que fomos destinados
O amor de Paulo pelos discípulos para isso.3
17 Nós, no entanto, amados irmãos, 4 Pois, quando ainda estávamos convos-
privados momentaneamente da vossa co, já vos advertíamos que haveríamos de
5 Na Septuaginta (a tradução grega do AT), a expressão original ekklesia, “igreja”, refere-se à assembléia do Povo Escolhido,
e tem a ver com o termo hebraico “sinagoga”. A diferença fundamental entre a “Igreja” e a “sinagoga” é que, nas igrejas cristãs,
Jesus Cristo é o Messias prometido, nosso Salvador. Os “discípulos” de Jesus Cristo devem ser seus “imitadores” tanto nos
momentos de exultação e glória, como nas provações e sofrimentos (At 17.5-9; Rm 9.1-3; 10.1).
6 Paulo afirma que a ira escatológica, o derramamento da ira punitiva de Deus contra a humanidade pecaminosa, já está
presente sobre a Terra.
7 Satanás e seus demônios são os responsáveis diretos por todos os obstáculos que surgem no caminho da propagação do
Evangelho. Por isso, é fundamental que todo projeto missionário, evangelístico, e que vise à ministração da Palavra, seja regado
com fervorosa oração. A vontade de Deus, entretanto, é soberana, e nada nem ninguém é capaz de vencer ao Espírito de Cristo
(Lc 11.21,22; 1Ts 3.11).
Capítulo 3
1 A divisão dos capítulos apenas indica o assunto principal, mas não deve prejudicar a compreensão geral da informação de
Paulo, iniciada no verso 17 do capítulo anterior. Paulo usa a palavra grega “abandonado” para comunicar sua sensação ao ter
decidido ficar só em Atenas para enfrentar a filosofia grega incrédula (At 17.14,15). O uso da terceira pessoa do plural é apenas
um recurso de modéstia literária, Paulo está falando apenas de si mesmo.
2 A expressão grega sunergon significa “companheiro de trabalho”, e está ligada à função eclesiástica do “ministro cristão”,
diakonos, conforme os melhores originais gregos (1Co 3.9). Paulo usa a palavra “fortalecer” extraída do grego clássico, que
significava “escorar uma construção”, como uma figura de linguagem.
3 Paulo se refere às perseguições e tribulações sofridas pelos tessalonicenses e os cristãos em geral, pelo fato de não mais
pertencerem ao sistema mundial controlado por Satanás. Por isso, até a volta de Cristo, o sofrimento e as aflições passam a ser
normais e previsíveis na vida diária do crente, e não exceções (Mc 4.17; Jo 16.33; At 14.22; 2Ts 3.12; 1Pe 4.12). Entretanto, essas
adversidades não escapam à supervisão amorosa do Senhor, nem podem ser consideradas como meros infortúnios, pois fazem
parte dos sábios propósitos de Deus (At 11.19; Rm 5.3; 2Co 1.4; 4.17).
sofrer tribulações, como de fato ocorreu, dia, para que possamos ver o vosso rosto
como também é de vosso pleno conhe- e suprir o que falta à vossa fé.6
cimento. 11 Que o próprio Deus, nosso Pai, e
5 Foi por isso que, já não me sendo mais nosso Senhor Jesus preparem o nosso
possível continuar agüentando, enviei caminho até vós.7
Timóteo para conhecer o estado da vossa 12 Que o Senhor faça crescer e transbor-
fé, temendo que o Tentador vos tivesse dar o amor que tendes uns para com os
seduzido, tornando inútil todo o nosso outros e para com todas as pessoas, a
empenho.4 exemplo do nosso amor por vós.
13 Que Ele fortaleça o vosso coração para
Timóteo retorna com boas novas serem irrepreensíveis em santidade dian-
6 Agora, contudo, Timóteo acaba de te de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso
chegar da vossa parte, dando-nos boas Senhor Jesus com todos os seus santos!8
notícias a respeito da fé e do amor que
tendes. Ele nos relatou que é permanente Vivendo para adorar a Deus
a vossa lembrança afetuosa quanto a nós,
e que é grande o vosso desejo em nos ver
pessoalmente, da mesma forma como
4 Quanto ao mais, caros irmãos, já vos
orientamos acerca de como viver a
fim de agradar a Deus e, de fato, assim
nós ansiamos por ver-vos.5 estais caminhando. Agora, vos rogamos e
7 Por isso, irmãos, em toda a nossa encorajamos no Senhor Jesus que, nesse
necessidade e tribulação nos sentimos sentido, vos aperfeiçoeis cada vez mais.1
encorajados quando soubemos da fé que 2 Pois sabeis os mandamentos que vos
tendes; recomendamos pela autoridade do Se-
8 porquanto, se estais firmes no Senhor, nhor Jesus.
há mais alegria em nossa vida. 3 A vontade de Deus é esta: a vossa san-
9 Pois, quanta gratidão podemos expres- tificação; por isso, afastai-vos da imorali-
sar a Deus por vós, diante da grande dade sexual.
satisfação com que nos alegramos por 4 Cada um de vós saiba viver com seu
vossa causa perante nosso Deus, próprio cônjuge em santidade e honra,
10 suplicando, continuamente, noite e 5 não dominados pela paixão de desejos
4 O termo “Tentador”, que aqui também se refere a um dos nomes do Diabo, e as expressões “seduzir”, “enganar”, “iludir” ou
“tentar”, vêm da mesma raiz grega. Satanás é mencionado em todas as principais divisões do NT. Ele é o líder maior dos espíritos
malignos e dos seres humanos por ele “seduzidos” (Jo 16.11; Ef 2.2). O Diabo e seus demônios podem nos afetar em âmbito
físico ou espiritual, entretanto, nunca sem a soberana permissão de Deus (Jó 2.1-10; 2Co 12.7; Mt 13.39; Mc 4.15; 2Co 4.4). Ele
tentou a Jesus e seguirá tentando os crentes até a volta do Senhor (Mt 4.1-11; Lc 22.3-1; 1Co 7.5). O Inimigo busca prejudicar
todos os empreendimentos cristãos (2.18); porém, já está completamente derrotado por Cristo (Cl 2.15; Ap 20.10) e, portanto, os
cristãos não necessitam viver subjugados por ele e suas artimanhas (Ef 6.16).
5 Esse é o único caso no NT em que a expressão grega original euanggelisamen não significa “as boas novas da Salvação em
Cristo”, nosso “Evangelho”, mas simplesmente a transmissão de boas notícias.
6 As freqüentes orações de Paulo pelos irmãos em Tessalônica foram respondidas alguns anos mais tarde (At 20.1,2).
7 O verbo original grego “preparar”, no sentido de “conduzir” encontra-se no singular indicando a perfeita unidade de Deus-Pai
com Deus-Filho, a pessoa do Senhor Jesus.
8 A expressão grega original “fortalecer” significa todo o processo de “santificação” (separação para adoração e serviço a
Deus), no qual todo cristão é engajado, a partir do momento que se entrega aos cuidados de Cristo e recebe o Espírito Santo de
Deus para habitar em sua alma. Esse ministério do Espírito só será encerrado no final da vida do crente, com a glorificação da
alma (1Co 1.2). Paulo realmente aguardava a volta do Senhor em breve, por isso encoraja os crentes de Tessalônica a estarem
prontos, na expectativa do retorno iminente do Senhor com seus anjos e todos aqueles que já estão em sua presença. Assim se
dará logo mais, quando Jesus voltar. Por isso, os votos de Paulo são para nós também.
Capítulo 4
1 Paulo usa literalmente a expressão grega “caminhar” como metáfora de “viver a vida cristã”, como discípulos do “Caminho”,
que é Cristo (Rm 6.4; 2Co 5.7; Ef 4.1; 5.17; Cl 1.10). As palavras do apóstolo não devem ser interpretadas como algum tipo de
arrogância ou autoritarismo humano. As expressões originais são carregadas de fraternidade, sinceridade e autoridade espiritual;
como um pai orientando seus filhos amados (1Co 2.16).
sem controle, à semelhança dos pagãos com as próprias mãos, como já vos
que não conhecem a Deus.2 orientamos;4
6 Quanto a este assunto, ninguém seduza 12 de modo que vos porteis com dignida-
ou tire proveito de seu irmão, porque de para com os de fora, e de nada venhais
o Senhor castigará todas essas práticas, a necessitar da parte deles.
como já vos advertimos com toda a
certeza. A volta de Cristo e os crentes
7 Pois Deus não nos convocou para a im- 13 Não desejamos, no entanto, irmãos,
pureza, mas sim para a santificação. que sejais ignorantes em relação aos que
8 Portanto, aquele que rejeita estas orien- já dormem no Senhor, para que não vos
tações não está rejeitando o homem, mas entristeçais como os outros que não pos-
a Deus, que vos outorga o seu Espírito suem a esperança.5
Santo.3 14 Porquanto, se cremos que Jesus mor-
reu e ressuscitou, da mesma maneira
O cristão deve agir com amor devemos crer que Deus, por intermédio
9 No que se refere ao amor fraternal, de Jesus, trará juntamente com Ele os
entretanto, não há necessidade de que que nele faleceram.6
eu vos escreva, porquanto vós mesmos 15 Afirmamos a todos vós, pela Palavra
estais por Deus instruídos que deveis do Senhor, que nós, os que estivermos
amar-vos uns aos outros; vivos quando se der o retorno do Senhor,
10 e, na verdade, estais praticando esta certamente não precederemos os que
ordem mesmo para com todos os irmãos dormem nele.
em toda a Macedônia. Todavia, vos en- 16 Pois, dada a ordem, com a voz do ar-
corajamos, queridos irmãos, que vos canjo e o ressoar da trombeta de Deus,
aperfeiçoeis nisto cada vez mais, o próprio Senhor descerá dos céus, e
11 buscando viver em paz, cuidando os mortos em Cristo ressuscitarão pri-
cada qual da sua vida, e trabalhando meiro.
2 No mundo greco-romano do séc.I a.C, devido às guerras, aos conflitos sociais e à proliferação das culturas pagãs, os padrões
morais haviam atingido os níveis mais baixos de pudor e respeito. Imperava a violência; aos mais fortes era dado o direito de
satisfazer todas as suas vontades; e o tempo médio de vida não ultrapassava os 30 anos. Neste contexto é que Paulo exorta os
cristãos a manterem seus corpos e vida moral de acordo com o padrão de Cristo, e não conforme a sociedade. Afinal, os cristãos,
são o templo do Espírito Santo de Deus (1Co 5.1; 6.19).
3 Paulo se refere ao ministério do Espírito Santo de Deus, o de fazer seus mandamentos compreensíveis ao coração dos
cristãos (Is 54.13), em grego theodidaktoi (Jo 7.17). O apóstolo usa a palavra grega philadelphia “amor fraterno entre irmãos de
sangue” para evidenciar o tipo de amor solidário e incondicional que deve haver entre os “irmãos em Cristo”, considerando que
todos os cristãos têm o mesmo Pai celestial (Jo 6.45; 1Co 2.13).
4 Paulo ensina que, apesar do nosso chamado à solidariedade e zelo de uns para com os outros, não devemos exagerar
em nossos cuidados, muito menos em nossa dependência uns dos outros. Alguns tessalonicenses estavam desrespeitando
a privacidade dos seus irmãos; outros, abusando da hospitalidade, cortesia e ajuda de irmãos mais abastados. Para muitos
gregos, na época, trabalhar em serviços braçais era desonroso, cabendo exclusivamente aos escravos. Alguns gregos crentes
estavam negligenciando o trabalho, em virtude da iminente volta de Cristo. Paulo adverte que nem as tradições culturais, nem a
proximidade do retorno do Senhor, são motivos para o cristão deixar qualquer de suas obrigações éticas e morais.
5 Paulo usa o termo “adormecer” como metáfora da “morte do cristão”, pois o aspecto definitivo e horrendo da separação de
uma pessoa de Deus, isto é, a morte, é eliminado completamente quando a alma reconhece em Jesus Cristo o seu Salvador e
ganha o “selo divino” (Espírito Santo), que garante sua ressurreição e vida eterna. Alguns tessalonicenses entenderam, de forma
errônea, que todos os crentes permaneceriam vivos na Terra até a iminente volta de Cristo. Por isso, ficaram em dúvida, quanto à
ressurreição daqueles crentes que estavam morrendo. A sociedade grega era profundamente influenciada pela cultura pagã. Por
isso, os gregos tinham verdadeiro horror à morte e a consideravam como o final de tudo, o apodrecimento da vida. Os cristãos,
no entanto, podem se alegrar com a segurança que têm na glória da vida eterna em companhia do Senhor (1Co 15.55-57; Fp
1.21-23).
6 Paulo usa aqui, literalmente, a expressão grega “morreu” e não “dormiu”, em relação ao falecimento de Jesus. Isso para
evidenciar a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte na cruz do Calvário (1Co 15.14-22).
17 Logo em seguida, nós, os que esti- e filhos do dia; nós não somos da noite,
vermos vivos sobre a Terra, seremos muito menos das trevas.
arrebatados como eles nas nuvens, 6 Assim, pois, não durmamos como os
para o encontro com o Senhor nos ares. demais; mas estejamos alertas e sejamos
E, assim, estaremos com Cristo para sóbrios;
sempre! 7 pois os que dormem, adormecem de
18 Consolai-vos, portanto, uns aos outros noite, e os que se embriagam, é de noite
com estas palavras. que se embebedam.
8 Nós, no entanto, que somos do dia, se-
Cristo retornará em breve jamos sóbrios, revestindo-nos da arma-
1 Desde o início da Igreja surgem, de tempos em tempos, pessoas que afirmam conhecer o Dia do Senhor, ou seja, o dia do
glorioso retorno de Jesus Cristo. Entretanto, Paulo nos lembra das palavras proféticas do próprio Senhor, garantindo que sua volta
pode acontecer a qualquer momento, mas cuja data e hora são uma determinação secreta e exclusiva de Deus-Pai (Mt 24.42,43;
Lc 12.39,40; 2Pe 3.10; Ap 3.3; 16.15; At 1.6,7).
2 A expressão hebraica “Dia do Senhor” tem sua origem no AT (Am 5.18) e refere-se a um período de tempo em que o Espírito
de Deus virá e intervirá pessoalmente na Terra e, especialmente na humanidade, com juízo penal e premiações de bênçãos. No
NT o conceito se mantém inalterado, apresentando a condenação dos incrédulos e ímpios, e a salvação dos crentes sinceros (Rm
2.5; 2Pe 2.9; 3.12; Ef 4.30). É citado, também, como “o último dia” (Jo 6.39), o “grande Dia” (Jd 6) ou, simplesmente, “o Dia” (2Ts
1.10). Esse será o dia em que tudo será consumado em relação ao julgamento eterno de cada pessoa em toda a humanidade.
Contudo, o Dia final ocorrerá de forma tão rápida e surpreendente como o assalto de um ladrão à noite (2Ts 2.3; Lc 21.34).
3 A melhor maneira de vigiar (literalmente em grego “manter-se alerta”), a fim de que o Dia do Senhor não nos sobrevenha com
repentina destruição (afastamento eterno do ser humano da presença abençoadora de Deus), é mantermos nossa principal ca-
racterística cristã: ser luz, pois somos “filhos da Luz”, isto é, “filhos de Deus” (Jo 1.12; 8.12). Vivermos desembaraçados (sóbrios)
da rede mundial de pecado que cobre e entorpece o planeta (Hb 12.1); vestirmo-nos com a armadura de Deus, que não se refere
apenas a algumas virtudes específicas, mas a todo o fruto do Espírito Santo (Rm 13.12; 2Co 6.7; 10.4; Gl 5.22,23; Ef 6.13-17).
4 A expressão grega etheto, não significa “predestinar”, como aparece em algumas versões. O termo “designou” está mais de
acordo com o sentido original da frase e do contexto dos ensinos teológicos de Paulo (Rm 8.29.30). A iniciativa da nossa salvação
do julgamento punitivo que ocorrerá no “Dia do Senhor” é fruto do seu imenso amor, manifestado em toda a sua dramaticidade
e esplendor na morte e ressurreição do seu Filho por nós (v.10; Rm 5.8).
5 Ao aceitarmos a graça da Salvação, o Senhor nos abençoa com um tipo de aliança e relacionamento que nada, nem a morte,
poderá destruir (Jo 6.37).
6 Alguns cristãos de Tessalônica estavam se sentido tomados pela idéia de que Jesus voltaria naqueles dias, a ponto de se
desinteressarem de cumprir as responsabilidades básicas da vida diária, como cooperar com a família e com a Igreja, estudar, tra-
balhar. A palavra grega, aqui traduzida por “sonolentos”, também pode ser traduzida por “ociosos”. Entretanto, todos devem ser
encorajados com paciência; e os mais fracos (desanimados), ajudados pelos mais fortalecidos na fé (Rm 14.1-15; 1Co 8.13).
7 A falta de perdão entre os crentes (Mt 5.38-42; 18.21-35; Rm 12.17; 1Pe 3.9); da alegria íntima de ter sido salvo por Cristo; das
orações diárias; de uma atitude de gratidão a Deus, mesmo em meio às difíceis tribulações da vida (Rm 1.9,10; Ef 6.18; Cl 1.3;
2Ts 1.3; Ef 5.20); do aprendizado e expressão da Palavra de Deus (v.20); do uso dos dons espirituais em benefício do Corpo de
Cristo (Rm 12.6; 1Co 12.10,28; 13.2; 14.3; Ef 4.11); e o envolvimento com o que é pecaminoso, são demonstrações claras de que
o cristão está ofuscando o brilho (poder) do Espírito Santo em sua vida. Não perderá a salvação por isso, mas caminhará pela vida
como um moribundo, até que entregue novamente o controle da sua vida nas mãos do Espírito de Cristo (Jo 10.10).
8 Paulo, ao fazer referência ao ser humano completo, usa as expressões gregas originais p√en'ma - pneuma (espírito); Ynch; -
psyché (alma) e sw'ma - soma (corpo) em analogia à visão hebraica da integralidade humana, expressada por Jesus, em aramaico,
ensinando que devemos amar a Deus e aos nossos semelhantes com todas as forças do nosso ser (Mc 12.30).
9 Paulo demonstra sua fé absoluta na onipotência e na justiça de Deus, que saberá completar a boa obra que começou na vida
dos crentes e em todo o universo (Gn 18.25; Fp 1.6; Nm 23.19).
10 Beijar um ou os dois lados do rosto, em sinal de humilde e respeitosa saudação, era uma tradição cultural entre os povos
orientais, que corresponde ao nosso aperto de mãos ou abraço. A Igreja não deve transformar os aspectos culturais de um povo
em doutrina. Por isso, o ósculo santo (beijo no rosto), como outros costumes populares de uma nação ou região, podem ser ou
não incorporados ou adaptados por outras igrejas cristãs, de forma espontânea, com bom senso e sem qualquer vínculo direto
com a necessária obediência aos preceitos bíblicos (Rm 16.16; 1Co 16.20; 2Co 13.12; 1Pe 5.14).
11 Paulo usa, originalmente, uma expressão extremamente enfática, literalmente: “intimo-vos no nome do Senhor”, com o
propósito de garantir que todos os cristãos tomem conhecimento do seu amor pela Igreja e acolham suas orientações. Por isso,
também, Paulo tinha o hábito de encerrar suas cartas com a impetração de uma bênção apostólica a seus leitores, que, às vezes,
era acrescida das bênçãos que nos são proporcionadas pela Trindade em ação (1Co 13.14).