O empirismo reúne diversas correntes de pensamento que sustentam
que a origem única ou fundamental do pensamento é dada pela experiência sensorial. Opondo-se ao racionalismo, que reconhece na razão a verdadeira fonte do conhecimento, o empirismo representa a antítese dessa assertiva, afirmando ser a experiência a única fonte de conhecimento e que a consciência cognoscente retira seus conteúdos da experiência e não da razão. (Hessen, 1987:68). Miguel Reale destaca que por mais diversificadas que sejam as tendências do empirismo, o que o distingue e caracteriza é a tese de que todo e qualquer conhecimento tem origem na experiência e que só pode ser validado quando verificado por fatos metodicamente observados, ou se reduzidos a verdades já fundadas no processo de pesquisa dos dados do real, embora sua validade lógica possa estar situada fora do plano dos fatos observados. (Reale, 1998:88). John Locke explica em sua obra intitulada Ensaios sobre o entendimento humano, que as sensações são o ponto de partida para tudo aquilo que se conhece e que todas as idéias constituem fruto da elaboração de elementos que os sentidos recebem em contato com a realidade. Contudo, Locke ressalvava a possibilidade de um conhecimento a priori consubstanciado em verdades universalmente válidas, como as verdades matemáticas, cujo fundamento de validade tem alicerce no pensamento e não na experiência, sendo, por isso, considerado um empirista não integral. Por outro lado, John Stuart Mill sustenta que o conhecimento matemático também está vinculado à experiência e que os conhecimentos científicos resultam de processos indutivos, não constituindo exceção a matemática, uma vez que esta é o resultado de generalizações a partir de dados da experiência. Assim, por meio do método indutivo resolvem-se tanto o silogismo como os axiomas matemáticos. Entre os neopositivistas, entretanto, o empirismo se apresenta sob a forma de fisicalismo, ou seja, mediante a subordinação de todos os conhecimentos aos dados empíricos, em conformidade com o modelo da Física. Mais recentemente, os empiristas se mantiveram fiéis à idéia fundamental de que a origem do conhecimento reside na elaboração de elementos fornecidos pela experiência e que o conhecimento intelectual não difere do conhecimento sensível. Resulta daí que todas as ciências são vistas sob a ótica das ciências físico-matemáticas, obedecendo todas elas a uma única estrutura, ajustáveis a uma única metodologia e, portanto, devendo todas procurar atender idênticas condições de verificabilidade. O empirismo jurídico afirma que o direito é um fato que se vincula a outros fatos por meio de um nexo de causalidade, isto inclui também seus princípios mais gerais.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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* Procuradora do Município de Fortaleza, Mestre em Direito
Constitucional, Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais (UMSA)