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Mestrado em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território - 2009 | 2010 Autor: João Azevedo nº 2101

Tema: 2. Dissociação do crescimento económico da degradação do ambiente


A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo no qual se evidenciam as inter-relações e a
interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida. À medida que a humanidade aumentou
a sua capacidade de intervir na natureza para satisfação das suas necessidades, surgiram tensões e conflitos quanto ao
uso do espaço e dos recursos naturais. Nos últimos séculos, impôs-se um modelo de civilização, alicerçado na
industrialização, com forma de produção e organização do trabalho específicos, a mecanização da agricultura, o uso
intenso de agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades. A exploração dos recursos naturais intensificou-se e
adquiriu outras características, a partir das revoluções industriais e do desenvolvimento de novas tecnologias,
viabilizando formas de produção de bens com consequências indesejáveis que se agravam com igual rapidez. A
exploração dos recursos naturais passou a ser efectuada de uma forma intensa, a ponto de pôr em risco a sua
renovabilidade.
A partir da Revolução Industrial, a natureza foi gradualmente deixando de existir para dar lugar a um meio ambiente
transformado, modificado, produzido pela sociedade moderna. O homem deixa de viver em harmonia com a natureza e
passa a dominá-la, dando origem ao que se chama de natureza modificada (como meio urbano, por exemplo). Cada vez
mais a natureza é vista como recurso natural para alimentar um modelo de desenvolvimento espoliador e concentrador
de riquezas e que vem, desde essa época, se disseminando e sendo implantado por todo o planeta num processo hoje
denominado de globalização (Loureiro e Leroy, 2006).
Os países desenvolvidos devem o seu bem-estar actual ao padrão de insustentabilidade na utilização de recursos
naturais. Nos países ocidentais gerou-se o conceito de qualidade de vida associada ao consumo. Com a sua promoção
acentuou-se a pressão sobre os recursos naturais, tornando-se assim uma das forças motrizes dos problemas
ambientais. Quando se trata de discutir a questão ambiental, nem sempre se explicita o peso que realmente tem essas
relações de mercado, de grupos de interesses, na determinação das condições do meio ambiente, o que dá margem à
interpretação dos principais danos ambientais como fruto de algo intrínseco ao ser humano.
A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação económica cuja base é a produção e o consumo em
larga escala. A lógica, associada a essa formação, que rege o processo de exploração da natureza hoje, é responsável
por boa parte da destruição dos recursos naturais e é criadora de necessidades que exigem, para a sua própria
manutenção, um crescimento sem fim das demandas quantitativas e qualitativas desses recursos.
As relações político-económicas que permitem a continuidade dessa formação e a sua expansão resultam na exploração
desenfreada de recursos naturais, pois, a ―ideia de progresso – e a sua versão mais actual, desenvolvimento - é,
rigorosamente, sinónimo de dominação da natureza! Portanto, aquilo que o ambientalismo apresentará como desafio é,
exactamente, o que o projecto civilizatório, nas suas mais diferentes visões hegemónicas, acredita ser a solução: a ideia
de dominação da natureza e [...] coloca-nos diante da questão de que há limites para a dominação da natureza. Assim,
além de um desafio técnico, estamos diante de um desafio político‖ (Porto-Gonçalves, 2004).
Até aos anos 60 do século passado predominava uma concepção evolucionista e linear do crescimento económico
suportada pela racionalidade dominante da economia liberal, que partia do pressuposto de que o mundo caminharia para
um consumo e progresso crescente em que a lei da oferta e da procura encarregar-se-ia de proporcionar um relativo
equilíbrio económico e social (Cardoso, A. 2005).
Na década seguinte, tomou-se depois a consciência de que existia uma crise ambiental planetária. Não se trata apenas
de poluição de áreas isoladas, mas de uma real ameaça à sobrevivência dos seres humanos, como a contaminação de
alimentos por produtos químicos nocivos à saúde humana, (exemplo dos agrotóxicos, adubos químicos e medicamentos
aplicados comummente ao gado para que ele cresça mais rapidamente ou não contraia doenças). Podemos acrescentar
ainda a crescente poluição dos oceanos e mares, o avanço da desertificação, o desmate acelerado das reservas
florestais, a extinção irreversível de vários milhares de espécies animais e vegetais, etc. Podemos falar numa consciência
ecológica da humanidade em geral, embora com diferentes ritmos e posições. Trata-se da consciência de que é
imperativo para a própria sobrevivência da humanidade modificar o nosso relacionamento com a natureza. Esta deixa aos
poucos de ser vista como mero recurso inerte e passa a ser encarada como um conjunto vivo do qual fazemos parte e
com o qual temos que procurar viver em harmonia.
As economias em crescimento como a China, a Índia e o Brasil são motivo de preocupação pois estima-se que a
utilização de recursos quadruplicaria em 20 anos se o mundo seguisse os padrões de consumo actuais (CCE, 2005).
Actualmente a União Europeia depende de outros países fornecedores de recursos ampliando geograficamente a escala
dos impactes ambientais associados (CCE, 2006). No último Millennium Ecosystem Assessment foi confrontada a
importância dos ecossistemas e a sua degradação em prol do bem-estar humano e desenvolvimento económico. Todo o
mundo depende dos ecossistemas da Terra e dos serviços que estes proporcionam, como alimentos, água, gestão de
doenças, regulação climática, preenchimento espiritual, e apreciação estética.
Foi somente a partir da degradação do meio ambiente pelo homem - e da extinção de inúmeras espécies - que surgiu
essa preocupação conservacionista. O intenso uso da natureza pela sociedade moderna colocou, especialmente no
nosso século, uma série de interrogações quanto ao futuro do meio ambiente. O confronto inevitável entre o modelo de
desenvolvimento económico vigente — que valoriza o aumento de riqueza em detrimento da conservação dos recursos
naturais — e a necessidade vital de conservação do meio ambiente, surge a discussão sobre como viabilizar o
crescimento económico das nações, explorando os recursos naturais de forma racional, e não predatória. Estabelece-se,
então, uma discussão que está longe de chegar a um consenso geral. Será necessário impor limites ao crescimento?
Será possível o desenvolvimento sem o aumento da destruição
A problematização e o entendimento das consequências de alterações no ambiente permitem compreendê-las como algo
produzido pela mão humana, em determinados contextos históricos, e comportam diferentes caminhos de superação. A
solução dos problemas ambientais tem sido considerada cada vez mais urgente para garantir o futuro da humanidade e
depende da relação que se estabelece entre sociedade/natureza, tanto na dimensão colectiva quanto na individual.

UC: Gestão de Recursos Naturais Escola Superior Agrária de Ponte de Lima - IPVC Página 1
Mestrado em Gestão Ambiental e Ordenamento do Território - 2009 | 2010 Autor: João Azevedo nº 2101

Referências Bibliográficas

Cardoso, António. 2005. Economias e desenvolvimento local numa aldeia minhota: virtualidades e limites. III Congresso
Internacional de Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural. Elvas, p. 34

Comissão das Comunidades Europeias, 2005. Comunicação da comissão ao conselho, ao parlamento europeu, ao
comité económico e social e ao comité dar regiões. Estratégia Temática sobre a Utilização Sustentável dos Recursos
Naturais

Comissão das Comunidades Europeias, 2006. Comunicação da comissão ao conselho, ao parlamento europeu, ao
comité económico e social e ao comité dar regiões. Estratégia temática de protecção do solo.

Loureiro, Carlos F. B.; Leroy, Jean-Pierre, 2006. Pensamento Complexo, Dialética e Educação Ambiental. São Paulo:
Cortez, p.17

Porto-Gonçalves, Carlos W. 2004. O Desafio Ambiental. Rio de Janeiro: Record, p. 24

http://www.millenniumassessment.org/en/index.aspx

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