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Índice:
I. Introdução..............................................................................................................3
II. AIDS como uma doença gay: estigma, preconceito e glamourização do vírus.....4
III. O processo de contaminação com o vírus HIV pelos bug chasers como um ritual
de passagem..........................................................................................................7
IV. Conclusão............................................................................................................12
V. Referências bibliográficas....................................................................................13
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I. Introdução:
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deliberadamente, se contaminarem, devido a uma série de motivos. O objetivo desse
trabalho é interpretar o fenômeno dessa busca pela contaminação como um ritual de
passagem e identificar possíveis motivações dos indivíduos que escolhem a
contaminação.
II. AIDS como uma doença gay: estigma, preconceito e glamourização do vírus:
Para Erving Goffman, o estigma é definido pela “... situação do indivíduo que
está inabilitado para a aceitação social plena.”(Goffman, 1988, p.7). Também Mary
Douglas, em Pureza e Perigo, afirma: “... pessoas que vivem nos interstícios da
estrutura de poder, sentidas como uma ameaça por aqueles com status mais bem
definidos. Uma vez que são creditados com poderes perigosos e incontroláveis, dá-se
uma desculpa para subjugá-los.”(Douglas,1976, p.128). Ou seja, daí concluí-se que
do estigma surge o preconceito.
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pelo próprio grupo (comportamento anti-social assumindo a condição marginal) e a
criação de uma nova forma social por esses indivíduos.
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Informações relativas à bug chasers extraídas do texto “Bug Chasers: the men who long to be HIV+”,
FEEMAN, Gregory A., 2003.
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vírus HIV de modo que, o que antes era um tabu, passou a ser encarado como
símbolo de poder e diferenciação. Sua apropriação envolveu, além de uma revisão de
valores, uma redefinição de termos do próprio vocabulário utilizado pelo grupo.
Nomes destituídos da má conotação da doença começaram a ser utilizados para
designar a AIDS, o vírus, o esperma contaminado, entre outras coisas. Harvey
Feirstein, em seu texto “The culture of disease”, comenta sobre esse processo, que
poderia ser considerado uma glamourização do vírus. O autor discorre sobre as
campanhas contra o estigma e o preconceito de soropositivos, analisando que na
tentativa de demonstrar que ter AIDS ou ser HIV positivo não era nada para se ter
vergonha, o trabalho tinha sido tão bem feito que agora existe uma geração
abraçando a AIDS como um direito de nascença gay. Ou seja, o estigma, o
preconceito, a transformação, através da revisão de termos, do vocabulário desse
grupo e o sentimento de alguns segundo o qual ser gay envolve inevitavelmente
contrair HIV: todos esses fatores contribuiram para configurar o fenômeno da busca
deliberada pela contaminação do vírus HIV.
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III. O processo de contaminação com o vírus HIV pelos bug chasers como um
ritual de passagem:
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Durante o processo de contaminação, o indivíduo está passando de uma
situação (HIV-) para outra (HIV+). Analogamente, seria uma passagem de um mundo
profano para um mundo sagrado, sendo que o mana que origina o sagrado é o próprio
vírus HIV. O sagrado, por sua vez, contém o puro e o impuro, ou seja, a passagem
apresenta o risco da impureza do sagrado. Assim, o rito deve ocorrer de tal forma a
evitar essa contaminação (do impuro).
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CROSSLEY, Michele L.. Making sense of 'barebacking': Gay men's narratives, unsafe sex and the
'resistance habitus', in: British Journal of Social Psychology, vol. 43, nº2, Junho 2004; FREEMAN, Gregory
A.. Bug Chasers: the men who long to be HIV+, 2003 e sites sobre o assunto.
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contrair o vírus até o momento em que o exame de sangue é feito e a nova condição
HIV+ confirmada.
Separação:
Liminaridade:
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quase nenhum, dos atributos do passado ou do estado futuro.”(Turner, p.116-117,
1974)
Por ser um período confuso, uma mistura de morte e vida e o prazer que isso
estimula, os bug chasers possuem, em geral, maneiras diferentes de encarar a nova
situação. Alguns fazem o teste logo após a “relação ritual”, ou seja, a relação sexual
feita com o intuito da contaminação. Outros chegam a passar anos mantendo
relações sexuais com soropositivos até fazer o teste. Embora provavelmente já
estejam contaminados, relutam em fazer o teste e estendem essa situação marginal
durante muito tempo.
Por ser o próprio sujeito ritual que controla seu período de liminaridade, ou
seja, sendo ele mesmo quem realiza ativamente o ritual, talvez torne-se difícil assumir
ele mesmo sua nova condição. Ele próprio controlando seu momento pode encerrar
uma tal responsabilidade difícil de assumir.
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Termo popularizado em meados dos anos 1990 para designar gays que possuem o vírus HIV e o transmitem
para outros homens através de relações sexuais sem o uso de preservativos. Fonte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Gift_giver
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Porém, após a certeza da contaminação, o indivíduo possui um novo status
dentro do grupo barebacker. Ele se torna o detentor do poder que o vírus lhe confere
e sai da situação passiva que se encontrava na liminaridade. Assim, ele parte para a
última parte do ritual, a reagregação.
Reagregação:
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IV. Conclusão:
A contida adaptação feita nesse trabalho, de uma clássica teoria com uma
prática contemporânea, demonstra a atualidade dos estudos antropológicos e a
possibilidade de uso das teorias como método para encontrar e organizar elementos
que auxiliam na compreensão de fenômenos. Ao esclarecer essa nova forma de viver
o mundo, refletida na ‘cultura’ dos barebackers, torna-se possível distanciar o
estranhamento e o preconceito destinados à esse grupo.
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Fonte: http://www.unaids.org
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Fontes: MILLER, Heather G.; TURNER, Charles F.; MOSES, Lincon E.. Evaluating AIDS Prevention
Programs. National Academies Press, p. 50-81, 1990. e http://news.ufl.edu/2005/12/15/aids-ads/
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V. Bibliografia básica:
MILLER, Heather G.; TURNER, Charles F.; MOSES, Lincon E.. Evaluating
AIDS Prevention Programs. National Academies Press, p. 50-81, 1990.
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