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Deus quer o pentecostalismo?

Dedicatória

Dedico este livro para todos que amam, sustentam e


guerreiam pela sã doutrina, que uma vez foi entregue aos santos.

Página 1
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Índice

Glossário .........................................................................................................................09
Como usar este livro .......................................................................................................10
1. O que é pentecostalismo .............................................................................................11
1.1. Origens .....................................................................................................................11
1.2. Fases ........................................................................................................................13
1.3. Biografia dos primeiros pentecostais .......................................................................14
1.3.1. Charles Fox Parhan ...............................................................................................14
1.3.2. William Joseph Seymour ......................................................................................15
1.3.3. William H. Durhan ...............................................................................................15
1.3.4. Gunnar Vingren e Daniel Berg..............................................................................16
1.3.5. Louis Francescon ..................................................................................................18
2. Doutrina e prática pentecostal e a Bíblia ....................................................................18
2.1. A Trindade ...............................................................................................................19
2.1.1 A Trindade no Pentecostalismo .............................................................................20
2.1.2. A Trindade na Bíblia ............................................................................................20
2.1.2.1. O Pai ..................................................................................................................21
2.1.2.2. O Filho ...............................................................................................................22
2.1.2.3. O Espírito Santo .................................................................................................24
2.1.3. Reflexões ..............................................................................................................25
2.2. A Bíblia ....................................................................................................................25
2.2.1. Bíblia pentecostal .................................................................................................25
2.2.2. A Bíblia e a Bíblia ................................................................................................25
2.2.2.1. Revelação ...........................................................................................................27
2.2.2.2. Inspiração ...........................................................................................................29
2.2.2.3. Preservação ........................................................................................................30
2.2.2.4. Interpretação ......................................................................................................37
2.2.2.5. Aplicação ...........................................................................................................39
2.2.3. Reflexões ..............................................................................................................40
2.3. Salvação ...................................................................................................................42
2.3.1. Salvação pentecostal .............................................................................................43
2.3.2. Salvação bíblica ....................................................................................................44
2.3.2.1. Imperdível ..........................................................................................................45
2.3.2.2. Argumentos bíblicos ..........................................................................................50
2.3.2.3. Argumentos respondidos ...................................................................................51
2.3.2.3.1. Proposições .....................................................................................................51
2.3.2.3.1.1. Incentivo a pecar ..........................................................................................51
2.3.2.3.1.2. Alguns deixam de ser crentes ......................................................................53
2.3.2.3.1.3. Ao que vencer ..............................................................................................53
2.3.2.3.1.4. O pecado imperdoável .................................................................................54
2.3.2.3.1.5. Cair da graça ................................................................................................55
2.3.2.3.2. Passagens ........................................................................................................56
2.3.2.3.2.1. Ezequiel 18:24 .............................................................................................56
2.3.2.3.2.2. Mateus 7:21-23 ............................................................................................57
2.3.2.3.2.3. Mateus 8:11,12 ............................................................................................58
2.3.2.3.2.4. Mateus 13:21 ...............................................................................................59

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Deus quer o pentecostalismo?

2.3.2.3.2.5. Mateus 25:1-13 ............................................................................................59


2.3.2.3.2.6. João 15:6 ......................................................................................................60
2.3.2.3.2.7. Romanos 11:19-23 .......................................................................................61
2.3.2.3.2.8. I Coríntios 6:9,10 .........................................................................................62
2.3.2.3.2.9. I Coríntios 9:27 ............................................................................................64
2.3.2.3.2.10. Filipenses 2:12 ...........................................................................................65
2.3.2.3.2.11. Filipenses 3:9-14 ........................................................................................65
2.3.2.3.2.12. Hebreus 6:4-6 ............................................................................................66
2.3.2.3.2.13. Hebreus 10:26-29 ......................................................................................66
2.3.2.3.2.14. I Pedro 1:9 .................................................................................................68
2.3.2.3.2.15. I Pedro 4:18 ...............................................................................................69
2.3.2.3.2.16. II Pedro 2:20-22 .........................................................................................71
2.3.2.3.2.17. Apocalipse 21:8; 22:15 ..............................................................................71
2.3.2.3.3. Grupo de passagens ........................................................................................73
2.3.2.3.3.1. Falsos mestres ..............................................................................................73
2.3.2.3.3.2. Galardões .....................................................................................................74
2.3.2.3.3.3. Os frutos ......................................................................................................75
2.3.2.3.4. Pessoas específicas .........................................................................................75
2.3.2.3.4.1. Esaú .............................................................................................................75
2.3.2.3.4.2. Judas ........................................................................................................76
2.3.2.3.5. Observações ....................................................................................................77
2.3.2.3.5.1. Danos ...........................................................................................................78
2.3.2.3.5.1.1. Perda de galardões ....................................................................................78
2.3.2.3.5.1.2. A morte .....................................................................................................79
2.3.2.3.5.1.3. A contínua correção de Deus ....................................................................79
2.3.2.3.5.1.4. Perda no serviço ........................................................................................81
2.3.2.3.5.2. Bênçãos ........................................................................................................81
2.3.2.3.5.3. Quem tem a segurança eterna ......................................................................81
2.3.2.3.5.4. Batismo ........................................................................................................82
2.3.3. Conclusão .............................................................................................................83
2.4. Os dons espirituais ...................................................................................................83
2.4.1. Dons espirituais pentecostais ................................................................................84
2.4.1.1. Batismo com o Espírito Santo ...........................................................................85
2.4.2. Dons espirituais bíblicos .......................................................................................85
2.4.2.1. Dons permanentes ..............................................................................................86
2.4.2.1.1. Pastor ..............................................................................................................86
2.4.2.1.2. Professor .........................................................................................................87
2.4.2.1.3. Evangelista ......................................................................................................88
2.4.2.1.4. Ministério ........................................................................................................88
2.4.2.1.5. Exortação ........................................................................................................89
2.4.2.1.6. Repartir ...........................................................................................................90
2.4.2.1.7. Presidir ............................................................................................................91
2.4.2.1.8. Misericórdia ....................................................................................................92
2.4.2.2. Dons temporários ...............................................................................................92
2.4.2.2.1. Apóstolos ........................................................................................................92
2.4.2.2.2. Profetas ...........................................................................................................94
2.4.2.2.3. Palavra da sabedoria .......................................................................................94
2.4.2.2.4. Palavra da ciência ...........................................................................................95
2.4.2.2.5. Discernimento de espíritos .............................................................................95
2.4.2.2.6. Curas ...............................................................................................................95

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

2.4.2.2.7. Milagres ..........................................................................................................97


2.4.2.2.8. Línguas ...........................................................................................................98
2.4.2.2.9. Interpretação de línguas ................................................................................100
2.4.2.2.10. Fé ................................................................................................................100
2.4.2.3. Observações .....................................................................................................101
2.4.2.3.1. Revelação ......................................................................................................101
2.4.2.3.2. Batismo com Espírito Santo .........................................................................102
2.4.2.3.2.1. Joel 2:28 .....................................................................................................103
2.4.2.3.2.2. Marcos 16:17,18 ........................................................................................107
2.4.2.3.2.3. Atos 2:39 ....................................................................................................108
2.4.2.4. Cessação ..........................................................................................................109
2.4.2.4.1. Provas da cessação ........................................................................................110
2.4.2.4.1.1. Previsão bíblica ..........................................................................................110
2.4.2.4.1.2. I Coríntios 13:10 ........................................................................................110
2.4.2.4.1.3. Hebreus 2:3,4 .............................................................................................114
2.4.2.4.1.4. Bíblia completa ..........................................................................................114
2.4.2.4.1.5. Revelação completa ...................................................................................116
2.4.2.4.2. Razões a não buscar tais dons .......................................................................118
2.4.2.4.3. Observações ..................................................................................................118
2.4.2.5. Resumo ............................................................................................................119
2.4.2.6. Reflexões .........................................................................................................120
2.5. Igreja ......................................................................................................................120
2.5.1. Eclesiologia carismática .....................................................................................121
2.5.2. Eclesiologia bíblica .............................................................................................122
2.5.2.1. Organizações de igrejas ...................................................................................122
2.5.2.1.2. Igualdade entre igrejas ..................................................................................122
2.5.2.2. Governo da igreja ............................................................................................124
2.5.2.3. Oficiais bíblicos ...............................................................................................125
2.5.2.3.1. Pastor ............................................................................................................127
2.5.2.3.2. Diácono .........................................................................................................129
2.5.2.4. Participação feminina ......................................................................................131
2.5.2.4.1. Limitações bíblicas .......................................................................................131
2.5.2.4.1.1. Pregação .....................................................................................................135
2.5.2.4.1.2. Ensino ........................................................................................................136
2.5.2.4.1.3. Oração ........................................................................................................137
2.5.2.5. Liderança bíblica .............................................................................................139
2.5.2.6. Argumentos respondidos .................................................................................140
2.5.2.6.1. Proposições ...................................................................................................140
2.5.2.6.1.1. São machistas ............................................................................................140
2.5.2.6.1.2. Acreditam que a mulher é inferior ao homem ...........................................141
2.5.2.6.1.3. Todos os crentes são sacerdotes ................................................................141
2.5.2.6.1.4. A Bíblia não diz nada contra .....................................................................141
2.5.2.6.2. Personagens ..................................................................................................142
2.5.2.6.2.1. Miriã ..........................................................................................................142
2.5.2.6.2.2. Débora .......................................................................................................142
2.5.2.6.2.3. Ana .............................................................................................................143
2.5.2.6.2.4. A mulher samaritana ..................................................................................143
2.5.2.6.2.5. As mulheres que ajudaram ao evangelho ..................................................144
2.5.2.6.2.6. As mulheres enviadas com uma mensagem para os apóstolos ..................144
2.5.2.6.2.8. As mulheres da igreja em Jerusalém no Pentecostes .................................144

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Deus quer o pentecostalismo?

2.5.2.6.2.9. As filhas de Filipe ......................................................................................144


2.5.2.6.2.10. Priscila e Áquila .......................................................................................145
2.5.2.6.2.11. As mulheres profetisas em Corinto .........................................................145
2.5.2.6.3. Passagens ......................................................................................................146
2.5.2.6.3.1. Atos 2:17-21...............................................................................................146
2.5.2.6.3.2. Romanos 16:1 ............................................................................................146
2.5.2.6.3.3. Romanos 16:7 ............................................................................................147
2.5.2.6.3.4. Gálatas 3:28 ...............................................................................................148
2.5.2.6.3.5. I Timóteo 3:11 ...........................................................................................148
2.5.2.7. Resumo ............................................................................................................149
2.5.2.8. Para as mulheres ..............................................................................................150
2.6. O culto ...................................................................................................................151
2.6.1. Culto pentecostal ................................................................................................153
2.6.2. Culto bíblico .......................................................................................................153
2.6.2.1. No Velho Testamento ......................................................................................153
2.6.2.2. No Novo Testamento .......................................................................................155
2.6.3. Adições ao culto .................................................................................................157
2.6.3.1. Gritaria .............................................................................................................158
2.6.3.2. Modernismos ...................................................................................................159
2.6.3.3. Foco no homem ...............................................................................................159
2.6.3.3.1. Palmas ...........................................................................................................162
2.6.3.3.2. Músicas dançantes ........................................................................................164
2.6.3.3.3. Danças ..........................................................................................................168
2.6.3.3.3.1. Chîyl ..........................................................................................................168
2.6.3.3.3.2. Râqad .........................................................................................................169
2.6.3.3.3.2.1. I Crônicas 15:29 ......................................................................................169
2.6.3.3.3.2.2. Eclesiastes 3:4 .........................................................................................170
̂ ̂ .......................................................................................................170
2.6.3.3.3.3. Machol
2.6.3.3.3.3.1. Salmos 149:3 ..........................................................................................171
2.6.3.3.3.3.2. Salmos 150:4 ..........................................................................................172
2.6.3.3.3.4. Mecholah ̂ ̂ ....................................................................................................172
2.6.3.3.3.4.1. Êxodo 15:20 ............................................................................................173
2.6.3.3.3.4.2. Juízes 11:34 ............................................................................................173
2.6.3.3.3.4.3. I Samuel 18:6; 21:11; 29:5 .....................................................................174
2.6.3.3.3.5. Kârar ..........................................................................................................174
2.6.3.3.3.6. Pâcach ........................................................................................................175
2.6.3.3.3.7. Châgag .......................................................................................................176
2.6.3.3.3.8. Orcheomai .................................................................................................176
2.6.3.3.3.9. Choros ........................................................................................................176
2.6.4. Inflexibilidade do culto .......................................................................................177
2.6.5. Reflexões ............................................................................................................178
2.7. A pregação .............................................................................................................179
2.7.1. Pregação pentecostal ...........................................................................................179
2.7.2. Pregação bíblica ..................................................................................................180
2.7.2.1. Santidade .........................................................................................................180
2.7.2.2. Separação .........................................................................................................181
2.7.2.3. Arrependimento ...............................................................................................182
2.7.3. Acréscimos à pregação .......................................................................................183
2.7.3.1. Pragmatismo ....................................................................................................183
2.7.3.1.1. Libertinagem .................................................................................................184

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

2.7.3.1.2. Ecumenismo .................................................................................................185


2.7.3.1.3. O Fim justifica o meio ..................................................................................185
2.7.3.1.4. Psicologia ......................................................................................................186
2.7.3.1.5. Modernismo ..................................................................................................186
2.7.3.2. Bênçãos materiais ............................................................................................187
2.8. Expressões pentecostais .........................................................................................188
2.8.1. Está amarrado .....................................................................................................188
2.8.2. Determine ...........................................................................................................189
2.8.3. Fogo ....................................................................................................................191
3. Conclusão .................................................................................................................191
3.1. Efeito carismático nos batistas ..............................................................................191
3.1.1. Apologética .........................................................................................................192
3.2. Exortações bíblicas ................................................................................................193
3.2.1. Antigo caminho ..................................................................................................193
3.3. Resposta .................................................................................................................194
3.4. Ao pentecostal .......................................................................................................194
3.5. Exortações finais ....................................................................................................195

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Deus quer o pentecostalismo?

Prefácio

Este livro aborda o movimento pentecostal, sua teologia e prática, a


análise é em comparação com a Bíblia, o propósito, deste trabalho, é que a teologia e
práticas pentecostais não cheguem ao povo batista, para tanto é mostrado os principais
pontos pentecostais.

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Introdução

Já fazia alguns meses que eu sentia vontade de escrever, sobre este tema,
este trabalho inicialmente teria outro título, mas fui persuadido a trocá-lo, o título atual
é Deus quer o pentecostalismo? Título este, sugerido por um amigo, e irmão em Cristo,
Henrique; o que justificaram este escrito foram os mandamentos do Senhor em ensinar
todas as coisas e de guardar a doutrina: “porque nunca deixei de vos anunciar todo o
conselho de Deus.” (At 20:27), ou seja, todo o conselho engloba toda a Bíblia:
“ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28:20). Este foi o
segundo livro, que eu comecei a escrever, mas é o terceiro a eu terminar, enquanto
escrevia iria abordar uma matéria, enquanto estudava sobre ele dei uma pausa no
fazimento deste livro e escrevi outro, o terceiro, que é sobre a salvação, e um, quarto,
sobre a oração, mas ainda não conclui, agora passarei a terminá-lo. Este não foi o
trabalho mais agradável de escrever, já que traz repreensões a muitos irmãos, mas é um
trabalho necessário.
O público, deste volume, é o povo batista, o propósito é identificar males
doutrinários que solapam a igreja, do século XXI, uma igreja que é rica, portentosa e
esqueceu o seu Senhor fora dela (Ap 3:20), em contraposição a com a conduta de uma
igreja e crentes corretos, os quais obedecem ao mandamento: “tem cuidado de ti mesmo
e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti
mesmo como aos que te ouvem.” (I Tm 4:16). O objetivo da igreja é ser o braço do
Senhor Jesus na terra, o seu intuito é continuar o trabalho do Senhor, jamais mudá-lo, as
tarefas dadas à igreja estão na grande comissão, pois assim disse o Senhor Jesus Cristo:
“e disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16:15),
“portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Amém.” (Mt 28:19,20).
Como está claro, as atividades são pregar e ensinar, pregar o evangelho
para que as pessoas creiam no Filho de Deus, e depois de ter crido nEle possa conhecê-
lO cada dia, e cada vez mais, a finalidade é que o agora crente possa confiar em seu
Senhor, amá-lO e obedecê-lO, para isso há a necessidade do ensino; fica uma pergunta,
que evangelho? A cada dia aparecem novos evangelhos, o que é bem natural, novas
doutrinas, inclusive novos “cristos”: “mas o Espírito expressamente diz que nos últimos
tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas
de demônios;” (I Tm 4:1), é o evangelho de Cristo: “porque não nos pregamos a nós
mesmos, mas a Cristo Jesus, o SENHOR; e nós mesmos somos vossos servos por amor
de Jesus.” (II Co 4:5), “mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes
pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (I Co 1:24). A tradução
bíblica usada é a Almeida Corrigida Fiel, por usar os Textos bíblicos preservados,
chamados Textos Tradicionais Canônicos.

Robert Santos

Outubro de 2009.

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Deus quer o pentecostalismo?

(O autor é brasileiro, crente no Senhor Jesus como Salvador dele, convertido há 18 anos, é batista de linha
fundamentalista, email professorobert@yahoo.com).
Glossário

Abreviatura dos livros bíblicos

Ag - Livro de Ageu Am - Livro de Amós


Ap - Livro de Apocalipse At - Livro de Atos
Cl - Carta aos Colossenses Ct - Cantares de Salomão
Dn - Livro de Daniel Dt - Livro de Deuteronômio
Ec - Livro de Eclesiastes Ed - Livro de Esdras
Ef - Carta aos Efésios Et - Livro de Ester
Ex - Livro de Êxodo Ez - Livro de Ezequiel
Fl - Carta a Filemon Fp - Carta aos Filipenses
Gl - Carta aos Gálatas Gn - Livro de Gênesis
Hb - Carta aos Hebreus Hc - Livro de Habacuque
I Co - I Carta aos Coríntios I Cr - I Livro de Crônicas
I Jo - I Carta de João I Pd - I Carta de Pedro
I Rs - I Livro de Reis I Sm - I Livro de Samuel
I Tm - I Carta a Timóteo I Ts - I Carta aos Tessalonicenses
II Co - II Carta aos Coríntios II Cr - II Livro de Crônicas
II Jo - II Carta de João II Pd - II Carta de Pedro
II Rs - II Livro de Reis II Sm - II Livro de Samuel
II Tm - II Carta a Timóteo II Ts - II Carta aos Tessalonicenses
III Jo - III Carta de João Is - Livro de Isaías
Jd - Carta de Judas Jó - Livro de Jó
Jo - Evangelho de João Jl - Livro de Joel
Jn - Livro de Jonas Jr - Livro de Jeremias
Js - Livro de Josué Jz - Livro de Juízes
Lc - Evangelho de Lucas Lm - Livro de Lamentações
Lv - Livro de Levíticos Mc - Evangelho de Marcos
Ml - Livro de Malaquias Mq - Livro de Miquéias
Mt - Evangelho de Mateus Na - Livro de Naum
Ne - Livro de Neemias Nm - Livro de Números
Ob - Livro de Obadias Os - Livro de Oséias
Pv - Livro de Provérbios Rm - Carta aos Romanos
Rt - Livro de Rute Sf - Livro de Sofonias
Sl - Livro de Salmos Tg - Carta de Tiago
Tt - Carta a Tito Zc - Livro de Zacarias

cf - compare
d.C - depois de Cristo
Pronome pessoal em maiúscula sempre se refere ao Senhor
Verso(s)-texto significa a passagem bíblica principal do tópico
V(s) - verso(s)

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Como usar este livro

Para melhor compreensão de como usar este livro seguem algumas dicas:

Este livro é dividido em capítulos, seções e tópicos, os capítulos são os


que trazem seções e tópicos, são 3 capítulos nesta obra: 1. O que é pentecostalismo, 2.
Doutrina e prática pentecostal e a Bíblia, 3. Conclusão. Portanto, cada seção está
inserida, ligada e fala exatamente do capítulo no qual está inserida, quase todos os
capítulos tem inicialmente a parte geral, seguida pela do ensino carismático e depois a
bíblica, a exceção é 2.8. Expressões pentecostais, que, por força da sistematização, já é
abordada, de imediato, a posição bíblica.
As referências bíblicas utilizam: dois pontos (:), vírgula (,), ponto-e-
vírgula (;), hífen (-); os dois pontos separam o capítulo do versículo, a vírgula especifica
o verso a ser lido, por exemplo: Jr 17:5,7, significa: Livro de Jeremias, capítulo 17,
versículos 5 e 7, portanto, o versículo seis está fora da citação, o de número 6 estaria
incluso se fosse: Jr 17:5-7; resta o ponto-e-vírgula, que é utilizado para separar uma
referência da outra, por exemplo: Gn 1:1; 31:1, significa que ambas as referências são
no Livro de Gênesis, o outro uso é: Jl 2:28; Sf 2:3, neste caso são duas referências, uma
em Joel outra em Sofonias, e, por fim, o terceiro uso, por exemplo: Dt 8; 9, significa
Livro de Deuteronômio capítulos 8 e 9.

Página 10
Deus quer o pentecostalismo?

1. O que é pentecostalismo

O movimento pentecostal é o objeto deste estudo, por tal razão defini-lo é


importante, daí fica a questão o que é o pentecostalismo? Esta seção tratará em definir e
identificar o movimento, deve-se frisar que atualmente uma igreja pentecostal difere e,
às vezes, em muito para uma outra igreja pentecostal, por isso, a matéria, aqui tratada,
não significa que são praticadas por todas, mas que, de qualquer forma, são permeadas
por todas. Do movimento, como um todo, se pode dizer que é o ensinamento de que os
dons e sinais extraordinários, miraculosos, que o Senhor Jesus deu aos apóstolos e à
igreja do primeiro século, narrados no livro de atos, são dados ainda hoje pelo Senhor,
motivo que os crentes, da presente geração, deve ansiosamente buscar tais dons, pois
eles são sinais de espiritualidade:
A Igreja Pentecostal baseia sua fé e prática em certas experiências religiosas que estão
registradas no Novo Testamento. Prega que todo cristão deve procurar estar “cheio do
Espírito Santo”. A prova desse fato ocorre quando a pessoa “fala línguas”, isto é, fala
língua que nunca aprendeu. O Novo Testamento refere-se aos discípulos falando línguas
estranhas no dia de Pentecostes (Atos dos Apóstolos 2) e menciona a ocorrência desse
mesmo fato em outra passagem.
Os pentecostais acreditam também que podem receber outros dons sobrenaturais. Por
exemplo, crêem que podem receber a capacidade de profetizar, de curar e de interpretar o
que é dito quando alguém fala uma língua estranha. O Novo Testamento refere-se a esses
dons em I Coríntios 12-14.
Além dessas características, as seitas pentecostais não assemelham-se muito umas às
outras. Há vários ramos da Igreja Pentecostal. Elas diferem radicalmente em número de
adeptos e em suas interpretações de questão de fé e prática religiosa1.
Sobre a organização administrativa, eles não têm um órgão centralizador
administrativo de todas as igrejas pentecostais, que, neste caso, englobaria todas as
denominações, inclusive até o termo pentecostalismo é bem amplo:
O pentecostalismo é um termo amplo que inclui uma vasta gama de diferentes perspectivas
teológicas e organizacionais. Como resultado, não existe nenhuma organização central ou
igreja que dirige o movimento. A maioria dos pentecostais se consideram parte de mais
grupos cristãos, por exemplo, a maioria deles se identificam como pentecostais
protestantes. Muitos abraçam o termo evangélico. O pentecostalismo é teologicamente e
historicamente próximo do carismaticismo, uma vez que o influenciou significativamente,
alguns pentecostais usam os dois termos indistintamente2.

1.1. Origens

As primeiras manifestações pentecostais podem remontar até ao século


XVIII, quando o metodismo foi implantado, Wesley, que foi quem implantou o
movimento, ao comentar algumas pessoas, que entraram em êxtase em um de seus
cultos, falou que essas manifestações poderiam ou não ser verdadeiras. Efetivamente o
primeiro grupo de pentecostais conseguiu sua membresia nas igrejas Holiness
Wesleyanas, um grupo de metodistas, e, em muitos casos, dos grupos renovados onde
elas começaram (batistas, metodistas, presbiterianas)3. Tecnicamente falando, a origem
1
Enciclopédia Delta Universal, vol. 11, Editora Delta Universal S.A. Rio de Janeiro, Brasil, p. 6230:
2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo
3
Stefano, Gilberto. História das Igrejas Cristãs, disponível em www.palavraprudente.com.br/estudos
/gilberto_s/historiaigreja/index.html, acesso 20.08.2009

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

do pentecostalismo deu-se no século XX, Em termos de data, foi em 1901: “as igrejas
pentecostais originaram-se no EUA, a partir de reuniões, para falar em línguas
estranhas, que ocorreram numa escola bíblica em Topeka, Kansas, em 1901, e em uma
igreja de Los Angeles em 19064”, este é chamado de pentecostalismo clássico:
O Pentecostalismo clássico é o que começou em 1901 entre cristãos que se reuníam na rua
Azusa em Los Angeles, EUA e simultaneamente em vários outros lugares na América do
Norte. É a maior corrente pentecostal entre todas as demais, pois está conformada por
organizações religiosas que se formaram naqueles anos e mantém manifestações espirituais
e doutrinas similares5.
No Colégio Bíblico Betel, escola cujo professor era Parham:
Em primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste colégio estavam estudando a obra do
Espírito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lhe
impusessem as mãos para que ela recebesse o Espírito. Ela falou em línguas, e mais tarde,
outros estudantes falaram em línguas também. Parham abriu outra escola em 1905, na
cidade de Houston, Texas. Foi de lá que William J. Seymour, um aluno negro, ao receber o
mesmo dom, tornou-se mais tarde o líder de uma missão no numero 312 da Rua Azusa em
Los Angeles, no ano de 19066.
Inicialmente eles tinham a preocupação de provar que aquelas línguas,
faladas por eles, eram línguas humanas faladas por algum povo:
Um dos aspectos mais interessantes dos eventos no Colégio Bíblico Betel foi a tentativa dos
participantes de provar que suas “línguas” eram na verdade línguas faladas. Eles achavam
que, de acordo com a Palavra de Deus, o dom de “falar em línguas” era a habilidade que
um indivíduo tinha de falar numa língua que lhe era desconhecida para comunicar o
Evangelho na língua de quem estivesse ouvindo. Tal tentativa cessaria muito cedo, pois
aqueles que “falavam em línguas” não conseguiam produzir nenhuma evidência de que
aquelas assim chamadas línguas, não eram nada mais do que uma linguagem sem sentido e
obscura7.
A posterior manisfestação do pentecostalismo, que saiu de Topeka para
Los Angeles, foi devido a atuação de um homem, William J. Seymour:
O movimento pentecostal de hoje traça seus vestígios da sua comunidade a uma reunião de
oração no Colégio Bíblico Betel em Topeka, Kansas em 1° de janeiro de 1901. Ali, muitos
chegaram à conclusão de que falar em línguas era o sinal bíblico do Batismo no Espírito
Santo. Charles Parham, o fundador desta escola, que mais tarde passaria a Houston, Texas.
Apesar da segregação racial em Houston, William J. Seymour, um pregador negro, foi
autorizado a assistir a aulas bíblicas de Parham. Seymour viajou para Los Angeles, onde
sua pregação provocou o Avivamento da Rua Azuza em 1906. Apesar do trabalho de vários
grupos wesleyanos avivalistas, como Parham e D. L. Moody, o início do movimento
pentecostal difundido nos Estados Unidos, é geralmente considerado como tendo começado
com Seymour no avivamento da rua Azusa.
O avivamento na rua Azuza foi o primeiro avivamento pentecostal a receber atenção
significativa, e muitas pessoas, de todo o mundo, tornaran-se atraída pora ele. A imprensa,
de Los Angeles, deu muita atenção ao aviamento de Seymour, o que ajudou a alimentar o
seu crescimento. Um número de novos grupos menores iniciou-se, inspirado nos
acontecimentos deste avivamento. Os visitantes internacionais e missionários pentecostais
acabariam por trazer estes ensinamentos para outras nações, de modo que praticamente
todas as denominações pentecostais clássicas hoje traçam suas raízes históricas no
avivamento da rua Azusa8.
A Rua Azusa, que é importantíssima para o pentecostalismo, pois:
Pode-se dizer que a Missão da rua Azusa é a mãe do pentecostalismo mundial. Essa missão
chamava-se Missão Apostólica da Fé. Este nome durou até 1914 quando foi mudado para
Assembléia de Deus. Muitos jovens pregadores e aspirantes a pregadores iam ter com
William J. Seymour para receber os dons. Foi assim que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os

4
Enciclopédia Delta Universal, p. 6230:
5
El Movimiento Pentecostal, Lección 11, Editorial Cristiana de las Asambleas de Dios (1999), p. 44
6
Stefano, p. 46
7
Hanegraaff, Hank. Counterfeit Revival, Word Publishing, Dallas, TX. 1997, p. 57
8
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo. Acesso em 15.09.2009

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Deus quer o pentecostalismo?

fundadores da Assembléia de Deus no Brasil, tornaram-se pentecostais, em 1908. Em 1907,


um pastor chamado William H. Durhan, recebeu de Seymour os dons. Durhan abriu sua
própria missão, também em Los Angeles. Ficava na North Ave, 943. Foi nesta missão que
Louis Francescon, futuro fundador da Cristã do Brasil, recebeu os seus dons9.
O trabalho na Rua Azusa, como se vê, foi muito influente:
O ano foi 1906. Los Angeles tinha uma população de 228.298 pessoas. A época foi de
grandes modificações sociais. A América estava se transformando de país agrícola para um
país industrial. Os ventos de incerteza estavam soprando em todos os setores da sociedade.
Todos os historiadores do pentecostalismo são unânimes em dizer que o derramamento do
Espírito Santo nessa igreja humilde de negros em Azusa Street marcou o início dos
movimentos pentecostais. As reuniões continuaram durante três anos, sem cessar. Todos os
dias, pessoas de todas as igrejas e classes sociais superlotavam o ‘barracão’. O Rev.
Seymour pregou poucas vezes e passou a maioria do tempo com sua cabeça dentro de uma
caixinha de sapatos em baixo do púlpito para ‘não atrapalhar o que o Espírito Santo estava
fazendo’.
Em dois anos, a igreja, de Seymour, já contava com missionários, que percorriam diversos
países, chegando a pregação pentecostal até o continente europeu. Na Suécia, próximo a um
Seminário Teológico Batista, uma tenda dos “barulhentos” (apelido dados aos pentecostais)
fora erguida, e cultos começaram a acontecer. Novamente a curiosidade do povo fazia
afluir centenas de pessoas para aquela reunião de curas e maravilhas. Dois pastores batistas,
suecos, Gunnar Vingren e Daniel Berg, buscam e recebem a promessa do Espírito Santo.
Partem em uma viagem para os Estados Unidos, onde fariam uma espécie de “mestrado em
pentecostalismo”10.
A história do pentecostalismo, no Brasil, será abordado logo mais, tanto
quando se falando das fases, tanto da biografia dos primeiros pentecostais.

1.2. Fases

No Brasil, o pentecostalismo começou em 1910, de lá para cá, o


movimento teve três grandes frentes, ou fases, uma distinta da outra, na primeira, o foco
foi a criação de denominações, neste período, começaram a fundação das primeiras
igrejas pentecostais, que geralmente mantêm este entendimento de preocupação com o
batismo com o Espírito Santo; na segunda houve a infiltração do movimento pentecostal
nas igrejas protestantes, na Romana e nas Batistas, até pelo fato das igrejas tradicionais
virem o movimento e manifestação dos carismáticos e quererem o copiar, nesta ocasião,
que começaram a ter as igrejas renovadas, por exemplo, Igreja Batista Renovada;
terceira foi a da pregação da prosperidade, daí mega cultos, mega igrejas e crescimento
vertiginoso das igrejas, independente do que se pregue, dentro desta vertente, começou
também o movimento g12, este último grupo é chamado de neo-pentecostal. Então
basta você comparar tanto com o ensino pregado ou com a época de fundação da igreja
pentecostal pode-se compreender em que fase, do pentecostalismo, ela está inserida:
O movimento pentecostal pode ser dividido em três ondas. A primeira, chamada
pentecostalismo clássico, abrangeu o período de 1910 a 1950 e iniciou-se com sua
implantação no país, decorrente da fundação da Assembléia de Deus e da Congregação
Cristã no Brasil até sua difusão pelo território nacional. Desde o início, ambas igrejas
caracterizam-se pelo anticatolicismo, pela ênfase na crença no batismo no Espírito Santo e
por um ascetismo que rejeita os valores do mundo e defende a plenitude da vida moral e
espiritual.
Em 1932, foi organizada a Igreja de Cristo no Brasil em Mossoró (Rio Grande do Norte).
Segundo o sociologo Alexandre Carneiro, a Igreja de Cristo no Brasil seria a primeira
denominação pentecostal organizada por brasileiros. A Igreja de Cristo divergiu das demais
igrejas pentecostais, da primeira onda, ao seguir o dogma da “eterna segurança”, mais
conhecida como perseverança dos santos. Esta também defende que o cristão recebe o
9
Stefano, p. 47
10
http://www.marcofeliciano.com.br/instituto/cursotopicos.asp Acesso em 15.09.2009

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

batismo do Espírito Santo no momento da conversão e não como segunda bênção seguida
de dons de línguas.
Segundo SOUSA (2007), entre as igrejas da primeira onda encontra-se a Missão
Evangélica Pentecostal do Brasil, fundada em Manaus em 1939, de origem americana, mas
que atualmente atua de forma independente, com direção nacional e credo baseado no
Pentecostalismo Clássico, de característica moderada quanto à questão de usos e costumes.
A segunda onda começou a surgir na década de 1950, quando chegaram a São Paulo dois
missionários norte-americanos da International Church of the Foursquare Gospel. Na
capital paulista, eles criaram a Cruzada Nacional de Evangelização e, centrados na cura
divina, iniciaram a evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo
bastante para a expansão do pentecostalismo no Brasil. Em seguida, fundaram a Igreja do
Evangelho Quadrangular. No seu rastro, surgiram Igreja Pentecostal Unida do Brasil, O
Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Casa da Bênção, Igreja Unida, Igreja de
Nova Vida e diversas outras igrejas pentecostais menores como a Igreja Presbiterial
Pentecostal dentre outras.
A terceira onda, chamada de Neo-Pentecostalismo, teve início na segunda metade dos anos
1970. Fundadas por brasileiros, as mais antigas são a Igreja Universal do Reino de Deus
(Rio de Janeiro, 1977), liderada pelo bispo Edir Macedo, e a Igreja Internacional da graça
de Deus (Rio de Janeiro, 1980), liderada e fundada pelo missionário R. R. Soares, ambas
presentes na área televisiva com seus televangelistas. Posteriormente, temos o surgimento
da Renascer em Cristo (Sao Paulo, 1986) e da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra
(Brasília, 1992). De um modo geral, utilizam intensamente a mídia eletrônica e aplicam
técnicas de administração empresarial, com uso de marketing, planejamento estatístico,
análise de resultados etc. Algumas pregam a Teologia da Prosperidade, pela qual o cristão
está destinado à prosperidade terrena, rejeitando os tradicionais usos e costumes austeros
dos pentecostais. O neopentecostalismo constitui a vertente pentecostal mais influente, a
que mais cresce e também a mais liberal em questões de costumes11.

1.3. Biografia dos primeiros pentecostais

Para melhor conhecer e entender o movimento, origens, base doutrinária,


pregação etc., é interessante olhar para uma rápida biografia do considerado fundador
do pentecostalismo, que é Charles Parham e dos primeiros líderes deste movimento, da
primeira geração.

1.3.1. Charles Fox Parham

A biografia de Pahram pode ser contada assim:


Charles Fox Parham (4 de junho de 1873 a 29 de janeiro de 1929) foi um pregador
estadunidense, considerado por muitos o “fundador do moderno pentecostalismo”,
conhecido pela sua doutrina de associar a manifestação carismática, principalmente o
fenômeno da glosolalia com o batismo do Espírito Santo. Parham havia atuado como pastor
de uma igreja metodista, sua decisão em abandonar esta igreja estava na crença pessoal na
cura divina. Parham, na cidade de Topeka, no Kansas, fundou a Bethel Bible College, uma
instituição que ficou conhecida pelo prática da cura divina, assistência material e espiritual
a pessoas de origem humilde e que estavam dispostas a atuar como missionários.
O canal utilizado por Parham para a disseminação dos conceitos era o jornal The Apostolic
Faith, os metodistas americanos ensinavam a seus fiéis sobre duas bençãos fundamentais
aos cristãos, eram elas a conversão e santificação, a teologia de Parham ensinava sobre a
necessidade da terceira benção: o batismo pelo Espírito Santo.
No ano de 1905, Charles Parham muda-se para Houston, no Texas, onde funda um nova
escola biblíca, onde teve como um de seus alunos William Seymour, que assitia às aulas
sentado numa cadeira posta no corredor, por ser negro em um período racista. William
Seymour mais tarde tornou-se lider do avivamento em Los Angeles. Parham foi acusado de

11
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo Acesso em 15.09.2009

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Deus quer o pentecostalismo?

sodomia sem comprovação da acusação e também apontado por alegações de envolvimento


com a maçonaria e a Ku Klux Klan, o que minou seu ministério12.
A história de Pahram muitas vezes é, quase que, ocultada:
No entanto, não sem motivos, a historiografia do pentecostalismo tende a ocultar o papel de
Parham, talvez por causa de acusações de homossexualidade, de suas notórias inclinações
racistas e simpatias com a Ku Klux Klan e também por defender algumas doutrinas
consideradas estranhas pelos americanos, entre outras, a crença de que os anglo-saxões
seriam descendentes das dez tribos perdidas de Israel após o exílio na Assíria13.

1.3.2. William Joseph Seymour

A biografia de Seymour pode ser contada assim:


William Joseph Seymour (Centerville, Louisiana, 2 de Maio de 1870 a 28 de Setembro de
1922) foi um pastor estadunidense, iniciador do movimento religioso denominado de
Pentecostalismo. Filho de ex-escravos católicos, converteu-se à Igreja Batista durante sua
adolescência. Em 1895, com 25 anos, mudou-se para Indianápolis onde inicialmente
exercia a função de garçom e posteriormente de representante comercial. Em Indianápolis
frequentava a Igreja Metodista Episcopal, uma igreja predominantemente negra.
Em 1905, mudou-se para Houston, onde passou a frequentar a recém-formada escola
bíblica de Charles Fox Parham em uma cadeira colocada no corredor, por ser negro. Foi aí
que aprendeu as doutrinas do movimento Holiness e desenvolveu a crença em glossolalia
(mais conhecido como dom de línguas) como prova do batismo com o Espírito Santo.
Seymour mudou-se depois para Los Angeles, onde passou a exercer o pastorado em uma
igreja da metrópole nascente. No entanto, não foi bem aceito ao começar a pregar a
mensagem de reavivamento e batismo no Espírito Santo, e foi expulso da paróquia.
Na procura de um lugar para continuar seu trabalho, ele fundou sua própria igreja num
templo abandonado da Igreja Metodista Africana em Los Angeles, localizada na Azusa
Street (Rua Azusa) no. 312. O resultado foi o Reavivamento da Rua Azusa. Seymour não
só derrubou a existência de barreiras raciais em favor da “unidade em Cristo”, mas também
rejeitou barreiras às mulheres em qualquer forma de liderança de uma igreja. O
reavivamento liderado por Willian Seymour virou notícia rapidamente, e em 18 de abril de
1906 o jornal Los Angeles Times publicou uma extensa matéria sobre o movimento,
denunciando uma nova “seita”, onde fundamentalistas compostos em maior parte por
negros e imigrantes pobres que se dizendo movidos pelo Espirito Santo de Deus se
manifestavam em línguas estranhas, denominado glossolalia, e também a pregação de curas
e milagres.
Esse processo de renovação decorreu de 1906 a 1909, e se tornou objeto de investigação
por muitos protestantes da época. Alguns diziam que as visões de Seymour eram heréticas,
onde outros aceitaram seus ensinamentos e retornaram às suas congregações para repassá-
las. O movimento resultante tornou-se conhecido como “Pentecostalismo”, uma referência
à manifestação do batismo com o Espírito Santo que ocorreu pela primeira vez no dia de
Pentecostes (Atos cap. 2). Los Angeles foi o berço pentecostal italo-americano, e deu
origem, em todo o mundo, à maior parte das denominações pentecostais existentes14.

1.3.3. William H. Durhan

Foi um dos que estiveram na igreja da Rua Azusa:


O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental na criação do
movimento Pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje. William H.
Durham recebeu seu batismo no Espírito Santo em Azusa, formando missionários na sua
igreja em Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA), Daniel
Berg (fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi Francescon (fundador da
Congregação Cristã no Brasil)15.
12
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Fox_Parham Acesso em 15.09.2009
13
REVISTA USP, São Paulo, n.67, p. 105, setembro/novembro 2005
14
http://pt.wikipedia.org/wiki/William_J._Seymour Acesso em 15.09.2009
15
http://www.avivamentoja.com/pmwiki.php?n=Passado.Azusa Acesso em 15.09.2009

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

E aproveitou bem os ensinos de lá:


Durham era natural de Kentucky e de acordo com seu diário não era convertido quando se
juntou a Igreja Batista em 1891, após uma revelação ele resolve se tornar ministro, logo
depois aceitou e recebeu o movimento pentecostal em sua comunidade, formada logo após
de sua chegada de Los Angeles, congregava não apenas americanos, mas também italianos,
escandinavos, persas, assírios e canadenses que partiam para seus países, proclamando o
movimento do Espírito Santo. Uma das idéias defendidas por Durhan foi a da “obra
consumada”, ela foi a primeira ruptura na família pentecostal. Segundo a visão tradicional
do movimento holiness e dos primeiros pentecostais (seguindo João Wesley), existia uma
experiência instantânea de “inteira santificação” ou “perfeição cristã”, separada da
experiência da conversão.
Era chamada de “segunda bênção”, sendo considerada uma reparação necessária para uma
terceira experiência, o batismo com o Espírito Santo (a nova experiência pentecostal). Em
1910, William H. Durham, pastor da Missão da Avenida Norte, em Chicago, questionou
essas idéias, insistindo no que ele denominou a “obra consumada no Calvário”, ou seja, a
obra de Cristo na cruz era suficiente tanto para a salvação quanto para a santificação. Os
pentecostais da obra consumada passaram a entender a santificação como um processo
gradual. Em 1915, essa já era a posição preferida de aproximadamente metade dos
pentecostais americanos, e hoje da maioria deles.
Durham era contra a tentativa de transformar o pentecostalismo em uma denominação e sua
filiação a Igreja de Deus em Cristo, que havia se separado da Rua Azuza por questões de
etnia, é puramente administrativa. Para ele “o maior obstáculo ao avanço da causa de Jesus
Cristo” era as denominações16.

1.3.4. Gunnar Vingren e Daniel Berg

As biografias dos dois serão tratadas em um único tópico, pois eles


trabalharam juntos, aqui no Brasil, o primeiro é Gunnar Vingren, ele:
Nasceu no dia 8 de agosto de 1897, na cidade de Ostra Husby, Suécia. Seu pai era
jardineiro, profissão que Vingren seguiu até os 19 anos. Foi criado num genuíno lar cristão.
Logo aos 18 anos tornou-se sucessor de seu pai na Escola Dominical; naquele mesmo ano,
o Senhor falou claro ao seu coração de que ele seria um missionário. Em 1898, Vingren
teve oportunidade de participar de uma Escola Bíblica; ao final daquele mês de estudos,
começou já o trabalho missionário no interior de seu país. Em 1903, viajou para os Estados
Unidos, e logo ingressou num Seminário Teológico Batista em Chicago. Em 1909, Deus o
encheu de uma grande sede de buscar o batismo no Espírito Santo o que não tardou a
receber. Ao pregar esta verdade à igreja que pastoreava, começaram os problemas; a igreja
se dividiu entre os que criam e os que não criam em sua pregação. Dirigiu-se, então, para
South Bend, Indiana, onde a igreja recebeu com gozo as Boas Novas e se tornou uma igreja
pentecostal com 20 batizados no Espírito Santo no primeiro verão.
Numa reunião de oração, um dos irmãos presentes foi revelado que Gunnar Vingren
serviria ao Senhor no Pará, que mais tarde ele descobriu que era um estado no norte do
Brasil. Numa outra reunião como aquela, seu futuro companheiro, Daniel Berg, que
conhecera numa conferência em Chicago, foi chamado para acompanhá-lo ao Brasil.
Depois disto, não demorou muito para que a ida ao campo se tornasse uma realidade. Seus
últimos dias na América foram de provas, atestando de que Deus é quem os chamava para a
obra. Finalmente, partiram do porto de Nova Iorque com destino a Belém do Pará no dia 5
de novembro de 1910... Já nos últimos anos que viveu no Brasil, Gunnar Vingren vinha
tendo alguns problemas de saúde que pioraram bastante depois de chegar à Suécia. No dia
29 de junho de 1933 ele entrou no descanso eterno, mostrando através de suas palavras, o
grande amor que tinha pelos irmãos brasileiros. Sua partida, descrita detalhadamente numa
carta enviada por sua esposa ao Brasil, foi uma linda experiência para a família, que sentia
claramente a glória de Deus; e sem dúvida para o servo do Senhor, Gunnar Vingren que,
sentindo grande gozo e alegria foi recebido na eternidade17.
O seu companheiro, de trabalho, foi Daniel Berg, que:
16
http://examinetudo.blogspot.com/2008/09/eis-alguns-dos-preliminares-da-grande.html Acesso em
15.09.2009
17
http://www.sepoangol.org/gunnar.htm Acesso em 15.09.2009

Página 16
Deus quer o pentecostalismo?

Nasceu em Vargon, na Suécia, num lar genuinamente cristão. Logo aos 17 anos, fez sua
primeira viagem para os Estados Unidos, em 1902; isto porque a Suécia passava por uma
crise financeira muito séria. Ao final de oito anos voltou de passagem à Suécia. Nesta
ocasião ao visitar a casa de seu melhor amigo, soube que ele era agora um pregador do
Evangelho numa cidade próxima. Ao visitá-lo, em sua igreja, ouviu pela primeira vez sobre
o batismo no Espírito Santo. Depois do culto, conversaram bastante sobre esta doutrina o
que fez com que Daniel Berg saísse dalí convicto, e buscando o seu batismo no Espírito
Santo. Ainda no caminho de volta para a América ele recebeu o bastismo e decidiu-se
definitivamente em dedicar sua vida ao Senhor.
Durante uma conferência em Chicago, ele conheceu seu futuro companheiro nas missões, o
sueco Gunnar Vingren, que estava recém formado num Instituto Bíblico e desejoso de ser
um missionário. Ambos, cheios do poder pentecostal, passaram a buscar do Senhor o seu
direcionamento para suas vidas. Certo dia, o dono da casa que Gunnar Vingren morava teve
um sonho e tinha visto o nome Pará e foi-lhe revelado que seria uma orientação para
aqueles jovens. Logo descobriram que Deus os chamava para o Brasil. Apesar do pouco
entusiasmo da igreja, e de nenhuma promessa de ajuda financeira, ambos foram separados
para serem missionários no Brasil, cheios de convicção da parte de Deus.
A última e grande confirmação da parte de Deus, foi quando o Senhor pediu a Vingren que
desse 90 dólares, exatamente o valor que eles tinham para a viagem, para um jornal
pentecostal. Eles, em obediência, o fizeram. Porém, extraordinariamente o Senhor os
devolveu o exato montante, usando um irmão em outra cidade, que foi revelado por Deus
para tal. Berg e Vingren partiram para o Brasil no dia 5 de Novembro de 1910. Durante a
viagem, eles já puderam experimentar um pouquinho o que seria o seu campo, e alí mesmo
se converteu a primeira alma para Jesus, desde que eles foram separados como
missionários. Então, no dia 19 do mesmo mês chegaram à cidade de Belém do Pará...
Daniel Berg passou para o Senhor em 1963, e mesmo enfermo num hospital, saía de um a
outra enfermaria entregando literatura e orando pelos que se entregavam18.
Duas observações precisam ser feitas Vingren foi excluído da igreja da
qual era pastor, a outra é que Daniel Berg também o foi; agora continuando o relato da
vinda e atividade deles, no Brasil, mostrando as estratégias usadas etc.:
Em 19 de Novembro de 19l0 chegaram ao Brasil dois pastores. O primeiro era Gunnar
Vingren, um ex-pastor batista que fora excluído do ministério pela igreja batista de
Michigan. O segundo era Daniel Berg que também fora excluído da comunhão batista.
Depois de receberem os dons de William Seymour, e para atender a um sonho de um irmão
chamado Adolf Uldin, vieram para o Brasil. Chegando em Belém do Pará se apresentaram
a Eurico Nelson, um missionário batista no Amazonas. Identificando-se como batistas,
ofereceram-se para ajudar no trabalho e pediram hospedagem.
Como não tinham carta de recomendação, e nem podia ter, pois eram excluídos, o
missionário deixou-os usar o porão da igreja como casa. Logo depois Eurico Nelson
precisou viajar para o sul. Essa viagem deu oportunidade para que os dois recém chegados
pedissem ingresso na igreja, declarando-se membros de uma igreja nos Estados Unidos.
Vingren declarou sua condição de pastor e a igreja recebeu-os com alegria. Como não
sabiam falar português e nem os membros inglês, com exceção de um, tudo ficou muito
fácil. Nota-se certa desonestidade em como eles conseguiram a entrada na igreja. Primeiro
que não falaram que eram membros excluídos. Depois porque não esperaram a volta do
pastor titular que, naquele tempo, tinha que fazer a viagem de Belém do Pará ao sul de
navio, e levaria meses para voltar.
Os dois foram mais desonestos ainda quando começaram a fazer cultos no porão da igreja.
Só alguns membros eram convidados e as reuniões começavam após o término dos cultos
regulares da igreja. Nessas reuniões havia estranhas línguas e estranhos ruídos. Alguns
membros da igreja começaram a adotar as idéias dos falsos irmãos. Aumentando o número
e chegando ao ponto de haver manifestações pentecostais numa reunião de oração da igreja,
o evangelista Raimundo Nobre convocou, com o apoio da maioria dos diáconos, uma
sessão extraordinária, e os adeptos de Vingren e Berg foram excluídos. Ao todo foram treze
pessoas excluídas. (dezenove segundo o MP 06-96).
No meio deles estava o moderador da igreja, substituto direto de Eurico Nelson, José
Plácito da Costa, homem culto e o provável tradutor das mensagens pentecostais nas

18
http://www.sepoangol.org/berg.htm Acesso em 15.09.2009

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

reuniões do porão. A igreja contava com 170 membros, assim, é estranho que o historiador
pentecostal, Emilio Conde, diga que a minoria excluiu a maioria. Vingren e Berg não
pararam por aí. Continuaram a fazer o trabalho de proselitismo dentro das igrejas batistas.
Percorreram o Brasil inteiro na busca de novas renovações. Pode-se dizer que em muitos
casos foram bem sucedidos. O próprio Vingren afirma em seu diário que: Por onde íamos,
buscávamos nas igrejas e nas casas dos batistas infundirem o novo batismo. Este novo
batismo constituía de doar aos crentes já convertidos o dom de línguas.
Nisso Vingren também entra em contradição na questão dos dons de língua. Ele
considerava-se o doador dos dons de línguas a muitos crentes. Pois bem. Na página 34 de
seu diário ele relata: Agora com esforço começamos a estudar a língua, e durante esse
tempo participamos dos cultos da igreja Batista. Por não termos dinheiro para pagar as
aulas, Daniel teve de conseguir um emprego na fundição. Ali ele trabalhava de dia,
enquanto eu estudava o idioma. Depois eu lhe ensinava de noite o que aprendera de dia.
Assim, com esforço aprendemos o português. Esse foi o mesmo erro de Fancescon. Que
dom era esse que não foi usado para o fim que a Bíblia deixou, pois, em Atos 2, diz que as
línguas faladas pelos apóstolos coincidia com a necessidade de cada ouvinte; romano ouvia
em latim. Grego em grego. E nenhum dos apóstolos tiveram que entrar na escola para
aprender idioma nenhum. Em 1911 os dois fundaram a missão de fé apostólica que
posteriormente mudou-se de nome para assembléia de Deus. Cresceram muito após a
década de 50 e são hoje o maior grupo de pentecostais no Brasil chegando a mais de três
milhões de adeptos19.

1.3.5. Louis Francescon

Ele era italiano, nascido em:


Cavasso Nuovo, 29 de março de 1866 - Oak Park, 7 de setembro de 1964, foi um
religioso italiano, fundador da denominação evangélica Congregação Cristã no Brasil.
Radicado em Chicago, foi membro da Igreja Presbiteriana Italiana e aderiu ao
pentecostalismo em 1907. Em janeiro de 1910 esteve em Buenos Aires onde fundou a
primeira denominação pentecostal da América Latina, a Assembléia Cristã na Argentina, e
de março a setembro do mesmo ano esteve no Brasil, onde fundou as primeiras igrejas
pentecostais brasileiras em Santo Antonio da Platina (Paraná) e São Paulo, entre imigrantes
italianos, germem da futura denominação Congregação Cristã no Brasil. Veio 11 vezes ao
Brasil até 1948. Em 1940, o movimento tinha 305 “casas de oração” e dez anos mais tarde
815. Faleceu em Oak Park, Illinois, em 07 de setembro de 196420.
Ele ficou mais conhecido como Louis Fracescon:
Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em 1891. Nessa igreja chegou a ser
diácono e, na ausência do pastor, causou distúrbios a fé presbiteriana, indo-se batizar por
imersão juntamente com outros 18 membros. Um irmão de sua igreja batizou-os em 1903,
mesmo não sendo ordenado para o ato. Em 1907 recebeu os dons na Igreja de William H.
Durhan. Nesta mesma igreja foi-lhe revelado que deveria pregar a colônia italiana, o que
fez com presteza. Francescon visitou a Argentina em Setembro de 1909 e em Janeiro de
1910. Chegou ao Brasil em Março de 1910 na cidade de São Paulo. Através de um contato
direto foi parar em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira igreja no
Brasil com colonos italianos. Foram onze ao todo. O crescimento desta igreja foi tímido até
o meado dos anos 50. A partir desta data cresce expressivamente. No sul e sudeste do pais,
muitas igrejas do interior que professavam a fé presbiteriana foram alvos de renovação por
parte dos adeptos da congregação. Interessante é notar o dom de línguas que possuía. Em
seu diário ele diz que por suas mãos muitas pessoas conseguiram estes dons. Mas acaba
entrando em contradição na página 23 do mesmo. Lá ele diz: Outra dificuldade que
encontrei foi não conhecer uma palavra do idioma portuguesa se achar sem dinheiro e
doente. E o dom de línguas que possuía, servia para que?

2. Doutrina e prática pentecostal e a Bíblia

19
Stefano, p. 46
20
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luigi_Francescon Acesso em 15.09.2009

Página 18
Deus quer o pentecostalismo?

(Dt 8:2; 13:1-5; Sl 66:10; 81:7; Is 8:20; Jr 5:31; 29:8,9; Mt 7:15,16; 18:7; 23:15;
24:4,5,23-26; Mc 13:21; Lc 2:35; 12:57; 17:1; 21:8; At 13:10; 20:29,30; Rm 2:24;
16:18,19; I Co 14:20,29; II Co 2:17; 4:2; 11:3,4,13-15,19;13:5-7; Gl 3:1; Ef 4:14; Cl
2:4-8; I Ts 5:21; II Ts 2:11; I Tm 1:19,20; 4:1,2,7; 6:5; II Tm 2:17,18; 3:13; 4:3,4; Tt
3:10; Hb 13:9; II Pd 2:1-3,18; I Jo 2:18,19,26; II Jo 1:7; Jd 1:4-16; Ap 2:2).

“Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” (I Jo 4:1).

O objetivo deste capítulo é testar o sistema doutrinário pentecostal,


colocá-lo à prova para ver se ele está de acordo com o padrão que Deus estabeleceu, em
Sua Palavra, todo crente deveria comparar todo ensino recebido, de quem quer que seja,
com a Bíblia, se todos fizessem isso quase todos os problemas cessariam, partindo da
premissa, é claro, de que seria cumprido o ensinamento bíblico e não o humano, a
palavra provai, do verso-texto, traduz a palavra grega “dokimazo”,̄ que significa testar,
provar, examinar, escrutinar para ver se algo é ou não genuíno 21, no nosso caso,
compará-lo com a Bíblia, para ver se ele é aprovado ou reprovado. Está escrito sobre
uns crentes: “ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica,
porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se
estas coisas eram assim.” (At 17:11), esse acontecimento foi na cidade de Beréia e
quem foi o pregador foi Paulo e, mesmo assim, os crentes bereianos não abriram mão de
comparar com as Escrituras para realmente saber se o ensinamento era verídico. Assim
deve ser o proceder de cada um, o crente que não faz isso desobedece a Bíblia, que por
diversas vezes manda examinar o que é ensinado, ela ainda diz: “o simples dá crédito a
cada palavra, mas o prudente atenta para os seus passos.” (Pv 14:15), (cf Lc 12:57; At
17:11; Rm 16:19; I Co 14:29; I Ts 5:21; Ap 2:2).
A régua não poderia ser outra senão a própria Bíblia, nós também
devemos diariamente medir a nós mesmos com a Palavra de Deus: “antes tem o seu
prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1:2), a meditação
bíblica e a conformação com ela deve ser uma conduta freqüente na vida do crente,
justamente porque Deus estabeleceu Seus mandamentos para que eles fossem
cumpridos, razão pela qual não podem ser alterados, sequer um milímetro: “tudo o que
eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás.” (Dt
12:32), (cf Dt 4:2; 13:18; Js 1:7; Pv 30:6; Mt 28:20; Ap 22:18,19) e nossa reação quanto
aos alteradores é apartar deles: “se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina,
não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.” (II Jo 1:10). No nosso caso, o
pentecostalismo será posto à prova, ante a Palavra de Deus, para ver se o sistema é
aprovado ou reprovado, este é o objetivo deste livro, com isso saber se Deus aprova, ou,
como o indaga o título do livro, se Deus quer o pentecostalismo.

2.1. A Trindade

(Gn 1:26; 3:22; Is 6:3,8; 11:2,3; 42:1; 48:16; 61:1-3; 63:9-10; Mt 1:18,20; 3:11; 12:28;
28:19; Lc 1:35; 3:22; 4:1,14; Jo 1:32,33; 3:34,35; 7:39; 14:16,17,26; 15:26; 16:7,13-15;
20:22; At 1:2,4,5; 2:33; 10:36-38; Rm 1:3,4; 8:9-11,26,27; I Co 2:10,11; 6:19; 8:6;
12:3-6; II Co 1:21,22; 3:17; 5:5; 13:14; Gl 4:4,6; Cl 2:2; II Ts 2:13,14,16; I Tm 3:16; Tt
3:4-6; Fl 1:19; Hb 9:14; I Pd 1:2; 3:18; I Jo 5:6,7; Ap 4:8).

21
Zodhiates, Spiros. The Complete Wordstudy Dictionary: New Testament, AMG Publishers, 2003, p. 98

Página 19
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando
ele, o céu se abriu; e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como
pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me
comprazo.” (Lc 3:21,22).

Esta seção visa estudar as três Pessoas da Trindade, não visa estudar a
doutrina da Trindade e sim cada uma das três Pessoas, embora de modo bem
introdutório, mas o suficiente para distinguir o ensino bíblico do ensino humano, os
versos acima falam das três Pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

2.1.1. A Trindade no Pentecostalismo

Como já falado, na introdução, é bom lembrar que o ensino carismático


não é exatamente igual em todos os ramos do pentecostalismo, há denominações, por
exemplo, que rejeitam a divindade do Senhor Jesus, fazendo-O assim menor que o Pai e
o Espírito, outros, na sua maioria, colocam mais ênfase no Espírito Santo e diminuem o
trabalho do Senhor Jesus, embora seja importante lembrar que o Espírito também é
Deus, mas ocorre que cada um dEles tem uma função, já outros têm diminuído até
mesmo o poder e a direção do Pai, o exemplo é quando se determina a Ele, daí Ele
passa a ser um servo, invés de Senhor, o Espírito também tem sido dito como objeto
inanimado, sem vontade própria, com Ele é feito o que se bem entende, é comum
alguém “derramá-lO” sobre alguém e coisas do tipo.

2.1.2. A Trindade na Bíblia

Curiosamente a palavra Trindade não aparece na Bíblia, embora o seu


conceito sim, algumas palavras igualmente não aparecem na Bíblia, mas sim seus
conceitos, como, por exemplo, o arrebatamento, homossexualismo (Gn 1:27; Lv
18:22,25; 20:13; Dt 22:5; I Rs 14:24; Jo 8:32,36; Rm 1:24-27; I Co 6:9,10; II Co 5:17; I
Tm 1:15) etc., por isso, só o fato de não haver descrição dela, na Palavra, não a faz uma
doutrina menos bíblica que outras, vale a pena dizer que esta também é uma doutrina
muito dura, pois Deus pergunta: “a quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o
comparareis?” (Is 40:18), é óbvio que Ele é Incomparável, Ele é o Magnífico,
Majestoso, Senhor, Incomparável (cf Ex 8:10; 9:14; 15:11; Dt 33:26; I Sm 2:2; Jó 40:9;
Sl 86:8-10; 89:6,8; 113:5; Is 40:25; 46:5,9; Jr 10:6,16; Mq 7:18; At 17:29; Cl 1:15; Hb
1:3), embora a mente humana precise de comparativos, nenhum deles será bom o
suficiente para se assemelhar com o Senhor, pois Ele mesmo pergunta: “a quem me
assemelhareis, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que sejamos
semelhantes?” (Is 46:5).
Daí alguém vai perguntar, se é assim como poderemos estudar a
Trindade? A resposta é pelo que a Bíblia revelou, que basicamente se resume em, que a
Trindade é composta de três Pessoas iguais, daí o nome Trindade, unidade de (ou em)
três, são elas o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que embora sejam três Pessoas não se
trata de três Deuses, pois Deus é Um (Dt 6:4; Is 44:6; Jo 17:3; I Co 8:4; I Tm 1:17; 2:5)
e Eles são iguais. Cada um dEles é descrito como: Autor de operações espirituais (I Co
12:11; Cl 1:29; Hb 13:21), Criador (Gn 1:1; Jó 26:13; 33:4; Sl 148:5; Jo 1:3; Cl 1:16),
Eterno (Rm 16:26; Hb 9:14; Ap 22:13), Fonte da vida eterna (Jo 10:28; Rm 6:23; Gl
6:8), Inspirador dos profetas (Mc 13:11; II Co 13:3; Hb 1:1), Onisciente (Jo 21:17; At
15:18; I Co 2:10,11), Onipotente (Gn 17:1; Jr 32:17; Lc 1:35; Rm 15:19; Hb 1:3; Ap
1:8), Onipresente (Sl 139:7; Jr 23:24; Ef 1:23), Professor (Is 54:13; 48:17; Lc 21:15; Jo

Página 20
Deus quer o pentecostalismo?

14:26; Gl 1:12; I Jo 2:20), Santificador (Hb 2:11; I Pd 1:2; Jd 1:1), Santo (At 3:14; I Jo
2:20; Ap 4:8; 15:4), Supridor de ministros para a igreja (Jr 26:5; Mt 10:5; At 13:2;
20:28 Ef 4:11), Trabalhador na salvação (II Ts 2:13,14; Tt 3:4-6; I Pd 1:2), Verdadeiro
(Jo 7:28; Ap 3:7).

2.1.2.1. O Pai

“Porque o SENHOR Altíssimo é tremendo, e Rei grande sobre toda a terra.” (Sl 47:2).

De Deus se tem muito a falar, para começar, o nome dEle é SENHOR: “e


eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu
nome, o SENHOR, não lhes fui perfeitamente conhecido.” (Ex 6:3), “o SENHOR é
homem de guerra; o SENHOR é o seu nome.” (Ex 15:3), “para que saibam que tu, a
quem só pertence o nome de SENHOR, és o Altíssimo sobre toda a terra.” (Sl 83:18),
este nome foi o próprio Deus Quem falou, quando disse: “e disse Deus a Moisés: EU
SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a
vós.” (Ex 3:14), então a palavra hebraica para o nome dEle é “YEHOVAH”,̂ ̂ é escrito em
̆ ̂ ̂ ”, palavra que empresta letras para que
maiúsculo mesmo, para distinguir de “‘Adonay
se possa pronunciar a primeira, “YEHOVAH”̂ ̂ significa o Existente, Aquele que existe
por Si mesmo, sem dependência de outro, portanto, Auto-Existente, o Eterno, daí em
conseqüência é “o nome próprio do Único Deus verdadeiro22”, já “'Adonay ̆ ̂ ̂ ” significa
Senhor23, nome masculino usado exclusivamente para Deus. Uma forma enfática da
̄ ̱
palavra “’adôn” (H113), esta palavra significa literalmente meu Senhor (Gn 18:3)24.
O nome do SENHOR é glorioso: “se não tiveres cuidado de guardar
todas as palavras desta lei, que estão escritas neste livro, para temeres este nome
glorioso e temível, O SENHOR TEU DEUS,” (Dt 28:58), “e os levitas, Jesuá, Cadmiel,
Bani, Hasabnéias, Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías, disseram: Levantai-vos,
bendizei ao SENHOR vosso Deus de eternidade em eternidade; e bendigam o teu
glorioso nome, que está exaltado sobre toda a bênção e louvor.” (Ne 9:5), “como o
animal que desce ao vale, o Espírito do SENHOR lhes deu descanso; assim guiaste ao
teu povo, para te fazeres um nome glorioso.” (Is 63:14), nome que é para ser
reverenciado (Ex 20:7; Dt 5:11; 28:58; Sl 111:9; Mq 4:5; I Tm 6:1), louvado (Sl 34:3;
68:4; 72:17), não pode ser profanado (Ex 20:7; Lv 18:21; 19:12; 20:3; 21:6; 22:2,32; Dt
5:11; Sl 139:20; Pv 30:9; Is 52:5). Daí o “porque apregoarei o nome do SENHOR;
engrandecei a nosso Deus.” (Dt 32:3).
Deus é Confortador: “porém ninguém diz: Onde está Deus que me criou,
que dá salmos durante a noite;” (Jó 35:10), (cf Sl 42:8; 77:6; 119:62; 149:5), Criador:
“Ele fez a terra com o seu poder; ele estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e com
a sua inteligência estendeu os céus.” (Jr 10:12), (cf Sl 8:3; 19:1,4; 24:1,2; 33:6,7,9;
65:6; 74:16,17; 78:69; 89:11,12,47; 90:2; 95:4,5; 96:5; 102:25; 103:22; 104:2-6,24,31,
119:90,91; 121:2; 124:8; 136:5-9; 146:5-6; 148:5,6), Eterno: “e plantou um bosque em
Berseba, e invocou lá o nome do SENHOR, Deus eterno.” (Gn 21:33), (cf Is 26:4;
40:28; 41:4; 43:13; 44:6; 46:4; 48:12; 57:15; 63:16; Jr 10:10; 17:12; Lm 5:19; Dn
4:3,34; Hc 1:12; 3:6; Rm 1:20; 16:29; Ef 3:21; I Tm 1:17; 6:15,16; Hb 1:8; 9:14; II Pd
3:8; I Jo 2:13; Ap 1:4,6; 4:8-10; 5:14; 10:6; 11:17; 15:7; 16:5), Fiel: “se confessarmos
22
Briggs, Charles; Brown, Francis & Driver R., The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon,
Hendrickson Publishers, 1997, p.
23
Chavez, Moises. Diccionario de Hebreo Biblico. Editorial Mundo Hispano, 1997, p. 12
24
Baker, Warren; Carpenter, Eugene. The Complete Wordstudy Dictionary: Old Testament, AMG
Publishers, 2003, p.

Página 21
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de
toda a injustiça.” (I Jo 1:9), (cf Sl 138:2; 146:6; Is 11:5; 25:1; 42:16; 44:21; 49:7,16;
51:6,8; 54:9,10; 65:16; Jr 29:10; 31:36,37; 32:40; 33:14,20,21,25,26; 51:5; Lm 3:23; Ez
16:60,62; Dn 9:4; Os 2:19,20; Mq 7:20; Ag 2:5; Zc 9:11; Mt 24:34,35; Lc 1:54,55,68-
73; Jo 8:26; At 13:32,33; Rm 3:3,4; 11:1,2,29; 15:8; I Co 1:9; 10:13; II Co 1:20; I Ts
5:24; II Tm 2:13,19; Tt 1:2; Hb 6:10,13-19; 10:22,23,37; I Pd 4:19; II Pd 3:9).
Juiz: “se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará
aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma?
Não dará ele ao homem conforme a sua obra?” (Pv 24:12), (cf Gn 16:5; 18:20,21,25;
Ex 20:5; 34:7; Nm 16:22; Dt 10:17; 32:4,35; Js 24:19; Jz 9:56,57; 11:27; I Sm 2:3,10;
24:12,15; II Sm 14:14; 22:25-27; Sl 18:25,26; I Rs 8:32; I Cr 16:33; II Cr 6:22,23; 19:7;
Ne 9:33; Jó 4:17; 8:3; 9:15,28; 21:22; 23:7; 31:13-15; 34:10-12,17,19,23; 35:14;
36:3,19; 37:23; Sl 7:8,9,11; 9:4,7,8; 11:4,5,7;), Soberano: “o SENHOR tem estabelecido
o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo.” (Sl 103:19), (cf Jó 41:11; Sl
10:16; 22:28,29; 24:1,10; 29:10; 44:4; 47:2,3,7,8; 50:10-12; 59:13; 65:5; 66:7; 67:4;
74:12; 75:6,7; 76:11,12; 82:1,8; 83:18; 89:11,18; 93:1,2; 95:3-5; 96:10; 97:1,2,5,9;
98:6; 99:1; 103:19; 105:7; 113:4; 115:3,16; 135:5,6; 136:2,3; 145:11-13; 146:10; Is
52:7; Ec 9:1; Is 24:23; 33:22; 37:16; 40:22,23; I Co 10:26), Inescrutável: “não sabes,
não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa
nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.” (Is 40:28), (cf Jó 11:7; 37:23; Sl
145:3; Rm 11:33).
É óbvio que tem muito mais de Deus, tanto do Seu caráter, quanto dos
Seus atributos, e natureza, para falar, mas esta obra é bem introdutória no assunto, os
atributos abordados são os que têm relação mais direta com o tema deste livro.

2.1.2.2. O Filho

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e


nosso Salvador Jesus Cristo;” (Tt 2:13).

Estudar sobre o Senhor Jesus é conhecer melhor o nosso Senhor, muitas


são as coisas que se pode falar dEle, mas como o nosso estudo é elementar, passemos
para a Sua natureza, que responde a pergunta, se o Senhor Jesus é Deus ou homem, a
Bíblia categoricamente afirma que Ele é Deus: “e, sem dúvida alguma, grande é o
mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos
anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” (I Tm 3:16),
(cf Is 9:6; 40:3; Mq 5:2; Zc 2:8,10; 4:8; Ml 3:1; Mt 3:3,17; 18:20; 28:9,19, 20; Lc 1:35;
10:22; 23:42; Jo 1:1-13,48; 2:24, 5:23; 10:15; 21:17; At 1:24; 7:59; Rm 9:5; I Co 15:47;
Fp 2:6; Cl 1:16; 2:3; Hb 1:6,8,10; 13:8; I Jo 5:20; Jd 1:25; Ap 2:23; 5:12; 19:16). No
tópico anterior estudamos sobre o Pai e falamos do nome dEle, SENHOR, este nome é
empregado ao Senhor Jesus, observe: “disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos
digo que antes que Abraão existisse, eu sou.” (Jo 8:58), o Senhor Jesus falou
propositadamente assim para deixar claro, que Ele é o mesmo EU SOU, utilizada em Ex
3:14, tanto é que os que O ouviram entenderam claramente o que o Mestre quis dizer,
dessa vez Ele falou claramente, em outras ocasiões, Ele também é chamado de
SENHOR, basta comparar a passagem no Velho Testamento com uma do Novo, por
exemplo: “voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai
no ermo vereda a nosso Deus.” (Is 40:3), “porque este é o anunciado pelo profeta
Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,
Endireitai as suas veredas.” (Mt 3:3), é de se observar a palavra SENHOR.

Página 22
Deus quer o pentecostalismo?

Outro exemplo é o da vocação do profeta Isaías: “no ano em que morreu


o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu
séquito enchia o templo.” (Is 6:1), para Quem os querubins clamavam: “e clamavam
uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra
está cheia da sua glória.” (Is 6:3), no mesmo dia o profeta disse: “engorda o coração
deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja
com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração,
nem se converta e seja sarado.” (Is 6:10), “cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o
coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se
convertam, E eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele.” (Jo
12:40,41), esta passagem se refere ao Senhor Jesus, deixando claro que o Mestre é
SENHOR. Ainda sobre a divindade de Cristo, Ele tem os mesmos atributos do Pai, por
exemplo, imutabilidade (Hb 1:11,12; 13:8), onipresença (Mt 18.20; 28:20; Jo 3:13),
onisciência (Jo 2:25; 21:17; Ap 2:23), onipotência (Jo 10:27-29; Fp 4:13; Ap 1:8), obras
são atribuídas a Ele como: criação (Jo 1:3; Ef 3:9; Cl 1:16; Hb 1:3; 2:10), doação da
vida (Jo 5:21,25,28; At 3:12; 4:10; Fp 3.21).
Que Ele é Homem também está claro: “porque há um só Deus, e um só
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (I Tm 2:5), (cf Is 53:3; Mt
1:18-25; 4:1,2,11; 8:24; 21:18; 26:37,38; Mc 1:13; 9:19; 15:34; Lc 1:28-35; 2:10,52;
4:2; 19:41 22:43,44; Jo 1:14; 4:6,10; 11:35; Gl 4:4; Fp 2:7,8; Hb 2:14-17; 2:18; 4:15),
Ele Se chamou e foi chamado homem (Jo 8:40; At 2:22; Rm 5:15; I Tm 2:5), possuía os
elementos da natureza humana, isto é, corpo natural e alma racional (Mt 26:38; Lc
24:39; Jo 11:33; Hb 2:14), sentia fome (Mt 4:2), cansaço (Mt 8:24; Jo 4:6), estava
sujeito à lei do desenvolvimento humano (Lc 2:40,46; Hb 2:18; 5:8), morreu (Lc 22:44,
Jo 19:30,33). Então aprendemos que Ele é simultaneamente Deus e Homem, a melhor
descrição é dizer que Ele é Deus-Homem, o hífen é a precisão da palavra, pois liga e
separa, o Senhor Jesus é simultaneamente 100% (cem por cento) Deus e 100% (cem por
cento) Homem, por isso, Ele é Deus-Homem.
A função do Filho, na salvação, é importantíssima, pois Ele é Quem
morreu, por nós: “porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos
ímpios.” (Rm 5:6), ressuscitou: “e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para
todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.” (Ap 1:18), (cf Sl
16:9,10; Is 26:19; Mt 16:21; 17:23; 20:19; Mt 26:32; 28:6,7; Mc 8:31; 9:9,10; 10:34;
14:28,58; 16:6,7; Lc 9:22; 18:33; 24:5-7,46; Jo 2:19,21,22; 12:23; 20:1-18; At 1:3;
2:24,31,32; 3:15; 4:10,33; 5:30-32; 10:40,41; 13:30-34; 17:2,3,31; 26:23; Rm 1:4;
4:24,25; 6:4,5,9,10; 8:11; 10:9; I Co 6:14; 15:3-8,12-23; II Co 4:14; 5:15; Gl 1:1; Ef
1:20; Fp 3:10; Cl 2:12; I Ts 1:10; 4:14; II Tm 2:8; Hb 13:20; I Pd 1:3,21; 3:21),
ascendeu ao céu: “ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis,
certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do
que eu.” (Jo 14:28), (cf Sl 47:5; 68:18; Mc 16:19; Lc 24:26,50,51; Jo 6:62; 7:33,34;
14:12,28; 16:16,28; 20:17; At 1:9,22; 3:21; Rm 8:34; Ef 1:20; 4:8-10; I Tm 3:16; Hb
4:14; 9:24). No céu, o Senhor Jesus está à direita do Pai: “O qual, sendo o resplendor
da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela
palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados,
assentou-se à destra da majestade nas alturas;” (Hb 1:3), (cf Sl 110:1; Mc 16:19; Lc
20:42,43; At 7:56; Rm 8:34; Ef 1:20-22; Cl 3:1; Hb 8:1; 10:12; 12:2; I Pd 3:22; Ap
3:21), para lá começar um novo ministério, o de suster o crente, lá Ele fala ao Pai para
receber o crente como se fosse a Ele: “assim, pois, se me tens por companheiro, recebe-
o como a mim mesmo.” (Fl 1:17) e intercede pelo crente: “quem é que condena? Pois é
Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

de Deus, e também intercede por nós.” (Rm 8:34), (cf Is 53:12; Jo 16:23,26,27; 17:20-
24; Hb 4:14,15; 7:25; I Jo 2:1).

2.1.2.3. O Espírito Santo

“Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses
ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para
ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração?
Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5:3,4).

A primeira coisa que se precisa aprender do Santo Espírito é que Ele é


Deus (At 5:3,4,9; I Co 3:16; Ef 2:22; II Co 3:17), isso está claro na Bíblia, nos dois
tópicos anteriores vimos o nome SENHOR aparecer, nome que aparecerá novamente
quando se fala do Espírito Santo, basta comparar passagens da Palavra:
E, como ficaram entre si discordes, despediram-se, dizendo Paulo esta palavra: Bem falou o
Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías, dizendo: Vai a este povo, e dize: De ouvido
ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; E, vendo vereis, e de maneira nenhuma
percebereis. Porquanto o coração deste povo está endurecido, E com os ouvidos ouviram
pesadamente, E fecharam os olhos, Para que nunca com os olhos vejam, Nem com os
ouvidos ouçam, Nem do coração entendam, E se convertam, E eu os cure. (At 28:25-27).
A menção é de: “depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem
enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então
disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade,
mas não percebeis.” (Is 6:8,9), outro exemplo é: “mas esta é a aliança que farei com a
casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e
a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jr 31:33),
“e também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a
aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em
seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta:” (Hb 10:15,16).
Estas passagens explicam o porquê de, na vocação do profeta Isaías, Deus falar no
plural: “depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir
por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6:8), pois acusa a presença
das três Pessoas, o Pai, o Filho e o Santo Espírito.
Ainda sobre a divindade do Espírito, Ele está associado ao Pai e ao Filho
num mesmo nível de igualdade (Mt 28:19; I Jo 5:7; II Co 13:14), e também é provada
por Seus atributos: eternidade (Hb 9:14), vida (Rm 8:2), onipresença (Sl 139:78),
santidade (Mt 28:19; Lc 11:3), onisciência (I Co 2:10), soberania (Jo 3:8; I Co 12:11),
onipotência (Gn 1:1,2; Lc 1:35; Jo 3:5), verdade (I Jo 5:6), sabedoria (Is 40:13). Além
das obras dEle: criação (Jó 33:4; Sl 104:30), a encarnação (Mt 1:18), regeneração (Jo
3:8 cf I Jo 4:7), ressurreição (Rm 8:11), inspiração da Palavra de Deus (II Pd 1:21 cf II
Rs 21:10), transmissão de vida (Gn 2:7; Rm 8:11; Jo 3:5-8; 6:63; Tt 3:5). Pelo ensinado
acima, está claro que se trata de uma Pessoa, o Espírito é uma Pessoa e não uma força
ativa, pois Ele sonda as profundezas de Deus (I Co 2:10), fala (Mt 10:20; At
10:19,20;13:2; Ap 2:7), ensina (Lc 12:12; Jo 14:26; I Co 2:13), conduz e guia (Jo 16:13;
Rm 8:14), intercede (Rm 8:26), dispensa dons (I Co 12:7-11), chama homens para o
serviço (At 13:2; 20:28), tem vontade (I Co 12:11; Ef 4:30), pode se rebelar contra Ele,
incomodá-Lo e entristecê-Lo (Is 63:10; Ef 4:30); pôde ser blasfemado (Mt 12:31).
O ministério dEle, na salvação, é vital, pois quanto ao homem, Ele luta
com eles (Gn 6:3; Mt 5:13-16), testifica (Jo 15:26; At 5:30-32) e convence-os do
pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8-11), após a conversão, portanto, ao crente, Ele
ora: “e da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não

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Deus quer o pentecostalismo?

sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós com gemidos inexprimíveis.” (Rm 8:26), ensina (Lc 12:12; Jo 14:26), habita no
crente (Jo 7:37-39; 14:6,16,17; Rm 8:9; I Co 2:12; 3:16; 6:19; I Jo 3:24), guia na
verdade (Jo 16:13), regenera o crente (Jo 3:3-7; Tt 3:5; Tg 1:18; I Pd 1:23), batiza o
crente no corpo de Cristo (Rm 6:3,4; I Co 12:13; Gl 3:27; Ef 4:4,5; Cl 2:12), enche o
crente (Lc 1:15,41,67,68; 4:1; Jo 7:38,39; At 4:8,31;2:4; 6:3;7:54,55; 9:17,20;
13:9,10,52; Ef 5:18-20), possibilita todas as formas de comunhão com Deus (At 2:11;
Rm 8:26,27; Fl 3:3; Ef 5:18-20; 6:8; Jd 20), equipa para o trabalho (Sl 36:9; Jo
16:13,14; I Co 12:1-14; I Tm 1:5).

2.1.3. Reflexões

Obviamente o que escrevi, nesta seção, sobre o Senhor, é tão somente


introdutório, mas foi apenas para demonstrar que o Senhor é o Senhor e que Ele é Quem
decide: “mas, se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma
quiser, isso fará.” (Jó 23:13), então Ele faz o que quiser e nós não fazemos o que
queremos, Ele é Quem manda, nós que obedecemos, por isso mesmo o nome dEle é
SENHOR e cabe aos Seus servos a obediência a Ele, das coisas mais elementares às
mais complexas, obedeça ao Senhor e certamente será feliz, que bata em seu coração,
caro leitor, a seguinte convicção: “e tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do
povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos, e obedeceremos.”
(Ex 24:7), Ele estabelece Suas ordens na Bíblia, que será tratada na próxima seção.

2.2. A Bíblia

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” (Jo 17:17).

A Bíblia é o livro dos livros e de extrema importância para o crente, pois


é especialmente por ela que Deus fala a cada um de nós, por isso, é importante conhecê-
la, aplicá-la, há muito, ela tem sofrido todo tipo de ataque e tem se mantido de pé, pois é
Deus Quem a preserva.

2.2.1. Bíblia pentecostal

A Bíblia, no sistema carismático, é inferior ao que realmente ela é, pois é


menor que a palavra de muitos homens e também é inferior as supostas novas visões e
revelações recebidas por grupos, ou pessoas, do pentecostalismo, que mesmo se disser
algo contrário à Palavra tal preceito será cumprindo em detrimento da Bíblia Sagrada,
quando não, a própria Bíblia é usada para fundamentar atos anti-bíblicos, para tal
prática simplesmente se interpreta a Bíblia flexionando-a, fazendo-a ser relativa e não
absoluta, que o que de fato ela é, ou fazendo alegorias ou espiritualizando o Texto
Sagrado, dando um significado totalmente diferente do que está escrito; naturalmente se
é interpretada de modo fraudulento, ou equivocado, conseqüentemente ela também é
aplicada errada, dando margens a todo tipo de interpretação e aplicação.

2.2.2. A Bíblia e a Bíblia

(Ex 3:9; 19:9; Dt 4:2,5,6; 8:3; Js 1:8; 3:9; II Sm 22:31; I Cr 16:15; II Cr 15:3; Jó 22:22;
23:12; Sl 1:2; 12:6; 17:4; 19:7-11; 119:138,140-148; Pv 6:20-23; Ec 5:1; 12:10,11; Is
2:3; 8:16,20; 28:13; Jr 8:9; 15:16; 22:29; Ez 3:3-10; Dn 12:4,9; Am 8:11-13; Mq 2:7;

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Hc 2:2; Zc 7:7; Mt 5:17; 7:24,25; Mc 4:20; 13:33; Lc 13:21; Jo 8:31,32; 10:35; 20:31;
At 10:15; Rm 15:4; 16:26; I Co 2:13; 7:6; Ef 1:12,13; 3:3-5; Fp 2:16; Cl 1:5; 3:16; I Ts
2:13; I Tm 1:5; II Tm 3:16,17; I Jo 5:13; Jd 1:3,17; Ap 22:18,19).

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de
dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb 4:12).

O que a Bíblia ensina dela mesma? Esta é a razão desta seção falar o
ensino bíblico da Escritura, começando pelo o que ela é, a Bíblia se chama, por diversas
vezes, de Palavra de Deus, por quase duas mil vezes aparece, no Velho Testamento,
assim diz o Senhor e suas equivalentes, e a própria Bíblia se chama de Palavra de Deus
outras várias vezes: “com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o
conforme a tua palavra.” (Sl 119:9), “escondi a tua palavra no meu coração, para eu
não pecar contra ti.” (Sl 119:11), “mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem
a palavra de Deus e a guardam.” (Lc 11:28), “manifestei o teu nome aos homens que
do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra.” (Jo 17:6),
“dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu
não sou do mundo.” (Jo 17:14), “santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a
verdade.” (Jo 17:17), “tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito,
que é a palavra de Deus;” (Ef 6:17).
Ela reivindica ser a Palavra de Deus e prova que é por diversas vezes e de
várias maneiras, o primeiro aspecto, que chamo atenção, é o da unidade, a Bíblia foi
escrita por aproximadamente 1.600 anos em diversos lugares distintos e por cerca de 40
escritores, muitos dos quais não se conheceram, embora fossem contemporâneos, foi
escrita sob a influência cultural de alguns povos, mas jamais traz tais influencias ao
Texto, que se fossem anotados trariam conhecimentos, por exemplo, científico, da
época, mas não o faz assim, pelo contrário traz ensinos diretos da parte de Deus em
desprezo ao que se cria a sociedade da época, um exemplo claro disso é o de Moisés: “e
Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e
obras.” (At 7:22), que mesmo sendo instruído na ciência, costume e cultura egípcia não
traz isso para os escritos bíblicos, e apesar de todo o contraste entre os escritores, épocas
e culturas a Bíblia é unânime, sem contradição, perfeita, o que é um verdadeiro milagre.
Segundo as profecias, ou seja, a Bíblia prediz um evento antes, muito
antes, que ele aconteça, o que evidencia atuação sobre humana, pois os seres humanos
têm sua visão, em termos de futuro, totalmente bloqueadas, o que são feitos são
previsões, mas Deus, por Sua Palavra, faz a predição precisa e específica: “Quem
anunciou isto desde o princípio, para que o possamos saber, ou desde antes, para que
digamos: Justo é? Porém não há quem anuncie, nem tampouco quem manifeste, nem
tampouco quem ouça as vossas palavras.” (Is 41:26), (cf Is 41:22; 43:9; 44:7; 45:21).
São muitas as profecias cumpridas pelo Senhor Jesus, serão utilizadas apenas algumas
para ilustração: lugar de nascimento (Mq 5:2 cf Mt 2:1), nascimento virginal (Is 7:14 cf
Mt 1:18), a bebida na cruz (Sl 69:21 cf Mt 27:48), Sua ressurreição (Sl 16:10 cf At
13:35). Várias profecias sobre Israel, em especial, sobre a sua indestrutibilidade (Gn
12:1-3; 15:5; Lv 26:44; Is 11:11,12; Jr 30:11; 31:35,36; 46:28; Ez 37:21; Mt 24:34; Rm
11:1-5,25-32). Durante o reino de Jeroboão, rei em Israel, houve uma profecia referente
a um futuro rei e ele foi chamado pelo nome, conforme o seguinte relato:
E eis que, por ordem do SENHOR, veio, de Judá a Betel, um homem de Deus; e Jeroboão
estava junto ao altar, para queimar incenso. E ele clamou contra o altar por ordem do
SENHOR, e disse: Altar, altar! Assim diz o SENHOR: Eis que um filho nascerá à casa de

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Deus quer o pentecostalismo?

Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti
queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti. (I Rs 13:1,2).
Agora o texto seguinte relata o cumprimento:
E também o altar que estava em Betel, e o alto que fez Jeroboão, filho de Nebate, com que
tinha feito Israel pecar, esse altar derrubou juntamente com o alto; queimando o alto, em pó
o esmiuçou, e queimou o ídolo do bosque. E, virando-se Josias, viu as sepulturas que
estavam ali no monte; e mandou tirar os ossos das sepulturas, e os queimou sobre aquele
altar, e assim o profanou, conforme a palavra do SENHOR, que profetizara o homem de
Deus, quando anunciou estas palavras. (II Rs 23:15,16).
O acontecimento foi profetizado mais de três séculos antes e aconteceu
exatamente como fora profetizado, para mostrar que só Alguém, que está fora do tempo,
pôde inspirar o profeta, só poderia ser Ele mesmo, o Deus Todo-Poderoso, por isso, Ele
pode garantir o cumprimento de toda profecia (Ez 12:22-25,28; Hc 2:3; Mt 5:18; 24:35;
At 13:27,29). Terceiro a precisão científica, embora a Bíblia não seja um livro para
ensinar conhecimento geral e sim o caminho de volta a Deus, e a vontade de Deus, para
o homem, quando ela trata de um assunto científico ela é exata, por exemplo, a Terra é
redonda: “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são
para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola
como tenda, para neles habitar;” (Is 40:22), suspensa sobre o nada: “o norte estende
sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.” (Jó 26:7), e não cai, pois é sustentada
pela ordem do Senhor Jesus: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa
imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da
majestade nas alturas;” (Hb 1:3).
Várias outras menções científicas podem ser colocadas, por exemplo, a
que o ar tem peso: “quando deu peso ao vento, e tomou a medida das águas;” (Jó
28:25), a existência do fuso horário: “assim será no dia em que o Filho do homem se há
de manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas alfaias em casa, não
desça a tomá-las; e, da mesma sorte, o que estiver no campo não volte para trás.” (Lc
17:30,31), “digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e
outro será deixado.” (Lc 17:34), ué será de dia ou de noite? A resposta é que será de dia
em certa parte do planeta e de noite em outro, essas são lições tão somente para
exemplificar, pois a Bíblia traz muito mais fatos científicos! Ela é chamada de Boa
Palavra de Deus (Hb 6:5), Escrituras (I Co 15:3), Escrituras da Verdade (Dn 10:21),
Espada do Espírito (Ef 6:17), Lei do SENHOR (Sl 1:2; Is 30:9), Livro (Sl 40:7; At
22:19), Livro da Lei (Ne 8:3; Gl 3:10), Livro do SENHOR (Is 34:16), Palavra (Tg 1:21-
23; I Pd 2:2), Palavra de Cristo (Cl 3:16), Palavra de Deus (Lc 11:28; Hb 4:12), Palavra
da Verdade (II Tm 2:15; Tg 1:18), Palavra da Vida (Fp 2:16), Palavras de Deus (Ex
24:4; Rm 3:2; I Pd 4:11), Santas Escrituras (Rm 1:2; II Tm 3:15).
Por ser a Palavra de Deus, ela é: luz (Pv 6:23; II Pd 1:19), pura (Sl 12:6;
119:140; Pv 30:5), verdade (Sl 119:160; Jo 17:17), perfeita (Sl 19:7), preciosa (Sl
19:10), viva e eficaz (Hb 4:12), alimento (Dt 8:3; Jó 23:12; Sl 119:103; Jr 15:16; Ez
2:8; 3:1; Mt 4:4; I Pd 2:2), mas não é só, ela ainda: contém as promessas do evangelho
(Rm 1:2), revela os estatutos de Deus (Ex 24:3; Dt 4:5,14), testifica a Cristo (Jo 5:39; At
10:43; 18:28; I Co 15:3), regenera (Tg 1:18; I Pd 1:23), vivifica (Sl 119:50,93), ilumina
(Sl 119:130), refrigera a alma (Sl 19:7), faz sábio (Sl 19:7), santifica (Jo 17:17; Ef
5:26), produz fé (Jo 20:31), esperança (Sl 119:49; Rm 15:4) e obediência (Dt 17:19,20),
limpa o coração (Jo 15:3; Ef 5:26), purifica o caminho (Sl 119:9), edifica (At 20:32),
admoesta (Sl 19:11; I Co 10:11), conforta (Sl 119:82; Rm 15:4), alegra o coração (Sl
19:8; 119:111). Ela foi escrita para nossa instrução (Rm 15:4), e uso de todo homem
(Rm 16:26), por isso ela deve ser a base do ensino (I Pd 4:11), lida (Dt 17:19; 31:11-13;

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Ne 8:3; Is 34:16; Jr 36:6; At 13:15), recebida como Palavra de Deus e não de homens (I
Ts 2:13), recebida com mansidão (Tg 1:21), examinada (Jo 5:39; 7:52) diariamente (At
17:11), usada contra os inimigos espirituais (Mt 4:4,7,10; Ef 6:11,17).

2.2.2.1. Revelação

(Ex 14:1; Is 43:1; Ez 1:3, Dn 2:22,28,47; Am 3:7; I Co 14:37; Gl 1:11,12; II Tm


3:16,17; Hb 2:1-4; II Pd 1:20,21; 3:2; I Jo 5:10; Ap 22:18,19).

“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o
revelou.” (Jo 1:18).

A Bíblia é a revelação de Deus para o homem, revelar é fazer conhecido,


pois: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse
o revelou.” (Jo 1:18), Deus quer Se fazer conhecido aos homens, por isso, esta carta, a
Bíblia, revelação, que foi escrita para que o homem creia em Cristo: “estes, porém,
foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20:31) e cresça em aprendizado do Senhor:
“então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR; a sua saída, como a
alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” (Os
6:3), “porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela
paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança.” (Rm 15:4). Ele Se revelou
quando da escrita da Bíblia, trazendo ensinamentos dEle aos homens, a palavra revelar,
que nada mais é desvendar, tirar as vendas dos olhos humanos para que possa conhecê-
Lo, o fato maior que impede ao homem de melhor conhecê-Lo é o pecado, para que o homem
fosse renovado, tivesse uma nova mente, Deus enviou Seu Filho para que todo que crer em
Cristo, como seu Salvador pessoal, possa ser salvo e assim viver e conhecer a cada dia mais ao
Pai:
Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó
Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém
conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o
Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos
aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de
coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu
fardo é leve. (Mt 11:25-30).
Langston discorre sobre a revelação da seguinte maneira:
Entendemos que revelação é a manifestação que Deus faz de Si mesmo e a compreensão,
parcial embora, da mesma manifestação por parte dos homens. Esse modo de definir a
revelação acentua que o que se revela é o próprio Deus, e não apenas alguma coisa a
respeito de Deus. Na revelação Deus faz-Se conhecido dos homens, na sua personalidade e
nas suas relações. Revelar é informar... A revelação não tem por fim simplesmente
informar o homem acerca de Deus, mas também descobrir Deus ao homem. Deus quer que
o homem O conheça; daí a razão de Ele Se revelar (Sl 19:1-4)25.
A revelação de Deus envolve mostrar, ao Seu servo, algo que jamais ele
saberia sem ser por meio da atuação de Deus, um exemplo disso é a narração de
Gênesis, como Moisés poderia saber como o mundo foi criado? A revelação desvenda
os mistérios de Deus aos homens, e essa era uma promessa de Deus também:
“certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo
aos seus servos, os profetas.” (Am 3:7), e Ele foi Se revelando, sendo esta revelação
progressiva até o ponto que o maior mistério foi revelado, Cristo (cf 2.4.2.3.1.
Revelação e 2.4.2.4.1.5. Revelação completa):
25
Langston, A. B. Esboço De Teologia Sistemática, editora Juerp, 12ª impressão, 3ª edição, 1999, p. 23.

Página 28
Deus quer o pentecostalismo?

Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios; se é que
tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me
foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi; por isso,
quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros
séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de
um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; do qual fui feito
ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A
mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por
meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja
a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por
meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja
conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fez em
Cristo Jesus nosso Senhor, (Ef 3:1-12).

2.2.2.2. Inspiração

(Ex 19:7; 20:1; 24:4,12; 25:21; 31:18; 32:16; 34:27,32; Lv 26:46; Dt 4:5,14; 11:18;
31:19,22; II Rs 17:13; II Cr 33:18; Jó 23:12; Sl 78:5; 99:7; 147:19; Ec 12:11; Is
30:12,13; 34:16; 59:21; Jr 30:2; 36:1,2,27,28,32; 51:59-64; Ez 11:25; Dn 10:21; Os
8:12; Zc 7:12; Mt 22:31,32; Lc 1:68-73; At 1:16; 28:25; Rm 3:1,2; I Co 2:12,13; 7:10;
14:37; Ef 6:17; Cl 3:16; I Ts 2:13; 4:1-3; II Tm 3:17; Hb 1:1,2; 3:7,8; 4:12; I Pd
1:11,12; II Pd 1:21; 3:2; I Jo 1:1-5; Ap 1:1,2,11,17-19; 2:7; 19:10; 22:6-8).

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir,


para corrigir, para instruir em justiça;” (II Tm 3:16).

Algo importantíssimo é compreender que a revelação é inspirada por


Deus, ou seja, Deus foi Quem a deu a nós homem: “toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em
justiça;” (II Tm 3:16), observe as palavras divinamente inspirada, elas traduzem a
palavra grega “Theopneustos”, que, por sua vez, se origina em outras duas palavras, a
primeira “Theos”, que significa Deus e a segunda “pneusthos”, significando respirar ou
soprar com força, esta palavra dá luz ao que significa inspiração da Palavra de Deus, ou
seja, quando da escrita da Bíblia, houve o sopro divino, conceito este ensinado na
Bíblia: “aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles
ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo
Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os
anjos desejam bem atentar.” (I Pd 1:12), sendo que, cada palavra da Bíblia tem a sua
grande importância, pois foram ensinada e sopradas pelo Santo Espírito: “as quais
também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito
Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” (I Co 2:13):
Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da
graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo,
que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam
de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. (I Pd 1:10,11).
Motivo que cada palavra da Bíblia é relevante: “porque em verdade vos
digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem
que tudo seja cumprido.” (Mt 5:18), e essa é a razão que aparece várias vezes a
expressão “assim falou o SENHOR”, e o Senhor Jesus, no Novo Testamento, fala: “Eu
vos digo”, pois é Deus quem está falando, isso tanto no Novo quanto no Velho
Testamento: “o Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua palavra está na minha

Página 29
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

boca.” (II Sm 23:2), Deus assim falou a Ezequiel: “e disse-me ainda: Filho do homem,
vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras.” (Ez 3:4). O objetivo deste
tópico é mostrar a inspiração verbal plenária da Bíblia, ou seja, ela toda, é vinda de
Deus, não só os pensamentos, mas as palavras, o Senhor Jesus disse: “o espírito é o que
vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.”
(Jo 6:63), as palavras, isso precisa ficar claro: “e Jesus lhe respondeu, dizendo: Está
escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.” (Lc 4:4),
pois: “toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele.” (Pv 30:5).
A inspiração bíblica é plenária isso significa que a Bíblia, nos seus
sessenta e seis (66) livros, é inspirada sobre todo e qualquer assunto que ela abordar, e
só ela é inspirada: “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de
Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Tm 3:16,17),
por isso, é a ela que se deve recorrer sobre qualquer assunto. Ela também é infalível, em
outras palavras, a Bíblia é isenta de erros, de todo e qualquer tipo ou espécie: “pois, se a
lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, e a Escritura não
pode ser anulada,” (Jo 10:35), por tudo isso, a Bíblia se considera inspirada, esta
colocação está em algumas passagens (Ex 20:1; Is 8:20; Ml 4:4; Mt 1:22; Lc 24:44; Jo
1:23; 5:39; 10:34,35; 14:26; 16:13; 19:36,37; 20:9; At 7:38; 13:34; Rm 1:2; 4:23; 9:17;
15:4; I Co 2:4-10; 6:16; 9:10; Gl 1:11,12; 3:8,16,22; 4:30; I Ts 1:5; Hb 9:8; 10:15; II Pd
3:16; I Jo 4:6; Ap 22:19).
Voltando a II Tm 3:16, Hendriksen comenta assim:
As palavras divinamente inspirado ocorrem somente aqui e indica que “toda escritura” deve
sua origem e conteúdo ao divino sopro, o Espírito de Deus. Os autores humanos foram
poderosamente guiados e dirigidos pelo Espírito Santo, como resultado o que eles
escreveram não é só sem erro, mas também de supremo valor para o homem... ela constitui
a infalível regra de fé e prática para a humanidade26.
Para finalizar, Dagg ensina a inspiração com as seguintes palavras27:
Alicerçados nestes informes, aprendemos que tudo quanto foi dito e escrito através da
inspiração divina é revestido de elevadíssima autoridade, como se tivesse procedido
diretamente de Deus sem o uso da instrumentalidade humana. Quando Pedro disse ao
aleijado: “E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome
de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.” (At 3:6), a voz que falou era a de Pedro, e o
poder que restaurou os membros do coxo era o de Deus. As palavras, embora tenham saídas
dos lábios do apóstolo, foram proferidas sob influencia divina, porque de outro modo o
poder divino não as teria acompanhado. Por semelhante modo o evangelho, recebido dos
lábios dos apóstolos, foi acolhido “por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois,
havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de
homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós,
os que crestes.” (I Ts 2:13). Os homens que falaram e escreveram segundo eram
impulsionados pelo Espírito do Senhor, foram instrumentos usados por Deus, a fim de
falarem e escreverem a Sua Palavra. As peculiaridades do pensamento, do sentimento e do
estilo deles não puderam impedir que aquilo que diziam e escreviam fosse a Palavra de
Deus, apesar do seu tom de voz ou da sua caligrafia.

2.2.2.3. Preservação

(Nm 23:19; I Sm 3:19; 15:29; II Rs 10:10; I Cr 16:15; Sl 12:6,7; 18:30; 19:7,8; 33:1;
100:5; 111:7,8; 117:2; 119:89,140,152; 138:2; Pv 30:5; Is 40:8; 45:19; 55:11; 59:21; Jr
44:28,29; Zc 1:6; Mt 4:4; 5:18; 24:35; Lc 4:4; 16:17; 21:33; Jo 10:35; 16:12,13; I Pd
1:23,25; Ap 22:18,19).

26
Walvoord, John F.. The Bible Knowledge Commentary. David C. Cook; New edition, 2002
27
Dagg, John L. Manual de Teologia, Editora Fiel, segunda edição, 1998, p. 9.

Página 30
Deus quer o pentecostalismo?

“A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para
sempre.” (Sl 119:160).

A Bíblia é preservada e isso tem tudo a ver com a inspiração, pois de


nada adiantaria a Bíblia ter sido inspirada, por Deus, se ela se perdesse ou fosse
corrompida ao longo dos anos, de nada também adiantaria chegar até a atualidade se
não tivesse sido inspirada por Deus, por isso, ela não se perdeu, ou seja, é preservada,
em outras palavras, temos hoje a pura, perfeita e preservada Palavra de Deus, daí o
Texto, que temos hoje, é 100% (cem por cento) confiável e é justamente sobre isso que
falaremos agora, a primeira observação é que a Bíblia é viva, ela teria de morrer para
poder ser corrompida e conseqüentemente não ser preservada: “sendo de novo gerados,
não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que
permanece para sempre.” (I Pd 1:23), “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do
espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração.” (Hb 4:12), “o espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as
palavras que eu vos disse são espírito e vida.” (Jo 6:63). Por ela Deus vivifica: “isto é a
minha consolação na minha aflição, porque a tua palavra me vivificou.” (Sl 119:50),
“nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por eles me tens vivificado.” (Sl 119:93),
(cf Sl 119:25; Tg 1:18; I Pd 1:3), ela faz exatamente o que é para ser feito, não é
frustrada: “assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para
mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” (Is
55:11), como visto muito poderosa: “porventura a minha palavra não é como o fogo,
diz o SENHOR, e como um martelo que esmiúça a pedra?” (Jr 23:29), por isso, nada
poderia evitar que ela fosse preservada, nem mesmo o transcurso do tempo, pois:
“acerca dos teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que tu os fundaste para
sempre.” (Sl 119:152), “mas a palavra do SENHOR permanece para sempre. E esta é a
palavra que entre vós foi evangelizada.”, (I Pd 1:25), “seca-se a erva, e cai a flor,
porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.” (Is 40:8), “as obras das suas
mãos são verdade e juízo, seguros todos os seus mandamentos. Permanecem firmes
para todo o sempre; e são feitos em verdade e retidão.” (Sl 111:7,8).
Dela ainda é dito: “para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece
no céu.” (Sl 119:89), de modo que, para que ela caísse seria necessário derrubar o céu,
mas o Senhor Jesus já ensinou que: “passará o céu e a terra, mas as minhas palavras
não hão de passar.” (Lc 21:33), o motivo de tudo isso é que Quem preserva a Bíblia é o
próprio Deus: “as palavras do SENHOR são palavras puras, como prata refinada em
fornalha de barro, purificada sete vezes. Tu os guardarás, SENHOR; desta geração os
livrarás para sempre.” (Sl 12:6,7), daí é a atuação dEle que preserva a Bíblia e faz a
Palavra ser pura: “o caminho de Deus é perfeito, e a palavra do SENHOR refinada; e é
o escudo de todos os que nele confiam.” (II Sm 22:31), “os preceitos do SENHOR são
retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos.” (Sl
19:8), “a tua palavra é muito pura; portanto, o teu servo a ama.” (Sl 119:140), “toda a
Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele.” (Pv 30:5). Ele tem
guardado a Sua Palavra ao longo dos séculos, essa guarda tem sido na Terra, um dos
versos diz que Ele a estabeleceu no céu: “para sempre, ó SENHOR, a tua palavra
permanece no céu.” (Sl 119:89), é a pura verdade, pois lá é de onde seria necessário
tirá-la para que ela não fosse preservada, quanto à guarda do Texto é feito na Terra:
Para que a tua confiança esteja no SENHOR, faço-te sabê-las hoje, a ti mesmo. Porventura
não te escrevi excelentes coisas, acerca de todo conselho e conhecimento, para fazer-te

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

saber a certeza das palavras da verdade, e assim possas responder palavras de verdade aos
que te consultarem? (Pv 22:19-21).
Visto que é necessário saber a resposta para aos que consultarem, além
de a confiança estar sempre em Deus, por isso, “a fé não está apoiada nas trevas, está
baseada sobre a coisa mais segura do universo, a Bíblia, não existe risco em crer na
palavra que está fixada firmemente e para sempre no céu28.”, portanto, é na Terra, que
Ele preserva a Bíblia, já que ela foi escrita: “para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Tm 3:17), “porque tudo o que dantes
foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das
Escrituras tenhamos esperança.” (Rm 15:4), (cf Ex 13:9; Dt 4:2; 6:6-9; 8:3; 17:18,19
29:29; 31:10,11; Js 1:8; Jó 23:12; Sl 1:2; 19:7-11; 119:9,15,18,97-99,103,128-130; Pv
6:20-23; 30:5,6; Is 34:16; 40:8; 55:10,11; Mt 4:4; Lc 16:17,29,31; Jo 8:31,32; 20:31; At
17:11; Rm 10:17; 15:4; Gl 1:8; Ef 6:17; I Ts 2:13; II Tm 2:15; 3:16,17; Tg 1:21,22; I Pd
1:24,25; 2:2; II Pd 1:19-21; Jd 1:3; Ap 1:3; 22:18,19).
Já que falamos de Texto, antes de prosseguirmos com a preservação
observemos o material usado para escrever a Bíblia, já que ainda não se usava papel:
Há dois materiais principais: papiro e pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente matéria.)
O linho era usado também, mas não tanto como os dois citados. O centro da indústria de
papiro era o Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000 a.C. O papiro é um tipo
de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de 3 a 5 metros de altura, com 5 a 7
centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em forma de guarda-chuva. As dimensões da
folha de papiro preparada para a escrita eram normalmente 30 cm a 3 m de comprimento
por 30 cm de largura. Essas folhas eram formadas por tiras cortadas da planta, sobrepostas
cruzadas, coladas, prensadas e depois polidas. Eram escritas de um lado, apenas. Tinham
cor amarelada. À folha do papiro assim preparada, os gregos chamavam biblos.
Pergaminho é a pele de animais curtida e preparada para a escrita; seu uso generalizado
vem dos primórdios do cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois já é
mencionado em Is 34:4. O pergaminho preparado de modo especial chamava-se velo. Este
tornou-se comum a partir do século IV. É mais durável. Foi muito usado nos códices. Tudo
indica que o vocábulo pergaminho derivou seu nome da cidade de Pérgamo, capital de um
riquíssimo reino que ocupou grande parte da Ásia Menor, sendo Eumenes II (197-159 d.C),
seu maior rei. Esse rei projetou formar para si uma biblioteca maior que a de Alexandria,
Egito. O rei do Egito, por inveja, proibiu a exportação do papiro, obrigando Eumenes a
recorrer a outro material gráfico. Tal fato motivou o surgimento de um novo método de
preparar peles, muito aperfeiçoado, que resultou no pergaminho. Vindo o domínio romano,
Pérgamo veio a ser a primeira capital da província da Ásia, situada ao oeste da Ásia Menor;
sua segunda capital foi Éfeso. O Novo Testamento menciona esse material gráfico em II
Tm 4:13 e Ap 6:1429.
E a tinta utilizada:
A tinta usada pelos escribas era uma mistura de carvão em pó com uma substância líquida
semelhante a goma arábica. (Ver Jr 36:18; Ez 9:2; II Co 3.3; II Jo 12; III Jo 13) o carvão é
um elemento que se conserva admiravelmente através dos séculos, não sendo afetado por
substâncias químicas. Para a escrita em papiro ou pergaminho, usavam penas de aves,
pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e absorvente. Para a cera usavam
um estilete de metal (Is 30:8).
Cuidado redobrado havia com a escrita dos livros sagrados. Devemos ser sumamente
agradecidos aos judeus por seu cuidado extremo na preparação e preservação dos
manuscritos do Antigo Testamento. Aqui estão algumas regras que eles exigiam de cada
escriba. O pergaminho tinha de ser preparado de peles de animais limpos, preparado
somente por judeus, sendo as folhas unidas por fios feitos de peles de animais limpos. A
tinta era especialmente preparada. O escriba não podia escrever uma só palavra de
memória. Tinha de pronunciar bem alto cada palavra antes de escrevê-la. Tinha de limpar a
pena com muita reverência antes de escrever o nome de Deus. As letras e palavras eram

28
William MacDonald. Believer's Bible Commentary, Thomas Nelson, 1995, p. 517
29
Gilberto, Antonio. A Bíblia através dos séculos. Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 15ª Ed.,
2004, p. 44

Página 32
Deus quer o pentecostalismo?

contadas. Um erro numa folha, inutilizava-a. Três erros numa folha, inutilizavam todo o
rolo30.
Israel ficou responsável por preservar o Velho Testamento Hebraico (Rm
3:1,2), tal tarefa incumbia em especial aos sacerdotes (Dt 17:18; 31:24-26), como narra
a história, Israel se apostatou, em alguns momentos (II Cr 15:3), no entanto, mesmo
nesses períodos, a Palavra foi preservada (II Rs 22:8), felizmente Israel não ficou
apóstata todo o tempo, houve períodos de renovação espiritual, e nesses momentos o
povo voltou-se a servir a Deus e ler e praticar Sua Palavra, por exemplo, o da época dos
reis Jeosafá (II Cr 17:1-19), Ezequias (II Rs 18:1-12; II Cr 29:1-31:21) e Josias (II Rs
33:1-23:30; II Cr 34:1-33); pode-se também acrescentar que após o cativeiro babilônico
houve um outro avivamento e esse dentro do sacerdócio judeu, pois “a literatura judaica
diz que a missão da Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi reunir e preservar os
manuscritos originais do Velho Testamento...31”:
Através de Esdras e seus sucessores, sob a orientação do Espírito Santo, todos os livros do
AT foram reunidos em um cânone do AT, e seus textos foram purgados de erros e
preservados até os dias no ministério terreno do nosso Senhor. Naquele tempo, o texto do
AT estava tão firmemente estabelecido que mesmo a rejeição judaica de Cristo não pode
perturbar o texto32.
Por fim sobre a preservação, do Velho Testamento, o texto ficou intacto,
o próprio Senhor Jesus exaltou o texto hebraico e garantiu que mesmo os traços
menores, como jota e o til, estavam preservados (Mt 4:4; 5:18). A partir do século VI
d.C, aparecem outros personagens na preservação do texto vétero testamentário, são os
massoretas, que eram famílias de estudiosos hebreus, segue algumas das regras de
redação usadas por eles:
a. Nenhuma palavra ou letra podem ser escritas pela memória; o escriba deve ter uma cópia
autêntica diante dele e ele deve ler e pronunciar alto cada palavra antes de escrevê-la. b.
Regras estritas foram dadas sobre a forma das letras, espaços entre letras, palavras e seções,
o uso da caneta, a cor do pergaminho, etc. c. A revisão de um rolo deve ser feita dentro de
30 dias após o término do trabalho, de outra forma ele seria inútil. Um erro numa folha
condena a folha; se fossem encontrados três erros em uma página, todo o manuscrito era
condenado. d. Cada palavra e cada letra era contada e se uma letra fosse omitida, uma letra
extra fosse inserida ou se uma letra tocasse a outra, o manuscrito era condenada e
imediatamente destruído33.
O que evidencia o motivo de usar o Texto Massorético, de agora em
diante TM, como base, nesta obra, é também por ser ele o texto padrão hebraico,
saliente-se que a melhor das traduções bíblicas é a inglesa King James, em português,
há uma equivalente é a Almeida Corrigida Fiel, doravante ACF, que também utiliza o
TM, como base, ainda sobre o TM é dito:
O texto massorá é a versão padrão judaica do Velho Testamento. Foi preparado por sábios
judeus, chamados massoretas, principalmente entre os séc. VI e X d.C. os massoretas
estudavam cada letra, palavra e frase do Velho Testamento no original hebraico. Fizeram
notas à margem dos textos bíblicos, comentando a gramática e a ortografia corretas34.
Os massoretas exerceram papel importante junto ao Texto Hebraico:
̆
Texto Massorético, com abreviatura freqüente: TM (hebraico “masoreṭ ”, tradição). O texto
hebraico do Velho Testamento, chamado assim porque, na sua forma presente, é baseado
no “massora” ou corpo de informação tradicional compilado pelos massoretas. Estes
últimos eram estudiosos judaicos do século X a.C. e antes. O aspecto mais importante da
obra deles foi providenciar um sistema de pontuação (traços e pontos para indicar vogais)

30
Gilberto, p. 44
31
Gilberto, p. 45
32
Hills, Edward F. The King James Version Defended, Christian Research Pr, 4th edition, February 1984,
p. 93.
33
Miller, Herbert Summer. General Biblical Introduction, Word-Bearer Pr; 7th edition, 1952, p. 290.
34
Enciclopédia Delta Universal, p. 1268:

Página 33
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

para o texto consoantal sem pontuação vocálica. O texto original sem pontuação era escrito
apenas com consoantes, e o leitor deveria saber suprir os vogais. Os massoretas
providenciaram pontos para preservar a pronúncia do hebraico antigo e para providenciar
uma versão definitiva do texto...35
Até o cristianismo ser declarado religião do império, formando uma
igreja-estado, os cristãos padeciam, precisavam fugir das perseguições, mesmo em fuga,
eles copiavam e guardavam a Bíblia, mesmo sob risco de vida:
Nos dias do feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores dos cristãos
destruíram quantas cópias acharam das Escrituras. Durante dez anos, Diocleciano mandou
vasculhar o Império para destruir todos os escritos sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse
destruído tudo, pois mandou cunhar uma moeda comemorando tal “vitória”36.
Em 323 d.C., Constantino declarou o cristianismo como a religião do
estado. Nessa ocasião:
Inúmeros manuscritos foram destruídos durante as perseguições e tiveram que ser
substituídos. O resultado foi uma ampla escassez de manuscritos do Novo Testamento que
se tornou ainda mais aguda quando cessou a perseguição. Foi quando a Cristandade pode
novamente se engajar livremente na atividade missionária que houve um tremendo
crescimento em ambos os lados das igrejas existentes e no número de novas igrejas.
Também ocorreu uma súbita demanda de muitos volumes dos manuscritos do Novo
Testamento em todas as províncias do Império37.
No entanto, mesmo em regime cristão Bíblias foram queimadas, o que
mostra algo curioso, a Bíblia é indestrutível, mesmo sendo zombada, escarnecida,
queimada, perseguida, Deus a mantêm em pé: “para sempre, ó SENHOR, a tua palavra
permanece no céu.” (Sl 119:89), isso quer dizer que Ele mesmo a estabelece e não
existe ninguém que possa sobrepor às obras de Deus: “conheço as tuas obras; eis que
diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força,
guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.” (Ap 3:8), ou seja, o Garantidor
da Bíblia é o próprio Deus:
Quando pensamos no fato da Bíblia ter sido objeto especial de infindável perseguição, a
maravilha da sua sobrevivência se transforma em milagre... Por dois mil anos, o ódio do
homem pela Bíblia tem sido persistente, determinado, incansável e assassino. Todo esforço
possível tem sido feito para corroer a fé na inspiração e autoridade da Bíblia, e inúmeras
operações têm sido levadas a efeito para fazê-la desaparecer. Decretos imperiais têm sido
passados ordenando que todas as cópias existentes da Bíblia fossem destruídas, e quando
essa medida não conseguiu exterminar e aniquilar a Palavra de Deus, ordens foram dadas
para que qualquer pessoa que fosse encontrada com uma cópia das Escrituras fosse morta.
O próprio fato de ter a Bíblia sido o alvo de tão incansável perseguição nos faz ficar
maravilhados diante de tal fenômeno38.
No império romano, logo o latim tornou-se a língua sagrada, isso é, pelo
uso no império, e, por conseguinte, substituiu o grego, que aos poucos morria como
língua falada, “Aland argumenta que antes do ano 200 AD a maré começou a se voltar
contra o uso do grego nas áreas que falavam latim, siríaco ou copta e cinqüenta anos
mais tarde a mudança das linguagens locais estava bem avançada39.” Pouco depois, no
século VII, houve a invasão do império romano pelos maometanos, sendo que as igrejas
do Egito, Síria, e do norte da África foram amplamente eliminadas, na ocasião sugiram
novos textos, mas foram relegados ao esquecimento pelos crentes, estes novos textos
ficaram sob a guarda do império romano ocidental, que foi o primeiro a sucumbir diante
dos inimigos, mas quanto a tais textos eles foram expurgados do meio dos crentes:
35
Coenen, Lothar & Brown, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vida
Nova, 2ª edição, 2000, p. LXXVII
36
Gilberto, p. 45
37
Aland, Barbara; Aland, Kurt. Text of the New Testament. Wm. B. Eerdmans Publishing Company,
1995, p.65
38
Pink, A. W. The Divine Inspiration of the Bible, Baker Book House, Distributor, 1970, p. 80.
39
Pickering, Wilbur N. The Identity of the New Testament Text, Thomas Nelson Inc, May 1981, p. 154.

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Deus quer o pentecostalismo?

Assim, durante os séculos IV e V, entre os cristãos de língua siríaca do leste, os cristãos de


língua grega e o Império bizantino, e os cristãos de língua latina do oeste, havia a mesma
tendência, a saber, uma tendência guiada por Deus contra os falsos textos ocidentais e
alexandrinos e na direção do Verdadeiro Texto Tradicional.40
Ai está umas das maiores curiosidades, o império bizantino, que falava
grego, e que manteve-se até a queda de Costantinopla, no século XV, época do advento
da impressa, foi lá, onde a língua original do Novo Testamento era falada, que Deus
preservou a maioria dos manuscritos gregos. Assim como o Texto Hebraico, do Velho
Testamento, foi preservado entre os judeus, de fala hebraica, também o Texto Grego, do
Novo Testamento, foi preservado no império bizantino, de fala grega. O texto
preservado, praticado e vivido pelos cristãos desde épocas remotas é justamente este
texto, o Texto Bizantino, também conhecido como Texto Recebido, ele é conhecido
como recebido devido às palavras de Elzevir, no prefácio da edição de 1633, que disse
agora tendes o Texto recebido por todos, embora o termo Texto Recebido possa
igualmente ser aplicado aos textos de Erasmo, que foi o primeiro a imprimir o Novo
Testamento Grego, de Estéfano, de Beza e claro, dele mesmo, Elzevir. Convém notar
que a mudança do texto manuscrito para impresso dificultou qualquer tipo de uma
eventual mexida no texto, pois agora ele já vinha padronizado e era só imprimir:
O próximo passo na preservação providencial do Novo Testamento foi sua impressão em
1516 e sua disseminação através de toda a Europa ocidental durante a Reforma
protestante... Nos essenciais, o texto do Novo Testamento impresso pela primeira vez por
Erasmo e mais tarde por Stephanus (1550) e Elzevir (1633) está plenamente de acordo com
o Texto Tradicional providencialmente preservado na vasta maioria dos manuscritos gregos
do NT... Nele, os poucos erros de alguma conseqüência que ocorreram no Texto grego
Tradicional foram corrigidos pela providência de Deus operando através do uso da Igreja
de língua Latina da Europa Ocidental41.
Outros fatores que contribuíram, ainda mais, pela preservação do Texto
foram as várias traduções da Bíblia, mesmo na “era das trevas”, período que vai do
século V ao XV d.C., época em que Roma se esforçava para deixar a Bíblia longe do
povo e fora de linguagens inteligível para um cidadão comum, no entanto, houveram
pessoas que para cumprirem o mandamento do Senhor Jesus, esculpidos em Mt 28:18-
20 e para seu alimento espiritual, e dos demais (Mt 4:4; Lc 4:4), laboraram a árdua e
perigosa tarefa de traduzir a Bíblia, por exemplo, os Novos Testamentos Românicos
Occitano usados pelos Waldenses datados do século XII:
Esta versão foi amplamente disseminada no sul da França e nas cidades da Lombardia.
Tinha uso comum entre os Waldenses do Piemonte e isso não era uma parte pequena, sem
dúvida, do testemunho nascido para a verdade para esses montanheses preservarem e
distribuírem42.
Na mesma linha, de atuação, o primeiro Novo Testamento, em inglês, foi
terminado por John Wycliffe, e seus colaboradores, em 1380 e usados extensivamente
pelos lollards perseguidos ao longo do século XV. Quanto à preservação há algo
curioso, a própria Bíblia estabeleceu mecanismos para a sua preservação, pois Deus
manda: escrever Suas Palavras em um livro (Ex 17:4; 34:27; Nm 5:23; Dt 31:24; Js
23:6; Is 8:1; 30:8; Jr 30:2; Ap 1:19), escrever Suas Palavras em muitos livros (Mt 5:17;
23:35; At 1:20; 7:42; 13:33; 15:15; 24:13), registrar todas as Suas Palavras em forma
escrita (Ex 24:3,4; Dt 9:10; 27:3; Jr 30:2,4), cópias de todas as Suas Palavras tiveram
que ser feitas (Dt 10:2,4; 17:8; 27:3; Js 8:32; Jr 25:13; 36:2,28,32; 51:60; Sl 40:7;
102:12,18)43. Novamente é necessário fazer menção às traduções KJV e a ACF, que

40
Hills, p.188
41
Hills, pp. 106,107.
42
Wylie, J. A. History of the Waldenses, Teach Services, Inc., January 2001, p. 58.
43
Williams, H. D. The Pure Words of God, The Old Paths Publications, Inc, January 7, 2008, p. 79.

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

também usam o TR, como base do Novo Testamento, em outras palavras, elas usam
como base o TM e o TR, que formam o Texto Tradicional Canônico (TTC), que
constituem a pura, preservada e naturalmente perfeita Palavra de Deus.
Deus não só inspirou (cf 2.2.2.2. Inspiração), como preservou, a Bíblia só
nos manuscritos originais, que foram aqueles usados pelos escritores, mas também as
suas respectivas cópias, isso por óbvio, uma vez que Deus inspirou as exatas palavras
utilizadas e não a tinta, nem o pergaminho; Deus também preservou as traduções
fidedignas feitas do texto original, além do mais, o próprio Senhor quer ver Sua Palavra
vertida nas mais variadas línguas, para a obediência dos povos em todas as nações (Mc
16:15; Rm 16:25,26), caso contrário todo cristão necessitadamente precisaria aprender
grego, hebraico e aramaico para poder ler a Bíblia; toda tradução fidedigna é a Palavra
de Deus (At 2:5-11), várias são as provas, primeiro, o Mestre, em Jo 4, diz que é a Água
da Vida, a palavra portuguesa água é conhecida, pelo químico, como H2O, no latim é
“aqua”, no hebraico é “mayim”, no grego é “hudor”, o que demonstra, que a palavra foi
traduzida por sua equivalente completa, “hudor” é tão água quanto “aqua” e “mayim”.
Outros exemplos são: “e que desde a tua meninice sabes as sagradas
Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.”
(II Tm 3:15), resta claro que o pergaminho no qual Timóteo estudou as Sagradas
Escrituras não foi o mesmo escrito por um profeta, por exemplo, Moisés, e sim uma
cópia dele, pois se passara séculos de Moisés a Timóteo e o original, certamente já não
mais existia, mesmo assim, essa cópia é chamada de Sagradas Escrituras. Ainda mais há
outros exemplos: os crentes bereianos liam e comparavam o ensino com as Escrituras:
“ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom
grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram
assim.” (At 17:11), o Senhor Jesus repreendeu falando assim: “ainda não lestes esta
Escritura: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Esta foi posta por cabeça de
esquina;” (Mc 12:10), ora se não houve Escritura como eles poderiam ler? De igual
forma: “Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras,
nem o poder de Deus.” (Mt 22:29), deixando claro que o Senhor Jesus entendia que as
cópias era tanto Escritura inspirada quanto o original, há um exemplo curioso, o caso do
etíope, que lia a Escritura: “e o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a
ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim
não abriu a sua boca.” (At 8:32), esta mesma Escritura o fez sábio para a salvação,
exatamente como está escrito: “e que desde a tua meninice sabes as sagradas
Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.”
(II Tm 3:15), por isso: “toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;” (II Tm 3:16).
Daí fica uma pergunta os originais não são importantes? A resposta é um
sim óbvio, mas felizmente eles não existem mais, pois foram gastos pelo constante uso,
esta resposta pode frustrar o leitor, mas observe a importância que Deus dá ao original,
com certeza é bem menor que muitos eruditos da atualidade, que em alguns casos
frontalmente duvidam da veracidade do Texto atual; observemos um exemplo bíblico,
Jeremias havia escrito um rolo, que: “então enviou o rei a Jeudi, para que tomasse o
rolo; e Jeudi tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e leu-o aos ouvidos do rei e
aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei.” (Jr 36:21), rolo, que foi
destruído pelo rei: “e sucedeu que, tendo Jeudi lido três ou quatro folhas, cortou-as
com um canivete de escrivão, e lançou-as no fogo que havia no braseiro, até que todo o
rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.” (Jr 36:23), restou claro que este
rolo original foi destruído por completo, mas a história não termina ai, pois Deus
mandou Jeremias reescrever o rolo: “tomou, pois, Jeremias outro rolo, e deu-o a

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Deus quer o pentecostalismo?

Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, da boca de Jeremias, todas
as palavras do livro que Jeoiaquim, rei de Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se
lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes.” (Jr 36:32), o conteúdo, deste rolo,
está nos capítulos 45 a 51 de Jeremias, cujo conteúdo ele mandou Seraías ler quando ele
chegasse à Babilônia (vs 59-61), sendo que o rolo, uma vez lido, foi atirado ao rio
Eufrates: “e será que, acabando tu de ler este livro, atar-lhe-ás uma pedra e lançá-lo-
ás no meio do Eufrates.” (Jr 51:63), dando fim ao segundo original:
Mas, espere! Temos uma cópia do texto do rolo nos capítulo 45 a 51. De onde ela veio? Ela
veio de uma cópia do original nº2, a qual só podemos chamar de ORIGINAL nº 3!
Então, temos dois grandes problemas para os que enfatizam os ‘originais’.
1) Cada Bíblia já impressa com uma cópia de Jeremias tem um texto nos capítulos 45 a 51,
traduzido de uma cópia do “segundo” original, ou seja, o ORIGINAL nº 3.
2) NINGUÉM pode desprezar o fato de que Deus não teve o menor resquício de interesse
em preservar o ‘original’, visto como ele havia sido copiado e sua mensagem entregue.
Então, POR QUE deveríamos colocar mais ênfase nos originais do que o próprio Deus?
Essa ênfase é claramente anti-escriturística.
Desse modo, se temos os textos dos originais preservados na Bíblia King James, não temos
necessidade alguma dos ‘originais’, mesmo que estivessem disponíveis.44

2.2.2.4. Interpretação

“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular


interpretação.” (II Pd 1:20).

Agora estamos em um ponto importante, a interpretação bíblica, o verso


acima fala que a Bíblia não é de particular interpretação, ou seja, não é para cada um da
o significado que preferir ao Texto, pois ele já tem o seu próprio significado e a própria
maneira de interpretar, ensina também o princípio hermenêutico chamado analogia da
fé, ou seja, que a interpretação de uma parte bíblica tem de ser compatível com todo o
ensino bíblico, já que a Bíblia não se contradiz, por isso, a interpretação é para “não se
isolar do que a Bíblia diz noutros lugares.45”, a exortação que não é de particular
interpretação “contêm uma verdadeira, benéfica e prática doutrina, que a profecia só é
lida corretamente quando nós renunciamos a mente e sentimentos da carne e nos
submetemos ao ensino do Espírito...46”, neste caso, os exemplos, que podemos nos
espelhar são os dos verdadeiros profetas do Velho Testamento:
“Quando qualquer profeta interpretava qualquer situação na história ou dizia como a
história ia se desdobrar, ele não estava expressando sua própria opinião, ele estava
passando a revelação de Deus, que Deus o havia dado”... No Velho Testamento, a marca do
falso profeta era que ele estava falando dele mesmo, como isso fosse dele, e não dizendo o
que Deus disse para ele falar. Jeremias condenou os falsos profetas: “falam da visão do seu
coração, não da boca do SENHOR”, Ezequiel disse: “assim diz o Senhor DEUS: Ai dos
profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e que nada viram!” (Ez 13:3)...47
Por conseguinte, isso exclui a emoção humana, pois “enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17:9), toda a
forma de paixão também: “e os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas
44
Gipp, Samuel. The answer book: [a helpbook for Christians]. Bible & Literature Missionary
Foundation, 1989, pp. 12,13.
45
Scofield, C. I., The Old Scofield Study Bible, KJV, Classic Edition. Oxford University Press, USA;
Indexed edition, 2007, p. 1334
46
Calvino, João. Calvin's New Testament Commentaries Series, vol. 12. Wm. B. Eerdmans Publishing
Company, 1994, p. 412
47
Barclay, William. The Letters of James and Peter: The New Daily Study Bible, Westminster John Knox
Press, 2003, p. 147

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

paixões e concupiscências.” (Gl 5:24) e o raciocínio humano: “as quais também


falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo
ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” (I Co 2:13), que deve ser
subalterno e completamente sujeito ao ensino bíblico: “destruindo os conselhos, e toda
a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o
entendimento à obediência de Cristo;” (II Co 10:5), a expressão “levando cativo todo o
entendimento à obediência de Cristo” deve ser posta em prática, pois, com isso, a Bíblia
abole o “achismo”, não existe mais “achismo”, a Bíblia estabelece o que deve ser feito e
ela é absoluta.
O verso diz: “as quais também falamos, não com palavras de sabedoria
humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais
com as espirituais.” (I Co 2:13), este é o jeito correto de explicação da Bíblia, fazendo
isso estará correto, comparar a Bíblia com a própria Bíblia, não só a Bíblia como todas
as coisas devem ser comparadas com a Bíblia (Is 8:20; At 17:11) e precisa da ajuda do
Senhor (Lc 24:45; Jo 16:13; I Co 2:10-14), daí devemos orar pedindo que Ele abra
nosso entendimento (Sl 119:12,13,33,66), portanto, requer pureza no manuseio da
Palavra, jamais falsificá-la ou ajustá-la ao pensamento pessoal: “porque nós não somos,
como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com
sinceridade, como de Deus na presença de Deus.” (II Co 2:17), “falando disto, como
em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os
indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria
perdição.” (II Pd 3:16), “antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não
andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” (II
Co 4:2), “desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional,
não falsificado, para que por ele vades crescendo;” (I Pd 2:2).
Um dos versos principais é: “procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade.” (II Tm 2:15).
Um obreiro que não tem de que se envergonhar, nem em infidelidade nem em inabilidade.
Dividindo corretamente a Palavra da verdade, devidamente explanando e aplicando toda a
Escritura, afim de dar a cada ouvinte a sua porção, mas aquele que dá uma parte do
evangelho a todos (as promessas e confortos aos não despertados, duros de coração,
escarnecedores), tem realmente necessidade de serem envergonhados48.
Buscar a aprovação, de Deus, é necessário:
Procura apresentar-te a Deus aprovado, seja diligente II Pd 2:10, ou faça um esforço assim
aliviar os deveres do ministério como trabalhar pela divina aprovação, o objeto do
ministério não é agradar a homens... Isso demanda estudo e cuidado, pois há várias
tentações para opor o curso, tem muitas coisas a levar o ministro a buscar favor popular
invés da divina aprovação, se algum homem agrada a Deus, isso será como resultado de
deliberada intenção e uma vida dedicada49.
É curioso quando se faz a exegese deste verso, a palavra para procura é
“spoudazō”, que dá a idéia de diligência, ela aparece em mais lugares (cf Gl 2:10; Ef
4:3; I Ts 2:17; II Tm 4:9,4:21; Tt 3:12; Hb 4:10,11; II Pd 1:15; 3:14), como se vê, é
mais do que uma simples busca, e envolve mais do que um simples estudo, designa
zelo; maneja bem traduz “orthotomos” que é uma palavra, que significa fazer uma linha
reta em especial com arado, aquelas linhas que os agricultores fazem para plantar:
Theodoret explica que essa palavra significa arar um sulco reto de arado. Parry argumenta
que a metáfora é o pedreiro cortando pedras retas, já que assim são usadas as palavras
temno e orthos. Considerando que Paulo era um fazedor de tendas e sabia como cortar reto

48
Wesley, John. Explanatory Notes upon the New Testament. Lane & Scott, 1850, p. 552
49
Barnes, Albert. Barnes’ Notes on the New Testament. Kregel Classics; 8th edition, 1962, p.

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Deus quer o pentecostalismo?

o áspero material de pelo de camelo, por que não deixar que isso seja a metáfora?
Certamente, já há muita exegese torta o suficiente (estilos de patchwork) para que se
invoque a necessidade de um corte cuidadoso para ajustá-la50.
Carroll, também fez comentários sobre este verso:
A idéia é a de um fazendeiro arando um sulco reto de arado, não torto, curvado ou
ziguezague. Já vi num grande campo homens arando uma linha reta por uma milha - reta
como uma flecha. Assim, quando chegamos ao debate acerca da verdade, devemos arar um
sulco reto, dividi-lo em linha reta, maneja-lo bem. Não devemos fazer ziguezague entre as
palavras como se estivéssemos tentando entusiasmar algo repentinamente, mas ir direto ao
alvo, talhar rente à linha e se fomos testados como ministros de Deus podemos fazer isso.
Aqui está um jeito pelo qual podemos saber que estamos arando um sulco reto: Se
aplicarmos uma interpretação a alguma passagem que no livro seguinte irá diretamente
contra, ou dar sombra de dúvida, esse sulco não será aprovado conforme à Bíblia e nós
temos a idéia errada acerca da interpretação. Se temos a idéia certa, o sulco será um sulco
reto de Gênesis até Apocalipse. Ficará de acordo com o cânon, ou regra da verdade51.
Só para que a lição fique clara, vários comentaristas ensinam a mesma
coisa, sobre o correto manuseio da Palavra da Verdade, que, entre outras ações, envolve
as de “não inventar um novo evangelho, mas corretamente dividir o evangelho... para
falar terror para quem pertence terror, conforto para a quem conforto, para dar a cada
um sua porção no devido tempo, Mt 24:4552”, pois “o homem que manuseia a palavra da
verdade corretamente não a muda, perverte, mutila ou distorce, nem a utiliza com um
propósito errado em sua mente, pelo contrário ele piamente interpreta a Escritura à luz
da Escritura53”, manusear “significa manusear as Escrituras corretamente, ‘arar em
linha’, ou como Alford coloca isso: “conseguir tratar a verdade completamente sem
falsificação54.”.
Ainda sobre o tema, John Gill falou
A ministração da palavra é um trabalho, e é um bom trabalho, e aqueles que fazem
corretamente são dignos de honra e estima e isso requer trabalho, diligência e aplicação, por
isso nenhum homem nenhum homem é suficiente sem a graça de Deus; aqueles que
trabalham nisso são obreiros, obreiros juntos com Deus, e laboram na Sua videira, aqueles
que são tão fiéis e diligentes “não tem do que se envergonhar”, portanto, não causam
vergonha nem para si nem para os outros, como os falsos mestres fazem... e não temem de
sofrer pelo amor de Cristo agora e não serão envergonhados diante dele em Sua vinda55.

2.2.2.5. Aplicação

(Ex 16:28; 20:6; Lv 18:4; 22:31; Dt 4:40; 6:6,17; 11:1,22; 26:16,18; 32:46; Js 1:8; 22:5;
23:6; I Sm 15:22; I Rs 2:3; 6:12; 8:58,61; 11:38; II Rs 17:13; I Cr 28:8; 29:19; Sl 19:8;
78:7; 119:6,34,101,106,112; Pv 4:23; Jr 7:2; Ez 44:24; Mt 7:21; 15:3; 19:17; 22:38;
28:20; Lc 8:21; Jo 14:23; At 5:29; I Jo 2:3; 5:3; Ap 14:12).

“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por
sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.” (Dt 11:18).

50
Robertson, A. T. Word Pictures In The New Testament, Vol. IV, B&H Publishing Group, Concise
edition, August 2000, p. 619,620.
51
Carroll, B. H. An Interpretation of the English Bible, Vol. 6, Baker Book House, 1986, p. 143.
52
Henry, Mathew. Matthew Henry's Commentary. Zondervan; abridged edition edition, p. 1439
53
Hendriksen, William; Kistemaker, Simon J. New Testament Commentary. Baker Academic & Brazos
Press, 2002, p. 1239
54
William MacDonald. Believer's Bible Commentary, Thomas Nelson, 1995, p. 1123
55
Gill, Jhon. Exposition of the Old and New Testaments: Complete and Unabridged. Baptist Standard
Bearer, 2006, p. 924

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Com aplicação se quer dizer o que se deve fazer da Bíblia? Esta é a


questão proposta, a resposta é: ela deve: ser ensinada a criança (Dt 6:7; 11:19; II Tm
3:15), a todos (II Cr 17:7-9; Ne 8:7,8), falada continuamente (Dt 6:7), aplicada e não
somente ouvida (Mt 7:24; Lc 11:28; Tg 1:22), amada excessivamente (Sl
119:47,97,113,159,163,167; Jr 15:16), ter prazer nela (Sl 1:2), a ter como doce (Sl
19:103), estimá-la acima das demais coisas (Jó 23:12), temer (Sl 119:161; Is 66:2),
mantê-la na lembrança (Sl 119:16), indignação quando a Bíblia não é cumprida (Sl
119:16,53,136; Ez 9:4; Mc 3:5), esperar na Palavra (Sl 119:74,81,147), meditar nela (Sl
1:2; 119:99,148), regozijar (Sl 119:162; Jr 15:16), confiar (Sl 119:42), obedecer (Sl
119:67; Lc 8:21; Jo 17:6), falar dela (Sl 119:172), deve habitar em cada crente (Cl
3:16), guardada no coração (Dt 6:6; 11:18; 30:14; Sl 119:11; Lc 2:51; Rm 10:8; Cl
3:16), portanto, é necessário conhecê-la (Dt 6:6; 11:18; 17:19; Js 1:8; Sl 1:2; 119:97-
100; Is 34:16; Mt 22:29; Mc 12:24; Jo 5:39; At 17:11; Rm 17:11; II Tm 3:14-17):
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: errais, não conhecendo as Escrituras, nem o
poder de Deus.” (Mt 22:29), “examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a
vida eterna, e são elas que de mim testificam;” (Jo 5:39), já que a ignorância, ou seja,
não saber os mandamentos, não deveria ser argüido diante de Deus: “e o servo que
soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade,
será castigado com muitos açoites;” (Lc 12:47), mas tem o verso seguinte, que assim
diz: “mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será
castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe
confiou, muito mais se lhe pedirá.” (Lc 12:48).
Segundo passo é amá-la, que conseqüentemente é amar ao próprio Deus,
seu Autor (Dt 6:6-9; 17:19; Js 1:8; 23:11; Jó 23:11,12; Sl 1:2; 19:7-10; 37:31; 40:8;
112:1; 119:11,16,24,47,48,72,97,113,127,140,159,163,165,167,174; Jr 15:16; 31:33;
32:40; Lc 2:51; Jo 4:34; I Pd 2:21; Rm 2:15; 7:22; 10:8; II Co 3:3; Hb 8:10-12; 10:16;
Cl 3:16): “portanto, guardai diligentemente as vossas almas, para amardes ao
SENHOR vosso Deus.” (Js 23:11), pois com o amor fica mais fácil obedecer os
mandamentos, daí o próximo passo é obedecer, o Mestre pergunta: “e por que me
chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lc 6:46), por isso, o crente
deveria falar: “quando tu disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração disse a ti: O teu
rosto, SENHOR, buscarei.” (Sl 27:8). Que seja dito de cada crente o que foi dito de
Filemon: “ouvindo do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para
com todos os santos; para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de
todo o bem que em vós há por Cristo Jesus.” (Fl 1:5,6), jamais desobedecer (I Sm
12:15; I Rs 13:21; Jó 24:13; Is 50:10; Jr 12:17; Rm 1:18; 6:17; 10:16; 15:18; Ef 2:2,3;
5:6; II Ts 1:8; I Tm 1:9; Hb 2:15; 5:9; 11:8; I Pd 4:17) como alguns: “entre os quais
todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da
carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros
também.” (Ef 2:3).

2.2.3. Reflexões

A Bíblia é absoluta, portanto, não é relativa, não é como uma massa de


modelar, que toma a forma de quem quer aplicá-la, pelo contrário, o homem tem o
dever de se submeter a ela, pois se submete assim ao próprio Senhor, que é o Autor da
Bíblia, então só restam duas alternativas, obedecer: “Tu ordenaste os teus
mandamentos, para que diligentemente os observássemos.” (Sl 119:4) ou desobedecer:
o que despreza a palavra perecerá, mas o que teme o mandamento será galardoado.”
(Pv 13:13), (cf Sl 50:16,17; Pv 1:29,30; 13:13; Is 5:24; 28:9-14; 30:9-11; 53:1; Jr 6:10;

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Deus quer o pentecostalismo?

8:9; Os 8:12; Am 2:12; Mq 2:6; Lc 16:31; 24:25; Jo 3:20; 5:46,47; 8:37,45; I Co


1:18,22,23; II Tm 3:8; 4:3,4; I Pd 2:8; II Pd 3:15,16; Ap 22:19). O que você responderá
a Ele? Sim: “então veio o SENHOR, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes:
Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve.” (I Sm 3:10) ou não (I
Sm 12:15; I Rs 13:21; Jó 24:13; Is 50:10; Jr 12:17; Rm 1:18; 6:17; 10:16; 15:18; Ef
2:2,3; 5:6; II Ts 1:8; I Tm 1:9; Hb 2:15; 5:9; 11:8; I Pd 4:17): “quanto à palavra que
nos anunciaste em nome do SENHOR, não obedeceremos a ti;” (Jr 44:16), “e, todavia,
dizem a Deus: Retira-te de nós; porque não desejamos ter conhecimento dos teus
caminhos.” (Jó 21:14), peço que lembre-se de uma coisa: “para que ao nome de Jesus
se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a
língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai.” (Fp 2:10,11),
por isso, independente de qualquer coisa, todos comparecerão diante dEle: “porque
todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo
o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.” (II Co 5:10).
Voltando ao fato da Bíblia ser absoluta, e ter autoridade, significa que
não é necessário nada mais que ela para que se entenda a vontade de Deus, muito menos
a ciência para prová-la, nem a interpretação de algum erudito, ou líder religioso, ela é
absoluta, a expressão está escrito aparece dezenas de vezes no Novo Testamento, e
quando aparece jamais é discutida, pois todos entendiam que se está escrito é o que deve
ser feito sem discussão, um exemplo disso é o da tentação do Mestre, Ele disse: “Ele,
porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a
palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4), “disse-lhe Jesus: Também está escrito:
Não tentarás o Senhor teu Deus.” (Mt 4:7), “então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” (Mt 4:10), como
se sabe, o inimigo não discutiu o escrito, mas o aceitou como absoluto, só uma vez que
se discutiu o escrito, foi quando o Senhor Jesus repreendeu ao inimigo por citar errado o
escrito: “e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está
escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para
que nunca tropeces em alguma pedra.” (Mt 4:6), isso por que ele omitiu parte do verso,
que diz: “porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos
os teus caminhos.” (Sl 91:11), mudando assim o sentido, mesmo nesta ocasião o mestre
usou a mesma expressão, está escrito.
A Bíblia é tão absoluta e também tem tanta autoridade que tudo o que se
precisa dizer é que está escrito (I Co 1:31; I Pd 1:16), convence o homem do pecado (II
Rs 22:9-13; II Cr 17:7-10), quebrando até o coração mais duro: “porventura a minha
palavra não é como o fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiúça a pedra?”
(Jr 23:29), e esse martelo é forte, foi escrita para que creiamos em Cristo: “estes, porém,
foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em seu nome.” (Jo 20:31), em outra passagem diz: “e que desde a
tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação,
pela fé que há em Cristo Jesus.” (II Tm 3:15), estas duas citações acabam dizendo a
mesma coisa que: “a lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do
SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices.” (Sl 19:7), ela que é como um martelo
também é a espada: “tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que
é a palavra de Deus;” (Ef 6:17), que é poderosa: “porque as armas da nossa milícia
não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;” (II Co
10:4).
A Palavra de Deus faz o que nenhum homem ou outra coisa pode fazer
ela amolece o coração: “e disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o
nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?”

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

(Lc 24:32), “e, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a
Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” (At 2:37), algo que nada,
nem mesmo um fenômeno, poderia fazer, o rico, mandado ao inferno, pediu que Abraão
(que nesta parábola representa o próprio Senhor) mandasse um dos mortos para falar a
seus irmãos, mas obteve a seguinte resposta: “porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a
Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.”
(Lc 16:31), esta expressão é o mesmo que dizer a lei e os profetas, a Bíblia até então:
“mas confesso-te isto que, conforme aquele caminho que chamam seita, assim sirvo ao
Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas.” (At 24:14),
“e, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais
declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em
Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas, desde a manhã até à tarde.” (At
28:23).
Daí a estima que temos pela Bíblia, a santa, perfeita, completa Palavra de
Deus, alguém pode até achar interessante ou até mesmo demasiado a estima pela Bíblia,
mas não foi assim com os servos de Deus, quero chamar a atenção ao nome do
SENHOR: “eu louvarei ao SENHOR segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao
nome do SENHOR altíssimo.” (Sl 7:17), “invocarei o nome do SENHOR, que é digno
de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.” (Sl 18:3), “uns confiam em carros e
outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus.” (Sl
20:7), “dai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da
santidade.” (Sl 29:2), “então os gentios temerão o nome do SENHOR, e todos os reis da
terra a tua glória.” (Sl 102:15), “bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há
em mim bendiga o seu santo nome.” (Sl 103:1), (cf Ex 6:3; 15:3; 20:7; 34:3,5,14; 72:17;
Dt 5:11; 28:58; Sl 83:18; 111:9; Mq 4:5; I Tm 6:1), ainda tem o salmo 148 que diz:
Louvai ao SENHOR. Louvai ao SENHOR desde os céus, louvai-o nas alturas. Louvai-o,
todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos. Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as
estrelas luzentes. Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus. Louvem o
nome do SENHOR, pois mandou, e logo foram criados. E os confirmou eternamente para
sempre, e lhes deu um decreto que não ultrapassarão. Louvai ao SENHOR desde a terra:
vós, baleias, e todos os abismos; fogo e saraiva, neve e vapores, e vento tempestuoso que
executa a sua palavra; montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros; as
feras e todos os gados, répteis e aves voadoras; reis da terra e todos os povos, príncipes e
todos os juízes da terra; moços e moças, velhos e crianças. Louvem o nome do SENHOR,
pois só o seu nome é exaltado; a sua glória está sobre a terra e o céu. Ele também exalta o
poder do seu povo, o louvor de todos os seus santos, dos filhos de Israel, um povo que lhe é
chegado. Louvai ao SENHOR. (Sl 148).
Será que existe algo acima do nome do SENHOR? A Bíblia responde:
“inclinar-me-ei para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e
pela tua verdade; pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.” (Sl
138:2), a Escritura diz acima de todo o Teu nome, por isso: “em Deus louvarei a sua
palavra, em Deus pus a minha confiança; não temerei o que me possa fazer a carne.”
(Sl 56:4), “em Deus louvarei a sua palavra; no SENHOR louvarei a sua palavra.” (Sl
56:10), e ela é assim porque é nela que Deus põe o nome dEle, então não resta dúvida
da perfeição da Bíblia, portanto, não se pode adicionar ou subtrair (Dt 4:2; 12:32; Ap
22:18,19), não podemos ser ignorantes quanto a ela (Mt 22:29; At 13:27), até porque ela
traz a regra que julgará a todo homem (Jo 12:48; Rm 2:16).

2.3. Salvação

(Mc 16:16; Jo 3:36; 5:24; 6:40,47; 20:31; Rm 5:1; 8:1,34; Hb 2:3; 12:25; I Jo 5:10,12).

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Deus quer o pentecostalismo?

“Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não
crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3:18).

Chegamos ao ponto mais importante para a humanidade, ou seja, a


salvação, a vida, como todos sabem, é passageira, motivo pelo qual: “se esperamos em
Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (I Co 15:19), é
importante lembrar que Deus providenciou a salvação, ao entregar Seu Filho para
morrer em lugar do crente, o que fazer para ser salvo é o ponto mais importante de toda
a existência humana, e esta pergunta foi feita: “e, tirando-os para fora, disse: Senhores,
que é necessário que eu faça para me salvar?” (At 16:30), a resposta vem no verso
seguinte: “e eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.”
(At 16:31), o pior é que, como diz o verso-texto, quem não crê já está condenado,
motivo que se o homem não reverter tal situação ele já estará condenado. Ser salvo é
ainda mais premente quando nos deparamos com uma coisa, um fato incontornável, o
da eternidade da alma e, ainda mais, por ser necessário que todos sejam julgados por
Cristo: “os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os
mortos.” (I Pd 4:5), e ser salvo é muito mais importante que qualquer outra coisa, mais
até que ser dono do mundo inteiro, pois todo o valor do mundo não pode comprar a vida
eterna para a alma: “pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a
sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16:26), o destino
da alma é o relevante, a Bíblia esclarece que: “e muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” (Dn
12:2). Por tal razão, a alma é eterna, o homem viverá eternamente com Deus ou
eternamente distante dEle, ou é salvo ou é condenado, a pergunta fica onde você passará
a eternidade? O caminho da salvação está proposto: “disse-lhe Jesus: Eu sou o
caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (Jo 14:6). Caso
seja este o seu caso, ou seja, ainda não seja um salvo creia agora mesmo no Senhor
Jesus Cristo e seja salvo: “na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha
palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação,
mas passou da morte para a vida.” (Jo 5:24), que é o Único meio de mudar seu estado
de condenação para o de salvação.

2.3.1. Salvação pentecostal

Uma característica do movimento carismático é, em relação à salvação,


sustentar um sistema doutrinário chamado Arminianismo, este sistema recebe o nome
do seu principal defensor, o holandês chamado Jacob Hermann (1560-1609), que ficou
conhecido pela forma latina de seu nome, Arminius, ele propôs uma nova tese que
surgiu como resposta à tese de João Calvino, que propora a TULIP, sigla significando:
“total depravity” (depravação total), “unconditional election” (eleição incondicional),
“limited atonement” (expiação limitada), “irresistible grace” (graça irresistível) e
“perseverance of saints” (perseverança dos santos); em razão da TULIP, foi criada a
tese arminiana que ensina exatamente o contrário de cada ponto, são eles: depravação
parcial, eleição condicional, expiação universal, graça resistível e salvação perdível.
Vendo cada um, dos cinco, pontos do arminianismo, de forma mais
pormenorizada: a) depravação parcial isso quer dizer que mesmo após a queda restou
bem suficiente nos homens, a tal ponto que o homem tem a vontade livre (livre arbítrio)
para escolher se quer ou não crer em Cristo Jesus como Salvador pessoal dele, essa
vontade é tão livre que, em qualquer momento, o homem pode mudar e deixar de seguir
a Palavra de Deus ou a vontade do inimigo e vice-versa; b) eleição condicional, eleição

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

é condicionada, ou seja, Deus viu, de antemão, os que creriam em Cristo, como


Salvador, e, por isso, Ele os elegeu para serem salvos, em outras palavras, crer é a
condição para ser eleito, quando se fala condicional é justamente por isso, a eleição é
condicionada a fé em Cristo por parte do homem.
Os demais pontos são: c) expiação universal significa que a obra de
expiação de Cristo, em Sua morte na cruz, em favor daquele que crer, é universal, ou
seja, potencialmente a todos os homens, mas só a usufruirá o que crer em Cristo Jesus,
isso porque a expiação, por si só, não garante a salvação de ninguém, deve-se lembrar
que, neste sistema, a vontade humana é livre; d) graça resistível quer dizer que o homem
pode resistir, afrontar, deter a graça de Deus e assim frustrar sua salvação pessoal,
naturalmente a ação do homem é permitida por Deus que o deixa exercer sua livre
vontade; e) salvação perdível, também chamada de cair da graça, ou seja, o homem, que
tem a vontade livre, pode mesmo depois de ter sido salvo, não mais querer ser salvo ou
estar inabilitado para tal, neste caso, bastará ser indigno de sua salvação e perdê-la, ante
a uma vida em pecado, mas se posteriormente, de novo, se arrepender será novamente
salvo, mas correrá o risco de perder a salvação novamente, caso volte a ser indigno da
salvação, em suma, para manter-se salva precisa fazer a obra de Deus.
Por ter por base o sistema arminiano, os pentecostais sustentam a
salvação da seguinte forma: para que alguém seja salvo é necessário crer em Cristo
como seu Salvador, no entanto, para a pessoa se manter salva necessita cumprir certas
condições, como o batismo (embora nem todos ensinem que o batismo é necessário para
a salvação), uma vida de submissão a Deus, não estar em pecado quando morrer ou
quando da volta de Cristo e perseverar até o fim, o que faz, por evidente, ser a salvação
um processo, tal processo começa quando alguém crer em Cristo e continua até o fim da
sua vida. Eles fundamentam tal posição com passagens bíblicas (Lv 16:18; 28:14; I Co
10:12; 15:2; Hb 3:15-19; 4:11;10:39), como, por exemplo: “mas aquele que perseverar
até ao fim será salvo.” (Mt 24:13), “nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que
o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma
tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Ap 2:10), e
outros, como às igrejas em Apocalipse, onde diz: “ao que vencer”, por exemplo: “quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o dano da
segunda morte.” (Ap 2:11). São ainda colocados exemplos, tais quais os de Judas e dos
israelitas no deserto mostrando que eles não concluíram bem o processo de salvação,
razão pela qual se perderam, assim sendo, a salvação é perdível, se mesmo um
verdadeiro crente não seguir as condições e perseverar ele se perderá.

2.3.2. Salvação bíblica

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por
Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 6:23).

A salvação bíblica é operada por Deus e só Ele poderia operar, já que a


salvação pertence a Ele: “e, depois destas coisas ouvi no céu como que uma grande voz
de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder
pertencem ao Senhor nosso Deus;” (Ap 19:1), (cf Sl 3:8; 37:39; II Tm 1:9; Jn 2:9), e Ele
atua pela Sua infinita graça: “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef 2:5), (cf At 15:11; Rm 3:24; II Tm
1:9), mediante a fé em Cristo: “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto
não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” (Ef
2:8,9), a graça, de Deus, exclui os méritos humanos: “não pelas obras de justiça que

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Deus quer o pentecostalismo?

houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da
regeneração e da renovação do Espírito Santo,” (Tt 3:5), até porque a justiça humana é
como trapo de imundícia diante de Deus: “mas todos nós somos como o imundo, e todas
as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as
nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.” (Is 64:6).
De modo que só há um meio de ser salvo, que é por Cristo: “porque há
um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” (I Tm
2:5) e por Ele somente: “e em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do
céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (At
4:12), a total confiança humana tem de ser posta sobre Ele, isso é o que significa crer,
equivale a confiar, assim, para que o homem seja salvo, ele tem de por sobre Cristo a
total confiança, ele precisa confiar nos méritos do Senhor Jesus e crer que isso é o
suficiente para a salvação dele, para exemplificar, um pára-quedista, ao saltar de uma
grande altura, tem de necessariamente por sua confiança, e expectativa, no pára-quedas,
ele tem a certeza de que virá ao chão, mas ele quer chegar vivo e com saúde, daí o pára-
quedas tem de funcionar, ele tem de acreditar que vai funcionar e acreditar que é o
suficiente, na salvação o pecador tem de crer em Cristo, confiar que Ele pode salvar e
confiar única e exclusivamente nEle, ainda mais que um pára-quedista no pára-quedas.
Com a fé salvadora, é chamada de salvadora, pois é condição para ser
salvo, acontece também o arrependimento, também preponderante para a salvação, é
necessário que o pecador reconheça que é pecador se arrependa de seus pecados e creia
em Cristo, uma vez feito isso ele é salvo, ou seja, tem a salvação, que é um ato, ato
muito fácil de explicar: “aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não
crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece.” (Jo 3:36), “na
verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.” (Jo 6:47),
“quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I Jo
5:12), “quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I
Jo 5:12), (cf 2.7.2.3. Arrependimento); ficou claro que a salvação é um ato e não um
processo, pois é falado que quem tem o Filho tem a salvação, quem não tem o Filho é
perdido. A observação que tem de ser feita nesta seção, bem como no livro, é que
quando se fala salvo é sinônimo de crente em Cristo como Salvador pessoal e não tem
nada a ver com ir à igreja, ser membro de uma igreja chamada cristã ou coisas similares.

2.3.2.1. Imperdível

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.” (Jo
6:47).

A salvação bíblica é imperdível, em outras palavras, uma vez salvo


sempre salvo, não deixará de ser salvo, pelo contrário sempre se manterá salvo, é
importante frisar que o verdadeiro salvo, ou seja, o crente, crente não é quem vai à
igreja, ou acha que é crente, ou hoje tão popular chamado de evangélico, ou os que
aparentam ser crentes, mas só parece mesmo e no seu coração não houve um novo
nascimento, a fé e o arrependimento legítimos, pois aos que aparentam a Palavra diz:
“vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que
não tiver até o que parece ter lhe será tirado.” (Lc 8:18). A Bíblia descreve a condição
do salvo de várias maneiras, das grandes bênçãos e promessas feitas por Deus, de
maneira que se o salvo pudesse se perder algumas delas perderiam a sua validade,
aconselho ao leitor a ler cada verso posto, pois conforta o coração dos fiéis, são

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

centenas de razões pelas quais o crente pode dizer que é eternamente seguro, eu digo
que sou seguro, pois:

1. Minha salvação está completamente consumada (Jo 17:4; 19:30).


2. Já hoje tenho a vida eterna (Jo 3:36; 5:24; 6:47; 15:11-13).
3. Já hoje tenho Jesus Cristo como meu (I Jo 5:12).
4. Conheço o único, verdadeiro Deus (Jo 17:3; I Jo 2:3; 5:20).
5. Fui salvo (Ef 2:1-10) e justificado por Sua graça (Tt 3:7).
6. Tenho toda a suficiência em tudo (II Co 9:8).
7. Passei da morte para a vida (Jo 5:24; I Jo 3:14).
8. Fui vivificado (tornado vivo) por Deus (Ef 2:1,5; Cl 2:13).
9. Fui feito idôneo para o paraíso (Cl 1:12).
10. Tenho o perdão dos pecados (Ef 1:7; Cl 1:14).
11. Meus pecados foram tirados (Jo 1:29; Hb 9:26; I Jo 3:5) e purificados (Hb 1:3).
12. Tenho a graça para me ajudar na hora da necessidade (Hb 4:16).
13. Meus pecados jamais serão relembrados por Deus (Hb 8:12; 10:17).
14. Fui lavado (I Co 6:11; Tt 3:5; Ap 1:5).
15. Andarei de branco com Cristo (Ap 3:4,5).
16. Fui sarado pelas Suas feridas (I Pd 2:24).
17. Tive todas as minhas ofensas perdoadas (Cl 2:13; I Jo 2:12).
18. Fui completamente justificado (Rm 4:5; 8:30; I Co 6:11; Gl 2:16; Tt 3:7).
19. Estou reconciliado com Deus (II Co 5:18,19; Cl 1:20).
20. Fui aproximado pelo sangue de Cristo (Ef 2:13).
21. Fui redimido pelo Seu sangue (I Pd 1:18,19; Ef 1:7; Cl 1:14).
22. Fui resgatado da maldição da lei (Gl 3:13).
23. Fui remido de toda iniqüidade ou injustiça (Tt 2:14).
24. Fui comprado por um preço (I Co 6:20; 7:23).
25. Fui livrado de tão grande morte (II Co 1:10).
26. Fui livrado do presente século (ou mundo) mau (Gl 1:4).
27. Fui tirado da potestade das trevas (Cl 1:13).
28. Fui livrado da ira futura (I Ts 1:10).
29. Não entro em condenação (Jo 5:24; Rm 8:1).
30. Sou um filho de Deus (Jo 1:12; Rm 8:16; Gl 3:26; I Jo 3:1,2).
31. Sou um herdeiro de Deus e co-herdeiro de Cristo (Gl 4:5-7; Ef 3:6; Tt 3:7).
32. Pertenço a Jesus Cristo (Gl 3:29; 5:24).
33. Fui adotado (Gl 4:5; Rm 8:15,23).
34. O poder de Deus opera em mim (Ef 1:19; 3:20).
35. Sou um co-herdeiro da graça da vida (I Pd 3:7).
36. Tudo é meu (I Co 3:21-23).
37. Possuo tudo (II Co 6:10).
38. Herdarei todas as coisas (Ap 21:7).
39. Estou enriquecido por Cristo em tudo (I Co 1:5; II Co 9:11).
40. Tenho um grande Sumo Sacerdote (Hb 2:17,18; 3:1; 4:14-16; 8:1; 10:21).
41. Sou rico por causa de Cristo (II Co 8:9; Ap 2:9).
42. Sou abençoado com todas as bênçãos espirituais (Ef 1:3).
43. Obtive uma herança (Ef 1:11,14; Hb 1:14; 9:15; I Pd 1:4).
44. Fui destinado para a aquisição da salvação (I Ts 5:9; Hb 1:14).
45. Sou Sua herança (Ef 1:18).
46. Sou participante da Sua promessa em Cristo pelo evangelho (Ef 3:6).
47. Sou uma nova criatura em Cristo (II Co 5:17; Ef 2:10; 4:24; Cl 3:10).

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Deus quer o pentecostalismo?

48. Fui renovado pelo Espírito Santo (Tt 3:5).


49. Sou aceito e agradável [a Deus] no Amado (Ef 1:6; cf Mt 3:17).
50. Estou assentado nos lugares celestiais, em Cristo (Ef 2:6).
51. Sou para o louvor da Sua glória (Ef 1:6,12).
52. Sou luz no Senhor (Ef 5:8).
53. Sou um filho da luz (Ef 5:8; I Ts 5:5).
54. Sou uma possessão especialmente adquirida para Deus (Tt 2:14; I Pd 2:9).
55. Sou um sacerdote que pode oferecer sacrifícios espirituais (Hb 13:15,16; I Pd 2:5,9;
Ap 1:6; 5:10; 20:6).
56. Sou um rei que irá reinará (Ap 1:6; 5:10; 20:6).
57. Sou privilegiado por ter comunhão com o Pai e com o Filho (I Jo 1:3).
58. Permaneço em Cristo (Jo 6:56; I Jo 3:24; 4:13,15,16).
59. Cristo permanece em mim (Jo 6:56; Gl 2:20; I Jo 3:24; 4:12-16).
60. Estou em Cristo (Jo 14:20; II Co 5:17).
61. Cristo está em mim (Jo 14:20; Cl 1:27; Rm 8:10; I Jo 4:4).
62. O Espírito de Deus habita em mim (Rm 8:9; I Co 3:16; Ef 2:21,22).
63. Não estou na carne, mas no Espírito (Rm 8:9).
64. Meu vaso de barro abriga um grande Tesouro (II Co 4:7).
65. Meu corpo é templo do Espírito Santo (I Co 6:19).
66. Fui abençoado com o dom e o selo do Espírito Santo (II Co 1:22; Gl 4:6; Ef 1:13,14;
I Ts 4:8; Tt 3:6; I Jo 3:24; 4:13).
67. Tenho a unção do Santo (I Jo 2:20,27).
68. Sou um dos chamados de Jesus Cristo (Rm 1:6; 8:28-30; Jd 1:1; Ap 17:14).
69. Fui chamado para a comunhão do Filho de Deus (I Co 1:9).
70. Fui chamado a Sua eterna glória (I Pd 5:10).
71. Fui chamado com santa vocação (II Tm 1:9).
72. Sou um participante da soberana, celestial vocação (Fp 3:14; Hb 3:1).
73. Fui chamado das trevas para a Sua maravilhosa luz (I Pd 2:9).
74. Deus me conheceu de antemão (Rm 8:29; I Pd 1:2).
75. Deus me predestinou para ser conforme a imagem de Cristo (Rm 8:29; Ef 1:5,11).
76. Já fui glorificado conforme a mente e os propósitos de Deus (Rm 8:30).
77. Estou eternamente seguro no amor de Deus (Rm 8:38,39).
78. Sou eleito em Cristo (Ef 1:4; Cl 3:12; I Ts 1:4; I Pd. 2:9; Ap 17:14).
79. Fui eleito para salvação (II Ts 2:13).
80. Estou perfeito nEle (Cl 2:10).
81. Sou amado de Deus (Cl 3:12; II Ts 2:13).
82. Sou castigado e disciplinado pelo meu Pai Celestial (Hb 12:6,7).
83. Faço parte daquele grupo o qual Cristo não se envergonha de chamar Seus irmãos e
amigos (Hb 2:11; Jo 15:14,15).
84. Sou um filho de Abraão (Gl 3:7).
85. Sou descendência de Abraão (Gl 3:29).
86. Gozo da bênção de Abraão (Gl 3:9).
87. Sou um filho da promessa (Gl 4:28,31).
88. Sou fiel (Ap 17:14).
89. Sou uma ovelha do Seu rebanho (Lc 12:32; Hb 13:20; I Pd 2:25).
90. Sou um membro do Seu corpo (I Co 10:17; 12:27; Ef 3:6; 4:25; 5:30).
91. Sou uma pedra em Sua casa (Ef 2:20-22; Hb 3:6; I Pd 2:5).
92. Sou um ramo da Videira (Jo 15:1-7).
93. Sou um filho do reino (Mt 13:38; cf Mc 10:14,15).
94. Sou nascido de novo em Sua família (Jo 1:12,13; Tg 1:18; I Pd 1:3,23; 2:2; I Jo 5:1).

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

95. Faço parte do povo de Deus porque Ele graciosamente me reivindica como sendo
Seu (I Pd 2:10; Ap 21:7).
96. Sou concidadão dos santos (Ef 2:19).
97. Fui batizado em Jesus Cristo (Rm 6:3; Gl 3:27).
98. Sou identificado com Cristo em Sua morte (Rm 6:3-6,8-11; II Co 5:14; Cl 2:12,20;
3:3).
99. Sou identificado com Cristo em Sua ressurreição (Rm 6:5,8,11; II Co 5:15; Gl
2:20; Cl 2:12; 3:1).
100. Morri para o pecado (Rm 6:2).
101. Meu velho homem foi crucificado com Cristo (Rm 6:6).
102. Fui crucificado com Cristo (Gl 2:20).
103. Crucifiquei a carne com as suas paixões e concupiscências (Gl 5:24).
104. Estou vivo para Deus (Rm 6:11,13; Gl 2:19,20).
105. Cristo é minha vida (Fp 1:21; Cl 3:4).
106. Posso andar em novidade de vida (Rm 6:4).
107. Posso servir em novidade de espírito (Rm 7:6).
108. Posso viver para a justiça (I Pd 2:24).
109. Morri para a lei (Rm 7:4; Gl 2:19).
110. Fui liberto da lei (Rm 7:6).
111. Não estou debaixo da lei, mas debaixo da graça (Rm 6:14).
112. Tenho a lei de Deus escrita em meu coração (Hb 10:16).
113. Sou de Jesus Cristo (Rm 7:4).
114. Sou participante de Cristo (Hb 3:14).
115. Sou identificado com Cristo em Seu sofrimento (II Tm 2:12; Fp 1:29; I Pd 2:20;
4:12,13; I Ts 3:3; Rm 8:18; Cl 1:24).
116. Por meio de mim o conhecimento de Deus é manifestado (II Co 2:14).
117. Por meio de mim o bom perfume de Cristo é manifestado (II Co 2:15,16).
118. Sou uma carta de Cristo (II Co 3:3).
119. Estou sendo transformado na gloriosa imagem de Cristo (II Co 3:18).
120. Estou sendo aperfeiçoado (tornado perfeito) (Fp 1:6).
121. Meu homem interior é renovado de dia em dia (II Co 4:16).
122. Estou revestido de Cristo (Gl 3:27).
123. Não sou do mundo (Jo 17:14,16).
124. O mundo está crucificado para mim (Gl 6:14).
125. Estou crucificado para o mundo (Gl 6:14).
126. Estarei para sempre com o meu Deus (Ap 21:3,4).
127. Estou separado e santificado em Cristo Jesus (I Co 1:2; 6:11; Hb 10:10; Jd 1:1).
128. Sou santo (Cl 3:12; Hb 3:1; I Pd 2:9; Ap 20:6).
129. Estou vestido com Sua justiça (Ap 19:8).
130. Estou santificado (I Co 1:2; Fp 1:1; Cl 1:2; Rm 1:7).
131. Sou irrepreensível em Cristo (Ef 5:27; Cl 1:22; Jd 24).
132. Estou para sempre aperfeiçoado (Hb 10:14).
133. Não sou de mim mesmo (I Co 6:19).
134. Sou chamado para a santificação (I Ts 4:7).
135. Sou um cidadão do céu (Fp 3:20).
136. Sou um estrangeiro e peregrino, que não está em seu lar neste mundo (Hb 11:13; I
Pd 2:11).
137. Fui transportado para o reino do Filho do Seu amor (Cl 1:13).
138. Estou circuncidado em meu coração (Cl 2:11; Fp 3:3; cf Dt 10:16).
139. Meu fiel Deus me santificará em tudo (I Ts 5:23,24).

Página 48
Deus quer o pentecostalismo?

140. Meu fiel Deus me guardará do maligno (II Ts 3:3; II Tm 4:18).


141. Cristo me libertou, me fez verdadeiramente livre (Jo 8:32-36; Gl 5:1; I Co 7:22).
142. Jesus Cristo é meu Libertador (Rm 7:24,25).
143. Estou libertado do pecado (Rm 6:7,18,22).
144. A lei do Espírito de Vida me livrou da lei do pecado e da morte (Rm.8:2).
145. Sou um servo (ou escravo) de Deus (Rm 6:22).
146. Sou um servo (ou escravo) de Cristo (I Co 7:22).
147. Sou um servo (ou escravo) da justiça (Rm 6:18).
148. Foi chamado à liberdade (Gl 5:13).
149. Tenho a mente de Cristo (I Co 2:16).
150. Tenho uma mente sã (II Tm 1:7).
151. Cristo me deu entendimento (I Jo 5:20).
152. Eu tenho a justiça de Cristo (II Co 5:21).
153. Tenho toda a suficiência em tudo (II Co 9:8).
154. Tenho tudo o que diz respeito à vida e à piedade (II Pd 1:3).
155. Posso estar sempre contente porque tenho Cristo (Hb 13:5).
156. Tenho toda a armadura e todas as armas de que preciso (II Co 10:4; Ef. 6:10-17).
157. Tenho a plenamente suficiente graça de Deus (II Co 12:9).
158. Tenho a graça para me ajudar na hora da necessidade (Hb 4:16).
159. O poder de Deus opera em mim (Ef 1:19; 3:20).
160. Tenho acesso ao Pai (Ef 2:18; Hb 4:16).
161. Tenho um grande Sumo Sacerdote (Hb 2:17,18; 3:1; 4:14-16; 8:1; 10:21).
162. Tenho um intercessor infalível (Hb 7:25; 9:24; Rm 8:34).
163. Tenho um justo Advogado para com o Pai nas vezes em que eu pecar (I Jo 2:1).
164. Tenho paz com Deus (Rm 5:1).
165. Cristo é minha paz (Ef 2:14).
166. Tenho descanso para a minha alma (Mt 11:28,29; Hb. 4:9).
167. Sou guiado pelo Espírito de Deus (Rm 8:14).
168. Posso suportar provações e tentações (I Co 10:13).
169. Pelo Espírito me é dada segurança (Rm 8:16; Hb. 6:18).
170. Por Deus me é dado consolo (II Co 1:3-7).
171. Sou tranqüilizado por Sua paz (Fp 4:7).
172. Não receberei o dano da segunda morte (Ap 2:11; 20:6).
173. Terei um novo nome (Ap 2:17; 3:12).
174. Terei poder sobre as nações (Ap 2:26; 5:10).
175. Serei uma coluna no templo de Deus (Ap 3:12).
176. Não estou em trevas (I Ts 5:4).
177. Deus é minha Suficiência (II Co 3:5).
178. Deus é minha Força (II Co 12:9,10; Fp 4:13).
179. Deus é meu Ajudador (Hb 13:6).
180. Pertenço a um Deus Soberano que opera todas as coisas conjuntamente para o meu
bem (Rm 8:28).
181. 214. Sentarei com Cristo em Seu trono (Ap 3:21).
182. Meu Deus é por mim (Rm 8:31).
183. Cada necessidade que tenho é suprida (Fp 4:19).
184. Sou um cooperador com Cristo (I Co 3:9; II Co 6:1).
185. Sou feitura Sua [obra artesanal de Deus] (Ef 2:10).
186. Deus opera em mim (Fp 2:13; Hb 13:21).
187. A Palavra de Deus opera em mim (I Ts 2:13).
188. Estou selado por Deus (II Co 1:22; Ef 1:13).

Página 49
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

189. Estou na Rocha, Cristo Jesus (Mt 16:18; I Co 3:11).


190. Estou firmado com segurança em Cristo (II Co 1:21; II Ts 3:3).
191. Sou guardado pelo poder de Deus (I Pd 1:5).
192. Sou preservado em Jesus Cristo (Jd 1:1).
193. Sou guardado de tropeçar (Jd 1:24).
194. Tenho um edifício eterno de Deus nos céus (II Co 5:1).
195. Meu nome está para sempre escrito nos céus (Lc 10:20).
196. Sou mais que vencedor, de fato sou um super-vencedor (Rm 8:37).
197. Tenho vitória através de Cristo (I Co 15:57).
198. Venci o mundo (I Jo 5:4,5).
199. Sempre triunfo em Cristo (II Co 2:14).
200. Sou habitado pelo vitorioso Cristo, que é maior que satanás (I Jo 4:4).
201. Satanás não pode me tocar (I Jo 5:18).
202. Tenho uma viva esperança (I Pd 1:3).
203. Tenho um futuro glorioso (Rm 8:18; II Ts 2:14).
204. Pela graça me foram dadas eterna consolação e boa esperança (II Ts 2:16).
205. Serei guardado para o Seu reino celestial (II Tm 4:18).
206. Recebi um reino que não pode ser abalado (Hb 12:28).
207. Tenho um lugar reservado para mim nos céus (Jo 14:2,3; I Pd 1:4).
208. Comerei da árvore da vida (Ap 2:7)56.

2.3.2.2. Argumentos bíblicos

Os versos, do tópico anterior, poderiam ser classificados doutra maneira,


assim construindo a argumentação bíblica da segurança eterna, ou seja, que a salvação
do crente é garantida; o que tem de ficar claro são os termos usados para descrever a
salvação: vida eterna (Jo 3:16; I Jo 5:11), daí, portanto, não se acaba, nem interrompe,
completa certeza (Hb 6:11; Cl 2:2), e não incerteza, firme consolação (Hb 6:18), a
palavra firme é em grego “ametathetos”, que significa “imutável Hb 6.18; το ά.
imutabilidade Hb 6:1757.”, “1) imutável, intransferível, fixo, inalterado58.”,
esperança...segura e firme (Hb 6:19), a palavra segura traduz a grega “asphales̄ ”, que
significa “certo, seguro, firme Fp 3:1; Hb 6:19; definido At 25:26. το ά. α certeza, a
verdade At 21:34; 22:3059”, “1) firmeza, estabilidade, 2) certeza, verdade incontestável,
3) estar a salvo de inimigos e perigos, segurança 60.”, já firme traduz a grega “bebaios”,
que é “firme, forte, seguro lit. Hb 6:19. Fig. firme, confiável, certo Rm 4:16; II Co 1:7;
Hb 2:2; 3:14; II Pd 1:10,19; válido Hb 9:1761.”, “firme, sólido, estável, constante,
seguro: Rm 4:16; II Co 1:7; TR Hb 3:6,14; 6:19; 9:17; II Pd 1:10,19.62”, portanto, a
salvação não é sem firmeza, muito pelo contrário é “1) estável, fixo, firme, 2) metáf.
certo, confiável63”, que é o significado de “bebaios”; aqui, basta fazer um resumo, dos
56
Baseado no artigo do Pr. Miguel Jurna, disponível no site http://solascriptura-tt.org/SoteriologiaE
Santificacao/215NegacoesContraBibliaSeSalvacaoPudesseSerPerdida-MJurna.htm. acesso em
01.09.2009
57
Gingrich, F. Wilbur; (rev.) Danker, Frederick W.; (trad) Zabatiero, Júlio Ρ. Τ. Léxico do Novo
Testamento Grego / Português, Edições Vida Nova, 1993, p. 18
58
Strong, James H. Nueva Concordancia Strong Exhaustiva, Grupo Nelson, 2002, p. 1181
59
Gingrich, p 37
60
Strong, p. 1236
61
Gingrich, p 42
62
Tuggy, Alfredo E. Lexico Griego Espanol de Nuevo Testamento, Casa Bautista de Publicaciones, 2003,
p. 68
63
Strong, p.1253

Página 50
Deus quer o pentecostalismo?

versos, e daí ficará bem claro como é segura a salvação. Outro ponto importante é o
tempo verbal usado, várias bênçãos descritas já são colocadas no passado, outras no
presente, para evidenciar ainda mais o quão é segura a salvação.
Continuando a descrição bíblica, daí tem a natureza da
salvação, ou seja, o que ela é, significa etc.: a
salvação é eterna (Jo 3:16,36), é uma possessão
presente (Rm 5; I Pd 2:24,25), é por imputação e
substituição (Rm 3:24; II Co 5:17; Gl 2:20; Hb 9:10), é
posicional, ou seja, o crente está em Cristo (Rm 6:7;
Ef 1:3; Cl 2:10; 3:1-4,12), não é por mérito humano; é
um presente da graça de Deus que não pode ser
confundida com nossas obras (Rm 3:19-28; 4:4,5; 11:6;
Ef 2:8,9; II Tm 1:9; Tt 3:3-7). Por causa dos
resultados da salvação: vida eterna (Jo 3:16),
justificação (Rm 5:1; 3:19-28), paz com Deus (Rm 5:1),
assegurada possessão da futura glória (Rm 5:2; Cl 3:1-
4), salvação da ira futura (Rm 5:9; I Ts 1:10),
ressuscitados juntamente com Cristo (Rm 6),
transladados das trevas para a luz (Cl 1:12-14),
livramento do pecado (Ez 36:29; Mt 1:21; I Jo 3:5), do presente século mal
(Gl 1:4), do inimigo (Cl 2:15; Hb 2:14,15) e, em especial, da morte eterna (Jo
3:16,17).
Deve ficar claro também Quem é que causa a salvação, e
ao descobrir que ela é obra da Trindade fica mais claro
ainda que ela não pode ser perdida, ela é obra do Pai
(Rm 8:28-30; Ef 1:3-11; 2:7; Cl 3:3), que com poder (Jo 10:29; Rm
4:21; 8:31-39; 14:4; I Co 1:8,9; Ef 3:20; Fp 1:6; II Tm 1:12; 4:18; Hb 7:25; I Pd
1:5; Jd 1:24) e amor (Rm 5:7-11; 8:31-33) salva ao pecador, que
crê em Cristo como seu Salvador pessoal. Ela também é
realizada pelo Senhor Jesus Cristo, que prometeu fazê-
la segura (Jo 5:24; 6:37; 10:27,28), morreu (Is 53:5,11; Mt 26:28; Jo
19:30), ressurgiu (Rm 6:3-10; Cl 2:12-15), ascendeu à destra
do Pai (Mc 16:19; At 7:56-60; Cl:3:1; Hb 8:1,2; I Pd 3:22), onde tem
um ministério, que é de interceder por cada crente (Jo
17:1-26; Rm 8:34; Hb 7:23-25), como fazia enquanto na Terra (Jo
17:9-12,15,20), oficiando como verdadeiro Advogado (Rm 8:34;
Hb 9:24; I Jo 2:1), justamente para que o crente seja salvo
e se mantenha de pé. Ela também é por obra do Espírito
Santo, que está sempre com o crente habitando nele (Jo
7:37-39; 14:16; Rm 8:9; I Co 2:12; 3:16; 6:19; I Jo 3:24), convém
observar a palavra sempre, o Senhor enviou o Espírito
Santo para habitar para sempre selando o crente (II Co
1:22; 5:5; Ef 1:13,14; 4:30), Ele regenera (Jo 3:3-7; Tt 3:5; Tg 1:18; I Pd
1:23), batiza o crente no corpo de Cristo (Rm 6:3,4; I Co
12:13; Gl 3:27; Ef 4:4,5; Cl 2:12), Ele intercede (Rm 8:26),
fortifica (Ef 3:16) e santifica (Rm 15:16; I Co 6:11; II Ts 2:13)
o crente.

2.3.2.3. Argumentos respondidos

Página 51
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“Quem há entre vós que tema ao SENHOR e ouça a voz do seu servo? Quando andar
em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do SENHOR, e firme-se sobre o
seu Deus.” (Is 50:10).

O objetivo desta seção agora é responder os principais argumentos,


indagações e passagens bíblicas utilizadas por quem crê, ou sustenta, a perda da
salvação, a resposta é claro com a própria Bíblia.

2.3.2.3.1. Proposições

Proposições são frases e perguntas geralmente propostas quando alguém


diz que a salvação é imperdível, observemos as principais articuladas.

2.3.2.3.1.1. Incentivo a pecar

(Rm 3:8; 5:20; 6:15, Gl 5:13; I Pd 2:16).

“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo
nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não
sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua
morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também
em novidade de vida.” (Rm 6:1-4).

Esta é a mais comum de todas, quando se fala que alguém não pode
perder a salvação, a primeira reação é que esta doutrina é um incentivo ao pecado, pois
já que não se pode perder a salvação então se pode pecar à vontade, mas isso não é
verdade, observe os próprios exemplos bíblicos, quando Noé estava na arca, logo após
as águas do dilúvio baixarem (Gn 8:7), ele soltou duas aves, isso para ter noção se
podia, ou não, descer com a arca, a primeira, o corvo, obviamente não voltou, e é claro
que não voltaria, ele tinha comida à vontade no mundo para comer, imagine como foi a
destruição sobre a Terra e quanto restos mortais ele tinha para comer! Depois ele soltou
uma pomba, que voltou (Gn 8:8,9), pela mesma razão que o corvo ficou ela voltou, ela
só não voltou mais quando havia lugar seco onde pudesse pousar, qual a diferença entre
os dois animais? É claro, basta ver a o que cada um come e os hábitos de cada um,
como seu habitat natural, os dois exemplos mostram claramente a diferença entre o
regenerado e o não regenerado.
Ainda há outro exemplo, já no Novo Testamento, do cachorro e da porca,
diz o verso: “deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O
cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” (II Pd
2:22), o que o é curioso, pois se ele vomitou é porque não lhe serve, não lhe fez bem,
mas assim mesmo o cachorro, após vomitar algo, volta para comer o próprio vômito,
mas isso fica logo claro pela natureza do cão, o que o cão come? Respondendo isso fica
fácil entender, continuando tem a porca, que mesmo lavada volta ao lamaçal, a mesma
pergunta precisa ser feita, qual a natureza da porca? O que come e qual o seu habitat
natural? Respondendo isso compreendemos o motivo dela, após toda limpa, voltar à
lama. Agora a aplicação espiritual, que até é óbvia, pois se refere ao retorno ao pecado:
“como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia.” (Pv 26:11), é a
figura do que volta ao pecado, já deixado, ocorre que há uma bem grande diferença

Página 52
Deus quer o pentecostalismo?

entre ter a segurança eterna e o incentivo ao pecado, pois o crente é regenerado, ou seja,
tem uma nova natureza, é uma nova criatura: “assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Co 5:17), o
crente continua sendo pecador, mas há agora uma vasta diferença, ele não ama o
pecado, seria como o corvo querer ficar em lugares limpos e comer coisas asseadas, a
porca não gostar da lama e o cão comer só coisa limpa, eles continuam sendo corvo, cão
e porca, mas o que mudou dentro deles foi o espírito, o ânimo.
A porca continua sendo porca, mas se ela for regenerada em ovelha, em
outras palavras, ser uma ovelha, comer, beber e viver como uma ovelha, ela jamais
voltará à lama, a não ser se for jogada lá, ou por acidente cair, com o crente é similar,
ele pode até cair, e ficar na lama do pecado, voltar às antigas paixões e satisfazer à
carne, mas a diferença é o prazer do pecado que agora é diferente, da mesma maneira
que a pomba não achava lugar para pousar assim será com ele, enquanto o incrédulo
ama o pecado: “tu amas mais o mal do que o bem, e a mentira mais do que o falar a
retidão. (Selá.)” (Sl 52:3), “que se alegram de fazer mal, e folgam com as
perversidades dos maus,” (Pv 2:14), “comem da oferta pelo pecado do meu povo, e
pela transgressão dele têm desejo ardente.” (Os 4:8), (Jó 15:16; 20:12,13; Sl 52:3; Pv
4:17; 10:13; Is 5:18; Jr 14:10; Ez 20:16; Mq 3:2; Jo 3:19,20; 12:43; II Ts 2:11,12).
Falando de outra forma, o crente peca, mas não tem prazer no pecado, isso lhe foi tirado
quando ele morreu e nasceu de novo (Rm 6; 7), por isso, ele, mesmo contra a sua
vontade, peca, enquanto o incrédulo peca por amar o pecado e viver nele, razão que o
crente não vai querer voltar à vida antiga, por isso, a pergunta permaneceremos no
pecado? A resposta, de cada um crente, deve ser um não enfático: “de modo nenhum.
Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6:2), “ou
desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando
que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2:4).

2.3.2.3.1.2. Alguns deixam de ser crentes

“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas
isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” (I Jo 2:19).

Quanto aos desviados uns propõe que eles deixaram de ser crentes,
conseqüentemente deixaram de ser salvos, mas isso não é factual, pois duas questões
precisam ser analisadas, primeira, eles, de fato, eram crentes? Novamente é bom dizer
que crente não é aquela pessoa que vai numa igreja denominada cristã, seja ela qual for,
muito menos quem levanta a mão numa pregação, ou vai até a frente da igreja, muito
menos quem é de família cristã, crente é aquele que confia, entrega 100% (cem por
cento), a totalidade, da sua alma nas mãos do Senhor Jesus, sendo Cristo a sua única e
total esperança para ser salvo, é aquele que sabe que é pecador, que nada merece, que a
salvação é de graça e pela graça de Deus, e, por isso, ele não confia em si mesmo ou em
algo que possa fazer, muito menos confia ou espera outro Salvador. A pessoa era
verdadeiramente salva? Tem acontecido de muitas pessoas, fervorosas na igreja, que
atuam na obra, mas que infelizmente nunca tiveram o encontro pessoal com o Salvador,
na história tem um caso curioso, o de Wesley, que só creu em Cristo dez anos depois de
ser consagrado pastor64; junto com o trigo tem o joio, que o Senhor separará no dia do
juízo, outros estão servindo o Mestre por algum propósito diferente do bíblico, o salvo
serve o Mestre por ser salvo por Ele e não para se salvar ou ganhar benesses do Senhor,
64
Stefano, p. 46

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

daí quando se depara com as dificuldades simplesmente abandonam o caminho: “e dizia


a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua
cruz, e siga-me.” (Lc 9:23), pois negar a si mesmo não é fácil.
Deles a Bíblia fala: “saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se
fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos
de nós.” (I Jo 2:19), saíram de nós (cf Dt 13:13; Mt 13:20,21; At 15:24; 20:30; I Co
11:19; II Tm 3:9; II Pd 2:20,21; Jd 1:19), pois estava misturados, mas ao fim serão
separados: “deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos
ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo,
ajuntai-o no meu celeiro.” (Mt 13:30). A segunda é: o crente verdadeiro se desvia? A
resposta é sim, o crente, mesmo sendo crente fiel, pode se desviar, na Bíblia há um caso
importante, o caso de um crente, em Corinto, que cometia pecados horríveis (I Co 5:1-
5), mas que deixou o pecado e foi perdoado e reintegrado (II Co 2:5-11), outros fatores
importantes a lembramos é que o Mestre pergunta, inclusive a você leitor: “então disse
Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” (Jo 6:67), o crente pode escolher
desagradar a Deus, agradar a si mesmo e satisfazer sua carne, o que trará conseqüências
(cf 2.3.2.3.5.1. Danos), ocorre que a vida dele será diferente ele estará em terra estranha:
“como cantaremos a canção do SENHOR em terra estranha?” (Sl 137:4), e o Espírito
Santo o incomodará, pois Ele não o abandona, um exemplo dessa relação é a de Oséias
e a esposa dele, Gômer (Os 1-3).

2.3.2.3.1.3. Ao que vencer

(Ap 2:7,11,17,26; 3:5,12,21; 21:7).

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá o
dano da segunda morte.” (Ap 2:11).

Quando o Senhor Jesus fala às igrejas, em Apocalipse, a todas elas Ele


fala a mesma coisa, ao que vencer Ele concederá uma grande benção, daí o pensamento
comumente feito é, então ao crente, que perder, ou seja, não vencer está perdido, não
receberá tal benção, já que aparentemente tais bênçãos são condicionais, entre elas a do
verso 2:11, que fala do dano da segunda morte, que é a morte eterna, falando em
linguagem simples ir para o inferno (Ap 20:6,14; 21:8), mas não é assim, embora a
primeira vista possa parecer. Para responder a estes versos é importante compreender o
que é vencer, quem é que vence e porque vence; a resposta é evidente, a vitória do
Crente é por intermédio de Cristo: “e graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em
Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu
conhecimento.” (II Co 2:14), “mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso
Senhor Jesus Cristo.” (I Co 15:57), esta vitória é sobre os inimigos da fé: “filhinhos,
sois de Deus e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que
está no mundo.” (I Jo 4:4) e dificuldades terrenas: “mas em todas estas coisas somos
mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Rm 8:37).
Faltou entender agora quem vence o mundo, embora possa parecer, pois
neste caso seria aquele que persevera, é diferente, quem vence é quem crê em Cristo
como seu Salvador: “porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que
crê Jesus é o Filho de Deus?” (I Jo 5:4,5); o que deve notar, e ficar claro, é que a
expressão “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” está no tempo grego
chamado aoristo, é o tempo que mostra algo feito de uma vez por todas, de modo que a

Página 54
Deus quer o pentecostalismo?

vitória já está consumada, o crente pode falar para todos, mais do que isso sentir no
coração a vitória dada pelo Senhor. Daí alguém pergunta e quem é filho de Deus? A
resposta é: “mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos
de Deus, aos que crêem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (Jo 1:12,13), “porque
todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.” (Gl 3:26), “e, porque sois filhos,
Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.” (Gl
4:6), “vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos
de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele.” (I Jo 3:1).

2.3.2.3.1.4. O pecado imperdoável

“Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e
toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; qualquer, porém, que blasfemar
contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo (Porque
diziam: Tem espírito imundo).” (Mc 3:28-30).

Este é o pecado temido por muitos e colocado também como causa da


perda da salvação, pois mesmo o salvo se blasfemasse contra o Espírito Santo não teria
perdão, esta é a proposição comumente feita, daí ainda se diz que o salvo atualmente
pode blasfemar contra o Espírito e perder sua salvação, mas tal coisa não é fato, por
várias razões; antes de tudo devemos lembrar que esta passagem é descrita nos três
primeiros evangelhos (Mt 12:22-32; Mc 3:22-30; Lc 12:10), os chamados evangelhos
sinóticos, que assim são chamados pela suas semelhanças:
A palavra grega sunoráo significa “ver junto”, e chama a atenção para o material comum a
todos os três e indica que eles são melhor compreendidos quando estudados juntos. Mesmo
uma leitura casual dos quatro primeiros livros do Novo Testamento mostrará que os três
primeiros têm muita coisa em comum (representando uma tradução comum) e o quarto
parece pertencer a outra tradição distinta65.
Agora, entrando na questão, é sempre importante analisar o verso bíblico
pelo contexto, ver quem falou, para quem falou e em qual situação, fazendo esta rápida
análise fica mais fácil compreender o sentido do verso bíblico, tais palavras foram
dirigidas aos fariseus, que se recusavam a crer nEle, que mesmo vendo sinais e a
expulsão de demônios preferiram atribuir a ação do inimigo: “mas os fariseus, ouvindo
isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.”
(Mt 12:24). Para se cometer tal pecado teria de viver na mesma situação que eles
estavam vivendo sob a lei, vir ao Senhor Jesus, na Terra, e dizer que o que Ele fizer é
por obra do inimigo, por isso, “... as circunstâncias específicas envolvidas nesta
blasfêmia não podem ocorrer hoje em dia66.”. Na Bíblia, este verso jamais foi aplicado a
algum crente e a ninguém mais, motivo que foi só naquela situação, em específico, a
dos fariseus que preferiram se socorrer na blasfêmia que crer em Cristo Jesus. O motivo
de o pecado ser imperdoável fica claro então, já que é do Espírito Santo o ofício de
convencer do pecado da justiça e do juízo e eles, fariseus, para não serem obrigados a
crer, procuraram tantos quantos argumentos foram possíveis para não crer que o Senhor
Jesus é o Messias, daí já não haveria mais o que fazer para eles, não lhes restava mais
nada, mais nenhum meio ou modo de convencimento.

2.3.2.3.1.5. Cair da graça


65
Hale, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Juerp, 1983, p.42
66
Ryrie, Charles Caldwell. A Bíblia Anotada, Mundo Cristão. 1992, p. 1316.

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“Ó Insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós,
perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Só
quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?
Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão. Aquele,
pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou
pela pregação da fé?” (Gl 3:1-5).

Cair da graça tem sido conceituado, pelos carismáticos, de desvio, ou


seja, a pessoa que se desviou caiu da graça, então o desviado é um caído (sobre o tema
cf 2.3.2.3.1.2. Alguns deixam de ser crentes), cair da graça então é falado até como
advertência para não cair da graça, mas não é este o conceito bíblico, então o que é cair
da graça? Cair da graça é uma vez conhecido a graça de Deus, querer voltar para a lei,
isso é cair da graça, conhecer aqui não é necessariamente crer e sim ter conhecimento
sobre, assim diz o verso: “separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei;
da graça tendes caído.” (Gl 5:4), o que está longe do que é proposto pelos carismáticos,
a passagem em Gl começa assim: “estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos
libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gl 5:1), o Mestre
nos libertou de muitas coisas, entre elas a lei: “porque o fim da lei é Cristo para justiça
de todo aquele que crê.” (Rm 10:4). A exortação é o mesmo que dizer: “então Cristo
vos passou a não ter efeito, vós que buscam ser justificados pela lei, tendes caído da
graça, renunciando o novo concerto, rejeitando os benefícios da dispensação da
graça67.”:
“Da graça tendes caído”, vós deixaram a esfera da graça de Deus em Cristo e se puseram na
espera da lei, como suas esperanças de salvação, Paulo não usa rodeios e usa da lógica para
o fim do caminho, ele não está falando de pecados ocasionais, mas ele tem, em mente, algo
muito mais sério, que é substituir a lei por Cristo como agente de salvação68.
Isso ocorreu e ocorre com muitos judeus, e crentes primitivos, e
infelizmente na atualidade alguns tentam fazer o mesmo, querem ser crentes em Cristo e
seguir a lei, ignorando que: “e é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de
Deus, porque o justo viverá da fé.” (Gl 3:11), “porque o fim da lei é Cristo para justiça
de todo aquele que crê.” (Rm 10:4), a pergunta para eles é: “corríeis bem; quem vos
impediu, para que não obedeçais à verdade?” (Gl 5:7), “mas agora, conhecendo a
Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos
fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e
anos.” (Gl 4:9,10), assim sendo: “estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos
libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.” (Gl 5:1), a
esperança do crente para justificação diante de Deus é Cristo e não a lei, menos ainda
tentar aliar a salvação, operada pelo Mestre, com a lei.

2.3.2.3.2. Passagens

O objetivo desta seção é ver versículos e algumas passagens bíblicas,


geralmente usadas na sustentação de que a salvação pode ser perdida, demonstrando
assim a impossibilidade delas se aplicarem à salvação do crente, deixando mais claro
que a salvação é segura.

2.3.2.3.2.1. Ezequiel 18:24


67
Wesley, p. 483
68
Robertson, p.

Página 56
Deus quer o pentecostalismo?

“Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniqüidade, fazendo conforme


todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as justiças que tiver
feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado
com que pecou, neles morrerá.” (Ez 18:24).

Este verso tem sido colocado como se o crente se desviar poderá perder
sua salvação e tudo o que ele fez de bom estaria esquecido, mas não é isso o
ensinamento bíblico, nem aqui, nem em outras pastes da Escritura, para começar, este
justo nada tem a ver com o justo atual, ou seja, nada tem a ver com aquele que crê em
Cristo e é declarado justo por Deus, isso fica claro pelas diferenças existentes e elas
precisam ser notadas comparando com a própria Bíblia, este verso é explicado poucos
capítulos depois: “quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na
sua justiça, praticar a iniqüidade, não virão à memória todas as suas justiças, mas na
sua iniqüidade, que pratica, ele morrerá.” (Ez 33:13). Então restou claro que era um
homem justo, porém confiava na sua própria justiça, nas obras que fez, com o crente é
diferente é Deus Quem o justifica e isso é independente das obras:
Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada
como justiça. Assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa
a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e
cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o
pecado. (Rm 4:5-8).
Razão que faz grande diferença entre o justo referido em Ezequiel e o
justo, crente em Cristo como Salvador; ainda há outro fator marcante, a mensagem, em
Ezequiel, é do livramento que os justos, ou seja, aqueles que permanecessem fiéis a
Deus, receberiam quando da invasão pela Babilônia, sendo que toda a cidade ficasse
devassada, no entanto, Deus deixaria um remanescente: “mas deles deixarei ficar
alguns poucos, escapos da espada, da fome, e da peste, para que contem todas as suas
abominações entre as nações para onde forem; e saberão que eu sou o SENHOR.” (Ez
12:16):
Porém deixarei um remanescente, para que tenhais entre as nações alguns que escaparem da
espada, quando fordes espalhados pelas terras. Então os que dentre vós escaparem se
lembrarão de mim entre as nações para onde foram levados em cativeiro; porquanto me
quebrantei por causa do seu coração corrompido, que se desviou de mim, e por causa dos
seus olhos, que andaram se corrompendo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos,
por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações. (Ez 6:9,10).

2.3.2.3.2.2. Mateus 7:21-23

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz
a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor,
não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu
nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos
conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mt 7:21-23).

Esta passagem fica fácil entender à luz dela mesma, fica claro que se
trata de pessoas que aparentam piedade, dizem: Senhor, Senhor! Às quais o Senhor
responderá que nunca as conheceu e elas responderão que fizeram muito pelo reino, esta
declaração é curiosa, é exatamente o que muitos hoje têm tentado fazer, confiar nos seus
méritos, nas suas ações e esqueceram do primordial, da fé em Cristo como Salvador
pessoal, da confiança em Deus; continuando, eles falam que em nome dEle fizeram

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

muitas coisas, mas fica claro que não é suficiente, Balaão se referia a si mesmo: “fala
aquele que ouviu as palavras de Deus, o que vê a visão do Todo-Poderoso; que cai, e
se lhe abrem os olhos:” (Nm 24:4), nem por isso foi poupado de morrer, como punição:
“mataram também, além dos que já haviam sido mortos, os reis dos midianitas: a Evi, e
a Requém, e a Zur, e a Hur, e a Reba, cinco reis dos midianitas; também a Balaão,
filho de Beor, mataram à espada.” (Nm 31:8); profetas em Judá igualmente: “e todos os
profetas profetizaram assim, dizendo: Sobe a Ramote de Gileade, e triunfarás, porque o
SENHOR a entregará na mão do rei.” (I Rs 22:12), e estavam errados: “então disse ele:
Vi a todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o
SENHOR: Estes não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa.” (I Rs 22:17).
Deus chamou Nabucodonosor, de servo, que “foi chamado de servo de
Deus no sentido que ele foi usado por Deus para destruir Jerusalém, Deus usaria os
babilônicos para destruir completamente tanto Judá quando seus aliados69”:
Eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do norte, diz o SENHOR, como também a
Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus
moradores, e sobre todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente, e farei que sejam
objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuas desolações. (Jr 25:9).
Nabucodonosor que teve de ser corrigido pelo Senhor, descrito no livro
de Daniel, outro exemplo é o do sumo sacerdote Caifás profetizou: “ora ele não disse
isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia
morrer pela nação.” (Jo 11:51), em Éfeso vários exorcistas tentaram expulsar demônios
em nome do Senhor:
E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre
os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. E
os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. Respondendo,
porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem
sois? (At 19:13-15).
Na Bíblia, há, outros exemplos, de pessoas que fizeram a obra de Deus,
ou de alguma maneira foram usadas por Ele, e que foram condenadas assim mesmo,
fazer algo em nome de Cristo não é pertencer a Ele, é algo tão elementar e tão
negligenciado, esta é a lição que devemos nos atentar, outra também é que esta
passagem não se refere a crentes, pois o crente O conhece, melhor ainda que isso é
conhecido por Ele: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas
sou conhecido.” (Jo 10:14), “as minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e
elas me seguem;” (Jo 10:27), “mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo
conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos
quais de novo quereis servir?” (Gl 4:9), “porque os que dantes conheceu também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8:29), “mas, se alguém ama a Deus, esse é
conhecido dele.” (I Co 8:3), que é a vida eterna: “e a vida eterna é esta: que te
conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo
17:3).

2.3.2.3.2.3. Mateus 8:11,12

“Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa
com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas
trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Mt 8:11,12).

69
Walvoord, p. 428

Página 58
Deus quer o pentecostalismo?

Estes dois versos têm sido empregados, por alguns, como sugerindo que
o crente perdesse a salvação, já que os filhos do reino serão lançados nas trevas
exteriores, em outras palavras, serão condenados, irão para o lago de fogo e enxofre,
mas não é bem assim, o verso precisa ser colocado no contexto dele, que é o seguinte:
E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, e dizendo:
Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. E Jesus lhe
disse: Eu irei, e lhe darei saúde. E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno
de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de
sarar. Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e
digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz.
E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que
nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. (Mt 8:5-10).
Com o devido contexto fica que os filhos do reino não são os crentes,
pois nem mesmo em Israel Ele encontrara fé similar, os filhos do reino mencionados são
os judeus. É de certa forma também uma repreensão, do Mestre, aos judeus, que O
recusaram, este é um dos temas nos evangelhos e o livro de Mateus relata, sobretudo na
primeira metade do livro, esta dura realidade, então fique claro que os filhos do reino
são os judeus: “mas os filhos do reino, os judeus que se orgulhavam em ser filhos de
Abraão, e pensavam que era a única igreja e os únicos herdeiros da glória...70”, por
serem filhos de Abraão, “os judeus sentia que eles tinha direito natural dos privilégios
do reino por causa de sua descendência de Abraão (Mt 3:9), mas o mero nascimento
natural não trazia filiação espiritual, como João batista ensinou, antes de Cristo71.”:
São aqueles judeus por nascimento, que professaram ter conhecimento de Deus como Rei,
mas que nunca verdadeiramente se converteram, mas o princípio se aplica hoje, muitos
filhos privilegiados, por terem nascido e crescido em família cristã, vão perecer no inferno
porque eles rejeitam a Cristo enquanto selvagens vão gozar da eterna glória do céu porque
eles creram na mensagem do evangelho72.

2.3.2.3.2.4. Mateus 13:21

“Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a
perseguição, por causa da palavra, logo se ofende;” (Mt 13:21).

Esta é a parábola do semeador, parábola que é explicada pelo Senhor


Jesus, alguns têm sugerido que este o da semente entre pedregais pudesse ser a de um
crente, que se desvia, antes as dificuldades e perseguições, deste tipo disse o Senhor: “e
outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque
não tinha terra funda; Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.”
(Mt 13:5,6); o que se tem de observar aqui é a palavra raiz, o Mestre falou que não tem
raiz, se não tem raiz não O tem, pois Ele é a Raiz: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para
vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a
resplandecente estrela da manhã.” (Ap 22:16), “e disse-me um dos anciãos: Não
chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro
e desatar os seus sete selos.” (Ap 5:5), “porque foi subindo como renovo perante ele, e
como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele,
não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.” (Is 53:2), (cf Rm 15:12).

2.3.2.3.2.5. Mateus 25:1-13


70
Poole, Matthew. Matthew Poole's Commentary on the Holy Bible, Hendrickson Publishers, 1985, p.
987
71
Robertson, p.
72
MacDonald, p.

Página 59
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas,
saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas,
tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite
em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e
adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao
encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E
as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se
apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a
vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo,
chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e
fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor,
Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço.
Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.”
(Mt 25:1-13).

Esta é a parábola das dez virgens, Quem dá o ensinamento é o Senhor


Jesus, que compara o reino dos céus a dez virgens, daí alguns, por ver que a metade
estava desatenta, interpreta a passagem como para a perda da salvação do crente, o que
não é fato, pois existem várias diferenças entre as dez virgens e os crentes, primeira, o
Senhor disse que elas saíram ao encontro do esposo, naturalmente elas não foram casar,
com o esposo, e sim ir ao casamento, elas, portanto, são amigas do esposo, vão assistir o
casamento: “aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe
assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo
está cumprido.” (Jo 3:29), até porque, caso todas fossem casar com o noivo, ele seria
polígamo, ocorre que o noivo é o tipo de Cristo, que não poderia ser polígamo, pois o
Mestre não é, só tem uma esposa e Se entregou por ela: “vós, maridos, amai vossas
mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,” (Ef
5:25).
A igreja, que é o corpo de crentes é, de fato, chamada de esposa ou noiva,
mas é no singular, e tem de ser um devido a unidade do corpo: “ora, vós sois o corpo de
Cristo, e seus membros em particular.” (I Co 12:27), “não sabeis vós que os vossos
corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fá-los-ei
membros de uma meretriz? Não, por certo.” (I Co 6:15), o que isso tem a ver? Muito,
basta você comparar com: “ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua
descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma
só: E à tua descendência, que é Cristo.” (Gl 3:16), na interpretação, essa é a regra da
sintaxe, que consiste em analisar a função da palavra na frase, que naturalmente tem de
concordar com sujeito, tempo e número, que é o caso do presente verso, a classificação
em número é singular e plural.
Segunda, elas não tinham azeite, que é o símbolo do Espírito Santo, e
quem não O tem não é de Cristo: “vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se
é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele.” (Rm 8:9). Terceira, o noivo disse que não as conhecia, o que na
ocorre com os crentes, pois o Senhor Jesus disse: “as minhas ovelhas ouvem a minha
voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de
perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10:27,28), (cf Jo 10:14; I Co 8:3;
Gl 4:9; II Tm 2:19) e chama a cada um crente pelo nome: “a este o porteiro abre, e as
ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora.” (Jo
10:3), por isso, também esta parábola não pode se referir a crentes.

Página 60
Deus quer o pentecostalismo?

2.3.2.3.2.6. João 15:1-6

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá
fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais
limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a vara de
si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não
estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será
lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. (Jo 15:1-6).

Esta é outra passagem, que é muito usada para mostrar que o crente pode
perder a salvação, mas não é fato, como está provado pela segurança da salvação, além
do mais, a própria passagem dá indícios disso, o verso 3 diz que vós já estais limpos,
pela palavra que vos tenho falado, ora o próprio Senhor disse que os crentes estão
limpos, ainda na passagem há um detalhe importante, o verso 6 diz que os colhem e
lançam no fogo, e ardem, a mudança do sujeito, da primeira pessoa do singular, neste
caso o Senhor Jesus, para a terceira do singular, o Pai, que é o Lavrador, agora está na
terceira pessoa do plural, que está implícito: eles colhem e lançam no fogo, e ardem,
deixando claro que esta atividade sequer é a do Mestre, ou do Pai, por isso, não é difícil
sequer entender que o mencionado fogo seja o do inferno e sim o fogo, de I Co 3:10-15,
que neste caso o crente que não produzir fruto passará por dificuldades na sua vida
terena, sendo zombado pelos incrédulos, na sua vida espiritual e no julgamento, quando
do recebimento dos galardões (cf a seção 2.3.2.3.5.1. Danos). Sobre a limpeza do
crente, o Mestre falou: “disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar
senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.” (Jo
13:10), daí todo crente está limpo: “e é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados,
mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e
pelo Espírito do nosso Deus.” (I Co 6:11), quando Ele falou não todos Ele Se referia a
Judas Iscariotes, que sequer era um crente: “porque bem sabia ele quem o havia de
trair; por isso disse: Nem todos estais limpos.” (Jo 13:11); sobre permanecer nEle:
“quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo
6:56), “e a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não
credes vós.” (Jo 5:38).
Ainda há outras lições, que podem ser extraídas, a primeira, é sobre
permanecer em Cristo, alguns versos ensinam que basta crer para permanecer nEle: “e
aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que
ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado.” (I Jo 3:24), “qualquer que é nascido
de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar,
porque é nascido de Deus.” (I Jo 3:9), outros trariam uma idéia de permanência por ser
obediente: “portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós
permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no
Pai.” (I Jo 2:24), “e agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se
manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.” (I Jo
2:28), se o leitor for desapercebido poderá achar que há contradição bíblica, mas não há,
não há a mínima possibilidade disso acontecer, então qual é o ensino? Comparando, os
versos, fica mais fácil entender que para permanecer em Cristo é necessário crer nEle
como Salvador, mas para ter uma vida frutífera é necessário sim o serviço e obediência,
isso fica mais claro quando nos observamos que o ensino do Mestre é sobre ser
frutífero, então, neste sentido de ser infrutífero, vem a parte do verso 6, que diz: “e

Página 61
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

ardem”, “é uma referência à obra do crente. O crente que não permanece em Cristo não
pode fazer o que agrada a Deus, suas obras, portanto, serão queimadas no trono de juízo
de Cristo, embora a própria pessoa seja salva (I Co 3:11-15)73.”.
A segunda é uma lição, que vale no estudo das parábolas:
Estes versos, nós devemos cuidadosamente lembrar, contêm uma parábola, ao interpretá-la
não podemos esquecer a grande regra que se aplica a todas as parábolas de Cristo, a lição
geral de cada parábola é o que deve ser notado, os detalhes menores não devem nos torturar
nem levar, em demasiado, nossa atenção, a fim de extrair o significados deles, a falha que
muitos crentes têm caído é por negligenciar esta regra e não são pequenos nem poucos74.

2.3.2.3.2.7. Romanos 11:19-23

Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua
incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas
teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti
também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram,
severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de
outra maneira também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na
incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. (Rm
11:19-23).

Estes versos, em definitivo, não se referem à salvação individual de


ninguém, por razões óbvias, o capítulo começa assim: “digo, pois: Porventura rejeitou
Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência
de Abraão, da tribo de Benjamim.” (Rm 11:1), então a pergunta é do que se trata este
capítulo? A resposta é trata do enxerto feito da igreja no lugar de Israel, mas isso não
faz com que Deus tenha rejeitado Israel, este capítulo foi escrito justamente para
explicar como a igreja foi enxertada e é assim descrito:
E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar
deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se
contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. (Rm 11:17,18).
Diz o verso 25 dissipa toda a assim diz: “porque não quero, irmãos, que
ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento
veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” (Rm 11:25).
A lição é sobre Israel:
Israel podia ser “um povo rebelde e contradizente”, mas Deus não os proscrevera
agora mais fortemente do que o fizera em dias anteriores, quando rejeitava a palavra
divina mediante Moisés e os profetas. “Aos que de antemão conheceu, também os
predestinou” é um princípio não omitido no caso de Israel. Como nos tempos do Velho
Testamento, assim também nos tempos apostólicos, o propósito de Deus na escolha do
Seu povo era salvaguardado por Sua preservação de um remanescente fiel. Na época de
Elias, num período em que a apostasia nacional assumira as dimensões de um
desmoronamento, havia uma pequena minoria fiel de sete mil que negou culto a Baal; e
assim havia nos dias de Paulo uma pequena minoria fiel que não rejeitara o Evangelho.
Paulo devia saber, pois era um deles. Sua descendência de Abraão por meio de um dos
filhos de Israel estava bem estabelecida, e contudo era crente em Jesus, como o eram
muitos outros dos seus compatriotas “segundo a carne”. Constituíam um remanescente
fiel, escolhido pela graça de Deus, e sua existência era, em si mesma, uma prova de que
Deus não abandonara a Israel, nem renunciara ao Seu propósito para ele. Mesmo que
Israel em massa tivesse falhado em alcançar Seu propósito, o remanescente eleito o
cumpriria. A cegueira que afetava a maioria fora prevista por Deus (aqui se aduzem
mais três testimonia, em acréscimo ao testimonium da “pedra” composta de 9:33 - um

73
Ryrie, p. 1335
74
Ryle, J. C. The Gospel of John. Old LandMark Publishing, 2005, p. 89

Página 62
Deus quer o pentecostalismo?

de Isaías, um de Deuteronômio e um do Saltério). Mas esta condição não deveria ser


permanente75.
A básica lição da passagem é:
Neste capítulo Paulo nos assegura que Deus não esqueceu o Seu povo, os judeus, e Suas
promessas a eles. Depois que o número total de gentios for incorporado à Igreja, o povo
judeu, como um todo, e não um simples punhado como agora, se voltará para o Senhor.
Paulo definitivamente não afirma que as promessas feitas a Israel no Velho Testamento
tenham sido transferida para a igreja, predominantemente gentílica76.

2.3.2.3.2.8. I Coríntios 6:9,10

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os
devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,
nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os
roubadores herdarão o reino de Deus.” (I Co 6:9,10).

Estes dois versos também são costumeiramente usados para falar que é
possível perder a salvação, entre os sãos princípios de interpretação bíblica tem um
elementar, que muitas vezes é ignorado como um todo, que é o do contexto, há também
outro de extrema importância, que é o da analogia da fé, os dois princípios serão os
usados na interpretação destes dois versos. De fato, são mencionados vários tipos de
pecados, mas a pergunta é o crente está inserido nesta lista? É só ler o próximo verso e a
resposta será dada: “e é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis
sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo
Espírito do nosso Deus.” (I Co 6:11), para que não restassem dúvidas foram escritos
três verbos importantes para o estudo: lavados, santificados, justificados, alguns dos
crentes, em Corinto, cometeram os pecados mencionados, como muitos crentes de
várias épocas, inclusive a atual, cometeram ou cometem, mas eles, iguais a todos os
crentes, foram lavados: “disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar
senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos.” (Jo
13:10), “e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os
mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou
dos nossos pecados,” (Ap 1:5), (cf Ef 5:26; Tt 3:5; Hb 10:22).
Santificados: “na qual vontade temos sido santificados pela oblação do
corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.” (Hb 10:10), “e por isso também Jesus, para
santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta.” (Hb 13:12), (cf At
26:18; I Co 1:2,30; II Ts 2:13; Hb 2:11; I Pd 1:2,22), além de justificados: “sendo
justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm
3:24); “tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor
Jesus Cristo;” (Rm 5:1), “logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira.” (Rm 5:9), (cf At 13:39; Rm 3:26-30; 4:5;
8:30,33; Gl 2:16; 3:8,11,24; Tt 3:7). Agora tem algo fantástico, que mostra de forma
definitiva, que estes versos não pode se referir a nenhum crente, ou seja, a gramática, os
três verbos são usados no tempo aoristo grego, que é o tempo para designar uma ação
completada, acabada e que não se repete mais, ou seja, o crente já foi lavado,
santificado e justificado, de uma vez por todas, por isso o crente não precisa se
preocupar, ele está seguro em Cristo: “porque já estais mortos, e a vossa vida está
escondida com Cristo em Deus.” (Cl 3:3). A implicação de eles serem lavados significa

75
Bruce F.F. Romanos, Introdução e Comentário. Edições Vida Nova, 2002, p. 101
76
Ryrie, p. 1375

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

que não têm mais aqueles pecados, o crente que peca é pecador do mesmo jeito que o
incrédulo, a grande diferença, entre eles, não está em praticar um ou outro ato, e sim
consiste no fato de a quem será imputado tal ato, então a diferença é a imputação, por
isso que o crente não pode ser desta lista, pois o crente é chamado de santo, já que ele
recebeu a santificação do Senhor Jesus, mesmo tendo seus pecados: “à igreja de Deus
que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os
que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e
nosso:” (I Co 1:2).
Para exemplificar pense em duas pessoas, Fulano e Cicrano, os dois são
amigos, os dois se encontram para almoçarem, sendo que Cicrano está a serviço da
empresa, onde trabalha, os dois vão a um restaurante e comem bastante, fazendo a conta
ficar bem alta, mas Fulano vai pagar sua própria conta e Cicrano terá sua conta paga
pela empresa, já que está a serviço por ela; esta é uma ilustração do crente e o incrédulo,
os dois pecam, por isso, o crente não é melhor que o incrédulo, mas em relação à vida
espiritual sim, há uma diferença tão grande quanto ser vivo ou morto, o crente tem sua
conta paga pelo Senhor Jesus, que diz assim, do crente: “e, se te fez algum dano, ou te
deve alguma coisa, põe isso à minha conta.” (Fm 1:18), já incrédulo terá de pagar sua
própria conta, como não tem como pagar será condenado, ainda na ilustração, o
diferencial do crente é que todas as suas falhas são colocadas sobre o Senhor Jesus e
todas as virtudes do Mestre são colocadas sobre o crente: “Àquele que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Co
5:21), “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu
caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.” (Is 53:6).
Ainda nos dois versos texto, é importante mencionar dois exemplos, o
primeiro é de Noé, que foi um dos heróis da fé: “pela fé Noé, divinamente avisado das
coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca,
pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé.” (Hb
11:7), isso foi escrito de Noé mesmo após ele ter se embriagado (Gn 9:20,21), fato que
não anulou sua fé, Abraão também é um dos heróis da fé: “pela fé Abraão, sendo
chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem
saber para onde ia.” (Hb 11:8), mesmo depois de ter mentido sobre Sara (Gn 12:1-3),
agora uma questão lógica, a graça do Velho Testamento seria maior que a da atual
época, chamada de plenitude da graça? Obviamente não, portanto, o crente não pode ser
inserido nos versos I Co 6:9,10, e sim no verso 11, do mesmo capítulo.

2.3.2.3.2.9. I Coríntios 9:27

“Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” (I Co 9:27).

Este verso também é bastante usado para falar da perda da salvação, mas
depois de feita uma análise vê-se claramente que nada tem a ver com a salvação, basta
para tanto olhar o contexto, está falando do trabalho do apóstolo em pregar o evangelho:
“e por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma
dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de
graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho.” (I Co
9:17,18), naturalmente em servir ao Senhor temos bastante prêmios, mas não se trata da
salvação e sim de galardões, tanto, é fato, que é comparado aos jogos: “não sabeis vós
que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio?
Correi de tal maneira que o alcanceis.” (I Co 9:24). Isso ensina também que o crente

Página 64
Deus quer o pentecostalismo?

precisa ter meta no trabalho, ao atuar na pregação do evangelho: “pois eu assim corro,
não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar.” (I Co 9:26). A
palavra reprovado, traduz a grega “adokimos”, que significa “sem valor, reprovado II
Co 13:5-7; desqualificado I Co 9:27; indigno Rm 1:28; inútil Hb 6:8.77”, “1) não
resistindo a teste, não aprovado, 1a) propriamente usado para metais e moedas, 2)
aquilo que quando testado, não é aprovado tal como deveria, 2a) desqualificado para,
desaprovado, falso, espúrio, condenado.78”, portanto, não passado no teste, daí a
pergunta que fica é que teste é esse? O de I Co 3:10-15, onde todos os crentes terão suas
obras submetidas ao fogo, dia em que muitos perderão coroas (galardões): “eis que
venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” (Ap 3:11).
Além do que já foi falado, este verso jamais poderia ser considerado em
relação à salvação, pois se este verso tivesse relação com a salvação faria ser ela o
prêmio pela atuação, ou seja, pelas obras do crente, o que contraria totalmente a Bíblia,
fala que a salvação é pela graça: “estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos
vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef 2:5), se é pela graça, que
é favor imerecido de Deus, portanto, não é pelas obras: “mas se é por graça, já não é
pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não
é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.” (Rm 11:6), daí a impossibilidade
deste verso se referir à salvação:
Paulo não está, de modo algum, falando aqui da salvação, mas do serviço, ele não está
sugerindo que pudesse ser perdido, mas em não ser aprovado, no teste, com o seu serviço e
assim rejeitado para o prêmio, esta interpretação encaixa exatamente com o sentido da
palavra reprovado e o contexto esportivo, Paulo reconhece a horrível possibilidade de ter
pregado aos outros e ele mesmo ser posto na prateleira pelo Senhor e não ser mais usado
por Ele79.

2.3.2.3.2.10. Filipenses 2:12

“De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha
presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa
salvação com temor e tremor;” (Fp 2:12).

É verdade que a Bíblia ensina que o crente deve se dedicar às boas obras
(Mt 5:16; At 9:36; II Co 9:8; Cl 1:10; II Ts 2:17; I Tm 2:10; 5:10,25; 6:18; II Tm 2:21;
3:17; Tt 2:7,14; 3:1,14; Hb 10:24; 13:21; I Pd 2:12), mas este verso não significa que a
salvação é operacionalizada, ou seja, continuada por boas obra do salvo, até porque a
salvação é diferente das obras e independente delas: “não vem das obras, para que
ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas
obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2:9,10). A Bíblia
ensina a ordem correta, primeiro a salvação, depois sim é requerido boas obras:
Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos
salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente
ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela
sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna. Fiel é a palavra, e
isto quero que deveras afirmes, para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas
obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens. (Tt 3:5-8).
Em uma comparação, seria como um trabalhador, primeiro ele é admitido
na empresa para só depois trabalhar nela e não na ordem inversa, se quisesse primeiro

77
Gingrich, p. 12
78
Strong, p.1163
79
MacDonald, p.

Página 65
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

trabalhar para depois ser admitido não poderia, já que tem uma ordem seqüencial.
Voltando fica claro que operar ai é o inverso do que é tentado falar, pois operar é o
salvo trabalhar em conseqüência de ser salvo e não para ser salvo, isso na leitura do
contexto, o verso seguinte fala que quem provê a salvação é Deus: “porque Deus é o
que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Fp
2:13), na verdade, é Ele Quem opera a salvação no sentido de dar a salvação:
A palavra “operai” é a tradução da palavra grega que significa “levar ao objetivo, levar até
a conclusão final”, nós dizemos: “o estudante resolveu o problema de aritmética”, que é ele
levou o problema a conclusão final, este é o sentido que é usado aqui, os filipenses são
exortados a levar a salvação deles a conclusão final, isto é, a forma de Cristo; a salvação,
falada aqui, não é justificação, mas santificação, vitória sobre o pecado e viver a vida
agradando ao Senhor Jesus, eles eram para ver isso, que eles faziam progressos vidas cristãs
deles, era para eles fazerem isso com temor e tremor... esta é a responsabilidade humana80.

2.3.2.3.2.11. Filipenses 3:9-14

“E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé
em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e à virtude da
sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte;
para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já
a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui
também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado;
mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando
para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação
de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3:9-14).

Esta passagem sequer fala da salvação, o que a faz ser impossível tratar
da perda dela, pelas seguintes razões do contexto: primeiro, a passagem fala do
chamamento do apóstolo, o qual ele se esforçou para cumprir (vs 10,14), considerando
as demais coisas perdas (vs 5-8), segundo, o verso 14 fala em prêmio, como todos sabe
prêmio é recompensa por algo, a salvação é dom gratuito (Rm 5:15,16; 6:23), portanto,
um presente, o que nada tem a ver com prêmio, daí fica claro que o que o verso se refere
é galardão, não salvação, terceiro, no verso 11 não há a mínima dúvida do apóstolo
quanto à sua ressurreição, pois o Senhor Jesus prometera e no mesmo livro versos antes
é falado sobre a ressurreição: “tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós
começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” (Fp 1:6).

2.3.2.3.2.12. Hebreus 6:4-6

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom
celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de
Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para
arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o
expõem ao vitupério.” (Hb 6:4-6).

Esta passagem é uma das prediletas dos defensores da perda da salvação,


ocorre que eles geralmente ignoram o ensino claro da passagem que ensina, que se estes
versos tratassem do crente genuíno, se ele perdesse a salvação jamais poderia ser salvo
de novo, começa falando que isso seria impossível, mas esta passagem não se refere a
80
Wuest, Kenneth S. Word Studies in the Greek New Testament. Wm. B. Eerdmans Publishing
Company; 1st edition, 1980, p.

Página 66
Deus quer o pentecostalismo?

salvos, pois o verso 9 diz: “mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas
que acompanham a salvação, ainda que assim falamos.” (Hb 6:9), deixando claro que o
grupo de pessoas, desses 3 versos, não são salvas, ou seja, não são crentes.

2.3.2.3.2.13. Hebreus 10:26-29

“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da


verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível
de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei
de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De
quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de
Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao
Espírito da graça?” (Hb 10:26-29).

Este capítulo tem alguns versos usados por quem defende a perda da
salvação, em especial, os versos texto, podemos observar parte a parte dos versos, assim
fica mais fácil entender, vou grifar algumas palavras. Começando a responder este
capítulo, bem como o livro, foi escrito aos judeus, por isso que o nome do livro é
Hebreus, este capítulo mostra que a lei não é perfeita, ela não pode tirar o pecado, isso é
exemplificado de duas maneiras, primeiro, o capítulo começa assim: “porque tendo a
lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se
chegam.” (Hb 10:1), deixando claro que a lei é apenas sombra, é incompleta, e continua:
“doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os
ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado.” (Hb 10:2), os sacrifícios
mencionados são aqueles feitos pelos sacerdotes e, em especial, o anual pelo povo
realizado pelo sumo sacerdote, que se fosse perfeito não seria realizado periodicamente,
mas é imperfeito, pois: “nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos
pecados, porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.”
(Hb 10:3,4).
Agora ficou claro, é impossível que aquele sacrifício tirasse o pecado,
eles eram tão somente sombra do sacrifício feito na cruz, pelo Senhor Jesus, que é o
Cordeiro de Deus: “no dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1:29), e só Ele então pode tirar o
pecado, e o Mestre substituiu a lei para estabelecer a nova aliança, com o Seu sangue;
“então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para
estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo
de Jesus Cristo, feita uma vez.” (Hb 10:9,10), sangue derramado somente uma vez, já
que o sacrifício dEle foi perfeito, daí é não se repetirá jamais, foi de uma vez por todas:
“e assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os
mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; Mas este, havendo oferecido
para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,” (Hb
10:11,12).
Sacrifício este que dá acesso do homem, que nEle crer, a Deus: “tendo,
pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo
caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,” (Hb 10:19,20), agora
chegamos ao nossos versos textos, que diz: “porque, se pecarmos voluntariamente,
depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício
pelos pecados,”, e não haverá, pois como falado, nos parágrafos acima, o sacrifício do
Mestre foi único, daí não haverá outro sacrifício, daí de nada adianta nem mesmo

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

sacrificar animais, pois não há salvação sem Cristo, pergunta similar foi feita no
capítulo 2: “como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação,
a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a
ouviram;” (Hb 2:3) e o escritor exorta aos hebreus a crerem em Cristo, e dá exemplo do
ocorrido no Velho Testamento: “vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não
escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos
desviarmos daquele que é dos céus;” (Hb 12:25), o verso diz, em outras palavras, que
como os israelitas não atenderam a advertência de Moisés e morreram no deserto, se
eles não atentarem para Cristo, que é de Quem o escritor fala, eles serão condenados, o
pecado mencionado como sendo voluntário é deixar de crer em Cristo e esperar nEle,
agora já sabedor que Ele é o que veio fazer o Novo Testamento, para seguir o Velho,
que é apenas sombra do Novo.
Continuando nos versos textos, o verso 28 menciona o número mínimo
de testemunhas, exigido por lei, para infligir a pena: “por boca de duas testemunhas, ou
três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por boca de uma só testemunha
não morrerá.” (Dt 17:6), (cf Dt 19:15; II Co 13:1), se para a punição da lei, a pena era
dura e tão somente necessários duas ou três testemunhas, a pena era a de morte, daí o
verso 29 fala que a punição para quem rejeitar o Filho, a punição será maior que a
morte; a Bíblia diz assim: “aquele que pisar o Filho de Deus”, “esta linguagem é tirada
do costume dos conquistadores ancestrais, que costumavam pisar o tornozelo dos seus
inimigos quando os subjugavam ou do fato das pessoas pisarem naqueles que elas
desprezavam e desdenhavam...81”; uma coisa também precisa ficar clara, quem é que
despreza a Cristo? Existe algum tipo de desprezo a Deus? A Bíblia responde que Deus
disse que todos pecaram, daí “se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a
sua palavra não está em nós.” (I Jo 1:10), Ele é chamado de mentiroso também quando
alguém não crê no Filho: “quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho;
quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de
seu Filho deu.” (I Jo 5:10), já quem crê confirma que Ele é verdadeiro: “e aquilo que
ele viu e ouviu isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho. Aquele que aceitou o
seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro.” (Jo 3:32,33), afinal, de contas,
quem é verdadeiro, Deus ou o homem? A resposta é: “de maneira nenhuma; sempre
seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas
justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado.” (Rm 3:4), deixando claro
mais um motivo pelo qual o incrédulo terá um duro juízo, pois “horrenda coisa é cair
nas mãos do Deus vivo.” (Hb 10:31).
O verso 29 ainda fala de ter havido por profano o sangue do Senhor
Jesus, que é o sangue do verdadeiro Cordeiro de Deus ser equiparado ao sangue de
animais ou pessoas comuns, ele se refere “… ‘aqueles que não esperam mais benefícios
do sangue de Cristo mais do que de vacas e ovelhas!’ não é esse precisamente o crime,
que o apóstolo fala aqui e que ele fala que Deus não terá misericórdia82?”:
Eles tiveram por profano o sangue da aliança com que foi santificado, uma coisa profana,
que é o sangue de Cristo, com o qual o pacto foi adquirido e selado e no qual Cristo mesmo
foi consagrado ou com o qual o apóstata foi santificado, isto é, visivelmente iniciado dentro
do novo concerto pelo batismo e admitido na ceia do Senhor; observe que há tipo de
santificação que as pessoas podem fazer parte e depois saírem, isso pode ser distinguido
pelos dons comuns e graças pela profissão externa, pela forma de bondade, o cumprimento
de deveres e grupo de privilégio e finalmente cair. Homens que antes tiveram o sangue de
Cristo em alta estima podem depois tê-lo como profano, não melhor que o sangue de um
malfeitor...83

81
Barnes, p. 1246
82
Clarke, Adam. Adam Clarke's Commentary on the Whole Bible., GraceWorks Multimedia, 2008

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Deus quer o pentecostalismo?

Então a expressão com que foi santificado é “... devido à associação com
cristãos ele foi santificado do mesmo modo que o marido incrédulo é santificado pela
esposa crente (I Co 7:14), mas isso não significa que ele seja salvo 84.”. O estudado tem a
ver com um pecado terrível o de adicionar algo ao sangue de Cristo, os judaizantes
queriam adicionar a lei, muitos querem adicionar obrar, outros querem adicionar bom
caráter, vários preceitos têm sido adicionado ao sangue de Cristo, a idéia é além de crer
em Cristo, além de professar a fé nEle, a pessoa tem de fazer algo, a salvação hoje está
disponível ao que crer independente das obras, pois se precisasse fazer algo o sacrifício
do Senhor Jesus não teria sido suficiente, e a salvação, por fim, não seria pela graça,
“mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.
Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.”
(Rm 11:6).

2.3.2.3.2.14. I Pedro 1:9

“Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” (I Pd 1:9).

Este verso tão somente ensina que a salvação é o fim, objetivo, resultado
final de nossa fé, essa construção, modo de dizer foi usado também em: “mas agora,
libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e
por fim a vida eterna.” (Rm 6:22), daí fica claro que o fim mencionado é o resultado da
fé, quanto à salvação a Bíblia não ensina que a salvação seja incerta, pelo contrário a
salvação é firme, é certa: “e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém
as arrebatará da minha mão.” (Jo 10:28); outro ensinamento, que fica claro, neste
verso-texto, é o dos tempos da salvação, a Bíblia menciona a salvação no passado: “que
nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas
segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos
tempos dos séculos;” (II Tm 1:9), “não pelas obras de justiça que houvéssemos feito,
mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da
renovação do Espírito Santo,” (Tt 3:5), “estando nós ainda mortos em nossas ofensas,
nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),” (Ef 2:5).
É mencionada no passado porque ela já foi operada, quem crê em Cristo
já foi salvo, e isso é tão forte e completo, que a Bíblia também menciona a salvação no
presente, deixando claro que o crente tem a salvação: “aquele que crê no Filho tem a
vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre
ele permanece.” (Jo 3:36), “na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em
mim tem a vida eterna.” (Jo 6:47), o crente é exortado a compreender melhor a sua
salvação e assim fazer o que foi designado com sua salvação: “milita a boa milícia da
fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa
confissão diante de muitas testemunhas.” (I Tm 6:12), mas não é só, a salvação também
é colocada no futuro: “que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a
salvação, já prestes para se revelar no último tempo,” (I Pd 1:5), “que não haja de
receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna.” (Lc 18:30).
A explicação porque está no futuro é fácil: “porquanto a vontade
daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6:40), está ligada à ressurreição, que é a
completude da salvação, e o crente pode ficar tranqüilo quanto a isso, pois “e esta é a

83
Henry, p. 1357
84
MacDonald, p. 1206

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

promessa que ele nos fez: a vida eterna.” (I Jo 2:25), promessa que Ele vai cumprir,
enquanto não somos ressuscitados vivemos na esperança disso ocorrer: “em esperança
da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos
séculos;” (Tt 1:2), “para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos
herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” (Tt 3:7); o crente, ou seja, aquele que
confia em Cristo como Salvador pessoal, é salvo, no passado, presente e futuro: “estas
coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que
tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (I Jo 5:13).
Ficou claro que o fim da fé, que é a salvação, no verso-texto, é tão
somente o resultado da fé e nada tem a ver com atitudes do homem como operar a
salvação que alguns entendem juntando este verso ao: “de sorte que, meus amados,
assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na
minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor;” (Fp
2:12), pois a salvação não cresce, o salvo é salvo da ira de Deus, além do mais, alguém
só pode operar algo que já existe (cf 2.3.2.3.2.10. Filipenses 2:12); quanto ao fim da fé e
esperança cf 2.4.2.4.1.2. I Coríntios 13:10.

2.3.2.3.2.15. I Pedro 4:18

“E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador?” (I Pd 4:18).

A conclusão, que alguns tiram deste verso, é clara com dificuldade,


perseverança e algumas outras coisas mais e que o crente será salvo, pois está escrito
que com dificuldade o justo se salva, mas não é isso o que diz o verso; é verdade que o
capítulo ordena a vida em santidade o verso 2 diz assim: “para que, no tempo que vos
resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo
a vontade de Deus.” (I Pd 4:2), mas não fala que o salvo precisará lutar por sua salvação
até com risco de perdê-la, por algumas razões, para começar quem é justo? Esta é uma
pergunta importante a ser feita, a primeira coisa que devemos lembrar é que ninguém é
naturalmente justo: “como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” (Rm 3:10),
“e não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum
vivente.” (Sl 143:2), se Deus olhar para qualquer homem verá pecado: “se tu, SENHOR,
observares as iniqüidades, Senhor, quem subsistirá?” (Sl 130:3).
Neste contexto quem é justo? Absolutamente nenhum de nós homens o é
perante Deus, nem mesmo os fariseus, que eram exímios cumpridores da lei: “porque
vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum
entrareis no reino dos céus.” (Mt 5:20), então temos de admitir que somos pecadores,
senão em negar estamos pecando: “se dissermos que não pecamos, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (I Jo 1:10), então todos os homens estão
debaixo de uma dura realidade, pois “na verdade que não há homem justo sobre a
terra, que faça o bem, e nunca peque.” (Ec 7:20), então o que fazer? Nada, nada pode
ser feito, aos homens se salvar, ser justo, é impossível, “na verdade sei que assim é;
porque, como se justificaria o homem para com Deus?” (Jó 9:2), “como, pois, seria
justo o homem para com Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?” (Jó
25:4), a própria pergunta exige a resposta negativa, mas para a nossa alegria: “e Jesus,
olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é
possível.” (Mt 19:26).
Deus deu um jeito para que o homem pudesse ser justo diante dEle, o que
Ele fez? Ele deu o Filho dEle por nós: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado
por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” (II Co 5:21), de modo que

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Deus quer o pentecostalismo?

quem crer no Filho é considerado justo diante de Deus, pois Ele coloca a justiça do
Filho sobre aquele que crer: “tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus,
por nosso Senhor Jesus Cristo;” (Rm 5:1), “de maneira que a lei nos serviu de aio,
para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” (Gl 3:24), isso é
um favor de Deus, ou seja é pela graça dEle: “sendo justificados gratuitamente pela sua
graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3:24), (cf Tt 3:7), e o elemento
essencial para isso foi o sangue do Mestre: “logo muito mais agora, tendo sido
justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” (Rm 5:9).
Os versos colocados acima não se contradizem apenas mostram que o
homem naturalmente é sem justiça alguma, pois está cheio de pecados, e só pode ser
justificado diante de Deus pela fé em Cristo, daí ele passa a ser justo, então justo é
aquele que crê em Cristo como Salvador pessoal; voltando ao verso texto, tenho dúvidas
se o verso se refere à salvação da alma (eterna) ou do juízo de Deus, mas qualquer que
seja a resposta a aplicação é a mesma: “eis que o justo recebe na terra a retribuição;
quanto mais o ímpio e o pecador!” (Pv 11:31), “porque, eis que na cidade que se
chama pelo meu nome começo a castigar; e ficareis vós totalmente impunes? Não
ficareis impunes, porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o
SENHOR dos Exércitos.” (Jr 25:29), “Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se
vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de
homens.” (II Sm 7:14).

2.3.2.3.2.16. II Pedro 2:20-22

“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento
do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-
se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem
o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que
lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O
cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” (II Pd
2:20-22).

Esta passagem também é famosa no uso em favor da perda da salvação,


ocorre que ela não se refere a crentes, isso fica claro pelo uso das palavras, cão e porca,
onde elas são usadas para representar a crentes? Além disso, há outro fator
determinante, o capítulo começa assim: “e também houve entre o povo falsos profetas,
como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente
heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina perdição.” (II Pd 2:1), não há dúvidas que se refere a falsos doutores, mestres
entre os crentes, o seu estado se torna pior porque agora o julgamento dele será mais
duro: “meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais
duro juízo.” (Tg 3:1), além de com suas práticas aumentarem o pecado, ainda há outras
advertências como: “ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu
pasto, diz o SENHOR.” (Jr 23:1) “então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores
do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o
primeiro.” (Lc 11:26).
Sobre os falsos mestres, a Bíblia exorta: “guardai-vos dos cães, guardai-
vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão;” (Fp 3:2), devemos lembrar que
“esses apóstatas tem um conhecimento intelectual de Cristo, eles conhecem a verdade,

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

mas não tem amor por ela, eles rejeitam o que professam e tornam-se escravo de alguns
tipos de corrupção85.”, W.A. Criswell descreve o falso doutor assim:
... um suave, afável, apresentável, estudado, que se diz amigo de Cristo, ele prega no
púlpito, escreve livros de aprendizado, ele publica artigos em revistas religiosas, ele ataca o
cristianismo de dentro, ele faz da igreja e da escola um alojamento para todo tipo de sujos e
detestáveis pássaros, ele leveda a comida com a doutrina dos saduceus86.
De forma similar é o comentário do Comentário Primitivo Batista:
O contexto amplificado de II Pd 2:1-22, e o propósito de Pedro, em escrever esta carta
contra os falsos mestres, inclui estes inclina versos em questão, não devemos olhar a
dramática distinção entre o primeiro objetivo de Pedro em I e II Pd, em I Pd ele escreve
sobre inimigos, que perseguirão e procurarão destruir a igreja pelo lado de fora, já em II Pd
ele escreve sobre falsos mestres, que procurarão similar destruição contra a igreja do
Senhor, pelo lado de dentro, entretanto, Pedro unifica sua estratégia para as duas cartas; se
no trato com hostis assaltos, de fora, ou de falsos mestres, de dentro, é para estamos
completamente e constantemente equipados para responder a razão e para honrar a nossa
fé87.

2.3.2.3.2.17. Apocalipse 21:8; 22:15

“Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos
fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será
no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.” (Ap 21:8).

“Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os


idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.” (Ap 22:15).

Estes versos têm causado medo em vários crentes, curiosamente tem, na


lista, a palavra tímido, daí o crente tímido fica com o coração pesaroso, novamente a
pergunta, nas listas estão incluídos os crentes? A resposta é um gigante não, pela mesma
razão já exposta em I Co 6:9,10 (cf 2.3.2.3.2.8. I Coríntios 6:9,10), o correto é incluir a
passagem no contexto e ai envolve também a grande tribulação, mas neste caso, em
específico, será indiferente falar dela, pois a razão dos versos não se referirem aos
crentes antecede a ela: “ eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: estes são os que
vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do
Cordeiro.” (Ap 7:14), a saber a lavagem com o sangue de Cristo. O verso 6, do capítulo
21, mostra o porquê que o verso 8 nada diz aos crentes: “e disse-me mais: Está
cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de
graça lhe darei da fonte da água da vida.”, o Senhor Jesus reforça o convite, que já
tinha sido feito antes e sido explicado: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras
o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria
água viva.” (Jo 4:10), “mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede,
porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida
eterna.” (Jo 4:14), “e no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e
clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.Quem crê em mim, como
diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre.” (Jo 7:38).
A Quem o Mestre Se refere? Ao Espírito Santo: “e isto disse ele do
Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não
fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.” (Jo 7:39), ora o crente já tem o

85
McGee, J. Vernon. Thru the Bible. Thomas Nelson, 1990, p. 1023
86
MacDonald, p. 1356
87
Primitive Baptist Commentary, disponível no sito eletrônico http://e-sword-users.org/users/node/979,
p. 275

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Deus quer o pentecostalismo?

Espírito: “vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus
habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Rm
8:9), “em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da promessa.” (Ef 1:13), razão que faz o verso 8 não se referir ao crente, e sim
aos incrédulos, que não aceitaram o convite de salvação do verso 6. Continuando o
verso 7 diz: “quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu
filho.”, mostrando também que o verso 8 não se refere ao crente, esta expressão, quem
vencer, se refere a todo aquele que crê em Cristo como Salvador pessoal: “porque todo
o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa
fé.” (I Jo 5:4), motivo que o verso 8 é para quem não venceu o mundo, portanto, quem
não recebe (confia) o Senhor Jesus como Único e Suficiente Salvador.
O próprio verso 8 começa com uma conjunção adversativa, mas,
justamente para mostrar a diferença entre quem aceitou o convite e conseqüentemente
venceu o mundo, de quem não creu no evangelho, não poderia se referir ao crente, pois
dele é dito: “e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre
os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos
lavou dos nossos pecados,” (Ap 1:5), tempo do verbo grego é exatamente ao de I Co
6:11, ou seja, aoristo, demonstrando a ação feita de uma única vez pelo Senhor, o meio
utilizado foi o sangue dEle: “mas com o precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro imaculado e incontaminado,” (I Pd 1:19). Uma vez que o crente foi lavado
sempre terá parte com Cristo:
Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não
tens parte comigo. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as
mãos e a cabeça. Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os
pés, pois no mais todo está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos. (Jo 13:8-10).
Faltou o capítulo 22, que, pelas mesmas razões expostas acima, não se
refere ao crente, o crente é chamado de santo, não de feiticeiro ou idólatra, salienta
lembrar que os que são condenados o são por não crerem em Cristo, de modo que
mesmo um incrédulo, que não viva na prática de algum pecado desses, nem por isso
será salvo.

2.3.2.3.3. Grupo de passagens

As passagens que eventualmente podem parecer como ensinando a


possibilidade de perda da salvação são poucas, mas, é fato, que alguns vêem demais,
então naturalmente não seria possível comentar todas elas, por falta de espaço, e por ser
clara a doutrina da segurança eterna do crente, assim sendo, esta seção agrupa, por
assunto, as passagens, que, algumas vezes, são usadas com este propósito de
enfraquecer a doutrina da segurança eterna, passagens que falam de outra coisa e não da
salvação.

2.3.2.3.3.1. Falsos mestres

(Mt 7:15-23; 24:11,24; II Co 11:13-15; I Tm 4:1; II Pd 2:1-22; 3:16,17; I Jo 2:19; II Jo


1:7; Jd 1:4,10-16; Ap 22:18,19).

“Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis,
que não pouparão ao rebanho;” (At 20:29).

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Os falsos mestres já nos são conhecidos, “um falso mestre ou um que


pretende ser um mestre cristão, mas ensina falsas doutrinas (II Pd 2:1) 88”, a Bíblia fala
muito sobre eles, as referências acima, que alguns podem procurar entender como se
tratando da perda da salvação se referem a eles, as características desses apóstatas são
várias: ele é um lobo atroz e enfurecido, vestido com pele de cordeiro (Mt 7:15), que
disposto a devorar as ovelhas e atraí-las a si (At 20:29), opera sinais e maravilhas (Mt
24:11,24), causa divisão e é materialista (Rm 16:17,18), suas mensagens são
controladas por demônios (I Tm 4:1-3), perverte a doutrina (II Pd 2:1; II Jo 1:7; Jd 1:4)
e a Bíblia (I Pd 3:16; Ap 22:18,19):
Os falsos profetas estavam mais interessados em ganhar popularidade que em falar a
verdade, a política deles era de falar ao povo o que eles queriam ouvir, os falsos profetas
diziam “e curam superficialmente a ferida da filha do meu povo, dizendo: Paz, paz;
quando não há paz.” (Jr 6:14), eles viam visões de paz quando o Senhor Deus estava
dizendo que não havia paz (Ez 13:16). Nos dias de Jeosafá, Zedequias, o falso profeta, fez
chifres de ferro e disse que Israel feriria os sírios com aqueles chifres, Micaías, o
verdadeiro profeta, predisse o desastre se Jeosafá fosse à guerra, é claro, Zedequias foi
popular e sua mensagem foi aceita, mas Jeosafá foi a guerra e lá passou trágicos apuros (I
Rs 22). Nos dias de Jeremias, Hananias profetizou o rápido fim do poder de Babilônia,
enquanto Jeremias profetizava a servidão das nações a ela, e novamente o profeta, que falou
ao povo, o que eles desejavam ouvir foi o predileto (Jr 28)... Uma das principais
características, do falso profeta, é a dele falar o que os homens querem ouvir e não a
verdade, que eles precisam ouvir.
Os falsos profetas estavam interessados no ganho pessoal, como Miquéias falou: “os seus
chefes dão as sentenças por suborno, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus
profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao SENHOR, dizendo: Não está o
SENHOR no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá.” (Mq 3:11), eles ensinam por lucro
de torpe ganância (Tt 1:11), e eles identificam beneficência e ganho, fazendo de sua
religião uma fabrica de dinheiro (I Tm 6:5)... O falso profeta é uma criatura avarenta que
considera os homens como ingênuos para serem explorados para seus próprios fins.
Os falsos profetas eram dissolutos, nas suas vidas pessoais, Isaias escreveu: “mas também
estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e
o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se
por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo.” (Is 28:7),
Jeremias disse: “mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem
adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se
convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus
moradores como Gomorra.” (Jr 23:14), e: “eis que eu sou contra os que profetizam sonhos
mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e
com as suas leviandades; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram
proveito algum a este povo, diz o SENHOR.” (Jr 23:32), o falso profeta, nele mesmo, é a
sedução para o mal, invés de para o bem.
O falso profeta estava acima de todo homem que lidera outros para se afastarem de Deus
invés de se aproximar dEle, o profeta, que convidava o povo: “vamos após outros deuses”,
deveriam ser destruídos sem misericórdia (Dt 13:1-5; 18:20), o falso profeta leva os
homens na direção errada. Essas foram as características dos falsos profetas no passado,
nos dias de Pedro, e ainda são suas características89.

2.3.2.3.3.2. Galardões

(I Co 3:11-15; II Co 5:9-10; Gl 6:9; Cl 3:24,25; II Tm 2:12; Tg 1:12; II Jo 1:8; Ap


2:7,11,17,26; 3:5,12,21).

“Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará;” (II
Tm 2:12).
88
Zodhiates, p. 312
89
Barclay, p. 458

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Deus quer o pentecostalismo?

As referências acima não se referem à salvação e sim a galardão, que é a


recompensa que o Senhor dará aos Seus servos de acordo com o serviço na obra, ele é
da parte de Deus: “ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que
aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o
buscam.” (Hb 11:6), é por servir a Cristo: “se alguém me serve, siga-me, e onde eu
estiver, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, meu Pai o honrará.” (Jo
12:26), “sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o
Senhor, servis.” (Cl 3:24), justamente por ser pelo serviço prestado ele é perdível, o
crente pode ficar desqualificado para recebê-lo integralmente: “olhai por vós mesmos,
para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão.” (II Jo
1:8), este é o ensinamento das referências acima, o modo que será realizado o
julgamento está na primeira referência, ou seja, I Co 3:11-15.
O galardão é chamado de coroa da justiça (II Tm 4:8), coroa da gloria (I
Pd 5:4), coroa da vida (Tg 1:12; Ap 2:10), coroa incorruptível (I Co 9:25), peso eterno
de glória (II Co 4:17), ele é grande (Mt 5:12; Lc 6:35; Hb 10:35), inestimável (Is 64:4; I
Co 2:9), isso é motivo adicional para cada crente se manter firme e fiel ao Mestre,
rejeitando as coisas do mundo: “tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do
que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.” (Hb 11:26), pois logo,
Ele dará o galardão: “e, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a
cada um segundo a sua obra.” (Ap 22:12), (cf Mc10:21; Lc 6:22,23,35; I Co 3:8; Hb
10:34,36).

2.3.2.3.3.3. Os frutos

(Mt 5:13; Jo 8:31; 15:1-6; At 13:43; 14:22; Tg 1:26; II Pd 1:9-11; I Jo 2:24).

“O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e
a tenham com abundância.” (Jo 10:10).

O Senhor salvou os Seus servos para que eles tenham uma vida de
comunhão com Deus, vivendo assim o melhor dela, uma vida em abundância, vida
aprovada, por Deus, em não vivendo assim o crente sofre detrimentos, mas nada disso
tem a ver com sua salvação e sim com a correção de Deus, que objetiva a fazê-lo se
arrepender: “lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te.
E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti
virei.” (Ap 3:3), só para que fique clara a vontade de Deus: “assim, meus irmãos,
também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro,
daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.” (Rm
7:4), “ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e
multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça;” (II Co 9:10),
“cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.”
(Fp 1:11), “para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em
tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus;” (Cl
1:10).
Um verso deixa claro que a vontade de Deus é que o crente frutifique,
afinal o Mestre não quer ver Seus servos infrutíferos, como encontrou uma figueira, que
deveria estar frutificando e não estava: “e, avistando uma figueira perto do caminho,
dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de
ti! E a figueira secou imediatamente.” (Mt 21:19), mas deixa claro que o frutificar nada

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

tem a ver com a salvação: “mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus,
tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.” (Rm 6:22), nada tem a
ver no sentido de causa, as boas obras, não são causas, mas efeitos da salvação, elas
servem para que Deus seja glorificado: “nisto é glorificado meu Pai, que deis muito
fruto; e assim sereis meus discípulos.” (Jo 15:8), “assim resplandeça a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está
nos céus.” (Mt 5:16):
O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão
plantados na casa do SENHOR florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda
darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o SENHOR é reto. Ele é a minha
rocha e nele não há injustiça. (Sl 92:12-14).

2.3.2.3.4. Pessoas específicas

Algumas pessoas específicas são usadas como tendo perdido a suas


salvações, e é isso que veremos.

2.3.2.3.4.1. Esaú

“E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu
direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a
bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com
lágrimas o buscou.” (Hb 12:16,17).

Esaú foi um crente? Com certeza não, mas aproveitando a oportunidade,


ele nasceu de uma família de crentes, com muitos ditos evangélicos (?) hoje, mas ele
não era, é importante sempre se lembrar da individualidade, hoje muitos acreditam que,
por serem de família de crentes, só por isso, são salvos, mas não é, é um perdido, todos
são e só deixarão de ser quando crerem em Cristo como Salvador pessoal: “quem crê
nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3:18), eu afirmei que ele não era crente, pois, na
Bíblia, não tem nenhuma linha que sugira ser ele um crente, além do mais, os versos
acima o adjetivam de devasso, ou profano, relembrando que a Bíblia não chama o
crente pelo pecado cometido, um exemplo claro é o de: “geralmente se ouve que há
entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como
é haver quem abuse da mulher de seu pai.” (I Co 5:1), “eu, na verdade, ainda que
ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente,
que o que tal ato praticou,” (I Co 5:3), a Palavra fala o que tal ato praticou e não chama
aquele irmão de fornicador, que é a mesma palavra grega “pornéia” traduzida por
devasso.
Com isso fica claro que Esaú não perdeu a salvação dele, visto que ele
nunca teve, ele tão somente perdeu o direito à primogenitura, que ele vendeu: “então
disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura.” (Gn 25:31), “e Jacó deu pão a Esaú e
o guisado de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou
Esaú a sua primogenitura.” (Gn 25:34), é interessante como Esaú fazia pouco caso com
as coisas de Deus, pois Ele prometera grandes bênçãos a seu pai, Isaque: “ergue-te,
levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação.” (Gn
21:18) e a seu avô, Abraão: “e far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e
engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.” (Gn 12:2), Deus prometeu
prosperidade, e o primogênito tinha direito á porção dobrada, quando seu irmão
ofereceu comprar a primogenitura ele respondeu: “e disse Esaú: Eis que estou a ponto

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Deus quer o pentecostalismo?

de morrer; para que me servirá a primogenitura?” (Gn 25:32), ora, se Deus havia
prometido que faria dos pais dele uma grande nação e ele era o primogênito bastaria
confiar em Deus, pois de fome ele não morreria, mas ele fez o inverso, bem diferente do
avô dele, que quando Deus pediu que ele sacrificasse o pai dele, Abraão foi cumprir,
pois “sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que
Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;” (Hb 11:18), para mostrar
melhor o descaso dele, a primogenitura lhe concedia outros direitos:
O direito de primogenitura do filho mais velho lhe dava precedência sobre seus irmãos (cf
Gn 43:33), e lhe assegurava porção dobrada da herança paterna (cf Dt 21:17). Poderia ser
perdido pela prática de algum pecado sério (cf I Cr 5:1) e podia ser negociado, como
ocorreu aqui. O acordo foi solenemente confirmado com um juramento (Gn 25:33)90.

2.3.2.3.4.2. Judas

Judas perdeu mesmo a salvação dele? Alguém rapidamente mencionará o


seguinte verso: “para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se
desviou, para ir para o seu próprio lugar.” (At 1:25), este verso se refere a Judas, mas
isso não diz que ele perdeu a salvação dele, ele não exerceu o apostolado por se desviar,
novamente digo, isso nada tem a ver com a salvação, pois o Senhor Jesus já havia
falado dele e assim falou: “respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um
de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o
havia de entregar, sendo um dos doze.” (Jo 6:47), (cf Jo 6:64; 13:18,21; 17:12), tem
como ele ter sido salvo se foi chamado de diabo? Naturalmente não, ele apenas estava
entre os 12, como muitos incrédulos estão entre os crentes, sendo que terão destino
comum, que é a perdição: “estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome.
Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da
perdição, para que a Escritura se cumprisse.” (Jo 17:12).

2.3.2.3.5. Observações

(Rm 6:4-,6,8; 8:3,4,13; 12:1; 13:13,14; II Co 4:11; 5:15 7:1; Gl 5:24; 6:14; Ef 4:1,22; Cl
2:11-14; I Ts 4:3-7; II Tm 2:22; Tt 2:12; I Pd 3:16; 4:1; II Pd 1:3; 3:12-14; I Jo 2:15-
17).

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a
si mesmo por mim.” (Gl 2:20).

Existem grandes observações, a serem feitas, sobre o tema, pois jamais


foi dito que o crente pudesse viver em pecado, numa vida amante dos prazeres do
mundo, pelo contrário requer e espera-se dele algo inverso: “para que vos conduzísseis
dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória.” (I Ts 2:12),
“porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.” (I Ts 4:7),
“para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma
geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo;”
(Fp 2:15), “amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das
concupiscências carnais que combatem contra a alma;” (I Pd 2:11). Requer que ele seja
diferente: “nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos
de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos
90
Ryrie, p. 1346

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

membros a Deus, como instrumentos de justiça.” (Rm 6:13), “trazendo sempre por toda
a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se
manifeste também nos nossos corpos;” (II Co 4:10), “para que, no tempo que vos resta
na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a
vontade de Deus.” (I Pd 4:2), “digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a
concupiscência da carne.” (Gl 5:16).
O crente está em terra estranha: “como cantaremos a canção do
SENHOR em terra estranha?” (Sl 137:4), ele se tornou peregrino aqui: “amados, peço-
vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais
que combatem contra a alma;” (I Pd 2:11), por isso, não deve amar o mundo:
“adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra
Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de
Deus.” (Tg 4:4) “não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele.” (I Jo 2:15), “porque tudo o que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do
Pai, mas do mundo.” (I Jo 2:16). O crente, que está ligado às coisas terrenas, está
mais exposto ao pecado: “de onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não
vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” (Tg 4:1),
“pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver,
vive para Deus.” (Rm 6:10), por isso: “já estou crucificado com Cristo; e vivo, não
mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do
Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2:20), “e os
que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” (Gl
5:24).
É necessário também falar de quem tem a segurança eterna, para que
ninguém se ache seguro enquanto é um perdido, e das advertências por não seguir aos
ensinos, o que será tratado nesta seção e das bênçãos de servir a Deus.

2.3.2.3.5.1. Danos

“Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como
pelo fogo.” (I Co 3:15).

Com a desobediência, o crente sofre vários danos, tanto no plano


material, físico, quanto espiritual, sendo que ainda perde na comunhão com Deus, daí a
razão desta seção estar para mostrar que o crente, que vive pecando, sofrerá severos
danos. Como já visto, o crente, que prefere o pecado, não está suscetível da perda da
salvação, mas o que ele perde então, quais os danos que sofrerá? Com certeza ele
receberá, em si mesmo, a paga de seus atos, e as perdas são imensuráveis, pois ele perde
em comunhão com o Senhor Jesus e os demais crentes (I Jo 1:3-7), perdendo
oportunidade de servir melhor a Deus e dar frutos (Ef 5:14-17; Mt 9:36-38; I Ts 5:4-10),
conseqüentemente é castigado por Deus (Hb 12:5-11), além de sofrer os danos dos
tópicos seguintes. Ainda é importante nos atentarmos para a expressão como pelo fogo,
do verso texto, a expressão significa que o fogo não é real, mas o sofrimento é como se
passasse pelo fogo, a explicação é clara: “mas a que produz espinhos e abrolhos, é
reprovada, e perto está da maldição; o seu fim é ser queimada.” (Hb 6:8), ou mais
especificamente: “se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e
secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.” (Jo 15:6), aos crentes é reservado
julgamento, e um deve advertir ao outro para evitar maior sofrimento do conservo: “e

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Deus quer o pentecostalismo?

salvai alguns com temor, arrebatando-os do fogo, odiando até a túnica manchada da
carne.” (Jd 1:23).

2.3.2.3.5.1.1. Perda de galardões

(I Co 3:11-15; II Co 5:10; I Tm 6:17-19; I Jo 2:28).

“Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
(Ap 3:11).

Os fiéis até a morte receberão a coroa da vida Ap 2:10, que nada mais é
que um nome para galardão, que pode ser perdido: “olhai por vós mesmos, para que
não percamos o que temos ganho. Antes recebamos o inteiro galardão.” (II Jo 1:8),
(2.3.2.3.5.1. Danos), então o crente, em pecado, perderá galardões, quando o Senhor
Jesus aparecer: “e, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa
da glória.” (I Pd 5:4). Ao comentar a questão Burke fala:
Pode-se inferir, desta passagem, que os crentes podem perder galardões, não podemos perder
nossa salvação eterna, pois a salvação não é galardão, salvação, amado, não é um pagamento por
um debito, Romanos 4 nos ensina, a salvação não pode ser ganha por trabalho e nenhum outro
meio, portanto, João não está falando da salvação, nesta passagem... Enganos podem causar a
perda de galardões, falsos ensinos nos tirarão do caminho da verdade, amado, se não crermos
corretamente, não poderemos nem iremos servir ao Senhor corretamente, como resultado,
perderemos galardões, podemos também perder galardões que já ganhamos no passado e podemos
ser impedidos de ganhar novos galardões no futuro91.

2.3.2.3.5.1.2. A morte

“Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei,
operavam em nossos membros para darem fruto para a morte.” (Rm 7:5).

O primeiro aspecto, que permite Deus cobrar a obediência dos crentes,


ignorando que Ele é Soberano, Senhor, Deus, Altíssimo, é que Ele comprou o crente:
“porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no
vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” (I Co 6:20), o preço é o sangue de Cristo:
“mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
incontaminado,” (I Pd 1:19), fazendo assim que o corpo do crente seja o templo dEle:
“ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I Co 6:19), por isso: “se alguém
destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é
santo.” (I Co 3:17). O verso mostra a causa da morte de vários crentes, ou seja, não se
portaram condignamente com a obra do Senhor, ou parte dela como a Ceia: “por causa
disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem.” (I Co 11:30), a
destruição, não se trata da perda da salvação e sim a morte física: “seja entregue a
Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor
Jesus.” (I Co 5:5), ser entregue ao inimigo certamente significa a exclusão de tal
membro da comunhão e entregá-lo ao mundo, reino do inimigo: “sabemos que somos
de Deus, e que todo o mundo está no maligno.” (I Jo 5:19), “agora é o juízo deste
mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.” (Jo 12:31).

91
Burke, Christopher W. Studies in The Epistles of John, disponível no sítio eletrônico http://sglblibrary.
homestead.com/files/StudiesByChrisBurke/123JohnWebVersion.htm#thdjohn2

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

A Bíblia adverte quanto à santidade na vida do crente: “porque, se


viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do
corpo, vivereis.” (Rm 8:13), o salvo não é inclinado para a carne, que é da natureza do
incrédulo, mas o princípio é o mesmo, a vida em pecado o levará à morte: “porque a
inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.” (Rm 8:6), “e
que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é
a morte.” (Rm 6:21), “porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a
corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gl 6:8).
De certa forma, todo o pecado leva à morte, pois a conseqüência do pecado é a morte,
ou seja, o que paga o pecado é a morte: “porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 6:23), mas
há pecados, em específicos, que levam à morte: “se alguém vir pecar seu irmão, pecado
que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte.
Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniqüidade é pecado, e há
pecado que não é para morte.” (I Jo 5:16,17).

2.3.2.3.5.1.3. A contínua correção de Deus

“E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu,
não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se
suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não
corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então
bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos
corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos
espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos
corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos
participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece
ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos
exercitados por ela.” (Hb 12:5-11).

O tópico anterior tratou da penalidade na correção de Deus culminando


com a morte do crente, já este tópico fala de outras correções de Deus, a Palavra fala
que: “portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que
não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Rm 8:1), o fim deste verso
precisa ser considerado: que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito, daí se
o crente não trilha no Espírito ele é reprovável sim, e, mesmo não sofrendo a punição
eterna, sofrerá outros danos, por fazer as mesmas obras dos não salvos, pois: “pelas
quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;” (Cl 3:6), a
necessidade da correção ocorre por causa do pecado na vida do crente, como todos
pecaram (Rm 3:23), o que inclui os crentes: “se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. (I Jo 1:8), então todos precisam
de correção. Então Deus, o Pai adotivo do crente, o corrige: “sabes, pois, no teu
coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o SENHOR teu
Deus.” (Dt 8:5), “o que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde
cedo o castiga.” (Pv 13:24), “Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a
transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens.” (II
Sm 7:14), o homem geralmente não gosta de ser corrigido, na atualidade, mais ainda, é
impopular a correção, mas a Bíblia exorta: “eis que bem-aventurado é o homem a quem
Deus repreende; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso.” (Jó 5:17), “filho

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Deus quer o pentecostalismo?

meu, não rejeites a correção do SENHOR, nem te enojes da sua repreensão. Porque o
SENHOR repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.”
(Pv 3:11,12).
A base da correção é o amor: “Eu repreendo e castigo a todos quantos
amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Ap 3:19) e o objetivo é o crescimento do crente:
“foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” (Sl 119:71), “bem
sei eu, ó SENHOR, que os teus juízos são justos, e que segundo a tua fidelidade me
afligiste.” (Sl 119:75), “mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor,
para não sermos condenados com o mundo.” (I Co 11:32). O crente não pode ser como
alguns israelitas, no Velho Testamento: “em vão castiguei os vossos filhos; eles não
aceitaram a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão
destruidor.” (Jr 2:30), “não obedeceu à sua voz, não aceitou o castigo; não confiou no
SENHOR; nem se aproximou do seu Deus.” (Sf 3:2), deve aceitar a correção do Senhor,
até porque, cada vez mais, ela aumenta: “correção severa há para o que deixa a vereda,
e o que odeia a repreensão morrerá.” (Pv 15:10). Há uma lição, que é óbvia, à medida
que o crente aprende uma lição ele não precisa reaprendê-la, de tal modo naquele ponto
ele não será mais corrigido, o crente, que quer viver no pecado, sofrerá a correção de
Deus continuamente, do mesmo jeito que um cavaleiro usa a espora para fazer um
cavalo seguir na direção desejada, e quanto mais ele desobedecer pior será: “e ele disse:
Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti
recalcitrar contra os aguilhões.” (At 9:5), a pergunta para você crente, Deus precisará
corrigir você no mesmo ponto a todo instante? Então aprenda, pois duro é recalcitrar
contra os aguilhões do Senhor.

2.3.2.3.5.1.4. Perda no serviço

“Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” (I Co 9:27).

Em conseqüência, da vida em pecado, além da correção de Deus, e da


eventual punição com a morte, tem algo duro, que é ser reprovado para atuar na obra de
Deus, significa não ter passado no teste, daí o crente será igual a um objeto não usado
por Deus, a Bíblia fala disso usando o exemplo de dois vasos:
Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de
barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar
destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado
para toda a boa obra. (II Tm 2:20,21).
A Palavra exorta que cada um crente deve ser aprovado, portando,
deixando de lado o pecado: “ora, eu rogo a Deus que não façais mal algum, não para
que sejamos achados aprovados, mas para que vós façais o bem, embora nós sejamos
como reprovados.” (II Co 13:7), “confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com
as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.”
(Tito 1:16). A conseqüência da vida em pecado do crente é fazer com que o nome de
Deus seja blasfemado: “porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre
os gentios por causa de vós.” (Rm 2:24), “todos os servos que estão debaixo do jugo
estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a
doutrina não sejam blasfemados.” (I Tm 6:1), de tal modo que tal crente é pisado pelos
homens: “vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para
nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.” (Mt 5:13).

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

2.3.2.3.5.2. Bênçãos

“Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor,


servis.” (Cl 3:24).

Grandes são as bênçãos em ser aceito por Deus, aprovado diante dEle:
“porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.” (Rm
14:18), esta é a diligência, que cada crente deve ter: “procura apresentar-te a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade.” (II Tm 2:15), “mas, como fomos aprovados de Deus para que o
evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas
a Deus, que prova os nossos corações.” (I Ts 2:4), o servo que assim procede é
engrandecido por Deus: “porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim,
aquele a quem o Senhor louva.” (II Co 10:18), “para que a prova da vossa fé, muito
mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e
honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo;” (I Pd 1:7). Ele concede gloria eterna:
“portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a
salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” (II Tm 2:10), “ora, àquele que é
poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria,
perante a sua glória,” (Jd 1:24).

2.3.2.3.5.3. Quem tem a segurança eterna

Como diz a Palavra, a salvação é imperdível, ou seja, uma vez que a tem
não se pode mais perdê-la, ocorre ser necessário fazer algumas observações, primeiro,
conceituar o que é ser crente, muitos se dizem crentes, e o termo crente apenas designa
que a pessoa crê em algo ou alguém, quando é falado crente é sempre usado no sentido
técnico bíblico, ou seja, é um sinônimo para salvo, em outras palavras, a pessoa que crê
no Senhor Jesus como Salvador pessoal dela, crer em Cristo nada tem a ver com dizer
que creu, ou levantar a mão, atendendo ao apelo de um pregador, ir a igreja, ler a Bíblia,
pois nada disso tem o condão de salvar o pecador, quem faz as coisas retro-citadas pode
ser um religioso, o que é bem distinto de ser salvo. Para ser salvo, só para reprisar, é
necessário cumprir a condição bíblica, que é: “e eles disseram: Crê no Senhor Jesus
Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” (At 16:31), “a saber: Se com a tua boca
confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo.” (Rm 10:9), isso pela graça inefável de Deus: “porque pela graça
sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2:8), “mas
cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.” (At
15:11).
Não foi dito, em lugar algum, que o crente pode viver uma vida
incompatível com o padrão bíblico, a graça de Deus não pode ser subterfúgio para o
pecado, pelo contrário, do crente é requerido uma vida santa: “mas, como é santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;
porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pd 1:15,16), caso o crente
tenha uma vida desqualificada, ele terá consideráveis perdas e punições: perda de
galardões (I Co 5:14,15; II João 1:8; Ap 2:10; 3:11), morte (I Co 3:16,17; 5:1-5; I Jo
5:16,17), serão salvos como pelo fogo (I Co 3:15), em contra partida a obediência traz
grandes bênçãos: “porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o
obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de

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Deus quer o pentecostalismo?

carneiros.” (I Sm 15:22), glória (II Tm 2:10,13), alegria (I Ts 5:6,10; Jd 1:24 cf Sl


51:12). Por fim, devemos lembrar que há pessoas que nunca foram salvas, sendo que
algumas delas foram religiosas, e agora voltaram para o mundo, tais pessoas não
perderam suas salvações, efetivamente elas nunca tiveram, em outras palavras, nunca
foram salvas.

2.3.2.3.5.4. Batismo

“E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o
nome do Senhor.” (At 22:16). 3:38

Este verso e o seguinte: “quem crer e for batizado será salvo; mas quem
não crer será condenado.” (Mc 16:16), no mesmo livro é falado da desnecessidade do
batismo: “arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,” (At 3:19),
“respondeu, então, Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não
sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?” (At 10:47),
este último verso mostra que as pessoas primeiro receberam o Espírito, portanto, salvas,
pois só tem o Espírito Santo quem é crente: “vós, porém, não estais na carne, mas no
Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito
de Cristo, esse tal não é dele.” (Rm 8:9), “em quem também vós estais, depois que
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também
crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” (Ef 1:13), e somente depois
que foram batizadas, tanto que o apóstolo Paulo falou: “porque Cristo enviou-me, não
para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de
Cristo se não faça vã.” (I Co 1:17), “dou graças a Deus, porque a nenhum de vós
batizei, senão a Crispo e a Gaio,” (I Co 1:14), o próprio apóstolo disse: “mas cremos
que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também.” (At 15:11),
então o batismo não é necessário para a salvação, ela não aparece mais em outros
lugares, é possível que o batismo aqui tenha sido necessário, observe que o destinatário
é o povo judeu, por eles terem matado ao Senhor Jesus; sobre a remissão de pecados,
ela aparece no mesmo livro de Atos sem a menção do batismo: “Deus com a sua destra
o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos
pecados.” (At 5:31), “para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz, e do
poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre
os que são santificados pela fé em mim.” (At 26:18); quem hoje quiser ser salvo
precisará tão somente crer em Cristo como se Salvador pessoal: “a saber: Se com a tua
boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou
dentre os mortos, serás salvo.” (Rm 10:9), sem a necessidade do batismo, como todos
os salvos desta dispensação e do ladrão na cruz, ao qual o Senhor disse: “e disse-lhe
Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lc 23:43).

2.3.3. Conclusão

A salvação é um presente de Deus e Ele salva ao homem porque Ele


quer, para ser salvo é necessário crer em Cristo como Salvador pessoal, a salvação é
pela graça, daí exclui os méritos e obras humanas, este é o meio de Deus salvar o
homem, para ser salvo é necessário arrependimento e fé, que são atos simultâneos, isso
quer dizer que, para crer você tem de se arrepender dos seus pecados, para se arrepender
dos seus pecados você tem de crer, não existe a necessidade do batismo e ele não salva

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

nem é condição para a salvação, é assim que Deus salva ao homem, nesta dispensação
da graça. Ao avaliar a doutrina bíblica da salvação, com a do pentecostalismo, vemos
que ele não passou no teste, o que é muito triste, pois infelizmente a salvação defendida,
por ele, tem por base os méritos humanos, confundindo a causa com o efeito, as boas
obras, vida impoluta, e o que mais for, são conseqüências da salvação e não pré-
requisitos para se salvar. Ao falar da salvação, vimos a importância do evangelho,
infelizmente também hoje há muitos evangelhos, evangelhos de outros “cristos” e não o
do Senhor Jesus, que é poder de Deus para a salvação: “porque não me envergonho do
evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê;
primeiro do judeu, e também do grego.” (Rm 1:16), daí a necessidade de se pregar o
legítimo evangelho, para que as pessoas creiam em Cristo e sejam salvas.

2.4. Os dons espirituais

Como sabemos, o Novo Testamento foi escrito originalmente em grego


nele a palavra dom aparece 19 vezes (Rm 1:11; 5:15,16; 6:23; 11:29; 12:6; I Co 7:7; I
Co 12:4,9,28,30,31; II Co 1:11; I Tm 4:14; II Tm 1:6; I Pd 4:10), esta palavra é
“charisma” e significa uma dádiva dada de graça, sem mérito de quem recebe e o
Doador é Deus, um entre tantos versos, que demonstram ser o dom algo gratuito, é:
“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna,
por Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 6:23), para o sentido mais amplo da palavra dom
observe a definição dos léxicos, de Gingrich:
Um dom (dado livre e graciosamente), favor -1. genericamente Rm 1:11; 5:15s; 6:23;
11:29; I Co 1:7; II Co 1:11. -2. de dons especiais dados a indivíduos cristãos I Co 7:7; I Tm
4:14; II Tm 1:6; I Pd 4:10. De dons espirituais em um sentido especial Rm 12:6; I Co 12:4,
9,28,30s92.
E de Strong:
1) favor que alguém recebe sem qualquer mérito próprio, 2) dom da graça divina, 3) dom
da fé, conhecimento, santidade, virtude, 4) economia da graça divina, pela qual o perdão do
pecados e salvação eterna é apontada aos pecadores em consideração aos méritos de Cristo
conquistados pela fé, 5) graça ou dons que denotam poderes extraordinários, que
distinguem certos cristãos e os capacitam a servir a igreja de Cristo. A recepção desses dons
é devido ao poder da graça divina que opera sobre suas almas pelo Espírito Santo93.
Na Bíblia, há vários tipos de dons, os da lei: “porque todo o sumo
sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas
concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados;” (Hb 5:1), (cf
Mt 8:4), que obviamente não se trata de dom, há dons dado um ao outro, por exemplo,
do pai para o filho: “se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos,
quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7:11).
Já no plano espiritual o último verso fala de Deus dar o Espírito Santo, daí, em certo
sentido, o Espírito também é um dom, não somente Ele como o próprio Senhor Jesus:
“porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16), por isso:
“graças a Deus pelo seu dom inefável!” (II Co 9:15); as coisas boas, que vem para o
crente, são dons de Deus, pois: “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto,
descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tg
1:17), os dons espirituais são dados por Deus: “portanto, se Deus lhes deu o mesmo
dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para
que pudesse resistir a Deus?” (At 11:17) e são gratuitos, por dinheiro não se pode obtê-

92
Gingrich, p. 221
93
Strong, p. 1458

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Deus quer o pentecostalismo?

los: “mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que
o dom de Deus se alcança por dinheiro.” (At 8:20).
Cada crente tem um dom, pois há a exortação: “cada um administre aos
outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”
(I Pd 4:10), que, por exemplo, pode ser uma chamada: “porque quereria que todos os
homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de
uma maneira e outro de outra.” (I Co 7:7), “do qual fui feito ministro, pelo dom da
graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder.” (Ef 3:7), a própria
vida física: “mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de
um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só
homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.” (Rm 5:15), um conhecimento: “porque
desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais
confortados;” (Rm 1:11), os dons podem ser permanentes ou temporários, ordinário ou
extraordinário, que logo veremos do que se trata cada expressão, ainda sobre os dons a
Palavra fala: “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” (Rm
11:29).

2.4.1. Dons espirituais pentecostais

Esta seção naturalmente aborda o entendimento dos carismáticos sobre os


dons de Deus, aqui, em especial, os dons espirituais, fica fácil compreender que o termo
carismático vem da palavra grega para dom, que é “charisma”, para eles todos os dons
espirituais, mesmo os temporários, ainda estão em pleno vigor na igreja, inclusive o
dom de apóstolos, por isso que, nos nossos dias, aparecem vários apóstolos, geralmente
entendem que o primeiro passo é ser batizado com o Espírito Santo.

2.4.1.1. Batismo com o Espírito Santo

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.
E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.”
(Jl 2:28,29).

O referido batismo, para os pentecostais, seria uma benção, a chamada


segunda benção e é conseguido após ser buscado, para buscar tal batismo há a
necessidade de uma vida mais correta diante de Deus, é necessário manter tal conduta
diante dEle, daí com o batismo o crente estaria qualificado para o pleno e total exercício
da obra de Deus, eles compreendem que o que externa o batismo com o Espírito Santo é
o falar em línguas, motivo que todos os crentes são conclamados a serem batizados e
falar em línguas, como prova de seu batismo, e assim fazer uso de algumas promessas,
como a: “e estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os
demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa
mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os
curarão.” (Mc 16:17,18), daí compreendem que os demais dons extraordinários (cf
2.4.2.2. Dons temporários) continuam a viger na igreja ainda hoje, como os dons de
curar além de poder trazer novas revelações da parte de Deus, que tanto pode ser
específica para um individuo como para um grupo de pessoas ou todos.

2.4.2. Dons espirituais bíblicos

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a


cada um como quer.” (I Co 12:11).

Antes de qualquer coisa, é importante definir o que são dons, ou melhor,


dons espirituais, quando for dito dom subentenda a palavra espiritual, a primeira
observação, a fazer, é sobre a finalidade dos dons eles são dados pelo Espírito Santo
com o propósito de glorificar a Deus, Ele é Quem decide quais e quantos dons cada um
terá (Ef 4:7,11-13), outra observação é que eles são espirituais e não naturais, embora
alguns, em especial, os permanentes, pareçam apenas habilidades naturais, mas não os
são, o ensino é um desses dons, de certa forma, tudo é um dom de Deus, pois é Ele
Quem dá tudo, mas biblicamente há diferenças entre eles, vários são os dons que
aparecem, no Novo Testamento, nas listas dos versos a seguir: Rm 12:6-8; I Co 12:8-10,
28-30; Ef 4:11.
Eles são classificados entre temporários e permanentes, são temporários,
pois a Bíblia já prevê o encerramento deles: “o amor nunca falha; mas havendo
profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá;” (I Co 13:8) e há os permanentes, que também há a previsão de
permanência: “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o
maior destes é o amor.” (I Co 13:13), eles também são chamados de ordinários (os
permanentes), por ser comum na igreja, em todas as épocas, e de extraordinários (os
temporários) justamente por não ser comum, ser algo extraordinário os dons
miraculosos. Os dons são (foram) dados pelo Espírito Santo segundo a vontade dEle,
portanto, é Ele quem decide (iu) quem terá (teve) o dom: “testificando também Deus
com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo,
distribuídos por sua vontade?” (Hb 2:4), Ele é Soberano nas escolhas, por isso, o crente
vai ter o dom que Ele quiser, nada impede que o crente peça um ou mais dons
permanentes, mas Ele é Quem decidirá quem possuirá cada dom, o objetivo dos dons é
edificar a igreja: “assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar
neles, para edificação da igreja.” (I Co 14:12).

2.4.2.1. Dons permanentes

Os dons permanentes são os dons que acompanham a igreja em todas as


épocas da igreja, são eles: pastor, evangelistas, professores, ministério, exortação,
repartir, presidir, socorros, misericórdia e governos; observando a lista, logo se entende
o motivo deles serem permanentes, da necessidade que o corpo de Cristo tem, teve e
terá dos dons mencionados, uma observação, a fazer, é sobre a permanência desses dons
espirituais permanente, me refiro à ligação que o dom tem com a pessoa que o possui,
por exemplo, o professor tem o dom de ensino, ele pode deixar de ensinar, mas nem por
isso deixará de ter o dom de ensino, como o dom de pastor, ele pode não pastorear, mas
nem por isso deixa de ser pastor.

2.4.2.1.1. Pastor

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas,
e outros para pastores e doutores,” (Ef 4:11).

Este é um dom o dom de maior liderança na igreja este dom será mais
bem tratado mais adiante (cf 2.5.2.3.1. Pastor):

Página 86
Deus quer o pentecostalismo?

O pastor é mensageiro de Deus e deve ser ouvido atentamente. O pastor fiel está
preocupado com o seu povo. Ele é, de um certo modo, um vigia, um guarda, bem como um
mestre. O dever primário do pastor é pregar a Palavra, mas há outros deveres. É minha
convicção que as igrejas nem sempre atribuem ao pastor a devida importância que lhe é
dada pela divina comissão. Ele ocupa um lugar único no governo da igreja94.
Ele precisa ser uma pessoa versada na Bíblia, uma das qualificações
necessárias é ser apto a ensinar, “o ministério pastoral é um ministério de guarda e se
refere àqueles que protegem o rebanho dos lobos que procuram destruí-lo.95”, por ser
um ministério de guarda, envolve muitas coisas:
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos,
para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu
sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não
pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas
perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que
durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós.
Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso
para vos edificar e dar herança entre todos os santificados. De ninguém cobicei a prata, nem
o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim,
e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor
Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber. (At 20:28-35).
Na visão de MacArthur Jr.96, quando ensinando sobre a passagem acima,
ele entende que o pastor tem de se conservar reto diante de Deus, é a exortação contida
em “olhai por vós mesmos”, alimentar e liderar o rebanho de Deus: “apascentardes a
igreja de Deus”, orar e estudar: “encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça”,
estar livre de interesse próprio: “de ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o
vestuário... mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.”. Como é o cargo de
maior liderança, ele não pode dominar a igreja (I Pd 5:3), afinal de contas, ele também é
uma das ovelhas de Deus, jamais deve se preocupar em agradar a homens e sim a Deus
(I Co 4:3; Gl 1:10; I Ts 2:4), viver uma vida que não dê escândalo (I Co 10:32,33; II Co
6:3), o que envolve guardar, até mesmo, da aparência do mal (I Ts 5:22), outra coisa
muito importante é não ser preso às coisas seculares (Lc 9:60), pois: “ninguém que
milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou
para a guerra.” (II Tm 2:4).
Como sabido, a tarefa do pastor é apascentar as ovelhas, temos o
exemplo do Sumo Pastor, o Senhor Jesus: “e, quando aparecer o Sumo Pastor,
alcançareis a incorruptível coroa da glória.” (I Pd 5:4), Ele é o Bom Pastor: “Eu sou o
bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (Jo 10:11), “Eu sou o bom
Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.” (Jo 10:14), o salmo
23 dá uma vívida realidade da vida do pastor de ovelhas; no caso do pastor, ele
necessariamente precisa combater o bom combate, que envolve guardar a fé, a doutrina
bíblica sã e salva (Fp 1:30; Ef 6:13-24; I Tm 6:12; II Tm 4:7; Tt 1:9,11; Jd 1:3), isso não
é tarefa fácil, mas ele deve suportar as dificuldades (I Co 10:13; II Tm 2:3), ensinar o
rebanho (At 11:26; 15:35; 18:11; 20:20; Rm 12:7; Cl 1:28; I Tm 3:2; 4:13; 5:17; II Tm
2:2), com isso edificar a igreja (II Co 12:19; Ef 4:12), que é o trabalho mais amplo,
envolve advertir, isso para evitar o pecado (At 20:31; I Ts 5:12; II Ts 3:14; I Tm 4:1,6;
Tt 3:10,13), repreender (Tt 1:9-13; 2:15; I Tm 5:20; II Tm 4:2), para que a pessoa saia
do pecado, não saindo então haverá a necessidade de disciplinar (I Co 5:3-5), havendo o

94
Burgess, W.J. Os Batistas Ontem e Hoje. Editora Gráfica Batista, primeira edição, 1991, p. 24
95
Courson, Jon. Jon Courson's Application Commentary: New Testament, Thomas Nelson, 2004
96
MacArthur Jr., John. Leadership: God's priority for the church. Grace Community Church; 2nd
edition, 1975, p. 15

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

arrependimento, de consolar (II Co 1:4-6; 2:7; I Ts 4:18; 5:14), como também aos fieis
que passem por alguma dificuldade e assim os animar (I Ts 2:3,11; 3:2; II Tm 4:2; Tt
2:15; Hb 3:3; II Pd 1:12; 3:1; Jd 1:3), se houver contradizentes, a esses o trabalho é
convencer (Tt 1:9).

2.4.2.1.2. Professor

(Dt 33:10; Ec 12:9; Mt 28:19; At 13:1; Ef 4:11; Cl 1:28,29; I Tm 2:7; 3:2; 5:17; II Tm
2:2,24).

“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em


terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas.” (I Co 12:28).

Quem tem o dom do ensino, além de professor, também chamado de


doutor e mestre, para entender este dom não é necessário pensar muito, pois todos nós
tivemos um professor, tanto na igreja quanto na vida secular, mas designa aquele que
ensina, portanto, o dom de ensinar a Bíblia, que necessariamente tem de ser com
dedicação: “se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;”
(Rm 12:7), para que o ensino dado seja o direito: “e quanto a mim, longe de mim que eu
peque contra o SENHOR, deixando de orar por vós; antes vos ensinarei o caminho
bom e direito.” (I Sm 12:23), e os alunos tenham temor a Deus: “vinde, meninos, ouvi-
me; eu vos ensinarei o temor do SENHOR.” (Sl 34:11). O ensino é extremamente
importante, é com ele que, ao conhecer o correto, nos convertemos, “então ensinarei
aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão.” (Sl 51:13),
por isso, é um ofício muito trabalhoso, sendo que nem todos devem exercê-lo: “meus
irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.”
(Tg 3:1), o juízo é mais duro por várias razões, entre elas a do exemplo: “tu, pois, que
ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar,
furtas?” (Rm 2:21).

2.4.2.1.3. Evangelista

(Is Is 40:9; 57:19; 61:1; Lc 2:10; 8:1 Ef 2:17; 6:15; At 13:26).

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas,
e outros para pastores e doutores,” (Ef 4:11).

A palavra significa aquele que prega o evangelho97, daí o nome


evangelista, a Bíblia fala pouco deste dom, mas geralmente designa pregador itinerante,
então o evangelista hoje é aquele que prega o evangelho, nisso consiste o dom, os
missionários, também são os que têm tal dom, pois precisam pregar e são enviados, são
mensageiros: “e como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão
formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas
de boas coisas.” (Rm 10:15), levando a Palavra do Senhor: “a palavra que ele enviou
aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o SENHOR de todos);”
(At 10:36), temos um evangelista: “e no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que
com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista,

97
Tuggy, p. 467

Página 88
Deus quer o pentecostalismo?

que era um dos sete, ficamos com ele.” (At 21:8), em Atos 8, sendo que em um dos
versos diz: “e, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.” (At 8:5).
Pregar o evangelho tem sempre dois vértices, falar do sacrifício feito pelo
Senhor Jesus no lugar do pecador, possibilitando agora a salvação a todo aquele que
nEle crer e manter-se firme na fé (doutrina):
Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,
amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os
ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a
obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. (II Tm 4:3-5).
A exortação bíblica é clara, outros tantos se desviarão, mas o evangelista
(mas tu) não, ele tem de fazer o trabalho bem feito, para exercer bem o ofício o
evangelista precisa conhecer bem do Mestre e da Bíblia: “o evangelista conhece
completamente a narrativa do evangelho e é capaz de explanar-la, como Filipe, o
evangelista, fez com o eunuco98”. Voltando a falar da imanência e também do exercício
dos dons, vinte anos após a narrativa do capítulo 8, Filipe ainda é o evangelista: “e no
dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia;
e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.” (At
21:8), “seu trabalho evangelístico foi descrito em At 8:1-40, evidentemente ele havia se
estabelecido em Cesaréia (cf At 8:40), que era a maior cidade romana em Israel, e já
vivia por lá por mais de 20 anos quando Paulo chegou.99”.

2.4.2.1.4. Ministério

(Ez 3:17-21; 33:7-9; Lc 12:42-44; At 20:20,28; Cl 4:17; I Tm 4:16; II Tm 4:2; I Pd 5:1-


4).

“Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;” (Rm 12:7).

Este dom é o de servir, ministrar significa servir, curiosamente é a


mesma palavra para diácono “diakonia”, consiste em servir das coisas mais elementares:
“Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse:
Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.”
(Lc 10:40), ou do trato espiritual: “pedindo-nos com muitos rogos que aceitássemos a
graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para com os santos.” (II Co 8:4); os
anjos também são ministros: “não são porventura todos eles espíritos ministradores,
enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1:14).
O Senhor Jesus procura servos fiéis, que até incumbe de dar alimento:
Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar
o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar
servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. (Mt 24:45-47).
Servir não é fácil, observe a descrição seguinte: “e clamou: Um leão,
meu Senhor! Sobre a torre de vigia estou em pé continuamente de dia, e de guarda me
ponho noites inteiras.” (Is 21:8), estar sempre pronto para socorrer: “e a uns pôs Deus
na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores,
depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” (I
Co 12:28), mas o alento é que o Senhor Jesus conhece todo o trabalho: “Eu conheço as
tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas
últimas obras são mais do que as primeiras.” (Ap 2:19), pois, embora árduo, o serviço

98
Zodhiates, p. 436
99
Walvoord, p. 1268

Página 89
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

não é em vão no Senhor: “portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes,
sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no
Senhor.” (I Co 15:58), além do mais, no frigir dos ovos, quem ministra acaba tendo a
melhor parte, pois o próprio Senhor Jesus ensinou que: “o maior dentre vós será vosso
servo.” (Mt 23:11), por isso, se o dom é o ministério, seja em ministrar, ou seja, “esteja
ocupado em100” servir, ministrar, pois até Cristo veio para servir: “porque o Filho do
homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
de muitos.” (Mr 10:45):
Ministrar é um termo amplo significando servir ao Senhor, não significa o ofício, deveres
ou funções do ministro (como é comumente usado hoje), a pessoa que tem este dom de
ministrar tem um coração pronto para servir, ela vê oportunidades para servir e as
aproveita101.

2.4.2.1.5. Exortação

(At 13:15; 20:2; I Co 14:3; II Co 6:1; II Ts 3:12; Tt 1:9; Hb 10:25; 13:22).

“Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o
que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.” (Rm 12:8).

A palavra grega para exortar é a base para várias palavras, daí pode ter
múltiplos significados, como confortar, admoestar, rogar, consolar etc., o que é que se
pode falar dela, é que é chamar alguém, ao lado, para auxiliar (desdobramento da
palavra “parakaleo”, para, lado e “kaleo”, chamar):
1. chamar ao lado, convocar, convidar Lc 8:41; At 8:31; 9:38; 16:9,15. Convocar para
auxilio, chamar para socorrer Mt 26:53; II Co 12:8. - 2. apelar, exortar, encorajar At 14:22;
16:40; Rm 12:1,8; I Co 4:16; II Co 10:1; I Ts 5:11; Hb 3:13; I Pd 5.1. -3. requisitar,
implorar, apelar, rogar, suplicar Mt 8:5; Mc 1:40; Lc 7:4; 8:31s; At 19:31; II Co 12:8; Fm
9. - 4. confortar, consolar, encorajar Mt 5:4; Lc 16:25; II Co 1:4; 7.6; Ef 6:22; I Ts 3:2;
4:18; Tt 1:9. - 5. Em algumas passagens pode significar tentar consolar ou conciliar At
16:39; I Co 4:13; I Ts 2:12 e, possivelmente outras também102.
Pelo fato da exortação ser o chamamento ao lado, ela serve para corrigir
erros e também é preventiva evitando que erros aconteçam; exercer este dom atualmente
é difícil, pois as pessoas já não querem muito ser corrigidas: “e lhes dirás: Esta é a
nação que não deu ouvidos à voz do SENHOR seu Deus e não aceitou a correção; já
pereceu a verdade, e foi cortada da sua boca.” (Jr 7:28), “não obedeceu à sua voz, não
aceitou o castigo; não confiou no SENHOR; nem se aproximou do seu Deus.” (Sf 3:2),
“visto que odeias a correção, e lanças as minhas palavras para detrás de ti.” (Sl
50:17), correção que jamais deveria ser rejeitada: “filho meu, não rejeites a correção do
SENHOR, nem te enojes da sua repreensão.” (Pv 3:11), “porque o mandamento é
lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida,” (Pv 6:23),
Deus exorta: “aceitai a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, mais do que
o ouro fino escolhido.” (Pv 8:10), “correção severa há para o que deixa a vereda, e o
que odeia a repreensão morrerá.” (Pv 15:10), tem um fato esquecido, o “puxão de
orelha”, pode ser ruim inicialmente, mas depois o corrigido verá os benefícios dele: “e,
na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza,
mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” (Hb 12:11).

100
Brown, David; Fausset, A. R.; Jamieson, Robert. A Commentary, Critical and Explanatory, on the
Old and New Testaments. S. S. Scranton and Company, 1879
101
MacDonald, p.
102
Gingrich, p. 156

Página 90
Deus quer o pentecostalismo?

Então a exortação serve para confirmar a Palavra, ou seja, fortalecer,


firmar: “depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os
irmãos com muitas palavras.” (At 15:32), “finalmente, irmãos, vos rogamos e
exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira convém
andar e agradar a Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais.” (I Ts
4:1), “porque também já assim o fazeis para com todos os irmãos que estão por toda a
Macedônia. Exortamo-vos, porém, a que ainda nisto aumenteis cada vez mais.” (I Ts
4:10), a exortação precisa ser pura: “porque a nossa exortação não foi com engano,
nem com imundícia, nem com fraudulência;” (I Ts 2:3) e constante: “persiste em ler,
exortar e ensinar, até que eu vá.” (I Tm 4:13), para que o pecado não endureça o
coração: “antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se
chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;” (Hb 3:13):
Exortação é o “dom de despertar os santos para fazê-los desistis de toda forma do mal e
movê-los a novas realizações por Cristo em santidade e em serviço103.”.
Como visto, nos versos acima e definição da palavra exortar, a exortação
envolve também consolar: “assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e
consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos;” (I Ts 2:11), “e enviamos
Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo,
para vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé;” (I Ts 3:2), trabalho que também
deve ser realizado.

2.4.2.1.6. Repartir

(Dt 15:8-11,14; Jó 31:16-20; Sl 112:9; Ec 11:1,2,6; Is 58:7-11; Mt 6:2-4; Lc 21:1-4; At


2:44-46; II Co 8:1-9,12; 9:7; I Ts 2:8; I Pd 4:9-11).

“Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o
que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.” (Rm 12:8).

Repartir é dividir, dar uma parte, é necessário fazer isso devido às


necessidades alheias: “comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a
hospitalidade;” (Rm 12:13), daí o Próprio Senhor abençoa: “o que vê com bons olhos
será abençoado, porque dá do seu pão ao pobre.” (Pv 22:9), por conseguinte, precisa
ser com alegria: “cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza,
ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (II Co 9:7), como os
irmãos antepassados:
E, levantando-se um deles, por nome Agabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria
uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. E os
discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que
habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de
Barnabé e de Saulo. (At 11:28-30).

2.4.2.1.7. Presidir

“Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o
que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.” (Rm 12:8).

Embora sejam palavras distintas, creio que presidir em Rm 12:8, que é


estar de pé, liderar, conduzir, seja o mesmo dom chamado de governos em: “e a uns pôs
103
MacDonald, p. 1181

Página 91
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro


doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de
línguas.” (I Co 12:28), que é governar, dirigir, então este dom é o de direção dos
trabalhos da igreja e na igreja, por isso, precisa ser bem realizado: “tudo quanto te vier
à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu
vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (Ec 9:10),
por isso, os líderes devem ser reconhecidos: “e rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os
que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam;” (I Ts
5:12).
Relembrando o verso-texto, ele fala com cuidado e isso tem muito a
dizer, a palavra grega “spoudē” é traduzida por cuidado aqui e nos 4 versos seguintes:
“não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;”
(Rm 12:11), (cf II Co 7:11,12; Hb 6:11), ela significa “1. pressa, velocidade Mc 6:25;
Lc 1:39. -2. esforço, entusiasmo, diligência, zelo Rm 12:8, 11; II Co 7:11; 8:7s; Hb
6:11; II Pd 1:5; Jd 3. Devoção II Co 7:12; 8:16.104”, aqui é dado uma importante
exortação a todo líder de não ser vagaroso no cuidado, ou seja, além de usar da
diligência, que também é uma tradução da palavra: “e vós também, pondo nisto mesmo
toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência,” (II Pd 1:5), (cf
II Co 8:7,8; Jd 1:3), precisa ser solícito (II Co 8:16) e rápido em executar o juízo, que é
a base da palavra “spoudē”, pressa: “e, entrando logo, apressadamente, pediu ao rei,
dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João o Batista.” (Mc
6:25), (cf Lc 1:39), tardar em agir poderá abrir a porta para entrada do pecado:
“porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos
dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” (Ec 8:11) e da heresia: “um
pouco de fermento leveda toda a massa.” (Gl 5:9).

2.4.2.1.8. Misericórdia

“Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o
que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.” (Rm 12:8).

Do dom de misericórdia não há muito que falar, pois “é a sobrenatural


capacidade e talento de ajudar aqueles que estão em necessidades, aqueles que têm este
dom deve exercitá-lo com alegria105” e é para ser praticado com alegria, envolve, entre
outras coisas “visitar os doentes e necessitados e comunicar a eles o que eles precisam,
tudo o que precisa ser feito, não em morosidade ou má vontade, mas com boa vontade e
desejo de ajudar, o que fará a visita e as dádivas melhores aceitas e úteis 106.”. Uma
vívida, e prática, explicação do que é exercer misericórdia com alegria:
Uma senhora cristã me disse uma vez: “quando a minha mãe envelheceu e precisava de
alguém para cuidar dela, meu marido e eu a convidamos para morar conosco, i fiz tudo o
que pude para fazê-la se sentir confortável, eu cozinhei para ela, a dava banho, a punha no
carro e geralmente cuidava das necessidades dela, mas ... eu estava triste por dentro,
inconscientemente eu estava ressentida por romper minha rotina, algumas vezes ela falava
para mim: “você não sorri mais, porque não sorri?”, veja eu estava exercendo misericórdia,
mas não estava fazendo com alegria107.

2.4.2.2. Dons temporários

104
Gingrich, p 192
105
MacDonald, p.
106
Gill, p. 617
107
McGee, J. Vernon. Thru the Bible. Thomas Nelson, 1990, p. 494

Página 92
Deus quer o pentecostalismo?

Os dons desta seção são temporários, ou extraordinários, justamente


porque não é o comum, nem permanente, a Bíblia assim os estabelece numa leitura das
passagens que enumeram os dons mencionando um a um e também, de antemão, prevê
a cessação deles, o objetivo é explanar um pouco sobre cada um desses dons.

2.4.2.2.1. Apóstolos

“Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os
maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste
mentirosos.” (Ap 2:2).

Antes de falar quem eram os apóstolos vejamos as qualificações


necessárias para ser um apóstolo, primeiro tem de ter sido testemunha ocular do
ministério terreno de Cristo (At 1:22; I Co 9:1), ter sido comissionado por Ele, em
Pessoa (At 26:15-18; Mc 3:13-19; Lc 6:13-16), ter sua obra autenticada por sinais (II Co
12:12) e reconhecido pelos demais apóstolos (Gl 2:9). É necessária uma análise do
apostolado de Paulo, ele foi o último apóstolo, alguém pode pensar que ele não
preenche o requisito de ter visto a Cristo Jesus, mas se engana, ele desfrutou de um
chamado exclusivo, ele viu a Cristo ressurreto (I Co 15:58), foi especialmente
designado por Ele (Gl 1:1) e foi até ao trono, do Mestre, aprender diretamente dEle (II
12:2) e o curioso foi que ele foi chamado para o apostolado depois da época dos demais
(I Co 15:8). A escolha de Matias ao apostolado nos deixa claro que quem o escolheu foi
o próprio Mestre (At 1:24), por isso, a igreja não pode escolher para si apóstolos, o que
contrasta com diáconos (At 6:5) e anciãos (At 14:23), que ela pode.
A palavra apóstolo significa um enviado, um delegado, esta mesma
palavra é encontrada no Novo Testamento, para designar homens cujas igrejas
escolheram para transmitir informações ou ajuda duma igreja para outra (At 14:14; Rm
16:7; II Co 8:23; I Ts 2:6; Fp 2:25; Ap 2:2), o que deixa claro o significado de enviado,
no entanto, eles não se confundem com os apóstolos, termo técnico para designar os
escolhidos, por Cristo, para tal função (Lc 6:13; 22:29,30; Ap 21:14), Gingrich explica
o significado da palavra assim:
-1. delegado, enviado, mensageiro Lc 11:49; Jo 13:16; II Co 8:23; Ef 3:5; Fp 2:25; Hb 3:1;
Ap 2:2; 18:20 -l. apóstolo, a pessoa que detém a posição de serviço mais responsável nas
comunidades cristãs (I Co 12:28s), esp. os 12 discípulos originais de Jesus (Mt 10:2; At
1:26; Ap 21:14)...108.
A função do apóstolo explica o porquê da sua qualificação: “edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal
pedra da esquina;” (Ef 2:20), eles tiveram um papel importantíssimo na igreja, pois eles
testemunharam da ressurreição do Senhor Jesus, depois eles retransmitiram todo o
ensino dado por Cristo (At 20:27), tanto pela via oral como escrita (II Pd 3:2; Jd 1:17):
“então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por
palavra, seja por epístola nossa.” (II Ts 2:15), pois eles escreveram o Novo Testamento
e confirmaram a palavra pregada, antes da Bíblia ser completada, por sinais (Rm
15:18,19; I Co 12:12; Hb 2:3,4):
Apóstolos foram homens que foram diretamente comissionados pelo Senhor para pregar a
Palavra e plantar igreja, eles foram homens que viram Cristo ressurreto (At 1:22), eles
tiveram poder para operarem milagres (II Co 12:12) com o objetivo de confirmar a

108
Gingrich, pp. 31,32

Página 93
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

mensagem pregada (Hb 2:4), juntos com os profetas, do NT, seu ministério foi
primeiramente concernente a fundação da igreja (Ef 2:20)109.
O ofício de apóstolo foi temporário e a quantidade dos apóstolos, no sentido
técnico da palavra, é diminuta:
Este foi o distinto nome dos doze apóstolos originalmente (Mt 10:2; Lc 6:13; 9:10; 22:14;
Ap 21:14), ou dos onze posteriormente, com quem Paulo foi contado, como ele disse em I
Co 15:7,9; At 1:26, Paulo justificava sua contabilidade com os apóstolos pelo fato dele ter
sido chamado para o ofício por Cristo em Pessoa110.
E o ministério se findou, pois seu trabalho estava limitado ao período de
estruturação da igreja, como a igreja já foi estruturada e a Bíblia está completa
não há mais necessidade de apóstolos, não há apóstolos hoje, pois: “ao qual, não
o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais
com gozo inefável e glorioso;” (I Pd 1:8), em outras palavras, nenhum homem
hoje preenche os requisitos bíblicos, um deles o elementar de ter visto o Senhor
Jesus ressurreto, conseqüentemente jamais pode ter sido convocado por Ele. A
observação específica sobre o ofício apostólico é que este dom é similar aos
permanentes, no sentido de permanência à pessoa do possuidor, quero dizer que
Paulo foi apóstolo até o fim da vida, igualmente os demais doze, por exemplo,
Pedro. O ofício, por ser da fundação da igreja, exigia autoridade entre outras
coisas:
Os ministros de Cristo são presentes para o povo dele, compare I Co 3:5: “o Senhor deu”,
também I Co 3:21,22, os pontos de distinção dos apóstolos foram a comissão de Cristo:
sendo testemunhas da ressurreição: inspiração especial: autoridade suprema: certificada por
milagres: comissão ilimitada para pregar e para fundar igrejas111.

2.4.2.2.2. Profetas

“O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem
sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas;” (Ef 3:5).

O Novo Testamento não estabelece as condições para ser profeta,


geralmente aparece junto com apóstolo (Lc 11:49; I Co 12:28,29; Ef 2:20; 3:5 4:11; Ap
18:20), a palavra profeta designa alguém que proclama a vontade de Deus, designa
alguém que representa Deus diante dos homens, por isso, algumas vezes, predizia algo
(At 11:27,28; 21:10-14). Eles participaram, juntamente com os apóstolos, da
estruturação da igreja e ensinavam a Palavra de Deus, como a igreja já está estruturada e
a Bíblia terminada não é mais necessário profetas, no sentido de revelar algo novo, já
que Deus revelou o que Ele queria revelar em Sua Palavra (II Pd 1:19), daí, reprisando,
“nós não temos mais apóstolos nem profetas, o ministério deles findaram quando a
fundação da igreja foi concluída e quando o cânon do Novo Testamento foi
completo.112”.
No entanto, devemos lembrar que o que diferenciava o profeta do
professor era a revelação direta de Deus, pois os profetas eram “pregadores e
expositores sob a imediata influência do Espírito Santo, daí a distinção dos professores I
Co 12:10.113”, eles traziam revelações de Deus para a igreja antes de a Bíblia ser
completada, “recebiam revelação direta do Senhor e as passaram à igreja, o que eles
109
MacDonald, p. 1247
110
Zodhiates, p. 15
111
Vincent, Marvin R. Word Studies in the New Testament Part Two. Kessinger Publishing, LLC, 2004,
p. 897
112
MacDonald, p. 1269
113
Vincent, p. 896

Página 94
Deus quer o pentecostalismo?

falaram, pelo Espírito Santo, foi a Palavra de Deus114.”. E diziam o que a igreja deveria
crer, fazer e ensinar e falavam para a edificação, exortação e consolação da igreja; se
analisarmos, não há diferença entre o trabalho do profeta e o do professor, exceto pela
revelação direta de Deus, o que já cessou, curiosamente, pastor e professor são sentidos
secundários da palavra profeta, podemos concluir que os profetas de hoje, que são os
pastores e professores, ensinam à igreja a Palavra revelada aos profetas do primeiro
século.
Ainda é importante salientar algo, profecia não significa necessariamente
falar de algo futuro, como geralmente é pensado e sim falar a Palavra de Deus:
Significa a proclamação da mente e conselho de Deus (pro, para frente, phemi, falar: veja
PROFETA)… Embora boa parte da profecia do Antigo Testamento seja puramente de
previsão, veja Mq 5:2, por exemplo, e confira Jo 11:51, a profecia não é necessariamente,
nem mesmo principalmente, prognosticadora. É uma declaração daquilo que não se pode
conhecer por meios naturais, Mt 26:68, é a proclamação da vontade de Deus, quer com
referência ao passado, ao presente ou ao futuro, veja Gn 20:7; Dt 18:18; Ap 10:11; 11:3115.

2.4.2.2.3. Palavra da sabedoria

“Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo


Espírito, a palavra da ciência;” (I Co 12:8).

A primeira coisa a falar deste dom que ele é distinto da sabedoria que o
crente deve ter e quem tem falta peça a Deus (Tg 1:5), este dom é um conhecimento
imediato do plano e propósitos de Deus, “é o sobrenatural poder de falar com o
discernimento divino, tanto em solver problemas, defender a fé, resolver conflitos, dar
aviso prático ou argüir diante de autoridades hostis116, temos, na Bíblia, vários
exemplos, são eles: a confissão de Pedro (Mt 16:16), a promessa do Mestre (Lc
21:14,15), cumprida em benefício de Pedro e João (At 4:13), Estevão (At 6:10), Tiago
no concílio de Jerusalém (At 15:13-18,25,28), Paulo (II Pd 3:15,16 cf Rm 11:33-36 cf I
Co 2:13); com o fim do Novo Testamento chegou-se o fim do dom de sabedoria, pois
agora é só buscar na fonte sagrada, a Bíblia.

2.4.2.2.4. Palavra da ciência

“Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo


Espírito, a palavra da ciência;” (I Co 12:8).

Este era a habilidade de saber e entender a vontade de Deus, tal


conhecimento não era dado por estudo e sim por revelação divina, para melhor
exemplificar usemos o Velho Testamento também, Eliseu soube que Geazi aceitara
dinheiro de Naamã (II Rs 5:20-27), bem como soube dos planos de Ben-Hadade (II Rs
6:8-12), Pedro soube da armação de Ananias (At 5:3,4), Paulo soube do naufrágio (At
27:21-24), este dom não permanece hoje (I Co 13:8), ele passou a ser inoperante com
fim do Novo Testamento, o que aconteceu em cerca do ano de 96:
A palavra da ciência é o poder de comunicar informação que foi divinamente revelada, isso
é ilustrado no uso de Paulo de expressões como: “eis que vos digo um mistério” (I Co
15:51), e “dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor:” (I Ts 4:15), nesse sentido

114
MacDonald, p. 1270
115
Vine, W. E. Expository Dictionary of New Testament Words, Vol. P. 221, Thomas Nelson Publishers,
May 15 2003, p. 521.
116
MacDonald, p. 1245

Página 95
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

primário de transmitir novas verdade, a palavra da ciência cessou porque a fé cristã já foi
uma vez entregue aos santos (Jd 1:3), o corpo das doutrinas cristã está completa117.

2.4.2.2.5. Discernimento de espíritos

“E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir


os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.” (I
Co 12:10).

Era um julgamento por evidência se o espírito era ou não de Deus,


devemos lembrar que os profetas falavam por revelação, por isso, sempre era possível
ter falso profeta infiltrado, exemplos do uso deste dom: Pedro (At 8:18-23) e Paulo (At
13:9-11), este dom também não mais é necessário, já que como a Bíblia está completa
basta comparar uma pregação ou uma aula com a Bíblia, e isso é tarefa de cada um:
Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes
para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne
a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais
que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta
de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento
sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para
discernir tanto o bem como o mal. (Hb 5:11-14).

2.4.2.2.6. Curas

“E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;”
(I Co 12:9).

Este dom independia da fé da pessoa a ser curada (At 3:11; 5:12-16; 8:5-
7; 19:11,12; 20:6-12), eram notadamente sinais (Mc 16:17-20) para credenciar a
pregação apostólica (Hb 2:3,4), este dom não era para durar toda a vida eclesiástica,
com o advento da Bíblia ele não mais existe, situação similar houve com Israel: “e
cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do fruto da terra, e os filhos de
Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano comeram dos frutos da terra de
Canaã.” (Js 5:12), se eles iam comer o fruto de Canaã não era mais necessário o maná,
na própria Bíblia, há exemplos mostrando o fim deste dom, este, em especial, por ser
um sinal cessou antes de outros dons, caso contrário, por qual motivo nenhum dos
apóstolos curou Timóteo (I Tm 5:23)? O mesmo se aplica a Epafrodito (Fp 2:25-30) e a
Trófimo (II Tm 4:20).
Ainda há de salientar características do dom de cura, da época bíblica,
eles, os possuidores do dom, curavam onde quer que desejassem, curavam todo tipo de
doença, e não somente os mais simples, inclusive ressuscitando pessoas mortas há horas
ou dias (Mc 5:41; Lc 7:14; Jo 11:44; At 9:40; 20:9-12), curavam por completo (Mt
8:13; Mc 5:29; Lc 5:13; 17:14; Jo 5:9; 9:1-7; At 3:6-8), curavam a todos que e não
somente a alguns: “e, ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças
lhos traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava.” (Lc 4:40), “e até das
cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e
atormentados de espíritos imundos; os quais eram todos curados.” (At 5:16),
“feito, pois, isto, vieram também ter com ele os demais que na ilha tinham
enfermidades, e sararam.” (At 28:9), sendo muitas vezes que a cura independia da fé do
curado (At 3:11; 5:12-16; 8:5-7; 19:11,12; 20:6-12) e era de modo simples, sem shows

117
MacDonald, p. 1248

Página 96
Deus quer o pentecostalismo?

ou espetáculo, pois se dava geralmente com um toque ou a simples palavra (Mt 8:13;
Mc 5:29; At 3:6-8; 9:34; 28:8).
Aproveitando o assunto cura, que é de doença, nem toda doença é por
causa do pecado não confessado, menos ainda por falta de fé, basta lembrar dos casos
de Jó e Paulo, o Senhor Jesus também falou algo a respeito, sobre o cego de nascença
Ele explicou aos discípulos: “e os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi,
quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele
pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” (Jo
9:2,3), por isso, nem toda doença tem relação direta com o pecado, embora muitas delas
sejam devido ao pecado (Rm 6:23), à correção de Deus, para a correção dos pecados
(Nm 12; Dt 28:20-22; II Rs 5; Sl 119:67; I Co 5:5; 11:30; Tg 5:14,15), para tanto Ele
pode até Se servir do inimigo (Lc 13:11-13; II Cor 12:7), que sempre estará sob Sua
soberania (Ex 4:11).
Em relação ao crente doente, ele deve ir ao médico e se submeter ao
tratamento, muitos dirão que isso é falta de fé, mas não é, o grande detalhe é que antes,
durante e depois da era apostólica, a fé do crente precisa estar em Deus e não no
remédio utilizado, lembrando que sobre a mão do médico está a do Senhor; Deus curou
a Ezequias, com remédio da época: “e dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos, e a
ponham como emplastro sobre a chaga; e sarará.” (Is 38:21), Timóteo foi exortado a
fazer uso do tratamento médico da época: “não bebas mais água só, mas usa de um
pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.” (I Tm
5:23), e o próprio Senhor Jesus disse: “Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não
necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes.” (Mt 9:12):
Crentes hoje carentes do dom da cura que os apóstolos possuíam no tempo que a igreja do
Novo Testamento estava na infância, atualmente quando os crentes oram em fé e esperam a
resposta divina, eles freqüentemente aprendem que a cura não tem acontecido, Deus pode
escolher curar a pessoa por meio de remédio e cuidados físicos ou absolutamente não curar,
esses crentes, que oram pela doença e vêem a restauração da saúde não deve se gloriar em
ter o dom de cura, quando não é a imediata respostas, eles devem continuar orando e não
parar de pedir ajuda em tempo de necessidade (Hb 4:16); a cura acontece porque Deus
responde a oração oferecida pelo crente em oração, crentes reconhecem que Deus faz
milagres de cura de doenças em resposta a orações, eles exercitam o poder da oração
sabendo que “a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5:16)118.

2.4.2.2.7. Milagres

“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em


terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas.” (I Co 12:28).

Milagres são “de acordo com as Escrituras, atos sobrenaturais que


ocorrem contrário às leis da natureza, Deus temporariamente intervêm na natureza para
fazer milagres, o homem é o instrumento e Deus o agente.119”, milagre “pode se referir
ao exorcismo de demônio (At 19:12) ou induzir debilidade física (At 13:11) ou até
mesmo doença (At 5:5,9).120”. Na Bíblia, os períodos de milagres foram três: o de
Moisés e Josué (Ex 4:1-5; 7:3; Js 1:5), Elias e Eliseu (I Rs 18:36,37) e do Senhor Jesus
e apóstolos (Jo 20:30,31; At 2:22), o propósito dos milagres eram introduzir novas
revelações, neste diapasão, Moises introduziu a lei, o tabernáculo e o sacerdócio e todo
118
Hendriksen, p. 1135
119
Hendriksen, p. 1206
120
Walvoord, p. 1350

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

o Pentateuco, exceto Gênesis, foi feito para trazer novas revelações a Israel, Elias e
Eliseu reviveram a era profética no momento de drástico declínio espiritual, e o Mestre
trouxe o Novo Testamento; o segundo aspecto era autenticar o mensageiro, como
enviado por Deus: Moisés (Ex 4:1-8), Josué (Js 3:7), Elias (I Rs 7:24), Eliseu (II Rs
2:15), Cristo (Jo 10:25) e os apóstolos (II Co 12:12) foram autenticados pelos milagres
realizados; por fim, para instruir os observadores: quanto a Moisés, faraó e o mundo
aprenderam a realidade do poder de Deus de Israel (Ex 5:2; 9:27,28; 10:16,17), em
contraste com os deuses locais, pois cada uma das 10 pragas tiveram esse propósito; no
tempo de Elias, Israel aprendeu que precisava voltar-se para Deus (I Rs 18:36-39), ao
Verdadeiro Deus e abandonar o culto a baal, o Mestre mostrou a Israel que Ele é o
Messias (Mt 8:26), os apóstolos mostraram a Israel e a igreja que era para acreditar na
autoridade deles, bem como receberem a salvação oferecida por Cristo.
Hoje o dom cessou, já que o Novo Testamento já foi completado,
devemos lembrar que milagres não são provas finais da verdade (Mt 7:21-23), a
veracidade de um pregador hoje está ligada à sua fidelidade a Bíblia, quanto mais fiel
melhor ele será; na Bíblia ainda há a advertência quanto alguns milagres (II Ts 2:8-12;
Ap13:13-15), alguns pensam que operar milagres fariam com que a mensagem do
evangelho fosse mais eficiente, mas isso nada mais é que um engano, observemos a
lição:
E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos;
para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.
Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão;
mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe
disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos
mortos ressuscite. (Lc 16:27-31).
Esta passagem responde a uma indagação recorrente, pois alguns
acreditam que o fato de ter milagres farão com que as pessoas se convertam, pensam até
no caso de Filipe em Samaria (At 8:13), mas isso não é fato, pois Filipe pregou e várias
pessoas foram convertidas pela pregação dele, um deles o eunuco (At 8:30-36), em
adição, a isso, a passagem ensina que mesmo se Deus mandasse alguém dentre os
mortos, portanto, um milagre, já que precisaria ressuscitar alguém, mesmo assim os
irmãos do rico não iriam crer, pois se não escutam Moisés e os profetas, expressão que
significa o Velho Testamento, que era a Bíblia até então, não ouviriam mesmo havendo
milagre, portanto, para que alguém se converta o que é necessário é a pregação do
evangelho: “porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Rm
1:16).

2.4.2.2.8. Línguas

(Mc 7:33,35; 16:17; Lc 1:64; 16:24; At 2:3,4,11,26; 10:46; 19:6; Rm 3:13; 14:11; I Co
12:10,28,30; 13:1,8; 14:2,5,6,9,13,14,18,19,22,23,26,27,39; Fp 2:11; Tg 1:26; 3:5,6,8; I
Pd 3:10; I Jo 3:18; Ap 5:9; 7:9; 10:11; 11:9; 13:7; 14:6;16:10; 17:15).

“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em


terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas.” (I Co 12:28).

Como não poderia ser diferente, a própria Bíblia define o significado da


palavra língua, a palavra grega “glossa”, que é “1) língua como membro do corpo,
orgão da fala, 2) língua, 2a) idioma ou dialeto usado por um grupo particular de

Página 98
Deus quer o pentecostalismo?

pessoas, diferente dos usados por outras nações.121”, palavra que é traduzida por língua,
aparece 50 vezes, no Novo Testamento, são as referências acima, quando não se refere
ao órgão do corpo chamado língua (16 vezes), refere-se tanto a um grupo étnico ou aos
idiomas humanos (33 vezes), por tal razão, este dom sempre se referia a língua humana
real e conhecida, só há uma referência distinta, que é a que se refere à língua de fogo na
descida do Espírito. Para melhor corroborar que tais línguas eram conhecidas, a
expressão usada ajuda, pois é dito variedade de línguas (I Co 12:10,28), expressão que
aparece outras vezes, há várias espécies de peixes (Mt 13:47), várias castas de demônios
(Mt 17:21), bem como tipos de vozes (I Co 14:10), no entanto, todos são peixes,
demônios e vozes respectivamente, portanto, mesmo as variadas línguas era línguas
também, o verdadeiro dom de línguas consistia em, sem jamais ter estudado, falar uma
língua ou dialeto o qual era anteriormente completamente desconhecido para aquele que
falava, mas conhecido por algum grupo étnico daquela época.
Outra coisa curiosa é a importância das línguas, em I Co 14, há 4 pontos
positivos e 15 negativos sobre línguas e seu uso em culto público, os positivos são: fala
a Deus (v.1), edifica a si mesmo (v.4), o espírito ora (v.15), são sinais para os incrédulos
(v.22), mas em contrapartida: ninguém as entende (v.2), não edifica a igreja (v.4),
profecia é superior (v.5), são sem proveito não havendo intérprete (v.5), são
incompreensíveis (v.9), serviam somente com intérprete (v.13), a mente fica infrutífera
(v.14), não há participação de outros (v.16), não dá instrução (v.17), é preferível 5
palavras com entendimento a dez mil em línguas (v.19), línguas eram sinais para
incrédulos (v.22), podem criar escândalo (v.23), a profecia é muito superior (v.24),
proibidas sem intérpretes (v.28), têm de ser controladas (v.32), podem criar confusão
(v.33), as mulheres eram proibidas de falar (v.34,35). O falar novas línguas só ocorreu
três vezes no Novo Testamento: na descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes (At
2:4), em Cesaréia na casa de Cornélio (At 10:46), após a imposição de mãos de Paulo
sobre os 12 discípulos em Éfeso (At 19:6), em várias outras ocasiões, mesmo especiais,
não houve nenhuma ocorrência, por exemplo, quando Jesus soprou o Seu Espírito sobre
os Seus discípulos (Jo 20:21,22), nas conversões do eunuco (At 8:35-39) e de Paulo (At
9:1-9), do carcereiro (At 16:30-34), no batismo de Lídia (At 16:13-15).
As três ocorrências, da habilidade para novas línguas, já estavam
estabelecidas “mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e
ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até
aos confins da terra.” (At 1:8), e aconteceu em Jerusalém (At 1:8), bem como em
Cesaréia (território da Judéia) (At 10:46) e em Éfeso (aos confins da terra) (At 19:6).
No dia de Pentecostes se cumpriu uma profecia de João Batista (Lc 3:16), bem como a
de Joel (Jl 2:28-32), na ocasião Pedro textualmente falou que era o cumprimento
profético (At 2:6-8), na oportunidade, os que falaram foram os apóstolos, o propósito
daquele acontecimento foi duplo, ser um sinal aos judeus e para pregar aos judeus que
viviam fora de Jerusalém. O segundo aconteceu três anos depois quando Pedro foi
enviado a pregar a Cornélio, um centurião romano, este episódio representa a vinda do
Espírito Santo sobre os gentios, a fala em línguas foi um sinal aos judeus presentes que
tinham ido com Pedro (At 10:45,46 cf At 11:12), que voltaram e testificaram na igreja
em Jerusalém o que Deus fizera entre os gentios, ou seja, que os gentios receberam o
Espírito igual aos judeus.
Vinte e dois anos depois, ocorreu o último registro do dom de línguas,
havia uns 12 discípulos, de João Batista, na cidade de Éfeso, a quem Paulo perguntou
sobre o Espírito Santo e eles desconheciam, pois só conheciam o batismo de João, e

121
Strong p. 1268

Página 99
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Paulo estendeu as mãos eles receberam o Espírito e falaram em línguas (At 19:1-7),
novamente este é um sinal para os judeus da sinagoga (At 19:8), que o Senhor Jesus é o
Messias, a pregação durou cerca de três meses (At 19:9), e os convertidos disseminaram
o evangelho: “e durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que
habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos.” (At
19:10), para que se cumprisse a Palavra em: “mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:8). O propósito do dom de
línguas era tríplice advertir aos judeus incrédulos, conformar a pregação com sinais e
credenciar os apóstolos como enviados por Deus. O profeta Isaías pregou aos judeus,
em hebraico, e os avisou para que o povo se convertesse, como isso não aconteceu Deus
mandou o profeta dizer: “assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará a este
povo.” (Is 28:11), este era para que eles se arrependessem, a seguir tem um quadro, que
mostra bem o fato da língua ser um sinal.
Sumarizando as ocorrências de línguas no Velho Testamento, ela tem o
caráter de advertência ao povo de Israel, quatro são os anúncios: a) Deus tem a
mensagem para o povo, b) o povo recusa ouvir a mensagem, c) Deus envia a língua
como sinal de um julgamento vindouro, d) por fim há a dispersão, para melhor
exemplificar, vejamos alguns eventos: 1) a torre de babel (Gn 11): a mensagem de Deus
(Gn 9:1), o povo desobedece (Gn 11:4), Deus envia a língua como sinal de julgamento
(Gn 11:7), por fim, a dispersão (Gn 11:8); 2) desobediente Israel (Dt 28): a mensagem
de Deus (Dt 28:1), o povo desobedece (Dt 28:15), Deus envia a língua como sinal de
julgamento (Dt 28:49), por fim, a dispersão (Dt 28:64); 3) língua babilônica (Jr 3-5): a
mensagem de Deus (Jr 3:22), o povo desobedece (Jr 5:3), Deus envia a língua como
sinal de julgamento (Jr 5:15), por fim, a dispersão (Jr 5:19); 4) língua assíria (Is 28): a
mensagem de Deus (Is 28:1-12), o povo desobedece (Is 28:13), Deus envia a língua
como sinal de julgamento (Is 28:11), por fim, a dispersão (Is 28:13); 5) línguas em
Israel: a mensagem de Deus (Mt 11:28, At 2:11,38,39), o povo desobedece (Mc 23:35),
Deus envia a língua como sinal de julgamento (Mt 23:38; 24:2; ), por fim a dispersão
(Lc 21:20-24).
O segundo motivo era confirmar a pregação (Mc 16:17-20), como o
Novo Testamento é uma nova revelação de Deus houve a necessidade dela ser
autenticada, ou seja, provada de que era de Deus (At 2:43; 4:33; 5:12-16; 19:11):
Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual,
começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;
testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do
Espírito Santo, distribuídos por sua vontade? (Hb 2:3,4).
O terceiro é autenticar o mensageiro, mostrando assim que ele vem da
parte de Deus: “este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és
Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus
não for com ele.” (Jo 3:2), “os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós
com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas.” (II Co 12:12). A natureza da
língua é de sinal e isso ainda tem a nos dizer, pois se é não é para nós, os gentios, e sim
para os judeus: “porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria;” (I Co
1:22):
Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e
ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os
fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis. (I Co
14:21,22).
De acordo com a regra hermenêutica da primeira menção, os sinais são
dados para que os judeus creiam (Ex 4:1-8), eles fazem separação entre os judeus e os
gentios (Ex 8:22,23), o sinal é para que o judeu possa ver e crer (Ex 19:9 Is 41:17-20),
Página 100
Deus quer o pentecostalismo?

os milagres de Cristo foram sinais aos judeus (Jo 11:41-48; 13:19), a nós gentios não há
sinal (I Co 1:22,23; 13:8), e o único sinal dado à nossa geração é o do profeta Jonas (Mt
16:1-4; Mc 8:11-13; Lc 11:29,30), em outras palavras, a morte e ressurreição do Senhor
Jesus Cristo. Dom de língua que cessou, como veremos adiante, uma das provas é que
ele só é mencionado em três livros do Novo Testamento, que foram dos primeiros a
serem escritos, nas menções posteriores de dons ela é omitida, é só comparar com Rm
12:6-9; Ef 4:11.

2.4.2.2.9. Interpretação de línguas

“E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir


os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.” (I
Co 12:10).

É o dom, dado pelo Espírito, para alguém, mesmo sem ter estudado a
língua, poder traduzi-la para assembléia (I Co 12:10,30; 14:5,13,26-28), daí “é o poder
miraculoso de entender a língua que a pessoa nunca soube antes e transmitir a
mensagem na língua local122”, o objetivo era o de edificar a igreja (I Co 14:26).

2.3.2.2.10. Fé

“E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;”
(I Co 12:9).

Este dom é curioso, o dom da fé, particularmente, eu não sei a definição


deste dom, Simon J. Kistemaker o explica assim:
O terceiro dom é o da fé, junto com milagres e cura, é parte da categoria de dons
sobrenaturais, pois todo crente verdadeiro possui fé em Jesus Cristo, Paulo não está
pensando na fé salvadora, ele tinha, em mente, a completa e inabalável confiança de que
Deus operaria milagres. Jesus disse aos seus discípulos que a fé é menor que um grão de
mostarda e pode mover montanhas (Mt 17:20; I Co 13:2), os apóstolos demonstraram a fé
no período pós pentecostal, por exemplo, Pedro e João corajosamente se opuseram aos
membros do Sinédrio, pregaram o evangelho e curaram um aleijado no nome de Jesus (At
3:1-4:2), Paulo aceitou a Palavra de Jesus para testificá-Lo em Roma (At 23:11); durante a
tempestade no mar Mediterrâneo, quando todos, a bordo, perderam a esperança sobre suas
vidas, a fé de Paulo não esvaneceu, ele encorajou a tripulação e os passageiros em dizer que
ele confiava em Deus, todos puderam chegar seguros em terra firme na ilha (At 27:23-
26,34)123.
De fato, essa pode ser a explicação dele, mas tem um fato, a se observar:
“geralmente ele é entendido como a fé de operar milagres, como em I Co 13:2, mas
operar milagres é mencionado logo depois como distinto, a não ser que ele seja o nome
geral de milagres e o resto, que segue, seja particularizado124.”.

2.4.2.3. Observações

Esta seção foi escrita com o objetivo de abordar pontos, que geralmente
são entendidos como sendo dom espiritual, ou parte, dele, no sentido, em que tratamos
acima, e não são.

122
MacDonald, p. 1136
123
Hendriksen, p. 1204
124
Gill, p. 984

Página 101
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

2.4.2.3.1. Revelação

Revelação não é um dos dons extraordinários, os carismáticos usam as


seguintes passagens: “e agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que
vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da
profecia, ou da doutrina?” (I Co 14:6), “que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais,
cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação.” (I Co 14:26), a de José: “e, ouvindo que Arquelau
reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas avisado em
sonhos, por divina revelação, foi para as partes da Galiléia.” (Mt 2:22) e as de Paulo:
“porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus
Cristo.” (Gl 1:12), “e subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego
entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira
alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.” (Gl 2:2), “para que o Deus de
nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de
sabedoria e de revelação;” (Ef 1:17), “por isso todos quantos já somos perfeitos,
sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo
revelará.” (Fp 3:15).
Antes de qualquer coisa, analisemos o que é revelação, a palavra grega é
“apokalupsis”, conhecida, até tem um livro bíblico com esse nome, ela significa:
“revelação; exposição Lc 2:32; Rm 8:19; Gl 1:12; 2:2; Ef 3:3; I Pd 1:7,13.
[apocalipse]125.”:
1) ato de tornar descoberto, exposto, 2) uma revelação de verdade, instrução, 2a)
concernente a coisas antes desconhecidas, 2b) usado de eventos nos quais coisas, estados
ou pessoas até agora não presentes na mente das pessoas se tornam parte da sua realidade,
3) manifestações, aparecimento126.
Por isso, é o ato de Deus romper o mistério de algo, fazer algo conhecido,
isso é revelar, há um aspecto importantíssimo sobre a revelação, que é o do Senhor
revelar Sua Palavra (cf 2.2.2.1. Revelação): “mas falamos a sabedoria de Deus, oculta
em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;” (I Co 2:7),
“aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério
entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;” (Cl 1:27), “ora, àquele que
é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo,
conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto,” (Rm 16:25),
“descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera
em si mesmo,” (Ef 1:9), “e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que
desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;” (Ef
3:9), “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e
que agora foi manifesto aos seus santos;” (Cl 1:26).
Naquela época a revelação não havia cessado, pois a Bíblia não havia
sido terminada, sendo que esta revelação já se encerrou (cf 2.4.2.4. Cessação), agora
vendo isso podemos analisar as referências usadas, as de I Co 14, nada têm a ver com
falar da vida de outrem trazendo recado de Deus, naquela ocasião a Bíblia ainda não
estava completa, então os crentes não tinham o privilégio, que tem hoje, de tão somente
pegar e ler a completa revelação de Deus, que é a Bíblia, eles tinham de se contentar
com a revelação parcial, que é o Velho Testamento e parte do ensino apostólico, que,
até então, não tinha sido dado por completo, então a revelação mencionada era parte do
que temos hoje escrito na Palavra, alguma das verdades, que eles ainda não sabiam. A
125
Gingrich, p. 30
126
Strong, p.1214

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Deus quer o pentecostalismo?

revelação é sempre feita por Deus: “e Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado


és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que
está nos céus.” (Mt 16:17), os exemplos citados, o de José foi para que se cumprisse a
profecia, do Mestre ser chamado do Egito, como Deus é livre advertiu a José por
revelação direta, de igual forma fez com Paulo (Gl 2:2) e Filipe, devemos ainda lembrar
que o apóstolo recebeu ensino direto do Mestre, até porque esta era uma das
qualificações para ser apóstolo, outra observação importante é a comum confusão entre
a revelação e o dom da ciência.

2.4.2.3.3. Batismo com Espírito Santo

(Mt 3:11; Jo 1:33; 3:5; At 1:5; 2:1-4,38,39; 10:44; 11:16; 19:2-6; I Co 12:13; Ef 5:26;
Tt 3:5,6).

“Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que
vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia
das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.” (Lc 3:16).

O ensino carismático é de que Cristo não é o bastante para a vida cristã


plena, mesmo que não falem isso claramente, já que é necessária uma segunda obra da
graça, ou seja, o batismo no Espírito Santo, que, na compreensão deles, é necessário
para a plenitude espiritual, este ensino tem fascinado a muitos, mas contêm muitos
erros. Mas antes de adentrarmos no mérito da matéria observemos algo. João falou da
existência de três batismos, o primeiro da água, o segundo com o Espírito Santo, o
terceiro com fogo, o primeiro é o mais fácil de entender, era o tipo que ele mesmo
praticava: “apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de
arrependimento, para remissão dos pecados.” (Mc 1:4), justamente por isso que ele era
chamado de batista, o segundo é o que nos ocuparemos agora, o terceiro será visto
adiante (cf 2.8.3. Fogo), este batismo consiste em Deus fazer morada no coração do
crente: “já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim;
e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se
entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2:20), “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me
ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele
morada.” (Jo 14:23), “o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque
não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em
vós.” (Jo 14:17), “ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I Co 6:19), a
condição para a vinda do Consolador era a morte de Cristo: “todavia digo-vos a
verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a
vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei.” (Jo 16:7).
O batismo com água, outros homens podem fazer, mas o com o Espírito
só o Mestre pode: “e eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água,
esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o
que batiza com o Espírito Santo.” (Jo 1:33), após Sua vinda, Ele começou um
ministério, que, entre outras coisas, envolve ensinar e fazer lembrar: “mas aquele
Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas
as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (Jo 14:26), testificar a
Cristo: “mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar,
aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.” (Jo 15:26), a
condição para ser batizado com o Espírito não é viver uma vida correta, como propalado

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

pelos carismáticos, mas sim crer em Cristo como Salvador pessoal. Para relembrar é
interessante entendermos o que é batismo, nós somos batistas porque batizamos, e, ai
está lançado o desafio, para batizar precisamos pregar o evangelho para que alguém se
converta e o converso seja batizado, por isso, temos, de um modo geral, deixados de ser
batistas, nossa pregação do evangelho pode melhorar muito.
Então ficou claro que não existe uma segunda benção, pois todos os
crentes têm o Espírito Santo: “vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é
que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele.” (Rm 8:9), “em quem também vós estais, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa.” (Ef 1:13), “e não entristeçais o Espírito
Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” (Ef 4:30), pois todos os
crentes foram batizados por Ele: “pois todos nós fomos batizados em um Espírito,
formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos
bebido de um Espírito.” (I Co 12:13), só para frisar, todos: “e todos nós recebemos
também da sua plenitude, e graça por graça.” (Jo 1:16), “mas a graça foi dada a cada
um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” (Ef 4:7). Ainda há o lamentável fato de
que o ensino carismático sutilmente retira a glória devida ao Mestre, ao insinuar a
necessidade de complemento à obra dEle, que é uma obra plena: “porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade; E estais perfeitos nele, que é a cabeça de
todo o principado e potestade;” (Cl 2:9,10), “visto como o seu divino poder nos deu
tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou
pela sua glória e virtude;” (II Pd 1:3). Como visto, este ensinamento pentecostal não é
bíblico, eles erram quanto à Pessoa do Espírito Santo, ao Seu ministério, a base de tal
erro é algo assustador, eles simplesmente não crêem na suficiência do Senhor Jesus
Cristo, dai há necessidade de mais para a vida cristã.

2.4.2.3.3.1. Joel 2:28

“E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão
visões.” (Jl 2:28).

Esta passagem, tanto no livro do profeta ou em Atos, é usada para o


batismo com o Espírito Santo, sobretudo para mostrar a diferença e distinção entre crer
em Cristo e ser batizado com o Espírito. O verso texto é usado em Atos 2, na ocasião da
vinda do Espírito Santo: “e nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito
derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os
vossos jovens terão visões, E os vossos velhos terão sonhos;” (At 2:17) e é um verso,
que profetizava a atuação do Espírito, a Palavra diz toda a carne, o que significa toda
carne e não só os judeus, como era antes: “e toda a carne verá a salvação de Deus.” (Lc
3:6), “e, quando chegaram e reuniram a igreja, relataram quão grandes coisas Deus
fizera por eles, e como abrira aos gentios a porta da fé.” (At 14:27), Deus derramaria
Seu Espírito sobre todos os povos, sobre judeus, representados pelos discípulos (At 2:1-
21), os samaritanos, representados por alguns conversos (At 8:14-17), aos gentios, na
ocasião por Cornélio e família (At 10:44-48; 11:2-18) e aos discípulos de João Batista
(At 19:1-7), esta divisão é equivalente à feita pelo Mestre: “mas recebereis a virtude do
Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.” (At 1:8).

Página 104
Deus quer o pentecostalismo?

O propósito de tal batismo, além do já falado (cf 2.4.2.3.2. Batismo com


Espírito Santo), é muito simples, Deus estava anunciando um novo tempo, uma nova
dispensação, agora o povo de Deus é a igreja, que é constituída por pessoas das mais
variadas nações, e não só por Israel, e isso já havia sido profetizado também: “e semeá-
la-ei para mim na terra, e compadecer-me-ei dela que não obteve misericórdia; e eu
direi àquele que não era meu povo: Tu és meu povo; e ele dirá: Tu és meu Deus!” (Os
2:23); “como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E
amada à que não era amada.” (Rm 9:25). Continuando a passagem:
E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles
dias, e profetizarão; e farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na terra,
Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de
chegar o grande e glorioso dia do Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o nome
do Senhor será salvo. (At 2:18-21).
Comparando a profecia com os acontecimentos do livro de Atos, a
começar do verso 17, fala que vossas filhas profetizarão, em Atos tem o seguinte relato:
“e tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam.” (At 21:9), mas não fala em
jovens e velhos tendo sonhos, nem dos servos e servas; na narrativa aparecem duas
expressões de tempo, expressões importantes, que são nos últimos dias e antes de
chegar o grande e glorioso dia do Senhor, que dias são esses? Antes de responder
observemos algumas coisas, primeiro, a profecia em Joel não menciona línguas, e ela se
refere aos judeus conversos, mas não em nossa época e sim na grande tribulação e no
milênio, a passagem inteira está em Jl 2:19-32 (a qual importa ler neste momento), para
deixar mais claro tem dois versos de Joel, que usa a expressão nunca mais:
E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do SENHOR vosso Deus,
que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será
envergonhado. E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o SENHOR
vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado. (Jl 2:26,27).
Diz ainda a passagem: “e mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue
e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes
que venha o grande e terrível dia do SENHOR.” (Jl 2:30,31), que se comparada com
passagens como: “e, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não
dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.”
(Mt 24:29), (cf Mc 13:24; Lc 21:11,25), fica claro que se trata de dias depois da nossa
época, então alguém vai perguntar o porquê do apóstolo assinalar aquela ocasião como
cumprimento da profecia em Joel, a resposta está é simples, pois “a referência de Joel é
um exemplo da lei da dupla referência, pela qual a profecia bíblica é parcialmente
cumprida em um momento e posteriormente é cumprida por completo127.”.
Assim sendo, a passagem em Joel não se cumpriu inteiramente em Atos
2, mesmo assim, quanto ao dia de Pentecostes, ocasião do cumprimento da profecia
dita, ele foi um evento único na história, por algumas razões, a primeira está nas
palavras do pregador, da ocasião, ou seja, Pedro, que disse: “mas isto é o que foi dito
pelo profeta Joel:” (At 2:16), ele dizia que naquela ocasião estava sendo cumprida as
palavras de Joel, a segunda razão é o fato de que após o Pentecostes (com a exceção de
Atos 8:14-17) o crer em Cristo e o receber o Espírito Santo são simultâneos, um
exemplo é a pregação de Pedro em Atos 10:34-48, é também de observar nesta
passagem, que termina no capítulo 11, o ânimo dela, pois o enfoque está dito: “e,
ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até
aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.” (At 11:18), a terceira é a relação
que a Bíblia faz do dia de Pentecostes com a glorificação de Cristo e ai está um aspecto
imanente ao dia de Pentecostes, pois é Ele Quem batiza Sua igreja com o Espírito, tal
127
MacDonald, p. 1180

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

batismo só seria feito após sua glorificação: “e isto disse ele do Espírito que haviam de
receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda
Jesus não ter sido glorificado.” (Jo 7:39), por tal motivo, Pedro explicou que: “de sorte
que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.” (At 2:33). Ainda, nesta terceira
razão, surge outra, ela é estritamente gramatical, pois os verbos gregos usados neste
verso, a saber: “hupsoo”, ̄ exaltado, “lambano”,̄ tendo recebido e “ekcheo”̄ derramou,
estão todos no tempo grego aoristo, isso significa que já foi realizado, portanto,
designando passado.
O segundo são os samaritanos a experiência está em At 8:14-17, os
samaritanos também recebem o Espírito Santo, eles não receberam ao momento que
creram por duas simples razões, primeira, para cessar a divisão entre os samaritanos e
judeus, pois os apóstolos, ao impor as mãos, reconheciam os samaritanos como aceitos
por Deus em Cristo e plenamente participantes do reino, a segunda, e descendente da
primeira, é que os samaritanos reconheceram que os apóstolos judeus eram os líderes da
igreja, por tal razão a igreja conservar-se-ia em unidade, e eles deviam obediência a
homens judeus, que até há poucos havia uma rixa racial. Esta passagem não é base para
a igreja hoje, salvo se alguém esperar algum apóstolo vir e lhe por as mãos para que lhe
seja dado o Espírito Santo:
Primeiro outros objetos podem ter sido contemplados na missão dos dois apóstolos, como
confirmar a fé dos discípulos e assistir Filipe no trabalho dele, é bem certo que principal
objetivo foi a transmissão do Espírito Santo, o que eles fizeram quando chegaram em
Samaria, foi certamente o objeto para o qual eles foram para lá, mas a principal coisa, que
eles fizeram, foi transmitir o Espírito Santo, principal objetivo da visita deles. Se entretanto
Filipe pudesse conferir este dom, a missão, no que toca seu principal objetivo, seria sem
utilidade, isso suporta uma forte evidência de que o miraculoso dom do Espírito não era
concedido pelas mãos humanas, exceto daqueles, que eram apóstolos128.
Com isso se cumpre ser testemunha na Judéia; William McDonald
comenta a passagem da seguinte forma129:
Isso imediatamente surge a questão: porque da diferença na ordem dos eventos aqui e no
dia de pentecostes? No Pentecostes os judeus 1. se arrependeram, 2. foram batizados, 3.
receberam o Espírito Santo; aqui os samaritanos 1. creram, 2. foram batizados, 3. tiveram
dos apóstolos orarem e por as mãos sobre eles, 4. receberam o Espírito Santo. De uma coisa
podemos estar certos: eles foram salvos da mesma maneira - pela fé no Senhor Jesus Cristo,
Ele é o único Caminho de Salvação, entretanto, durante o período de transição, unindo o
judaísmo e cristianismo, Deus escolheu agir soberanamente na conexão das várias
comunidades de crentes, aos crentes judeus foi requerido desassociar da nação de Israel
antes de receber o Espírito, agora os samaritanos tiveram uma oração especial e as mãos
dos apóstolos sobre eles, mas por quê? Talvez a melhor resposta seja a que intenta em dar
expressão à unidade da igreja, seja tanto os judeus quanto os samaritanos, havia o real
perigo da igreja, em Jerusalém, reter as idéias judaicas de superioridade e eles continuarem
a não ter nenhum trato com os irmãos samaritanos, para evitar esta possibilidade de cismo
ou até mesmo de duas igrejas (uma judia e outra samaritana), Deus enviou os apóstolos
para por as mãos sobre os samaritanos, isso expressa a completa fraternidade com eles,
crentes no Senhor Jesus, eles todos eram membros de um corpo, todos um em Cristo Jesus.
Há, pela ordem, a passagem em Atos 10, referente a Cornélio e sua
família, mas como eles receberam o Espírito como os demais crentes receberam então é
desnecessário comentar, representando os confins da terra. Ainda há a que está narrada
em At 19:1-7, ao ler fica claro que para Paulo o recebimento do Espírito é simultâneo a
crer em Cristo, Paulo pergunta a eles: “disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo
quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.”
(At 19:2), a resposta dos discípulos deixa claro que eles não eram crentes, no sentido de
128
McGarvey, J. W. Original Commentary On Acts. Gospel Advocate Company, 2001, p. 124
129
MacDonald, p. 1180

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Deus quer o pentecostalismo?

crente vivendo no Novo Testamento, eles ainda viviam no Velho Testamento, criam no
Messias, mas ainda não haviam associado que o Messias é o Senhor Jesus:
Quando o apóstolo levantou a questão do batismo, ele percebeu que aqueles homens
conheciam somente sobre o batismo de João, em outras palavras, a extensão do
conhecimento deles era que o Messias estava próximo e eles demonstraram os
arrependimentos deles pelo batismo como necessário para recebê-Lo como Rei, eles não
sabiam que Cristo havia morrido, sepultado e ressuscitado da morte e ascendido de volta ao
céu e que havia enviado o Espírito Santo, Paulo explanou isso tudo a eles, ele lembrou que
quando João batizava com o batismo de arrependimento ele instava que eles cressem... em
Cristo Jesus130.
Portanto, eles não estavam recebendo uma nova atuação do Espírito, eles
estavam era participando do Novo Testamento, creram no Senhor Jesus e receberam o
Santo Espírito:
Este é o quarto tempo distinto em Atos quando o Espírito Santo foi dado, a primeira foi no
capítulo 2, no dia de pentecostes e envolveu primariamente os judeus, a segunda foi em
Atos 8, quando o Espírito foi dado aos samaritanos mediante a colocação das mãos de
Pedro e João, a terceira foi em Atos 10, na casa do gentio Cornélio, em Jope131.
O fato da necessidade de imposição de mãos de um apóstolo é algo a ser
observado, como já foi tratado, talvez alguém pense: acaso os discípulos de João o
Batista não eram também judeus? Então porque estes também foram batizados com o
Espírito Santo já que os poucos discípulos representavam o todo? Ora, a resposta é
muito simples, eles necessitavam passar por aquela experiência, visto que eles nem
sequer sabiam da existência do Espírito, e também para que não fosse um grupo
religioso isolado dos demais. A profecia visava fazer, de todos, um único povo: “porque
ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de
separação que estava no meio,” (Ef 2:14), para Deus: “e pela cruz reconciliar ambos
com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a
paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;” (Ef 2:16,17), e obviamente isso
não significa misturar as nações, mas significa que Deus se revelaria intimamente a
outros povos, e quaisquer que o recebessem pela fé, esses seriam reconhecidos por Deus
como Seu povo.
Sobre a imposição de mão de um apóstolo é de se observar que sempre
foi necessária, a presença apostólica, que geralmente transmitia o Espírito pela
imposição das mãos (At 8:17; 19:6), está relacionada com a autoridade única dos
apóstolos, caso contrário seria desnecessário os samaritanos esperarem pelos apóstolos
(At 8), como visto, só os apóstolos O transmitia por uma simples razão só eles poderiam
ser testemunhas aos demais e dizer: “e, quando comecei a falar, caiu sobre eles o
Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio.” (At 11:15). Como a Bíblia, bem
como o Novo Testamento, não é só composta pelo livro de Atos, convém olhar demais
livros das Escrituras, e o resultado da análise bíblica é incontornável, ela em lugar
algum sustenta tal ensino pentecostal, pelo contrário, está escrito: “vós, porém, não
estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se
alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” (Rm 8:9), “ou não sabeis que
o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e
que não sois de vós mesmos?” (I Co 6:19), “e que consenso tem o templo de Deus com
os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei,
e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (II Co 6:16), dizer
que alguém não tem o Espírito é o mesmo que dizer que tal pessoa não é de Deus, como
foi dito: “estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.” (Jd 1:19).

130
MacDonald, p. 1180
131
MacDonald, p. 1180

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Ainda há um verso para o estudo, ele diz: “pois todos nós fomos
batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos,
quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.” (I Co 12:13), naturalmente
apareceriam exegetas para fazer uma interpretação deste verso, uns propõem dividir o
verso em duas partes, outro tentam aplicar esta passagem em um contexto que não seja
o termo batizado aqui igual ao batismo no livro de Atos, enfim, o problema é que o
verso é bem claro, todos foram e não alguns, todos incluem o crente dedicado, como o
não dedicado, e todos incluem todas as raças, todos nós crentes fomos batizados. A
Bíblia ensina que todo crente tem o Espírito Santo: “no qual também vós juntamente
sois edificados para morada de Deus em Espírito.” (Ef 2:22), no entanto, ela exorta a
todo crente a encher-se do Espírito: “e não vos embriagueis com vinho, em que há
contenda, mas enchei-vos do Espírito;” (Ef 5:18), que nada tem a ver com ser batizado
com Ele, para ser batizado com Ele basta crer em Cristo como Salvador pessoal (Ef
1:13 cf Ef 4:30), resta o dever de encher, no mesmo livro, nos versos 17 a 24, do
capítulo 4 está uma exortação de como estar cheio do Espírito, em uma passagem
paralela há estas palavras: “a palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda
a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.” (Cl 3:16).

2.4.2.3.3.2. Marcos 16:17,18

“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão
novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes
fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Mc 16:17,18).

Os pentecostais entendem que os versos se referem a todo aquele que


crer em Cristo, fazendo esta ser uma promessa para todo e qualquer crente, mas não é
fato, basta observar algumas coisas sobre o contexto, que é: “e Jesus, tendo
ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria
Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.” (Mc 16:9), ocorre que a
incredulidade, quanto à ressurreição do Senhor Jesus, foi grande: “e, ouvindo eles que
vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.” (Mc 16:11), “e, indo estes,
anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.” (Mc 16:13), sendo que isso
foi reprovado pelo Mestre: “finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados à
mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não
haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.” (Mc 16:14), daí Ele dá a grande
comissão: “e disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc
16:15,16) e volta a Se dirigir aos apóstolos, observe como começa o verso 17, diz assim
e estes sinais seguirão aos que crerem, se trata dos apóstolos, já que estavam em
incredulidade, e eles “e eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando
com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.”
(Mc 16:20).
O verso 20 deixa claro que essa é a abrangência da promessa nos versos
17 e 18, isso é o que significa os versos em estudo, além do mais, a própria gramática
assim o diz, no verso 17 diz: e estes sinais seguirão, portanto, futuro, em grego é futuro
do indicativo, e o 20 diz: sinais que se seguiram, é o particípio presente ativo, que
equivale, pois também é conhecido como gerúndio (contínuo), daí a conclusão mais
lógica e mais natural é entender que o verso 20 é o cumprimento da promessa feita nos
versos 17 e 18, saneando as dúvidas, de que tão somente os apóstolos foram os

Página 108
Deus quer o pentecostalismo?

beneficiários da promessa, ainda há outro elemento, mas que se refere aos sinal das
línguas e a expressão falarão novas línguas (cf 2.4.2.2.8. Línguas):
Em conexão com tais dons especiais, B.B. Warfield estabelece: “esses sinais foram parte
das credenciais apostólicas como agentes autoritativo de Deus em fundação da igreja... eles
necessariamente encerraram com ela”, com o encerramento da era apostólica esses dons
cessaram também ao testemunho de Crisótomo e Agostinho, esta também é a visão de
Jonathan Edwards: “esses dons extraordinários foram dados para a fundação e
estabelecimento da igreja no mundo, mas desde que o cânon da Escritura está completo e a
igreja completamente fundada e estabelecida, esses extraordinários dons cessaram”, entre
outros, quem expressaram similar ponto de vista foram: Matthew Henry, George
Whitefield, Charles H. Spurgeon, Robert L. Dabney, Abraham Kuyper e W. G. T. Shedd132.

2.4.2.3.3.3. Atos 2:39

“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe,
a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” (At 2:39).

Este verso é usado para justificar a aplicação de bênçãos de todo o


capítulo (At 2), para recordamos, ele é o capítulo que descreve a vinda, descida do
Espírito Santo, houveram fatos milagrosos, na ocasião, como, por exemplo, a pregação
do evangelho em algumas línguas, o verso apresenta três divisões naturais a primeira é
vossos filhos, obviamente se refere ao povo judeu: “vós sois os filhos dos profetas e da
aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão
benditas todas as famílias da terra.” (At 3:25), (cf Gn 17:17; Sl 115:14; Jr 32:9; Ez
37:25; Jl 2:28; Rm 11:16), a segunda todos os que estão longe, e assim abrange todos,
em especial, os gentios (não judeus): “mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes
estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.” (Ef 2:13), “e, vindo, ele
evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto;” (Ef 2:17),
“Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo
para o seu nome.” (At 15:14), (cf Is 59:19; At 10:45; 11:15-18; 14:27; 15:3,8,14; Ef
2:13-22; 3:5-8), a terceira, tantos quantos Deus nosso Senhor chamar, são todos os
eleitos: “os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios?” (Rm 9:24), “e aos que predestinou a estes também chamou;
e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também
glorificou.” (Rm 8:30), (cf Jl 2:32; Rm 11:29 Ef 1:18; 4:4; II Ts 1:11; 2:13,14; II Tm
1:9; Hb 3:1; 9:15; I Pd 5:10; II Pd 1:3,10; Ap 17:14 19:9).
O verso diz que a promessa é para esses grupos de pessoas, mas que
promessa é? Basta olhar o verso anterior para saber: “e disse-lhes Pedro: Arrependei-
vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos
pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;” (At 2:38), ficou claro que é a promessa
do Espírito Santo, de tê-Lo habitando dentro do que crê, daí acaba caindo no já falado
sobre o batismo com o Espírito, todo o crente O tem: “e, se o Espírito daquele que
dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos
ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que
em vós habita.” (Rm 8:11), “guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em
nós.” (II Tm 1:14), “ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós
habita tem ciúmes?” (Tg 4:5).

132
Hendriksen, p. 970

Página 109
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Página 110
Deus quer o pentecostalismo?

2.4.2.4. Cessação

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de
tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a
expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder,
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da
majestade nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais
excelente nome do que eles.” (Hb 1:1-4).

A palavra cessação aqui significa que Deus encerrou Sua revelação, que
Ele não mais dá novas revelações, pois a revelação dEle está completa com a Bíblia,
significa também que a igreja, ou melhor, os crentes podem buscar na Bíblia o ensino
para sua vida diária e assim saberá como agradar a Deus, em conseqüência disso,
acabaram os dons extraordinários, Deus revelou passo a passo o Seu plano desde Adão
até o período apostólico, como diz os versos-texto, Deus falou, no Velho Testamento,
muitas vezes, e de muitas maneiras, por exemplo, Ele falou a Abraão, a Moisés, a
Balaão por uma jumenta, e tipos e figuras: o sacerdócio judaico e o tabernáculo, ainda
sobre o Velho Testamento, Ele inspirou Malaquias, que foi o último profeta, e, por
cerca de quatrocentos anos, Deus não Se revelou até João Batista, mas nestes últimos
dias Ele nos falou pelo Seu Filho, por Cristo, que Deus faria uma nova aliança estava
profetizado pelo profeta Jeremias, capítulo 31, nova aliança ou Novo Testamento,
anunciado inicialmente pelo próprio Senhor Jesus e posteriormente pelos apóstolos, que
falaram o ensino de Cristo, conforme prometido (Jo 16:12,13) e efetivamente cumprida
(Hb 2:3,4), os apóstolos anunciaram os ensinos recebidos do Mestre (At 20:27):
A segunda prova da validade do Novo Testamento, que o escritor traz à atenção do leitor, é
que aqueles que ouviram ao Senhor, em Pessoa, em Sua apresentação da verdade do Novo
Testamento e aqui é presumivelmente as testemunhas oficiais, os apóstolos, confirmaram a
verdade do Novo Testamento aos escrever a carta que refere a si mesmo pelo pronome
“nós”, o literal “nós” 133.
Como os apóstolos encerraram o trabalho deles, e fizeram bem feito,
motivo, pelo qual, que já os cristãos do primeiro século conheciam todas as coisas (I Jo
2:20,27), as Escrituras, que já foram reveladas no primeiro século, foram suficientes
para completar a alegria do cristão (I Tm 3:15; II Tm 3:16; I Jo 1:4; 2:1; 5:13), por isso,
o homem de Deus podia ser adequado e preparado para toda a boa obra (II Tm 3:17),
daí o crente deve ficar firme no que foi revelado (II Ts 2:15; II Pd 3:2; Jd 1:17), melhor
dizendo, batalhar pela fé dada aos santos: “amados, procurando eu escrever-vos com
toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e
exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (Jd 1:3). Por isso, caso
ocorra pregação de algo distinto é anátema (Gl 1:6-9; I Tm 1:3,4).

2.4.2.4.1. Provas da cessação

Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo
conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem
dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da
natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.
(II Pd 1:3,4).
133
Wuest, p. 397

Página 111
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

O primeiro aspecto probatório é o histórico, não há relatos de alguém,


durante a história, ter exercido alguns desses dons, depois há fortes implicações bíblicas
para o fim de tais dons, pois os períodos de sinais e milagres estão relacionados com a
revelação de Deus, os sinais realizados eram para testificar que os seus fazedores são
enviados por Deus (I Rs 17:24; Jo 10:24,25; At 2:22; 14:3), neste ponto, é bom ver um
verso, é ele: “então a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de
Deus, e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade.” (I Rs 17:24), Elias acabara
de fazer um milagre e com isso mostrou à mulher que ele era um mensageiro de Deus,
por isso ela, que era viúva, e o hospedou falou isso a ele, o objetivo também era
autenticar os ensinos deles (Jo 20:31; At 5:12-14). Os dons extraordinários pertencem à
fase infantil da igreja (I Co 13:11), pois “todos esses dons foram confirmatórios e de
fundação para a estabilização da igreja (cf Hb 2:4; Ef 2:20) e foram, portanto,
temporários134.”; Paulo compara o avanço da infância a fase adulta de uma pessoa com
as fases da igreja houve época em que a igreja ainda era infantil, por isso, ele usa duas
ilustrações para mostrar esta transição, começando no momento dos dons
extraordinários até chegar a fase da Bíblia ser completada, a primeira é o
amadurecimento da pessoa (I Co 13:11), por isso, na fase adulta, a igreja não mais se
apegará as coisas de quando criança, o judaísmo foi o berço do cristianismo; a segunda
ilustração é o espelho: “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três,
mas o maior destes é o amor.” (I Co 13:13), a ênfase é na permanência dos três (I Co
13:13; Ef 1:15,18; Cl 1:4,5; I Ts 1:3, 5:8; I Tm 1:1,2,5; I Pd 1:21,22). Os próximos
tópicos servirão para mostrar que houve a cessação da revelação de Deus, daí a Bíblia
ficará intocada.

2.4.2.4.1.1. Previsão bíblica

Uma prova da cessação dos dons miraculosos é a própria previsão bíblica


de que eles cessariam, ora, se a própria Bíblia disse que eles chegariam ao fim, resta
claro que não se trata de dons permanentes e que cessaram.

2.4.2.4.1.2. I Coríntios 13:10

“O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos, e em parte
profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será
aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria
como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora
conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois,
permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” (I Co
13:8-13).
Antes de entrarmos propriamente no tema, observemos o usa das
palavras desta passagem, ela diz que o amor nunca falha (presente ativo do indicativo),
mas havendo profecias serão aniquiladas (futuro passivo indicativo), havendo línguas,
cessarão (futuro médio depoente do indicativo), havendo ciência, desaparecerá (futuro
passivo indicativo), as palavras, a serem observadas de antemão, são: falha, aniquiladas,
cessarão, desaparecerá, que, em grego, são respectivamente: “ekpiptō”, “katargeō”,
“pauō”, “katargeō”; o amor nunca falha, o verbo grego “ekpiptō” significa, aparece
134
Walvoord, p. 990

Página 112
Deus quer o pentecostalismo?

mais vezes no Novo Testamento e significa: “l. cair, cair de At 12:7; Tg 1:11; I Pd 1:24;
talvez At 27:32, mas ver 2 abaixo. -2. sair do curso, correr fora At 27:17,26,29, talvez
32 (ver 1 acima). -3.fig. cair, decair Gl 5:4; II Pd 3:17. Falhar Rm 9:6; I Co 13:8 v.l135,
“1) cair fora de, cair de, desmoronar, 2) metáf., 2a) cair de algo, perdê-lo, 2b) perecer,
cair, 2b1) cair de um lugar onde não se pode permanecer, 2b2) cair de um posição, 2b3)
cair sem forças, cair no chão, estar sem vigor, 2b3a) da promessa divina de
salvação.136”.
As palavras aniquiladas e desaparecerá, que se referem a profecias e
ciência respectivamente, no grego, é a mesma, trata-se do verbo “katargeō”, que
também aparece mais vezes no Novo Testamento, á qual os léxicos dão o seguinte
significado:
-1. tornar ineficaz, sem poder lit. usar, gastar Lc 13:7. Figurativo anular, tornar ineficaz Rm
3:3; 4:14; I Co 1:28; Gl 3:17; invalidar Rm 3:31; Ef 2:15. -2. abolir, colocar de lado, levar
ao fim Rm 6:6; I Co 6:13; 13:11; 15:24,26; II Ts 2:8; II Tm 1:10; Hb 2:14. Pass cessar,
passar I Co 2:6; 13:8,10; II Co 3:7,11,13s; Gl 5:11. -3. καταργούμαι από τίνος ser libertado
de, não ter nada mais a ver com Rm 7:2, 6; ser separado Gl 5:4137.
1) tornar indolente, desempregado, inativo, inoperante, 1a) fazer um pessoa ou coisa não ter
mais eficiência, 1b) privar de força, influência, poder, 2) fazer cessar, pôr um fim em, pôr
de lado, anular, abolir, 2a) cessar, morrer, ser posto de lado, 2b) ser afastado de, separado
de, liberado de, livre de alguém, 2c) terminar todo intercurso com alguém138.
Restou, do grupo das três palavras, a “pauō”, que se refere à cessação das
línguas, que é: 1. (ativo) parar, fazer parar, impedir, guardar I Pd 3:10. -2. (médio) parar
(a si mesmo), cessar Lc 5:4; 8:24; 11:1; At 5:42; 6:13; 13:10; 20:1,31; 21:32; I Co 13:8;
Ef 1:16; Cl 1:9; Hb 10:2. Cessar de (com genitivo) I Pd 4:1. [pausa]139”, verbo raiz
(“pausa”); v; 1) fazer cessar ou desistir, 2) restringir algo ou pessoa de algo, 3) cessar,
desistir, 4) obter livramento do pecado, 4a) não mais se deixar levar por seus
incitamentos e seduções140.”. Há outra obervação, a fazer, também esta novamente
gramatical, diz o verso 8: “o amor nunca falha; mas havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;” (I Co 13:8), o
verbo serão aniquiladas e desaparecerá estão na voz passiva e o verso 10 diz que aquilo
que é perfeito é que causará a aniquilação das profecias e o desaparecimento da ciência;
já cessarão está na voz média depoente, em outras palavras, as línguas cessariam a elas
mesmas e isso antes do que é perfeito chegar.
Esta passagem ensina que há três épocas: a primeira quando a profecia
era em parte, quando Deus estava revelando Sua Palavra pedaço por pedaço (v. 9),
depois uma segunda quando elas cessariam, mas a fé e a esperança continuariam (vs.
10,13) e, por fim, quando Cristo voltar à Terra e, nesta ocasião, mesmo a fé e a
esperança cessarão (Rm 8:24,25; II Co 5:7), subsistindo assim só o amor; aplicando esta
passagem na história, a primeira fase encerrou quando João escreveu apocalipse, a
segunda fase vivemos agora e até o arrebatamento, pois o que é perfeito, ou seja, a
Bíblia está completo, e, após a volta dEle, só o amor persistirá. É interessante fazer um
estudo acurado desta passagem, o verso 8 fala que o amor nunca falha, o que contrasta
com os outros cinco fenômenos da passagem, são eles: profecias, línguas, ciência, a fé e
a esperança; alguém pode perguntar quando a fé terminará, para responder basta ler:
“alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas.” (I Pd 1:9), “olhando para

135
Gingrich, p. 68
136
Strong p. 1325
137
Gingrich, p. 112
138
Strong, p. 1447
139
Gingrich, p. 161
140
Strong, p. 1583

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” (Hb 12:2), ainda
é bom lembrar o que é fé: “ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e
a prova das coisas que se não vêem.” (Hb 11:1), o fundamento da fé terminará quando
Cristo voltar e isso é simples de entender, hoje andamos por fé: “(porque andamos por
fé, e não por vista).” (II Co 5:7), “não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas
porque somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé.” (II Co 1:24),
“porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo
viverá da fé.” (Rm 1:17), em Hebreus 11 tem um capítulo inteiro sobre os heróis da fé,
que “todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de
longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na
terra.” (Hb 11:13), como eles morreram sem receber a promessa, naturalmente
exercitam na fé e esperança.
Só que quando o Senhor Jesus voltar, e nos transformar: “que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo
o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.” (Fp 3:21), O veremos, daí a
fé, crer no que não vemos, dará lugar à vista, pois O veremos com os nossos olhos:
“amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser.
Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim
como é o veremos.” (I Jo 3:2), ocasião em que Ele começará a nos agraciar com as
benção indescritíveis: “mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido
não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os
que o amam.” (I Co 2:9), até elas passarão a ser visíveis: “não atentando nós nas coisas
que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que
se não vêem são eternas.” (II Co 4:18), daí a fé será totalmente desnecessária, pois dará
lugar à vista.
A outra indagação é quando será o fim da esperança, para responder esta
pergunta basta ler: “e Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de
fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no
tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado.” (At 23:6), “aguardando a
bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso
Salvador Jesus Cristo;” (Tt 2:13), (At 26:6 cf Jó 19:25), ficou claro que a esperança está
ligada ao aparecimento de Cristo, e em tal esperança todos nós estamos: “porque em
esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que
alguém vê como o esperará?” (Rm 8:24), quando Ele retornar a esperança dará lugar à
efetiva realização, pois estaremos pessoalmente com o nosso Redentor, ainda, para
exemplificar, é a mesma esperança em que morreu Jó: “porque eu sei que o meu
Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19:25), além de,
pessoalmente ficarmos para sempre com Ele, daí a expectativa dará lugar à realização:
“depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas
nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (I Ts
4:17), “guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória.” (Sl 73:24),
“mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o
Senhor.” (II Co 5:8), “mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e
estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.” (Fp 1:23), “e ouvi uma grande voz
do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles
habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.”
(Ap 21:3).
Restou precisar o termo final das profecias, línguas e ciência, antes, no
entanto, passemos a entender o verso 10: “mas, quando vier o que é perfeito, então o

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Deus quer o pentecostalismo?

que o é em parte será aniquilado.”, é necessário entendermos significado da expressão


o que é perfeito, o único significado possível é o já falado, a saber: a Palavra de Deus, a
prova está a seguir: no grego, a palavra que é um adjetivo singular neutro e o caso é o
acusativo, daí fica afastada a idéia, de alguns, que aqui perfeito signifique Cristo, pois
se fosse seria utilizado o gênero gramatical masculino, e mesmo na tradução, a
gramática portuguesa, estaria quem é perfeito e não o que, já que se referiria à uma
pessoa. Para facilitar o trabalho, precisamos ir à própria Bíblia para saber o que é
perfeito, a mesma palavra “teleios”, “1) levado a seu fim, finalizado, 2) que não carece
de nada necessário para estar completo, 3) perfeito, 4) aquilo que é perfeito, 4a)
integridade e virtude humana consumados, 4b) de homens, 4b1) adulto, maturo, maior
idade.141”:
tendo chegado ao fim ou propósito, completo, perfeito -1. Coisas Tg 1:4a,17,25; Hb 9:11; I
Jo 4:18. το τέλειον o que é perfeito Rm 12:2; I Co 13:10. -2. Pessoas -a. maduro, perfeito,
adulto adjetivo I Co 14:20; Ef 4:13; substivo Hb 5:14. Para I Co 2:6 o sentido pode ser
adulto, ou pode pertencer a b, abaixo. -b. o iniciado em rituais místicos, talvez I Co 2:6 (ver
a acima) provavelmente Fp 3:15; Cl 1:28, mas também pode estar sob c, abaixo -c. maduro,
perfeito, plenamente desenvolvido em seu sentido moral e espiritual Mt 5:48a; 19:21; Fp
3:15; Cl 1:28 (ver b. acima). -d. Deus como absolutamente perfeito Mt 5:48b. [teleo-,
prefixo de várias palavras, e.g. teleologia.] 142.
Uma, das passagens, que usa esta palavra grega e esclarece bem o
significado dela aqui é: “aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da
liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este
tal será bem-aventurado no seu feito.” (Tg 1:25), para saber do que este verso fala basta
ler o contexto:
E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos
discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao
homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e
vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da
liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal
será bem-aventurado no seu feito. (Tg 1:22-25).
Ficou claro que se trata da Bíblia, à qual exorta que, além de ouvintes,
sejamos cumpridores dela, ainda no tema, a Bíblia recebe várias figuras, uma delas é a
de espelho e curiosamente tanto a passagem que estamos estudando, como a passagem
em Tiago se referem à Bíblia como um espelho: “porque agora vemos por espelho em
enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei
como também sou conhecido.” (I Co 13:12), “porque, se alguém é ouvinte da palavra, e
não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural;”
(Tg 1:23), isso para sanar qualquer dúvida. Ainda sobre espelho, a primeira palavra para
espelho “esoptron” só ocorre duas vezes no Novo Testamento Grego, exatamente nas
duas passagens referidas, em português, há mais uma palavra espelho, que aparece, ela
está em um verso, que é bom adicioná-lo, ele diz: “mas todos nós, com rosto
descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de
glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Co 3:18), este
ensinamento corrobora com o perfeito ser a Bíblia, pois nos transforma, o rosto
descoberto designa o fato de nada podemos ocultar dEle e de glória em glória
demonstra como o processo ocorre, transformação que aperfeiçoa o homem: “toda a
Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para
corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e
perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (II Tm 3:16,17).

141
Strong, p. 1708
142
Gingrich, p. 205

Página 115
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

2.4.2.4.1.3. Hebreus 2:3,4

“Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual,
começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a
ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas
e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?” (Hb 2:3,4).

Estes dois versos são provas de que os dons cessaram, observe o texto, a
salvação começou a ser anunciada pelo Senhor Jesus, depois foi confirmada pelos que a
ouviram, ou seja, os apóstolos, os quais Deus usou e testificou fazendo por eles e
milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade.
Esta passagem, que menciona os dons extraordinários no tempo passado, fala foi-nos
depois confirmada, está no tempo aoristo grego, deixando claro que não voltará a
acontecer:
O evangelho, em si, é firme e seguro, as palavras de Cristo não necessitam confirmação,
pois é verdade, em si mesmo, o “Amém” e fiel testemunha, mas em ares protetores da fraca
humanidade e em razão de Cristo, em Sua humanidade, não podia estar em todo lugar e
pela boca de demais testemunhas era necessário a confirmação, Ele enviou Seus apóstolos
isso, que ouviram dele, para pregar e eles publicaram isso aos judeus primeiro, a quem o
apóstolo escrevia, depois aos gentios143.

2.4.2.4.1.4. Bíblia completa

“Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” (I Co
13:10).

A Bíblia, que é perfeita, está completa e, por isso, tudo o que é em parte
foi aniquilado, desde os dias de adão Deus vem revelando passo a passo o Seu plano, ou
seja, a Bíblia: “certamente o Senhor DEUS não fará coisa alguma, sem ter revelado o
seu segredo aos seus servos, os profetas.” (Am 3:7), fazendo-a assim ser escrita, à
medida que a Bíblia era escrita Ele testificava os profetas, Seus enviados, próximo ao
fim do Velho Testamento, Ele deixou claro que a Bíblia continuaria, pois faria uma
nova aliança, um novo pacto, um novo testamento, Jr 31, que seria consumado no Filho,
ao Qual toda a Bíblia faz menção: “O qual convém que o céu contenha até aos tempos
da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos
profetas, desde o princípio.” (At 3:21), “a este dão testemunho todos os profetas, de
que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome.” (At
10:43), que profetizaram vários aspectos da vida do Filho, entre eles o sofrimento dEle:
“mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia
anunciado; que o Cristo havia de padecer.” (At 3:18).
Entre as profecias, há a do profeta Elias: “eis que eu vos enviarei o
profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR;” (Ml 4:5), “voz do
que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a
nosso Deus.” (Is 40:3), cumprida em João Batista, que “disse: Eu sou a voz do que
clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.” (Jo
1:23), Bíblia que seria ainda escrita, agora pelos apóstolos: “ainda tenho muito que vos
dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele, o Espírito de
verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá
tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” (Jo 16:13), que falaram após
a morte do Senhor, e anunciaram assim o Novo Testamento: “porque onde há
143
Gill, p. 1012

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Deus quer o pentecostalismo?

testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem


força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hb
9:16,17), que ao fim dele, que também o é da Bíblia está escrito:
Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a
geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã. E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E
quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da
vida. Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se
alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas
neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua
parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro. Aquele
que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus. A
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém. (Ap 22:16-22).
Falando a mesma coisa, mas de outra maneira, o capítulo 7, de Hebreus,
ensina que o Testamento está ligado intimamente com o sacerdócio, no caso do Velho
Testamento foi sob o levítico: “de sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio
levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro
sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado
segundo a ordem de Arão?” (Hb 7:11), e continua dizendo que: “porque, mudando-se o
sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” (Hb 7:12), em outras
palavras, advindo o Novo Testamento o Velho é ab-rogado:
Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (Pois
a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela
qual chegamos a Deus. E visto como não é sem prestar juramento (porque certamente
aqueles, sem juramento, foram feitos sacerdotes, mas este com juramento por aquele que
lhe disse: Jurou o Senhor, e não se arrependerá; Tu és sacerdote eternamente, Segundo a
ordem de Melquisedeque), de tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. E, na verdade,
aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de
permanecer, mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. (Hb
7:18-24).
Os versos precedentes falam da inutilidade do Velho Pacto em tirar
pecado “porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.” (Hb
10:4), servia para levar o conhecimento do pecado: “por isso nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do
pecado.” (Rm 3:20), o verso 24 nos dá a lição, os sacerdotes levíticos foram feitos em
grande número porque todos eles eram mortais, ou seja, a morte os impedia de
continuar oficiando como sacerdotes, mas com o Filho é diferente, Ele tem um
sacerdócio eterno: “porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente,
Segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hb 7:17), “porque a lei constitui sumos
sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei,
constitui ao Filho, perfeito para sempre.” (Hb 7:28), de modo que se a Bíblia tivesse de
ser acrescentada algo o Senhor Jesus necessariamente teria de morrer de novo, o que é
impossível: “sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não
morre; a morte não mais tem domínio sobre ele.” (Rm 6:9), “mas este, havendo
oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de
Deus,” (Hb 10:12), “e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o
sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.” (Ap 1:18), pelo contrário Ele
vive para sempre e exerce Seu ofício sacerdotal: “portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por
eles.” (Hb 7:25).

2.4.2.4.1.5. Revelação completa

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo
conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude; pelas quais ele nos tem
dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da
natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no
mundo.” (II Pd 1:3,4).

A Palavra ensina que o Senhor Jesus pelo Seu divino poder nos deu tudo
o que diz respeito à vida e piedade, a palavra é tudo, Ele já deu tudo, antes de
analisarmos mais afundo os versos-texto, observemos algo, o próprio Senhor Jesus, que
é Quem revela o Pai: “todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém
conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem
o Filho o quiser revelar.” (Mt 11:27), Ele disse que: “já vos não chamarei servos,
porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos,
porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” (Jo 15:15), observe a
frase: tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer, Ele não mentia quando
disse isso, razão que só por este verso a revelação cessou, mas veja o desdobramento:
“porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm
verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.” (Jo 17:8), “e eu
lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me
tens amado esteja neles, e eu neles esteja.” (Jo 17:26).
Relembrando as palavras do Senhor Jesus: “tudo quanto ouvi de meu Pai
vos tenho feito conhecer”, Ele nos fez conhecer tanto ensinando pessoalmente, quanto
pelo Espírito: “ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade;
porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que
há de vir.” (Jo 16:13), então a função do Espírito, no tocante à revelação, seriam duas, a
primeira é fazer com que os apóstolos lembrassem o que o Mestre falou: “mas aquele
Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas
as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (Jo 14:26), a segunda é
guiar na verdade, como diz Jo 16:13, a Bíblia diz toda a verdade, foi promessa do
Senhor Jesus a ser cumprida pelo Santo Espírito, então só pode ter sido cumprida.
Então, relembrando as palavras do Mestre, os apóstolos trouxeram os
ensinos para os demais cristãos, de modo que ensinaram tudo o que aprenderam, sendo
este também mandamento do Grande Deus e Senhor Jesus Cristo: “ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos
os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28:20), e eles obedeceram: “como
nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas,” (At
20:20), “porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” (At 20:27),
então eles ensinaram todo o conselho de Deus, razão que não há mais conselho de Deus
a ser revelado, eles esgotaram o conselho de Deus, que é o mesmo que dizer toda a
revelação de Deus, alem de ensinar tudo o que foi útil.
Eles transmitiram esta revelação pelo principal meio que Deus Se revela,
ou seja, pela Bíblia, que é apta a manter o crente longe do pecado: “meus filhinhos,
estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um
Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (I Jo 2:1), ter gozo completo: “estas
coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.” (I Jo 1:4), certifica o crente
da vida eterna: “estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de
Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho
de Deus.” (I Jo 5:13) a identificar e combater heresias: “estas coisas vos escrevi acerca
dos que vos enganam.” (I Jo 2:26), os versos falam estas coisas vos escrevi (emos), o

Página 118
Deus quer o pentecostalismo?

que deixa claro onde está a revelação completa de Deus, nas Escrituras, que é
divinamente inspirada e é “para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente
instruído para toda a boa obra.” (II Tm 3:17), observe: toda a boa obra daí o crente
pode falar: “Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos;
pois estão sempre comigo.” (Sl 119:98).
Pela direção dada, pelo Espírito, na vida de cada crente: “e vós tendes a
unção do Santo, e sabeis tudo.” (I Jo 2:20), “e a unção que vós recebestes dele, fica em
vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos
ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim
nele permanecereis.” (I Jo 2:27), e estudo da Palavra, a qual erra caso não conhecer:
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o
poder de Deus.” (Mt 22:29), o crente sabe tudo, e é perfeito em Cristo:
Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da
plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, em
quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. E digo isto, para que
ninguém vos engane com palavras persuasivas. Porque, ainda que esteja ausente quanto ao
corpo, contudo, em espírito estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a
firmeza da vossa fé em Cristo. Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também
andai nele, arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados,
nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua,
por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porque nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade; e estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo o principado e
potestade; (Cl 2:2-10).
Agora o crente deve guerrear pela fé uma vez lhe entregue: “amados,
procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por
necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos
santos.” (Jd 1:3), a fé mencionada não é de crer em Cristo como Salvador pessoal e sim
o conjunto das doutrinas cristãs: “e crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se
multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à
fé.” (At 6:7), “pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé
entre todas as gentes pelo seu nome,” (Rm 1:5), “mas que se manifestou agora, e se
notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas
as nações para obediência da fé;” (Rm 16:26), (cf II Ts 2:15; II Pd 3:2), o verbo está no
passado, em grego é o aoristo, aquele mesmo, que significa uma ação feita somente uma
única vez, assim foi a fé, a revelação, que agora completa e entregue aos santos não será
alterada.

2.4.2.4.2. Razões a não buscar tais dons

“Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba
falsamente de dádivas.” (Pv 25:14).

Todos os dons espirituais são para exaltar a Cristo, o próprio Espírito


Santo busca a exaltação de Cristo (Jo 15:26; 16:14), daí a marca duma vida cristã,
guiada pelo Espírito, é a exaltação de Cristo (I Co 12:3; Fp 1:20; 3:8), os dons
espirituais foram dados para promover paz e ordem (I Co 14:33,40), nos último dias são
caracterizados pelo engano, o inimigo sempre se opõe a Deus, a Sua obra e a Seus
servos (II Co 11:4,14,15): “porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão
grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” (Mt
24:24), por isso, a suposta capacidade de operar ou fazer milagres, não é uma garantia

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

de que alguém está agindo pela verdade ou possua realmente vida espiritual, pois os
mágicos de Faraó copiaram os milagres feitos por Moisés e do homem do pecado é dito:
“a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e
prodígios de mentira,” (II Ts 2:9), há a advertência feita pelo Mestre:
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu
nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então
lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniqüidade. (Mt 7:22,23).
Então o fato de alguém ter a possibilidade de exercer um dom miraculoso
não é garantia de estar na vontade de Deus, há outro motivo, o da norma posta ao
crente, que é viver por fé e não por vista: “porque nele se descobre a justiça de Deus de
fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” (Rm 1:17), só para frisar, o justo
viverá da fé, esse ensinamento é reforçado nas Escrituras: “(porque andamos por fé, e
não por vista).” (II Co 5:7), “não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque
somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé.” (II Co 1:24), “não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem
são temporais, e as que se não vêem são eternas.” (II Co 4:18), se é assim, é necessário
virmos algo de extraordinário para confiar em Deus se a base é a fé? Com certeza não.
Há outros motivos, primeiro, o da autoridade bíblica, se a Palavra disse
que tais dons cessariam então eles cessaram, a Bíblia não falha: “pois, se a lei chamou
deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser
anulada),” (Jo 10:35), a confiança nas Escrituras precisa fruir em cada crente: “assim
terei que responder ao que me afronta, pois confio na tua palavra.” (Sl 119:42), esperar
nela: “lembra-te da palavra dada ao teu servo, na qual me fizeste esperar.” (Sl 119:49),
“os que te temem alegraram-se quando me viram, porque tenho esperado na tua
palavra.” (Sl 119:74), confiar na Palavra de Deus é o mesmo que confiar nEle, pois o
objetivo dela é fazer o homem confiar em Deus: “em Deus louvarei a sua palavra, em
Deus pus a minha confiança; não temerei o que me possa fazer a carne.” (Sl 56:4), daí
o mandamento de confiar em Deus: “em Deus tenho posto a minha confiança; não
temerei o que me possa fazer o homem.” (Sl 56:11), “confiai no SENHOR
perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é uma rocha eterna.” (Is 26:4), a confiança,
na instrução bíblica, passa pelo fato dela ser completa e apta de fazer o crente entendido
para o serviço de Deus, além de ser a espada do Espírito, em outras palavras, é com ela
que o Santo Espírito corrige e lidera o povo de Deus; também tem o fato da igreja não
ser criança, a fase infantil dela já passou.

2.4.2.4.3. Observações

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente.” (Hb 13:8).

É necessário fazer uma importante observação, Deus não muda: “porque


eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” (Ml
3:6), “porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim.” (Sl 102:27),“e como um
manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, E os teus anos não
acabarão.” (Hb 1:12), “toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo
do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tg 1:17), por
isso, Ele é imutável, e continua com o mesmo poder que sempre teve: “não sabes, não
ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem
se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.” (Is 40:28) e tudo que quiser Ele pode
fazer: “mas, se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma
quiser, isso fará.” (Jó 23:13), inclusive curar, ressuscitar mortos, permitir que alguém

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Deus quer o pentecostalismo?

fale uma língua, sem jamais ter estudado, que outro interprete sem jamais ter estudado,
que alguém tenha conhecimento sobre uma matéria da qual jamais estudou, que alguém
tenha sua capacidade aumentada para o serviço e outras maravilhas, o que falei, e
insisto, é que os dons extraordinários cessaram. Para deixar clara a diferença, o que foi
falado é que Ele encerrou os dons miraculosos, mas nada impede que Ele Se manifeste
com algum milagre, por exemplo, que cure alguém de doença incurável, o que não
existe mais é o dom de cura, aquele o qual o possuidor podia curar qualquer sorte de
doença instantaneamente e de qualquer pessoa em qualquer lugar, inclusive à distância,
esta observação precisa ficar clara, Deus pode fazer o que Ele quiser, usar qualquer
pessoa, mas não voltará a existir aqueles dons mencionados, que eram inerentes à
pessoa do seu possuidor.

2.4.2.5. Resumo

Os dons são benção de Deus servem para a edificação da igreja, por isso
quem tem um dom deve lembrar que a finalidade é servir; sobre os dons extraordinários,
sinais e maravilhas, tem o resumo a seguir, feito por Calvin Gardner:
Vasculhando cada instância no Novo Testamento a pratica dos dons extraordinários, teve-se
o cuidado de se ver quem operava-os. O seguinte estudo mostra a relação intima entre dons
extraordinários e os apóstolos. Não foram incluídos todos os versículos possíveis neste
estudo, pela limitação do espaço.
MILAGRES: Razão pelo qual foram feitos: mostrar aprovação de Deus (Jo 2:11; 3:2; At
2:2; 8:6; Hb 2:4), enganar (Mt 24:24); quem pode/fez: o Senhor Jesus (Jo 2:11; 3:2; 6:2),
Filipe (At 8:13), Barnabé e Paulo (At 15:12), Paulo (At 19:11), grande besta (Ap 13:14),
espíritos de demônios (Ap 16:14), falso Profeta (Ap 19:20).
SINAIS: Razão que foram feitos: mostrar aprovação de Deus (At 2:22; Hb 2:4), enganar
(Mt 24:24); quem procurava os sinais: geração má e adultera (Mt 12:39), fariseus para
tentar Jesus (Mt 16:1), os 12 discípulos em geral (Mt 24:3), os de pouca fé (Jo 4:48; 6:30),
os apóstolos (Pedro e João) (At 4:30), judeus (I Co 1:22); quem pode/fez: falsos profetas,
falsos cristos (Mt 24:24; II Ts 2:9), os que crerem (Mc 16:17), o Senhor Jesus (Jo 20:30),
apóstolos em geral (At 2:43; 5:12), o diácono Estevão (At 6:8), Filipe (At 8:13), Paulo e
Barnabé (At 14:3), Paulo (Rm 15:19; II Co 12:12), anjo (Ap 1:1).
CURAS: Quem pode/fez: Cristo (Mt 4:23; 8:7; 9:35 (Lc 4:18)), os 12 discípulos em geral
(Mt 10:1,8; Lc 9:2,6), Pedro e João (At 3:11), apóstolos em geral (At 5:16), Filipe (At 8:7),
Paulo (At 14:9,10; 28:8,9), a besta (Ap 13:12). CASTA DE DEMÔNIOS/ ESPÍRITOS:
Quem pode/fez: os falsos religiosos (Mt 7:22), os 12 discípulos em geral (Mt 10:8; Mc
3:15; 6:13; 16:17), Cristo (Mt 8:16; 12:24; Mc 1:34), apóstolos (At 5:16).
FALAR COM LÍNGUAS: Quem pode/fez: os 12 discípulos em geral (Mc 16:17); Atos
2:4,11, Cornélio (At 10:46), 12 discípulos de Éfeso (At 19:6).
PISAR OU PEGAR SERPENTES: Quem pode/fez: os 12 discípulos em geral (Mc 16:18;
Lc 10:19), Paulo (At 28:3-6). BEBER COISA MORTÍFERA: Quem pode: os 12 discípulos
(Mc 16:18). IMPOR AS MÃOS NOS DOENTES: Quem pode/fez: Cristo (Mc 6:5), os 12
discípulos em geral (Mc 16:18).
A PALAVRA DA FÉ: Quem pode/fez: Cristo (Jo 7:26), 12 discípulos em geral (Mt
10:26,27; At 4:31), Pedro e João (At 4:13,24), Paulo e Silas (At 16:25), Paulo (At 9:29;
19:8; I Ts 2:2; II Tm 1:7,8; 4:17), Paulo e Barnabé (At 13:46; 14:3), Apolo (At 18:26).
RESSUSCITAR OS MORTOS: Quem pode/fez: Jesus (Jo 5:21; 12:9), discípulos em geral
(Mt 10:8)
PALAVRA DA CIÊNCIA: Quem pode/fez: Paulo - de Cristo (At 17:1-3), da lei (Rm 7; Gl
3), de casamento, divorcio e do casamento novo (I Co 7).
MARAVILHAS: Quem pode/fez: a besta (Ap 13:13), satanás (II Ts 2:9), falsos religiosos
(Mt 7:22), falsos cristos, falso profetas (Mt 24:24; 13:22), Cristo (At 2:22), apóstolos em
geral (At 2:43; 5:12), Pedro e João (At 4:30), o diácono Estevão (At 6:8), Paulo e Barnabé
(At 14:3; 15:12), Paulo (Rm 15:19; II Co 12:12).
PROFECIAS: Quem pode/fez: falsos religiosos (Mt 7:22), Zacarias (Lc 1:67), sacerdote (Jo
11:51), ..., 12 discípulos de Éfeso (depois de ter as mãos de Paulo imposto sobre eles) - At

Página 121
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

19:6 , Ágabo (At 21:10,11), 2 testemunhas (Ap 11:3), João (Ap 10:11)... DISCERNIR
ESPÍRITOS: Pedro (At 5:3,9; 8:20), Paulo (At 13:9-11). SABEDORIA: os 12 discípulos
em geral (Mt 10:19,20, Estevão (At 6:8-10)144.

2.4.2.6. Reflexões

Esta sessão falou dos dons, que, no geral, serve para edificar a igreja,
como você tem edificado a igreja? Como tem empregado seus dons, talentos,
capacidades como um todo? O Mestre quer que Seus servos sejam frutíferos, seja
frutífero também, seja atuante na causa, na seara do Mestre.

2.5. Igreja

“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
(At 20:28).

̄ ” ela é uma composição de “ek”,


A palavra igreja traduz a grega “ekklesia
que significa para fora e “klesis”, que significa chamamento, então seu significado é
grupo de pessoas chamados para uma assembléia, reunião, este é o conceito de igreja,
essa palavra era corriqueira no tempo bíblico, por isso que ela foi usada e não explicada,
pois o sentido dela era comum a todos os ouvintes, por isso, notadamente não era uma
palavra exclusivamente cristã, era usada também no sentido comum e ai significa
reunião, assembléia, a igreja tem dois conceitos usados, o do templo e o do corpo de
Cristo, que são os crentes, deve ficar claro, na mente de cada um, que a igreja não é o
local de reunião dos crentes para adoração Deus, também chamado Casa de Deus (Mt
12:4; I Tm 3:15; Hb 10:21; I Pd 4:17), embora seja comum quando se fala em igreja
pensar no prédio, ela é sim o próprio crente, que com os demais crentes formam o corpo
de Cristo (Ef 1:23; Cl 1:24), portanto, a igreja é a reunião dos membros. Voltando ao
sentido da palavra grega, ela aparece 115 vezes, no Novo Testamento, sendo que em 5
vezes (At 7:38; 19:32,39,41; Hb 2:12) sequer significa igreja, no sentido que nós crentes
temos por habitual, e sim no sentido comum da palavra, naquela época, tanto que nem é
traduzido por igreja e sim ajuntamento, assembléia e congregação, por exemplo: “e, se
alguma outra coisa demandais, averiguar-se-á em legítima assembléia.” (At 19:39).
Restaram, portanto, 110 aparições da palavra, sendo que em 93 vezes ela
tem o sentido de igreja, que nós conhecemos, grupo local, visível reunindo em lugar
público (Mt 18:17; At 2:47; 5:11; 8:1,3; 9:31; 11:22,26; 12:1,5; 13:1; 14:23,27;
15:3,4,22,41; 16:5; 18:22; 20:17; 20:28; Rm 16:1,4,5,16,23; I Co 1:2; 4:17; 6:4; 7:17;
10:32; 11:16,18,22; 14:4,5,12,19,23,28,33,34,35; 16:1,19; II Co 1:1; 8:1,18,19,23,24;
11:8,28; 12:13; Gl 1:2,22; Fp 4:15; Cl 4:15,16; I Ts 1:1; 2:14; II Ts 1:1,4; I Tm 3:5,15;
5:16; Fm 1:2; Tg 5:14; III Jo 1:6,9,10; Ap 1:4,11,20; 2:1,7,8,11,12,17,18,23,29;
3:1,6,7,13,14,22; 22:16), 16 vezes representa a instituição igreja (Mt 16:18; I Co 12:28;
15:9; Gl 1:13; Ef 1:22; 3:10,21; 5:23,24,25,27,29,32; Fp 3:6; Cl 1:18,24) e uma vez a
totalidade da igreja (Hb 12:23), desta vez significa a totalidade da igreja, ou seja, todos
os membros de todas as igrejas locais, pois é usada uma palavra diferente, o verso diz
assim: “à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus,
e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados;” (Hb 12:23), o verso
̄
é claro, isso pelo uso da palavra, “a palavra assembléia geral é tradução de “paneguris ”,
“um festival que juntava todo o povo para celebrar os jogos públicos ou outras
144
Gardner, Calvin. Quem Operou os dons Extraordinários? Disponível no sítio eletrônico
http://www.palavraprudente.com.br/estudos/calvin_d/miscelania/cap38.htm acesso 12.07.08

Página 122
Deus quer o pentecostalismo?

solenidades” (sentido clássico), aqui se refere ao ajuntamento festivo dos anjos e dos
santos de Deus, vivos e mortos.145”:
̄
A universal assembléia… uma “paneguris ”, a palavra usada aqui, era uma pública e solene
assembléia dos gregos, tanto para seus jogos, festas, feiras ou para atos religiosos, e
significava uma larga coleção e convenção de homens, e, às vezes, o local onde se reuniam;
e é usada aqui, pelo apóstolo, para a igreja de Deus, consistindo de todos os Seus eleitos,
juntos judeus e gentios, e o encontro deles juntos, eles se encontram na infinita mente de
Deus, desde toda eternidade, e em Cristo, seu cabeça e representante, em todos os tempos, e
no último dia, quando eles serão reunidos, eles se encontraram pessoalmente, e será uma
festiva reunião, e será uma bem universal assembléia, maior que a dos judeus, nas suas
festas solenes...146

2.5.1. Eclesiologia carismática

O conceito de igreja, para os carismáticos, é um tanto dúbio, pois por ser


grande o movimento, há varias maneira de conceituar, abrange o da igreja local, mas o
mais comum mesmo é entender a igreja como universal, às vezes, até invisível, há
grandes denominações que passaram a ter culto online, sequer entendem que seja
necessário o agrupamento. Quanto à organização, as igrejas pentecostais têm sido
organizadas (fundadas) de várias maneiras, em regra, é por uma visão ou revelação de
seu líder e fundador, ou quando da divisão de outra denominação, daí se torna uma nova
denominação. Já em relação ao governo, da igreja pentecostal, tem sido de várias
maneiras também, em regra, é o chamado episcopal, ou seja, aquele onde há hierarquia
entre cargos da igreja, sendo que um responde a outro, o nome muda, mas o conceito é
o mesmo, o líder maior pode ser chamado de apóstolo, bispo, missionário, presbítero,
ancião e os demais líderes das igrejas, da mesma denominação, respondem a ele e,
quase sempre, lhe devem obediência. Outra importante característica é a da efetiva
participação feminina na liderança, inclusive exercendo os cargos de maior autoridade,
que para tal posição eles usam a argumentação que na igreja apostólica as mulheres
oravam, profetizavam (At 21:9), falavam em línguas, serviam (Rm 16:1),
evangelizavam, tanto quanto os homens, sendo que algumas tinham igrejas reunidas em
suas casas (At 12:12), Priscila, por exemplo, chegou a ensinar a Apolo o caminho de
Deus com mais exatidão (At 18:26) e a ocasião da emancipação feminina foi no dia de
Pentecostes, quando houve a abolição das distinções de sexo na igreja, pois ao dar às
mulheres o mesmo Espírito que aos homens, Deus mostrou que elas devem ser
admitidas aos mesmos níveis de serviço que eles.

2.5.2. Eclesiologia bíblica

“Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do
Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.” (I Tm 3:15).

A Bíblia fala que a igreja é: de Deus (I Tm 3:15), corpo de Cristo (Rm


12:5; I Co 12:27; Ef 1:23; 4:12; Cl 1:24; 2:19), fundada nEle mesmo (I Co 3:11; Ef
2:20; I Ts 1:1; I Pd 2:4,5), amada por Ele (Jo 10:8,11,12; Ef 5:25-32; Ap 3:9), Ele é a
Cabeça dela (Ef 1:22; 5:23), comprada com o sangue dEle (At 20:28; Ef 5:25; Hb 9:12),
santificada e limpa por Ele (I Co 6:11; Ef 5:26,27), sujeita a Ele (Rm 7:4; Ef 5:24), faz
conhecida a multiforme graça de Deus (Ef 3:10), Deus provê ministros a ela (Ef
4:11,12), glorifica a Deus (Ef 3:21), cresce continuamente (At 5:14; 11:24), unidade
145
Wuest, p. 469
146
Gill, p. 1260

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

(Rm 12:5; I Co 10:17; 12:12; Gl 3:28), edificada pela Palavra (I Co 14:4,13; Ef 4:15,16)
e perseguida (At 8:1-3; I Ts 2:14,15), além da lição do verso texto, que é coluna e
firmeza da verdade.

2.5.2.1. Organizações de igrejas

Não estamos falando da fundação da igreja, que foi feita pelo próprio
Mestre, em Seu ministério terreno, e sim na organização de novos trabalhos, em um
lugar que não existe, de lá passando a ser uma nova igreja e da sua organização
burocrática, administrativa.

2.5.2.1.1. Igualdade entre igrejas

(Jo 13:34,35; 15:17; Jo 17:21; At 4:32; Gl 5:6,22; Ef 4:2,3; I Ts 4:9; II Ts 1:3; Hb 13:1;
I Pd 1:22; 2:17; 3:8,9; II Pd 1:7; I Jo 2:9-11; Jo 3:10-18; 4:11,20,21; 5:1,2; I Pd 5:5).

“Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos
gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será
assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso
serviçal;” (Mt 20:25,26).

A Bíblia ensina que todos são iguais, pois Deus não faz acepção de
pessoas (Dt 10:17; Jó 34:19; At 10:34; Rm 2:11; Ef 6:9; Cl 3:25; I Pd 1:17), não é
mencionado nenhum crente como superior aos demais, visto ser todos iguais, sabedores
disso, nem mesmos os apóstolos quiseram a primazia entre os crentes, por isso, jamais
subjugaram os irmãos em Cristo, pois eles sabiam que nada mais eram que homens (At
l0:15,16; Rm 7:24), houve uma ocasião em que Pedro foi adorado, situação que ele
assim reagiu: “e aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e,
prostrando-se a seus pés o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu
também sou homem.” (At 10:25,26), isso deixa a lição que mesmo os líderes da igreja
são servos dela, o que significa estar a serviço dela, é o que está escrito em I Pd 5:1-4,
especificamente diz o verso 3: “nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas
servindo de exemplo ao rebanho”, portanto, o pastor, que é o anjo (líder) da igreja não
pode subjugar o rebanho: “não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque
somos cooperadores de vosso gozo; porque pela fé estais em pé.” (II Co 1:24), o motivo
de tudo isso é que a primazia na igreja pertence a Cristo: “e ele é a cabeça do corpo, da
igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
preeminência.” (Cl 1:18).
O trabalho dos lideres da igreja, inclusive o pastor, é justamente o
inverso, não é de subjugar as ovelhas, pelo contrário, deve servir, Deus espera isso do
pastor, tanto é que há um exemplo de como não fazer e com isso a repreensão divina:
“as fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a
desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas
com rigor e dureza.” (Ez 34:4), por isso, deve ter cuidado: “olhai, pois, por vós, e por
todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a
igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20:28), e também
porque cabe a cada crente considerar ao outro superior a si mesmo: “nada façais por
contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros
superiores a si mesmo.” (Fp 2:3), “porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a
Cristo Jesus, o SENHOR; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.” (II

Página 124
Deus quer o pentecostalismo?

Co 4:5). Há um exemplo de alguém querendo o primado da igreja, foi Diótrefes, dele é


dito: “tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não
nos recebe.” (III Jo 1:9), ele era um homem terrível, a continuação da passagem diz:
“por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós
palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que
querem recebê-los, e os lança fora da igreja.” (III Jo 1:10).
Os discípulos já tiveram esse problema, de um querer ser melhor que o
outro: “mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o
maior.” (Mc 9:34), o Mestre os repreendeu: “e ele, assentando-se, chamou os doze, e
disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de
todos.” (Mc 9:35), Ele mesmo, sobre o mesmo tema, ensinou que: “guardai-vos dos
escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as saudações nas praças, e
as principais cadeiras nas sinagogas, e os primeiros lugares nos banquetes;” (Lc
20:46), ao crente não convêm tal posição, pois é Cristo o Senhor, por isso: “é
necessário que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:30), além do mais, tal sentimento é o
inverso ao que havia no Mestre: “que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação
ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte, e morte de cruz.” (Fp 2:6-8).
Um mal, que descende do anterior, é hierarquia entre igrejas, o que não é
permitido pela Palavra de Deus, o Mestre estabeleceu que na igreja não haveria quem
fosse mandatária da outra, isso fica claro pelo fato da igreja ser local, independente e
autônoma (compare com os tópicos seguintes), um exemplo disso foi quando Ele Se
dirigiu às sete igrejas, em Apocalipse, Ele fala a cada igreja e Se dirige ao anjo (pastor)
de cada igreja, como visto Ele não fala pra igreja de Éfeso pela igreja de Esmirna, antes
cada igreja é chamada individualmente por Ele, tanto para elogio como para repreensão,
em outras palavras, nenhuma igreja responde por sua co-irmã, até porque a
responsabilidade é individual; ainda sobre este terrível mal, ou seja, o sistema
escalonado de igrejas, este sistema já foi proposto antes, e é chamado obra e doutrina
dos nicolaítas.
Quanto aos nicolaítas o Mestre disse: “tens, porém, isto: que odeias as
obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.” (Ap 2:6), “assim tens também os que
seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio.” (Ap 2:15), a composição da palavra
grega “nikolaites”̄ diz o seu significado, ela significa vitória sobre o povo ou os que
dominam o povo, abstrai-se por “nikos”, que significa vitória e “laos”, que é povo, esta
era a doutrina deles, a de domínio sobre o povo, daí Ele, de antemão, já alertava sobre o
sistema escalonado; de fato, a Bíblia fala pouco sobre os nicolaítas, daí alguns pensam o
nome nicolaítas ter outro significado, geralmente se propõe que é um novo grupo
seguidor da doutrina de Balaão, mas a própria passagem faz distinção entre os dois
grupos: “mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a
doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de
Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem.” (Ap 2:14).
Então esta passagem fala sobre:
Esta é a doutrina que Deus instituiu uma ordem ou “clero” ou sacerdotes, como distinção
aos “leigos”, a palavra é formada de duas palavras gregas, niko, conquistador ou dominador
e laos, o povo, o Novo Testamento não conhece nada sobre um “clérigo”, menos ainda de
sacerdotes, exceto como todos filhos de Deus nesta dispensação são “um sacerdócio real”.
Na igreja apostólica haviam dois oficiais: anciãos (ou bispos) e diáconos e os dons
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4:11), estes poderiam ser ou não os
pastores e diáconos, mas tarde no período apostólico emergiu uma disposição de atribuir
somente aos anciãos autoridade para administrar ordens e geralmente constituir a eles

Página 125
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

mesmo como classe entre Deus e o povo, eles foram os nicolaítas, você observará o que foi
feito em Éfeso ou depois do período apostólico, se tornou a “doutrina” dois séculos depois
em Pérgamo ou período de Constantino147.
Hoje a história vem se repetindo com igrejas tendo sistema escalonado de
governo, onde há submissão de uma a outra, nem todo o sistema pentecostal utiliza esta
forma de organização da igreja, como tendo uma sede e filiais, sendo que a sede
estabelece o que as demais seguirão, mas muitos assim o fazem, este sistema, de
governo, é contrário ao princípio bíblico de amar um ao próximo: “amai-vos
cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos
outros.” (Rm 12:10), “porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis
então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.’
(Gl 5:13), além do mais, é uma forma, que o Senhor Jesus odeia. Para deixar claro não
importa se uma igreja tem milhares de membros ou dezenas, elas são têm o mesmo grau
de importância, não importa se está situada em boa localidade da cidade ou mesmo tem
membros famosos, ricos ou até mesmo governantes ela não é melhor que a outra igreja
pobre e sem membros ricos ou influentes na sociedade, o princípio de igualdade, entre
as igrejas, sai do mesmo princípio de igualdade entre os membros, já que todos são
iguais as igrejas também o são.

2.5.2.2. Governo da igreja

A igreja do Novo Testamento é sempre uma igreja local, visível, como


falado acima, por exemplos, as igrejas de Antioquia (At 13:1), Ásia (I Co 16:19; Ap
1:4), Babilônia (I Pd 5:13), Cencréia (Rm 16:1), Cesaréia (At 18:22), Cilícia (At 15:41),
Corinto (I Co 1:2), Éfeso (Ef 1:22; Ap 2:1), Galácia (Gl 1:2), Galiléia (At 9:31),
Jerusalém (At 15:4), Jope (At 9:42), Judéia (At 9:31), Laodicéia (Ap 3:14), Pérgamo
(Ap 2:12), Filadélfia (Ap 3:7), Samaria (At 9:31), Sardes (Ap 3:1), Esmirna (Ap 2:8),
Síria (At 15:41), Tessalônica (I Ts 1:1), Tiatira (Ap 2:18). Por conseguinte, o governo
da igreja é local, ou seja, abrange tão somente os membros daquela igreja e não a outras
igrejas ou membros de outras igrejas locais, portanto, o governo da igreja:
É congregacional ou democrático. No mundo religioso há três formas principais do governo
das igrejas: episcopal, presbiteriano e batista, sendo a última congregacional ou
democrática, o modo do Novo Testamento, este tem sido um distintivo para os batistas
missionários, mesmo quando conhecidos por outros nomes ao longo dos séculos desde
Cristo. A sua maneira de governo ocasionou muita perseguição nos primeiros séculos. As
igrejas batistas não reconhecem a autoridade da igreja de Roma. Numa igreja que segue os
padrões do Novo Testamento todos os membros têm os mesmos privilégios. Não há ordens
entre os membros e nem entre os pastores. Qualquer membro de um igreja batista tem o
direito de fazer proposta e de votar148.
Em outras palavras, é a congregação, em assembléia, que tem a
autonomia e decide o que deseje fazer, geralmente envolve a as coisas de trato
espiritual, quanto material, este conceito é tirado das páginas da Escritura e é este o
sentido de assembléia (cf At 6:1-6; 13:1-3; 15:22,23; I Co 5:3-6 (cf II Co 2:6-8); 16:3
(cf II Co 8:19,23)):
Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo
e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós
perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a
multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e
Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os
apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. (At 6:3-6).

147
Scofield, p. 1495
148
Burgess, p. 21

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Deus quer o pentecostalismo?

É de se observar as palavras dos versos: escolhei... constituamos... toda a


multidão... e elegeram... e os apresentaram, deixando claro a decisão congregacional, a
decisão da assembléia, votação que geralmente é pelo levantar da mão (At 14:23; II Co
8:1), e versa sobre, o envio de missionários (At 13:3,4; 14:26), receber delegados (At
15:4; 18:27), tomar decisões (At 15:22,23,28), disciplinar membros (I Co 5:3-6 cf II Co
2:6-8), envio de delegado, que possivelmente para pedir ajuda (II Co 8:16,19,24):
Todas as questões devem ser decididas por uma maioria de votos da igreja. A minoria, se
houver uma, deve anuir a decisão da maioria. Muitas vezes este padrão não é seguido e
resulta em confusão e divisão. No caso do incestuoso da igreja de Corinto, a decisão foi
tomada pela maioria. Veja I Co 5:1-5; II Co 2:1-8. A decisão de uma igreja é final. Ela é ao
mesmo tempo o tribunal primário e supremo no que lhe compete. Contudo, quando tem um
assunto muito difícil de resolver é costume convocar um concílio, geralmente formado por
pastores e diáconos, para estudar o caso. Porém o concílio só pode opinar, não pode impor
sua opinião, o que, depois de tudo, compete à igreja local149.
Também o é independente, ou seja, uma igreja é independente da
outra, pelas mesmas razões já mencionadas no poder de direção, que tem; ficou
claro que o governo da igreja é independente:
Desde de que a igreja local tem a palavra final, é muito importante que ela decida bem
todas as questões que cheguem diante dela. É muito importante que ela siga as regras das
Escrituras. A igreja chama seus próprios pastores e consagra seus próprios diáconos. Ela
exerce sua própria disciplina e regula sua ordem de culto. Sendo ela independente é uma
unidade autônoma, não depende de nenhum outro corpo semelhante e nem de nenhum
outro corpo autoritativo. Ela não é membro de um corpo geral, territorial ou regional e não
está sujeita a quaisquer imposições ditatoriais de qualquer espécie150.

2.5.2.3. Oficiais bíblicos

“Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão
em Filipos, com os bispos e diáconos:” (Fp 1:1).

No verso acima estão elencados os dois oficiais da igreja, o bispo e o


diácono, somente eles dois, apóstolos já não existe mais (cf 2.4.2.2.1. Apóstolos), se
alguém aparecer querendo ser apóstolo será achado mentiroso: “conheço as tuas obras,
e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova
os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.” (Ap 2:2). Para
começo do estudo, observemos uma condição para ser oficial da igreja, inicialmente já
sabemos que para compor a igreja precisa ser crente e batizado, para ser oficial da igreja
precisa ser homem e ancião, o termo ancião é o que veremos agora, é a tradução da
palavra grega “presbuteros”, que significa varão (homem) maduro, este é um termo
comum usado no Novo Testamento, para pessoa de mais idade, o que naturalmente já
são experimentadas, maduras, no tocante ao espiritual, só os anciãos podem ser oficiais
da igreja, agora já não há relação com a idade e sim com a espiritualidade, ser maduro
espiritualmente, critério esse que deveria ser usado não somente para os oficiais, mas
para todos os cargos da igreja.
Agora é necessário abordar um tema, melhor dizendo, os termos pastor,
presbítero, bispo e ancião, o termo pastor está relacionado com o trabalho de apascentar,
que inclui defender, sarar e a alimentar as ovelhas, a palavra grega é “poimen ̄ ”, que
significa “aquele que apascenta, pastor Mt 9:36; 25:32; 26:31; Mc 6:34; 14:27; Lc
2:8,15,18,20; Jo 10:2; 10:11,12,14,16; Ef 4:11; Hb 13:20; I Pd 2:25151.”, já o termo
149
Burgess, p. 21
150
Burgess, p. 21
151
Tuggy, p. 312

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

bispo está relacionado ao trabalho de supervisionar, cuidar, zelar, fazer funcionar bem
toda a igreja, a palavra grega é “episkopos”, que significa “supervisor, guardião, bispo:
At 20:28; Fp 1:1; I Tm 3:2; Tt 1:7; I Pd 2:25.152” e “denota a função oficial dos anciãos,
mas não no sentido eclesiástico posterior de bispo como implicando em ordem distinta
de presbíteros e pastores, os dois termos são sinônimos, o ancião, em virtude de sua
função é bispo153”, restam os terceiro e quarto nomes, ancião e presbítero, que são
nomes equivalentes, a palavra grega é a mesma “presbuteros”, o nome ancião já diz
tudo está relacionado a alguém maduro, experimentado:
Comparativo de presbus (de idade avançada); TDNT - 6:651,931; adj, 1) ancião, de idade,
1a) líder de dois povos, 1b) avançado na vida, ancião, sênior, 1b1) antepassado, 2)
designativo de posto ou ofício, 2a) entre os judeus, 2a1) membros do grande concílio ou
sinédrio (porque no tempos antigos os líderes do povo, juízes, etc., eram selecionados
dentre os anciãos), 2a2) daqueles que em diferentes cidades gerenciavam os negócios
públicos e administravam a justiça, 2b) entre os cristãos, aqueles que presidiam as
assembléias (ou igrejas). O NT usa o termo bispo, ancião e presbítero de modo permutável,
2c) os vinte e quatro membros do Sinédrio ou corte celestial assentados em tronos ao redor
do trono de Deus154.
Como dito os termos designam o trabalho, mas esses trabalhos são
realizados pelas mesmas pessoas, basta comparar as Escrituras, o mesmo grupo de
pessoas é chamado de anciãos (presbíteros): “e de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os
anciãos da igreja.” (At 20:17) e de bispos: “olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho
sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus,
que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20:28), esta passagem trata do apóstolo
mandar chamar os presbíteros e lhe dar instrução, ao lhes instruir lhes chamam de
bispos; outra passagem, que acontece coisa similar é: “por esta causa te deixei em
Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em
cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei:” (Tt 1:5), na continuação, os
mesmos presbíteros são chamados de bispos: “porque convém que o bispo seja
irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem
dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;” (Tt 1:7), então
restou claro que bispo e presbítero são termos intercambiáveis, trata do trabalhos da
mesma pessoa, mesmo coisa acontece com pastor e bispo, o Mestre é assim chamado:
“porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo
das vossas almas.” (I Pd 2:25) e numa passagem anterior o trabalho de pastor é falado
como o do bispo: “olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo
vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu
próprio sangue.” (At 20:28), quem apascenta é pastor: “e ele disse: Eis que ainda é
pleno dia, não é tempo de ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide apascentá-
las.” (Gn 29:7), “tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?
Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.”
(Jo 21:16), “apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não
por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;” (I Pd
5:2):
No Novo Testamento bispo (epískopos) e ancião (presbúteros) são dois nomes para o
mesmo oficial, que implica a função oficial de episcopado ou presbiterado existente do
tempo do Novo Testamento (veja At 20:17,28), bispos e anciãos nunca são mencionados
juntos, em contraste com bispos e diáconos, que são classe separadas de oficiais... I
Timóteo se refere aos bispos e diáconos (I Tm 3:2,8), dá a qualificação de ambos, e não faz
menção alguma a ancião, de igual forma, I Tm 5:17 expressamente se refere a eles
indicando certamente foram os anciãos de Éfeso (que estavam lá, de acordo com At 20:17,
152
Tuggy, p. 249
153
Vincent, p. 438
154
Strong, p. 1616

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Deus quer o pentecostalismo?

fazia algum tempo). Em Tt 1:5, nós temos presbíteros, mas Paulo continua descrevendo as
características de um presbítero por se referir ao do bispo (Tt 1:7), e ambos de I Pd 5:2, têm
as mesmas funções pastorais dos anciãos de At 20:17 (cf At 20:28, quando eles são
chamados de bispos), de modo similar, em Tt 1:5, os presbíteros são usados como sinônimo
de bispos tendo os mesmo deveres pastorais de pregar (Tt 1:9). É evidente que as mesmas
pessoas são chamadas de bispo e anciãos [presbíteros] (At 20:17,28; Tt 1:5,7); como temos
observado, presbítero denota a dignidade do ofício e bispo (ou supervisor) denota os
deveres e autoridade do ofício155.
Os oficiais da igreja devem ser examinados pela igreja, que oficiarão, já
que a igreja é local e assim é o que estabelece a Palavra: “e, havendo-lhes, por comum
consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao
Senhor em quem haviam crido.” (At 14:23), examinados para ver se os requisitos
bíblicos estão preenchidos para o devido ofício, ou de pastor ou diácono, eleitos:
“escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6:3),
a palavra escolher traduz a grega “episkeptomai”, que indica cuidadosa e diligentemente
olhada, examinai, inspecionai para escolher, selecionai, daí fica claro que a escolha dos
oficiais deve ser com devido cuidado bíblico, por fim impor-lhe as mãos, indicando
assim pleno aval: “a ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos
pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro.” (I Tm 5:22).

2.5.2.3.1. Pastor

“Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não
soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe
ganância;” (Tt 1:7).

A função de pastor não é fácil, é um duro cargo a ser exercido por os


escolhidos de Deus, por ser o cargo de direção, da igreja, tem uma dura seleção para ser
pastor, a Bíblia impõe várias condições para alguém exercer o ministério pastoral, os
requisitos prévios, que um aspirante ao ministério deve ter estão são os seguintes:
Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém,
pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto,
hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe
ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria
casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém não sabe
governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); não neófito, para que,
ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom
testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. (I Tm
3:1-7).
Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda
restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: aquele que for
irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados
de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como
despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem,
moderado, justo, santo, temperante; retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina,
para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os
contradizentes. (Tt 1:5-9).
Como visto, várias são as condições, mas vale lembrar que existem
outras condições, que logo serão vistas; comparando as duas passagens, as condições as
seguintes, que o candidato precisa ser (ou ter): 1) irrepreensível, deixando claro que o

155
Zodhiates, p. 486

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

candidato não pode ter nele nada que possa ser censurado, reprovado (I Tm 5:7; 6:14),
em especial, como despenseiro da casa de Deus (cf Tt 1:6), 2) marido de uma mulher,
deixando claro da necessidade de ser casado, além de ser casado com um casamento
válido, ser o primeiro dele quanto o primeiro da esposa, ou segundo de algum desde que
sejam viúvos, pois a esposa dele também tem de preencher alguns requisitos (item 17 a
20), 3) vigilante, 4) sóbrio, que é temperante (Tt 1:8), 5) honesto, justo (cf Tt 1:8), 6)
hospitaleiro, 7) apto para ensinar; 8) não dado ao vinho, 9) não espancador, 10) não
cobiçoso de torpe ganância, 11) moderado, 12) não contencioso, 13) não avarento; 14)
que governe bem a sua própria casa, esta expressão bíblica é explicada, o bom governo
da casa envolve tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque, se alguém
não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?), ou seja, a
condição é que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem sejam
desobedientes; 15) não neófito, isto é, novo crente, para que ensoberbecendo-se, não
caia na condenação do diabo, convém também que tenha 16) bom testemunho dos que
estão de fora, em outras palavras, os incrédulos, para que não caia em afronta, e no laço
do diabo.
As demais condições se encontram no verso 11, que diz: “da mesma
sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo.” (I Tm 3:11),
o verso se refere as esposas dos oficiais da igreja, tanto a do pastor quanto a do diácono,
pois assim diz o verso anterior: “e também estes sejam primeiro provados, depois
sirvam, se forem irrepreensíveis.” (I Tm 3:10), estes do verso são os diáconos, daí
alguns podem entender que este verso não se refere a esposa do pastor e sim a do
diácono, mas ocorre que o pastor é o cargo de maior liderança, daí a Bíblia colocaria
condições adicionais para ser diácono, ofício auxiliar e não ao ministério, segundo, a
Palavra também exige dele que seja casado, daí seria mais inteligente entender esta
como qualificações da esposa dele, como da do diácono, então as qualificações são das
esposas dos oficiais, que precisam ser: 17) honestas, 18) não maldizentes, 19) sóbrias e
20) fiéis em tudo; agora voltando à pessoa do candidato, precisa ser (fazer) 21) não
soberbo, 22) nem iracundo, 23) amigo do bem, 24) santo, 25) reter firme a fiel palavra,
que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã
doutrina, como para convencer os contradizentes. Em linhas gerais o pastor precisa ser
uma pessoa irrepreensível, isso em todos os aspectos da vida, ser casado, viver numa
família estruturada, que envolve filhos em obediência a ele e esposa submissa e fiel, daí
a família é bem governada por ele, ser maduro, ser uma pessoa dedicada a conhecer
melhor ao Senhor Jesus e com isso ter a capacidade de cada vez melhor falar dEle, e de
servi-Lo cada vez mais e melhor.
As qualificações postas acabam criando outra condição indispensável
para ser pastor, a qualificação é ser homem, a mulher não pode ser ordenada ao
ministério, pois a Bíblia exige que assim o seja, usa a palavra “aner”, em adição a isso,
os termos seguintes, no original são masculinos: bispo, irrepreensível, marido (não diz
esposa e sim marido), sóbrio, vigilante, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não
dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não
contencioso, não avarento, que governe bem sua própria casa, não neófito; resta claro
que é necessário ser homem para cumprir as condições bíblicas. A palavra grega “aner”
significa:
A) homem, esposo, em contrate com mulher: Mt 1:16,19; 14:21; 15:38; Mc 6:44; 10:2,12;
Lc 1:34; 2:36; 9:14; Jo 1:13; 4:16-18; At 4:4; 5:9,10; 8:3,12; Rm 7:2,3; I Co 7:2-
4,10,11,13,14; 11:3,4,7-9; Gl 4:27; Ef 5:22-25,28; Cl 3:18,19; I Tm 3:2,12; 5:9; Tt 1:6; 2:5;
I Pd 3:1,5,7. B) homem, em contrate com garoto: I Co 13:11; Ef 4:13,14; Tg 3:2. C) no
plural, em tratamento formal, cavalheiros, senhores, varões: At 7:2; 14:15; 15:7,13; 19:25;
23:1,6; 27:10,21,25; 28:17. D) homem, varão, usado com adjetivo ou outras palavras que

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Deus quer o pentecostalismo?

fazem ressaltar alguma característica de tal homem: Mt 7:24,26; 14:35; Mc 6:20; Lc 5:8,12;
19:7; 23:50; At 6:5; 8:2; 11:24; 13:7; 17:5; 18:24; 22:12; Tg 1:8. E) homem, varão, com
palavras indicando sua origem nacional ou de lugar: At 1:11; 2:14,22; 5:35; 8:27; 10:28;
11:20; 13:16; 16:9; 17:22; 19:35; 21:28. F) um homem, certo homem: Lc 5:18; 8:27; 9:38;
19:2; Jo 1:30; At 6:11; 10:1; Rm 4:8; Tg 1:12156.

2.5.2.3.2. Diácono

“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6:3).

A principal função do diácono é servir, o significado da palavra é servo,


daí diácono nada mais é que um servo da igreja, a palavra nem sempre é usada no
sentido técnico, por isso, às vezes, alguns querem confundir (cf 2.5.2.6.3.5. I Timóteo
3:11), os diáconos foram instituídos para tratar das coisas materiais diminuindo assim o
trabalho do pastor, que ficaria mais voltado ao trato espiritual:
Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos
contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os
doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a
palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de
boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este
importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este
parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito
Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de
Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
(At 6:1-6).
Mas por tratar das coisas materiais, nem por isso eles deixaram de ser
homens frutíferos, temos dois exemplos o de Estevão:
E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. E
levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos
alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. E não
podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava. (At 6:8-10).
O outro é Filipe, que pregou em Samaria e em outros lugares, narrados
em Atos 8 e décadas depois ainda estava ativo: “e no dia seguinte, partindo dali Paulo,
e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o
evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.” (At 21:8), como visto então o
diácono é para servir:
... Diakonos vem de uma palavra composta grega, que significa 'fazer a poeira subir'. ... A
imagem [é] de alguém que está se movendo tão rapidamente ... para cumprir suas
obrigações, que seus pés, quando ele passa, fazem a poeira levantar e rodopiar. Havia tanto
para os diáconos fazerem que eles não podiam parar, nem conversar besteira, nem demorar-
se. Eles ocupavam-se de seus ministérios com tal diligência que levantavam a poeira;
assim, aqueles chamados a este ministério eram chamados “aqueles que fazem a poeira
rodopiar”, isto é, diáconos157.
Para ser diácono existem algumas qualificações: “escolhei, pois, irmãos,
dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos
quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6:3):
Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho,
não cobiçosos de torpe ganância; guardando o mistério da fé numa consciência pura. E
também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis. Da mesma
sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo. Os diáconos
sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.

156
Tuggy, p. 20
157
Pentecost, J. Dwight. The Joy of Living. Zondervan Publishing House, 1973, p. 114

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita
confiança na fé que há em Cristo Jesus. (I Tm 3:8-13).
As qualificações são: 1) ser homem, homem aqui é justamente para
distinguir de mulher e criança, é aquela palavra “aner”:
Aner (ανηρ ̓ G435) significa especificamente um varão, na se emprega nunca do sexo
feminino, se traduz “varão” em passagens como Mc 6:20; Lc 1:27,34; 8:41; 9:30,32; 19:2;
23:50, etc.,...
Aner (ανηῤ G435) não se usa nunca para o sexo feminino, se usa a) em distinção de mulher
(At 8:12; I Tm 2:12), como marido (Mt 1:16; Jo 4:16; Rm 7:2; Tt 1:6), b) em contraste com
garotos ou um menino (I Co 13:11), metaforicamente (Ef 4:13), c) junto a um adjetivo ou
nome (por exemplo, Lc 5:8, literalmente “um varão, um pecador”; 24:19, literalmente “um
varão, um profeta”; frequentemente como termo para dirigir a palavra (por exemplo, At
1:16; 13:15,26; 15:7,13, literalmente “varões, irmãos”); com nome gentílico ou de local,
virtualmente um título de honra (por exemplo, At 2:14; 22:3 “varões atenienses”; 19:35,
literalmente “varões efésios”); em At 14:15 se usa para se dirigir a uma companhia de
homens, sem nenhum termo descritivo, sem embargo, neste versículo há distinção entre
aner e anthropos (2ª parte) é de notar a utilização do último termo é o expressado abaixo
letras d) e e), d) em geral um homem, uma pessoa do sexo masculino (por exemplo, Lc
8:41), no plural (At 6:11). Notas 1) arren ou arsen, é traduzido “homens” em Rm 1:27, três
vezes, 2) deina (Mt 26:18), denota um certo alguém, a quem não se pode ou não se quer
nominar, se traduz “um certo homem”.
̓
Aner (ανηρ G435) denota, em geral, homem, varão adulto em contraste com anthropos, que
denota genericamente um ser humano, varão ou mulher, se usa do adulto varão em várias
relações, sendo que o significado é decidido pelo contexto; significa marido (por exemplo,
Mt 1:16,19; Mc 10:12; Lc 2:36; 16:18; Jo 4:16-18; Rm 7:23158.
Continuando as qualificações, 2) ter boa reputação, conseqüentemente
não pode ser mal afamado, 3) ser cheio do Espírito Santo, 4) ser cheio de sabedoria, até
para administrar os bens materiais, 5) ser honesto, já que tratará com coisas materiais e
auxiliará diretamente ao pastor, 6) não de língua dobre, ter uma só palavra o sim dele é
sim e o não dele é não (cf II Co 1:17-20; Tg 5:12), 7) não dado a muito vinho, 8) não
cobiçoso de torpe ganância, 9) guardador do mistério da fé, 10) ter uma consciência
pura, 11) ser primeiro provado, 12) irrepreensível, ter uma esposa 13) honesta, 14) não
maldizente, 15) sóbria e 16) fiel em tudo, ele ainda precisa 17) ser marido de uma só
mulher, conseqüentemente casado e estar em um casamento válido e 18) governar bem
a seus filhos e sua própria casa; mesmo sendo um ofício que basicamente constitui em
servir deve ser almejado pelos crentes: “porque os que servirem bem como diáconos,
adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.” (I
Tm 3:13):
Feliz é a igreja que só tem diáconos escolhidos de acordo com a direção do Espírito Santo.
Infeliz é a igreja cujos diáconos não são assim escolhidos. Os diáconos devem cuidar
primariamente dos negócios materiais da igreja e não tem responsabilidade pelo púlpito ou
a liderança da igreja. Eles são servos da igreja, não os patrões159.

2.5.2.4. Participação feminina

“Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah, povo
meu! Os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas.” (Is 3:12).

A mulher pode e deve ajudar nos trabalhos eclesiásticos, é necessário o


empenho de cada membro da igreja nas tarefas da igreja, tanto de lutar pela fé quanto de
pregar o evangelho, mas na direção da igreja, que, portanto, envolve liderança,

158
Vine, p. 12
159
Burgess, p. 25

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Deus quer o pentecostalismo?

autoridade sobre homens, mulheres e crianças, isto é, um público misto, neste caso a
Bíblia restringe a atuação feminina e é justamente isso que veremos.

2.5.2.4.1. Limitações bíblicas

A Bíblia seriamente impõe restrições à mulher no culto e na igreja de


Deus, restrições que hoje muitas irmãs não querem entender ou admitir que valem para
elas hoje, também não é incomum achar crentes que entendam que as mulheres não
deveriam sofrer limitações, mas o grande detalhe é que quem pensa assim está em rota
de colisão com a Bíblia, pois ela, ou seja, o próprio Deus, o Autor da Bíblia, impõe.
Antes de prosseguirmos, façamos o conceito de limitação bíblica feminina, para depois
demonstrar, à luz da Bíblia, a razão delas, a mulher, na igreja, não pode ter autoridade
bíblica sobre homem, ou seja, não pode ensinar, nem pregar a ele, isso enquanto na
igreja, nem sequer orar pela congregação havendo um homem, as razões serão
mostradas a seguir.
Podemos ver de várias maneiras, mas olhemos pelo aspecto cronológico,
Deus criou o homem, depois criou a mulher, para quê, e quem, Deus a criou? O Senhor
a criou para o homem e o objetivo foi para que ela o ajudasse, isso está claro na Palavra,
o homem estava só, daí Deus disse: “e Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos
céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora
idônea.” (Gn 2:20), “e disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-
lhe-ei uma ajudadora idônea para ele.” (Gn 2:18), a Escritura complementa: “porque
primeiro foi formado Adão, depois Eva.” (I Tm 2:13), “porque o homem não provém da
mulher, mas a mulher do homem.” (I Co 11:8), observe, o próprio Deus disse que faria
uma ajudadora idônea para ele (Adão), a Bíblia ainda sustenta que a mulher provêm do
homem, pois veio da costela dele, deixando claro o objetivo para a qual a mulher foi
criada.
Alguém pode se perguntar qual a relevância disso, a resposta é muita,
Deus tinha poder parar criar simultaneamente o homem e a mulher, mas preferiu criar o
homem primeiro e só depois criar a mulher, da costela do homem: “e da costela que o
SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.” (Gn 2:22), e
isso tem muito a dizer, a cada um de nós, em especial, uma verdade posta de lado:
“porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa
do homem.” (I Co 11:9), com este verso o objetivo da criação da mulher é declarado, e
estabelecido, na Palavra, se alguém quiser brigar, ou entender isso um erro, então terá
de falar que o próprio Espírito Santo está errado. A primeira mulher se chamava Eva,
veio justamente de Deus ver que o homem precisava de uma ajudadora idônea,
expressão, que em hebraico é “‛ezer ̂ ”, que foi traduzida por ajudadora, significa
ajudante, auxiliadora, quem está por perto (Gn 2:18,20) do homem, ajudar é a razão
básica de a mulher existir, Deus a criou para que fosse idônea, ou seja, tivesse
possibilidades plenas de ajudar ao homem, por isso, que quando o Senhor a criou falou
que faria uma ajudadora idônea, ajudar é o cerne da função feminina.
Ainda no conceito da ajuda, significa quem está ao lado para ajudar, ao
lado, não à frente, à mulher foi vedada a direção desde a criação, e sim dada ao homem,
foi assim que Deus fez, ele deu ao homem: “e tomou o SENHOR Deus o homem, e o
pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.” (Gn 2:15), guardar era também a
tarefa dele. Antes da queda, ou seja, ainda no paraíso, Deus falava diariamente com a
humanidade, que na época correspondia a duas pessoas, Adão e Eva, mas Ele sempre
falava com Adão e não com Eva, Ele procurava por Adão: “e ouviram a voz do
SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o


SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?” (Gn 3:8,9), a quem foi o chamado do
SENHOR? A resposta é chamou o SENHOR Deus a Adão; só em uma ocasião, que o
Senhor falou diretamente a Eva, isso é facilmente explicado pelo fato de ser Adão a
cabeça de Eva (sua esposa) e de Deus sempre estabelecer a liderança masculina.
A ocasião que Ele falou à Eva foi quando Ele impôs o castigo a ela: “e à
mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à
luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” (Gn 3:16),
curiosamente estão duas palavras, que requerem atenção ao leitor, a primeira é desejo, a
segunda é dominará, que desejo é esse? O desejo dela de ser a líder, de poder fazer as
coisas sem esperar a decisão do homem, Deus assim estabelece que o desejo dela será
para o marido dela, que deve dominá-la. Basicamente, o Senhor, em todos os castigos,
que deu à humanidade, só aumentou o que já existia, aumentou o esforço físico exigido
para o trabalho, aumentou a dor feminina no parto e aumentou a submissão feminina ao
esposo e por ela usurpar o lugar indevido a ela, ou seja, o se autoridade lhe foi
aumentada ainda mais o seu dever de submissão, evidentemente que cada aumento,
dado por Ele, implica em penalidades aos humanos.
Para o homem, Deus corrige no mesmo sentido, Ele fala: “e a Adão
disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te
ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor
comerás dela todos os dias da tua vida.” (Gn 3:17), observe a frase deste ouvidos à voz
de tua mulher, no caso ter ouvido e obedecido, mudado a ordem estabelecida, sair da
ordem de Deus é estar fraco e sujeito a queda, isso tanto faz ter sido ontem, hoje ou
amanhã, sair do que Deus falou, que era para fazer, é queda certeira. Continuando com
as limitações tem uma passagem importante a analisar:
Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da
mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça
coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça
descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a
mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente
tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque
é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não
provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por
causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve ter sobre a
cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos. (I Co 11:3-11).
Observando o Texto, aprendemos que o homem é a cabeça da mulher,
esta é uma lição ignorada, mas é fato, o homem é a cabeça da mulher, como Cristo O é
do homem e como o Pai é de Cristo, se este ensinamento fosse aplicado cessariam quase
todos os problemas neste assunto, sobre as limitações femininas, a Palavra ainda diz que
a mulher é a glória do homem enquanto o homem é a imagem e glória de Deus, motivo
que o homem não deve ter a cabeça coberta, mas a mulher sim, deve fazê-lo, enquanto
ora ou profetiza, estas duas palavras, quanto à mulher orar e profetizar, serão tratadas
adiante, alguns têm discutido se é correto as mulheres usarem o véu hoje, as crentes
quando fossem ao culto, na igreja, a resposta é que embora o véu seja o símbolo físico
da submissão feminina, o que ela deve se ornamentar sempre, ou seja, com a submissão,
não será necessário usar o véu por duas razões dadas no mesmo capítulo, que será
proveitoso ser lido por completo, primeira, porque ter cabelo comprido é em lugar do
véu: “mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em
lugar de véu.” (I Co 11:15), ou seja, se já tem cabelo comprido será desnecessário usar
o véu, pois aquele é em lugar deste, a preposição “anti”, ou seja no lugar, é a mesma
preposição de substituição, usada, por exemplo, no sacrifício de Cristo pelo crente, daí o
crente não precisa morrer, já que Ele morreu em seu lugar; segunda, pelo fato do uso do

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Deus quer o pentecostalismo?

véu ser um costume, isso está escrito: “mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não
temos tal costume, nem as igrejas de Deus.” (I Co 11:16), costume passa de tempos em
tempos e vai de sociedade em sociedade, mesmo numa sociedade costumes são trocados
por outros e eles não representam ensino que outra sociedade deva seguir.
Continuando a Escritura diz:
As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas
estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa,
interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem
na igreja. (I Co 14:34,35).
Estes versos podem ser duros, mas é o que a Bíblia diz, daí fica clara a
limitação feminina; antes de continuar a leitura, destes dois versos, observe que eles
aparentemente se chocam com o que foi dito no capítulo 11, no qual a mulher que ora
ou profetiza deveria usar o véu, (para esta aparente contradição cf 2.5.2.6.2.11. As
mulheres profetisas em Corinto). Voltando à leitura dos dois versos, tem a ordem de
estar sujeita, novamente aparece esta expressão, que é importante para a mulher, estar
sujeita. Este mandamento é para ser cumprido hoje e enquanto houver a igreja de Cristo,
pois este mandamento é para todas as igrejas, no capítulo 14 de I Co, onde têm os
versos 34 e 35, que ordenam o silêncio feminino, o verso 33 diz: “porque Deus não é
Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” (I Co 14:33), no
início da epístola, o verso 2, diz: “à igreja de Deus que está em Corinto, aos
santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar
invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:” (I Co 1:2), o que
deve ressaltar, nestes dois versos, são as expressões: como em todas as igrejas dos
santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, ainda a Palavra continua dizendo: “que guardes este mandamento sem mácula e
repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo;” (I Tm 6:14).
A mulher usurpar a autoridade do homem não é novo, já aconteceu, na
Bíblia, ocasião em que o Senhor Jesus falou:
Mas tenho contra ti que toleras Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar e enganar os
meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria. E dei-lhe tempo
para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa
cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das
suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que
sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras. (Ap 2:20-
23).
Esta passagem é importante para demonstrar o que o Senhor Jesus tem a
falar sobre mulher na direção, Ele falou que não tolera a doutrina de Jezabel, o
importante é definir que doutrina é essa, para começo, façamos uma retrospectiva sobre
Jezabel, ela foi uma mulher terrível, perseguia os profetas de Deus (I Rs 18:4,13,19; II
Rs 3:2,13; 9:7,22), promovia a idolatria (I Rs 18:19), era assassina (I Rs 21:5-13),
incitava ao marido para o mal (I Rs 21:25), a filha dela, Atalia, seguiu o exemplo da
mãe e foi ímpia o quanto pôde ser (II Rs 8:26; 11:1,16; II Cr 23:21), sendo que em II Cr
ela é chamada novamente de ímpia, diz a Palavra: “porque, sendo Atalia ímpia, seus
filhos arruinaram a casa de Deus, e até todas as coisas sagradas da casa do SENHOR
empregaram em Baalins.” (II Cr 24:7). Voltando a Jezabel, ela é o tipo do pior caráter
bíblico, naturalmente é dela ensinar, com isso ter autoridade sobre o homem, o verso diz
ensinar e enganar, além de usar o engano para ensinar, ela ensinava com engano, usava
o engano para ensinar, pois a mulher não tem autoridade bíblica para ensinar a homens
adultos, a não ser que use de engano, torça a Bíblia, além disso, usava este ensino para
introduzir heresias, e é infelizmente este ensino que vem se popularizando cada vez
mais, cada vez mais as mulheres vem querendo usurpar o lugar do homem.

Página 135
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

É importante ainda dizer que têm mais passagens, mas que serão
estudadas mais adiante, nos tópicos seguintes, para concluir as limitações, tem o verso,
que diz: “e Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão.” (I Tm 2:14), a mulher foi enganada, pelo inimigo, e caiu, o homem
preferiu cair junto com ela, mas ele não foi enganado, sabia exatamente o que estava
fazendo e tinha consciência dos efeitos da ação dele. É importante salientar uma lição
importantíssima: “todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem,
no Senhor.” (I Co 11:11), apesar das diferenças, de funções, diante de Deus nem o
homem é melhor que a mulher, nem o inverso, Cristo morreu para salvar tanto homem,
quanto mulher, o fato da mulher não ter a direção não lhe faz jamais inferior ao homem,
por várias razões, primeira, como falado, não se trata de valor e sim de função, por
exemplo, no ônibus tem o motorista e o cobrador, qual a função é melhor? A resposta é
nenhuma, tanto é necessária uma quanto a outra, o motorista para dirigir e levar os
passageiros ao destino, como o cobrador para receber, senão a empresa vai à falência,
segunda, quem dirige é servo do dirigido, pois deve fazer a direção em benefício do
dirigido.
Terceira, a função, com suas prerrogativas de realizar algo no serviço de
Deus, não faz as outras menores, por exemplo, vemos no Velho Testamento, que entre
12 tribos Deus escolheu somente uma para oficiar como sacerdotes, que era a tribo de
Levi, se um rubenita, quisesse ser sacerdote não poderia ser, mas isso não o fazia menos
importante que um levita, mas Deus escolheu somente os levitas, só a eles era permitido
o ofício sacerdotal, como a tribo de Judá passou a ser a da realeza, as demais não eram e
nem por isso eram menores, pelo contrário, somente se refere à função, isso é tão
curioso, que Deus, em Sua imensa sabedoria, sempre soube contrabalancear, por
exemplo, não haveria nenhuma levita milionário, pois não tinha direito a herança, vivia
de parte da oferta: “porém não desampararás o levita que está dentro das tuas portas;
pois não tem parte nem herança contigo.” (Dt 14:27), “os sacerdotes levitas, toda a
tribo de Levi, não terão parte nem herança com Israel; das ofertas queimadas do
SENHOR e da sua herança comerão.” (Dt 18:1), “porquanto os levitas não têm parte
no meio de vós, porque o sacerdócio do SENHOR é a sua parte; e Gade, e Rúben, e a
meia tribo de Manassés, receberam a sua herança além do Jordão para o oriente, a
qual lhes deu Moisés, o servo do SENHOR.” (Js 18:7), mas os membros das demais
tribos podiam ser.
Ainda sobre contrabalancear, partindo da criação, Deus criou o homem e
ele ficou por algum tempo sozinho, no planeta, era o único exemplar da espécie, mas
qual o motivo disso? Creio, à luz das Escrituras, que foi para que ele soubesse que não
estaria completo sem uma esposa, para que ficasse claro, para ele, a importância da sua
esposa, para que, quando ela viesse, ele a valorizasse; no lar, Deus manda a mulher ser
submissa ao marido, mas manda ao marido amar a esposa, e não é qualquer tipo de
amor, é para seguir o exemplo do Mestre, que amou tanto, a tal ponto de morrer por ela:
“vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo
se entregou por ela,” (Ef 5:25), “assim devem os maridos amar as suas próprias
mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.”
(Ef 5:28), tratá-la como se trata da sua própria carne, a nutri-la: “porque nunca ninguém
odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à
igreja;” (Ef 5:29), em outras palavras, Deus contrabalanceou os deveres.
Voltando a falar em função a prova de que todos são importantes para
Deus, tanto no Velho quanto no Novo Testamente é que Ele não faz acepção de
pessoas: “pois o SENHOR vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o
Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita

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Deus quer o pentecostalismo?

recompensas;” (Dt 10:17), “não torcerás o juízo, não farás acepção de pessoas, nem
receberás peitas; porquanto a peita cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras
dos justos.” (Dt 16:19), “agora, pois, seja o temor do SENHOR convosco; guardai-o, e
fazei-o; porque não há no SENHOR nosso Deus iniqüidade nem acepção de pessoas,
nem aceitação de suborno.” (II Cr 19:7), “e vós, senhores, fazei o mesmo para com
eles, deixando as ameaças, sabendo também que o SENHOR deles e vosso está no céu,
e que para com ele não há acepção de pessoas.” (Ef 6:9), “mas quem fizer agravo
receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas.” (Cl 3:25), “mas, se
fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como
transgressores.” (Tg 2:9).
Voltando à Eva, e assim encerrando este tópico, a derradeira observação
é a da questão proposta pela serpente: “ora, a serpente era mais astuta que todas as
alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim
que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gn 3:1), a pergunta foi é
assim que Deus disse?, e é justamente o problema atual, o da autoridade bíblica,
entender, ou querer fazer diferente do que Deus estabeleceu é propor esta pergunta,
trazendo, ao menos, tentando trazer dúvidas sobre os ensinamentos de Deus, e fazer o
mesmo que a serpente fez levando a alguns fazerem o que Eva fez, subestimar a Palavra
de Deus.

2.5.2.4.1.1. Pregação

“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes,
com toda a longanimidade e doutrina.” (II Tm 4:2).

O termo pregar aqui é usado tecnicamente, daí a pergunta mulher pode


pregar? A resposta é um enfático não, a não ser se for para mulheres e crianças,
devemos recordar que estamos falando tendo em consideração um público misto, esta
seção inteira se refere a público misto, ou seja, quando tem “aner”, homem adulto,
junto, neste caso definitivamente a mulher não pode pregar, pois, além das provas já
mencionadas acima, bem como os oficiais da igreja necessariamente serem do sexo
masculino, a pregação feminina é vedada, pois a pregação, no sentido técnico envolve
̄
autoridade, que ela não tem, a palavra pregar em grego é “kerusso”, ̄ ela aparece em (Mt
3:1; 4:17; 9:35; 10:7; 11:1; 24:14; Mc 1:4,7,38,39,45; 5:20; 13:10; 16:20; Lc 4:18,19;
8:1,39; 12:3; 24:47; At 9:20; 10:37; 15:21; 19:13; 28:31; Rm 2:21; 10:8; I Co 1:23;
9:27; II Co 1:19; 11:4; Gl 2:2; 5:11; Fp 1:15; Cl 1:23; I Ts 2:9; I Tm 3:16; II Tm 4:2; I
Pd 3:19; Ap 5:2), Strong a define assim:
1) ser um arauto, oficiar como um arauto, 1a) proclamar como um arauto, 1b) sempre com
sugestão de formalismo, gravidade, e uma autoridade que deve ser escutada e obedecida, 2)
publicar, proclamar abertamente: algo que foi feito, 3) usado da proclamação pública do
evangelho e assuntos que pertencem a ele, realizados por João Batista, por Jesus, pelos
apóstolos, e outros mestres cristãos160.
Ou seja, é necessário que o pregador tenha autoridade para que ninguém
o despreze: “fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te
despreze.” (Tt 2:15), esta palavra pregar jamais é usada como descrevendo uma ação
feminina, isso não é de surpreender alguém, pois, salvo raríssimas exceções, sempre
foram os homens que estiveram a frente do trabalho de Deus; voltando à falta de
autoridade feminina, ela é para ser sujeita ao marido: “semelhantemente, vós, mulheres,
sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem
160
Strong, p. 1459

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra;” (I Pd 3:1), se ela é
para ser sujeita ao marido como pode usar de autoridade sobre ele, repreendê-lo? Não
há como, daí ela não pode aplicar o verso: “fala disto, e exorta e repreende com toda a
autoridade. Ninguém te despreze.” (Tt 2:15), (cf próximos tópicos).

2.5.2.4.1.2. Ensino

“A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher
ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque
primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo
enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer
com modéstia na fé, no amor e na santificação.” (I Tm 2:11-15).

A mulher deve aprender com toda sujeição, isso quer dizer que não pode
retrucar, rebater, desafiar o professor, etc., lembre-se que quando Deus quis falar algo a
um homem (Paulo) Ele usou outro homem (Ágabo), (cf 2.5.2.6.2.9. As filhas de Filipe),
pois assim não estaria sujeita, deve ficar claro que até mesmo o aprendizado deve ser
com submissão, a palavra grega para aprender com silencio é “sigaō”, que é justamente
guardar silêncio, ela aparece outras vezes e é bom olhar para comparação (Lc 9:36;
18:39; 20:26; At 12:17; 15:12,13; Rm 16:25; I Co 14:28,30,34), “tão longe vá a
participação feminina em encontros públicos da igreja, a mulher é para aprender em
silêncio com toda submissão, isso está se acordo com o resto da Escritura neste assunto
(I Co 11:3-15; 14:34,35)161”, conseqüentemente ela não pode ser professora de homem,
“aner”:
homem, normalmente um adulto (I Co 13:11), varão (At 8:3,12). Sentidos especializados:
marido Mc 10:2,12; noivo Ap 21:2; em conversas: senhor At 27:10; 21, 25; άνδρες αδελφοί
irmãos At 15:7,13. Pleonasticamente άνηρ αμαρτωλός = simplesmente pecador Lc 5:8.
Raramente pessoa = άνθρωπος, ν. Lc 11:31; Tg 1:12; cf At 17:34. [André, andrógino]162.
Pelo contrário, aprender em silêncio:
A mulher aprenda em silêncio,... O apóstolo continua a dar algumas outras instruções
para as mulheres, como elas devem se comportar no culto público, na igreja de Deus, que
elas devem ser alunas, não professoras, sentar e ouvir e aprender mais de Cristo e da
verdade do evangelho, e se manter em boas obras, aprender em silêncio, não se oferecer
para levantar e falar, sob a pretensão de ter uma palavra do Senhor ou estar sob o impulso
do Espírito do Senhor como algumas mulheres frenéticas faziam... elas enao eram para falar
em público, mas perguntar em casa a seus próprios maridos, veja I Co 14:34, e assim era
para elas se comportarem.
Com toda sujeição. Tanto aos ministros da Palavra e em casa aos maridos delas, obedecer
com o coração a forma da doutrina entregue a elas e submeteram alegremente as ordens de
Cristo, todo que professam sujeição ao evangelho professam piedade.
Não permito, porém, que a mulher ensine, Elas podem ensinar em privado, nas próprias
casas e famílias, elas são para serem professoras de boas obras, Tt 2:3, elas são para
criarem os filhos com cuidado e admoestação do Senhor, nem a lei, nem doutrina da mãe é
para ser esquecida, muito menos a instrução do pai, veja Pv 1:8. Timóteo, sem dúvidas,
recebeu muito avanço, do ensino privado e instrução da sua mãe Eunice e de sua avó Lóide,
então a mulher não é para ensinar na igreja, pois isso é um ato de poder e autoridade...
Nem use de autoridade sobre o homem,... não só nas coisas eclesiásticas, ou que tenham
relação com a igreja e o governo dela, pois uma parte da regra é alimentar a igreja com
conhecimento e entendimento e a mulher tomar sobre si esse ofício é usurpar a autoridade
sobre o homem, que é algo que ela não pode fazer,
Mas que esteja em silêncio. Sentar e ouvir quieta e silenciosamente e aprender e não
ensinar como I Co 2:11. O contexto aqui tem a ver com a ordem da igreja e a posição do
homem e da mulher no culto e trabalho da igreja, o tipo de professor que Paulo tem em
161
MacDonald, p. 1305
162
Gingrich, p. 24

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Deus quer o pentecostalismo?

mente é falado em At 13:1; I Co 12:28,29; Ef 4:11, professores chamados e equipados por


Deus, reconhecidos pela igreja como tendo autoridade na igreja em matéria de doutrina e
interpretação, esta proibição da mulher ser professora não inclui o ensino na classe de
mulheres, garotas ou crianças, na Escola Bíblica Dominical, por exemplo, mas proíbe a
mulher de ser um pastor, ou professor de doutrina na escola, de igual forma não pode a
mulher ensinar uma classe mista de adultos163.
O verso 12 fala que não deve usar de autoridade, visto que ela não tem,
sobre o marido, este conceito deve ser alargado a todos os homens, o verso 8 fala em
homens orar em todo lugar, depois o da submissão dela e demais motivos já expostos
acima. Hendriksen, ao comentar esta passagem, ensina que:
Todas estas palavras, e seus paralelos em I Co 14:34,35, podem parecer um tanto hostil, na
realidade, elas são o oposto, de fato, eles são expressão do sentimento de ternura e simpatia
e entendimento básico, elas querem dizer não entre a mulher na esfera de atividade, que por
força de sua criação, ela não está apropriada, não é permitido ao pássaro tentar viver
debaixo d’água, não é permitido ao peixe viver na terra, não é permitido a mulher ansiar
por exercer autoridade sobre o homem, por instruí-lo em culto público, por amor a ela,
quanto do bem estar espiritual da igreja, é proibido tal temperamento não santo com
autoridade divina.
No serviço da Palavra, no dia do Senhor, a mulher deve aprender, não ensinar, ela deve
estar em silêncio, permanecer calada (veja NTC em I Ts 4:11 e em II Ts 3:12), ela não deve
fazer sua voz ser ouvida, além do que, este aprendizado, em silêncio, não deve ser com
atitude de rebelião no coração, mas “com completa submissão” (cf II Co 9:13; Gl 2:5; I Tm
3:4), ela deve alegremente se ajeitar à lei de Deus para a vida dela, sua espiritualidade total
com o homem como compartilhadora de todas as bênçãos da salvação (Gl 3:28: não há
homem nem mulher) não implica em nenhuma básica mudança na natureza dela como
mulheres ou na tarefa correspondente, que ela, como uma mulher, é chamada para
desempenhar; toda mulher permaneça mulher! Mais do que isso Paulo não permite. Paulo
não permite isso porque a santa lei de Deus não permite (I Co 14:34), esta santa lei é Sua
vontade como expressada no Pentateuco, particularmente no relato da criação da mulher e
da sua queda (veja especialmente Gn 2:18-25; 3:16), de agora em diante, ensinar, que é
pregar de modo oficial, e pelos meios da proclamação da Palavra, em culto público para
exercer autoridade sobre um homem, para dominá-lo, está errado para a mulher, ela não
pode assumir a posição de mestre164.

2.5.2.4.1.3. Oração

“Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira
nem contenda. Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com
pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas
(como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.” (I
Tm 2:8-10).

A mulher não pode representar uma congregação mista, portanto, de


homens e mulheres diante de Deus, ou seja, fazer aquelas orações no culto, em nome
dos demais, se houver homem, para exemplificar, a oração de consagração do templo
como fez Salomão, que orou por si e por todo o povo, o primeiro argumento é histórico,
como já falado, Deus escolhe os meios aos quais Ele quer usar, a decisão é dEle e é
sempre soberana, quando a humanidade se resumia em duas pessoas, Ele só falava com
Adão e foi de Adão, o homem, que Ele requereu e indagou, isso porque Ele escolheu
que o homem, fosse quem representasse a mulher diante dEle, posteriormente Ele
escolheu a tribo de Levi, por isso, só levita podia representar todas as demais tribos
diante dEle, ainda há o exemplo de Maria, a mãe do Senhor Jesus, enquanto ela era
163
Gill, p. 964
164
Hendriksen, p. 1216

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

solteira Deus falava diretamente a ela, posteriormente só falou a José, esposo e cabeça
dela.
Alguns não entendem que orar seja exercer autoridade, mas o é para tanto
é interessante ver a história de Israel, que os líderes eram quem representam o povo
diante de Deus, com orações, no culto público são os líderes, por exemplo, Moisés,
Josué, Salomão, portanto, isso não é novo, antecede inclusive a queda do homem,
chegamos então ao verso 8, que diz: “quero, pois, que os homens orem em todo o lugar,
levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” (I Tm 2:8), todo lugar aqui é onde a
igreja se reunir, isso está claro, pois, agora resta uma palavrinha, homem, o
mandamento aqui é que homens orem em todo lugar, se esta expressão se referisse a
raça humana então animais, ou objetos, poderiam orar e a limitação seriam a eles
permitindo a oração só a humanos, obviamente não se trata disso, a palavra para
homens é “aner”, ela é propositadamente escrita assim para diferençar o homem adulto
do adolescente, menino, a Bíblia diz que é somente homem que deve orar, pela
congregação, exclui os demais, os mesmo homem, mas adolescente ou menino, e as
mulheres de qualquer idade, por que é assim que Deus quer:
O assunto da oração pública é agora resumido, e desta vez nossa atenção é dirigida àqueles
que devem dirigir o povo de Deus em oração. A palavra introdutória “quero” expressa o
ativo e inspirado desejo de Paulo nesta questão. Na língua original, do Novo Testamento,
tem duas palavras que podem ser traduzidas por homens, uma que significa a humanidade,
em geral, e a outra significa homem em contraste com mulher, e esta segunda palavra é a
que é usada aqui, a instrução do apóstolo é que a oração pública deve ser dirigida pelos
homens em vez de pelas mulheres, e isso significa todos homens, não somente anciãos. A
expressão em todo lugar pode ser tomada para significar qualquer cristão individual pode
orar em qualquer hora, não importa onde ele estiver, mas desde que o assunto aqui é o da
oração pública, é melhor entender que este verso como dizendo que onde um grupo misto
de cristãos estiver reunido para orar, são os homens e não as mulheres quem devem dirigir
neste exercício165.
Ainda sobre o tema:
Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar,... Nesta declaração de vontade, do
apóstolo, concernente a oração, ele somente toma conhecimento “dos homens”, não que
não seja dever e privilégio de ambos homens e mulheres orar em suas casas e quartos, mas
como ele está falando da oração pública na igreja, que pertence somente aos homens, ele
está falando somente a eles, e a vontade dele é que a oração seja feita por eles em todos
lugar ou local, em qualquer parte do mundo, que eles vivam, agora foi o cumprimento da
profecia em Ml 1:11 e agora chegou o tempo em que nosso Senhor Se referiu Jo 4:21, isso
é dito em oposição da noção judaica que o templo, em Jerusalém, era o único local para
orar e que a oração, feita em qualquer lugar, deveria ser direcionada para lá166.
O motivo desse mandamento é devido à função, e esfera de atuação, do
homem e da mulher:
A direção dada aqui é que os homens devem orar em distinção dos deveres da mulher,
especificados no verso seguinte, é para ser entendido que implica que os homens devem
conduzir o exercício da adoração pública, os deveres das mulheres pertencem a diferente
esfera, compare I Tm 2:11,12167.
Ainda sobre função e esfera de atuação, Davidson assim comenta:
Em todas as congregações são os homens que devem geralmente dirigir orações e os que o
fazem devem ter o cuidado de fazê-lo dignamente. Semelhantemente nas congregações as
mulheres devem abster-se de adornos excessivos e procurar recomendar-se por suas boas
obras. Precisam apresentar-se com modéstia e discrição estando prontas com calma e
submissão para aprender e não com desejo agressivo de ensinar. O lugar próprio da mulher,
com relação ao homem, está indicado pela ordem original da criação; e sua incapacidade
para atuar como guia do homem demonstra-se pelo modo como Eva foi enganada e como

165
MacDonald, p. 1296
166
Gill, p. 986
167
Barnes, p. 1285

Página 140
Deus quer o pentecostalismo?

transgrediu o mandamento de Deus. A vocação especial da mulher é a maternidade; e


embora atualmente dê à luz filhos com sofrimento e em perigo de vida (ver Gn 3:16),
aquelas que correspondem plenamente às exigências do evangelho passarão indenes por
essa experiência... Nos cultos públicos convêm à mulher estar silenciosa e submissa, isto
faz parte de sua verdadeira dignidade e não procurar arrebatar as rédeas do controle e
dirigir o homem (vs 11,12). Paulo não tolera, ou não permite isto; fazê-lo seria incentivar
algo mau para ambos os sexos e violar a ordem da criação. Este apelo à mente e propósito
do Criador mostra claro que Paulo não baseia o que diz simplesmente na posição atribuída
à mulher na sociedade dos seus dias. Antes apela a um princípio, cuja orientação é de
aplicação universal e permanente (ver I Co 11.2-16)... (Note-se, entretanto, que é privilégio
da mulher ensinar crianças e mulheres mais jovens; veja-se II Tm 1:5; 3:14,15; Tt 2:3,4)168.
Daí alguém pode pensar a mulher, na igreja, na reunião mista, não pode
orar, a resposta é, pode, desde que seja uma oração que ao lidere, e sim uma pessoal,
silenciosa:
Paulo, exercendo sua autoridade como apóstolo de Jesus Cristo, continua a dar
direcionamentos... de agora em diante as orações devem ser oferecidas não pelas mulheres,
mas pelos homens (v 8), está claro que o verbo oferecer orações ou simplesmente orar é
tomada aqui no sentido amplo incluindo toda forma de invocação mencionada em I Tm 2:1
(veja a passagem)... A presença da mulher, na assembléia religiosa, é obviamente assumida,
o ponto de Paulo é que a mulher deve orar como Ana fez, movendo somente os lábios, mas
a voz não era ouvida: “porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios,
porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada.” (I Sm 1:13)169.

2.5.2.5. Liderança bíblica

Como já vimos, se ao homem foi dada a responsabilidade de ser o líder


na igreja local e a cabeça no lar, como é que pode uma mulher subir ao púlpito e pregar
uma mensagem com autoridade sobre o mesmo? Em I Tm 3 estão os requisitos para ser
pastor, no capítulo anterior, que, neste caso, poderia servir como pano de fundo,
introdução ou prefácio, para os requisitos de liderança, estabelece que a que estabelece
os requisitos do candidato a ser bispo, coloca claramente o papel da mulher que, dentre
outras coisas, está impedida de exercer autoridade sobre o homem, que inclui orar,
ensinar e pregar, a autoridade bíblica, portanto, fica restrita aos homens, quando se trata
sobre a igreja ou a congregação mista, já que para ser líder exige ter autoridade bíblica,
já explanada acima, voltando ao capítulo 2, de Timóteo, tem o comentário a seguir:
O infinito presente, no original, “ensine”, denota, não um único ato, e sim um processo; e
significa que Paulo não permite que a mulher assuma o oficio de mestra pública em uma
congregação cristã. O infinito, no original, “exerça autoridade sobre’, denota alguém que
governa outro, um senhor, ou em palavras mais fortes, um autocrata. “Marido”, no original,
é “aner”, o indivíduo do sexo masculino em distinção ao indivíduo do sexo feminino. Aqui
jaz o ponto nevrálgico dessa proibição. É inconsistente com sua posição de subordinação ao
homem, conforme divinamente arranjado, que a mulher assuma posição de domínio sobre o
homem. A posição de mestre, ou professor, ou pregador na assembléia, implica em
superioridade e autoridade sobre os que são ensinados. O professor age como o senhor que
deve ser ouvido e atendido. Tal posição é assumida pela mulher ao se tornar mestra pública
numa assembléia. “Nenhuma mulher pode tomar o lugar do homem sem violar a própria
Palavra que ele tenta ensinar a mulheres ou a homens” (Lenski). A repetição da exigência,
“...esteja, porem, em silêncio”, destaca, por meio de contraste, a posição que cabe
legitimamente a mulher crente. Paulo não se está referindo a instrução secular, em classes
de aula sobre matéria profana, mas a posição oficial de mestra pública na assembléia cristã.
Contudo, tanto o Novo Testamento como a história eclesiástica mostram que as mulheres
ocupam um honroso e indispensável ministério na congregação local sem que isso as leve a
transgredir a posição que Deus reservou para os homens. Tt 2:3-4 lhe assegura o ministério

168
Davidson, F (Editor). O Novo Comentário da Bíblia. Edições Vida Nova, 1997, p. 1925
169
Hendriksen, p. 1220

Página 141
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

de ensino entre pessoas de seu próprio sexo ou entre crianças. Priscila não estava
incorrendo em erro quando ela e seu marido, ajudaram o erudito Apolo a conhecer com
mais exatidão o caminho do Senhor (At. 18:26)170.

2.5.2.6. Argumentos respondidos

“Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus


olhos.” (Sl 32:8).

Esta seção se ocupa em responder alguns argumentos, os mais


comumente propostos, o objetivo é clarificar ainda mais os ensinos já expostos.

2.5.2.6.1. Proposições

“Qual é o homem que teme ao SENHOR? Ele o ensinará no caminho que deve
escolher.” (Sl 25:12).

Proposições, como já sabemos, são frases, faladas geralmente para


defender a ordenança feminina como uma das oficiais da igreja, orar, ensinar ou pregar
a público misto, onde inclui homens.

2.5.2.6.1.1. São machistas

Esta é uma falácia muito usada atualmente, com o surgimento do


feminismo, que encontra guarida até mesmo nas igrejas, tudo o que não estiver de
conformidade com tal pensamento, então é machismo, o que é curioso, a palavra
machista significava algo relativo a macho (homem), então eu sou machista com muita
certeza, mas depois passou a ser usada de modo pejorativo, em relação a nós, jamais
podemos ser machistas, nem feministas, pois ao crente é dado tão somente conhecer, e
cumprir, a Palavra do Senhor, somos tão somente servos, fazemos o que Ele mandar
fazer “então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o SENHOR tem
falado, faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo.” (Ex 19:8), “veio,
pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras do SENHOR, e todos os estatutos;
então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o SENHOR tem
falado, faremos.” (Ex 24:3), “chega-te tu, e ouve tudo o que disser o SENHOR nosso
Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o SENHOR nosso Deus, e o ouviremos, e o
cumpriremos.” (Dt 5:27), é o que Ele espera: “ouvindo, pois, o SENHOR as vossas
palavras, quando me faláveis, o SENHOR me disse: Eu ouvi as palavras deste povo,
que eles te disseram; em tudo falaram bem.” (Dt 5:28).

2.5.2.6.1.2. Acreditam que a mulher é inferior ao homem

Certamente ninguém pensa que a mulher seja inferior ao homem, o


mandamento que se tem é importante compreender que biblicamente submissão não
significa inferioridade, mas sim funções diferentes, o exemplo máximo dado está na
própria Trindade, onde Cristo, embora sendo Deus (Hb 1:8), submeteu-Se inteiramente
ao Pai: “ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente
exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu.” (Jo
14:28), “e vós de Cristo, e Cristo de Deus.” (I Co 3:23), “mas quero que saibais que

170
Hiebert, Edmond. First Timothy EBC (Everyman's Bible Commentary), Moody Press, 2001, p. 38

Página 142
Deus quer o pentecostalismo?

Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça


de Cristo.” (I Co 11:3), “e, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também
o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja
tudo em todos.” (I Co 15:28), enquanto Sua vida terrena; há outros exemplos, todos os
crentes a Deus (Tg 4:7), uns aos outros (Ef 5:21; I Pd 5:5), a igreja a Cristo (Ef 5:24),
todas as coisas a Cristo (I Co 15:27,28), a criação à humanidade (Hb 2:8), os crentes às
autoridades (Rm 13:1-5; I Pd 2:13-17), isso nada tem a ver com inferioridade ou
superioridade e sim com a maneira pela qual Deus organizou as coisas.
Ainda há o fato de que todos os crentes, daí indistintamente, seja homem
ou mulher, são co-herdeiros de Cristo: “e, se nós somos filhos, somos logo herdeiros
também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele
padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.” (Rm 8:17), “a saber, que
os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em
Cristo pelo evangelho;” (Ef 3:6), “igualmente vós, maridos, coabitai com elas com
entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus
co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (I Pd
3:7).

2.5.2.6.1.3. Todos os crentes são sacerdotes

De fato, todos os crentes são sacerdotes, uns deveriam exercer com mais
afinco o ofício sacerdotal, mas ser sacerdote, no caso do crente, significa poder entrar
diretamente na presença de Deus sem intermediários, ter o Senhor Jesus ajudando nas
orações e o Santo Espírito intercedendo junto, daí o crente deve também orar um pelos
outros: “confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que
sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tg 5:16), há vários
motivos para orar, mas isso nada tem a ver com orar pela congregação, pois a oração
pode ser individual, inclusive como ensinada pelo Senhor Jesus no quarto, em secreto:
“mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.” (Mt
6:6), e também nada tem a ver com a liderança na igreja.

2.5.2.6.1.4. A Bíblia não diz nada contra

Na verdade a Bíblia fala contra o ofício feminino, como foi explicado


nesta seção, além do mais, o plano de Deus para o ofício feminino é outro, como se não
bastasse, usando o revés deste argumento, Jacó tinha 12 filhos homens e provavelmente
algumas filhas, mas, com certeza, tinha uma, de nome Diná (Gn 34), que jamais é
mencionada como matriarca, pelo contrário só aparecem os patriarcas, ou seja, os 12
filhos homens, de igual forma o Mestre tinha várias discípulas, mas o grupo dos doze
foi formado tão somente por homens, bem como os apóstolos e pastores, que uma das
condições é ser marido de uma mulher, obviamente, que o Mestre não chamaria mulher
para a liderança visto que o papel feminino é outro. O ensino nada tem a ver com a
questão cultural, pois se o Mestre quisesse as romperia, Ele fez algo incomum para os
judeus, na época, o que Ele fez? Tão somente conversava com uma mulher: “e nisto
vieram os seus discípulos, e maravilharam-se de que estivesse falando com uma
mulher; todavia nenhum lhe disse: Que perguntas? ou: Por que falas com ela?” (Jo
4:27), na época, não era considerado decente por isso os discípulos se maravilharam,
Ele rompeu essa barreira cultural, inclusive outra, da questão racial: “disse-lhe, pois, a
mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher

Página 143
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).” (Jo 4:9);


outro exemplo foi dEle aparecer, após Sua ressurreição, para mulheres, sendo que uma
mulher, foi elencada como testemunha da ressurreição, na época também não era crível
um testemunho feminino, a Bíblia passa por cima desta questão cultural, mas quando se
trata de liderança a Bíblia estabelece o homem.

2.5.2.6.2. Personagens

Agora trataremos sobre personagens especificamente, tanto de um quanto


do outro Testamento.

2.5.2.6.2.1. Miriã

De fato, ela foi líder em Israel, agora, deveria ser lembrado que, quando
ela e Arão discutiram com Moisés, por causa da esposa dele, Deus os lembraram do
lugar de cada um, dela, de Arão e de Moisés:
E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara;
porquanto tinha casado com uma mulher cusita. E disseram: Porventura falou o Senhor
somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu. E era o homem
Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. E logo o Senhor
disse a Moisés, a Arão e a Miriã: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles três.
Então o Senhor desceu da coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou Arão
e Miriã e ambos saíram. E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver
profeta, eu, o Senhor, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não
é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com
ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do Senhor; porque, pois, não
tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés? Assim a ira do Senhor contra
eles se acendeu; e retirou-se. (Nn 12:1-9).

2.5.2.6.2.2. Débora

“E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.” (Jz
4:4).

A história de Débora está narrada em Jz 4;5, várias coisas precisam ser


notadas quanto à Débora, primeiro grande detalhe, ela está no Velho Testamento e não
no Novo, no Velho Testamento Deus permitiu algumas coisas que não permite hoje, tais
permissões eram dadas, mas estavam fora do plano de Deus, de Sua vontade, a
poligamia é um exemplo, e isso, é importante ter em mente, ao estudar algo no Velho
Testamento, segundo, é interessante olhar o contexto, aquela era uma época de pecado
em Israel: “naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia bem aos
seus olhos.” (Jz 17:6), época tenebrosa, o último juiz falecera e o povo voltou a fazer o
que era mal: “porém os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do
Senhor, depois de falecer Eúde.” (Jz 4:1), daí ela se levantou como juíza e julgava em
sua casa: “ela assentava-se debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas
montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.” (Jz 4:5).
Outro detalhe era a covardia dos soldados, inclusive do capitão Baraque,
que conversou assim com Débora:
Então lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei. E ela
disse: certamente irei contigo, porém não será tua a honra da jornada que empreenderes;
pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com
Baraque para Quedes. (Jz 4:8,9).

Página 144
Deus quer o pentecostalismo?

Com este diálogo, fica claro que Débora entendia não ser natural a ida
dela, de uma mulher, para a guerra, tanto que ela lembrou que a honra não seria de
Baraque e sim de uma mulher, esta, na verdade, foi uma lição dada por Deus, Ele
envergonhou a todos os homens na época, inclusive a Lapidote, esposo dela; essa não
foi a única vez que Israel se acovardou diante do inimigo, anos depois, os filisteus
vieram contra Israel, eles trouxeram Golias, o que aconteceu foi que os israelitas
reagiram da seguinte forma: “porém todos os homens em Israel, vendo aquele homem,
fugiram de diante dele, e temiam grandemente.” (I Sm 17:24), a ponto de um garoto ter
de guerrear: “porém Saul disse a Davi: Contra este filisteu não poderás ir para pelejar
com ele; pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade.” (I Sm
17:33), “e, olhando o filisteu, e vendo a Davi, o desprezou, porquanto era moço, ruivo,
e de gentil aspecto.” (I Sm 17:42).
Como tudo o que foi escrito é para aprendizado do crente hoje (Rm
15:6), o ensinamento desta passagem é claro, quando o homem não quer fazer a vontade
de Deus, Deus o expõe a ignomínia, exatamente os dois grupos de pessoas que não
podem liderar, ou seja, crianças e mulheres, são os que lideram: “os opressores do meu
povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah, povo meu! Os que te guiam te
enganam, e destroem o caminho das tuas veredas.” (Is 3:12), no entanto, Deus não
permite a liderança feminina na igreja, essa situação se deu no Velho Testamento, na
nossa época, já não pode acontecer da mulher tomar a liderança pelos motivos já postos
acima, as mulheres são importantes, mas têm sua esfera de atuação.

2.5.2.6.2.3. Ana

“E estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era já avançada em
idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade; e era viúva, de
quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e
orações, de noite e de dia. E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e
falava dele a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém.” (Lc 2:36-38).

Embora a descrição do ocorrido esteja no Novo Testamento, Ana é do


Velho Testamento, daí, de um modo geral, o que já foi dito das anteriores se aplica a
ela, depois, no caso específico dela, ela serviu a Deus como qualquer crente mulher
pode fazer na atualidade, ela orava, jejuava e falava do Messias (o Senhor Jesus),
observe só outros detalhes, ela não pregou numa igreja, que teria de ser no Novo
Testamento, sequer há indícios suficientes que ela fez discurso no templo, o que tudo
indica é que ela falava do Messias ao redor do templo, o que é plenamente permitido
mesmo hoje a qualquer irmã.

2.5.2.6.2.4. A mulher samaritana

A história da mulher samaritana está em Jo 4, alguns pensam que ela


começou a pregar, do Messias, nas sinagogas, mas isso certamente não foi assim,
ademais, o Mestre tão somente disse a ela: “disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e
vem cá.” (Jo 4:16), o que ela fez a mais foi por conta dela, mas provavelmente tenha
sido encontrar os amigos, vizinhos parentes e falar que ela encontrou o Messias, algo
que qualquer irmã pode fazer hoje.

2.5.2.6.2.5. As mulheres que ajudaram ao evangelho

Página 145
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

(Lc 8:2,3; At 18:2-18,26; Rm 16:1,2; Fp 4:3).

Das mulheres que ajudaram ao evangelho, em especial, ao ministério


terreno do Mestre é dito que elas O serviam com a fazenda, em outras palavras, com
dinheiro, as irmãs que ajudaram a Paulo, certamente fizeram o mesmo e o ajudaram
possivelmente também com trabalhos pessoais a ele, o que qualquer irmã hoje pode
fazer aos pregadores da Palavra.

2.5.2.6.2.6. As mulheres enviadas com uma mensagem para os apóstolos

(Mt 28:1-10; Mc 16:1-11; Lc 24:1-9; Jo 20:1-18).

Estas mulheres foram enviadas num recado ocasional; não foram


comissionadas a fazer um discurso, tão somente transmitir o recado do Mestre, além do
mais, não o fizeram na igreja, o que elas fizeram não há óbice algum.

2.5.2.6.2.7. As mulheres da igreja em Jerusalém no Pentecostes

Em atos 2, só Pedro fez um discurso, se teve alguma mulher, falou como


Ana o fez ao redor do templo e não necessariamente a homens adultos, mas como não
há relato nem há muito que falar.

2.5.2.6.2.8. As filhas de Filipe

“E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a
Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com
ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam.” (At 21:8,9).

A primeira observação, que alguém fará aqui, é que haviam quatro


profetisas, daí alguém concluirá que se elas eram profetizas então pregavam na igreja a
homens, mas isso não é fato, primeiro, a Bíblia não relata elas descumprindo ao
mandamento, dado pelo Senhor, não usurparam momento algum o lugar de homem,
nem usaram da autoridade bíblica para algo, restando claro, que só porque elas tinham o
dom de profecia não as faziam ter autoridade sobre a igreja, sendo que o mais provável
é que elas nunca falaram à igreja, primeiro, por não haver relato, segundo, porque
quando Deus quis trazer profecia a um homem, ou seja, falar com autoridade a um
homem, Paulo, Ele trouxe outro homem, Ágabo, de outra cidade, distante cerca de 30
milhas, mas não usou nenhuma entre as quatro filhas de Filipe:
“E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome Ágabo; E,
vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse:
Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta
cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.” (At 21:10,11).
Restando claro que Deus para falar a homens, seja para instruir, corrigir,
Ele usará outro homem, não mulheres, pois caso contrário ela usaria da autoridade
bíblica, que não tem.

2.5.2.6.2.9. Priscila e Áqüila

A narrativa deste casal está no capítulo 18 de Atos, a passagem argüida é


que Priscila e Áqüila ensinaram a Apolo:

Página 146
Deus quer o pentecostalismo?

E chegou a Éfeso um certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente
e poderoso nas Escrituras. Este era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito,
falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor, conhecendo somente o batismo de
João. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áqüila,
o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus. (At 18:24-26).
O casal conheceu Apolo muito provavelmente na sinagoga, pois o Senhor
Jesus, bem como os apóstolos ensinavam nas sinagogas: “e, chegando a Nazaré, onde
fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e
levantou-se para ler.” (Lc 4:16), “e logo nas sinagogas pregava a Cristo, que este é o
Filho de Deus.” (At 9:20), daí eles compreenderam que o entendimento de Apolo era
limitado, ele era conhecedor do Velho Testamento, conhecia só o batismo de João,
portanto, ele ainda esperava o Messias aparecer, que, na mente dele, seria por aqueles
dias, pois João pregava que o Messias estava prestes a chegar, então eles o convidaram
para ir a casa deles e lá o ensinaram mostrando que o Messias é o Senhor Jesus, curioso
aqui é o conhecimento, o casal ampliou o conhecimento de Cristo, pois estara antes com
Paulo: “e Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou
para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque
tinha voto.” (At 18:18) e agora o transmitiam a Apolo. Agora abordando a questão do
ensino feminino, primeiro, se deve notar que a iniciativa do convite, ou no ensino foi de
Priscila, isso porque o nome dela vem antes do nome do marido, que foge aos costumes
da época, e se foi escrito assim porque tem algum ensinamento aqui, mas tem um
detalhe gigante, ela ensinou a Apolo, mas foi em conjunto com o marido dela, segundo,
este é um testemunho privado, ou seja, não foi na (à) igreja, nem no culto, foi na casa
dela, ação que não há óbice algum.

2.5.2.6.2.10. As mulheres profetisas em Corinto

“Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria
cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu,
tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que
ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de
Deus, mas a mulher é a glória do homem.” (I Co 11:5-7).

O pensamento é uma conclusão natural, da leitura da passagem, que se a


mulher estiver coberta ela poderia orar e profetizar, daí uma mulher poderia pregar
mesmo na igreja, mas não é isso que a passagem ensina ou permite, mais adiante, em
relação a essa discussão de poder ou não falar, a Bíblia estabelece: “as vossas mulheres
estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas,
como também ordena a lei.” (I Co 14:34), alguém pode pensar que seria uma
contradição entre as duas passagens, mas não é, está longe de ser, à luz desta passagem,
e do ensino bíblico como um todo, o uso do véu era o sinal exterior do que acontecia no
plano interior, espiritual, ou seja, a mulher orava e profetizava, mas não a homens,
trazendo para a nossa realidade atual, a mulher pode orar, ensinar, inclusive pregar a
Palavra, mesmo na igreja, mas não a homens, já que ela não tem autoridade bíblica para
tanto, quando se tem homem então a aplicação é a dos dois versos acima, mas nada
impede que faça a crianças, adolescentes e mulheres de qualquer idade. Já em I Co 14,
que fala da ordem no culto, quando reunião mista a mulher deve guardar silêncio, o
sinal do véu deixa isso ainda mais claro, ela deve se manter submissa, pode orar,
profetizar, mas não sobre homens, aos quais ela não pode exercer autoridade:
Quando Paulo fala não permito a mulher ensinar, ele está falando como inspirado por Deus,
isso não representa o preconceito pessoal de Paulo, como alguns dizem, é Deus Quem

Página 147
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

decreta que a mulher não pode ter um ministério público de ensino na igreja, a única
exceção, à regra, é que elas são permitidas ensinarem crianças (II Tm 3:15) e a jovens
mulheres (Tt 2:4). Nem é para a mulher ter autoridade sobre homem, isso significa que
ela não pode ter domínio sobre um homem, mas é para estar em silêncio ou quietude... É o
principio fundamental de Deus, no trato com a humanidade, que o homem foi dado como
cabeça da mulher e a mulher está no lugar de submissão, isso não significa que ela seja
inferior, o que certamente não é verdade, mas isso significa que é contrário à vontade de
Deus que a mulher tenha domínio ou autoridade sobre o homem171.

2.5.2.6.3. Passagens

O objetivo é estudar as passagens bíblicas, que são mais usadas para


defender o ministério feminino.

2.5.2.6.3.1. Atos 2:17-21

“E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a
carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens terão visões,
E os vossos velhos terão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus
servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão; e farei aparecer prodígios em
cima, no céu; E sinais em baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se
converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do
Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (At
2:17-21).

A alegação aqui se baseia nas frases as vossas filhas profetizarão, as


minhas servas naqueles dias, e profetizarão; primeiro, a mais elementar argumentação, o
fato de serem profetisas jamais se quis dizer que, por isso, teria autoridade bíblica, é
importante dizer que tais mulheres sequer buscaram tal posição, então só resta
compreender que elas usaram ao dons de modo que a Palavra permite; quanto à
passagem pode se dizer com judeus tribulação (cf 2.4.2.3.2.1. Joel 2:28).

2.5.2.6.3.2. Romanos 16:1

(Mt 20:26; 22:12,13; 23:11; Mc 9:35; 10:43; Jo 2:5,9; 12:26; Rm 13:4; 15:8; 16:1; I Co
3:5; II Co 3:6; 6:4; 11:15,23; Gl 2:17; Ef 3:7; 6:21; Cl 1:7,23,25; 4:7, I Ts 3:2, I Tm 4:6)

“Recomendo-Vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que está em Cencréia,”
(Rm 16:1).

A palavra usada para Febe é a mesma de diácono, ela aparece nos versos
acima e em (Fp 1:1; I Tm 3:8,12), daí, por isso, alguns pensam, outros entendem, outros
veementemente sustentam que ela foi uma diaconisa, algo plenamente impossível (cf
2.5.2.3.2. Diácono), para recordar, uma das condições para ser diácono é ser homem:
“escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito
Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6:3),
então, só por isso ficaria mais que claro que a palavra aqui não foi empregada no
sentido técnico, estrito, específico em referência ao oficial da igreja local (At 6:1-7; I
Tm 3:10,13), pois diácono significa servo, aqui serva é no sentido geral (I Co 3:5; Ef
3:7;6:21; Hb 6:10; I Pd 1:12; 4:10,11), portanto, “não é necessário pensar que ela
171
MacDonald, p. 1269

Página 148
Deus quer o pentecostalismo?

pertencia a alguma ordem religiosa especial, qualquer irmã que serve a igreja local é
uma serva172.”:
Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja. A palavra que é traduzida por “serve” é
frequentemente traduzida por “diácono”, o que tem levado alguns comentaristas a crer que
Febe era uma diaconisa. É mais provável, todavia, que a palavra esteja sendo usada aqui
num sentido não técnico, não oficial, como uma ajudante ou ajudadora173.

2.5.2.6.3.3. Romanos 16:7

“Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais


se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em Cristo.” (Rm 16:7).

Às vezes, este verso é usado para defender que havia mulheres, na Igreja
primitiva, que funcionavam como apóstolos, neste caso Júnias seria uma mulher, mas
rapidamente da pra dissipar esta idéia à luz das Escrituras, primeiro, a expressão entre
os apóstolos não significa que eles eram apóstolos, mas que eram apreciados entre os
apóstolos: “naturalmente isso significa que eles eram contados entre os apóstolos, no
senso geral, como Barnabé, Tiago, o irmão de Cristo, Silas e outros, mas isso pode
significar que eles eram famosos no círculo dos apóstolos no sentido técnico174.”,
segundo, há um grande detalhe, era Júnias homem ou mulher? O nome pode ser
masculino ou feminino, se for mulher provavelmente seria esposa de Andrônico, mas
isso não é relevante, o que é indispensável distinguir é que eles não eram apóstolos.
Barnes dá alguns motivos, pelos quais eles não eram apóstolos, no sentido técnico
bíblico:
Entre os apóstolos. Isso não significa que eles foram apóstolos, como tem sido suposto,
pois: 1) não existe nenhuma menção que eles tenham exercido tal posição. 2) a expressão
seria diferente se eles tivessem sido apóstolos, seria então “que foram distintos apóstolos”
compare com Rm 1:1; I Co 1:1; II Co 1:1; Fp 1:1. 3) a expressão não implica que eles
foram apóstolos. Tudo que a expressão implica é que eles eram conhecidos pelos outros
apóstolos, que eles eram considerados como dignos de afeição e confiança, dos apóstolos,
como Paulo imediatamente acrescentou antes “dele” mesmo ser convertido. Eles se
converteram “antes” dele e eram distintos em Jerusalém entre os primeiros cristãos, e
honrados com a amizade de outros apóstolos. 4) o desígnio do ofício de “apóstolo” era ser
“testemunha” da vida, morte, ressurreição, doutrinas e milagres de Cristo; compare Mt 10;
At 1:26; 22:15. Como não há evidencias de que eles foram “testemunhas” destas coisas ou
ordenados para isso é improvável que eles tenham sido separados para o ofício apostólico.
5) a palavra “apóstolo” é usada, algumas vezes, para designar “mensageiros” das igrejas, ou
aqueles que foram enviados de uma igreja à outra em importante negócio, e “se” esta
expressão significava que eles foram apóstolos, isso poderia ter sido somente no sentido de
terem obtido merecimento e eminência no negócio; veja Fp 2:25; II 8:23175.

2.5.2.6.3.4. Gálatas 3:28

“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gl 3:28).

Este verso geralmente é usado como a “Lei Áurea” das mulheres, por
alguns, pois o verso diz claramente que não há macho nem fêmea, daí toda a distinção
entre homem e mulher teria ficado para trás, mas não é fato, o verso diz que não há nem
172
MacDonald, p. 1129
173
Ryrie, p. 1360
174
Wuest, p. 427
175
Barnes, p. 1166

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

servo nem livre, mas a Bíblia continua dando ordens aos servos, que continuam tendo
responsabilidades para com os seus senhores (Ef 6:5-8; Cl 3:22-25; I Tm 6:1,2; Tt 2:9-
10; I Pd 2:18-25), daí se pode perceber que não é disso que o verso trata, nada tem a ver
com o ofício público da mulher na igreja, até porque às limitações femininas estão
relacionadas com a criação e não com a queda.

2.5.2.6.3.5. I Timóteo 3:11

“Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo.”
(I Tm 3:11).

A palavra grega para esposa é a mesma para mulher, é “gunē”, que


significa “1) mulher de qualquer idade, seja virgem, ou casada, ou viúva, 2) uma esposa,
2a) de uma noiva176”, então alguns entendem que a referência seja a um terceiro grupo,
ou seja, a de pastora ou diaconisa, mas não é possível, esta interpretação, por alguns
motivos, primeiro, a passagem começa com as qualificações do pastor (vs 1-7), depois
começa a falar dos diáconos (vs 8-10), daí o verso 11 falaria deste terceiro grupo, que é
pastora ou diaconisa, e continua com diáconos (vs 12,13), como visto, fica difícil
entender que assim deveria ser lido, o mais natural é ver como uma das qualificações da
esposa do diácono ou que “ele quer dizer as esposas do diácono e bispos, pois elas
precisam ser ajuda para seus maridos, nos ofícios, que não seria a não ser elas tivessem
bom comportamento, como dos outros177.”; já que o verso está inserto entre as
qualificações do diácono, seria muito estranho ser diferente; segundo, por todos motivos
já falado, o da falta de autoridade bíblica feminina, os dos oficiais serem
necessariamente homens etc., terceiro, as qualificações para o primeiro grupo, como
visto no tópico próprio (cf 2.5.2.3.1. Pastor), são 25, para o segundo grupo 18 (cf
2.5.2.3.2. Diácono), por qual motivo este terceiro grupo teria tão somente quatro
qualificações necessárias? Teria de tão somente ser 1) honesta, 2) não maldizente, 3)
sóbria e 4) fiel em tudo, sendo desnecessária vária qualificações obviamente necessárias
como ser apta a ensinar, ser irrepreensível, seria isso possível? Além do mais, nos
versos anteriores exige que os oficiais sejam casados, neste caso, a mulher nem teria
necessidade de ser casada, fora o fato de que no capítulo anterior a Bíblia estabelece o
ministério feminino, que é incompatível com o ministério da pregação da Palavra,
textualmente diz:
Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não
com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a
mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em
silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de
autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão,
depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no
amor e na santificação. (I Tm 2:9-15).
Então este verso só pode se referir à esposa do oficial:
Provavelmente correto, embora alguns achem a referência à classe de oficial feminino -
diaconisa (como Ellicott, Holtzmann, Alford), mas a injunção foi posta acidentalmente
dentro da admoestação concernente aos diáconos, que é resumido em I Tm 3:12 e se a
intenção fosse uma classe oficial, nós deveríamos esperar algo mais específico que
γυναῖ
κας, mulheres ou esposas sem artigo. Um diácono, de quem a esposa é deficiente em
alguma das qualidades requeridas a ele, não pode ser escolhido, ela deve manter uma ativa

176
Strong, p. 1273
177
Calvino, p. 97

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Deus quer o pentecostalismo?

relação com o ofício dele, e, com a ajuda dela, crescer a eficiência dele, e por frivolidade,
maledicência ou intemperança, traria a ele a ao ofício dele má reputação178.
De igual forma, sustenta Barnes:
Da mesma sorte as esposas sejam honestas - ... a interpretação comum, que faz isso se
referir as esposas do diáconos... me parece claro. Pois: 1) esta é a óbvia e natural
interpretação. 2) a palavra usada aqui, “esposas”, nunca é usada para denotar diaconisa. 3)
se o apóstolo quisesse significar diaconisa, isso seria facilmente expresso sem ambigüidade,
compare notas, Rm 16:1...179

2.5.2.7. Resumo

“Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
mandamentos do Senhor.” (I Co 14:37).

Nesta seção falamos da igreja, várias definições tem sido propostas, mas
alguns elementos não podem faltar, como, por exemplo, de ser um corpo de membros
crentes em Cristo, pois para fazer parte da igreja necessariamente se tem de crer em
Cristo como Salvador pessoal, o professor Burgess define assim:
Uma igreja do Novo Testamento é uma congregação de crentes em Cristo,
escrituristicamente batizados e voluntariamente associados sob um pacto para o fim de
culto, promulgação do evangelho, observância das ordenanças, obediência a outros
mandamentos de Cristo e a edificação mútua no serviço de Cristo180.
Também há o elemento de que a igreja é para fazer o mandado do
Senhor, jamais modificar:
A igreja é um corpo executivo. Há três divisões principais de governo: executivo, judicial e
legislativo. Uma igreja batista não tem função legislativa. As igrejas não podem fazer leis,
Jesus nunca autorizou esta função. Através dos séculos os batistas mesmo com outros
nomes sofreram terrivelmente dos que tomaram a si mesmos a autoridade de promulgarem
leis e regras do negócio da igreja. As igrejas batistas missionárias nunca aceitaram
legislações feitas por igrejas falsas. Jesus registrou suas Leis no Novo Testamento e
devemos seguir piamente. I Tm 3:16,17181.
Também foi abordada a instrução bíblica referente à posição feminina, o
Novo Testamento não permite a mulher exercer um dos cargos oficiais da igreja, visto
que elas não preenchem os pré-requisitos, que entre outros é de ser homem, assim
sendo, nenhum dos dois cargos, nem pastor nem diácono, (cf 2.5.2.3.1. Pastor e
2.5.2.3.2. Diácono), além do mais, não pode exercer autoridade bíblica sobre o homem,
nem exercer a liderança bíblica, o que inclui ensinar (I Tm 2:12), orar (I Tm 2:8) e falar
na igreja (I Co 14:34,35), o que inclui pregar, pois com essas ações elas exerceria
autoridade bíblica de homem, o que lhe é vedado (I Tm 2:12), obviamente tais
limitações vai até onde existir um “aner”, homem adulto, portanto, exclui crianças,
adolescentes e mulheres de qualquer idade, restringe-se as reuniões da igreja, não
importando onde a igreja se reunir, pois a Palavra fala calada na igreja (I Co 14:34,35),
portanto, às coisas outras atividades não se estende, e termina no que toca a Bíblia.

2.5.2.7. Para as mulheres

Minha irmã, talvez seja o seu caso de, por algum motivo, estar
usurpando, ou exercido, lugar de autoridade, que não pode ser ocupado por você, pelas

178
Vincent, p. 372
179
Barnes, p. 1164
180
Burgess, p. 3
181
Burgess, p. 21

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

razões já mencionadas acima, não sei se este é o seu pensamento, embora seja de
muitas, que de tanto ânimo dedicação, querem se esforçar, ao máximo, pelo trabalho do
Senhor, isso tudo é louvável, talvez o seu pensamento seja, que se não se esforçasse
mais, não fosse à frente o trabalho não progrediria, e tendo de sair da direção pense que:
“porém eu disse: Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças;
todavia o meu direito está perante o SENHOR, e o meu galardão perante o meu Deus.”
(Is 49:4), você deve se lembrar que: “portanto, meus amados irmãos, sede firmes e
constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é
vão no Senhor.” (I Co 15:58), a expressão no Senhor deve ser grifada em seu coração,
deve ser segundo o mandamento e decisão dEle, pois só há galardão para quem faz
conforme Ele manda: “e, se alguém também milita, não é coroado se não militar
legitimamente.” (II Tm 2:5), legitimamente é como todos nós devemos militar para o
Mestre, esta palavra é no grego “nomimos”, ̄ que é “de acordo com regras II Tm 2:5.
182
Legalmente I Tm 1:8. ”, Ele não esquecerá do seu trabalho: “porque Deus não é
injusto para se esquecer da vossa obra, e do trabalho do amor que para com o seu
nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis.” (Hb 6:10).
Caso você não labute legitimamente sofrerá danos, isso está esculpido em
I Co 3:6-15, não faça como várias mulheres, homens também, que colocam suas
vontades acima da Bíblia e a torcem para que se adapte a seus desejos: “todos os dias
torcem as minhas palavras; todos os seus pensamentos são contra mim e para o mal.”
(Sl 56:5), como alguns nos dias de Jeremias: “pois torceis as palavras do Deus, do
Senhor dos Exércitos, o nosso Deus.” (Jr 23:36), a própria Bíblia é que será a base dos
seu julgamento, do meu também: “quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas
palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no
último dia.” (Jo 12:48). O que fazer então? A resposta e concentre-se no que você pode
fazer, e são muitas coisas, comecemos pelo que foi feito, veja as referências a seguir II
Rs 4:10; Mt 27:55,56; Mc 14:3; Lc 7:38,39; At 1:14; 12:12,13; 18:26; Rm 16:1-3,6,12;
Fp 4:3. Sobre o que a mulher pode citarei Silva, que diz:
(Ante Ajuntamento Com Homens Presentes), A Mulher Pode, Regozijando:
Participar dos cultos públicos Ex 38:8; I Sm 2:22; Atender à leitura da Lei Dt 31:12; Js
8:35; Adoravam em compartimento em separado Ex 38:8; I Sm 2:22. Participar das orações
públicas (sem liderá-las; silenciosamente) e das leituras bíblicas em uníssono sem liderá-las
At 1:14 (Maria e seus outros filhos e filhas); 12:12,13 (Maria, Rode). Tocar instrumento
musical, ornamentar o ambiente da igreja, cuidar dele, etc. Participar do canto
congregacional (O mais nobre canto de todos! Deveria preponderar sobre todos!). Participar
de coral, jogral, ou grupo musical I Cr 25:5,6; Ed 2:65; Ne 7:67; (Mas nunca em 1ª.
evidência. Ou, pelo menos, sem contrariar nada desde aa até ah, e rigorosamente sob o
controle do Espírito...) A palavra Alamoth (“para as virgens”) em I Cr 15:20 e no título do
Salmo 46, parece indicar um coro de vozes femininas, possivelmente soprano. Compor
poesia letras, melodias, harmonia e arranjos para salmos, hinos e cânticos espirituais Ex
15:21 (Miriam); Jz 5 (Débora); I Sm 2:1-10 (Ana); Lc 1:42-45 (Isabel); Lc 1:46-55 (Maria).
Dar dos seus meios. II Rs 4:10; Mc 14:3 (Maria de Betânia, vaso de nardo puro).
A Mulher Deve Reconhecer O Lar Como Principal Esfera de Atividade
(sublime, privilegiada, dificílima, que consumiria todo seu tempo e energia), onde a mulher
é insubstituível! I Tm 5:9,10; Tt 2:5
Pode, DEVE Ensinar a Mulheres e Crianças
No dia a dia, ou em reuniões programadas e sem homens. Ensinar (instruir, treinar, advertir,
exortar, repreender, etc.) por palavra e por exemplo. Este é privilégio sublime, privilegiado,
dificílimo, que consumiria todo seu tempo e energia, e onde a mulher é insubstituível! Tt
2:3-5
Algumas Distinções Especiais De Mulheres (adaptado da Bíblia de Thompson):
Última ao pé da cruz (Mc 15:47); primeira no túmulo (Jo 20:1); primeira a proclamar a
ressurreição (Mt 28:8); primeira a testificar aos judeus (Lc 2:37,38); presente à primeira

182
Gingrich, p. 141

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Deus quer o pentecostalismo?

reunião de oração (At 1:14); primeira a saudar missionários cristãos (Paulo e Silas) na
Europa (Filipos) (At 16:13); primeira convertida da Europa (em Filipos) (At 16:14)183.

2.6. O culto

“Mui fiéis são os teus testemunhos; a santidade convém à tua casa, SENHOR, para
sempre.” (Sl 93:5).

O culto a Deus é uma parte muito importante da vida do homem, falo


homem não crente, por que um ser humano deveria adorar a Deus? Mesmo que ele
desconheça o cristianismo e a Deus, o cenário proposto é de alguém que nunca ouviu
falar do evangelho, desconhece a Cristo, ele deve adorar a Deus, pois está escrito que
Deus persuade a humanidade inteira pela natureza: “os céus declaram a glória de Deus
e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” (Sl 19:1), “porque do céu se manifesta
a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em
injustiça.” (Rm 1:18), com certeza um motivo pelo qual o homem, mesmo
desconhecendo o nosso Deus, deveria adorá-lO é pela criação, pois o mundo inteiro foi
criado por Ele, inclusive os seus moradores e pelo fato de todo homem tem sede de
Deus: “a minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me
apresentarei ante a face de Deus?” (Sl 42:2), “ó Deus, tu és o meu Deus, de madrugada
te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra
seca e cansada, onde não há água;” (Sl 63:1). Por que um homem deveria adorar a
Deus? Uma vez que ouviu o evangelho, para o homem, nesta categoria, os motivos são
maiores ainda, pois Deus é Bom, “porque faz que o seu sol se levante sobre maus e
bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.” (Mt 5:45), pois é o Doador da vida, da
saúde, da alimentação e tudo isso invoca uma adoração a Ele, e é longânimo: “o Senhor
não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para
conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-
se.” (II Pd 3:9).
Por que um crente, em Cristo Jesus, deveria adorar a Deus? Este é o que
mais do que ouviu, ele creu em Cristo, o crente deve adorá-lO pelo envio do Seu Filho,
conseqüentemente a salvação, por ser adotado, remido, perdoado, santificado, amado.
Uma vez falado tudo isso e abordado motivos para adorar a Deus, agora é importante
diferenciar e entender algo:
E disse o SENHOR a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra
semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal. Então
respondeu Satanás ao SENHOR, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura tu
não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos
abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. (Jó 1:8-10).
A questão colocada a Deus foi se Jó tinha uma adoração por obrigação, e
o fundamento dado foi que tudo o que ele queria ele tinha, que ele só prosperava, então
Deus respondeu que a adoração dele era uma adoração genuína e que nada tem a ver
com as posses dele, esta é uma grande lição para nós hoje, antes de vermos a lição
acompanhemos ainda a lição de Jó, ele perdeu tudo o que tinha além de ser acometido
por uma grave doença, mesmo ante a tal situação ele continuou na adoração a Deus. É
fato que ele esteve cabisbaixo, no entanto, mesmo em tais momentos de dificuldade, e
persuadido pela esposa para amaldiçoar a Deus, ele continuou firme, esta é a lição mais
forte no livro, que mesmo nos piores momentos da vida, o culto deve ser prestado, no
mesmo livro aparece uma expressão “a noite”, que é o momento de dificuldade, que
183
Silva, Hélio de Menezes. Eclesiologia - a Doutrina da Igreja dos Salvos do Novo Testamento.
Disponível em http://solascriptura-tt.org/EclesiologiaEBatistas/index.htm acesso 09.03.08

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

todos passam, Jó passava por uma terrível noite: “porém ninguém diz: Onde está Deus
que me criou, que dá salmos durante a noite;” (Jó 35:10). Em linguagem mais
elementar, o homem, quer tenha ele ouvido o evangelho, seja ateu, seja incrédulo, seja
crente, poderia adorar por tudo o que Deus dá, no entanto, o primordial motivo para
adorar a Deus é pelo que Ele é, essa postura fará uma diferença muito grande, caso o
adorador só adore a Deus pelo que Ele dá, caso Deus tire, ou simplesmente não dê, ou
nos momentos baixos da vida a adoração a Deus não seria dada, entretanto, quando o
que move o adorador seja o que Deus é, mesmo em momentos de doença, desemprego,
dificuldade financeira, ou qualquer que seja, ele cultuará ao Senhor.
Neste ponto é interessante ver esta música Por tudo que Tu és de autoria
de Bob Farrell e Billy Smile que diz:
Sob Tua palavra o Universo inteiro se formou
Planetas, Sóis, estrelas, luas incontáveis.
Formaste o homem e a mulher dentro de um jardim
E ao pecarem descobrirão o Teu perdão
Coro:
Senhor eu sei que há mil razões pra Ti adorar
Mas a razão maior é que me faz cantar
Oh Senhor Ti louvo pelo que Tu és
E não por feitos poderosos de Tua mão
Oh Senhor Ti louvor pelo que Tu és.
Eis a razão maior e que me faz cantar
Por tudo que Tu és
Conforme o plano eterno feito desde a criação
Teu filho amado prometeste enviar
Cristo por ti, por mim sofreu até a morte
Morreu na cruz, sublime amor, salvou o pecador.
Coro:
Senhor eu sei que há mil razões pra Ti adorar
Mas a razão maior é que me faz cantar
Oh Senhor Ti louvor pelo que Tu és
E não por feitos poderosos de Tua mão
Oh Senhor Ti louvor pelo que Tu és.
Eis a razão maior e que me faz cantar
Por tudo que Tu és184.
Desde o inicio, da humanidade, o homem tem oferecido cultos a Deus, o
primeiro relatado é o de Abel, homem justo, isso porque temia a Deus, que é dever de
todo homem: “de tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus
mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.” (Ec 12:13), (cf Sl 115:13-15;
Pv 19:23; Lc 1:50), sendo esta a sabedoria: “e disse ao homem: Eis que o temor do
Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.” (Jó 28:28), houve também
o sacrifício de Caim, que foi rejeitado: “mas para Caim e para a sua oferta não
atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o SENHOR disse a
Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (Gn 4:5,6) e depois
matou ao irmão: “não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que
causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.” (I Jo 3:12);
então nos mostra que, além do propósito correto, existe a necessidade do meio (modo)
correto.

2.6.1. Culto pentecostal

184
Farrell, Bob & Smile, Billy (comp.). Por tudo que Tu és. Disponível no sítio eletrônico
http://vagalume.uol.com.br/arautos-do-rei/por-tudo-que-tu-es.html, acesso 02.10.09

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Deus quer o pentecostalismo?

“Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e
com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu
temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;” (Is
29:13).

O culto carismático é um culto mais voltado ao lado emocional, e isso


tem muito a dizer, pois o homem acaba sendo o foco da atenção, por isso, tudo o que
possa ser feito para atrair aos homens é ótimo, por exemplo, danças, musicas dançantes,
palmas; envolve vários outros elementos, como a falta de ordem no culto, a gritaria, que
faz com que os vizinhos se sintam incomodados, sendo que alguns entram com ações
judiciais contra igrejas por causa do barulho, em certos cultos há o terrível espanto para
o visitante, pois: “se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em
línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?” (I Co
14:23).

2.6.2. Culto bíblico

“Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a


tua face, SENHOR, Rocha minha e Redentor meu!” (Sl 19:14).

Esta seção se refere ao culto bíblico, há uma diferença do culto em um e


em outro Testamento, por isso, serão abordados em itens próprios, com ênfase, é claro,
ao culto neotestamentário visto a igreja ser do Novo Testamento. Todos os homens
deveriam adorar a Deus, o culto sempre foi incentivado: “dai ao SENHOR a glória
devida ao seu nome, adorai o SENHOR na beleza da santidade.” (Sl 29:2), “adorai ao
SENHOR na beleza da santidade; tremei diante dele toda a terra.” (Sl 96:9), “ó, vinde,
adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou.” (Sl 95:6),
“exaltai ao SENHOR nosso Deus, e prostrai-vos diante do escabelo de seus pés, pois é
santo.” (Sl 99:5), (cf Gn 35:1; Ex 23:17,18; 34:23; Dt 12:5-7,11,12; 16:6-8; 31:11-13;
33:19; II Rs 17:36; Sl 45:11; 76:11; 96:8,9; 97:7; 99:5; Jl 1:14,15; 2:15-17; Na 1:15; Ag
1:8; Zc 14:16-18; Mt 8:4; Mc 1:44; Lc 5:14; Hb 10:25; Ap 14:7; 19:10), e a adoração é
para ser dada única e exclusivamente a Deus: “e Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te
para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele
servirás.” (Lc 4:8), (cf Ex 20:3; Dt 5:7; 6:13; Mt 4:10; At 10:26; 14:15; Cl 2:18; Ap
19:10; 22:8).

2.6.2.1. No Velho Testamento

O culto, no Velho Testamento, estava muito relacionado ao local de


adoração, mas, antes de prosseguir, vamos entender o significado da adoração, a palavra
hebraica usada para adoração a Deus é “shachah”, ̂ ̂ que significa: “1) inclinar-se, 1a)
(Qal) inclinar-se, 1b) (Hifil) deprimir (fig.), 1c) (Hitpael), 1c1) inclinar-se, prostrar-se,
1c1a) diante de superior em deferência, 1c1b) diante de Deus em adoração, 1c1c) diante
de deuses falsos, 1c1d) diante dum anjo185.” Ela não significa só adoração a Deus, tem
outros significados também:
Adorar, prostrar-se, abaixar-se, inclinar-se, esta palavra se encontra no hebraico moderno
com o sentido de “inclinar-se ou agachar-se”, mas não no sentido geral de “adorar”, o fato
dela aparecer mais de 170 vezes no Velho Testamento demonstra um pouco do seu
significado cultural, a encontramos, pela primeira, vez em Gn 18:2, onde Abraão “se
185
Strong, p. 1031

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

prostrou em terra” diante dos três mensageiros, que anunciaram que Sara teria um filho, o
ato de se inclinar em homenagem ou reconhecimento de autoridade e submissão se faz
geralmente diante de um superior ou governante, por isso Davi se “inclinou” ante a Saul (I
Sm 24:8); às vezes, alguém se inclina ante um que é social ou economicamente superior,
como quando Rute se inclinou a Boaz (Rt 2:10); José viu, em sonho, que os gravetos de
seus irmãos se “inclinavam” ante ao seu graveto (Gn 37:7-10). Shachah ̂ ̂ é o termo que
comumente se usa para chegar ante a Deus em adoração (como em I Sm 15:25; Jr 7:2), as
vezes, se usa outro verbo, que significa inclinar-se fisicamente seguido por adorar, como
em Ex 34:8: “E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, adorou,”, outros deuses e
ídolos também são objetos de adoração prostrando-se diante deles (Is 2:20; 44:15,17)186.
Continuando a falar da palavra hebraica:
̂ ̂ é usada para indicar se curvar em adoração a
... No contexto como Gn 24:26, “shachah”
YAHWEH, os salmistas usaram esta palavra para descrever toda a terra se curvando em
adoração a Deus como resposta ao Seu grande poder (Sl 66:4) ou se curvando em adoração
a Deus e ajoelhando diante do Senhor (Sl 95:6), este ato, de adoração, é dado a Deus
porque Ele merece isso e porque aqueles que falam são pessoas do Seu pasto... Josué
instruiu o povo de Israel não se associar com as nações remanescentes em volta deles e não
se curvarem ou servirem aos deuses deles, ele instruiu Israel a manter-se firme ao
verdadeiro Deus, YAHWEH (Js 23:7), em Sofonias, a palavra é também usada para
adoração, quando YAHWEH destruir todos os deuses da terra, as nações de cada canto vão
adorá-Lo (Sf 2:11)187.
Como visto, basicamente a adoração, a Deus, envolve se curvar, neste
caso, reconhecendo a dependência dEle, de fato, o homem não é nada, e Deus é o
Supremo Senhor, portanto, é necessário um culto sincero: “perto está o SENHOR dos
que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito.” (Sl 34:18), “ainda
que o SENHOR é excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de
longe.” (Sl 138:6), “porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas
foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito,
e que treme da minha palavra.” (Is 66:2), “perto está o SENHOR de todos os que o
invocam, de todos os que o invocam em verdade.” (Sl 145:18), a sinceridade era
essencial, mas não era o suficiente, para adorar a Deus, sempre foi necessário seguir às
regras, no caso do Velho Testamento, as regras eram as seguintes, primeiro, a adoração,
o culto estava voltado ao lugar, inicialmente no tabernáculo, posteriormente no templo:
Mas o lugar que o SENHOR vosso Deus escolher de todas as vossas tribos, para ali pôr o
seu nome, buscareis, para sua habitação, e ali vireis. E ali trareis os vossos holocaustos, e os
vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e os vossos votos, e
as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. E ali
comereis perante o SENHOR vosso Deus, e vos alegrareis em tudo em que puserdes a
vossa mão, vós e as vossas casas, no que abençoar o SENHOR vosso Deus. (Dt 12:5-7), (cf
Dt 12:11; 16:2; 26:2; Js 9:27).
Além de ser no lugar específico, o que deixa claro que a adoração direta a
Deus estava relacionada intimamente com o lugar, quem fosse cultuar a Deus o fazia
por sacrifícios, que eram queimados pelos sacerdotes: “como se tira do boi do sacrifício
pacífico; e o sacerdote os queimará sobre o altar do holocausto.” (Lv 4:10), (Ex 28:1-
4; 29:9,44; Nm 3:10; 18:7; I Cr 23:13), e este ofício era exclusivo dos levitas: “e os
cingirás com o cinto, a Arão e a seus filhos, e lhes atarás as tiaras, para que tenham o
sacerdócio por estatuto perpétuo, e consagrarás a Arão e a seus filhos;” (Ex 29:9), (cf
Ex 27:21; 28:43), o culto seguia toda uma liturgia, descrita no Pentateuco, sobretudo no
livro de Levíticos, além das instruções do rei Davi, encontradas nos artigos 23 a 26 de I
Crônicas, instruções, que chamo atenção à parte dos instrumentos, que, nem mesmo, no
Velho Testamento se podia levar, de modo indiscriminado, todo e qualquer instrumento
ao templo.

186
Vine, p. 794
187
Baker, p. 599

Página 156
Deus quer o pentecostalismo?

2.6.2.2. No Novo Testamento

“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em


espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito,
e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4:23,24).

O culto, do Novo Testamento, é diferente do anterior, naturalmente


sempre houve a necessidade de sinceridade, o culto tem de ser verdadeiro, mas agora,
no Novo Testamento, o culto não está intimamente ligado ao lugar, ao templo, o próprio
Senhor Jesus disse na conversa com a mulher samaritana:
Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós
dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que
a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que
não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora
vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade;
porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade. (Jo 4:19-24).
O Senhor Jesus deixou claro que houve uma sensível mudança no culto,
o motivo da mudança é explicado na própria Bíblia: “que são sombras das coisas
futuras, mas o corpo é de Cristo.” (Cl 2:17), “os quais servem de exemplo e sombra das
coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o
tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te
mostrou.” (Hb 8:5), “porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem
exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada
ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.” (Hb 10:1), ou seja, todo o sistema
sacerdotal, e a própria lei, não passavam de sombra, se comparados com o Novo
Testamento, e o Mestre é a luz, Ele que inaugurou o Novo Testamento; a palavra usada,
̄
pelo Mestre, para verdade é “aletheia ”, esta palavra significa:
1) objetivamente, 1a) que é verdade em qualquer assunto em consideração, 1a1)
verdadeiramente, em verdade, de acordo com a verdade, 1a2) de uma verdade, em
realidade, de fato, certamente, 1b) que é verdade em coisas relativas a Deus e aos deveres
do ser humano, verdade moral e religiosa, 1b1) na maior extensão, 1b2) a verdadeira noção
de Deus que é revelada à razão humana sem sua intervenção sobrenatural, 1c) a verdade tal
como ensinada na religião cristã, com respeito a Deus e a execução de seus propósitos
através de Cristo, e com respeito aos deveres do homem, opondo-se igualmente às
superstições dos gentios e às invenções dos judeus, e às opiniões e preceitos de falsos
mestres até mesmo entre cristãos, 2) subjetivamente, 2a) verdade como excelência pessoal,
2a1) sinceridade de mente, livre de paixão, pretensão, simulação, falsidade, engano188.
Neste verso, em alguns outros também, a verdade não é aquela que se
opõe a mentira, e sim o que é verdadeiro, em contraste com a sombra, que é um dos
̄
significados da palavra “aletheia ”, “verdade, verdadeiro, realidade, verdade revelada
estabelecida na base de um acordo com a aparência; a manifestada, a verdadeira
essência de algo... Verdade como oposição aos tipos, emblemas, sombras (Jo 1:14,17
[cf Jo 4:23,24; 14:6; Cl 2:17])189”, outro exemplo deste uso é: “porque a lei foi dada por
Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.” (Jo 1:17), a lei, sombra de algo
vindouro foi dado por Moisés, a verdade desvendada, por Cristo; então o culto no Novo
Testamento é em verdade e não na sombra, as mudanças incluíam a falta de ligação ao
lugar em específico, Ele disse que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai,
agora a adoração é em espírito e em verdade.
188
Strong, p. 1176
189
Zodhiates, p. 16

Página 157
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Antes de prosseguirmos, vejamos o significado da palavra adoração, a


palavra mais comum para adoração do Novo Testamento é “proskuneō”, que significa:
1) beijar a mão de alguém, em sinal de reverência, 2) entre os orientais, esp. persas, cair de
joelhos e tocar o chão com a testa como uma expressão de profunda reverência, 3) no NT,
pelo ajoelhar-se ou prostrar-se, prestar homenagem ou reverência a alguém, seja para
expressar respeito ou para suplicar, 3a) usado para reverência a pessoas e seres de posição
superior, 3a1) aos sumo sacerdotes judeus, 3a2) a Deus, 3a3) a Cristo, 3a4) a seres celestes,
3a5) a demônios190.
Tem outras palavras, que aparecem freqüentemente em relação a
adoração, são elas “sebomai”, “1) reverenciar, adorar.191”, e “latreuō”, que é:
1) servir por salário, 2) servir, ministrar, os deuses ou seres humanos. Usado tanto para
escravos como para homens livres, 2a) no Novo Testamento, prestar serviço religioso ou
reverência, adorar, 2b) desempenhar serviços religiosos, ofertar dons, adorar a Deus na
observância dos ritos instituídos para sua adoração, 2b1) dos sacerdotes, oficiar, cumprir o
ofício sacro192.
O significado desta última palavra é interessantíssimo, pois tem relação
direta com a adoração correta, adorar a Deus na observância dos ritos instituídos para
sua adoração, tem muito a dizer. Continuando, primeiro, o templo não é mais o lugar
exclusivo para adoração, agora em qualquer lugar: “porque por ele ambos temos acesso
ao Pai em um mesmo Espírito.” (Ef 2:18), “por causa disto me ponho de joelhos
perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,” (Ef 3:14), “e, se invocais por Pai aquele
que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor,
durante o tempo da vossa peregrinação,” (I Pd 1:17), e o Mestre lá se fará presente:
“porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles.” (Mt 18:20), e não somente quando unido, mesmo separado: “ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos
os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28:20).
Pois agora o templo, que era uma construção, passou a ser o corpo do
próprio crente: “não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?” (I Co 3:16), “ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito
Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I Co
6:19), “e que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo
do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o
seu Deus e eles serão o meu povo.” (II Co 6:16), “no qual também vós juntamente sois
edificados para morada de Deus em Espírito.” (Ef 2:22), “e, se o Espírito daquele que
dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos
ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que
em vós habita.” (Rm 8:11).
Quando Deus prometeu dar um novo coração: “e lhes darei um só
coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de
pedra, e lhes darei um coração de carne;” (Ez 11:19), “e dar-vos-ei um coração novo, e
porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e
vos darei um coração de carne.” (Ez 36:26), Ele estava efetivamente trocando o templo,
habilitando o crente para a verdadeira adoração e não sombra, sendo que a morada dEle
no crente será para sempre: “e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para
que fique convosco para sempre;” (Jo 14:16), ainda falando sobre o templo, mesmo no
Velho Testamento, Deus ensinou que: “mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis
que os céus, e até o céu dos céus, não te poderiam conter, quanto menos esta casa que
eu tenho edificado.” (I Rs 8:27), (cf II Cr 6:18):
190
Strong, p.1328
191
Strong, p.1456
192
Strong, p.1485

Página 158
Deus quer o pentecostalismo?

Eis que estou para edificar uma casa ao nome do SENHOR meu Deus, para lhe consagrar,
para queimar perante ele incenso aromático, e para a apresentação contínua do pão da
proposição, para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados e nas luas novas, e nas
festividades do SENHOR nosso Deus; o que é obrigação perpétua de Israel. E a casa que
estou para edificar há de ser grande; porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.
Porém, quem seria capaz de lhe edificar uma casa, visto que os céus e até os céus dos céus
o não podem conter? E quem sou eu, que lhe edificasse casa, salvo para queimar incenso
perante ele? (II Cr 2:4-6).
Ensino este repetido no Novo Testamento: “mas o Altíssimo não habita
em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, E a
terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar
do meu repouso?” (At 7:48,49):
O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos de homens, como
que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração,
e todas as coisas; (At 17:24,25).
Deus habita no céu: “mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe
agradou.” (Sl 115:3), “o SENHOR está no seu santo templo, o trono do SENHOR está
nos céus; os seus olhos estão atentos, e as suas pálpebras provam os filhos dos
homens.” (Sl 11:4), “esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o
veja? diz o SENHOR. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR.” (Jr
23:24), “Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o
trono de Deus;” (Mt 5:34), e no coração do crente, olha que maravilha, Ele habita no
coração, por isso, o culto a Deus é diário, é em todo momento, ao menos deveria ser,
por isso, que a Bíblia diz: “portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer
coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (I Co 10:31), “se alguém falar, fale segundo as
palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá;
para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e
poder para todo o sempre. Amém.” (I Pd 4:11).
O culto, do Novo Testamento, então tem a seguinte organização: “mas
faça-se tudo decentemente e com ordem.” (I Co 14:40), “porque Deus não é Deus de
confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” (I Co 14:33), “porque,
ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito estou convosco,
regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.” (Cl 2:5),
“por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que
ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei:”
(Tt 1:5), (cf I Co 14:26-33), o culto precisa ter orações (At 2:42; 20:36; 21:5; I Co
14:15), cânticos espirituais (I Co 14:26; Ef 5:19,20; Cl 3:16), leitura da Palavra (II Co
3:15; I Tm 4:13), pregação da Palavra, no poder do Espírito (At 11:26; 20:7; Rm 15:14;
I Co 14:28,29; Ef 5:19,20; Cl 3:16), dízimos e ofertas (Lc 21:1-4 I Co 16:2; II Co 9:7),
batismo (At 2:41; 19:5), ceia do Senhor (At 2:42,46; 20:7), esta é a organização do culto
no Novo Testamento.

2.6.3. Adições ao culto

“Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e
nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele.” (Ec 3:14).

Ao culto têm sido acrescidos partes e elementos, que não existiam


anteriormente, adições que cairão rapidamente se confrontados com as Escrituras.

Página 159
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

2.6.3.1. Gritaria

“Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas
dentre vós,” (Ef 4:31).

A gritaria está textualmente no verso texto, mesmo assim ela reina no


culto pentecostal, a palavra grega é “kraugē”,“grito, gritaria, clamor Mt 25:6; Lc 1:42;
At 23:9; Ef 4:31; Hb 5:7. Pranto Ap 21:4193.”, que é uma “palavra onomatopéia que
imita o granido dos corvos, relacionada com krazo e kraugazo, gritar, clamar. Denota
gritaria (Ef 4:31)194”, o curioso que do ministério terreno do Senhor Jesus foi dito
exatamente o inverso:
Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Eis aqui o meu servo, que
escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito,
E anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, Nem alguém ouvirá pelas
ruas a sua voz; (Mt 12:19).
Ainda sobre gritaria no culto, é bom lembrar uma lição do Velho
Testamento:
E tomaram o bezerro que lhes dera, e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a
manhã até ao meio dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem
respondesse; e saltavam sobre o altar que tinham feito. E sucedeu que ao meio dia Elias
zombava deles e dizia: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja
falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja
dormindo, e despertará. E eles clamavam em altas vozes, e se retalhavam com facas e com
lancetas, conforme ao seu costume, até derramarem sangue sobre si. (I Rs 18:26-28).
Os profetas de baal precisaram gritar, na verdade, eles podiam fazer o
que quisessem, pois ele não iria responder, ele era apenas um ídolo mudo: “vós bem
sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.” (I Co
12:2), que nada podia fazer: “são como a palmeira, obra torneada, porém não podem
falar; certamente são levados, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles,
pois não podem fazer mal, nem tampouco têm poder de fazer bem.” (Jr 10:5), feito pelas
mãos humanas: “congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das
nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura,
feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” (Is 45:20):
Os ídolos dos gentios são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não
falam; têm olhos, e não vêem, têm ouvidos, mas não ouvem, nem há respiro algum nas suas
bocas. Semelhantes a eles se tornem os que os fazem, e todos os que confiam neles. (Sl
135:15-18), (cf Sl 115:4-8).
Infelizmente ainda há muita gente adorando a ídolos, mas não sabem que
estão é adorando a demônios: “antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as
sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os
demônios.” (I Co 10:20); diferentemente dos ídolos, que nada podem fazer, é o Senhor
Jesus, pois Ele é Deus Vivo: “porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que
tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus
vivo e verdadeiro,” (I Ts 1:9), “porque, quem há de toda a carne, que ouviu a voz do
Deus vivente falando do meio do fogo, como nós, e ficou vivo?” (Dt 5:26), “disse mais
Josué: Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós; e que certamente
lançará de diante de vós aos cananeus, e aos heteus, e aos heveus, e aos perizeus, e aos
girgaseus, e aos amorreus, e aos jebuseus.” (Js 3:10), “a minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (Sl 42:2), “e
que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus

193
Gingrich, p, 120
194
Vine, p. 469

Página 160
Deus quer o pentecostalismo?

vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo.” (II Co 6:16), na continuação da passagem, Ele mostra isso, pois
Ele respondeu com fogo: “então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a
lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.” (I Rs 18:38).
Portanto, é desnecessária a gritaria Ele ouve tudo, mesmo o pensamento e
é o Único que conhece o pensamento humano: “ouve tu então nos céus, assento da tua
habitação, e perdoa, e age, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, e
segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos
homens.” (I Rs 8:39), “e, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de
todos, mostra qual destes dois tens escolhido,” (At 1:24), “porventura não
esquadrinhará Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração.” (Sl 44:21), além de,
Ele estar sempre perto, mais do que isso, Ele mora dentro do coração do crente, por
isso, é totalmente desnecessário o barulho, afinal Ele não é surdo: “eis que a mão do
SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido,
para não poder ouvir.” (Is 59:1).

2.6.3.2. Modernismos

Modernismo não é o mesmo que modernidade, que é fazer uso do aparato


tecnológico, modernismo tem a ver com trazer coisas do mundo para o seio da igreja,
coisas novas, daí o nome modernismo, à fé cristã, não é incomum ver cultos que se
parecem com espetáculo, ver utilizados vários recursos lúdicos para entreter o povo, ou
algum outro meio ou artimanha; alguns pensam que tudo o que existe no mundo pode
ser trazido para o culto a Deus ou a obra de Deus como um todo, a lógica é a seguinte,
que Deus é o Criador de tudo e pôs tudo a nossa disposição, então podemos usar tudo
para a obra dEle, mas isso não é realidade, está longe de ser; tiveram dois irmãos que
pensaram assim, Nadabe e Abiú, o que eles fizeram foi: “e os filhos de Arão, Nadabe e
Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso
sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara.”
(Lv 10:1), tão somente trocaram o fogo, eles pensaram o fogo foi criado por Deus, logo
todo fogo é fogo, “mas Nadabe e Abiú morreram perante o SENHOR, quando
ofereceram fogo estranho perante o SENHOR no deserto de Sinai, e não tiveram filhos;
porém Eleazar e Itamar administraram o sacerdócio diante de Arão, seu pai.” (Nm
3:4), exatamente, o Senhor os matou, deixando claro que eles deveriam seguir a ordem
que tinham recebido, como não seguiram morreram: “porém Nadabe e Abiú morreram
quando trouxeram fogo estranho perante o SENHOR.” (Nm 26:61), a questão
transcende à prática, ela está ligada ao fato de cumprir ou não a Palavra de Deus, que
deu mandamentos para serem observados exatamente como mandado: “Tu ordenaste os
teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos.” (Sl 119:4).

2.6.3.3. Foco no homem

O grande erro no culto a Deus é o erro mais antigo ao adorá-Lo, e é


exatamente o objetivo, e o pentecostalismo segue o mesmo erro, infelizmente muitos de
nós também, a pergunta a fazer é quem deve ser agradado com o culto, a resposta só
pode ser enfática, pois é Deus (I Ts 2:4), o que, por óbvio, exclui o mundo (Tg 4:4,5),
os incrédulos e, em especial, a nós mesmos, o culto a Deus deve nos deixar alegres, pois
nada a de mais alegrante que cultuar ao Senhor, mas a adoração não pode ter como
critério o gosto do homem, pois Deus estabeleceu como Ele quer ser adorado, o Mestre
é o nosso exemplo: “porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por

Página 161
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.” (I Pd 2:21), a palavra
empregada é “hupogrammos”, “modelo, exemplo I Pd 2:21195.”, que era uma “1) cópia
escrita, que inclue todas as letras do alfabeto, dada aos iniciantes como uma ajuda para
aprender a desenhá-los, 2) exemplo apresentado a alguém196.”, e Ele deixou claro Quem
deve ser agradado: “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me
enviou, e realizar a sua obra.” (Jo 4:34), “então disse: Eis aqui venho (No princípio do
livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade.” (Hb 10:7), “então disse:
Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o
segundo.” (Hb 10:9), “e, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu
rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não
seja como eu quero, mas como tu queres.” (Mt 26:39), “e, indo segunda vez, orou,
dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua
vontade.” (Mt 26:42).
Ora, se é a Deus então não é a nós mesmos: “não a nós, SENHOR, não a
nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.” (Sl
115:1), não a nossa vontade, jamais:
Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao
sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os
teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias
palavras, (Is 58:13).
A Palavra menciona tua vontade, e textualmente fala nem pretendendo
fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, isso precisa ser regra,
a nossa vontade tem de morrer, independentemente de como ela apareça, para tanto, há
o exemplo de Caim: “e aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra
uma oferta ao SENHOR.” (Gn 4:3), ele ofereceu uma oferta, ofereceu frutos da terra, a
Bíblia não qualifica que tipo de fruto que ele trouxe, mas é possível que tenha oferecido
a Deus dos melhores frutos, certamente ele pensou que aqueles frutos poderiam ser
oferecidos, a Deus, em sacrifício, pois ele era lavrador: “e deu à luz mais a seu irmão
Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.” (Gn 4:2), mas
infelizmente ele estava errado: “e o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por
que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não
fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves
dominar.” (Gn 4:6,7), Deus perguntou se bem fizeres, daí alguém pergunta que bem é
esse? O sacrifício certamente teria de ser de um animal, embora a Bíblia não mencione
claramente, é fato que Deus sacrificou um animal para com sua pele vestir Adão e a
Eva: “e fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.” (Gn
3:21), este sacrifício era um sinal do sacrifício, que seria feito pelo Mestre na cruz,
“então a túnicas de peles foi providenciada, por Deus, pela morte de um animal, este
retrato da roupa da justiça que foi providenciada para pecadores culpados através do
derramamento do sangue do Cordeiro de Deus, faz disponível a nós a base da fé197.”.
É possível que Caim desconhecesse o significado do sacrifício, mesmo
assim, não deveria desobedecer ao mandamento, mesmo que o significado lhe fosse
escondido, ele deveria ser fiel ao que lhe foi requerido, Moisés, neste caso, é outro
exemplo negativo, Deus falou a ele: “eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha,
em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o
fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel.” (Ex 17:6), mas na segunda vez Deus disse:
“toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os
seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à
195
Gingrich, p. 213
196
Strong, p. 1432
197
MacDonald, p.

Página 162
Deus quer o pentecostalismo?

congregação e aos seus animais.” (Nm 20:8), portanto, falai à rocha, mas não foi o que
Moisés fez:
Então Moisés tomou a vara de diante do SENHOR, como lhe tinha ordenado. E Moisés e
Arão reuniram a congregação diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes,
porventura tiraremos água desta rocha para vós? Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a
rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus
animais. E o SENHOR disse a Moisés e a Arão: Porquanto não crestes em mim, para me
santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra
que lhes tenho dado. (Nm 20 9-12).
Deus, na primeira vez, o mandou ferir a rocha, na segunda mandou falar
à rocha, por desobedecer, o mandamento de Deus, ele não pôde pisar na terra prometida,
possivelmente ele não sabia, mas aquela rocha era o símbolo de Cristo: “e beberam
todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os
seguia; e a pedra era Cristo.” (I Co 10:4), que foi ferido uma única vez: “assim também
Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez,
sem pecado, aos que o esperam para salvação.” (Hb 9:28). Reitero a pergunta, no culto
qual a vontade deve ser satisfeita? A Bíblia claramente responde: “porque assim diz o
SENHOR a respeito dos eunucos, que guardam os meus sábados, e escolhem aquilo em
que eu me agrado, e abraçam a minha aliança:” (Is 56:4), “porque Deus é o que opera
em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Fp 2:13), “vos
aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que
perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o sempre.
Amém.” (Hb 13:21), “saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo,
combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e
consumados em toda a vontade de Deus.” (Cl 4:12), “e não sede conformados com este
mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:2),
“porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da
fornicação;” (I Ts 4:3), “porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito
aos homens.” (Rm 14:18).
O homem espiritual tem alegria em fazer a vontade de Deus, em outras
palavras, a vontade dele é fazer a vontade de Deus: “deleito-me em fazer a tua vontade,
ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.” (Sl 40:8), “ensina-me a fazer a
tua vontade, pois és o meu Deus. O teu Espírito é bom; guie-me por terra plana.” (Sl
143:10), a suma, dos versos do parágrafo anterior, fala que existem duas leis, duas
vontade em jogo, uma a de Deus, a outra a do mundo, à qual Rm 12:2, fala para não nos
conformarmos com ela, este ensino é repetido em outros lugares: “para que, no tempo
que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas
segundo a vontade de Deus.” (I Pd 4:2), “porque, segundo o homem interior, tenho
prazer na lei de Deus;” (Rm 7:22), trazendo outro ensino, a que o homem interior, ou
seja, o novo homem, tem prazer em executar o ensino bíblico, de fazer e buscar a
vontade de Deus, em contraste com o velho homem:
Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me
prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu
sou! quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso
Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à
lei do pecado. (Rm 7:23-25).
Deixando claro que agradar a si mesmo é uma inclinação carnal: “porque
a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a
inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em
verdade, o pode ser.” (Rm 8:6,7), à qual o crente deve rejeitar, para viver uma vida

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

agradável a Deus, a Quem seja a glória para sempre: “e o Senhor me livrará de toda a
má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o
sempre. Amém.” (II Tm 4:18).

2.6.3.3.1. Palmas

Palmas só aparecem no Velho Testamento e nunca relacionadas com


marcar o ritmo de música, nem em cultos diretos ao Senhor, quer no Tabernáculo, quer
no Templo, as palavras hebraicas, para palmas, usadas, na Bíblia, são quatro, são:
̂
“saphaq” ela aparece 10 vezes (Nm 24:10; I Rs 20:10; Jó 27:23; 34:26;37; Is 2:6; Jr
31:19; 48:26; Lm 2:15; Ez 21:12), significa: “1) bater palmas, bater, 1a) (Qal), 1a1)
bater, bater palmas, 1a2) bater, castigar, 1a3) respingar, jogar para cima, 1b) (Hifil)
levar a bater palmas198.”, ela é:
Um verbo significando aplaudir, bater, ferir, isso significa aplaudir em escárnio ou
desrespeito, algumas vezes acompanhado de vaia (Jó 27:23; 34:37. Lm 2:15), bater a mão
na coxa como sinal de desgosto ou vergonha (Jr 31:19; Ez 21:12 [17]) ou aplaudir em ira
(Nm 24:10), a palavra é usada para se referir a Deus castigando o Seu povo em pública
reprovação para arrepedimento (Jó 34:26), e o reviro ou esparramada de Moabe em seu
vômito (Jr 48:26), em Is 2:6, a palavra se refere a bater as mãos, que é, fazer acordo como
estrangeiros199.
̂
A segunda é “taqa’”, ela aparece 62 vezes, no Velho Testamento, e
significa palmas em duas ocasiões em Sl 47:1; Na 3:19; o significado da palavra é: “1)
soprar, bater palmas, bater, fazer soar, empurrar, soprar, soar, 1a) (Qal), 1a1) empurrar,
manejar (referindo-se a uma arma), 1a2) tocar, soprar, 1a3) bater palmas, 1b) (Nifal),
1b1) ser soprado, ser tocado (referindo-se a uma corneta), 1b2) comprometer-se200.”, “1)
cravar dardos no corpo (II Sm 18:14), 2) cravar as estacas de uma tenda, 3) golpear as
palmas, aplaudir (Sl 47:2/1), dar as mão em sinal de cumprimento mútuo (Pv 6:1), tocar
a corneta do shofar (I Rs 1:31)201.”, como visto, poucas vezes se refere à mão, mas “...
quando descreve mãos isso denota aplaudir na vitória (Sl 47:1[2]); Na 3:19) ou pegar na
mão como cumprimento (Jó 17:3; Pv 11:15; 17:18)...202”; a terceira é “macha’”, ̂ ̂ ela
aparece em Sl 98:8; Is 55:12; Ez 25:6, significa “1) bater, bater (palmas), 1a) (Qal) bater
palmas (de alegria), 1b) (Piel) bater palmas (de júbilo)203”, “um verbo significando
̄ ̱ mão, ou kap,̱ palma, mão, para significar o bater de
bater, aplaudir, ele é usado com yad,
mão, aplausos em júbilo (Sl 98:8; Is 55:12; Ez 25:6), ela é usada figurativamente para a
natureza ou nações batendo palmas204”; por fim, “nâkâh”, aparece 497 vezes, mas se
referindo a palmas só em II Rs 11:12; Ez 21:14,17, ela significa:
1) golpear, açoitar, atingir, bater, sacrificar, matar, 1a) (Nifal) ser ferido ou golpeado, 1b)
(Pual) ser ferido ou golpeado, 1c) (Hifil), 1c1) ferir, golpear, bater, açoitar, bater palmas,
aplaudir, dar um empurrão, 1c2) golpear, matar, sacrificar (ser humano ou animal), 1c3)
golpear, atacar, atacar e destruir, conquistar, subjugar, devastar, 1c4) golpear, castigar,
emitir um julgamento sobre, punir, destruir, 1d) (Hofal) ser golpeado, 1d1) receber uma
pancada, 1d2) ser ferido, 1d3) ser batido, 1d4) ser (fatalmente) golpeado, ser morto, ser
sacrificado, 1d5) ser atacado e capturado, 1d6) ser atingido (com doença), 1d7) estar doente
(referindo-se às plantas)205.
Quanto ao uso desta palavra, ela é:
198
Strong, p. 732
199
Baker, p. 134
200
Strong, p. 1144
201
Chavez, Moises. Diccionario de Hebreo Biblico. Editorial Mundo Hispano, 1997, p. 195
202
Baker, p. 487
203
Strong, p. 554
204
Baker, p. 304
205
Strong, p. 683

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Deus quer o pentecostalismo?

Um verbo significando golpear, bater, ferir, tem vários exemplos de golpear fisicamente
(Ex 21:15,19; Jó 16:10; Sl 3:7,[8]; Ct 5:7), esta palavra é usada também em diferentes
sentidos, como quando os homens de Sodoma foram tornados cegos pelos dois anjos (Gn
19:11), quando um sacerdote enfiava o garfo dentro caldeira (I Sm 2:14), quando o povo
batia palmas (II Rs 11:12), ou quando o povo verbalmente abusava de Jeremias (Jr 18:18),
Deus feriu os egípcios com pragas (Ex 3:20) e trouxe julgamento para sobre o povo (Is
5:25)206.
Resta a pergunta as palmas deveriam ser usadas no culto? A resposta é
não, pois o uso de palmas, no culto, não encontra guarida nas palavras hebraicas, menos
ainda no uso da palavra no Novo Testamento, os versos, que contêm palmas com a
̂
palavra “saphaq”, são os seguintes: “cada um baterá palmas contra ele e assobiará
tirando-o do seu lugar.” (Jó 27:23), “porque ao seu pecado acrescenta a transgressão;
entre nós bate palmas, e multiplica contra Deus as suas palavras.” (Jó 34:37), “todos
os que passam pelo caminho batem palmas, assobiam e meneiam as suas cabeças sobre
a filha de Jerusalém, dizendo: É esta a cidade que denominavam: perfeita em
formosura, gozo de toda a terra?” (Lm 2:15), fica claro que bater palmas aqui é em
sinal de repreensão ou escárnio; o segundo grupo é o da palavra “taqa’”, ̂ faria mais
sentido, pois é bater palma face a vitória: “batei palmas, todos os povos; aclamai a
Deus com voz de triunfo.” (Sl 47:1), “não há cura para a tua ferida, a tua chaga é
dolorosa. Todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque, sobre
quem não passou continuamente a tua malícia?” (Na 3:19), mas há o óbice que nas
duas vezes, que aparece, não está ligada com o culto público a Deus.
Os outros dois grupos são os da palavra “macha’”,̂ ̂ “os rios batam as
palmas; regozijem-se também as montanhas,” (Sl 98:8), “porque com alegria saireis, e
em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cântico diante de vós, e
todas as árvores do campo baterão palmas.” (Is 55:12), também bater palma em júbilo,
que, de tão poético que é, se diz que os montes e rios batam palmas; por derradeiro,
“nâkâh”, “então Joiada fez sair o filho do rei, e lhe pôs a coroa, e lhe deu o
testemunho; e o fizeram rei, e o ungiram, e bateram as palmas, e disseram: Viva o rei!”
(II Rs 11:12), que aqui está ligada ao ato político, uma salva de palmas pela chegada do
novo rei. A palavra palmas só aparece no Velho Testamento, o que quer dizer que
sequer uma vez aparece no Novo Testamento, como se viu, as palavras para palmas têm
outros significados, em oito passagens, acima mencionadas, elas equivalem a palmas,
no conceito que temos, mas em todas as ocasiões, as palmas aparecem divorciadas do
culto a Deus, o que é correto dizer que nenhuma passagem bíblica indica o uso de
palmas no culto a Deus, posteriormente ela foi adicionada ao culto.
Só para que ninguém seja pego desapercebido, a palavra palma aparece
no Novo Testamento, em português: “depois destas coisas olhei, e eis aqui uma
multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas,
que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com
palmas nas suas mãos;” (Ap 7:9), esta palavra não significa palmas, no sentido de bater
as mãos, a palavra grega é “phoinix” e significa “palmeira -1. a árvore como tal Jo
12:13. -2. ramo de palmeira Ap 7:9.207”, existe mais um argumento contra o uso das
palmas no culto:
Entre 1991 e 1994, em João Pessoa, os Pastores Walter Russell Gordon e Aureliano Colaço
leram de vários púlpitos (em várias igrejas Batistas Regulares) um artigo do “Jornal
Batista” com o título “Palmas que Valem Milhões”. Este artigo cita que um pastor norte-
americano, depois de profundo estudo da Bíblia e de todas a fontes arqueológicas e
históricas disponíveis, desde há muitos anos estabeleceu o prêmio de alguns milhões de

206
Baker, p. 946
207
Gingrich, p. 219

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

dólares para quem conseguisse provar que jamais músicas foram acompanhadas por palmas
(marcando-lhes o ritmo) nos cultos, quer no Tabernáculo, ou no Templo, ou nas igrejas do
Novo Testamento, ou nas inúmeras igrejas primitivas. Este prêmio foi depositado na Justiça
Americana, e até hoje lá está, ninguém nunca conseguiu ganhá-lo. Você não concorda
conosco que isto é muito impressionante208?

2.6.3.3.2. Músicas dançantes

“Por isso estimo todos os teus preceitos acerca de tudo, como retos, e odeio toda falsa
vereda.” (Sl 119:128).

A música dançante, também chamada de música cristã contemporânea, é


o no estilo musical que vem adentrando nas igrejas, é chamada de contemporânea, pois
inicialmente não era assim, e é o que será tratado neste tópico. O verso-texto diz que o
salmista odeia toda falsa vereda, falso caminho é todo aquele que não é o caminho de
Deus, o assunto deste tópico é a música, a música de Deus, bem como o culto a Ele, e
todas as demais coisas concernente à direção da vida espiritual, do crente, está na
Bíblia, nós batistas falamos constantemente: “a Bíblia é a nossa regra de fé e prática”,
isso é muito bonito, maravilhoso, mas, via de regra, quando se trata de música, o crivo é
diferente, muitos têm estabelecido que uma música é boa simplesmente pelo gosto
pessoal deles, e isso tanto na sua vida cotidiana, bem como na adoração a Deus no culto.
Ocorre que, também na parte da musica, Deus estabeleceu como Ele quer ser adorado, e
mais especificadamente aqui louvado, quando Ele estabelece um mandamento, um
princípio básico, a ser observado, é a completa diligência na execução: “atenta, pois,
que o faças conforme ao seu modelo, que te foi mostrado no monte.” (Ex 25:40), e
inclui as coisas menores também: “e era esta a obra do candelabro, obra de ouro
batido; desde o seu pé até às suas flores era ele de ouro batido; conforme ao modelo
que o SENHOR mostrara a Moisés, assim ele fez o candelabro.” (Nm 8:4), na Bíblia, há
exemplos de pessoas que quiseram mudar um detalhe na forma de cultuar a Deus e
foram desaprovados: Caim (Gn 4:3-7), Nadabe e Abiú (Lv 10:1-3), homens (I Sm 6:19),
Uzá (II Sm 6:3-9), a insistência é dupla, primeiro, fazer tudo conforme foi ordenado,
segundo, não se deixar olhar outro modelo.
O Novo Testamento preceitua quanto estilo e qualidade musical da
igreja: “falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração;” (Ef 5:19); “a palavra de Cristo habite em
vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em
vosso coração.” (Cl 3:16), estes versos repetem o ensino que a música cristã tem de ser
doutrinária, espiritual, a palavra traduzida por espiritual é “pneumatikos”, ela aqui
designa algo que é diferente do mundo, que é carnal, ela aparece 26 vezes em 21
versículos (Rm 1:11; 7:14; 15:27; I Co 2:13,15; 3:1; 9:11; 10:3,4; 12:1; 14:1,37;
15:44,46; Gl 6:1; Ef 1:3; 5:19; 6:12; Cl 1:9; 3:16; I Pd 2:5):
Relativo ao espírito, espiritual -1. causado por ou cheio com o Espírito (divino), pertencente
ou correspondente ao Espírito (divino) -a. como adj. Rm 1:11; 7:14; I Co 10:3s; 15:44; Ef
1:3; 5:19; Cl 1:9; 3:16; I Pd 2.5. ό πνευματικός (άνθρωπος) em I Co 2:15 pode significar a
pessoa espiritual, cujos poderes de julgamento são dirigidos pelo Espírito de Deus. Cf
também I Co 15:47 v.l. -b. subst. τα πνευματικά coisas ou assuntos espirituais Rm 15:27; I
Co 2:13; 9:11; 15:46. Dons espirituais I Co 12:1; 14:1. ó πνευματικός aquele que possui o
Espírito I Co 3:1; 14:37; Gl 6:1. -2. pertencente a (maus) espíritos, poderes espirituais Ef
6:12. [pneumático]209.

208
Silva, p. 32
209
Gingrich, p. 169

Página 166
Deus quer o pentecostalismo?

Em algumas de suas aparições, ela nos ensina muitas coisas: “as quais
também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito
Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” (I Co 2:13), dá o
contraste entre a sabedoria humana e a espiritual; na próxima aparição ela traz uma
diferenciação importantíssima para entender o que é espiritual: “e eu, irmãos, não vos
pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.” (I Co
3:1), a diferenciação é que ela deixa de lado oposto a carnalidade, portanto, espiritual é
o que não é carnal. Com isso em mente, fica mais fácil entender que o princípio, que
rege os estilos de músicas, deve ser diferente: “como, pois, se saberá agora que tenho
achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de
modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da
terra?” (Ex 33:16), portanto, as músicas devem ser diferentes, o princípio de separação
permanece até hoje: “e não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
condenai-as.” (Ef 5:11), (cf Rm 12:2; Tt 2:11,12; Tg 4:4; I Jo 2:15,16), por isso, a igreja
tem de viver separada, a justificativa é: “sabemos que somos de Deus, e que todo o
mundo está no maligno.” (I Jo 5:19), todo crente batista deve ter no coração: “abstende-
vos de toda a aparência do mal.” (I Ts 5:22), a direção dada então é: “mas, como é
santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de
viver;” (I Pd 1:15).
A música eclesiástica, bem como as demais coisas da igreja, deve seguir
as normas colocadas pelo Senhor, Ele mesmo foi Quem a estabeleceu na Terra: “pois
também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela;” (Mt 16:18), “regozijo-me agora no que
padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu
corpo, que é a igreja;” (Cl 1:24), Ele mesmo a sustenta pelas gerações: “a esse glória
na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.” (Ef
3:21), por isso, Ele é Quem legisla, aprouve a Ele dar um código de conduta que seja de
separação do mundo: “não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência
da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do
mundo.” (I Jo 2:15).
Algo precisa ficar claro, a música é para adorar a Deus: “cantai a Deus,
cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai montado sobre os céus, pois o seu
nome é SENHOR, e exultai diante dele.” (Sl 68:4), é Ele Quem tem de ser
engrandecido, isso com reverência: “por isso, tendo recebido um reino que não pode
ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com
reverência e piedade;” (Hb 12:28), é fato de que a música tem sido usada para pregar o
evangelho, mas esse não é o objetivo primordial dela, com essa desculpa, a de pregar o
evangelho, algumas músicas chamadas cristã, ou seja, as músicas dançantes se
assemelham muito com as mundanas, mas isso não é correto: “adúlteros e adúlteras,
não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer
que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4:4), respondendo a
quem pensa assim, além de não poder rebaixar o padrão de Deus, há um fato que é
esquecido, Deus salva ao crente pela pregação do evangelho: “visto como na sabedoria
de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os
crentes pela loucura da pregação.” (I Co 1:21), a música cristã é espiritual e os
incrédulos são homens naturais: “ora, o homem natural não compreende as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente.” (I Co 2:14), motivo que não é o meio melhor de chegar a
eles.

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Outro ponto importante é da diferença entre as músicas, enquanto no


mundo o homem cantava uma música, enquanto salvo passou a cantar um novo cântico,
já que é uma nova criatura: “e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso
Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR.” (Sl 40:3), do mesmo modo
que os crentes queimaram seus livros de mágicas: “também muitos dos que seguiam
artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a
conta do seu preço, acharam que montava a cinqüenta mil peças de prata.” (At 19:19),
o crente precisa deixar morrer sua carnalidade: “já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do
Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gl 2:20), não
seguir o coração, pois há o padrão bíblico: “e as franjas vos serão para que, vendo-as,
vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e os cumprais; e não seguireis o
vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo.” (Nm
15:39), “o que confia no seu próprio coração é insensato, mas o que anda em
sabedoria, será salvo.” (Pv 28:26), “e aconteça que, alguém ouvindo as palavras desta
maldição, se abençoe no seu coração, dizendo: Terei paz, ainda que ande conforme o
parecer do meu coração; para acrescentar à sede a bebedeira.” (Dt 29:19); uma prova
da diferença entre as musicas do mundo e a música de Deus é que quando os judeus
estavam no cativeiro, os babilônicos pediam que eles cantassem a música de Deus, que
era diferente para eles, mas os judeus logo respondiam: “como cantaremos a canção do
SENHOR em terra estranha?” (Sl 137:4).
A letra precisa estar de conformidade com a doutrina, senão haverá um
patente descumprimento de: “não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a
que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem”. (Ef
4:29), portanto, doutrinária: “goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha
palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a
relva.” (Dt 32:2), “que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem
salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação.” (I Co 14:26), “que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei
com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o
entendimento.” (I Co 14:15), o cerne, das questões musicais, é perguntar quem a música
agrada, se for única e exclusivamente a Deus então a usemos (Lc 9:23; Jo 3:30; (I Co
10:31; Ef 5:10; Cl 3:5,23; I Ts 5:21). A música é uma oferta dirigida a Deus (Sl 95:2;
100:2), seria totalmente desnecessário dizer isso, mas, por ser para Deus, ela não é para
o deleite dos ouvintes e sim exaltar a Cristo (Hb 1:5,6), falar dos feitos de Deus (Jz
5:11; Sl 150:2; 106:2; 145:4), ser instrutiva, pois através dela devemos aprender
doutrina (Dt 32:2; Cl 3:16), ser racional (Rm 12:1,2; I Co 14:15), um não apelo a carne,
no sentido de corpo (II Co 5:7), deve ser usada para edificação do corpo de Cristo (I Co
14:26), e para produzi-lo, a música deve ser espiritual (Sl 119:7), o que também a faz
ser admoestativa (Cl 3:16).
Uma figura importante, e geralmente não muito observada, é a do
músico, voltando a Cl 3:16, está escrito sobre a admoestação e ensino, então significa
que a música e a pregação devem ter o mesmo alvo, ambas pertencem à proclamação da
Palavra de Deus, o compositor deve, portanto, ser tão hábil, nas Escrituras, e tão
preocupado com a precisão teológica quanto o pastor, isso é esquecido hoje, ou seja, o
conhecimento doutrinário do músico é bem diferente dos líderes musicais de Israel, lá
foram escolhidos três, são eles: Hemã, Asafe e Etã (I Cr 15:19), ocorre que eles foram
os primeiros dentre todos os sacerdotes levitas, homens que dedicaram suas vidas ao
serviço do Senhor (v. 17), homens conhecedores das Escrituras e hábeis no manejo da
Palavra de Deus, eles até escreveram alguns salmos (Sl 73-83; 88:1; 89:1), igualmente

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Deus quer o pentecostalismo?

ao conhecimento teológico dos nossos músicos hoje, não? Há outra coisa, a falar deles,
quando Salomão recebeu sabedoria, que excedeu a todos os humanos, para falar da sua
sabedoria a compararam com a de outros homens e curiosamente dois, dos três líderes
da música, estavam na comparação: “e era ele ainda mais sábio do que todos os
homens, e do que Etã, ezraíta, e Hemã, e Calcol, e Darda, filhos de Maol; e correu o
seu nome por todas as nações em redor.” (I Rs 4:31), então fica a exortação aos
músicos que manejem bem a Bíblia e que o conhecimento da sã doutrina exceda ao
musical.
Há ainda há uma série de lições, a serem aprendidas com a música, dois
exemplos a serem estudados, o primeiro é o de um rei, o nome dele é Jeosafá, ele foi um
bom rei, seguiu nos caminhos dEle (II Cr 17:1-6,12) e foi próspero, mas se aliou com
acabe, um ímpio (II Cr 18:1-3), o que fez Deus enviar Jeú, para mostrar Seu
descontentamento com a aliança feita entre eles (II Cr 19:1-3), e neste ponto é bom
parar e refletir, Jeosafá aliou-se com Acabe para guerrear contra inimigos comuns a
eles, embora ele soubesse que isso não era o correto a fazer ele tinha uma desculpa, se
alguém o indagasse, exatamente o que nós temos feito e o que nos têm sido proposto, é
o famoso ecumenismo, aliemos às demais denominações, cantemos a mesma música,
abramos mão de algumas doutrinas, como o caso aqui é a música, então seria, “não seja
tão criterioso em selecionar uma música” ou ainda “tudo isso agrada a Deus”,
infelizmente tal aliança deixou seqüelas em Jeosafá, tanto que ele novamente se aliou a
um outro rei ímpio, de nome Acazias, e foi novamente, e agora duramente, repreendido
por Deus (II Cr 20:35-37).
A lição para nós hoje é: “não vos enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes.” (I Co 15:33), caminhar e pedir orientação, que saiam do
modelo dado por Deus, só trará desvios, pois haverá pequenas concessões, o que já foi
advertido: “não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz
levedar toda a massa?” (I Co 5:6), “um pouco de fermento leveda toda a massa.” (Gl
5:9), a direção é a oposta: “por isso estimo todos os teus preceitos acerca de tudo, como
retos, e odeio toda falsa vereda.” (Sl 119:128), conservar a sã doutrina: “tem cuidado
de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás,
tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Tm 4:16), “amados, procurando eu
escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade
escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (Jd
1:3), da qual a igreja é coluna e firmeza: “mas, se tardar, para que saibas como convém
andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.” (I
Tm 3:15). A segunda lição é que a música é uma linguagem, ou seja, e com ela milhares
de pessoas foram levadas a adorar uma estátua (Dn 3:5-7), a linguagem utilizada foi a
musical, e infelizmente isso tem ocorrido muitas e muitas vezes, pois não somente
adorar ao deus errado (falso) que está incorreto, a forma de adorar ao Deus Supremo
também precisa ser correta: “e ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías
acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, Mas o
seu coração está longe de mim;” (Mc 7:6), (cf Is 29:13; Mt 15:8), por isso que Ele,
muitas vezes, não recebe tal louvor.

2.6.3.3.3. Danças

(Ex 15:20; 32:19; Jz 11:34; 21:21,23; I Sm 18:6; 21:11; 29:5; 30:16; II Sm 6:14,16; I Cr
15:29; Jó 21:11; Sl 30:11; 149:3; 150:4; Ec 3:4; Is 13:21; Jr 31:4,13; Lm 5:15; Mt
11:17; 14:6; Mr 6:22; Lc 7:32; 15:25).

Página 169
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

Na Bíblia, a palavra dança, e variantes, traduz nove palavras são elas, as


̂ ̂ ”, “mecholah
hebraicas: “chîyl”, “râqad”, “machol ̂ ̂ ”, “kârar”, “pâcach”, “châgag”, e
as gregas: “orcheomai”, “choros”, nesta seção veremos o tratamento bíblico a
dança, o uso dela tanto no Velho, quanto no Novo Testamento. Com o estudo
destas palavras, versos onde elas aparecem, ficará claro que a dança não é um dos
componentes do culto a Deus no Novo Testamento, e não foi nem mesmo no
Velho. Ainda é necessário dizer algo, Israel vivia numa teocracia, a forma de
governo deles envolvia a religião, de modo que mesmo atos cívicos tinham
componentes do culto a Deus, pois Deus era o centro da nação, ao estudar a
dança, costumes dos israelitas como um todo isso precisa ficar claro, para não
haver confusão:
A lição que a igreja precisa aprender da Bíblia e da história é que a música secular
associada ao entretenimento está fora de lugar na Casa de Deus. Aqueles que estão
ativamente envolvidos em estimular a adoção da música popular na igreja precisam
compreender a distinção bíblica entre música secular usada para o entretenimento e a
música sacra apropriada para a adoração a Deus. Esta distinção era compreendida e
respeitada em tempos bíblicos, e deve ser respeitada hoje, se quisermos que a igreja
continue sendo um local sagrado para a adoração a Deus, em vez de se tornar num local
secular para o entretenimento social210.

2.6.3.3.3.1. Chîyl

(Gn 8:10; Dt 2:25; 32:18; Jz 3:25; II Sm 3:29; I Cr 10:3; 16:30; Et 4:4; Jó 15:7,20;
20:21; 26:5,13; 35:14; 39:1; Sl 10:5; 29:8,9; 37:7; 51:5; 77:16; 90:2; 96:9; 97:4; 114:7;
Pv 8:24,25; 25:23; 26:10; Is 13:8; 23:4; 26:17,18; 45:10; 51:2; 54:1; 66:7,8; Jr 5:3,22;
23:19; 30:23; 51:29; Lm 3:26; 4:6; Ez 30:16; Os 11:6; Jl 2:4-6; Mq 1:12; 4:10; Hc 3:10;
Zc 9:5).

A primeira palavra é a hebraica “chîyl”, acima está as referência dela no Velho


Testamento, no sentido de dança, aparece em Jz 21:21,23, a palavra significa:
1) torcer, girar, dançar, contorcer-se, temer, tremer, trabalhar, estar em angústia, estar com
dor, 1a) (Qal), 1a1) dançar, 1a2) torcer, contorcer, 1a3) girar, girar em volta, 1b) (Polel),
1b1) dançar, 1b2) contorcer-se (em trabalho com), suportar, dar à luz, 1b3) esperar
ansiosamente, 1c) (Pulal), 1c1) ser levado a contorcer-se, ser levado a suportar, 1c2) ser
trazido à luz, 1d) (Hofal) ser nascido, 1e) (Hitpolel), 1e1) rodopiando (particípio), 1e2)
contorcendo, sofrendo tortura (particípio), 1e3) esperar ansiosamente, 1f) (Hitpalpel) estar
em sofrimento211.
Conseqüentemente, quando se trata de dança, significa “... bailar, dançar
em círculo (Jz 21:21) - Perf. ‫ ;ָחָלה‬Impf. ‫ ;ָיחּול‬Inf. ‫ֻחל‬., Polel: dançar em círculos (Jz
21:23)212”, neste caso é o caso de dança exclusivamente feminina, pois “é usada também
para descrever mulheres dançarinas (Jz 21:21,23)...213”. As duas ocasiões, ou os dois
versos em que a palavra significam dança são: “e olhai, e eis aí as filhas de Siló a
dançar em rodas, saí vós das vinhas, e arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló,
e ide-vos à terra de Benjamim.” (Jz 21:21), “e os filhos de Benjamim o fizeram assim, e
levaram mulheres conforme ao número deles, das que arrebataram das rodas que
dançavam; e foram-se, e voltaram à sua herança, e reedificaram as cidades, e
habitaram nelas.” (Jz 21:23). A história, no capítulo 21, é a seguinte, as tribos de Israel
juraram que não dariam suas filhas para serem esposas dos benjamintas: “ora, tinham
210
Bacchiocchi, Samuele. Dança na Bíblia, artigo disponível no sítio eletrônico http://solascriptura-
tt.org/LiturgiaMusicaLouvorCulto/DancaNaBiblia-SBacchiocchi.htm
211
Strong, p. 308
212
Chavez, p. 512
213
Baker, p. 341

Página 170
Deus quer o pentecostalismo?

jurado os homens de Israel em Mizpá, dizendo: Nenhum de nós dará sua filha por
mulher aos benjamitas.” (Jz 21:1), “como havemos de conseguir mulheres para os que
restaram deles, pois nós temos jurado pelo SENHOR que nenhuma de nossas filhas lhes
daríamos por mulher?” (Jz 21:7), mas posteriormente eles se arrependeram: “e
arrependeram-se os filhos de Israel acerca de Benjamim, seu irmão, e disseram:
Cortada é hoje de Israel uma tribo.” (Jz 21:6), “porém nós não lhes poderemos dar
mulheres de nossas filhas, porque os filhos de Israel juraram, dizendo: Maldito aquele
que der mulher aos benjamitas.” (Jz 21:18), então já se inicia o verso 21, a idéia foi de
enquanto as filhas de Siló dançassem nas vinhas os benjamitas deveriam ir e roubá-las,
para que pudessem casar com elas, chegando no ponto que importa, que é o da dança,
aquela não foi uma dança no culto a Deus, o contexto deixa claro que era uma dança
secular, por isso, não há, com base nessa passagem como dizer que a Bíblia a dança está
incluída no culto a Deus. Como a palavra se refere a dançar em círculo é possível que
tenha sido a dança em roda, talvez a típica dança de roda ainda comum no interior do
Brasil.

2.6.3.3.3.2. Râqad

(I Cr 15:29; Jó 21:11; Sl 29:5,6; 114:4,6; Ec 3:4; Is 13:21; Jl 2:5; Na 3:2).

A segunda palavra é “râqad”, significando dança aparece em I Cr 15:29;


Jó 21:11; Ec 3:4; Is 13:21, ela significa: “1) saltitar, 1a) (Qal) saltitar, 1b) (Piel) dançar,
pular, 1c) (Hifil) fazer saltar214”, esta palavra é:
Um verbo significando saltar, saltitar, dançar, isso significa estar visivelmente feliz por
gestos corporais, ele escreve a dança do rei Davi diante do Senhor (I Cr 15:29), descreve os
felizes e saltitantes rebanho (Jó 21:11), é usada figurativamente dos outeiros e Líbano
saltarem diante do Senhor (Sl 29:6; 114:4,6), esta é uma atividade que tem seu tempo e
lugar (Ec 3:4), mesmo para animais (Is 13:21), é usado para descrever a rápida e viagem
dos carros e de bestas (ou exércitos) na montanha (Jl 2:5; Na 3:2)215.
Então a palavra tem uma grande ligação com a alegria, mostra dar saltos
de alegria: “fazem sair as suas crianças, como a um rebanho, e seus filhos andam
saltando.” (Jó 21:11), “mas as feras do deserto repousarão ali, e as suas casas se
encherão de horríveis animais; e ali habitarão os avestruzes, e os sátiros pularão ali.”
(Is 13:21), as referências em I Cr e em Ec serão tratadas em item próprio; como se
percebe não tem relação alguma esta palavra com a atual dança de adoração.

2.6.3.3.3.2.1. I Crônicas 15:29

“E sucedeu que, chegando a arca da aliança do SENHOR à cidade de Davi, Mical, a


filha de Saul, olhou de uma janela, e, vendo a Davi dançar e tocar, o desprezou no seu
coração.” (I Cr 15:29).

Esta é a passagem sobre a dança de Davi, que será abordada em dois


itens, pois são usadas duas palavras diferentes ao falar da dança dele; este verso mostra
bem como foi o tipo de dança, empregado por ele, ele pulava de alegria, para lembrar o
contexto, a arca havia sido recuperada, ela havia sido levada pelos filisteus, e ele, de
tamanha felicidade, começou a saltar de alegria:
... Deve também ser observado que a dança de Davi foi apropriada no contexto, era uma
parada com marcha e banda, uma grande procissão, a dança de Davi perfeitamente se
214
Strong, 995
215
Baker, p. 318

Página 171
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

encaixa nisso, se Davi tivesse feito isso quando a nação estivesse juntada no Yom Kippur,
então seria fora de contexto e errado216.
Devemos novamente lembrar que este não foi no culto a Deus, quando se
refere culto a Deus devemos ter em mente os tópicos anteriores, sobretudo o que narra o
culto a Deus, no Velho Testamento, ser ligado ao tabernáculo e templo, era lá onde
eram realizados o culto e a adoração direta a Deus.

2.6.3.3.3.2.2. Eclesiastes 3:4

“Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;” (Ec 3:4).

Esta é uma famosa passagem, Deus estabelece o tempo para tudo, há


tempo de sorrir e de chorar, tempo de prantear um ente querido falecido e tempo de
dançar, ou seja, saltar de alegria, as expressões são equivalentes, ainda mais pelo fato de
serem colocados os antônimos, esta é a idéia do verso, então o tempo de “dançar (em
linguagem mais moderna a palavra usual para hholel, ̄ kirker,
̄ hhagag
̄ ̌ ) no festival de
casamento e outras ocasiões. É mais difícil dizer o que leva o autor aos dois pares
seguintes de contrastes217”; continuando no verso, há “tempo de prantear, e tempo de
dançar; de prantear nos funerais e de dançar nos festivais; no sentido espiritual, Deus, às
vezes, transforma o pranto de Seu povo em dança ou alegria, veja Sl 30:11218”; então
está claro que este verso também não se aplica à dança no culto, pois tão somente
demonstra as fases as vida humana.

̂ ̂
2.6.3.3.3.3. Machol

(Sl 30:11; 150:3,4; Jr 31:13; Lm 5:15)

A seguinte é “machol ̂ ̂ ”, que significa “dança, dançar, palavra relacionada


̂
chiyl 219
.”, esta palavra deriva do verbo, que significa girar, é o verbo “chîyl”, (cf
2.6.3.3.3.1. Chîyl) a outra é sua forma feminina. Acima estão os versos onde ela
aparece, então, conseqüentemente traz as mesmas idéias de dança em giro. O uso
da palavra mostra o seu significado, ela tem relação direta com alegria: “ainda te
edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os
teus tamboris, e sairás nas danças dos que se alegram.” (Jr 31:4), “então a
virgem se alegrará na dança, como também os jovens e os velhos juntamente; e
tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e lhes darei alegria em lugar
de tristeza.” (Jr 31:13), nas duas próximas referências mostra o inverso dos
sentimentos: “tornaste o meu pranto em folguedo; desataste o meu pano de saco,
e me cingiste de alegria,” (Sl 30:11), a palavra traduzida por folguedo é a mesma
de dança, no verso seguinte há o inverso: “cessou o gozo de nosso coração;
converteu-se em lamentação a nossa dança.” (Lm 5:15), a dança, alegria, tornou-
se em lamentação. As próximas duas referências têm item próprio. Como esta
passagem também tem a origem em girar, talvez signifique também dança social,
a dança folclórica de roda.

2.6.3.3.3.3.1. Salmos 149:3


216
Guzik, Dave. Dave Guzik Commentary, disponível no sítio eletrônico www.preceptaustin.org /
2_chronicles_commentaries.htm acesso. 17.05.09
217
Keil & Delitzsch. Commentary on the Old Testament, Hendrickson Publishers, 1996, p. 740
218
Gill, p. 460
219
Briggs, p. 475

Página 172
Deus quer o pentecostalismo?

“Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa.” (Sl
149:3).

Existem algumas observações que são necessárias serem feitas, a


primeira é sobre a palavra, que para vários ela não significa dança e sim outro
̂ ̂ ”, que, no caso, outro instrumento, fato este posto em
significado da palavra “machol
nota dos tradutores da KJV, ao mencionarem esta palavra, na nota marginal eles
colocam “ou com flautas220”, dizendo que esse poderia ser um dos significados da
palavra, nesse caso seria uma flauta que responde em eco, já que a idéia é de círculo,
como a segunda voz, feitas por um cantor:
‫ במחול‬Bemachol, com flauta ou algum tipo de instrumento de sopro, classificados aqui com
‫ תף‬toph, o tamborim ou tambor, e ‫ כנור‬kinnor, a harpa.” ‫ מחול‬machol,” diz Parkhurst:
“alguns instrumentos musicais fistulares de sopro com buracos como a flauta, apito, ou
pífano, de ‫ חל‬chal, fazer um buraco ou abrir.”. Não conheço nenhum lugar na Bíblia onde
‫ מחול‬machol e ‫ מחלת‬machalath signifique dança de nenhum tipo, elas constantemente
significam algum tipo de flauta221.
Mesmo entendimento do professor Gill:
No coro de santos juntos em expressão de alegria, pelas palavras e gestos, uma prática
antiga que ia junto com o canto de canções, Ex 15:20; ou melhor “com flautas”, como
alguns traduzem isso, um instrumento musical usado nos tempos antigos na adoração a
Deus, nesta parte louvando Seu nome com todos os que seguiam222.
Mas consideremos a palavra “machol ̂ ̂ ” como dança, para melhor abordar
o tema do não uso de danças no culto; primeira observação sobre este salmo é que ele é
um salmo, ou seja é poético, e isso não pode ser esquecido, segunda, este salmo não é
para igreja, ele é de Israel, o verso 2 fala o destinatário: “alegre-se Israel naquele que o
fez, regozijem-se os filhos de Sião no seu Rei.” (Sl 149:2), falando das bênçãos de Deus,
sobretudo Suas intervenções militares, “aqui eles repetem o triunfo do mar vermelho,
que foi mesmo a típica glória de Israel, Miriã liderou as filhas de Israel nas danças
quando o Senhor triunfou gloriosamente...223”, terceira, se este salmo ensinasse que
deveria ter dança no culto a Deus da igreja, então ensinaria também que os crentes (do
Novo Testamento) deveriam levar as suas camas e suas armas para o culto também:
“exultem os santos na glória; alegrem-se nas suas camas. Estejam na sua garganta os
altos louvores de Deus, e espada de dois fios nas suas mãos,” (Sl 149:5,6), quarta, este
salmo não dá ordem para o crente dançar do mesmo jeito que o salmo 69 não ensina
amaldiçoar os inimigos: “acrescenta iniqüidade à iniqüidade deles, e não entrem na tua
justiça. Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam inscritos com os justos.” (Sl
69:27,28).

2.6.3.3.3.3.2. Salmos 150:4

“Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com


órgãos.” (Sl 150:4).

Novamente ignoremos o sentido da palavra “machol ̂ ̂ ”, já que ela é


traduzida por dança, mas poderia ser um tipo de flauta, assim a expressão “e dança -

220
Holy Bible. The World Publishing Company, p. 664
221
Clarke,
222
Gill, p. 694
223
Spurgeon, Charles H. The Treasury of David. Kregel Publications; abridged edition edition, 2004, p.
720

Página 173
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

‫ מחול‬machol, a flauta. Saltério uma espécie de violino, isso nunca significa dança, veja
a nota em Sl 149:3.224”, relembrando que na tradução inglesa KJV também tem a nota
de rodapé, mostrando outra possível tradução da palavra e lá aparece “ou flautas 225”,
mas já que abordamos a prática de dança consideremos como sendo dança; o salmo
começa assim: “louvai ao SENHOR. Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no
firmamento do seu poder.” (Sl 150:1), isso deixa claro que o salmo é figurado, é
poético, pois onde fica esse firmamento obra das mão dEle, certamente não é aqui na
Terra: “depois olhei, e eis que no firmamento, que estava por cima da cabeça dos
querubins, apareceu sobre eles uma como pedra de safira, semelhante a forma de um
trono.” (Ez 10:1), o objetivo do salmo é conclamar: “tudo quanto tem fôlego louve ao
SENHOR. Louvai ao SENHOR.” (Sl 150:6), de modo algum suporta a dança no culto a
Deus.

̂ ̂
2.6.3.3.3.4. Mecholah

(Ex 15:20; 32:19; Jz 11:34; 21:21, I Sm 18:6; 21:11; 29:5; Ct 6:13).

A próxima é “mecholah ̂ ̂ ”, que é a forma feminina “machol̂ ̂ ” de ambas


palavras significam a mesma coisa, só muda o gênero uma é masculina outra feminina
(Ex 15:20; 32:19; Jz 11:34; 21:21; I Sm 18:6; 21:11; 29:5), portanto, também significa
“flauta volteante”, “alegre girar numa roda”, ou “coro que responde em eco”, suas
aparições são as seguintes: “então Miriã, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril
na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças.” (Ex
15:20), “e aconteceu que, chegando Moisés ao arraial, e vendo o bezerro e as danças,
acendeu-se-lhe o furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do
monte;” (Ex 32:19), “vindo, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu
ao encontro com adufes e com danças; e era ela a única filha; não tinha ele outro filho
nem filha.” (Jz 11:34), “e olhai, e eis aí as filhas de Siló a dançar em rodas, saí vós das
vinhas, e arrebatai cada um sua mulher das filhas de Siló, e ide-vos à terra de
Benjamim.” (Jz 21:21), “sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de ferir
os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul,
cantando e dançando, com adufes, com alegria, e com instrumentos de música.” (I Sm
18:6), “porém os criados de Aquis lhe disseram: Não é este Davi, o rei da terra? Não
se cantava deste nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus
dez milhares?” (I Sm 21:11), “não é este aquele Davi, de quem uns aos outros
cantaram nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez
milhares?” (I Sm 29:5). O que foi dito de “machol ̂ ̂ ”, se aplica a ela.

2.6.3.3.3.4.1. Êxodo 15:20

“Então Miriã, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as
mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças.” (Ex 15:20).

Esta é a ocasião da travessia do Mar Vermelho, a narrativa diz que Miriã


pegou o tamboril e liderou o grupo de mulheres:
Como profetisa e, irmã de Arão, ela liderou o cormo de mulheres, que respondiam ao coro
masculino com tamborins e dança, e por repetir a primeira estrofe da musica, essa maneira
era feita nos festivais, um costume que foi mantido tempos depois nas celebrações das

224
Clarke,
225
Holy Bible. The World Publishing Company, p. 664

Página 174
Deus quer o pentecostalismo?

vitórias (Jz 11:34; I Sm 18:6,7; 21:12; 29:5), possivelmente uma imitação do modelo
egípcio (veja minha Archäologie, §137, nota 8)226.
Daí as mulheres as acompanharam:
E todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças - nós entenderemos
isso ao atentar para o moderno costume oriental, onde a dança, uns gestos devagar, sérios e
solenes, geralmente acompanhada com canto e ao som do tamborim, ainda é dirigido pela
principal mulher da companhia, as demais imitam os movimentos dela repetindo as
palavras da música assim que ela fala227.
̂ ̂ ”, traduzida por dança:
Voltando para a palavra “mecholah
E com danças - ‫ מחלת‬Mecholah. Muitos homens versados supõe que esta palavra signifique
algum outro instrumento musical de sopro, pois a palavra vem da raiz, ‫ חלל‬chalal, a idéia
significa aquilo que é para perfurar, penetrar, cortar, cravar e daí girar; flautas ou tubos
ocos, como flautas, oboés, assim devem ser entendidas228.
Mesma colocação de Gill:
Tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e
com danças. Tamboril foi um tipo de tambor, que quando batido gerava som musical,
talvez parecido como nosso tímpano, e as danças eram usadas, às vezes, no exercício
religioso, ainda a palavra pode significar outro tipo de instrumento como apito ou flauta,
assim têm traduzido alguns, e pelas versões siríaca e árabe, sistros, que eram instrumentos
musicais muito usados pelos egípcios...229
Como o nosso estudo se refere à dança então entendamos esta palavra
significando dança; o verso-texto mostra a alegria do povo de Israel pela travessia do
Mar Vermelho, expressa uma forte gratidão a Deus, mas não está ligada ao culto a Ele,
é só ler o contexto, o que fica claro é que se trata de uma festa de celebração, uma
comemoração, esta passagem também não endossa a dança no culto.

2.6.3.3.3.4.2. Juízes 11:34

“Vindo, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com
adufes e com danças; e era ela a única filha; não tinha ele outro filho nem filha.” (Jz
11:34).

Esta é uma passagem que mostra o uso da dança, como era um ato cívico,
uma festa:
Com adufes e com danças - por este exemplo nós encontramos um antigo costume para as
mulheres saírem e encontrarem os regressos conquistadores com instrumentos musicais,
musicas e danças, isso continuou é evidente, por exemplo o de I Sm 18:6, onde Davi foi
encontrado, em seu retorno da vitória sobre Golias e os filisteus, por mulheres de todas as
cidades de Israel, com canto e dança e vários instrumentos musicais230.
Neste caso comemorando a vitória sobre os amonitas:
Eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com adufes e com danças, acompanhada com
jovens mulheres, que tinham adufes nas suas mãos e tocavam sobre elas com danças à
medida que caminhavam, expressando sua alegria e agradecimento a ele, pela vitória que
havia obtido sobre os filhos de Amon231.

2.6.3.3.3.4.3. I Sm 18:6; 21:11; 29:5

226
Keil, p. 237
227
Jamieson, p. 367
228
Clarke,
229
Gill, p. 636
230
Clarke,
231
Gill, p. 637

Página 175
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

“Sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de ferir os filisteus, as mulheres
de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com
adufes, com alegria, e com instrumentos de música.” (I Sm 18:6).

“Porém os criados de Aquis lhe disseram: Não é este Davi, o rei da terra? Não se
cantava deste nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez
milhares?” (I Sm 21:11).

“Não é este aquele Davi, de quem uns aos outros cantaram nas danças, dizendo: Saul
feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares?” (I Sm 29:5).

Essas três passagens mostram o uso da palavra, daí dá para entender


como era praticado a dança, deixando claro que não se tratava de culto, a primeira
passagem é I Sm 18:6:
“Vindo eles” isto é, quando os guerreiros retornaram com Saul da guerra, “quando (como
colocado para ser explanado o que segue) Davi voltava de ferir”, isto é, da guerra na qual
ele feriu Golias, as mulheres vieram de todas as cidades de Israel “cantando e dançando”,
isto é, para celebrar a vitória com musica e coral de danças (veja as observações em Ex
15:20), “ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com adufes, com alegria, e com
instrumentos de música.” ‫שְמָהה‬ ִׂ é usada aqui para significar a expressão de alegria, uma
festa, como em Jz 16:23, etc.; a notável posição na qual a palavra foi posta, ou seja, entre
dois instrumentos musicais, mostra que a palavra é para ser entendida aqui se referindo
especialmente a músicas de regozijo, de acordo I Sm 18:7 elas tocaram e cantaram. A
mulher que “se divertia” (‫שֲחֹקות‬ ַׂ ‫)ְמ‬, isto é, que fazia danças mímicas, cantavam em coros
alternados (“respondendo” como em Ex 15:21): “Saul feriu os seus milhares, porém Davi
os seus dez milhares.”232.
As outras duas são similares a primeira passagem, fala do cântico de
vitória, “cantando e dançando - mulheres costumavam dançar ao som do adufe e
cantar enquanto dançavam e tocavam (instrumentos de música, a palavra significa um
instrumento tipo um triângulo ou com três cordas.233”, portanto, nada tem a ver com o
culto e sim ato cívico de homenagear os soldados campeões das guerras.

2.6.3.3.3.5. Kârar

(II Sm 6:14,16).

232
Keil, p. 420
233
Barnes, p. 503

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Deus quer o pentecostalismo?

A próxima é “kârar”, que aparece em II Sm 6:14,16, significa “1) (Pilpel)


girar, dançar, 1a) giro, dança (particípio) 234”: “e Davi saltava com todas as suas forças
diante do SENHOR; e estava Davi cingido de um éfode de linho.” (II Sm 6:14), “e
sucedeu que, entrando a arca do SENHOR na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul,
estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi, que ia bailando e saltando diante do
SENHOR, o desprezou no seu coração.” (II Sm 6:16). Esta é a passagem da dança de
Davi, relembrando o contexto, Israel recuperou a arca, que os filisteus haviam levado,
com a volta da arca houve uma grande celebração, ocasião na qual Davi dançou, o tipo
de dança de Davi consistia em saltos, pois é o que diz o verso 14, ele “dançou - a
palavra hebraica é encontrada somente aqui e em II Sm 6:16, ela significa “dançar em
círculo”,...235”, então provavelmente se referia a cambalhotas; uma análise da dança de
Davi mostra alguns problemas, primeiro, ele usava a roupa dos levitas, roupa que não
lhe era próprio usar, era o éfode de linho, roupa própria dos sacerdotes: “porém Samuel
ministrava perante o SENHOR, sendo ainda jovem, vestido com um éfode de linho.” (I
Sm 2:18).
Segundo, ofereceu sacrifício, algo que também não podia: “e
introduzindo a arca do SENHOR, a puseram no seu lugar, na tenda que Davi lhe
armara; e ofereceu Davi holocaustos e ofertas pacíficas perante o SENHOR.” (II Sm
6:17), era atividade exclusiva dos sacerdotes: “e eu o escolhi dentre todas as tribos de
Israel por sacerdote, para oferecer sobre o meu altar, para acender o incenso, e para
trazer o éfode perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos
filhos de Israel.” (I Sm 2:28), “mas tu põe os levitas sobre o tabernáculo do
testemunho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre tudo o que pertence a ele; eles
levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o administrarão, e acampar-se-
ão ao redor do tabernáculo.” (Nm 1:50), Saul era rei e fez o mesmo: “então disse Saul:
Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. E sucedeu
que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao
encontro, para o saudar.” (I Sm 13:9,10) e foi repreendido por isso: “então disse
Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o
SENHOR teu Deus te ordenou; porque agora o SENHOR teria confirmado o teu reino
sobre Israel para sempre;” (I Sm 13:13).
Terceiro, se Davi entendesse que a dança faria parte do culto por qual
motivo ele não estabeleceu isso quando deu ordens para a liturgia do templo? Ainda há
o outro elemento, ele não fez nada premeditado foi feito sem ensaio, espontâneo. Por
fim é suficiente para notar que a dança não é a do culto direto a Deus, tal palavra não é
mais usada na Bíblia, menos ainda em ligação à adoração.

2.6.3.3.3.6. Pâcach

(Ex 12:13,23, 26,27; II Sm 4:4; I Rs 18:21,26).

A próxima é “pâcach”, uma palavra que em nenhuma das suas sete


apariçoes, no Velho Testamento, significa dança, tanto que sequer assim é traduzido,
mas como um dos possíveis significados da palavra é dança, então foi posto aqui no
estudo também, ela significa: “1) passar por cima, saltar por cima, 1a) (Qal) passar por
cima, 1b) (Piel) saltar, passar por cima, 2) mancar, 2a) (Qal) mancar, 2b) (Niphal) ser
manco, 2c) (Piel) mancar.236”, um dos exemplos de aparições dela é: “e tomaram o
234
Strong, p. 501
235
Barnes, p. 504
236
Strong, p. 845

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

bezerro que lhes dera, e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã
até ao meio dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem
respondesse; e saltavam sobre o altar que tinham feito.” (I Rs 18:26).

2.6.3.3.3.7. Châgag

(Ex 5:1; 23:14; Lv 23:39,41; Nm 29:12; Dt 16:14,15; I Sm 30:16; Sl 42:4; 107:17; Zc


14:15,16,18,19; Ml 2:7).

Por fim, “châgag”, que significa: “1) realizar uma festa, realizar um
festival, fazer peregrinação, realizar uma festa de peregrinação, celebrar, dançar,
cambalear, 1a) (Qal), 1a1) realizar uma festa de peregrinação, 1a2) rodopiar.237”, o verso
em que ela pode possivelmente ser entendida como dança é: “e, descendo, o guiou e eis
que estavam espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, e bebendo, e dançando,
por todo aquele grande despojo que tomaram da terra dos filisteus e da terra de Judá.”
(I Sm 30:16), o contexto deste verso mostra o sua aplicação se é ou não dança para
adorar a Deus:
Então Davi lhe disse: De quem és tu, e de onde és? E disse o moço egípcio: Sou servo de
um homem amalequita, e meu senhor me deixou, porque adoeci há três dias. Nós
invadimos o lado do sul dos queretitas, e o lado de Judá, e o lado do sul de Calebe, e
pusemos fogo a Ziclague. E disse-lhe Davi: Poderias, descendo, guiar-me a essa tropa? E
disse-lhe: Por Deus jura-me que não me matarás, nem me entregarás na mão de meu
senhor, e, descendo, te guiarei a essa tropa. E, descendo, o guiou e eis que estavam
espalhados sobre a face de toda a terra, comendo, e bebendo, e dançando, por todo aquele
grande despojo que tomaram da terra dos filisteus e da terra de Judá. E feriu-os Davi, desde
o crepúsculo até à tarde do dia seguinte; nenhum deles escapou, senão só quatrocentos
moços que, montados sobre camelos, fugiram. (I Sm 30:13-17).

2.6.3.3.3.8. Orcheomai

A grega “orcheomai”, aparece em Mt 11:17; 14:6; Mc 6:22; Lc 7:32 e


significa “voz média de orchos (barulho ou som); 1) dançar238”, dança que “significava
provavelmente levantar os pés e daí saltar com movimento regular, se usa sempre na
voz média (Mt 11:17; 14:6; Mc 6:22; Lc 7:32)239”, para começar esta dança é inverso
das outras, que envolve giro, esta é linear, regular, os versos em que ela aparece mostra
o seu uso: “e dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e
não chorastes.” (Mt 11:17), “festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou
a filha de Herodias diante dele, e agradou a Herodes.” (Mt 14:6), “entrou a filha da
mesma Herodias, e dançou, e agradou a Herodes e aos que estavam com ele à mesa.
Disse então o rei à menina: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.” (Mr 6:22), “são
semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem:
Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes.” (Lc
7:32), será que esta é uma dança religiosa, mais ainda ao Verdadeiro Deus? Olhe a
dança de Herodias, como as danças nas praças e responda por você mesmo.

2.6.3.3.3.9. Choros

237
Strong, p. 301
238
Strong, p. 1514
239
Vine, p. 212

Página 178
Deus quer o pentecostalismo?

Por fim, “choros”, que aparece somente em Lc 15:25 e significa: “1)


banda (de dançarinos e cantores), dança circular, dança, baile240”, “dança Lc 15:25
[coral]241”, esta já volta a ser circular, a famosa dança folclórica de roda: “e o seu filho
mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e
as danças.” (Lc 15:25), esta é a parábola do filho pródigo, na casa do pai, celebrando
uma festa em alegria do retorno do filho, não tem nada a ver com a dança de adoração
comum hoje.

2.6.3. Inflexibilidade do culto

Com inflexibilidade se quer abordar as impossibilidades adicionar novos


elementos ao culto a Deus, os abordados, palmas, danças e músicas dançantes, eles
serão abordados em conjunto, várias são as razões, abordaremos primeiro de modo
genérico, primeira, é que mesmo que no Velho Testamento fossem permitidos, no Novo
não o são, o Novo Testamento aperfeiçoou o culto a Deus, por isso mesmo eles foram
deixados para trás as sombras, os acessórios, ficou o principal, então o que era
necessário na lei não é necessário na graça; segunda, a Bíblia estabeleceu o conteúdo do
culto e não inclui nenhum dos três elementos, terceira, o culto é racional: “rogo-vos,
pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Rm 12:1) e isso
conseqüentemente exclui a emoção e desejos humanos, é a razão que deve adorar a
Deus, além disso, significa que o culto agora está acima das necessidades de usar
acessórios, tipos, nada mais é necessário, quarta, tem o princípio bíblico de não
conformação com o mundo: “e não sede conformados com este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12:2), o culto a Deus é
diferente das atividades seculares, esta é uma das suas identificações: “como, pois, se
saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por
andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos
que há sobre a face da terra?” (Ex 33:16).
Quinta, mesmo se pudesse usá-los o crente deveria renunciar o uso, pois
poder dar aparência do mal: “abstende-vos de toda a aparência do mal.” (I Ts 5:22), (cf
Rm 12:17), podem servir de tropeço a algum irmão: “portai-vos de modo que não deis
escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.” (I Co 10:32), (cf
Rm 14:13; I Co 8:13; II Co 6:3 Fp 1:10), não é certo que com eles eu glorifique só a
Deus: “portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo
para glória de Deus.” (I Co 10:31), (Cl 3:17,23; I Pd 4:11), que edifique ao meu
próximo: “sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns
para com os outros.” (Rm 14:19), “portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no
que é bom para edificação.” (Rm 15:2), (cf I Co 14:12; Ef 4:29; I Ts 5:11), que eu
edifique a mim mesmo: “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas
convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” (I Co
10:23), (cf I Co 6:12), com risco deu buscar o meu proveito, o que me agrada:
“ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem.” (I Co 10:24),
“porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim
caíram as injúrias dos que te injuriavam.” (Rm 15:3), assim nutrindo minha carne:
“porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as

240
Strong, 1464
241
Gingrich, p. 224

Página 179
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

obras do corpo, vivereis.” (Rm 8:13), “porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.”
(Gl 6:8).
Sexta, no culto só deveria ser admitido, aprovado algo excelente: “para
que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até
ao dia de Cristo;” (Fp 1:10), “aprovando o que é agradável ao Senhor.” (Ef 5:10), “os
lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos perversos, só perversidades.” (Pv
10:32). Agora abordando de modo específico, as palmas jamais foram usadas no culto a
Deus, nunca foram em toda a Bíblia! Isso deveria ser o suficiente para mostrar que não
deveriam ser introduzidas no culto; em relação á música ai sim ainda é mais gritante, já
que a música no culto é para ser espiritual, “pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai
louvores com inteligência.” (Sl 47:7), algo que apele ao emocional, então não pode ser
usada, se não for espiritual também, por fim, Deus não quer ouvir a nossa música, Ele
quer ouvir a música dEle: “com eles, pois, estavam Hemã e Jedutum, com trombetas e
címbalos, para os que haviam de tocar, e com outros instrumentos de música de Deus;
porém os filhos de Jedutum estavam à porta.” (I Cr 16:42); já a dança não poderia ser
usada também, me refiro a música sem conotação sensual, sem contato físico homens e
mulheres, sem requebro, sem nada disso, pois a essas a Bíblia diretamente proíbe em
um vasto número de passagens, a referência aqui é a qualquer tipo de dança, mesmo as
mais amenas, pois, além das razões já postas, há:
(1) O fracasso em provar que a dança realmente era um componente da adoração divina no
Templo, na sinagoga, e na igreja primitiva. (2) O fracasso em reconhecer que das vinte e
oito referências a dançar ou danças no Velho Testamento, apenas quatro se referem sem
contestação à dança religiosa, e nenhuma destas está relacionada à adoração na Casa de
Deus...242
Fora isso há a omissão de dança nos culto do Novo Testamento, no
Velho Também, mas como estamos falando da igreja, que é do Novo Pacto, por qual
motivo ela não aparece, se ela fosse um elemento do culto a Deus? Esquecimento não
foi, pois os crentes eram diligentes e eles sabiam que o culto atual é o culto racional e
em verdade, os símbolos, tipos, sombras ficaram para trás e mesmo que se a dança fosse
um deles, o que não é, teria ficado para trás também, alguns defensores da dança
mencionam o rei Davi, ai eles se complicam ainda mais:
É importante notar que Davi, que é considerado por muitos como o exemplo principal para
a dança religiosa na Bíblia, nunca deu instruções aos levitas com respeito a quando e como
dançariam no Templo. Se Davi cresse que a dança deveria ser um componente na adoração
divina, sem dúvida teria dado instruções relativas a ela aos músicos levitas que designou
para se apresentarem no templo. Acima de tudo, Davi foi o fundador do ministério de
música no Templo. Vimos que ele deu claras instruções aos 4.000 músicos levitas
pertinentes a quando cantarem e que instrumentos usarem para acompanharem seu coral.
Sua omissão da dança na adoração divina dificilmente pode ser considerada como um
lapso. Ao contrário, ela nos fala da distinção que Davi fez entre a música sacra, executada
na Casa de Deus e a música secular tocada fora do Templo para o entretenimento243.

2.6.5. Reflexões

Deus é a Quem devemos adorar: “vós também, como pedras vivas, sois
edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais
agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” (I Pd 2:5), (cf Rm 15:16; Hb 13:15), Ele é digno
de todo louvor (II Sm 22:4; I Cr 16:25; Sl 18:3; 48:1; 96:4; 143:3), Ele vê diferente do
homem, Ele olha o coração do adorador: “porém o SENHOR disse a Samuel: Não
atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho
242
Bacchiocchi, p. 3
243
Bacchiocchi, p. 3

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Deus quer o pentecostalismo?

rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está
diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração.” (I Sm 16:7), com isso Deus
pode não receber o culto (Jó 27:9; Sl 18:41; 66:18; Pv 1:28; Is 1:11-15; 48:1,2; Jr 11:11;
Jr 14:12; Ez 8:18; Mq 3:4; Zc 7:13; Jo 9:31; Tg 4:3), isso parece atualmente algo
incrível dizer que Deus não aceita qualquer tipo de culto, mas é fato. Ele também pode
receber a adoração (I Cr 29:17; Sl 17:1; 32:2; 50:23; 51:6,17; 147:11; Is 10:20; 57:15; Jr
3:10; 4:2), Ele quer servos que tremam diante da Palavra dEle: “porque a minha mão
fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse
olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra.” (Is 66:2)
assim O sirva de todo coração: “tão-somente temei ao SENHOR, e servi-o fielmente
com todo o vosso coração; porque vede quão grandiosas coisas vos fez.” (I Sm 12:24),
pois assim o crente saberá como Ele quer ser adorado e o fará como estabelecido, assim
não incorrerá no erro de alguns do passado e presente.
O erro deles é achar que Deus é obrigado a receber o culto, daí a
pergunta se o culto está errado, se Deus não irá receber porque não consertar? Porque
continuar no erro? Que adianta ensaiar tanto, ter muita gente se o seu culto não será
aceito? Caim pensou que o culto dele seria aceito, mesmo entregando frutos da terra
(Gn 4:3), alguns israelitas também: “e o SENHOR feriu os homens de Bete-Semes,
porquanto olharam para dentro da arca do SENHOR; feriu do povo cinqüenta mil e
setenta homens; então o povo se entristeceu, porquanto o SENHOR fizera tão grande
estrago entre o povo.” (I Sm 6:19), de igual forma Uzá: “então se acendeu a ira do
SENHOR contra Uzá, e o feriu, por ter estendido a sua mão à arca; e morreu ali
perante Deus.” (I Cr 13:10). Sabedores disso, façamos tudo correto, não sejamos como
os judeus na época de Jeremias: “ah SENHOR, porventura não atentam os teus olhos
para a verdade? Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a
correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; não quiseram voltar.” (Jr
5:3), “mas não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes endureceram a sua
cerviz, para não ouvirem, e para não receberem correção.” (Jr 17:23), “e viraram-me
as costas, e não o rosto; ainda que eu os ensinava, madrugando e ensinando-os,
contudo eles não deram ouvidos, para receberem o ensino.” (Jr 32:33), pelo contrário,
nos corrijamos.

2.7. A pregação

Pregação aqui quer dizer a proclamação dos ensinos, não no sentido


técnico bíblico, mas ao que a promoção geral, ou seja, o que é ensinado, falado,
pregado, pensado, vivido, poderia ser chamado também de teologia prática ou algum
outro termo designando a parte prática. A vida prática da igreja, como do crente começa
e termina com a Bíblia, a Bíblia é a regra de fé, daí os costumes e demais práticas
deveriam ser comparados à luz da Bíblia.

2.7.1. Pregação pentecostal

O pensamento carismático, mais corrente, é o do crescimento, algumas


vezes é posto mais ênfase em números que nas pessoas, que nas vidas trabalhadas, para
crescer é lançado mão de várias coisas, até mesmo de trabalho conjunto entre
denominações, às vezes, até mesmo com a intenção evangelística, nestes casos são
feitas cruzadas e “shows gospels” para atrair o povo; falando na parte denominacional,
com o objetivo de crescimento, além de práticas extra-bíblicas, são admitidos, no seio
da igreja, pessoas com a vida não muito dentro do padrão bíblico, inclusive padrão

Página 181
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

moral bíblico, como homossexuais, artistas do ramo pornográfico, pessoas que são
conviventes, mas não casadas, etc., e a pregação, até para atrair tais pessoas, tem se
voltado às bênçãos materiais e conforto no momento de dificuldade, fazendo até uso da
psicologia.

2.7.2. Pregação bíblica

“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para
os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a
Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (I Co 1:23,24).

Pelo fato de Cristo ser o Senhor e estabelecer Sua vontade pela Bíblia, a
igreja, bem como os crentes, não está livre para pregar o que bem entender e sim estar
fixamente presa à Bíblia: “tudo o que eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe
acrescentarás nem diminuirás.” (Dt 12:32), esta pregação necessariamente tem de
proclamar a Cristo, para Quem são todas as coisas: “porque dele e por ele, e para ele,
são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Rm 11:36), “porque
convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe,
trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação
deles.” (Hb 2:10), e é o Salvador, esta pregação é como um perfume: “porque para
Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para
estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles cheiro de vida para
vida. E para estas coisas quem é idôneo?” (II Co 2:15,16), outro ponto importante é
identificar o destinatário, pois é necessário sempre dar a porção que cada um merece,
correção para quem correção, consolo a quem consolo, não se pode inverter, fazer com
que o errado passe por certo ou vice-versa, pior ainda se o privilegiado, ou o motivo do
privilégio, seja o financeiro, prestigiar um maior em detrimento de um menor: “não
discriminareis as pessoas em juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande; não
temereis a face de ninguém, porque o juízo é de Deus; porém a causa que vos for difícil
fareis vir a mim, e eu a ouvirei.” (Dt 1:17), “não farás injustiça no juízo; não
respeitarás o pobre, nem honrarás o poderoso; com justiça julgarás o teu próximo.”
(Lv 19:15), do crente deve agir e ser digno de tais palavras: “e perguntaram-lhe,
dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não
consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus.” (Lc
20:21).

2.7.2.1. Santidade

(Mt 5:48; At 24:16; Rm 6:1-23; 7:4,6; 8:1,4,12; 12:1,2; 13:12-14; 14:17; 16:19; I Co
3:16,17; 5:7; 6:12,13,19,20; 7:23; 8:12; 10:21,31,32; 15:34; II Co 6:14-17; 7:1; 10:3,5;
11:2; 13:7,8; Gl 2:17; 5:22-25; Ef 1:4,13,14; 2:21,22; 4:20-24; 5:1,3,8-11; Fp 1:10,11;
2:15; 4:8; Cl 1:22, 3:5-15; I Ts 2:12; 3:13; 4:3,4,7; 5:5,22,23; II Ts 2:13; I Tm 1:5; 4:12;
6:11,12; II Tm 2:19,21,22; 3:17; Tt 1:15; 2:9,10,12).

“Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma
geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo;” (Fp
2:15).

Deus tem vários atributos (cf 2.1.2.1. O Pai), geralmente o mais querido é
o amor, já que somos beneficiados com o amor dEle, mas não é o maior atributo dEle,

Página 182
Deus quer o pentecostalismo?

quando Ele Se revela, Se mostra ao homem, a primeira coisa que Ele nos faz lembrar é
que Ele é santo, e Ele requer um padrão de santidade de todos os Seus servos: “e
qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é
puro.” (I Jo 3:3), “deixando, pois, toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e
invejas, e todas as murmurações,” (I Pd 2:1):
Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências
carnais que combatem contra a alma; tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para
que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da
visitação, pelas boas obras que em vós observem. (I Pd 2:11,12).
Ele requer uma conduta ilibada do crente:
Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em
vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em
toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. (I
Pd 1:14-16).
O crente precisa refletir Cristo em sua vida diária: “e vos revistais do
novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” (Ef 4:24):
Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.
Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com
tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne
do coração. (II Co 3:2,3).

2.7.2.2. Separação

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém
no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Sl 1:1).

Existe uma doutrina bíblia, que descende da santificação, ela é a


separação, já que corta, pela raiz, a chance de envolvimento com uma vida de pecado,
minimizando a chance do crente ceder: “como fonte turvada, e manancial poluído,
assim é o justo que cede diante do ímpio.” (Pv 25:26), consiste, portanto, no crente se
separar do incrédulo, das suas práticas, este ensino não é novo, vem desde o Velho
Testamento: “assim comeram a páscoa os filhos de Israel que tinham voltado do
cativeiro, com todos os que com eles se apartaram da imundícia dos gentios da terra,
para buscarem o SENHOR Deus de Israel;” (Ed 6:21), “agora, pois, fazei confissão ao
SENHOR Deus de vossos pais, e fazei a sua vontade; e apartai-vos dos povos das
terras, e das mulheres estrangeiras.” (Ed 10:11), , “retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não
toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do
SENHOR.” (Is 52:11), “fugi do meio de Babilônia, e livrai cada um a sua alma, e não
vos destruais na sua maldade; porque este é o tempo da vingança do SENHOR; que lhe
dará a sua recompensa.” (Jr 51:6), e é reprisado no Novo: “e com muitas outras
palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.”
(At 2:40), “e não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
condenai-as.” (Ef 5:11), “e digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais
como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.” (Ef 4:17).
A separação engloba também o que profere, legítima ou falsamente, ser
crente em Cristo, mas anda de modo diferente do que professa: “mandamo-vos, porém,
irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que
anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.” (II Ts 3:6),
“mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos
mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas
admoestai-o como irmão.” (II Ts 3:14,15), “e rogo-vos, irmãos, que noteis os que

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos


deles.” (Rm 16:17), “mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que,
dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou
roubador; com o tal nem ainda comais.” (I Co 5:11), “mas Deus julga os que estão de
fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo.” (I Co 5:13), “contendas de homens
corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa
de ganho; aparta-te dos tais.” (I Tm 6:5), “tendo aparência de piedade, mas negando a
eficácia dela. Destes afasta-te.” (II Tm 3:5).
Esta doutrina inviabiliza o ecumenismo, a livre associação entre as
igrejas, embora, mas cedo ou mais tarde, as igrejas convergirão para a unificação, para
que se cumpra a profecia e apareça o falso profeta, que regerá esta nova religião
ecumênica; como não podemos aparar as arestas, e aceitar a não conformidade dos
outros com a Bíblia, não podemos nos associar a eles.

2.7.2.3. Arrependimento

(II Rs 17:13; II Cr 30:6; Pv 1:23; Is 22:12; Jr 25:5; Ez 14:6; 18:31; 33:11; Dn 4:27; Os
14:2; Jl 2:12; Ml 3:7; Mt 3:2; Lc 13:2,3; Ac 3:19; 8:22; 17:30; 26:20).

“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os
homens, e em todo o lugar, que se arrependam;” (At 17:30).

O tema deste tópico é o arrependimento: “e dizendo: Senhores, por que


fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões,
e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a
terra, o mar, e tudo quanto há neles;” (At 14:15), (cf Is 45:22; Mt 6:19-21; At 14:15; II
Co 5:17; Cl 3:2; I Ts 1:9; Hb 12:1,2;), mandado pelo Pai: “mas Deus, não tendo em
conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar,
que se arrependam;” (At 17:30), (cf Ez 18:30-32), pelo Filho: “lembra-te, pois, de onde
caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei,
e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.” (Ap 2:5), (cf Ap 2:16;
3:3;), uma coisa precisa ser levada em atenção, é sobre o verdadeiro arrependimento,
pois ele é dado pelo Pai: “e, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a
Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.”
(At 11:18), (cf II Tm 2:25;), pelo Filho: “Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e
Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.” (At 5:31), e
pela operação do Espírito:
Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de
graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele,
como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito. (Zc 12:10).
O próprio Mestre veio para levar os pecadores ao arrependimento: “Eu
não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.” (Lc 5:32), o
homem é levado ao arrependimento pela longanimidade de Deus: “o Senhor não
retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para
conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-
se.” (II Pd 3:9), (cf Gn 6:3; I Pd 3:20;), pela benignidade dEle: “ou desprezas tu as
riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a
benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2:4), pelos castigos dEle: “Eu
repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Ap 3:19), (cf
I Rs 8:47), pela tristeza, da parte dEle: “porque a tristeza segundo Deus opera

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Deus quer o pentecostalismo?

arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do


mundo opera a morte.” (II Co 7:10). O arrependimento foi pregado pelo Mestre (Mt
4:17; Mc 1:15), por João Batista (Mt 3:2), pelos apóstolos (Mc 6:12; At 20:21), pois é
uma dos requisitos da salvação, arrependimento e fé: “e dizendo: O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.” (Mc
1:15), que tem de ser no nome de Cristo: “e em seu nome se pregasse o arrependimento
e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.” (Lc 24:47),
o dia para se arrepender, tanto para ser salvo, quanto para ser um sevo melhor é hoje, é
agora: “não presumas do dia de amanhã, porque não sabes o que ele trará.” (Pv 27:1),
(Sl 95:7,8; Hb 3:7,8; Pv 27:1; Is 55:6; II Co 6:2; Hb 4:7).
O arrependimento não é só para os incrédulos, o Mestre repreendeu
igrejas e as mandou se arrependerem, e o arrependimento é para ser feito sempre, creio
ser este o mandamento revisor dos demais, vou explicar o motivo, o Mestre ensinou
corretamente, por óbvio, que o maior dos mandamentos:
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e
de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas. (Mt 22:37-40).
De fato, todos os mandamentos da Bíblia são derivados destes dois
mandamentos, amor a Deus e ao próximo, mas quando alguém se desvia do caminho
vem um mandamento, que diz se arrependa, volte ao antigo caminho, caminho do qual
saíste: “assim diz o SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas
veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as
vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” (Jr 6:16).

2.7.3. Acréscimos à pregação

“Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos
perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se
o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não
será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho
da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora;
de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.” (II
Ts 2:1-4).

Infelizmente à pregação se tem acrescido várias coisas, daí muitos têm


sido movidos do entendimento: “e digo isto, para que ninguém vos engane com
palavras persuasivas.” (Cl 2:4), “ninguém vos engane com palavras vãs; porque por
estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” (Ef 5:6), esta seção
abordará alguns acréscimos à pregação, mormente encontrados entre os carismáticos.

2.7.3.1. Pragmatismo

Pragmatismo significa aqui o crescimento da igreja, essa tem sido a


bandeira de muitas igrejas hoje, que o mais importante é crescer, não importa como,
veremos esta filosofia nesta seção, mas antes quero mencionar a frase de um irmão em
Cristo, ele diz que se você for beber a água do copo então não encherá o copo com
qualquer tipo de água, a relação com o crescimento vertiginoso da igreja é clara; o
pensamento dele não é de superioridade, jamais, é tão somente de anunciar o evangelho

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

instando a conversão, que as pessoas se corrijam, como esta doutrina é dura, então é
difícil lotar a igreja, mas ninguém é contra o crescimento, afinal todos precisamos
frutificar.

2.7.3.1.1. Libertinagem

No início desta seção, quando falado da pregação pentecostal, foi


mencionada a aceitação de homossexuais no seio da igreja, daí alguém pode se indagar,
a igreja não deve abrir as portas aos homossexuais? A resposta é um óbvio e enfático
sim, a igreja necessariamente tem de abrir as portas para todos que Deus abre as portas,
inclui, portanto, todo e qualquer tipo de pessoas, qualquer raça, qualquer povo, qualquer
prática, inclusive práticas sexuais ilícitas, incluindo ai, os homossexuais, pois Deus os
ama indistintamente (Dt 4:37; 7:7-8,13; 9:29; 10:15,18; 23:5; 33:3,12; II Sm 12:24; Ne
13:26; Jó 7:17; Sl 42:8; 47:4; 63:3; 78:61,62,65,68; 89:33; 103:13; 146:8; Pv 15:9; Is
38:17; 43:4; Jr 31:3; Os 11:1; Ml 1:2; Jo 3:16; 5:20; 14:21,23; 16:27; 17:10,23,26;
20:17; Rm 1:7; 5:8; 9:13; 11:28; II Co 9:7; 13:11; Ef 2:4,5; II Ts 2:16; Tt 3:4,5; Hb
12:6; I Jo 3:1; 4:8-16,10), mas há um fato, que deve ser levado em atenção, Deus odeia
o pecado, por isso, a igreja não os pode receber como membros, pois entre os membros,
da igreja, a lei vigente é a Bíblia, que manda, inclusive separar dos que não querem
obedecê-la, quem vive em prática sexual ilícita está em descumprimento com a Bíblia.
Em específico, quanto a separação dos que vivem em pecado há um
exemplo bíblico:
Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os
gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai. Estais ensoberbecidos, e
nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.
Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como
se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a
Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus. Não
é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?
Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais
sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a
festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os
ázimos da sinceridade e da verdade. Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis
com os que se prostituem; isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo,
ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria
necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que,
dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou
roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que
estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora.
Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo. (I Co 5:1-13).
A ordem foi clara, não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas,
mas antes condenai-as, ou seja, a Bíblia é clara sobre o uso da disciplina: “mas, se
alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis
com ele, para que se envergonhe.” (II Ts 3:14), a igreja é um reduto de santidade:
“ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas,
vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente,” (Tt 2:12), vimos na seção
igreja que para a compor há a necessidade de conversão e a incessante vida no serviço
ao Mestre, esta é a finalidade, quem não se conforma com este padrão pode participar
do culto, mas não ser membro da igreja, ele não pode estar entre os membros, já que se
rejeita a obedecer os mandamentos do Senhor Jesus, à esse a igreja foi mandada se
afastar (cf 2.7.2.2. Separação), tem um detalhe maior, quem rejeita aos mandamentos

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Deus quer o pentecostalismo?

rejeita a Deus: “portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas sim a Deus,
que nos deu também o seu Espírito Santo.” (I Ts 4:8).

2.7.3.1.2. Ecumenismo

A idéia é a seguinte, invés se olharmos as nossas diferenças busquemos


as nossas semelhanças, para que possa haver fraternidade entre as denominações,
sobretudo na anunciação do evangelho; é uma retórica bonita, mas como poderia haver
a união, entre as igrejas, se há linhas intransponíveis que nós batistas não podemos
passar, indo de encontro a elas? Olhando os tópicos anteriores vemos que não há a
mínima possibilidade de união, não que sejamos melhores, mas sim pelo fato do dever
em obedecer aos mandamentos, o da santidade e o da separação de quem não se mantêm
santo, a causa da separação não é somente pela santidade no viver, tem outra barreira
intransponível, que é a doutrina, que é algo inegociável, os mandamentos do Senhor não
podem ser acrescidos, diminuídos, flexionados: “não acrescentareis à palavra que vos
mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR vosso
Deus, que eu vos mando.” (Dt 4:2), e sim cumpridos diligentemente: “Tu ordenaste os
teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos.” (Sl 119:4).
O conjunto dos mandamentos do Senhor Jesus são chamados de doutrina,
também de fé, pois é o corpo das doutrinas ensinadas na Bíblia, fé que é para ser
defendida pelos crentes: “tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas
coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I
Tm 4:16), e infelizmente os que se afastarem, ou que não as sustentam, serão afastados
de nós: “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o
vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente.” (Ef 4:14), “como te roguei, quando parti para a Macedônia, que
ficasses em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem outra doutrina,” (I Tm
1:3), “e rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra
a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Rm 16:17):
Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas
delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias,
blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. (I Tm 6:3-5).

2.7.3.1.3. O Fim justifica o meio

Agora uma doutrina que vem se popularizando é a de que os fins


justificam os meios, ela é a base do pensamento ecumênico, base para o uso de
modernismos e de tudo o que se assemelhe ao mundo, pois o fim justificaria o meio, por
exemplo, o fim, que é pregar o evangelho, justifica o meio que é usar palmas, fazer um
“show gospel” etc., já que o fim é que teria de ser cumprido; mas será mesmo que o fim
justifica o meio? Certamente não, observemos duas lições, a primeira é:
Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o
prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém;
eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu
assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes
subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não
venha de alguma maneira a ficar reprovado. (I Co 9:24-27)
A lição é tirada por base a de um esportista, dedicação que todos os
crentes devem ter, ganhar é o objetivo de todo esportista, mas para que a vitória dele

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

seja válida é necessário jogar de acordo com as regras do jogo: “e, se alguém também
milita, não é coroado se não militar legitimamente.” (II Tm 2:5), imagine a situação de
um esportista ganhar, mas seja por uso de doping ou alguma trapaça, ele não será
coroado, aplicando a mesma lição ao nosso tema, nós só poderemos agradar a Deus se
fizermos segundo as regras, o fim pode ser atingido e mesmo assim o homem ser
desqualificado diante de Deus. A segunda lição é similar:
Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, tendo
jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador,
disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém,
respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra
que sai da boca de Deus. (Mt 4:1-4).
O Senhor Jesus fora conduzido ao deserto, lá já estava fazia 40 dias,
quando o tentador pediu que Ele transformasse a pedra em pão, já que Ele estava com
fome, a resposta dEle é o padrão a ser seguido, ora, Ele estava faminto, era plenamente
justo Se alimentar, mas Ele falou que o fim alimentação, alimentar o corpo, que é algo
extremamente necessário, até mesmo para a manutenção da vida e saúde, não poderia
ser realizado, pois existe um meio correto, e Ele explica a existência do meio e a
importância dele, Ele fala: “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de
pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4:4), o meio
é a Palavra de Deus, que tem de ser seguida, desde que ela seja seguida, então se poderá
agradar a Deus: “e as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os
mandamentos do SENHOR, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após
os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo.” (Nm 15:39); outros casos
poderiam ser citados, por exemplo, o de Moisés que feriu a pedra para que dela saísse
água, ele conseguiu, mas foi reprovado, já que era tão somente para falar a ela.

2.7.3.1.4. Psicologia

“Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e
profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se
desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém.” (I Tm 6:20,21).

Com psicologia está inclusa também a pregação macia, a que agrada ao


ouvinte, o animando para o dia a dia, geralmente dito que Deus está com ele e que o
ajudará etc.; curioso foi que João Batista tinha uma maneira diferente, ele não se calava
diante do pecado, nem amaciava, ele falava a Herodes: “pois João dizia a Herodes: Não
te é lícito possuir a mulher de teu irmão.” (Mc 6:18), mesma postura que os crentes
precisam ter: “este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para
que sejam sãos na fé.” (Tt 1:13). É obvio que, às vezes, os crentes precisam de palavras
de conforto, mas precisamos lembrar que este conforto tem por base levar a confiança
do crente em Deus: “confiai no SENHOR perpetuamente; porque o SENHOR DEUS é
uma rocha eterna.” (Is 26:4), não em si mesmo, alguém ou coisa: “confia no SENHOR
de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento.” (Pv 3:5), “assim
diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e
aparta o seu coração do SENHOR!” (Jr 17:5), “uns confiam em carros e outros em
cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus.” (Sl 20:7), mas
independente de tudo isso há a necessidade urgente de pregar o evangelho, que nem
sempre agrada.

2.7.3.1.5. Modernismo

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Deus quer o pentecostalismo?

O modernismo usa práticas próprias, que são utilizadas por muitos,


alguns de boa, outros de má-fé, a passagem principal é:
Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e
ai de mim, se não anunciar o evangelho! E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se
de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que,
evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no
evangelho. Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E
fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como
se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei,
como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para
ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo
para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho,
para ser também participante dele. (I Co 9:16-23).
Aqui tem uma linha, que não é tão tênue assim como possa parece no
primeiro momento, mas antes de abordar este tema vejamos o que o modernismo diz,
ele caminhará na seguinte argumentação que o crente precisa se parecer, ao máximo
possível, com o incrédulo, para ganhá-lo para Cristo, parecer aqui inclui vestuário,
gestual e palavreado, na pior das hipóteses não aparentar ser uma pessoa antipática para
o incrédulo, essa maneira de ser, a de aparência com os incrédulos os farão melhores
recepcionados quando forem ao culto, que passará a ser menos formal, de preferência
um palavreado moderno, palavreado este que inclui a própria Bíblia tradicionais,
formais, chamadas de arcaicas, devem ser mudadas para as mais modernas, que seja
inteligíveis ao povo; em suma é essa a aplicação do modernismo no culto, na pregação,
próxima seção, ele também será abordado.
Esta idéia de modernismo parece ser interessante, mas é tão somente
aparência, a parte de culto já foi abordado na seção 2.6.2. Culto bíblico, voltando à linha
mencionada, sobre a aparência do mundo já foi tratada também, mas para relembrar: “e
não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do
vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita
vontade de Deus.” (Rm 12:2), “como, pois, se saberá agora que tenho achado graça
aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos
separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra?” (Ex
33:16), então como se pode haver a associação sem afetar a obediência aos seguintes
mandamentos: “não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.”
(I Co 15:33), “não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz
levedar toda a massa?” (I Co 5:6), “deixai os insensatos e vivei; e andai pelo caminho
do entendimento.” (Pv 9:6).

2.7.4.2. Bênçãos materiais

As bênçãos materiais são sonhos de muitos, pois ter propriedades não é


pecado algum, e essa tem sido a tônica, a do enriquecimento, de prosperidade, de
sucesso, é claro que tais pregações agradam aos ouvintes, sobretudo as que dizem que o
crente é detentor das promessas do Velho Testamento, mas quanto às bênçãos materiais,
prosperidade a Bíblia exorta:
Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este
mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos
cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e
em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na
perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa
cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu,
ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência,
a mansidão. (I Tm 6:6-11).

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

A Palavra fala em contentamento, que nada mais é do que se contentar com o


que tem, o motivo disso é que Deus nunca desampara os Seus: “sejam vossos costumes sem
avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te
desampararei.” (Hb 13:5), “mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” (Mt 6:20), uma
oração, que poderia ser seguida é: “afasta de mim a vaidade e a palavra mentirosa; não
me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção de
costume;” (Pv 30: 8), só relembrando não é pecado nenhum ser muito rico, ter muitas
propriedades, tão somente a maior riqueza tem de estar no céu e não aqui na Terra.

2.8. Expressões pentecostais

Várias são expressões usadas pelos carismáticos, sendo que algumas


delas trazem elementos da doutrina deles, outra são modismos, no geral, são expressões
extra-bíblicas, analisemos as mais comuns.

2.8.1. Está amarrado

Esta expressão é curiosa, é comum ouvir o brado: “está amarrado”,


amarrando assim algo ou alguém, o que se quer dizer com esta expressão? A idéia é
muito simples, é de restringir a ação do inimigo ou de algum dos seus demônios, sobre a
vida de alguém ou de um grupo de pessoas ou sociedade, isso porque quem fala isso
pensa que o mal procede do diabo, é ele o causador de todo mal, daí restringindo-o o
mal cessa; a primeira coisa a ater é que ela não aparece na Bíblia, em lugar algum,
portanto, é uma fala extra-bíblica, não necessariamente o que está fora da Bíblia seja
automaticamente errado, sobretudo se não fere nenhum mandamento bíblico, não é este
o caso, talvez alguém diga que ela está em: “ou, como pode alguém entrar em casa do
homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando
então a sua casa?” (Mt 12:29), mas obviamente não está, pois além das palavras serem
distintas, o conceito é por completo diferente, não há o mínimo de semelhança entre
uma expressão e a frase falada pelo Senhor Jesus Cristo, o Senhor Jesus argumentava
com os fariseus acerca da expulsão de demônios e eles O acusavam de fazer isso pelo
poder do inimigo, Ele falou que atuava pelo poder de Deus: “mas, se eu expulso os
demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus.” (Mt 12:28), e
complementa falando o verso 29, acima, o valente logo é o inimigo, os bens do inimigo
são os homens, que ele cativou e é o deus deles, o Mestre está mostrando como deve ser
feito, fazendo uso da linguagem humana para ensinar uma espiritual, do mesmo jeito
que usava as parábolas:
“Amarrar” o valente significa que Jesus conseguiu derrotar Satanás, de forma que seu poder
foi rompido, e ele não tem mais autoridade para reinar. A expressão não significa que
Satanás esteja incapacitado; ele, afinal, é o “valente”. Ele continua sua luta de resistência,
como é exemplificado no ministério subseqüente de Jesus (Mc 5:1-14; 8:33; Lc 22:31, etc),
e nas igrejas (II Co 2:10s; Ef 4:27; 6:11; I Pd 5:8s; Tg 4:7; Ap 2:9,13,24; 3:9). Jesus não dá
aqui um mandamento nem mesmo instruções para os seus discípulos a respeito de como
expulsar demônios (ele faz isso em Mc 9:28s). Com essa parábola, ele está ilustrando como
a sua vinda inicia a vitória de Deus sobre as forças do mal244.
Uma vez já falado do acontecimento bíblico, passemos ao que está por
trás desta frase, ela faz com que o crente seja maior que o inimigo, a ponto de podê-lo
prender, é verdade que o crente não deve ter medo dele, que o vencerá, em Cristo, mas a
lição para nós, no presente momento é diferente, não é a de desprezo e sim de cuidado e

244
Mulholland, Dewey M. Marcos introdução e comentário, Edições Vida Nova, 2005, p. 50

Página 190
Deus quer o pentecostalismo?

atenção, pois ele espreita como um leão: “sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;”
(I Pd 5:8), um arcanjo, que é chefe dos anjos, não agiu com desprezo: “mas o arcanjo
Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não
ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.” (Jd
1:9), deveria então o crente agir? Lembre-se que arcanjo é chefe dos anjos, e os anjos
ainda são mais fortes que os homens, atualmente somos menores que os anjos: “Tu o
fizeste um pouco menor do que os anjos, De glória e de honra o coroaste, E o
constituíste sobre as obras de tuas mãos;” (Hb 2:7).
Então como é que faz para vencê-lo? Primeira coisa é o crente jamais
achar que ficará firme pelas suas forças, pois “aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe
não caia.” (I Co 10:12), até porque: “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito
precede a queda.” (Pv 16:18), o caminho é inverso é de sujeição a Deus e resistência ao
inimigo: “sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4:7),
sujeitar a Deus envolve obedecê-lO, e Ele, justamente pela obediência, em breve,
esmagará ao inimigo embaixo dos pés dos crentes:
Quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos. Comprazo-me, pois, em vós; e quero
que sejais sábios no bem, mas simples no mal. E o Deus de paz esmagará em breve Satanás
debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém. (Rm
16:19,20).

2.8.2. Determine

Outra expressão, que vem sendo comum entre os carismáticos, é a de


determinar a bênção, que pode ser cura, milagres, etc., determinar é o que eles querem;
ocorre que a Bíblia fala que o crente pede a Deus: “por isso vos digo que todas as
coisas que pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis.” (Mr 11:24), a palavra grega,
deste verso, é “aiteō”, que significa “1) pedir, rogar, suplicar, desejar, requerer.245”,
“pedir, solicitar, requerer Mt 27:20; At 16:29; 13:28. Com um acusativo duplo pedir
algo a alguém Mt 7:9. O significado clássico, demandar, pode encaixar em algumas
passagens, e.g. I Co 1:22.246”, ela aparece outras vezes (Mt 5:42; 6:8; 7:9-11; 20:20;
27:20; Mc 6:22,24; 10:35; 15:43; Lc 1:63; 6:30; 11:11,13; Jo 4:8,10; 11:22; 15:16;
16:23; At 3:2; 12:20; 13:21,28; 16:29; I Co 1:22; Tg 1:5; I Pd 3:15; I Jo 3:22; I Jo 5:15),
ela tem o sentido remoto de requerer, mas, mesmo nestes casos, não é aplicada a Deus,
se é assim, por qual motivo alguém quer determinar algo a Deus? Um elemento
diferenciador desta palavra é a autoridade quem tem autoridade maior que a de Deus
para Lhe mandar fazer algo? A Bíblia diz que Ele é o Altíssimo “e abençoou-o, e disse:
Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;” (Gn 14:19),
mesma autoridade possuída por Cristo (Mt 7:29; 9:6; 21:23,24,27; Mc 1:22,27,
11:28,29,33; Lc 4:32,36; 20:2,8; I Pd 3:22), assim sendo, quem poderia lhe determinar
algo?
No Novo Testamento Grego aparecem outras palavras para pedir, são
̄ ̄”, que é “A) Perguntar, interrogar: Mt 12:10; 17:10; 22:23,46; 27:11; Mc
elas “eperotao
5:9; 7:5,17; 8:23; 9:11,16,28,32; 10:2,10; 11:29; 12:18,34; 14:60,61; 15:2,4,44; Lc 2:46;
3:10; 6:9; 8:9; 17:20; 20:40; 23:6; Jo 9:23; At 5:27; 23:34; Rm 10:20; I Co 14:35. B)
̄ ̄ “perguntar, interrogar Mt 12:10; 22:46; Mc 9:32; 10:10;
Pedir: Mt 16:1247”; “erotao”,
12:18; Lc 2:46; At 5:27; I Co 14:35. Com dois acusativos perguntar alguma coisa, a
245
Strong, p. 1169
246
Gingrich, p. 14
247
Tuggy, p.

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

alguém Mc 7:17, pedir algo a alguém Mt 16:1. Perguntar Rm 10:20.248”, ela aparece
mais vezes (Mt 15:23; 16:13; 21:24; Mc 4:10; 7:26; Lc 4:38; 7:3,36; 8:37; 9:45; 11:37;
14:18,19,32; 16:27; 19:31; 20:3; 22:68; Jo 1:19,21,25; 4:31,40,47; 5:12; 8:7;
9:2,15,19,21,23; 12:21; 14:16; 16:5,19,23,26,30; 17:9,15,20; 18:19; 19:31,38; At 10:48;
18:20; 23:18,20; Fl 4:3; I Ts 4:1; 5:12; II Ts 2:1; I Jo 5:16; II Jo 1:5); “apaiteō”, “1)
pedir de volta, exigir, cobrar alguma dívida249”, palavra que não aparece em relação a
Deus, os versos em que ela aparece são: “e dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar
o que é teu, não lho tornes a pedir.” (Lc 6:30), “mas Deus lhe disse: Louco! esta noite
te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12:20).
Continuando, a próxima é “exaiteomai”, que é “reclamar, exigir, pedir
permissão: Lc 22:31250”, aparece em: “disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que
Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;” (Lc 22:31); “aitema ̄ ”, “1) pedido,
requisição, exigência251”, aparece em: “então Pilatos julgou que devia fazer o que eles
pediam.” (Lc 23:24), “não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições
sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.”
(Fp 4:6), “e, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos
̄
as petições que lhe fizemos.” (I Jo 5:15); “eleemosune ̄”, “piedade, ação de ajudar aos
necessitados. Mt 6:2-4; Lc 11:41; 12:33; At 3:2,3,10; 9:36; 10:2,4,31; 24:17.252”;
“kataseiō”, “1) agitar, derrubar, 2) acenar, 2a) fazer um sinal, sinalizar com a mão para
alguém253”, aparece em At 12:17; 13:16; 19:33; 21:40; “deomai”, “δέομαι pedir, orar,
suplicar Mt 9:38; Lc 8:38; At 8:24; 10:2; II Co 8:4; 10:2. δέομαι σου rogo-te, como em
Gl 4:12, pode algumas vezes = por favor Lc 8:28; At 21:39.254”, aparece mais vezes (Mt
9:38; Lc 5:12; 8:28,38; 9:38,40; 10:2; 21:36; 22:32; At 4:31; 8:22,24,34; 10:2; 21:39;
26:3; II Co 5:20; 10:2; Gl 4:12; I Ts 3:10).
Ainda tem mais palavras, “proseuchomai”, “orar: Mt 6:5-7; 24:20; 26:42;
Mc 1:35; 6:46; 11:24,25; 12:40; 13:18; Lc 1:10; 6:28; 18:11; 20:47; 22:41; At 1:24;
8:15; Rm 8:26; I Co 11:4,5; 14:14,15; Ef 6:18; Fp 1:9; Cl 1:3,9; 4:3; I Ts 5:17,25; II Ts
1:11; 3:1; Hb 13:18; Tg 5:13,16-18; Jd 20.255”, “paraiteomai”, “pedir, requisitar,
interceder por Mc 15:6. Desculpar έχε με παρητημένον considere-me desculpado Lc
14:18,19; cf 18.-2. Declinar -a. rejeitar, recusar I Tm 5:11; Tt 3:10; Hb 12:25.-b.
rejeitar, evitar At 25:11; I Tm 4:7; II Tm 2:23. -c. pedir, implorar Hb 12:19256”. Ou seja,
̄ ̄ que foi propositadamente posto
vários são os verbos para pedir, ficou um, que é “zeteo”,
por último para poder melhor analisar, ela significa:
-1. procurar, buscar por Mt 13:45; 18:12; Mc 1:37; Lc 19:10; Jo 18:4; At 10:19,21; II Tm
1:17; buscar At 17:27. Investigar, examinar, considerar, deliberar Mc 11:18; Lc 12:29; Jo
8:50; 16:19.- 2. um pouco distante da idéia de procura: tentar obter; desejar possuir Mt
6:33; 26:59; Lc 22:6; Jo 5:44; Rm 2:7; Cl 3:1. Esforçar-se (para), objetivar, desejar, querer
Mt 12:46; Lc 17:33; Jo 1:38; At 16:10; I Co 13:5; Gl 1:10. Pedir, requerer, demandar Mc
8:1 ls; Lc 12:48; Jo 4:23; II Co 13:3. Pass. requer-se que I Co 4:2257.
Esta palavra aparece em um verso, que poderia ser entendido como
alguém exigindo algo do Senhor Jesus: “e outros, tentando-o, pediam-lhe um sinal do
céu.” (Lc 11:16), esta pode ser uma ocasião em que foi exigido algo do Senhor Jesus,

248
Wilbur, p. 79
249
Strong, p. 1206
250
Tuggy, p.
251
Strong, p. 1169
252
Tuggy, p.
253
Strong, p. 1447
254
Gingrich, p. 51
255
Tuggy, p. 125
256
Gingrich, p. 156
257
Gingrich, p. 92

Página 192
Deus quer o pentecostalismo?

mas algumas coisas precisam ficar clara, o verso diz que eles estavam tentando ao
Mestre, o que é vedado: “e Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao
Senhor teu Deus.” (Lc 4:12), que é nosso Deus: “e Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor
meu, e Deus meu!” (Jo 20:28), “aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo;” (Tt 2:13), de
modo que, mesmo se fosse esse o caso, seria pecado. A questão de exigir está voltada a
autoridade, quem tem autoridade, como visto, Cristo é a Autoridade máxima, jamais se
poderia exigir algo legitimamente a Ele, pois Ele é o Altíssimo, exigir algo dEle mostra
a terrível, abominável, horrenda inversão de valores, pois o Senhor é o Senhor, os
servos são servos:
O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu
sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que
desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos desprezado o teu nome? (Ml 1:6).

2.8.3. Fogo

Esta é uma palavra corriqueira na boca de um pentecostal, nas músicas,


fogo, fogo e fogo, é comum pedir que Deus mande fogo, ou algum objeto de fogo...,
isso é curioso, na Bíblia, pois fogo na Bíblia representa o julgamento de Deus, mas
talvez seja da palavra em “e eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas
alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.”
(Mt 3:11), este batismo com fogo é diferente do batismo com o Espírito Santo, e
curiosamente também se refere a julgamento, pois o verso seguinte diz: “em sua mão
tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha
com fogo que nunca se apagará.” (Mt 3:12); daí a pergunta se fogo representa juízo
estariam eles pedindo juízo de Deus sobre eles?

3. Conclusão

Chegamos ao fim do nosso estudo, passamos pelas searas carismáticas e


infelizmente vimos que elas não são compatíveis, em muitos aspectos, com as searas
bíblicas, motivo que o sistema é perigoso.

3.1. Efeito carismático nos batistas

O sistema carismático vem influenciando o mundo, influenciando as


igrejas batistas, do mesmo jeito, que houve a segunda onda, onde várias igrejas batistas
se “renovaram”, infelizmente deixaram para trás os ensinos das gerações anteriores; é
interessante ver um pensamento comum, o pensamento da renovação, de trazer
elementos novos, de achar que o moderno é superior ao clássico, trazendo para a
questão eclesiástica; a nossa geração, de crentes, sabe mais que a geração anterior? A
resposta é um enfático não, não é e nem poderia ser, primeiro, uma geração é que ensina
a outra geração: “e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.” (Dt 6:7), “e ensinai-as a vossos
filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e
levantando-te;” (Dt 11:19), se é assim, se eles seguiram firmes no caminho, estudaram,
serviram bem ao Mestre e nos transmitiram o conhecimento como poderíamos ser
superiores a eles, se eles foram nossos professores? Acaso o professor sabe menos que o
aluno, se o professor caminha firmemente sobre a Bíblia? Segundo, quanto mais passa

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

tempo, estamos sujeitos a mais heresias: “e desviarão os ouvidos da verdade, voltando


às fábulas.” (II Tm 4:4), “não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos
mandamentos de homens que se desviam da verdade.” (Tt 1:14), “porque não vos
fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas
artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade.” (II Pd 1:16),
terceiro, a apostasia dos últimos dias serão crescentes: “para que sejais irrepreensíveis
e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa,
entre a qual resplandeceis como astros no mundo;” (Fp 2:15), “ninguém de maneira
alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se
manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,” (II Ts 2:3), “sabendo primeiro isto,
que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias
concupiscências,” (II Pd 3:3), “sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão
tempos trabalhosos.” (II Tm 3:1), “mas o Espírito expressamente diz que nos últimos
tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas
de demônios;” (I Tm 4:1).

3.1.1. Apologética

Antes devemos estar firmes, defender a fé, o objetivo é defender a fé,


conservá-la do mesmo jeito que as recebemos: “digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18:8), daí a
necessidade de defendê-la: “amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência
acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar
pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (Jd 1:3), o que nos fará separar dos
carismáticos. Precisamos nos afastar dele, alguns motivos são elencados a seguir:
Um dos movimentos mais confusos que veio à tona na cena religiosa deste último século
foi, sem a menor sombra de dúvida, o chamado Movimento Carismático. Esse movimento
perverteu muitos crentes despreparados e neófito, bem como muitos incrédulos,
desencaminhando-os para doutrinas falsas, heresias e meninice. Leitores, considere comigo
10 razões pelas quais você deve rejeitar o Movimento Carismático:
1. A Bíblia não é a Autoridade Final no Movimento Carismático! Os carismáticos ignoram
sistematicamente a Autoridade e Doutrinas Bíblicas, demonstrando claramente esse
desprezo usando fora do contexto, o verso que diz (se referindo à lei) que a “…letra
mata…” (II Co 3:6). A Bíblia, todavia, diz em outro trecho: “Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar…” (II Tm 3.16). Outra prova disso é a
pesada influência do movimento carismático ao apoio das versões modernas da Bíblia. O
líder da renovação carismática, que dividiu os Baptistas na década de 60, Enéas Tognini,
apesar de alegar vários dons do Espírito Santo, parece que não consegue saber o mais
básico assunto da vida cristã que é justamente onde está a Palavra de Deus, já que ele usa e
defende a maior e a mais clara FALSIFICAÇÃO da Bíblia em português que é a Bíblia na
Linguagem de Hoje!
2. O Movimento Carismático enfatiza O Espírito Santo, enquanto a Bíblia diz que o
Espírito Santo glorifica a Jesus Cristo! A Bíblia diz: “ Ele me glorificará…” (Jo 16:14) .
3. O Movimento Carismático acomoda o mundo com sua música Rock, danças, vestes
imodestas, celebridades e shows. A Bíblia diz: “… qualquer que quiser ser amigo do
mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4:4).
4. O Movimento Carismático promove o ecumenismo!
Nenhum outro movimento evangélico foi tão bem sucedido em promover o ecumenismo
como o movimento carismático. Bíblia diz: “…saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor…” (II Co 6:17). E ainda mais: “…Sai dela, povo meu, para que não sejas
participantes dos seus pecados…” (Ap 18:4).
5. O Movimento Carismático é orientado para a EXPERIÊNCIA! O abuso escandaloso em
círculos carismático chegou ao ponto ridículo de se imitar vozes de animais (galinhas,
cobras etc...) semelhante aos cultos demoníacos, nos quais as pessoas são possessas e se
contorcem no chão em poses indecentes! Isso ocorre em muitas igrejas carismáticas sem a

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Deus quer o pentecostalismo?

menor refutação por parte dos membros nem líderes que são os maiores culpados dessa
blasfémia e querem que os outros acreditem que esse show deprimente e tenebroso vem de
Deus. A Bíblia diz a respeito de muitos que eram cheios de experiências espirituais e dons:
“…Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mt 7:21). Que
tragédia!
6. O Movimento Carismático busca sinais como atalho para espiritualidade! A Bíblia diz:
“…tudo o que não é de fé, é pecado.” (Rm 14:23).
7. O Movimento Carismático declara que as (suas) línguas são linguagens celestiais. A
Bíblia diz claramente que aquele fenómeno era simplesmente um dom espiritual que
consistia na capacidade dada aos discípulos de falar linguagem humana existente: “Como,
pois, os ouvimos cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” (At 2.8. Note
também que, no Novo Testamento, após Atos capítulo 2, aqueles discípulos, incluindo os
apóstolos, não falaram mais em línguas desconhecidas! Leia todo o Novo Testamento e
procure-os falando em línguas desconhecidas. Você não achará!
8. O Movimento Carismático clama que a cura física está na promessa da Expiação. Esse
ensino é fácil de ser refutado. Se isso fosse verdade, nenhum crente morreria! Depois de
dois mil anos de história, é óbvio que milhões de crentes salvos em Jesus Cristo, incluindo
piedosos missionários e outros incontáveis crentes cheios do Espírito Santo, morreram
vítimas de terríveis e inúmeros tipos de doenças! A Bíblia diz claramente que o maior
agente de cura no novo Testamento (exceto Jesus Cristo), o apóstolo Paulo, não podia curar
o seu próprio amigo! Isso prova que os dons miraculosos foram cessando mesmo na era
apostólica: “Erasto ficou comigo em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto.” (II Tm
4:20).
9. O Movimento Carismático negligencia o ensino claro da ordem na igreja. A Bíblia diz:
“As mulheres estejam caladas nas igrejas…” (I Co 14.34). Para os homens: “E, se alguém
falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e
haja intérprete.” (I Co 14:27). “As línguas são um sinal…” (I Co 14:22). Esse sinal
temporário era para os judeus e já cessou: “…havendo línguas, cessarão…” (I Co 13.8.
“Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” (I Co 13:10)
O “perfeito” aqui é, sem a menor sombra de dúvida, o cânon encerrado (Ap 22:21) das
Escrituras.
10. O Movimento Carismático clama o endosso de Deus para suas práticas. A Bíblia,
entretanto, proclama que Satanás também é carismático! Esses carismáticos “cheios do
poder”, cheios de arrogância espiritual, não são prova de NADA, pois a Bíblia diz:
“A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, como todo o poder, e sinais e prodígios
de mentira.” (II Ts 2:9), “E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à
terra , à vista dos homens.” (Ap 13:13).
Conclusão
É impossível um eleito (crente) morrer sendo carismático. Eu creio que lá há muitos
cristãos, mas ainda vão se arrepender e sair de lá. Na verdade, uma boa parte dos
carismáticos são pessoas que querem até servir ao Senhor, porém estão apoiando muitos
enganos doutrinários e isso é conivência com heresia. Existe muitos que estão enganando a
si próprios nesse movimento, que prega, inclusive, a perda da salvação, que é a maior
heresia e ensino falso de todo o Movimento Carismático - Pentecostal - Renovado. Isso é a
mesma coisa que salvação pelas obras! Se alguma pessoa nesse movimento, crê na salvação
pelas obras, não é possível que seja salva. Lembremo-nos também que, multidões lotando
templos (argumento preferido dos carismáticos para tentar autenticar suas crenças) ou
denominações super-poderosas, não significam absolutamente NADA nos dias de apostasia
em que vivemos. Saia da confusão, “Porque não ignoramos os seus ardis.” (II Co 2:11)258.

3.2. Exortações bíblicas

Agora as exortações bíblicas para os crentes que tem algum desvio


doutrinário.

258
Rocha, Dalton Catunda. Confusão Carismática, artigo disponível no sítio eletrônico
http://www.baptistlink.com/creationists/confuca.htm acesso em 13.08.09

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

3.2.1. Antigo caminho

Meu irmão, a primeira coisa é voltar ao caminho antigo: “assim diz o


SENHOR: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e perguntai pelas veredas antigas, qual é o
bom caminho, e andai por ele; e achareis descanso para as vossas almas; mas eles
dizem: Não andaremos nele.” (Jr 6:16), caminho em que andávamos sem a influência
carismática: “lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas
gerações: pergunta a teu pai, e ele te informará; aos teus anciãos, e eles te dirão.” (Dt
32:7), caminho reto: “mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu
serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; e andai em todo o caminho que eu vos
mandar, para que vos vá bem.” (Jr 7:23), “e os teus ouvidos ouvirão a palavra do que
está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem
para a direita nem para a esquerda.” (Is 30:21), por isso, devemos voltar a ele:
“lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando
não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.”
(Ap 2:5), “lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te.
E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti
virei.” (Ap 3:3).

3.3. Resposta

O livro faz uma pergunta, de Deus quer o pentecostalismo, a resposta é


não, Ele não quer o movimento carismático, várias são as razões, leia 3.1.1. Apologética
e verá vários motivos, acrescento alguns, este movimento começou dividindo irmãos,
várias igrejas batistas são exemplos disso, por exemplo, a de Belém do Pará, quando da
chegada de Daniel Berg e Gunnar Vingren, salienta-se que aquela igreja não estava
errada, não lhe é apontada nenhuma falha doutrinária, o que Deus acha disso?
Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua
mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos
perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere
mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos. (Pv 6:16-19).
O movimento também apóia a doutrina dos nicolaítas, hierarquia entre
igrejas, o que o Mestre acha disso? “assim tens também os que seguem a doutrina dos
nicolaítas, o que eu odeio.” (Ap 2:15).

3.4. Ao pentecostal

Meu caro leitor, irmão pentecostal, leitor, pois lê esta obra, irmão desde
que tenha crido em Cristo como seu Salvador pessoal, independente da igreja que vá ou
se não vá a nenhuma, é um dos meus irmãos em Cristo, esta obra não foi escrita para
você, mas seria muita pretensão minha evitar que ela chegasse ao seu conhecimento,
desejo que as exortações mencionadas, uma a uma, seja analisada por você, confronte
com a Bíblia cada ponto, veja se estou certo ou errado, como todo humano, eu também
erro, não falei nem pensei, nem me pus como superior aos demais, muito menos penso
que a igreja, da qual sou membro, seja superior às demais, falo isso para remover uma
possível impressão de que penso, ou a igreja batista, sobretudo as tradicionais, pensa ser
superior. Este livro é uma “carapuça” se ela lhe servir, use-a e volte-se para Deus, mas
agora fazendo como Ele quer, rogo que aceite a repreensão, que foi breve: “rogo-vos,
porém, irmãos, que suporteis a palavra desta exortação; porque abreviadamente vos
escrevi.” (Hb 13:22), “por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi
abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na

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Deus quer o pentecostalismo?

qual estais firmes.” (I Pd 5:12). Estou à sua disposição, para responder algo, conversar,
inclusive ser corrigido, caso precise, basta me mandar email, porém, antes de tudo isso,
ore e peça ajuda ao Mestre, Ele lhe ajudará a caminhar pelo caminho correto. Para
encerrar quero dizer que amo você, em Cristo, amo até aos inimigos, com certeza você é
um dileto irmão, se corrija e fique firme.

3.5. Exortações finais

“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer
vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito,
combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.” (Fp 1:27).

O objetivo deste livro foi o de mostrar, ao povo batista, as práticas


pentecostais e de advertir dos seus males, muitas vezes, nem tão aparentes, em suma,
podemos dizer que tal movimento deve ser afastado, devemos seguir o caminho
distinto, pelos vários motivos expostos em todo livro, e nesta conclusão, a base
principal, o que eles têm de maior relevo é algo curioso, o poder de exercer os dons
extraordinários, mas seria possível que Deus tenha privado muitos dos Seus servos de
dons que seriam só “redescobertos” no século XX (Gl 1:6,9; II Jo 1:10,11)? A resposta
é um óbvio não, então alguém mais atento perceberia que não poderia ser aceito o
sistema, um caso típico é o das línguas, enquanto os pentecostais querem falar em
línguas, o salmista fala: “Tu os esconderás, no secreto da tua presença, dos desaforos
dos homens; encobri-los-ás em um pavilhão, da contenda das línguas.” (Sl 31:20).
A igreja tem duas principais atividades pregar o evangelho e guardar a fé,
a maioria dos crentes entendem que pregar o evangelho é mais importante que guardar a
fé, que o discipulado, o sentimento deles é belo, só que tem algo geralmente esquecido,
se trata da quantidade de vezes que a Bíblia manda pregar o evangelho e a quantidade
que manda proteger a fé: “compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a
instrução e o entendimento.” (Pv 23:23), “conserva o modelo das sãs palavras que de
mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito pelo
Espírito Santo que habita em nós.” (II Tm 1:13,14), “amados, procurando eu escrever-
vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-
vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (Jd 1:3), “mas o
que tendes, retende-o até que eu venha.” (Ap 2:25), “lembra-te, pois, do que tens
recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como
um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.” (Ap 3:3), “em tudo te dá por
exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade,” (Tt
2:7), “porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes
falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.” (II Co 2:17),
“antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia
nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo
o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade.” (II Co 4:2), “para que
vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do
nosso mandamento, como apóstolos do Senhor e Salvador.” (II Pd 3:2).
Bastante versos não é? Mas não acabou, a lista continua: “tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens
aprendido,” (II Tm 3:14), “mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.” (Rm 6:17), “o que
também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de
paz será convosco.” (Fp 4:9), “porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior gozo do que
este, o de ouvir que os meus filhos andam na verdade.” (III Jo 1:3,4), “pelo qual
recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo
seu nome,” (Rm 1:5), “conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando,
fizeram naufrágio na fé.” (I Tm 1:19), “propondo estas coisas aos irmãos, serás bom
ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens
seguido.” (I Tm 4:6), “se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com
as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a
piedade,” (I Tm 6:3), “retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para
que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os
contradizentes.” (Tt 1:9), “tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.” (Tt 2:1),
“purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor
fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro;” (I
Pd 1:22).
Esta é chamada de boa milícia, à qual todos os crentes são encorajados
lutar: “este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que
houve acerca de ti, milites por elas boa milícia;” (I Tm 1:18), “milita a boa milícia da
fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa
confissão diante de muitas testemunhas. Conserva o modelo das sãs palavras que de
mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.” (I Tm 6:12,13), “combati o
bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas
também a todos os que amarem a sua vinda.” (II Tm 4:7), milícia à qual não pode haver
nenhum tipo de cessão: “aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição,
para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.” (Gl 2:5), ou seja, a Bíblia
restringiu a possibilidade de nós, os crentes, baixarmos a guarda sequer por um instante,
pois “um pouco de fermento leveda toda a massa.” (Gl 5:9), daí a necessidade do crente
estudar e conhecer bem a doutrina, tanto para defendê-la, para pregá-la e ensinar aos
outros: “e o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (II Tm 2:2), com isso, não ser
menino no entendimento: “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados
em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia
enganam fraudulosamente.” (Ef 4:14), antes preparado para dar a razão, o motivo de
cada ponto da fé: “antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a
razão da esperança que há em vós,” (I Pd 3:15), assim poder entregar a fé como
recebeu: “porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu
por nossos pecados, segundo as Escrituras,” (I Co 15:3).
Este livro versou sobre a exposição de erros carismáticos, como falado,
na introdução, não foi a redação mais agradável de fazer, mas é extremamente
necessária, visto a necessidade de defender a fé e identificar o que é contrário à fé, para
que possamos nos afastar: “e não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas,
mas antes condenai-as.” (Ef 5:11), sobretudo nestes terríveis dias: “porque virá tempo
em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão
para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;” (II Tm 4:3). Procurei, ao
máximo possível, usar referências bíblicas, espero um dia poder escrever um artigo
integralmente com referências bíblicas; alguns podem achar exagerado o meu apego, o
apego do povo batista, em geral, já que por muitos anos foi conhecido como “o povo do
Livro”, mas isso não é novo, já vem assim desde a antiguidade: “do preceito de seus
lábios nunca me apartei, e as palavras da sua boca guardei mais do que a minha

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Deus quer o pentecostalismo?

porção.” (Jó 23:12), uns podem até pensar numa referência: “o qual nos fez também
capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque
a letra mata e o espírito vivifica.” (II Co 3:6), algo que nada tem a ver com a nossa
situação, pois o escritor contendia com os falsos mestres que falavam da lei, sem Cristo,
eles estavam era separando o povo do Novo Pacto, o Novo Testamento, já que foi feito
pelo Mestre, daí o escritor fala que a letra da lei mata, e isso é claro, ela só é sombra de
Cristo, é o mesmo que ignorar o principal e se refugiar no acessório.
Em nosso caso, a Bíblia é a Palavra da Vida: “retendo a palavra da vida,
para que no dia de Cristo possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.”
(Fp 2:16), pois temos o Filho e O seguimos obedecendo as Suas Palavras, na mesma
passagem Paulo fala: “como não será de maior glória o ministério do Espírito?” (II Co
3:8), pois o Espírito Santo ministrou e ministra a Bíblia aos Seus servos, Ele é o Autor
da Bíblia, por isso ministrou, e é o Professor: “mas aquele Consolador, o Espírito
Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” (Jo 14:26), “e a unção que vós recebestes dele,
fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua
unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos
ensinou, assim nele permanecereis.” (I Jo 2:27), então aprendemos no mesmo capítulo,
que o Espírito atua com a leitura da Bíblia: “mas todos nós, com rosto descoberto,
refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em
glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Co 3:18).
Finalizando a Deus seja toda a glória: “a esse glória na igreja, por Jesus
Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.” (Ef 3:21), Ele é Quem fará
este livro ser proveitoso e útil: “e respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do SENHOR
a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz
o SENHOR dos Exércitos.” (Zc 4:6), a minha parte é exortar ao irmão a ter um ânimo
sincero: “amados, escrevo-vos agora esta segunda carta, em ambas as quais desperto
com exortação o vosso ânimo sincero;” (II Pd 3:1):
Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais,
e estejais confirmados na presente verdade. E tenho por justo, enquanto estiver neste
tabernáculo, despertar-vos com admoestações, sabendo que brevemente hei de deixar este
meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. Mas
também eu procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança
destas coisas. (II Pd 1:12-15).

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Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.

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