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A cadeia regional se prepara agora para viver um novo capítulo: deixar de ser uma
empresa paulista para desbravar o território nacional. Dentro dos próximos cinco anos,
pretende abrir 30 lojas nas regiões Sul e Sudeste do País – até então, onze das suas 12
unidades estavam localizadas no Estado de São Paulo. Com a expansão, a Camicado
passa a ser a primeira rede do gênero com atuação nacional. O projeto será financiado
com o lucro da empresa – ao final de 2008, ela terá investido cerca de R$ 100 milhões
na abertura de novos pontos. Os donos não querem franquia, mas admitem a entrada
de investidor. A empresa, hoje, cresce 20% ao ano (já descontada a inflação), faz mais
de 3 mil listas de casamento por mês, tem 700 funcionários e lojas com 8 mil itens (um
supermercado da vizinhança tem, em média, 20 mil). O seu faturamento, porém, é um
segredo, como é típico das empresas familiares japonesas. “Sempre fomos
empreendedores. Com 15 anos eu já tinha a minha barraca”, diz Marie Camicado, a
caçula de cinco irmãos e a única que atua na linha de frente da rede – os outros
participam da administração, mas ficam nos bastidores. “Eu sempre sonhei alto. Cansei
de armar e desarmar barraca todo dia.”
A idéia, desde o começo, era criar um conceito inédito no varejo: uma loja só de
artigos para casa, nem muito sofisticada nem muito popular, com preço competitivo e
mix diversificado. O plano mostrou-se oportuno. A abertura das primeiras Camicado
no final dos anos 80 coincidiu com a decadência das lojas de departamento como
Mappin e Mesbla, o principal canal de distribuição desse tipo de produto. A partir daí,
o setor de utilidades domésticas, que já era pulverizado, ficou sem nenhum nome de
peso. “A Camicado soube aproveitar esse espaço”, afirma Eugênio Foganholo, sócio da
Mixxer consultoria em varejo. “Esse segmento continua carente no Brasil. Além de
regionais, as lojas focaram em dois públicos: o de luxo e o popular”.
A Lojas Renner vai ampliar seus negócios e vender, além de roupas e outros itens de
vestuário, produtos de utilidades domésticas. A empresa gaúcha anunciou nesta
segunda-feira (4) a compra da rede de lojas de utensílios domésticos Camicado por R$
165 milhões.
Além das unidades em shoppings, adquiridas pela Renner, a empresa fundada por
Minolu Camicado - um filho de japoneses de 55 anos - também mantém sete unidades
na 25 de Março, que deverão ficar de fora do acordo.
Junto dos utensílios domésticos, essas lojas comercializam também itens populares,
como produtos para festas e brinquedos.
Segundo especialistas, o negócio faz sentido para a Renner. A empresa gaúcha fechou
o ano passado com receita de R$ 2,75 bilhões e 134 lojas.
Segundo o presidente da Renner, Camicado é uma empresa bem gerida, mas não tinha
mais fôlego para continuar crescendo
O presidente da Lojas Renner, José Galló, disse ontem que, nos próximos seis meses, a
empresa centrará esforços para "ajustar" a Camicado, cuja compra foi anunciada na
segunda-feira, aos padrões Renner. Após esse período, terão início os planos de
expansão propostos para os próximos períodos.
"A Camicado hoje é uma empresa bem gerida, mas não está aproveitando seu
potencial de expansão. Os acionistas já não tinham mais esse fôlego para crescimento.
Podemos dizer que compramos uma empresa com expansão reprimida", afirmou
Galló, em teleconferência.
Expansão. "Temos de olhar a expansão da Camicado em duas vertentes: via novas lojas
e o que se pode tirar no metro quadrado atual. Assim que incorporarmos o conceito
de "life style" da Renner, a filosofia de encantamento, simplificação do processo, a
Camicado irá crescer muito", disse.
Compra
R$ 165 mi é o valor da aquisição da rede Camicado pela Renner, incluindo R$ 8 milhões
em dívidas