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Não havia dúvida de que o pior poderia acontecer. Fernando Dutra Pinto, de
22 anos, estava apenas arrematando uma das mais ousadas histórias de seqüestro
já vistas no Brasil. Nas cinqüenta horas anteriores, desde que libertou Patrícia, ele
deixou de ser um seqüestrador amador, como o classificou a polícia, para se
transformar num caso único. Primeiro, na noite da quarta-feira, ao ser surpreendido
por policiais no flat L'Etoile, em Alphaville, na Grande São Paulo, reagiu a tiros,
matando dois dos investigadores que tentavam capturá-lo, Tamotsu Tamaki e
Marcos Amorim Bezerra, e ferindo no ombro o terceiro, Reginaldo Guatura Nardis.
Depois, na fuga desse local, optou por escorregar entre paredes, pelo lado de fora
do prédio, por nove andares. Apoiou os pés numa parede, as costas na outra,
segurando-se nas esquadrias das janelas durante a descida. Se tivesse usado o
elevador ou as escadas, teria encontrado outros três policiais que participavam da
tocaia no hotel. Por algumas horas, foi perseguido por estradas entre subúrbios da
região metropolitana, numa ação desesperada em que roubou pelo menos quatro
carros. Tinha uma bala alojada nas nádegas, resultado da troca de tiros no hotel, e
sangrava bastante, pelo que se via no rastro que deixou na fachada do prédio.
Mesmo assim, acabou desaparecendo. No dia seguinte, preso, daria um rápido
depoimento contando que passou a noite num terreno baldio, a pouca distância da
casa de Silvio Santos.
Silvio Santos. Foi levado para um presídio que não é controlado pela Polícia Civil
nem está subordinado à Secretaria da Segurança, e sim à de Administração
Penitenciária.
Por que Fernando imaginou que teria garantia de vida voltando à residência
do apresentador? A atitude pode parecer louca, porque reproduz a clássica teoria de
que o bandido sempre volta ao local do crime. E pode também parecer genial,
porque ali seria o último lugar em que o procurariam. Mas o seqüestrador de Patrícia
tinha pelo menos duas razões que não eram fruto nem de loucura nem de
genialidade. A primeira decorria de sua situação: perseguido, ferido, sem o dinheiro
do resgate e certo de que acabaria pego, ele acreditava precisar de um trunfo para
negociar sua rendição sem o risco de cair nas mãos da Polícia Civil. "Ele foi para lá
assim como poderia ter ido para uma emissora de rádio", diz o capitão Diógenes
Vieira Lucca, comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais da polícia paulista,
especializado em negociações.
Fonte: Veja
Motivação política
Depois de preso, o grupo alegou que o crime teve motivações políticas, pois
o dinheiro do resgate seria usado para financiar guerrilhas de esquerda na América
Latina.
Crime hediondo