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Editorial

A s funções da universidade têm sido historicamen-


te objeto de discussão, bem como têm sofrido trans-
formações em função do momento histórico das soci-
edades nas quais se inserem. A produção e transmis-
são do conhecimento científico, a qualificação de
trabalhadores, a elevação do nível cultural da socie-
dade, a participação na resolução de problemas soci-
ais e também a formação do caráter dos seus alunos
são exemplos dessas funções. Mesmo comportando
polêmica, essa última função – a de formação do caráter dos alunos - tem sido aceita como intrínseca
da universidade, uma vez que a ética e a moral social são coadjuvantes da formação intelectual e dela
não podem dissociar-se.
Alguns significados podem ser associados ao termo ética ética: valores morais; princípios ideais da conduta
humana; conjunto de princípios morais que regem uma profissão; normas de ajuste das relações entre
membros da sociedade. Ao termo moral são ainda associados outros sentidos como: honestidade; justi-
ça; conjunto de preceitos que visam à equidade; algo pertencente ao espírito ou à inteligência; deveres do
homem em sociedade; disposição de espírito. A expressão Ser Ético comporta, portanto, o significado de
agir de acordo com a ética.
Podemos, a partir desses significados, destacar três fundamentos básicos da ética acadêmica ou univer-
sitária: 1) A ética parte do princípio da existência de um conjunto de valores morais que rege o compor-
tamento das pessoas de uma sociedade ou grupo social, no nosso caso, da universidade; 2) A ética, em
sua dimensão subjetiva, pressupõe atributos pessoais que devem reger a tomada de decisões em situa-
ções difíceis; 3) A ética visa à equidade, ou seja, à igualdade e ao respeito aos direitos do outro.
Ao assumir a ética como parte do processo de produção e divulgação do conhecimento, novos proble-
mas se colocam, uma vez que ela envolve valores da conduta humana de difícil avaliação, por serem
imateriais, intangíveis.
Conforme observamos na própria definição, ética e moral são atributos ou disposições do espírito e da
inteligência que pertencem à subjetividade individual e que constituem a subjetividade coletiva.
Analisando os três fundamentos básicos da ética acadêmica destacados, podemos problematizar a
vigência de três princípios éticos na produção do conhecimento, quais sejam: a hipertrofia da cidada-
nia solidária e hipotrofia da cidadania consumista; supremacia da subjetividade; o conhecimento
como bem comum, datado e localizado.
No primeiro princípio, a necessidade de consumo de conhecimento não pode superar os valores esta-
belecidos pelo grupo social que produziu esse conhecimento, sob pena de comprometer a sua sobrevi-
vência. Se a ética representa um conjunto de normas de conduta, portanto de ação, de comportamen-
tos, esse fazer necessita estar amparado pelos princípios de honestidade; justiça e equidade, que são os
próprios princípios da ética e da moral acadêmica. O respeito a esses princípios, por conseguinte, não
pode ser suplantado pelo imperativo da produção acadêmica, seja essa necessidade motivada pela falta
de tempo ou pela incapacidade em fazê-la. Essa ação será sempre anti-ética ou imoral sob os olhos da
sociedade e da academia, uma vez que fere os seus princípios basilares de honestidade, justiça e equidade
e contribui para a desqualificação do grupo social ao qual pertence o sujeito da ação.

R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):497-8. • p.497


Editorial

No segundo princípio, as regras de comportamento de um grupo social contribuem para seu fortaleci-
mento apenas se os sujeitos estão de acordo com elas e as interiorizam como padrões de conduta, isto
é, quando seus participantes entendem a importância desses comportamentos e os aceitam. O sujeito,
no contexto do grupo, pode fortalecê-lo ou enfraquecê-lo, internamente e também politicamente
dentro da sociedade mais ampla na qual se insere. Isso não significa dizer que as regras de ação sejam
imutáveis, mas sim que existe um conjunto de normas que são fundamentais para a existência de um
grupo social e que a sua contestação significa o questionamento da própria existência do grupo. Essa
subjetividade do que se considera ético em grupos menos fortalecidos socialmente é ainda mais impor-
tante.
No terceiro princípio, considera-se que o conhecimento acadêmico produzido é um produto com
características diferentes de um produto material, que pode ser comprado no supermercado, mas nem
por isso deixa de ser o resultado de um trabalho desenvolvido por alguém, seja esse alguém uma pessoa
ou um grupo de pessoas conjuntamente, ou mesmo uma instituição. Como resultado de um trabalho,
o conhecimento acadêmico é assinado, datado e localizado, ou seja, produzido por alguém, num certo
momento e em determinado lugar. O conhecimento produzido por uma pessoa ou grupo social, portan-
to, pertence a esse grupo e a ele deve ser creditado, respeitando-se o momento da sua produção e o
local onde foi produzido. A apropriação desse conhecimento por terceiros, anulando ou substituindo
a sua autoria, historicidade ou localidade, é uma ação tão imoral e antiética quanto qualquer outra
ação intencional de apropriação do resultado do trabalho de outro.
Dessa forma, refletir sobre a ética na produção do conhecimento científico significa também localizar
de qual grupo falamos e em que posição esse grupo se encontra na hierarquia acadêmica ou universi-
tária. Essa segunda questão se refere à particularidade do campo de conhecimento da enfermagem e
do conhecimento nela produzido, sua singularidade ética e a importância desse conhecimento para o
fortalecimento do grupo acadêmico da Enfermagem.

Denize Cristina de Oliveira


Editora Científica

p.498 • R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2006 out/dez; 14(4):497-8.

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