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Conceito:
Segundo o Prof. Francisco José Carrera Raya (Manual de Derecho Financiero,
volumen III, Madrid, Editorial Tecnos, 1995), os "principios presupuestarios"
constituem um "conjunto de regras jurídicas que devem inspirar a elaboração,
aprovação, execução e controle do orçamento".
O autor James Giacomonni sustenta que a CF/88 estabelece que a LOA respeita
o princípio da totalidade orçamentária, pois os três orçamentos (Fiscal,
Seguridade Social e Investimento das Estatais) são elaborados de forma
independente sofrendo, contudo, consolidação que possibilita o conhecimento
do desempenho global das finanças públicas.
[
Exceções: Vide as exceções do Princípio da Unidade. Por exemplo, as receitas e
despesas operacionais das estatais não estão contidas no Orçamento de
Investimentos das Estatais, que compõe a LOA.
No Brasil, o exercício financeiro coincidirá com o Ano Civil (art. 34, Lei n°
4.320/64).
· Art. 167, IV, CF/88 - veda a vinculação de impostos à órgão, fundo ou despesa.
Art. 167 - São vedados:
Exceções:
a) Repartição dos impostos cf. arts. 158/159, CF/88;
b) Destinação de recursos para a Saúde;
c) Destinação de recursos para o desenvolvimento do ensino;
d) Destinação de recursos para a atividade de administração tributária;
e) Prestação de garantias às operações de crédito ARO;
f) Art. 167, §4°, CF/88 - garantia, contragarantia à União e pagamento de
débitos para com esta.
Art. 167, IX, CF/88 - Vedação à instituição de fundos de qualquer natureza sem
autorização legislativa.
8. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
Exceções:
a) autorização para a abertura de créditos suplementares;
b) autorização para a realização de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita orçamentária.
Finalidade: Evitar as chamadas "caudas orçamentárias", comuns na época da 1a.
República.
[
1] O princípio da unidade de caixa estabelece que todas as receitas devem ser
recolhidas em uma única conta. Vide art. 56, da Lei n° 4.320/64 (veda a
fragmentação no recolhimento das receitas) e art. 43, §1°, da Lei Complementar
n° 101/2000 (estabelece, entretanto, que as disponibilidades de caixa relativas à
Seguridade Social deverão ser apartadas das demais disponibilidades do ente
público).
Princípios Orçamentários
[
Autor: Vander Gontijo - COFF/CD; Local e Data: Brasília, setembro de
2004.
Unidade
O orçamento deve ser uno, ou seja, deve existir apenas um orçamento para
dado exercício financeiro. Dessa forma integrado, é possível obter
eficazmente um retrato geral das finanças públicas e, o mais importante,
permite-se ao Poder Legislativo o controle racional e direto das operações
financeiras de responsabilidade do Executivo.
São evidências do cumprimento deste princípio, o fato de que apenas um
único orçamento é examinado, aprovado e homologado. Além disso, tem-se
um caixa único e uma única contabilidade.
O princípio da unidade é respaldado legalmente por meio do Art. 2º da Lei
4.320/64 e pelo § 5º do art. 165 da CF 88.
Mas mesmo assim, o princípio clássico da unidade não estava, na verdade,
sendo observado. As dificuldades começaram antes da Constituição de 88
em razão da própria evolução do sistema orçamentário brasileiro. Na década
de 80, havia um convívio simultâneo com três orçamentos distintos &mdash
o orçamento fiscal, o orçamento monetário e o orçamento das estatais. Não
ocorria nenhuma consolidação entre os mesmos.
Na verdade, o art.62, da Constituição de 1967, emendada, limitava o alcance
de sua aplicação, ao excluir expressamente do orçamento anual as entidades
que não recebessem subvenções ou transferências à conta do orçamento
(exemplo: Banco do Brasil - exceto se houver integralização de capital pela
União).
No seu § 1º, estabelecia que a inclusão, no orçamento anual, da despesa e da
receita dos órgãos da administração indireta será feita em dotações globais
e não lhes prejudicará a autonomia na gestão legal dos seus recursos.
O orçamento Fiscal era sempre equilibrado e era aprovado pelo Legislativo.
O orçamento monetário e o das Empresas Estatais eram deficitários e sem
controle e, além do mais, não eram votados. Ora, como o déficit público e os
subsídios mais importantes estavam no orçamento monetário, o Legislativo
encontrava-se, praticamente, alijado das decisões mais relevantes em
relação à política fiscal e monetária da Nação.
Totalidade
Coube à doutrina tratar de reconceituar o princípio da unidade de forma
que abrangesse as novas situações. Surgiu, então, o princípio da totalidade,
que possibilitava a coexistência de múltiplos orçamentos que, entretanto,
devem sofrer consolidação, de forma a permitir uma visão geral do conjunto
das finanças públicas.
A Constituição de 1988 trouxe melhor entendimento para a questão ao
precisar a composição do orçamento anual que passará a ser integrado pelas
seguintes partes: a) orçamento fiscal; b) orçamento da seguridade social e
c) orçamento de investimentos das estatais. Este modelo, em linhas gerais
segue o princípio da totalidade.
Universalidade
Princípio pelo qual o orçamento deve conter todas as receitas e todas as
despesas do Estado. Indispensável para o controle parlamentar, pois
possibilita :
a) conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia
autorização para respectiva arrecadação e realização;
b) impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e de
despesa sem prévia autorização Legislativa;
c) conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a
fim de autorizar a cobrança de tributos estritamente necessários para
atendê-las.
Anualidade ou Periodicidade
O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período
de tempo, geralmente um ano. A exceção se dá nos créditos especiais e
extraordinário autorizados nos últimos quatro meses do exercício,
reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
exercício subsequente.
Este princípio tem origem na questão surgida na Idade Média sobre a
anualidade do imposto. E aí se encontra a principal conseqüência positiva em
relação a este princípio, pois dessa forma exige-se autorização periódica do
Parlamento. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, como
sói acontecer na maioria dos países. Mas isso não é regra geral. Na Itália e
na Suécia o exercício financeiro começa em 1/7 e termina em 30/6. Na
Inglaterra, no Japão e na Alemanha o exercício financeiro vai de 1/4 a 31/3.
Nos Estados Unidos começa em 1/10, prolongando-se até 30/9.
O § 5º do art. 165 da CF 88 dá respaldo legal a este princípio quando dispõe
que: "A lei orçamentária anual compreenderá:"
O cumprimento deste princípio torna-se evidente nas ementas das Leis
Orçamentárias, como por exemplo, a da Lei 10.837/2004: "Estima a receita
e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 2004."
Observe-se, finalmente, que a programação financeira, trimestral na Lei
4.320/64 e mensal nos Decretos de Contingenciamento, limitando a
faculdade de os órgãos empenhar despesas, não mais ao montante das
dotações anuais, pode ser entendido como um abandono parcial do princípio
da anualidade.
Exclusividade
A lei orçamentária deverá conter apenas matéria orçamentária ou
financeira. Ou seja, dela deve ser excluído qualquer dispositivo estranha à
estimativa de receita e à fixação de despesa. O objetivo deste princípio é
evitar a presença de "caldas e rabilongos"
Não se inclui na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita.
Este princípio encontra-se expresso no art. 165, § 8º da CF de 88: "A lei
orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e
à fixação da despesa ..."
Orçamento Bruto
Este princípio clássico surgiu juntamente com o da universalidade, visando
ao mesmo objetivo. Todas as parcelas da receita e da despesa devem
aparecer no orçamento em seus valores brutos, sem qualquer tipo de
dedução.
A intenção é a de impedir a inclusão de valores líquidos ou de saldos
resultantes do confronto entre receitas e as despesas de determinado
serviço público.
Lei 4.320/64 consagra este princípio em seu art. 6º: "Todas as receitas e
despesas constarão da Lei do Orçamento pelos seus totais, vedadas
quaisquer deduções. Reforçando este princípio, o § 1º do mesmo artigo
estabelece o mecanismo de transferência entre unidades governamentais "
Dessa forma, as cotas de receita que uma entidade pública deva transferir
a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada à
transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber. Como
exemplo desse procedimento pode-se citar o caso da Arrecadação do
Imposto Territorial Rural, que se constitui numa receita prevista no
orçamento da União para 2004 com o valor de R$ 309,4 milhões. No mesmo
orçamento, fixa-se uma despesa relativa à Transferência para Municípios
(UO 73108-Transferências Constitucionais) no valor de R$ 154,7 milhões.
Ou seja, se o Orçamento registrasse apenas uma entrada líquida para a
União de apenas R$ 154,7 milhões, parte da história estaria perdida.
Equilíbrio
Princípio clássico que tem merecido maior atenção, mesmo fora do âmbito
específico do orçamento, pautado nos ideais liberais dos economistas
clássicos (Smith, Say, Ricardo). O keynesianismo (a partir dos anos 30)
tornou-se uma contraposição ao princípio do orçamento equilibrado,
justificando a intervenção do governo nos períodos de recessão. Admitia-se
o déficit (dívida) e seu financiamento. Economicamente haveria
compensação, pois a utilização de recursos ociosos geraria mais emprego,
mais renda, mais receita para o Governo e, finalmente, recolocaria a
economia na sua rota de crescimento.
Legalidade
Historicamente, sempre se procurou dar um cunho jurídico ao orçamento, ou
seja, para ser legal, tanto as receitas e as despesas precisam estar
previstas a Lei Orçamentária Anual, ou seja, a aprovação do orçamento deve
observar processo legislativo porque trata-se de um dispositivo de grande
interesse da sociedade.
O respaldo a este princípio pode ser encontrado nos art. 37 166 da CF de
1988. O Art. 166 dispõe que: "Os projetos de lei relativos ao plano
plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos
adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na
forma do regimento comum."
A evidência de seu cumprimento encontra-se na própria ementa das leis
orçamentárias, como por exemplo, a da Lei nº 10.837/2003: "O Presidente
da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte lei:"
Publicidade
O conteúdo orçamentário deve ser divulgado (publicado) nos veículos
oficiais de comunicação para conhecimento do público e para eficácia de sua
validade. Este princípio é consagrado no art. 37 da CF de 88: "A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
também, ao seguinte: ..."
Clareza ou Objetividade
O orçamento público deve ser apresentado em linguagem clara e
compreensível a todas pessoas que, por força do ofício ou interesse,
precisam manipulá-lo. Difícil de ser empregado em razão da facilidade de a
burocracia se expressar em linguagem complexa. Observe-se, por exemplo,
o título da ação nº 0373 do orçamento para 2004: "Equalização de Juros e
Bônus de Adimplência no Alongamento de Dívidas Originárias do Crédito
Rural".
Exatidão
De acordo com esse princípio as estimativas devem ser tão exatas quanto
possível, de forma a garantir à peça orçamentária um mínimo de
consistência para que possa ser empregada como instrumento de
programação, gerência e controle. Indiretamente, os autores especializados
em matéria orçamentária apontam os arts. 7º e 16 do Decreto-lei nº 200/67
como respaldo ao mesmo.
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle dos
Orçamentos Públicos, que estão definidos no caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64,
no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Responsabilidade
Fiscal.
O PPA é a lei que define as prioridades do Governo pelo período de 4 (quatro) anos.
O projeto de lei do PPA deve ser enviado pelo Presidente da República ao Congresso Nacional
até o dia 31 de agosto do primeiro ano de seu mandato (4 meses antes do encerramento
da sessão legislativa).
De acordo com a Constituição Federal, o PPA deve conter “as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada”.
Com base na LDO aprovada a cada ano pelo Poder Legislativo, a Secretaria de
Orçamento Federal, órgão do Poder Executivo, consolida a proposta orçamentária de todos os
órgãos dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) para o ano seguinte no Projeto de Lei
encaminhado para discussão e votação no Congresso Nacional.
Por outro lado, a necessidade de contenção dos gastos obriga o Poder Executivo
muitas vezes a editar Decretos com limites orçamentários e financeiros para o gasto, abaixo
dos limites autorizados pelo Congresso. São os intitulados Decretos de Contingenciamento,
que limitam as despesas abaixo dos limites aprovados na lei orçamentária.
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS
• Unidade – Só existe um Orçamento para cada ente federativo (no Brasil, existe um
Orçamento para a União, um para cada Estado e um para cada Município). Cada ente
deve possuir o seu Orçamento, fundamentado em uma política orçamentária e
estruturado uniformemente. Não há múltiplos orçamentos em uma mesma esfera. O
fato do Orçamento Geral da União possuir três peças, como o Orçamento Fiscal, o
Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento não representa
afronta ao princípio da unidade, pois o Orçamento é único, válido para os três Poderes.
O que há é apenas volumes diferentes segundo áreas de atuação do Governo.
Princípios Orçamentários
by Thais on 08/07/2010
Legenda:
————————————————————————————————-
#MACETE: UAU
U nidade
U niversalidade
OBS: Não há uma lista exaustiva de princípios orçamentários, pois o próprio conceito
de orçamento público está em constante evolução. Serão abordados a seguir os
princípios mais aludidos pela doutrina e pelo ordenamento jurídico pertinente à área
orçamentária.
Outros princípios:
1. Estorno de verbas
2. Quantificação de créditos orçamentários
3. Precedência
4. Uniformidade
5. Anterioridade orçamentária
PRINCÍPIOS
Art. 165, §5º, CF – No âmbito de cada ente político (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), em cada exercício financeiro, deve existir somente uma única LOA.
Este princípio estabelece que o orçamento deve ser “uno”, ou seja, cada esfera do
governo deve possuir apenas uma LOA. Não pode haver mais de um orçamento em
cada unidade governamental. No entanto, o §5º do art. 167 da CF/88 estabelece uma
tripartição do orçamento: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade Social e o
Orçamento de Investimento das Empresas Estatais.
#ATENÇÃO Vale ressaltar que o Princípio da Unidade refere-se à LOA, uma vez que,
orçamento, cada Lei contém 3, conforme mencionado acima: Orçamento Fiscal,
Orçamento da Seguridade Social, Orçamento de Investimento das empresas estatais. Ou
seja, cada LOA é segregada em 3 orçamentos separados. Essa sistemática tem como
objetivo garantir maior transparência e independência a cada um deles.
Comentários:
Apesar do princípio da Unidade preconizar a existência de um único orçamento, por
exigência constitucional o orçamento se tornou multidocumental, podendo-se falar em
um princípio da totalidade.
Gabarito: Certo
Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil. (Lei 4.320/64) - > ou seja, de
1º de janeiro a 31 de dezembro.
#IMPORTANTE
Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento/ pelos seus totais,
vedadas quaisquer deduções.
Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais,
vedadas quaisquer deduções.
Exceções ao princípio: Art. 2º, PU e art. 5º, III, LRF (reserva de contingências). Ou
seja, a LOA vai poder conter dotações globais.
• Princípio da Exclusividade:
A LOA não poderá tratar de outros assuntos como, por exemplo, fixação de subsídios,
remuneração etc. Entende-se que o orçamento conterá apenas matéria financeira.
- > o único crédito adicional que admite autorização expressa nas Lei de Orçamento é o
crédito adicional suplementar.
- > Toda operação de crédito quando contratada gera uma dívida chamada de Dívida
Fundada ou consolidada.
Art. 38, LRF- A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender
insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências
mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
Art. 5º, II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.
Por este princípio, todo o orçamento público deve ser elaborado por lei e todas as leis
que tratam de matéria orçamentária (as leis do Plano Plurianual – PPA, de Diretrizes
Orçamentárias – LDO, a Lei Orçamentária Anual – LOA, as leis que autorizam os
créditos suplementares e especiais etc.) devem ser aprovadas pelo Poder Legislativo.
Exceções:
Art. 2º – “Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam
cumprir-se subordinadamente à normas gerais de execução da despesa poderão ser
custeadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital (são os
chamados INVESTIMENTOS EM REGIME DE EXECUÇÃO ESPECIAL);
- A outra exceção é a Reserva de Contingências, que é uma dotação global para atender
passivos contingentes.
• Princípio da unidade de caixa ou tesouraria: (art. 164, §3º, CF; art. 56 Lei
4320/65)
Este princípio reza que os recursos do governo devem ser recolhidos em conta única,
facilitando a administração e o controle. Não deve ser confundido com o princípio da
unidade orçamentária.
No âmbito da União, este princípio é obedecido pela criação da Conta Única do Tesouro
Nacional. Esta conta é mantida no Banco Central do Brasil e operacionalizada pelo
Banco do Brasil S.A.
Exceções:
- Fundos especiais: possuem, dada a sua própria natureza, gestão descentralizada, tais
como o FUNDEF, FMDA, FUNDET e outros.
Exceções:
"Os princípios não se colocam, pois, além ou acima do Direito (ou do próprio Direito
positivo); também eles - numa visão ampla, superadora de concepções positivistas,
literalista e absolutizantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental.
Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente aos preceitos; as normas
jurídicas é que se dividem em normas-princípios e normas-disposições" (2)
Alguns desses princípios foram adotados em certo momento por condizerem com as
necessidades da época e posteriormente abandonados, ou pelo menos transformados,
relativizados, ou mesmo mitigados, e. g., o que ocorreu com o princípio do equilíbrio
orçamentário, tão precioso ao estado liberal do seculo XIX, e que foi em parte
relativizado com o advento do estado do bem estar social no período pós guerra. Nos
anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o princípio do equilíbrio orcamentário
foi revigorado e dada nova roupagem em face dos crescentes déficits estruturais
advindos da dificuldade do Estado em financiar os extensos programas de segurança
social e de alavancagem do desenvolvimento econômico.
O primeiro orçamento geral do Império somente seria aprovado oito anos após a
Independência, pelo Decreto Legislativo de 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32.
Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos orçamentos futuros, aos
balanços, à instituição de comissões parlamentares para o exame de qualquer repartição
pública e à obrigatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios impressos
sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas e a utilização das verbas sob
sua responsabilidade [3].
Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que previa a aprovação pelo
Legislativo de verbas globais por órgãos e entidades. A elaboração do orçamento
continuava sendo de responsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um
departamento administrativo a ser criado junto à Presidência da República - e seu exame
e aprovação seria da competência da Câmara dos Deputados e do Conselho Fiscal.
Durante o Estado Novo, entretanto, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser
exercida, uma vez que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do
período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo Presidente da
República, com o assessoramento do recém criado Departamento Administrativo do
Serviço Público-DASP. O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência
do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da existência de uma lei
orçamentária, soberanamente aprovada pelo Parlamento, para a manutenção da
equipotência dos poderes constituídos, esteio da democracia.
A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder Executivo quanto à
elaboração da proposta orçamentária, mas devolveria ao Poder Legislativo suas
prerrogativas quanto à análise e aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta
do governo. Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até então
consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi aprovada e sancionada a Lei nº
4.320, de 17.03.64, estatuindo "Normas Gerais de Direito Financeiro para a elaboração
e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal". Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de dez anos
sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes avanços em termos de técnica
orçamentária, inclusive com a introdução da técnica do orçamento-programa a nível
federal. A Lei 4.320/64, art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no
mínimo por elementos.
Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas sim o equilíbrio amplo
das finanças públicas, como ressalta Marco Nóbrega ao analisar a Lei de
Responsabilidade Fiscal e o príncípio do equilíbrio:
Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores alardearem os princípios
da universalidade e unidade orçamentária, na prática, até meados dos anos oitenta,
parcela considerável dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da
União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso Nacional não incluía
os encargos da dívida mobiliária federal, os gastos com subsídios e praticamente a
totalidade das operações de crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e
programas. Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central e Banco
do Brasil por intermédio do denominado "Orçamento Monetário-OM" E "Conta-
movimento", respectivamente. Ainda tinha-se o Orçamento-SEST, que consistia no
orçamento de investimento das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias
e controladas direta ou indiretamente pela União. Todos estes documentos eram
aprovados exclusivamente pelo Presidente da República. Somente a partir de 1984, com
a gradativa inclusão no OGU do OM, extinção da "conta-movimento" no Banco do
Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela promulgação da carta
constitucional de 1988, passou-se a dar efetividade ao princípio da unidade e
universalidade orçamentária. [6]
O princípio da não afetação de receitas determina que essas não sejam previamente
vinculadas a determinadas despesas, a fim de que estejam livres para sua alocação
racional, no momento oportuno, conforme as prioridades públicas. A Constituição de
1967 o adotou, relativamente aos tributos, ressalvados os impostos únicos e o disposto
na própria Constituição e em leis complementares. A Carta de 1988, por sua vez,
restringe a aplicação do princípio aos impostos, observadas as exceções indicadas na
Constituição e somente nesta, não permitindo sua ampliação mediante lei
complementar.
A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o Fundo Social de
Emergência-FSE e desvincular, ainda que somente para os exercícios financeiros de
1994 e 1995, 20% dos impostos e contribuições da União, demonstrou a necessidade de
se permitir a flexibilidade na alocação dos recursos na elaboração e execução
orçamentária.
CONCLUSÕES
Notas
4VIANA, Arizio de. Orçamento brasileiro, Rio de Janeiro, Edições Financeiras, 1950,
p.43, apud GIACOMONI, J., Orçamento Público, São Paulo, Atlas, 1986, p.45.
5NÓBREGA, Marcos. Lei de Responsabilidade Fiscal e Leis Orçamentárias. São Paulo.
Ed. Juarez de Oliveira. 2002. p. 32
1
O SI STEMA CON STI TUCI ONA L ORÇAMENTÁRI O
P arte 2
P RI N CÍ P I OS ORÇAMEN TÁ RI OS CON STI TUCI ON A I S
A ntonio Henrique Lindemberg
w w w .editoraferreira.com.br
P rincípio da Exclusividade:
Este princípio, cuja origem é encontrada na primeira Constituição Republicana,
alterada pela EC de 1926, é estabelecido de forma expressa no art. 165, § 8º da
Constituição Federal de 1988, nos seguintes termos:
Art. 165, §8º A
lei orçamentária anual não conterá
dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita,
nos termos da lei.
Conforme nos relata José Afonso da Silva 1 , este princípio decorreu do abuso
cometido na Republica Velha, onde os parlamentares apresentavam emendas à
proposta de lei orçamentária encaminhada pelo executivo, cujas matérias eram
alheias ao direito financeiro, assim, surge o principio da exclusividade com o
objetivo de impedir que normas concernentes a outros ramos do direito sejam
introduzidas nas leis orçamentárias.
P rincípio da anualidade:
Em conformidade com o principio da anualidade, também denominado de principio
da periodicidade, as previsões de receita e despesa devem referirse
sempre a um
período limitado de tempo. Ao período de vigência do orçamento denominase
exercício financeiro, que, conforme dispõe o art. 34 da Lei nº. 4.320/64 coincide
com o ano civil: de 01 de janeiro a 31 de dezembro. Assim, deverão ser previstas
receitas e autorizadas despesas para um determinado período, ou seja, para o
período correspondente ao exercício financeiro.
É importante salientar que o art. 167, § 1º dispõe, que nenhum investimento cuja
execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia
inclusão
no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
responsabilidade.
Portanto, verificamos que poderão ser previstos investimentos no plano plurianual,
o qual, com efeito, ultrapassa o período de um exercício financeiro, pois no Plano
Plurianual se estabelecem as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas
aos programas de duração continuada. No entanto, podemos afirmar que as metas,
programas e despesas de capital previstas no plano plurianual não ofendem o
principio da anualidade, haja vista que para a sua execução necessário se faz a
previsão, ano a ano, no orçamento anual, pois o Plano Plurianual não é operativo
1 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 23 ed. São Paulo:
Editora Malheiros.
2004. p .719
2
por si só, precisa de um instrumento executor de suas previsões, que, neste caso, é
o orçamento anual.
P rincípio da Unidade:
Segundo este princípio, na sua forma clássica, o orçamento deverá ser uno, ou
seja, deve existir um único orçamento (previsão de receitas e autorização de
despesas) para um exercício financeiro, visandose
com isto eliminar a existência
de orçamentos paralelos.
Assim estabelecia a Constituição de 1946 em seu art. 73,
A rt. 73 O
orçamento será uno, incorporandose
à
receita, obrigatoriamente, todas as rendas e
suprimentos de fundos, e incluindose
discriminadamente na despesa as dotações
necessárias ao custeio de todos os serviços públicos.
No entanto, com surgimento do Estado social de direito, o Estado ampliou suas
tarefas, fazendo com que este princípio tornasse impossível de ser cumprido, em
decorrência da especialização das tarefas estatais. Igualmente, consoante nos
aponta José Afonso da Silva, em vez da unidade formal, ou seja, um único
documento de previsão de receitas e despesas de todos os órgãos, postulase
a
existência de uma unidade relativa ao sistema de planejamento/programa, ou seja,
a necessidade de que todos os órgãos se fundamentem em uma única política
orçamentária, sejam estruturados uniformemente e se ajustem a um método
único 2 .
Concluindo, podemos observar a incidência desta nova orientação do principio da
unidade no texto constitucional de 1988, onde, no art. 165, §§ 1º a 5º, verificase
a vinculação do orçamento público aos planos de governo, e, especialmente no art.
165, § 5º, onde se previu a existência de uma lei orçamentária única que, no
entanto, possui três orçamentos, a saber, o orçamento fiscal, o orçamento de
investimento das empresas e o orçamento da seguridade social. Entretanto, o fato
do Orçamento Geral da União possuir três peças, como o Orçamento Fiscal, o
Orçamento da Seguridade Social e o Orçamento de Investimento não representa
afronta ao princípio da unidade, pois o Orçamento é único, válido para os três
Poderes. O que há é apenas volumes diferentes segundo áreas de atuação do
Governo.
P rincipio da Universalidade:
Segundo as diretrizes deste princípio, o orçamento deve agregar todas as receitas e
despesas de toda a administração direta e indireta dos Poderes, fundos e órgãos.
P rincípio da Legalidade:
O Orçamento é objeto de uma lei específica, e como tal, deve cumprir a
formalidade prevista para o seu processo de elaboração legislativa. Assim,
verificamos que o Presidente da Republica detem a iniciativa exclusiva para o
estabelecimento do Plano Plurianual, a Lei de diretrizes orçamentárias e orçamento
anual (CF, art. 165). Após a iniciativa serão estes instrumentos normativos
2 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 23 ed. São Paulo:
Editora Malheiros.
2004. p .723
3
encaminhados à Câmara dos Deputados (Casa inicial) e posteriormente ao Senado
Federal (Casa revisora), e, após a deliberação legislativa encaminharseá
para
sanção do Presidente da República.
P rincípio do Equilíbrio Orçamentário:
Por este principio almejase
que em cada exercício financeiro o montante da
despesa não deve ultrapassar a receita prevista para o período, para que não haja
um desequilíbrio acentuado nos gastos públicos. Uma das finalidades da adoção
deste princípio é a tentativa de limitar os gastos públicos sem previsão de receitas,
com a finalidade de se impedir o endividamento estatal.
P rincípio da P ublicidade:
O Orçamento de um país quando aprovado deve sempre ser divulgado através dos
veículos oficiais de comunicação deste país para conhecimento e fiscalização do
povo. No Brasil, o Orçamento é publicado no Diário Oficial da União.
P rincípio da nãovinculação
ou nãoafetação:
Decorre da previsão constitucional contida no art. 167, IV que proíbe a vinculação
de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas:
· A repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os
arts. 158 e 159;
· A destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para
manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da
administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts.
198, § 2º, 212 e 37, XXII, e
· A prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita,
previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo, o
qual estabelece vinculação de receitas próprias para prestação de garantia à
União.
· A faculdade dos Estados e do Distrito Federal vincular a programa de apoio à
inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I despesas
com pessoal e encargos sociais; II serviço
da dívida; III qualquer
outra despesa corrente 3 não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados. (CF, art. 204, parágrafo único, Incluído
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).
· A faculdade dos Estados e do Distrito Federal vincular a fundo estadual de
fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária
líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
aplicação desses recursos no pagamento de: Idespesas
com pessoal e
encargos sociais; II serviço
da dívida;III qualquer
outra despesa corrente
3 Despesa corrente: São os gastos realizados pelo Estado que produzem variação
negativa no patrimônio
liquido, ou seja, redução do valor do ativo. As despesas correntes podem ser dividas
em: (i) despesas de
custeio e (ii) Transferências correntes. As despesas de custeio destinamse
a manutenção dos serviços
criados pela Lei orçamentária, incluindose
nestas despesas os gastos com obras de conservação e de
adaptação de bens móveis. As transferências correntes são despesas orçamentárias
para as quais não
corresponde uma contraprestação direta de bens e serviços. São as subvenções
sociais destinadas a cobrir
despesas de custeio de instituições públicas ou privadas sem finalidade lucrativa.
São as subvenções
econômicas que se destinam a cobrir despesas de custeio de empresas publicas de
caráter industrial,
comercial, agrícola ou pastoril.
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não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. (CF, art.
204, parágrafo único, Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de
19.12.2003).
P rocesso de elaboração das leis orçamentárias: A Constituição estabelece o
processo especial de elaboração das denominadas leis orçamentárias, quais sejam,
o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e a lei de orçamento anual.
I niciativa legislativa: A Constituição determina ser da competência exclusiva do
Poder Executivo a iniciativa da propositura das leis orçamentárias, inclusive dos
créditos adicionais, sendo que os Estados e os Municípios deverão adotar a mesma
regra prevista na Constituição Federal no art. 84, XXIII c/c art.165.
Neste sentido,
" Competência exclusiva do P oder Executivo iniciar o processo legislativo
das matérias pertinentes ao P lano P lurianual, às Diretrizes Orçamentárias
e aos Orçamentos A nuais. P recedentes: ADI 103 e ADI 550." (ADI 1.759M
C, Rel. M in. Néri da Silveira, DJ 06/ 04/ 01)
Deliberação P arlamentar:
Após a iniciativa do Presidente da República, a qual deverá ocorrer no prazo
determinado pela lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, que, no
entanto, ainda inexiste, razão pela qual deverão ser adotados os limites temporais
fixados no art. 35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a proposta
será encaminhada para a comissão mista permanente de deputados e senadores
que irão emitir parecer sobre as propostas encaminhadas para posterior
deliberação
do plenário das duas casas parlamentares do Congresso Nacional, conforme art.
166 da Constituição Federal. Merece atenção que, conforme art. 166, § 5º, o
Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para
propor modificação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a
votação, na comissão mista, da parte cuja alteração é proposta.
Emendas aos projetos de leis orçamentárias: As emendas às leis
orçamentárias serão apresentadas na comissão mista permanente, que sobre elas
emitirá parecer, e as submeterá a apreciação do plenário das duas casas
parlamentares CF, art. 166, § 2º).
IP
lano P lurianual: Em relação ao Plano Plurianual aplicase
a regra
estabelecida no art. 63, I da Constituição Federal, o qual dispõe ser vedado o
aumento de despesa prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da
República, ressalvado o disposto no art. 163, §§ 3º e 4º, que se referem ao projeto
da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei de Orçamento Anual.
I I – Lei de Diretrizes Orçamentárias: As emendas somente poderão ser
aprovadas se compatíveis com o PPA, conforme art. 166, § 4º.
I I I – Lei de orçamento anual: As emendas somente poderão ser aprovadas se
obedecerem três requisitos:
a) Compatibilidade com o PPA e a LDO.
5
b) As emendas devem indicar os recursos necessários, admitidos
apenas os provenientes de anulação de despesas, excluídas as
anulações de despesas que incidam sobre:
· Dotações para pessoal e encargos
· Serviço da divida
· Transferências tributárias constitucionais para
Estados, Municípios e Distrito Federal.
c) Sejam relacionadas com:
· A correção de erros ou omissões
· Os dispositivos do texto do projeto de lei.
Merece relevo que esta possibilidade de aumento de despesa dos projetos de lei do
Presidente da Republica consta expressamente do art. 63, I, in fine.
Neste sentido, decisão do Supremo Tribunal Federal,
" O poder de emendar projetos de lei — que se reveste
de natureza eminentemente constitucional —
qualificase
como prerrogativa de ordem políticojuridica
inerente ao exercício da atividade legislativa.
Essa prerrogativa institucional, precisamente por não
traduzir corolário do poder de iniciar o processo de
formação das leis (RTJ 36/ 382, 385 — RTJ 37/ 113 —
RDA 102/ 261), pode ser legitimamente exercida pelos
membros do Legislativo, ainda que se cuide de
proposições constitucionalmente sujeitas à cláusula
de reserva de iniciativa (A DI 865/ MA , Rel. M in. Celso
de Mello), desde que — respeitadas as limitações
estabelecidas na Constituição da República — as
emendas parlamentares (a) não importem em
aumento da despesa prevista no projeto de lei, (b)
guardem afinidade lógica (relação de pertinência)
com a proposição original e (c) tratandose
de
projetos orçamentários (CF, art. 165, I , I I e I I I ),
observem as restrições fixadas no art. 166, §§ 3º e 4º
da Carta P olítica." (A DI 1.050M
C, Rel. M in. Celso de
M ello, DJ 23/ 04/ 04)
Após a apresentação de emendas na comissão mista de deputados e senadores
(CF,art. 166, § 2º), o projeto será apreciado pelo plenário das duas casas do
Congresso Nacional, que irá aprovar o projeto e assim encaminhalo
à sanção ou
veto presidencial, ou, poderá ser rejeitado caso em que será arquivado.
Cumpre salientar, por imprescindível que, conforme posição abalizada de Alexandre
de Moraes,
N ão há possibilidade de o Congresso N acional rejeitar
o projeto de lei de diretrizes orçamentárias, uma vez
que a Constituição Federal determina em seu art. 57,
§ 2, que “ a sessão legislativa não será interrompida
sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias” .
Em relação à lei de orçamento anual preleciona o citado autor,
6
“ diferente é a hipóteses de apreciação do projeto de
lei orçamentária, em que a interpretação do art. 166,
§ 8º, da Constituição Federal permite concluir pela
possibilidade de rejeição total ou parcial do projeto,
afirmando que os recursos que, em decorrência de
veto, emenda, ou rejeição do projeto de lei
orçamentária anual, ficarem sem despesas
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o
caso, mediante créditos especiais ou suplementares,
com previa e especifica autorização legislativa. 4
Com o mesmo entendimento manifestase
José Afonso da Silva, que analisando os
efeitos da rejeição do projeto de lei orçamentária aduz que “a conseqüência mais
séria da rejeição do projeto de lei orçamentária anual é que a administração fica
sem orçamento, pois não pode ser aprovado outro. Não é possível elaborar
orçamento para o mesmo exercício financeiro. A Constituição dá a solução possível
e plausível dentro da técnica do direito orçamentário: as despesas, que não podem
efetivarse
senão devidamente autorizadas pelo legislativo, terão que ser
autorizadas previa e especificadamente, caso a caso, mediante leis de abertura de
créditos especiais” 5 .
Créditos A dicionais:
Os créditos adicionais são as autorizações de despesas não computadas ou
computadas de maneira insuficiente na lei de orçamento anual. Assim, os créditos
adicionais são instrumentos de ajustes orçamentários que tem a finalidade de:
· Corrigir falhas da Lei orçamentária;
· Mudanças de rumo nas políticas públicas;
· Variações de preços de mercado dos bens e serviços a serem adquiridos
pelo governo;
· Situações emergenciais inesperadas e imprevisíveis.
Os créditos adicionais podem ser classificados em: (i) Suplementares; (ii)
especiais; (iii) extraordinários.
Créditos suplementares:
Tem como finalidade reforçar a dotação orçamentária já existente, onde podemos
apontar como exemplo o acréscimo das despesas com pessoal, acima do previsto,
em virtude do aumento dos vencimentos. Sua abertura depende da existência de
recursos disponíveis para acorrer a despesa e será precedida de exposição
justificativa. Os créditos suplementares são autorizados por lei e abertos do decreto
do Poder Executivo (CF, art. 167, V). Cumpre salientar que, normalmente, a
própria lei orçamentária já autoriza o Poder Executivo a abrir créditos
suplementares até um determinado limite.
4 Moraes, Alexandre de. Direito Constitucional. 17.ed.São Paulo: Atlas, 2005. p 623
5 SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 23 ed. São Paulo:
Editora Malheiros.
2004. p .728
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Créditos Especiais:
Tem como finalidade custear despesas para as quais não haja dotação
orçamentária específica, cria novo item de despesa para atender a um objetivo não
previsto na Lei Orçamentária, como, por exemplo, a criação de um novo órgão. Sua
abertura depende da existência de recursos disponíveis para acorrer a despesa e
será precedida de exposição justificativa. Os créditos suplementares são
autorizados por lei e abertos do decreto do Poder Executivo (CF, art. 167, V).
Importante apontar que os créditos especiais e extraordinários terão vigência no
exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for
promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos
nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro
subseqüente (CF, art. 167, § 2º).
Como afirmado, a abertura de créditos suplementares e especiais depende de
recursos disponíveis para tal fim. Assim, são fontes dos créditos especiais e
suplementares, os recursos decorrentes de:
· Excesso de arrecadação — É o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês,
entre a receita realizada (arrecadada) e a prevista.
· Superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior — saldo
positivo entre o ativo e o passivo financeiro.
· Anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais eliminação
de despesas.
· Operações de Crédito realizadas empréstimos
tomados no mercado financeiro.
· Recursos decorrentes de vetos, de emendas ou rejeição do projeto de lei
orçamentária anual.
Créditos Extraordinários:
São créditos destinados a atender despesas urgentes e imprevisíveis, como as
decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o
disposto no art. 62. Coerentemente o Constituinte originário veio a estabelecer que
a abertura dos créditos extraordinários darseá
por medida provisória, haja vista a
urgência e a imprevisibilidade do fato originador da necessidade dos créditos
extraordinários.
20.5.6.7 – Controle de constitucionalidade e lei de diretrizes
orçamentárias:
O Supremo Tribunal Federal tem dado por inadmissível a ação direta contra
disposições insertas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, porque reputadas normas
individuais ou de efeitos concretos, que se esgotam com a propositura e a votação
do orçamento fiscal.
Neste sentido,
"O STF tem dado por inadmissível a ação direta contra disposições
insertas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, porque reputadas
normas individuais ou de efeitos concretos, que se esgotam com a
propositura e a votação do orçamento fiscal (v.g ., ADI 2.100,
Jobim, DJ 01/06/1). A segunda norma questionada que condiciona
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a inclusão no orçamento fiscal da verba correspondente a
precatórios pendentes à 'manutenção da meta de resultado
primário, fixada segundo a LDO', constitui exemplo típico de norma
individual ou de efeitos concretos, cujo objeto é a regulação de
conduta única, posto que subjetivamente complexa: a elaboração
do orçamento fiscal, na qual se exaure, o que inviabiliza no ponto a
ação direta. Diferentemente, configura norma geral, susceptível de
controle abstrato de constitucionalidade a primeira das regras
contidas no dispositivo legal questionado, que institui comissão de
representantes dos três Poderes e do Ministério Público, à qual
confere a atribuição de proceder ao 'criterioso levantamento' dos
precatórios a parcelar conforme a EC nº. 30/00, com vistas a
'apurar o seu valor real': o procedimento de levantamento e
apuração do valor real, que nela se ordena, não substantiva
conduta única, mas sim conduta a ser desenvolvida em relação a
cada um dos precatórios a que alude; por outro lado, a
determinabilidade, em tese, desses precatórios, a partir dos limites
temporais fixados, não subtrai da norma que a todos submete à
comissão instituída e ao procedimento de revisão nele previsto a
nota de generalidade. Não obstante, é de conhecerse
integralmente da ação direta se a norma de caráter geral é
subordinante da norma individual, que, sem a primeira, ficaria sem
objeto." (ADI 2.535MC,
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ
21/11/03)
A ntonio Henrique Lindemberg
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