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Durkheim Propõe uma Teoria do Fato Social

Por sua vez, E. Durkheim, em Da Divisão do Trabalho Social, de 1893, coloca duas
questões sobre as relações entre os indivíduos e a coletividade[16]:

• como pode um conjunto de indivíduos constituir uma sociedade?

• como este conjunto de indivíduos consegue obter um consenso para a convivência?

Segundo Durkheim, duas formas de solidariedade social podem ser constatadas: a


solidariedade mecânica, típica das sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se
identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade
que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciam. Reconhecem os
mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque
pertencem a uma coletividade. E a solidariedade orgânica, característica das sociedades
capitalistas, onde, através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se
interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições
etc. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e necessários, como os órgãos de
um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da
produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.

Algumas idéias fundamentais decorrem desta análise, como o conceito de consciência


coletiva: "O conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma
mesma sociedade, forma um sistema determinado que tem sua vida própria; podemos
chamá-la de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem como substrato
um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas
nem por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade
distinta. Com efeito, ela é independente das condições particulares em que se situam os
indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas
pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada geração,
mas ao contrário liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as
consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da
sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de
desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, embora de outra maneira"[17].

Nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica a consciência coletiva abrange a


maior parte dos membros desta sociedade. Nas sociedades dominadas pela solidariedade
orgânica há uma redução desta consciência coletiva porque os indivíduos são
diferenciados. Por isso, nestas últimas, em oposição às primeiras, ocorre um
enfraquecimento das reações coletivas contra a violação das proibições sociais e há,
especialmente, uma margem maior na interpretação individual dos imperativos sociais.

Durkheim defende também o primado da sociedade sobre o indivíduo:

• as sociedades têm prioridade histórica sobre os indivíduos

• as sociedades têm prioridade lógica sobre os indivíduos, porque se a solidariedade


mecânica precede a solidariedade orgânica, não se pode explicar a diferenciação
social a partir dos indivíduos, pois a consciência de individualidade não pode existir
antes da solidariedade orgânica e da divisão do trabalho social.
Daí que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade, e não a
coletividade pelos fenômenos individuais. Donde a divisão do trabalho ser um
fenômeno social que só pode ser explicado por outro fenômeno social, como a
combinação do volume, densidade material e moral de uma sociedade, sendo que o
único grupo social que pode proporcionar a integração dos indivíduos na coletividade é
a corporação profissional.

Em outra importante obra, publicada em 1912, As Formas Elementares da Vida


Religiosa, E. Durkheim propõe a elaboração de uma teoria geral da religião
fundamentada nas formas mais simples e primitivas das instituições religiosas.
Durkheim acredita, assim, que se possa apreender a essência de um fenômeno social
observando suas formas mais elementares. Por isso parte do estudo do totemismo nas
tribos australianas, chegando à conclusão de que os homens adoram uma realidade que
os ultrapassa, que sobrevive a eles, mas que esta realidade é a própria sociedade
sacralizada como força superior. Nem as forças naturais, nem os espíritos, nem as almas
são sagradas por si mesmas. Só a sociedade é uma realidade sagrada por si mesma.
Pertence à ordem da natureza, mas a ultrapassa. É ao mesmo tempo causa do fenômeno
religioso e justificativa da distinção entre sagrado e profano. Para Durkheim, qualquer
crença ou prática religiosa é semelhante às práticas totêmicas.

Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica:
"De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para
despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do
divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus,
com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos,
como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade
consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão
presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a
determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado
com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação
de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa
natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só
pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela
exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe
toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria
impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de
comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até
contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.

Todavia, se a sociedade só obtivesse de nós essas concessões e esses sacrifícios por


imposição material, não poderia despertar em nós senão a idéia de força física à qual
devemos ceder por necessidade, e não a idéia de força moral do gênero das que as
religiões adoram. Mas na realidade, o domínio que ela exerce sobre as consciências
vincula-se muito menos à supremacia física de que tem o privilégio do que à autoridade
moral de que está investida. Se nos submetemos às suas ordens, não é simplesmente
porque está armada de maneira a triunfar das nossas resistências, é, antes de tudo,
porque constitui o objeto de autêntico respeito"[18].
Em As Regras do Método Sociológico, de 1895, Durkheim propõe, com sua sociologia
formular uma teoria do fato social, demonstrando que pode haver uma ciência
sociológica objetiva e científica, como nas ciências físico-matemáticas.

Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se
distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e
explicado, como se faz nas ciências.

Daí duas outras importantes afirmações de Durkheim:

• os fatos sociais devem ser considerados como coisas

• os fatos sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos.

E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de
exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de
uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das
suas manifestações individuais"[19].

E na conclusão deste mesmo livro resume as características deste método sociológico:


"Em primeiro lugar, é independente de qualquer filosofia (...) Em segundo lugar, o
nosso método é objetivo. É totalmente dominado pela idéia de que os fatos sociais são
coisas e devem ser tratados como tais (...) Mas, se consideramos os fatos sociais como
coisas, consideramo-los como coisas sociais. A terceira característica do nosso método
é ser exclusivamente sociológico (...) Mostramos que um fato social só pode ser
explicado por um outro fato social e, simultaneamente, como este tipo de explicação é
possível assinalando no meio social interno o motor principal da evolução coletiva (...)
Tais nos parecem ser os princípios do método sociológico"[20].

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