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Por sua vez, E. Durkheim, em Da Divisão do Trabalho Social, de 1893, coloca duas
questões sobre as relações entre os indivíduos e a coletividade[16]:
Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica:
"De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para
despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do
divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus,
com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos,
como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade
consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão
presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a
determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado
com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação
de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa
natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só
pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela
exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe
toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria
impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de
comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até
contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.
Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se
distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e
explicado, como se faz nas ciências.
E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de
exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de
uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das
suas manifestações individuais"[19].