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Superior Tribunal de Justiça

EDcl nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.109.943 - SP


(2008/0272120-1)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


EMBARGANTE : LATINA ELETRODOMÉSTICOS S/A
ADVOGADO : JOSÉ PAULO DE CASTRO EMSENHUBER E OUTRO(S)
EMBARGADO : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : AUREA LUCIA ANTUNES SALVATORE SCHULZ
FREHSE E OUTRO(S)
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


EMBARGOS DECLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO
AGRAVO REGIMENTAL. INSTRUMENTALIDADE
RECURSAL. ICMS. DESCONTO CONDICIONADO.
INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL. ART.
105, III, ALÍNEA "B". PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.
CONSTITUCIONALIDADE DE ATO LOCAL. COMPETÊNCIA
DO STF.
1. Quando os embargos declaratórios são utilizados
na pretensão de revolver todo o julgado, com nítido caráter
modificativo, podem ser conhecidos como agravo regimental, em
vista da instrumentalidade e da celeridade processual.
2. A mercadoria dada em bonificação, por não estar
incluída no valor da operação mercantil, não integra a base de
cálculo do ICMS. Entretanto, no caso dos autos, o Tribunal de
origem concluiu que "a bonificação em tela não é incondicional,
pois o cliente somente terá direito a ela se atingir determinado
volume de compras de produtos, de acordo com regras de
mercado " (fls. 198). Alterar referido posicionamento demanda
incursão no conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável
ante o óbice constante da Súmula 07/STJ.
3. Os valores referentes a descontos condicionados
integram a base de cálculo do ICMS. Precedentes.
4. O recurso especial interposto com fundamento no
art. 105, III, "b", da CF não dispensa o pressuposto intrínseco do
prequestionamento da legislação federal, bem como mostra-se
inviável a modificação do acórdão que reconhece a
constitucionalidade do ato de governo local, sob pena de usurpar a
competência do STF.

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29/03/2011
Superior Tribunal de Justiça
Embargos declaratórios conhecidos como agravo
regimental, mas improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de
Justiça: "A Turma, por unanimidade, recebeu os embargos de declaração como
agravo regimental e negou-lhe provimento, nos termos do voto do Sr.
Ministro-Relator, sem destaque."
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques,
Cesar Asfor Rocha e Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 17 de março de 2011(Data do Julgamento)

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Relator

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29/03/2011
Superior Tribunal de Justiça
EDcl nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.109.943 - SP
(2008/0272120-1)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


EMBARGANTE : LATINA ELETRODOMÉSTICOS S/A
ADVOGADO : JOSÉ PAULO DE CASTRO EMSENHUBER E OUTRO(S)
EMBARGADO : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : AUREA LUCIA ANTUNES SALVATORE SCHULZ
FREHSE E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS


(Relator):

Cuida-se de embargos declaratórios, aqui tomados como agravo


regimental, opostos por LATINA ELETRODOMÉSTICOS S/A contra decisão
monocrática de minha relatoria que acolheu embargos de declaração, com efeitos
modificativos, para não conhecer do seu recurso especial.

A ementa do julgado ficou assim sintetizada (e-STJ, fl. 387):

"TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – ICMS –


CONCLUSÃO DO TRIBUNAL A QUO – IMPOSSIBILIDADE DE
INFIRMAÇÃO – SÚMULA 7/STJ – DESCONTO
CONDICIONADO À CONDIÇÃO – INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
SOBRE O DESCONTO – PRECEDENTES – SÚMULA 83/STJ –
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS, COM EFEITOS
MODIFICATIVOS – RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO –
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA EMPRESA CONTRIBUINTE
PREJUDICADO."

Opostos embargos de declaração, foram eles acolhidos para sanar


omissão, sem efeitos modificativos, nos termos da seguinte ementa (e-STJ, fl.
402):

"PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO CONFIGURADA.


ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 284 DO STF. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
ACOLHIDOS, SEM EFEITOS MODIFICATIVOS."

Em novos aclaratórios, a embargante sustenta, em verdadeira


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irresignação recursal que mais se coaduna com o desiderato do agravo
regimental, que a decisão monocrática não levou em consideração a premissa
equivocada firmada no acórdão do Tribunal de origem quanto a tratar-se de
descontos condicionais.

Alega que as razões para o conhecimento do recurso pela alínea "b"


do permissivo constitucional não foram analisadas (validade do art. 37 do
RICMS/SP contestado em face do art. 13 da Lei Complementar n. 87/96).

Por fim, reitera que a decisão vai de encontro à jurisprudência do


Superior Tribunal de Justiça, de que não incide ICMS sobre mercadorias dadas
em bonificação.

É, no essencial, o relatório.

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EDcl nos EDcl nos EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.109.943 - SP
(2008/0272120-1)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


EMBARGOS DECLARATÓRIOS RECEBIDOS COMO
AGRAVO REGIMENTAL. INSTRUMENTALIDADE
RECURSAL. ICMS. DESCONTO CONDICIONADO.
INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL. ART.
105, III, ALÍNEA "B". PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.
CONSTITUCIONALIDADE DE ATO LOCAL. COMPETÊNCIA
DO STF.
1. Quando os embargos declaratórios são utilizados
na pretensão de revolver todo o julgado, com nítido caráter
modificativo, podem ser conhecidos como agravo regimental, em
vista da instrumentalidade e da celeridade processual.
2. A mercadoria dada em bonificação, por não estar
incluída no valor da operação mercantil, não integra a base de
cálculo do ICMS. Entretanto, no caso dos autos, o Tribunal de
origem concluiu que "a bonificação em tela não é incondicional,
pois o cliente somente terá direito a ela se atingir determinado
volume de compras de produtos, de acordo com regras de
mercado " (fls. 198). Alterar referido posicionamento demanda
incursão no conjunto fático-probatório dos autos, o que é inviável
ante o óbice constante da Súmula 07/STJ.
3. Os valores referentes a descontos condicionados
integram a base de cálculo do ICMS. Precedentes.
4. O recurso especial interposto com fundamento no
art. 105, III, "b", da CF não dispensa o pressuposto intrínseco do
prequestionamento da legislação federal, bem como mostra-se
inviável a modificação do acórdão que reconhece a
constitucionalidade do ato de governo local, sob pena de usurpar a
competência do STF.
Embargos declaratórios conhecidos como agravo
regimental, mas improvido.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS


(Relator):

Conheço dos presentes embargos de declaração como agravo


regimental porque LATINA ELETRODOMÉSTICOS S/A apresenta verdadeira
irresignação da decisão monocrática.

A decisão agravada reconheceu que, no caso sob exame, a Corte de


origem assentou que não se tratava de mercadoria dada em bonificação, mas sim,
que ocorreria desconto condicionado, ensejando a incidência do ICMS, e que a
modificação desta conclusão é obstada pela incidência da Súmula 7 do Superior
Tribunal de Justiça.

Para melhor ilustração do caso, transcrevo excerto da decisão


agravada (e-STJ, fl. 388):

"Com efeito, razão assiste à Fazenda Estadual, ao sustentar


omissão quanto à aplicação da Súmula 7/STJ. Isto porque o
Tribunal a quo entendeu legítima a incidência do ICMS sobre as
mercadorias concedidas a título de bonificação, por não se
tratarem de descontos incondicionais .

O Tribunal assim firmou seu entendimento: (fl. 198)

'Ainda, há de se considerar que a bonificação em tela não


é incondicionada, pois o cliente somente terá direito a ela se
atingir determinado volume de compra de produtos, de
acordo com regras de mercado.' (grifou-se)

Infirmar o entendimento da Instância a quo, de que não se


tratava de simples bonificação mas de descontos condicionados à
ocorrência de fato determinado (descontos concedidos aos clientes
em razão do volume de mercadoria a ser adquirida), demandaria o
revolvimento do acervo fático probatório, inviável por óbice do
enunciado sumular 7 desta Corte Especial.

Neste sentido:

'AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE


DÉBITO FISCAL. ICMS. BASE DE CÁLCULO.
MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO.
AUSÊNCIA DE prova da operação. MULTA por infração
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tributária. SÚMULA 7/stj. VIOLAÇÃO DO art. 535, II,
DO cpc. NÃO-CONFIGURAÇÃO.
I - Em relação aos embargos de declaração, é de
sabença geral que o julgador não está obrigado a discorrer
sobre todos os regramentos legais ou todos os argumentos
alavancados pelas partes. As proposições poderão ou não
ser explicitamente dissecadas pelo magistrado, que só
estará obrigado a examinar a contenda nos limites da
demanda, fundamentando o seu proceder de acordo com o
seu livre convencimento, baseado nos aspectos pertinentes
à hipótese sub judice e com a legislação que entender
aplicável ao caso concreto.
II - A mercadoria dada em bonificação, por não estar
incluída no valor da operação mercantil, não integra a base
de cálculo do ICMS, correspondendo em tudo a um
desconto incondicional. Entretanto, no caso dos autos, o
Tribunal de origem concluiu que não restou comprovada a
venda com bonificação para incidência do benefício.
Alterar referido posicionamento demanda incursão no
conjunto fático probatório dos autos, o que é inviável ante
o óbice constante da Súmula 07/STJ.
III - Agravo regimental improvido.'
(AgRg no REsp 1.069.149/RS, Rel. Min. Francisco
Falcão, Primeira Turma, julgado em 18.11.2008, DJe
1.12.2008.)

Firmado o entendimento de tratar-se de descontos


condicionados, pacífica a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça no sentido de que os referidos descontos são incluídos na
base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços.

Neste sentido, os precedentes:

'TRIBUTÁRIO – IPI – DESCONTOS


INCONDICIONAIS – EXCLUSÃO DA BASE DE
CÁLCULO – POSSIBILIDADE – PRECEDENTES.
1. 'O valor dos descontos incondicionais oferecidos
nas operações mercantis deve ser excluído da base de
cálculo do IPI, ao passo que os descontos concedidos de
maneira condicionada não geram a redução do tributo'
(REsp 908.411/RN, Rel. Min. Castro Meira, DJ
11.9.2008).
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2. Ao não permitir a dedução dos descontos
incondicionados, a Lei n. 7.798/89 alterou a base de
cálculo do IPI, alargando o conceito de 'valor da operação',
disciplinado no art. 47 do CTN (Lei Complementar).
Agravo regimental improvido."
(AgRg no REsp 671.054/PR, relatoria deste
magistrado, Segunda Turma, julgado em 17.3.2009, DJe
14.4.2009.)

'TRIBUTÁRIO. IPI. DESCONTOS


INCONDICIONAIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
LEGITIMIDADE ATIVA. ART. 166 DO CTN.
INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO.
IMPOSSIBILIDADE. ART. 47 DO CTN.
PRECEDENTES.
1. 'A distribuidora de bebidas, ao adquirir o produto
industrializado da fabricante para posterior revenda ao
consumidor final, suporta o encargo financeiro do IPI, cujo
valor vem, inclusive, destacado na nota fiscal da operação.
A fabricante, portanto, ostenta a condição de contribuinte
de direito (responsável tributário) e a distribuidora a de
contribuinte de fato. Nessa condição, a distribuidora tem
legitimidade para questionar judicialmente a composição
da base de cálculo do tributo (para ver dela abatidos os
descontos incondicionais), bem como para pleitear a
repetição dos valores pagos indevidamente a tal título'
(REsp 817.323/CE, Rel. Min. Teori Zavascki, DJU de
24.04.06). Precedentes de ambas as Turmas de Direito
Público.
2. 'Os valores concernentes aos descontos ditos
promocionais, assim como os descontos para pagamento à
vista, ou de quaisquer outros descontos cuja efetivação não
fique a depender de evento futuro e incerto, não integram a
base de cálculo do ICMS, porque não fazem parte do valor
da operação da qual decorre a saída da mercadoria' (Hugo
de Brito, Direito Tributário - II, São Paulo, Editora RT,
1994, pág. 237).
3. O valor dos descontos incondicionais oferecidos
nas operações mercantis deve ser excluído da base de
cálculo do IPI, ao passo que os descontos concedidos de
maneira condicionada não geram a redução do tributo.
4. Precedentes: REsp 971.880/CE, Rel. Min. José
Delgado; REsp 510.551/MG, Rel. Min. João Otávio de
Noronha; AgRg no Ag 696.531/SP, Rel. Min. Luiz Fux;
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REsp 318.639/RJ, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins;
REsp 432.472/SP, deste Relator; EREsp 508.057/SP, deste
Relator; REsp 783.184/RJ, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki; AgRg no REsp 792.251/RJ, Rel. Min. Francisco
Falcão; REsp 477.525/GO, Rel. Min. Luiz Fux.
5. Recurso especial não provido.'
(REsp 908.411/RN, Rel. Min. Castro Meira, Segunda
Turma, julgado em 19.8.2008, DJe 11.9.2008.)

'PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL.
TRIBUTÁRIO. ICMS. DESCONTOS PROMOCIONAIS
SUJEITOS AO IMPLEMENTO DE UMA CONDIÇÃO.
INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO.
1. 'O valor dos descontos incondicionais oferecidos
nas operações mercantis deve ser excluído da base de
cálculo do ICMS, ao passo que os descontos concedidos de
maneira condicionada não geram a redução do tributo'
(EREsp 508.057/SP, 1ª Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJ
de 16.11.2004).
2. Na hipótese, contudo, não se trata de descontos
promocionais oferecidos de modo incondicional. Conforme
foi observado pelas instâncias ordinárias, tais descontos
eram oferecidos tão-somente aos clientes que optassem
pelo financiamento oferecido pela entidade financeira
coligada. Assim, considerando que a obtenção do desconto
sujeitava-se ao implemento de uma condição, é imperioso
concluir que sobre esses valores deve ser calculado o
ICMS.
3. Embargos de divergência providos.'
(EREsp 505.905/SP, Rel. Min. Denise Arruda,
Primeira Seção, julgado em 12.3.2008, DJe 7.4.2008.)

'TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO


ESPECIAL. AUSÊNCIA DE CORRESPONDÊNCIA
ENTRE AS RAZÕES RECURSAIS E O ACÓRDÃO
RECORRIDO. SÚMULA N. 284/STF. ICMS. BASE DE
CÁLCULO. DESCONTO CONDICIONADO.
INCLUSÃO.
1. Aplica-se o óbice previsto no enunciado da Súmula
n. 284/STF na hipótese em que as questões suscitadas no
recurso especial não guardem correlação com os
fundamentos consignados no acórdão recorrido.
2. Os valores referentes aos descontos condicionais
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integram a base de cálculo do ICMS.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa
parte, improvido.'
(REsp 596.876/SP, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, Segunda Turma, julgado em 24.10.2006, DJ
4.12.2006, p. 280.)

DA INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ


Verifica-se, portanto, que o Tribunal a quo decidiu de acordo
com jurisprudência desta Corte, de modo que se aplica, à espécie,
o enunciado da Súmula 83/STJ, verbis:
'Não se conhece do recurso especial pela divergência,
quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo
sentido da decisão recorrida.'

Das razões acima expendidas, impõe-se o acolhimento dos


embargos de declaração, com efeitos modificativos, para não
conhecer do recurso especial interposto pela empresa LATINA
ELETRODOMÉSTICOS S/A e, de consequência, fica prejudicada a
análise dos embargos de declaração da contribuinte.
Ante o exposto, acolho os embargos de declaração, com
efeitos modificativos, para, sanando a omissão apontada, não
conhecer do recurso especial interposto, uma vez que o acórdão
recorrido está em consonância com a jurisprudência do STJ,
atraindo a aplicação da Súmula 83 desta Corte, e julgo
prejudicado a análise dos embargos de declaração opostos pela
empresa contribuinte Latina Eletrodomésticos S/A, às fls. 369/371.
Publique-se. Intimem-se."

Com efeito, repisa a agravante que existe premissa equivocada


firmada pelo Tribunal de origem de que "há de se considerar que a bonificação
em tela não é incondicional, pois o cliente somente terá direito a ela se atingir
determinado volume de compra de produtos, de acórdão com regras de
mercado " (fls. 198).

Como já assentado, a modificação da conclusão a que chegou, de


modo a acolher a tese da agravante de que trata-se de bonificação, demandaria o
revolvimento do acervo fático-probatório dos autos, inviável sob pena de
violação da Súmula 7 do STJ.

Quanto à alegação de que o recurso especial não foi analisado pela


ofensa ao artigo 105, inciso III, letra "b", da Constituição Federal, onde a
recorrente sustenta que o artigo 37 do RICMS de São Paulo contrariou os artigos
1º do Decreto-Lei n. 406/68 e 13 da Lei Complementar n. 87/96, cumpre
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ressaltar que o apelo extremo, neste ponto, não comporta conhecimento. A uma,
porque não houve o prequestionamento da legislação federal invocada. A duas,
porque o acórdão recorrido assentou que "realmente nada há de inconstitucional
no art. 37 do RICMS/SP ", o que atrai a competência do STF.

Neste sentido:

"RECURSO ESPECIAL. ART. 105, INCISO III, ALÍNEAS 'A'


E 'B' DO INCISO III DO ART. 105 DA CF.
PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. TRIBUTÁRIO. ICMS.
COMINHO IMPORTADO DE PAÍS SIGNATÁRIO DO GATT.
ISENÇÃO. SÚMULA N. 20 DO STJ.
1. O prequestionamento dos dispositivos legais tidos como
violados é requisito indispensável à admissibilidade do recurso
especial.
2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
posicionou-se no sentido de que 'o cominho in natura, importado
para comercialização, sem sofrer nenhum processo de
industrialização, está isento do ICMS, pois há similar nacional
isento' (REsp n. 63.879/SP, Segunda Turma, relatora Ministra
Eliana Calmon, DJ de 9.10.2000).
3. 'A mercadoria importada de país signatário do GATT é
isenta do ICM, quando contemplado com esse favor o similar
nacional' - Súmula n. 20 do STJ.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte,
provido."
(REsp 416.077/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
Segunda Turma, julgado em 27.6.2006, DJ 2.8.2006, p. 232)

"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL


FUNDAMENTADO NO ART. 105, III, "B", DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR
PÚBLICO MUNICIPAL. RESPONSABILIDADE PELO
PAGAMENTO DA APOSENTADORIA EM RAZÃO DO CONTIDO
EM LEI MUNICIPAL. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DOS ARTS.
154, § 1º, DO DECRETO Nº 2.173/97, E 10 DA LEI Nº 9.717.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO.
1. Deficiente se mostra a fundamentação do apelo especial,
com fundamento na alínea "b" do artigo 105 da Constituição
Federal, quando não demonstrado ter o acórdão recorrido julgado
válido qualquer ato de governo local contestado em face de lei
federal
2. O recurso especial, ainda que interposto com base na
alínea "b" do permissivo constitucional, não prescinde da
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exigência do prequestionamento."
(AgRg no REsp 376.035/SC, Rel. Min. Paulo Gallotti, Sexta
Turma, julgado em 24.8.2004, DJ 24.4.2006, p. 471)

"RECURSO ESPECIAL (ART. 105, III, ALÍNEAS "A" E "B",


CR) – AFRONTA A DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL - IPTU
INCIDENTE SOBRE SÍTIOS DE RECREIO – PRETENDIDA
NECESSIDADE DA EXISTÊNCIA DE MELHORAMENTOS, A
TEOR DO ART. 32, § 1º, CTN – RECONHECIMENTO PELA
RECORRENTE DE QUE A MATÉRIA TRAZIDA NÃO FOI
APRECIADA NA CORTE DE ORIGEM – ALEGADA
DIFICULDADE DE OBTENÇÃO DO TEOR DO ACÓRDÃO –
IRRELEVÂNCIA – CONFIGURADA AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO – RECURSO NÃO CONHECIDO.
- Se a recorrente reconhece não apreciados os temas trazidos
para debate e, mesmo assim, deixa de opor os competentes
embargos de declaração, é inegável a ausência de um
questionamento prévio do thema decidendum.
- A alegada dificuldade de obtenção do teor do v. julgado
impugnado, não possui a virtude de, por si só, suprir a necessidade
de prequestionamento.
- É necessário que a Corte de origem tenha emitido juízo
acerca da matéria suscitada no recurso especial, a fim de que a
parte recorrente possa encontrar aberta a via excepcional para
impugnar julgado com base na alínea 'b', sob pena de se
desconsiderar o pressuposto intrínseco do recurso especial, que é o
prequestionamento.
- A alegada afronta a dispositivo constitucional, não merece
maiores digressões, uma vez que da simples leitura do artigo 102,
inciso III, do Mandamento Supremo, verifica-se a impertinência da
análise do tema em grau de recurso especial.
- Recurso especial não conhecido.
- Decisão por unanimidade."
(REsp 170881/SP, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda
Turma, julgado em 17.5.2001, DJ 13.8.2001, p. 87.)

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. ALÍNEAS "A", "B" E "C". TARIFA DE ÁGUA.
REGIME DE ECONOMIAS MÚLTIPLAS. QUESTÃO DECIDIDA
COM BASE EXCLUSIVAMENTE EM DECRETO ESTADUAL.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA.
INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 280 DO STF E 211 DO STF.
1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal
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de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao
julgamento da lide.
2. O art. 105, III, 'b', da CR, com a redação dada pela EC 45,
prevê o cabimento de recurso especial quando a decisão recorrida
'julgar válido ato de governo local contestado em face de lei
federal'. No caso, a pretensão da parte recorrente está dirigida ao
reconhecimento da inconstitucionalidade do decreto estadual,
cabendo recurso extraordinário, nos termos do art. 102, III, letra
'c', da CR.
3. É inadmissível o recurso especial em que se pretende rever
as conclusões do Tribunal de origem no sentido de que a
legislação local condiciona a concessão do regime de múltiplas
economias, para fins de cobrança do consumo mensal de água, ao
pedido de reclassificação apresentado pelo usuário.
4. Ausência de prequestionamento da legislação federal
invocada nas razões recursais.
5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, não
provido."
(REsp 968.561/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda
Turma, julgado em 23.6.2009, DJe 6.8.2009.)

Ante o exposto, recebo os embargos declaratórios como agravo


regimental, e, não tendo a agravante trazido qualquer argumento relevante apto a
infirmar a decisão, nego-lhe provimento.

É como penso. É como voto.

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Relator

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

EDcl nos EDcl nos EDcl no


Número Registro: 2008/0272120-1 REsp 1.109.943 / SP

Números Origem: 5502705 5502705801


PAUTA: 17/03/2011 JULGADO: 17/03/2011

Relator
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME DE ARAGÃO
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : LATINA ELETRODOMÉSTICOS S/A
ADVOGADO : JOSÉ PAULO DE CASTRO EMSENHUBER E OUTRO(S)
RECORRIDO : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : AUREA LUCIA ANTUNES SALVATORE SCHULZ FREHSE E OUTRO(S)
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - ICMS/ Imposto sobre Circulação de Mercadorias

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : LATINA ELETRODOMÉSTICOS S/A
ADVOGADO : JOSÉ PAULO DE CASTRO EMSENHUBER E OUTRO(S)
EMBARGADO : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : AUREA LUCIA ANTUNES SALVATORE SCHULZ FREHSE E OUTRO(S)

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, recebeu os embargos de declaração como agravo regimental
e negou-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque."
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Cesar Asfor Rocha e
Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1030965 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/03/2011 Página 1 4 de 14

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