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2010
Resenha
Lucilene de Oliveira1
Neste artigo, Orlandi discute sobre o funcionamento da divulgação científica que circula
na sociedade e como essa divulgação produz efeitos de conhecimento sobre a ciência, pois
funciona, também, como uma versão desta.
A autora faz, portanto, uma reflexão sobre o jornalismo científico, forma de divulgação
da ciência, e sobre como o discurso científico, através dele, é compreendido pelo sujeito-
leitor. A autora desconsidera os discursos pessimistas ou otimistas a respeito da relação
ciência e novas tecnologias de linguagem comumente em circulação no meio acadêmico, e
propõe uma reflexão em que essas questões se relacionem ao processo de produção do
conhecimento.
Para discutir essas questões a pesquisadora considera três fatores importantes:
interatividade, informação e comunicação. Ela considera a linguagem, quanto à informação,
incompleta, ou seja, nem sujeitos e nem sentidos são completos em sua constituição, e, desta
forma as informações são, também, insuficientes, em relação à quantidade. Em relação à
qualidade da comunicação, afirma a autora que a linguagem não produz sentidos literais
porque “a linguagem serve para comunicar e não comunicar.” (p. 130). Quer dizer, a
linguagem não seria usada apenas com o objetivo de comunicar e informar literalmente as
informações, pois “ela funciona na relação com o político, com a subjetividade, com a
ideologia” (p. 130). Quanto à interação, Orlandi explica que somos sujeitos e não animais em
interação, por isso ocupamos espaços histórico-sociais onde significamos, sendo a história
um lugar que o homem simbolicamente produz sentido(s).
Orlandi lembra que pensar novas tecnologias de linguagem é também pensar novas
tecnologias de escrita. E ela a define [a linguagem] como uma forma de relação social.
Assim, o modo de escrita do texto, a forma da autoria, a maneira de significar, em relação ao
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Acadêmica do 4.° semestre do curso de Licenciatura em Letras da UNEMAT – Pontes e Lacerda. Bolsista
PROBIC, sob orientação da Profª Ms. Silvia Regina Nunes. E-mail lucioliveira56@hotamil.com
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Ano I – n.° 01 – jan. – jul. 2010
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dizer do cientista, mas na verdade, o leitor tem acesso apenas ao que o divulgador/jornalista
interpretou. Porém, para a autora, ser leitor de ciência é importante para garantir o efeito de
exterioridade da ciência e é preciso que os leitores compreendam a ciência.
Há também, neste processo, uma didatização do discurso cientifico, quer dizer, ele
transforma-se em discurso relatado na divulgação científica. A escola, de acordo com
Orlandi, também é afetada por esse funcionamento através da mídia. Isso produz efeitos
como os de que a escola não seria um lugar em que haja relação com o processo de produção
do conhecimento. A autora diz que o conhecimento funciona como uma mercadoria devido
ao efeito de informatividade da ciência, produzido pela mídia. A escola transforma-se,
portanto, em um lugar de midiatização do conhecimento e não de produção de conhecimento.
O sujeito, portanto, não deve ser visto somente como um lugar em que sabe sobre
alguma coisa (tem informação sobre) em sua relação com a ciência, com as tecnologias de
linguagem e a divulgação científica. Devemos nos preocupar, de acordo com Orlandi, com a
ideia de que o sujeito deve se relacionar com um lugar de produção de conhecimento e
também fazer parte da produção deste processo.