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É importante perceber a coexistência entre aquilo que é exotérico (com "X", i.e., profano,
exterior e aparente) e aquilo que é esotérico (com "S", i.e., iniciático, interior e oculto). A
Maçonaria possui muitos tentáculos sociais visíveis, mas o seu núcleo é ocultista, além de
servir como um manancial para outras organizações com rituais e atrativos adequados aos
mais diferentes perfis.
Tenho visto argumentações muito presas ao que é aparente ou apenas denominativo e estou
escrevendo este artigo motivado pela leitura de um comentário afirmando que a pirâmide e o
triângulo com o "Olho que Tudo Vê" exibidos nas notas de 1 dólar são símbolos pertencentes
a sociedades distintas. Trata-se de um equívoco, pois desmembrar uma composição
simbólica em facções ou interpretar separadamente cada elemento do seu conjunto é como
isolar as palavras na leitura de um texto. Isso apenas faz com que o encadeamento lógico da
mensagem se perca. Não existe um símbolo maçônico e um símbolo illuminati desconexos
entre si na nota de 1 dólar.
Convém considerar que a ideia simbólica de iluminação constitui uma busca fundamental
dentro das escolas de mistérios. Por exemplo, os que alcançam o 10º grau
na AMORC ingressam na "Seção Illuminati" e recebem o tratamento latino de
"illuminatus" (iluminado). Illuminati (o plural do termo illuminatus) é uma palavra utilizada
por diferentes grupos ou aplicada como distinção evolutiva, indicando que tais pessoas
teriam alcançado um estado de consciência ou conhecimento superior que as destaca da
massa de gente comum (e ignorante). Portanto, necessariamente, a expressão não identifica
alguma sociedade específica, mas é uma alusão (ou ilusão) relativa a um estágio adiantado
de desenvolvimento místico, dentro das sendas iniciáticas.
Por sua vez, a pirâmide é um dos símbolos frequentemente adotados para ilustrar o sentido
de hierarquia e estratificação, representando diferentes classes sociais e níveis de influência.
Algo que também se aplica ao aspecto espiritual. Como referência, o portal de entrada da
cidade de Peruíbe (litoral sul de São Paulo) é uma obra maçônica bastante interessante, pois
consiste numa pirâmide suspensa de tronco opaco (tijolos), encimada por um topo
translúcido (provavelmente, policarbonato).
De igual modo, o que vemos pairar sobre a pirâmide trapezoide da nota de 1 dólar possui
uma natureza etérea e luminosa, totalmente distinta do monumento em si. A frase latina
Assim como o portal de Peruíbe pode ser visto por qualquer pessoa que entre na cidade, as
notas de 1 dólar circulam por todo o mundo, sendo bastante comuns. Quantos, porém, se
dão ao trabalho de observar a intrincada simbologia contida em sua estampa? A grande
maioria das pessoas está preocupada com o significado aquisitivo do dinheiro, assim como a
maioria dos que passam pelo portal está buscando lazer numa cidade praiana, de modo que
esse simbolismo faz parte do cotidiano de muitos, sem nem mesmo ser notado. Isso deveria
levar à reflexão de que o oculto nem sempre corresponde àquilo que está literalmente
escondido, mas àquilo que poucos distinguem, mesmo estando diante dos olhos. Dizer que a
Maçonaria era secreta e agora se tornou apenas discreta não passa de dissimulação, mas
também ilustra a realidade de que as pessoas andam ocupadas (ou acostumadas) demais
para enxergar o óbvio.
Os "iluminados" defendem a tese de que todas as religiões possuem uma origem em comum
e se empenham para integrá-las numa única religião universal. Bem fariam os cristãos se
compreendessem que por trás de tal proposição está o fato de que são essas grandes
organizações esotéricas, sim, que possuem uma mesma origem e partilham de muitas
semelhanças não casuais em termos de nomenclaturas, símbolos, princípios filosóficos e
objetivos velados que disseminam em diferentes graus doutrinários.
II. Evidências
Módulo acrescentado em 06/05/2011 com informações complementares
É bastante enganoso pensar que o triângulo envolvendo o olho represente uma única
organização, como se fosse uma logomarca registrada de uso privativo. Removê-lo do
contexto que compõe a nota de 1 dólar, como se estivesse restrito a uma única confraria
denominada "Illuminati" e isolar o termo "illuminati" como identificador exclusivo de uma
sociedade esotérica específica é ignorar a terminologia própria do jargão ocultista.
Não é difícil notar que entre as figuras geométricas, o triângulo é a que mais naturalmente
evoca a concepção da Trindade Cristã: Pai, Filho e Espírito Santo. Em adição, o olho é o
órgão mais adequado para representar o sentido de onisciência divina. Estabelecer quando e
como essa composição passou a fazer parte da iconografia católica por influência maçônica
na Igreja, é irrelevante. O fato é que pode ser vista adornando inúmeros templos, como no
caso daCatedral de Aachen (clique para ampliar):
Assim como também se pode notar o seu uso ostensivo dentro no simbolismo maçônico.
2.4 Santos, SP
Obs.: Nas Lojas/Templos do Brasil, o triângulo fulgurante com "O Olho que Tudo Vê",
geralmente, ocupa posição central entre os símbolos do Sol e da Lua. Qualquer pesquisa
utilizando a sigla GOB ou Grande Oriente do Brasil, associada à palavra templo ou loja,
resultará em muitos outros exemplos nacionais.
Não obstante, ainda que esse mesmo símbolo possa ser encontrado tanto em Igrejas quanto
em Lojas/Templos Maçônicos, é ingênuo acreditar que eles referenciem o mesmo Deus dos
Evangelhos.
De certo ponto de vista, pode-se dizer que não é inteiramente falso negar que a Maçonaria
seja UMA religião, pois ela (assim como a Teosofia e outras sociedades) se considera fiel
depositária dos princípios originais de TODAS as religiões, dentro de um projeto de
unificação das diversas crenças existentes. Tanto é assim que uma das exigências para ser
admitido na Maçonaria é a convicção na existência em um Ser Supremo (não importa qual
seja) que é genericamente cognominado de GADU (Grande Arquiteto do Universo).
Podemos desvendar a identidade do GADU num breve vislumbre de citações colhidas entre
alguns dos maiores expoentes da filosofia esotérica, em franca apologia a Lúcifer/Satã:
"Neste caso, é de todo natural – tendo em vista a letra morta - que se considere Satã, a
Serpente do Gênesis, como o verdadeiro criador e benfeitor, o Pai Espiritual da Humanidade.
Porque foi ele o 'Portador da Luz', o brilhante e radioso Lúcifer que abriu os olhos do
autômato que Jeová criara (como se pretende)."
"Satanás é aquele anjo suficientemente orgulhoso para acreditar que era Deus; corajoso o
suficiente para comprar a sua independência ao preço da eterna tortura e eterno sofrimento;
belo o suficiente para ter adorado a si próprio em divina luz; forte o suficiente para ainda
reinar na escuridão em meio à agonia, e para ter feito um trono para si próprio desta pira
inextinguível"
"Quando o maçom aprende que o segredo para o guerreiro é a correta aplicação do dínamo
do poder da vida, ele aprendeu o mistério de sua Arte. As energias ardentes de Lúcifer estão
em suas mãos e antes que ele possa avançar para a frente e para cima, precisa provar sua
capacidade de aplicar corretamente a energia."
Manly P. Hall, The Lost Key to Freemasonry, publicado pela Macoy Publishing and Masonic
Supply Company, Richmond, Virgínia, 1976
"Para vocês, Soberanos Grandes Inspetores Gerais, nós dizemos isto, que vocês podem
repetir para os irmãos dos graus 32, 31 e 30: A Religião Maçônica deve ser, por todos nós
iniciados dos altos níveis, mantida na pureza da Doutrina Luciferiana"; "Sim, Lúcifer é
Deus..."; "E a verdadeira e pura religião filosófica é a crença em Lúcifer, o igual de Adonai;
Mas Lúcifer, Deus da luz e Deus do bem, está lutando pela humanidade contra Adonai, o
Deus da escuridão e do mal."