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TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO

DIREITO AGRÁRIO

TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO

1) Introdução

Vamos estudar nesta disciplina a questão agrária, ou seja, trataremos de


relações jurídicas, econômicas e sociais oriundas da atuação humana no
setor primário da economia (agricultura, pecuária, pesca e extrativismo
mineral) e de sua repercussão (no meio ambiente, na indústria, no
transporte e comercialização de produtos).

Para Marcelo Dias VARELLA "direito agrário é o conjunto de normas e


princípios que visam regular e desenvolver a atividade agrária e promover o
bem-estar da sociedade "1.

O direito agrário preocupa-se com o homem, a propriedade rural e envolve


as normas que disciplinam a estrutura fundiária e a política agrícola brasileira.
Daí sua importância.

Hoje, muitos dos conflitos gerados no campo questionam: a posse, a


propriedade, sua função social, a preservação do meio ambiente e a busca
pela sustentabilidade.

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Tratar, portanto, de Direito Agrário significa entender o ruralismo e as


dificuldades que cercam o tema.

2) Evolução Histórica

1
MOREIRA, Júlio da Silveira. O Direito Agrário e o princípio democrático. Disponível em
http://www.lfg.com.br 08 setembro. 2008.
O vínculo dos indivíduos com a terra está na raiz, na história das
sociedades.
A natureza e os recursos que ela oferecia foram vistos pela humanidade
como respaldo e solução de seus problemas econômicos, religiosos e
existenciais.
O interesse humano, nos primórdios da civilização, era retirar da natureza
seu sustento, permitindo a sobrevivência das famílias, grupos ou clãs.
Em uma fase posterior, como na antiga civilização mesopotâmica, a
preocupação do indivíduo é voltada para utilizar racionalmente a terra e os
recursos existentes. Hidráulicas eram as designações para certas civilizações
(como a localizada entre os Rios Tigre e Eufrates) que viviam da agricultura e
cultivo da terra na cheia e vazante dos rios.
Outros povos, como egípcios, indianos e chineses também detinham
conhecimento acerca dos recursos naturais e de sua manipulação para
alimentação (armazenamento em silos) e mantença da sociedade.
Estes povos dependiam respectivamente dos rios Nilo, Indo e Amarelo para
sustento de suas gentes. Além dos produtos cultivados, tais povos utilizavam a
sustentabilidade. Uma árvore, não apenas podia elaborar os objetos cotidianos,
mas suas folhas serviam para cobrir casas mais simples, seus frutos eram
alimentos e seus caroços destinavam-se como combustíveis e ração animal.
Os rios eram sustentáculo das plantações e também serviam de importante
canal para o comércio e troca de mercadorias com outras civilizações.
A religião destes povos se entrelaçava com as forças da natureza. Assim,
preservar a terra, as plantas, as criaturas, demonstrava consciência de
posse, ou seja, cuidar e respeitar o direito dos demais.
O Código de Hamurabi revela o pensamento da época sobre a natureza e o
cultivo da terra:
(....)53. Se alguém for preguiçoso demais para manter sua
barragem em condições adequadas, não fazendo a manutenção
desta: caso a barragem se rompa e todos os campos forem
alagados, então aquele que ocasionou tal problema deverá ser
vendido por dinheiro, e o dinheiro deve substituir os cereais que
ele prejudicou com seu desleixo.

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54. Se ele não for capaz de substituir os cereais, então ele e suas
posses deverão ser divididos entre os agricultores cujos grãos ele
alagou. (...)
63. Se ele transformar terras ruins em campos aráveis e devolver
a terra a seu dono, o dono deverá pagar a ele por um ano dez gur
2
por dez gan.”
Os egípcios, desde os primórdios da civilização até hoje, vivem e
sobrevivem graças ao rio Nilo. As irrigações e barragens permitem o cultivo
de produtos agrícolas, frutas, plantas (linho) que abastecem a população.

2
FIGUEIREDO, Amazonas de. A Lei das XII Táboas e o Código de Hamurabi. Belém: Revista da Faculdade
Livre de Direito do Estado do Pará, 1918, p. 89-110.
Em épocas antigas as terras cultiváveis, pertenciam, em sua grande parte, aos
faraós e nobres.
Outra antiga civilização, a grega, também foi fundamental para
compreensão da importância da terra e dos recursos naturais para a vida
humana. Platão menciona as florestas como fontes reguladoras do ciclo das
águas e agentes protetores contra a erosão.
A partir da civilização romana, por outro lado, notamos a sedimentação
dos conceitos e filosofias helenistas, com a codificação das normas, que foi o
destaque deste povo.
Antes da análise das leis romanas que regiam a questão das terras,
devemos entender que o povo romano já conhecia a propriedade particular
de bens móveis e imóveis:

“O pátrio poder do pater famílias abrangia, além das pessoas livres e


dos escravos pertencentes à família, também os bens patrimoniais
desta. Assim, o poder jurídico sobre coisas, na origem, estava incluído
na pátria potestas e a propriedade não tinha nome distinto. (...) Não
faltam provas da originária propriedade coletiva sobre terras, exercida
pelas gentes (conjunto de famílias coligadas por descenderem de um
tronco ancestral comum), terras que passaram, posteriormente, à
propriedade do Estado (agri publici). Conforme a lenda, a propriedade
particular foi reconhecida desde a fundação de Roma, mas quanto aos
imóveis, limitada a dois lotes (jugera) de terra, que podiam servir para
construir a casa e a horta. Evidentemente, porém, grande terras aráveis
foram distribuídas em propriedade particular, já antes da Lei das XII
Tábuas, no século V a. C.”(MARKY, Thomas. Curso Elementar de
Direito Romano – 4a. ed. – São Paulo: Saraiva, 1988, p.65).
Os romanos foram imprescindíveis para a criação do sistema jurídico
ocidental. Toda a visão do sistema normativo europeu encontrou seu berço na
concepção romana sobre “dar a cada um o que é seu” e “não prejudicar a
ninguém”.
A sistematização do Direito Romano se deu lentamente, através de
inúmeras tentativas. Pode ser apontada como o marco mais importante do

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período arcaico no Direito Romano (fundação de Roma no século VIII a.C. até
o século II a.C.), a Lei das XII Tábuas (451 a 450 a.C.) que já previa em sua
Tábua VIII – De Delicts, o regramento específico para danos envolvendo
animais e propriedades:

“IX – Aquele que causa, à noite, furtivamente, destruição, ou apascenta o


seu rebanho sobre colheitas, seja votado a Ceres e punido de morte;
sendo impúbere, será vergastado ao critério do magistrado e condenado
a reparar o dano em duplos.
X – Aquele que causa incêndio num edifício, ou num moinho de trigo
próximo de uma casa, se o faz conscientemente, seja amarrado, flagelado
e morto pelo fogo; se o faz por negligência, será condenado a reparar o
dano; se for muito pobre, fará a indenização parceladamente.
XI – Contra aquele que corta injustamente as árvores de outrem, aplique-
3
se a pena de vinte e cinco “as” sobre cada árvore cortada.”
Apenas em 527 d.C. houve uma compilação concreta da legislação
romana que sofrera modificações com o decorrer do tempo, cabendo a
Justiniano, do Império Romano do Oriente, a preservação e sedimentação do
complexo de normas romanas, finalmente chamando-a de Corpus Iuris Civitis.
Esta codificação foi o berço, inclusive de legislações latinas, visto que o
Corpus Iuris Civitis influenciou as Ordenações do Reino e o próprio Código Civil
brasileiro de 1916.
A questão da terra ficou ligada, portanto, à codificação romana,
quando tratamos dos institutos de posse e responsabilidade por danos
causados a outrem.
Entre os séculos V a XIII, período caracterizado como a Idade Média, o
sistema prevalente era o feudalismo. Nele havia clara subordinação do
camponês à nobreza. O uso da terra era o âmago das relações sociais:
“Enquanto a sociedade feudal permanecia estática, com relação entre
senhor e servo fixada pela tradição, foi praticamente impossível ao
camponês melhorar sua condição. (...) Quando surgem cidades nas
quais os habitantes se ocupavam total ou principalmente do comércio e
da indústria, passam a ter necessidade de obter do campo o suprimento
de alimentos. Surge, portanto, uma divisão do trabalho entre cidade e
campo. Uma se concentra na produção industrial e no comércio, o outro
na produção agrícola para abastecer o crescente mercado representado
pelos que deixaram de produzir o alimento que consomem. (...) É fato
surpreendente, mas verídico, que na época apenas metade das terras
da França, um terço da Alemanha, um quinto da Inglaterra eram
cultivados. O resto simplesmente consistia de florestas, pântanos,
terrenos inaproveitados. Em torno das pequenas regiões cultivadas
abria-se à colonização toda essa enorme área. A Europa do Século XII
tinha a sua fronteira móvel, tal como a América do Século XVII. E o
desafio das terras inaproveitadas, dos pântanos e florestas foi aceito
4
pelos camponeses habituados ao trabalho duro ...” (Huberman, Leo ).

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Os senhores feudais eram os proprietários da terra e os vassalos (na
maior parte, camponeses) possuíam o domínio útil dos bens. A transferência
do domínio útil era registrada pelo senhor feudal, o que deu origem ao
sistema alemão da transmissão da propriedade imobiliária (DINIZ, Maria
Helena. Sistemas de Registros de Imóveis. – 8a. ed. – São Paulo: Saraiva,
2009, p.15).
Já no século XV o paradigma se modifica porque a riqueza passa das
terras para a acumulação de dinheiro, ou seja, do capital advindo do
comércio.

3
Lei das XII tábuas. Texto latino e português. In: CARLETTI, Brocardos jurídicos, p. 1-80. FERREIRA, Vieira.
O concurso de credores na Lei das XII tábuas. Jornal do Comércio, 89, supl., p. 13-15, jan./mar. 1949.
4
Huberman, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 17a. ed., p. 49-50.
“No período entre os séculos XV e XVII as pessoas, assim como os
países, buscaram, então, meios de se enriquecer. Como achavam que a
melhor forma de enriquecer era conseguir ouro e prata, desenvolveram o
comércio. Foi uma verdadeira Revolução Comercial, que não significou
apenas aumento das trocas de mercadorias, mas também conquistas,
pilhagens, escravidão; tudo o que pudesse ser transformado em ouro e
prata” (DE AQUINO, Rubim Santos Leão; DE ALVARENGA, Francisco
Jacques Moreira; Franco, Denize de Azevedo; LOPES, Oscar Guilherme
Pahl Campos. História das Sociedades. Das sociedades modernas às
sociedades atuais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S/ª 2a. ed., p. 3.)

Neste cenário surgem as colônias. Com o Tratado de Tordesilhas


(assinado em 7 de junho de 1494) foi assegurada a Portugal a posse de
terras descobertas, considerando o meridiano localizado a 370 léguas a oeste
da ilha de Cabo Verde. Os territórios espanhóis seriam o do oeste e os
lusitanos os que ficavam a leste do meridiano.
O Brasil, então colônia de Portugal, teve suas terras consideradas como
de domínio público da Coroa Portuguesa.
A propriedade privada, nesta época, é instituída para incentivar a
ocupação, a posse útil das terras descobertas, justificando a exploração
colonial.
As Ordenações do Reino permitiam a doação de terras, sem
transferência do pleno domínio. “(...) O regime latifundiário das sesmarias
implantou no Brasil o sistema das grandes concessões de terras, outorgadas
pelos donatários, pelos governadores gerais e pelos capitães gerais, em nome
da Coroa” (MAGALHÂES, Juraci Perez. A evolução do direto ambiental no
Brasil. – 2a. ed. aum. – São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002, p.23.).
Portanto, a entrega de grandes porções de terras visava que fossem as
mesmas fossem cultivadas e produtivas. “As terras devolutas eram doadas a
particular e que pelo não-uso seriam restituídas à Coroa”.(DINIZ, Maria Helena,
op. cit., p. 16).
Merece destaque a colocação de Nelson Nozoe sobre a questão das
sesmarias e o apossamento de terras no Brasil Colônia:

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“A legislação fundiária aplicada no decorrer de nosso período colonial foi
baixada de modo descontinuado, dispersa em um amplo número de
avisos, resoluções administrativas, cartas de doação, forais e os textos
das Ordenações. Essa gama de dispositivos legais ensejou uma
legislação fragmentada, nem sempre coesa, revogada e reafirmada de
tempos em tempos. Apesar disso, nela é possível verificar que as
sesmarias constituem o regime jurídico básico acerca da terra. Instituído
5
no reinado de Fernando I como lei agrária de fomento da produção
agrícola e do cultivo de terras esmas – reconsquistadas aos mouros ou
deixadas ao abandono por conta do declínio da população rural
dizimada pela peste negra ou rarefeita pelo êxodo em direção aos
centros urbanos - , a medida foi, posteriormente, denominada das

5
Em Portugal.
sesmarias. Modelada com base em usos e procedimentos legais
legados pela tradição, essa norma jurídica constituiu-se no principal
meio de promoção da colonização e do aproveitamento dos vastos
territórios do além mar que a expansão ultramarina colocou sob o
domínio da Coroa lusitana. A transposição deste instituto jurídico para
terras brasileiras deu-se em face do desejo da Coroa portuguesa de
promover o povoamento e o aproveitamento por particulares, de um
lado, e, de outro, da ausência de um meio legal alternativo para viabilizar
aqueles intentos”. (disponível em
http://www.anpec.org.br/revista/vol7/vol7n3p587_605.pdf)

A Resolução de 17 de julho de 1822 colocou fim ao sistema da


sesmaria:

RESOLUÇÃO n°. 76

(CONSULTA DA MESA DO DESEMBARGO DO PAÇO)

17 DE JULHO DE 1822

Manda suspender a concessão de sesmarias futuras


até a convocação da Assembléia Geral Constituinte.
Foi ouvida a Mesa do Desembargo do Paço sobre o requerimento em que
Manoel José dos Reis pede ser Conservado na posse das terras em que vive há mais de
20 anos com a sua numerosa família de filhos e netos, não sendo jamais as ditas terras
compreendidas na medição de algumas sesmarias que se tenha concedido
posteriormente.
Responde o Procurador da Coroa e Fazenda: Não é competente este meio. Deve
portanto instaurar o suplicante novo requerimento pedindo por sesmaria as terras de
que trata, e de que se acha de posse; e assim se deve consultar.

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Parece à Mesa o mesmo que ao Desembargador Procurador da Coroa e
Fazenda, com quem se conforma. Mas V. A. Real Resolverá o que houver por bem. Rio
de Janeiro, 8 de julho de 1822.

Resolução

Fique o suplicante na posse das terras que tem cultivado e suspendam-se todas
as sesmarias futuras até a convocação da Assembléia Geral, Constituinte e Legislativa.
Paço, 17 de julho de 1822.

Com a rubrica de S. A. Real o Príncipe Regente

José Bonifácio de Andrada e Silva

Em 1822, a independência do Brasil resultou numa nova ordem jurídica.


A Constituição do Império em 1824 revela a preocupação com a preservação
das terras e de sua propriedade:
Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos
Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.
XXII. E'garantido o Direito de Propriedade em toda a sua plenitude. Se o bem
publico legalmente verificado exigir o uso, e emprego da Propriedade do
Cidadão, será elle préviamente indemnisado do valor della. A Lei marcará os
casos, em que terá logar esta unica excepção, e dará as regras para se
determinar a indemnisação.

Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao24.htm

Em 1850, a Lei No. 601 (de 18 de setembro de 1850) instituiu a


primeira Lei de Terras do país:

LEI No 601, DE 18 DE SETEMBRO DE 1850.


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Dispõe sobre as terras devolutas do
Império.

Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas
por titulo de sesmaria sem preenchimento das condições legais. bem como por
simples titulo de posse mansa e pacifica; e determina que, medidas e
demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a titulo oneroso, assim para
empresas particulares, como para o estabelecimento de colonias de nacionaes
e de extrangeiros, autorizado o Governo a promover a colonisação extrangeira
na forma que se declara D. Pedro II, por Graça de Deus e Unanime
Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do
Brasil (...).
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L0601-1850.htm
As hipóteses de ocupação das terras, no Brasil Imperial, com o advento
desta lei, eram quatro:

a) terras não distribuídas, ou que, concedidas a terceiros, haviam
voltado ao Estado - chamadas, genericamente, devolutas, com visível
impropriedade, pois devoluto, a rigor, se devia considerar o solo que,
dado a particulares, fora devolvido ao poder público, tornando ao senhor
primitivo;
b) terras dadas regularmente de sesmaria, e cujos beneficiários, tendo
satisfeito a todas as condições e exigências legais, lhe haviam
adquirido o domínio pleno, assegurado pela norma do art. 179, XXII,
da Constituição de 25 de março de 1824;
c) terras dadas de sesmaria, cujos titulares não haviam atendido às
exigências da lei, perdendo assim o direito à data, figurando como
sesmeiros não legítimos e
d) áreas simplesmente ocupadas por pessoas sem nenhum título,
situadas de fato, a rigor intrusos, apenas amparados pelo princípio
romano do melhor est conditio possidentis”. (COSTA PORTO,
Sesmarialismo e estrutura fundiária. Revista de Direito Agrário, I: 44;
Gustavo Elias Kallás Rezek, Imóvel Agrário, Curitiba, Juruá, 2007, p. 81-
88 apud DINIZ, Maria Helena. Op. Cit. p. 17).
Em 1854, o Decreto 1.318 (de 30 de janeiro de 1854) tentou regular a
questão das terras. O decreto instituiu o procedimento para se ter o rol dos
possuidores de terra. O pároco (ou vigário) recebia as declarações para o
registro das terras (art. 97). Era o registro paroquial.
Decreto nº 1318 de 30 de Janeiro de 1854
Manda executar a Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850.

Em virtude das autorizações concedidas pela Lei nº 601, de 18 de setembro de


1850, Hei por bem que, para execução da mesma Lei, se observe o

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Regulamento que com este baixa, assinado por Luiz Pedreira do Coutto Ferraz,
do meu Conselho, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império,
que assim o tenha entendido, e faça executar. Palácio do Rio de Janeiro em
trinta de janeiro de mil oitocentos e cinqüenta e quatro, trigésimo terceiro da
Independência e do Império.
Com a Rubrica de Sua Majestade o Imperador.
Luiz Pedreira do Couto Ferras.
Disponível em: http://www.itesp.sp.gov.br/br/info/legislacao/decreto_1318.aspx
Outras normas regularam o registro e a questão das terras no Brasil Imperial
(Lei 1.237 de 24 de setembro de 1864, Lei 3.272, de 5 de outubro de 1885,
Decreto 169-A, de 19 de janeiro de 1890, Decreto 451-B, de 31 de maio de
1890).
A Constituição de 1891, Carta Republicana, tratou da questão agrária
nos art. 64 e 71:

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL ( DE


24 DE FEVEREIRO DE 1891)

Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso


Constituinte, para organizar um regime livre e democrático, estabelecemos,
decretamos e promulgamos a seguinte

CONSTITUIÇÃO DA REPúBLICA DOS ESTADOS

UNIDOS DO BRASIL

(...)
Art 64 - Pertencem aos Estados as minas e terras devolutas situadas nos seus
respectivos territórios, cabendo à União somente a porção do território que for
indispensável para a defesa das fronteiras, fortificações, construções militares
e estradas de ferro federais.

(...)
Art 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
§ 17 - O direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salva a
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização
prévia.

Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao91.htm

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Além da norma constitucional, a posse, a propriedade de bens imóveis,
usucapião e outros institutos acabaram detalhados no Código Civil de 1916
(que passou a regular em seu art. 488 e segs a questão dos direitos reais).
A Constituição de 1934 também tratou da questão fundiária,
mencionando o direito dos índios sobre suas terras, a concessão de terras, o
domínio de terras por posse prolongada, etc. Também utilizou o designativo
“Direito Rural” em seu corpo:

Art 5º - Compete privativamente à União:

XIX - legislar sobre:

(...)
c) normas fundamentais do direito rural, do regime penitenciário, da arbitragem
comercial, da assistência social, da assistência judiciária e das estatísticas de
interesse coletivo;

(...)
Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à
segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
17) É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o
interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação
por necessidade ou utilidade pública far-se-á nos termos da lei, mediante
prévia e justa indenização. Em caso de perigo iminente, como guerra ou
comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da propriedade
particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização
ulterior.
Art 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições
do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do
trabalhador e os interesses econômicos do País.
§ 5º - A União promoverá, em cooperação com os Estados, a organização de
colônias agrícolas, para onde serão encaminhados os habitantes de zonas
empobrecidas, que o desejarem, e os sem trabalho.

Art 125 - Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar,
por dez anos contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio,
um trecho de terra até dez hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e
tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio do solo, mediante sentença
declaratória devidamente transcrita.

Art 126 - Serão reduzidos de cinqüenta por cento os impostos que


recaiam sobre imóvel rural, de área não superior a cinqüenta hectares e de
valor até dez contos de réis, instituído em bem de família.

Art 129 - Será respeitada a posse de terras de silvícolas que nelas se achem.
permanentemente localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las.

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Art 130 - Nenhuma concessão de terras de superfície, superior a dez mil
hectares poderá ser feita sem que, para cada caso, preceda autorização do
Senado Federal.

Art 166 - Dentro de uma faixa de cem quilômetros ao longo das fronteiras,
nenhuma concessão de terras ou de vias de comunicação e a abertura destas
se efetuarão sem audiência do Conselho Superior da Segurança Nacional,
estabelecendo este o predomínio de capitais e trabalhadores nacionais e
determinando as ligações interiores necessárias à defesa das zonas servidas
pelas estradas de penetração.
§ 3º - O Poder Executivo, tendo em vista as necessidades de ordem sanitária,
aduaneira e da defesa nacional, regulamentará a utilização das terras públicas,
em região de fronteira pela União e pelos Estados ficando subordinada à
aprovação do Poder Legislativo a sua alienação.

Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao34.htm

A Constituição de 1937 praticamente manteve as disposições acerca


da terra e dos limites de sua utilização (arts. 122, 148, 155, 165).
A proposição de condicionar, ao bem estar social, o uso da
propriedade ficou para a Constituição de 1946.
Foi a Emenda Constitucional No. 10 de 1964 que primeiro tratou como
designativo constitucional o Direito Agrário:
Art. 1º A letra a do nº XV do art. 5º da Constituição Federal passa a vigorar com
a seguinte redação:
“Art. 5º Compete à União:
XV – Legislar sobre:
a) Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral, Aeronáutico, do
Trabalho e Agrário”;

O marco de nossa disciplina foi a Lei 4.504, de 30 de novembro de


1964 – Estatuto da Terra, que completou a autonomia deste ramo do Direito.
Outras normas a complementam e formam o corpo do Direito Agrário
Brasileiro.
Vejamos, então algumas definições previstas no Estatuto da Terra:
Princípios e Definições
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens
imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da
Política Agrícola.
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a
promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua
posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de

TEORIA GERAL DO DIREITO AGRÁRIO


produtividade.
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de
amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da
economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o
pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização
do país.
Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da
terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função
social quando, simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela
labutam, assim como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de
trabalho entre os que a possuem e a cultivem.

Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L4504.htm
A promulgação da Constituição de 1988 consolidou a questão da
função social da propriedade e determinou a criação de uma justiça agrária,
especializada na questão rural (art. 126).

Destacam-se entre as leis que regem a matéria rural, a Política Nacional


de Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais (Lei
11.326/2006) e a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (aprovada pela Lei 12.188, de 10
de janeiro de 2010). Ambas buscam a implementação, sobretudo do
desenvolvimento rural sustentável de assentados da reforma agrária, dos
povos indígenas, dos remanescentes de quilombos e dos demais povos e
comunidades tradicionais; de agricultores familiares ou empreendimentos
familiares rurais, os silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores, bem
como os beneficiários de programas de colonização e irrigação.

Com estes contornos da evolução histórica do Direito Agrário finalizamos


nossa primeira aula. No nosso próximo encontro verificaremos as várias
acepções do direito agrário e as características que o moldam.

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