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DIREITO AGRÁRIO
1) Introdução
2) Evolução Histórica
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MOREIRA, Júlio da Silveira. O Direito Agrário e o princípio democrático. Disponível em
http://www.lfg.com.br 08 setembro. 2008.
O vínculo dos indivíduos com a terra está na raiz, na história das
sociedades.
A natureza e os recursos que ela oferecia foram vistos pela humanidade
como respaldo e solução de seus problemas econômicos, religiosos e
existenciais.
O interesse humano, nos primórdios da civilização, era retirar da natureza
seu sustento, permitindo a sobrevivência das famílias, grupos ou clãs.
Em uma fase posterior, como na antiga civilização mesopotâmica, a
preocupação do indivíduo é voltada para utilizar racionalmente a terra e os
recursos existentes. Hidráulicas eram as designações para certas civilizações
(como a localizada entre os Rios Tigre e Eufrates) que viviam da agricultura e
cultivo da terra na cheia e vazante dos rios.
Outros povos, como egípcios, indianos e chineses também detinham
conhecimento acerca dos recursos naturais e de sua manipulação para
alimentação (armazenamento em silos) e mantença da sociedade.
Estes povos dependiam respectivamente dos rios Nilo, Indo e Amarelo para
sustento de suas gentes. Além dos produtos cultivados, tais povos utilizavam a
sustentabilidade. Uma árvore, não apenas podia elaborar os objetos cotidianos,
mas suas folhas serviam para cobrir casas mais simples, seus frutos eram
alimentos e seus caroços destinavam-se como combustíveis e ração animal.
Os rios eram sustentáculo das plantações e também serviam de importante
canal para o comércio e troca de mercadorias com outras civilizações.
A religião destes povos se entrelaçava com as forças da natureza. Assim,
preservar a terra, as plantas, as criaturas, demonstrava consciência de
posse, ou seja, cuidar e respeitar o direito dos demais.
O Código de Hamurabi revela o pensamento da época sobre a natureza e o
cultivo da terra:
(....)53. Se alguém for preguiçoso demais para manter sua
barragem em condições adequadas, não fazendo a manutenção
desta: caso a barragem se rompa e todos os campos forem
alagados, então aquele que ocasionou tal problema deverá ser
vendido por dinheiro, e o dinheiro deve substituir os cereais que
ele prejudicou com seu desleixo.
2
FIGUEIREDO, Amazonas de. A Lei das XII Táboas e o Código de Hamurabi. Belém: Revista da Faculdade
Livre de Direito do Estado do Pará, 1918, p. 89-110.
Em épocas antigas as terras cultiváveis, pertenciam, em sua grande parte, aos
faraós e nobres.
Outra antiga civilização, a grega, também foi fundamental para
compreensão da importância da terra e dos recursos naturais para a vida
humana. Platão menciona as florestas como fontes reguladoras do ciclo das
águas e agentes protetores contra a erosão.
A partir da civilização romana, por outro lado, notamos a sedimentação
dos conceitos e filosofias helenistas, com a codificação das normas, que foi o
destaque deste povo.
Antes da análise das leis romanas que regiam a questão das terras,
devemos entender que o povo romano já conhecia a propriedade particular
de bens móveis e imóveis:
3
Lei das XII tábuas. Texto latino e português. In: CARLETTI, Brocardos jurídicos, p. 1-80. FERREIRA, Vieira.
O concurso de credores na Lei das XII tábuas. Jornal do Comércio, 89, supl., p. 13-15, jan./mar. 1949.
4
Huberman, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 17a. ed., p. 49-50.
“No período entre os séculos XV e XVII as pessoas, assim como os
países, buscaram, então, meios de se enriquecer. Como achavam que a
melhor forma de enriquecer era conseguir ouro e prata, desenvolveram o
comércio. Foi uma verdadeira Revolução Comercial, que não significou
apenas aumento das trocas de mercadorias, mas também conquistas,
pilhagens, escravidão; tudo o que pudesse ser transformado em ouro e
prata” (DE AQUINO, Rubim Santos Leão; DE ALVARENGA, Francisco
Jacques Moreira; Franco, Denize de Azevedo; LOPES, Oscar Guilherme
Pahl Campos. História das Sociedades. Das sociedades modernas às
sociedades atuais. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico S/ª 2a. ed., p. 3.)
5
Em Portugal.
sesmarias. Modelada com base em usos e procedimentos legais
legados pela tradição, essa norma jurídica constituiu-se no principal
meio de promoção da colonização e do aproveitamento dos vastos
territórios do além mar que a expansão ultramarina colocou sob o
domínio da Coroa lusitana. A transposição deste instituto jurídico para
terras brasileiras deu-se em face do desejo da Coroa portuguesa de
promover o povoamento e o aproveitamento por particulares, de um
lado, e, de outro, da ausência de um meio legal alternativo para viabilizar
aqueles intentos”. (disponível em
http://www.anpec.org.br/revista/vol7/vol7n3p587_605.pdf)
RESOLUÇÃO n°. 76
17 DE JULHO DE 1822
Resolução
Fique o suplicante na posse das terras que tem cultivado e suspendam-se todas
as sesmarias futuras até a convocação da Assembléia Geral, Constituinte e Legislativa.
Paço, 17 de julho de 1822.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao24.htm
Dispõe sobre as terras devolutas no Império, e acerca das que são possuídas
por titulo de sesmaria sem preenchimento das condições legais. bem como por
simples titulo de posse mansa e pacifica; e determina que, medidas e
demarcadas as primeiras, sejam elas cedidas a titulo oneroso, assim para
empresas particulares, como para o estabelecimento de colonias de nacionaes
e de extrangeiros, autorizado o Governo a promover a colonisação extrangeira
na forma que se declara D. Pedro II, por Graça de Deus e Unanime
Acclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do
Brasil (...).
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L0601-1850.htm
As hipóteses de ocupação das terras, no Brasil Imperial, com o advento
desta lei, eram quatro:
“
a) terras não distribuídas, ou que, concedidas a terceiros, haviam
voltado ao Estado - chamadas, genericamente, devolutas, com visível
impropriedade, pois devoluto, a rigor, se devia considerar o solo que,
dado a particulares, fora devolvido ao poder público, tornando ao senhor
primitivo;
b) terras dadas regularmente de sesmaria, e cujos beneficiários, tendo
satisfeito a todas as condições e exigências legais, lhe haviam
adquirido o domínio pleno, assegurado pela norma do art. 179, XXII,
da Constituição de 25 de março de 1824;
c) terras dadas de sesmaria, cujos titulares não haviam atendido às
exigências da lei, perdendo assim o direito à data, figurando como
sesmeiros não legítimos e
d) áreas simplesmente ocupadas por pessoas sem nenhum título,
situadas de fato, a rigor intrusos, apenas amparados pelo princípio
romano do melhor est conditio possidentis”. (COSTA PORTO,
Sesmarialismo e estrutura fundiária. Revista de Direito Agrário, I: 44;
Gustavo Elias Kallás Rezek, Imóvel Agrário, Curitiba, Juruá, 2007, p. 81-
88 apud DINIZ, Maria Helena. Op. Cit. p. 17).
Em 1854, o Decreto 1.318 (de 30 de janeiro de 1854) tentou regular a
questão das terras. O decreto instituiu o procedimento para se ter o rol dos
possuidores de terra. O pároco (ou vigário) recebia as declarações para o
registro das terras (art. 97). Era o registro paroquial.
Decreto nº 1318 de 30 de Janeiro de 1854
Manda executar a Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850.
UNIDOS DO BRASIL
(...)
Art 64 - Pertencem aos Estados as minas e terras devolutas situadas nos seus
respectivos territórios, cabendo à União somente a porção do território que for
indispensável para a defesa das fronteiras, fortificações, construções militares
e estradas de ferro federais.
(...)
Art 72 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
§ 17 - O direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salva a
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização
prévia.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao91.htm
(...)
c) normas fundamentais do direito rural, do regime penitenciário, da arbitragem
comercial, da assistência social, da assistência judiciária e das estatísticas de
interesse coletivo;
(...)
Art 113 - A Constituição assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à subsistência, à
segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes:
17) É garantido o direito de propriedade, que não poderá ser exercido contra o
interesse social ou coletivo, na forma que a lei determinar. A desapropriação
por necessidade ou utilidade pública far-se-á nos termos da lei, mediante
prévia e justa indenização. Em caso de perigo iminente, como guerra ou
comoção intestina, poderão as autoridades competentes usar da propriedade
particular até onde o bem público o exija, ressalvado o direito à indenização
ulterior.
Art 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições
do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do
trabalhador e os interesses econômicos do País.
§ 5º - A União promoverá, em cooperação com os Estados, a organização de
colônias agrícolas, para onde serão encaminhados os habitantes de zonas
empobrecidas, que o desejarem, e os sem trabalho.
Art 125 - Todo brasileiro que, não sendo proprietário rural ou urbano, ocupar,
por dez anos contínuos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio,
um trecho de terra até dez hectares, tornando-o produtivo por seu trabalho e
tendo nele a sua morada, adquirirá o domínio do solo, mediante sentença
declaratória devidamente transcrita.
Art 129 - Será respeitada a posse de terras de silvícolas que nelas se achem.
permanentemente localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las.
Art 166 - Dentro de uma faixa de cem quilômetros ao longo das fronteiras,
nenhuma concessão de terras ou de vias de comunicação e a abertura destas
se efetuarão sem audiência do Conselho Superior da Segurança Nacional,
estabelecendo este o predomínio de capitais e trabalhadores nacionais e
determinando as ligações interiores necessárias à defesa das zonas servidas
pelas estradas de penetração.
§ 3º - O Poder Executivo, tendo em vista as necessidades de ordem sanitária,
aduaneira e da defesa nacional, regulamentará a utilização das terras públicas,
em região de fronteira pela União e pelos Estados ficando subordinada à
aprovação do Poder Legislativo a sua alienação.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao34.htm
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L4504.htm
A promulgação da Constituição de 1988 consolidou a questão da
função social da propriedade e determinou a criação de uma justiça agrária,
especializada na questão rural (art. 126).