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Aksara Somchinda

Fernando Chamoschine Fernandes

SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE:

UMA INTROSPECÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

BRASÍLIA - 2003
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA – DF
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

Aksara Somchinda

Fernando Chamoschine Fernandes

SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE:


UMA INTROSPECÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Monografia apresentada ao curso de especialização


da ABO – DF para obtenção do título de especialista
em Saúde Coletiva.

Orientador: Prof. Dr. Elson Fontes Cormack

BRASÍLIA, FEVEREIRO DE 2003.


ii

DEDICATÓRIA

Ao meu marido Osvaldo Jr.


e aos meus pais Vanchai e Jarunee,
toda a gratidão, pela dedicação e ajuda na busca do conhecimento que mudou
significativamente o curso da minha vida.

Aksara Somchinda

À minha esposa Gláucia


e aos meus pais Walter e Estelina (in memoriam)
pela especial e integral dedicação e compreensão pelas minhas ausências.

Fernando Chamoschine Fernandes


iii

AGRADECIMENTOS

Desejamos expressar nossos agradecimentos:

Ao Professor Dr. Elson Fontes Cormack pela disponibilidade, dedicação,

colaboração e orientação.

A Professora Drª Maria do Rosário de Menezes pela colaboração e atenção.

Ao Professor Dr. Jorge Alberto Cordón Portillo, às nossas preceptoras: Beatriz

Cristina Freitas, Edi Sinedino de Oliveira Sousa e Maria do Carmo F. de

Barros, aos caros colegas Fabrício Trindade Leal e Márcio Ribeiro Guimarães

e a Associação Brasileira de Odontologia – ABO – DF, na pessoa do Sr.

Josemar Bezerra – Diretor Social, pelo apoio e atenção.

Aos nossos familiares e amigos, aos nossos funcionários e pacientes que

compreenderam nossas ausências.

Aos nossos queridos e novos amigos do Lar dos Velhinhos Maria Madalena que

nos ensinaram (e continuam a ensinar) com suas histórias de vida e em especial a

sua diretoria, a assistência social, corpo de funcionários e a todos os idosos, que

direta ou indiretamente, nos acolheram e colaboraram para a realização deste

trabalho, o que agora desejamos compartilhar com você.


iv

EPÍGRAFE

Quando num sábado à tarde recebi o e-mail do Fernando me convidando

para orientar esse trabalho, eu estava coincidentemente indo à Brasília, logo no

domingo pela manhã, realizar um trabalho junto ao MEC e aproveitar para

comemorar o aniversário de meu irmão, brasiliense de última hora.

Como não acredito muito em coincidências, mas sim num plano maior que

rege todas as coisas, ainda tive o prazer de reencontrar na ABO-DF, depois de

longos anos, o ilustre amigo Professor Jorge Cordón, além de conhecer a Aksara,

parceira no desenvolvimento desse estudo.

Essa história delineia e exemplifica a importância desse trabalho,

desenvolvido a partir das histórias e relatos dos idosos do Lar dos Velhinhos

“Maria Madalena”. O material obtido por Fernando e Aksara nessas investigações,

levantado através dos depoimentos e entrevistas das pessoas, permite verificar

como as questões relativas à saúde, ao envelhecimento e a saúde bucal, se

manifestam no cotidiano de cada um dos indivíduos pesquisados.

Os impactos e as percepções diferem individualmente e se aglutinam em

perfis, que permitem, ao olhar atento dos pesquisadores, desvendar não apenas

as referências mais significativas, mas também captar as nuances existenciais


v

para indivíduos da terceira idade, descortinando referenciais essenciais para todos

aqueles que pretendam lidar com os idosos institucionalizados.

Concluo essa breve epígrafe, parafraseando Hosukaj, famoso pintor

japonês:

“Desde os seis anos que eu tinha a mania de desenhar a forma

das coisas. Quando estava com 50 anos, havia publicado uma

infinidade de desenhos; mas tudo que produzi antes dos 70 anos

não é digno de ser levado em conta. Aos 73 aprendi um pouco

sobre a verdadeira estrutura da natureza, dos animais, plantas,

pássaros, peixes e insetos. Em conseqüência, quando estiver com

80 anos, terei realizado mais progressos. Aos 90 penetrarei no

mistério das coisas. Aos 100, por certo, terei atingido uma fase

maravilhosa. E, quando fizer 110 anos, qualquer coisa que eu fizer,

seja um ponto ou uma linha, terá vida”.

Elson Fontes Cormack


SUMÁRIO
página
I. INTRODUÇÃO 01

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 03

1. A saúde geral e oral e sua relação com o idoso 08


2. Qualidade de vida e o idoso 13
3. O idoso e a família 20
4. O idoso e a sociedade 23
5. Exclusão social e a terceira idade 30
6. O Lar dos Velhinhos Maria Madalena 33
7. A pesquisa qualitativa em idosos 36

III. O PROBLEMA 41

IV. OBJETIVOS 42

1. Objetivo geral 42
2. Objetivos específicos 42

V. MATERIAL E MÉTODO 43

VI. RESULTADO 47

VII. DISCUSSÃO 65

VIII. CONCLUSÃO 72

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74

ANEXO I – Autorização da Instituição 80

ANEXO II – Aprovação da Comissão de Ética 81

ANEXO III – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 82

ANEXO IV – Programação das visitas 83

ANEXO V – Roteiro de entrevistas 85


vii

RESUMO

Esta pesquisa teve por objetivo descrever a saúde e a qualidade de vida na


terceira idade na percepção dos idosos institucionalizados do “Lar dos Velhinhos
Maria Madalena”, Brasília - DF.

Foi utilizada uma entrevista semi-estruturada com uso de filmadora para


transcrição dos dados, a fim de explorar suas experiências nos seguintes
aspectos: história de vida, familiar, social, cultural, econômico, saúde geral e oral e
qualidade de vida.

Para a pesquisa, aprovada pela comissão de ética, perfez-se um total de 14


idosos entrevistados e analisados, baseados na técnica fundamentada em teorias
metodológicas.

Os aspectos físicos, sociais e suas interações, relacionamento, econômico,


o bem-estar e auto-estima resultam um certo impacto na enfermidade e na
qualidade de vida. A condição de vida na terceira idade excede os limites da
responsabilidade pessoal dando ênfase que cada idoso é um idoso.

Palavras-chaves: Qualidade de Vida; Saúde; Asilo; Envelhecimento.


viii

ABSTRACT

This paper explores what constitute health and quality of life described by
elderly people living in a retired home “Lar dos Velhinhos Maria Madalena” Brasilia,
Brazil.

The authors used semi structured questionnaire and recorded interviews on


to videotape for transcription to explore their ideas and experiences of the following
aspects: life history, family, social, cultural, financial, psychology, general and oral
health and quality of life.

The researchers analyzed 14 interviews using a grounded theory approach


and the project was approved by the ethic committee.

Functional capacities, social activities and interactions, relationships,


income, emotional well-being and self esteem produce a profile of the impact of the
disease on quality of life. Condition of life for the elderly people is beyond
personnel responsibility and should be emphasize that each individual is one of the
kind.

Keyword: Quality of Life; Health; Retired Home; Ageing.


1

I. INTRODUÇÃO

Há uma clara evidência quanto ao crescente número de idosos na


população mundial, mais especificamente nos países em desenvolvimento, como
o Brasil, que tendenciosamente venha a ser uma das maiores do mundo.
Fundamentado nestes termos, a busca de uma melhor qualidade de vida e o
resgate dos anseios da terceira idade são aspectos, ainda, não muito discutidos, e
nem afirmados, nas diversas áreas da saúde, mas com uma sugerível
preocupação.

A senilidade, representativa a partir dos 60 anos de idade, mas podendo-se


encontrar dados à partir dos 65 anos, talvez pela variabilidade dos termos se
sociais ou técnico-científicos, mas que na verdade vários autores enfatizam que
não há um consenso nesta questão, constitui-se por um grupo heterogêneo,
devido às diferenças em experiência de vida acumulada por cada indivíduo, bem
como, pelas diferentes transformações que o organismo sofre com o passar dos
anos, devido a hábitos alimentares, de saúde, convívio social, por práticas
desportivas, entre outras.

Os problemas de saúde na terceira idade, sejam de ordem médica ou


odontológica, bem como a nível psicossocial, causam alterações no estilo de vida
dos idosos e, conseqüentemente, da qualidade de vida. E com o crescente
aumento da expectativa de vida, devido às melhorias no campo das ciências
médicas e da biotecnologia, percebe-se o surgimento de um novo mercado de
atenção, que apesar de um grande direcionamento comercial de atividades
desenvolvidas para os idosos, ainda falta o reconhecimento social como também
as garantias jurídicas desse grupo etário como cidadãos, como seres humanos
que verdadeiramente são.
2

Inserida neste contexto, a qualidade de vida, muito mais que predefinições


fundamentadas em teses filosóficas e científicas, possui um aspecto diferenciado
quando da linguagem popular. O olhar individual e a busca de suas verdadeiras
essencialidades são pessoais, e desta forma, muitas vezes imutável.

Cada indivíduo e de cada grupo humano procura interpretá-lo de acordo


com seus valores, princípios e interesse e utilizando os seus próprios e diferentes
indicadores. Daí a diversidade de interpretações de usos do conceito. E a
qualidade, por melhor ou pior que seja, de uma vida não é uma decisão pessoal,
suposta por um profissional, qualquer que seja a área de atuação, por ninguém.
Por isso é que se deseja saber quais os fatores que são realmente importantes
para a vida dos idosos institucionalizados. Mas com certeza será muito mais uma
determinação, uma vontade, um desejo de cada um deles.

Deve-se tomar essa grande decisão de tentar melhorar a vida, de entender


as coisas do mundo que nos cercam, de compreender o que vai dentro de todos e
de tudo aquilo que se pode, de certa forma, mudar, melhorar, evitar e impedir.

Em um processo de avaliação qualitativa, não interessa o ponto de vista


“geral” da população e sim de obter, pela compreensão verdadeira do grupo ou do
indivíduo em particular, as informações com fidelidade, transparecendo a verdade
interpretada pelos que fazem a própria história.

Uma aproximação da percepção dos idosos com relação à qualidade de


vida poderia servir de guia para formulações e práticas resolutivas às questões de
suas necessidades, orientando e, até, desenvolvendo soluções viáveis que
possibilitariam o resgate da terceira idade excluída, historicamente, da sociedade.
3

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Com o desenvolvimento da medicina, a expectativa de vida tende a


aumentar e, conseqüentemente, pacientes com idade mais avançada têm
procurado os cuidados profissionais do cirurgião-dentista, motivo que se leva a um
estudo mais aprofundado da senilidade (MANETT et al, 2002).

De repente a sociedade brasileira despertou para algo que não estava


preparada para perceber: o Brasil é um país que está envelhecendo. Sempre
tivemos o conceito de que éramos um país jovem e que o problema do
envelhecimento era assunto dos países desenvolvidos considerados de primeiro
mundo como Europa, América do Norte e Japão. No entanto, passamos a
perceber um número cada vez maior de idosos nas ruas, tanto em cidades do
interior como nas grandes cidades brasileiras. A imprensa e as estatísticas
começaram a mostrar números que demonstram este envelhecimento e alertar
para os problemas decorrentes dele.

Cabe considerar ainda que o gradativo envelhecimento da população, com


um conseqüente aumento da expectativa de vida ao nascer - característica antes
praticamente exclusiva dos países mais industrializados e ricos, tornou-se um
fenômeno irreversível tanto no Brasil quanto na maior parte dos países latino-
americanos (FANNY, 2000).

O Brasil iniciará o novo século com a população idosa crescendo


proporcionalmente quase oito vezes mais que os jovens e quase duas vezes mais
que a população em geral, é o que se pode concluir segundo dados do IBGE.
Desta forma, as pessoas com mais de 60 anos passarão de 6,3% da população
em 1980 para 14% em 2025, a qual será, em números absolutos, uma das
maiores populações de idosos do mundo, mais especificamente a sexta maior
população de idosos, como afirma CORMACK (2002) em seu trabalho.
4

O envelhecimento populacional brasileiro resultou da queda de nascimentos


que vem ocorrendo no país desde os anos 60, com a descoberta de vários
métodos anticoncepcionais, principalmente a pílula, que se somou a queda
progressiva nas taxas de mortalidade que vêm se manifestando desde o final da
segunda guerra mundial, nos anos 40. O mais importante em nosso
envelhecimento populacional é a velocidade com que o mesmo está ocorrendo.

A maior preocupação de uma pessoa que pensa no seu envelhecimento é


chegar à terceira idade sem ter uma doença que limite seu dia-a-dia e a torne
dependente de outras pessoas. Estudos realizados com pessoas idosas têm
demonstrado que a maioria considera a saúde como o valor mais fundamental,
reforçando o dito popular “o importante é estar com saúde”.

Envelhecer sem nenhuma doença crônica é mais a exceção do que a regra.


Estudos brasileiros têm demonstrado que, entre os idosos, a grande maioria (mais
de 85%) apresenta pelo menos uma enfermidade crônica e, cerca de 15%, pelo
menos cinco. No entanto, ao serem perguntados sobre a sua saúde, a metade
considerou regular, 36% boa ou ótima e somente 13% má ou péssima (Ministério
da Saúde, 2002).

Embora pareça, não estamos diante de uma contradição. Por exemplo, a


pessoa que tem pressão alta e trata adequadamente o problema poderá levar uma
vida normal como qualquer outra. Essa mesma pessoa somente irá considerar a
sua saúde ruim ou péssima se sofrer algum tipo de complicação, conseqüente da
falta de cuidados, como um “derrame cerebral” ou um infarto miocárdio que, aí
sim, podem causar limitações, que impeçam ou dificultem a realização de coisas
que antes ela fazia no dia-a-dia, necessitando assim do auxílio de outras pessoas.

A nossa capacidade de realizar as tarefas do cotidiano sem o auxílio


de outros, denominamos de capacidade funcional. Estas necessidades diárias são
5

de dois tipos: atividades básicas da vida diária (AVDs), (levantar-se da cama ou de


uma cadeira, andar, usar o banheiro, vestir-se, alimentar-se) e atividades
instrumentais da vida diária (AIVDs), (andar perto de casa, cuidar do seu dinheiro,
sair e tomar uma condução, fazer compras). Os estudos realizados no Brasil
também mostram que quase a metade dos idosos precisa de alguma ajuda para a
realização de pelo menos uma das atividades necessárias à sua da vida diária e
uma minoria significativa (7%) mostrou ser altamente dependente (Ministério da
Saúde, 2002).

Do ponto de vista de saúde pública, a capacidade funcional surge como um


conceito de saúde mais adequado para instrumentar e operacionalizar uma
política de atenção à saúde do idoso. Ações preventivas, assistenciais e de
reabilitação em saúde, devem objetivar e melhorar a capacidade funcional do
idoso, ou no mínimo mantê-la e, sempre que possível, recuperá-la. Um enfoque
que transcende o simples diagnóstico e tratamento de doenças específicas.

Mas para entendermos os idosos, necessitamos compreender conceitos,


muitas vezes buscar na história de vida das pessoas ou sujeitos da terceira idade,
soluções, mais especificamente respostas, sobre o envelhecimento e seu reflexo
na sociedade, na família, nos diversos segmentos científicos, na medicina e na
odontologia, bem como, o seu reflexo introspectivo, delimitado em cada etapa da
vida e suas transições.

Os períodos de transição são épocas em que somos testados. Essa


afirmação parece particularmente verdadeira nos anos de declínio, quando as
alterações em nosso corpo, em nossa psique e em nossas circunstâncias
repetidamente nos desafiam. O mundo que nos cerca se altera à medida que
antigos cenários desaparecem cedendo lugar a novos, velhos amigos partem ou
passam a ser estranhos, e papéis familiares se dissolvem, deixando-nos cada dia
mais frágeis e vulneráveis. Novos padrões, novos costumes e novas tarefas
tornam difícil o reconhecimento de nós mesmos (PRÉTAT, 1997).
6

Os idosos, ou seja, o segmento com 60 anos e mais de idade, por exemplo,


vêm, tendo seu peso relativo aumentado no total da população. Ao mesmo tempo,
os brasileiros vêm assistindo ao aumento de sua longevidade. Caracterizar esse
segmento por sexo, raça, escolaridade, renda, tipo de inserção na família,
mobilidade espacial, participação no mercado de trabalho é fundamental para que
se possam mapear suas necessidades e orientar políticas sociais visando prevenir
ou corrigir distorções por classe social, gênero, raça e geração.

Estudos no Canadá revelam que a população do mundo com idade acima


dos 65 poderá dobrar até 2020. Esses relatos induziram a novos caminhos na
Odontologia voltados para a terceira idade: o Brasil será, em 25 anos, a sexta
população de idosos do mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima
que o país terá 33 milhões de pessoas com esse perfil.

A dimensão assumida pela problemática do idoso tem provocado mudanças


na forma como a sociedade trata e representa a velhice. MAGALHÃES (1987)
observa que diferentes imagens da velhice são produzidas em função de
determinados meios sociais. Conforme os fatores envolvidos, os significados e
valores associados à velhice diferem a partir do referencial biológico, fatores não
biológicos (sociais, econômicos e psicológicos) marcam profundamente o ritmo,
natureza, a estrutura e as significações do que seja envelhecer.

É bem verdade que o envelhecimento vem sendo conceituado das mais


variadas formas por diferentes autores, com pressupostos conseqüentes da idade
ou da transformação cotidiana, sem contar em argumentos populares de cunho
social da representatividade do idoso. Segundo afirma CORMACK (2002), alguns
visualizam o envelhecimento como um processo biológico, outros mais como um
processo patológico ou como um processo sócio-econômico ou psicossocial. Se
analisarmos, em termos de conseqüências cronológicas ou psicológicas do
envelhecimento, encontraremos uma grande variação entre indivíduos, que afetam
7

a definição do envelhecimento. Fica óbvio que a idade é de qualquer modo um


limite arbitrário, uma vez que o envelhecimento é um processo contínuo, não se
iniciando em nenhuma idade ou momento particular.

A promoção da boa qualidade de vida na terceira idade excede, entretanto,


os limites da responsabilidade pessoal e deve ser vista como um empreendimento
de caráter sócio-cultural. Ou seja, uma velhice satisfatória não é um atributo do
individuo biológico, psicológico ou social, mas resulta da qualidade da interação
entre pessoas em mudanças (FEATHERMAN, SMITH e PETERSON, 1990).

Qualidade de vida é a satisfação que se tem proveniente de saúde geral,


conforto e relações pessoais mais do que de dinheiro (Longman Dictionary, 1995).

Para a ONU (Organização das Nações Unidas) qualidade de vida é medida


pelo nível de instrução e expectativa de vida. Segundo a ONU o Brasil está em 69o
lugar em relação ao nível de qualidade de vida da população geral comparado a
outros países (ONU, 2001).

Avaliar qualidade de vida na velhice implica na adoção de múltiplos critérios


de natureza biológica, psicológica e sócio-estrutural. Vários elementos são
apontados como determinantes ou indicadores de bem estar na velhice:
longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo, status
social, competência social, produtividade, atividade, renda, continuidade de papéis
familiares e ocupacionais (principalmente rede de amigos).

As afirmações de natureza subjetiva estão sempre imersas em reações que


devem ser levadas em conta: o estado emocional do informante, suas opiniões,
suas atitudes, seus valores que devem ser confrontadas ou complementadas com
comportamentos passados e expressões não-verbais, igualmente. A constatação
de afirmações conflitantes não deve levar o pesquisador a considerar o
depoimento inválido, vez que estas mesmas contradições podem levar a
8

importantes descobertas. As pessoas nem sempre exibem um comportamento


racional em suas atividades diárias e por esta razão o pesquisador não pode exigi-
lo do informante em uma situação de entrevista (HAGUETTE, 1995).

A investigação sobre as condições que permitem uma boa qualidade de


vida na velhice, bem como sobre as variações que esse estado comporta reveste-
se de grande importância científica e social. Ao tentar resolver a aparente
contradição que existe entre velhice e bem-estar, a pesquisa pode não só
contribuir para a compreensão do envelhecimento e dos limites para o
desenvolvimento humano, como também para a geração de alternativas válidas
de intervenção visando ao bem-estar de pessoas idosas (NERI, 1999).

1. A saúde geral e oral e sua relação com o idoso

Para se entender o envelhecimento e suas complicações é importante


referenciar o envelhecimento biológico natural das enfermidades associados à
velhice, bem como suas implicações para o desenvolvimento de uma pessoa.

A descoberta desse conhecimento teve início com a busca da imortalidade,


ou, então, da fonte da juventude eterna como relata HAYFLICK (1997, apud
SILVA, 1998). Muitas teorias foram e são formuladas para tentar explicar o
fenômeno do envelhecimento, entretanto, "o número de teorias existentes é
inversamente proporcional à extensão do conhecimento" (ROWE & SCHNEIDER,
1995) e, a despeito do número de teorias existentes, até o momento, não existe
explicação para os processos de envelhecimento em uma única teoria. Supõe-se
que múltiplos mecanismos ao nível molecular, celular e sistêmico, como classifica
MARTINEZ (1994, apud SILVA, 1998), sejam responsáveis por este processo.
9

Com essa desinformação objetiva, tanto por parte das pessoas da terceira
idade, que muitas vezes se punem a viver com sinais e sintomas por acharem que
são o preço de seu envelhecimento, e por parte dos profissionais de saúde, que
tendenciosamente ignoram determinadas características sintomatológicas
relatados pelos idosos atribuindo muitas vezes à idade, reflete a necessidade de
se buscar respostas para identificar aspectos de saúde do idosos, bem como o
seu comportamento.

Existem dificuldades no momento em que se procura um conceito único,


absoluto e universal de doença ou saúde, pois ao conceituá-los surge a
necessidade de análise (HEGENBERG, 1998).

Como se pode constatar há diferentes proposições para a definição de


saúde e doença. Para HEGENBERG (1998) doença é um objeto privilegiado de
reflexão filosófica, que preocupou as mais diversas tradições, da história da
filosofia. O interessante é como o mesmo autor questiona as evidências sobre as
quais se constrói o saber médico, entre as quais os discursos que se limitam a
pensar o normal em termos de médias ou de freqüências estatísticas o que é
considerado como insatisfatório.

Já a saúde é definida não, apenas, como a simples ausência de doença,


mas o completo bem estar físico, mental e social do indivíduo, como define a
OMS. O que parece ser algo irreal, pois descreve saúde como um estado de
perfeição, estático, desconsiderando as constantes mudanças e evoluções
fisiológicas, bem como as transformações que ocorrem no plano psíquico e social
do indivíduo e da sociedade, conforme afirmam CARVALHO & MARTINS (1998).

A saúde e, como parte dela, a saúde bucal, representa um fator decisivo


para a manutenção, na velhice, de uma boa qualidade de vida, a qual pode ser
definida como a ausência de dor, mantendo um autoconceito positivo e um estado
funcional saudável nos domínios físico, social e psicológico (KIYAK, 1993, apud
10

FANNY, 2000). De acordo com SCHOU (1995, apud FANNY, 2000), se a saúde
bucal no envelhecimento significará mais qualidade de vida ou um problema
adicional, depende do que se possa fazer no campo da promoção da saúde.

O mais interessante de tudo é o fato de se perceber a gama de conceitos


para as doenças, o que muitas vezes é apenas estudado nas áreas biomédicas, e
que o termo saúde, muitas vezes ignorados pelas áreas fins, tem se posto
objetivamente a simples ausência de doença, tanto pela sociedade comum,
quanto se pode constatar em alguns profissionais de saúde, ou então definidas
subjetivamente por tantos pesquisadores.

Nessa linha, as subjetividades são retratadas diferenciadamente. Em se


tratando da definição de saúde pela OMS, há três dimensões de bem-estar: o
bem-estar físico que refere-se a habilidade de realizar as atividades normais como
tomar banho, vestir, comer e locomover-se, o bem-estar mental que implica que as
atividades cognitivas estão intactas e que o indivíduo não está submetido a
ansiedade, medo, estresse, depressão ou outras emoções negativas e, por fim, o
bem-estar social que é relativo a habilidade de participar na sociedade,
desempenhando os papéis de membro de família, amigo, trabalhador, cidadão ou
qualquer outra forma de interação (U.S.A., 2000).

O que é retomado por NUTBEAM (1996), numa visão individualista da


percepção, que entende por bem-estar, a avaliação subjetiva do estado de saúde
que está mais relacionada aos sentimentos de auto-estima e a sensação de
pertencer a uma comunidade mediante integração social, do que ao
funcionamento biológico. Ainda conforme o referido autor, auto-estima é o grau em
que uma pessoa valoriza a autopercepção de sua imagem. Já LOCKER (1997)
define saúde como uma experiência individual e subjetiva de bem-estar, um
conceito sociológico que se aplica ao indivíduo e às populações.
11

E, num enfoque mais social, CORDÓN (1998) afirma que saúde é um bem
compartilhado por todos numa comunidade humana, sendo assim é
responsabilidade coletiva, e, para CARVALHO & MARTINS (1998), saúde deve
ser visto como algo a ser conquistado individual e coletivamente em cada
sociedade e, para que haja esta conquista, é fundamental o papel que cada
pessoa exerce nos seus espaços de convivência.

TESSARI (2002), numa aproximação da realidade de saúde / doença vivida


pelos idosos relata: “A chegada da terceira idade traz consigo limitações sobre um
corpo já muito vivido. Já não se tem a mesma vitalidade, a rapidez dos
movimentos e do raciocínio, a mesma coordenação motora da época da
juventude. Há mais tempo disponível, mas os idosos não sabem o que fazer com
ele... Acostumados a fazer, não sabem o que é ser...”.

Isso traduz a idéia que conceitos de saúde / doença são subjetivos. Mais,
ainda, são individuais, mas refletidas em um processo cotidiano sócio-cultural
coletivo. Falar da limitação biológica, não é diagnosticar doenças ou falta de
saúde, é diagnosticar o estado funcional, não estacional, do indivíduo idoso, o
que, não necessariamente, descaracteriza os conceitos saúde / doença.

A utilização de um critério meramente cronológico afigura-se como por


demais limitado e inapropriado tendo em vista as pronunciadas diferenças
existentes entre as pessoas quanto ao seu estado mental, físico e mesmo quanto
às condições médicas de cada um (SCHOU, 1995, apud FANNY, 2000). Parece
mais razoável considerar o estado funcional. Este critério foi adotado pelo grupo
de trabalho constituído em conjunto pela OMS e FDI a fim de estudar as
necessidades em saúde bucal dos idosos (ETTINGER et al., 1992, apud FANNY,
2000) com base em informações obtidas para 31 países. Os idosos foram
divididos em três grupos, com 60 anos e mais, assim conceituados (ROSA et al.,
1993): o funcionalmente independentes - indivíduos sadios, podendo apresentar
uma ou duas doenças crônicas não graves e controladas por medicação e/ou com
12

algum declínio sensorial associado com a idade, mas que vivem sem necessitar
de ajuda; os parcialmente dependentes - pessoas que têm problemas físicos
debilitantes crônicos, de caráter médico ou emocional, com perda do seu sistema
de suporte social., fazendo com que sejam incapazes de manter independência
total sem uma assistência continuada. A maioria vive na comunidade com serviços
de suporte; os totalmente dependentes - inclui aqueles cujas capacidades estão
afetadas por problemas físicos debilitantes crônicos, médicos e/ou emocionais,
que os impossibilitam de manter autonomia. São pessoas em geral
institucionalizadas, recebendo ajuda permanente.

A associação entre saúde-normalidade e patologia-anormalidade, de


acordo com HEGENBERG (1998), é uma associação com conseqüências teóricas
e práticas. O que geralmente se chama de normal, não esgota apenas em seu
caráter de freqüência estatística. Embora a normalidade estatística é um auxílio
indispensável para a terapêutica, programas políticos e estratégias preventivas.

O conceito de normal é mais abrangente e remete a tudo o que a sociedade


considera como aceitável ou desejável, ao que é considerado como valor positivo.
O normal ou o saudável seria então o que é socialmente valorizado. Desta forma a
normalidade socialmente estabelecida é um recurso pobre para compreender
saúde e doença (HEGENBERG, 1998).

TEIXEIRA (1985) relata que há pelo menos dois modelos de causalidade a


serem considerados, um que trata da realidade biológica representada pelos
homens enquanto organismos (modelo natural), e outro social (modelo histórico),
uma vez que esses homens não vivem segundo as leis da natureza estritamente,
mas em sociedade, estabelecendo uns com os outros relações necessárias que
afetam profundamente sua maneira de viver e, portanto, sua saúde.

Quando se fala das perdas do potencial biológico à medida que se


envelhece é importante considerar a influência de variáveis como: hábitos
13

alimentares, condições de moradia, emprego e saúde, porque elas interferem na


qualidade de vida dos idosos e podem gerar um perfil diferenciado do
envelhecimento biológico. Além disso, fatores como a motivação, a prática, a
experiência, a educação e a cultura podem melhorar os processos cognitivos,
motores, sensoriais e intelectuais como afirma SILVA (1998).

Em se tratando de odontologia, CORMACK (2002), (ETTINGER, 1987) e


(KIYAK & MULLIGAN, 1987) relatam em suas pesquisas que um dos principais
critérios utilizados para se identificar um idoso bem sucedido é pela manutenção,
por toda sua vida, de sua dentição natural, saudável e funcional, incluindo todos
os aspectos sociais e benefícios biológicos, tais como a estética, o conforto, a
habilidade para mastigar, sentir sabor e falar

2. Qualidade de vida e o idoso

Desvendar os benefícios, as virtudes da velhice, dilatar a juventude e


envelhecer com boa qualidade de vida individual e coletiva têm trazido uma certa
ansiedade no ser humano, evidente nos domínios da filosofia, das religiões, do
direito, da medicina, da odontologia e das ciências sociais. Segundo, a literatura
gerontológica internacional, tem havido uma certa importância ao entendimento do
significado de uma boa e saudável velhice, ou como “velhice bem-sucedida”
(NERI, 1995) ou “velhice verde” (SALGADO, 1982). Expressões que geram
polêmica, quando se entende que em bem-sucedida existe uma conotação,
segundo NERI (1999), de bem-estar econômico associado a uma exacerbação do
individualismo, e verde uma conotação de uma certa imaturidade, não relativa a
idade dos idosos. Embora a existência da crítica, talvez para chamar a atenção
para a necessidade de utilizar um nome menos discutível, a idéia básica do
conceito é de velhice com manutenção dos níveis habituais de adaptação do
indivíduo.
14

Atualmente ouve-se com muita freqüência a expressão “qualidade de vida”


em relação a todas as áreas do conhecimento humano, seja relativa a situação
política, social, econômica, familiar, entre tantas, inclusive ao setor saúde, na
medicina e na odontologia, principalmente em se tratando da terceira idade.

Qualidade é a grande palavra de ordem. É a qualidade de vida a


determinante superior para agora e para o nosso futuro. A procura do excelente
marcará, sem dúvida, a conduta do homem atual e no próximo século. A palavra
qualidade está sendo utilizada no linguajar comum, na rua, nos supermercados,
nos meios de comunicação e ninguém pode mais conceber qualquer coisa que
não tenha qualidade. A propaganda da televisão exige qualidade em tudo, até
para as roupas íntimas. E vamos ter que nos antecipar ao futuro, para podemos
alcançar o que vamos querer, será cada vez maior para nós mesmos e para o
desenvolvimento social, cultural e material do homem do terceiro milênio.

Qualidade é uma palavra de diferentes e amplos significados e, atualmente,


de uso muito freqüente por todos. Pode ser utilizada como variável ou como
atributo. Como variável ela determina a existência e continuidade das
organizações (sistemas, processo, produtos e serviços) e próprios indivíduos
(vida) de uma comunidade (coletividade). Ao mesmo tempo, é “dependente” de
desempenho do ser humano. Dependendo, futuramente, do ser humano, para
que ele é que deve ser buscada, para que ele desenvolva (base essencial do
desenvolvimento humano).

O termo qualidade pode ser usado como valorização, comparação e


caracterização. Ele estabelece uma escala de valores que pode utilizar em
métodos de classificação. Na vida prática utilizamos esse critério com muita
freqüência quando classificamos coisas, produtos, procedimentos. A qualidade
péssima, má, boa, excelente, entre outras, classifica a nossa vida diária.
15

Qualidade de viver, de amar, de existir, de conviver, de prazer, de servir,


entre tantas, estabelecem todo um processo de juízo e, portanto, constitui nosso
maior desafio da década e razão fundamental dessa nossa aprendizagem.

Qualidade de vida constitui um conceito muito complexo, com diferentes


interpretações e que passou a ser assunto da maior importância nesta década.
Há muitos e muitos anos que se fala em vida com qualidade, mas foi a partir da
década de oitenta que o assunto se tornou rotineiro e popular, de uso constante
por todos os indivíduos do planeta, como se pode observar nos dias de hoje.

Como dito anteriormente, a expressão qualidade de vida pode estar


relacionada às várias áreas. Porém, para O’CONNOR (1993) pode referir-se a
duas situações em especial: as circunstâncias materiais externas, nas quais boa
qualidade de vida é representada por boa saúde física, suporte da família e de
amigos (também conhecido como bem-estar objetivo), e significar a sensação
individual de felicidade ou satisfação refletindo aspectos globais da vida (bem-
estar subjetivo).

Por constância às implicações teóricas da perspectiva de curso de vida, a


questão do envelhecer bem, segundo NERI (1999), pode ser colocada também
em termos de sua relatividade sociocultural.

Como se pode notar existem várias colocações a respeito de qualidade de


vida, mas o emprego primário desta expressão foi declarado pelo ex-presidente
dos Estados Unidos, Lyndon Johnson em 1964, ao afirmar que os objetivos não
podem ser medidos através do balanço dos bancos, e sim, por meio da qualidade
de vida que se proporciona às pessoas (OMS, 1998).

O interesse pelo conceito de qualidade de vida foi inicialmente partilhado


por cientistas sociais, filósofos e políticos. Atualmente, a preocupação com esse
conceito dentro das ciências biológicas se dá no sentido de valorizar parâmetros
16

mais amplos do que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o


aumento da expectativa de vida (OMS, 1998). Porém, de acordo com LOCKER
(1997), o termo qualidade de vida refere-se a algo muito mais amplo do que
saúde.

BULLINGER & COLS. (In OMS, 1998) consideram que o termo qualidade
de vida é geral e abrange uma variedade de condições que podem afetar a
percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o
seu cotidiano, incluindo, mas não se limitando, à sua condição de saúde e às
intervenções médicas.

MINAYO, HARTZ & BUSS (2000) afirmam que qualidade de vida é uma
noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação
encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiente, e pressupõe a
capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que
determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar.

O termo qualidade de vida abrange muitos significados que refletem


conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se
reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto uma
construção social com a marca da relatividade cultural (MINAYO, HARTZ & BUSS,
2000).

GILL & FEINSTEIN (In OMS, 1998) acreditam que a expressão qualidade
de vida como vem sendo aplicada na literatura não parece ter um único significado
e a própria definição não consta na maioria dos artigos que o utilizam ou propõem
instrumentos para sua avaliação. GUYATT e COLS. (In OMS, 1998) alertam que
os termos condições de saúde, funcionamento social e qualidade de vida têm sido
usados como sinônimos. Embora o termo condições de vida, segundo NUTBEAM
(1996), refira-se ao nível de qualidade dos recursos materiais disponíveis e de
adequação ao meio físico em que vivem as pessoas.
17

Já NERI (1995), relativa à qualidade de vida dos idosos, uma velhice bem-
sucedida é assim uma condição individual e grupal de bem estar físico e social,
referenciada aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no
ambiente em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história
pessoal e de seu grupo etário. Do ponto de vista biológico o envelhecimento é
produto de fatores biológicos, enfermidades e mudanças sociais que afetam o
indivíduo durante toda a vida, sendo, portanto um processo altamente individual,
seqüencial, cumulativo e irreversível.

É interessante, mas esta freqüência empregada em relação a todas as


áreas e atividades humanas resulta na visão de relação entre condições de vida /
qualidade de vida e saúde. Dessa forma é reconhecido que poderosos
determinantes da qualidade de vida estejam freqüentemente situados fora do setor
saúde, à partir da importância da autopercepção entendida como a forma em que
as pessoas têm uma concepção do mundo, como reprodução pessoal do conceito
da própria realidade, pretende-se debater e compreender qualidade de vida
entendida na máxima da promoção da saúde bucal e geral, bem como outros
aspectos correlacionados a estes eventos, como na história de vida, eventos
psicológicos, econômicos e familiares.

As indicações de que a percepção de qualidade de vida pode ser alterada


por mudanças de expectativa em circunstâncias similares implicam em diferenças
de qualidade de vida entre indivíduos. Para O’CONNOR (1993), essa noção pode
ajudar a explicar porque algumas pessoas parecem se adaptar a mudanças muito
rapidamente reduzindo suas aspirações.

Ressalta-se a importância da saúde sentida, ou seja, a interpretação


pessoal feita a partir de experiências de saúde no contexto da vida diária. Esta
percepção se baseia em geral na informação e nos conhecimentos disponíveis
modificados pela experiência prévia e pelas normas sociais e culturais. Assim a
18

saúde é construída e vivida pelas pessoas dentro daquilo que fazem no seu dia-a-
dia (NUTBEAM, 1996).

A autopercepção de qualidade de vida relativa à saúde bucal carece de


aprofundamento e de ser testada na prática sanitária (MINAYO, HARTZ & BUSS,
2000). Visto que o caráter subjetivo e a relatividade do conceito de saúde, bem
como o fato de que as experiências pessoais sobre a doença e a saúde são muito
influenciadas pelo espaço social em que acontecem.

Logo, vem se tornando um desafio trabalhar com indicadores de qualidade


de vida relativos a saúde bucal, no sentido de sua percepção e dos cuidados para
sua manutenção. Principalmente quando se procura atingir uma visão mais
integral e politicamente comprometida, tomando como ponto de partida as reais
necessidades sociais e as características econômicas, biológicas e culturais.

Procuram-se estabelecer espaços para a construção de processos que


devem diminuir a desigualdade e exclusão social, dando força e importância para
a autopercepção dos problemas do cotidiano a fim de encontrar explicações dos
problemas sociais e vias para soluções dos mesmos, promovendo a qualidade de
vida na terceira idade.

A inseparável relação entre a pessoa e seu meio constitui a base de uma


concepção socioecológica que é essencial para o conceito de promoção da saúde.
Sob esta perspectiva, salienta-se a importância da interação entre todos os
indivíduos e seu meio, assim como, na necessidade de se conseguir um certo
equilíbrio dinâmico entre ambas as partes.

Portanto, as relações que se estabelecem entre os seres humanos e destes


com a natureza definem os processos econômicos, sociais e psicológicos
necessários também como recursos básicos à saúde. Do resultado destas
relações aparecem as classes sociais que na sociedade terão como referência à
19

propriedade ou não de meios para produzir e a oportunidade de ter acesso à


riqueza, à saúde e desta forma a uma melhor qualidade de vida (PEREIRA, 1995).

O resultado contrário ao acesso universal à riqueza, à saúde, à moradia e à


educação pode definir-se como desigualdade social, a exclusão que o ser humano
pode sofrer à possibilidade de ser feliz. O que explica a ampliação do conceito de
fatores determinantes de saúde foge do objeto propriamente médico e
odontológico em questão.

Conforme COSTA & TEIXEIRA (1999) o ser humano é necessariamente


produto de uma série de decisões que orientam sua organização, segundo os
critérios hegemônicos em uma dada formação econômica e social, seja pela
movimentação do capital, seja pela ação organizada e planejada da sociedade ou
do Estado.

Convém citar que o ser humano é uma criatura em equilíbrio entre corpo e
mente. Quando nos aproximamos da terceira-idade, de fato sintomas / sinais
físicos de doenças podem ser notados, porém, se o nosso sustentáculo
psicológico é adequado, somado a um grau de atividade social / produtiva
compatível, dificilmente nos deixaremos dominar pela doença. Esse aparente
equilíbrio pode ser rompido com o luto por uma morte, ou por uma desilusão
pessoal ou financeira. Os familiares e amigos devem agir prontamente para tentar
trazê-lo de volta para o equilíbrio, não dando condições para que fatores físicos
(doenças sub-clínicas) possam vir a aparecer. Por tudo o que pudemos ler até o
momento, a atividade física e mental, manter-se produtivo e o bom relacionamento
familiar e social são as bases de uma velhice tranqüila e feliz (MANETT, 2002).

Pode-se dizer, ainda, que como regra geral, segundo afirma NERI (1995),
que, em relação à terceira idade, o envelhecimento bem-sucedido depende de um
conjunto de elementos. O principal sem dúvida é de ordem econômica,
fundamental à promoção de boa saúde física e à educação ao longo do curso de
20

vida. Outro é a adoção de providências reais no sentido de potencializar o


desenvolvimento e a adaptação da pessoa humana, educando-a continuamente e
realizando as adaptações sociais necessárias à sua melhor qualidade de vida. O
terceiro é o estímulo à flexibilidade individual e social em relação às questões da
velhice. É também importante para a sociedade lidar com as crenças vigentes em
relação à velhice, tanto para saber o que as determina como para identificar suas
conseqüências sobre o bem-estar do idoso.

Finalmente, uma velhice bem-sucedida preserva o potencial individual para


o desenvolvimento, respeitados os limites da plasticidade de cada um (NERI,
1995).

3. O idoso e a família

Nos últimos anos várias pesquisas sobre a satisfação do idoso estão


associadas à perda do controle emocional, sentimentos de solidão, sejam pela
perda do cônjuge ou a partida dos filhos, percepção de afastamento e desamparo,
incerteza em relação ao futuro, auto-exclusão, por não se achar apto a participar
da sociedade moderna, e o cotidiano imerso nos conflitos familiares, situações
características da mudança do seu estado anterior decorrente da perda da sua
autonomia e independência.

Talvez apenas para se ter um referencial ideal seja interessante pensar em


autonomia em termos de autodeterminação, liberdade pessoal, independência
física, liberdade de escolha e ação, controle nas tomadas de decisão e nas
atividades e comportamentos orientados à meta (SILVERSTONE, 1989, apud
NERI, 1999).
21

Com relação ao velho, deve ser lembrado, segundo NERI & DEBERT
(1999), que dependendo do ponto de vista, o idoso pode nem ter chegado a ser
genuinamente autônomo. Se, por exemplo, como ocorre a muitos brasileiros, ele
não logrou transformar-se sequer num cidadão, como falar em autodeterminação?
Para que exatamente? Para eventos concretos, imediatos, práticos, de vidas
diárias, ligadas à sobrevivência física talvez.

Nem por isso se pode negar de que o idoso possa experimentar


sentimentos desfavoráveis por se ver perdendo essa independência, outrora
conquistada.

Segundo SALGADO (1982), os que têm a ventura de chegar à longevidade,


a chamada "velhice verde", sem maiores contratempos, quando integrados num
meio familiar acolhedor, sentem-se felizes e manifestam o desejo de continuar a
viver e desfrutar, da melhor forma possível, os dias que lhes sobram. Outros,
porém, que padecem de sofrimentos físicos, com dores e sem esperanças de
recuperar a saúde, confinados no leito ou em uma cadeira de rodas, só falam da
morte "próxima" como uma libertação para si e para seus familiares.

O fim da vida de entes queridos pode levar à chamada última solidão, como
define MANETT (2002), que é um campo propício para ao afastamento da
realidade e reclusão, a auto-exclusão, que pode ser um fator de agravamento e
deterioração da condição psicológica, e porque não, com conseqüências
fisiológicas. Tal momento reflete em se pensar no resgate desses indivíduos,
especialmente os idosos, que perderam pessoas tão próximas ou companheiras, e
esse pode ser mais um fator de aproximação entre o idoso e sua família.

Estilo de vida, moradia, condições de vida, alimentação, estresse, saúde,


educação, trabalho, enfim, a multifatoriedade, segundo a história de vida do idoso,
são rastros de uma conseqüente idade. Segundo SALGADO (1982), deve-se
considerar que nos casos de pessoas constitucionalmente mais saudáveis ou que
22

cuidaram melhor de si mesmas ao longo dos anos, a velhice pode trazer


qualidades excepcionais de sabedoria, compreensão, paciência e tolerância. Nos
idosos que conseguem se manter jovens há de se considerar a rigidez de caráter
e de vida. As pessoas muito contidas e controladas são como velhos desde muito
jovens. Suas limitações psicológicas as impedem de perceber muitas das coisas
que as cercam ou se concentram muito em poucos tópicos dessa já limitada visão.
Por isso sua vida fica monótona, repetitiva e tediosa. Essas pessoas comunicam,
por simples presença, que tudo é aborrecido, velho, que as coisas são sempre
iguais e que todo interesse novo é uma ilusão. Ao contrário, o idoso jovem é
aquele que conseguiu preservar, por toda a vida, o que ele tem de criança. Entre
essas características "juvenis" está a criação de ligações afetivas com várias
pessoas e de interesses diversos, para que o ajude a manter-se vivo e jovem. Se
o idoso não cuidar de suas ligações familiares, de amizade e até amorosas, corre
o risco de se sentir verdadeiramente sozinho, muito próximo de abandonado por
todos.

Os sentimentos que são desenvolvidos com respeito à solidão estão,


segundo JONES (1987) ligados às experiências que remontam à nossa infância.
Tudo o que acontece para um indivíduo – vivências, esperanças, angústia,
felicidade, dor, separações, perdas – vai ter um peso diferente conforme a idade
em que ele for atingido. A solidão será tanto maior quanto menores forem as
esperanças de reencontro, de novos relacionamentos, o que ocorre de uma forma
maior na velhice. O idoso não deve esperar que seus semelhantes (companheiro,
filhos ou sociedade) protejam-no da solidão: é necessário um preparo interior,
para fazer frente a esses diversos agentes causais.

Um outro aspecto, muito encontrado na terceira idade, até mesmo por


reflexões da sua solidão, é a preocupação com o que já passou, de maneira a
evitar as enganações às expectativas do que está vindo. O surgimento da solidão
está calcado no descarrilar do sentimento de sociedade. A massificação social
vem dando lugar a uma maior individualização e à dificuldade de encontrar um
23

companheiro para compartilhar os últimos anos de vida, conforme afirma JONES


(1987).

4. O idoso e a sociedade

A evolução de um povo pode ser avaliada pelo respeito aos setores que
necessitam de atenção especial, como as pessoas idosas. No Brasil, garantir
cidadania e dignidade aos idosos é um grande desafio. E se torna ainda mais
urgente à medida que está mudando rapidamente a estrutura de idades da
população. Durante décadas, foi muito divulgada a imagem do Brasil como um
país quase exclusivamente jovem (GDF, 2000).

A vida é um ciclo de nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer, no


entanto, não significa que a velhice deva estar diretamente associada à doença e
à morte. Muito das representações sociais que se tem da terceira idade apontam
para esses dois tópicos como centrais. No entanto, esses podem ocorrer em
qualquer um dos ciclos de vida. Repensar a terceira idade é um ponto crucial na
atualidade. Esse é o momento de vida no qual há a necessidade de reconstruir
dignidade, direitos, implementando a cidadania. Não é um momento de
encerramento, mas sim de reativar novos sentidos.

Segundo LIMA (1998), o termo terceira idade, surge no final dos anos 60,
na França, para expressar novos padrões de comportamentos de uma geração,
que se aposenta e envelhece ativamente.

É importante ter em mente uma certa diferenciação de estar na terceira


idade e ser “velho”, com conceitos filosófico-sociais. Segundo DIAS (1998), a
concepção da sociedade de ver o idoso, como o ser velho, é relacionada à idéia
de perdas, sejam elas biológicas ou sociais, traz idéia de estagnação, de
24

inflexibilidade e de inutilidade, além da capacidade pessoal e isolamento social. E


estar na terceira idade significa uma nova perspectiva de pensar e vivenciar as
transformações sofridas pelo envelhecimento, é a busca do novo, é acompanhar
as mudanças sociais.

BIRREN e SCHROOTS (1984, apud NERI, 1995) têm uma tríplice visão do
envelhecimento que contempla as influências biológicas, sociais, e psicológicas: a
senescência, relativa ao aumento de probabilidade da morte, com o avanço da
idade; a maturidade social, correspondente à aquisição de papéis sociais e de
comportamentos apropriados aos diversos e progressivos grupos de idade, e o
envelhecimento, correspondente ao processo de auto-regulação da personalidade
que preside a ambos os processos.

Na busca de desmistificar a imagem do idoso, opta-se, segundo SILVA


(1998), em falar do idoso enquanto multiciplidade. Nessa perspectiva, adotam-se
essas convenções cronológicas como referenciais sociais e não como
estereótipos, pois encontramos diversidades culturais, sociais, econômicas e
individuais. Um outro aspecto muito importante é estar atento à amostragem das
pesquisas realizadas a respeito do idoso que, muitas vezes, são generalizadas
para toda a população. É importante ter claro a essa multiplicidade, pois há
diferenciais quando falamos em idosos institucionalizados, o idoso no meio rural, o
aposentado / inativo, o idoso no mercado de trabalho informal, enfim, nas
generalizações dos resultados, pode ocorrer algum viés, gerando distorções e
idéias pessimistas sobre a velhice.

O envelhecimento é um fenômeno biopsicossocial sendo uma dimensão


existencial como todas as situações humanas (BEAUVOIR, 1990, apud
SILVA,1998). O que se percebe é uma mudança quanto às relações com o tempo,
o relacionamento com o mundo e com a própria história do sujeito. A velhice é,
antes de qualquer coisa, uma questão social, sendo a exclusão do idoso
25

decorrente de ideologias, dos preconceitos internalizados e expressos na nossa


sociedade, dos fatores econômicos.

Segundo NERI (1995), normalmente, seguindo a tradição dominante da


sociedade, as disciplinas do desenvolvimento referenciam suas descrições e
explicações à idade cronológica, demarcada pelos calendários, e ao tempo social.
É comum e consagrada pelo uso a associação desta dimensão, a do tempo social,
com a falsa noção de que existe um tempo físico objetivo responsável pelas
alterações comportamentais. O raciocínio é que as idades ou os estágios são
causas do desenvolvimento, e não construtos teóricos ou artifícios sociais. Um dos
conceitos científicos essenciais da atualidade é, no entanto, que qualquer conceito
de tempo, seja ele social, biológico ou psicológico, é sempre uma variante da
escala do tempo dos calendários. A idade cronológica é então apenas um
indicador, e não uma variável independente do desenvolvimento. Nesse sentido, o
envelhecimento e o desenvolvimento são eventos correlatos, visto que ambos são
eventos de duração, relativos a transformações em padrões comportamentais. As
mudanças podem ser descritas em termos de ganhos e perdas, e o
desenvolvimento e o envelhecimento como determinantes da diminuição de
probabilidade da adaptação geral e da sobrevivência do organismo.

Poderiam-se relatar todos os aspectos dos idosos a níveis biológicos,


psicológicos, cognitivos, psico-imaginativos. É importante conhecer os limites e os
desejos que cada um, não é por estar na velhice que não possa fazer nada, pode-
se fazer quase tudo (SILVA, 1998), apenas os ritmos alteram, os tempos se
constituem de forma diferente, o ritmo biológico pode ser mais lento, mas o
intelectual pode manter-se ou produzir ainda mais.

É interessante, mas muitos dos que ainda têm a possibilidade de melhorar


suas condições econômicas, ganhando algum salário, encontram dificuldades
para trabalhar, dadas as exigências legais e discriminatórias feitas em relação à
idade. E, conforme COSTA (1987), é curioso, porém, que as mesmas exigências
26

de idade não sejam adotadas para os que se ocupam da vida pública: presidente
da república, parlamentares e líderes políticos que, a despeito da idade,
continuam em seus postos, mesmo nos momentos mais difíceis da vida do país,
fazendo valer suas opiniões.

A realidade da velhice no Brasil convive com uma ideologia de velhice


segundo a qual envelhecer bem só depende do indivíduo: mantendo-se ativo,
engajado e útil, apesar das perdas biológicas, econômicas, sociais e psicológicas,
qualquer pessoa pode ter uma velhice satisfatória (NERI, 1995). Ainda, as teorias
da atividade e do afastamento, que foram geradas no bojo do processo de
envelhecimento populacional que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos nos
anos 50 e 60, foram adotadas de maneira indiscriminadas pela gerontologia
nacional, sem que nos déssemos conta de que serviam de suporte a uma
ideologia de velhice concernente a culturas e momentos históricos diferentes, e
que sua ampla utilização aqui poderia representar uma armadilha.

Hoje, no Brasil, a concepção segundo a qual envelhecer bem, dando conta


de perdas e incapacidade, é uma responsabilidade individual, serve aos
propósitos do Estado, no momento em que este encontra-se impossibilitado de
conceder e gerir os benefícios sociais devidos aos seus aposentados. A adoção
de posturas públicas conjunturais, imediatistas e carentes de visões sociocultural e
demográfica de longo prazo é igualmente facilitada pela disseminação dessa
ideologia. A noção de que a velhice é dominada por doenças, perdas e
incompetência comportamental de origem biológica é avalizada pela medicina e
pela gerontologia. Com desconcertante freqüência este aval atende necessidades
do mundo do trabalho, quando se descarta dos trabalhadores que se tornaram
obsoletos em virtude da falta de oportunidades para acompanhar as mudanças
tecnológicas, educacionais e econômicas, com a justificativa de que eles
tornaram-se biológica e intelectualmente despreparados para enfrentar novos
desafios e exigências (NERI,1995).
27

O índice cronológico aplicado às leis trabalhistas fixa um limite de idade


para o exercício do trabalho e obriga o homem e a mulher a se afastarem
compulsoriamente, porém a aposentadoria ou a reforma não obriga, em absoluto,
o indivíduo a deixar de trabalhar quando tem condições para fazê-lo, dedicando-se
a atividades paralelas ou a outra completamente diferente. Os que ainda se
encontram em pleno vigor não devem parar de trabalhar, especialmente se a
atividade ajuda a descortinar novos horizontes, realizar objetivos de vida nunca
concretizados, em função de carência de tempo e das responsabilidades que lhes
pesavam por serem os responsáveis em seus lares, conforme afirma COSTA
(1987).

O deixar de trabalhar traz, em geral, um grande mal-estar, que é o desgosto


do dia-a-dia, alimentando um estado, por muitas vezes, de profunda depressão.
Esse aparente rompimento da rotina, vinculada ao trabalho, que era bem
suportada, tem na sua interrupção uma fonte de um despertar de grande
sentimento de perda e incapacidade ou inutilidade para o mundo do qual o idoso
fazia parte. Daí podem vir diversos problemas psicológicos, e até fisiológicos, que,
aparentemente encobertos pela profissão, encontram na aposentadoria forçada
um campo fértil de desenvolvimento e crescimento, especialmente pela
potencialização dada por problemas físicos concretos e decorrentes da idade, mas
cuja "falta de tempo" na antiga rotina os deixava como que imperceptíveis.

Esta visão capitalista que impõe regras e induzem ao raciocínio mais


excluso, deve ser rompido. Deve-se estimular esta fase, muitas vezes, cheias de
expectativas e oportunidades, para se chegar ao objetivo proposto a cada dia. Um
objetivo predeterminado como visão do pós-trabalho. Quando pensarmos que, a
grande maioria, da população do nosso país vive em péssimas condições de vida,
nos questionamos sobre em que condições vivem esses idosos, em especial,
sobre a sua possibilidade de cidadania (SILVA, 1998).
28

Envelhecer bem depende das chances do indivíduo quanto a usufruir de


condições adequadas de educação, urbanização, habitação, saúde e trabalho
durante todo o seu curso de vida. Esses são elementos cruciais à determinação
da saúde (a real e a percebida) e da longevidade; da atividade, da produtividade e
da satisfação; da eficácia cognitiva e da competência social; da capacidade de
manter papéis familiares e uma rede de relações informais; das capacidades de
auto-regulação da personalidade; do nível de motivação individual para a busca de
informação e para a interação social, dentre outros indicadores comumente
apontados pela literatura como associados a uma velhice bem-sucedida. Essa
adequação é evidentemente relativa às estruturas e aos valores vigentes na
sociedade, mas é de se esperar que num sistema social estável, que valoriza o
ser humano para além de critérios de produtividade econômica, as pessoas
tenham condições mais favoráveis para uma velhice satisfatória (NERI, 1995).

Deve-se, então, haver uma mudança de paradigma, que pré-definida como


um “modelo”, pressuposto por hábitos e, até, formas de se agir, um paradigma é
institucionalizada desde o surgimento do homem, resignado a cumprir tarefas e
obrigações para um “bem comum”.

KUHN (1997) estabelece as funções da ciência normal e da revolução. Se a


ciência normal tem como função fornecer aos cientistas a oportunidade de
desenvolverem detalhadamente uma teoria, aplicando toda a sua energia e seu
esforço, permaneceria neste período normal, a ciência não progrediria. Se a
mesma progride é porque contém em si os meios mediante os quais o paradigma
“racha”, permitindo o salto para um outro, sendo esta, justamente a função da
revolução. E o que se propõe é, precisamente, um progresso que se faz mediante
a revolução.

De alguns anos para cá, percebe-se que, com o avanço da ciência,


determinadas transformações nos hábitos da população mundial, no que se refere
29

aos cuidados com a saúde, jovialidade, com a qualidade de vida de uma forma
geral, vem se tornando algo mutável.

Descrevia-se o bem estar como algo que pudesse ser sustentado por meios
econômicos e sociais, e, com o passar do tempo, até meados de 1980, houve uma
pequena adequação aos termos, levando a crer que a boa forma física estava
diretamente ligada a saúde do indivíduo, podendo levá-lo a longevidade.

Conforme a ciência mudava suas colocações, os padrões foram se


alterando, e, percebe-se que, hoje, uma mudança do antigo “modelo” houve, de
forma bem discreta, mas se levar em conta toda a sua trajetória, e analisando os
pontos históricos do seu desencadeamento, as definições são outras, talvez, como
muitos filósofos, ainda, buscam a verdade é um conceito muitas vezes
questionado. Segundo KUHN (1997), “aproximamo-nos da verdade eliminando os
erros das teorias precedentes e as substituímos por outro com maior grau de
verossimilhança, sendo nisto que reside o progresso da ciência, e só há progresso
se admitir uma verdade na direção da qual se segue”.

O olhar para um novo horizonte está aí, a terceira idade, não mais vista
como um processo de morbidade geral, mas como um deleite da mais profunda
ironia do cumprimento do dever, na verdade, a terceira idade, a maior idade, seria
para os padrões de hoje, se regada com muita dedicação, vista de um ângulo da
qualidade de vida, uma melhor idade, apesar de tudo.

Uma reflexão pode ser feita sobre os idosos, quando realmente


conhecemos suas verdadeiras necessidades e o que se tem visto em vários
artigos e, até mesmo, em publicações científicas, que “nós somos o fruto do nosso
trabalho e que, apenas, somos reconhecidos naquilo que fazemos...”, Marins
(1984). E, mediante este processo, a falta de uma ocupação pode levar a uma
carência muito mais que afetiva, leva a morbidade social, a uma auto-exclusão, a
30

um estado de dever não cumprido e um trabalho e toda uma vida de dedicação


não reconhecida pela sociedade.

O mercado de trabalho reflete este parâmetro, e faz entender que o idoso


para nada serve. Mas, ainda, não se percebeu que com a mudança da expectativa
de vida e o reflexo da condição social, a busca da jovialidade e o querer do
prolongar da vida biológica, condiciona a uma nova reflexão sobre as tabulações
criadas pelo próprio homem, enquanto cidadão.

Isso faz sentido diante do significativo aumento da população de idosos. E


faz mais sentido ainda diante da nova postura que um número cada vez maior de
idosos está assumindo: orgulhosos da experiência adquirida e da maturidade
conquistada, mas também conscientes de que alegria, vontade de viver e
disposição para uma existência saudável e participativa são uma questão de
postura diante da vida – e não o privilégio de uma faixa etária (GDF, 2000).

5. Exclusão social e a terceira idade

Para se definir tópicos à realidade da terceira idade, os aspectos históricos


e relativos à qualidade de vida dos idosos devem ser referenciados mediante
citações definidas por alguns autores como CAMPOS (2000, apud FIGUEIREDO,
2002) que ter qualidade de vida implica na oportunidade de fazer escolhas que
garantam satisfação em viver.

Oportunidade que outrora nunca foi respeitada, aliás, nunca foi se quer
cogitada como se pode perceber ao longo da história da humanidade. Quando
afirma CAMPOS (apud FIGUEIREDO, 2002) que a participação na administração
das relações entre desejos, interesses e necessidades sociais é condição sine qua
non para a democracia e para a construção de sujeitos saudáveis, e que curar
31

alguém seria sempre lutar para a ampliação do coeficiente de autonomia, como


também relata NERI (1995), dessa própria pessoa... para melhorar seu
entendimento do próprio corpo, da sua doença, de suas relações com o meio
social e, em conseqüência, da capacidade de cada um instituir normas que lhe
ampliem as possibilidades de sobrevivência e a qualidade de vida.

A sociedade, em todos os tempos, preparou as crianças e os adolescentes


para se tornarem adultos integrados a uma nova vida. Eles são ensinados e
orientados sobre como procederem como cidadãos e como preservarem sua
saúde física e mental. Por mais estranho que pareça, o homem vive uma longa
fase da vida com um mínimo de conhecimentos sobre a condição física dos idosos
(MANETT, 2002).

Até aqui, no entanto, cuidados para idosos têm sido quase que
sistematicamente excluídos das programações de saúde bucal em nível coletivo,
segundo afirma FANNY (2000), merecendo escassa ou eventual atenção também
por parte dos currículos tanto do ciclo básico quanto de pós-graduação. O
conceito de prioridade por grupo etário, pelo qual maior ênfase é dada às crianças
e jovens, na prática geral é aplicado incorretamente de modo especial em relação
às pessoas de maior idade que ou dependem da caridade pública prestada em
asilos e lares de velhos, ou devem pagar com os próprios recursos os cuidados de
que necessitam. Apesar de existir um severo déficit de atendimento nessa faixa, a
maioria sequer busca obter as poucas consultas disponíveis nas unidades de
saúde pública, desestimulada pela demora e muitas vezes pela discutível
qualidade dos serviços prestados.

Em se tratando de política e do bem-estar físico, mental e social,


compreender a questão da perversidade e da exclusão nas políticas de saúde faz-
se necessário reconhecer que a política de atenção em saúde no Brasil é
historicamente influenciada pelos modelos higienistas, e que estes, persistem
amplamente até hoje. Estes modelos não só restringem as suas propostas ao
32

exercício de um certo controle social e ambiental, ou à vigilância sanitária sobre


específicas doenças, como também, propõem regras de vida. São pasteurizados
modelos de comportamento que, se seguidos, pelos indivíduos, poderiam garantir
saúde. Este modelo traduz-se exclusivamente pela responsabilidade individual em
evitar o adoecimento, como se o indivíduo fosse o único responsável. Nesta
perspectiva é dever do indivíduo ter cuidados para não adoecer, precisa se
vacinar, precisa tomar banho e escovar os dentes. Cada um é responsável pela
sua saúde e a realidade concreta, caótica, do meio ambiente onde se vive acaba
tendo pouca, ou nenhuma influência, sobre a qualidade de vida. A população
assume sozinha a culpa do seu adoecer e o que temos observado é que o Estado
historicamente não assume a responsabilidade; o setor saúde, também não. É
fácil constatar que ainda hoje, prevalece o individualismo do modelo sanitarista. As
metas coletivas são ineficazes, são formuladas com ausência de debates entre os
segmentos envolvidos. O governo estabelece as metas coletivas de forma
autoritária e centralizada, mais uma herança de como elas eram estabelecidas
durante o período da ditadura militar (FIGUEIREDO, 2002).

O que de certa forma não mudou muito, em se tratando da terceira idade. A


herança deixada dos governos sejam republicanos, imperialistas e, até mesmo, do
Brasil colônia, detém-se pela carga cultural da própria sociedade, é o que se pode
observar ao longo de toda história da humanidade.

Para GARRAFA (1990), o estudo do homem, individual e coletivamente


considerado, não poderá ser desenvolvido sem a evidente caracterização deste
homem dentro da sociedade da qual faz parte, sociedade que está configurada a
partir das relações sociais dos homens no processo de produção. Estas relações
determinam a existência de classes sociais, que se caracterizam pelas
desigualdades verificadas entre os direitos e obrigações de seus representantes.

FANNY (apud SEIXAS, 2002) salienta que os idosos são pessoas


esquecidas pela sociedade, especialmente as que vivem em asilos. Segundo
33

BORAKS (1998, apud MANETT et al, 2002) a velhice, em épocas e culturas


diferentes, sempre foi encarada sob pontos de vista diversos: certos povos
primitivos desprezavam os velhos por sua inutilidade e por serem um peso morto
para a sociedade. Sua doença e sua fragilidade recebiam o desprezo das
civilizações que valorizavam a força bruta e o vigor físico. Outras culturas, como a
dos chineses, japoneses, árabes e judeus, dedicam respeito e veneração aos
idosos como meio de divulgação de sua história, sabedoria e experiência. Mas
não se pode negar que na civilização atual exista um profundo sentimento
negativista com relação à velhice.

Um outro aspecto da exclusão é quanto aos locais para atendimento geral,


que não estão preparados para o recebimento das pessoas idosas, é o que
afirma, por exemplo, ETTINGER, BECK e GLENN (1979, apud MANETT et al,
2002) quando apresentaram as dificuldades para um paciente idoso locomover-se
em um consultório dentário, colocando desta forma a necessidade de eliminarmos
algumas barreiras arquitetônicas: a entrada do consultório deve ser bem iluminada
para facilitar a acomodação visual; as rampas de acesso não devem ser muito
inclinadas, assim como devem apresentar largura suficiente para o deslocamento
de cadeira de rodas; os degraus, quando presentes, devem ter cores
contrastantes como o vermelho ou o laranja para facilitar a percepção de
profundidade; as portas devem ser de fácil abertura; mínima presença de tapetes.
E não só na área odontológica, mas em praticamente todas as áreas de saúde,
lazer, transporte e, inclusive, no comércio.

A sociedade, ainda, não está preparada para a grande mudança. Em


alguns aspectos políticos legislativos foram desencadeadas leis e atitudes que
intervêm até judicialmente na atitude da população, o que ainda não altera a
concepção cultural da sociedade. É preciso a quebra deste paradigma, e com o
amadurecimento da população, esta ruptura estaria próxima.
34

6. O Lar dos Velhinhos Maria Madalena

Em 20 de janeiro de 1958, o Centro Espírita “Sebastião, O Mártir”, foi


fundado como entidade assistencial sem fins lucrativos para promover e exercer a
prática da caridade espiritual, moral e material (CES, 2002).

Esta entidade não se limitou apenas ao processo promocional. Com o


decorrer dos anos foram fundadas, mantendo-se o regime matricial e filiais, várias
outras entidades interligadas ao centro: a Casa da Gestante “Eurípedes
Barsanulfo”, a Casa da Sopa “Bezerra de Menezes”, Creche “Irmã Elvira”, o
Instituto de Gerontologia de Brasília – Morada do Idoso, o Instituto de Apoio ao
Portador de Câncer – IAPC, a Assistência ao Deficiente Físico, o Hospital
Geriátrico (em construção) e o Lar dos Velhinhos Maria Madalena.

Em 07 de março de 1980, a instituição do Lar dos Velhinhos, em convênio


com a Secretaria da Criança e Assistência Social, como ajuda financeira para o
custeio dos internos, além das doações recebidas de órgãos privados, entre
outras doações financeiras e ajuda assistencial de pessoas físicas e jurídicas, foi
fundado com o intuito de abrigar idosos com necessidades assistenciais de saúde
e psicossocial.

As atividades assistenciais e promocionais estavam limitadas ao espaço


local, onde são abrigados os idosos para atendimento ambulatoriais menores
(assistência médica primária, psicologia, acompanhamento fisioterápico,
assistência odontológica, nutricional, enfermaria, farmacêutica e assistência social
integral).

Algumas atividades assistenciais médicas, odontológicas e fisioterápicas


contam com a colaboração de várias clínicas privadas e públicas do Distrito
Federal, dando atenção preferencial aos internos da instituição, através do
35

encaminhamento e deslocamento dos idosos, quando necessário e para fins


preventivos e de rotina.

A instituição, o “lar”, localizado a MSPW Quadra 02, Conjunto 01 – Núcleo


Bandeirante – Brasília – DF, foi construído pela necessidade de abrigar os idosos,
muitas vezes abandonados, ou sem qualquer apoio assistencial, ou, até mesmo,
pela vontade própria de muitos usuários da instituição. Abriga idosos de uma
grande diversidade, sejam elas de ordem social, econômica, cultural e/ou familiar.

A entidade é separada por alas para o melhor condicionamento, atenção e


abrigo aos idosos, separados segundo a classificação básica e por sexo: a ala A
(onde abrigam as idosas classificadas como independentes, mas portadores de
alguma doença congênita, e parcialmente dependentes), a ala B (ala masculina
dos independentes enfermos e parcialmente dependentes), a ala C (internos de
ambos os sexos, separados apenas por quartos, totalmente dependentes) e a ala
D (independentes “sadios”).

As alas A, B e C apresentam vários quartos ou apartamentos, como gostam


– os idosos – de referirem, para o acolhimento de até três pessoas; já na ala D,
uma área à parte da instituição, são casas individuais e uma habitação coletiva por
quartos, também chamada de ala dos “solteiros”, abriga apenas um morador por
casa / quarto.

Algumas características são ímpares na ala C, devido a localização dos


idosos mais necessitados (com atenção integral). Nesta ala se encontram a
farmácia e o consultório médico, e os quartos são mais amplos com portais
extensos e acesso ao banheiro sem porta.

Hão protocolos internos que desencadeiam formas e atribuições como a


atenção e os cuidados com os idosos, bem como de caráter rotineiro para os
36

internos, um regimento interno que deve ser seguido para o bom andamento e
funcionamento das atividades desenvolvidas no local.

As rotinas giram em forma diária, modificando-se nos finais de semana ou


dias especiais (festas, confraternizações, datas comemorativas, visitas, entregas
de doações, entre outras atividades fora do rol semanal). Essa rotina se constitui
de banhos matinais obrigatórios e asseio corporal e cinco refeições ao dia (café da
manhã, almoço, lanche da tarde, janta – sopa – e a ceia). Em outros horários os
internos são livres para desenvolver qualquer atividade que desejarem.

É importante salientar que os idosos possuem características próprias,


portanto critérios de conduta, devido aos aspectos comportamentais e de saúde,
devem ser seguidos pelos usuários do estabelecimento diferenciadamente, não
preestabelecendo regalias, mas fixando normas para o bom funcionamento da
entidade.

7. A pesquisa qualitativa em idosos

Pesquisa qualitativa no trabalho de investigação e de conhecimento da


realidade social, até hoje, dá lugar para discussões filosóficas em torno da
objetividade cientifica, questionando tanto resultados quantitativos como
qualitativos. Independente desses questionamentos, as pesquisas têm evoluído,
obtendo um maior nível de precisão e valorizando os resultados obtidos. O
desenvolvimento tecnológico aprimorou de maneira especial os recursos
disponíveis para as pesquisas qualitativas com o advento de equipamento como
computador, gravadores e filmadoras.

Sempre é necessário considerar que as técnicas não são isoladas dos


métodos e das teorias que as levam a ação. Pesquisa qualitativa tem o ambiente
37

natural como sua fonte direta de dados. E o pesquisador é seu principal


instrumento. Esse tipo de pesquisa supõe o contato direito e prolongado do
pesquisador com ambiente e a situação que está sendo investigada, graças a um
intenso trabalho de campo.

Os dados coletados na pesquisa qualitativa são predominantemente


descritivos. A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto.
O material obtido nessas investigações é rico em relatos de pessoas, em situação
e acontecimento, incluindo transcrições de entrevistas e de depoimento.

O interesse do pesquisador é verificar como o problema se manifesta no


cotidiano. A análise de dados segue processo indutivo. Os pesquisadores não se
preocupam em buscar evidências, comprovam as hipóteses. O fato, entretanto,
de não existirem hipóteses ou questões a priori não implica a inexistência de um
quadro teórico (DENCKER & DA VIÁ, 2001).

O principal objetivo deste tipo de pesquisa é a descoberta, enfatizar a


interpretação do contexto, busca retratar a realidade de forma completa e
profunda. Usa uma variedade de fontes de informação, procura representar os
diferentes conflitantes pontos de vista presente em determinada situação, utiliza
uma linguagem de forma mais acessível do que outros relatórios de pesquisa, usa
a subjetividade, embora esta subjetividade da narrativa pressupõe uma realidade
social e coletiva incorporada pelo sujeito (DENCKER & DA VIÁ, 2001).

A palavra é o fenômeno ideológico por excelência. A palavra é o modo mais


puro e sensível de relação social. Palavra é arena onde se confrontam interesses
contraditórios, veiculando e sofrendo os efeitos das lutas das classes, servindo ao
mesmo tempo como instrumento e como material (BAKHTIN, 1986, apud
MINAYO, 1995).
38

Na coleta de dados há análise e a interpretação de dados, é a fase mais


demorada e difícil. Em uma pesquisa monográfica, a coleta, análise e as
interpretações de dados consistem na leitura, reflexão, análise, diferenciação,
comparação e tomada do fator fomento (VIERA & HOSSNE, 2001).

A pesquisa em comunicação constitui-se pelo estudo sistemático de todos


os meios, formas e processos de informação ou de comunicação social. Do ponto
de vista metodológico, temos que considerar tanto as pesquisas que utilizam
técnicas quantitativas quanto as que utilizam método qualitativo.

Um aspecto importante que deve ser considerado quando da reflexão sobre


a metodologia é que a pesquisa quantitativa não deve ser colocada em oposição à
qualitativa. Na realidade o que existe é a busca de uma adequação dos métodos e
das técnicas aos objetivos que se pretende estudar.

Com base neste enfoque, as criticas formuladas contra a pesquisa


qualitativa, principalmente com relação das questões acerca do controle
metodológico das técnicas e da explicação de um quadro conceitual, são as
mesmas feitas contra a pesquisa quantitativa. Na verdade, muitas são as
pesquisas quantitativas que oferecem uma falta de rigor, amparado pela aparente
inquestionabilidade dos números.

Ao contrário do que muitos supõem, o método etnográfico não é o único a


possuir as características do método qualitativo. Uma delas se refere à existência
de obstáculos que impedem a observação direta e a mensuração de certas
variáveis. As razões para a utilização deste ao invés dos métodos quantitativos,
entretanto, podem divergir dependendo da orientação metodológica básica do
pesquisador. Enquanto os quantitativistas justificam seu uso sob o argumento de
impossibilidade de geração de dados estatísticos ou por razões de custo ou
rapidez na pesquisa (BOUDON, 1971, apud HAGUETTE, 1995), os qualitativistas
afirmam seja a superioridade do método que fornece uma compreensão profunda
39

de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da maior relevância do


aspecto subjetivo da ação social face à configuração das estruturas societais, seja
a incapacidade da estatística de dar conta dos fenômenos complexos e dos
fenômenos únicos. Entrementes, os dois estão acordes sobre o tipo de objeto de
estudo: os métodos quantitativos supõem uma população de objetos de
observação comparável entre si e os métodos qualitativos enfatizam as
especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razão de
ser (HAGUETTE, 1995).

Em um trabalho realizado por RAUCHBACH (2001), através de um


levantamento de várias pesquisas quantitativas e qualitativas com idosos,
constatou as inadequações e as limitações dos levantamentos estatísticos, pois
quando se atem em só quantificar deixam de avaliar a forma com que o idoso se
adapta as tarefas, bem como o envolvimento do entrevistador e o entrevistado
como um limitador na objetividade da entrevista. Quanto às pesquisas qualitativas,
vêm sendo criticado por diversos autores quanto sua validade, principalmente pelo
fato da diminuição da memória por parte dos entrevistados.

FARIA & OLIVEIRA & MORAIS (1999, APUD RAUCHBACH, 2001)


observaram que aspectos de aquisição de conhecimentos, tanto a falta da
alfabetização e a grande carga intelectual por parte de algumas pessoas
interferem na interpretação de escores de instrumentos simplificados.

Um outro agravante, principalmente em se tratando de idosos, é o fator


sensitivo, como dificuldades visuais e auditivas dos participantes da pesquisa, que
segundo vários autores, comprometem a interpretação dos questionamentos.

Há uma concordância de vários autores quanto o ideal e tipo de pesquisa


mais favorável para a avaliação do idoso. A ponderação dos indivíduos da terceira
idade deve abranger múltiplos aspectos que um só instrumento não é o suficiente
para avaliar o processo de envelhecimento e suas nuances.
40

O que se tem proposto é a forma e a adequação do instrumento de


avaliação, que segundo JACOB FILHO & PASCHOAL & LITVOC (1999, apud
RAUCHBACH, 2001), um instrumento de avaliação de qualidade de vida para o
idoso deve unir a sensibilidade à simplicidade da aplicação. Já WENGER (1999,
apud RAUCHBACH, 2001) enfatiza a necessidade de combinar dados qualitativos
e quantitativos em estudos longitudinais sobre o envelhecimento, entendendo que
a forma de adaptação do idoso as situações de vida auxilia na forma de
intervenção do profissional.
41

III. O PROBLEMA

A necessidade de conhecer o perfil dos indivíduos da terceira idade é fruto


do grande crescimento populacional e um aumento da expectativa de vida.
Distinguir seus anseios, expectativas, diversidades e percepções, é definir, não
padrões, mas atributos referentes a esta faixa etária.

Sabe-se pouco sobre os processos de envelhecimento dentro de suas


mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais, diante ao cenário
revolucionário e transformador de um cotidiano mutacional e seu conseqüente
impacto na saúde dos indivíduos, particularmente em relação à saúde bucal.

A identificação, análise e avaliação das características observadas dos


idosos referente à qualidade de vida ainda se constituem um desafio, seja do
ponto de vista social e político, enquanto indivíduos excluídos historicamente e
auto-excluídos, seja, até, quanto suas limitações orgânicas.

Pode-se afirmar que há uma aproximação negativa de um conceito


saudável de qualidade de vida, ao observar a percepção dos idosos
institucionalizados em relação à qualidade de vida relativa à saúde geral e oral,
seus aspectos sociais, psicológicos, culturais, econômicos e familiares, dentre
outros aspectos.
42

IV. OBJETIVOS

1. Objetivo geral

Descrever a percepção dos idosos institucionalizados, entrevistados e


analisados, com relação a sua história de vida, relativa à saúde geral e oral, seus
aspectos sociais, psicológicos, culturais, econômicos e familiares.

2. Objetivos específicos

™ Conhecer e transcrever a percepção dos idosos institucionalizados a partir dos


depoimentos com relação à qualidade de vida relativa à saúde geral e oral,
seus aspectos sociais, psicológicos, culturais, econômicos e familiares;

™ Analisar os discursos dos idosos com relação à qualidade de vida relativa à


saúde, seus aspectos sociais, psicológico-comportamentais, culturais,
econômicos, familiares e, principalmente, o impacto em sua saúde bucal;

™ Sugerir um novo conceito para qualidade de vida e orientar o desenvolvimento


de soluções viáveis que possibilitem a atenção integral efetiva na terceira
idade; contribuindo como base e guia para novos métodos de abordagem,
promoção de saúde e cuidados dentro da realidade vivida pelos idosos
institucionalizados;
43

V. MATERIAL E MÉTODO

1. Considerações éticas

Como a pesquisa em tela envolve seres humanos, seu protocolo foi


encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/FS e aprovado o projeto
(aprovação nº 060/2002 – em anexo II) em novembro de 2002.

De acordo com a Resolução CNS nº 196, de 10 de outubro de 1996, toda a


pesquisa se processará após o consentimento dos participantes. O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – anexo III) foi preenchido antes das
entrevistas em duas vias para cada rol de perguntas, sendo uma retida pelo
sujeito da pesquisa e a outra arquivada pelos pesquisadores. O referido termo é a
manifestação da anuência dos sujeitos em participar da pesquisa. Os
pesquisadores devem manter confidencialidade e imagem do entrevistado.

2. Universo e amostra de estudo

O universo de estudo foi uma amostra representativa de indivíduos idosos


selecionados do Lar dos Velhinhos Maria Madalena (ao lado do Instituto de
Gerontologia de Brasília), situado a SMPW Área Especial nº 02 Trecho 03, Brasília
– DF, por ser o maior centro de cuidados aos idosos do Distrito Federal, e, para
tanto, o mais representativo, com um número total de 151 idosos (58,66% sexo
masculino e 41,34% sexo feminino), em condições de saúde, econômicas,
culturais, e sociais diversas. A escolha dos sujeitos foi realizada pelo serviço de
assistência social, que pré-selecionou 36 idosos aptos para as entrevistas, sendo
19 idosos do sexo masculino e 17 do feminino, de acordo com os critérios de
44

exclusão e inclusão desta pesquisa, onde foram avaliados e entrevistados 14


idosos (06 do sexo feminino e 08 masculino).

2.1. Critérios de inclusão:

Foram utilizados critérios que somariam e aprimorariam o adequado


desenvolvimento da pesquisa:

- Indivíduos com mais de 60 anos de idade;


- Indivíduos de ambos os sexos, residentes no Lar dos Velhinhos Maria
Madalena;
- Idosos classificados pela instituição como independentes ou
parcialmente dependentes;
- Idosos com capacidade motora favorável e pré-selecionados pela
instituição como aptos a responder e descrever as perguntas
formuladas;
- Idosos presentes às entrevistas que por desejo queiram responder e
participar da pesquisa;

2.2. Critérios de exclusão:

Apesar da generalidade da pesquisa e de não ser uma prática adequada à


filosofia de trabalho dos pesquisadores, os indivíduos foram consideradas
inelegíveis para o estudo nas seguintes condições:

- Ausência no Lar dos Velhinhos Maria Madalena;


- Idosos que negarem, por livre arbítrio, a participarem no processo de
entrevista / pesquisa;
- Idosos que apresentarem indisposição para responder as perguntas
e/ou algumas patologias que possam impedir o seu contato com os
entrevistadores;
45

- Idosos com dificuldades de audição e fala;


- Indivíduos com língua estrangeira e / ou outro dialeto que não seja o
português;

3. Procedimentos

A entrevista foi semi-estruturada, baseada no questionário da Organização


Mundial da Saúde (OMS) sobre qualidade de vida e outro relativo à saúde bucal,
sem influência sobre os entrevistados e acompanhados pela assistente social da
instituição, utilizando-se de um gravador e uma filmadora para as etapas da
pesquisa: a entrevista individual e a discussão de grupo. Os pesquisadores
estiveram à disposição dos entrevistados para esclarecer dúvidas pertinentes às
perguntas e métodos antes, durante e depois da entrevista. A historia de vida, os
aspectos familiares, sociais, culturais, econômicos, psicológicos, de saúde geral e
oral e a qualidade de vida foram abordados durante a entrevista (roteiro de
entrevista - anexo V) com duração entre 45 e 90 minutos, realizadas no período de
23 de outubro a 21 de novembro 2002 (programação das visitas - anexo IV).

Os resultados das entrevistas individuais foram expostos aos participantes


em uma reunião para discussão de grupo feita em local reservado e indicado pela
instituição, “casa da sopa” – anexo ao Lar dos Velhinhos Maria Madalena, para
obtenção dos dados finais, através de método consensus.

Os dados obtidos, pela historia de vida, das entrevistas semi-estruturadas e


das observações participantes dos idosos, foram computados através da analise
de discurso, pois a pesquisa baseia-se no método de pesquisa qualitativa. Pelo
meio da triangulação da coleta de dados, cruzamento de informações obtidas nas
diversas técnicas utilizadas: historia de vida como estratégias de compreensão da
realidade através de processos de socialização, entrevistas semi-estruturadas,
46

das observações participantes com anotações de campo e debate de grupo focal


como papel complementar tomando um caráter substantivo na pesquisa.

Foram adotados cinco estágios para analisar os dados:

a) Familiarização;
b) Identificação por grupo temático – citações freqüentes, conceitos e dados
para exploração;
c) Indexação dos diferentes grupos temáticas – fim de cruzamento de dados;
d) Mapeamento – reorganização de síntese e abstração;
e) Interpretação – buscando a associação dos temas e visando fornecer as
explicações dos dados coletados.

Durante o processo de pesquisa foram oferecidas à instituição


programações voltadas à promoção de saúde bucal dos idosos (cursos sobre
cidadania, saúde geral e oral e qualidade de vida na terceira idade e o auto-exame
bucal para o pré-diagnóstico do câncer bucal). Bem como, ao finalizar da
pesquisa, com a reunião de grupo, aos entrevistados e ao corpo de funcionários,
uma confraternização.

Os suprimentos necessários para a pesquisa monográfica, especificamente


para o levantamento de dados, foram: questionários impressos, lápis, caneta e
borracha, gravador K-7 e filmadora;
47

VI. RESULTADOS

REVELANDO A PERCEPÇÃO SOBRE QUALIDADE DE VIDA PARA OS


IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

1) Levantamento objetivo dos idosos da instituição

O Lar dos Velhinhos Maria Madalena abriga 151 idosos, sendo: ala A (ala
feminina) com 38 idosas, a ala B (ala masculina) com 53 idosos, a ala C (ala mista
– totalmente dependentes) com 42 internos – 19 do sexo masculino e 23 do sexo
feminino – e a ala D (“ala dos solteiros”) com 18 residentes, 16 homens e 02
mulheres. Destes, 131 utilizam-se de medicamentos freqüentemente, sendo de
uso bastante comum os agentes cardiovasculares, analgésicos, sedativos e
tranqüilizantes.

Dentro dos critérios básicos de classificação do idoso, encontra-se a


seguinte situação geral da Instituição:

Quadro 01. Distribuição de idosos residentes no Lar dos Velhinhos Maria


Madalena, segundo o sexo e o grau de dependência. Brasília - DF. 2002.

SEXO Indep. Indep. Dep. Totalmente TOTAL


enfermos Parcial Dep.

Masculino 17 47 06 19 89

Feminino 03 29 07 23 62

TOTAL 20 76 13 42 151

Dados obtidos na enfermaria do Lar dos Velhinhos Maria Madalena, em


dezembro de 2002.
48

2) QUALIDADE DE VIDA NA PERCEPÇÃO DOS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Visando a ordenação e melhor compreensão do seu conteúdo, este


capítulo pontua três momentos: identificando os idosos no contexto em que vivem;
as temáticas resultantes dos depoimentos dos idosos; e, objetivando a percepção
dos idosos do Lar dos Velhinhos Maria Madalena sobre saúde e qualidade de vida
na velhice.

Inicialmente, serão apresentados de forma resumida, a identificação dos


idosos participantes deste estudo. Esta identificação tem como finalidade fornecer
subsídios que auxiliem na compreensão dos conteúdos singulares que fluíram dos
depoimentos dos sujeitos. Posteriormente, estes elementos articulados às
observações realizadas, serão utilizados no processo de análise.

Atentando para o aspecto ético da pesquisa com seres humanos, constante


no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, e, visando preservar o
anonimato dos entrevistados, os sujeitos estão identificados por números e os
depoimentos receberam números correlacionados com os depoentes.

No momento seguinte, são apresentados os grupos temáticos que


emergiram dos depoimentos dos idosos e finalmente, no terceiro momento, por
meio da análise temática foram abstraídas as percepções dos idosos residentes
no Lar dos Velhinhos acerca da saúde e qualidade de vida na velhice.

Analisando a fala dos idosos foi possível captar as percepções elaboradas


no contexto em que vivem, revelando a influência de suas crenças, valores,
sentimentos e visão de mundo, refletindo deste modo, suas percepções.
49

2.1. Identificando os idosos no contexto em que vivem

1. Sr. E.L.C.C.

Solteiro, 70 anos, carioca, analfabeto, morando há cinco anos no lar. Se


sentia mal com os parentes que convivia.

2. Sr. A.R.

Separado, 64 anos, mineiro, analfabeto, residindo há dois anos no lar.


Uma saída (reencontro) para fugir da bebida;

3. Sra. N.N.

Viúva por duas vezes, 69 anos, analfabeta, nasceu no Estado de São


Paulo, morando há nove meses no Lar. Em decorrência da solidão que sentia –
em busca de uma companhia.

4. Sr. A.V.

Separado, 66 anos. Mineiro, reside no Lar há oito anos. Motivado pelos


altos custos do abrigo onde estava e do tratamento que se submetia.

5. Sr. W.L.C.

Casado (separado de corpos). 75 anos. Mineiro. 03 anos no lar.


Pressionado pelas cobranças financeiras familiares e também em busca de
liberdade.
50

6. Sra. I.C.C.

Divorciada. 64 anos. Sergipana. 11 anos no lar. Por ser pintora e sozinha,


não poder deixar seu apartamento de portas abertas para visitas de suas obras.
Foi para o lar em busca de espaço e de segurança.

7. Sra. S.M.

Solteira, 65 anos, goiana, 21 anos no lar. Por não possuir moradia própria
e ter se aposentado muito cedo por motivo de doença.

8. Sr. J.F.

Divorciado, 70 anos, mineiro, mora no Lar há três anos. Ganha muito


pouco com a aposentadoria, não tem moradia própria e perdeu contato com a
família, apesar dos filhos saberem onde está.

9. Sra. M.C.C.L.

Solteira, 78 anos, pernambucana, há cinco anos e meio foi morar no Lar.


Sem condições de trabalhar e doente foi morar na casa de amigos, mas não
queria incomodá-los.

10. Sr. A.M.P.

Viúvo, 73 anos, mineiro, já mora no Lar há seis anos. Depois que sofreu
um acidente vascular cerebral "derrame" e por falta de condições da família para
cuidar foi levado para o Lar dos idosos.
51

11. Sra. J.G.C.

Solteira, 73 anos. Carioca. Moradora do Lar há nove meses, sente que


tinha que procurar seu lugar porque não quer incomodar família.

"Conheci o Lar pela TV e deu vontade de vir morar".¹¹

12. Sra. R.S.S.

Solteira, 63 anos, paraibana, tem apenas sete meses no Lar. Conta que
por motivo de doença, a família lhe deu as “costas”.

"Depois que adoeci, minha família me deu as costas..." ¹²

13. Sr. F.P.

Casado (separado de corpos), 73 anos, cearense, mora no Lar há seis


anos. Por desprezo dos familiares e com problemas renal foi para o Lar. É sua
morada, mora só, diferente dos outros que dormem até três em um cômodo.

14. Sr. L.C.F.P.

Divorciado, 64 anos, capixaba, reside no Lar há um ano e quatro meses.


As lembranças que guarda do passado são péssimas. Desorientado na vida e não
trabalhando mais foi internado para tratamento psicológico por várias vezes e por
intermédio de uma senhora veio para o lar. Não gosta do lar.

"Perdi tudo, a casa, o filho, tudo".14


52

2.2. Temáticas resultantes dos depoimentos dos idosos

Quadro 02. Grupos temáticos resultantes dos dados empíricos da pesquisa.


Brasília, 2003.

GRUPOS TEMÁTICOS SUB-GRUPOS

A. História de Vida Motivo da entrada no Lar

B. Aspectos Familiares Relação familiar

C. Aspectos Sociais Participação social

D. Aspectos Culturais Participação cultural

E. Aspectos Econômicos Emprego do dinheiro

F. Aspectos Psicológicos Percepção da velhice

G. Saúde Geral e Oral Percepção da saúde

H. Qualidade de Vida Percepção de qualidade de vida

2.3. Objetivando a percepção dos idosos sobre saúde e qualidade de vida


dos depoimentos obtidos.

A. DA HISTÓRIA DE VIDA – Motivo da entrada no Lar

O motivo para ir morar no Lar emergiu no depoimento dos idosos


enquanto percepção de suas vidas no passado, fosse convivendo com a família,
parentes, amigos ou ainda, morando sozinhos.
53

Me sentia mal com os parentes que convivia. 1

Uma saída (reencontro) para fugir da bebida. 2

Eu sentia muita solidão – vim em busca de uma companhia. 3

Motivado pelos altos custos do abrigo onde eu estava e do tratamento que me


submetia. 4

Pressionado pelas cobranças financeiras familiares; pela busca de liberdade. 5

Por ser pintora e sozinha, não poder deixar meu apartamento de portas abertas
para as visitas de minhas obras. Vim para o lar em busca de espaço e de
segurança. 6

Eu não possuía moradia própria e aposentei muito cedo por motivo de doença. 7

Eu ganhava muito pouco com a aposentadoria, não tinha moradia e perdi o


contato com a família, apesar dos meus filhos saberem onde estou. 8

Sem condições de trabalhar e doente fui morar na casa de amigos, mas não queria
incomodá-los. 9

Sofri um derrame e minha família não possui condições para cuidar de mim. 10

Eu tinha que procurar meu lugar porque não queria incomodar a família, conheci o
Lar pela TV e deu vontade de vir morar aqui. 11

Eu estava doente e minha família me deu as “costas”. 12

Fui desprezado pelos familiares e com problemas no rim vim para o lar; aqui é
minha morada, moro só, diferente dos outros que dormem com três pessoas no
quarto. 13

As lembranças do passado são péssimas. Perdi tudo, a casa, o filho, tudo.


Desorientado na vida e não trabalhando mais fui internado para tratamento
psicológico por várias vezes e por intermédio de uma senhora vim para o lar; Não
gosto do lar. 14

As falas dos idosos deixam transparecer com clareza o sentimento e o


ressentimento das difíceis relações com os familiares, a triste sensação de
abandono, as extremas dificuldades econômicas, tanto para os próprios idosos
54

como para seus familiares, a solidão persistente, as doenças e as perdas, todas


motivando a ida dos mesmos para o Lar.

O depoimento de um dos entrevistados, um homem ainda relativamente


jovem, é expressivo quando se reporta para um passado de dificuldades,
sofrimento e tristeza...

“Desgostei da vida e caí na bebida..., vivi na rua, morei até


debaixo da ponte – e tinha uma casa – mas não consegui me
curar... Busquei o lar para tentar me reencontrar..., tive uma luta
comigo mesmo e por vergonha na cara procurei ajuda e fui
acolhido”. ²

B. DOS ASPECTOS FAMILIARES – Relação familiar

Os idosos falam de modo mais pontual sobre as suas relações e os seus


laços com suas famílias, revelando suas percepções, sentimentos ambíguos e
contraditórios com relação aos seus familiares, como se constata nas falas que
seguem:

Não ligo para família (não faço questão); Sinto muita falta da minha mãe. A vida
inteira fui cuidado e cuidei da minha mãe. 1

Perdi o contato com a família, mas tenho muitos amigos. 2

Sinto falta, mas ninguém me procura, apenas os amigos. 3

Saudade não é só família. Amigos são mais da família que a própria família. 4

Quando bate a solidão, sinto saudades da minha esposa e dos meus filhos, apesar
de não ter o devido reconhecimento por tudo que fiz por eles. 5

Minha companhia é o meu trabalho. Separada e sem filhos, com irmãos morando
tão distante, me acostumei com a solidão. 6

Procuro me afastar das pessoas; prefiro ficar sozinha. 7


55

Não recebo visita de amigos e nem de ninguém. 8

Sinto falta de todos os filhos, mas do mais velho, que morreu, sinto mais falta.
Sempre recebo visita deles e de muitos amigos. 10

Pai e mãe são tudo para mim, é um orgulho. Tenho colegas , não amigos no Lar. 11

Não tenho filhos, mas tenho sobrinhos que sempre me visitam; recebo várias
visitas de amigos e colegas no lar; Adoro conversar com todos os visitantes. 12

Apesar das raras visitas dos meus irmãos, considero mais os amigos; tenho
saudade da família, eu tinha carro, casas, mas perdi tudo, inclusive o valor pela
família; Nas férias dos funcionários, sou convocado para ajudar no lar. 13

Perdi os irmãos. Não tenho mais parente, tenho alguns amigos e considero tudo
na vida, são os que sustentam. Estou bem, em vista de muitos que tem família,
carro, moradia e “largam” os idosos no lar, ..., penso estar sozinho, mas eles estão
piores que eu. 14

Nestes depoimentos a dimensão da importância da família na vida de


todos estes idosos é expressiva, observa-se que em todas as falas a família está
contemplada, por outro lado, o sentimento da baixa auto-estima emerge quando
deles se acerca a sensação de exclusão afetando a sua identidade pessoal, por
não ter o seu papel de idoso sido reconhecido pela família o que por certo daria
outro significado às suas vidas. Neste cenário surgem então os amigos, que para
muitos idosos significam muito mais que a família:

Amigos são mais da família que a própria família. 4

Não sinto tanta saudade da família, aceito a distância e tenho paciência, pois
apesar de não ter filhos, mas apesar de possuir irmãos e de ter ajudado muito eles
no passado, nunca recebi um convite ou uma carta deles. Tenho uma grande
amiga com quem sempre passo os finais de semana. 9

O depoimento de uma senhora extremamente lúcida, com uma visão


racional quanto aos laços familiares e de amizade, demonstra um certo grau de
compreensão pela vida...

“Tenha paciência com a vida e compreenda a vida, aceite a


distância, não se pode culpar filhos e irmãos que estão, às vezes,
56

lutando pela sua vida, e peça a Deus saúde, paz e misericórdia...


Deus me livre de morar na casa dos outros, estou muito bem
aqui... e melhor, bem feliz”. 9

C. DOS ASPECTOS SOCIAIS – Participação social

Sentimentos expressivos são declarados quando da sua participação social


atual, seja dentro ou fora do ambiente onde vivem. Uma reflexão, ainda que
tímida, retrata uma suposta integração com a sociedade e o desenvolvimento de
atividades para a terceira idade, apesar de declarações contrárias a respeito.

Gosto apenas de observar, não participo das festas. 2

Adoro festas, mas não posso comer doces. 3

Não existe idade, não existe tempo para viver, se vive a toda hora e sempre. 4

Há sempre discriminação nas ruas. Pessoas fazem para cumprir a lei e não por
solidariedade; Gosto de receber visitas e acompanhá-las pelo lar, mas poucas
pessoas batem à minha porta. 5

Há poucos eventos no lar; deixei de participar assim que fui transferida de ala. 6

Tenho dificuldade de locomoção, prefiro olhar de longe. 7

Gosto de tudo do lar. 8

Adoro passear, vou a todos os passeios, mas das festas..., só participo quando me
chamam. 9

Gosto e acho divertido. Acho inclusive que o que falta é participação dos idosos,
são desunidos. 10

Divirto-me com as sessões de fisioterapia; como carioca gosto de ajudar colegas


que precisam. 11

“Respeito” é aprendido desde cedo; Quase não saio, gosto das visitas. 12
57

Estou num “condomínio de idosos”, adoro as festas; faltam jogos, uma piscina, ...,
adoro dançar. Adoro a terceira idade e tudo que é proporcionado para os idosos:
excursões, festas, namoros, danças, passeios... 13

Retratos do passado são declarados em alguns depoimentos, afastados


pela lembrança de entes queridos, muitas vezes presentes em imagens de outras
pessoas, sejam visitantes ou parentes de outros idosos.

Não tenho prazer em participar das festividades; Sempre fui cuidado pela minha
mãe e desde cedo fui acostumado a vida caseira. 1

Só se é querido quando jovem, nesta idade ninguém é nada. Só passeia quando


alguém vem buscar e se for para assistir uma partida de futebol; Sempre que vejo
festas e os visitantes lembro do meu filho. 14

As limitações decorrentes da enfermidade restringem de certo modo sua


participação em eventos sociais, como demonstra o depoimento de uma das
entrevistadas.

“Muitas são as festas aqui, sempre tem, toda a semana... Vou a


todas, mas fico só olhando, sou diabética, não posso comer doces
e nem tomar refrigerantes..., fico só na vontade”. ³

D. DOS ASPECTOS CULTURAIS – Participação cultural

Caracterizados por um passado de pouca expressão cultural e vivendo um


momento de época refletido no processo trabalhista, declarações das ausências
das cadeiras escolares são claras nos depoimentos a seguir, refletidos em um
cotidiano voltado aos mais simples prazeres, confundido, por vezes, ao vínculo
social:

Eu fazia muitas badaladas com os amigos, sempre curtindo bebidas. 2

Eu gostava dos encontros que tinha com os amigos e amigas nas festas da roça. 3
58

Fiz o 1º grau completo. Gosto de sair para bailes e fazer amigos. 4

Tenho o curso primário incompleto. Como comerciante empreguei muita gente,


não havia tempo para se desfrutar da cultura. 5

Tenho o 2º grau completo. Adoro ler livros e aprendi a falar e ler francês com as
leituras. 6

Sou analfabeta. Comecei a trabalhar cedo e me aposentei também muito cedo. 7

Tenho o 1º grau incompleto. Comecei a gostar de leitura na terceira idade. 8

Não completei o primeiro grau. Gostava muito de passear e visitar museus, ir ao


teatro. 9

Sou analfabeto. Trabalhei até os 62 anos de idade; desde cedo trabalhei na roça
com gado – adoro assistir o Globo Rural. 10

Não gosto de me divertir como os outros; trabalhei desde cedo por isto não tive
infância, nem juventude. 11

Sou analfabeto. Extremamente vaidoso, ignorei os estudos para “farrear”, dirigir


carros e namorar. 13

Tenho o 1º grau completo. Adoro fazer leituras, fico muitas vezes só, então
aproveito para ler, não gosto de nada, mas valorizo os estudos. 14

Dificuldades e limitações do corpo são relatados pelos idosos, servindo de


justificativa para o distanciamento das escolas e da cultura local

Não estudei, até tentei. Tive dificuldades na fala, fiquei traumatizado depois da
perda do meu pai, com o tempo voltei a falar, mas foi muito tarde, perdi a
vontade... Eu saia com os colegas para o cinema, o que eram raras às vezes. 1

Com a perda parcial da visão aos 12 anos de idade, não freqüentei a escola, nem
participei dos acontecimentos. 12

Os valores culturais são abertamente demonstrados nas histórias dos


idosos, caracterizados, em parte, pela experiência de vida, como no depoimento
abaixo.

“Sou extremamente vaidoso – gosto de uma roupinha arrumada,


de fazer a barba, ..., me cuidar – ignorei os estudos, apesar de
hoje dar muito valor para eles. Gostaria de aprender a ler e
59

escrever, se eu tivesse consciência e mentalidade que tenho hoje,


talvez seria uma pessoa mais inteligente... Muitos aqui acham que
tenho estudo, pois me visto bem e sempre estou bem
acompanhado, mas eu nunca estudei, mas tenho uma sabedoria
que considero divina, aprendi muito com a vida”. ¹³

E. DOS ASPECTOS ECONÔMICOS – Emprego do dinheiro

Conformados com o baixo benefício recebido pelo governo, os idosos, com


a aparente demonstração da falta de necessidade pelo valor econômico, retratam
a utilização monetária como um complemento das suas necessidades diárias.
Outros sem acesso a aposentadoria demonstram dificuldades da idade em se
conseguir algum trabalho.

Sou pensionista. Compro de medicamentos com o meu dinheiro. 1

Não recebo benefício. Não possuo dinheiro e nem preciso. 2

Sou pensionista. Guardo dinheiro para se um dia precisar pagar alguém para
cuidar de mim. 3

Sou aposentado pela Polícia Militar (ferido). Faço poupança para comprar uma
casa. 4

Sou beneficiário. Gasto meu dinheiro com medicamentos, às vezes almoço fora e
gasto com gasolina. 5

Sou autônoma. Contribuo bastante com o lar. Gasto com instrumentos de trabalho
e com minha alimentação, pois não me alimento no lar. 6

Sou beneficiária. Me aposentei por doença. Gasto com a compra de vários


medicamentos. 7

Sou Beneficiário. Não dou contribuição para o lar. Gasto por semana de 30 a 40
reais na loteria. 8

Sou beneficiário. Gasto com medicamentos, quando não tem no lar, e com
“coisinhas” quando vou passear. 9
60

Beneficiário. Me preocupo com minha família; e tudo que ganho é para os filhos,
algumas vezes compro remédio, quando não tem no lar. 10

Sou beneficiária. Tenho uma poupança no banco e sonho com minha casinha
própria. 11

Sou beneficiária. Gasto com coisas pessoais e dou dinheiro para meu sobrinho
gastar com gasolina. 12

Sou beneficiário. Não tenho preocupação com nada, apenas com a desunião dos
idosos. Gasto com almoço fora, não que a comida do lar seja ruim, é boa. Gasto
com cervejas quando saio com amigos e para comprar coisinhas como: aparelho
de barba, cremes para pele,... 13

Não sou aposentado. No lar não me deixam sair para trabalhar. Sou pintor, recebo
alguns “agrados” dos visitantes, às vezes tenho que implorar, e até chorar, para
conseguir alguma coisa. 14

As expressões formalizadas pelos idosos, em tons de uma vida cheia de


“luta”, retrata as dificuldades e relações familiares interligadas ao fator econômico,
como no depoimento de um dos entrevistados, que apesar da sua serenidade e
sentimentalidade, constitui-se num momento racional.

“Antes da minha separação, há 07 anos, tive um desentendimento


com minha esposa e meus filhos – que devo continuar trabalhando
– o interesse por mim estava ligado no dinheiro... Agora, levo a
maior parte da minha terceira idade mais confortável, ”sem
cobrança”, livre das “piadinhas” e com mais dignidade – sou dono
de mim...” 5

F. DOS ASPECTOS PSICOLÓGICOS – A percepção da velhice

As percepções da velhice são retratadas de várias formas, muitas vezes


vinculadas ao estado emocional dos idosos ou simplesmente na configuração do
corpo. São as imagens do passado e reflexão da esperança de vida no presente,
como se pode observar nas declarações a seguir, algumas com nuances
negativas, outras com uma idéia positivista da idade:
61

É o fim da vida, apesar de pacata... ¹

Aquilo que já foi, já passou; Esperar o que mais... ²

Se encontrar com Deus, é a mudança de tudo; Muda a cabeça, o corpo, até a


saúde. ³

Ser velho não existe... Velho é isto: doença... idade está na cabeça. 4

Ser velho é uma vitória; É chegar num tempo de glória, não é qualquer um que
chega aqui. 5

É uma fase serena, sem anseios como outras idades. 6

É usado, quando não dar conta de mais nada; “sofrimento e preocupações


envelhecem as pessoas”. 7

É uma conseqüência natural do ser humano; Velho pobre é infeliz, especialmente,


quando não estiver com Deus..., o velho rico é feliz com ou sem Deus. Mas a
verdade é que ninguém é feliz se não tiver conforto espiritual; Estar na terceira
idade é a sensação de dever cumprido com a vida. 8

Ser velho é depender dos outros e não poder fazer nada, não gosto do termo
velhice. E viver a terceira idade é viver uma idade feliz, uma idade experiente. 9

Queria ser antes o que sou hoje, há um bom tempo, tenho a maior felicidade de
estar nesta idade. A terceira idade é muito melhor que minha juventude, tudo que
não pude fazer antes posso fazer agora, ir para o teatro, passear, ..., naquele
tempo era mandado, hoje, mando em mim. 10

Começa quando aparece cabelo prateado, rugas eu agradeço a Deus porque


tenho orgulho de ser velha; idosos são mais bem tratados hoje que antes. ¹¹

Terceira idade é horrível; velho é quando tudo foi embora, ai vem logo a doença. ¹²

Diversão à vida inteira, tudo é bom. Ser velho é bom e estar na terceira idade é
diversão, passeios,...; sente bem com a terceira idade – é a melhor fase da vida. ¹³

É a pior coisa do mundo. Ser velho é um desprezado, até a política só vê os jovens


e só faz por eles, se terceira idade é isso prefiro não estar. 14

O discurso a seguir de um senhor de extrema extroversão, orgulhoso e


saudoso do que foi no passado, limitado por sua cadeira de rodas, retrata com a
mais simples convicção e relativo sentimento positivista da realidade a
62

caracterização de humanidade e limitações de um corpo e seu reflexo na


sociedade...

“Olha, na minha opinião não existe idade..., na minha opinião


existe saúde. Porque não adianta nada ser novo e ter alguma
dificuldade física, e você, às vezes tem setenta ou oitenta... e ta aí.
Existem duas coisas que não acredito é na idade e na beleza.
Acredito na capacidade de fazer tudo, mesmo com dificuldades,
sem precisar de ninguém”. 4

G. DA SAÚDE GERAL E ORAL – A percepção da saúde

Nos depoimentos a seguir a dimensão da importância da saúde na vida


de todos é expressiva, observa-se que em todas as falas a saúde é admirada,
retratada com sentimento de autonomia e fuga das limitações, para os idosos,
“conseqüentes” da idade:

Ter como comer, andar, é poder sair. 1

Não sentir nada, é ter muita felicidade. 2

Ter felicidade, está bem com tudo, não precisar de ninguém para viver. 3

Saúde é algo que Deus nos dá. Sentir gosto das coisas, sentir tudo. 4

Saúde é ter entusiasmo para a vida, ter resistência e vida; É ter os dentes na boca
ou usar prótese. 5

Saúde da alma. É uma boa alimentação, é não ter distúrbios, angústias e


depressão. É a total ausência de feridas na boca e dentes bons. 6

Saúde é poder trabalhar e poder se virar sozinho, é quando não se tem nada: sem
mau hálito, comer qualquer coisa, sem doença. 7

Saúde é o funcionamento de todos os órgãos, sem problemas para mastigar, de


pensar, de tudo. 8

Saúde é a riqueza de Deus. È cuidar da higiene, dos problemas que tem. 9


63

Saúde é participar de tudo que tem a volta, seja rico, seja pobre. É fazer o que
pode fazer e aproveitar. É ter paladar, a boca é onde entra o alimento e o paladar
é importante. 10

Ter de se cuidar hoje para viver mais amanhã. 11

Boca saudável é ter higiene bucal; Saúde é importante. 12

Dar graças a Deus. É não ter doença. A boca é importante, mas perde os dentes
cedo e não é tão importante, pois careia, dá mau cheiro, prefere prótese. 13

Se alimentar bem, poder não sentir nada e poder fazer tudo, tem coisa que não
pode comer, pois pode fazer mal. Saúde é aquilo que você sente. 14

O depoimento do entrevistado, um senhor de um passado de amarguras


familiares e sonhador ao reencontro de uma nova família, é expressivo quando
retrata a saúde além do corpo...

“Acredito que ter uma vida com mais qualidade e saúde é conviver
com familiares e amigos que realmente gostam de você,
independente da sua saúde..., é viver sem prejudicar os outros,
sem cometer desordens na vida – poder comer, andar, poder sair,
sem precisar de ninguém”. ¹

H. DA QUALIDADE DE VIDA – A percepção de qualidade de vida

Qualidade de vida tem um enfoque mais generalizado, englobando em um


discurso sensações e reflexões de todos os aspectos anteriormente relatados.

Viver com amigos e outros parentes, estar ao lado de pessoas amorosas. 1

Não discutir o certo e o errado, viver a vida como ela é, do jeito que Deus nos
oferece, evitar os erros da vida. 2

Ter vida boa é ter uma vida própria na casa da gente, ter muita amizade. 3

Ter saúde e moral, saber respeitar e bem tratar todo mundo. 4


64

Poder sair, fazer visitas, passear, comer, poder trabalhar. É ter mais dinheiro para
fazer as coisas. 6

Não sei... é ter vida boa, ser sadia, morar num lugar bom. É ter paz, saúde,
segurança e sem vícios. 7

Bom emprego, ter lar, parentes, cercado de afetividades e gozar de boa saúde. 8

Ter uma casa, ter meu conforto, ter saúde, ter paz. 9

É ter boa saúde, ter como participar da vida, é ter como desfrutar das coisas que
tem vontade, mas respeitando os limites daquilo que pode. A sabedoria é outra
coisa muito importante. 10

Ter dinheiro? Apartamento e carro? Viajar? Será que tenho qualidade de vida?
Dormir bem, viver bem, ter mundo melhor, feliz com Deus e com as pessoas ao
seu lado, ter paz e amor. 11

Saúde é tudo. 12

Está na conformação da pessoa em aceitar a velhice, se comportar, é poder


controlar a própria vida – somos responsáveis por ela. Para melhorar ... só o
impossível, só se ficar novo, mas a mente tem que ser a de hoje. 13

Lugar para morar, ter liberdade, um lugar para trabalhar, ter suas coisas, poder
cozinhar, passar roupa, lavar... Para melhorar é só sair daqui, morar sozinho, é ter
de volta a minha felicidade, ter tudo. 14

A qualidade de vida é um retrato pessoal inserido no discurso a seguir,


de um entrevistado “aprisionado” pelo passado de culpa pela morte do filho, mas
podendo expressar sentimentos de outros numa visão mais próxima do real.

“Talvez falo pela maioria das pessoas do lar, a maioria que é doente
e já perderam a sua saúde de cabeça... Apesar de não ter hoje
nenhum filho – tive dois: um que morreu num acidente de moto e
outro que nem sei onde está, e ter vindo com ajuda de amigos, ...,
nunca levem seus pais a uma instituição para idosos, aqui não tem
liberdade e nem qualidade de vida, aqui é um lugar muito triste...
Quando falam que a prisão é o pior lugar do mundo, não sabem que
a cadeia serve para corrigir as pessoas que fizeram coisa errada e
aqui para prenderem pessoas que não fizeram nada – devemos
lembrar que nossos filhos vêem o que a gente faz, e que podemos
estar aqui. Aqui só é bom para quem não tem nada na vida, aqui tem
comida, remédio, uma cama para dormir, um chuveiro para tomar
seu banho e pessoas que estão preocupadas com você, tem os
amigos que é uma nova família...” 14
65

VII. DISCUSSÃO

Assegura-se a melhor validade da pesquisa qualitativa através do método


da triangulação, apontando convergências para colocação de interpretação que
complementam vantagens e desvantagens de cada método, assim garantindo
compreensão e boa reflexão de análise de dados, clareza na exposição da coleta
de dados e sua análise permitindo que o leitor o julgue. Opiniões pessoais foram
evitadas e não causaram alteração do resultado, foram discutidos dados
contraditórios e a existência de diferentes perspectivas dando ênfase de que “cada
idoso é um idoso”.

Para o início da discussão é importante se levar em conta um texto de


ALMEIDA (2001), a respeito de como olhamos os idosos:

“as atribuições negativas que descrevem os impactos proporcionados


pela 1ª visita às instituições de idosos, remetem aos sentimentos de
tristeza, dor, compaixão, medo e finitude, traduz as sucessivas
transformações que se operam no âmbito social a partir do século XVIII
com a revolução industrial, período em que ocorreu uma grande
mudança de valores em favor de uma sociedade individualista. O
indivíduo velho, por não ser reprodutor de vida, nem produtor de
riquezas, passou então, a ser associado à inutilidade e decrepitude”.
(ALMEIDA, 2001: p. 03)

Com essa visão têm-se os primeiros subterfúgios para a convicção do que


se vê muitas vezes está distante da realidade vivida pelas pessoas, sempre se
deve respeitar as situações impostas a quem se vive o processo. O que se pensa
não é a realidade até seu verdadeiro convívio.

Os aspectos aqui discutidos seguem a ordem dos resultados da pesquisa,


que acumulados e cruzados refletem a essência básica dos fatores que
proporcionam a qualidade de vida.
66

As histórias de vida são as mais diversas possíveis que convergem a um


mesmo destino. Causas primárias e ímpares que com o passar do tempo foram
delineando um ideal de vida comum.

A busca de cuidados, fuga dos maus tratos familiar, falta de moradia,


vergonha, liberdade – autonomia, solidão, ..., um encontro com a saúde. Fatores
que por uma via ou por outra levam ao ingresso de instituições para idosos, o que
justifica pesquisas sobre relacionamentos dos idosos com a família e a sociedade,
visto que muitos perdem sua independência. Acima de tudo, independência
poderia ser considerada o mais importante quando fala em envelhecimento.

As histórias de vida e de família contadas por cada idoso entrevistado são


episódios das biografias ricas em algo essencial sobre como conduzir a vida. Uma
é do acumulado de vergonha sobre si e um pouco da forma de se chegar ao
orgulho próprio.

Algumas coisas afetam-nos por toda a vida, como crescer sem o amor de
uma mãe, ou de parentes diretos, que de uma forma ou de outra ignoram a
presença com humilhações e desprezos, situações que marcam etapas de
angústia e tristeza aparente. Seres humanos silenciados perante tantas
transformações que passaram com o tempo.

Apesar de algumas vezes as idéias discordarem em situações diversas, as


citações nas historias não se limitaram ao que cada um falava, influenciaram na
sua saúde e qualidade de vida.

No que diz respeito a família, os sentimentos com relação aos motivos que
levaram muitos idosos para a instituição são semelhantes. Havendo para alguns,
novas definições de família, quando do estabelecimento de relações afetivas e
amigáveis no contexto geral.
67

Há relatos do desprezo familiar, da perda do contato, saudade, da


insociabilidade com as pessoas, esquecimento, da nova família – os amigos, do
trabalho como companhia, ..., do orgulho de possuir pessoas tão próximas e
caridosas – visitantes do lar.

A amizade é algo de muito valor dentro da instituição. Acostumados a


distância da família, os idosos se adaptaram e fomentaram uma nova concepção
de família, muito mais que laços sanguíneos, os novos laços de afetividade são
provas de que o carinho e o respeito estão próximos. O que complementa a
afirmação de SALGADO (1982) sobre viver em um ambiente acolhedor, muito
mais que a própria família, os amigos são tão importantes para a continuidade da
vida, tornando-a mais prazerosa.

O estudo mostrou ainda como a capacidade física e a agilidade perdem-se


com tempo, mas, o potencial para desenvolver novas relações de amizades
permanece. Solidariedade existe no asilo, mas há relato de reclamações
freqüentes entre os idosos como “incompreensivos” e algo de “rabugento”. As
enfermidades do corpo com freqüência são igualadas a fraqueza da mente. O
discurso às vezes é comum, mas nas conversas reservadas aflora a sensibilidade
expressando profundas emoções.

Quanto a socialização e as expressões culturais, nota-se uma verdadeira


singularidade particular. Foram testemunhas e figurantes de um palco marcante
no cenário sócio-cultural, de concepções históricas relativas a um dado momento
político e econômico vivido na época da juventude.

As informações que receberam no passado foram acumuladas com as


transformações atuais, levando a patamares mais elevados de sabedoria de vida.
Os ensinamentos culturais estavam restritos a moralidade e a fé e a veiculação da
importância do exercício de luta – o trabalho.
68

Detectou-se uma freqüente e grande preocupação entre os idosos com


relação a necessidade de trabalho, este sentimento reflete a origem simples e a
vida impregnada de dificuldades financeiras no passado. O momento regia o
condicionamento ao trabalho, e esta vinculação os “aterrorizam” também nos dias
de hoje. Com a aposentadoria, atualmente, a compra de medicamentos é uma
prioridade e uma necessidade inquestionável entre os idosos entrevistados,
mesmo que a medicação na maioria das vezes seja oferecida pela instituição, as
reservas econômicas dos idosos estão voltadas para o suprimento de medicações
que faltam na farmácia da enfermaria do Lar dos Velhinhos.

Um importante dado obtido diz respeito as expectativas e planos para o


futuro, economizar e juntar dinheiro para realizar o sonho da casa própria e para
ajudar os parentes que necessitam.

Mas é fato que, adaptados a essa situação, declaram o prazer dos dias
atuais. Longe dos mandos e desmandos da época de trabalho sua efetividade e
participação dos acontecimentos a volta são mais visíveis, mesmo com a timidez
aparente retratada em seus relatos.

Um outro fato curioso está vinculado à prestação de favores entre os


colegas e visitantes, que para estes se tornam verdadeiros guias turísticos do lar
dos velhinhos. Demonstrando uma sociabilidade discreta às pessoas que de uma
forma ou de outra manifestam solidariedade com os idosos.

Nos aspectos psicológicos, normalmente fragilizado com o passar do


tempo, como ressaltam CORMACK (2002), NERI (1995 / 2001), SALGADO
(1982), SILVA (1998), TESSARI (2002), entre outros autores, mas conjeturados de
uma história de vida ímpar, foi verificado reflexões a respeito do envelhecimento,
com uma tenacidade que vai contra essa fragilização, na verdade observada como
um fortalecimento dos acontecimentos passados, mesmo com a solidão.
69

Não se pode deixar de considerar que a articulação do corpo e do tempo é


um reflexo do contexto social vivido. As declarações sobre uma pessoa velha e
envelhecimento, as limitações corporais citadas e a consciência do tempo são
problemas realçados no processo do passar dos anos, aparecendo de forma
renovada no discurso dos idosos, embora possam assumir oscilações diferentes,
dependendo da estrutura psíquica e apoio social existentes na instituição. O
envelhecimento é visto apenas pelo aspecto visual, físico.

Muitos percebendo a aproximação da fragilidade e com a saúde debilitada


pedem para Deus oferecer uma morte “serena e tranqüila”.

Há uma verdadeira reflexão da proximidade do fim da vida, transparecem


com a mais lúcida convicção da aceitação. Descrevem a velhice como algo
negativo em seu teor literário, algo que descreve o “usado”, a dependência, a
doença, ..., preferem a declaração – terceira idade – manifestando-se algo maior,
uma mudança de tudo.

A história da humanidade é uma história de guerra, opressão, escravidão e


rejeição. Toda sociedade, em todos os tempos, tem criado suas próprias formas
de exclusão (VANIER, 2002).

Os idosos devem se opor à depreciação da nossa sociedade, vistos


negativamente, “discriminados”, “mal tratados” e “insultados” nas ruas, “não
solidários”. Detêm um orgulho desafiador, pois ao longo de suas vidas
conseguiram acumular muitas experiências e chegar na terceira idade é com
certeza "uma grande vitória".

No aspecto saúde há uma visível fragilidade, apesar de destacada como


um fator extremamente importante, mas preponderante era o fato do medo da
debilitação e dependência. A saúde está relacionada às limitações do corpo.
70

Associam a saúde como um estado primoroso de felicidade, de entusiasmo


para a vida, muito embora vinculado a ausência de doença. Mas há reflexões
contrárias, quando se ouvem dependentes parciais. A cadeira de rodas de um dos
entrevistados restringe seu corpo, mas a sua mente se move com agilidade, com
as brincadeiras, durante as visitas informais e formais.

Durante as declarações percebeu-se sentimentos que diferem um pouco de


estudos descritos na revisão literária, levando a crer a confirmação que cada
“idoso é um idoso”.

Com o reconhecimento explícito, a saúde oral teve seu grau de importância,


como um estado de prazer reconhecido. O paladar foi destaque entre os aspectos
da boca. A perda dos dentes não afetou em qualquer relacionamento ou criou
efeito negativo entre os idosos participantes da pesquisa, que entendem ser um
processo natural que ocorre com o tempo. Percebe-se que os idosos
entrevistados utilizam algum tipo de prótese dentária. A saúde oral está
relacionada ao mau hálito e ao fator gustativo. Há uma nítida impressão de que a
presença dos dentes mais atrapalha que ajuda, há uma preferência pelo uso de
peças protéticas.

A falta de informação quanto à saúde é evidente, mas que pode ser


explicado pelo distanciamento que tiveram das cadeiras escolares e da própria
cultura popular. A saúde oral, especificamente, foi ignorada no passado, até
mesmo pelo momento histórico vivido na época – a atenção na área odontológica
era, ainda, muito periférica. Os idosos viveram a infância e adolescência, um
período de maior aprendizagem, nas décadas de 30 e 40, afirmando a citação
anterior.

Os fatores negativos como: restrições na liberdade individual,


concentrações de atividades (física e mental) diárias e seu lazer podem diminuir a
71

expectativa de vida, comportamento, o bem estar, a violência, resultante da


autopercepção em saúde.

Quanto à qualidade de vida a associação com a saúde é clara, mas


aspectos familiares e laços de amizade (afetividade), aspectos psicológicos,
sociais, culturais, econômicos, influências da história de vida são descritos como
fatores essenciais.

Outro fator não distante e nem ignorável é a visão que se tem das
instituições. O fato é que idosos como os entrevistados são minoria dentro do lar e
que as histórias se confundem com outras levando a um denominador comum – a
chegada na instituição.

Idosos de várias origens e crenças, de histórias incomuns e comuns,


pessoas aparentemente saudáveis, mas em convívio de uma maioria insana, com
debilidades mentais perceptíveis. O que caracteriza não só o Lar dos Velhinhos
Maria Madalena como um posto avançado de saúde, mas como um “condomínio
de idosos”, como afirma um dos entrevistados, sem condições de sobreviver nos
dias atuais – não pela saúde, mas com os ganhos das aposentadorias baixas,
insuficientes para condicionar em moradia e sustentação básica.

A moradia, a alimentação e o desfrute do momento fixam nos pilares da boa


qualidade de vida, afirmada por VEIGA (2003), que ainda descreve que
envelhecer bem é o prêmio de quem começa a se cuidar mais cedo, bem como a
fuga dos vícios e o culto a moralidade e a fé, relatados pelos idosos, interferem
explicitamente na qualidade do envelhecimento.

Necessita-se de maiores habilidades para chegar no reconhecimento real,


mas ao longo das visitas, percebe-se a chegada no principal paradoxo dessa
pesquisa.
72

VIII. CONCLUSÃO

A condição de vida na terceira idade excede os limites da responsabilidade


pessoal. São vários os desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento: a
crise econômica, o aumento da expectativa de vida, a estrutura de serviços sociais
– a previdência e o declínio do cuidado tradicional da família, na verdade, a falta
de uma reorientação apropriada voltada para “envelhecimento e saúde”.

O processo de envelhecimento é individual, ocorrendo de diversas


maneiras. Capacidade funcional e atividades sociais, interação, relacionamento,
finanças, sensação de bem-estar e auto-estima produzem um certo impacto na
enfermidade e na qualidade de vida. O ambiente físico, político, cultural em que o
homem estiver situado pode facilitar ou dificultar o processo de adaptação,
acelerando ou retardando o envelhecimento.

Em relação aos idosos institucionalizados, pode-se afirmar que aspectos


familiares estão interligados aos vínculos de amizade construídos dentro da
instituição, que de uma forma geral, apesar da grande saudade gerada, as
reflexões são bem objetivas e racionais quanto a este assunto, não interferindo em
parte o caminhar de uma vida mais saudável.

A saúde é vista como uma superação do passado – devido transformações


e as relações com as mínimas informações objetivas que adquiriram ao longo da
vida. Adaptados às suas limitações, as pessoas da terceira idade, que muitas
vezes se punem a viver com sinais e sintomas de doenças por considerar que é o
preço de seu envelhecimento. A saúde oral é o retrato disso, percebida com pouca
importância entre os idosos, que apesar de valorizarem muito o paladar e a
manutenção da dentição permanente, consideram a perda algo natural e
conseqüente da idade, como uma representação passível de reposição com as
próteses dentárias.
73

Embora haja uma nítida presença, maioria da instituição, de idosos


debilitados mentalmente, dentro de uma análise geral constatou-se uma suave
presença de qualidade de vida dos participantes da entrevista. Marcados pela falta
de condições de moradia, saúde, alimentação e ausências familiares, o “Lar dos
Velhinhos Maria Madalena” mostrou-se como uma superação das dificuldades,
resgatando o conforto de uma morada, a assistência a saúde, de uma nutrição
balanceada e em grande parte a qualidade de vida dos idosos.

Muito mais que subjetividades fatoriais, a qualidade de vida na terceira


idade transcreve sentimentos vividos e refletidos ao longo da história de vida.
Consiste num estado limiar e dinâmico de saúde / doença, em torno de um
equilíbrio sólido (visível), não alterando sentidos básicos do ser humano, não
afetando princípios fundamentais da moralidade e bem estar social. É o
reconhecimento de limitações individuais e respectiva compreensão do seu
impacto na sociedade, um amadurecimento do estado de prazer e felicidade, é o
“ser”, “ter” e o “estar” do sentimento primoroso.

Entender esta afirmação como desencadeador de um processo ímpar de


abordagem, multilateral de definição, individual por concepção e complexo pela
dinâmica, é entender a magnitude do processo de envelhecimento, é saber aceitar
as barreiras físicas e delinear novas concepções da importância do viver.
74

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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80
81
82

ANEXO III

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, __________________________, aceito participar da pesquisa “Saúde e


Qualidade de Vida na Terceira Idade: Uma introspecção dos idosos do Lar dos
Velhinhos Maria Madalena-Brasília-DF”, que tem como objetivo geral de observar,
descrever e analisar a percepção dos idosos institucionalizados com relação a
qualidade de vida relacionada à saúde geral e oral, seus aspectos familiares,
sociais, culturais, econômicos, psicológicos e físicos.

Foi dito que a entrevista será feita individualmente numa sala semi-
estruturada e acompanhada pela assistente social da instituição. Permito que os
pesquisadores utilizem recursos de áudio e vídeo (filmadora e gravadora). E, que
ao final de todas as entrevistas feitas com os idosos participantes, será feita uma
discussão de grupo dos resultados da pesquisa.

Durante a entrevista e/ou na discussão de grupo, terei liberdade de


interromper, parar e/ou desistir da entrevista a qualquer momento sem qualquer
prejuízo. Os pesquisadores estarão à disposição para tirar quaisquer dúvidas
relacionadas às perguntas e métodos utilizados antes, durante e depois da
entrevista.

Foi informado que esta pesquisa será publicada, respeitando o sigilo


absoluto e minha privacidade. Quaisquer danos que possam vir causar a minha
imagem ou moral, os pesquisadores ficarão responsáveis.

Certo da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido em


02(duas) vias (via entrevistador e via entrevistado) e da proposta da pesquisa a
mim apresentado, declaro autorizado aos pesquisadores a entrevista e a reunião
do grupo de entrevistados para a eventual discussão.

Brasília DF,___ de ____________ de 2002.

Assinatura: _____________________________

Para maior esclarecimentos, entrem em contato:


Aksara Somchinda cel: 9997-1463 328-1328
Fernando C. Fernandes 941-3305 384-2609
Comitê de Ética em Pesquisa: 325-4955
uando o corpo se ressentir do mau
“Q uso, a mente falhar pelo não uso, a
emoção estiolar-se pela falta de inter-relação
social produtiva... não culpem a aposentadoria P ROGRAM AÇ ÃO
por sua decadência como ser humano; não
culpem o jovem que ocupou seu lugar na em-
DAS
presa; não culpem os filhos ausentes que es-
tão lutando pela sobrevivência, cuidando da
V IS ITAS
própria família; não culpem ninguém pela soli-
dão e falta de perspectiva de seus dias. Acei-
tem que, finda a obrigação de cumprir horários
e fazer um trabalho que às vezes amavam,
perderam a oportunidade de tentar realizar a-
quele sonho de juventude... Perderam a opor- Saúde e Qualidade de Vida
tunidade de descobrir em si mesmos, no pra- na Terceira Idade:
zer de cantar, dançar, pintar, esculpir, escre-
ver, ensinar, jardinar, fotografar, aprender um
Uma Introspecção dos Idosos
novo idioma, amar..., talentos escondidos. Per- Institucionalizados de
deram a oportunidade de levar a orfanatos, a- Brasília
silos de velhos abandonados, casa de recupe-
ração de viciados, hospitais, etc., um pouco de
sua experiência de vida, de sua capacidade
organizadora, de seu trabalho enobrecedor, de
sua solidariedade humana. Perderam a oportu-
nidade de fazer a vida digna de ser vivida, fa-
zer da aposentadoria e da terceira idade o mo-
mento mais rico e abençoado de suas existên-
cias.”
Lar dos Velhinhos Maria Madalena

(Profª Marilda Veloso, ex-presidente da As- Lar dos Velhinhos Maria Madalena
(ao lado do Instituto de Gerontologia de Brasília)
sociação Brasileira de Professores de Yoga SMPW Área Especial nº 02 Trecho 03 – Brasília – DF

e Professora de Psicomotricidade)
83
PROGRAMAÇÃO
Apresentação
Q U A R TA - F E IR A , 2 5/ 0 9/ 2 002 SE G U NDA – F E IR A ,28/ 10/ 2002 A K
A investigação sobre as condições Entrega da proposta do agendamento Q U I N T A - FE I RA , 3 1/ 1 0/ 2 002 FER
que permitem uma boa qualidade de vida na
Fazer alterações do agendamento Entrevistas com Idosos
velhice, bem como sobre as variações que
Conhecer o Instituto - Local e Funcionários
esse estado comporta reveste-se de grande
Q U I N T A - FE I RA , 0 7/ 1 1/ 2 002
importância científica e social. Ao tentar re-
Q U I N T A - FE I RA , 2 6/ 0 9/ 2 002
solver a aparente contradição que existe en- Palestra e treinamento dos funcionários
Entrega da Proposta Final das Visitas
tre velhice e bem-estar, a pesquisa pode não
Familiarização com Instituto
só contribuir para a compreensão do envelhe-
SE G U NDA – F E IR A ,11/ 11/ 2002 A K
cimento e dos limites para o desenvolvimento Q U I N T A - FE I RA , 1 4/ 1 1/ 2 002 FE R
SE G U NDA – F E IR A , 30/ 09/ 2002 AK
humano, como também para a geração de
alternativas válidas de intervenção visando ao Q UI N TA - FE I RA ,03/ 10/ 2002 FER Promoção de Saúde, Supervisão
bem-estar de pessoas idosas (NERI,1999). Familiarização com Idosos
S A B A DO , 16/ 11/ 200 2
M U T I R ÃO ( A CO N F I R MA R)
Q U A R TA - F E IR A , 0 9/ 1 0/ 2 002
Q U I N T A - FE I RA , 2 1/ 1 1/ 2 002
Q UI N TA - FE I RA ,10/ 10/ 2002 Reunião com o grupo de entrevistados
Discussão dos resultados
Entrega da Lista dos Idosos pela Instituição
Confraternização
Familiarização dos Idosos Participantes

Objetivo Geral da Pesquisa S E G U N D A – F E IR A , 14/ 10/ 200 2 AK


Q U I N T A - FE I RA , 1 7/ 1 0/ 2 002 FER Pesquisadores:
Dra. Aksara Somchinda 9997-1463
Familiarização dos Idosos Participantes
Dr. Fernando C. Fernandes 941-3305
Descrever a percepção dos idosos Aplicação Pré-teste, Entrevistas
institucionalizados, entrevistados e analisa-
Q U A R TA - F E IR A , 2 3/ 1 0/ 2 002
dos, com relação a sua história de vida, relati-
Q UI N TA - FE I RA ,24/ 10/ 2002
va à saúde geral e oral, seus aspectos soci- Orientador:
ais, psicológicos, culturais, econômicos e fa- Entrevistas com Idosos
Dr. Elson Fontes Cormack
miliares.
84
85

ANEXO V

PESQUISA SOBRE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA


NA TERCEIRA IDADE

ROTEIRO DE PERGUNTAS

1. Identificação – Ambientação 5. Aspectos culturais;


do contexto; 6. Aspectos econômicos;
2. História de vida; 7. Aspectos psicológicos;
3. Aspectos familiares; 8. Saúde geral e oral;
4. Aspectos sociais; 9. Qualidade de vida.

QUESTIONÁRIO

1ª PARTE - Identificação

1) Data da entrevista e codificação das fitas para a identificação.


2) Início da entrevista (horas). Fim:____________
3) Identificação do entrevistado

a) Nome;
b) Idade;
c) Onde nasceu;
d) Seu estado civil;

2ª PARTE – História de Vida

4) Fale um pouco da sua de vida:

a) Há quanto tempo está na instituição (Lar dos Velhinhos Maria Madalena);


b) Onde morava antes de vir para o lar;
c) Quais são suas lembranças de... (cidade onde morava ou local);
d) Por que mudou para o lar;
e) O mais agrada no lar;
f) O que menos agrada no lar;

3ª PARTE - Aspectos familiares

5) Fale sobre sua família: (caso tenha)


86

a) Você tem família


b) Eles moram aqui em Brasília; (caso positivo)
b.1) Há visitas por parte de seus familiares;
b.2) E o que fazem quando estão aqui;

c) Eles moram aqui em Brasília; (caso negativo)


c.1) Ainda tem contato com eles.
d) Sente falta dos seus familiares, porquê;

6) E sua família: (caso não tenha)


Porque;

7) Fale sobre seus amigos:

a) Você considera que tem amigos aqui no lar;


b) Com que pessoas conta para conversar;
c) É solicitado para ajudar alguém;
d) E se necessário pede ajuda;

4ª PARTE - Aspectos sociais

8) Vamos falar sobre seu envelhecimento;

a) Na sua opinião quais os sinais de que uma pessoa está envelhecendo;


b) Como você acha que as pessoas vêem os idosos;

9) Vamos falar de suas atividades.

a) Quais atividades desenvolvem aqui no lar;


b) De quais você participa;
c) O que mais gosta de fazer;
d) O que menos gosta;
e) O que mais gostou de ter realizado em sua vida;
f) Qual é sua preocupação principal hoje em dia;
g) Como você imagina o futuro;

5ª PARTE - Aspectos culturais

10) Freqüentou escola? No caso negativo -Porque?


11) Na sua juventude o que mais gostava de fazer (cultura e lazer)?

6ª PARTE - Aspecto econômico

12) Qual é a sua renda?

a) De onde vem;
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b) Como você gasta seu dinheiro;

7ª PARTE - Aspectos psicológicos

13) Fale sobre sua Felicidade / Satisfação / Sentido da Vida / Fé:


14) O que você acha que é “ser velho”?
15) O que é estar na terceira idade?

8ª PARTE - Saúde geral e oral

16) O que é saúde para você?


17) Você tem algum problema de saúde? Qual?
18) Como cuida deste problema? Formas – nutricionais, desportivas,
medicamentosas.
19) Como você avalia sua memória?
20) O que é ter boca saudável para você?
21) Tem algum problema na sua boca (sejam dentes, gengiva, bochechas)?

a) Quais são os problemas;


b) Como faz para cuidar destes problemas;

22) Você usa prótese? Afirmativo - Como faz para cuidar das próteses?
23) Quando foi a última vez que viu o dentista?
24) Com que freqüência cuida da sua boca?

9ª PARTE - Qualidade de vida

25) Sobre qualidade de vida:

a) Como conceituaria qualidade de vida?


b) Você acha que tem qualidade de vida?
c) O que faria para melhorar?

Agradecimentos a entrevista, convite e confirmação da reunião para a


discussão de grupo sobre os resultados das entrevistas.

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