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BRASÍLIA - 2003
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA – DF
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
Aksara Somchinda
DEDICATÓRIA
Aksara Somchinda
AGRADECIMENTOS
colaboração e orientação.
Barros, aos caros colegas Fabrício Trindade Leal e Márcio Ribeiro Guimarães
Aos nossos queridos e novos amigos do Lar dos Velhinhos Maria Madalena que
EPÍGRAFE
Como não acredito muito em coincidências, mas sim num plano maior que
longos anos, o ilustre amigo Professor Jorge Cordón, além de conhecer a Aksara,
desenvolvido a partir das histórias e relatos dos idosos do Lar dos Velhinhos
perfis, que permitem, ao olhar atento dos pesquisadores, desvendar não apenas
japonês:
mistério das coisas. Aos 100, por certo, terei atingido uma fase
III. O PROBLEMA 41
IV. OBJETIVOS 42
1. Objetivo geral 42
2. Objetivos específicos 42
V. MATERIAL E MÉTODO 43
VI. RESULTADO 47
VII. DISCUSSÃO 65
VIII. CONCLUSÃO 72
RESUMO
ABSTRACT
This paper explores what constitute health and quality of life described by
elderly people living in a retired home “Lar dos Velhinhos Maria Madalena” Brasilia,
Brazil.
I. INTRODUÇÃO
Com essa desinformação objetiva, tanto por parte das pessoas da terceira
idade, que muitas vezes se punem a viver com sinais e sintomas por acharem que
são o preço de seu envelhecimento, e por parte dos profissionais de saúde, que
tendenciosamente ignoram determinadas características sintomatológicas
relatados pelos idosos atribuindo muitas vezes à idade, reflete a necessidade de
se buscar respostas para identificar aspectos de saúde do idosos, bem como o
seu comportamento.
FANNY, 2000). De acordo com SCHOU (1995, apud FANNY, 2000), se a saúde
bucal no envelhecimento significará mais qualidade de vida ou um problema
adicional, depende do que se possa fazer no campo da promoção da saúde.
E, num enfoque mais social, CORDÓN (1998) afirma que saúde é um bem
compartilhado por todos numa comunidade humana, sendo assim é
responsabilidade coletiva, e, para CARVALHO & MARTINS (1998), saúde deve
ser visto como algo a ser conquistado individual e coletivamente em cada
sociedade e, para que haja esta conquista, é fundamental o papel que cada
pessoa exerce nos seus espaços de convivência.
Isso traduz a idéia que conceitos de saúde / doença são subjetivos. Mais,
ainda, são individuais, mas refletidas em um processo cotidiano sócio-cultural
coletivo. Falar da limitação biológica, não é diagnosticar doenças ou falta de
saúde, é diagnosticar o estado funcional, não estacional, do indivíduo idoso, o
que, não necessariamente, descaracteriza os conceitos saúde / doença.
algum declínio sensorial associado com a idade, mas que vivem sem necessitar
de ajuda; os parcialmente dependentes - pessoas que têm problemas físicos
debilitantes crônicos, de caráter médico ou emocional, com perda do seu sistema
de suporte social., fazendo com que sejam incapazes de manter independência
total sem uma assistência continuada. A maioria vive na comunidade com serviços
de suporte; os totalmente dependentes - inclui aqueles cujas capacidades estão
afetadas por problemas físicos debilitantes crônicos, médicos e/ou emocionais,
que os impossibilitam de manter autonomia. São pessoas em geral
institucionalizadas, recebendo ajuda permanente.
BULLINGER & COLS. (In OMS, 1998) consideram que o termo qualidade
de vida é geral e abrange uma variedade de condições que podem afetar a
percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com o
seu cotidiano, incluindo, mas não se limitando, à sua condição de saúde e às
intervenções médicas.
MINAYO, HARTZ & BUSS (2000) afirmam que qualidade de vida é uma
noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação
encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiente, e pressupõe a
capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que
determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar.
GILL & FEINSTEIN (In OMS, 1998) acreditam que a expressão qualidade
de vida como vem sendo aplicada na literatura não parece ter um único significado
e a própria definição não consta na maioria dos artigos que o utilizam ou propõem
instrumentos para sua avaliação. GUYATT e COLS. (In OMS, 1998) alertam que
os termos condições de saúde, funcionamento social e qualidade de vida têm sido
usados como sinônimos. Embora o termo condições de vida, segundo NUTBEAM
(1996), refira-se ao nível de qualidade dos recursos materiais disponíveis e de
adequação ao meio físico em que vivem as pessoas.
17
Já NERI (1995), relativa à qualidade de vida dos idosos, uma velhice bem-
sucedida é assim uma condição individual e grupal de bem estar físico e social,
referenciada aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no
ambiente em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história
pessoal e de seu grupo etário. Do ponto de vista biológico o envelhecimento é
produto de fatores biológicos, enfermidades e mudanças sociais que afetam o
indivíduo durante toda a vida, sendo, portanto um processo altamente individual,
seqüencial, cumulativo e irreversível.
saúde é construída e vivida pelas pessoas dentro daquilo que fazem no seu dia-a-
dia (NUTBEAM, 1996).
Convém citar que o ser humano é uma criatura em equilíbrio entre corpo e
mente. Quando nos aproximamos da terceira-idade, de fato sintomas / sinais
físicos de doenças podem ser notados, porém, se o nosso sustentáculo
psicológico é adequado, somado a um grau de atividade social / produtiva
compatível, dificilmente nos deixaremos dominar pela doença. Esse aparente
equilíbrio pode ser rompido com o luto por uma morte, ou por uma desilusão
pessoal ou financeira. Os familiares e amigos devem agir prontamente para tentar
trazê-lo de volta para o equilíbrio, não dando condições para que fatores físicos
(doenças sub-clínicas) possam vir a aparecer. Por tudo o que pudemos ler até o
momento, a atividade física e mental, manter-se produtivo e o bom relacionamento
familiar e social são as bases de uma velhice tranqüila e feliz (MANETT, 2002).
Pode-se dizer, ainda, que como regra geral, segundo afirma NERI (1995),
que, em relação à terceira idade, o envelhecimento bem-sucedido depende de um
conjunto de elementos. O principal sem dúvida é de ordem econômica,
fundamental à promoção de boa saúde física e à educação ao longo do curso de
20
3. O idoso e a família
Com relação ao velho, deve ser lembrado, segundo NERI & DEBERT
(1999), que dependendo do ponto de vista, o idoso pode nem ter chegado a ser
genuinamente autônomo. Se, por exemplo, como ocorre a muitos brasileiros, ele
não logrou transformar-se sequer num cidadão, como falar em autodeterminação?
Para que exatamente? Para eventos concretos, imediatos, práticos, de vidas
diárias, ligadas à sobrevivência física talvez.
O fim da vida de entes queridos pode levar à chamada última solidão, como
define MANETT (2002), que é um campo propício para ao afastamento da
realidade e reclusão, a auto-exclusão, que pode ser um fator de agravamento e
deterioração da condição psicológica, e porque não, com conseqüências
fisiológicas. Tal momento reflete em se pensar no resgate desses indivíduos,
especialmente os idosos, que perderam pessoas tão próximas ou companheiras, e
esse pode ser mais um fator de aproximação entre o idoso e sua família.
4. O idoso e a sociedade
A evolução de um povo pode ser avaliada pelo respeito aos setores que
necessitam de atenção especial, como as pessoas idosas. No Brasil, garantir
cidadania e dignidade aos idosos é um grande desafio. E se torna ainda mais
urgente à medida que está mudando rapidamente a estrutura de idades da
população. Durante décadas, foi muito divulgada a imagem do Brasil como um
país quase exclusivamente jovem (GDF, 2000).
Segundo LIMA (1998), o termo terceira idade, surge no final dos anos 60,
na França, para expressar novos padrões de comportamentos de uma geração,
que se aposenta e envelhece ativamente.
BIRREN e SCHROOTS (1984, apud NERI, 1995) têm uma tríplice visão do
envelhecimento que contempla as influências biológicas, sociais, e psicológicas: a
senescência, relativa ao aumento de probabilidade da morte, com o avanço da
idade; a maturidade social, correspondente à aquisição de papéis sociais e de
comportamentos apropriados aos diversos e progressivos grupos de idade, e o
envelhecimento, correspondente ao processo de auto-regulação da personalidade
que preside a ambos os processos.
de idade não sejam adotadas para os que se ocupam da vida pública: presidente
da república, parlamentares e líderes políticos que, a despeito da idade,
continuam em seus postos, mesmo nos momentos mais difíceis da vida do país,
fazendo valer suas opiniões.
aos cuidados com a saúde, jovialidade, com a qualidade de vida de uma forma
geral, vem se tornando algo mutável.
Descrevia-se o bem estar como algo que pudesse ser sustentado por meios
econômicos e sociais, e, com o passar do tempo, até meados de 1980, houve uma
pequena adequação aos termos, levando a crer que a boa forma física estava
diretamente ligada a saúde do indivíduo, podendo levá-lo a longevidade.
O olhar para um novo horizonte está aí, a terceira idade, não mais vista
como um processo de morbidade geral, mas como um deleite da mais profunda
ironia do cumprimento do dever, na verdade, a terceira idade, a maior idade, seria
para os padrões de hoje, se regada com muita dedicação, vista de um ângulo da
qualidade de vida, uma melhor idade, apesar de tudo.
Oportunidade que outrora nunca foi respeitada, aliás, nunca foi se quer
cogitada como se pode perceber ao longo da história da humanidade. Quando
afirma CAMPOS (apud FIGUEIREDO, 2002) que a participação na administração
das relações entre desejos, interesses e necessidades sociais é condição sine qua
non para a democracia e para a construção de sujeitos saudáveis, e que curar
31
Até aqui, no entanto, cuidados para idosos têm sido quase que
sistematicamente excluídos das programações de saúde bucal em nível coletivo,
segundo afirma FANNY (2000), merecendo escassa ou eventual atenção também
por parte dos currículos tanto do ciclo básico quanto de pós-graduação. O
conceito de prioridade por grupo etário, pelo qual maior ênfase é dada às crianças
e jovens, na prática geral é aplicado incorretamente de modo especial em relação
às pessoas de maior idade que ou dependem da caridade pública prestada em
asilos e lares de velhos, ou devem pagar com os próprios recursos os cuidados de
que necessitam. Apesar de existir um severo déficit de atendimento nessa faixa, a
maioria sequer busca obter as poucas consultas disponíveis nas unidades de
saúde pública, desestimulada pela demora e muitas vezes pela discutível
qualidade dos serviços prestados.
internos, um regimento interno que deve ser seguido para o bom andamento e
funcionamento das atividades desenvolvidas no local.
III. O PROBLEMA
IV. OBJETIVOS
1. Objetivo geral
2. Objetivos específicos
V. MATERIAL E MÉTODO
1. Considerações éticas
3. Procedimentos
a) Familiarização;
b) Identificação por grupo temático – citações freqüentes, conceitos e dados
para exploração;
c) Indexação dos diferentes grupos temáticas – fim de cruzamento de dados;
d) Mapeamento – reorganização de síntese e abstração;
e) Interpretação – buscando a associação dos temas e visando fornecer as
explicações dos dados coletados.
VI. RESULTADOS
O Lar dos Velhinhos Maria Madalena abriga 151 idosos, sendo: ala A (ala
feminina) com 38 idosas, a ala B (ala masculina) com 53 idosos, a ala C (ala mista
– totalmente dependentes) com 42 internos – 19 do sexo masculino e 23 do sexo
feminino – e a ala D (“ala dos solteiros”) com 18 residentes, 16 homens e 02
mulheres. Destes, 131 utilizam-se de medicamentos freqüentemente, sendo de
uso bastante comum os agentes cardiovasculares, analgésicos, sedativos e
tranqüilizantes.
Masculino 17 47 06 19 89
Feminino 03 29 07 23 62
TOTAL 20 76 13 42 151
1. Sr. E.L.C.C.
2. Sr. A.R.
3. Sra. N.N.
4. Sr. A.V.
5. Sr. W.L.C.
6. Sra. I.C.C.
7. Sra. S.M.
Solteira, 65 anos, goiana, 21 anos no lar. Por não possuir moradia própria
e ter se aposentado muito cedo por motivo de doença.
8. Sr. J.F.
9. Sra. M.C.C.L.
Viúvo, 73 anos, mineiro, já mora no Lar há seis anos. Depois que sofreu
um acidente vascular cerebral "derrame" e por falta de condições da família para
cuidar foi levado para o Lar dos idosos.
51
Solteira, 63 anos, paraibana, tem apenas sete meses no Lar. Conta que
por motivo de doença, a família lhe deu as “costas”.
Por ser pintora e sozinha, não poder deixar meu apartamento de portas abertas
para as visitas de minhas obras. Vim para o lar em busca de espaço e de
segurança. 6
Eu não possuía moradia própria e aposentei muito cedo por motivo de doença. 7
Sem condições de trabalhar e doente fui morar na casa de amigos, mas não queria
incomodá-los. 9
Sofri um derrame e minha família não possui condições para cuidar de mim. 10
Eu tinha que procurar meu lugar porque não queria incomodar a família, conheci o
Lar pela TV e deu vontade de vir morar aqui. 11
Fui desprezado pelos familiares e com problemas no rim vim para o lar; aqui é
minha morada, moro só, diferente dos outros que dormem com três pessoas no
quarto. 13
Não ligo para família (não faço questão); Sinto muita falta da minha mãe. A vida
inteira fui cuidado e cuidei da minha mãe. 1
Saudade não é só família. Amigos são mais da família que a própria família. 4
Quando bate a solidão, sinto saudades da minha esposa e dos meus filhos, apesar
de não ter o devido reconhecimento por tudo que fiz por eles. 5
Minha companhia é o meu trabalho. Separada e sem filhos, com irmãos morando
tão distante, me acostumei com a solidão. 6
Sinto falta de todos os filhos, mas do mais velho, que morreu, sinto mais falta.
Sempre recebo visita deles e de muitos amigos. 10
Pai e mãe são tudo para mim, é um orgulho. Tenho colegas , não amigos no Lar. 11
Não tenho filhos, mas tenho sobrinhos que sempre me visitam; recebo várias
visitas de amigos e colegas no lar; Adoro conversar com todos os visitantes. 12
Apesar das raras visitas dos meus irmãos, considero mais os amigos; tenho
saudade da família, eu tinha carro, casas, mas perdi tudo, inclusive o valor pela
família; Nas férias dos funcionários, sou convocado para ajudar no lar. 13
Perdi os irmãos. Não tenho mais parente, tenho alguns amigos e considero tudo
na vida, são os que sustentam. Estou bem, em vista de muitos que tem família,
carro, moradia e “largam” os idosos no lar, ..., penso estar sozinho, mas eles estão
piores que eu. 14
Não sinto tanta saudade da família, aceito a distância e tenho paciência, pois
apesar de não ter filhos, mas apesar de possuir irmãos e de ter ajudado muito eles
no passado, nunca recebi um convite ou uma carta deles. Tenho uma grande
amiga com quem sempre passo os finais de semana. 9
Não existe idade, não existe tempo para viver, se vive a toda hora e sempre. 4
Há sempre discriminação nas ruas. Pessoas fazem para cumprir a lei e não por
solidariedade; Gosto de receber visitas e acompanhá-las pelo lar, mas poucas
pessoas batem à minha porta. 5
Há poucos eventos no lar; deixei de participar assim que fui transferida de ala. 6
Adoro passear, vou a todos os passeios, mas das festas..., só participo quando me
chamam. 9
Gosto e acho divertido. Acho inclusive que o que falta é participação dos idosos,
são desunidos. 10
“Respeito” é aprendido desde cedo; Quase não saio, gosto das visitas. 12
57
Estou num “condomínio de idosos”, adoro as festas; faltam jogos, uma piscina, ...,
adoro dançar. Adoro a terceira idade e tudo que é proporcionado para os idosos:
excursões, festas, namoros, danças, passeios... 13
Não tenho prazer em participar das festividades; Sempre fui cuidado pela minha
mãe e desde cedo fui acostumado a vida caseira. 1
Eu gostava dos encontros que tinha com os amigos e amigas nas festas da roça. 3
58
Tenho o 2º grau completo. Adoro ler livros e aprendi a falar e ler francês com as
leituras. 6
Sou analfabeto. Trabalhei até os 62 anos de idade; desde cedo trabalhei na roça
com gado – adoro assistir o Globo Rural. 10
Não gosto de me divertir como os outros; trabalhei desde cedo por isto não tive
infância, nem juventude. 11
Tenho o 1º grau completo. Adoro fazer leituras, fico muitas vezes só, então
aproveito para ler, não gosto de nada, mas valorizo os estudos. 14
Não estudei, até tentei. Tive dificuldades na fala, fiquei traumatizado depois da
perda do meu pai, com o tempo voltei a falar, mas foi muito tarde, perdi a
vontade... Eu saia com os colegas para o cinema, o que eram raras às vezes. 1
Com a perda parcial da visão aos 12 anos de idade, não freqüentei a escola, nem
participei dos acontecimentos. 12
Sou pensionista. Guardo dinheiro para se um dia precisar pagar alguém para
cuidar de mim. 3
Sou aposentado pela Polícia Militar (ferido). Faço poupança para comprar uma
casa. 4
Sou beneficiário. Gasto meu dinheiro com medicamentos, às vezes almoço fora e
gasto com gasolina. 5
Sou autônoma. Contribuo bastante com o lar. Gasto com instrumentos de trabalho
e com minha alimentação, pois não me alimento no lar. 6
Sou Beneficiário. Não dou contribuição para o lar. Gasto por semana de 30 a 40
reais na loteria. 8
Sou beneficiário. Gasto com medicamentos, quando não tem no lar, e com
“coisinhas” quando vou passear. 9
60
Beneficiário. Me preocupo com minha família; e tudo que ganho é para os filhos,
algumas vezes compro remédio, quando não tem no lar. 10
Sou beneficiária. Tenho uma poupança no banco e sonho com minha casinha
própria. 11
Sou beneficiária. Gasto com coisas pessoais e dou dinheiro para meu sobrinho
gastar com gasolina. 12
Sou beneficiário. Não tenho preocupação com nada, apenas com a desunião dos
idosos. Gasto com almoço fora, não que a comida do lar seja ruim, é boa. Gasto
com cervejas quando saio com amigos e para comprar coisinhas como: aparelho
de barba, cremes para pele,... 13
Não sou aposentado. No lar não me deixam sair para trabalhar. Sou pintor, recebo
alguns “agrados” dos visitantes, às vezes tenho que implorar, e até chorar, para
conseguir alguma coisa. 14
Ser velho não existe... Velho é isto: doença... idade está na cabeça. 4
Ser velho é uma vitória; É chegar num tempo de glória, não é qualquer um que
chega aqui. 5
Ser velho é depender dos outros e não poder fazer nada, não gosto do termo
velhice. E viver a terceira idade é viver uma idade feliz, uma idade experiente. 9
Queria ser antes o que sou hoje, há um bom tempo, tenho a maior felicidade de
estar nesta idade. A terceira idade é muito melhor que minha juventude, tudo que
não pude fazer antes posso fazer agora, ir para o teatro, passear, ..., naquele
tempo era mandado, hoje, mando em mim. 10
Terceira idade é horrível; velho é quando tudo foi embora, ai vem logo a doença. ¹²
Diversão à vida inteira, tudo é bom. Ser velho é bom e estar na terceira idade é
diversão, passeios,...; sente bem com a terceira idade – é a melhor fase da vida. ¹³
Ter felicidade, está bem com tudo, não precisar de ninguém para viver. 3
Saúde é algo que Deus nos dá. Sentir gosto das coisas, sentir tudo. 4
Saúde é ter entusiasmo para a vida, ter resistência e vida; É ter os dentes na boca
ou usar prótese. 5
Saúde é poder trabalhar e poder se virar sozinho, é quando não se tem nada: sem
mau hálito, comer qualquer coisa, sem doença. 7
Saúde é participar de tudo que tem a volta, seja rico, seja pobre. É fazer o que
pode fazer e aproveitar. É ter paladar, a boca é onde entra o alimento e o paladar
é importante. 10
Dar graças a Deus. É não ter doença. A boca é importante, mas perde os dentes
cedo e não é tão importante, pois careia, dá mau cheiro, prefere prótese. 13
Se alimentar bem, poder não sentir nada e poder fazer tudo, tem coisa que não
pode comer, pois pode fazer mal. Saúde é aquilo que você sente. 14
“Acredito que ter uma vida com mais qualidade e saúde é conviver
com familiares e amigos que realmente gostam de você,
independente da sua saúde..., é viver sem prejudicar os outros,
sem cometer desordens na vida – poder comer, andar, poder sair,
sem precisar de ninguém”. ¹
Não discutir o certo e o errado, viver a vida como ela é, do jeito que Deus nos
oferece, evitar os erros da vida. 2
Ter vida boa é ter uma vida própria na casa da gente, ter muita amizade. 3
Poder sair, fazer visitas, passear, comer, poder trabalhar. É ter mais dinheiro para
fazer as coisas. 6
Não sei... é ter vida boa, ser sadia, morar num lugar bom. É ter paz, saúde,
segurança e sem vícios. 7
Bom emprego, ter lar, parentes, cercado de afetividades e gozar de boa saúde. 8
Ter uma casa, ter meu conforto, ter saúde, ter paz. 9
É ter boa saúde, ter como participar da vida, é ter como desfrutar das coisas que
tem vontade, mas respeitando os limites daquilo que pode. A sabedoria é outra
coisa muito importante. 10
Ter dinheiro? Apartamento e carro? Viajar? Será que tenho qualidade de vida?
Dormir bem, viver bem, ter mundo melhor, feliz com Deus e com as pessoas ao
seu lado, ter paz e amor. 11
Saúde é tudo. 12
Lugar para morar, ter liberdade, um lugar para trabalhar, ter suas coisas, poder
cozinhar, passar roupa, lavar... Para melhorar é só sair daqui, morar sozinho, é ter
de volta a minha felicidade, ter tudo. 14
“Talvez falo pela maioria das pessoas do lar, a maioria que é doente
e já perderam a sua saúde de cabeça... Apesar de não ter hoje
nenhum filho – tive dois: um que morreu num acidente de moto e
outro que nem sei onde está, e ter vindo com ajuda de amigos, ...,
nunca levem seus pais a uma instituição para idosos, aqui não tem
liberdade e nem qualidade de vida, aqui é um lugar muito triste...
Quando falam que a prisão é o pior lugar do mundo, não sabem que
a cadeia serve para corrigir as pessoas que fizeram coisa errada e
aqui para prenderem pessoas que não fizeram nada – devemos
lembrar que nossos filhos vêem o que a gente faz, e que podemos
estar aqui. Aqui só é bom para quem não tem nada na vida, aqui tem
comida, remédio, uma cama para dormir, um chuveiro para tomar
seu banho e pessoas que estão preocupadas com você, tem os
amigos que é uma nova família...” 14
65
VII. DISCUSSÃO
Algumas coisas afetam-nos por toda a vida, como crescer sem o amor de
uma mãe, ou de parentes diretos, que de uma forma ou de outra ignoram a
presença com humilhações e desprezos, situações que marcam etapas de
angústia e tristeza aparente. Seres humanos silenciados perante tantas
transformações que passaram com o tempo.
No que diz respeito a família, os sentimentos com relação aos motivos que
levaram muitos idosos para a instituição são semelhantes. Havendo para alguns,
novas definições de família, quando do estabelecimento de relações afetivas e
amigáveis no contexto geral.
67
Mas é fato que, adaptados a essa situação, declaram o prazer dos dias
atuais. Longe dos mandos e desmandos da época de trabalho sua efetividade e
participação dos acontecimentos a volta são mais visíveis, mesmo com a timidez
aparente retratada em seus relatos.
Outro fator não distante e nem ignorável é a visão que se tem das
instituições. O fato é que idosos como os entrevistados são minoria dentro do lar e
que as histórias se confundem com outras levando a um denominador comum – a
chegada na instituição.
VIII. CONCLUSÃO
CASTRO, O. P. & col. Velhice, que idade é essa? Uma construção psico-
social do envelhecimento, Editora Síntese, 1ª edição, Canoas, RS, 1998.
198 p.
CERVO, A.L. & BERVIAN, P.A. Metodologia Cientifica. 5.ed., São Paulo.
Prentice Hall. 2002. pp. 138-139.
FANNY, Jitomirski. Atenção a idosos. In: PINTO, V.G.; Saúde bucal coletiva.
4ª edição, Ed. Santos, São Paulo, 2000. pp.120-127.
LOCKER, D. Concepts of oral health, disease and the quality of life. In:
Measuring Oral Health and Quality of Life. Chapel Hill. Department of Dental
Ecology, University of North Carolina, U.S.A., 1997. pp.12-23.
76
NARVAI, P.C. Odontologia e saúde bucal coletiva. São Paulo. Ed. Santos.
2002. 120 p.
PEREIRA, I.L.L. & VIEIRA, C.M. A Terceira Idade - Guia para viver com
saúde e sabedoria. Carpe Diem, Rio de Janeiro, RJ. 1996.
PINTO, V.G. Saúde Bucal Coletiva. Ed. Santos, São Paulo, SP, 2000. 541 p.
VEIGA, Aida. Viver mais e melhor. Revista Época (243), São Paulo, SP,
2003. pp.44-49.
ANEXO III
Foi dito que a entrevista será feita individualmente numa sala semi-
estruturada e acompanhada pela assistente social da instituição. Permito que os
pesquisadores utilizem recursos de áudio e vídeo (filmadora e gravadora). E, que
ao final de todas as entrevistas feitas com os idosos participantes, será feita uma
discussão de grupo dos resultados da pesquisa.
Assinatura: _____________________________
(Profª Marilda Veloso, ex-presidente da As- Lar dos Velhinhos Maria Madalena
(ao lado do Instituto de Gerontologia de Brasília)
sociação Brasileira de Professores de Yoga SMPW Área Especial nº 02 Trecho 03 – Brasília – DF
e Professora de Psicomotricidade)
83
PROGRAMAÇÃO
Apresentação
Q U A R TA - F E IR A , 2 5/ 0 9/ 2 002 SE G U NDA – F E IR A ,28/ 10/ 2002 A K
A investigação sobre as condições Entrega da proposta do agendamento Q U I N T A - FE I RA , 3 1/ 1 0/ 2 002 FER
que permitem uma boa qualidade de vida na
Fazer alterações do agendamento Entrevistas com Idosos
velhice, bem como sobre as variações que
Conhecer o Instituto - Local e Funcionários
esse estado comporta reveste-se de grande
Q U I N T A - FE I RA , 0 7/ 1 1/ 2 002
importância científica e social. Ao tentar re-
Q U I N T A - FE I RA , 2 6/ 0 9/ 2 002
solver a aparente contradição que existe en- Palestra e treinamento dos funcionários
Entrega da Proposta Final das Visitas
tre velhice e bem-estar, a pesquisa pode não
Familiarização com Instituto
só contribuir para a compreensão do envelhe-
SE G U NDA – F E IR A ,11/ 11/ 2002 A K
cimento e dos limites para o desenvolvimento Q U I N T A - FE I RA , 1 4/ 1 1/ 2 002 FE R
SE G U NDA – F E IR A , 30/ 09/ 2002 AK
humano, como também para a geração de
alternativas válidas de intervenção visando ao Q UI N TA - FE I RA ,03/ 10/ 2002 FER Promoção de Saúde, Supervisão
bem-estar de pessoas idosas (NERI,1999). Familiarização com Idosos
S A B A DO , 16/ 11/ 200 2
M U T I R ÃO ( A CO N F I R MA R)
Q U A R TA - F E IR A , 0 9/ 1 0/ 2 002
Q U I N T A - FE I RA , 2 1/ 1 1/ 2 002
Q UI N TA - FE I RA ,10/ 10/ 2002 Reunião com o grupo de entrevistados
Discussão dos resultados
Entrega da Lista dos Idosos pela Instituição
Confraternização
Familiarização dos Idosos Participantes
ANEXO V
ROTEIRO DE PERGUNTAS
QUESTIONÁRIO
1ª PARTE - Identificação
a) Nome;
b) Idade;
c) Onde nasceu;
d) Seu estado civil;
a) De onde vem;
87
22) Você usa prótese? Afirmativo - Como faz para cuidar das próteses?
23) Quando foi a última vez que viu o dentista?
24) Com que freqüência cuida da sua boca?