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ABSTRACT: The present article shows a panel of results obtained from sign studies
and its several theoretical linguistic meanings by Saussure, Hjelmslev, Borba, Pierce,
Guiraud, Greimas, Bakhtin and Vigotsky; whereby, it can verify the importance of signs
and their emanations towards researches and understanding language as an enabling
element to linguistics aspirations and human social-psycho-ideological.
Tendo em vista o estudo das diversas teorias do signo e suas significações, faz-
se necessária uma reflexão prévia sobre os fundamentos da Semântica e da Semiótica;
bem como as relações que cada uma delas tem com o tema em questão, o signo
lingüístico.
1[1]
. O autor é Licenciado em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caetité –
Campus VI da Universidade do Estado da Bahia; é especialista em Metodologia e Didática do Ensino
Superior e em Língua Portuguesa pela União das Escolas Superiores de Cacoal. Atualmente é professor
de Língua Portuguesa e Coordenador do Curso de Letras da UNESC – Cacoal – RO. É organizador e
Coordenador do Infoletras e da Revista Literarius (publicações do Departamento de Letras da UNESC),
além de pesquisador, escritor e poeta.
1.1. O método semiótico tem por conceito fundamental o estudo do signo que,
conforme Saussure (2001), apresenta um primeiro elemento chamado significante,
caracterizado não por sua natureza material, mas como a imagem acústica, a impressão
psíquica do som, que pode desencadear um outro fenômeno psico-semiológico, o
significado, o segundo elemento constituinte do signo.
Saussure (2001), em seu Cours de Linguistique Générale, diz que a língua é o
mais importante dos sistemas de signos. Ele a considera o mais complexo e o mais
utilizado dentre os chamados sistemas de expressões sígnicas, mesmo sendo a língua,
para ele, apenas uma parte do universo semiológico. Ainda para Saussure, existe uma
ciência geral dos signos, da qual a Lingüística poderia ser tão somente uma subdivisão,
questão que será por nós elucidada com o apoio de Roland Barthes.
Para Charles Sanders Peirce (2000), a semiótica é constituída em três níveis: o
sintático, o semântico e o pragmático. O primeiro revela a relação que o signo tem com
o seu interpretante, o segundo diz respeito à relação existente entre o signo e o seu
referente (objeto) e o último se importa com a relação do signo com ele mesmo e com
outros signos.
É perfeitamente perceptível que a sociedade atual organiza-se em torno de um
grande e poderoso universo de signos, diga-se de passagem bastante complexo. De igual
modo, é também perceptível o estado absoluto em que se portam a linguagem humana e
seus signos de valor incondicional. Conforme Barthes (1991), nenhum outro sistema
com a mesma complexidade e grandeza foi observado em nosso espaço e tempo.
Dada a complexidade da linguagem humana, seus signos e respectivas
significações, Roland Barthes, além de definir a semiótica como sendo a ciência que se
ocupa do estudo de qualquer sistema de signo, considerando suas substâncias e/ou
limites, também refuta Saussure, quando diz que: “A Lingüística não é uma parte,
mesmo privilegiada, da ciência dos signos: a Semiologia é que é uma parte da
Lingüística; mais precisamente, a parte que se encarregaria das grandes unidades
significantes do discurso” (BARTHES, 1991, p. 13).
Embora acreditando que possa ser muito maior o universo do método
semiológico, tomaremos como suporte os elementos de Roland Barthes, como sendo
bastantes, a priori, para subtraírem da Lingüística cada uma das substâncias básicas e
necessárias “para permitir a preparação da pesquisa semiológica” (BARTHES, 1991, p.
13). Os Elementos de Semiologia foram agrupados por Barthes da seguinte maneira: I.
Língua e Fala; II. Significante e Significado; III. Sintagma e Sistema e IV. Denotação e
Conotação.
Assim sendo, torna-se possível perceber que o referido método de análise
semiótica é binário e trabalha com a idéia dicotômica dos elementos que, aparentemente
distintos, completam-se para formar o todo discursivo, dada a natureza dialética
existente entre eles.
1.2. Para definir o método semântico, necessário se faz antes definir semântica.
Segundo Pierre Guiraud (1980, p. 7), “semântica é o estudo do sentido das palavras”.
Guiraud (1980) apresenta três ordens principais de problemas que a semântica
tem que resolver em relação às análises dos diversos significados: primeiramente, um
problema psicológico – nesse caso ela deve solucionar questões e dar respostas a
perguntas que elucidam o signo e as relações intrínsecas do espírito dos interlocutores
de um discurso quando se comunicam; o segundo problema refere-se à lógica. Aqui, a
semântica precisa apresentar argumentos que dizem respeito à relação entre o signo e o
meio no qual ele é empregado. Deve descrever a situação propícia para um signo ser
aplicado e o que ele deve significar necessariamente quando relacionado com um objeto
no tempo e no espaço. Por último, a semântica deve solucionar os problemas
lingüísticos concernentes à significação, e estes são muitos, haja vista a complexidade
dos sistemas sígnicos, suas funções e formas.
A Semântica, conforme Guiraud, tem sido instrumento de três ciências distintas:
da psicologia, da lógica e da lingüística. O que neste trabalho nos interessa é o fato dela
constituir valioso instrumento para os estudos e análises dos sentidos e das significações
no âmbito da linguagem humana.
Assim sendo, “nossa ciência, assim definida, recobra um campo tão vasto que,
mesmo confinado aos estritos limites da língua, ultrapassa as fronteiras da lógica, da
psicologia, da teoria do conhecimento, da sociologia, da história etc.” (GUIRAUD,
1980, p. 12).
2. O Signo
Para Saussure (2001, p. 80-1), “o signo lingüístico é, pois, uma entidade psíquica
de duas faces”, é ainda “a combinação do conceito e da imagem acústica”. Para
entender melhor analisemos o gráfico abaixo:
Fig. 01
Fig. 02
Embora a teoria do signo vista pela óptica de Saussure parecesse suficiente para
a análise dos elementos sígnicos do discurso, ao longo dos tempos percebeu-se que o
significante e o significado sem a significação que o contexto lhes atribui não poderiam,
por eles mesmos, responsabilizar-se por uma análise absolutamente perfeita. Por isso é
que a seguir apresentaremos a teoria das significações, vista em seu teorizador. Para
Hjelmslev (1975, p. 49), o signo que representa algo, tradicionalmente considerado, “é
de definição realista e imprecisa”, haja vista que a natureza das significações pode
alcançar profundidades interpretativas e analíticas muito mais extensas e extraordinárias
que aquela apresentada pela lingüística tradicional. Para Hjelmslev, o signo que se
define por uma função é um signo que se opõe a um não-signo, ou seja, é um signo que
funciona, que designa e que significa, é, acima de tudo, “um signo portador de uma
significação” (HJELMSLEV, 1975, p. 49).
O signo não pode ser considerado um elemento de natureza vazia, ou seja, um
signo frívolo, sem significação. Os signos, quando analisados fora de um contexto, são
apenas signos que nada ou quase nada significam, tendo em vista que sua máxima
realização dá-se pela relação que mantêm com outros signos dentro de um dado
contexto. Uma palavra pode ser considerada o contexto de um signo menor que ela, mas
que, por sua natureza significativa e pela organização e relação que estabelece com
outros signos menores, pode significar tanto quanto, ou muito mais que uma palavra
quando empregada como elemento menor de um contexto maior que a sua natureza.
Veja o que diz Hjelmslev:
É bom ressaltar aqui que os fonemas e as sílabas não podem ser considerados
como elementos significativos, ou seja, como expressões de signos. Hjelmslev (1975)
trata-os como partes das expressões de signos e mais tarde, em sua teoria, denomina-os
formas. Segmentando a palavra meninas em menin-a-s, o “a” e o “s” são fonemas, mas
também são desinências nominais que indicam, respectivamente, o gênero feminino e o
número plural do substantivo. Já na palavra sapo, o /s/ e o /a/ são apenas fonemas, não
podendo, portanto, ser considerados expressões de signos, mas tão somente partes de
uma expressão de signo. Hjelmslev pensa a respeita que:
Por fim, Hjelmslev considera que uma língua, dada a sua natureza significativa
muito mais complexa e subjetiva do que aquilo que se imagina, não deve ser pensada
como um sistema de signos, tendo em vista a sua riqueza em sistemas de figuras que,
antes de qualquer coisa, serviriam para formar signos. Dizer que a linguagem é um
sistema de signos é desconsiderar a sua essência mais profunda, é deixar de mergulhar
nas micro-significações desencadeadoras das macro-significações contextuais que, ao
longo dos tempos, responsabilizaram-se pelos registros e pelas transformações do
homem em sociedade e em si mesmo.
Fig. 03
Ceci n’est pas une pipe. E de fato não é um cachimbo. A mente pode trair os que
não lêem os signos como devem ser lidos. O significado da palavra cachimbo não é o
objeto cachimbo, mas a representação gráfica do objeto, sua imagem psíquica. O
significado expresso no quadro de Magritte pode ser lido e segmentado de várias
maneiras, conforme as diferenças culturais de um dado leitor. Com base nisso,
tomaremos Barthes novamente quando diz que “vários corpos de significados podem
coexistir num mesmo indivíduo, determinando, em cada um, leituras mais ou menos
‘profundas’”. (BARTHES, 1991, p. 47).
2.3.2. Para Barthes (1991), o significante pode ser analisado com as mesmas
observações que ele coloca para o significado, apenas com a diferença de ser o
significante um elemento mediador que se comporta como gerador, ou seja,
materializador da figura do objeto, o significado.
2.3.3. Por fim, Barthes (1991, p. 52) diz que “a significação pode ser concebida
como um processo; é o ato que une o significante e o significado, ato cujo produto é o
signo”. A significação, como elo de ligação entre o significante e o significado, não
constitui uma teoria nova, ou seja, quando Barthes discute o assunto embasa-se em
autores que o discutiram anteriormente, a exemplo de Hjelmslev e Lacan, retomado por
Laplanche e Laclair.
2[2]
. Disponível em: <http:// www. Surrealismo.net>. Acesso em 25 de abr. de 2003.
Assim como o significado é o conceito do signo e o significante a sua
representação acústica, a significação é, em tese, o fator psico-sindético entre eles. Todo
significante pode ter o seu significado prognosticado, de modo falso e/ou verdadeiro;
todavia, isso não pode constituir exatidão, pois a perfeita relação entre o significante e o
significado só será verificada em parte pelo contexto, em parte porque outros fatores
deverão ser levados em conta, tais como as relações extralingüísticas espaço/tempo e
sintonia entre interlocutores. Para esclarecer melhor o que estamos demonstrando,
daremos o seguinte exemplo: no campo das metáforas, da homonímia e das polissemias,
encontramos férteis modelos. Vejamos:
Segundo Barthes (1991) o signo tem caráter arbitrário e só se realiza por associação
nos atos de fala. Nos três exemplos dados, as palavras cavalo, mente e dobrar
isoladamente não poderiam ser realizadas lingüisticamente, mas, quando aplicadas
dentro de um dado contexto, elas ganharam o que estamos aqui chamando de
significação, ou seja, o significado e o significante harmonizaram-se, convergiram.
St ↔ Sd
↑
Sç
Podemos dizer que a significação é o elo de ligação entre o significante e o
significado, ou que a significação é a fusão do significante ao significado por meio de
um contexto bem definido. E com isso, concluímos mais um tópico deste trabalho, ao
apresentarmos a visão de Barthes a respeito do signo.
Para Peirce (2000, p. 46): “Um signo, ou representâmen, é aquilo que, sob certo
aspecto ou modo, representa algo para alguém.”
A teoria do signo em Peirce é uma renovação de tudo o quanto já foi discutido e
teorizado em relação ao assunto. A idéia do signo pelo signo e do significante que tem
um certo significado fica obsoleta quando Peirce analisa o representâmen segundo as
suas relações triádicas: o representâmen, o objeto e o interpretante.
Conforme Peirce (2000), o representâmen é o signo primeiro, pode-se dizer que
é o signo como tal, o objeto é a representação do signo e o interpretante a consciência
intérprete do signo, ou seja, o seu significado. Todo signo gera um outro signo fruto da
mente e é isto que Peirce chama de interpretante.
Walther-Bense (2000, p. 4), ao discorrer sobre a teoria de base de Peirce, no
capítulo “O signo como relação triádica”, em sua obra A Teoria Geral dos Signos, diz:
“Um signo é, portanto, uma tríade de referências, ou uma relação triádica. Se esse algo
não apresenta essas três referências, então não se trata de um signo completo.”
A fim de criarmos uma representação visual das relações triádicas do signo em
Peirce, tomaremos as fórmulas de Max Bense e a interpretação de Walther-Bense, as
quais se seguem respectivamente em (01) e (02).
(01) è S = R (M, O, I)
(02) è RS = [(M ==> O) ==> I] ou então
RS = (M ==> O. ==> I)3[3]
Peirce divide o estudo dos signos em ramos diferentes para fins de análise: a
primeira tricotomia trata do signo em si mesmo, a segunda refere-se às relações que o
signo tem com o seu objeto e a terceira apresenta as relações entre o signo e o seu
interpretante.
3[3]
apud. WALTHER-BENSE, Elisabeth, 2000, p. 5.
4[4]
Divisão de um tema em três partes lógicas, para efeito de estudos.
A primeira tricotomia é aquela em que o signo funciona com referência ao meio
e está dividida seqüencialmente em três partes chamadas por Peirce de quali-signo, sin-
signo e legi-signo.5[5]
2.5.2.1. O quali-signo (qualidade), segundo Peirce (2000), refere-se aos aspetos
qualitativos do signo. Cada estado material do signo ou cada fenômeno, que nele tem a
função de apresentar um caráter, é um quali-signo. Quando mudamos a dimensão, a cor,
o volume de um dado signo, o quali-signo nunca é o mesmo, o que podemos deduzir:
com a mudança de um quali-signo, o signo sofre alterações e passa a ser um signo novo,
ou seja, semelhante ao primeiro e não ele mesmo. Para clarear, tomemos como exemplo
as cores: o preto, na maioria das culturas ocidentais, indica luto, assim como o branco
representa a paz. O quali-signo possui aspetos sensoriais, pois pode ser percebido
gustativa, olfativa, tátil, auditiva e visualmente. Vejamos um outro exemplo: uma maçã
vermelha e aparentemente cheia de viço é um fruto próprio para o consumo; já a mesma
maçã murcha e de tonalidade escurecida não deixa de ser maçã, mas é uma maçã podre
e imprópria para o consumo. Este fenômeno pode ser percebido olfativa e visualmente.
2.5.2.2. O sin-signo (singularidade) está, conforme Peirce (2000), relacionado
com a permanência do signo no espaço e no tempo. Todo signo é particular, é
autônomo, porque goza de leis próprias para a sua organização e potencial de
significação. Veja o que afirma Walther-Bense:
Na sua segunda tricotomia, Peirce (2000, p. 52) apresenta o signo que pode ser
denominado como ícone, índice ou símbolo6[6].
6[6]
. Segundo PEIRCE, 2000, 52. Semiótica.
2.5.3.3. O símbolo para Peirce (2000, p. 52) “é um signo que se refere ao objeto
que denota em virtude de uma lei, normalmente uma associação de idéias gerais que
opera no sentido de fazer com que o símbolo seja interpretado como se referindo àquele
objeto”. Vezes e vezes, o objeto não parece com sua representação; a associação do
signo ao objeto geralmente é instituída ao longo do tempo, por meio de uma assimilação
cultural. Numa rodovia, o motorista, ao ler uma placa de indicação viária, está fazendo a
leitura de um índice, mas se ao lado da placa for vista por ele uma cruz, estará fazendo a
leitura de um símbolo. A cruz está simbolicamente relacionada à morte. O motorista
poderá entender que naquele lugar ocorreu uma morte.
7[7]
Conforme PEIRCE. Semiótica, 2000, p. 53.
8[8]
Dicente vem do latim dicere – dizer.
2.5.4.3. Por fim, Peirce (2000, p. 53) apresenta e define o último elemento de sua
terceira tricotomia: “Argumento é um signo que, para seu interpretante é signo de lei”.
O argumento é o juízo verdadeiro que o interpretante faz do signo, portanto se
dissermos que um elemento “R” é igual a soma de um elemento “X” mais um elemento
“Y”, ou seja, (R = X + Y), estamos construindo um signo argumento, porque podemos
dizer que a soma de X mais Y é igual a R, ou seja, (X.+ Y = R). Com isso, é possível
perceber que o argumento que expressa verdades, ou juízos verdadeiros. É possível
construir o seguinte exemplo: Pedro está com uma doença “A”; Pedro morrerá porque a
doença é mortal e não possui cura. De posse destas informações, podemos deduzir que
todas as pessoas com a mesma doença “A” morrerão, porque ela é mortal. Peirce (2000,
p. 57) ainda diz: “Um argumento é um signo cujo interpretante representa seu objeto
como sendo um signo ulterior através de uma lei, a saber, a lei segundo a qual a
passagem dessas premissas para essas conclusões tende a ser verdadeira”.
Poderíamos escrever muito mais sobre a teoria triádica de Peirce; contudo,
aprofundar os estudos das teorias peircianas não é o nosso objetivo neste trabalho.
Muito mais poderia ter sido dito, exemplificado e esclarecido, mas para isso seria
necessário um trabalho de muito maior fôlego e amplitude que o proposto por nós ao
elaborarmos o nosso plano de ação.
Por último, Guiraud não apresenta uma palavra para conceituar a relação entre o
significante e o significado, todavia não descarta a existência de tal elemento gerador de
uma associação recíproca entre os elementos da significação lingüística. Veja o que ele
escreveu sobre o assunto em questão: “É o estado da língua que determina os valores da
palavra, valores que são exatamente as possibilidades de relação que definem um campo
de emprego no discurso”. (GUIRAUD, 1980, p. 26)
Em Greimas (1973), o signo não é definido como tal, ou seja, ele não apresenta
nenhuma terminologia que possa representar o conjunto das significações, como
fizeram Saussure, Hjelmslev, Peirce, Borba, Bakhtin entre outros. Mesmo não
apresentando um rótulo para designar um ponto no qual residem o significante e o
significado, Greimas coloca as duas terminologias dentro de um conjunto abstrato,
quando pressupõe a inexistência de um sem o outro e do outro sem o um. Se o
significado não é possível sem o significante, então eles se inter-relacionam,
completam-se, referem-se e, por natureza semântica, devem ser semas de um semema. É
lógico que o nosso objetivo aqui não é questionar por que Greimas deixou de lado a
nomenclatura signo e firmou-se apenas nas significações: o significante e o significado,
criados por Saussure e aperfeiçoados pelos semioticistas ulteriores a ele. Assim sendo,
nesta parte do nosso trabalho, centraremos então na definição de significante,
significado e significação.
2.7.1. Para Greimas (1973, p. 17), significantes são “os elementos ou grupos de
elementos que possibilitam a aparição da significação ao nível da percepção”, e
significados são o conjunto das “significações que são recobertas pelo significante e
manifestadas graças à sua existência”.
Greimas (1973), além de definir, apresentou uma classificação para os
significantes, conforme a ordem sensorial pela qual eles podem se apresentar. As
classificações podem ser de ordem:
è Visual – É possível determinar algo por meio de um sinal indicado, como o
polegar direito, um muxoxo produzido com leve ou brusca torção da face, por meio da
própria língua escrita e seus padrões etc.
è Auditiva – A língua oral é, talvez, o exemplo mais indicado; todavia, outros
significantes significativos podem ser aludidos, tais como: a música, as buzinas, sirenes
etc.
è Tátil – O braile9[9] é o melhor dos exemplos do significante tátil-sensitivo; por
outro lado, as carícias constituem também exemplos de fácil compreensão.
è Olfativa – Qualquer indivíduo em seu estado natural e sem quaisquer
problemas no sistema olfativo pode diferenciar as rosas das angélicas sem vê-las.
è Gustativa – Neste caso, podemos citar os degustadores que ganham a vida
experimentando e classificando alimentos com o auxílio do paladar apurado que têm. O
gosto de uma maçã, por exemplo, é diferente do gosto de um morango.
Como ressaltamos anteriormente, Greimas não admite a classificação de nenhum
significado sem um significante e, para clarear seu ponto de vista, ele apresenta um
conjunto de três relações que abaixo interpretamos:
2.7.1.1. Significantes de uma mesma ordem sensorial – podem constituir um
outro significante autônomo, ou seja, podem ser pequenos semas que compõem
conjuntos de sememas que podem significar estruturas ((mais) ou menos) complexas e
diferentes. Por exemplo: cada nota musical é um sema, o conjunto das notas forma um
semema, o semema organizado forma o sistema de uma música, e a música, pelos
elementos de um dado discurso, pode ser reconhecida e diferenciada de outra música,
exatamente pelo conjunto de semas que a compõem.
2.7.1.2. Significantes de natureza sensorial diferentes – podem referir e indicar
uma mesma significação. É o caso da língua oral e da língua escrita. Veja: O
significante oral /meza/ e o significante gráfico “mesa”, este percebido pelo sistema
sensorial visual e aquele pelo sentido auditivo dentro de um dado contexto, podem
possuir a mesma significação.
2.7.1.3. Significantes de várias procedências sensoriais – podem ser
interferentes num dado processo de construção de significações discursivas. Como
9[9]
Sistema de escrita e impressão para cegos, criado pelo francês Louis Braille.
exemplo, podemos tomar a comunicação humana que, geralmente, é constituída de
significantes orais, escritos e demonstrações gestuais. Pode-se assim dizer que esta
incidência é a habilidade humana em certificar-se da perfeita interpretação da
mensagem pelo interlocutor-receptor.
Com o conteúdo acima exposto, procuramos apresentar a visão de Greimas
sobre as significações e as relações que elas têm ao interagirem na formação dos
significados discursivos. Estudar Greimas não é apenas apresentar a sua visão de
significações, mas mergulhar nas suas profundas definições semântico-analíticas,
propósito que deverá constituir um novo projeto de estudos. Por enquanto, ficaremos
apenas nas considerações que apresentamos, isto porque o nosso propósito era
realmente apresentar de modo sucinto a visão de significações do autor em contraste
com outras visões emanadas de autores diferentes e que comportam pontos de vista
outros.
BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. São Paulo: HUCITEC,
2002.
BARTHES, Roland. Elementos de Semiologia. São Paulo: Cultrix, 1972.
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de lingüística. São Paulo: Cultrix, 1998.
GREIMAS, Algirdas Julien. São Paulo: Cultrix, 1973.
GUIRAUD, Pierre. A semântica. 3.ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 1980.
HJELMSLEV, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1975.
LOPES, Edward. Fundamentos da lingüística contemporânea. São Paulo: Cultrix, 2000.
PEIRCE, Charles S. Semiótica. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.
PEIRCE, Charles S. Semiótica e Filosofia. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. 30. ed. São Paulo: Cultrix. 2001.
VIGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins fontes, 1998.
WALTHER-BENSE, Elisabeth. A teria geral dos signos. São Paulo: Perspectiva, 2000.
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