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2.

1 A RELIGIÃO COMO SENTIMENTO

Schleiermacher ensina haver no homem um sentimento que o liga a


Deus. Trata-se de um senso interior que proclama a sua
continuidade com o Espírito do universo. Esse sentimento,
ou gefühl, não é uma simples emoção, mas sim o reflexo de que
tudo no universo procede de uma só raiz e, nessa raiz, todas as
coisas são essencialmente idênticas. O gefühl, segundo Olson, "é a
consciência distintamente humana de algo infinito, além do próprio
eu, da qual ele depende para tudo."

Esse conceito básico é expresso de modo claro no discurso de


Schleiermacher sobre a essência da religião:

Ela [a religião] não pretende, como a metafísica, explicar e


determinar o Universo de acordo com sua natureza; ela não
pretende aperfeiçoá-lo e consumá-lo, como a moral, a partir da
força da liberdade e do arbítrio divino do homem.Sua essência não
é pensamento nem ação, senão intuição e sentimento. Ela quer
intuir o Universo, quer observá-lo piedosamente em suas próprias
manifestações e ações, quer ser impressionada e plenificada, na
passividade infantil, por seus influxos imediatos... A religião quer ver
no homem, não menos que em todo outro ser particular e finito, o
Infinito, seu relevo, sua manifestação... A religião desenvolve toda
sua vida também na natureza, porém se trata da natureza infinita do
conjunto, do Uno e Todo; o que no centro desta última vale para
todo ser individual e, por conseguinte, também o homem, e em cujo
âmbito todo o existente, e também o homem, pode desenvolver sua
atividade e permanecer nesta eterna fermentação de formas e
seres particulares, o que quer a religião intuir e sentir de forma
particularizada com tranqüila submissão.

Das palavras de Schleiermacher acima citadas, deduz-se, primeiro,


que, para o teólogo alemão, a sede da religião é o interior do
homem. É no "eu", no íntimo do ser humano, em suas intuições,
que se encontram as evidências de uma realidade superior que
abrange o próprio homem e que também o transcende. O valor da
experiência aqui é notável, constituindo-se ela na base suprema da
religião.

Ademais, o sentimento de que fala Schleiermacher encontra-se em


cada indivíduo de modo necessário, já que resulta de sua relação
também necessária com o "Infinito", o "Uno e Todo" de que é uma
manifestação individual. Daí se deduz que não existem ateus de
fato. Ainda que algumas pessoas neguem de forma proposicional a
existência da divindade, elas mesmas intuem a existência do
"Todo", do objeto da religião, chamado por muitos de Deus.

2.2 A DEPENDÊNCIA TOTAL DE DEUS


A resposta mais elevada dada pelo homem ao sentimento referente
a Deus é o senso de total dependência dele . É nessa dependência
que se traduz de modo pleno o sentimento relativo ao Espírito do
universo. Tal dependência é o próprio sentimento aqui tratado,
manifesto de forma amadurecida quando o ser humano tem plena
consciência dele.

Nas palavras de Norman Geisler, esse sentimento de dependência


pode ser descrito como "a sensação de ser criatura, a consciência
de ser dependente do Todo, ou a sensação de contingência
existencial".

Para Schleiermacher, a doutrina é apenas uma das maneiras pelas


quais se expressa o sentimento religioso de dependência. Daí
decorre que a doutrina não é essencial e nem mesmo necessária,
uma vez que há outras formas em que a dependência se faz
manifesta. O símbolo, por exemplo, pode ser uma delas. Aqui se vê
a marca do agnosticismo em seu pensamento, com o seu notável
desprezo pelo que é teórico.

Sendo a religião um sentimento expresso na "consciência de ser


dependente do Todo", sua comunicação se realiza de modo mais
eficaz pelo exemplo e não por meio do ensino formal. Além disso,
considerando que o sentimento religioso, como qualquer outro
sentimento, apresenta variadas formas de manifestação, é natural
que variadas sejam também as expressões religiosas (teísmo,
panteísmo e seus respectivos desdobramentos), todas elas válidas,
à medida que os sentimentos de dependência que as originaram,
partindo de diferentes personalidades, também são válidos.
Portanto, a tolerância em relação às diversas crenças, uma das
marcas do Iluminismo, também pode ser vista no pensamento de
Schleiermacher.

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