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I – Intróito:

Para efetivar de forma mais célere e eficiente a tutela daqueles interesses que
não se cingem apenas ao âmbito estritamente individual, surgiram as chamadas ações
coletivas, que, hodiernamente, tem ganhando força no cenário pátrio, tanto doutrinária como
jurisprudencialmente.

Inobstante a CLT tenha sido pioneira no que tange a preocupação com a defesa
dos direitos metaindividuais – através dos chamados dissídios coletivos (art. 856 e ss.) – a Lei
nº 7.347/85, conhecida como Lei de Ação Civil Pública (LACP) foi o primeiro diploma a
regular, de forma sistemática, a defesa dos direitos transindividuais em juízo.1

Em 1988 – portanto, três anos após o advento da LACP – promulgou-se a atual


Constituição Federal da República Federativa do Brasil, a qual tratou das ações coletivas em
diversos momentos de seu texto (v.g., art. 5º, XXI, XXXII, LXX e LXXIII), não só as
elevando, assim, a nível constitucional, como também as consagrando cláusulas pétreas.2

Todavia, embora consagrasse as ações de cunho coletivo, o texto constitucional


não as disciplinava inteiramente, razão pela qual se fazia necessária uma lei que consolidasse
o processo civil coletivo no Brasil. Isso se deu em 1990, com a Lei nº 8.078, o famigerado
Código de Defesa do Consumidor (CDC). O referido Código deu os meios necessários para
que a tutela de interesses metaindividuais se firmasse no quadro normativo brasileiro vigente.

Em que pese ainda haja quem olhe com vistas grossas os processos coletivos
como um todo, sobretudo quanto à tutela de interesses individuais homogêneos, com receio
de que sua pretensão não seja atendida a contento, em razão do grande número de
interessados na causa, a verdade é que a tutela coletiva traz inúmeras vantagens. Ela assume
íntima relação com a concretização do Estado Democrático de Direito, à medida que evita o
abarrotamento de processos no Poder Judiciário – e, conseqüentemente, traz a solução mais
rápida dos litígios – e evita, também, decisões diferentes para causas similares.

Quando se faz uso das tutelas coletivas, têm-se menos audiências, menos
gastos com perícia, menos citações, enfim, o aparato judicial é menos movimentado e,
portanto, a prestação jurisdicional acaba se dando de forma mais rápida e eficiente para os
interessados.

1
CREMONINI, Larissa Serrat de Oliveira. A aplicação da Lei de Ação Civil Pública e do Código de Defesa do
Consumidor nas ações coletivas trabalhistas. Jus Navigandi, 2004. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6554 Acesso em: 05/05/2010.
2
II – Direitos Metaindividuais e prescrição:

Para chegar ao cerne do presente trabalho, faz-se necessária uma breve


diferenciação entre as espécies de direitos metaindividuais, quais sejam os difusos, os
coletivos e os individuais homogêneos, bem como conceituar o que seja o instituto da
prescrição.

Os direitos difusos, denominados direitos de terceira geração, surgem no


contexto do Estado Democrático de Direito e ultrapassam a visão individualista, superando a
dicotomia entre o público e o privado.3 O CDC, em seu art. 81, parágrafo único, I, os define
como direitos “transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato” (grifo nosso). Em outras palavras, entre
os interessados não existe um vínculo comum de natureza jurídica, como no caso, v.g., da
publicidade enganosa ou abusiva, veiculada através de imprensa falada, escrita ou
televisionada, ou, ainda, do dano ambiental causado pelo vazamento de óleo de alguma
embarcação petrolífera. É intuitivo observar que, embora ambas as situações afetem uma
multidão incalculável de pessoas, entre elas inexiste uma relação jurídica-base.4

Os direitos coletivos stricto sensu, por seu turno, foram conceituados pelo
CDC (art. 81, parágrafo único, II) “os transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por
uma relação jurídica base” (grifo nosso). Ou seja, embora indivisíveis os direitos, os sujeitos
são determinados ou, pelo menos, determináveis. Segundo Zaneti Júnior:5

Nesse particular cabe salientar que essa relação jurídica base pode se dar
entre os membros do grupo “affectio societatis” ou pela sua ligação com
a “parte contrária”. No primeiro caso temos os advogados inscritos na
Ordem dos Advogados do Brasil (ou qualquer associação de
profissionais); no segundo, os contribuintes de determinado imposto.
Cabe ressalvar que a relação-base necessita ser anterior à lesão
(caráter de anterioridade). No caso da publicidade enganosa, a
“ligação” com a parte contrária também ocorre, só que em razão da
lesão e não de vínculo precedente, o que a configura como direito
difuso e não coletivo stricto sensu (propriamente dito). O elemento
diferenciador entre o direito difuso e o direito coletivo é, portanto, a
determinabilidade e a decorrente coesão como grupo, categoria ou classe
anterior à lesão, fenômeno que se verifica nos direitos coletivos stricto
sensu e não ocorre nos direitos difusos (grifo nosso).

No que pertine a essas duas categorias de direitos (difusos e coletivos stricto


sensu), é pacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que são eles
imprescritíveis. No dizer de Melo6, esses direitos:
3
BARROS, Mariana. Reconstruindo os Direitos Difusos no Estado Democrático de Direito. Disponível em:
www.ufmg.br/prpg/dow_anais/cien_soc.../direito.../mbarros.doc Acesso em: Acesso em: 05/05/2010.
4
ZANETI JÚNIOR, Hermes. Direitos Coletivos Lato Sensu: A Definição Conceitual Dos Direitos Difusos, Dos
Direitos Coletivos Stricto Sensu E Dos Direitos Individuais Homogêneos. Disponível em:
http://www.abdpc.org.br/artigos/artigo14.htm Acesso em: 05/05/2010.
5
Ibidem.
6
MELO, Raimundo Simão de. Ação civil pública na justiça do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 2004.
(...) pertencem às pessoas indeterminadas ou apenas determináveis no
seio da sociedade, tendo como características marcantes a
indivisibilidade, a indisponibilidade, a essencialidade e a ausência de
conteúdo econômico.

Além disso, consoante assenta Dantas:7

Não há como se reconhecer a prescritibilidade dos direitos difusos e


coletivos, uma vez que, não sendo possível a sua tutela individual, os
seus titulares ficam a depender da atuação dos legitimados
extraordinários, não podendo arcar com o ônus da inércia ou mesmo da
atuação retardada desses.

Portanto, não há dissenso quanto ao fato de que os direitos difusos e coletivos


não são atingidos pelos efeitos da prescrição.

Diferentemente ótica existe com relação aos direitos individuais homogêneos.


Estes, que são conceituados pelo CDC como os “decorrentes de origem comum”, os direitos
nascidos em conseqüência da própria lesão ou ameaça de lesão, em que a relação jurídica
entre as partes é post factum (fato lesivo).8 Os sujeitos são determinados ou determináveis,
compartilham prejuízos divisíveis e possuem poder e legitimidade para agir.9

7
DANTAS, Adriano Mesquita. A prescrição da pretensão relativa a interesses e direitos metaindividuais:
enfoques trabalhistas. Jus Navigandi, 2006. Disponível em: Acesso em:
8
ZANETI JÚNIOR, Ibidem.
9
DANTAS, Ibidem.

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