Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
4 2
5
77 A cada sete dias, a biomassa viva de Eichhornia crassipes foi retirada das unidades experimentais,
78colocada em peneiras por aproximadamente cinco minutos para retirada do excesso de água (Agami & Reddy
791990), pesada (gMF m-2) e devolvida para as respectivas unidades experimentais. A biomassa viva em g de Massa
80Seca m-2 (gMS m-2) foi determinada por meio de uma regressão linear simples entre massa seca (MS) e massa
81fresca (MF) de indivíduos não utilizados nas unidades experimentais, mas pertencentes a mesma população
82utilizada no experimento. A equação obtida foi MS = 0,92876 + 0,06299*MF (r = 0,99). A biomassa morta
83também foi retirada das unidades experimentais a cada sete dias, seca em estufa até atingir peso constante e pesada
84(gMS m-2). A biomassa morta não foi devolvida para as unidades experimentais e os valores obtidos a cada sete
85dias foram somados.
86 Os dados da água e de Eichhornia crassipes foram submetidos aos testes de D'Agostinho e de Bartlett para
87verificação de normalidade e homocedasticidade. Posteriormente, a ANOVA com medidas repetidas e, se necessário,
88o teste de Tukey foram utilizados para identificar diferenças significativas (P ≤ 0,05) entre as variáveis da água (pH,
89condutividade elétrica e oxigênio dissolvido) e biomassa viva de E. crassipes nos tratamentos (0; 0,5; 1,5 e 3,0 L m-2)
90e no tempo. A ANOVA de uma classificação e, se necessário, o teste de Tukey foram utilizados para identificar
91diferenças significativas (P ≤ 0,05) nas concentrações de NKT e PT da água dos tratamentos ao final do experimento.
92
93Resultados
94 A ANOVA com medidas repetidas indicou efeito da dosagem de petróleo e do tempo no pH, condutividade
95elétrica e oxigênio dissolvido da água (Tab. 1). O pH no dia 0 foi igual em todas as dosagens e no dia 84 foi
96significativamente menor em 0 L m-2 (4,46 ± 0,35) e maior em 1,5 L m -2 (6,16 ± 0,15) e 3,0 L m-2 (6,36 ± 0,5). A
97condutividade elétrica apresentou aumento significativo entre os dias 0 e 84 em todas as dosagens de petróleo. No dia
9884, a condutividade elétrica foi significativamente menor em 0 L m-2 (0,077 ± 0,009 mS cm-1) e maior em 3,0 L m-2
99(0,167 ± 0,007 mS cm-1). Houve diferença significativa no oxigênio dissolvido entre os tratamentos com as diferentes
100dosagens de petróleo já no dia 0. Nesse dia o maior valor foi registrado em 0 L m-2 (4,41 ± 0,70 mg L-1) e o menor em
1013,0 L m-2 (0,70 ± 0,26 mg L-1). Posteriormente, as concentrações de oxigênio dissolvido em 0,5; 1,5 e 3,0 L m-2
102sempre foram significativamente inferiores que em 0 L m-2 até o dia 84 (Fig. 1). A temperatura da água nas unidades
103experimentais oscilou entre 22,3 e 30,2 oC durante o experimento.
104 Os valores de nitrogênio Kjeldahl total (NKT) e fósforo total (PT) da água utilizada no início do experimento
105(dia 0) foram 0,016 ± 0,003 mg L-1 e 45,3 ± 8,1 µg L-1, respectivamente, em todos os tratamentos. Ao final do
106experimento (dia 84), não houve diferença significativa (F = 0,97, P > 0,05) das concentrações de NKT entre os
107tratamentos. Por outro lado, houve diferença significativa (F = 18,21; P ≤ 0,05) nas concentrações de PT entre os
108tratamentos ao final do experimento. O maior valor foi obtido em 3 L m-2 e o menor em 0 L m-2 (Tab. 2).
109 A ANOVA com medidas repetidas constatou efeito da dosagem de petróleo e do tempo na biomassa viva de
110Eichhornia crassipes (Tab. 3). A biomassa viva no tratamento controle (0 L m-2) aumentou significativamente entre o
111dia 0 (39,8 ± 3,0 gMS m-2) e o dia 84 (70,5 ± 7,1 gMS m-2). Na dosagem 0,5 L m-2, a biomassa viva também
112aumentou significativamente entre o dia 0 (39,8 ± 3,0 gMS m-2) e o dia 84 (66,7 ± 11,8 gMS m-2). Após o dia 35, a
113biomassa viva em 1,5 L m-2 foi significativamente menor do que em 0 L m-2 e atingiu 45,7 ± 5,3 gMS m-2 no dia 84.
114Na dosagem 3,0 L m-2, a biomassa viva foi significativamente menor do que em 0 L m-2 após o dia 35 e atingiu 0
115gMS m-2 no dia 84 (Figura 2). Em relação à biomassa morta, no tratamento controle não houve mortalidade durante
6 3
7
116todo o experimento. Na dosagem 0,5 L m-2, ocorreu mortalidade a partir do dia 35 (7,5 ± 2,7 gMS m-2) e no dia 84 a
117biomassa morta foi de 21,1 ± 6,0 gMS m-2. Em 1,5 L m-2 e 3,0 L m-2, ocorreu mortalidade após o dia 21 e no dia 84 a
118biomassa morta foi de 30,5 ± 11,1 gMS m-2 e 70,0 ± 11,1 gMS m-2, respectivamente (Fig. 2).
119
120Discussão
121 O petróleo de Urucu em presença de Eichhornia crassipes alterou as características físicas e químicas da
122água, principalmente, no tratamento contendo 3 L m-2, no qual foram verificadas as menores concentrações de
123oxigênio dissolvido e os maiores valores de condutividade elétrica e fósforo total. Este fato pode estar relacionado à
124composição do petróleo e a presença de biomassa morta de E. crassipes. De fato, o petróleo forma uma película na
125superfície da água e pode restringir a difusão de gases da atmosfera para a água, o que prejudica os organismos
126aeróbios (Laws 1993). A decomposição da macrófita morta consome oxigênio e transforma moléculas orgânicas
127complexas em moléculas menos complexas, entre as quais moléculas iônicas (Bianchini Jr & Cunha Santinho 2008).
128A decomposição da matéria orgânica também libera no ambiente nutrientes armazenados na estrutura orgânica
129(Tundisi & Tundisi 2008), o que explica o aumento de fósforo na água no tratamento com maior mortalidade de
130macrófita (3,0 L m-2). Além disto, a própria decomposição do petróleo pode ter contribuído para o aumento de
131fósforo na água. Por outro lado, a redução de fósforo na água do tratamento controle (0 L m -2), provavelmente, foi
132devido à absorção deste nutriente por E. crassipes. De fato, o fósforo é um elemento químico essencial para o
133crescimento vegetal e é constituinte de ácidos nucléicos, fosfolipídios, nucleotídeos e fosfoproteínas.
134 O petróleo de Urucu afeta negativamente o crescimento de Eichhornia crassipes. 0,5 L m-2 foi suficiente
135para provocar mortalidade parcial de E. crassipes e 3,0 L m-2 foi suficiente para provocar mortalidade total desta
136espécie após 84 dias de exposição. Em comparação com outras espécies de macrófitas abundantes na região
137amazônica, E. crassipes apresenta menor sensibilidade ao petróleo de Urucu. De fato, 0,2 L m-2 do petróleo causa
138mortalidade total da macrófita flututante Pistia stratiotes após 91 dias de exposição (Silva & Camargo 2007). A
139quantidade de 0,66 L m-2 causa mortalidade total da parte aérea da macrófita emersa Echinochloa polystachya em
14021 dias de exposição (Lopes et al. 2009). O menor porte da planta e a superfície foliar pilosa de P. stratiotes,
141provavelmente, são os fatores que explicam a maior toxicidade do petróleo para esta espécie do que para E.
142crassipes. De fato, o porte pequeno de P. tratiotes favorece o contato das folhas com o petróleo e a superfície
143pilosa das folhas das plantas desta espécie favorece a absorção de petróleo (Silva & Camargo 2007). A presença de
144petróleo na superfície da folha dificulta trocas gasosas, o que afeta a fotossíntese e prejudica o crescimento da
145planta (Pezeshki & DeLaune 1993). O petróleo também pode alterar a permeabilidade da membrana celular e
146prejudicar processos metabólicos das plantas (DeLaune et al. 2003). A menor sensibilidade de E. crassipes ao
147petróleo, em relação a E. polystachya, pode estar relacionada ao menor contato da raiz desta espécie com o
148petróleo. De fato, somente a parte solúvel do petróleo se dissolve na coluna d’água, enquanto a parte insolúvel
149forma um filme sobre a água (Val & Almeida-Val 1999). Isto implica que a parte insolúvel do petróleo não tem
150contato com a raiz da macrófita flutuante E. crassipes. Por outro lado, as partes solúvel e insolúvel do petróleo
151penetram no solo e podem alcançar rapidamente a raiz da macrófita emersa E. polystachya.
152 A diferente sensibilidade das espécies de macrófitas ao petróleo foi observada em alguns estudos (Lopes et
153al. 2009; Michel et al. 2009; Wernick et al. 2009). Portanto, um derramamento de petróleo pode provocar a
154mortalidade total de uma espécie e não a de outra, o que pode alterar a diversidade de espécies de uma região. No
8 4
9
155caso de Eichhornia crassipes, Pistia stratiotes e Echinochloa polystachya, um derramamento de petróleo pode
156favorecer E. crassipes que é menos sensível ao petróleo. Inicialmente as três espécies seriam afetadas, mas a menor
157sensibilidade de E. crassipes permitiria que a espécie pudesse colonizar ambientes anteriormente colonizados por
158P. stratiotes e E. polystachya.
159 Os resultados deste estudo também permitem concluir que o tempo de exposição é um importante fator para
160determinar o efeito do petróleo sobre Eichhornia crassipes. Na concentração 0,5 L m-2 a morte de biomassa foi
161verificada após 35 dias de exposição. Nas concentrações 1,5 L m-2 e 3,0 L m-2 o efeito tóxico foi verificado após 21
162dias. O tempo de exposição também foi importante para determinar o efeito do petróleo de Urucu sobre E.
163polystachya, pois somente após 20 dias de exposição ocorreu diminuição do comprimento de folhas (Lopes &
164Piedade 2009). P. stratiotes apresentou mortalidade após sete dias de exposição a 0,1; 0,2 e 0,3 L m-2 do petróleo de
165Urucu (Silva & Camargo 2007). Portanto, a duração do tempo de exposição é um fator determinante na maximização
166dos efeitos do petróleo sobre E. crassipes e outras espécies de macrófitas aquáticas.
167 Conclui-se que o petróleo de Urucu altera as características físicas e químicas da água e prejudica o
168crescimento de Eichhornia crassipes. 0,5 L m-2 é suficiente para diminuir as concentrações de oxigênio dissolvido e
169aumentar o pH e a condutividade elétrica da água. 0,5 L m-2 também é suficiente para provocar mortalidade parcial
170em E. crassipes após 35 dias de exposição ao petróleo. 3,0 L m -2 são suficientes para provocar mortalidade total em
171E. crassipes em 84 dias de exposição.
172
173Agradecimentos
174 Os autores agradecem ao Programa de Recursos Humanos 5 (PRH 5) da Agência Nacional de Petróleo
175(ANP) pelo concessão de bolsa de estudo à primeira autora e ao técnico Carlos Fernando Sanches pela ajuda na
176execução do experimento e nas análises realizadas em laboratório.
177
178Referências bibliográficas
179Agami, M. & Reddy, K.R. 1990. Competition for space between Eichhornia crassipes (Mart.) Solms and Pistia stratiotes L.
180 culture in nutrient-enriched water. Aquatic Botany 38(2-3): 195-208.
181Bianchini Jr., I & Cunha-Santinho, M.B. 2008. As rotas de liberação de carbono dos detritos de macrófitas aquáticas.
182 Oecologia Brasiliensis 12(1): 20-29.
183DeLaune, R.D.; Pezeshki, S.R.; Jugsujinda, A. & Lindau, C.W. 2003. Sensitivity of US Gulf of Mexico coastal marsh
184 vegetation to crude oil: Comparison of greenhouse and field responses. Aquatic Ecology 37(4): 351-360.
185Golterman, H.L.; Clymo, R.S. & Ohsntad, M.A.M. 1978. Methods for chemical analysis of fresh waters. Boston, Blackwell.
186Lin, Q. & Mendelssohn, I.A. 1996. A comparative investigation of the effects of south Louisiana crude oil on vegetation of fresh,
187 brachish and salt marshes. Marine Pollution Bulletin 32(2): 202-209.
188Lin, Q.; Mendelssohn, I.A.; Suidam, M.T.; Lee, K. & Venosa, A.D. 2002. The dose-response relationship between no. 2 fuel oil
189 and the growth of the salt marsh grass, Spartina alterniflora. Marine Pollution Bulletin 44(9): 897-902.
190Lopes, A. & Piedade, M.T.F. 2009. Estabelecimento de Echinochloa polystachya (H.B.K.) Hitchcock (Poaceae) em solo de
191 várzea contaminado com petróleo de Urucu. Acta Amazonica 39(3): 583-590.
192Lopes, A.; Rosa-Osman, S.M. & Piedade, M.T.F. 2009. Effects of crude oil on survival, morphology, and anatomy of two
193 aquatic macrophytes from the Amazon floodplains. Hydrobiologia 639(1): 295-305.
10 5
11
194Mackereth, F.I.F.; Heron, J. & Talling, J.F. 1978. Water analysis: some revised methods for limnologist. London, Freswater
195 Biological Association.
196Michel, J.; Nixon, Z.; Dahlin, J.; Betenbaugh, D.; White, M.; Burton, D. & Turley, S. 2009. Recovery of interior brackish
197 marshes seven years after the chalk point oil spill. Marine Pollution Bulletin 58 (7): 995-1006.
198Petrobrás. 2010. Província petrolífera de Urucu. http://www2.petrobras.com.br/minisite/urucu/urucu.html (acesso em
199 05/11/2010).
200Pezeshki, S.R. & DeLaune, R.D. 1993. Effect of crude oil on gas exchange functions of Juncus roemerianus and Spartina
201 alterniflora. Water, Air, and Soil Pollution. 68(3-4): 461-468.
202Pezeshki, S.R.; Hester, M.W.; Lin, Q. & Nyman, J.A. 2000. The effects of oil spill and clean up on dominant US Gulf coast
203 marsh macrophytes: a review. Environmental Pollution 108(2): 129-139.
204Silva, R.S. & Camargo, A.F.M. 2007. Effect of Urucu crude oil on the aquatic macrophyte Pistia Stratiotes. Acta Limnologica
205 Brasiliensia 19(2): 155-161.
206Stepanyan, O.V. & Voskoboinikov, G.M. 2006. Effect of oil and oil products on morphofunctional parameters of marine
207 macrophytes. Russian Journal of Marine Biology 32(1): 32-39.
208Taiz, L. & Zeiger, E. 2010. Plant physiology. Sunderland, Sinauer Associates.
209Tundisi, J.G. & Tundisi, T.M. 2008. Limnologia. São Paulo, Oficina de textos.
210Val, A.L. & Almeida-Val, V.M.F. 1999. Effects of crude oil on respiratory aspects of some fish species of the Amazon. Pp. 277-
211 291. In Val, A.L. & Almeida-Val, V.M.F. (eds.). Biology of Tropical Fishes. Manaus, INPA.
212Villamagna, A.M. & Murphy, B.R. Ecological and socio-economic impacts of invasive water hyacinth (Eichhornia crassipes):
213 a review. Freshwater Biology 55(2): 282-298.
214Wernick, B.G.; Debruyn, A.M.H.; Patterson, L. & Chapman, P.M. 2009. Effects of an spill on the regrowth on emergent
215 vegetation in a northern Alberta Lake. Archives Environmental Contamination Toxicology 57(4): 697-706.
216
217Tabela 1. Resultados da ANOVA com medidas repetidas aplicada aos dados de pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido
218da água das quatro dosagens de petróleo (tratamentos) nos diferentes dias (tempo).
gl MQ F P
pH
Tratamento 3 10,42 21,17 0,00038
Tempo 12 1,18 11,03 0,00001
Tratamento x Tempo 36 0,57 5,37 0,00001
Condutividade elétrica
Tratamento 3 0,02 35,62 0,00005
Tempo 12 0,01 237,27 0,00001
Tratamento x Tempo 36 0,01 11,17 0,00001
Oxigênio dissolvido
Tratamento 3 120,35 107,73 0,00001
Tempo 10 1,06 6,72 0,00001
Tratamento x Tempo 30 0,43 2,72 0,00020
219
220
221
12 6
13
222
223 Figura 1. Média e desvios padrão do pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido da água nas
224dosagens de petróleo 0; 0,5; 1,5 e 3,0 L m-2, durante o experimento.
225
14 7
15
226 Tabela 2. Média e desvio padrão (±) de nitrogênio Kjeldahl total e fósforo total da água no início do
227experimento (dia 0) e da água nas quatro dosagens de petróleo ao final do experimento (dia 84). Letras distintas
228indicam diferença significativa entre os tratamentos pelo teste Tukey (P ≤ 0,05).
229
Tratamentos NKT (MG L-1) PT (µg L-1)
Início 0,016 ± 0,003 a 45,3 ± 8,1 b
0 L m-2 0,011 ± 0,001 a 21,3 ± 1,4 c
0,5 L m-2 0,012 ± 0,004 a 35,9 ± 22,7 b,c
1,5 L m-2 0,013 ± 0,003 a 63,4 ± 27,9 a,b
3,0 L m-2 0,017 ± 0,007 a 133,5 ± 11,8 a
230
231 Tabela 3. Resultados da ANOVA com medidas repetidas aplicada aos dados de biomassa viva de Eichhornia
232crassipes (Mart.) Solms (Pontederiaceae) nas quatro dosagens de petróleo (tratamentos) nos diferentes dias (tempo).
gl MQ F P
Biomassa viva
Tratamento 3 9082,80 18,69 0,00056
Tempo 12 463,10 12,33 0,00001
Tratamento x Tempo 36 699,40 18,62 0,00001
233
234
235 Figura 2. Biomassa viva (○) e morta (●) de Eichhornia crassipes (Mart.) Solms (Pontederiaceae) nas
236dosagens de petróleo 0 (A); 0,5 (B); 1,5 (C) e 3,0 L m-2 (D), durante o experimento.
16 8
17